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CARTA PASTORAL --·-· ···--·--· PREVENINDO OS DIOCESANOS ... --·-·--·---·~-----"'"-·.........___....._ CONTRA OS ARDIS _.,.. ___ .,___,, _ ----•--•<--·•-·· ____ __ _ _ ___ .. -- ..... -··--"-_ DA SEITA CO~tUNISTA

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OUlUSRO Dl 1962

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ANO X IX

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Alguns números espec,a ,s de "Catolicismo" publicados nestes vinte anos: n. 0 100 "Revolução e Contra-Revolução", do Prof. Plínio Corrêa de Oli0 veira: n. 127 "Carta Pastoral prevenindo os diocesanos contra os ardis da seita comunista", de o. Antonio de Castro Mayer; n. 0 142 por .__ _ ocasião da abertura do li Concílio do Vaticano; n. 0 161 "A liberdade da Igreja no Estado comunist a", do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: n .0 167 _ __. "Declaração do Morro Alto", de D . Geraldo de Proença Sigaud, o . Antonio de Castro Mayer, Prof. Plínio Corrêa de O liveira e Econ. Luiz M endonça de Freitas; n. 0 178- 179 "Baldeação ideológica inadvertida e diálogo", do Prof. P linio Corrêa de Oliveira, n. 0 196 "Carta Pastoral sôbre a pre0 servação da Fé e dos bons costumes", de D . Antonio de Castro Mayer: n. 208-209 comemoração do quinto centenário da transladação da imagem 0 de Nossa Senhora do Bom Conselho de Scutari, na Albânia, para Genazzano, n. 220-221 denunciando o 100-C e os "grupos proféticos". 2


VINTE ANOS DE FIDELIDADE INTE ANOS DE EXISTÊNCIA! Grnças" Deus! Se1npe1· et ubique. A nçiio de grnçC1s é de se,npre e de tô<Ú1 1x1rte, por<JUR e11i tôdas as vicissit.udes d<1 vida, o amor inefável de Deus nos persegue co1n sua 1nisericórdill, E,n 11u,itas ocasiões não nos é dado perceber o niistério do ,11nor cli·v ino; e,n outras, e,n nova manifest<tçã,o de s,u, 1nise ricórdia, Êle nos faz conio qtte <tpalp<tr sua graça. Então sent inios nossn p eqrtenez, e nos alegr,1111.os co,n snn libe rnlidade. "Catolicis,no" é u11i dêstes casos. Dur<tnte seus vinte anos de conibate pelei caus<1 de Deus, de esforços no sentido ,le dilat<tr o R eino ele Jesus Cristo nas al,nas, foi senipre vL~ível a ,naterna proteção da Virge11, Santíssi111a, Medi<111.ei1·a de tôdas as graças que desce1n cio Coração de Jesus ,, tonific<1r as cn1nbflleantes vontad~is hu11u1111.1s, Por isso, co11, hrtrnil<Ú1de, e co11i 11u1is fervor ainda que nos anos nntciriores, curvn1no-11os diante do trono do Altíssi,no, e nêle depo.~it,11nos, /JelC1s ,nãos i,naculadas de MC1ria, nossas c1ções de graÇ(IS, Vinte anos ele existênci<1, graças a Deus! 1Vo ano que findou , pôde "C<ttolici-Srno" ofe· recer aos seru leitores 1t1n" prOv(I palpável da especial protetfío que Deu-S Nosso Senhor Se t.e11i clignado reservar-lhe. U1rn1 das coisas ,nai-S difíceis cio ho,ne rn é conservar " serenidade para j11cigC1r os eventos hurnan.os, de r1ctirdo co,n <t Doiitrino Reveú1<Ú1. Porc11ut11.to, estão os honiens de tal 1uC1neira hobituados a con fiar na siu1 própria capacidade, que pe11s,1111. pode,. re(llizar o icle(ll da vi<ÚL por si sós, se,n anxíli.-0 ,lo Alto; Age111, pois, ignor(lndo os princípios revelados, que lhes indicoria,n, no entanto, o ca,nüiho certo d,t verda,leira prosperidade 1nes1no aqui 1ui terra. Jt êsse discerni1ne11to que compete o "C(ltolici-Snio" agrodecer ele ,nodo especi.al. Mostremo-lo através d.e urn foto.

Ern 1967, qu<tndo boa pClrte da opinião catÓ· lica considerava eufórica a evolução 'd ernocrátíca do Chile, co,n srut fa,nos<t "Revolução na lil,er<Út· de" a abrir novos e "encantc1dores" horizontes JXL· ra o país <lln~go, "C(ltolici-~1110" pelo seu. colabor(ldor, Sr. F(lbio Vidigal Xavier dCI Silveira, predizio o futuro tétrico, a qu.e lev<1ric1 aquêle pllís a política kerenskiarn1, úí implanta<Ú1 pela. De,nocracict.• -Cristã. A eleição e posse do marxistc1 Allende corno Pre11iclente do Chile confir11u1rarn a previsão do Sr. Fabio Xavier da Silveira. De onde, <t reimpressão no ,,no findo do nú,nero especi<1l de "Catolicismo" contendo o ens<1io "Frei, o Kerensky chileno", acompanhado agora do artigo-,nanifesto do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, ".4 posição d.<1 TFP ante lL vitórilL 11u1rxista no Chile". Tal rei,npressão não foi u,n grito de vitóric1, ,nos n111,i ló.gri,na <tnwrga co11, que "C(ltolicis,no" chorou, en,bora a tivesse previsto, a ;,,;.plantação tia tiranic1 111cirxist<i 1u1 1u1çfío andina. Co,n essa rei,nl)ressão, exeniplifica "Catolicis1no" os e feitos sini11tros da obra realiz(ld<t nos 1neios católicos pelos "grrtpos proféticos". Constitui, álé,n disso, uni 'ato de reconhecimento à graça da previsão que o A ltíssirno lhe co,icedeu. E é enfini rim.ato de apostou1do pelo alar,ne que renova, e1n te1npo ainda 1í.til, aos responsáveis pelll Coisa Pública, não ve1ilu11n a per,nitir sorte análoga (10 nosso PC1ís. Ternos, assi,n, re.,u,nido 11u1n episódio a vi~ <Ú1 de " Catolicis11,o" nestes vinte ,11ios de sua existê1icic1: uni esfôrço por esclarecer a opinião fJÚ· blica à luz <Úi Doutrina C(ltólica. Pela graça da fidelidctde ,i tão nobre ideal, ruimos gr«ÇCIS a Deus. E suplicamos a il'Iari.a Santíssirna queira co,itinu<tr a abençoar nosso ,nensário, seu Diretor, colaboradores e quC111tos 111,<1Ís realiZ(lm o C1postolado de "Catolicismo".

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Antonio, BISPO DE CAMPOS

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"Catol icismo" reproduz hoje o artigo de apresentação de seu n.0 1, escrito pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Passaram-se vint

comunismo tende para o auge. Uma bomba terrorista explodiu na sede da Presidência do Conselho Nacional da TFP, atingindo uma ir venerada em oratório que a entidade instalou no mesmo local da explosão -

nossa 1.0 pág.). Cruzados do século XX desfi·lam

América do Sul (foto ao lad·o). Tôda a vida de "Catolicismo", como a vida da TFP, const ituem uma vitoriosa transposição, para ó terr,

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CRUZADA

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A IDADE M8DIA, os cruzados derramaram seu sangue para libertar das mãos dos in fiéis o Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo, e insti~uir um reino cristão na Terra. Santa. Hoje, corre de nôvo o sangue dos fil hos da Igreja, na Hungria e na Polônia, como na Checoslováquia e na China. Para que? Para libertar a Cristandade do jugo do anticristo comunista, e resta urar no mundo o Reino de Cristo. Mas o q ue é o Reino de Cristo, ideal supremo dos católicos, e. pois. meia constante desta fôlha? 8 o que procuramos definir na enumeração de princípios que a seguir

apresentamos, como marco liminar de nossa atividade.

O Reino de Cristo •

A Igreja Católica foi fu ndapor Nosso Senho r Jesus Cristo para perpetuar entre os .homens os beneflcios da Redenção. Sua finalidade se identifica, pois, com a da própria Redenção: expiar os pecados dos homens pelos méritos infinitamente preciosos do Homom ..Dcus~ restituir assim a Dous a glória extrínseca que o pecado Lhe havia roubado; e abrir aos homens as porias do Céu. Esta finalidade se realiza tôd a no plano sobrenatural, e com o rdem à vid a eterna. ·Ela transcende absolulamenle 1,u do q uanto é meramente natural, terreno, perecível. Foi o que Nosso Senhor Jesu& Cristo afirmou, quando disse a Pôncio Pilatos: "meu Reino mio é tlêste m mr· do" (Jo. 18, 36 ). A vida terrena se d ife rencia, assim, e profundamente, da vida ciema. Mas estas . d uas vidas não constituem dois planos absolu1amen1e isolados um do outro. Há nos desígnios da Providência uma relação íntima entre a vida terrena e a vida eterna . A vida terrena é o cam inho, a vida eterna é o fim. O Reino de Cristo não é dêslc mundo. mas é neslc mundo que está o caminho pelo qual chegaremos até êle. •

Assim como a escola militar é o caminho para a carrci.r a das armas, o u o noviciado é o caminho para o definitivo ingresso n u· ma O rdem Religiosa, assim a terr a é o caminho para o Céu. Temos uma alma imortal, criada à imagem e semelhança de Deus. Esta alma é criada com um tesouro de aptidõe$ na1,irais para o bem, enriquecidas pelo llalismo com o dom inestimável da vida sobrenatural da graça. Cumpre-nos, durante a vida, desenvolver até a. sua plenitude estas aptidões para o bem. Com isto, nossa semelhança com Deus, que era em algum sentido ainda incompleta e ,meram ente potencial, torna-se plena e atual. A semelhança é a fon te do amor. Tornando-nos plenamente semelhantes a Deus, somos capazes de O amar plenamente, e de alrair sôbre nós a plenit ude de seu am or. Ficamos, assim , prepar ados para a contemplação de Dous face a face, e para aquêle eterno ato de amor, plenamente feliz, para o qual somos chamados no C6u. A vida terrena é. pois. um novi· ciado cm que preparamos nossa alma para seu verdadeiro destino, que é ver a Deus fac.e a face. e amá-lo por tô da a eternidade. •

Apresentando a mesma verdade em outros lêrmos, podemos dizer que Deus é infinitamente p.u ro, infinitamente justo, infinitamente forte, infinitamente bom. Para O amarmos. devemos amar a pureza, a justiça. a fortaleza. a bondade. Se não amamos a virtude. como podemos amar a Deus que é o Bem por excelência? De o utro lado, sendo Deus o Sumo Bem, como pode amar o mal? Sendo a semelhança a fonte do runor, como pode Btc amar. a quem é lotalmenle dissemelhante d~le, a qucin é eons.:ienlc e voluntàriamente injusto. covarde. impuro. mau? · 4

Deus d eve ser adorado e servido sobre.tudo em espírito e em verdade (Jo. 4, 25) . Assim. oumpre que sejamos puros, justos, fortes. bons, no mais íntimo de nossa alma. Mas se nos.~a alm;, é boa, tô· das as nossas ações o devem ser necessàriamentc. pois que a árvore boa não pode produiir senão bons fru tos ,( Mat. 7, 17-18) . Assim, é absolutamen te necessário, para q ue conquistemos o Céu, não só que cm nosso interior amemos o bem o de· testemos o n,al, mas que por nossas ações pratiquemos o bem e evitemos o mal. Mas a vida terrena é mais do que o caminho da eterna bem· -aventurança. O que faremos no Céu'/ Contemplaremos Deus face a face. à luz da glória, q ue é a perfeição da graça, e O amaremos inteiramente e sem fim. Orft, o homem já goz., da vida sobrenatural nesta terra, pelo Batismo. A fé é ,uma semente da visão beatífica. O amor de Deus, que êle pratica crescendo na virtude e evitando o mal. já é o próprio amor sobrenai•ural com que êle adorará a Deus no Céu. O Reino de Deus se realiza na sua plenitude no outro ,mundo. Mas para todos nós êle começa a se realizar cm estado germinativo já · nêslc mundo. Tal como om um noviciado já se pratica a vida relig1osa. embo· ra em estado preparatório; e em uma escola militar um jovem se prepara para o Exército . . . vivendo a própria vida m ilitar. E a Santa Igreja Católica já é nêste mundo uma imagem, e mais do q ue islo. ,uma verdadeira antecipação do Céu. Por isto. ~ud o q uanto os Santos Evan.g elhos nos di1..em do Reino dos Céus pode com 1ôda a propriedade e exatidão ser aplicado à Igreja Ca16lica, à Fé q ue Ela nos ensina, a cada uma das virtudes que Ela nos inculca. •

• B êslc o sentido da fesla de Cristo-Rei. Rei celeste antes d e t udo. Mas Rei oujo govêrno já se exerce nêslc mundo. B Rei quem possui de direito a aUloridade suprema e plena. O Rei legisla, d irige e julga. Sua realeza se torna efetiva quando os súditos re<::onhecem seus direitos, e obedecem a suas leis. O ra. Jesus Cristo possui sôbre nós todos os d ireitos. Ble promulgou leis, dirige o mundo e julgará os homens. Cabe-nos tornar efetivo o Reino de Cristo obedecendo a suas leis. Bsie reinado é um falo individual, enquanto considerado na obediência que cada alma fiel presta a Nosso Senhor Jesus Cristo. Com efeito, o Reinado de Cristo se exerce sôbre as almas; e. pois, a alma de cada ,um de nós é .uma parcela do campo de jurisdição d e Cristo· Rei. O Reinado de Cristo será um falo social se as sociedades humanas Lhe prestarem obediência. Pode-se di1.er, pois, que o Reino de Cristo se torna efetivo na terra, cm seu sentido ind ividual e social. q uando os homens no íntimo de sua alma como em suas açõe,s . e as soo iedades om suas instituições, leis. costun1es, manifestações cult urais e artíst icas, se conformam -com a Lei de Cristo. •

Por mais concreta, brilhante e tangível q ue seja a realida· de terrena do Reino de Cristo - no século X III , por exemplo - é pre,ciso não esquecer que êste Reino não é senão preparação e proêmio. Na sua plenitude, o Reino de Deus se realizará no Céu: "'O m eu Reino não é dêste mu11do .. . " (Jo. 18, 36) .

Ordem, harmonia, poz, pe rfei~ão • A ordem, a paz,, a harmonia, são características essenciais de lÕd a alma bem fo rmada, de lôda sociedade h umana bem constituída. Em certo sentido, são valores que se confundem com a própria noção de perfeição.

Todo ser lem ,um íim próprio, e uma nature-La adequada à obtenção dêste fim. Assim, .uma peça de relógio 1cm fim pró prio, e. por sua forma e composição. é adeq uada à rcaJiz.ação dêste fim. A ordem é a disposição das -eoisas segundo sua natureza. Assim. um relógio está em o rdem quando 1õdas as suas peças estão ordenadas segundo a natureza e o fim q ue lhes é próprio. D iz-se q ue há ordem no universo sideral porque lodos os corpos celestes estão o rdenados segundo sua natureza e fim . •

,E,xisle harunonia q uando as as relações entre dois sêres são conformes à natureza e o fim d e cada qual. A ha11Jnonia é o operar das coisas, ,umas cm relaç,ã o às outras, segundo a ordem . • A ordem engendra a tranqüilidade. A tranqüilidade da ordem é a paz. Não é q ualq uer tranqüilidade 4ue merece ser chamada paz. mas apenas a q ue resulta da ordem. A paz de consciência é a tranqüilidade d a consciência reta: não pode coníundir-se com o lcta rgo da consciên· eia embotada. O bem ..estar orgânico produz •uma sensação de paz que não pode ser confundida com ,t inércia do estado de coma. • Q uando um ser eslá inlciramenle disposto segundo sua natu reza, está em estado de per feição. Assim uma pessoa com g'r andc capacidade de estudo. grande desejo de e.~t udar, posta em ,uma uni ver· sidade em que haja to dos os meios par a fazer os estudos que deseja, está posla. do ponlo de vista dos est udos, cm condições perfeitas . •

Quando as atividades de um ser são in teiram ente confor· mes à sua naturcz.a, e tendem inteiram ente para seu fim, estas atividades são, de algum modo, perfeitas. Assim. a 1raje16ria dos astros é pcrícita, po rque co rresponde inteiramente à natureza e ao fim de cada qual. •

Quando as condições om q ue

-um ser se encontra são perfeitas. suas operações o são também, e êle tenderá necessàriamentc para o seu fim. com o máximo da cons· tância, do vigor e do acêrto. Assim, se um homem está em co ndições perfeitas para andar, isto é, sabe, quer e pode andar. andará de ,modo irrepreensível. •

O verdadeiro conhecimento do que seja a perfeição do homem e das sociedades depende de uma noção exata sôbre a natureza e fim do homem. •

O acêrto, a fec undidade, o esplendor das ações humanas. quer individ uais, q uer sociais, tam• bém está na dependência do conhecimento de nossa natureza e fim. •

Em outros têrmos, a posse da verdade religiosa é a condição essencial da ordem, da harmonia . da paz e da perfeição.

A pe rfeição cristã •

O Evangelho nos aponla wn ideal de ,perfeição: "sf dc perf eitos com<> vosso P"i celeste é perfeito" ( Mal. 5, 48) . Êste conselho q ue nos foi dado por Nosso Senhor Jesus C risto. Ele mesmo nó-lo ensina a realizar. Com efeito, Jesus Cristo é a semelhança absolura da perfeição do Pai ccleslc; o ,nodêlo ~upremo que todos deve.mos im itar. Nosso Senhor. suas virtudes, seus ensinamentos. suas ações. são o ideal definido da perfeição para o qual o homem deve tender. •

As regras desla perfeição se encontram na Lei de Deus, que Nosso Senhor Jesus Cristo "11ão veio abolir. m as completar'' (Mat. S. 17), nos preceitos e conselhos evan, gélicos. E para q ue o ho mem não

SÉC q@ísse cm ê rro no interpretar os mandamentos e os conselhos, Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu uma Igre ja infalivcl. que 1cm o amparo d ivino para nunca errar em matéri :1 de Fé e moral. A fidelidade de pensamento e de ações cm relação ao magistério da Igreja é pois o modo pelo qual lodos os homens podem conhecer e praticar o ideal de perfeição que é Jesus Cristo. Foi o que íizcram os Santos, que, praticando de modo heróico as virt udes que a Igreja cnsi· na. rc.alizaran1 a inlitação perfeita de Nosso Senhor Jesus Cristo e do Pai celcsic. Ê tão verdadeiro que os Santos chegaram à mais alia perfeição moral, q ue os próprios inimigos da Igreja, quando não os cega o furor da impiedade, o proclamam. De São Lufs, Rei de França. por exe,nplo, escreveu Voltaire : "Niio é f'O:t .,i vel tlO homem levar mais longe <1 virtude''. O mesmo se poderia d izer de lodos os Santos. •

Deus é o Autor de nossa nalurei.a, e, pois, de tôdas as aptidões e excelências q ue nela se encontram. 6m nós, s6 o que não provóm de Deus são os defeitos, frutos do ,pecado o riginal o u dos pecados atuais. O Decálogo não poderia ser con, trário à natureza que Êle próprio criou cm nós: pois, sendo Deus perfei to. não pode haver <X>nrradição em suas obras. Por isto. o Decálogo nos impõe ações que a nossa própria razão nos mostra serem confom1es com a natureza. como honrar pai e .mãe. e nos proíbe ações que pela simples raz.ão vemos serem co ntrárias à o r• dom natural. como a ·menlira. •

• Nisto consiste, no plano natura.1, a perfeição intrínseca da Lei, e a perfeição pessoal que adquirimos praticando-a. Ê que lôdas as operações confom1cs à natureza do agente são boas. •

Em conseqüência do pecado o riginal, ficou o homem com pr opensão de praticar ações contrárias à sua naturet..'l retamente entcn· dida. Assim , ficou sujeito ao êrro no terreno da inteligência, e ao mal no campo da vontade. Tal propensão é cão acentuada, que. sem o au~ x.ílio da graça, não seria possível aos homens conhecer nem praticar, du· ràvclmente e om sua 101alidade. os preceitos da ordem natural. Revc.. landO·OS, no alto do Sinai. instituindo. na Nova Aliança, uma Igreja destinada a pro tegê-los contra os sofismas e as transgressões do homem. e os Sacramentos e o utros meios de piedade destinados a fortalecê-los com a graça, remediou Deus esta insuficiência do homom. A graça é um auxflio sobrenatural. destinado a robustecer a inteligência e a vontade do homem para lhe permitir a prática da perfeição. Deus não recusa a graça a ninguém. A perfeição é, pois, acessível a 10dos. •

Pode um infiel CC.!lhecer e praticar a Lei de Deus? Recebe êle a graça de Deus? Cumpre d istinguir. Em princípio. todos os homens que tôrn contacto com a Igreja Católica recebem graça sufi. ciente para conhecer que Ela é verdadeira, nela ingressar. e praticar os Mandamentos. Se. pois, alguém se mantém volunlàriamenle fora da Ig re ja, se é infiel porque recusa a graça da conversão. que é o ponlo de partida de tôdas as outras graç.as, fecha para si as portas da salvação. Mas se alguém não tem meios de conhecer a $!\nta Igreja - um pagão, por exemplo. cujo país não lenha recebido a visita de missionárjos - tem a graça suficiente para conhecer, pe~ lo menos os princípios mais essenciais da Lei de Deus, e os praticar , pois Deus a ninguém recusa a sal. vação. •

Cumpre cn1rc1an10 observar que. se a fidelidade à Lei cxi-

gc sacrifícios por vêzcs heróicos dos próprios católicos que vivem no seio da Igreja banhados pela superabundância da graça e de todos os meios de santificação, muito maior ainda é a dificuldade que têm cm praticála os que vivoo1 longe d a Igreja, e fora desta superabundância. B o que explica serem tão raros - verdadeiramente excecionais os gentios que praticam a ·Lei.

O ideol cristão da perfeição social •

Se admitimos que c,n determinada população a generalid ade dos indivíduos pratica a Lei de Deus, que efeito se pode' esperar dai para a sociedade? Jsto equivale a perguntar se. em uni relógio. cada peça trabalha segundo sua natureza e seu fim. que efeito se pode esperar daí para o relógio? Ou. se cada parle de ,um iodo é perfeita. o que se deve dizer do iodo?

Há sempre algum risco om cxcmp1iíicar com coisas ,me· cânicas. em assuntos humanos. A tênh:.uno~nos à irnagcm de uma sociedade cm que lodos os rnoo1bros fôssem bons católicos, traçada por San~ to Agostin ho; imaginemos "um exército consritufrlo de ~;otdado.r como o.r forma li tloutl'inll de Jesus Cri:uo. g o• w:rnadores, marlidos. esposos, pais, filhos, m es tres, servos, reis, juízes, , ·ontribuinte.f, cobradores de im(1os1os. c:omo OJ' quer ,, dowrina c·ri.tt,l! E ou:rem (os pagãos] aintla dizer que esu, tloutrina é oposta aos interêsses d<í f!j·flldo.' Pelo contrário, cumprelhes reçonhccrr .,·ttm hesitação que ela i umfJ grmule .mtvaguarda para o E..rtado, t/umulo fielmente obJ·ervad"" ( Episl. CXXX VI II , ai. 5. ad Mar.cellinwn, cap. Il, n. 15). E cm outra obra o Santo Doutor, apostrofando a Igreja Católica. ex;clama: ''ContluzcJ· e instruis as (;riançt1.s com lernura, os jovens com vigor, os an<:iãos com calma, com o comporw a idade não s6 do corpo mas da alma. Submetes as e.rpósas a seu.~ nwridO.\', ,,or uma casu1. e fiel obediêncill. ntio para saciar a paixão, m<1s parll prOpága,· a e.tpécie e con.ftituir a socie<latle <lom éstit:a. Con/c· res amoâdadc nos maritlos sôbre as cspôsas, não para que abusem da fragilit/ade tio seu sexo, mas para que sigam t1s leis <le u m sincero cu nor. Subordinas os /ilhoJ· tios pais por ,1111,, terna autoridade. Unes nã<> s6 em sociedade, ma1i· em wm, com o que fraternidade os ci<Jadão:r aos citlatlâos, as nações tis naçõ e.,·, e os homens cmre si, pela reco rdaç<ío de seus primeiros pais. Enslnas os reis a velarem pelos povos. e ,,rescreves aos povos <1ue obecleçmn os rci.t. é 11si1u1s com solicitrull' " quem se ,leve ,, honra, á quem o afeto. a quem o respeito, a quem (> temor. " quem o <.'Onsôlo, ti quem a advertência, ti quem o encor(ljamenro, a quem a corrcçtio , a quem a reprimenda. a quem o caJ·tigo: <' fllt <:s saber â e que modo, se nem tôd,,s os coisas <' todos se devem. a rodos se deve " t:ori<lt1dc I! t1 ninguém a. iniustiça·' ( De Moribus Eeclcsiac, cap. XXX. n. 63) . • Seria impossível descrever me• lhor o ideal de uma sociedade inteiramente cristã. Poderia cm uma socied~de a ordem. a paz. a harmonia. a pcríeição ser levada a li1·n ite mais aho? Uma rá1>ida observação 110s baste para comp1crnr o assunto. Se hoje em dia lodos os homens praticassem a Lei de Deus. não se r~ solveriam ràpidamente todos os problemas políticos, econômicos, sociais, q ue nos alormenram'! E q ue solução se poderá esperar para êlcs enquanto os homens viverem na inobservância habitual da Lei de Dous? •

A sociedade humana realizou alguma vez êsle ide a I de períeição? Som dúvida. Oi-lo o imortal Leão X 1l 1: operada a Redenção e fu ndada a Igreja, "como l/ 11<' des-


e anos ... A luta entre os cruzados do século XX e o

nagem de Nossa Senhora da Conceição (esta é agora pelas artérias centrais da maior cidade industrial da

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eno concreto, dos princípios enunciados neste artigo.

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perrarulo de antigll, longa e mortal letargia, o homem percebeu a luz tl<1

s6 a melhor dvilização, ,nas a única verdadeira. Oi-lo o Santo Pontífice

verdade. que tiniu, procurado e de· sejado em vão ,iurarue tantos séculos: reconheceu sobretudo que tinha

Pio X: "Não há vertiadcira civiliza· çllo sem civilizaçllo moral, e não há verdatieirt1 clvitit(tçiio >nora( seníio corn a Religião verdadeira" (Carta

,wscido para bens umito mais altos e muito mais magníficos tio que os bens frágeis e perecíveis que são tllingidos pelo.r sentldos, e cm tôrno dos quai.r tiniu, até entlio circunscrito seus pensmne,110.r e suas preocu• 1u1ções. Compreendeu êle que rôda " constiWiÇLio tfo vid,t J,runa,w, a lei .mprenw, o fim ti que tudo se tlcve sujeiltlr, é que, viru/os tie Deus, um dia devamos retornar a Bte. Desw fome, sôbre êstc fundamento, viu-.te re,wsccr a consciência da dignicltuic Jumra11a; o sentimento de que a fraternidade social é neces· sária fêz enllio pulsar os corttções,· em conseqiiência. os direitos e de· veres atingiranJ. sua perfeiçcio, ou se /ixllram integralmente; e, mesmo tempo, em <liversos pontos. se ex• pandiram virtudes tais. como a fil<J+ so/ill dos tmtigos sequer pôtle iamais imaginar. Por isto, os tlesígnios dos luJmens, ti condmt, tia vida, os costu· mes ronwrtm, ou,ro rutno. E. qu(m· ,lo o conhecime11to do Re,Je11ror se eJ·palhou ao Jo11ge, qua11do :ma virtude penetrou até os veios ínt imos tia societlatie, tlissiptmdo as trevas e os vícios da Antiguidade, enulo se operou aquela trans/ormaçclo qtw, na era tia Civilizaçlio Cristã, mudou fr11eirnmente ti face tie terra" (Leão XIII, Encíclica ··Tametsi Futura Pros-

"º

zação senão

como

decorrência

determinada alma não se encontra

abandonada ao jôgo desordenado e espontâneo das .operações de suas potên(lias inteligência. vontade. sensibilidade - mas, pelo contoário, por um esfôrço ordenado e conforll1e à reta razão adquiriu nestas três polências algum enriquecimento: assim como o eampo cultivado não é aquêle que faz frutificar tôdas as sementes que o vento nêlc caõticamen-

te deposita. mas o que. por efei10 do trabalho reto do homem. produz algo de útil e bom. Nêstc sentido, a cultura e.a• 1ólica é o <>ullivo da inieligência, da vontade e d,l sensibilidade scg\lndo as nom1as da moral cosi• nada pela Igreja. Já vimos que ela •

se identifica com a própria perfei-

ção da alma. Se ela existir na generalidade dos mc.nbros de ~mia sociedade humana ( embora cm graus e modos acomodados à condição social e à idade de cada qual), ela será um fato social e coletivo. E constituirá um elemento - o n,ais importante - da própria perfeição social. •

Civilização é o csrado de uma sociedade humana que possui

uma cullura, e que criou, segundo os princípios básicos desta cultura.

todo .um conjunlo de coswmes. de le is, de instituições, de sistemas literários e artísticos próprios.

Uma civilização será católica. se fôr a resullanle fiel de uma cultura católica e se, pois, o espírito da Igreja fôr o próprio princípio normativo e vital de seus costumes, leis, instituições. sistemas 1literários e artísti•

cos. Se Je.~us Cris10 é o verdadeiro ideal de perfeição de rodos os homens. ,uma sociedade que apli· que tôdas as suas leis tem de ser

••

• Engana-se singularmente quem supuser que a ação da Igreja sôbre os homens é meramente individual, e que ·Ela forma pessoas, não povos, nem culturas, nem civilizações. •

Com efeito, Dous crio.u o homem naturalmente sociável, e

quis que os homens, om sociedade. trabalhassem uns pela santif,icação dos outros. Por isto, ta.mbém. criounos influenciáveis. Tomos todos. pela própria pressão do instinto de sociabilidade, a tendência a comunicar om certa medida nossas idéias aos outros. e, em certa medida, a rece-

l 1~ 1

ber a influência dêles. Isto se pode afirmar nas relações de individuo a indivíduo, e do indivíduo com a so-

ciedade. Os ambientes, as leis. · as instituições em que vivemos exercem efeito sôbre nós, têm sôbre nós uma ação pedagógica. •

Assim, a ,eultura e a civilização são fortíssimos n1cios para agir sôbre as almas. Agir para a sua ruína, quando a cultura e a civilização são pagãs. Para a sua edificação e sua

salvação. quando são católicas. Como, pois, pode a Igreja desinteressar-se cm produzir tUma cultura e uma civilização, contentando-.sc cm

agir sôbrc cada alma a título ,meramente individual?

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Aliás, tõda alma sôbre a qual a Igreja age. e que corresponde generosamente a tal ação, é como que um foco ou uma semente desrn civilização, que ela expande ativa e energicamente cm torno de si. A virtude traosparece e contagia. Contagiando, propaga-se. Agindo e propagando-se, rende a transformarse cm cultura e civilização católica. •

• Como vemos. o próprio da Igreja é de produzir uma cultura e uma civilização cristã. ~ de

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produz.ir todos os seus frutos numa

atmosfera social plenamente católica. O católico deve 3Spirar a uma civili· zação católica como o homem cn· carccrado num subterrâneo deseja o

ar livre, e o pássaro aprisionado anseia por recuperar

os espaços infini-

tos do céu. • E ó esta a nos,;a finalidade, o nosso grande ideal. Caminhamos para a dvili7..ação católica que poderá nascer dos escombros do ntundo de hoje, corno dos escombros do mundo romano nasceu a CÍ· vilização medieval, Caminhamos pa· ra a conquista dêste ideal, com a coragem, !l perseveranç.a, a resoluç.ão de enfrentar e vencer todos os obstáculos, com que os cruzados marcha.ra.m para Jerusalém. Porque, se

nossos maiores souberam morrer pa· ra reconquistar o Sepulcro de Cristo, como não quereremos n6s -

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A Igreja e a civilização cristã

mo que pela pele. é obra de alta e ~árdua virtude. E. por isto os pnrn1tivos cristãos não foram mais ;ld· miráveis enfrentando as feras do Coliseu, do que ,man~ndo íntegro seu espírito católico embora vivessem no seio de ,uma sociedade pagã.

Por cultura do espírito podemos entender o fato de que

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fruto da vordadeira Religião.

A civilização cristã, o cultura cristã

e

Resistir inteiramente a êste ambiente, cuja ação ideológica nos penetra c,té por osmosc e co-

Foi esta luminosa realidade, feita de uma ordem e uma perfeição antes sobrenatural e celeste, do que natural e terrestre, que se chamou a <:ivilizaç,ão cristã, produto da cultura cristã, a qual por sua vez é filha da Igreja Católica.

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ao Episcopado Francês. de 28 de agôsto de 1910, sôbre ··Le Sillon'"). De onde decorre com evidência cristalina que não há verdadeira civili-

piscientibus". de 1.0 de novembro de 1900).

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lhos da Igreja como êles -

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lutar e

uma sociedade perfeita, a oultura e

morrer para restaurar algo que vale infinitamente muís do que o preciosíssimo Sepulcro do Salvador, isto é, seu reinado sôbrc as almas e. as so-

a civilização nascidas da Igreja de Cristo têm de ser forçosamente, não

ciedades, que tle criou e salvou para O amarem ctern.amenre?

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•• Cru~aJo~ Jo século XX ~tesiila,,i pelo centro Je S. Pa,,lo

Visão de conjunto do magnífico desfile com que a TFP inaugurou sua campanha p elo N a t al dos pobres (última pág.) . Avançando pelo Viaduto do Chá, no coração de São Paulo. vêem-se em primeiro lugar 16 tambores; logo depeis as farpas, como foram chamadas as formações em ·-v·· inauguradas neste desfile. Segue.se o Conselho Nacional. com o P rof. P línio Corrêa de Oliveira à testa, e um b loco de sócios e m ilitantes com seus estandartes; atrás, novas farpas e, encerrando o cortêjo, outro bloco de sócios e m ilitantes. De tempes em tempos e ram e rguidas grandes hastes de metal em forma de "V" e de cruz. que enquadravam as farpas, enquanto todos bradavam em côro, - "Violência não! Vence a Cruz e a caridade!"" Outros s logans eram alternados com o canto do hino " Queremos Deus", acompanhado de tambores. 5


RIO OE JANEIRO

BOLIVIA

Revmo. Pe. José Antonio Ciraudo Mariano. Corrias: .. Acuso recebimento do ar1igo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: "Rumo firme, na nau da indecisão". Espero poder merecer todos os escritos semanais dêste no~o grande batalha· dor pela causa da Santa Igreja. [ . .. ]. . Tomo a liberdade de lhes enviar as promessas de Nossa Senhora do Rosário aos devotos do têrço. Procurei visitar a sede da TFP na Rua Martim Francisco, em São Paulo, onde jovens destemidos se revezam na recitação dC.Stà belíssima oração que tudo nos alcança da Virgem Mãe de Deus. mas infelizmente cheguei fora de hora, Então C\I levava esca.s animadoras promcs• sas a fim de estimular os bravos jovens a uma redobrada confiança na Senhora do Rosário. Quem sabe, no próximo mês de 0\1tubro Poderiam ser publicadas no CATOLICISMO?". • O TEXTO das- promessas é o seguinte: .. As quinze promCSSê1$ de Maria Santíssima aos devotos do rosário: l) Quem constantemente Me servir recitando o meu rosário receberá alguma graça particular. 2) Prometo gran .. des graças e meu especial auxílio aos que devotamente reciuu·cm o meu sallé· rio. 3) f! o rosário uma arma Poderosa contra o inferno_, êle e,uinguirá os vícios, dissipará o pecado e extirpará as heresias. 4) Fará reflorescer as virt\ldes e as boas obras, atrairá às almas pias copiosas bênçãos de Deus e substituirá nos corações dos homens, o amor de Deus e das coisas eternas ao amor vão do mundo. Oh! quantas almas não se hão de santificar por êsse meio! 5) A alma que, por meio do rosário, recorrer a Mim não perecerá. 6) Quem devotamente recitar o meu rosário, considerando os sagrados mistirios, não será acabrunhado pelas desgraças. não morrerá repentinamente, mas converter.se-á se pecador, e conservar•se-á em graça, se justo , e merecerá a vida eterna. 7) Os verdadeiros devotos do meu rosário não morrerão scn1 receber os santos Sacramentos. 8) Quero que os que recitam o meu rosário recebam, em vida e na morte, o lume e: a plenitude. das graças. e assim na vida como na morte participem dos méritos dos bem-aventurados. 9) Eu cada dia tiro do Purgatório as a lmas dos devotos de meu rosár-io. 10) Os verdadeiros filhos do meu rosário gOZMiio grande glória no Céu. 11) Tudo o que se pedir pelo meu rosário alcançar-se-á. 12) Socorrerei todos os que propagarem o meu rosário, em tôdas as suas necessidades. 13) Eu alcancei de meu Filho que todos os confrades do rosário tenham por irmãos tôda a Côrte celeste, tanto em vida como na morte. l4) Todos os que recitam o meu rosá'rio são filhos meus e irmãos de meu Unigenito Jesus Cristo. 1S) 1:. grande sinal de predestinação o ser devoto do meu rosário. (Com aprovação cclcsi:\stica)." Revmo. Pe . Bernardino Santa.n drcu, S, J., Uncía: hAI regresar de Es:·eaiin, en donde hc permanecido varios meses, veo dife rentes N,Os de su peri6di ..

co, que agradezco. De un modo especial el N.º 220-1. En este doble cstán el roo-e y el Profetismo. [ ... J. Esta corriente de desacralización Is hc notado hacc ticmpo. lo mismo que la igualdad en la vestimenta, la frecuentación de los cines y espetáculos PÚ· blicos. Es una lástima que los autoprofetas sean tan soberbios y atrevidos. tan ;lutosufic.ientcs que quieran los "carismas" de todo orden, que cntiendan tan a la pcrfección los "signos de los tiemp,os"'. Nunca quería yo admitir la rcalidad de lo que se atribuyc a Stalin: que hay que destruir a la lglcsia por mcdio de los jóvcnes introducidos en ella. Se me hacía dcficulfsimo la p0sibilidad de que entraran cn las Ordenes y Congregaeiones Religiosas individuos que pudicran estar tantos anos como supone la formac.ión de un sacerdot, disimulando n la hipoercsfo. Pero el cci\o de tstos progressistas. su audacia y constancia. su hipcrcrí1ica y sumisión a dircctivas extraiias parece confirmar lo que no pocos c reían. Lastima cl a lma observar c6mo se oponen a la obediencia que um día promctieron, ver la libcrtad cn cl abuso de la Liturgia, la ceguera cn la ignorancia que se hallan y se atrcvcn a dar normas nucvas. No se trat.1rá de un ..:astigo dei Sci\or? Gracias por haber publicado estos articulos valientcs que ayudan a orientar a los íeligrcscs" !carta de 2,9, 1969).

STA. CA'fARJNA

Revmo. Pe. One_rcs Marchlori, Coordenador da Pa~1oral, Lajes: ··confesso n;io ser leitor assíduo do CATOLICJSMO. Não concordo com a linha que segue. A verdade deve ser dita. Tam~m as verdades esquecidas. Todavia, o maior preceito do Senhor: a caridade, nem sempre 6 observado. E sabemos que Deus estfl presente onde há caridade e amor. Onde não há, .. [ .. •J na pág:io:t 4 do n.• 232, encontra-se uma resposta ao Snr. N ilo de Toledo. Campinas. O referido Sr. pede maiores explicações a respeito do "Bispo da orquestra de jazz•·. CATOLIC ISMO esclarece. E a resposta veio confirmar quanto foi facc ios:1 a norícin publicada anteriormente. Se os Srs. se e.mpcnharam tanto em saber, na Espanha, notícias sôbre o Mons. Aroc Moya, por que não publicaram tudo o que souberam: ser êlc um antigo BiSPo da igreja brasileira, ser chileno (não espanhol), fotografia tomada na Televisão e não e,n "boite''. Por que não publicaram na primeira vez, a história tôda? Lendo o esclarecimento que os Srs. deram agora. a coisa mudou muito de figura. - ~ te é um exemplo da facc iosidade que se nota no CATOLICISMO. Não apresentam tôda a verdade, cm busca de argumentos que s irvam para provar as próprias idéias. Criticam tudo e todos. Por que não criticam D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, que não comparece às reuniões da CNBB? Conheço o jornal CATOLICISMO desde os tempos de Faculdade, quando estudei teologia. Sempre foi um s inal de desunião. Por que? - Não seria tempo de íazcr uma revisiio? CATOLICISMO é um jornal bem impresso. apresentável. Está, de fato, n serviço da Igreja, no Brasil? (Naturalmente, dirão logo que sim! Mas, não seria bom ouvir outros pareceres?)''.

• EM NOSSA resposta ao Sr. Nilo de Toledo dissemos que a notícia ilustrada com fotos - de que Mons. Arcc Moya, Bispo católico da Espanha. fazia parle de uma orquestra de jazz e tocava cm uma ' 1 boite''. fôra publicada cm três revistas de circulação internacional, entre as quais "lnformations Catholiqucs lntcrnationolcs", órgão que merece crédito de todos os progressislas. De uma dessas revistas é que reproduzimos a foto do Prelado tocando jazz, que estampamos em nosso n.º 220.221, de abril~maio de 1969. acompanhada de uma legenda explicativa. Tam~n\ deixamos dito, na mesma respos1a ao Sr. Nilo de Toledo, que os novos pormenores nesta última apresentados a respeito de Mons. Arce Moya, nós os obtivéramos na Espanha depois de têrmos pu• blicado s ua foto_. e os ob1ivérnmos exatamente para atender :10 pedido de e.sclarecimentos de um leitor. - Aliás, a publicação da foto do BispO tocando jaz:z, cm nossa referida edição de abril-maio de 1969. servia apenas para ilustrar o ideal sacerdotal que pretendem o IDOC e os "grupos proféticos", cuja atuação dentro da Igreja era denunciada naquele número de C ATOL ICISMO. Consignemos que, pela carta do Sr. Pe. Oneres Marchiori, o f3to de um Bispo católico que toca nuina o rquestra de jazz não tem grande importância, desde que anteriormente o Bispo tenha sido da igreja católica-brasileira, apareça tocando numa foto tirada não em · boite" mas na televisão, e não scj:1 csp3nhol mas chileno. Consignemos igualmente que para o Sr. Pe. Oneres Marcbiori não é fa lta de caridade (nem de justiça) apresentar CATOLICISMO como um jornal de maníacos que criticam tudo e todos. 0

~ AtoJLnCI§MO Campos. F.st. do Rio

6

Revmo. Pc. Geraldo Freire, Caculé: .. Venho parabenizá-los pelo gr:,nde e intrépido mensário".

BAHIA

Sr. Gabriel Lima Rds, pelo Prc~idente da Congregação Mariana Nossa Senhora da Glória Matriz de NoSSll Senhora da Glória (Largo do Machado), Rio de Janc.i.ro: 11Ôtimo jornal. muito apreciado por todos os Congregados".

GUANABARA

Sr. Felipe Ncri de Andrade1 N atal: "Nesse ensejo. envio cordiais saudações a todos os que fa.1.cm e trabalham pela difusão de tão notável veículo da pura doutrina católica, assegurando as m inhas orações e votos a Deus pela sua prosperidade''.

R. G. DO NORTE

Dr. João Gilbeno R. da Cunha, Uberabn: "Recebi hoje a visita do jovem que veio procurar-me para renovar a assinatura de CATOLICISMO. Em conversa, expus-lhe algumas crític3s ao estilo de combate do jornal, mais voltado ao desamor que à caridade. ~lc pediu-me uma explicação, e disse-lhe então do meu desgôsto de certas atitudes. e ntre as quais apOntei as de sua secção ("Escrevem os leitores"]. Solicitado a uma citação mais prática, lembrci•me de um comentário no número 233, de maio p.p. Ali eslava - e nós a relemos juntos - uma e.a rta do Sr. Antonio de Assis Nogueira, de Belo Horizonte, pedindo esclarecimentos sôbre o celibato sace.rdotal, cm s<:is itens. A sua resposta, ao invés de atacar o problema ou s implesmente indicar argumentos, preocupou-sé s implesmente com o espezinhar o Sr. Antonio - apresentando a sua "deficiência visual pós-operatória'' como causa de suas dúvidas, mas na realidade sugerindo que a s ua deficiência seria m:,is que visual. Não sei aonde se teria faltado mais à caridade: se cm relemt1r.1r-lhe o defeito íísico (de que não tem culp:\), se cn\ sugerir-lhe a curtêu.l de intcli1tência ou raciocínio. De qualquer forma, ficou bem e vidente que o senhor redator é pelo menos de péssimo g&to para fu.er espírito ou ironia - e que a c.aridade cristã não é certamente a su:, maior virtude. Aliás, c1,1 poderia mostrnrlhe mais algumàs resPostas de sua secção, «improvando isto. Não tenho tempo, felizmente, nem vocação para estas buscas, e creio que qualquer coisa que lhe diga janrni:i; conseguirá mudar a sua m:rneira de pc:ns,ir ou agir. Sô· mente os caridosos. os amantes do próximo. conseguem o coração de carne. Os inteligentes apenas - prefcn::m mostrar que o são, à cus ta dos que acham que são menos. Se tomei um certo tempo para lhe e.screve1', foi por pedido do jovem que gentilmente estêve aqui , e achou que isto Poderia ter ;•lgum valor. Queim Deus que ê le esteja mais certo que e1,1. Acredite-me quando lhe digo que aprecio o seu estilo: retire a agressividade, a ironi.t, o espírito superior, humanize-se - o u melhor, cristianize-se, que é como deve ser quem escreve Cato licismo. Rezarei para isto. Um abraço em Cristo".

MINAS GERAIS

• O AUTOR desta carta lament:, o usannos nas nossas respost:,s um:.\ linguagem que ê le reputa· descaridosa, mesmo dcsum:.,na. Como exemplo. cit:1 a ironia com que resp,ondemos a uma caria vinda de Belo Horizonte. com a qual, di1., humilhamos o m i.ssivist:t, servindo-nos de um dcfcilo físico par:, inculcar análoga carência moral. Como nosso leitor exemplifica apenas com a ironia, limitar•nos•cmos a considc.rar êste caso, não sem observM, de modo geral, que 1an10 uma linguagem forte. como as invectivas podem ter luga.- cm Polêmicas religiosas. Nosso Divino Modélo, Jesus C risto, deu disso vários exemplos, ao chamar íreqiientemente de ''hipócrirns" aos cscrib:,s e farizeus, e em outras circunstâncias. Assim. dizemos que, cm princípio, n~o se deve exc1uir o uso d~1 ironi;1, como fohos~l d~t caridade, quer cm escritos quem cm palestras. mesmo relitiosos. No limiaJ do mundo. e da Bíblia, encontramos nos lábios do próprio Dcu.s a ironia, que é assim que interpretam aquela frase do Senhor. após :t queda: " Eis que Adão se fêz um de Nós. conhecendo o bem e o mal!" (Gco. 3, 22). E tão longe estava o Senhor de manifestar nesta ironia qualquer folia de caridade., que ela aparece pr«isamcote no momento cm que etc cuid;, de enviar o Redentor e a nova Ev:1, que csm;\gará a cabeça da serpen1e. 1orn:indo-sc a nova Mãe de todos os viventes. Da ironia se aproximam várias maneiras de agir do próprio Jesus Cristo. Assim, quando E:le tomba da pouca inteli,gência dos hcrodianos que não percebiam que a efígie de César na moeda era sinal do domínio exercido sôbrc os judeus pelo Imperador romano (M;H. 22, 18). ou quando. eon1 o convite "vai buscar o teu marido", o Mcs1re humilh~, ~, S:un;)ritana desvendando-lhe a vida sum.:1mente irrcgulilr (Jo. 4, 16). Em nenhuma destas circunstâncias. como, ali:ís. na vida tôda do Mc.s trc. não fahoo nunca a caridade, até mesmo, quando irado expulsou com a7..orrague os vendilhões do Templo (Mrit. 21, 12). E cm todos êstcs casos. tCve sempre o Rcdcn1or cm vista o bem espiritual dos seus interlocutores. A humilhação ficou estéril junto aos hc,·odianos, n1as frut ificou na Samari1am1. Ttmto é verdade que castigar os que erram constitui uma. obra de misericórdi:). De maneira que no uso da fronia, depende da inlenção de quem é' emprega, ser ela boa ou má. caridosa ou não. Como depende das disposições dos ouvintes ou leitores ser ela eficaz ou n.i'io para o bem da alma. Nem sempre as circunstâncias objetivas marc.am de modo insofismável a bond;1dc ou malícia que há na utiliz..'lçúo dcst;, íigur1;1 literária. Descendo ao caso citado pelo nosso missivista. t certo que a resp<>sta J)Odcria ser dada sem o cmprêgo dn ironia. E confessa nosso corrc:;pondcntc que. da parte dêle, seu emprêgo, no caso. não iria sem fall:1 de caridade. Contcs1a mos, no e ntanto, que assim objetivnmcnte seja para qualquer um. Em ou1ras palavras., julgamos que. no c:1so, cabia a ironia. Tratava-se de repelir uma; impertinéncirt contra uma disciplina eclesiástica que rcmon1t1 ;1os Apóstolos. Ademais, semelhante objeç.ã o, pulvcri;,.ad:1 desde que apareceram os pro1estàntes no mundo, tinha acabado de ser novamente elucidada no mesmo CATOLICISMO, n.0 230. de fevereiro de 1970. Nosso modo de agir. neste caso, pode ser aproximado do que teve Elias, quando zombeteiramente ridicu• larirou as d iíiculdades em que se ;1thitv:tm os sacerdotes de Baal. a cl;1marem por que seu deus resolvesse incendi.tr miraculosamente o a lrnr do sacrifício. -- "GriH1i m::iis :.'llto, assim E lias_. talvc1. vosso deus estcj:1 cm passeio, ou cm alguma hospedaria. ou mesmo dormindo!'' (3 Reis: 18, 27). Não creio que nosso correspondente. !\ vista dns pal:wras de Efo1s, o julgue pc,r isso de co1·ação de pedra. Não vemos porque o exemplo do Proftta não po~a sei' imi1adt.l. Com cst.a resposta. csforç.~1mo-nos por mostrar como a ironia, longe de ser sempre uma falta de caridade, pode e muitas vézcs deve ser c,npregada, parn dar no interlocutor uma sacudidela mais enér-gica, que talvez o desperte para melhores senlimcntos. Embora~ ao escrever, tomemos o cuidado de nos ater às normas que devem seguir os jornalistas cat61icos, e que const.irn da 1radição da Tgreja. especialmente da m:meira como agiram os San1os Padres não pretendemos. contudo. a infalibilidade: por isso1 não rejeitamos liminar. mente as observações que nos fazem. como parece supor nosso missivista.

Mensário com aprovação eclesiástica. / Diretor: Mons. Antonio Ribeiro do Rosario. / Diretoria: Av. 7 de Setembro, 247, c;,ix.1 post;il 333. Campos, RJ. Admini$1ração: R. Dr. Martinico Prado, 2.71 (ZP 3) S. Paulo, / A&sina~ luras anuais: comum CrS IS,00; coopc.rador CrS 30,00; benfeitor Cr$ 60,00; grande benfeitor CrS 150,00~ seminaristas e estudantes CrS 12,00; América

do Sul e Central: via marítinw USS 3,SO; via aérea USS 4,SO; outros p~tiscs: via marítima USS 4,00: via aérea USS 6,SO. / Pagamen1os em nome de F.ditôra Padre Bekhíor de Pontes S/C. / Parn n"ludanç.a de endereço de assinantes, é necessário mencionar também o endcrêço antigo. / Composto e i_n,pre.sso na Cla. Uthograpbka Vpiran,::a, R. Cadete, 109, $. Paulo.


CÃllCe<.n S ACONTECR>fENTOS políUcos qut im~diram o pleno dcscnvolvlmt.nto das "Amicizic" na lt-'Uo nlo abateram o ânimo do Padre Dícssbach. Auxiliado pelo Barão Von Pcncklcr e por outros "Amigos'' au$macos, êlc continuou o seu bcnéíko apo~'tolado, evitando que o sodaHdo dcsu•

-1~ ·R~l-

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parcccSS4.'. Apesar das dificuldades que encontrava, a obra prosseguia .sem esmorecimento e o Padre Olcssbach desdobrava-se, atendendo n tudo em que e~tivesse lntcttssn.dn a maior g_lóría de Deus. Em Vlen.a, os Padr~ que o apoiavam prcgo.l'ant ml~cs e serviam na "Mínoritenklrchen~', igreja de propriedade do Barão Von Pcncklcr, onde era atcmdida a colonia ltnlinnn da cidade, sendo mes mo conbccidu entre os vic-ncn~s como a Capela dos italia.nos. Os membros leigos da "Amiclziu" ajudavam êsses Sa· ccrdotes a manter o funcionamento da socle· dade. nessa época tão conturbada, e a assegu· rnr o contado com os membros que se tfohi1m dispersado.

MORRE O INFATIGÁVEL ''EMBAIXADOR DE DEUS''

Um exemplo tipico dês.se nôvo gênero de utivldades é o cnso de São Clemente M2ria Hofbauer. Antigo membro da 11 Amkizia',1 com seu íntimo amigo Tbadeu Hübl, os dois a (i. nhnm deixado para entrar na Congregação dos Redentoristas e, depois de ordenados, foram en· viados à Polônia pelos Superiores. Fundnnam uma casa redentorista cm Varsóvhi, a qual, opc• sur da oposição que lhes moviam os revoluclonfirios, em pouco tempo tra o centro de uma intensa vida católica. Grande ami~o do Padre Oiessb11ch, a quem c:ons lderavn .stu me~1re, São Ch!mcntc Muria Hofbaucr fundou na Polônh, n~ociaçõcs semelhantes àquela rt que pertenccn\ cm Viena t n.a qual conhecer1.\ os métodot: novos de ap0s1olndo, empregados pelo Padre Oiessbach. De Val'$Óvia mantinha contacto com os dirigentes da º Amiclz.ia", dêlcs rcc:ebcn· do conselhos e animando-os n ~ co11servarcm fiéis 011 tormenta. O Plldtt Oiessbacb, no entanto, niío per· muncceu em Viena stnüo pouco temp-o em tô· da cssn úllimn • d<<'1lda do século XVIII. llle mesmo se chamava "o lnfalígável embaixador de Deus". Viajava continuamente, visitando as "Amicizic>' das várias cldndcs, procurando pessoas q_uc pudc.s..Stm fundnr novos sodalícios e,

A

TUDO O QUE FAVORECE A REVOLUÇÃO É MORAL

LEGIÃO

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AOEPTOS da eh•· mada terceira-fôrça e o não mt• nos significativo coollngente da.ç hostes progre.ssistas t.ê m uma enorme facilidade em esquecer aqullo que não convém a suas quime.rM de um futuro rós eo para a bumanidadt obtido arravés da fusão do cor:nunisn10 orit.nta l com o capitaJismo ocidental. Com o ma.r~ ltlar de seus slogans balofamente otimistas, acabam êlcs por exercer ptmidosos tfeltos SÔ· bre a hnem)) maioria que assiste distraída ao desenrolar dos fatos políticos e sociais, bem como aos avanços e recuos t4tkos da Revolução; por isso é oportuno relembrár aqui algu· mat verdades velhas. mas fàdlmente CSq'Uee:idas, as quais dizem respeito ao juíto que se deve fuzer dos reiterados propósitos de paz e concórdia manifestados pela ala " pombo" do CremUn. A me.nos que sejamos irresponsáveis partidá. rios do contubémio entre o slm e o não, ou queiramos regredir à confusão da Torre (\e Babel, havemos de convir tn\ que a honestidade de propósitos deve estar presente em qualque.r espécie de acôrdo ou de convenção entre os bo· meM. Seja a mesma a linguagem eotre as pal'tes ('Qnlratanlcs e inequívoco o sentido dado às palavras por elas emitidas. Os crl,çtios admieem a exb1êncía de princípios nt0ra.is imutávds e eternos. que derivam da própria nalureza das coisas. Assim, por exemplo, os Dez Mandamentos siio uma dara explicitação da lei nalural emnn11du de Deus~ Autor de tôda a nature:r,n crfod:,.

Ora, pergunlt'.lmos, em um paclo ou acôrdo com os comunistas, no qual por um imperativo de nossa COns('ifncla vamos sinceramente imbuídos dê.~e.s princípio.-;, do oufro lado encontraremos uma exata correspondência àquilo que estamos viSttndo? Rele,nbremos sum1\riamenle o que vem a ser a "mor.ti'' comunista. Di7. Mlchel Bakouninc (cm seu tristemente célebre "Catecismo do Revolucionário,,) que o rcvolu. cionárlo ude:spre:1...:, :1 opiniiio J>úblíca. Despreza e odeia a moml social acuai cm todos os seus instintos e cm lôdas as suas manifestações. Para êle, é moral tudo o que fnvorcce: o triunfo da revolução, é imoral e criminoso tudo o

onde nio ª'-' en(Ontrava, trabalhando pelo formarão de um am.bitntc que favorece~ mais t&tde o apartcimtnto de alguém capaz dt iniciar êsse apostolado.

Em 1797 foi a Friburgo, lá se ho~i>edando

na casa do Cônego Claude Gendre. A humU· elude do fundador da "Amlcizla" e a perseguição que lhe moveram os revolucion;lrios mesnto depoí.~ de morto, não ptrndtiram que che• gassem até nós muitos fatos importantes ela su11 existência. Felízmenle lemos um relato te.\"U• mido dn sun estad.ia cm Friburgo, escrito pelo Cônego Claude Gendre e publicado pelo Pe. Candido Hona cm seu livro sôbre a "Amicixia", já tantas vê1.cs cítado nestes artigos. f.s:se reluto nos permite dc~rvendar un, pouco da vida do impertérrito npó.!i1olo da Contra-Revolução. A visita a Friburgo deveria ser curta, nHts os acontecimentos se preclpitatnnt e o Padre Dic~'bnch passou um ano e meio na casa do Cónego Gcndrt. Oe fato, a 28 de mnrço de 1798 tropas francesas lnvadlram a Suíça e os cantões organizaram exérdtos para oporem re· slstência à ocupação. Ernm fôrça8 pequenas, que iant enfrentar valentemente os revolucionários franeeSts, mas ~riam lo&o derrotada$, Suíço de nascimento e antigo oficial, o Padre Oiessbnch incorporou-se como captliio às tro· pas de Friburxo. Quando estas foram obrigadas á retunr. êle ãcompanhou·as nn volta para Fri· burgo. Ali pns.wu a trabalhar no hospital de sangue, e não se afastava dos soldados feridos senão quaodo as fôrças lhe faltavam. Conta o Cônego Gendre que, certa vez, Stu hóspede passou dois dias e duns noites consecutiv:1s trnballntndo sem cessar. Ao voltar extemu:ldo para cusa, na te:rccim noite, queria ainda rezar o breviário, pois nifo se julgava legitimamente dÍ.ó}l)en$UdO.

Não era só aos militares que socorria. Não ràro, os soldados franceses pucorrhun os cam1,os pilhando as propriedades e cometendo tÔ· da sorte de tropelias. Com risco dn própria vidll, o Pudre Oiessbach procurava os c.·amponese,s , tcnlando remediar os prejuízos ciue linham sofrido e consolando-os na desgraça que sôbre êlcs ~ abatera. Se lembnlrmos que um:1 de s um; pernas apresentava uma chagn que o fazJo. sofrer muito, teremos uma noção mais pre·· ciso de como era hcróka sun a~istência nos

que a cntran1" (apud •'Le Coutrat Social'', revista histórica e cri1ka dos fatos e das idéias, Paris, maio de 1957, vol. 1, n." 2, p. 123). Dir...se·á que tal ''Catecbmo do Revolucioná· rio é de Bakounine e não de Marx (emborn ambos houvessem sido aliados), e pertence aos tempos violentos da Revolução que agora se acha em fase dialoiante. Mas não es1á ua m~Tila linha o amoial~mo de um Lenine, de uni Stalin ou de seus seguidores'? O marxismoltninlsmo nega tôdas as nossas con«pções re• ligio~-as e mornJ.s, bem conto a própria noção de lei natural e de dl.rci1o natural. Tudo isso nio pa.ua.ria, 1111 concepção comunb1a, de mer11 ~uperestrulura que muda de acôrdo com a.~ va• riaçôes da e5.1rulura econômica da sociedade humana. Lenine diz claramenlc: ' 4Ntgamos a mornl pregada pelos burgueses, e deduzida dos mandamentos de Deus. .E aqu i naturalmente dec.l aramos nossa descrença em Deus'' (ensaio 1 •• Sôbre a. Religião"). E concorda plcnamtnte com Bakounine ao acrescentar: "Afirmamos que nossa ética depende em tudo e por tudo dos interêssts da Juta de classes do proletari.a· doº (obra citada). vale di:r.;tr, do Partido. Mais claramente: "Moral é o que é útil e Strve ao Partido Comuoist,1. Para fornecer atividade comunirta de qu:,lquer form a, é prec.l$o estar pronto para qualquer sacrifício, e também para usar métodos ilegais e eswndtr a ver~a· de•1 (Lenine, "O Radicali&mo"). lslo pôsto, que ~nsar dos propósitos de libcrallz.aç.ão do comunismo soviético, de que tanto se tem falado Ultimamente? Um dos in. dícios dês:sc fenômeno seria a atitude "contestadora,. de determinados- intelcctuals ru$$0$. Como primeiro dado, notemos o segulotc: se a.~ notícias sôbre essas contestações ldcolC,. gicas ~'aem cm tão grande número para fora da cortina de ferro, quando é certo que o govêmo t oviético sujeita os mtios de comunicação a rigoroso censura, exercida através de uma oni1>re~c11Cc polícia política, não quer êstc simples fato dmr que o Cre.rolin tem lntcrêssc oa difu· são de tlll~ boatos no Ocidente'? Em segurado lugar, devemos friçar que as críticas rormulndas por êsscs intelectuais, se bem as examinam1os. S(? cingem a a~-pectos SU• J>erficiaís do regime comunista. Não lhe: tocam na é$ência, i~1o é. todos os "contestadores'' pcrmanccc.m fiéis no ideal revolucionário de uma sociedade sem classes e coletivlstà, Estamos, portanlo, diante. de .roais uma i.ro·

J)O(OJr,IJ 13JJ3eRUNT.

tãmpone~s. Não lhe fol poupada nem a brutalidade da soldadesca. O Cônego Ce1\dre relata o caso. '"Tendo sido s u11,rtendido pelos fnu,cesc:s foni da porta de Berna, diz o cronb1a, foi trn· h1do da m;meinl mais indigna. Oe.\l)Ojado de .seu dinheiro e de numerosos papéis muito im• portantes. voltou parn cas., sem chAptu, com a batina sujn e ras~ndo, a cu~1o se mantendo ern pé. Constern:tdo J>Or ,·ê-lo nesse e~1ado. perguntei o que lhe linh~\ acontecido. "Fui um pouco mnltrat~1do. re.spondeu, mas não (i nnda, nRo ralemos disso''. Eis a liníca respo.\1a que me deu". Quando seus servi('OS não foram mais ne• ('es-;ários: em _F ributjto, o Padre Oiessbach foi para Prng11 1 onde esteve dois meses. Vollou em pleno Inverno para Viena. e ali faleceu a 23 de de7.embro de 1798.

Ofkialnu:-nk ;1 t~msa de su" morte íoi unua febre pulmonar, que r-dpidnmentc progrediu por encontrá-lo eofraquccido pelo exfesso de l:rabalho e pela áspero vi:agem de Prag11 u Vltnu, feila duranle o rlgoroso haverno de 1798. No enhmlo, a ··Amiciúa" e os meios li,gados a São Clemente Murin Hofbauer .sempre afirmaram que inimi~os do fundador o haviam 1mdtralndo lnmbéru durante c$1 viagem e que t lc morrcrn m:írtir dessa feroz perseguição <1ue duram IÔ· da a suu vidn. Foi ~pultudo no cemitério de Mnria EoY.ersdorf, paróquia dependente do Castelo de Licehttnstein de propriedade do Barão Von Penckler. Ncs.~ mesmo cemitério mais tarde foram enterrados muitos dos .seus discípulos e v~ríos grandes nomes do pré-romanti.~mo c.·ntó• lico de · Viena. Ourunte muilo 1emf>O, ao lado do túmulo do Pndrc L>iessb:ach repausou o corpo de São Clemente Maria Hofbaucr. que, t,o morrer, pedirn para .ser inunrndo perto de seu antigo mc~1rc e in~1>i~1dor da grande obra que reali1.ara em Vieon depois de expulso dn Po• lônia (e que lhe v~leu ser dcdarado apóstolo dn<Juela cidade). Hoje, o corpo de São Clemente Maria Hofbauer e~1á na Is:rcja dos RedcnloristáS de Viena, 1nm, onde foi traslad;tdo.

Fernando Furquim de Almeida

postura da propaganda comunista, 4ue srrla fàdlmente redutível às suas verdadeiros proporções, não fôsse o apoio e a difusão que tuls oolkias recebem por 1>arte de cxttnsos setores dos que m3nipulnm a opinião públita no Oddentê, robrctudo aquêles que se acham a servi~ ço do progressi.•m10. H:\ pouco se noliclávâ que um organib1no ttri.a criado na Rússia comun.b1a para pugnar pel:i preservação da dignidade da pe.ssoa huma· na e de seus im9ostc.rg:h·ei.s direitos. Ora., que pensar disso se., cm matéria de libcnfadc rcH· gio.~a, por exemplo. ~e ors:_anismo ~e: límilar a exigir a tolerância para a pregação e o fullo, mas concordar cm ver pro.l bida :l essa mesma pregação qualquer alusão à Jiceidade teórica e .} imprescindível necessidade pcllkâ da proprie• dade privada e da liberdade econômica em ~'CU r cntido lato, i.çto é, no sentido que :1brange a liberdade de escolher e exercer profi.ssão e de dispor de seus bcnf e servh;os stm a totalitária intervenção do Estndo e de seus agentes? Tal organismo serfrt à!)e1lM mais um - meio para abrir ('aminho ao comunismo em ambienleS que lhe tfm CS111do fethados, e tal libtrdadc religiosa seria ~impll.'smente uma burla. Do tema se ocupou com riqueza de detalhes o Proí. Plinio Corrêa de Oliveira em seu nunca assaz eHado trabalho ''A liberdade da lgre~a no &1ado comunislaH. A Igreja fundada por nosso Divino Salvador t guardiã: não sc>menle da Rc:velação, mas também da lei natural t de seus r eílexos sôbre à família. sôbre a 1>ropriedade, sôbre a educação, sôbre a profiss.io.

8 ib poroué Lenine, t c:ou, êle todos os revo• lucion:i.rios que se mantém irredutíveis em sua adesão ao eemc e ni .o à mera casca do comunismo e do socialismo, são levados a neiar ' 1;1 moral pregada pelos burgucse~ e deduzida dos mandamentos de Deus''· Bem sabem êles que a Santa Igreja, por isso me~uo que protetora da legítima liberdade.• será sempre a adve~ria P!>r exc.~lência, dn Revolução igualitária e gnósfitst, em que pese o \'01..('rio com que tm scnfido conlrário os falsos profetas nrocuram ntur• dir e confundir o povo fiel. ~

J. de Azeredo Santos 7


.(,., :~}" Af01LIC]SMO- - - - -

A TFP DIRIGE-SE AO POVO DE 4 CAPITAIS: ''QUEM DÁ AOS POBRES EMPRESTA A DEUS'' A SOCIEDADE Brasileira de De-

fesa da Tradição. Família e Propriedade lançou cm São Pauto no dia S de dezembro uma grande campanha. de co-

lela de donativos em favor do Natal dos p-0brcs. A tarefa de distribuir diretan1ente aos necessitados os donativos arrecadados pela TFP ficou, meJiantc convênio celebrado entre ambas as entida-

des, a cargo da beneméri1a ASSOCIAÇÃO OAS DAMAS DE CARIDADE OH SÃO V 1CEl•lT6 DJ; PAULO DA CIDADE OE SÃO PAULO.

Fundada p,or São Vicente de P;mlo em 1617 na França. a Associação das Damas de Caridade foi introduzida no Brasil cm 1854, e desde então se: mu1tiplicou em centenas de sodalícios que vêm desenvolvendo em outras tantas cidades do País um inestimável trabalho de assistência a.os indigentes. A Associação da Capital paulista reúne 840 senhoras, sob a orientação do Exmo. Revmo. D. Ernesto de Paul.-, Bispo titular de Oerocesar~ia, e mantém numerosos estabelec imentos de amparo aos desvalidos, compreendendo asilos, am• bulatórios médicos., escolas, etc. Duremte o ano de 1969 as Damas de Caridade fizeram 24. l 24 visitas domicilia• rcs a famílias pobres de São Paulo, levando,.lhes substanciosa ajuda material, acompanhada de uma palavra de cOn· íôno e de tima prece rezada ent comum.

Desfile obre o componho A nova c~impanha da TFP íoi aberta p0r um magnifíco dcsíile de seus sócios e ntil itantes. que percorreu ar1érias das mais movimentadas da Capital paulista, desde o oratório da cn1idadc, instalado cm sua sede da Rua Martim Francisco 665-669. no bairro de Santa Cecília, até a Praça do Patriarca. no centro da cidade. Ao longo de sua caminhada de dois quilômetros, os participan1es do dcsfi .. lc c.aniav:)m o lradicional hino "Queremos Deus", atribuído a São Luís Maria Orignion de Mon1for1, acompanhados par 16 surdos. caixas e bumbos, e bradavam slogans alusivos à campanha, como "Vio/2ucia - mio! Ve11ce li Cru:. e a cari'Jadef' - "Quem dá aos pobre.r empresta tt Dt•usl" - "A TFP ,·ou viJ11 os plluHsta..f a ajudar os pobre.si'' ••A ,•io/ê11cia 111io resolve; a solução é ju,ttiça e carid11de!" Foram insistente* men1e aplaudidos pelo numeroso públi· co que se detinha nas calçadas ou saía à janela dos prédios e à poria das lojas pará ver o desíile. •-, -

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C hegados à Praça do Patriarca, (o. mm os sócios e militantes da TFP recebidos pelas Diretoras das Damas de Caridade; cm frente à Igreja de Santo Antônio rczMam t0<los pelo êxito da campanha. Oep0is do brado de ''P~lo Brasil; Tn1diçãol Famtlia! Propriedade! Br<Jsil! Brtrsil! Brasil!", que marca o início e o término de cada jornada de s uas campanhas públicas, dirigiram.se os jovens da TFP para as cabeceiras do Viaduto do C há e para a passarela inferior destinada a pedestres, locais por onde t ra n.s-itam diàriamente algumas centenas de milh:Hcs de paulistanos. e principiaram a coleta de donalivos. Junto aos quatro Postos de coleta e sôbrc ::i marquise da Galeria Prestes Maia. na. Praça do Pa1riarca, erguia ..sc um enor• me "V" de metal, de 12 melros de • •· mra, rcves1ido com as côres heráldicas da TFP - vermelho e ouro - e uma cruz azul, també.m de metal. símbolos da campanha, a evoc,arem a vii6ria da caridade cristã. No a lio de cada um dos quatro cnorme-s pilones do Viaduto, dois propngandistas da TFP. de capa rubro e empunhando o estandarte da Sociedade, proclamavan, com megafones as f j. nalidades da campanha. A população paulisiana acolheu com viva simpatia a benemérilà iniciativa da TFP e correspondeu com generosos dona1ivos:. Já no primeiro dia a colc1a a.tingiu a CrS 4.800,00, e ao término da càmpanha, no dia 21, haviam sido arre. c.adados CrS S1.841 146 cm dinheiro, a lém de Cr$ 6. 17 1,00 de donativos em espécie, como medicamentos, roupas, calçados, gêneros alimentícios. brinquedos. etc. Nos domingos 13 e 20 de dezembro foram feitas colc1as domiciliares cm diversos bairros da Capital paulista, com cxcelcnlc. rcs uhado. Foram nuntcrosos ainda os donativos encaminhados d ire. tame11te a sedes da TFP ou à Associação das Damas de Caridade. e de se registrar um fato que, aliás. já lcm ocorrido cm oulr.\S campanhas da TFP: o silêncio quase completo da imprensa. Com duà~ ou três exceções apenas, os diá rios paulistas pràticamcnlc ignoraram uma campanha que tôda a cidade via e comentava. Em compensação, quase 1ôdas as emissoras de 1clcvisào noticiaram com destaque o desfile inaugural e o descnvolvimenlo da c:,mpanh:'1.

Folheto expl icativo Para informar o público a respeito dos objetivos da nova iniciativa da TFP. os jovens cole1ores de.-sta distribuir·3 m

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DAMAS Dll CARlOAOE OI: SÃO VICENTE OE PAULO DA CIOAOE OE $Ão PAULO. Fu11-

d1tda,r m1 Fr1111çt1 por S&o Vicente ,Je Paulo., em 23 ,Jc 11g/}J·to de 1617, t;s Da.. mas dt: Caridade st têm ~spalhado 1>or u;dos IJS paíst's do mumlo. No Brasil, a euridml,· fo,· i,itrodu1.ida cm S,io Paulo 110 auo de 1887, e dessa époc<J pnra cá mio tem ,feix1Jd<> de dispensar ,mu, lYI• liosa os.ristc111citt ao,r pobre.r. A A ssociaç,io da.r Omna.r tle Carid11de de S,io Vice111c de Pt1ulo da Cidad<' de S,io Paulo 11111111/m os seguintes obras: C11su Pla Sâo Vict•nte ,1e Paulo. Asilo e Vilt1 dos Pobres São Vicente de Paulo, dois Ambul111órioJ', Es,·oltt Mi.,ta Primária Gr(lluita, Curso Noturnt, de AJ/11be1izaçiio de Adulto.r. Curso dt Da. 1ílcgrafil1, Â$SiSt<1ttciô Ho.spitolar e Den .. táritt, Clubes de Mães. Presc111emc11te, .sua Dire1oril1 é constituida pelo Bis1>0 f?. ErtrCJ'lo de Paula. Diretor. e pelas Sras. D. Marla Josê Rangel Salgado. Presilleme: D. Nelena Moura Fiori. Vice-l'rê.-.idente: D. Nârp<tlice Cala1.011s Ma,·lrmlo. I .ª Sec:retária,· D. /to/ia Palumbo Pigna,arl, 2.ª Secretária; D. Ju .. 1/it/1 Amálitt da Silva Klei11paul. J." 1'esoureirn: t D. Miri1m1 Rodrigu~s Ci11lr<1, 2." resourcim. 1'odo.t o.r. dias, 110 término da com. ponha. o:, Jo1101iw>.v .rerão entregues pe/11 Tf"P ,, essa l>enemhilll Associação paro serem por elt1 ,listribufdos 110s pobres.''

·r::unbém no Rio de Janeiro, em Belo Horizonre e cm Curiliba as Secções locais: da TFP, cm convênio com conceituadàS entidades assis1enciais daquelas ·c idades - CASA $Ão Luís PARA A VE-

u11ce. LAR DoM ÜRIONE l>AS DAMAS OE CARIOADI!

C

º"

ASSOCIAÇÃO Cn>AOI! OE

CuRrmu - arrecadaram donativo~ cm dinheiro e cm espécie pata o Na1al dns pobres. Tal como cm São Paulo, a po. pul3çiio das 1rês caJ>itais correspondeu com ;\ maior s impatia e generosidade a mais essa OJ)Orlun:_ , inicia1iva da TFP. Os donativos cm dinheiro alingirnm a CrS 20.467,35 no Rio ( 13 dias de campanha), CrS 9.744,97 cm Belo Horizonte (8 dias) e CrS 11.669.36 cm Curitiba ( J2 dias). N:,s diversas localid3dcs onte teve lu(tat a co1el:l. o resultado desta era entregue pela TFP às associações de carida<!c ao fim de cada dia de campa• nha,

tambores

Verdades esquecidas

volantes tendo numu face a figura de São Vicente de Paulo, desenhada a bico de pena, e na outra êste texto:

Também no Rio, Belo Hori:i:onte e Curitiba

Conclamando o povo do a lto do enorme pilone .do V iad. do Chá

Duas novidades neste desfile da TFP : boinas e

Den1111eiar o es~ândalo ,

e proe11rar afastá-lo e obra

de earidade De uma carta n tôdn a C,íria Romana contra a odiosa e s imo1tíaca intnisão do Arcebispo de York: A MÉVS R EVERENDOS PADRES, OS $1;NHORHS 8 1SPOS E CAROEAIS OA CÚRJA ROMANA, / O IRMÃO BERNARDO, ABADE OE CLARAVAL, / SAUOAÇÕF.S e ORAÇÕES,

T

ODOS '/"EMOS o 1/ireito de cscrel·~r .tiibre os ueg6cios que 11 1odos tlizem respeito,· ,/e mo,lo .que niiQ receio incorrer em c~11sur11 pQr pr~s,m~·cio ou cxce$Sivt1 ouJmlia ,,o /t1t.ê·lo 11gor11 como o faço: poi.t, embora seja, o mais miserál,tl de totloJ· m· fiéi.r, 11,io deix,, ele tu muito 110 coração ,i lio11t'a ela C 1íria Ro1)1tm11. De tal maneira m e co11• sumo de pem1 e me uflig~ a ui,tleta. que tt1f 11 ,·itltt me pes<1. E é porque \'i " 11bomi11açiio na C11sa de Deus. Como :rinto J'em poder b11slli1tte p11ra remedhir ,, tanto:.- e Umt<Js males, não me rtsW outro recurso se11i'ío apomó-lo.t t10S que t('m poder para tal, ,1 fim de que o.t em emlem . Se o /il.l!rdl:s, umt() m tlhtJr: J·e m'io. eu tt·r~i exon{'radn mi11Jw çQ11.-rcihu:iü. e l'Ó., miQ podereis U!r nenhuma escusa ju:m,. Ntio i,:norf1i,.,· <1ue o Papa l11och1cio HII, ,Jc.- x/oriu.w, e feliz memól'ia. /1m•it1 proferitlo se11te11ça, de comum ttctirdo convosco t com 1ôdt1 n Cúria Romana, diJ·pondo que se tivesse por írrita " eleiç<lo Jt Cuilherm<' (pr1ra Arcebispo de Yorkl. e que cstu fósse c:onsideruda como ,·erdadeira e .1acríltg11 iull'ut<io. 110 ctt.to de o outro GuUlierme, De,1o t/11 1/:rejo Ide York). mio dcclar111· sob juramemo que seu lrom ônimo t'rtl inocelllc de tudo quaulO lhe lmputavum. Também stibtis que t.\'l<t <li.\'/>O.tição tinha muito mm's ,Ir i11dulgt111cia que ,lt rigor. Guill,crmt mesmo. o ,,cusodo, lwvia rogmlo qut· lhe fôssc com;edhla CJ'SII graça. Prom·era " Deus que .,e tilfe.,:rc cumprido o que por m,ítuc, <1Cé}n/Q st lu111i11 dis11<utol Oxalá tudo quamo se fiz contra ú·to fti.f..)·e de<=l,1rm/q 11111".' Que aconteC('U? O Deiio 11iio jurou, dt modo 11lgum. e apf!sar ,Jislo o outro scntou;,rc na cátedra da pestilêncit1. Quem 110s ,foro ,•er te~•(lnfllr..se. um outro Finéia,r INtím, 25, 71. que im1~stisst de e.tpada ,w miítJ contra €,n·e for11ic1ulor! Quem nos concedel'a p<>tlu ver <> mesmo Siio Pedro, l'ivo tttr .wu, cátedra, paro extcrmi,wr o.r impios com ,mu, palm·ra de ~ua 1,6ca! Muito,r sllo o., que c/ammn " ,·6s do /um1') da olmo, e vós pedem ,te todo Q coroção o castigo exemplt1r de 1,mrn11Jro s11crilégio. Se 11ão ucudir<le~· de pro,uo, qua1110 mais tardar () remc1dio eu vos o.tseguro que há 1/t str mais gr11ve o escândalo 1/e rodos os fUiJ'. Receio que li mtJ'mo Sé A posrólicâ perca grande parte de seu prcstig;o e se tll!stmtol'iz.e, sr 11r'io /iz.t.•r prsar sua 1mio sôbre ê$,t e rebelde que calcou aos pés sc•us decretos, de modo wl que in/11111/a mêdo aos dt!mais e O.r aparte de .reguir tão nefando exemplo.

m,

••• A1as qu<' 1/irei ,ta.t cor1t1s secretos t.' ~,erdodeirnmtllt~ renebro,fll:r que Guillrnrmr se jacta dt haver recebido, mio do 1,rl11cipt das trtl•Os, oxalá ,,.r.,lm fôssc, m os dos Príncipe., me$mOs, Suces.wre.t 1/ó.r Ap6stoh>.,? Por isso, tâó logo esu, nova chegou ,,os 010,illos do..: fmp io.t, és1es se puseram n fazer chacota 1/1,.r dfaposiçõe., ,fo SJ Apos16/lca t: a rir 1/a Ctíria Romarra, ,, qual, depois dt.'. lww:r dado um11 sentença públic11, co11tradi1.iaÀ.tt.· ,, si mt.m w em·io11dQ à,.,. ocult11s unws cttrtOJ' que mandavam o co111rári<> . Que maiJ' acrescentarei? Se ,Jepois de nulo isso não vo.r per111rb11 a ,•isão tio escâ11dá)O gnn•fasimo que é dtulo tanto a forfe1 e pcrf~ito.r. como e, débei.t e simples: sr não ,1e111is compai:rão aiRuma pelos pobre.r A l1mlcJ que foram ,·!tomados II R o11u, tio., lugaru mais longínquos da terra: $f ntio w>s cômO\'e ,, rutllll ,/e t1111ws <."<lJ'as refigios<Js que incvitàvclmeme perecerão sob II judsdiç,io tlfSSI! opressor; fi11alme111e. e para terminar po,• a,,dc ,leverio ter começado. se não vos stntis animodos sequer pelo zê/o dtt #ó,;,, de Dcu:r. - sereis i11difere11tes à voss11 própria tlcsonra, ,Jcrh•ado 1/ireta. me11tc da vergo11lr11 que cair6 sóbrc tôda o Igreja? Poderá umto 11 11111/lcia 1/êste homem , que logre impor~·e o ,1ós? Dir•111t!·CiJ· wlwtz: que f,uemo:r, St! fie já recebeu " sagrt,çc"io. ai111la que de m odo J·acrfltgo? Re.Spônd() 11 isco que tenho po,· mais glorioso 1/errubnr Simiio Mago ,lo alto cio ct:p(I.Ço do que impedir-lhe o v6o. Por outro ltulo, em que situaçiio deix1,rei.1 todos os Religiosos que criem não del•tr teceber. em COtr.fciéucfo, 11e11f,um Sacramcm10 de ,mio.~· 1(10 11u111cl1tíd<1s de lt1>r<1? /ucli110-mt a crer que todos êles prefeririio o de,,·tirro. ,mtes que cntregar•.'ie à morte: 0111es e.icolh~nÍQ ,·ida c1•rtm1c for,; du pótri<i, que pcrm1t11et:C'r m•stu tendo que cólm!r os 11/i. mcntós oJtrecido.s <10.t ftlolos. Stndo assim, sr a Cúri(, Romana os /Orftll'St'! a ir contra <' co11sciê11ci11 e 11 1/obr11r o,t joelhos ,liame ,te Baal, qm• o Dcu.t ju.ttó ,,eça contos ,/is.t o; qutmto ,, mim, cito-vo.t vara seu juízo f'('r<mte ,,qucla outm Cúria Celeslial que mio .\'t! potfc corromver com mm/mm sub(írno. Pa,-a terminar, rstc ,•osso st•r,·o ,·o.r suplica. pelu,r etttrau/ws misericor1/insfssimos ,lo Senhor. <11111. S<> til!fum 1.ilt> da ft/6,.in divina Ofllt! t1inóa em w1J·,tas 11fmas, tomt!is em consideraç,io os mole.,· 11ue afligem II Soma Igreja, no menos w:$s qu~ sois seus amigos, e. ponlwiJ· w,ln o vo:r;to empl!11'1() tm impedir que se conjirme. uma coisa ti'io dcte.rtdvcl e digna Je ~:i:ecraçiio. (.. Obr;l~ Completas dei Ooctor Mcliíluo. San lh.:rn:,rdo, Abad de C laravat··, trad. do Pc. Jaime Pons, $. J. - Ed. Rafael Casullcras, Barcelona. 1929 - vol. V. " Epis1olario", pp. 4$$,490, carta 236].

SÃO

BERNARDO


1•

ll Oirc1or: Mons. Antonio Ribeiro do Ros~1rio

Largos círculos católicos do Exterior vêm levantando uma questão de consciência de inegável envergadura . O leitor brasileiro tem sido pouco informado a respeito, ficando dêsse modo ·impossibilitado de acompanhar os debates, de grande importência para o futuro da Igreja, que se desenvolvem em tôrno do assunto. Sendo um dever de ética jornalística manter o público ao corrente de tudo quanto na realidade contemporanea lhe possa legltimamente interessar, e parecendo-nos que nossos meios católicos não podem conti nuar à margem dessa questão, a ela " Catolicismo" dedica o presente número. Trata-se de dúvidas e perplexidades manifestadas à propósito da recente reforma da Missa. Não tem faltado, até entre clérigos e teólogos, quem veja no nôvo Ordo uma "abertura" em direção aos protestantes (na foto abaixo, uma Ceia luterana celebrada segundo a liturgia sueca). No cliché da direita, Paulo V I aparece ao lado dos seis pro testantes que participaram, a titulo de observadores, dos trabalhos da comissão pontifícia encarregada de elabo. rar o nôvo texto da Missa. A dõreita do Papa está o Sr. Max Thurian, luterl\no do mosteiro de Taizé.

SOBRE A NOVA MISSA: REPERCUSSOES ,,,. QUE o PUBLICO BRASILEIRO AINDA NAO CONHECE ,_

N.º

242

FEVEREIRO

DE

1971

ANO

X XI CrS 1.50


I

SÔBRE A NOVA MISSA: REP·E RCUSSOES

O PÚBLICO BRA SILEIRO AIN DA NÃO CONHECE •

A

NTES DA invenção do telégrafo. era normal e inevitável que o grande público só dificilmente e com muito arraso viesse a saber dos acontecimentos que se passavam em pontos distantes do globo. Mesmo em regiões não muito longínquas, po-

O Santo Sacrifício do altar constitui o centro ela vida católica. A Sagrada Liturgia é, para a Igreja , o que o pulsar do coração é para a vida de um homem. Como, pois, se há de impedir a opinião católica brasileira de

acompanhar os referidos d~batcs, que cnvol·

diam dar-se fatos de importância, que entre•

vem questões tão sagradas e centrais na vida

tanto não chegassem ao conhecimento do ho-

católica? Manter um povo profundamente religio-

mem comum.

Hoje, entretanto, com o telégrafo, o rá· dio, a televisão, os satélites de comunicação, não se concebe que acontecimentos de re1êvo

deixem de ser divulgados em tôdas as partes. Mais ainda: constitui verdadeiro direito. prin• cipalmentc do homem de cultura. ter a seu alcance um noticiário completo e veraz dos grandes acontecimentos cm tôrno dos quais se traçam os destinos do mundo contemporâneo. O desrespeito sistemático dêsse direito nos países comunistas representa mesmo um sinal dos mais característicos da escravidão

que nêles impera. O recente levante polonês. por exemplo. mal foi noticiado atrás da cortina de ferro, e, quando o foi. apresentaram-no cm têrmos falsos, segundo versões criadas pelos partidos comunistas.

• • • Ora, a Igreja vive hoje uma crise sumamente grave - um verdadeiro processo de "'autodemolição", segundo expressão de Paulo VI. Manter a opinião pública católica na ignorância sistcmitica de.~a crise. ou falsear os seus aspectos de relêvo, seria tão absurdo quanto tentar esconder ou niinimalizar o levante po-

lonês aos olhos dos povos da cortina de ferro. Dentro da crise religiosa contemporânea delioeou-se ultimamente uma terrlvel questão de consciência. que vem provocando vastíssi·

mas polêmicas em todo o orbe católico. e trazendo aflição de alma a inúmeros leigos e Sacerdotes. ~se problema de consciência teve como ponto de partida as amplas e profundas modificaçêes introduzidas na liturgia da Santa Missa. Entretanto, a imprensa brasileira ou não

tem tratado dêsse assunto. ou o tem noticiado insuficientemente, de modo a não haver proporção entre o que nela se lê e a realidade.

Nosso País adquire importância cada vez.. maior no concêrto das nações ocidentais e l~ristãs. Cargos da Cúria Romana são con·

fiados a conterrâneos nossos. Figuras do Clero e do laicato nacional - com freqüência cm ordem à promoção do .esquerdismo e do terrorismo -

adquirem nomeada mundial.

esses fatos. e tanto outros congêneres que poderhun ser aqui alegados. mostram à sacie· dade que leriam de responder ante o tribunal da História aquêles que procurassem manter o Brasil à margem dessa polêmica gravíssima que se desenvolve cm tôrno do nôvo "Ordo Mi.s..~ae''. 2

so na ignorância de tal crise seria mesmo uma

falta de conformidade com o que a Providência permite que aconteç,a. Tal inconformidade impede nosso povo fiel de se manter ao corrente de um diálogo fecundo, do qual a verdadeira Fé sairá certamente engrandecida, como se deu na luta da Igreja contra o arianismo, o protestantismo. o liberalismo, etc. Os

grandes problemas de consciência estão geralmente na raiz dos grandes lances históricos. Não se pode, pois, deixar de informar nossos meios católicos. de modo que lhes seja facultado conservar uma fé lúcida, corajosa e coe· rente cm face de um problema de transcendental importância para os filhos da Igreja.

• • •

possa também interessar a Sacerdotes e teólogos. As informações preliminares aqui oferecidas podem ser úteis para algum largo e cordial diálogo a que o importante assunto possa dar ensêjo.

sa vem encontrando. Por oulro lado. não nos cabe analisar e criticar tais textos, uma vez que nosso objetivo não é defender uma tese, mas apcn3s: informar. Aliás, estamos certos de que

não fal!ará aos leitores de ··catolicismo" o discernimento necessário para distinguir entre o zêlo ardente e a impaciência; entre :a argu·

mcntação sólida e aquela que não tem por base senão a impetuosidade n,al contida .

Por amor à brevidade, no documentário que publicamos a seguir não nos ocuparemos

• • •

dos que objetam Unicamente contra as tra·

duções do nôvo "Ordo"', acolhendo sem rcser~ vas o texto latino. Também não citaremos aquêles que manifestam dificuldades somente quanto a u1n ou outro ponto secundário do texto latino, acei1ando,o entretanto no seu conjunto.

Impõe-se desde já uma observação sôbrc certos tópicos pouco respeitosos para com as Autoridades Eclesiásticas, ou muito apaixonados, ou de fundamentação doutrinária patentemente duvidosa. que rcprodu~iremos adiante. Poderíamos tê-los omitido: não o fizemos, porém, porque dessa forma estaríamos dando a nossos leitores uma imagem deturpada ou pelo menos incompleta da oposição que a nova Mis-

Na apresentação da matéria. seguimos, na medida do possível, a ordem cronológica. Dêsse rnodo. poderemos acompanhar os aconte• cimentos em seu desenvolvimento histórico. A essa ordem, abriremos exceção apenas para certos casos em que se mostrou conveniente

citar lado a lado documentos de épocas diversas mas lõgicamcntc conexos entre si.

• • • As noras de pé de página conterão exclusivamente indicações bibliográficas - e portanto só interessarão ao leitor desejoso de reali1.ar novas pesquisas sôbrc a matéria.

"Catolicismo" está pois persuadido de que oferece um importante contributo para a for-

mação da consciência religiosa do Brasil, publicando um número especial em que se dá uma visão global da crise surgida com a aplicação das modificações introduzidas na Santa Missa. Com &se objetivo, um de seus redatores foi designado para fazer um levantamento geral e cuidadoso das dific uldades de caráter doutrinário e dos problemas de consciência que a nova Missa vem suscitando cm círculos cat61icos do Exterior. O panorama que assim

se desvendou surpreenderá por certo a muitos leitores, embora a imensa quantidade de do• cumcntos não tenha permitido a apresentação completa de tôdas as publicações que temos cm mãos, ou de tôdas as particularidades da posição de cada autor.

• • • São largamente conhecidas no Brasil as reações favoráveis ao .. Ordo" de 1969. A bem dizer, são mesmo as únicas que se conhecem. Seria supéríluo e fastidioso insistir nelas. Assim sendo, nosso levantamento restringiuse às reações contrárias à nova Missa. "Ca· tolicismo .. quer. aqui, apenas informar sôbrc uma grave questão que tem sido insuficientemente noticiada entre nós.

• • • Esta fôl ha oferece o presente artigo sobretudo aos leigos, de ambos os sexos, e de cultura religiosa desenvolvida, que já os há muito

1VO ··counnlE II D E ,B OME··. lJM PA N ORAMA GERA L DO Pll(JBLEMA A Constilllição Apostólica "Missale Ro-

Aos poucos, começaram então a aparecer

manum", que promulgou o nôvo "Ordo Mis-

análises mais amplas sôbrc os novos textos da liturgia da Missa.

sae", foi publicada pelo "Osscrvatore Romano" de 2-3 de maio de 1969, juntamente con,

Dentre êsses estudos, destacam-se os tra-

go e minucioso documento. de 341 artigos.

balhos vindos o lume. a partir de junho de 1969, 110 boletim parisiense ·'Courricr de Ro-

que contém indicações de ordem catequética,

me", o qual tem larga penetração cm meios ca·

pastoral e rubricai sôbre a nova Missa. No

tólicos da França e da Europa cm geral. Atual-

a "lnstitutio Gcneralis Missalis Romani", lon-

mesmo dia, a Poliglota Vatica1\a deu a lume

mcn1c, o responsável pela parte teológica dês-

o texto do nôvo "Ordo".

se periódico é o Pc. Raymond Oulac, cujos

Nos círculos antiprogrcssist.as~ as primeiras

reações- em face da nova Missa foram hesitantes e tímidas. Durante várias semanas. apa· reciam cá e lá manifestações de perplexidade,

-

' . mas em termos gcncncos e vagos. Como diversos observadores fi1,.cram notar, essa hesitáção inicial dos atuais opositores

1rabalhos, publicados cm revistas cspcciali1..a-

das. sobretudo por oca$iâo do Concílio, lhe grangearam reputação internacional. Analisando pormenorizadamente certos aspectos doutrinários da nova Missa, o ''Courricr de Rome" escreveu: 1

lei, por dúvidas de consciência. Perguntavamse sé ela não seria objetivamente inaceitável.

E11g01uu··.te-i<l uàgiC{mre,ue quem reduVs• se tt reforma litrírgica. que há t1uatro anos ex• perimentamos. ,, w,w simples manipulação a{lmini.ftralivâ {/e rubricas, cm 1íl1ima análise admissível. como dii,em alguns. - Sim. isso .t,·l'ia um êrro trágico: ê.t.fa r1t/orma é. quer se,· e se r..011/essâ uma

Numerosos Sacerdotes e leigos chegaram a de·

REVOLUÇÃO.. ( I ).

da nova Missa se explica sobretudo pelo fato de que êles não adotavam uma posição de con-

testação e rebeldia contra a Autoridade Eclesiástica , mas eram de1idos. cm face da nova

sejar sua ab-rogação, e nesse sentido exprimi• nun privadamente suas perplexidades às Au·

toridades competentes. Foi só a contragosto. e quando não viam mais meios de conciliar o

numerosos cm nosso País. e enlrc os quais se encontra a maior parte de seus leitores: mas

silêncio com a fidelidade à doutrina da Igreja, que êles se decidiram a manifestar de público

se alegra com a perspectiva de que o trabalho

suas dúvidas de consciência.

'

A seguir, a revista põe cm rclêvo a respon-

sabilidade que tem nessa Revolução o Rcvmo. Pe. Bugnini, àhmlmcnte Secretário da Sagradr,

Congregação para o Culto Divino. E observa que tal responsabilidade não é só dêle. Cita a título de exemplo a seguinte declaração. feita em 1967 por Mons. Dwycr. Arcebispo de


Birmingham, na qualidade de porta-voz do Sínodo Episcopal: "A lit11rgia forma o caráter, a mentalidatle dos homens q11f' se de/rolllam com os problemas tia pílula. da bomba e dos pobres. A reforma litúrgica é, num sentido muito profundo. a CI-IAVE do Aggionwmento. Não vos enganeis: é que começa a REVO· LUÇÃO" (2).

,,í

Sôbrc o objet ivo dessa rcforrna da Missa. o ··courricr de Romc" escreveu:

"Vmnos <leixar que um />rOtesuulfc 1Jec/arc• <111al é êsse OBJETI VO tia reform(l ,lo Mis~ml. Um p,·ote.tl<mte "moc1'.•rtulo": o Sr. Max 1'lwrim,. "irmtio de T<1izé''. Em <irtigo (ditêmo-lo bem: ARTIGO) e.ttmnpmlo em "Lu Crofa'' [periódico católico francês!, de 30 de maio de /969, intitultulo nôvo Ol'tUnál'io dt1 missa orieurn-se num sclllÍIIO pro/wulcm,ente ecumênfoo", chc•g<1 êle à ~·eguinrc conclus,io: "o 116vo ortlinário da mis.rn, qut1is1Juer que sejam suas imperfeições relt1t;vas. tlevitlas llQ pêso 1/11 colegialidade e da univel'.\'alitlat/1;•, é um exemplo tlêsse empenho /ccutulo de tmitltule tiberl<l e ,/e fidelidade dimímica, ,le vertltuleira catolic:idatle: um ele seus fr,uos será talvet que c01m111idades NÃO CATÓLICAS potll•riio celebrar " Sm11,1 Ceia com as MESMAS ORAÇÕES que " l greia ('(1/Ólicll. TEOLÔCICAMENTE, isso é ros-

··o

SÍVEL1'.

Ouçamos. agora. um dos motivos capitt1is d" adesão ,lê:;se prorc~'l(mte cl 110,·a Mi.tsa. Motivo que nos p,tre,·e o mais característico de todos: trata-se ,lo que se continuaria " chamar de Ofertório depois de o ter destr11ído: "&se ofertório simplificado - disse o Sr. 1'/mrian - niio se c,prcsenta mai.s como uma duplkaç,io tia prece ew.:arí.rtica (= C<1tton), nem co mó um ato s,,c.·dfic:al antecipado; atemu,m-se ossim 11s ,iijit.:uldtule.r t/tte o antigo ofel'tório cri'1va plll'<l a pesquisa ecumênica" ( 3). 4

Sôbrc as afinidade.~ que certos meios pro1cstanrcs afirmam sentir para com o nôvo O(cr. tório. o "Courricr de Rome" d iz.: "Sabe-se que, ,les,le o inído, os protestantes de tôdas t13• filiações lans,·aram-se furiosamente contra as ort1çõ,•s e as Cerimônit1s do Ofertório. Por que? - Porque elas exprimi'1m, sem 3·ombra de c/úvida, o sacrifício tia lgreia: inclicavmn um mo sacer<lotal pessoal, real. at1w/1 e não llf)tmas a comemonrção p,,r,m,ente NARRATIVA da Ceia da Quinta-feira Smttu. Orll. o 11ôvo Ordo oES'rRÓ1 o Ofert6rio, e o ftit exprcssamen1e: I .0 As novas rubricas qm• J"e referem a essa pas.mgem (11.t"1 49 a 53 da "lnstitutio") têm por título: "PREPARAÇÃO dos dons". Aí não J'I! ,fiz~ de maneira alguma, <111e ésses ··,/ons" süo OFEJU!CH)()S, oferecidos num ato tle ODLA· CÃO prQpritmwnu~ s<1cerdota/: êles são truzido.r ("af/eruntur"); apresentados ("praesentamur" - que latim.').· a ,·eguir .tão enfocados ("dcpommtur'') sôbrc <> 11lwr (qu er pelo Padre, que, por um Diáco110) [ ... ). Vem tlepois o lavabo,· o "Orate fratres''; a an tiga Secreta; o Prefácio e o que o segue, que já não se denomina Cânon, mas s;m " prece eucar'istictl'. - E, tle fato, poder-J·c-ill ainda dcnomi,wr ..Cânon", ,·omo o ,lcnominurum S111110 Ambrósio, S""'º Optato e São Gregório, aquilo que cessou de .s er mn<l "regra" imallível? 2.0 - As três oraçôeJ· que exprimiam a oblaçiio, feita pelo Padre, tio pão e do vi11ho ("Suscipe . . . hanc immaculatam hostiam . .. " "'0/Jerimus tibi calicem salutaris . .. " " Veni, sanctificmor ... '') foram supressas. Substituiu-as uma fórmu la ambígua, que pode igualmente exprimir uma oblação ou uma simp/e.r oferta: como a dos primeiros Jrwos da colheita, ou a de rmw vela. Exemplo, referente ao pão: "Bendito sois, Senhor, Deus do universo, pelo pfiO que recebemos de vossa bondade, frmo d" terra e do trabalho das mãos do homem, que agora Vos oferecemos e do qual far-se-á para 116s o pão da vida". O mesmo o vinho. Que devoto de Ceres e de Bt,co mio eswria pronto ti subscrever tais /6rmulas?- - Que digo.' Que adepto tio "Grmule Arquiteto do Uni• verso''! Onde ,,oi.r .te encontra expresso não sàmente o sacrifício "de ação de f:l'OÇas" . mas o sacl'ificio propiciatório pelos pecado,f, que re11ova, mística ma.f realmente, sôbre o aluir da / gre;a, o Sacrifício da Cruz?" (4).

""'ª

Para caucionar suas acusações, o "Cour.. rier de Rome" enumera oito teses doutrinárias dos pro1cstan1cs, em direção às quais leriam

l) Arligo ..-La messe polyv11Jcn1e de Paul vr·, publicndo no boletim "Courrier de Romc", P:1ris, n.0 S3, de '2S de setembro de 1969, p. 7. 2)

Considerando que a nova Missa é aceita por católicos e protestantes, o Pe. Dulac chegou mesmo ao ponto de referir-se a ela como ..um Or<lo Misstie POl~IVAt~BNTe: meio católico, meio protesllmte 6). Essa noção se explica melhor pelo texto seguinte, que lemos no ·"courricr de Romc" ele 25 de junho de 1969: 1

'

Idem, p. S.

S)

Aniso "L3 nouvclle mcSSt' de Ptlul VI". pu·

blicado no bolccim '•Courricr de Rome". Paris, n,.:. 51-52, de 25 d e julho de 1969. p . 8.

Pc. Rayinond Dulac, artigo "Témoignage", n.0

146,

(

"O nôvo "0,-,lo Missae·" introduz ou fuvo,.ece um com.:eito 116vo <le UNIDADE RELIGIOSA. êlc permite, com efeito, exprimir com PALAVRAS IDÊNTICAS, IDÉIAS OIPEReNTES. Evi1lt:tllt'nll'lllc•, se isso se tornou possível. ou foi porque ti.r pt,l""ras seio e<1uívoct1s. ou porque a.'í i<léills stio im{1rccisa.r. êm 111nbos o.r casos. t·omo se pode continuar a denominar a Missa <le •·o mistério da Fé"? - Onde está o mistério, e de que fé se truta? Além <!isso. como fica o artigo tio Símbolo, segundo o que,/ ti "UNIDADE" é o sinal (o "Nota") que per11!ite reconheçer a vertltuleirtt Igreja ,le JesuJ· Cri,\'tó. ,listinguintlo·A a.\·sim das falsas? Enfim, onde fi,·a a fórmula (atribuída <W Papa Celestino I) e transformada em "lugar comum teolâgko": ''Que a regra dt1 Oraçüo detrrmine a regra da Fé"? De w,1,1 "Missa" celebrada tranqiiilamente por um calvinista re· solvido t, permtmecer ct1lvinista, que dogma ,,ode tl<>rtzvame tfrlll' o fiel. ou que aprof1111tla1tw11to po,J<, tir<lf o rc6logo?

Assim - p~?rgwuamos - o ato mais ,mhlimc do homem religioso não .te apresenta, li vista tlessa iutlerermin,,çiío, rebtlixado ao nível de uma convens,·t1o diplomática, tor,,ad" basumte vaga para que as duas partes contratante.'í possam, a qualquer momenlo, dela abrir mão? Mas t•n1ão - e essa é <i <1uestão que resume ,.,. do,nina u)tl<,s as outras - a Miss<t é um tito tio Culto d;vino. ou um gesto de fraternida<le 1wmana?"' (7).

Chegando à conclusão de que não é possível acei1ar a nova Missa. o ··cou rrier de Romc" escreve : "Quando todos os ,·ec11rsos ti autorid<11le legitima se revelaram imiteis e wios, 11tio resta ao fiel seniio um meio de se manifestar, - um meio extremo, grave, deplorável: a RECUSA. Jtí qu,• ,, regrt1 do Pe. Aníbal 8ugnini e de ,\·eus c,,,.tagineses é li tle realiu,r ··experiên cias'·' , por que não lhes oferecer uma cxpt,riência que êlcs jamais fizertmi até (UJui: a da RES1s-rÊNCIA dos oócms? t..rse.\' .fenhores culdavam t/Uigefllemente de se cobrir ,,,,ena.\' em seu flanco e.stJuertlo, per· sruulidos tle que "(Js fléis da Tl'lulição'·' j(llnafa· ousariam resfa·tir <1 uma revoluç,i<>, de,Hle que legalltatla pda "Allloridade". A<lemais. (fuem <>u~·ari<, expor•se aos epíteto.-r de imegrisw. tle imobiiisw? - Quem, portanto, ou.w ria re1;:1., sar-se a va,-ecer "jovem"?" ( S) .

Embora manifestando-se favorável a uma "rt,sistém:ia rmlical" (9) à nova Missa. o "Courricr de Rome" faz entretanto questão de frisar que su.:1 atitude não 6 de contestação ou de rebeldia contra a legítima Autoridade Eclesiástica. Eis suas palavras: "A 11eçe,.,·sitfodc.~ (qual</uer que elt, J·eja), a obrigClçâo (se alguma ex;ste) <le celebrClr essa nova M;~·su ,levem ser revogtldas pela Autori· titule que us criou. Nós não pedimos a "liber· dade1' de t'elebrur nossa última Missa da mesma maneira como celebrmnos a primeira; afirma.. mo.r nosso OIREIT-0, tal como êle nos foi confe· rido em nome tia Igreja !'elo santo Bispo que nos clwmou els Ordens. e em confo,.mitlade com uma tradição de quinze .féculos. Conside ,-arí«mos como a maior graça de nos.ta vida .t<1certlotal o podermos, pl'ICl presente declaração, levar um Padre, ainda tJUC um só, a imluzr nossa recusCl. E submetl•mos esw declt1r1iÇ,itJ ,w Pontífice reimuue, em prese11ça de Cristo que julgará ,, êh• e a 116s mesmos. Pura n6.s, á aceiwç,io ou a recu.ra do "ONío" tle 1>aulo VI não é um ass,mtô de culentlário. mas uma t/ttest,io tle dogma. Cremos que nossa sa/vução <?tcr,,a está ulsso envofoitla'' ( 1O).

O lfTRAS REACÕES A O LtJNGO .> 110 SEGlfNDO SEMESTRE DE 1969

"No n6vo "Ortlo Missae' 1 ate111ll-se contru o JJl'Ó/Jrio dogma. ê um mo arbitrârio, rcaliltlllO niio .,·e .wbe bem por quem e porque. contra o pens11mento da própria Sagr11da Cc11· gregaç,io dos Ritos e <ltr maioria llbsoluta cios Bispos. Ato arbitrário, injustificado e injustificável" ( 14) .

• O boletim católico oortc-amcricano "Thc Reign of Mary", de ldaho. tem publicado numerosas críticas à nova Missa, cn1rc as quais se encontram c i tações do .. Courrier de Romc''. do Pc. de Nantes. de Mons. Celada, etc. Ê par1icvlarmcnte indicativa da posição da rcvisla a seguinte not:1: "Mu,1s. B,ymi HougJ11011. de Suffolk. /nglmerra , preferiu rcnwzcit,r 111lblica• mcme (10 seu c,,rgo [de Pál'ocol, ,, usar o ·'nova liturgid': e lame111ou o /<tto de <Jlte, se aceitasse as dlretrit,~s oficltlis clOl' Bispos e <le R oma, mio poderia 11wis tliter ,, Missa nn rlto para o qual foi ordenado. Co,.agem. Mo,1seuhor, pois NÃO estais isolado!" ( 15). • Palavras da Ora. Elisabeth Gerstncr, d iretora do Centro Europeu do Movimento Tradicionalista Católico. sediado na Alemanha Ocidental: católico fiel pode em consciência tomar ,,arte no estr,,go, na tunpmaçlio, na pervel'Sâo terríveis que ,levem começar a 30 de novembro [data em q ue entrou em vigor o "Ordo" de Paulo VI]. Sejtl como Jôr. neste caso nossa resistência será gra11í1ic:a.. (16). "( ••• ) 1101/,um

r...]

• A 29 de setembro de 1969, um grupo do canonistas assinou em Paris um documento. di· vulgado posteriormente, sôbrc a nova Missa. Dêle traduzimos as pa$.$agens que seguem: .. Desde que foi publicado, o Mi.,·sal de Paulo VI suscitou no mwulo católico. um pou· co por tôda pt,ne. r,•servas e mesmo objeções capitais. ( . . . J. Numerosos fiéis, Padres e Bispos en <.:on• tram-se h oje, como po<lemo.r aqui testemrmltar, di<mu• tle umt, perplexitlatle terrível: ou recusar o "Ortlo" <lc Paulo VI. corr,mdo ,,ssim o risco de pa,-ecer rl'sistir a um" lei µon1ijíciu; ou aceitá-lo, obrigmulo·se então a /et:Jwr os olhos dümte de obieç·iJes :mficientemcnte graves para que alguns tenham poditlo fa/t,r de um(I Missa "polivafenttl'. unw Miss" tJue, (JOr srw <lmbi· gliitlade e'l.·ide111e e co11/ess,ui<l. pode ser ceie· brad<1 por lwer<111os" ( 17).

• De 10 a 15 de o utubro de 1969. estiveram reunidos em Roma_ representantes de va11as associações católicas da Europ,1 e da América. com o objetivo de estudar o nôvo ··ordo Missae", As conclusões a que chegaram foram divulgadas. na íntegra ou parcialmente, c,n d iversos países. Encontra.mo-las, por exemplo na revista paris·icnse ;,La Pcnsée Catholiquc", e no periódico belga "Bullctin lndépen dant d'I , fOl'mation Catholique". Das rcíeridas conclusões destacamos os seguintes 1ópicos:

"I ... J as reformas litúl'gicas que se vêm Ao longo do segundo semestre de 1969, íoran,•sc multiplicando as manifestações de perplexidade cm face da nova Missa. • Em trabalho intitulado "O 11ôvo Ordo tia Santa Missa - A 1111idtule 1111 h eresia", o escritor francês Pierre Tilloy assim se pronunciou: "Em virtru/e do laço í,uimo e onto· l6gico que, de Jato e de tlireito, ligou sempre a TRADIÇÃO DEFIN l l>A e a TRADIÇÃO PAOFES· SAOA, ( .•• ) ditemós que a atual reforma litúrgica nos ensina um ewmgelho diferente daquele que . Pedro, sempre vivo nos seus Sucessores, havia profl!ssado até t1gorll; e nos 11111111cia outro evangelho, que já tuio é aquêle que até aqui havíamos recebido" ( 11 ) . No mesmo trabalho, escreve ainda o Sr. Pierre Tilloy: ''Será necessário re,ligir uma conclusão para esta segunda parte (do artigo], na qual querfoinos mostrar que o nôvo '"Ordo Missa~· e o nôvo 1'Caletult11·iwn Romanum" não são cat6Hcos!' Essa conclusão só poder« repetir <1ue a Mi.ssa recentemente promulgtu/a J'e aproxinw mais ,la Ceia t1'1rrmiva e comemorati va da Re· forma, do que do Somo Sacrifício da Igreja Católica; que " "Liwrgia do palavra" agora l11staurada immgro-a em nossos !iOnt uários cau). Jicos o culto protestante tia "Sol,, Scriplur<t''; que o "Calcn,larium Romcmum" 1,á /JOUCO ins· taurado e pr'omulg<ulo ahme n macluulo tt

7)

Artigo já ciwdo. ''La nouvellc ordonn:mce de la mes.sc", p. 4 . Idem, p, 2.

9) Ar1ig.o "La me~ polyv;-ilente de Pnul VI'". publicado no boletim ··Courricr de Rome... P::iri:-, n.0 S6, de 10 de novémbro de 1969. p. 4. 10)

4)

rcprodutido peln revis1t1 " J1inéraircs", Paris, de s.c1c.mbro,ou1ubro de 1970, p. 93.

O /1 (1(/re mio é sentiu o ri:tESIOEN'l'l! de uma assembléia. 2 - Ntio luí Mlssa sem ASSEMBLélA (COJ'I· de,u,çtió <los missas "priwulas''). J Prt:dóminti11cit1 da "PALAVRA" sôbfl' os "atos'' ri1twis: daí (/(?corre a nccessitlade do ,,e,·nâculo. 4 - Exclusão <Íe ltulo "quilo que pode significar ORLAÇÃO (no sl•ntitln próprio tia palovr11). 5 - NeRll(:tiO tfo .. PRESENÇA R'f!At." tle Cristo sob aJ· espéâe.t ,lo piio e~ do vinho. 6 - Em consec1iiê11cin, nüo hcí presençu '"JJ<'rm,mente'' ,lt~ Cristo fom t/{I Mis:m. Supl't:J·.tiio do "culto euc1.1rís1ico" (wbernlículos: (Jrocissõ<·s: exposições tio Santíssimo ... ). 7 - Como nulo se p,,ssa 110 tlomínio tios sinais e dos .,;entimnuos ;ndi,,iduais subietivos, ttiio há 1'RANSUEsSTANCIAÇÃO. 8 - N,io se concebe Missa µcios defuntos (abstr,,çtio feiu, tltt negação do Purgatório e meJ·mo de uma .,·obrevitla, profe:;sadas por muüos protestames). - Também não há Missa t>elos a11se111es" ( 5). .. l -

8)

tdcm, ibidem.

3) Artigo "La nouvellc ordonn:mce de la m.:sse". publicado no bolc1im ..Courtier de Romc.. , Paris n.0 49, de 25 de junho de 1969, p. 3.

6)

sido fei tas, pelo nôvo ·'Ordo", concessões inadmissíveis. Es.'ias o ito teses são enunciadas nos lêrmos seguintes:

Idem, p, 3.

J 1) Pierre Tilloy, nrtigo in1itulndo "L'Ordt> Mi:rSlle? L·unité dans l'hér~sic", publicado 118 tevisrn

..F-Orts d:.rn:; l:i Foi", de N:l.ntcs, França, n.os 10, de maio-junho de 1969, pp. 207-244: e 11 , de julho· -agôslo de 1969, pp, 29 1-317, - O 1cx10 transcri10 es1á no n.0 10, p. 229.

árvore mu/tls.recultir do Calenclário da Igreja Clltólica. 1u1ra .mbstiwí-lo pelo tronco morto. resset1uido pelo vento gl(lcinl tllJ racionalismo, tias re voluções litúrgicas empreendid,,s pelas heresit,s do passado. Por11 empregar uma expressão tle outrora: dizemos que ''esw nova mudança. mais tio <JUI!. imprudente. é temerária e cscandt,losa, e m1o · potle escapar à suspeita de fovore,.:er os here• ge.r'' (e/. D. Guérauger, '"lust, Liturg." I, J)p. 434, 440, e li, p. 542)" ( 12).

• No artigo "A mini-Mlssa contra o dogma", publicado em "Lo Specchio", de 29 de junho de 1969, o teólogo italiano Mons. Oomen ico Celada refere d iversas manifestações de Sacerdotes de seu país contra a nova Missa, e observa: '"A promulgação de um nôvo ..ordo" - isto é, o abmrdono do venerável ,\1 is.w,I Romano, agora substiwtdo por outro, s6bre cuia ortodoxia muitos teólogos ilustres têm Jeito amplas reservas - é um fato que provocou verdadeiro tlra11u, nas consclências .racer,lomis. O processa ,le <lestruiçiío da liturgia é agora tl'iSlcmente coulwc:it/o. Em menos de cinco anos foram desm,mteladas as es1rutura3 milenares ,lo ,·ulto dú•ino ( . . . 1 13). 11

(

• Pronunciamento do reputado teólogo romano Mons. Franceseo Spadafora, profc.ssor da Pontíficia Universidade Latcrancnse:

12) p , 113.

Piem: Tilloy. :1ni1;0 cil.1do, ibidcin. n.0 11,

13) Mons. Oorncnico Ccl.-ida. anigo "la mm1· Mcssc contre le dogmc" , que trnduzimos do bolc1im .. La Co,nre-Réíorme Catholiquc au XX~mc. Si~cle", Saint-Pnrrcs-J~o;-\'audes, Fr:rnc;,1, n.0 23, de agósto de 1969. p . 7. - O or1igo foi origin1'riomcn1e publicado pela revisrn i1aliana ·'Lo Spccchio", de 29 dt junho de 1969. 14) Citado por Moos. Oomcnico Ce1:"1d:1 no referido :1r1igo "La mini-Messe centre le doa.me". IS) Sccç5o de noticiário ''St. Miehacl's Trum, pct", do boletim "Thc Reign of Mary", Coeur d'Alcne, ldaho, Estados Unidos, n.0 B2·8·969, p. 3.

.·m cedendo desde o jlm <lo Concílio acabam de chegar a um nôvo Ortlinário da Misst, que, .tegwu/o em geral se admite, aprese111a..se como um amálgama da ceia luterana e da Missa C(lló/ica. [ ... J os golpt•s dados 1,1é aqu; contra grmule pt,,.te do te.ww·o litúrgico, e que eram propostos à Igreja como sac,.;Jfoios toleráveis. atJquirem ,Jorawmte, em vista d,} promulgação ,lo nôvo "Orclo Mis.wlt!", seu vertladeiro significado . tornmulo assim intolerá,,el tóda a rcfonnt, littlrgica 1•ÓS·CONCILIAR. ( ... ] tOTll(l·SC agora evidente que, mais do que a Liturgia, é 16,la ,, economia sacramental. ,, particu/(ll m ente o sacerdócio, que estão gra• veme11te compro,netidos. ( ••• J tôdas as inovações de or<lem disciplinar, resumitlas 110 que se tem chamado de transformação ,lo "esuuuto sacerdoll,f', cons1iluem o re.m ltadô tlireto do refer;da reforma. ( ... ) pt1sso a passo, é tôda a instltuiçâo da Igreja visível e hierárquica que está igualmcme com,,rometida. ( ••• J ao mesmo tempo. são também o dogma, a moral e a espiriwalitJadé cmólicos que esuio anUW(;lldos. t ... ) tódt1s as pre,1isôes 1/ue se l'Odcriam fazer sôbre 2sses perigos são quotidianameme conJirnuulllJ' por j(l!OS tle co11su,ração universal. E -111 conseqüência. as Associações adma

Gregorio Vivanco Lopes

Or.1. J!lis.1beth Gerstncr, tírlito "Non 11osDas AnMhcma der ko1holiS-(:ht11 TrndilÍO· nolis1en in aller Wcll gt3en dcn neuen Qf(/o Missat·· ("NQ,t P<>M1m1u, O anátema dos trndicion:.dis1as católicos de todo o mundo cônua o nôvo Ordo Milst,c.•"I. oublicado em "Oas Zeichcn Maricns", rtcussbuehl, Luccrna. Suíça. ano 3, n.0 4-S, d e ngôsto-sctc.m· bro de 1969, pp, 56S-570. 16)

J 1mm~· -

17)

Oocurnento i111i1ulodo ··Consuha1ion, tém.oi-

i nage cl vocu su r te nouvcl Ordo Mi.sslle", subscrito 1>0r um ~rupo de ca1,ooisrn.s, e: publicado na tcvis1.1

"La Pcnséc Catholique.., Paris, n.º 122, 4.0 trimestre de 1969, p9. 44-47. - ~se doc:umento foi pardalmente reprodu1...ido n:l. tcvi.s1a belg.a .. 8ullttin lndliptnda111 d'lníorm:uion Cotholi<rue", su1>lcmcnto ao n.0 S2~ e cm comun icado da Associação "Una Voct " da hifü1, datado de 2.4 de novembro de 1969.

3


' rc•jl'ritltM ,,etlem às A lllóridadeJ' éompt•te1Hes: / - Que, se o nôvo ··Ordo MisJ·cul' mio jôr ab-rog(U/o, como muitos iulgam necessário. seu 1ex10 sejt1 pelo meno.t radicalme11re re/Ormcul<>, de u,I modo que tlesapal'eçam 1ôdas wr ambigüid(l(/es de ordem tlogmática ( ... 1. 2 Que se.jt, ,,sJ·im vropo.#a sem equívocos, t• salvaguardtula tle modo e/icar.. ll dourrim1 que ôs jiéis jtu1wis deixaram de receber do Mt1gis1ério ortlintírio e wlivc,·J·al da Igreja S<>bre o Sacri/kio da Mis..m~ a Presença real e o Stu:erd6t:io. 3 - Q11t: os Sacer<lotes e fiéis t/Ul' usem o "Ortlo" de São Pio V não.sejam i11quieta1/os 1w posse secultlr dêsse costume" (18). • Em seu número de setembro-outubro de 1969.:, revista " Nunc cl Semper". ele Munique, Alemanha Ociclcnlal. publicou um artigo de seu diretor. Dr. Fri11,. von Hanicl.Niclhammcr. A li se lê que no nôvo .. Ordo" ''r evcla~.\·e 111,u1 conc:epfiio do A•fi.rsu 1e1uh:111c <1 igufllá-lt, ti ceri11i6nia pro1es10,,re ela Ceia do Senhor" (19).

• Antes da cnlrada cm vigor do •(Ordo" de 1969, os Cardeais Alfredo Otlaviani e Antonio !lacei escreveram (20) a Paulo VI un1a carta cm que faziam graves restrições ft nova Missa. O documento só ío i entregue à imprensa a 29 de outubro, quando - segundo tudo indica - se tornou patente que nenhuma medida seria tomada para atender às ponderações que SS. Emcias. haviam apresentado (21 ). Dessa caria. traduzimos alguns 16picos:

"Ap6s exc1111inar e /111.er examinar o "'Novus Ou/o Missae,., f)repartulo pelos peritos tlt1 ''Comisscio pura a Aplkaç,io tia Constituiç,io sôbrc: ti

Sagrada Liturgia", e ,1p6s longa re/Jex,io e

prece. sentimos o dew!r, dia111e de Deus e de Vossa Santi<lcule. ,lc exprimir as c:011.sitlerações seguintes: I - Embora breve, o referido e.reune cd· tico - obra ,ll, um grupo 3·eleto ,Ir: 1e6logos. liturgistas t• pastôre.\· d e 11/mas - demonstra .m/iâe111emente que o "No1,111s Or,lo Missae", consitler,ulo_s os elemento$ 1101,10.f, susce11tí veis embora tle avaliaçÕe$ diversas, que néle '1f)àrecem sube11te11didos ou implictulos. represenlll 1,11110 no .teu uulo como cm suas partes um a/asum,emo impressionanle em relaçtio ,) teologia auólica tio Santa Missa, tal como foi formulada ,w Sessão XXII do Concílio de 1're11t<>, o qual, Ji:u.uulo de modo definitivo 0$ ''c,111011es" <lo riro, ergueu uma barreira intran.rponívd c:ontr(l q«al<111er heresilt que ofen• <h~sse a intcgrid,ule do Mistério. 2 [ .. . ] Qmmto tle nôvo figura 110 "No• vus Ord<> M iss,u!\ I! , 11or outro lado, quanto de perene ali s6 se encontra num lugar se<.·1111• dário ou i,ulevido, se é que se encon1rc1, po,leria ,lar fôrça tle certeza tl tlúvida - (fite infelizmente já serpeia em ,wmerosos «mbie11tes de ,111c vertladcl· .rcmpre cri<Ílls pelo povo cri.sulo possam ser modi/ic{l{/as ou calados sem infidcli<i<uic (iO J·agr<,do dep6si10 ,loutrinário li (Jlle a Fé c,11ólict1 está vinculada parti sempre. As recenteJ· reformei.,\' demo11s1raram, à J'aCit!· ,Jade, que novas lransformações na liturgia não conduziriam senão à total tiesorfontaçâo dos fiéis, que já apresentam .rinai.r dt• impaciência e de uma ine{Juívoca dimlnuição da fé. Na parte melhor do Clero, i.rso resulu, num(1 torlllrtmte t·rise de consciência. de que tcmo.f testemunhos inumerávl!ls e quotidianos. 3 Estamos seguros de que estas co11siderações. inspiradas apent,s no que ouvimos pela voz ,,ibrante tios Pastôres e tio rebanho. não podem deixar de encontrar eco no coraç,ío paterno de Vossa Samidade. .rempre rão pro-fundam ente solídto tias n ecessidades espirituais dos /;//,os tia Igreja. Sempre se ndmitiu que os .rúdlto.r. cujo bem a lei "isa, caso esta se mostre pelo contrário nociva têm o tlireito, e mais ainda o tlever, de pedir ao legislador, com con· fiança filial, a ah-rogação do pr6pria lei. [ ... )" (22). Segundo informa o boletin, parisiense "Courrier de Rome" (23). depois dessa carta o Cardeal 011aviani dirigiu a Paulo VI uma oulra. cm que pedia que o nôvo "Ordo" fôssc submetido a unia comissão de teólogos que o Papa nomearia especialmente para êssc fim. Posteriormente, circulou na Europa uma carta atribuída ao Cardeal Ottaviani, cm que S. Emcia. leria abrandado subs1aneialmen1e sua oposição à nova Missa. 'bsc docurncnlo foi objeto de ampla polêmica , sem que seu valor e sua autenticidade tenham ficado intcíramcnle ao abrigo de interrogações. Acresce que, em face dessa polêmica, em que se envolveram algumas das principais p ublicações an1iprogrcssis1as européias, S. Emcia. permaneceu cm silêncio. Assim sendo. é difícil precisar no momento qual o verdadeiro pensamento do ilus1re Purpurado a respeito da nova M issa. A carta a Paulo VI parcialmente reproduzida aci1na con· serva entretanto grande intcrêssc documentário, quer pelos argumentos que apresenta, quer pela nssinalura que traz do Cardeal 8acci.

• Do "Breve Exame Cl'ítico do Novu.r Ortlo Mis.me", ao qual o s Cardeais Ollaviani e Bacci se re portam cm sua carta a Paulo VI, des1acarnos apenas algumas passagens q ue rc· velam o tom incisivo cm quo os referidos leó~ logos. li1urgis1as e pastôrcs de almas rir.eram reservas ao nôvo "Ordo" (24). 4

S()BRE A. N OVA. MISSA: REPERCUSSÕES Qtm O PÚBLICO "BRASILEIRO AINDA NÃO CONHECE

"N[u> subsistin<lo porumto - observa logo de início o ··srcvc Exame'' - motivos pcu·,, (l{'Oiar e.'tsa rc/ornw, ,, prlJprit, reforma se 0/JTC• S<'llla tleslituítl" ,te /wulcwu.mto rc,cio,wl que. j11sti/h:t.uulo•u, ,, torne t1ceitávr.l pelo povo •·111.Slico" ( p. S). Depois de minuciosa análise do nôvo '"Ordo", o docun\cnto observa : "E t:vitlente que o "Novus Ortlo·• n,to ,les,:ja nwl.\· representar a F é de r,·ento. A es.ft1 Fé, con1utlo, a consciência cató li<:a está vinculada para sem. pre. Porumto. o ve,.tladeiro cat6/ico está pôsto, c:om a promulgaçiio ,lo ' 1Novus Ordo". 11w1w trágfr:a 11cc:el·sithu/e de opç{lo.. (p. 25). E concl ui: "O 11bm11Jo110 de ,mu, tr"diçdo li11í,gica que durante quatro séculos foi o si11al e o penhor ,la unidade ,le culto (pcirc, substituí/a por um,, o,11ra tJue s6 poderá ,'iel' siJwl tle tlivis,ío, dados os inámeros abusos que impJí. â twnente autoriza, e que pulula ela 1>rt)1>ria d e i11si11u<1çõe.,· ou erros evidentes con1ra ,, purez" da Pé católica) llpresenta-se, se quisermos ele· fini-lo do modo mais brtmdo, c:om o um êrro im:<'>me1u·urtível" (pp. 28·29).

ção a essa m eUl. Se éle /ôr aplicado, a l gre;a Católica entrt,rá em eJ·wdo de d elírio'' (26). • A C.\'Critora francesa Edith Oelamarc, colaboradora do jornal parisiense .. Rivaror·. através de numerosos escritos vcm·sc opondo à nova Missa. Em artigo intitulado "Onde está o Pa1>c1 está ti IRreja?" íêz. ela â seguinte observação: "Qu e a <1ues1iio da vtilidade tia novo Missa possa ter sido posta., é coisil que indica " ,,erturb,;çiio dos e.rpíritos e a comoção <las alnw.r. Numerosos Padres contimwrtio t·erta· m ente ,, celebrur a tmtiga Missa, com ou sem permi.,·são de .,·eus 8,'.,;po.r, às esco,ulidt1s. "t1111to m elhor para êles" (27). • Em t1rtigo estampado cm novembro de 1969 no boletim informativo "C. 1. O.", de Madrid, 8. Monscgu escreveu:

"í ... J niiô S<' potle tlil.er nem ridículo, nem

• Do Pe. Louis Coachc, diretor do boletim francês "Le Combat de lo Foi": "Em breve clevcrá e111rar ,.,,, vigor o nôvo ''Ordo Missaé'; eminentc:r tc6logos acabam de prov<,r tJue ê/c tem sabor d e heresia. Nê/e e, Mil·st, perde J·eu <:aráter d e oblação sacrifical. Sflibam os Padres <Jtw, tlem,·o tia mais per/cittl obctliência, podem conservar o "Or<lo Mi~·sae" multissecular de São Pio V , em virtude doJ· <;Qswmes autori· ztulos pelos ,lireit<>s canônico e litúrgico; qu<mto aos fiéis, façam tudo para recusar es.ta 11ov11 Mü.m, 11 qual freqiíentemellle correrá o risco <le ser iuválitla. Também aí, é mdhor fazer o sacl'i/ício de mio assis1ir 1.1 Missa. tio que ser inroxictula ou tonu,r-se cúmplice" (25).

presunçoso. nem t1tre,1ldo. o fato tlt! se exporem 11s razões que /ui co111ra a lei, os e/anos que se seguiriwn de sua aplicação e ,i conveniéncia, ,/aí de,:orrente, de t1b-rogá-Ja ou tle modificá• la. Isso é concilfrível ,·om a submi.i.riío e com ,, obediência. Muito pertine,ues e pnulentes foram., a êsse propósito palavrt1s tio Arcebispo tle Matlri<I. Mo11J·. Morei/lo, ao corre.rpo11tle111e de " /11/ormadones" <111e aludiu " semellumtes dific-11/datl<•s do C<1r,lc•a/ Otta1,1ia11i. Não conheço - tlissc êle quase te:ctualmente - o 1/ocume11ro em 11uestão. Mtis tenho ,, tliz.er, primei· tamente, 11u<.• a Instrução J·ôbr;: 11 Mil·s,, não ha11iti sido apre.rentada às Con/crêtu,·ias Epis• copais; em segwulo lugar. que há n ela certas omi~·.fõe.t que clu1111"r"m a atenção ,Jes<le o pri• meiro momento. creio que em totlo o mundo. Por exemplo. o /mo de mio se falar, J'emío num artigo escorulido ..rôbre a Missn como sacrifício do Nôvo Testamento, enquanlo se diz e se repele muito 1/tte é comemoração da última Ceia. E. isto é perigoso, pou1ue " Missa é o verdadeiro .mcriffâo de Cristo que Se faz prese111e 110 · altar. Ditcr que é simplesmente rmw comemoração tia Cefo, P doutrina protesumte. Aí fica posta em .reus devidc>s têrmos pelo Sr. Arcebispo e Presidente da Conferência .E,,iscop,,i Espanhola. por conseguinte a voz mai.f <mtori<,atla, " principal <li/iculdade contra o 11ôvo Missal - que é também aquela que mo• ti vou a caru, de Ottaviani ao Papa" (28) .

• No mês de novembro de 1969. o Dr. Joachim May. de Schafllach, escreveu que mu itos católicos querem ..,malar o poder ele <lira• ç{lo dil lgre;a Romilna, <J ponto ,Je trtms/ormá• Lt1 num pic,uleiro comum a 10,los: desde os shintofst{ls, passcmdo pelos bu,Ji.tws, pelos maometanos, pelos mlepto.r tle uma religião ,uuu. ra/ e pelos tJue cultu,m, tlivintl<ltles míticas. m é os p,otes1,1111eJ' e franco-maçons l- .. J. O uôvo "ordo miss(le" já é o pt,.t.to deci,tivo em ,tire-

• Em folheio distribuído na Itália pela organização "Gaudium ct Spcs", de Roma, às vésperas da entrada cm vigor do nôvo "Ordo". lemos: "CA' rÓLICOS,. sabei manier íntegra vossa Fé e a Domriuo transmitida f)elos Padres gara,uia tínica na f<io im::ena. crepuscular e -equívoct1 hora presente - recorrendo apenas a Sacerdotes dClutrinàriamente .w:guros, e assis· lindo excluslvamente à Santa Missa celebrada tlc acórdo com o antigo Missal Romano de S,io Pio V" (29).

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EN'l'IIA EM VIGOR O NÔVO O.IIDINÁ.1110 DA MISSA • No dia 30 de novembro de 1969, em que entrou em vigor o nôvo "Ordo". um dos principais diários de Roma, " li Tempo". publicou um artigo sôbrc a matéria , intitulado "La nuovt1 A-:fesstl'. Nêlc, o jornalista Carlo Bem escreve que a inlrodução da nova Missa "significa que o mnntlo espiritual do homem Cl'iSttlo cm6/ico apostólico ,·onw110 foi pràtic,,mtmte ,tupresso. para ser substituído por um outro cristianismo, muito próximo ao da:r con· fissões protestante.t''. • Em dezembro de 1969 o Sacerdote mexicano Pc. Joaquin Sáenz y Arriaga deu a lume a obra "La 1meva Mlsa 110 es yc, una Misa ClllÓliNl' (30). em que, ao lado das primeiras críticas feitas nos mais diversos paí· ses contra o nôvo .. Ordo". apresenta alguns comentários pessoais seus. Dêsscs comentários, 1ran$çrevcmos aqui alguns tópicos: ''( ... ] ,mte nósstl consciência cillólica CO· loca•se um dilema tremendo: obedecemos ,, Deu.f ou obedecemos aos homens? A mudan ça d e MENTALIOADJ;t que de n6s exigem [com o nôvo "Ordo"l é uma m,ulcmça OE FÉ, e a ela nossa consciência resiste,. (p. 77). "AVTODEMO~IÇÃO ela lgreia é como o Papa reinante denominou esta incrível revolução religioso <1uc presenciamos. Creio que, neste processo tle dolorosa demolição, es1amos ava11ça11do a passos <le gigante, e que 1>ara isso as tÍllimt1s mud,mç.as liuírgicas e.ttão contribuindo poderosa e eficatmente" (p. 80). O autor pergunta: "Teremo.,· 1111 Igreja Ca• 16/ica uma Missa p,·ó:cim.(1 da h eresia? Obrigar•tto.\··âO a p,·o/tmar assim o cullo divino?" (p.

93). E mais adiante afinna, peremptório: ''Essâ Missa iá mio é uma Missa c1Jt6lica. A obetliêncio. 1ws1e caso. niio nos obriga'' (p. 102) . • Em artigo de dezembro de 1969, assinado por seu diretor, R. F. Bergin, a revista "Voice or Fatima Jntcrnational", de Brisbane 1 Aus1rália. publica artigo cm que critica o nôvo "Ordo" no que se refere à doutrina sôbre o

inferno, ao uso do vernáculo, à devoção a Nossa Senhora, à folia de profundidade espiri1ual, à imprecisão dou1rinária, etc. No que diz respeito à heresia que nega a virgindade de Nossa Senhora, o a rtigo afirma: "As barreiras littírgic,1s co111ra esrn heresia 1.·níramº (31). • O boletim írancê.~ "Lc Comba! de la Foi". dirigido pelo Pe. Louis Coache, publicou ,cm dezembro de 1969 um ar1igo sôbre a nova Missa. do qual extraímos alguns tópicos:

"Freqiie111em e111e. o oltor fonw-se uma mesa (a tal ponto, que a Pedra sagrada já núo é sempre necessária!), e a celebraçiio 1or11a-se uma refeição; o Padre não é mais do que um PRE.SJOl!NiE tôdas essas, noções 1loutrinárias e essenciais reprovadas por Pio XTI ("M<•dia1or Dei") e pelo Concilio de Trento. O relato da Cei<1 termina, logo aute.r da Co11~·,,cr11ç,ío, com dois pontos - o que tende a dtir às ptllavras consecratórlas UM GÊNERO NARRATIVO, e já mio impcrallvo. Muitos Pa,lres, mio mais cre,uio fiá Presença real, dirão portanto as palavras da consagraçiío com tJ um J'imples relato do que fêt Jesus. Dc,í, a INVAU~ OAOE. Ademais, 11 tlesenvollura co,n a qual é ago,a ,ratado o S<mtfssimo Sacramemo (ge111t~ flexões e purificações supressas, ritns da Conm11hão, etc. . .. ). não fazem senão ressalu,r o aspec10 de memorial, em detrimento do as• pecto tle Sacrificio , Presença. Numa pa/m,ra, 11C'sses textos está o TRI UNFO OAS TESES PRO'fru,"TAN 'rES. A Missa ll{IO é ma;s 11111 J·acrifício, mas uma comemoraçáo. Que dizia Lutero? - ''Tra11s/ormóu·se1 o missl, num J·llcrifício: ac1·e,rce111ara11r..\·e-lhe ofe1·16rios. A miJ'sa não é um sacrifício ou a ação ,le um sacri/icatlor. Encaremo•la como racrame1110 ou como 1eswme11to. Clumu:mo-la bênção, eucaristia, mesa do Senhor, Ceia do Senhor, ou memorial do Senhor. Dê-se· lhe qualquer outro título que se queira, desde que uão se venha a ,naculá-la com o título d e sacrifício ou de ação . .. " E Lutero acrescema: "Quando a missa /ôr tlestrufrla, creio que teremos des,ruído 10,Jo o

papado. Poi.r é sôbre a missa, como sôbre uma roe/ta , que se apóia i11teir11mcnt(' o papado com seus mosteiros, seus bispndos. seus colé· gios. seus altareJ', seus mini:uérios e ,loutri1111s... T,ulo iSJ'O desabará 11eces.ttJriame11te qua,ulo d esabar sua missa s,,,·r,legil e nbominável" (32). • A revista ca16lica de Washing1on, "Triumph", de dezembro de 1969. afirma: "O nôvo "Ord<>'' é manifesta e i11contes1àvelmente c1iticável porque cala, atenua, e m1o define, ou tle/int• i11complewme11te, cel'tas cloutrinc,.t cm6/icas essenciais relillivt,.r ii ,wtureu, ,la Missa e da Eucaristia. Pior ainda, muiws dessas ambigiiidades são po.ritivamentc Jcn1o re· lidas pelas "'/11,\'tru(:ões Gerais" <111e acompu11ha111 o "Onlo" (33). • A 4 de agõs10 de 1969. a Asociaci6n ,Je S11cer<lotes y R eligiosos tle San Antonio Ma1iil Claret, de Barcelona, que congrega seis mil Padres, escreveu uma cart~ a.o Exmo. Rcvmo. Mons. Casimiro Morcillo. Arcebispo de Madrid e Presidente da Comissão Episcopal Espanhola. pedindo que S. Excia. Revma. intercedesse jun10 a Paulo VI a fim ele que íôssc conservada o Missa d~ São Pio V ( 34).

• A l l de dezembro de 1969, a mesma associação dirigiu ao Revmo. Pc. A. Bugnini. Secretário da Sagrada Congregação para o Culto Divino, o documento que transcrevemos a seguir:

"Revmo. Padre, Escrevcmo~-..lhe em nome de seis mil SaM cerdotes. membros d e nos.~·a A.'tsociaçllo. 1'endo li<lo, com muirn ate11~·,to, seu comentário "A,I w, mese ,Jal/'introdu1.io11e tlcl Nuovo Ordo Missae" ("Osservtuore Romcmo", 31 ,Je outubro de 1969. p. 3), cremos que há .rôbre o asswuo um mal.entendido que importa esclarecer o qwmto tmtes. Precisamente porque somos Sacefllotes que o vide, tôtlt, obed ecemos caltUlos. cremo.r chegado o momento em que é n osso dever eslrilo erguer (l voz.. N<io somos "Sac:el'(/ótes idoso,i; preocuptulos pôr já não terem a fôrça e a possibilidade física de apren· der outras normas para celebrar o 11ôvo Ordo". Nó:,· tis temos perfeitamente; é a po.rsibifitlcule moral. intelectual e espiri11wl que não temos. Nós, Sacerdotes cat6/icos, não podemos ceie· brar uma Missa tia qual M. Thurian. de 7'aizé. tleclc,rou que potlia celebrá·la .tem deixc,r de .ter protestunte ( 35). A heresia ,uio pode janwis ser ma1éria de obetliêncfo. Pedimo.t, pois~ a Missa de Siio Pio V. par,.; cujli celebração recebemos as Ordens slicer<lotais. A maioria d(Jntri' nós J·omo.r Párocos. possuímos poi.r uma expe· riên cit, pa.rtoral direltl. Nosso.t ,;aroquitmo.r mmca 1erim11 1itlo a mais leve idéia tle pecli,· outra Missa. f.:su•s são fatos qu,, julgamos ,lc nosso dever levar seu conhedmento" (36).

"º

• Na mesma ocasião, a A.rociad6n tlc Sacerdotes y Religiosos de San A monio Maria Claret escreveu a Paulo VI:

"Samíssimo Padre, 1:.: com profunda dor que L h e enviamos. em anexo. fotocópia tia ctu·ta que nossa Asso• ciaçtio ac,1ba 1Je tlirigir ao Secretário da Sa· 9rada Congregaçcio para o Culto Di"ino, e que nós m esmoJ· i/U<ffe1nós levar <ió conhecime1110 d,• Vossil S,mtitlt1tle. A questão tio nôvo '"Ordo'' começa " ser uma q ucl·t,to de consciêncla d e t•xtrema gravidtulc para milhões d e católicos, tanto Sacertlote.,· quanto leigos. Não /alaremos aqui das razões de doutrina t·at6Uca. pois mio pode· l'íamos expô -lllS m elhor do que o ,Jocwnento "Bre1,1e Esame critico d ei Novus Ordo Missae", que Vossa Samidude recentemente recebeu. acompan/uulo de ,·arta assinacla pelos· Cardeai.f 01tavia11i e Bacci. Será nt!Cés.sário refutar êsse ,Jocwuemo pomo por ponto, com base na doutrina do Concílio de Trento , se se quiser tle· m o nslf<IT ,1 onodox;a do "Novu,t Ordo". Não /<daremos tlisfo. mas sim das ,·azões rel<lcic,. natlas com os p1·otesra111es. A segufr, o documento cita o texto já ~onhecido cm que o pastor luterano Max Thurian diz que é 1eolõgicamen1e possivel a comunidades não católicas celebrar a nova Missa. E os Padres do Associação de Santo Antonio Maria C larel comentam: "Se, pois, é teolõgic-ame111tt possível a celebraçtio [da Missa] por um protestame, isto significa que o nôvo "Ordo" já uão expressa n enhum dogma com o qual os proteJ'tomes este;am em desacôrdo. Ora. o primeiro dentre êstes dogmas é o da P,·esença real, essência e centro da Missa de São Pio V. Poderia por ac,1so um pastor pro1es1011te celebrar o nôvo "Ortlo" se tivesse que consagrar com a mesm11 imenç,to com que o faz a lgre;a Cat6/ica? "lex ora11tli, /ex credendi": a Liturgia é a mais alta expressão ,le uossó /é. Aonde iremos parar se, 110 melhor das hip61eses, ,, Missa silencia tis verdades católicas? O bom povo que. sem o saber ou comra sua vontade, é assim impeUdo para a heresia, salvará sua alma caso conserve os cos-tumes cristcios (infelizmente mtn os co11.terva). Mas o m esmo não st: dará com aquêles que o tenham impeli1l0. Sa,uíssimo Padre, uós 11ão queremos assumir es.sll responsabWdade [ ... 1" (37). • Em dezembro de 1969 veio a lume nn Inglaterra o opúsculo de Hugh Ross William-


son. "Tlte Modern Mass - A Reversion ló the Reforms o/ Cramner'' ("A Miss<1 Moderna - Uuu, Volta às R efornw.-. ele Cruumer"l, q ue expunha as modificaçõc;~ introduzidas na Missa pelo arcebispo anglicano de Cantcrbury, T homas Cranmcr, no século XVI. e as comparavca com as recentes alterações do ···orclo" ca16lito. O folheio. de 32 páginas, que 1eve larga difusão nos países de língua inglêsa, termina com a seguinte frase: "A Missa Tri<leutina. com· ,,o.tltl para ser rmm c,ru,a perpétua contra a heresia. t! 11gor11 (lbtuulomu/11, tllm<lo lug,1r a ,mw forma que é sumamente com('mível com tu' heresias cle Crtmmer e de seus sc•qua· tes. A /gun.r de n6s pergunrwnos por que isso se /éz" (38).

"º""·

• Em fins de dezembro de 1969 foi amplamente distribuída na França. pelo boletim "Combat de la Foi", uma fôlhn mimeografada com uma relação incompleta das capelas e igrejas cin que se continuava a celebrar a Missa de São Pio V. Eram nada menos de dezenove igrcjàs e capelas c,n Paris e 102 cm 36 cidades de província. • A revista norte•antcrica1H1 ··Thc Rcrn· nant", de St. Paul, Minnesota, tem publicado numerosas críticas à nova Missa. Dentre elas} destacamos a seguinte: ''O f,llo é que l!xistem hoje muillM' pessoas - inc,:htl·ivc n6s me:mtóS - que /iter11lmente sofrem 110 mais íntimo dll alma. a propósito cio 116vo "Ortlo Miss11e", e <fite, simplesmente n ão ,·onsegucm e11te1ule1· a malor pllrte dos urgume11tos <1t1e têm sido aprcs,:ntados em sua clefesl1. As cllrllls que recebemos . .robrc1tulo de Sacerdotes. refletem <tb(llimento espirittutl ,. :;ofrimento. Um llmigo nosso. P,ulre e teólogo b,tm conheci<lo, refe,·e.. se à ''11ova Mis.s,," como ''algo tle sunwmc111e ll/litivo". ,,ue "me enche cle 11goni<1 11111e a simples itléia <le que a dev<> celebrar" (39). • A secção de correspondência da revista suíça "Das Zcichen Maricns" 1cm publicado muitos documentos reveladores da maneira pela qual o nôvo "Ordo" vem rcpcrcuiindo entre os povos de língua ,alemã. Damos 3 seguir alguns exemplos. Uma Irmã de caridade que trabalha cm hospital comunicou à revista que, cm carta a ela endereçada, uni· Vig,írio escrevera: "A nova Missa que está para entrar em vigor, e que se vem dwmt11ulo ·,le ·1mini ,Wissa ou Miss,, cle llugnini". justifica grllndes dúvitlt,.r em re/açiio ao seu caráter sacrificar' ( 40) . De uma leitora do Tirol do Sul: ·•Por tJue o Carcleal G,,u (! outró,f têm ce,Jiclo sem11re 110:r ino~1tulores~ e nos presente11ram por cxem.. pio com uma Nov(l Misst, </ue nem sequer 11prcse11ta ,, garantia de .rer válida?-" ( 41). 8

Passagem de carta de uma leitora de z u.. rich: ··rambém eu e.rtou co1111c11cida <lc? que li nova Missa representa ape,ws um primeiro passo 110 caminho que conduz. à C eia prote.~· 1a111c. tr que os inovadores aspiram'' (42). J>or sua vez., cm carta dirigida aos JeitoJl!S, o diretor da revista, Paul Schcnkcr, escreveu : "O Stmto Patlrt• nos atingiu ,Juramente com o uôvo ''Orclo Missae" e com a aprovafão da comuuluio na mão. s;,,10 ter de ditê·lo. mas crt!io qu,• aos pouco.f ,leve rornnr·se cloro, também aos indecisos e fracos, que o Santo Padtl' comct(m e ainda comete (~rros mrâto grnve.t [ ... J. Onde termitUll'tÍ i.vto? l, . , I A tlectulénci<1 te.rminarcí num terrível ca.t tigo de Deu.<' ( 43). • Trechos da declaração publicada pelo R~vmo. Pe. R.-Th . Calmei, O. P .. na revista parisiense "Itinéraircs": "Permllne('o fiel à Mi.tst, trt1dicional que fni c:ndificad,,, e mío inventa,la, por São Pio J/

18) Tcx10 1radu~ido de "La Pens~c C:uholique", P"ris, n.0 122. 4.c:, uimeiarc de 1969. pp, 4$-49. Documento public:1.do rnmbém pele> " 8ullctin lndé-pcndiuu c.l'lníormo1ion C,uholi<1m~". de 8ruxclas. :.uplc· mento ao n,0 52. 19) Dr. Fritz. von H:rnicl-Niethammcr - "Der neoc Ordo Mlssur - Stcllunç.n:,hme dC$ Hernusge• bc.-s" ("O nôvo Onlo Mis.m e - Tom:ula de posiç5o do dirc1or d;i revista"J, ;1r1igo 1mblicndo cm "Nunc CI Semf:)Cr", Munique. Alcmonho Ocidental, n,0 18, de sc1(mbro--0u1ubro de 1969, ,,. 13. • 20) A ca,1n foi 1,ubticada sem indicação da do1a cm que foi ttss.inado. Segundo informa o bolc1im (rnncê$ "Lumi~rc" (n.0 66, de P0\ <:mbro de 1969, p. 3). o Cardeal Oml\'iani fê1, lill:.t rcprescntaç5o a Paulo VJ no din 3 de setembro. (es1a de. São Pio X. 1

2 1) Ver " Informations Ca1holiquc:; lntemationa. les", de IS de novembro de 1969. pp. 9-10; " Lumi~rc", n.o 66, de no\·cmbro de 1969, p. 3: "La Con1rc·Ré· forme Catholique au XXêmc. SiCcle", n.0 26, de no· vcmbro de 1969, p. 1,

22) Traduzimos es.~as passagens do 1cx10 il:tliano distribu ído Por ··vigilio Roman:'I'' (Corso Viuorio Emanuclc li, 21., Roma). 23) "Courricr de Romc", n.0 vernbro de 1969, p, 3.

S6. de 10 de no·

no sh:ulo XVI, em conformidade com um costume plurissecu/ar. . Portmllo recuso o ''Or<lô Miss<1e" de Paulo VI. Por q11i!? Porqui! 11a reoli<lode ê.wc "Ordo Missac'' ,uio existe. Existe apenas uma Revoluç<io /itúrgit·t1 univer.wl e pcrm,mcnre~ assu· mida ou clesej(l(Ja pt:lo atual Papa e (/Ue, 11ó mom,•nto, ust1 ,, m{1SCC1rt1 cio ''Ortlo Missae" de 3 d e abril <le I 969. Todo Sacerdote tem o direito de n egar-se a usar a má:rct,rll tlessa Revoluçiio li1tírgica. Cnn.tidero ,i<• meu dever J't1cerclo10/ re"·usar.. m e ,, celebr11r a Missa num rito c,1i1ívoco. [ ... J o Sacerclote que se <lobr<1 110 nôvo rito, forjado em todos os seus elemcmos por Paulo VI. contribui de sua pttrle parti li progrc:;sivll inswuraç<io de uma Missa engmilldOrll, na <11wl tt pres(mç,, de Cristo não será mais veT<latleira. mas se tra11s/ornu1rtf num memorial vlltió

[ ... J.

Su:uento que o Papa Paulo VI comete um abuso cle muoridtule (•.-i:,·ecionalmente grc,v,, ao criar um nôvo dto da Missa. baseado 11w1w <le/iniç,io ele Missa que não é mais católica. [ ••• .1 Nll Missa católic,,, c> S(tcerclott: mio exerce uma pre.titlência quC1lc1ucr; m,1rcculo por um sinal divino <1uc o distingue por tôc/11 á eternitltu/e, é êle o ministro <le CrislO, Que por seu intermédio cclebrn " Missa; é llbsolutllm ente impossível equipar,,, o S,1certlote a um pllstor (Jtwlquer, dl'legatlo pelos fiéis para o bom llndamento <lc sua assembléia, Tudo is10 é evidente no rilo da Atfisst1 presc:rito por São Pio V, an passo c1ue é dissimulado Qu e,\'Cll· mote,,do no nôvo rito. A simpfos lto1u:s1itlmle, ,,ois, e. infinitamc,ue mais. ,, Jtonr11 sacertlotal, pedem-me que não 1c11/ta a imp1u/ê11cia de /ater compromissos a /ITOpÓ.rito da Missa católica. rccebicla no ,lia de minha Ortlen11çüo. Qmmtlo se trata tle ser leal, sobre11.ulo em maiérill tlc uma grllviclade clivim,, ,uio !tá autori<l1ulc no mwulo, ,linda l/lte pon1i/kic1, ,,ue m e poss11 reter. Por owro lado. a prindpal prowt de /ide~ li<lmle e tle 11mor que o Sacerdote deve dt1r " DeuJ· e aos homens, consiste em conservar inwcto o ,lcp6sito infinitamente precioso que lhe foi co11/itulo q1m11tlo o Bis(lo fite impôs as 11uios' · ( 44) .

• Depois de estabelecer diversos pontos de semelhança entre o nôvo ''Ordo.. e a missa anglicana de Cranmcr, o boletim "Saint Anthony's Hammcr" !"Martelo de Santo Antônio"], de Phoenix, Arizona, Estados Unidos, escreve: ·•o nôvo "Orclo Missae" é o culto o/icill/ cio Igreja V e RNÁCULA. Como vimos llté agora, a Nov11 "Misst1" será o que se q,âser, mas ncio é católica" (45). •

Em têrmos simples e incisivos, o Rcvmo.

Pc. M.-L. Guérard des Lauricrs, O. P.. disse: "<Ice/aro não poder wilitt,r o 11Ô\10 Ordo Mis· sae'' (46).

'2S)

Pe. Louis Coaehc-, "E\'êq~1es., , reste.,z catho-

• No mesmo estudo publicado por um grupo de teólogos na revista parisiense "La Penséc Calholique", lemos: "O "Ortlo Missae" 1e11deria a insumrar ,u, Igreja Ct116lica Romana um ofício 11,1 rcali<ltulc muito pm·cci<lo com a cei11 clas igrej{i.t ,,,o,es1a11tes" ( 48) . • No cilado número de janeiro de 1970 do boletim p:,risicnsc "C.l.C.B.S.". encontra· mos :1inda as seguintes notas: "Desta feita é o Sr. G. Siegiv<1lt, professor tle dogma ,w F11cultlmle prorestante 1le E.stras· burgo, quem escreve ao Bispo claque/a cidade para pe,Jir../he que ··cmtorite os cristtios cva11 .. gélicos que venlt«m " clesejá.Jo, " comungarem mww igteja c<J!Ólit:a rom,11w''. pois ''natla há, ,u1 misst1 agoru renowufo, que possa ,·ons1rcm· ger vercl<uleframcnte o cri.tuío evangélico'' (<·artu citadll por "lc Montle", d,r 22 de "º"' vembro tle /969)" ( 49). "/:: por fim o Sr. Je1111 Guit1011. da Ac,u/c. mia Francesa, que confia a ;,La Croix", de /O de dezembro. seu espanto 110 ler a.r /i11/w.t seguintes ''nunw das maiores révislllS fJrOtesw umrc.r tlc língua alemã": '"As novas preces euca-rí.t ticas c,ut,li,·as /ir.ermn desctpllrecer a falsa perspe,~,i"a cle um SllCrifício o/crccfrlo tt Deus" (50).

• Têm tido ampla divulgação nos Estados Unidos e cm outros países os boletins cm q ue Hugo Maria Kcllncr. de Caledônia, Nova York, há anos vem combatendo o progrcs· sismo. Sôbrc sua po:jição a respeito Jo nóvo "Ordo" , é signiíicativa a seguinte passagem: "O Nôvo Missal publictulo por Paulo VI ,le,,e tornar absolutameme claro para todos os Sa,·erdores que altuln têm dúvidas " rtt.tpcito, ,,ue o objetivo tle tôdas ,,s anteriores motlifi· cações /itlÍrgicas. agora coroadas pelo Nô\JO Misslll. é a t1ssimilt1(:áo da liturgia C(llÓlica ao culto prOll S1tmtc. como um ,ncio ,f<, alinhar o Cmoliâ:rmo segundo um protcstami.rmo após"'"' e centrado nó homem" (5 l).

Emcias. os Carth•ais Ouavicmi e Ba,·ci, e gm,r<lando -- a seu exemplo - nossa i111eir11 /ide· /idade ti Sé de Pedro, CONSIOSRAMO•N:)S OlS· PENSADOS OE TÔDA OBRICAÇÂO MORAI. OU OISC I· PLINAR OE ACEITAR O NÔVO "0R.OO MISSAE." e,

por outro lado. obrígados em consciência a realitllr uulo o que depender ,te n6s pt1ra pro• vocar sua retiratla ou pelo mcno.r w,w reestrww·llçiio t/tte o torne~ compatível - sem pOS· sibilidade tle equívoco - com a iutegri<kule da F'é awênlicamcnte Clltóliccl' (52).

• Em arcigo publicado no mesmo. número do '' Bullclin lndépcndant d'lnformation Catholique", o Pc. Henry Saey, de Québcc, Canadá, se refere a "nn.y.w, M<le. fl Santa Igreja, tmwda e defendida pt>t uns (os Jiéfa), odiada e abmulo,uult, pelos outros (os infiéis). . . e fa·,o [ , . J pri11cipalme111e. . . ne.ttes anos sombrios -- os mais tristes, os mais negros {/t, históritl ecle.ticístiC(I - neste último ano sobre· tudo. NO QUAL os HERESIARCAS MODERNISTAS ACABAM DF. FERIR NOVAMENTE, COM A LANÇA, PRÓJ'RIO CORAÇÃO OE CRUCIFICADO!

o

Jesus

1

'Qui po1est c11pere. . . ct1pitat!" Quem tem Có· tagcm e fé. bem sabe <1ue me refiro "º uôvo Ortlo Missae!" (53).

• Em fevereiro de 1970, o Prof. Dr. Manfrcd Erren, docente da Universidade de Friburgo, Alemanha Ocidental. publicou artigo intitulado "Trlldicionalismo e progre.ts<i', onde escreve: "( •• , .1 o nôvo ··Ortlo Missa,/\ ,,o contrário do cmtigp. é um11 forma vazia, pois nê/e se po,. de , com c, m esma /acili<latle. inserir umto um Jacri/íc:io da Missa inwíliclo, l/Ulmto um vcíli· do; 1m110 uma f11rsa carnavalesca ou anw missa 3·atcinicll, quanro ama (melancólica) f<'SU1 católica agrculcível a Deus. ( ••. 1 O ,u)vo ''Orclo Missa(!' é e, exma ex~ 1,ress,io litlÍrgic11 cla doutrina comunista dc, te• den,·ão; pó<le·se cliter 11ue representa a mais sigui/icmiva vit6rfo tio comuni.rmo i11ternacinu11J até 11gora ob1i</cl. li qual dá inído cl ,íltinu, barnllta da R evoluçlio ,mmdial" (S4). • A revista madrilena "Qué Pasa?" publicou em fevereiro de 1970 resumo de conferência pronunciada cm Nice pelo teólogo francês Fr. Nicolás-Louis Benoi1 sôbrc o nôvo "Ordo". Ali lemos: "A rc/orm11 tlll Mis.r,, não é apenas uma pe,111e1u1 mo1/ificllçâo de pormenores exterio· res, mt1s uma mudcmç,, na essência e 110 sen· tidn ,la Mis:w. Significa o princípio de uma nova "época na Hist6rill da fgrejt{' e repre· senw 1111u1 ruµturn t·om o Stmtó Sacrifício que Nosso SC'nhor instituiu e (/ue a Igreja conser· vou até ªRº"ª com alguma.r vari<rçOes de por• menores, mas idêntico no /mulo e no significado, llp(•sar da v<,r;cdatle de ritos. l ... J a Missa, que como todos os <1tos da Igreja deve 1<: 1· por finalidade princip,tl reafir· mor a Fé, tem com o 11ôvo "Ordt>'' EXATAMEN· TE A PUNÇÃO I NVERSA, Oll seja, tliminuí-lll e tliluí•ltl. Os que aceitam a reforma, cujo semido pro1e.r1anthcmtc a ninguém escapa. colaboram P'"" t1ma trllns/on,wção da Fé e muito provdvelmente para a constituição de uma nova / grej(1 cat6/ict1 reformada. Esta rnlvez tenha êxito. por se,· mais fácil e menos exigente, mas dlf,cilmcnte poderá ser seguida se se quiser g,wrda,· a fitfelidáde ,; Fé 1,regátla por Cl'isto e perpecua,la pela tradiç,io de modo illvariá· vel durame vinte século.t. Quem não /ôr indi· /l!re111e não poderá subtr,,ir.se ao seguinte di· lema: ou protestantizar·se com a nova Missa. ou pe,,,nuar a Fé co,n a <mtig,l' (55).

• Texto de trabalho divulgado em janeiro de 1970 pelo boletim parisiense do C.LC.E.S. ("C.l.C.E.S. - 8ullctin du Cercle d'lnforma1ion Civique ct Soeialc"): "( •• • ) f!III anigo public<ulo ('elt, re"isu, '' La . />n1sée C atholique'' (11.0 /22), um gn,po d<· emittt!ltlCS teólogos frlllll'l!St!S [ .. , ( mio hesitll cm afirmai' que o uôvo "Ortlo Mis.\'tle" "f)nss11 inteiramente sob silêncio a doutrina do Cm, .. cílio tle Trento relativa ti Missa". Secwula,ulo as críticas apresenllutas ,,o />opa pelos Carclt•ais Ouaviani e Bacci. êsscs tc6/ogos /rancese~t consiclcr11m que o uôvo Ordimírio da M iss11 não leva em conta nem o ,lcguw ,la Presença real, n em o da Missa corno Sacl'ifício. "Ele S(~ vincula_. de fato. não ci ,Joutrintt d() Concílio tle Trento. mll,r sim à que prevalc•c<.•u nas i,:rl'j(1s protestantes". A dowrina <le Tremo /oi posta <le lado mn,vés de di/(~tentes artifícios. dos

• Em princípios de 1970 a revista belga "llullciin lndépendant d'lnforma1ion Catholique" publicou o artigo do qual extraímos ês1c lópico: ''Fazendo nO.fsas (1s cledsões ado1a,las pelas ,Jiversas orgllnil.ações de católicos ttadi· âonalistas das quais ''Rénow1tion de /'Ortlfl• C hrétif!n'' se /êz poru, .. voz na Fl'á11ça; 01,ofo11. dO·nos sôbre as análises conve,.gentes publicad<1s pelos perió,licos "Forts dans la Fai", "Lc Cour· ri<•r de Romf'>. "La Contre•Réformc Catl,olique". ;, Nouvelle.r de Chrélie11té". ' 1 L,uniere". "Le Comb"' de lo Foi", "La Pc11sée Catholique", "'lfinérllires". e1c.; /atendo 110.ssos os argumento.r p,ib/icam,mte invoctulOl' por SS.

liqucs!". conícténci;1, pronunci!lda cin Paris, em 24 de outubro de 1969, e 1>ublic~d:'l cm opfü•culo; p. 28,

36) 'frn nscrito da reviAAa " Qué Pasa?'', de M3· drid, n .0 )IS, de 10 de janeiro de- l970.

Esrndos Unid0$. suplemento l •A, vol. 2, n.0 3, d~ dezembro de 1969, p. 40.

26} Dr. Jo:ichiin May, ar'ligo "Fci1;hci1 i,n Klcrus·· l"Covardin no Clcro"'f, public;ido cm " Das Zcichcn M:iriens", Rtussbuth1, Lucerna. Suíça, ano l. n.0 7, de novtmbro de 1969, p. 641.

37) Cnrto d irigida a P:tu1o VI pela A.t-oâac:i6u de S"urd'1tt!S , , Rtligioso.s tlt• Stm Anu:mic M(1ti<I Clar<-t; 1raduzid::a da revist-' "Ti1.0M", de Viifo, dtl Mar, Chile, n, 0 IO, de abril dé 1970, p. 2.

46) Pc. M.-L, Guérard dcs tnuriers. O. P .• " Dfcloration", 1n1b1icada n:i rcvisl3 "ltinéraircs". 'P:l· ris. n.0 146, de sc1cmbto-ou1ubro de 1970, p. 78.

27) Edith ~tom:ire. :'lrligo "Ol1 c.~t lc P:lpc, 1:\ est l'Eglise'?", publie:ido no jornnl "Riv;aro l", P,\ris. de 14 de novembro de 1969, p. 10.

38) Hugh Ross Williamson. "The Modero Mai:s - A R.t \·crsion tô th:.: Rdorms o( Crnnmcr" - Oti· 1ons-. Oc\'011. lngl:i.tcrra. 1969. p. 31.

'28)

8 . Mo,,sei;:.u. artigo " Puntu:ilii:icioncs :t..:trca

dei Nucvo Misal y su puesrn cn pr~c.tica", publicado

no bolelim "C. 1. O.'', M:idrid. n.<> 11, de 20 de novembro de 1969. p. 2. 29) Folheto distribuído pela organização "Gaudium et Spc$", Corso Vittorio Emanudc lJ , 21. Rom.-i. 30) Pt. Joaquín S~cn:r. y Arriago, "L.i. Nueva Mis:1 no \.~ y3 uno Miso Ca1ólic.1" , l!ditorio.l 0. 1. C.. Morcli:i, México, 1969. 128 pp. 31) R. F. Beriin, artiJto "The Ncw l.itur{:Y", n:, revisw "Voice or F:uima lntcrnational", Ofisb:\nc. Aus1r:Uia. de 9 de dezembro de 1%9. 32) Ani&o " L'Ordo Missne", public:1do no bole1im "l.c Combtu dt la Foi", Momja,·ouh, Fr:rnça, n .0 10, de I.º de d c-1.cmbro de 1969, pp. 10· 1 I. 33) Ar1igo " for the Moss: opcn scuson". publi e.ado pela rev.is1:1 "Triumph", Washingto n. dc1.embro de 1969, p, 42. 4

'24) Tr:iduzimos ê$SCS tópicos do 1cx10 irnlian(, distribuído pela "Vigilia. Romano··: o op1ísculo, impresso cm Roma, indica que os dirci1os üutorai~ íornm tt-Jtis1radO$ pelo Fundação "Lumc1l Gcntium''. de Vadui, Licchtcnstein. O "Orc\'C Ex:.une" vem d:uado ífa festa do Corpo de Deus de, 1969.

</uais os mais e/iCllteS são: o silêncio (supresscio tio Ofertório tão ,·ontestado pelo protestan .. tismo). a <1licnaÇ<íO (o Padre n<io ,•xerce mais uma função ins1rume11w/ em rela~·,io a Cristo, mas uma funç,ío 11residencilll em relação à Assembléia) e a subversão (a Prece eucarí.rtica rorna·se tinicmnente uma prece ,Je ação de graças, t1ue prevalec:e sôbre o Sacrifício). ''Fvr· çoso é pois concluir <1ue, de flllo e conc:rct<i· mente, o ''Ordo Missac" .tubsti1t1i a <loutriull tio Concílio ,le 'trento por OUTR.A clomrina. Sem tltívida, isso não se /êz ,lireu, e explicitll~ mente. mlls .rim pelo ,•mprêgo tle ,liversos arti• /ícios indiretos" f • . . J. la11wis alguém negou que " pn•ce de aÇ:iQ ,le graças /açll ,,arte do Santo Sllcri/ício ,la Misso, m<1s é clc temer CJW! , "sl'tulo li lei da oraçfio, li lei tia fé''. con/orrnc dit o conhecido oxioma, os Cllt6Jit~ôs venham pouco a pouco, e im:011.tcie11t1une1W!, " uegligeuci<lr o aspecto st1crlfic:t1l da Missa , em Jt,vor dcl refeiçiio CO· munitárill. Tal é, (U/emais, a definição cle M;ss,, 111,re.-:enuultt l'IIJ nosso nôvo C atecismo" (47).

34)

(fix:urn ento cirn<lo 1:,,clo Pe. Joaquín S~cnz y

Arriaga no livro "La Nueva Misa •• , ··, pp. 107-108.

35) Traia-se dns dedarnçQés de Max Thurian que reproduz.imos ncim3.

1

39) Artigo "Snvc the Triden1inc Mas.~!", publicado po,r "The Remnant", S1. Paul, Minnesot:,, ts:• l:ldos Unidcs. d e 31 de dezembro de 1969, p. 2 . 40) Can:1 publicado sob a epí~raíe "Bitter un<l 8~" f"Mui10 1.,rn)':ado"J em " Das Z.Cichen M:iricns··. Reu~ buehl, Lucc-m:t, Suíç:1. ano 3, n.0 8, de dezembro de 1969, p. 683. 41) Cnrrn de 8 de nbril de 1970. de Marga,x:1h Sothcrn, llérg:unô, ibidem. nno 4, o.O 2. de junho de 1970, p. 932.

42) C:ir1a de Zurich, 3 1 de inaio de 1970, de Elitabc1h H., ibidem. ano 4. n.0 3, de julho de 1910, p. 96S. 43) Cart3 do diretor, t>aul Schcnkcr, aos leitores de "Oas Zcichen M3rien.~... Reu$$buehl, Luoerna, Sui·

ça, pt1blicada no n .0 4·S, ano 3, de agôsto-~1cmbró de 1969. p. 602. 44) Pc. R.-Th. C:llmel, O. P.. "Oéclat:ition". publk:td3 na revista "ltinérnircs", Paris, n,0 146, de sc1e1'flbr()•OU1Ubro de 1~70, pp. 72-7$,

4S)

"Saint Antho ny's Hammcr", publicnç:1o do Our Latly oJ M I. C11Tmd Centu, Phoenix, Arizona,

• Ein sua conferência, Fr. Nicolás-Louis llenoi1 cita um estudo que o 1c6logo ·Pc. Mi-

47) Ar1igo "-Opinions c:nholiqucs e t protest31ucs sur la Nmn·c1k Messe". ' publicado no botc1im "C.I.C.E.S.''. Paris. n,o 98. de IS de janeiro de 1970.

,,. s.

48) Ar1igo " L'Ordo Missac". por um grupo de tc6 :ogos. publicado 113 ,e,•is1n ··1.n Pcnsée Catholique··. P:nis. n. 0 122, 4 .0 1rimcstre de 1969, p. 6.

49) 1),

Anigo j á cirndo, "Opinions catholiques ... " ,

5. 50)

Idem, ibide.m.

51) Hugo Maria Kc1lnc1', boletim n,<> 40, de 2S de ja.nc.iro de l970. p, 21. 52) "Bulle1in lndépcndont crlníormntion Ca1hO· liquc", 8111xclas, n.0 53-54, de ;anciro-fovcrciro de 1970, Jl, 8. SJ) Pc. Henry S:tey, attigo .. l..a priCre, la m esse ct le S(llu1 de:. ::unes", public:tdo n:t revista "Bullctin Jndlpendaot d'lnforma1ion Citholique", Bruxelas, n,<> 53-54, de janeiro.fevereiro de 1970, p. 1.

$4) Prof. Or. Manfred Em:n. :,riigo ··Trndi1ionalisinus und !=orts.chriu" r·Tnidicion:ilismo e progre!so"), publicado n:1 re\·is1a "Oas 7..cichcn M:,ricns". Rc-uss.buehl, Lucernn. Suíça , :1no 3. n.0 10. fc\·ertiro de 1970, p. 7S6. 55) Anis o '' F..$ lícito opio:1r $Obre la nuc\':& Misa'?". por Nicodcmo. 1>t1blicado n:,; revista "Qué rasa·?", Madrid, o .0 320, de 14 de Ccvcreir o de 1970.

5


RUCI de Santa

Maria enviou da Cidade do Vaticano, em 28 de agôsto de I 969, a numerosos correspondentes. Oêsse estudo reproduzimos alguns tópicos apresentados por "Quê Pas.,?" : "Tomllr po.ti<;iio pró ou ,·ontra o

11/h10

SôURE A NOVA MISSA: REPERCUSSOES QUE O PúBLlCC> BRASlLElRO AINDA NÃ.0 CON J,,IECE

"·Ordo Miss,u:'' 1ortuh'ie agor{l uma ne,:essida· ,Je di· primordial importância. Com efeito. t·.~· rn nova Missa, ao mesmo tempo sendo e não sendo lutermw, /t1t perilJ<lf certo mímero dt•

do1;m,1s /111tdmnt•nwi.,· e incit" 11 ,lm•frlar tlt• várias verd,ule.,· admitid11s pela lg,,,ja ,10 longo t/e tôda (l Slltl f/;st6ria f. , , ]. A prepoll(/erlim:ia do aspecto M i.tsa-ban· quetc sôbra " Missa-sacrifício dinu',mi no.ir fiéis ti idéia ''" impor1,i11(.:id l)A R EDENÇÃO

lo Sacrifício tio Filho ,te Deus e

,,e-

.,·m, r e110V'1•

râo inc rw.•111<1 110 alt<1r. Contluz ,i concepçcio ,te <JtU! o prindpllf é II t·ouu•marllf<io ou nu:.. morial [ .. . 1, l11s;s1lr sôbre a presença espfrilual ,/e Cris10 1w assembléia, pt•lo fCllo ,lc adw,..se esu, re1111frla, 1/imi1111i " imporu1ncia <lo pomo cc11trt,I d(l /vlissa, que é a Tr,msub.tumciaç,io. ou /111. esq1wcê ..fo. Com i.~·so. OlilC<MW insidiosa11u-111e " Eucaristia'' ( 56).

• Ao apresentar essa resenha da conferência do Pc. Nicolás-Louis Benoit, o ;irtigo da rcvisla "Qué Pasa?" faz o seguinte comentário : "N,, con/erém;:ia que noticiamos. niio s6 se tle/endeu a tese de tJUe é lícito <>pinar sÔ· bre a novu liturgia e mesmo criticá-la. mas a/in~,ou-sc que. d,u!t, a importância de~·sa,\· re/orm,,s. torna-se culp,ulo quem diante tleltu mtmtém-se i111/ifer('nte, e todos devemos cuidar de <:ompreendct seu sign;Jit.x,do e sua.f ,·o,1se• qiiêncie1s, pois não se /rata ele quc.ruJes <lc pormenor, nem de du,·ubrações de espectllli:#llS li!61ogos. ma~· ,ie princípios gerais ao 11/cance ,!e todos os fiéis e: 11uc" todos intcrl·s:mm'' (57). • O Padre W. W. E. O .. colaborador assíduo da revista "Das Zcichcn Mariens... tecendo várias críticas à nova Missa, escreve: " [ ... ) um tios sinais mt1i.v seguros do nt'11 que há no nôvo ·'Onlo" tst6 nil flllsidade e na má fé sorra,eirt,s com a.f (fulli.r êle é apresenwdo aos fiéis d esprevenidos" (58). • Em março de 1970, A, Roig escreveu de Toulouse um artigo para n citadà revista madrilena "Qué Pasa?", no qual lemos:

"A revoluçtio lilúrgica t/t<e csiamos so/ren· do s11sci1ou "" mente tle não poucos car6licos " recortlaçüo tle omra f'evolu,ç,io litúrgica, que se verificou em pleno .,·éculo de Volwire, o século XVIII [ ... ]. O Clero .recular ,Jt,quela época, especial· mente o das cidades. moslra-.te 10((1lme111e ·sawrado pelas modas e pelo espírito de sua época: ll!ses tia Enciclopédia, triunfo do racionalismó, admiraç,io pela religião naturalista de Rousseau., e também o g()sto da vidt, Jrívolil e superficial. Em1ua11to as clas,·es dirigentes daquela ''socledade de consumo" são prêsa da irreligitio, owros leigo.f ou seculares, unindose com outro.t SaceuJoteJ', implmlfaram na liturgia tradicional a nwis impor/ante revolução que até então conhcceril a França, dc.rde a.t origens da Igreja. Tor11a-.se evidente a partir de então. que 1"ÔOA REVOLUÇÃO t.ll'ÚROICA CONDUi AO DECI.ÍNIO DA FÉ RELIGIOSA. [, , , ].

Em tais circuusu1ucias, uma seita hábil in· tenta implantar uma nova ,·eligião. E " scit(I dos jansenistas. Em suas paróquias, i111roduzem éles as inowrçiies li1r'frgicas que estam os conhece,ulo ,Je. algum tempo para cá. Uma das l,u)vações espetaculares daquela época hoje repetida em não poucos lugares - consislc em que antes do canto ,la.r Vésperas uma mulher lia em "vernáculo" o Evangelho do dia. Cinqüenta anos depois, em Paâ.f, seus hobita11tes colocarão sôbre o allnr de Notre Dmne, em substituição ao Santíssimo Sac,·a .. memo; uma mulher que i111itularão de ''Deusa Razão". Em roulouse é o fmnoso L-0mé11ie de Brienne, célebre por :ma increduUdade, que impõe os novos mi.tsais em francês. Loménie de Brienne sel'á um dos quatro Bispos cJue volafllO a favor da Con.rtiluição Civil do Clero. Dos que traduziram para o francês isscs missafa·, um cronistil da época escreveu: ''Alguns eram jansenisrns declarados; orllros foram J·olenemente co,ulenados pela Stmt,, Sé; omros ,norreram sem Sacramemos". Entre êles encontramos "anima,Jorcs" dt4· assembléias revolucionárias e 1>romotores da Constituiç<lo Civil cio Clero, como os Padres Grégoire e

Sit·yt~s. . . E logo houve uma prolifentçilo de ri1os diferentes uns ,los ou1ros. Houve ,w f"f'tmça cêrcil tle vinte liturgias parlicult1res pt,ra 57 Dioceses; acresce111cm-se aindc, ,,s f<uuasim· ,1uc.., ermn critult,.r por ciU/a 1u1róq1ti,, <1uc ,uio querit, S<~r menos que <JS ()Utras em seu repú,lio do ptlSStl(/0, cm seu afii tle uwdar tudo. com traduções lmnemá"eis e lwl'éticas. Nem lmero nem Melanchum realit.lll'lWJ uma mudtmçil Ui<> profunda como a que levou a cabo 11arle tio Clero da Prmtça 110 século XVIII. Dois J·éculo~t ,Jcpoi:,•, ,Jurante " segwula mewtlc 110 J·éculo XX. ,1pós o Concílio Pilstora/is· w Vlllit:ano li. reproduz-.te a ''renovação Ji. 1tÍr1,tic:t,''. Também hoje domina, t?m boa par• 1e ,lo Clero, a acomodaçlio aos diwmes do ''mundo moderno". Mt1s 110 século XVIII, na f.f!reia tia Frtmça s urg<· uunbém mm, co11tr1,-re/orma. São Vicen1<• tle Pm,lo: o Bispo de M,trse/lur, Henri de Odstmc:e,· v ,/t: Lotleve, Félix Henri de r:u .. nel_: o Bispo de Sens, são seu.t primeiros paladi1103·, Bs.ra 1'eilÇ<lo IQrnou 11os3·ível que " maioria tios Bispos e muitos Sacerdotes se ne~ Jfll.rsem " ;urt1r ti Coustiwiçâo Civil tio Clero. Muitos subirtio à guilltotiua com seus trajes .\'llCefllowis. A fitlc/it/(,tle à Ronu, contra-re· volucionária - então o era - dará alento às Ct1rmdiw:,· P""' .rnbircm ,,o cadafalso, e nos campos tio Poitou, da 8re10nlw, <fo Vcndéia. os filhos dm1uela terra. CelltUllU/o o Crtt:< A vc", C! ostenwmlc,, sôbrc o 11cdto <> <·mblcmt1 do Sagr(l(/0 Corllção de h!.ms_. ,·011/irmar,lo com seu l,erOtsmo e seu silngue « filie/idade ''" F'rança c:ac6/ict1 (l srw Fé e às stuu· lradições. Tudo J'C passará ,lo mesmo modo como, mui-10 rempo depois, em 18 de julho de 1936, 11a l;spanha tias Cr(itatlas. Hoie, como naquela época_ . impõe-se 110vamentf! defentler a Fé ca,61icll com uma nova co111ra-reformtl' (59).

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• Em artigo dado a lume cm J"narço de 1970, o Prof. Dr. Franz Goelles, docente de Escola Superior cm Graz. na Áustria, c.scrcveu: "O nôi•o "OfliO" confere aos Jiéis ,mw posi,·,'io amônoma (''llbsolma'') e nisso esuf totalmente errt,tlo. como já se vê pela tle/iniçüo i1ttl'Odut6ria. [ ... ) O 11ôvo "Ordo Missae" co11sciememente atribui o último lugar ac, mistério dil Pl'esença real de Cristo e da Tran.rubstanciaçiío. D,,í, bem como do caráter narrativo e não imperarivo [das palavras da Consagração], resulw de filio uma liturgia que mesmo um pastor 11rotes1ante com sua comunidade podem celebrar. í .. . ] Assim sendo, o nôvo "Ordo Missnt" agra,Jará também " 1odos aquêles que se agiIam à beira da apostasia e da l,ere.tiil'' ( 60).

• Passagem de circular do Rcvmo. Pe. Louis Coache a seus amigos, datada de 5 de abril de 1970, anexa ao boletim "Combat de la Foi": "Mantende-vos firmes, caros Amigos. A Nova Mi.isa ''protestanlen causa-nos um gra1t· de sofrimento; recusai-a, pois ela tem sabor de heresia: em certos casos ela corre o risco de ser inválida ( ... ]. Se mio tendes nenlwnu, possibilidade ma1erial de assistir a uma Missil J·eguru, é mel/ror /aliar à Missa - que aliá.r mio é mais uma Missa cill6/ica - do que ser cúmplice da heresia e arriscar.se ,, par1icipar ,te um ''simulacro"; pois os Padres modernistas ou duvidosos poderlam excluir a Presença real, conformando sua imenção aos novos textos (que se aproximam de modo cspa1110,to tlus proposições /111era11as) [ .. , ]. C!tegarmn os mome,uo.t tlecisivos. Cabe ,,os c,atólicos fiéis, em mas.sa, forçar os hel'eges (insu,fados de/iberadamenle no interior d11 Igreja) e seus che/e.r a refleiircm sôbre seus mos! Dobrar-se é favorecer a l!Xtenslio do 111(1/'' (61).

• De artigo vi.ndo a lume na revista "Vigilia Romana•, cm abril de 1970: "[ .. . J o "Novus Ordo'', de preferéncill a reportar-se aos princípios doutrinários do Magistério, d,1

"Catolicismo" convida seus leitores e amigos p ara assistirem à Santa Missa que, por alma do

+ Dr. Geraldo de Barros Brotero

P ai de seu colaborado r Dr. Eduardo de Barros Br otero, será celebrada por S. Excia. Revm a. o Sr. Bispo Diocesano, no dia 25 de fevereiro , às 8 horas, na Capela do Palácio Epíscopal.

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Con.tlituiç,io li11írgic,, e ,Ja ''Mys1erium Fidei" ,Je Pm,lo V I , é um in~·trumemo para favorecer " uniilade na heresia 1/c to,Jos os cri.s1ãos pro1e.tuutteJ' com os ca16licos. e lembra li negação feita por Lutero do Sacrifício ,lll Missa , sôbre a qrwl Grisar escreve: "Quem entrava, op6s a vitória til' Lutero . . . na ig,.cja pilrOquia/ do lugar, abula encontfliVO no serviço divino llS antigas vestes eclcsiás1ic,,s e ouvia os anti. gos câmicos em latim. Durtmtc ,r Misst1, 11a clcvaç,io, erguill-se a lr6stia, que (IS.fim era mos• irada <ro povo. Ao.i· oi/tos dos Jléis o Missa era túrula .tcmpre a m esnw. só f/UC Lmero lw\1ia <1uerido que se omitissem tôdas as orações que apn:se11wvam aquêle ato littÍr#ico t.· omo um stu:ri/ído. A o povo. proposittulamenie nttda se tlizia . .. A forma da celebração ,la Mis.rn. explic«v,) Lutero, é algo de estri1mne111e ex1erfor; as p«luvros condenáveis, lllusivas ao sacri/ício, de pre/erê11cii1 seitm, .tttpresslls, quan· do isto se faça sem escândalo, e ,Jesdc que os cristiios com11n1.· também ,uio o percebam" ("Lutero, 1,, .~u" Vi,a e te .m e Opere" - rori110, SEI. 1956, ,,. 208)" (62).

• Em "rtigo publicado em abril de 1970 na revista chilena ·'Tizona''. o seu diretor, Sr. Juan Antonio Widow, assim justifica a tomada dê posição contrária à nova Missa por par· te daquele periódico: "( . .. J há um momelllo em que o silêncio não po,Jc per<lt1fl1r, :soh o rfa·co de que tu1uêle <1ue o mantém .te co11 veria, ditmte de Deus <? tlil própria consciência, cm clÍmplicc~ de uma siwação ,le <.·1,0.t que induz muitos ao desc,spêro" (63).

• Palavras do conhecido escritor católico Jean Madiran, diretor da revista "l tinérnircs": ''N,io teria sido difícil «os autores ,lo nôvo rito incluÍI' (ou deixllr) nos tt!XIOS da Missa as t,Jirmações ,·a16/icas. simples e nítidas, <:011cef'ne,111:s lt Presença e ao Sacrifício. Eles <lS A1' ENUARAM QU SUPJll MIRAM.

Somos assim lançados em ,1/go que constiwi, pelo menos, um enorme e formidável equívoco. contr,, <> q,wl formulamo.~- redomações que n<lo ce.f.rt1r,ío imnais" ( 64).

• As revistas argentinas ''Roma", de .Buenos Aires, e "La Tradición", de Salta, publicaram um" sóplica dirigida a Paulo VI pela AJ·ociaci611 A rgentirw "U1111 Vo cc"'. Oêssc docu1nento, destacamos os seguintes tópicos: ''Prostrado1,· aos pés de Vossa Santi<latle. atrevemo-nos a ele~1ar reverelllememe uma sflplic,1 para ''"" seia reslllbelecido como único rito dil celebração da Sanu, Missa, em tôda a /gre;a lati11t1. o Missal Romtmo decretado pe• lo Papa Pio V. A 111ecessor ,ie Vossa Santidade. As nuílliplas di/iculdtules e d1ívitlas que por 1ôda pllrtc se levantarilm desde o início da aplicação do ' 1Novus Ordo Missatt', talllO entre leigos como cmre Sacertiotes, e " ,lolorosíssima pervlexidade de muitos fiéis, especialmenle tios mais piedosos e tJfetos ao Primado ,lo Romano Pomí/ic'e, movcm.. nos a unir a modesta vot desta obra, fundada p<1ra servir à lgrcjll Cat6Uca e dcfcntlér a St1g'rada li1rtrgia, realizaçllo <los Sucessores tle Pe<lro, à voz de quiln10.f vedem a Vossa Sanll'dade a derrogação do "No,•us Ordo Missae" (65).

• Os "$laves of Jesus through Mary" ["Escravos de Jesus por Maria"], de Souih Bcnd, Indiana, Estados Unidos, publicaram em meados de 1970 um amplo estudo em que são acusados de cisma aquêles que rejeitam a nova Missa. O trabalho mostra com particular nitidez que a oposição ao "Ordo" de J969 temse fei to cm tôdas as gam.as: desde a rejeição absoluta, até uma aceitação com restrições. Assim é q ue os "Slaves of Jesus through Mary", ernbora combatam em têrmos enérgicos os q ue recusam de modo absoluto o nôvo •'Ordo", no entanto escrevem: "Há uma heresia explíciu, no nôvo "Ordo"? Não, não há. Há ,nuitos expressões ambíguas e equívocas, e isso é diabô/icamc111e hábil l- , . ). Deve-se rej'istir à linguagem tmtbígua t! equívoca. Podemos resi.t tir ,, êsse ''abandono" tia autê111ica linguagem ,~at6lica tradicional, usando nossos velhos missais ortodoxos. li nosso tle,1er ReSISTIR a qualt1uer a/ro10:ame1110 em matéria de 1ermi11ologia" (66). A seguir. a publicação indica vários meios de resistir no q ue qualifica de ambigüidade.s e equívocos do nôvo "Ordo" : continuar a ajoelhar-se nas partes da Missa ern que os fiéis Iradicionalmcnte se ajoelhavam; receber a cornunhão de joelhos; as mulheres conservarem a cabeça coberta, etc. (67).

"Catolicismo" convida seus leitores e a m igos para assi~tirem à Santa Mitsa q ue, por alma do

Sr. Carlos Corrêa de Souza Pai de seu colabo rador Dr. Carlos Alberlo Soares Corrêa, será celebrada por S. Exda. R evma. o Sr. Bispo Diocesan o, n o dia 26 de feve reiro, às 8 horas, na Cape.la do Palácio E piscopal.

• A promulgaç.'io do nôvo "Ordo" deu origem a vasta polêmica entre os católicos inglêscs. Basta folhear, por exemplo, a secção de correspondência da revista católica londrina "The Tablet", para dar-se conta da amplitude das dúvidas e da questão de consciência que veio afligir muitas almas. Além da renúncia de Mons. Bryan Houghton à sua paróquia - que já mencionamos, e que teve larga repercussão na imprensa - é patticularmente significa1iva a crise que se estabeleceu na lllli1' Mass Society [Sociedade para " Missa em La1iml, A promulgação do nôvo "Ordo" levou a quase totalidade dos membros da diretoria da entidade a orientar seus cs· forços no sentido da conservação da Missa tiidcntina, e não mais do simples cultivo do latim. Em vista disso, alguns diretores que aceitavam a nova Missa separaram-se da sociedade, fundando a Associllliou for La1in li• IUl'g)' IAssociação para a liwrgia Lt11im1I. Pos· teriormentc, o presidente da la1i11 Mass Sociery , .,ir Arnold Lunn, demitiu-se também de seu cargo, por não concordar com a orientação cad;.1 vez. mais combativa em favor do "Ordo" de São Pio V que vinha sendo imprimida à eniidade pelos demais diretores. Merece atenção o fato de que, ao explicar ao público as razões de sua demissão, sir Arnold Lunn sugeriu que ambas as sociedades unissem os seus esforços com vistas não só il preservação do latim, mas também à "ob1e11ç,io de modificações rais na novn Missa , que o tornem mais accltável por muitos que estão 1>erturb,ulos e angustiados pelo 11ôvo rito" ( 68). • i, digno de p:1rticular registro o autorizado pronunciamenlo, datado de Roma, S de junho de 1970, do ilustre Prelado francês Mons. Marcel Lefebvrc, Arcebispo titular de Synnada, quo já ocupou os cargos de Arcebispo de Oacar e de Superior Geral dos Padres do Espírito Sanio. Assim se exprimiu S. Excia. Revma.: "Após o magistério1 é o minis1ério sacerdotal que se alribui llgora a uu/o o />ovo tle Deu.,;. Ê em virwde dêsse ministério que o Povo de Deus consthui a Assembléia Euc,1rís1ic,i e reali1.t1 o cullo comuni1ário1 tio qual o Padre é o presideme e em breve será o tlelegado eleito. Seu cará1er sacer,lotill e .s·eu celibato não têm mais razão de ser. Não se pode negar que as f'e/ornws HtlÍrgicas prestam seu concurso a es1a oriemução. Todos os comentários a essas reformas J"e exprimem it maneira pr01esumte, minimalizando o papel do Sacertlote, " realidade do Sacrifício e " Pre~·ença real e permtmeme de Nos.s·o Senhor na

E11caris1ia. [, . , ], Esta a1itmle de vigilância 1or11ou~se necc.r-sárill ,ievido ,, totlos os escândalos ,le que somos testermmlurs ,!entro tia própria Igreja. Não podemos negar os fotos, os escrilos, os discur• sos que tendem à :wbjugaç,io tia Igreja tle Romt, e à sua destruição como .'vlãc e Mesh'll de tô,lils as Igrejas, e que além do mais tcn• dem ,, tornar-nos f>rOtestantes. Resi.ttir a êsses escândalos é viver a pr6pria fé, guardá-la pura de 10,lo contágio, conservar a graça nas nossas almas: uiío rcsis1ir é deixar-se intoxicar de modo lento mas ceno. e tornar-se inconscientemente protesiante" ( 69).

{9Af01LM CISMO MENSÁR IO çom APROVAÇÃO ECLF.SIASTICA

Cmupos -

e.~.

do Rio

Diretor Mons. Antonio Rib<:iro do Ro:sario Dirttorh,: Av. 7 de Scttmbro. 247. caixa postal 333, Campo:;., IU. Administração: R. Dr. Maninico Prndo, 27J (ZP 3), S. Paulo. Agc-nrc p:m1 o F....d~1do do Rio: Or. José de ()livtira Andrade, cnix:l post:11 333, Cnm1>os. RJ; Agc111c paru os F.slndos de Cotá$, Mt11o GroSSô e Mina:.; Cernb-: Dr. Mil1011 de Salles Mourão, R. Paraíba. J 423. telefone 26·4630. 8clo Horizonte: A.ge.n1c p:m.1 o Est:ado d11 Gunm1barn: Dr. Luís M. Duncan. R. Cosme Velho. 815, telefone 24S,8264. Rio de J:.lneiro; Ag4.'nfc p;;ira o Est:.)do do Ceará: Or. José Gcl':trdo Ribei· ro. R. St:nudor Pornpeu, 2120-A. Fot1.-slez:1; Agentes p:mt :1 Argen1ina: ··Tr:.ldición, Fa~ rnilia, Propiedad", Casill.-s de Corrco ,,.0 169, Capital Federal, Ara,eniin3; Agtnle par:. n E,vnnhu: José Matfo Rivoir Gómcz, aparlado 8182, Mndrid. EspanhB. Assln,-.iuras unuals: comum CrS IS,00; coop-:rador CrS 30,00; benfeitor CrS 60,00; irande benfeitor CrS 150,00; scminaris1as e es1udan1es CrS 12,00; América do Sul e Ccn1ral: via marítim:l US$ 3.50: via ~,~rca .USS 4,50; outl'OS países: via ma· rflima USS 4,00: via aérea USS 6,50. Vtnda avulso: CrS 1,50.

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Conwosco e iniprt~ m, Cin. Llthog,r ophJu Yplranga R. Càdt1t, 209, S. Puulo


• Em editorial assinado por seu diretor, Sr. Yves Oupont, a revista católica a ustraliana "World Trcnds", de junho de 1970, diz que o nôvo ri10 da Missa "tmulou muitos séculos de culto cat6/ico e flbriu Q .tina/ ,1er<le para um ritó revolucionário. chocantcme11te semelhante ao de CNmmer, Zwin1dio e Lutt•ro" (70). • Em junho de 1970 . cêrca de 1.500 católicos trndicionalistas de diversos países participaram de umn peregrinação a Roma, com o objetivo de pedir ao Sumo pontífice a manuterlção d::a Missa de São Pio V e de protestar contra os novos Catecismos. Ourante três dias os peregrinos cumpriram vasto programa de Missas segundo o "Ordo" tridcntino. orações, vigílio1s ~ cânt icos piedosos eir1 lugares tradidon~is de devoção. Junto ao túmulo de São Pio X, prestaram o juramento antimodernista. Realizaram uma marcha da B:isílicn de Santa Maria Maggiore à de São Pedro. ao longo da qual re1..aram o rosário e cntoram hinos cm lalim. Um cios principais atos da peregrinação íoi uma reunião no Coliseu. onde se celcbrar:tm várias Missas; I;\ estavam, entre outros Sacerdotes. o Pc. Louis Coachc, francês, que proferiu o sermão; o Pc. Stefano. Agostiniano de Munique: o Pe. Schmidt. da Alemanha: o Pc. Joaquín Sácnz y Arri.,ga. do México. Encrc os organi1..adorcs de, peregrinação, teve lugar de destaque ,1 Dr:.. Elisabeth GersL· ner - a quern já nos referimos - que se encarregou da promOÇão do movimento nos pai'scs de língua alemã. Na fcsra de São Pedro e São t>aulo. as organizações que se fizeram rcprc.scntar cm Roma dcnun a pl1blico uma mensagem, intitulada "Nem 1'<tbel<lcs. nem con testat(Írios'', dit qual reproduzimos êstcs tópicos:

"l ... J

tt tloutri11a ;11J,1livd e itn:Jormávd do Con cílio ,le Trento sôbre o Santo Sttcrifíâo da Missa foi traída pelos nov,,s ritos [ ... ]. Nesw ~·itu,,ç,io ""f!ustio.ta, já nl10 é ficilo calar: é tempo tle tlit.er OASTA!'-' (71 ) . A peregrinação íoi. na ocasião, noticiada cm todo o mundo, ao menos resumidamente, peln grande imprensa. Esta deu especial dcS· taque ao fato de o Sumo Pontífice Ler-se rec usr1do n receber os peregrinos. ao passo que logo após concedeu breve audiência a três líderes guerrilheiros da África portuguêsa. tidos como comunistas. Sempre corn o objetivo de informar nossos leitores. reproduzitn os a soguir dois comentá~ rios a e.ssa recusa. feitos por personalidades q ue. como figuras de destaque1 participa1·;un da marcha: o Pe. Louis Coaehe e o Príncipe Guglielmo Rospigliosi. " ll triste - disse o Sacerdote francês que o Santo Pa,Jre lenha julgado oporru110 mio 110.r receber. P,irece-uos que 1/e-vcriam ter sido concedidós t, 116s pelo meno.f os mesmo.r ,lireitos que vêm sendo amplamente reconhecido.t aos chefes comunistas. que Pfl., recebe em muliêncit,, ,~om os quais se entrc?tém, e o quem envia /t:Hcitações nataúcfrls'' (72).

O Príncipe Rospigliosi escreveu que os peregrinos não foram recebidos pelo Papa "por mio terem sitio julgados :mficiemcmentc pro· gressistas e de esquerda" (73). • Em fins do primeiro semestre de 1970. a dire1ori3 do conhecido movimento "Una Voce" <1,1 Itália publicou uma carta dirigida aos seus sócios. ela qu;JJ transcrevemos algumas J)<lssagcns: "Aiml11 uma \1et o ",tl•nsus fidelium" - o instilllo t•spirittwl ,lo povo crisuio - mostróu· sr Jââ,lo e precise. As cartas qm! "Una Vot·e'' n .•,·ebeu nestes 1íhimos cinco m eses, quer <los leigos mais cultos. quer dos nwis simples, têm tôdt1s um único m6wd ,: um ,t,,ico objetivo: ,, Missa romana. a Miss,, tle sempre, ,·ontr,,110.rtt1, com instinto ~·,•mlintico ,,rl!ci,ro. ti CHIA. - "O,ule ( n t·o111rar J\4i.\·sas e ,uio Cc1 ills c:omemortaivns?,. 1

S6)

57)

ld<"m.

Idem.

l•e. W. W. E. D., nrlii(o " Oic Augsburgcr Kirchcniti1unit t:teuscht die Gfaeubig,cn" 1"0 Jornal 58)

diocesano de Augsburg eng,ma os fiéi.s"I. J)\lblicado cm "0.i.s Z<:ichcn Marien~". Reus.çbuehl, L\lccrna. Suf~:~. :mo 3. n.0 10. de fe\·tm:iro de 1970, J>. 76J. A. Roitt:, anit.o "Hay que: repelir lo:. i1inc· r:Hioi. de la con1rarreíorma. incluso cl <1ue nos llcvc :,1 caldnlso", J>\1blicado cm "Qué P:ls:,'!''. :vr.,drid, n.0 324. de 14 de março de 1970.

S9)

60) Prof. Or. r-rnnz úoclles, :uligo "Neues aus der Stciermnrk" l"No ticin.s de Stcicrmrtrk"J. p~1bliC-a do na revisrn " Das 7.cichcn Mariens", RéuSsbuchl, l..u· ccrn1,. Suíça, :rno 3, n.0 11. de mnrço dç 1970, ,,. 197. 0

-

"ê aindt1 lícito c:debrar o S <~crificio incruen•

to ''" Cru1.. e mio llpen(IS o memotial tlll Últi1na Ceie,?'' - "Como conseguir ain,lt, que pa"' um 110.r.ro defunto seja o/erecitlo o Sacri· fíâo próf'itimó,.io e c.'tf'ÍlllÓrio po,· um tíniCô Stu:erdOlt!, em vez de se ttprescmar 11ão se sabe <1ue iuten('tio <mire umtas outrfls, ,wquela 11b.rurda Ceia co11celebrtula?" N(io nos ,h•te,.emos para /atet observllçócs sôbre <I uwior ou menor /egitimfrlad e clesso.r tliscriminuções. O ".rensus / itlelium", já o 1/isJ'emos. r11rm11<•1u,, se engana. é se reabrirmo.t o "Orc•,,e es,,me critic<> dei No,•us Ord<> Mi,tstie'' 11prcse11wtlo ,,elos Ctn·tle,,is Otu,vitmi e Btwci ,, Ptmlo VI, .nr relermos as singelas e i111répidt1s 1Jeclt,rt1ções public,ulas por grandes te6logos e c,monistt1s Lmulucd. Calmei. Cuérurtl tles lauriers, Dulac - ter<·mox" c:on/ irmação ,!isso" (74).

• O boletim "St. Michael's News" [''Noticias de São Miguel"], publicado em Ncw Jersey. Estados Unidos. sob a direção do Revmo. Pe. Marian Palandrano, O. S. J .. dedicou seu número de julho de 1970 a um longo artigo sôbre a nova Missa. A frase com que se .inicia o texto condensa todo o pensamento ali ex· pre$So: "A nova Misst1 s6 se tornou possível com a violarcio ,la profissão <!e fé 1ritle11tina e 1/0 jurmnento ,wtimo<lerni.tt,I' (75) . • No número de junho-julho de 1970 da rcvis"ta argentina "L;1 ~rradición", seu diretor. o Revmo. Pc. Hervé Lc Lay. escreve: "'Publicam-se cm todo o mmulo. menos a<Jui na A mérica tio Sul. livros e /olhc1os contra a nov,, Missa. ,lemmâtm,lo seu caráter sem1ó ,Je to· ,lo heréti<.:o, pl.'!o nwuox muito pr6ximo <Ili /,e. resi<l' (76). • No mc~mo número de "La Tradición' ", o Pe. Hcrvé Lé Lay publica a seguinte nota: "De Melbournc, ,w Austrália, chega-me uma ct1rlll ,le um fervoroso propagandista das tle• vorões ao Sagrado Coraç,ío de Jesus, ao Co-rtlção tle Mt1tia e " StmW 1'etesinlw. Comunica•me êle um artigo publictul<> 110 tliário irlmt• dês "Catholic Hera/d'' de 28 de novernbro de /969 , escrito 11or fiugh Ross Wil/iamson. a11• glicano ,:onvertido (! ordetllldo Sace.r<ÍO/e O lllllór diz que a nova Mi.rsa é fundtúneutalmentc aquela introduz.ida 110 lnglt,terra por Thomas Cra11mer para <lestruir 1ôdt1 idéit, <le Sacerdote sacrificador" (77).

r' .. ].

• Em artigo que escreveu sôbre o nôvo "'Ordo". o Prof. Dr. Rcinhard 1.auth, catedrático da U niversidade de Munique, obscr• vou: ''( . .. 1 a nova Missa cala deliberadtmrente verdades fu,ult,mentais tia F é. que normalmem<! dev<!rimn nelt1 Jigur<lr l . .. ]. Para permitir uma interpreta~Yio prottsllmte, suas paltivr,,s slio de uma dubiedtulc q1wse iusuporUÍ· ver' (78). • A revista "Christendom" , dos Padres Oratorianos de Lexington, Kentucky, E-~tados Unidos, tem publicado numerosos pronunciamentos contrários à 1tova Missa. Em seu número de julho de 1970, por exemplo. reproduz diversas cartas nesse sentido, recebidas dos Estados Unidos e de o utros países. Nelas, o nôvo ·'Ordo" é qualificndo como "a ceit, com emo· rativa ,Ir lt11ero e Paulo VI". e conto ·'stlcrífego''; e as recentes reformas litllrgicas são de.. signadas como "loucur" neo~t1rimul'. A dirc.. ç.ão da revista não contesta tais asserções (79). • De artigo C$tampado pcl:1 revista francesa "Forts dans la Foi", dirigida pelo Revmo. Pe. NOCI Barbara, em seu número de selem· bro-out ubro de 1970: "N" redaçlio do 116vo ..Or<lo" colaboraram, além do Sr. 811g11i11i, o ,7ue por si só já co11s1i1tli uma referência. cinco hereges: ,loiJ' anglicanos (um inglês e um 11ottl!·t1111cri,·tmo), ,.cm membro tltt Feder,1çâo Mundial Luterana, um do Conselho Mundial das Igrejas e um lutera· no ,le Taizé. N6s o ditemos com muita dor e para vergonha ,te nossos Bispos, que aceitaram tal situação: o nô,,o ··'Ordo'' foi fabricado com a parti<:ipt1ç,ío ,Je h ereges 1.. .]. D<ulo (Jue o nôvo ·'Onlo" ft1vorece a heresia, e tlatlo ,1ue 11e11/111m poder 110 11w11do, mesmo um Papa ou um Anjo, potle obrigar-nos li uma ,,çiio <1uc favoreça a h eresia, 116s Padres temos o grave dever, e a fortiori o têm um,bém os BisJ)OS. ,lc recust,r o nôvo ''Ordo". uma vet que. aceiuuulo-o, nos 1or11aríamos culpados dt1 heresia que êlc favorece. e esta uma <1ucsuio sôbre a qual clllla um tl,•ve de/iben1r em consciência. Quem quer que tenha tonuulo consciência dêsse dever pre.rtará conu,s " Deus tio modo pelo qual o venht1 a cumprir. Na Igreja pós-couci/iar. em que se pare• ce ,for ,anta importância ti cónsciência, s6 o ,·onsciêncfo ,los 1ratlicionalistas ,uio terá o 1lireito de ser respei1<11/a?" ( 80).

EXl•LICACOES E MOD.IFICACÕES NÃO . , 1'"'AZEM CESSAR OPOSICAO > Em vista do opos,çao com que foi recebido cm largos círculos cot61icos o nôvo "Ordo Missae" , a Santo Sé tomou várias medidas tcndcntc.s a explicar ou modificar os textos num sentido tradicional. Dentre elas de.stacam-se certas pass:agcns dos Discursos papais de 19 e 26 de novembro de 1969, bom como algumas das alterações introdu1Jdas na "lnstitutio" e no texto da Missa por ocasião da publicação do nôvo Missal. cm maio do :,no passado. A corrente favorável ao ''Ordo" de Paulo Vl tem apre-s entado êsses documentos como prova de que u doutrina tridcntina sôbre a Mis..~a não fôra contraditada pela reforma de 1969.

Os Discursos papais de 19 e 26 'de novembro de 1969 Na audiência gernl de 19 de novembro de 1969, Paulo VI declarou que a mudança introduzida na Missa "representa algo de surprcentlente e extraortlinário, uma vez que a Missa é co11sitlcr,ula <.' ómo expre.i,·,io 1rt1diciorwl e inumgí vel d<1 nosso culto religioso e tia muentid ,ltulc t/e 110.\Wtl /éu,

61) Juan A 1H01liO Widow, :irti&,o in1ituln<lo '·Ante Ja nueva Mi.sa: Por q ué la reserva'?". 1>ublic::ido n:t revis1a ...rizon:i"', Vii'ia dei M3r, Chile. n.~ 10. de abril de 1970, J>. 2.

Jean Madiran. ar1igo '''l'irer au clair la pO· sition de Taizé". ptiblic.ado na revista "hi,,éraires", Paris. n .0 143. de maio de 1970, p. 201. 64)

65)

"I~ As.ociación Argentina "Unn Vo«" su·

plica la (lerog.lción dei Novus Ord<> Mi$$ae" - doeu· mcnlo l)Ublicndo n:l$ rcvi::;,t:\$ .. Roma" , Buen os Aires, n.0 14 . de maio de 1970. p. SS. e " L:\ Ttadición", Sal1.1. ·Attt,en1ina, n.<• 100, de juoho.julho de 1970, 1>.

2. 66) Folheto ··Fomcntcrs of Schism", public;ido pelos ··s1aves of Jc-.sus 1hrough M3ry", South Dcnd, lndii11l3, J!s1ados Uoidos. 1). 8.

Depois de q ualificar como "novidade uio singn/,,,... a recente reforma da Missa. e de dizer que ela era ·'devida " uma ,Jecislío toma• tl(l pelo Concílio Ecumênico recl'nterne111e celebrado", Paulo VI prosseguiu : "Como se vê, " refornw. que está f)ara ser divulgtult1, é ti respostá á um m(llu/atlo t1utoriz.ado do Igreja. E um mo ,te obtuliência". Adiànte, disse o Santo Padre: 1'A Missa é e co111i1111á a ser a recórdação da última Ceia ,le Cristo. na <1ual o Senhor. mudando o ruio tt o ,,iuho cm seu Corpo e e1r1 seu Sangue. instiruiu o Sacrifício do Nôvo Testamento e </tlis que, pôr meio da virtu<le ,Je seu sacerd6cio, co11/eridC1 aos Apóstolos, êsse Sacrifício fôsse ren owulo em sua identidade e apenas o/er<•ci<lo ,le mp1Jo tliverso. isto é, de modo iut·ruento e sacram e1110/, para recordação percu e ,Jtle mé o ,lia de sua volta''. Paulo Vl afirmou ainda o caráter propiciatório do Sacrifício sacramental de Cristo: ''A.~ co11seqiiê11cit1s {da rcfonna] previstas, ou melhor, desejadas, são de uma participação mais inteligente, mais prática. mais t1proveitad,1, mtli.r .rantificadora dos fiéis 110 mistério litúrgico, ou, em 0t11ros têrmos, na tuulição da Palavrâ de Deus, que está ,,iva e ressoa na !,is~ tória de cada uma de nóssas ,,/ma~· e ua rea~ /idade mística do Sacrifício .racrômental e propicim6rio de Cristo" ( 81) .

li<1ue f:ludr:'li t·il dcvenir pto1c.s1ant?'', public::ido cm " La P-ensée Catholique", Paris, n.0 126-1'2·7, 3.'> 1rimcs1rt de 1970, pp. 17•19. Em írnliAnO, o documento foi d i\'ulg.ado em "Critica Cattolic:.l'', ltoin:1. n.0 6. de 1.0 de junho de 1970. pp. 14 e 16.

.

,,e.

6 1) C:artn do l..ouis Coachc nos 5çus amigos, d:11:-id:1 de S de :\btil de 1970, de Montj:woult, Frnnçn,

62) Artigo "Veí$0 Lutero'?", de. Caius. publicado na revi:a~, "Vigília Rom.lna". Roma. de JS de abril de t970, J>. 12.

Idem, ibidem.

70) Yvcs Oupont. editori::il d;1 re\'iSl a "\\101ld 1'rend:i'', Hnwchorn. Ausu-ália, de junho de 1970. 1>, 3.

69\ No1:1 complementar, J:lt:tda dé Rom:i, S dl" junho de 1970, ::.o :mito "Pour dcmc.:u r~:r bon cacho-•

Adiante. Paulo Vl se refere ao "sacertl6cio real" de todos os fiéis, que os autoriza ' 1a entrt.lt em col6q11io sobremuural com Deus, no rito ojicütl, 1,11110 do amí11cio da P,,fovra de Deus. como tlô Sacrifício Eucl1rísti<:o, /Mrtes esws de que se compúe " Missa" . Disse ainda o P;.1pa: ''Fi11alme11te, observtmdo bem, veremos 1111e a idéia fwulame11u1I ''" Missa sertí sem1n·e ,i tratlicional. não -1·6 em seu significttdo teológico, mas também em seu si~ni/icado <'Spiritual". Depois de afirmar que a nova Missa. mani fcs tará uma r iqucz.1 oinda maior do que à antiga. o Pontffice observou : "As relações da alma com Cri.t to e ,·om os irmãos tllingem assim um,, uovt, i11te11si<ltule viu,/. Cristo, Vi• tima e Sacerdóte, renova e oferece, metliantc o ministério tia Igreja, seu Sacrifício re1/entor 110 rito simb6/it:o de .ma Úlfi11w Cei'1 ,111e nos tleixt,, sob tis apari,,cià.t do pão e do vinl,o, .reu Corpo e seu Sllngue paru nosso aUm,•nto pessoal e espiritrwl e para 11ossa fusão /Ili uni,lacle tle seu amor ,·etle11tor e tle sua ,1itlll imor· u,I" (82). Na parte final de seu discurso, Paulo VI deu normas q ue vieram ampliar os casos cm que os Sacerdotes podem celebrar em latim.

Modificações nos textos do novo Misso E,n maio do ano findo, por ocasiao da edição do nôvo Missal, o público tomou conhecimento de uma nova redação da "l nstitutio" e do "Ordo" de 1969. A " Inslilutio" vinha agora precedida de um proêmio, no qual se introduziram noções que não constavam do documento: transubstancia· ção, pl'escnçá real, propiciação. Salientavamse também as idéias de sacerdócio ministerial do celebrante, de que a Missa constitui um sacrifício e uma renovação do Sacrifício da Cruz, etc. Citava-se numerosas vêzcs o Concílio de Trento. No texto da "lnstitutio" fora,n feitas algufl'ta~ modificaçõ2s. a mais importantes das c:uais diz respeito à aparente o u real definição de Missa apresentada no n.0 7. As mudanças feitas nas partes fixas da Missa são de alcance reduzido. Comentários aos Discursos pontifícios de novembro· de 1969 Um 1citor desejoso de informar·sc cuidado-

samente sôbre o assunto de que vimos tratando perguntará, sem dúvida, se os referidos Discursos de Paulo VI e as modificações introduzidas na nova Missa alcançaram seu obje.-cjvo presumível. de tornã~la aceita nos meios cm que causara tanta perplexidade e tantas objeções. Como veremos a seguir, nesses meios manteve-se intacta a persuasão de que o "Ordo" é passível de críticas. Mais ainda: nêles manifCl>tou-se de modo tão agudo a impressão da insuficiênci3 d3S aludidas intervenções da San· ta Sé, que parece ter surgido um sentimento de frustração. ou até de indignação. Tal sentido reflete-se, nos pronunciamcnios mais recentes dos opositores, com um vigor de repulsa que não encontramos nos textos até aqui citados. O leitor verá alguns exemplos disso nos ('Omentários q ue transcreveremos adiante. Devemos inicialmente observar que jã pe· las críticas à nova Missa por nós acima apresentadas, torna-se claro que os Discursos pon·

76) Pe. Hcrvé Le L:iy, :migo "l.a Nucva Misa", publicndo na re\ is1a " La Trndición", S;i11:-i, Argcntim1, n.0 100, de junho,julho de 1970, p . 16. 1

77)

"La nueva Misa", cm "La Tmdición", S-.-.ltri, 100, de junho-julho de 1970, J>. 17 •

7 1) Mensascm publicada pela revis.ta rom:.lnà "Adveni:u Reg_num· ·. :1no Ili, n. 0 1·2. J>P, 6 -7.

18) J>rof. l)r, Rcinh:1rt L.'luth. anigo "S1dh.1ng· nahmc zum ncuen órtlo missoc:" ["íomada de r>O• si5-âo em rclac:io ao ni>\'O Ordo M;úal".'"). publico.do em '"Das Zcichcn Maricns.., Rcussbuehl. lucern::i. Suíça. ano 4. n.<> 3. de julho d e 1970. p. 95'2.

72) Pc. Louis Co:ichc, declaração cm en1rcvis1a à irnprem;a, citada Por Gugliclmo Rospigliosi no :,riigo " Devo:r.ione- :,lia Chiesa".

79) Sccçlio de corrcsµondénci:'I, "From a11 quar tcn;··. da revi.Sta ··Christcndonf". Lexi1lg1on, Kcnrncky, Esrndos U1,idM, de julho de 1970, pp. 10· 14.

Cugliclmo Rospig.liosi, anigo citndo.

80) AHi80 '"l..e Nouvcl 0fllo Missac.• de Pal1I VI", publicado 11à r'Cvista "Fotts d:rns la Foi", Nan. les. Ft:inçu, n. 0 12, de stlcmbro,ournbro de 1969, PJ>, 349 • 351.,353.

73)

74) • C::irw endereçada pela Comissão Oiretoni <la Asso.;i,\cílo " Una Vocc" d:i. Wilia. ao~ sócios da cn1i d:idc: e· publicada em Ro ma, sob o 1ítulo "Salvarc l:i Messa Romana", no op,íscul o n.0 S dos "Docu mc:n1i di Um1 Vou". p. 6. 4

68) Cart:1 de .1ir Arnold Lunn. publicad:i na sccçfio "Leuers to the cdi1or" de ..The T:tblct", Londr'CS. de 6 de junho de 1970, 1>. S50.

"A novidll(/e em quesuío la n.:forma da Missa] não é pe<1uena. N,1o nos deixemos imprt!ssionar p,, fas aptlrências de suc1 form 11 extcrm, nem pelo l1borrecimento que, porve11tutt1, e/a IIOS venha li causar (, . , ), Trata•sc-• da v()11tadc de Cristo. Trata-se de ,mw inspiraçiio do Espírito Santo, que leva a Igreja a essa nwdança. Devemos reconhecer n ela ô momc,ilo profético p<Jr que pa.fsa o Corpo Místico ,le Cristo, que é o Igreja.

Argen1in11. n, 0

4

67)

Umo semana dcpoisJ na audiência geral de 26 ele novembro de 1969. Paulo VI voltou ao tema. dizendo:

'75) "The new MMs", artigo publicado pela revista "SI. Mich:'ICl's N'cws", 6t&,io da St, Micha~rs L"1;iou, Zarcph.-ith. New Jersey, Estados Unidos. vol. 4, n.0 l, julho de 1970, p. 1.

4

tH) P~wlo VI, Discurso 1Hl audiência gemi de 19 de novembr'O de 1969 - "SEOOC", Pe1rópolis. fe,·crciro de 1970, col. 929-931 .

82) Paulo VI, Discurso n:i audiência &c.:rnl de. 26 de novembro de 1969 - "SEOOC", Petrópolis, ÍC\'erci,o de 1970. cols. 932-9H.

7


AfOJLECESMO--- - - - - - * Razão dêste artigo: cumpre • que o Brasil católico nao se.Ja impedido de seguir o debate sôbre a no-va Missa cifícios de novembro de 1969 e as alterações incroduzidas em maio de 1970, não foram julgadas suficiences pelos oposicorcs do "Ordo" de Paulo V 1. Com efeico. aquelas críticas continuaram a fazcr..se 1 sempre com .idêntica argu-

mentação. mesmo após e~as datas. Feica essa observação de caráccr geral. passemos aos pronunciamentos que se referem di.. retamente aos aludidos Discursos do Papa . • Escrevendo na revista parisiense "ltinéraire.f', o Revmo. Pe. M.-L. Guérard des Lauriers, O. P., defende a tese de que o Discurso de 19 de novembro não corrigiu as ambigüidades dos textos da Missa, e de que êle mantém perigosos equívocos quanto à definição de Missa, às relações entre a Missa e a Sagrada Ceia da Quinta-Feira Sanca, etc. (83). Na conclusão de seu artigo. o reputado teólogo dominicano escreve: ··r .. .) qualquer que seja o significado cio Discurso. é im11os.rível levá-lo em consider<1ção enquanto a Constiwiç,1o "Missa/e Romanum" não houver sido ab-rogada por uma outra Constíwiçtio Apost6/ica, igual à Constituição i'Missale Romanum" no que concerrw e,o alca11ce. e ,>uri/icada de todo et1uívoco no que res· peita llO significado. O êrro em que a opirtiiio páblica foi indut ida consiste precisamente en! admitir que o Discurso torna aceitável a "ln.ftillltio''. e que a de/iniçt1o dada no Discurso substitui a tio parágrafo 7. l.fso ,u1o é a.r.rim de direito: isso não será assim tle fato: o Discurso passará, a "lnstitmio" ficará. O Discur.ro não é senão um lenitivo de ocasião, t/ue o bom !'OVO excessivamente crédulo - e não t,pe,ws êle confunde com uma correção verdadeira. Concluamos. O Discurso em ,wd<1 modi· fica as crítfoas expressas no "Breve exame" (84) . E, pelo contrário, vem c01,firmar que êste último tiniu, bom ftmdamcmto" (85). • Em outro artigo, o mesmo Pe. Guérard dcs I...auriers, O. P., escreveu: "Foi êsse PASSO l'AL.so [isto é, a modiíicação da Missa de São Pio V) retificado através ele certos "discursos'' ou comentários, por ,nais aruorizados que êsres tenlwm sitio? Absolutm11tmte mio. Os discursos .re sucedem ao longo dos dias, e pt1.rsam. A Constituição A1>ost6lica '"Missa/e Ro,nanum" re/ere-.rc à Constituiçlío Apo.rt6lica de Seio Pio V, "Quo Prim,un". Foi esta ah-rogada pôr a<Jttela?' Discutc•se. Eu não o creio. De qual<1uer forma, ao,f olhos do povo. com ou sem raz,ão, a Constiwição Apostólica "Missa/e Rommrum" reveste-se cio prestígio ela lei. A ê.ste título. na ordem dos Jatos e PARA A 0 1~1N1ÃO 1•uoucA. ela permanece" (86), • O conhecido escritor Paul Scortcsco, colaborador da revista francesa ºLumi~re", assim se pronunciou sôbrc o assunto: "No que diz respeito a essa Missa, começo por lembrar as palavras de Sua Santidade Paulo VI, de 19 de novembro de /969: "Essa modificação é surpree11de11te, extraordinária; a Missa era co11side1·atla como a expressão tradicional intocável de nosso culto religioso, da autenticiclode de nos.ra fé". - E lo o era: ela não o é mais. . . Então. por t/lUJ 1,romulgar a nova Missa? Não se compreende!" (87). • A revista ''Forts dans la Foi", dirigida pelo Pe. Noel Barbara, fêz a seguinte observação sôbrc os citados Discursos de Paulo VI : "f ... ) queremos salientar que ua ,·ealidade êsses Discul'SOS tle 19 e · 26 de novembro ,íltimo não foram inscri<loJ· no /(!XtQ oficial (da nova Missa), e que êste, não tentlo .tido corrigido num sentido católico, permanece ainda agora equívoco" (88). • Palavras do Pe. Georges de Nantes, di-

83) J>c. M.-L. Guémrd dC$ Lauric~. o. P•. artigo ··Note sur le S:1crific~... publicado cm "hinü:iircs", Paris, n.U 146, de .sc1cmbro-01Hubro de 1970, pp. 144- 148.

retor do bolecim francês "La Contre-Réforme Catholiq ue au XXeme. Siecle'": "Nesse meio tempo. o projeto de subverstlo do Missa é denunciado: ti Igreja Universal Se inquieta e freme. A luz. vai tlisJ·ipar as ti'e.. vas. . . O Papa lan~·a então ao mundo os dois Discttrsos das quartas-feiras /9 e 26 de 11(1• vembro, nos quais, deixando de fa1.,er o papel de Hamlet. êle se revela como aquêle de quem dizia sua Mãe: "u,1 uometto d; ferro'\ um homentinho de ferro. Ele impõe -SUA ,nissa, memorial tia Ceia, dissimulando•lhe o caráter "ecumênico" ou, como dit o "Courrier de Rome", ,.polivalente". Para e.,magar a oposição, êle não hesita em pronunciar contra esta as acuJ·ações mais infamantes§ e contra provas irrefutáveis, as afirmações mais falsas. ê um tecido de violê11cias i11audilas. re,1estidas de arrebatamentos lacrimejantes e sentimentais para uso <lo Pº"º· Paulo V l dec".rta 11esses Discursos. como .rendo inspirada pelo Espírito Santo. decididá pelo Corpo Episco11a/, obrigatório em consciência, a depredação de uma rradiçiio litúrgica e dogmática bimilenar. e um homem tornado Papa que se ergue contra a Igreja ele todos os tempos. Mas quem destrói a Santa Missa de Cristo, por Cristo será destruído"' (89). • Em seu número de janeiro-fevereiro de 1970, a revista belg;1 "Bullelin Indépendant d'Jnformation Catholique" publicou um editorial onde se lê: "( .. . ] o Papa - longe de levar cm conta as representações respeitosas e tlevidamente motivadas dos Cardeais Ouaviani e Bacci, bem como a indignação surgida. um pouco por tôda parte no mundo católico, em visu1 da iminêncit, da ;n,rodução obrigat6ria de uma Missa "pluraUsta" - reforçou, pelo contrário, os e'feilm: dt! sua Constituição "Miss(lle Roma11111n'" de J de abril, através de dois Discursos tão lcnitivos qcumto ti forma, quanto perturbadores quanto /ttndo, pro,, nunciados respectivamente no., dias 19 e 26 de novembro de 1969" (90).

"º

Alterações que já eram aguardadas Ances de m·ostrar como íoram recebidas pelos opositores da nova Missa as modificações introduzidas no "Ordo" de 1969, não é indiferente saber que elas já eram esperadas. • Em dezembro de l 969, quando se começava a falar em mudanças no nôvo ''Ordo". o Pe. Georges de Nantes escreveu: ''l . .. ) 8ug11i11i confcSS(l o êrro t - éle! - promete cor· rigir o texto da lnstillliç,lo já promulgado! Por seu lado, o "Consilium" [órgão da Santa Sé então incumbido da aplicação da Constituição conciliar sôbre liturgia], reunido els pre.rsas. responde hipõcritamente a ''certas dificuldades": '"De qualquer modo, m, publicação definitl\,a tio Missal Roma"º será sempre possível retocar alguma expressáo da "lnstitutio" ,,ara tornar o texto mais claro e mais compreensível".' Isso é demais para wn A to pontifício que nos era apresentado ,.:orno perfeito,· ma.r é muito pouco para um texto profundamente corrom pido pela heresia" (91 ). 8

• Alguns meses depois, quando a promulgação das alterações do nôvo "Ordo" estava iminente, o mesmo Pe. Georges de Nantes obsc1·vava: "(O Papa) tem a impresstio angus. lio.ra de que continuo de pé contra élc, em tô· da a Igreja. a denúncia do.r intenções lterétlcas da Reforma da Missa. Por essa razão, está agora decidfrlo ll corrigir a Nova Missa para aproxlmá-la da Antiga. /sJ·o foi prometido ao Cardeal 011avitmi 1..• ). O Papa deu ordens a Bugnini (à son Bugnini]: voltar-.re•á a intrO· clttzir um pouco mais ele Ofert6rio, reincrustar-.fe-ão aqui e ali a.t palavras Sacri/foio. Cruz,

37) Opúsculo "Messe: Sacrificc ou Sactit~ge?'", cd . .. Lumiêre... Ooulogne-sur-Mer, França. SClctnbro de 1970. p. 14. 88} Forts dans la Foi··, 3r1igo j;i ci1::ido. •·1..e: Nouvtl Ordo Mi1,1ac de Paul VJ", p. 350. 00

Rcfcréncia :i\o ··arevc Exame Crí1ioo do No,,us O,do Missar" de que já tratamos a nteriormente. 84)

85)

Pc. M.-L. Guérard des L3uriers, O. P.. ar-

1igo ci1:ido. ··No1e sur le Sacrifioe", J'I. 148.

89) Pc. Gcorges de Nantes. ,·migo " Paul VI CJl rébcllion conlrt: l"Eglisc", publicado no bole1im "l3 Conirc-Ré(onnc C atholiquc au XXCmc. SiCc1c Sa,int-Parrcs-lCs•V.-iudcs, Franç.-i. n.0 27, de dc1.(robro de 1969, p. 1. 00

,

86) Pc. M.· L. Guéro.rd de~ LDuricrs, O. P .... [)é. clar:uion.. já e i1ada, p. 77.

"Missa da juventude" na região parisiense. Missa· em capela reservada para estudantes em Paris.

Vtlima Smuci e Hós1ia. Negar•.w:-á tôda nova supressão. t!m ,,articular a do IAvabo. que iá ltavia ~·itlo. . . sacrificado. Total: Paulo VI, ires ,neses depois 1Je sua enorme Reforma da Missa. re/otma sua reforma no sentido da contra.reformt1. A nova quilha deverá ser con· servat!a, com sua marca de fábrica e data,· mas é preciso procurar recolocar dcmro dela, e aí rett•r, o 1:.··.spírito :- êsse Espírito inapreensível, que irrigava e fecundava a Mi.fsa em sua forma multissecular reco11hecida e estabiliwda pa· ra sempre por São Pio V , sob ameaça de maldiçiio e vingança celeste para quem a falseasse'" (92).

Reações às modificações introduzida$ na novo Missa Passemos aos documentos que dizem rcs .. peito ao texto modificado do nôvo "Ordo". • Assim se manifestou o Sr. Paul Scorte.~co: ,-,1:: o célebre méto1lo de "um 1u1sso para triis e dois para ti frente'>, cujas aplicações mostrei no opúsculo "Lcs Masques Tombent". O "proêmio" é o passo para trás. tlado par" sa· tis/tlt.er a nós, relàrdatários; os dois passos parti a /re11te consistem na nova Missa, que, para <:1/egria cios progressistas, vai sempre evoluir no mesmo sentitlo. Talvez ainda haja, ao longo do caminho, um passo pt,ra trás; e assim por diante. . . ( ... ). O proêmio acôlhe a presença espiritual dos pro1esra11tes: !'011tle dois ou três estão reunitlos ein meu nome, aí estou Eu no meio dêles". A isso. ju,iu, em .reguida a verdadeira Euca· nsua, - única tligna de Deus, Sacrifício tle seu Pilho e seu, Presença real na Hóstia,· mas chega como.,,lgo de supérfluo: não se /1,r. dá a 1>reeminência. E mio há nisJ·o uma tle,;isiio tardia. t/Ue rcm o ar de 1111ur concessiio?" (93).

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• No "'Courrier de Rome" de 1O de setembro de 1970, o Revmo. rc. Raymond Oulac comentou as modificações introduzidas na nova Missa: "Ao publicar. h á algumas semanas, uma now, ediçeio "típica'' de ~eu ··ordo Missac", a Comissão 8ug11i11i julgou, ou quis julgar, ou procurou Jazer com que J·e julgasse que algumas correções verbais i11trodr1.zidas na ·<J11stitutio Generalis" bastariam, senão para afastar os enormes defeitos do RITO. pelo menos para serenar os protestos. Mas a Comisscio evitou cuidadosamente de tocar no RITO! ... Tão pouca gente .fabe ler. . . Tão pou. cos são capazes tle meditar! . .. T,lo numerosos são aquêles que ,u1o querem ser perturbados cm sua quietude! . . . Tão numerosos stío os

/axos que tlescarregom as responsabilidades de .reu Batismo e de .rua Confirmaç,ío sôbre OJ "te6logos" ou os Bispos. Apressemo-nos em dit.ê-lo: ,, edição ''típi· ca" do nôvo "'Ordo Missae". destinada ti adarar, cm 1970, " edição já "rípica·· de 1969, é um escárnio: com Deu.~- e par<1 com o ''povo de Deus". Os emendadores de [970 nado emendaram 110 Rl1'0 de .ma Missa polivalente. Use rito continua a co11ter um pecado origi11al <1ue circ,mcis,io alguma .rerá jamais capaz tle suprimif: o pecado de ter querido fabricar . uma 'ºmissa" passe-partout, apta a ser celebrada por um católico e por rm1 protestante. é11quanto a.r orações do OFERTÓRIO do Missal de São Pio V não houverem sido reiritroduz,idaJ-. em seus têrmos seculares. continuaremos, firmemente. a SUSPEITAR do n6vo "Ordo Missae" e a RECUSÁ·LO. - Recu~·amo-lo. ltoje como ontem" (94).

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• O Pe. Georgcs de Nantes, por sua vez, escreveu: "(O nôvo Missal), dando testemunho de que tinham fundame1110 as críticas que lhe /oram feiras, abre-s.e com um preâmbulo à Apre• semaçüo geral já conhecida e que havia su:rciftulo jusltls tempestades. ,li uma imrodução à introdução, uma justificação do injustificado e do inju.ftificávcl. Foi necessário acrescentar a êsse texto duvidoso uma série de afirmações preliminares para compensar prCviamcnte suas lacuna.r. l.r.,·o et;uivnlc a dizer que êsse preâmbulo. deve t1/irmar o que está negado ou omitido delibertltla,llente no texto primitivo que não se quer retratar ou corrigir. Com ês..re acréscimo, o Missal de Paulo VI está para sempre marcado por sua falta o,.iginal, como wna obra de reforma contestada desde o início. f ... J vemos bem que a única intenção do Re/ormlldor romano consiste em fa1.,cr calar a crítica. apresentando-lhe meditlas ilusórias de apaziguamento. f .. . J De minlw parte, julgo que a modifiCllÇ<io [do número 7 da "lnstitutio"] é mais hábil tio Que orto<loxa, e, em todo o caso, não é .,incera" (95) .

CONCLIJSÃO Uma vez ana.lisado o presente artigo. o leitor brasileiro - calvez desconcertado por se ver informado com canto atraso sôbre tôda essa rnassa de fatos - naturalmente perguntará: que se há de concluir diante dêsscs fatos? Como é óbvio, não compete, a um artigo de natureza meramente documentária. respon· der a essa pergunta. t ao leitor que caberá formar seu próprio juízo, com base nos dados que aqui apresentan-1os, bem como cm outros que possua. Coni efeito, não pretendemos que os elementos constantes dêste artigo sejam suficientes, só por si, para justificar uma conclusão. Mas cremos que, somados a outros, serão úteis para dar, como fundamento a uma eventual conclusão, a devida amplitude de horizontes, suprindo, assim, uma deficiência de informação que se vem verificando em nosso meio. Nem poderia ir além, aliás. a ambição de um artigo meramente documentário.

Talvez não seja de todo supérfluo relembrar o que dissemos de início: se. entre as declarações aqui transcritas algumas hã que são pouco respeitosas para com a Autoridade Eclesiástica, foi-nos imposto citá-las pela própria natureza do presente trabalho. Se êste não desse · acolhida · a tais pronuncia_mentos, deixaria de ser fiel à sua missão (undamental de informar o público sôbrc tôdas as reações que a nova Missa vem encontrando. Assumindo um cunho seletivo' que não lhe compete, prejudicaria sua nota documcntária. Esperamos, pois, que êste artigo de algum modo contribua para que nossos meios católicos, bem informados, possam daqui por diante acompanhar os importantes debates que se travam fora do País sôbre a questão da nova liturgia da Missa.

90) Artigo in1itulado .. A 1>ropos de J'ins1aura1io n du Nouvcl 0ftio Mlssaeº', de te._1;p0ns.,bili<l:idc da tcdaçâo do "Bu.llctin lndépendant d'Jníormtl.lion Cnlholiquc''. Bnixtl:is., n.0 SJ-S4, de janciro-fext:reiro de 1970, p. 2 .

91) Pnul Scot1csco. opúsculo j6. citado. ··Messe: SncTiíicc o u S.-ic,ilCgc?'", J)p. 14· 1S.

91) Pc. Gcorgcs de N.-in1c:s., 3tli&o já c it.ulo, ··Paul VI tn rél>cllion con1rc l'Eglisc"', p. 1.

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92) Pc. Georgcs de Nantc..,;, artigo problema crucial". public.ido cm ""L,3 Contrarrcíormà Católica cn cl Siglo xx··, Madrid, n.0 3. de m3io de 1970, p. li.

94) Pc. R3ymond Dulac, nrtigo '"La nouvclle 1>rf.scnta1ion du nou,·el Ordo MisSbtº', publicado cm ··courricr de Rome.., Paris, n.0 74, de 10 de setembro de 1970. p. 8. 95) Pc. Geor3cs de Nantes. artigo '"Lc riouvcau Missei romain conlesté jusli!ié"'. publicado no bolc1im ··La Conire-Réforme Calholique au XX~me. Si~clc", Saint•Parrcs•IC:s•Vaudes, França, n.0 34 1 de julho de 1970, pp. 13- 14.


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Neocomungante francês: o catecismo que o Episcopado de seu país lhe impõe é "cismático e herético, e lev a portanto à apostasia"?

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EPOIS DO escândalo dado ao n1ttndo pelo "Nôvo Catecismo" holandês, outra obra do gênero veio causar profunda comoção em largos c'irculos católicos da França. Trata-se do "Fonds obligatoire à )'usage des auteurs d'adaptations/ Catéchisme français du Cours Moyen", dado a lume em 1967 sob o no1ne da Assembléia Plenária do Episcopado Francês. Essa pu blicação, como está expresso em seu título, é de uso obrigatório em tôda a França para o ensino religioso do curso médio, ou seja, para crianças de 9 a II anos. Apesar de prestigiado por um tão alto organismo eclesiástico, o Nôvo Catecis1no francês - como se tornou ~ais conhecido - foi desde logo impugnado e provocou os mais vivos protestos. Uma conhecida revista cató' cismático porque rompe com o passado; é lica francesa afirmou dêle: "E herético por diferir do dogma e da moral tradicionais; e leva portanto à apostasia". Como seu s'imile h olandês, o "Fu.n do obrigatório" e.m prega, segu ndo expressão de outra revista, a "mesma técnica da "ambigüidade" que permite semear tranqüilamente o êrro nos espiritos".

" Ple urant " de Claus Sluter (século XVJ: que alma fiel não verterá lágrimas de dor e aflição quando Bispos mandam ensinar o êrro às crianças?

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A PBOPOSITO DO NOVO (}ATECISMO FBA.NCES

AS BASES

UERE DE AO COMPREENDERA e m tôda a sua profundidade o fenômeno do progressismo quem não se capacitar do aspecto · conspiratório e universal que faz dêle uma trama destinada a destruir, se pudesse, os próprios fundamentos da Santa Igreja, para em seu lugar erigir uma nova religião, desalienada, dessacralizada, igualitária e gnóstica, posta a serviço do oniarca totalitário com cujo advento sonham os mentores dessa conjuração. Os leitores dêsse jornal já tomaram conhecimento, em suas linhas principais, dos erros doutrioádos que essa corrente de falsos profetas está espalhando por tôda parte atráves do "Nôvo Catecismo" holândes, "a Fé para adultos". Ocupamos-nos do assunto nos números 224, 228 e 231 de "Catolicismo", respectivamente de agôsto e dezembro de 1969 e março de 1970 ( 1.) . Queremos hoje focalizar outro instrumento da campanha que visa inculcar noções heréticas e hcrctizantes ao povo fiel, seja por ação, seja por omissão. Desta vez também nos achamos cm face de um nôvo catecismo, destinado, porém, não mais a adultos, mas a crianças: trata-se do chamado Nôvo Catecismo fra11cês, ou seja, o "FONDS OBLIGATOtRE À L'USAGE DES AUTEURS D' ADAPTATIONS / CATtCHISME FRANÇAIS DU CouRs MOYEN", publicado sob a forma de um volume de 158 páginas, tendo no alto da primeira, à maneira de nome do autor, a indicação: Assembléia Plenária do Episcopado Fra11cês. Nas páginas 3 a 6 lê-se uma "Liminar" assinada por Mons. Louis Fcrrand Arcebispo de Tours e Presidente da Comissão Episcopal do Ensino Religioso. Na última capa está consignado que o volume constitui o suplemento n. 0 29, de outubro de 1967, de "Catechese", "revista trimestral de pastoral catequética", editada em Paris "sob o patrocínio da Comissão Nadonal do E11si110 R eligioso, com o co11c11rso do l11stituto Superior de Pastoral Catequética de Paris". - O curso médio a que êsse livro se destina corresponde a crianças de 9 a 11 anos de idade. Explicando o "Caráter particular" do texto, a ''LimÍlwr'' esclarece que unão se trata de um instrtunento des tinado direta111e111e às crianças e aos catequistas, ,nas de um F1111do obrigatório que os autores tle obras de e11l·i110 religioso para o curso médio deve111 fazer circular em suas produções" (p. 3 ).

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"Não é a mesma religião" Apesar de o livro vir aprovado e prestigiado por tão altas Autoridades Eclesiás-

J ) Após a publicação dessa série de três artigos, tomamos conhecimento de um opúsculo intitulado "A FÉ PARA ADULTOS Nôvo CATECISMO - SUPLEMENTO" (Editôra Herder, São Paulo, 1970) e destinado a corrigir "tôdas as portes controvertidas" do "Nôvo Catecismo" holandês, conforme consta de nota introdutória de Sua Eminência o Cardeal Agnelo Rossi, então Arcebispo de São Paulo. E ntretanto, neste cotêjo que agora fazemos do "Fundo obrigatório" francês com o Catecismo de Nimega, tomamos por base a versão original dêste e m poturguês, publicada no Brasil pela mesma Editôra Herder, pois nosso fito é demonstrar a identidade que há entre as d uas obras, conforme as imaginaram e escreveram seus respectivos autores. Quanto a êsse "Suplemento", oportunamente dêle nos ocuparemos, para mostrar que infelizmente não expurga o "Nôvo Catecismo" holandês de todos os seus graves erros.

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NOVA REI.IGIÃO? ticas, a revista º Documcnts-Paternité", após exaustiva análise do texto, classifica êsse Nôvo Catecismo do seguinte modo : "8 cis111ático porque rompe co111 o passado; é herético por diferir do dogma e da moral tradicio11ais; e leva porta11do à apostasia" ("Doc.-Pat." n.0 135, de outubro de 1968, 2. a parte, p. 34). Fazendo um paralelo entre os Novos Catecismos holandês e francês, diz a revista "Défense du Foyer": "Dos dois lados os erros são os 111esmos: os mesmos dogmas são atacados, do mesmo n,odo insidioso, por meio da ,nesma técnica da "a111bigüidade" que permite se111ear 1ra11qiiilame111e o êrro 110s espíritos, sem prejuízo de se protestar boa fé q11a11do se é acusado" ("Déf. du Foyer", n.0 101, de dezembro de 1968, p. 423. E o Sr. Jean Madiran estabelece outro confronto, não menos impressionante: "E11tre o Catecismo · Roma110 de São Pio X. de um /tufo, e o "F1111do obrigatório" do nacio11al-carecismo fra11cês, de 0111,0 lado, vemos be111 uma diferença de "ótica catequética". Esse11cialme111e e a11tes de tudo, essa difere11ça co11siste em que NÃO É A MESMA RELIGIÃO que é ensi11ada por 11111 e que é e11si11ada pelo 0111,0. Tal é o extraordi11ário caso de co11sciê11cia que hoje se põe a todos os católicos da Fra11ça" ("ltinéraircs", suplemento do n.0 121, de março de 1968, p. 22). Que não se trata da mesma religião, não falta entre os partidários do Nôvo Catecismo quem também o confesse. Assim, em entrevista publicada por "L'Echo", de Paris, em outubro de 1968, o Revmo. Pe. M. Saudreau, membro do Comité de Direção de "Catechese", a revista que editou essa obra, revela o seguinte: "Muitos pais já se acham fa,niliarizados com os métodos novos, pois algu111as paróquias os 11tiliza111 há vários anos. Dissera,n-nie até, muitas vêzes: "Não é a ,nesn,a religião que nos ensi11ara111 no catecismo. Mas aquela nos parece muito mais verdadeira e 11111ito mais próxima d" vida" (apud " Documents-Paternité", n.0 cit., I.ª parte, p. 8). O conhecido progressista Sr. Henri Fesquet deu seu testemunho no mesmo sentido quando da elaboração dessa obra deletéria, antes ainda de sua publicação oficial. Disse êle a respeito do "Fundo obrigatório", em "Le Monde" de 8 de dezembro de J 966 (apud "ltinéraircs", n. 0 cit. , pp. 1-2): " Desapareceu " 11oção de pecado ,nortal, uio traumatiza,ue para as cria11ças. ( ... ] Não mais se fa la de pecado venial, não há defi11ição do pecado original. [ ... ) A expressão ''/11,aculada Conceição", julgada muito difícil, não foi mantida" . Pelo visto, para o Sr. Fesquet o que traumatiza as crianças não é o pecado mortal, mas o fato de dêle terem noção. E que dizer da dificuldade q ue julga existir para as crianças modernas em compreender a expressão Imaculada Co11ceição, quando a Santíssima Virgem a empregou ao se dirigir à jovem analfabeta e inculta que e ntão era Bernadette Soubirous? Mais ainda, continua o Sr. Fesquet :"O próprio 11ome do diabo 011 do demônio 011 do espírito do mal não é 1ne11cio11ado. ( . . . ) O a111igo capítulo sôbre os Anjos e os demô11ios foi supresso. Só o Anjo Gabriel da Anunciação per11ianece mencionado. Os famosos "A njos da Guarda" que embalaram a infância das gerações anteriores não mais figuram nesse fundo obrigatório". Assinala também o colaborador de "Le Monde": "Tôda questão relativa ao inferno desa,,a,eceu, bem co,110 a defi11ição dêste co,110 lugar de 1orme11tos, de sofri,11e11to e de fogo. ( ... ) Não se aborda a questão da eternidade das pe11as do i11fer110".

Como se vê por essa apreciação de um progressista, o plano do Nôvo Catecismo francês para crianças é, em suas linhas gerais, o mesmo do seu similar holandês para adultos. Por outras palavras, não se trataria de ocultar às crianças conhecimentos para os quais os pedagogos progressistas possam sustentar que elas não se acham preparadas, rnas de permanentemente eliminar da doutrina católica certas verdades fundamentais, o que indica que tanto na Holanda como na França a preocupação é a mesma de lançar as bases de uma nova religião. Cingidos aos estreitos limites de um artigo de jornal, procuraremos apresentar aos nossos leitores alguns dêsses pontos· que mostram a afinidade do "Fundo obrigatório" francês com o "Nôvo Catecismo" neerlandês.

Queda dos homens em Adão O Nôvo Catecismo gaulês simplesmente elimina dos trechos do Velho Testamento a serem usados no ensino religioso tudo aquilo que não convém aos planos de fundar uma nova religião. Assim, do relato da criação que aparece no Livro do Gênesis, não reproduz êle nenhuma alusão à q ueda de Adão. De Gen. 1, 3-25 e 26-31 , que trata da criação do homem, salta-se para Gen. 12, 1-5, que se refere à vocação de Abraão (pp. 37-38 do "Fundo obrigatório"). Que essa omissão foi voluntária, vê-se bem mais adiante, no item sob o título de "Valo, 1111iversal da morte de Jesus e pecado originar•, como passaremos a mostrar. Está dito nesse tópico que "desde a orige111 tia h11ma11idade, desde o primeiro homen,, o pecado se achava prese111e 110 mw,do" (p. 123 ) . Mas como e quando nêle teve entrada? Houve um momento a partir do qual o homem começou a pecar, ou o pecado existiu desde o primeiro instante de sua vida, como o texto parece afirmar? Mais ainda. Segundo o ''Fundo obrigatório", dever-se-á evitar a apresentação do pecado origina) "silnples,nente co,no runa tara hereditária" (loc. cit.) . Tudo leva a crer, portanto, que o pecado é inerente à natureza humana, êrro próprio do gnosticismo. Reforçando essa noção herética do pecado original e para se esquivarem de declarar que a morte é conseqüência dêlc, truncam e deforma m os autores outros trechos da Sagrada Escritura. Com efeito, à página 66 é citado como "for11111lação obrigatória" do capítulo 5, versículo 12, da Epístola aos Romanos o seguinte: "Por w11 s6 homem., o pecado e a ,norte entrara,n no 1n1111do", quando o que afirma São Paulo é bem diferente: "Portanto•. assim como por 11111 s6 ho1nem entro u o pecado 11este mu11do., e ,,elo pecado a ,norte, assim passou a morte a todos os home11s [por aquêle homem] 110 qual todos pecaram" (Rom. 5, 12), por onde o Apóstolo claramente dá a morte como conseqüência do pecado o riginal. Dizer unicamente que "por um só homem o pecf1do e a n1orte entrara,n no 11111ndo 11 não mostra

essa relação de causa e efeito, mas apenas enuncia que desde o início o homem se acha sujeito a pecar e a morrer, com o que nada se dá a entender com relação ao estado de santidade e de justiça cm que Deus colocara Adão antes da queda. ÊSSe dogma fundamental do pecado original, sôbre o q ual o "Fundo obrigatório" francês lança tão espessa cortina de fumaça, é frontalmente negado pelo "Nôvo Catecismo" holandês. Rejeitam os falsos profetas de Nimega o estado primitivo de inocência do homem, antes do pecado, com as seguintes claras palavras: ·'Não devemos supor

que, 110 pri11cípio, te11ha havido para êle [o homem) 111n estado de i11tegridade paradislaca e de imortalidade" ( Ed. Herder, S. Paulo, 1969, p. 314).

A Redenção Ora, a se considerar a morte e o pecado como inerentes à natureza humana, que é o êrro próprio do maniqueísmo, a queda dos homens em Adão é negada, e a doutrina católica da Redenção se torna obscura e sem sentido. Esta conclusão a que chegamos com referência ao " Nôvo Catecismo" holandês, também se aplica, ponto por ponto, a êsse lamentável "Fundo obrigatório" destinado às crianças francesas. Por onde se vê a tendência gnóstico-maniquéia de ambas as obras. Há quem sustente que a doutrina sôbrc o pecado original contida na Epistola aos Romanos é proposta às crianças pelo "Fundo obrigatório", o que é falso, pois, corno acabamos de ver, a parte principal do texto de São Paulo se acha ausente da versão dada pelos autores, à página 66. E a falsificação se estende ao que diz o Apóstolo a respeito da Redenção que nos trouxe o Filho de Deus. Cita o "Fundo obrigatório" como se fôsse o versículo 15 do capitulo 5 da mesma Epístola aos Romanos o seguinte: "Mas, bem mais ainda, por 11m só home111, por Jes11s Cristo, Deus dá a vida a todos os hoJ1Íe11s" ( p. 66) . E is o que na realidade diz São Paulo : " Mas o dom não é como o pecado, porque, se pelo pecado de 11111 morreram 11111itos, 11111ito mais a graça de Deus e o don, são, pela graça de wn s6 ho111em, [que é] Jesus Cristo, ab11nda11te111e111e espa//iados sôbre muitos'' (Rom. 5, 15). Sem falar que o "Fundo obrigatório" omite completamente os versículos 18 e 19, que mais esclarecem essa mediação de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Por i.sso, como pelo pecado de um s6 i11correraJ11 todos os ho,11ens co11denação, assim pela justiça de um s6 recebem todos os homens a justificação que dá a vida. Porque, assi111 como pela desobetliê11cia de 11111 só, muitos se 1or11aram pecadores, assim, pela obediência de 11111 só, 111ui1os virão a ser justos" (Rom. 5, 18-19). Como vemos, está sempre presente a preocupação dos autores do "Fundo obrigatório" de ocultar o verdadeiro sentido da Redenção através d a qual Nosso Senhor Jesus Cristo nos restituíu a graça perdida pelo pecado de Adão.

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Deus e Homem verdadeiro Atentemos, também, para êste importantíssimo ponto: em nenhum lugar do "Fundo obrigatório" é dito que Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus e Homem verdadeiro. A palavra Deus, ao longo de todo o livro somente se refere a Deus Padre, sendo completamente omitida a confissão do que está expresso no Símbolo de Nicéia-Constantinopla: "Creio 1... ] em um só Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito d e Deus, 11ascido do Pai, antes de rodos os séculos, Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro1'. E is uma amostra do cuidado caviloso com que o Nôvo Ca1ecismo trata da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade: "Cuidar-seá de utilizar sempre uma linguagem exata para falar do Pai e de Jesus seu Filho. Falar-se-á de Deus Pai, tio Pai de Jesus, de nosso Pai; falar-se-á de Jesus, do Filho do Pai 011 Filho de Deus, do Enviado do Pai; [ .. . ]. Expressões tais como: viver com Deus 11osso Pai, conhecê-lo e a111á-lo, ser da família de Deus, mostrarão qut so111os cha-


mados a ser filhos do Pai co111 Jesus. Essas expressões serão completadas pela palavra "irmãos", que precisa nossa situação de filhos de Deus. Cuidar-se-á entretanto de não 110s ide11tificar a n6s com o Filho: haveria então o risco de que as crianças illvertessern a identificação e não fizessem de Jesus senão o primeiro dos ho111ens" (p. 108). A menos que o desejo seja mesmo de não confessar a verdade, não seria mais simples repetir a doutrina católica e dizer claramente, sem subterfúgios, que o Filho também é Deus verdadeiro, consubstancial ao Pai? A Mãe de Deus O que reforça essa impressão de que os autores deliberaram deixar de confessar a divindade do Filho de Deus, é que em nenhum lugar do "Fundo obrigatório" se diz que a Virgem Maria é Mãe de Deus, como expressamente o declara o Dogma católico. Nossa Senhora aparece como "Maria, mãe de Jesus" (pp. 83 e 153), "a Virgem Maria ,i u111a ;ovem da Palesti11a, que Deus escolheu para ser a mãe de Jesus" (p. 90); "o filho de Deus veio ao mu11do, nasceu da Virge111 Maria (fêz-se home,11)" (p. 115); etc. Ora, se o Nôvo Catecismo não ensina aberta e claramente que Nosso Senhor Jesus Cristo, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, "é perfeita111e11te igual às duas outras Pessoas Divinas, [ ... J porque em tôdas Elas reconhecemos a existência de uma só natureza, de uma s6 vontade, de um s6 poder" (Catecismo Romano, 1-111-8-a), é coerente que negue à Santíssima Virgem seu maior atributo, que é o de ser a Mãe de Deus, negação essa que constitui também êrro próprio de tôdas as heresias gnósticas. O "Fundo obrigatório" tampouco se refere explicitamente a outro privilégio da Mãe de Deus, que é o de sua Imaculada Conceição. Não reconhece êle cm têrmos exatos, como vimos, o dogma do pecado original, mesmo porque não faz a menor referência ao estado de justiça e santidade cm que Deus havia constituído o homem e no qual fêz nascer Aquela que ia ser a Mãe de seu Filho Unigênito. Como se saem dessa dificuldade os autores do Nôvo Catecismo francês? Assim: "A prese11tar-se-á Maria 11a idéia de Deus. Ele quis fazer dela a mãe de Jesus e, para isso, preservou-a de todo pecado, fê-la "cheia de graça"; pelo Espírito Sa11to, fêz de Maria se111pre virgem a mãe de 11osso Salvador" ( p. 83). Como se vê, ainda aqui se procura escamotear o que claramente ensina o dogma da Imaculada Conceição de Maria, isto é, que Nossa Senhora foi concebida sem a mancha da culpa original. Deus não A preservou de "todo pecado" no sentido apenas de evitar que Ela pecasse, mas sobretudo no sentido de que Ela foi santificada no próprio seio materno e preservada do pecado original desde o primeiro instante de sua conceição. Argumentar-se-á que, dizendo o Nôvo Catecismo "todo pecado", estaria na intenção dos seus autores incluir o pecado original nesse "todo", - mas acontece que o pecado original se acha fora da cogitação do " Fundo obrigatório". Daí ficar sem sentido a Imaculada Conceição da Santíssima Virgem no texto dêsse estranho Catecismo francês, sendo muito coerente a omissão dessa expressão em suas páginas. Ora, quem não confessa clara e integralmente o dogma da Maternidade Divina, e nega o pecado original no sentido da queda e da culpa hereditária transmitida a todos os homens, é eviden1e que não pode ter um conceilo ortodoxo da Encarnação do Verbo ou do papel da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade na Redenção. ~se o ponto fundamental em que o "Fundo obrigatório" desvia as almas das crianças da Verdade que nos ensina a Santa Igreja em seu magistério infalível.

Anjos e demônios Pouco fala o "Fundo obrigatório" a respeito dos Anjos. Há uma vaga referência à sua criação, nos seguintes têrmos: "Cremos que Deus criou o mu11do e111 e para Cristo; Jesus ressuscitado foi estabelecido Senhor de tôda a criação: dos A11;os, dos homens e das coisas" (p. 95). Nada porém sôbre a natureza e sôbre o ministério dos sêres angélicos, parte integrante da doutrina católica. O Anjo Gabriel é mencionado no texto evangélico (truncado) da Anunciação (p.

46) . Também são citados os Anjos que se manifestam aos pastores de Belém na narrativa do Evangelista São Lucas (p. 47). E é só. Igual tratamento é dado aos anjos maus, isto é, dêles não se cogita a não ser na transcrição do · texto evangélico da tentação no deserto, em que aparece Satanás, o tentador ( pp. 48-49), e em uma referência ao "reino de Sata11ás" (p. 123). De modo que o Sr. Fesquet tem tôcla a razão: "o antigo capitulo sôbre os An;os e os demônios foi supresso", do mesmo modo que no "Nôvo Catecismo" holandês seus autores declaram não saber se a existência dos espíritos angélicos não será mera hipótese pertencente à velha concepção do mundo que dominaria a Sagrada Escritura (pp. 553-554).

A alma sepa rada do carpo Os autores do "Fundo obrigatório", tais como seus comparsas do "Nôvo Catecismo" de Nimega, não gostam de falar na alma do homem. 8 palavra riscada do texto francês, a não ser para consignar a seguinte ressalva: "Por fim, não se fará dicotomia 11a apresentação da natureza humana. Se é normal que se precisem as categorias espírito e corpo, cuidar-se-á de fazer uma catequese unificada do home,11, mostrando a complernentaridade e a relação de suas atividades corporais e espirituais. Deus chama a si o homem total, "corpo e alma, mas verdadeiramente um" (Vaticano li, "Gaudium et Spes", 11. 0 14)" (p. 97). Onde o "Nôvo Catecismo" holandês é claro, negando frontalmente a existência da alma separada do corpo, entre a morte e a ressurreição da carne, o "Fundo obrigatório" emprega essa linguagem vaga, que parece proibir que se fale às crianças nessa separação.

O Purgatório e o inferno Enquanto o "Nôvo Catecismo" holandês nega escancaradamente a existência do Purgatório como "11ovissimo à parte" (p. 549), seu similar francês simplesmente a êle não faz a menor referência. O "Nôvo Catecismo" holandês nega a realidade das penas do inferno como manifestação da Justiça Divina. O inferno não seria um lugar de castigo e sofrimento, mas um "estado de endureci,uento eterno" para os que perseveram cm viver cm inimizade com Deus {p. 523 ). O "Fundo obrigatório" diz coisa parecida no único trecho em que fala do inferno: "[ ... J os que se recusam até o fim a conhecer a Deus, a amá.Lo e a amar os outros, êsses não podem viver co111 Deus, permanecerão longe de De11s; aq11ilo que se denomina o i11fer110" (p. 138). O inferno, portanto, não seria um lugar de castigos eternos, mas simplesmente a posição daqueles que permanecem longe de Deus. Logo após, ao apresentar a "formulação obrigat6ria" do texto de São Mateus que descreve o Juizo Final, o Catecismo cit:, (p. 140) o destino dos bem-aventurados que o Filho de Deus colocará à sua direita (Mat. 25, 31-40), mas completamente omite o trecho relativo nos precitos que serão colocados à sua esquerda, o qual reza : "Apartai-vos de Mim, ,na/ditos, para o fogo eterno, que foi preparado para o demônio e ,,ara os seus a11;os" (Mat. 25, 41 ). :rambém aqui tem razão o Sr. Fesquet: o inferno d_esapareceu dêsse Catecismo francês.

A ressurreição da ca rne Os autores do "Nôvo Catecismo" holandês incidem na heresia de Himeneu e Fileto, a que faz alusão o Apóstolo São Paulo (2 Tim. 2, 17-18), pois dizem: "A existência depois da 111orte iá é algo 110 sentido tia ressurreição do 11ôvo corpo. Esse corpo da ressurreição não é o das moléculas, dispersas na terra, co,no ainda veren,os ,nais 111i11uciosame11te. Os falecidos começam a acordar como homens novos" (pp. 544-545). E mais adiante : "Não se trata de reconstrução de nosso corpo terrestre. [ ... ) T rata-se da consumação de nosso corpo espiritual" (p. 550) . Em que consiste êste corpo espiritual ( ou pneumático), os teólogos de Nin1ega não o esclarecem. O que ficamos sabendo sem sombra de dúvida é que êles não admitem a alma separada do corpo,

mesmo provisoriamente, enquanto aguarda o Juízo Final, segundo a clara lição da Igreja. O "Fundo obrigatório" não fala em ressurceição da carne, mas simplesmente em ressurreição do corpo: "Por fim, nosso pr6prio corpo é obíeto de uma atenção nova: santificado pela água do Batis1110, pelos Sacramentos, expri111indo nossa oração e nossa caridade, é corpo de filho de Deus, chamado à g/6ria da Ress11rreição no mundo que há de vir (p. 125). Considerando que os autores não admitem a alma separada do corpo, não estaremos aqui diante' do "corpo espiritual" ou pneumático dos "homens novos"? Tudo leva a crer que o " Fundo obrigatório" também neste ponto segue a linha dos mestres neerlandeses. Mesmo porque fala num misterioso "Mundo nôvo", "senz lágri,nas, nem dôres, ne,n pecado", que "iá começou e se prepara at11al,ne11te'' (p. 125), e que muito se parece com as utopias milenadstas e com as elucubrações gn6sticas, evolucionistas e social.istas do Padre Teilhafd de Chardin.

O Sacrifício da Cruz Vejamos agora como ao "Fundo obrigatório" fepugna dar a verdadeira noção do Sacrifício do Calvário. Partindo do fato de que a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo são dois aspectos complementares de um mesmo mistério, saltam sofisticamcnte os autores para a seguinte conclusão: "Terse-á portanto o cuidado de iniciar as crianças 11esse senso do Mistério da Páscoa de Jes11s, ligando os dois aspectos sempre que se tratar da Paixão e da Resurreição 011 que 011vir111os Jesus dar o sentido de sua vida" (p. 121 ). E insistem em que as crianças "têm uma gra11dlssima tlific11ltlade em dar seu sentido exato à expressão evu11gélica "Jesus faz a vontade do Pai", aplicada à Paixão. Quando o Pai lhes é apresentado como aq11êle que dese;a a morte de seu Filho, a afirmação suscita nelas quase sempre a imagem do pai-carrasco" (loc. cit.). Mais ainda; pelo fato de Nosso Senhor Jesus Cristo haver dito: " [Minha vida] 11i11g11étn Ma tira de Mim, mas E11 por Mim mesmo a do11" (Jo. 10, 18), argumenta.m os autores do "Fundo obrigatório": "Esse po11to é do11tri11àriame11te importante, êle o é também pedagogicame11te: a cria11ça 11ão pode dar sua confiança a alguén1 que seria a seus olhos uma "vitima'\ 110 se11tido passivo da palavra" (p. 122). Estamos aqui diante de várias enormidades. Em primeiro lugar, essa de ocultar às crianças os sofrimentos de Nosso Senhor em si mesmos considerados, associando sempre a Paixão à Páscoa. Como bem acentua o Catecismo Romano, "quem q11iser saber por que ra'l.iio o Filho de Deus se suieitou ao mais cruel dos sofrimentos verá que, além da culpa hereditária de nossos primeiros pais, a causa principal são os vícios e pecados que os home11s cometeram, desde a origem do 1111111do até a presente data, e os que hão de cometer futuramente, até a consumação dos séculos" (I-V-11 ). Portanto, conforme a doutrina católica, não foi Deus Padre que desejou pregar seu Unigênito na Cruz, mas a êsse desígnio O levou nossa maldade, de modo que o ensino do Catecismo tradicional nunca suscitou nem suscitará nos espíritos infantis a monstruosa idéia de considerar Deus Padre como carrasco pelo fato de Deus Filho satisfazerLhe a santíssima vontade no Calvário. Quanto a ninguém poder tirar a vida do Filho de De us, porque Êle mesmo é que a deu por nós, é claro que isto não dependeu da vontade e da maldade dos homens, dêsses mesmos que O odiaram sem motivo (Jo. 15, 25) , e nem Lhe tira a passividade com que Ble, Vítima inocente, expiou todos os nossos crimes: "Foi oferecido [em sacrifício] porque Ele mesmo quis, e não abri11 a suá hôca; como uma ovelha q11e é levada ao matadouro, e como um cordeiro dia11te do q11e o tosquia, guardou si/ê11cio e 11ão abriu sequer a sua bôca. [ ... ) Porque Ele foi cortado da terra dos vive11tes; Eu O feri por causa da 111aldade do me11 povo" (Is. 53, 7-8). Por que oão oferecer às crianças essa verdadeira imagem do Filho de Deus, vítima dos pecadores? Serão elas imunes ao pecado, para que não as convidemos à compunção diante da Paixão de nosso Salvador?

O que fazem os autores tanto do "Nôvo Catecismo" holandês quanto do " Fundo obrigatório" francês é repet.ir a velha e desmoralizada visão gnóstica do "Cristo glorioso", em uma tentativa de apagaf da mente dos fiéis a figura ensanguentada de Cristo crucificado, como se houvesse contradição entre os tormentos da Paixão e o triunfo da Ressurreição. ~ repúdio do Sacrifício da Cruz, da imolação expiatória, da necessidade de sofrimentos e da Paixão e Morte de Jesus Cristo tira o vefdadeiro sentido da Redenção, o que é muito coerente por parte dêsses criadores de uma nova religião em que é negado o pecado original, e em que o futuro dos homens não é dado pelos Novíssimos, mas pela mágica da "Evo/11ção criadora". Para essas mentes doentias, o essencial da Páscoa, realizado na comunhão ou ágape, vem a ser a promessa da "verdadeira vida e felicidade" (p. 121 ), o "penhor da vida nova à qual sornos chamados" (p. 125), a certeza do sucesso ( p. 124), da instauração de um "M1111do nôvo" sôbre a terra, "seni lágrilnas, ne,n dôres, nen, peca· do" (p. 125), com eliminação de tudo que possa impedir a fraternidade universal prometida pela Revolução. Nada de vale de lágrimas ou de uma felicidade extraterrena. Levantemos por aqui mesmo as nossas tendas. . . ~, sem tirar nem pôr, o "paraíso" helderiano a ser conseguido pela desalienação da humanidade, libertando-a das malhas da Igreja constantiniana, posta ao serviço do capitalismo colonizador.

Diante de quadro tão desolador, é natural que indaguem nossos leitores: depois do escândalo dado ao mundo pelo famigerado "Nôvo Catecismo" holandês, como pode uma abominação de igual porte acontecer, com tôdas as evidências de impunidade, na terra de São Lu.ís, na nobre nação dos francos, Filha primogênita da Igreja? Reconfortam-nos as repercussões desfavoráveis que partiram de elementos representativos do Clero e do laicato francês. Não faltaram protestos, nem comovedores apelos à Hierarquia e à própria Santa Sé, entre os quais destacamos os seguintes: carta aberta do saudoso teólogo Pe. Berto, ao Emmo. Cardeal Lefebvre; carta do Sr. Pierre Lemaire, diretor de "Défense du Foycr", ao mesmo Cardeal, datada de 4 de dezembro de 1968; carta-aberta do secretário da associação "Autodefesa Familiar do Oeste", de 6 de novembro de l 968, ao Arcebispo de Rcnnes, Mons. Gouyon; carta aberta do Sr. P. Fautrad, datada de 23 do mesmo mês e ano, ao Presidente da Comissão Epis<;opal do Ensino Religioso, Mons. Gand, Bispo de Lille; comunicado de imprensa do Almirante de Penfentcnyo, presidente da Renovação da Ordem Cristã, de Versalhes ; apêlo p ublicado pcla ."Pensée Catholique" (n.0 115-116, de 1968) , dirigido por várias "al,11as fiéis" a Sua Eminência o Cardeal Cicognani, Secretário de Estado de Sua Santidade. Devemos também salientar o excelente esiudo sob o título de "Um Catecis1110 forçado que não obriga" ("ltinéraires", n.0 125, de julho-agôsto de 1968), de autoria do conhecido e reputado teólogo Pe. Raymond Dulac, o qual exuberantemente prova, à luz da legislação eclesiástica, que o "Fundo obrigatório" não pode ser imposto aos fiéis, cumprindo a êstes resistir legltirnamente à falsa obrigação dêsse Nôvo Catecismo. Nesta época de fclativismo, de falso ecumenismo e de córnea insensibilidade diante do êrro religioso, será oportuno que encerremos estas notas com as impressionantes palavras de alerta do grande batalhador em favor da ortodoxia que foi Louis Veuillot: "Seria preferível tolerar 110 seio de uma nação envenenadores e assassinos, seria preferive/ nela introduzir a guerra, aclimatar a peste, entreter a forne, do que nela deixar penetrar a heresia. A peste, 11 guerra, a fom e são reparáveis e de curta duração; mas a heresia arrasta consigo, durante séculos, coisa pior do que aquêles flagelos e, ademais, perde as almas e as perde para sempre ... " (apud " Déf. du Foyer", n.0 101, de dezembro de 1968).

Cunha Alvarenga 3


ÍNDICES DOS NÚMEROS 229 A240 • ANO XX • 1970 CDB -

OS ALGARISMOS INDICAM O NúMERO DO JORNAL. "CALICEM DOMINI BIBERUNT"; NV "NOVA ET VETERA" ; VE -

Í N DICE

DOS

VIDA DA IGREJA (Ver também: ERROS E DESVIOS NO MUNDO MODERNO)

O diccito de saber - Plinio Corrêa de Oliveira: 230 Em julho o 4.0 centenário dos 40 Mártires: 232 Cardeal chileno não nega declaração aterradora que lhe foi atribuída: 233 A perfeita alegria - P/inio Corrêa de Oliveira: 236 Missa em latim: 237 Entre lôbos e ovelhas: nôvo estilo de relações - P/inio Corrêa de Oliveira: 239 Centenário do Patrocínio de São José / Mandamento -

·+

pos: 240 O Cardeal festivo ra: 240

Anronio1 Dispo <le Cam-

A SS UN TOS Infiltrações inimigas na Igreja - D . A. C.: 236 A Igreja pós-cristã e seu contra-evangelho / Para onde vai o Instituto dos Irmãos Las~ sallistas? ( 1) - João Batista da Rocha: 237 Frei, o Kercnsky chileno - Ft1bio Vidigt1I Xavier ela Silveira: 238 Fidelidade ao Santo Fundador ou engajamento revolucionário? / Para onde vai o Instituto dos Irmãos Lassallistas? (2) - João Batista da Rocha: 240

O COMUNISMO NO BRASIL E NO MUNDO (Ver também : ERROS E DESVIOS NO MUNDO MODERNO)

Plinio Corrêa ele Olivei-

Luminosa Circular sôbrc a reverência aos Santos Sacramentos Antonio, Bispo de Campos: 240

+

TEMAS DE ESPIRITUALIDADE E DOUTRINA CATÓLICA (Ver também: SECÇÕES / VERDADES ESQUECI· DAS OU VIRTUOES ESQUECIDAS)

Por que pôde o Sr. Garaudy expor suas "he· rcsias" e.m pleno congresso do PCF? Alberto Lttit 011 Pies.ris: 232 A posição da TFP ante a vitória marxista no Chile - Plinio Corréa de Oliveira: 238 O Cardeal festivo - Plínio Corrêa de Oliveira: 240

A CONTRA-REVOLUÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO

Via Sacra - Plínio Corrêa ele Oliveira: 231 Relendo textos esquecidos - Ata,wsio Auber· tin: 232 (Sem título] - Patlre A111onio Vieira: 233 Um só patrão e todos prolctádos: ideal socia-

Lembradas pela TFP as vítimas do comunismo no Brasil e no mundo / Missas em 23 cidades, com sufrágio especial pelos bra-

lista / Dirigismo estatal: favorável ou nocivo à livre iniciativa e à dignidade humana? / Diálogos sociais (4): 234

Entregues ao Papa os abaixo-assinados / 2 milhões de católicos contra a infiltração esquerdista: 229 SOS de milhões. i\ mala pequena. "Tudo normal", - Pli11io Corrêa de Oliveirll: 229 As TFPs da Argentina, Chile e Uruguai e os Jovens Cristãos Tradicionalistas Colombianos contra os profetas do ateísmo Gustavo Antonio Solimeo: 230 Aplausos ao Presidente Médici: 230 Interpelados na Colômbia, poc "Credo' '. os Padres de Golconda L11it Sérgio Solimeo: 231 E m Juiz de Fora. 200 contra 27: 233 Diretores de "Vers Dcmain" visitaram a TFP e "Catolicismo" : 234 Muito visitado o stand da TFP: 236 TFP argentina contra os progressistas e os falsos moderados: 237 O porquê dêslc número: 238 A posição da T FP ante a vitória marxista no Chile - Plinio Corrêa ele Oliveim: 238 Análise. defesa e pedido de diálogo / Carta aberta da TFP ao Cardeal D. Eugcnio Sales: 239 Dois documentos: 239 O Bispo Diocesano exprime sua admiração pela campanha nacional da TFP : 239 Eleições chilenas: TFP esclarece e alerta a opinião pública - Gustavo Antonio Solimeo: 240

Luminosa Circular sôbte a tevcrência aos Santos Sacramentos A nronio, Bispo de Ct1mpos: 240

+

ERROS E DESVIOS NO MUNDO MODERNO ( Ver também:

o COMUNISMO NO BRASIL

E NO

MUNOO e SECÇÕES / NOVA ET VETERA)

Dialogando francamente -

D. A. C.: 231 Uma apreciação infeliz ... - Pe. Frei l'et)(/0-

tloro de A . Chaves: 231 Pedras e serpentes para as almas que pedem pão / A propósito do "Nôvo Catecismo" holandês (3) - C11nha Alvarenga: 231 O Concílio-Pastoral holandês / Cardeal Alfrink: '"Tudo isso pode parecer uma aventura um

pouca arriscada . . . ,. - Gu.ftavo Antonio Solimeo: 232 Série de artifícios contra o "Vade-mécum do católico fiel'' - Pe. João Maria Bt1rcelonne: 232 F al,lciàs do Arcebispo de Olinda e Recife C1111ha A /varenga: 235 "O Episcopado holandês teve a coragem de assumir a rcsponsabiHdadc da (grcja-Novà" - Gusraw.> Antonio Solimeo: 236

DO S ALBERTO L U IZ DU PLESSIS Por que pôde o Sr. Garaudy expor suas " heresias" cm pleno congresso do PCF?: 232 Uma facção camalcônica: 234

De Hirnmlcr a McNamara, ou os que negam o princípio de subsidiariedade: 236

+ ANTON IO, BISPO DE CAMPOS

Mensagem do Bispo Diocesano: 229 Centenário do Patrocínio de São José / Mandamento: 240

sileiros mortos em atentados terroristas Gustavo Antonio Solimeo: 229

O P. Virginio funda a "Amicizia" cm Paris

JCOBJ: 232

Mensagem a um Imperador revolucionário ICDB] : 233 O jansenismo atacado de frcn re por Oiessbach [CDBJ: 234 O P. Dicssbach adverte com firmeza o Imperador [COBJ: 235 Não viu bem o papel das tendências na Revolução [CDBJ: 236 Acontecimentos entravam

o

progresso

da

"Amicizia" ICDBJ : 237

tos Sacr:imentos: 240

ATAN ASIO AUBERTIN Relendo textos esquecidos: 232 CUNHA ALVARENGA Pedras e serpentes para as almas que pedem pão / A propósito do ..-Nôvo Catecismo" holandês ( 3) : 231 Falácias do Arcebispo de Olinda e Reciíc : 235

D. A. C_ O celibato nos primeiros séculos da Sta. Igreja JNVJ: 230 Dialogando francamente: 231 Infiltrações inimigas na Igreja: 236 FABIO V IDIGAL XAVIER DA SILVEIRA F rei, o Kercnsky chileno: 238 FERNAN DO FURQUIM D E A LMEIOA Excelente aquisição para a obra no Piemonte JCD8): 230 4

PROBLEMAS POLITICOS, ECONôMICOS E SOCIAIS ( Ver também: 0 COM UNISMO NO BRASIL E NO MUNOO e Secções / NOVA ET VETBRA) A máquina ideológica que sabe disfarçar-se -

L11iz Sérgio Solimeo: 232 Um só patcão e todos proletários: ideal socialista / Dirigismo estatal: favorável ou nocivo à livre iniciativa e

à

dignidade hu•

mana?/ Diálogos sociais (4): 234 Uma facção camalcônica - Alberto L11iz D11 Pies.ris: 234 De Himmler a McNamara, ou 9S que negam o princípio de subsidiaricdadc - Alberto L11it D11 Plessis: 236

ESTUDOS HISTóRICOS . . ' (Ver também: SECÇÕES / CAUCEM DoMINI

81·

DERUNT)

Madona Bruna, Flor do Carmelo - Giov"'' 1'inel/i cli Oliva110: 233 São Luís Rei, glória da Cristandade / Rei, guerreiro e santo - Luiz Sérgio Solimeo: 236 0c todo o mundo êlcs acorreram para lutar pelo Papa - Guswvo A111011io Solimeo: 237 A guerra fêz de cada zuavo pontifício um herói / "Meu bom Anjo da Guarda dirigirá meus golpes e lhes dará fôrça" - Gustavo A111011io Solimeo: 239

"CATOLICISMO" ( Ver também: Secções / EscRllVEM

os

~El·

TORES)

Mensagem do Bispo Diocesano nio, Bispo ele Campos: 229 lndioos dos númetos 217 a 228 - 1969: 230 [Sem título]: 237 O porquê dês te número: 238

+

A nto-

Ano XIX

TFP leva rosários aos doentes do fogo-selvagem: 235 . Nossa Senhora sorria - IP/inio Corrêa ele Oliveira]: 235 Kcrensky: 238 D. Geraldo Sigaud e a TFP: 239 Atentado sacrílego provoca indignação: 240

SECÇÕES CALICEM OOMINI BIBERUNT por Ferntmdo f"urquim de A lmeida Excelente aquisição para a obra no Piemonte: 230 O P. Virginio funda a "Amicizia" cm Paris: 232 Mensagem a um Imperador revolucionário: 233 O jansenismo atacado de frente por Diessbach: 234 O P. Diessbach adverte com firmeza o Imperador: 235 Não viu bem o papel das tendências na Revolução: 236 Acontecimentos entravam o progresso da "Ami-

cizia

237

F.SCREVEM Escrevem os Escrevem os Escrevem os Escrevem os

OS LEITORF.S leitores: 231 leitores: 232 leitores: 233 leitores: 237

N OVA ET VETERA O celibato nos primeiros séculos da Sta. Igreja - D. A. C.: 230 Não se mata a serpente pisando-lhe a cauda - 1. ele A zeredo Santos: 232 Para o homem carnal não há paz - J. ele Azeredo Santos: 233 Laboratórios sombrios para produzir todo êrro - 1. de Azeretlo Sanros: 234 Psiquiatra de crianças opina sôbre crise - J. de A zercclo Santos: 235 Os jovens são punidos. E seus mentores não o são? - 1. de Ateredo Samos: 236 Desvirtuam com impunidade a mensagem do

Evangelho -

DIVERSOS Oratório no local da bomba terrorista: 229 TFP faz vigília diária de orações / Durante o mês de Maria, j\lnto pela bomba terrorista -

à

ima.gem atingida

Gustavo Antonio Solimeo: 234 Maio de i970: dois jovens rezam por Você - P/i11io Corrêa ele Oliveira: 234 U ma festa ao mesmo tempo nobre e popular

/ Prorrogadas até 7 de setembro as vigílias de orações da TFP - Gustavo A11to11io Solimco: 235

Da nova geração pode-se recear mas também esperar mais do que da anterior: 23-5 Consternação e protesto pelo atentado terrorista: 235

1. ele A zeretlo Sa111os: 237

VEROADF.S ESQUECIDAS ou VIRTUD ES ESQU ECIDAS A muita severidade pode coexistir com a misericórdia - Seio Bernarclo: 231 A desigualdade entre os homens é providencial - [Li.,ro cio Eclesiástico] : 232 ódio perfeito aos inimigos de Deus - [Sagrada Escritura]: 233 A desigualdade é base e vínculo da vida social - Seio João Crisósromo: 235 Abolir o direito de herança é empenho dos comunistas e socialistas Roger Garmuly - Lecio XIII: 236 A heresia anda sempre anexa à confusão e incoerência - Padre Manuel Bernardes: 240

AUT O B . ES

Luminosa. Circular sôbre a reverência :,os San-

ANTONIO VIEIRA, Padre IScm título] : 233

EXPLICAÇÃO DAS ABREVIATURAS: "VERDADES ESQUECIDAS" OU " VIRTUDES ESQUECIDAS".

GIOVAN TINELLl OI OLJVANO Madona Bruna, Flor do Carmelo: 233 GUSTA VO ANTONIO SOLIMEO l..cmbradas pela TFP as vítim,,s do comunismo no Brasil e no mundo / Missas em 23 cidades, com sufrágio especial pelos bra·

silciros mortos cm atentados terroristas: 229 As TFPs da Argen1ina, Chile e Uruguai e os Jovens Cristãos Tradicionalistas Colombianos conrra os profetas do ateísmo: 230 O Concílio-Pastoral holandês / Cardeal Alírink: ·'Tudo isso pode parecer uma aventura um pouco arriscad·a ... 1· : 232 TFP faz vigília diária de orações / Durante o mês de Maria . junto à imagem atingida pela bomba terroris,a: 234 Uma festa ao mesmo tempo nobre e popular / Prorrogadas até 7 de setembro as visítias de orações da TFP: 235 Episcopado holandês teve a coragem de assumir a responsabilidade da Igreja-Nova" : 236 De todo o inundo êlcs acorreram para lutar pelo Papa: 237

··o

A guerra íêz de c~da zuiwo pontiíício u1n hc-rói / "Meu bom Anjo da Guarda dirigirá

meus golpes e lhes dará fôrça": 239 E leições chilenas: TFP esclarece e aterra " opinião pública: 240 J. OE AZEREDO SANTOS

Não se mata a serpente pisando-lhe a cauda (NVJ: 232 Para o homem carnal não há paz [NVJ: 233 Laboratórios sombrios para produ>.ir todo êrro INVJ: 234 Psiquiatra

de

crianças

opina

sôbre

crise

INVJ: 235 Os j ovens são punidos. E seus mentores não o são? [NVJ: 236 ' Desvirtuam com impunidade a mensagem do Evangelho [NVJ: 237

,\ máquina ideológica que sabe disfarçar-se: 232 São Luís Rei, glória da Cristandade / Rei, guerreiro e santo: 236 MANUEL BE RNAROF.S, Padre A heresia anda sempre anexa à confusão e incoerência [VE) : 240 PLINIO COR!ltA OE OLIVEIRA SOS de milhões. A mala pequena. "Tudo normal''.: 229 O di,·eito de saber: 230 Via Sacra: 231 Maio de 1970: dois jovens re7.am por Você: 234 Nossa Senhora sorria : 235 A perfeita alegria: 236 A posição da TFP an,c ~ vitória marxista no

JOÃO BATISTA DA ROCH A A Igreja pós-cristã e seu contra-evangelho / Para onde vai o Instituto dos Irmãos Lassallistas? ( 1): 237 Fidelidade ao Santo Fundador ou engajamen-

Chile: 238 E ntre lôbos e ovelhas: nôvo estilo de relações: 239 O Cardeal fes1ivo: 240

to revolucionário? / Para onde vai o Jns-

ROGER GARAUDY Abolir o direito de herança 6 empenho dos comunistas e socialistas IVE): 236

tituto dos Irmãos Lassallistas? (2): 240 JOÃO MARIA BARCELONNE, Pe. Série de artifícios contra o "Vade-mécum do católico fiel": 232

SÃO BERNARDO A muita severidade pode coexistir com a mi-

sericórdia l VEJ: 231 LEÃO XIII, Papa Abolif o direito de herança é empenho dos comunistas e socialistas [VEJ : 236 LUIZ Sf:RGIO SOLIMEO Interpelados na Colômbia, por "Credo", os Padres da Golconda: 231

SÃO 'JOÃO CRISÓSTOMO A desigualdade é base e vínculo da vida social IVEJ: 235 TEOD ORO D E A. CH A VF.S, Pe. Frei Uma apreciação infeliz ... : 231


A descristianização gera a Bevolação ncgrir instituições civilizadoras e em contribuindo assim para a fonnação marista. sob o pseudônimo de "Irmão promover a raptura do vínculo religio- do contingente de intelectuais socialis- Fulano", d ifamou o sistema escolar so entre o homem ,e seu Criador. A tas que temos hoje. "Le Devoir", em de Q uebec, então confessional, cm descristianização, gradual mas rápida, sua nova linha, contava entre os seus artigos satíricos acolhidos c-01n entuda Província de Quebcc é que foi cau- principais redatores com Gérard F i- siasmo por "Lc Ocvoir". André Lausa de que se passassem nela cm 1970 lion, diretor; André Laurcndeau. que rcndcau encorajou-o a reunir cm lias desordens revoltantes e humilhan- morreu relativamente jovem; P ierre vro suas sátiras. O livro., publicado tam, e a nós também nos perguntam: tes para acs quais não teria havido cli- Laporte, que entrou mais tarde na por '"Les Editions de l'Homme", do como isto se tornou possível cm nossa ma cm 1950. politica e teve o fim trágico que se já citado Jacques Hébcrt, sob o título Província de Qucbcc? quem teria penA eliminação de Deus das lcgis.. sabe. O d iretor atual, Claude Ryan, de ;, As insolências do Irmão Fulano", sado nisso hâ mcno.~ de uma geração? lações, das relações en tre os Estados, segue igual o rientação. teve grande difusão, contribuindo pafi. que, de fato, o clima social e reli- da vida pública. das associações, dos Jacques Hébert fundou por essa ra criar um clima favorável para a gioso de hoje não é mais o mesmo de sind icatos, das escolas e universida- época o semanário "Vrai", soprado d issolução do Conselho de Instrução há -0-intc anos. Nestes vinte anos, nos des não pode ter senão efeitos pernipelos mesmos ventos. Pública e para a eliminação dos Bisdez últi mos sobretudo, nossa Provfo .. ciosos cm todos os setores da vida Um outro intclcclual de esquerda, pos da nova estrutura escolar da Pro• eia mudou de fisionomia. tlouve social. Léon Lortie, figura marcante da Uni- víncia. Bste Irmão marista é Jean-Paul progresso material, concordo, mas do versidade de Montreal, criou cm 1953 Desbien. atualmente redator-chefe de ponto de vista espiritual e moral, que Alguns nomes: o /11stitw Ccmculien de.r Afjaires Pu- ;'La Prcssc'\ o maior diário do Canadeclínio, que decadência! Trudeau e outras bliques, o nde se encontravam jorna- dá francês. E isso não foi espontâneo. Roelistas da mesma tendência : André dores talentosos empregaram sua ha}hí alguns nomes ligados a esta Laurcndcau, Gérard Filion, Pierrebilidade, sua influência e os poderosos A paganização das meios de que dispunham, para desa- obra de descristianização, chamada -Elliott Trudcau, Jacques Hébert, por êles de "emancipação". A ár- Louis Gagnon (o qual tinha já apoia- instituições creditar nossas 1.rndições cristãs, nossas instituições católicas, para ridicu- vore venenosa foi plantada, regada, do publicamente os dirigentes do ParEm 1960, os precursores que menlarizar nossas práticas religiosas e o cuidada, por homens que colocaram tido Comunista Canadense) , etc. zêlo -eom que se procurava salva .. a serviço desta obra íuncst? sua pena Em 1956, num congresso dêsse cionamos, e outros mais, já hf!viam e sua palavra em jornais, em revis- Instituto reunido cm ~ainte Adclc preparado o terreno para mudanças guardar a pureza dos costumes . profundas na Província de Qucbcc, a tas, no rádio e na televisão. Que não foram poupados ataques contra utilizaram para o mesmo fim suas as instiluiçõcs da Província de Que- começar pelo sistema escolar. A eleiDuas espécies de c;ulpados cátedras de ensino superior e seus bcc, sobretudo contra o sistema cs.. ção daquele ano serviu a êsscs objetivos, conduzindo o Partido Liberal cargos nas centrais sindica.is. Alguns Prenderam-se pessoas, especial- dêsses homens ocupam hoje postos colar confessional. Os Bispos da Pro- ao poder, pela primeira vez desde a víncia eram ex officio membros do mcnlc jovcns1 envolvidas nessa ex- de alta responsabilidade no govêrno, segunda Guerra Mundial. plosão de violência que chegou até e têm que enfrentar monstros que êlcs Comité católico do Departamento de Os membros mais influentes do o assassínio. Tais prisões eram ne- rejeitam, mas que êles mesmos con- Instrução Pública. Os congressistas nôvo govêrno foram , juntamente com de Sainte Adclc trataram-nos de inepcessárias, sem dl1vida. Tolerou-se mes- tribuíram para cngrcndrar. tos cm matéria de educação; os pais o "Prcmicr" Jean Lcsage, Paul Gérin· mo excessivamente a sul>v1..:rsào orgaOs primeiros golpes contra as ins- foram classificados como incapazes Lajoie, Rcné Lévesque e Pierre Lapornizada. Devia-se ter colocado a FLQ tituições cristãs e tradicionalistas da de escolher judiciosamente o gênero te. l?.lcs não perderam tempo. Come(Frente de Libertação de Quebcc) foProvíncia de Quebec foram dados por de escola mais conveniente para seus çaram logo a fazer propaganda cm ra da Jei desde as suas primeiras bom"Cité Libre", revisla fundada por vol- filhos. Quanto às autoridades públi- tôrno do projelo sôbre a educação bas. bem antes de que ela chegasse aos ta de 1950. Seus fundadores e direto- cas, foram julgadas inco1npetcn1es, apadrinhado por Gérin-Lajoic, e do scqi.ícstro~. res por muitos anos foram Pierre- inertes, corruptas. Mas não se limpa um terreno d e Elliott Trudcau e Gérard Pellcticr. Seguramente, êsses veredictos não suas árvores venenosas investindo Trudeau é hoje o Primeiro-Ministro eram de natureza a fortalecer o resapenas contra os frutos peçonhentos. do Canadá, conduzido a êsse pinácupeito à ordem, às leis, e à autoridade A onda de terrorismo - a qual sa- lo nas asas da grande imprensa, fôr. cm todos os seus escalões. cudiu certos elementos emburguesa- ça tornada tão poderosa, que poderia Para fornecer a êsscs roedores indos que davam de ombros quando os quase fazer canonizar um demônio. aler1iívamos contra a invasão do co- Gérard Pcllcticr, Ministro no Gabi- telectuais de nossa cristandade mais um local de encontro e mais um órmunismo, contra a subversão que se nete do mesmo Trudcau, é quem, gão de propaganda, Pierrre Dansercau infiltrava por tôda parte e conquista• como Secretário de Estado, faz a li- fundou em 1956 o " Rassemblcmcnt", va os espíritos - a chaga dos hippie$, gação entre a poderosa Rádio Canadá, que "Le Ocvoir'' anunciou como um a vulgaridade, o reinado do hediondo, que tanto favoreceu a ambos. e o "nóvo movimemo polítlco", e que a entronização do erolismo, o cres- Parlamento supostamente soberano "Vra.i" saudou como uma "bombo cente consumo de drogas, as contes- do Canadá. T EVE GRANDE repercussão em polític«'. todo o País a C1RCULAJ\ SÔORE A REtações e manifestações da juventude Um jornal de Montreal, de bom Os comunistas de Moscou e PeVERÊNCIA AOS SACRAMENTOS, que o contra a ordem estabelecida, são os nível literário, uLc Dcvoir''. fundado quim não demoraram a perceber a Exmo. Sr. D. Antonio de Castro Mafrutos venenosos de uma árvore péscm 19 10 por Henri Bourrassa, patriovantagem que poderiam tirar da ati- 'yer dirigiu recentemente ao Clero dessima. ta franco-canadense de renome e tude dêsses intelectuais. Pierrc-Elliott, ta Diocese (ver ''Catolicismo", n. 0 240, Sem negar a responsabilidade dos grande católico, tornou-se, a justo Trudcau, então um simples cidadão de dezembro de 1970). O egrégio jovens revolucionários que foram pre- título, o jornal preferido do Clero e sem nenhum cargo no govêrno, rece- Prelado recebeu numerosas manifessos, não hesitamos em afirmar que dos meios cultos cm geral. Mas, com tações de aplauso de Eclesiásticos e beu e aceitou um convite para ir a existem outros culpados, os quais não o segundo sucessor do fundador, êsse Moscou. Jacques Hébert foi convida- leigos católicos. Dentre elas queresão presos, porque não manipularam jornal foi tomando gradualmente uma do pelo govêrno comunista de Var- mos destacar algumas das mais exexplosivos nem fizeram violência fíorientação esquerdista, socializante, pressivas. sica a ninguém. contentando-se cm sem por isso perder sua clientela de sóvia a visitar a P~lônia. De Pequim também vieram conAssim se expnm1u o Ex.mo. proceder -a lavagens cerebrais, cm deprofissionais liberais e Eclesiásticos, vites para viagens à China Vermelha. Revmo. Sr. D. FREt C,\NDIDO MARIA por conta do govêrno chinês, para BAMr1, O. F. M. Cap., Bispo titular Trudcau, Pellelicr, Hébert, Filion. de T ios e Auxiliar de Caxias: Mao Tsé-tung julgava, com razão, "A cabo de receber 110 "'CatolicisS LEITORES de "Calolicismo'' já conhecem o pujante moque isso representava um valioso in- mo" ,, sua luminosa Circular sôbrc " vimc.n to dos P élcrins de Sa.i nt Michel, bem como seu combavestimento publicitário. E, com efei- revcrênci<t aos Santos Sacramentos. tivo joroal "Vers Demnin" (ver. "C1tolicisn10·•, n.º 234, de to, os relatos dos viajantes, se nâo Se todo o Episcopado assim pe11u,sjunho de J 970). Os Peregrinos vêm conduz.indo no Canadá, em defeforam uma aprovação lota! do regime se e agisse, como já se falia 110 Ponsa dos princípjos da civilização cristã, uma Juta meritória e t.-aTlto mais comunista chinês~ foram ao menos ti/icculo de f>io XI? Mas quantos "c<1árdua quanto a infillração comunista está em franco progresso nas descrições complacentes do que êles 11es muti" que não sabem ladrar! r')lais diversas esferas da vida caruideosc, inclusive certos setores da haviam visto e ouvido. Reportagens Igreja. [ . .. ] F<1lei de casos da maldita e c,o mo essas têm por efeito debilitar a nojenta moda feminina. Houve uma animador ver que na imensa nação do norte vão-se engrossanoposição ao comunismo, embotar a paróquia cm que o Sacertlotc negava d o também as fileiras daqueles que lutam pelas tradições cmólicas, combatividade dos que militam con· a santa Primeira Comunhão lls me· como bem o atc.1 a o congrcs.,o nacional dos Peregrinos de São Mitra êle, e entristecer profundamen te ninas que fôssem conumgar de vestiguel, reunido na cidade de Asbestos cm sclembro do aoo passado, con1 as almas que sofrem sob o jugo ver- do comprido, como sempre foi cosa partici1>ação de mais de 2.000 pessoas. A Sociedade Brasileira de Detume. . . E o escândalo para a melho. fesa da Tradição, Família e Propriedade fêz-se repre:.crttar nesse certame, onde, numo tocante cerimónia, foram t:roc-ados cstandar1cs de O mcsm" bando de intelectuais moci<ladc e também para adultos, proveniente tlt,s ,liras modas?! a mb:is :is entidades. A TFP ofertou 1ambóm u~• j(\'ia para adornar a de esquerda beneficiou-se largamente imagem peregrina de Nossa Senhora. de Fátima, venetada oa capela Excia. Revma., o Divino Espírito de convites para ocupar os microfones da sede central de "Vcrs Demain". , Santo o ilumine e forMlcça no S{lnto da Rádio Canadá. l?.lcs podiam procominho da vertladeº. ceder assim à lavagem cerebral de Transcrevemos 11cs1a página um importante arligo do diretor de milhões de canadenses cm seus pró•;vcr.s Ocmain'' , Sr. Louis Evco, no qual se ap0ntam d e forma clara, "Li com satisfação ime•isa esprios lares, e prepará-los para aceitar creveu o Rcvmo. F1tn1 CELt!STINO precisa e corajosa, as origens da grave crise revolucionári:"l que atravessa o Canadá. as futuras laicizações, a rejeição de BuGL<, do Convento da Piedade, valores tradicionais e cristãos que cm Salvador cr Circular de V. Fundador e lider incansável dos Peregrinos, Lo•1is ·Even é tamConstituíam a herança de três séculos Excicr. com ,/ater de 21-X / p.p. Se11~ém conhecido comentarista político (seus comentários semanais são de vida paroquial e de educação cati a necessidade de enl'iar meus irradiados por uma cadeia de emissôras de todo o país) e escritor con1ó1ica. na família e na escola. calorosos párl1bé11s. Tudo que V. Exsagrado. Seus l_ivros sôbre o· Crédito Social toram traduzidos para diEssa nova linha de pensamento cia. escre veu na mcncionatla Circular versas línguas e circulam por todo o mundo. fêz adeptos mesmo entre Eclesiásticos é J00% ortodoxo. a/i11ado com o melhor espírito católico que ,leveda e Religiosos. Assim é que um Irmão

D

IANTE DOS ATOS de violência, do seqüestro de µ-:rsonalidades sobretudo, que supreenderam, assombraram, horrorizaram a população canadense., dando a nosso país um renome mundial bem pouco lisongciro. muitos se pergun-

projeto de nacionalização das emprêsas de eletricidade. do socialista Lévesquc. As fôrças atéia.s e maçônicas viram nisto a sua oportunidade. O que elas não haviam podido obter cinqüenta anos antes, na época da loja maçônica "'Emancipação", deviam obtê-lo agora . Trataram de faze r as coi. sas andarem depressa. A 8 de abril de 1961 Marcel Rioux, Maurice Biaio e outros elementos do mesmo jae-< fundaram o Mouvement lai"que de Lanéue Française para apressar a laicização do sistema escolar de Quebec. Ao ato de fundação compareceram cêrca de q uinhentas pessoas. que se reuniram n um salão da U niversidade Católica de Montreal, - Universidade que osten-tava o título de pontificia e tinha como Chanceler o Arcebispo de Montreal, o qual era então um Cardeal, e corno Reitor um dignitário eclesiástico da Arquidiocese! Mas de que admirar-se hoje cm dia? O que significa ainda a palavra ..católico", mes mo para certos Padres e até para certos Bispos?

Um Cardeal que mudou muito Aliás, o Arcebispo de Montreal crn então o Cardeal Paul-Emile Légcr, versão 1961 , e não mais versão 1950. C ONCLU I NA ,Sl!XTA. PÁ(;INA.

Louis Even

APLAUSOS À CIRCULAR DO SR. BISPO DIOCESANO

O .e

sempre orientar Hierarquia e fiéis. Através do "Catolicismo" e de outros infor,nações conhecia a seriedade de ,1titucles de V. Excia. N" Circular em âprêço tenho uma evidentís.tima confirmação. Tenho a impressão de que a Diocese de Campos, cm boa hora co11/iadcr aos cuidados de V. Excia .. é o M l?LMOR REDUTO do Catolicismo ge1111í110, i111ecrcrl, do Bra.,il. Se fôsse mais perto. me candidatava a passar uns dias nesse rincão abençoado, certo ,Je que encontr(iria aju<lt, para reforçar a fé - supremo ideal da minha txistência. Peço tlescu/pas e uma grtmde bênção vara a minha vida religiosa e sacerclotal". De um leigo de Recife, o Sr. TeMÍS1"0CLES X AVIER OE MENEZES, são cslas considerações: º'Congratulo-me com V. Excia. Revnw., ao mesmo tempo em que lhe hiJ)oteco minha incondicional solidariedade, pela acertada proibição detcrmi,wda por V. Excia. Revma. ,la realização de um "cllsame11to" de "hippie.l'' (/ valdo e Heloísa), que se pretendia realizar em sua Diocese. Graças a Deus ainda existem Bis• pos como V. Excia. Revm(l. que não permitem sejam o ,teboche e a profanaç,1o levatlos para dentro da Casa tle Deus. Creio de.wwce.,sário dizer a V. E-x· eia. Revma. quanto é grande a amargura que toma conta do meu espírito, em face do que se passa at1ui e alhures 110 seio da Igreja. A minha de.rolaç,io é muito maior porque resitlo 110 territ6rio tia A rquidioce.re que rrw comu r>asror o irrequieto, itiuera1111:, tliscuti<lo e discutível D. Hélder Cámara. Peço 11 V. E.teia. Rcvma. que ore pelo futuro de minha Arqui<liocese". 5


CONCLUSÃO DA PÁG. 5

.li clescrislianização gera a Revolução Quer dizer que o Cardeal Léger de J 961 era diferente do Arcebispo Légcr de 1950? lníclizmcn1e, sim. Ele fôra conquistado pelas idéias dos ''emancipadores", voltando as costas para o passado, engaj:.\ndo'"'8C nas vias do progressismo e mergulhando num "i11con11u ,l découvrir", segundo a expressão de Gérard Pellc1icr. O trio Trudeau-Pcllclier-Hébcrl foi o primeiro a ficar surp(êso, ao mesmo tempo que foi o primeiro a saborear a mudança. e o que relata Gérard Pclletier num artigo cm "Le Dcvoir" de 24 de novembro de 1967, na ocasião cm que S11a Eminência se demitiu do Arcebispado de Montreal. Pelletier descreve o encontro do trio com o Cardeal Légcr cn, 1961, e compara-o com um outro encontro, nove anos antes. Em 1952 o Cardeal tinha mandado chamá-los para exprimir sua inquietação a respeito do que êles andava~ escrevendo cm "Cilê Libre". Sua Eminência não queria chegar até uma condenação precipitada e pública. mas colocou-os de sobreaviso. Essa entrevista tinha-lhes deixado uma desagradável recordação. e ies não mais tinham visto o Cardeal desde então. Assim, nossos três vaoguardciros da. "Revolução rr,mqiiifa" ficaram intrigados q uando. nove anos mais tarde, receberam um convite para jant;;u· c-o m o Purpurado em sua residência de Lachine. Seria para censurá-los novamente? Não. O próprio Cardeal veio abrir..Jhcs a porta e ê1c mesmo serviu os aperitivos. A respeito da conversa, escreve Gérard Pc11cticr:

"A verda,lcira supresa clêsre encontro veio <Jtt<mclo falamos sôbre os

r1os.ros problemas internos. Sem e/ávida, 116.t mesmos havfomos 1mwdul'e· â<lo no ,iecurso dêsses nove Imos. E rambém não 1,á dr'n1ida de <Jué é

mais Jcídl medir a evoluçiío dos outros tio que fl vr6pria. Mfls cvidcntemenre o Catdcol de 1961 não cn, o mesmo homem que o A rechispo ,te 1952. E o Concílio '1itula não hm1ia

va o maior número de católicos cm tôda a Commonwtalth britânica.

Diante dessa situação imensan1en-

ESçritos blasfematórios e lascivos Evidentemente, não seria o Cardeal Légcr quo,n ma opor-se à dissolução do Conselho confessional da Instrução Pública. lle,n ao contrário, êle aotcs neutralizaria a op0sição que outros Bispos haviam manifestado. A operação foi consumada pela adoção do famoso "Bill 60", e,n 1964. A despeito da preservação de coo1.ités que poderiam teõricamen!c salvar as aparências de confessionalidade, os Bispos ficaram pràticamcnle impedidos de dizer qualquer palavra a respeito dos programas, dos manuais e da orientação da educação pública. O Partido Liberal vangloriava-se da ''revolução tranqiiila'' posta cm marcha por êle na Província de Quebec. Por q ue parar? Sem dúvida êle não previa que outros a achariam de· mnsiado tranqiiila e que urn Ministro de então (Pierre Lapor1e} seria seis anos depois a vítima de revolucionários mais apressados. A paganização do nosso ensino es· tendetMi.C rllpidamcnte por todo o sis-

tema, desde o primário até o préuniversitário. A promiscuidade nas escolas e nos ônibus escolares, a indisciplina, a circulação de drogas e de literatura erótica. etc., produziram o que hoje todos vêen,: os ,costumes laxos,t a ignorância cm matéria religiosa. o dcsprêzo da autoridade paterna, tudo isso a agravar-se de ano para ano. A folia de pudor, as conversas lascivas, os jornais estud antis que rivalizam na publicação ele artigos voltairianos. blasfematórios e

impudicos. tornaram-se de tal modo comuns. que quase ninguém mais tenta deter esta vaga de podridão. Pode causar surprêsa, depois de

tudo isto, que de tais scme:iduras saiarn frutos que infeccionam e causam horror?

Sindicatos ontes rotulados de católicos

sitio intmgur<ldo . ..

À sobremesa Jfr.emos o inventá· rio, não uwis das distânc:ÍflJ' que nos

separavam, mas. pelo coutrário, das posições que agor11 nos eram comun:r. tle cOnCOl'dou em m,·rgullwr no desconhecitlo [ ... ) A vresc11ç,, da I greja ,Jevill mudar de formo, e 161/as os mmlanças ,ic <Jue êle devia ,\·er o promotor e o tmtor, todos l>s 110,•os horizontes <111c ~te devia abrir à lgrc· ;a ,lurante e ap6.~· o Condlio, o Ci1r~

,leal já os J,avit, cm,cebfr/() ou ao mellOJ' esboçtulo cm seu espírito, e f1,law1-11os " rc.rpciro sem rodt•i<>s. 1uu1ue/a noite n<•vo.m ti<: janeiro ,h· 1961 [ .. . ] Aquc/11 noite cm tachinc mar-

Demos apenas ;)lguns norncs e analisamos sômcntc ;,1lguns setores. Que dizer das uniões operárias? Sjn-

dicatos outrora rotulados de católicos afastaram -se dos obje1ivos proc1an,a-

dos quando de sua fundação, e des, fizeram-se da etiqueta confessional. 1ransformando-sc cada vez mais cm caldo de cultura de socialistas, de comunistas descobertos ou ocuJtos. Bsscs sindicatos não hesitam cm provocar greves que perturbam a vida social e servem corno treinamento para

Assim o Irio Trudeau-.Pelle1ierHéber1 já linha um alto Prelado :i

revoluções fut uras:. Tivemos até mesmo greves crimi· nosas, que não se importavam nem com os doentes dos hospitais, nem com as crkmças das escolas. Não fal tou sequer uma greve, graças a Deus curta, no serviço de bo mbeiros e na

seu gôsto, o Arcebispo que p:1storca-

polícia da m:iior cidade do Can:idá.

cou para nós uma ewpa·•.

Ajoelhemo-nos e rezemos 1e lamentável, os católicos deveriam pôr-se de joelhos e rezar. Pôr-se de joelhos e rezar diante do Santíssimo Sacramento e diante de Maria, a Mãe da Igreja. Deveriam retornar a práticas esquecidas e freqüenteme nte ri-

dicularizadas, como o rosário. Na presente crise que afeta o Canadá, e especialmente a Prov1ncia católica de Qucbec, gostaríamos de ouvir incitamentos para um retôrno a Deus. à sua Lei, aos seus Mandamcnlos. Esperávamos particularmente um apêlo dos Bispos de nossa Província à contrição pública e à oração.

ORIGEM E EVOLUCÃO

rir instrução superior e lhes assegurou

vemos conhecimento. Ah! mas tivemos dois convites episcopais para que

centes técnicas de revolução e terror ismo cm Cuba e até cm paí~ mais

se organizassem comi!és de ajuda aos suspeitos de atos terroristas que fornm

distantes.

presos e estão sem contacto com suas famílias. Caridade cristã, alegou-se.

Amém. Mas estava correto dizer com relação aos atos da FLQ, como se fêz num dêsses comunicados, que a violência foi gerada pela injustiça? Tal não parece ser, de modo algum, o caso em questão. Os líderes do banditismo da FLQ e seus principais seguidores são indivíduos cuja boa situação material lhes permitiu adqui-

º

diretor' t1:1 revista roru~,na .. Rclazioni'', acaba de publicar uma obra de interesse gcí.'tl, màS cspcci:1l01en1e par:, o mundo c;.Uólico: .. L'0SS~RVA1'0KE ROMANO: ()RI• OINI EO HVOLUZION6" ( Guid:t Edilori, 1..ibrctia Ron1~n~1. Via dei Prcfelti l6, Roma) . . O grande jornal do Vaticano nasceu cm 1861 e teve como idealizador um Príncipe P:1cclli, ~rnces1ral de Pio XII. Na mente de seu c riador. "L'Osscrvatore Romano''. bem que denlro da or.. todoxia papal, não seria um órgão 9fi. c ial. nem oficioso do Govêrno p0n1ifício. Tinham os Estados da Igreja seu jornal ofici:il. ''li Giornale di Roma''. Em 1870, c-o m a invasão de Roma pelas tropas garibaldinas. tanto "li O ior1,alc di Roma'', coino "L'Osserva1ore Romano" suspenderam suas edições. O

6

FkANCl!SC:O

1.1:0:0-:1

D. A. C.

as mais re-

Leitores destas páginas, não esperemos por vozes que se tornaram mudas. 1mploremos a misericórdia de Deus sôbre n6s e nosso país. Ofereçamos atos de reparação; mul!ipliquemos as visitas ao Santíssimo Sacra· mcoto; rezemos o rosário e peça,mos a Nossa Senhora que envie os Anjos do Céu para combatcrc1n e prccipi.. tarem no inferno os espíritos malignos que impedem o reinado de seu F ilho no mundo.

.;

S

08 O TITULO de

"SocrnOAO OE MASAS V D ERF..CHO'\ o conhecido

ensaísta espanhol Sr. 1úAN VALLET

vem de publicar um pl'Ofundo e doeumentadíssimo estudo sôbre o problem~t dn massificaç5.o do nnmdo contemp0râneo (Taurus Edicioncs, S. A., OI? GOYTISOLO

Madrid, 1969). Com 647 pâginas de texto, começa o livro por uma an:ílisc

da sociedade de lfJ'lassas. Entre várias dcíiniç6<;s citadas, detenhamo-nos na seguinU! : •·M,,ssa é o amorfo, o que mio 1em truma_, urditlura nem e:;trultir(l: é " mcr11 re1111iiio ou co11tigüitlade ,le partículas iguaiS' (pp. l 6-l 7). ·P or outras p.;lavra.'). n,ass:a é o conglomerado amorfo, a turb:1, que se contrapôe às comunidndes ou sociedndes orgãnicas~ ou simplesmente p0vo, p;_trn seguir a c lássica distinç.~o feita por Pio XII na Radiomensagem de Natal de 1944. Dcp0is de estudar ns cireuostâncias hist6ric.a s que imJ>ulsio,mram a destruição das velhas estruturas. o processo de massificaç5o no século X IX, a influência do capitalismo e do socialismo, de· 1endo-sc na análise da mass.1' como m:itéria prima da propagànda m3rxista e da luta de classes, dedic:t o Sr. Juan V:•llet de Goy1isolo especial atenção às técnicas de propaganda comercial e p0Hlica àplic;:ad:,s sôbre a opinião pública. Governos totalitários e dem<><:ráticos cortejam 3 opinião pública massificada, ao mesmo tempO que se servem dela para seus desígnios por vêzes tôrvos, Ci1~1n(lo Bernard f':,y cm seu livro "Naiss:mcc d'un monstrc; 1'opinion pu· bliquc·•. mostra o Autor como se forma assim "um mwulo eml,rutecido pelo rufdtJ de $ttll própria ,,,,init1o'' ( p. 72): o govêrno aprcscnw tendenciosamente um falo qualquer. e consegue que u {l vomad<' dos nw~·af' se desencadeie para que o 1>tóprio s.ovêrno "se;o Jorç,ulo a attwr"; exemplos agudos disso são às enormes manifestações de Pequim :i fa. vor da ajuda chinesa ao Victcong e as de Berlim que. "forç.'lr:un'' Hitler a invadir a Checoslováquia (p. 72). Entte os novos recursos postos ao serviço da massificação se acham :t modcma tecnologia audioviS\1{\I e a dos computndores da em eletr6 11ica. Todos &ses recun;os ac:-,bam por cair nas mãos do E.~tado, aumcntrmdo-lhe a eficiência como fôrça massificadora.

Igualitarismo e massificação

Jwmcm, enquamo ittw:ntor_. um poder ,le renovaçtío que ultrap,,sstr infirritumenlc :111,,s invc11fões 1 e ,,; csuí exarmnente " rair. do socialismo e do marxismo. que mio s,io siimcmlt' uma teoria comunitária tios bem·, mas uma Religião do progresso, do lwmem-,/eus~ um mcssitmismo que. J'Onha sup/tmtar ns ôlllrns religiões"

(pp. 9 1-92). · A intclig8ncia humana passou a exercer•se. não mais sôbre a realidade, que e la rejeitou como quem se livra de um p&o intolerável, mas sôbro o mundo de seus sonhos. Entre outras conseqiiências. mostra o Autor <:omo essa rebcl iiio contra a ordem natural conduz r,ara a crença. de o lhos fechados, no 'movimento da Hist6ria" (p. 164). Assim, afasta-se o homem de um bem inestimável para se en1rcgar, entre outras, a essa lamentável servidão.

A segundo etapo do massificação Arrnncadas do home.m as raízes religiosas que Ih~ dnv:1m fundame11to à estrutura orgânica e soci:\1, a segunda etapa vem a ser a masSificaç5o dês.se ser desenraizado: "A igm,ldode é um t11gôdo para o massi/icaç-tío, mos a massi/i~ C'1fiio. por ,m,1 ve.z;, igutdt1 com maior ou m enor intcnsfrltule, cxtcnsciQ e ,furação os que .i ão mas.sifkado:r. lguafor é. prcôsame11te, <1 11,re/<1 que .,·e ,.eaUw na .,·cgmula e.rapa Jo obm nwssificadoru de nosso tempo. í .. . J Tráuuufo-JJ·e de sodedtuhts lumwuas, "'"" vez ,lcstruid11 a es1rulttrt1 mel:'lfísica do homem, ao sc~r ,~s,c liherad<> de 16,1'1s ,,s suas crença.'f rcligios.as que ,uio scj,m, r11cio,wis isto é, dos elementos religiosos supm-racio11ai,t - de sm, .mbmi.,·s,io à ordem ,la 11murc1.,1. de seu conracro ,•irai com o r,•t1I nmural. e ,te seus stntimcutos e uJ·os tradiciouais, é entiio fácil submetê• .Jo ,, ,'fCJ;WUl(l fa.\'C tio /lfOCt'SSo ,lc 1110$· ,'fificaç,io. ou seja, ti um tratamento 1111iformiz.n111e, para rc(/u;}r li l11mw11frlacle ,, ituli\•ítlu<>s sc/Nlf/ldos t· ;1:u1,is, mn11;,,,,. hh•ei.r por 1mu, ,,,.g11,,i;.aç-,10 cc11trali,zm1• 1e"

( pp.

172-173). Essa massificação

implica "mio só no nil•elomento, ,,,, csumdardi1.aÇtio ;: na vulgaridmle da Jüio,wmia corpora/ e psíquict,, mt1S tmnbém e .fQbl'ctmlo ,w :mprc.•ss,io dtt libcrdmle e da i11depe11dê-11ch1 pe.fSOt1i.~' ( p. 189). Chegamos assim à meta fin:, I d:\ mnssificaç5o no mundo moderno, de que são paradigmas o tou,Uwrlsmo da t111.'ftcrhlt1dc de um Mao Tsé-tung. e o tou,liwrismo da civiUz.,1çii<> erdtica de um Marcuse. duas fomrns de inferno sôbrc a tcrr-a (p. 200).

O Direito em face do fenômeno da mosso

~

CONHECIDO escritor italiano

recursos para i.r aprender

A MASSIFICACÃO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Passando a eslud~1 r as causas profundas dà massifieaç5:o, mostra o Autor, citando Brun11er, como a mais profm1d:i. del:1s é a extirpação das raízes religiosas do homem. M:1s :, c:1us.1 prin,ária in1ediata é o moderno dogma da igualdade, o qu:,I surte como efeito daquele desarraigamento espiritual Acontece que a perda das rníz.cs religiosas arranca o primeiro desap_1receu definitivamente; ao homem d:1 e.~trutura metafísica de su:t êlc deixa de estar enrJizado passo que o segundo, após alguns me- existência: a uma ordem cteriu,. O dogma da igualses. retomou sua missão. tornando-se o dade atranca-o de sua estrutura soci~I. órgão oficioso da Santa Sé. c:u-áter que destrói-lhe a estrutura org5nico.. S6 existe mais aindà se acentuou, quando, dep0is estrutura cm vinude da dcsisunldade, ''O de 1929. ou seja, após o, Acordos de f,omc~m -mass,, utío Sltrgiu .remio quando tal rão. êle nuldou suas o ficinas e es- o positivismo se combinou com aquêle cri16rios para den1ro dos muros: do Va~ imli,1idrwlis11w rac;onalisl(11 e qumulo :,e ticano. prodfltJu a total secularizoçtio do i,uliNinguém poderá ncg3r que a histó- 1·f,luo st,110 ou dtsli1:ado. Lr111tio as i,iéias ria do "Osscrvatore Romano'' auxiliará ,/e liberdade e igualt/ode ficaram rcdua comprccns.io de muitos fatos ocorri- zJ,lo.'f li uma casco 11aUa. e Q homtm dos nestes (iltimos cem o.nos. Espccial- ficou ,lese111:aja,lo umto ,lc · .ruo.r raíus me,ue quando baseada em farta docu- religio.uu como ,/e suas raízes sociais'º mentação e escrita ~om a. probidade de (pp. 87-88). Passando o homem a conum historiador competente. Un1a e ou- siderar-se rei onir><>tenle do mundo, veio tra coisa temos na história que Fron- como conSCqüê;nci:, o mito do progresso cesco Lconi nos dá do órgão oficioso indefinido. E :iccnlua o Sr. Juan Vallet de Goytisolo: "Um dos erros fundoda Sam~, Sé. mentais dos teQri~· sociais m oder,ws co11si.,1c preci:mmeulc em alribuir ao

''L'OSSERVATORE ROMANO'':

Mas se tais apelos e incitamentos chegaram a ser fei tos, dêlcs não ti-

Se não fôsse a c'3rência de espaço, muito teríamos que di;,.cr da segunda

pane do livro, que desenvolve o tema do Direito cm face do fenômeno das massas, Direito que pode ser entendido como instrumento p.1.rn ainda mais :is massificar (como correntemente acontece. nos Estados totalit:'irios). -m as também como algo destinado a tutelâ-las. perpetuando o suuu quo. ou. até 3 dcs· massificá-las. Destaquemos as partes qt1c tmtam da propriedade privada como garantia da libci:dadc, da redistribuição da rique1..a Por meio do impôsto e dos efeitos danosos da tributaç:to excessiva, que destrói essa mesma propriedade pri\':,da e também a liberdade e a justiça, Esmiuça o Au1or questões atualíssimas, como a da ch:;1m:lda dcmocr:'lcia industria.!, a da participação dos assalariados na gestão é nos lucro~ das emprêsas, a

•bsorção da direção da economia pelo poder político, o neodirigismo tccnocrá-

tico, a previdência social como proteção da massa e con,o meio de massificar. t também digno de 1101a o capítulo cm que a inflação é estudada como fenôtncno de mass.a "110 JJ't:ltlfr/o nwis /JTÚJ)rio e estrito da 11alavra" (p. 4$9). Em cS· tudo Ião exaustivo, não p()(.leria faltar uma a lusão às teorias do socialista fabiano que foi John Mnynard Keynes; tamp0ueo deixa o Autor de considerar o problema da aglomeração p<>puló\ciO· nal nas urbc.s m:1cro<::6smicas e tentacularcs, e aquêle que lhe é simétrico.

representado pelo êxodo dos camp<>s.

Do último capítulo, dedicado ao tema ''" cultura e: aJ· nws.ia.çJ•, <fc.stacamos M considerações sôbre o m'onop6lio estatal do ensino como n1eio hi$t0ricamente engendrado para implantar o igualitarismo massificador e para eliminar tô<la intervenção d:, tsrej"a na função docente. A propósito cita o Autor a atuaçáo do dócil instn1mento da Revolu~to. que foi Nap,ole:io Bon:'iJ)~tnc: "O próprio Jmpcrmlor ,leclarou "º Co11sc:Jl,o dt: Estadó, stm ârcwrl6q1Hos. q,u,. •·o objt'tfro priucip,,I do l'.\'tabelecimt•111Q de um corpt) de pro/cJ·sôres era o de dispor ,!c um meio P'"" dirigir '1J' opiniões política.t é! morai.)·" (p. 626) , o <1uc faz ver como êsse problema da massificação se acha ligado a <:ércbros peosantes que dirigem o espetáculo por detrás dos bastidores: a estrutura natural é substituída n:\ SO· ciedade de massas pôr uma mecani1.~,ção imp<>sta de c ima. Eis uma ligeira Slímula d::t inleress.1nte obr:i. fo11a e inteligcntemenlc do-

cumenlad~. do Sr. Juan Vallet de Goytisolo.

J. A. S.

MllNSÃtUO com Al'ttOV AÇÃO l(Cl.F.SIASTICA

C:1mJ)Os -

F..s1. do Rio

Dil'etor Mons. Antonio Ril>ciro do Rosario

Olrc10ri:t: Av. 7 de Setembro. 247, cnixo p~l::11 333, C.arnpos, RJ. Ad.mlnistr:1~:ío: R. Or. Martinico Pl'údo, 271 (ZP 3), S. P:tulo. Attcrlle p:.lm o F..)1.tdo do Rio: Dr. José de Oliveira A11drndc, caix:, posl::il 333,

Campos. RJ; A&entc J>~•r•• o.s ~iado.s cJc Colás, Mnlo Grosso e Mln:u Gerais: Dr. Milton de Sullcs Mourão. R. Pílrniba, 1423. telefone 26--4630. Belo Horizonte; Agente p11ra o f:stado dn Cu:mab:ir.a: Dr. Luí.s M.

D1111ct111, R. Cosme Velho, SI S, 1clcfonc 245-8264, Rio de J:mciro: A,:tcnlc p:ml o t~ 1,1do do ~+ar.'i: Dr, José úcrnrdo Ribeiro, R. Senador Pompeu. 2J20-A, Forrnlei:.1; Agtnles p:11::t a ArJ;:cn1h1:1: ..Trndici6n, Famifüt, Propicd:td'". Casilht de Corrco n.0 169, C:1,pi1nl Federal, Aricnlina: Agente para :1 fu1~2nh:\: José M:1rí:t Rivoir Gómez, ap:irrndo 8 182. M,,drid, Espanh:;1, A.,;sím1lur:1s: :mn:1is: eon\urn CrS 15,00: cooperador CrS 30.00: be:níeitor CrS 60.00: gr:indc bcnfeilOr Cr$ 150.00: scminndstas e estudante.~ CrS 12,00: A1nérica do Sul e Ccntr~I: \'ia m::1rhima USS 3.SO; via aérc:i USS 4,SO: ouuos países: vfa nm· rítima USS 4.00: via 3éren. üSS 6.SO. Vtnda avulsa: CrS 1,50.

Os 1>agn.mc1uos. sempre cm nome de Edl-

tôra Padre Bckhlor de 1•onrcs SIC, podct:io ser cnc:uninhados i\ Adminism,ç:io ou noi; :1,gcntes. A corrC$pondéncia relativa n C1$$in:1turas e \'t1,dn :wuls::1 deve ser enviada ?! Adminislrãç.lio. Para mudança de endcrêço de n.ssinan1cs. é nece.~'irio mencionar rninbém o cndcréço nn1igo. Composto e imptt.\.."W na Cha. U thographka Ypir.1nx2

R. C:tdcrc, 209, S. Pauto


CÃllce<n OM O DF.SAPARECIMENTO do Padre Diessbacb, as "Amicizi.e~' perdiam o Stu fund.ador antt-s de cer êle consegujdo pôr em execução todo o pta110 que coucebt-ra para combater a Revolução nas idéias. O que reallzara fôra pouco em comparação com o muito que projetara. As "Amí-

.....

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..\~~ -R· ...

PRECIOSA CONQUISTA DO APOSTOLADO DA ''AMICIZIA''•

citie" instaladas eram aptnas os alkertcs de um grandioso edifício, e mesmo o.lgumM dela.~ coiuo a de Turim, já tinban> a sua própria e:dstêncía a.m ençada pelas dificuldades cada vez maio.. rcs que enfrenL1vam com a inYasão do exército traocês e a conseqüente propagação dos CITOS revolucionários. No entaoto, onde ê.fles ainda não tinham conseguido penetrar, os sodalícios prospe.r avam, o que não deixava de ser um sinal promissor para a contlnuidade da obra que cust:an:l tantos sacrifícios ao Padre Diusbacb. Stu herdeiro e succs.,çor c-ra o Padre Luig.i Virginio, que, como vimos, desde 1785 estava em Paris, para onde fôra com o objetivo de fundar a ''Amlclzia" que deveria ser o modêlo de tôdas as outra.,. A Revoluç,ão Francc-sa dcs-truíra tudo o que êle chegara a realizar o esse sentido, e muitos dos seus dlscipulos com.batiam valentemente nas fllclras da contra-revolução, t<ndo alguns dêl•$ Já coibido a palma do martírio. O Padre Vlrglnlo não os abandonan. Permanecia na França, escondido, animando--os na resistência t auxiUando os Sacudotes fiéis que, vivendo na dande-stinldadt"t continuavam a cui• dar das nlmas e tentavam organizar movimenlos de reação conlra a barbárie que, pouco a pouco, ia dominando o território francês.

Alguns mcs•s dtpob da ,norte do Padr, DJes.,bach, o Padre Virginio chegou intSpeoadamcnte à Viena. e tomou as rédea, de tôda a organização. Foi providencial, pol$ o Padre S.lneo della Torre, que a dirigira nesse interim, entrara 1111 Sodedade do Coração de Jesus em agôsto de 1798 •, empenhado na re..Uunçiío da Companhia de Jesus, não tinha mais tempo para se dedk.a1 à "Amiclzla., como seria nectsStrlo. O Barão Von Penclder deu ao Padre Virgfnio o mesmo apolo e a mesma colaboração que pr<$1ara ao PadJ"e Dl.ssbath. Como ena o ad• mlalstndor da Mlnorlttaklrebtn, conetdtu-lb• a dlr<çiio dtsS& Igreja onde tinha $cde a capelania d.a numerosa colônJa Italiana de Viena. Como vA$1as regiões da Itália pertenciam ao Sacro Tm-

O

DE COMO O SR. FESQUET

CONHECIDO progressista Sr. Htnrl Fesquet andou rectntementc pelo Brasil como enl'iado esp«:lal de ''Le Monde," . Os resultados de suas observaçoe$ êlc os conden, sou em uma série de quatro artigos publicados naquele jornal parisiense, ediçõts de 8 a 11 d< setembro do ano pas,uido, sob o título ger::ltl de "A Igreja Calólka no Brnsil". Per«be---se que o Sr. Fesquet, dócil à.ç dirctrb:cs emanadas daqueles a quem serve, "viu" o BrasU de acôrdo com um esquema qut trouxe em sua bagagem e que i aquêle mts-mo que uLe Monde" e demais órgãos progressistas aplicam para espalhar pelos quatro pontos cardeais uma l'lsi<> defom1ada a respeJto dos problemas dos povas, ditos b'Ubdesenvolwldos.

PINTA O QUE VIU NO BRASIL

Oe um lado o jornalista francês enxergou va .. rões apostólicos, consumidos pe.lo m.ais ardente zêlo para livrar da miséria as vUi.ma.~ dês-;c moos• tro que é. o capitali$1)1.0 colonh:ador. Entre êstes se destaca em primeiro lugar o Arcebispo de Olinda e Recife, cuja b umjlde vida de asceta cor· re entre ter-tíveis ~rigos; r epresentados pelos mais sanhudos adverririos, sob os olhares fodi!ercntes de um Govémo ultncomprometido com os vora7.tS saogue..sugas das chamadas classes conscnadoras. Outro colosso é D . Fragoso, Bispo de Cratéus, que enl melo às mais insuportá· veis pressões ~ mostra lnfatigAvel na faina de livrar seus diocesanos dos flagelos endêmicos da fome, dn sêc.a e da miséria, usando como arma das mais eficazes a niágka das "comunidades de base''· A última figura-$imholo citada 1)4!l0 Sr. Fesquct é "D. Jorge Marcos, Bis po de ltabira no E,çtado de Minas GerJls". Aqui, de uma só c-ajadadn o c.nviado cspcci.a.l de uLe. Monde" mat.i dois coelhos, pois confunde D. Marcos Noronha com outro Prelado progressista, que é o Bíspo de Santo A11drc\ no &1ado de São Paulo. Do outro lado se acham os conservadores e em posição extremada os "integr1stas". Diz o Sr. Fesquct: ºJulgar o Episcopado do Brasil atrawés de l). Hélder Câmara, de O. Fragoso ou dt D. Marcos seria tiio errôneo quanto julgar o da Itália através do Carde.a i Lercaro ou o de Por• lugal pelo Bispo do Pôrlo, há lcmpos txil•do por $aluar. A verdade obriga a du.er que, ape..

J)ério, essa colônia não enl s6 collS'titu.ida ptlos que tinham emigrado para a Á~ria, mas tam• bém por funcionários italianos que e.ram obrigados a residir em Viena ou ir à capitaJ em wir• tude de seus cargos. Por outro lado, a nobreza austríaca tambfm freqüentava a igreju da capclania, pob estava na moda nssisti.r a pregações em italiano.

Muitos outros Sacerdotes da "Amldrla'' cxerclam o ministério na Minorilcnk.ircben · e es· colhiam entre seus freqüentadores os. rucuros membros da sociedade.• Uma das melhore.s con· quistas dêsse apostolado roí o Marquês Pio Filippo Gblslieri, n atural de Bolonb.a, que iniciava em Viena sua carreira dJplomátlc.a. Ainda mui.. to jovem, prestou logo relevantes serviços ii "An1icizla". Em 1800 morreu o Papa Pio VI e o Sacro Colégio reunido em Veneza elegeu para o s61io ponlificio o Carde.a i Ch.la.ramonti, qu.e tomou o nome de Pio VII, O Imperador nomeou o Mar· quês Gbl$1lerl Mlnlslro da Áusirla junto il Santa ~. apesar de sua pouca idade, e o enviou ime .. diatamente para Veneza a fim de regulari2.ar vai· ria$ qucstõcs desagradóvtis que a desordtm J)l'ovocada pela Revolução Fnncesa fizera surgir entre a Santa 8' e a Austrh. Embora não se tenha entendido bem com Gbisllerl nessa opommlda dt, o Cardeal Consalvl, Secr,tárlo dt Estado do nôvo Pontí.f lc~ não deixa de o elogiar em suas mem6rl.as, rendendo home.nagem à sua piedade e hon~tldade:. Em 1801, Já cm Roma, para onde aeomga• nhara Pio vn, o jovem Marquês prestou nials um assinalado se,rvlço à "Amkizia". O Santo Pa .. dre nomeara Núncio na Áustria Monsenhor An• tonio Gabriel ScveroU, um '"zelante". Nessa Nu.nclatu.r a iJe se distinguiria por sua tenaz resistência ao josefb,:no e, ma.Is tarde, por sua Op()$lçiio à pol[tlca do Cardeal Consalvl. Só tm 1816 Se.vtroll deixou a ÁU$1:rla, por ter recebido o chapéu cardinalício; no Conclave de 1823, reu.. nido para cl~tr o Sucessor de Pio v n , êle não rol eleito Papa senão Porque a Áustria vetou o seu nome. Quando teve conhecimento da designação do nõvo Núndo cm. Vlen.a , o Marquês Chis-Ueri pro.. cu:rou-o e lhe rtl'elou a existência da "Amki:da", indkou pessoas que a ela pertenciam e recomendou multo o ~Pa dre Virglnlo, chegando Até i:a

sar de seus Imensos méritos, da ertc4da de seu método t do temor que êles inspiram ao Go.. vêrno, ~es Bispos pesam med.i ocrcmcntc na balanta". Quais strlam os elementos rutmente llúluentes do E'piscopado Brasllclro, stgUodo o enviado de. "Le Monde"? Os d.uco CardeaJs, apre.«ntados como nitidamente co~n-adores:. "os Cardeais brasileiros constituem uma fôrÇa sólida, sempre cootemporb'.adora, que a proveita. ao Gowêmo. Em certas ocas-jões colocam a Conferência Episcopal diante do fato consumado". Ao lado de uma "imensa malorla de moderados", sempre secundo o Sr. H enri Fesquet, "uns trinta Prelados fora:m tocados pela graça do Vaticano n, e uma viutena de utcnconserva· dores travam um combate que nio é sõmentc de rtta20arda". D. Antonio de Castro Mayer é citado como figura representativa entre êstes úl· tlmos, acre.s«ntando o articulista que o Sr. Bispo de Campos •'não esconde suas simpatias pelo movimento Integrista hSociedade BrasiJeira d• Defrsa da Tradição, F amilia • Proprlcdadt" (FTP)" (como st l'ê., dtando embora con-etameu~ te o nome da sociedAde, o Sr. Fesquct não re.. s.istc ia: teotatão de adulterar•lhe a slgla).

Ao traçar o quadro geral da situatão reli· g:iosa no Brasil, não poderia o jornalista de ''Le Monden deixar de se referir à TFP. A primeira alusão vem no meio de uma entrevista com certo Cardeal, que o Sr. Fcsquet achou prudente conservar no anonimato. Sc-gundo o Sr. Fesquet, uo movimento Tradição, Família, Propriedade" inquieta o Purpurado anônimo "por su.as posições integristas, do mesmo modo que êlc conde· na as alív'idades do tbamado ~quadrão da morte (grupo dt- ativista,ç de extrema direita), mas toma nil.idamenlc suas db.'tâncias com relação à •'conrusão político-religiosa'' de que são culpados, a stus olhos, os Dominicanos de São Paulo". Note-se o modo ltndcncioso e brulal como o Sr. Frsqurl coloca n T FP no Indo do ugrupo de ativistas de extremo direil.a"' que, se· gundo êleJ constitui o "F,,s4uadriio da morteº! e mais ou menos essa g objetividade coo1 que o Sr. Hc.nri Fcsquet raia da TFP - e do Prcs"idente de seu Coo.ÇeJho Nacional, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, de quem obteve uma

J)O(OJt'll 13JBeJiUNT. propor a Monsenhor SevtroU que o cscolbcsse como confessor. Cbegáudo a Viena, St:veroli pr~urou o Pa. drc Virginio e, se não o tomou como conressor, é certo que f~ dêle um dos seus conselheiros mals ouvidos. O Pe. Ca.odido Bona, em seu Ji.. vro sõbre as '' Amlci:r..ien, reproduz alguns tre.. chos das memórias dêsse Núncio, pelos quais .se pode constatar a inOuênda que o suces.wr do Padre Dlessbach chegou a ter na Nuncintun. Conhecendo a nç.ã o dn maçonaria no processo revolucionário e tendo a nalisado detidamente os meios usados por ela para agitar a opinião pú .. blica na França. o Pad.re Virginio prestou muitos serviços a Monsenhor Seve.roU. prevenindo-o contra as manobra., da seita oa Ausl:ria. O seguintt tttcho das memórias do Núncio, d tado pelo Padre Bona, mostra a que pormenore.,- che• gavam as suas infonna('~s: "Conversei com o Padre Virglnlo sôbre as quest~ t<lt<iás1i<2S. tlc me advertiu de que hoje deve haver um.a reuni.ão dos iluministas. Essa suspeila pro,.ém do fato de ler observado nas praças e nas ruu sinais uniformes espalhados àQui e acolá. Eram pedras polidas. Em Paris êsscs sinais eram da· dos por bJJbetts tin branco atirados nas ruas, às vêus números brancos pintados c.m muros, etc."

A amizade tom Monsenhor Severoll aumtn· tou o ascendente do Padre. Virgin.lo sôbrc a colônla UaUAna e lhe franqueou as portas do pa· t,cio da Princesa Rospig,JJosl, freqüentado pela nobr•za emigrada da L.oml>Ardla e da T<>s<ana ocupadas por Bonaparte. Pade assim pcr«ber que novos campos de apostolado se- a briam, so.. bretudo na T oscana, tanto mais que, dePols da batalha de M.a rengo, Napoleão procurava captar as boas gnças dos cat6lkos, acenando com a pos.. sibilldadc do rcsiabeltdmtDlo do culto na França e nas ttgiõt.s UallAnas por e.la conquls1ada.s. Por outro lado, viu que as drcunstâncias poHUcas tomavam premente a necessidade de p ~ pa,. ra o Padre Laottrl a direção d a.1 u AmldzJe" llallanas, das quals a mais importante era a de MUão (pois o Piemonte, a Lombardia t a Tos. cana estavam sob o domínio francês). T ôd.as esAi raiõts o levanm a vollar a se:r um •'misslonlirlo" e a partir para a IU.Ua.

Fernando Furquim de Almeida

entrevista - ao longo de mal$ de um têrço de sua segunda reportagem, intitulada '-'Conse-.rvado.. res e lnlegristas'', A "objetividade"' do repórter se nu1nifesta através de lronlas, sarcasmos, insolên• das. Umas e outras niío merecem mais do que ~a mençiio. O artigo publkado tm ''Le Monde" de 10 de setembro ocupa-se da •'exploSi.o das seHa.~' que procuram conqul$tar o Brasil. Aplic-.a-se o Sr. Fesquet em pintar o quadro com côres mais ntg:ms do que as da reaUdadc, e sobretudo cala o falo de que os dislates do progros:sismo e o ecumenismo "à outrance" tim boa. parte de res• pon.<abllldadc nos perda$ que a Igreja lem lido entre nós.

A última das repor1agens e.ncomendadas por "Le Monde" b -:ata do tema ger.al dos "Cristãos 1><rsoguldoo~. ACO, JOC, JlJC, MEB, Ação Popular, "para os quais a eva.ngclização passa pela promoção humana'', seriam exemplos dt ''movimentos esma&ados''. Ma.ç o Sr. Fe.squct, como membro do IOOC e port•nlo adepto da Igreja profética, dt.$$Acttli:zada e desaJienada, parece vtr como sina.1 promissor o fato de que '•a cristandade sodológlca" no BrasiJ estaria ºmorta e lrrccupeclve:l''. E termlna por tndagar: ''Uma das tarefas mais urgentes não seria n de, elaborar uma ºteologia da revolução", que seja a um tempo realista e evangélica?" Depois acrescenta: "Aquêlc-.s qu e a Isso se aplicam acham que em nosso mundo cada vez ma.is csquizofrê· nico, no qual o abismo entre ricoS e pobres vai sempre se aprofundando, essa é para o Crislia· nismo a única opor1unidadc de reeoconh:nr sua fô rça oricinal''. Por essas palavras finais fica p!ltenlt haver o Sr. Fesquet tnuido cn1 sua ba• gagem não só o fio condutor de suas pesquisas, mas também um par de 6cu.1os progressistas, através dos quais enxergou às avessas a soluçiio para os nossos males, pareccud~lhc que ela não estaria cm co1nbatê-los, ma, em lançar mais lenha na rogocira da Revolução igunlitária e goóstic-.1, cujas labaredas ameaçam devorar o Bra.çil e tôda a América Latina.

J. de Azeredo Santos 7


*

1

MANOBRAS DE UM BISPO PARA FECHAR CARMELO ONDE SE REIA VA EM LATIM E

XEM.Pl.O ''éCLATANT"

que faz

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como a chamada 1/Rsmiti/ict,çiio

do ideal religioso niio vai sem verdadeiro genocÍ<Jio espiritual. .. Abom;,mble for/aif', acompanhado de delitos violentos. l! assim que o Rcvmo. Pe. Raymond Dulae qualifica os fatos um

que, sob o título de ..Doloros,, pt,ixiio ,lo Carmelo ele êle mesmo narra 0 no n, 76-77, de 26 de outubro do ano findo, do boletim ' 1Courrier de Rome''. de Paris. Parece-nos de grande utilidade dar divulgação ampla a êsse texto, resumindo seus tópicos principais.

z:·.

Te ntativa de impor uma Priora de fora O Carmelo de z., cidade do Sul da França, escreve o Pc. Dulac, tem pouco m{1is de um século de existência. Con1ava cm 1969 com de1.csscte Religiosas, de diversas idades, mas vivendo 1ôdas na h;:un\onia da caridade. A Priora em exercício chegara ao tS.rmo de seu triênio. Era necessário proceder à eleição de outra, Esta e leição :munciava-sc tão tranqüila como as anteriores. Acontece que o Mosteiro passavà pOt não ter ''o espírito do Vatican.o U ..... O que é o V,aticano Jl, e o que é seu "espírito"'? As respOstns variam. As do Cardeal Sucnens, por exemplo. vêm variàndo com o pnssar do tempQ. ~ o que se chama a '' dinâmic;\" do Vaticano li. Não se pode exigir que contempla· tivas sejam tão dinâmicas quanto um candidato à tiara. As de Z. continuavam a cantar a Missa e o Ofício cm latio,. Elas não recebiam a comunhão na mão. As Irmãs .. rodeiras" não aeolitavam a Missa no altar. A Priora não vivia cir· culando per congressos e encontros. O Mosteiro mantinha-se fiel à grade, etc •. • Segundo uma Le; dt Suspeitos mais feroz que a da Revolução Francc.s a, êsse Clrn,elo estava condenado à morte. Mas, como diz o Pe. Luchini, O. P., antes de chegar a 1al ex1remo convinha tentar um:, "tledscio meno.t dolorost1 t: uwis racional". Que dccis.ão? - A de impédir as e leições e .. . . impor1ar uma Priora estranha a êsse Carmelo. um:, Priora devidamente "rcciclad~1" que introduziria sem dor o desejado rejuvenescimento. O Mos teiro. quase unânimcmcntc, recusou. Foi sua sentença de morte, assinad:l pelo Provincial. pelo Bispo do lugar e.. _ pela Priot:l "federal'', porque o Carmelo de Z. tinha tido a simplicidade de aderir a essas "federações'' de C..'\$,1S religiosas. imprudentemente fundadas no ten1po de Pio XII. e que setor· naram um instrumento maravilhosamente eficaz par3 a obra de demolição das Comunidades, p6sto que a autoridade "federal" se supcrpóc à autoridade local, freqüentemente demasiado "patriarcal.., ··· autárquica'', cm uma palavra, autônolna e independente. conforme uma tradição milenar e benfazeja.

"Reagrupar" os Monjas para criar o fato consumada A partir da prim~vcra de 1969, o Provincial, o Bispo, a 'Federal fizeram saber às Religiosas de Z. que elas iam ser rh,t;rupadas: "Roma o havia deci• dido'', a fim de "socorrer'' ou,ros Car• meios. ·- Como não acreditar na palavra dessas três autoridades e não obe· dccer a ''Roma1 ';J Ja-me esquecendo de dizer que se linha feito também o "Espírito Santo" intervir nessa decisão: "cm s'étoit, t~n ~ff~r. assuré de sou coucours", ironiza o ·Pc. Dul;tc. Entretanto, o rumor do fechamento do Carmelo provocara enorme e.noção n:~ cid;,dc. Fêz.-se um,t petiçfto do '' Povo de Deus'• ao BispO, com milhares de assinaturas. Os "silenciosos" se n,anifestava.m, mas quem é que não sabe, a não ser os habitantes de Z., que os leigos admitidos a "participar" do govêrno das Dioceses não têm licença de falar senão aos acenos da batuta empunhada pôr certos e determinados Bisp0s?

Timidamente as Carmelirns pediram mais de uma vez. ao Bisp,o que, pelo menos. lhes mostrasse o documento de Roma que as condenava à ,mone. O Bispo contemporizava: "'Estou cspcra.ndo o Provincial. que est& no Canadá ... ·• E - isto é capital - ia-se habituan. do insensivelmente :,s infelizes à idéia de que a decisão ci-a irreversível. Pouco a pouco, uma, duas, tr~. .. iam-se rc• sigm\ndo e partindo para as várias residências que lhes eram designadas. O Mo.iteiro esvaziava-se progressivamente. Esta hemorragb "sem dor'• criava o fato consun,ado, e contribuía assim para tornar sem ra1...~o de ser um recurso a Roma; ê,S.Se rcctirso parecia, c-o m efeito, não poder justificar-se senão se o Carmelo conservasse um número sufic iente de Religiosas. Aplicou-se um zêlo particular cm fazer sair as Irmãs "rodeiras", aquelas que, como se sabe. vivem (ora da clau• sura, <iOmunicam-sc com o mundo exte· rior e são. assim. como que os pulmões do Mosteiro. O Provincial escrevia à Priora: .. A Irmã E. está muito ,,pegada li() seu Cc11melo, nws .é melhor que ela

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Desfile de Peregrinos sai da sede do movimento, em Rougemont. Junto à imagem, o estandarte da TFP, conduzido por um "béret blanc"; logo após, a bandeira dos Pélerins de Saint Michel, levada p elo representante da TFP.

sc,ill. O clinw ,fo Sul 11m1cll lhe ff.z

bem". Havia trinta e quatro anos que êsse clima não fazia bem à Irmã E . _. Quando, afinal. lhe pareceu que a trama estava inteiramente montada, o Bispo resolveu comunicar ao Carmelo o Rescrito da Congregação dos Religiosos que autorizava a supressão. Enviou às Monjas uma cópia no alto da qual escreveu, de próprio punho: uconfidcn• cial". Por que "confidencial"? Uma scn. tença de morce, decidida pelo Príncipe, pôde ser injusta. EJa nunca deve ser SC· creia. Não se faz scgrêdo senão dos asStlssinatos. Mas. ainda aqui, contidas pelo scgrêtio, as Religiosas ficavam impedi· da:t de solicitar o conselho que as podef.it orientar, cm temp0 hábil, no scntid<> <de um recurso a Romn. E li"iio é tudo. O Rescrito da Congregação dos Religiosç>s estava redigido cm latim. De mêdo de que as vítimas descobrisse[[\ no texto original alguma reserva salvadora, Mons. Y. enéarregou• -se de fazer ê1e mc>$.n\o a tradução destinada às Carmclilas. - Convém que a examinemos de perto_ ..

O desfile, ainda nos terrenos da "Maison Saint MicheJ··.

Um Bispo pós-conciliar traduz do latim Eis o texto latino do Rc,s crito romano:

~vigoré faculttw,m a S. Po111ifice trUmtárum, S. C. prQ R~lig. (. _. ], at· t<'nlis cxpôsitis. Exc. Ordiuario X, ue.. NICNE COMMITI1T Ili petitam s11ppressio11em pro ,tuo ARBITRJO et com;cientia ad ef/tC/Um

dtductu,

SERVATIS

oe

JURS:

prnesutim quod allinet cu/ obliga1;011es prove11ientibus [sic!J ex pUs legoli!t, si qua~ Sitll, (llqtU! atl JURA ALIIS QVAl:SITA quae, prout rts postulei, illlt• gra :re"·a,ula :m11t. SERVAN01.s ,

CON'N.ARIIS QVIOUSl, 18S1' TANTIUUS" ,

NON OBS·

Sublinhamos as palavras carnclcrís• ticas: as que a tradução de Mons. Y. vai. deformar como n5o o faria um aluno de ginásio, Mas antes de apresentar a versão episcopal, vamos dnr a tradução exata:

'"Em virtude dos podêre.s conferidos pelo Sumo Pomíficc, a Sc1grada Con• grccar,io dOJ' Relig;osos [ .. _]. consit/e. rodos tos fatos) expostos, COMETE os DOM GRADO fou : bt11ig11amt11te; ou C01tse.11tc em . • , ) ao E:xmo. Ordinár;o ele X. paro que éle efetue á suprcss,io pedida (3 suprc-~ io do Carmelo) segundo seu JUÍZO e Sttll consciêncill, SENDO OB· SERVAOO O QUE SEG UNDO O OIREITO 01.!.VE SER OBSERVA()(), principt1lme11te 110 que

toca th· obrigações proveui<-ntcs ,Je /e. godos pio.r, se os t,ouvt.r, e a< u onuu-

=

terceiros], os quais, tanto quanto A MAT~RIA o exijá, devem J·er i11tegrC1/me11tc solva• gut1rdados. I sto. NÃO OBSTANTE ludo O que l1011vcr cm contrária''.

i'OS AOQUIR.IOOS 1•0R. OUTROS [

E aqui está .'l 1r:1d~1ç~io do Sr. Bisp0: •·em ,,;,1ude dos padêres que 110s foram conferidos pelo S. Po111ff;ce, a

S. C. ,los Religiosos [ . . . ), após o exa-

me dos motivos. CONCEDE S EM RE'l'1Cí!NCIA$ a S. Excia. o Ordinário tle X., que efetue a supress,io implorada, segu11do seu LIVRE JUÍZO e sua COU$Ciência, PARA QUE s 1; JAM SAl,VAÇUAROADAS AS OISPOSI• ÇÕl:S DO OIREITO. em pllrtit;ular 110 que

co11ctr11c às obrig"ções provc11ie111es de lcpados pios, se os ho1n"l!r. e TOOOS os

cuja i,11cgr;datle ,ie,•e su :wlvaguardtulo NA ~-iEDIDA em que AS OUTROS DIREITOS

CIRCUNSTÂNCIAS o exiillm. SEM TOMAR EM CONSIDERAÇÃO tudo

o que se. poder;tl op()r".

Escrevemos cm versalete os erros grossos. .Slcs são enormes. São frutos Unicamente da ignorância? O fato é que vã o todos na mesma direção: a de estender ao máximo os podêres do Bispo e servir a seu ''parti pris". Conviria comentar um a um êsses erros. Ressalta.· remos apenas três dêles. - ''Be11ig11e commillil": ·•comm;11e. rc'', no estilo da Cúria. não significa ··conceder'' mas ''cometer". ·•atribuir um

encargo' 1; o têrmo designa. não um poder de decisão, mas de ex~cução. Esta "execução" e,s tá. de rc.sto. submetida a condições essenciais, resumidas já no simples inciso ·•suvatis de jure servo,rtlis". B:ste inciso. expresso pelo ablativo absoluto da gramática )atina, deve ser evidentemente trnduzido por uma frase de sentido rest ritivo: "contando que" ºsob a condição de", •·sob a reserva de", .. - O Bispo dá-lhe o sentido de uma prowsiç..i.o final! Como se a SU· pressão do Carmelo, como tal, fôsse o fim inscrito na comiss;1o da $anta Sé! - Deturpação que encorajou Mons. Y. a traduzir "bcnig11e" pelo extraordinário "sem rcticêucfos", completado, no fim, pelo ''sem 1c mar em consideração ... '", quando êsse advérbio, na realidade, quer simplesmente significar que a Santa Sé confere ao Bispo um poder que não pertence a êlc de direito e que ela pOderia recusar-lhe, m~smo sem motivo.

Procissão em Asbestos, durante o Congresso dos Peregrinos .

3 observações de ordem moral e jurídica A c-stas observações de gramática elementar, o Pc. Raymond Dulac acrcs~ centa outras três de ordem moral e jurídica. Primeira: que pensar da "bc11ignitfc,. eleº de um:"t Cúria que confere o enorme poder de a.rrasar um convento a um comissário o qual n5o é scq\lCt capaz. de ler corre1amen1e os têm1os de sua comissão? Segunda: a mesma Cúria confere êsse poder !i vista de uma ··exposiç,io" dos ''fotos" aprese.ntada apenas pelo 8isp0, sem ter verificado se ela corresponde à realidade, e. mais a inda, sem :- hovcr Stibmetido il contestação even• tua! das interessadas. que são assim condenadas, como fizeram os homens do Terror com Luís XVI. à "mort sans ,,lirose". Tcrccirt,: Que dizer do proeedimen· 10 do BisPo que; a) e.xccuta ,/e fato a supressão do Carmelo antes mesmo de haver recebido podêres para isso? b) recusa-se a comunicar às interes• sadas êsses p<>dêres, uma vez recebidos, e n::io os comunica senão com a ordem de man1ê-los cm segrêdo?

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O Carmelo de foi extinto. Orni1imos .v oluniàriamentc - obser. va ·o Pc. Raymond Dulac - nluitos ou\ro~ delitos violentos que acompanh:ir-.H:i \, êste crime abominável. E, antes de urdo, o dolo somado ao cons1rangimen· ·to. Um constrangimento que se exerceu qífer por meio da influ_ência insinuante, qu~r pela :1meaça. -- uma e outr.a singularmente eficaus sõbrc a alma de mu• lhcres enclausuradas e habituadas a tomar a voz dos Superiores pela voz de Deus,

Hora Santa em Quebec. No presbitério, os estandartes da TFP e dos Peregrinos. Rezou-se pelo Canadá e pelo Brasil.

NO CANADÁ' ESTAMOS P UBLICANDO na página S desta edição um impressionante depoimento do Sr. Louis Even sôbre as origens da crise revolucionária por que passa seu país. Como já noticiamos, o Sr. Even é o fundador e líder dos Pélerins de Saint Michel, importante movimento de leigos católicos que desenvolvem no Canadá uma luta desassombrada con lra tôdas as fom,as da Revolução. Acompanhado do Sr. e Sra. Gérard Mercier, também dirigentes dos Peregrinos, o Sr. Louis Even cstêve no Brasil em abril do ano passado, em visita à TFP e a "Catolicismo". Em setembro a TFP fêz-se representar no Congresso Nacional dos Pélerins, na cidade de Asbcstos pelo Sr. José Lúcio Araújo Corrêa, que participou ativamente do certame. As fotos que estampamos acima, tiradas por ocasião da visita do representante da TFP, dão idé.ia da pujança do movimento e do espírito de fé que o anima.


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AINDA A PROPÓSITO DO ""NÔVO CATECISMo•• HOLANDÊS

AGOBII CIBCU 111'11 DE 87 PÃGI e

UMPRINDO PROMESSA feita na parte final de nossos comentários ao Nôvo Catecismo fra ncês ("Catolicismo", n.0 'l43, de março p.p.), voltamos hoje a tratar do Nôvo Catecismo holandês. A edição brasileira dessa obra (" A Fé para Adultos / O Nôvo Catecismo", Editôra Herder, 1969) foi precedida de um comunicado dirigido aos fiéi_s por Sua Eminência o Cardeal Agnelo Ross1, então Arcebispo de São Paulo c Presidente da Comissão Central da CNBB. vazado nos seguintes têrmos: '"A declaraçüo oficial da Comissão Cardi11alícia (15-10-1968), à qual da,. mos integral apoio_. exige m0<U/icações no t exto original déste. CaJecismo. Apreciaríamos que os autores e respo,isáveis pelo Catecismo, dos t/ttais depende, por direito, a efetivação destas em endas, as introduzissem no próprio texto. Daríamos. então, de bom grado, o "imprima· tur''. cuja concessão somos obrigados a procra.rtinar. A preocupação pastoral nos levou a soliciUlr da Editôra Herder a inserção do parecer para o "nihil obstai''. Nilc, tôdas as modifica_çiics assinaladas pela Comissão Cardina~cia são breve mas fielmente expostas e explicadas pelo censor. Recomendamos aos fiéis a leitur<z <Uenta dêste parecer, 11ue os ajudará a dufaur cq11fv0<:os possíveis'" (pág. sem n.0 ) . De fato, a seguir é publicado um "Parecer para o ''nihil obstai" e "imprimatuf', de autoria de Mons. Dr. Roberto Mascarenhas Roxo. Infelizmente, como mostramos de modo exaustivo cm nossos comentários publicados nos n.•• 224, 228 e 231 de ·'Catolicismo", respectivamente de agôsto e dezembro de 1969 e março de 1970, tal "parecer" se mostra muito pouco fiel às observações que a Comissão Car dinalícia fêz sôbrc a obra; pelo contrário, constitui êlc uma clara tentativa de justificar csla última justamente nos pontos criticados pelos 13mmos. Cardeais. Por exemplo, quando a Comissão exige que o.~ Autores restabeleçam a verdade do dogma católico sôbre o pecado original, diz o parecer de Mons. Roxo: "O Catecismo não ignora estas verdades de fé, embora as ,t implifique demais sob uma denominaçüo ge11érica de ··pecado do mrmdo" (pág. sem n. 0 ). Ora, o "Nôvo Catecismo•· holandês não "simplifica':., ma.'i simplesmente nega pontos fundamentais do que a Igreja ensina sôbre o pecado original, pois entre outras coisas de· clara: "Também quanto «o pr6prio lromem, ,uio devemos supor que, no princípio, tenha luz"i<Jo para éle um estado de integridade part1disíllca e de imortalidade" (p. 3 14). Como não ignoram os leitores, êsse privilégio da inte· gridade e da imortalidade constitui ponto da doutrina católica de que não é lícito abrir mão.

1444 linhas a subsfituir Devemos esclarecer que a Declaração da Comissão Q\rdinalícia era apenas um resumo do que devia ser emendado no '"Nôvo Catecismo" e não encerrava tôdas as indicações já anteriormente feitas para uma revisão daquela obra. Ê . portanto, muito de se lamentar que a edição brasileira haja sido liberada sem sequer trazer, para orientação dos leitores. a íntegra da Declaração, publicando em seu lugar a glosa de Mons. Mascarenhas Roxo, que somente pode concorrer para aumentar a confu:-ão no espírito dos fiéis. No início do ano pa.s sado, sob o título de '"A Ftl PARA ADULTOS/ O Nõvo CATECISMO / SUPLEMENTO'", a Editôra Herder de São Paulo publicou um opúsculo de 87 páginas precedidas 1>cla ~cguinte nota de Sua Eminência o Cardeal Rossi: ·· rendo o.r responsáveis pelo "Nôvo Catecismo" ou "Catecismo holtzndêS' acatado a.r modificações do texto elaboradas sob responsabilidade da Comissão Cardinalícia, consi<Jera a Sama Sé encerrado o debate sôbre a referida obra. As novas edições do ciCatecismo deverão, portanto, incluir tai.r 111odificaçiie.r. A fim de resolver o problema das ediçiies já publicadas, foi aceita pela Santa Sé a .rugestão de um opúsculo separado, a modo de "corrigenda" e contendo cs tt.xtos modiji<:tlflôs. 11..rte opúsculo. de responsabilidade. da Santa Sé, tem Obviamente o "1MPRIMATUR"; ~ porque corrige t6das as partes controVertidas âo ''Nôvo Catecismo" êSle º1MPRIMATUR'' passa a e.rtender-se a tóda a obra desde que o opúsculo de "corrigenda" lhe feia anexado como parte de um todo".

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2

Que os pontos a serem corrigidos não eram poucos nem leves, é coisa de que os leitores poderão capacitar-se à vista da simples enumeração dos temas abordados pela Comissão Cardinalicia e que servem de epígrafe para as emendas do texto do "Nôvo Catecismo" aprc,sentadas pelo "Suplemento": "I. A criação; li. O pecado original; /li. O nascimento de Jesus da Virgem Maria; IV. A satisfação que Jesus fêz ao Pai; V. O Sacrifício da Cru z per· pe1uado no Sacrifício da Missa; VI. A presença Eucarística e a Transformação,· Vil. A in/alibil;dade da Igreja e o conhecime1110 do_. Mistérios; VIII. O Sacerdócio ministerial e a autoridade da Igreja; IX. Diversos pontos de Teologia Dogmática e, finalmente, X. Diversos ponto., de Teologia Moral". Ao todo são 51 os tópicos que o ·'Suplemento" manda substituir cm diferentes partes do "Nôvo Catecismo'', perfazendo 1444 linhas no texto primitivo que devem ser trocadas po r novos textos, ou simplesmente supressas, além da inclusão cm outros locais de trechos julgados necessários para o esclarecimento do assunto; os textos novos (substitutivos aditivos) somam 2204 linhas.- Compreende-se a perplexidade cm que se encontrarão as pessoas que hajam adq4irido um exemplar do Catecismo neerlandês, diante da necessidade de observar tôdas essas emendas para que êle escape às censuras da Comissão Card inalícia. Com efeito, ainda q ue, conforme a nota do Emmo. Cardeal Rossi, o "imprimatur" do "Suplemento" passe a estender-se a tôda a obra desde que o opúsculo de "corrigenda" seja anexado a esta como parte de um todo, é bem de ver que não será suficiente para tanto a mera contigüidade física dos dois vo1umcs. Os textos errados da', edição originária continuam errados e além da anexação do nôvo opúsculo ao volume do Catecismo, indispensável se toma fazer a consulta ao texto daquele para verificar se se pode confiar ou não no que se leu n~tc. Aconte<:c que as cmcn~

+

das não aparecem no ''Suplemento·· na ordem numérica das páginas ou na seqüência ·dos <:a· pítulos do "Nôvo Catecismo", mas de acôrdo com a ordem cm que foram abordados os assuntos pela Declaração da Comissão Cardinalícia. Assim, por exemplo, o primeiro texto que o "Suplemento" indica dever ser substituído se acha às páginas 553-554 do "Nôvo Catecismo", vale dizer, no seu penúltimo capítulo. O segundo texto se acha à página 283, isto é, bem no meio da obra. E assim por diante. Por onde se vê como se sentirá embaraçado diante dêsse sem · número de corrigendas, mesmo quem estiver bastante familiarizado com o fastidioso trabalho intelectual de cotêjo de textos. E terão conhecimento da pul!licação dêssc "Suplemento" todos aquêles que adquiriram a edição eivada de erros do "Nôvo Catecismo'"?

Hem todos as erros foram corrigidos

-

Embora se tenha afirmado que a Santa Sé considera encerrado o debate sôbre o Ca· tecismo dos teólogos de Nimega, vamos - não com o intuito aliás legítimo de polemizar, mas levados pelo desejo de bem informar os nossos leitores - vamos dar alguns exemplos para mostrar que nem tôdas as correções necessárias foram feitas. De resto, já pelas próprias palavras dos autores do "Suplemento" vemos que êste não esgota o assunto no que diz respeito aos erros que encerra . o "Nôvo Catecismo" holandês. Com efeito, nas "Observações preliminares" do citado opúsculo, lemos: 11Diverstzs correções de pormenores a serem inseritlas muna nova eclição da obra foram excluídas. porque são supérfluas muna publicação avulsa de uma série de modificações'' ("Suplemento", p. 1). Perguntamos: serão assim tão . supérfluas ou despiciendas as correções omitidas? Tomemos ao acaso alguns exemplos.

Entranhadamente evolucionista e modernista Entranhadamente evolucionista e modernista, repisa o "Nôvo Catecismo•· holandês, ao longo de suas páginas, a ",'mperfeição primitiva" (p. 73) vigente no Antigo Testamento. A Bíblia não seria um livro "de piedade e edificação, ou seja, u,n livro em que s6 sejam a-presen . . tadas coisas boas. Tal esperanç,, fica logo de· cepcionada. De i,údo, nas narra1ivas patriarcais contan1...re, com a maior franqueza e tranqüilidade, aios e fatos grosseiros, cruéis e. para o nosso sentimento, até imorais. Temos de le.mbrar~nos, então, de que a Bíblia mio (, livro de piedade e edificação, e, .,im, a expressão inequívoca da realidade nua e crua. Deus em caminho com a hu,nanidade primitiva-. ( ••• J às vê1.es, o próprio Deus parece estar atrás de certos casos. como, por ~xemplo. na fraude de Jacó. ou - pior ainda - na exterminação radica/ dos habitantes de Canaã: a4t1i se dh~. aJé que Javé o mandava. Como interpretar•.re isso? Tais casos devem também ser vi.rios como imperfeição primitivd' (pp. 72-73). Embora estejamos no Nôvo Testamento, período histórico de plenitud~ da graça, é incgàvelmcnte liberal a seguint afirmaç.ã o do .. Nôvo Catecismo", a qual dá a entender que contra os inimigos de Deus não é lícito lutar senão com annas espirituais: 1'Se, no Antigo [Testamento, alguém] lê sôbre combate co111ra o inimigo. já sabe que Cristo o transformou ~m combate espiritual contra o mal" (p. 76). O que sobretudo oos mostram os Livros Sagrados cm passagens como a da punição dos cananeus vem a ser a seguinte verdade: as bên. çãos de Deus para os que ouviam sua voz. e o

castigo para aquêlcs que d~le se afastavam . Não é o que também vemos na vigência do Nôvo Testamento, em épocas de apogeu da Cristandade, quando chovem do céu as bênçãos de Deus, e cm épocas de decadência e de volta ao vômito do paganismo, quando não faltam os castigos para os povos impenitentes? Ademais, a propósito dos justos da Antiga Lei não devemos esquecer o que cm belíssima linguagem nos diz São Paulo ao mostrar a fôrça da fé em Abel, em Hcnoc, em Noé, cm Abraão, cm Isaac, cm Jacó, em José, em Moisés. terminando por esta glorificação dos justos do Velho Tescamento: "E que mais direi ainda? Faliar-me-ia o tempo, se eu qulsesse falar de Gedeão, de Barac, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel. e dos Profetas. os quais peltr fé conquistaram reinos, exerceram a ju.stiça, alcançaram as promessas, fecharam a bôca tios leões, extinguiram ti violência dó fogo. evitaram o fio da espada, convalesceram de enfermidades, ,ornaram-se fortes na guerra, puseram e 111 fuga exércitos estrangeiros; mulheres houve que recobraram ressusciwdos os seus mortos. [ .. . ) é todos istes, louvados [por Deus] com o testemunho prestado tl sua fé, r,ão receberam [imediatamente] o objeto da promessa, tendo Deus dispO.fto alguma coisa 111elhor pam n6s, a fim de que êles, ~·em · 116j·. não obtivessem a perfeiçüo da felicidade" (Heb. 11, 32-40). Essas passagens do "Nôvo Catecismo" não foram corrigidas. Por outras palavras, não foi completa a ext irpação dos erros contidos no livro de Nimega .

Lutef'O, doutor e profeta da Igreja-Nava Todo católico de mediana formação intelectual sabe que espécie de calamidade desabou sôbrc o mundo cristão como resultado da Pseudo-Reforma. Vejamos como se refe re o Catecismo holandês ao heresiarca q\Je iniciou êssc terrível inc.êndio: "Um homem de eloqüência profética e de coração profundamente religioso, desencadeia~ em 1517, um movimento, que não consegue ficar dentro da Igreja univel'sal: Martinho Lutero" (pp. 261-262). Mais adiante afirmam os Autores que a comunidade católica, no século X.V J, 1 'não pcdia passar sem

Lutero. com tlouto,· e profeta seu. A falta é sentida ainda mais. porque a Igreja se mostrou muito hesitante em abraçar certos grandes valores, precisamente porque a R eforma os ressalta\10: determinada espiritualidade bíblica, determinada autonornia no culto (uso da l,11gua vernácula), determinada liberdade e responsabilidade pessoal na fé, e até determinada mtísica: o cântico e vangélico e comunitárfo'' (pp. 377-378). Em um Catecismo que pretende ensinar ··a fé para adultos'', fazem-se êsses inqualifi-

cávcis elogios ao protervo negador da autoridade da Igreja e ao pregador de erros como o do livre exame, que tantos estragos vêm causando às a1mas. o caso de se pecguntar: faltaria à Espôsa de Cristo alguma nota para torná-La capaz de sua divina missão de dispensadora dos frutos da Redenção? Vejamos o que dizem os autores do "Nôvo Catecismo": "Assim, de um lado, é doloroSb vermos como falta à R eforma 11 verdade da Igreja Cat6/ica. Mas, de 0,11;0 também, que faltam a esta certas verdades e outros valores da Reforma. "Por causa dis-so, torna-se para t ia mai.r difícil expressar, 11a realidade da vida, a plenitude da catolicidade, em todos os se11s aspectos'' (Concilio Vaticano li, Decreto sôbre o Ec11me11ismo, 4). E por que não dizê-lo claramente: por causa tlisso, a Igreja ntío apresenta ainda, no momento, fisionomia tal que seja capaz de arsumir cm si a R eforma. Tcdos juntos devemos crescer na tlireçâó de uma nova Igreja Cat6/ica, isto é, universal. Não uma Igreja, 1m qual se tenha miswra,lo água no vinho da verdade ,/e Cristo. Mas. sim, uma /greit1 em que sejam refundidas formas e concepções, que não são essenciais. Pós.ramos aprender, gr,uJualmente, a alegria de não sõmente comunicar a verdade uns aos outros, mas também de vê~la nos outros e de recebê-la dos outros" (p. 378). O mínimo que se pode dizer de tudo isso, é que é perigosamente vago e confuso. Ao mesmo tempo em que se afirma que a Igreja, em seu estado atual, não é capaz de "assumir'' a Pseudo-Reforma protestante, sendo necessário para isso uma nova Igreja universal, sustenta-se que não são essenciais as formas e concepções que devem ser refundidas para que isso se dê. E ficamos inteirados de que faltariam também algumas verdades na Igreja Católica, pois se diz que Ela deve recebê-las dos outros, isto é, dos reformados. Não pode· riam os Autores dizer que " verdades'' seriam essas que a Igreja deve receber, além dos .. valores" atrás enumerados? palavreado, que oão foi corrigido, SO· mado aos erros doutrinários gravíssimos que continha " O Nôvo Catecismo" holandês como o conceberam seus autores, nos faz pensar na Igreja-Nova, desmitificada, dessacralizada, desalienada, igualitária e gn6stica, com que sonham os novos "profetas" e os membros do IDOC.

e.

esse

Enormidactes e,m matéria moral No que diz respeito a .. Diversos po,11os da Teologia Moral", nenhuma referência ehcontramos no "'Suplemento'' quanto à justificação do homossexualismo esboçada pelo "Nô· vo Catecismo" (-pp. 444-445) , nem quanto à complacência mostrada por êle para com o vício solitário (pp. 471-472) . As enormidades que o livro diz sôbre êsses dois temas foram expostas nos comentários que publicamos à página 6 de· .. Catolicismo", n.0 231 , de março de 1970.

Guardemos o depósito de nossa Fé Pelas amostras q ue damos acima, vemos que continua " O Nôvo Catecismo'' holandês a ser uma obra deletéria, que não deveria ter curso enlre os fiéis, e muito menos entre a juventude de nossos dias, tão inexperiente e ávida de novidades. Diante de tamanha falsificação da doutrina católica cm livros, como êssc Catecismo holandês e seu epígono francês, destinados justamente ao c.<elarecimcnto dos espíritos, vêm-nos à mem6ria as palavras de São Paulo a Timóteo : "ó Tim6teo, guarda o dep6sito (da Fé), evitando as novidades profanas de palavras. e as contradições de uma ciência de falso nome, professa11do a qual alguns se desviaram da Fé" ( 1 Tim . 6, 20-21). Tomando para nós êsse conselho do Ap6stolo, de todo o coração dizemos: com tanto mau espírito está concebido o '"Nôvo Catecismo" de Nimega, que a m ais elementar prudência nos aconselha que dêle nos afastemos, se quisermos guardar intacto o depósito de nossa Fé .

Cunha Alvarenga


Oh

01a1s forte que todos os exércitos! Ft>rnio.<11• Cr••:::s. •••ai.<1 re.<1plantkcente e rica.. co,,. o Nangue , dêste di.,ino Cor,leiro. que for111oso.<J rr•bis. Tu fôste o cabo 1.le seus trabalhos. tu o co1nêço 1.le ."le•• repouso. tu a .,itória tk sua batal~ tu ler,antaniento ,le .fier• 1.legrê,lo. tu entrn1.la ,le Nt•a gl,iria e po,,se de Neu reinatlo. Tô1.l1• ficas n1anando e,n rio.t1. que por ti correra,n ,le Neu precioso Sangue. e tô1.l1.• banha,h• nêle. T~ é."I ,., ,,ainha herança, tu a ,,.inha rica partilht•. que dê.fite Senlaor n,e ficou. Pobre ,norreu e,n ti ,le tudo de.<1apega1.lo. ."IÓ contigo al,ra91.•1lo e ena ti cra.,,.,lo. Tôda te deixou a todo!ti tl!ti ."leus e tôda a cada u,,. ,los que O a,na,n. Adoro-te. abrfff!O•te. recebo-te por nae11, rico teNouro. Oh 1nais for,,.osa que tôdas

01J1

estrêlas. nanis

forte· qr•e todos os exércitos. triunfatlora tk todos os ininaigo11! Oh con,,o ficas no ca1npo po,lerosa. se,n potler ser derrilHula. IU}na ~nci,la! .lá te reconhecer• o Cé••• já tre,,.e de ti o inferno. já te há ,nêdo o ,,.undo, jt.'r. conhece o ini,,.igo qr•c O que eni ti ,norreu. é t,erdatleiro Filho de Deu.<1. Já honras os q••e até aqui abatias. poü, putlellte larzser do corsário ladrão, cidadão hoje jd o Paraú,o. Tu és minha coroa. ,ninha glória. ,ninh,a riquerzsa. e todos os bens por ti os tenho. A ti 1ne acollio. a ti nae abraço. e1n ti quero .,;-,er e ,norrer. Já perdeste tua dure:::sa. j,'r. lictu,; ,"luaí,e j11go. já penhor certo ,la glória.. já conaêf:o de re~nar. já 1.le."lca11."10 e ali.,io 1.los que a ti se acolhena. Adoro-te. á,-.,.re tle .,;,ta. a,loro•te. fonte ,ln ", labedoria. adoro-te. neuro forte contra

ini,nigós,

01.1

a,loro•te. forno q••e ficas ardendo e,n logo do di.,ino e anaoroso Cor,leiro. llecebc•n•e ena

te,._"

l,raços. nêle."I ,ne sUNtenta e santifica,

por ti 1nc receba O qrre e1n ti ,n.e rcdinii11,. e e,n ti por ,ni,n cheio ,le naeu ,

a,,,.o r 111.,,rre••- (I Ma1.lre ,le llc,._s .<1acratis11inia. Rainha dos Anjos, glo,•io."la e."ltrê/11 ,lo ,,,ar e g11i11, ,loN 11ecadore11; que ficaiN t:ôda cheia ,le ,l,,re."I. e ,"lt1,11,1l11,1le.t; tlê."lte Senh.o r. q••t! ger01JJtes. e cheia de fé. e esperança ,le O ver ,l11q11,i 11 trê.., 1.lia."I re."INU.tJcitado. Fa,:se~,ne co,n. Êl~ ,"ler crucilic11,1lo: la:::sei-,ne ,te Ntla.tJ 1niio.v ser recebido; farzsei-nie •

tkla.<1. e por Vó.., .<Jer ,"le111.pre an1p11,rado. p11,r11, que dEle. e para Ele

.

.

.

., -.,,..

,

e nEle 111.o rr,,. e c,,n, Ele reine. O (.,õrte cele11tial, que tendes lá êste 1.li.,ino (.,'or,leiro i111orú1,I. contente11 de O po-uir e seguros ,te O per,ler. 11j11,h1-i ,,, ê11te de.<1terrad,, filho ,le E-,a,. a .,iw,er por Êle se111pre crr,.cilica,lo. e ,le 111ereç11, ,,,,r Êle

c,,,,.,,,..,c,,

De ·~TR.AIIAl.llOS ou J F..sus". Ver not:t biográ fica na pág, S.

·"'º''· 11,n1,,r

...enrpre abrasado. para que

,"lf!r ,,,,r,,. ,"len111re c,,r,,a,lo

e

glorilica,lo. Anaé,n. Frei Tonté Je .IESlfS

3


O nacionalismo argentino, uma incógnita em constante evolução E

XJSTE NA Argentina uma fôr-

ça às vêzes impalpável, mas sempre a tuante e de grande influência no pnís: o ,wcio,wliuno. Lidcrndo por uma elite de inte lcctm1is e políticos conhecidos. e reunindo cm suas fileiras elementos de destaque da iniciativa privada e da administraç.1o públ ica, o nacionalismo produziu uma obra literária considedlvel e dc.~nvotvcu unm i ntensa inividade durante os últi·

mos cinqüenta ,,nos. Apesar di$sO. o grande público ar• gentino e o mesmo aco1\lecc com muitos nacionali:Has de base - não tem s.enão um~L idéia incomplcrn dêssc movimento. cujo nome êlc cs1á h11bituado :1 associar vagamente ao campo doutrinário católico. 1radicio1,alista e an1icocnunisrn. Isto decorre do foto de o nacionttfismo não haver 1nantido ao longo de sua existência unrn linha ideológica clnr;\ e dcfinid~. do mesmo modo que seus jornais e- revistas ( ;l maioria dos qoais de escassa tiragem e existência efêmera) têm IOnmdo atitudes por vêzcs con1r-Jdit6rias. e seus lideres Políticos t~m ocup:.1do c;,rgos cm quase todos os: governos, sem lcv:1r em cont;l a o rientaçiio dêstcs. Foi. pois., com gmndc interêssc que o públic("> esclarecido da Argcntin:1, e t<\mbém ou1ros círculo$ cuhos da An\érica L:uina. acolheram o livro recentcmcn1e lançado pela Sociedade Argenti· na de Deícsa da Tradição, Familia e Propriedade sob o sugestivo título de

linha criado ao longo dos :.\nos. Alguns de s eus redatores se deixaram seduzir por essas propostas e se incorporaram às :.tividades cxpltcilamente políticas do naciona lismo. A revista. contudo. con• 1inuou no seu programa de Juta pela verdade católica e pela.$ 1r:1diçõcs da cri.standade hispânica, sem enfileirar-se cm nenhuma facção política naciona· lista. A medida que "Cruzada'' se ia definindo por uma posição nltidamen1c católica. hispânica e trndiciona1is1a. iamse acentuando os Pontos de divergência com o nacionalismo, embora continuasse ela a ind;,, de a lgum modo, circunda· d:1 pelo ambiente nacionalista . Alguns fo1os foram to rn.,ndo mais patentes as d ife renças c até uma certa C.OnlrnpOsi• ção. percebidn naturalmente por ;-ambos os lados. Finalmente. cm 1967, resolveram os redatores;: e propàgandistas de ''Cruz:,. da" desvincular-se rormalmente do nacionalismo. funda ndo unm organiz:tÇiiO d::: inspiração francamen te con1rn-revoh1cionária. a So,:ic,ltul A rgc11ti11a clr D~:/eus,, ,Je lo Trculi<:ión. f(ll11i/ia y Pro, piecluc/, com a qual iri;m, explicitar no campo cívico os ideais <1ue os haviam animado de.'idc o início. A ruptura com o nacionalismo íoi para o grup0 <le "Cruzada" o resultado de um longo processo de maturaçílo

Do nacionalismo à TFP Os Autores tr:,çam na Introdução desta obra seu próprio itinerário ideológico. o qual. parlindo das fileiras do nacionalismo, co.nduziu-os a té a fundaçiio da Sociedade Argen1ina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Pcrtencer:im todos êlc.~ ao corpo de red-'IOfC!> e propagandistas da rcvisla ''Cruu.HJa", eujo primeiro número apareceu em julho de 1956. "De.t de o prim elro mome11to - escrevem - "Cruzada'' es.. ih,,• em t 'Ollfll<:W com o 11acio11alismo. ,le111rn ,to qm1I exi.-uia. t· dó qual pro.. ,·in/t{lm <111<,s<! todo.\· o.t / uudádórcs <la re i·isw. Por t•Sj·a rt1úió. cm JtlâS pág;.. m1,\· fomm acolhidos muitos ortigo,t que de1101twum <1 i11/luf11cia ,Jo.t nociona· llsu,s courcmporlinco.t . Mll.t, tombém quase tlt::ule o primtiro mom,mro por m ziies qur ,tlrim tunenre che· 1:,11110.r a ver com tôda a darezo ,ftll'giu um maf..cswr indefinido cntrt " Cr11uultl1 e seus am igos 11acio,wli:w1s. mnl-est<1r t'ste :rituado excJu.. ~iw1mt11tc 110 campo d<u tendências e tias doutrino.)', já que, com os m embros do nocituwU:m,o, todos de trato pcs~tQa/ di,\'li11to e mnc,w. 1111111.:a tivemos 11c• 11/wm 1111'ito" (p, 9). Não era raro que chefes n:tcionalisrns procurassem dissuadir de ingressarem no movimento de ''C ruz:-1dn" jovens sõbrc os quais 1inham in íluência. Talvc·1. lhe~" parecesse que a revista estavn incorrendo em perigoso ;·,dc~vi;1cionismo'' que era preciso reab· sorver. e de fato foram sem conta as proPostas para que o grupo de ''Cruzada" se fu ndisse com alguma das nume~ rosas organizações que o nacionalismo 4

mui,'í. 110 </Ut' clu111u1rÍi1mQs us basts 11'1dm1ali.ttllS, ' 'Cruwda'' co111i1111011 tt:11· cio, titc: hoje, .rlmpMi<ts que nos con/ur-

tum e honram'' (p. 11) . Essa ai ilude das bas.es deve-se :,o foto de o nacionalismo. considerado cm seus líderes, ter lido sempre ,,ma doutrina aparente e outn.\ real. como veremos adiante. Orn, as bases - especialmente os jovens: foram sempre a1raídas pela doutrina aparenlc, representada pelo Catolicismo e pelo hispanismo. enquanlo as cúpulas seguiam uma orien1as-..to relativista e diàlé1ica. Os fu ndadores da TFP argcn-

tina roinperam com es1a orie1\tação, perm;rnccendo fié is aos princípios adotados- pelas bases nacion:.'llislas.

de Perón; a segunda corresponde à era pcronista : e a terceira estende-se da quedá do ditador dcscamisado até os nossos dias.

Divisõo do livro NASCF,U NA OÉCAOA OE

20

.. El nacionalismo, una incógnita en constante evoluci6n'' está d ividido e m três partes. a1ém de uma no1a introdutória e de um opulento apêndice biblio• gráfico. As partes, por sua vc·z,., subdividem-se em capítulos, cada qual precedido de um resumo subsiancioso, para facilitar a leitura de um texto necess:'1ria mcnle cheio de citações e referências. N;, primeira pa rte apresenta-se su· màrinmentc a história do nacionalismo. dc.sdc suas origens.: n:., segunda cx.pôe-sc a doutrina nacionalisla, omilindO•se po, rém ;\S cirnçõcs. p;,ra tornar mnis cô· moda :1 compreensão da lógica interna dessa doutrina: í inalmenlc, n;1 terceira parte. são analis:,dos textos de au1ores nacionalis1as das diversas épocas, dos quais se depreendem as várias teses apre:-entadas na segunda parte.

História do nac iona lismo Distinguem os Aulores três épocas na história do nacionalismo: a primeira vai desde as origcn~ até o advento

O movimento que dcp0is tomou o nome de nacionalismo nasceu ao calor das primeiras l;1b~redas do esquerdismo na Argentina, T rês acontecimentos da história platina servem de marco à nova época, dentro da qual surgiu o nacionalismo: a promulgaçfto da 1ei do sufrágio universal, que de\1 início à e ra dos movimentos <le massa ( 1916) ; a Reforma universitária, que deveria eontri· buir p~ra a formação de uma elite esquerdista ( 1918): e ~· "Sem:rnn T rág,ic:1". durante n qual agitadores proletá· rios provoc,ara.m uma expio.são anarquis· 1a, com inúmeros atent:,dos a pessoas e propriedades ( 1919). esses aconiccimencos provocaram nos setores mais 1radicion:ais da população argenlina uma vigorosa reação, marcada pela tcndêncio à reafi rmação . dos pri ncípios católi· co.s e da 1radição hispânica . Foi na década de 20 que se delineou com mais precisão o movimen10 filosó-CONCLut N'A UXTA PÁOIMA

Gustavo Antonio Solimeo

''BALDEAÇÃO IDEOLÓGICA INADVERTIDA E DIÁLOGO''

' 'EL NAClúNALISMO. UNA INCÓGNITA EN CONS1'A'N1't P,\'01..UCIÓN" ( Edicioncs Tra-

dici6n. Fnmiliz,. Propiedad, Buenos Aires, 1970. 263 páginas). O livro roi escri10 pc.l~ Comissão de Escudos dn Tf P ,11·1,emina. presidida pelo Sr. Cosme Rece ar Varela Hijo, e composta pelos Srs. Carlos F. lbargurcn Hijo. Jorge M. Storni, Miguel Bcccar Vt,rch\ e Ernesto P. Burini. Obra de rarn h1cidês e objetividade, man1cndo ao longo de suas páginas um ton\ls sempre digno e elevado. não hesita em apontar os nomes dos principais re.'iponsávcis pelos dC$vios do movimento nacionalista. entre os quais os S rs. Mario Amadco, ex-Embaixador da Argentina no Br:\sil, Marcelo Sánchcz Sorondo, César Pico - êstc recentemente fa lecido - o Pc. Júlio Meinviel• le. e nu1ncrosos outros. Não há como negar o alto valor intelectual dêss: livro. sua densidade doutrinária e a abundância d:, documentação que apresent;;i, extraída das próprias fontes nttcionalistas. "Catolicismo'' recomenda-o. pois. vi~ vamente. a seus leitores.

e reflexão sõbr.! o propno itinerário ideológico, be m como de um estudo sério e profundo d:l dou1rina nacionalistt, (tão multiforme cm seu$ nspcctos e Ião chei:, de cont radições internas) através da a nálise cuidadosa dos escritos dos elemenlos mais reprc.sentativos do movimenlo. Dê.~se estudo resultou igualmente o livro de que nos ocupamos:. C um pre esclarecer que a ruptura. não atingiu a5 relnçõcs dos jovens de "Cmzada'' com as bases nacionalistas ( nem implicou em hostilidade pessoal contra as c(1pulas): "[, .. ] os co11tactos rm plano ele soli,Jc,rietlatle ideolóKica ~ ,lt· colt,bc,r<1Ç<io e,,tre "Cruu,Ja" e n ge· 11tmlidotle dos chefes uaéiom,list<u ces,fl,rllm. ~mlu,ra tc11lrtm1 <:Q11ti11umlo 11atutl1/mc111e as rel<1ni es pt's.rtmif;; 11,Jc..

TAMBÉM REPERCUTE ALÉM DA CORTINA DE FERRO NOSSOS LEITORES

se

lembrarão,

par certo. da polêmica que se travou en,

tôrno do ensaio .. A LIOEI\OAOE. OA l GREJA NO EsTAl>O COMUNISTA'', entre seu Autor. Prof. PLINIO CORRÊA 1>1:. OLtvErR.A, e o Sr. Zo10N1~w CzAJKOWSK1. diretor do jornal ''Kierunki", de Varsóvia. Nela intervieram também. do , lado do Prcsidenle do Conselho Nacional da TFP o Sr. Henri Carton, de "L'Homme Nouveau", e do lado do jornalista 1>0lonês o Sr. A. V.. de "Témoignagc Chré1ien". ambos de Paris. Dessa polêm'ca demos amplo noticiário em vários núnieros des1a íôlha, cm 1964-1965 ( 1). Essa não foi. p-0rém, a lÍnica obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a repercutir atém da cortin:l de ferro e a provocar reação p0r parte do mesmo Sr. Czajkowski. Com os compreensíveis e inevitáveis :i1rasos. chegou-nos às mãos um cxem• piar do número de janeiro de 1968 de "LA Vae CATHOLIQUF. EN POLOCNE. / ReVUE DE LA PRE!SSE POl.ONAISE"' edil ada cm Varsóvia pela Associação " Pax'' a conhecida organizaç,ã o ºcat ólica" de fochada do regime comunis1a polonês (2). A revista parece deslinada a informar o público ocidental sôbrc a vida religiosa naquele país e, particular· mente, sôbre as atividndes do grupo ''Pux.", 8sse número de ''La Vie Catholiquc en Pologne" dedica sele páginas da secção "Resenha do mês" a noliciar os ataques fei tos cm duas edições sucessivas do semanário "Kicrunki'' (n.~ S l ·S2 e 53. de 1967) pelo Sr. 7..bignicw C1,,jko· w.ski. redator-chefe de "Zycic i Mysl" , ao ensaio "BAl.OEAçÃO IOEOLÓOICA f NAO· VERTIOA. ·~ DIÁLOGO", do Prof. Plínio Corrê:\ de Oliveira. Pela mesma rcvL'ita ficamos sabendo que ºZycie i Mysl" é um " m t ns,írio filo:ró/ico ~ .tocial11• en• qt1an10 "Kierunki" é um semanário "d,:,t 1i11ado <H.).f círculo.r J<1 i11ttllige11tsia-" polonesa (pp. 7-8) . sendo ;>mbos edilado.s igualmente pela Associação "Pax".

Polêmica ou monólogo? Da outra vez o Sr, Z. Czajkowski ~n .. viou ao P rof. PJinio Corrêa de Oliveira um exemplar do jornal no qual o ata• cava, acompanhado da respectiva tradução fra ncesa. Ademais, pl,rJ evil:tr CX· lravio, rcmclcu idên1ico material ao Exmo. Revmo. Sr. D. Anlonio de C3S· Iro M:1yer. pedindo-lhe que o encaminhasse ao escri1or bra$ileiro. Vê·sc bem que o colaborador de ··Kierunki" tinha

então empenho em que suas c ríticas chegassem ao conhecimenlo de quem elas visavam. Dcs1a feila, porém, nada recebeu o Pror. Plinio Corrêa de Oliveira da parte do Sr. Cz.ajkowski, Assim, é bem de ver que jamais poderia o Sr. Z. C. intitular êste seu nôvo anigo de ''No círculo ,/e uma misti/icaç,ío /Micolúgicà, ()ti :tt i <1, de uma polênlica com o Prof. P/i11io ,/e 0/iir~ita - contim1<1ção", \lnlà vez. que a outra parte na pretensa polêmic,, só por ac.aso e muito tardiamente viria a fic:\r sahendo dos ataques de que era objeto. Q'-'anto ~ palavra ·•mi.ttifica,·,1o", c:i• lha bem ao 1ex10 do próprio Sr. Czajkowski. Os leitores vcn1o como o co• laborador de "Zycie i Mysl" não se preocupa em refutar a argumentaÇ<'io do Prof. Plinio Corrê.a, de Oliveira, mas limi1a-se a 1rnnscrcver. de modo cscan· dalos.amente deturpado e truncado, tre.. cho.,; do trabalho dê.'ite e a dirigir-lhe insultos pessoais. - o que não é de se es1ranhar Por parte de um comunista, parn quem os rins justificam os meios. Daremos apenas a lgumas amosiras des.'ia ''técnica".

Deturpações escandalosas A página 4 d:1 4.ª ediÇão brasileira de "Baldeação Ideológica Inadvertida e Diá logo" (Edilôr:1 Vera Cruz. Siío Paulo, abril de 1966). escreve o iluslre pensador brasileiro: "A caus<1 da ;11.rn~ uóvel im·iabilitlmle ,la vltória comunista 111rm•f:t da,\· umas está também. em a/.. guma medi<la, 1u:, resistência que ao marxism o opiie ó fundo de bom senso 11t1tural que con.ttitui o páfr im(11úo m i1,mar t' comum dt, l1tmu111itlade. Este bom senso se choco com o caráter 1:s.1eucialme11te a11ti11otura/ que se mostra ,...m todos o:r asptclos cio comunismo" . Pois bem. Estas linhns tão claras e inequívocas. as.sim as "leu" - e apre. senta entre aspas, como t ranscrição literal o jornalisla do grup0 "Pax.": ..As ,•it6rit,s illca11ço.tlns 1u1.t unws pelo.\· conwni.ttas s,io parciâlme11re ,lc vid11s n rxigêntius nwl.rús c exageradas (,,.r dos capita/i.\·tos r ,la burgue.ria, Z. C.) e parci<1lme11tc <10 /oro de que o 1,u,r;dsmo .rc baseia 110 l,om .ft'IISO 11ue é uma co11<111istn secular comum a tôda ,, humanidade" ("L1 Vie Catholique . .. ··• p.

63). Não é escandaloso? Mas há mais ainda. Adiante escreve o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: "Ga11lu:m êle [o CO· muni~mo], é ,·enfade, " eleição pelo-

ufsa ,Je 1957. mn.t r.tta eh:içüo, é e~·i· dente, c11receu de /ibeulade. O., ca,ólicos sabiam que se derrotas:r~m Gt111mlka, t!XpOrÍilm sua pátria a uma repre.r , .rãa ru:ua no estilo tio que sofrer<, a g~oriosa e infeliz H ungria. Por is10. em bora cons1ittd11do no Polô11la maioria Jtcisi11a, op111ram iles pelo que se Jltes afigurou Q uwl menor, clegnulo deputados "tomulkianos··. Não nos pronunciamos oqui sôbrc a licehfo<lc dfssa mn110l1ra, nem .túbre o seu acirto do pomo de vi.ti<, estritame111t• político. Sub/i11lu1mos. e111rc1a1110 1 que 1/c nenhum modo se 110,le afirmar ter sido eleito livrcmex1e pelo ;,,c1;10 povo polo11és um congusso nw;oritàrlmnellle com1m ;su1. A m aioria conumista ex;stente 110 parl/1m emo da Po1611ia mio constitui, pois. argum ento co111m o qur 11calu,mo.t tlt

t1/irmar'' ( ed. c il., p. 4) . Eis como o jornalista p0Jonês ' 1trans .. creve" - e sempre entre aspas - cs1a passagem: "Ê verdade que os comunisw.r p<>lónest.r ganharam as eleições dt 1957, as.sim com o é verdatlt q t1t. essas eleições tro11.scorrértim tm 111110 atmos/eta de libttdade ( . • . ). S ublinlwm os que o par/amemo comunl.rta polo11ês /ói deite em e/ciçõt.v /ivrt.r pela gr(mdt maioria dena mogní/,'ca naçâo. a por ino que <1 existt-ncia de ,mw graudt maioria comunisu, 110 pur/ame,110 polo• nês mto constitm' tampouco um ,,rgumen• to contra 11osse1 tcsê'' ("La Vie Catholi· que ... " , p. 63). Não é possível ser mais desleal ao ra,..cr citação de um Autor que se pre1endc refutar. Depois de passar por a lto sôbrc .i introdução e o primeiro capítulo d;,, obra. o reda1or-c hcfc de "Zycic i Mysl" salta 1o<lo o capÍlulo li . sõbre " A l,aldeaç<lo itleol6gic11 inmlvntilla". o 111, intitulado "A palavr a-tolism<'i~ c:ttrafl11Jt" ma dt1 •ba"1e.ai·iio itfeológi,·t1 i1uulvertida'', fala muito ligeiramente ~ rcspcilo dos sentidos 1alismânieos da palavra "diálogo". que são objc10 do capílulo 1V. o mais longo do livro - e o mais imPortan1e para se compreender o seu contexto - e passa logo à Conclus:1o. apresentando truncada uma pnssagem na qual o Prof. Plinio Corrê.a de Oliveir3 ap01Ha. apenas a título de exemplo. co· mo os do grupo " Pax'' e ncaram o diálogo de modo rclativisla e admilem uma evolução no pensamento social da lgreja, capaz de torná.to flexível a p0nto de aceitar o marxismo. A êsse respeilo afirma o Sr. Czaj. kowski: "N,io é "Pax·• qutm "insinua'',

Sr. Proft•.t.rór, que o pensamemo social e ~·olui e. conw o Sr . t.)·creie, dá mostra:r de /lt!xibilidáde tm reli:ç<lo 110 socialismo: está tendência i confir mada pelos tlt!creto.r ,lo V1,1ica110 !!, tàl como ptlas Encfr:licas sociais de João XXII/ e Paul<> V/" ("La Vie Calholique . . . ", p. 67 ). Depois de tudo isso, o jornalista de "Pax" atreve•se afo da a dizer que o livro do pensador brasileiro ignora "tQdas as leis do lógica" e tende "a /al.t e<,r e " co11/u11dir O.f fatos, OJ aconttcimtmo.r e as conclu.t(ies'', não passando de. um "amontoado dr verdntlt:r e cOllfrm•crda ,t<'.)·'1 ( revista c ilad3, p, 63). 0

O que mais importa O qu-e importa destas notas não é lanto ver como os comunistas .se ser.. vem dos mflodos mais dcslcais para combaterem os que se opõem aos seus desígnios s inistros. O imPortante é o fato de que um elemenlo qualificado dentro da Associação ;;Pax'\ a qual constitui dócil instrumento do govêrno comunista p0lonês, tenha julgado opor.. tuno a lertar os cfrc ulos inleJectuais de seu país contra mais êste traba.l ho do Prof. Plínio Corraa de Oliveira. Isso é sinal de que o comunismo receia que "Baldeação ldcológica Inadvertida e Diálogo'' lhe acarrete sério dano cm seus próprios domínios de além cortina de ferro. 1) Ver: " A1rás da corcina de Cerro•·, cm "Catolicismo". n. 0 161. de maio de 1964: "Carta aberl:t para além da cortin~\ de ferro", por Plinio Corrêa de Oliveir,,, n.0 162. de junho de 1964: "Jom:.I ealólieo francês rcspOnde à carta aberta publicada em Kieruuki", n.0 165. de sclembro de 1964; "Continua acesa a p0lêmica cm tôrno de A Uberdade tlo lgrej<1 110 Estudo Comtmisw", n.• 166, de oulubro de 1964; "ResposH\ à carta aberta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira / 2.• carta aberta do Sr. Zbigniew Ciajkowski, publicada nos peri6<Ji. cos Kier1111ki e Zycie i Mysl, de Varsóvi:.'l"; e "Diálogo, coexistência e heca· tombe 1crmonuclear / 2.ª carta aberta para a lém da cortina de ferro". pOr Plinio Corrén de Oliveira, n.0 170, de fe. vereiro de 1965. 2) Ver "O grupo Pm: e. Informa• 1io11s Catlwliques lnternationales". por Cunha Alvarenga - 11 Ca1olicismo", o.0 164, de agôslo de 1964.


DIZEI UMA SÓ PALAVRA... Plínio Corrêa de Oliveira

O

SR. NELSON Carneiro declarou à imprensa que ·o fato de haver sido eleito senador pela Guanabara constitui uma aprovação da opinião pública n'acio-

nal à sua atuação divorcista na Câmara dos Deputados. De onde concluiu q ue. na Câmara Alia, deve dedicar-se. mais do que .nunca. a derrubar a indissolubi1idade do vínculo conjugal. O raciocínio do agitado parlamentar é o seguinte: a) se êle. divorcista notório. foi eleito pela Guanabara, é porq ue seus eleitores desejavam o divórcio: b) ora. como a Guanabara "é fJ t•spêlho do puís", o Brasil inteiro quer o divórcio; e) logo, êlc, Nelson Carneiro. não faz senão obc· dcccr à opinião nacional. continuando cm sua luta pela causa divorcista. - Claro? Lógico? - Sim. . .. nas nuvens. Na reali-

dade concreta. as coisas são bem outras. Há longos anos, o Sr. Nelson Carneiro se vem faicndo notar como o Dom Quixote do divórcio. Brada, clama. agita-se, e o divórcio não é aprovado. Se não me engano.

o mais recente de seus feitos parlamentares -

cn, matéria

de divórcio, esclareço, pois S. F.xcia. também é autor de feitos cm outros assuntos - foi o esfôrço baldo que desenvolveu cm prol do projeto de Código Civil enviado ao Congresso pelo pranteado Presidente Castello Branco. Não sei quem, talvez o prqprio Sr. Nelson Carneiro. convenceu o valoroso cabo de guerra de que o divórcio seria bem aceito no Pais. Presumivclmen1c por isto, figurava êlc no projeto, sob a forma de uma ampliação dos casos de anulação de casamento. Todos se lembram ele que. a essa altura - corria o ano de 1966 - a TFP organizou um abaixo-assinado antidivorcista que, cm cinqiienta dias, obteve 1.042.359 assinatu ras. coletadas cm 142 cidades. Castcllc> Branco compreendeu a voz do povo. Antes de a campanha chegar a seu término. retirava êlc o projeto. E a investida divorci,ta. apesar de tão aplaudida pelo Sr. Nelson Carne.iro, ruiu por terra. Em conscqUência, formou.se no público a persuasão da inviabilidade do d ivórcio. e da inocuidade das invcs1idas quixo1cscas do Sr. Carneiro.

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O silêncio u nanrmc. ou 4uasc unânime. de tantos prcgt1dorcs ante a eleição parn o Senado de um candidato cs· treptosamente divorcista implicou raz.oávclmcntc. aos olhos do público. num verdadeiro "agrccmcnt" cm favor dêlc. Ou num certificado de inocuidade. Qual a ra1..ão dê.~sc ·•agrcemcnf'? - t:. para mim. um perfeito e insondável mistério. M:is o foto aí csHt Na im~ prensa não encontrei notícia de um só sermão contra a candidacura do Sr. Nelson Carneiro. Procurei informar-me com amigos cariocas bem a par do assunto: nada lhes conslava. Se algo houve. íoi como se não 1ivcsi:.c h.1vido.

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••• Da impopularidade do divórcio t..:m. aliás. inceira consciência o Sr. Nelson Carneiro. Tan10 é que. cm sua citada entrevista, afirma ser ··muito tli/ícil'" obter a introdução explícita do d ivórcio cm nossa legislação. por meio de uma emenda constitucional. Haveria muito risco de não se ai· canç.ar, para isto, a maioria ncccssári;1. "Mui10 diffci/" por que, pcrguntarnos. se todo o mundo quer o div6rcio? Então. o Congresso. que ··muito 1/i{,cilme111e" aprovaria o divórcio. não representa o País'? E se representa, como afirmar. então. que o País quer cerlà· mente o divórcio? que o Clero não quer o divórcio. d iria alguém, e tanto o Executivo q uanto o Legislativo não desejam con• trariar o Clero. Admitamo.~ ~l hipótese. para argumentar. . Se assim é, pergunto por que não desejam nossos homens públicos contrariar o Clero. Evidentemente. pela raiz que a Igreja tem cm nossa população católica. Mas. então. essa população quer romper com a Igreja e. eventualmente. com seus Pastôres, para seguir o Sr. Nelson Carneiro? Há mais. .O senador <lh·orcista apresenta, cm suas declarações. como o modo mais direto de implantar o div6rcio, fazer aprová.lo . .. às e$condidtts! Sim. Assevera êlc que. se o próximo projeto de Código Civil - sem pronunciar it palavra divórcio - ampliar consideri,vclmente os casos de anulação de casamen to. então sim. estará dcrruhada a indissolubilidade do vínculo. porque, acrescenta. ··as co11seqüê11C'it1.,· da ,mulaçào .,lo ca-

e

.ramento .,·ão prá1icame111c~ tlS m,•smas do divórcio".

Isto explica fücilmcn1c que. muitos eleitores antidivor· cistas da Guanabara tenham dado seus votos ao líder divorcista. Não os moveu, de modo algum, o desejo de ver aprovado o divórcio, mas a simpatia pelo MDB, e talvez pela pessoa do Sr. Nelson Carneiro. que dispõe incgàvelmcntc, cm vários órgãos da imprensa e.s crita e falada. de ó tima acolhida para sua propaganda pessoal. Eis - do ponto de vista da questão do divórcio - a verdadeira história da eleição do Sr. Nelson Carneiro.

••• Ao lado dêste fator houve outro. A opinião antidivorcista compareceu ao pleito intein1mcnte desorientada, de· scstimulada e desconexa. Nenhum moralista católico gcnuíno há, que não ensine ser grave obrigação de todo clci· tor católico recusar seu voto a um candidato divorcist:L Se de todos os púlpitos isto tivesse sido dito e proclamado. estou certo de que o eleitorado, que displiccntem~nte votou pelo Sr. Nelson Carneiro, lhe teria negado o voto. E estou certo de que. ncs.~e caso. êle não teria sido eleito.

Código Civil para fazer entrar o d ivórcio pela porta dos fundos de nossa legislação, não escolheria, como Ministro da Justiça. o Sr. Alfredo Buzaid. Pois, como professor de D ireito. por certo repugnará a êstc o truque recomendado pelo líder divorcista. E. dado que o titular da pasta da Jusciça se prcz:l de católico praticancc, cm sã lógica não é admissível que êle se solidarize com um projeto de Código Civil que, segundo o próprio Sr. Nelson Carneiro. implicaria na derrubada do princípio cristão da indissolubi li· da.de do matrimônio.

Veja o leitor a comicidade d3 tese do Sr. Carneiro. A opinião pública quer o cJ iv6rcio. o Executivo o quer, o Legislativo o quer. Mc1s o único jeito de êle ser aprovado é disfarçadamente!

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A meu ver. o divórcio. m.1scarado de anulação. só pas~ar ia: no Brasil, por um golpe de surprêsa. isto é. se fôsse impôsto pelo Executivo cm um projeto de lei que o Con· grcsso tives.~ de aprovar a toque de caixa. De tal m:10cira que se negasse à opinião públicil o tcn-tpô necessário pt1ra tomar conhecimento do perigo, e manifcstar•Sc contra êlc. Não me sinto. aliás. no direito de prognosticar como provável que as coisas se passem ~lssi1n. Pois há circuns· tãncias que p,uecem dil.l!r o contrário. Com efeito. há tempo q ue a reforma do Código Civil está cm pauta . O General Médici sabia que. cedo ou tarde. teria d.:: abordar a importan1c ,natérfo. E que seu braço direito, p.lr:i isto. teria de ser forçosamen1c o Ministro da Justiça. Se o Chefe do Estado quises.se - segundo aspir:1 o Sr. Nelson Carneiro - aproveitar a íeilura de um nôvo

De minha parte. e como Presidente do Conselho Nacional da TFP. tenho um conselho a dar. Ê dcsairoso p;,ra o divórcio entrar cm nossa lcgisl.1ção por um vulgar pass;..ano1eque. Se, pois. o Sr. Nelson Carneiro. ou oucro prócer divor• cista qualq uer. deseja o divórcio, proponha-o de público. com côda a clareza, e desencadeie uma consulta ao povo. Neste caso, tocará 1i CNBB publicar largamente um pronunciamento tanto quanto possível conciso e pcremptó· rio contra o divórcio (e a anulação paradivorcista) . Em seguida. dê ...se tempo pnra um largo debate sôbrc a mattria cm todo o País. E, por fim, proceda-se a um plebiscito. Se não se quiser o plebí$cito, os divorcistas recolham adcsõc.~ para suas listas de assinaturas. e a TFP paralela· mente promoverá outro abaixo assinado antidivorcista . Yer..se-á. então, quanto se enganam os que imaginam que o Brasil é divorcista.

• • • Isto d ito, volto-me para a CN 88. Sabem os Srs. Bispos que a indis.~olubidade do cas:imcnto foi instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo. e que lei humana alguma tern o dircico de a abolir. Sabcnt tam· bérn que a élcs. mais. incomparàvelmcntc mais do que à TFP ou a quem quer que seja. cabe velar por que as leis civis não atentem contra o que Jc.ms Cristo instituiu . Para a defesa do vínêulo, caso venha ê.stc a ser ameaçado por algum truque do Sr. Nelson Carneiro, peço aos Srs . Bispos tão SOmcntc um documento revestido das carac· 1..:rísticas pouco acinrn enumeradas. E a êstc propósito lhes Jirijo, como católico, ligciramen1c adaptada, a súplica do Centurião: dizei uma só palavra, e noss;-t Pátria esrnrá salva. Pois aos Srs. Bispos não é necessário que se movam nem que se esforcem. 8astará, que falem. mas fale,n de· veras. para que os leigos façam o rc.,;to, e levem à derrota ns hostes divorcist:is. - Teremos ou não tcrcrnos o div6rcio? Esta pergunta redunda cm outra: falarão ou não falarão contra ê:c nossos Bi~pos, num pronunciamcn10 da CNBB. compacto e scn, discrepâncias? Se - como de direito - emitirem a palavra salvadora! o laica10 católico do Brasil sobressaltará. E qualquer iniciativa clara ou veladamente d ivorcista morrerá in ovo. Não quero crer que ess:'l palavra, êlcs a recusem. Se a recusassem. o desalento no laicato católico poderia ser hem grande. Pois cm tão surpreendente hipótese se lhes poderia aplicar a frase de Camões: ··um fraco Rei /111, 1

/ract1 ,; forte gemi!''.

Se. cm tal caso. o divórcio vencesse. o causador capi1 al tlcsta vitóri:t não seria o Sr. Nelson Carneiro .. .

...

Em Alcácer-Quibir exortava os soldados a luta R EI TOM{,; DE JESUS, o autor do texto que apresentamos na página 3. nasceu em lis/)Oa em 1529. Eremita de Santo A 11osti11ho. depois de ocupar vários cargos de sua Ordem e de proceder à reforma ,ta ,nesma em l'ortuga/, fundou uma Província à parte, para recolher os Religiosos que, co1>10 êle. deseja ..am viver segundo o antigo rigor da Regra. No si-

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lêncio do claustro cornpôs várias obras en, la1i1n e em vernáculo. Em 1578 EI-Rei Dom Sebastião, conhecedor de suas virtudes e zê/o das almas, fê-lo deixar o santo recolhimento, rogando-lhe que o acompanhasse 110 expedição à A {rica. Durante a batalha de A lcácer-Quibir - 1111 qual pereceria o Rei, e com êle a f/ôr da 11abreza lusa percorria Frn Tomé as linhas dos (·nml,atente.r cnm o

Crucifixo à mão, exortando-os II pelejarem co,11 denôdo pela glória de Cristo Jesus. Derrotados os portuguêses, Frei Tomé de Jesus, nwlferido de 11111 golpe til: lança, foi feiro prisioneiro e vendido ,nais tarde corno escravo a u111 11wrahuto. is10 é. a u111 dêsses erernitas muçul,nanos tidos t n1 conta de santos veios d,, sua seita. Não tinha outro intento o mouro q11< o d,, perverter Fr,:,i To111é e fazê-lo apostatar do Santo No,ne de Jesus que levava 110 coração e por apelido. A ssin,. tratou-o de início de ,nodo cordial e ameno, mas ao ver que o Religioso agoslinho não só não se deixm,a seduz.ir por suas falácias, senão que antes <> t>rocurava demover do êrro e111 que cego se aclwva, ,11ostrando-lhe as i1>1posturas da doutrina de Mafnrna, irou-se e, pouco se i111portantlo 1/e 1

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su<l própria condição de 111ar(lbuto, ou seja, de "santo" entre os seus, ,neteuwQ e111 duro cárcere onde, segundo 11111 biógrafo, davam/Ire mais açoites que alime1110. Na /ôhrega enxovia e111 que o havia pôs1<> o infiel - sem mais luz que a que lhe entrava f}eltll· gretas e l>uracos das paredes. C:0111() conta êie mesnw e,n sua famosa uc{lr~a à Naç,io Portuguêsa .. e sen1 outra fonte de inspir(lçiío que as 111ed1Ta~·i}es, e os 111ui1os padecilne11tos </W! experilnenlavu, cunwôs Frei ronu! a sua obra..prima. " Trabalhos de Jesus". liberto, aó cabo de alguns anos de cotiveiró, por mediaçiio do Emb(lix1ulor de l'ortug'11 junto ao potentado do Marrocos, 11iio quis Frei Tomé de Jesus regressar à pátria, ainda que doente e a/quebrado, preferindo ali p,•nnanecer na Berberia para pre..

gar aos cristãos cativos e aos ,ne.wnos inw fiéis, bem co,110 aos judeus, nwnerosos que/as partes. Vencido pelas muitas fadigas, morreu entre êles em 1582. Na literatura 111ís1ica portuguêsa ,lo século XVI não há autor que se lhe compare. sendo mesmo e/ramado 1/e "o Kemf}is lusitano". Clássico de grande autoridade, foi, ademais, o autor português mais traduzido a outros idiomas nos séculos XVI/ e XV·///. Os seus "Trabalhos de Jesus" (que êle escrevera se111 in1enção de os publicar. e que s6 foram impressos depois de sua morte, por iniciativa de 11111 confrade) percorreram a Europa e o 11u11ulo. vertidos para o lali,n, o francês, o italiano e, sobretudo, o esva11hol e o inglês, scnd<> que de cada uma destas duas línguas se c:v11hece111 vnze traduçõt's.

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CONCLUSÃO DA PÁG • .C

O naeionalismo argentino, uma ineógnila fico, econômico. soc:i:,I. Político e cuJ. tural. depois chi1mado nacionalismo. l)uas correntes convergentes vieram cn1fio dar corpo a todo um movimento de idéias e tendências: podiam ser con1pa-

r;)d,·1s às duas asas de um mesmo pássaro, muito ~dequadas a facilitar-lhe o vôo. Ernm o "nacionalismo p01ítico" e o •ónacionnlismo católico... Os "C ursos de Cultura Ciltólica", fundados em 1922 por Tomás Casares. Césilr Pico e A1ilio Oell'Oro Maini. rcpr~en1~,ram a aln católica do naciona• lismo, enquanto II revista "l:, Nueva República", lunçada cm 1927 pelos irmãos Júlio e: Rodolfo lrazust;1, o ffiC$mo Cés:,r Pico e outros. veio a constiluir a ala política do movimcnio. Entre os dois grupos não havia uniugonismo. m:1s, no contrário, uma colabontçfio in1::nsa. Os rcda1orc:s dà "Nuevà República·•. mais ou menos adeptos de M~urras e Mussolini. vinham dos m~i:s variados quadrantes ideológicos, inclusive o soc;ialismo. Nos "Cursos de C1.1ltur:\ Católica" César Pico desenvolvia uma série de palestras, que r..eccbcr~m o nome de ,;Convivio'', o·a s quais expunha uma síntese de aurore$ modernos - sobretudo Orteg:1 y Cassei - e Sfio Tomás de Aquino. No íinal da déeada de 30 o nacionalismo c<ttólico foi-se p0litizando paulu1inamentc e colnborou com ,1 ilia política e com grupo$ he1erogêneos n.1 preparnção do clima que propici:ui:, o :1dven10 da revolução de 1943. com a qual se abriria a em f1CrOnisH1, Iniciouse com C$ta uma nova época na hi:StÓ· ria do nacionalismo. NA F.RA PF.RONISl'A

Es1a segunda época foi marcada pe,la Polili'zação cada vez maior do nacionalismo católico, através do movimento "Resrnuraci6n", íu1tdado cm 1937, e do diário "Nueva Política", lançado cm 1940, a.mbos por inicia1iva de clcmen• t<>s dos " Cursos''. Enquanto no plano interno o movimento, em seu conjunto, colaborava ead:, vez. mais com o peronismo. no plano internacional ia-se iden1ificando com a causa do Eixo nazi-fascista. Logo que Perón ascendeu ao podu, vários lide· res do n:·, cionalismo receberam postos de :1lgu1na imJ)Ortânci~, na Magis1ra1Ura e nas Universidades. Quando o demagogo justicialista começou a atacar a Igreja. os nacionalistas foram-se disianciando dêle e até mesmo conspiraram para a sua derrubada.

efémero govCrno do Oeneral Lon;,1rdi, Nas eleições presidenciais de J958 i:1poia. ram Frondiz.i, ex-mili1an1e de organizações paralelas do comunisrno. nhando Frondizi, vários nacionalistas vieram a ocupar cargos importantes. dos quais foram apeados em 1962 com a deposição do Presidente. Nesse govêrno o movimento mostrou a inda mais seu oportunismo e seu caráter di:)lé1ieo, Par;, as elei~s prcsidenci:"tiS de 1963 foi intensa a atividade p01ítica do nacionalismo. Suas duas nlas dedicaramse à constituição de uma ·"Frente Na•

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cion,)I e Pop1.1lar··. d:.1 qu:il o peronismo seria ingrediente fundamemal. Com o advento do regime Oogania coincide o impulso internacional a fa. vor de um desenvolvimcntismo fundado cm pressup0stos relativistas e materialislas. que considerava ultrapass.ada a époc.a das disputas doutrinárias e conduíia a um sincretismo ideológico. O n;1cionalismo, longe de combater êssc sincretismo, enttegou-se a êle. Essa é a sua a1i1Ucle atual, que revela o fundo r~1.-,1ivista que sempre o animou.

Doutrina aparente esconde a doutrino rea l O nacionalismo sempre teve uma doutrina dupla. A causa dislo está. em que. desde suas origens. êle se nutriu da fôrça do Catolicismo {que renascera no principio do século. a partir do p0n1ificado de São Pio X e das aparições de Nos;" Senhor« de Fálima), o que o obrigou a falar de um modo q1.1c o 1or· nassc acei1ável para o povo fiel. M;1s s imullâncamente sofria a influência de· cisiva de autores e movimentos europeus que lhe serviam de inspiração. fs. to deu origem :-. uma tloutrim1 11p1u<-11te e uma doutrina re'11 na temática nacionalista. O u seja. uma doutrina que se utilizava para fins externos. e outra que na realidade se professava. Os nacionalistas lcv;rntnram-se de início <:Ontra as mentiras da "legenda Negra'', q,,c procurava denegrir a obra civili1.ador:1 da Espanha católic:. e 1radicional. Ao mesmo tempo. contra o ce• ticismo liberal, afirmavam 3 existência de uma Verdade absoluta; contra o relalivismo moral, professavam a sujeição 'do homem à lei de Deus, eterna, imut:ívcl. No camr,o social, opunham-se à maré- do igualitarismo e pregavam a necessidade de hierarquia, colocando-se assim intransigentemente contra o socialismo e o comunismo. No cantpo po~

rasiano. porque não reconhecem à lgre-ja sua superioridade sobrenatural. Em política internacional o n:icio, 1H1lismo apregoa uma conduta ''inde· pe11den1e.. , que nfio vincule a Argcntin:, a nenhum dos .,supcrgrandes". Ter rc· lações com todos os países do mundo. qualquer que seja seu regime p01ílico. comerei.ir com quem prm:cer convcnicn· 1e. e íornu1r um bloco :\nterieano de nnções',em vi;1 de desenvolvimento.

Uma ·incógnito em constante evolução A tert eit:,1 p(1rte do livro é dedicada u uma extensa de.scriç&o da "Evaluçifo do11tdmírit1 tlv ,uu:iom1lismo 11/mvés de suu:r rrfs épof<1s 1,;s1óricas". São nrnis de cem páginas (pp. 121-244) de sólida e abundante documentação, que demonslr., à saciedade as teses apresenta· das na segunda parte da obra. Os texlOS citados são mais de quinhentos, mmados de livros e de artigos de im· prensa. de autoria das mais conhecidas personalidades nacionalistas. Depois de analisada a doutrina do m1cionalismo chegam os Autores à conclusão de que. •·.rob â ,,parfll(;it1 ,le uuw p(Jsi,·,fo Qrtmloxu, c11télic11 e hispâ11ic,, 1

r<-foth•ismo ili11fiHcu. <m~·iusu dt• (lt' <JIII • pa11l1ar a mo,ld 1'11tefec1ual, políri,·a, social e ~con{u nicu dó mtmdo cm que vi-

'''-'"'ºs',.

Apontam. ~1 seguir, ··um" cõr1sumte 11a trajetória tão dialiticume11tc im•.·cns· llml~ do uacicn,,Usmoº, Consiste clu cm que êste, "desde .suas remota~ origens até n< >sso~· <Íi(1.)'. reivimliu, i11fatig1lvd~ mente uma ·'Arge11ti11u rtal" por oposi•

çcio ,, uma ''Argttntiná irreal". NQ conceito J~ "Argeuti,,o real'' a phltlvra "Argtntina" é àb,•i11111e111e dara. N,io o ; 11 pc1/(lvrt1 "real'' (p. 245). Mos1rnm. então os Autores o que os naciom,listas: entendem por "Argentinu real" : ''umu Argl!fllina em u m sllmte muta~·,fo evolutiva e dialéth:c,, qut rompe su11 identidade d~ alma ,·om a Arkhllilw ,lc outrora" ( p. 245). E não a Argcntinà tradicional, coerente hoje cm di.:1 com a person;1.lidade n;tcional que nela se modelou desde os tempos da colônin, como um homem que con• serva a mesma identidade tanto na infânci~l como na ida.de madura. O.ra. as bases nacionalistas entendem por "real" exa1amcntc:: êste último conceito, que se opõe ao conceito dia~tico profc$S(1do pelas cúpulas do movimento. E daí vem uma contradiç,ã o cnlre o significado ideológico do nacionalismo ao nível de dirigentes e as: convicções e

;1spir.1çõc~ doutrinárias e his1óricas de sut1 base. Fin:,lizando, os membros da Comissão de Estudos da Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Famílfa e ProPriedade põem algumas questõ:s d ianle dos jovens de boa formação cris~ tã e verdadeiramente patriotas que, cn· 1re.t:\n10. coníiam aind:1 no nacionalismo:

"1 -

Que posição culotarú o na. dom,lismo. C(IS<'> chegue à A rgc11ri11a a ,nula Je rc/orntt1s de base.· propiciadas pela esquerda em gemi, t• 1nesmo pelo., Estat/Q.,· U nitlo.,· atravé,t ,la Alia11ço pam o Progresso t outros programas dt ajuda ecom)micc,?"

lítico, cansados da demagogia partida· rist.1, prOCl:\mav:\m ::i. urgência da res· 1111t;/ibcm1I C! 1mticcm1111i.m1, oculta•st• um lauração da autoridnde. e, junto com e la. a dos corpos i11tcrme.di:irios. através do corporativismo. Con«udo. por falrn de originalidodc: pan:1 conlimmr a tradição hispânica nos temPos aluais e por falia de sólidos princípios católicos, deixaram-se levar sistemàtican,ente pela \lltima moda dos movimentos europeus. a começar pelo fascismo. Esta forma de snobismo levou-os a sustentar doutrinas OPOStas ao ide;1J que anunciavam inicia lmen1e. Adotaram o evolucio11is1no hegeliano, que lhes serviu para justificar seu próprio evolucionismo. o qual Pode enunciar-~ do seguinte modo: há unHt consiante OJ)Osição enlrc o país real e A Tl!RCl;IRA FASE o país legal~ dessa contradição resulta O:.:p0is da queda de Perón, os n::t· uma crise, da qual surgirá o Estado na• Dr. Aurclídfo R. de Souia, São Oom.ingos do P111ba cionalislas g3lgan,m :llHts p0siçõcs no c ionalista. qualitativ;.amente dis1into do (MC): "Estou remetendo um cheque para renovação da miEs1ado liberal, mas 1an1bém diference do nha assinacura de CATOLICISMO, jornal que lenho na regime hispânico da época colonial. Bs- mais alia estima, pois fo~ ver a todos como deve ser um vcrse evolucionismo dialético. adotâdo com dadeil'O católico. Concordo plenamente com todos os seus cino estratégico, serviu aos nacionalislas pon1os de vis1a. Que Nossa Scnhorn continue dando :1 sua proteção ~l tão nobre ideal"'. para seus fins políticos. Como resultado. tiveram o relativismo. que foi a cons· Sr. P11ulo da Costa Macbado, T atuí (SI'): HNão renovei iante que nunca abandonar,,m, e a pis- ~• minha .-ssin:Hurn, [., . 1 pelas seguinlcs: rnzões: 1.;1) não MENSÁRIO rn. por onde correram sempre, deslocan- concordo com o que o cilado jornal !CATOLICISMO) com do-se cada vc,: mais da direita para as escreve, digo em p:1r1c.s , porque há coisas que é aproveitável. 2."') ~ jornal muito caro a lém de vir só uma vez no mês APROVAÇÃO ECl.l,SIASTICA pósições esquerdistas. (CrS J0,00) quando temos semanários como Lar Católico, A mentalidade dialética do nacion.t• C:.mpos - &r. do Rio CrS IS.00 o San1u:\rio de Ap<1rccida, Cr$ 10,00. São Jorn<1is lismo apóia-se sôbre uni princípio im. Dirc1or muito mais instrutivos, explicam as missas de todos os doplicilo: a Verdade absolu1a é limi1ada mingos e o que êlcs escrevem estão dentro do Concílio Mons, Antonio Ribdro do Ros~,io e pouco vital; a$ realidades relativas, Vaticano li, o seu jornal só vive acusando os outros padres J.>ll'C'lorla: Av. 7 de Setembro, 247, caix.1 pelo contrário. são muito mais nume- coinci1ando os leigos à revolta. Eu peço aos senhores que pos1al 333, Campos. RJ. Actminist:ni.çio: rosas e têm muita influência nà vida. leiam os documentos do Concílio Vaticano li, e vejam que R. Dr. M:1rtinico Prado, '271 (ZP 3), S. Daí a grande importância que êle atri- a Igreja cs1á 1odinha dentro da Bíblia''. Paulo. Agente parn o E$1.ado do Rio: Or. bui ao "his16rico". A dialética dos na· José de Oliveira Andrade, caixa postal 333, Sr. (H$$inldura ilegí'1elJ, bibliotecário da Faculdade Dom Campos, RJ; Agtnlt pam os Eslados dt cionalistas distingue•se da dos comunis· Bosro de fo"ilosofiR, Ciên,d.as e Letnts, São João dei Rei Goiás, Maio Gl'O~ e Minas Gtr-.tls: Dr, tas porque. enquanto para êstes a natu· (MG): ..Sõbre o jornal CATOLIC ISMO quero manifesrnrMihon de Sallcs Mour:io, R. Par:iíba. 1413, reza física é a única realidade. os pri- mc como Bibliotecário. procurando colher as opiniões que 1clcfone '26-4630. Belo Hori1.on1c; Agente: meiros crêem no espírito;. par-a êles a ouço dos seus lei1ores . Pllr.l o F..slado dJI Guanabara: Or. l..uís M. Duncan, R. Cosme Velho, S IS, 1cleíonc evoluç~io da História é uma manifesta· Antes de tudo um" :1dmiração pela su•• impressão, 245-8264. Rio de faneiro: Aatnte pôlra o ção da Providência de Oeus. Sendo as- :,p1·c.sc,nrnção, pela s-ua constância> idealismo. etc. lf.:.stado do Cc-~d: Dr. Jo~ Gerardo Ribei- .s im, ,1eompanh3r e servir a evolução é (, •• J A s críticas mais comuns são: ro, R . Sc-nndor Pompeu, 2120-A. For1ale1..n; Jornal da direita, extremista, saudosis1a. 1radicionalista, realizar a vontade de Deus. etes dizem Agenlts pana n Ani:tnUna: "Tradición, Fa, incapaz de compreender a evolução. visão estreita da readeixar a salvo da evolução aquilo que milio. Propicdnd.., Casilln de Corteo n.0 lidade, pontos de vist::t muito limitados, incapaz de compre• J69, Capital Federal. Argcntin:i; Aa:cnlc chamam, de um modo vago e imprecicnder o adversário, de se col«ar no seu lugar. p:..m a Espanha: Josl Maria Rivoir Góme1,. so, o "fundamental", pelo que suas re• Sempre houve grupos ex1remista.s que [ ... J vivem sõapur111do 8 182, Madtid, Espanha, verências ao absoluto não lhes entra- bre o mêdo constante de que êstcs males (cuja vinda anunAssin.-aturas anuab:: comum Cr$ 1S,00; vam a marcha evolucioni.sta. ciam) acabariio con1 :i Igreja e sociedade. A Igreja Ca16cooperador c,s 30,00; bcníc:i1or Cr-S 60,00: A dou1rina so<::ial, polílica e econô· l ic.a es1ava também nesta linha: só condenava, só ela acert;r:rnde benfeitor CrS 1S0,00; scminnrisias mica do nacionalismo assemelha-se ao tava, só ela tinh:1 a verdade, tornou-se uma seita. O Concílio e e.swdun1cs CrS 1'2,00: América do Sul maurrasianismo e ao fasc is.mo. O homem abrill a Igreja e nós temos· uma série de atiludcs mais hu~ e Ccnlral: via mnrílim,, USS 3,SO; via :i6rc:1 USS 4,50: outros países: vi:, mr1- é um ser social; o individualismo é um m:mas e m.:iis ev:-.ngé1icas. N5o que tudo esteja certo, pelo ,ítima USS 4,00; via 3érca USS 6,50. Venda grave mal que destrói a nação: uma eli• contrário, [Ela] procura ter ~\ humildade de bater no peito. avuls:"i: CrS J ,SO. O CATOLIC ISMO não pê1rccc ler encon1rado o espírito h! vigorosa deve reagir contra is10 e Os pngamcnios, sempre cm nome de Edi- impor a ditadura. A economia deve ser m~1is profundo dcs1as 1ransform:tçõcs. ~te mêdo se alastra sõbre o nome Comunismo. Hoje tôrn Padre Belchior de Ponrcs S/C, poderi:g idamente controlada pelo Esiado; és· lêste) é diferçntc de anos atnls, está cm cons tnn1e evolução rão ser encaminhados à Adminis1rnção ou te impla ntará a reforma agrária. As como tôdas as cois3S humanas. Muilas vê:r.cs atribuímos os aos :igentcs.. A corrcsJ)Ondênci3. rcl:ltiva a os:sina1t1ra5, e venda avulsa deve ser envi:1da corp0raçócs de Eslado reunirão 1ôdas a.s erros dos avós aos ne1os t ••• ). à Adminis1ração. P::.rn mudança de cnde- c lasses produtoras, tornadas antagônicas réço de assinanles. é neeess!rio mencionar pelo capiH1lismo liberal. A Jgreja ~ uma tamMm o cndcrê~o antigo. parte da nação com 3 qtml $e deve cn, Composto e impresso n:t trar em uma relação de paridade. por Cia. Lltbogr.aphlca Yplranga meio de uma Concordata; deve-se dar R. Cadete, 209. S. Paulo à educaç-1.o um con1eúdo católico. Es1as posições são de fundo maur.

@JAfOlLICISMO

6

"l - Que ut;11,de tumurti u mu:ioualismo no caso de s e <lesalar a ofensiva de luta de classes que está em gestaçcio em 11mbientt's progressisia,t católicos, para a implanwção 1/e "'" regime SO· cia/isu, cristão, 110 rstilo dos Sactr<lotes do Terceiro-Mundo?" --3 - Que atirude tomará o naciO· nallsmo como corremt culwral, ,lia11te ,lo fatt1 do progressismo que vai inw1clindo temlvelmente certos m eios católicos, extravosan<lo daí para todo o am• bit11te do país?.. (pp. 246-247).

E os Autores antecipam a resposta q ue se depreende naturalmente do que íoi vtsto a respeito da doutrina e da história do movimento nacionalista: a atitude dêste será de aplauso. Põem. finalmente, un~a quarta pergunta - a qual deixam sem rt:SPo:Sta - esclarecendo que ela é apenas uma das que se poderiam formular com relação a hip6teses mals ou menos remotas mas que de um momento para outro são capazes de concretizar-se em perigos próximos:

..Que llfltude torrwrá o naciom,lismo 1.mt11 a política dt coexii·téncia com o

comunismo, d(ldO ""e as perspe,·livas parecem apresemar como possível ( e Roger Garoudy. o co11hecitlo "1éc11it:o" comunista da aprQ;ciuwção do conuml.\·~ mo cQm a lguja. e.trá~e ocupa11do disso 110 momento) uma distensão da

guerru /rla, SQb a condição de que o.t pufa·es ocidtntais se socializem e os CQm1111is1~· -

na aparincia -

admitam

c'.m algo o princípio tia livre iniciativa e da propritdade privada?'' (p. 247) .

O livro encerra-se com uma súplica a Nossa Senhora de Luján, ''Mãe de Deus e Rainha da Argentina", para que obtenha para ·os Autores e para todos os Que desejam o tri\lnfo do seu lma· culado· Coração. as graças necessárias path lutarem eficaz.mente na prepar.lção dêsse dia glorioso.

Muitas vézcs fazemos a caric11lura da re.ctlidade exagerando os erros ( . .• J A posição conservadora é muito váJida, ( .•. ) pois é· um fenômeno humano. 1. .. 1 Mas também os conservadores têm que evoluir [ . .. ). A pessoa está mais preocupada em defen~ der seus conteúdos dogmáticos do que analisar a realidade. ~ um médico que sabe muito sóbrc doença. e não conhece o doenlc 1. •• !. Agradeço esta oportunidade de manifes tar a nossa opinfto. e, umn abertura do jornal, muito válida que poderá ser ú1il a todos os leitores".

• CATOLICISMO scn1e-sc feliz em se saber cri1icado por pessoas que adotam posições evolucionistas, prc1endem que a Igreja Se transformou numa seita e julgam que o comunismo 1'hoje ~ diferente de anos atrás". Prof. Jo~ de Alencar Feijó B<ocvides, Macapá Cf•rrl· tório do Amapá): "! ... ] êssc exccleole jornal CATOLI· CISMO, inlrépido paladino da genuína fé católica".

Revmo. Pe. Fr<i Teodoro de A. Chaves, Criclúma (SC): " Rec.cbo com verdadeira alegria e.ada número do mensário, sempre. ao menos para mim, portador de uma mensagem dara e positiva sôbrc os problemas que agltam o mundo de hoje. Vejo com alegria que o jornal n5o se impressiona devido ;,t seus contestadores e adversãrios; publica-lhes aberiamcnte as cartas com reparos e acusações. Muito bem! Com isso a Redação faz um juJ:z.o p.ositivo dos seus leitores. que julga bastante inteligentes e insttufdos: para saberem dis1inguir e joeirar o trigo do jôio. O jornal apóia o Sociedade TFP, e vice-versa. Duas fôrças para a difusão da Verdade, recebida a apregoada sem meios-têrmos e sem respeitos hu.n1anos. O que acho admirável são ê.sses grupos de moços, que se consagram corpo e alma às uusas do bem familiar e social. civil e religioso do nosso p0vo: d!s-te povo mara~ vilboso. portador da Verdade católica e rico em tudo o que é humano. Mas, também, povo insidiado pOr falsos. profetas, no campo religioso, e p0r pregoeiros de ideologias perversas: e dissolventes. Consola saber que há Pastores vigilantes, como o de Campos, e um Exé.rcito consciente e decidido. para dcs· mascarar os falsos profetas e abrir os olhos dos que, em sua ingenuidade, seriam arrastados como récuas·•.


CÃllCe{n

))O(OJ,-IJ 13JJ3eJit1NT.

0

PESAR DE ~-obrcc;1rrtjtado d<' rrnb;1lhos. c.m 180? o Padre Vlrt,:inio j1il,:ou o momento oportuno p~r:t pôr cm pr,cku. os Sl!us novos pl:rnos sôbre n.,;: · "AmiC'bk-" du Itália, Decidiu ir a F1oren~a, o ndc a~ relações que tultivnna nos círculos Hali:i.nos- qut frcqücn• ta,·:im o suli'ío dJ1 Prince.~ Ro~-plJliosi em Vfcn;1, ' Jii rlnh.-i.m pttpanulo o umbitnlt pará :i f prm:1('âo de um.a ºAmici:'.tl;'1''. Como não podi:t dcmornr-sc, c-scttveu ;10 P;1dre Lunltri propondo-1hc um tn, conlro 11aqueln cid~tdt. lntelb.mcnlt,' o Servo de Otus não pôdt dclx.1r Turim e os dol~ amigos:, :10 qut partcc-, o ão Sot- vlrnm, depois de lantos :mos

....

..

PROGREDIU RÀPIDAMENTE A "AMICIZIA'' DE FLORENÇA

de stpanu;io. Em Flon-nç:a, o Padre Vi'linlo pre><urou u Prior d.:1 Ordem Mllil:1r dos C:av1llciros de •S;inlo t<:Sthiio, Leopoldo IUcasoU Z:mchini, que prov!lnlrntntt já conhtccr.1 "m Vlent,. EnllLd11S:mádo ptlo gênero de 11po~1ol:1do :1 que era convldndo e cali· vado ptlo Ulo t pclu ptrson:1lld:1de do P:1drc VirgJnlo. o Prior RkasoU lomou~o (OlllO dittlor espiritual e J>Ó$ o stu p::il:klo à disposição dêle. No Pai/ido Z:anc-hinl ruJOO)n,rn-st a._,; primeiras reuniões da ''An1ict'.t.ia" tm t-·1orcnç:1. N t fe $e instalaram dtpois a blbUolccn e as outrá!, nlividndcs II c1uc se dedicavam os AmlJ:os-Cristãos. Cidade célcbrt pelo seu J(Ôsto ar1ís1ko, onde :1.s div,•rS3.S rorm.u dt- btltz:, si'io cuUivndus· tru todos os meios sodnls, famosa pelos seus lllcrutos. e q1•e poucos anos anlt-s obrig;tru a cõrcc do Gr.io-Ouquc Leopoldo a se relirnr pnra Pis:1, tm vlrludt da opost('i'io do povo, nobreza e Clero à política rt\·o lucionirhi qut :tquêlt Príndpc tentãr.1 impor ?a ·ros, cun:t, Florença era um c:1mpo multo promlssor para o upo~lolado conl:ra-rtwolucionário. Com o 1:1cto t . o discernimento que possuía, o Padre Vi,ainlo. para Utar • o m'-xlmo proveito dw,is boas tendêndas. deixou tamMm íund.ad.a umn Academia litcd ri:1, a "~onvt.l"Sll:tJone CrL..-lan o Callollca'', que se r eu1lla periõdkamcntc pi:1r:1 Ou\'lr conferências de c:,tólicos espcdalmentt convidados para falnrem sôbrc os ruais variados te-nutS, considtmdos à tu-i da doutrina dn htrd:t, Niio pode-ndo dtntomr-sc muito, logo dtJlOls de instalada a •*AmlcbJ:1·, o Padre Vfrglnlo vollou p:.m t Vlt'n.;1. Niio ):C s:.ibc .se pn$Sôu por Turim, mas tnlre os pi,péis do Vcncrúnl L·mlcri se cn, ('Onfrarnm unotatõcs su .-1..~ s6brt o ('Sf;ldo dns- " Ami(i'.dc'' ltaUana.~ e as 'POSSlbilld:adcs de fund,,fá.s cm ou1·rM cldi,dts da penínsul~, be:m como a indic:1ç-rao de ptSSOâ.'1' que poderiam ser prO(ur.1d11s, com proveito parn ,o apo~1olado. t ccrlo também que o P.tdrt Virglnlo propôs :.10 Padre Lantcri que vi~lta~-..c lôdas tsSa.S dd~dcs paro conhC'ctr pcsso~al, mC'nfc o., novos mcml1ffl,"' dll~· "An1id:de" ~ no mt'.~•

I VRRAM larga rcpert· u~fio em lodo u ISrnsll as aflmrntões do Sr. Gt11en1I Humberto de Soo:r,a Mt'IIO, Comand11n1c do li F.xéreito, o qual, dl~un:undo na ln;1ugur.1ç;io do ;mo le-

T

SERÁ BOM O COMUNISMO QUE

- SEJA ATEU NAO E BRUTAL?

llvo do CPOR de São P:mlo, verberou a atu:u;ão do Clero e;Squtrdis:t:a e .iludiu :.1 dois Arcebispos que ''pn=coni.urnm p:,ra noss.-i p~rrfa a :1dotão do r e· glmc comunl.~'ia do lipo cxlslenlt: n:l lugosl:\vi:i e na Cht<:os•-ováquta... O Ctn1ro de Jnío nn:1ções F..cclt"s l;1 Cn-:C-SP, or~inbmo ofki:ll d::i Arquidioct.sc de S:io l'aulo, .:1prcssou-se :1 d:,r diJusio .i um:1 nora e-m que procura afano.somente rtfutàr as opór· 1una.s conside-r.lÇÕcs do Gtnt'ml. A ('onlro vér~fa cntr(': o Comanda nte do li l~xfrc:lto t' o Arcebispado p nulopolllano mcrtecu brilhan1cs comentários do Prol. Pllr1io Cõrrêa de QJi. vr-irn cm dol$ de stlb' ;1rtiJtO$ stmanal$. p::irn a ''F61ha de Sio P.-iulo... Ho)t qut'rtmos f04.·rdlzur :1pe~~1s ê.stt tópico d::i nota do C I EC: ··Pnl':l a Igreja, de ft'llo, o comunl~nio sovl~lico. thlnés, lugo~h1vo ou cl1eco. <!On1inm1 sendo filosõOc-am,ntt' nteu e mnu, poli1k.-irne,111~ dltatori:11 e ec:onúmic,unenlc dlsc-u1,. ,•ti. A~m «>mo o eaplfalismo. ou nwc:&pilali.srn o, também, é um si$ttnrn m:.1terit1lb1't11 gerndor de ir1ei;:ávd,s injusliç....s t diferenças entre. indivíduos e povos·1 ("O São P:rnlo'\ de 6 de março p.p.). 1-: ttamos cm prestn(':1 de ch11v::io 111'.i muilo 1,m1>0 cm VOJita nos ntt'IO.s d:,- t'SQUt'rd:1-c:11óllc:-a t qut, mil vêu.s refut:ido, volto sempre, rio proscênio, sus• fcnl:mdo a dis'linçrio c.!>l)ecios:1 ~xundo a qu:ii o çomunim10 t o socinlisrno cstarh,m conden;1dos en, qu;mfo filosoffa de , ·ld:1,, 011 cnqu:mto ditaloriais e inimigos da J~rcja, ~ndo pottm aec.11.ávcis cnqmmto mero sl.stcm:1 011 regime t'COnômko. F:1l:ki:1 Stmclhanlc 3quela c1uc afirm:1 que só J>:iO condt'Í1:h·ci,-. o comunisn10 c o soci:dism o quando imposlos pór m,ios violt'nfo:., .se-ndo p eríeil:un,nrc .tceH:heis ~u.tn, do hnpl:rnt:idos por " evolução''. b1o é, p or vfa clt'irornl ou lea;:.ts1,11iv;i, Aeobt.rta 3 doucrina soci:11 da IJ:,rt'j:1 scmt lha nle disllntrio? Vej:1mos. Diz lA'âo Xllf - e com êlc Pio XI - que " não pude t:rL~ir t:1J>il:1I scn, tr:1, b!llho ne m tr-.tb:1lbc> sem capital.. ('·Rcruin Novunim", 1.5). l'ôrl:mro, de :u.•ôrdo com a orgunlcl· d.'!dt d:1 vida SO<'i:al, ™e~ doii. eltmcntos se .issochun livrement, por r.lt.Õts de mÚl'uo inteffssc. 8 diz 1:11111>-é.m o Pontífice d~, Aç;it> Soti.ll: ''N;, "'crdade, como é fiicll de <'On:tpreender, a ra:,;io inlrínSC!C':J do l.rnb.:ilho e mprt"tndido por quem exerce um:t :,rfe lucr:11iva, o nn, in,t dl;\to vis."ldo ptlo lr.ib:ilhador, f conqub1ar um bem que Jht pcrttn<'cr,; ,·omo coiso própri;,. 1- • . 1 Porfanto, st.

m o tempo co m,h1h1r o estado em que esf:..,; ~ tncontr:o•,uu. Ots~ tntfio, o Pudn t..nntui plLSSOu a dirigir o mo'Ylmcnto na UáHa. A "Amiclzia·~ de Floren('u pr()-8redi11 n)pidamtnle. Foi nela que o Marquês Cc.-.:nre Tnpardll d 'Axc-glio de-u início ti sua purtklp;;içfio lnltnso n~ ubr-.ls do Pndre Olessb:tch, :1té se Ormur como um dos princlp;1l,; t.Slcios d:,s •'Amklzle" UaUa.nas. t.le j/i frnbalh nrn wm o P;1d:rc IAtnlcri C1Jl Turlm, mas o.s seu.s devtrts rulliH1.rt$ e potiUcos 1inh:tnM10 impedido dt se- c:nlrcaar rompleh,mtnte ao ,1poS1olado. Qu:indc, o Piemonte foi incorporndo à Repúblicn fnmccsa, n.ão qul,; conlinuar à vh·tr tm SU.l dd~tdc n~t:11 sob o domínio do conqul-.tndor da p:ilria t' rcti.rou-M' purn Florcnçu r-m uiHo \'Olun• f{trio. M~as::s:imo d'A:tca,ll01 tm seu livro " I miei ricordi .., dtscrcvt os arnbltntt.s ílortnlinos: freq·üenr11dos por suu familia, pondo cm rtlêvo a amizade do p,1i com VHforio Alfitri, o qm1I, jí nlho, 5e 11proxlmilva d.a lgttJ;:1 deP-Ols de ter ftvado uma vídu avenlurelrn e sem rclialão. Nos salões de AlfierJ reunlam-$e os lit,r.itos UoUano.s tlfr-,1ídos pe:la )Ua fomt1, t o Marquts ~ :,rt d'Azcglio rc.vc ncx,;e 1in1blcn1c a po~ibllldad, dc conhcctr bem 3S con• licqüénclas dt~astudonlS da dl.ssemln:tção do$ HTO~ rt'volucionários, e a necc~idude de um ,.,,~1011tdo c1uc- os combatt!-.'l'C com cfklênd:... O Prior RkasoU e o Mnrquês d'Azeglio loruarúm•se os líderes da "Amicb.la" ílor,nllna e puderam eonvcnccr os oulros membros des1n da con'Veniênda de lançar uma rcvlstn. Stndo pou~os os colabon1dores dt que- po<Uam dL~or, ttsolveram que o nôvo órg;io publlcnria lrnduções de bons :utigos tstm:np11dos n0$ periódicos c:1tólkos do F..xte· rlor e apcnns um ou outro nrllJitO originnl. A 30 dt' ;·~õsto de 1803 SIIÍU o primeiro número, com o rflufo de ·•L'Ape" t o sublÍ1ulo de ''Scclfa d'Opui(.Uli IHtcrari e mornli es traUi per lo plú da rogJI pe.rlodici oltrnmontani'', Desde issc primeiro número ••t:Apc'' apresentou rt:Jitularmente 11rtigO$ do M;1rqub d'A~cglio, com o pseudônimo de Ottavlo Pon~oni. Nwt mu-rno 11no o Padre l~unterl i,ildt fwxtr a ~i11gem que lhe fônt sugerida p<!IO Padre VJrRiuio, Visilou primeiro MIião, onde a ' 1Amki1.la" e-st:1\'a quase extlnh, (porque ~eu principal rc$pon.~nl, o Conde Ptrlur.UI, era muito fit-1 à Cnsa d'Áustriu, a persti;tuiç:io revolucionária de.stncadcàda conln êlt uting.irn lambém e prtjudicar., ba.~an1e o apostoha· do que d,stnvolvfa, até que ac:ibou sudo pfTso ~ dc porlüdo). O _ P adre l.,3n1erl r te-rttue-u a 01.SSOCla· ç,io a,;onl7.nnfe, com o t::icto e a habllld:i.de que ttmprc dcmom."ttava e tia \'oltou a s,r o que rõra 11111ts dns vklssl1udrs provoc11d11..1 pela Revolu-çiio FrimN·.S~I.

reduzindo a.5 ~uas dtspeii:i1s, chegou .i fazer 11l~u· ,nas tconomfas. e pnr:1 assegurar a rua con,;e rv:1tiio, :i.~ ,mprtga, por exemplo, num c.-.m.po, lorn:i•st tvidcntt que êssc campo n:io é outr,1 coisa ~n:io o sid:bio trnnsformado: o tctTeno aS$lm :u1quirldo sem proprlcdudc do arriíice com o mesmo lítulo que .- ttr:nuncraçiío do St'U tn-Lb:ilho. M::is, quem não vê que é prtchmmenlt nisso que consi'ite o dlrtlfo de propriednde mobili~ri::1 e imobHhirla?" ("Rcrum Novorum'', 4), So~1enla lrunbé.m a doutrina social d.a litrcJa como princípio bih'ico a dcsigunld3dt sOC'lal: uo primeiro princípio :1 J)-Or em evidência é que o homem dc'Vt aceitar tom paciência :t sua condição: é ímpo.~ h·eJ que na sOC'lcdade (ivlJ todos sejam clev·:ad<'S ao mesmo nível. ,~ $C!m dú"·ida, i.sto o que de~j11m os socl:lll.stos; mas contra a n:11urez:1 rodot os esfot(os s:io vãos·• ('·R,rum N ov-,1-

s,,

rum"', 14), Efcllv:imcnle, dlum os comunist~ todos os p11° trÕt!. e proprietários siio txplorndorcs, ladr~s da ·•m:1ls vall:t'', e.wrnvlz;,dorc.s dt' qucm tmb::dha~ O doama tt\·Olucionário da ljtuald:tde prcctlhm que ~ cxllngu:1 t'S.',-:1 classe. A c;íd~, um stg,11ndo SU.l cap:1C'idade-, eis o que quer o soclall~o. Não bas,. t:1, po~m, ln1plan1ar n sociedade lecnocnílica em que rtin.:mi :a com,pcténda profis.,ion::11 t .m \'CX dos privUé-g.los de s:mguc ou de fortuna: tS,<;a é uma fo se inlcl:ll. provb"drht, Vln\ o dia cm que se poderá eJ.1abclcttr: :1 cada um segundo sua heces.sldactc. Eis o comunismo plcn:1mcnle r,enli:r.ado. '!n1rc1.:m10, visto não se achar :i má.S$.11 cm e:ondifõcs de g,rir seus próprios lnterisses, :1ind.a cst6 longe é...,,·e rclno dn complela :amtrquhl, em qut C11da camamdtt St' lomacl seu próprio· rtl. Enquanto b1o niio r,contec:,, vor procur.1ção d:a colt'tivld:.:ide (que :1 nós m,.sinoS: nos oulorgamos) nós, os membros d o p:trtido c:om1111i.sl:1, consfltufmo-.nos no Estiado h.1f.lllh1rlo ~ ,)ttt.mos a~im os ünicos patrões e os únicos propritf:írios: somos :i dil::idur::1 do prolct;:erfadu, Ora_, fs..~-c :u;:1mbarumc.nto do poder eeonômlco n:1s miios d o Es-1.-ido comunist:1 E co~ •~di.sculivcl'' à lu:i da doutrina social da íKrcJ,1, eomo quer o CIEC~P, e com êlc fôd::a a ~squtrcfa-cac6Uca? Os Sobu:mos )>0111ífkts que se oeup:tr.1m do ·~~mnto 1ê1n inv:irl.h,ln:iente afinnado que se tra1a de um êrro mon.-1ruosc>, . o qm1I conduz ~ e-S.C·r:&vi1:1ção da humanld11dc 3travts da economl:;1, e db·.cm ~ não t"Xduslv:1mtnlt' ,m deícsa dos p:1lrÕC$ t proprlcl:\rios dt ten-as c de bens de produç-:lo, nrns sobtt'ludo cm defesa dos ctonômic:amenlt' m;;iis (nacos. Dedura Lcão XIII: "Assim, l4 (Onvcr-

O bilo du ··Arnkh.ia" cm Floreni;a dc01ons1n1va como c porlun.:1 .a cxlstincifl de ''L'Ape". O Padre Lanrcri, apro·veltando )ClJ:\ viagem por oulras eidr.dcs, prô("urou angariar àSSlntt1un\S e co.. lttboradore.s piara n ttvl~la. f.m Pnmu.1 rei.idla liio o Je-.suíla espanhol Juan Andrés, o qwd tinhia g,randc renome nos meios li1trá.rios. inclu.sive por ter escrito orna t.q:tê-cie de ,ncJclopfdla Uterá.rln tm sete 'Volumes " Ocll'or;xine e S1á10 :lt1u:1le d'ognl lettcrufur-.1•· cnlâo muilo oprtcla.da. O Padn Lanltri foi proe:ud,Jo, é lentou convencê-lo :1 ajudar " L'Ape". Não, foi bem .\Utedldo. O Padrt Andtts dee:harou que não via n~da de inten:s.:snntt nosdol" primt'iros nümtros da rcvlsfa, que ela não pa.1:S:.1vr.1 de um11 coletllnea de tmduçõc-s de artigos vl.ndoJ a lume cm oulros Jornais, e <1ue ê-s.~e lipo de publkaç:óes não encontrava leHorts . Recusou-se mcsmo .. asslnáA11. O Padre L:mtcri ni'io dcsanimou. l'ol à Casa do Conde Ces::irt Vcnlura1 que lllc fiz. as me-smas objeçÕe-$, ma~ se mo~rou mnls aberro do que o Padre Andl'ts, lamentnndo ler recebido aptml.~ o primclro número e rcvclnndo multa curi0,~idndt em sabt'r quem em Ouavlo Pon~nl, cujo artigo fe,ra e apredara mul1o, No fim da conversa cstav:a mudado e prometeu lt'nlor convenctr o Padrt' Audrés n auxiliar a revtsca. Foi, taba,. rc.f ul:..,do dêsst's conl,aclos do Padre r..anttri a mudança de orienlnção de ·'L'Apc-'', qut pouco a pouto foi substituindo :a~ lmdutõrs por artijto.s origlnai.t dt vfi.rios escritores d.u PeníRsufa, al,5tuns de nomeada (in<!lus:ive, mais tarde, o próprio P:tdre Juan Aodrés). A ..Amkiila"' de t-"lott'n(:t edllava também, anunlmenlc, um :1lman11que, o ..Buon Cnpo d'Anno''• que leve maior dlíusiio do que u revista, por ser dt conteúdo m,nos elevado, ntinglodo a.sslm um público mais nu.mtrooo. tnfe-lb:mentt, cm 1806 ás conllngênelas políticas obrigaram o Marquês d'Attgllo " voltnr par., 1\J:. rim, com o que "L'Ape" pcrdt'u o $('li prindpnl 11olm11dor. Tnlvez sej.a es.-.:n 11 rlll1ÜO do brusco dc-s:apa"cimenCo d11 revlstn, continuando a •'Amki~ xi.a."' dt f1orença, no entanto. n publk:tr o :1lomm,qut. O dtsapar«tmtnlo de "U Ape-" não prtjudkou o c"scimcnto do sodaUclo norentlno, O Prior Rte-llSOII, nmprc enlush1s1a, manteve~o tm asetnsão. apes-. u da adversidade dos tempos, preparando os stus membros pnrn Oi gloriosos epl~ódios tm que st veriam tn'Volvldos muls tnrdt, durante o cnlivtiro do Pnpa Pio VII c:m Sowonl:'.

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Fernando Furquim de Almeida

Mio da proprled11de p~rll~u,lw.r ,m proprledr.ide co.. lcliva, tão preconltad11 pelo soclallsmo, não 1eria outro efeito St'não tomar ia ~ituaç:io dos opcririos mais pttd.ria, tttlrando·lbcs a Hvrt disposição do se:u sar,no e roub:1nd0,-lhe-s, por l5so me~o, róda t.ipera.n(a e tõda possibllfdadc de: e-ngrandeccrtm O stu patrimônio c mtlhol'llttm a sua situação'' (j·Rc,,. rum Nov~rum", 4). Mai.s !linda: i•Por Cudo o que Nós ac.a bamos dt diur. compttcnde•st que :, teoria. ~inlis1a da propriedade eoltlh·a deve absolut.amt nle ttpudi:a:r-$e como prejudlcl!II àqu,lcs me$mos que se qu,r socorrer, contrártn oos direitos n.aturals dos indivíduos, como desnaturando as fun • çõcs do Eslado c perfurbnndo à tmnqüllidade pública. Fique, poi.~, bem asscntt que o primeiro fundamento a e~1;1bclettr pam lodos nquêles que que• rem si:nC't.rameutc o btm do po~o é a inviolablllda• dc da propri«tadt parfkular" ("Rcrum Nova. mm"• 12). Convém ~centunr q ue não St 1ra1a, uqul, da 11losofia atlla do comunl.mio e do soclnlb'lllO, quc CumW:m /: combntida pela Igreja, mas de ,;cu a,;,. preto puramente: econômico. Quanto a quercr separn.r do .soctol.lsmo e do comunbmo a nola dn vfoltncb1, estamos d.l:antc de um ln1enlo lmp-0.SS[vel, pois e:l.:1 é- fouente .-o slstem~. Els porque Fio XI d~ qut a sociedade como a vi o soclallsmo ''não pode ,xb1ir nem conccbcr•:ile St>:m vloltnd~ manifestas,.. (..Quadrng~mo Anno", 118). Com de:ito, não S(:d suma vlolênda despojar o hom,m de seus dSreltos natur.ds? 'fCumprc advc.rllr :ademais. d~ Pio Xt em outro Documento, que o comunismo reconhece ai coletlvldadc o dirello, ou mtJhor, um IUmitado poder arbitrário dt obri,tàr os lndlvíduos ao ímb::ilbo colcHvo, sem :itt'nde-r a seu bt:m~~1ur p~rtJcular, mu-mo contra .sua von.. tade e até- com violênclll" (..Oh'lnl :Rcdcmptori.f'• \ 12). Fimllme-nle, sifinnru- que o reglmt; tconôrnlco ca, piluli.sla E tJlnlbt.m •;mnlcrinlisla e gerador de lncgá,·els lnJusOçn.s" con.\'titul outro c.hav~o d o esquer• dismO,-('atólleo que não e ncontra amparo no c.n.sinamenlo social da ta.reja. O comuntsmo f lnfrinse· camute p"rvt~, di1. Pio XI. O slst,mn econômico c-apUalbta em si mesmo não '- cond,n:htl, sendo passível de ser ordt'nado segundo :1 n:Ca rouío, dtC'laram os Documcnlos pontifícios. Quem tem a lucrar com tão profundo fol.seumcnfo d.a doutrino. .social da Jgreja senão o próprio

comunbtno?

J. de Azeredo Santos 7


. AfOILIC!SMO----- *

-

LIBERDADE PARA TODOS, SALVO PARA OS

QUE OUSAREM DISCORDAR l..lBERALISMO hodierno é, cm , grande parte. fruto das idéias de Roussc,ua ç de seu "Contrato

O

Soci;,l''. segundo as quais .:, humanidade é né\turalmcnlc boa e. um:, vez libertada de constrangimentos ilegítimos, tenderá certamente parn o bem, pois pode.se enganar alguns homens duran.

te ,,lgum tcmpO. mas não todos os homens durante todo o tempo: ··A vouw,le ,:cr11f m1o t>Odt: errar. Elll I sempre rclll e tende sempre P""' 11 111ilidodt! príblicll" ( Controlo, 2, 3). S:tlicnt.:1r a oposição complela cnlre cst;,s c:oncepç(,c.s e .- doutrina católica é ~:dicntar o óbvio. Est:1mos todos enfer-

liberais estão scrilpre prontos :, cl.tmar pela liberdade de debate desde que as idéJas a serem discutidas sejam de seu agrado. Rousseau pregava: "Crc,· cm uma 1/Nirrdade bc:11/"zeja, previtleme. e provedora, na felicidade dos justo,· ~ 11Q castigo tfo.r Jll{UIS, 1111 Sluttld,ulc ''" COII• trtito J'Ocial e dus leis··~ a propósito con,enta um autor: "ê no fmulo todo o culto ela Razão e cio Ente Supremo que trtmSP<lfl!Ce aqui e que sert1 <:clebrttdo pt:/tJ rcvofuçãa mo11umlu:stJ, Pn:-

râttCill . ..

SALVO PARA COM AQullLES QUE

NÃO ACEITARE M A RF.Ll(llÃO CIVIL''

(Fran•

1

çois Drcyíus, ' Le Temp.s dcs Révofu .. tions"). Examin:tr a ílagrnnte contradição cn1rc o dizer e o fazer cios liberais. atrnvés dos tempos, :,longaria excessiva. mente êstc nrtigo, de maneira que nos limitaremos a citar dois exemplos atuais de retidcio libc.rol, tomados no seio da Santa Igreja Ca161ica; onde, infclizmenlc, apesar da lula citânica de um Pio IX e um São Pio X. tais erros

O intransigc:nte Episcopado da Holanda

mos do pecado de nossos primeiros

pais., nossas inclinações naturais siio para o mal. e o bem é para nós fruto de uma :1scensão penosa, possibilitada pela grnça divina, e não. como <liz Rousseau. um p0n10 cJc. c<1uilíbrio fà. c ilmcnlc at ingível. De Rousseau tiraram os libernis o princípio ( pelo ,menos parn uso cxter· ,,o) de que tôd,,s m• idéias. mesmo as m~-tis esdrúxulas~ 1êm o direito de se,. rcm exrostas livremente, por isso que o homem, armado de seu bom in.:i.'1.Ín· 10. incvitàvclmente escolherá. cm cur10 pn1io. as melhores. Porém, junto com o libernlismo, medrou sua irmã gême,1, a incocr8ncia. e na verdade os

Vejamos cm primeiro Iugat um caso oconido recentemente nn Holanda. Como se sabe, a pobre Holanda. de pacííi~, terra das tulipas e dos moinhos, viu-se transformada. de · repente. em país de loucuras. Ali, das redações de jornais católicos sai a exallação das doutrinas comunistas e socíalisl:1s, o amor livre e o homossexualismo recebem. a sua absolvição do púlpito (passe o anacronismo) das igrejas, e tô<fa e-spécic de "concelebrações cucarís licas'' ca1ó1ico-ptotest,1ntes põem em perigo os íundamcntO!i da Fé. A isto tudo a libcr;)I Hier,.rqoia assiste complr1ccn1c.

No meio de tantos desvarios, a Santa Sé nomeou Bispo de Rouerdtm um Sacerdote de nome Simonis, que passa por Menos progressista do que seus co• lcg.is. Isto foi o bastante para que o Episcopado Holandês. tão cioso. pelo menos em palavras. dos 11dircitos hu• manos". o intim;,ssc a sobrestar a to• mada de posse de sua Diocese e ;,\ abs. ter.se de qualquer pronunci11mento público. l:.ste gesto, cuja prepotência a1ingc. o rid ículo. pois Mons. Simonis não deve obediêncit1 a outros BispOs ma~ !iim ;.10 S.m10 Padre. mostra bem a verdadeira face d.a tolerliucin liberal.

Libertários esponhóis indiferentes à liberdade Um outro exemplo, êstc vindo da

Verdades esquecidas

HÁ PAIS QUE SE ALEGRAM CO~I A MORTE DOS FILHOS A propósito dos pais que fazen1 oposição egoística a que seus filhos se consagrem ao serviço de Deus, assim se exprin1e SÃO BERNARDO:

O

H PAI duro! Oh ,nãe bárbara! Pais cruéis e í,npios! Mas que digo, meus pais? Meus assassinos, que se doem da conservação d, seu sangue, e se consolam co,n a 1nor1e de seu filho; qu n,ais queren, ver-,ne pere· cer com êles, do que reinar Sé. 11 êles; que ainda 1ne que· re1n expor a u,n naufrágio, de que n1e livrei todo nu; a uni fogo, de que apenas n,e salvei ,neio quei,nado; aos ladrões, que 1ne deixara,n 1neio 1nor10: 111as graças ao socorro do Saniaritano, que es/011 uni pouco curado. ltles quereni arrancar da r>orla da glória 111n soldado de Jesus Crislo, que eslá a po~tto de triunfar, depois de ter arrebatado o Céu. (Eu não 1ne atribuo esia glória, ,nas ao Senhor, que venceu o inundo). Eles procuran1 arraslar111e ou/ra vez ao século, co,no um cão ao seu vô111i10, e u111 porco ao seu atoleiro. Abuso espanloso! A casa arde, a chan1a 1ne persegue, eu fujo, impedem-n1e que saia, aconselha1n-rne que vol1e, e os que me aconselha111. são os rnesn1os que se acham envolvidos neste incêndio, e que por uma Loucura se,n igual, por uma obslinação inco111preen· sível, não quere111 sair do perigo. - (apud "Sentenças Espirituaes dos Santos Padres, e Doutores da Igreja, tra· <luzidas da língua franceza" - Lisboa, 1800 - ton10 II, pp. 280-281 ].

Espanha. As atividadc.s polilic.as de muitos Sacerdotes espanhóis cst5o nas man. chetes de todos os jornais. Açulando greves, algumas evidentemente anarquistas, tomando parte cm tOOas as dcsor· dcns. mesmo as mais graves e atentatórias à integridade da naç;io, como no caso do separali:-mo basco, vêem-se sempre Padres esquerdistas. que fa1.cm :1la.rde de defender 1ôdas as liberdades. O Mosteiro de Monte Serrai, na Ca• talunha, palco de t:mtos incidentes, é foco de uma agitação libertári:\ cons· lante. Divergindo da assuada csctucrdista. um Capelão militar ousou. em recente cerimônia comemorativa da Guerra Ci. vil, lembrar cm têrmos clog,i osos a mem6ria dos que 1ombaram para pôr fim aos desmandos comuno-anarquistas. Is• to foi suficiente para que o Vig;lfio Castrense da Espanha baixasse uma de,temlinaç5o proibindo todos os Capeláe..; m ilitares de se referirem de público " êsse assunto. Se lembrarmos que. por ocasião da mesma Guerra Civil 1 foram m~1$.$acrndos pelo vermelhos. ao lado de dc1.cnas de milh:1rcs de fiéis. dezessei~ mil Padre.~ e 001.e Bispos. o ato <lo Bispo Castrense causn viva cstranhcz::t. Ora, nenhum Padre progressista espanhol saiu cm defesa da liberdade de palnvrn de seus coleg~,s Cape15c.~.

Não temos por que nos surpreender Não temos portanto que nos surpreendei' quando encontramos Vigários. ião libcràis com todos os erros. que. ao deparar com os propagandistas da TFP difundindo :, boa doutrin:t, tornam.se mais rubros que os nossos CS· tandartes e lascim:.,m não ter à mão uma GestaPO ou uma NKVO para pôr côbro a scmelhanlc ºabuso".

Alberto Luiz Ou Plessis

Junto ao estandarte da TFP, os S rs . Paulo Corrêa de Brito Filho Prof, Plínio _Corrêa de (?liveira , Aloysio Gomide e Caio Vidigai Xavier da Silveira. Em cima, outra foto da visita.

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r\'. O Conselheiro Gomide conversa com sócios e militantes da TFP.

Gomide visitfl ft novft sede "" TFP O SR. ALOYSIO GOMIDE. o Cbns11I brllsileiro seqlicstrado pt:lüs tupmnuro.~· 1111 Uruguai, 1:-stê've l!m visita à novo sede tio Co11selho Nacional d<, $(H;iedmlc Brtu;/dra de. De.lesa da Tradição. Família e Propticdade. O agora Consclheir11 Gomide foi recebido pelo Prof. Pfr'nio Corrêa 1/c Olivcim. Presidente do Conselho Nacio,wl da TFP. e pelos D iretores Srs. Eduardo de Barrõ.-r Broterl), Caio Vidi1:11I Xavier d11 Sih1tira e Prof. Paulo Ct:1rria de Brito Filho. A visita ttve lugc1r ,w diá 14 de março p.p. Gomide não conhecia ainda a bela mansão ,,a qual J'e ;,i.rtalou a 1'FP tl Run Maranhão, no tradicional bairro paulis1ano de Higitnópolis, poi,f e.,sa stde foi lt)Ontado precisamente d11rante seu longo cativeiro tm poder dus tupam11ros. M11ni/estou éle sua alegria ptlo progre.l·so qtJe uprese111a a now, sede em rt:laçiio d ,mttrior. da Rua Porá, n.0 50.


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lL OlRlffO R: MONS. AN'TONlO RIBl!:JRO 00 ROSA.RIO

Quem é devoto de Maria Santíssima colhe boa sómbra porque se chega à boa árvore; suas petições têm melhor despacho porque vão por mãos da Rainha Mãe, cujo interceder quase que é mandar; vive mais livre de tentações e baterias do inimigo porque habita dentro da Cidade de

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Deus e da Tôrre de Davi, donde pendem mil escudos; tem. o coração mais sofrido e compassivo com os próximos porque se cria debaixo das asas daquela Pomba que totalmente careceu do

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amargoso fel da ira; tem por si um grande sinal de predestinação. [Prática da Dominga in a/bis]. P A D RE M A NUEL BERNARDES

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Em edição especial que circulou em Buenos Aires nos últimos dias de março, "Fiducia", o órgão oficial da TFP chilerta, publicou êste enérgico e oportuno pronunciamento do Conselho Naciona l daquela entidade, agora no exílio. •

AS ELEI ES DE ABRIL, MAIS UMA ETAPA NO CREPÚSCULO ARTIFICIAL DO C E 1-

COMO SE FABRICOU A V ITóRIA ELEITORAL MARXISTA

O ANALISAR êstes últimos meses da vida política chilena fica-se com a impressão de que . uma quantidade enorme de fatôres excecionais entraram cm jôgo e produziram na opinião pública primeiro uma apatia imprevidente, e e:m seguida uma confusão cujo efeito próprio foi privá-la do juízo crítico sôbre a situação do país e, portanto, da influência que sôbre esta poderia ter. Concorreram para produzir tal situação a defecç.ão de numerosos dirigentes de tôda ordem, a par ·de circunstâncias imprevisíveis e incongruentes que se conjugaram à maneira de uma imensa e trágica peça teatral, para fazer surgir das urnas em 1970 um resultado que:, segundo tôda a evidência, não expressava a vontade da maioria dos chilenos: todos os elementos dessa comédia el\erceram uma influência na linha do que aconteceu, e nenhum em sentido contrário. Tanto maior é a responsabilidade: dos líderes e pseudolíderes da opinião pública, quanto tais circunstâncias dependiam principalmente dêles, e quanto, em geral, a defecção pró-socialista dos dirigentes ocorreu a despeito das reticências que a propósito manifestaram as bases.

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O froccionomento do mo iorio onticomunisto

A maioria esmagadoramente anticomunista foi, de um lado, dividida entre as can-

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O aglutinamento da minorio pr6-camunisto

Enquanto isso, a esquerda aprC'sentava um panorama bem diverso: os partidos marxistas haviam conseguido. uma aliança com outras coletividades minúsculas e com o Partido Radical, de modo a formar a Unidade Popular - um agrupamento pretensamente pluripartidarista. O apoio recebido de numerosos inocentes-úteis e de outros tantos ingênuos ou aventureiros, permitiu-lhes diluir o tom revolucionário-marxista de suas palavras de ordem em vagas promessas de fom1alismo democrático ou de um populismo puramente demagógico. Allende, que antes havia sido apoiado unicamente pelos marxistas, passava a ser para a opinião pública, um candidato esquerdista apoiado por diversas · fôrças, entre as quais os marxistas. Em outros têrmos, enquanto uma falsa direita insegura de suas idéias e complacente com seus adversários disputava com uma Democracia-Cristã pró-comunista, a esquerda disfarçava seu programa marxista e totalitário com proposições meio socialistas e meio inócuas. Isso tinha o efeito concreto de afastar da mente do povo a idéia exata da nocividade intrínseca do comunismo e fazer-lhe crer, pelas repetidas concessões, que era lícito, razoável e oportuno negociar com êle. Em tais condições, como não recear que os enganados fôssem desta vez mais numerosos?

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O dinamismo do minoria pró-comunista

Acontece que as falácias desta vez eram também mais numerosas. Tratava-se de uma falsa alternativa, impunha-se a escolha entre falsas posições: uma esquerda unida e dinâmica, que de um lado procurava ,fazer-se simpática e atrai.r com a aparente ino2

didaturas de Alessandri e Tomic. De outro lado, o conteúdo ideológico - se se pode qualificar assim - que cada u.m dêstes candidatos deu à própria campanha e:stêve em aberta contradição com o que as respectivas bases esperavam. Efetivamente, enquanto Alessanélri dava à sua campanha um tom personalista, a-político e a-ideológico - a não ser por suas concessões ao socialismo - Tomic imprimia a suas palavras e atitudes um tom acentuadamente esquerdista, o que teve como efeito comum a ambas as candidaturas que o melhor setor dos respectivos partidários ficava assim vacilante em seu apoio e sem entusiasmo em sua adesão. Os que esperavam de Alessandri anticomunismo, anti-socialismo, respeito à propriedade privada e estímulo à livre iniciativa, ouviam dêle expressões depreciativas ou até contrárias a semelhante posição; ou, se não, argumentos verdadeiros mas secundários, ou ainda a afirmação de meias-verdades. Os que queriam de Tomic uma posição ao menos moderadamente ant icomunista, observavam que êle era violentamente contrário. . . ao anticomunismo. Ademais, o aspecto de disputa pessoal apaixonada, pouco refletida, baseada não em diferenças doutrinilrias, mas apenas em ressentimentos recíprocos, impediu que os descontentes com Tomic apoiassem Alessandri. A campanha teve, assim, duas notas características: uma estridência temperamental de antipatias e ataques pessoa.is, e um tom esquerdista no qual não se destacavam as idéias políticas profundas mas apenas a repetição monótona de alguns slogans - cada qual cm seu estilo - de medíocre substância e dignos de frouxa adesão.

cuidade de seus propósitos se fôsse aceita fàcilmente, e que de outro lado prometia a violência, o caos e a revolução mais cruenta se fôsse repelida. Em face dela uma direil'a que se vinha caracterizando por propugnar o que na véspera havia rejeitado e o que na a.ntevéspera a esquerda havia propiciado; uma dire·ita que carregava em si tôda a insegurança, inibição e falta de vontade de resistir aos embates da esquerda. Entre uma e outra, a característica "terceira posição" democrata-cristã que persistia cm propor, como meio de evitar a vitória do comunismo, o entregar-se a êle, e como meio de impedir seus propósitos de Revolução, o realizá-los antes. 'Para avaliar a magnitude dessas falácias é necessário analisá-los ma.is detidame·nte, a (im de estabelecer as grandes responsabilidades com que, perante a História, ficaram onerados quantos intervieram ' neste processo. 4 -

Alessondri: sua independência, móscoro de indefinição

Alessandri caracterizou sua campanha por uma obsessão de independência. Independência com relação a partidos políticos, coisá que êle sempre confundiu com prescindir de ideologias as quais a opinião pública queria ver defendidas por algum candidato; que confundiu, ademais, com a ilusão de captar a adesão nacional não em tôrno de um princípio, de uma aspiração ou de um ideal, mas simplesmente em tôrno de: sua pessoa. O resultado foi - como é lógico que êle não conseguiu tal adesão. Entre os setores favoráveis à sua candidatura destacava-se especialmente o Par-

tido Nacional; não obstante, as doutrinas defendidas pelos mi.litantes dêste viram-se com muita freqüência abandonadas e amiúde atacadas pelo próprio candidato. Efetivamente, Alessandri não perdeu oportunidade de prometer - até nas zonas mais antiagro-reformistas - que levaria adiante a reforma agrária, e é de recear que, se lhe · houvesse sido possível, teria cumprido essa promessa! Sabendo que essa lei de Frei, e muitas outras, eram gravemente injustas, não prometeu, contudo, revogá-las ou modificá-las, como tampouco reparar as injustiças já cometidas. Pelo contrário, insinuou ainda outras reformas de conteúdo vagamente socialista, o que, com muita razão, fêz numerosos partidários seus pensarem que, se era para isso, seu triunfo não era tão desejável.

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A componho de Alesson dri: erros em codeio o fovor do odve rsório

Em diversos discursos públicos, na hora de referir-se ao comunismo Alessandri fazia questão de insistir em que, a respeito dêste, "não tinha preconceitos", deixando entrever que sua discrepância com o perverso sistema limitava-se a censurar sua ineficácia econômica e, quiçá, o totalitarismo em que sempre caiu. Tal idéia tinha como conseqüência faze'f pensar que, se fôsse concebível um comunismo sem tais defeitos, êste seria aceitável para Alessandri. Semelhante pressuposto teve da parte de Alessandri uma expressão extremamente infeliz, porque imprudentemente expHcita. Com efeito, disse êle que "o capitalismo é eficiente em produzir, enquanto que o socialismo é eficiente em distribuir", e que se tratava então de conceber um terceiro sistema, equidistante de ambos, que reunisse uma e outra vantagem. Tal idéia, que ademais de absurda pois se o socialismo é ineficiente em produzir, não se sabe o quê vai distribuir está tendo hoje em dia uma série de outros defensores, principalmente comunistas convictos da linha ideológica do prócer do PC francês, Roger Garaudy. Que assim se expressasse a posição de quem havia de ser o depositário da confiança dos anticomunistas, foi um dos maiores despropósitos da campanha presidencial e uma das causas de seu resultado, dando a impressão de constituírem êsses elementos uma concatenação de erros a favor do adversário. Nessa mesma linha, o restabelecimento de relações diplomáticas com Cuba, advogado por Alessandri e a idéia de que era a Hpoliticagem", e não o comunismo, o

maior perigo para o Chile, tiveram o mesmo efeito. Por outro lado, o apoio moral que, sob pretêxto de ter melhores instrumentos em seu hipotético govêrno, êle dispensou às reformas constitucionai~ C' legais que fortaleceram o Executivo em face do Legislativo e do Judiciário, teve como conseqüência outorgar ao marxismo, hoje no ápice do mando político, um poder esmagador. 6 -

O "kerenskismo"

como ideol e como sistema

' No campo democrata-cristão, a própria dissidência do MAPU e o seu apoio a Allende mostram qual é o dinamismo pró-esquerdista da terceira-posição, uma vez que aceita o pressupôsto de Frei de que "há algo pior que o comunismo: o anticomunismo". Mas a dissidência democrata-cristã não se circunscreveu a isso. Pode-se dizer que, direta ou indiretamente, por ação ou omissão, todos os militantes de destaque

no partido prestaram seu apoio a Allcnde; o que é possível avaliar melhor quando se consideram as atitudes que êles assumiram depois do triunfo dêste: procuraram infundir confiança, distender os ânimos, prestigiar os marxistas e desprestigiar os que quereriam resistir. O simples exame do que Frei realizou durante os seis anos de seu govêrno, o que isso significou de preparação da opinião pública para aceitar o comunismo, a utilidade que para êste tiveram diversas leis promulgadas pelo Presidente pedecista - entre as quais a reforma agrária socialista e confiscatória - bastariam para se concluir que a ajuda democrata-cristã a A llende foi de cisiva. Mas era previsível que a solidariedade chegasse mais longe, e o reconhecimento público, por parte da direção do PDC e do próprio Tomic, de que tinham assumido um compromisso com Allende para apoio recíproco no Congresso, mostra que, tratando-se de manobras discretas ou ocultas, a colaboração entre ambos os candidatos era muito maior do que o público pensava. O fato de destacados próceres democratas-cristãos haverem colaborado - ~ colaborarem ainda - em jornais allendistas, · e a declaração de Tomic de que seu programa e o da Unidade Popular eram cm essência muito semelhantes, são antecC'dentes que demonstram a absoluta identidade de uns e outros quanto ao modo de pensar, · os fins e os métodos de ação.

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O folseomento do opinião católico

Foi do campo eclesiástico, porém, que provieram em maior profusão as falácias. Já e m agôsto de 1969, quando a Universidade Católica de Santiago concedeu a Pablo Neruda o título de Doutor "scientiae et honoris causa" - o que se deu, "por acaso", pouco antes de ser êle escolhido como pré-candidato do Partido Comunista à Presidência - o Cardeal Silva Henriquez fêz declarações que seria difícil não interpretar como um claro apoio ao comunismo. O mC'smo Prelado explicitou meses depois sua posição, afirmando que era lícito aos católicos votar cm um marxista, e não houve voz alguma, episcopal ou vaticana, q ue o censurasse. Pouco antes das eleições ouviu-se nas Missas uma sugestiva oração pedindo a Deus que "afastasse das mentes o temor das reformas", o .que foi interpretado como o mais flagrante sacrilégio contra o Sacrifício Eucarístico, cuja augusta celebração era utilizada coroo oportunidade para persuadir de uma doutrina inequlvocamente socialista. Não obstante: o escândalo que tudo isto significou, Mons. Carlos Oviedo, Secretário do Episcopado Nacional, declarou que o comunismo estava condenado pela Igreja como doutrina abstrata . . . mas, já que se votava pelo comunismo em concreto, então era l.ícito fazê-lo! ~se conjunto de fatos deu à opinião pública a imprC'ssão de que, sendo as atitudes dos Prelados normalmente mais sóbrias e cautas que as dos simples Sacerdotes, era normal que êstes fôssem mais ellplícitos e veementes. Uma série de atitudes de Padres iria dar maior alcance ao que ficou exposto: a) as declarações do Revroo .. Pe. Juan Ochagavía, jesuíta, de franco elogio do regime comunista de: Cuba, que acabava de visitar; b) a homenagem a Lenine na Igreja de Santa Catarina, do subúrbio de Salvador Cruz Gana, homenagem da qual participou o próprio Pároco, e que foi anunciada dias antes pelo jornal "El Siglo"; e) a posição pró-marxista da revista "Mensaje", etc.


Isso tudo se deu sem qualquer censura por parte da Hierarquia Eclesiástica, e teve o efeito de, parecendo apenas uma formulação mais concreta do que esta pensava, fazer crer a uma multidão de católicos de pouca fonnação que estavam obrigados a pensar e atuar dessa mesma maneira. Em tais condições, como não recear que os numerosos Padres esquerdistas e progressistas, servindo-se também do ministério sacramental da Confissão, tenham pressionado por êsse meio o povo fiel a votar no marxista Allende? A vista dos numerosos antecedentes expostos e dos que ainda apontaremos, não há argumentos para afastar tal hipótc:se. Ademais, diversos organismos vinculados à Hierarquia Eclesiástica, como as Universidades Católicas de Santiago e Valparaíso, promoveram nos últimos tempos atos de difusão e propaganda de idéias socialistas e comunistas. O próprio Reitor da primeira dessas Universidades, Fernando Castillo, fêz, junto com outros esquerdistas, uma viagem a Cuba, formulando, ao regressar, tôda espécie de elogios ao marxismo que tiraniza aquêle desafortunado país. Tudo isto, com incontáveis fatôrcs que seria longo explicar, mas que têm idêntica incidência, não poderia deixar de ter, normalmente, o resultado que comentamos.

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Adormecimento das o rga nizações potronais

Ao analisar a atuação dos dirigentes dos organismos patronais nos 61timos tempos, já se é levado a perguntar se êles foram eleitos para defender suas bases ou para entregá-las indefesas ao confisco e à espoliação, facilitando a instauração marxista. A posição agro-reformista do Sr. Benjamín Malte durante o govêrno de Frei, sua campanha a favor das relações econômicas privadas com Cuba, sua viagem a êsse país e os risíveis elogios que fêz de Fidel Castro, sua iniciativa de incluir os "asentados" [camponeses instalados pelo Govêrno nas te·rras desapropriadas pela reforma agrária] como sócios da Sociedade Nacional de Agricultura, dão mostras da deterioração ideológica dos empresários que o toleram, deterioração que explica a queda do país no comunismo. O que oull·os dirigentes agrícolas e de diversos ramos da produção fizeram depois das eleições, assombrou o país e a opinião mundial, pois ainda não se vira nada q ue demonstrasse tamanho entreguismo; mas não quebrou a indolência dos agricultores que continuaram e continuam a tolêrá-los. Tal indolência não contribui para explicar o que aconteceu? 9 -

O otimismo geral

A isso tudo se conjugou um otimjsmo generalizado e pertinaz antes da eleição, que levava muitos a esperarem ilusoriamente um triunfo arrasador de Alessandri, e ,,m govêrno dêste que viesse restaurar os

direitos ultimamente calcados aos pés. Apesar de êle haver prometido n%ó o fazer, caso vencesse, e apesar de a Hierarquia Eclesiástica, a imprensa socialista e os movimentos terroristas parecerem dispostos a exercer tôda sorte de pressões para impe,dir um retrocesso no caminho do socialismo, apesar de tudo isso, muitos acreditavam que os problemas de tôda ordem, gerados durante anos e até séculos, se resolveriam em um só dia. O resultado dessa imprevidência e dêsse otimismo foi que a situação se agravou imensamente nesse dia.

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A distorção dos resultados eleitorais

O desconcêrto da opinião pública e, conseqüentemente, a perda de- sua capacidade de reagir de modo sadio e lógico, foram agravados por circunstâncias que se verificaram no processo de apuração e divulgação dos resultados eleitorais. De fato, diversos fatôres permitem pôr em dúvida a representatividade da eleição: a) durante várias horas da tarde é da noite de 4 de setembro foi suspensa a difusão da marcha das apurações, lapso ao cabo do qual o resultado se tinha invertido; b) nesse momento, o govêrno de Frei autorizou apenas uma concentração allendista, apesar de a situação continuar bastante incerta; e) os números de votos escrutinados só foram comunicados através do Ministério do fnterior e não, como era costume, diretamente pelas Intcrtdências [govêrnos provinciais];

d) cação, nários tavam

tinham sido substituídos sem expliantes da eleição, muitos dos funciodo Ministério do Interior que execuaté então as operações globais de

rccontagem; e) circularam insistentes rumores, pro-

venientes de diversos setores, no sentido de ter havido irregularidades na constituição das mesas reteptoras, elevadíssimo número de cancelamentos de inscrições eleitorais, e entrega irregular de atas das referidas mesas; f) foram difundidos primeiramente os resultados dos munjcípios esquerdistas, com o propósito de dar a impressão, quanto possível desde o início, de um triunfo de Allende; ao passo que os municípios de maior votação anticomunista foram deixados para o fim, o que coincide com o fato de que, nestes últimos, os números dão lugar a amplas suspeitas; g) o Comando Alessandrisla e o próprio candidato incorreram em notório abandono de seus deveres, tanto no dia da eleição, como depois, mostrando negligência na fiscalização e abstendo-se de protestar ante os fatos mencionados. Tais elementos determinaram cm amplos setores da opinião pública graves suspeitas, e estas criaram, por sua vez, a explicável sensação· de que o país estava sendo lançado cm um caos, situação na qual nada mais havia que fazer.

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APOIOS A A LLE N DE E PREPARAÇÃO DA RATIFICAÇÃO PELO CONGRESSO

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A consolidoçõo de Allende pelos seus "'adve rsários"

Tôda a série de facilidades que os pretensos adversários deram a Allende antes da eleição, foram um mero prelúdio cm comparação com o que fizeram depois. As dccl.1 rações de Alessandri pedindo aos parlamentares que o haviam apoiado que não votassem a seu favor no Congresso, a fim de "conlribuir para a tranqüilidade pública", sob a alegação de que Allcnde era uma "personalidade de ampla e comprovada trajetória democrática"; depois, a visita que Allende lhe fêz para agradecer tal atitude; o silêncio dos líderes do Partido Nacional depois das eleições - durante mais de três meses - o qual desconcertou profundamente as bases, e foi rompido apenas pelos

Deputados Evaldo Klein e Víctor Carmine. . . que apoiaram a eleição de Allende; as entrevistas que pouco depois de 4 de setembro os dirigentes da Sociedade de Fomento F abril e da Confederação da Produção e Comércio mantiveram com Allende, e as posteriores de-clarações favoráveis a êste; o apoio ostensivo do jornal "El Mercurio", que, entre outras coisas, opôs~se às investigações que a Associação lnteramericaoa de Imprensa queria fazer sôbre a liberdade de imprensa, - tudo isto caracteriza a certeza de que a vontade de entrega da falsa direita foi grande.

2 -

A História o con firma: Fre i é o Kerensky c hile no

Por outro lado, as facilidades que Frei e seu govêrno deram a Allende, as conccn-

trações da Unidade Popular autorizadas no dia da eleição e nos dias seguintes, a faculdade que se concedeu a Allcnde de dirigir-se ao país por uma cadeia nacional de rádio e televisão, as medidas para dificultar as viagens ao Exterior e a redução na venda de divisas - o que não constituiu problema para os especuladoreli, freqüentemente vinculados à esquerda - evidenciam uma profunda solidariedade de propósitos de Frei e seus colaboradores para entregar o país de mãos amarradas ao marxismo. A êsses fatos somam-se as sugestivas declarações de Tomic de que não havia "a mais remota possibilidade" de que o Partido Democrata-Cristão votasse em Alessandri no Congresso - êle sabia por quê - o que culminou no "bluff" das garantias que não garantem nada. E tudo isto mostra que perante a História e o mundo Frei ficou irremisslvelmente caracterizado como o "Kerensky chileno" e o PDC como o cavalo de Tróia do comunismo. 3 -

Mais uma ve z o Clero progressista, nôvo Judas, ve nde um país po r trinta dinhe iros

A iudo o que foi dito anteriormente é preciso acrescentar as atitudes eclesiásticas que se tornaram tristemente célebres: a Pastora.! do Bispo de Puerto Montt, Mons. Jorge Hourton, de claro apoio a Allende Pastoral de que nenhum Bispo discordou apesar de o Episcopado haver declarado anteriormente sua abstenção política e sua recusa de cumprimentar como Presidente qualquer dos candidatos até que se cumprissem todos os trâmites constitucionais; os manifestos, no mesmo sentido, da Paróquia Universitária, da "lg,eja jovem", do Movimento Operário dá Ação Católica, da Ação Católica Rural e de outros organismos de mínima importância mas que sempre contaram com o apoio da Hierarquia; as declarações socialistas de diversos grupos de Sacerdotes, alguns dos quais chegaram a visitar Allcndc para manifestar-lhe apoio; os inúmeros sermões do domingo 6 de sc1cmbro, nos quais muitos Padres falavam falsamente de "resignação'', de "confiança em Deus", com o propósito de, adulterando conceitos, enganar o povo fiel; a carta que o Provincial da Companhia de J esus, Revmo. Pe. Manuel Segu ra, dirigiu a todos os membros dessa Ordem, na qual qualifica os propósitos da Unidade Popular de "metas autênticamente cristãs"; a declaração do Presidente da Conferência Episcopal, Mons. J osé Manuel Santos, Bispo de Valdívia (7 de outubro), dizendo que, qualquer que fôsse o escolhido, a tarefa seria a mesma; a Declaração da própria Conferência E piscopal do Chile (24 de setembro), cm que esta manifestava seu desejo de "cooperar con1 as reformas", - tudo isso mostra que o propósito de uma parte impo(tante (e a mais iníluenre) do Clero era distender os ânimos, eliminar as apreensões, desalentar as reações, precipitar a entrega, e integrar-se no dispositivo de sedução ou persuasão do Estado socialista. Mais ainda, o escândalo não ficou circunscrito por nossas fronteiras: até o Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), D. Avelar Brandão Vilela, Arcebispo de Teresina, no Brasil, de'clarou que sua atitude era de expectativa ... "porque não sabia se Allende era marxista por convicção ou por método eleitoral" (!). 4 -

120 mil chilenos que apoiaram a TFP, para que êlc tomasse medidas contrn o Clero

pró-comunista, e nada havia feito. Até nos confins do mundo já se ouvira falar da atuação entreguista do PDC em face do marxismo, mas Paulo V( se calou, impertérrito. Como não esperar que o silêncio de outrora fôsse reparado pela voz salvadora no momento cm que um país católico se encontrava à beira do abismo? A TFP pediu essa in:ervenção, mas a resposta foi o silêncio, ficando para serem julgadas pelo tribunal da História e pelo Juiz Divino as ações e omissões que entregaram o Chile ao comunismo. 5 -

A intim idação: outra o rma para

conseguir o submissão

Enquanto os "adversários" desimpediam o caminho do marxismo, os adeptos dêste formulavam ao povo ameaças várias, caso o Chile não consentisse cm entregar-se a êle. Ora Allende prometia chamar as hordas populares para defender seu "triunfo", se êste fôsse aniquilado no Congresso; ora células terroristas do MIR ou de outros grupos prornct iam desencadear a guerra civil nessa eventualidade. Como se disse na ocasião, tais atitudes constituíram um "golpe de Estado branco" para impor o domínio da Unidade Popular ao país, sob a ameaça de um "golpe de Estado vermelho" e sangrento se isso não acontecesse. De outro lado, Allende e os partidos que o apoiaram difundiam esperanças de moderação e insistiam cm que sua intenção era manter a vigência das liberdades e di.reitos individuais, dizendo que seriam feitas apenas moderadas reformas pró-socialistas para conseguir um maior bem-estar popular. 6 -

A contribuiçã o de governos estrangeiros

Paralelamente a isto, os países comunistas de todo o mundo revelavam seu entusiasmo pelo possível advento de uri1 regime marxis:a no Chile. Dos países do mundo livre, dos quais caberia esperar, a contrario sensu, ao menos uma at ilude· de alerta e precaução, ouviram-se .também vozes tranqüilizadoras. As declarações procedentes dos Estados Unidos que exprimiam tranqüilidade porque o movimento marxista chileno "não tinha grande conteúdo antinorte-americano", augurando a normalidade de relações entre os dois países, e os elogios feitos por um ministro espanhol são notas caracterís:icas da indolente reação mundial; deve-se acrescentar que em todos os países do mundo os jornais comunistas manifestavam al\lorôço, enquanto os anticomunistas mostravam atonia. CONTI NUAÇÃO NA S~XTA l'ÁOINA

Diante do tragédia do Chile, silêncio de Paulo VI

Diante de tudo isso, considerando as dissidências eclesiásticas apontadas, observando os sintomas de angústia do povo chileno, notando que evidentemente a responsabilidade recaía sôbre os ombros da Hierarquia, e observando que da atitude dos parlamentares do PDC dependia o [uluro do país e da América, os católicos tinham o direito de esperar que a voz de Paulo VI desautorizasse o Clero pró-comunista e pedisse aos parlamentares católicos que não votassem em Allcnde. Paulo VI já havia recebido em 1968 o clamor veemente de

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Depois da posse. Salvador Allende recebe as felicitações do Cardeal-Arce. bispo de Santiago

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NO CHILE: EMPATE SOB PRESSAO Plin i o

UANDO DAS ELEIÇOES presidenciais no Chile, escrevi para a "Fôlha de São Paulo" um artigo em que examinava a votação obtida pelos três candidatos, o marxista, o demo-cristão e o nacionalista ( 1) . Mostrei, então, que a vitória de Allende de nenhum modo significava que a maioria dos chilenos optara pelo regi.me marxista. Pois os votos somados dos candidatos nacionalista e pedecista superavam sensivelmente a votação alcançada pelo marxista. No dia 4 passado, realizaram-se novas eleições no país irmão, desta vez para a escõlha dos membros das câmaras municipais. O pleito, como se sabe, atraiu a atenção do mundo inteiro. Nêle, com efeito, o povo chileno teria ocasião para se manifestar sôbre a política pró-comunista desenvolvida por Allende nestes cinco meses de govêrno. Feita a apuração, verificou-se que a coligação governista obtivera, abstraídos os votos nulos ou em branco, 50,86% dos votos, ao passo que os partidos de oposição soma- · ram 49,14%. Em conseqüência, muitos comentaristas concluíram que, desta vez, a vitória da coligação governamental encabeçada pelos mar1'istas era mais significativa. Pois o total obtido por ela superava todos os seus adversários somados. 1:: natural que me perguntem muitos leitores o que digo a isto.

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••• Começo por observar que a diferença pela qual a coligação governamental "venceu" foi de 1,68% , computados os votos nulos ou em branco. De fato, nesta base de cálculo, o govêrno teve 49,73% e a oposição 48,05% dos votos. O govêrno se enganou, pois, ou enganou o público, quando anunciou para si uma ma10r,a pouco superior a 50%, abstrai.n do jeitosamente os votos nulos ou em branco. Do ponto de vista estritamente legal, a diferença de 1,68% basta para caracterizar uma vitória. Aliás, uma pálida e magra vitória. Mas provará ela que a maioria dos chilenos prefere mesmo a política de Allende? - Afirmo que não. Considerada a eleição como um teste, a diferença de 1,68% é irrelevante. Pequenos fatôres ocasionais e sem expressão ideológica podem ter causado essa diferença. De sone que, à vista dela, qualquer crítico imparcial pode falar, no máximo, em empate. Digo "no máximo", porque várias circunstâncias levam à convicção de que mesmo a autenticidade dêsse empate é duvidosa: • 1 - Antes de tudo, é preciso considerar as abstenções. Chegaram elas a pouco mais de 25 % . Dada a disciplina de cabresto dos partidos marxistas, em geral as abstenções só ocorrem nos setores não comunistas. De cada quatro eleitores chilenos, desta vez um não votou. E êste um não é marxista. O que quer dizer que - se êle tivesse votado - o marxismo teria sido folgadamente derrotado. . • 2 - Qual a razão destas abstenções? Desinterêsse? Desalento? Protesto? - Freqüentemente, as abstenções são numerosas nas eleições chilenas. Correspondem a áreas não politizadas, e portanto não bolchevizadas, da opinião pública. Seja como fôr, o desinterêsse seria dirícil de se supor, mesmo cm tais áreas, à vista de eleições tão decisivas para o país e para a vida particular de cada qual. O desalento e o protesto, pelo contrário, são absolutamente explicáveis. Razão a mais para se considerar como antimarxista o significado das abstenções. • 3 - Vejo o muxôxo de alguns leitores diante da conclusão. Objetam, ao ler-me, que as abstenções são intrlnsccamente ambíguas, pelo que não podem

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ser levadas à conta .de um ou de ·outro lado. - Acho simplista a assertiva. Entretanto, só para argumentar, concedo que seja exata. Se 25% dos chilenos mantiveram uma atitude ambígua diante do teste eleitoral, como negar que\o resultado de tal teste tenha sido ambíguo? • 4 - Acresce outro dado. O único partido não marxista da coligação governamental, o Radical, obteve 8, 18 % dos votos. Ou seja, se êle tivesse formado ao lado dos demais partidos da oposição, a minúscula maioria pró-marxista teria sumido. Ora, tenho em mãos um cartaz de propaganda eleitoral dêsse partido. Segundo êsse cartaz, que faixa eleitoral se empenha o Partido Radical em atrair? A faixa marxista? - De nenhum modo. Os descontentes com o marxismo, aos quais procura convencer que colaborem com Allende, por lhes ser mais -útil ter no govêrno o freio de alguns não marxistas, do que votar na oposição e ter assim um govêrno constituído só de marxistas. r,; inadmissível que os eleitores at.raídos com êsse argumento sejam computados como adeptos do marxismo.

• 5 -

Ademais, qualquer eleição - como esta de que tratamos - cm que há, de um lado, um partido, ou conglomerado de partidos, apoiado às escâncaras e com tôda a energia pelo govêrno, e, de outro lado, partidos oposicionistas, só pode ser aceita como expressão autêntica das tendências ideológicas de um povo quando a vitória é da oposição. Ou, então, quando a maioria obtida pelo partido oficial é grande. Pois o govêrno tem sempre - e máxime em tal caso - um pêso eleitoral que arrasta numerpsos votos. Muito e muito mais numerosos do que os minguados 1,68% de vantagem obtidos pela coligação allendista. • 6 - lsto, que é certo para qualquer eleição, no caso concreto é de furar os olhos. Pois Allende, em seus cinco meses de govêrno, desenvolveu uma contínua série de intimidações violentas contra a imprensa de oposição. O mais importante diário não marxista do Chile, "El MerGurio", pertence à família Edwards. Alleode começou por desferir uma ofensiva co ntra o Banco Edwards, da mesma família. O motivo alegado foi a necessidade de apurar certas irregularidades cambiais. A nomeação de um interventor para gerir o banco foi a. primeira medida. Mas, logo depois, sob o pretêxto de que "El Mercurio" podia estar envolvido no caso, foram abertas duas investigações sucessivas no jornal, com grande orquestração difamatória na imprensa esquerdista. As investigações nada apuraram contra "El Mercurio". Em seguida, o govêrno apresentou queixas-crime contra duas em.issoras antigovernistas, a Radio Minería e a Radio Balmaceda. A Radio M.inería teve de se sujeitar à pena de suspensão por 24 horas. O processo contra a Radio Balmaceda ainda está em éurso. Ao mesmo tempo, . deputados comunistas visitaram várias rádios independentes, pressionando-as para que despedissem seus colaboradores antiesquerdistas, no que {oram obedecidos. A editôra Zig Zag, a maior do Chile, publicava grande número de revistas. Foi ela sujeita a uma greve de comunistas, que reivindicavam uma alta de salários exorbitante. À vista disto, a direção recusou o aumento. AJlende nomeou então um interventor comunista, que deu ganho de causa aos operários. Diante da conseqüente insolvência da emprêsa, o govêrno a comprou ... a vil preço. Esta é a liberdade no Chile de Allende. Assim, Allende mantém sob regime de terror as emprêsas de publicidade ainda livres. Por isso, inteiramente à vontade só atuaram, na última eleição, os órgãos de publicidade governamentais. - A isto, pode-se chamar de embate livre e sério? E se não o foi, como a tribuir significado ideológico sério ao resultado eleitoral daí oriundo?

Co rr É

• 7 - Aliás, está longe de ser só êste o tipo de pressão eleitora.! havido no Chile. Durante êstes cinco meses de govêrno, Allende fêz descer sôbrc seu país as primeiras sombras do terror policial. A partir do assassínio do General Schneider, quer o Presidente, quer seus sequazes, têm multiplicado as denúncias de reais ou supostas conspirações. E as correlatas ameaças. Isto incute, em muita gente, um verdadeiro pânico de ser enredado em um processo criminal calunioso e de desfecho im'!>revisível, se falar alto e forte contra o govêrno. • 8 - O elemento empresarial, cuja legítima influência poderia ter dado às eleições um sentido bem diverso, vive sob outra forma ainda de terror. O empresariado comercial e industrial 'depende do crédito. E êste, no Chile, está cada vez mais em mãos do Estado. Com efeito, o govêrno marxista moveu uma -campanha de imprensa para aterrorizar os acionistas de bancos particulares, ameaçando-os com o confisco bancário. Em conseqüência, muitos acionistas começaram a vender seus títulos. O govêrno comprou-os então. Em seguida, sempre por meio de ameaças fiscais ou outras, o govêrno adquiriu as restantes ações de que precisava para se tornar majoritário. E, por esta forma, passaram para o contrôle estatal oito bancos. Os que ainda sobrevivem cm mãos de particulares - são dezesseis - estão à mercê de uma legislação penal ambígua, que os expõe a tantas multas e sanções, que o Estado os pode, a qualquer momento, esmagar. Nestas condições, um empresário que tome atitude clara contra o govêrno nas eleições se expõe a ter cortado todo o seu crédito. O empresariado rural - na medida e m que ainda sobrevive às rajadas de confisco agrário vive no terror da CORA ou das "ocupações" feitas pelos pelegos do allcndismo. O melhor dos quadros dirigentes da op.inião antimarxista ficou, pois, paralisado. Parte até emigrou. Há quem fale em mais de cem mil refugiados chilenos residentes só em Buenos Aires. • 9 - Quanto ao setor eleitoral dos empregados conservadores, sensíveis à influência de seus patrões, desorientado, privado de seus chefes naturais, claro está que perdeu assim muito de sua iniciativa e coesão política. Isto sem falar da opressão exercida sôbre os trabalhadores rurais "beneficiados" pela reforma agrária, dependentes hoje do apoio do govêrno em tudo e para tudo a fim de fazer produzir "suas" glebas. - A que sanções se expõe o distrito rural cm que os candidatos governamentais não tenham obtido votação maciça! · Tudo isto somado, aceitar como concludente o resultado de ·uma vitória eleitoral como esta, é cômico: Ou trágico. Tanto mais quanto - como já dissemos - esta exígua "vitória" não passa de um autêntico empate. - Empate sob pressão o que exprime? Igual fôrça de ambos os lados? Ou maior fôrça do lado que, ainda sob pressão, se igualou ao senhor da polícia, da publicidade, do créd ito e dos favores?

• • * Pretendo retomar em outra oc~sião meu anterior artigo sôbre propriedade individual. Por ora, preciso ainda analisar o significado da queda dos votos radicais, pedecisrns e nacionais. O que espero fazer no próximo artigo. l) Re produzido em ''Catolicismo", n. 0 238, de outubro de 1970, sob o rítulo de " A posição da TFP ante a vitória marxista no Chile".

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NEM VITÓRIA AUTÊNTICA, NEM PLEITO LIVRE

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de Oliveira

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OMO JA VIMOS, o resultado obtido nas eleições chilenas pela coligação socialista-comunista não representou, para esta ' última, uma vitória autêntica. Os partidos que apoiam Allende alcançaram simplesmente um empate. E um empate sob forte e onímoda pressão, o que equivale, moralmente, a uma derrota. Foi o que - em essência - sustentei em meu último artigo. Ao que parece, o próprio govêrno chileno se deu conta da inutilidade de blasonar vitória a propósito de tão magro resultado. Pois, em seguida às fanfarronadas das primeiras 48 horas, o govêrno se calou sôbre seu "êxito" eleitoral. E nas notícias que nos chegam do país irmão, não figura mais uma só referência de Allende a seu teste de popularidade. O que é propriamente meter a viola no saco.

Um dado a mais, que não cheguei a comentar, ajuda a melhor entender o que há de frustro, para o govêrno marxista, no resultado das eleições. ê que o total de "regidores" - isto é, vereadores - eleitos sê compõe de 914 filiados a partidos de oposição 766 à coligação governamental. O que faz pensar que se o govêrno obteve melhor votação em algumas cidades mais povoadas, no Interior ela lhe foi desfavorâvel. Precisamente nesse Interior que o govêrno vem "beneficiando" pela reforma agrária, apregoada como profundamente popular pelos socialistas, pedecistas, progressistas e comunistas ...

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Isto pósto, continua de pé, sem embargo, um fato óbvio. f: que - de um ou outro modo - a votação governista cresceu da eleição presidencial de setembro do ano passado para a eleição municipal de princípios déste mês. E cresceu em proporções nada desprezíveis, ou seja, de 36,3% a 49,7 %. Olhemos de frente para êste fato. De onde proveio a diferença? - óbviamente, ela só pode ter vindo das correntes de oposição. Explico-me. O Partido Nacional, que é de certo modo a direita no panorama político-ideológico chileno, desenvolveu, durante a campanha eleitoral, uma propaganda mole, desanimada e inintcligente. Boa parte de seus eleitores, segundo tudo leva a crer, engrossou as fileiras dos abstencionistas. E outn, pane, vendo na DC maior dinamismo e melhores possibilidades de vencer o marxi~mo, terá votado a favor dela. Ou, então, do Partido Radical , corpúsculo inocuamente a-marxista incrustado na coligação governamental. Assim, embora a votação de Alessandri, candidato apoiado pelo Partido Nacional, tenha correspondido a 34,9% do eleitorado em setembro do ano passado, nas eleições do corrente mês o PN não obteve senão 18.1 '3'~ dos votos. Ora, a votação do PDC e a do PR não indicam a alteração correlata. O eleitorado do PDC passou de 27,8% em setembro para 26, 1% nas últimas eleições. Quanto ao Partido Radical, os dados são

um pouco mais complexos. Porém igualmente concludentes. O PR - cujos votos se situavam em tôrno de 13% nas eleições municipais e parlamentares de 1967 e 1969, respectivamente - cindiu-se em duas alas, por ocasião da eleição de Allende. A ala que conservou o nome de Partido Radical recebeu agora 8% dos votos, e a outra a la, a Democracia Radical, de tendência antes direitista, obteve 3,8% dos votos. O que perfaz o total de 11,8%. Como explicar tudo isto, já que a votação dos demo-cristãos e dos radicais deveria estar acrescida pelos' votos dos nacionais? De um lado, é absurdo supor que os direitistas descontentes tenham votado no marxismo. De outro lado, o coeficiente de aumento das abstenções ( 16,3% em setembro passado e 25,5% agora cm abril) não basta para explicar a evasão dos votos direitistas. Onde, então, a chave do mistério? T udo leva a crer que os marxistas se beneficiaram de votos de simpatizantes. Ora, em matéria de simpatizantes, os que o marxismo possui estão na DC e no PR. Logo, devem ter votado pró marxismo muitos membros destas duas correntes. E como estas provàvelmente se beneficiaram do apoio de eleitores alessandristas, a evasão dos votos das fileiras delas para a esquerda foi de algum modo compensada, e se nota pouco nos números. ó

Assim vistas as coisas, é-se propenso a afirmar que Allende teria sido derrotado nas eleições municipais, e as coisas estariam hoje bem diversas no Chile, se os simpatizantes não marxistas do marxismo não tivessem, mais de uma vez, dado a vitória a êste. Insistamos sõbre o rato. Agora, mais uma vez, foram eleitores que se prezam de não marxistas, os que deram a vitória ao marxismo. Tão fraco é êstc para conquistar o poder só por si. ••

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Foram, pois, os simpatizantes não marxistas do marxismo, os grandes responsáveis pela vitória dêste nas eleições municipais. P'ostos os olhos nos seus congêneres dos demais países sul-americanos, "sapos", demo-cristãos e progressistas, não é difícil perceber que êstes se aprestam a fazer o mesmo por tõda parte. Daí se tira uma conseqüência prática do maior alcance. E. que, no tocante ao perigo comunista, não basta alertar a opinião pública contra o -PC propriamente dito. Mas é absolutamente indispensável, é urgente, é capital alertar o público contra as correntes que, sem se dizerem comunistas, fazem um muxôxo ao anticomunismo e mostram para com o comunismo uma condescendência inspirada nas mais tolas e perigosas ilusões. Mas esta já é outra matéria. Fiquemos apenas na análise das eleições chilenas. Tal análise, com o presente artigo, chega ao fim.

Como ficou dito, ela prova que, se a coligação pró-marxista obteve agora certo aumento de votos em relação ao pleito anterior, deve.o a votos ... não marxistas! Tão ilusória é a posição "majoritária" de Allcndc cm seu país!

••• este fato tem muito alcance, por certo. Desde o manifesto de Marx, lançado em 1848, jamais um candidato, comunista obtivera a vitória cm eleições autênticas e livres. este crônico insucesso eleitoral produzia duas conseqüências importantes, uma no seio do próprio PC internacional, outra na opinião pública em geral. No seio do PC, fortalecia-se cada vez mais a corrente dos que achavam que sem violência não é possível ao marxismo chegar ao poder. A assim chamada - e tão apregoada - "vitória" do marxismo em dois pleitos sucessivos, no Chile, viria dar argumentos à corrente contrária à violência. Pelo menos uma vez, cm um país, os processos legais e pacíficos teriam levado o comunismo ao poder, A estas horas, entretanto, os especialistas do PC já terão concluído suas análises, e já terão chegado à mesma conclusão que nós: ambas as "vitórias" provam que a maioria, se se lhe der ocasião de votar em pleito livre se manifestará renitentemente anticomunista. E q~e, cm conseqüência, continua de pé o princípio de que, sem pressão nem ameaça de violência , o comunismo não, alcança o apoio da maioria autêntica dos eleitores. A outra conseqüência, extra n1uros do comunis. mo, salta aos olhos. Para seus partidários, para seus simpatizantes, para o imenso rebanho dos ingênuos, o comunismo se apresenta como o grande movimento reivindicatório de imensas massas oprimidas. Como as massas são a maioria, e, segundo as doutrinas democráticas à Rousseau, as maiorias são soberanas, resistir ao comunismo é resistir ao único poder legítimo, isto é, o das multidões. Daí a fundamental iliceidade de todos os movimentos anticomunistas. Suposta verdadeira a doutrina pagã de Rousseau, segundo a qual as massas podem tudo quanto pod_e um déspota oriental, inclusive suprimir todos os direitos assegurados pela Lei de Deus, - o raciocínio é impecável . . . enquanto mllro raciocínio (eito no ar. Entretanto, falta-lhe a báse. Pois uma de suas premissas é falsa. Não se pode pretender que o comunismo exprima anelos de imensas massas, se êle sempre e por tõda parte perde as eleições. E com isto rui por terra a construção armada pela propaganda vermelha. Pode-se imaginar quanto mal-estar isto causa à propaganda comunista. Ora, com o resultado das eleições chilenas tentou o comunismo reabilitar-se, aparecendo pela primeira vez como vencedor em um pleito eleitoral livre. Não houve vitória autêntica, nem pleito livre. E. o que quisemos provar nos sucessivos artigos que consagramos ao assunto.

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No dia 4 do mês passado realizaram-se no Chile eleifões para a renovação dos câmaras municipais de todo o país. O pleito foi acompanhado com expectativa no mundo inteiro, pois o povo chileno teria e ntão a oportunidade de manife star-se .a re speito da política pró-comunista desenvolvida por Allende nos cinco primeiros meses de seu mandato. Fe ita a apura,ão, verificou-se que a coligação gov ernista obtivera 50, 86% dos votos, contra 49, f4% da oposição. Muitos comentaristas quiseram vei nessas cifras a aprovação da maioria da população andina para o Pre sidente marx ista e seu programa de govê rno. Nos dois artigos que re produzimos nesta página, publicados na imprensa diária de Sõo Pau/o nos dias ff e f8 de abril, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira analisa os re sultados de ssa eleirão, deixando claro qual o se u verdadeiro alcance e significado.

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CONTINUAÇÃO OA PÁG. 3

AS ELEIÇÕES DE . .RIL, MAIS UMA ETAPA 11 1 -

A GRANDE FORÇA AMIGA DO CHILE OPRIMIDO

Diante das inumeráveis defecções daqueles que deveriam ter-se oposto a Allende, uma única fôrça desenvolveu uma resistência organizada e ampla, advertindo a América Latina do que estava acontecendo e convidando-a a reagir para evitar a tragédia iminente e outras que se lhe seguiriam: a corrente ideológica que luta em defesa da Tradição, da Família e da Propriedade, a qual demonstrou ser a grande fôrça verdadeiramente amiga do Chile.

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• No Brasil, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade levou a efeito uma grande campanha de esclarecimento da opinião pública daquele país, entre os dias 11 de setembro e 5 de outubro. Essa campanha teve início com a Santa Missa celebrada, a pedido da TFP, pelo Exmo. Revmo. Bispo de Campos, D. Antonio de Castro Mayer, para que o Chile não caísse sob o domínio comunista. Terminada a Missa, sócios e militantes da TFP desfilaram pelas ruas centrais daquela cidade brasileira, oferecendo, ao público o número de outubro do mensário "Catolicismo", no qual se dava a lume uma nova edição da prestigiosa obra "Frei, o Kerensky chileno", de Fabio Vidigal Xavier da Silveira, e o artigo "A posição da TFP ante a vitória marxista no Chile" (anteriormente publicado na imprensa diária de São Paulo sob o título de "Tôda a verdade sôbre as e leições no Chile"), de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira. No referido artigo, o autor demonstrava, baseado na diminuição porcentual da votação de Allende em relação às eleições de 1964, que houvera um retrocesso do comunismo no Chile, apesar do apoio que êle tivera agora por parte de fôrças não marxistas. O pensador brasileiro demonstrava igualmente que o triunfo de Allende na eleição devera-se à ação pró-comunista do aero progressista, lamentava que tal fato não tivesse sido remediado por Paulo Vl de forma adequada, e pedia ao Pap-a que fi1.esse na hora trágica o que omitira no momento oportuno. O êxito dessa campanha foi de uma eloqüência contra a qual não há resposta: a eloqüência dos números. Em vinte dias (oram distribuídos ao público 550 mil exemplares do citado artigo-manifesto e vende-

8AfOlLBCJISMO MENSÁRIO

com APROVAÇÃO ECLF.SIASTICA

Campos -

Esf. do Rio

Diretor Mons. Antonio Ribeiro do Rosario

Olrtforln: Av. 1 de Setembro. 247, c.aiX:l posl:.I 333. Campos, RJ. Admlnl\"trntão: R. Dr. Mar1inico Prado. 271 (ZP 3), S. Paulo. Agcnte pana o E.~a.do do JUo: Dr. Jos6 de Oliveira Andrade, caiu pôSt:\I 333. C-.mpos., RJ; Agente para O$ E.«ndos dr Gol'5, Mato Gro.s:so e Mln.u.s Gcmls~ Dr. Milton de SalJes Mourão, R. ParaíbJ, 1423. telefone 26-4630, Belo Horizonte: A,;cntc

para o ~1ado da Guanabara: Dr. Luís M,

Dunenn, R. Cosme Velho, SIS, telefone

245,8264, Rio de Janeiro: Aacnte para o ,F..stado do Ceará: Dr. Josi Gerardo Ribci·, ro. R. Senador Pompeu, 2120-A, Forlalezo; Agentes pnro a Argr.nOna : ''Tr~dici6n, Familia, Propicdad''. Casilla de Corrco n.0 169, C{lpital Federal, Argentina; Aatn1c para a fu1>nnh:i: José Maria Ri-.·oir Gómcz. apar1:1do $182, Madrid, Es·panha. A.sslni•lurns anuais: comum CrS l S,00; coopcrndor Cr$ 30,00; bcníci1or Cr$ 60,00; grande benfeitor Cr$ JS0,00; !-Cntinaristas e estudantes C rS 1'2,00; América do Sul e Central: via m:1rítima USS 3,SO; vfa aérea USS 4,SO: outros países: via marítima 4,00; VÍl :.'16rca Vcnd:a Avul~: CrS l ,S0.

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Os pagamcnle>$, $cmprc em nome de Edltôr::i. Pad~ Btkhlor de Pontts SIC. poderão ser c.ncaminhados à Administração o u aos agentes. A correspondência relativa a assina1uras e venda avulsa deve ser enviada à Adminis1rnçiio. Para mudança de cnderêço de 3-f..~inantcs, é ncccss:\rio mcncion:.r Umbém o cnderêço :mtigo. Composto c Impresso n:a Cl!l. LUboanphlca Ypfranaa R. Cadete, 209, S. Paulo

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ram-sc 4.700 exemplares do livro "Frei, o Kerensky chileno", bem como 27 mil do número de "Catolicismo" que continha a reprodução do mesmo artigo e da obra do Sr. Fabio Vidigal Xavier da Silveira. Em cinqüenta cidades de catorze Estados do Brasil o público viu erguerem-se os estandartes rubros com o leão dourado e ouviu os slogans da campanha: "Leiam nosso manifesto: Pastôres entregaram o Chile ao lôbo vermelho!" - "Plínio Corrêa de Oliveira denuncia trama progressista no Chile!" - "Nosso manifesto demonstra: o comunismo não progrediu no Chile!" Em Belo Horizonte, a terceira cidade do Brasil, os sócios e militantes da TFP organizaram um desfile encabeçado por um estandarte enlutado, de doze metros de altura; uma grande faixa apresentava os seguintes dizeres: "Pelo Chile, país irmão, luto, luta e oração". Naquela cidade foi também celebrada uma Missa e rezado um rosário para que Nossa Senhora se apiedasse de nossa pátria. A TFP promoveu ainda a publicação na íntegra do citado artigo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira nos seguintes jornais: "A Cruz", do Rio de Janeiro; "Fôlha de São Paulo", da Capital paulista; "Correio do Povo", de Pôrto Alegre; "Diário dos Campos", de Ponta Grossa; "Diário da Noite", de Salvador; "Gazeta do Povo", de Curitiba; "Diário Catarinense", de Florianópolis; "Jornal Pequeno", de São Luís; "Cidade de Blumenau" , da cidade homônima; "A União", de João Pessoa. Foram publicados também amplos resumos no "Diário de Notícias", do Rio de Janeiro; "Diário da Noite", "Diário Com~rcio e Indústria" e "Diário de São Paulo", da Capital paulista; "Correio Braziliense", de Brasília; e "Diário da Tarde", de Belo Horizonte, bem como em treze outros periódicos . Concomitantemente, de s ua coluna semanal na "Fôlha de São Paulo" (o diário de maior tiragem no Brasil), o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira vigorosamente denunciava o drama em que o Chile ia afundando e advertia do perigo que ameaçava tôda a América Latina. Assim, através daquele jornal, em onze ocasiões, desde então até esta data, não só grandes setores do público brasileiro, mas também de muitos países da América e da Europa, puderam receber esclarecida voz de alerta sôbre uma das principais manobras que o comunismo vai executando em nossa pátria. A TFP da Argentina realizou em seu país uma larga campanha no mesmo sentido, contando nela com a colaboração de numerosos universitários chilenos. Assim, no centro de algumas das principais cidades do país, como Buenos Aires, Mendoza e La Plata, êstes jovens, do alto de barris servindo de tribunas, expunham ao público argentino as causas da queda de nossa pátria sob o regime comunista. Em vinte dias de campanha, distribuíram-se 250 mil exemplares do citado artigo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, agora sob o título de "Tôda a verdade sôbre as eleições no Chile", com grande repercussão na imprensa. Na Callc Florida - a mais movimentada artéria de Buenos Aires - foram lançados do alto de edifícios dezenas de milhares de cartões com a caricatura de Fidel Castro e a figura da Cordilheira dos And.:s, nos quais se fazia notar o perigo que significava para a Argentina a presença de um regime marxista ao longo de suas fronteiras. A TFP promoveu ainda a publicação do artigo-manifesto do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira analisando a eleição chilena, nos diários "Los Andes" e " Mendoza", da cidade de Mendoza; "La Voz dei Interior", de Córdoba; "EI Litoral", de Corrientes; "El Diario" de Paraná· "El Litoral" e '' ' Fé, bem como "Nuevo Diario", de Santa um resumo do mesmo em "La Capital", de Rosário. Numeroso público participou do santo rosário que a TFP fêz rezar "para que Nossa Senhora do Carmo, Padroeira do Chile, Se apiede dêle, e abra os olhos dos argentinos para a tremenda nocividade das correntes que se proclamam não comunistas mas estendem a mão ao comunismo". Posteriormente·, uma caravana composta por jovens militantes da TFP percorreu cinqüenta cidades do interior da Argentina, difundindo o número de novembro-dc1.embro da revista "Tradiclón, Familia, Pro-

piedad", que reproduz três artigos do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sõbrc a situação chilena: o já citado "Tôda a verdade sôbre as eleições no Chile", "O Cardeal festivo", que critica o apoio do Cardeal Silva Henríquez ao marxista Allende, e "Entre lôbos e ovelhas, nôvo estilo de relações", no qual o autor se refere à trágica omissão de Paulo VI diante das urgentes medidas que lhe foram pedidas para salvar o Chile do comunismo. Foi também preparado um áudio-visual, c ujo texto é o próprio artigo-manifesto "Tôda a verdade sôbre as eleições no Chile"; êsse áudio-visual era projetado tôdas as noites nas praças públicas das cidades visitadas pela caravana. Esta última continua ainda percorrendo a maior parte das províncias argentinas. • A Sociedade Uru.guaia de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, através de seu órgão oficial, a revista "Lepanto", e também de impressos especiais, divulgóu em seu país o artigo-manifesto "Tôda a verdade sôbre as eleições no Chile''; uma caravana de militantes percorreu igualmente onze das principais cidades uruguaias.

Na Venezuela, o Grupo Tradicionalista de Jovens Cristãos Venezuelanos fêz publicar integralmente o mencionado artigo no diário "La Verdad", de Caracas, promovendo ademais a distribuição de dez mil exemplares de uma separata do mesmo. • O Grupo Tradicionalista de Jovens Cristãos Colombianos, de Medellín, e a J uventude da Colômbia Pró-Civilização Cristã, de Bogotá, levaram a efeito a distribuição de dez mil exemplares do referido ar- • tigo, cm cidades do interior do país; outrossim, o seu texto foi publicado nos diários "El Siglo" e "La República", de Bogotá. • No Equador, o Comité de J ovéos Equatorianos Pró-Civilização Cristã fêz publicar o artigo-manifesto nos diários "El Tiempo" e "El Comercio", de Quito, e distribuiu cm campanhas públicas dez mil volantes com o texto do mesmo. Do me-smo modo, as TFPs difundiram entre entidades afins a referida análise das eleições, e promoveram sua publicação na íntegra nos seguintes países: Estados Unidos, no boletim da "Cardinal Mindszenty IV -

Foundation", além de resumos no "Diario de las Américas'' e "Thc Voice"; Itália, cm " fl Secolo d'ltalia", de Roma; Espanha, no conhecido semanário "Qué pasa?"; Portugal, nos periódicos . "Política" e "Resistência•·; Canadá, cm (tVers Demain"; Argentina, na revista ºLa Tradición", de Salta; México, no Boletim da Frente Popular Anticomunista do México. Por outro lado, ''Frei, o Kerensky chileno", ade-mais de 3 1.700 exemplares escoados durante os vinte dias de campanha no Brasil, foi editado cm El Salvador, sendo ainda vendidos exemplares dêle em numerosas cidades da Argentina, Uruguai, Colômbia e Venezuela. Entrevistas do autor foram publicadas na Argentina, Brasil, Colômbia e Espanha. Numerosos jornais fizeram menção do acêrto ideológico do "besl-seller" do escritor brasileiro, consagrando artigos ou largas referências ao livro. Entre êles se destacam "La Prensa'', de Lima~ ºLa Naci6n'\ de Buenos Aires; "El Sol", do México; "Diário Popular", "Jornal da Tarde" e "O Estado de São Paulo", da Capital paulista; "Jornal da Bahia" de Salvador· "O Globo" ' "O Estado' do Paraná"' do Rio de Janeiro; e o "Diário do Paraná", de Curitiba, e "O Debate", de Lisboa. Também "El Tiempo", de Bogotá, e "ABC", de Madrid, consagraram artigos ao tema, e a Associatcd Press difundiu por todo o mundo uma entrevista do Sr. Fabio Vidigal Xavier da Silveira.

Como beneficiam o Chile as campanhas no Exterior? No mundo de hoje, as fronteiras são porosas. Todos os governos consideram que uma boa publicidade feita no Exterior repercute dentro das fronteiras, contribuindo para os estabilizar e consolidar. Por essa razão, não há govêrno que, no interêsse de sua própria e.~tabilidade, não cultive sua propaganda externa. Assim, uma campanha que mostre ao mundo que o Chile é uma nação tiranizada por uma minoria enfeudada ao comunismo internacional, constitui uma ação valiosa para diminuir as possibilidades da inteira consolidação dessa minoria dentro do próprio Chile.

DEPOIS DA CONFIRMAÇÃO PELO CONGRESSO

Uma vez eleito Alle nde pelo Congresso ante a consternação dos chilenos e do mundo, continuaram a verificar-se os sintomas de misteriosas defecções por parte dos líderes já apontados. O Sr. Alessandri continuou guardando um sepulcral silêncio, durante meses, como se nada estivesse acontecendo, sendo nisso imitado pelo Partido Nacional; Benjamín Malte continuou declarando sua confiança em Salvador Allende, o que também fizeram outros dirigentes de organizações empresariais; ao escandaloso "Te Deurn'' promovido pelo Cardeal Silva Henríquez - do qual participaram ministros de várias seitas heréticas - assistiu o enviado pontifício à posse de Allendc, Mons. Dei Giudice, Núncio em São Domingos; concretizou-se um intercâmbio "cultural" entre a Universidade Católica de Santiago e uma universidade cubana, etc. O Cardeal Silva Hcnríquez visitou AItende (transmitindo-lhe uma saudação de Paulo VI!). Allende retribuiu-lhe a visita, fazendo-se fotografar ambos em atitude muito amistosa, para mostrar que a solidariedade não ficava só em palavras; "EI Mercurio" continuou manifestando seu apoio ao govêrno marxista. O nôvo Núncio no Chile, Mons. Sótero Sanz, ao apresentar suas credenciais, frisou, segundo "La Revista Catól ica", "sua complacência pelo programa de progresso social em que está empenhado o país, para o qual assegurou a ajuda da Igreja". Transmitiu ainda a Allende uma nova saudação de Paulo VI. O Cardeal Silva Henrfquez fêz as mais insólitas declarações, dizendo que a Igreja apoiava o programa da Unidade Popular, pouco importando as eventuais injustiças, porque . . . qualquer regime sempre cometeria alguma injustiça. Não é preciso dizer que diante de tudo isso não sct (êz ouvir a mínima censura do Vaticano; na procissão em honra da Vir-

gcm de "lo Vazquez" foram distribuídas foros de Allende coni um texto afirmando que Nossa Senhora o protegia, isto também sem censura ou protesto da Hierarquia; o Partido Democrata-Cristão continuou a firmando sua confiança em Allende e seus colaboradores. Por outro lado, vários países ocidentais continuaram manifestando seu apoio ao nôvo regime marxista; o govêmo alemão declarou que competiria com a Alemanha comunista na ajuda ao Chile; os Estados Unidos abstiveram-se de vetar um empréstimo do Banco ínteramericano de Desenvolvimento às Universidades chilenas - e que universidades! - apesar dos protestos de vários membros do Congresso norte-americano. O govêrno

MORTE E PECADO NA DOUTRINA MANJQUÉIA NO ARTIGO "Querem lançar as bases de uma nova religião? / A propósilo do Nôvo Ca1ecismo francês", que "Catolicismo" publicou em seu n.0 243, de março p.p., escrevemos a certa altura: ''Ora, a .re considerar a morte e o pecado como inerentes (I natureza humana, que é o êrro pr6prio do maniqueísmo. a queda do.r homen, em Adão é 1iegada, e a dou1,;na cat6/ica da Redenção se torna ob.~ cura e sem sentido".

Segundo a doutrina maniquéia, a morte e o pecado são inerentes à natureza huma-

na. Por um lapso na construção da frase aci·ma, ,podia-se entender que numa e noutra coisa erra o maniqueísmo. Na realidade. seu êrro consiste s6 na afirmação de que o pecado é inerente à natureza humana. Pois, quanto à morle, ela de fato é própria ao homem, como ensina a doutrina católica.

Cunha Alvarenga


CONCLUSÃO DA PÁG, 6

AS EI.EIÇÕES DE ABRIL, MAIS VMA ETAPA francês mostrou igual tranqüilidade pelo futuro do Chile e manifestou-se disposto a continuar colaborando com êle. Tudo isto apesar de um ministro cubano em visita ao nosso país haver declarado que Allende não devia perdoar seus adversários no "paredón", e de ser anunciada ao mesmo tempo a vinda de brigadas cubanas para colaborar com o regime allendista. V -

AS TÁTICAS DE ALLENDE

1 -

Como adquiriu estabilidade no poder

• Como explorou o caso Scbneider. Allende, entretanto, servia-se de diversas circunstâncias para adquirir estabilidade. Entre estas acha-se o processo Schneider. Com a colaboração da imprensa esquerdista e de funcionários do govêrno de Frei, deu-se às invest igações sôbre o atentado contra Schneidcr uma orientação que atemorizou os anticomunistas. Quando alguém se levantava, alarmado, e procurava suscitar a reação pública diante do fato gravíssimo de que o país imergia no comunismo, a imprensa esquerdista imediatamente lhe atribuía supostas vinculações com o assassínio, e não tardava a intimação para prestar declarações no processo. Então, constando que se aplicavam torturas aos detidos e ficando manifesto que a promotoria militar - de duvidosa objetividade - poderia declarar réu qualquer acusado, muitos preferiram um silêncio tímido, mas cômodo e seguro, aos riscos que uma oposição acarretaria. Tanto mais q ue, aos que estivessem na prisão quando Allende assumisse o govêrno, êle poderia (não se sentindo, cm dado momento, atado pelas normas jurídicas) condenar pelo menos a uma longa pena. O pedido de cassação do Senador Raul Mornles, com fundamentos tão vagos que a Côrte Suprema rejeitou a medida, mostra que o propósito era antes -intimidar que investigar e fazer justiça; tal idéia é reforçada ao se considerar a intensa e inj uriosa campanha que contra aquêle alto Tribunal desencadearam o govêrno e a esquerda pelo fato de não querer a Côrtc Suprema converter-se em instrumento de perseguição. 'B bem sugestiva a frase do Cardeal Silva Henríquez a Allende a respeito do alenta· do a Schncider: ".Ble morreu para que o Sr. pudesse chegar felizmente a ocupar o cargo". Isso torna supérfluo qualquer outro comentário.

• Como difundiu esperanças de brandura. - Enquanto isso, Allende fazia todo o possível para difundir esperanças de moderação em seu govêmo. Insistia cm que era muito limitado o número de pessoas que tinham algo a temer. Que ainda assim a liberdade de pensamento não seria violada, e que o respeito aos princípios jurídicos se manteria incólume. Para acreditar junto ao povo chileno êsse engano, concorreu o Partido Democrata-C ristão, que levantou o "bluff' das garantias constitucionais, com o propósito de justificar a entrega que havia realizado. Allende não teve dificuldade em prometer respeitá-las, uma vez . que no momento lhe · interessava tão somente assumir o poder e o eontrôle do país, e que, ademais, elas se referiam a pontos secundários. Algumas o utras pessoas colaboraram no mesmo sentido, atacando apenas o Partido Comunista e pondo suas esperanças em Allende, a quem atribuíam objetividade e retidão. A mesma tática havia sido usada já cm relação ao PDC e a Frei, como se não houvesse absoluta cumplicidade no que êles faziam. Agora eram o Partido Nacional , os democratas-cristãos, "El Mercurio", quem novamente executava a manobra (a qual vêm repetindo de tempos em tempos,

tão logo os excessos socialistas começam a desprestigiar Allende).

Medidas poro a instauração do reg ime marxista

2 -

a

O domínio dos órgãos de imprensa. Sendo ajudado desta forma, Allcnde não teve inconveniente em iniciar a cam· panha para dominar a imprensa, o rádio e a televisão. O govêrno propôs ações contra várias revistas, c·missoras de rádio e jornalistas; deputados comunistas exigiram que muitas emissoras substituíssem seus comentaristas por outros afeiçoados à Unidade Popular. "El Mercurio" - que até então fazia esforços contínuos para atenuar o desprestígio do govêrno - foi objeto de investigações que punham em causa a honestidade de suas operações financeiras. Teve início a "operação" Zig-Zag para obter o contrôle dessa importante editôra e convertê-la em emprêsa estatal. Várias rádios foram invadidas por marxistas e houve intervenção em alguns jornais. Não obstante, em face das justificadas apreensões da Associação I nteramericana de Imprensa, e sobretudo da opinião pública mundial, Allcnde e seus corifeus responderam com irritação, mas sem provas.

• O contrôle da economia, das emprêsas e dos bancos. - Tão logo as circuns· tâncias o permitiram, Allendc anunciou seu propósito de nacionalizar, isto é, de confiscar tôdas as jazidas e explorações minerais do país, contando para isso com o apoio democrata-cristão; de assumir o contrôle absoluto ela produção do aço, do petróleo e do gás liqüefeito; de estatizar os bancos e controlar o crédito. Ademais, interveio em vários bancos, expropriou emprês,1s têxteis, iniciou a compra ilegal das ações bancárias, sob a ameaça de confisco futuro, e anunciou o estabelecimento da participação obrigatória dos operários nos lucros e na ges1ão das emprêsas. Se a tanto se acrescentam as freqüentes greves, ocupações, e agitações de todo gênero, o aumento dos salários mas não dos preços, a redução do crédito, o perigo de confisco ao qual ficam expostas as emprêsas com a reforma constitucional que permite a nacionalização do cobre, tudo isso con(igura a imincnie extinção total da inic iativa privada, além da estatização das grandC's emprêsas, já comunicada ao país por Allende. A refom,a agrária. - A situação por que passa o país no setor agrário é uma imagem do que acontecerá dentro de pouco tempo em todos os outros campos da atividade nacional. Confisco maciço de bens móveis e imóveis, constituição de fazendas estatais, ocupações violentas, raptos, roubos, sabotagens, tribunais policiais marxis tas, guerrilhas generalizadas, intervenções estatais que arruinam o empresário, "expro· priações voluntárias" que o reduzem à indigência, próximo confisco dos minifúndios. Em todos êsscs atos, legais e ilegais, pacíficos e violentos, atuam do mesmo modo terroristas de extrema esquerda, funcionários do govêrno, índios drogados, agitadores e Padres progressistas, os quais, unidos cm intima colaboração, levam o país ao caos e à injustiça praticada como sistema. Além disso, o govêrno anuncia que fará a reforma agrária de uma maneira tão drástica como nunca se viu e, com o apoio dos d irigentes rurais, expropriará em breve todos os imóveis que ultrapassem oitenta hectares; ao mesmo tempo, promove ocupações ilegais em todo o país e submete os agricultores à tirania combinada de campone.ses e agitadores. •

• A tirania capilar. - Para perceber o quadro de conjunto do q ue será o C hile

0

Já se encontrava fechada a presente edição quando recebe-

mos a nova Pastoral do Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer, Bispo Diocesano, intitulada "AGGIORNAMENTO" E TRADIÇÃO. Apresentaremos no próximo número o texto integral do lúcido e oportuno documento.

quando o que Allende quer impor estiver consumado, basta pensar na situação que resu lta dos seguintes elemen tos que, aqui ou acolá, já se observam: -

funcionamento de tribunais populares marxistas que julguem permanentemente todos os que se mostrarem refratários ou apáticos ante a revolução marxista; - agitação rural que dizime os restos de liberdade que fiquem no campo depois da reforma agrária, a qual terá confiscado tôdas as propriedades e instaurado a coletivização total; - ocupação de tôdas as casas vazias, e daquelas que o marxismo julgue demasiado amplas para seus donos, por moradores naturalmente esquerdistas; - fechamento de tôdas as fronteiras, inclusive da Cordilheira dos Andes, por meio dos guerrilheiros que já atuam ali; - asfixia de todo tipo de empresariado privado e sua redução à indigência; - f uncionamcnto de milícias populares e polícia política que substituirão o Exército e a Justiça comum, com elementos trazidos de Cuba ou de outro país comunista, para perseguir os s uspeitos de re· sistência; - confisco de tôdas as formas de capital privado. Em ta is condições, a vida quotidiana, em seus detalhes mais capilares, cm seus míni mos pormenores, será controlada e coarctada segundo as conveniências do regime. Ainda não se viu nos países até aqui dominados pelo comunismo um dinamismo e uma vontade que se exprel>sassem tão clara, minuciosa e concretamente, desde o início, com relação a seus propósitos e meios. Ora, o Partido Comunista declarou que, se alcançar uma maioria decisiva nas próximas eleições, espera não ter que sujeitar-se nem sequer a normas ou limitações jurídicas, de nenhuma espécie, para cumprir pura e simplesmente seus fins.

3 -

A sinistra comédia

Assim como houve um jôgo de circunstâncias que conduziu o Chile para onde ê le não que·ria, é de recear que as próximas eleições digam o que o · Chile não pensa: Frei, cabeça da oposição. Seria algo risível, que não pode ser tomado a sério. A TFP protesta contra essa deformação e, para mostrar à opinião pública a trama, denuncia desde já as eleições como uma comédia sinistra para falsear a realidade chilena. Pois é de recear que elas constitua.m uma nova etapa no crepúsculo artificial que se fêz descer sõbre o país. As eleições de abril estão sendo esperadas pelo mundo inteiro como um teste para saber se o govêrno de Allendc obteve, durante êstes meses de um caminhar ao mesmo tempo cauto e rápido para o comunismo, a aprovação do eleitorado. Na hipótese de obter essa aprovação, A.llende se sentirá autorizado, em nome do mito revolucionário da soberania popular absoluta, para acabar de impor o regime comunista ao Chile. Bem entendido, é .o q ue Al\ende e seus adeptos de dentro e fora do país procuram como a melhor das soluções. Allende bem sabe, no entanto, que há contra êle um descontentamento vivaz e que em conseqüência corre muitos riscos de não alcançar êsse resultado. Tem então que preparar, ao mesmo tempo, e desde já, uma solução para o caso de não o_bter a vitória. Essa solução deve ser naturalmente a quei mais o favoreça na hipóte-~e de não ser vencedor, e consistirá forçosamente em evitar que os louros da vitória fiquem em mãos dei anticomunistas sérios e resolutos. Em outros têrmos, Allendc deve desejar como mal menor que ocorra uma vitória democrata-cristã. Ou seja, a vitória de uma "oposição" cômoda e conformista, da própria equipe política à qual êle deve sua ascensão à Presidência da República. • Um embuste: Frei, campeão do anticomunismo. - Assim Allende poderá fazendo ou fingindo fazer à DemocraciaCristã "concessões" irrelevantel> - prosseguir, com uma eficácia real e uma aparência moderada, na bolchevização do Chile. O auge dessa manobra consistiria em fazer os

adversários do comunismo aceitarem o slogan absurdo: "Frei é o único que pode tirar-nos do abismo". T udo q uanto há de absurdo nisso, se põe cm evidência na seguinte pergunta: quererá tirar-nos do abismo o homem que nos quis levar a êle? Alguns d irão: quem sabe, - êlc agora pode medir o alcance de seu êrro e querer tirar o país do abismo. Essa objeção é inconsistente. Frei - perguntamos - não percebeu que preparava o advento do comunismo durante seu govêrno? Avisos não lhe faltaram nesse sentido. Foi-lhe provado que fazia o papel de Kerensky chileno, e êle, em lugar de dar ouvidos a essas vozes, silenciou. ..' . as t1ran1camcnte. Teria Frei imaginado que o comunismo nunca subiria, e, assustado ante a ascensão dêste, quererá voltar atrás? Neste caso não se compreende porque a Democracia-Cristã, para a qual teria sido sumamente fácil evitar a ratificação de Allende no Congresso, pelo contrário, colocou-o no poder. Frei não teria imaginado que Allende, uma vez no poder, aplicaria seu programa marxista? Neste caso, pensaria Frei que Allende e sua equipe eram crianças que brinc_a vam de marx ismo? Ou será o próprio Frei uma criança que brinca e pensa q ue os outros também brincam com idéias, interêsses e instituições? Esta hipótese de um Frei salvador daquilo que êle perdeu ·só merece desprêzo dos chilenos verdadeiramente perspicazes e patriotas. Aparecerão talvez outras formas de enganar o Exterior a respeito do Chile, no que se refere à verdadeira vontade do povo chileno, mas é preciso pelo menos que êste não se deixe enganar a respeito de si mesmo. l, preciso que êle se dê conta de que a voz das urnas, qualquer que seja ela, não reproduzirá com a devida fidelidade a voz do Chile a utêntico. E que no clímax da maior tormenta que se abateu sôbre o C hile até hoje - da maior tormenta que pode cair sôbre um povo cristão e civilizado, isto é, a ocupação comunista - pelo menos os bons ch ilenos saibam interpretar adequadamente os fatos, sem deixar-se iludir pelos sinistros manipuladores da opinião pública que transformaram a vida política do país em uma comédia representada tôda a favor de Moscou e Pequim.

VI -

TOMAR CONSCltNCIA t RESOLVER A SITUAÇÃO

A verdade sôbre o Chile é q ue êle é um país radicalmente anticomunista que deseja uma civilização autênticamente cristã e ao qual só por meio de um jôgo se pode ir arrastando para o polo comunista. Se todos os chilenos tomarem consciência de que isto é um jôgo, êsse jôgo por si mesmo se tornará impraticável e mil meios haverá ~'l.lra que a reação possa impor, pela persuasão e pela simples fôrça de seu querer, o retôrno do império do direito e dos princípios básicos da doutrina tradicional dos Papas. O Conselho Nacional da Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. / Patrício Larrain Bustamantc. / Patrício Amunátegui Monckcberg. Exílio, 20 de março de 197 t.

JORNAL TENTA EXPLICAR JA HAV(AMOS cnocnado esta t.dição quando, no dia 25. domingo. "0 Estado de S5o Paulo" publicou cm ~ua sccçãQ "Dos: Leitores." esta. notn a propósito da cana que está reproduzida e:n\ nos~ último págin3.: ''A PROPÓSITO 01! UMA CARTA. Tendo MJ vista PU• bllc,,ç,1o lltc,llton'al Jclt" domingo por um grupo du TFP em jo,,wis da Capital, cabe-110.1 esc/aruer o segui11te: S6b re o notiddrlô rela1ivo ao incidetite havido ,:a ,..acllltlode ele Direito, rro qual se envo/vl'ram d<mremos da TFP, n•ctbt:mos CQrt" dot dois grupo, Implicados, ,'(tifica11do o 1101iâódo - o que nos leva a COJtSitlerar que ;Je , ,·tr(IIOll, sem facciosismo, o /1110,· " c,,,,a do grupo da TFP tJtcbde<ia uma t.·0 11diçiio i,mceitd\•C'I para qualquer redação: ou a publicaçlio d,, integra ,Jo documc1110 ou nMhuma publicação. Ante a ati'tude pouco co11h dos, miJ.Sivistar, ,Jecidi• 11101 pelo nilo publicação, uma v<z. que o resumo da t:llfld crt1-1101 Jormolme11te vedado pelos sig11ardrlo$'',

Por falia de cspnço "Catolicismo" uprt:$cnlar comentário adequado.

;\.C

dis-pcn~ de

7


*

MINORIA TENTA AGITAR CONTRA A TFP A FACULDADE DE.DIREITO DA USP OS ESTUDANTES da Faeuldade de Dirci10 da Universidade: de S.'io P~ulo que militam no Setor Univcrsitdrio da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade fi:zcrnm nM Arca, das, no dia 31 de março p, p., uma ampla distribuiç.i\o do folhcco "O que é a 'l'f'P", colocando cxcmplare.~ dêlc nas c,ar1eirl'l!t

de seus colegas. anles do início dns :\Ulas. Em scg:uid.t reuniram-se no pátio p3ra. dar o conhecido brado: "Pelo Bmsill - Trndiç:""10! Família! Propriedade! ~il! Bra~ill"

8rasill llru-

O fo lheto. que contém a c:<posiç,.io dos objc.1iv0$, do histórico e das atunis atividndcs da íFP, foi acolhido pela quase tOl:l· !idade dos alunos con\ intcrês....::c cordial ou clnra simpati.-i, Bem depois de COi\Cluída a d istribuição, 1.1 m gn.ipinho de fon&t icos, idcolõgic:i.mcnle infcnsos à TFP, desandou cm injúrias e :i.mcnças de ogrc~i.o, aca· bando por queimar umas poucai. dezenas de exemplares do íolheto. A maiorin do~ esrndontcs não deu accnç:'io a C$Sa& manifcscaçõc..-t de fanatismo; os colaboradores d:t TFP, por sua vez, não perdcr-a.m n calma, limitando-se a pedir diálogo aos agressores, os quais se (urtnrnm J)tudcn1cmenre a dar e ouvir argumentos. Afino! rndo cessou sem m3iores trans tornos.

A ve não do " Estado de São Po ulo" No <fü- seg.uin1e o jomal "0 Esu.1do de São Paulo'' p ublicava, sob o 1ítulo de "TfP a.g.itn Faé:uldndc de Direito", esta notícia "grcssiva: "(:U4'mt11tos qut perttttc~m iJ Socieda· de dt De/tsa da Tradlç,io, Fnm1Ua t' Pro· ptitdadc (TFP) e que tstudam na Faculdade de Dirdro ,lo l(ugo de S,ío Francisco, tt•11umm1 na manlu1 dt onttm Jazer uma ,Ir ,fl.rtll ma11if,staçõ~~ no recinto das Arca• das, O fato pro,·ocou a revolta dos outros .-st11da11tt'S, origl11011do-u um llttm,Jtt> 1111e 11110.sc tuminou tm briga. Os membros ,la n,ti<l<,de 'acabaram se retlrando ,la escola, sob os o,·o,1' t ,,tdaços de s;it. que os llC<t· ,/;micos começaram a a1irar-ll1es. À s IC horat, no ir1ur..alo das 1111/t,s, os ropo1..-s da "fFP. ~111 mímuo dc H, rt·,miram--st' 110 páti<> e começaram o mani/c'Sl(r· ç<Íó 1111e chamam "O Brado". Os maulf~sta11tes bradam o 11ome da tnlidtltle: "Trn· diçãol Fomt/inl Propritdadt!'', Ja:,c11do mo• ,,im.-,1101 rítmicos. A ,tguir possarm11 a lu 11m mtmifC'sto, lu:ruosam,111, im1,resso e ;,,. titulado: ·•o que I a TFP". O ma11i/~t lt> /lira prtvlamcutc coloca,lo 11as çorteira:i, 011tts ,lo início das nulas, com n m/w•rtêtt• ,ia ,le que suo ltitura stria impedida por 11111itos ,~ que poniv<"lmeme os im1,ressos Jôsscm ati quciuu,,los. Mal ir1iciada t1 leitura p,íblkn e[() manffrsto, os tleuu,is c•st11da11tts começarflm a ,·aior 0.1 propagandistas, ridiculariztmdo-os. Ac, mtsmo tcm110, ,:m outro ponto ,lo pá• tio, um gmpo dt alunos q11tima,·a os /O· /ltctos, ''poro /at.u a ,·011uu/e da TFP". 0 CO Nll LITO. Em 11/t'ÍO (10 tmmtlto, ()$ ras>ates ,la TPF,, que 1160 t!mpr~gam pt1/avrt"ies, chamavam sc11,1 ad\•ustlrios ,I(' ''comtm;stos*' e as 1,hmas que participa"·a m das ,·aias de.- ",lcpmw,d,,1··. Nesse momcmto, o prtsidenrn do C. A. XI de A,:6sto chegou ,1 s,gumr 11111 ,los ;m·cns pela grm•ata. Ame.os prolt'SfOI ,los n/111101, ittclusfrc t/o.f do 1.'1 ano ''"" 110 momt'11t() foi.iam pro,·n, <> dfrttor da Fnc11lclade, pro/. Pinto Anhmfl, tde/011011 1,ruidc11te 1/t1 TFP, Pli11io Corrt"i(, de 0/iw•ira, pedimlo-lJ1t' que nifo moi.s pum;tiss~ t11is mo11ifestaçóts. Fi,111lmt11te, quando cOmt!çoram a ser a,;rados ovos contra os r,1tmi/C$ta11tes. ilu r"rofre111111 retirar-se, o QUI! Ji:;,uam mar~ chamlo em Jorma~:,1o cerr"tla (li/ a poru, ,lo pr/dio. No pdtio contimtava a arder a fogueira dos Jo/1:~tos, 11os q11ois se podia lt'r q,,,. os propagnndlstos da TFP têm curso de de/C'sa pt'SSOál".

"º

"S,10 Pm,to, 2 de abril de /91 J mente: - " Nii() q,u1i111çm arg1m1c-1t/Oj', resSr. Redator, pQ11dam!" - "Q11e111 q11tima ltm mê,lor Como alunos ,I" f:tzculcladc de Dird10 - "Quem queima rtconhect" qul! r1iio trm do largo dt SiJo Fr011ciJco. pt,llmos a V. re.sposu,!" - "Briga não, ,liscuss,10.' " Sa. ti publícação ,la prestlJte mlniw.r, "ª ''ô"o não é resposla" - "Ooz.ação i agresquol retl/lcámOs a 11otlcia i,isuta 110 "Es- sãq ,,or temor da discussi.io". Agora pugwtt(Jmos, sr. rrdator, qual: tado de S,io Pm,lo" de. ontem sob o titulo 0.1 agitadores! Nós, q11t n,1o /11.~·mw·. d« " TFP a.gila ,.-acultl<ulc: de Dirdu)'". St-g1mdo a ufuida 1101idt1, a atuaçiío . pri,:cíplr., a fim, nmio ,Ujwu/;r um Jollteu.1, dos estmhmtts da Fac11lclodt! qul! ao ,i,es- lançllr um brado .r prdir um dldlogo, 01.t mo ltmpo são mUitantts da TFP. se ri!du- OJ ll11toru tlt1s injúrias, dll pr~u,i.fJ mornl :.i11 áO S«-guime: I) dt'stribuíram um folhero e da agress,1o, que a ,roticio publicada po, ,·,,,,·wtado "O que i ,, Tl-~P''. coloca11do-o essa /611,o narra com tlt:líclas? A,ltmtds, tudo cessou sem m,1iQres trtUI.>'• uns cortt:Frns ,los colegas ,mtes ,to início tomos, I! s6 (I 1/0lfoia do '"Esu,doº' forra dai aula-1: 2) co11clultla " ,Hstribuição, teu• ., de, ,,presenta,u/o a ccorrR11cia, /Ut· li rta/tua 11iram-se ll() pátio par11 clar o seu camcte· 11t1I n« vida da Facuhh,dc, com ar,:s ,Ir rístico /Jl'ado. O foll1et<1 - llCrt·.oceutamos • tmgéclia. - nada tinha dt' agressfro. t uma simples Desapo111a.110.1 ,•er, sr. retlcaor, umw «xposlçüo dos ob/cti\!OS, ,to 11/stdrlco, ,la, / accio.t;smo na noticia publica,la em $CU prt.teut~s lltivüladet da a.fsocitlçiio. Sua disjo11wl. Quem ,1 redigiu paroct 11iío s<tbc.•, tribufç,lo se c/et11011 sem o mtnor i11citlt•11te que fiá "" Faculdade, já há 11lgtms ,mos. 11tm tropêçQ, O brado da TFP, tfi<la Slfo uma corrente cm c11jt, tradi!,·ão de ir,tolePa11/o o t:,mhtcc: consiste tm, reunidos os rli11cia está o 11(10 admitir tlivugi11cim· sem militantes, exclamor'1m comp11ssadame11lt' rc•agil' com tl,da sorte de pressões e iltjlíº'Tradft.,· ão. Família, Propriedmle - Brosil, rias. Na notfl1ç,io da notfci<, em apr2ço, Br,,sil. Brasil"'. A 1111111 .rimpks a/imraçtio ademai.s, m,da se e11co11tra quç 11iio umh<2 ,lt idealismo t' amor d Pdtria, stm uad" como fito di/amc,r os ac{l(/t"'micos milita11de bts11/ta11tt' " quem qu,•r que seja. E .tt•m te.t da TFP. T6,la elt1 /oi t':tcrita como tt os mo,•inu:,uos rítmicos a que aludfu a fan- 1i,•eSSt'm sido 011vidos exc/usfra.mc•11te os tasiosa 11otfcid disse jomal. opositoru 111t1ls fan61lcos d" TFP, e 11cm De ptr.ssagcm ,n•k1 cUro que, ,,o contrQ. um .s6 dos 11ossos. "Attdiatur et altera ,lo do 11/imuulo pt'lt1 11oticia ,lo "{!.$lado'º, par.t ", c-,uina•st•nos co1111ulo m,s Arcnmio ltom•r. /eitim, pltb/ica ,le manl/uto nc• 1los. . . SI! tfrb1tmos sido ouvitlO$. entre nlwm. A rt/rdda 11otícit1 con/wufr mar,i- outras coisas teríamos dts,mmtido ,to mo/t'sto com /01/reu.1. Nt1o distribuímos um u111- ,Jo 11u1is cattg6rico q11t! chamamos de "Je11I/C'.$U1, ma,>· $lm um /all1C'IO. E /::tlt' não se pravácl<,sº' a/gumlls colegas que se nos opu11resu, a .fer litlo '""' 1níbUco. Tat ltil11r«. 11/wm. ,,lió.s, ttm stitm'rit, 11111a tolicr. jti 1111e Q /<>· theto sr. achava tm meios de todos. Fotos como isrc, < atl muito e 11111ito mais ruidosos qu< ;sit. s,1o corre.i1tu 110 O piíb/fco. em nossos dit1s mais do que l1iMória antiga e rrtcnte dá Fac11ldad.-. Es- mmcn, o que nwls pede d impr<ttSll é ü l<l, com .-Jeito. ftlr1to cm #li cOr/JO Jou,lfe imparcialidade. O ''Estado'º rtiio rt1ra.1 vê· c:omo cm sr.u ,:orpo di'sct:ntc•, scmprt s-t ;.cs publica, t m sua ncçiío ,lc "CoruspÔ1t· prcwu dtt '"" aos srus ,,im,os i,,tefra Ji. di11cia'' , cortas cuit>s autores objetam C01t• l>tr,ta,le de mani/tstaçiit>. ~ o que. o Brasil tra o jomal. Espt:ramos que " presente i11tt"iro sabt'. Em nossa ,1111aç,í<>, 11ad,, ht>u- missfra .feja, pois, p11blicatla 110 re/t'rida 11< que perturl>asse e, boa ,:,rdt•uti dn Fa· St!CÇ<10, o que rtmt:diará a 11nrci(l/it/a,lc da cutd,,de, 011 " q11alquu outro título c:xpU• in/tli:, 11otfcin dt! orlft'm. casse 11ma di/ert11tt' comfot11 em relaç,io a Pedimos, c11trtl011to, a V. $a., Qtlt: só 11ós. Nosso~ MOJ .t6 110tlcriam str consitl('- publique esta carta 11a integra. Ou então ra,los como "agitação" ,lo ambiente se ti· que 11(10 a publique de todo. De oulfo ln· ,•,sscw, sido pr,,ticlldos cm alguma tratt• dq, rogamos-l/1t' o obsfquio d< (l publico, qliila .-sc<>lh1l1a s,•cwuláriá, e ainda assim nrstcs próximos dla.s, poi..t a ssim o uqu<, dt primtiro de/o. E poshiw1111c-11tc niio ; o conteúdo ,la noticia dessa f6lha. isto ,, Ftu:ul<ltule de- Dirtito do l.,,argo ,fcl..amt'11tmuos a cxtt!r,siío da missiva. Mt1s São Fumcisco. Q que /M.et, se 11a uotlcia do "Estado" 1011~ LQgo. os milittmtcs ela TFP ncio agi'ta- ra coist, Jravfo o rcti/lcar1 E - mt:11110 com mm coisfssimo 11enlwma. Pol' isto mrsmo, t',ffa exlt't1.1t1o - rrosso cortn omite, por /oram reuhitlos com i11tuêsse cordial 011 brcl1üladc, outros pontos qua mereceriam com e/ar,, simpatla pd<1 ln11ms,1 maioria ser clrsme11t1dos. tios colegas, qul! luam in neto o folllno, Agradt'cttr1do ,lesdc /6 a fi11t;,,1. s11bscrt·· 011 o g11ardt1rtm1 para ler cm caso. Ta11to vt'mo-110.s com cordial nprêço. / Pelo Scé, que <> mlUtuo de folhctos que os csqucr- 10, U11frersi1órlo ,lt1 TFP em São Pa11lo". clistlls cóuseguiram rtmiir p"ro c, queimo Scsucm-sc as as.sinaturas. foi m11ito re,ltt1.ült>, e t'/IUIII' tl/it) SI' t'IICOII• trm·t1111 /olltctos t'Spa/Jiado~· ,,elo ch,1o. A ,·rr,i<,dC' nos /orça a 1/iur, poi.r, sr. " O Est ado" recusa rt.:d111or, que /oi das m(Ji$ Jacciosas tt 11/ir· o retificação 11111ção da 1101ícla tio '"Estado" , de que o corpo ,lisc('t1le ,la Facultlodt' teria forma• " 0 Estado de S:io Pnulo" recusou-se !\ do 11111 só bloco para. i11dlg,wdame11te, C'X· publicar essa caria, sob a espcciosa altg:t· pulsar dtJ e,li/ício st'us colegos. militamts ç5o de que ela seria excmivamente l01,ga. tlá 1'FJ'. Ante C.SS3 recusa injuslifieáVc1, os es.tuO que houve- foi coisa bem d,'vcrSa, d:intcs da TFP Minsid0$ pcsso:i.lmcntc Uma prquc•11t1 mi,ioria Jt• /ándticú.1, ideolô- kt notícia te1, denciosa fü:.crnm esrnmpãr o gicam,•11tc in/eu:;.os ,; TFP. u·11101.1 criar um 1ex10 integ_rnl de sua c:irta. cm secç5o livre, clima de intfmidaçõ,1 cm tl,mo ,la noss<1 na edição do domingo. 18 de ~bril, da ,,r,1o. E isto - b.-m d,:pQfa' ,lo lm1do "Fôlhn de Sílo Paulo", precedendo-a :i. se• - irrompeu em ins11lto1 e amc"çns de guinte ,iota assinada por qua1ro dêles.: agress,io, q,u: c11/mim11am na ttttdmt, de 111··o fo ,m,I " O Estado ,Jc S/io P,111l0.. gumas ,lezt·11M de folhetos. M(Jt i.fto. cum1mhlico11, rro ,lia 1. 0 do correntl!, a uoticir, pre ,,alçar, /oi clt1ram«111e obra de 1u11n i11titulad11 "TFP agira Faculdade de Direi• minoria. A mw'oria 11õo deu Qttmçiio ,i (()'', na qual se fatiam dfr~rsas 11/irmaçi;es q11einw, alg,ms a / itm·am com displicênci,,. invi•rltlico.., rt'latiwm1'11tc à dillribi,içiío, ,m E 011tros t1té protestavam contra a ,,,;r,•s- Faculti<ltlc de.• Dlrt';lo da U11iv~r1idade de são que 1tOS era /tito. $6 o g111pi11ho de S,io Pm,lo, dé' um folheto rcfeut1tl! à So/011ótico:1 apfo11dia. ciedade 8rasilcim tlt Dt/c:u, da Tradição, 1;·,a o q11C' os milita11tes da T F P prr- Famtlia ~ r,o,,,ie,lnde (TFP). 1•1ramos. t car<1Ctcrís1ico dos Ja,uWcos /ti· Os mi/Utmtt·s tia TFP matriculmlos "ªº gir da ,,,.gumtmaçiio. E por isto usam, qucla tradicional casa de ensino e11viaram como 1í11icas ,ummr, n pressão moml 011 a t•ntão, ao re/trido mt1lttti,io, a caru, 11b,lixo. o.sress,io. Disto estm•am já a1 isados tqdos Tt!11do ,ido alegado JJtlo "/;.'.sradoº', C<>· os nossos colcglls por "m 11r.(111C"110 bilhl'tc mo ra:tiio da r<'cttsa da publicação, a exdistribuído co,i, o folheto. h!IIS<ÍO .m postamtnte c~ci•ssfra da cmto cm Fof f:stc lamc1111frt'I pli11ico ,lo didlogo ti/UiÇO. O,)' mili1m11,s da Trmliçlio, FamUia cortl?s e elevado, Qttf le,•011 os /am1ticos a e Propriedade. ,,o.fios em causa pt'la r,OtÍ• 1uusort•111 pará ,:i agrc-ss,io moral e um Fnícih da do "Esttulo", se· se11tcm 11<> dc,·cr dt ,le agr,·.uiío Jf.flca, com o i11t1Hto dr desa- dar ao p,íblico l'"''li.st'1 <> co11lu:dmt!nto da ,iimar-nos, atfrat1tlo contra n6s o,•os, e po, rc•t1lfrh1dc dos Jatos, 1mblictmdo aqui a carfim queimam/o /ollu:tos. "' quç t1q11fle matutino recusou. / RONAL• A tudo isto - c-mbora s"ibamos bem DO LUPINACCI, 4. 0 "''º· / VAL01R -r,uvELI.A• a,p/icar dt /ua pt>ssool - ,,,io redarguimos 1·0. 3.0 ano. - CBLSO turz LeA1. DA COSTA, êom um s6 ato de violf11cia. Limitamo•nOJ 2,0 0110. / 8YJION VALENCIO CUNHA AN• n pedir o didlogo, bradmulo compassada, YONIA.01S, J." 0110",

Diante dé.$se conjunto de afirmaçõe$ inverídiç'3s, ~ joV<::ns çolabomdorcs da TFP escreveram ao matulino paulista uma caria. de retific:tção. pcdindO que parn o devido esclarecimento de seus lci1orcs "O Eslado" lhe desse acolhida na secção de "Correspondência". t o sctuintc o teor dêsse documento:

eo~ -

õ ~

O Cardeal Silva Henriquez oferece-uma Bfblía ao marxis t a Allende e tran"ãmite-lhe uma saudação de Paulo VI (página 2 )

Verd a d es esquecidas

Por vêzes é bom ridienlarizar e infamar •• agente do êrro

•••

Pe-

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1

Rest abelece ndo a verdode dos fotos

.;: ;,

Do livro "EL u ú ERALJSMO Es PECADOº', do Padre Sard! y Salvani {obra da qual d isse a Sagra.da Congregação do fndic.e, cm carta de seu Secretário, datada de 10 de jnnciro de 1887: nela nada se "achou contra a sã dou1rina: antes, seu autor merece louvor. porque com a,rgumen1os sólidos ( ... J propõe e defende a sã doutrina n:,\ matéria de que tral3''):

D

IRÁ ALCUBM: ''Quanto tis ,loutrinos em llbstratô, isso Qimlt, 1ms.sa. M11s é com1e11ie11tc, ao combartr ·, , hro, por mais qut ,ttill Frro, t:evar-se e cnct,mis:ar,..re m1 personolidade de qutm o su11c111ll?"'.

Responderemos qut' muitfa·simos vius ;sso f ,·onwmiente, t não s6 ,·onvenicnte, semi() huUspen.wfoel e meritório ,Jiontc de Dem· ~ da .tocicdade. E. ai,!da que se 11111/t stc ftkilmentt: ·d~du1.ir esta afirmaç,io do que expusemos acuna, queremos c<>ntudo co11sitler11-la ex professo aqui, pois é dt ,:r111tdís3•i11w im11ortâ11da. E/etiv,1mc11te, mie", tf pouco frcqiicmr " llCusaç,io que .,·v fllZ ao OJJOlogista Cllt6lico dt levar s,1 111pre " debate para o ,·ampo '11t.tso,1I; e quando se /1111ça a algum dos n<>ssm· " i11cr'1.•1wçt10 de ter fcit<> um maquc f)cssoal, swrece ao:; li/n.•r11i.t, e dOS que tc1m re.t.,·aibt>s de /il,erali.,·m<>. que mio ~ 11ece.t1ádo dizer mais nada 1mm o <:01tdé''1lU. E conwdo mio tFm n,uio: mio. mio a têm. As ;déias más têm que ser ,·,nubatidas e <lcstmlod1.c1dm;, cumpre far.,~-las aborrech,eis e desprezíveis e detes1ávcis (t multidã,>. tt q1ml pro<.·ur,m, cmbair e scduúr. Mas acont<cc que as idéiaJ' mÍ<> s~ su.'it,·tttam por si mesmos 110 ar, nem por si mesmas se tlifuri· 11cm t prop1,gmn, nem p<>r si m esmas fazem to do dono cl socíedcule. São como as flechas e lll' l,a!Cls, que o uint:uém feririam se não houvesse quem as dispc,rasse com o tirco ou " fusil. Ao que empunha a <1rma se derem. pois, dirigir prim~iramenle os tiros 'de quem deseje desJruir-lhé' a mortal pontaria, e qualquer outro mod<J ,Jc /<l?.<'I' li guerrt, seró t,i.o liberal quanto se queira, mas não tnó sentitlo. Soltlados com a,·nws dt ·envenenados projétci.f são os ~uu>res e pr<>pagamlisu,s ele doutrhws herhl<:as; suas c,n,ws são o livro, o 101·1tal. a arét1g,1 pftblica, ,1 ;11Jluê11ci,1 ·pessoal. Nclo basta, pui.o:. esqui,·or--st para e,,itClr o tiro; a 11âmeir11 coisll a ft17..cr, e" mais eficaz, f tltlxt,r i11abili1odo o <1firador. Ass im, cm1v,~m dcsm,toritor e. ,Jt-sacrt:diwr seu livro, ;or11ol ou d,'scurso; e não s6 islo, se11iio Jesautoriwr e ,lesat:reditar em nltm,s cc,sus a suo 11essoa. Sim , sua pessoa. que istt' é o elemcmo prindpal tio comi>11I<'. t·omo o ·o,1ill,eiro ~ ó elemento pr,'ncipol tia artillwria, ~ mio II bomba, nem ,, pólvora, nem o canluio. Po,le-se cm ctrtos 'cas<>s tra1.cr 11 ptíblko sumi in/âmi(IS. ridiculariz<,r sem· t·o.vlumes, cobrir de ig11omíuio ·seu nome e sobrenome. Sim~ e p<>de-se ftJtê-lo em prosa, t!m ,,erso, em tom sbio ou de zomb,tria, por melo ,/e ilust"tÇôes ·e por tôdll$ llS artes e por todm· os pro, cessos que ,w futu ro se possam invcuu,r. Dc1·e-s,• ter ,lnicmnettte o cuidmlo de não pôr a sel'Vifo ,1,, ju:rtin, " mentira. Isso nli<>: ni$fQ tti,,guém S<! a/11s 1e um milímetro da ~it:rdode, mas ·Jenttü do~· limifCj' desta, reconlt-J·c c,qttlil,· dito de Cd1imum.Jo/y: "A verdade é a única- caridade pet1ni1ida à His16ria'': e podn·J·e·Ül t1crtsce11tor: ll defesa religio.fll t' J'OCial. Os mesmo,'i Santos, Ptulrc.s que ttmo.,· dtmlo prowuu esw lt·se. Até o:i' rítulos de J·1ws obras ditem c/ar1Jme111c que, ao combater <1s l1ertsfrts. pr()(;ura,•am <lirigir o pr,'meiro tirô heresinn·{IS. Quase todos os #wlos dos obraJ· de Sauw A1:os1;11J10 se dfrigem ao nome do autor ,1,, hercs íu: Contra Fortu•. natum manichocum: Adversus Adamanctum; Contra Feliccm: Contra Sccundinllm: Quis. íuerit Pctilianus: De s;cstis Pelagii; Quis íucrit Julianus. etc. De sorte que quase tôdti o vol{-mica do grande AJUJSlhdw foi pcssn<JI, agressiva. biogr<lfit:11, vor as.fim (fizer, tantQ qutmto doutrh,ária; corvo o cOTJJô com o huege, mio menos do que coutrll " heresia. E o mcJ·uw poder({lmos aflrmar ,Jc t(uh).f os Santos Padrt•s. •

ª"·'·

De onde tirmt, pois, <> liberalismo " ,wvidlldt de que no combater os erros se (/e,•e 11rtsdmlir das pessoas, e (l(é mimá-los e llC(11kiá-1"s? A ttn/,a-.se é/e ao que lhe ensina sôbre i$lô o trmliptio crist,1, e deixe os ullramonumos tlcftnderem " fé ,·omo scm1,rc foi elo defendhltt m, Igreja di! Deus. Que a cspadll do JJOlcmisw cat6lico flm. - fira e vú ,lirtW ao ,·oraçiío: que t'Sla (, " ;(,deu mt1m!int ,1111[,mic:a e t!./;'car.. ,Jc combtller! [Don Fclix Sardá y Salvany, Pbro.; "El Jibcralismo cs pecado'·, edição, Editorial Ramóm C:.:s;_,ls, Barcelona, 1960. pp. 60-62].

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ANO

X X 1 Cr$ 1.50


Zelosos c:úopcr:ult)1'c:- e ,1m;1dos filho:-..

de ser a fé indispcn~;ívcl para a s:.1lvaçfio. pois. se m e la é impossível agrad ai· a Deus ···.\·i1w Jid" i1111u,.,·.,·ihih, ,,.,·r p(accrc 0! 0·· ( Hch,

M 21 DE NOVF,Ml3R0 do ano passado. c m Circul.11· dirigida aos Nossos raríssimos Saccn..lolc..._, procuramos. 11111:t vc:,. mais. avivar 11êlcs e. nos fiéis :1 vigilf,rn::i:1 con1ra os perigos, ;1 que uni falso ";1gg.iotnamcnto" cxpôc :: intcgrid:.1dc da Fé e a purcz:t dos costu mes crisL;ios. J;í cm Oecu111cntos anteriores Nos ocupamos d:1:-: tcnt:H,;ôc~ a qu:; i::-st:í cx post:1 a vossa f~, :un:u.los íilhos. e vo:,: l:Xortamo:,: :'1 vigil:"111<.:ia e. ;, oraçiio. N:1 Circular c.lc 21 de novcmhro. rcícl'Íamo-No:-:, cspcci;1l111ca1c~ ;1 1·cvcri:11cia devid:1 aos Santos Sacramentos. com que <.larnos pllhliro tcstcmunho de nossa íé nos mish.: rios <1ue ador:1111os. Salie nt;ív:imos, cnL:"10. a importância da advcrtê:nci:t , à vista

E

1

11.(,). E m 8 c.k dezembro do mesmo : 1110 passado, n;1 ocorrênci:1 do 4ujnro anivers;,írio do e 11cerrmnc11to do 11 Concílio e.lo Va1ica110. o Sauto Padre. Paulo V 1. cm 111cmonívcl Exorl;1ç:io. cn,a1·cc.:ia :1os Bispos c ,1<·, li~os do mtmdo inh.:iro a ohrig,1<;fit..l de cu idai· da 01·todox i;1 1h, e nsino da doutrina c.:ahllica. 1:is, pois., :1111:idos íi!hos. <1uc não crn m v:ios os Nossos lemorcs. ()s males q ue rc...

ci.:amos cm Nossa Diocese, de íalo, amcaç:1111 os íiéis do inundo i odo. Ali:ís! não teria s.cnlith> :1 E.\;Orlac.;f10 pc.ml ííicia. dirigida a lodos os Ui:-:pos cat<)Jicos da ll'tra.

1 Deve r que incumbe ao Bispo: ve lar pelo ortodoxia Dada a importânci:: capital da nwtéri:t - a purcz:1 da F ô - e a obrig;1ção que Nos incum be <lc hem ap:is:ccntar as ovel ha!<- tlc Cristo que Nos. foram confiadas, julgamos de Nosso Ucvcr volt.Ir ao assunlo, co111uni-c~11ulo ao Nosso rch:i nho as aprccnsôcs e admtJCstaçôcs do l'apa. A tanto Nos convida e.) mesmo Ponlífkc. pois recorda que. :1 todos aquêJc.s qm: rccchcram "p('/a i111po-

siçào 1h1s uuios. a l'<',\'f""'·"'·,d,i/idadc dt' guardar puro " infa<'fo o ,1<,1,úriro da F,: ,, a 11,is.wio "" w1111wit1r o Evm,,.wtho .,·t'nl t/('sldxo" ( AAS, 63. p. 99 ). impÕC··SC da,· ICS· tcmunho de sua íidclidadc ao Senhor. na pregação, no e nsino. no teor de. vitl.l . De. outro lado, ao direito imprescritível que tem o fiel tlc rccch.::r o ensinamc,110 sagrado. corrcsponcJc nos Bispos "o dC'vn· >:ravc <! urg<•11f<' d(' m11111ciur i11/ati,1.uivdow11t(' 11

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p. 100). Profunáa c ris e do fé no seio do lgrejo Semelhante ofício do m únus. c r,iscopal é hoje~ mais im pcrit..,so. porque lavra no seio da Igreja u111.1 crise gcnel"aliz:id:1 e sem preccdcnlcs, como :ttcsta a presente Ex(,1 1:1ç:"u.> AJlO!\lÜlic:i, crise de autodcrnoliçâo como ~1 denomina o Pa pa. porq ue, conduzida por membros da Igreja, abab1 p1·o íurn.l amcntc :1 consd~ncia do:-: fiéis, poi:-: os coufunc.k· no q ue êlcs têm de mai~ essencial na Religião. !\firma. com efeito. Paulo V I. 1H) Do· cumcnro que cs! arnos a ;1prc.s cntar. que hoje ''muitos Jh:i.,· S<' ,\·,,111em J)<'rturluu/os ,w .\IW

fé JJOI' 11111 ocu11111/ar-.,·,, d<·

11111higiiitlod<',L d<· i11(·,•rtr::.u ,\ ' , , de d1Í\1Ülas, (JII<' ating<'m <',\·.,·a IIU'.\'IIUI f,; :w (fll(' "'" /('Ili " '' (',U'('Jl('ial. />;',,·((io 11<·.,·f<' <·aso o.,· ,log11w.r lriniuirio e crisFo/,j;.:i<'o. o 111is1,;no ,la J-:un11·1.".'f io <' ria l 'r <'.W'll('a !<('ai. u Igreja nn110 i11.wi111içtiu d,• .mlFaçáo. o 111i11is u=rio S(l<',•hiowl 110 S<'io do 1'01·0 de /) 1.•us. o ,·o/or ,Ja o r açáo ,~,las Sacraou.111tos. as ,•xi·

,!i111w1w11. !'OI' ('.\' ('111/1/o . 1/11 i11dis.w,/11hilidud,, ,lo 111utrinuj11io 011 rio ,.,,spcito J)da dda. Mais: ar,; a prúpria a111oritlat!,• divina da J-:scritura cltegu ti s,•,· J)O,\'lll "'" dúvida, eJJ1 11011w d,· 111110 "tf,,,v. mitiznrtm" r(l(/in1/" ( p. 99). Como- vêdcs. ;1m:..1dos. filhos, a crise 11.1 Igreja 11f10 poderia ser mais profu nda. Lendo :1s pal:1vr:is dó Papa . n<>s nos perg unta• mos: que ficou de intac to no Cristiani:-. mo? pois, se nfio há ccrtcz:1 sôhrc o Jogma tri11i1:'11'io. mistério funtlament:11 da Rcvclaçfto crislf1, se pair:im amhigii idadcs sôhrc a PCs· sr,a :1dor;'.ivel do Homcm. l)cus. Jc.sus Cristo, se tituhcia--se d iante da Sancíssima Euc.:aris· 1ia. se n:io se entende a Igreja como insti· t uk·fio de salvação. se não se :-.abc a que o S:u:crdotc entre os fiéis. nem h,í scgurn nç:1 d:1s ohrig:1ç<1cs morais. se a oraçfio não tem valor. nem a S:igr:ida Escritura, <..1uc h;í de ('ri:-:1 i:inismo, de Rcvcbç5o crisHW Compn:cndcmos <1ué o Papa se ~i nta impelido a cxcit:1r a zêlo dos Uispos, guard ifü!s da Fé. scgr:1dos p ~1r:1 serem autênt ic.:m; P:,stôrcs que :1p:1sccntcm com carinho. dcsvêlo e íirmc1.a. ,as ovelhas do Divino Paslor d;1s alim1s. ghlC'ÍU,\' J/ltll'UÍ.1i (flW

deir:i conspira<;fio par,1 demolir :1 lg1·cj:i. n o que se <.kdui'. do IJ'ed10 scgu i111e :io acim a ci tad\>, 110 qual o 1>0111íficc observa <1uc l1s dl1vid:is, :.1mbig_iiitl:.1úc:-: e inccnczas n:1 cxpo:-:içúo po!\itiva do dogm;1, som;1m~sc o si lêncio ··súbn• rerias 111is1<:,·io.v /1111dmm•11,aix do ( "ris1ia11i.w110·· i: a .. ,('11tfhwia /Jllra c,u1.,·lr11ir u111 m}Fo cristiani.-.·nu, " 1mrtir d<' dwlo,\' p.,·in,l<igic·o.,· :• .-.·o<·iol,ígicos" no qual "a l'i,Ju crisfri ,•.,·1t,ja ,l,•stiluítla de t•f<·111e11to,v rdigio-

-"'·' · ( p. ')9) . 1i:í. l)(lÍS. e ntre os íiéis. um 111ovimc1110 t k· açfit) dupla convc1·gentc p:1ra a fonnaçfio lfc u111:1 nova Igreja. <.1uc !-iÜ pode sei' u111;1 llOV;1 fals;1 1·digiâo: de Ulll lado. cri:imw~C inccrh,!.'/~ts :-:t,hrc os mistérios revelados: de uo1 ro, cstr ulura ..sc uma vid a cri:-:t:"t ao s;1hor cJo cspíriLo do século.

li Oco siã o e c ousas do otuo l c rise relig ioso Cu1110 foi possível ch~gar~sc a êssc 1.:s1:1do de cois:1s'! Paulo VI faz. a êstê prop<l$ito. titias con-

sidera~:ú'-,!S. A primeira. súhrc.

finalidade c.spc.::cial que o Papa Joiio XX 111 propôs ao li Co11d lio do Vaticano, como aparece claramente na A locuçfü, coin que éle abriu :1 primeira Scssfio do grande Sínodo: .. / 1111"'''-s" que. <.OJn'sp,nul<'Julo ao vivo a,1s1.•io daqueh•s que ·'" 11du1111 ,•111 oliflu/(' dt' ,\'Íllt'C'ra ad, .w/0 11 rut!o o que ,; ,·ri.,·tüo. ,·at,Ui,·o ,, 0110.sfrilico, <·.,·tu tlcmtrina Jcl'ist;tJ sC'ja nwis t1111p(a (' /ll'fl·· / 11111Jw1u·11/(' 1·011/wdd,1 ,. (JIH' as !d111us .,.,,.. :1

1

Empenho por const r uir uma novo rg , e jo psicofóg ico e 'soc iológ ico

j11111 uor

Tanlo m ais, qu:11110 a Exort :içfü> do Santo Padre dcix;1 entrever que h:'i uma vc1\l:i-

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in1prC'f(1uuJos ,.

tra11sf m ·11uu!t,s,

,;· 1u•c·,•s.wírio q1w e.,·to doutriua. c,•rtu e inw .. uh'd ,, que 1,-111 ti<' s('r r,;,,·p,•irada Jidnu•111r.


.1·,,;a aprv/1111t!ada t' apresenuu/a de nuuleirt, a satisfazer u.s exigências d<1 noss,, épQca". E explicitando melhor o seu pensamento, prossegue o Papa Ronc.illi: ''Uma coisa ,?, e/eliva,uente, o depVsito tia Fé e111 si nu•.1,·.. mo, qu,•r dizl'r. o c.:011ju11to das verdades co11tidas na nossa venercível doutrina , outra <·oisa é o ,nodo co1110 tais verdades seio enu11· ciatlas, t:011serva11du se,npre o 11,esmo sentido I' o mesmo alcance" ( p. 1O1). Deveria o Concilio, e, em conseqüência, o Magistério Eclesiástico, com o concurso dos teólogos, pro~urar aliar duas coisas: transmitir, sem engano ou diminuição, a doutrina revelada; e fazer um esfôrço por apresentá-la de modo a ser recebida, íntegra e pura pelos homens de nosso tempo. Entem.lc-se pelos homens de espírito reto, "aquéles que se acham e111 lltitude de si11 .. cera adeslio t1 tudo " l/W! i! crisflio. ca .. 16/ico e apost6/ico", como diz João XXII !. Portanto pelos homens realmente d<lSejosos de chegar à vc,·dadc; pois, aos que preferem as máximas dêstc mundo, e, por isso. rejeitam a cruz de Cristo, aplicam.se els palavras de São Paulo: é impossív~I uma união {:ntre a luz e as trevas, cotre ,1 justiça e a iniqüi. dade, emrc Cristo e Belial ( cf. 2 Cor. 6, 14 s.). Eis cm que consistia o .. aggiornamcnto" do Papa Roncalli, n.i su.i melhor interpretação: uma adaptação, na mancirn de c.~por a doutrinc1 c,1tólic;;1 , de sorte que possa atrair o homem moderno de espírito reto. Tal e mpenho, nota Paulo VI, c é a sua segunda observação, não é fácil. Diz êle: "O ,nagistério t:piscopal estav<l rt•lativa111e11·

te facilitado, 11111na época ,,,,, que a /gr,•ja dvia e111 estreita si111hiust: com ,, suc:.i,.,dadt! do seu te,111,0. inspirava a .\'llll nllll,r11 ,., adotc,v,1 os seus 111vdos dt' e.rp,:i111ir•s< hoje. ao invé.y, é·II0.1,' e.1:igido um <'S/úrs-o sériv /Hlfa que a dvu1ri11a tia Fé C<lllS(lfV<' a ,,tenit,u/e ,lo seu ~-,.,111itlo l! do seu alcance. ,w <'xpressar-:n• soh 11111a forma ct1paz de ,11i11~ir o espíri10 ,, o ('ortiçtio dos homens aos quais l!la St! (/;.. rigt'" (pp. 101-102). 1:

Característico do

novo Igreja: o religião do homem O u pela dificuldade do empreendimento, ou por unw concessão ao espírito do tempo, ,, f:t10 é <Juc, n:, execução do pla ,10 traçado pelo Concílio, cm l.irgos meios eclesiásticos, o csíõrço na adaptação íoi além da sim• pies expressão nwis ajustada à mentalidade con1cmporânc~1 . Atingiu a próprin substân· ci;i da Revclaç:io. Não se cuida de uma exposição da verdade revelada, cm térmos cm que os homens fàcilmente a en1cndam; procura.se, por meio de urnu linguagem ambígua e rcbusct1da. mais prôpriamentc. pro• por uma nova Igreja , ao sabor do homem íormado segundo 11s máximas do mundo de hoje. Com isso, difunde-se, mais ou menos por 1ôda pane, a idéia de que a lg,·ej;, deve passai' por uma muda nça radiCi1I, na sua Moral, na sua Liturgia, e mesmo na s u,1 Doutrina. Nos escritos, corno no procedimento, aparecidos em me ios católicos após o Concilio, inculca-se a 1cse de que a Igreja tradicional, como cxis1ira a1é o Va1icano li, já não está à allura dos tempos modernos. De maneira que Ela deve lransforrnar-Se 101almente. E uma observação rápida, sôbre o que se passa cm meios calólicos, leva à pers uasão de que, realmente, após o Concílio, existe uma nova Igreja , essencialmente dislinta dAqucla conhecida, antes do gra nde Sínodo, como única Igreja de Cris10. Com efeito, exalla-se, como princípio absoluto, intangível, a dignidade humana, a cujos direitos submetem-se a Ve rdade e o Bem. Semelhante concepção inaugura a religião do homem. Faz esq uecer a austeridade cristã e a bem-aventurança do Céu. Nos costumes, o mesmo princípio olvida a ascética cristã, e 1cm tôda a indulgência para o prazer mesmo sensual, uma vez que, na terra, é que o homem há de buscar a sua plcni1udc. Na vida conjugal e familiar, a religião do homem c nallcce o amor e sobrepõe o prazer ao dever, justificando, a êsse 1í1ulo, os métodos anliconccpcionais, diminuindo a oposição ao divóréio. e sendo íavorávcl à homossexualidade e à co-educação, sem temer a seqüeh, de desordens morais, a ela incre ntes, como conseqüência do pecado original. Na vida pública, li religião do homem não compreende a hierarqu ia, e propugna o igual itarismo próprio da ideologia nrnrxista e contrário ao cnsinamenlo naturnl e revelado, que a1cs1a a existência de uma ordem social ex igida pela própria na1ure1.;1.

Na vida religiosa, o mesmo princípio prcconh~;:l um ecumenismo que, cm benefício do homem, congrace tôdas as religiões, preconiza uma Igreja sociedade de assis1ência social e torna ininteligível o sagrado, só compreensível em uma sociedade hierárquica. Daí. a preocupação excessiva com a promo. ção social , como se a Igreja fôsse um mero e mais vasto organismo de assistência social. Daí, igualmen1e a secularização do C lero, cujo celibato se considera algo de absurdo, bem corno o teor de vida sacerdotal singular, inlimamc;)nte ligado ao seu caráter de pc.-,soci consagn1d~1, exclusivamente, ao serviço do aliar. Em liturgia, rebaixa-se o Sacerdote a simples representante do povo, e as mudanças são tantas e tais que e la deixa de representar adequadamente, aos olhos do fiel, a imagem da Espôsa do Cordeiro, una, santa, imaculada. 1: evidente que o relaxa· mcnto mora l e a dissolução litúrgica não podcri.1m coexistir com a imutabilidade do dognrn. A liás, aquelas 1ransformações j,1 indicavam mudanças nos conceitos das verdades reveladas. Uma lei1urn dos novos teólogos, tidos como porta-vozes do Concílio, evidencia como, de fato, cm certos meios ca1ólicos, <•S p;:ilavras, com que se enunciHm os mis1érios da Fé, envolvem conceitos 10iahncntc diversos dos que constam da teologia tradicional.

lmportâncío do f ilosofia escolástico A cxort.ição de Paulo VI fala na dificuld11de de ob1er a renovação da roupagem,

cm que se transmilisscm aos homens de hoje os mistél'ios de Deus. E reconhece que íorarn tis novas expressões para as verdades de Fé que trouxeram a angústia das incertezas. a mbigiiidades e dúvidas. Como íoram os novos têrmos que facultaram, aos fautores de uma nova Igreja, a difusão de uma concepção nova e es!rnnha da Religião cristã. Ê de São Pio X a afirmação de que o abandono da cscolás1ica, cspecialmenci:, do tomisrno, foi uma das causas da apostasia dos modernistas ( Encíclica "Pasccndi''). Após o Concílio Valicano 11, retorna a meios católicos o mes mo êrro, a mesnu, ojc. riza contra a filosofia que Leão XIII apelidou "singular vresítli<> <' ho11r" dél l greia" ( Encíclica "Ac1crni Pa1ris"). De fato, um dos sofismas dos teólogos do nõvo cris1ianismo é acusar de aristotelismo a formulação dogmática 1radicional, quando a Igreja não deve estar enfeudada a nenhum sistema filosófico. Acresccniam que semelhante formulação foi útil e válida ao seu tempo, ou seja, dentro do ambiente cullural da Idade Média. Hoje, porém, cm mcio cultural 101a lmcn1e ouiro, ela. já não tem valor. Ê antes nociva. Emperra o progresso dos fiéis, e é responsável pela dcscris1ianização do mundo atual. A Igreja, se quiser reviver, se quiser conservar s ua perenidade, deve abandona r as fórmulas a ntigas e adotar outras, de acôrdo com a filosofia de hoje, o pensamento e a memalidade contemporâneos. Só assim reali7..ará Ela o ideal proposto por João XXIII e o Concílio Vaticano 11. E, para não serem tidos como negligemes no seu papel de teólogos, passam à aplicação do princípio por êlcs mesmos estabelecido, e, às verdades reveladas vão dando novas formulações, dentro da concepção da filosofia contemporânea. A íalácia não é nova . Na antiguidade, outra coisa não fizeram os gnósticos que deturparam a Revelação, para enquadrá-la dentro da filosofia neoplatônica; no século passado, foi o hegelianismo que desvairou certos teólogos católicos. Os da nova Igreja desejam servir ao marxismo, existencialismo e às demais filosofias an1ropocên1ricas, que pululam na angús1ia intelec tual, caractcrís1ica de nossa época .

O vigor do tomismo O engano, amados filhos, dos mentores do nóvo cristianismo está no esquecimcn10, a que votam uma verdade de senso comum, sem a qual é inexplicável o conhecimento, impossível a ciência e a própria vida humana. Semelhante verdade de senso comum está na base de tôda filosofia, que não seja mera construção arbitrária do espírito. Consiste na pers uasão de que o conhccimen10 é determinado pelo objeto externo. Êlc é verdadeiro, quando apreende ;, coisa como da é; e é íalso, quando destoa da realidade. Podem variar os sis temas filosóficos. Êles serão mais ou menos verdadeiros, na medida em que s uas conclusões atendam ao princípio de senso comum acima enunciado.

No aca1amen10 a semelhante princípio, encontra o tomismo todo o seu vigor. Salienta-o Leão XIII , quando diz que o tom ismo é uma filosofia "soli<lamente firmada 110s princípios das coisas" (Encíclica "Aetcrni Pa1ris"). Ou seja, não é um sistema arbi1rário, fruto da imaginação ou criação s ubjetiva do filésofo. Muito ao contrário, a filosofia tomista curva-se sôbrc a realidade, para apreendê-la como ela é. Quando enuncia seus dogmas, servindo-se dos têrmos usuais na escolástica, a Igreja não o faz porque tais expressões sejam de um s istema filosófico particular, e sim, porque pertencem /1 filosofia de todos os tempos.

Relativismo religioso e modernismo nos

teólogos do novo Igreja Já não procedem do mesmo modo os 1cólogos da nova Igreja. Não estão êlcs atentos à realidade, cuja expressão pode variar desde que, porém, a apresente como ela é. O que êlcs desejam é satisfazer à mentalidade moderna. Para ê lcs, a atualização da Igreja está na adap1ação de sua doutrina a cssll mentalidade. E como o homem moderno formou seu pensamento num ambiente cultural todo voltado às aparências, aos fenômenos, e, além disso. avesso à metafísica, a Igreja para não soçobrar, dizem os novos 1c6logos, precisa <1comodar sua doutrina a semelhante maneira de pensar. Não se .percebe como cal alitude possa fugir ao êrro modernista, segundo o qual, o dogma evolui de um para outro sentido, de acôrdo com as necessidades culturais da época em que é enunciado.

lmutobilidode · e desenvolvimento do verdade revelado Lembremos que a verdade revelada se comunica ao mundo em linguagem humana. Tal linguagem, embora inadequada, não é mero simbolismo; ela deve dizer, objetivamente, o que é o mistério de Deus, ainda que o não manifeste na sua riqueza incsgo1ávcl. Eis a razão por que as fórmulas dogmáticas não podem e voluir muda11clo de significado. A fé, uma vez transmitida, diz São Judas Tadeu, o é "unia vez por tôdas" (vcrs. 3) . Ela é imutável e invariável. Não padece adições, subtrações, ou alleraçôes. Pode esclarecer-se, não pode transformar-se. Ê como um ser vivo que se desenvolve e aperfeiçoa, porém, na mesma natureza, que faz com que o indivíduo seja sempre o

mesmo. Importância dos fórmulas dogmáticos tradicionais Por isso, é de suma importância manter as fórmulas que, constituídas na Igreja, sob a assistência do Espírito Santo, a Tradição, e os Concílios fixaram, para exprimir com exatidão o conceito revelado. Semelhante linguagem dogmática pode sofrer alterações acidentais, não pode ser modificada de todo cm todo. Ora, o que, sob o signo do "aggiornamcnto'', assistimos após o Concílio, em vários meios católicos, é o menosprêzo tanto dos costumes como das fórmulas tradicionais. Demos unt ou outro exemplo. O Concílio de Nicéia, depois de anos de lu tas contra os arianos, fixou, na palavra <·,msubstancial, o conceito da unidade de essência das Três Pessoas Divinas. Hoje, cm certos meios calólicos, aquêle têrmo é conscien temente abandonado. Daí, a incertcu,, a dúvida que o Papa lamenta sôbre os dogmas da Santíssima Trindade e do Divino Salvador. O Concílio de Trento, contra o s imbolismo protestante, consagrou o vocábulo transubstanciação, para indicar a mudança 1otal da substância do pão e da subs1ância do vinho no Corpo e no Sangue de Jes us Cristo. Semelhante palavra nos dá a idéia do que ocorre, objetivamente, sôbre o aliar, no momento da consagração da San"' Missa, e nos assegura a presença real e subsiancial de Jesus Cristo no Santíssimo Sacrnrnento, m~smo depois de terminado o Santo Sacrifício. Como têrmo aristotélico, que não condiz com as correntes filosóficas mu,.,is, a palavra trans11bsta11ciação é rejeitada pelos teólogos da nova Igreja. Substituem-na por o utra - ''transignificação", " transfinali1.ação" - dando razão à afirmação do Papa de que se põe em dúvida o

"1nistério da Sa11tis~·i1Jm Eucaristia <' da Pn~sença Real" (p. 99). Na ordem pnílica, eliminam-se os sinais de adoração, de respeito ao Santíssimo Sacramento, como a comunhão de joelhos, com véu, a benção do Sancíssimo, a visita ao Sacrário, etc.

Subversão doutrinário Se a palavra muda, e não é sinônima, na1uralmen1e também o conceito se modifica. Estão no caso os novos 1êrmos dos teólogos "aggiornllli", cuja conseqüência é um abalo na própria Fé. Eis que a nova terminologia, de fato, introduz uma nova religião. Não estamos mais no Cristianismo autêntico. Aliás, as inovações não ficam apenas em troca de palavras. Vão mais longe. Na realidade, excitam uma subversão total na Igreja. Como a filosofia moderna sobrestima o 110mcm, a quem faz juiz de tôdas as coisas, a nova Igreja estabelece, como dissemos, a religião do homem. Elimina tudo quanto possa significar uma imposição à liberdade ou uma repn:ssão à espontaneidade humanas. Desconhece, assim, a queda original e extenua a noção do pecado. Não compreende "o sentido da renúncia eva11gé/ica" (p. 105), e propugna uma religião natural de base nas experiências "psicológicas e sociol6gicas" ( p. 99).

III Re médio poro o mol: fidelidade à Tradição a.

I NDICAÇÃO DE PAULO

VI

Como causa do aturdimento que sofrem os fiéis, angustiados porque j,í não têm mais certeza sôbrc o que devem crer e sôbre como hão de agir, Paulo VI aponta o abandono da Tradição. De onde, o antídoto a tão profunda crise de linguagem, pensamento, e ação, só encontramos na fidelidade à Tradição. O Documento de Paulo VI insiste sôbre êste ponto. As atuais circunstânci.os, assim o Papa, exigem de nós maior esfôrço, para que "a palavra de Deus chegue aos nossos co111emporá11eos1 na sua PLENITUDE, e para que as obras realizadas por Deus lhes se;am aprese11//.ulas SEM ADULTERAÇÃO, e co,n a i11te11sidade do amor à verdade que os salve" (p. 98 - grifos nossos). Tão nobre incumbência só é exequível mediante a fidelidade à "Tradição ini11terrupta que liga [nosso cristianismo] a Fé dos Apóstolos" (p. 99). Deve, pois, cada Bispo, na sua Diocese, csta.r atento por que os novos estudos "não venham a atraiçoar nunca a verdade e a CONTINUIDADE da doutrina da Fé" (p. 101 - grifo nosso) . Aliás, todo o trabalho dos teólogos deve ser no sentido da "fidelidade à gra11dc corre11te da Tradição cristà" (p. 102), porquanto "a ,•erdadeira Teologia se apóia sôbre a palavra de Deus i11separáve/ da Sagrada Tradição co1110 sôbre um f1111dam ento pere11e" ( p. 103 ). Em resumo, Paulo VI sintetiza (p. 18) a norma do Magistério Eclesiástico na palavra de São Pa ulo: "ainda que alguém 116s ou um An;o baixado do Céu - vos w11111ciasse 11111 eva11'gelho difere11tc do que temos a111111ciado, que ê/e seja anátema" (Gal. 1, 8) , e prossegue o Papa: "Não somos 11ós, com efeito, que j11lga111os a palavra de Deus: é ela que nos julga e que põe em evidência os nossos conformismos 1111111da11os. A fraqueza dos cristãos, mesmo a daqueles que têm a f1111çüo de pregar, não será jamais, 11a Igreja, motivo de edulcorar o caráter absoluto da palavra. Nunca será /iciro cegar o gu111e de sua espada (cf. Heb. 4 , 12; Apoc. / , 16: 2, 16) . .4 Igreja 111111ca será permitido falar de modo diverso do d e Cristo, da sa11tidade, da virgindade, da pobreza e da obediência'' (p. 101 ).

b. EXEMPLO HISTÓRICO : NESTÓRIO E A SANTA MÃE DE DEUS

As palavras do Papa não poderiam ser mais claras, oem mais incisivas, como taxativas são as palavras do Apóstolo por êle citadas. Al.iás, elas não passam de um eco da maneira de agir da Igreja, sob o impulso vivificante do Espírito Santo. J:, fato largamente comentado cm tôda formação religiosa, o ocorrido com Ncstório, P'atriarca de Constantinopla. Transcrevemo-lo, aqui, segundo o narra D. Prosper Guéranger, na s ua conhecida obra " L' Année Liturgique", ao comentar a festa de São Cirilo de Alcxand,·ia, em 9 de fevereiro: "No próprio a110

3


CONClUSÃO OA PÁG. J

CABTA PASTORAL da s ua eleiçtio "º tru,u, 11piscupal, ,w dia tf,, Natal de 428, aproveitando a grande multidão que se aglomerava "" Basifica Catedral, do lllto do púlpito, Nest6rio pro111111l'iou estll blllsfê111ill: Mllrill 11ão deu a luz a Deus; seu filho não era senão 11111 lto,nem, i11stru111e11t<> da Divi11dade. U,11 frê111ito de horror percorreu a multidão, e um leigo, Euzébio, leva111ou-se do meio do povo e protestou co11rra a impiedllde. Tôda li Hisróri<,, ,ué hoje, se regozija çon, essa atitude. E/li slllvou " fé ,/~ Bizâncio", l', NORMA GERAL

D. Guérangcr, dá, cncào, o principio geral: "Qua>ulo o Pm;ror 11111da-se e,n lóbo. per1e11ce, en, prilneiro lugar, <10 rebanho dttfendt·r-se. Nornwlme111e, se111 tltívitla, ,, tloutri1111 desce dos Bispos "" povo fiel , <' os súditos, nas coisas da Fl. ,uio deve,n }ulgt1r seus Chefes. Há. poré111. 110 tesouro da Revelação. pontos e~·se11ciais, cujo co11heciJ11e11-

necessário ,, guarda vigilante. todo ,.:ristão deve possuir, en, virtud(• de seu título de cristtio. O princípio não ,nuda. quer se trate <le crença 011 proc:edi111en10, de ,nora/ ou de dogma. Traições co,110 a de Nestório seio rare1s na /greje1: 1uio e1ssi,u o silêncio de c:ertos Pastôres que. por u1na ou outra causa, não ousam falar, quando a Religião estâ engajada. Os verdadeiros fiéis são os homens <1111! ex1rae111 de seu B,itis,110. ttm tais <:ir.. cunsr.áncias, a i11spire1ção de uma linha de co1u/11w; ,uio os pusillini,ues <111e, sob vretêxto especioso de sub111isscio aos podiires estabelel'idos, esperam, p11r11 afugenwr o ini111igv. 011 para ,se opor a suas e,nprêsas, um progran,a que não é necessário, que 1uio lhes deve ser t!ado". 10

//. IMPORTÂNCIA DA TRADIÇÃO

Quisemos iluscrar o critério lembrado por Paulo VI, devido à importância especial que êle assume nos dias que correm, como é notório a quem observa o que se passa em cercos meios cacólicos. Aliás, tal é o valor da Tradição, que mesmo as Encíclicas e. (!Utros Documentos do Magistério ordinário do Sumo Poncífice, só são infalíveis nos ensinamencos corroborados pela Tradição, ou seja, por uma doutrinação conlínua, alravés de vários Papas e por largo espaço de cempo. De maneira que, o alo do Magistério ordinário de um Papa que colida com o ensinamcnco caucionado pela Tradição magiscerial de vários Papas e por espaço notável de tempo, não deveria ser aceito. Entre exemplos que a Hiscória aponta de facos semelhantes, avuHa o de Honório 1. Viveu êsce Papa, ao tempo cm que a heresia monoteleta fazia estragos na Igreja do Oriente. Negando a existência de duas vontades em Jesus Crislo, renova'vam os monoceletas o absurdo que Eutiqucs incroduziu no dogma, quando pretendeu que em Jesus Crisco havia uma só natureza, composrn da nacureza divina e da natureza humana. Hàbilrncnte, o Patriarca Sérgio de Conscancinopla insinuou no cspírico de Honório I que a pregação das duas vontades no Salvador só causava divisões no povo fiel. Acedendo àos desejos do Patriarca, que eram também os do Imperador, o Papa Honório proibiu que se falasse nas duas vontades do Filho de Deus feico homem. Não adverciu o Pontífice que seu ato deixava o campo aberto à difusão da herésia . Por isso mesmo não se lhe devia dar atenção. Encre os que lamcncaram o ato de Honório I estão o VI Concílio Ecumênico, que foi o terceiro reunido em Conscantinopla, e São Leão li, Papa, ao confirmar aquêle Concílio. Enlre os que concinuaram a ensinar as duas vontades em Jesus Cristo, escá o grande São Máximo, chamado o Confessor porque selou com o martírio sua fidelidade à ·doutrina católica tradicional.

e.

NORMA OE JULGAMENTO AS NOVll)ADllS

PARA

Guardemos, pois, com o máximo respeito e atenção, o cricério de aferimento para as novidades que surgem na Igreja: - Ajustam-se elas à tradição? - São de boa lei. - Não se ajuscam, opõem-se à Tradição, ou a diluem? - Não devem ser aceicas. Tradição, é certo, não é imobilismo. E crescimento, porém, na mesma linha, na mesma direção, no mesmo sencido, crc-sci4

mcnto de seres vivos que se conservam sem· pre os mesmos. Por isso mesmo, não se podem considerar lradicionais, formas e coscumes que a Igreja não incorporou na exposição de sua doucrina, ou na sua disciplina. A tendência, nesse sentido, foi chamada por Pio XII "reprovável arqucologismo'' (Encíclica ''Mcdiator Dei''). Isto pos10, comemos como norma o seguince princípio: quando é visível que a novidade se afasta da doucrina tradicional , é certo que ela não deve ser admitida.

Vá rios modos de_ corromper o Tradição Pode-se concorrer para descruir a Tradição de vários modos. Há, mesmo, cncre ê les uma escala que vai da oposição abena ao desvio quase imperceptível. Exemplo de oposição clara, cemos nas várias atitudes tomadas por ceólogos, e acé Autoridades Eclesiásticas, rejeicando a decisão da Encíclica "Humanae Vitae•·. De fato, o ato de Paulo VI , declarando ilícico o uso dos anciconccpcionais, insere-se numa Tradição ininterrupta do Magiscério Eclesiáscico. Não aceitá-lo, ensinando o oposto do que ê le prescreve, ou aconselhando prácicas por ê le condenadas, cons1i1ui exemplo cípico de negação de um ensinamento tradicional. Mais sinuosa é a falácia, quando se fere a Tradição, acravés de elucidações dogmálicas que, sem negarem os têrmos tradicionais, de fato, são incompacíveis com os dados revelados ; por exemplo, conlinuar a fa. zer profissão de fé no mislério da Sancíssima Trindade, mas subslituir sisccmàticamenle o cêrmo co11s11bsta11cial por outro que não tem o mesmo significado, como a palavra natureza. Há igualmente descaminhos para a heresia. nas dedüções que ampliam o conteúdo das premissas. Assim, declarar que, em virtude da colegialidade, o Papa nada pode resolver sem ouvir o Colégio episcopal, é incidir no conciliarismo que subverte a Tgrcja de Cristo. Mais subcis são os novos usos, espccialmence cm liturgia, que sub-rogam aos antigos, e que não só não são dotados da mesma riqueza, senão que insinuam outros conceicos religiosos. Em Nossa Pascoral de 19 de março de 1966, sublinhamos ,1 imponância que cêm os usos e costumes, canto no afervoramenco da fé, como, em sencido contrário, no solapamenco desta mesma fé, sempre que o procedimenco pressupõe, e ponanco, difunde conceitos errôneos sôbre as verdades reveladas. Evidentemencc, não é a mesma a responsabilidade pessoal que há nessas várias maneiras de contestar a Tradição. Nas circunstâncias atuais, no entanto, tôdas elas oferecem perigo à fé, e talvez mais aqueh1s que menos aparecem como opostas à Igreja tradicional. Segue-se que de nós se pede cuidadosa vigilância, não venhamos a assimi.lar o veneno meio inconscientemente. Se há gente de boa fé que, por ignorância ou ingenuidade, nas novidades que vai aceilando, cenciona apenas obter uma nova expressão da verdadeira Igreja ; há cambém e sobrccudo, a astúcia do demônio que se serve dessas mesmas incenções para desgarrar os fiéis da ortodoxia católica.

Os falsos profetas e os novos Catecismos Na exortação Aposcóliea, que sugere escas considerações, insisce o Papa, sôbre a ação dos falsos doutôres, que, vivendo n9 meio do povo de Deus, corrompem a Fé e a ReHgião. Assim, diz que é "para 116s, Bispos", aquela advertência que se enconcra em São Paulo: "virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pe/11s próprias paixões e pelo prurido de escutar novitlades, ajuntarào mestres para si. A partarcio os ouvidos da verdade e se atir11rão às fábulas" (2 Tim. 4, 3-4 ), e mais adiancc, corna Paulo VI ao mestno coque de a lerta, ainda com palavras do Apóstolo: "do meio de nós mesmos, como jtí sucedia nos tempos de São Paul(!, surgirão homens II ensinar coisas perversa,s para arreblltarem tliscípulos atrás de si (Atos 20, 30)" (p, 105). · Quando os inimi.g os estão dentro de casa, como denuncia aqui o Papa, é sumamente néscio quem não redobra a vigilância. Na acuai crise da Igreja, podemos dizer que nos-

sa salvação escá condicionada ao cmprêgo de lodos os meios que preservem a incegridade da nossa Fé. Portanto, é necessária, hoje. maior acenção para evitar as ciladas armadas concra a autencidadc de nosso Criscianismo. Em Nossa Instrução Pastoral sôbre a Igreja, de 2 de março de 1965, fundamentamos semelhante advertência, moslrando como o espírito modernista, infiHrado nos meios calólicos, incroduz, entre os fiéis, o relativismo e o nacural.ismo religiosos, subvertendo o dogma e a moral revelados. Da difusão de semelhance espírilo incumbem-se, acualmente, os novos Catecismos. Eis que nos

Eucaristia, reverência com que fazemos profissão de fé na presença real e subsrnncial do Deus humanado no Sacramento do Altar. De acôrdo com o coscume cradicional, .que. segundo a Sagrada Congregação do Cuho Divino, onde exisce, deve ser conservado, recebam os fiéis, a Sagrada Comunhão sempre de joelhos, e as senhoras e môças com a cabeça coberta, e jamais se aproximem dos Sancos Sacramencos cm vcsces que desdizem do respeico e reverência para com as i.:oisas ~mgrach1s.

toca o dever de chamar vossa atenção, ama-

Tenhamos sempre codo o respeilo pelo lugar sagrado. Uma das caracceríscicas da Igreja nova é a dessacralização. Condena ela os edifícios próprios para o culco, e deseja que a Religião se dissolva na vida comum do indivíduo. Sob a alegação de que ludo é sagrado, na realidade, tudo reduz ao profano. Jesus Cristo acendia muico à discinção entre o sagrado e o profano. Comencanclo o trecho de São João, em que o Divino Mestre expulsou os vendilhões do Templo, declara Santo Agostinho que o mal não consistia em que se vendiam animais, porqu(mlo licicamente se vende o que llcicamentc se oferece no Templo. O mal não escava em que a venda se fazia, por mero incerêsse, num lugar sagrado, de si descinado /1 oração e ao culto divino (cf. i11 /o. cr. X) .

dos filhos, sôbre essas novas obras de ensino e formação religiosa que, a cítulo de fé para aduHos ou para o homem moderno, descrocm a doutrina tradicional, ora pelo silêncio, ora por omissões, ora de maneira positiva, por concepções concrárias à verdade sempre ensinada pela Igreja. São os novos Catecismos o mc.io de inocular na mence dos fiéis a nova religião, cm consonânci,i com as correntes evolucionista e raciona-

lisca do pensamento moderno. Não levancamos nenhum julgamento sôbre as incenções dos autores dos novos Catecismos. Não nos esquecemos, no encanto, de que, o "ho111e111 ini,nigo", ou seja, o demônio, que cudo faz para perder as almas,

se aproveita das perturbações causadas na Igreja pelos pruridos de novidade, c nelas mesmas insinua os sofismas com que corrompe a Fé e pervene os coscumes. Sendo. como são, os Catecismos instrumentos para formar, na Religião, :,s novas gerações, seria ingênuo pensar que o anjo das trevas não procurasse servir-se dêles, para a reali:taÇão de sua obra siniscra . De fato, pois, objclivamence, os novos Catecismos devem ser colocados encre os fautores da autodemolição da Igreja, de que fala o Papa. Nunca é denuiis salientar a importância do Catecismo. E, cm conseqüência, nunca será excessivo alenar os fiéis conlra os 1ex1os de Cacccismo que subvertem a Religião de Nosso Senhor Jesus Crisco.

[V A profissão de fé nos práticos litúrgicos e religiosos Na sua Exortação Aposcólica, Paulo VI onera a consciência dos Bispos. cuidem que a doucrina seja transmitida pura não só no ensino, como no exemplo que há de vivificar as palavra's. Refere-se o Papa aos auxiliares dos Bispos na difusão da sã doucrina. Sua afirmação, no encanto, compona interprecação rnais ampla, uma vez que, nos aios piedosos, fazemos viva profissão de nossa fé. Em outras palavras: o que cremos com a inteligência, isso realizamos na nossa vida católica, especialmence nas práticas religiosas. Em sentido inverso, é pelos acos c-o lidianos que, ou alimencamos a nossa fé, ou a encibiamos, segundo nosso procedimento se conforme com o que cremos, ou dêle se afaste. E aí tendes, amados filhos, côda a importância das práticas piedosas cradicionais. Nutriu-se com elas a fé das gerações passadas, que, com seu exemplo, nos 1ransmi1iram o amor a Jesus Crisco, à s ua doucrina e aos seus preceitos. Elas fortificarão, hoje cambém, a nossa fé, e nos darão as energias de seguir o exemplo dos nossos irmãos, que nos precederam no sa,110 cemor de Deus. Nesca mesma ordem de idéias, devemos precaver Nossos amados filhos, concra as prácicas religiosas, nas quais ou se cncarn.1 o espírico da nova Igreja, ou excenua-sc a adesão aos miscérios revelados. Tratando-se de questão capilal, que inceressa à salvação c ccrna, recomendamos vivamence aos Nossos caríssimos filhos, que se mantenham fiéis ,,os exercícios ascécicos encarecidos pela Igreja: meditação, exame de consciência, aios de monificação, visitas ao Sanlissimo, confissão e comunh ão freqüence, oração contínua, e, de modo especial, a reza coti,. diana do cêrço de Nossa Senhora.

O culto à Santíssi mo Eucaristia De modo particular, novamencc lembramos aos Nossos amados filhos a reverência que, rradicionalmence, se deve à Sancíssima

Dessocrolixoção

Proteção e ·mediação de Ma ria Santíssimo Acenamos, amados filhos, a algumas prálicas, acravés das quais, procura-se inscaurar na Igreja um cristianismo nôvo, des1oan1e daquele que Jesus Crislo veio crazer à cerra. Em Nossa Pastoral de 19 de março de 1966, sôbre a aplieaçli.o dos Documencos conciliares, salientamos o grande perigo que de cais práticas se origina para a fé, incoxicadas, como estão, pela heresia difusa que encontra conivência na mencalidade relalivista do mundo moderno. A si cuação é tão grave, o mal cão profundo, que hoje, mais do que em cempos passados, é necessário o apêlo aos meios sobrenaturais da graça. Entregues a nós mesmos, somos incapazes de resiscir à onda devada pelos falsos profetas, e menos ainda de fazê-la amainar, de modo que possam as almas concinuar serenamente nas vias da imitação do Divino Salvador. Recorramos, pois, à oração, e ,;specialmente à devoção a Maria Santfssima, Senhora nossa. A Tradição é unânime em apresencá-La como Medianeira de tôdas as graças, como Mãe terníssima dos criscãos, empenhada na salvação de seus filhos, como inceressada na integridade da obra de seu Divino Filho. Nas situações difíceis, em que Se cem enconcrado, a Igreja habituou-nos a suplicar o valioso e e(icaz auxílio da Sanca Mãe de Deus, seja para profligar heresias, seja para impedir que o jugo dos infiéis pesasse sôbre os cristãos. Podemos dizer que a Igreja jamais Se achou em crise tão grave e cão radical, como a que hoje alui seus fundamentos desde os seus primeiros alicerces. É sinal de que a proteção de Maria Sancíssima se torna mais necessária. A nós compete fazê-la real, mediante nossas súplicas à Santa Mãe de Deus. Nesse sentido, renovamos a cxorcação que fizemos à reza cocidiana do têrço do santo Rosário, cuja valia aumentaremos com a imitação das· virtudes de que a Virgem Mãe nos dá panicular exemplo: a modéstia, o recaio, a pureza, a humildade, o espírito de monificação na renúncia de nós mesmos, e a caridade com que, pelo bom exemplo, como discípulos de Crisco "impregnamos de seu espírito a 1nenu,lid11de, os costumes, e a vida da cidade terre11a" ( p. 105). Confian1os que a preleção da Santa Mãe de Deus nos conservará a fidelidade à Tradição na nossa profissão de fé e nas nossas práticas religiosas, como nos hábilos de nossa vida católica. Certo de que tão excelsa proceção jamais nos faltará, enviamos aos Nossos zelosos Cooperadores e amados filhos Nossa cordial benção pascoral, em nome do Pa t dre, e do f'itlho, e do Espírico·tSanto. Amém. Dada e passada na Nossa Episcopal Ci<ladc de Campos, sob Nosso sinal e sêlo de Nossas armas, aos onze dias do mês de abril do ano de mil novecencos e seccnta e um, na Santa Páscoa do Senhor. L+S

t Antonio, BisPO DE CAMPOS


A VISÃO GN STICA DOS BENS TE E A LI ÃO DAS PARÁBOLAS P

OK TODO O Evangelho perpassa umt< triste rcaliôad~: o modo carnal como os

homens encaravam a divina mensagem trazida à terra por nosso Salvador. Aos incréus de todos os tempos se aplicam as palavras do Filho de Deus a Nicodcmos: "Se "ºs 1e11ho falado ,las coisa.,; terrenas. ,, niio M e llcredi~ wis, ,·omo Me acre,/itareis se vos falar tla.r ,·elesres?" (Jo. 3. 12). Em nossa época cons1itucm 1cgião aquêlcs que procuram dessacralizar e ..dcsmitizar" a )grcja. pondo entre parênteses a vida eterna, para se preocuparem preponderantemcn1e com

o desenvolvimento econômico. Assim se afas.. tam escandalosamente da lição dos Evangelhos quanto às coisas terrenas, ao mesmo tempo q ue se abre um enorme abismo entre êles e as coisas celestes que rcpr::sentam o nllcleo da mensagem trazida ao mundo por NoSso Senhor Jes us Cristo. O tema por cxcclênci., que preocupa os católicos progressistas são as chamndas reformas d ~ estrutura, através das quais desejam êlcs implantar o igualitarismo social e econômico. Não 1ra1am de difundir as v irtudes. rnas ocupam•sc das coisas deste mundo. vis:rndO a comunidade de bcn$ e de tarefas. Parn a implantação do Estado socialista. ou comunitário. uma das medidas mais urgentes. segundo os progrcssis1as. é a des1ruição do regime capitalista. baseado na desigualdade econômica t.:nlre os homens. na propriedade privada. na livre disposição dos bens econômicos e cm sua transmissão por herança. na diversidade de classes, no saJ.:,riado e no lucro. Queremos mostrar, nas linhas que se seguem, q ue o socialismo e o comunismo vão não sõmcntc contra os pressupostos do regime capitalista, mas contra tôda e qualquer _ordenação econômica e social baseada na lei natural. Por outras palavras, corno o amigo urso da conhecida fábula de La Fon1aine, a pretêxto de espanta r as môscas representadas peles abusos praticados na vida económica pelo regime capitalis1a. o progressismo quer usar ::1 enorme pcdrn socialista ou comunisrn, e acaba por arrebentar a cabeça de quem supos1amcn1c de.scj~ socorrer. isto é. do pobre povo de Deus.

O desopêgo dos bens terrenos Em primeiro lugar. assinàlemos como Nosso Senhor prega o desapêgo dos bens terrenos. "Nc1o quefrai.,· acumular paro v6..\· I<'· sourQs "" ter,·"" (Mat. 6, 19). 'ºNtio wuleis i11quie1os nem com o que vos é 1>r<•<:iso para alimen1ar li vossa vida. nem ,·om o que vos t! preciso para vestir o vosso corpo" (Mal. 6. 25). º'Bu~·cai. pois, em primeiro lugm·, o Reino de Deus e a sua jusllça, e 1ôdt1s esws coisas vos .'ieriiô ,Iodas por C1c.·ré.rcimo" (Mat. 6. 33). A excessiva preocupação com o que haveremos de comer ou de beber ou de vestir é. segundo a lição que nos deixou o Divino Salvador. coisa de pagãos e de pessoas do mundo (Luc. 12, 29-30). Àqueles que põem nos bens terrenos todo o seu aíeto e dêlc-s não fazern o uso q ue Deus quer. dirige Nosso S:nhor as maldições que se contrapõem às bemMavcnturanças: "Al de vós. ó ricos! porque tendes a vos.ra c:u11so"1r,io! Ai tle v6s os q ue esta;.f saciados.' porque viri!is a ter fome. Ai de v6s os que agora ride:;! po,··

que genwrei.t e chorareis.. (Luc. 5. 24·26). No episódio do jovem rico, que não O quis seguir porque tinha muitos bens. d isse o Senhor aos discípulos: "Filhinhos, quanto é difícil entrarem no Reino de Deus os que confiam nas riquet,(1S! Mais fácil é. pa.rst,r nm Cll· melo pelo fundo tle uma agulha do t1ue um rico entrar 110 Reino de Deus''. E êles se admirav;-,m, dizendo uns para os oucros: ··Quem potle logo salvar-se?" (Marc. 10, 24-26). C-0rn efeito. é tendência generalizada dos homens a de c,o nfiar nas riquezas; os que as

possuem, q\1crcm :iumcnrnr seu cabctJal. e os q ue as não possuem. prcocup;1m ..se cm obtêlas. A "confiança nas riquezas·· é o m,,I a que Nosso Senhor no Sermão da Montanha alude quando enaltece aquêlcs que se mosrram pO· brcs de espíri10. A avareza é filha dessa falta de confiança em Deus: ·'Gut1r1.lt,i.vos t: {ICtmtelai•vos dt: 1ô~ ,Ili a avarel.Cl, porqu(' a vil/a de cada um mio consiste ,w abundâm:ia ,los be1's qm• possui" (Luc. 12, 15); verdade que 1ransparece claramente na parábola do homem rico que au• mcntou seus celeiros: '"Néscio, esta noite te virão demandar a tua almC1; e as coisa..\· que j1111tas1e, par" qm•m sereia? Assim é o '''"' entesoura pura si, e niio é rico para Deus·· (Luc. 12, 16-21 ). Convém ac.;:n1uar que no Sermão da Montanha, ao citar as bcm-:wenturanças. Nosso Senhor não d iz simplesmente : bem-aventu rados os pobres, mas "'benH,vemurados os pobr(·s ,1,.. eJ·pírito, pon1ue dêles é o Reino dos Céu,'' (Mat. 5, _3) . Essa pobreza de espírito se refere sobretudo ao desapêgo e à indiferença com que devemos encarar e usar os bens da terra. T udo o que temos. bens do espírito e bens de ,fortuna. devemos referir a Deus e dêlcs us;,r como instrumento para o "1ínit:o n(·cessário". que é a salvação etctna.

Onde entro o gnose Em contraste com essa posição equilibrada cm face dos bens dêste mundo. desde os primei ro.s. tempos da Igreja se levanta uma tcrrÍ· vel heresia. a gnose. Em vez de condenar o uso de,5regrndo da riqueza, como sempre Céz 11 S11n1a Igreja. in1érprc1e infalível dos Santos Evangelhos, os gnósticos amaldiçoam a posse dos bens terrenos em si mesma considerada, apresentando ;1 pobrcz;:1 rc,-11 não como \J n l consel ho evangélico. m,,s como condição im· pcra1ivamente imposta c1 tóda ;:1 humanidade.

Conscqiiência inexorável .dessa posição. o gnosticismo cm todos os seus ramos, dos 1empos apostólicos aos nossos dias. foi sempre adepto do socialismo e do comunismo. cmbor;i .s.ob variadas formus. <:an-u1fladas o u abcr1as. que a H is1ória rcgis1ra . E assim, dos ebionitas aos socialistas-cristãos, vemo•lo per.. correr a1ráves dos séculos tôdas as gamas da perversão cole1ivis1a. A condenação que certos Bispos e Sacerdotes faiem do atual regime capitalista deve, por1anto. ser estudada no cont«.!Xto d:i história da gnose. du q ual a rase prcscn1e é um simples epis6dio, embora culmin;,n. 1c. E como essa luto é 1ravada pelos progressistas prc1cnsamente em nome dos Evangelhos. vejamos o que nos ensina o Nôvo Tesiamento :,;ôbre os <lados íundamentais comuns a tôdn vida econômica. Nosso Senhor diz claramente que n.ã o veio destruir a Lei ou os Proíetas; não veio para os <lcstruir. mas sim para os cumprir. não desaparecendo da Lei "wn s6 jota ou um .r6 ápice" ( Mat. 5, 17-1 8) . Ora. preliminarmente devemos observar qut os gnósticos não acei-tam a lei natural. de que os Dez Mandamentos são a expressão codificada. pois professam um declarado pessimismo a respcilo de tôda a criação material. atribuindo a esta todos os males do mundo. razão pela qual rcjci1am lôgici1mente a própria natureza humana d~ Nosso Senhor Jesus Cristo. isto é. recusam-se 11 adorar II Sagrada Humanidade do Verbc> de Deus encarnado. F,,zemos esta ressalva para orientaç,ã o das :almas retas que nos lêem. as quais tornarão nossas palavr"as no seu devido valor. e não como se estivessem carregadas de sentido má-gico e ocullis1a. qual geralmente acontece com as dos maniqueus de todos os tempos, inclusive aquêlcs que querem passar êssc velho contrabando doutrinário corno se fôsse fru10 ultramoderno do li Concflio Ecumênico Vaticano.

Verdades que ressoltam dos parábolas de Nosso Senhor Se de ínicio nos referimos ao papel ins-trumental dos bens dêstc mundo cm face de uma realidade mais alta. qué é ~1 vida eterna. fizemo-lo para deixar bem claro que Nosso Senhor Jesus Cris10 sempre desejou que O o uvíssemos como homens espirituais e não como homens carnais. Mas se l,lc próprio ressuscitou cm sua santíssima humanidade e nos prometeu a ressurreição da carne no ú ltimo dia, é óbvio que à luz de sua ctivinf't doutrirw não se pode sustentar a distinção dualista e maniq uéia q ue exalta o espírito e execra a matéria. Tudo o que vem das mãos de O'eus é bom. tanto na ordem espiritual quanto na _m aterial. E os males que afligem o homem não se acham apenas no corpo, como q uerem os gnóstico-maniqueus, mas sobretudo na alma, como fruto do pecado. ls10 pôs10, vejamos como Nosso Senhor Jesus Cris10 encara a vida dos homens sôbre a terra, em sua íaina diária de viajorcs que, dtmandando a vida eterna, têm necessidades materiais a satisíazer. As parábolas, ne$te scn1ido. nos dão um vivo flagrante dcss,i realidade que no fu ndo é de todo o sempre. Escolhe o Divino Salvador fatos comuns do conhecimento de todos, para tecer uma narrativa que se dcs.. tina a conduzir seus ouvintes a uma verdade de ordem moral ou espiritual. Com cíeito. as comparações que se,·vcm de · parábolas repre· S'.?nta.m geralmente realidades de orden\ natural; diferindo da fábula pela verossimilhança da própria históri.1, concorda a parábola com ela nos requisitos essenciais de simplicidade e brevidade. Utiliza um fa to subjaccn1c, retirado em geral da vida comum: um homem lavra um campo, o u1ro acha um tesouro escondido. alguém arrenda sua propri..::dade e faz uma viagem, etc. Há sempre nela um sentido literal que serve de ponlo de apoio ao sentido parabólico, moral ou cspiri1ual. As conclusões a serem retiradas dês.ses ía-

tos. Nosso Senhor as consideru de c:vidência imediara para o comum dos o uvintes, embora haja casos cm que a má vontade de alguns circunstantes leve o Divino Salvador a não revelar o scn1ido da parábola senão a alguns pouc,o s tscolhidos. Mas cm certas ocasiões a aplicação ressalta com tamanha evidência, que Nosso Senhor deixa aos ouvintes o encargo de dar a conclusã.o ao fato narrado, como na parábola dos vinhatciros homicidas (Mat. 2 1, 33-4 1). É claro que não é nossa intenção cmpres1ar um valor dogmático ao Séntido literal das parábolas. mas apenas nos valer dêsses exem• pios retirados da vida d iária para mostrar a perenidade das verdades que nelas se acham subjacen 1cs.

A desigualdade social Um dos falsos p rincípios da Revolução, tanio cm sua fase liberal quanto cm sua fase comunisla, é o da igualdade social. Nosso D ivino Salvador co nsiderava, pelo contrário, a desigualdade entre os homens como um fa to normal e corrente que não devia ser pôsto cm discussão. Na parábola dos dez marcos, diz Nosso Senhor: " Um hom em flObre [D. Duarte cm sua Concordância adota a expressão "homt'II, de gra,u/e nascimento"} foi para um país distante tomar po.,se de um reino" (Luc. 19. 12). E mais adian1e na mesma parábola: ··Mas os seus conciticulãos '1borrecium-110; e c,nvluram a1rás dê/e ,Jeputados encarregados de ,Jizer: Ncio queremos que êsre reine sôbre 116s" (Luc. 19. 14). frase profética q ue devia serrepetida pelos judeus na Paixão de Nosso Senhor. o que mos1ra a in1cnção do F ilho de Deus de Se comparar a êssc nobre. Que na vida social cxistcn, naturalmente aquêlcs que servem e aquêles que são servidos, é fato correlato. que se depreende do seguinte

exemplo dado por Nosso Sen hor aús seus 0 11 vintes: "Qual é de v6s o que. hmdo um St~rvo ,, law·t,r ou <, guarc/(lr gculo, lhe dig'1 , c/mmclo êfr Sl! n,colh<• cio cmnpo: Vem. pô1..··I<' ti me.m: (' nc1o lhe ,liga lllltes: Prepartl•mc a ceia~ e ci11ge-1e, e serve-,ne, e nquanto eu como (' l,ebo. t' ,Jepois comerás tu e beberás? Porventura, fica o senhor obrigatlo àquele yervo, porque Jêz w<lo o q u e• lht' Jinlu, mtuulatlo? Creio que ,uio. A.rsim também vós. depois de lerdes /t!ito flulo o que vos foi mandado, tlit.ei: Somos servos inúteis,· Jizemos o que devfomos /<11.el' (Luc. 17, 7-10). 00

Direito de 'propriedade e de herança Lig?do lambém a essa desigualdade está o fato de q ue os homens possuem bens como próprios. e uns possuem mais que os outros, o que é tomado com tôda a naiuralidade pelo Divino Mestre cm várias circunstâncias. O direi10 de propriedadt e a livre disposição dos bens pelos seus donos são dados indiscutíveis: Reino cios C'!us é semelhante " um tesouro esco11ditlo num c,unpo, o qual, quClndo um homem o acha. esconde-o. e. pelo g6sto cJue sentt' ,Je o achar_. vai, e ventle tudo o que tem, e• compra C1quêle campo. O Reino cios Céus é u,mbém semelhante a um homem uegociante, t1ue busca boas pé rolas. E. tendo e111.:0111racto tuna de grande prêço, vai, e ve,ule flulo o qu e 1e111. ,. " <'Ompra" ( Mat. 13. 44-46) . E a posse dêssts bens como coisa própria e não propriedade coletiva, tem como corolário o direito de herança ; por exemp lo: o filho pródigo pede ao pai a parte dos bens q ue lhe toca (Luc. 15, 12). Mas onde o d ireito de propriedade e o de herança ressaltam com mais vigor é na parábola dos vin hateiros homicidas: "Havfo um pai de /amí/ia, que plantou uma vinha, e a cercou com uma s~be, e cavou n ela um lagar, e edi/ic·ou uma 1ôrr1!. I! arrendou•o CI uns lavradores, e auscntOU·St! para longe. E, es1a11clo próxima a estação dos fru tos, enviou os seus servos aos lavratlores, para receberem os seus /rutos. MC1s os lavradores, agarrando os servos, feriram um, mararam outro, e a outro apedrejaram. Enviou novamente outros servos em maior número cio que os primeiros, e fiteram•lhes <> mesmo. Por último enviou•lhes seu /ilho, dizendo: Hiio de te,. reJ·peiro a meu )ilho. Porém os lavradores, vendo o filho. disseram entre .ri: Este é o he,·· cleiro; vinde, mmemo--lo, e teremos a lwrcmça. E, lançando-lhe as mãos, puse,-am-no fora da vinha, e mataram-no. Quando, pois, vier o Senhor da vinlw, que fará êlt àqueles /avrnclores:' Respo11dert11n-lhe: Matará sem pieda,le êssts malvados. e arrendará a sua vinha tl outros lavradores. que llre paguem o fruto a seu tempo" (Mat. 2 1, 33-41). Nessa belíssima parábola vemos não somente ressaltar o direito de p ropriedade e o de heranta, mas também o d ireito de livre d isposição ·· da terra mediante arrendamento. Os vinhateiros homicidas são a pré-figura daqueles q ue na Rússia, na C hina, em Cuba ou no Chile susteniam pertencer a terra aos que a trabalham e dela violentamente escorraçam seus lcgltimos proprietários.

··o

O regime de soloriodo Outra decorrência do d ireito de p ropriedade vem a ser a livre contratação do trabalho, vale diz.cr. a liceidade do regime do salarindo, quo, os esquerdistas-católicos, fazendo côro com os socialistas e comunistas, consideram radi· calmente injusto, devendo ser substituído pela par1ieipação nos lucros, a co-gestão ou a co·propricdadc. Dentro da sociedade católica foi desenvolvida a instituição do famula10, através da qual, por razões de mútuo interêssc, famílias m,1is abastadas contratam estàvelmente o serviço de famílias menos favorecidas por bens

Cunha Alvarenga 5


CONClUSÃO OA PÁG• .S

A VISÃO GNÓSTICA DOS BENS TERRENOS de forlUna. para juntas tirarem d a terra ou de outros meios de produção o que a uma::; e oulr:lS é necessário para a subsistência. 'E a participação nos bencrícios. quando livre e cs· pontânc:,, não é novidade de nossos di.:1s. mas no p:,ssado foi frcq\icntc onde o capital e o trabalho harmoniosamente se uni.1m para a realização da mesma t;ircfa. Nada de injusto. poré m. há na mera contratação de trabalhadores avulsos. mediante estipêndio prCviamc nlc combinado. 8 o que nos mostra a parábola dos operários da vinha : "O Reino tios Céus ,f semt:llumte a rtm P"i de /wnília que, ao romptr da 11umlul , s,;iu a contrat(lr op,•rário:; pura a J·ua vinha. E, tendo ajustatÍQ com os op,•róriOJ; um dinlu:iró por dia. 111,111,lou•os p11ra " suu vinha. E, l<·mlo J·a ído ,·i'ir,·t1 d,, l f!r<:c•fra huru. ";,, Ollfros, qm' ,,s,awun "" praça oclosos. 1:,.· ,liJ·se.. /hes: Ide vós wmbém pc,ru a mlnha vinha, e <l<1r-vos-ei o que /ôr jus10. E f!f:s /orwn 1, .. 1. No /lm <la ltlrde o senhor clct vinha dlSS(' uo seu mordomo: Clwma o~· opercíric>s t' paga-lh,•s o .w1Mri<,, com,•<·mulo 11e/os últimos cm? os vri-

nu,iros. Tem/o cht'gmlo. pois. OJ" <Jllt' rinlum, i<lo c:êr,·a ela hora wulh·ima, re,·ebeu ,·,ulã um J·e u dinheiro. E c:/wgmulo também os que tinlwm ülo pâmeiro. julgarum que l,avimn dt receber mai.r; porém. wm/Jém ,-;lt:J' rt:c1.•bt!rm11 um di11/u•iro cm/11 um, E. ac> re,:(•berem. murmurtf• wmr co11rra o pul de família. ,liz.enelo: llstes últimos trabt1llurra;11 uma hora. e os igualuste t·onosco, que .\·uportmnos o pêso do dia t' do ,·t1/or, Poré111 i?le. n•spo,u/('f,do a um tlê le.,·. tliJ'se: A migo. e u mio te faço inj11s1iç<1; ll(iô <1jm;.. wste tu comigo um tUnhelro? T omu o <1ue é re u. e vai·t(·; q11t• eu quero ,lar també m a Pstt' último umto como " ti. Ou ,uio me é líclto /<1t,t•r (dos meus bensJ <> que quero? Porwmturt1 o teu o lho é mau. vorqut• sou ben n ?"

("M at. 20. 1-15) . 1>rcssuposto o justo salá rio a que t'az me nção a pará bola. o resto. como por cxemplo a pi1r1icipação nos lucros. será produto <la mera liberalidade do conlratador do serviço. O que ressalta com tôda a clareza dessa~ pahtvras de Nosso Senhor é q u~ n.1da exis1e de injusto ou

TFP 1·eza pela ~onve.r s ão da Rí1ssia PARA OBTE R da SSma. Virgem o quanto antes o c umprimento das promessas feitas na Cova da Iria no ano de 19 17, especialmente a conversão da Rússia, hoje dominada pelo comunismo, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Famíl ia e Propriedade promoveu em São Paulo, de 4 " 12 de maio p.p. , uma novena em louvor de Nossa Senhora de Fálima. Diante do oratório instalado mt sede da en1idade à Rua Martim Francisco, n."' 665669, onde se acha expos 1a a imagem da lmaculada Conceição atingida por uma bomba terrorista em junho de 1969, sócios e colaboradores da TFP e grande número de devotos rezaram diàriamenle um têrço e a ladainha lauretana, çntremeados de cânticos. O dia do início do novenário coincidiu com o primeiro aniversário da vigília de ora-

çà(:s que - como já nouc1amos cm oulrn oportunidade a TFP vem fazendo no mes mo local , das 18 horas de c;oda (lia às 6 da manhã seguinte. No e ncerra me nto da novena os sócios e militantes da entidade fizeram uma vigília extraordinária e solene, rezando todos juntos, com o Conselho Nacional it fre nte, desde as 2 2 horas d o d ia 12 às 6 horas do dill 13. No dia 13 de m:iio, no qual se comemorava o 54.0 anivcrs;:ário da primeira das apa.rições da Cova da Iria e o 25.<' da coroação pelo Legado pontifício da imagem de Nossa Senhora que se venera em Fátima. teve lugar diante i.lo oratório da TFP um a to fes tivo, com a recitação do têrço e d,i lada inha, com cânticos mariais pelo Côro São Pio X e com a leitura do relato da aparição.

TFP quer prazos amplos para os Códigos O PROF. PLINJO Corrêa de Oliveira, Pre• sidente do Conselho Nacional do TFP, enviou ao Sr. Pereira Lopes. Presidente da Câmara dos Deputados, 1elegrama referente à dilatação dos prazos para tramitação dos projetos de Códigos, solicitada pdo D.eputado Ulisses Guimarães. É êstc o texto do despacho: ''A Socletlade Brasileira de Defesa da TrCI• dição_, Família e Propriedade pede 110 ilustre Pre.ride11te da Cámara ,los DepuuuloJ' que em penhe seu prestígio (! in/luéncia u fim ele i111rodutir na tramiu,çcio dos projetoJ· ti(• Códi· gos prazos sufici e111enw111e Jolgatlos paro permitir o participação ele tóclas a.r fôrça,\· viw1s do País no momentoso assunto. A opinillo ,,,;. bUca, justan,ente desejosa de as.tociar·Se "º ,~stutlo da impor1ante matéria, se111ir-se-i<, profundamente d ecepcionada ,·om o a1,row1ção tle Códigol· que não refletissem aJ· ospiraçõe.,· das grandes ,·orre nteJ· ideológicas e das váricls dlls• ses profissionais ela Nação''.

Idêntico telegrama foi endereçado ao Sr. José Bonifácio, Presidente da Comissão de Jus1iça da Câmara.

Ta mbém a o Sr. Ulisses Guimarães Ao Deputado Ulisses Guimarães: autor da inicia tiva, o Presidente do Conselho Nacional da TFI' telegrafou neste$ têrmos: "M1111i/es10 llO ilustre ,·onrerrâneo o aplauso tlOJ· sócios. militantes e simpatiwntes c/esu, Socfo<lade por sua l,íc:i<la e valoroso inicimiva pedindo a ,Ji. lataçcio de uxlos os r>raZOJ· para a trmnitaçâó tios ()H>jetos til• Códigos ,w Cli11wro dos De· />utados. Só mravés ,le largo debau·. com a participação dt• r,)dos as /ôrçlls vivas da ,u,.

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donalhlmle. pod,•rúo o~· novo.,· Código.,· t!XJll'i· mir o <•spirito muc~llll('o ,lo IJrt1sil com,·mJ)O· rúm•o".

Postcriorrnentl! o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira enviou ao Deputado José Bonifácio Neto. da Guanabarn. o seguin te telegrama: "Fc-lid to colorostimtmt<· V. Exda. pela "J>rt.!· l·e111açào ,1': t111teproje10 pró1101u.lo J't:fa meses ' '" 1.lebllte na Cánwra 1>artJ cada Código. Purt•c.·e~me lm1>0:;·.,í vel tlt'libc•rt1r sôhn <> ;m,>Or· lllltl(' llS.\'WIIO e m p,•ríodt> mn,or''. 1

Aplauso ô direção da A RENA Aplaudindo ,1 atitude <la direção nacion:11 da ARENA, que considerou questão fechada a rcpuls-a :lo n,;1is recente projeto divorcis1;,1 do Senador Nelson Carnei.-o. o Pror. Plinio Corrêa de Oliveira e nviou telegrama ao Presidente da Comissão Execuliva daquela agremia· ção. Oepu1;1do Bat ista Ramos, bem como ;,1os lideres do mesmo pari ido no Senado e na Câ· mara Federal. respectivamente Senador Filinto Miiller e Deputado Geraldo Freire. Eis o texto da mensagem : "A Sociedade Brasileir(l c/,t De/esll da Tr<uliçôoJ F,,milia e Propl'iedtlde f1.1 lici1a V. Excia. pcl<, plllri6ti('(1 atltude llSSumfrl,1 em /<ice do projeto divorch,·ta Nelson Carn elro. Qumulo do 11u:monfo,,1 ahui• ro·assinculo em qut, a rFP c:óllu:u 1.042.359 as.sinawros <'m cinqiie,un dias, o povo brtl.\'Í· leiro jú e.tprimiu. inso/,'smtiw:lmelllc, :wa rt'· pulsa ao divorc:i~·mo. A atitu,/(, ,la ,Jire{'âo nad1J11(1/ ,la ARENA foi. asJ·im, recebida c·om, alívio t: fllegria pd<t maioria t111titlivorâs1" ,lo País".

de e rrado no regime do salariado. i: que êstc já e xistia naquele tempo, não sendo, pois, <:l:L· ractcrística exclusiva do rcgim·c capitalista (e assim se desmente a evolução apregoada p ela c:squcrda-c;,116licc1: servidão salariad o participação) .

A produtividade, da moeda O lucro é outro cavalo de batalha da csquerda-cat61ica, para quem o embolorado Marx é quem diz sempre a úhima palavra em matéria de cc,o nomia. Se é verdade, como ensina o Apóstolo, que "os <1m• querem enriquecer caem na tentação e no laço do demônio" Porque " a rcút, de todos os males é o amór ao dinheiro" ( 1 Tim. 6. 9 e 10). é claro que isto se aplica sobretudo a um rcgirn~. como o socialista ou o comunista. que põe a vida da a lm.1 cntl'c parênteses, quando a não proscreve às escâncaras. e vive exclusivan1ente para a conquista dos bens clêste mundo. para a aquisição dos quais o dinhtiro existe. Mas - pressuposta a moderação com q ue nos devemos valer dos bens terrenos. usando-os como se não usá..:;.semost se· gundo manda o Apóstolo ( 1 Cor. 7. 3 1) a moeda, ent re os povos civilizados de todos os tempos. 1em um valor de troca e um papel d: denominador comum da riqueza. que em !)i mesmo nada oferece de pernicioso. A rniz de todos os males não se ucha. no dinheiro, n·n1s no amor que lhe é de$ordenadamente dedicado. t bem verdade que há épocas e povos nos q uais a moeda tem um uso bem circ u nsc rito. sendo o benefício econômico caracterizado por outras modalidades de lucro. via de reg ra não provenientes diretamente da mo::.:da. como se dava na economia medieval, onde o lucro se at.·hava re presentado preponderantemente pela renda da terra. Tudo isto pôsto . levando em consideração o que Nosso Senhor ensinou sôbre a avareza e sôbrc o modo como devemos encarar as r i• q ucz.1s. o emprêgo do dinheiro como veículo dclS atividad-es econômicas é uma coisa perfci. t::1mcn1e licita. e disto nos dá exemplo a pará• bola do.s talentos; o Rcino dos Céus será "1,,·01u1J 11111 l,0111e 111 que. au~·e,umulo·S(• 1u11·11 /on8c, clwmou os st•us J·t•rvoJ·, t.> lhes emr,~gou os seus b<•11s. E dt•u " um ciucu ralentos, <' " outro dois. ,., tJ ó tllro um. e, cuclu um J·e1:wulu u sua cupadtlatie, e partiu imetlialam(.mte", N,1 volta. o qu:: havia recebido cinco talcn1os lhe áprcscn1ou ou1ros cinco qt1e havia lucrcJdO, e o que recebem dois icilcntos havia lucrado out ro~ dois. Ambos fo ram louvados e galardoados pçlo senhor. O re rcciro. que recebera um só t<lknto. devolveu-lhe ê.~sc mesmo rnle1110. sendo re1>re· cndido como mau e preguiçoso. ;1crcscentan<lo o senho r: ··,Jt,"i<J.'i. poú-. ,lar u meu ,liulwiru aos bcmqucâros ,,. ,i mln/u, volta. t•u terit, ,.,,cc· bitio <·erramc•nte c:óm juro o que cr<, m eu". ~ o servo inútil foi d u ramcnrc cast igado ( Mar.

25. 14-30) . O mesmo 1ema é abordado pcl.i parábola dos dez marcos (Luc. 19. 1 1-28). Destaquemos. nesias parábolas. dois ra10s que Nosso Senhor trata como nornlais: o luc ro que vem de negócios rcaliz.ados por meio de dinheiro ou do capi1,1I. e os juros que no~ podem advir dêsse mesmo dinheiro. Uma ter· ceira considcraç,ã o seria a de que é justo dar maior remuneração a quem se mostra mais diligente e industrioso ao manipular o dinhei• ro. e de que merece castigo quem permanece n,, ociosidade quando tem o brigação de fazer render o capirnl. O uso do dinheiro para rins produtivos tem sido um dos le mas mais visados pela demago· g.i;j dos c.116 licos-esquel'distas e dcmo·cris1ãos. Conde nam 1ôda e q ualquer atividade econô· mica deco rrente da livre iniciativa, aquilo a que dão a denominação pejorativa de inlerêsscs privaristas. como se o fazendeiro ou o industrial, po r exemplo, não concorressem para o bem comum com suas atividades lucra1ivas. Vemos, pelo contnírio. que Nosso Senhor cita como cois;, 1rivial o negociar com o dinheiro, dandolhe aplicação produtiva e. portanto, com êlc obtendo o lucro. o benefício que resulta das ativid ades econômicas. O dinheiro. em si mesmo considerado, não é fértil. Mas desde que empregado na aquisição de terras, d e implementos para a lavoura e pa ra a indústria . para o transporte d e mercado• rias. etc.. passa ~• ~er realmente produtivo. É o que os teólogos e moralistas medievais já proclama\1~un. numa época em que a moeda tinha um papel muito restrito na vida econô• mica. ao reconhecerem os c h amados títulos ex1rínsccos jusliíic,uivos do intcrêssc ou juro, os principais dos quais eram o dano emergente, o hu·ro n•.i·s11ntt• e o pel'igo ,la .rorte. Isto é. ··cada vez que no empréstimo ,·oncorresse oi-

gtona tft1.)' 1.:ircuns tci11ci<1.,· ;,rdü·uclm;. uu porqua lto,u•es!>'i! um risco ,w J'Otltt do ct1pit1.1I e mpr1.·.t· tado. ou pOJ'lJue o pre~·J(llnüw uo e mprestat o dinheiro tives.rt' um r>erigo eh! dano . ou ,Jeixm,·· se por isso dt• o bu•r um ganho Hcitô com S<'u ct1pital. podia. l'ln virtwle eless<,s ratcil!,\', ru•,lir um inu•risst! t•m s,·11 empréstimo" ( Pe. Joaquin Azpiazu, S. J., ··La Moral dei Hon,brc de Negocios", Ed. Razón y Fe Madrid, 1944, p. 109). É o que estatui o Código de Direito Canônico ao dispor sôbre os contrê1tos rela1ivos aos be ns te mporais d;, Igreja : "Se se t•ntrega a 11lguém u11w cois,, fungível. 1/t• tt1I sorte (llll.' passe a ser sua ,: que ,lepois sei,, 11et·essário de• volve r outro r,mto do 11wsmo gênero, não l"e pode (Jcrceber nenhum ganho por ruzcio ,lo mesmo contrato; mas ao e mpre,t l<lr uma ,·cisa fungível, mio é 1/e si ilíci10 esrivular o iuro le· gt1I. a m enos que c:011st1.' que é excessivo. e ,,,; um juro m11is 1.1/to, .re !tá 1ítulo justo e r>rovor• cionlldo que o cooneste" (cânon 1543).

• A verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo , com suu doulrina de salvação, que não é de oqtem nem de hoje. mas de todos os wmpos a té a consumação dos séculos, qual nova Arca sobrcnada nas águas revóltas da apostasia d o mundo moderno. Bem rcíletindo, é coercnle que os pressupostos da vida económica baseados diri::ta ou indirctamenlc na lei na tural sejam combatidos por aquêles que se acham a serviço da RcvO• lução. tôda ela mergulhada no orgulho e na sensualidade. A harmonia social fundada nas lições hau· ridas 1anro no Velho quanto no Nôvo Testamento não pode ser acei1a por aquêles q ue partem de falsa doutrina de que a igualdade deve ser imposta aos homens. Depois de !)e o~up~1r dos diferen tes aíazerc.s dos que se de<lic:un sobretudo ao t rabalho manu:1I. .,ssim i.:on• clui o Eclcsiás1ico : "'/'<,)(/o~· ist,:s 1,"';111 C'Onfimt('ct na incltlstrla tlus stws meios. e nula 11111 t' .wíbiu na sua art,,. Sem Jódos <-:,we.\· ntiu :H' t·,li/kuria w1w <.·i lla,le: mio J'(' hubi1t1riu nda. n em st· 11m · J'c•11r;a; nwJ· êle.,· não <'11/raniu ,ws u.,·s<•n,bh;iil,,·, t les miu .w 11SJ'<•111<1râo na n ult.'irll do jui:_: e· mio e.1íl(~1u/eu io c,s leis d,, juJ·tira: miu t'll.\'Ít1m·tio c1.'i' r eg1'<í$ da mor<il. llt'm clu ,lin:i10, e' 11úa .\e ' admuio ocuputlos 1w in t<•ligênda ,lu.,· 1mrúh,,lmi: 1110!>' .,ó , esr,m ram tis c·uú·m · t/tlt' 11u.,·.,·cwt <·om o telHfJO . e' os J"<'t1J· ,•utu.,· .wio para / tr~c•ri•ut bem a obras ,Ju sua w·r,•: ; lt'S up/i('c,m ,,;sto " sut1 alma, t: prócurum vlv('I' Sc' J,ttoUI<> u lc·,· ,lo

Ecli. 38, 35. 39) . E.s1.:ndc.:ndo seu c1mor .1 todos o s honu:o:-. nosso Divino Salvi1Uor crn sutis p:u·álwlm~ m"u., 1lOS: c nsim1 o mcsrno ;1 rc:spcito da ,;ocicd"dc orgfmic:1? A llfasimo" (

@jAfOJLIC!§MO Mt:NSÁIUO çom APROVAÇÃO ECI.ESIÁSTtCA

c~m,pôS' -

E.'1-1.

do Rio

Diretor Mons. Antonio Ribeiro do Rosario

Oirctorfa: Av. 7 dç Setembro. 241, c:tixa pos1al 333. Campos, RJ, Adminisfr:içiío: R. Or. M3rtinic:o Pr-ado. 27J (ZP )), S. Paulo. Agente parn o F.!\1:ado do Rio: Dr, José de: Ofü·cirn Andrade, caixa postal 333. Cnmi>Os. RJ; Agtnte p:1ra os Estados de Goiás, Mato C ros.,;,o e MinllS Gtrais: Dr. Milton de Salte::;, Mourão, R. Par3íb:i, 1423, telefone 26,46'.\0, Odo Horizonte:; Agcntt para o &·rndo d:a Cu:m:ibar:"I: Dr. Luís M. Duncan. R . Cosme Velho. 8 15, 1clefonc 245-$264, Rio de J:1nciro: A5eenfc parn o Es1:ido do Ce:trá: Dr. Jost Gúardo Ribeiro, R. Senador Pompeu. 2120·A, Fom1lez:i: A~n:cs pam ll A.rgcnlina: ··Tradición, Famlli:i., Propiedad", Catill:i. de Corrco n.0 169, Capital Federal. Argc,u iil:'I; Agcnfc parn a Espanh a: José M3ría Rivoir Gómet, aparcado 8182, Madrid, Espanha. Assin:rfur:as :inu.:1i.s: comum CrS (5.00: cooperndor CrS )0,00: bcnfci1or C rS 60.00: grnndc benfeitor C r$ 150,00; scminnristás e cstudan,es CrS 12.00; América do Sul e Centrai: via marílim:i USS 3.50: \•ia airc:i USS 4_.50; outros paísts: via m:irilima USS 4,00: vin nirca USS 6,50. Vcnd:i avul.s,'l: CrS l ,SO.

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l OF. DEZEMBRO dt 1804, N•P<'· Ido toi saxrado lmpt:rador ptlo P apa Plo VII u~ Cattdt.;.1 de Nolrt•Datnt, cm Pa· rb. ~u podc-r panela c:on.-wlldado par"- ~mprc. Vcnct.-.. duns collgaçücs das (:randti.. Potênd:u curol)ti:tS e só 11 JnRbttrrn ous:n·11 aind• combnt~·IO nbcrli:uutott. O próprio govêrno lnilês, opeS1lr d<> poderio nav~t de que d.ispunfu:i, mosfruva.s,e menos agrtssivo do que 11ntts. porque a opinião ºpúbtlt.t de stu país

J' mio ~.coanpanhava com a me.sana

dcds:io o.s líderes polítlc:os que ~-ustcotava.ru u ne,. ccssidnde de ·continuar combattndo os crros rcvo.

ludonâriOs Que os exércitos de Nap0ldo semcuvrun por tôda onrtt.

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MORRE EM VIENA O PADRE LUIGI VIRGINIO

Aprovcitnndo-sc dessa~ condições ·r~vorávtb;. conctbcu o hnptràdor dos fronce-5CS o projtlo de lnv11dl.r as Ilhas Britânicas e deu logo l_níclo :1os prepán•Jivos para um dcscmbarquc. Sun marinha cm J11sufkkntc p11m a.sscgurnr o transporte dàS 1:ropas! m.us o 8ei da E.'ip3nha, Carlos IV, que St corn::u··.i seu allmto. consentiu tm ·ctdcr a frorr, espanhola parn o :iu;dllar n:a lnvasâo. O sonho de vt11cer :1 Jnghderra, stmpr~ ltt'àknlado por Napoleão. p:.lr\'· d.- ler ~Jtora p<>s.o;lbllldndes de êxito. Os dCsias(rts navals fronco-c.spimhóis de 1805 , ltum &1r nôvo :1ft1lto ;'aos pnist.s do continente. A Áustria, a Rú..-.sla, o Reino de Núpolcs e a Prú.-.$1:i tormàt'.1111 a terceira cOIIRnç:io eóntra a F rnnta. Mas cm IS de outubro de- 180S o exi-rdto :m,çfrfaco trn derrot:ido t-m Ulm, dcbrnndo abcrtns a., Porias dt \'km,. que fol fàdlmt1He conqui.)1adn )X'IO lnlmlt:o . Stls dia.~ depol'i, Napok:i.o sotria um arnvc revés. O Almlr:mlt Nelson dtsb:1r:d11va rompletAmente n e.squadra fr:incc.sa na bat:1lhn de Trnfolgar, tom~rl• do hnpossívtl, dtsdt- tnf;to. a çonquishl d:1 lnt:lá· <cm,"!. Aninll.ldà ptl.i>, vitória ln1dcsn. n Á u..«rll.l, au~I· liacla pelos rus.-ros. t'Ontlnuou r. rtsistlr, upesor do perda dt' Viena_, nms foi nov:tnltt1fe dorrot:1da ~• 2 dt dc-1.embro, em Aus1erlll:z. O lm~r.1dor ºFranclsc-o li. fortndo a ncs.todar :i pilt_, C:On.stj!;ulu recupernr Sú.a c:ipUal, nms tue que rtnunci:.ir a qualquer Jnnuência n:t Alrnianhã, bem c:omo c·C'<le-r Veneza ao Rdno da Itália.. Que tntiic. .s<' forrn:1r.1. t' toruentir ,m deP-OsJ(io dos Bo urlw1L, e.te Nápoles. substituídos no trono por José 'O-ou:·,. p:trlc. O Sacro Império Rc>uuano-Altm:'io. jíi cOIU· balido, perdi:, com tSSM otgod~tões 0.11 úllimo.s domínios Que r,lnd:1 consco ?..va ' for;, dos terri16rlus .:111sfrv,,húns:nros. No :.mo sel(ulute., Napóle:ío lmpch .:, s ua extinção e 1-' rand.i;to li p:L~Ou :a irllilul:1r..~t- :1pe-· n;.1.s lmpcr;1dor da Á~"'tri:1. A Revoh1ç--:lo c:01.1St~uir:1, assim, di:sfrulr t-m pouco tempo o Império qut" o,il :.nos nule-s n fgreJn 'l11.$l:mr.1m rom :, Côrô:u,·:io tk Carlos Ma.tno. 0

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A SAN'rA IGRF.JA ÇalÓli<> Apostólico RO• mana socicd~dc pc:rkita fondada por Nosso Senhor Jesus Crl.\10 p:1.r~1 dl$1ribuír aos ho· mc:ns os &utos d:a. Rtdençiio trnzld:1 ·ao mundo atrnvfs do Sac1'ifício do C:::.h'firio, LuzcJro d.1.s natões, nad:t Lhe, fall3 para cumprir t.ssa missão, <', mui. to embora stJam dis:ti.ntos os t"ampos tm qut o 1•oc1cr e.spiritual e o Podt:r ftmpor:il de~n\•Oh'ent sun açíio, têm os &°lados n;io sõmenlc o dever dr não Ct"t· cea.r a liberdade da E!,'J)Ô.\~ dt Crii."to, mos tarn~m de ra.vortcer por todos os meios o desempenho de ~u divino mandato. t mpbmt:ada no mundo erist~o :.t peste dó lalt"lsmo, não tnrdou A surgir a t~~(le, daqutlc:s que - nâo t"Onformndos com :l lll31'1:inalf'L.'lç5o da Jircj:1 e. por ºfalta de c.sp(rUo d e ré, não upac:itados de que Ela traz dentro de Si pr6pri:a a divina seiva de "·Ida :acham que ll soluçio para a Es-p-Osa 'dt C-ri.tCO f llJtllrrnr·St" aos regime.~ polítl«>s e Sociai.s vigtntt$, como um.a Crcp adeiru qut n;lo pode p :\SSIIY sem algum .\'l1Porte :a e la e,'1.r:rnbo, p-.tra txpandlr•St e vicejar. · Tivemos, asslni, no sfculo p:1S$1do o llbernlis:mo, que causou vtrdadelras dev:astatõts nas hOsfC'S do laic-ato e do Clero. Os católitO.\...llbt-rai.$ tudo fh:cn1m p;ir:1. quc. 11 lgrcJ~ Se ap,ol:1sst" às mu1cta.t tomeddas pelos princípios de 1789, niio J)Oupand() Insultos ... tóda. sot1c de iolpts p~1r.- rc<luz1r ao sllincfo aquêles qut, s<>b a b:mdeirn 'do uhramontanis:mo, lsto é, da f<'rvoros:l adesão ?li San1:a ~ e à doutrin11 católica. rejeitavam C$S$1 õ)>Úri:.1 alianta entrc. 3 Jgttja ·e a Revol ução. P::tladino dn cnus::1 da ortodoxia, eis como Louis Veulllot era tn1tado ptlo liberal Bispo de Orltans, Mom;rnhor Dup:an. loup: ;'Vós "ºs tonctdcLs. na l{trt"j.t, uni pap,cl que não m sb f tolc""vel. 1- .. ) Acuso voms U$UrpO· çôrs sôbrt o Episcopado e ,·oss.'IS p,erpétuas intrusões nos mais grav('S t: m.1ls delicados negócios. f ... J Acuso~vos de ae~ar. de ln~-ult:Lt e de tnluniar vossos lrm!i.oy 113 F,: :a palan;.'I dos Linos Santo$, 1 'atcusator fr::itrum". n1na11~m a mert"<"e mais ·do que vós"' (apud F.mm.noutl Beau Lomlfojt, "L:t Rdt:1ura~ Oon Manqufe'', Ed. dcs Portlqucs, P rzis. 1931. p. 42). E npc.sar do ..Syllabus" e da Enc:ídica "Qu:mc:1 Cura"' de Pio IX. da Endcllca ''Uberlas"' de l. c:,o Xltl. r de inúmc.-ros outros cn.sin:unentoi t (Onde· na('Õ<'S cman:1dos do Supremo Ma~t.,;tério d:t l 5:rej:1, a J)r~a do Ubtr3Usmo conllnuou a grassar tntre O$ t"atóllcos, co m lamt"nt,vt-ls rtpercussõts tm prl·

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UMA TENTAÇÃO QUE VEM DE MUITO LONGE

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tssc.s grnns .ic-ontcdmentos n:io p<>df:1m dtixar de repercutir nas ··Amkl~e·\ lôd.u lo<':ilrlnd11s nas rt-~iÕC$ cm que ilcs ~ p~-:1vam. Apc~r dt serem sttrecns, n nçio tontrn-revoluclomirl::a qut" de.senvbl· ,iam no h.•rttno d:is Idéias ·c1mm:avn sôbre tlM ~ ntcoção do invasor, o qu..- :t.S obrigava :1 ma.lo• rcs t?.ulefas em seu :tpoSIOl:tdo, AIC:m disso, queslÕC.~ das m=ils urgente.~ :ru.scUndns pelas d..-sordcn.ç qut o exército fr:incê.f dlsstmlnava Por côda p~Ttc, cxl· ghun dos Amlgos..crltl:ios um dtspcrdklo de t nt"rgias que os desviava do principal obj,clivo dis "AmkWe". Na lt~Ha. o P:tdre L3nlerl soubtrn con. tom:ar a situaçiio e os .sodalklos da Penín_,".tlla (ora111 menos prtjudlt:ados pelos :acon1tclmcnros políticos. F;m 'Vlen», p0rtmJ as coMeqüêndas for:.1m eati::i.)tr6íkt1.$ n&io só p~r.1 o apostolndo, como tant· bc:m p.in. ;t vidu lnttma da "Amldi.la''• cujas reu· n.iõcs não pudtr1".1n conllnuar t om o frtqüêncla. a rt'gul~Lrid;ulc e o Impulso com q11t atE \'nf;io t"ram rC;LUU1d11s. Todos t:5.st"S mtdcs c:ulmlnanun cOn\ :1 morte: 'do P:1drt Lulal Vlt1tlnio. A exemplo do que flur-..1 o Padre Oitssbnth tm Nlct-, logo qut se- lns1nlnnuu cm Vien~ hospitais destinados a 1rn1nr dos soldados fr:me e;çes (tridos cm comb,1te o -Pãdre Vlrglnio se apn-s cnt3rn para culd:ir do corpo e da nhu;a dês.ses loJelb:t"s. As pés• sl.tn:.i.s condiçõts de his.ttl'nt que rtin:,vum nesses tShl· bclecimcntos: de emergência favorcci;am :a. eelos~o de epideml:,s. O P,t<trc Vlrgl_n io foi ::.itinitido pelo tifo que Irromp<'u no hospil:11 tm que lrab:dh:1":.), vindo il fale-cu n 31 de dezembro de- 1805. O s Aml· gO.\'o<rLsHios stpult:m:uu-no no cemilfrio de M:1rl:l f>:n7,trsdorf, onde jíi rtpousnva seu mtsln, o P:.,dre Nh."Ol:1u de l>ie$sb:1ch, • Morrc-ndo :,,.os 49 :mo.s, o Padre l.uig,I 'Vlri:lnio dtix:1va :.1lndà incompleta a obr::. lnid:ld:t p-tlo P~dre Oics.~bach. ·;\ qu.d deditan1 tôdn su:-, vld:1. Sua tl'.· tele11lt rormtu;ão 1col6gica, stu "Lélo lnfoUs:6vel pcl:1 rs;reJ;) e suãS vlrludes eram porém conheddos 1>0r lodos, t' lodos rc-tonhc-ci:m1 ter sido êle um dos prindp;1b: propulsorts dà '' AmkbJ11•· e de todo ·o bem que cl:1 t"óus:c-guirn :uf cnt;ío rt:111-t :u. "Mlsslonário" dC$Cle os primórdio~ da socltdndt, 111~us rtl:,16rlos sôbrc- :as possibilidade,\' ºde fund?.ç:ío d(' núéleos nns cidades que visita":' crnm preciosos p.t.'l:.1 p.t.'rspieftci:1 d3S obstrv:1ÇÕ(!s, e crn exímio seu lrnb:alho dt prcp:1r:1ção do terreno p:arn o :.1postoh1do. Foi o fond:idor dns pr6spcr.1.1 11 A111icr/.ic"' de Milão t' f'lortnt.i, e o pr6prio "L' Apc'\ um do.s primeiros jorn;1ls càlólicos que :ip:uectr:'lm ·na Europ:,, muilo dtv't :l .l-eu t-stimulo e :io entusiasmo que conseguiu tr1tn~mifir :.ios ~us fu ndador<';<;. S,m modi$fi;i le"ou-o

mt"lro lug:..r na , ·Ida da.,; :limas r, t'nt segundo luxar, na vida poHtita, sotl111 e «onó1uk:1 dos t><'VOS, t fácil de dcmon~'1r.ir, e os IMOS: históricos o oorrol:H)r;un. que àlr:1vés do Hbtr.11l-imo ::a Joulr1n:i de 1789 lendla ao est:1ti.smo e ao próprio .sodaJi.s...no, i.sto é, ?, .sufocar a Je-gítimn liberdade dos Olhos dt Oeus. como :.IUís n:io st t":ms,rnm 'dt- 11d"trtir os Soberanos Po,itíA('CS que se ocupar:un dos erros liberais. Pois btm, n:io :apenas por "ia de oposlt.:ío :a ê,.,çfes erros no t:imp,o cconc)mico, nH,s sobre(udo como dctor't'êncl.a dêlcs no c~.mpo rcllttlo.so e- ruosófico, nosso século viu surgircm os horrores do tomunismo, que, á partir d:i ·Rús.si:1, ,·iri.a :1 :une•\Ç:)r lodo o orbt:. Corno stmprt a('Ontct"c nas f:u;cg violentos da Rrvolutüo, houve então s:r:rnde.s crlsi:lllzáS'ÕC!S n:1 opini~o p(lblicn m 1111di;1l1 scguid:r.s dt promissores frupctos de rc.i('iió contra·rt"olucionJi.rin. P!lr:l dt_ç. "lar cavorlcirurnente essn lcJtithn a rc:\('ÍÍO nnticsquer. diSl;1, surgt primeiro o f!I.S<'i.smo t tm st-~uld-'! o n:.11.b,no t'omo "'º"imtnlo,; que se diz iam 011taniz3dos p:11:1 opOrt"m um dique h exp~ns!io vtnntlha , Sutdo.s à ''º~ daqucle,s que :alcrh1v~n1 ;1 opinião púb11c-a qua nto ,·, o íundo .soci:11istà, C' potfanf o tOl:.'.lllt:irh), t?,.nto do f:L'itÍ.Smo qu:11110 do oa7,lsmo, os p:irtidi· rios das m.ulN::i.s ore:retid:is po r essa fnls:1 dirc.il:1 empttendcrnru :1 n1áiS vlo1,cnta e a nutis ,·entnos:1 of~nsiva pura í:n:tt e;il::c os que ~ tnOsfr~w:m1 fiéis à doutrina tátólicà, valt d lier, aos d::idos que nos s:io perentm<'ntc fomcéldos pcl11 Re"t"l:1ç:io e pela lei 11:1tur;1I. Quem, quiser conheter import:i:ntcs 11".Jl(t..'i' dessa rristc rase d.a hb16ria t.-onte-mp<,rJni::i d:1 1,:reja, PO· derfi compulSar une:. tolet3o do "t,cgion:irio'' du· r:mte o 1empo cm que o iom:11 d:i Arquldlotcs~ de São Pnulo e.i.ttve sob :, s.1bi:i e brHh3nre dlrcç;io do Pror. P llnlo Corri:• de Olh·tir:t. ou seja, no período qoe v:il de 1934 a 1947. t•:xt'mplllrcs do "1..c,:ion:írk)'" devolvidos à red:1('Úo ·acomp:i.ntrndos de ln0:1111:id:.i s e dcstortc,sc.s t"~1rc:as de c lériaos- foribun• dos. ('en3s ,,cx:uórl:t.s de S:,ccrdotc.s qúc m.sg1-."•un 011 pisolc:1v~1m o jo m:'11. cmnp:lnhr1s or., de silêncio, or:1 de 'diímm1çfio. tis o <·loqüc.nlt norllé5:lo de fotos que podemos ott-rtar ;aos nossos le itorc.~ romo cxcm. pio da :-ir11aç:io dos católicos p!lrtid~rios d~ íórmul~ "fl'tp;tdeir~,... nc.s.sc perfodo em que o mundo eorreu o pcríRO 'de ~ \'t"r domin:,do ptla fals:i direita pscudo~~1nticomunistn. 0

:1 r«liRlr multo slntCIIC'~1menf«' a relaç:io dt su:1 e5t:ldla tm Pári.s, onde dt.'S('n"olvcu um nof6vcl :1pOS· tolado. Além de fundar a li :a ''Amicb.l.â". depois dcstruídij ptla Rtvoluç;ío, (of tflcitnk eol~borudor do P:idrt de l.a Clorivlere, cujo nome f bC'm ("()nhe~ cldo n:, hlstórL"t do Cntollebll,o (ran(t,s do ~tulo XIX. Quando v. Revolução lm~lu·O dt contin11:1r o trn.b:::.lho pt"l:) " Amldtl.a''. Vlrglnlo uniu-se uos Sacerdotes qu«', vivendo m1 chmdestinldade, tnírtn• tn,·=im o 6dlo dos rcvoluelomídos pàra conthrnílt e xercendo o mlnlstérlo. N::1da melhor do qut o depoime-nlo dt Siio mente M:1ri:a Hol'b:mcr par.a mt"dlnuos ~m o v2Jor do Tadre l,uigi Vlrginio. A.-.Slm se rektiu ,1 êle o S.-nto rcdcntorL-.tn, cm e1ar1n :1os Superior ts: 0 0 S.t· ct"rdole de- Oeus, cuja curta en,·lo com cs t~,. f um digníssi1110 vllrüo de- OOSM>S 1empos. NQ vcnl:.de, n;'io o couhe<;o pcsso;1lmt1\fe, ml.l.S mnncenho com i lc unm :i.ssídu:t corrtsponclênela; no fr.Ho dos ln· tcre~s da ltnja. já há anos, existe entre nós uma uni.ão profunda. Crnncfe f seu zêlo, t1dmlrlivtl su:i prudência, n ot:í"el .Stm cihd:t. e su:1 humildade ,·irtuc:k que níio coS1m11a ser rr...q:i:itn1c em littr:1tos - é sum:untnCe di,i:na 'de lmlla~ão. t tfio proíundo cm f11osorl:1 e, espul:dmcnte, em teologia, qut hOJt" tm dia mal h :tvtcl na f:taropn quem o suptrc , •• t sinctríssimo 11m1go e bcnítltor de ·noSSl1 Congrc-. catão, e irnnde devoto dt nos.10 Ventr:lvel Pnl". O P.ulrt Virglnlo dt"ixou como suct.$SOr em Viena o P:ulre ·w ngncr. 'que quase n5o conhecemos. Pouto :mies de morrer, fôr:t lnform.-ido pe lo Prior Ric:.1soli de que :1 "Amklz.ia" de Floren(a t"St-.-va em sérias díficuld:1des fimm«lrns, o que o levou :i deixar cm ftsl:1111t"nto certa qu1111tla p:1ra $'1' dlvJ· dida entre tia e :)u;1 ro-lnnã dt: 'l\1rirn, O fü1r:io Von Pcncklcr escrt"veu :to Padre- Lanl<·· ri e<ununk:mdo Q falt" clmtnlo do Padre VJrg.inlo. €ntre :un bos $C c.st:1btlC1:eu tnhio uma corrc~pon· dincl.a que, por r:w:ôcs que d,sconhccen10S:, fol-n c-spn~·ando ~1tf c~:t.r por c-omplc:fo. Tah·tt mi dit1tnldJidi:s pOlil.icas cc-nh:im impc•dido uma r..ç-ão co• mmu entre os núc leos sediados c:m rcgiõc:~ dn Eu• rnp:1 di"id)dn:; pe-1:ls Jtutrras cc,n1h1uas que NaJ)Olt:io m:mlcvc :11é 1815. A ''Amlcl"th1·~ vkneust nt10 1:1rdou cru ·des;1parcttr. mias ~ st111en1e lun('v.d n pOr cl.:t n:·1 .\usrrfo írlltificou. "-'1::ils rnrde, norcs«rá em Vlen:1 o f1d1uir:hel :1pO$IOl:1do de S:'lo C lemente- M:.1rfa Hoíb:mt-r, f:unbé-111 distipulo do P:ldre OiC).~b:u:h e: m1tii:o Arni~O·t.·risl:io. que conHnu:1rá a obrn 'de ;)t'U ,nestrc t do dkienlc colnborndor- dt.\fC, Prtdre 1.ulgi Virl(lnio.

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Fernando Furquim de Almeida

Tcm1ln::ad.:1 11 stgundn gue,rra mundi:.ll, no número d o "l.C'j;ionário.. cm que r~umlmos 1ôda " ll1uat;'io d() jorn:11 dur:i_n le o conflito, protlarnaruos ,ue, um:1 ,·n csm:1gado.s os exércitos do Eixo e pass:.,da a ond::1 na7J. (:Lo;:cb1:1, es1:iv:1mos d~,çp0$10S a cnírtnlar o inimigo que cnt~o J,,-Urg,l:11 tom 2.spcc10 ('11da vez m:ils :mtt!1ç:1dor. no horizonte: o comunismo com tô<fa a seqüela d11s drias gam as dos movlmcnlOS csqucrdb1as. Citamos. a liás. ,.nids de um.a (tlf:.i., o dlscur.ro pronunt"iado por Gocbbcls poucos dias :mtts da qucdn de Be:rlim, no qu:il rlc dizl:a que o fll12.ismo, embora derrotado pehiS ann:1$, 2cab:1rla por dominar o mundo :dra,·f~ do sod:.Hsn10. Com deilo. só a m:-ils complela ceJCuelra ou m~ fé ~ ri:1 càpaz dt" i...,·nr um;1 pessoa a :,iccilar o cmbust.e gro.sstlro dt strcm o n:.1:zl.smo t- o íàseiSn10 armas adcqu11dns parn o comb;He :ao comunismo. ~--ramos aiora c:m p ltn::i (il.~ tm que os adtplOs d:1 fórmu la ·'trepadclrn" ludo faitm por "er ll h;re· jll arrlmnda ;to regime comuni$ta, ~ja flt" m.aois:ta, trots kist;1, títof.sta, íidelltta, 011 :dlMdlsl:i, t :a,pOl:ida ati- t"l11 mo"imtnlos ferrorb-1.aS. para ajudar a hn• planl:tr no mundo o que ·querem raztr crer se:j~ o ld('al d;, mal.$ pur~ justiç::i sodid propuRnada pd:1 doutrina c:1tóllc:.1. Tal como ao tt-nipo do ch:unado Catolidsn10 llbcr:1', os 110\'0S Mon.~enhOrC$ Oupanloup surs:trn de dedo ('n, riste para :ilertar os riéls tontra o Pror, Pli11l0 Corria de Olivtirn e a TF1\ ºque nfü> tf:m dt-ltga(:io p~r:, falar cm nome d:a Igreja e não podl'.m usurpnr íun,:ões qut, de direHo, c:ibt"m 1110 Eplo;cop:i-.do, Em vão explie:11110.o;, nós d:, TPP, que nu.ntl.l nos nrrog:imos o papel de nrnnd:Uárlos da S:agradà H.icr:i_rqui:.1, nu1.i; que a2lmos como 'slmplc.-i leigos, ·sem ocultnr. embora, o glorioso IÍlulo de católicos em noss.·1s "fivldadcs no seio d;~ convul.si<>· nada socit"d:tdt de nosso di:.lS. À hn dos prh1dplos que ~prend<'mos no amor<>· so regaço dt- nO..'!S:.J M:ie ;1 s~ulf:.1 lgrtj:.l, repudl.:1111os tôdas C'.)."ii:'.IS :1Hança.'i' C\l)úrias, tk:nunct.unos tôdns C8SUS te111.a1ivns "eladas ou :•hcrtas de :11:rel:\r :, f:Spôsa de Cristó uo C:'ir't'O d:t Rc:,·o lut:ío Igualitária e gn6stic;i, seja qual fõr f) dl-.!P.r<'t com que, i.sse monstro ~·urja pum tn~a1rnr as "lmas,

J. de Azeredo Santos 7

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AfOILICISMO

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JOVENS TOMAM ATITUDE ANTE DECLARAfÃO SURPREENDENTE DE BISPOS DA COLOMBIA A

C,\ USOU PENOSA impl'c:,.:-:'10 cm h1rgo sc1or d.-. opini:'lo l.':ttólicn tl:1 Colómbi:t ;1 public:,çáo. no di:1 7 de m;,r._:o p ,p .. de um pron\tod~mcnh> d:-, Coo,iss:·10 Pcrm~rncrHc do E1>ÍS1,'0J):u.lu Colombiano-. fa. vor;i\'C;I às. rdorm:·1s de c:-1,utura ('. (k m o(10 c:-1le',1,'ilko, à :u:<!'kraç;i.o d:1 rdornm mmíri:i. A 1uo1>&ito a Juvi:.s rum, li,\ CCJ· P1<ó-C1v11.1l.AÇÃ0 C 11:1sr,'. d<· 8<>· ~-01:,. e o GRUl-0 TkAOl('IONAl, l!,,'1'A Qli. JO· vei-..s Ck1STÂOS Co1..0Mi11ANO:-:, de Medellin

1.ÓMRI.\

v;1loros,vs movimentos de leigo:- c;11V, li,..-o:,. qui:. comv ~ s:1bc, pti"lpu~n ;un o:mc;Sm~ idc:,is que :,s TFPs br:1:,ikir:1, :-irg('ntin:,, l.'hilcn., e urugu:,ia ch:t:11n ;a lume um wmunit.::1tlv conjunto ;o.ob o li· tulo dl· ··f;. líci10 no:,. católko:. l liscol'd:u d:l lei dl· rdornm :11:,nírfa'!" Public11dl, no., prind1>~1i.:- jornai~ do p;1ít-. a :-.:1bêr, .. E.I ·riempo·· e "E.I l~pcd:ulot'". lk llol!,:il:í. c "EI Colombianl)", de Mcdcllin, o d o,;a.1, m.:nto Ú:vc ampl;1 ,cpctcu~'1<1 nós mci(I:,. -

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cntu~iá:-tic<>:. aplau...;os 5mt ,;:u nâ1' tt1 e de• ,;1s.., ombto. Aptescnt;·,mo:-. :1qui ~, tr.tduc:"10 de -.cu tc,cto: ..À

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A respeito de SANTA TERESINH A oo Mr,N1No Jusvs como Mestra de noviças, escreveu sua irmã Cclina - Sóror Genovcva da Sagrada Face - q ue foi também sua noviça:

EGUNDO o testemunho que ela deu de si 111es11w, quando se tratava de dizer a verdade a Irmã. Teresa do Menino Jesus 1uio recuava dia111e de nada e não tinha médo 11enltu111 d,1 guerra. Se <-wa necessário repreender-nos. ela ,uio pvupt1va suas f6rças. Vejo-a ai11da, tremendo de febre, a garga11w en1 fogo, nos 1ílti111os 111escs de vida. euconlrtu· de nâvo rodo o seu vigor pt1ra censurar e casligtu· w,w noviça. Nw na dessas ocasiões disse-n1e ela: f: preciso que eu morra co,n as an uas ,w mào, tend~ na bóca "o gládio do Espirito, que é a pt1lavra de Deus" (Ef. 6, /7. e Regra do Carmelo). - ["Conseils et Souvenirs", Carrnel de L.isieux, 3." edição, 1961, pp. 9-1OJ. .

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ORAT ÓRIO DA 'fFP CARIOCA. A cxcmplÔ Jo que rizcntm em Sãv Paulo e Belo Horizome o Conselho Nacional e a Secção mineira da TFP, a Secção da Gu:.111abara daquela entidade vem de instalar em sua sede d:l Run Cosme Velho, 8 15. no Rio, um or:\lório que dá diretamente para a via pública. Nêlt st veneta r,ma ima,gcm de Nossa Senhora Aparecida. Ra inha do Brasil (fotos). A inauguração deu-se pot oe,.;isifío da novena de orações promovida de 4 a 12 de maio peln TFP. no Rio como nas outr;\s cidades onde tem sedes. para pedir a Nossa Senhor:"l que aptesse o cumprimento das promessas de Fátima. O or::1tório permaneceu aber10 durante iodo o mês de maio e deverá rcabrit -se nas princip:,is fo1m1s mari:üs.


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São Tiogo o covolo e armado timp,ono rornônico do Catedral compostelana. Em cimo, morco

dos peregrinos de ComPostelo. no entrado do EsPonho por Ronces· volles,

Sonete Jocobe, Apostole Christi, oro pro nobis N EL NOMBRE dei Criador e l'apostol santi Yagüe,/ feridlos, cavalleros, d'amor e de voluntad - Em nome de Deus Criador e do Apóstolo São Tiago, golpeai e feri, ó cavaleiros, com gôsto e com vontade" ("Cantares de mio Cid"), bradavam os soldados da Cruz em terras de Espanha ao investirem contra os inimigos da civilização cristã, os sarracenos. E não raras vêzes, no ardor da pelêja, quando a batalha parecia perdida para os cruzados, eis que surgia, revestido de resplandecente armadura e cavalgando fogoso corcel, o Bem-aventurado Apóstolo São Tiago, o Filho do Trovão, Boanerges, como o apelidara o Divino Mestre, a pôr em fuga as aterrori7.adas hostes agarenas. Especial patrocínio dispensou sempre o glorioso P rimo do Salvador às terras hispânicas, as quais em vida evangelizara. Pouco tempo depois de sua morte, ocorrida em Jerusalém por mandado doíníquo Herodes Agripa {que fêz dêle o protomártir do Colégio Apostólico), piedosos discípulos transladaram-lhe o venerável corpo para a longínqua Hispania, onde desde logo passou a ser cultuado. Com as sucessivas invasões da Península, as santas reliquias foran1 escondidas para não serem profanadas, e delas se perdeu notícia durante séculos, até que, em 813, por intervenção do Céu, o tú,nulo do Apóstolo foi descoberto no lugar que, sob o nome de Santiago' de Compostela, se tornou sem demora um dos quatro grandes centros de peregrinação da Cristandade, ao lado de Roma, J erusalém e Loreto. O Papa Calisto II - que, sendo ainda Arcebispo de Vienne no Delfinado, visitar a o corpo do Santo Apóstolo - em 1119 outorgou a Compostela as graças do Jubileu, e isto dois séculos antes de sere1n estabelecidos os Jubileus romanos. Alexandre III, em 1179, confirmou e perpetuou êsse privilégio, em virtude do qual todos os anos em que a festa prillcipal do Apóstolo, fixada em 25 de julho, cai cn1 domingo são, em Compostela, Anos Santos, ou seja, anos de graças especialíssimas, de indulgência plenária, de remissão de pecados reservados, de comutação de votos, etc. É o que ocorre neste ano de 1971, razão pela qual "Catolicis1no" se associa às especiais celebrações que na suntuosa Catedral compostelana se desellvolvem em honra e louvor do Bem-aventurado Tiago a quem, com seu irmão João, o Evangelista, e Pedro, o Príncipe dos Apóstolos, quis o Salvador associar à sua Glória, no Tabor, e à sua Agonia, no Horto das Oliveiras. Nestes dias de tamanha e tão universal tribulação, em que inimigos internos e externos ameaçam a Santa Igreja de Deus, invoquemos com Dante "il barone per cui là giu si visit a Galizia" (Divina Comédia, Paraíso, XXV, 17) .

N.º

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JULHO

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OS CINCO GRANDES PECA.D OS NA HISTÓRIA

A -

LEI DO CRESClMENTO DA SANTIDADE E LEI DO CRESCIMENTO DA JNIQÜIDA· DE NO TllMPO. PECADOS DE INDIVÍ· DUOS, NAÇÕES E CIVILIZAÇÕES.

CRIATURA HUMANA, composta de um princípio substancial espiritual e de outro, material, é por êste sujeita à temporalidade: sua formação espiritual, sua aquisição de conhecimentos, sua possessão de bens

A

materiais e espirituais, enfim a constituiç,ão da

personalidade do homem se realiza ao longo do tempo, mais lentamente ou mais ràpidamentc conforme o indivíduo. Esta le i traz em si duas conseqüências: a) Se o homem é dócil à graça de Deus, ê1c cresce em virtude e em conhecimento e

entendimento da Fé. Deus o enriquece na graça. b) Se não é dócil à graça divina, êle decresce cm virtude, decresce nos dons do Espírito Santo e tende para a perda dos mesmos, e passa a crescer cm iniqüidade. Quer dizer: pela lei da temporalidade a que está sujei1a a natureza humana, o indivíduo não pode estacionar na virtude, ou estacionar

no pecado. Diz a Santa Bíblia: "Ma.ta vereda do jus10 é como a aurora, cujo brilho cresce até <> dia f1/e110" (Prov. 4, 18). E isso também se aplica a Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo o Verbo de Deus humanado, é verdadeiramente homem, e portanto eslêve na terra sujeito à lei do tempo. Por isso diz o Evangelho: ''E Jesus crescia em sabedoria, em idade e graça. diante d, Deus• dos homens" (Luc. 2, 52}. Do que foi visto acima cabe concluir que a causalidade ·ao longo do tempo é cumulativa: atos bons são condições e causas para novos atos bons, fortalecendo assim o habitus da vida

viduos superiores, assim como das famílias superiores, induzem como causa formal, extrínse• ca, como exemplo, a virtude dos inferiores. Bispos e Príncipes santos são bênçãos de Deus para os povos e nações. Pelo contrário, a iniqüidade dos maiores é a maior desgraça de uma nação. O Espírito Santo, falando pelo Profeta E lias, assim amaldiçoa o Rei Acab de Israel: "Eis que faroi cair o mal sôbre ti e arrtmccirei o rua posrerldade, e matarei todos os indivíduos do sexo masculino ela casa de Acab [ ... J porque Me provocasfe ,l ira, e fizesfe pecar Israel" (3 Re. 21, 21-22). O pecado dos grandes é particularmente grave, pois além da culpa ser maior pelo simples fato da maior responsabilidade inerente a essas pessoas, é consideràvelmente agravada por se tornar ocasião e causa exemplar para povos e nações ioteiras caírem n11 iniqüidadc. Vejamos com que palavras o Papa São Leão II (século Vil). décimo Sucessor do Papa Honório !, invectiva êstc por ter prc.stigiado o Patriarca herege Sérgio e favorecido a heresia na Cristandade. D iz o santo Pontifico de gloriosa memória: "A11atematiu11nos também os inventores do nôvo êrro: Teodoro, Bispo de Phara11, [ ... J e 10111hém Honórfo, que não ilustrou esta Igreja Apostólica com a dou,ri11a da tradição apos1ólica. mas permitiu. por uma traição sacrílega, q11e fôsse maculada a fé imaculada" (Den1..-Sch. 563). Os pecados de povos e nações estão ligados a pecados de indivíduos e famílias colocados nos altos postos da hierarquia cspirilual e da hierarquia temporal. Pecados de Papas, de Reis, de Bispos e Príncipes, pecados de superiores, induzem muitas vêzcs processos de de.. cadência ao longo da H istória. Nunca o pecado de- uma nação, ou de uma cristandade na H is• tória, deixou de estar ligado a uma grave iniqüidade de pessoa ou família de alia categoria.

8 -

PECADO ORIGINAL: PECADO DA HUMA-

A

virtuosa.

NIDADE.

M uwtis muu11ulis, podemos dizer que para a iniqüidade também funciona essa lei da temporalidade: a causalidade no domínio do pecado também é cumulativa. Sôbre isso a Sagrada Escrítura tem outros trechos não menos eloqüentes. Diz São Paulo a respeito da iniqüidade no mundo pagão: "De modo que são inexcusáveis, porque depois_de terem conhecido a Deus, mio O glorificaram como D eus ou de-

COM O DILÚVIO, CASTIGO CONTI\A O

ram graças. A o contrário, desvaneceram-.fe nos

seus pensamentos e se /Ires obscureceu o ·coração insen.mto, porque atribuindo-se o nome de .râbios tornaram-se estultos e mudaram a glória do Deus incorruptível para a figura de um simulacro de homem corruptí. vel e de aves e de <1uadr,ípedes e ,ie serpentes. Pelo que os abandonou Deus aos desejos dos sêus corações, à immulícic; de modo que desonraram seus corpos em si me.finos" (Rom. 1, 21 -24). tstc trecho de São Paulo mostra uma seqüência cronológica na decadência dos povos pagãos: ingratidão para com Deus, pretensão, obscurecimento da inteligência. êrro religioso da idola· tria e vícios da carne. Assim exprime o Antigo Testamento êsse caráter cumulativo do pecado : "Quem concebe o mal, gera o mal e carrega um frmo de decepção" (Jó IS, 35).

Essa lei do crescimento da santidade e do crescimento da iniqüidade no tempo vale tam•

bém para as famílias como para as nações. Os homens se constituem hieràrquicamentc em sociedade, pois tudo que t1 se constitui em ordens de participação de ser, e ordem s6 é tal numa estrutura hierárquica. Em outros têrmos: a vi• da dos menores é uma participação da vida dos maiores. Conseqüência: as virtudes dos indi2

PRIMEIRA ERA TERMINA

SEGUNDO GRANDE PECADO NA H 1STÓ· RIA, TERMINA A PRIMEIRA ERA, ERA DA PESSOA DO PAI.

São Tomás de Aquino (S. Th. J, q. 39, a. 8) mostra cm que sentido se aplica a determinada Pe,ssoa divina um atributo que é da esrência de Deus. Assi_m, por exemplo: a cria· ção, a redenção e a sanlificação, que são obras da Santíssima Trindade, são atribuídas respectivamente às Pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Essa atribuição se faz por uma analogia entre as obras consideradas e as pro· priedades das Pessoas divinas. A criação é atribuída ao Pai por analogia com o fato de que dÉlc procedem o Filho e o Espírito Santo; a reparação do gênero humano é atribuída ao Verbo porque "í,le restaurou a ordem perturbada pelo pecado; a santificação é atribuída ao Espírito Paráclito porque Élc procede do Pai e do Filho como relação voliliva. Essa atribuição é dita "por apropriação", pois a criação, a redenção e a santificação são absolutamente, completamente, obra das três Pessoas. É só. pois, por apropriação que se atribui respectivamenle essas obras a cada Pessoa. Também nessa linha de apropriação se pode dizer que o pecado de fraqueza ofende a Pessoa do Pai, o pecado de ignorância ( ignorância culposa) ofende o Verbo e o pecado de malícia ofende o Espírito Sanlo. Com essa doutrina teológica se pode compreender porque São luís Ma ria Grignion de Montfort ("Oração abrasada") divide a his-

tória da humanidade em três idades, caracterizadas pelas três Pessoas da Santíssima Trindade. São as seguintes as idades: a) Era do Pai, que começa com a criação do homem e o pecado original e termina com o pecado da humanidade antediluviana e o dilúvio; b) Era do Filho, que começa con1 Noé e termina com o pecado do povo judeu; e) Era do Espfrito Santo, que começa com o pecado do povo judeu e o Pentecostes, e termina com um universal pecado contra o Espírito Santo e com a parusia. Não devemos pensar que a divisão da Hislória em três idades apresentada por São Luís Grignion de Montfort seja a única. O grande Santo utilizou um critério teológico e que por isso é dos mais elevados. Outros critérios de divisão da História são poss(vcis, como por exemplo os de natureza cultural e artística. Também outros crilérios teológicos podem ser invocados, como por exemplo o do crescimento dos dons do Espírito Santo ao longo do ten,po. Isso implica diferentes modos de se dividir e subdividir a história da humanidade. Sabemos que no domínio da arqueologia o critério para dividir e subdividir as épocas pré-históricas é dado cm função da cultura lítica encontrada nos estratos arqueológicos ( cf. nosso '' A Revolução, a filogêncsc humana e o Padre Teilhard de Chardin" - "Catolicismo", n.0 149, de maio de 1963), ou também segundo o critério das distintas fases climáticas da era glacial nas quais viveu a humanidade ·anledi luviana. Pode-se também, · em outro exemplo, subdividir a e.ra cristã segundo o critério da relação entre o Poder espiritual e o Poder político, e isso levaria a uma divisão diferente daquela en, sete épocas sugerida pela Glosa na interpretação das sete Igrejas do Apocalipse. Assim pois a divisão da História dada por São luís Grignion de Montfort. e que nos interessa presentemente, não é exclusiva. A primeira idade, ou era, da humanidade começa com Adão, obra-prima do poder criador de Deus, feito à sua ima_gem e semelhança.

Adão representa cm sua natureza composla de um princípio espiritual e um princípio material, tôda a criação: o universo material e as hierarquias angélicas. Apesar de ser inferior ao Anjo, o homem tem algo que falia a um puro espírito: o poder de representar a universalidade da criação. Aqui reside uma das razões para o Verbo de Deus Se ter unido hipostàticamente à natureza humana e não a alguma natureza angélica. Cristo é o sumário de tôdas as cria1uras, como disse São João Crisóstomo (apud São Luis Grignion de Montfort, "O Amor da Sabedoria Eterna"). Adão teslemunha o poder criador de Deus. Porlanto, por apropriação Adão é obra de Deus Padre, e a era da humanidade que se inicia é a era do Pai. Essa era se inaugura com uma aliança entre Deus e o homem, o que está contido nestas palavras do Gênesis: "E Ele /Ire ordenou dizendo: de tôda árvore do paraí.ro tu comerás. Mas da árvore da ciência do bem e tio mal não comerá.," (Gên. 2, 16-17). :8 a primeira aliança. Aliança que se pode atribuir por apropriação à Pessoa do Pai. O pecado original é violação da primeira aliança, pecado de desobediência, que, por ser do primeiro homem, é. como ensina a teologia, pecado da humanidade tôda . 'Éste pecado, em certo sentido. dirige-se conlra a Pessoa do Pai, pois contrariou a primeira aliança, que é atribuída à Primeira Pessoa da Santíssima Trindade. Nossos primeiros pais, seduzidos pelo de-

mônio cont as palavras ".rereis como deuses", caíram no pecado de pretensão e orgulho, fraqueza in icial na natureza humana que deu comêço àquele processo de decaimento do homem, apontado por São Paulo em Rom. J, 21-24.

Vemos em Gê11. 6, J-7 a humanidade atingir aquela degradação de vícios apontada cm Rom. /, 21 -24, como resultado do processo de causalidade cumulativa do mal desde a queda original. O pecado de Adão trouxera a ruína para IÕda a raça humana. Vemos cm Gê11. 6, 1-3 que o pecado coletivo nessa época é o pecado de luxúria. Sendo de modo geral, tal tipo de pecado, caracterizado mais pela fraqueza do que pelo orgulho - não significando, é claro, que êste não leve à luxúria - podemos dizer que o pecado coletivo dessa época era um pecado de fraqueza, e como tal ofendia em particular a Pessoa do Pai. 'Éstc é o segundo grande pecado coletivo da História, e com êle e o castigo do dilúvio é encerrada a era do Pai. Deus anuncia em Gên. 6. 7 a exterminação

da humanidade. S6 por causa de Noé é que não realiza tal casligo merecido. Assim como Adão trouxe a ruína e a morte pnra tôda a humanidade, Noé foi a salvação desta, libertando-a da morte total. Assim como o pecado de um leva muitos à ruína1 a virtude de um pode ser a salvação e santificação de muitos. Noé é uma das grandes pré-figuras de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pois, tal como pelo Verbo Encarnado tôda a humanidade foi chamada para participar da vida divina, libertando-se assim da morte do pecado e do império de Belial, também pela virtude do Patriarca Noé a humanidade foi salva da morte. Noé representa, pois, a pré-figura de Cristo como Salvador dos homens. Ao longo dessa era pré•Crislã sé sucedem as pessoas que são suscitadas pela Providência como pré-figuras de Cristo. Dc.ssas pessoas, são ainda das mais significativas as seguintes: - Mclquisedcc, a pré-figura de Cristo como o Sacerdote ( Heb. 5, 1-10); - Abraão, Patriarca do povo eleito, pré.figura de Cristo como o Pai da nova humanidade redimida; - Moisés, legislador do povo eleito, pré. figura de Cristo como o Verbo de Deus; - Elias, como Profeta modêlo, pré-figura de Cristo como o Rei das Idades, como o Profeta, Aquêle que realiza os aconlecimentos da Históri a, pois 'l.le, pelo seu holocausto, recebeu do Pai o poder para abrir os selos das sete fases da era crislã, os sete selos do livro da História (Apoc. 5, 1-10); - Davi é a perfeita pré-figura de Crislo como Rei. Um dos títulos de Nosso Senhor é o de Filho de Davi. Davi encarna a realeza e simboliza a perfeita realeza da Pessoa sacratíssima e adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, pois, Noé, como figura antecipativa do Verbo feito homem, Salvador, inaugura a era do Filho. Essa era começa com uma aliança antccipativa da segunda aliança de Deus com os homens, a aliança com Abraão, a promessa do Redentor que deveria nascer do povo de Israel. Está escrito no Antigo Testamento: "Di,tse Deus a Noé e a seus /ílhos com êle: Els que fazer a minha aliança convosco e com a vossa posi,ridad," (Gên. 9, 8) .

"º"

Essa aliança, porém, não se concretizou

com tôda a humanidade descendente de Noé. Os homens, depravando-se novamente, trincaram êsse cristal da promessa recebida por Noé.


Atanasio Aubertin

Vemos em Babel (Oên. 11. 1-9 ) o pecado da pretensão do homem de querer com suas próprias fôrças atingir o céu. Ali, conforme aquelas palavras de São Paulo cm Rom. /, 21-24 (citadas atrás), os homens foram levados da precensão ao embotamento dn inteligência e à ignorância, tornando-se estultos. De onde a confusão das línguas de que fala Gên. li, J-9. Isso tem a característica de pecado contra a

verdade, e como tal é pecado contra a Pessoa do Filho, tendo-se em mente que essa atribuição é por apropriação, visto que o Filho de Deus é o Verbo de Deus. Babel é pré-figura do atual pecado contra a verdade. Como conseqüência disso, a segunda aliança, Deus a faz não com tôda a humanidade, mas com o povo descendente de Abraão através de Israel.

C -

Q PECADO DO POVO JUDEU, PECADO CONTRA A $,EGUNDA PESSOA OA SANTÍSSIMA TRtNOAOE. tsTE TERCEIRO GRANDE PECADO NA HtSTÓRtA ENCERRA A SEGUNDA ERA, A ERA DO FILHO. VIOLAÇÃO DA SEGUNDA ALIANÇA.

Devido ao privilégio da aliança de Deus com o povo judeu. as infidelidades dêste têm e1ma nota de pecado coletivo à semelhança do pecado de Adão. Por isso diz a Sagrada Eseri1u ra: ''Mas êJes como A,ltio violaram a alian-

ça" (Os. 6, 7). As iníidelidades e prevaricações dos descendentes de Israel fo ram crescendo ao longo da Histó ria. culminando com a espan-

tosa iniqüidadc da condenação e morte do Filho de Deus. Nosso Senhor nos mostra no Evangelho êssc crescimento de iniqüidade do povo judeu na parábola cios maus vinhateiros: êsscs homens receberam cm arrendamento uma

vinha; o· senhor da vinha enviou várias vêzes seus servos para receberem o fruto de sua pro·

priedadc. sem nenhum resultado; das primeiras

vêzes. os servos foram espancados: depois os

vinhatciros passaram a assassinar os servos; por último. o ~-cnhor envia seu próprio fi1ho,

que é também assassinado ( Marc. 12, 1-10). € • história do comportamento do povo judeu cm relação aos Profetas de Deus que eram perseguidos e assassinados, e que culmina no

:1ssassfnio do Filho de Deus. O pecado do deicídio é pecado contra a segunda aliança e Nosso Senhor nos diz isso neste trecho do Evangelho: "Porventura Moi· sés nlio vos <leu ti lei? Entretanto ninguém de vós cumpre " lei" (Jo. 7. 19) . 'ºNlio penseis

que Eu vos hei de acusar diame do Pai,· o mesmo Moi.rés, cm quem vós rendes esperança, é o que vos ,,cusa; porque se vós ac,·etlitásseis em Moisés, rnlvez. também acretlil<ísscis cm Mim, porque {:te escreveu a meu respeito" (Jo. 5, 45-46).

Ao não crer cm Jesus Cristo que é a Verdade de Deus, o povo judeu enquanto tal cometeu um pecado de ignorância e de embotamento do espírito, que se opõe a dois dons do Espíl'ito Santo, a saber: o dom de ciência e o dom de entendimento. Por isso Nosso Senhor cita o Profeta Isaías quando êste disse: "Cegou-lhe.t os olhos e cndur<'ceu-lhes o coração, para que ntio veimn com os olhos e mio compreendam com o coração, para que não se

convertam e Eu os sare.. (Jo. 12, 40). Então, o pecado do povo judeu, por isso, e porque êste povo matou Jesus Cristo, é um pecado contra a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. O que não- quer dizer que não houvesse entre os judeus. entre os membros mais elevados da

hierarquia social, cultural e sacerdotal, o Sa1>hedrim, o pecado contra o Espírito Santo. Pois vemos no Evangelho N(ISSo Senhor acusar os judeus dêssc pecado (Mat. 12, 31-32). O pecado do povo eleito, pecado tremendo e espantoso, não é entretanto irremissível. Nos-

so Senhor nos disse que os pecados contra a Pcs.,oa do- Pai e a Pessoa do Filho podem ser perdoados, o que não acontece com a blasfêmia contra o Espírito Santo (Mat. 12. 3132). A Sagrada Escritura nos fala sôbre a fui ura conversão de Israel. O Profeta Zacarias descreve o profundo e completo arrependimento dos judeus quando reconhecerem ter matado o Messias. Citemos êste santo Profeta: "E .tusdtarei J ô bre a c asa de Davi e sôbre os ha0

birames de Jerusalém um espírito de graça e de prece, e éles voltarão os seus olhos para

Mim. Farão lamentações sôbrc Aquéle que transpassaram, como se /ôsse um /Uho único: choni·lO•<ÍO amargamente como se chora um

primogênito" (Zac. 12, 9-10). Pois Deus não

Se esquece dos filhos de Jacó, conforme diz o Profeta Isaías: "E ainda que e la esquecesse

[que a mãe esquecesse o filho), Eu não Me esquecerei de ti" (Is. 49, 15}.

D -

o

PECADO DE RevOLUÇÃO: PECADO

DA CRISTANDADE. ~ OFENSA A D .EUS F ILHO CONSUBSTANCIADA NA REVOLTA CONTRA O

C ORPO MiSTtCO.

~

UMA CERTA CONTINUAÇÃO DO PECADO DO POVO JUDEU E É VIOLAÇÃO DA TERCEIRA ALIANÇA. ENCERRA

UMA

FASE

A

REVOLUÇÃO DA

TERCEIRA

ERA, A FASE DA ERA CRISTÃ QUE VAI ATIÍ AO FIM DA IDADE M ÉDIA.

Seguindo São Luís Grignion ,de Montfort, podemos dizer que a terceira era da História é a era do Espírito Santo. Na segunda era, que foi desde Noé ao nascimento de Jesus Cristo, a santidade foi concedida aos homens em intensidade muito limitada, pôsto que o povo de Israel tinha o privilégio de ser detentor da verdade, enquanto que os outros povos eram dominados pelas religiões do demônio. Pois disse São João com respeito ao paganismo antigo: "o mundo todo está assentado na iniqiii· dade" ( 1 Jo. 5, 19}. Os santos dos tempos anti.gos, os Patriarcas, os Profetas e outros, constituíam uma exceção extremamente restri-

ta dentro do mundo de sonhos, fábulas e vícios das civilizações pagãs. Poder-se-ia dizer que Deus concedeu os dons do Espírito Santo para a humanidade pecadora em têrmos de extraordinária parcimônia. Nosso Senhor Jesus Cristo cm seu holocausto resgatou a humanidade do império do demônio e fêz chover superabundantemente sôbre as nações os dons do Espírito Santo que provêm de seu Sacratíssimo Coração. São Pedro, falando no dia de Pentecostes ao povo judeu e aos gentios, disse o seguinte sôbrc a vinda do Paráclito: "Mas isso é o que foi dito pelo Profeta Joel: E acontecerá nos úlrimos dias que Eu derramarei m eu Espírito sôbre tôda a carne" ( At. 2, 16-17) . Pentecostes inaugura a terceira e última era ("'últimos

116s vimos, a linha tle tlesce11dê11cia tio físico moderno deve ser vista, não a parrir tios Jtu. manistas da Renascença (o que se pcr1sa comumcntc]. mas a par1ir tios escolásricos tios si!.. <.'ulos XII e XIII, que traduziram em latim as · ·versões árabes das matemáticas e ciências gre-

tas, fato tristíssimo e não suficientemente la• montado. é simbolizado pelo Apocali pse no texto mencionado. como "um rêrço tio sol ob.\·· curecido". Os grandc,s: pecados: da. H istóriít estão de ordinário as..'iociados às quedtts n1ornis dos maiores.

gas" (E. Whittacker, "L'Espace et L' Esprit", Maison Marne, 1952. A filosofia escolástica

Essa ofensa à Pessoa de Cristo não parou

permitiu, pois, criando as condições da disci-

no humanismo e naquela arte naturalista tca· tral e sensual que se espraiou pelos templos

p;in, lógica e a preocupação com a indagação das causas, que o homem ao longo dos séculos pudesse conhecer os nexos causais que subjazem à ordem visível que nos cerca. e, as· sim, lograsse conhecer melhor as intenções da Sabedoria divina na ordem criada1 libcrtan·

do-se portanto dos mitos e fantasias néscias da cosmologia pagã. A Idade Média, o segundo esplendor da civilização cristã (o primeiro foi

Bizâncio}, compreendeu muito melhor a realidade de ser o homem imagem e semelhança de Deus. O esplendor medieval foi obscurecido pelo pecado que veio a ser o terceiro grande pecado da História: o pecado da cristandade, ou

pecado de Revolução. Houve um obscurecimento da verdade na cristandade, como diz a Sagrada Escritura: "foi ferida " têrça 1>ar1e do sol. a rêrça parte tlll lua e a lêrça parte das esrrêlas, de manelra que ,, rêrça parre dêles se obscureceu" (Apoc. 8, 12). Lembremo-nos

de que na exegese tradicional as estrêlas simbolizam a Hierarquia Eclesiástica, o sol o Pontificado Romano, e a lua o Poder temporal (cf. Padre Hcrmann Kramcr, "The Book of Destiny", Buchler Pub. Co., 1955}. Bsse obscurecimento da cristandade começou com a Renascença: retôrno ao vômito do paganis-

mo. E êsse pecado, que é o comêço da transícrência de uma civilização tcocêntrica para uma civilização antropocêntrica, a substitui•

ção da Cidade de Deus pela cidade do homem, é um pecado contra o Corpo Místico de Cristo. a Igreja Católica, portanto contra a Pessoa de Cristo. que é espelhada na Igreja. A História dá testemunho de que os maiores responsáveis pelo processo renascentista da dessacralização da Igreja foram - fato muito doloroso - Papas. cm especial Nicolau V. A grande falta de zêlo dêsses Papas rcnascentis-

católicos. Pois, conforme à lei do crescimento da iniqüidade. que se verifica quando os homens recusam os dons do Espírito Sanlo, a iniqüidadc foi·sc processando num crescendo até a cacofonia dos tempos atuais. Ssse processo apresenta três explosões nêsses últimos

cinco séculos, apontadas pelo Papa Leão XIII de ilustre memória, e que são us seguintes : revolução protestante, revolução francesa e re· volução comunista ( Encíclica "Parvenu", de

19 de março de 1902). A análise da conexão lógica entre essas três revoluções e sua marcha proccssiva é magistralmente nprcscntada

no ensaio "Revolução e Contra-Revolução.. do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira (''Catolicismo". n.0 100. de abril de 1959). O egrégio pensador católico descreve a crise da civiliza.

ção ntoderna em fun9ão do processo revolucionário e explicita que ela é universal. una, lO· tal e dominante. Isto é importantíssimo, pois

significa que o caos moderno é algo de radi· calmente nôvo na H ist6ria.

Com respeito a êste caráter nôvo da crise

moderna podemos citar o Papa Leão XIII. quando êsse grande Pontífice aludia aos "princívios e fundamentos de um "<lireiro 116vo" até então desconhecidos" (Encíclica "lmmortale Dei", de 1.0 de novembro de 1885). O Papa referia-se ao liberalismo filosófico, base do Estado moderno proveniente da Ri,volução Francesa. €.ssc "direito nôvo até enuiu desconhecit/o·" é a antimetafísica do igualitarismo.

filha do panteísmo, a filosofia do orgulho. ~ algo de nôvc na História. não quanto à filosofia cin si, pois esta vicejava nas reJigiões

satânicas do paganismo antigo, mas quanto à sua aplicação na ordem político-social. O demônio não tinha conseguido rcali1..ar no paga ..

dias"), a história cristã, era do Espírito Santo. O Paráclito é quem "ensina 1ôda o verdade" (Jo. 16, 13). Jesus Cristo enviou a Terceira Pessoa. cuja missão de santificação tornou possível ao homem, não apenas o conhecimen..

to e o entendimento da ordem sobrenatural, como também o da ordem natural, que, pelo pccadÔ original1 era quase inatingível nas civi•

lizaçôes pagãs antigas. Não só os Mandamentos não eram perfeitamente conhecidos e muito menos praticados, como também era absurdo ou falho o conhecimento científico e filosófico da ordem visível que nos cerca . A cullura pagã antiga procurava explicar a ordem material nos têrmos ridículos da mitologia de deuses absurdos e depravados (cf. Henry Franckforr, "Myth and Rcality". no volume " Beforc Philosophy" - Pelican Book) . Por mais excelentes que tenham s ido as cogitações da filosofia grega - espantosa exceção no mundo de sonhos do paganismo antigo - ela foi uma realização enormemente incompleta. Assim, por exemplo, o conceito de ser enquanto ser não foi profundamente focalizado antes de São Tomás no século Xlll, e o conceito de mal como não-ser não o foi antes de Santo Hipólito no século Ili. Graças ao trabalho especulativo dos grandes Doutôres da Igreja que desenvolveram a filosofia grega e a teologia, graças ao ensinamento da Igreja, foi possível ao homem a posse de uma cosmovisão, a realização de sua natureza como imagem e semelhança de Deus. A Tradição da Igreja permitiu ao homem conhecer não só a ordem teo-

lógica e filosófica, mas também os nexos causais do mundo material , e ver nessas leis mais

gerais do mundo material o funcionamento dos princípios metafísicos que regem o universo (cf. Fernando M. Gomide, "Os princípios fundamentais da ontologia na física e astrofisica" - "Revista Brasileira de Filosofia", vol. 20, p. 28, 1970), bem como o rcncxo da divindade (Fernando M. Oomide, "O conceito de Deus à luz das leis básicas da ffsica e astrofísica" - " Revista Portuguesa de Filosofia", vol. 26, p. 121, 1970}. Pois foi a filosofia medieval que permiliu o desenvolvimento posterior do conhecimento científico da ordem material, como muito bem observa Sir Edmund Whittacker, célebre matemático e astrônomo britânico falecido há uns anos atrás. Eis suas palavras sôbre o tema em aprêço: "Há uma afinidade natural entre ciência e a filosofia ererna

[filosofia escolástica]: verdadeiramente, como

São Luís Maria Grignion de Montfort profetiza o Reino de Maria como sendo a era do supremo e s plendor da Igreja e a última época da H istória. Assim como p or Maria se iniciou nossa redenção, por Ela deverá completar-se a obra da glorificação de Deus no tempo. A decadência dessa era trará o quinto grande pecado e a intervençãoda J us tiça Divina, que encerrará a História com o J uízo Final. No cliché, Nossa Senhora com os atributo s de sua realeza, pelo Maitre de Moulins (século XV} - Catedral de Moulins, Fra nça 3


Nestes doÍs a•·iÍgos" pnblÍ~ados ii o Pres Ídente do Conselho Na~Íonal da TI •

Plinio

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UMPRO HOJE uma antiga promessa. Com efeito asseverei aos leitores que lhes daria oportunamente uma coleção de textos pontifícios referentes à propriedade privad·a. O torvelinho dos dias em que vivemos conduziu-me, logo em seguida, a outros temas. Mas hoje tenho a satisfação de fazer rebrilhar, expondo-os à luz da publicidade, êstes ensinamentos áureos. . . aliás tão omitidos em certas publicações católicas. A propriedade privada vai sendo apresentada, cada vez mais - nestes tempos de hipertrofia do social - como um privilégio antipático e anacrônico, ao qual só se aferram alguns egoístas, insensíveis à miséria que cm tôrno dêles existe. êste o pensamento da Igreja? - Pergunta de capital importância para nosso público, constituído de uma esmagadora maioria de católicos. para responder a tal pergunta pela própria voz dos Romanos Pontífices, que aqui dou a público algo do que êles ensinaram sôbre a matéria.

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Antes de tudo, uma questão que se relaciona de perto com o tema. Falei de hipertrofia do social. A expressão terá suscitado, sem dúvida, arrepios em alguns leitores. Se o social corresponde ao interêsse geral, poderá haver aí hipertrofia do social? Sim, respondo. E uma hipertrofia muito nociva ao próprio interêsse geral. Os Romanos Pontífices a chamaram socialismo. Assim, a Igreja assumiu "a proteção do indivíduo e da fwnília, frente à corrente q11e ameaça arrastar a 11ma socialização total, em cujo fim se tornaria pavorosa realidade a imagem terrificante do "Leviatã". A Igreja travará esta luta até o extremo, pois aqui se trata de valores supremos: a dignidade do honrem e a salvação da alma" (Pio XII, Radiomensagem ao "Katholikentag" de Viena, em 14 de setembro de 1952 - "Discorsi e Radiomessaggi", vol. XIV, p. 314). Mais ainda . Pio Xll vê na socialização total, não s6 uma catástrofe geral, mas uma manobra de alguns privilegiados, feita contra o bem comum: "Atribuindo a todo o povo a tarefa própria, se bem• que parcial, de ordenar a eco11011ria futura, estamos muito longe de admitir que êsse encargo deva ser confiado ao Estado como cal. Estreta,rto, ao observar o andamento de cercos congressos, mesmo católicos, em matérias eco11ómicas e sociais, pode-se 11otar uma te11déncia sempre cresce11te para invocar a i11tervenção do Estado, de modo q11e se tem por vézes como que a i,npressão de q11e êsse é o ú11ico expediente imagi11ável. Ora, sem drlvida alguma, segundo a doutrina social da Igreja, o Estado tem seu papel próprio 11a ordenação da vida social. Para desempenhar êsse papel, deve mesmo ser forte e ter autoridade. Mas os que o invoca,n co11t1m,a-

me11te e lançam sôbre êle tôda a respo11sabilidade o conduzem à ruína, e fa<e111 mesmo o jôgo de certos poderosos grupos interessados. A conclusão é que dessa for111a tôda responsabilidade pessoal 11as coisas públicas vem a cessar, e que se alguém fala dos deveres ou das negligências do Estado, refere-se ,aos deveres ou faltas de grupos anôni,nos, e11tre os quais, 11atura/me11te, 11ão cogita de contar-se a si próprio" (Pio XII, Discurso de 7 de março de 1957 ao VII Congresso da União Cristã dos Chefes de Emprêsas e Dirigentes da Itália - UCID - "Discorsi e Radiomessaggi", vol. XIX, p. 30). E, de seu lado, Leão XIII mostra que lutar cm defesa da propriedade particular é favorecer os interêsses mais fundamentais do povo: "[ .. . ] a teoria socialista da propriedade coletiva deve absol11ta11re11te re11udÍllr-se como prejudicial àqueles mesmos que se quer ~-ocorrer, contrária aos direitos naturais dos indivíduos, como desnatura11do as funções do Estado e perturbando a tra11qiiilidade plÍblica. Fique, pois, be,11 assente que o primeiro f1111damento a estabelecer para todos aquêles que querem si11cerame11te o be111 do povo é a i11vio/abilidade :la propriedade particular" (Leão XIII, Encíclica "Rerum Novarum", de 15 de maio de 1891 - Editôra Vozes Ltda., Petrópolis, p. 12). A igualdade socialista, na qual tantos vêem a libertação dos pobres, Leão XIII a denunciou como causa de miséria geral: "Assi11r, substituindo a providê11cia pater11a pela providê11cia do Estado, os socialistas vão contra a justiça 11atural e quebra,n os laços da fanrília. Mas, além da injustiça do seu sistema, vêem-se bem tôdas as suas funestas co11seqiiê11cias: a perturbação em tôdas as classes da sociedade, uma odiosa e i11suportável servidão para todos os cidadãos, porta aberta a tôdas as i11vejas, a todos os descontentame11tos, a tôdas as discórdias; o talento e a habilidade f)rivatlos dos seus estím11/os, e, co,no conseqiíência necessária, as riquezas esumcadas 11a sua fonte; enfim, enr lugar dessa ig11aldade tão sonhada, a ig11aldade 11a nudez, na i11digéncia e 11a miséria" (Leão XTJI, Encíclica "Rerum Novarum" - Editôra Vozes Ltda., pp. 11-12). Dir-se-ia que o celebrado Pontífice antevira com olhar inspirado os fracassos econômicos de Cuba e a miséria dos operários que se insurgiram recentemente em Gdansk e outras cidades da Polônia.

** * E vamos agora à propriedade privada. - Quais as origens desta? - Uma delas é o próprio salário do trabalhador. Negar a propriedade é negar o salário, e reduzir assim o trabalhador a escravo. Ouçamos a tal respeito Leão XIII : "[ .. . ) como é fácil compreender, a ra<.ãO i11trínseca do trabalho empreendido por quem exerce uma arte l11crativa, o fim imediato visado pelo trabalhador é conq11istar um bem

Corrêé

que lhe perte11cerá como coisa própria. Porq11e, se êle põe tl disposição de 011trem s11as fôrças e sua indústria, não é, evidente,nente, por outro ,notivo senão p(lra co11seg11ir com q11e possa prover à sua suste11tação e às 11ecessidades da vida; e espera do se11 trabalho, 11ão só direito ao salário, mas ai11da um direito estrito e rigoroso a usar déste co1110 ente11der. Porranto, se, reduzindo as suas despesas, chego11 a fazer algumas eco11omias, e se, para assegurar a sua ca11servação, as e111prega, por exe,11p/o, 11um campo, tor11a-se evide11te que ésse campo 11ão é 011tra coisa senão o sa/ârio tra11sfor11rado: o terreno assim adquirido será propriedade do artífice co111 o 11resmo título que a re11umeração do seu trabalho. Mas, quem não vê que é precisamente nisso que co11siste o direiro de vropriedade mobiliária e imobiliária?" (Leão XIII, Encíclica "Rcrum Novarum" - Editôra Vozes Ltda., pp. 5-6) . Outra forma por que se constitui lcgltimamente a propriedade é a ocupação das coisas sem dono. A tal respeito, leiamos Pio XI: "Títulos de aquisição do do111ínio são a oc11pação de coisas senr dono [ ... ]. De fato, não faz i11justiça, a 11i11g11é11r, par 11rais que alg11ns digam o contrário, q11em se apodera de 11ma coisa abandonada 011 sem dono" ( Pio XI, Encíclica "Quadragesimo Anno", de 15 de maio de 1931 - Editôra Vozes Ltda., Petrópolis, pp. 21-22). Em conseqüência, também da terra pode o homem tornar-se legitimamente dono. e o que nos ensina Leão XIII: "O homem abrange pela sua i11teligência uma infinidade de objeros, e às coisas prese11tes acrescenta e pre11de as coisas futuras; alénr disso, é senhor das suas ações; também, sob a direçiio tia lei eter11a e sob o govêr110 universal da Providência Divi11a, êle é, de algum 111odo, para si a s11a lei e sua providê11cia. B por isso que tem o direito de escolher as coisas que julgar maís aptas, 11ão só para prover ao prese11te, 111as ainda ao fut11ro. De onde se seg11e q11e deve ter sob o seu domí11io não só os produtos da terra, mas ainda a própria terra, q11e, pela· sua fec1111didade, êle vê estar destinada a ser a sua fornecedora 110 fut11ro. As 11ecessidatles do homem repetem-se perpetua11re11te: satisfeitas hoje, renascem amanhã com novas exigê11cias. Foi preciso, porta11to, para qut êle pudesse realizar o seu direito e111 todo o tempo, que a natureza pusesse à sua disposição um elemento estável e permanente, capaz de lhe fornecer perpetuamente os meios. Ora, êsse ete,nento só podia ser a terra, com os seus recursos sempre fl!c1111dos" (Leão XI ll, Encíclica "Rcrum Novarum" - Editôra Vozes Ltda., p. 7). Mas estas considerações já me levaram um tanto longe. E os textos citados oferecem matéria mais do que suficiente para reflexão. F ico, pois, hoje, por aqui. Em ocasião oportuna, talvez volte ao assunto.

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• 11-nprensa dÍárÍa de São Paulo" aborda D111 te1na de g r and~ atnalÍdade

de

Oliveira

ÊCEBI esta carta: "Não é o Sr. Jeroboão Candido Guerreiro, que agora lhe escreve. A quéle corresponde11te de nome estra11ho (ou de pseudôni1110 bem achado) lhe disse umas boas verdades, das quais o Sr. soube esquivar-se com as estocadas de seus silogismos e as piruetas de sua dialética. forçoso dizer que, e111 co11seqiiê11cia, o bom Sr. Jeroboão, ao fi11al da resposta do Sr., ficou em postura deveras desagradável. E isto apesar de êle estar com a razão, pelo me-

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nos a n,eu ver. IC"oro se, com a resposta que o Sr. 111e der, ficarei também eu e11redado nas fa111igeradas malhas de sua argume11tação. O fato, porém, é que também eu tenho reparos a lhe apresentar. E na /i11ha dos do Sr. Jeroboão. Não tenho o fogo nem a paixão dê/e. Te11ho, isto sin,, 11111 pouco de lógico. E baseado nela não receio de o e11fre11tar, Dr. Pli11io. Entro pois em liça. O objeto de minha carta é seu último artigo. Nê/e o Sr. pretendeu justificar a posição da TFP em matéria de propriedade privada. E para isto se baseou e11• citações de. alguns Papas. Estaria isto muito bem se fôssem Papas dos dias de hoje. Acontece, porém, que o mais recente dos Pontlfices citados pelo Sr. foi Pio XII, falecido em 1958. Nem 111110 mençãc faz o Sr. de documentos de João XX/li, nem de Paulo VI. ·o Concílio Ecu,nênico VaJicano li parece inteiramente ignorado pelo Sr. Ora, como o Sr. be,n sabe, " Igreja passou por m11t<1ções imensas sob os dois últimos Papas, tão evoluídos, tão arejados, tão hu11u111os. O Concílio acabou com a atmosfera co11fin<1da em que se ~stiolava a cultura católica, e abriu portas e janelas para as correntes de ar renQvQ(/Qras da cultura moderna. Tudo isto deu à igreja 11111 aspecto inteiramente diverso. Sei que êsse aspecto não é do agrado do Sr. Mas, e111 compensação - e que magnífica compensação - êle atraiu para a Religião sim patias vi11das até das mais remotas parage11s ideológicas. Assim, um ateu categórico, de espírito lúcido e coração bondoso, Salvador Allende (in1agino sua carranca, Dr. Plínio, ao ler êsre 11ome!) pôde escrever sôbre a Igreja nova estas palavras 111ag11íficas: "A Igreja Católica sofreu mudanças fu11dame111ais. Durante séculos, à Igreja Católica defendeu os interêsses dos poderosos. Hoje, depois de João XXII/, ela se orientou para transformar o Evangelho de Cristo em realidade, pelo menos em alguns lugares. _Tive ocasião de ler a Declaração dos Bispos em Medellin, e a linguagem que usam é <1 11,esma que usamos desde nossa iniciação 11a vida política, há trinta a11os. Naquela época, éramos condenados por tal linguagem que hoje é e1npregada pelos Bispos católicos. Acredito que a Igreja 11ão será fator de oposição ao govêrno da Unidade Popular. Ao contrario, será 11111 elemento a nosso favor, porque eslare111os 1e11ta11do converter em realidade o pensamento cristão. Além disso, haverá a mais total liberdade de crença religiosá'.

Como é natural [é o anônimo que retoma agora a palavra) êstes conceitos chegaram ao co11hecime11to de Paulo VI e do Cardeal chileno. O que fizerani êles? Discordaram? Arrepiaram-se? Recusaram a mão estendida pelo Presidente 111arxista? Pio XII e seus tmtecessores contlenaram a "politique de la main tendue". Bt:m diversa é a conduta de Paulo VI. Ele apertou resolurame11te a mão de Allende. E o mesmo fêz o Cardeal chi/e110. Ambos sorriram comprazidos. O Cardeal visitou o chefe n,arxista em -nome do Papa, deu-lhe uma Bíblia, abraçou-o, prometeu-lhe colaboração. Que,n cala consente, diz o provérbio. Muito ,nais conse11te quem sorri, visita, felicita e colabora. Repito, Pio X li e seus antecessores fariam exatamente o oposto do que fêz Paulo V/. Sabretudo 11ão agiria assim Pio X, pelo qual se vê que o Sr. tem u11t fraco. Mlls as coisas mudaram totalmente 11a /gre;a. E, ao contrário do que o Sr. pensa, podia,11 ter mudado. Com efeito, só 11ão é mutável a parte dos e11si11a111en1os da Igreja, contida e111 definições dogmáticas ex cathedra. Ora, os docwne1t1os sôbre propriedade privada citadas pelo Sr. não são definições dogmáticas. Logo, são mutáveis. E mudaram. Tanta é que mudaram, que o Sr. 11ada pôde citar de João XX/II, Paulo VI ou do Concílio, 110 sentido dos documentos pontiflcios anteriores. Saia-se agora desta, Dr. Pli11io. A conseqüência a que se chega é que o Sr. sabia do po1110 fraco de sua. argumentação (isto é, a posição esquerdista da Igreja 11ova), e pretendeu passá-lo sob silê11cia. Esperou, se,n dúvida, que ninguém metesse o dedo na chaga. Pois aqui está 111eu dedo 1netido por inteiro 11a ferida. Vamos ver com que estrebuchos o Sr. se sairá. Se é que conseguirá sair-se . .. "

);: * * Muita gente não responde cartas anônimas. Mas quando alguma delas exprime uma opinião que não é apenas do missivista medroso e agressivo, mas segundo se nota - é também a de tôda uma família de almas, em atenção a esta última eu respondo de bom grado. Máxime quando a carta - e é êste o caso - a par de impertinências e grosserias, contém lampejos de espírito e até de inteligência. Transcrita na íntegra a longa missiva para mostrar ao anônimo que não lhe temo as invectivas, não me resta espaço para responder a tudo quanto êle escreve. Mas escolho para minha réplica um ponto-chave que, derrubado, arrasta em sua queda tudo quanto o anônimo alega. Antes de o fazer, quero entretanto dizer uma palavra sôbre São Pio X. Não tenho por êle " 11111 fraco". Tenho-lhe verdadeira devoção, pois é um Santo canonizado pela Igreja. E um muito grande Santo. Peço aqui a São Pio X que do Céu abra os olhos de todos os que pensam como o missivista. Exporei minl1a argumentação com calma e ela-

reza. 0 iga meu anônimo, ou q uem como êle pensa, no que não tenho raz.~o: • 1 - Os ensinamentos dos Pontífices anterio. · res a João XXIII, citados em meu último artigo, são em sua essência iguais aos de todos os Papas anteriores que trataram da matéria;

• 2 -

Ora, quando uma longa s ucessão de Papas, em Documentos do magistério ordinário ( cada um dos quais não tem, portanto, o caráter de ensinamento in(alível), afirmam a mesma doutrina, esta sucessão confere caráter dogmático a tal doutrina; • 3 - Sendo êste o caso concreto quanto ao essencial dos textos sôbre propriedade privada que citei, tais textos contêm verdades dogmáticas; • 4 - E se algum Papa ensinasse o ·contrário em documento J1ão dogmático, não deveria ser seguido pelos fiéis. Pois um ensinamento não-infalível e ordinário não poderia prevalecer contra um ensinamento dogmático;

.

• 5 - Assim, estou inteiramente à vontade baseando-me nos textos em que me baseei. E em minha argumentação não existe o "po1110 fracd' que o anônimo imaginou ver. Abstenho-me de rc(utar muitas outras afirmações gravemente errôneas do anônimo, pois a isto me força o amor à brevidade.

De tôda esta argumentação, o ponto-chave é o de n.0 2. Êle de pé, o resto da argumentação é irrecusável. Êle derrubado, todo o resto também cai. A pergunta a que tenho de responder agora é, portanto, a seguinte: no que se funda a asserção contida no ponto 2? A êste respeito, um dos diretores da TFP, brilhante e vigoroso especialista em matérias como esta - o Sr. Arnaldo Vid igal Xavier da Silveira publicou estudo notável em "Catolicismo" (n.0 202, de outubro de 1967). Prova êle cabalmente que ensinamentos do Magistério ordinário da lgreja podem, cm casos como êste (e o Sr. Arnaldo V. Xavier da Silveira fala especlficamente de propriedade privada), assumir o caráter de infalibilidade. Pois a sucessão dos Papas que afirmaram a legitimidade da propriedade privada é antiga e contínua. Não sei se meu missivista anônimo lê "Catolicismo". E. uma excelente leitura, que instantemente lhe recomendo. Pois procure ali o artigo indicado, e depois me escreva de nôvo ... se quiser. Simplesmente previno-o de que, se desejar responder ao artigo do meu amigo, seja muito cauto. O estudo do Sr. Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira correu o Brasil e o mundo sem levantar objeções ...

.

* * * E fica assim emudecido meu objetante anônimo, tão verboso. Com uma estocada só, sem truque nem pi(uetas.

5


CONClUSÃO DA PÁG. 3

os

CINCO GRANDES PECADOS

nismo anti,go uma sociedade estruturada segun~

do essa filosofia, não obstante a existência de uma escravização da classe sacerdotal e dos podêres temporais a essa filosofia do desespêro e do orgulho. E,~a como que imp0ssível ao demônio quebrar na naturez.a humana o senso da diferenciação e da hierarquia, que é conseqüência da vivência dos princípios supre-

herdeiros da aliança com Abraão - como nos moslra São Paulo (Rom. 11 , 11-21 ) ,ornaram-se uma semelhança do povo judeu. Por participar da vida de Jesus Cristo, o catóii..:::o é, num sentido espiritual, da mesma raça de Cristo, e portanto é herdeiro também da aliança de Deus com Abraão. Se o católico se volta contra o Corpo Místico e entrega-se à

mos do ser, da verdadeira metafísica. O que

apostasia, êle passa a participar da iniqüidade

o demônio não logrou realizar de modo eficiente no paganismo, êle o realizou cm grande parte com a apostasia do mundo moderno. A antimetafísica do igualitarismo, a velha gnose, o panteísmo das religiões antigas, passou a · operar na sociedade apóstata. O pecado contra Cristo iniciado com a Renascença está culminando num repúdio quase total , e total no comunismo, dos princípios da ordem do ser na sociedade. l:. o pecado contra a Verdade na

do povo de Israel, e portanto prolonga, de rerio modo, o crime do deicídio.

ordem natural, acrescido ao pecado contra a

Fé na ordem sobrenatural. O Papa João XXlll disse que hoje existe "uma conspiração diab6lica contr<1 ,, verdadll' e um ''antidecálogo atrevido e i11sole11re" (Alocução de Natal de 1960).

"Por fim meu Imaculado Coração triunfará". disse Nossa Senhora em Fátima . A filha de Sion interferir~ nos acontecimentos moder·

nos dando fim ao pecado de Revolução, trazendo todos os povos, judeus, gentios e hereges, para o grande triunfo do Reino de Maria, realizando assim as grandiosas profecias de Isaías e São João a respeito da Nova Jerusalém.

E -

A

TERCEIRA E ÚLTIMA IOAOll DA HtS•

caracterizando assim a in iqüidade no mundo

TÓRIA, ERA 00 EsPÍRtTO SANTO, OE•

moderno. E, Paulo VI descreve a situação hodierna da Igreja nêstes têrmos espantosos: "A

VERÁ ENC!lRRAR-SE APÓS UM PECADO UNIVERSAL CONTRA A TERCt,JRA PES-

Igreja está caminhando para sua aurodemolição. A Igreja chegou perro do pomo de 11a11/rágio" (discurso a mestres e alunos do Se-

SOA. 8sTE FIM seRÁ CONSEQÜÍiNCIA OA OECAOJlNCIA 00 GRANDE E MAIS

minário Lombardo de Milão, em 7 de dezembro de 1968) .

ALTO APOGEU OE SANTIOAOE DA lGRE•

A caracterização do pecado da cristandade nos mostra que êle é uma semelhança do pecado do deicídio, pois estão procurando matar o Corpo Místico de Cristo que é a Igreja. Nestes têrmos se pode dizer que o pecado de Revolução é de certo modo um complemento ao pecado do povo judeu, pois os gentios incorporados ao Corpo Místico, pelo fato de serem

TERCEIRA AUANÇA.

JA. SEGUNDA E ÚLTIM,A OFENSA À

Sabemos que São Luís Maria Grignion de Montfort profetiza o Reino de Maria como sendo o esplendor da Igreja. Diz êle que êsse reinado - o qual será a Nova Jerusalém anunciada pelos Profetas de Israel. cm especial rsaías, e por São João no Apocalipse - será

Verdades esquec idas

NADA AFOITA TANTO os MAUS, t;OMO A PUSILANIMfflADE DOS BONS

última época da História. em que deverão entrar na lgreja a totalidade dos genlios, os hereges e o povo judeu: haverá um só redil e um só Pastor ("Oração abrasada") . Essa ptofcci3 de São Luís Grignion de Montfort é p;cnamcntc conforme. à Sagrada Escritura, e vemos na Epístola de São Paulo aos Romanos tlaramente expresso que a plenitude dos gentios só entrará no Corpo Místico com a conversão do povo judeu. Citemos o Apóstolo: êl

"Digo pois agor(l: rejeitou Deus acaso seu pó·

vo? Não, 11or certo. [ ... ) Digo pois: acaso tropeçaram êles para que caíssem? Não, por certo. Mas pelo pecado dêles a salvaç,io veio aos gentios, para incitá~tos à imitação. Pois se o seu pecado são a.r riquezas do mundo, e o seu abatimento as riquezas dos gemios, quanto mais a sua plenillule.' [ . .. ) Pois se a perdição 1/êles é a reconciliação do ,mmdo, que não será o seu reswbelecimento, seniio ,une, ressurreição dentre os mortos? [ ... J Neio quero, irmãos, que ignoreis éste mistério: que a cegueira sobreveio em parte a Israel até que haja entrado a pie• nirude dos gemios e <Jue assim todo Israel se salve como está e;·crito [ .. . ]. E verdade que. <1ua1110 ao Evangelho, êles agora são inimigos por vossa causa. Mas quanto ,1 escôlha divina, êles selo muito queridos por causa de seus pais. Pois são imutáveis os dons e a vocação divina'" (Rom. 11, 1-29).

Muitos são os trechos dos Profetas que fa. Iam da restauração de Israel, e é tema central do livro de Isaías a Nova Jerusalém, esplendor dos judeus e de todos os povos da terra. O mistério do povo judeu na História e sua futura conversão é um dos temas mais grandiosos da Sagrada Escritura, cuja análise e exposição transbordam dos limites de um simples artigo. Apenas mencionaremos alguns outros trechos significativos dos Livros inspirados, que podem ser os seguintes: Ec/i. 48, 10, Mal. 3, 23-24, Apoc. 7, 3-8, Apoc. 15, 3-4. A humanidade ao longo dos tempos, segundo a lei do crescimento da santidade, recebe os dons do Espírito Paráclilo em intensidade crescente quando corresponde à graça, até alingir a plenitude nessa época futura de esplendor da caridade e, portanto, plenitude do dom de sabedoria. Como por Maria se iniciou nossa re• denção, por Maria deverá terminar a obra de glorificação de Deus no tempo, como considera São Luís Grignion de Monlíort no Tratado da Verdadeira Devoçtio. l:. pelo seu Coração

Co-rcdentor (cf. nosso "0 Imaculado Coração

Da Encíclica "Sapientiae Christianae", de 10 de janeiro de 1890: ESTE ENORME e geral delírio de opiniões que vai grassando, o cuidado de proteger a verdade e de extirpar o êrro dos entendimentos é a missão da I gr eja, e missão de rodo o 1e111po e de todo o en1pen/ro, pôsto que à sua tutela foram confiadas a /ro11ra de Deus e a salvação dos /ro111e11s. Mas qua11do a nece$sidade é 1a111a, já não são somente os Prelados que hão de velar pela integridade da Fé, se11ão "que cada um tem a obrigação de propalar a todos a sua Fé, já para instruir e a11i11iar os outros fiéis, já para r epri111ir a audácia dos que não o .r ão" (SÃO TOMÁS, S. Teol., 2-2, q. X a. 2, q. ad 2). Recuar diante do inimigo, ou calar-se quando de tôda parte se ergue 101110 alarido co11tra a verdade, é pr6prio de lrome,11 covarde 011 de que111 vacila 110 f1111da111en10 de sua crença. Qualquer destas coisas é vergo11/rosa e111 si; é injuriosa a Deus; é i11comflalível co111 a salvação 1a1110 dos indivíduos, como da sociedade, e s6 é va111ajosa aos i11i111igos da Fé, porque nada 101110 afoita a audácia dos maus, co1110 a pusilanimidade dos bo11s.

N

LEÃO

PP.

XIII

de Maria e sua imolaç,ã o co•redentora,. ··Catolicismo", n.0 205, de janeiro de 1968)

que virá a plenitude da Igreja com são dos judeus e todos os gentios.

:1

conver-

A decadência dessa época é que irá trazer a intervenção da Justiça Divina pata encerrar

a H.ist6ria e realizar o julgamento final da humanidade. Considerando-se que a última decadência do gênero humano verificar-se-á depois de Deus ter gratificado o homem con1 as excelências supremas dos dons do Espírito Sanlo, e que essa decadência será de ordem a exigir o castigo do fim da História, é razoável concluir que o último grande pecado da História, o quinto grande pecado, será uma ofensa contra a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Deverá ser uma porfiada e universal oposição ao Espírito Santo. Qual será a natureza dêsse pecado coletivo'/ Até agora tratamos dos grandes pecados do passado e do presente. O quinto grande pecado, por estar no futuro, escapa a um conhe-

O túniulo do Apóstolo São Tiago e,n Co,npost·e la

T

ERA UM A visão deformada da História -

observa um historiador espanhol -

aquêle que não aceita senão os fatos

para os quais encontra fàcilmcnte uma explicação

lógica, e imagina que os ncontccimcntos se SU· cedem da maneira corrente e vulgar do nosso viver cotidi:rno. Não. P3ra chegar à verdade com· pleta devemos admitir o maravilhoso, que não consta da letra fria e morta dos documentos e inscrições. às vêzes tão enganadores. E um dêsses fatos <1t1c os espíritos hipercríticos, geométricos e cancsianos não chegam a compreender. é que os veneráveis despojos do Apóstolo São Tia.go, o Maior - martiriza.do em Jerusalém no ano 44 de nossa era. como nos relatam os Atos dos Apóstolos (1 2, 1-2) - vieram a repousar na longínqua l-lisptmia, o f'iuis Tcrrac do mundo antigo

(cf. Marqué.~ de Lozoya, "La Ca1edral compOS· 1clana", Barcelona, p. V). A certeza de tal fato, p0rém, repousa cm an-

tiquíssima e sólida tradição. não só no mundo hispânico, mas em todo o orbe católico, do que nos dá testemu nho já no século IV o grande São Je rônimo. Da pregação de São 1"iago na Espanha, remos o testemunho anterior do Padre da Igreja Dídimo, o Cego, de Alexandria. que escreveu cm me-ados do mesmo século. A êsses documentos da cradiç..1o vêm-se unir cSrca de trezentos pronun6

ciamentos de P3pas a partir de São Leão JTJ, no século IX. proclam:i.ndo a presença do sagrndo

eorPo do Apóstolo na Catedral de CompQstela. Em 18_79, o Cardeal Arcebispo de Compostela, Payá y Rico. querendo confirmar a nutenticidade dessas relíquias_, nomeou uma e-omissão de peritos altamente qualificados, que subme1eram o assunto a rigoroso processo, com a. intervenção de doÜ· tos e eminentes historiadores. arqueólogos, antro. pólogos, médicos e eanonistas. Recebido o parec-er da Comiss.1o, baixou o Arcebispo um solene decreto no qual declarou, canônicamente, pertencerem verdadeira e realmente aos corpos do Bem-aventurado Ap,óstolo Tiago e de seus sanlos discípulos Atanásio e Teodoro as s;sgradas relíquias veneradas cm sua Catedral. To• davia, pam mais inteira segurança, e para maior glória dos Santos e edificação do mundo católico, submeteu as atas do processo canônico à aprova .. ção do Pontífice e.ntão reinante, Leão XIII. Atendendo ao pedido do Arcebispo compostc• fano e do Rei Afonso XIT, constituiu o Papa uma Comissão de Cardeais e Prelados competentes, a qual, com todo o rigor, examinou o processo. ordenou novas inquisições e testemunhos. Por fim, Leão XIII, pela Bula ºDeus Omnip0tens", de 1.0 de novembro de 1884, ratificou e confirmou nos seguintes tSrmos a sentença do Cardeal Payá y

Rico: "Também Nós, acabadas t6,las as d1í11i(/a~· e contrôvhsias. ,te ciêncl" ccru, e motu proprio aprm•omos e confirmamos com autõri<lade apos~ tóHcti a sentença de Nosso Venerável Irmã<> o Cordeai Arcebispo ,/e CompoJ·te/cl, sôbre a idcnti,tade dos corpos sagreulos cio Ap6,ttolo S,ío Tiago. o Maio,·, e elos seus sa111os disdpulos A tânásio e Teodoro, e decreuunQ.\' ren!Ju cl" fúrçú e valot

pupAtuamemc.,. Ao mesmo tcmpO, mandou nos

Bispos de todo o mundo que comunicassem essa dceisão a seus fiéis {Côn. Emílio Silva, ''O Caminho de Santiago". 1966, pp. 13-14).

As escavações que desde 1946 vêm sendo foi. las no subsolo da Basílica compostelana vicr:;n, confinnar, mais uma ve-z, o fato da presença dos

santíssimos despQjos do Apóstolo T iago, proclamada já par documentos anligos e veneráveis tr:tdições, e crido piedosamente p0r aquêles milhões de peregrinos de tôda a Europa que, desde o Mar Negro :1té Portugal, e dos confins da Escandinávia até o Reino de Nápoles, passando por terras dt: França, se deslocaram através do ''caminho de Santiago.. - indicado no céu pela Via Láctea nos sóculos de esplendor da civilização cristã, chamados de '·doce primavera da fé", em demanda da cidade de Compostela.

C. A. S.

cimento mais específico. !,ssc úllimo pecado contra o Espírito Santo será um tédio siste· mático e universal das coisas espirituais, ou uma oposição sistemática contra a Fé? Uma resposta a esta pergunta. ainda cm 1êrmos de.

probabilidade, exii;iria uma investigação de exegese bíblica e teologia da História que foge ao escopo do presente trabalho. Sôbre êsse pecado há trechos da Sagrada Escritura. Vamos citar alguns entre os mais inreressantcs. Nosso Senhor diz o seguinte sôbre o estado de espírito dos homens no fim da História: "Como aconteceu no~· dias de Noé, assim será também a vinda do Filho 1/0 Homem. Porque assim como. nos dias que precederam ao dilúvio, estavam os homens comendo e be· bendo, casando-se e dane/o-se em caseunento, até o ilia em que Noé entrou na arca, e ,reio o entenderam enquanto ruio veio o dil,ívio e os levou a rodos, assim também ser<Í a vinde, do Filho ,lo Homem" (Mal. 24, 37-39). São Paulo diz isto: ''Porém, qumuo e,o rempo e momemo (do íim da História}, não haveis mister. irmãos, que vos escrevamos. Porque v6s .s-,,beis muito bem (Jue <1ssim como um ladrão costuma vir tle noite, assim será o dia do Senhor. Porque quando disserem "paz e segurança". enuio lhes sobrevird uma morre repentina, como a dor a uma mulher grâvid,1. e mio escaparão" (1 Tcss. 5, 1-3) .

São Pedro adverte o seguinte: "Em primeiro lugar sabei que 110s últimos tempos vireío irnposrores cheios ele ar1ificio, que viverão se• gundo suas pr6pri<1s conc111>iscênciaJ·, dize,ulo: "Onde es1á et promessa ou a vinda d'.ê k? Pois desde que morrert1m nossos pais tudo continua na mesma como clesde o princípio d,, criação". J Por l!S(llS coisas o mundo ,le então pereceu na água. Mas o.r céus e a terra que agOtll exis1em scnlo pela mesma palavra reservados cuic/adosame111e para o fogo 110 dia ·do jufgt1· mentô e <la ruína dos homrns ímpios" (2 Pcd. 3, 3-7).

r...

A célebre Glostl atribuída a São Jerônimo apresenta as sete Igrejas do Apocalipse como sete épocas da era cristã. Na sétima Igreja,

que seria a última época - conforme essa exegese. que é seguida também por Santo Albert.o Magno e o Bcm ..avcntu rado Holzhaus:t.!r (cf. "EI Apokalipsis", Leonardo Castellani. Edicíones Paulinas, B. Aires. 1963). temos as seguintes palavras de Nosso Senhor dirigidas aos que seriam os da última épOC3: "Conheço as tuas obras; sei que mio é.r frio mm, quente. Oxald /ôras frio 011 quente! Mas porq11e Is mor110 e nem /rio nem quente, começo,.ei por 1

vomitar-te ,1,, minha boca. Po,.que dites: "Rico sou, pois, e estou enriquecido e de 110,la tenho mister'', e ignora~· que és um infeliz, miserável, pobre. cego e nu. [ ... l Eis que estou Eu li porra e b1110" (Apoc. 3, 15-20).

tom APROVAÇÃO ECl,tlSIÃSTICA

Campos -

&r. do Rio

'Oirctor Mons. A1Honio Ribeiro do ROS31'io

Oirtlori:i: Av. 7 de Setçmbro, 247, caixa. post:tl 333. C:unpos. R.J. Administra('iío: R. Dr. Mnrtinico Prado, 27 1 (ZP 3). S. P:tulo. Agente p:ua o Estado do Rio: l)r. José de Oliveira Andrnde, c:i_ix:• J>O$l:tl 333. Ç3mpos. IU: Agente par:, os Est:,dos de Goiás, M:Ho Gro$$O e Minas C-tr:tis: Or. Milton de S:1llcs Mouriío, R. Paraíba. 1423. telefone 26--4630, 8clo Horizonte; A~ente

pará o &1:1do dà Gu:wabnr:t: Or. Luís M. J)uncan, R. Cosme Velho, SIS. telefone 245-8264, Rio de J:mciro; Agente. 1>nr~ ~ ~'1.ado do Ce:1rá: Or. Jos6 Gerardo R1be:1· ro, R. Senador Pompeu, 212ô·A, Forw.kza; Agenres p:m-1

ri

A11:entin:1: "Tradieión, Fa-

mili3, Propied:td", Qlsilla dç Correo n.0 J69, C,1,pil:.11 Fedcr:il, Argen1in:1; Agente p:lr".I :1 F...spanlm: José María Rivoir Gómcz. ::1par1:1do 8182, Madrid, Esp:mh::i.

Assln:ttur.LS trnval.s: comum CrS IS,00: cooperador CrS 30.00: bcníei1or Cr~ 6~.00:,

grande. bcnícih'.>1' CrS J50,00; scmm:mstas e estudantes Ct$ 12,00: América do Su1 e C<:ntral: vio IT'l:lrítim:.1 USS 3,50; vi:1 atre.i USS 4,SO: oulros países: via ma· rítima USS 4,00; vi:\ :1ére., USS 6,50. Venda :.vulsa: CrS l ,SO. Os pn.gttmcncos. sempre cm nome de J,:ditôra Padre Belchior de Pontes SIC, pode· r:io ser c,,eanlinhados à Admini:,:1r:.1ç5o ou

30s agcn1e.s. A correspondência relativ_n a assina1urns e vc11d.1 ovulsa deve ser env1nda i\ Adminis 1ração. Para mudanç-:i. de cnde· rêço de ass.imuHcs, 6 necessál'io mencionar também o ende,êço :i,nti_go. Composto t Impresso na Ci:i.

Lithographk~l Vpfrnng.a

R. Cadete, 209, S. P:iulo


ACRAVAMENTO da perscguitiio rc• llgi~, dtstnci.de:adia por Nnpok~o depois de um período de boas rtlnçõcs com a

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Sanla ~. levou a "Amidlla Crtsctana" a tomàr um p:aprl dr arnndt rclêvo na rcatfto c.at61ica que cntiio se orgnni:c.ou. Eha cnfrencou cornJos::imcnte n policia do lm~rlo para :u;$cgurnr ao Papa Pio VII um mí. nimo dt condiíÕCS pam coulinu.ar n dirlgi.r Q Igreja

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do rundo de sua prls:ío cm Savon.1, e, sobrthrdo, foi ela que pos.~lbilltou ao Sobtr:mo Pondflc~ fnzcr ouvir o seu protes10 n.u grandes qucstõts C"rindM pelo tmptrador ao 1cnta.r Impor ::i sua vontade à Igreja, infelizmente com a colabor.&~âo de vários c-cltSiás·

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PIO VII CEDE

PARA NAO PERDER: PERDE

tkos. ~a Jtna, a •·Amlclzla" a empreendeu ao lado de org:ml.xaçócs cnt6Ucas franCC$3S; :U.Slm sendo, p.ara melhor se compreender o dtsuvolvltntnlo dos fotos somos obrigados a suspender a nnrrnUva que. estávamos raxtndo, a fim dt recordar brevemente os aconlcdmcnlos políticos qut cuhuin:u1un com a prtsiio do Pap:,. e de dar um resumo d~ história de-$$:&S céltbre-s Congrcgatões Mnrlan:.1s fnt.ncesas que liC uotr,un i\ ''A1ttlcízlo•• pnrn imptdlr o com1>Jct'o domínío de Nupoltâo sôbrt a Igreja. A heróica fidelidade de muitos cn161Jcos durante ::a Rcvolutão Froncua lc,·ou m-lirlircs :10 cadafalso e - .lpcs:l.r d:»,.s numerosas dtftctõts do Episcopado e do Clero cm itr:il. que dcrnm no mundo o tspcláculo nrgonhoso da fommçiio da Igreja constilucion:1I e d:a alunç:io de ecleslástlcos apóst.tC!IS Cn:tns• fom1ndos cm corifcus da Revolução - prcsttvou a opinião pública do visgo dos erros revolucionários. Assim i q ue o próprio N:ipalc:io, na t90ca do 01rclório, ptrctbt:u que SU:lS ~-pcrncularcs vitórias mi. lifarcs não erom suficientes p~m·, consolidar os f rutos da ítt'volu('ão, pol.$ u ,trnnde nrnlori.a dos írnnc-e."ltS continur.v:1 fiel à l grcjn Católica e, «~do o ·rcrror, tinha esperanças de um pr6ximo des:rporc,.. cimtnlo dos princípio$ q ue já tlnlmn, c1111s:1do lanfos males à Franç11 e no mundo. 8on:1pnrtr n.iio chegara a essas: conch,1sõcs por ii1fuiç!io polílicã. f:mm c-l:1..-; o resultado de um::i pe.squis.1 de opinlão públka que ordcn:.ra e que demonstrava :l snciedudc a proíund:1 convic('áo e.-. rólica das populações: de rôdas as regiões d:i Frnnç:1. Por oulro lado, o conhecimento da sUu?.ç:io d:1 11:ília, que suas expedições militares lhe pro_porcio. n.m,m, :ainda mais o convenceu de q ue :, Revolução correri:.1 traves rL~cos se êlc não co1t.S(J;ulssc estabf:kc:t'r um :1côrdo ~orn a Sontsi:. SE. Em 1302, quando já estav:1m adl:mtadns :l.~ nc• ~oehlções eom Rom11, o então Primeiro Côns ul foi obrls;,.1do a revelar claramente o pl11..no que claborftr:1. Disse ele num discurso pronunciado parn corwcncer óS .seus oposUorts: •'Sem cru.são de ~mtuc. sem :1.Rl•

S

NOVIDADES QUE JÁ T:f:M

DUZENTOS ANOS

EGUNOO O PROGRESSISMO, ••o podt, d• l1trcju n ão vem do :1110, mns de baixo; não reside cm seu Chefe, mas cm seus mtmbros, e slio êstcs que o delcgP.IU aos superiores. A. IRrcj:i êon.serva sempre umo. parrc de seu pOdcr originá. do, porque sua constituição é es::stnci:,tnicnte rcpu· bllc:ma. Aquêlcs a. quem tl::i. o c-omunlc:1 não são cm .\'UnHr stnão m:md.at:írlos. O p róprio P~1p:1 não I: Stn.~o o mais elevado de b'tus scrvidotts; êlc U'.1-n• Wm E: um filho da lgTeja''. os progressis1as n:lo titut,thlm c,u liri1r :i.s con• clu.sõcs d€s:sts erros: onde $ scg:uc que a Igreja n ão cem poder lc,ti-,làüvo, cm pnrtitular cm qucsrõcs d e casamcn• co, a.1 qual$ S;to t6d?...~ de :il~nda cxc1u.$iva do Es,. fado. "De onde se seRu e rmnbl:m que :1 lgrcjn sai de sc-us limiles e se :arroga direitos que n ~o rem, quan· do .se pe.rmltc exerct'r um po<ftr admini.')1r.ltlvo c-m b'tu próprio grêmio. Mt~,ino .-i(, os :.'UCCSSOrtS do Bom Pa:.--Cor dcvcrl3m límH:1r« a pc-rsu t.d.lr, a aron. ~"tU1~r e :1 cxorlar, m:l.s nunc:, m:mdar, com au:d s forte r.17.iÍO nunc-a punir. "F.Lç porque n:io h~ m:1l,; lugar p~10-~ mêdo de excomunb:"io. Devem-se consklcr:1r :l.ç ameiças de ca..,1igo por p:1rte do P:tp:a como aqut.fas vlndtls dos muítls ou dos bonzoN. " AJnd:1 m:ds condenável é Y.. exttn.s5o que a Igreja !)retende dar :J stu pode,r n.:is c-ois:\S txtcrio• rés, c.m ourros têm10$, o catolicisrno ,-•político", o '"bclarminb,m o'', o ''hildcbr:mdismo''. ( • . , J. "Por ii;so nun~ ~r3 demais ln.Silt.ilr sôbre o principio de que o poder d:1 Igreja é puramtnCc tspirltual. t desejo dt todos os bons cristãos que ela scJi>, rc.eondu7jd:1 a e;',,.'-'1 c.ôr1ecpção, e dcvC•$e .-.audar com reconhcdmcnto Cudo o Que é de molde ::t rtintea.r,-:ta cm seus limites naturais, :iind:1 que seja uma revolução e<,mo a Revolução F~ncts."I", Investe o progressismo eonlra o do,::rn:11 conrra a moral, con(rn as devO(ÕCS: populares, confr.1 o Breviário, contra 1.1 dcvo(iio :10 Cor:1çio de Jesus, contr:., o cullo dos S:11110.s e C$JlC<'iahntnrc contra :1 devotão i\ S:1.ntíssinrn Vlrgcin, ;i Quem ousa retcrir-.5c como "ser intermediário corre Deu., e o., S:mtos, que sc.rvla de alimento :10 (lue monges vi.~ionários cham:.1v;Lm de culto de hiperdulln''. O tl.!,'S;'lltO dos

e

··oc

latões, só o Pa,pa pode reorgantZ.1r os católicos da Ft:ança sob n obediência republicana. Eu pedi isto a êle. Umu vcz submetido o calolidsmo pelo aícto, poderei suprimir o intcn11cdiário cstrongtlro, concllindor cnlre a Repúblk::a e os ecksi:islicos. A dircçüo dêstcs úhimos flcnr4 então in telrumentc nas mãos do go. vêrno. 'fals sfto niinbas intcnçôc$, Não podeis con• fi:.lr em mim?" - Pouro depois d:l batalha de M1irtngo, N:1p0Jtão deu In icio A cxccuçiio dffle p i.an o, pedindo no dt-at 8[.q)o de Verc-clll que sondasse a Santa S6 sôbre :1 90S$lbllldade de negociações. Com a sua costtunt:l. rn f:'IL'fldade, não declarou logo que queria que o Pnpa acdtusse os princípios rcvoluc.loruirios, e que seu ot,.. jctivo último era conqui.« ar p:i_ra a Rcvotu(5o o Que considcr:avn "a má.is prodigi0$3 alovnnca dn oplni:'ío do resto do mundo'', como confessou paslcriom,cntt, As condiç&s lmp<,stas, no entànlo, jli eram muito oncro:.1as para a Igreja: :1 aceit:u;ão da venda dos bens tclcsllbtic-os feita pelos sucessivos goven,os rt· volucion'-rios e o. complet~ remodclaç~o do Ep.Sco• p;tdo francês. A ocasi:io era a n1.1i.s oportuna parn essa proposta de negociações. Pouco unlts rara eleito cm Venc-ia o Cnrdtnl Chiaramonti pani suceder ao Pa_p a Pio Vl, que faleeer2 na Franç:a, prisiondro da Revolu• ç:io. O nôvo Pontífice escolhera o nome de Pio VJI, O Cardeal Chi.animonli pertcnd:l à nobreza it.'l.• Uann e {ôra Beneditino. Nomeado Bispo de Tívoll e nrnls tarclc de Imola,, quando ::as tropas rcvoludo. nári::as lnv:idirnm tst.a última Diocese procurou hnpedir q u:ilqucr rcsist~nda, sob o prctêxlo de evitar o clerr:unamtnto de sangue. Mnis tarde, num:1 Carla Pastoral, chegou ~1 on.nnar que n;io havia oposi(;io entre os prindpios revoludonir-ios e os cns-Jn:un cntos do Evangelho. Um dos primeiros aios do nôvo Ponltrke (oi nomear Mon.stnhor trcole Cons:ilvi p:ir:t Secretário de Estado. lnleligtnlc, hft.bil, muHo c:11paz, S3bcndo adaptar-se a qu:ilquc.r ambiente, bsc Prelado teve sôbre Pio VU, dur.mlc mullo tem,po, um nsce:ndentc qun.se: compltto. Elevndo no Cnrdin:11:110 pouco depois. o Prestígio que soubera conqui.st~r duranlc o Conchave de Ve:nt'ta, e as novas J,onras que re-ccbla, permilir:un-lhe d.-ir início a uma rtmodclotão dos Estndos Ponflrícios de :.côrdo com as novns Idéias, d3s qu:Jis cr:i, ptlo menos, um admlrfldor t.n1uslash1. 8r:1 m1tuml1 pol~, que cne.:m\S5e com satlsíação 11 po.sslbllld.-1cle de um diálogo c-om Bona1>nrtc. Bm rtsposfa à sondagem do Ptimtiro Cônsul, Pio VU t nvlou a Paris o Arcebispo de Corinto, Monsenhor S:pln:1, e o Padre Ca.,-elll. Essa mi$$:ÍO, que tni .seerer:a:, entabulou negoda('õcs que for.,m longas e dlfícei~ tnntn mal~ ouc- Nnpnleiln fa An.~ p,u1C'Os

e,..,..

ºgru~os profétkos:·~ vem sendo truubérn desferido conrra tudo o que a Jgrcj::1 e.stabeJC:Ccu para a sole-. nidade do culto dívlno no e-urso dos tempos. "Fiel a seu ~1>írito de ódio contr:-, a ld:\dc Médl.a e eon1ra :a: cSC"Olistlca - o qu:1lJ sob prctêxto d e não :1dmifir .senão o hlslórico, rcltjt;:1 :10 O!l1r.1clsmo mil :rnos de. História, e eonsidcn1 como doutrina da lg.nj:l'I Unicamente o que se acha mcnclonndo a ê$SC respeito nos es critos eoncemc.ntes a suas: mais remotas origens - o progr~smo não ..idmlte da vidn reli,:tiosa a niio ser o q ue: ê.le descobriu no ltmpo das: ent..1cuinb:.ls. U,n galpão de madclr:a, no qu:il há luga.r p:1rn uma dú7.ia de pc.'l.,çoaç. uma safo subtcrr!lnc:1 sem lu>'., sem orn~mtntos, coin ns paredes c:1lad:is, uma mesa que se rran~iorma cm nlfnr e sõbrc n qunl se cotoe1m1 dul)S veras fumacentas. ral é seu ide:il da Igreja e do cullo divino, idc:d pt.lo (Juol é!r .se entusi;"t.:,,Tn:1. M3.S' .-.s i,:rejas grnndcs e cl:ir:1s, os quadros, QS c:mdcl:1bros, as velas nu1uero.sns, o Incenso, o ca.nto, ludo isso lhe faz m:il à cabeça e :10 cor.1ç:io, tudo isso é uma pro'V'a ele que a IRrej;i se nmnd:inb.ou no tempo d:1 csco~ Jástlc:i, e :1f:1Stou-St' do ~-pfrifo da antiguidade, ~m como dia pur:1 rclfai~o. Um só aliar cm cnd~1 (grej:1, umn s6 Mi.s.'i'.1, ou melhor :1indá, n:td:l de Mis.~ durontc :1 semana, e els n rt:form:a d:1 Igreja pronta e acabad:1. Sobretudo, m1da de procissões, nnda de dc,·oçõcs extr11ordin:írfo,s, n:1d.a d e peregrin:ações, éSff.S prctcx10s piedosos para :tlCS{rc.,; piquenique$j n:ld:l de dfas s:1ntos, Que caus:.rn, trio grnndcs p rcjub.os à tndústrfo e à pkd.;1de". Igualmente d1ocunfc p ;1ra os progress:istas é õ c:clib;Uo celcsiá:,1ico. Um.1 multídi'io de escritos sai a lume contrn êle. ;1A inlrodu~ão do tas:untnto d os P;,dres é um:t n ecessidade premente de noss:& éJ)Oca, se não s~ q1,1lser pôr cm risco 11 mór:1I, :1 rcllgi.ão e o bem dos Estados. Ntm a r:w..:io, nc.rn :, Escrifurn , nem a antiguldnde crhi:l falam :, f:wor dessa iusCHuitfio. Foi sômenlc Gregório Vil quem a inlrodux.iu. Nossos tempos s:1o bem diferentes dos tempos anflgM, e nossos cc1tsl:\sticos atu:1i$ têm outra Instrução que t.Sscs monges pa.ra quem o ccllb:'lto pode ler sido satufar".

***

tornando claro seu desejo de ciue o Papa accif:LSSt a ReYolut-ã o e se submetem cm ludo à s:ua vontadt. Niio Vflmos neômp:a.nh:ir a ~qüfnc1;-. das iinpcr-tinên. das, mtnllras e nmeaças com que Nnp ole:to pro. curou forçar a sltuaç.:io, colocando a Sa.nt:1 Sé di:1ncc do '31so dilema de ceder ou perder. O falo é que. depois de vinte e seis p rojetos e de uma viagem nprcssadn do C1\rdc?A Conffllvl n Paris, afinal se chc. gou o acôrdo e foi possível n cclcbmç:io de uma Concordnt.a. No di;1 lS de agôsto de 1301, com a E:ncíclk1i "Ecdts-ia Christl'', Pio Vil onunci:,va CS$a Concordata ao mundo calólico, mas o govtrno fra ncês de-morou para r utiftdi-ln, só o faicndo depois de ln· corporar ao seu texro os chamados tir11go~ orgi.nicos1 que modJ!icav:un o que fôra comblnlldo e sujeitavam a 1.g ,nja ao poder coerCitivo do govêmo. De m1da v:alcrmn os p rotestos de Pio VII. O govi:rno francês rtíugiou-sc n:a dcsculp~ de que seria impo'ssível conseguir a aprov:tç:io lcgisl!ltiva da Concord~lh'l sem os artigos orgânicos, e com Isso se ctiou um;a situação :uubfgua. Umn das exigências de Napoleão foi a demtss.1o de todo o Episcopado rranc-ts. A :iceltaçiio dessa imposição, .sem prccedtntcs n.a R i.stórifl, e outrns e:ontt.s.Wcs ftlt:1.$ pela Santa Sé e:iusnrnm grande c.s· cllnd.alo. O povo ro1m\no exprimiu bem n impressiio gcr:ll c:ws~d:\ Dela Concotd:-.ta, cscrtvendo na ban de uma estátua mutilada de Roma, o seguinte verso: ''Pio [VI) ptr consnv.ar la {cde / PerdC ln Scdt. / Pio {VIII per conservar la Sede / Pcrd~ ta ftdt''. O P:1p:1 logo vcrificar!i que a polítk~1 de c-cdcr puni niio perder condux à perda completa. l neontcn. aávd, Napolc:io cxi1tl'2 cnd.a vez mais, até que, não podendo mals ceder, P io VU t:u:nbém strá aprisionndo e só niio perderá tudo p0rquc, dcrrotodo pelos cxér<:itos eolig:\dos, o Imperador n~o podcrli cxi,tir mnls.

O que sobretudo e.s:panlA eiu todo ês.çe tr1stc tpf. sódio E q ue Napoleão nunc:\ fêz seg.-rêdo de que não negociava com a Snnla Sé senão porque ?.. m:iiori:l dos franceses cm católica e~ porranlo, por precls:ir do apoio d11 lgrt:j::i. Na fpoca cm que nbrin á~ ncgodatõts com Romn, de-cl:.1rou fie: '•Minhi1 política é ROvtrn:.r os homens como :1 maiorl:, quer ser ROvcrnndu. t êsst, n n minh11 opinião, o modo de fccon1ceer a sobcranl:i. do povo. f'oi tornando,me ('3· róllc-o qut ac-nbtl corn a guerra d.11 Vc11déiJ1, torn~ndo,mc mu.ssulm:1no é que me instalei no Egito, f:l. ·ctndo-tut ultr.unonfànO ganhei os cspí.ritos na lttília. Se tu ,:overn:ISSC urn povo de judeus, rtconsCruiria o l'cmplo de S:1tomão".

Fernando Furquim de Almeida

Dirão nossos leitores: tudo ls.-M .'Clo coisa.~ infelizmente ullrn-s-.tbidas e que po dem :çcr encon• trndas nos inúmeros livros, revls:1:1s e jornais :i M-r· viço do progreSSismo~ do IOOC e dos "grupos profélico.1'. Responderemos: f. verdade, mas desta \ 'C7. noss:1 ronle de in{()nn:1çfto é vclh:t de cêrc.1 de duuntos :mos. Tudo o que tlcima se lê não p,r.s:, de resumo ou de tr.mscriçi'io lilernl de trechos do c-apftulo VI do 11\•ro ~~o Perigo Religio:.'01 ' do conhecido pe:nsador caróllco Padre A. M. Wels.,, O. P., venfrio íranCC$l-l do original :1ltmão (P. 1....c· thiellcux, LlbraJre-Editcur, P:1ri.\:1 1906, pp. 236-2S3). Trata o :tutor nesse capítulo do "ncoc:-atolict~uo1 • ou "c:11olleismo reformador'', mistura de g:illc:mi!.• mo, j:ulSCnismo-, ícbroni:mismo, joscfisn101 Uvrc-ptn~ s:m1tnro, que encontrou su::1 mais completa ~xpress;io no sí.nodo de Pistói:1 (1786), "mi$111r:1 que foi o úHl:mo lr:'lb:llho prtparnfório d:a dissoluti'io gcr;1I, no fim do .século XVIII, e à Qlr.d n!io podt'mos da.r outro nome senão o de segund:1 8cfornm" (p. 227). Além de resumir alguns trecho.o..:, limit:uno-nos ll m udar o~ verbos do p nssado p~_r:i o prc.s<:ntc, e 3 ~ubsti(utr os no mes de «cMolici.s rno rdonnador'' ou " neoc:,tolicismo'', por seus con-c.irpondcntcs hodiernos, que são '1 progrcssismo" e "grupos profétleo.s•'. 1'rrmln a o autor o referido c:apítulo com as &~uintes p:ihlvr:ts., q ue tumbfm se :1plic:1m, ponco por ponto. o.os nossos dJJ>..s: "Cc,mprc-cndcmos por• que, no fim do ~culo XVIII, a Igrcj:a desmoronou tão sitbif:1mentc na Fr:uu:a e na Alemanha. Seus inimigos cxttmos nunca teri:un podido derrubá•l..la, Oe f:tto, Ela resi~iiu :ao poder de Volt:dre, ?.O de Robespierre e :'IO de Napoldio. Mas, quando _., gucmi civil se implántou cm seu seio e os traidores d e dcnt:ro deram o. m:io nos inimigos de for:l, sun perda íol incvHávcl. J á os Padres da Igreja tinham Ob,trv:,do que :is 1,crsc-guições lêm por deito fortificar :i lgrcj:a, m:i.s q ue. uma e:ms:1 dt dcblllh1çâo p:.lra Ela é a dbulnulção da ff, do amor :'l Efa e da vid3 sobrtn~turnl e.m seus membros'" (pp. 261-262). A História se re!}ttt. e nôvo vag.ilhJo revoludon~.rio esrruge aJtora sôbrc a Ctlst?.ndade.

J. de Azeredo Santos 7


*

COORDENAR ESFORÇOS, FORMAR ELITES, TAREFA URGENTE NESTA CRISE DE CIVILIZA fÃO "Sr. Prttldt.nte, StnhOl'd,

D

mlftll.as

s~fthoras,

mtU$

.:seio

COMECAR minha exposltào pelo cumprlmf!nto de 11tn ara10 dut.r,

qut 4, o dt dar u boas,vlnd"-'J 110 5010 ~i,a 111 aumuosa, dt1ttac6es e.str-angcl.rlU,

procedtntu dt todos os quadrante,. A B-fUtln oraulha.u- da mlssiio que lhe- .:onfllllm a ·n1s.16rfa t a CcO-arafla; ela /: uma ttn-a de tn· eontro1 t lntttdmblos, oa cncrUllJhada da Europa, no cort1t!i'.o do O(idetttC'. t.4te doer de M,spl.talld.ade f,mt tanto mals a:ralo qu.anto •ós que JOls nossos h6$pc:dts hOJt, •ós i,tr-, lcnccb todo$ à trandc (Omunldade dO!J homtllJ Uvrts, • esta ramflla ~plrUual que sob a pr~o da ntC'tSSld.adt proeura refa:ur sua urtldadt'. a rim de salvq;uarda.r as Ubtrdadcs e • dl.gnldade tusmaníl$ onck t1a.f v'kcJam a inda, t • flr:u de luar uma mtnslt.ltm dt t'S.IMranç-a ls oaçõt.s oprtts&.'I .sob o piso do Co-

fallu1.rls:i:no man:I.Ua, r.t~

C'ln ffu.)

prlndplos,

odlo~ nos seus mftodos., Que noua ramUla e.Jplrirual tJtda à procura dt sua unJdadt, que tia desde c-oordtnar iuM lnldalh'as, noSS2S t'Onltrhdas, t.nlrt ou• dilo disso um ttSltmunho rttOnfortor:ice, fnu. contribuindo para romper o clima dt dtc:•• dênda moraJ e de lerror4uto lalel«rua.t no qual subme.-.:em as sotltdades ~ ldcnlab, Cu• muladlLS de lxndfelo.1 e dt riqueza., materiais, al"'vcuam ti.as uma crltt sem prttcdentes c diO-k o luxo mahão de se tnlrt1artm à ~ dufio do nllllsmo, A atratlo do n2d• .

Para t'Ompr«ndtr tsla crise de eMllb(-ào e.umptt txamJoar, dt um lado, u Unhas de fõrt•, o patrimônio, o potcnda.l lateltcluaJ de no$U dvlUurfo cm erlst e, dt outro lado-, a..s ldflu Que Jo1ra.ram QUtbntr • ~do e,.:pl111u.al de-ita ch'IUz.aç-lo. O ancuuto, que f. compluo, t:d1lrta um amplo deun,-0Mmcn10. Rt· sumJ.Jo f oeet'uàrlamenle tmpobrttê~IO, Que oi t~aUsill$ me pndotm por l.anonr aqu.l .u m61tJplu nuant"t".S que êlt rt-Qutr,

Rejeitando o princípio de não-controdição Htrdtlra da J1lb«lorl11 «rr-a• t da coc:rhcb romana dt"M:nvolvldas e subUmadas na ordem <rlsOi 1 a dvllluariio oddtnt.11I foi edl· rkada J.Õbrt o prlodplo artstotfllco de nSo·C'OnlradlfAo,, ic:i undo o qv:al uma t"Olsa não podl' ur t nio i1t:r ao ntl'SOIO tempo e do mt"smo ponto de vlsr.11. Ela foi fortt e ft• t'Wld• c:11quaolo wai eUtu rtC'Onhecenm à lnlcllgêncla bumaoa, nlo o dlrcllo de criar vetdadt$ tffmtMIJ ao sabor de lntulfêSts subJtllvas., mlU o poder de opor o nr ao nada. dt dck'Obrlr o ru.l l' d<' o uptlmlr *dequadamtnte dlillnaulndo nélt o conlhtat:nlt: do nttt$.$4rlo, o partku'l ar do unlvenat, e o acl~ dtnlal do «sC'ndal. "A primeira convicç!lio lundamcnta.l ( •• •1 de codo o pen$amento hu• m:rino a.nceriormtn1c á0$ doi.s ,íllimos s.(!culos, ucre,-eu Jean DauJa1> é qucc a afltnHi.çl'io tlu· mana 1em um s.cniido, , Ql1c ilm e nio . silo palA.vr1U que lém um sentido e nllo Podem sct pctm1,11adas umn pel:ri oulrn, 6 que sim é Jlm e que não é nlo, f que nfio ,e pode dlict num dia o contr.írio do que se, diut: ma vúpcr.l s em csrnr errado pelo menO$ uma das duas vé«s. ~. em uma p:rih1vra, qut Cxi$<te uma vcrdadt" l' um ê.ttO que nio st confundtm" (•'Connallrt IC' c-ommunbmt'\ F.d. Lll Cok>mbt. Pa ris, 1961), Pste mOdo de Pt''"•r. n111ural e tradklon.J, • fllo10na dila moduna rtMtou-o proa:ressl· l'amtntc. Para fft«tl o mu.ndo nlo nri m.lllll: qu~ o rcnuo do pt-ruamenlo, e nlo exl.sticl sen5o pdo movimento d(t$t pen$11Dltnto tnfrt uma fuc e uma antftese dots:tlnad&$ 11 k confundlttm em um• dnlut da qval na.t«ri nett$$lrl•mtnlr. uni• oov• evolu"5o c:onrradllóA~m Jt' sb1tm1th:.a no btitUanJsmo • t'Onlwl.o das ~6u de: vcrd1de t de érro, dt aflrmaçio e dt: ntit•tlo, de bem e dt 1nal, Ctde:bdo ao OrJtUlho e não mais obt:dttt.ndo 6-tnlo • suas próprias lels, a lnltU· afnda humAna fmo mais se rdtrt ao rtAI: ela rabrlt111 artltlelalmtnlt" •aJores atbllr4rlc» e momtnfbt-0s wJ• t"Onfradldo lhe allmcn1a o mo't'lmenlo frenfllco .

rf•.

O papel que Htttl •tribufa à.( ld,1a,, Marx n.io far4 malJ Que confl:5,lo às f61'\'U m• ter1•Js para ace.lcru a «ISt de d•llh.atiío t'm que t-~a:mos e da QHI o t<oõmtoo cootut.r,no c-oiutHuJ • mais rtc.t:ote JnJ,nlfula(~o, a v-cr'$lo mal$ Hflotada, Um.a vex que nada mab f verdadeiro, uma

n~ que n.ada mais f ralso. uma •n que para Mane s6 a conlradltito das fôr'("IU n1111Cerlal$ cria o homem t a H4"6rla, o unl•t:r"° não deve $tr c:ottheddo na su11 Yt:rd.adt: mas deve ser lnlllStornaado. Pa.n forjar o futuro, Isto f, o mo•lmtnto, para acelerar o "scn11do da História-''• a dla.ltlfc-a reYoludon4rla uaccrba t u .aspera tõd.as as f&rç-as H,Paxt$ dt as,e.a.urar pelo seu antaaonJsmo st.mprc: rcnasttQ· le a mul:a("':Í.O ln.ll'LIHTUPI• do ulllnrso. A.s:slm so dCStDYOh'O • "rc:volotÍiÍO pennaacatol'': da se- opõe: a lôda ordem, tla derrub11 os mal$ a llos valores e 2.., mah fecundas tradlçi5eii. Encontrando em $1 01t$m:l sua únlu f_lnaUdadc, tl:a tdeollnu o ser e o nad• numa suhYtr$ào perfeita cuJiu dt:va.sla(k1 $C ala.~ lrtam t que o.io Poupa nada, nem os. c-osh.1• me.s. Dt"rn 1S lnstllulf&e.s tl•ls, nem a uni• "tnldade, nem a l,cre}a. Ao pcnsamcnco ocidental , t'Omo A$ o.u1J1 allas msinlftslações do t"spl'rlto humano unlVt"nal que st fundam n.a. tXblênda de nr• dadts ob}elJvasJ dt ulorH perman~nlt~ de lels nnlural.s que a lottlJ•êncla f capa~ de p,crubt'r e que uUrapwam a.s •ontades Individuais arl)lfnirlas e hu14Ycls.t o manlsmo opõe a teoria t: a pnSllu da t'Yoluçáo h.1$. t6rlta, mulUformc: e. d1da de- eoo1radlfioj • 1unclo • qt12l1 como o dld por exemplo 'Fldtl Cas1ro, "a •trdndc: enqu:uuo emidadc ( ..• } t:nq1,1an10 c.llesorfa filosófica 1, . • J não uis1e" (F1del C1Utro, "A Rnol'U(iío Cubao.a•J, Maspc:ro, 196$). Scri portanto verdadeiro~ Knl moral kJt'UDdo o peo.sa.menlo marxbta, ludo o ciue contribuir para a dtffnllcio da soe:ltdadt"burauu.a'' t: para o adnoto da ditadura do "proltfarlado". Sd• qual fõr a. fa('(áo ma,-. xlsla que ' t con."'1dctt, • mdma h«aoc.a Q. roJ6flu àpa.r«t". l'thr.x e F.naels dirão qut: "nas ditttenlc$ l::t~<'$ d:a lul a t.,, J os comunina.s rep,cstntam por 16<1:. pnnc- e 5t'M~ pre OS inter~ do mo•imtnlo intcgrnl" (''ManlteSlo do Partido Comunbta"), ao pas. ,o que Mao Tsbtuog sustenC• ri que "~ lei da cont,adt('!o ( .. . J é :\ lei rundnmcnl:ll dn Cli:alétitA mAleriàlista" (Mao T$E-tvna., ' 'A pro. PN,ilo da cootndltlo", 1931), H4 pois vma unidade dlalftka rundamenfal c:ntff fodoJ os movlmt.nlo!i maJ'Xlstas, U:Jam fies 50vlfllcos, maofstas, tobaoos, trotskistas, a.ruuqahta1. 4tuaclonlstlLJ ou "crlS:fio~''• e qualsquer que: $1:Jam par outro lado ~ li.li.$ dlvc.rs:éndas, t m<smo St!US an1a,:oolltnos. Quando o movlme.nto lnte,aral toma-~ a lei $Uprtma, Quaodo o obJedvo d11 afio Polítlca ruldt t:tn actlt!rar a HW6rla colocando em opoiltâo dlalfd<a Jer'UPG.S. pt$SO~ Jdfla.s, quando a or6prb t:itUtênda das rt'Alldades oi),. J,cU'f'll$ k vf frrt"mt"dl.htlmtnle rtcu$11da, as palavras, a Uoaua,em - d.as quab os c-spf. ritos ocldtnlals se- nrnn1 pan exprlmlr c:. uas rtalldadt& ol)Jttlvu da ma.ot"lra maJs adt-Quada e prcdn - rtlo consfflutm mals do que outros fanfos Sk>,ians euJo conte6do Y:lJ'tani ~aundo a oportu.nJdadt do momento. i.eaundo as n«eMldadcs mutibels da •tão.

Exemplo concreto do ombigüidode marxista A~lm - e tu dts(o aaora • exemplo$ toDttttot • notio dt paz traduz no Pf'l\il· mcnlo lradldonal a. afflnda de •1olhclas ou dt const.ran,rlmcntos N.dc-os t" morais. No dia. lfllt.:. mandsta, fal M(âo Ji,rnUJca a suprt"5Miio_. mesmo Yl<>ltnla, de qualquer obiticulo que rdl'tlC' o movlmtnlo rnotudon,r10 t o ..,.t"nto da Hb16ri.a".

A aldlbt da "cotxl$1intl• pat,fflea" rt.nla melhor alDda • amblll(lldade t'und11mHfa1 da 11.nauq:C'm martbta. Enqu.anlo para os od, denlals fs:st: cont<lto exprime • txUthda de dois ou mais JbltmllS polUlt"o.s e- «onôml· t'OS que k dt.stMolvtm panl<l•mcotc: sc:m pn>l'urattm entnr cm t'Onfll(o, para o,- ma,.. xbtas o n1csmo cont"t:lto, 02.Stldo do Impasse atómico, não c:sprlmt u.nlio uma mud.anta de tlilka nll procura dt um objetivo lmuld.nl, no caso a extensão do comuAlsmo a.o mu11do loltlro. "A coexistência p:ic:Hic:a deve ur bem compreendida., dlrd Krucbev em discurso pro,. nundado em NoYot:lblr1S( em 10 dt outubro de. 1959, .8 o PtOssttuimetHO da luta entre dois s is tem:u. MX:iai1-, e para n6s umA 1u1a eron-õmic:.a, Políliea e ideo16a.ica", E diante: da Com.lsslo Central de $Cu P·artldo. suu ameatas ílUJ.ato•K mals daru, um.a vc:~ que ttt. o ardflct t o IC'Órlco da "eoulstênda pacf. fie•", prtt"bna nestes ctrmo", para wo do$ rttlmu comunb:tiu Instalados. os UmHC'.$ la-

transponfnb dela: •·con~cntir na eoexistê:n-cin pacifica cntrt u idco103ia.s oomuni.stu e bur• gueus. E ( , , ,J c<1n1ribuir para a dttl'rioraçio da consdênda popuhtr, Tcm0$ luudo atl o prtS(n1e nlo só contta a Ideologia burguesa mas eontrõi seus agentes entre n6s t . . .). Há p,c$$()l3 que s e ddxan, a.pn.nhar pelo n.nw 1 d-' propa,ganda burguesi, <1uc proçur:un dc.sprn.u a tcorin. e n pr·itka d:t tdUlcaç.lo do comu• ni$m0. N Ao podemos e nãO devC"mos :admitir 1~Ls fatos, Oevem.o-nos opor rcsolutamenle ¼qudts que tentam solap3r a confianÇa que. o POVO tem no Partido. IM<> E dito <omo advet1ênc:in. t melhor n3o es perar que a$ COÍ• sas se agr~vcm ;1 tal J)OtllO, que uma :idvt:r· cênci:t ji não $l'J:\ suficiente". Era lembrar ao.J pa{f.e$ oprimidos qut: os dilO$ dl$1t.o!ihos t os equhoco.s da cot::xlstên• da pacttka não t:ram i tMO am produto dt u :Portllltiio, uma prop;iaand.a du~u.rosa destl· nad.a a en.trtltr • euforia e a ldar,rta ocldenlstls. O povo <htt"o e:,iqueeeu t'St11 adnrtênda rreqUcotcmtnle re.pellda por Kruchn e seof s uet5sorts. 8.s1e foi uu trro. pa.to com t6.a:rl• mas e sanitul', anle O$ ol.hos tsiu1Mt11t"tos do mundo livre. O upanloso, contudo. nlo foi a lntervtctâo do Crtmlln, O upanloso E qoe o muod<> se tc:nba espantado tAo un!1t1lmc-n1enlt> um11 ve,; que tUSII lnltrYtD(fiO se ln,. serl.A com l6Xlt:à lml)lac1hel no proce:uo dl.a,. IHlto marxlna qut: analisamos acima, bt'm como no plano das ambl~5t$ imperlaJlstas d• União Sovlftka, Dt-tdt • "primavera de Pra,a''• as vou!C c-httas fvld.as de Ubtrdadt toram redu%1das ao Mlfndo uma ap6.s oucni. Na própria t.Jnlilo So.-Wlca. o F.stado 1otalllii.rlo rtSJ)Ondt às vcltldade.s dt lndtpt"ndincla da "lnlelU,rc:nl· ~a'' por um• reprt"S$iío trt$<:tnh:, ~la unJada das perugultõei t dH prls6es arbflnlria.f. P. a,peJar disso, aJ)C'Sar da pcnefra(lo M)• vltllC11 no M~lltnilneo e no Orience Mfdlo, apq:.r da prU$itO maobla $Õl)rt os povos u.. Y"rts da ..Ula, apesar da a.,iratio t da <'hanlllc t JQUtrd~t• na t -uropa e nos ts:Cados \JnJ. dos, apts.ar da aucrrllha lanada e da ~Ub\'t"raio mental qu.e reina cm nosus unhtrSldadc-s, os partldlirios ot"ldt.nlals dt um dltito10 de dmpl6rlos c.om Pequim t de ntit0claçõH 1tmtrirlas com Moscou, bJain nonmtnle aUo e torte.

Vfllmsu dt 5111115 qulmt'I'&.$, os mal$ lno«ntc-.,. ena.i.nAm•k a d mt$1UOS, Os mais con.st"lt!nlei. cnumm • oplnHío p61>1Lea Por <umplkldade, compladl'ltl• ou c-ov&rdla.

A CONFERENCIA que apresentamos nesta página foi pronunciada pelo Sr. PAUL VANKERKHOVEN na sessão inaugural conjunta dos Congressos promovidos em Bru.felas, em nove,nbro do ano ,,assado, pelo Europcan Freedom Council (Conselho Europeu para a Liberdade) e pelo Anti-Bolshevik Bloc of Nations. Com sede na capital da Bélgica, o EFC congrega as principais entidades anticomunistas da Europa, sendo presidido atualmente pelo Sr. O. B. Kraft, representa11te dos países 11órdicos. O Anti-Bolshevik Bloc of Nations - mais conhecido pela sigla ABN - foi fundado para representar 110 mundo livre os povos europeus subjugados pelo comu11is1110, e é dirigido pelo Sr. e a Sra. Y Stezko, os quais têrn recebido ataq11es diretos e nominais do Cremlim por s11as atit11des desassombradame11te antitnarxistas. ·O EFC reúne an11almente em uma das capitais do Velho Mttndo destacadas personalidades anticomunistas e11ropéias, para analisarem a situação política mundial e fixarem metas comuns de ação. A TFP foi uma das poucas entidades não européias convidadas para o certarne de 1970. O Sr. Paul Vankerkhoven representou nesse congresso a Ligue Internationale pour la Liberté, a qual realiza em n11merosos paises um i11te11so trabalho de formação ideológica da juve11tude, especialmente estudantil, e pro111ove a divulgação de obras de caráter antimarxista. S. Sa. é igua/,nente Presidente-Diretor do Cercle des Nations, prestigiosa entidade que tern à testa de seu Co,nité de Honra o Príncipe François de Mérode, e inclui entre seus objetivos principais "a promoção da vocação internadonal de Bruxelas pelo estabelecimento de contactos culturais, diplomáticos, políticos e econômicos internacionais", como se lê em seus estatutos. Consagrado escritor e confere11cista, dirige ainda o Sr. Vankerkhoven o jornal "Damocles". Traduzimos do francês o texto da conferência que êle pronunciou na sessão de abertura dos Congressos do EFC e da ABN (os subtítulos são desta redação).

Coordenar e.sforços, formar elites Sr. Prucldentc:, Senhoras, Stnhott.s,, AtE aquJ !i6 os promotoru da rnoturlo m•rXIS1a tiveram um• • tio vcrdadt"lramente roordenada t vttdadclntntnle perman.tnte, O lt"mpo urs:o. St qut"ttmos s.1llnr os •alores U· plrfllaals t morab da hu.manldade, se quercmo,llmpaz nouu dddc:1 dos flacdos que as mac;ulam. se r«usamos para n6.s mc:smos, para n<isw fa.míll•s, para Jl0$$l;S aat<kl, a dcmlssilio a humllbat-lo e • eapltul.açl o nna1, f uraen.1t <'OOrdena, todos os c.sfOrfO$ e formar, prindpatmcolt entre • Juvtolude, •s dlll'S hiltl«• tuab, moral$ e p,oUClcas que hão de r«Udr na tempe;:,ilade, Que domlundo as rlvallcladts pc:.s.soah t as dJnrsbdas k'<Undíirtas, essas emu 5e c:rom, QVt elas R apoiem mlHuamtnll' e;m •f6es concretas, que A f6rça de t'Orai:em moral e- de Ptl'ftYCta.nca tla.J quc,b~m • pala,-,.. de ordem do lilfodo a:raç-as la qua.t uma Informação ma. nlpulada ou alemorlud11 tOodklona a opinião, e cntiio a maioria atE qora ,Ucndosa da.s ptJ.. soas dt bem, • multld:!io Janor• da dlS Sntt:-lhtE-Dtlas daras e, das coC5t:lhdas tttas n.lo dclxari dt rtt0nhcccr c-omo nus t dt ,~ulr hsc:s novos canlt"lro~ de uma noya ttuzad.a. Sem no$$a unliio, !t"m a coesão lolernadon:a.l de t6da.J as fÔ~lllll sad.las, a s ubvers5o triun, fa oce pode des truir as nou:u mais taras llb«· d.adH, os oo.ssos ma.Is prcclo$0-1 tesouros tt-· plrltuals, Ma5:o na bdra do abismo em QUl' eit.amos, nono.s tdo.rtO$ conJu.rado11 podun •Jnda tudo satur, DtPt"ftdt de nós, dt noss.a vontade dt unidade, Que a ($C·urldiio k lorne m•Js l'$J>C'.Ua. ou, J)C'lo t'On.tnSrlo, Qut u:ma nou auron $t ltvanle no Oddc-ntc t 16brt os pa1't"s oprimidos. A ta refa f 4rdua, m.s t i.a aio No fim da nolfo •cremos • IIU.

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lnarata.

Paul Vankerkhoven

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Nos clichês, aspectos da sede do Cercle des Nations, de Bru• xelas, cujo Presidente é o Sr. Paul Vankerkhoven


l Duut, ·ott: MONS. ANTONIO R1at111u) 00 tto:;AltlO

UMA HERESIA que escandalizou os católicos fiéis cm fins do século passado, parece agora surpreendentemente atual. O americanismo, condenado por Leão XIII em 1899, não morreu, pois seus erros foram retomados pelo "Sillon", pelo modernismo, e hoj e vemo-los professados e propagados dentro da Igreja, impunemente, em sermões, conferências, livros, artigos de imprensa. Quem lê as obras dos autores americanistas, tem a impressão de que foram escritas por algum adepto da Igreja "pós-conciliar", da Igreja-Nova do IDOC e dos "grupos proféticos", do Pe. Co1nhlin e outros. No entanto vieram a lume há quase um século. Nas fotos desta página, o fundador do americanismo, Padre Isaac Thomas 1-Ietker, e um de seus principais seguidores, o Arcebispo de Saint Paul de Minnesota, Monsenhor John Ireland. Também um adversário enérgico dessa corrente: o Cardeal Francesco Satolli, que fôra Delegado Apostólico cm Washington. O brasão é do Papa Leão XIII.

P:1dn: l•lcd,cr. fund~,dor e ··profcrn" do an,etic:rniJ.mo

Cardc:,I S::tto11i, que

Monsenhor John lrcland,

comb:ucu a novo corrente

N.º

2 4 8

A G Ô STO

princip:d líder americnnista

DE

1 9 7 1

ANO

X X 1 CrS 1,50


U1na velha heresÍa perieÍta1nente atual

E

M FINS DO Sf:CULO passado,

uma nova doutrina escandalizava os católicos: era o llmericanismo. Ela foi condenada em 1899 por Leão XIII na Carta Apostólica "Testem Benevolentiae", dirigida ao Cardeal James Gibbons, Arcebispo de Baltimore e Primaz dos Estados Unidos. Apesar dessa condenação, os erros americanistas foram retomados e largamente dinfundidos por outros movimentos, como por exemplo o "Sillon" e o modernismo, ambos condenados por São Pio X. Ao serem lidos hoje, os escritos americanistas causam-nos uma impressão de surpreendente atualidade. São estas velhas doutrinas reprovadas que deparamos presentemente cm sermões, em conferências, cm discursos e documentos de eclesiásticos e leigos de prol. O que ontem foi condenado, hoje é ensinado. Teria a Igreja mudado? Sua verdade não é sempre a mesma? E as palavras de Jesus Cristo não permanecem eternamente? Teria razão o redator da nota de apresentação do Pe. Comblin na capa do seu livro sôbre a "teologia da Revolução", quando afirma: "Mas li heresill de ontem é muitas vêzes a verdade de amllnhã" (J. Comblin, "Théologie de la Révolution". Ed. Universitaires, 1970)? Certamente não. A Igreja tem uma doutrina imutável e se alguém muda de doutrina já não é mais c:atólico.

O Padre Hecker, suas variações e suas visões A história do americanismo está lntimamente ligada à do Padre Isaac Thomas Hecker, pôsto que êstc foi o fundador e modêlo vivo dessa corrente doutrinária. Nasceu êle em Nova York e m 1819. Sua mãe era metodista, e o mehidismo muito o influenciou durante tôda a vida. A família Hecker era pobre e desde os dez anos Isaac Thomas teve que trabalhar, primeiro numa tipografia, e depois numa padaria. Aos quatorze anos começou a preocupar-se com política e filosofia e trocou o metodismo pelo kantismo. Aos 24 a nos, entrou •para o falanstério de Brook Farm - comunidade constituída segundo as teorias do filósofo Fourier - onde embebeu-se ainda mais das doutrinas filosóficas de Kant e sociais de Saint-Simon, tendo passado antes por tôdas as seitas protestantes da América, e militado no Partido Trabalhista de seu Estado natal, de tendências comunistas.

BARBJER, Emman u(l - "lfis1oirc du C3Lholicismc libérnl cl du calholicismc social cn Frnncc / Ou Concilc du Va1ic3n à l'avênemc,n de S. S. Bcnoil XV (1870-1914)" lmprimcric Y. Cadorct, 8ordc3ux, 1924, tome troisi~mc.

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MAIGNEN, C.M ., Chnrle:s - ··t.c P~rc Hccker cst-il un Saint? / Elude$ s-ur l'Américanismc" - Descléc, Lcfebvrc ct Cie. - Libt:tiric de Victor Rtl3ux, Rome-Paris. 1899. PIO rx - Sí1:1bo de S de dc,.cmbro de 1864, con. lendo os principais crtos de nossa époc-:.-, not:idos nas AIQC:uçõcs Consistori:iis, Encíclicas e ou1ras Letras Apostólicas do Nosso Santíssimo Padre. o Papn Pio IX Editôra Vozes Ltd:i .. Petrópolis, 1964. 4.• edição. SÃO PIO X - Carttl Apostólic:i ··Notre Charge Apos101ique··. de 25 de agôsto de 1910, sóbre os erros do ''Sillon" Editõra V07.t.$. Ltda .• Petrópolis.. 19$2, '2.ª edição. SÃO PIO X - Carta Encíclica "Pascc,,di Dominici Gregis"', de 8 de setembro de 1907, ~ôbrc o modernismo Editôra Vo1.c..~ Ltd3., Petrópolis, 19.52, 2." edição. (SÃO PIO X) - Decreto "Lamentabili", de 4 de julho de 1907, da Snti,rado. Inquisição Rom:rna e Universal (Sílabo das proposições dos modcrnist:,,s conde· nad:1s pela lgrcja) - Edit6ru Vo,,c$ l..tda.. PctrQpoli:c-, l 9S2. 2.*' cdiç5o.

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Converteu-se depois ao Catolicismo e foi pedir o batismo ao Bispo de Nova York, o futuro Cardeal Mac Closkay. Recebido em audiência, Heckcr não saiu contente, porque, disse mais tarde, o Prelado procurou antes descobrir e refutar seus erros do que saber das verdades que o tinham aproximado da Igreja. Hecker afirma que recusou dar explicações ao Bispo (Barbicr, pp. 249-250). ( 0 Apesar disso, foi batizado em t. de agôsto de 1844. f;le mesmo dizia: "eu me esgueirei 11a Jgrejll" (Maignen, p. 89). Hecker julgava-se então guiado diretamente pelo Espírito Santo. Afirmava que há muito tempo tinha visões e inspirações sobrenaturais e que a voz de Deus lhe falava. Na ante-véspera de seu batismo, escreveu o seguinte: "30 de julho - A voz interior se faz ouvir cada vez mais. Ela diz: "Soii e1L, escutai.' Ao que é nôvo, são necessárias vestimentas novas. Que prova dá (llgué,n de sua existência se fllZ só o que iá foi feito? Será que pode haver gênio 110 repetir o passado?" E mais adiante a voz lhe teria dito: "Eu diriio vossa pe,w, vossa palllvra, vossos pensamentos. vossos ll/etos, se be111 que não de modo sensível. Conhecereis porém nu,is clarllme11te quem .rou e tudo o que 111e concerne, se seguirdes minhas inspirações. Não tenwis ,uula, não podeis errar se vos deixardes guiar por 111im." (Maignen, pp. 20 e 22). Antes de se fazer católico, quando ainda estava no falanstério de Brook Farrn, Hecker teve a visão de uma jovem "de beleza tmgélica", cuja lembrança depois o obsidiava contlnuamente. Era como que uma "noiva" espectral que aparecera junto a seu leito. "Quando eu a olhavll, escreve êle, não vi,, nenhu,na tinha precisa, ,nas alguma coisa de divino que não saberia descrever. Esta imagem deixou 111na i111pressão indelével e11r meu espírito. eu continuei a sofrer sull influência, e agora estll se exerce ião freqüentemente, que o real em tôr110 de 11rim não me toca nuiis'' (Maignen, p. 23 ). As "visões" continuaram a assediá-lo mesmo depois de seu batismo. Assim é que em fins de 1844, já católico, enamorou-se de uma coisa não menos -misteriosa. A essa altura escreveu em seu diário: "18 de dezembro de I 844 - Sonhos de futuro, visões es1áticas! Esperanças e deseiOl· i11exprimíveis que enchem a alma inteiramente! Co1110 um a,1;0 doce, harmonioso e puro, como a desposada da almll triunfante, adornada para as 111lpcias, eu ve;o o Futuro convidar-me a ir ao encontro dêle co,11 u1n claro e luminoso sorriso! Ah! dizi(I minha altna, eu ,ne reunirei a ti, porque estou ern tull presença e, com li lljttda de Deus, per11ra11ecerei fiel a ti. A beleza, li graça e o a,nor que ,ne atrae,n não perr11ite111 qualquer co,nparação! Futuro, eter11a e radiosa virgenr, chegarei jamais a estreitar-te sóbre ,neu coração? Se olho para ,ni,n, eu ,ne curvo sôbre (I dor, 111as se levanto os olhos para ti, perco-me em ti. Tua graça e tua beleza passam p<zra minha alma e eu adivinha o que és. S011 teu desposado, e quisera q11e esta fôsse uma união eterna. Mas, q11ando olho para mim, eu te perco de vista, e não ve;o mais que as maneiras e defeitos de mi11/ra lllma. Como me vades limar? Por amor de ri, f11ndo-me em ti" (Maignen, p. 24) . Metáforas? Visões? Se são apenas metáforas literárias é preciso convir em que Heckcr estava apaixonado pelo futuro e só queria a ê le. g frisante a semelhança dêste texto com os devaneios gnósticos de Teilhard de Chardin! Tôdas estas visões e vozes mostram bem o quanto permanecera viva em Hecker a influência do metodismo, que ensina exatamente isso: que o Espírito de Deus inspira o crente e fala pela sua bôca. Em 1845, Hecker entrou para a Congregação Redentorista. Levou semanas para aprender o "Patcr" em latim. Passou três anos sem conseguir ler ou estudar. f>le não tinha diretor espiritual, como nunca teria depois. porque dizia que o próprio E.5pírito

Santo o dirigia: ··A rllzào pe/(1 qual se111pre tive ta11to interêsse llll doutrina da ação direta do Espirita Sa11ro na almll, é 111110 razão de experiência pessoal; /Ili verdade, ja111ais tive 011tro diretor" (Maignen, p. 30). Hecker ficou na Congregação de Santo Afonso de Ligório até 1857, quando foi excluído por ter violado os votos de pobreza e de obediência , ao ir a Roma sem licença dos Superiores e às próprias expensas. Em 1858, fundou a Congregação dos Paulistas, uma comunidade livre e sem votos. O fundador, com efeito, era contrário aos votos religiosos e queria um nôvo tipo de Sacerdote, adaptado ao modo de ser de "homens cheios de uma ;usta confiança em si 111es111os", como via os norte-americanos ( Maignen, p. 66). O Padre Heckcr passou os seus últimos dezesseis anos de vida com muitas doenças. Depois de morto suas idéias tiveram grande influência nos Estados Unidos, e mais ainda na França. O liberalismo católico, com todos os movimentos que dêle nasceram, acolheu as chamadas teses americanistas do Padre Hecker e dos Padres Paulistas; o terreno estava bem preparado para os novos erros. A polê mico americanista

Em 1894, veio a lume nos Bstados Unidos a "Vida do Padre Hecker", de autoria do Padre Elliot, da Congregação dos Paulistas, e com uma introdução de Monsenhor Ireland, Arcebispo de Saint Paul de Minnesota. A obra teve pouca reperc:ussão nos Estados Unidos. Três anos depois foi publicada em Paris cm tradução dq Padre Klein , jovem professor do Instituto Católico, cujo prefácio resumia as idéias de Hecker. Essa tradução repercutiu enormemente na França e também no Vaticano. Os americanis1as, como eram chamados os seguidores do Padre Hecker, tinham provocado já grande celeuma ao participarem do Parlamento das Religiões que reuniu em Chicago, em 1893, católic.os, protestantes, judeus, budistas, muçulmanos, espíritas, etc. As principais figuras católicas dêsse encontro ecumênico foram Monsenhor lreland, Arcebispo de Saint Paul , Monsenhor Kcane, Reitor da Universidade de Washington (que discorreu sôbre o tema "A religião final"), Monsenhor Redwood, norte-americano de Maryland e Arcebispo da Nova Zelândia, e o Padre Elliot, discípulo e biógrafo do Padre Hecker. Eram as idéias dêste grupo ecumenista e ircnista que o Padre Klein defendia no prefácio da edição francesa da biografia de Hecker. Imediatamente dois Sacerdotes ilustres, o Padre Charles Maignen e Monsenhor Henri Delassus, sairam a c:ampo em defesa da ortodoxia, atacando as teses americanistas. O primeiro escreveu o livro "O Padre Hecker é um Santo? / Estudos sôbre o Americanismo". O Cardeal Richard , de Paris, não lhe quis dar o "imprimatur" por temer melindrar os Bispos dos Estados Unidos. A obra recebeu então uma aprovação mais alta: a do Mestre dos Sacros Palácios, Frei Alberto Lepidi. Vários Arcebispos e Bispos franceses enviaram felicitações a Maignen, e o Cardeal Satolli, antigo Delegado Apostólico em Washington, escreveu-lhe uma carta de apoio irrestrito, com censuras aos que se lhe opunham. Os esquerdistas do tempo chamaram a si a defesa de Hecker e do americanismo. Destacaram-se nessa empreitada os Padres Klein, Naudet ( condenado mais tarde por São Pio X), Lemire, Loisy, Quiévreux, Gondal, Dabry. O "Sillon", de Marc Sangnier movimento depois fulminado por São Pio X - também apoiou, em parte, a campanha americanista. O P'adre Dabry afirmava então: "Apesar das diferenças de /ttndo, o americanismo e a Democracia Cristã se reconheceram como irn1ãO.\' e se deran, redprocamente testemu,,. .

11/ws de afeiç,io e de estima" (Barbier, p. 263). Para o Padre Dabry, o que unia americanistas e democratas-cristãos era a idéia de progresso. Os primeiros buscavam-no através do desenvolvimento da personalidade individual, enquanto a Democracia-Cristã queria a lcançá-lo pelo a perfeiçoamento das leis sociais. O Padre Quiévreux, como costumam fazer os que dizem ter como lema a liberdade e a fraternidade, atacou a pessoa do Padre Maignen com têrmos grosseiros e insultuosos ( Barbier, p. 263). O Padre Naudet escrevia no seu jornal "Justice Sociale": "'Ai11dll que nos trate111 de hereges, cre,nos que essas virtudes [as virtudes "ativas", fortaleza, justiça, prudência, temperança] são superiores à humildade e ti obediência" ( Barbier, p. 264) . O Padre Loisy, condenado como modernista pelo Decreto "Lll111entabili" no pontificado de São Pio X, assacou contra o livro do Padre Maignen a pecha de "panfleto odioso e ridículo" (Barbier, p. 265). Também o jornal "L'Univers", outrora campeão do ultramontanismo, defendeu o americanismo e criticou Maignen. Em artigo do Padre Boeglin, publicado em novembro de 1898, chegou a afirmar que o próprio Leão XIII patrocinava o americanismo (id., p. 266). Em fins de 1898 correu a notícia. de que o Papa publicaria um documento a respeito do caso. Monsenhor lreland partiu parn Roma cm janeiro para, dizia-se, tentar impedir o pronunciamento papal. Entrevistou-se êle com Leão XIII, e declarou depois que o Papa lhe asseverara que o documento não sairia. Em fevereiro de 1899, porém, veio a lume a Carta Apostólica ao Cardeal James Gibbons, Arcebispo de Baltimore, datada de 22 de janeiro, a qual condenava o americanismo. Afirmava-se que os Cardeais Sattoli - o antigo Delegado Apostólico em Washington - e Mazzella teriam redigido o documento, e que Leão XIII e o Cardeal Rampolla favorável "in pctto" aos americanistas, segundo constava - o teriam revisto e modificado (Barbier, pp. 267-269). Vejamos os principais aspectos da doutrina condenada. A doutrina do acô rda na caridade Por ocasião do quano centenário da descoberta da América, o boletim do Instituto Católico de Paris publicou um artigo de Monsenhor Keane, Reitor da Universidade Católica de ·w ashington, antigo discípulo do Padre Hecker e um dos mais destacados líderes da corrente americanista. Nêssc artigo o autor perguntava: "Já que 11111 traço distintivo da 111issão dos Estados Unidos é, pela destruição das barreiras e das /rostilitllldes que separam as raças, o retôr110 à 1111idll<le dos filhos de Deus há muito tlivididos, por que não se poderia fazer qualquer coisa de a11álogo no que co11cer11e às divisões e hostilidades religiosas' Por que os congressos religiosos não cond11ziriam li 11111 congresso i11ternacio11al das religiões, onde todos virian, a se unir numa tolerância e 1w111a ,·a, idatle nuítuas, ondt: tódas as for,11as de religião se levllntarillln ju11ras contra tôdas as formas de irreligião?"" (Maignen, p. 212). O espírito americanista inspirava estas linhas repassadas de um ecumenismo irenista que salta por cima de qualquer diferença dogmática, contanto que se consiga a ºunião no amor". No Congresso Científico Internacional dos Católicos, reunido em Bruxelas em 1894, o mesmo Monsenhor Keanc d izia: "Q11ando est11damos o mapa da E11ropa, vê1110-lo marcado de pequenas divisões. As linhas atravessam êsse mapa em todos os sentidos. Elas não indicam só divisões territoriais, mas significam ainda: ciú,ne, ódio, hostilidade, divisão dos corações, que se trllduzem por sabe Deus quantos milhões


tle lto,n1.ms arnuulos para destruíre111 o numt/o", Notemos de passagem que Keane se revela hostil à idéia de pátria e adepto de um pacifismo extremado. O orador prosseguiu afirmando que os Estados Unidos tinham o dom de acabar com tôdas essas divisões, uma vez que a Providência permitira que para seu território emigrassem indivíduos de tôdas as nacionalidades, os quais, misturados uns aos outros, viviam fraternalmente na nova pátria, sem hostilidades, fundidos todos na unidade norte-americana. Monsenhor Keane propõe a aplicação da mesma fórmula às religiões: "Era preciso dar a mesma lição no campo religioso. Tôdas as vêzes que me sinto tentado pelo pessimis,110, tenho um remédio: olho ao redor de 111im e vejo que o gê11ero humano se põe cada vez mais " detestar o ódio e a hostilidade. Hâ um esfôrço i11co11tesrável da l111111anidllde em direção a costuntes ,nais suaves, a um maior floresci111e1110 da caridade. Mas o fim da religião niio é unir o ho,ne,u a Deus e ti seus irmãos? A religião é a caridade! Mesmo qua11do não nos pudéssemos entender quanto às crenças, não seria possível entrar em llcôrdo quanto à cari<lade?" ( Maignen, pp. 213 e 215). A tese exposta é a de que mais importante do que os dogmas é a caridade, como se fõsse possível a verdadeira caridade sem a fé. Vê-se bem que essa caridade, êsse amor de que (ala Monsen.h or Keane, capaz de realizar a união de tódas as religiões acima das diferen·ças doutrinárias, não é o amor ao homem por amor de Deus. f: o amor do homem pelo homem e não passa de filantropia maçônica. E continua o ecumênico Bispo americanista: ''/ á não seria pouca coisa dar ,nes,no aos crisuios esta lição: que, parll amar a Deus, 11ão é necessário odiar seu irnuio que 11ão O ama como 11ós; que, para ser fiel à 11ossa Fé, 11ão é preciso ma11termo-11os em guerra co111 os que compree11dem a Fé de moda diferente tle 11ós" (Maignen, p. 216). Igualitaris mo, " profetis mo", evolucionismo

Esta idéia de reunir tôdas as crenças "na caridade", um dos cavalos de batalha do americanismo, era fruto lógico de seu igualitarismo, de seu "profetismo" e de seu evolucionismo. IGUALITARISMO - o igualitarismo levava-o a nivelar tôdas as religiões. J:: o que confirmam as palavras de Monsenhor Redwood, Arcebispo da Nova Zelândia, no Parlamento das Religiões, reunido em Ch icago em 1893. Depois de afirmar que o dogma da Encarnação implica não só na paternidade de Deus, mas em sua fraternidade conosco e na fraternidade de . tôda a família humana, prosseguiu: "Tais são as grandes idéias f1111damentais do Cristianismo compreendido integralmente. Devemos, neste século XIX, derrubar as barreiras de ódio que impedem os homens de e11tenderem as verdades contidas en, tôdas as religiões. Em rôdlls as religiões há um a,nplo elen1e1110 de verdade, pôsro que de outro modo elas não teriam coesão. Penso que êste Parlamento tias Religiões promoverâ a grande fraternidade da humanidade e, para r>romover esta fraternidade, êle promoverá a expressão da verdade. Eu não pretendo, enquanto cat6lico, possuir rôda a verdade ou estar em condições de resolver todos os problemas que se põe11, ao esplriro humano. Sei apreciar, amar e estimar todo ele111e11ro de verdade existente fora déste grande corpo de verdades. A fim de destruir as barreiras de ódio que exisre111 110 mundo, deve,nos respeitar os elementos de verdade e os elementos de moralidade co11tidos em rôdlls as religiões" ( Barbier, p. 246). f: surpreendente como estas palavras se parecem com certos discursos atuais. Recentemente houve, aqui mesmo no Brasil, um eclesiástico que afirmou que a Igreja não era "dona da verdade". Os erros são monótonos em suas repetições . .. Monsenhor Keane, no discurso que fêz sôbre "A religião final", perante o mesmo "Parlamento", afirmou: "Ouvi11do declarações que não podemos deixar de aprovar e aplaudir, ainda que vindas de fontes tão diversas, tivemos uma evidência r>rática e experi111enral do velho ditado de que hií verdade em tôtlas as religiões" ( Maignen, p. 329). "PROFETISMO" - o " profetismo" americanista afirmava que o Espírito Santo fala

diretamente a cada a lma. Sendo assim, tanto pode talar a um budista como a um cató· Jico, e fala de modo diferente para cada um. Daí, embora haja entre os homens desigualdades de religião, tôdas seriam certas. Foi precisamente esta tese de que tôdas as religiões são inspiradas por Deus, que Monsenhor Keane defendeu no congresso científico de Bruxelas.em 1894: "Pretendeuse por vêzes que os fundadores das religiões pagãs erllm enviados do demônio, encarregados ,te fazer abandonar a verdade e fazer abraçar o êrro. Bsse é um ponto de vista históricamente falso. A rodos Deus deu a verdade e1n partilha. Quando a pobre família humana se dispersou, esq11eceu os pri11cípios religiosos e morais. Enrão Deus suscitou mes,no entre os pagãos, ho,nens para lembrar a verdade. Tais foram os sâbios tia antiguidade: Buda, Conftíncio, Zoroasrro, Sócrates não eram servidores do demônio; era111 i11l·trumentos da Providê11cia Divina, via,u a verdade, ,nas sà,nente em parte, misturada com erros; êles fheram o melhor que podiam. Par que não (>restar homenagem à sua boa vontade e ,, tudo o que é bo111 e belo em seu ensinamento?" ( Barbier, p. 246). EVOLUCIONISMO - o evolucionismo levava os americanistas a não aceitarem uma religião de dogmas estáticos. Tõda a concepção religiosa dêles era evolucionista. Em 1897 foi publicado em Londres, na "Contemporary Review", um artigo intitulado "O catolicismo liberal" e assinado por Roniam,s, o qual constituía um verdadeiro manifesto de partido e uma súmula do americanismo. Lia-se ali a certa altura : "A Igreja, durante Ol' dezenove séculos de sua existência, teve de sofrer a influência ,uio só das co11dições materiais muito diversas que a cercavam, como ra,i,bém dos n1eios intelectuais muito diferentes que a modificara111 prof1111da111ente. Seu êxito deve11-se muitas vêzes à sua capacidllde de aproprillr-se da objeção e de modificar-se ela mesma em presença ,te novas circunstâncias. passo que sua própria existência m11itas vêzes dependeu tia possibilidade de estabelecer relações favoráveis entre seu ensino e sua disciplina, de u,n fado, e, de outro, a corrente das crenças, se11ti11,e11tos e co11dições sociais das diferentes idades e das diferentes regiões. Mas sem a notável evolução social e religiosa que se r>roduziu 110 paganismo durante o primeiro e o segundo século de nossa era, jamais teria a Igreja podido converter o t,npério Romano; ao passo que, assim preparadas as vias, esta conversão se tornou inevitável" ( Maignen, pp. 302-303). Mais adiante Romanus observa: "Assim co,110 cada um de n6s deve ser, num sentitlo ,nais ou menos restrito, u,n honrem ,ie seu te111po, t/lmbém li lgrejll de cada período sucessivo foi a Igreja de sua é!'oca, refletindo os ,·011/recimenro.1· limitados do m1111do intelectual e moral então existente". Pergunta-se êle se os cristãos primitivos poderiam falar de transubstanciação ou mesmo ter idéia dela. E indaga: ,"E crível que a devoção a Nossa Senhora tivesse tido lugar 11a religião de São Paulo?" (Maignen, p. 305). Depois dessas abominações, só lhe resta concluir: "A doutrina moderna da evolução, considerada com espírito teísta, aplana e afasta tôdas as dificuldades, mostrando como erros parciais e inevitáveis serviram providencialmente ao avanço do bemestar espiritual da humanidade. Tôdas estas verdades novas r>ode111 achar seu lugllr na f greja Católica, que não deve ter receio de as aceirar e assimilar, tal como 110 passado aceitou gradualmente outras verdades novas e mesmo modificações vitais" (Maignen, pp. 309-310). O próprio Padre Hecker tinha uma concepção evolucionista da Igreja, que está bem expressa nestas palavras, escritas em 1843 ( antes, pois, de seu batismo) : "Li esta 111a11hã um trecho de Hei11e sôbre Schelling, que 111e e1nocio11ou ,nais que tudo o que r>ude ler nestes seis meses. A Igreja, diz Schelling e,11 substância, foi primeiro de Pedro, ,lepois de Paulo, e deve ser um dia tôda a11,or em São João: Pedro, o catolicismo; Paulo, o protestantismo; João, aquilo que será. A proposição impressionou-me tanto mais quanto correspondia às mi11h(ls vagas i11tuições. O carolicis1110 é a solidariedade; o protestantismo, a individua/idade. O que nos falta e o que desejamos é aquilo que unirá a a,nbos como o faz o espírito de João, e isto, operado e111 cada in-

"º

Orlando Fedeli ('()NTJHVAÇÂO SA f'Â(l UU,

J\ COI\IDEI\IJ\ÇÃO Da Cartn Apos16licn "1"es1cm 8enevolcntfa:'·. de 22 de jnneiro de 1899, ao C:u'deal G ibbon$, Arcebispo de 8nltimore. ~õbre o amcric~nis,mo:

( ••. 1 As opiniões novos de que falamos b:a.sciam~

se ern $uma sôbrc ~ste princípio: a fim de reconduzir máit (àcltmcntc i\ doutrina cacóUu os que dela t$lÜo stpflrádos. :i tgrej1.1 deve ad~IJ)tar.S,e ,nals à civUiultão de um.o épocn ftdulln. e, ttlnxando seu antigo rigor, ía'«r ul;umns concc$SÕe.s às lcndfncias e aos prindpio.s rtccntcmcntc inltodu,:.idos entre as- nações. E lsto se deve .entender, segundo pensam mullos n;io s6 da regra de vldo1. mas também das: doutrina.~ cm que c.sllí contido o dc;pru,ito eh, lé.. o • •

Com dcilo, prt(cndcni iles que f oportuno, par.a (tanhflr os cora(ões dos cxtravlndos, pas.so.r .sob Si· lêncio certos ctemcnlos da doutrina como ~ndo de menor Importância, ou :1tcnutí~los de tal modo, que n:io conservem mi,t~ o sentido ;10 qu"I a IJtrtj:J sempre: Se :d cvt. Niio hú ntte.ssldade de: longos disc-un:os, dileto Pilho, pnrn mostrar o quunfo scmtlb;.1otc .slstemn

deve ser reprovado; b~sta lembrar n nalurtin e n origem da doulrinn c1ue a JwcJa cn.j lná. Els o que diz n ê:ssc rewelto o Concilio do Vnticnno: ·'A dourrinn d:a lé, qu e Deus revelou, n~o é como um .sis:lcm.u filosóíko s.usccplívcl de ser apufei(OfldO ptlo cspírilo hum:mo; ma-s como um depósllo divino confiado ~ F...spôsá de Cristo pnra que Ela o guarde fichntntc. e o intcrprelc inf'alh·tlmcnte ( .. . 1. O sen~ lido que nos.sa S:1111a M:tdrc Igreja um:i. n i declàrou srr o dos dog_nms sagrndos. deve s,cr pc,r~tuamcnte con.scrv:1do, e não cabe jamais af'u..sh1r-sc dêle sob o prdêxto ou :.1 ;\ptirindn de melhor pcnetrn.rlhe a profundidade'' (Cons:r. De Fide cath., eap. IV). Não se dcl-·t cur, t:,mpouco, q ue 11;io haja pcciado :llttum no fato disse sllinc-io pelo qual se omitem dellbcrndamente t se relomn 110 esquecimento certos princípios da doutrimi u1ó1iu ., Por• quc tôd:1s e:sl:,s verditdcs. qu.1ISQuer que scjam_, que fonnrun o conJunto d.1 doulrina cristã, n.lio têm senão um único t mesmo Autor e Doutor, o ''J\"ilho Uni1tênito que: csrá no selo do P:d" (Jo. 1, 18). Que cstáS sejam verdades adapfad.iu n tôd::ss ~s ~poeos e: a 1Õd3$ as naçÕtS, Isto se lnrere m:mlfestamcntt das p:davni.s pc1;lS quais o próprio Cri.~lo Se d iriJ:tiu a seus Apóstolos: ''Ide e cn..,-in.ai tôd~ as nações ( • .. J, e:minando-a.ç •• guardarem tudo o que Bu vos mandei; e els que esro u convo5e-o todos o.ç dl.as nlé a consumação dos s«ulos'' (Mal. 28, 19 ss.), 1.. . J. Que haja cuidado. pois, de nádü (Orlar di;a doulrim• que nos vtm de Otus, e de nada omlt1r dela, por qualquer n1olivo que sej:i; porque: uquêlc que ous:1ssc la-iê-lo lendcrin malt =- sepgrar óS católicos da Igreja do que: a «:conduzir à lgrejn os db:side:ntcs. Que. voltem, nada certamente Nos é mais grato, que voll.em lodos, todos nquêle.s que crmm fora do nprlsto de Crlsto, não porém por outnl \'Íà Que 11 mosfr,1d3 pelo pr6pri<> Crtc.to.

correspondessem melhor nos co.-;tumes e ?ls ncctSSldadcs de nosso tempo. e como .b'f: va~$SC mnis po~uí-13$ do q ue :1s outra.~ porque cl:Ls torn::ufam o home:m malt :;,pio à i1(iio e mais forre. t dlficU de se conc:ebtr, m1 verdnde, como homens: imbuídos da sabedoria cristii pos.-;::un preferir áS vir(udcs nalurols às vlrludcs sobrennturals t :1tribulr umn cflc-licia e uma le-cundldndt' m~tlo-

.~ rs,,;.<t.~ virtudes

res àquelns do que a c.st:is. Mas então n n:dur ua acrescida da graça seri11 mais rrnca do que se fôssc dth:adJ1 tis sua.-; próprias fôrç.-.s? Strá que os homens s11111íssimos que n lgrcj:a "encrn, c aos quals pres111 culto público-, mo.~trar.tm·sc f'nicos e inferiores nl\S col~as da ordem na• h1rul, porque forru.n cxcelcnks nas vlrtudC$ c-rls<iis? [ . .. ,.

••• A tslú oplnli'10 sôbre .lS virtudes natural~ J)O• de-se junl.:.'lr uma outra que lhe é conexa. e c1ue divide en, duns classes tôdJ1$ ns vll'tude:s eristii.s, ch:Hrrnndo mnos de pa~vas, e outras de utivli.s; n<'ttsccnlando que ns primeiras convlnhnm melhor i1os sku los pn.s.,ç11do$, enqumllo que us se-gunda.,ç se nd11ptam melhor rio 1cmpo presenrt. O que se: deve pensar dcs rn dlvisffo da$ "lrtudcs. E. coisa evi. dCJ?fC, porque não lu'i e n:io pode haver virtude verd:tdeir:1mcnrc passlv:1. ( • . . 1, Quanto :a pretender que haja virtudes crlst:is mais aproprfad1Lt que oulnu a certas épocas da Hist6rin, seria preciso, para su5tc.ntá-lo ler t'.$QU<'· cido as p:1lov·rtl$ do Apóstolo: ºAquêlcs que &le conhe:ct'u na sua pre-~~ciênch,, lnmWm os predes-tlnou para strem conf'ormts à imúJ:,otm de stu Fllho" (Rom. 8, 29). O mestre e o mod~lo de tôda Stmlld,1de é Crb'1o, a cuja rcgr.a devem conf'orm:ir·-~ necc.~àrlamente lodos os q ue :b-piram ~1 encontrllr lug.1r no oúmt.ro dos Be1»-avenlurados. Or:.1, Crlslo n:io muda se,:undo o pro,:re:S$0 dos skutos, mas Ele I: Ho mesmo ontem e hoje e por todos os séculos" (He:b. 13, 8). t p0i.-.: a.os homens de todos os lempos que se dlrJie csla p!1lavra: ºAprtndcl de MlmJ q ue sou m:1mi:o e hutnlldc- de contção" (Mat. 11 . 29): e nilo há é-pocu tm qut' Crisro nfio Se moslrt :1 nós. "íeito obe-dltnte aré n morte" (I'•"llip. 2, 8). Vale t:ambém pur a lodos os séculos n stntençn do Apóstolo: ''Os que ~o de Crl~to crucif'icar.im sua carne com ~us vklo.s e suas concupiscências'' (Cnl. S, 24). f~ prouvtsse- n Deus que essas vlrtu• des rôsscm praticadas em nossos dias por um maior número, como elas o fora.oi pelos Snntos dos tempos que nos pttccdcram. Aquiles pela hu• mlldade de seu cor.ição. sua oMdlêncla, su:a ab~ff. uSnda, foram poderosos cm obms t cm p:davras, e l$SO não $Ó parn o mnlor bem da :RellgHio mns alnd:. da P~tri:a e do F.srado.

[... J,

••• o o •

( • . . J t.le;s los arncric:anisl:,sJ dl7.cm ( ... J que

tle (Pio VI), com dtllo, ,1ponlou como Injurio~--:, à lgre:j;;a e :.lo Espírito de Deus que A rege:, .l proposltiio 73 do Sfoodo de Pistóla, "cnqua.nto $ubmtfe à discu$S::io a disdpU11:1 cslabclcdda e aprovad:l pela Jgrcj:i, tomo ~ t$1'.l pudesse cslabtltctr umà disclplin:1 inútil e por demais pesada p;1rn ú libcrdndc que con\'tm aos crktiios''. E tntrtlunto, no assunto de: que trnfamos:, dileto Pilho, o lnlento dos inovadore.s E ainda mnls perlg0$o e mais oposto à doutrlnn e à dls<-lpUna cnfólic:L~. f'Jcs: criem qut é preciso introdudr uma ctrla libenfodc n:\ lgrtj:t,, de fomm qut, pcadas de .1l,:um modo II atáo e a vii:tilfind:.1 d11 autoridade, cada fifi t'tnha a r:,culdadc de abando,,ar.sie. em 1mla medida mais larga, à sua próprl.1 lnsplm(âo e ao seu i.mpul..o pessoal. Afinn:un éles que csfa é uma tr:m$10:rmatão que se ln1põc, a exemplo da.;; liberdades modernas que. co~111utm comumcnle, na hol'll atua), o direito e o lundomenlo da sociedade civil [.•. J. Esr::i llctnç.:. que se toma e<>nentemenlc por 11· b,erdadeo est:1 mania de ludo dlur e de tu~lo cc,nfra.dlur; êstc poder, enfim, de SU-ll1cntar e de propa~tr pela impre11. sa tôdas as opiniões, me.rgulharam os c~1>Srltos e-m •nLli trevas, que o uso e a ne«~ldadc do mnglstério da J.gttJa s.'10 maloru hoje do qut out.rorn, pnra prc.munlr conlrn lodo dcsf'-:al«Jmcnto da con..-«:iénda e do dever. •

• o

( •• • J rejeita-se 1ôda d inção cxlcrior como supérflua, e até mesmo como incômoda para aquêlts que quere:m e:levàf« à perfeição c.rbtí; o Espfrl. to Santo., di.um, difunde hoje nas almàS nn~ dons mais amplos· e mais abundanle.s do que: nos tempos passados_. e M move e tsclarc«, ser.o in1enncdlál"lo1 por uma C$J)écie de fDStlnto s-cc-rtto. [ .. . J. Quem, na verdade, !iC reporta. :ti blst6rl:a dor Apch'1olos_. à fé da lgrtJa nascente, aos comb:ttts e às hcca~mbes dos mais heróicos mlirtlrts, à maior par le enfim dêsst:s velhos séculos rdo fecundos e:m homens da m~is alta somtldadc, como ousará p3r em paralelo os lempos ant.lgos com o prC$Cnle:, e af'lnnar que aquêles fornm favottddos «>m um,1 menor efusão do E.fPírito S:1nto. f . .. ).

••• [ •• • J êstcs :am:adorcs de novidades faum máh caso do que convim dM vlrludcs naturn.ls, como

L EÃO

êsrcs \'olos- fos votos rclig,iosos) s:lo totaJmcntc eonfrários ao c:mitcr de 110$$0 tempo, porque restrlnge:m os Umitcs d:, liberdade humann; que con~ vim mais às almas frnca.~ do que às i:iJmáS {orte.s-. e quc :1bsolul:àmcntt não sio favo r1h·cls à pc.rftiç:ío crh13 e ao btm du sociedade humana, mas antes constHucm um obst.áculo e um enlrá,·c a

uma e a outro. Por ém, :a práticu e a doutrina d:a lgrcj;.1 nos tornam fàcllmtnle cvidenle a laltjdadc de.-.10 Hn· gmlgcm, porque Ell'.l sempre teve em alta estima a vida rtliRSosa. E ccrlàmtnte: não sem ra:ciio; pois os que, chamados por Deus, :tbr:t(:un espontân eamente fstc gênero dc vida e, não se con1en1ando com os deveres comuns que os prtccitos lhes lm· põem, e.ntrcgont•SC à práUu dos con.'t-Clhos, êssts .se revelam os .soldados de elite do cxérdto de Crlsro. Devemos crer que isto é coisa de nlma.s pusUánimes! Ou atnd.111 numa pritlc:i Inútil 0-11 nodv-a à pcrfeltão? Aqu êle.$ que assim se obrlgan, pt:lo vfn. culo dos votos cst,ã'o bem longe dt perdcr sua Ubcrdade, mas, ao con1rário. s:ol.llm de uma u. herdade muito mnls complel.a e mato; 111ta.1 aquel~ mesma pela q ual "Crl~o nos tornou livres'' (Cid, 4, 31). Qu.tnto ao que êle.s ;1crc.sctnlmn 1 a saber, que a vida rcligl~ é pouco ou nnda útil à Jgrcja, :além de ser ~o ofe:n.-d"o às Ordens Rc-llglosas, nlnauém que tenha. Udó os :inals da Js:rcJa pode ser dêssc parecer. ( ••• 1.

••• f;m último lugar (para niio Nos estendermos dem:1is), pretende-se que E. prccl«J g_b;indon:,r u maneira e o método que os c,at61icos usaram ali a,:or11 para recondu2.l.r o.s dlssidentcs, :t fim de no fuluro substlt'uf-los por outros. Basta-Nos ob~'Cr· var .s-ôbre êslt :lSSUnto, dileto Filho, que não é prudente ncgllgtnciar o que f'ol .1prov::ado por um:a loni;ta upcrifnd::t e consagr~do, alE.m dl~o, pelos próprios ensinamentos apostóHcos-. f • •• f. O •O

,O

0c tudu o que dl-..-;c.m~ :UE. agora. rcsulla evidcn1e:. diltlo Filho, que nós- não podt!-mos nprovar estas oplnlOCs cujo conjunto t . designado por muitos pelo nome de amcrkanlsmo. 1. • . J.

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AMERICANISMO

divíduo. Não precisamos da autoridade ,ta História, nem da do indivíduo, nem da infalibilidade e da razão separadas, mas de ambas reunidas na vida. Nem tra,lição, nem opinião, n1as o SER; ,un Evangelho, nem escrito, nem pregado. mas vivo" (Maignen, pp. 166-167). 11

Um pacto de silêncio quanto às particu laridades dogmáticas"

A conseqüência do igualitarismo, do "profetismo·· e do evolucionismo era uma posição interconfessional e irênica. Os americanistas queriam a união de tôdas as religiões sem que nenhuma renunciasse a seu credo. Era por isso que o Padre Hecker dizia ser preciso abolir a "alfândega da Igreja" ( Maignen, p. 90). Sua nova apologética, êle a expôs na obra intitulada "Questions de l'ãme": "Eu desejaria abrir as portas da lgre;a aos racionalistas; essas portas me parecem fechadas para 2/es. Sinto que sou o pioneiro q11e abrirá o caminho. Eu ,ne esgueirei na Igreja como q11e de contrabando" (Maigncn, p. 89). E mais adiante: "Eu quisera aj11dar os católicos co,n a mão esq11erda e os protestantes com a mão direita" (p. 90). esse ecumenismo do Padre Hecker não se limitava aos protestantes, cismáticos e racionalistas. Sle se estendia também aos hindus, muçulmanos e pagãos. Não lhe faltava razão ao se dizer um pioneiro. Sabemos bem que outros o seguiram mais tarde. "O prof11ndo sentünento da imanência divina, que têm os hindus, o in1pressio11ava, e êle via na união tão íntima de Deus com o ho,nem pela E11caristia, 11111 dos principais meios pelos quais nossa fé poderia atingilos 110 f11111ro. Quanto ao~- muçu/111a11os, que havia estuda<io 110 Egito, êles o tinham impressionado pela intensidade de sua crença no Deus único", escreve dêle um admirador, o Padre Dufresne (Maignen, pp. 168169). Tôdas estas idéias faziam com que os americanistas detestassem o que separa as religiões e buscassem unicamente o que lhes parecia comum a tôdas elas, para uni-las. Daí o fato de Monsenhor Keane afirmar no já referido Congresso de Bruxelas, de 1894: "Não é pela po/ê111ica, mas pela irê11ica que chegaremos a nosso fim" (Delassus, p. 128). O Padre Victor Charbonnel - um dos corifeus do americanismo na França, que mais tarde apostataria da Igreja - planejou reunir em Paris, durante a Exposição universal de 1900, um congresso das religiões. Querendo resumir em algumas linhas o princípio fundamental do congresso (que não chegou a se realizar), escrevia na "Revue de Paris", em 1895: "As lacunas desta ou daquela co11fiss,ío não são absolutame111e negadas, como tampouco a superioridade de tal outra. Nada é e111111ciado, pela própria . natureza do congresso, sôbre o valor absoluto dos credos. Mas é menos para con,parar seu valor absoluto ou objetivo quanto à "letra", que 11111a tal aproximação das religiões deve servir, senão para reconhecer seu

valor relativo ou subjetivo pela apropriação que delas se fazem as almas, assim co1110 os direitos iguais de tôdas as consciências que as professa111 "em espírito e verdade". As religiões, dêsse modo, são olhadas 11,ais pelo lado do homem. Elas são co11sideradas 111e11os co,no doutrinas abstratas, mais co,110 um elemento da personalidade moral, e 11ão se trata tanto de credo e de verdade, quanto de almas cre11tes e de sinceridade" (Maignen, pp. 241-242). E, em outra ocasião, escreve o colaborador da "Revue de Paris": "Não se poderia tentar o que se chamaria a união moral das religiões? F ar-se-ia um pacto de silê11cio quanto a tôdas as particulari<lades dog1náticas <Jue dividen, os espÍl'itos, e 1111• pacto de ação conrum quanto ao que une os corações, pela virtude 11,ora/izadora e consoladora que Irá em tôda fé. Seria o abandono do velho fanatismo. Seria a ruptura desta longa tradição de chicanas que mantém os ho111e11s aferrados a s11btis dissenções ºde doutrina, e o amincio de tempo.t novos, onde os homens teria,11 ,nenos a preocupação de se separare111 em seitas e igrejas, de cavar fossos e leva11tar barreiras, do que a de espalhar por 111,w 11obre co11c6rdia o benefício social do se11ti111e11to religioso. Chegou a hora desta suprema união das Religiões" (Delassus, pp. 142-14-3). No fundo, os americanistas tinham um conceito herético de Igreja e de Religião. Para êles, acima de tôdas as religiões havia

a Religião, da qual tôdas decorriam, tendo cada qual uma densidade maior ou menor de verdade. A verdadeira Igreja Universal seria a reunião de tôdas as igrejas particulares . .É o que se depreende desta afirmação de Monsenhor Keane, no discurso que fêz no famoso Parlamento das Religiões, de Chicago: "OuvÍlnos, pois, a definição tio que é realmente a Religião; definição que saiu de bôcas diversas, mas concorda11tes. Encarando-a sob todo., os seus aspectos, vimos como é verdadeira a velha definição de que a Religião significa a união do ho1nen1 co,n Deus. &te, con10 vbnos, é o grande objetivo visado por todos, quer caminhem 11a plenitude da luz, quer tateiem na obscuridade ,ta aurora. E por isso ti que vimos o qua,uo é verdadeiro que a religião é 11111a realidade mais antiga q11e tôdas as religiões. As religiões são sistemas para chegar regular ou irregularmente a êste grande fim: a 1111ião do homem com Deus. Qualquer sistema que não tenha êsse objetivo pode ser uma filosofia, mas não uma religião" (Maignen, p. 330). A decorrência disto é que a Igreja Católica não é a única verdadeira. Apenas, Ela teria uma densidade maior de verdade e levaria de modo mais regular a Deus. Mas não se segue dai que quem está fora da Igreja se perca ou desagrade a Deus. Lembrando os condenações de Gregório XVI e Pio IX

As teses americanistas tendiam para o conceito maniqueu de Igreja pneumática, que já estava condenado por inúmeros Documentos pontifícios. Como êsses êr'ros estão muito difundidos também em nossos dias, convém lembrar o que enSil)aram os Papas. Escreve Gregório XVI na Encíclica "Mirari Vos", de 15 de agôsto de 1832: "Outra causa que tem acarretado 111uitos dos ntales que aflige111 a Igreja é o indiferentismo, 011 seja, aquela perversa teoria espalhada por tôda parte, graças aos enganos dos ímpios, e que ensina poder-se conseg11ir a vida eterna em qualquer religião, contanto que se a,110/de à nor,11a do reto e do lto11esto. Podeis, com facilidade, patentear à vossa grei êsse êrro tão exe,·rável, dizendo o Ap6stolo que "/tá 11111 só Deus, uma s6 fé e u,11 s6 batis1110" (Eles. 4, 5): e,ue11dam porta1110, os q11e pensam poder-se ir de tôdas as partes ao pôrto da salvação, q11e, segundo a sentença do Salvador, êles "estão conrra C,·isto, já que não estão com Cristo" ( Luc. 11, 23) e os que 11ão colhe111 com Cristo dispersam ,nlsera,nente. pelo que "perecerão inJan .. ve/,nente os que não tiverem a fé católica e não a guardare,n integra e se,n n,ancha"

(Sfrnbolo de Santo Atanásio)". O Syllabus de Pio IX condena como indiferentismo as seguintes proposições: "16.0 - No culto de qualquer religião podem os homens achar o cami11ho da salvação eterna e alcançar a mesma eter11a salvação. 17.a - Pelo 111enos deve-se esperar bem da salvação eterna daqueles todos que não vive111 na verdadeira Igreja de Cristo. I 8.a - O protes1a111ismo 11ão é se11ão outra. forma da verdadeira religião cristã, na qual se pode agradar a Deus, 110 mesmo 111odo que na Igreja Católica" ("Syllabus" de 8 de dezembro de 1864). O "concílio ecumênico" dos tempos novos

Era natural que os americanistas tivessem simpatia por todos os heresiarcas. Também êstes teriam sido inspirados por Deus. Seu êrro não teria sido o de professar novos dogmas, e sim apenas o de romper a unidade. Monsenhor Keane, em seu discurso de Chicago já várias vêzes citado, afirmou o seguinte com relação a êsse ponto: "Homens de boa fé e ardorosos e11carnaram boas e nobres idéias em organizaçõe~- separadas da Igreja e criadas por êles. Tinham razão e,11 suas idéias, estava,n errados enr sua separação" (Delassus, p. 138). Quanto aos protestantes de sua pátria, Keane, em artigo enviado de Roma em março de 1898 para o "Catholic World", revista da Congregação Paulista, asseverava que êles "são protestanies simplesmente pela fôrça da hereditariedade e q11ase rodos e111 perfeita boa fé. 0/ltamo-los, também a êles, como cristãos, mas como tendo perdido, por culpa de seus anrepassados, uma parte do ensinamento cristão" (Maignen, p. 229).

Nada de condenações. Nada de dogmatismo. Eis uma nova Igreja que se esboça. . . Quando protestantes, Sacerdotes católicos e outros planejaram realizar um congresso das religiões em Paris, um espírita que se intitu.lava "Synesius, bispo gnostico de .Bordeaux", escreveu as seguintes linhas ao Arcebispo de Paris: "O que nôs preparamos não é nem uma assembléia política, nem um conselho de heresiarcas: é o verdadeiro concílio ecumênico dos tempos novos. . . Dê/e não pode senão jorrar o bem e bênçãos sôbre a humanidade" (Delassus, p. 148). .Ê,stc "concílio ecurnénico dos tempos

novos" não poderia fulminar anátemas. Todos têm a verdade. Logo, ninguém pode ser condenado. Nêle também não haveria discussões e debates. A polêmica não poderia entrar. Quem polemiza admite uma verdade objetiva, e supõe estar com a verdade. Os americanistas eram subjetivistas e odiavam a polêmica com os inimigos da Igreja. "Chegou a hora desta união suprema das religiões, escrevia o Padre Charbonnel na " Revue de Paris". Entre os crentes de fé diversa, ou mesmo entre crentes e filósofos, está-se cansado de querelas odiosas, de polê,nicas - ltpolemosn. guerra.' - nas quais as ,nais nobres convicções perdem sempre o que f<tz sua gran,leza: a tolerância serena. Eis o projeto. e 11111 sinal dos tempos ter-se podido simplesmente expô-lo. Não se teria conseguido isso há dois anos atrás. Porque, enfim, o congresso universal das religiões será, e,n nossa velha Europa, o primeiro concílio em que não terá havido anátemas" (Maignen, p. 243). Defendendo o seu projeto do congresso das religiões, dizia o Padre Charbonnel, em carta que enviou ao Cardeal-Arcebi~po de Paris: "Pois bem, En,inência, é preciso en·

fini que um de 116s ouse dizê-lo; um daq11eles que 11ão se resignam a deixar prevalecer o m,toritarismo dogmático sem legitimidade filosófica e sem humanidade: não, as religiões não são tôdas boas, ,nas, sim, <1111 côdas /tá a religião que é boa, e, sim, tôdas as consciências sincera,nente religiosas, en1

que vive o espírito religioso, são boas pelo valor 111oral désse espírito religioso e desta sinceridade; niio, as religiões não se equi-

valem, tôdas; mas, sim, tôdas as consciências retas se equivalem e têm um igual direiro de exigir o respeito de suas livres convicções. [ ... ] Não cessaremos de dizei· e de repetir: é mais do lado do /tomem que as religiões deve,11 ser consideradas. Não se trata 101110 de religiões, quanto de homens religiosos, e não se trata ta1110 de credo e de verdade, quanto de almas crentes e de sinceridade. E assim, para alé111 das seitas e das igrejas, 11111110 comunhão superior de aspirações, de sentimentos e ,te orações, forma-se a nova elite das almas religilJsas, - a "Igreja", verdadeiramenre, de rantos e/eiros que, pela elevante paz das crenças, ou por nostalgias e desejos de fé, 011 pelos 1or111e111os de 11111 pensamento i11quie10, 011 por apelos de seu sofrimento, co,n o olhar dirigido para a luz. busca111 a Deus" (Maignen, pp. 249-250). O Padre Charbonnel não acreditava mais na Igreja Católica, pois já não tinha nada de comum com esta a sua pan-igreja. Pouco depois, decorrência natural de tantos erros, êle renegou oficialmente a fé de seu batismo e abandonou a comunhão católica. Quantos hoje não defendem as mesmas idéias! Quantos, hoje, levados por um falso ecumenismo, deixaram de ser católicos, para passarem a ser fiéis da "nova Igreja Universal", ao lado de cismát icos, hereges, judeus e pagãos! "Entre nós, católicos, o hierorqu io mota o indivíduo"

A teoria americanista de que basta o Espírito Santo para guiar as almas e não há necessidade de direção externa, originou tôda uma série de erros. O Padre Hecker e seus seguidores viam com maus olhos tudo o que significa desigualdade e sujeição de um homem a outro. Todos os homens, guiados diretamente por Deus, seria.m iguais. O Espírito falaria em cada homem. Conseqüentemente, a direção espiritual e a obediência religiosa seriam desnecessárias, e constituiriam mesmo um entrave à ação do Espírito. Mais ainda, a obediência seria contrária à dignidade humana. No deserto, quando os hebreus buscavam a Terra Prometida, guiados pela coluna de fogo e pela autoridade de Moisés, alguns

sacerdotes se rebelaram um dia conira aquêle varão santo, dizendo que no povo eleito todos eram santos, todos eram iguais. E Deus puniu severamente Coré, Datan e Abiron, engolindo-os a terra com todos os seus familiares e tudo o que tinham, e desceu um fogo do céu e exterminou os duzentos e cinqüenta homens que os haviam seguido em sua revolta igualitária (Núm. 16, 1-35). Os americanistas imitaram o igualitarismo de Coré e de seu êmulo menos "antiquado" , Robespierre. A desigualdade e a hierarqui,1 irritavam-nos. No Congresso Eclesiástico de Reims de 1896, tão simpático às teses do americanismo, houve quem exclamasse: "E11tre n6s li hierarq11ia mata o indivíduo" (Barbier, p. 316). A respeito dos votos religiosos dizia o Padre Hecker: "Em matéria de estabilidade, os hon,ens de caráter firme não precisam de ne11h11111 voto para garantir sua fidelidade a uma vocação divina. Quanto aos homens de caráter fraco, êles podem fazer voto de guardar wnll fidelidade exterior, nws, além do fato de que esta lhes tral pouco proveito para êles mesmos, torna-se muitas vêzes uma carga para seus superiores e para seus irmãos" ( Maignen, p. 66). Nem márti res, nem monges: cidadãos

Coerente com êste princípio era a famosa distinção que os americanistas faziam entre virtudes "ativas" e Hpassivas''. Para êles, as virtudes "passivas" (humildade, obediência, abnegação, etc.) eram inferiores às virtudes "ativas". As primeiras teriam sido características do tempo das monarquias e teriam servido para a defesa da autoridade exterior da Igreja. Com o advento da democracia de 1789, as virtudes própria, do católico moderno passaram a ser as "ativas'\

Na biografia do Padre Hecker escrita por seu discípulo, o Padre Elliot, lêem-se as seguintes considerações a êsse respeito: " As virtudes passivas, cultivadas sob a ação da Providê11ci<1 para a defesa da autoridade exterior da l gre;a, então a111eaçada, produziram efeitos atb11irúveis co,no uniformitlade, disciplina e obediênci<t. Elas tiveram sua razão de ser quando todos os govêr11os

eran, 111onárq11icos; agora êstes são ou rep11blica11os 011 constitucionais, e são considerados como exercidos pelos próprios cidadãos. Esta 11ova orde111 de coisas requer 11ecessiirian1e111e a iniciativa i11divid11al, o esfôrço ,,essoal. A sorte das nações depende da coragem e da vigilância de cada cidadão. e ,,or isso que, sem destruir a obediência, as virtudes ativas devem ser c11/rivadas de 1>referê11cia a tôdas as outras, tanto na ordem 11arural como 11a ordem sobre11at11ral. Na primeira é preciso fortalecer tudo o q11e possa desenvolver uma legítüna confiança em si; 110 segunda, deve-se dar 11111 grande lugar à direção interior tio Espírito Santo na alma individual" (Maignen, p. 102). Lê-se ainda no mesmo livro: "Nosso século não é um século de mártires, de eremitas, de monges. Se bem que êle tenha seus 11iártires, seus reclusos, suas co1111111idades ,nonásticas, não é aí que estão, e não é aí que provàve/111e111e estarão os tipos domi1u1111es da perfeição cristã. Nossos contempor/Jneos vive,n en1 seus mer<.:ados ruidosos, em suas lojas, suas oficinas, seus lares, em tôdas as situações variadas q11e formam a sociedade humana, e é aí que é preciso i11trod11zir a santidade. São José é o ,nodêlo 1,or excelência Msse ripo de perfeição. E: preciso que êstes deveres e estas circtmstânci<Lf se tornem ig11alme111e i11str11111e111os de santificação, porq11e as dificuldades e os obstác11/os de 11ossos tempos são o que for"'ª nosso caráter; runa vez vencidos, 'êsses obstáculos 1orna111-se meios de perfeição e títulos de glória. Véde isto claramenre, e tereis o tipo de santidade que será cada vez múiS a expressão viva da vida atual da Igreja. Ai está o ca111po de conquista para o heroísmo cristão de agora. Os cuidados, os trabalhos, os deveres, as afeições e as respo11sabilidades da vida cotidiana formarão os pilares da santidade dos estilitas dos nossos dias. E: sob esta forma que triunfará a virtude cristã doravante" (Maignen, p. 13 1) . Os americanistas diziam, pois, que uma nova espiritualidade, adaptada aos nossos tempos, devia surgir. O que tinha de original essa espiritualidade? Praticar a virtude no trabalho, na escola, no lar, não é novidade. A Igreja sempre ensinou que cada qual deve santificar-se na vida a que foi chaniado. t."OXCI.U$ÂO f'<'Ao PÁOINA

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UANDO O SAPO ABRE A JAULA PARA A HIENA... Plinio

VISITA DO chefe marxisia do Esiado chileno ao militar que encabeça, na Argentina, um regime oficialmente anticomun ista, me leva a abrir um parênteses no tema de que vinha !ratando. Com efeito, essa vtsita oferece aspectos muito interessantes para o leitor brasileiro. E isto me obriga a declarar. sem delongas o que acho a respeito.

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• • • Em poucas palavras, o encontro dos dois Presidentes, em Salta, deu tôda a medida do que é, do que pode e do que opera a conjunção da mentalidade comunista com a menta.tidade sapa. A partir daí se explica ft1cilmente a mal velada satisfação que o encontro Lanusse-Allende produziu, tanto nos meios sapos como nos meios comunistas de nosso País. Ao mesmo tempo, o ocorrido e m Salta bem mostra de que e norme vantagem para o comunismo é a saparia. E tudo isto oferece pelo menos a vantagem de abrir os olhos de numerosos brasileiros para os perigos a que a crescente influência da minoria sapa pode expor nosso País. Antes de entrar na maté ria, sinto a necessidade de esclarecer em que sentido qualifico de "sapo" o Tenente-General Lanusse. Tenho a êstc último tôda a consideração devida a qualquer Chefe de Estado. Entretanto, a palavra "sapo" é a única com que se designa, entre nós, certo tipo de burguês não comunista, mas entusiasta da "apertura a sinistran. S, pois, à míngua de outro têr.. mo, que chamo de "sapo" o ilustre militar argentino. Isto pôsto, vamos -diretamente aos fatos. Eu os colh i, todos, na imprensa portenha, naturalmente muito mais minuciosa do que a nossa a respeito do encontro da Salta.

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~ 17.

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Quem correr os olhos pela lista dos assuntos alegados como motivos do encomro Lanussc-Allende, não pode deixar de se sentir surprêso. Nenhu m dêles parece exigir tratativas diretas de ·Presidente a Presidente. Poderiam, todos, ser folgadamente negociados num contacto de Chanceler a Chaoceler. Ou até menos do que isto. Ora, em tôrno dest:, reunião tão pobre de contcúdo, a encenação das cerimônias oficiais e o estrépito publicitário foram paradoxalmente enormes. Durante a estadia de Allende em solo argentino, trocaram-se discursos numerosos e importantes, difundidos para a América e para o mundo por tôda a coorte de jornalistas argenti nos e chilenos presentes. Ê impossível evitar a sensação de que o principal objetivo da reunião de Salta não estava; portanto, nas negociações, mas nos discursos. Estes últimos, aliás, se mostraram tão bem concatenados de Presidente a Presidente, que criam a invencível impressão de haverem sido bem combinados antes. Em suma, Salta não foi senão uma tribuna da qual os Srs. Allende e Lanusse quiseram anunciar aos respectivos povos, e a tôda a Améric-a do Sul, uma mensagem nova. O elemento central dessa mensagem é a adoção de um nôvo estilo de relações entre os países co,nunistas e não comunistas. Ou seja, a queda das chamadas '"barreiras ideológicas" . A êste respeito, tanto Lanussc quanto Allende fizeram, em tom grandi loqiiente e profético, declarações reiteradas. E insofismáveis.

Cam1,os -

E.«. do Rio

de

Cor rêa

Oliveira

Eis, por exemplo, um tópico de Lanusse: "A República Argentina está disposu, a orienlllr suas relações exteriores de acôrdo com um ,1r1,plo critério de universalidade, que não ad11úte restrições impostas por preconceitos ou tabus ideológicos. E111 nosso te111po, eis filosofias políticas defendidas pelos diferentes países que i11tegram o sistema i11ter11acio11al clese111pe11ham um ,,apel secu11dário e111 face do i11terêsse supre1110 da paz e da seg11ra11ça i11ternacionais" ("La Nación", de 24-7-71 ). Logo em seguida, à maneira de ressalva, Laoussc acrescentou. aliás: /sto ,uio significa abdicar dos pri11cí1>ios constitutivo.,· do ser 11acio11al de cada país" ("La ·Nación, de 24-7-71). Como se vê, é a posição sapa característica: os sistemas doutrinários j,1 não têm importância em nossa época. Os grandes homens de outrora consideravam que as idéias valem mais do que a vida. Para o homem de hoje, a vida vale mais do que as idéias. - "8 111elhor para nós 111orrer na guerra, tio que ver os males de 11osso povo e ele nossos lugares santo.,'' - exclamou Judas Macabeu quando da gloriosa insurreição de sua família e seus sequazes, contra os pagãos, opressores do povo eleito ( 1 Mac. 3, 59) . A causa da paz é um bem, um altíssimo bem. Não, porém, um bem supremo. E se o preço dela é a inércia ante a investida comunista. mais vale a pena lutar. 11

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c:hilenos, querenws <:ontribuil' ,iecidfrfomente para projetar ,, A111éric<1 Llltina no nmndo~ co,n perso,w·

lidllde fJrÓprill, dig11idl1cle e i11depe11dêncill, o que requer profwulus transformações em. sua estrutura interna, social e política'' ("La Nación':, de 24-7-7 1). Assim, mal derrubadas as ".barreiras ideológicas", o que surgiu não foi a paz, nem a primeira coisa que entrou do Chile para a Argentina foi dinheiro ou mercadoria, mas ... propaganda social ista!

• • • A coerência estaria a pedir que o Tenente-General Lanusse, paladino da neutralidade ideológica nas relações internacionais, encontrasse a lgum modo diplomático para exprimir sua rejeição da manobra do marxista Allendc. Qual nada! Depois de, num tópico, lembrar q ue o regime argentino não é o chileno, ei-lo que nfirma o princípio das portas escancaradas para o Chile marxista: "Por esta rcnão. nüo há relação de estrangeirismo entre nossos povos. Os que compllrti//wram de um mesmo passado e estão dispostos <• cooperar redprocanrente na preptiração de um futuro de maior bern ..esu,r e desenvolvi111en10, não potle,n sentir-se estranhos entre si" ("La Nación", de 24-7-7 1) . 8rn síntese, realmente as barreiras ideológicas que separavam a Argentina do mundo marxista foram derrubadas. E, logo depois, a propaganda vermelha entrou. E natural. Quando o sapo abate as grades da jaula, a fera sai. E depois, ai! do sapo .. . ou dos que acreditaram nêlc.

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Unilateralidade, exagêro! exclamaria algum sapo. Pois relações internacionais nada têm que ver com ideologia. Para rebater esta objeção, basta considerar o proveito ideológico que, em Salta mesmo, Allendc soube tfrar da atitude de Lanusse. Ao mesmo tempo que o Chefe de Estado platino situava seu govêrno num plano estritamente técnico, deixando aberto um imenso vazio ideológico, êste vazio era desde logo preenchido pela propaganda marcadamente ideológica de Allende. Pois comunista não perde vaza. Assim é que Allende não deixou passar a ocasião de fazer propaganda ideológica de seu govêrno pró-marxista, afirmando cm discurso a Lanusse: "Através do govêr110 pop11lllr que presido, o Chile consrr6i urna econo,nia hunuuw e inde pendente, i11svirada 110s itleais socialistas. Q11ere111os reestruturllr a sociedade chilen/1 em têr,nos de justiça e liberdade, para alc,mçannos u111 desen volvime11to nacional autêntico, isto é, a serviço do povo tr/lbalhaclor" (discurso ao receber o Grão-Colar da Ordem do Libertador - a maior condecoração argentina - a êle conferida por Lanusse, cf. "La Nación" e "La Prensa". de 24-7-71). E, aproveitando uma deixa dada pouco antes por Lanusse, acrescentou: "Concordo plenamente, pois, com o Sr. Presidente: a ig1l/ll(i<1de jur1dic/l 111,a basta t>llra assegurar rel/lções estáveis e har,11011iosas. Acrescentamos: enquanto existir unw desigualdade de Jato e se 11u111ifesl(lre111 110 mundo pressões in1perialistas" (ºLa Nación e "La Prensa", de 24-7-71 ). Por fim, ambiciosamente - e não sem insolência para com o Brasil e os demais países da América do Sul - passou a traçar um programa socialista para todo o continente ibero-americano: "N6s,

Duas observações finais. Urna sôbrc a impopularidade do que se fêz em Salta. Allendc vinha desdourado por uma expressiva e rotunda derrota e leitoral cm Valparaíso. Lanusse temeu exibir sua política e seu hóspede aos o lhos dos portcnhos. E por isto, depois de hesita,· sôbre se o receberia em Buenos Aires, em Bariloche, ou em Mcndo1.a, acabou por o receber e m Salta. Por que fugir assim da Capital do País, senão por mêdo de uma acolhida má? Quanto a Bariloche, a coisa é o utra. Um jornal informou que a célebre cidade de esportes de inverno era pouco segura para Allende . . . por ser próxima da fronteira chilena: "Qum110 t1 São Carlos de /Jariloclte, outro dos lugares que se 111enci<.>11avt11u, ,e.. ria sido ,Jerc·artada devido a algumas in/ormaçi5es

que assinalavam a vrese11ça de guerrilheiros chilenos na zona fronteiriça, a curJt1 distância do limite inter11acio11al <:0111 a Argentitwº ("La Prensa", de

24-7-7 1). E quanto a Mcndoza, lá não podia ir AItende por ser também e-idade fronteiriça. rcplet:i de chilenos antimarxistas. Não podendo ser realizado em Buenos Aires, nem na fronteira, o festival - e u ia escrevendo <> ''show·• - da derrubada das ideologias teve que se fazer em Salta. Como se vê, Allcndc não foi à Argentina só para fa1..cr propaganda no Exterior. Pouco seguro cm seu país descontente e agitado, recentemente vencido numa eleição, quis êlc também - e principalmente desanimar seus opositores internos, que talvez esperassem apoio argentino. E também êste objetivo, Lanusse auxiliou Allendc a obtê-lo plenamente. Segunda observação: os jornais informaram que o Arcebispo de Salta , Mons. Carlos Mariano Pérez, participou dos atos oficiais da visita ( cf. "La Prensa", de 24-7-7 J ). ~ta não pod ia faltar. nos tristes dias em que vivemos!

Mcns:irio com aprovação eclesiásrica. / Diretor: Mons. An1onio Ribeiro do Rosario. / Diretoria: Av. 7 de Setembro 247, cai,a poslal 333, 28100

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do 27J , 01224 S. Paulo. / Assinaturas anu3.is: comum CrS 1S,00; cooperador CrS 30,00; benfeitor

*

ris1as e estudantes CrS 12,00; América d<.> Sul e

Cen1r:,I: vi:t m:lrítima USS 3,SO. via :1érca USS

Pontes S/C. / A corresJ)Ondênck, rcl:uiva :·, :1ssi· naturas e venda avulsa deve ser cnvi:lc.la :', Administr:,ç:ío. / Para mudança de cndcrêço de assinan. IC·S, é necessário mencionar rnn1bém o cndcrêço an. tigo. / Composto e impresso na Cia. Lithographic:, Ypirnnga. R. Cadete 209. S. Paulo.

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CONCLUSÃO DA PÁG. <

o

AMERICANISMO

A novidade americanista está na rejeição

da vida contemplativa. A novidade está no desprêzo dos conselhos evangélicos e no princípio de que os votos religiosos são inaceitáveis em nosso tempo. A novidade está em considerar que a ação é mais importante do que a ornção, quando a Igreja ensinou sempre o contrário. A novidade está cm preferir as virtudes naturais às sobrenaturais. Não é verdade que parecem de um Padre ou leigo "aggjornato" dêstes nossos tempos as palavras que Monsenhor lrcland escreve u no seu prefácio para a biografia do Padre Hecker? Ei-las: "E com virtudes turais, praticQí/as com tôda a retidão do coração e do espirito, que se fazem us virt11des sobre,wturais. Cada século tem se11 ideal de perfeição cristã. Ora é o martírio, ora a humildade do claustro. Hoje, é-nos necessário o homem de honra cristão e o cidadão cristão. Que os católicos dêem o exemplo de u,11 voto ho11es10 e de uma boa co11duta social, e assim farão mais para (z glória de Deus e a salvação das almas do que se se flagelassem à noite 011 fôssem em peregrinação a Santiago de Co111pos1ela" (Barbier, p. 255). O Padre Hccker atribuía todos os ma.les da Igreja de seu tempo à crise do século XVI. Mas não acusava os protestantes: a culpa, êle a lançava sôbre os que fizeram a Contra-Reforma. Segundo êle, a defesa da Igreja contra o protestantismo teria chegado a excessos, em detrimento das virtudes naturais, que os americanistas estimavam mais que as sobrenaturais. Escrevia Hecker: "A i11fluê11cia da Igreja, por causa das circ11nstd11cias, foi pois co11duzida a se exercer de algum 111odo e111 detrimento das virtudes naturais que, sàbiamente dirigidas, fazem a virilidade do cristão do mundo. O que se gp11ho11 foi a 11w11utenção e a vitória da verdade, assim como a salvaç,io das almas; a perda foi uma certa debilitação da energia, que trouxe COt1$igo um e11fraq11ecimen10 da atividade na orde111 natural" ( Maignen, p. 124). Não é de surpreender que os seguidores e defensores do americanismo, como por exemplo o Padre Naudet, declarassem a "Imitação de Cristo", assim como a espiritualidade de São Francisco de Assis ou de Santo Inácio de Loyola, superadas e anacrônicas ( Delassus, p. 156). O Padre Maignen notou que Hecker não apresentava nenhum sinal de verdadeira devoção a Nossa Senhora e ao Sagrado Coração de Jesus, e que, se êle falava constantemente no Espírito Santo, não era para despertar amor e devoção para com a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, mas unicamente para "elevar a personalidade humana a uma intensidade de fôrça e de grandeia, que marcará uma nova era na Igreja e na -sociedade" ( Maignen, pp. 142143).

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e repito, que a liberdade de direito co,num, islo é, a liberdade pública, é para a Igreja uma situação melhor que " da proteção e do privilégio" ( Maignen, p. 180) . Em suma, os americanistas eram natuMonsenhor O'Connell, que foi Reitor do ralistas. O importante para êles não era o Colégio Americano em Roma, exprimia-se Céu e a vida sobrenatural, e sim o mundo com mais cautela: "Por mais verdadeira e presente e o aperfeiçoamento natural do . bela que seja em teoria a doutrina da união homem. legal entre a Igreja e Estado, entretanto, na O Padre Naudet, por exemplo, dizia em prática, i,1felizmen1e, aco11teceu com JreAngers, em l 895: "Cidadãos e cidadãs, eu qiiê11cia que ela teve por resultado prejudisou da Igreja de hoje e de amanhã, 11ão da C<lf gn1ve11ie11te a Igreja, ditninuindo sua Igreja de há cem a11os . .. O paraiso, eu o liberdade e dando a leigos, muitas vêzes quero dar irnediatamente e11qua1110 espero desprovitlos de piedade, a ocasião de se i11o outro". O Padre Naudet enganou-se: êle tro,neterem indevidanreute na administra~ era da Igreja não "de amanhã", mas de ção dos negócios religiosos. 1• •• J Qualquer quase cem anos depois. e1e já era da Igreja que seja a teoria ou a tese, êste sistema lo "pós-concil iar", da Igreja-Nova do IDOC e dos Estados Unidos! parece ter tão bons dos "grupos proféticos", do Pe. Comblin e efeitos co,110 qualquer outro sistema atualde outros. Os quais, vê-se agora, são bem mente e111 vigor. 1. .. ] E, ainda q11e a Igreantiquados, pois repetem slogans de há quaja 11ão goze de nenhum privilégio legal, Ela se cem anos atrás. não deixa de encontrar um apoio de ilimiA propósito dêste discurso do Padre tada eficácia na calorosa simpatia. de um Naudet, Monsenhor Delassus cita o comenpovo cristão e na irresis1ivel influência de tário de um jornal socialista de Lille, o uma opinião pública favorável" (Maignen, "Réveil du Nord" : "As bem-ave11111ra11ç<1s pp. 180-182). celestes! O Sr. não fêz 11wi10 caso delas no do111i11go, Padre! O Céu está muito longe, Algumas medidos a cruz é muito pesada. Nós queremos a feconcretos propugnados licidade aqui em baixo. Foi esta (não é verpelo americanismo dade?) a linguagem quase fmpia para a qual o seu coração de de111ocrata-cristão enco11Quando os judeus, certa vez, estavam trou eloqüentes <lescupas. De qualquer 1110transportando a Arca da Aliança, num do, o Sr. preg<1 hoje as felicidades terrenas: carro, como a estrada fôssc má o veículo saír<1m de seus /tíbios, contra a riqueza ocioinclinou-se muito e a Arca ameaçou tomsa e contra a exploração do home,11, periobar. Um israelita procurou segurá-la, e foi dos inflamados que seus amigos que o fulminado por Deus porque não era do núaplaudiram 110 domingo qualificam i11variàmero dos levitas, os únicos que nela podiam ve/111e11te, quando ditos por 11111 dos nossos, tocar ( 2 Reis 6, 6-7). São Gregório Magde excitações ao ódio, à inveja e às piores no explica que êsse homem representa os hereges que, vendo a Igreja em perigo, se paixões lwmanas" (Delassus, pp. 160-161 ). arrogam o múnus de corrigir-Lhe a posição, Se o jornal socialista de Lille pudesse a pretêxto de ampará-La. prever como o Padre Naudet seria seguido, Costumam os hereges clamar que a e por quem . . . Naquele tempo, um jornal Igreja cometeu erros, e para corrigi-La socialista estranhava o fato de um Sacerdoapresentam uma longa lista de reformas, de te democrata-cristão e americanista difunfundo revolucionário. dir teses revolucionárias. Hoje, bom númeOs americanistas não fugiam à regra. ro de sermões têm êsse tom. Quem mudou? Vimos que seu programa reformista não Mudou a Igreja? Ou certos eclesiásticos poupava o que há de mais sagrado na dou"aggiornati" mudaram de Igreja? trina católica e na disciplina eclesiástica. Como nota Henri Bargy, a religião dos f,Jes consideravam que o I Concílio do americanistas era "uma religião da humaVaticano, proclamando a infalibilidade do nidade e11xertada 110 Cristianismo". Ela Papa, levara a Contra-Reforma a seu últi"não ,na;s ensina a rnorrer, mas a viver, ela mo extremo, e garantira plenamente a autoé wna escola de energia prática. 1••• J A reridade exterior da Igreja. Com isso tornaligião se preocupa cada vez mais e111 salvar ra-se possível renovar inteiramente esta úla sociedade e cada vez menos em salvar tima. O dogma da infalibilidade do Papa os indivfduos. Em lugar do Parafso, ela representaria uma tal garantia para Ela, oferece uma recompensa: o aperfeiçoa,11e11que não mais caberia a ·preocupação de to social. O cristianistno torna-se 111na ,nudefendê-La. O que seria preciso agora era tualidade, reduz-se a uma fra1er11idade" dar-Lhe uma nova feição, apta para atrair ("La religion dans la société aux Etatsos dissidentes e pagãos. Unis", 1902, apud Barbier, pp. 243-244) . Para levar a cabo êsse programa, proO americanismo foi muito bem definipugnavam os americanistas uma reformulado como sendo o culto da humanidade. ção dos Seminários a fim de formar o nôvo Salvar o sociedade mais do que sa lvar os olmos

tipo de Padre, de que o próprio Hecker fôra o precursor. Os futuros Sacerdote.~ deveriam receber uma formação "mais humana". O Padre Naudet afirmava que "a formação do Clero é por demais exclusiva,nente clerical e ins11ficie11te1ne11te humana. Habitua-se r1or demais o jove111 a não ver em seu futuro ministério senão o papel sobre11al11ral, 011 mais exatamente o lado purczmente religioso" ( Delassus, p. 174). No fundo, o que pedia o Padre Naudet é que nos Seminários se ensinasse menos Teologia e mais sociologia e economia. Hoje esta reforma está feita em numerosos lugares: nestes, os eclesiásticos deixaram de lado o sobrenatural e o cuidado das almas, e pretendem entender da produção de cebolas ... No Congresso Eclesiástico de Reims de 1896 defenderam-se as {eses americanistas e houve quem exclamasse: "Niío poderia haver a peregrinllção dos Plldres que se iria111 batizar lw,nens, que iria,n sacudir as ,·<ideias de um sistem(l odioso en, que o Coadjutor não pe11sa sertão co11forme o Pároco, êste co11forme o Bispo, e o Bispo co11forme o Govêr110? Enrre 11ós a hierarquia mtl/a o indivíduo" (Delassus, p. 180). Até a administração suprema da Igreja era visada pela fúria reformista do americanismo. O Padre Hecker permitiu-se dar êstcs conselhos ao Papa, sem que êstc os houvesse pedido: "I.º - Pôr tôda a Igreja 11a co11dição dos países de missão e fazer da [Congregação dei Propaganda [Fide) o braço direito da Igreja; 2.0 - Escolher os Carde<Jis de11tre tôdas as nações, a fim de fazer dêles 11111 Senado que represe111e a Cristartdade i11teirc1;

3.0

Adotar meios e 111étodos tnodernos 1111 tramittzção dos neg6cios da Santa Sé" (Ma ignen, pp. 34-35). -

• • • O americanismo foi condenado por Leão XIII, mas não morreu. Ble continuou vivo no ''Sillon", suas mesmas idéias, com outras afins, ressurgiram no modernismo. Morreu o modernismo? O que mais impressiona nos texto~ dos autores americanistas - insistimos - é a sua atualidade. Lendo-os tem-se a impressão de que foram escritos por adeptos da Igreja-Nova "pós-conciliar". Americanismo,, sillonismo, modernismo, progressismo, "profetismo", não passam de ramos de uma mesma árvore. São tentáculos do mesmo polvo que há séculos procura envolver a Igreja. Contra essa heresia, devemos invocar Aquela que é o Trono da Sabedoria e o Auxílio dos Cristãos, Aquela que esmagará afinal a cabeça da antiga serpente.

"A formo de govêrno dos EUA ajudo o Espírito Santo"

Outra nota do ameri.canismo era seu pacifismo extremado. Queria es\abelecer a paz entre a Religião e a ciência pretensiosa do século X IX, entre as várias religiões, entre a Religião e o ateísmo. Era coerente com isso o fato de Monsenhor Keane falar com desprêzo - como já vimos - das fronteiras nacionais e das lutas a que elas dão lugar. O naturalismo entretanto levava os americanistas a delírios patrióticos e a caírem assim em contradição. Um autor da época, Henri Bargy, que já citamos, observa que nos Estados Unidos "a Igreja quer fazer de cada católico 11111 11orte-a,11ericano, ,11es1110 co,n o risco de

fazer dê/e u111 protestanle", porque "a lealdade para com o ,,ais deve prevalecer até 111es1110 sôbre o devotamento à fé" ( Barbier, p. 257). Em matéria política, consideravam os americanistas que a fôrma de govêrno ya11kee era preferível a qualquer outra para a Jgreja. A êsse respeito escrevia o Padre Hecker: "A forma de govêrno dos Estados Unidos é preferível a qualquer outra para os católicos. Ela é, 111ais do que as outras, favorável à prática das virtudes que .rã.o as condições necessárias para o desenvolvimento da vida religiosa no homem. Ela lhe deixa uma maior liberdade de ação e, c:011seqüe11teme11te, torna-lhe mais fácil cooperar com a direção do Espírito Santo. Com estas i11stit11ições populares, os homens gozam de maior liberdade para o cumprilnento de seu desti110. A Igreja Católica será, pois, tanto mais floresce11te nesta nação rep11blica11a, 6

q11a11to mais os represe11ta11tes da Igreja seguirem, na vida civil, a doutrina republicana" (Maignen, p. 174). Anos depois, o movimento do "Sillon" repetiria êsses mesmos erros, que São Pio X condenou então nestes têrmos: "O "Sil/011" 1... J semeia portanto entre a vossa juventude católica noções erradas e funestas sôbre a autoridade, a liberdade e a obediência. Outra coisa 11ão aco11tece quanto à justiça e à igualdade. Trabalha, como afinna, para realiza, uma era de 111elh<1r justiça. Assim, para êle, tôda desigaaldade de condição é uma i11justiça ou, pelo mc11os, uma j11s1iç<1 menor. Princfpio sobera11amente contrário à natureza das coisas, gerador de inveja e de injustiça, s11bversivo de tôda a ordem social. Assim, só a democracia inaugurará o reino d<1 perfeita justiça! Não é isto uma inj,íria às outras formas de govêr110, que são rebaixadas, por êste modo, à categoria de governos impotentes, apenas toleráveis?" (Carta Apostólica "Notre Charge Apostolique", de 25 de agôsto de 1910). Contra o tese do união e ntre lgrejo e Estado

O indiferentismo religioso e o igualitarismo deviam levar os americanistas a dedefeoderem também a tese liberal da separàção entre a Igreja e o Estado. Para êles, tôda situação de privilégio para a Igreja era execrável. O Padre Maumus escrevia em "L'Univers" de 13 de março de 1898: "Eu disse,

JOVENS RECEBEM FORMAÇÃO ANTICOMUNISTA COM A PARTICIPAÇÃO de 180 jovens de 15 Estados do Brasil, e de 30 outros de diversos países latino-

sôbre os fundamentos da proprieda-

americanos, tiveram lugar em São

A V Semana foi promovida pela TFP brasileira em colaboração com

Paulo, de 3 a 6 e de 10 a 16 de julho p. p., a IV e V Semanas Espc· cializadas para a Formação Antico· munista, da TFP.

Nesses encontros foi desenvolvido um intenso programa de confcrên·

cias, debates, círcu.los de estudo, projeções de filmes e áudio-visuais, versando temas doutrinários e ,problemas da atualidade, e apresentando os princípios básicos para uma ação anticomunista autêntica em nossos dias.

As conferências e a direção dos debates estiveram a cargo de membros do Conselho Nacional, sócios e militantes da TFP. Da IV SEFAC participaram jo-

de privada, como decorrência da na· tureza livre e racional do homem. suas congêneres

argentina, chi lena

(no exílio), uruguaia e colombiana, e reuniu jovens daquelas nacionalida-

des, além de brasileiros. O encerramento dêste segundo certame deu-se no dia 16, também no auditório da Bôlsa de Mercadorias, ocasião em que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira proferiu vibrante dis-

curso sôbre a defesa dos fundamentos morais e religiosos da civilização crislã.

vens procedentes do Pará, Maranhão, Ceará. Paraíba. Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito

Por coincidir a data com a festa de Nossa Senhora do Carmo, Padroeira do Chile, foi prestada uma especial homenagem à infeliz nação andina, que vive dias de angús1ia sob o regime marxista de Allende.

Sanlo, Rio de Janeiro, Guanabara, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Goiás. Na sessão de encerramento, realizada no auditório da Bôlsa de Mercadorias de São Paulo, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira discorreu

bas as Semanas falaram ainda representantes dos diversos Estados e dos países eslrangeiros, e o Côro São Pio X, da TFP, executou peças de canto polifônico.

Na sessão de encerramento de am.·


CÃllCe<.n s TUMULTUOSAS otaoc:iações d•

-1~

...

A CONGREGAÇÃO DE PARIS ATRAI A NOBREZA JOVEM

Concordala foram conduzidas por Nt•poleão com o uso sl.sttmállco do binômio mêdo e slmpntfa. Ora êlt. :agradl.ll'a a Santu Sé com uma conccs.são cm favor dn U.bcrdndc de cullo na Frnnça, ora (a;(fa ameaças e., no mumo tempo, apoiava ou SUS('ita,-a opo$l(&s dos rcvo-, ludonárlos, Que Intimidavam os reprcsenh:rntts do Snnta Sé e os católicos líbios, tcmero.sos de volt.ir às condições di!íetis: cm que rinham sido obrlg."\dos a viver 9:a.r:1 se n,anttrtm flfls à RelliJão dos seus :-.ntep~dos. No entanto, como vimos, Bonaparte era o principal inlerus.-ido n!'I ce:.lcbraç~o d!I Concordntn, pois cons.tata,rn que precisava do npoio du Igreja para se ruanttr no poder, por isso que o povo franeê5', npcs~r dos a.noJ de persc,tuição, conHnuáva profundamente cat6Uco. Assinado o (rutado, o Primeiro Cclt\5UJ - .sob o fútil prctêxto de. que só assim podtrJn obter a :,pro· •ação dos órgtíos compd<'ntt:s do g0vêmo, que tele doruina•à completamente - acrtMt11tou ao texto os chamndos artigos orgânicos, os quais anulavam tôcl:l.s :&S restrições à lngcrC'ncia estatal cm macé.ria ec:tc) ióstka, que a duras penns os negociadores ponliffdos tlnh1un conseguido incluir. E-m bora ~ - adendo não tenha sido reconhecido pelo Papa, Nnpotdo o manteve e criou uma $1tuaç:io de fato, Isto é, tudo se passava como se a Concordata tivesse sido aprovada com os nrH,;os orgânicos. AI.RUM anos depois Pio VU pôde verificar pts~oalmentc como n França continuava calólka. Indo .- Paris n fim de. sattr.ir N"pole:\o lmper:i.dor dos Jtrnnceses.. foi recebido cnlusià.sticamcnte pcl:ts populações de tôdai as cldade,s por onde passou. f;m Paris, a acolhkfa que recebeu foi triunfal e, tendo FouchE lhe l)C11tuntado como enconlrara a Fninç-a, o P.1pa rc.spondcu: ••~ndito seja o Céu? Nós a aCr:lvessamos por entre um povo dt joelho$! Estávamos lt'ng,e de im.attiná-111 nesse- e.findo!'' Com a dis-tcnsão prodlll:ldn p ela poHlicn edeslástk:, de N:ipolcflo, o movimento católico francês. que durante tantos nnox fôra obrigado a viver nt'I clnndtslinldadc, confinado ,m esconderijo~ t m1mtido cm cOn.\11lntc sobressalto pelas frtqüenles lnvtsUd.as da polícia~ vollou pouco n pouco J lu:t do sol, e wmeçou :t promover uma verdadclnt n:novnção rc.lig.iosa do país. As propulsoms dêsse rc."" surgimento rornm as CongttgaÇÕC$ Mnrl.ànas c,,uc se fund~rnm cm várla.t cfdades; a que mnls se db-.. tinguiu entre eh&S, :usmnindo a lldernnç:;a do movimento católico fmncês, íoi a Congrcgaç1io Mt1rlann "Snnctn Mnr-la Auxillum Chrisflánonsm''i fundada cm Paris ;t 1 de fcvcrci.ro de 1801 pelo Podre Jean 8::iplistc BourdM'r Dclpults. Delpults entrnrn na Comp;mhl11 de Jt$U$ aos de• 0

e

DO DEFENSOR DE

OM ATRASO de drca de qualro anos, ui-nos :i.lit,Or:t n:1s n,~os o livro do Sr. can. dido Anlõnio Mendc-s de Almeld.a~ "Memento dos Vivos / A Esquerda Católi<'(l no Br~il'' ('"l"cm.po 8rJsilcl.ro", Rio, 1966). 1-:m rtsumo, a On:.llídude da obra i a stJNinle: r,r1.c-r e, nosso pobre Brasil pass:i.r daquilo " que o ::iulor dá o nOmC' de cconomh, colonhd, para os ene:inlos slnárqutt:'os d:t economia socialista, segulndo o exemplo de Cuba c- do Chile (pois o dcsve.ntur~•do p11fs ;tndino, ao ,.;:i.lr o livro, J~ se achava em fase pré-soci:lll\'1a nas mãos do dc.mo-,cristio F..duardo Fttl Monl:1lv;1),

D. VITAL AO AMIGO DE D. HELDER

Cit.:t o Sr. Cândido /'\·1 1:,td~, cm rúpldo rdrospedo dos principais csl:i,t:,ios por quC' pa.w>u a csc,,uc-rda-c:1t61iu no Orusil, o movimento dt 60Economfa e Humanismo'\ a O,moer:1cla-Crislú com ••suns pompas e suos ambições-'' (p. 42), o solldad.smo, o que Hc da~ifi<:a como ''prlmcíra ruplura", representada pela "opçlio" da Ação Popular (p. SO), a cisão havld:1 no Ctlltro Dom Vital, Relacloni1 :1s "fontes para análise da coníronl.l.(':ÂO cn ltt 11 &fr:ltiO de "A Ordem.. t a fcmiitlca do descnvolvlmcnCo''. Embora dC'diquc :iJgumáS pliglna.s à dirtUa c:t• t(,lica, frisando "a lmportAnd::i do pensamento de João XXIU n.-i primeira denúncia frontal a u1n tn• ,·olvlmcnto pelo lnt<'grismo, possívC'lmc.nte o "peca· do original'' d11 inteUgênci:1 católka" (p, 165), o :tutor - que tm matlria de citações não e.squc.ce: nc.ru os ra.n çosos "r.bbés democratiquc..s'' da "BeUe Epoquc'' (p. 89) - :10 tratQr da hls1ória do movt-mento políUc-0-soclal c.a tólko no Brasil de nossos di.1s. oiio cnxer ~a. l:ll'vc.7. por fnlf'.J. de pcrs:pec:fíva (como acontcncla tom o rei de Lflliput di:i.nte de Culliver) êsst g:l~nfe que: f :t TFP, cuja ;1tuação rc. percute ;i.lém d:tS fron tcir:.'IS do Pa(s e mesmo dos limites c<mHnc-nla.í.s. O Sr. Cândido Mendes, por rõrça, haveria de se most.rar sirup4tko, C' !.$to alrnvés de \'!ÍirÍ!l$ pági,, ri:is, ao famigerado MEB, :1 SC'U ver um exccltntc mcif) de "con.sclcntt-,,u·• as mas.ta.~ (pp. 200-215). Como o princ(plo de .Nbsld laricda~ ~ uma pedra

~ tt :mos, cm 1753. Com a txpub;ío dos Jtsu1tns cm 1761, éomo ilc ainda não flicra os voros ,.;olenc.i pôde pcnmmecc.r na Fra.ntá e passar p:u-:i o Clero secular. Depois de tc.r exercido o ministério nQ. provfncln por algum tempo. foi pnr:t Paris. onde o Arcebispo Monsenhor Chrl.'ítophe de Beaumont nomeou-o Cônego dn Colegln(a do Snnto Sepulcro. 1·omou-sc multo conhecido como pngador de rttl· ros espirituais. Ourante- n Revolução não ru>aodo• nou :1 Franç-n. Foi um dos Sacerdotes heróicos que, desafiando os revoh.1cionários, levavam aos fi& o soco1To dos Sacmmcntos e, juntamente com valorosos lei.aos cutóllcos, lut.-iva.m pelu conscrvnç:io da vtrd:.1deir:1 Rell.21:io.

A ConsueRnt:io "Sanccn Mnrla Auxilium Chri.~ tl:: morum'' cometou modcstnmcntc na próprl" rcsldênda do Padre Ocl'puit$, com um núcleo inicial de scb jovens, es1ud11nte$ das F:.1culd:tdcs de Dlnllo e Mediclmt de Pari.$. Nenhum dêles. talvez nem o próprio P,,drc Oelpuits, podcrl11 prever o pn_p d que estava rC$Crvado a essa IL'SSOcinç,iio que ~ lns t..,lavü de íonn:t tão modesta. A Congregação s,e torn.arfa íamosa, influlrlra na politica francesa e seria uma. verdadeira sementclr:,, de a:rnndcs líderc~ c:dóUcos no século XIX. A Rcvolut5o dcdlcitra um e.spechll cuidado ao ensino ~-uper(or, par.a difundir OS stus erros na juvcn(udc. Jnecnlivou os estudos nas Faculdades já existentes e criou outr.Li; tôdns tivernm grnnde de.stm·olvimento e prt..f ligio no tempo de N,1p0Jci'io. Pode-se im:,Jtinar o :ambiente que nefo.s reinava. Fomrndos de acôrdo com as ldflns rnoludo1iárlas, profcssôrtS e alunos se c-sllmulav:im un.'f aos outros no comb!lte n tôd:a a ordem unlJJt;l, esrocrond~e nos ::,taques à Rtllghio. Faiendo numa scss.1o da Congrtgação o elogJo íúncbrc de Paul E·mlle TeysJeyrtt, :mtigo :1luno da Escola Politkoka, o Ouque de A:ohnn assim se c-,rprimla sôbrc o 1.1mbitntc dcs1;1 na lpoca 1l que nos referimos-! ••Nessa C'Scola, o C'lite da juventude frnnCt$!1, croergiodo d0$ horrorc.ç da unorqul:1 rcvotucion6rla, demor&.'l"frnvu tõd11 a energia que S.U$Cilam os wandCS" abalo): p01ítkos, mas tumbtm a lmoroUdade que acompnnhn, de ordinário, as ruolutócs. O dcs..-jo d:.1 g,lóri:1 ncl:t se lnmsfonnarn cm íttnesl; o amor díl pátria dcicocr::trn cm í:.mati.çrno, porquC' o :tmor de Deus, ún.ko motor dos stntlmtntos grandes e nobr~, enconlravu os cora('ÕCS fechados.; a Fnmça panda colocar a c.spc.ra.nç-a de sun fcllcld:.1dc nessa Juvcnt·ude borbulhante, C'nqunnto a Religião, chor.mdo s6brc- as lnfdi-

no caminho do socinlbmo, procura rcmovr-la com 1ôda a dc.scnvol(urn: "Ficando alnda na proposlç,iío tr11dlcion:d, do prlncfpio de subsldl:i.ricdadc, [a En· dclka "Pàccm in ·r<'rrls"J ollo obsl:mrc j' ,.;e ordcm.1 ao ~-eu dc.s:dobr.1mento enunciando-o com ;L profun. dldnde e a larguc-za .!l't.lflCIC'nlcs p;m1 a <'Ompre<'nsiio de. um eventual papel domlmantc do &r.-ido nas ero. nomias cm desenvolvimento. ou, mc.wo nelas, d;l aceltaç,iío de um socfolismo m:cc~Mio" (p. tll). H se foi, portanto. a fase cm que o falc-cido Albtrlo Pasqualini, ltórico do tnb:1lhlsmo no Brasil, dtclnrava que o sociallsmo não podia sc.r Introduz.Ido cm pa(se.s de lécnica :11:ms:tda, S('ndo próprio de povos wn,o 0$ e~andln:,vos, de org:inlz.ação ultra-adl:inlnd a. Vem agora. o Sr. C:indido AnlúnJo Mtndc-s de Almdda e diz ser indlspens:'ivtl 11 :ipllcação ao " Terttlro Mundo"' do "sochallsmo nt«s:s~rto'' (pp. 134,..135). Um t:r.t('O camum une, porfm, o antlgo Udc,r do PTB e o sccrt·hirio da Comissão JusUs-a e Paz: é o de qucrtr que o E.ttado a.~'t.lma desde logo paptl dominante na c.conoinbl ("estatismo nc-cc~ário'', p. 148), o que fo~osnmenrc redundará, mals cedo ou m::.l,; tarde. na: in,pl:intação do ~ocíalismo ln1ca:r.1t.

l:!$truuos no fflluJ:to do livro: ·'O centro da Jn. vestlgutão, pois, do prcsc.nte rrabnlho, $C dt~ioca. para o ex.ame da p,osslbilld:1dc de1 na pcrspccllva :llu:tl d:t doutrina social da l grcj:i. se ndolntt.m no\'OS modelos de sod:ll4'mo eomo t«niea de dCSit.nvolvimcnto, para a re!lllz:1~;i-0 do bc.m comum concreto nos palsu do TC'rceiro Mundo. Pode.remos fafar mesmo par:. tni..~ pài.~s, cm modelos de um ''soclalb'mo necesmrio", dt.sdc que a expressão n;io l:mpllquc os <:ontcúdos idtológicos e doutrinários que as próprias cncklkas proc::urnrnni afastar" (pp. 134135). I ncide aqui o autor na falácia própria dos esqucrdh1as católicos, com o Sr. Alc-c-u Amoroso Uma à fttnle, stgundo à qual o pernicioso do socialismo c.starla n!I Oloso!i:, de vida, ma,; nada teria ~lc dt contrário :li doutrlnr, d:1. Igreja cnquànto entr1rndo do ponto de vbta meramente cconõtnko, tirad.1 de corpo que $()mente é p-0$Sh'tl p:.m1 quC'm r~ lábut:i ra.s:i. do que st ach:i claramente c.serlto nas Encklle:is pap ais.

))O(OJJ'IJ 13JBef~UNJ. tidade~ pas:sad:.i.s, lrtmla dl:mte do~ trlunfOll que ~ 2.11unci:1vam11• O pequeno cn,po do Padre Octpuit.s enfrentou corQjo.s.'lmcntc lanlo ::a hostilidade dos cofegns quanto a má vonfítde dos profc.~6rcs, e desfraldou na.t e• colas supcrlous .- bandeira dll Congrcgutlio. A Jura dos .:;eis jovens Co1 árdua, mü.$ em pouco tempo vários de seus colcg:Lç vlcro.m Juntar-se à ilts, la• undo-se congrciados para =-jud4-los na p ropaga. ção d11.1 Idéias cont:r!l-rcvoluclon4.rfas e nns vltorloSll$ dlstuss~s que susfenta.\'am com os proíes.tôrts. Foi Jtraças a ê$.Ç(' a.pos1ol.11do perscvcr:1ntc que dob t.studanfes se inscreveram no nGvo sodalíclo e du.r.mfe tôda a vida perm:meccram flél$ aos Ideal~ du mocidade-, ~m cmb:t1go de $C' terem tornado deu· lb1as tmlntnlcs. For.usa o ~élebrc tn~dk-o Hyaclnlhe L:1tnnec C' o Barão Augusdn Loui.1 Ci;1ueh)', um dos maiores matcmííUcos dc todos os tempos. Mas não eram só os c-.studa.nte.1 que forma\la.m u elilc da juventude dess."l época. A nobreza, cruttmcnte dtc.tmudn pela 8cvoluçiío, dela ssíru (Ortuletid.-,, t prcslfgJad;1, Como cm sui:1 grande maioria o.,; m;1is velhos tinham perecido no cndafalso, eram ós ~us jov<'ns descendentes que ostenlanm os mialorC's lflulo, noblll{ltqulcos: da antiga monarqulu. Na• ,,oteão cortejava-os, sobrttudo dcpols de lns1aul'ilr o Império, e lôd.11 :t França voltava P:lrn êks os $Cus olhos. T:1mbfm fsscs Jovc.M ari.stocr.1tas o Padrt OelpuJts consc{tUlu alralr, t logo no primeiro noo de txb1hdtt dn Congrtg'1('5o nc-la C'ntra.mm o Duque M:1thitu de Montmorcncy.I,.aval e- o Marque$ fu ,t~ne de Montmorcncy. Oepols, um a um fornm-SC' inst"rcvendo nos Quadros do sod:11ício o Ouc,,ue de lltlhune Sully, o Ouque de- .~oh:in, o Príncipe Jule.s de Potlgn.-ic-, o Conde Alexls de NoaUlcs, o Marquês de Rlvlêre, Chnrles de l.cvis Mircpoix. 1.ouls de Ro· sambo, Charles dt Brtlt.uU, Emm11nuel de C~ 6rissac., e n umcr0$0S o urros porcadorts de gnmdes nomes que Hustr,un ;, hlsCórfa da crl$tandndc. O Ouqu(' Mathic.u de Montmorcncy tomou-se lotto a alma da Congregação. Foi o stu dJriK('nfc dur:mtc muitos anos e as principal~ lnidativ1,u cutólica~ durante o I mpério e a Rcslauração tiveram o seu •lJ>OIO decidido, quando niio foram por êlc mesmo p lanejada,,; c- executadas. T:lmbém a Cong,rtgu(rto "Sanclit Maria Auxlllum ChrlS'Unnorum'' constitui umn provn da pu• j'1nç:1 do Catollclsroo franC'ês ao te.mpo das n<'godi1ções dn Concordata. Fundadn anlu d.l rutlflca('lio dcsi".t pelo Papa Pio vn. com apenas sclt membros, ao completar um ano de cxlstência conta.va lá com sclenta congrtgado$ e um bom número de vitórias contm n Revoluçito.

Fernando Furquim de Almeida

:1

AS$im se c-xplicam as cnllUnárias do :autor cont:rn li\'rt- cmprésa e cm purtkular contra a SQciedadc

or~nktt e os grupos lntcrmedlArios, coisas lndcS:c.jávcls contra as quais ,cdeveríamos nos resguardar'' (p. 149). A ;;lu<J:i prr<gtina'' (J). 166) denrla dos• pojar-se de tudo o que possa parttcr um enlrave ao ndvtnto dês~ "sod11ll~n10 ntcc-ss,.rio".

O q ue d!% o :.1utor sôbre o eruprê-go dll polis.se-mi:. (fenômeno da cxistfncla $lmullâne.l de vArhls SIRniOcnçôcs pára. uma mesma palnvm), do cinema, da ttlevlsiio, do l~ar.ro, do fole:lott, pura a tr:insformatão revoluclonru"ia da soclcdade (pp. 117-243), f col~:t velha e: conhecida. B~1;;a que nos- lembre• mos dos trovndores proven('als e de sutt linguagem clJr.-ida, para os qu:l.is n "dnmn de seus amô~'' era :i Igreja dtnrn. etc. etc., e que tC'nhamos os olhos abulos p:1ra a propaganda $Ubvt.rslva :.icobcrtad.n por todo o (tê:ncro de cspeliiculos t de contestações que hoje sufllcm como coa:umelos por todos os lados. Para a e:squtrda-c:atóllea tudo são :.tm1as, Inclusive levar a sério um ~nsamcnfo dos ,ipat:rlaros~ e: "mclropolitas.. da lirejlt cb;mática mosco-vlt:1, meros títeres nas mãos dos .' itnhorcs do Crc:ntlln (p. 2SO). Não deixa de sc.r mehtncóUco que o dtsccndcnte de um dos mnls de~1uc:1dos dcfcnS4>rcs de Dom Vital se :dJnhe :.to~lado do nôvo e la.mcntlivcl ocupante da atorlos:1 Sé de Olinda e Rttlfe nessa deplor~vel aÍivldadc l.ão danosa à cau~'á da JgrcJ:1 e da Pátri11. •; que o SC"cretár-lo da Coml.ss:io 1usliça e Púz SC"ja p:1Nld,rio de um:1 "justiç,o'' caôlha, ccg,.1 aos horrores do socialismo :.1 ponto de querer o domínio dês.'iC Lc,·U)tan sôbrc o eham:1do Terceiro-Mundo, t pugne por orna "paz" que p rcpnrn n m;"il~ ~"P:tntosa d:Li hec:1tombcs, :aquela ~,nunclada nQ Covil d:a frlll e que ~'Ó tennlnará qu:rndo, condoíd:.1 dO!( povos oprimidos pelo oni.nrca tol:ilitário, um di:a .t Virgem Se tc\lanlia:r para Uberl:ar de seus :1lgozcs a pobre hum:midade p:tra cujo resgate o FIiho de Deus dcrr,unou lodo o stu preclosíssi.mo S:mgue no :i.lN do Calvário, lendo ao lado Aqueln que, t rcrrfvcl como um exército C'm fonn atiio dC' b:1l:llh:i c- que, S-C,z,l nha, c.man,tou lôdáS as heresias no m1,1ndo lntdro.

J. de Azeredo Santos 7

~


.AfOILICilSMO---- - *

A VISITA DE NIXON À CHINA E UM VELHO FATO ESQUECIDO: MUNIQUE Repleto o auditório na sessão de encerramento da IV SEFAC

DIPLOMACIA norte-americana tem revelado amiúde uma extraordinária capacidade de fazer coisas erradas nas ocasiões mais inoportunas. Esta capacidade foi amplamente demonstrada quando do início das negociações de paz no Vietnã, cm 1968. Após um período de calmaria bastante grande, quando a guerra parecia desenvolverse satisfatõriamente para os sut.. vietnamitas e seus aliados. os comunistas aproveitaram-se traiçoeirantente da trégua do Tet para lançarem uma grande ofensiva, conseguindo ocupar várias e importantes cidades, a ponto de o próprio embaixador dos EUA ver-se exposto a risco de vida. Em todo o mundo livre teve-se a impressão de que houvera uma grave derrota norte-americana, impressão largamente alimentada pelo singular masoquismo dos jornais yankees.

A

Hoje cm dia sabe-se que a ofensiva do Tet representou um malôgro para os comunistas. ~les não encontraram o apoio popular com que contavam (o que, por exemplo, os levou a, em Hué, durante a ocupação, assassinarem da maneira inais cruel milhares de habitantes), seus melhores soldados foram dizimados pelas tropas aliadas, a ocupação das cidades durou pouco, com exceção apenas da de Hué. Mas foi imediatamente após os combates do Te·t, quando os ecos do pretenso êxito comunista ainda ressoavam por tôda parte, que o Presidente Johnson deu ordem· para que cessassem os bombardeios contra o Vietnã do Norte e se iniciassem as tratativas de paz, confirmando com isso a impressão de que seu país estava derrotado.

Quando a hora exige atitudes enérgicas . . . Recentemente, a posição dos EUA

no Extremo-Oriente sofreu nôvo e grave abalo, não por derrotas militares, mas pelo evidente fortalecimento dos "pombos" norte-americanos e porque êstes exigem de modo sempre mais estridente a retirada no Vietnã. A lém disso o govêrno Nixon saiu diminuído e humilhado do incidente da publicação de documentos secretos sôbrc a guerra, publicação que a Côrte Suprema não pôde ou não quis impedir.

Para um govêrno decidido, estas circunstâncias impunham a tomada de medidas enérgicas, para restabe· lccer o prestígio abalado e impor-se ao inimigo. Fazendo e.xataincntc o contrário, êstc· é o momento escolhido pelo Presidente Nixon para anunciar a sua visita à China. que assume com isso o caráter de ren~ dição. Ademais, tudo leva ,1 crer que o s

aliados mais próxi,nos dos norte-americanos no Extremo-Oriente foram deixados inteiramente de lado na ela. boração dessa iniciativa. A consternação que isso provocou na Coréia do Sul, nas F ilipinas, na Tailândia, cm Formosa, no Vietnã do Sul, no Japão, é fàcilmente compreensível. O preço da aproximação sino-norteamericana terá de ser pago por alguém, e provàvelmente o será por aquêles que puseram a sua fé nas promc.ssas dos EUA. Estas considerações amargas podem causar estranheza, tendo-se cm vista que a iniciativa de Nixon foi recebida com aplausos quase universais. A explicação de nossa atitude não é difícil.

Não esque~amos Munique A natureza huma.n a aspira por tudo aquilo que lhe proporciona satis-

GENERAL ENVIA '

VOTOS A TFP REALIZOU-SE EM julho último, cm Manilha, a V Conferência da WACL. - Wortd Anticommurúst Leaguc (Liga Mundial Anticomunista), cm conexão com o congresso anual da Liga Anticomunista dos Povos Asiáticos. Paru o importante conc1:.we. que con· tou com a participação de 1.500 represcn1a1Hes das principais nações não comunistas, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição~ Família e Pl'opricdade íoi convidada pc1a W ACL 3 enviar observadores espccia is. Nessa qualidade viajaram para a capi• tal das Filipinas os Srs. Marcos Ribeiro Dantas. do Diretório N:tcional daquela sociedade. e Miguel Bcccar Varela, dirigente da congênere argcnlim-. Cong.ratulando-se com ~, TFP e formulando votos pelo êxito da atuação de seus delegados. o Exmo. General Humberto de Souza Mello, Comandante do li Exércilo, enviou ao J>rof. Plinio Cor· rê;;i de Oliveira o seguinte ofício: '~Informado, pessoalmente, por V. Exchl., de que a ''Sociedade Urasilcira de Defesa da T radição, Família e Proprie:• dade:" havi:t sido convidada para partic:í· par da s.:1. Conícrêntia, da ''Liga Mundial Anticomunista", cm conexão com o "Con_gresso Anual da Liga dos Povos

Asiáticos Anticomunista.,, ,·cnl,o congratufa.r-mc com a Organização que V. Excia. preside, com a nítida comprecusiío do que representam a TFP e o congresso cm aprêço, visto tratar-se de uma verdadeira barreira contra a expansão do comunismo . ateu e impcriàl~1a. Na conjuntura atual que o mundo atravessa, pa.r tkulnnncntc os povos asiiticos, e por similitude os ~ui-americanos. sôbrc quero atualmente se voHam as atenções agressivas dos comunistas, é coníortador sabermos que há, fora das Fôrç.a s AnnadM, quem se coloca; cm plano mundial, na primeira linha de combate a ~ia ideologia, completamente contrária aos nossos intcrê~s, t:radjçóes e fom1ação crb'tã. Renovando meus cumprimentos pela pai:tidpação da TFP no condave mun· dial, apresento meus votos de pleno êxito aos J)rs. Marcos Rlbéjro Dantas e Miguel Bec<ar Vs.rela, seus representan· tes, certo de suas atuações <oro inte· ligência, pidriotisrno e vasto conhecimento da doutrin.a democrática, que, segurrunente, incidirão fortemente nas de· cisões de tão notável reunião. paro a contenção dn marcha do comun~mo oo mundo, cm particuh,r no Continente Sul-Americano··.

fações, e por isso mesmo lhe repugna a guerra, que certamente tem pouco de satisfatório. O desejo de paz. de si legítimo, pode porém toldar de tal maneira o raciocínio e causar tais desvarios, que os pacifistas ''enragés" terminam pot provocar a eclosão da terrível catástrofe que queriam evitar. Relembremos um episódio já antigo. Para .muitos jovens de hoje, a pa· lavra Munique talvez. não signifique mais que o nome de uma cidade ale· mã, mas os mais velhos ainda hão de se recordar de que foi em Munique que, em 1938, procurando a todo custo evitar a guerra que lhes parecia iminente, o Primeiro-Ministro in. glês, Chamberlain, e seu colega francês, Oaladicr, traíram compromissos dos mais solenes e entregaram a Checoslováquia a Hitler. Consciente do que tinha feito. Daladier, ao regressar a Paris e ver a multidão que o esperava, empalideceu, temendo manifestações de desagrado ·e de cólera, mas logo voltou à serenidade. pois os aplausos estrugiran\ de tôda parte. Yoltando·se para seu amigo Marc Rucart, o ''Premiefn disse cm voz baixa: "J,,Jeliz.es! Se soubessem o <1ue estão aplaudindo! . .. •· Ê notó rio que o pacto de Munique, em vez de aplacar o apetite nazista, muito pelo contrário o incentivou bastante. Mas não foi só desta maneira que as concessões de Chamberlain e Daladier concorrCram para a eclosão da segunda guerra mundial. Atualmente se sabe que naquela ocasião Hitler estava a ponto de ser deposto por uma conspiração de altos chefes militares alemães, chefiada pelos Generais Beck e Stulpnagel. pelo A!mirante Cana ris e pelo Comandante supremo do exército, Von Brauehitsch, com o apoio dos comandantes das guarnições de Berlim e de Potsdam.. que se incumbiriam de prender o Fuehrcr. A espantosa vitória que êstc obteve cm Munique e a imensa popularidade que a anexação da Checoslováquia lhe proporcionou na A lemanha, tornaram. in• viável o golpe militar, cujo êxito anteriormente era certo. Conta-se que. ao saber que Chamberlain iria a Munique, Schacht, Ministro alemão da Economia, que detestava Hitler, a ndava de um lado p ara outro em seu gabinete, êSmurrando a fro~te e ex· clamando: ..E Íflimagiflável! O Pri~ meiroªMinistro do Império britlinico vem e11contr<1r·se com ê..rte ga11gster!"

Discursa o representante dos jovens semanistas do Nordeste

Aplausos à con fe rê ncia do F>rof. F>linio Corrêa de O liveira

Aspecto da mesa que presidiu a sessão de encerramento

Perspe,ctivas sombrias lastimàvelmente certo que no V ietnã os EUA não puseram todo o empenho cm lutar pela defesa da c ivilização cristã - q ue deveria ser seu mais caro ideal - e que, para obter a paz, estão-se preparando para fazer concessões que os enfraquecerão enormemente. Como vjmos no caso de Munique, adversários totalitários não costumam ser comprados por n\eio de manifestações de debilidade, de maneira que, no próximo impasse internacional. o govêrno norte-americano ver-se-á diante do seguinte dilema: ou capitula em face do com\lnismo, c-om conseqüências . . , . 1mprev1s1ve1s para seu pais e para o mundo, ou então é obrigado a resistir ern posições que seus recuos anteriores terão enfraquecido, e com aliados inseguros, pois o que está acontecendo com os povos asiáticos que confiaram na aliança yankee con. tribui m uito pouco para animar de• dicaçõcs. Ê

~

Alberto Luiz Ou Plessis

Diante da sede do Conselho Nacional da TFF>. os participantes da V Semana E.s pecializada para a Formação Anticomunista

A TFP PROMOVEU ern São Paulo no ,nês de julho 1>.p. a IV e V Semanas Especializadas para a Formação Jlntico,nunista, da qual participaram 210 jovens de quinze Estados brasileiros e de quatro países da A,nérica espanhola (página 6).


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ll 01RETOR: MON-S, ANTONIO RIBEIRO 00 ROSARlO

ALFRED ROSENBERG, o famigerado t eórico do nazismo, que tanta Influência exercia sôbre Adolf Hltle r, mandou em 1931 e 1937 o alto Iniciado Otto Rahn fazer pesquisas nas ruínas do castelo de Montségur, cidadela e templo dos cótaro1, último refúgio dessa heresia manlquéla que assolou o Sul da Fransa nos séculos XI a XIII. Ao mesmo tempo, o todo poderoso chefe dos S. S., Helnrlch Hlmmler, fazia reconstruir o castelo de Wewelsburg, perto de Paderborn, na Westfólla, e preparava nêle uma c&mara subterr&nea de abóbada em ogiva, destinada a receber sôbre um altar de mórmore negro, marcado pelas letras "55" d e prata em alfabe to rúnlco, o que os che fes supremos do nazismo esperavam encontrar em M~ntségur: o misterioso Gral, pedra-livro que conteria a tradlsão gnóstlca. Nessa capela sinistra os S. S., tropa de e lite do naclonal-soclallsmo, deviam meditar tendo como "evangelho" o livro de Otto Rahn "A Côrte de Lúcifer na Europa". fsses fatos estranhos fazem entrever que, ao contrórlo do que s upõe o grande público, o hltlerlsmo não constituiu antes de tudo um movimento político. Na realidade, o estudo do nacional-socialismo li luz de antiga• doutrinas esot é ricas põe-nos diante de uma verdadeira seita religiosa de caróter gnóstico-maniqueu, cuias origens remontam aos cótaros medievais do Sul da Fransa. Hitler, Hess, Hlmmler, Rosenberg e outros altos dignatários do Partido Nazista aparecem nessa perspectiva como Iniciados de uma nova religião que tinha sua hierarquia, , seus templos, seus ritos, seus dogma,. PAGINA 2.

SEITA O Cll."-tclo de MQntstgur, 1e-mplo t rdúgiQ dos d1aros da Occitânfa

N.º

249

SETEMBRO

DE

1 9 7 1

ANO

X X 1 CrS 1,50


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ATOLICISMO por mais de uma vez já se ocupou com o estudo da gnose, fundamento panteísta de tôdas as grandes heresias que vêm flagelando a Cristandade desde os tempos apostólicos. A gnose se acha prêsa por assim dizer aos flancos da San· ta Igreja, terrível êrro religioso que, combatido pela verdade católica - e até mesmo a ferro e fogo - quando sua presença se torna insuportável, pode dar a ilusão de completo desaparecimento cm certa quadra histórica, passando, porém, como uma brasa acesa, a viver sob cinzas, para logo reaparecer e produzir novas· e indizíveis devastaçõc.s . A gnose, no correr dos tempos, tomou vá-

rios aspectos. Distinguimos, assim, o fundo gnóstico encontradiço em tôdas as heresias e os sistemas gnósticos propriamente ditos, nos quais aquêle fundo tomou corpo nos primeiros séculos do cristianismo. Falando de modo geral, podemos registrar uma gnose pagã e uma gnose dita cristã. A o rigem da gnose pagã se perde na noite dos tempos. Nela se achava mergulhado o mundo antigo. Entre os gnósticos-maniqueus há a tradição de haver ela existido antes do dilúvio na Atlântida, na Lemúria e na Hiperbórea, civilizações pagã.s que aquêle tremendo castigo teria destruído. Para nos reportarmos à fase propriamente histórica, .1ntes da era cristã vemos a gnose pagã na Pérsia, na (ndia, na Grécia e cnlrc outros povos. Após o advento do Redentor, fala-se da gnose cristã, d esignação imprópria, pois as várias heresias gnósticas não passaram de tenta·

tivas de acobertar o velho êrro pagão sob roupagem católica. No seio da Santa Igreja procurou a gnose esgueirar-se por detrás do dogma católico, assumindo para isso os mais variados disfarces. Nos primórdios do Cristianismo a gnose aparece nas heresias q ue lhe tomam o nome. Ao contrário do que nos ensina a Revelação. segundo a qual rôda a criação é boa, tanto a dos espíritos quanto a dos sêres materiais, o gnosticismo afirma a oposição entre o espírito (princípio do bem) e a matéria (princípio do mal), aquêlc prêso a esta cm conseqüência de um desastre cósmico. Evolucionista. suspira pelo advento de uma era em que, ao cabo de mutações sucessivas. de nôvo o espírito se Ji .. berte das cadeias físicas que o prendem. Panteísta. confunde o gnosticismo a Divindade com êsse mesmo espírito prêso à matéria. Vão os gnósticos contra o dogma da Criação, confundindo o Criador com a criatura. Repudiam o dogma da Santísima Trindade e o da Encarnação do Verbo, pois negam a união hipostãtica do Verbo Divino com a natureza humana cn1 uma mesma Pessoa. Dentro da lógica interna de seu êrro monstruoso, repudiam também a Santíssima Virgem cómo Mãe de Deus, verdade proclamada pelo Símbolo de Nicéia, que condenou os gnósticos da época e a tendência esotérica que com êles se ia infiltrando no Cristianismo. Com eíeito, outro aspecto fundamental e inseparável dessa heresia é seu caráter secreto, mágico e ocultista, assumindo ora a feição de magia negra, ora a de magia branca.

Os corol6rios sociois e políticos do doutrino gnóstico Desde os tempos apostólicos as conseqüências sociais e políticas dêssc conjunto de erros não se fizeram esperar. t bem expressivo, nesse sentido, que entre os primeiros hereges gnósticos surgidos nas fileiras da Santa Igreja, alguns, chefiados por Simão Mago e usando o nome de ebionitas, isto é, pobres, toma~am a pobreza não como um conselho evangéhco, mas como um preceito, c essa negação da propriedade privada levava-os ao igua!itari~mo e ao comunismo. E em seu horror as coisas materiais, justificavam os gnósticos o suicídio ritual e eram também contra o Sacral)lcnto do Matrimônio, que santifica a procriação dc .,novos sêres nos quais, segundo êles o espírito se acharia ignominiosamentc prêso à matéria.

Repetição monótono dos mesmos erros . O fundo panteísta carreado pela gnose surge na era cristã sob os mais variados disfarces. Nesse primeiro período, vemos as chamadas heresias indo-helênicas negarem o dogma da Encarnação do Verbo, rejeitando ora a divindade de Nosso Salvador, ora sua humanidade, o q ue acaba dando na mesma. O maniqueísmo foi então o principal grupo gnóstico: sus1cn· rnva um duplo panteísmo, o panteísmo do espírito, cujo princípio enrnnador era o bem, e o panteísmo da matéria, cujo princípio ema.. nador era o mal, ambos necessários e fazendo um jôgo de antítese. Professavam seus adeptos o repúdio das COisas materiais e afastavam-se do cas.,mento como propagador do mal, e da posse dos bens terrenos como forma de apêgo a um mau princípio. São também dêsse período, entre outros, os neoplatonislas da escola de Alexandria, os montanistacS, os docetistas, os antitrinitários, os sabeliaoos, os patripas· sionistas. Vieram depois o arianismo, o pelagianismo, o ncstorianismo, o eutiqueísmo, o monofisismo, o monotelismo. O nestorianismo veio explorar nôvo filão herético, aquêlc que não mais tocava na existência das duas natu· rezas cm Nosso Senhor Jesus Cristo, mas nas relações entre elas e cm suas operações re· cíprocas. A unidade da Pessoa começou a ser atacada, como o havia sido a dualidade de natureza. Na esteira do ncstorianismo veio o cutiqucísmo. que sustentava que a natureza humana fôra de tal modo absorvida pela Divindade, que o corpo do Nosso Senhor seria um corpo humano quanto à forma e quanto à aparência exterior, mas não quanto à subs· tância. O eutiqueísmo deu lugar ao monofisismo, que admitia apenas uma natureza em Nosso Senhor: a natureza divina, e ao monotelismo_, que admitia apenas uma vontade cm Jesus Crisco: a vontade divina.

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Essas fantasias, em seu aspecto teológico. foram fulminadas pelo seguinte decreto do )V Concílio de Calcedônia: "Conforme o ensina1nen10 dos San1os Padres, declaramos, com voz unânime. que se deve confessar ·um .r6 e mes· mo Jesus Crislo Nosso Senhor,· o mesmo, pe,.. fei10 na Divindade e perfeito 11a Jwmanidadc,· verdadeiro Deus e verdadeiro homem; sendo, como homem, composto de uma alma racional e de um corpo; consubstancial ao Pai segundo a Divindade, con.rubstancial a nós segundo a lwmanidade; em tutlo semelhante a n6s, m enos o pecado; engendrado do Pai antes dos séculos segundo a Divindade; o mesmo, na.reido nes• tes li/Jimos rempos segundo a humanidade; um só e mesmo Cristo, Filho unigêniro, Senhor em duas 11a1ure1.as, sem confusão, sem mudança, sem divlsão, sem separaç,ío,. sem que a tmliio suprima a diferença das duas naturezas. uma e outra conservando sua propriedade, e concorrendo em uma única Pessoa e :mbsistência,· de modo que não se a,·J,a partído ou divi• dido em duas pessoas. mas é um só e mesmo Filho ,miginito, Deus o Verbo, Nosso Se11/oor Jesus Cristo. como os Profeiar ~ e-·o P rópriÕ Nosso Senhor nos ensinaram, como o SímbÕlo (los Padres nos ,ransmltiu". Recordamos estas noções fundamentais e as características do êrro gnóstico para acen· tuar que ulterionnente, através da História, vemos simples e monotonamente ressurgir essa velha hidra revestida de novas roupagens. Sempre combatida, mas nunca completamente extinta, a -gnose caminha subterrâneamente através dos séculos, e em plena Idade Média se esgueira na Cristandade, surg,i ndo um de seus mais poderosos focos na França meridional, na região do Languedoc, sob a denominação de catarismo ou heresia albigense. O neomaniqueísmo c:ltaro foi exterminado no Sul da França por meio de uma verdadeira Cruzada, pregada pela Igreja à ·vista das devastações que o êrro ia causando entre os fiéis. ''E antes de tudo evidenre que o poder civil se inquietou com a exist,ncia e o desenvolvimento das heresias tanto quanto a autoridade religiosa, ou talvez mat's. As heresias que mais o preocupavam não eram aquelas que se manti• uham no puro campo teológico, pois não ve• mos que êle se haja comovido pela negação por Berenger de Tours do dogma da Trt1nsubs· tanciação, As que o inquietavam eram aquelas cujo êrro reol6gico se tzliava a doutrinas anarquistas e anti•socíais~· e eis Príncipes excomungados pela Igreja que as perseguiam pelo me.. nos tanlo quanlo os Papas, porque no triunfo evcnrual delas viam, segundo a própria txpressiío de Roberto, o Piedoso, ''a ruína m esma da pátria" ("L'Inquisition Médiévale", por Jean

Ouiraud, Ed. Bernard Orasset. Paris, 1928, p. 81 ) . No declínio da Idade Média vemos de nôvo pulular o êrro gnóstico por todos os lados, embora de forma encoberta, e não somente os precursores da heresia protestante, como Wi· clef e João Hus, mas o próprio Lutero se deixaram influenciar pela gnose. Onóstica também foi, por exemplo, a facção puritana de Cromwell na Inglaterra, e sobretudo • partir dos séculos XVIII e XIX vemos ressurgir por tôda parte um enorme movimento subterrâneo de tendência nitidamente gnóstico-maniquéia, m;lgica e ocultista.

Umo estronho missão nos ru ínos de Montségur O que até agora dissemos, à guisa de preâmbulo, é matéria pacífica para quem se disponha a acompanhar a história religiosa mundial cm rodos os seus refolhos. O que para muitos pode parecer surpreendente é que correntes modernas ncopagãs como o nazismo se mostrem completamente mergulhadas na gno!e e no ocultismo. Entre outros., no livro "Lc Matin des Magiciens", Louis Pauwels e Jacques Bergier procuram levantar a ponta do véu que encobre êsse mistério, embora de forma um tanto folhetinesca. Surge agora na coleção intitulada "Os enigmas do universo" a obra "H1TLER ET LA T'RA01T10N CATHARE" (Ed. Robert Laffont, Paris, 1971 ) , cujos aurores, J EAN e MtCH EL ANCERERT, apresentando-se cm pO· sição nitidamente anticatólica. oferecem impressionante documentação ~ôbrc as origens gnósticas e ocultistas do Terceiro Reich nacional•socialista. O capítulo preliminar dêssc livro tem por título 1-0110 RaJ,n e a crul.adá contra o Gral". Lê-se ali que no verão do ano de 1931 um jovem alemão, Otto Rahn, surgiu no Sul da França cm missão misteriosa. Nas proximida· dcs da cidade provinciana de Lavelanet visitou longamente as ruínas do C?Stclo de Montségur, o fabuloso Montsalvat dos trovadores proven-

çais e, blasfematõriamente dizem os autores, "Tabor dos çátaros tia Ocd1ânia e ,íltimo refúgio ,la heresia albigense, r,m dêsses altos tu~ garcs em que sopra o espíri10. Destlc tempos imemoriais, o Pog ou espigão rochoso .rôbre o <1110/ foi co1rstruítlo o castelo tem sido considerado como 11111 sítio sagrado" (p. 27). As características singulares dêssc edifício fazem crer que êlc foi construído não em função de imp2rativos militares, mas segundo um plano de arquitetura religiosa: ''é poi.r lícito pensar. e tôda a epopéía albigense o con/irmt1, que Montségur foi verdadeiramcnle um templo, vouulo a 11111 culto, lugar sagrado chamado a oferecer. em caso tle invascío. uma resistêncítl desassombrada" (p. 29). Aliás, também outros castelos occitanos apresentam características semelhantes, e de alguns dêles se sabe com certeza que foram ocupados por albigenses. Acresce considerar que oo Sudoeste da França pacientes pesquisadores descobriram cêrca de quarenta subterrâneos dos séculos XI e XIII e puderam verificar que todos êles contêm uma sala-capela provida de uma espécie de altar, e que, para uma mesma região, todos se acham orientados de tal sorte que convergem para o mesmo ponto. "Depois de um esru.. do aprof1mdado dessa,· construções, Henri Coitei se convenceu tle que eltts 1uio eram única nem essencitzlmente refrígios, mas sobretudo lugares de cu/10 nos quais os cátaros, já antes das pcrseguiçOes, celebravam cerimônias ini• ciáticas" (p. 29). Três meses passou Oito Rabn na região de Lavelanet e em 1937 voltou para uma estadia mais curta. Nesse meio tempo, em 1933. publicou o li vro "Kreuu.ug gcgen dcn Oral" ("A Cruzada contra o Oral"), que teve grande r c· percussão na Alemanha e no qual situava cm Montségur o misterioso Gral, apontando os cátaros como seus derradeiros deposit:lrios. O curioso é que o que levou Rahn a por duas vêzes se demorar pesquisando sigilosamente as ruínas de Montségur e seus arredores foi uma missão recebida de Al(red Rosenberg, o famigerado teórico do nazismo.

O Grol, c61ice sogrodo do último Ceio ou mito gnóstico? Segundo lenda medieval, o Oral ou SanOral seria um cálice sagrado feito de enorme esmeralda do d iadema de Lúcifer, gema que teria caldo na terra quando aquêlc arcanjo foi precipitado no inferno. O c:llice formado por essa esmerald_a, lapidada cm 144 faces, foi ainda conforme a lenda - usado por Nosso Senhor na Santa Ceia, e com êle José de Arimatéia recolheu o Preciosíssimo Sangue do Salvador proveniente da chaga aberta pela lança de Longino. l?.sse vaso sagrado, portador de virtudes extraordin:lrias, leria desaparecido misteriosamente a partir de certa época, depois de ter estado cm poder de um dos cavaleiros da Távola Redonda. Segundo os autores de "Hitler et la Tradition Cathare", "para os partidários da unidade da Grande Tradição , isto é, da unidade fwrdamental e transcendente de tôdas as religiões, lendas e mitologias diversas, é 6bvio que os cristãos se apropriaram do mito do Gral para dê/e fazer a taça de esincralda que co11tém o Sangue de Cristo, desviando dêssc modo o símbolo de seu sentido -primeiro''. Nesse ºsentido primeiroº. a perda do Gral ''pode ser assi.. milada à perda da Tradição, com tudo o que isso comporta de empobrecimento espiritunl". Assim, "o mito do Oral é o reflexo de um ensiname,110 perdido. Essa foi a interpretaç,io dos naciona/s..socialistas que desenvolveram seu pensamento vendo no Gral-pedra uma lei tle vida sõmente válida para cena.t raças" (pp. 32-33). A missão de Otto Rahn no Sul da França e sobretudo suas buscas nas ruínas do castelo de Montségur tinham pqr objetivo descobrir o O ral-pedra contendo o segrêdo da gênese do mundo: o Oral seria o livro sagrado dos arianos, perdido e reencontrado, e por fim escondido cm Montségur pelos cátaros. "E a êste título que 0110 Rah11, o grande especialista do catarismo, foi enviado pelos po,uffices do na.. . :ismo à região albigense a fim de ai; descobrir o famoso Gral..pedra evoct1do em suas poesias ,,or Wolfram d'Esc!,e11bac!, (ver "Parzival") , que fala de uma "pedra preciosa'', Ora, os maniqueus, originários da Pérsia (portanto a a ês.re titulo c,rianos). a.tsociava,n a palavra

ºGorr" (pedra preciosa) à palavra ''A I" (bri· /1,o) , o que daria o "Gral" por contração, 110 sentido de ''pedra preciosa gravada". e seria pois a noção histOricamente mais fundamentada, por sua própria origem etimológica. J.slo nos pcrmire corn.preender todo o lnterêsse que os dirigentes hitleristas, conr Rosenberg à /renre, tinham nessa pesquisa'' (p. 34). "Esse mesmo Rosenberg diz.ia enfàticamcntc cm seu famoso livro "O Mito do Século XX": ''Hoje desperuz uma nova fé, o mito do san• gue, a fé de defender Igualmente com o sa11gue a essência divina do honrem em geral" (apud "H itler et la Tradition ... ", p . 34). A apreciação entusiásti~a de Adolf H_itle_r. sôbre êsse livro assume assim todo o seu s1gni(1cado: "Quando lêrdes o nôvo livro de Rose11berg, compreendtre;s essas coisas, porque é a obra mais vigorosa no género, maior que a de H. S. Chamberlai11" (Otto Strasser, "Hitler et Moi", Paris, 1940, apud "Hitler ct la Tradition ... ", p. 35). H . S . Chamberlain e o Conde de Oobineau podem, do ponto de vista racista, ser considerados como precursores do naz.ismo. Outro destacado filósofo nazista, A. Bauniler, escrevia, pensando no mito do Oral: "O m;to do sangue não é uma mitologia ao lado de outras mitologias, não põe uma nova reUgiáo ao lado de antigas religlões. Tem por conteúdo o fundo misterioso da própria for· mação mitificante. E tle seu princípio es1rutu• rador que tôdas as milologias procedem; o conhecimento dêsse princípio estruturador não é, por seu 1urno, uma mitologia, mas 'É o PRÓPRIO MlTO, enquanto vida contemplada com veneração. O desenvolvimento de sua realidade oculta é o ponto de inflexão de nosso tempo" . Depois de transcreverem êsse texto, acrescentam Jean e Michel Aogebert: "Podemo.t, à luz de tais explicações, penetrar em profundidade o neognosticismo ou, se se preferir, o maniqueísmo dos dir;gentes e dos intelectuc,ís nazistas, apoiados sôbre uma gnose racista. A adaptação de todos tsses mitos ao pensamento do século X X dever1a ser a grande preocupaç,io dos nazistas" (p. 35).


Um movimento conduzido por bruxos e mágic:.os O gnóstico Otto Rahn gozava de grande pre$tígio entre os chefes hitlcristas e um segundo livro seu, "A Côrte de Lúcifer na Europa''. foi imposto por Himmler "aos principais dig. nitários do nazismo, con/eriudo-lhe assim valor ele ewmgelho" (p. 64). Bssc mesmo Reichsfuehrer S. S. Himmler, vivamente interessado nas pesquisas de Otto Rahn cm Montségur. fêz reconstruir o castelo de Wewclsburg, perto de Paderborn, na Westfália. Nêle, e situado sob uma sala de reuniões de tamanho impres-

sionante, achava-se o 'santo dos santos". câ.. 1

mara abobadada em ogivas que devia receber o prestigioso Gral sôbre um altar de mármore negro marcado pelas letras S . S. de prata em alfabeto rúnico. "A.r meditações dos h6spedes de Wewell·b urg diziam respeito lt mística bio/6gica, ii moral da honra, ai) mito espiritual do s<mgue e aos outros temas gnósticos e dualisttis caror às elites ele além-Reno. &ses retiros tinh(lm por cena uma .rala de quase quinhe111os metros quadrados, situada sôbre o local em que esl/lvll o altar da 11ow1 religião" (p. 65). Como vemos, o nazismo não se apresenta aqui como mero fenômeno político, mas como um movimento conduzido por bruxos e n1ágicos. e isto cm um país dos mais avançados no campo técnico e cientifico, confirmando a ver~ dade, já experimentada pelo Fausto de Goethe. segundo a qual o extremo racionalismo científico conduz à magia. E o propósito dos auto-

re.~ do livro que estamos comentando parece nesse sentido muito claro: "e portanto uma ,mtilise do pensa,nento 11act'o11al-socialisra através do dédalo elas tradições esotéricas que propomos ao leitor dêste Uvro: sendo o tema central a gnose com sua mais signt'ficativa projeção. representada pelo pro/era Manés, o desen· volvimelllo se ordena naturalmente em tôrno do catarismo. característica aparição neogn6:r• aca da Idade Média. e prossegue com o estudo dos iemplários. Em seguida a gnose se oculta. degenerando. com a Rosa-Cruz e os iluminados da Baviera, para dar, ap6s várias voltas, no misterioso grupo Thulc" (p. 72) . Ao contrário das explicações pseudo-históricas que vêem no Terceiro Reich o continua• dor do Reich de Bismarck e de Guilherme TI, a Alemanha de Adolf Hitler aparecia aos olhos de seus fundadores e de seus iniciados como a terceira época do gênero humano (p. 193). Segundo declaração do próprio Fuehrcr, "i,011ve os tempos <mligos. Há o nosso movt'menro. Entre os dois, a meia itlade da humanidade, a Idade Média. que durou até 116s e que vamos encerrar" (Hcrmann Rauschning, "Hitler m'a dit", Paris, 1939 - apud "Hitler et la Tradition ... ", p. 193) . Segundo certos autores, Hitler teria sido levado por Rudolf Hessc à prática de métodos ocultistas. Não pensam assim Jean e Michel Angebert. Para êles o chefe nazista já havia chegado a tais práticas por sua formação pseudomística anterior e sua filiação ao grupo T hule (p. 195).

.re reumr<1,o em uma gt'gantesca forma que :mbirá ao céu, ao mesmo tempo que <1 11wtéria formará uma enorme esfera (bolos) semelhante te ao cao.r original. ê assim que no fim ,los tempo<, como o fogo e o gêlo, os e/ois princí· pios antagônicos serão de nôvo separados um <lo outro, tal como se achavam na origem'' (p. 229) .

" Nossa única fé religioso é o nazismo" O nazjsmo era uma nova religião, simboli .. zada pelo Volk, fundo mítico da deíficação do sangue e da raça. Em conseqüência, não podia êle deixar de colidir com o Cristianismo. O chefe da "Frente do Trabalho" hitlerista. Dr. Lcy. foi muito claro e preciso quando declarou: "Nossa fé, que só ela nos pode J·alvar, é o nacional-socialismo. e essa fé rcligt'osa não tolera 11enl111ma outra fé ao seu lado" (p. 245). O antagonismo entre a Igreja e o~ nazistas não foi, como querem os observadores ingênuo., ou por demais sabidos, um conflito político, mas a lura de uma religião neopagã conlra a verdadeira Religião de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Concordata negociada pelo Terceiro Rcich com a Santa Sé. por intermédio

de Von Papen , nada mais foi que o anestésico destinado a adormecer o adversário para mais fàcilmcnte se poder destroçá-lo. O chamado ''cristianismo positivo" nazista era, na realidade, a religião da raça e do sangue, isto é, a Weltanscluuumg nacional-socialista, um dos piores perigos que a Santa Igreja teve que enfrentar ao longo da História. ~sse "cristianismo positivo", nunca explicitado de modo claro, não passava de um pseudocristiaoismo nacionalista, socialista e gnóstico, que tomava do Catolicismo, como o fizera a heresia americanista do Padre Hecker, os elementos que reputava positivos, as virtudes ditas ativas etc., rejeitando as virtudes "passivas" e os elementos " negativos", em particular o Antigo Testamento e as Epístolas de São Paulo. Os chefes nazistas eram os únicos credenciados a definir o ·'cristianismo positivo", como bem acentuou a revista dos S.S . "Das Schwarie Korps" ("O Corpo Negro'') : "Sendo o Cristianismo p(}Sitt'vo um têrmo que o nacional-socialismo introdutt'u, s6 o nacional-soct'alismo está ,,ualificado para o i,uerpretar" (p. 247). CON CLUI NA í'ÁO. 4

Cunha Alvarenga

" Hitler dançará, mas eu é que escrevi o música" Entre os grupos gnósticos que deram nascimento ao nazismo, citam os autores a Soei e· dade do Vril e o grupo Thule ou Tlmlegese/1.rcl,aft , a primeira fundada na Alemanha no principio do século, e o último criado em 19 l 8 pelo Barão von Sebottendorf. Mas parece ter sido Dietrich Eckart, escritor e jornalista de renome e membro da T/11,!egese//s-cl,aft, quem lançou verdadeiramente Hitler, fornecendo-lhe os primeiros fundos necessários para sustentar sua campanha política inaugural. Rudolf Hess, Alfred Rosenberg, Dietrich Eckart, Karl Haus· hofer. Max Aman~. "tóda ess" ge11re, como pudemos verificar, pertencia á so-ciedade~ç se,·rcws. J·cjt, ao gru,po Tlwle, seja à Societlade ,lo Vril. N,10 espan w~ pois, que todos sejam encontrados, sempre, envolvidos na realiwçiio dos ritos da. nov(l religt'ão da crut gamada. Dispo,ulo desde então de uma base política, de apoios financeiro.r i1n.portantes e de um aparelho secrtto (que podia guiar Hitler), o partido nacional-sociaUsta ia 1rt1..nsformar-se na máquina de guerra dêsses novos gnósticos, tendo à testa 11111 formic/ável detonador. Ado// Hitler, o rínico homem que pOSSllía as qualidades suficientes para despertar a Alemanha de seu sono letárgiCo e ele/a /ater o instrumento dócil de seus desígnios mágicos. Em seu leito de morte, em 1923, Dietricl, Ecl.art co11/essava a seus íntimos: 1'Dcveis seguir Hitler. /1/e dançará. mas eu é que escrcv{ a música. Nós lhe demoJ· os meios ,Je se cornunicar com êles [quem seriam êsscs misteriosos "êlcs,.?). Não me lomentet's:· eu terei influencia,Jo a Hisrórt'a mais que qualquer outro alemão (p. 209).

Renan, o ex-seminarista precursor do nazismo A gnose hitlcrista pretendia agir sôbrc o homem para transfor.rnar o universo, do mesmo modo que, por processos místico-religiosos, ela prclcndia agir sôbrc o universo para cra_n sforrnar o homem: "Ncssá perspectt'va, a matért'a age sôbre o cspídto e o espírito sôbre ti matéria 1 de modo a provocar uma trammm1/lÇã<> de todos o.r valores que, s6 ela, é susceptível de impelt'r o super-homem para o ponto ómega, que é o da perfeiçiío. Tal é o significado da palavra (nessa interpretação): "Eu .,ou o alfa e o ómega" [em noto ao pé da página: "Reportar-se II êsse respeito à obra de Teilhard de Char<li11, êsse gnóslico t1ue não ousa dizer seu nome"] e do mito gnóstico da serpente que morde a própria cauda. Na base tle uma u,l doutrlna reservada a pequeno número de iniciados, manifesta-se o orgulho demente que deseja /a1.er do homem seu próprt'o ,Jeus, calcando aos pés OI moral tradicional e desprezando a quase 1otalt'datle da humani.. 1/ade, votada a regressar ( como no maniqueísmo e 110 catarirmo) ao caos (I,yle) das origens'' (p. 2 17) . Nessas clucubrações gnósticas sôbre o ra· ça, o nazismo encontrou um apoio inesperado cm Rcnan, o blasfematório autor da "Vida de Jesus'', o qual escrevia cm seus ''Dialogues Philosophiques" (Paris, 1876): "Uma larg" aplic<1çâo das descobertos da fisiologia e do princípio de selcçlio poderia levar à criação de uma raça superior, rendo seu <iireito de governar, 11ão sõmeltle m sua ciência, mas na próprt'a superioridade de seu sangue, 1/e seu cérebro e de seus nervos. Seriam espécies de deuses ou devas, sêres décuplos cm valor <lo que u6s somos, que poderiam ser viávet's cm am-

bientes artifict'ais. A naftrreza não fat nada que não seja viável nas co,ulições gerais; nw.r 11 c:iênct'a poderia estender os limites da viabilit/(lc/e". Renan conhecia o ciclo das lendas arianas de Asgaard, país mítico dos homens brancos superiores, os tiiperbóreos, ancestrais dos atua·is indo·europeus. Daí dizer cm continua· ção: "Um" fábricll de ases, 11m As(lllard poderia ser reconstituído 110 centro da A.rfo. [ . •. J Do mesmo modo que a luunani<la,le saiu ,ta animalidade, assim a divindade J·triri<, t!t1 humanidade. Na veria sêres que se serviriam do homem como o homem se serve dos ar1i· ,nai.r. . . Mas, tept'to, a superioridade t'ntelectual acarreta ti superioridade re.ligt'osa; ês.re.t fuwros senhores, nós os devemos sonhar como encanwçõcs do bem e da verdade; cum1>riria subordinar-se a êles". E prossegue: "Dêsse mo-do, concebe·se um ternpo em que tudo o que reinou outro,~ no esu1do de preconceito e de opinião vácu,, reinaria no estado de l'ealidadc e de verdade: deuses, paraíso, inferno, poder espiritual, monarquia, nobrez.a., legitimidade, superioridade de raça, podlres sobrenaturais podem renascer por obra do homem e da razão. Parece que, se uma tal solução se produtir em qualquer grau sôbre o planeta Terra, é pelt, Alem<111lta que e/" se produurá" (apud "Hitler et lo Tradition ... ", pp. 217-219). Eis, portanto, o racionalista Renan como profeta do nazismo ... A cosmogonia hitlerista recebeu larga contribuição das teorias do profeta do gêlo eterno, o cientista austríaco Hórbigcr. a cujas elucubrações gnósticas o Fuehrer dava pleno apoio. "HQrbt'ger, que se abebcrou nos mitos pro/wulos que se acham no inconsct'ente tia lmmani<lade, é partidário da teoria do.f ciclos adorada por Platão. A l'erra, a vida, a lrnma11ida,le não conheceram uma evolução contí11ua, mos uma ascensão em dentes de serra, entrecortada tle quedas que faz,em a criação ,.c,roceder a seu nível anterior. Depois das civilizações dos gt'ganrcs, a Terra teria assim co· 111,ecido catástrofes sem nome que tert'am tragado con1i11enres inret'ros (a Atlântida, a H;. perbórea), acarretando a degenerescência do homen-, superior. Para reencontrar o homem-deus, é necessário realiz,ar uma nova muu,ção que tornará tJ tlar vida a nosso rmlverso sob ô signo de um nôvo ciclo. Reencontramos aqui o fwulo de tôdas as e-,)"peculações hitlerfa.'las sõbre o home11i e s8bre o mu11do" (pp. 224225) . No início do século XX Be,gson profetizava: "O universo é uma máquina de faz,cr deuses". Teilhard de Chardin devia fazer-lhe eco admitindo a hipótese de uma "dérive" que dã origern a "alguma forma de ullfli-Jwnumo": a famosa teoria dos mutantes biológicos acabava de nascer ( p. 230). Os líderes nazistas viram nela um apoio para seu desejo de criar o supcr·homem ariano. "O lromem nôvo vive no meio ele 116s. Lá está êle, exclamava Hitler, cm tom triunfante. Isto vos bosta? You contar um segrêdo. Vi o homem nôvo. Ê i111ré,pt'do e cruel. Tive mêdo dia11te dê/e" (Hermano Rauschning, "Hitler m'a dit" - apud "Hitler et la Tradition . .. ", p. 230). Depois do milênio cm que imperaria o nazismo é que a evolução chegaria ao seu auge, quando os dois grandes princípios, o verdadeiro e o falso, o espírito e a matéria, se separariam e voltariam à sua raiz: a luz retornaria à grande luz e a obscuridade voltaria à obscuridade acumulada. ''As ríltimas parcelas de luz

1

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EXl>fJ!,"'ICÃO EM BABIIA BO PIBAÍ , A TFP EST~E presente no XXIV Exposição Agro-Pecuária e Industrial do Sul Fluminense, reo· lizada em Barra da Piraí nos dias 25 a 29 de julho p.p. No recinto da exposição ela montou um stand com fotos e gr6ficos de suas otividades e com exemplares dos obras divulgados pelos seus s6cios e militantes (foto).

('AMPANIIA l!-"M JIJBEIJIÃO PBÊ'.l'O UMA CARAVANA de sessenta jovens que haviam participado da IV Semana Especializado paro a Formação Anticomunista, pouco antes promovida pela TFP em São Paulo, estêve em Ribei• rôo Prêto no dia 23 de julho difundindo "Catolicismo" e os en,aios "A liberdade do Igreja no Estado comunista" e " Baldeação ideológica inadvertido e diálogo", do Prof. Plinio Corrêo de Oliveira. A iniciativa teve grande repercvuão junto à população local. - Na foto, os propogondis· tos do TFP com suas capas e estondar1es, no praça principal de Ribeirão Prêto. 3


CONCLUSÃO DA PÁG. 3

UM.li SEITA. GNÓSTICO-MIINIQVÉIA. Aliás não sõmente êssc "cristianismo" mas todo o fundo da doutrina nazista permanece um mistério, pois uma coisa é o pouco que se liberava para uso externo e outra muito diferente era a verdadeira doutrina professada pelos altos iniciados do nacional-socialismo. No hebdomadário francês "Carrcfour", de 6 de janeiro de 1960, a propósito da prisão do Pro(. Hcyde, acusado da eliminação sistemática dos doentes mentais ao tempo do Terceiro Reich, o jornalista e historiador Jacques Nobécourt declarava: ''A hip6tese tle unw comunidade iniciática. subjacente ao nacional•sociafismo, impôs..se pouco a pouco. Uma comunidade ver.. dadeirame,ue demoníac,t, regida IJ)Or dogmo.r ocultos, bem mais elaborados que as doutrina.r elementares do ''Mein Kampj'' ou do "Mito do Século X X", t/ servida por ritos cujos trllços isolados 11,io se notam, m4s ,·uja existênâa parece indubitável para os analistas'' ( apud "Hitler et la Tradition ... ", p. 258) . Comentam Jean e Michel Angcbert: "Em CQmp/eltt conso11ância. com ê,sse jut1.,o, podemos afir,nar que, apest1r tio desapClrecimento dos dóewnen-

toi concerneraes ao ensi110 iniciático dos qlU1dros superiores da S.S.. nos é dado fàcilmente

reco1u111111r, ,I luz ,/essas explicações, a pe'-tt. do puzzle mágico necessária à compreensão do fenômeno. Nossa explicação, com e/eito, tem o mérito de reunir, cm rôrno das pesquisas alemãs sôbre as origens da humanidade branca, até a ltlade Média em geral, e t m Mcntségur em particular, o feixe histórico, cultural e eso1érico da Weltanschauung na:cis,a" (p. 259). E acrescentam os dois autores: "Nenhwn eswdioso sério ;re pôs jamais " que,ftão, que 110 entanto é fun<lamenr,,I, de saber por que a lei· tura de "A Cruzada contra o Oral" e ''A Côrre de l1ícifer na EuropU', do autor alemão. coronel S.S. ademais, e membro da "Almcner• be" (organismo superior de pesquisa S.S.), 0110 Ra/111, foi 10r1111da obrigmória pelo Reichsíuehrcr S.S . (HimmlerJ aos o/leiais superiores ,Jessa nova 0fllem 'feutônica, conferindo assim àqueles livros valor de evan,gelho.r. . . As obras ,lls.se gênero não era,n to,iavla muito 1111merosas e o fato de se tornar sua leitura obrigat6-ria prova que elas continham a chave da cosmogonia hitlerista por pouco que alguém se :lesse ao trahalho de a procurar . .. " (p. 2~9) . E precisam mais adiante: "para nós, tudo se ordena em tôrno tio tema central do Graf" (p. 260).

O teósofo Alfred Rosenberg e "O Mito do Século XX" Rosenberg foi verdadeiramente a cabeça pensante da gnose oazista. Nascido na Estônia, de família germano-báltica, obteve cm Moscou, no início de 1918, diploma de arquiteto, de lá fugindo para a Alemanha quando da revolução comunista. Dado a estudos teosóficos, entrou na 1'hulegesellschafr, o grupo de caráter ocultista a que atrás fizemos menção, chamando ali a atenção de Dietrich Eckart por sua cultura, que se sobressaía da mediocridade ambiente. Eckart apresentou-o a Hitler, que começava sua carreira política. Ro::enberg foi um dos primeiros a se inscrever no parlido nazista e "súa influência foi decisiva na formação espirilua/ do futuro senhor da A lema11ha, 110 qual ê/e reforçou ainda mais o anti-semitismo e o gôsro pelo mis1lrio" (p. 262) .

Em sua obra-chave "O Mito do Século XX", Rosenberg rejeita o Antigo Testamento, e do Nôvo repudia principalmente as Epístolas i:le São Paulo. Para êssc téórico do nazismo, ''há um Cristianismo negativo e um Cristia11ismo positivo. O segundo se pre,ule à imagem de Jesus vivo, o primeiro à de Jesus crucificado'' (apud "Hitler ct la Ttadition . .. '', p. 264). Rosenberg não· considera o Cristianismo cm sua origem como um inimigo. pois queexalta a personalidade de Jesus Cristo vivo, mas a exemplo dqs gnósticos, aos quais adere por numerosas afinidades, rejeita o que qualif ica como uma mistificação oriental, a saber., a Crucifixão e • Ressurreição do Salvador. O ódio à Igreja como corpo social se afirma ao longo do livro. A idéia de uma Igreja uni-

Virtudes esquecidas

Ater-se ao que em tôda parte, sempre e por todos foi crido "Cânon da Tradição" (trecho do livro "Commonilorium adversos hacreticos'', compêndio de princípios dogmáticos contra os hereges, escrito cm 434) :

e

OM EFEITO, perg1m1a11do eu com 16da a atenção e diligência a muitíssimos varões, eminenies em ~·antidade e doutrina, que norma poderia achar, segura, tão ger(ll qu,mto possível, e ordinária, para disanguir da falsidade da malícia herética a verdade da Fé cat6/ica, eis a resposta constante de todos êles: que todo aquéle que queira descobrir as fraudes dos hereges mais recentes, evitar seus laços, e permatJecer desta. maneira são e íntegro em uma fé sã e incontaminada, há ,Je fortificar sull fé, com o auxilio divino, por esta dupla muralha: pri,neiro, com a autoridade da Lei divina, e em segundo lugar com a tradição da Igreja Ca16/ica. Ao chegar a êste ponto, talvez alguém pergunte: stndo perfeito, como é, o cânon das Es· crituráS, e por si só suficientíssimo pura todos os casos, que necessldade há de acrescentar a autoridade da interpretação ecleslástica? E a razão i que, devido à profundidade d<l Sagrada Escritura, nem todos a entendem em um mesmo sentldo, semío que t1s mesmas sensentenças cada qual as interpreta a seu modo, tle 11w11eira que quase se poderia dltcr que htí tantas opinlões quantos intérpretes. De um modo a expõe Novaciano, de outro Srbélio, de outro Donato, e à j·ua mm1eira A rio. Eunômio, Mace· dônio, como também. por sua conta.. F6cio, Apolinário, Pr,'sciUano,· de outra forma , Joviniano, Pelágio, Celéstio,· e a seu modo. final~ mente, Nes16rio. Pelo que. é necessário de 1ôda necessidade que, às voltas com tais encruzilhadas do êrro, seja o sentido ca16/ico e eclesiá1ico que indique a linha diretriz na interpretação da ,louttina proféiica e apostólica. Do mesmo ,nodo na Igreja Católica cumpre buscar a todo custo que todos nos atenlutmos ao que em tôda parte, sempre e por todo~· foi crido [ln ipsa item catholica Ecclcsia magnopere curandum est, ut id teneamus, quod ubique, quod semper, quod ab omnibus crcditum cst]; porque isto é que é pr6pria e verdadeiramente cat6lico, como o declara a f"rça e a índole mesma do vocábulo, que abarca em geral tôdas as coisas.

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SÃ O

V I C E NT E

E isto o alcançaremos se seguirmos a universtilidade. a antiguidade, o consenso. Isto pôsto, seguiremos a universalitlade se professarmos como rínica /é a que professa em tôda a redondêl.Jl da terra a Igreja inteira; a antiguidade, se não nos afastarmos um ápice do sentir maifesto de nossos s ..11tos Padres e 011tepassados_,· o consenso, enfim, J-"i! na mesma antiguidade nos acolhermos às sentenças e resoluções de todos ou q1wse todos os Sacerdotes [Bispos] , me.rrres.

O q11e fará, ,Je ac6fllO com isto, wn cris1ão cat6lico, se vir que uma pequena parcela da Igreja se desgarra da comunhã.o universal da fé? Que há de fazer se11ão preferir a saúde do corpo i111eiro i'i gangrent, de um m embro ,·orrompido? E que fará se o contágio da novidade se esforçar por devastar não já uma parcela, mas 16da a Igreja Unlversal? Neste caso, todo o seu empenho será o de apegar-se à antiguldade, a qual ntio pode já ser víti'ma de enganos de novidade alguma. E se na antiguldade mesma se descobrir o êrro de duas ou três pessoas, ou até de alguma cidade ou ia/vez proví11cia? E11tõo o católico se eJ-jorçará a todo custo para opor tl temeridade ou ignorância de uns poucos os decretos, se os houver. de t1lgum Concílio universal. celebrado por iodas 110 a111iguidade. E se, finalmente, surgisse uma questão, sem que o nosso crlstão católico tenha algum distes auxílios a seu alcance? Então procurará um modo de investigar e consultar, comparand<>-<1s entrt si. as .rentenças do.f ,naiores, daquele.r sõ,nente que, mesmo vivendo em lugares t tempos diversos, por haver perseverado na /é e comunhão de uma mesma l grej" Ct116lica foram tidos por m estres acreditados [magislri probabiles]; e o que êlts, não um ou dois somente, mas todos ii um,, em consenso unânlme, abertamente, rtpetidamentt, persistentemente, houvessem sustentado, escrito, enslnado. tenha êle entendido que isso é também o que Irá ,Je crer sem d1lvida alguma. [Sigfrido Huber, "Los Santos Padres / Sinopsis desde los tiempos apostólicos hasta el siglo sexto" - Ediciones Desclée, De Brouwer, Buenos Ai re.s, 1946, tomo li, pp. 335-338).

DE

LÉRINS

· versai, única, que deve determinar e coordenar tôda a vida do Estado, tôda a ciência, tôda a arte, tôda a moral , em virtude de dogmas, i,sto não é para êlc senão "um resíduo dessas idéias do caos dos g,ovos que envenenararn nosso ser". Contra essa concepção levantou-se Martinho Lutero, que "opôs ,1 montlftJufo política e universal do Papa li idéia tie uma política nacional" ( apud "Hitler et la Tradition ... ", p. 264) . Mais ainda: "Para o filósofo [Rosenberg) todos os act>ntecimemos são significativos e dão conta tia luta eterna que opõe neste mundo as fôrças da luz e as fôrças das trevas. Nes~·a perspectiva, todos os htregeJ-· e, por conseguinte, em pdmeiro lugar os ctítaros são considera,ios como os her6is de uma tragé,Hll de dimensões c6smict4·. Nessa luta dos elementos germa110-116rtlicos da Eurô.pa contra o universalismo ronumo, contra o cMolicismo dominador, "êsse foi um conrb<ae gigant~sco",- na J,is16ria cios albigense,·, dos valdenses, dos cátaros, dos lwguenotcs, dos reformados, dos luteranos, deve-se ver o quadro entusiasmante de uma luta épica" (pp. 264-265). Ainda segundo "O Mito do Século XX", a alma germânica e nórdica rejeita a concepção estática de um Deus único, soberano do universo, rompe com o Antigo Testamento, fiel nisso ao espírito de Lutero, que foi, bem tarde aliás, "libertado do.~· jutleus e de suas mentiras''. Prosseguindo nessa catadupa de blasfêmias, acrescenta o profe ta do na2.ismo que a morte não deveria ser considerada, co nforme o quer o Cristianismo, como o salário do pecado: ela é, pelo contrário, um simples fenômeno natural "o qual niio perturba nossa eternidade que era antes e conlinuará a ser depois" (apud "Hitler Cl la Tradition ... " p. 268). Não é tudo isso uma cópia fiel do gnosticismo da escola neoplatônica de Alexandria?

A estra nha personalidade de Hitler Sôbre a personalidade enigmática de Hitler, dizem os autores citados: "O que é cer10 é o aspecto profético, místico e visionário disse moderno feiticeiro, que po,le igualmente llpresentar ao mundo a fisionomia hedionda de um cínico, de um ser duro e insensível, capat de contlenar à morte. sem o menor escrúpulo, tôdas as pessoas que pudessem embaraçá-lo" ( p. 279). Revelando um grande poder hipnótico ao falar tanto a uma pessoa quanto a uma enom1e multidão, houve quem afirmasse que êle era manipulado por potências invisíveis. os "superiores desconhecidos" evocados por Hermano Rauschning, o qual descreve o Fuehrer como pôsto em contacto com sêres misteriosos que o aterrorizavam: "U1110 pess0<1 de sua intimidade disse-me que êle acordava ti noite dando gritos convulsivo.r. Clama por :;ocorro. Sentado à beira da coma, aclia·se como paralisado. f:: ,omado por um pânico que o faz tremer a ponto de sacudir o leito. Profere vO· ciferaçées confusas e incompreensíveis. Arque· ja co,no se estivesse a pique de sufocar. A mes,. ma pessoa rehlJou•me uma dessas crises com ,pormenores que eu me recusaria a crer, se a fonle não fôsst tão segura. Hiiler estava de pé, em seu quarto, cambaleando, olhando em 16rno de si com ar alucinado. "f:: êle! E ê/c! V cio aqui", rosnava êle. Seus lábios estavam azuis. O suor .escorria em grossas bagas. S1lbi1ame11te, pronunciou algarismos, sem nenhu,n sen1ido, depois palavras, pedaços de frases. Era horrível. Ele empregava têrmos bizarramente alinhavados, coniple1amente estranhos. Depois tornou-se de nôvo .rilencioso, continuando porém a mexer os lábios. Fizeram-lhe fricções, deram-lhe a ingerir uma bebida. Em seguidll, s tlbitamcntc êle rugiu: "Ali! Ali! no canto. Quem está lá?" Batia o pé no assoalho e 11rrava. Asseguraram-lhe que nada de extraordinário se pa.ssa·va ,e então 2lt st acalmou pouco a pouco" (Hermano Rauschning, "Hitler m'a

Medida atentatória da moral ~ristã

dit" - apud "Hitler ct la Tradition . . . ",' p. 282). "Os ditos ,Je Hitler: "Sigo o caminho que me indica a Provitlência. com a segurllnÇa tle um sonâmbulo" vão no sentido ,la hipótese dt podêres supra11ormais. Mas de onde terla êle recebido êsses podêres? Do grupo TJrnle que o lwvia inicia,Jo no esoterismo do Oriente? Do misterioso monge de luvas verdes e11vlado çulos J·ábios do Tibet? Ou de uma revelaçllo mais t111tiga?" (p. 283) . Hitler repudiava os caçadores, aos quais detestava. Acreditava na reincarnação das almas em corpos de animais, como os budistas e os cátaros, que aderiam à metcmpsicosc (p. 287). Declarou um dia : u M t:JWIO aquêle que se suiâda, volta fatalmente tl 11aturezt1 - corpo, alma e espírito" (Adolf Hitler, "Libres Propos", Flammarion. Paris, 1952 - apud "Hitler et la Tradition . . . ", p. 291, nota).

De tudo quanto se acha dito acima como resumo do livro de Jean e Michel Angebcrt. uma certeza nos vem: a do caráter gnóstico e ocultista do nacional-socialismo na ação e na intenção de seus principais chefes. E assim temos mais uma comprovação de que a gnose acarreta o socialismo como conseqüência natural. Em sua obra "Do Fundo da Noite", !ôbre a luta entre comunistas e nazistas depois da Grande Guerra, Jean Valtin, um marxista, mostrava a surprêsa e inconformidade das bases comunistas na Alemanha ao receberem das cúpulas instruções para não resistirem aos partidários de Hitler. E Gocbbels, pouco antes da queda de Berlim, dizia em proclamação radiofônica que o nacional-socialismo, embora der· rotado pelas armas, acabaria vitorioso com a implantação do socialismo no mundo. Ora, considerando-se as origens hegelianas do socialismo marxista, não poderão ser filiadas as correntes esquerdistas de hoje a uma das cabeças da hidra gnóstica e panteísta que vem espalhando sua gosma sôbre as elites intelectuais do mundo moderno? Eis uma pesquisa que poderá ser muito elucidativa para explicar os fenômenos político-sociais ... e religiosos de nossos dias. Sobretudo se êsse estude) abranger também as atividades do IDOC e dos chamados grupos "proféticos", partidários de um falso ecumenismo esqucrdizante. Muito teríamos também que dizer do aspecto escatológico da gnose em suas roupagens modernas. Símio de Deus, o demônio propõc·se influir nos terríveis acontecimentos que estão para desabar sôbre a humanidade como castigo por seus pecados e apostasia. Valha-nos a nós católicos fiéis à mensagem da Virgem de Fátima a certeza de que, após indizíveis sofrimentos e lutas dos bons, o Imaculado Coração de Maria tri.u nfará sôbre a serpente antiga, fomentadora da mentira da gnose e de tôdas as tramas de seus sectários.

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EST. l>O RIO

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MONS. ANTONIO RIDtilltO 00 ROS.UIO

Dlrtlorla: Av. 1 de Setembro 247, caixa pos<ot JH, 28100 ComPoS, RJ. ,;.c1m1ni.• tratá.o: R. M:utinico Prodo 271. 01224 S. Paulo. ARcntc par.l o Estado do Rio:

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José de Oliveira Andrade, caixa postal 333, 28100 C:'lmpos, RJ; Agtnte pan os F...stados d< Gol"', Moto Mlnu G<rals: Millon de Sallcs Mourão, :R. Puafba 1423 (telefone 26-4630), 30000 Belo Hori1.ontc; Agente para o Estado da Guanabara: Lu(s M. Dunc.ln, R. C.Osmc Velho 81S (telefone 245-8264), 20000 Ri<> de Janeiro; Agente para o &1.àdo do Cun1: José Gerardo Ribeiro, R. Senador Pompeu 2120-A, 60000 fortaleza; Agentes para a Argt:nllna: "Tradición, Familia, Propicdad'', C3.silla de Correo n.0 169, Capilal fe-OcraJ, Argentina: Agente para a Espanha: José Mada Rivoir Gómez. apartado 8182, Madrid. Esp.tnha.

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Ypiranga, Rua Cadete 209, S. Pauto.

A TFP ENVIOU o .seguinte telegrama ao Sr.

José Bonifácio, Presidente da Comissão de Conslituiç:ão e Justiça da Câmara dos Ocpu1ados, sôbre um projeto de lei instituindo o exame pré-nupcial obrigatório: "A Sociedade 8r(1sittiro dt Dtfesa da Tradição, Famflia e Propriedadt manifesta a V. Excia. sua profunda apreeus,1o pelo 1,,10 de ter .sido aprovado por essa DD. Comissão projeto de lei do Depurado AI/eu Çospuri11i (ARENA -SP). estabelecendo no Paf.s o exame prl•1mpcial obrigat6rio. Ta{ medida, aten1at6ria da moral cris(ii e d,, tradição braJUeira, acarretord grave prejutz.o para a instituição ,la /"1nília. fu11damcnro sacrossanto da nacfonatidade". Em resposta, o Deputado José Bonifácio informou que a Comissão se definita pela c:onstitucionnlidade do projeto, porém contra o m~rito do

mesmo. A TFP telegrafou cm seguida ao parlamentar mineiro. felicitando-o e à Comissão.

Asslnatura anual: comum CrS IS.00: C:O· operador Cr$ 30,00; benícitor CrS 60,00;

benfeitor CrS I S0,00~ .seminaristas es1udan1cs CrS 12,00: Améric:\ do Sul

grande ç

e Central: via. marítima USS 3,SO, via aérea USS 4-,50; outros países: via rnarhima USS 4,00, -via aérc3 USS 6,50. Venda avul,a: CrS l,SO.

Os pagamentos, stmprc em nome de Bdl-

t&ra Padtt ~khlor dt Ponlts SIC, poderão ser cnc.aminhados à Administração o u :.os o.gcntts. Para mudança de cnderêço de assinantes, i!: necessário mencionar tamblm o cndcrêço antigo. A correspondência relativa a assinaturas e ,.,cnda avulsa deve ser enviada à Admln1flração: R. Dr. Martlnlco Prado 271 01224 S. Pauto


'RUMO AO DESENVOLVIMENTO GLOBAL Plinio Corrêa

COM!TE DE JOVENS Equatorianos Pró-Civilização Cristã é constituído por um grupo recente - e já em vigorosa expansão - de estudantes da pátria de Garcia Moreno. Animados por ideais anti-socialistas e anticomunistas, que vão aglutinando movimentos de jovens em quase tôda a América do Sul, os participantes do Comitê dirigiram ao Presidente da República, Sr. José M.iria Velasco (barra, uma carta rogando-lhe não desse aplicação à lei de reforma agrária socialista e éonfiscatória cm vigor no país. O documento, respeitoso, solidamente argumentado, cristalino, foi publicado por iniciativa dos missivistas no jornal "El Comercio" de Quito, no dia 17 de- abril p.p. Sem dúvida alguma, é êle de porte a atestar o excelente nível cultural da mocidade equatoriana. Entretanto, mais notável ainda, nos dias de brutalidade e vulgaridade em que vivemos, foi a r~ação do Chefe de Estado. Enviou êle aos Jovens Equatorianos Pró-Civilização Cristã uma resposta que pod~ passar por um modêlo de cortesia, de atenção e de elevação de espírito. Na impossibilidade de a transcrever por inteiro, cito-lhe aqui a parte mais característica:

O

"Distintos Senhores. / Li co111 <1tenção e respeito sua exposição de /4 de abril relativa oos problemas da Familia e da Propriedade. Digo que li com respeito porque nestes tlias enr que todos; inclusive certos dignatários eclesiásticos, falam de 1nudança de estruturas, de liberaçtio, de revolução e de tantos e tantos outros problemas que excitam à sedição e à perturbação da ordem, não podem deixar de merecer respeito aquéles que, como os Srs., defende,n teses tradicionais, dignas de todo o respeito. Li com atenção a exposição que fizeram, porque, itulubitàvelme,11e, a argumentaçtio é firme e os pontos tle vista que apresentam té,11 gnmde transcendência. E11treta11to, devo co111eçar por declarar-lhes o segui1ue: respeito absolutamente a Família tal como está co11stitu1da. Creio que a Familia é o lugar onde a perso11a/idade se forja, se dese11volve, se asse111ll e vai, pouco a pouco, abrindo campo para maiores horizontes. Destruir a Fam!lia; destruir o respeito do filho ao pai e o amor do pai ao filho; introduzir na Familia elementos estranhos sob pretêxto de preparar a u11ião das nações, parece-me um verdadeiro atentado contra a 11erso11alidade do ho111em ou da mulher, que é o que s6 interessa". E, depois de argumentar cerradamente a favor da reforma agrária, o Chefe de Estado conclui: "Perdoem-me êstes co11ceitos, escritos, por assi111 dizer, ao correr da máquina, porque 11ão tenho tempo para outra coisa; mas estou pro11to a conversar amplamente co111 os Srs. sóbre tão inesgotáveis problemas. Dos Srs. , ate11to e seguro servidor, / J. M . VELASCO !BARRA, Presidente da República do Equador". O estilo é o homem. 1:ste estilo define o Presidente equatoriano, e, mais do que isto, seu modo de governar. Pois o estilo não é só o homem. Obviamente é também o Presidente.

Grato é poder registrar que os Jovens Equatorianos Pró-Civilização Cristã não ficaram atrás. Responderam êlcs ao Sr. Velasco lbarra nos seguintes têrmos:

"Excelent!ssimo Se11hor Presidente. / Querernos expressar-lhe, a11. tes de tudo, nossa agradável surprêsa dia11te da honra que represe11ta receber uma resposta pessoal de V. Excia. E não queremos tleixar de elogiar a ma11ifestação de ate11çtio que V. Excia. dá, dêste ,nodo, ao pe11sa,ne11to da ;11ve11t11de, tia qual o.i Comités de Jove11s Equatoria11os Pr6-Civilízação Cristã constituem uma parcela. Este gesto nobre da parte de V. Excia. a111ne11ta o desejo dos in1egra11tes de nossa entidade de colaborar com V. Excia. - 110 limite de nossas possibilidades - para a pros,,eridade e grandew de nosso País. Somos sensíveis ao fato de que um Chefe de Estado tão ocupado por inúmeros problemas de govêr110, te11ha aplicado uma parte de seu te111po para dirigir-se a 116s, em nível de diálogo, li fim de tratar da grande questão da reforma agrária. Esta be11évolt1 atitude de V . Excia. nos coloca, ,,ois, 11a condição de dizer a V. Excia. quais foram, em 116s, as repercussões do co11teúdo de sua atenciosa ct1rta". E, depois de reafirmarem, com respeito e firmeza, sua posição contrária à reforma agrária, concluem: "Para terminar, e já que V. Excia. teve a gentileza de falar de diálogo, depositarnos 11as 111ãos de V. E.reia. as convicções que formulamos, como expressão do zê/o que nos anima pelo bem do Equador. Fazemo-lo, assim, com a firr11e co11vicçcío de que, sendo 11ossa pro-

de

Oliveira

vaga11dt1 realizada m11n p/cuw exclusivamente ideológico e pt1cífico, e com escrupulosa obediê11ci<• às leis, JI. Excia. co11ti1111ará a tissegurar·nOs o livre tlesenvolvimento desta nossa campanha. . -Desde já grt1Ws pelo que V . Excia. faça ,,ara garantir ess<l liberdade de vozes patri6tict1s e cristãs que se ergue111 110 seio da iuventude equaloriana, aproveitamos o ensêjo para apresentar a V. Excia. respeitosas saudações e as ex[}ressões da 111ais alta consideração. / ANTONIO CHIRIBOGA TORRES, Diretor. / ICNACIO PÉREZ ARTETA, Diretor". O Chefe de Estado equatoriano garantiu ampla liberdade de ação ao Comité. E o autorizou amàvelmente a publicar na imprensa a troca de cartas. e do jornal "El Comercio'' de 21 de maio, que as transcrevo. Também "El Universo", de Guayaquil, as publicou. O episódio, ix:ta fidalguia de atitudes que revela de parte a parte, dignifica o país irmão. E não só êle. Nesta hora de crescente vinculação entre os povos da América Latina, honra-os a todos. e, pois, com alegria que o ofereço à consideração dos leitores.

Outro documento que atesta a elevação moral e cultural a que se vai alçando a vida ,pública cm nossa vasta família ibero-americana é a carta dirigida ao Tenente-General Lanusse, Chefe do Estado argentino, pelos membro,s do Conselho Nacional da TFP daquele país, a respeito da derrubada das barreiras ideológicas. Publico dêle a parte essencial:

"Em 11ossa condição de católicos e argentinos que niio queremos 11111 triunfo comw1ista em nossa pátria, de qualquer espécie que se;a, consideramos indi.tpe11s6vel dar a co11hecer a V. Excia. as considerações seg11i11tes: I - Ntio se pode ver 110 Sr. Allende 11111 Chefe de Esuul<> co1110 os de,nais. Nos países co,nunistas, o partido governante é 111uis do que o Estado, e 11a coerêncü, dos 11ri11cípios adotados pelo govêr110 c/ri/e110, Allende é mais o chefe de um partido marxista que um Chefe tle Estado. Assim. o entende a opinião pública, por mais que alguns setores da burguesia, do Clero e do ;orna/ismo queira111 apresentar, de A 1/ende, a imagem de um. Chefe de Es1ado 110 estilo ocidental. Porta11to, a recepção dê/e por V. Excia. será interpretada i11evitàvelme11te, pela massa da opirúão pública, co1110 uma recepção a 11111 /!der marxista. 2 - O govérno· tem uma i11fluê11cia pedagógica muito poderosa sóbre o povo. e por isso que receber com honras oficiais o marxista A 1/ende é 11111 modo de convidar o povo arge11tino a aplaudi-lo, ou se isso não fôr fisicamente possível, pelo fato da e11tre,•ista se realizar em algum lugar remoto, ao menos a olhar con, be11evolência ou com aceitação a quem está co11duzindo a nação irmã chilena para o comunismo. 3 --: Isto tem outra co11seqüê11cia interna de suma gravidade: ten-

de <1 derrubdr as barreiras psicológicas que separam. a maioria dos argentinos da minoria comunista ou marxista, que quer f<1zer, em nossa pátria, precisamente o que A/tende está faze11do 110 Chile". Como se vê, a argumentação é exímia pela clarividência, e a linguagem elevada. Os diários "La Nación" • "La Prensa" e "La Razón" publicaram • esta carta cm 30 de julho p.p. Fôra ela entregue anteriormente no Gabinete presidencial. Não t~nho em mãos a resposta do Tenente.General Lanusse. Divulgá-la-ei caso me seja comunicada pelos amigos argentinos. Espero que não fique aquém da bdlhante missiva do Presidente equatoriano.

Os três documentos que publico servem de indício a um fato auspicioso. É o desenvolvimento latino-americano. Desenvolvimento moral, cultural e político, a iluminar as vias para o esfôrço do desenvolvimento econômico, o qual as riquezas naturais do Continente tornam tão promissor. PS - Depois de escrito êste artigo tenho uma informação decepcionante para o leitor. A Argentina é uma terra de dooaire, cleg~ncia e belos gestos. Eu estava no direito de esperar também do Tenente-General Lanusse uma atitude digna de registro. Pelo contrário, da Casa Rosada veio, endereçada ao Sr. Cosme Beccar Varela Hijo, Presidente da TFP ,platina, apenas esta mensagem amável, banal, esquiva e vazia, assinada pelo Capitão de Navio Cristián R . Belaustcgu.i, Secretário Privado do Presidente da República:

"Tenho o prazer de n1e dirigir ao Sr., a fim de acusar recebimento da nota dirigida ao Exmo. Sr. Presidente da Nação. Sem outro particular, aproveito o e11sejo para lhe expressar a ga-· ra11tia de núnha maior tlistinção".

5


SÃO PAULO

Exmo. Rtnno. Sr. D. Fraad,co BorJa do Amaral, DD. Bispo Diocesano do Taubati: "Quero agradecer. de modo particular, o envio do jornal CATOLICISMO, que lenho recebido regularmen1e".

rrALIA

Rtvmo. Pt . Cuido Bama, S. D . B., Turim: "Acabo de ~ccber o apreciado mcns.á rio CATOLICISMO de janeiro 71 e agradeço cordialmente".

MUICO

Sr. Fraa<~ Santiago Cn,z, Mb ko: "Mis felicitacioncs por defender la Vcrdad y nucstra liturgia romana, tradicional y santa...

SÃO PAULO

Sr. Fnu><~ Wllzltt, Botucaál: ."Parabéns ao Dr. Plínio e seus colabo-

ra$1orcsº.

COSTA RICA

o .a Maria Elisa llarl>o<,a. São João da Boa Vista: "M ui10 boa a impressão. como a mat~ia".

SÃO PAULO

D. Mlrida Foacoun, Nova Yo itc [ . .. ] agradecer o envio dos jornais que tenho recebido sempre e aos quais aprecio e louvo ! 1!''

EE. UU.

Da. N icla de An6J<> Mafni, Carallngai "Confio e espero que. com a graça de Deus, CATOLICISMO possa conlinuar com sua missão de bem informar e sobretudo formar consciências verdadeiramente cristãs''.

MINAS GERAIS

Revmo. Pe. Aagelo do Ben>ard, São Mlpd do Guamá: "Ao chegar da revista passo duas horas agradáveis de boa lcilura e ~forço minha fé na indefcclibilidade da Igreja Ca1ólica".

esclarecedor. dcsle pugilo de homens valorosos. CATOLICISMO deve ser mandado às nossas casas- de ensino'".

ARGENTINA

Revmo. Pt. Nalallo D. Dias, P6roco de Acassuso: "CATOLICISMO es admirable y ulil por su valenlía y seguridad en la defensa de la fo calólica, su fidelidad a Jesucrislo y su lglcsia, ejcmplo de lo que dcbe ser la pren.s a calÓ· lica. Mi aplauso y Jl1i bendiciónº.

Sr. Elloa Carlos Flllmano, Nôvo Hamburgo: "Tenho em mãos um exemplar do mensário CATOLICISMO. adquirido aqui em minha cidade. Mesmo não sendo católico, p0sso assegurar que foi uma das publicações mais dignas e úteis que já tive oportunidade de lerº.

R. G. 00 SUL

PERNAMBUCO

Exmo. Moas. Urbano Canalbo, Serrinla: "Uma excelenle revisla combaten1e. Incompreendida pelo Clero e calólicos progrcssiSlas. Caluniada por êles, porque _não a. 1~m. Perseguida pelos comunistas que sabem que defender a

DL Mula Cecília Bispo Brvndl~ l tu: .. Ao renovar a assinalura de CATOLICISMO, dirijo uma prece à Virgem San1lssima. no scn1ido de abençoar o destemido mensário, dando a seus redatores fôrç..'\ e cora,gcm, para prosseguirem na defesa intransigente dos interêsse.s de Deus e da Santa Igreja·-.

SÃO PAULO

.

R••m?. Pe. F~I Celtsdno Crt,tofollnl, Cbanctle, do Bispado, Marilla; 'Tenho hdo os art,gos de CATOLICISMO. De acôrdo com muila coisa; mas também cm desacôrdo com umas tantas outras. Admiro a coragem e a persistênc ia de certas atitudes. embora nem sempre de acôrdo com as mesmas. A meu ver, um PoUCO de moderação s6 traria proveito às coisa., tratadas".

Revdo. Irmão Néstor, ID.<11tulo Pedagógko de Dlrlamba: "Muy agradecido por haberme enviado un número de CATOLICISMO conlcnicndo un hcrmoso arlículo sobre los Zuavos Pontificios. Desgraciadamentc no conozco la bella lengua portu.guesa, pero ayudándome con el fran<:és y el cspaiiOI cntiendo casi todo lo cscrilo cn português. Dios le dé éxilo en su obra de buena prensa".

NlCARAGUA

Profa. ADIUI Lulu. Prado Bastos, Campo Grande: "Há três anos sou assinanle de CATOLICISMO que leio com prazer e a1cnção, passando-o às mãos dos parentes e amigos nesta cidade. Na minha despretensiosa apreciação acho ser um excelente mensageiro de ff, e cultura, proporcionando aos leitores verdadeiro delcilc cspirilUal...

DL Altair AnluMS, Con,çio d< Jesus: ..CATOLICISMO. jornal que goslo de ler porque é portador da verd•de, da fé e da caridade. Em minhas bun,ildcs orações. peço sempre a Nossa Senhora Imaculada Conceição que continue dando fôrças e coragem a êsscs sruPos de moços que vivem trabalhando. sem parar, para o bem da família cristã ...

M INAS GERAIS

Sr. C.rard Wallll~ Cbarftrol: ..Elanl lc nouvcau rédacleur-cn-<:hcf du ''Bullctin ind~pendant d'information catholique'·', de Bruxc11cs. jc lis avec grand intérêl votrc re.vuc si courageuse et si bien faitc; j'ai notamment appr~cié Jc numéro si remarquablcment documentf. de févriet ("Sôbre a Nova Missa: repercussões que o público brasileiro ainda não conhece'') - lc dernicr que j'aie rcçu à cc jour''.

BaGICA

Sr. J. G. A., São Paulo: "Neste momento de Lrcvas, em que o po,der do demônio vai dominando IÕ<la a 1crra. os leitores de CATOLICISMO gosla• rão de conhecer a oração composta cm 1863 pelo Servo de Deus, Padre Louis Edouard de Ccstac, instruído pela própria Mãe de Deus. t ês'tc o seu texto, em tradução vernácula: º'Augusla Rainha dos Céus e soberana Senhora dos Anjos. V.ós que. desde o primeiro instante de vossa existência, recebeste de Deus o poder e a missão de esmagar a cabeça de Salanãs, humildemente Vo-lo pedimos, enviai as legiões celesles dos SanlOs Anjos. a perseguirem, por vosso poder e sob vossas ordens, os demônios, combatendo-os cm tôda parte. reprimindo-lhes a insolên• eia e lançando-os nas profundezas do abismo. ..Quem como Deus?" ô boa Mãe tão terna, sêdc sempre: o nosso amor e nossa esperança. ô Mãe Divina. mandai.nos os vossos Santos Anjos que nos defendam. e repilam, para bem longe de nós, o maldito demônio nosso cruel inimigo. Santos Anjos e Arcanjos, defcndei·nOS e guardai-nos. Amém".

SÃO PAULO

PARA

verdadeira Rch,guto e seus dogmas

t

combater os comunistas. Atrofiada na sua

expansão porque o & lado-Maior da Igreja não lhe dá apoio". . SÃO PAULO

MATO GROSSO

ALAGOAS

5!'· Slloé T avares,

Ma«'l6: .. No a lertamento, crítica ou observação. acho-o form,dável! No entanto, as n0$$as a.tivldadcs, "o nosso mundo de hoje", não co_m~rta n~o mod,? de ver} artis?5 longos cm jornais. Diversifique, di· mmuindo o quilômetro de ccrl0$ artigos. Precisamos de rapidez cm tudo; cert~? Estudem novas secções. Perdoe-me, pois falo p0rque me pediram. Sou polft1co, apenas e bem fraco cm tudo. De jornalismo só entendo mesmo, que ass,no ou compro-os avulso".

!~º

• ANOTAMOS as sugcsl<les.

FRANÇA

Revdo. Irmão Yvu-Ollvler, Lasisalllâ, VJcnnt:: "Votrc excellcntc revue m' bien parvcnue et j'ai trouv~ l'anicle sur la 1riste situation de notrc institut remarquablc ("Para onde vai o Instituto dos Irmãos Lassallistas?" por l_oão Balisra da Rocha). Lo Fr~rc Supéricur úénéral des Frires dcs Ecoles Chrét1cnnes d~vcloppc une doct~ine hlritiquc. Nous souffrons de cct aveuglcment dcs Su)Xncurs ct nous réag1ssons en publiant dcs contre·dOSSiers oU sont rcpris lcs thiscs calboliques aulhcn1iques. En retour jc puis vous assurer de rnes bien humblcs priêrcs p0ur te combat que . vous rnenez. Le Ciel ne pcut que bénir votre courage et votrc dévotion manalc".

r:5t

SÃO PAULO

. ~r. Antooio ~- Veiga, ~fflrio Frito: "Gostaria muito de exprimir minha op1mão como leigo, a respeito da publicação realizada no último número de CATOLICISMO (n.0 247, de julho de 1971) in1i1ulada "Os c inco grandes pecados na História.., de Atanásio Aubcrtin. Sem dúvida. uma belíssima mas !crri.vel mcnsag~m; própria para os nossos dias· J:. um trabalho de profunda inspiração e cuidadoso estudo teológico. Poderíamos dizer tam~m tratar-se de uma ºnovidade'' (não c3bc aqui nesta palavra nenhum sentido pejorativo} que r~almentc assusta e nos confere um scntimc.n to de grande perplexidade ocasionado pelo seu alcance. pela sua fôrça e pelo extraordinário c,o ntcódo de Verdade. Nada mais salutar ao csplrito cristão do que uma mensagem repleta. do pensamento dos grandes Santos da Igreja, como o foi o venerável São Luís Maria Grignion de Montfor1. 1, .. J Outro artigo de extenso intcrlsse para todos ~ o que coube na última página do excelente mensário e que prende a atenção do leitor à medida que se desenvolvo a leitura. Trata·se do texto da conferência pronunciada pelo Sr. Paul Vankcrkbovcn cm Bruxe las. A coluna que recebe o subtítulo "Rejeit.ando o princípio de não-contradição'' ~- um valioso pensamento do autor que, sem dúvida, pelo menos no meu cntende.r, desarma qualquer pretensioso argumento cm defesa da filosofia espalhada pelo mundo: a satânica filosofia marxista ou outras filosofias mundanas absolutamente incoerentes, eivadas de erros até nas conjunturas de suas palavras! Acredito, por~m, que infelizmente algumas pessoas devido a dificuldades pe$$03is e várias não passam ..saborear·· a autenticidade daquelas afirmações intpartantíssímas. Não se pode negar que o texto cont~m dificuldades naturais em sua interpretação devido à própria natureza do assunto. Contudo, isto é certo, muitos poderão compreender o alcance de palavras como ser e não ser. etc.. e todo o pcnsa.me.nto do autor. Com um pouco de insistê.ncin pergunto se não seria possível exprimir nque· las verdades cm linguagem mais simples? Há leitores, pOr exemplo, não habituados à leitura constante. que poderão pela fadiga natural abandonar ou postergar a leitura para em outra ocasião poder ler. As vêzes, esta ocasião demora chegar e fica asstm a pessoa privada de ponderar sôbre o que leu. Desejo esclarecer que quanto a êste fato não vai a mínima mácula de crítica aos redatores. Muito pelo contrário, tenho respeito e profunda admiração por lodos os irmãos ligados a CATOLICISMO dircla ou indire1amente. · Apenas com isto, desejo animar a todos dando aJ)Oio, embora ainda silecioso, às publicações realizadas. Realmente, alertar a todos os cristãos dos pcri· gos do comunismo pràticamcnte se to1na uma obrigação, ainda que seja a um reduzido número de pessoas como a próp.r ia família".

• CATO LICISMO propõe-se alendcr. de modo especial, as camadas cul1as do póblico católico. Sem embargo, o Sr. Anlonio P. Veiga tem razão cm achar conveniente que êle seja acessível lamW:m a leitores de nível cultura.l mais m<>desto. Nossos colaboradores colocam empenho nisso. mas nem sempre a na· tureza do tema permite ao autor pôr-se ao alcance de todos.

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Sr. Geraldo López Vartla, San José: "Ejcmplar publicación católica la dc$earia cn cspai\ol''. '

Prof. Paulo Barbosa Fallelroo, Franca: "Que Deus abençoe êste 1rabalbo

SÃO PAULO

• ESTA BELISSJMA prece, na versão original francesa, se encontra sob n. 0 345 no ''Enchiridion lndulgentiarum - Prc-ccs et Pia Opera", coletânea de or•çõcs e aios de piedade enriquecidos de indulgências, cdilada cm l9S2 pela Sagrada Penitenciaria Apostólica. Na antiga disciplina tinha quinhentos dias de indulgência, por decrelo da Sagrada Co"8'"egação das Indulgências de 8 de julho de 1908 e da Sagrada Penilcnciaria de 28 de março de 193S. Dr. J~ M. Ru~ Walltahorst: .. Para un csludio de sociología religiosa sobre la "Igreja no Brasil'' me sería de mucha ayuda rccibir su prestigioso Mensario CATOLIClSMO. Seria posiblc tambiin enviarme números atrasados de los anos 1965-70, si cs que le qucdan todavía?"

ALEMANHA

• REMETEMOS exemplar dos números disp0níveis no período indicado.

Sr. C..Ubenn< Putln Cavakante, Piracicaba: "Aprecio o jornal, embora nao concorde, integralmente, corh algl.lns p0ntos. Por exemplo: sou contra uma reforma agrária empreendida nos moldes marx.islas, porém, sou favorável a uma políiica 3grária, não esPoliadora, que venha aumentar, considcràvclmcnte. o número de proprietários rurais. Direito de propriedade para todos e não apenas para alguns··.

• O PREZADO missivista não pare« conhecer senão incompletamente a posição de CATOLICISMO cm maléria de polflica agr/iria. Basla folhear a coleção do jornal J)3ra constatar que nunca nos opusemos a "uma política agrária, não espoliadora. que venha aumentar. considcràvclmcnte, o número de proprietáxio'._ E cm mais de uma passagem ambos os 1rabalhos pleiteiam e.ante. Nossa posição a respeito da ma1éria está consubstanciada no livro ''Reforma Agrária - Queslão de Consciência.. e na Declaração do Morro Aho, csla última publicada cm nosso n.0 167, de novembro de 1964. Ao éompcndiar as ICSCS essenciais de RA·QC. a Declaração do Morro Aho apresenta no item 3 º váriaS" medidas capazes de promover a melhoria das cond ições de vida do trabalhador rural", a serem p0stas cm prática ''na medida cm que o comJ)Ortcm as condições que. bem aproveitadas, as propriedades rurais prop0rcionem''. Uma dessas medidas consisle justamente na "remuneração que tome possível o acesso do trabalhador diligente e parcimonioso à condição de proprietário", E e-m mais de uma passagem ambos os trabalhos pleittiam condições especiais de cr6dito e de assLlitência para os pequenos e m&lios ar· rcndatários e parceiros, assinalando com satisfação que êstes têm frcqüentemcn• te encontrado por tal forma o acesso à cl3.$$C dos proprietários. A verdade t que no Brasil a propriedade agrária não ~ .. apenas para ai· guns··. Ela já. se acha ponderàvelmcnte difundida, e tende a se difundir cada vez mais pelo natural fraccionamcnto das terras nas zonas de p0pulação densa.

SÃO PAU LO


CÃllCC<n J)O(Olf'IJ 13JBeRtlNT. S CATõLICOS FORAM mult:,s vê1.cs, ao longo da Hls:Córla, levados a c<ins liluircm sotlcdadts coja t;ds1(nda tra mantido tm segrêdo. porque os vlctssiludu dos temp,os os obriJtaYom :1 isso pan1 terem libtrdade dt arllo. Ehls tr.un sempre (onhccldas dBS a.utoridadts e,cl~iáttl-

us comptttnlts e, quando as clrcunst..lnclns o per· mitlam, :is :rnlorldadcs dvJs trunWm tinham conhtdmenlo dt suas atividades. No sécuJo X'Vlf, as au(orldadu reUglosa..i e rt:d.$ .sabiam, na 1-· ran_ço, que a Companhia do Santissimo S11cramtnto e a mlstc• rlosa Ao, á qual ali hoje rcs~ à inve-stigaç:io dos historiadores cm,pcnhados ero dtsvend:u os stus St'·

.....

grtdos, trnbalhavam pda propagaç.:io da Fé e $C cmpcnhav.un na luta conirn o Janstnlsmo e o protcstanti.smo, Ourante a Rcvolutão Francesa a neces• sidade do segrêdo em qualquer associação clltóUca se tornou premente. Os rtvoluclonlirlos tenta.mm, de Início, raur com que C lero e n,ls ::ipO$fntassc,m, Oad:i a rcsislêncla que encontraram, p11SS.'\tl.ltn n perseguir n Igreja, e os católicos se viram compelidos n se unirem cm soe:~dndes que evldcnlemcnte, n :io podhun su conhecidas dos ao? rnos Uegals que Hrnnlznvam a Fr:rns-a. Mtsmo,,<ltpols da Cone:ordaln com a Santa Sé, n má fé de Napoleiio cni tão evidente, Que várias sodedndt:s càrótlc.ias de caráter siailoso foram rundadas, e s6 neste skulo vê.m se.n-· do pouco a pouco dcscobntn.s pelos historiadores. Entre elas. a Conaregoçiio Marimm de Lyon fol nté h:\ bem pouco tempo um tnlgmn histórico. Sua cxlstê,u:la e~ conhc-cida, s."'lbla,sc que suas neivldodes tinham sido inúmeras e lmportnn1es, mas o sJlêncio Jm9enttrável dos dotumtntos lmpcdfa o tsclar«imtulo compldo de sua partlcipaç,ão na rtsl~ênci" concrn-revoluclonlirla. No entanto, cru pai• p:h·cl o apoio que eh, deu à Obrn da PropaJ(ução d:. Fé criada por PnuUot: 1arlcot, cu}o êxJto deve muito ;'1 Congrcga('iio de C,yon. Era tamb,m conhecido, cru su:is llnh~ gerais, ,;. impor:tantc papel destm· pcnhndo por dois de seus congnigados, Bcrtbaud du Coln e Franchel d 1Espcrr:y1 n1t luta dos catóUcos contrn a !>Odtrosissima 9olícla que Fouché organi• Z(lra pnra Na,-oleão. A!>t-Sar dt.ssas e muitas oulras: pi.slas, n:io se con.,;:egui:t descobrir nada q ue condu· zlsse ao conhcclmcnlo de sua hislória. Muitos pesquisadores ex_ptrimtn1ar::un 11 me.$111.a (ruslração sentidu pela polido de Fouché, lnc.1p11x: de encontrá•la embora encontrasse a todo momento os indícios dt que cio. conllnuava. trabalhando. Alguns hlstorlado· rc.s, vendo rôdns as SlJ:lS pt_squi,say malograrem, che((Man1 mesmo a chn.m,-la de 11a Secreta" de Lyon. Por volla de .1962 (oi dcse:oberta a hlst6ria dcfflt Congrea,nção escrita por Bc.nolt Costc, seu fundador e um dos seus principais animadores. BnstandO·SC nesse- manuscrito, o Pt. R. Rouquctlc publicou n:t revista "Eludes'', cm nbril daqutlt ano um artieo cm que da~a as linhas cera.Is dessa hlst6rta. Em 1967, n coleção ''ttin~ralrt.s'' das 'ºNouvtllt-s Edl-

·R·I-

A ATUACÂO J

DO P. LINSOLAS E A ''SECRETA'' DE LYON

tlons [.allnt..s1' l:intava o livro ;;Hlstolre Sccrlte de 1~ Congr,gatlon de: f,yon", qut o historlndor An• tolnc Lc.srra acabara de rcdi&:[r quando velo u ra. ltcer. Ustrn utllUou sobretudo o clttado m.ànuscrl· to de Bcnoit Cos1e, um outro do mesmo autor1 conservndo pelos seus dcsctndtnlc.s e lnUlulado ''Souvtnirs de solxanle 1.1.ns'' (o qu2l não fala. dn Congrtitaçüo, mas c-scl::artcc muitos fotos de que C'ln foi prota. gonlstn) e. M memória-. do Padre Jacques LlnsoJ.as, Vigário-Geral de Mon~nhor de M:arbotuf, ArcebLs· po Primai de l..yon uo tempo da Revolução. Tc.ndo ê$$t lh·ro como c:uin1 vnmos resumir a história da " Stcreta'' . A.nlc.sJ no entonto, exporemos r~pidamtnte a sltuaçiio da Arquidiocese Ptlmnchtl dur.1nte o período rtYOluclonlUlo. A Rcvoluçiio Francesa níio enconlrou a Árquldioe:csc de Lyon desprcve:nlda., O Padre Jacques Lfnsolns, Vla,árlo-Gcrnl, em um Sacerdote uloso e previra o 4 uc la ncon1ccer. Oesde 1782, cm seus scrmãos exortava os fiéis a se m11ntertm sempre rinnes ná Fé. e lhe,;;: recordava oportuna e inopor(unamtnte as verdndcs da doutrina católica, mostrando lodo o horTOr dns conscqüt.nclsas u qut le• varia 3 Frnnça a sun rtJdção ou o ~u e$qucdmenlo. Ao mesmo tempo or,llni:cava o movimento ca· t61ko d.a Arquldlocc.se de modo quc: 1 se. necessário, êlc pudesse passar rbcllmenre bs catacumbas, como os prime.iros crlstüos. A prudtncla do Vlghrlo--Gtral foi a S.'l1Vil('!io da Igreja ena Lyon. Qua.ndo o Arcc· bispo, Monsenhor de Mnrbocuf. foi obrigado " eml• grv, a Igreja wbtcrr,lnen do Padn IJll$olas jli cstnva cm runciom1menlo, a.'i,SC:gur.:tndo n continuidade dn vida religiosa cm tôda II Arquidioe:c-sc. Ela as,dstfa. o~ HHs, mantinha a dLstribulçiio dos Sacra· mento.~, conUnmwa a formllr novos SMcrdofes ('m stmln'-rlos clande.stln0:5' que se deslocavAm confina• mente, rdUgi:lndO·SC cm locals prtpnrado.s com an. tttedênc:l.a pelas a.sso(Jnçõcs que velavam ptla st· i;i.uraoçn da [grc.jn, e combutla u infiltração rcvolutionJirla por todos os meios de que dls!)unha. Hou• vt rouilas 9riWcs, muitos m,rt1rcs 1 a JgrcjB subtc.r• ri'inca teve que enífC!ntar ptrsegulções da 9olfein; da conseguiu deslruí-la e ne.m prtjud1d.-1a ~rl"· mcnlc, atl a brusca revlrnvolt:i dada por Napolciío il sua poHUca religiosa. As.,;inada a Concordata, e Cão loso foi ela posta em prlitica na França co01 os artigos oraânJcos (aptsar dos protc.slos do Sumo PonHfkc), como Mon· senhor de Marboe:u-r mornra, Napoleão nomeou o seu 9rúprlo Uo. Josr:9h Fcsth, para subsUtuf-lo, Fc.sch j4 cta Soctrdote quando tne início a Rcvoluç~io Francesa. e não hesitou cm Jurar a Constituição civil do C lero. Mais tarde pôs de Indo a balin.a t {lCOmponhou o sobrinho nas suas txptditõts millrareJ, atumulnndo urua gtande fortun11 na.1 e...11ccu• l:i:çõcs que fazia com a Tntendincia do tdrcUo. Es1ava cm Pnris, longe dt supor que retoma.ria o

m•·

40VA JIE11[1 \VJl~1fJB]RA

A

A GRANDE DEVOÇÃO DO BOM POVO PORTUGUÊSÀ VIRGEM

SAN1'A MÃE de Deus, c<>mo N:ulnha que E do Ciu e da tc.rrn, estende o seu cllri· nhoso domínio sôbrc todos os pOv0$. Por todo o mundo é vcntrnda e invocada sob os mnl~ Yarindos (Uulos. Mas Porlug,nl ocup:i lugar de dts· taque nwn cmuloçifo piedosa, nt.S$a amOr0$::l e. s:m• la compcllção a que se entregam os pafscs C:llt6Ucos. Chega-nos :.gora às mãos um precioso livro q ue é uma comprovação eloqüente dtSSà verdade: ''lnvocaçõts de No~a Senhora c.m Portugal d'Aquém e d'Al!m:'t.1ar e seu Padroado", de autoria do Rcvmo. Pc. Jacinto dos Reis, publlcndo cm 1967 por ocasião do clnqücntenllrio d.'l.S Apariçõc.s de F4tima. ''0 português de tudo se serve para ínvocnr Noii;.~ Senhora: um pA.$$0 alegre ou 1rlttt de .ruil vida, ou da vldn naclonol; um passo goroso, doloroso ou ,tlortoso d.a Virgem Maria; o nomt da s1.u1 :1ldtla, da sua vila ou da sua cidade; os monte$ e os vnlc.s, :l.'> serras lllidat e os camp0$ nrdcjantc.s, os êrmos onde n Senhora pessoalmente St manl· fc.stou, ou onde se t~m c.ncontrado Q-S sua.-. vtlhlnhas e J>Cquenln.1s imagt0$i- tSCOndidas no tempo da mou• rama, p.1ra não scr:cm profanad:1.5 e d~lruídas; as planhlS quer sejam aúnhtlms de copa :lffedondada, orvalhos robustos, cedros altivos, olivcir.is p11cfüc~. quer stJrun heras nmorosM; abraçando velhas pedras de cattclo.s, alecrim perfumado, ou a urtiga, " rústica, descortês'\ agrUSlva e plcànle; a.t fontes, os rios t ns ribeiras que movem uunhns; as Jagon.s, os lagos e os mares, ns ondas tormentosas e "' bomin• ta; ll lui e as tttvu; a amargnra, a aflição e o aHvlo; as dores e os ttméctio~; as ntcessid.ades, a pob~ta e a abundAncla; as vitórias, a pa~ a quic:laçâo e o ttpouso; 1lS 1,grimas e a con.~oh1('io, o nb:aodono, o destêrro e o rdú,glo; a s.-iúde e a agonia; a vida e a morte; o pc,cado e a virtude- ... O portuguh d~ t'udo lán('"à rnão para rcL"'lr, c.hornr e cantar aos !>és da sua "rica Nossa Senhora Santa Mnrla" (p. 6). Sem prtl~ndtr e.sgofnr o ~'Unto lnc.sgotbel, ('li.a o Autor ma.l$ de iclsc~nw invocações de Noss..'l Senhora em Portugal, nos .territórios ultramarino~. e cm rodos ês.'>t.s lugares por onde o bravo povo luslla,no pas.sou dlhtlando n Fé e o hupério.

Citemos, no ncasG) al~mas dessas invocaç-ões na.s quaJs a alma cnt6Uca ~ reflete como num e~ pelbo de rlWIUplas rnc:cs: Nossa Senhor.t das Alm:l5 Oesamparadus, das Ang6stlas, das Auroras, dos Au· sen(.t.s , da Batalh~ do Bom Caminho, da Claridade, da Ooufdna, da Ent~ga, dos Esquecidos, do Firmamento, Mãe dAS Alma.,:, Múe da lsreJa_, Raln'h:.

tstado ct'leslá.itlco, quando soubt que. Nupotcáo de• scjava nomcd~lo Ar«blspo Prim~ da Frnnça. Tratou logo de se rcc:onclllnr com a J~Jn, e abjurou os .seus erros. Rtccbcu sua abjurnção o '.Padre Jac,ques André Emcry, Superior Geral dos Sulpklanos e p:utfdário fogoso d::-a recone:lllo.tiio rtllltloSá, A IS de ogôsto de 1802 foi ffl(l>'Odo Bispo na CPtedrnl de Norte Dame ptlo Ca:rdcnl Caprnra, Leitado pontifício. Em 1803, Pio VII confcrlu·lhc o thopfu cardlnnHclo. A cullurn rellglom do nôvo Arctbl~1to era multo ddicicntc. O Padre Emcry encarregou-se, de. J_os.. rruf-lo ràpldamtntc e êle pa.ssou :alRUm tempo no StmJnirlo de Salnt-Sulpkt-. EnqunntO não tomi:ava posse da Arquldlocc.se, o Cardeal Caprorá nontcou para govcmá-111 Monsenhor dt- Mons11ers--Mlrlnvllle, primcl.ro Blspo concordatário de Gtnebra e Chnm· béry, que- lrunWm volto.rn à [gttJa. A re-$1.aurnç:'io da llberdadt dt culto provocou tnfusfasmo cm Lyon. Vamos rtprodu-ilr o trecho tm que Antoine Ltstra, «produzindo Btnolt Costc, e:onh, n reconcillação da JtttJn Prlma.clal de Sio João, que foi A prfmctrn a se.r devolvld11 ao culto: "Sendo a ltreJ:.t consldtmda AJnda como lua-ar profano, os numeroso, fiéis que aelo se tncontravam convcrs:a.vnm de chupfo na cabet.a, como se ~iivu.scm num lugar público. Um Padre se agroxlmA t com voz fone comanda: SIiêncio. Respeito. Atenção. Jmc-dlatamente- cessa tôdn conversa. Todos ,;e dt$-cobrcm. O estandarte da Crui. seguido por um Clero numeroso~ tomou posse- dn l,reja t.m nome de Jesus Cristo. O grande sino íiz..se ouvir. No mes• mo Jnsf-'lnte, como $t Deus qulst$.i~ ruo.nlftSÚ\f sua Intervenção dlnta na rcconclll11ção dt$$U Badllca tão cheia de rccordnsõcs, um ndo dt1T1UDOu umll lui brllha.ntc na proruodldadt das nbóbadll)'.. A tem, pc.rt::tdc ruge, a chuva. torrenchal purifica o exterior do tcm9lo, enquanto a águi bento na.,, pedras da Jgrcja purifica o Interior". Os católicos rcstaurava.m e adornavam as an• ligas Jgrejas ,ara que trndt:sscm su reconelJJad.as. À.< vbes, tto durante o noite, às escondidas, que fies fazJom o trabalho, para cole>car B$ autorldadt-~t 110 dla segulnte dlanlt do raro consumado. A po, pulaçiio aplaudia e O$ lcmplos que sie rtabrirnm Ylvlam rtple.to_s de povo. · tssc cnfuslMmo, no entanto, levou a lgrtJa sub· ltrrânco a dcsvtndar a $li.Ili organb:ação, Napoleão mandou prender o PAdre Lln.solu e o manteve na pri.sáo de Snnta Pelligia, em 'Parls, durante multo tempo. De n.i:1dn valetsun a.t intcrvtn~ÕtS do Cardeal Captara e muitos outros Bispos pedindo a .i1J.a U· bulaçáo, Mnls tarde, o Padre foi cxllado para Tu· rim e só voHou à Frnnça e.m 1814, dq>ols da que· da de N11poltão.

Fernando Furquim de Almeida

do Mund°' do 'Resaate, dàS ,T ribulações, da$ Verdades, diLS Virtudes.. dos Vitórias ... A rc~i>tUo da invoc~iío de Nossa Senhora dos MIHHres, Ugada aos primórdios da nacloru\lldadt, nama o Pe. Jacinlo dos Reis fato cheio de slpl• flcaç.ão. ..Eslava Lisboa cm poder dos mowos - tsere· vc êlc - pelo qut D. Afonso He:nrlquu pretendeu c.onqulstá•la. Tinha c:omeçndo o circo há poucos dias, quando os mouros prt:SStntindo o perigo rc,. cruraram uns cinto mU cavialelros para atacM os sitiantes. "D. Afonso, felizmente, Informado, Sl'Íu ao uu encontro, e junto de Saeavém travou« rt.nhldo tombatc, cm que, cmborn morrendo muitos dos nossos, o pequenino Portugal vcn«u. ''Em r«onhc.clmcnto da ln1t.rct$.Sâo dt Santa Maria "cl•rtl mandou logo faur hl um orntorio a No$$3 Senhora dos Martircs". Tomada Lisboa, n. Afonso íêz o voto de trlglr duas basflka.t: uma na parte oricnlal e outnt nà parte ocldental, sendo esm dcdkndn n Santa Mari.11 que se e:omeçou a chamar basílica de Nossa Senhora dos Mártires, porque foi crutnram uns dnco mU cuvlllc-lros para amear os do sepolf:idos .11.Runs dos cruzados que morre.mm na conqulstn de ''Us:sabona'-'. ( .. . J Era tnUío costume coosldcrnr mártires os gutrreirof qut morriam nas lutas con~a os infléls'1• Depois de Jtmbrar que nt..tia conqulsltl O. Afonso Htnrlqucs teve o auxilio de crur.ados que iam a cnmJnho da TcrTa Santa, e q ue a BasfUca de Nossa Stnho~ dos MIU'tlrts foi a prime.iria htrtJa Jutroqu.lnl de Usbo:i~ observa o Autor: ''No mesmo dia e à me.!>"nUl hora cm que se estava o. «ltbrar, solc.ntmtntc, a ft.sta litúraka de Noss:i Senhora dos M4rtJrts ná sua BasOka de I.ls-boà. a.parcela Nossa Sc.nhora1 pela primeira vti. n;i cova da lrl.-a, baldio da Freguesia dt Fátima, distrito de Sa:ntarém, :Pnl1'1AJ'(ndo de Lisboa. "Só No5Sá. Senhora sabe por que quis apattccr no território d:a printlpal Ol()(;tSt: de Portugal, 2;pt• nas oUo meSC$ antes da rc.s(auraç.ã o da Diocese dt Leiria, e por que est<>lheu aquHe dia e aquela. horn'' (pp. 348-349). R, um.a Invocação português2 d(,, Nossa Se· nhorít. partkulnrmtnte cara ao Pc.. Re:ls: l a de No.'i$11 Senhora do F~taJ, venerado. desde tempos ln1cmorla.ls cm Reguengo do FC.tal, Diocc.se dt Leiria. ..Andava uma pastorinhn a gu11.nbr ~do, nos outeiros, .sobrancelroi ili povoação. (. .. ] A p8$Corinha chorava. - Por que e.horas? - pcraunlOU•lht uma "'(crmosa" Stnhora. Tenho fome, minha 5<-nhora, A mlnhn mie não tem pão na an::11. A

arca esr, vazia .. . Condoída, a "fcrmosa" Scnboni rccomenda-1ht- que vdi • e-asa e peça à mãe que abra a arca, Confiante, 16 foi a pasl6rn pela enc-0sta a.baixo. A m.ii.e_, duvidosa, abre a arca. Admlração! A arca estava chtla de tão "txcele,:ite pão que loa:o pane.la não Str nmDSSAdo na tem·" . °Con, forfada e já contente'', diztm os cronistas, vai para o outeiro, para tomar conta do pequeno nbMho, que Unhu ficado sob a ruarda da Divina Pas16ra. A ·•1crmOSSt Senhor..•' dtthuou-Jhe, tntão, que é a Miie de Deus e que t stll desejo se.r ali venerada. De nôvo lhe ordena q~ volte: no povoado, e diga aos aldcõu lsto mt$.1DO" (p. 259), Quando ês1u escolhiam o mtlhor sftio para a Casa que • Virgem ptcUra Lhe tlu-s::scm, "acharom um.\ lmaaem sua, multo linda, e junto a ela uma tnHa,tr0sa fonllnha" (toe. clt.). O Autor narra como a partir de 194' '•coisas: Jttaves tf:m acontecido" no local cm que St- de.na.m ,,culo$ Atnú êsses fatos tttnordinArtos: uNa cabcta de algulm albcrgou-n persistente e teimosamente a lnítU:t ldlla (Que nc:ibou por se tornar um rato) dt anasar a parle superior do outeiro onde: a vcncniindn lmagtm rot cncontr0.da 1 na -txteruio de. cêru dt 80 mttros, entre n capei.a da Memória (n primlliva) t o atual santuirlo. 1. . , ) Entre o comlç:o e o fim do lomtn1,vtl .urasamento. mtdl;irlUII alruns anos. NU· ,~ C$l)a('O de ttmpo, . . coisa lncr(nl e de puma.r! A "milagrosa fonUnha", J.6 ttlerlda, mela embebida n.u pnttdc d.a velha ennlda da Memória, dtupan:. ccu! Ninguém a salvou! Nem as autoridades clYls, nem as autoridades cclcslástica.v, nem o povo! 2.tt:e llllllentou e ainda lamenta o fato, mas, n:ll'cothndo pelo cstupcíaclente de quem todolo innndu, não rcagt·u, niio soube: rcagir, nio pôde rtaeJ.r, nlio o dt-1· nram rtaRl.r. A$Slm se fo~ para stmprc., a mllaftl'OSI fon1lnh11"' (p. 261). Não é lstn a lmngem do Q.Uc estamos vtndo Por todo$ os lados? Mas apesar doy que se c.mpt.nham trn :unsar 1'11do o que lembra a Vlrae.m, t tm ulAncar a fonte d e ,gua viva que ~ a dcvO('ão .Ãqutlll q11c é nossa lntcrcessora onlp0te.nte Junto ao Trono do Altfstlmo, apt-sar de tudo Isto, a poucos quilômetros do Santuúio de N0$$8 Stnhora do Fltal a Santíssima Virarem apancc tm 1917 11 outros pe. qutnos put6rcs para dlrla:k à humanidade menu: gem de perdão e dt adYtrténcla, d e convite a ora· ç-~o e à pe:nltlncla. Bem haja o Rtvmo. Pt. 1aclnto dos Reis por úse prttlo.so Uvro, nrdadclro oásis cm meio ao dc,5fflo da tnertdulJdadc modtma.

1,

J. de Azeredo Santos 7


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O CASO DA ILHA DE MALTA E A EXPANSÃO RUSSA NO MAR MEDITERRÂNEO

E

M JUNHO (Jl.Ti-MO, s,.s m11nchctcs dos Jorrualt llnunclavam que o nôvo 2ov~mo dt Malba, pouco .anlcs cmpo$$ado, - txpul~ dt seu Quarlcl-Gcncr.al de La Vnlcua o Almirante Clno Blrindclll, CoU\an<fantc d.as :Fôr(':lS: N'1vnit

dtl NATO no Mediterrâneo Ccnlru.l. Ol comcnlarblM intcm.aclonals acenlunrnm a gawvldadc do incidente, prOl)Otcion;d à im• porlâncL-. que a p«autna ilha tem pura a defesa do n:rnco sul d~ A.linnça Atlânlk:.1 1

Jli

que Ot'up:.1 um:. posição R(Ogrií.fku de

uccdonal v~lor cstr:atfsdco. sltukda con,o eslá n meio camlnho entre ia F.uropn e ;1 Á(rka do Norte. dominando a pas.1.1,gei:o entre :1 91,ll'IC oddcntol e ~ oriental do Mc-

dUcrrlnco. Por t.~cassa malort.a (28 deputados contr:.1. 27) obtida mas c-ltlçõcs parlamcntarc.~ de junho, os tr:ab-.athltbl.$ vo1t;1ram ao poder cm M:1U:.i, depois de lrt:u anos, t seu lídtr, Domtn.lt Mlntotf, asumlu " c:hcna do ~ovirno. Cnbc :aqui também, e com tôda :i Propriedade, ::.. uprc:ssfü, c:om que o Prof. Pllnlo Corrê::l de OUvc:im qualificou o ''lriunfo" c:lc:itor:ll do m.ar,ci$1a Alltnde n.o Chile:-: vUórl:1 de 00trcl.a! E, como no pn(s andlno, t:,mbf'm nn ilha mcdUuriinc:a os sodaUstas conqulstnrnm o poder grn('M .ao .apoio, ou pe:lo menos a omb."'fflc>, de rcpu~ntantcs da Hltr-.arquia E':c:lt.~lfl.slka, como veremos.

Perfil de Mintoff, pelo Arcebispo de Molt o V:1lc n IX'"ª c:onhctcrmos o pc:rsonllgtm que oc:u!):l o c-argo de Prbnc:.lro-MlniSfro C'tn l,a Valc-ua. Siio lnltrtSS::lntcs os d2dos qut sôbrc êlc fomcc:cu o vcncrnndo Att:t• bisco de Mau.a, Mons. Mkbelc Gon:LI, cm tnfrtvb1.a que conc:cdc:u à t)1a fôlh:i cm Romo., por ocasião da primdr.1 sc~ão do Condllo (ºCntolici$mo", n.0 24S, dt !:anclr0 de 1963). Oom (abrtvlatão de Domeníc) Mlntoff J)C'rh:nce a uma famHi:a utólk::. da Jlha, folTDOu•sc em enacnh:tria em b"ª t ~. e obteve depois unta bôb:a de õ'1udos c:m OxfOl'd. Enqu1ui10 tStudiaote c:m Mu.ltu nunC'..t tomou parle cm allvldadcs rcUa:IQ$3S, e em :tJ>«!Udado dt ·'St:lllln.. pelos colqcas, por ca'us.a de SU:lS lt.ndêncl:is csque.rdlstas. Ounanfc: os an0$ dt Oxford es.~s lc:ndtn, c.las se uc-cntuaram. Dt- volla ~ p4lria lnRrtSSOU no IUISC'C:nte Purlido 'lnbalhlst:1 1 t con.<te,uiu fil1..cM•e c:ltger seu $C'Crchirio, Iniciou cnl;io -' propa~t.lo de idlW tSQutrd.lsfos no stlo da agrcml:as-ão, influenciando sobretudo os c:orrtllglonirlos mals jovcn.~ Por fln1, logrou dtmJb:u o lfdcr do p;artido c lomar·lbc o lugar à tt-sfu dos tnbalhlsta~ mal1-~m suas u.mvanhas clcitornls Mlntorr Kmpre se proclamou c::lfólko, :.pe.s ar de. :.'Ua avc~o pessoal a tudo quanco dh rc.."ilpelto i\ Igreja, !)Orquc subia que, $(' m2nlfc:&f~ st'US vcnbddros $enlh»tnlos, ptr• dtrJ:a gr:andc númc.ro dt adcpto:.:1 j:l que novenha t nove por «nfo da populà('iio maltesa l católica. Graças a seus dotes de orador e de ~n,agogo, e· à l11Justmc.1d~ confiança de muitos católicos, obteve a maioria no Pa rlamento n::a.s cleiçõts de 19S5 e tornou-se Primclro-Mlnl$1ro. No lnfolo ~ sicu eovtrno apoiou a p0,, Utka do -'Colonlal Offke" J.n&ltS. chc&IU1· do a propugnar a integração de Malba no Reino Unido. Rc:ccbtu Por Isso ajuda bri· tlnlc-a ttpttscnlada por tnllhões de Ubru, e com f.ssc dlnhdro rcalllou obras que lht a;mngcru-o.m o fama de grande admlnl-.trador. JndlspÕ$-.sc mais larde com Londres e p:ISSOu a Advogar a Jndtpcndt.nda de Mau.a fora da ''Commonwca.ltb''· DunlnlC os lrês anos que passou como Prcmier tomou umi:. sfrlc de medidas antic:atóUcas; mais de u01:1 ve:i, e às escâncaras, dtthll'OU que seu pnr· tido era .soclnllsm. Em 1958 dtmlllu-sc do

sovf.rno. Na mtsm.a entrevlsla a ,ccsuoUcbmo", Mons. GoruJ re.ssaltou que o objetivo dt Minto({ tt2i lm9lan tár o sodalismo na Ilha, razão pela qu.iaJ o Arceblspo e seu sufnaa,Anco, o Bispo de Coro, por oc.i:1.slúo das eltltõts de fcverdro de l 9'61 alertaram os fifls quanto às ftndêndas esqucrdlslat e antkatóUcas do Hdtr trabalhlsta, t- as as• .coclações reUafos:as fhcnm uma oposlçiio cc:.ff'2da à sua. candidatura. Posttriom1cntc:,

cm 1966, Mons. Michde Gonxl chtgou mesmo :1 $U.Spendtt clnco Snc,crdotcs que hQ.vlam manifestado simpàlla peloi trab:1lhlshu (d. ''0 & t:ado de Si:io Paulo'' , de Jl de julho de 1971). 0$ vtnlos •1pós-conclll:i.rcs" ainda n:io h;.-.vlnm soprado sõbrc ::a llb:a. .. • F..ss.'l oposição da Hlcra.rqul11 mantnc os lrab:dhll.1:ts no oscr~dsmo por tTc-.te anos, mas p'1rec:e que- QO c:hcg,11rcm o~ úlllmas cltl(Õts o c:Uma h avli.1 mudado, "'lllt F.,conomlst", de Lon.dre.s. :afírm:\ que :agom élcs voltaram :,o govêrno g.rnçn.s a um~ "dramá1ica reconciliação" havida cm 1969 enlrt Mlntoff c o velho Arc,cblspo, "o <1unl con1 a :i.juda do Papa e da organização McKinsey. deddiu modernizar-se" (d. ••o Estado de São P:1ulo". 18 de julho). Foi assim que os maUtSC'S pudtrnm tscolhtr um Pdmciro-Minlstro cujó adve.nlo o "Pravdll" saudou calorosomtnte.

Umo simples "barganho financeiro"? Jli llntu da,ç elti(ÕC:S Mlntoff havia manifestado .was ll\tcnçõts a rc:~'Ptllo d.a NATO, mas os observadores politkos nlio esperavam que ête lnnuaurn.\St o sc:u a:o.vtrno, anunciado como ''ntutralLsta'', com atHudcs de ião ostcn.Uva hoSlllldadt par.a com :i organiuç-;io oc:icltnlal de defcsg, como a cx,polsilo do Alntlrnntt Blrlndtlll t a prolbl('ão da visita d:a Vl F'rOL'l nor1e· .amc:riCllna ao pôrCo de l..a V.1lc11a, ao mesmo tempo que m:andll\'A lnfo·rmar ;:a JnglatcrrA d.e wa Jn1cnc5o dc renegociar os fmtll.dos vtacntes ãtE 1974, pelos quais Londres e ~u~ aliados ocidental,; têm a facutdude de U$1lr :as bâ.o;tS nnvnls t ;1é-rea~ cons1ruíd:a c.m fcrrilórlo m::tlr~s. ,: prtcl\'.O escl:-iu.'Ctr que M:iU.1:1 não E mcmbru dn Organb..1çii.o do Trnlado do Aclintlco Noree, t f o acôrdo de dtkl>3 cstitbtlcddo com a lnlt)"Ctrta que vlncul:t a llhn lndlrctnmenlt ià Alhmça AtlAntlc:a. Duri>.nte anos o Pr lmtlro-Mlnl$1ro tunst.r• vndor Bos,t OUvic:r. dtnol:ado nM últio'Ul.~

c-lth;ôt$, pleiteou li :ubnls.~i.o de seu p:at.., co·mo membro dt pleno direito da NAT(), mas II própria l ngJatura - duelo~ lõllH'l, de n:Hinl('r uma posl('iiO t.speclal no qutst rdc:rc à defesa de sua anllca colônfa e os países escandinavo$ a Isso st opu$~· r.tm. Mlnrorr aprovtll:,,sc agora dtss.l si· tu1:1çâo para anunclar umn políllca de "n:io 111inh!lmt11(0" tm rtlaç:,o, às grandts: pofin• cha.t pruc:ntcs no Mediterrâneo. Comcnta.rltlai houve Que pnxuranm r('• duzlr n :itiludc: assumida ptlo Primeiro, -Minl.slro tm fac-e: da NATO ll u.ma sim• pies bnr,canha n nanccirn. Oom Mlntoff lerln tomndo as mc:dldus drásckas a que :,ludlmo.c (ademalc d:1 insinua('ão de: que podcrin c-cdtr as b:lS<'S da Uha ::aos ru.<sos, :10 :.firmar que "pode nc:goci:u cm oult;l'I panes"}, apenas coni o intuito de obter mais dinheiro pnru seu país:. F.s-...-u \'Crs.'iO, QUt" à primd~ vist:::a partcc plau.sívcl 1 não lc:v:i. tm conslden1.çio O.li' anceccdrnces do person.attm, ntm os vi&orosos ~•oatos com qut os soviéticos sauda· rnm o desafio de Mlntoff ~ N A'l"0 1 c: nlnda mc.not ~ inkl11tivas do Crcmlln dc-.stlnadns a cscnbdtcer relnçõcs ruais cstrtit:.u com o minúsculo membro da "Commonwtallb". Adem.sús. o "Pn\vda" anunciou, n11 ocnsii'io, que. Moscou· dttldira apoiar La Valetta em seu intento de llfastu-sc: da Cr.'.i,.Brelanba e da AUanç:ll Atlântica. A mantinl como Mlriloff conduziu as ncgod:ações c-om A tngltafern e stus :allil• dos nio lndlcn o propósito de (hek::ar a um 11c:ôrdo. Com tfcHo, o Primc:fro-Mln.ls· tro malt~ exigiu a c:xorbltantc lmpor1âncla anu:il dc: 72 mllhões de dólaru pelo uso dás basaes - coostruída.s, 2114.s, ptlos lngltscs - em v~ dos 11 mUhõcs que seu pa{s atE en1io r cttbla. 0 $ brltânkos e outros membros da NATO ofcttccr:un 19 mUhõts. A contr.l•Propo~ albadl, não fol ::aceita e as nta:ocl11çõts íor:i.m suSJ)t~, t.m con.seqüé.ncl.- do quc: a NATO on.undou1 no m~ pa.s.sado, qnf' vai rellnir de Malta o QC dt Mn,s rôrc;::i$ n::i.v:1ls mcditc:rrÃntas.

A Rússio tomorá o lugor do NATO? F.m princ~plos de julho, no 11uge da co11crovén·ia provocada por DoDI Mintort sô-brc o uso das ln~1:alatõts mllltares britânicas de Malla, o Embahcador rus.so cm 1.-0n.. dres. Mikh:lH Smimovskl, vbJou pnrn La Valc:U:L. Embora cs1cja f::t.mbfm at-rtd1lado all, sun viagem naquele momento, suscllou sfrl.flS prc~up:a(ôts nos drcuto.s dlploroállcos e mllilar~ oddentn.w. A vls:Ua de: Smlrnovskl foi lnlc.rpl"thtd:a como vlsnndo ,on.. dar :as lntenções do Prtcmict trabalhista com relação a um dcslliamt'nlo efeelvo da NA'fO e ao tstabcleclmc:nto dt uma rcprcsc:n• 1ação dlplom4tka ru&Q ·pcrmane.nlc: cm MalUL, ~cu.sad::a pc:lo govêmo antcrk>r. A lm1" laç-ão da embalnda sovlfllca ttprt:Stnt11ri:». um Pa5.W eoru:ldtr,vcl n~ concrtlb.:a.ç-ão da !LSPiraç:'io de Moscou de: ocupar as b11S6 m.11llt$.AS. Uma Stgunda visita do dl· plumut;, rus,;o a La Valeu.a, <ks111 "C-1. em t.u'41tr ofkinl, menos de 48 boms depois de u NATO Cc:r anunciado sua ttlirada de Malln, c:m meados de af(Ô$tO, e a notkb de que Smlmovskl participaria de rtunlõcs co1n Mtnfof( e- funcionários do govêrno, "leram aumentar os tc:morc-s de: que a Rússia aanht um.:a b:a.st nnal na anUaa CO· 16nfa britânka. La VmJc:Ua J' anCes se vJnh:::i connrlCl'I· do c:m escala habitual de navios russos mc.rc:notes t de passageiros, e l. ftcqütntt 11 prcscnça de btlonans sovlétkas nu 4gua.s próxJm.as. A vi.sita qu~ ('m mudos de Junho o Marechal CrC<"hko, Mlnlstro da Odcsa da. URSS, tm companhia do principal comissário poHllco Junco às Farias Armadas, General YepLshev, e do Co· mandante da Marinha. Alminmlc Corshkov. dduou a uma frota de a:uc:ma de S('U país ancorada no Mc:dltc:rrânt0, "para discutir 1arcfas imprescindíveis". tndux a exl&ênc:Ja d.a R6ssia de ser considcr.ad.a uma potêndA D'ttdUerrânu. A p~oça soviétka no ' 4Mnre Nostr'um" nio é, all4s, falo nôvo, e no$ úllimos oito anos vem adquJrindo um can'iltr nlann.an· te.: Ntm curto lapso de tempo a pcqueôa trota cos-teln russa foi tr~nsfomu1da na RKunda Mrt.a nav-al do mundo, e hoje- m.a1s de .st$;Stnln dt Stus navios de: gucrrn n:l·

vepm naquela.o; •auas, contra apenas QUll· ren1::a belonaves nortc-11mcrica'nó'I$. A VI Frola dos E.5:Cad0$ Unidos vaJ aos poucos sendo supera.da pela csqundra russa do Mar Nee,o, que tcm1 1Uravú do Bó~ioro, livre acesso ao Mc:diCcrrfinto, A siCuaçíio criada em M:dla vem :iv.1• var ainda mals 2S condlçóti do sis-tc:ma dc:-· tensivo oc:ldcntal na úca1 Já tiio compro· metidas dcpols que o fechamento da ba~ afrea dc Whlclus, n::t cOS1:,1, Ubla1 por prtS· são do regime pró-soviético do Coront't CidhaO, privou o "Str2tca;le Alr Command" nortc:-amcricauo dt: .sua m:ilor ba,;e nc, Mcdilc:rrinco Central. Enquanto l$$O o Edtu e a Síria rontc:dbm :\ Rússia vant~cns C':$pc:dals de ancort~m e de m.anutenç,:io, de.. p6sllos logístlt-M cm v»rios ponto.s do litoral mediterrâneo e. o 11so de aeródromo~ milllart$ próximos lt cost:1.

Moita será o Cuba do Medite rrâneo? A polítlc:a de Dom Mlntorr de OO~ln· cu1ar-sc da Grã-Bretanha e d:.11 NAT O e de aproxlmar..s,c d:t Rú.w::a vem su.$C.itando ln• qulctaç;;o entre os Ob$trvadorts, que c:-heaam mc:~o a talar de pc:-rs-ptctlvas de um:a "Cuba meditc:ff'.lnu". E não h4 dúvida de que, se o Primc.Jro-Mlnlstro miaJlls - ~ ü.r de seus dcsmtnUdos de esello cnlrt:· pr as bases navais e 2freas dt: seu pafl> aos l'US.\10S, o antigo rtdufo dos Moagts-C::avaltlros dt Sio Joilo dt Jerusalém ::aca.barii por ter o mesmo destino qut: a Pê-rola d.as Anmhu. Domtnlc Mfotoff sorridenle, bWxotc, dt: ckulos, fumador de cachimbo, edu cado cm Oxford, casado e de: mcl.a--ldadc: (SS anos) - lalvcz não assustt tanto como o tirnnetc b:trbudo do Carlbc:. Mu ludo o Qut êstc ttm feito pela extensão do domínio comunista no mundo niio é n11da cm t0mparação com o que rtprescnt.11rla a cnln~aa 2 Mo5eou dc5$!1 Ilha que é chamada a JU)'fo título o fc,r. rolho do Mtdltcnineo.

Gustavo Antonio Solimeo

Vista do pôrto de La Valetta no século XVIII

ANTIGO FEUDO DE

MONGE'S.;(CA VALEIROS

e

seus 21. quilqi11e1ros ele co111prime1110 eor tre~e de lárgura,

0/vf e 1111111

éired de 2if6 kmZ, r, llh<1 de Malta é, /lsicm1w111e, um

pe11lta.f(:o de ,o,:ha coltãria, impr..õnt:io pura a ,1griculturt1, /ltt>tluzi11dQ apena,$ umas tantas variedades de frutas, wn pouc·o de trigo e legumes, e muita pi111e,,uy em \f,eu.t 1no11u:s as C'abr,as- e 'O.velht1s p1ocuram 01Jtr:e flS pcdr;as ,un alimento escllSJ'O, A super.fíti i,.- total do 'p,stodo {JJaltés, que çomuree11de as 1/lws de ,\ifo/l(J, 6020 e Cowi110, t de 3·/6 k,112. e ,ww populaç,io. w1i pouco a/é111 tlé JQQ mil ]u,IJ,iJ111He~ fstes /àlam umd língua stmr1-t iaa, l)cr.iPadâ talvez tio antigo /,imíaio, mm."' co1n fones <.u>nso,ná1u;ü1s ártlbes. 0.v 1.'naltéses importam dll Sicíli<l ttês, q,wr:tas f).ar:re:r <IO.t víveres que con.\'()Jném) e a gra,ule. tonte_da rend(l ,,a,:iom,I é re1>):c.semo,Ja p,e,o mp"im~ uo do pôNo tle La v;a/eua. im,portanre entre· pó.ttQ (:'l'JJfüJr:tial c11tre o Mcditerrlihco. 0r(entol t o muiido oaitlenràl, be..m uo1110 pdo truba/hQ nos ~t,:w" e es1<1b1il'(n b.riráí1ioo$. ,,A popula,.ção é pro/untlomtt(ife (,atólica e cttnser,vadora; as mul'Ji'eritJ' vlstém ainda hoje " rracliGimml faldetta. t:Nph:ie tle- capa eom granilc. capuz. Niio 'é, como se vê, s,w <wo.1.101)1ia nem sua extensão territorial - P.equen<>. pOJ)fO 110 r1u1pa que (lt>n/er:em im11.orllil1cü, a Multo. Esta lhe vem de sua fo .. ve.j,ível posição gaográ]ic;a> que lhe valeu Q nome de, "ferrolho do M e.· dlterr'ÚneQ.'1, poisd ht permite c01!trQJt1rr a pt1.-rst111e1n emre o leste e g_ oe~·tc ,lo antiC't> ''Mar~ No.rrrum" ,:0111000. Seu v1J/or, estrarégiao foi t:OJJ1preendido já p,clos fenícios-, c,,rrae.i.. neses, gntgoJ· iJ r-01na11os; mais tartle µelo,s áralh:s, norina,ulos e, espa· nh61s•.s11ces.,i~os se11hores dei i/1,(I. Em JS.30 (t(lr/os V deu-a como feudo Mo11ge.1•0 avaleiros, do "ifospilal de São lo.ão de J•r11salé111 (cqnlte<Jicl().s a par,lir de enrãq éo1110 Gavaleir.(t.$ ele Maltc,)~ os quâ'iSI Ôur,mtt ,/ois sé.cu/o~ ,. mei? ,111a111ivc,am seu domlniq ~'Obre a il/Ja ·e .dc•·e11vol~~-

ªº·"

r<1m u11i itUlpr:twitfvttl ,~obalho <le policiamento. d.o. Medife"r.â11eo, i11J,es--

tdd<>. por piraws bér.b.eres guq., atacavam as: embrircaçóes crisfâ.\·: mais áhuia. a prtt,$.(m ça da 0rcleln representou uU um pódero.ro ob.rtácrtlo ao flva,~{•O tio Cresae11r&-s66.re n E~IYOPll meridio11al. t ,fop()ltJiiO rambéin compreendeu o .valor, esrratigico .,Je Mt,lta e eap/1<ro11-a em 17,;J,8 - graças ti traição ou i11comp,~e11,rível debilidade do Grão-Mestre H'<J,nfl,e.ch - qll<11ulo se· ,Jirigit1 para o Egito 'co.m formfddvel c1rmtu)a. 0s. ing/êse.s, so6 o co)nando de /r,lclso,,, sitiaram a i/lra lli'SSê me,smo ano e a conq,u if rarm11 1l<t/.initiváme11te t!IJI 1800. >fo comtç'ar o Scg1111da 61,erra M,,mdial, o (lesenyo/vimento que a ae,o.ná1ttica atingíra levou HJtle, a jacta,-se do J;o~111idáve/ ppdet:io da Luftwaffe: "Não existe)11 mai,SJ ilhlls!" - pi;o,;_/amott o Fuehrer,. !ifalta provaria o ao>1trádo. As 'tsqttadâlhas da R,Ali e os, 11avios britâpi11os c,01n buse nq ilha infligiraá, um tão fll'OIJde ila110 dos comboj()s que tro11sportavam matt{rial de aprovbiio1,ramenlo e de guerra para tis /8Jgas d() Eixo 110 África. que o <i:ó.litÍe Cfüno, gettrO de M111Solini, chegou " t•screvar,:

··Dessa manejra, nosso·s pavios mercantes não dur.atio nem um

ano!'' :E o Almi,t1111e Doe11itz anunciava em seumliro de /9)11': .. Não poderemos sús1en1ar durante mais -um ano uma nova campanha de Rommel. i;; precjso destruir, Malta! .. A ilha foi, co,n efeito, sttlimetida i/u,ante qua.re dois anos a impiedo$o bQmbar.deio pelo, aviões alemães t! pelu Regia Aeronàul(ça italiana, ~ soJreu '"" terrive/ f.ilqq,re(o mariJimQ. 'é:op11td6, o antigo Jeudo dos, (Java/airos Hospitalários 11ão se rende11 .


DIRETOR: M ONS. A NTONIO Rl8t lRO 00 ROSMtlO

TRÊS HERÓIS DA BATALHA 1). João c.i' Ausrria

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r.{art,:o

Anronio Colnnna

Ê:nc quadro da baralha de Lcpanto iluscca bem o texto de Leão Xlll que public-.tmos abaixo: enquaoro os soldados da Cruz se defrontam com os do Crescente, São Pio V e o Rei da Espanha, .Filipe II, rezam de joelhos pela vitória da armada carólica; no Céu, o Menino Jesus e Nossa Senhora entregam bombardas a um A·njo, que as arremcsa sôbre os infiéis (afrêsco anônimo de 1603, na Igreja d~ Pregassona, Suíça).

5711. Sebastião Vcniero

A eficácia e o poder do Santo Rosário foram experimentados tam~m no século XVI, quando as imponentes fôrças dos turcos ameaçavam sujeitar quase tôda a Europa. Nessa circunstância, o Pontífice São Pio V, depois de estimular os Soberanos cristãos à defesa de uma causa que era a causa de todos, dirigiu todo o seu zêlo a obter que a poderos(ssima Mãe de Deus, invocada por meio do Santo Ros&rio, viesse em a~xílio do povo cristão. E a resposta foi o maravilhoso espetáculo então oferecido ao Céu e à terra. Com efeito, de um lado os fiéis prontos a dar a vida e a derramar o sangue pela incolumidade da Religião e d;. pátria, junto ao Golfo • 1 de Corinto esperavam impávidos o inimigo; e de outro lado, os que estavam sem armas, em piedosa e súplice falange, invocava.m Maria, e com a fórmula do Santo Ros&rio repetidamente A saudavam, a fim de que assistisse aos combatentes até a vitória. E Nossa Senhora, movida por a quelas preces, os assistiu: porquanto, havendo a frota dos cristãos travado batalha perto de Lepanto, sem graves perdas dos seus derrotou e aniquilou os inimigos, e alcançou uma esplêndida vitória. [Endclica "Suprem.i Apostolatus" ]. - LEÃO PP. XIU.

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N.º 250

OU TUBRO

DE 1971

ANO

XXI Cr$ 1,50


• Non virtus, non arnia, non duces, sed Maria Bosarii victores nos lecit •

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UANDO, NO ANO da Redenção de 1566, o Cardeal Ghislieri foi elevado ao trono pontifício com o nome de Pio V a situação da Cristandade era angustian1c. Com efeito, fazia aproximadamente um século que os turcos avançavam sôbre a Europa, por mar e através dos Balcãs, no intuito insolente de sujeitar à lei de Mafoma as nações católicas e, sobretudo, de chegar até Roma, onde um de seus Sultões queria entrar a cavalo na Bas!lica de São Pedro! Mas o pior dos males não vinha de fora. O flagelo do protestantismo fizera apostatar a Inglaterra (subjugando a Irlanda e ameaçando a Escócia), continuava a alastrar-se pela Alemanha e convulsionava a França. A êsse quadro de desgraças, somava-se a cobiça dos Reis e Príncipes católicos que já não eram movidos por aquêle zêlo da Fé e adesão à Igreja que levara seus antepassados a atender, aos brados de "Deus o quer!", à convocação da cruzada. Alguns não hesitavam ante vergonhosas e espúrias alianças com

os próprios turcos para investir contra outras nações católicas, visando conquistas territoriais, glória mundana e poder.

O poderio otomano otinge seu ápice Em J453 caíra Constantinopla. Transpos· to o Bósforo, os infiéis avançaram sôbre as regiões balcânicas, subjugando a Albânia, a Macedônfal a Bósnia; ao mesmo tempo, iam tomando uma a wna as ilhas do arquipélago grego. Nos primeiros anos do século XVI o Sultão Selim I aumentou seu poderio conquistando a Pérsia e o Egito. O ano de 1522 viu cair a fortaleza de Rodes, defendida herôicamente pelos Monges-cavaleiros da Ordem de São João de Jerusalém como um bastião avançado da Cristandade, para onde se haviam retirado após a perda de seu último reduto na Palestina, o forte de São João d'Acre. Em 1524 o nôvo Sultão, Solimão II, chamado o Magnífico, ocupava e tratava duramente Belgrado. Seis anos mais tarde trezentos mil otomanos chegavam ;)s portas de Viena e, não conseguindo tomar a cidade depois de quinze violentos assaltos, retiravam-se levando cativos três mil cristãos.

A crônica anônima publicada cm 1573 registra com espanto que em setembro de 1534 o senhor de Túnis, Barba-Ruiva, temível corsário do Sultão, "atacou uma cidade através de uma praia maritima romana", apanhando os habilanles tão de improviso, que êstes não puderam resistir. A cidade foi saqueada e queimada, e todos os seus moradores de dez a trinta anos foram levados como escravos. Pouco depois o mesmo pirata assaltava Fondi, senhorio dos Príncipes Colonoa, e ltri, desta vez sem grande êxito. Roma não estava longe . .. No litoral dalmático os turcos não cessavam de atacar, saquear e destruir as cidades que estavam debaixo da tutela da $erenlssima República de Veneza: Clissa, Prevesa, Castelnuovo, e as ilhas mais ao sul, próximas à Grécia. Enquanto a Espanha engajava-.sc individualmente numa guerra con1ra a Tuní-

sia e a Argélia, ern 1541 as hostes do Crescente investiam novamente contra Viena. Em

junho de 1552 tomavam elas parte da Transi lvânia, onde os cristãos perdiam em três batalhas 25 mil homens. No ano seguinte o Sultão alia-se ao Rei Cristianíssimo, Henrique III da França, para a conquista da Córsega, domínio do Rei da Espanha e Imperador, Carlos V. Neste ínterim os bravos cavaleiros da Ordem de São João de Jerusalém, que haviam perdido Rodes mas não queriam abandonar a luta contra a Meia-Lua, transferiam-se para a Ilha de Malta, ao sul de Sicília. De sua nova 2

fortaleza faziam incursões marítimas que representavam um grande entrave à expansão turca, pois êsses ºescorpiões do Mediterrâneoº

- como os chamavam com ódio os infiéis atacavam tôda e qualquer embarcação inimiga, incorporando à própria frota as naus que apresavam; as riquezas que estas estivessem transportando eram confiscadas para o Comum 1'esouro da Ordem, e os prisioneiros postos a remar como galés .. Em 1565 Solimão II enviou uma -poderosa armada contra a ilha, mas os Monges-<:a.valeiros resistiram com tal denôdo, que o Sultão teve que retirar-se, perdendo na emprêsa wn de seus melhores generais, Dragut Rais, e mais de trinta mil homens. Apesar desta derrota, o poderio turco atingia o seu auge. Dispondo de um exército numeroso e aguerrido - cuja senha anticatólica era liderada por um corpo de renegados, os janízaros - gozando de wna situação econômica florescenle. Solimão o Magnifico reinava sôbrc um império imenso, que se estendia de Belgrado a Aden, de Bagdad à Argélia. Ansiava conquistar a ltalia para aniquilar o Papado, fundamento da ~eligião inimiga - e o projeto já não parecia uma quimera. De resto, a atitude omissa do Imperador Maximiliano e as perpétuas querelas entre as nações católicas mais poderosas, a Espanha, a França e Veneza, só podiam augurar bom têrmo ao avassalador avanço turco . ..

São Pio V convida os Príncipes a unirem suas farças Pio V, o Dominicano que havia sido Grande Inquisidor, era como um raio de luz da Idade Média a fulgurar sôbre aquela Europa imersa nas sombras da heresia protestante e do neopaganismo humanista. "Desde que por ile, e consagrei-lhe todos os meus es-dode do Cardeal Alexandrino foram conhec,idas por mim - escrevia o grande São Carlos Borromeu ao Rei de Portugal, a respeito do resultado do recente Conclave - Julguti que a Cristandade não podia ser melhor governada nue por éle, e consagrei-llre todos os meus esforços". E o Rei da Espanha, Filipe II, expressa seus sentimentos cm carta ao Arcebispo de Sevilha: "Dou graças infinitas a Deus por esta eleição; Ele se dignou dar-nos um Pontífice de uma vida táb exemplar, que disso se pode esperar um grande bem para a conservação de nossa santa Fé". Devoto insigne da Virgem, penetrado de zêlo pela causa de Deus, ardia oa alma do novo Pontífice o desejo de soerguer a Cristandade para um duplo combate: contra o protestantismo e coo,tra o adversário otomano. No próprio ano de sua elevação ao pontificado comunicou êle ao Rei da Espanha e ao Imperador seu intento de promover wna aliança dos Príncipes contra o Sultão. Em março escreveu vigorosa carta ao Grão-Mestre da Ordem de São João de Jerusalém, Jean de La Valette, que tencionava abandonar a Ilha de Malta com seus cavaleiros por lhe parecer impossível continuar enfrentando a ameaça dos turcos que derrotara gloriosamente no ano anterior. Depois de enaltecer o heroísmo de que o Grão-Mestre dera mostras naquela ocasião, o Papa censura e repele o seu projeto de retirada, e o exorta paternalmente: "Ponde de lado a idéia de abandonar a Ilha: permanecei aí com vcxrsa Ordem. bem unida. Vossa simples presença em Malta inflamará a coragem dos cristâos e imporá respeito ao Otomano, pelo te"º' do nome que o fulminou no ano passado. Sabti que tle teme vossa pessoa mais que todos os vossos soldados reunidos". La Valctte' leu a Carta do Papa diante do Conselho da Ordem, beijou respeitosamen-

te o documento pontifício e depois o solo da ilha, e exclamou: "A voz de vosso Vigário, ó Jesus, indica o meu dever. Ficaremos aqui, e aqui tnorreremol'. No mês de maio dêsse ano cai mais uma ilha do arquipélago jônico, Quios, e em setembro a cidade de Szigethvar, na Hungria. De todos os lados afluem notícias da aproximação de fôrças turcas: de Tarento, de Corfu, de Veneza .. . Em Roma, São Pio V vigia e procura obter 1ôdas as informações possíveis sôbre a marcha dos acontecimentos. Chega-lhe então a boa nova de que Solimão li morrera enquanto era lravada a batalha de Szigethvar e que deix~ra o trono para seu filho Selim li, mole, sensual e sem a fibra do pai. Animado pelo desaparecimento de um inimigo tão temível como fôra Solimão, nem por isso São Pio V se deixa levar pela idéia de que todo risco era passado. Em março publicara uma Bula na qual descrevia com palavras cheias de dor o perigo turco e afirmava que sômente CO!l,l muita penitência poderia o povo fiel aplacar a ira de Deus e esperar seu poderoso auxilio. No mês seguinte, encarecia a necessidade de o Clero ter costumes puros, pois ao armar-se a Cristandade contra o Crescente só lhe podiam valer as preces dos ministros de Deus que levassem wna vida sem ·mácula. Em julho era publicado um Jubileu extraordinário pelo bom êxito da guerra contra os turcos, e pôde-se vér o próprio Sumo Pontífice participando de uma procissão rogatoria para afastar a ameaça que pesava sôbre a Europa. Em dezembro o Papa dirige às nações católicas nôvo brado de ai.arma e o convite a se unirem nwna liga em defesa da Cristandade. Mas ninguém quer. ouvi-lo. Veneza, por suas desconfianças para com os Habsburgos e por seus interêsses econômicos, preferia conservar-se numa perigosa e dispendiosa neu1ralidade armada, mantendo relações pacíficas com os turcos. Filipe II mostra-se também pouco inclinado a form·a r uma coligação, alegando que necessitava de tôdas as suas ·fôrças para enfrentar a revolta dos protes1antes nos Países-Baixos; o Imperador Maximiliano li pensava antes de mais nada em socorrer a Hungria; o Rei de Portugal igualmente se omitia. . . Na França estalavam as guerras de religião e pouco se podia esperar das intrigas da Rainha-Mãe. . . O projeto da liga ficou eslacionário pqr três anos, durante os quais o Papa procurà_va ajudar o Imperador coritra

ciso não alimentar mais ilusões e urgia buscar o auxílio das outras potências católicas. Não podia ela contar com a Alemanha nem com a França, empenhadas em aquietar graves turbulências internas. Restavam a Espanha e a Santa Sé .. Da parte do Papa, a acolhida foi benévola. Quan10 à Espanha, então a maior potência do continente - cujos Vice-Reis governavam Nápoles, a Sicília, a Sardenha e Milão, e de quem dependiam ainda Gênova, a Sabóia e -.. To~ana - não eram das melhores as suas relações com os venezianos. Para o Pontífice Romano, cujos olhos nunca se haviam desviado do plano de uma confederação antiotomana, as circunstâncias pareciam tornar-se favoráveis para wna aproximação entre as duas potências católicas. Os primeiros passos Uados nesse sentido pelo Núncio Apostólico em Veneza não encontraram, porém, ambiente receptivo. A Senhoria queria apenas a mediação do Papa junto aos demais Estados para obter dinheiro, mantimentos e tropas, e assim fortalecer-se a si mesma, mas não desejava uma aliança com sua rival, a Espanha, que lhe acarretasse muitos compromissos. Entretanto, poucas semanas mais tarde o Núncio Facchinetti informava o Papa de que Veneza, ante o inevitãval da guerra, estava propensa a aceitar a idéia de uma coalisão das potências católicas. Poucos dias depois, um emissário turco apresentava-se à entrada da cidade das lagunas para transmitir o uhimatum do Sultão. Conduzido por uma escolta, foi recebido em uma audi!neia de apenas um quarto de hora pelo Senado, que o despediu com "palavras frias e cheias de dignidade", contendo uma rotunda negativa: com esperança na justiça de Deus, a República defenderia pelas armas a Ilha de Chipre, da qual era legítima senhon.

Também a Espanha procuro seus próprios interêsses A reação da Espanha ante o apêlo de São Pio V para que entrasse na liga contra os turcos tr.aduziu-se na atitude de seus dois embaixadores em Roma, os Cardeais Zúõiga e Granvela. Para aumentar o mais posslvel o preço da adesão de seu govêrno, os dois diplomatas valiam-se de rodeios e subterfúgios, dando a entender que Filipe II não pensava em aderir à liga e sobretudo não aprovava uma aliança com Veneza. No Consistório reunido em feve-

os turcos na Hungria, buscava socorro para a

reiro d~ 1570, os Cardeais. em sua maioria,

Ordem da Malta, e erguia fortificações nas costas dos Estados Pontiflcios.

concordaram -com o Pontífice quanto à iminência da queda de Chipre se a Espanha não interviesse sem demora. O Cardeal Granvcla contestou, pedindo que não precipitassem sou Rei e a Igreja numa emprêsa incerta e perigosa. Acrescentou que a República de São Marcos não era digna de confiança, e não merecia apoio imediato; que melhor seria esperar para

Ameaçada pelo Sultão, Venei,:a acetto a idéia da ligo Um fato inesperado veio precipitar os acontecimentos e quebrar a atonia dos Prlncipes católicos em face dos apelos do Papa. Em fins da 1569 chegava a Constanlinopla a notícia de que o arsenal veneziano fôra destruído pelo fogo e, devido a uma má colheita, a Península tôda estava ameaçada pela fome. Essas informações vinham com côres exageradamente fortes, fazendo crer que Veneza estava reduzida à. impotência. Diante disso, Selim li decidiu romper a paz antes ajustada com a Sereníssima República e enviarlhe na primavera wn ultimatum: ou Veneza entregava uma de suas possessões preferidas, Chipre, ou era a guerra. A República de São Marcos, que ao longo dos últimos trinta anos mantivera relações amistosas com a Sublime Porta, compreendeu que, pelo menos a bem de seus interêsses, era pre-

ver se ela entrava mesmo em guerra com· os

1urcos, e que sempre seria tempo para uma ajuda da Espanha. Acreditava que Deus queria castigar Veneza e dar wna lição à sua soberba e egoísmo. A estas considerações opôs-se o Cardeal Commendone, o qual lembrou todos os serviços prestados por Veneza à Cristandade e à Santa Sé, e que, além do mais, não era sômente ela que estava em jôgo, mas a honra e o bem da Cristandade. Terminado o Consistório com a quase unanimidade de opinião dos Cardeais quanto a êste último ponto, São Pio V ofereceu ao Doge valioso auXt1io pecuniário (representado pelo dízimo do Clero veneziano) para a defesa de Chipre, e ao mesmo tempo deu um -passo de· cisivo para mover Filipe li a fazer wna aliança com Veneza.


Tendo-lhe a Senhoria confiado a direção das negociações com Madrid, o Papa escolheu para encaminhâ-las um de seus melhores diplomacas, de origem espanhola ademais, o Clérigo da Câmara Aposlólica Luis de Torres. O enviado do Papa devia realçar junco a Sua Majestade Católica que nenhum Monarca poderia enfrentar sozinho o Grão-Turco, e que se impunha a união de todos os Príncipes católicos para derrubar o inimigo comum. Filipe era conjurado pela misericórdia de Deus a enviar o quanto antes à Sicília uma esquadra poderosa, para proteger Malta e para garantir a rota que levaria socorros à Ilha de Chipre. A liga entre a Espanha e Veneza deveria ter caráter defensivo e ofensivo, e ajustar-se para sempre ou pelo menos por um prazo determinado. Em meados de maio, Filipe li acedeu em outorgar podêres a Granvela, Pacheco e Zúiiiga para as negociações desejadas por Pio V. O Papa chorou de alegria ao saber disso. Em junho nomeou Marco Antonio Colonna pessoa grata a Filipe II, a quem servira outrora, e a Veneza - como chefe da esquadra -auxiliar pontifícia. No dia 11 o Príncipe Cotonna dirigiu se solenemente. ao Vaticano. e depois de ouvir a Missa do Espidto Santo na capela pontirícia, ajoelhou-se aos pés do Papa para prescar-lbe juramento, e receber de suas mãos o bastão de comando e a .bandeira de seda vermelha, na qual se via Jesus Crucificado, os Príncipes dos Apóstolos, o brasão de Pio V e o lema: "lo hoc signo vioces". O Príncipe tomou a peito o chamado do Papa, e apesar de ter recebido o comando de apenas doze galeras ( o máximo que comporlavam os recursos do tesouro pontifício), entregou-se por inteiro à 4arefa de equipar a pequena esquadra . Colonna encontrou na nobreza romana as melhores di~posições para tomar parte cm tão gloriosa emprêsa. Dirigiu-se logo depois para Veneza, passando por Loreco, onde encomendou sua pessoa e sua esquadra à proteção de Maria Sanlíssima, pois sabia que teria diante de si não poucas dificuldades. 4

Seis mese-s perdidos em negociações No mês de junho chegava a Roma Miguel Soriano, representante da República de São Marcos, para entabular com a Espanha as negociações da liga, sob a igidc e mediação do Pontífice Romano. Começaram elas em julho com um inflamado discurso em que o Papa exortava todos para a nova cruzada. As difíceis tratativas prolongaram-se desmedidamente, trazendo à tona os jogos de in(crêsses -às vêzes mesquinhos de ambas as partes. Ora os espanhóis demonstravam desconfiança para com as intenções de Veneza, e

receavam uma ucombinazione" desta com a Sublime Porta : ora êles mesmos queriam dobrar e até triplicar o .preço dos cereais que iriam de Nápoles para Veneza; por seu lado, os venezianos diziam-se impossibilitados de contribuir com mais de uma quarta parte dos gastos da guerra, quando eram sobejamente conhecidas as possibilidades do tesouro da Senhoria .. . Apesa.r de seu temperamento fogoso, São Pio V intervinha com uma paciência e cordura heróicas. Aqui êle conciliava, ali aparava arestas, acolá estimulava. A discussão sôbre o número de embarcações a serem forneci~as pelas duas parles foi causa de novas discórdias. Chegou-se afinal à questão do comando supremo, que a Espanha chamava a si, mas Soriano - embaixador de Veneza interveio para lembrar que o pavilhão veneziano exerceria maior f6rça de atração nos imares orientais, especialmente para Jcvar a sublevarem-se os povos cristãos oprimidos pelo Crescente. . . Foi nessa ocasião que o Cardeal Morone sugeriu .para generalíssimo dos exércitos cristãos o nome do irmão bastardo de Filipe II, D. João d'Áustria, o qual se ohavia distinguido extraordinàriamente na guerra contra os mouros no Norté da África. Chegou-se enfim ao acôrdo de que o Papa tomaria a iniciativa de convocar outros Príncipes e especialmente o Imperador; que nenhum dos confederados poderia ajustar a paz ou fazer qualquer outro tratado sem a anuência dos demaisi e que o Pontfficc devia ser o supremo juiz nos litfgios da liga. Fêz-se então um esbôço dos itens do acôrdo; enquanto isso os espanhóis consuleavam seu Rei sôbre se as três esquadras - espanhola, pontiffcia e veneziana - deviam ser unifica.· das num s6 corpo. Em fins de julho Veneza aceitava D. João . como generalíssimo e dias depois era apresentado ao Pontífice o projeto da liga. A perda de 1empo com, as reinvidicações de vantagens e com as disputas sõbre pontos de vista divergentes já se fazia sentir. Enquanto a peste diz.imava a esquadra veneziana, em setembro os turcos atacavam a Ilha de Chipre e sitiavam Nicósia, a qual caia depois de 48 dias de resiscência heróica. O desânimo começava a espalhar-se pela Cristandade. Quando Granvela chegou a di~r ao Papa que os turcos eram excessivamente fortes e que talvez só .pudessem ser venc\dos se atacados em diversas frentes, in-

cluindo a África, a Albânia e a Hungria, São Pio V, tomado de forte emoção e com lágrimas nos olhos. relrucou-lhe que a culpa disso era dos Príncipes católicos, os quais deviam arrepender-se de sua atitude ances que fôsse 1arde demais e s6 expiariam sua falia se se resolvessem afinal a unir-se na defesa da causa da Cristandade. Falou ainda de São Ladislau e de Scanderbeg, na Polônia e na Albânia, como exemplos da fôrça dos que põem sua confiança na poderosa jusciça do Altíssimo. Que se armassem e se unissem pois! Deus os ajudaria: sua causa era a de Deus! No fim do ano o Papa resolveu escrever uma carta de próprio punho a Filipe li. Nela o Pontífice traduzia suas mais amargas queixas: dizia que depois que se tinha conseguido contornar as últimas dificuldades com os venezianos, eram os comissários espanhóis que procuravam entravar a conclusão da aliança. Qualificava esta -atitude de estranha e suspeita. Tendo inlimado o Núncio de Madrid, o qual devia entregar a missiva, a ·não aceitar evasivas do Rei, Pio V aguardou com sublime paciência a resposca. Enquanto isso che-

gavam as piores notícias: os turcos sitiavam Famagusta, ameaçavam Corfu e Ragusa; o Núncio cm Veneza, Facchinetti, anunciava já em fevereiro de l S7 l - que, se não se ultimasse imediatamente a liga, havia perigo de que a Senhoria ajustasse as pazes com a Sublimo Porta, ainda que à custa da perda de Chipre ...

"Qui seminant in lacri mis, in exsultatione mete-nt" ''Quem semeia nas lágrimas. colhe na alegria" diz o Salmo do real Profeta (SI. 125, S) . Os sofrimentos morais do Santo Padre iriam encontrar o coosôlo merecido. Em março chegaram com diferença de dias as respostas dp Rei da Espanha e do Doge de Veneza. Havia ainda algumas graves discordãncias, mas um último esfôrço dos au• xiliares do Papa superou-as e afinal, em meados de maio, do rigoroso segrêdo em que se desenvolviam as tratatlvas emergiu a boa nova: estava concluída a Santa Liga. A aliança ajustada entre o Papa, o Rei da Espanha e a República de Veneza devia ser estável, ter caráter ofensivo e defensivo. e dirigir-se não somente contra o Sultão, mas também contra seus Estados tributários, Argel, Túnis e Tripoli. A críplice aliança contaria com duzentas galeras, cem transportes, SO mil infantes espanhóis, italianos e alemães, 4.500 cavalos-ligeiros, e o número de canhões necessário. Em cada ou1ono so celebraria um convê.nio em Roma sôbre a campanha do ano seguinte. Espanha e Veneza deviam defender-se mucuamente em caso de ataque. O Papa arcaria com uma sexta parte dos gastos, a Espanha com três sextos e Veneza com o res1ante. O generalíssimo D. João d' Áustria aconselhar-se-ia cóm os· comandantes das tropas venezianas e pontifícias, e nas deliberações decidiria a maioria dos votos. O lugar-tenente de D. João seria o Príncipe Colonna. Era facultado ao Imperador e aos dema.is Príncipes católicos ingressar na Liga. O Sumo Pontífice transbordava de santa alegria. Publicou um Jubileu geral para atrair as bênçãos do Deus das batalhas sôbre o exército cristão. Tomou parte nas procissões rogatórias que se realizaram ainda no mês de maio em Roma, e -m andou cunhar uma medalha comemorativa.

Por tua mão será abatido o sobe, bo do inim igo'' 11

Tratava-se agora de acelerar os preparativos da críplice armada, acertar o ponlo de encontro e os planos da batalha. Ao mesmo tempo o incansável São Pio V enviou Legados ao Imperador e aos outros Príncipes a fim de instá-los a ingressarem na Liga. Além disso, nomeara êlc uma Congregação cardinalfcia especialmente incumbida das providências da guerra. Um documento da época nos relata que naqueles dias s6 se viam soldados nas ruas da Cidade Eterna. Em meados de junho a esquadra pontifícia fazia-se à vela para o sul, ancorando em Nápoles, onde devia encontrar-se com as naus espanholas. Já no mês anterior o Papa havia escrito uma carta a Filipe I! pedindo-lhe para apressar a partida de D. João a fim de não se perder a boa ocasião. Como os espanhóis tardassem, para adiantar a cmprêsa os navios do Papa zarparam novamente em julho, rumo a Messina, ponto convencionado para o enconcro das crês ar·madas. Poucos dias depoi.s chegavam os venezianos, comandados pelo valoroso veterano Sebastião Veniero. Enquanto isso, vinham notícias de que o inimigo acuava Creia, Citera, Zante e Cefalônia. Como entre a nobreza de Roma, também entre os fidalgos da Espanha reinava vivo entusiasmo pela Cruzada, lendo-se alistado numerosos dêles. Zarpando de Barcelona com

46 galeras, Dom João d' Áuscria chegou a Gênova cm meados de julho, e dali enviou um emissário a Veneza, a fim de comunicar que já estava a caminho de Messina, e outro ao Papa (o Rei Filipe li negara-lhe a permissão de passar por Roma) para agradecer a escôlha para o pôsto de generalíssimo, e escusarse do acraso. Quando o representante do Príncipe espanhol se despediu do Pontífice, êstc encarregou-o de dizer a D. João que se lembrasse sempre de que ia combater pela Fé católica e de que por isso Deus lhe daria a vicória. Ao mesmo cempo o Papa enviou ao generalíssimo o estandarte da Liga. O santo vexilo era de damasco de seda azul e ostentava a imagem do Crucificado. 1endo aos pés as armas do Papa, da Espanha, de Veneza e de D. João. O Príncipe recebeu-o solenemente em Nápoles das mãos do Vice-Rei, o Cardeal Granvcla, na Igreja de Santa Clara, com a presença de muitos nobres. cnlre os quais os Príncipes de Parma e de Urbino."Toma, ditoso Príncipe, disse-lhe o Cardeal, a i11Jfg11ia do verdadeiro Verbo H 11manatlo,· toma o sinal vivo dn santa Fé, da qual is o defensor nesta emprêsa.. lkle le dará uma vli6ria gloriosa sôbre o ínrpio inimigo, e por 1ua mão será abatt'da sua soberba. Amém."' Um forte clamor ecoou da multidão que enchia a nave: "Amém! Amént!" Vivamente angustiado ante as notícias do avanço turco, São Pio V mandou no dia 17 uma carta de .próprio punho ao generalíssimo. exorcando-o a sair sem demora ao encontro do inimigo. O. João zarpou então para Messina, onde foi recebido com júbilo indizível. De uma formosura varonil, louro e de olhos azuis, no esplendor da juventude - ti· nha 24 anos de idade - profundamente aristocrático, o filho do Imperadl>r causou enorme impressão nos sicilianos que o estavam recepcionando. O pôrto, juncado de naus cristãs, assemelhava-se a uma florc-s ta de mastros que balouçavam serenamente sôbre o mar, à espera do momento em· que deveriam sin,z:rar águas tintas de sangue. Era uma terrível ameaça ,para o inimigo, e um irresistível chamado para aquêlcs novos cruzados.

Os soldados prepara m-se por t rês dias de jejum Nos primeiros conselhos de guerra O . João empenhou-se em comunicar seu ardor aos setenta oficiais ali reunidos e em beneficiar• •se, em troca, de sua prudência e maturidade. Mesmo aí não deixou de haver alguns desentendimentos. que fizeram perder mais três semanas em deliberações. Alguns generais achavam que a campanha iria ser meramente defensiva, dado o poderio do inimigo; outros afirmavam que as naus turcas não eram muilo eficientes. O próprio D. João mostrou-se hesitante até que o Núncio Odescalchi, que viera dislribuir partículas do Santo Lenho .para que houvesse uma par1ícula em cada nau, comunicou ao Príncipe que o Pontífice lhe prometia em nome de Deus a vitór ia, por cima de todos os cálculos humanos, e mandava dizer que se a esquadra se deix.asse derrotar "iria êle mesmo à guer• ra com seus cabelos brancos par(l vergonha dos jovens indoltnle.s''. D. João !ornou uma série de medidas ,para preservar o caráter sacra! da expedição. Proibiu a presença de mulheres a bordo, e cominou pena de morte para as blasfêmias. Enquanlo se esperava o regresso de uma esquadrilha de reconhecimento, todos jejuaram lrês dias e nenhum dos 81 mil marinheiros e soldados deixou de confessar-se e comungar, o mesmo fazendo os condenados que remavam nas galeras. Jesuítas, Franciscanos. Capuchinhos, Dominicanos, iam e vinham no meio daquela gente rude pare. purificar os corações e preparar um exército verdadeiramcnle de cruzados. Nos dias 16 e 17 de se1embro, nos quais se deu a partida de Messina, o espetáculo foi deslumbrante. As naus começaram a mover-se duas a duas, encimadas por bandeiras cujas côres as distinguiam segundo a posição que assumiriam na batalha. À frente tremulavam as bandeiras verdes de Andrea Doria, o comandante dos espanhóis. Em seguida vinha a ba1alha, ou centro, com suas bandeiras azuis, e o gonfalão de Nossa. Senhora de Guadalupe sôbre a nau de D. João d'ÁUSlria. Os estandartes do Papa e da Liga ficaram guardados para o momento do embate. À direita da batallta vinha Marco Anconio Colonna na nau -capicânia do Papa; à esquerda, o veneziano Sebastião Venicro, grande . conhecedor das lides do mar, com seus setenta anos vigorosos, altivamente cm pé na pôpa de sua nau. A di· visão de Veneza, comandada pelo nobre Barbarigo, seguia atrás, com bandeiras amarelas; as bandeiras brancas de D. Álvaro de Bazán, Marquês de Santa Cru1., fechavam aquêle imponente cortêjo naval. Uma figura tôda vestida de púrpura destacava-se de ep1re a multidão reunida no pôrto; era o Núncio papal que dava a bênção a cada barco que passava com seus cruzados piedosamente ajoelhados na ponte - nobres ,reves1idos de armaduras

refulgen1cs, soldados de variegados uniformes • • marinheiros de roupas e gorros vermelhos. Os remos compassados e as velas que se iam enfunando levavam-nos cm demanda do inimigo da Fé. Na sua armadura dourada, terrível como um anjo vingador, avultava a fi. gura de D. João d'Áustria, a quem o próprio São Pio V aplicaria depois da vi1ória o que o Evangelho dii. de São João Batisia: .. Fuit homo missus li Deo, cui 11orne11 er,u lo<um<·s. - Houve um homem enviado por Deus, cu;o nome era João" (Jo. 1, 6).

O estandarte da Ligo é içado no na u-capitânia Deixando o estreito de Messina, as naus da Liga cos1earam o litoral da Calábria e da Apúlia, e do lá seguiram para a ilha de Corfu e depois para Gomenitsa. nas costas da Albânia, onde aportaram no último dia do mê.< de se1e,nbro. Ao longo dêssc percurso foram encontrando sinais da passagem dos turcos : restos carbonizad'os de igrejas e casas, objetos de cullo profanados, corpos· dilacerados de Sacerdotes, mulheres e crianças covardemente assassinadas. A inconformidade com o crime e o desejo de uma santa vingança faziam-se sen1ir coração d e todos os cruzados e revigoravam nêles a vontade de lutar. Nesse meio tompo os espias informaram que a esquadra inimi.g a estava ancorada cm Lepanto, um pôrto localizado pouco mais ao sul, no estreito de igual nome, o qual liga o Golfo de Palras ao de Corinto. Tratava-se agora de tomar a iniciativa da luta, indo ao encalço do inimigo. Feitos lodos os preparativos para a batalha, no dia 6 de outubro os navios da Liga deixaram a cosia da Albânia, cm direção a Cefalônia, ilha do Arquipélago Jônico siluada defron1e ao Golfo de Patras, ao fundo do qual se achavam os navios turcos. Foi aí que os católicos receberam a notícia de que Famagusta, capilal de Chipre, caira em poder do Crescente, e que o general Muslafá cometera as piores atrocidades com o comandante da praça, Marco Antonio Oragadino, a quem mandara esfolar vivo e cuja pele, cheia de palha, fizera conduzir por tôda a cidade. A narração dessas crueldades acendeu o 6dio da 1ropa cristã. que ansiava por dcfrontrar..st com os otomanos. O embate já então era iminente, dada a proximidade em que se encontravam os dois exércitos. O vento soprava do Levan1e. o céu estava encoberto, e o mar cinzento e cheio de névoa, naquele sexto dia do mês; os ca16licos não sabiam que o vento que os detinha era o mesmo que convidava o inimigo a, deixar seu refúgio em Lepanto, e assim tornava possível a batalha. Com efeito, se os turcos não se resolvessem a sair, seria muito difícil desalojá-los de seu reduto: o es1reito de Lepanto era protegido por duas for1alc2as. cujos canhões fariam grande estrago à armada da Liga. A noite caiu, envolta cm um silêncio misteriosamente cheio de prenúncios. Às duas •horas da madrugada do domingo, 7 de outubro. um vento fresco vindo do poente limpou completamente o céu, prome· tendo um d.i a ensolarado. Antes do amanhecer. O. João mandou levantar âncoras e sol1ar as velas. Quando as naus cristãs, tendo passado pelo canal que fica entre a ilha de Oxia e o cabo Scrofa, desembocavam no golfo de Patras, uma fragata ligeira mandada cm reconhccimcnro veio ao seu encontro com a informação de que a esquadra turca es1ava a poucas milhas de distância. A bandeira que devia sinalizar a presença do inimigo tremulou no mastro da capitânia vanguarda. Depois de uma rápida deliberação com Vcniero, o generalíssimo ordenou que todos se dispusessem em ordem de batalha. Fêz-sc ouvir o troar de um canhão enquanto era içado o estandarte da Sanla Liga no mastro mais alto da galera-capitânia. "Aqui venceremos ou morreremos", bradou D. João entusiasmado, ao acompanhar as evoluções da esquadra católica. Seis pesadas galeras venezianas, comandadas por Francisco Duodo, rumaram lentamente para seus postos, na vanguarda. Como que no desejo de esmagar os otomanos num terrível amplexo, a esquadra católica procurou estender-se o quanto pôde, desde o litoral ctólio até o alto mar. A esquerda o veneziano Barbarigo, com 64 galeras, alargou seu flanco en\ direção ao litoral para evitar um envolvimenco dos inimigos pelo norte. D. João comandava o cen1ro, ladeado por Colonna e Vcniero; o catalão Rcqueséns vinha um pouco mais a1rás. A esquadra espanhola de Andrea Doria, com 60 naus, formava a ala direita, cm direção ao mar alto. As 35 embarcações do Marquês de Santa Cruz aguardavam ordens à retaguarda, para uma eventual intervenção. Também o almirante otomano, KapudanPachá Muesinsade Ali - que passou à His-

"º

Ciovan Tinelli di Olivano 3


CONCLUSÃO DA PÂG. 3

, HA QUATROCENTOS ANOS, EM LEPANTO

tória como Ali-Pachá - dispôs sua esquadra para o combate. A ala direita, que devia defrontar-se com Barbarigo, compunha-se de 55 galeras e era comandada por Maomé Shaulak (Siroco), governador de Alexandria; a ala esq uerda, à qual cabia opor-se a Andrea Doria era formada por 73 unidades às ordens do temível corsário Uluch Ali (Occhiali), um renegado calabrês, que segundo se dizia fôra frade; o centro, finalmente, com 96 galeras, estava sol? o mando direto do próprio Ali-Pachá, e constituía a elite da armada infiel. Uma divisão de reserva ficara à retaguarda. O generalíssimo turco parecia querer investir resolutamente pelo centro e ao mesmo tempo envolver os cristãos, aproveitando-se da sua superioridade numérica sôbrc êstes (286 naus contra 208) . O vento soprava de leste, favorável aos infiéis, enquanto os católicos tinham que se mover à fôrça de remos. Decorreram quatro horas até q ue as d uas armadas estivessem prontas para o confronto. O vento

amainara. A essa r1ltura, Doria chegava à nau de D. João d'Austria para propôr um conselho de guerra, no qual se discutisse se convinha ou não dar combate a um inimigo numericamente superior. O generalíssimo li m.ito u-se a rcspon· der-lhe: "Niío é 11wi,t ltor<1 de /alar, mas <le lutar!" Doria voltou a seu pôsto, tendo antes proposto a D. João que mandasse cortar o enorme esporão que pesava na prôa das ga• leras. A vantagem d esta medida indicada pelo astuto genovês revelou-se enorme: aliviou as naus, facilitando as manobras. e ademais per• ,mitiu que o canhão central, c1n vez. de atirar por cima, visasse diretamente o alvo, · com

maior impacto. D. João q uis passar uma última revista a suas tropas. Subiu a uma fraga ta e pcr<.!orrcu o corpo central e a ala direita da ,?squadra. D. Luis de Requcséns foi incumbido de visitar a outra ala. O comandante supremo apresentou-se aos nobres e à tripulação de ca-

da nau levando na mão um crucifixo, e cooclamando com ardor para o lance iminente : "Bsre é o diu cm tJW! a Crisumda,le. deve mo~ Irar l·eu poder, para aniquilar esta seita m a/. dita e obter unu, vltJria sem precedentes". E mais adiante: ".f: pela vontade de Deus que viestes todos até aqui, par,, castigf1r o furor e " mal<lade dêsre.t cães bârbaros. Todos cuidem de cumprir seu tlever. Ponde vossa espera,1ça Unicamente no Deus ,los E:rércitos, que rege e governa o mrmdo universo". A outros dizia: ''Lembrai-vos de que combateis pela Fé; ne. nhum poltrão ganhará o Céu". A resposta a essas palavras eram aclamações estrepitosas e não bavia quem não· se mostrasse ao jovem general em atitude ufana e combativa. Enquanto isso, êlc fazia d istribuir escapulários, medalhas e rosários. O entusiasmo levou a tropa a tomar-lhe o chapéu e as luvas; por fim D. João voltou à sua capitânia a fim de armar-se para o combate. Ouvia-se do lado do inimigo um som (a. nhoso de cornetas, um crescendo de vociferações, o estrépito de címbalos, e o sinistro percutir das cimatarras sôbre os escudos. Os infiéis estrctinham.se com danças, acompanhadas pelo crepitar de armas de fogo : Baal estaria ouvindo? Escachoam as gargalhadas e a soldadesca escarnece da presunção dos que ousavam enfrentar o poderio imenso do Sultão: êsses cristãos vieram como um rebanho para <1ue os degolemos!'' A ordem dada por Ali-Pachá era não fozcr prisioneiros. Reaparece D. João. Sua armadura e se,1 cl· mo brilham ao sol que agora está a pino, sem nenhuma nuvem a toldar o céu. O Prín· cipe ajoelha-se e reza. Todos os seus homens fazem o mesmo. No meio de um silêncio grandioso os Religiosos davam a última bênção e a absolvição geral aos que iam expor-se à morte pela Fé. Do lado inimigo também tudo se aquietar a. Anjos e demônios pareciam fazer sentir sua presença e a transcendência do fato que ia ocorrer.

A cabeço de Ali-Pochá no ponto de uma lon~a As esquadras se aproximam; no momento azado Ali-Pachá manda dar um tiro de canhão para chamar os cristãos à luta. D. João d'Austria aceita o desafio, respondendo com o utro tiro. O vento mudara inesperadamente. Os estandartes do Crucificado e da Virgem de G uadalupe investem contra as bandeiras ver• melhas de Maomé. ,marcadas com a mcin•lua, estrêlas e o no me de Alá bordado a o uro. Nesse momento o Céu já enviara um augúrio da vil6ria: o primeiro tiro que partira contra os infiéis lhos afundara uma galera. Aos gritos de "Vitória! Vitória! Viva Cristo!", os cruzados lançaram-se com tôda a energia na batalha. Os turcos procuram dar a maior ampli· tudc a seu deslocamento. para. envolver um dos flancos do adversário. Doria tenta impedir-lhes a manobra, mas afasta-se demais da zona que lhe havia sido designada. abrindo um perigoso vão entre a ala sob seu comando e o centro da esquadra cristã. Os 264 canhões de Duodo, abrindo fogo, conseguem romper a linha inimiga. Começam as abordagens. O apóstata italiano Uluch Ali entra pelo vazio deixado por Doria. Com suas melhore.~ naves lança-se no combate cm que o centro dos cristãos estava engajado, e com algumas galeras pesadas mantém Doria afastado. Nêsto lance iam sendo aniquiladas as tropas de Doria, e a reserva do Marquês de Santa Cruz não podia socorrê-las, pois estava empenhada cm auxiliar os venezianos da ala esouerda, junto ao litoral. Ali-Pachá, reconhecendo pelos santos estandartes a galera de O. João, abalroou-a com seu próprio navio, proa contra proa, e lançou sôbre ela tôda uma iropa de janízaros escolhidos. Neste momento o conselho de Doria pro vou sua eficácia: desem baraçada do esporão, a artilharia da nau católica pôs-se :, dizimar a tripulação da ºSultanaº. a nave de Ali-Pachá. Em socorro desta acorreram mais sete galeras turcas, que despejaram mais janízaror. sôbrc a ponte ensanguentada da capitânia de D. João. Duas vêzcs a horda turca penetrou nesta até o mastro principal, mas os bravos veteranos espanhóis obrig~1ram-na a recuar. D. João contava agora com apenas dois barcos de reserva, sua tropa tinha sofrido muitas baixas e êlc mesmo fôra ferido no pé. A situação ia-se tornando cada vez mais perigosa, q uando o Marquês de Santa Cruz, tendo liberado os venezianos. veio cm socorro do generalíssimo, e êste pôde repelir os janízaros. A batalha chegara ao seu paroxismo. As águas tingiam-se de sangue; ressoavam gritos e gemidos dos que lutavam, dos feridos, mutilados e agonizante~. O estrondo das armas de fogo entrecruzava-se com o tinir das Jâminas de aço . .num concêrto trágico e grand ioso. Sucediam-se umas às outras as proezas. O sangue nobre corria. U m a_pós outro, caíra,m Juan de Córdoba, Fabio Graziani, Juan Po ncc de León. O velho Vcnicro lutava de espada na mão, à frente de seus soldados. O general veneziano Barbarigo tombara ferido t)Or uma flecha no olho quando, para dar ordens a seus homens, afastara o escudo que o 4

protegia. "E um risco menor do que o de não conseguir fazcr ..me entender mmw hora e/estas!" - respondera a alguém que o advertia do perigo. O jovem Alexandre Farnése, Duque de Parma, entrou sozinho numa galera turca - e não morreu. De sua parte, o inimigo tentava tôda espécie de manobras e dava inegáveis provas de valor. O momento era crítico. e ainda deixava muitas dúvidas quanto ao desenlace da batalha, quando Ali-Pachá, defendendo a "Sultana" de mais uma investida c ristã, caíu morto por uma bala de arcabuz espanhol (ou suicidou-se segundo outra versão) . Eram 4 horas da tarde. O corpo do generalíssimo dos infiéis foi arrastado até os pés de D. João. Um soldado espanhol avançou sôbre êlc e cortou-lhe a cabeça . E.-.ta. por o rdem do Príncipe, foi então erguida na ponta de wna lança para que todos a vissem. Um clamor de alegria vitoriosa levantou-se da capitânia católica. Os t urcos estavam derrotados. e o pânico espalhou-se celeremente entre suas hostes a partir do momento cm que o estandarte de Cristo começou a drapejar sôbre a ''Suhana". Uluch Ali :,inda investiu sôbre a ala direita comandada por Andrca Doria. Mas, atacado pelo Marquês de Santa Cruz, tratou de (ugir. O vene-L.iano Girolamo Oicdo conla que ''unu, grmule párte dos e.sc,·avos crisuios que se encontrá nos navios inimigos [ ... ] com~ preentle que os turcos estão perditlos. A pesar dos guardas. ê.rtes in/eli1.,es L- •• ] multiplicam seus e.r/orços para buscar a ,\·Ol\lação n a fugll e favorecer <i vitória ,los 110SJ'OJ·. Em pouco tempo, ei-los combatendo cm rodos os setores onde há gucrnz, com uma coragem sem igual. Seu tlTtlór é decuplic,,do pelos gritos que ecoam de todos os lados: - A vitória é nossa!" Nos navios da Liga, os galés - que tinham sido armados de espada - abando navam os remos quando havia abordagem e lutavam valentemente contra os turcos.

Uma Senhora de aspecto majestoso e ameaçador . .. Os restos da esquadra an 1m1ga balem cm

retirada e se d ispersam, enquanto as trombetas católicas proclaman, a todos os ventos a vitória da Santa Liga na maior batalha na· vai que a História jamais registrara. A tarde começava a cair e prometia um mar agitado. No crepúsculo daquele santo dia; os navios da Liga se reagrupavam e mal podiam navegar através dos rostos da baJalha : cadáveres, remos e mast ros espalhados bizarra-mente pela água. As emba·rcaçõcs at)rosadas vinham -à retaguarda das galeras católicas, arrastadas humilhantemente pela pópa. As perdas dos infiéis tinham sido enormes: 30 a 40 mil mortos, 8 ou I O mi l prisioneiros (entre os quais dois filhos de Ali-Pachá e quarenta outros ·membros das famílias principais do império), 120 galeras apresadas e cinqüenta postas a pique ou incen-

diadas, numerosas bandeiras e grande parte da artilharia em' poder dos vencedores. Doze mil cristãos escravizados alcançaram a liberdade. A Liga perdeu doze galeras e teve menos de S mil mortos. Soube-se depois q ue, no maior fragor da batalha, os soldados de Mafoma tinham avistado acima dos mais altos mastros da esquadra católica, uma Senhora que os aterrava ~om seu aspe<:to majestoso e ameaçador . ..

"t hora de dar graças o Je_sus Cristo pela vitória" Bem longe dali, o Papa ag uardava ansioso notícias da esquad ra católica. Desde a chegada de D. João a Messina' redobrara de orações e jejuns pela vitória das armas cristãs, e instava para q ue Monges, Cardeais e fiéis rezassem e jejuassem na mesma intenção. Confiava sobretudo na eficácia do rosário para obter o socorro onipotente d a Virgem. No dia 7 de outubro êlc trabalhava com seu Tesoureiro, Donato Cesi, o qual lhe expunha problemas financeiros. De repente, separou-se de seu interlocutor. abriu uma janela e entrou em êxtase. Logo depois voltou-se para o Tesoureiro e disse-lhe: "Ide com D eu.r. A gor,, mio é hor<1 ,le negócios. mas sim de dar graças a JeJ·us Cristo, pois nosst, es<1uadrt1 acab,, tle vencer". E dirigiu·SC à sua capela. A$ notícias do dosfêcho da batalha chegaram a Roma por vias humanas duas sema. nas depois, por um correio que vinha de Veneza. Na noite de 21 para 22 de outubro o Cardeal Rusticucci acordou o Papa para confi rmar a visão que êlc tinha tido. No meio de um pranto varonil, São Pio V repetiu as palavras do velho Simeão : "Nunc dimilti.r servum tuum, Domine, in pace" (Luc. 2, 29) . No dia seguinte o indomável ancião proclamava a feliz notícia em São Pedro, após uma procissão e um solene "Te Dcum". A vitória foi por todos atribuída à intervenção da Virgem. O dia 7 de outubro ficava con_sagrado a Nossa Senhora da Vitória, e ma,s tarde ao Santo Rosário. Além disso o Santo Padre acrescentava à Ladainha Lauretana uma invocaç.ã o que nascera pela ''vox po. puli" no momento da grande proeza: ''Auxilium christianorum''. Na E.-.panha e na Itália começaram a surgir igrejas e capelas com a

invocação de Nossa Senhora da Vitória. O Senado veneziano pôs debaixo do quadro que representava a batalha a seguinte frase: º NON Yl~TUS,. NON ARMA, NON OUCES, SEO MÂRIÂ ROSARII VICTORES NOS fEC l'f'' "Nem as

tropas, nem <zs llrnws, nem os comandantes, mas a Virgem Moria do Rosário é que nos der, a vit6ria1 1. Gênova e outras cidades manp daram pintar em suas portas a efígie da Virgem do Rosário, e algumas puseram cm seu escudo a imagem de Maria Santíssima calcando aos pés o Crescente. Poetas e músicos procuraram enaltecer com seu gênio o g rande acontecimento. Também ao Papa se prestaram as maiores homenagens pela participação decisiva que tivera na luta e no seu desfêcho.

Logo depois das solene., celebrações da vitória o Pontífice recebeu os Bmbaixadores e os Cardeais para deliberar sôbre a con tinuação e ampliaç.ã o da Liga e o prosseguimento da guerra, de modo a se tirar todo o proveito da "mllior vitóri(J jamais obtida conll'a o., infiéis". O plano de São Pio V era promover uma confederação européia, e obter o concurso de certos régulos maometanos rivais do Sultão, para expulsar da Europa o Crescenle e a.final investir contra Constanlinopla e retomar o Santo Sepulcro, aniquilando definitivamente o perigo muçulmano. Mas, apesar de ingentes esforços, o Papa não conseguiu mover os Príncipes cató licos. A Liga se desfez. O Rei da França propôs ao S ultão uma aliança contra a Espanha. Chamando-o ao Céu em 1•0 de maio de 1572, a Providência poupou a São Pio V o desgôsto de ver que a vitória de Lepanto, depois de salvar a Cristandade, ficaria sem conseqüencias estratégicas e políticas imediatas. Tanto maiores foram certamente os efeitos mediatos. A História é testemunha de q ue a lenta decadência do poderio naval dos otomanos começou com a jornada de Lepanto (Pastor, "Historia de los Papasº, Barcelona., 1931, vol. XVIII, p. 376). O último ato de govêrno do Santo Ponlíficc consistiu cm entregar a seu Tesoureiro um pequeno cofre com 13 mil escudos, dos quais costumava fazer suas esmolas particulares, dizendo-lhe: "/no prestará bons serviços i'i guerr" ela Lig(1".

Verdades esquecidas

Santo Antônio foi notável pelo saber e pela combatividade Oa vida de Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa:

S

ANTO ANTONIO falava com uma /iberda,Je admirável, ditc,ulo a verdade igut1/mc1t1e aos grandes e aos pequenos. E com o desde o início de sua conver.rão hal'ia ,h•sejado o nwrtírio, nenhum temor, nenhum respeito humano o detinlwm, e ê"Je se opunlw com coragem e intrepidez li tirania dos grandes. Os mais fmnosos pregtuiores /icavan1 pt,.f. mos ouvindo suas invec1ivaJ' e escondiam o rosto, temendo que :rc percebesse <1ue coravam de vergonha ame a própria fraqueza. Antônio ia as.rim pregando por cidades e al<ieins, acomodando seus sermões à capacldade tios ouvintes, entremeando a doçur,, com o severid,1</e. O 11róprio Papa Gregório IX, lendoo ouvido em J227, e c,dmiraudo a profundi<lade de .tua ciência na expUcaç,ío da Escritura, chamou-o de A_rca do 1'estm11e11to. Ele se aplicava tanto à Moral, como ,I controvérsit, contra os hereges: converteu a muitos dêstes em Rimini e con venceu 1u"'io menor mlmero em disputas públicas' em Milão e 1.''oulouse [ . . , 1,

O sanguinário Et..1.eli110 começava então a exercer sua atroz tirania em Verona. Havia êle feito degolar um grande número ,te homens ,wquela cidade. Antônio, sabendo dis.ro, /oi sem temor procurá-lo cm pessoa, increpaudo-o: "Inimigo de Deus, tirano cruel, c,io rt1i• ,,oso! A ré quando conti,marás " derrmnar o sangue inocente dos cristcíos? Eis que a sentença de Deus paira sôbre ti, se,uença duríssima e pavorosa!" Acrescentou ainda muitas outra.t coisas não menos dura:r. Os sequazes que rodeavam o tira110 aguardavani apenas o sinal do costume para fazer o Frade em pedaços. Por disposição divina, deu-se outra coisa: o ti· rano, tocado pela palavra do santo varão, depÓJ' tôda (l .rua ferocidade, /êz-se man.ro como wn cordeiro, atou o próprio cinto ao pescoço como uma corda, e prostrou.se diante ,lo ho-

mem tle Deus, confessando lwmildeme,He seus crimes e - para espanto de todo.r - prome.. 11.mdo emendar-se .fegundo os bons conselhos de Antônio. Mais tarde disse a .reus cúmplice,f estupef,1c1os: "Não vos espanteis, pois cm verdâde vos digo que vi sair do rosto daquele Ptzdre um como que esplen,lor divino, o qual de tal m odo me apavorou, que, diante de seu n:rpecro terrível, acretUtei que ia ser mergulh"tlo .r1lbitame,11e no mais fundo tios infernos". A partir dêsse momento El.l.elino te,,e pelo Santo tuna grande veneração e, enquanto êsrc viveu, absteve-se. <le muitos cl'imes que reria cometitio se não /ósst~ isso, ~regurulo êle mesmo o con/e.rso11. Como o santo varão pregava freqüentemente e com grontle <lcsassombro contra os crueld(J<les do tirano, êsre, querendo pôr•lhe ,i P"º"ª a virtude. enviou.Jlw um presente ,·alioso por mão de seus /âmulos, diz,endo·lhes: "O/erecei de minha parte ê.tte presente a Fre,· A nr()nio, com a moior humildade e respeito de que /ôr<ies capa,:.cs. Se êle o receber, mataf-o na hora; mas se o rejeitar com l,uJignação, suporu,i tudo com paciência. e voltai sem lhe Jazer mal c,lgum". B.rseJ· emissário.,· frmululenros apresc11f<lramse diallle tio Santo com todo o respeito e lhe disseram: "Vosso filho Ez.zelino da Romano rcp co,ncnda-se às vossas orações e vos .ruf)lko recebais êste pequeno presente que êle l'ó.t en,,ia ,,or devoí:ão, e que rogueis ao Senhor pelo salvação de sua alma". Mas Antônio, cheio de i11dig11ação. repreende.u-os e rejeitou tudo o que lhe ofereciam, tli1.,endo que nunca receberia nada daquilo que /ôra rouba,Jo aos homens, e que roclos os bens dêles eram ins tramenros de per,liçlio. Por fim bradou que .re retirassem i111ediatamente. para que a cast, n,io ficasse conspr,rcatla por sua presença. Confundidos. voltaram para o tirano e lhe relatartun tudo: "&se é verdadeiramente um homem tlc Dc11s, di.rse Eu,elino: ,leixai-lJ/ que. dora, cm ,Jiante diga Judo que julgar co11vc11ientc". - [Abbé Rohrbacher, "Vic des Saints pour tous lcs jours de l'année" - Gaumc Freres, Libraircs-Editeurs, Paris, 1853, tomo Ili, pp. 389-390).


TFP participa de congresso mundial anticomunista nas Filipinas REALIZOU-SE EM Manilha, nus Filipinas, de 21 >1 26 de julho úlrimo, o V Congresso Plenário da Liga Mundial Anricomunisra ( World Anli·Communist League - WACL). O ccrrame teve por objetivo debarer o avtrnço da ofensiva vermelha contra as nações livres e coordenar esforços e esrratégias das principais organiiações e líderes anticomunistas dos cinco contincn1es.

Simultânea.mente tiveram lugar o XVII Congresso da Liga Anricomunisra dos Povos Asiáticos ( Asi<m Peoples· Anfi•Commw,ist League APACL) e o Ili Congresso da Liga Mundial da Juventude Anticomunis.. ta (JVorld Youtlt Ana-.Commimist Le"gu, WYACL). Participaram dos três conclaves 350 delegados e observadores, representando organizações de 53 países: havia delegações das mais variadas larirudes e longitudes - do Nepal à Argenrina e da Noruega à Arábia Saudita e ao lcsoro. ÊSscs congressos são anuais e reunem-se de cada vez numa capital diícrcnte. geralmente asiática. pois é

na Ásia que os trabalhos e contactos das trê..~ Ligas: estão mais dcsenvol· vidos. Os ccr1amc.s de J 970 tiveram

lugar com invulgar brilho .:m .Kyoto,

cada inclusive por ..The Maniht Ti-

no J;lpão. no mês de setembro.

mes'', principal jornal diário do país. Eis a íntegra do documento:

No corrente ano. a cscôlha recaiu sôbre as Filipinus, pelo grande c rcscimenlo que as orgnnizaçõc.s anticomunistas 1êm experimentado ali, sob a liderança do Phi/ippi11es A111iCo,mmmis1 Movement, conhecido popularmcnre pela sigla PACOM. Numerosas personalidades da vida pública daquele país são filiadas ao PACOM., o qual se dedica principalmente a incentivar e a organizar movimenros cívicos e parriólicos de âmbiro local nas incontáveis ilhas do arquipélago filipino. Isso se deve ao ~,ccntuado regionalismo que caractcri2.a as Filipinas, e que é uma resultante de sua própria configuração geográfica. com um território formado por mais de 7 mil ilhas, das quais cêrca de 3 mil são habitadas. fácil imaginar as dificuldades de comunicação existentes. ainda agravadas pelo faro de ali se falarem crês línguas oficiais - o inglês, o espanhol e o tagalo e oi1enta dialetos. Não obsrantc. a nação goza de notável coesão. Herança de qu(ltro séculos de colonização espanhola, a unidade nacional encontra seu mais possante faror na Religião: dos 36 milhões de filipinos, 80% são católicos.

e

Enorme inti:rêsse pelo stand e os insígnias da TFP Especialmenrc convidados, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade e o Presidenre de seu Conselho Nacional, Pro(. Plínio Corrêa de Oliveira, en• viaram ao Congresso da W ACL dois represenranres: os Srs. Marcos Ribeiro Danras. membro do Diretório Nacional da enridade e Sccrerário de sua Secção da G uanabara, e Migu~I Beccar Varela, direror da TFP argenrina. Ambos levaram ao certame rambém a solidariedade das TFPs da Argentina, Chile (no exílio) , Uru• guai e Colômbia, do Núcleo Vene• zuclano de Defesa da Tradição, Fa· mília e Propriedade e do Comiré de Jovens Equatorianos Pró-Civilização Cristã. , Nas dependências do Auditório Magsaysay, no qual se desenvolveram os rrabalhos dos crês congressos, diversas das organizações parlicipantes montaram stands demonstrativos de suas atividades. Entre rodos sobressaía· o da TFP, adornado com os csrandartes da enridade e repleto de

Texto d~ José Lúcio Araújo Corrfo

enormes ampliações de flagrantes fotográficos de suas campanhas. No centro do stand, um artístico mapa da América Larina indicava a localização das Secções e Núcleos de Militanres da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade e de suas congêneres hispanoAamcricanas; viam-se também exemplares dos livros e jornais divulgados pelas TFPs. inclusive ucatolicismo,.,

A exposição das atividades da TFP foi objeto de vivo inrerêsse por parle dos congressistas. Mas é preciso realçar que as insígnias da entidade - o estandarte com o áureo leão rompante, e as características capas rubras, estas envergadas pelos dois represcntanres da TFP cm todos os atos do Congresso - despertaram verdadeira admiração, sobretudo entre os delegados de países do Extremo-Oriente.

"A Sociedade 8rt1sileira de Defesa tia ·trudição, Família e Proprit!<lat/(# (1'FP) seuteAse honrntla em e.tu,r

representada no V Congres·so ,la Liga M muliat A nticomrmisu, ( W A CL}.

tsre certame é tle importâttda dccisivu, pois tis mais reprefenwtiva.r orga11iu1çõe.r ,m1ico1muiis1a.-. dn muntlo nê/e romam parte a fim de mellwr coordemuem seus es/ol'ÇOs c 0111ra o maior inimigo 1/t.1 d11iliu1ç,1o: o conwnfrmo. A TFP c:onsitlcra l/lW o mtítuo co11hecime11to e o estabclecime11to ,te

rclt,çi'Jes t~ntre os que esuio lutando co111r11 o tourlitarismo verme/Iro, é um im11erativo tia hora presente. A cooperação entre os ,.mth:omu11isrns ,te todo o mwulv torna-se m(Us e mai.r necessária ,; metlida <111e as <1grcssões. as in/Utrações e as COn· quistos comunistas vão-se 1nultiplica11. <lo e tornmulo mais .rubtis e enganadoras. Por c~J"J·a ratão, a TFP bT(1si/eira leva Co11gresso da W A CL a s<>/idariedtule da maior entidade antlcomruu·sra ,J,, maior nação da A mérica Latina. E ,:om alegria que poclcmos levar. igualmente, a solldarie• dadc tias TFPs e enridt1dcs .rimllares da Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia, Ve11ezuelt, e Equador. Espermnos tJue o encontro ,ie personalidade~· tão emlnentes e de entldades r,io benemérltas conduz.a a um resultado realmente positivo para conttr a imensa ofensiva ideológica e psicológica que.o comunismo inter· nacional desenvolve contra todos os países que insistem em permanecer Uvres. Esse resultado poJ·itivo m1o consiJ·tiró apenas tm denunciar a lavagem. cerebral a que os comunistas estão procedendo nas nações não comunb·tas. mas também cm denunciar e/tiramente a omiss,io e a debilidade com qu~ agem tantas altas persona .. /idades p1íbllca.r, cujos cargos lhc•s irnpõem entretanto o dever de lutar

"º

/ir111t: mer,te contra u , ·omuniJ·mt>, uté a vitória final. As 1'FPs esuio rc1>rese11tat!,u· por um diretor tia ~ r FP brasileira, Dr. M(trco.r Ribeiro Dnnrns. e por um tliretor 1'FP argentina, Dr. Miguel Beccar Varela. Enviando êsses tlois delegados. desejamos res.l·altar a coe• s,io das vários 'fFPs, espalhadas por tôtla a Américt1 tio Sul. Uma coestro baseada em nosst1 luta em ,te/esa da peren e e gloriosa trtuliç,i o ct1161ict1, mio s6 contra o <:omunismo con/esmas também contm o marxismo dls/t1rçatlo que está medrmulo ,ué me:rmo em vários · ambientes c:<1tólicos. Enviamos uma saudação an,;stoJ·a tz todo.r os antlcomunistas que participa1n tlêste Congresso., mas (/e.. sejamos smular muito especialmente o.r representantes das n<rções diret amente atacadas ou ocup,ulas pelo iniA migo: Chirw, Yietntl. Coré it1, Ut:rúnia, Cuba e tmuas outrt1s. A o.r IÍ<ieres d" World Anti-Communist Leaguc, e seu Capítulo FiUpino , f/W! org,mízou o Congresso, noss·<1s mals calorosas ,·ongratulaçõ,•s pela iniciativa e nossos votos de 1>le110 êxito",

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Os reprcscnranrcs da TFP disrri, buíram largamenrc aos congressistas um folheto contendo as palavras do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e a mensagem que a êste enviou o General Humberto de Souza Mello, Comandanre do li Exérciro, congrarulando-se com a TFP e o Congresso, "visto tratar-se de uma verdadeiro barreira contra a expans<io do comunismo ateu e imperiall.t ta", e formulando votos de pleno êxiro aos dele, gados da TFP. O documento do General Souza Mello, que reproduzimos na integra na odição de agôsro, (oi muiro elogiado por seu conreúdo desassombradamente anticomunista. Também causou viva impressão enrre os congressisras a mensagem do Presrdenre Chiang Kai-chec, da China · Nacionalista. 1,ssc pronunciamento foi tomado por todos como uma verdadeira advertência aos Estados

Unidos, uma vez que foi enviado à

Conferência da WACL pouco depois de o Prcsidenre Nixon ter anunciado ao mundo sua nova política de udiálogo" com os ditadores da China vermelha e sua intenção de viajar a Pequim. Merece destaque êste trecho cm que o Presidente da China Nacionalista ac-c ntua a importância da firmeza de princípios na luta anticomunista: '' Esurmos plenamente conscientes de que em nenhuma circ unst{i11cia o comunismo foternaciomzl a lterará seu plano tle comrwis1i1.ar o m urulo in· teiro e tle escNwi1.t1r tôtla a humani• tlatle. Ele jamais se desviará ,/e seu obieti vo~ <lc primeiro dlvidir e depols conquistar totlo o mundo livre, através tle infiltrações e da subvers,io, aindu <1ue part1 isso tenha t/ue desenvolver o/enslvas de sorrisos e táticas tle frentes amplas. Por essa r11z,üo, é preciso que tô <ltrs as nações livres, ao invés de se deixarem arra.vtar pelos engodas comunis{(u·, mtmtenl,wn firmementt: seus princípios, consolidem sua unitlade e ;untas J·e oponl,am (I agressão vermelha, assegurando assim ao mundo paz. e segurança verda,lelras''. Por sua vez. a delegação sul-viernamita distribuiu um comunicado especial do Presidente Nguycn Van Thieu à WACL, conclamando os anricomunistas de todos os países a iniciarem uma cruz.ada contra as fô rças marxistas.

Cardeal abençoa os trabalhos Os crês Congressos - da WACL, da APACL e da WYACL - foram iniciados com uma sessão solene conjunra. O Emmo. Cardeal Rufino Santos, Arcebispo de Manilha e Primaz das Filipinas, convidado a abrir os trabalhos. procedeu à bênção litúrgica inaugural e proferiu expressivas palavras de apoio e de incentivo. Entre os congressistas íoi muito elogiada a atitude de S. Emcia., comencoNcLuslo ,.. ... SE:XT'A PÁOINA

Importantes mensagens enviadas ao Congresso Alcançou excelenre repercussão tanro cnrrc os congressisras quanto na imprensa filipina, a mensagem enviada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira à WACL. a qual foi publi·

,,.

Em todos os atos do Congresso os representantes da TFF' envergaram as capas rubras da entidade. A esquerda, assistem ambos a uma sessão; na foto do centro, o Sr. M arcos Ribeiro Dantas v isita um dos stands da exposíção anexa ao Congresso; na terceira foto, o S r. Miguel Beccar Varela, entre o Sr. kyril G. Drenikoff, do Bulgarian Liberation Movement, e uma delegada das Filipinas.


CONClUSÁO DA PÁG. 5

'l'FP participa de congresso mundial tando-se que. infelizmente, hoje não é comum ver-se um alto Prelado in-

as alianças e acordos feitos com as nações livres da Ásia e não as aban-

ccnt ivar a luta contra o comunismo.

donaria em 1roca de uma aprox ima•

Como se sabe, o Cardeal Rufino Santos vem sendo dura_mcnte criticado por setores progressistas das Filipinas, por suas atitudes consideradas "retrógradas". Inconformados com o fato de S. Emcia. não aderir aos postulados da chamada lgrcjaNova. elementos exaltados do Clero e do laicato de Manilha chegaram ao extremo de realizar uma passeata

ção problemática e instável com o regime de M.ao. A segunda resolução foi apresentada conjuntamente peh1s delega-

contra o Purpurado em frente a seu Palácio e encaminhar a Paulo VI um abaixo-assinado pedindo a destituição sumária de S. Emcia., por sua recusa cm se adaptar ao ''nôvo c.spírito" da Igreja. Após a bênção e a alocução do Sr. Cardeal, o Presidente da WACL/ APACL, Sr. Osanii Kuboki , do Japão, que estava encerrando sua gestão, :apresentou o convidado de honra da ~são de abertura, o Presidente :·~·~ , '.Filipinas, Fcrdinand Marcos, o··qúal ·êleu as boas vindas aos dclegado~··dc~·todo o mundo, em nome da tradiêiõnal hospitalidade filipina, e disco.rreu sôbre o combate às guerrilhas e ao terrorismo em seu país. A seguir, procedeu-se à eleição do nôvo Presidente da WACL/ APACL, tendo sido eleito o Sr. José Roy, que é o Presidente do Senado filipino. Encerrando a sessão, falou o deputado e ex-Primeiro-Ministro japonês, Sr. Nobusuke Kishi, que desenvolveu o importante tema do papel do Japão na luta contra o marxismo no Extremo Oriente.

Unânime repulsa à viagem de Nixon Tanto nas sessões conjuntas dos três congressos, quanto nas sessões separadas, o principal tema dos discursos foi a anunciada visita de Nixon à China comunista. A nova política norte-americana no Extremo Oriente foi abordada · longamente em todos os seus aspectos e recebeu geral condcnaç.ão. É importante notar que numerosos pe-

ritos em assuntos chineses estavam presentes e forneceram preciosos subsfdios para a avaliação dos catasttóficos efeitos que essa polftica fatalmente terá na Ásia. A êsse respeito, foram distribuídos aos congressistas diversos relatórios sôbre a dramática situação do povo chinês sob o tacão

comunista.

Além dos peritos levados pelas delegações da China livre, de HongKong e de Macau, Pll.fticiparam dos debates o Dr. Ku Chcng-kang, considerado um dos maiores entendidos em comunismo chinês, o Sacerdote belga Raymond de Jaegber, que viveu na China por muitos anos e foi professor de assuntos chineses da Settpn Hall University, o Pe. David Heaif, presidente do Clergymtn'.r Com!'?itec on China (que é um impott,ínte centro de estudos constituldo por eclesiásticos interessados em questões relativas à China), e muitos outros estudiosos do assunto. Foram aprovadas, por unanimidade, três resoluções condcna.n do vigorosamente a mudança da política de Washington em face do regime maoista. 1 A primeira delas, apresentada pela delegação da China N acionalista, definiu a viagem de Nixon a Pequim como "o produto de seus pontos de vista errôneos e de suas falsas esperanças", e como uma violenta ruptura com os prindpios básicos da justiça e da moral. Por isso, a delegação de Taipé propunha que o Congresso telegrafasse imediatamente ao Presidente norte-americano para protestar contra a viagem e pedir que ela não se realizasse, a fim de se evitarem "prejuízos ainda 1nai(>. res e irreparáveis" ao prestígio dos Estados Unidos como nação anticomunista e respeitadora dos compromissos assumidos. O telegrama que foi enviado finaliza ressaltando que o anúncio da viagem de Nixon já está afetando a segurança das nações livres da Ásia e em futuro próximo terá efeitos ainda mais danosos, pois, se fôr realizada, encorajará o imperialismo maoísta a novas agressões e conquistas. Ao apresentar sua proposta, a delegação de Formosa lembrou que Nixon, quando candidato à presidência dos Estados Unidos afirmara por diversas vê·z es que não sacrificaria 6

ções nacionais )atino-americanas. Ela expõe estas razões pelas quais os anticomunistas de todo o mundo se

devem opor resolutamente à aproximação com a China vermelha:

notório que, de acôrdo com numerosas experiências hist6ri• cas, as ncgôéiaçõcs com os comunistas nunca produzem resultados satisfatórios, porque os vermelhos não cumprem suas promessas e nem seq uer respeitaram tratados solenes corno os de Yalla, Potsdam e numerosos outros; 1 -

É

2 Estender mãos amistosas a Mao Tsé ..tung e seus companheiros de despotismo é o mesmo que inoccntã.-1os de seus crimes, agressõe.~ e violências contra milhões de chineses oprimidos. O mundo esqueceu-se demasiado depressa dos numerosíssimos atos de verdadeiro gangsterismo praticados durante os ainda recentes períodos do "Grande salto para a frente" e da uRcvolução culturalº;

3 - Ao aceitar o convite de Chu-En-Lai, Nixon deu ao mundo a impressão de estar capitulando diante das agressões inspiradas pela China contra o Vietnã do Sul, o Laos, o Cambodja, a Tailândia e a Coréia do Sul., E de que as nações aliadas dos Estados Unidos na Ásia não mais poderão contar com uma ajuda realmente eficiente da parte dos nor• te-americanos. para enfrentar essas e futuras agressões comunistas; 4 A política de duas Chinas na ONU, agora advogada por Nixon, é absurda, pois implica no reconhecimento do govêrno ilegal e agressor de Mao Tsé-tung, em detrimento da China livre. Além disso, essa política evidentemente forçará o ingresso da, China vermelha no Conselho de Segurança. levando a agitação caracteristica dos fanáticos de Mao a êsse organismo, o qual assim correrá o risco de se ver paralisado em suas decisões; 5 - A projetada viagem de Nixon terá ainda conseqüências desastrosas para a América Latina, onde fortalecerá o eixo Cuba-Chile, forçará uma abertura para a esquerda em muitos paiscs do continente, e pela lógica das coisas acabará fazendo com que o regime de Castro também seja reconhecido por todos.

A terceira resolução foi igualmente apresentada pela delegação chinesa e formula uma eSt(atégia de ação em face da defecção dos Estados Unidos no Extremo Oriente. Reconhecendo que a retirada de tropas e armamentos norte.americanos da

Ásia poderá afetar gravemente o cquilfbrio de fôrças ali existente, a resolução aponta como única saída possível uma ofensiva geral contra o comunismo dentro da própria China vermelha. Essa ofensiva consistiria não s6 em ampliar ali a propaganda antimarxista, mas também em ajudar de modo efetivo "os milhõts de anticomunistas que vivem sob o jugo de Mao" a iniciarem a luta pela libertação de sua pátria. O centro dessas atividades anticomunistas seria estabelecido em Formosa. Outra importante resolução aprovada diz respeito à atuação funesta do progressismo católico, o qual foi condenado como tendente a enfraquecer a reação do mundo livre contra a ofensiva vermelha. Lembra a resolução que ainda há pouco o progressismo permitiu aos marxistas chegar ao poder no Chile através de eleições. Para combater eficazmente a influência deletéria dasses católicos, foram recomendadas pela resolução as seguintes medidas: - denunciar tais movimentos à opinião pública e aos governos do mundo livre, mostrando que sob a capa da Religião e da justiça social êles preparam o caminho para a ulterior vitória comunista~ - urgir todos os movimentos cívicos e patrióticos do mundo a que defendem seus povos contra êsse inimigo camuflado; - enviar uma mensagem ao Papa Paulo VI, denunciando essa atua-

ção favorecedo ra do comunismo e pedindo a Sua Santidade que conde· nc e reprima o progressismo na Igreja.

Concentração popular em praça pública O Congresso da WACL atingiu seu ponto culminante no domingo, 25 de julho, quando pela manhã realizou-se .:, sessão solene de encer.. ramento e à tarde houve uma grande concentração cívica anticomunista. O ato de encerramento teve lugar no amplo auditório da organização cívica SSS, em Quczon City ( esta cidade é a capital das Filipinas, e não Manilha, como geralmente se pensa). Inicialmente foi lido o comunicado final do Congresso, que afirma cm seus considerandos: - o comunismo não nos inspira nenhum respeito nem em seus princípios, nem em seus métodos;

- desejamos permanecer livres do comunismo. Defenderemos nossas instituições, nossa cultura, nossas tra.. diçõcs e nosso sistema de vida, ainda que à custa de nossos bens e de nossa vida·• - consideramos que, nas circunstâncias em que se actm o mundo, é loucura procurar uma coexistência pacífica com o comunismo. A seguir, o Deputado Ramon D. Bagatsing, presidente do Capítulo fi. lipino da W ACL, pronunciou o discurso de despedida e um representante de cada continente respondeu às palavras amáveis do anfitrião. Foi especialmente aplaudida a alocução do Deputado John Okwanyo, do Kênia, representando a África, e as do Sr. Jaroslav Stctsko, da Ucrânia, representando os povos dominados pelo comunismo. O orador que falou pela América Latina foi o Sr. Francisco Buitrago, da Nicarágua. Encerrando a sessão, jovens filipinos. cm cortêjo. retiraram d,o audi• tório as 53 bandeiras das nações ali representadas. À tarde teve lugar cm Manilha uma concentração popular, que reuniu 50 mil pessoas na "Arquibancada da Independência", sita no Rizal Park, famoso por sua singular beleza. A grande afluência popular ao ato demonstrou mais uma vez os sentimentos anticomunistas do povo filipino. Participaram da concentração representantes de todos os setores da nação: autoridades religiosas e civis, operários, donas de casa, industriais, e especialmente um grande número de jovens. , A solenidade iniciou-se com o canto do combativo hino nacional fi. lipino, que a certa altura proclama: "ó terra querida e santa, berço de nobres l1er6i's, que nunca inva.rorcs ou tiranos calquem aos pés nossas inviolávtis ilhas''. Depois de uma homenagem aos que tombaram na luta contra o comunismo cm todo o mundo, o deputado filipino Alejo Santos, como mestre de cerimônias, introduziu o primeiro orador da tarde, o Presidente do Philippines Anti-Communist Movemcnt (PACOM), Deputado Bagatsing. A seguir falou o Presidente honorário e grande incentivador da WACL, Dr. Ku Cheng-kang, que pronunciou vibrante oração sôbre a firme decisão dos chineses livres de Formosa de reconquistar o território continental de seu país, custe o que custar. Tomou depois a palavra a Sra. Slava Stetsko, representante do A nti-Bolshevik Bloc of Nations (ABN), que em discurso muito aplaudido apontou uma alternativa para se derrotar o bloco co· munista, sem o risco de uma heca.. tombe nuclear: incentivar e organizar a revolta latente dos povos oprimidos atrás das cortinas de ferro e de bambu. A Sra. Stetsko realçou a insatisfação que lavra em amplos setores dentro da URSS, à qual se referiu como uma "prisão de na· ções". Lembrou que hoje a situação do mundo seria outra se o Ocidente tivesse ajudado os húngaros em 1956, os checos em 1968 e os polonêses em 1970. Falou em seguida o herói coreano, muito considerado cm seu país, General Lce Eung-Joon, que cm têr-

mos veementes alertou o povo fili- pinas e do Vietnã do Sul. O principino contra os propósitos belicistas pal objetivo q ue inspirou sua criação e imperialistas de Mao Tsé-tung e foi o de incentivar a cooperação ensua camarilha. O general referiu-se tre os vários movimentos patrióticos também aos contínuos atos de hosti- de seus países a fim de fazer frente ao lidade - agressões, infiltraçôes, pro- rápido avanço do comunismo na Ásia. vocações de tôda ordem - pratica- A Liga inicialmente ganhou corpo dos pela Coréia do Norte contra a dentro das nações de seus fundadoCoréia do Sul, apontando nisso mais res. Mas com o passar dos anos foi-se um sinal de qut: os comunistas não expandindo, e mais e mais entidades desistiram de seu intento de conquis.. e personalidades anticomunistas de lar as nações livres. tôda a Ásia aderinu.n à iniciativa. A oradora principal da reunião. para melhor enfrentar o inimigo co- · aguardada com muita curiosidade pe- mum . Daí à fundação da WACL foi lo público, foi a Sra. J uanita Castro, um passo. Direta ou indiretamente, irmã do ditador cubano Fidel Castro. centenas de entidades de todo o munApresentada pela S,a. lmelda Day- do beneficiam-se hoje das informarit, Presidente da Liga das Senhoras ções distribufdas pela W ACL e a Católicas das Filipinas, a Sra. Castro APACL e muitas delas participam de declarou que conhece bastante o seu seus congressos anuais. irmão para poder afirmar com segu· E, importante frisar que nem a rança que êle é um mero títere, um APACL nem a WACL absorvem as escravo nas mãos dos russos. Com sociedades filiadas. as quais conserpleno conhecimento de causa, pois vam inteira autonomia e continuam viveu vários anos sob o regime cas- atuando segundo suas próprias necestrista, mostrou que a situação do po- sidades e conveniências. Ambas as vo cubano é hoje muitíssimo pior do Ligas visam incentivar e informar as que antes de 1959. Há racionamento entidades-membros e promover a code quase todos os gêneros de primei- operação entre elas; e, fato muito ra necessidade, faltam habitações con- importante, promovem periodicamendignas, há carência de remédios, as te assembléias cm que lideres antiprisões estão repletas, e campos de comunistas de todo o mundo se enconcentração segundo os mais exatos contram. se conhecem melhor uns aos modelos siberianos foram montados outros, e se informam sôbrc o trana infeliz ilha. Emocionada com a balho desenvolvido por cada qual. lembrança das desgraças que afligem Além disso, tanto a WACL quanto sua pátria, a Sra, Castro proclamou a APACL têm uma intensa atuação que a doutrina marxista é monstruo- própria, de âmbito internacional, por sa e feva ao fracasso todo regime que meio de um eficiente serviço de im· nela se inspira. prensa, pela publicação de livros, reAludindo à nova política de Ni- vistas, boletins, e pela realização de xon para com a China vermel ha, dis.. cursos de formação de líderes antise que a upolírica do pi11g..po11g ttão comunistas. pOJ·sa tle uma cópia me<líocre do A WACL e a Al'ACL são diri-' chamberlainismc; o bárbaro imperia- gidas por um Conselho Executivo, o lismo comunista não pode ser ,ietitlo qual tem à sua testa um presidente ou vencido por meio ,Je duYidosas e um secretário-geral, ambos eleitos negociações, paclos, sorrisos, e 11em pela assembléia plenária dos mem .. mesmo jogando ping-pong . . . Com bros. O secretariado-geral acha-se inso comunismo niío pode haver outro ralado eni Seul, na Coréia. iôgo que o das balas e do crepilllr Estão filiadas à W ACL centenas dos fusis e metralhadoras. E duro de entidades e federações nacionais dizê-lo. mas essa é a realida,Je. Não de entidades cívicas e patrióticas. de é que sejamOJ' belicistas: belicistas 53 países, além de oito organizações são os marxistas. Frente ao desafio internacionais. Diversos governos an .. comunista, come responderemos? Jo- ticomunistas costumam enviar obser.. gando ping-pong? ou respondendo aos vadores às conferências plenárias, o seus tiros com /lôres?" E mais adian~ que também faz a SEA TO - equite afirmou: " Alguém já 1/i.,se que não valente asiática da NATO. No conhá substitutivo para a vitória. Ê ver- gresso de Manilha, o delegado da dade, e não há outro meio de chegar SEATO foi o General Jesus Vargas. à vitória G'Ontra o im perialismo CO· Do Brasil estão representadas na munista. senão o de passar à colllraw ACL, além da TFP, a Associação o/ensiva, de modo corajoso e decid,' .. dos Amigos das Naçõe& Cativas, a do. Só no dia em que o mundo CAM DE e a Cruzada Brasileira Anticombater abertamente o inimigo marcomunista. xista, decidido a Yencê../o, cottseguir· se-á uma pai, estáYel. De outro modo estar-se-á abrindo o caminhe para novos agressões". A noite, o Presidente Ferdinand Marcos ofereceu aos congressistas um banquete no Palácio de Malacaõang, encerrando-se assim mais um proveiCODJ toso congresso da Liga Mundial Antiaprova.tio ttleslástiu comunista. CAMPOS - EST. DO RIO

A atuação da WACL e da APACL

Duurro• M01'l$: ANTONIO Rt8'elRO DO ROSA'-10

A Liga Anticomunista dos Povos Asiáticos (APACL) surgiu doze anos antes da Liga Mundial Anticomunista (WACL) . Foi fundada em Chinhae na Coréia, em l 954, por um reduzido número de líderes anticomunistas da própria Coréia do Sul, da Tailândia, da China Nacionalista, das Fili-

ESCREVEM OS LEITORES EM NOSSA úLTIM A cdiçiio, na secção "Escrevem os leitores", 2.ª coluna, 3 rcsPosta da redação à cana do Sr. Guilherme Pereira Cavaleantc saiu com um pastel tipográfico cm seu primeiro parágrafo. O texto correto i o Seguinte: uo prezado misslvlsta não parece conhc.. cer senão incompletamente a posição de CATOLICISMO em matérbl de política ag,-úia. Basla folhear a coleção do jor-

nal para constalar que nunca nos opusemos a 11uma poUtk:a agrária, não es.. poliadora, que vc-nha aumentar, consl· dcràvelmente, o número de proprietários rurais'', - como preconiza o Sr. CuJ. lbermc Pcrelra Cavakante. Nossa posição a ttsptlto da matéria está consubstanciada no livro "Reforma Ag,-,rui QuC$tão d• Consciênciaº e na Declaração do Mon-o Alto, esta últim.a publica· da em nosso n.0 167, de novembro de 1964''.

Dlrttorla: A v. 1 de Setembro 241, caiu posta! 333, 28100 Campos, RJ. AclmlntstraçAo: R. Or. Martinico Prado 211. 01124 S. Paulo. Aacntc para o Estado do RJo: José de Olivcitn Andr.1de, c,aixo. postal 333, 28100 Campos, RJ; Agente para os Estados dt Golú, Mato Grosso e Minas Cuals:

Milton de Sallcs Mourão, R. Pàraíba 1423 (telefone 26-4630), 30000 .Belo Horizonte; Agente para o Escado da Guanabara: Lu(s M. Duncan, R. C.Osme Velho 815 (lclcfone 245,8264), 20000 Rio de Janeiro; Agente para o Estado do Cead: Jo$6 Gcrnrdo R ibeiro, R. Scn3dor Pompeu 2120*A, 60000 Forrnlcu; Aa e1:1tt.~ para a ArgenUna: ''Tradición, Familia; Propiedad", Co.si11a de Cor. rto n.º 169, Capital Federal. Argentina; Agente p:.u11 a Esp;inba: José Marfa Rivoir Góme:.c, apartado 8182, Mo.drid, Espanha.

Composto e impre$$0 na Cia. Lithotraphic:i Ypirang3, :Rua Cadete 209, S. Pauto. Ass:l.natura anual: comum Cr$ 15,00; co, op<:rador CrS 30,00; bcníeitot CrS 60JOO; gr.rnde bt:nfeitor Cr$ 1S0,00: seminarista~ e cstudan1cs CrS ll.00• Am45rico. do Sul e Central: via mt1.rítima USS 3,SO, viB aérea USS 4,SO; outros paists: via ma• rílima USS 4,00, via a6rca USS 6,SO. Venda avulsa: CrS t ,50. Os pagamentos. sempre em nome de EcfJ. côra Padre: Btkblor de Poncu SIC, pode· rüo ser encaminhados à Administração ou aos ttgcntC$. Para mudança de cndcrêço de

assinantes. 6 necessário mcncionBr tambint

o cnderêço antigo. A correspondCncia re• lativa a 3ssinaturas e venda avulsa deve ser enviada à A.dmtnlstratão: R. Dr. Martlnlco Prado 271 012l4 S. Paulo


Autodemolição, 1nstrumen to de lavagem cerebral Assim, o govêrno soviético rovida à excomunhão -séparando a igreja do Estado e proibindo todo e qualquer ensino religioso. Ainda desta vez Thycon se rnostra corajoso. Ordena preces, jejuns e procissões. Choques entre os sem-Deus e a população se produzem por tôda parte. A ameaça de uma jmensa perseguição relig.iosa paira como uma nuvem negra sôbre as vastidões do país. Em todos os meios religiosos o heroísmo se inflama, a aspiração . à luta e ao martírio se propaga. A fase heróica da luta da 1.0. atinge seu zênite.

HEGAR A SEUS objetivos do modo mais completo, rápido e direto possível, é a preocupação de todo homem sério e sensato. Assim pondo sua seriedade e sua sensatez operacionais ao inteiro serviço de seus objetivos errôneoo e iníquos - os comunistas russos de 1917 visaram extirpar a Religião em seu país pelos métodos mais violentos e diretos. Alguns passos dados nessa direção os converu:eram ràpidamente de que desta forma chegariam, entretanto, a um resultado oposto. As convicções religiosas da esmagadora maioria dos russos, traumatisadas pela violência dos sem-Deus, se transformaram desde logo num formidável potencial de descontentamento. E êsse descontentamento os russos brancos - adversários do regime desde o início da crise religiosa começaram a utilizá-lo em proveito próprio. Para os soviéticos, importava no mais alto grau evitar que tal acontecesse. O .objetivo da política por êles seguida tomou, assim, um matiz peculiar.

C

• Terceira fase: descompressão. - Mais uma vez era o momento ideal para Lenine. Por meio de dcscompressõcs, êle soube transformar todo êsse esplendor numa vergonheira! Para isto, o ditador vermelho lançou uma oportuna manobra de descompressão cm 19 19. Anunciou êle que não queria "ferir os sentimentos religiosos do povo". Permitiu a reabertura do ensino da religião nos institutos teológicos e franqueou as ruas para a realização de procissões religiosas. O fruto que êle colheu de tão magras concessões foi imediato. Thycon declarou que se o comunismo cessasse seus ataque à 1.0., esta deixaria de hostilizar o regirne. E emitiu uma publicação oficial, recomendando que os membros da J.0. deixassem de apoiar os russos brancos. A partir dêste momento, estavam divididos os inimigos do comunismo. Por soa vez, a 1.0. foi trincada por manobras comunistas. Três bispos lacaios do Cremlim, Sérgio, Antonln e Leonld, acusaram Thycon de não ter feito suficientes concessões aos soviéticos. Thycon queria manter-se mais ou menos neutro entre anticomunistas e comunistas. Os três bispos-lacaios reivindicavam para -a 1.0 . uma atitude mais ,radical, isto é, de decidido apoio ao comunismo. Como não foram ouvidos por Thycon. fundaram uma ala dissidente que viria a constituir a futura "Igreja Viva".

.Ê.Stc matiz. aliás, se acentuaria cada vez mais no curso dos, acontecimentos, a ponto de ser, cm nossos dias, a grande caractcnstica da política interna

e externa do Cremlim. O objetivo continuava a ser a destruição das convicções religiosas do povo. Mas o meio principal con.sistiu, de então em diante, cm engajar as várias estruturas eclesiásticas num processo de autodemolição. Para arrancar a fé da alma popular - pensava-se com razão no Cremlim - a mão brutal e estúpida do sem-Deus é incomp"aràvclmentc menos eficiente do que a mão ungida. macia, jeitosa, do mau bispo. do màu padre, da freira degradada. Paralelamente, ninguém é mais cíiciente para a ' propaganda do comunismo do que as pessoas consagradas a Cris10, quando se entregam à prevaricação. Se a Passionária ou Ana Paukcr tivessem tido a esperteza de se fazerem freiras, teriam sido incomparàvclmcntc mais úteis ao comunismo do que no papel de viragos vermelhas. Uma vez assentado que o futuro do ateísmo estaria na autodemolição das Igrejas, os supremos scnhon::s do comunismo só tinham diante de si um problema: como detectar ou "fabricar'', nas várias estruturas eclesiásticas

da Rússia de então (greco-cismática, católica-romana, protestante, etc.), !)S bispos, os padres, os monges e as freiras, que se incumbissem do sinistro mister de matar Jesus Cristo nas almas. Investigações policiais jeitosas, contactos disfarçados com poltrões ou ambiciosos, prepararam logo os agentes da autodemolição. Uma lavagem cerebral sàbiamcnte executada através de compressões e dcscomprcssões produziria a seguir resultados espetaculares na igreja largamente majoritária, que era e é, na Rússia, a greco-cismática. Focalizarei exclusivamente a igreja grcco.cismática, dita "ortodoxa''. não só pelo seu papel preponderante na vida russa, como porque ne)a o processo que acabo de descrever foi aplicado inteiramente, e com êxitos retumbantes. Pa.ra maior brevidade, referir-me-ei à "igreja ortodoxa" simplesmente com as iniciais 1.0.

:

e.sse

••• As compressões começaram pela implantação de um clima de graves ameaças, confirmadas de quando em quando por ondas de efetiva perseguição religiosa: céu plúmbco e sem a menor réstia azul, no qual ribombavam contlnuamente trovoadas, e de onde caíam de quando em quando chuvas de raios sôbre os homens aterrados. As descompressões eram efetuadas, cm seguida, por meio de sorrisos, promessas de segurança e apoio financeiro, e até mesmo polpudas vantagens, tudo em favor de eclesiásticos da 1.0. que consentissem em faze.r o jôgo comunista. E.ste jôgo consistia cm pregar o comunismo na 1.0., em atacar, isolar e desmoralizar os eclesiásticos que permanecessem fiéis à posição anticomunista, cm dividir, assim, a infeliz 1.0. em várias corrente9 anta,gônicas, e cm espalhar, por esta forma, entre os leigos, a confusão, o cansaço, o desespêro. Levados os leigos ao ponto máximo do desacoroçôo, a lavagem cerebral tinha atingido o seu fim: êles começariam a duvidar, e escorregariam da dúvida para a negação. Como se verá, a lavagem cerebral assim feita por meio da autodcmolição, produziu resultados portentosos. Ninguém se iluda a êste respeito. Sem a manipulação da !.O. pelo comunismo, vão teria sido o êxito dêste na conquista do Estado. Foi criando uma crise religiosa nas entranhas da 1.0 ., que

o comunismo venceu.

b

• Quarta fase: compressão. - Depois de divididos e subdivididos os adversários, Lenine passou a uma nova compressão. Deu-se isto em 1921. Sob pretêxto de atender aos famintos, o govêrno soviético decretou o confisco de todos os objetos preciosos que se encontravam nos templos da 1.0. Thy~n cedeu, ressalvando tonidamente os objetos hi~tóricos ou ·de caráter estritamente sagrado. Os bispos pró-comunistas, considerando sem dúvida que o esplendor do culto era incompatível com o regime, protestaram. Aproíundou-se. assim, a cisão na 1.0. Lenine mandou então prender Thycon e iniciar processos criminais contra os eclesiásticos que se recusavam ,a entregar aos sem-Deus os objetos sagrados. A pena solicitada era a de morte. A fim de enxovalhar .a 1.0., o bispo Antonio, a mando · dos soviéticos, compareceu como testemunha contrária a sacerdotes fiéis. e.1e os empurrava assim para a morte. A infâmia da '"Igreja Viva'" não parou nisto. Enviou uma delegação ao mosteiro da Trindade, onde Thycon estava prêso e incomunicável. Tôdas as barreira_s se abriram diante dos visitantes, por ordem do govêmo. A delegação pedia que · Thycon renunciasse. último, sempre tímido, cedeu. Nomeou -êle me.s mo um substituto interino, o metropolita Agatângelo. Pouco depois, Thycon talvez sob torturas - assinou um documento de apoio ao comunismo, e de condenação do anticomunismo. Isto não bastou. O pobre miserável morreu pouco depois, em condições misteriosas. · A pressão, entretanto, continuava. Sob o .pêso dela, a 1.0. cindiu-se em dois fragmentos: a igreja '"thyconíana", que continuou a ser perseguida, e a igreja não "thyconiana", expllcitamente pró-comunista. Esta. última se subdividiu, por sua vez, em três fragmentos: a "Igreja Viva", a "Igreja Renovada" e a "U ÓIJio das Comunldad~ Apostólicas". Não se julgue que estas cisões nas igrejas esquerdistas debilitavam o Jôgo do Cremlim. Muito pelo contrário, estavam em seu programa. A missão delas era de se matarem a si mesmas, já que a autodemolição das igrejas era o objetivo do Cremlim. E a autodivisão é meio possante da autodemo· lição.

•••

• Quinta , _, descompressã'o. - Para as igrejas não thyconianas, a compressão cessou imediatamente. A igreja thyconiana sofreu, por sua vez, um processo interno, que redundou em .u ma completa capitulação. Severamente perseguida, acabou ela - na pessoa do metropolita Sérgio, sucessor de Agatângelo e substiluto interino do falecido, Tbycon - por aderir oficial' mente ao comunismo e por fulminar uma condenação ao anticomunismo. Deu-se isto em I927, por ocasião do décimo aniversário da ascensão do comunismo ao poder.

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Í

Para que o leitor compreenda tudo, basta agora narrar-lhe como se passaram os fatos. o •• ';'.: • Primeira fase: descompressão. - Kerensky, precursor e joguete dos ; comunistas, favorece a 1.0.: a) permite ·a reunião de Ú!)l concilio; b) refaz ~ a unidade da J.O., restabelecendo o patriarcado de Moscou, suprcsso pela \" monarquia há duzentos ·anos. Encorajado por êsscs favores, o nôvo patriarca, ~ Thye:on; induz o concflio a aprovar uma verdadeira excomunhão contra os 0 comunislas, que entrementes haviam subido ao poder.

g ~

Segunda fase: compressão. - A situação ideal para Lenine, que epode •perseguir a 1.0., não com ares de quem ataca mas de quem se defende. é

PLINIO

CORRÊA

Assim, cm dez anos, a vcrgonhcira tinha triunfado. E os eclesiásticos tinham destruído pela autodemolição a igreja a que perlenciam. A política anti-religiosa do Crcmlim brilhava com a luz de tôdas as vitórias. Pois melhor é ter aos pés um adversário agonizante, que se degradou e autodemoliu, do que um adversário que aceitou nobremente um martírio heróico. Em nossos dias, a 1.0. autodemolidora vai continuando ·a ·devorar o que resta de religião entre os ºortodoxosº. como um câncer devora o c-orpo. A testa dessa hierarquia-câncer está o "patriarca" Plmen, a quem, em tão triste hora, o Padre A·rrupe, ilustre sucessor de Santo Inácio, ·visitou há pouco!

DE

OLIVEIRA 7


BAtOILllCISMO-----* Flagrantes do congresso antico,nunista de Manilha pá g i n a

5

N o oratório da Imaculada Conceição, em São Paulo, f o i o Sr. Bispo de Campos que rezou o têrço. A seu lado, o Prof. P línio Corrêa de Oliveira e outros diretores da TFP.

Em São Paulo, Rio e Belo Horizonte

No di~• da lndependên«!ia , .;:1

TFP ·r eza pelo Brasil

NO DIA 7 DE SETEMBRO a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade promoveu orações especiais pela Párri.a no seu oratório de Nossa Senhora da Conceição, cm São Paulo, bem como nos oratórios de Nossa Scnhorn Aparecida instalados no Rio e cm Belo Horizonte pelas suas Secções da Guanabara e de Minas Gerais. Durante as 24 horas do Dia da Independência sócios e militantes da ~ntidade revezaram-se ininterruptamente diante dos três oratórios. As intenções das preces foram as seguintes: 1 - pedit a Nossa Senhora, Padroeira do Brasil, que conceda a nosso País a integridade na fé e nos costumes, bem como a grandeza c a prOS· pcridade nas vias da civili1..ação cristã~ 2 - rogar a E la, sobretudo, que alerte e e-~timulc tôda a nação na

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A specto do p le nário em uma reunião de Comissões.

luta contra o perigo comunista. O oratório s.ituado à Rua Martim Francisco 669, cm São Paulo, encontrava-se ricamente ornamentado com flôres enviadas pelo sempre crescente número de devotos da imagem ali venerada. De cada 1.ado do estandarte da TFP, colocado na fachada do edifício, pendia uma faixa verde-amarela. Faixa idêntica caía dos pés da imagem, por sõbre as flôres. Às 18 horas S. Excia. Revma. o Sr. D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, iniciou diante do oratório a recitação do têrço nas referidas intenções sendo acompanhado pelo Presidente do Conselho Nacional da TFP, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e por grande número de sócios, militantes e populares. O Côro São Pio X cantou a "Salve Regina". Também na Guanabara e em Belo Horizonte foram muitos os devotos da Senhora Aparecida que acorreram aos oratórios da entidade para reu1r pelo bem do Brasil. TFP aplaude o t rotado

No stand montado pela TFP no recinto do Congresso, sugestivos flagrantes da atuação da enti· dade e de suas congêneres hispano-american as. Em outro placard os seis jornais divulgados pelas TFPs, no centro, exemplares de "Catolicismo".

Por motivo da assinatura do pacto de igualdade entre os nacionais do Brasil e Portugal, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade enviou telegrama de congratulações ao Presidente Emilio Oarrastazu Médici e ao Prof. Marcelo Caetano, Presidente do Conselho de Ministros de Portugal. O telegrama ao General Médici tem o seguinte teor: "A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade felicita Vossa excelência pela justa e oportuna política de aproximação com a naÇão portuguêsa. O repatriamento dos despojos do Monarca que reinou sôbre o Brasil e Portugal, e o tratado estabelecendo paridade entre brasileiros e portuguêses dão nôvo vigor às raízes lusas e cristãs de nossa nacionalidade, e realçam " projeção mundial dos povos de língua portuguêsa, para 1,em da civilização cristã". 1:: êste o texto do telegrama ao Prof. Marcelo Caetano: "A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade congratu· la-se vivamente com Vossa excelência /Jem como con, a nobre e querida 11ação portuguêsa por motivo da assinatura do tratado estabelecendo paridade de situação legal entre lusos e brasileiros. Esse tratado e a e11trega ao Brasil dos despoios mortais de D. Pedro reforçam os vínculos dos paises de língua lust1, realçando-lhes a projeção mwulial para o bem da civilização çristã". Análogas mensagens foram enviadas aos Chanceleres Gibson B~rbo1.a, do Brasil, e Ruy Patrício, de Portugal. Felicitações o parlamentar anticomunista

Em face da lúcida atitude assumida pelo Senador Wilson Gonçalves (ARENA-CE), por ocasião da V ~sscmbléia do Parlamento Latinoamericano, realizada em Caracas em agôsto último, o Conselho Nacional da TFP, enviou ao Deputado Alípio Carvalho (ARENA-PR), o seguinsileira de Defesa da Tradição, Família ·e Propriedade felicita V. Excia. pelo lâcido, corajoso e oportu110 discurso repelindo o ingresso de Cuba comunista 110 concêrto das nações americanas". A propósito do lei do inquilinato

O Congresso encer rou-se com enorme concentraç ão popular .

O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Naci.onal da TFP, enviou ao Deputado Alípio Carvalho (ARENA-PR), o seguinte telegrama: "A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família, e Propriedade, que se vem e111pe11hando em longa campanha em prol da solução da ,·rise habitacional por 111eio da inteira supressão da lei tio inqui· /inato, felicita V. excia. pelo ltícido e O/>Ortu,w projeto de lei liberando o i11r6vel cujo inquilino possuir, construir 011 adquirir casa própria".


0Utf.TOR: MONS, ANTONIO RIDl! UlO DO ROS.o\RIO

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Esta foto apresenw um aspecto parcial de um magi:ifico exemplo de presépio napolitaoo do "Seucccnro" : o do Museu de San Martino. cm Nápoles, com 171 figuras humanas, 108 de animais e 100 objetos diversos. O presépio napolitano, de antiga 1rndição, alcançou seu apogeu no século XVIII. pela grande perfeição e quantidade das figuras, riqueza dos trajes e profusão de objetos. O Rei Carlos VII de Bourbon - o qual se distraía modelando as cabeças de terracota das estatuetas. que a Rainha se encarregava de vestir - foi grande incet'tivador dessa verdadeira instituição de seu país, despertando na nobreza o espírito de emulação na proteção e amparo aos artistas locais. Representando com notável realismo uma inifinidade de aspectos ingênuos e pitorescos da vida do povo napolitano da época, tais presépios constituem, segundo uma antiga definição. "uma página do Evangelho traduzida em vernáculo."

N.º

251-252

NOVEMBRO-DEZEMBRO

DE 1971

ANO XXI Edição de 12 páginas: Cr$ 2,00


BERLINGER, AMENDOLA & CIA. - éle mesmo já o disse - só lhe restará "apagar as 1.uzes e voltar par~ casa" ( cf. "O Estado de São Paulo", de 7 de novembro). Ainda nessa hipótese, a c,iusa comunista terá ganho muito com a passagem de Allendc pela suprema Magistratura. Com efeito, vai êle fazendo uma série de reformas estruturais, as quais vão impondo ao Chile uma configuração sempre mais afim com o marxismo. O Chile de pós-Allende cst.trá incomparàvelmente mais preparado para uma nova investida vermelha do que o Chile do estágio pré-Allende. Quer se mantenha, quer não, o govêrno marxista terá prestado com a " revolução na liberdade", um inestimável serviço à causa comunista no Chile.

ARECE-ME INTERESSANTE tratar hoje de duas notícias concernentes ao PC italiano, dadas pela imprensa pau1ista sem o realce que, a meu ver, lhes corresponde. Como se sabe, o mais importante dos partidos comunistas da Europa Ocidental é - pelo grande número dos eleitores - o italiano. Desfruta êste, assim, de discreta mas indiscutível liderança sôbre os seus congêneres. A estrutura interna de um partido comunista é muito diversa da que se adota habitualmente nos partidos de inspiração liberal-democnitica. Enquanto nestes últimos a tendência liberal leva à subestima da d isciplina partidária, e portanto à ineficácia relativa dos órgãos diretivos, o caráter totalitário da doutrina marxista dá origem a uma disciplina férrea e hipertrofia ipso facto o poder dos órgãos diretivos. Por tôdas estas razões, uma reunião da Comissão Central do PC! é algo de muito sério, e produz habitualmente efeitos sensíveis na marcha do comunismo na Itália, e até - cm certos casos - na conduta dos PCs da Europa livre. Foi numa reunião destas, que o "camarada" Enrico Berlinger, titular do importante cargo de subsecretário do PCI, fêz uma proposta, que passo a resumir em alguns itens: 1 - que os partidos comunistas da Europa Ocide'ntal acentuem mais a sua independência em relação a Moscou e Pequim; 2 que seja adotado pelo PC! e por seus congêneres da Europa livre um ncocomunismo, o qual se diferencie do comunismo clássico pelo seguinte programa de govêrno: à) autêntico pluripartidarismo; b) autonomia aos sindicatos de trabalhadores, em face dos órgãos governamentais; c) sobrevivência de uma parcela (indefinida, note-se bem) de atuação para a emprêsa privada, no conjunto da economia nacional; d) liberdade individual, liberdade de religião, de cultura, de arte e de ciência. A importância da proposta, feita por personagem tão qualificado, em órgão supremo do partido líder do comunismo europeu, é incalculável. Pois se ela fôr bem aceita, o marxismo terá sofrido a maior "heresia" de sua história, já que o neocomunismo dêle se diferencia em pontos de uma importância óbvia. - Mas, pergunto, essa ··heresia" será autêntica? Ou constitui mera manobra?

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A "revolução na liberdade" constitui, assim, uma jogada velhaca. Não espanta que Moscou e Pequim a queiram repetir agora na Europa livre. De fato, como no Chile, também na Europa Ocidental o comunismo jamais obteve uma autêntica maioria eleitoral. Para êle, o único modo de galgar o poder é uma coligação no estilo da Unidade Popular que levou Allende ao poder, isto é, formada por marxistas, socialistas, pedecistas e radicais. Ora, acontece que, na Europa livre, as esquerdas não comunistas se têm mostrado sempre relutantes em aceitar uma coligação com o comunismo. Impressionadas pelo que ocorreu na Checoslováquia e e.m outr.os lugares, temem elas que o PC, uma vez no poder, instaure uma ditadura e as expulse do govêrno. Nestas condições, ou o comunismo finge mudar de face e de mentalidade, apresentando-se à chilena, e propondo às esquerdas uma vasta coligação para fazer a "revolução na liberdade", ou continuará estacionário. Esta contingência tática explica o "new look" vermelho lançado por Enrico Berlinger com a anuência tácita - mas quão sign ificativa e prestigiosa - de Moscou, de Pequim e de todo o comunismo euro-ocidental.

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Isto, que no terreno da especulação ideológico-polít ica é tão claro, já obteve, na ordem dos fatos, uma confirmação eloq üente. Em reunião pouco posterior, da Comissão Central do PC!, o "camarada" Giorgio Amendola propôs uma convergência eleitoral entre o que êle chama as "três grandes fôrças políticas" da Europa Ocidental, isto é, o comunismo, o socialismo e a democracia-cristã. Segundo Amendola, esta convergênccia teria como fito obter a vitória das esquerdas, ·a liadas ou coligadas, nas importantíssimas eleições que se realizarão em 1973, na Itália, na França, na Alemanha Federal e na Grã-Bretanha. Espera, então, Amendola, que a Europa Ocidental, dirigida pelos governos nascidos dessas eleições, possa acelerar muito a formação dos Estados Unidos da Europa e inaugurar um sistema de segurança coletiva, que supere a cortina de ferro. O que implicaria - comento cu - em expulsar do continente os norte-americanos, acabar com a cortina de ferro, e fundir as fôrças da Europa Ocidental e Oriental num só todo. Em outros têrmos, o fim visado por Giorgio Amendola é uma Europa Ocidental dirigida por Allendes, política e militarmente integrada num bloco cm que a maior potência seria a Rússia!

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- Em outros têrmos, a proposta do "camarada" Berlinger constitui um ato de revolta contra a Comissão Central do PCI, ou é um balão de ensaio lançado de comum acôrdo com os demais integrantes desta? · Normalmente, a proposta "herética" e explosiva deveria ter sido acolhida com indignação por todos os presentes. Ela deveria ter abalado as bases do partido e causado protestos cm tôda a Itália. Pequim e Mosco u deveriam ter "excomungado" o " herege". E os diversos PCs europeus, por sua vez, deveriam ter decl.a rado de público s ua repulsa às propostas de 13erlinger. Só isto é que seria lógico se Berlinger tivesse agido por conta própria, sem prévio acôrdo com ninguém. Ora, muito ao contrário, os jornais não nos referem uma só manifestação de repulsa - ou pelo menos de surprêsa - da parte de qualquer govêrno, partido ou grupo comunista. Logo, parece que todos estavam concertados de antemão com o que Berlinger iria dizer. A sugestão dêste indica, pois, um rumo que o comunismo internacional deseja realmente ver seguido pelos PCs da Europa livre.

••• Como se vê, vale largamente a pena, para o comunismo, lançar na Europa Ocidental a fórmula chilena. Mas, como já vimos, é preciso, para isto, que o comunismo mude de face. Daí o neocomunismo blandicioso, lançado por Enrico Berlinger. Em outros termos, o plano de Amendola explica a proposta de Berlinger. Uma e outra coisa juntas e xplicam, por sua vez, a conivência muda, generalizada, impressionante, de todos os escalões do comunismo internacional ... - Mas, objetará algum leitor, nada disso é viável. No Chile, o combate à iniciativa particular e à propriedade individual já vai produzindo a miséria. E esta acabará por derrubar Allende. O mesmo acontecerá na Europa ... - Que a miséria derrube sempre e necessàriamente um govêrno, eis uma tese discutível! Se ela fôsse sempre válida, como explicar o fato de que, cm todos os países nos quais o comunismo firma pé, a miséria se introduz e o regime comunista não cai? No Chile, Allende só cairá se a miséria chegar ao auge antes de os detentores do govêrno terem alcançado o poder. A jogada de Allende consiste em, na corrida ao poder, chegar antes de a pobreza se ter tornado insuportável. ísto alcançado, êle poderá manter-se pela fôrça bruta . O mesmo princípio, mutatis mu tandis, vale em qualquer parte do mundo. Inclusive a Europa Ocidental ... Parn isto trabalham Bcrlingcr, Amendola & Cia.

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- Que lucraria, com tão sinuosa manobra, a causa do comunismo? - objetará algum leitor. Para responder, é preciso considerar antes de tudo a analogia entre o plano sugerido por Berlinger e a "revolução na liberdade" que o Kerensky chileno, Frei, inaugurou, e Allcndc, seu genuíno continuador, vem realizando no Chile. Allende não tem feito mistério dos motivos táticos que o vão levando a seguir a via de relativa liberdade na implantação da revolução chilena. Ainda recentemente reconheceu êle que "conseguira o govêrno, mas não o poder" no Chi.le (cf. "O Estado de São Pa ulo", de 5 de novembro). O que obviamente lhe impõe a árdua tarefa de se servir agora do govêrno para alcançar o poder. Neste processo, é-lhe impossível agir pela fôrça, pois esta é um corolário do poder, que êlc ainda não possui. Assim, Allende é obrigado a conceder ao adversário precisamente aquela quota mínima de liberdade sem a qual êste se revoltaria. O govêrno trava, dêssc modo, com a oposição, uma luta desigual : os melhores trunfos estão do lado dêle. Isto não obstante, uma luta, ainda quando desigual, pode trazer surprêsas para o mais forte. Não é de todo impossível que Allende seja derrotado. Em tal caso

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2

PLINIO

CORREA

DE

OLIVEIRA


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caeo pax vera ..Hoje desceu p,ir:l nós. do C~u. A

NFLAMA , BOM JESUS, nesta hora minha alma com fogo de tu,, CtJridade, alumia, amor meu, êste coraç<1o com ttw eterna luz., e11/reia o distraimento de meus pensamentos, ajunta todos meus sentitlos interio· res, tira de mer, coraçllo a névoa, " cegueira, para que Te veja, e 1"e entenda. Te conlteça. Te ame, Te receba e ahrace, com puro amor, Espôso de minha alma, que tão /ormoJ·o, 1,10 rico. tão ,:heio de ben.i sais désse sa. cnuíssimo ventre e t,io abrasa,Jo de amor entras nesta 1'erra, e tiegrédo tle misérias. Bendito (fue vens em nome do Senhor Deus, e Senhor nOSJ'O que agora nOJ" resplan· tleces. Vem satíde minha, vem glórla minha, vem bem· ·twenturança esperatla e desejada de.rta alma. Adoro-Te Deus meu, nasci<lo em minha carne, adoro êsses membros_, lldoro essa Clima, adoro essa 1/ivindade, adoro êssc amor. luloro essas miseric6nlfos. adoro isses (/ivinOJ' bens e riqueta de que vens cheio. Aparecestes, gl6ria minha, na terra deserta lle 10,los os bens e povoada de tôdas as misérias: já Vos têm os pecadores consigo, já Vos conversam pobres e pa.ttores, já Jitestes da Terra Céu, e do presépio Parllíso. Já descem do Céu vossos Anjos a busCllr·VOs e adOr<lr-Vos à Terrl1; jó eJ·tá cheio de glári" nosso degrêdo; já cheio de cantigas e louvores do Céu o vale ,le lágrimas. Onde Vás estais tudo é Para1so. porque V6s sois o mesmo Paraíso de divinos, espirituais e celestiais deleite.r das alma.r que Vos amam. ConVosco tudo é puro, teu/o limpo, trufo claro. tudo cheio, tudo pad/ico, tudo stwve. tudo wnoroso e gostoso. Sem ~·er buscado nos buscais, Deus meu, sem ser clumwdo vindes (1 nossaJ· miseráveis moradas! que fareis ll quem Vos cleJ'eja e chanw? Chamo-Vos. bom Jesus. vi,ule. Senhor. a e.ria alnw, entrai. nru·cei nela luz divina, e alumiC1i-t1 com vosso resple,ulor. Dllis hoje pai, às boa.t vontades, porque sabeis quão poucas ou nenhuma..\· e fra. CllS obras haveis de achar e quão pobre.r como .ro,nos de virr,ules e quando nwito arribamos. c:Jtegaremos a ter bons desejos. Para V ás guardais Jazer e trabalhar muito e a mim deixais ser rico de querer e desejar ,,;,lito para tratardes con Vosco esta vontade e dardes graça para com ela poder obrar. ó Deu.r meu, e amor infinito. se tenho algum bem é porque sou feitura e /ilho dessa vontade paternal e amorosa vontade que me rendes, e donde mana perpétua fonte de bondades. Também em mim, s6 a boa vontade querei.,· para disposição de quantos bens m e podeis dar. Pois, Senhor meu , .re buscais vontades, vêdes aqui a minha, que nesta hora por vossa bondade me dais desejosa de Vos amar multo, de Vos possuir, de Vos ter, dr Vos abraçar, de se entregar tôda a V6s. e o que /alw para ser perfei ta, V6s perfeição soberana o haveis de suprir. Quem sou eu para ter cor'sa boa sem Vó.r? Assoprai, divino Espírito, esta faísca de desejo de V6s , que me dais, /atei-a bra.ra viva e da brasa chama de amor, que rodo m e faça ardtr cm Vós e lt)(IO Vçs 1rago a mim.

I

ó divino Menino, quiio diferente és do que parect>s! Os olhos humanos não vêem em Ti mais que um muito pequeno o fraquinho corpo lançado 11e.rse chão, encolhitlo, chorando e estalejando com frio. como enjeltadtJ no mundo e minguado de 1tulo, entre animais e ntJ es.. têrco como um bichinho da terra. Mas V6s sois Filho do Eurno Patlre, preço e substli11cia ,Je sua glória, DeuJ· infinito e eterno. todo poderoso, tesouro das divinas âqueUJ.s, fartura das almas bem-aventuradas, satisfação dos que Te amam, bem-ave,u,,r,mça dos que Te desejam e riqueza perfeita dos que Te possuem. ó Deus menino, ó soberano pequenino. quem desconfiará de Vos poder ter todo, pois estais tamanino que em qualquer parte podeis caber? Fizestes-Vos, DeuJ· me11, da medida de pequeno.r corâçõe.f, pnrt, que todos Vos tenham, e tido e pos.tufrlo Vós o.r fa.z eis grandes e dilatais co11 Vosco. A ninguém estranhais, de ninguém fugis, todo agasalhado aceitais e de todos Vos deixais abraçar com amor. como vida verdatleira da alma, que sois. Por is.ro vindes menino, por que quem abraçar menino abrace a Deus. agasalhe a D<'us, tenho 11 Deus, e se alegre com Deus. Encobristes, sobera11a 1tl6ria minha, a vossa majestade para se,·tle.f tratatlo de totlos sem pêjo e com /amiliari"TRARALHOS OE

J~sus" -

sr.cu1.o

XVI

dmle. Quem se atrevera conVosco, se vossa bouclade Vo.r 1u"io amasJ·ara tanto comigo? Vinde a êste coração, meu divino Menino, tomai os braços que o desejo ,lesta alma Vos dá; aceita,' o agasalhado que êste coraçiio de· .teja fazer-Vos; agasalhai-Vos em mim,· mostrai•me a formosura e graç(I llO vosso suave rosto; prendei-me de vossa belela e com vossa cortleirai brandura, enternecei a dureza dê.ste coração, derretei-o to1Jo em vosso amor. Ande sempre. meu suave Jesus, conVosco, cresça conV osco, dilate-se con V osco. tome forças conVosco para Vos amar muito, para Vo.t obedecer muito, para Vos Ja1.er em trulo a vontade. prcJo do vosso amor.

Bom Je.sus, divino V,•rlw..\·t1ht'tloria eterna, vida ver· dadeira das almas, se vi1ules a buscar homen~·, por que em sain<lo dêsse sacratíssimo, puríssimo e virginal ventre dessa Senhon, enjeitais to<los e Vos tratais tão áspera e duramente, que lançols ésses te11ríssimos membros no clu1o lluro e frio e nesse lugar nojento e desprezível? · Sequer por honra dessa Senhora, que Vos há de criar e .rervir com ranto amor e Jidelidatle, não Vos puséreis logo ern seus sacratíssimos braços? Que é isto, Deus meu e glória mi,úia? V 6s nâo catste.s acaso no clulo, como outra qualquer criança fraca e ignorante e sois eterna sabedoria; fazeis isso porque quereis, tratais-VOJ' dessa maneira por vossa vontatle. e Umto por vossa vontade, Deus da minha alma, que de muito tempo e anoJ· atrás vindes governando o mmulo e ordenando suas coisas de maneira que seja forçado ir vossa sacratíssima Mãe a Belém em tempo e J,ora, que .reia tz gente tanta, que LJie falte lugar para Se agasalhar, para virdes a nascer em mna estreb,zria. E nascenclo na hora que tínheis ordenado e saindo por vossa própria ,•irtutle des.ms virginais entranhas, por vossa vontade Vos lançais no chão, V os coseis com a terra, Vos pegais a êste baixo lugar, Vos tratais com tanta dureza e aspereza e ficais ,leia tão wnigo. que tôcla a vida vossa cama é o chão e que podeis com verdade dizer que não tínlu!iJ· aonde encostar a cabeça semio ,,n terra comum aos animais e bichos do campo (Mat. 8, Luc. 9). com tantos quebrantamentos de vosso sa11ríssimo corpo, como se Vos Jôra êle tiío contrário e inimigo como é o m eu miserável a n1e11 espírito. Ó bom Jesus, que amilade é esta da asperela e de duro tratamento dêsse corpo e da terra ,lura. em que por vontade Vos lançais, deixando os braços da Virgem. que para vir a isto dais volta a todo mundo, acabai.,; rei11os e mudais estallOs dê/e? Não escolhestes Vós êsses purí.rsimo.r braço.r da Virgem sa,c,•arfa-sima para VoJ1 servirem? Pois como esperais que E la Vos tome nêle.r e Vós para Vós não tomais senão o duro, o áspero. o baixo. o pobre do mundo? Não há aqui beleguins e algozes. que Vos arrastem pelo chão, como depois far,ío. quando Vos prenderem; vossa livre vontade e vos-.ro mnor Vos lança nessa terra dura, nesse baixo e.rtérco e Vos (leita nessa manje,loura. ó SClpienrissimo conltc• cedo, tlc meus males! ó vcrdadefro e rínico remediador dêles! o meu corpo e minha carne em mim é o maior e mais prejudicial inimigo que renho, em tul/o me é con.. trário. a todo mal me incUna e por ela perco quanto.r be11.r por ela em Vás tenho recebido. E Vás, bom J e.m.r, lendo em V6s e.fia minha carne puríssima, e um obedientíssimo instrumento para vossa divindade nela e por ela me fazer infinitas mercês , trarai-la em V6.r como inimig" minha, e como a eu devo de tratar em mim; e enquanto a nlío glorificais, 11,e não quereis dar desca11 .. -~·o, mas sempre guerra e trabalho. ó cego e miserável de mim., que vejo isto tiio claro e não me confundo de ter f eito pa1. e amizade com e.ria mor1a/ inimiga.' Sirvo êste corpo como a senhor, presumo dêlc como de. grande. desvelt>-me por êle como por amigo, animo-o como a leal, e por éle V.os perco. Deus m eu , cada passo, como se lhe tivera a êle as obri. gações que tenho a Vós. ó quantas ofen.ras conrro Vós faço por lhe não despra1.er! Como sinto seus achaques, como me compa.deço de .tun.r dores, como aceito .ruaf razões contra Vós" como ando após ile cego. divertido e enfeitiçado,· vendo em Vós. Deus da minha alma, tra-

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MOiinas do Na1al

uula esta minha lumumiclade miserável desta maneira. ó /111. ,Je m eu coração, ó e.rpellto e m estre de pura.t e eternas ver<lades, já que ião claro me ensinais o qtie cumpre a êste corpo. o m esmo lmior que Vos faz chegar a tanto.r e."Ctremos por me alumiar e remediar. êsse crie em mim espírito de nôvo aborrecellor de râo pestífero inimigo (SI. 50). V6s sabeis, Senhor meu, que não é possível aborrecer eu coisa que tanto até agora amei e conhecer seus encobertos ardis e fugir e escapar dêles, e tê-lo sempre e tratá-lo como inimigo e contrário de todo meu bem. se,uio com fogo ,Je vosso amor puro e desinteressado, com que l, Y ós s6 queira obedecer e contentar. Está, Deus meu, êste amor próprio dentro <los tutanos e entranhas dêste terreno homem., e quando cuido que me vejo e conheço, cotejando-me conVosco me acho dê/e mais prêso. Comigo anda, comigo cresce, comigo aco111panha, em tudo se me mistura,, com tôdas vossas coisas quer ter entrada por valer. por ser senhor e reinar; e por mlnha desventura quase sem pre leva a melhor de mim. Que farei, Deus meu, ao pêso desta rniséria t: às leis desta carne tão contrária a Y6s? Não tenho, Senhor, outro remédio senc1o a Vós, Deus meu e Senhor meu, para isso nasceis, para isso Vos tratais tão <lspcramente por mim. Curai logo, bom Jesus. com êsses vossos cautérios a podridão destas misérias e com fôrça de vosso espírito n /rllqueza do meu.

Vida e consolaçào de minha alma, essa terra 11ão V os !tá de conhcctr, essa baixeza não Yos há de amar. essa manjedoura não há de saber quem J"Ois, e ficará cada um o que é, porque lhe não havefa· de mudar sua natural bruteza. Este duro e terreno coração, Senhor, o estéreo das miseráveis afeições desta alma. a baixei.a dês• tes desejos em que me detive até agora, com vossa pre• sença se mudará: deixai ésse lugar, 1,1inde a mim. A mim podeis abrandar. alumiar, mudar, abrasar, para: que Vos ame, Vos co11heça, Vos adore, Vos abrace e possua e por Vós conVosco m e aborreça a mim perfeitamente. Vinde, Jesus, a esta alma porque aqui me humilhareis e em m;nha humildade Vos glorificareis, e e11sinar-me..cis vossas verdades, e vencerei.r mcu.r inimigos, e /oreis viver nesta alma vosso espírito com morte do espírito terreno que em mim vive. Ponde-Yos sempre, bom JesuJ'. ante m eus olhos, apresentai-Vos a m eu coraç,10, para que vossa for111osura e suavidade me prenda, e perca o sabor desta terra. E pois tôda minha perd,"ção m e vem de Jazer vontade o est<4 carne contra a vossa: Vós sabeis que não posso com ela e quão fraco sou, vi1ulo a ocasião, que s6 vossa poderosa mão me 1,á de guiar e e.rJorçor contra mim. Aqui m e ponho a vossos pés, aqui me ofereço a V 6s, todo com tôda., minhas chagas e baralhas: quero nesta hora tudo o que tle mim quereis. desejo que em tudo façais vossa vontade. Ainda que e.rta pesada carne outra coisa queira, V6s bom Jesus a mortificai, quebrantai e a Jai.ei servlr à vo.rj·a: mos· trai em mim a fôrça de vosso espírito, e do amor tJue ,1 terra V os traz. O que nisto m eu coração ,leseja e deve desejar. Y6.t o sabeis: fazei comigo segundo vossas g,a,,des misericórdias; que eu não sei mais que mostrar minhas chagas, suspirar a V6s, Deus meu, minha esperança. meu verdadeiro amigo, e remediador, em que co11/io, a quem adoro e louvo, e desejo de rodo coração amar. ó Madre e Virgem sacratÍJ·sima., valei a êste degredado mi.rerável, ajudai a quebrantar as durezaJ' dêste terreno coração e os contradições dêstc mísero corpo e sujeitá.lo todo a éste Senhor .rempre e em tudo: não fique eu sem o fruto dêstes trabalhos dêste Se11hor e fora de sua graça, ajudai-me a O contentar t a me ,,e11c,ir. e a O servir sempre e amar. Ó Anjos, e a/mar puríssimas dessa.. sobera11a Côrte. amai e glorificai a êsse Senhor com infinitos louvores. por quantas mercês me faz,, e J·êde meus advogados e tercciró.r, para que esta pesada terra m e não vença, mas alcançai-me espírito para a trazer sempre dcháixo do.r pés llo Senhor. cansada e atribulada, até que mereça con V OSC'O a paz {'lerna. Amém.

Frei 1'omé de Jes11s 3


1Vest,• série ,te cinco artigos. 1•••blicu,los n•• i1,apre ••·"''• ,liárin e,n ja,aeiro e fever e iro ,te 1969. Plini,> Corrêa ,te Oliveira respo1•1le •• est,1.<i per,1untas:

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Repro1l1a1Zi1,ao-lo.<1 •••I••i p,ar,, ,ate ,a,le r •• ,.,.,,,er,1.<iQ,<i leitt>res ,lesej,,s,, .<i tle con/1-ecer

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c,,,,j,anto ess•• v alio.<Jt• ,t,,cu1,1-e1,t1•t.J•io sôt,",.e •• enti,t,.,le.

Luz, água ou lenha?

E

NTRE AS ENTIDADES mais cm íoco no Brasil atual está, sem dúvida, a TFP. O grande número de publicações votadas pela imprensa à TFP é índice ~obusto dessa notoriedade. Mas, considerado em si, êssc índice é algum tanto discutível. Há muitas associações e pessoas sôbre as quais a imprensa, o rádio e a televisão discorrem copiosamente. Sem embargo, fala-se um pouco delas, e acabou-se. Se os grandes meios de publicidade se calam, elas entram no mais inteiro esquecimento. Com a TFP, dá-se o contrário. Mesmo fora de nossos períodos de campanha, há largos setores do público cm que se discute com freqüência a seu respeito. E mais extensos ainda são os setores nos quais, embora não se fale tão amiúde dela, as atenções são continuamente sensíveis a qualquer gesto, atitude, ou pronunciamento procedente de nossas fileiras, que provocam logo críticas ou aplausos. Jsto sim é notoriedade. E da mais genuína. Não confundo notoriedade com simpatia. Seríamos tolos, os da TFP, se i~orássemos que suscitamos, a par de aplausos entusiásticos que nos comovem, críticas accrbíssimas que nem de longe nos desalentam. Afirmo simplesmente que não há brasileiro de cultura ou índice de politização elementar, que não tenha ouvido ralar da TFP. Minha afirmação não vai além. As pessoas que discutem sôbre a TFP, fazem a respei to de nossa entidade uma idéia certa? Penso que nem sempre. Veio-me então à idéia escrever sôbre a matéria. Fá-lo-ei do modo mais sintético, para atender aos cânones jornalísticos. Que utilidade haverá nas informaçôes que darei? Serão recebidas como luz a esclarecer aspectos da controvérsia? Como água a extinguir as ardências da disputa? Ou como lenha a acender ainda mais a polêmica? Não sei. O que sei é que - segundo proclamou o grande Bossuet - a verdade pede fundamentalmente uma coisa para ser julgada: é ser ouvida. Público numeroso, vivaz, atualizado, influente desta fôlha, ouve-me.

*** A Sociedade Brasileira de D eresa da Tradição, Famí-

lia e Propriedade é uma entidade cívica legalmente registrada em São Paulo no ano de 1960. Seus sócios formam, em cada Estado, uma Secção, tendo à frente um Diretório Seccional. As Secções se dividem em Subsecções, constituídas pelos sócios residentes numa mesma cidade e dirigidas por ~m Diretório Subseccional. As Secções são coordenadas por dois órgãos de jurisdição em todo o país, o Conselho Nacional, com o encargo das atividades so4

ciais nos seus aspectos culturais e c1v1cos, e a Diretoria Administrativa e Financeira Nacional, cujo campo de ação é 'definido pelo próprio título. A TFP conta com a cooperação de numerosos militantes, que se constituem cm núcleos juridicamente extrínsecos à Sociedade. Secções e Subsecções da TFP ou núcleos de militantes da Tradição, Família e Propriedade existem em quarenta cidades. O número total de sócios e militantes caminha para 1500. A TF'P tem por fim combater a maré-montante do socialismo e do comunismo, dois sistemas que reputamos afins entre si, como a tuberculose simples o é com a tuberculose galopante. Ambos êstes sistemas repousam sôbre a mesma base íilosóíica errônea, da qual deduzem tôda uma série de má> xjmas culturais, sociais e econôm icas. Não pode, pois, haver combate sério contra êles se não .incluir o contra-ataque filosófico, com suas respectivas implicações nos vários campos do pensamento humano. Assim, a TFP - entre os diversos modos necessários que há para combater o comunismo - se dedica primordialmente à ação ideológica. Para tal, prestigia ela numerosas obras doutrinárias escritas por sócios ou amigos. O sistema de difusão dessas obras consiste na venda em logradouros públicos, por grupos de jovens, à sombra - ou melhor, à luz - do tão característico estandarte rubro com o leão rompante. Além da piíusão de obras, a TFP promove cursos gratuitos sôbre assuntos cívico-culturais para formação e recrutamento de sócios e de militantes. Tanto as obras quanto os cursos se destinam, como já disse, a combater a filosofia materialista e evolucionista, bem como a sociologia, a economia e a cultura que desta decorrem. Entretanto, na peleja não basta demolir. E: preciso preservar e construir. Com base na filosofia de São Tomás de Aquino, e nas Encíclicas, a TFP põe em realce os grandes valores positivos da ordem natural, e especialmente três dêstes valores, que são a tradição, a família e a propriedade. Daí o nome da entidade. A ação em prol dêsses valores não se faz apenas no campo doutrinário. A TFP tem combatido os projetos de lei, os fatos, os costumes que atentam contra êsses três valores, cm uma, ação com a qual o esq uerdismo só tem a lucrar. Partindo da persuasão de que nosso povo - um dos mais intuitivos e inteligentes da Terra - tem em sua alma profundas raízes de fidelidade à civilização cristã, essa luta se tem feito por meio de triunfais apelos à opinião pública. E, apesar de muitos nos chamarem de anacrônicos, o público sempre nos disse sim. Nossas q uatro grandes campanhas foram: a) Em t 961-1963, promovida propriamente pelo grupo de amigos que deu origem à TFP, uma larga atuação de protesto contra a reforma al!'ária socialista e confiscatória do Sr. João Goulart. Abaixo-assinado de 27 mil agricultores ao Congresso. Quatro edições de "Reforma Agrária - Questão de Consciência", em dezenove mêses. Men-

sagens de aplauso de Senadores, Governadores, Deputados federais e estaduais, e centenas de Prefeitos, Câmaras Mun icipais e entidades de classe: b) Em 1964, interpelação à Ação Católica de Belo Horizonte, piora que expusesse seus argumentos contrários à nossa posição sôbre a reforma agrária. Duzentas mi l assinaturas. Silêncio da Ação Católica; e) Em 1966, abaixo-assinado contra o projeto de Código Civil divorcista. Um milhão de assinaturas cm cinqüenta dias. Retirada do projeto pelo govêrno; d) Em 1968, abaixo-assinado pedindo a Paulo VI medidas contra a infiltração socialista e comunista em meios católicos. Em dois meses, 1.600.368 assinaturas. O abai xo-assinado será entregue cm breve a Sua Santidade ( 1). A par dessa atividade ideológica, a TFP promove obras sociais, isto é, pensões e restaurantes, sem fito de lucro, para estudantes, comerciários e operários, bem como consultórios e ambulatórios médicos gratuitos. Para a realização destas atividades, a TFP tem sedes em que há ao mesmo tempo locais para reunião, palestras, cursos e bibliotecas. Cada sede tem o padrão médio do bairro em que está. Entre sedes e pensões, só em São Paulo, a TFP tem 21. A média das idades dos sócios e dos militantes dá preponderância aos jovens. O mais idoso dentre nós tem 61 anos, um ano mais do que eu. Em nossas sedes convivem na maior harmonia, e sem de nenhum modo se confundir, pessoas das mais variadas camadas sociais e profissões. · Luz, água, lenha? Responda o meu caro leitor. Em todo caso, a realidade é a que êle acaba de ler.

Importância real e importância publicitária Sinto que, para corresponder ao interêsse - ou melhor, à avidez de informações - do público em relação à TFP, não posso prosseguir pura e simplesmente em minha exposição anterior. Pois serei obrigado a entrar na exposição de fatos de um gênero com o qual o leitor mediano está pouco familiari7A~do. Devo, pois, começar por explicar qual o alcance das coisas e dos eventos de que tratarei. E, para isto, o melhor é mostrar que essas coisas e êsses eventos estão no âmago dos grandes problemas com que se ocupam os brasileiros realmente amorosos de sua Pátria. 1) O abaixo assinado íoi entregue ao Vaticano em 7 de novembl'O de 1969, como noticiamos em nosso n. 0 229, de janeiro de 1970.


t! um lugar comum afirmar que as fôrças propulsoras de cada país são as suas grandes instituições. No Brasil, as principais dentre elas são a Igreja, as Fôrças Armadas, as associações de classe e as universidades. Acrescentemos ainda - não sem alguma benevolência - os partidos políticos. De tôdas estas instituições trata amiúde a imprensa . Mas, fazendo-o, ela nem sempre lhes dá um relêvo proporcionado 11 importância real de cada uma . O grande noticiário é habitualmente consagrado à política, isto é, ao jôgo das discrepâncias entre os partidos e à atuação dos organismos oficiais sob o impulso do pluripartidarismo. O que diz respeito às demais instituições é apresentado muitas vêzes em um plano secundário. Daí vem que um enorme número de lei.tores imagina serem as ocorrências dos arraiais políticos mais importantes para o futuro do País do que os eventos de outra ordem. Um debate sensacional entre deputados teria, nesta perspectiva, sempre e forçosamente, muito mais alcance do que o provimento de uma cátedra universitária, a aprovação ou a condenação de um ponto de doutrina pela Igreja, etc. O momento é adequado a que o leitor se dê· conta de quanto a vida partidária - à qual não negamos sua autêntica e razoável dose de importância - é pobre em nosso País. Com uma penada foi possível pôr em recesso a atividade partidária. Houve os que se alegraram com a medida, e os que não se ale&raram. De qualquer modo, o fato é que o recesso aí está. Agora pergunto: que convulsões inimagináveis, que imprevisíveis complicações, que obstáculos intransponíveis encontraria diante de si um govêrno que quisesse pôr em recesso (como pediu afoitamente o Pe. Comblin - hoje em aprazível sossêgo na Arquidiocese de Recife) as Fôrças Armadas ou o Episcopado? Ou que pleiteasse a suspensão sinc die de universidades e entidades de classe? O argumento faz entrar olhos a dentro a seguinte verdade: não é simplesmente segundo o relêvo que lhes dá a maioria dos jornais, que se pode adquirir uma noção

exata da importância dos diversos acontecimentos. Os fatos da vida interna das grandes instituições apolíticas das quais mencionei quatro, mas poderia mencionar tantas outras - podem ter para o País uma importância maior do que muitos e muitos eventos partidários. E se um brasileiro lúcido quiser conhecer, em sua medula, a vida do País, há de consagrar uma atenção séria e contínua ao que se passa no interior de nossas grandes instituições. Assim, por exemplo, a elevação ao Episcopado de um D. Helder, de um D. José Maria Pires (o D. Pelé da televisão) e outros tantos, teve para a vida interna da Igreja uma importância comparável apenas à nomeação para Bispos, de D. Sigaud e de D. Mayer. Todos êstes fatos tiveram, por su.i vez, no decurso do tempo, uma importância muitíssimo maior para o Brasil do que grande parte dos eventos partidários ocorridos no mesmo período. É um exemplo típico da altíssima relevância que podem ter, em plano nacional, os sucessos ocorridos no interior de &randes instituições apolíticas.

cuja plenitude, cujo nec pius ultra está no delírio e no comunismo. Assim, se a Igreja deve ajustar-Se a êst.e segundo sentido de modernidade, Ela renuncia impllcitamente a ser Ela mesma. Bramindo por uma ambígua modernização, propondo de cambulhada coisas excelentes, coisas discutíveis e coisas péssimas, e fazendo em geral das excelentes e das discutíveis pretêxto para as péssimas, êsse espírito de falsa modernidade começou a se manifestar em alguns movimentos de si excelen tes. Como estou narrando, nos estreitos limites de um artigo, fatos cm extremo complexos, limito-me a apontar o que havia de germinativamente péssimo em dois dêsscs movimentos que, entre 1937 e 1943, · deitaram raízes no Brasil: 1 - Ação Católica: tend~ncia a solapar o princípio de autoridade, tornando os leigos virtualmente independentes do Clero; freqüentação habitual de locais que todos os moralistas reprovavam, sob prctêxto de ali lev:ir "o Cristo"; negação da desigualdade harmônica entre as classes sociais; favorecimento da luta de classes. Movimento litúrgico: tendência a solapar o princípio de autoridade, identificando e nivelando, de algum modo, o Sacerdote celebran te com os fiéis; subestima das formas de piedade católicas mais hostilizadas pelos teólogos não católicos, especia lmente os modernos: devoção ao Sagrado Coração de Jesus, à Eucaristia extra missam, a Nossa Senhora, aos Santos, às imagens sagradas, à espiritualidade de Santo Inácio de Loyola, de Santo Afonso de Ligório, à Via Sacra, ao Rosário etc. 2-

*** Digo-o porque sem se contar a pré-história, no Brasil, da imensa crise que infelizmente sacode a Igreja, é impossível compreender-se a gê~ese da TFP, bem como o dinamismo intenso das simpatias e antipatias que em tôrno dessa entidade se movimentam . E isso sem embargo de ser ela uma entidade cívica. Para convidar meus leitores a se interessarem por essa imprescindível pré-história, quis provar-lhes que ela se relaciona com o que há de mais profundo na vida do Brasil hodierno. Se Deus quiser, procederemos, no próximo artigo, à narração dêstes fatos. ê les explicam muicos dos aspectos da TFP: por exemplo, nossa coesão ideológica e estrutural tão firme, que chega a desconcertar os que nos vêem de fora para dentro.

3 - Em ambos os movimentos: subestima da ascese, do sacrifício, do combate às paixões desordenadas por meio da vontade humana fortalecida pela graça. Deixo de lado a apreciação de certos fenômenos concomitantes, tais como o maritainismo, para me ater só a êstes. Analise agora o leitor tudo quanto hoje o desola cm tantos meios católicos. Verá que quase sempre é o auge das tendências que acabo de enumerar.

***

Como ruiu a pirâmide de Queops? Suponho que a grande maioria dos leitores só se deu conta, clara e categoricamente, de que existe uma crise na Igreja, por volta de 1964, quando figuras do Clero e do laicato católico assumiram, em face da situação criada pelo então Presidente João Goulart, uma atitude diametralmente oposta à que seria de esperar. De Já para cá, os sintomas dessa infeliz crise de tal maneira se fizeram agudos e característicos, que tornaram patente tratar-se não apenas de uma crise, mas de uma crise imensa, vertiginosa, apocalítica. Muitos pensam - e com ra.zão - que seja, talvez, a maior delas, maior, por exemplo, que a do arianismo ou a do protestantismo. Diante de tal catacl ismo, que por certo mataria a Igreja se Ela fôsse mortal, a perg.unta vem , espontânea: como puderam as coisas chegar tão ràpidamente a êsse estado? Esta pergunta, importante por si mesma , cresce ainda em alcance se, em conformidade com nosso artigo anterior, lembrarmos as mil inter-relações que a presente crise religiosa tem, forçosamente, com as crises de outra índole que devastam, no mesmo momento, o País. Vamos, pois, à resposta. Imagine o leitor que lesse na imprensa a notícia espantosa de que - sem terremoto algum - a pirâmide de Qucops trincou, e uma grande parte dela foi ao chão. Ao lado, um despacho telegráfico informaria que as causas do desastre começaram em 1964. Seria legítimo pôr em dúvida a informação. Pois então um edifício, que resistiu durante milênios a tôdas as intempéries, poderia ser trincado e derrubado - sem cataclismo - por uma causa que atuasse só durante cinco anos? ê improvável. Pois a mesma observação de bom-senso poderia ser feita a propósito da Santa Igreja de Deus, edifício todo espiritual, todo sobrenatural, imortal por desígnio e promessa de Deus, e, pois, incomparàvel.mente mais sólido do que a pirâmide de Queops. Com as imperfeições inerentes a tôda comparação entre a Igreja e o que é terreno, penso que o símile é, todavia, ilustrativo. Assim se vê, com efeito, quão explicável é que, no

Brasil, o incêndio na Igreja tenha começado muito antes de 1964. Na realidade - e não há que espantar - C<>· meçou êle a deitar seus primeiros fogachos por volta de 1940.

*** Procedente de vários focos localizados na Europa, incubou-se, por etapas, em setores religiosos do Brasil, desde 1937, aproximadamente, até 1943, uma mentalidade dominada por uma obsessão: resolver o conflito entre a Igreja e o século mediante uma capitulação completa, isto é, por uma reinterpretação da doutrina da Igreja , uma reforma de suas leis, sua liturgia, seu modo de ser, que A ajustasse totalmente com o que é moderno. A palavra ''moderno" é viscosa. De um lado, teIT\ ela um sentido bom. Assim, quando se fala da astronomia moderna, indica-se o acervo dos conhecimentos do passado acrescidos e retificados pelo imenso tesouro de aquisições devidas à investigação contemporânea. Todo êste cabedal resulta do impulso vindo das gerações anteriores, o qual nos trouxe ao ápice presente, e com nosso esfôrço ruma para ápices sempre mais altos. Uma tal modernidade só pode ser bem vista pela Igreja. E, nesta perspectiva, a atualização de alguns tantos aspectos secundários e contingentes da vida da Igreja pode ser um bem. Mas a palavra "moderno" cem também outro sentido, e êste é péssimo. Segundo tal sentido, a môça de mini-saia é mais moderna que a de saia de comprimento normal. A sem inua seria mais moderna que a de mini-saia, e assim por diante. Em arte, quanto mais extravagante, tanto mais "moderno". Noutra ordem de idéias, o socialista "moderado" ses considera moderno em face do anti-socialista. O socialista de extrema esquerda se gaba de moderno diante do "moderado", e o comunista se considera arquimoderno, isto é, despreza como fósseis os socialistas de tôdas as gamas anteriores. E assim poderíamos multiplicar os exemplos. Em última análise, "moderno" é, neste sentido, algo

Mas, perguntar-me-á alguém, não é isto uma fantasia? Como provar que problemas tais já causavam preocupação em tão remotas eras? Não estava tudo tranqüilo na Igreja entre 1937 e 1943? Precisamente em 1943 foi publicado em São Paulo (Editôra Ave Maria) um livro intitulado "Em Defesa da Ação Católica". Esse livro trazia um prefácio honroso do então Núncio Apostólico no Brasil, hoje Cardeal Aloisi Masella. Denunciava a obra exatamente o que aqui está afirmado. O livro foi escrito pelo Presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo naquela época, que é o autor dêste artigo. Esse livro, cuja difusão nas cúpulas católicas foi enorme, constituíu uma bomba de que o grande público pouco soube, mas que nos meios católicos repercutiu intenslssimamente. Em sua difusão se empenharam a fundo os atuais veteranos do Conselho Nacional da TFP. Estamos assim na pré-história da TFP.

Kamikaze De que maneira se processou, pari passu com a germinação do progressismo, a formação do núcleo de . batalhadores que daria origem , mais tarde, à TFP? Quais eram os componentes dêsse núcleo, que situação tinham no meio católico, quais suas esperanças e suas lutas pri, meiras? Para responder, ainda que em traços muito largos, a estas perguntas, é necessário evocar as condições de vida da lgJ"eja no período de 1937-1943. Naqueles anos havia uma grande e luminosa realidade que se chamava o "movimento católico". Nessa <lesignação genérica se compreendia o conjunto formado, de norte a sul do País, pelas associações religiosas. ê claro que neste, como em todos os vastos conjuntos, havia certa heterogeneidade. Assim, a par de entidades inertes, esclerosadas pelo tempo ou abortadas por fatores vários, havia outras de uma vitalidade incontestável, e algumas até de uma pujança extraordinária. Entre estas últimas, refulgiam as Cong,egações M,rianas. O movimento mariano, 5


CONCLUSÃO DA PÁG. S

QUE É A Tl'P? COMO NASCEU? que começara a se expandir no período de 1925 a 1930, chegava cnlâo ao seu apogeu. Preslara êle à Igreja o incomparável serviço de - num país como o nosso, cm que a Religião só era pralicada pelo sexo feminino e por uma minoria de homens de idade madura - alrair para a vida de piedade e para o aposlolado legiões inteiras de jovens de lôdas as classes sociais. Todo êste mundo de associações novas e antig.is pois pela quanlidade se lralava de um mundo - caminhava para a frente unido filialmcnte a um Clero no qual eram numerosas as personalidades de valor e prestígio, e a um Episcopado coeso e profundamente venerado. A fôrça do movimento calólico se provara cm mil conjunturas. Assim, cm J 933, o mais jovem dos candidalOS à Constituinle Federal foi ao mesmo tempo o mais votado do País. Tinha 24 anos. e obteve 24 mil votos (o necessário para se eleger eram 12 mil). Tal votação, deveu-a êle exclusivamenlc ao apoio das entidades católicas de São Paulo. O teste surpreendeu e impressionou tanto, q ue a partir dêsse momento a Liga Eleitoral Católica passou a ~er reputada uma das maiores potências do País. Hoje, lr;inscorridos mais de 35 anos, é com alegria e gratidão para com Nossa Senhora que o eleilo de J933 lembra tais fotos para os leitores desta fôlha.

Era um ~esto de kamikaze. Ou estouraria o progressismo, ou estouraríamos nós. Eslounuuos nós. Nos meios calólicos, o livro suscilou aplausos de uns, a irrilação furibunda de outros, e uma estranheza profunda da imensa maioria. A noite densa de um ostracismo pesado, completo, intérmino. baixou sôbre aquêles meus amigos que continuaram fiéis ao livro. O csquecimenlo e o lvido nos envolveram, quando ainda estávamos na flor da idade: era êste o sacrifício previslo e consentido. A aurora, como veremos, sô vohou a raiar em J947. Mas o progressismo nasccnle recebeu com o livro um golpe de que até hoje não se refêz. E que a imensa maioria a quem a denúncia do livro causou eslranheza, ficou enlretanto de sobreaviso com o progressismo nascente, e não se deixou embair por êle. Se o progressismo não passa hoje, no Brasil católico, de uma algazarra infernal promovida por uma minoria influente e de grande cobertura publicitária, se a massa católica dêle está arredia, deve-se isto, em grande parte, ao brado de alarma precoce de "Em Defesa da Ação Católica". O sacrifício do karnikaze valeu o muito que custou.

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Nada é mais d ifícil do que escrever sôbrc a História recente. Claro está que na reação contra o progressismo haveria também outros nomes e oulros feitos a mencionar. Lembro, porém, que não pretendi fazer aqui a pré-história do progressismo, mas a da TFP. Assim, cinjo-me ao que diz respeito a esta.

Encerrada minha atuação no cenário legislalivo, conlinuei a militar, como o razia desde J928, nas fileiras marianas. Foi-me então confiada a direção do "Legionário", órgão da Congregação Mariana ele Santa Cecília. No quadro redatorial dêsse semanário formou-se gradualmente um grupo de amigos, todos congregados como eu, que nos dedicamos de corpo e alma ao jornalismo católico. O "Legionário'' não se destinava ao grande público, mas tão somente a êsse imenso meio, algum tanto íechado, que era o movimento católico. Denlro dêsse meio, se estendia de norle a sul do País sua influência de represenlante do pensamento das fôrças mais jovens e dinâmicas. Realçava ainda essa influência a situação pessoal de meus colaboradores e a minha no movimento cai Slico: fazíamos parte da direção das entidades mais marc. ntes da juventude católica de São Paulo, isto é, da cidadela mariana por excelência. A par de outros colaboradores de valor pouco comum, dois jovens e já famosos professores de Seminário atuavam no "Legionário". Um dêles era Moos. An tonio de Castro Mayer, nosso Assistente Eclesiástico. E o outro era o Pe. Geraldo de Proença Sigaud, S. V. D., assíduo colaborador (2). Mons. Mayer foi Vigário Geral para a Ação Católica e o Pc. Sigaud Assistente Eclesiástico da JIC e da JEC ao mesmo tempo cm que eu era Presidente da Jsnta Arquidiocesana da Ação Católica. Nuvens, di.ssensões: sim, o "Legionário" as encontrou, mas pequenas. Provinham de leitores fascistizanles, irritados com a campanha sem tréguas que o "Legionário" movia contra o nazismo e o fascismo. Tudo prometia pois um porvir de trabalhos fecundos e pacíficos.

** * Foi precisamente aí que a tragédia orovocada pelos germes progressistas - qu,· descre vi no . rligo anterior - estourou. Desde os primórdios da crise, o "Legionário" foi subtilmente atacado, pois era o porta-voz de uma mentalidade que a urdidura progressista queria extirpar, para a substituir pela que hoje aí se vê. Desde os primórdios também em nossas reuniões de redação, notamos que o mal vinha espalhado com suma arte, lábia e cópia de prosélitos. Era preciso dar, em meio à desprevenção geral, um brado de a larma, q ue acordasse a atenção de todos. Assim, foi com o i.nteiro apoio de Mons. Mayer e do Pe. Sigaud, que publiquei o livro-bomba "Em Defesa da Ação Católica".

2) Esta série de arligos foi escrita pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em l 969, quando o Exmo. O. Geraldo de Proença Sigaud ainda se mantinha em sua primitiva posição contrária à reforma agrária confiscatória e favorável ao celibato eclesiástico. A lealdade para com. os leilores impõe-nos registremos que a atitude de s'. Excia. em race dêsses problemas e, portanto, em face da TFP apresentou certas modificações de então para cá. 6

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Nasce a TFP Nosso período catacumbal durou qualro anos. Mas quatro anos que traziam conslantemenlc consigo os tristes sintomas de um estado definitivo e sem remédio. Imagine o leitor um pugilo de líd:rcs já ,~m liderados, um • grupo que já cumpriu sua missão, sobre,·1veu a ela, e fica sobrando. Esta a nossa situação quando o mais velho de nós tinha 40 anos e o mais jovem 25 ! Resolvemos continuar unidos, cm uma vigília de oração e análise dos acontecimentos até quando Deus quisesse. A.lugamos uma pequena sede na Rua Martim Francisco, e a1i nos reuníamos tôdas as noites sem exceção. Recorda~ão, sem amargura nem orgulho, das glórias da imolação dos dias idos. Análise solícita e entrislecida, da deterioração discreta e implacável da situação religiosa. Estudos doutrinários em comum. Convívio fraterno e cordial. Assim, a Providência colocava as condições ideais para nos unir. Veio daí um tal enrijamento de nossa coesão no pensar, no sentir e no agir, como mais seria difícil imaginar. Escondida em terra, a semente germinava. A nosso lado, organizava-se a solidariedade preciosa e d iscreta de um pugilo de môças que conosco lutara na Ação Católica contra o progressismo nascente, e também se retirara conosco para o ostracismo. E ainda assim a morle ceifou três luladores nessas fileiras tão escassas de membros. O primeiro foi o delicado, o intrépido, o nobre filho de Nossa Senhora, nosso inesquecível José Gustavo de Souza Q ueiroz. Lembro também com respeito e saudades a personalidade ardorosa, mas ao mesmo lempo silenciosa e suave, de uma mililante da JOC (Juventude Operária Católica), Da. Angelica Ruiz. E o vulto batalhador e tão distinto dêsse chefe de família modelar, dêsse cirurgião exímio que tôda Santos admirou, dêsse professor universitário saliente, dêssc pai dos pobres que foi Antonio Ablas Filho.

** * Ajnda me lembro de um dia de janeiro de 1947, em que noticiei a meus amigos que, segundo uma emissora, Pio XII nomeara Bispo de Jacarezinho o Pc. Sigaud. Como? O quê? Nossa alegria e ra grande, mas a dúvida ainda maior. O Pc. Sigaud, duranle o vendaval, fôra mandado como missionário à longínqua Espanha. Voltaria então? Sim, voltaria. E nossa alegria s ubiu ao céu como um hino. Uma estrêla se acendia, a brilhar na no ite de nosso exílio, sõbre os destroços de nosso naufrágio! Conlra tôda a expectativa, outra alegria nos esperava no ano seguinte. Ao chegar eu, numa noite de março de

1948, à nossa catacumba, um amigo me esperava à porla, efervescente de júbilo. O Cônego Mayer, que passara, duranle a tormenta, do alio cargo de Vigário Geral da Arquidiocese para Vigário do dislante, e aliás tão sim:>ático, Belenzinho, acabava de nos comunicar sua non:eação para Bispo-Coadjulor de Campos. E inúlil dizer com que exullação fomos no mesmo instante felicitá-lo. A sucessão dos fatos linha um significado iniludív,·I. Essas duas nomeações, uma em seguida à outra, valiam por um testemunho de confiança de Pio XI!, que envolvia obviamente a atuação anterior de ambos os Sacerdotes . . . Essas duas surprêsas não foram as maiores. Exatamente um ano depois, um Religioso muito amigo, cujo nome não ouso declinar sem consullá-lo (e êle está de viagem), me e ntregou uma correspondência vinda do Vaticano para mim. Era uma carta oficial em latim, assinada por Mons. João Batista Monlini, que dirigia então a Secretaria de Estado da Santa Sé. Eis seu texto em português: "Palácio do Vaticano, 26 de fevereiro de 1949. / Preclaro Senhor, / Levado por tua dedicação e piedade filial ofereceste ao Santo Padre o livro "Em Defesa da Ação Calólica", em cujo trabalho revelaste aprimorado cuidado e aturada diligência. "Sua Santidade regozija-se contigo porque explanaste e defcndesle com penetração e clareza a Ação Católica, da qual possuis um conhecimento complelo, e a qual tens em grande aprêço, de tal modo que se tornou claro para todos quão importante é estudar e promover tal forma auxiliar do apostolado hierárquico. "O Augusto Pontífice de todo o coração faz votos que dêste teu trabalho resultem ricos e sazonados frutos, e colhas não pequenas nem poucas consolações. E como penhor de que assim seja, te concede a Bênção Apostólicaº. Desta vez, tudo se tornava cristalino. Pio XI( louvava e recomendava o livro do kamikaze.

** * Dir-se-ia que, com êstes três fatos, a situação voltava a ser para nós o que era antes de 1943. Engano. No que diz respeito aos ex-redatores do "Legionário", ela ficou inalterada. Surpreendente contradição dos fatos, sôbre a qual é cedo para falar. Mas um acontecimento sobreveio mais o u menos paralelamente a essas vitórias, que marcaria a fundo nosso futuro. O Pe. W. Ma.riaux, S. J., fundara no Co légio São Luís, uma Congregação Mariana brilhante. Deslinado o notável Jesuíta para a Europa por seus Super.iores, parte dos congregados nos procurou solicitando ingresso em nosso grupo. Eram cêrca de quinze elementos jovens, de inteligência e capacid~de de ação invulgares. Conosco, constituíram êles uma só equipe para a qual o valoroso D. Mayer abria as colunas do grande mensário de cult ura "Ca tolicismo", que fundou em 1951. ÊSse mensário levantou de nôvo o pendão da luta contra o progressismo. De significação igualmente primordial foi a publicação, por D. Mayer, cm 1953, da Pastoral sôbre Problemas do Apostolado Moderno, que também estigmali1.ava o progressismo. Foi ela, cm seguida, editada na hália, na França, na Espanha, no Canadá e na Argentina. Nossas fileiras se iam engrossando. Um jovem professor secundário, recrutador magnífico, começou a nos trazer anualmente uma rica safra de valorosos amigos, filhos da emigração, italianos, sírios, japoneses, espanhóis, alemães etc. Como as circunstâncias do País iam mudando, nosso interêsse se ia ampliando cada vez mais para o campo social. Escrevi então, em 1959, um ensaio expondo nossas teses essenciais na matéria. Intitulou-se "Revolução e Contra-Revolução". O trabalho teve o ito ediçõe.s: duas em õ porluguês, uma em francês, uma em italiano e quatro em s ;. espanhol. Q •< Eslava criado o campo para se despreender de todos "' l: êstes antecedentes uma ação de uma natureza diverSa, isg 10 é, tipicamente c!vica e temporal. ~ Em 1960, se constituía a Sociedade Brasileira de De~ fesa da Tradiç.10, Família e Propriedade, para junto da Q ·;, qual afluíram todos os amigos que o idealismo, a desven~ lura, a fidelidade e as recentes alegrias lão inlimamente ~ haviam fundido em uma só alma.


Tl'P VISTA P·O R U PADRE PR·OGR.E SSISTA. T

EMOS EM MÃOS o livro "L'EOLISE ET Lll POUVOIR AU 8RÉSIL / NAISSAN· CE ou MILITARtSME" , de autoria do Pe. Charles Antoine, edição Desclée De Brouwcr, Paris, 197 t. Para o leitor desprevenido que não esteja a par das notabilidades do mundo progressista, na capa posterior da obra vêm os seguintes esclarecimentos: "Charles Antoine, nascido em 22 de novembro ,le 1929. Ordenado em Besa11ço11 em 1955. De 1964 a 1969, Pároco em São Paulo. As.tistente ecle• siástico de estud,mtes e de AC/. Fu11do11 o boletim ,le informação religiosa ''Notícias da Igreja Universal". A partir dêsse trabalho tle jornalismo é que foi reunido o material documentário que serve de bflse ll ê.ttc livro''. O prefácio, datado de julho de 1970, em clássico jargão csquerdizantc, é anônimo. Esclarece o Pe. Charles Antoine: "O autor do

prefácio, brasileiro, não o assinou. Foi a meu expresso pedido e por razões evidentes. O leitor Jrancês tldvertido ,ulo se esp,mtará com isso e verá aqui um sinlll " mais tlo clima político que reina atualmente no Brasil" ( p. 9, nota). O esquema do livro é por demais simplista e vazado cm moldes muito nossos conhecidos. Tudo teria tido início na dêcada de 60: "A Igreja sai então de um letargia duas vê1.es secufor. êsse despertar é devido à con· jumura eclesial marcada essencialmente pelo po11tificatlo tle João XXII/ , pela preparaç,io tio Co11cílio Vaticano li e, 110 Brasil, pelos esforços pastorals extrenuunente rtovos da parte tio Episcopado 11acio1wl" (p. 43). De um lado estariam os elementos progressistas do Clero e laicato e do o ulro os ''integristas". Não há referência expressa à terceira-fôrça que, passando por moderada e por vêzes assumindo atitudes contrárias aos "arditti" da ala esquerda, na realidade faz o jôgo da subversão na Igreja e na sociedade civil. Não é nossa intenção mostrar o faccio· sismo que se esparrama por todo êsse 1ivro, nem refutar sua interpretação dos fatos religiosos e politico-sociais que se vêm desenvolvendo no País. mas apenas apontar aos nos· sos leitores e comentar ligeiramente o que o Autor diz sôbre a parte que nos toca nesses acontecimentos.

Lige ira história da "abertura à esquerda"

Em c6pico inci1ulado '"A abertura ,1 es· querda", começa o Pe. Charles Antoine por procurar explicar o que ê1e denomina ··,, ev<>lução da Ação Cat6lica", cuja extrema esquer· da, transformada em Ação Popular (AP), acabou - como se sabe - por aderir ao terrorismo. Depois de citar a atuação do Sr. Alceu Amoroso Lima como um dos responsáveis por essa evolução operada nos meios católicos, diz o Autor : "Quanto aos integristas,· separam~se êles ruido.mmellle dêsse es/ôr· ço pastoral c fundam em São Paulo, em /960 , um movimento pela manutenção dos valores tradicionais e contra o reformismo J·ociaf'. E conclui: ''As opções se de/hrem e as primei· ras lir1has de ruptura aparecem" (pp. 47-48) . Por mais que procuremos ser indulgentes com a.s simplificações do Autor., temos que trazer uma precisão a essa referência ao nascimento da TFP. Nossa cisão com a ala esquerdista da Ação Católica não data do ano de 1960, quando demos ao nosso movimento a gloriosa denominação de Sociedade llrasi-

leira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Basta lembrar que é de 1943 o livro "Em Defesa da Ação Católica", no qual o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira condensou os principais pontos de nossa discordância, já então velha de pelo menos um lustro, com os rumos csqucrdiz.anlcs que ia tomando a ma· lograda "participação dos leigos no apostolado hierárquico da Igreja". A ala que adotara ê.sscs rumos fôra até então, com raras exce· çõcs. partidária do fascismo e do nazismo, co· mo é fácil de demonstrar. Nosso passado, pelo contrário. é de lula nilidamcnte antitotali· tária. Basta compulsar as páginas do "Legionário" durante todo o tempo em que estêve sob a sábia direção do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. E a ruptura ruidosa. que afinal se deu, não constituiu surprêsa para nós que milita· mos nas hostes do laicato católico nestes 61timos trinta anos, pois foi uma conseqüência natural e forçosa da divergência doutrinária. Aliás, não é por falta de documentação que o Autor assim simplifica a origem da TFP. a ponto de sacrificar a verdade, pois mostra conhecer o ar1igo "Luz, água ou lenha?" publicado na "Fôlha de São Paulo" de 22 de janeiro de t 969, o primeiro de uma série nn qual o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira fixa os traços mais relévantes da história e me.sino da pré-história de nosso movimento. Com efeito, diz o Pe. Charles Antoine à página 58: "O que era até /960 um mero grupo de pes.roas ciosas da mantlfenção absoluta do statu quo e preocupadas com a e/ervescênci,, nas· cente no meio rural, tornou·se naquele ano run verdadeiro movimento. Assim nasce n "Sociedade Brao·ileira tle Defesa ti" Tradição. F amí/i<, e Propriedade" [ .. . ], cuja sede social se acha esu,belecida em São Paulo. [ .. . ) Têm éles à sua disposição uma editôra: ..Vera Cruz''; uma publicaç1ío mens,,/ de luxo: "C,1tolicismo"; e são animados de um espírito <le iniciativa muito descnvolvitlo. O movimento se define a si pr6prio nestes têrmos: "A TFP tem por fim combater li maré•montante do socialismo e do ccnuwlsmo. tlois sistemas que reputamos aflns entre si, como t1 1t1berculose simples o é com 1, tuberculose galopante" (Plinio Corria tle Oliveira: "Luz, ógua ou Jc. 11/ta", in "Fôllt" tle São Paulo'' tle 22 tle janeiro de J 969)" ( p. 58). Em nota de pé de página o Pc. C. Antoine diz que "suo batalha essencial (da TFPJ é a defesa tio direito absoluto de propriedade privada, "que não é um privilégio odl{).)·o, mas um direito fundado sôbre os mais autênticos prlncípios cristãos"; é também a de/e· so tia 11ecessidatle tia diferença. tl<is cl</Sses, visto que "é runa injustiça e uma utopia su~ primir a desig,wldade de classes, e importa Jorralecer a cooperação entre elas em uma harmoniosa desigualdade,. (Plinlo Corrêa de Oliveira. "Luz., água ou lenhei')'._ O "direito absolwo tle propriedade" corre por conta do Padre. O que sustentamos é que ..<> direito do proprietário legítimo tem co· mo fundamento ríltimo a ordem natural das coisas, a qual é anterior ao Estado. Este não o pode, pois, suprimir. ti não ser qullndo o bem comum o exija. E. ainda assim, m edicm· te i11den;z.ação justa e ime1li01a" ("Reforma Agrária - Questão de Consciên,-fa", p. 120). O que também refutamos é o conceito elástico e deformado que os regimes socialistas e socializantes têm de ''bem comum'', o qual redunda, na prática 1 na abolição pura e sim· pies do direito de propriedade.

A campanha contra a reforma agrária socialista e confiscatória Tratando do lançamento de "Reforma Agrária Questão de Consciência", d iz o Pe. Antoine: "Como o título indica, sua tese [de "RA-QC"J é simples: traia-se tle um caso de consciência indivitlrwl e não de es1ruturas sociais; a lliOlação do ,Jireiro natur(1/ de pr<>-priedade póe um,~ grave questêio de moral" ( p. 59), - como se o livro, além d~ estudar o importantíssimo aspecto moral da questão agrária, não houvesse também exaustivamente cui• dado de analisar os seus aspectos econômicos e a estrutura da propriedade rural no Brasil, afirmando, inclusive, que, ''sendo a Nação o mc,iór ,los lati/1mdiários, seria justo - e aliá.r muito conforme ao interêsse pâblico - que ela só impuse.rse a partilha de glebas de par• ticulares nas hipóteses em que a distrlbuição

,/e suas pr6prias terras 11<10 ,·csolvesse o pró· blemu· ("RA-QC", pp. 107-108). Corno esperar uma apreciação serena e ob~ je!iva da questão, por parte de quem não es· conde seus pendores socializantes? Assim, cOn· tinua o Autor: "Can,ptmhas públicas de difusão tia obra são orgt1nitt1dt1s nas pri11âpais cidt1des do Bn,. si/, 11as portas d,1s igrejas e 11!1 via pllblica. (Choques mais ou menos ,,iolentos entre católicos opostos se registram no decurso dos tmos tle 1960 e 196/, principalmeme em 8elo Hóri1.011te e no Rio de l<meiro, onde 11 polícia facilita a tarefa tios vendedores da TFP. Uma publicitlatle consitlerável é feita em t6rno do livro, nas páginas pagas da grande imprensa. A difusão é gratuita nos semlnárlos e junto às principt1is persn,wUdades).

Di<mte da comoçtio suscitada nos meios cat6/icos pela ,11nplit,ule d<' w,w u,/ ccunpa· 11/w. os Bispos são so/icit,ulos de vârios lado.,· ti definirem sua posição. No decurso dos pri• meiros meses ti<~ 1961, os 8iJ·pos de diw:r.wlS Regiões Eclesiástic11.r promurdtmhre t•m /"vor da re/orm" agrárfo bt1,\•e1ula sôbre o dire,'to ll terra para todos os c:mnponeses. Tomam po.. slção nesse sentido: os Episcop,ulos da rcgüio ,te São Paulo, daJ· províncicls do Sul, cio Norclestc e por fim de Minas Cerais. (Apesar ,lês:·;e ,..sdarecimento ele eli/erentes grupos de Bispos. a TFP conamw sua cam· panlw. Uma petição, org1mitada por êsse mo .. vimento. reúne a assinatura ele 27 mil agricultores contrll a reforma agrária e é entlereçtu/<1 ao Congresso Nacionc,I). A campanha recomeça em /963 , qmmclo tia discussão no Congresso ele um projeto ele lei sôbre a questão. Com efeito, o nôvo M i11is.1ro das Finanras, Santiago Damas, e o do Planejamento, Celso Furtado, elaboram em janeiro de .1963 o ''Plano Trienal", 1.le que " rc/orrm, agrárt(l é parte integrtmte. O Presi<lente Goulart 1>ede t)s Câmar"s, em mt1rço, a ,no,ti/icação do artigo 141 da Constiwição a fim de permitir que o Govérno pague as de~·apropritlções com títulos do TeJ·ouro. M,u· o pedido é rejeitatlo. .E a época em t/uc um numifesto tia JUC ataca as teses tia J'FP. A Aç,io Católica tle Belo Horizonte, apoiada pelo Arcebispo da cidade, toma posição em /ll· vor dm,· afirmações ,la J UC. A resposta da TFP 11ãl) tarda. Ela recomeça a ctunpanha de opinião páblica. (Uma petição de 666 eswdantes integds· tas é e11tlereç<1tla ,, JUC; unw owra de 7.400 estudantes ao Deputado Franco Montoro. 1.le· mocn1u,...cristão; e u11w terceira. tle 209 mil pessoas, <l A ção Católica de Belo Horizonte. Os mímeros slio cs indic,1dos pelos responsá· vl'is pela camp<mlw ,la TFP. A TFP public<t, ainda, em /964, um manifesto sôbre a que.r,. tão agrária: a "Declaração tio Morro Alto". Tr<Jta~se de um ,,rograma de política agrártll segundo os princ1pios de "Reforma Agrária - Questcío de Consciência"). A assinatura de uma petição nas ruas é ocasi<1o de novas perturbações, de choques e lle conflitos. especialmente no Rio tle Janeiro. sempre sob os olhos compfocentes da polícia•· (pp. 59-60). Como se vê pelo testemunho dêsse Padre progressista, apesar de manifestações de membros do Episcopado a favor da reforma agrária socialista e confiscatória do govêrno Goulart, a TFP estêve sempre na primeira linha na defesa dos princípios que fizeram e desen volverão a grandeza dêste País. 11

A inquietação dos integristas"

Tão habituado se mostra o Pc. Antoine a ver • eficiente atuação da TFP, que lhe empresta até a autoria de coisas às quais ela se manteve completamente alheia, como veremos a seguir. Em 20 de maio de 1965, o Bispo de Santo André, D. Jorge Marcos de Oliveira, publicou no jornal ''última Hora" de São Paulo uma carta aberta ao Presidente Castel1o Branco sustentando que existia uma vaga de desemprego, especialmente na região de São Paulo, e fazendo o govêrno responsável pela situação dos sem-lrabalho. Comenta o Pe. Charles Antoine:

..Como 110 c.:aso dos "contecimentos estu· tlm1fiJ' lle Goiás, o cllmpanha contra o desem~ prêgo permite verificar a existência 110 Igreja ,le uma oposlção permanente à política do govêrno. O con/lito é latente e se esp,-aia sôbre u 11raçc1 públka ,·acla vez que a ocasião se apresenta. A oposição surda désS(ts setorel' da Igreja é vivamente denunciada, na mesma época. pelo integrismo cat6lico. O primeiro tmiversário da "revoluç{io de I 964" Jo; .\·olenememe /estejlltlo com seu cor· têjo ,Je Missas oficiais, em muitos casos celebrada$ ()Or Bispos. A hora airul" é tle ação ti, graças pelo Brasil salvo tio "perigo bolchevistâ". Mas êste não Jwvla hueiramente de· saparecido. São Pllulo, centro das operações cívico~re/i,:iosas das mulheres Clltólicas, permanece o centro de detecção ,Ja preJ·tnça do "comrmiwno" na Igreja. A inquietação dos integrist,u· mani/esta•se

de início sob a forme, tle runa ..curtu c,Q Cc,rt/;!lll R ossi" publlcuda em fins tle mCliO 110 jonwl "O Eswdo tle Stio Paulo", o qual se apressa a c/m1/i/icá•la de "impressio,wnte''. Sob " /al.m a3·si1wtum. reconhece-se o movimento J'nl(/ição. Familia , Proprietlt"le" (p. 75). Regis1remos, en1rc parênteses. que a TFP é completamente alheia a essa publicação q ue surgiu sob o falso nome de "Maria Lucia Sampaio Galo", sendo, aliás, o anonimato arm:i desleal completamente estranha ao estilo franco e desassombrado da entidade. Anotemos também a leviandade com que êsse Padre progrcssistH 1ança ao ar uma acusação para a qual não produz :1 mais tênue prova. a não ser seu faro de ··pourfcndcur d'intégrismc".

As tensões na Igreja "A belll fachada ,la Igreja - escreve mais adiante o Pe. Charles Antoin~ t,io bem

posw f!m relêvo ,liantt tia opinião 111íblica, oculta m, realie/ade fis.mras pro/ruulas. A .r tlrms principais .rão aquelas provocadas pelt1J· ativi· 1./atles <IOJ· c:at6licos integrlJ'W.f, e ,, outra, pelos estu,lantes ela Jr,vemude Universitária Católica, Depois dt: ,/ois anos de .ri/<11,cio, o grupo 'TFP [ ... ) mcmi/eJ·ta-se ele nôvo em princípios ,Je junho de J 966. [ ... ] Desta vez. porém, não é mais pt.1ra defender a propriedlltle pri· vatla. mas em nome dt1 Jmní/ia amea~"t«la pelo tlivórcio, em cliscuJ·srio 110 Parlamento. (O Con· gresso Nacional llC/J{lva-se {)Cupado. ne.,·$a época, c:om a ,lisc:unão J'.Ôbre o projeto do nôvo Código Civil. Haviam sldo nê/e introduzida.r cláusula.r que representavllm pràticamente o rl~conhecime1110 do divórcio). Após falharem pressões discrcws para /a~ zer retir"r o uss,mto do programa parlamn1• tar. os responsâveis pela TFP lm,çam então sua campanha tle opinh1o pública. Um "Apêlo aos llltos Podêres Clvis e Eclesiásticos em prol da /amUia btasileira'' é propô.wo a partir de 2 de junho à asslnatura do po,10 nos ruas. Colocados es esquina.r estrmégicas, grupos ele jovens membroJ· do movimento levtmtam .reus grandes estantlartes rnediew,is de veludo [sic] rubro com o leão dourado e Jazem os tran• seuntes assinarem. Aqui e acolá e.rpoucam os tumultos. especialmente cm Belo Horizonte, em 4 de jwtho, e cm São Ptrnlo. Segmulo us estatísticas da TFP, o reJ·ultado é extraortli· nário: 570 mil assirwwras em vinte ,lia.r, em cinqiienu, â,lades e com sõmente cêrca de 450 jovens militantes. Em mea,los lÍe junho, o Presitlente da Ue· pública faz retirar do Congresso a discussão do proieto "pata reexame de certas cláu.fulas''. 1'endo o Depuuulo Nelson Carneiro volu,do à carga com um projeto ele lei em favor do div6rcio. a 1'FP continua sua camJJanl,a e atin· je um mi/hã-, de assinaltlras em meados de julho. A campanha é acolhida /avorcivelmentt por vária.\· altas Autoridades eclesiásticas, pósto que se trata de um problema que se11sibilizc1 particularmente os meios clericais. A un(mimi· dade está e11treumto longe de ser completa, A Comissão Central do Episccvado publica em 17 de junho um comunlcado sôbre a reforma do C6digo CivU e wna •(advertência" aos membros tia TFP, bem como põe os católicos tle sobreaviso em relação ci êsse movimento. As reações dos respons,1veis pela 1'FP seio viO· lentas, sob 1,p,,rências muito respeitosas. Essa campanha contr(, o divórdo coloca o Episcopado em sitrwç,io embaraçosa. A maio• ri<I doJ' Bispos acha•se diante ,lo clilenw: apotclr a campanha, pôsto que cio defende o moralidade d,, familia, ou nció confiar na TFP que provoc,1 cl,oqw:s entre cat6licos e que invade a área dlls atividades e da disciplina das Dio· ceses. Nêsse "c:Jrassé-croisé" de tomada.J' de po· sição individuais contratlitadt1s pelas afirma. ções tla Comissão Central, ou de ,Jeclarai·ües contrudit6rias elas mesmas pessoas, J·egundo elas /alc,m coletiva ou individualmente, os Bispos dão a impressão de uma real con/11J·ão. Nesse clima, as divisões se acentuam, menwdas. sêria11u.mte pela cumf}a11lu, da 'J'FP" ( pp. 82-84). Se confusão e divisões houve como d iz o Autor, culpa nenhuma cabe à TFP. Quanto a pretender que os d irigentes da entidade reagiram violentamente em face do comunicado da Veneranda Comissão Central da CNBB. nada mais falso. O texto de "A TFP ao pú-

m,.

Cunha Alvarenga 7


CONCLUSÃO DA PÁG. 7

VISTA POR UM PADRE PROGRESSISTA blico: Respeitosa defesa em face ele 11111 co· municado da Veneranda Comissão Central da CNBB; filial convite ao diálogo" foi publicado no n.0 188, de agôsro de 1966. desra fôlha. e é fácil constatar que não apresenra a menor nota de violência (êsse documento ficou. aliás. sem resposta).

Infiltração comunista entre católicos O Auror passa, depois, à campanha da TFP conrra a infiltração comunista em meios católicos. campanha essa que teve como pon· 10 de partida o famigerado documento preparado pelo Pe. Comblin: "De tôdas as campanhas organizadas pelo movimento "Trc1dição. Família e Propriedade". " mais espeJa~

cuia, é sem nenhuma dúvida a de julho de 1968. Suas ofensivas contra a reforma agrária e contra o divórcio se acham ainda presen· tes " tódaJ· as memórias. Mas desta vez " campanha ganha em organização junto ao homem

da rua e em eficiência junco clr aworidades pilblicas" ( pp. 144-145). Com o subtítulo de "I .600.000 assinaturas em dois mêses". diz o Pe. Antoine: "E em plena agitaç,1o estudamil e operária que o., integristas deci<lem lançar seu grande desafio: mobilhar a opinião do povo da rua co,ura os "enetgtímenos" que desejam levat o Brasil ci beira da catás1rofe, muna 1enwtiva de vo/u,r "ao.r bons tempos de GoulC1rt" (p. 145). "A ocasião imediara para o desencadear das operações é a publicação de um estudo reservado, feito pelo teólogo belga Pe. Joseph Comblin, a pedido de D. Helder" (p. 145). Em nota de pé de página o Autor esclarece que o Pe. Comblin elaborou "Anotações sôbre o Docume11to de Base da 2.ª Conferência Geral do CELAM". nas quais "põe em relí!v<> a .fituaç,í.o sócio-poútica do continem e, explicando que as reformas de base não poderão ser efetivadas senão por uma revoluçlio po.. lítica. De onde a necessidade, para a i greja. de se inclinar' sôbre os 11roblema.r tlll co,u1uista e tio exercício do poder. Seguem-se i11s1ruções s6bre as conse(1iiências pastorais paro a vida da Igreja" (p. 145). E prossegue o Pe. Charles Antoine :

"O "documento Comblin" serve tU'j'im tlct rema à petição imediatamente organi1.ad<1 pela TFP. Trata-se de fazer chegar ao Papa ··o grito tle angtl.rtit, J_ ••• J tliante de ""'" minoria de eclesiástlcos e tle leigos que ,W! proclamam católicos''. Lanç<1da o/icitllmente em 10 de julho, a campanha termina def;nitivamente tm 12 de setembro seguime. Durante êsse período, os mi/iu1111,.r da TFP recolhem 1.600.000 assinatura.ir nas ruas de 158 cidades do País. E ocasião para uma longa .féric de artigos ,w impren.,a. de wmultos, de críticas, de in,fulros e de manobra de todos os lados: uma campanha ,1erdadeiramen1e movimentada. (Ca ,npanha semelhante é desencadet,da em agôsta na Argentina pela TFP laca/). Diante d,1 amplitude inesperadt1 tomada pelos acontecime,uos, o Pe. Comblin ergue-se, na imprensa (o Pc. Charles Antoine. habitualmente preciso cm suas referências, dessa vez não dá senão essa indic.ação vaga; "na imprensa" . .• J. contra o caráter' "/tmtóstico'' que seu trabalho tomou na opinião pública. Pre• cisa-lhe o espfrito e os objet,',,os: ''No que con.. cern(' ,) filosofia política. êsse documcmo de· nuncia <1/guns do.r m;tos <la juventude atual: m;,o da ll("âO v;o/~nta, mito d,• Cuht1 t ti<.• Guevara, mito do socialismo. mito da agita· ção esuulantil. Mos ao mesmo u•mpo. denuncia os mitos mais antigos da democraci,; liberal. do regime pseudo-representativo. o mito da vontade da maioria. o mito das eleições democráticas. etc. ( ... J Não se põe né"le em dúvida <.í legi1i1nidude da revolução de /964 ... e ainda menos a lt!gitimidhdc imliscutí"el do atual govêtno ,lo Ora.til". Correm com insirtência rumores da prisão de Comblin. M a.t nada a,·onte<:e. upesar ,lo:r apdos veement<'S da rFP nesse .<entitlo" (pp. 145- 146) . Os ;,apelos v,.,emenu•.r" vão à conta do Autor. Pena é que ê.<ite, para informação de seus desavisados leitores não brasileiros. não t ranscreva na íntegra o documento do Pe.

Comblin. o que os faria ver que o professor do lnstituro Teológico de Recife não se coloca nessa posrura pseudo-imparcial. mas abertamente prega a subversão e a derrubada vio• lenta das instituições, como meio para implan· ração de sua sonhada reforma :socialista de estruturas. Sz: o Autor não julga intercssanlc estampar

o texto escandaloso do Pe. Comblin. cm compensação ded ica vários parágrafos

a reproduzir

calún ias veiculadas contra a TFP pela onda de terrorismo puhlicitário que certos jornais desencadearam contra a entidade. durante. a sua campanha do segundo semestre de 1968.

"Um espinho no corpo eclesia l" À página 149, citando mais uma investida

de certos Prelados contra a Tf-P, em setembro Je 1968. d iz o livro: 8

..Mas dia111e das "provocações e declara.. ções ultra-reacia11árias" da TFP - seg11ndo os têrmos da cartá dos sete Bispos [da região do Rio Doce) a Comissão Central [da CNBB] não sentiu necessidade de faur 111na denúncia franca . Se bem que o assunto haja sido abordado em reunião de trabalho [ . . . J, a declaração de 25 de 011tubro não faz senão uma referência velada · à questão, denunciando "'a intenção sectária de rodos aquêles que. opondo-se com tenacidade ao processo de re~ novação da Igreja como fermento de Jmma .. nil.ação no domínio social, exageram os /a· tos. falseiam as informações ou procuram denegrir, em seu conjunto, insriwições e pessoas que se aplicam a levar ao povo os princípios da justiça sociar·. Nesse texto, que visa tanto a imprensa conservadora quanto as atividades da TFP, não se /ar.. pois, m enção explícita desta 1í.ltima. Ao passo que, em junho de 1966, a mesma Comissão tinha advertido os membros da TFP e acautelado os católicos contra êsse movimento, ela não sente, desta vei. necessidade de repetir a advertência. A pesar dt.r precauções orat6ri1,s tio Episcopado, os membros da TFP reagem vivamen· te: D. Castfo M(qer lewmw-se contrc, a acu· J'ação de integrismo, feita ao longo das discussões da Comissão Central. Quanto ao pre· side111e, Plinio Corréa de Oliveirt1, dá 2le o trôco a D. He/der Camara, a D. Vicente Sche· rer e a D. Castro Pinto (em três artigos apa· recidos na "Fôlha de São Pa11lo'' tle 30 tle ow11bra e de 6 e 27 de novembro de 1968) . O Episcopado reem,. poi.r ao endurecimento tia .situação política ret,ge por um enfra· quecimenro de suas declarações. Sua posição mitigada e anônima sôbre a atuação do inte~ grismo revela nos Bispos da Comissão Central uma total auséncia de análise das repercussões polí tica.r tias campanhas dirigido.r contfa a l'greja. Ap6s um awmÇo quando tia ques1ão de Volta Redonda, a Igreja tlebilita-se peri• gosameflle em face. dos gol11es tle aríete do integrismo. O espinho não sõmente 11ão foi extirpada. mas mal foi loca/izatlo" (pp. 149-150) . Acentuemos o desembaraço com que o Autor confunde certos setores progressistas com a Santa Igreja. A par da campanha da TFP contra a in filtração comunista em meios católicos. oulro rec u rso teria sido usado pelos ''rem:ionárioi' para "mobiliza,. a oplnfrio p,íblica·• conlra a Igreja : a denúncia da "pe,.versão sexual nos

coll!gias cat6licos". Abrindo o tópico que consagra a êsse tema, escreve o Pe . C. Antoine: ''D. Castro Mayer havia resum.ido pe,.feitamente a situação quando descrevia as duas rare/a.t da época (''Catolicismoº de novcmbrô de. 1968): a l1<ta "contra o .rocialismo invasor'" e "comra os assaltos do sensualidade" (p. 150). Refere-se essa passagem à Circular do Sr. Bispo Diocesano de Campos sõbre o n,ês de outubro a ser dedicado à explanação da Profissão de Fé do Santo Padre Paulo VI. pronunciada cm 30 de junho de 1968 ("Carolicismo", n.0 215, de novembro de 1968). Percebe-se a intenção irônica. Na realidade, o insigne Prelado tinha tôda razão de denunciar dois dos grandes males do mundo moderno: o orgulho que deseja implantar o igualitarismo. e a sensualidade que conduz à rejeição de tôda autoridade. duas clássicas tenazes da Revolução. E. como se vê, não pactuar com aquêles que desejam implantar a subversão na Igreja equivale, no linguajar progres· sista, a dirigir uma "campanha de desmora• liwção'' da Igreja, como se a Espôsa de Cristo Se idenrificasse com aquêles que A querem desfigurar e destruir.

Contro o IDOC e os "grupos profét icos" Em sua terceira e últimn parte. o livro que

estamos comentando se ocupa de mais uma

grande campanha da TFP:

"O movimento "TratUç,io. f'amília e Pro,. prinlade" lança cm maio (de 1969) sua <·amponl,a amwl de opinitlo p,1hlica. Desla ve.r. não .re ll'ata de Ju1ar co111r11 " reforma "grá• ,.;a. contra o div6râo ou contra a infiltfltÇt,o comunisw no Clero, Tr'CIUl•Sc 1.le denunciar "u h,?resia motlernista em lfiunft,I 11sccnsão" nt1 Igreja pÓ.r•conâliar. Efo .te manifesto pelo.r "g,·upo.r pto/hicos" e por poderosas rêd<•.t de comunicaçcio .,ocial a serviço do progressismo, como o I DOC (Centro Internacional de Docwnenu1ç,lo tia Igreja Concilillr) e as IC I ("ln/ornwtions Catholiques lnternatio,wles"). Para ê:r.re efeito a TFP publica um mímc• ro especitll de "Catolicismo", que é objeto de uma vend(l int<msiva nas ruas das grandes cidades dó País. A o nu•smo tempo. Plinio Co,.ria de Oliveira publico :r~mana/mente, durante mêses, artigoJ' sôbre o tissmrto no grm1dc imprenso de São Paulo e do Rio de Janeiro. ( ]. O objetivo político desta nova campanlw é muito daramente definido pelo prc.tidente. da TFP: é um "apê/o ,I vigilii'nân de tôda o

...

nação" ("Catolicismo" de abril-maio de 1969, páginas 4 e 5)" (pp. 2 15-216). Depois de transcrever outro trecho dêssc mesmo artigo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, prossegue o Pe. Antoine: "A campapanha para a venda de "Catolicismo" na via pública deJ·en volvt-se com seu habitual de.f• Ira/dar de estandartes medievais e seus gru• pos de. jovens militantes de gravata e capelo rubro. Difcrcnternente dos outros anos. porém, êles dão provas de agressividade e mos• tram que aprenderam as récnicas de manifes· rações de rua. ( ... ) T umultos registram-se no Rio e sobretudo em Belo Hori1.0111e, onde a a11toridade policial proíbe li manifestação TFP. Uma bomba explode na sede do movimento em São Paulo. Vários Bispos, inclusive o Car• deal Rossi, fll(lni/esram sua oposição ou .\·eu descontentamento diante de todo êsse ruído ~ essas provocações" (pp. 216-217). Bste trecho é revelador de típica tática progressista: sai a TFP à rua para paclficamentc denunciar ao público uma conspiração tenebrosa contra a Igreja. Seus sócios e militantes são agredidos e até uma bomba é lançada contra uma das suas sedes. O comentário progressista afirma que os jovens "dão provas de agressividade" e faz entender que a responsabilidade por " t<>-

do ésse ruído e essas provocações" é da TPP. - A bem da verdade convém esclarecer. no que diz respeito ao Cardeal Agnelo Rossi, que Sua E minência manifestou seu pesar diante do atentado de que fõra vítima a entidade.

• •• Mas é tempo de encerrarmos estas notas. Fazendo-o, queremos lembrar uma frase de Emmanuel Mounier que serve de epígrafe a "L'Eglise el le Pouvoir au Brésil": "Não se combate o fascismo, que assinala por seu aparecimento a derrota definitiva do organismo .rocial e de seus médicos. Combatem•se as situações e o espírito pré-fascistas. Se êsres e/1'· tram, o coisa está cons11mada" (p. 19) . O mesmo poderíamos dizer, cm alguma medi-

da. do progressismo e do espírito que o pre· cedeu e fomentou, mas com uma ressalva:

qôando humanamente tudo parece perdido, estejamos certos de que soou a hora da Provi· dência e dAquela que é a celeste Medianeira de tôdas as graças. Em que pesem todos os arreganhos do progressismo, estejamos certos de que não nos faltará a ajuda, no transe final. da Mãe de Deus, a qual mais uma vez sabe· rá esmagar sozinha a heresia.

QUAL FUMO O.E ENXOFRE S

EGUNOO NOTICIAM os jornais, o Rcvmo. Pe. Fernando Bastos D'Avila. S. J .. pronun•

ciou recenlcmcnte uma conferência sõbre o "Conflito de gerações", denlro de um c iclo de estudos promovido no Rio pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra. Observou êle que o problema não é nôvo, mas atualmente "reveste.se tle orig;,,aJ;dtule trágica, pois

desce ao plano mais pro/um/o dos w,fore.t . impos-

sibilitm1do o cli6logo". Observou 1ambém q ue a <lramaticidade do connito atual impede que assuntos graves sejam trnlados cm família, ''pois os jovt11.f se mosrr,m, resi.fte11tt.f ,ls influêntiCls vefli· cni.t . vindas dos p11is, mas são extrcmamr11te Jrágei.f <i.r ;11/lm•ncü,s l1ori1.011lllis, rfcebid1,s tios colcga,f''. S. Rev,ma. destacou duas interpretações para o rompimento entre as gerações: a ' 'gradualista"

e a ºsísmica". Segundo a gradualista, o rompi· mento teria surgido alravés de níveis, dos quais o primeiro - n ruptura dos jovens com :ts con· vcnções sociais, c3racterizada nos gestos e costumes extravagantes - "I uma conttstoção super· /icial aos formali:,·mos". Na outra interpretação, que considera mais profunda, o rompimento entre as gerações ºteria surgido da ruptura com os pa· clrões de comportamento, que constituem a ált;ma proteção dos valores, como a outoridadt' e a ltaf.. Jadt, sôbrc os quais repoust1 ·a .tociedadc". O Pc. Bastos D'Avila revelou que prefere a interpretação sísmica. "prol'Ocada segt1ndo disse - pelo abalo do período de transição cu/tu• rol t m qut nos t ncontrtunoJ''. Os espaços culturais diferentes e cat1sas peda· gógicas foram apOnlàdOS pelo conferencista como responsáveis pelo conflito de gerações e seu agrn· v:tmento atual. do ponto de vista sociológico. Entre as causas pedagógk:as destacou a "aplicação oprts· sada das hipóteses freudianos 11a educaç{io, abrindo

c,1mi11/,o o uma formação pumissi,,a que rt'sultou na demis.tifr, do ouroridmle". Lembrou que "tôda sociedade .u baseia em alRtana proibição" e su• tcriu à preparaç-ão ttdc.q uada da criança par:t o uso rc.~ponsável da liberdade. Os espaços culturais também são responsáveis - observou S. Rcvma. - porque a atual geração de jovens aprendeu n conceber o mundo de nwneira diferente da anterior. "Como recebe volume

dr i11/ormaçi1es fos1autli11eame11te, perdeu a nwtil"áfcio ,,arn n tipn de apreudizatlo em que nos

formamo.,·".

Segundo o Pc. Bastos D'Avila. os jovens vi· vem e crescem num espaço culturnl diferente. ..,. t1imlo mio ,lt•scol,rimos um c<Xligo ou 1111w

Jnrm,, que

ligue n élt•,f''. A influência de ··itfe6fog(ls rndkais'', dos quais Marcusc é o principal. agrava o conílilo, Outr.i agnw:'mtc en1ende $. Rcvm:i. - é o que chamou de ''cumplicidmle tld hipocrisiaº. pois "min ,,af,, r,wi.t, couw mitt-.-c, a Jilpst,Ji11 do /ara o que i!.U ,liJ?O e mio o qul' f11c<>". Os jovens cobram dos aduhos a sinccrid:,de e ;\ at11cnticidadc. que lhe.~ são cnsinad:ts e passam a negá-las como vnlor 1'porqt1<- prl'/err.m cóntt·st,Í· ./11~ ,, hu.:idir 11a hipocri$io". Con~o terceira causa. o Revdo. Padre indicou :t "im1>osturo ,lo cstablishmcnt". A juvcnlude níirmou - se rebela contr;"t o aumen10 puramcnlc qu::!nti1a1ivo, "que min 11,e oferece outra ulttr11a• tiva ulrm tlt1 ofluê11cfo, quando. 110 ,·ertladc, ela dc.,cj11 11 mdhoriá qua/j/(llivo que t, sQCie,laclc of/u. ,:utc .rt r<·cusa II oferecer-1/te". Alé aqui o resumo da conferência do Rcvmo. Padre Bastos O'Avila, conforme o publicou o jorn:11 "O Estado de São Paulo" cm sua cdiç:1o de 27 de ou1ubro. 111>,t

Apenas um aspecto da Revolução A menos q_ue êssc resumo esteja lamcn1àvcl• mente incompleto, é pelo imcnos estr:lnho. para n:ío emprcg:,r cxprcss:ío m:,is enérgica, que o

conferencista não hajri enqu::tdrado êssc "conflito de gerações" dcnlro dn crise moral e portanto religiosa cm que se debate o mundo moderno. E além da afirmação de que o aspecto pri· mordia! dêssc conflito é mornl e religioso, dese.. jaríamos ouvir pelo menos uma palavra sôbre a divi~ão de responsabilidades em matéria tão grave. O Pe. Bastos o· A vila resvala sôbre o lema :,o aludir à s hipóte.ses freudianas na cducaçfio, e à inOuên-cin de ideó logos radicais como Marcuse. incontestáveis e imPortan1es fon tes da lamentável sociedade pcrmissivn de nossos dias, bem como à imposturn do "eslablishment". Por que n~o descer às causas mais profundas dêsse descalabro. apOntando. ness.a diviS.liO de responsabilidades, a parte enorme que cabe. sem sombra de dúvid,,. às velhas gerações, inclusive a que imediatamente precede a alua! nov:i geração? Enfim. êsse apregoado "conflito de gerações.. nada mais é que um dos aspectos colaterais da grande Revolução que corrói as entranhas da Cristandade desde a Renascença ou o crtpú.sculo da Idade Média.

Se abslrairmos do que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira magistralmente define como os valnres metafísicos da Revolução, não apresentare1'10S dêsse confli10 senão um qu3dro incompleto e s u~ pe ríicial. "Duas noções concebidas como ,,afores mtta/fsicos e.'(primem bem o espírito 1/t, Re~·olu-

ç<io; iguuldadc oh~·oluw. lil,erdndt complt.iu,. E duas são tif pail'<'ies que m11is a sen•em: o orgulho e ,, sc11.mnlitfodt" ("Revolução e Con1ra-Revolu· ção". Editôra Bo:, Imprensa. Campos, 19S9. p. 30). Nada

compreenderá dêssc trislc fenômeno quem não lhe investigar as causas n~ais profun· das, que são as que procedem dos avanços da Revoluç.io igunlitária e gnóstica. Nessa gr:1nd! subvers.io tem um papel relevante à cumplicitlade d;1 hipocrisia. não no sentido restrito que lhe emprest:) o conferencista, mas no sentido :'ln1plo do divórcio e nl re :, verdade conhecida como mi e 3 a1uação pr1t.tica do awal "es1ablishment'·. Assim, enquanto a ala dos "itlc6logos r,11li<;ub" ' , inclusive dentro da.-. fileiras católicas, vai abrindo c:m1inho para as heresias religiosas e .sod::fr~. o gtande c-o nlingentc da tcrceiru ..fôrça ou dos ncomod;ldos. quando compelido a :-i.gir. oferece apcllas uma op0sição sonolenta aos :ivanç-0s do inimigo.

Re~rguer as mura lhas de Jerusalé m Mas bas:rará ;1pon1ar com prec,s.:w o.~ ;1taqlh.~s das fôrças adversas e desmascarar seus embu,;1cs? Por cerro que não. O exemplo pctíci10 da ação devemo 1o tinir dos israelirns: que cm uma das mãos 1inh:,m :1 cs pad:1 p~,ra se defrndcrcm contra o inimigo invasor e com a outra rccons· trufam os mt1ros de Jerusalém. Do mesmo n1oôo. é imprescindível luu~r J)Or todos os meio:.. lícitos contra as fôrç:is que corroem o mundo moderno. inclusive a juventude, OJ)Ondo-nos a elas r.om todo o des:tcn1or e argúcia. M~'ts ao mesmo temro contribuamos para reerguer ::1s muralh,1·• des:sa Jerusalém que é ;1 C idade de Deus. as quais não podem ter como htnd~lmcnlo senão o espíri10 de fé. de humild:idc, de amor à hierarquia, de p11re1.:i. Em um:, palavra. façamos a obr:l da Conlra• -Revolução. cuja a lma é a $;rnt:i. lgrej;, c~,16lic.a Apostólic;, Rom:,;na. Sem isso será cm vão que lu1arcmos contra os conflitos da sociedade hodierna, inclusive ê~e Jamen1ávcl ••confli10 de gerações" que, como 1udo que vcn1 do pai da ..•nentirn. se esvairá como fun, o de cnxôfrc no dia do anunciado triunfo do lmt"tculado Coração de Maria. 4

J. de Azeredo Santos


SEI\IJ\DOR D·EFEI\IDE E ELOGIA J\ TFP I\IJ\ CÃMJ\RJ\ J\LTJ\ TRANSCREVEMOS 00 ·'Oi,írio do Con· grcsso Nt\cional,. o texto do discurso pronunciado pelo Senador BENE011'0 FERREIRA na sessão do Senado do dia 8 de outubro, ( acrescentando-lhe subtítulos): "Senhor l'reside11re. Senhores Semulore.s, Nem uulo stlo /lôreJ'. nem 1rulo é alegtia. Aqui estou par<,, com V. Excitls., examinur um deplorável /lltO, ocorritlo na semmw passt,da, na Câmara dos Deputados. E a<1uUo que anotei para deplorar êsse /lllo, eJ·tá v<1t(l(/ó no~· seguintes têrmos: Sr. Presfrienre. Srs. Senmlores, é lamentável, por todos os /ttulos, que um representante tio povo, com uma rápitla Jeitur<1 a uma acusação estampada em um jornal, dela faça 11so para e11xovallwr uma entidade. tias mais .rérias e:cistentes neste País. Refiro-me ao.r ataques levados a efeito da tribuna da ClimtlfCI tios Deputa<los, pelo De,,wado emetlebista JAISON BARRETO, contra {l SOCIEDADE 8RA$1LEIRA DA TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE.

Na vefllade. Sr. Presi<Jente. a ninguém de bom senso é da,Jo o direito de negar o extraor<linário acervo de serviços, nwis que relevan .. tes, prestados pela TFP ,ls nossfJ.\. trtulições cristãs. ,l família e à propriedade. Baseado em uma carta publicada no "O Estado de São Pllulo", do dia /9 do corrente, S. Excia. investe contra a rFP. chegm,do até ao ab.rurdo de compará.. fa ll terrorista Ku Kho: Klan, sugeri,u/o ainda uma suposta ev{)lução da 1"FP que <1tingisse os tristes e anticristãos ''esquadróel· da morte".

TF P: jovens pacíficos Sr. Presidente, sabemos totlos que a 1'FP é un 1a entidade que congrega católicos em busca ,la preservação da tratlição, da família e da proprieda,le, inslstimos. Tôdas as .mas ações têm por J;nalidtule servir ti Igreja, ,) R.eligllio. Há que .te perguntar, enttio: po,leflí essa entidade andar de braços dados com " violência? Sabemos que não. 'ti impossfvel a presunção ele violênda contra seus semelhantes por parte daqueles que adotam e vivem pc.. lo.r ensinamentos de Cristo. A naliscmos a carta, ou melhor, a parte <la publicação usada pelo nobre Deputado JA1SO'N BARRETO para o embasamento de seu discurso: º{ ... ] Sentlmos a necessida,Je, para o nosso pr&prio tlesafôgo. tlc comunicar 11 <1uem de direito, situaçõe.f criadas em nosj·a região por integrantes ,la organit.açiio conheci<la por TrCldição, Família e Propriedade (TFP). Ess11 organir,açlio nwmém centenáS ele jovens que ,e.. sidem nessa área. 1'ambém aU foi montado um a/lllr, com a imagem de N. Senhora, onde os jovens rezam terço.s diários, ajoelhados na calçada. Até ai, os moratlores já estawm1 acostumados com ,, presenç,1 da TFP". Sr. Pre.sidellte, pelo transcrito até aqui_, creio válido começarmos a anali.rar o contetído da citada carta e <i '·religiosidade" <lt• seus autores. Diz.er..se que os moradores j<Í estavam ºacostumados com a presença tia 1'FP" é deixar transparecer que, atualmente. naqueles dois boirro.r, rewr é uma coisa fora tio comum ou um ato vergonhoso com que se menta ao pudor vlíbllco. Será atentado ao p1ulor a montagem 1le um altar. com 11 imagem de Nossa Senhora? E note-se, tudo isto feito por jovens (como t~ dr"to n11 citatla carta) no local e.rato de um lltentado terrorista contrll a Societltule. o qual pôs t!m risco " vida de seus militantes. Ressalte-se a atitude evangélica <los jovens ,la TFP. <1mt respomlem às violência.\· sofridas, procurando santificar o local de .rua quase imolação. Prosseguindo, os missivisl(1S alegam: ''Contudo, ,te algum tempo para cá, alguns Jatos tê111 irazi<Jo inquietação geral: ,le \ICZ t!m qu,mdo, surgem jovens ar1'wdos até de metro· llwdora.r que agem como se estivessem montando um esquema de segurança para t1lgunu, at11ori<la1le muito importante, vlgimulo as t•n·

tradtis de etli/ício.,._ as esqt1irW,\' e ro,lo o 1110• vime1110 <las ruas". Sr. Presidente. j<Í é p,íblico e notório a /ir.. meta de caráter, ,, fortaleza moral dos jow:ns arrcbanlu,dos JJela l'FP, vez qm: resiJ·tem pu<.·tficamenttt, até os limites l/tte IJ1l!,\' permitem salls ,·ondiçiíes /rumcmas, 110 exercício de .)'m1s lltividades, " tôda sorte de insultos ,~ humilhações por aquêles que temem " pregaçtío tle J'Cu.t ide,lis moralil.fl<lorcs. E.rtõict1111c111t· por .. uwdo o esta,ularte tia fé, têm sMo vilipe,u/i<,. tios pelos <lebochados tltz esquerdinha festiva, porqwmto o combate uo comunismo é quesr,io feâwda. é po1110 de ho11ra tia Sociedade, Quanto ao es(1uema ,Je J·egurtwça, que não pas.Sll ,le tl/lt militante, apenas um, que ,:uarda a porta de cada mna tias sedes, foi instituí,lo llp6s o aterttatlo sofrido 11a 1111ulr"gada de 20 tle /1111ho de /969. por sugestão da SecréttlrÍCI tle Segurança P,íblica de Slio Paulo. Qmmto tl arma. outra ni1o p0<lerla ser. que não um têrço ou run rosário "con/mulido'' tliabõlica· mente, com metr<1lhadora.s, pelos autores da carttl.

Informações e rrôneas e tendenciosas Mas prossigClmos analisando ,1 carta-documento ustula pelo ilustre Deputado JAISON 8ARRE1'0:

"Essa fôrça ostensiva acabou em pânico para os moradores numa madrugada de d,w.r semanas tJtrás, quando um raplll foi piJ"Oteatlo na porta do prétlio onde resi<Jia. "Deit11do ,lc costas na ct,lçatla, êsse l'apat tinha as mãos pisadas pol' ;,ucgraftles da TP'P, que pi:mvam também .teu estômago e a bôco. A ceru, altura, quase duas horas tia mlldru .. gatla, desceram os pais do rapaz., que slío ,Jc.· ldatle. A mãe ajoelhou ..se no passeio e pe,lia para que niio fizessem aquilo com o filho. O pai e/torava e tremia. Ambos /orllm malllidoJ' a/astado.r do grupo, que continuavtl pisando o rapaz. De repente, caiu um copo jogado do alto tio mesmo prédio junto ao grupo reu,u·. tio na calç·ada. Um homem. que se ditfrl militar. recolhe os ca<:OJ' do copo e vistoriou o prétlio, apartamento por apartamento, sem nada encontrar. A cena s6 tcnninou com a chegada de uma vlatura que recolheu o jovem 11isoteado. Até hoje êle ,uio voltou para <:asa".

Capitão esclarece o incidente Sr. Presidente, pela atençlio de V. Excias. vamos aqui chegando ao âmago da questão: no dia 2 tio corrente, isto é. um dia após a publicação da cal't(J dos moradores. "O EsUi· tio de São Pautou publicll o que segue''.

Aqui o orador leu a carta do Capitão Carlos Antonio Espírito H. Poli a "O Estado de São Paulo", a qual esclarece o incidente, dando a versão verdadeira do mesmo e deixando transparecer tôda a inidoncidadc moral da "comissão de residentes'', Essa carta já é do conhecimento geral, publicada que foi nos jorn~\is ''O Estado de São Paulo". HJornal da Tarde., e ºFôlha de São Paulo", no dia 2 de outubro. Prosseguiu depois o Senador Benedito Ferreira:

Má fé, desonestidade e contradições caracterizam a carta ''Como se viu. n,uJ(I do re/al(ulo no ,Jh;cur• j'Q do Deputado )AISON BARRETO parece, j'e• <1uer1 com a realidade tios /tifos. A má fé e a desonesn'dade d(l "comissão'' <íu1ora da, Ct1rM, ficaram por tôdas tis formas e meios patentetulas,. t1té mel·mo '/"tmdo afirma: "um homem. que se dizia militar". Procm·m·om 1.·sconder a w~r,Jadeira idemitlade do o/icfol tio Exército, o qual, conforme afirma êle pr&· prio, eswv,, fardado no momento em que teve que interferir 110 desagradável incidente. Mais a,liante, os detratores da TFP prosseguem em sutis h1vendonices. ,liz.t•ndo: "'N,io

sabemos <1uem chi isse r,,p,iz, se tiniu, 11,w/.. ,,uer implicaçiío políti<:11 ou policial. S6 sabe· mos que foi uma ce11" tle violência <:ho,·antrt pura todos 116.r. E .rú coswriamos que "'"" situllçâo çQmo ess" mio se rt:petis:)'t. '"'r" " 1m1. 1le U:)(/o:l'. Sr. Pre,fidente. u grosseria ,las contr«diçÕt',\" <los missi"istas é de tal monlll, que tivesse u De/)11/{l(}o JAISON 8ARReTO o proJJ6Sito ,it agir ,·om isenç(lo, teria veriji,·,ulo à primeira vista, a falsitlmle das acusações. Como vimos, alegam mio ,.,·,,ber quem er<1 o rapt11... Todavia, sabiam Olllle era j'tW rel'i· dê11cit1, local onde supost«mente era pisoteado. J"abiam a itl<,tle de seus pais, e sabem que "até hoje não ,,01tou11 • No entanto, foi o Capiulo CarlOJ· Antônio quem levou o caso Bt1tatlulo de Polícia do Exército em uma vi"1ura que os autores tia carta 11110 reconheceram , embora seja do Exército, Mlls êles diz.em: "[ .. -1 êsse rapaz tinlw as nulos plstulas por ;,uegrantes da TFP , que pisavam também se11 estômago e " bôct,". A isto se contrapõe a declaração do o/icit,I. que, t1grcdido, imobllitou seu aaressor, m(lntenJo..o no solo. E. o mais grt1ve, o pr6prio Cllpitllo ,ledart, l/Ue ninguém tocou no agres• sor, a não ser êlt - o militar. Quanto a. não J't1bcrem. os escribas do comissão. onde se encontra o ravaz - que nlio co11hecem, nem lhe sabem o nome, Q C11pitão Carlos Antônlo informa, com riqueza de detalhes, aJé o:; trâmites legais de sua contlução ao Batalhão de Polícill do Exército, bem ,·onuJ as m e<lidas legais tomatlas.

"º

Apressadas as conclusões do Deputado Por fim, Sr. Presidentl!, devo acrescentar que o ,iiscun.-o do Deputado JAISON BARRETO mostrll sull tendenciosidatle pelo que em si ll/'1'ese11tll. Assomou à tribuna ap6.r a publica• _ç,io tia segwula carl(1, dela não tomando co• nhecimento, ou n(lo querendo Ja1..ê-lo. Sim· plesme111e t1Ceitou a ,Jemíncia sem uma segtmdt, lci111r,1, tirando conclusões apressadt1s. Vejtmios, a.gorll, trechos de sua fala. Apó.t a leitura da ctzrtll d" ''comissão de residentes>', tece comentários, tios quais. ,I />rimeira vista, ressalta sua prevenção contra a 1'FP. Ora, Sr. Presidente, alguns quel'em fazer crer que a. l1t11nanidade passa por uma total renovação <le valores. A pregação doutri11árià 1 as campanhas em favor dos prindt>ios prega· dos pela Igreja e contra inf;ft,.açâo coinunista no seio da família cristã, já podem ser consideradas ·'comportamento agressivo, pregaç,i<> medieval, reacionária, extremfa·ta, odienta"?

ltí .\'<' po,lc rowlar de '"jovens /mwtizadoS'

,,quêles Tltpazes tJue, em vez de se veslirem extravllg(Ultcmc11te,. tlc usarem entorpecentes, tle ,,iverem em pl'omiJ'Ctddade física e moral, s2 puseram a serviço de Deus, de Cristo, da lgrejll, ,1,, doutrina ,·at6lica? J(, se fecha o e.:,.. pírito de noJ-J'a gente a ponto de não querer ouvir o clumuu/o tl oração? Se t1ssim é, emiio pergunto eu a V. Excias.: f)llra ontle eswmos ctllninlwmlo?

Govêrno não bitola a juventude Mas. prossegue o Deputado catarincn.se em .reus infwultulOJ' ataques: ''Existe neste Ptús umtl lltitude, um ,·omportamento, t1ma filosofia, da qual lnclt,sive discordamos, que f)retcnde proteger nossa rnoci1Jade da contami• nação de extremlsmos alienígenas, que lev<i nossas Universidades a ll{ienarem os diret6rios ac,ulêmicos. bitolá..fos a limites tleformtmtes, impossibilitando nossoJ· jo'vens do acesso à discussão livre ,le novas verdades que se esparramam por êsse mundo d~ ,,avos horizontes. Por i.rso mesmo. estranhamos a condescentlêncla de noss<is autoridtules com esta entitl<l• de, suspeita, misteriosa, extremlJ·ta, como as que mais o scJmn, ,·11jas /lnalidades llltrapllS* J'am qualquer preceito legal, e cujas atividades nebulosas cada vei nwis se assemelham às de uma " K.u Klux Klan" cabocla". Sr. Prl!sidente, aqui o parlamentar ataca o G ovêrno de tentar biÍolar a nossa juventude condescendendo, ao mesmo tempo, com o que êle chama de "Ku Klt1x K lan" cabocla. Sincer(llncnte, não ententh". Se o Govêrno ,,o acabar com a infiltração comunisl(1 no meio estudantil, ao conscientizar os estudantes das suas responsabilitlades per<1nte a naçlio. ao faz.ê·los ver que sua funç,io consiste em per· ma11ecer nas escolas estudt1ndo, é acusa,Jo tle bitolá../os, essa acus,zçflo deixa•me imagina,ulo que ,o deseio daquele Deputado é ver o iovcm que estuda, deixar de /cldo os livros, involuir ,w maturidade agora a<lquirida, e sair às ruas /atendo baderna, é querer que a juventude brasileira aja tle acórdo ,·om tloutrinas aUení.. genas, em tristes espetáculos por todos nós pre·. J'endados até há pouco tempo, que no.r enver.. gonlwr"'n tauto a todos os homens <ie bem. Chamar 1le "Ku Klux Klan" cabocla a Só· cie,l<ide Brasileira ,le Defesa tia 1'radição, Fa· mília e Propriedade, é negar mesmo a vocação cristã de nosso povo, é /ater pouco de nossa tradicional religicsitla,le. é querer negar o di .. reiro de expresss,1o ,le pen.\·amento consagrado em nOSJYI Constituição, é agir de uma forma que "não condiz com o espírito de nossa gente", é agir como membro ,lc wna uKu Klux Kla11'-' real.

J ovens sérios, defensores da tradição, família e propriedade Mais adiante, após tantos absurdos, pros· segue o Deputado: "'Se outro sentimemo ntlo nos acode, um está sempre 11rese111e: o de lástimt1 por ver ti nação despen/içar uma moei· dade, que é das melhores, doutrinada por alguns fanáticos hitolerantes. Entendemos que se já não bastasse a trágica presença tle jovens en.. volvidos em atividades te,·rorisl<ls. fruto de erros de apreciação do Govêrno, que persiste em manter li naç,io num regime híbrido, tal entidade, estl'uturada 110 aliciamento ,Je tnóf"Ol', com ativitlades c11da vez mais su.rpeit,,s sob <> mtmto <Íllj' autoridades, se constitul num f1J10 termo/6glco, inconcebível, que envergonha e ,·ompromete a n<1ção lnteira" . Sr. Presidente, nesse trecho lastima e acusa a ,wção de despertliçar unw mocidade, maJ·. 110 t:11W11to, esquece que hoje a grande maiorill dos joven:>· é responsável, e que s6 uma peque· na minoria é que se entrega aos excessos, que se vê envolvida com terl'oristas. Parte dtssa minorfr, hoje se transforma em pária.)· da sodetiade. em misérlas ambultmtes, ao se entr<•· gar t10J· entorpecentes. Mas êle s6 condena os

jovens sérios, preocu1,ados com problemas e.r· piritrwis, Jiliatlos à TFP. Parte outra se e11 .. contra 11wrgint11izada, praticando atos <lc terrorismo, 11/icitulos que foram por doutri11as espúrias vin<las de fora. Mas êle s6 condena o aliciamento de jove11s para uma entitlade que tem ,,or objetivo a já ahulida conservação de nossas tradições, de nossas famílias, ,le nossa 11ropricdtule.

Chamar a TFP de "fascista": desconhecime nto total Por outro fatio, o Deputado JAISON llARRI:· em su,, ftíria contra " 1'FP. acusa o Go· vêrno R evolucionário de ser responsável veln envolvimento de jovens com o terrorismo ,. vor êrro de apreciação''. dit S. Excia., e />rO.f.f<'· gue: ''A omissão tle muitos levou a ,wçiio a presenciar coisas trágicas, como o falado "es1/twdrão tia morteu. A nação verá, tenho cer. re:.a. coisa.r lamentáveis, se continuar a compacuu,r com a 1'FP. Embora tente essa enti· TO,

9


CONCIUSÃO

o,-

PÁC, 9

SENADOR :DEFENDE E ELOGIA A TFP dtulc apreserrwr carfiter rcHgioso,

st,be

o povo

brcuileiro diferenciar perfeitamente seus ca· r<u.:tere.f bem disti111os das demais org,miza· çõcs exis1e111es. Agrupamento poútico,

/ei10

tias piores conoraçõcs fascistas, ll TFP é um quisto ,/entro tia narcio. ó merecer ,, atençiio urgente do Go,•érno". Já aqui, Sr. Prt,sfr/e111e,. s6 aponta uma clas mais tristes chagas presentes, o "esquatlrão da morte", 110 ('IJ/a11to .r6 co,ulena um ClfC futuro, sõme,ue por [,/e previs10. Minimitll o objetivo religioso dt, entidade e. e, aponta como "agru-

vros, a ''riqueza maior des1a Pátria: sua toler/'incia, sua falta de preconceitos, seu espírito fraterno e aberto". E. no enlanro, por trulo o que disse. negou tutlo is.ro. mostrtmdo-se in10/eranre. imbuítlo de preconceitos, pregando não a fraternidade, mas a incompreensão. ti tliscriminação. tentando o es1reitame11tt> de espíriro df.J povo brasileiro. Enfim, tleixando de tlc/entler o que tle/encle li 1-PP: as nossas trá· dições, a conservaç,lo de nos$as familias. Sr. Presidente. de tudo "quilo que mw/is(lmos dt1 corta da 11comissão" t. do discurso <lo

Deputado catarinense, o que mais me impressionou foi o prop6$ilfJ - Orll velado, ora os• tensivo - de levarem o povo brasileiro não só a "rer vergon/u, d<~ .-rer honesto", como prel'ia R uy Barbosa, m as intentam levar-nos ao pior. isto é. termos vergonha de profes.rar e praricar uma reUgit1o. Por fJutro lcttlo, como vimos rodos, o DepatcJc/Q oposicionista dá ênfase cspecic1I de sua con,Jiç,lo tle tmticom,mi.rta. Imaginemos, pois. se um anti assim se co,nportou contra a TFP,

contra fJS pou cos que tu'ndt, ousam. pUb/ica• me111e, ,lar combare it. con~·purcação clt, Igreja e aos comunistas em rodos os setores, imaginemos. vo/Jo a cliter. t, atitutle e o comporta• menlo dos pró~comw,isu1s. em re.lc,ção aos jo,.. vens da 1'PP. e aí teremos a proporç,lo do quanto devemos a "êJ·se pwrlwtlo de bravos'' na preserw,ção da família, ,las nossas mais que cartt.r tradições cri.ruis e, finalmente, 1Ja democracia. Era o que tiuJw- a tliter''. (M uito bem!

e o seu apostolado h:í osmose total, interação

c.mitidos pelo Revdo. Irmão Charles Henry But. timer. Supc,rior Geral do lnstituto dos Irmãos di:ts Escolas Cris1ãs, cm duns conferências que pro• nunciou cm Roma, cm novembro de 1968 para Lassallista.s reun idos num curso de "recic:l;gem". A refutação a nosso artigo leria obrigàtôriamen1e que cingir-se i, seguinte allerna1iva: - demons1rar que o Rcvdo. Superior Geral não pro nunciou as conferências que comenrnmos; - ou, senão, demonstrar a ortodoxia da dou&rinn exposta nessas conferências. Ora, o missivisla parece ignorar tal a ltcrn:uiva. Êle limita-se a enumerar em oilo itens o que as.severn ser realmente a "linha de pensamento" do Irmão Charles Henry. N.csses iten!, de teor. vago e recheados de gcncraltdades. n:,o é ()OS$1vel e ncontrar nada que represen1c uma verd;:1dcira negação dos erros que apontamos n:'ls confctêncins do Superior Ger:'lt cm Roma. Em relação aos fié is . choc:-1dos e fe. ridos por iais aberrações doutrinárias. o Rcvdo. Irmão Malagarrig:\ imita o levi1a d:\ parábola: passa ao largo. Uma vez que a presente carta àberta nfio mingc o mérilo do assunto 1ra1ado cm nossô n.0 237. cnbc•nos apen:\s d i1..er a lgumas palavras st>brc :1s ohjeçõcs de cará1cr acidental formuladas por ela:

/Mmcnto polirlco feito das piores co1101ações

e 1ulo

/asâ.ttas' ·.

Palmas).

querer ver o 6bvio, é clesco-

11h(1cer tott1/me111e ris atividtules da 1'FP. ê, en t outras palavrll:r, criticar o que não conhec<·.

Não se admitir que <l TFP deva cofobor<lf

na revress<1o a atos <ie tertorismo, aí sim, "é sacar contra os brios de nossas Fôrças Armada.r". 11oi.r elas. tn(lis q11e ninguém. têm d<ulo exemplos <le t/ue essa colaboração é dever. Prevista 110 artigo 86 da nos.ra Constituição. t1 obrigaçlio de todo brosUeiro, indcpeudentememe tle c·re<lo. côr. .,·exo ou r<tÇ<l, é ato dr fé ,wcio,wlisra. A parte final do trecho iá foi exaustivamente comentada <mteriormeme e. por isso. passemos a analisar outro petíodo.

Só o comunismo lucra Mas tlh o Sr. Deputado J AISON O•••e·ro: "Sr. P,·esidente, Srs. Deputados. a Oposiçtw t1pltuuh• inidatiw,s como a do Projero Ro,u/011, c,1,wtes de interessar a nossa mocitfode pela realidtule brasileira, mas n,io pode sile1u:ia1· t/uantlo instituiçiicJ· <.'Omo ess,, t/ttc assalariam jovens para 111ividades que consitleramos per• nic:io.ms. Anricomunisw. r,om atitudes cristãs claras e 1leji11idas. venho a esta tribww alertar os homens reJ·,,onstíveis tia minha terra. cumprindo um tlever t/Ue <,ssumi nas praças ptíl>li· cas, ,Je defe,1,ler sempre, a qualquer preço. um patrimônio que se constitui na rit1ue1,,, maior tlesw ptllda: sua tolerlincia, sua falia de preconce.ltos, .fert espírito fraterno e aberto. seu indesmentível amor à libertl(ll/e, negação mesmo till itleologitl que profes.ta a ''1'radiçc1o. F11mí/it, e Propriedade". Que o Govêrno não nas negue, permilintlo "grupamentos como êsse". Sr. J>resitleme. Srs. Senadores. ntio creio que ,,em m esmo o maiJ· cmpe,lcrnido oposi· cionisu, ouse negar pl1b/icamc111c o apoio a inici<,,;w,s como o Projeto Ro11do11, que. na realitlade. é um<t aula prârica tle Brcisif CIOS nos• sos esttttlantes. M(lS não concordo t.·om S. Excicl.. que con:rider(, perniciosa a ativi(ltlfk da TFP. t/llC, afim dt..t ,Joutri,w. luta />tira mam~r o Brasil parn os braslleiros: é se contradizer. Reiter<ult1111en1e tenho verber,ulo os "inocentes títeis'', e no CtlSO f/o Deputtulo JAJSON 8ARR1::ro. tiue se tleclllrll amicomuni:rra, está êle, an se in:mrgir i,1;11,.iosome,ue <.·ontra " TFP. fazendo um jôgo no qut1l s6 saem l11c-r,mdo os comunistas.

Na prática da Religião: destemor Finaliza seu discurso dhendo defender nossa maior herc,11(<1. ou. em suas próprios pala-

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A1..i,·osm R11um 1:o I)~ RO.~AltlO f)irctori:I: Av. '1 d e ~ctembro 24'1. caix:'I pos1:11 3:t:l. 28100 Campos., RJ. AdminlsMONS,

t'r.1(':iO: R. l)r. Mani11icn ~t:u1o 27 1. 0 1224 S. P:11 11-,l, ..\J,.-enl(' p:1r:1 o Est:,do d o RlQ: José de Oliveira Andrndc, c~i~:1 1>0S.t_~I 33), 2~100 Ct1tnl)OS. RJ; A):tntc p:1r.1 O~ f~,·H1d?S d(' Col.:'1$, MMn C ro~so e Minas Ccnu~: Millon ck S:.116 Mourao. R . J>~,rnil):-t 142:\ (telefone 26..Síl30). 30000 1klo Hori1.onc~:

A~cn((' p:m1 o l~,çl:-.do da Gu1mabar;1: Lu1s M. Ouoc:m, R. Çosme Velho ~-•~ (telcfo11c 2'15-8264), 20000 Rio de Jrm t.:irp: A'-!<'nf<' 1):1m O J;;.,;tndo do Ceará: Jo..-:é Ger:,rdo Ri·

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ooc.rndol' CrS J0,00; benfeitor Cr~ 6~.00:

;mrndc beníciHlr CrS 150,00: ~'-'mm:tns1:,!o.

e csh1dnntes Cr'S 12,00; An,énca do S~1I

e Centr:,I: vill m:.lritima USS 3.50, v1:.l :1érc:1 USS 4,50~ outros países: via m:1rí1ima USS 4.00. vi:-t :iéte:'I USS 6.~0. Vend:1 nvul,;:1: CrS 1,50.

Os pag:rn,cnto:-. :-cmprc cm nome _de Bdl1ô.r:1 P:1drc Ht'lc-hlor de Pontes ~i<.:1 poc.lc·

r:lo ser cnc:1miohí1dos à Admini~1r;1çí10 ou ~tll$

:-.gentes. Pam mudançn d~ enderê.;o de

as.,;.in:mtc,;., é occes,;.ário mçnc1onat rn~bém

o cndctê<;o :uHis:o. A corresp<md\:nc:m rel:11iv:1 :, :,ssin:nurn~ e ,•end:• :wul~:i dc"c cnvi:1d:1 à

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M:,rllnko Prndu 171 0 1224 S, Paulo

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Recebemos - com grande atraso - do Revdo. Jrntão H. T. l\-1alagarriga, do Laboratorio Botá.nico F. Scnnen, Barcelona (Espanbn), uma ~arta tendo pôr epígrafe: ..-P nra o nde vai o ln.s.tit~110 dos lrmáo.~ Lassallistas? / Carta abcr1a à D 1rc1oria do mensário CATOLICISMO". Assim se exprime S. Reveia.: "Senhor Oiretor, Antes de mais nada, peço licença para me apresentar. Tudo quanto se escreve no Brasil muito me interessa porque residi naquele país desde 1930 a1é 1964. Isto explica o falo de me ter inteirado do artigo publicado no n.0 23 7 de o CATOLIC ISMO sob o tiiulo de "Para o nde vai o lnstituro dos lrmftos Lassallistas?" Teria escrito anres se tivc.'iSe recebido n fôlh:, mais cedo. S<) ontem recebi o n.0 237 e me prontifiquei a escre• ver p0r<1ue ncho indispensável que os leitores possam se form:lr uma idéia pessoal sôbre o Instituto dos Irmãos LaS$:lll istas e o seu "futuro". Escrevo por con1a própria. não recebi procuração de nin· guém e do espírito de eqi.iidadc dessa Diretoria espero t, publicação de minha carta no próximo número do mensário. Alguém n,e aconselhou que publicasse noutra revista, mas. sem prova do con· trário. não tenho o direito de desconfiar da Diretoria de o CATOLICISMO. Além <lo mais, não se lr-::tla de f;:izcr piruetas dialitiças e divertir o lei1or. Trata•sc de expQr pura e simplesmente a verdade. O a rtigo publicado me impressionou dc:sa~radàvelmcnte. O autor do artigo dcvi:l se ter serv1~0 de outra fon te de informação como base m:ltenal das idéias expOSt:)S. N5o serve un, "panfleto.. distribuído por um grnpo de indivíduos qu~ demonslr:uam a sua fali:\ de c ritério ao empregar um meio ilegítimo. O caminho verc.h1dei1·0 não é o d:1 dircila nem o da esquerda, é o que v~1i para a frcnre. Nos assuntos da Igreja Carólica, a lii1ha rela é: o Vig:ítio n:i Paróquü,. o Bispo n:, Oio;cse, o P3pi, na Igrej~,. Quando de Congregaçoes de Direito Pontifício se tr:11a, como é o caso do Instituto dos Irmãos Lassallistas, a linha rera é: Dire1or, Provinci,il, Assistente Cerni, Superior Cerni. A í6rça d:, Igreja csl:í na unid:,de de nç5o e de ação o rg:,niz:,da. Os católicos ~isper;>ani la~nc~tàvclmcnte a~ su:1s fôrças cnl d1scussocs c.s terc1s. Dir-se--ia que c:Hl:i qu:)I faz questão de exibir os seus conhecimentos. [)cus não confiou o caminho da s;1lvação aos sábios e ()01' c:rn_sa• .P?i~ quanto maior é a cultur:1 dos ho,ncns m:.us d1v1d1dos. Julg;1 o articulisrn que não há no Brnsil a lgum Lassallisla de categoria que pOsiia informar ~de· quadamente? Julga e1H:1 o que lodos os lassalhstas do Brasil s.=io uns ingênuos que se deixam levar pelo nariz? Como. ali;ís. e m tôdn;s ::is instituiçõ~s sem exceção. há cn1 re os Lassall1$las ~,lguns pn· mários que pcn.sam pe h, cabeça dos outros. mas também há ou1ros de men1;1lidad<: superior , ue pensam e julgam pOr cont:, própn:1. Por que o articulista n:lo se dirigiu. por exemplo. 30s Pro• vinciaís Lasst1llisrns do Brasil? Rcsidêncio do Provincial de São P:mlo; Rua Av3ré, 201 - São Paulo, 4: re~idênci::i do Provincial de Pôr10 Alegre: Ru:1 d,, Rcpúblic:1, 393 - t>ôr10 Alegre. Esta (1ltima é tambén, !'I residência do Assis1ente Geral dos pr1íses da parle mais meridional da Amé~ic:a do S11I. Na rcsidênci:, dos Provinciais, o ;1r11eulis1a 1cm dados de primeira rn;io, os documcnros

ofick1is. Veja qual é n "linha de pensamento" do Su-

perior Geral dos Irmãos l .. assallistas:

t.• - O mundo m oderno inaugurou um tipo de sociedade técnica. o Lassallis1a deve s ituar.se dent ro de dila sociedade técnica e ser o seu pensador e guia. 2.• - O Lassallista é um htic:o que obedece ao especial chamado de Deus e quer responder plenamente à graça do seu Ba1ismo. Tóda a sua pessoa es1:\ comprometida e dedicada totalmente it obra d3 educação e vive unido r1 Deus pelos seus VOIOS. 3.º - O l,.as.sallista deve viver o seu laicato consagrado dentro da unid:1de de s ua pessoa, não pode estar dividido cm dois: a sua vida religiosa e contemplativa por uma parte. e_ o seu apOstol~do pela (mira. E1Hrc :\ vida rc.h$:,10sa do l .ai.sall1i.1a

permanente. O Las.s;.-tllis1a é: o laic:o consagrado ~ o apóstolo da palavra de Deus votado !1 educação dos jovens e dos pobres pa rticularmcnre. Com os alunos vive dA nrnnhã até a noi1e, com êlcs cstud:.\ e dialoga, mesmo joga com êlcs. os conhece. Respeita a individualidade. o caráter. a condição social e a vocação pessoal de cada um dos seus a lunos. A catequese do lassallista se dirige a tÔ· da a pessoa do aluno. s.0 - Lamentável confusão a daqueles que n:io distinguem um simples professor dum Las· sallista. f!sle é um educador que sabe olhar plàci• damente no mundo da mocidade e compreende a chamada do jovem que l1s vêzcs se exprime nos gritos . O Lassallista sabe discernir o amor alravés da rebcli:1o, pois o grito é uma pala vra deformada e 3 rebelião é um amor desviado. 6.0 - Pela fé e a oraç~o. o Lassallis1a pcrmanc-ee na escuta de Deus. Assim prepara êlc a sua missão. Ele é menos un\ mestre que o irmão mais velho dos seus alunos. Ensina-lhes a discer· nir no seu interior a voz do Divino Espírito Santo e ,, conhecer progrcs.-.ivamenlc a situação que lhes

4.0

corresponde no mundo. 7, 0 - Ainda que 1radicionalmente o Lassailista tenha o campo de sua ,nividadc nas aulas, também se dedica a ou1r;1s :1tividades que cm determinadas circunstâncin.s melhor rcsponden, às necessidades da educação da mocidade. 8.0 - O u,ssallista é um homem de comunid:,dc, que é uma re~,lidade viva. a búsqucdn e desenvolvimento contínuos, um olhar sempre parfl a írcnrc. A comunidade é uma maneira de ser e de viver os crist:1os que tudo põem cm comum: riquezas, talento, aspirações. • . . Tal é o retrato do L:1ssalhsta qtic o Superior Geral Irmão Charles Henry Buttimer c.sboç:'\ pa· ra os seus súditos e pM:l todos aquêles que de· s~jam saber quê podem esperar do Instituto dos: lr1nãos Lass.illisrns. Não precisa mais nada para compreender o prodigioso movimento de: cxpan· sfio dentro da Igreja duma inslituição que sempre foi e continuo sendo a menina dos olhos do San10 P:1drc. A prosperidade do Jnstituto dos Irmãos l...~ssaHistas é um fa ro que se impõe a todo .aquele que abre os olhos à rc.a lidadc. No Br~.s1I. por exemplo. quando ali cheguei cm 1930, os ~a~s:.illisrns eram p0ucos e quase todos cs!range1ros. Só no Rio Grande do Sul era conhecida a sua a1ividadc educacional. Hoje, cm 1971, contam-:-c pelos dedos da mfi'o os estra11gciros, são numero• sos e dirigcn1 obras educacionais cm todos estados ccntr:\iS e meridionais do Brasil. Todos os sup,criores diretores e provinciais. são brasileiros. Mesn;o o Assistente Gera l dos: países mais mefj. dionais da América do Sul é brasileiro. Os cacó licos do Bras il podem descansar confiadamente persuadidos que o lns1ituto dos Irmãos Lassailistas obedece fielmente ao espírito do seu fun dador S5o Joiío BaliSla de la Salle e segue até nos mínimos detalhes a orientação da Igreja Ca· 16 lica .segundo as normas d!tadas pelo Santo Pa?re e pelos Senhores B~s~s unidos t, Sede AP?st6~1~a. Como tóda obra d1ng1da por homens esta suJc1ta a fracassos individu;"tis. mM o Instituto vai e irá sempre para a írenle. E.~pero rec-ebcr um cxen\plar do número cm que irá publicada esta minha missiva. Agradeço ;mrecipadamcntc. Senhor Dirc1or, a :uenção dispensada. / Barcelona, 21 ·1·1971".

• SEM ·'FAZER piruetas dialéticas" (que, :1liás, raramenle servem para "divertir o Jci1or" - e es1ão fora dos hábitos dcsla f6lha). vamos diretamente à verdade. Esta carta abcna, se t inha a intenção de refu1ar o artigo "Para onde vai o lns1itu10 dos Irmãos Lassallistas? 1 / A Igreja pós-cristã e seu contra-evangelho", ficou longe de seu ob· jctivo. O referido a rtigo, de ;:iu1orfo. de nosso colabo· rador Sr. João 8 :11ista da Rocha. publ icado cm nosso n.0 237, de sc1embro de 1970. consistiu n::1 transcrição - noompanhada de flôuco~ come,u~rio5.. de nn1ure1.:1 doutriniíria - do., conceito:-

t - Nega o Rcvdo. Irmão M:1l:1t-:Mrig,~ a idoneidade da re.vis1a ··0ocument.s,P:ncrni1é" da qual ex1raírnos as confcrênci:,s do Geral de sua Congreg:,ção. Afirm~1 ê lc que nos deverfamos ter ~crvido de ouu·a fonte de inforrn:.1ç:to. pois "níio serve um "panfleto .. distr'ibuído por um grupo de indivíduos que dcmonstrar:,m ~, sua fa lta de critério ao empregar um meio ilegítimo··. Não .lpresen1:1 S. Reveia., J)Orém. nenhum fato que pos.4ia j11s1ificilr srn1 desconfianç:., em rclaç:lo :\qucle órgão, cuja seriedade é largamcnic reconhecida na França e em lôda a Europa. Ora, o que gra1ui1arncn1c .se afirnrn. podc•se neaa, do mesmo modo. Por outro h,do, pó-S10 que, como j;::i obscrv:1mos. o missivista 1,ão nega a au1enticid:1de dos 1ex1os e dos fo1os que comenuunos. - o que impor1:1 :1 fon1e de o nde os cx1raímos?

2 - Aíirnrn H•mbém :i c arca :1hcr1:, que :1 divulgaç,io. foi1:1 por um grupo de Lassall istas. t.los fatos escandalosos que se es lão d(lndo cm sua Congregação é "ilcgí1im:.\'', Não nos compete f;11.cr a defcs:_ 1 dêsses Religiosos. No q ue nos d iz rcspei10. por~m. não tínhamos por que no.s dirigir aos Superiores: da Congres:•ção L:issallista, como pre1cnde no!:>SO missivi.sla. O direito de defender n Fé e os bons coslumes: niío cabe apenas ,·1os superiores de quem a 1cnh:1 1ran..:.t=,redido. mas a qu:tlqucr fiel, desde que o êrro ou a falt::i se lenham 1ornado púhlit:o~. 3 - Manifcsr:~ndo nossa ;1prccns :"io quan10 ao futuro da Congrcg.ação l..assallista niío negamos con,o parece acrcdilar o Revdo. Irmão Mala_sarriga - que cJa 1cnha d:1do. e em certos scto,·es dê ainda, m:mifesl::tçócs de vitalidade :rntêntica. Tal vitnlidade não pode. evidentemente. provir das idéias dcsasrcgndoras <lo prosr~'Sismo. ma~ tão só da fidelidade de numerosos Irmãos à S::int:l Igreja e :t S:io Jo:"io 8,uist:, de L:, S:lllc. Acredi· 1amos. por isso. que o crescimento ..:.àdio d:, Congrcgaç:i o se tenha dado. de modo especial. ames da era "p6s-crist5'' do lrm:'.i' <> C h:il'les HcMy, quan. do o espíri10 do Sanlo Fond:idor reccbir1 a plena adcs.io de todos os lrmHos e de 1odos os Superiores . E continue :, dar.se nas Casas onde perdure 1:11 ade-s.1o. Se. p0rém, nos setores cootaminados pel~,s dou• trinas do 31ual Superior Geral o lns1it 1110 con1inua a crescer cm número de Religiosos e abunditncia de bens marcriais, niio será és1e um motivo parn os fiéi~ "desca nsarem confi:td:.mcnrc'". Pelo contr::írio. :ti cs1::1rit um jus10 môtivo de ap,censiio.

(Dep0is do ar1igo a que se reícr:: a c:~ru, abcr1a. publicamos um segundo, inti1ulado " P:ira onde v:,i o l ns1i1u10 do~ Jrn,:\os t ::issalli:,;t;,s·/ - 2 / Fidelidade ao S~nto Fundador ou engãj:unento revolucionário?", cm flo:-.sa edição t.le dc;.-zembro de 1970. A respeito dêssc. porém. nada recebemos do lrm:l o Malntarriga}.


.....

·R· ,_

ORIGENS E FUNDADORES

FUNDA DOR da "Sccrcln" dt Lyon foi o seu ttis·tori1,dor Bcnoil Costc. Pertencia êle a urna aba.stad:, f;unília calólic.-a, muito conhecida naque a cidade. Nascido a 11 de dezembro de 1781, cr:, aind::i menino qutmdo Lyon, tendo-se te• vnnlado contra a Revolução que se iníciarn cm Paris, sofreu os horrores de urn longo cêrco. O pequeno BcnoU passou fome, viu os combates~ e presenciou o massal·re que se sei;:uiu à dcrrotn dessa reação contrn•·revolucio-nária. Seu pai, que fôra um dos combah:.nte..~. foi prêso pelos vencedores, julgado e conden1,do à morte. No cnh, ntot conseguiu fugir p:lr~, Genebra, e a família foi a seu encontro. Ouraule anos viveu as dificuldades do exílio. em vária.,; cid:,des da Suíça e da Alenurnha. Em 1797. quando â instalação do Diretório pareceu um si· uai de abrandamento da perseguição rel_ig·iosá, a f:unília Coste voltõu para Lyon. As espcr~mç.a~ não se. confirnrnram, e .B cnoit teve. :1 glória de participar dà chrunnda Igreja subttrránc.:1 do Padre Linsola$. Sua rcsidê:ncia tornou-se um do...; refúgios dos Sacerdotes que asse"'l.lravam :1 as.. s-istência religiosa aos fiéis. e foi um dos locais escolhidos para tsconder Mon~·e nhor d'Aviau du Uois de Saui:ay, n:, época um dos nmis 1>r~· ti~iosos mcntbros do Epis cop:1do francês, que ,c,:re.s:sarn: da emi,::rn\•:ío p.:tra fic:nr mnis ptrto dr .sua Diocese.

DA ''SECRETA" DE LYON

Como rn,1icos jovem~ c::1h'>lic:os1 Uenoit Coslt íoi um dos :u1xili:1res da IJ;:,reja subccn--ánen l' leve um p~1ptl de dts t.aque oo movimento po• pulur que, quando N1,poleão negociou n Concor .. data com :, Sant:1 Sé, exigiu a restiluição dos templos confisettdos pelas autorídadcs revo1uc:ionárias. A relativa liberdade concedida à Igreja pelo Primeiro Cônsul levou Benoit Costc a cont-ebcr o projeto de uma Congregação Mariana que rcuni'jse os jovens católicos panl um npostolado mais alívo. Conversou a respeito com dois de seus amigos e, apesar da experiência que tinham Udo com a prisão do Padre LinsohtsJ o entusiasmo próprio da juventude - a qual, muu~,s vê--1,,e.s, nílo mede bem o.~ perigos - os convcn. ccu de que deviam fundar logo o sodalício. U nt dêles, p0rém, foi consultar um Padre. que os

SUBVERSÃO DOUTRINÁ RIA nos meios católicos mos1r~1-sc mais ch,ra· mente <11rn1tdo íeit:t de bôt:1 cm bÕ· ca, embOrl\ á soci)p:1. Quando frita por matê• rir-i impressn, por razões óbvias :, lin1:,uagcn1 há de s,er maiç comedida. l•or isto mesmo, niio deíx:.-. de ser s urprc~ndente o que se conlém cm um pequeno livro c1uc nos chega :'i$ mãos: '"Pala• vr:.1 de Deus na História =dos Homc,,st\ do Revmo. Frei C:.\rlos Mesters, O. C,tnn. (Editõrn Vozes l,ld:i., Petrópolis, 1970). Aplicando o méfodo dialético hcgclfrmo i1,; rehtçÕM entre Deus e os homens, sustenta o Autor c;uc ''a revcl:,ção 1,rogride :,tr-avé-,,; d:i cvo. h1çiio e renovaçiío da vida human:1, que forç:1 n 1>en..'iar e :, encontrar :1quehi vcrd:,de que Deus <111er que os homens saibam. A Revelação e: a Re:11id:1dé, no seu conílito pcnmine1tte, são os dois polos que produzem a luz. d:1 verdade, ,,uc ilumina o homem no caminho alT:1vé..1o dn vida". · F. prC).',SCAue: ''E assim sempre será. A renov::içiío d:1 h:rc j:1 clc~fa:r. unm ~'lntese cxistenle. lntrodu:r. valôres novos c1ue não c:\cm mais debaixo dos critérios : mfigos. N ad:, mais f:íd l do que rcfuh1r. cm teorin, os v;dôrcs da rcnovaç~o, 1>arfh1do dos critérios da 1cologi:t :1nlerior. N:ula mais difícil do q ue: .1i-u~1ar, n•l 11r:ític;1, o movimenlo da rcnov11ção. ,,ois êsre é incrente à vida que se rt· nov:1. P...-;tá 1>rcscntc no~ fnte)s. 1- . -1 A renov:1· çlio se produ1. e se im1,õc qu:mdo o ritmo dt vida roma ou deve tomar outros rnmos . r~1:1 nmdirnça ou necc.,~~idt1de de mud:u1ç:1 de vid:1 e ncontra s ua expressão m::tís ex1>lícita nas idéi:1s dt' :\lg:uns que têm a co1,scit11t'i.i m:,is sensível, como por extrnplo os .irUslas, os líderes, os es· crêfores, a juventude, os profct~1s, S:lo êles por i.s so mes mo ns pc:ssoas nrnls visadas r>elos que resisrem ii renov;1~:ío. J .•• 1 A rc,10,·:1\'âo fia J,:?rcja 11:io é um tnJ>rkho de uus poucos ou um uuu•imc:nto isolado que se rc:tliza por decrclo. El:1 nasce do desejo de :1certar -0 1>:1~ 0 com ~, vid,, Que evolui tanto dentro tomo fora do ,,ovo de O eu.s. Na$t•e do desejo de "conscrv:,r" :1s ,·crdadcs que scmsnc oricnHmun :t vid:\ dos homens e que i1gora uiio co11..:.tgucm nrni.s dcsptrfar o s<:u intc.rês,,c, pois à vida mudou. Vão cm busc~• dC' uma nov:1 síntese, m, qu:ll se valorh·.:1 t:mlo n revehu,"ão como :1 rei1Ududc nov.1 que os e,wolve. Su..,1ar êste mO\'illlento é querer hn• ru:dir as ondas do mar toin papel. f-: impo.~ivel. ~ a 1>rÚ1>ri:.:i. vidn qui· c:resc<- l' C\'Olui e que ata· b:triÍ levando a reboque mes mo :iquêlc.~ que rt-· ~,et1u à rcnovat:io" (pp. 85-86). Seria inúlil fr co1\fr;i ês..~c movimento :iprc,.

A

SUBVERSÃO DOUTRINÁRIA EM LIVRO DE FRADE CARMELITA

aconselhou :1 adiarem a execução do proj<:to. Benoit Coste, inconformado, conseguiu comunicar-se com o Padre Linsolas n:t prisão, e êstc lhe deu o mesmo conselho. O.,; três amigos, obrigados a espernr. co1n·('r. savam sempre sôbrb o projeto e, com n máximi, cautela 1 procuravam mnis jovens que se inl~· re.ssassem por êle. Aos poucos che,::arnm à con, icção de que só poderiam realizar todo o bem que se propunham, se formnssem secre1amc11cc a Congregação. A essa :1Uum já eram sere os que podiam con~tituir c.> míc1eo inidul. Athuvtt-s c então C'm l.yon o Superior dos ·P adres d:1 F~. Vario, a quem pcdíram u indkaçfio de um S•l· ccrdote para dirig.i•los espiritu:,lmcnte, O .P;.ulrc Varin indicou o Padre Rogcr. conhecido por soas idéias contra-revoludonária.s. No dia 14 de julho de 1802 Cos-te e SNI.S amiJ;:OS decidiram: 1 - que 3 finalidade da Congregação serio a glória de Oeus, u honra de No~, Senhor:-., a t anrificação de seus membros e a do próximo; '2 - que terla por J>atrona a Sa,u(ss,i ma Virg\.•m cm sua tmaculada Conteição; 3 - que a fundação seria feira no domingo imedinto, 18 de Julho. Ne~-t.~c dou1ingo reuniram-se os sete jovens 11:1 capela dos Padres da Fé e solenemente ins• tal3rnm a Congre.g ação. Nos dias ~1abseqiienres os congregados 1rn1~1ram de pre1>arar o re&uhunento que devi:\ reger ~t nova as.socinção. ·L ogo de início o P:..dre Roi,:t.•r propôs que o nome fô~c Congreg~,ção do Sa,:tru· do Coração de M~'tria. A proposta 11:'io foi :1cei1:1, ,,orque Lyon sempre se destacam 1m dcfcsl• dn lnrneul!1d:-. Conceição, de modo que era mnis de acõrdo com .a trndiç:io o 1í1ulo dt Congrt'· ~m;iio cfo Jnmcuf.Hl:i Con(•eição; ficou por<'m dt"· d etido que nas fescas de nnivcrsário do s od::,lido ~'C" farhi um:1 conw nHm1(:'ío espec.·hll do Cor11(:'ÍO de M,1ri:1.

Não é nosso propósiro de.~c:revcr o funcionamento· da Congregação ou conl11r a su,-. hb,'fÓ· ria, nem relatar as inúmeras obra.1 bencmérit:,s que rcalizon. O auxílio decisivo que prestou a Paulinc Jnricot basla como nmostra da imporlância dc~a~ obras. Queremos l\penas 1tprcsen1or

senludo como inc~rtível: " E enquanto n6~ fi. cmnos discutindo teõrk&mentc a favor ou con• ll'a, corremos o risco de que o po,·o passe à nossa frente e que n6s ptrc:un1os o t.rcm d.t Históri:,. O esper1ados para a realidade, ~1aremos :1licnados. t:mto rtnovàdores como conservadores, não sabendo ent que direção parCiu o Irem do po,·o pnra o futuro" (p. 87). T eremos que. acerfílr o p:\.SSo com os esqui.• ~:ofrênicos da arte. moderna e do 1e;1tro contes· fat:1rio e hippy1 tom os líderes «'S<1ucrdhtas de tôdas as tonaUdadcs do espectro, com o an~-.r. qui7.~rnte " poder jovem" e. com os fttlsos profe• la$ progrcssi~1"as, pois de outro modo perder.,._.. mos o trem da l-U~'tória. Não se trátá, pelo vi~10, de ~'ltber paro onde seremos condut idos, m;1., ãr,enas de não thegarmos atraS!tdos p~,rn cssu vingem rumo ao mundo conce;1tradondrlo <' convercenle. A ,:ul'rrilha se acha sempre presente~ obses· s iv:unente, :\ imaginnçi'io do Autor: "Moisés já fôra líder guerrilheiro e já partici,)ara de unrn revolução frac.1.1.ss-:,da. Teve de fugir cb poli •..hl e íoi J):irar no de.s erio (cf. tx. '2, l l-15)" (PJ'· tl-13). Se passarmos do Velho ~-.o Nô,·o TtSh•· mcnto, veremo$ c1ue o µovo jud~licO 1ambfm :io· chwa à.~ volt:.\..; com J.!Utrrilhas: ' 1Sc (Jcsu.o;I rli:unou guerrilheiros P""' o stu grupo em nú· mero maior do que publitanos, não foi J)Orquc c1ul~sse promover :, guerrilha, m;,s. t:1lvez., porc1ue, ncstts homens, estivcs.,;;em nrni.s :1rdentcs os :m.scios da justiç.1. O e 111nbos, porém , 1mblica· nos e guerrilheiros, cxii:fa n <.·onvcrs:'io.. (p. 166). Assim. Moisés, ao npelír ,·aronihnente :,s í11jus llç:1s tometida.~ pelos egipdos contn1 os is· r:1clil:'lS, Sé ,·or11port:wn c.·omo pré-figurn do Pe. Camilo Torres . E nosso l)ivino Salvador, :10 c..,colher nquê1es qut O deviam seguir, dnvo pn:.. ferência :,os J;!Uerrilheiros p.1les-tinos • .. O Autor .-.6 n:ío se lembr:\ de qualific;1r de guerrilheiro um llarrabá.,·, :1.s s:t~~ino e ern·ohido c-m le,·:mre~ . .. Embora não fale cxpr~"í.\Jn enle cm comuni.'imO e cm soci:11ismo (cl pour c:1u.sc), :-, liber• d:,de que o Revmo. Frei Carlos Mesters dá :10~ fiHs católicos cm suas ''01>ções'' e ucngajamcntos" não SOÍf(: rt~tritõ'c s: ''No seu esfôrço de libc:rt:1çiio. o crh'l:io 1>odcr;í e dcvu-á engttja.r-se no processo hb:tóric:o e fazer opções cl:1nis, cor~. eretas e t'llé polilic~L\ e idtológic::1~->1 (p. 170). U~:rndó lin)!UIIJ!Clll c:hei:l de dubiedade, db: nmb: adi.mie o Autor: •·Hoje, :1 renovação dr1 f)!reja. em proces.~o :11tH1h11cntc, quehr:1 e,..; qu:,. dros e a~· ~1·n11uras tradicionais (• tntr:-, cm t.':uu.

um esbôço d1't organização dn ''Secreta". 1>or cau~"à do pa1>el import:mte que ela clesempenhou na rcs is tênêia tat61ic:n contra Napoleão, cm que

teve como a li:u.las ~, Cong.regt1çâo de P:·1ri.s e :as "Amidzie'' do Padre t,mteri. T odos os congrcgndos de Lyon tiveram uma 1>arlidp:1ção ativn oe~-a resistência e ,1:io medirr1m sacrifícios durante a luta. No entanto, dois dêlcs ~e destacaran, cm virtude d:lS missões que lhM foram confiada:~. raz.'lo pela qual vamos nos deter :\inda um poueo com êles, dando um pe. queno rc.sumo d11 vidn de ambos anrcs de ins:,rcssarem na Congre~ação. Foram C laude 8crClumd Tnluyer.. du Coin t- F'nuu;ois f·rn nchct cl'F...'iptrey.

Cluud<· Ucrltrnud du <'oin n:1:r-nu l'IU Lyon ;1 8 de scccmbro de 1780. S ua íamílht era nobre e possui;\ nos Arredores dn c:idadc o c-nstelo de T aluyers, onde êlc passou 1\ maior parle de suu existência. P:1rn m<>lhor servir à l~rej:1 não se t~1sou, dtdi<:nndo-s e inteiramenre- i:i Congregação. Sua mãe manlinhn um salilo cm 4uc se reunb a elite. t:llólica de Lyon. l\erChaud du Coin ntr.,iu pnra êlt a juvenlude, t o 1nmsfom1ou nu111 dos focos da cultura católica do inído do sé<"ulo

XIX.

Foi em 1803 que ê le entrou nfl Cougrei:a\·:"io. c:onquiS1::111do los:o um luJ?~lr de dci-Caque nr, oricnla(ílo do seu apos tolado, f:ril 1807 cm vic:1.·-prcs idenlc. Nc:sse mesmo uno, ltndo idu a Paris, rei(.·Se rc('cbtr m, Con~rt·i::a\'ílo do P:1drc l)cl. puírs- 1.· dt'!~de enliln reinou en1r1.· os dois sodnlicio.s uma união cujos frutos teremos oporhmid;ulc de descrever nmi:,; htrde. Fn.t1\('0is Fr:mchtl d'E.spcrcy nasceu cm l 4de dezembro de 1778. Nâo tinha :1ind:t <1uinze anos quando foi ferido cm comb:1h.- contra a llcvoluc;ão. F...steve depois na ltálía dur,mtc muitos anos, e só voltou a Lyon em 1802. Dois :mos mais tarde entrava na "Secreta". F,m 1809 foi eleito presidente. Foi no pcriodo de sun prcsi. dê:nci.1 que um nôvo confUto de Napolcfio com o Pl\pa obri,=ou os católicos c:ontm-rtvolutionários a $C unirem pam toml\rem pos.,1vel à Sauta Sé o cxertício do i:ovêmo supremo da Jgrcja.

Fernando Furquim de Almeida

pos onde antes não atunva. Entra cm setorts da vida humana onde atuam também os movimen. tos extremistas. A ntuação dn Ig reja provoc.t c~1rnnhcz..-a e reação cm muitos. 1-: para quem e~lá de íora, êste movimento de renovação pode 2.11arccer como um movimento extnmista. N5o .'\Ná difícil encontrar argumentos concludcntt.$ para confirmar ~ste parecer, pois Ulis nrgumen• tos foram encontnldos no caso de Nosso Senhor e de São P:lulo, Porém, onde à jus1iç:1 tem o seu andàntcnto nonn:11. aparecerá a vcrd~dc" (p. 186). Aos pecadores que fornm ao cncolllro dP.le em sua vida terrena, Nosso Senhor J~us Cris-to não os aceitou como tais. mas cnquaoro ar.. rependidos de seus pecados. Oo mtsmo modo, o D ivino Redentor não velo destruir a hic-rnrqufa reli~_iosa e social, mas levíi..la :l pt•rfcição, cnsin:rndo :1 respeitar :1 nutoridade como detenron1 de um poder que vem de Deus. Que nos di:1., ptlo (Olttrário. o Rcvmo. Frei Carlos iv1·~1ers? - "Faii:t (J~1.isJ enir ll uuréola do poder t rL'du~ia :.l. profissiio do rabino às s1.i:-s vcrdadC'ir:1s proporções de serviço 210s outros. Aquêles que hoje :tj!tnl ('Slrttnhamcnte- pRrn o J.tt,sto dos ho· mcns rotineiros fozem ver que é- possível .1;cr hi. .po de outni nrn11tír:1, C'J'U nmnj?_a de tami.s:1, f117endo piquenique ,:0111 as mcnin:ts da zou.i, tomr.ndo o bonde ou o ônibus como todo o nmo• do. sem taxi ou ehnfer p:trtiC'ular, sem c.ru~ pcitor1d ou :mel de c)uro, rcdu7.indo RSSim o ofício de his1>0 i1s su1.1s verd:1dtlras -p roporç,;es de s erviço aos outros, Jc~11s começava a reno,·açâo, renovando por dentro a profls~iio que fUe e~colhcrn. Mtl<;, '"ºm n mudança ou limJleza de.s-t:-. pedrn do edifício soch-.1. ·e1e fê7. ..-aparecer que o edirício lodo csfav:1 sujo, 11ec-c~it:1do de urna reforma profund:1'' (pp. 142·143). S~undo o Re,·mo. Frade, o Ois1>0 1 ná lgre· ja "limpa e reformad:-~'·, deve dcix,tr c:'tir :1 :1urto. l:t do 1>odcr t se afundar m, vulg:uid:1<lc ou coi· sa pior, :111d:mdo em urnngas de c,unl~a e í:1~endo pir)ueniques com meretrizes (que outro seu1idu 1>odc ter :, p:1l:wn1 "zo1rn''. nesse contexto, scniío o que lhe atribui a lini::,un{:em chula?). Qut São Pio X, modêlo de onodoxi.1 e- de dis:;nidade sac:trdotaf. interccd:-. por nós l'.'m meio 11 lanrnnhas c:1l:unid:1dcs , 1>ois o mais s:.rnvc uiio i- que um lino dê~ jaez seja cscrilo por mitos sft;?ríld:as . mas que tra,:::-1 () ''imprirnatur" d:t Auloridade .Edcs-1{~'flea (dá cidade mintira onde ,·eio o lumt ~ua primeira cdit:'io).

C. A. de Arauio Viana 11


IIAto1ncnsMo---- - . O PENSAMENTO DA IGREJA SÔBRE O EXAME PRtNUPCIAL OBRIGA TÓRIO QUANDO AINDA se achava na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal o projeto do Deputado Alfcu Gasparini (ARENA-SP) instituindo no País o exame pré-nupcial obrigatório, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade telegrafou ao Presidente daquele órgão, Sr. José Bonií;icio, manifestando-se conLra a "medida :itentat6ria da moral cristã ~ da tradição brasileira,. (ver nossa edição de setembro). Rejeitada a propositura pela referida Comissão e, posteriormente, pelo plenário da Câmara, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do ConSélho Nacional da TFP, enviou ao Presidente daquela Casa fegislativ:o, Deputado Pereira Lopes, as congratulações que publicamos cm outro local desta página. Analisando o momentoso assunto sob o ângulo da doutrina católica, o Exmo. Sr. Bispo O. Antonio de Castro Maycr concedeu à imprensa diária lúcida e incisiva entrevista, que teve repercussão cm todo o Brasil.

Magistério Ec lesicistico condena Declarou inicialmente o egrégio Prelado:

"Foi pelós jornais que 1oman1os conhecimento da telllativa de .re introtlut ir 11u nossa /cgi~·lação o exame pré-nupcial obrigatório. Pela me.rma imprensa, til1cmos conhecimento dos telegramas enviados ptda Sociedade Brnsileira de Defesa da Trodiç,ío, Ft1mília <·i Proprfotiade, i11sisti1ulo na reieiç,lo 1/0 projeto em 1>auta. Aplmulimos a tltittule da 1ºFP, que, nOl' pare-

TFP felicita a Câmara Federal O PROF. Plínio C-0rrêa de Oliveir-J, Ptc~i<lentc do Conselho Nacionol J~1 TFP. enviou ao Deputado Pereira Lop.,:s, Presidente da Cãm:tra Federal. o seguinte rclcsrama, a prop6sito do exame pré-nupcial obrigatório: "A Sociedade Brr,siléirn de Defesa da Tr,11/ição, Faml/ia e Propriedade /cliât" col"rosamcntc na pl:SSô(I de V. Excia. a DD. Câmara dos Depuuulos 1>cfa p(llrió1i,·a rejeição da projeto que visáva iu.,t,'tuir o ,xa1111! pré-nupcial obriga16rio JU) Pa1s''.

Missas pelas vítimas do comunismo A SOCIEDADE Brnsll<ira de Defesa da T radiç.ão, Família e Propriedade e as colônias das nações cativa.~ raurant celebrar cm São Pauto e no Rio, nos dias 7 e. 14 de novembro resprctivamen• te, por ocasiiio de mais um aniversário da rtvoluçfto bolchevista na Rússia, MissA por inttnçiio das almas de tôdas as vHimas Q,ue desde 1917 o comunh,1110 vem fazendo, cm todo o mundo, através de atentados, revoluções e, guerrl\S. Foram espedalmtnte lembrados os brasUclros que tombaram em defesa da CÍ· vilizaçã-o cristã, vítimas de atos de terrorismo.

Em Sio Paulo o Santo Sacrifício foi ccl<brndo pelo Exmo. Revmo. Sr. lllspo de Campos, D. Antonio de Castro Mayer. Na próxima edição pubHcaremos am pla reportagem a re-speUo da inicia-

tiva da TFP.

ce, invoc:ou cum totlc, o tlit'eito as ttOt· ma~· du moral c:risl<i, uma vez <Jue o exwnc pré4wpdal obrigat6rio contra.. ria tis preceitos crisr,los, autêntica· mente propostos pelos Papas. Vâdos s,lo, ,Je fato, os docmnentos ,lo Magistério Eclêsiásti,·o q11e condenam o exame pré-nupcitll obrigu1ório. A Endcli<'Cl de Pio XI, "Casti Co111mhii", emmciava o princípio ,Je <1ue a /amílfo é a,11erior ao Estado e, em ,·onseqiiência, não 1em êJ·te o po<.ler ,Je anular os dirdtos estabeleci<Jos pel« pr6pria naturetll. E11tre tais direitos está o tle constituir família, o ,/e <:asar-se. Como o c<zsamento tem repercussões d e ordem social, potle o Estado eswbelecer normas sôbre ~'eus efeitos, en(1utmto implicam relllciOmrm ento com os demais membros da socied,ule. Não pode, porbn. chegar " ponto de J>roibir o casamento tis pel·· soas cujas co,ulições eugênicas ,/eficientes possam ter nocivas ,·ouseqiiênda.:r parll os filhos. Pio XII. dentro ,lo m esmo e11siname11to lradicio,wl de Pio X/ , rleclarou aos médicos qut: comp,1recc:ram ao Co11gte:;so rJe Geuétit·,l de Bellagt'o, que "a proibiçlío tio matrimô,,;o e das relações matrimoniais, por motivos bio16gicos, genéticos e eugênicos, é uma i11justiça, qualquer que sejt1 a aworfr/ade, par1icular ou p1íb/ica, que imponha semel/umtc? 11roibição". À \iista dé.ste princípio, mio se concebe a imp0siç,lo do exame pré-,wpcial. Pois, de fato , se não é pflra controlm· os casamentos, a que título wºria um exame " pré-nupcial obrigarórlo?"

Matrimônio ci

de dire ito natural Foi depois perguntado a S. Excia. se "a socie,Ja,Je não teria o direito ,Je se defender contra o egoísmo daqueles que foconsideradamente se casap,, criantlo, depois, problemas altamente onerosos para a comunidade, como são as legiões de pobres tarados que s6 servem para perturbar a ordem soci<ll e desga.rtâr aJ' energ,'as da naçclo... "O homem - respondeu o Sr. Bispo - sempre lucra quando se .mbmete às normas e.rtabelecidas pelo · Criador, e. dá origem a conseqiiências nocivas quando pretende impor suas vontatles aos ,Jesígnios da Providência. N<1 aparência pode êle apresentar llrgununtos especiosos, como os que foram enunciados na pergunta, quanto ao problema que nos ocupa 110 momento. Como. entre/anto, tais argumentos tendem a violar um direito fixado na mesma 11ature1A, uma vez êles aceitos termlna,n causa11do mais dano do que bem à socied,ule. Aliás, não é difícil imaginar os abusos que advitiam de um exame pré-nupcial obrigatório. e. conseqüentemente, ,la proibição dos casamentos pvr motivos eugênicos. O Sr. falou de problema,r oriu11dos do egoísmo daqueles que se casam sem estar em condições para fazê-lo. t de se crer, por acaso, que 10,'s peJ·soas, cujo matrimônio seria impedido pela autoridade civil, não e11,·011trar,'am outros meio~· de smisfa1.('r seus desígnios. imroduz.indo, por outra vi(,, males sociais ainda mais gr<1ves do que aquêles que se temem através do cnsam ento de pessoas cugênic111nente portadoras de taras no• civas? Volta,nos, pois, a a/itrnor o princ:ípio que emmciaJnos aci,na. À socic-

,lm/e é po~·terior ao i11d,'~1iduo e ,; fa mília e utlO pode, sem injustiça, mm· lar os ,lireitos daquê/e e deslll esWb(•belec:ido3· pela mesma ,wturctll. Di· zemós, concluindo, que 10,Jos os be· ne/ícios do exame pré-nupcial ,levem ser obtfrlos mcditmtt: a persuasão que leve os nubentes a cuid<1rem tle sua ,·on.rtituiçtlo eugénica, ante,\· do casanwnto. A persuas,lo é a via humana por onde se obtêm os resuluu/O,f que 1ulQ se podem conseguir por via jurtdictl''.

Obri9at-0riedade é odiosa e injusta Outra pergunta foi c,s ta: "Não u•mos rl,ívitla ,le que ti doutrina tlll Igreja se opõe llO exame pré-,rnpcial obrigatório que visa a impedir o casamento de determinadas pessoas. Por <1ue raz,Jo 11,io se poderá impor o extzme prl-rrnpcial a fim de, na medida <lo µos.rível, pr<?cavel' t,s co11seqiiências nt:fastas <los casamentos de.raconsellta,los por motivos eugénicos?•" Resposta: ''Ainda que restrito, nos seus efeitos, a meros conselhos de or,iém eugênica, co11cordará o Sr. que o ex(lme pré-nupcial obrigatório é q,Jioso. /; é odioso porque v,'o/(1 tlireitos tmteriores ao Estado. De modo geral, a boa ordem social, sob todos os seus <1spectoJ-. conserva-J·e melhor e .te torna florescente quando ela ,nan1ém rigoroso re.rpeito aos <lireitos impostos pela naturet{I. Julgamos, por isso, que a obrigatoriedade do exame pré-nupcial envolve uma injustiça e, por essa ratão, é prej1ulicial ii. ordem J·ocia/. A fiá.,· - ,·omo acontece com t0dllJ' OJ" jJ:ls que contrariam a ,wture<,a - o extune ,>ré-,mpcial obriga16~ rio é ou ilógico ou inviável. De fato. na lógica ,lo (tl'gumento, ,, raüio invoca,Ja para estabelecer o exame pré-nupcial deveria obrigar os casais ,, um exame ao menos semestral, uma vez que ,mfermidades de conseqiiências nocivas para a prole podem .rer co11troídas em qualquer tempo, ou es· tado de villa. Ninguém dirá que o le· ~islador pode impor aos casais umt1 lei de exame eugenético semestral. Achamos, pois, que os benefícios CO· li1>wdoJ· pelo exame pré-7,upcial s6 se podem obter se o exame fôr livre e não obrigatório.

De fato, os problemas Jwmanos ,ulo podem ser resolvillos atentlendose apenas ao aspecto fisia/6gico da pe~'soa. O homem não é um animal. cuja perfeição radal está na depe11· ,Jé11cia exclusiva do alve<lrlo do patrtlo. O homem rlcve St!r condu1.ido pela persuasão. Uma edu cação 110 :rentfrlo de formar a consciência de mo,Jo raclona/1 sem as iluJ'Ões ,lc um se11timentalismo malsão, leva,-á o homem a encarar o casamento também sob o llJ"pecto, diríamos, da sua infraestrutura. Em outras palavras, o casamento pede uma união de almas, uma convergência de vontades, ,nas se enca,minlra para a união de corpol'. com .. ... . . suaJ' consequenc,as naturms que sao os filhos. Persuadidos desta verdade e de que é de alta conveniênda ter filhos sadios, compreenderão os fututOl' cônjuges a utllida<le de um exame médico prévio ao casamento. Essas considerações. baseadas na /6gil':a 11aturtll, têm outrossim fundamento uo que ensinou Pio XII em outrd Alocução a médicos, reurritlOJ' 110 Congresso de Hematologia de Roma, no mês de setemb;o de 1958".

Santa Brígida da Suécia tendo à sua direita o Rei M agnus li. Quadro de G. A. Sogliani (Uffizi, Florença).

Virtudes esouecidas

A.prêço pelo cerimonial .e pela tradição familiar De ilustre íamília. SANTA BRÍGIDA DA SUÉCIA (século XIV) foi Mestra do Pahí.cio Real até que, enviuvando, recolheu-se a uni mosteiro. Algum tempo depois, o Divino Espôso fê-la voltar para a côrte do Rei Magnus li, não mais como dama de honra, mas como conselheira e quase como profetisa. ~ dêsse período o seguinte trecho de sua biografia pela Condessa de Flavigny:

e

APRICNOSO e frívolo, Mag,ms 1n·ocur<wa subt1'<1ir-se à etiqueta, como a um jugo. Da parte do próprio Deus, Brígida o numtinha 110 respeito ao cerimonial que servia de freio els suas fantt1si<1s. Cada vez que ê/e assistia aos ofícios das grtmdes festaJ' religiosas. dispensava justiç,1, ou armaw, ct,valciros, ela o obrigava a avarecer cheio de majestade <10s olhos dos súditos. a fuglr com cuidado d<1s modas estrtmlu1s e inconvenientes. [ .. . ] Quamo aos que ,Jeviam ºparticiJJar dn poder. Brígida queria que Magnu.r os escolhesse entre os mafa· desinteressados, e que de preferência nomeasse JXlTa os cargos do Estado os senhoreJ· etlucodos na tradição do dever que êles impõem, os filhos de p<1is célebres por seus serviços. - [Comte&SC de Flavigny, 11 Sain1c Brigitte de SuCdc / Sa vic, ses révélations ct son ocuvre", Librairic H. Oudin, 3. 3 edição, Paris, 1910, 1pp. 137-138].

SENADOR BENEDITO FERREIRA DEFENDE E ELOGIA A TFP "A NINGU/!:M /!: ,Ilido 11egar a extraor<Unário acêrvo de sen1iços, mals do que relevanteJ', prcsta,Jo.t pela 1'FP às nossas tradições cri.rtãs", declarou da tribuna da Câmara Alta, no dia 8 de outubro p.p., o Senador Benedito Ferreira (ARE:NAGO). O pronunciamento do ilustre parlamentar foi feito a propósito da carta publicada no jornal "O Estado de São Paulo", da capital bandeirante, por uma comissão de moradores dos bairros de Santa Cecília e Higienópolis, daquela cidade. O parlamentar goiano, refu1ando as asserções da comissão, elogiou o oratório da Imaculada Conceição, ante o qual os sócios e militantes da TFP rezam pelo Brasil e pelos autores do alentado terrorista ali perpetrado contra a entidade: "atitude evan• gélica" que com preces "respo,ulc ti.f violências sofrida/'. Acrescentou S. Excia. que é "prí· b/ica e notória a firmeza de caráter dos jovens da TFP. que res;stem paClficamente rzos insultos dos que te~ mem a pregação <le seu.r ideais moralitadore~l', Prosseguiu dizendo que "acusar a 1'FP de fascista" equivale a "não querer ver o 6bvio, ou criticar o que nllo .re conhece''. Depois de ler na íntegra a carta publicada na iniprcnsa pelo Capitão Carlos Antonio Poli, agredido por um desordeiro que dirigia provocações e insultos a colaboradores da referida associação, o Sr. Benedito Ferreira

acentuou a clareza e segurança Ja narração dessa carta, ao passo que a versão da "comissão de residentes'' revelava "má fé e desonestidade", que ficou "11atenteada por tô,Jas as formas e meios''.

C-0ntra -0 discurso de um Deputado O discurso do Senador arenista foi motivado pelo apoio que, cm sessão da Câmara dos Deputados, deu à "comissão de residentes" o Sr. Jaison Barreto, do MDB de Santa Catarina. O Senador Benedito Ferreira mostrou que o govêrno de nenh um modo merece as críticas que então lhe fêz o Sr. Barreto pelo fato de reconhecer a liberdade de ação da TFP. Insurgindo-se contra esta última entidade, o Deputado Jaison Barrelo manifestou-se também contra os meritórios esforços do govêrno para "acabar com a infiltração comunista 110 meio esuuiantil, conscientlzando os estudantes por suas rrsponsabilidades pe,.ante a nação". Assim agindo, concluíu o Senador Benedito Ferreira, o parlamentar emedebista deixa lransparcccr seu desejo de que •·a juvent ude brasileira aja de acôrdo com doutrinas alienígenas. em tristes espetáculos, que tanto envergonham a todos os homens de bem,.. (Na pág. 9 o texto integral do discurso do Senador goiano).


0 1aJ?'l'C)R: M ONS. A NTONIO RHUHRO 00 R.OSARIO

, TFP foz rezar Missas pelas vítimas do comunismo

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São Paulo: verdadeira multidão acorr eu à Missa, como se v ê por esta foto tirada à saída do ato. O toque de s ilê ncio pelas vitimas do comunismo foi um dos pontos altos da sole nidade p romovida pela TFP. Na Missa (da dir. para a esq.), os Srs. Prof . Plínio Corrêa de Oliveira, Prof. Fernando Furquim de A lmeida, Cons. 0 Aloysio Gon, ide e Adolpho Lindenberg.

N. º

253

JANEIRO

DE

1 9 7 2

ANO

X X 11 Cr$ 1,50


BRASIL, ·ESPERAN ~AS; CHILE, APREENSÕES Plinio C or r ê a

S ÚLTIMAS semanas foram ricas em motivos de ufania para os brasileiros. A viagem do Presidente Médici aos Estados Unidos deixou bem claro quanto o progresso de nosso País impressiona o mundo. A campanha de difamação organizada no Exterior por maus brasileiros está a ponto de morrer. E a verdadeira imagem do Brasil em desenvolvimento se vai firmando irreverslvelmente nos grandes centros mundiais de poder, de riqueza e de cultura. Entretanto, isto não é tudo. Na sua caminhada para o progresso, o Brasil de hoje está demonstrando que venceu antigos letargos e iniciou o aproveitamento integral de seus imensos recursos. Com isso, nosso País vai atraindo desde já a atenção de todos para o vulto que tomará dentro de poucas décadas. E êsse vulto é de gigante. Como todos os povos do mundo, o nosso tem seus defeitos; entre êstes não figuram, porém, nem a arrogância, nem o desejo de mando. O ingresso do Brasil no rol das grandes potências n.ão significará ameaça de espoliação ou humilhação para quem quer que seja. Quando ocuparmos por inteiro o grande lugar que nos cabe entre as nações vanguardeiras, a influência internacional do nosso País se fará sentir marcada com as características de nosso povo, tão afetivo, cordial, pacifico. Estamos crescendo sem nos compararmos com ninguém, sem ódios nem complexos em relação aos que vão à frente, sem menosprêzo nem provocação para os que vão atrás. Alegra-nos a convicção de que - no contexto da grande família latino-americana, a que pertencemos - nosso desenvolvimento é um fato saliente, porém não isolado. Em tômo de nós, todos os nossos irmãos progridem. E neste fato não vemos perspectivas de rivalidade ou concorrência, mas de intercâmbio e mútuo estímulo. Caminhamos todos juntos rumo a uma América Latina cada vez mais unida. E não é só à América Latina que nosso sentimento de solidariedade se estende. Todo o Brasil acolheu com alegria os recentes tratados com Portugal, vendo nêles um marco para futuras e maiores aproximações com a Mãe-Pátria européia e suas províncias de ultramar. Análogo movimento leva as nações hispânicas dêste Continente a se acercarem cada vez mais de sua antiga metrópole. O mundo ibérico se vai assim eingjndo num imenso amplexo, que reúne num todo sempre mais coeso e compacto esta imensidade de nações irreversivelmente independentes, mas ligadas pelos vínculos da mesma Fé, da mesma cultura, e quase de uma mesma língua. f, nesta perspectiva que o Brasil cresce e vê o futuro. Um futuro que, esperamos, saberá aproveitar não só as lições que nosso passado rico em tradições proporciona, como as que o mundo presente, fecundo em dilacerações e tragédias, nos ministra. Com efeito, estamos assistindo aos estertores do progresso nascido nesta era do vapor e da eletricidade. Tal progresso, logo ao despontar, contestou o passado, atirando-se atropelada e irrefletidamente para o futuro. Por isto, saíu marcadamente torto. E porque êle é torto, geme boje o mundo inteiro. Esperamos que um progresso diferente, marcado pela tradição cristã e pelo espírito latino, produza no século XXI - que será o do mundo ibérico - frutos mais sazonados, para o bem de todos os povos. Essas esperanças têm seu fundamento. A -par das realizações do presente, constituem também elas, para nós, brasileiros, justos motivos de nossa primaveril ufania. ~ Isto que estava no espírito de todos - se bem que, talvez, algum :. tanto esparsa, difusa e impllcitamente - a viagem do Presidente Médici 0 ;;i aos Estados Unidos teve o condão de o precisar, de o pôr em relêvo, e t fazer refulgir ao sol da notoriedade mundial.

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Essas palavras, que traduzem o consenso geral de nosso País, trag riam consigo um som ôco, de falso otimismo, se no quadro ibero-~mericano não colocássemos as sombras que a todos nos magoam. Cuba con•{! tinua escravizada e torturada. O Chile vai descendo, entre convulsões,

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2

de Oli v ei r a

o caminho sombrio que conduz ao comunismo integral. Em virtude do dirigismo opressivo, do estancamento da iniciativa individual, ·e do confisco das propriedades, a produção vai caindo no país andino. Com isto, os gêneros começam a escassear. A população se insurge. O govêrno encontra pretextos para arrochar cada vez mais o intervencionismo e o Estado polieialesco. O desafio está armado. - Vencerá o povo chileno, jogando por terra os demagogos que o vão garroteando? Ou vencerão êstes? Esta alternativa cruel, o Brasil bem a sentiu em 1964. O País soube escolher o caminho certo. A analogia entre a situação brasileira de então, e a do Chile hodierno, de tal maneira salta aos olhos, que Salvador Allende a ela se referiu explleitamente em seu discurso de despedida a Fidel Castro. Afirmou êle que seu país atravessa agora dias iguais aos do Brasil de 64. E se apressou em dizer que, ao contrário de Goulart, êle, Allende, espera vencer. Nós, pelo contrário, esperamos que êle seja derrotado, para que vença o Chile cristão. Só assim, Castro, reduzido a sangrenta e inglória exceção no continente ibero-americano, se verá obrigado, pelo isolamento e pelo repúdio .geral, a deixar o poder. E a América Latina marchará então, sem discrepâncias, para a plena realização de seu radioso futuro. - Tem o Chile as mesmas condições para vencer, com as quais contou o Brasil? - a resposta tem que ser matizada. Pois a par de fatores que autorizam esperanças, outros há que inquietam. ·Já na época de Jango, havia Prelados cuja complacência com a avançada marxista ·pesava a muitos brasileiros. Nenhum, entretanto, tinha ido tão longe - melhor seria dizer tão para baixo - como o Cardeal Silva Henriquez, Arcebispo de Santiago, e os Bispos que o seguem. De outro lado, os militares chilenos inspiram preocupações. A julgar pela inércia que têm mantido até agora, parecem êles ter uma visão unilateral de sua missão. Entendendo corretamente a subordinação ao poder civil, esquecem que as Fôrças Armadas constituem, em qualquer país, uma grande instituição nacional, à qual pode caber, em momento de crise, a nobre tarefa de se transcender a si própria, para assun1ir temporàriamente o govêrno e salvar a coisa pública. Porque elas souberam entender com essa plenitude a sua missão, as Fôrças Armadas preservaram do atoleiro, em 1964, nosso País. Me- . 1.h or podemos compreender o benefício que então nos fi1.eram, comparando o desfêcbo glorioso da crise de 64, com as indecisões e as aflições pelas quais - pela inércia dos seus militares - passa o Chile contemporâneo. De fato, o desfêcho de 64 foi uma prova de maturidade dos brasileiros, especialmente de suas Fôrças Armadas. O contraste com a experiência chilena faz luzir esta maturidade aos nossos olhos, precisamente no momento em que o vulto do País se vai afirmando com tanta fôrça no mundo inteiro.

••* "Quem está de pé, cuide de não cair". A advertência é de São Paulo (l Cor. 1.0, 12). As condições do progresso não são apenas o "ora e1 labora" clássico. Entre elas está tam'bém a vigilância. Erraria quem supusesse inútil a vigilância anticomunista no Brasil de hoje. Daria provas de imaturidade o nosso País, se se despreocupasse, na euforia do presente, do perigo vermelho. Lembrou-o bem o lúcido e corajoso General Souza Mello, Comandante do li Exército, no discurso em homenagem à Marinha, recentemente pronunciado. Lembrou êle que cumpre a todos se manterem "alertas e vigilantes à penetração solerte da propaganda comunista na utilização de nossos meios de difusão". Ao ver do ilustre militar, esta avançada vermelha constitui uma "revolução comunista invisível", que a justo título êle' qualificou de "tão i111porumte, ou talvez mais, do que a pregada por Fidel Castro". Mas êsse discurso já constitui outro tema, do qual pretendemos tratar no próximo artigo.


A

ZELO E FIDELIDADE , tSTE O NÚMERO cout que "Catolicismo" inicia seu vigésiuio segundo ano de existência. Com qmmu, scctisfação o registr(I.· 1110s, e dc111ios graças ,, Deus! Encerrou o número pllSSlldo vinte e uni anos de densll luta pelll cmisa de Deus, da Igreja e dcts al11ic1s, n1tm período dos ,nais graves senão o mais grave da História. Assistiu "Catolicisnio" à evolução por que passarc11n 11ieios católicos dos 11wis autorizc,dos, de urna concepção da Igreja e do apostolado, baseadci rui Revelllção e na ordem natural dc,s coisas, para .o de uma Coniunidade psiçológica e sociológica condicio1u1da ao sabor do c<imbiante relativismo das vicissitudes hu1nc11u1s. U' <t ,náquina publicitária. sem precedentes foi montadct para levar avante o projeto da nova religião, para incutir nos fiéis a persucisão de qrie a lgrejC1 ,nudou e, após o Concílio, não se pode mais pensar na Sociedade sobrenatrt· ral fundadc, há dois mil anos por Jesus Cristo e ordenadc, à glória de Deus e à salvação eterna. Elll, agora, a Igreja é uuw instituição de assistência socicd ao serviço do homem, que visa a vromoção e felicidade do vovo neste mundo.

Assistido pelll gr<1ç<t de Deus, pôde "Catolicismo" mc11úer-s~ firnie à Tradição, à Igreja rnilenar de Jesus Cristo; pôde, outrossim, atr<1vés de seus variados e densos artigos, ilurninar as al11uis e contribuir para que se m<1ntivesseni fiéis ao SalvC1dor, que ê o mesrno, hoje, como ontem, como no futuro - "lieri et hodie, I pse et in saecul<1" (Hebr.13, 8). Nesu, ocasião, dcunos teste,nunho d<, dedic<t· ção e zêlo co1n que continuam a tr<1ballu1r e,n "Catolicisnio" os que o têrn realizado nestes anos, intensos de vida, de nosso me,isário. A todos apresentamos nossos agradecimentos, e a todos - desde os artífices intelectuais até o 11ittis rnodesto f uncionário ou propagc1ndist<1 - e1ivic1mos nossa cordial bênção. Não querernos ericerrar esta nou, seni 1t11ut rnenção comovidc,, grccta e amorosa a M(lrict Santíssima, Mãe de DeltS e Mãe nossa amabilíssima que teni sustent<zdu nosso mensário na l1tt<1 e o tem cu:onipanhcido com a benevolêncici de Sltll proteção 1ru1ter1w.

·,· Antonio, Bispo de Campos

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J6 estava encerrada a presente edição, quando "Catolicismo" se viu atingido por um rude golpe: o do falecimento de seu colaborador Fabio Vldigal Xavier da SIiveira, ocorrido no dia 28 de dezembro, em São Paulo. Em nosso próximo número prestaremos à memória do dlletíssimo Irmão de ideal e companheiro de lutas a homenagem ditada por nosso afeto, nossa admiração, nossa saudad~. 3


Em

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• no Rio, por ocas1ao de n1a1s São Paulo e

. . um an1versar10 da revolucã1 ,.

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TFP FAZ CELEBRAR MISSAS POR AL

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A SOCIEDADE Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, como já fizera em anos anteriores, mandou celebrar no mês de novembro p.p., em São Paulo e no Rio de Janeiro, Missa por alma das vítim.1s que o comunismo vem fazendo em todo o mundo a1ravés de atentados, revoluções e guerras. Foram especialmente lembrados os ' brasileiros que tombaram em defesa dus instituições e da civilização cristã cm conseqüência de atos de terrorismo; o Santo Sacrifício foi também oferecido pela libertação dos povos subjugados pelo comunismo. Como se recorda, idêntica iniciativa tomou a TFP cm 1967 e 1969, sempre cm novembro, mês cm que ocorre, no dia 7, o aniversário da revolução bolchevista russa de 1917. Celebrou o Exmo. Sr. Bispo de Campos

N a Catedral paulopolitana . bancos guarnecídos de veludo vermelho foram reservados para as autoridades, do lado do Evangelho. Do lado da Epistola ficaram os membros do Conselho Nacional da TFP e os representantes de entidades congêneres hispanoamericanas. A guarda de honra ao longo do corredor central do templo foi feita por lanceiros da Polícia M ilitar.

Em São Paulo a cerimônia foi promovida em conjunto com as colônias das nações dominadas pelo comunismo, e teve lugar na Catedral, às 11h30 do dia 7, domingo. Foi celebrante o Exmo. Revmo. Sr. Bispo de Campos, O. Antonio de Castro Mayer, tendo como Assistente o Exmo. Cura da Catedral, Mons. Sylvio de Moraes Mattos, e acolitado por dois militantes da Tradição, Familia e Propriedade. Ao Evangelho pregou o Revmo. Pe. Affonso de Moraes Passos. Lanceiros do Regimento de Cavalaria 9 de Julho, da Polícia Militar do Estado, em uniforme de gala, fizeram a guarda de honra ao longo do corredor central da igreja. O recinto sagrado achava-se literalmente tomado por milhares de pessoas. À saída da Missa, todos os presentes foram convidados a deter-se por um momento na monumental escadaria do templo, adornada com dezenas de estandartes da TFP e com as bandeiras das nações cativas ali representadas por suas colônias; ao pé dos degraus, sustentado por oito jovens envergando capas rubras, cxtendia-se um estandarte da TFP com 12 metros de comprimento; mais atrás formava a Banda da Polícia Militar. Então quatro clarins do Regimento de Cavalaria 9 de Julho deram o toque de silêncio pelas vítimas que o comun ismo fêz no mundo inteiro desde sua implantação na Rússia em 1917; a seguir, a banda militar executou o H ino Nacional, e a cerimônia foi encerrada com o brado de campanha do TFP: "Pelo Brasil: Tradição! Família! Propriedade! - Brasil! Brasil! Brasil!" Persona lida des presentes

Feio colorido de seus trajes típicos, atraiam a atenção os representantes das colônias das nações sob o domínio comunista. A lbaneses, a le m ães, a rmênios, b ielo.. russos, búlgaros, checos, chilenos, chineses, coreanos, croatas, cubanos, eslovacos, estonia· nos, georgianos, húngaros, letões, lituanos, macedônios, poloneses, rumenos, russos, sérvios, tibetanos, ucranianos e vietnamitas foram o rar pela libertação de suas pétrias e pela alma de seus irmãos t rucidados pelos agentes de Moscou e de Pequim .

Texto de Gustavo Antonio Solimeo 4

Fotos do Serviço de Imprensa da TFP

Em lugar de honra, ao lado do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e dos outros diretores da TFP, assistiu à Missa o Conselheiro Aloysio Gomide, covardemente seqüestrado pelos terroristas tupamaros cm Mantevidéu, onde exercia as funções de Cônsul do Brasil. Nos assentos reservados às autoridades viam-se o Sr. Paulo Macedo de Souza, representante do Governador Laudo Natel; o Prof. Adib Casseb, representante do Ministro da Justiça, Prof. Alfredo Buza id; o Major Rubens Murilo da Silva, representando o Comandante do II Exército, General Humberto de Souza Mello; o Tenente Devaldino Alves da Silva, representando o Comandante da 2.ª Região Militar, General Fernando Belfort Bethlem; o Vice-Presidente do Tribunal de Alçada Criminal, Sr. ftalo Galli; o titular da Delegacia de Ordem Política do DEOPS, Sr. Alcides Cintra Bueno Filho; o Comandante e o Sub-Coman-


o bolchevista de 1917

íTIMAS DO COM dante do CPOR de São Paulo, Coronel Antonio Cursio Neto e Tenente-Coronel Josué de Figueiredo Evangelista; o representante do Coronel Oswaldo Corrêa Andrade de Mello, Chefe do Estabelecimento Regional de Finanças da 2. ª Região Militar; os representantes dos Comandantes do 11.0 e 25.0 Batalhões Policiais Militares, Tenentes-Coronéis Walter Lara e • Camilo Cristófaro Martins; oficiais do Exército e da Polícia Militar, além de uma delegação de alunos do CPOR. Do Corpo Consular de São Paulo compareceram os Srs. Lei-Shien Mo, Cônsul Geral da China; Mario Zambrana, Cônsul Geral da Bolívia; Ferdinand Saukas, Cônsul do Govêrno da Estônia no exílio; e Prof. Hong Ki Kin, representando o Consulado da Coréia e a Associação Brasileira dos Coreanos. Entre os representantes de entidades cívicas, religiosas e beneficentes, registramos os nomes dos Srs. Comendador Angelo Eduardo Carrara, da Associação dos Cavaleiros da Soberana Ordem Militar de Malta de São Paulo e Brasil Meridional; General Hugo Bethlem, Presidente da Câmara de Integração Brasil-Bolívia; Da. Maria José Rangel Salgado, Presidente da Associação das Damas de Cari-dadc de São Vicente de Paulo da Cidade de São Paulo; Da. frene Pereira de Almeida, do Movimento de arregimentação Feminina - MAF; Tomasz Rzyski, Presidente da Associação dos Ex-Aviadores Poloneses no Brasil; João Csernik, Presidente da Associação Beneficente 30 de Setembro, da comunidade húngara; Kua Wcn, Vice-Presidente do Ado - Centro Social Chinês de São Paulo; Augusto Hufnagel, da Associação Católica Kolping, da colônia alemã; Waldomiro Skulski, da União Ucraniana; Antonio Toste de Carvalho, do Centro do Douro e Beiras; Mário Teixeira Poças, da Sociedade Portuguc.~a Beneficente Vasco da Gama. Dos povos oprimidos pelo comunismo, estavam representados nada menos de 24 (muitos dêles, por delegações que se destacavam por seus belos e coloridos trajes típicos) : AI-

bânia, Alemanha Oriental, Armênia, Bielo-Rússia, Bulgária, Checoslováquia, Chile, China, Coréia, Croácia, Cuba, Estônia, Geórgia, Hungria, Letônia, Lituânia, Macedônia, Polônia, Romênia, Rússia, Sérvia, Tibet, Ucrânia e Vietnã. Despertou geral simpatia a presença de um grupo de veteranos do Exército Imperial Russo que combateu as hordas vermelhas durante a guerra civil de 1917-192 1. Viam-se ainda Sacerdotes e Religiosas que exercem seu ministério junto às colônias dessas naç-ões. Participaram também do ato representações das TFPs chilena (no exílio), argentina, uruguaia e venezuelana, bem como de núcleo de jovens tradicionalistas da Guatemala. Achavam-se presentes delegações das Secções da TFP dos Estados da Guanabara, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e do Distrito Federal, além dos sócios e militantes da Capital paulista e das cidades de São Bernardo, São Caetano, São Carlos, São José dos Campos, Lins, Olímpia, Ribeirão · Prêto e Bauru, no Estado dç São Paulo. No Ria de Janeiro

A Secção da Guanabara da TFP mandou celebrar Missa nas mesmas intenções na Igreja de São Paulo Apóstolo, cm Copacabana, às 17 horas do domingo dia 14. O ato, celebrado por Mons. Afonso Sabag em rito greco-melquita, contou também com grande comparecimento popular. O Governador Chagas Freitas fêz-se representar por um dos oficiais de sua Casa Militar, o Tenente Kemuel Kesseler. Dentre as personalidades presentes destacamos o Conselheiro Aloysio Gomide (que estivera na Missa promovida pela TFP em São Paulo), acompanhado de seus familiares; o Almirante Carlos Penna Botto, Presidente da Cruzada Brasileira Anticomunista; e Da. Eudóxia Lebre Ribeiro Dantas, Presidente da CAMOE - Campanha da Mulher pela Democracia.

-diretores da 11 Pelo Brasil :

Mensagens ao Conselho Nacional e ao Diretório Secc ional da Guanabara do TFP

O Conselho Nacional e o Diretório Seccional da Guanabara receberam numerosos ofícios, cartas, telegramas e cartões de autoridades e personalidades que informavam não ter podido comparecer às Missas em virtude de compromissos anteriormente assumidos, acrescentando em geral expressões de simpatia e solidariedade para com a patriótica iniciativa. Nesse sentido dirigiram-se ao Conselho Nacional da TFP, entre outros, o Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, General Sérvulo da Mota Lima; o Brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, Comandante Interino da 3. 3 Zona Aérea, com sede no Rio de Janeiro; o General Geraldo Magarinos de Souza Leão, Comandante do Comando de Artilharia de Costa e Antiaérea da 2. 3 Região Militar, sediado em Santos; o Coronel Aviador Renato Barbieri, Comandante da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da Aeronáutica, de Cumbica; o Tenente-Coronel .Rubens Ortega, Chefe Interino do Serviço de Engenharia da Polícia Militar; o Major ~dson lsac Corrêa, Comandante Interino do 11.º Batalhão Policial Militar; o Delegado Manoel Raphael Aranha Peixe, Chefe do Serviço de Relações Públicas da Secretaria da Segurança Pública e o Revmo. Pe. José Lourenço da Costa Aguiar, S. J.

A Secção da Guanabara chegaram mensagens do Ministro da Just iça, Prof. Alfredo Buzaid (que ademais se fizera representar na Missa de São Paulo): do Ministro do Trabalho e Previdência Social, Sr. Júlio Barata; do Ministro da Educação e Cultura, Coronel Jarbas Gonçalves Passarinho; do Ministro da Agricultura, Prof. Luís Fernando Cirne Lima; do Ministro dos Transportes, Coronel Mário Andreazza; do General Syzeno Sarmento, Ministro do Superior Tribunal Militar; do Presidente da Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara, Deputado Paschoal Cittadino; do ~eeretário da Educação e Cultural daquele Estado, Prof. Fernando Carvalho Barata; do Comandante da Base Aérea do Galeão, Coronel Aviador Jorge José de Carvalho; do Comandante Geral do Corpo de Bombeiros, Coronel Conti Filho; do Coronel Antonio Lepiane, do Departamento de Ensino e Pesquisa do Ministério do Exército; do Presidente do Centro Industrial do Rio de Janeiro e da Federação das Indústrias do Estado da Guanabara, Sr. Mário Leão Ludolf; do Presidente da Associação Comercial e Industrial do Estado do Rio, Sr. Moacyr Gonçalves Moreira Leite; de Da. Ruth Ferreira de Almeida, Presidente da Casa São Luís - Instituição Visconde Ferreira de Almeida; e muitas outras.

Uma see:ção da Banda da Polícia Militar, postada na calçada em frente à Catedral, executou hinos e marchas durante a Missa, e ao final da solenidade o Hino Nacional. 5


Uma caravana de nove militantes da ~rFP percorreu recentemente extensa área do litoral sul dn Bahia, para difundlr CATOLICISMO. Recebemos dêsscs nossos jovens e abucgados propagaoclistas a se-gulntc car1a: "Prezado Sr. Redaror.

Salve Maria. Como o Sr. sabe. estamos visitando esta bela região da Bahia, onde eslílo os marcos do nosso Descobrimento. De tudo quanto aqui vimos de interessante, duas coisas se destacaram: e a respeito delas é que quisemos escrever ao Sr., dado que nos pareceram relacionadas com nosso trabalho e 1ambém p0rque sôbre as demais foram escritas à direção dn TFP cartas das quais o Sr. cer1amentc tomará conhecimento. Ao chegarmos a Pôtto Seguro, após rezarmos aos pés da Cn1z plantada no local da primeira Missa que houve cm terras do Br:ts il, fomos visitar um arraial vizinho onde Nossa Senhora é vcnetàda sob a belíssima invocação de Nossa Senhora d~ Pena, Padroeira do:s Escritores (e venerada pelo povinho miúdo). Jl uma bela igreja colonial. com meia dúzia de casas em volta e mais nada. No cen1ro da praça está plantado um marco de granito, com a cmz da gloriosa Ordem de Cristo, esculpida em relêvo. ~te mar<:o, informou um morador do lugar que foi plantado por Gonçalo Ccclho em 1503. ao tom:.,r pOsse da terra em nome do Rei de Portugal. Nêstc local fizemos uma cerimônia singela, tendo colocado sõbre o n~arco a Imagem de Nossa Scnhoro Aparecida, Rainha do Brasil, e ao lado dois estandartes nossos. Aí rezamos pelo Brasil para que Nossa Senhora, que o tirou das 1revas da barbárie indígena. não o deixe j<1mais imergir nas lrevas mil vêzes mais tenebrosas da neobarbárie comunista. Nesta ocasião rezamos cambém pelos rcdarores de CATOLICISMO. pedindo o Nossa Senhora do Pena que os faça cada vez mais fiéis ?, sua missão ( que dias de· Pois um Vi.g ário da região qualificava de "c11rismt1 de orwdoxill'' ). missão esta que, dada a constância e a dedicação desin1cress3dn com que é desempenhada por essa equipe, nos deixa verdadeiramenlc ediíicados. No di:1 seguinte fomos até um outro arraial, que dis1a sete quilômeuos, onde está uma bela Ermida erigida cm honra de Nossa Senhora da Ajuda, cuja história jã conhecíamos mas não nos seus deralhes. Desejando conhecer melhor a história dessa Ermida bem CO· mo dos milagres de Nossa Senhora. a li rcg:istr;\dOS e. conhecidos cm lôda o Bahia. com veneração e respeito um militante resolveu interrogar um velho habit3nte d;,quela vila.

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Interrogado, o velho. m isto de J)OCt3 e onidor como todo bom baiP.no. re.;;pondeu quase declamando: uo Sr. mio i <> primeiro a se e,lijic,,r com isre j(l(o próvldencial de o Vir1t~m Mifo d<" Dr1M ter-Se feito, Ela nu:tma. .vc111i11elá <1vu11çtulá na dc/eJ·a de.fia U!rra abençoada de Sant" Cruz, fazendo erigir 1>art1 Si é.vtc s<mtuário·fortáltt.a. bem à porta por c mle. o Rt i ,ltÚ Rei.r, seu Filho, Se dignou vi.fitar pela primeira vez c~s,e Brt1.1il. Durame quase cinco .réculo.r iste santuário foi IJ çtmro ,Jc ,·tm• vtrgincill de 1Qda n ,JcvQS·cio cmólica desta vosu, região. As pdmeirt,s infornwçQe.r que temos ,lesrn pie,losa Ermhlll datam ,te I S49. qumulo os Padre$ jesuitas i11iciurmn li sua con:ttruçiio. A ,í,dca ft>nt,; desta.)· in/onm,çõ,•s de que dispomos é a trmlis:<io. Fonte 1<io insu.tpcira, que 11t11ltum dev<>fo de No:tsa Senhora da Ajud11 pôs em d1h1illa, ltté hoje. uma só vfrgu/(1 do que clt, afirma. AUás. a pergunta: "será verdadt.?" - utm te"c lutar ,wquelts co, ráÇ(its c11qutmro 11êlts habltou ê.ttc dom prccios(> chamado F,J". O nosso militante ficou viv:-1mcnte interessado pela narração ião cnlevada daquele homem. tlle continuou: - "Dur1111tt tôda Q minha vidll me fiz ,1101110 tlesta ,levoç<IO e. como já eJ'tou ,·tdho. m l' alegrt,rt.i muito se puder comu11iclt la aos Srs., para que. com seu t ntusiosmo jo,,em e stu 1or11r,/ valoroso, a le vem a todos os ri11cõc.s do Brasil,,, fim de que fíJdas s<1ibam qut "11iio dorme Aquela que ,,e.la por (,lt(', Quanto à história remota dcst:• devoção~ sabe-se - pois a lrndiçãc o afirma - que um velho lenhador, ''hnbi1011re de um calmoso rauc/10, à tmréola da costa, subindo um dit, ao ápict· da mo11umlu1. 11á .wpo.tiçiio de encontrar ali melhor mad,!ira para ruumrar seu tugúrio e sentindo .ré,lt, nprQ;rimou-se tle um contamr regmo que ,letiva "pôucos metu).t. Tt>pt1 surprêso com ,, milt,grosu Sontinl,o! De jocllto.r em lura tonw-A nos nuJôs. ,·()m grtmde devoção, e preste ,•o/ta a seu rtmcho, dcposi1011do-A ,wm arrcmêclo de nicho Jormádo pela ,mfractuosidade ,te uma ,lt1s pt1redes lmmílimat . .. 0/erccc-lhc a gala de rama/l,etes de f/6rt·s agrestrs; boninas, mal-mt-queres e outras a() ,t eu alcance... 'fodo o resto do e/ia passou cm oroçiio tm(e a /mt,gcm tia Virgem . Vem;frlo pelo .wno e pela molestosa posiçiio, ,lormiu, ,londo por /ál1t1 ,Je sua Santa ao aconfor. /Just:Qu 11ovamc111e o sílio referido e eis que úepart, 1:om Ela "" mcsmt1 posiçiio ,la ve.spcrnl! Trá-la tle volta, rccol0<;t1-t1 no ormúrio; dcpoi.s reza e ,lormc. Ao abrir os olhos. nada da S,mw! Pela ttrc<"ira vez ,, enconlra, e comprce11de11do o seu tlivino propósito trt.m.r ferc .ma cabana ;ustamente p11ra Q htJUlr tio precioso ,u:l,ado, hoje ocupado pnr t-:sic riquíssimo templo de c .ffUô cQ/onial

,) sul o me.rm{) aindtJ, preferindo J·em,,re fi,·t1r 1/e frente p,1rt1 o norte, posição em que ,te ~11co11tra a (l{U(1/ i,grejt1", Cotria então o ano de 1549. O Superior do.~ Jesuítas cm Pôrto Seguro, Padre Francisco Pires, Sacerdote "com fama tle louvâvel \•irtU(/e e tu/mirável zê/o, ,·ujas m t!.mórias t1imla mult1m fre.tcllS nos cOrl1çõcs· tlllque/es moradores·· (segundo csc.reveria m:'\iS tarde o cronist;t da Compnnhia de Jesus no Brasil, Padre Simão de Vasconcelos), ''com .teus suores e mc,is alguns comptmlteiros co11s truÍtl ,, Ermida de Nossa Se11l10rt1 d' Ajuda. A Vlrgem Smrt(l, vendo a tlcvoçllo e fadiga com que os Padr,·s Lhe fabricavam aquela stw casa, homrc por bem lhes· Jlr<Jporcio"'" lllgu11s mirllculqsos Jt,votes. para os co11forll1r". Dentre os quais favores cita-se o ·do :,parccimcn10 da fonte que ainda hoje ali está. Faltava até então, a água, 1an10 parn uso don1éstico quanto para o preparo da argamassa destin:,da à construção da igreja. que naqueles tempos se fazia. forçando os Religiosos a buscá-la à distânci:\, pass.'\ndo pelas terras de um morador irritadiço e efctu;mdo muitas idas e vindas peh, colina. Bs.sc proprietário vivia sempre mal humor:1do e o supartá-lo era para os Padre$ uma cn,z maior do que o cansaço de trazer às costas vasilhas d'água. Assim contrist:,;dos com a paixão do bom homem. os Religiosos suplicaram à Virgem que contornasse se:nelhan1e estado de coisas. e a Senhora os atendeu prontamente. Com imenso esfôrço já. haviam levantado n cr,pcla ....mor do san• tuário, onde já celebravam o Santo Sacrifício. Um d ia. um belo (!ü1. quando o Padre Francisco Pires rezava a Missa na refcrid,, capela.mor, verificou-se o milagre ..• Celebrava o Sacerdote, 1ronsportado de celestial fervor, quando ouviu ao Canon, repentinamente, deb;1ixo do altar. ''um so11oro e bnmtlt, sussurro··. no dizer do Padre José de Anchiet:,, indo brotar aquela corrente d'água cristalina, fora da isrejinha, ao pé de uma frondosa árvore. com :~ qual água ficou remediada a ncecssid,,dc que dela havia. À nolícia a lvissareira, acorreram todos os moradores para ver e admirar o grande prodígio, e entre êlcs aquêle. que bramava contra o trânsito dos P:\drcs pOr sutis: terrns. S:gundo narra o Padre Simão de Vasconcelos. aquêlc homem ficou tomado de espanto véndo quão mais generosa se lhes mostrava a Senhora aos Religiosos, e t0<:ado pelo prodígio se tornou por tôd~ a vida devoto da Virgem e da Companhia de Jes us. 4

• • • Ao ouvir o nosso bom velho que contava enlevado tôda essa his:tl>ria piedosa e cheia daquela fé dos antigos tempos. qoando não se duvidava de Deus e sua Igreja. notamos que-o mesmo falava como se êsles fatos cstivessen, acontecendo agora, no presente. Falava rfio convicto, que parecia disposto ;~ mover uma c.n1zada con1rn quem os quisesse pôr cm dúvida. Assim. "<, notfcit1 ,los mUagre.r ,Je Nossa Setrhom tfAjucla cspálhou-s~· 1wr t6tlas tt.f Capitmritl.t da Costa do Brllsil e ao ma11a11cial e à Ermida principiaram. desde logo, " correr J!rtmdcs levt,s de romeiro.V, procedenles até dos po11to.t ,m,is á/t1suul<>s ,1,, Colônia, e c11quamo Qs homens tivnt1m Ji os milaJ?rts af se multiplitarmn", A devoção à Senhora d'Ajuda passou à vida cotidi:ma e miúda daquela boa gente, cujas necessidades eram alendidas Por esta boa Mãe. com uma solicitude verdadeiramente digna d'Ela,

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{tCIIUfno".

- "Os Srs. pôderiam me perguntar l(1mbém sôbre a vitla ,lo lenhador. adiantou o nosso interlocutor. Sua hi.stória ,/aí pt1ru o futuro i hn•ejávcl aos meus olho.t e es1011 ctrto de que Q,t Sr,f. 11 bwej11riio também. Esta Virgem Jét. tlc'>/e uma tles.rt,s obrt1s-prinws dt1 grt,,·a. rornamlo-o trmitão. /é-lo ,,eregri11ar pelll N!J:itio em tôr110, espalhando a boa 11otícfo ,lo achado. Dotado tio carisnu, dos milt,gres. OJICróu curas mtzrtwi/11()sas; as esmolt,:r que lhe c/etecctam, destinou-asª" levat11ame11to de unw igreja 1>0rn a Imagem 11 qut• deu o bt:lo nome tlc No.'isa Senhor,, d 'Aiutfo" .,. - "IZt1uio e.rsn igrej" <1uc oí tstá ,lotll tios tempos do Ermi1tfo?" interrogamos. - "Diz ,, trat/iç,iQ qru: o primeiro e o segund<1 iemplos que se cdi/icuram aqui, ruírem, 11umo noite. Um por tu " Jrc11tt! P'"" o mt1r, outro J><>r rc~-t,, Jlllrtl a tcrn,, coisas mnbas que a Sc,1/,ora uiil> 1111eri"! Se os Padres fJ Côloca~·am vnltcu/c, parti o 11wr, Ela virmra-st: se A coloca"ª"' para oeste. o mesmo,· e pam

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Mensário com aprovação eclcsiástic,,. / DireCor: Mons. Antonio Ribeiro do Rosario. / Diretoria: Av. 7 de Sercmbro 247, caixa postal 333, 28100 Campos. RJ. Administração: R. Dr. Martinico Prado '211, O1224 S. Paulo. / Assirmluras anuais: co, mum CrS I S,00; cooperador CrS 30.00: bcnfeilor

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Lembro-me uimia, continuou o bom velho. tle quando eu

cm m enino e meu,s pais m e d;ziam: ºQuam/o aprtmleres " monuu " Cllwdo Je levaremos ,l Ajud<1'". Coisa que espen•i com n11.1ie,latlc oito longuíssimos anos, pois " .t,u;rifício que ia e11Jre111(1r mio era para menino f'CQ ueuo. Para /11zcr a \1 iag('m por dentro ,lt, mtila \•irgcm ht'1llva~·c ,/e quinu a villf~ ,li,,s. 1Jeptmlt11do da cheia dos rios e tn/reuumdo tôda J'Ortc 1/e empecilhos, ,Jesde t>s mitos e lendas que corriam. tle mo,1s1r,,s Jerous e misU'riosos à 1>umeira ,te úe• 11ui 11ios, ltabilantt.t dlls florestas. até ll.'í 011Ç<1s e cobras \'tncnosu.s Qtt<! irucustivelmente e:<istimn, e II nwlária origimírit1 dos lamaçtti.t 111í1ritlos dás cslradas_, cm cujas margc11s .re erguitm, muitns cruzes .slibrc .,;epultura., ,te romeiro.t tr<,gmlo.t pclt1 mortt''. Esta era- a imagem que se ia formando nas mentes desde a mnis tenra idade. sôbrc a peregrinação à Ajuda. E a proeza consistia exatamente cm vencer êsses obstáculos que se ergui;1m, de forma real ou fictícia, de lal modo que a romaria era para aquêlc bom povinho uma pequena epQpéia, que se iniciava com prantos e terminava com prolongadas festas, cumprindo aquelas palavra.'\ do Salmo que se e.anta no ofício parvo C:.'lrmelit::ino: •'Qui semimmt iu lacrimis, i11 e.uultatione metem'" . Ourante todo o ano se conta• vam as procz.3s da viagem e se faziam infinitas e santas apologias da Scnhoro da Ajuda: alimentav:,m-sc assim as almas até a fosta seguinte. qunndo mais uma leva de romeiros voltava 1raiendo outras novas. - ''Todos 1i11lum1 bem prese111c lló npíritQ - comentou o bom velho - o valor ,to sacriffcio. llCeito ainda que impficit11111emc, e Sllbiom que a Senhora ,, 11i~1guém ,Jcfa·a dts/alcctr. Quomto nlgum como,lislt1 falava cm nwiores facilidades. como estráda.r e <,"(lrros <10 t1lctmce ,lc to<IOl', sob prelê;i:to ,le aum~11u1r a devoç,7o ti Se11h()rt1 da Ajut/11 e torná-la mai., nc<:essível. as opi11iües se dividiam: o., tunil[OS ''" Cruz. llclwvam que a ,le"óf<ÍO <Ili .rc media pelo .wcrifício. e os "mixos ,la /adli,ftule aclwvt,m que. se s~ tornas.te JácU, tetíamos q1m11tidade . . . " E o nosso amigo acrescentou, à maneira de reflexão final: "Esta Seu/rora de UJdôs os /Jens ,lo Clu t ,ta terra. mula /Jt,u le tios homens em troe,, da sua ajuda, scn,i{) que lhe ,-on/iem tudo. Quem muito ,·onfü,. muitn rtcebe cm ajU(/a··. Depois. com lágrimas de dor. mas com uma coníianç:., de profcra. aquêle apÓsrolo de Nossa Senhora d'Ajuda proferiu com vigor as últimas palavras de despedida {pois já nos achávamos na Kombi, cujo motor roncava) : - "Meus carm· j<wem·, t u, como já disse, m e fiz arauto d~sflt ,Jevoç,ío tltstle a mi11/u, mocidode, e agora 1111 velhice gostari" ,le pa.,sur llOS Srs. esta loclra para que os Srs-. a levem ãl/ o fim da corridt1. com J·tus bmçQS jo"c11s e ~·ig<>rosos. Nisto está prtcisamcnte o que os Sr.t. dc/tndem: o Tr(l(/iç,io. Guardem éslt' tesouro da de\1oç,io à Santíssima Virgem. éle i: que e.t plica o Jortalct.a de \'{)S.rt> /tão". Essas palavras comoveram-nos como o Sr. po(le imagin:ir. Resolvemos fazer a última pergunta ao velho; :1gora sôbrc o motivo de suas lágrimas. ~le tomou um ar grave e rcsp0ndcu com varonilidade d igna de um devoto de Nossa Senhora: ''O,\· motivos ,/e minha., lágrlmas são dois: um de 1,/egrfo, owro de lri,fteza. Tri.r• teza, porque clu:gám llOS meus am,frlos rumores 1/(! que tem fü,rc t:ur.ro. ,,1~ em ct1beças st1ccrdo1ais, ,1 iJéit, ,le malar pelo ,fesprêu,. pela cãmpm,ho do silêncio e a1é pela f'er.,eguiç,io aberta. esta de,,oç,iQ. E a.legrio, por me pt1recer que. nos Srs. se realh.,mt o:; m t us sonl,os e as miuhas csperanços. Os Srs. "erõo a rcalizaç,io tlhJ promessas de Nossl, Senhora em Fátima: "Por fim o meu Imaculado CIJraçtio trilm/arâ'. E o conhecer os SrJ·. que /11fllm com l<mto llrdor, com tn11to entusiasmo. com Umta cspera11,:,1, por 111110 ctms" qut eu sti que I grande~ santll e íá viroriosll, coustiflli 111,u, enorme alegria pt,ra os últimos 0110s dt mi11/ra exi.'ili11cit1. Avante jovens, avante. No:rsa Senhora ,/'Ajmla vos lljtult:rá, J>t)i~· ,, vossa causa é ,, ct1u.ra dEla e I u. clluSá tle todo cat6/ico que 11tic> s,.~ cou/orma com a. idila tle viver .wb t> jufw comunisu,. Apcrtàndo-nos as mãos com ternura paterna), murmtirou cm voz baixa um nome de quem quer permanecer anônimo. um pseudônimo pitoresco e bem achado: "Vaz ,!e Caminha, seu crilulo'·. E íoi-se meter nu,na jangada a flulUar sôbrc t1s ondas rcvôltas. numa verdadeira demonstração de inlrepidcz, esta vir1ude tão -rara e ineomprcendida no mundo de ma ·.éria plástica em que vivemos.

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Era tim grande senhor que se via em :1puros por causa de uma epidemia que grassavo\ cm s ua criação. c invoc;1Va a proteção da Stnhorn d'Ajuda e era valido; em um pescador cuja barca se afundava, e gritava ·•11all1tM1te " Senhora ,/*Ajuda!" - e a barca m iraculosamenlc se des virava. Er~, um animal de sela que se escondia na mata com g,ravc prcjufao para as já penosas viagens, e o ho:nem invocava a Virgem e o .tnimal vinha à procurn do seu dono. Era um trabalhador que se via na floresta :1mcaçado pelas feras e gritava pel:t Senhora e era socorrido . .. Fatos eomo êstcs d:triam para encher uma enciclopédia. - Como se vê, as necessidades daquela gcnle miúda. aos nossos olhos viciados com as coisas ciclópicas n1odemas parecem insignificantes, mas para êles eram vj. tais e por isto faziam romarias enormes parn irem :,gradeeer a ajuda recebida.

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E11quanlo se dispc~•wa a pequena multidão que se jun1ara para nos ouvir. veio-nos a idéia de pedir ao velho parn escrever um:, carta à secção ''Escrevem os leitores" de CATOLlClSMO, mas a sua jangada já ia longe ... Depois nos disseram que aquêle Sr. não sabia escrever. Um sábio a11alfobeto ou um ao:1líabcto s:.íbio? Um paradoxo parn quem aprendeu. como nós, que a sabedoria não nasce sen~c. 110s bancos das escolas. Seja como fôr, o velho dis.~ o que muita g~nle pensa da 1'FP, concluímos nós. Sr. Redator, cm nossa peregrinação por terras da Bahia não nos esquecemos de rez.1r pelos redarores de CATOLICISMO. Pedimos-lhes que não se esqueçam de nós, em suas or-Jçõcs, especialmente para que sejamos fiéis à missãO de fa1.er brilhar a luz. da ortodoxia neste mundo envôlto nas trevas da heresia e na cegueira do ateísmo. Despedimo-no..~ ele.".

CrS 60.00; grande bcn!ciror CrS 150.00; semina· rislas e estudantes CrS 12,00; América do Sul e Centr3I; via marítima US$ 3,50, via aérea USS 4,50; outros países: via marí1ima USS 4.00. via aérea USS 6.50. VcndA •vulsa: CrS l,S0. / Pagamentos em nome de Editôra Padre Belchjor d~

Pontes S/ C. / A corre.-.pondêneia relativa a assi· nalurns e venda avulsa deve ser enviada à Administr:1çiio. / Pa1·a mudança de cndcrêço de assinan tes. é necessário mencionar tamMnt o endcrêço antigo. / Composto e impresso na Cia . Lithographica Ypiranga, R. Cadele 209, S. Paulo.


OUTROS ASPECTOS DAS MISSAS DA

TFP EM SÃO PAULO E NO B/0

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' Terminada a Missa, todos os presentes autoridades, sócios e militantes da TFP e todo o povo detiveram-se na escadaria da Catedral para ouvirem o Hino Nacional e o toque de silêncio em homenagem às vitimas do comunismo. Vêem-se na fotografia as bandeiras das nações subjugadas pelo marxismo e cartazes com os nomes destas. No primeiro plano, um enorme estandarte da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, sustentado por dez militantes. Em baixo, Clarins do Regimento de Cavalaria 9 de Julho, da Polícia Militar paulista , em grande uniforme, dão o toque de silêncio pelas víti.mas que o comunismo f ê z , em todo o mundo, desde 1917.

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Na entrada da Sé, coroa de flôres da TFP para as vítimas do comunismo. Jovens coreanas com sua bela indumentária tradicional. Aspecto da Missa no Rio.

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GENERAL NORTE-AMERICANO .DENUNCIA POLÍTICA DE KENNEDY NO VIETNÃ O

MUNDO ttVRE ach<l-sc ,lividido 110 ,,en.s<11nento, 11a palavra e "" ,,çao. N,ío chega a llCórdo sóbre a <a-t1/i"ç,io ,lo perigo " que está e:i:po,ro, s6bre " linlw pôlttica a su stg11idct, 11cm sôbre <tS medi<lcis requeridas para sua pr6pria

Ter-minado o c11ormc êxodo da população vietnamita do Nocte paca o Sul, o Pr~mier Oiem, em outubro de J9SS, promoveu um refercndt1m nacional, que o eleseu Presidente d3 República.

.1obrevfréncia. Tem uma empolgo111c \'Otr•

pcpulàr de Ngo Oinh Diem co,,denam ao mo.lôtro os planos comunisrns de tomar o poder no Vietnã do Sul por meio d.\ sub• versão interna. Estava tnmWm forn. de co• gitação o assnllo diceto: a zona desmilitarizada, com uma extensão de 72 quilôme· 1tos. era demasiado estreita. e muito f~cilmcnte defendida... Para atacar o Sul. êle te• ria q ue se mover atrnv~s do ln.os. dcsfe, rindo sua ofcnsiv:1 pela fronteira ocidental. 8 bem vetdade que o Tr.\tado de Genebra de 1962 estabelecem :t neutralidade d o Laos. Mas que vale um tratado pam o "realismo mMxisto"? E uma vc-z invadido o Laos. chegaria o dia da Tailândia e do

tas;em cm população, em rtcunos e é'm tôd,u ,u metlida~ de podu, exe<tO em de, termittaçiJo moml. Dc/endc...se c11tcrrondo a cabcç11 "" areia , rtcusondo-se a rc:CO• 111,tcu o inimigo". Estas pahwrns, que se acham à p:\gina 289 do livro "'AMet1CA ON TRIAI. / THE WAR, FOl VlelNAM" (editado

pela Arling.ton House, New Rochclle, Ncw York, 1971). podem ser tomadas como um

resumo do pensamento expresso ness-:t obro. pelo seu ihistrc autor, o General THOMAS A. LAN~. do Exérdto dos EUA. Com bri· lh0;ntc fôlh;;1 de scrviço1 prestados cm tcmPo de paz. o General L.1.ne, durante n segunda guerrn mundial, fêl. parte do E.c:ll\· d<>-Maior do Ocncral Douglas MacArlhur na Área Sudoeste do P.-icííico. Depois da guerra desempenhou vó.tfos missões de rc~ lôvo, rcform.-indo-se no ano de 1962 para se dedicar inlcgrnlmente à carreita de es-

critor.

Visão ob ietiva das mazelas do Ocidente "Os Es'rA.00$ UNIDO$ l?M JULOAMlll'HO / A (;ueau PEto VnnN1o.M" e.c:pclht\ bem ,, ~lma de um vcrdndciro militar que vê seu país n.3H'II. depois de ascender à lidernnça do mundo liv1 e, entrar J>Or um folso c..1minho que só pode condu1,jr no desastre e à capitulação fina l. No prefácio. seu colcgi de :irm3.s, o General A. C. Wedemcyer, mostr.i como "o General Larre retrata o resul, lado ,lc Juas pcs(Jctisas, com lntdightci" e dorey1, llO revelar a mentlacitlade e () oh, surdo po/it;co que têm caracu.rí:.ado a '1tul1Ç<io tios Estatlos U!1idos 110 Extremo OriMle oo longo dos 1íllfou>1 ,1i11tct 011os1· (p. 9). Com efeito, esclarece o Autor que seu país ".se oclw "m julgflmcutO. e ,u;uso• tio 1/e 11,u li1lera11ça i11tpta ao .t<'U 1,r6prio pQvo e- cm mimdo lfrr<" (i>. l4). Por todo o histórico que faz dêsscs tris1cs acontecimento~ o livro torna também pa1cnte a p:1rtc de tdpcnsabilidade que nélcs cnbe. entre outros p:1íscs do Ocidente, à Inglaterra e à França. Aquela pela Jasti• m:.h·cl tá1ictt. herdada de Neville Chambcrlain, do ceder para não perder, e a França por ter sido vhima de polítioos como Mcndês-Francc, que puseram a perder os hc1óic~ esforços do exército fra.ncê.s na Indochina. Não é temerário afirmnr-sc que mui1as b::italhas têm sido perdidas dentro dos g3binete$ de certos líderes Políticos. e n~o c.m campo aberto. Como poderosa fõrçn auxiliar pata assegurar cobertura 3 êsses fa lsos Hderes, mostra o Autor a ntu3ção d0$ elementos esquerdistas nas dcmocrncias ocidcntttis, infiltra.dos cm 6rsãos da imprens3 fal.\da e esçrit3 e inst31ttdos nos movimentos de con1es1aç;'io. A anulaçiio dtt ação miliuu por e.o;s.1. ca. vorteira ação poHlic.t foi ilustrodtl J)clo de· S!ISlre da França no Sudeste Asiático: "Não hom·e. tle.rrota importante nos c,mwos e/<' batalha tio Vict;,ii, Oien-Bi"'" Plw mio PllSJrl 1/e um ""'lôgro clcsplcie11do qttaudo 1/i.ssôCiodô ,fa psicoJe a que se hll• ,•ia i11duz,ülo Q pú/Jlico /1ancfs" (p, 43),

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Diem não se deixa envolver por Ho Após ,, rendição de Dicn-13ien-Phu, perdido o Viecn5 do Notte, cr:i de prever que o Vietnã do Sul t::mlb~m sucumbisse d iante do à$$3lto comunis:1a. Entretanto, tudo mudou diante da cnfrgica lidernnça do Pre, mier Nso D inh Diem. o qual chamou n si o poder que se .1chava nas m!os vácil3n· 1es do J mper3dor 8.10 Dai, g.:,nhando 3 confiança do povo, unindo o Vietn:i do Sul, pacific.:rndo-o e reslnurnndo n pr0$pc· ridade econômica (p. 55). Ngo Dinh Diem detdc o início nlio .1crcdilarn na máscara na.cionalis tn usada pelo agente soviético Ho Chi Minh, rccus:,ndo já cm 1945 o convite dt$tC par.l servir a. chamada Repúblicn De• mocráticn do Vietnfi., a qual a velha rn))fJ· S.'\ acab3va de fund3r etn Hanói como meio de implanlar. a stu tempo, o comunismo (pp, 36-37).

Ho acabaria Por vcriíicM que o prcs1ísio

Combodgc. Assin,, a$ íôrç.as norce-viccnamicas de Ho Chi Minh impunemente es1abelcc.etam no Lu.os uma cabeça de ponte propícia à s.-u:, oft.n..,;;iv.i contra o Vietnã do Sul. Mais :1in• da. No Cambodge. "quu11do o Preside111e Kem1edy tomou e/tua ,ma i11tc1tÇ(ÍO ,te re1,'rar as trop11.1 11orte,1m1ericm,as tio Yielmi, o Principe Silumouk rtlpitlamentt' ajuJtou-se ,? 110w, ordem, [ .•• ) Ao lhe di:,erem que ,tevia permitir " 01,uaçlio tle tropas lct vle11u;mi111s a partir do território do Cambo,tge. C{mcorclou•· (p. 71), o que abriu caminho para a crfoção de novas bases parn o as..,.alto ao Vietnfi do Sul.

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Mostrn o Autor o estranho modo de ag,ir daqueles que dirigem 3, J'l()Hlictl intern3cionnl da. América do Norte. Partem i!lcs do postulado de que a Rússia e a Chin:1 não !õC: acham orien1adns pa~ gucrrns de n.grcssão impcrialist.1, mas s:.l.o potê11cias am3n· tes d::i pa~ e sõmenlc in1ercss.1das cm sua própria seguranç3. " Todos os 1u,ctQs. todos os e11co111ros lttte11wcio,1áis, 16'.tas as con/er/mcias ,lc 1lcsar1,uw1c11to sJo cstmlllrádos 11~ssu tirmos. (.. . l Essa .mposiç,io, é claro, se dtsmtuft po, monumh<1s dt prowu retiradas de uma /ilo.10/io, uma doutrina e um com1,ortame11to ori't11tados p11n, a co11q11is10·" (p. 95). Ma$ dccididnmcntc. não nos achamos cm um c.:impo cin que () scn· so <:omum <:omandc a.s decisões.

Uma h istória para crianças Mais do que durance 3 gestão Truman e Eisenhower. ess,-, orien1açào sui<:ida foi seguida pelo Presidente Kennedy e pcl0$ as!t ssores socialistas que o cerc.av~m .. Foi ela q·ue cotnou baldados O$ e.,;;forços de Ngo Oinh Oicm no ~nlido de 53,ir da g.uerra defensiva e levar 3 ofensiva às pOSições norlC•vietnamirns no t..1os. Piol' nind:i.. foi dado início cn1:fo II uma cam1>anha. de descrédito contro o g,ovêrno sul-vietnamita, que ?,nvia que culminar com o sangrento goh>~ de Es1ndo de novembro de 1963. Assim é que :l 26 de março de 1964 o Scerct:i.rio da Dcfes.1. Robert S. McN:11nam dcclnrova.: "No inicio ,lc /91,J o Pr~,iiclenle K«",m«cty ptuli11 informar que ''11 po11UJ ,tt> /011ço c/11 agressão se ""'botou 110 VU'111ã do Sul". ew c,•idc11ttt que o g<.wémo em mw'10.1 &reoJ lunrü1 tom,,do a i,iicitUivo tias miios ,los in· •mructos. Mas hsc progrt>sso /oi i11terro111• 11itlo em /96J pela crise política deconc11te tios atrilos c111,e o got•êrno e: os buclisu,s, estudtmtes e outros oposicio11istt1s ,uio CQ• mtmi.stos. O PruMe11te Diem pudtu a co11/io11fll e a /ide/idade ,le seu ,,ovo; l101wt acus11çiHs d" uwlv~rsoç(io e de injustiça" (p. 119). Vem aqui :l mais tt:ive àC-u.saçâo do Ji. vro: "Nt>sta,, paucás ,1r:111c11ço.s, o Secret&rio McNamara co11to11 ,, ;11crive/ hist6ritt tio 1111c actmttceu em J9~J. O Preside11U Dlem estavt, gaul1a11do o guerra. - e isso Jigni/ictwa que seu apoio popular t>sta,·a Cf('SCtntlo. S,lbitamcut" o po,,o .1e vcltôll contra é/e e o derr11bou. Esto é uma lii.s• tl,ria poro crianças. O Prtside11tt D~m 11/iQ 1urdero a con/ia11ça do ,,ovo vietrwmi1t1. O golpe ctmlm élt, em 1101•embro, /oi co11d11zi, tio por um 1m11hado de generais que aglram .1 ob t>Jpeci/ica direção do gov2mo dos Es• tados UnitlM e por ra1.Qcs que i lts meM1os explicaram . Os fm,do11d1ios 11orte-amcrica. nos envolvidos na co11spir<1ção não deram um relato ho1tes10 a respeito de seu cnvol, ,,mento, dt modo que podemos apenas /a-

1.er co11jec111ra, sôbn: seus moti\•os, pdo curso dos oco11teclme11tos'' (pp. 119-120), Cita. o Aulor um foto significativo nnrrado por Kcnneth O'Oonncll: "O Ptesidt,t• te (Kennedy] não era contrário à idéia d, mudor o govirno (sul-vietnamita) para um fim práticl> e iít/1. Um quamto ile t·s· tava /t,/cuulo com D,n·c Powe,s e comigo s8b,e o modo <te J01'r do Vlct11à, p<'rg1111u1mos-lhe como poderlt1 comluúr uma rtli• ra,ta militar sem perda do prestígio 1/l>rltf· americano 110 Sudeste osidtlco: "M11lto /li• cil, respo111teu. ~ colocar lá 11m govirno (Jue peça nona s"ída" (p. 138).

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A tragédia c hego oo seu elimax Em capflulo sob o tílulo de "A 1miç1io", con1.1. o General Lane com riquexo de dc1:tlhes aquilo que já se podia entrever no noticiário telegráfico da 6poca: a missão confinda ao Embnixndor Cabot Lodge. o qual S3íu de Paris parn conduz.ir o golpe dcEstndo no Vietnã do Sul; o papel dcscmpc· nhado relo agente- comunisl3 Thich Tri Qutlng:. sob o disfarce de monge b udista, na cria.ção t1e tôdn A agitaç,ã o cm Saigon. com a eneenaç.to dos suicídio$ pelo fogo, da$ tirruaças., ele,; o pedido do Pttsiden1e Oiem, não :.ucndido pelo Embaixador Cabot Locl· ge, no sen1ido de que íôssem nfosl3dOS do país quatto conspiradores norte•americanos. depois de exibido documento compro• mcccdor perdido por um dêles. O golpe de I.~ de novembro explodiu com os qun1ro conspirado res ainda ~m Sai.gon! M:iis ainda: "Não }u1 ,Ut\'ido tle qu,: 01 ide6logos socinll.rtnT d,, tldmi11istraçfio Ke1111cdy agiram «m co1111,arsarlt, com almas·irm,is dos meios de impreuso para do, ao ,,o ,·o norte amerlca110 uma falsa ,·us,>o tias arruaças budi.s10s. 1. .• ). ,\1tsmo 11ssim, crt'r q11e is.ses agem('s do gm·irno imp11strllm uma 110/llica ao Prt.si• dente e .teu gabl11tte é pcmar às '"'essas. e mai.1 r111.01frtl supor ,,ue iln e.stivt'ssct.m seguh,do w11á 110/ltica que havia sido óproWldtl 1>dos /t1r."dores ,te politica da ótlmi• 11i,1lraç,io Kenutd)', 10h11 e Robert Ktm1tdy mio eram Jiomc111 pcut, ddxor o., fios p,;,,. cip11is Ja 1,0111/ct' /orr, ,te sufls 11róprias m,ios" ( p. 135). O 3taquc ao pnládo pre$1dencial de S:iigon foi levndo a efeito nn. manhã do d in 1.0 de novembro de 1963. Ourante a noite o~ irmãioi. Diem e Nhu s.1.írnin e se abrigarnnt nt'l casa de um amigo. "Rccebtram ofercclmclftos de 11sUo de t mbaixatlores t1mi• gos, mas 0.1 Ngo 11t1Q ,:ram lrome11s r/111! se tscq11dcncm clt stu 11r6prio 1101,·o em 111110 t!mhaixada tst,cm,;tirtl. No ma11hll ,Jq ,lia 2 /orom à igreja ca1(,/ic11 ,te S,io Fra11clsco Xtwie,, confessartm,--sc e couumgarnm. Era Dia de Finados, cm q11c O,f C(ltóllcos r('i,ám pt'los mortos. Reiamm, Ma11daro111 d<rr áviso d~ s11a prt.tc11ça à /uma Militar, Violu• ra:t do Exército cllel]aram ,,ora le,•t,./01 Quar1t l-Ge11ual. Foram 11l1;tma,tos e cmp1111'(rc(os poro dentro d t um c11no. No cami11lto /oram mortos o tiros. disparodos pelo Major Nguye11 Van Nlumg, ojmltmle ti<' orct,ms do Gtuen,I Duoug Van Mini,, /JfC • side11le da J1111ta MiUu,r - 11ti a ,•éspuo co11sdltclro mlliuir do pruidc11te Diem'' (J>p. 139-140). O resto da história da guerra do Vic1nã, :Ué o dia de hoje, é :,penns deeorrênci;1 dêssc tri:Hc episódio. Houve rertç5o contra ;k oricntrtção derrotistn ~o nõvo govêrno. scs-..1ida de avanços e recuos n.1 conduç;io da iucirn, mas a 1cndência, apesar do hcroís, mo daquele infeli1. po,•o, ainda é de forçar o cst:ibclecimento dt um govêrno de coli, gação, com a participação dos comuni,sta$. Ouem ignora o resulr:ido de uma caligaçõo entre pessoas honestas e bandidos? Muito s.1.nguc generoso de soldados nor· te-americanos cambém regou o solo sulvictnnmila. Mas os oticntadotes da polrtfoa intcrnnc.ion:,I do Ocidenlc, cm sua marchl\ p:\ra o abismo, não se detêm ditante de he, roísmos. Peçamos n Dcu.1; Que suscite homens de sua de.'ôtl':\ que reconduzam a humanidade 1>elas 1rilh:1s do bem e da verdade, dcp,ois de tão ignominiosos descaminhos., Livros como êstc do General L1.nc constituem uma r&te:i. de luz no meio das lrcvas que envoJ. vem o orbe.

D. Mayer reza o têrço d iante do oratório da TFP; foi imensa a quantidade de flôres enviadas pelos devotos da Imaculada.

NO ORATÓRIO DA TFP

EM LOUVOR DA IMA(;ULADA NO DIA 8 de dezembro, festa da Imaculada Conceição, o Exmo. Sr. Bispo de Campos, D. Antonio de Castro Mayer, rezou solenemente um têrço em louvor da excelsa Mãe de Deus, no oratório da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, à Rua Marlim Francisco, em São Paulo. Compareceram à cerimônia sócios e militantes da TFP, com seus estandartes e suas capas rubras, além de grande número de populares. O Côro São Pio X, daquela Sociedade, entoou no inicio do ato o Credo gregoriano. No final, foi cantada a Salve Regina pelo mesmo

coral, bem como o cântico mariano uviva a Mãe de Deus e nossa", acompanhado por todos os presentes. Em junho de 1969, terroristas fizeram explodir uma bomba naquele local, ocupado por uma sede da TFP, destruindo parcialmente o prédio e danificando uma imagem da Imaculada Conceição. Em novembro do mesmo ano, no local da explosão, foi instalado um oratório para acolher a imagem, em reparação ao grave atentado perpetrado pelos terroristas. Desde então a imagem vem sendo invocada como Nossa Senhora da Concc.íção, vitíma dos terroristas.

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Cunha Alvarenga

Virtudes esquecidas

Mostrar-se t!atólit!O não poupando os hereges

Da Encíclica "Spiritus Paracl.itus", de 15 de setembro de 1920:

M zeLO TÃO arde11te em salvaguardar a i11tegridade da Fé atirava São Jerônin10 em veementíssimas polêmicas contra os filhos rebeldes da Igreja que êle co11siderava seus i11imigos pessoais: ''Ser-me-á suficie11te responder que jamais poupei os hereges e que en,preguei todo o meu zê/o em fazer dos i11imigos da Igreja meus inimigos pessoais"; e111 wna carta a Rufi110 êle escreveu: "Há um ponto em que 11ão poderei concordar co11tigo: poupar os hereges, não 11,e mostrar católico". Entretanto, contristado pela defecção do mesmo Rufi110, éle lhe suplicava que voltasse à sua Mãe desolada, única fo11te de salvação; e em favor dos "que ti11han1 saído da Igreja e aba11do11ado a doutrina do Espírito Santo para seguirem J'eu próprio juízo", pedia a graça de que voltassenr a Deus de tôda a sua alma. [ ... ] lá sabemos, Veneráveis lnnãos. que profu11do respeito, que amor entusiástico êle votava à Igreja Roma11a e à Cátedra do Pescador; sabemos com que vigor êle combatia os i11i111igos da Igreja. Aplaudindo seu jovem compa11heiro de llrr1ras. Agostinho, que sustentava os mesmos combates, e felicitando-se />Or haver co,110 êste atraido sôbre si o furor dos hereges, Jerônimo lhe escreveu: "Honra à tua bravura! O 1111mdo i11teiro tem os ~·!ho. postos sôbre ti. Os católicos ve11era111 e reconhecem e111 ti o resta11rador da antiga Fé, e, sinal ainda mais glorioso, todos 'Os /rereges te amaldiçoam e me persequem contigo com 11111 ódio igual, 11wta11do-nos pelos seus desejos. rra impossibilidade de 110s i,nolar sob seus gládios". este testemu11ho se ac/ru mag11lfica111e11te co11firmado por Postumiano em Sulpicio Severo: "U111a luta de todos os instantes e 11111 d11elo ininterrupto com os maus co11ce11travam sôbre Jerônimo os ódios dos perversos. Nê/e, os hereges odeiam aquêle que não cessa de os atacar; os clérigos, que,11 /Ires recrimi11a a vida e os crimes. Mas todos os homens virtuosos sem exceção o a,11am

U

e ad111iran1".

este ódio dos /rereges e dos ,naus levou Jerônimo a sllpOrtar pe11osos sofrimentos, sobretudo quando os pelagianos se atiraram. sôbre o Mosteiro de Belém e o saqueara111; mas êle suportou com eqüa11imidade to<los os maus tratos e tôdas as i11júrias, disposto que estava a morrer para a defesa da Fé cristã".

BENTO

p p.

XV


0Ultrr0k; MON,S, ,\NTOSIO R11.1ent.o 00 RosA~IO

A Providência chama a Si colaborador insigne de ''Catolicismo'' A naorte ,te F11,bio Vi,litJt•l Navier ,ka S il~eira repre. •• .<i1ent ,. pt•rt• ••f> ~ ,•t o ,. 1,cas1110 11,n,11, grave per,111,. Foi nest-#& lol/,11, que ele publico•• peita pri11,eir1• ~ seu já h111je célel11re tr,,balho ··Frei~ o K ere1,.<i1l.g e /1ile11,o ••• Até,,, oe,,...ioo.'11 ,te•• ,. · ·c,.tolicis,,,o •• eolabor1aroo.<i1 11ue tr1•t:sia111, ,,, 11111,ren lu11,inos11, ,le 11,c1•i1la,le ,le e.spirit111 e ,le .,;er• t,.te,,to ,le e.:1:p,11.' i/itor.

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l>re.<Jta,,aos. at!;si,,,. .< i;enti,la ' ,,_,,,,,,.e ,.,,,gen,.

,.

,leNse gr1111,1le c<11•••11a11lwir1, ,te jorna,l,a. c11,jo 11,0111,e e ..;t,Ú, i11,1lelevel111,e11te liga,lo /1.i ..,t<>ri1a ,lesta lol/1.11.

••·

páginas 4 e 5

Fabio tendo na mão a capa da TFP, à saída da· Missa que a entidade fez celebrar em São Paulo, no dia 11 de setembro de 1970, para inaugurar sua campanha de esclarecimento da opinião brasileira a respeito da e leição do marxista Allende no Chile.

N .º 254

FEVEREIRO DE 1972

ANO XX II CrS 1,50


Virtudes esquecidas

CABIDADE SEM FBA()IJEZA'!J DOÇIJBA COM ENEBGIA'!J NIJNCA AMOB SEM AIJTOBIDADE Voltando de Rom,, aonde fora visitar Pio IX logo depois de sair da prisão a que o havia condenado o governo maçônico do Visconde do Rio Branco, D. Vital pregou na Igreja de São Pedro dos Clérigos, de Recife. no dia 6 de outubro de 1876. Destacamos desse sermão o seguinte trecho cm que. tratando do múnus episcopal, o grande confessor da Fé mostra também o quanto estão errado., os que, cm matéria de estratégia apostólica cm geral, não conhecem senão os métodos suaves e as atitudes conci1iat6rias:

E

XISTE NA hodierna sociedade. certo núcleo de homens que, toma<los, no ,liz.er de lsOÍ(lS, do espírito tle ver· tigem ( 1) tentam, por todos os meios ao seu alcance, enfraquecer. senão solapar, as bases do princípio de autoridade. Esses [ ... ] rect,lcitram co,rtr<i ti disciplitttl da Igreja, pretendem até ensinar a seus P"storts que ao Bispo cumpre .rtr rodo amenidade, todo doçura, 10,lo mansuetude; que nunca lhe é licito us"r da paternal severid<1· de, aconselhada, em certos casos, pelos grados Cânones: por outra, que deve. como Pastor, qucdar·se arrie o lobo: com<> Doutor tia verdade, emudecer ante o espírito ,to erro; corno Guarda do depósito da Fé, tulormecer ante O.\' assaltos ela hidra da impiedade. Estulta pretensão.' inslirria irrquali/icável!

S,,.

• • • Os nossos deveres, aprendemtrlos, nós Pas· tore.r das almas, não da boca dos inim;go:r do Cc,tolicismo, mas sim do ensino dos Santos Padrns, da lgreia, Mestra infalível da verdacle, e da Escritura Sagra1a. Sa11to Agosti11lto. [ ... ] sem embargo do grande amor que dedicava a suas ovelhas, a ponto de não querer salvar-se sem elas: "Noto .ra/vus esse sine vobis" (Scrm. 17), diz-lhes um dia: Cumpre·me repreender os turbulen• tos, apoiar os fracos, estimular os remissos, increpar os desordeiros, humilhar os soberbos [ ... ] defender os oprimidos [ .. . ] (2) . Santo H i/ário, não menos ilustre que o lu· minar de Hipona, nos ensina que deve o Bispo pro/ligar coin doutrina sã e palavra /ran· ca a impiedade insolente, o erro sedwor (3). Outro autor sagrado, de grnnde renome. diz que trat. o Pastor na destra cinco varas: a da autoridade, da disciplina, da doutrina, da m;ser;córdia, da vigi/Oncia. Com a primeira castigo: "per primmn pu· 11it''; com a .regunda corrige: "per secundam c·orrigit": com a reretira instrui; com a quar· ta ortlena: "per quartam praedpi..,· com a quinta defende (4).

• • • Este ensino dos Santos Padres está de perfeita harmonia com os Cânones da Igreja que, em certas circunstâncias, aconselham aos B;spos o émprego do ricor com mansidão: "Cum mansuetudine rigor''; da justiça com misericórdia: "Cum ,nisericordia judiciun'I''; da severidade com brandflra: "Cum lenitatt severita.r" (Cone. Trid. S«s. 13. c . 1. de Rcformationc).

• • •

N

o

T

• • • Ai tio PrelC1dO que fora todo brandura ou

rodo rigor! O Bi.1·1>0 é, 11a fraseologia doo· Sa11tos Padres, médico, pai, juiz, doutor, ata· laia, pastor, etc, Médico (9). incumbe-lhe, depois de esgotados todo~· os recursos brandos, exaustos to• dos os m eios suaves , recorrer gradualmente, como lhe aconselha o Concíllo Tridentino, ao emprego d e remédios mais fortes e amargos, scgu11do a gravidade do mal: "U bi morbí gravitas ita postulet, ad acriora et gr11viora re· media descc11dere" (Cone. Trid. Sess. 13. c. 1. de Rc!ormatione). Obrar de modo diverso, por nê.reia compaixão. fora IOrnar·se respons,1vel pela morte daquele que releva cura,·.

lmrdi, cor,trudia11ru re,lar&11endi, desi<lloti excilnndi. co11/e11tio$1 cohil)e11di, s11pubitnlu uprimet1dl J•• , l n1111reui Jíbua111 (... J (Serm. 339 in die Ordin. su3e) . 3) Co11trodiC(t1d11m tJI ti impie..tnfi f'f ir1.sole11tltu: ,•a11i/()quae, t i wmil<>quio srduce.1111: ti co11tradicct1dum pu doctrlflllm sanitotem, per vcrborm11 s:'11ceri1a1em (De T rinit3te L LVJll, n. 2), 4) Pastor qui11q11t! vi.rgas lu1brt i,r m<uw. Prima rst potenfiae, secunda di.scipliuar, t(rtia Joc· 1,i11a~. quarta mlsrricordi(IC', quinta c11.s1odí"~Per primam p1111it, per s~cundam corrigit. p,, tu• liam erudit, pu quártom p1aeclpit, /IU quintam

"""'il

(Pctrus Blescnsis., Scrm. 46). S) 0111ab,m1 011atht111a tsse pro Jrulrilms mds ( Ront. 9, 3).

Pal ( 10), cumpre.lhe 1uio s6 alimentar pre.s. .turoso os /ilhos com o pábulo es11iritual. se· não também corrigi•los com <1mor: "Praelatus p(l{er est corripiendo. mater lacumdo'' (Hugo Card.). O pai am~roso, diz o Espfrito Santo. castiga a mitldo o filho culpado ( 11) . E se, obcecado por amor mal entendido, imitara « David não coibindo o seu criminoso A m11011 ( li Rcg. 13. 21), escancararia a porta II todas as paixões. vícios e más inclina· ções. 1.11raindo destarte sobre si a puniçiío do mísero Heli. tlemasiadtJ indulgente (li Reg. 3, 13 ). Juit. ( 12), ; tle.ver seu distribuir a jus1iç<1 corn máxima imparcialidade, absolvendo o inocente, conde,umdo o delinqüente ( 13), Jem jamais deixar·se in/luencfor nem pda /ra• quc;;a do pe<Juenino, nem pela força do potentado: '"Non consideres perso,wm pauperis, nec honores vultum potenlis'' (Lev. 19, 15); do contrário. sua pecaminosa benevolência seria incerrtivo à desordem, acoroçoamento ao crime, livre curso a todos os flagicios, e 1or· ntlf·Se..ia mer~cedora das ,naldições do Céu: ''Maledictus qui perverti! ;,ulicium" (Deut. 27, 19). Doutor ( 14,). tem a estrita obrigaçiio ele. fulminar o erro, debelar a heresia, à medida que sustenta a cloutrina católica. Calar•sc a pretexto de prudência, quanc/o urge defender tJ verdade. fora cow1rtlia. senão traiÇ(iO! Seu mmismo, 1(10 condenado pelos llvros Santos: "Cones muti non valentes latrare" (lsai. 36, 10), seria causa da 01,ressão da verdade: "Veritas cum minime defenditur. opprimitur·'' (S. Fclix Ili. Dist. 83. dccr.). Atalait, da lgre;a (IS), guarda do Santuário: ''Custodes vestibulorum Sanctuarii" ( J Parai. 9, 19). corre-lhe o dever imprescindível de velar o sagrado depósito da Fé, demm~ ciar o perigo, bradar alerta, conscrvar•Se firme 110 posto, reptdir o inimigo , <mtes sucumbir que render-se: "DepoJitum custodi" (I Tim. 6, 20). Âl'Sim /lll. a sentinela vigilante, fiel: proceder de modo contrário fora ser traidor! Pastor, enfim, eleve às ove/Iras assim o pas.. to es,,iritual. como pastoral correção, simbtr /izat/a pelo báculo ( 16), que recebe na sagraçã,. para reprimir com pia severidade os vÍ· cios e abusos: "Ut sit in corrigendis vitiis pie saevicns" (Pootií. Rom.) . Deve·llres, outrosJ·i,11, no pensar de São Boavemura, já o reuni-las no aprlsco, já o protegê-las dos acometimentos do lobo esfaimado (17). inda com ri$CO iminente da ,,r6~ 1,ria vida. Este é, ao ver do Seráfico Doutor, o mais solene testemunho d e amor, a maior prova de caridade. que pode o pastor da,· ao rebanho ( 18). O mtl11us pastoral, na expressão de São Lourenço Justiniano, não é outra coisa mais do que expor a vida pela grei do Senltor ( 19); do contrário, é ser ,nerce.nário, como cli1., o Evangelho: "Mercenarills autem videt lupum \1enientem et dimittit oves et Jugi111 (Joan. 10. 1_1).

• • •

Elr aqui, filhos muito amados, como há <le proceder o P,utor das almas. São estes seus deveres, suas obrigações. A rduos deveres! obrigações espinhosas.' que exigem. da pt1rte. do Bispo, 110 dizer de um preclaro Escritor sagrado, têmpera rija, valor sumo, para conservar•se .rempre sobranceiro a louvores e

a censuras, e não deixar.se aliciar por blantiícias, nem ab111er·J·e pnr <"Onvídos (20). Tri.we tio P,utor. e/iremos com Santo A 11(1cleto, Que porvetuur,, quisesse agradar aos lo· hos, captar·lheJ· as simpmias, gloriar-se de seus· pérfidos errcômio.\'! Mfserol Fora p<1ta o re· banho grande in/orttínio, dos males o maior: "Erit /tine ovibus magna pernicies'' (21). Ai! nlio podê·lo· ia conseguir, nó-lo assegura o mesmo Santo Pontífice. sem <ictrimento das mal-aven111rada.1 ovelhas (ln decret. Gratiani).

• • • Por isso, filhos çaríssimos. cô11sci<> dos Nos.tos tlireitos e dos Nossos deveres. abro. quelaclo com os Sagrados Cânones, /orwlecido pelo a111or pllstoral. auxiliado pelas vossas oraÇQes, contente com o testemunho eia Nossa consciência (JI Cor. 1, : 12), esmerar.No.f.. emos sempre em desempenhar, segundo a me,iida da Nossa debilidade, o ministério epis• copa/, cm tô,la ,fua plenitude. Nem dificultlades. nem empecilhos, nem Jacriffcios <ie ((uolquer gênero que J·e Nos an• tolhem, j(IJnais logrnr,io, em Deus firmemente co11Ji11mos. arredar-Nos da trilha cio dever, na qual esperamos p,·osseguir, ,·om ti grt1ça d;vina, até o último hálito de vida: ~;Donec snperest lwlitus in me" (Job 27, 3). Sim, pela segurança do rebanho cometido li Nossa ternura t vigilância, não cessaremos de propugnar um s6 instante. Por amor dele, cumpre-Nos afrontar, segundo SantfJ Ataná· .rio, todos os perigos até a morte (22).

• • • 'Venham, pois, os trabalhos e as tribulações, a crut e o cálice das amarguras; tud? sofreremos de ânimo plácido e .remblante sereno. O 1mín11s pastoral, nos ensina Sã'o Greg6rio Magno, e Nós já o sabemos por experiência />rÓpria. é para sofrer e não para gozar (23). Venha de novo o cárcere com todas as suar privações. Já o conhecemo.r. Nunca será Nio lôbrego> tão pavoroso, como o 1élrica prisão mamertina. Venha o desterro, 1emporário ou perpétuo. Empunhando o bastão de peregrino, 1onwre· mos o caminho do exílio, estrada real, 1rilha• da já dua,f vezes pelo exímio Cris6stomo. cinco pelo insígne Atanásio, infinitas por mil Pastores conspícuos. Venha a 1>rópria morte, ,·iolenta ou tf(1i· roe.ira. Nada de tutlo isto, saiba a impiedade. Nos há de acob(ll·dar o ânimo. ''Nihil horum vereor" (Act. 20, 24 ). Venha. slm. venha a 1»or1c por amcr do rebanho estremecido: venha essa morte tão bela (24) ! A cruz 110 peito, Jesus nos 16bios. os olhos no Céu, recebê·/a-emos radiante de prazer. Serás, 6 morte gloriosa, nosso maior triunfo! O martírio! oh! o martírio! Que díUl não fora a NosJ·a! Sucumbe na luta o Bispo; mos torna•se•ll1e o sangue semente fecunda, germe /erti/itad?r: "Semcn cst sanguis Chris1ia,1orwn·· (Tcrtuhanus in Apolog. adversus Gentes, e. 50). Morre o Pai,' mas, Deus que não morre, velll os filhos 6rf,ios. Deixa o Pll.ttor o ,e.banho: mas conti1111a, lá do Céu. a protegê-lo e abe11çoá-lo.

s

A

1) Miscuit ;,, med;o eius spiri111m vc,1ig i11is {lsai. 19, 14). 2) Corripiendi s,ml inqui<'li, pusillonimu conso-

2

Se compul.ramos a.'i ,,ágina.r sagradas, se ptrscrutamos os Jeitos dos primeiros Bispos da Jgreja, que vemos? São Paulo, cuja.r Epístolas rccendem a mais suave fragrância de c,1ridade, cujo amor ao próximo levava•o a tlesejar ser anátem,, pelos .teus irmãos ( 5) 1 verber'a os romanos com Ji11. guagem dura e 1mngentc ( Rom. e. 1) ; ameara os coríntios energicamtnte: ,;ln viria ve• niam ad vos'' ( 1 Cor. 4. 21 ) : promete não poupá·l~s, se por ventura não se emendarem: '·Si venero itcrum non parc:im" (li Cor. 13 , 2). Comina, afinal, pena de excomunhão con· tra um deles (6). São Pedro. tím;do e pacífico de índole. cuja sombra era J'uficiente p,,r,, restituir ,, saúde aos doentes (Act. S. IS). faz ,·air" seus pés, /ulmhtatlos de morte repentlna. os cônjuges culpados, A11a11ias e Safira (Acl. S. 10). E Jesus. o DivillO M estre? Jesus, o bo,n Pa.rtor (Joan. 10, 11 )? Jesus l(io carinhoso com as crianças (1), que apresenta por modelo (Math. 18. 2 e 3); tão co11desce1ule11te com os publicanos e pecadores, de quem, para. f!ll· 11/,á.los. se Jaz.. amigo (8); u7o misericordioso com Madalena, pecadora p,Jblica (Luc. 7, 37), com a mulher apanhada em Jlagrá11te (Joan. 8, 3), com o bom ladrâo, a quem co11• ce,le mais do que ele pedia (Luc. 23, 42 e 43), com Pedro, que O nega três vezes (Joan. 21 , 15), com Paulo, que pu.,egue apaixona• do os cristãos (Act. 9, 1)? E Jesus, que não cessa de /Jregár <1 carid,l· de. que nô-lo imdnuo com a parábola ,lo rei perdoan,lo dez mil talentos ao servo devedor (Malh. 18, 17), ,lo samaritano pensando ao· feridas do próximo (Luc. 10, 33 e seg.), do Bom Pastor carregando aos ombros a ovelha desgarrada (Math. 18, 12), do filho pródigo recebido benignamente pelo pai amorável (Ma1h. 18, 12)? Pois bem! ,uío ob.ftantt. o amor sumo c<>m que nos amou: ''Nimiam charitatcm qua. di• lexit nos" (Ephes. 2, 4), Jesus apostrofa os judeus em termos ásperos e desabridos, (Ili· l'ando-11,es em rosto os epftetos de hipócritas (Math. 23, 27) , raça de vfboras (Math. 3, 7), geração perversa (Luc. 9, 41 ), sepulcros caiados (Math. 23, 27) etc.; e. o que mais é. lançando 1ruio um dia, de um at.orrague, açoita. expele para fora do Templo os vendilltões. profa11adores da casa de Deus (·Joan. 2, 14) . Eis aqui, filhos diletísslmos, a norma de proceder do Episcopado, traçada pela Escrítura Sagrada, pelos Santos Padres e pelos Cânones da Igreja: sempre caridade sem fraqueza, sempre doçura com e,iergia, nunca amor .fem autoridade..

6) Ego 1-. . 1 judicllvi i11lcrit11m ca111;s (1

7) Sitlite

tradcte huju:rmodi $a,anae i11

Cor. S. 3

5).

parvulos ve11ire ad mt (Math. 10, 14).

8) Publica11orum et pecCllf01mu amicus (M:i.th. 11, 19). 9) Misit "'" ut mederer cOnllitis corde (Jsaí. 61, 2). 10) !'atum multarum ger11ium pQstti te (Rom. 4, 17). J 1) Qui dlligi't Jilium s1mm auiduat illi flagdla ( Prov. 30. l) .

12) Episcopum QJ1one1 j1ulicare (Pon1. Rom.). 13) Ctmstif11(1111 60, 27).

Eplsccpos tuos iu

14) Docuu ge11ti11m ;,, filie

7).

jmlitlv ( lsai.

t!/ , 1cdu11e

(1 Tim. 2.

IS) Supu muros 11,01, Jerusalem , constitui cus todcs

( lsai. 62. 6). 16) Bocult11 postorolis corr(ctio11cm pt11to,alcm sig· 11lfic11, (Durand, De Baculo p:istorali).

8011; Pas1oris esr ,wn 1olw11 c,•e.s co11g1egnre., scd ctlam a lu11ls dcfcmtcrc (Super Snp. e. 6), 17)

18) Majus sig11um ,1Ucctiô11is ct bu:evolcntióe 11011 pQtest Pastor ergtt s 1111m grtgem Q.fle11de.re, 1111am ui pio eius dc/ensionc cl llberoliolfe prcpri1Jm corpus mo,ri cxpo11atru (Scrm. l. Dom. 1 pos1 P:isch:i). 19) Nihil olirtd est" Po.storale. <>/Jicium quflm p,o ovilms sibi commissis animam pQnuc (Oe Regim. Praclat. e. 4).

20) Tm,ta co1ul011tia debf't lnes.re ho11is Pas101ibus et jo,ritttdo, "' llC(; /a11dib11s 11cc hlandiNis a verifalc Jle.c1m11ur, 11,c co11vi1iis mo,•can/111 (Hugo :t S. Victor. Lib. li. Miscell:in.).

21) Nil,il illo Pa.srorc mlseritls. qui glorMll,r "'porum laudibus. qriibus ,f/ plactre ,,ofucrif atquc ob Ms 01110,i dege,it, erit l1i11c o,•ihus mt1g110 pcrnicit!.s (ln

dccrct. Gratinni). 22) Debcl qul Pasror tst usque ad sarig11i11em pro g,cgc Clrristl 11011 rr.liqucndo labores prcjcrc (Epist. 7 ad lmpcrnt.),

23) Nomt:11 Posrc1i1 11011 ad quietem, scd atl labtr um vos sruccpisse cog11oscile ( Epii;t. 1S ad Jo:m. Episc.). 24) fJo,ws Pastor animam suam dat /lfQ ovibus suis (Joan. 10. t 1). (Antonio MànOCI dos Reis, "O Bispo de Olinda, D. Frei Vilnl Maria GonçalvC$ de Oliveira, perante a Historia", T)'poaraphi.• d:,; "Gazeta de Notici:u". Rio de Janeiro. 1878, pp._ 772-179J._


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REVOLU . . . AO ,, COMUNISTA INVISIVEL Plinio

Corrê-a

ROMETI AOS LEITORES um comentário das palavras do General Humberto de Souza Mcllo, Comandante do II Exérc ito, profcddas em homenagem à Marinha de Guerra, na Semana de Tamandaré. Agora que, com o texto em mãos, me preparo para cumprir a promessa, hesito em escolher os tópicos que mais convidam à análise: o elogio sóbrio e vigoroso de Tamandaré, o e naltecimento comovido da missão e dos feitos da Marinha, ou a caracterização de um adversário perigoso que, no momento, ameaça nossa Pátria. Mas o critério para a opção facilmente me vem ao espírito. Ser-me-ia mais atraente e distcnsivo tratar do primeiro ou do segundo tema . Porém, mais importante para a formação da opinião pública é o terceiro. Assim, devo optar por ele. O General Souza Mello indica seu ponto de mira com uma linguagem concisa e elegante, e de uma coragem toda militar: é "o adversário solerte, covarde, e inconseqüente do comunismo", movido por "interesses espúrios e contrários ao nosso sistema de vida" e "fáceis de descobrir". Entretanto, não imagine o leitor que o General tratará do perigo comuni.s ta cm termos convencionais. E tem razão. Com efeito, se os interesses ao comunismo são sempre claros, os seus mancjos são cada vez mais obscuros, e isto por uma imperiosa necessidade tática. Outrora, o comunismo se caracterizava pela brutalidade tanto na pregação ideológica desabrida como na ação revolucionária violenta. Mas os resultados práticos desta brutalidade são pífios. Mais de cem anos já lá vão, desde que Marx se atirou à luta. E, até o momento presente, o comunismo não conseguiu maioria eleitoral em nenhum país, nem aquém nem a lém da cortina ele ferro. Digo nenhum, porque o Chile não constitui exceção. Demonstrei em artigo publicado neste mesmo jornal [reproduzido cm "Catolicismo", n.0 238, de outubro de l 970, sob o título de "A posição da TFP ante a vitória marxista no Chile"] que naquele país irmão foi à Democracia-Cristã que Allende deveu sua vitória. A votação marxista até decaíra no pleito q ue levou o Senador comunista ao poder. Assim, do ponto de vista da conquista das massas, o comunismo se encontra diante de um estrondoso insucesso. Demonstra-o muito bem recente estudo da revista "E5t-Ouest", que desejo comentar cm próxima ocasião, como prolongamento do presente artigo. Antecipo simplesmente que a conhecida revista prova, com dados estatísticos irrecusáveis, que os PCs estão en, retrocesso cm toda a Europa. Nos últimos dias, as agências telegráficas publicaram uma notícia que se acrescenta à demonstração de "Est-Ouest" como um dado novo: o comunismo acaba de ser derrotado também na Finlândia. Deve-se, pois, rejeitar a impressão mítica de que o comunismo possui uma verdadeira capacidade de atração sobre as massas. Não se pode, entretanto, negar que ele dispõe de técnicos de primeira ordem na manipulação psicológica das multidões. Diante desse insucesso, tais técnicos procurariam forçosamente meios novos. O que está acontecendo seria, pois, inevitável. O comunismo, sem de nenhum modo renunciar à doutrinação e à ação violentas, que co1.1stitucm a subversão clássica, organizou paralelamente um estilo de luta Inteiramente novo. Ê para ele que o General Souza Mello volta sua atenção.

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O Comandante do 11 Exército descreve este novo tipo de ação,

. "

com rara lucidez: 1 - Importa ele em uma ação "solerte ( . . . J na utilização dos nossos meios de difusão: jornais, revistas, cinema, teatro, rádio e tele.visão; ou ainda através das artes e da literatura das coleções populares de grandes escritores socialistas". Como vê o leitor, trata-se de uma propaganda feita com ardil, pelo largo uso de meios tons, de afirmações \, apenas discreta e in1plicitamente comunistas, pela d ifusão de doutrinas ~ ou programas para-comunistas, capazes de evoluir, aos poucos, para po.. sições pré-comunistas e, por fim, comunistas. "Tudo isso representa ~ contribuição decisiva para alcançar profundamente a vida das popu~ lações dos centros urbanos e áreas rurais, principalmente a juventude ;i universitária, operária e can1poncsa", pondera o General. E com ra1.ão. ~ Pois todas essas áreas da opinião, que até a.qui se -têm mostrado pouco \:' sensíveis às técnicas clássicas do comunismo desabrido, podem ir sendo ~ impregnadas aos poucos de espírito comunista, por esse processo mais g subtil;

~

2 - O General se refere também a um reformismo tumultuoso e ~ inconsiderado, que visa impulsionar "a transformação das es1ruturas se>-

de

Oliveira

dais de forma acelerada, sem atender ao cquilibrio interior, qu" requer, através de algumas gerações, necessária adaptação psicológica e ajustes em lermos econômicos, para s uportar as mudanças influentes na sociedade de hoje". Esta observação - com dor o digo enquanto católico me parece especialn1ente merecida pelos Hélderes e Comblios, bem conhecidos por seu pl'ograma truculento e açodadamente reformista; 3 - Por (iro, outro ponto importante. Ê o " vislumbramenlo do alcoolismo, do sexualismo despudorado e do aumento do uso de tóxicos, que arrastam à dissolução coletiva pelo desencadean1ento de instintos perigosos e inconscientes, e destroem as tradições nos mais elevados padrões morais, espirituais e religiosos". Esta observação relaciona argutamcntc com os métodos -comunistas atuais, todo o imenso processo de deterioração moral, religiosa e cultural, que vai devastando sempre mais nossa juven tude. Tanto tenho escrito aqui sobre vários aspectos desse fenômeno, que me parece desnecessário insistir a respeito. Em conseqüência, passo desde logo à conclusão. Ela me parece de suma importância: o conjunto das atividades enumeradas pelo Comandante do II Exército constitui, segundo ele, "a revolução comunista invis ível, tão importante, ou talvez mais, dó que a pregada por Fidel Castro, recentemente [ ... )". Esse mesmo Fidel Castro que se dirige às multidões "indicando o canünho da violência como a solução única à tomada do poder na América Latina, apesar de considerar muito boas as condições que possibilitam · a revolução socialista pelo domínio comunista".

••• O General Souza Mcllo dispõe de uma grande a utoridade pessoal e funcional para emitir esses conceitos. Foram eles externados em uma comemoração essencialmente militar, mas creio que merecem chegar ao conhecimento de toda a população civil do País . . Apesar do efeito pacificador incrente aos êxitos econômicos tão brilhantes que o Brasil vem alcançando, apesar do declínio da subversão violenta, o País se encontra cm pleno impacto da revolução comunista invisível. Uma revolução de métodos moderníssimos, a um tempo agressivos e subtis, impalpáveis e penetrantes, aliciantes e perigosos, que tentam envolver o Pai$ cm uma atmosfera própria a intoxicá-lo imperceptivelmente e profundamente de comunismo. "A revolução comunista invisível, tão importante, ou talvez mais, do que a pregada por Fidcl Castro", é, a meu ver, o grande perigo do momento.

••• Dirigindo-se em nome do ll Exército à Marinha de Guerra, o General exclama, em conseqüência: "Cabe-nos, pois, vigiar e reagir seja contra aquela solertc e invisível penetração, através bem elaborada campanha psicológica no lar, na escola, nas artes, nas iru.iituíçõe.~ culturais e nas diversões públicas, seja contra a sua expansão no combate contínuo e violento aos diferentes tipos e fom1as de luta acon5elhados pelos dirigentes comunistas e executados pelas organizações do partido". Ê óbvio que no cumprimento dessa nobre missão de lutar contra a "revolução comunista invisível", o elemento c ivil tem un,a parcela de responsabilidade muito grande. Parece-me que a análise feita pelo General Souza Mcllo torna bem claro que nenhum bra~leiro pode assistir de braços cruzados a esse drama, que é o envolvimento de sua própria Pátria por essa terrível névqa ideológica. No lar, na escola, na universidade, nos locais de trabalho, nos ambientes de lazer, nos recintos religiosos, toca a cada um de nós a tarefa da vigilância e da resistência proporcionadas à magnitude do perigo. E é por isto que não quis deixar de utilizar esta coluna para um apelo a que os leitores tomem na mais alta conta as palavras do Comandante do II Exército, e as adotem como um programa de ação.

••• O fecho das palavras do General Souza Mello é animador. Proclama ele, com justificada ufania: "Está [o II Exército] preparado, adestrado e vem se empenhando juntamente con1 os demais Comandos e ó tgãos de Segurança, na defesa das instituições brasileiras e da tranqüilidade das populações ordeiras em sua área de jurisdição, com fé e esperança na verdade que se fundamenta no amor e paz de Jesus Cristo, sacrificado no Calvário". Essa garantia de vigilância e dedicação do setor militar, dada com os olhos postos no Homem-Deus, repercute suavemente nos espíritos, nestes dias marcados ainda pela doce unção do Santo N atai.

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A morte e os funerais de Fabio Vi,ligal Xavier da Silveira

A SI COLABORAD.OR A PROVIDÊNCIA C DE ''CATOLICISMO'' A NOTICIA DA morte de Fabio Vidigal

Xavier da Silveira causou geral consternação em amplos e influentes setores da opinião católica e anticomunista do Brasil e de outros países ibero-american.os, nos quais era largamente conhecido e estimado. Essa notícia colheu a todos de surpresa, pois o joven1 colaborador de "Catolicismo" e Diretor da TFP encontrava-se em plena atividade até pouco antes, tendo regressado fazia três meses de uma longa viagem pela América Latina. Sua extraordinária vitalidade e ânimo jovial, seu entusiasmo pe1a causa a que se consagrara,

encobriam seus padecimentos aos olhos de todos e não deixavam suspeitar a pertinaz moléstia que o vitimaria. Durante essa viagem sentiu Fabio incômodos muito grandes. De volta ao Brasil, subme· teu-se a um rigoroso exame médico, o qual revelou a necessidade de delicada intervenção cirúrgica. Teve esta lugar em Cins de setembro. Mal tem,inado o processo de cicatrização, estava Fabio novamente cm atividade. Contudo, decorridos menos de três meses, começou a sentir sintomas de rccidiva da moléstia e se dispôs a nova cirurgia. No dia 20 de dezembro era novamente conduzido à mesa de operações, no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo. A intervenção foi rápida e deixou como único resultado a certeza de um fim inelutável e próximo. Os oito dias que transcorreram dessa segunda operação até a morte foram repletos de mal-estar e de dores. A propósito dessa sema-

na derradeira escreveu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira n.o artigo que reproduzimos nesta mesma página: "Em meu olhar jamais se apa-

gará a recordação da fisionomia de Fabio 110s lances últimos de sua dolorosa enfermidade. E:le não ten,eu a ,norte. Pelo contrário, ca,ninhou serenamente para ela, considercmdo-a sob o duplo prisma da libertação e do holocausto. Libertação de nossa condição de homens pecáveis. ª Prefiro ,norrer, a expor-11,e ,10 risco tio pecado", disse-me ele. O holocausto pela Igreja. Cerrou os olhos oferecendo a Nossa Senhora - de quem. era devotíssimo - su<ls dores e sua morte, ent prol da Igreja dividida., con~purcada, traída, mas se,npre divina e inefavel1nente santa".

Na noite de 26, Fabio, conhecendo com inteira lucidez seu estado, pediu e recebeu a Extrema Unção, fazendo também sua última Confissão. Maniíestou então o desejo de que seu enterro saísse da sede do Conselho Nacional da TFP. Por volta das 2 horas da madrugada perdeu a consciência, para não mais recobrá-la. Às 8 horas entrou eri1 agonia. Junto a. seu leito de dor, sócios e colaboradores da TFP começaran1 a rezar ininterruptamente o santo rosário. Passaran\-se assi,n dezesseis horas. Pouco depois da meia-noite, seu dedicado méd ico e amigo pessoal Dr. Jorge J-laddad verificou que o desenlace era iminente. Familiares e amigos, todos de joelhos, iniciaram a recitação das preces dos agonizantes. Terminada a oração, Fabio expirou. Eram Oh22m do dia 28 de dezem-

bro. Estavam junto dele no momento da morte, além de seu Pai e irmãos, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e outros diretores, sócios e militantes da TFP'.

Os funera is Em cumprimento da expressa vontade de Fabio, seu corpo foi trasladado nessa mesma noite para a sede do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Famíl ia e Propriedade, cuja capela {oi, pela primeira vez. lransfornlada cm câmara ardente. Membros do Conselho Nacional, sócios e colaboradores da TFP reve,..aram-se junto ao corpo, ao longo da madrugada e do dia todo, recitando com freqüência o rosário, acompanhados pelos presentes. Desde as primeiras horas da manhã um número incontável de pessoas afluiu à sede da TFP. Foram enviadas numerosas coroas de flores, entre as quais estavam a da TFP brasilei.ra e outras sei.s de TFPs hispano-ameri-

canas. O Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Maycr que seguiu para São Paulo tão logo foi informado do falecimento de seu jovem amigo - quis rezar Missa de corpo presente cm suírágio de sua alma. A Missa do Sr. Bispo de Campos foi ,,s 16 horas, e nela houve muitas comunhões. Já de manhã três Sacerdotes amigos, os Rcvmos. Srs. Cônego Joaquim Bueno de Camargo, Pe. Antonio Silveira e Frei Jeronimo van Hintcm, O. Carm.

a' beira do túmulo

( que administrara os últimos Sacramentos a Fabio), haviam celebrado por essa mesma intenção. Terminado o Santo Sacrifício e dada a absolvição ritual, às 17 horas o caixão foi conduiido para o carro funerário, tendo início um interminável cortejo de a utomóveis até o Cemitério ela Consolação. Chovia torrencialmente. Chegado o féretro ao cemitério, teve lugar a última encomendação. Depois o corpo íoi conduzido para a sepultura, debaixo da forte chuva que continuou a cair durante todo o tempo. O Exmo. Sr. Bispo de Campos, Sacerdotes, a família enlutada, o Prof. Pli1úo Corrêa de Oliveira e todo o Conselho Nacional da TPP, e um grande número de pessoas das mais diversas classes sociais dcs'filaram silenciosamente pelas alamedas da necrópole em direção ao jazigo da FamíJia Xavier da Silveira. Durante o trajeto o Coro São Pio X, da TFP, cantou cm gregoriano a antífona "ln paradisum ded11-

cant te Angeli" - "Conduzam-te os Anjos ao Paraíso". Desde o portão do ccmitél'io até o túmulo, o íéretro passou por entre duas alas de jovens sócios e militantes da TFP, revestidos de suas capas rubras, marcadas por uma fita de crepe cm sinal de luto. Antes de se proceder à inumação, {alarain o Sr. Cosme Bcccar Varela Hijo, Presidente da Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, cm nome das TFPs hispano-amcricanas ali representadas, e o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, P'residente do Conselho Nacional da Soéicdade Brasileira de Defesa da Tradição, Famíl ia e Propriedade. E nquanto o corpo baixava à sepultura, o Coro São Pio X e ntoou o Credo gregoriano, sendo acompanhado pelos presentes, numa viva e tocante manifestação de fé e de espera,nça:

·'Credo . .. et exspecto resurrectionem mortuoru,11, ct vitan, venturi saeculi . .. " À beira do túmulo discursaram o Prof. Pliuio

Corrêa de Oliveira, Prcsídcnte do Conselho Na• donal da Sodcdade Brasileira de Defesa da Tradi('ão, Família e Propriedade, e o Sr. Co.!t'lnc Bcc..

ca.r Varela Hijo, Presidente do Cons,,lho Nacíonal da TFP argentina. Falando de improviso, a~n1 se exprimiu o

Prof. Plínio Corrêa de Oliveira:

"Meu caro Fabio, No momento cm que se foch,, sobre teu corpo a wmba. e cm que nós nos damos conla da

dolorosa realidade de que tua figura pertence já a.o passado da TFP, ainda c1ncrge aos no~os olhos, fixanclo ..se para uma recordação definitiva, aquela fisionomia que tantas vc1.es. contc1nplamos. admiravclmcn1c variada e expressiva cm

tod;,s as c ircunstâncias. manifestando uma riqueza de pcrsonaJidadc que era um dos teus

dotes. Pcrsonalidridc que se rcflctiri intensa e pujan-

te. quer nos momentos de alegria e de gáudio, cm que o teu espírito praz.cntciro tomava a dianteira; quer nos momentos de rcílcxâo. na hora dos problemas ;írduos, cm que o teu espír ito arguto e intcligcn1e fornecia colaboraçi\es preciosas; quer nos momentos de dor. cm que teu coração afetivo transparecia tão claramente at ravés de 1u:t face~ quer nos momentos de Juta, cm que as tuas afirmações de lutador emérito se transpu nh.lm então para teu semblante, cm extraordinários tcrrnos de resolução, de energia e

de combatividade. Em todas cs1a:-; circunstânciàs olhávamos para

ti com afeto. Mas a esta figura w somou outra. mais bela, mais admid.v cl, aquela que Nossa Senhora recolheu: é a figura do Fabio sofredor. Quando sobre 1i começaram a dcaSccr as som-bras da noite; quando sobre ti a enfermidade começou a deitar o seu manto; quando sobre ti começou a baix:ir a provação. - tu a. olhaste de frente, tu a olhaste com serenidade, tu a olhaste corn conformidade.

Todos nós que tivemos a felicidade de conviver contigo de perto, nesses momentos que o

mundo chamaria de desdita, mas que [oram aqueles cm que chegaste ao teu curnc, todos nós tivemos ocasião de ver como uma serenida-

de sobrenatural desocu sobre ti e como olhaste tranqüilo para um fim que sabias que era ine4

lutável. O teu semblante traduzia aflição, é certo; mas resignay:!io, conformid3dc e paz. Nossa

Senhora

1~

preparava assim para o grnnde lan-

ce da vida , para o auge de toda a tua ação

como dirigente da TPP, e este auge se deu no

momento inesquecível cm que me disseste que oferecias a teu Deus, pelas mãos virginais de Maria. tua Mãe e nossa Mãe, oferecias a Dc.us não s6 a vida, mas os tormentos que diante

de ti podias encontrar. Tu os oferecias pela Igreja, pela civili,.ação cristã. pda causa da TPP cm nosso amado Brasil. E foi nessas disposições que serenamcn1c exa1.-.slc o último suspiro. O que dizer, meu caro Fabio, senão aquilo que os teüs irmãos de ideal cantavam há pouco, nas harmonias do canto gregoriano: - "Jn pa·

radisum deducant te Angeli". Os Anjos te levem, os Anjos já te levaram ao Paraíso, onde Nossa Senhora te acolheu com o amor que E la sem. pre te teve··.

fi'oi ~1c o discurso do Sr. Cosme Bcccar va. rela H_ijo, que 1mdmdmos do espanhol: "A pedido de representantes das várias Socic· dadcs de Defesa da Tradjção, Farnília e Propriedade hispan~ americana~ aqui presentes. cabe. me, como Prc.~identc da TFP :•rgcntina, di1.,.cr algumas palavras de última saudação a

Fabio. Se hoje cm toda a América do Sul existe a TFP, e se começam a formar-se organi1..açõcs de idêntica finalidade na América Central e nos Estados Unidos, isto se deve cm gr:u1díssim•1 me· dida :10 >..cto e à atividade de Fabio. Tive a honra e o prazer de conhecê-lo há j:i dez anos. e desde então estive com ele muitas vc1..es. tanto no Brasil quanto na Argcntin.-. , aon-

de ele ia com freqüência. Acompanhei-o ao Uruguai, onde esteve trabalhando para a diíusão de nossos ideais comuns. Assistimos juntos a muitas reuniões nas quais se analisavam problemas, se consideravam dou1rinas e se ideavam vias de :1ção para ampli3r cada vez. mais o raio de j1)fluência dos princípios da civilizaç.ao cristã, e coarctar a obra nefasta dos erros comunistas ou progressistas-cristãos. Em todas as •ocasiões impre.'\siona va-me ver como, acima dos estados de ânimo que o pudes• sem afetar. reinava uma decisão de luta dou•

trinária e um desejo constante de fazer 11·iuníar a boa causa . lmprcssion~1va-me ver ;1 força de vontade que desenvolvia na c1npresa sumamente difícil que é a de aspirar às metas mais Ou· sacias e, ao mesmo tempo. conservar a cabeça fria para não sair das vias da prudência. Para isso empregava a inteligência e o senso

psicot6gico com que Deus o havia do1ado ge-

.

nerosamente. O resultado de sua paciência, de sua decisão.

de seu zelo é o que acabo de dizer: uma floração de TFPs cm ioda a América. Sua obra na América foi cm grande medida rcafizad:i pessoalmente. Viajou incessantemente por todos os países deste vasto contincr11e. e seu espírito observador entendeu profundamente seus povos. pelos quais tinha notória sirnpatia e con1• preensão.

Missas de Requ ie m No dia 3 de janeiro o Exmo. Revmo. St. D. Antonio de Castro Mayer celebrou cm São Paulo Missa de Rcquicm por alma de Fabio Vidigal Xavier da Silveira. O Exmo. Bispo de Campos foi acolitado por dois irmãos do extinto, os Srs. Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira e Martim Afonso Xavier da Silveira Júnior, e teve como Assistente o Revmo. Cônego José L.uís Villac. Cantou o Coro São Pio X. À Missa 'de 7 .0 dia, que teve lugar às 19 horas na Igreja de Santa Tcresinha de Higicn6polis, compareceram todo o Conselho Nacional da TFP, representantes das diversas Secções da entidade, e das TFPs argentina, chilena (no exílio), uruguaia, colombiana -e venezuelana, além

Na Argentina era muito conhecido, e quem com ele 1r:,tava ficava impressionado com sua capacidade. Quando comuniquei a algum::is das pessoas que o conheciam a notícia de sua úl~ tima enfermidade. era patente a consternação que esta notícia lhes causava.

A morte de Fabio Vidigal Xavier da Silveisobretudo por sua grancle obra a favor do Chile:

ra é um acontecimento latino-americano. -

"Frei, o Kcrensky chileno". Na · Argentina fizemos seis edições desse livro sensacional, todas el::is esgotadas cm poucos dias de venda nas ruas,

reali,~~da pelos militantes da TFP. A História confirmou sua acusação profética, pois agora o

Chile jaz sob a lirania pscudolcgal de Allcndc. Todos cs_sc_, trabalhos foram empreendidos com espírito de fé calólica. e estão recebendo neste momento :i recompensa que a Providên· eia reserva a 1udo o que se faz por amor de Deus. da Santa Igreja e da cívili?..a.ção cristã. Sem dúvida. a Sancíssim:1 Virgem, Mãe de Deus. de quem Fabio era devoto sincero e cons-

tante, o terá acolhido de braços abertos. E pela misericórdia dE13 - pois nunca se ouviu dizer que tivesse abandonado a quem A invoca - csperarnos ter cm Fabio um intercessor no Céu. Unt intercessor que será tanto mais ativo quan-to conhece, por tê·la vivido. nossa Juta, nossas debilidades e a importância decisiva de nossos ideais".

"ln Paradisum deducant te Angeli" - .


FABIO~ INSIGNE

O IBERO-AMERICANISTA

CBISTAO de, parentes, amigos e numerosas pessoas representativas da vida púbHca e social de São Paulo .. Outras Missas foram mandadas celebrar, nas respectivas cidades, pelas Secções da TFP e Núcleos de Militantes da Tradição, Família e Propriedade. À família e ao Conselho Nacional da TFP chegaram numerosos telegramas e cartões de pêsames procedentes de todo o território nacional, bem como da França, Itália, Espanha, Portugal , Alemanha, Canadá, Estados U nidos, México, G\latcmala, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Argentina. Eram mensagens de entidades afins com a TFP, como também dos numerosos amigos que Fabio Xavier da Silveira deixou por toda parte. . '

Dados biográficos De tradicional família, nasceu Fabi.o Vidigal Xavier da Silveira cm São Paulo a 8 de novembro de 1934, sendo seus pais o Sr. Martim Affonso Xavier ela Silveira e Da. D ulce Vidigal Xavier da Silveira, já falecida. Era irmão dos Srs. Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira, Plínio Vidigal Xavier da Silveira, Marcos Vidigal Xavier da Silveira, casado com Da. Maria Amélia Vidigal Xavier da Silveira, Caio Vidigal Xavier da Silveira e Martim Afonso Xavier da Silveira Júnior. · Fez seus estudos secundários no Colégio São Luís dos RR. Pl'. Jesuítas de SãQ Paulo, cursando a seguir a histórica Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, pela qual se bacharelou na turma de 1957. Já nos bancos acadêmicos destacou-se como miljtante católico. Desde os primeiros números · de "Catolicismo" Fabio Xavier da Silveira foi seu propagandista entusiasta, e depois colaborador muito apreciado por seus comentários cheios de vcrve originalíssima e lúcidas observações. Sua obra "Frei, o Kerensky chileno", que publicamos em primeira mão cm nosso n. 0 198-199 de junho-julho de 1967, deu-lhe merecid~ renome internacional pelo acerto de suas previsões e profundidade da a nálise política. Foi u m dos fundadores da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, de cujo Conselho Nacional fazia parte. Profundo conhecedor dos assuntos hispano-americanos, muito contribuiu por seu talento e cultura para a difusão dos ideais da TFP por todo o continente, que percorreu em inúmeras viagens. Colaborou largamente com núcleos locais de jovens para a fundação de TFPs e entidades congeneres cm quase todos os países da América do Sul. Ao morrer tinha Fabio quase concluído um trabalho sobre as presentes condições da Venezuela e outro sobre análogo tema da Colombia.

. Conduzam-te os Anjos ao Paraíso

Por ocasião do falecimento do Sr. Fabio Vidig,al X avier da Silveira, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira fez dele este b elo elogio em seu artigo semanal na " Folha de São Paulo'':

NO MOMENTO ,EM que largos e expressivos círculos tanto da vida pública como da vida social de São Paulo lamentam o falecimento de Fabio Vidigal Xavier da Silveira, cabe aqui uma palavra sobre a obra e a pessoa do autor de "Frei, o Kerensky chileno". A lutuosa circunstância em que escrevo, não comporta lances polêmicos. Assim, não é o caso de provar aqui o intefro acerto da tese sustentada por Fabio em seu "best-scller". Aliás, a prova está feita pelos fatos, a tal ponto que quando AUende substituiu a Frei na suprema magistratura, oão faltou q uem chamasse - e merecidamente - de profética a clarividência do jovem autor brasileiro. E o nome do líder pedecista chileno ficou para todo o sempre ligado ao de Kerensky. Assim, prefiro ressaltar neste artigo, a valiosa contribuição de "Frei, o Kerensky chileno'; , e de seu autor, para a causa de palpit,mte atualidade, da unidade dos povos ibero-americ~rnos. Esse livro, escrito por um brasileiro, repercutiu intensamente no Chile, onde (oi lido e comentado em todos os an1bienles culturais e políticos. Mal foi ele divulgado no Brasil, s ua circulação no Chile foi proibida pelõ governo Frei. Orgaojzou-se então, naquele país, um verdadeiro "câmbio negro" para a compra da obra aos numerosos turistas chilenos que, vindos de Buenos Aires, traziam cm suas bagagens a edição castelhana promovida pela TFP argentina. Ao pé da letra, o livro abalara o Chi le. Não foi só. Posto à venda cm campanha de rua, por sócios e militantes das TFPs ou entidades congêneres em quase {odos os outros países sul-americanos, alcançou "Frei, o Kerensky chileno" rápido e fulgurante sucesso. Assim, foi a obra editada na Argentina (seis edições), na Veoezuela (duas edições), na Colômbia, no Equador e em El Salvador, o que, com as quatro edições brasileiras, perfaz o imponente total de quin7.e edições, superando a casa dos 102 mil exemplares. Não sei de livro do gênero, escrito por autor brasileiro, que haja alcançado igual sucesso fora do País. E não se trata apenas de sucesso. A experiência demo-cristã, lançada por Frei, hipnotizava literalmente numerosos e in.fluenles setores da opinião pública ibero-americana. O livro de Fabio Vidigal Xavier da Si.lveirn, desfa1,endo o mito pedecista, concorreu notavelmente para que o rumo histórico do continente passasse a demandar outros horizontes. é preciso explicar cm que sentido esses fatos serviram à causa da unidade ibero-americana. Assisti de perto à claboraçã<' do brilhante trabalho, c auscultei bem, naquela ocasião, a alma de seu autor. O grande intuito dele não era a vanglória. Consistia cm bem servir a civili1.ação cristã, que ele via comprometida pela experiência chilena. Profundo admirador e conhecedor de todos os povos ibero-americanos, o jovem diretor da TFP tinha, no mais alto grau, a consciência de que todos os povos latinos deste continente for.m am uma só família, unida pela Fé, pela tradição, pela raça e pela comunidade de uma

mesma missão histórica. As divergências entre as nações nascidas da gloriosa Ibéria, ele as via como secundárias em face desta majestosa unidade fundamental. E a sobrevivência de tais divergências no século X.X, lhe parecia 11m verdadeiro anacronismo. Isto o levava a considerar com verdadeiro amor as perspectivas de ascensão e os problen1as de cada país irmão. E o persuadia de que nenhuma questf,o grave poderia ameaçar a qualquer deles sem afetar todos os demais. Foi por estas razões que Fabio V. Xavier da Silveira se interessou tão a fundo pela situação no Chile. Cumpre ressaltar que não foi só por amor ao Chile e ao Brasil, que "Frei, o Kerensky chileno" foi escrito. Foi também por amor a todos e cada um dos povos cio mesmo tronco, desde o México até o Uruguai e a Argentina. Tenho por certo que este estado de alma, nobre e desinteressadamente ibero-americanista, refletido a fundo nas páginas de "Frei, o Kerensky chileno", impediu, inteira ou quase inteiramente, que o livro fosse visto como uma interCerência cm assunto de país alheio. Ademais, a acolhida vivaz do livro em todas as nações irmãs provou que elas vão tomando consciência de seu destino comum. Nesta grande hora de aQroximação dos povos ibero-americanos, a divulgação do livro de Fabio serviu, assim, de teste para demonstrar que os tempos já haviam chegado de estreitar laços, de acelerar comunicações e intercâmbios, e traduzir em fatos a transcendental unidade que a todos nos vincula.

••• Bem entendido, esta unidade, Fabio não a via no prisma lanussiano de um continente sem barreiras ideológicas. Uma unidade puramente geográfica .e cpmercial parecia ao lúcido diretor da TFP, vazia, débil e precária. Ele concebia a unidade latino-americana como alicerçada sobretudo na comunidade da Fé, da tradição religiosa e do porvir cristão. Sua sol.i dariedade com Cuba, por exemplo, não o levava a querer relações diplomáticas e comerciais com Fidel Castro, mas antes a ajudar, de todos os modos lícitos, o povo cubano a libertar-se da tirania castrista. O pan-americanismo ibérico de Fabio V. Xavier da Silveira não era o :cie um negociante, nem o de um etnólogo, nem o de um geógrafo. Sem negar a legitimidade dos vínculos comerciais, a nobreza das afinidades raciais, e a importância das contigüidades geográficas, Fabio via o pan-ibero-americanismo com uma alma de cn,zado.

••• Nas numerosas viagens que empreendeu pelo continente, estudando e estabelecendo por toda parte contactos com núcleos de jovens interessados em valorizar, nos respectivos países, a tradição, a família e a propriedade, o modo

de ser de Fabio contribuiu largamente para o êxito de sua atuação como aprox.imador de povos irmãos. Para isto, era adm iravelmente apta sua personalidade. Quem não o conheceu pessoalmente, di[icilmcnte terá uma idéia do que era seu dom de atrair. Inteligente, culto, dinâmico, sagaz e cheio de tacto, Fabio acrescentava a essas q ualidades um certo "charme" pessoal indefinível, a que era difícil resistir. Sua vivacidade extraordinária, a amenidade de seu trato, seu esp[ri10 incessantemente jovial, sua º verve''

originalíssima faziam de sua conversa uma verdadeira caixa de surpresas, da qual safam, quando menos se esperava, obs.::rvações penetrantes, ch.istes bri lhantes, .lances ele alma generosos, e golpes polêmicos dos mais rijos. Sua presença era tida como um regalo, e sua passagem deixava um s ulco de luz, em que se confundiam o apreço, o afeto e o sorriso divertido dos que com êle haviam tratado.

••• Este, o Fabio da vida pública. Os q ue com e le convivemos na intimidade tivemos ocasião de apreciar tainbém o Fabio da existência quotidiana. Era ele um trabalhador infatigável, a quem as grandes tarefas atraíam. Um amigo leal, cuja solidariedade era inteira, mesmo nos momentos mais difíceis. Leitor apaixonado do teatro clássico francês, tinha na alma alguns reflexos cornelianos. Entretanto, a par disto, havia um Fabio bem brasileiro, que levava freqüentemente o afeto até os limites do carinho, um Fabio lhano e até huniilde, sempre pronto a aceitar sugestões, a reconhecer falhas, a desculpar-se por elas, e até a atribuir-se escrupulosamente defeitos que não tinha.

••• é cedo para tratar aqui do aspecto mais profundo desta alma que Deus acaba de chamar a Si. Falo do cunho religioso da mentalidade de Fabio. Em meu olhar jamais se apagará a recordação da fisionomia de Fabio no lances últimos de sua dolorosa enfermidade. Ele não temeu a morte. Pelo contrário, caminhou serenament~ para ela, considerando-a sob o duplo prisma da libertação e do holocausto. Libertação de nossa condição de homens pecáveis. "Prefiro morrer, a expor-me ao risco do pecado", disse-me ele. Holocausto pela Igreja. Cerrou os olhos oferecendo a Nossa Senhora - de quem era devotíssimo - suas dores e sua morte, em prol da Igreja dividida, conspurcada, traída, mas sempre divina e inefavelmente santa.

••• Ta l foi a pessoa, tal a obra, tal o fim desse insigne lutador do pan-ibero-americanismo tradicional e cristão.

"Catolicismo" convida seus leitores, e amigos para assistirem à San ta Missa que fará rezar p or alma de seu colab orador

DR. FABIO VIDIGAL XAVIER DA SILVEIRA O ato religioso será celebrado pelo Exmo. Bispo Diocesano, no dia 28 de fevereiro, às 8 horas, n a Capela do Palácio EpiscoJ>al. 5


ÍNDICES DOS NOMEROS 241 A252 • ANO XXI • 1971 OS ALGARISMOS INDICAM O NÚMERO DO JORNAL. "CALICEM DOM INI BIBERUNT"; NV - "NOVA ET VETERA"; VE -

CDB -

Í ND I CE

D OS

EXPLI CAÇÃO DAS ABREVIATURAS: " VERDADES ESQUECIDAS" OU "VIRTUDES ESQUECIDAS".

ASSUN TO S

bra.n'lelro "inda mío conhece - Grcgorio Vivanco Lopes: 242 Aplausos à Circul,,r tio Sr. Bispo DiccesmrQ: 243 "Aggiormunenu,•· e Tradição I c,u1a P,,swral Antonio, Bispo de Campos: 246 Os Papas e a propritda,Je privtzda - Plinio Corrêa de Oliveira: 247

No ,lia d,,. lmlepe11d/ 11cia, a TFP rer..a pe/() Brtl· si/ I Em São Paulo, R;o e Belo Horizonte: 250 Que é a TFP? Como nasceu? - Plínio Corrêa de Oliveira: 251-252 A atuaç,io tia TFP vista por um Padre progressisu, - Cunha Alvarenga: 251 ·252 Senador de fende e elegia a TFP ,m Câmara <Jlu,: 251·252 TFP felicito " Climar<, Fctlcr(l/: 251-252 MiS,f(IS pelas ví1imas do comunismo: 251 .-252 Senador Benedito Ferreirtl defende e elogia <1 TFP: 251 -2'52

Rumo ao ,Jese,wofrimellfo global - Plínio Corrên de Oliveira: 249 O caso da li/ta de Malta e a exponsão russ11 no Mar Mc,Uterrânco - Gustavo Antonio Solimeo: 249 A rttódtmoliçâo, i11.srrumt 11to de lavagem ,·crcbrt1I - Plinio Corrêa de Oliveira: 250 ' Berlinger, Amtmlola & Cia. - Plinio Corrêa de Oliveira: 251 -2S2

TEMAS DE ESPIRITUALIDADE E DOUTRINA CATóLICA

ERROS E DESVIOS NO MUNDO MODERNO

(Ver também: SECÇÕES/ Vl!ROAOES F.SQUECIOAS ou

( Ver também: o COMUNISMO NO BRASIi~ n 'NO MUNOO e SECÇÕES / NOVA s·r VETERA) Querem lançar <1S bases de uma nova ri!ligião? / A prop6sirn tio Novo Ctllecismo fnmcês C unha Alvarenga: 243 A tltscristitmiu,ç,io gera ,, Revolução - Louis Even: 243 ManQbras tle um Bispl) para fechar Carmelo onde .te retav<1 em latim: 243 Agora circula co,'/J uma ermw tle 87 páginas / Ailtllt, a prop6si10 tio "Novo Cmccisma1' ho· landés - Cunha Alvarenga: 244 O ,wcio11t1/ismo t1rge11ti110. uma brc6gnita em co11suwtc evolução - Gustavo Antonio Solimeo: 244 liberdade para 10,Jos, sa/v() para os que ousarem d;scordar - Alberto Luiz Ou Plessis: 244 Morre e pecado na doutti11a maniquéia - Cunha Alvarenga: 245 O tuncricm,ismo / Uma velha heresia perfeitamente (llua/ - Orl~mdo Fede li : 248 A condenaç,io Leão PP. XIU: 248 O nazismo: uma seila g116stico-ma11iquéia Cunha Alvarenga: 249 O pensamento da IRrtja sôbre o exame pré-nupcial obrigatório: 25 l-252

(Ver também: o COMUNISMO NO BRASIL B NO MUNOO e SECÇÕES / NOVA ET VETERA) A massi/icaçtio no mwulo co111cmpodl11co - J. A. S.: 243 Diu i u11w só palavra . . . - Plínio Corrêa de Oliveira: 244 A vis~io g116stica dos be11.r terrenos e a liçiio dru parâbolas - Cunha Alvarenga: 246 TFP quer 1,razos amplos para os C6digos: 246 O~; Papas e a proprieda,le privada - Plínio Cor• rêa de Oliveira: 247 Medida atentat6ria da moral cristá: 249 O pc11samc1110 da Igreja súbre o exame p,é.nupcial obriRtll6rio: 251-252 TFP felicita a Cômora Federe,/: 251-252

VIDA DA IGREJA (Ver t.lmbém: êRROS E onsvros NO MUNOO MODERNO)

Sobre ,, nova Missa: rtpercus.sUes que o ,,úblico

+

VIRTUOES EsQUECIOAS) QI, mais forte que 10,Jos os exércitos! Frei Tomé de Jesus: 244 [Sem título] - Padre Manuel Bernardes: 245 H Aggiomumt nto" e Tradiç,1o J Carta Pasloral Antonio, llispo de CamPoS: 246 Os cinco grmules pecados na História - Atan:t·· sio Aubertin: 247 f/odie nobis dtt caelo pax vera ,Jesce11dit - Frei Tomé de Jesus: 251-252 O pensamento tia Igreja sôbre o exame pré·!Ulf>· <.:ia/ obrigatório: 251 -252

+

A. CONTRA-REVOLUÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO A cruzada do século XX - Plinio Corrêa dC Oliveira : 241 A TFP dirif(e-.se ao povo J e 4 capiltlis: "Quem Já âOs pobre~· empresta o Deus": 241 [Sem titulo ): 243 T,unbbn repercute albn dt1 cortina de ferro I "Baldeaçtlo Ideológica Inadvertida e Diálogo''; 244 As eleições ,Je abril, mais uma etapa 110 crepúsculo arti/icial ,lo Chile: 245 Minoria tenta agil<lr co111ra " TFP a f'aculdade de Direito d" USP: 245 Jpr11al umu, e,'<11li<:ar: 245 1'FP reza pela convers,io da R,tn·ia: 246 Jovens tomam ,,titude tmtc decl,1raç,io surprccndttue de Bispcs da Cofômbia: 246 . Coordenar esforços. formar elites, tarefa urgente 11t sta câse de civiUwção - Paul V:1nkerkhoven: 247 !Sem titulo): 247 Jovens recebem formação a11ticomu11i.ua: 248 General cnvit, \'Otos ti TFP: 248 E.r posiçiio ~m Barra do Piraí: 249 C,m,panha em Ribeirão Preto: 249 Mcditla atenwtória ,la moral crisui: 249 Rumo ao de.sem·olvimento g/t'Jbal - Plinio Cor.. rêa de Olivcirn; 249 TFP panicipa de c011~rt'SsO m1111di(1/ ,m1ico1mmi.f1a nas Filipinas - José Lúcio Araújo Cor. rêa : 250

ÍN D ICE

DOS

(Ver 13ml>fm: ERROS E OESVIOS NO MUNOO

MO·

As elciçlks ,te abril. mais mna etapa 110 crcptÍscu/o artificial ,lo Chile: 245 No Chile: empate sol, pressão - Plinio Corrêa de Oliveira: 245 Nem vitória autêntica, nem pleito livre - Plinio Corrêa de Oliveira: 245 Coorde.11t1r ts/orços, formar clitt>s. tarefa urgellfe nesta crise de civiUz.ação - Paul V:1nkerkho.. ven: 247 Qua,ulo o s,1110 abre a j,111/a para a hiena. . . Plinio Corrêa de Oliveira: 248 , A visita de N;;r:011 (J Chim, t' um velho fato eij quccldo: Munique - Alberto Luiz Ou Pletsis: 248

l'ôr vezes é bom ridictilorit.hr e i11famar o agente d o <rrtl I VEJ: 245

ATANASIO AUBERTJN Os cinco grmules pc,·mlos na /l,'st6ria: 247

C. A. DE ARAUJO VIANA Subvcrsiio doutrináritt em fütro de Frmle carmelita (NVJ: 251 -252

8188·

RUNT)

Em Alcácer.Quibir exortava os soldados à lwa: 244 Sonete Jacobc, Apostole Cltristi, ora pro 11obis: 247 O túmulo do Apóstolo s,10 J'iago em Composttla - G. A. S.: 247 O mnericcmismo I U,na velha heresia perfcittuncntc atual - Orlando Fede li: 248 Amigo Jeudo de Mo11ges-cavaltiros: 249 Há qua1,oce11tos anos. a Cru:. derro1av<1 o Crescente em lcpunto I Non wirffis, arma. 11011 duces, sctl Maria Rosarii vlctores nos fecit - Giovan Tinc11i di Olivano: 250

"CATOLICISMO" (Ver t:>mbém: SECÇÕES / EsCREVCM os LEITORES) Vime anos ,Je fitlelldadt Anlonio, BispO de Campos: 241 /ndices tios mímeros 229 a 240 - Ano XX 1970: 243

+

DIVERSOS " L 'OJ'servatore Romano": 01igem e evolução O. A. C.: 243 Gomide visita á nova .sede da 7'FP: 244 Oratório d,1 TFP carioca: 246 (Sem titu/Q) - L:ão PP. XIII: 250

FERNANDO FURQtJIM DE ALMlllOA Morre ó infatigável "embaixador tle Deus" [CDB); 241 Precin.rn conquista Jo apostola,lo da "A miciT,,'a" {CDBJ: 243 ProtrtuHu rapidamente a ••Amicizia'' de Flortnça ICDBJ: 244 Morre cm Vie,w o l 1adre Luigi Virginio [CDB): 246 Pio V II c,·dt• pam m1o 1>crder: perclc fCD8]: 247 A Congrcga~:iio de Parls atr,11' a 11obre~<1 jovem ICDBJ: 248 . A ulltaf,:lio do P. /,.insolas e. " "Secrctu'' <le. lyo11 (CDBJ: 249 Ori1:e11s e fundadore:; da "Sccrcu," de Lyon [CDB]: 251-252

O c<1SO da Ilha dt Ma/u, e a expansão russa

110

A1ar Mcditcrrtineo: 249

Qucrt>m lançt,r as bases de uma 11m1a reHgitio? I A prop6sito do Nm10 Catecismo fronch: 243 A gort, circula com uma errata de 81 páf!inas I Ainda a prO/>úsito ,to ºNovo Cm.:,:isnio.. lwlmulb : 244 Morte e pec<1do na doutriua nw11iqul ia: 245 A vis<io g116s1ica tlós bens 11:rreuo.r e 11 lição das par6bo/a,: 246 O 11a1.ismo; wna seita gudstic()-uumiqu/ ill: 249 A atua,:,i() tlr. 7FP vista por um Pt1dre progressi.<1t1: 251-252

O ttímulo tio Ap6stoló São Tiaf!O cm Compos• tela: 247

GIOVAN TlNELl,I 0 1 OLIVANO Há qumrocentô.f n110.t, <i Crut derrotava o Cres, cc,ttc cm úpanto / No11 virtus, 11011 anm,. m:,11 ,fuces, scd Maria Rosarii victorcs 110s fecit: 250

GREGORIO VIVANCO LOPES Sobre ,, 11(Jva Mi.fSti : rc11ercussiie.r que bmsileiro ainJ,, niío conhece: 242

o ptÍl>lico

GUSTAVO ANTONIO SOLIMEO

O. A. C. "L'Osst!rw,torl' Romtmo•·: origem t: ei•olução: 243

O 1wcionalismo argentino, uma inc6g11ita em consto11te evoltJÇtio: 244

Est. do Rfo

Mensário com aprovação eclesiástica. / Diretor: Mons. Antonio Ribeiro do Rosa.rio. / Diretoria: Av. 7 de Setembro 247, caixa postal 333, 28100 Campos, RJ. Administra~o: R. Dr. Martinico Prado 27 l. Ol 224 S. Paulo. / ComPOStO e im• prcsso na Cia. Li1_b ogr:1phica Ypiranga, R. Cade-

Campos -

6

SECÇÕES CALlCEM DOMINI BIBER.UNT por Fernando Furquim de Almeida Morre o in/atigt.ivcl "embaixador de Deu.t": 241 Preciosa ,·011quista do apQJtolatlo da "Amiciz.ia'': 243 Progrediu rapidame11te " "Am;cizia" de Florença: 244 Morre em J/iena o Padre L,,igi J/irginio: 246 Pio VII cede para não perder: perdtt: 241 A Co11gregaç<io de Paris atrai ,i nobre1.a jovem: 248 A atuação ,lo P. Linsolas e o "Secreta'' tle L)'on: 249 Orige11.r e fw1da,lores d,1 "Se,·reta" de Lyo11: 251252

ESCREVEM OS LEITORES Escre,•em Es,·tevem Escrevem Escrtvem Escrc.w:m

os lcUores: os Jeitore.s: o.s leitores: o:; leitores: os leitores:

241 244 249 250 2S 1-252

NOVA ET 'VETERA Tudo o que Javorece a Revoluçclo é moral - J. de Azercdo Santos: 241 De como o Sr. Fesquet pinta o que viu no Brasil - J. de Azeredo Santos: 243 Será bom o comuni.rmo que ,uio seja ateu e brutal? - J . de Azeredo Santos: 244 Uma te111'!çiio que vem de muilo longe - J. de Azcredo Santos: 246 Novidades que já têm duzentos anos - J. de Azercdo Santos: 247 Do defensor de D. Vi1,,I ao amigo 1/e D. llelder - J. de Azcrcdo Santos: 248 A gra11de tlevoção tio bom povo português à Virgem - J. de Azercdo Snntos: 249 Sul>vcrsão ,loutri11ária cm fü,ro tlc Frcule carmtlita - C. A. de Araujo Viana: 251-252

VEROADF.S ESQUECIDAS ou VIRTUDES F.SQtJECIOAS Denunciar o e.sc,1ndaló ,: procurar aja.srá./o é obra de caritlade - São Bêmardo: 241 1/á vais que .se alegram com a morte ,los filhos Siio Bernardo: 244 Por vtus é bom ridiculari:.ar e infamt1r o agente • do erro - [Padre Felix Sardá y SalvanyJ: 245 Nao poupar forças na hora de cas1igar - [Sóror Genovev3 da Sagr3da Face, a respeito de Sanla Teresinha do Menino Jes•J s}: 246 Na,la ,,foita tonto os maus, como a ,>usilanlmidade dos bons - L:ão PP. Xlll: 247 Ater-se ao que em totla parte. sempre e por todos foi crido - São Vicente de Lérins: 249 Samo António foi notável pelo saber ~ pela com. botividad,: 250 Apreço pelo cerimom'a/ e pela tradiÇtÍQ fmniliar (da vida de Santa Brígida da Suécia!: 251-252

ORLANDO FEOELI O <1merica11ismQ / Uma velha l,eresiá per/eildme111e ,,wal: 248

J. A. S. A mt,ssi/ictzç,io 110 mundo contemporâ11eo: 243

J. DE AZEREOO SANTOS J'udo o que favorect a RcvoluÇ<i,, é moral IN V): 241 De cQmo o Sr. Fél'quct pinta o que viu 110 BráSil • (NVJ: 243 Scr6 fuJm () comu11ismo que não seja ateu e brutal? [NVJ: 244 Uma tentação que ,,cm de muito longe (NV): 246 No11idadcs que já tFm du1,.c11ros 0110s {N Vl; 247 Do ,Jefcnsor de D. Vital ao amito de D. Hchler (NVJ: 248 A gra,ule de voçcio do bom povo português à Virgem [N VJ: 249 Qual fumo ,lc enxofre: 251 ·252

G. A. S. CUNHA ALVARENGA

J, de Azeredo S::tntos:

AUTO R ES

Liberdtttlt· para todos. s,,lvo p<1ra os que. ou.swcm discordar; 244 ;I visiw de Nixo11 () CM11,1 e um ,,eJ/w fhto es• quecido: Munique: 248

"Aggior1uunc11to" e Tradi(:(ió / Caru, Pastoral: 240

(Vor também: SECÇÕES / CALtCSM OoMINI

DERNO)

FELIX SARDA Y SALVANY, Padre

v;,,,,.. ó11os de fidclidmle : 241

ESTUDOS HISTÓRICOS

"º"

O COMUNISMO NO BRASIL E NO MUNDO

ALBERTO LUIZ OU PLESSIS

+ ANTONIO, BISPO OE CAMPOS

PROBLEMAS POLITICOS, ECONÔMICOS E SOCIAIS

Qm,I fumo de enxofre 251-252

J0S8 LúCIO ARAOJO CORR2A TFP participa de co11gu.sso mundial <1J11icomtmista nas Fi/ipi11as: 250

LEÃO Xlll, Papa Nada a/oittt umto os maus. como a pusi/animi• dnde dos bons (VEJ: 247 A condenação: 248 [Sem título): 250

LOUIS EVEN

PAUL VANKERKHOVEN Coordenar esforços. for11tt1r e/iu.r, tarej,i urgtnte nesta crise de civiliwçifo; 247

PLINIO CORRtA DE OLIVEIRA A cru1,.ada do século X X: 241 Di1.ei uma s6 palm>r<1 . . . : 244 No Chile: empate sob pressão: 245 N em ,·itória auténtict1, " t m pltilo /i~w!: 245 Os PapllS e a f'rOpriedade prlvada: 241 Quoltlll) o sapo abre " jaula para a l1it11a . .. : 248 .Rumo ao ,lescnvolvime11to global; 249 A uttulemolição, instrumtnro de lavagem cerebral: 250 Berlinger~ Amcrulo/a &. Cia.: 251-252 Que é " TFP? Cumo ,wsceu?: 251 -252

SÃO BERNARDO Denunciar o t:scóndolo e procurar <1/astá-/0 é obra de caridade (VEJ: 241 Há pais que se alegram com a morre dos filhos (VE]: 244

.

SÃO VICENTE DE LtRINS A ter·Sc ao que em toda parte, .sempre tt per todos foi crido {VE]: 249

A Jescristianizaçiio gert1 a Revol"ç,io: 243

TOM8 DE JESUS, Frei MANUEL UERNARDES, Padre [Sem titulo): 245

te 209, $. Paulo. / Assinaturn anual: comum CrS 15,00; cooperador Cr$ 30,00; benfeitor Cr$ 60,00; grande benfeitor CrS l 50,00; seminaristas e estudantes CrS 12,00; América do Sul e Central: via marítima US$ 3,SO. via aérea US$ 4.50; outros países: via marítima USS 4,00, via aérea

Oh mais forte que todos os exércitos.': 244 llotlit nobis de caelo pa:r: verá dc.sc~"dit: 251-252

USS 6,50. Venda avuba: CrS 1,50. / Pagamentos cm nome de Editora Padre Belchior de Pontes S/C. / Para mudança de endereço de assinantes, é necessário mencionar tantbém o endereço antigo. I A corre,~pondência relativa a assin:\luras e venda avulsa deve ser enviada à Adminlstraçio.


M 1804, O CôNSUL Napoleão Bonaparte se trn.nsfonnava cm Imperador dos franceses. Alguns dias antes da promulgação das leis que "instauravam o

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Jmpério. Napole~o abriu-se com o Cardeal Cn-

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prara, Legado pontificio, pedindo-lhe que sond ~ o Santo Padre sobre a possibilidade de vir saE=rú-Jo lmpc.rador na Catedral de NotreDamc. O dcsprop6sito do pedido era evidente. .Para niio com,idcrar se.rulo as q-uestões surgidas cn:l'rc ft Sant~ Sé e â Fmnta desde que Napoleão e.ter:.\ início à poUtka de aproximação com a lgre· ja, a recente Concordata continuava vigornndo com os artigos orgânicos a da acn.-scentndos à revelia de Roma; no Norlc da Itália, o processo se repc.tin1: depois de aprovada uma Concordata, fora ela publicada corn alterações unllntcr,lis: do texto; novos atritos tinhnm s urgido com a oomplefa remodclaç-ão do Sacro Império Roman~Alcmão, pois o Primeiro Côn• sul procu.ravn forçar :1 Santo Sé a modifitar os limitc-s das Oioce~ de acordo co1n as frookirns dos pafsc.s que ele criara. No cntnnto, e apesar do malogyo Si.\1enu~tit'o de sua política de eedcr para não perder, Pio Vll nela pcrsisfü, e autorizou a aberlum das negociações. Estns foram conduzidas c,m Pnris pelo Cardeal C:-.pr:\rn, sempre ~-olkilo em satisfazer a~ vontades de Napoleão, e cm Roma pelo Cardeal l+'esch, Embaixador d~\ França.

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mudo, tanto mais que, em Pari.,;, foram os bairros pobres os que mais entusiasticamente se associaram à.s cele.braçõcs programadirs par., homenagear o Santo Padre.

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PIO VII SEMEOU VENTOS; Só PODERIA COLHER TEMPESTADES

Napoleão não perdeu tempo. Evitando as qucstÕ('S candent.e-s com a desculpa de que podt·riam ser tnladas durante a esladin do Popa 1m França, cir<:ull«-reveu as conversações aos problemas da ~-agnçiio, e apre.ssou a viagem de Pio VJI. No dia 2 de novembro de 1804 o Santo Pad~ partiu para !'a.ris. Tudo - St passara tão npidameote, que n.ão ficara pronto o novo ritual de sagra.ç.ão (Napole.ão recusam o ritual romano e o usado· cm Re.iins pelos Reis da Frn~a). Ournntc a permanênc.ia do Santo Pad.re na França nada de pOSitivo se re$01voo sobre os _p ontos de atrito. Pio VU voltou para Roma deixando todc>s elc.s, praticamente, ainda pen.. · dentes. l\-fas - como jii dissemos - para grande surpresa do Papa, a acolhida filial e cntu~ siá~'tka que o povo francês lhe dl.\-pensou des-dc o momento em que ele cruzou a fronteira, trun~formou a sua viagem num verdadeiro triunfo. Foi uma demon.«raçíio pública de qoe a França continuava profunda.mente cat6llc."'à, apesar dos esforços da Revolnçio pan lhe a,r. ra.ncar a fi. O próprio Napoleão ficou a.lar·

O governo imperial deu inicio, então, a urna política rcligio~'â que procurava e11nali7.ár em proveito de Napolt'ão e~H fidelidade no Catolicismo. Tal p-01Hica ~1ariâ destinada ao frac:isso se tivesse a oposição da Hierarquia, mas o Episcopado, c m sua grande maioria, cedin à.~ imposições do lmpcrndor, e o Cardeal Caprara ~18va S<'mprc pronto ~ tudo aprovar cm nome d.a Sant.a Sé, C-om • a colaboração servil de Mon..~nhor de Bernis. Bi~l)O de Orléa,ns-, Napoleão mandou compor un1 ~tedsmo, corrigido por ele mesmo, cujo uso foi imposto a toda a Françn. Ê o célebre Cnteci.fmo Imperial. Nele, o dogma é trntndo supcrfkitdmente porque fonte de discus· sões ociosas entre teólogos e sem utilidade para a vida dos fié is. Pelo contrário, são abund::mtemcntc desc.·ritos e accnluados os deveres de submiss.1.o à ;mtoridadc dviJ .. . Para melhor dirigir e controlar o Cle.ro, todos os jornais católicos existentes na França foram fundidos num só, o "Journal des Curés", que só publkava artigos e noticias que contribuíssem para a formação rc,·oludonária dos eclesi{1Sticos, segundo o e~1>frito do Catecismo Imperial. Com1>arando•se com Carlos Magno, cuja obrn de formador da Cristandade admirava, NaPo· J('ão queria imitá-lo • .• promovc-ndo a consoli• dat:ão da Revolução, e pretendia obrigar o Papa a reconhecer essa sua missão e a apoiá-lo integralmente. No Norte da Itália começou a re.. pctir. segundo as reações da 01>irtião pública, osprocessos que aplicam na Frnnça. Depois de se fa•1.tr coroar Rei. da Itália, inlroduziu ali o Código Civil francês e um cstntuc·o do Clero italiano, rom o qual pretendia dominar a Hic~ ra rquia e os PáTOCOS. Oe nada valeram os protestos do Papa. Numa de suas re!í-po.!i1as, com a impertinência costumeira, Napolciio chamava a atenção de Pio vn, dizendo-lhe que Roma "segue uma política que, boa cm outros séculos, não é mais adequada ao século em que vive. mos". E começou a ocupar as cidades dos Es-tados P oncifícios, a atravessá-los com suas tropas para invadir outros países, a violar ~b1c• malicamenfo as concordat~ procurando forçar a Santa Sé rom toda sorte de prcss'Ões. Pio V U reronheteu, :úinnJ, que não podia continuar cedendo, e sua rtsi.çtência cxosJ)('rou Napoleão. Este exigiu claramente que à' Santa

Sé se intcgrn&çc no sistema p0Jílko fmncês1 não obtendo resposta sat~at6ria, decidiu usar da violêntia. No dia 2 de Fevereiro de 1808 rrol)8S francesas ec>mandnd~ pelo Cene,r al Miolfü; ocuparam Roma e desa,n narnm o cxt,r tito pon1ifíciot que recebera ordem de não se de·· render. De , início, M iollis tenlou conqubiar a sociedade romana, oferecendo-lhe freqüentes rccep.. çõçs-. Aos Poucos es tas se foram esvaziando, Pois Pio VH proibira o comparc-cimento dos ctles-h'istkos e a sociedade trunb~m se ab.:.1eve de c:ompattc-cr. Por fim, as festas do General se reali:,,avam só com o comparcchncnlo das fan1ilfas dos ofkfais e diplomatas franceses e apenas um ou outro c<mvidado ilnlinno. N um:i tcntnfivn de conquistar as camadas populares, no carnaval for.:1m organi:iados pelo hwasor gr::andes festejos, ma.-.; o povo rom:mo, apoiando o l'apa, preferiu não se dh·ertir nesse can:uwal. A 16 de mnío de 1809, Napoleão anexou ao Império os r~1:,dos Pontifícios. Pio VJJ, quando viu a bnndeirn lTicolor hastenda sobre o Castelo de Santo Ângelo, assinou a Bula pre• p:-,radn pelo Cí1rdelll PacC"a, então Secrct:írio de Estndo, excomuognndo os " m;urpa.d-0re.s, fautores, tonselll('iros. itderentcs e executores dessa violação sacrílega" . ÀS duas horas- da nrnnhã do di:1 6 de julho o Gcncrut Radet invadiu o l'a1:'Ício do Quirinal, prendendo o Ponlífice e o Cardeal P:H:c:1.

A pn5'Jo ele Pio VU íoi um dos grnndcs erros de N apoleão. Ele sempre negou ter dado ordem para fui e até cm Sanfn Helena procura,,a justificar-se, recusando :t r~-pom,-ubllidadc pelo que fizeram MiolHs e Radet. O falo é que a atitude N>érgica do Papa diante das nova.,.; exigências imperiais tomava inevitável e~'\ vio• lência, caso NaPOltão não qui.~es:se renuncU'lr a se.us planas de domfoio da Igreja. Com .CS\11 violência contra o Vigário de Cristo, a Espa• oba, que fora difitiln1c.utc- subjugada, triou ai· nu1 nova para a luta, n opio.ião pública frn.n• cesa, que tantas vezes dera pi:ova.s de seu apego à fé, rcag'iu conlra a política rtligio.ça do lm,p erador. De seu Indo, os ultnlrnontanos, arrostando os maiores perigos e dt$ali.a.ndo n po. lida de Foucbé, se uniram e cons1eg,uiram as· segurar o exercício do gotcrno da Igreja, escabelccendo uma rede secreta de comunicações eril:re· o Papa prisioneiro e as autoridades reli· gios:R.'i que lhe haviam permanecido fiéis.

Fernando Furquim de Almeida

OVA ET VJE11CEJIRA

O

IMPRESSIONANTE ESTATÍSTICA SOBRE A-. CRISE DE VOCAÇÕES

DESPOVOAMENTO de Semin.Arios e Noviciados, bct11 como os casos de apostasia e de reduçl;o de Sa«rclotes ao estado leigo, de a lgum tempo a e~1a par. te vêm constituindo fatos .freqüentes e, Ja. mcntav.e lmcnte, do conheâme.nto geral. Sobre o assunto acabam de ser revelados alguns da. dos concretos, para o c~o particular dO BrasíJ, ptlo Centro de Estatística Religiosa e Jov~tigrotão So,;ial (CERIS), eonfonnc noticia publi· a.da pelo semanário arquid.ioccsano ''O São Paulo", d~ 4 de dczembro do ano findo. Em 1962 o número de scminarist."IS maiores no Brasil era de 1.922 no Clero secula, e de 1.772 no Clero ttgular. F.m 1968 os números ror'rc~-poodcntes são os scguintes: 870 (dín1inui· çiio de 54,73%) para os prime.iros e 1.665 (diminuição de 6,03% ) para os segundos, ou uma redução total de 31,37%. Em ttlação aos se.minari.,...a.s menores de ambos os Cleros a ~r. t"cntagem de rcduç.ão, niio me.ncionada, "é ai.oda muito maior''. - Se: ns cifra.~ eram essas cm 1968 (e pode-se perguntar se a realidade nüo cn• mais grave ainda), quanto Mo terão elas piorado nestes crês anos! Quando se ronsidcra - lembrn o CERJS que o Brasil rontava em 1962 com 74.096.000 habítanlts, e em 1968 com 89.376.000, vê-se Que, somados- stculAres e reli,giosoo_, em 1962 havia um seminarista por 27.504 habllantes, e um semlnaris1a por 35.257 habilaotes em 1968. Conlormt obStrva a noticia, a dimlnuiçio de vocaçõu cm números absolutos se torna ainda mais grave qu.a.ndo coMiderada em relaç,.ão ao crescimento da J>Opulação. A tão visível e impressionante minguar de candidato9 ao sace.rdódo, quando seu nú.m ero devia subir pelo menos na proparção do cries-cimento demogrifico de um pais cat6Uc,o como o Brasil, C'Ot'ftSPODd( um decréscimo, de 1967 para cá, do número de Padres seculares. ~ decréscimo n.c> Brasil "é c.o nsidenldo um fato no-vo para a Igreja, porque até então era notnda uma queda no ritmo de crtS<ime.nto glo.. bal de Sacerdotes seculares, jamais uma redução de um ano para outro". Observa-se f-a.Dl· bém em termos globais uma redução no ritmo

de aumento do Clero r<i:ular desde 1966, "atingindo no final de 1969, a wna situação não apenas de leve inflexão o.a curva de crescimento, nias de vls{vcl redução cm números absolutos>'. N ão é mais alentador o quadro no que diz rcspeilo aos Religiosos lclg0$.. "Se o número dt' representantes do Clero secular e religioso apresenta nos últimos anos uma visível tendên· t.in à dimiooiçiio, para os l.nnios de Jnstitulos religiosos laic:als (Irmãos maristas, lassalli.!.1as, etc.), essa situação de dccttsdmo é ainda mais acenb1ada. A partir de 196S há uma continuada queda no detivo g·Jobal de lrm.'los no Brasil". nando como explicação para esse lamentávc-1 declínio, entre outras causas, "falta de mo· t111id.ade, dissolução da vida fnmi.liar, desejo de vida fácil e cômoda.,, a notícia de ''0 São J1aulo" chama a atenç-.ã o dos leUores para outro a.~cto do problema, "sobre o qual pouco se fala e que• nos parece s-cr um dos fatort.'$ sociol6gkos mais detcm1lnrmtes do esca~ ea. m ento das v~aç,õcs no Brasil de hoje". E es:.

dattce: "Trata-se de um pcoblcma interno da Ig,rtja que se pode caracterizar assim. ~r Padre oão ê mais algo t.ifo d nro e definido como era cm oub"os tempos. A vidn tão düeren.ciadu e sua busca de novos camin,b os, a falta de definição e.01 termos de ação da Hierarquia sob~ esses no,·os cáminbos, são provas dW o. "Nessa situação os próprios Padres, e quem sobe até os Bi.<pos, portanlo os primeiros res· pom~áveis pela promoção das vocaçiks sacerdo• t.ais, deixam de fazer essa promoção porque não sabem mais bem como, ou niío têm mai5 coragem de fazê ..Ja". Ora, acrescentamos- nós, oã o se pode negar que a dissolução reinante na vida fa.niili.lU' seja um l.m portaote fator na diminuiç.ã o das vota• ç:ões sacerdofals e religiosas. O mais trágico, porém, é que os ambientes presc.rvad0$ que ainda existem, também muito frcqiicntementc se mostram fechados a effl,S vocações, porque "ser Padre não é mais algo tiio claro e definido como era cm outros tempos". Desfeita a figo-

ra tradicional e rcq,eltável do Sace,r dote, a pOn· to de ser ele con,fundido com um quidam qual. quer, inclusive na vulgaridade do traje, como estranhar essa erist de candidatos à vida rtli· giosa e sacerdotal? T ocamos aqui no âmago da questão. A Jgrejn-Nova, pela qu1.d conspiram o WOC e os "grupas profét.icos" cm seu afã de: dessacrali. zação e dcsalicnaÇRo no sent.ido marxl~ta da pàlàvra, prochlma que " a condição sacudotal n.ão mais se deve ~nsiderar sagrada, j'- que a sacralidadc morre com a morte de todas as alie· nações. No modo de- se apresentarem, de se trajattm e viverem. os Sacerdotes dcve.m se.r como quaisquer leigos, já que a esfera do sa. tTado, a que pertenciam, desnparcttu, e eles se devem integrar sem reservas na ~'fera tempo· ral. Analogamente se devem porta_r os Religio. sos, se ainda houver 0$ três votos ( . .. ] na lçcja desalicnautc e desa1icnada" ("CatolkiS,. mo,', n. 0 220-221, de abril•maio de 1969, p. 7). Para alcançar esse efeito, "o aspirante ao sottrd6do deve ser fom,ado nos "grupos proféliros". Começad ele assistindo como m embro, para exercita.r-sc mais tarde no diaconato e chegar por fim ao ~ctrd6cio, dtfpois de fa7.tr fStudos de teologia em regime de externato. Portarito, os Semin,rios devem str suprimidos" (ibidem, p. 16). A que clh1ância nos achamos do se,n tir comum d.a Igreja e de StUS Santos! " 0 glorio90 São Vicente de Paulo, falando continm1mente dc~1a. matéria [da fom1ação dos Sactrdotcs, dc.monS1rava »té à evidência quiio útil e oecessária é a fm1dação de Scmlnruios clt.rical~ para a boa educação dos cdc.-,:iástkos". J(!mbra Santo Antonio Maria Claret ("San Antonio Maria Clnrct escritos autobtográf'icos y C.\'J>irituales", BAC, Madrid, 1959, p. 511). Que Nossa Senhora, Rainha dos Sacerdotes, tenha pena do mundo t cm particular d.e nosso taro Brasil, dando remédio efic:a,: e pronto a uma situação que se apresenta como vc.rdadeiramente catastrófica e, aos olhos humanos, sem saída.

J. de Azeredo Santos 7


.AfOILECXSMO 1

*

'POB UM CBISTIANISMO AUTENTICO': ,, MONUMENTO DOUTBINAB/0 COM

GRANDE

júbilo que leitores de

transmitimos aos ºCatolicismo" uma excelente norícia: sob o expressivo título de ºPOR uM C R1S'rlAl"HSMO AVTP.NTICO" (Editora

Vera Cruz, São Paulo, 1971), reunidos numa bela brochura de 382 páginas de· texto. com um índice analítico e remis, sivo de assuntos e nomes. acabi,m de sair do preto os principais documentos dados a lume por S. Excia. Rcvma. o Sr. D. Antonio de Castro Maycr, ao longo de vinte e ttê.1; anos de íceunda atividade apost61ica ~ frente da Diocese de Campos. S.1o q1,1:1se c inco lustros de História

da Igreja que desfilam sob nossos o lhos através dos temas luminosamente tr::ttados p0r esses documentos, a começar pela CAR'fA PASTORAI,. $0RRI:- A OCPINI• ÇÃO 00 O()(;MA OA ASSUNÇÃO DA 8nM-

àd<:quado e esplêndido preâmbulo para uma obr:1 toda ela dedicada -n esse imporrnntc as•

.. AVSNTURAOA VtRCeM MARIA,

pecto da missão episcopal, que é o de ''dirigir e orienu,r os f iéis mt pcregrit1<t· ç,7o terrena cm ,ltmmult, ,ta bem-aveu1ura11çu etcrml' (p. 240). Com efeito, a devoçi"to il MRc de Deus e a confia,,. ça em sua intercessão onipotente não somente aparecem nas primeiras páginBS: desse precioso livro. mas consti· tuem tema quê se. espraia por todo ele como suave e salutar perfume: "A uw. lemldtulc dtt Virge,n Scm1is.rimc1 na Igreja é ,·omt11uá, ou .fcja, petle de Mc,ria uma sollcitmlc ele lodos os ins1<1111cs: 11rimtiro para que munente sempre () mímcro ,los filhos ,te Deus: depois. para que t, i11corport1çiio tz Jesus ,mw vez ret1litt1da, niío s6 se t<m.rcrve, semio t111e se torne sempre ,mús pcr/eiw. Eis que. na sua jw1çiio mfstica da M,ic d" /,:reja e M,le dos t·rhillios. t, Virgem ,\!faria está sempre vigiltmte". ( INSTRU· ÇÃO PAS1'0RAl. S08R6 A IGRF.JA, de 2 de março de 1965, p. 223).

c,;su,.

Permanente atualidade de um documento célebre A CAR'rA PASTORA(. S08R€ PROBLEMAS 00 AP0S1-0l..AOO MODURNO. de 6 de

j~nciro de 1953, é documento p0r dem~1is famoso parn que precisemos nos deter a apresentá-lo, COn$1illli e le amos. 1r:1 e loqüente da multiplicidade de cnsin~n1entos contid.OS nesse volume. Sob forma de C'11eâsm o ,Jc v<1 rtl11de:r 01>or. 1wws qu~ se t>põem <' erros comem pôrâ,ie(JJ·, todo um elenco de proposições da mais p:1lpi1an1e atualidade d-.:sfilam sob nossos olhos: sobre Lilllrgi~,. cstru. tura da Igreja, métodos de aposto lado, vida cspiritu;1l. moral nov~'i. rncionalis• mo, evolucioni$mo. laicismo, sobre as relações entre a Igreja e o 8tado, sobre qucstües Políticas, econômicas, sociais. Relembremos apenas. a tí1ulo de fo. 1.c1· senlir !1 oportunidade d:.ls lições dcss,, t:io célebre C~1rra P:\s1oral, a prO· posição que vem apontado:1 como falsa :;ob o número 37: "Cumprt• emprci:ar o moior euugit1 pt,ra redu zlr QS que ,\'C numi/estam i111rtmsil!cllfes na dejtst, ,fll dolllrina católl<:a. Niio há erro mais peruicio~·o do que 11 ;111rrmsigc".ncia da verd,ule". Eis uma atitude progressista que se tornou 3i11d:;1 mais pontiaguda ap6s o 11 Concílio Ecumênico Vaticano, fazendo-se c:tda vez. mnis imperioso que a pulveri1..cmos pela verdade que lhe é OJ)OSla: "A i11tra11$igénclt1 1. J)llfll ti vir· 11,dc o que o ht$timo de consrrvnt;,ilJ é para a ~,fria. Uul(t virtude sem lntrausi• géncit,, ou que otleia a imrtmslg,,.,ncia, uüo existe ou s6 conserva 11 c;clérioridode. Umtt /é .rcm intrlltt.#gência. ou jd morrt u. cu s6 vive m1 parte extcttu,, pois penlt'u o e:tpfriro. Seutlo a fé o fwulam enlo ,la vida sobrcnmural. t, 10. ler011cit1 cm marérla de /é é o 1>01110 de partida parti rodos os mal~s. espe. eia/mente para CIS hercsia,r1' (p. 64).

A Igreja Na IGREJA,

os heresias

INSTRUÇÃO

PASTORAL

SOBA.e

A

de 2 de março de 1963, além

de profundos cnsin:\mentos sobre a na. turcz.a da lgrej3 de Cristo, sociedade desigual e monárquica. com suas notas de unidade, santidade, universalidade, ap0stolicidade e romanidnde., seu c.'lrá. ter esc.a tológico, sobre o pape l dos cl6rigos e dos leigos na vida de ap0s1ola· do, vemos as astúcias do demônio e o papel das heresias na empresa de dcstn 1ir o plano de salvaç~o que Nosso Senhor Jesus C risto t rouxc ao mu11do e confiou a essa mesma lgrej:,, dev,1sta~ ção levada a c,abo. cm nossos dias. sobretudo através do n,odernismo progress ista·, inculcador do sensualismo e do esquerdi.smo. A CARTA PASTORAL SOBRE A PRl?SERVAÇÂO OA

F. DOS DONS C'OSTUM l:S re-

toma sob novos aspectos â lg umas des• sas verdades, relembrando a mensagem <1uc a Santíssima V i~em <lirigiu :10 mundo através dos pas1orinhos de F:í· lima. Essa mensagem da Mãe de Deus nos íaz presente q_uc n natureza decaída pelo pecado original exige a penitência, que é salutar a medii ação sobre o in· ícrno. que flagelos coino :1s gucrtas e a difusão do comu,tismo são castigo pelos pecados dos pO\'OS colei ivamentc considerados. A íreqtiência aos Sacramentos1 sobreludo da Confiss.=io e da Eucaristia, e a devoção ao lm:1culado Coração de M:uia. e~pccialmcnlc por meio do terço cm família e das prátic:ts reparadoras dos primeiros sábados., s:.i.o outros pontos 1>rec.iosos lcmbr:ldOs nesse :,dminívcl documento. 11

Aggiornamento" e tradi!fÕO

cons, tiluem o tema foç.al izado na Car-ta Pastoral de li de abril de 1971. A ocasião e <;::\uS::is da ;11\lal crise religiosa são cstudad:ts com no1ável penetração e profundidàde; s.'lo apontadas as carne1crísticas da "nov:, Igreja" b;:i.scada na religião do homem. o relativismo religioso e o modernismo dos teólogos que joI;.àm por terra as f6rmu l:ts dogm:í1icas: 1radicionais e, na ordem pr:.ític-:l. eliminam "o,\· sinais de tulor11ç,itJ, de. respei"AGCIORNAM 8N1'()" f. T'RAOIÇÃO

to uo Sumíssimo Sacram elllo, como "

comuuluiQ de joelho:;, com véu, " bi"i11. çiio tio Santíssimo. a i•isilll llO Sm.';rário. etc!' (p. 365). N:'lo se trnta apenas de uma mudança de lin,gua,g:ein, mas mmbém de con· ccitos. ''Se " /Wltwru ,mula. e não t sinônima, 11a111ralme11te Mmbém o <:Ott· ccito se modifica. Es1iio 110 caso os ,,o. vos tt:rm o.t tios leólogos "ag,:ior,uui". cuja <;Qn.rnqiiê11cia t! um abalo ná própria T!~. Eis que a uow, 1ermi110/ogh1, ,le faro, introduz. uma now, rdig;ão. N<io e.\·tnm()s mais 110 Cristia,,ismo autêntico. Aljás. as inovações 11ão ficam t111cm,s cm troca de palavras. V<'io mais {011ge, Na rcalidtide, excitam uma sub. ~·ers,io rotai ,w Igreja. Como " Jifosq/ia m 0<lerna sobreesrima o homem , a qucnr Jaz juh: de iodas as coisas. a no,,a Igreja estabelece, como dissemos. a r clighio ,lo /tomem. E limi,ia 111do quanto possa s;guificar umt, imposiçãq i) liberdade. ou uma aprcssão à cspo111antidC1dc /111ma• nas. Desconhece, assim, e, quedá origi1ml e extenua a noção ,lo pecado. N,1o t·omprcendc "o sentido da rtnúru:it1 cvângélica'' ( ... ] e propugna uma reUglclo 11atllral tle bast nas experiências 1'psico/pgicas e soci1>/6gicas" (p. 365), Como remédio para tamanha calamidade o egrégio Pr<lado ap0nta a fidelidade à

Tradição, rccomend:\ndo de modo CS· pccial a.s pr:\ticas tradicionais do culto ft Santíssima Euc.aris1ia e o recurso ?l

mediação de Nossn Senhora (p. 372). Na

CIRCUI..AR S08Rll A REVAAÊNCIA SANTOS SACRAMl~NTOS s..i.o expostas

AOS 11ormas práticas que reprcscntarn um exemplo brilhante de aplic;1ção à um caso concreto, dos princípios cstabclc· cidos na Pastoral sobre "ACGIORNA· MEN'tô" E fiADtÇÃO.

Pecados sociais Além d3 fi rmcz..1. dos princ1p1os religiosos e mornis. é indispensável inculcar a prática dos hábitos virtuosos que co1,s• citucm a sólida bnsc de uma sociedade l'C<l.ln\enlc cristã. O;c, Carta Pastor:il de IS de agosto de 1963. intitulada CASTI· OA.0 8,

HV·~ ilLOA.06 ,

J>SNtT@NCIA,.

CARAC-

TERÍSTfCAS DO CRISTÃO, ALICE~CES OA OKOP.M SOCIAL, dcs1.1camos estas :-1dver-

tências <1uc são como o soar de trombetas proféticas di:\nte. da corrun.c;:5o moral do mundo moderno: "De si. 1.1 penhêm:i<,, como o pecado. i ptsso<1/, A c ulpll estc1 11mna ofcmw tio indivtduo, ,: ,issim tam bém a obrigariio tfe penitt.mâar..sff e rcpt,r,,r ti injâriu Jeitt,. l'odcmos. ,,o rnumto, /lllur ,Jc peta· ,los colt'tü•os, c:uja responsabilidade re• cc,i sobl'C totlo um grupo social. wnc, família, uma llá~~1io, um ,,oi s. f'<>is que o h om em vivt· em socledade, tia 11umci. rt, tlc proceder t/oJ iudivídu ó:s vodc surt:ir um llóhilo .fOCial. que 1>odcrá ser louvável, c:omo poderá ser pecaminoso: t a.rsim que as E.rcrlturaJ· Jaltmr dos pec11dos de Ní,,fre. tle Corot.aím. de l)et.mida, Tito , SiJ611i<1, eic .. para ttiiO ciu,r as iugmthlõe.\· do próprio povo eleito, mais de uma vc.t d11ramc111c ,·a.r1igado, e que tcrmlnanw, m cn:cc11do-llu: ti deJ·rmiç,ío das cidades e 11 ,tevorMç,io. Como se origint,m es~·es pecado:/ ...o. dais? - Não hó ncccssidculc que ,4,bso. l11u,me111e wdos os imlivícl1lOS st tônrcm réus dos mc•smos. lla~·10 que ,, maneira p,~cm11i110.wi ,te t1gir :rej" tolt-rmlll, ainda que n<io ,m11ciona<ICI pelas tmlorMades, e co11/lrmnllll, ao menos 10ci1<unc11tc, pt:lfl (llitttdt da mnlori(I do povo. de J'Or• te que seme/lwnre modo de proctdcr 1>oss11 ser ,,tri/Juído ,> colerlvfr/cule toda. Uuw ou outra pcs.roa ou famíNa qut vfra divcrJ.YWténle não bllsla ptlfll eximir a c.·()mw tid<ule ,ta culpCI gert1/. t·omo Lol e ,,s ,temais membroj· d~ ~·ua cas,1 mio tlimimdrtm, o pecado de Sodoma e Gomorr,,• (pp, 165- 166).

t;l lgrcja, sua pior expressão nos dias de hoje, que. é o comunismo. constitui

o objeto da Carta Pastoral de 13 de maio de. 1961. A perseguição comunis· la dá-se no plano religioso e no plano sv"<:hll. Manobrad" pelo pai da men1ira, a Revolução vcm1clha lança uma cor• 1ina de fumaça para ocull"r seus re:.1is objetivos, pelo que se faz necessário conh-e<:er a doutrina mar.xisrn cm todos os seus- refolhos para que não sejamos vítimas do jogo de astúcia desse adver· sário, através das omissões e silêncios <1uc ô favorecem. Mostra a CARTA PASTORAL PREV8NtN00 OS 010Ce5ANOS CON• 'rkA

os ARDlS DA S 8 ffA

COMUNISTA

como

o desvircunmento dos Documentos pon. tifícios aprove ita aos comunistas, dando como exemplo o alarido que se faz. em torno da co-ges1ão e da particip;1ç..i.o nos lucros d:ts empresas. Al6m do cuidado om não cair nos ardis do adversário, da luta -ideoJ6gica vigoros.a. da recusa de qualquer coope~ ração com os movimentos que favore. cem as idéias marxista~ são indicados o desapego dos bens ,errcnos, o desejo dos bens celestes, o espíri,o hicrárqui· co, a renovação da vida cristã e o atcn dimen10 da mensagem de Fátint\l, como meios aptos ;o: livmr a humanidade desse terrível flagelo <1ue ameaça. espraiar.se para a lém das cortinns de ferro e de b~tmbu. 4

Marcos de uma trajetória admirável Enfim, depois de percorrer esse opulento repositório de documentos de ai-

tíssimo valor que pela riqueza e densidade de seus ensinamentos, bcnt como pela importância e alunlidade dos. ,emas tratados, representam outros tan• cos n,~trcos na adminívcl trnjctoria do Antístile que a Providênci.1 cortcedeu ~, C.'lmpos vêm-nos incocrciveln1en1c à memória as palavras de S.io Paulo a Tim6tco: ºConjuro-te diante de Deus e de l c$uS Cristo, que há de julgllr os \•hios e os mortos. pela sua vinda e pelo s,•u reino: prcgll a palavrll, i11sistc 0110r• rww e inoportwlâmenté. reprecmle, su· plkll, culm1Jcs1C1 com U>t.la a 1>aclé'11cit1 e ,lowri,u1. />o,.qut: · virá tempo em que muitos mio supOrlllrão " Jii doutrlna. mllJ' multiplicarêio para $i mt•,tlrcs i:o,r. Jormc os seus ,Je.rejos, levados pelo pru. rido tlc ouvir. (i ,,fasu1rii<> os ou11ido$ da ~·erdatle e os c,pUcárão li: Jóbu/c,%' (2 Tim. 4, 1-4). É o Sr. Bispo de Campos um fiel dlscípulo do Ap6st0lo das Gentes, que não se cnvergonh;,1 do Evan. gelho ~ o prega 11 opportu11c cl impor• 1t11ul-', como fonte de verdades eternas fora das quais n5o há, não pode haver salv:,çã'o.

Por isso me.smo, como comentava. cm outra oportunidade esta fôlha, "não

""º·~

houve ,u•stes último.i• trinta ac01tle• cimNUO vcrda,leirt1111t11te de prim eira ;mpori/lncia na vida religiosa 1wclo11al, Pm que t> foclito Prelmlo mio tómcis.w: mi11ule. E não re,·t D. A ,11011io ,Je Cas'"' Maycr ,mw s6 tomada Je t11i1mle que mio m(Jrcassc a fundo o suceder l'lÍ· rio ,: 1>olimór/ico ,los ,1co11tt:cimcm os''.

Cunha Alvarenga

Sobre Documentos do Concílio Abordando com no1ávcl segurança doutri11ária graves e import;,1ntcs problc· mas suscitados apÓs a rc:ilizaçSo do li Concilio Ecumêniêo Vaticano, podemos reunir cm um único grupo três Pasto· rais admiráveis, i111ituladas: Os DoCUMEN'l'OS CONCll~IARES S0UR6 $A.ORADA L ITURGIA 1~ INSTRVMl~N1'0S OE COMUNI•

CAÇÃO SOCIAL, de 8 de de.u:mbro de

1963,

CONSIO~RAÇÕllS A PROPÓSITO OA 00S 00CUMF.N1'0S PROMUL• OAl}OS PEI.O CoNCÍUO EcvMâNICO VATI· CANO li, de 19 de março de 1968, e SouR.E. o SANTO SAcR1Fíc10 DA M 1SSA, API.ICAÇÃO

de 12 de setembro de 1969.

Os ardis do seita comunista Progressismo religioso e comunismo se dão '.\S mãos e assun1em a forma de Leviatã que ameaça trazer toda a hu• manidade sob as cadeias do seu jugo. O problema não p<>dc.ria (icar alheio à perspicácia e ao zelo p:is tora t do Sr. Bispo de Camp0s. Sendo o totalitarismo do Estado arma eficaz usada pelos inimigos de Deus para escravizar a San·

Uma bela capa : sobre um damasco rubro, o báculo dourado do Sr. Bispo


1 •

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11 01RfTO R: MO N$, ANTONIO RIB EIRO 00 ROSARI O

~~corridos de Dledo e de vergonha, coD10 •e uDla criatura aboD1inável, abandonaraDl•Me os aD1igos, parentes e conhecidos~'

PASSIO DOMINI NOSTRI JESU CHRISTI . "' ER.CVTI EHT MAXllü\M lVDJ C Is· _l S RJ?. Ml C.H e e . 'V ·•' C -~~1ift~ .

__._.,, RA NOITE, FRIA e trevosa.

Acorda o palácio do11 Pontífice, J}(lra a iniqiiid(l(le de rim jrilgamento ,

,

.

.. .

eni q11e e reu a ,nocenc,a, te1tem1inha a ingratidão, defen11or ning1tém, j1uz a hipocri11ia refaúada. Diante de Anã,, Pontífice de11tro,wdo, porém legítinio,

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sadriceu infe11tado de ast,,cia e crrteldade, Jesus eatá de pé, calmo, sereno, tranqiiilo. No entanto, Ele sofre intin,an,e11te, sofre ,lo abandono doa 11eus dillcíp1úo11, da /rorixidáo e cobardia dos an,igo11 q1ie nwi.s provas de an,or Lhe havian, merecido. Realizava-se, à letra, a palavra ,lo Profeta: Corridos de niedo e de vergonha, co,no de rinia criatura abon,inável, abarnlonaran,-Me os antigos, ,,arentes e conhecidos.

página 5 }J,t}ATI) I\NG~.I.ICO (~cul(I XVJ -

N.º

2 5 5

MARÇO

DE

1 9 7 2

ANO

Florença

X X 11 CrS 1,50


O · CUSTO DO CO IJNIS NA ;C HINA E NA RÚSSIA OR INICIATI VA do fuleddo Senador T homas J . Oodd, a Subcomissão de Segurança Interna do Senado norte•americ.ano incumbiu o P rof. Richard L. Walker, especialista em assuntos chineses, de preparar u1n estudo sobre o ºCusto humano do comunismo na China". Pub!ic.a ndo o relatório do Prof. Walker (1), o Senador James O. Easlland, do Mississipi, Presidente daquela Subcomissão, fê-lo acompanhar de uma intr odução, da qual desejamos transcrever alguns tópicos de re,.

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levante importância, mesmo por<1ue

esse texto chega a nosso conhecimento em momento particulam1ente oportuno. Corno efeito, a visita do Presidente Nixon à China vem dando ensejo a uma verdadeira atroada publicitJlria, através da qual Sé procura, via de regra, apresentar um retrato favorJlvel e, portanto, deformado do comunismo chinês. - Os subtítulos são desta Redação.

Desprezando a e vidência maciça Por alguma estranha razão escreve o Senador Easfland - mui· tos dos jornalistas que têm viajado p,cla China para a imprensa norte-americana. a parti.r do convite feito

69 a 109 milhões ele vítima s na Enl um estudo análogo a este, intitulado "O custo humano do con,unismo soviético1· , Robert Conquest, o famoso sovietólogo britânico, calcu· lo u que pcto menos 21 e n,eio milhões de seres humanos haviam sido executados, ou m ortos por o utros meios, pelas autoridades comunistas soviéticas. frisava ele, era uma . . Isto, _, . ; . estimativa mm1ma e os numcros reais poderiam muito bem ser cinqüenta por cento maiores. Ademais, avaliava que a revolução comunista, bem como a guerra civil e a fome que a acompanharam, custaram outros 14 milhões de vidas humanas. O custo humano total do comunismo sovié1ico, por conseguinte, oscila entre aproximadamente 35 e 45 milhões de almas. No e-aso da União Soviética. as estimativas foram baseadas cm maciça documentação acumulada com o passar dos anos - inclusive o relato de Kruchev a respeito dos crimes da era sta1iniana. Quanto à China vermelha, :i documentação dispo11ívcl, embora não tão extensa, é ainda substancialmente suficiente para permitir avaliações dentro de largas margens. O Prof. Walker, depois de estudar todas as provas, estimou que o comunismo na China, desde a primeira guerra civil (1927-1936) até hoje, custou um mínimo de 34 milhões de vidas e que o total pode subir até cerca de 64 mílbões. Embora isto seja o caso do roto que ri do esfarrapado, é curioso no· tar que Moscou denunciou que "no decorrer de de-L anos, mais de 25 ,nilhõcs de r,-essoas foram ex1ermina· das na China. [ ... J S6 cm t960, o governo de Mao Tsé-tung exterminou mais chineses do que os rnortos du· ran1e toda a guerra contra o Japão". [ ... ).

Erros que entrega ra m a Europa Central aos comunista s Na segunda guerra mundial, o fato de nos acharmos unidos na luta

1) "The Human Cosi of Communism i.n China," , Subcommittce to ln· vestigate the Adminisiration of the Jnteroot Security Act and other ln• tcrnal Security Laws, of lhe Committce on the Judiciary, United Statcs Se03tc, U. S. Govcrnment Printing Office, Washington, 1971. 2

por Pequim à equipe norte-americana de ping-pong, se sentiram chama• dos a pintar a China comunista com matfaes os mais positivos e a desprc• zar a maciça evidência de desumanidade e de agressão que tem caractcr iz.~do o domínio comunista naquele país. . um pouco como se os repórteres l\orte-americanos na Alemanha de Hitler, na década de 30, se tivessem limitado a noticiar que as ruas se achavam limpas, que havia um ar de prosperidade geral, que os trens corrjam de acordo com o horário. que o desemprego havia sido eliminado, e que o povo pareda bem alimentado e contente. Todas essas coisas eram verdadeiras êom referência à Alemanha de Hitler. Mas·qualquer repórter que focalizasse exclusivamente esses aspectos do domínio nazista e desprezasse todos os aspectos negativos, inclusive a maciça preparação militar, teria sido justamente apontado como um propagandista do regime. Desnecessário é dizer que houve tais propagandistas; e, na medida em que foram bem sucedidos, conseguiram, tanto . na Inglaterra como na América, tornar certos setores do público ce~os à ameaça que a Alemanha nazista impunha à própria segurança deles. [ . • . ].

O que c ustou a ocupação da Mandc húria pe los soviéticos

No Extremo Oriente, tivemos que. pagar um preço igualmente alto por fecharmos os olhos à verdade sobre o regime soviético e sobre as intenções soviéticas. Porque olhamos a Rússia comunista apenas como uma aliada e não como uma antagonista potencial, fizemos concessões à custa de nossos aliados chineses para põr Stalin na guerra contra o Japão nos derradeiros dias desta - para sermos exatos, a 8 de agosto de 1945. Em vis.ão retrospectiva. é claro que ele· víamos ter feiro tudo o que estava em nossas mãos para deixar Moscou ciente de que considerávamos sua ajuda desnecessária naquela área e para dissuadi-la de se mover contra os japoneses no Extremo Oriente. O resuHado imediato de nossa inocência foi que os soviétic-os, praticamente sem combater, receberam a rêndi~ ção de uni milhão de homens do exército japonês de Kwantung, com todas as suas armas e munições. A História consignará que a ocupação soviética da Mandchúria e as quanti• dades maciças de armas e munições entregues aos comunistas chineses peles soviéticos, desempenharam um papel decisivo na ascensão dos comun.istas ao poder na China contiRússia e na China mental. E · é · indubitavelmente claro contra m1m1gos comuns nos fez en• que, se os soviéticos não houvc.ssem trar com a União Soviética em uma ocupado a Coréia do Norte e impos· aliança de conveniência. Porque em to :sli um regime títere. não teríamos largos setores se entendeu que não tido ~ guerra da Coréia. Finalmente, devíamos falar mal de nossos aliados, é mais do que provável que não teria a imprensa norte-americana e a bri- havido a guerra do Vietnã. A validade destas <isserçõcs é contânica se submeteram a uma espécie de autoccnsura quanto a toda crítica firmada até a evidência por um artiao regime soviético. Depois ficou go notavelmente franco que apareceu provado que havia apenas um curto em número 1 recente da "World Marpasso para ir dessa autoccnsura à xist Review · , órgão teórico internacrença eufórica de que, se continuás- cional dos partidos comunistas e opesemos a não ver e a não falar nada rários. Eis o que tal artigo tem a dide mal a respeito de nossos aliados zer sobre o papel decisivo que a ocusoviéticos, conquistaríamos a confian- pação soviética da Mandchúria desempenhou na revolução comunista ça e a boa vontade do governo r usso e aplainaríamos o caminho para a chincsa: "A vitória soviética na Mandcooperação pacífica •n o período de chúria teve um efeito direto sobre o pós-guerra. progresso da revolução chinesa. As E assim fechamos os olhos aos armas do exército de Kwang-tung e registros da História; e fechamos os os recursos m ilitares-industriais da olhos ao massacre da floresta de Mandchúria foram entregues às forKatyn, em que os soviéticos assassi- ças revolucionárias chinesas. Não mcnaram, a sangue frio, 10 mil oficiais nos ·importante para a vitória do mopoloneses: e fechamos os olhos à vimento de libertação nacional na traição russa no levante de Varsóvia. China foi o fato de as ações políticas Receoso de uma profunda penetração e diplomáticas soviéticas frustrarem soviética na Europa, e convencido de as intenções do imperialismo norteque o exército vermelho não se limi- -americar.o e do Cuomintang de estaria a simplesmente libertar os paí- magar a revolução. ses em que entrasse· e a depois se re··No outono de 1945 o Comando tirar, Churchill concitou fortemente .. soviético na Mandchúria negou ao os aliados a invadirem a Europa atra· Cuomintang facilidades para o devés dos Bálcãs em vez de o fazerem sembarque de tropas em Dairen (Poratravés da França, de modo que o to Dalny). Tampouc-0 foi permitido encontro com os russos fosse o mais ao Cuomintang violar o Ponto 4 do recuado possível para leste. Mas re- acordo sobre Porto Artur, segundo o sistimos aos apelos de Churchill, cm qual a defesa daquela fortale1,i naval parte porque desejávamos evitar qual- fora confiada à URSS. Isto barrou quer coisa que pudesse despertar as os desígnios dos Estados Unidos e suspeitas dos soviéticos, cm parte do Cuomintang de usar a Pcnfosultt porque nossos líderes militares pen- de Liao-tung para golpear pelas cos· savam cm termos puramente rnilita- tas as forças revolucionárias na Manres e não em termos de ulteriores dchúria. Dairen e Porto Artur, conconseqiiências polÍlicas. Na fase final trolados pelo Comand<,> soviético, fo. da guerra na Europa estava ao nosso ram bases de apoio para as forças realcance tomar tanto Praga quanto volucionárias chinesas. Tanto assim Berlim. mas nos abstivemos de que o Almirante norte-americano fazê-lo porque houve o temor de que Sherman disse em agosto de 1945 isso causasse ressentimento nos rus- que. se os dois portos tivessem sido sos. Foram essas falhas militares, so- abertos às tropas dos Estados Unidos rnadas às nossas falhas diplomáticas e de Chiang Cai-chek, o desenvolvicm Yalta e Potsdam, que entregaram mento do pós-guerra na China teria toda a Europa Central ao domínio tomado um rumo inteiramente di· comunista. [ •.. ). verso. " As regiões da M andchúria e do Este o alto preço que tivemos que Nor1e da China constituíram a área pagar na Europa por termos deixado de nos lembrar de certas coisas es- estratégica a partir da qual as tropas senciais sobre o comunismo soviético, regulares do Exército Popular de Lidurante a euforia que caracteriz::>u bertação lançaram sua veloz ofensi• nossa aliança m ilitar na segunda guer- va para o sul, libertando o país, for· çando o regime do Cuomintang a íura mundial.

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gir. e compelindo seus patrões im- a evitá-las desencor'.ljando a ocupaperialistas a se retirarem. E n,inguém ção soviética da Mandchória e da a não ser um exército regular pode- Coréia ou. se necessário fosse. anter ia ter esmagado as tropas do Cuo- cipando-se a ela" (pp. 1-VU de "'Thc mintang, porque a milícia não era Human CoS1 of Communb'll> in Chi• .. . mais que auxiliar nesse esforço. uma na"). tropa de reserva que garantiu a re•• taguarda do Exército de Libertação Se sornarmos a tudo isro os suNacional. CCS.$ivos desastres que t êm caracttri• " A aliança das forças revolucionárias chinesas com a União Sovié- zado a atuação dos lideres "yankees·• tica e com o movimento comunista no Sudeste Asjático, corno nindn re• mundial constribuíu decisivamente centemente víamos nesta.s mesmas para a vitória da revolução chinesa" colunas (""General norte-americano (World Marxist Rcview", outubro de denuncia política de Kennedy no l 970. p. 86). Vietnã.., por Cunha Alvarenga O artigo foi igualmente franco ao "CatoJicismot', n.<> 253, de janeiro tratar do papel dos soviéticos na im- de 1972), tíio concatenada série de plantação do regime comunista na erros, que s6 acontecem no campo Coréia do Norte. [ .. . ) Finalmente, dos adve.r sá.rioS do comunismo, nos deixou ele claro [ ... ) que a invasão fazem lembrar o que diz ia o bem insoviética da Manclchúria representou formado Marechal Smuts, então Pria cunha inicial de uma ofensiva con- n,eiro-Ministro da África do Sul, setinental coordenada que chegou até •gundo o qual o último conflito aro Vietnã do Sul e facilitou o êxito da mado que ensangüentou· o mundo i_ntei.ro não te.ri.a sido propriamente revolução de Ho Chi Mihn. [ . . . ]. Se nossos líderes houvessem com• uma guerra, mas uma revolução. Tal prcendido melhor a natureza do co- revolução se vem desenvolvendo por munismo soviético, teriam mais cla- mercê de uma ntih1de suicida dos líderes do Ocidente, sempre para proramente previsto todas as conseqüên· cias catastróficas que haviam de de- veito do ímpc.r ialismo soviético. Como não ~nsar nas profecias correr da entrada dos soviéticos iia de Fátima, diante de um quadr o tão guerra co1\tra o Japão, à última hora. E se tivessem. previsto essas conse· sombrio? qüências, poderiam ter sido levados

C. A.

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M O NUM E NTAL C OLETANEA . , DE D OCU M E NTOS DE M AGISTERIO

Cr$ 20,0 0

O texto integral de no ve Cartas Pastorais, uma Instrução Pastoral, e uma Cir, ular. Comp le to índi,e a lfa bé ti<o de assuntos e de nomes.

PEDIDO$ À EDITORA V.ERA CRUZ LTDA. RUA OR. MARTIN ICO PRADO 146, ()1224 SÃO PAULO, SP


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FÓSFOROS ACESOS, CANIVETES EM CHUVA, E UM GRANDE BI.SPO Plinio Corrêa de Oliveira

UE VEM A SER precisamente o progressismo? Uma corrente sócio--econômica, ou filosófico--tcológica? ""'1111-.o<:- Em outros termos, seu objetivo último é a edificação, cm escala mundial, de uma sociedade igualitária, a supressão das fronteiras e dos exércitos, e a conseqüente implantação de uma república universal? Ou nada disso c.s tá em seu programa, e ele se restringe ao campo religioso? - Neste caso, que visa ele, então? O estabelecimento de uma só religião universal, abolidos os dogmas ou as crenças que separam hoje as diversas religiões, com a correlata introdução de uma mota! permissivista, que importe na supressão de todos os preceitos? E ainda por firn - a instauração de uma estruturação eclesiástica horizontal e simplificada, que confira ao povo a missão dirigente, até aqui a cargo da Hierarquia? · Se fizermos estas perguntas à primeira pessoa genuinamente alfabetizada que encontrarmos pe1a rua, provavelmente ela hesitará, emitirá respostas incompletas e contraditórias, e terminará por dizer que não sabe bem. Pois nesta confusão está - penso eu - a, grande maioria de nosso público. O mais das vezes, só especialistas estão cm condições de responder. à pergunta com toda a clarc-~a. Mas estes - a triste experiência o mostra - evitam quase sempre ser claros. Os antiprogressistas, por medo: sabem que uma resposta límpida e corajosa lhes atrairá sobre a cabeça uma chuva de fósforos acesos, ou de canivetes de ponta para baixo. Os progressistas, por prudência. Não lhes convém a clareza, pois a obra das trevas só nas trevas encontra condições para medrar. E assim, a grande maioria continua desinformada, hesitante, confusa. Con1 vantagem, evidentemente, para o progressismo ...

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••• As perguntas com que iniciei este artigo, nem sequer se costuma apresentá-las coni tanta precisão. A razão disto não é difícil de encontrar. Com efeito, basta que sejam analisadas com atenção pelos espíritos mais cultivados e penetrantes, para que a resposta surja, neles, espontânea e límpida como um jorro de luz. Realmente, não há que decidir se o progressismo é uma corrente de um ou de outro tipo. O "ideal" temporal, que de início mencionei, e o "ideal" religioso se postulam reciprocamente. Um é o corolário necessário do outro. Quem aspira à república universal igualitária, tem a alma forçosamente propensa para a religião universal igualitária. E reciprocamente. impossível a uma corrente de pensamento e de ação, aceitando uma dessas duas bandeiras, não empunhar ao mesmo tempo a outra. Atuando no campo político, tal corrente produzirá automaticamente reflexos no campo religioso. E vice-versa. Assim, o progressismo não é só sócio-econôm.ico ou só teológico-filosófico. Pela própria natureza das coisas, ele é forçosamente uma coisa e outra.

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Isto posto, outro tema sobre o qual o grande público tem urna noção das mais vagas, também se csclârece. o do misterioso processo de "aulodemoliçã<>" da Igreja, de que falou certa vez Paulo VI ( 1) - Como pode a Igreja· imortal ser sujeita a um processo de autodemolição? No que consiste ele? pergunta-se muita gente. - O Pontífice não o disse. Mas já agora, em função do que acabamos de ver, a resposta é iniludível. Essa demolição consiste na penetração velhaca, silenciosa, torrencial,

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1) Discurso a mestres e alunos do Seminário Lombardo de Roma, em 7 de dezembro de 1968. .

solapadora, da, influência modernista nos meios católicos. Tal influência vi.sa substituir neles a fidelidade a uma Igreja única, hierárquica, mestra infalível da verdade e do bem, em luta incessante contra os cismas e as heresias, mantenedora de preceitos morais austeros e imutáveis, pela adesão a uma Igreja sem dogmas nem hierarquia, aberta a todos os erros como a todas as verdades, e en1 paz com· todos os cismas e todas as heresias. A influência progressista visa também extirpar da alma dos fiéis o ideal tradicional da civilização cristã, projeção temporal do próprio conceito de Igreja Católica, substituindo-o pelo "ideal" de uma Hcivi1ização1> comunista mais ou rnenos velada.

E essa demolição merece ser chamada autodemolição, na medida em que é levada a cabo pelos próprios filhos da Igreja , clérigos ou leigos. Se tudo isto fosse dito e explicado, não nos exíguos limites de um artigo de jornal, mas em um livro sério, que expusesse e refutasse as principais dentre as teses que formam o conteúdo doutrinário do progressismo - um livro documentado, completo, atraente e acessível que imenso bem daí adviria para o Brasil!

••• Com uma capa nobremente episcopal - báculo dourado sobre fundo de brocado vermelho - este livro providencial acaba de sair a lume. Não temendo nem os fósforos acesos, nem a chuva de canivetes, escreveu-ó D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos: o Prelado que a imprensa diária, tratando da recente reunião de Bispos em I taipava, qualificava, a justo título, de "o Bispo ma.is conservador do Brasil". O nome de D. Mayer é mencionado com admiração e respeito por todos quantos, nas últimas décadas, vêm acompanhando de perto o desenvolvimento da crise progressista no Brasil. O valor intelectual do personagem, a profundidade de seus pensamentos, a coragem de suas atitudes, não permitiam que tão grande vulto passasse despercebido. Entretanto, o que nem todos sabem: é que as obras de D. Mayer, traduzidas em vários idiomas, lhe granjearam fora de nosso País uma larga reputação. A tal ponto que na Europa como nas duas Américas há hoje gente que fita a Diocese de Campos como o paraíso dos que querem conservar bem erguido o pendão glorioso da luta contra o progressismo. Desde 1950 até nossos dias, D. Antonio de Castro Mayer vem publicando impressionantes documentos sobre os vários aspectos desta velada ofensiva da religião universal e da república universal nos meios católicos. Se sua grande voz tivesse sido ouvida como merece, o País não teda sofrido os abalos perigosos a que o criptocomunismo católico o expôs. E nosso horizonte ideológico não estaria tão vergonhosamente poluído como nestes dias, marcados entretanto por um promissor progresso ecor;tômico. Reunindo em um volume intitulado "Por wn Cristianismo Autêntico" (Editora Vera Cruz, São Paulo, 1971), nove Cartas Pastorais, uma Instrução Pastoral e uma Circular, D. Antonio de Castro Mayer acaba de tomar uma medida de grande· alcance para remediar os males que sua voz procurou evitar. Recomendo ao leitor que se muna desta obra, a qual não pode faltar em sua biblioteca. Aconselho-o a que vá diretamente ao opulento índice alfabético de matérias, na página 383 e seguintes-. Nele verá o elenco de todas as questões que o precupam, juntamente com as indicações de onde encontrar, no livro, a solução. Esta, enunciada sempre com clareza lapidar, farta erudição, lógica robusta e, sobretudo, ortodoxia imaculada, ajudá-lo--á a passar, com a alma ilesa, pela atmosfera fuliginosa e deteriorada do mundo contemporâneo.

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Verdades esquecidas

TEM CULPA PELA PERDIÇÃO DO MAU QUEM DESCURA REPREENDÊ-LO De A CIDAOIJ OE DEUS (livro 1, cap. IX):

M SEMELHANTE calamidade pública [a queda de Roma cm poder dos barbaros) , que sofreram os cristãos que, 110 tocante à fé, não reverta em seu progresso? Se, antes de 111ais

E

nada, pensasse,n humildcn1e11te e111 seus pecados, de q11e a cólera divina se vinga, eirchendo o mundo de espa11tosas catástrofes, embora m11ito longe de serem crinrirrosos. dissol11tos 011 í,11pios, julgar-se-ianr de tal modo isentos de c11lpa, que não tivessem necessidade de expiá-la por meio ,ie alguma pena temporal? Dado não haver fiéis c11ja vida, por irrepreensível que seja, às vezes não ceda aos instintos ctznulis e, sen1 tombar na enonnidade do crinre, 110 abismo da libertinagem, 11ão se aba11do11e a certos pecados. raros ou cometidos com freqüência inversanrente proporcional à gravidade, onde encontrar quem, diante de tais 111011stros de avareza, orgul/ro e 111.níria, c11ja iniqiii,lade, c11ja impiedade execrável co11srra11ge Deus a flagelar a terra, co11for11re ,mtiga ameaça, quem, volto ,, perguntar, seja pera~re eles o d~ve e cont eles convrva co1110 e preciso conviver co111 se111elhantes almas? Quando se trata de esclarecê-los,

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censurtí../os e, n1esmo. repreendê-los e corrigi-los, com bastante freqiiérrcit, funesta dissirnult1çiío nos detéln, ou preguiçosa indiferença, 011 respeito h11ma110 incapaz de afrontar alguém já de si perturbado, 011 temor a ressenrimentos que r,oderiam causar-nos prej11izo e ,,,ej11dicar-11os 110 tocanre a esses bens 1en1porais cuja posse 11ossa cu11i</ez cobiça, c11ja perda nossa fraqueza receia. E,nbora tJS pessoas de be111 odeie,11 a vida do mau, e tal aversão as (>reserve do ,,bismo que espera as réprol>os ,; .taida desre 1111111do, essa fraqueza ind11lge11re com as morwis iniqiiidades, por m<'<IO a · re(lresálias contra as próprias faltas (faltas leves e ve11iais, diga-Se de passagem), essa fraqueza, salva da eternidade dos suplícios, é de justiça que seja com o çri111e castigada pelos flagelos te,11porail·, é de justiça que, no envio providencial das aflições, sinra o anwrgor da vida que, en1hrfagm, .. do-a com doçuras, a dissuadiu de oferecer aos ,11a11s a u,ça de salutar anwrgura.

Se, todt1vit1, a reprimenda e correção dos pecadores forem rransf eridas para época mais favorável, no interesse deles mesmos, de n1edo a que se tornem viores ou i111peç(l}n a iniciação dos fracos nas práticas da piedade e da virtude, oprimindo-os, desviando-os da fé, 11esse caso já não se trata de c11pit/ez, e sim de prudéncia e caridade. O

mal reside e,n que ,,queles cujc, vida testemu11/w profundo horr<>r aos exemplos dos maus ,,011pe111 os pecados dos irmãos, porque /Ires receian, a inimizade, porque te111e111 ser lesatlos e111 interesses, é verdade que legíti111os, mas denwsiado ca· ros a hon,ens e,n viage,n neste mwulo, guiados pela espermrça na pátria celeste. Não é, con, efeito.

[ 4

somente dos mais fracos, integrados na vida conjugal, co111 filhos 011 desejosos de tê-los, pais e chefes ,le familia [ ... ] , não é somente deles que o runor a certos bens temporais 011 terrestres, cuja posse ou perda lhes é dolorosa em demasia, tira a coragem de afrontar o ódio dos homens cuja vida criminosa e infame detestam. Os próprios fiéis, elevados a gra11 superior de vida, li vres do vínculo conjugal, sóbrios 110 comer e 110 vestir, sacrificam muito freqiie11t<!n1ente il reputação, <l segurança, quando, para evitare,11 os ardis 011 a violência dos maus, se ahstêm de censurá-los e, sem se deixarem intimidar por ameaças, por mafa· terríveis que sejam, até o extremo de lhes seguirem os sinistros exemplos, não se abalançanr, porém, " repreender o que se recusariam a i111itar. Talvez salvassem muitos, se cumprissem o dever de re11rochar, que deixam ceder ao me,lo de expor a reputação e a vida; iá 11ão se trata, agora, da prudência que antbas ,nanté,n en, reserva para i11srr11çiío do próximo, ,nas de, fraq11ez(l que se compraz em P"lavras lisonjeira.r e ,w falsa !f!Z· d<>s julgamentos hwnanos, receia a 01>i11ião do mwu/o, os ·sofrimentos e a ,norte da carne, fraqueza agrilhoada pela cupidez e não por d ever de caridade. Eis porq11e ( e parece-me razão m11ito forte). quando apraz a Deus p1111ir a corr11pção dol: homens co~n 1,enas mesmo temporais. <>s bons sao castigados de 111ist11ra co,~ os maus, castigados co,110 eles, 11ao por viverem como eles, 1nas /Jór gostarem com eles, e111/Jora ,nenos, da vicia temporal que deveriam · des1>rezar. Graças a tal desprezo, suas reprimendas possivelmente c:onseguiria11, a vida eterna p<ira os maus. Se não pudesse111 tê-los como companheiros nos caminhos da salvação, pelo me11os saberiam suportá-los e amá-los como inimigos, ,,ois, enquanto vive111, a gente se,npre ignora se podem 011 11ão nmdar para 111elhor. Mais culpados ainda aqueles a q11em pela boca do Pro/era se diz: ·•Esse honrem ,norrerá enr seu pecado, 111as de sua vida pedirei conras a quem deve olhar por ele". Com efeito, as atalaias, os pasrores dos povos não sâo co11srit11ídos na Igreja senâo ,,ara tratar os pecados com inflexivel rigor; mas, embora estranho ao santo ministério, não é por complet<> isento de falta o fiel que vê muito a repreender nus que lhe estão ligados por laços sociais e. nâo obswnre, lhes poupa advertência ou cen~ura, por medo

a que seu ressenti,nento o perturbe

Revmo. Pe, J osé Trombert, Sêrro (MG): " Interessa-me muito continuar a receber essa folhà. Com minha

amizade ao pessoal de CATOLICISMO e minhas bênçõcs ao benemérito órgão do pensamento católico".

1

Pátria. rezamos pelo nosso Brasil".

Sr. L. S. S., Siio Paulo (SP):

··o'

lodos os números. Gostaria que se

8ulletin du Cercle d"lnformation Civiquc e! Sociale - CICES··. que desde 1964 vinha informando com clareza e exatidão o público católico não só da França, mas de vários países dos quarro continentes. acaba de fazer fusão com a revista, também francesa, "Nouvelles de Chrétienté". Esra última. dedicada sobretudo a

voltasse a publicar maior quantidade

questões ligadas

de artigos doutrinários reli.giosos'.

1952. Em sua nova face "CICES-CIVITEC" (7 , rue de la Santé, Paris)

Da. Claudina Zor,ethig ChuUe, Jundia.í (SP): '"Gosto muilo [de CATOLICISMO] . Acho interessante e necessária esta leitura". Sr. Carlos Aguilar, Santos (SP):

"Leio [CATOLICISMO] desde o primeiro número e continuo apreciando

Associação dos Ex-Aviadores Poloncses n-o Bra~u, cm carta assinada pelos Srs. Tomasz Rzyski, Presidente, e Kazimierz 1 Sienkiewicz, Se,crctário, São Paulo (SP): "Em nome de nossa

Sociedade desejamos agradecer a contínua remessa do CATOLICISMO. Cada exemplar é lido por nós e por vários sócios de nossa Associação com muito interesse.

Queremos salientar que muito apreciamos o CATOLICISMO especialmente por sua contínua luta contra o comunismo, que infelizmente ocupa a nossa pátria Polunia e que

a todo momento e sob vários disfarces infiltra-se nos meios cat61icos, ameaçando seriamente os tradicionais e milenares cultura e credo, tornando-se 8S$im um perigo ao Brasil e

à liturgia, surgiu em

uma fé segura, ou aliás. falta de orientações básicas sobre a nossa san•

ta Religião. [ ... ] Sei quanto o CATOLICISMO tem coragem, e esses dencdados esforços, creio não

serão

perdidos. Pois se Cristo disse que não ficaria .sem recompensa um copo d'água dado cm seu nome, bem maior serã a recompensa da bebida espiritual que saciará aquela sede dEle pendente da Cruz. Sou admira-

lura do Jornal CATOLICISMO, que, tão amavelmente, nos viado".

tem sido

\!11•

00

CATOLICISMO e para que não haja desânimo, lembramos a "Medilação"

uso cm falar e escrever; mas recentemente estive cm Fátima, Portugal. e aperfeiçoei-me um pouco na língua

não apanhamos nada: porém, sobre a tua palavra lançarei a rede".

que estudei depois de completar o meu curso em inA,lês. De vez em quando li excelentes artigos da Slla revista transcritos nas revistas de Portugal e até traduzi um sobre o ''Catecismo Francês... pois

nestas regiões há muitos Padres fran-

Mas o meu principal fim de lhe escrever esta é a pedir a permuta com a nossa revist~ "Ràlly'', editada por mim e publicada pela igreja de S. José [ .. . ]. Não lenho aqui o vosso endereço mas o Sr. José Lúcio de Ara,,jo Corrêa na "lmmacu lata'', uma revista cm inglês publicada pelos Franciscanos en, Kênosha, EUA, faz a excelente referência à direção do CATOL(CIS·

nos corações de muitos que não têm

municar que muito apreciamos a lei-

cerrar o ano: - S. Lucas 5, 5 "E, respondendo Simão, disse-Lhe: Mestre. lrabalhamos toda a noite e

tal tenho sentido o benefício que êsse

bem dos cristãos de boa vontade, que felizmente ainda existem. Quantas dúvidas muitos jornais têm semeado

Dr. A. Waldemar 1'eíxeiru, Presidente da Direção do Instituto de Angola, Luanda (Angola África Portuguesa): "Temos o prazer de co-

em português porque creio que seja difícil na sua repartição ler e escrever cm inglês, a principal língua que

landês", de modo que as doutrinas er• rôneas penetraram-se no nosso meio tarnbém.

lável. Oxalá que as bênçãos santas

que não conhecia e me mereceram o maior interesse".

dos Vicentinos desta cidade, ao en-

Da. Odette Martins Rêgo, Belo Horizonte (MG): ··sou católica pralicantc, e graças ao bom Deus, como

d~ Divino E~oíri•o continuem para

Da. Gina H. 1'h. Pereira, Lisboa (Portugal): "Muito agradeço também, os exemplares do CATOLIC ISMO

Sr. Caetano X. Furtado, Singapura (Singapura): "Atrevo-me a escrever

ção inglesa do ..Novo Catecismo Ho-

conhecimento, um benefício inigua-

paro (SP): .. Quero-o [a CATOLICISMO] assim como é".

apresenta aos leitores com uma capa original e muito atraente...

se

a todo o mundo livre".

jornal faz ou fará aos que dele têm

S• Wá•ter Sérgio Pozzebon, Am-

Sr. Carlos Olyntho Seffrin, Santa Maria (RS): Estamos plenamente de acordo com a 61ima apresentação de

ceses e muitas pessoas utilizam a cdi·

MO como um mendrio contra-revolucionário sob o patrocínio do D. Castro Mayer. Bispo de Campos, dizendo-nos que esse Prelado é corajoso e um teólogo de alio mérito e admirado enrre os teólogos de Amé, rica do Sul"', •

Atendemos. com muito gosto,

Sr. João Neves Carneiro, S-ão Carlos (SP): Cumpro o dever de rrazer a CATOLICISMO, aos seus ilustres diretores e brilhantes colaborndc>rcs os meus mais entusiásticos aplausos e a minha abolula solidariedade pelo edificante e consrante trabalho 00

que vêm desenvolvendo, numa luta invicta e gloriosa em favor da Igreja

Católica e dos seus eternos princípios. bem como pelos incansáveis esforços que vêm empreendendo pela preservação da fé, da moral e dos costu· mes cristãos, hoje seriamente an,eaçados. numa sociedade materialista,

que se afasta de Cristo. marchando, nos paise.s do Ocidente, inconsciente e alegremente para o suicídio, com a conivência de muitos daque1cs que

1êm a obrigação de advertir, dos púlpitos, sobre os graves perigos dos tempos atuais.

Parabéns a CATOLICISMO e ao seu magnífico grupo dirigcnle e rc..

datorial. Faço votos para que continue, com o mesmo zelo verdadeiramente exemplar, a combater em favor da eterna doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo, apontando sempre,

como até aqui. valorosa e corajosa3.S heresias e demais aros que profanam a Igreja Católica,

mente os erros,

atos que vêm sendo ostensivamente

dora e leitora assídua do seu jornal''.

o pedido de permuta.

praticados por v_e ndilhões do Templo··.

Revmo. Pe. Godofrcdo Schmicder, S. J., Salvador do Sul (RS): ""Alé

Nissa. Mas já estes tiveram que lulor contra a corrente de clérigos esquer-

agora estranhei muitas ve·zes que a sua revista se canse canto em refu-

distas, que pretendiam 1rans{ormar a

rar as heresias dos católicos progressisras··. Depois de aduzir as razões de sua estranheza - S. Revma. prevê que a moda do progressismo pas-

gressista -

!ou decidido, escreve Gregório de Nazianzo, a evitar a assistência a qualquer reunião de Bispos. Não conheço nenhum exemplo de que urn Sínodo um dia tenho obtido bons resultados·. ( ... ] Crisóstomo vai tão

sará por si mesma, sem que haja ne-

cessidade de combatê-la, e acredita que com as inovações progressistas estejam misturados elementos do ver-

dadeiro progresso que há de vir rnais tarde - prossegue o Revmo. Padre: "Todavia, para fazer jus à orientação do CATOLICISMO devo admitir o que segue: nos meus recentes estudos de semelhantes épocas de decadência e de relaxamenro do espirito militante na nossa I greja Militante na terra, os

110s bens de que faz legitimo e111vrego, ,nas com ilegítinw apra1..i111e11to do coração. Outra causa de serem as pessoas d e bem submeti- "'progressistas" efetivamente desapadas aos flagelos remporais (16 serve receram sempre dentro de pouco de exemplo) é querer o Senhor re- tempo, mas apenas depois de terem velar ao espírito h11ma110 a força de destruído muitos valores que nunca mais se recuperaram. Por exemplo, a s11a piedade e permitir ao homem Igreja Oriental tinha o seu apogeu de111onstrar o mnor desinteressado nos dias dos Santos Padres da Igreja que Lhe tem. [" A C idade de Deus", chamados os três Grandes Capadórradução de Oscar Paes Leme, in- cios, São João Crisóstomo. São Gretrodução do Pe. Riolando Azzi, gório de Na1,ian,..o e São Gregório de S. D. B., Editora das Américas, São Paulo, 1964, pp. 64-67).

SANTO AGOSTINHO

Sr. Oswaldo Matos Vieira, Passo Fundo (RS): "Salve o CATOLICISMO que luta mesmo pelos ideais da

Igreja num parrido polílico - pro, socializante. com a fina• !idade de tirar o dinheiro dos ricos e de o distribuir à 10a entre os pobres. Ora, a fama dos três santos Gran· des Capadócios sobrevive glori<>samente e os seus adversários esquerdistas ficaram no anonimato. Contudo

a Igreja Oriental nunca mais se .rc, cuperou dos estragos que fizeram. Nunca mais houve sucessores do alto nível dos três Capadócios. A vida religiosa não se reanimou e não er:t

capaz de resistir à destruição pelos maometanos. Os progressistas mata· ram o I mpério cristão de Bizâncio. Encontramos um bom resumo d"ísto, de fonte insuspeita e não cató·

1ica, na obra da autora Treya Srnrk º"Rome on the Euphrates·'; lemos ali

Jôngc, na sua desconfiança contra o

Clero. que recomenda aos ricos que não aceitem nenhum clérigo como

distribuidor de esmolas. "Trata•se, portanto, menos de uma cristianiz...'\ção genuína da sociedade. mas antes de uma reviravolta social dentro de uma ordem que tinha alargado imensamente o abismo

entre os pobres e ricos. Esta revolução não melhorou a situação. a corrupção dos costumes continuava cotr10

tinha sido. e mesmo a onda- de

esmolas de caridade. que a Igreja. transformada aos poucos no maior

proprietário de terras no Império, espalhava a esmo. não conseguiu miti-

Cruz": "Amiúde os Bispos, inclusive antigos escravos e- eunucos que se

gar a pobreza. Esta revolução destruiu apenas l ... ]. Com os Santos Padres gregos terminaram as vozes

contavam entre eles, ascenderam por

dos verdadeiros cristãos no Oriente.

aios de violência. e sem preparação espiritual. aos seus altos cargos...Es.

1966º'.

no

capítulo

sobre

i.oomínio

da

f •.. )'" ("Rome on the Euphrates··.


---· • NostrÍ Jesu ChrÍstÍ PassÍo D OIIIIDI

1 •

ASSIO DOMINI Nostri Jesu Christi. Era noite, noite fria e trevosa. Acorda -p alácio dos Pontífices para a iniqliidadc de um julgamento em que é réu a inocência, testemunha a ingratidão, defensor ninguém, juiz a hipocrisia rcfalsada. Diante de Anás, Pontífice destronado ·porém legítimo, saduceu infestado de astúcia e crueldade, Jesus está de pé, calmo, sereno, tranqüilo. No entanto, E le sofre intimamente. sofre do abandono dos seus discípulos, da frouxidão e cobardia dos amigos que mais provas de amor lhe haviam merecido (S. Thom.). Realir.ava-se. à letra, a palavra do Profeta: Corridos de medo e de vergonha, como cle wna crituura abomindvel, abandonaram-Me os amigos, pa.. rentes e conhecidos (Ps. 87, 9). Humilhante e penoso, era a1iás providência

P

divina o insulamento de Jesus cm tão angus-

tiosa circunstân.c ia. Como ninguém lhe .p odia ser equiparado cm natureza nota São Jerônimo - ninguém devia ser associado ao seu sacrifício. Só Jesus é vítima bastanle a rc CC'nciliar o mundo. Como s6 E le tivern forças para orar por todos os homens. s6 Ele por lodos devia sofrer e morrer (S. Jer., Comm. in Math.) . Como um cordeiro conduzido ao matadouro (Is. 53. 7 ) , sem resistências, sem um único lamento, um quê de sobrenatural lhe punha, na fisionomia simpática e eisn\adora. um h:110 de majestade que assornbrava o seu algoz. Inspirador principal de roda esta tragédia (cf. J. Olivier, La Passion, p. 149), o velho Pontífice reclamara para si as primícias do triunfo. buscando cnlear o acusado nas mri lhas de um interrogatório preliminar, possivelmente compro1nctc<lor. Imaginava êle, ou fingia. talvez, acreditar que era Jesus um dos chefes prestigiados das seitas secretas. mais ou menos fanáticas, mais ou menos nacionalistas, incubadas no seio do povo dcscontl.!nle e oprim ido, como um germe de revolta prestes a cs1ourar na reivindicação de liberdades conculcadas (ibid ., p. 141 ). Essênios, zelotes ou hcrodianos, malsinados de fatalismo e de veleidades pa1ri61icas, eram esses puritanos ião odiosos aos doutores dá Lcit q uanto suspeitos i, autoridade de César (S. Joan. Crys., Hom. 82 in Joan.). O lance cm seguro. A confissão do crime era o abismo, era a morte, era o ó dio s:uisfeito, era o triunfo, .. Contava demais o vc.. lho raposo com as artimanhas da sua astúcia; não contava, porém, com a segurança da inocência. Enqtrndrado na barba branca dos patriarcas de Aarão, reservado e gravemente ~evcro, na penumbra indecisa que lhe releva o brilho sinistro dos olhos íelinos, indaga o Pon1íficc do n(,mero, qualidade e paradeiro dos discípulos de Jesus e do teo r da sua doutrina (Joan. 18, 19) . ·ÜS discípulos estavarn fora de causa desde que o Mestre, no Jardim das Oliveiras. Se entregara à discrição dos esbirros. Se " Mim procurais - dissera Ele - deixai que estes outros se rctlrcnl'J em paz (Joan. 1S, S), e a palavra de Jesus é uma palavra de ordem. é inconll'astávcl. Sobre esses homens, ora tímidos e homiziados, deveria repousar o edifício da. Igreja. e Jesus lhe protege os fundamentos, 4

O texto publicado nesta página foi extraído do sermão pregado por D. Duarte Leopoldo e Silva na Sexta-Feira Santa de 1917, na Catedral Provisória de São Paulo. D. Duarte (1867-1938) foi o primeiro ArcebisP.O paulopolitano. Orador insigne e profundo conhecedor das Sagradas Escrituras, scUs sermões da Paixão ficaram famosos pela riqueza do pensamento e pela perfeição do estilo.

subtràindo..os à cólera dos seus inimigos. Sobre os d iscípulos, por1an101 silêncio absoluto. Mas a sua doutrina era um fato público. O caráter do Cristianismo é a publicidade, e nessa publicidade há tanta luz - luz tão suave e tão intensa, q ue se acomoda a todas as inteligências. O que falta ao incrédulo não é luz, mas amor da verdade - da verdade que, ainda lhe entrando pelos olhos dentro, o não converte quando se lhe opõem os demandos do coração. Mansamente, mas com firmeza, rcspondcu.. Jhc Jesus: Eu /alei publicamente ao mundo. Ensinei no Templo e nas sirU1gogas, mule se reunem os judeus. Nada tlisse em segre,lo. Por que, pois, Me interrogas a Mjm? Pergunta aos que M e ouvirmn o que lhes Et1 e11si11el. Todo,,; esses que atJui Me• ouvem bem .rabe,n o que lhes disse Eu (Joan. 18, 20-2!). Invocava Jesus. mais que o testemunho dos discípulos, o depoimento dos seus inimigos, cios doutores da Lei que tanta vez O tinham argiiido, dos servos da Sinagoga enviados a contrastar a sua doutrina. Testemunho de ouvintes mal intencionados - comenta São João Crisóstomo - crà a demonstração inalterável da verdade (S. Joan. Crys., Horn. 82 in Joan.). Pareceu a Teofilato que a honra desse primeiro interrogatório foi conferida ao Pontífice destronado, não tanto por se lhe deixar hediondo pasto i, vista das humilhações do prisioneiro, como porque. 1endo ele envelhecido na maldade. era de esperar lhe acudissem meios de atrair mais facilmente. à desejada condenação (Teof., Com. in Joan.). Com.o quer que seja, Anás se encontrou desnorteado à inesperada resposta de Jesus. Ero cvidcnle o embaraço do Ponríficc, - situação lanto mais penosa quanto mais profundo era o silêncio. Ocorre. porém, a um subaherno - uma dessas almas de capacho, sempre postas aos pés dos poderosos - dar cabo ao incidente. vibrando uma bofetada na face de J esus: A~·sim é <J11e respondes ao Po111i/fr:e? (Joan. 18. 22). Cumpria-se a 1>alavra do Profe ta J6: Perirtm,~Me na face e sm:iar.tmJ se das minlú,s dores (Job l 6, 11 ). Se mal f'lllei - replica Jesus com admirável doçura - c/ize-me em quê. Se pelo contrário, por que Me feres? (Joan. 18, 23). Scm,clhantcs excessos eram scvernmcnie proibidos pela Lei, que cominava a multa de duzcnco.S dinheiros contra o que ousasse esbofetear ao seu próximo, sendo a pena cm dobro quando a injúria era infligida com as costas da mão (Bava Rama, c. 8, cf, H. Lesclre, L'J:,vangile expliqué, l. 4, p. 295, nora). Mas contra esse réu indefeso tudo era permitido. Conturbaram-se as potências celestes ....:. clarna Santo Agostinho -- vclnram os Anjos a sua face (S. Agosl., Scrn,. de Pass. ), mas o Po ntífice não protestou. Aqui pergunta, admirado, o Doutor da Graça. corno não ofereceu Jesus a oulra face a quem rão duramente o afrontava. Ele que jam;-ii:í ditou preceito que primeiro o não praticasse (S. Agost., Tracl. 13, in Joan.). Mais longe, m:uito mais longe foi ainda o Senhor. Nessa mesma noite. nessa mesma e.asa, logo depois do Pre16rio, em todo o decurso da Paixão, ofereceu Jesus, não somente a outra face, mas todo o seu corpo santíssimo às injúrias dos seus inim igos ( ibid.), e com tanta largueza, tão abandonadamentc, que o fiz.eram todo cm uma chaga única. da planta dos pés à cabeça (Is. 1, 6). Oulra razão ainda. Acusado de haver faltado ao respeito devido à dignidade sacerdotal, Jesus não podia calar-se, sem que lhe pesasse na memória a tacha de impiedade. Em tal emergência, oferecer a outra face il bofetada do servo desumano era confessar a falta - viderctur culpam agnosccre - ern consentir, pelo menos, numa suspeita contra a sua santidade iníinita (Corn. a Lap.). Por isso Jesus replica mansamente. mansamente convcrccndo o seu algoz. 4

S im. Esse servo indigno, é tradição dos Santos Padres. era o mesmo Malco, a quem o Senhor. no Jardim das O liveiras, havia restituído a orelha cerceada pelo g ládio de Pedro. Malco não se rendera então a um milagre da onipotência divina; converte-se agora a um mi• lagre da paciência de Jesus. Judiciosamente observa Santo Tomás que essa conversão era inevitável, porque não faz Deus obras, i°'pcrfcitas, inacabada$. Curando os males do corpo, visava Jesus principalmente os males da alma. Esse era o fim a que m iravam os seus milagres, que não a simples cura de males temporais, males que, longe de se oporem à salvação da alma, muita vez a pre· param e promovem eficaz.mente. A im1pic<ladc de Malco resiste um instante, à onipotência d ivina que tem por só barreira a liberdade da vontade humana; bem era que se rendesse, por fim, à doçura de quem s6 conhece por limites à sua m isericórdia o endurecimento do coração impenitente (S. Thom., pari. 3, quest. 44, art. 3). E Malco se converteu. E Malco tornou-se um santo! E seríamos nós. mais do que ele, insensíveis às doçuras de Jesus! ... Oh não : que o Senhor sofreu tão dura afronta, diante dos homens, por apagar nos a vergonha que devêramos sentir d iante de Deus. Essa bofetada recebida da mão dos pecadores pelo Filho puríssimo de Maria lmact:lada, é uma bofetada expiatória, é um salvo conduto - afirma São Cirilo - con1 que poderemos apresentar-nos diante do tribunal de Deus. No instante cm que Jesus aceitava, em sua pessoa e por nosso amor. a afronta mais cruel. nesse · mesmo ins1antc apagava.nos da fronte a ignomínia do pecado, o rubor da nossa face, o remorso que nos deveria pungir o coração (S. Cyri l., l ib. XI, in Joan.). Se, pois, a recordação das nossas faltas, a consciência da nossa ingratidão e maldade nos faz vacilar n,a esperança do perdão, humi1hcmo--nos d iante de Je.sus humilhado; ergamos o nosso coração à altura do seu Coração, e exclamemos, com. sinceridade e coníiançn: Sc nhor! Não sou digno sequer do vosso o lhar. Mas considerai, Senhor. considerai a face do vosso divino Filho impressa de uma bofetada cruel e afrontosa. Pelos merecimentos dns suas ignomínias, apagai as minhas ignomínias. Pel:l face de Jesus, coberta 'de vergonha, apagai as minhas vergonhas, restituí-me a vossa confiança, a vossa benevolência, o vosso amor. Protector noster adspice Deus; er respicc i11 faciem Chrisri tui (Psalm. 83, 10). 4

4

+ Passio Domini No.ttri Jesu Christi.

desse tribunal tumultuário, onde o único 1110cente é. sem dúvida, o acusado. De um lado os saduceus, chefiados por Anás, sobre quem recai, de justiça, a responsabil idade do deicidio, como principal instigador do assassínio jurídico que se ia consumar (Olivier, ibid.). Acostava-se-lhe a grei sacerdotal, seguida dos anciãos, como ao mais hábil cm assegurar-lhe pomposa hegemonia e abundantes cabedais. Raça de víborns, progenies viperarum, chamou-lhes Jesus ( Mar. 3. 7) a esses materialistas encapados de liberalismo. Pretendendo que a imortalidade da alma e a vida futura não vinham claramente expressas nos Livros santos, rejeitavam essa crença com zombarias de que o Evangelho nos conservou a lembrança. Severas e duras eram, de ordi· nárío, as suas sentenças, sendo certo, como observa. Montesquieu , que a moleza de costumes é sempre vizinha da ferocidade. Enchiam-lhes os cuidados os gozos tão só da vida presente, e a Providência seria uma hábil invenção para lhes pagar, cm bens ter· rcstres. atrevimentos e audácias decorados com o santo nome de virtude. E nfim, para o povo que lhes sofria o jugo pesado e violen10. saduccu cm sinônimo de ceticismo e licenciosidade (cf. Olivier, p. 112). Entre juízes cais - o ntem con,o hoje, na vida pública ou particular, nas camadas populares ou nas exuberâncias da opulência Jesus não pode ter amigos. De outro lado cerravam fileira os fariseus, ordinariamente recrutados cnlrc os escribas e doutores da lei. Aceitando a imortalidade da alma, acoimados de fatalistas e simpáticos à mctempsicose, 1inham idéias mais ou menos falsas sobre a .Providência e a vida eterna. A lei de Moisés era revelada, mas o próprio .Deus nada lhe podia acrescentar, - o que os não impedia de a sobrecarregarem, t, sua conta, de práticas absurdas e supersliciosas. agravadas de uma austeridade feroz. Deles disse Jesus. que, a si e aos our ros, fechavam, o porta do céu (Mal. 23, 13), e um comentador observo11 que não era prudente zombor de semelhantes malucos (cf. Olivier, ibid.). . Patriotas exaltados, conquistaram os fan .. seus o favor popular . como era dos saduccus o partido dos intelectuais e poderosos. Uns e outros, odiando-se mutuamente, ameaçados pelo inimigo comum, uniam-se agora ,,o mesmo pensomento de vingança. E com razão. O látego que expulsara do Templo os mercadores instalados pelos saduccus sangrara ao mesmo tempo os ombros ~os fariseus presentes à execução. As revclaçoes escritas sobre a areia. pelo dedo do Mestre, não distinguiram entre os acusadores da mu lhcr adúltera. As maldições lançadas contra os sepulcros caiados, cont ra os escribas e /,1 tiseus hip6cri1as, haviam atingido a face dos Pontífices. Reunidos. pois, na injúria, reuniram ..se lO· dos na vingança con1ra o Senhor e contra o seu Cristo: Convencnmt in ,mum adversus Dó· minum et odversus Cltri.~·tum ejus (cf. Olivier, ibid.). Tol é o conselho que se congrega para julgar a Justiça! .. . Caberia a presidência, de pleno direito, ao velho Gamaliel (cf. Fouard, (..a vie de Jésus Chrisr. t. 2, J), 315 ) , mestre de São Paulo, homem honesto e prudente conselheiro, fariseu bem intencionado, recomendável pela nobreza, eloqüência e integridade de cos(umc.s, a quem os apóstolos deverão a vida quando, 1nais tarde, arrastados à presenc;a do Sinédrio ( Ac1. 5, 34-39). Não era homem para condenar a Jesus. Avocando, pois, a si a d ireção do Sinédrio. o repeliu Caifás dos conselhos da nação; mas a Igreja aco1hcu a sua memória e o venera no dia três de agosto (cf. Olivier, ibid.). José de Arimatéia não es1aria presente. /1011,em bom e justo, segundo São Lucas (Luc. 23, 50), vivendo na esper,mça ,lo reino d~ Deus. segundo São Marcos (Marc. 15, 43), era 4

4

Absol~11amente seguro da J>r6xima desforra, o velho t ,gre que era Anás aguçava as garras e rangia os dentes, prelibando a volúpia da vitória decisiva. Assim - dissera Daniel assim, far to de sangue e de carnagen,. tripudia o animal fe roz sobre os membros rasgados da vítima imo lada (Dan. 7, 19). Perdido o primeiro lance, compreendendo a inutilidade de um interroga1ório, cm que, de certo, já não levaria a melhor, ordena o Pontífice que o prisioneiro, manie1ado, seja conduzido à presença de Caifás. [ ... ].

P<1ssio Domini Ncstri Jesu Christi. Ao amanhecer daquele dia, convocados pelo Sumo Pontíricc, reuniram-se, de nôvo, os anciãos do povo, os príncipes dos saccrdo1cs. os escribas e doutores da Lei, para dar à con· denação de Jesus, já d efinitivamente assentada, alguma aparência de legalidade (Luc. 22, 66). Era preciso dar feição polít ica f, questão reli· giosa, de modo a poderêITlj a lcançar a ratifica· ção do Procônsul. Importa, 1porém, conhecer a composição

5


CONCtUSÃO

OA PÁG. S

E ELES O CRUCIFICARAM! de origem nobre, go1,ava da confiança do Pro• cônsul e não dera assentimento às deliberações do Sinédrio (Luc. 23, 51). Nicoclemos, doutor em Israel (Joan. 3, 10),

gozes de Santo Estêvão. O juiz, porém, esse

modo, mártir de Jesus, confessando-o cm pre-

libertação ele um condenado à morte { Marc.

deveria rasgar a clâmide à altura do colo, de cima para bniXo, na extensão de um palmo.

IS. 6). Julgou Pilatos favorável a circunstância p:lra arrancar o acusado à sanha dos pon-

bastante r ico, segundo o Talmud, para alimcn ..

para cima, enquanto os assessores davam sal·

sença dos seus maiores inimigos - o que não ousara Pedro arrependido, perante os servos de Caifás; repara o escândalo. restituindo o di· nhciro mal adquirido e, no entanto ... morre

tar a população de Jerusalém, reunia ao brilho da doutrina o fulgor da virtude (cf. Olivier, ibid.). Um e outro, afastados do conselho dos

tos furiosos nas suas poltronas. Essa rasgadura

condenado!

Bom, amável, carinhoso, puro, ino·

hesita, não responde. · Ora. achava-se preso e condenado um Ja. drão insigne. sedicioso e assassino, colhido às mãos da justiça romana cm um levante popu.

ccnte, mas . . . un~ simples homem! Desde aquele dia memorável, em que o Se-

lar. Chamava-se Barrabás. Não. podendo suspeitar que um. ladrão e

nhor, no deserto, prÕmetera instituir a Sagrada .Eucaristia, vira-o o discípulo virgem entre os incrédulos co11hecidos do Mestre, já marcado

assassino lograsse preferência sobre um homem cuja vida fora uma cadeia ele tantos e 1ão assi· nalados benefícios, propõe o Procônsul a es-

Os demais sacerdotes a rasgavall\ de baixo

ímpios, achar-se-ão presentes no Calvário, para

não deveria jamais ser conscrrada, sinal de que não havia perdão para a falta cometida contra a majestade suprema.

prestar ao Crucificado os últimos serviços da piedade cristã. Só Lhe fic.~vam, ao Divino Condenado,

a terrível coima de sepulcros caiados! . .. O Levítico, porém, proibia ao Sumo Pon.

juízes sem entranhas, não juiz.es, senão lobos

vorazes e enfurecidos (Lophen).

Fariseus hipócritas. Bem lhes atirara Jesus tífice o dilacerar os seus ornamentos (Lev. 21. 10), e Caifás, exced~ndo-se no criminoso de-

Por que? Porque esse justo era para ele um simples homem.

tífices, ,propondo ao povo que o amava. a li·

bcrtação de Jesus (Joan. 18, 39). Mas o ~vo

consciência, tirava-lhe o acusado todo pretexto

JcSU$, o Sacerdote étcrno, o Pontífice su·

com o estigma da traição (Joan. 6, 65). Quando Madalena ungira os pés divinos do seu cas1íssimo Esposo, só o discípulo an,ado pudera contemplá-lo, no espelho sem jaça da sua alma

para uma condenação capital. Há um recurso - extremo, é verdade, mas necessário. Erguendo-se ameaçador e convulso, esquecido da dignidade que lhe devera inspirar uns restos de pudor, intima-o Caifás a declarar, cm nome de Deus, se Ele é verdadeiramente o Cristo: Adjuro te per Dcum vivwn, ut <licas 11obis si 111 es Chris111s Filius Dei ( Mal. 26, 63). - Tu <> disseste. Eu o sou.

premo, o conciliador entre Deus e os homens.

puríssima, como um ladrão sacrílego a fingir

aí estava, diante dele, na majestade trnnqüila do sacrifício redentor! O simbolismo do Velho Testall\-ento cedia enfim lugar à realidade plena

caridade para com os pobres (Joan. 12, 6). Pedro: o amor do seu divino Mestre. Assim,

colha entre Jesus e Barrabás (Orig., in Math.). Mal conhecia ele o fundo misterioso das paixões populares ao serviço da caudilhagem audaciosa, sem o contrapeso de um braço enérgico que as norteie para o bem e para a justiça. Despojando-se da sua autoridade, cometendo ao povo mal aconselhado a decisão de uma caus.:'l. cm que lhe compelia pronunciar•sc

e inconcussa .

não era de salvação a sua penitência, mas pc·· nitência de condenado, porque destituída . de

como juiz1 só consegue aincsquinhar·sc, abandonando o inocente aos caprichos da multi-

confiança em Deus. O que o espanta não é

dão (S. August., in Joan.). Sob a inspiração dos seus chefes, prorrompe

O silêncio misterioso de Jesus aterrava. o

Pontífice, desnorteando-lhe os planos. Opondo à calúnia a serenidade inqucbrantávcl da sua

lírio da vingança, rasgara para sempre o saccr·

d6cio judaico (cf. Foôard, Olivier, V. de RauJica) .

+ No entanto, as fanfarras do Templo anun-

vestes sacerdotais, no au,ge da

ciavam a hora do sacrifício matinal. Na bruma da manhã, levemente tocada

ira e do furor, rugiu Caifás: Blasfemou. De

dos pri(neiros raios de sol de abril. subia alguém

que nu1is 11os servem aJ· testemunlws? Que vos parece? E todos clamaram a uma voz.: E réu ,Je ,norte. Reus est 111ortiJ· (Mat. 26, 66).

as escadarias do pavimento interior. Era.lhe

Rasgar as vestes era sinal de luto e de pesar. De um movimento, por vezes espontâneo.

crispadas sob o largo manto. Um infeliz? - Talvez. Há sempre no san-

irreprimível, fizeram os fariseus uma comédia

tuário um) recanto silencioso, docemente propíciV a corações alanceados!. . .

Rasgando

as

ridícula, pretendendo circunscrever a manifestação da dor a fórmulas precisas e determinadas. Os simples fiéis, ao ouvir uma blasfêmia, tapavam os ouvidos, por não terem de rasgar as próprias vestiduras. como o fizeram os ai-

o passo tardo e vacilante, a cabeça avergada como ao peso de uma dor imensa, as mãos

Para além da porta de bronze cruzavam o pavimento, a essa hora quase deserto, os primeiros Padres acorridos ao sacrifício. Rapi. damente, num movimento decisivo e . resoluto, tomou•lhes a dianteira o vulto misterioso imagem do remorso no olhar desvairado, na

face descomposta -

e, estendendo o braço,

rouquejou cm voz sumida, apenas inteligível:

' VI-

Desde julho de 1970 nhamos mantendo inalterado o preço das assinaturas de "Catolicismo". O encarecimento dos custos, ao longo desses dezenove meses, obriga-nos agora a um reajuste. Assim , a pártir de 1<l do corrente , nossa tabela é a que figura abaixo; conservamos inalterado o preço do exemplar avulso.

com aprovaç,~o rck-.siá~Uca

CAMPOS -

EST. DO RIO

D1Rn,-()R

MONS, ANTONIO Rt8~1R0 00 ilOSARIO

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Peccavi, tradens sanguinem juswm. - Pequei e11treg,mdo o sa11gue do Justo (Mat . 27, 4) . Na mão aberta, tinha o desgraçado trinta siclos de prata. Era Judas, Judas o traidor . .. Respondeu-lhe uma gargalhada horrível: Que temos n6s com ÍSJ'o? A rrtmja.ft lá como 111u/eres - Quid ,ui nos? Tu vfrleril· ( ibid.). A estátua do espanto ao pé da imagem da irrisão, não exprimia ao certo a atitude de

Judas, à cachinada brutal dos seus hediondos cúmplices. Esmagava-o a ele a vergonha da traição: e esses homens repulsivos de quem fora cúmplice e instrumento, que lhe tinham

jogado, por salário, o preço ignóbil de um escravo, riam~se agora das rcvollas da sua cons-

o pecado cm si mesmo, mas tão somente as

conseqüências do pecado; não é a ofensa feita a Deus, mas a degradação da sua própria pessoa. Tendo pecado por avareza, arrepende-se .por orgulho. Pecador ou penitente - Judas é ainda e sempre o ídolo de si mesmo (Vent. de Raul., La Passion, t. 2). Penitência perversa, penitência criminosa

- diz São Leão - penitência que atormenta e desespera, porque não nascida do temor de Oeus que justifica e salva (S. Leo, Serm. 5 de Pass.). Não. Não é a grandeza do pecado o que o torna irreparável, senão a afronta que a Deus faz o pecador com desesperar da sua misericórdia, sempre maior, infinitamente maior do que as maiores iniqüidades.

Um só pecado existe sem perdão: a impe;nitência final, o desespero à hora da morte e desse há de preservar-nos a constante fidelidade à graça divina. a amorosa proteção de Maria Santíssima, o sangue inocente do Cor-

deiro imaculado no Santíssimo Sacramento do seu amor.

+ Arrastado pelos Pontífices, comparece Jesus perante o tribunal <le Pilatos. Não foi difícil ao Procônsul compreender todo esse mistério de inveja e de perfídia que o envolveria, também a ele, nas malhas de uma conjuração, ainda mais que iníqua, cobarde e

do inJamantc mercado, prccipitOU·SC como um

raio para os lados do Cédrão. Os pontífices

sempre insubmissos. não trariam os pontífices

viram-no pass.1.r~ mas que lhes in1portava o seu

ao seu tribunal um patriota exaltado que fosse

destino? Preso e condenado, Jesus estava irren1issivclmentc -perdido. Doravante; Judas· lhes era de todo inúlil e, portanto, . . . indiferente. Na fuga precipitada, galgou o miserável meia altura da colina do Ccdrão. Exausto, parou enfim, e olhou à roda. Lá, cm baixo, no fundo do vale, o Getsêmani, o Jardim das Oli-

não iria além das contenções religiosas que dividiam a nação. Julgassem-no, pois, segundo as suas leis (2).

veiras; além a montanha de Sião. o palácio

dos pontífices; de um lado, o Templo ainda majestoso e imponente; de outro a vila de Cai-

fás onde se concertara a traição. E de todos os lados o seu crime, avultando imenso, irrc· mediável, torturante. Desapertando o cinto, prendeu-o ao galho de uma árvore e enforcou-se. E São Lucas acrescenta que as entranhas se lhe rompera·m e se derramaram por terra. Et suspe11sus crepuit 1nedius, et dilfusa sunt onmia viscera ejus

(Act. 1, 18).

+ Poderíamos nós, deveríamos talvez., como

os pontífices, deixá-lo passar. atirando para o esquecimento essa figura de condenado. Mas o pecado de Judas, como o de São Pedro, requer meditação e estudo. Ambos iguais na queda, num só ponto em que diferem, encerram salutar e proveitosa liç,ão (Oli·

vier, ibid.). O Evangelho assinala, com vigoroso laconismo, o arrcpendimenlo e a condenação de

Judas (Mat. 27, 3. ibid. S). Não somente sentiu ele todo o horror da su_a falta, mas a deplorou do íntimo do coração; confessou-a cm público com dor sincera e pungente~ manifestou, em duas palavras, toda

a negrura da sua perfídia; atestando, perante os pontífices,' a inocência de Jesus, a si mesmo se declarou infame, aceitando virtualmente a

audacioso bastante para insurgir.se co~tra ~ autorid.ade de César. O crill\e, se o havia ah,

.Mas a grita ensurdece-o mais e mais, e o

Procônsul recua.

Conhecedor perfeito dessa va_sa_ imunda onde- enxameiam os vermes das pa1xoes populares, não julgara Herodes que lhe merecesse o acusado mais atenções do que esses tipos de rua prestigiados pelas simpatias _do populacho ignorante e fanático. A flagelaçao - pensava Pilatos seria, pois, castigo bastante a satisfazer os clamores estúpidos da inveja e da vingança. . • Não imaginava ou não sabia o Proconsul que O juiz fraco e pusilânime arrasta a mai?r~ e mais irreparáveis injustiças, do que o ~u1z

mau, po~ém firme e resoluto (V. de Rauhca, ibid.). Perseguidor manifesto, subordina as decisões da justiça às indecisões do seu temperamento, acurvando

a

inocência

a multidão em alto brados: Tira.nos a este tia m:>.rsa vista, e entrega-nos 1Jarrab6s (Luc. 23, 18). - Que mal vos Je1, este homem? - Quid e11im mali fccit? (Marc. 15, 14).

Segunda e terceira vez insiste o procônsul, evidentemente esforçado em salvar o inocente. Era tarde: Ante ·a fraqueza do Governador, alçava o colo a tirania popular, já agora triunfante, irredutível: Este não, mas Barrabás -

No11 /,/me , sed 8arabbam (Joan. 18, 40). Cala·SC a inocência, prorrompe o vício em clamores tumultuosos; contemporiza a autoridade no exercício do seu dever; triunfa a anar· quia~ o ódio e a inveja dirigem a c~olha, a cegueira a executa; Barrabás é preferido, Jesus

é condenado. Este 11ão.• mas Barrabás -

Non

hunc, sed Bllrabbmn.

A virtude e o pecado, o dever e a paixão, Deus e a criatura - qual dos dois escolhe o pecador? Este 11ão, mas 8arr,,b6s· - Non lwnc, sed Barabbartr. Ai, no tumultuar das paixões, a que demos rédea e liberdade, com deixar-lhes o arbítrio dos nossos atos, ao invéS de as dominar e dirigir, segundo os ditames da lei divina, -

se vieram impor à nossa escolho! No si lêncio da noite. voltados os olhos para o mais íntimo de nós

quantas vcz.c.s solicitações estranhas

Passio Domi11i Jesu Christi.

revoltante (1). EJtaminada a causa com a serenidade do juiz que, estranho aos interesses das partes, s6 visa os direitos da justiça, Jesus é declarado inocente: Nu/Iam invenio i11 eo causam (Joan. 18, 38). . Mas os pontífices insistem: :e um malfeitor, um sedicioso, inimigo de César, réu de lesamajestade. • . . Bem sabia o Proconsul que, oprmudos, mas

ciência, deixavam-lhe toda a responsabilidade do crime e, se lhe aprouvesse, também o tuxo de um remorso tardio!. ... . Tu videris! · Não sei se há aí na terra maior tormento, para o condenado, que o desprezo do cúmplice no crime! Tu videris! Uma última crispação, vizinha quase da loucura, arrancou-o do seu estupor. Jogando violentamente, sobre as lajes do templo, o preço

pena imposta aos traidores; faz-se, de certo 6

Faltava-lhe, pois, o que abundou cm São

a

subterfúgios

galvanizados de prudência e imparcialidade, Eis porque o Espírito Santo tolhe o acesso à mag.istratura aos caracteres dúbios, incapazes de romper as teias da calúnia, afrontando in~

timoratos os manejos da perversidade. "Noli quacrere judex fieri, nisi valeas virtute irrumpere i11iquitatet' ( Eccl. 7) . Mas Pilatos era político, e o olhar frio e metálico de Tibério César punha-lhe sustos, que a hiprocrisia farisaica tôrcia jeitosamente ao sabor das suas criminosas pretensões.

Por ocasião da Páscoa, comemorando a libertação de Israel, costumava o povo pedir a 1) Sciebat enim qu0tl per invidiam tradidissent eurn. summi sacerdotes (Marc. 15, 10).

2) Accipire eum vos, et secumdum legem ve.stram judica1e eum (Joan. 18, 31).

mesmos. ergue·se esbatida, mais ou menos confusa, apenas visível no fundo brumoso da consciência, a imagem de Jesus flagelado e coroado de espinhos, imagem tristonha _e doloro~,. docemente insinuante e compassiva, a sohc1tar· nos preferência para o seu amor! - Não. Estt

não, mas Barrabás bbam.

No11 /runc, scd Bara..

-

Mas, então, que hei de fazer de Jesus, que se chama o Cristo? - Crucificai-O. Crucifige e,lm. (Marc. IS, 13). _ - Que hei de fazer das suaves recordaçocs da tua fé, das graças da tua primeira comunhão, das bênçãos que te hei dispensado, da paz dulcíssima do teu coração outr~ra piedoso e crente? Que hei de fazer dos mil protestos do teu amor? - Crucificai-o. Crucifige eum.

+ E eles O cruci/icara,n! -

Crucifixerunt

eum! ... Morte afrontosa e infamante, mas voluntária e livre. como livre e voluntária fora a su~

encarnação, Hóstia propiciatória, Sacerdote e Vítima só a Cruz lhe era altar condigno para

' tanto sacrifkio. é eles

O

cruciflcaram! -

Crucifixerunt

eum! .. .

Jesus morre como deve morrer o Salvador do mundo: suspenso entre o céu e a terra, fora de muros, cm lugar patente e público, tendo por testemunhas do seu sacrifício

os judeus,

os

chefes de Israel, os pontífices da Lei, os soldados romanos, os pagãos da gentilidade, o mundo inteiro.

E eles o cruci/icara,n!

Crucifixeru111

euml ...

Mas não Lhe puderam apagar a sede das almas que Lhe devorava as entranhas. Em torno da sua cruz reúne-se quanto há na terra de mais inocente e puro: -

a Virgem dolorosa,

que Lhe recolhe o testamento de amor à humanidade sofredora, o discípulo amado, doravante filho estremecido da m.ais carinhosa das mães; as santas mulheres que, abraçadas ao lenho s acrossanto, se deixavam banhar do sangue divino do Cordeiro Redentor. E eles O crudficaram! eutn.! . ..

Cruci/ixerunt

Mas se rendem, por fim, forçados a confessar a sua divindade. E pois um Deus consente em nlorrer como homem, morre o ho· mem como um Deus, _perdoando. abençoando e santificando: Perdoai-lhes, ,n,eu Pai, porque

não sabem o que fazem!. . . (Luc. 23, 34). E eles O crucificaram! Cruci/ixerunt cum.l . ..


CÃllCe<.11 J)O(OJt,IJ 13JBeJiUNT.

-

RESO PELO ocupantt, Pio Vil foi ~,-a. do para S.-von11, Cidiade da Ugúria, próxima de: Gênov:1, O C:ardc:aJ B:tr«O· Jomw Pacca. detido n11. mc:mua oc:LSl.:io, foi c:n-

c-arc-t rado ein Ftnc-strc:113, no Piemonte:. Logo cf.tpols da lnv~o do Palácio pontlficlo. apartteram .nos muros de Roma tartazc:s comunicando ao povo a ucomunhio do lmptr:i.dor. Rapldamtntc: a not(cla dos ~ontcdmcntos dt Roma t o tuto da Bula de excomunhão se t~l)n.lharam por drla.~ cidade$ cb llilia e da Frant:J., lnc1u.~in Paris. ap,tSar dt toda,ç- :lS' mNlldM tomados pela potkl.a lmptdl\l. A rapldtz com que tudo ~ divulgou pressupõe a ulortêncla de: uma or5tnnlt.o(ão ~m

.....

~--

artkulad.a. que: as.wgurava a tr:.iru'Dl.lss.io de ootkfas e documentos na ltl5.lla e na Franta, Es.~ suposffio f corrobor.td::a ptlo fato de: que: Pio Vil, durante: todo o , seu t.:aClnJro, recebeu d.ocume-nto, de que prcdsava e .se comunkou com os Cardeal1:

e seus m.mls próximos auxillnres. sem que a policia M N::.polt;io o pudc:ssc: Jmpc:dir, embora cstfvt,SW

P""~

alerlada e trab:.lhondo t'f'ltar t.ssas c:omunic:açõu. Qual tra t..$$ll org:anlt2ç;1.o? Els um problema histórico, um pouco pnrcc:ldo com um romance polklnl · e que, pouco a pouco, est.4 sendo desvendado pelo$ hl~C>rladorcs.

CONGREGADOS DE PARIS E DE LYON UNEM ESFORÇOS

Uma dns 0-'1ndts dificuldades eneonlr-adas por quem destji:. te:·, um melhor c:onhc(lru('.nto dessa org.-in~ç~o f a exlstCnc:la de (kpoimentoi na apattncb c:onr-radleórios, C.'>CrHos pelos que: parCic:ipnnun dos ac:oncc:dmtnlos. A grande m:ilorl:a dc:lts foram conservados cm arquivos fnmmares e não Yêm a público 5cnão quando aljWm hl\torl:ador tem a«.SSO a estes. A sua pubUcaç:io, de um lado, c,ostumn c:mbarnlhtar um pouco o que: já se conbttl.a. de: outro projeha ruais luz sobre os fatos, permlllndo espancar ur:n pouco da penumbra que encobre as at1Yldadt$ dc:s.,ça,; assotlaçõ-es ut6Uc:1$ que uniram csíort-0s pnra lutar ~lo Papa contra o lmpc.. l'l:ldOr. Hoje j:í se pode aflnn.:a.r que as principab associações que constltuír:im c.ssa ttde foram a "Ao", as Conare,gntõc.~ Mulanas d:1 França e ns ' 'AmlcizJe~ do Pndre . Lnntc:rl. 1-: ntre as Congregaçõc-s MarJ:u:tllS, " de Lyon e a de P:i..ris foram a..,. m~ ativas. A de L)'On, como J' vlrr.os. ena secreta e manteve sempre t.sse ~gredo, atf ser dl$.solvlda ptloS' ~ próprios membros A de Parlç, tn>bora não atua.s.sc: tm conjunto, fol a que: fomecc:u o s principais dirf1tentc.ç :\ ttd,c. Antoine Lcstn, cm seu livro ''HJstoirc Scc-r~fc: de la Cong.régaflcm de Lyon", descrc'f'e os prtmtlros co,.11.accos de ::.tguns dos dlrlacnlts do sod:i• lítio lionês com os mais dt.st:1cadOs cons:.rtgados de P:tris. ..Mathleu de Monrmorc:n<")', rdtrc ele, congTt· gado de Pari.ç, foi o primtlro :, ser rcccbklo como nS..otO<'-l !tdó d:t Cor1grtg.ir:"io de Lyon, na qunl fC'l sa

su:i co~çáo a IS d(' julho de 1804, sct,uido no dia 1.0 de novembro por A.le:d.1 de No::aHJu, ::a 8 de dncmbro por Louls•Augu.stc: de Rohan Chabot, futuro Cank:il-Arceb.Lspo de Btaoçoo, a l i de Julho de JSOS por Chatlu de Forblo..JM,,SOn, m:l.ls tardt Blspo de N a ncy e fund.ador da Obra cb SanfJl lofàoda; · falto ::a d1U:& de IDJtrtSSO dos dois lnniio~ Montmorc-ncy•Lt'l.val".

O Duque Mnthltu de Montmoreney c:r::a a a1ma da Congre~ç-ão de Pa.rls. Dtscendcnte do primeiro Bnr:io cb Frnn('a, .rua posição sodal t os do1e, pc~at., q,ue p0$$Ufa se Impuseram naturalmente, e ele- foi o Uder do$ congl'cgados fraDCUC$. Foi Y.6..rbs YCUS prtfelco de seu sodaUclo e, mais r.ardc, Grão-Mestre do~ Cavaldros da F'i, uma Ordem de: C"'valari:1 secrtta qut estudarem05 futuramente. A !iA!U lado mlllt:a'f'::am na CongrcR,aç-;"io de Paris o Marqué.<1 Eug~ne dt. Monlmottncy-Lnval, o Conde Alexts de NolUes. o Marquês Charles de ForblnJmL<ron t o Ouque de: Rohmn ChllbOl, Estes dol'i último!f c.rAm ainda leigos qunndo entraram no so-dalfclo de P:uis e, dcpol-t, no de Lyon, O outro Montmorency-Laval citado por Antoine Lestru é Adrlen de Monf'morc:ncy-L~'f'al. Mullos outros congregados dt Paris, da mais alba nobrc1~. putlciparam h1mbém des.s.-.s lutas e dtro.m prov.u de grande cor11gcm t comb11UYld:ide. Para lom:i.r mmls fntíma a colaboração entre u duns Congrc:p('óts, «-Franchtt d'Esperet e Btrthaud du Coin. prtftUo t primeiro assistente d:t ConRrega('!io de Lyon, for:im 111.mbém r«ebldo.1 na Congft'3ção de Parli rm 1807''. Unl:tm•st, pois, as duas mais noresc:entc:s Con.grtgações da f "r:mça. Não era uma unl~o pur;:.. mente c:spirflual. Elas somavnm esforços para um apostolado comum e secrtto, apoJtola do cuja ne• cessJdade se tonillrfa di:l a dia mais hnperlosa, tm Ylrtude das- nmca('as crc:S('entc:s com que Napo~iio procurava intimidar o P:.pa. Os rundadorts da Congregarrio d e l,yon tinham mlllrndC> na <""hamada lgrcJn subterrint11 do Padre LlnsOlas: sabiam como lut.ar orpnlxadamentc confTa à Rc,,.oJutão. Unhnm plen111: ·co~lêncla d:a nc:CC$.-.Jdade absoluta de: mantcrtn1 o m:ils rigoroso segredo t conbe,,c:In.m, por ·cxperlincla própria, os perigo, de Sit dclx::&.rCm Hudit por riparênd:as de pncifkn('iio (lembremos o que acontcc-c:r.a com o P:Ldrc Unsolas: quando Na,pole~o entrou em ncgocin~õcs com tt Sanl't 5' p:ira rcst:iurar o culto rm Fr.anç:.i, muitos clc:mtntos da "Igreja sublcn"'J,. nca" supuseram que tcmlinara a persegui('lio re11gi~11 e:. com~~urun a tr:abolbar :\ Jux do sol, o que pcrmHlu 1\ polkl:a d tseobrir tod:i. a sua o~nI:r.aç:1o e: pttndc:r o Padre [_.in.so1a.'i:). F.rn nafurnl, pob., que eSSá Congt"tg.a('i'io liderasse as outras. p,clo me, nos na fase de c-ompos:lç:'io dos planos de trabalho. t , de fato, é o que se depreende do livro de Autolne l.c$fra.

Depol, de $trem rtcebldos nt$$,C sod.alklo, o Conde Alexls de No:alUu e o Marqufs de ForbinJanson :ilugtlram um apart:amc:nto HD Lyoo e pass:u::am a fttqü entDr asslduamtnte o snlíio da mie de BerChaud dü Coln, onde se reunb a cU~ c:atóJka da cld:adt. Matbleu de Monttnortnc:y f.a Ulmbém c-om frc-qüêncla .- Lyon, hospNb,ndo--se num hotel. nado lsso revcl:i. contactos constantes, por mtio doJ quais s« orpnb.avQ :t resistê:ncb. Ainda mais, cont.:i Antoine Lestm que: h:tvha nn ddnde uma pobre a.nc:l:i de $0bttno.mc: Martin, que pas,. .s.nva os dias sentada numa poltrona, sofrendo os seus achaques com v.1.nde rt.$1KtJ::.ção. Ena multo piedosa e su:a C"a.\::J, humlldt, rectbla a Yi.sio r,e. qütnlc de: muitos lide~ cat611cos, porque sua conversn, tod:a t$plrilug.l1 tra multo ttpr ttlada. Ora, erã sobrdudo ness::. casa que Bcnolt Cosfe ~ ot dlrlientc-s da Con~gatão de l.yon se reuniam com o Du(luc M::1thJc:u de Monrmortnc:y, o Conde Alcxl, de Noalllts e: o.s outros vlsltantc& Tudo leva a crer que:. foi ucssa c:1..ça que ~ forjaram os pl;anos dCl colabor:i,ç;io futura. Era. um local Jdtal para t.als tncontros, pois a poffda dlfldlmenle dt.$C:·Onfltl.rb do que pareciam rtunJ.õe..$ de, pledi:tde ou de <"-ri· d:ade materhd, Niio s.c s:ibe o que combln"1.lm, mM desde tntão se nota a prcsc:nç:1 de c:ml.ss'rlos ~rcorrendo drbs cldodc:s da França t da U4lla, estabelcttndo contactos c:om os pes.«>:as mnls conhecidas como confrn,rcvoluck>nárias e utreitando os l:i(O$ dt amli adc e cooperaçfio entre as sodedadc-s a que ela, Ptrlendam t as oulms que Já partic:lpavam dos pll'lnos de rcslçttncla.

No mtsmo d ia c.m que: M 1:1thleu de: Montmorency foi aceito como membro 1~~1:ado da Con~ Jt;rtga('áo de Lyon, foi tnmbé.m rt<"ebldo o Padtt Pierre Joseph Rey, um dos mato; a.rdorosoi membros da uAa" dt Ch2mbéry. Em o.rt.igo anterior Jtfi fa lamos dele e da amhadt' qut- o unia ao Veoc:• rávd L.•mterl. Oirigl:a a Sociedade do..t Antigos, de: Chomblry1 e, pro,·anlmcntc, :,lffll de lnc:luf.1:i na rede que e..ffnvn cm prtparação, foi ele Que r.1tou com o Padre Lanttrl, conqul1tando para a rc-sistlncla o apoio dt1s vlU'lns uAmlc:lzle•• do ltAU:i. Multas outras as.wcl:l.çõts coopern.r.un com a Congr~ac;-úo de Lyon, mas n!io se pode ainda lev~mtar Um quadro de todas ;is que Integraram essa rede de comunicações entre Savonn t · Paris quc nem mt.!>'lllo l•'ouc hf consci:uiu destruir. O f::.to é que a pris:'io do Papn foi o sinal para o início da rcslstênti:1 católica org:i.nizada. e a dlvulseaçiío dos documentos relativo-.; à cxcolnunb.ão do lmpemdor foi o primeiro irande serviço prestado à Igreja pe los católicos cout:r.t-rc:voludon:Vos no tem,po de Nnpolc::ão•

Fernando Furquim de Almeida

OB O TITULO de •'A ,er.mde tnip0Sh1nt' ' ('' C1llt> lh:bmo", n.0 180, de: l.1c:umbro de 196S), vtm~ t m cotnenl~rlo ao llno ''Tht Ctt:al D«cll Socl::11 f'.çc,udo-SC'itncd' '. de Ar<"hil):ald a. .Roo~ve:l1 e ztj:mund l) obl.>$, Verll~ FoundaUon, 1964, C'OJPO os meios eduC'adonab nor'lc-amerktUIOS, sobretudo ».S unlvtrtld1,1dc.s, a par11r de rins dt> sfc;ulo p~SSllldO forsun IOtml.dos de m auo por uma 1urt,amulfa de soe.fllllS1as e tontunls-1.llf europc:u.s, (ea,do :\ fttnlc , entre outras_, os fabl:11nos- ln,:1c$t S t o velho re voludo11:'irlo alcni!i.o Fn:int Bon.s. Na Unlvc.-nld:idt de Colúmbhl, Jun1:11n1cnlc C'Om OU• tros profc$$0rt$, John Oewty rol dos 11rlmtlros- a adtrlrtn, :\ nova ondn e lllc coubt- o encari::o de lhf't<"donar os N'lucndorts noi1c--umcrlcàno$ 1>0r melo de susu n:io ocu·uas tcn1U nch1~ $0ti11 U)'1:as. P:u"ll lsso D ewe1 foi t1'1x1do en, íllósoro dil eduu-ção. us;mdo c.omo ln.strumcnlo o pn1Jtm::t.llsmo, do qual t íllho o bchnvlorlsmo ou comi,011nmct1flo:mo. A ulil.ld:ldt' pMIIIC':a t erl:, o út1lco <'rllfrlo JIDra deltrmlnlldo da 'f'<'rdade. Por oull'2S palavra$, o 11na, ma1l.m 10 ,~o :tec1fa o cODCello tradklomd de ver-d.ide. c--o1u l,der:14u como re:lação de conforn1ldadc ('ntre o peotsi1nco10 e- $tt1 ob}tlo. Nii.o e:ab,trlll :l ln1t"U,:,hchi di't.C'r o qut 11r.o :u tolnas, mas apenas mostr.ir cm qut" dl'IS no~ sio úft'ill" e como dtlllS nos podemo!I' 1t:rvlr. Otwey e StUS dlsdpulos Kll1>Blrick1 lloyd Bodt e Ceoo:c Counl.$ rcJtllnn1 Ioda cortSldtrarão do sobten.,. 11m:il, do lrlln..« cndc:nlt, do unlnrS1U e , ~1á.vcl na vida. Com tS$:II rlt,:i:aç-Ao dos villO~!.- mcudh:kos. atrlbuc-m A flita u1n11 orh:tm $0Chal e r:n.ern da t11i:ldadt' pr~lio e da $1itbfa(ilo lndlvldmd os crilfrlo$ da allvld~e tm• m;1nai. Orn, C$$-\' ttlallvb mo leu l maJs ~n,plcla dlSM>luç-i'to dn vida lntelcc1ual t moral, Temo$ tm m!io, um ltno que f mal$ t11ua comprova(:lO dos tt!IUJISLdO$ íta• nb1os q11t t$1iio sendo colllldos da lma.m nldiidc C'Om que as id~lt\S de Dcwcy íor.un :1$$1mliada.-. pelos n,clo:t educ-adon=>ls dos Esiados Unidos e do mundo ocldC'1'1lal. Sob o lflulo de "'r'h-c Chlld Sc,duct-rs.. (Os SedtitO~S d1, Cr11u1ta) - Eduolor PnbllcatlooJ, Jnc-., Fullcl"lon. Csllforula, 1911 - o conhC'ddo pnblkbua nortC'•Wr..eri• .::ino John Sfcfnb:icher rn~ nm e~tudo pormenori1ado da #Jtrt.S$:Ão St.:(ual de que d tiío S('ndo Ytllmas as: C'$<'Olas a::úbllcàJ! de seu pafs,. 11frnv'-s do crimlno1n1 a1us.ç-ào dos sucessores de Jolin Ocwq -e de seus dtscfpu lo:t, ''N:ío 1'-' Dut.S e n!io h:i alma", dl1.1::'l Dtwt)·. "Por coosc,11i111e - prosst,::uc c:Jc - n!fo h:i ntceffl dadc das csc.orus d:1 rcll~ilio tradltlonal, Com a uclu.s~ do do,::ma e.· do cudo, tnmbé.m u verdade lmu1:ivcl cst4 morta e tnfc-f'ndg, Não h& ht-a..r para uina lmu1:i,-c1 lel naf11ra.t ou para :i.bsolutos mOr:'lJ$ pc:m1ancntcs'' (p. 7 do llvro cllatto·>. A$Sltn, mais do que tim tns1rumen10 para a lmplant::ifi'io do 101:alltarlsmo de llpo natlsu1, do SOtlallSmo t do comullb-1110, a rllosoíla de Oc:wc)' f um umlrt.ho dlrtlo p:tra o m.als c-ompltlo ianarqub mo 1m1r• ct1.~tano. Fffilo do fr.lb11lbo ddses tons11lr~don-s, 11 "Nnllon11I Rdueation Assotl:a1lon" (NEA), or,::an.17,:a("ilo n:i(lon11I dt proft$$0rt>; ('Ili seu sinu,&rlo de 1932 propôs 11 :1bo:.1ciio

S

A CORRUPÇÃO NA ESCOLA -

PRIMARIA DOS E. UNIDOS

da llvrt empresa e d:i. socitdadt tapfl:111.sta, exhtlndo t:u• l.ubstl1ulcrio por um slslcm21 c-olctlvb:la 011 sovlfllco. "fal anmSrio -propui:=:nava por uma nova moraJJdadc QUt nlio nu1.ls se l):LSeasse n:a.11 lradi(Õts que model::ir:un o pc.mamcn10 oclden1:11 por mais de dt'Z sfc-ulos. Um ano mal$ tarde:, t'lTt 19331 a ''Amtritan Hun1:1nlst AS.SOC:l•Uon" $C fc:,: eco do mt.$mO .scnUmtnto - e n.a dlttf:10 da enli· dadc $C acbn,-am John Dtwcy e seus dlsc1pu:o.s Hà.rT)' E:lmc-r Bllll"IW'S, Robcr'I Loveu. JO$t'Pb \Vc.inslc-ln e Char-. lu Poller ('"Th<" Ctilld Seduc-crs'', pp, 7-8 ). P~ $C vc-r qm111110 cnmlnho foi pncortldo (lc-$),11 da111 pá.r.a d , t,:11.,ta que dlemos o que escreYIII John Coodl.ad no " NEA Joum:al" de reverclr0 de 1963: ''A> mais eoncrovcrtld:\$ (lutsiõu do sfru)O XXI dlnio rc.sr,ello ao.,: n.u e mc-los d.a modlf'icaf5o do tomporf.an1cn10 huuurno e: :a quem os ·dcltrmlnari.. A prh:neirn que.s• llío tm matirl11 educ-ndnal n5o "que conhtc-lme,ito f de nutl.s valor?", ma.11 antes " que: CS))fck de !otrc-t l1um:ano$ destJ1uno.s produ7.lt'!'·' As po" lbllldádCS des.111flarlio nossa lm11Jtln2ç:ío. _. :,;edallvos, barblt6rlco$, 1·r11nqUUl:uaotcs e v&rfaS: dtoJt:ll$ pskodillcas rom«-cnio pod<-, f'OSO$ meios d-e c-ontrole do com1>0r1amtnlo por aç-:io dlrela sobre o c~rcl>ro. An:iloJta.menft, podemos manl• puhar o comport:untnlo pel:i a_p1iufiSO de corrcnlc.S clllrlc-as a rc,d~ s do drcbrO- Adu,m,se a.11:ora em YIIIS de e.rtcurllo ~xpe.riêndas com drog:IS e txlrato, do tf. rcbto, du !ln:ados :1 dc.SenYOIYer o aprendlzAdo ou • n1emórfo. Aldou.,: Huxley h& tem1>0s no$ fn penetrar 11a5 pos.,'ilbllldadcs d11 ~l(fAo xcnfllu a11·11,v& dA t11íU t:t(lio de banto.t: de t51)Crmlll e de óvulos. Os meios de i:illC'rlllr dr:i.stlcamrnlt o cuNO do dt..wnwolvlmcnto hu• m:mo atr:avú de lnstndna('ão arUOd:d, tnusimtnto qufmlco e manlpul!l('~O -clltrka; t $fão a nosso aleuoct. H eslamos CenlC'-àndo III evoluráo" (p, 170). O ! lvro do $r. J. Slclnbacl1er e0nstlh1I um hnprc&i lOnliole libelo contra o que ac-onte<c n.as dc01111$ públl• c:as norte-nmtrit1uU&S. do ponlo de vl$fa d• ch=>.mada educação sc,:01:11, Neio c-onltutes de kvar a pcrnr!ii.O 11.os menloos r meninas dos -=•nás1os e cscol11$ prim&rias, Oll re~-1>onsi\vtl$ Por t$SC-S trln1U vão • 1f. ao rtdnlo dos jardins d=i lnf:incla (p, 173). O Aulor transcreve c.'ile dtpolmt"nlO de uma miit de r~mflla: .. Ncs.sc dlll fomos :ao a1n1oxarlfsldo dos Joxos Cn.allvos. Ali ~imos als:,uns bl'in(lu~os lnlcttssanCcJ · pa,ra crl• n('as, r,111$ flquc-1 um fanlo atann:ad:a quando nos 1no~1r.1.rAm t,oMcos e bonecas c-om plllrlU se \u1ls eomptelas_, de modo que- a.t crlanç.as: po11s-am ver :ú dlft rentcs parlei $eicunls deles''

,er,

0

(p. 178).

Não $l" podt pros::rcdlr nesfe 2.-.:st1n.to .J.tm uma mudaota de n1cn1Sllidride. O:it os "clrnni.:e 2'1:t:nfs" ou csJl«lallstllS em muda11ç-11 de «'omvortamcnlo, o~ l11b0r1116irioll 1>111t11 o ' 'Stmilivlfy TralnJng'·' ou tdtscramtnlo dG scnslbllJdade. cujas den,on.t1n11cõd pr.hlcas aobam por se t.Wr.tl:ar pela.~ 5Jllla,: dt :aula. Eue fn:loumc-nlo IMlul - con10 pro-d:1ma • pr6prtri ora-anba(~O que o promove, "Naflonal Tr•lnlmt Ltibs'', NTL - "a ptrsua.siio COC'.rddwa no sc.nlido de rdorm21 do J)tnSflmt nlo ou lavaxtm t(.l'T'bnal, btm ('Cinto um111 multidtio de p:iidrót:s lnrorr.uds menos cotn:IU,-os", As~lm. 1r1ua,se c-onfe$$1L-

dtimenle de un1 1>ro<csso de l:iiva_gem c-trtbr:i.l (p, 158). O ln$plrfldor ()('Ullo do ' ' Mn~IIIYII)' Tr•lnln,:", I• vcnfor do pskodra.m:ii, da prican~Usc de tt:rupo e d11 l~tnlca soclomé1rlc111 cm p$1('01c-r11pla ( 1,. 172) '- o Or, J. 1,... Moreno. "Seu 'f'C':rdadtlro nontt' f lvan Vladhnlr M'orc1w>Y$ky, nasceu ,ui Slb-frl111 ou pos.slvehnet1.lt na Jhmânl:a.. J • • • ) fm Stu IIYro " Primeira Famflla Ps lcodrAm:'itlca" ,\.forcoo deS('rcvt R u 11rlmelro t nconl'to com Sl.1tnmnd 1:reud, quando d1$St a ~$1t: hV6.s an:allsals .seus U>nhos., cu procuro dor a tlt$ cor11,:,cm pll.rA sonhar de IIOVO, ~Sino o J,)OYO • • t lr como Dtt1$"' (p. 162), Mos(r:a o Autor o fundo m:inJqueu do p,cns,imcnto desse • ;:ltador rianl11$lado de cltntbla soda): "Os m:udci:utus nt:1uun a nnluren obJcllY:a d:i. rt.alldllldc, t ac-re:dltlllm 4ue 10(10 f J,)OJ.SÍvtl como um prl.ndplo OPtnillvo. Propôtm libertar o homem dl dc:SOrdc-m soC'lal ()('IA "arlio reYoluclontlri11 política'\ rcalitando assim a lransrlxuraç-Ao do hon,cm t" o reinado tln;il d:i llbcrdad-e denlto da Hlslór111. Niio P<>de hanr tXJ>rc-.ssio maJs elar::i dc.'ise 11,nosfldsmo rcvoluclonllirlo dt> Que um m ovlmt nlo que procuna trnnsfomu:ir o homean e criar uma 50CIC'dadc :t11tkonc-e1>clonnt J)Or 111tlo dt" ,,uu:a tduc.lll("liio :ifrodb-hlc.-, do eonlrole :,;,obre as orlf:t"n.$ da vld.11, c- de expcrlEnda.~ 1tcnlllc-as com a própria nn1ure7.a do homem" (pp, 1~164). ESSt fundo m~.nlqucu nlio f cxduslvo da Olo.l>Orla do cri:idor do pslcodrllmll, ~ hlScpardvcl de fc>dfl e quaJ. quer Ctndi ncbi $0th1U.,1a, Jnc-luslvc 111 de OC"'ll·ey t dt ,;C'us <'Olnpi:trsas. "tfLS al~m disso c.onvf m que niiio oos e.sQuC"("amo; do etc:llo dtrmtls-ia que cs.,a campanha corruplor.i dia Juvcn111dC' produt no 0 ( fdtnle. Qua1"10 o Ct nual \Vlllllllm Dcan rol Ubct1ado por ieu.s c•.Ptor~ riortc-C'Ore:.1nos, dls.str•m-lhc c.'.\ifes que tm breve o nllrlam 1:1 vrr nos &$:ltados t)nldos, por QIJC' t'OrTOtn)K"· riam "lod.a uma 3tratiio de voSSS1 Juventude e colào m1d:1 vos rc$1:'lrá pnria vo$ dtícnderdt$'' (p. 211), E dlier-~ (lue ca))c. à UNtSCO (o Uvro ofcn::ct docu1uen1a('lio neste l!c-ntldo) ,tnindc parle d• rtSPOTI.SA• bllldade eor e» a com11~·ii.o de>$ meios edue:aclonaU do Oelderitc-! 'B: evldenlC' que dcp,ols dt"$$11 ltlflll:rae:llo torrupCor• 110$ mC"los c.-.c-olares e unlvtrriflirlos, olt E.~tados U nido, so nchavam prepri.nidos p:ara rcceb-tr Marc-usc e par.a • u-plo$iio ''hl11c1le' ' e co11le!.1:'itla. U nia úlllnu1 obsc-rn(ao dt-"Jamo.t fsttcr. S6 h:$ uma ln$tiluiç-;ío no mtindo, a Sanla Igreja Calólka, capa<i de se ol)Or :1; 1$$0 que é uma ~ldwc.'1 a,riSo do demónio, pais o ina.nl(lutfSmo 1c., m $-Ido alrAvf,1 dOl'I sfrn:os uma d~ :iirmus prtdlle 11as do J>PI da mc-ntlra, S6 o retomo à verdade.Ira ff. :10 rt~ato dA<;iucl:i QUC' é a 1tt1ardi:l da Revclatiio e da Lei Nalur,-1, poder.\ llb-crlA.r o n1un-dlo. lntluslvc a r,J;NLndc n.aç--ão norte-anttritana, d as abomln1:1tõcs da Rt,.ofudo 1tn6s-tlo. Aquele q11c diSSC': "l>ehu1I vir a Mim as erhlndnh~" (Luc, 18, 16) f o vcrdi.dtlro MtSt.re ((uc 1>0dtrli enxotar d :.S tscol::ts os hlSol· Ocda,:o,tos, como uni dia tnxotou o~ vtndilhõcs do T-ci:nplo.

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J. de Azeredo Santos 7


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HÁ CEM ANOS ATRÁS, O GRANDE D. VITAL ERA ELEVADO À PLENITUDE DO SACERDÓCIO .rofrime11tos. Procurei. ta1110 qmmto poS.rí vel, fugir a um enc,zrgo terrível aos pr6prioJ· A11jos, sentindo.o por um acontecimento de transcendental tlenwis pe.rado para os n1eus fracos importância para a história do Brasil ombros. Ma.t o Superior que o Secatólico, pois assinala a entrada na 11hor me 1/~u impôs silêncio aos claliça desse glorioso miles C/,risti. mores de 111i11ha cott.tciência perturba· Ocorrendo no dia 21 deste mês o da. e consfrlcra,ulo as circunstlincias centenário da ê1cvação de Frei_ Vital 11cculiares a este país e o bem da Maria à plenitude do sacerdócio, a- Santa Igreja, compeliu-me a obedepresentamos aqui alguns documentos cer ,Is vossas ordens. Depois_. dirigi relativos ao evento. uma <:arta t,o Superior Geral de noss,, C:ongregaçii<>. A guardo .rua resposia. Prostl'fulo tios pés (Íe Vossa Satui" Faça-se a vossa dade, peço e .rupUco do fundo de mivontade, não a minha" 11/w tdma que mio me in1ponhais es·se Informado oficialmente pelo Con- fardo uio pesatlo para o q,wl ,uio e.~ selheiro João Alfredo Corrêa de Oli - tou preparado; minlUI pobr.e "/ma apavortult, cfoma à vossa clemência: veira, Ministro do Interior. de que D. Pedro JI - considerando ''aJ' vir'r,u:~·s Mett Pai. se é possível. t1p,zrtai ele e méritos reunfrlos 1u1 pessoa de Vossa mim este cálice. Abri vossos ouvi<los, Senhorit," - o nomeara "Bispo tia Sa11tíssimo Padre, i'I súplica dô último Dioce.se de Olinda, vacante pela mortt.? de vossos filhos. Contutfo, faça-se a de D. Francisco Cardoso Ayres". o vossa vonu,de. Como um /illto se dijovem Capuchinho escreveu ao Papa rig,,e a seu Pai, eu ,ne refugio junto Pio IX, cm 8 de outubro de 1871, de V és: cu ,nc abandono inteira,ncnesta carta em que ressaltam seus scn· tc aos cui<lti<los maternos da Divina timentos de adesão à Sé Apostólica: Provitlê11cia; pois sei e creio que sois seu representante sobre a terra e Vos ..Santíssimo Padre. ,ligo com uma fé sincera: Entreumto Se a consi</ert1ç,io tle vossa sob,- seja feita a voss,, vonr,ule, não a rana tlignidtule. ,/fria eu com Slio minha. Jerônimo, i11.çpira-mc icmor, vosst1 Rendo graças a Nosso Senhor que. bonda<lc de outra parte incillr•me a na s1w bonda,te, deu-me a oc,1sião de dirigir-Vos com respeito e com tod,, apTescntar a Vossa Santidade a segu· a alegria de minha alma cstie humilde rança de meu profundo respeito, cot·scrito, em conformidade c:<>m o pa- mo de minha /Uial e absoluta oberecer do Senhor Nâncio Apostólico, diência. ~ ouso crer <1ue Vossa Stmtidade toE:.:perimento umu alegria intensa mará conhecimento dele. c,u testemunlwr minllll fé em tudo o O lmpel'ador do Brasil, apesar de que c11$illá e aprova a Sa111a Igreja minha f<1lto de m érito, <1 des11eito de Romana. Mãe soberana de todas as minha fraqueza e tle ·m inha humilde Igrejas: .rcm hesitaçâo creio, afirmo condição, tlig11ou-se ,lesignar-me para e abraço todas as Vf!rdades que Ela a Sé e11iscop,,1 de Olinda. Conheço ensina, particul<,rmente os dogntas há minha indignidade; sei <1ua11to sou pouco ,lc/inidos pelo Concílio Ecudesprovido das aptidões e virtudes ne- mê11ico do Vaticano. Tive esta fé cessárias ao desempenho de umt1 mis- desde 111i11/w infância, pela graça de são tão santa e tão elevada, por outro Deus, e apren<li derde então a honrar lado tão cheia de dificuldades e de e amar ar,Jentemente a Cátedra de

A

SAGRAÇÃO episcopal de D. Frei Vital Maria Gonçalves de Oli veira constitui

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Capela-mor da velha Sé d e São P aulo, demolida em 1 912, o nde f ol sag rad o o Bispo d e Olinda a 1 7 d e março d e 1872.

São Pedro. E: por isso que venho ,, JI6s. sabendo que aquele que ,u1o lrabalha co11 Vosco tor11" inúteis j'eus e$fOrços. Com, a m eJ·nu, fé, reprovo e condeno com todas as minhas forças a iníqua espoliaçiio do Patrimô11io de Stio Pedro e â ocupaçcio sacrílega da Cidade Elerna, Capital de vosso <lomfoio ten1port1/. Deploro o duro e .wu:rílcgo cativeiro " que Vos redutirmn filhos cu/p(l(/os. e co,uleno con· Vosco a co1ul111a daqueles <1ue pe,... seguem a Igreja tle D,eus e Vos aca. brunhan,. de aflições. Experi11rento em mim mesmo o contra.golpe d'1s dores que sofrei.,·; so/r<>-<1.f ,·011Vosco. Suplico ao Deus onipotente e ,1 Virgem Jmacula,la, e continuarei a implorar-Lhes que derramem força e co11solaçlio na alma de Vo.r.ra Santi· dade. Que o Senhor apre.rse o ,lia da vit6ria de sua Igreja: essa vit6rih é certa, pols lemo.r por garantia tlela as palavras <le vida eterll(I. Quem ,ne dera as (lJ'(JS da pomba! Voaria a vossos pés: com os ltibios, e mtlis <1inda com <> coração, osculll· ria vossos pé.r e os bauhar;a com minhas lágrimas: em V 6s eu veria e vcnert1ric, a Pedro vivo, melhor, ao pr6prio Cristo; pois Cristo Vo.t constitutll princípio e fwuldme11to tia l grejtt. Prostrado aoJ· JJés ,te Vossa Scwtidade. suplico <1ue me concedais ,1 Bênçiio Apostólicd' (P. Louis de Gonzague, O. M. C., "Monseigncur Vital", Libr. Saint-François, Paris, 1912, pp. 34-36).

" Temos certeza da vontode divino 11

l-arga fronte nobre e como que vivificada pelo sopro das grandes idéias, sobrancelhas vigorosas, de umc1 linha implacav e lmente regular, olhos igualmente de uma impressionante regularidade de desenho e admirável niti_çlez, dos quais se despre{lde um o lhar calmo, forte e profundo, que vê ao -longe e es.t á habituado a considerar as coisas por seus aspectos mais alt<;>s, l'l'.lais transcendentes e portanto mais reais. N ariz que tem uma linha de indiscutível franqueza, barba espessa e varonil , porte erecto. Tudo em D . Vital indica o Pastor que ama ardentemente cada uma de suas ovelhas, e que por isto n:,esmo é capaz de lutar contra qualquer fera , para a expulsar do aprisco. -Assim descrevíamos a figura do Bispo de Olinda, em nosso n.º 52.

Como um jornal da • epoca VIU a cer1mon1a ;.

A

o vosso respeito

Em resposta, depois. de !>em informado sobre a pessoa do Bispo eleito, Pio IX enviou-lhe em data de 22 de janeiro de 1872 este Breve altamente elogioso:

"Caríssimo Filho. Saiulaç,io e Bênçüo Apostólica. O.r termos da carta que Nos dirigfa·te.r fazem-No.f crer. aindt1 mai.r, que Deus, apesar de vossa pouca idade, vos chama ao eltV<1do encargo do Episcopado. Com efeito, vossa humildade, o temor que. experimentais à vista dessa honra assustadora, vossa preocupação de afastar a dignidade que vos é oferecida, vossa inteira submissão ,Is decisões de Deu.r e de vossos Superiores preparam vossa alma para o exercício desra grande •missiio, e vos 111erecem abundanten1entc os auxílios do Céu. Os acentos de vossa fitlelidade para com a Igreja e a Santa Sé, vossa dor à visla da abo,nittável guerra enrpreendida contra Elas, vossa vontade de permanecer-Lht.t sempre estreita1Ptente unido e de l11tar por Elas, tudo vos m·o stra dispo.rio a trabalhar com ardor pela causa de Deus, graças à força com que Ele vos cobre; rudo Nos pers11atf, de que natfa negli[t!lnciareis para buscar a salvação e progresso espiritual do rebanho a vós confiado. Assiln, ruio podendo duvidar da vontade dlvina a vosso reS"peito, Nós vos exorranros a afaJtar todo temor; confiai-vos a Deus, com Ele pod1<reir 11ulo; depositai 11Ele vossas preocupações e, elevado o coração, dai iníclo ao cumprimento do encargo que vos é confiado. Para o que. Imploramos sobre v6s a abun• dância dos favores celestes; como penhor deles ti! seg11rança de Nosra benevolência, concedemos-vos com amor a Bênção Apostólica" (P. Louis de Gonzague, p. 38).

Um jornal da época, "O Diário de São Paulo", assim descreveu a solene

cerimônia da sagração, que durou mais de quatro horas e teve 1ugar na Catedral de São Paulo:

"O ato que co1neçot1 às 9,30 horas tia ,nanhã e prolongou-se até perto ,las 2 tfa tarde, foi celebrado com t0<la a pompa e brilhanti.rmo. Assistiram-no S. Excia. o Sr. Presidente da Província, a comissão ,iomeada do ,cio da Assembléia Legislativa Provincial e muitos funcionários públicos, civis e militares. Oficiaram o Exmo. Sr. D. Pedro M aria tfe Lacerda, Bispo tfa Diocese do Rio de Janeiro; no lugar tfe Bispos Assistentes, os Revmos. Cônegos Arcediago Joaquim Manoel Gonçalves de A ndradt, e Te.roureirô-Mór Manoel E,nygtfio Bernardes, dignitfa. tfes tfo Cabido tfa Ca;edral; conro Presbítero Assistente o Revmo. Cônego Dr. J0tío Jacinto Gonçalves de A ndrade_, e como Diáconos da M fa-.. sa, os Revmos. Srs. Cônegos Antonio José Gonçalves e Dr. Marceflino Ferreira Bueno. Foram. padrinhos os Srs. Consellreiro Vicente Pires da Motta e Dr. Martin/to tfa Silva Prado. O templo mal podia conter o povo que afluíra a assistir uma das mais tocantes e iniponentes solenidades que no mesmo se tênt celebrado. No Largo da Catedral este ve postado um Batalhão de guardas-nacio· nais e no do Colégio um parque de artilharia, que deu as salvas de estilo, quer no começo ,lo 0101 quer depois de findo. Logo tfepoir de iniciada a solenidade, foi Tida a Bula do Santíssimo Padre, quanto à preconitaçiio e à sagração.

O Prelado recén,.....ragrado, ao retirar--.re da Sé. mal podia adiantar um posso, porque a multidfio a1ropelova•sc ptlra beijar•lhe o anel. Quase pro• ccssionalmente foram conduzidos ao Seminário EpiscOplll os dois Prelados. porque seguirdm a pé, acompanhados de nwnerosos assistcnrcs. À.r 4 hora.r foi servido no refeitó· rio tio Seminário Episcopal um lauto jantar, oferecido a mais de cem convidados. O Exmo. Sr. Pr~sidente da Província brim/ou ao Bi.rpo recém-sagrado e imediouunente depoi.f ao Bfa·po sogra11te. Este. por sua vez, brindou tio Exmo. Sr. Presidente da Província e ao Revmo. Vigário Capitular. Alé,n. desses houve ainda mais o.r seguintes brindes: o Fr. Caetano <le Messina, a Fr. Eugenio de Rumilly. ao Conselheiro Pires da Motta, aos Profesrorcs do Seminário Episcopal, ao Dr. João Mendes, à Asscmbléfrl Legi.r/ativa Provincial. O jantar f oi findo, levanrando o Exmo. Sr. B ispo D . Pedro de Lacerda o brinde de honra a S. M. o lmperador e ao Santo Padre Pio IX. A exposição de ,notivos, elevada conccp• ção do espírito de tão tminente Prelado, tocou o coração dos assistentes. como bons cat6licos e fiéis nronarquistas. Pode-se dizer que foi um apelo leal à perman fncia da união íntinra entre o Estado e a Igreja. NU1.1 .rc podia concluir m elhor uma semelhante festa em aplauso à Sagração de um Bispo brasileiro. De noY.ra parte saudamos ao Exmo. Sr. D. Vital de Oliveira, para que seja fefit no seu Episcopado, lutando sempre e seni descanço pela verdade evangélica".


l D1uro1t: M ONS. AN TONIO RIBEIRO 00 ROSAIUO

A. "Declaração de Xangai" é um dos docunientos mais calamitosos da HistÓ• ria. O conir,nicado conjrinto divulgado ao térn,ino da visita de Nixon à China apresenta 1L11i contraste chocante entre as disposições pacifistas e entreguistas reveladas ptila parte norte-<imeric~na e a linguageni agressiva e cheia de eni• biistes dos chineses. - En, Miinique, Cha,riberlain e Daladier se dobraram anté as exigências de Hitler, e em Yalta Roosevelt fez o mesmo em relação a Stalin: se essas duas manifestações de entreguisn,o estarrecera11,, a justo tÍtlllo, os ho11iens de boni senso, niais estarrece,lora ainda é a " Dec/(1ração de Xangai". A té onde nos levarcí ela? págin a 3

Até onde aos levará a Declaração de Xaagai? Nas foto!!, Nixon toma chcí, inteirc11.nente distendido, eni companhia ,lo caviloso Chu En-lai, e aperta sorridente a nião de Mao Tsé-t,ing, tinta do sangue ele ,nilhões de chineses; enqualJLO isso, a presença do Exército vernielho (abaixo) ilustra a passagem. do comunicaclo conjiinto na qual Peqmn, proclama iflu propósito de continuar a favorecer, ..de todos os modos, a subversão· marxista nos oiitros países:

RodiofOfOs VPI

N.º

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Nem armas, nem barbas, mas lrapa4=as:

INTRODUÇÃO

e

OMO PENETRAR no mistério representado pelo fato de que a um povo majoritariamente anticomunista se possa ir impondo pouco a pouco o comunismo? Como fazer esta baldeação sem derramar muito sangue, sem maiores violências nem transtornos, com ares de normalidade e em meio à apatia geral? Que distorções da realidade, que inversões de imagens e enganos, que truques são neces• . . sanos para conseguir que um povo aceite com docilidade ·aquilo que categoricamente não deseja? - Eis uma pesquisa que, sem dúvida, poderia apaixonar um historiador futuro que estudasse nosso século. Como uma minoria consegue dominar, sem convencer, uma maioria que a repudia? Como se chega a tal resultado sem paredões nem campos de concentração? Essa incógnita se mostra ainda mais complexa quando consideramos que os hábitos, sentimentos e princípios dessa maioria são radicalmente contrários ao que tal minoria pensa e quer. E esse historiador poderia perguntar-se ainda: como é que este estranho fenô meno se opera nos mesmos dias cm que se multiplicam as notícias de que o utros povos, como os da Pplônia, da Rússia ou da Checoslováquia, depois de experimentarem durante anos as "delícias" socialistas, começam a dar mostras de um descontentamento heróico, e, cm alguns casos, mostram-se dispostos a tudo para sacudir o jugo que os oprime? E mais: quando o fracasso do comunismo cm produzir, em matéria de economia, algo que não seja miséria e privações, é reconhecido às escâncaras por um Fidel

Castro, e as notícias em tal sentido filtram através das fronteiras cercadas de arame farp:\do de todo o mundo socialista? Pois bem, esse povo existe, esse caso cheio de tantos enigmas e contradições a resolver não é uma mera hipótese de laboratório, é uma nação católica em um contine nte católico, é nossa pátria: o Chile. O comunismo vai-se impondo ali a uma maioria que o repudia, e vai-se impondo sem armas. nem carrancas barbudas, mas muito real e concretamente. A imprensa intcrnaciona.l já o afirma: "Há uma via chilena para o comunismo". Como estamos vendo, é uma via para comunistizar lenta e mansamente - ao menos no início - um povo que em sua maioria rejeita o comunismo. Tínhamos a sensação de que, deslindando o "mistério" desta nova via, prestaríamos à nossa pátria distante um serviço supremo, indispensável, urgente.

A TFP AUSENTE ... MAS PRESENTE Para encontrar os fios condutores desta trama era necessário, contudo, penetrar além do noticiário incompleto e confuso que a imprensa internacional dá sobre a "experiência chilena"; noticiário que mesmo aos espíritos mais sagazes não permite senão elaborar suspeitas e conjecturas. Era necessário para isso apalpar direta.m ente in loco o ambiente chileno, nas ruas, nos campos, na vida econômica, doméstica e social, em suas reações políticas intcroa.s e nos acontecimentos do dia a dia, para perceber todos os matizes e imponderáveis que fazem parte da realidade de u m povo. São as conclusões desta análise direta, feita por nós in loco, que hoje publicamos.

UM PROBLEMA SE PÕE A AL LENDE: "DECIFRA-ME OU DEVORO-TE" Na realidade, um dos aspectos mais dramáticos da História contemporânea consiste cm verificar como o curso dos acontecimentos em nossos dias foi faiscado por meio de métodos de manipulação da opinião pública, os quais conseguem resultados tão insólitos e desconce rtantes, que tocam às raias do inverossímil. Mais ainda, há uma característica que nunca falta a esses processos, e é que eles são invariavelmente utilizados em favor da causa do mal. A História não registra casos de correntes político-doutrinárias, com idéias sadias, que tenham contado ou possam contar a seu serviço com manipuladores desta espécie; o que, aliás, se e xplica, pois o homem reto argumenta com fatos objetivos e com lógica. No plano do comunismo e do anticomunismo, o primeiro tem usado de uma destreza incomparável no processo de manipulação da opinião pública, p,·ocesso esse que 6 inco mpatível com q segundo. Contudo, o anticomun ista pode descobrir as táticas comunistas e advertir contra elas o seu próprio país; tal é o caso do Chile. A TFP quer advertir.

O PROBLEMA POLÍTICO FUNDAMENTAL QUE O MARXISMO PREC ISAVA RESOLVER Para compreender esse problema não basta fixar nossos olhare.s no Chile. mas é necessário projetá-los também sobre a atuação do marxismo cm todo o mundo: a) Para subir ao poder é de importância vital para o marxismo apelar, por todos os lados, à coexistência pacífica e colaborar

na derrubada das barreiras ideológicas, pela simples ra.zão de q ue isto lhe é indispensável para superar sua crônica incapacidade de convencer. Assim é q ue cm mais de 120 anos de intensa e consiante propaganda, desde o manifesto de Marx em 1848, lograram os comunistas ºganhar" uma única eleição, que foi a do Chile; b) Um obstáculo: os marxistas nunca conseguiram nada, a não ser pela fôrça; daí o retraimento e a desconfiança dos não comunistas;

e) Era-lhes necessário pelo menos um caso em que ganhassem por via legal, ainda que fôssc por meio de uma coligação, e esse caso único, como dissemos, foi o do Chile; d) Essa vitória não foi uma verdadeira

vitória. Com efeito, em 1964 Allende, apoiado por forças exclusivamente marxistas, teve os votos de 38,7% do eleitorado, ao passo que em 1970, quando se viu apoiado não só pelos marxistas, mas ta!llbém poc várias correntes não marxistas, foi sufragado por apenas 36,3% do eleitorado. Da í se deduz que o contingente marxista diminuiu. Pois agora - mesmo somado a outras forças - alcançou ele uma porcentagem de votos menor do que em 1964. Isto sem considerar o valiosíssimo a poio

prestado ao marxismo pelas correntes criptocomunistas e, mais especialmente, pelos clérigos pró-marxistas, que, encabeçados pelo Cardeal Silva Henriquez, não hesitaram em pressionar o eleitorado católico para que votasse no candidato marxista; e) Assim,

Allende, apoiado em uma maioria inautêntica, pretende fazer com que o país aceite o que a verdadeira maioria não quer. Mas, para proveito do comunismo internacional, e para sua própria comodidade, esta imposição não pode degenerar em uma luta violenta, e menos ainda numa derrota eleitoral. Para resolver este problema era necessário desenvolver todo um processo, que adiante descreveremos.

ESTABELECIMENTO DO BINOMIO MEDO-OTIMISMO Enquanto a imagem sinistra do comunismo vai exercendo todo o seu poder de intimidação, este medo vai-se aliando, freqüentemente, a uma tal ou qual simpatia por alguns aspectos do comunismo. Deste modo, vai-se criando na própria psicologia de muitas pessoas um binômio de forças chamado medo-otimismo, o qual geril uma propensão a entrar em composição com o comunismo. Assim é que as pessoas começam a desejar um regime semicomunista para eliminar as lutas e facilitar as acomodações.

PRIMEIRA FASE A Democracia-Cristã ajuda A imensa maioria anticomunista chilena ficou, depois de conhecido o resultado das eleições presidenciais de setçmbro de 1970, em um estado de confusão e aturdimento semelhante ao que sobrevém depois de um choque nervoso. As circunstâncias que se conjugaram para que esse resultado fosse favorável ao candidato marxista foram analisadas pormenorizadamente em um de nossos suplementos de '"Fiducia" cn exilio (de 20 de março de 1971), que muitos chilenos já leram por todo o país [reproduzido cm "Catolicismo", n. 0 245, de maio de 1971). Pois bem, depois da "vitória" marxista de setembro, começaram os dias de tensão que culminariam com a eleição de Allende pelo Congresso, graças aos votos do Partido Democrata-Cristão, que prestou assim um novo

Quem acompanha os acontecimentos do Chile u.n icamente através do noticiário da imprensa internacional não consegue formar se.n ão u.roa idéia imprecisa a respeito do que se passa no pais andino. liá ali un1 mistério: o de u m a minoria que, paulatina mente e quase sen1 encontrar resistência, vai impondo o comu· nismo a uma nação majoritariamente a n ticomunista; claro está que seria impossível desvendar esse mistério sem apalpar de perto o ambiente chileno. Essa indispensável· anlilise ven1 de ser feit a in loco pela Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e P ropriedade, ora no exílio. O resultado de seus estudos foi d ivulgado em numero especial de sua revista " Fiducia / en exílio", que circulou Buenos Aires e ,n setembro do ano passado; apresentamo-lo hoje aos nossos leitores, na íntegra (com um atraso determinado por razões técnicas). No impressionante documento, assinado pelo Conselho Nacional da entidade e vazado en1 linguagem serena e objeti"a, a tragédia do país irmão aparece a nossos olhos cm toda sua extensão e profundidade. Vemos como os marxistas, chegados ao governo com apoio do Clero progressista e de correntes políticas não marxistas, defrontaram-se com ,nn problcm.a : como conservar-se no poder se a maioria da população os repudiava? A soluç.ã o encontrada consistiu em paralisar a vitalidade antico1n unista do país, mantendo-o aterrorizado e anestesiado pela ação de un1 binôn1io de medo e otimismo. Depois de descrever com. rara perspicácia a realidade chilena, passa o manifesto da SCDTFP a indicar o meio d e desfazer a tran1a de Allcnde, e cone.lama o país a uma sadia reâção dentro das vias da legalidade. T ermina con1 um apelo a Nossa Senhora ô.o Car,no, Padroeira do Chi.le, para que ilunune seus filhos en1 meio às trevas que envolvem a pátria e os liberte da escravidão comunjsta.

e assinalado serviço à causa comunista ... E durante esses dias começaram também a surgir os primeiros sintomas que indicavam estar-se preparando para o Chile, com os cuidados próprios de um laboratório, um efetivo e bem calculado processo que permitisse ao comunismo superar as enormes fraquezas e lacunas de sua "vitória de opereta". Era necessário, em primeiro lugar, conseguir que essa maioria anticomunista não pudesse reagir, perdesse completamente a consciência de sua capacidade de resistir e acabasse por aceitar resignadamente a ascenção da minoria marxista ao poder.

Para que Allende subisse ao poder: esperança, frustração e desgaste Assim, passada a primeira surpresa, o milhão e tanto de eleitores de Alessandd e a quase totalidade dos que votaram em Tomie começaram a pôr suas esperanças em rumores que ralavam em diversas formas de salvação, apareciam sucessivamente, não se sabe bem de onde, e duravam uns poucos dias, para morrer cm seguida. De esperança frustrada e m esperança frustrada, a hora foi chegando inadvertidamente e todos os rumores foram silenciando; Alcssandri emudeceu, e só falou para dar apoio público à eleição de Allende pelo Congresso; as bases do Partido Nacional esperaram em vão, por todo o Chile, as ordens de seus dirigentes para organizarem e realizarem uma vasta ação conjunta; Tomic consumou sua traição nas primeiras horas após a eleição, e Frei oão levou a efeito os propósitos de resistência que lhe atribuíam; tampouco se produziu a divisão do PDC, nem se verificou o propalado movimento militar, "destinados ambos a impedir a eleição de Allende pelo Congresso". Em suma, a sorte do Chile esteve desde o princípio selada por aqueles que montavam o fraudulento sistema; mas este primeiro processo de esperança, frustração e desgaste é que se encarregou de fazê.la suportável para a maioria desorientada.

A Hierarquia Eclesiástica colaboro com a lavagem cerebral Por outro lado, a Hierarquia Eclesiástica evitou toda atitude de repúdio ao comunismo, e foram muitos os púlpitos dos quais se pregou a resignação. O próprio Episcopado emitiu um pronunciamento colaboracionista com referência ao regime que estava para vir, chegando-se a té mesmo a ouvir vozes episcopais e sacerdotais de aberto apoio a Allende. CONTINUA NA l'ÁO, S

2


Y ALTA MUL TIPLICADA POR Y ALTA Plinio

C or rêa

de

Oli v eira

ÃO CREIO QUE o grande público tenha lido na íntegra o

Mais adiante. o cinismo ainda. uma vez se mostra sob a forma de uma

extenso comunicado sino-americano, sobre as conversações de

clara ameaça de ingerência chinesa no Japão. Com cíci10, Pequim afirma que

Pequim. Todavia, contém este. alguns aspectos que não podem passar despercebidos por quem deseje conhecer bem a semana que, segundo Nixon. ··mudou o ,n wn,io". Creio, assim, ser útil ao 1citor comentar aqui alguns ircchos do extenso documento.

"apéia com •/irmt.:t(l o desejo do povo japonês de edificar um Estatlo japonês intlepende nte, tlemocrálico. pad/ico e. neutro'', Como se sabe~ a China comu• nista sustenta que o atual Esrado japonês não possui nenhuma dessas característ icas. As.sim, o texto é iniludível : a China, campeã da não ingerência, declara · que vai intervir. de estarrecer!

Tem ele uma estrutura mais própria a uma peça de teatro, do que a um

comunicado político: cm longos trl)chos ·r~Ia só o norte-americano, depois só o chinês, mais adiante falam ambos j~ntos, e depois o dueto recomeça, falando novamente cada parte por si. E no final. terminam falando juntos ainda uma vez. Selecionei alguns trechos em que fala o chinês, ou só por si . ou juntamente com o norte·-americanó.

• • •

e.

• • • O comunicado passa a tratar depois de Formosa. Na lógica dos princípios que afirma, a China deveria pedir um plebiscito cm Formosa, a fim de saber: 1 - se o povo daquela ilha quer conservar sua plena soberania, ou quer passar a mera província chinesa; 2 - se os habi1antcs de Formosa querem seu atual sis1ema político-social, ou optam

pelo comunismo. O chinês abre. suas declarações com um cbnjunto de enunciados lí1cro-demagógicos. Diz ele: ..Em roda parte onc/e J,á opressão. há resistência, os países quere11, a indepe!ulêncio. A.v 1wções querem " Hbefft1ç,ío e o povo quer a revoluÇão. Isto se d eve ,1 1endêncit1 irreversível da flist6rin'',

Como de costume. na propaganda comunista, há aqui um mi~to de erros. · de conceitos coníusos e de verdades acacia.nas. óbvio que ..em toda parte 011dc há opressão, há resi.rtê11cia"'. Isto em princípio. ~as, olhando com boa fé para dentro de sua própria casa, os chineses poderiam dar-se conta de que. na prática, isto não é sempre assim. A opressão na China vermelha é completa. E a reação do pobre povo. esmagado, policiado, intoxicado de propagaffda, é irrelevante. 1 Mas os chins nãó se embaraçam com · contradições como esta. Fazcm•se

e

campeões do princípio de que "as nações querem a libertação". sem se lembrar de que provocam ipso facto a pergunta: que faz então a China na

Mongólia e no Tibet, que ela mantém sob seu jugo à viva força? ~rossigamôs na análise: " . . . e o p0vo quer a revolução. Isto se deve li 1e,11dé11cia irrevcrsiv~I da H iscóda". A frase repete a surrada tese marxista de

que a revolução prolétária. nascida da inconrormidadc das massas oprimidas. yenccrá fatalmente · pelo natural desenrolar da História. Ora, desde· meados do século XIX até nossos dias, o comunismo vem fazendo propaganda sem ter alcançado. cm uma só eleição. uma maioria definidamente comunista. Isto no Ocidente. Nos países da cortina de (erro, o comunismo tem pânico de eleições livres e honestas. Assim, tanto os povos · que ele não domina como os q_ue ele domina, o repudiam. - Que nos ensina então a História? - Não é a irreversibilidade da adesão das massas ao comunismo, mas prccis·amente o contrário. Tudo isto é bem sabido por todo o mundo. Pequim. entretanto, o contesta com uma desenvoltura que é impossível não chamar de cinismo .. ,

• • • ~

Depois do cinismo na mentira, vem o cinismo na ameaça: "A China 11póia com firm eza a.r lutas tlc todos os povos e nações oprimidos. pela sua liberdade e sua liberração. e sw;te11t<1 que os povos de todos os países 1ê1n. direito d e escolher seus sistemas sociais segundo .rettJ' próprios .desejoS'. . Sabem9s no que consiste esse "llpoio'' chinê.s, pois o Brasil, como tantos outros países, está infestado de literatura sino..comunista. de subversão sino-comunista, etc. Assim. o que Pequim afirma nesse tópico é a pretensão de favorecer cm toda p;t,rtc a subversão comunista.

1 .~ :; o

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Isso não impede o comunicado chinês de afirmar, logo em seguida. que ' ;: a China reconhece a todos os poVos o direito "de se oporem 1.. . J tl lngerênéia i, ( . . :]e subver.tiio e.rtrangefrt,.r'~. - Poderia ser mais ostensiva a contradição? ~

Mas, objetariam os comunistas chineses., se Formosa é uma parte da

China. não pode por si só declarar-se separada dela. Imaginemos que a objeção fosse válida. Então, a ocasião seria excelente para se fazer um plebiscito cm ambas as Chinas. perguntando-lhes se querem unir-se, e que regime político-social desejam. Mas disto. os chineses, c\mtíssimos. não dizem uma só palavra . .. Para Pequim. o essencial é pôr fora de Formosa os americanos. Por isso afirma que "iodas as forçns e i11su1/ações mi/irares norte-americanas d even1 S<'r retiradas de Taiwam"'. Desta forma, a ilha. desprotegida, forçada a algum "acordo''. se entregará melancolicamente ao jugo marxista!

• • • Algum leitor achará pouco acadêmicos os termos com que qualifico a atitude dos comunistas chineses.

Respondo que meu propósito não é de ser acadêmico. mas de ser sério, isto é, de chamar as coisas pelos seus nomes. "Seja vos.ra liliguagem sim sim, ,11,0 - nãd"', ensina o Evangelho (Mal. 5, 37).

• • • A linguagem de Pequim, levando a tal ponto a desenvoltura na contradição, em acordo de tal projeção, faz baixar o to ,ws da moralidade na esfera internacional. Pois, quando decai a lógica. com ela decai o direito. E é a vida da ;1111gle. que começa!

• • • ''Ambas as partes estão de ticordo em reconhecer que é tle tiesejar que se ,,profunde a compreensão cmre os ,Jois povos. Com esse /ln1, discutetn a.\·sw,ros especi/icos de campos como a ciência. tecno logia, c1tl1w·t,, esporte e jornalismo, nos quais contactos e fotercâmbio.r de povo a povo seriam d e r<1cfproco benefício. Cada uma das partes se compromete a facilitar o desc11volvlmcn10 crescente ,lesses co111ac1os e inrerclimblos". Essas palavras -

completadas cm seguida por alguns parágrafos sobre o comércio sino-americano - são também da "Declaração de Xangar•. Pelo que elas têm de oco, frustro e suspeito, não podem passar sem um comentário.

Em síntese, nesse tópico está iodo um programa de aproximação entre os povos nortc,-amcricano e chinês. Entre os povos. note-se bem , e não meramente entre os governos.

Assim, antes de tudo é preciso indogar qual a au1cn1icidadc dos projetados contactos. - O que a ··Declaração de Xangai" entende por --povo chinês"? São as multidões delirantes de entusiasmo pelo comunismo, das 00NC:l.U$Ã(') NA t'Á(l. 4

3


CONClVSÃO DA PÁG. 3

V erd ade s esquecid as

YALTA MULTIPLICADA f.Jlmis nos falam a imprensa. o rádio e a TV de Pequim'! A té que ponto são autênticas cSS:ls multidões? Até que ponto se idcntifi. cam com o próprio povo? - Sabido que toda propaganda oficial comunista mente sem ucanhamen10 quando se trata de afirm:'lr a

solidariedade do povo à ideologia do Partido, a pergunta é inevitável.

Somt?s, assim, levados :, suspeitar vivamcn1e que o "povo chinêsº com o qu;.tl

os norh.:-

-nmericanos vão "l11;ro/wular o compreensão".

rão é senão o PC. E que os contactos dos yankees se fa rão, não corn representantes da

maioria c1utêntica dos chineses. mas com cqui~ pcs de cientistas, técnicos, esportistas e jornalis1as. filiados ao par1ido oficial. Com fanátic:-s, portanto, ou com pobres vítimas da lavagem cerebral ou do pânico. - De que valerão, então. esses contactos, para a aproximação de ambos os povos?

• • • A esta primeira observação. acresce outra

sobre a lealdade dos dilos con1ac1os. Se Pequim desejasse realmente uma m\1tua compreensão entre os povos chinês o nortc-americano, jamais deveria contentar-se com os contactos entre técnicos e especialistas de parte a parte. E isto ainda que estes representassem autenticamente seus povos. Se fosse sincera. a China comunisla deveria abrir, de norte a sul, as suas fronteiras para os norte-americanos, e lhes garantir toda a liberdade de ir e vir por onde quisessem. Facilmente teria a recíproca nos Estados Unidos. Mas isto, os chineses o evitam com cuidado. Na "Declaração ele Xangai" prevêem 1ão somente contacto~ entre técnicos e especialistas. ou então de jornal a jornal, de revista a revista, etc. Tudo de lonse, facilmente filtrável e controlável, com o propósito t.le mostrar apenas o que lhes convém mostrar. E sobretudo de esconder quanlo lhes convém que no Ocidente ninguém saiba. - Chamar isto de sério e leal contaclo de povo a povo, não é claro embuste?

• • • Embuste, 1ambém o no1amos no\ conteúdo dos contactos. - Que significa ''aprofundar

@IAfOLICM§MO MENSARIO com ttprovaç;lo cclc~Asfic-:1

CAMrOS -

ES'I'. DO RJO

OIRE"l'OR MONS. AH'íONIO RIBEIRO DO Ros,ouo

Dirtlori:1: Av. 7 de Se:tcmbto 247, caix:i pos111I 333. 28100 Campos RJ. Adntlnisfr:iç:io: R. Or. Mar1inico Prado 271 , 0122'1 S. ·raulo. ARe.i11c para o Estmlo do Rio: José de Oli\•c;ira Andr:idc. ct,iirn p ostal ·333. 28 H)O Campos, RJ; A,tcncc p:1ra os .f:s-tados de Goi(1$, Mnro Grosso e: i\1íuas Gcr~Js: M ilton de Sallcs Mourão, R. Paraíba 1423 ((clcíonc 264630), 30000 Belo Horiion,tc: Agente p~t~ o Esl:i.do da G u11nàbllr.1: Luís M. Du11con. lt Cosme Vdho 815 (telefone 245-.8264), 20000 Rio de Jt'lncil"o; Agtnlc p;jr.:1 o 1-:.~lado do Cca, j: José Gcr:,rdo 'Ribeiro. R. Scnndor Pompeu 2120-A. 60000 Forrnle7.a; Agentes p :ma n A1Rcntin a: "Trndición, F:unili~. Propicdad ", C:., si113 de Corrco n.0 169, C.ipit3I fcdcrn l, Arscntin:i: A"cnt\' par.1 :1 E.~anha: José M:.1rÍ3 Rivoir Cómc-,1,, :1partodo 8182, M:adrid, t-.spanha. Composto e impresso na Ci:1. Li1ho1trnphica Ypirant,;t1, Rua Cndele 209, S. Paulo, As.-iinaturu •mu;al: comum CrS 20.00: co01>era<lor C r$ 40.00: benfeitor Ct$ 80.00; gtnnde lxnícitor CrS 160 00: scmin11risràs e cstudtrntcs Cr$ 16,00: América do Sul e Ccntro,I: via m::irítim~, US$ 3.SO, vfo :16rca US$ 4,SU; oulr0$ país,es: via marí1inin USS- 4.00. via :iérca USS 6.50. Venda :1vulso: Cr$ l,SO.

Os pngamcnlos., sempre cm nome de Editora Podre Belch ior de Pontes SIC, poderJo ser cncaminh.1dos à Adminis tr-.1ção ou nos agcnlc.~. Parn mud:u1ça de endereço de :lssin:mtcs f necc:ss!1rio mcnc~onar 1ambém o endereço an1igo. A correspondêncfa relaliv::i a a~in:nuro.~ e vcnd:1 avulsa dC\'C ser enviada à

Ad.minb:lr.tç:'io: R. J>r. M:trtinico Pr::.do 27L 01224 S. P•ulo

4

Oir-se-ia que entre :1 China comunista e os EUA não há o menor entrave. Que ambas as panes se compreendem mutuamente. E mutuamente simpatizam. Tr••· ta-se apenas de aprofundar esse conhecimento e essa compreensão. Tal qual sue.ode, por exemplo, entre os povos irmãos dn América

··Horrenda ~01sa , e ~a1r nas 1nãos do Deus vivo''

.

,, compreensão"? -

Lalini.1. Ora, a realidade é bem diversa. Tomado o PC chinês como é, aprcsenla ele. cm relação ao povo norte-americano. um sem-número de divergências, que vão desde o estilo de vida até as rnais aluas cogitaçõcs cm matéria filosófic:i e religiosa. Por que, então, faiscar dessa maneira ,, realidade, alicerçando o prograrna das r~lações cnirc esses povos no falso pressuposto de que basta aprofundar de parle a parte o • conhecimento, para melhorar as relações? Em situações como esta, a aproximação transcende de muito r, mer:, compreensão recíproca. Ela imporia na acci1ação da ideologia de um;, das partes pela outra. Ou na convergência de ambas para um :unálgama ideo16· gico. Se. pelo contrário. as relações ficarem apenas cm compreensão múttrn, à medida que melhor se compreenderem. rn:1,s perceberão quanto estão distantes. fmaginemos ;,, com:reto um nortc•aniericano liberal e um chinês comunista que expõe. cada qual. sua idcplogia ao ou1ro. Se ambos ficarem na respectiva posição. sairão do encontro mais cicnte,g do que nunca de tudo o que os separa. Ora, só um 1010 poderá crer que o PC chinês enviará, para esses contactos. gente capaz de mudar de campo. Logo, tais contactos só serão promovidos pelo PC na medida em que tiver a esperança de "converter" o~ norte..americrrnos. ou, oelo menos. de os ''amolecer" cm relação à dou1rina marxista. Este o sentido real do caviloso 16pico da "Dcclarnção de Xang:,i". Scn1ido que não salta aos olhos com a primeira leitura, mas que se torna patcn1e. se se submeter o 1cx10 3 uma análise séria.

• •

Na prá1ica, no que dará isto'! Posta a candura liberal dos nortc-amcrica11os e a astúcia comunista dos chins. dará cm um resultado allamentc conveniente para eSICS,

Entrarão ele.~ cm tais relações com o único objetivo de aproveitar todas as ocasiões para fazer aceitar a sua ideologia pela outra parte. J>elo contrário, o.~ norte-americanos, fundarncnrnlmente liberais, irão para os encontros r..1 persuasão de que se trata de uma rnera informação doutrinária recíproca, sem intuito de mútua persuasão. E julgarão foliar ao ··fair play" se se entregarem ao proscli1ismo.

Em outros termos, as relações sino..ameri· c,rnas se desenvolverão numa base da qual os chins saberão tirar partido. e os americanos não.

• • • Íl este um dos mui1os aspectos desconcer-

tantes cJa "Declaração de Xangai". Como ele. haveria cen, oulros a apontar. que a tornam um dos documentos mais calamitosos da Histórir,. Deste ponto de vis1a, pode-se dizer que cm nosso século tão cheio de calamjdadcs, o cn .. treguismo é a maior. Em Muniquc. teve ele uma primeira manifestação que cs·t arreccu os homens de bom senso. Yalta foi uma calamidade maior do que Munique. Foi Munique multiplicad,, por Mu· nique. A "Declaração de Xang,.i" é uma Yalta multiplicada por Yalta. - Onde nos levará ela?

Do "De nsccnsionc menfü: in Dcum per scalas rcrum crc.i1arum", ou "Elevação dá mcnlc ;:1 Deus pelos degraus das coisas criadas··:

R

E:STA-NOS AGOl?A consMtrar r, jw1tiçü que Deus c.ruc~ 1nmi111lo 1>..t fJt•ctulore,t uo

prtJ/tmclissimo llbi,w uo ,to i11/tr110: se

ó

fizermo:,: com ,,tenç,io t' rigor. ,·ompt'eeml eremos cl'rtamc11te qtumto f ,txlJtQ o que ,Ih. () ApQ.-ç,a/ú na sua Epí:U<>fll ttos llcbreus: ''f/c}t'rcud11 coi.~a ;

c11ir ntls uuios do Di!m' ,,fro" ( N ebr. 10, 31 ). [ •• • ·1 A respeito do 1t•mpo pl'esc111e ,J;z ls"ít,.t:

"1::11 u: ouvi

,~mpo /,n·onfrcl. e• ,mrUici-u ,w ,lia da safr11ç,io" ( Is. 49, 8): <' </Ue! " Ap(M'tól.o r,()

expi)e mmbém

11c1

Seg1111dt1 Epístola 110.r Corín -

tios. acrcsccnuuulo:

"Eis ,,qui agora (J tempo uceiuívcl, eis a<1ui <1!fOrll o lt!m{Jc> tlu s,1lv11ç,íd' (2 C<>r. 6, 2). Dt> tempo futuro que ,•irtí de1>ois desltl ,,f,lt1

clama S<>/011it1s: "&se ,lia ,tcrlt um ,lüí ele ir,,, um ,lia de tribulaç,;o e ougústia, um ,lia de c,1/11 4

midade e misl-ri11, um ,lia ,Je trew,s ~ ele ~scurü/<10. um ,lia ,lc 1111,·e11s e tcmpesuulcs, um dia ,fc trombetas e de clangores'• ( So/. I, 15-16). Nrio s6 rod<>s o.,· pecados seriio pu111"os. nws

ser,io aimla punidos com hot'Yemfo.;,· e {Jâvoro.m s .wtplicios. os quàis scriio tiio t;rmuln. qt1e dificil11w11te podem agora str im11gimulos pelos homen s. E <lo mesmo mDdo que ªnem o olho viu. nem o ouvi<lo om,iu. nem entrou no coração ,lo f, o, ,m:m () que Deus prt!/)(trtm para aqueles que O ttmtm1'' (Is. 64, 4; J Cor. 2. 9). a~·sim um1f>lm olho algum viu. um,ido algum om·iu, ""' corapio algum ,lc homem e11rro11 aquilo que o Senhor tem prepttrttúo pat'a

Com

st•us foimigos. efeito. lLf c,,tamidades 1/os JJt!Clltlores ,w Oj'

i11fcrnQ ,rertio muitas, e absolutt1s, isto I!. lles1,ro,,idt1s ,li! thd(1 C{)1tS01"ç,i(), e. t> qut lJtllUCll/{l IU)

i11/i11itv a seu so/rlmenm, .,·c·•nfo

t'f<'rllllS,

dos c1 J'llfJlJl'lâ -fo ('Om ;mpurih1âa. com fllfra. e t:um clc-st:J'/Jel'Q. E t'lc 11crt·SC;t·111u: "O s,•u /Jiclto mmcü morrerá, nem o seu fOJ:O J.·~ a pagar/," O:r. 66. Z4J. paluvrwl <'JSllS que /t>mm rt:pt'li<llls mais de uma pc:lo Senhor. ,·omo com'U1 cio E'v<mJ:dho <le

,.,,t

Seio Marcos (Mar, 9. 43, 45 ) . A t111um111rá t1hu/11 o rcmors,, du t:om·,·iêucia. a rec:,QrtitJf(iQ 1/c.ste.t tcmpo:r cm que• os ímpios lt'rium JJUilido, J'e o rivt-,tS('m </tttrido. cvltar facUm~ute 1111m:la:• Pt' IUIS e [.[Ot llr 110 Pami.t o a.r perem•.r alegrius, G a fim ele que ninguém pe11S<' qm• os ,l<m<ulos possam co11se,:uir algum ,,lívio e11mi11Jumdo ou ,,,;11/antlo ,te lug,tr, ouve o ,1ue o 1>ráprio Senhor ,li z: "AU1i-o de ,,ts e mitos. e la11flli-o n11s trew1s 1 (•.rteriofes; aí Jww:rá ptmtto e rmigcr das tle11t<•J·' (MtJt. 22, JJJ.

Portamo. t1quefes in/efiz,e:; perma11ec:,L'YãO 1111m nwsmtJ /111tar. com os miios e ():; sn~s mmlos por lufas er,·r,ws. priY<ulos ,la lut. do sol. ela luu e ,las tstrdas. queimando 110 t1fllôr ,lo Jogo. ,·Iro,. mm/o t• /<1me111cm<lo•se. e ra11gcmlo t>.t ,lc11t<1.'í ,/e mil'" e ,Jt, ,le.w:spcro, O.,: que /ort•m l!11ct1rccf1ulos n aquele lugar cheio ,1' horror, mlu pll(/ectri'io .somente atrocíssimas ,lt,re:t ,w /ogtJ do infer11Q, ma.s so/renio aimlll ,, wil•11ç,iu ubsolma ,Jc- todos Ol' coisas. e uma Je:ta11t't1 ,.. um oprúbrio sumam~11tc w:rgo11hoso e dwiu ,ftt ig11om(11lll. Com t•/eito, per,Jerlío muu im11,mte palácios,. 1,erdatlés, ~·1'11hedos. l'('btmhos, ruusm,,. uJ·sim c,,m o ouro, pratd e pedras precio~·11s, e ser,lo re,luzidos a uma mist'Yia wl. que des,... jcmia e petlirõo, como o rlco cmniftio. u,tu, gora d«· cigm, fresca, ~ mio strrão ouvidos. J>orc'fm 11qucfeJ· homens orgullwsos e .t oberl,os que 110 tempo pres~nte mio podem .mporl<lr o/e11.ta ,,/.C?um,,, e pt'c /ercm tt.r l1a11raria.., " q1wlc1m·r ,m1rt1 ,·oisa, ,·e,·iío re,•tlmlt>s e mostriulos 1mblk1t· m«•11te di(Jnfe do t1s.rcmbléin eh• 1<>1"1 o {!hu•ro lwnumo e de w,lo,t l>S Anjos reunido.,._ [, .. ] tmla.,·

~·t'tts criuws. nw~·mo 11qut•f<1s que hOIH'tt'fm per· l't~l,.odo 1111s rrcvt,s. o u que ti,•er<'m sepultmlo uo

,n

J)igo que :rcr,ia muiu,.r pon1uc todas as /acuidades ,la alnw e c<idu um do,t J·cutidos corpo ter,io (J,f .W.'IIS t(JflllClllt>S. Pesa a,.,. paftn·ra.f du .wmtc11c:a do Juiz Supremo. qut1, t.Wtc~ ,w Ewmgelho: "Jipllttoi-v()x de f.1jm, nw"1lto.-.. 1111ru u fogo cu:r110'' (Mar. 25, 41). Ele diz: " Ap,,rtm'..vos ,lc Mim'', lsto t, afo,su;ivo.r da co11soft1ção dos Bcm.,we11turad,n. ficai pri,,u,IQ.t por lô,fo a ctet'11ilfmle ,la visüo de Deu.t , ,,ue t,: a suma be111i11ufe e " essé11cia bemm ·e111mw1çtJ, e " 1íl1im,:, fim fUlfü o quàl l,avtcis sitio criados.

,lt,

d,,

Ele dlt.: ''11wldi10.J'', fa'tO é. n/ín e,tperl'is de o n., cm ,lia11te nenhum gt;11ert> de bê11çãos; estt1is ,lc• f(lt() pdv11dó.t de 1<>d11 <> auxíNo tio gra,~u. ,te wtlu II est>aw,çu ,te sllfrà(!<1o: 11iío 1/escerA nwis sabre vós a ,íguu dtt sabc,lori11. 11cm o orvalho ,111.r bt>as i11sp;raçõeJ·; mio brilh<1r(Í mlli~· sobre w;,r a raio ,la luz çdéslé.' mio g<'rminará mois cm v6s a 1:raço ,lo 11rreptmUme11to; 11cm II flor ,la caritltule, mw, o fruto ,las b()as obras; mio ,•os visitará mflis ,I~ <>rll em ditmte~ e pur todll ,, cttr• nidmlc. Aqm.ft q1u· vem do alto: faltar-,·o.s--1io mio .te; os beu.r t·~pirifu<ús. mt1s tómbém os bem· matl!riui.,·. mio .só os Ne,110,-.,. mas aim/c, os temiJO~ J'uis; mio Ju,verá parfl v6s 11e11/J11m(1 riqueza, nt:· 11/mm 1um:.er, 11e11/tum11 co11$0la1:iio, t. sêrci:r ~·e· melhantes ií f igueira que, ámaft/içoatla por Mim,. Sl 'COU

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ds míus. o fogo'', isto é, pllrt, o /1>r11all,a

IIUJjWt() l11sllm1C Olé

êle dit: "/Jllfd do fo,:o 11r1/e11te e inextirtgutvel, o qual envolverá imcirmncnte, mi,, um membro apenas, m,,, rodos as m embros ,lo corpo t:onjunfmuentc, e os ,,wrme11ll1rl, com dores 11g1111í~·.ti'11u,,r. E(~ Jit.: ' 1i'terno". isw é, ,w /01:0 que mio 1nec:is<1 .n•r alime111mlo com le11lw 1mra m·der scm 11rt·, uws que ,1,•e t1cench· tlQ SOf"" de Deus ót1i 11ote11te. a flm de 1111e, ussim como cm ~'ÓJ' 1111111:a se apag,,rá " ,·ulpit, mr:dm 1<1111bh11 uuuco ft!t'm;11c 4

CJ

,:astigtJ,

justu razão o Prof e111 IJ·aías cfa.. ma com Jorçd: "Qufll de vós poderá habiwr em um Jogó de,•omdor? Qual de v6s poder/, lwbitqr e111re 11s chunws cttmas?'v (/:r. 33. 14). hro quer ,lt'l.er que absolwame11t<• 11i11g11f m poderá suporrttr aqat'lr fogo com paciênda, s>orhn que os 1/a11<ulas? <1imlü que o 11óQ qucirmn • .w1riio ft,rç(1· PorttmfQ, CIJm

f undo <lo c<n·o.r,io, e, par mais torpes que sejam, ,1.s l'uus 1r(dçõe,t, <1s suas fr,mdes, us suas lux,ífias t!

us Si!Ul' S{ICrilégios.

O t· fato. com<> ,fiz o At>6stolo 11a Primefra l;pbw/11 uos Cort111ios, qua11do o Senhor ,•icr julgm· ú 11umtlo, uarc1 à luz. as coisa.t ocufllls das trevt,s, e 11umi/t'l't11rá os ,Je.tíguio.r tios coraçijc.,•; e e11t1it> wtfo justo receberá ,le Deus a rec0111/Jt•m.'t1 e u louvar (/ Cor. 4, 5). e, sem d,h•ido 1111,!umu. rodo ímpio «; t(}(IO perverso receberá ,ltDt•us ó cr1.f1igo e o· vilupério. A vergonha t 1t Ct,11/usão dos homens nWUl'

J·erá tuf ""que/a ussemb!fitt, qm· São B(LtHio, tw ,·ame111t,r o s,,lmo JJ. não r ccti11 ,lizer que t•.ua coufu.wit> set'á um su11lício muito mois s>eno.M do 1111c: qut1lqru:r 1J1tll'O. pur1ic11lurme11tc pam os lw· me11J' hi11tforitus e orgulhosos, e pt1rt1 todos Qs ambiciosos t!e 1:lória, que tiverem tido m·.rtc mundo ,,_ h onra pot'

Dew._

tJU anfe.-r por ídolo.

Mas ,te esst1s e,·1>isa.s que dlssemos a r e.tpeilo dt1 perdu Jc wdoJ os bens, umro celestes quamo 1errc110J'. e ,1<,s dort:s ogutlfa·simaj; t! da igna,n111itt e do ()J>rtÍbrio, tiveSS('m de acabai' um ,lia, nu fossem /ido menos ,,,·omp,mh,ulas de alguma co11sóft1ç,io ou de algum alív;o, como nçt>ntecc tl tt;,das a.s de.rgr(IÇll,f ,lesta vlda, a~· penas podcr•se-iam julgár em algum mod() .mp,>rró,·eis. Sendo,

pot'ém; coi s11 ,Jenwslado certa e indubhá,1d que, fl,u im como ,, /eliâdade

dos

Br.m•aa1ttll11rndos

s erá ptrphna e sem 11e11lmma aflição. assim 11m1· bém a in/eficitltule ,los ,Jall(u/os d,,mrtf por todos os séc.·ulos tios .tét:ulos stm con50/tição 11lgumu,

é ,,,.tciso n !tdadcir<1me11tc que sejam cegos e i11seusatos, <1qude:, que não se cmrpenham com lo· ,/á,t o.,· suas força.f e: não 11rros tom quaisquer uibulações, e ptrl,:os, e opróbriôs, e mortt.\', que o A p6sl0fl> clwmc, mome11t1"'i11eos e lcveJ·., para ai·

c,mç11r o Reino ,/oJ· C~us e a bcm·c1ve111t,r,uu,;a ccfe.,·re ( 2 Cor. 4. 17J. [''Elcvaçúo d:t mente ~, Deus pelos degrous das coisas

criad;.1s". crad.

de Robcrlo de Vaseonccllos, Edições P~ulioas, 19SS. pp. 249-253}.

São Robe rto Bellarmino


CONTINUAÇÃO DA PÁG. 2

A VIA CBII.ENA A conspi ração a bsurda dá prete)(tO à intimidação

O que mais íahava para aniquilar a capacidade de resistência do povo? Faltava a clássica conspiração absurda, destinada de antemão à impopularidade e ao fracasso, a qual serviria como arma preciosa nas mãos de Allende para intimidar aqueles que não estivessem dispostos a entrar no jogo da sinistra maquinação. Foi o caso S<:hncidcr. Houve quem mencionasse depois sérios indícios de vinculação da esquerda com o atentado a Schneider, ou pelo menos com seu desfecho. Nós nos perguntamos, como se faz nas investigações criminais: a quem aproveitou o delito? A trapaça: "No Chile nao - esta"h aven do na da . . . "

No meio disso, Al!ende mostrava-se moderado e tranqüilizador para com os que aceitassem sua .. vitória" ... e formulava terríveis ameaças de violência - prometendo arrastar o país a uma guerra fratricida se o Congresso elegesse outro candidato, como constitucionalmente podia fazer. Ao mesmo tempo, os quinta-colunas e "'amigos" da esquerda nas fileiras da direita repetiam aos ouvidos dos anticomun.istas palavras de ordem, que os incautos tomariam como se fôsse a opinião espontânea corrente em todos os ambientes: "no Chile não está havendo nada" - "nosso povo tem uma tradição democrática muito arraigada" - "o chileno é muito apegado à liberdade: nunca aceitará o comunismo como em Cuba" "o chileno é individualista e não aceitará a coletivização: Allcnde sabe disso" - "Allende é socialista e não comunista: não chegará até onde chegou Fidel Castro" - "ele está muito identificado com a democracia, é um político liberal" "Allendc é um líder já aburguesado; ele não vai querer romper com a ordem estabelecida; olhe a casa de veraneio que ele tem em Algarrobo ou sua mansão em Santiago". Onde especialmente se noto o bin8m io medo-otimismo

Para quantos espíritos tensos pela angúst.ia, ansiosos de imaginar uma solução para o drama que se precipitava sobre o Chile, estas palavras tiveram um efeito distensivo e tranqüilizador! Quantas pessoas, sumamente aJarmadas pela situação, despreocuparam-se dela, e foram depois vítimas de um otimismo irrefletido que impediu qualquer reação! E não se pense que este é um novo e rebuscado método de modelar a opinião púplica a respeito de determinado assunto. Já o maquiavélico min istro de polícia de Napoleão, Fouché, vangloriou-se em suas memórias de o ter aplicado com êxito por meio de seus colaboradores e agentes, conseguindo que nos salões e reuniões da nobreza se aceitasse o sistema igualitário e camufladamente republicano que o Corso procurava impor à França de então. S fácil compreender, à luz destas considerações, como uma opinião pública desorientada por seus próprios dirigentes religiosos e políticos, recebendo a influência de ondas sucessivas que a impeliam ora ao pânico, ora à esperança de uma saída irreal e à conseqüente frustração, tenha acabado por não reagir quando chegou o momento decisivo da subida do regime marxista ao poder; máxime quando este se esmerava em anestesiar as desconfianças apresentando uma imagem de si mesmo muito tranqüilizadora. O único processo paro que o minoria se mantenho no poder

Para o regime de Allende, contudo, era claro que a luta pelo poder no Chile ainda não estava ganha, apesar de ter ele obtido a presidência. Havia o risco de que a qualquer momento a maioria despectasse do embotamento art ificialmente produzido. O próprio secretário-geral do PC, Senador Luiz Corvalán, declarou repetidas vezes que os

comunistas ainda não dominavam completamente a situação. A realidade profunda das coisas continuava a mesma: era uma minoria marxista procurando manter o domínio sobre a maioria antimarxista adormecida, mas ainda inteiramente viva. Com a diferença, obviamente, de que agora a minoria dispunha, de modo mais direto, dos recursos do govêrno. Para superar esta situação, existia para ela a possibilidade de utilizar a violência; mas era quase cecto que assim despertaria prematuramente a maioria, desencadeando antes do !empo a tempestade temida. Por outro lado, o tom demagógico alardeante e pseudomístico, de estilo castrista, poderia trazer o mesmo despertar. Como fazer então? A solução: um artifício. Somente a adoção de um artifício psicológico fria e precisamente calculado abria um caminho seguro. No Chile, para quem -observe com cuidado a realidade, considerando os propósitos de Allende e as dificuldades que se lhe deparam, é fácil perceber que ele não escolheu - por ora - nem as armas, nem as barbas. . . mas o insidioso e movediço terreno das trapaças psicológicas. SEGUN DA FASE

Qual é o actifício que está sendo utilizado? 1, o que se poderia chamar de pânico anestesiante e isolante.

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- Anestesiante: porque concede às vítimas uma espécie de sobrevida. El~s esperam sempre o pior, mas com a esperança de que isso não aconteça nem hoje nem amanh ã, e que depois de amanhã um milagre descido do céu venha remediar seu caso e resolver sua total inércia. Enquanto isso, uma idéia fixa as consola ante a triste realidade: sorver em paz a última gota da taça do bem-esta.r.

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pria vida, o que impede muito subtilmente que ele se transforme em um movimento de opinõão pública. A último gota do taça do bem-estar a) De conformidade com esse mecanismo destinado a produzir o pânico anestesiante e isolante no caminho rumo à comunistização total, os manipuladores do regime procuram não eliminar de uma s6 vez todas as fontes de manutenção econômica da classe alta e média, permitindo aos membros destas sobreviver, isto é: comer, vestir-se, fazer alguns negócios, ganhar algum dinheiro, descansar em casas e locais de veraneio, e continuar com algumas de suas diversões.

b) S certo que os agricultores de todas as categorias estão sendo aniquilados. Mas também se comprovou que, na maior parte dos casos, eles ainda têm, por ora, alguma outra fonte de renda além da agricultura, e, assim, a injusta espoliação sofrida não cona inteiramente seu sustento, embora o reduza gravemente. c) Por outro lado, o golpe desferido .sobre os agricultores deixou relativamente intactos vastos setores das grandes cidades, que somen te agora começam a sentir indiretamente os efeitos dessa espoliação. d) Assim, não se produziu por enquanto a proletarização total das classes sodais; e aos atingidos pelas medidas socialistas mais radicais foi ainda deixado um lugar na escala social, o qual, não sendo embora o mesmo de antes, não é inteiramente o último, e em alguns casos continua a ser por quantos dias ou meses? - um primeiro lugar, se bem que diminuído e em processo de morte. e) Aqueles que, com conta e medida, vão

pondo as doses de veneno socialista na taça chilena mostram, assim, conhecer perfeitamente um princípio natural que a experiência indica a qualquer caçador: há certas espécies no reino animal, como o puma dos Andes por exemplo, cujos indivíduos não atacam por iniciativa própria o caçador, a não ser quando este os encurrala e os deixa sem saída alguma. Então o puma contraataca, às vezes ferozmente. Algo de análogo pode dar-se com o instinto de conservação do homem: agredido em seus pontos moral ou materialmente mais sensíveis, e sem nenhuma válvula de escape que lhe permita descarregar a brutal pressão sofrida, é de temer uma reação completa e desesperada. Quanto não temerá isto o regime marxista de Allende, com relação à vitalidade anticomunista do povo chileno, a qual ele procura paralisar mediante o artifício em apreço? Deste modo, os manipuladores desse sinistro artifício vão cerceando a iniciativa privada, vão-na matando de morte rápida ou lenta, conforme o caso, vão obscurecendo o panorama chileno com negras ameaças, e depois deixam entrever a válvula de escape: "Viva sua vida, cuide de seus pequenos interesses, desfrute daquilo que a situação de hoje lhe permite desfrutar, esqueça-se das filosofias socialista e comunista que repugnam à sua consciência e à sua formação moral. . . Você talvez receie que elas possam levá-lo a ser um escravo dócil do Estado-moloch ... mas você ainda pode gozar e viver em relativa tranqüilidade ... Se protestar, porém, corre o risco de que o MlR ou os ''sem-teto" se apoderem de seus bens .• . " Nas condições particularmente incertas e precárias cm que vive o Chile, uma boa parte da maioria anticomunista está sendo arrastada por esse execrável jogo de preocupar-se unicamente com a esfera circunscrita de seus próprios interesses, enquanto o monstro socialista cresce e se fortalece.

Isolante: um fator impondcrá vel leva

cada qual a pensar assim, mas a não dizêlo àqueles que o rodeiam, com a intenção de não criar em torno de si um clima de inquietação e apreensão, que poderia prejudicar o deleite da última libação. Essas duas características têm um denominador comum, que é o de inutilizar os possíveis descontentes como fator de oposição. Como se vai desenvolvendo este artifício? A minoria que procura apoderar-se dos destinos do Chile sabe muito bem a resposta. S dos passos dados por ela, é de seus atos e da repercussão destes sobre o povo chileno, que deduzimos tal resposta. As olavoncos do terror

Embora o regime pretenda dar de si uma imagem de relativa moderação, sabe paralclament.e acionar as alavancas do terror. Aí estão o MIR, as invasões de terras por rurbas de agitadores, os subtis perseguições dos comités da Unidade Popular nas empresas, as "ocupações" ilegais de propriedades urbanas, as patrulhas de milicianos que existem em certas zonas do Sul. E, de vez em. quando, rumores de que as coisas podem ficar ainda piores, com as pressões que um senador ultra-esquerdista como Allamira'!o, impaciente com a "moderação" do governo, é capaz de fazer sobre este. Completam o quadro as ameaças que o próprio Allende costuma lançar de surpresa, no sentido de que, se lhe fizerem uma oposição muito radical, a implantação do socialismo deixará de ser pacífica, não se sabendo se é porque Altamirano e o MIR o substituirão, ou porque ele próprio, "exasperado" com a oposição, se transformará em um açoite ainda mais duro para seu povo ... Assim, o efeito que a esquerda procura produzir é o de insinuar que "é preciso conformar-se com o mal de um Allende "moderado"; do contrário, os elementos do terror ~-e voltarão contra você, ou o govêmo entrará pelo caminho da violência geral, seja com Allende, ou com outro pior. . . e você acabará perdendo o que ainda lhe

resta ... •·· Esse não .é um pânico coletivo, mas é o de cada indivíduo na intimidade de sua pró-

TRATAR O CHILENO COMO SE TRATA O PUMA DOS ANDES

O efeito que este conjunto de trapaças visa produzir é que a opinião pública anticomunista não se articule, que ela vá perdendo totalmente sua vontade e sua capacidade de resistir. O descontentamento é notório, borbulha, mas no âmbito individual, sem exteriorizar-se, e sem transformar-se, portanto, em corrente decisiva de opinião. E assim o anticomunista, atemorizado, anestesiado e isolado, é levado a abandonar paulatinamente suas preocupações ideológicas, para absorver-se exclusivamente em sua situação pessoal, em um estado contraditório de preocupação e sonolência - e, cm todo caso, de paralisação - a respeito do que está para vir. Paralelamente, o governo marxista continua com sua máqu.ina de propaganda em plena atividade. Completa este quadro a atitude omissa e entreguista da maior parte dos dirigentes religiosos e políticos e dos

líderes de classe, coisa de que trataremos mais adiante. Assim, os anticomunistas sinceros, que constituem a maioria do país, vão perdendo por este processo toda esperança e afundando progressivamente no abatimento. Caminham percebendo que o país avança para o abismo, mas o pânico anestesiante e isolante os vai cobrindo como uma membrana invisível. Surge então, como uma fuga a esta dura realidade, o imergir no último prazer, o desfrutar a última comodidade que a a tual situação possa proporcionar. Assim é que cada qual, evadindo-se da realidade, procura não ser inquietado na tranqüilidade deste refúgio imaginário. Enquanto este execrável jogo é realizado, o governo de Allende "apressa-,;e lentamente": uma medida após outra, a comunistização total vai sendo levada a efeito, e o espectro da miséria generalizada se aproxima.

A CRISE ECONOMICA E A DESINTEGRAÇÃO NACIONAL

Para quem toma contacto com a realidade chilena em seu conjunto, não é difícil perceber que - como tara mais ou menos inevitável da implantação do socialismo já se apresentam os primeiros sintomas de uma crise econômica de dimensões impre-

vjsíveis. Com efeito, enquanto o pânico anestesiante e isolante vai dominando o espírito dos anticomunistas, a[undando-os na inércia fatalista, o país se aproxima cada vez mais de um caos total, não só ideológico, mas também econômico. Procura-se com isso tornar mais irreversível a trágica situação. a) A agricultura encontra-se virtualmente

paralisada. Os agentes da destruição do Chile como nação civilizada realizam meticulosamente s ua obra nefasta. De um lado, graças às leis sociâlistas herdadas do governo de Frei, Allende continua os confiscos maciços com base no "Direito burguês". Enquanto isso se dá, bandos de revolucionários invadem propriedades rurais, às

centenas, com a c umplicidade e sob o amparo do governo, que procura deste modo, como medida prévia, quebrar moral e materialmente sua futura vítima. A insegurança do agricultor em seu trabalho é completa, e a conseqüência é óbvia: ninguém está disposto a investir senão o estritamente necessário para subsistir, pois sabe que poderá estar investindo para os espoliadores. Quando se percorrem as zonas agrícolas salta aos olhos esta trágica realidade dos campos chilenos: em conversa com a lguns produtores, estes nos assinalavam que a diminuição da área cultivada é uma mostra e vidente desta insegurança; a tal ponto, que uma versão otimista afirma que atualmente apenas uns 30% das terras norma.l mente cultiváveis estão sendo trabalhadas. Quem não sabe o que isso representa em fome e em miséria a curto prazo'! Mas não é só o confisco maciço, o assalto dos bandos revolucionários, as greves e reivindicações trabalhistas de caráter político que assolam como uma tempestade 5


CONCl USÃO DA PÁG. S

A VIA CHILENA tenebrosa o trabalho agrícola. Os que conduzem o país ao caos utilizam recursos de toda espécie, cuja visão de conjunto, todavia, ninguém no Chile possui, nem a in1prensa registra tal como é. A. título de exemplo baste-nos repetir o que nos foi relatado por alguns homens do campo, na intimidade e confiança de seus lares: "Sabe, o pior é que ninguém conhece a nossa situação; comenta-se alguma coisa dos assaltos a nossas terras e de como o governo vai mutilando todas as propriedades. . . mas os fatos miúdos da perseguição não se contam. . . O Sr. sabe que o governo lançou uma campanha para controlar toda a comercialização dos produtos? . . . Veja o Sr. como ele se vai apropriando de todas as feiras. . . E o que será de nós quando isto se consumar? . .. Se ainda não tivermos sido expropriados. . . passaremos a ser escravos do Estado, pois se ele já controla o crédito, e agora vai dispor de nossos produtos. . . no que fica então nossa liberdade? . .. " Em seus rostos curtidos pela vida do campo refletia-se toda a dor da inj ustiça e da desesperança. Enquanto um fazia uma pausa, outro intervinha para acrescentar: "E olhe, vou contar outro fato desses que não saem na imprensa, mas que para nós são muito graves. . . O Sr. sabe que para se poder vender qualquer animal é necessário demonstrar q ue ele está vacinado; pois bem, agora todas as vacinas são controladas pelo governo, que só as entrega aos "asentamientos" - fazendas coletivas do Estado - ,: assim não podemos nent sequer vender nossos animais". Depois, com um gesto que refletia ao mesmo tempo vergonha e desespero, continuou: "O Sr. sabe o que tive que fazer, o que estamos tendo que fazer muitos de nós? Recorrer a bandos de ladrões, que de acordo com a gente roubam durante a noite nossos animais para vender-lhes a carne no mercado negró ... " Ao notar nossa surpresa, acrescentou: Pois é', o Sr. deve saber que, quando os comi1és de vigilância revolucionária nos vêem retirar animais de nossas propriedades, estas são imediatamente invadidas e. . . aí perdemos tudo! Pelo menos, deste modo salvamos a metade, já que a outra metade vai para o bando!" Como estes, foram muitos os homens do campo que nos relatavam seu desespero, desespero surdo que não se manifesta externamente e que o governo procura cuidadosamente ocultar. A situação nas !erras invadidas, nem seria necessário dizê-lo, é de paralisação e caos completo. E nos c hamados "asentamientos" coletivos, em que estão transformadas as antigas fazendas hoje confiscadas, começam a generalizar-se a confusão, as rixas e sintomas alarmantes de anarquia. Tudo isto ante a tolerância do governo, que por outro lado tem descuidado a entrega de adubos, sementes e demais formas de. assistência aos componescs ali reunidos. De modo que são numerosos os "asentamientos" que se encontram abandonados à própria sorte, entregues a lutas intestinas e ao domínio do mais forte. Isto não se diz, isto não se comenta, isto não se publica .. . , é claro, porque não convém ainda aos sinistros métodos de fraude psicológica daqueles que se propuseram. desintegrar e escravizar o Chile. Não é pois estranho para nós, que tivemos ocasião de apalpar assim a verdadeira realidade do que ocorre oo país, a notícia do aparecimento de um mercado-negro de alimentos. . . em uma nação de importante atividade agrícola, como era nossa pátria. b) A situação da indústria e do comércio, ainda que menos caótica e desintegrada por ora, tem já contudo inoculados os germes da destruição total. Com efeito, o governo marxista de Allende, cm uma medida demagógj_ca e de intuitos políticos, impôs um aumento exorbitante e deficitário dos salários dos trabalhadores, que cm alguns casos atingiu até 300%, enquanto paralelamente congelava os preços de quase todos os artigos de uso habitual. Ao mesmo tempo, setores-chave da atividade industrial privada vão caindo sob as garras da expropriação socialista e confiscatória, e a inccrteza paralisante vaise estendendo, assim, aos setores industria is e comerciais.

Mencionaremos aqui apenas um (ato sintomático, que fala por si só: o crédito encontra-se inteiramente dominado pelo Estado, como conseqüência do confisco do sistema bancário. Ora, que empresa pode hoje resistir sem créditos, sobretudo com os salários elevados e os preços congelados? Mais ainda, q ue comerciante ou industrial tem liberdade quando os "comités" semiclandestinos podem arruiná-lo provocando uma "tensão" social que sirva de justificaliva para a intervenção do Estado? Todo este conjunto de medidas faz com que muitas fábricas e indústrias ten.ham reduz.ido suas atividades e outras caminhem para pronta liq uidação. Do mesmo modo, as casas comerciais começam a liquidar seus estoques ou reservas de produtos e mercadorias. Assim, a u ma primeira aparência de normalidade cm alguns setores sucedem-se agora os sintomas de escassez progressiva, e nas vitrinas das lojas começa a fazer-se patente esta realidade: é o tom geral da vida do país que inicia sua catastrófica decadência, a qual, perdurando as atuais circunstâncias, dentro cm breve crescerá em proporções galopantes. e) Por último, a mineração do cobre, que representa aproximadamente 80% da renda nacional, não escapa a este futuro sombrio. E para chegar a tal conclusão basta observar que, à baixa do preço do metal no mercado internacional, somam-se a queda da produção, conforme as próprias declarações oficiais, e :i evasão do país da g1ande maioria dos técnicos ,: do pessoal espec ializado. ' A título de exemplo, vejamos o que nos apontava um dos técnicos: ó•Na mina de Chuquicama1a (a maior jazida cuprffera do mundo) estão paralisadas, neste momento, mais de 30% da__ maquinaria de exploração, por isso que, ao se fazer a expropriação, não se teve presente que a referida maquinaria requeria serviços de reposição de peças altamente especializados, os quais, logicamente, as companhias expropriadas deixaram de proporcionar" - "nas minas de "El Teniente", quatro dos seis fornos de fundição encontram-se paralizados devido a estragos causados por falhas cm seu ma-

. ••• " neJO

A interferência dos políticos esquerdistas na direção estritamente profissional deste setor essencialíssimo de nossa economia só poderá aumentar as dific.uldades já existentes, com piores e mais calam itosas conseqüências para os níveis de prod ução. Estas são as sinistras areias movediças feitas de artifícios, fraude, ruína e desintegração, nas q uais vai sendo submersa nossa pátria.

EM SALTA, LANUSSE AP61A ALLENDE E APUNHALA PELAS COSTAS O POVO CHILENO Assim é que Allende, percebendo sua enorme debilidade no âmbito interno, iniciou uma série de visitas ao Exterior, para ver se, ao ser bem recebido por e le mentos não comunistas, consegue fazer com que os chilenos anticomunistas percam tôda esperança de apoio m.o ral por parle de seus irmãos de nações ai nda livres. Trata-se, mais ainda, de dar a entender que a "revolução chilena" está em franca expansão. Com efeito, embora Allende haja asseverado não ter a intenção de exportar a revolução chi lena, a declaração de Lanusse, de que não existem mais "barreiras ideológicas", indica ao mesmo tem.p o que, a partir do momento em que Allende queira fazer essa exportação, não encontrará obstáculos. Ê muito singular essa inexistência de barreiras ideológicas. Enquanto assim se afirma que o marxismo tem campo totalmente aberto além dos Andes, deste lado da Cordilheira as condições são tais, que quem quiser fazer propaganda antimarxista autêntica (e não ilusória ou colaboracionista como a-•dos Partidos Nacional e DemocrataCristão) encontra-se em situação de inteira insegurança e é impelido a recorrer à clandestinidade, por causa dos enormes meios de pressão econômica e policial que o governo vai, dia a dia, acumulando cm suas mãos.

"CEDER PARA NÃO PERDER", RECOMENDAM "AMIGOS" DO REGIME NOS CENTROS DE OPOSIÇÃO a) Grande parte da Hierarquia Eclesiástica e do Clero chileno, q ue já havia dado apoio não d issimulado à política socializa nte de Frei, agora ou apóia declaradamente Allende, ou mantém uma confusa "equidistância" que no fundo quer dizer: - desde que o socialismo se limite às reformas sociais que mutilem a propriedade e implantem o regime econômico-social marxista, sem derramamento de sangue nem perseguição religiosa, nós não nos oporemos. Ê só disso que, da parte deles, necessita no momento o regime de Allcnde, para intentar aquietar a questão de consciência da maioria católica e anticomunista. b) Claro está que, apesar ele toda esta montagem em que uma parte colabora com a outra, há sem dúvida pessoas de influência média que não se deixam enganar e que desejam descerrar o véu , mostrando a imensa trapaça. Tais pessoas, porém, recebem um golpe inesperado. Com efeito, cm conversa em sua casa, dizia-nos uma delas: "Quando alguns pensam cm reagir, procuram o Partido Nacional - e o que se lhes depara?.,. . Que este, cm vez de prestigiar cm seus diretórios lideres anticomunistas autênticos, e adotar uma linha de radica I oposição ideológica ao regime, aparece agora com gente que não nos representa e que sustenta uma ''revolução nacionalista" com tonalidades esquerdizantes . .. •· e) A atitude dos que controlam as direlorias das mais importantes e.otidadcs de classe, nas quais se congregam as forças produtoras do país, é de entreguismo e uma cumplic idade que se refletem, na melhor das hipóteses, em conselhos tais como: "é melhor ceder ante o governo para não perder tudo" "Allcnde está muito preocupado com nossos problemas, e não está de acordo com as invasões de propriedades: isso ele me disse pessoalmente ... " "não devemos fazer-lhe oposição, pois ele é nossa garantia, senão virão dias piores .. . " - "é melhor ceder um pouco ... " Estes são os "sábios" conselhos que, nas horas criticas, dão os homens que hoje estão entregando suas bases às mãos do ini migo. Característica neste sentido foi a posição adotada pelos dirigentes das organizações de empresários a&rícolas, cuja atitude mais típica de entreguisnto consistiu em reeleger o pró-comunista Benjamin Malte como presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, depois de ter ele dado as mais escandalosas mostras de covardia moral e de defecção da causa dos legítimos proprietários, e de haver-se entregue à colaboração com Allcnde para dizimar suas bases. d) Resta falar da pregação sentimental e farisaica dos dírígentes democratas-cristãos, que d.ispuseram da máquina governamental durante seis anos, e passaram falsos ateslados de Cristianismo às reformas socialistas e confiscatórias, fazendo tudo quanto lhes foi possível para mutilar a instituição da propriedade privada individual, tanto na estrutura econômico-social do país, quanto na mentalidade dos chilenos. Então, que dizer da atitude "oposicionista " dos líderes dcmocratas-<:ristãos quando eles mesmos sustentam cm ponto menor as idéias socialistas e confiscatórias? Para onde conduzirão a maioria anticomunista, querendo apoderar-se agora das bandeiras que contribuíram para abater? Considerando isto, não se pode deixar de recordar aquele princípio tático enunciado por Lenine, segundo o qual os próprios cúmplices do comunismo devem levantar a bandeira do anticomunismo, antes que um anticomunista verdadeiro o faça, com o que garantirão ao marxismo a inexistência de obstáculos sérios em seu caminho. O veneno social ista, edulcorado e prepa-

rado do modo descrito, 1cm, pois, muito maiores possibilidades de ir penetrando em um público que se vai habituando a pôf de lado as questões ideológicas e ao qual não se mostra a catástrofe moral e económica que o espera. E a responsabilidade por êstc fato cabe menos ao marxismo - do qual se deve esperar toda sorte de fraudes e de enganos - do que a essa falsa oposição que o governo ião explicavelmente tolera.

A SOLUÇÃO: ROMPER A MEMBRANA ANESTESIANTE E ISOLANTE A muitos dos que a observarem, a trágica situação de nossa pátria poderá parecer asfixiante, mas seu conhecimento é de grande utilidade tanto no Chile como no Exterior. No Chile, porquanto este artificio é um processo cuja plena eficácia decorre únicamente do fato de ser inadvertido ou ao menos tolerado por quem o sofre. A partir do momento em que a nação chilena se dê conta da sinistra maqu:nação a que está sendo s ubmetida, criar-se-á para a maioria a possibilidade de compreender, indignarse e, em conseqüência, reagir. Este manifesto 11,10 pretende resolver tudo: o que e le se p1opõc é, desmascarando este processo, remover o grande obstáculo que fecha o acesso a todas as soluções possíveis . Ao afirmar que a indignação diante do que se passa no Chile é uma das preliminares para que a maioria corte o passo à comunistização do país, a TFP não visa recomendar a violência. Q uando as i.mensas maiorias se indignam verdadeiramente - e isto sem violência - essa minoria tem que renunciar a seus planos e a seus cargos, pela inviabilidade da resistência dentro de quadros políticos verdadei ramente livres. Quando o sol se levanta, é sem violências mas por um poder irresistível, que a fauna noturna é obrigada a voltar a seus

antros. Deste modo ficará evidente aos olhos do mundo que, inutilizada a astúcia, o comunismo é apenas uma força violenta. Antes de tudo, o que é necessário é que cada chileno ant icomunista que receba este manifesto, o estude, copie, distribua e comente. Com isso se poderá criar um clamor irresistível, e a partir deste clamor nacional novos dias de esperança se abrirão para nossa pátria. Para o Exterior, este manifesto é de grande utilidade porque a chamada "via chilena" está sendo apresentada como u m paradigma a ser seguido por outros países, e ela se tornará para eles muito menos apetecível a partir do momento em que com precndam que esta é apenas uma via de fraudu lentas manobras psicológicas.

CONCLUSÃO Para poder fazer com que a opinião pública acredite no "bl uff" de uma revolução desejada ou tolerada por todos os chilenos, o comunismo deve dar ao povo ao menos um resto de liberdade legal. Ê aproveitando este resto que os chilenos - pelas vias legais, e quebrando cada qual o feitiço psicológico que o domina devem reunir-se e lançar um grande movimento de opinião pública que inutilize as tramas de Allcnde e mostre que o triunfo do .comunismo no Chile representou uma vitória de surpresa, a qual terá cada vez menor consistência, à medida que aplique seu próprio programa. Assim, a TFP, de seu exílio mas presente qe fato e de coração, continua lutar.do pelo bem do Chile e de toda a civilização cristã ocidental. Que Nossa Senhora do Carmo, Padroeira do Chile, ilunune seus fi lhos no meio das trevas que cobrem nossa pátria, para frustrar a covarde manobra e permitir a reconquista da independência naciona l ameaçada pelo imperialismo ideológico e político que o marxismo está implantando. / O Conselho Nacional da Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade.

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A ALIANÇA FORMADA PELOS CATÓLICOS ENTRA EM AÇÃO

formudn pelas Congregações Marinnns de PMiS e Lyon, as "Anticizie*' e outras sodedndes me· nos conhecidas pôs-se em ntivid11de, ulili~mdo-se da rede de contactos que tinha ~1abelecido, sobretudo n.a França e na Jtálfa. O primeiro grande ixito dcs.sas as.wciaçõcs consistiu na di,·ulgR(i.o de importantc.i documentos atinentes às relações entre Nap0lcão e ta Sant11 Só e à ex• comunhão do Imperador. Obrigadas a trabalhar no maior scg.redo, h' ainda hoje pontos obs· euros quanto à maneira como conseguiram distribuir pela França e pela It~lfa ~ documentos. Em todo caso, as pesquisas mais rc-ctnlcs puderam explicar em linhas a:iernis o assunto,

Em seu livro ''La Congré-gntion'', publkndo cm 1889, e (luc teve grande repcrcussiio, Geof• froy de Grandmaison conta cm poucas Unhas como chegou a Paris a Bula de excomunhão do lmper.1dor. "A Buln de excomunhão~ diz ele, foi recebida em Lyon por Fnmchet d'~-pe~y e Bu· U.aud du Coln, e ele Já trazida para Paris pelo Marquês Eugene de Mootmorcocy, que escondera uroa cópia em suas botas para· despistar ns buscas da polícia". ~a infonnação efa uma tradição que ~-e conservava na família de Montmore.ncy, e forn comunic-ada n Gnmdmnison pelo Conde Charles de Maistre, Sobrinho-neto do Marquês Eug~ne. Uma tese célebre do Pe. Bertkr de Snuvigny, "Lc Comtt Ferdlnand de Berlier el l'énlgmc de Ja CongrégaOon", veio trazer luzes inteiramente novas sobre a Congregação dt Paris e especialmente sobre sua aÇ'iio ~ntra a polícia imperial. Mais tarde, o Pe. Candido Bona com o seu ...Lc AnJicizie", que jJ\ citamos várias ,-cus, e, mals rectntemcntc, Antoine Lt-scra com sua "Hiscoire secffte de la Congrégation de Lyon'', conscguir:lm esclartittr vArt.as dúvidas que restavam, tomando a.sçim p().S$Ível uma narração mais deialbada dessa her6ic-a resis1ên· da. Baseados nesses trabalhos. e. alnda em um artigo do P•. Verrit.\'t publieado •m 1960, 1U1 .,Revue d'Histoire Ecdt$fas1ique", ,-amos tentar resumir para os nossos leitores essa página admirável da história da Igreja. O Cardeal Pacca havia preparado vários do-cuinentos par.i serem publicados ca~ Napoleão

~ OM\ JIE1[

O ARTE MODERNA: PRECURSORA DOS ''HIPPIES''

peus.

1 - A Buht 1 'Quum Memorandn..~ que ex· comuns..~va o Imperador dos franceses. Esse texto de 45 páginas cra muito exten..ço e, por.. tanto, imtde<Jundo p:.,ra levar ao conhecimento do povo. de um modo rápido e dlcicntc., :1 notícia da ex.c omun_hâOi 2 - O manuscrito de wn livro contendo os docume.ntos oficiat~ de Napoleão e da Santa Sé sobre os aconttdmentos c1ue. culminaram com a prisão do Papá. Não havia nc~ obra nenhum comentário. Traz.ia apena.,; no irúcio e~1.a..._ palavra.s: "'Invocamos tudo o c1ue a Religião tern de mais sagrado, em garnnlin da autenticidade dos documentos que vão ser lidos". O lítulo desse manuscrilo era "Corn.spondancc. auUienlique de la Cour de Romc avee- la Fnmcc. dcpuls l'invasion de l'Elat romRin ju.« au'à l'cnl~vc.n\cnt du SouYerain PonJifc'';

3 - Três documentos, datndos de 10, 11 e 12 de junho de 1809, bem curtos e próprios para serem rcprodt12ldos cm cartazes e afixados nos muros das cidade-s. A saber:

a) um protesto contra a ocupação de Roma: "Sob indjgnos pre.textos e com a maior injustiç.a, vemo-Nos despojado da soberania tempornl, à qual cstJ\ estreitamento ligada a No~ in-

deptndêocia cSpiritual'1; b) .uma nota sobre a excomunhão: " Pio VII ao Imperador dos: fra.nceseç. / Pela autoridade de Deus onipotente, pela dos Santos Apóstolog Pedro e Paulo e: pela Nosso, declaramos que Vós e todos os vossos cooperadores, depois do atentado que acabais de cometer, incorrestes na excomunhão . . . Declaramos igualmente excomungados todos os que foram mandantes, faufo. res, conselheiros, e todo aquele que. tiver cooperado na cxecuç.iio de~ atentados ou que os tiver cometido"; c) um de-ereto: "~m no01e da Santíssima T rindade, Padre, Filho e Esplrlto Santo, e dos Apóstolos Pedro e Paulo, / Pio vn, servo dos SC!rvo.~ de Deus, / a todos os fiéis que lerem, / Sauda· ção • Bênção Apostólica. / Forçado a Nos servir da autoridade que o Pai Celeste nos concedeu pnrn governar a lgrtjll, pelo presente, que escrevemos, assinamos e selamos com o anel do Pescador, declaramos que Napoleüo J, l m. penador dos franceses, e todos os seus aderentes,

rautore.i e éonsel hciros, incorrenun na cxcontu• nhtio com n qu:11 os tínhamos nmeaçndo untes (mais particularmente em Nosso primeiro 1>rottsto de S de abril de 1809), cm virtude- de t.c r c.le ordenado a inva.\'ã.o da Cidade de Roma por de-ereto de 17 de maio. / Dee.laromos que ~ssa mesma exc..-omunhão incorrem ipso facto todos-aqueles que, pdn forç:t ou qu11lquer outro meio, se opu..«rcn_, à publicaçllo do presente. Estão co111prcendidos na mc~ma excomunhúo todos os membros de Nos.to Colégio Apostólico, Bispos, Prelados, scjim1 eles seculares ou rcgula,res, que, por qualquer motivo e resptito humano. recusarem conformar-se com o que foi esCatuído por Nós, com a assb1ência do Pai das luz-es, cm Nossa$ Oecrclnis de 10 e 11 do corrente .mês de junho. / Dado em NO$.'iO Palácio do Qui.rin.al, aos 12 de junho do ano 1809 do Nascimento de Nosso ~nhor Jes us Cristo, e décimo de Nosso Ponlifkndo, / Pio PP. vn11•

F..s.~cs trb úllimos docunu:ntos foram os que apureceram, como já vimos, nos muros de Roma ao amanhecer o dia seguinte- ao da prisio do Papa. Os esbirros de Napoleão não conseguiram evitar a divulgação d.a notícia da excomunhiio de seu amo. Depois de ter estado algum tt-mpo preso, o Cardenl Pacca foi interrogado sobre quando tinha sido publicado certo liVl"o em. quatro pe.· qucnos tomos. que a polícia apreendera. Era uma ed.tção de poucos exemplares, mandada fnzer par Pio VU, contendo o correspondência do P•pa com o govtmo fnu,cês desde 1806 ató a invasiio de Roma. O Cardeal rtspondcu que a obra fora entregue ao público a 10 de. junho de 1809, ou seja, no dia imediato ao da prisão, O mant.L\'ttUO que mendonamos acima sob o~º 2 continha u.-.a correspondência e ma.is a que se seguiu depols da invasão; ele fot dado a lume posteriormente. • Também o texto Integral da Bula "Quum Mcmornnda'• só foi conhecido mol,ç tarde. Os documentos d• 10, 11 • 12 de junho, que vieram a ser difundidos cm outras partes d11 Itália e no Exterior, dobam chegado 11$ mãos dos congTegados e dos Amlgos-crist.ios. Todo o d~ilivo montado pela Congregação de Lyon entrou em aç:iio para difundi-lo.4ii.

Fernando Furquim de Almeida

\VJl~1[JEJIRA\

S CHAMADOS meios de comunicação social, sobretudo a fnn-és da palavra escrita, trataram Jnrgamcntc da pa..~gcm, no mês de fevereiro último, do cinqücn1cnário da "'Semana de Arte Moderna", ruidoso certame rcalb..ado cm São Paulo cm 19:22 como repercussão, um tanto retardada, do que vinh:, acontecendo em certos c-entros culturais euro~

SEMANA DE

chci:asse: aos 1íltin1os extremos contra a Sanh1 Sé, Antoine Le-Str,t enumera os seguintes:

''CatoHC"ismo'' já se ocupou, cm mais de uma ocasião, do setor literário e artístko, em que a pàrtir da Renas cença vem lavrando o incêndio deva~t~ulor a que chama,m os Rcvolutão. Nossa posição cm fa«! da c:ampanha pela arte moderna é bem definida, e não d:i margem a confusões ou equívocos. NHo nceitamos o falso dilema: ou elassidsmo greco-romano ou modernismo. Abandonando n c:once1>çio católica de vidà, para buscar no t>áganlsrno c.lMsico seu ideal cm lodos os domfníos, tanto estéticos qurui. to filo~'Óficos e políticos, os escolásticos da dc-cadênci:i. os lcc islas e os artistas do Renascin1cnto lançuram as bases do que, passo a passo, se transfonnou em um mundo sem fé nem grandeza, de cujos escombros fomos os herdeiros. Caberia ao movimento dito da nrte modem:,, a partir do início do século XX, promover :.1 derrubada do pouco que ainda nos restava de bekza. Se analis:mnos o que aconteceu no Brasil desde :l f:11nigen1du Scman:l de 1922, veremos essa verdade ressnltsr com todo n nitidez. Já tivemos oportunidade de demonstrar que htlci:ilmente os adeptos d.:.l nrte moderna se <;la.ssifieavam entre nós como futuristas, tomando empre~tada ~l f\1arinctti tal express:.101 a esse mesmo M;1rineHi :l quem Mu.\'So1ini dava o apelido irreverente de "o São João Batista do fos-ci.smo''· Os dlscipufos lt:,liaoos desse cabotino, entre outrns pro~s. lançaram do alto do "c,-1mpanile'' de São Marcos, c.m Venc~i, manifestos propondo que se arrnsus.,;c. como velharia inútU a '"e.idade morta" dos Ooges.. . Do mesmo modo os futuristns tapua.ías, cm sun campaoha pela destruítão do, (!UC de belo nos restava do p1~~11do, diziam: "Morra Héladt! Organizemos um :r.é-pcreira c,111:ilha para dar uma. voiR de.finitiv~1 e fom1idável nos détL~e.ç do Pamaso!'' As~im, por destruições s ucessivas, acaba.ra-se. com o idcul de belcta que nos t'inha da Idade Mé.d la

cristã. para cm seguida aniquilar o neod~ici-smo T°enasccntlsta, que se propuse.r a reerguer o ideal tstético dn antiguidade pagã, e de que era mingu1'da rcmlnlseênda a tendência parnasiana dn uBtllc Epoque''. , . t bem Yerdnde que a conotnç2o rasclsta de que vinha impregnada a duig.oação ''futurista'' incon1odava os Partldlirios da arte moderna no Brasil, mru; não era essa a única manifestação de falta de originalidade dos mentores do mo-vimcnto. Assim, já cm outrn ocasião 3$l11.1lamos o fato - ronfe~"Rdo pelo pintor l)i Cavai· cnnti :t um jomolbta, lrinta anos depois - de que t, vaia sofrida qu11ndo da Semana de Arte Moderna de Síio Paulo fora preparada pelos próprios modcmi,11'1as. Como é sabido, episódio idêntico nconle«.ra na exposição de arte dadaísta realizada sob a direção de Max Ernst •m Colônia, dois anos antes. Convém acentuar que n preocupação em ambos os casos fora a mesma: tendo o aplauso sinal de aqu.ícscência burguesa, a vaia. é que reprtscnta a con.sa,graç-ão pnrn quem deseja subverter complefnmcnte a sociedade humana~ ineJusjvc em Questões de go~1o ou de aprccia:ção estética. O e.spfrito modernista e suas modas nos vieram diretamente da Europa, como a arquitct·ura moderna e urba.nu, com seus !lrranba-céus, nos veio dos Estados Unidos via Le Cotbu.stcr, isto é, também sob influência européia, não se devendo t:impouco esquecer o arquiteto \Varchavchik, iniciador no .Brasil do lamentável '"international stylc'', que tanto ajudou a tirar as c.a racterlstkrtS loe11is de nossos -centros urbanos. A Se-ma.i1~1 de 1912 teve como patrono o então membro d,1 Acudemi.a Brasileira de Letras, Gnu;a Arnnhn. São de seu discurso na nbcr.. hira do certame a.,; .)"Cguintes pol1wras: "Pa.rtt muitos de vós a curiosa e sugestiva expo~ição que gloriosamente innuguromos hoje, é uma a,c.lomcrat.ão de 1'horror~-". Aquele Gênio supJkiado, aq-u cle homem :unarelo, aquele ca.rnavnl aluduantc. aquela p:.lis,tgcm invertida se não são jogos de f:'tnfasia de artista.~ zombctcl· ros, são seguramente desvairadas- interpretações da natureza e da vida. Niio está tcmiinado o vosso c.c.1>anto. Outros "horrores"' vos ~,>eram. Oaquj a pouco, juntando-se :\ esta coJcÇ:üo de disparntes, um:, 1,oesia liberta, uma música ex-

travagnnte, mas transcendente, virão revoltar aqueles que reagem movidos pela..'i forças do P assado. Para estes re-tArd.a tários a Arte ainda ~ o Belo''. E mais para o fim de sua oração, afinna: '~O que hojC fixamos não ~ a renM· cençn de uma arte que uiio exbte. t o próprio comovente nà$dmcnto da arte no Brasil". Diante de tão indiscretas palavras não é para admirar que os próprios ,con,parsas do lnntndor dn Se· mana de Arte Moderna procur~em convencer os profanos de que ele não merecia crédito. Em depoimento sobre a Senmna., houve quem mais tsrde rcproduz.i~c o diálogo cm que M .urio de Andrnde dissera: "Eu n.i\o acredito 110 mo• dernismo de Graça Aranha"; ao qut Oswald de Andrade rc:trucarn: "Mas quem é que acredita?" Essn lamentável cxp('riênda foi prestigiada e até financiada por elementos representativos da elite social p11uli.stana, o que. lhe· conferiu o as,pecto de ' 'o maior acontcch.ncnto mundano da t'empornda", a ponto de não t.e r faltado quem retponsnbllb.osse: o me~100 Graça Ar-.mha pelo ''tom festivo (dado àquela Semana), lrrcconcJllá. vel tnlvez com o sentido de tnm.sfonnação sodal qur para mim deveria est.1r no fundo de nossa re,·olução artística e litcnirio 11• O progresso técnico, os velozes meios de loco.. morão, as chaminés da.ç fábricas e su~i fumaça poluJdor.l, o c.ntão nascente sindic-ali.smo, o so.. dalis mo, ns greves anarquistas, tudo isso, de cambulh"dn, era saudado cuforien,m cntc por c-sse.s novos iconocla~1as, que vi.o.ham na esteira dos que cm ;eruções passadas já haviam devus-tado o mundo. Sem quc.i:er dar a tal Semana um valor e uma repercuSS:"io que. de fato não tct·c, o que desejamos assfoalar é que ela. observada cm vl~o de vôo de pásSHro, niio deixou de ser, cm nosso mc.io, um pequeno sinal precursor daquilo a que hoje estamos asslstfodo: a destn1ição do 1>ouco que ainda resfa de ~-adio, e:mborn jé coberto pela fuligem da Revolução, para dar lugar a um mundo cada mat't dominado pela mcnt.alldade "hippie'' e: contestatária, pela de.. sordem das pai.xões e pelo totalitarismo -contunista.

"'ª

J. de Azeredo Santos 7


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O FEUDALISMO NA ORIGEM DO IGUALITARISMO REVOLUCIONÁRIO? F

OI COM NÃO pe<1ucna surpresa que

tomamos conhecimento

de três preleções do medievalista Walter Ullmann, rcali1..adas n:, Universidade norte-americana Johns Hop. kins e reunid~s cm forma de livro sob o título de "Thc Jndividual and So0

cicly in 1he Middle AgC$' (Mclhuen & Co. Lld., LondrC$, 1967) , O aulor é professor de História Eclesiástica Medieval na Univctsidadc de Cambridge. na lnglate.rra. Seu confess.;:,do propósito, nessas três preleções., foi o de levantar "o problcm~, ,•irai d<> súdito e ,lo cid"'l<i,l'. e dchnear o processo pelo qual o segundo .suplantou o primeiro. A novidade cons iste cm que esse erudito n1ed.ievalista dos tempos presentes sustcnh1 _parn seus ouvintes e leitores .a tese de que o ícudalismo é. <lc algum modo. o pai do igualirnrismo contemporâneo.

"Nõo há poder - ven ha de Deus" que nao Começa o Prof. Ulhnann por trali,r do que denomin:, de "1t~sc t1bstraw" : o tema do indivíduo como súdito, que rt),rcscnt~, como predominante nos a lbores da Idade Média. A incorp0ração do homem à Igreja, tornando-o mem• bro do Corpo Místico de Cristo, se cfc1un pelo Batismo. "O aro s,1cramimu,J do Batismo também era ,Jouu/Q de t /t4tos 110 campo público, ,una l-'C.t que ,·omo crist,ia batlz.ado se cUtfo que o iudivftluo .rc ror11art1 uma 11ovt1 cri'1tUr'1 e passam por uma m eum,01/ose: ccss,,r,, de .rnr um mero homem,- ,leixar<, ,le ser, para USllr ,, linguagem pauliua, um /tomem da 11m11,ez.a, um /tomem de c,,rne, um ' 'homem animal'' (/ Cor. 2. 14 e 3, J; Ç1J/. 5, 24: Col. 2, 12) , Como n•,rulfudo do trabalho ,J,, graçt1 di,,i,w. ele .rr: dc.i·1>oittr<1 tlc sua hunwm·,lmlé 1w1t1ml, sua hum~1ni1a.s, e 3·e 1orm,ra par1icipu11tc ,los próprio.~ a1l'ib1110.\· divinos'' ( p. 7). Não se lratavn de um mero conceito doutrinário, diz o Autor. m:,s de um í:110 com fundamentais repercussões na esfera pública, pois como cristfto o i1ldivíduo era considerado em um plano cpmplelamentc diferente daquele cm <fUC' se achava antes do Batismo: ''Como m çm/Jro ''" corport1çtio, da lgrejt1, " /ic,f ogoro se ,•ia .rujeitv, 110 que ,Jiz respeito à J'U<1 ,,ida social e p1íhlic,1. ti lei QU<' fite era OAIM, mio à lei {cita p,>r ele. A couseqiiê,u,.·iá ,leJ·sa incQrportJftio rrt, que sua íideli1;1s, .ww /idelid(l(/c, cou.rislia precisamemc na obserrôm;it1 ,ta lei tlaquelt., que ltavi<,m sido i1131i111ídOl' SOBRE ele pela Dh•im/(u/(t. 0 imliví,/110 se via ab.mn1itlo ua e pela p1'6ptill cor1>1Jrt1ç,io, pcltt Igreja, que éfo mesma, ml,•mols, era t;m·ermula sol, Q princípio m()11úrq11ico, ,le acolllo com l> qm,l o poder originário l"Csidit, em uma 11utorillt1dc ,fll/Jtemll., ,Jc (Jtte emt1ll(il!ll rodo pode,- na es/erc, pública um J·istcm<1 qu~. na falta de melhor de· mm1i11uç,io, eu cl,amnri{, ele tem" JtsCt·ml e11te ou tcocrtiiico do go"':n,o e tlti lei" (p. 9). Lembrando a p:,l:,vra de S~.:> Paulo: ''Todt1 alm<1 c.,·tej,, sujcitll tu)$ podcn.-s superiores, porque niio hd 1wtl1.•r que mio venlu, ,lc Deu$'' (Rom. 13. 1-2), d iz Ullmann que daí ''J·c .regue ser 1wcess,írio pura o bom / 1mcioname1110 cJq corplJ [social) que os imfi. ví,lutJs ctl,rt,ios sejam siíditos do poder ,lm· prfnc:ipcs" (p. 1O) .

Uma sociedade desigual ''Que tles.ta IJC1sc idcol6gica re.rultnsse. 11111<1 or<leuaçiio ltlertírquica do:; mcmJ,ro.i dt, sociedade, é coisa que mio po,lc ct111sar muit{I surpresa. Esta ,lisposição hierárquica nchnva-sc claramc111c pres-

J·,,gitula pela tlQutri,w p,mlinll e foi tr<uM·/orm(ldu cm pomo progrmnútit:o cspc<:ial em Ji111 ti<> século Y ptlo Pseudo Dio~ , que. de foto cunhôl, o pr61J1io urmo •'t,ierarquirl'. Um tJspcc10 <lcs.w, use hiertírqul<·<1 cr,, ,, <lt.rig,wl• ,t,ulc ,J~· m cmbrt,s ,1t, soâedmle. Nclo se deve cs,111ecer q,u,. tJ princípio ,ta i,:twltlculc é ,/e multo rcctmtc duf<I; por (mtr<•s p<1lavras, mio :te conlttcfrl na alta t,!tulc Mé,lit1 u ,toutrh1a (/t que os mcmbrcs 1/u .rocicdmlc-. cm virtude ,te serem membros ,h:la, 1e11fwm iguuldatle de posiçüo dentro ,lo campo público. Naquela época vigorm1u li desiguuldtule · pera11t,: u lei" ( p. 14) .

Tal desigualdade também se manifestava nas decisões coletivas: "Ao longo ,la nwior parle d" Idade M étli" as tle· cisõn t(lmcttf((l' por ,:11tidmles c1.>rpora1ivas ml(I resullawm, tia "plic<zç,io do ,,,;,,dpio ,1,, maioria m1mlric,1 ou qtum1i1<11iva, mas dtt nwioriu quali1t1ti~1<1. Isto er,, 11sualmc11te cxpr~sso pelo pars sa· nior (ou term'os semelhantcs)J que ulio levava em co11u1 o.r números exmos ,te vo1<111tcs de cada lado. mas ó nlllior ,,eso ,laqueies voumtts que ti11/wm mais alta autotidade, <'tn p(zrtc cm virhule ,Je seu cargo e cm parte em ,,frtude do maior co11heclme1110. J·ober, experiência, ou da t:011.\·ideraÇiio que lhes vinlut de sua posição. Por outms polm1ras, o t/UC comavu ,ttio era o indivíduo que ,tcpu11/w seu ,,otQ; .rua ,,osiç,io e /m1ç,'íó é que se refletiam li{) 111:so atribuído a e,,·11:. Some11te qtwmlo u,,lo.t os ,,ota11l l!J' tinham o mesm(> cargo, e portallfQ também " nu:.smo posiçiio, é que " mait>ria qun/iu,1iva cr'1 :mbstitu{,la pelo princípio qum11itt1tivtJ-numérico, com<> :te po,lc ver 11Q p,occ,Jimcn/0 adota(/() nas t:leiçiíts papai,!'' (p. 34) .

Antípoda da sociedade igualitária Ao tr:11ar do que clasifica como "tese p,·lttica". i.s10 é, ao en1rar no estudo das rclaçi)es feudais e seu efeito sobl'e o indivíduo e sobre :1 sociedade, llt&U· mcn1:, o Auto1· <111c "o 1>r6priu Jato tle ltt,111!1" um contr<l/0 entre ,,fois in<lfrf.. ducs, um 1•i11,·ulo /cgul com (/frcitos e Je.,cte.t mtítucs. ~·ig11l/icm•a cm primeiro lugar que ,tcnlriJ dt> t1rc11/;ouç<> /emli1l ht,via unw N·pécic de cqullí/Jrio entre .rcnlwr e 11t1sJ·alo. comlkionado como era esse ,,rcabou,:o pela reciprocidade <IOJ' obriJ;IIÇlfos. Parece-me cssem:ial mcmter "'' primeira plana ,/e ,ws-.sa.,· c<>11sitler<1~ f;"Õt·s " na111rcw rcd11roct1 ,!essas obri,:açc;cs: o clJntrutq Jt:mlal entre senhor e ,•t1s:mlo 1n·o dutit1 olJrig<tç<;t.r 1mítuas, mio u11ilutt.l'lli~"· ( p. 64). Relembrando refer8nci;,t fci1;1 na prirucirn pttrte de seu trabalho, insiste o Prof. Ullmann cm que no regime dcsccndcn1c de governo não c.xisti~, direito de resis1ênci:.. "Aqui, tlc111ro ,la cs/er,, feudal, c.11treumt(J, hn11ia um melo pcr/eitaml!ntc /eglli ,/e resistir ,, um senhor feudo/ que .rc tor1wvt1 tirânico: ,, própria pnfrica feu<lal, sem q1wisqucr tcori<,s ou ,loutrinlls ~-o/hllicmltJl·, havia illemlo seu próprio recu,.sc. o ,la diffid:.uio, o repúdio tio contl'ato feudal pelo 1•t1.1 sal" .'>t o stnhor mil> cumprisse seus ,levcres e fosse alén, ,los limites co111r,uuais. Pttl<> mesmo princfpio. um vaJ·salo, não S(!II· dlJ um stídito, não podia cometer o crime tle t1lta traição coutr,, seu senluJr. ofensa que somente o s,í,lito t!ra capat de pcrpctrtJr" (loc. cic.) . Tudo isso é verdade cm termos e moslra a beleza do feudalismo cm seu pleno desenvolvimento, mas essa rcci• procidade de obrigações emanada do vínculo feudal não destruía o que é fundamental no feudalismo, isto é, o

principio da desiçu.aldade, que impern cm lo<fa a criação. Soberanos e súditos.

senhores e vassalos representavam ~• nlcs1mt realidade de uma sociedade hic• rárquicn e desigual. Assim, o feudalismo medieval é justamente o conlnlrio do igualitarismo revolucionário e não veio dcrrog.,r a dou trin:, paulina quanto t, origem divina do p0der ou quanto :1 obrigação de obedecer à autori,.h,dc lcgítim~1. Na terceira parte de seu trnbnlho. pr0<:ura o Prof. \V. Ullmann lançar São Tomás de Aquino contra São Ore• gório Magno, s-ustcntnndo - sem qualquer distinção ou matiz que pnr.t este as ordc1ls dos superiores "li11lu1111 que J'cr obedecidas quer fossem jusw,: ou injusu,s·• (p. 126). Ota. quem acreditará que os Santos e Doutores do alvorecer da Idade Médin se teriam esqu::c:ido da lição de São Pedro em face dos poderes deste fllmndo, segundo a qual devemos obedecer antes a Deus que aos homens (AI, 4, 19)? ~ cvidcnlc que o Autor n~o soube interpretar o pensamento do Santo Pontífice.

O res$urg ir do "homem velho" O mais estranho cm tudo isso é que c-.s:sa terceira parte de '11tc Individual and Society in thc Middle Ages" dC$envoJvc a tese de um dos responsáveis pela dcsintesração cfas idéias no crepúsculo da Jd:,dc Média, MarsHio de Pádua, fazertdo entender que com ele e sua corrente avança o processo de sup1antaçiio do súdito pelo cidadão, iniciado pelo feudalismo: "Leis mitJ-humanus, is10 é, /els di"iuas, por sua prÓ· prla tla1t1rcr.<c 11üo poderiam ser clu1• nuul,,s 11ropriamc11te leis. porqut pas.. s111>ii~m um J'Údito, t.· um J·údi10 não pôde.ria ,for co11.wm1imt1110. O tltm1c111t> dt.: 1,.-om-e111i'mcntô j que me p"rcce o pivot do sistemt1 jurisprudenclal de Marsmo, poís. só ele fazia de uma lei o que efo era: uma r~grt1 de or,,io que podia ser im(JOSla porque fota descjad<, :pelos (lróprios cillculãoi' (p. 136). Já ::mies, no rnesmo capítulo, está afinnado que " di/icilm e11tc .n• pode <,prccl,,r, "'' séculó XX. o pro/mulo impacto causmlo ,,or essa rc,wscc11ç11 d<> 1,omem, mctis ainda, pc/(J tJbismo aberro <!11tre wl motlo de pensar e a llllmeirh ll'tulicio,l(ll 1tocf11triccl' (1>. 128). "í. ,. 1 o po1110 essc11,:ii1I e:;ta~·a em que m, nova uo,ia o próprio homem era naturalmente o /egftimo ,lcpQ.titátio ,lesse poder. e esse poder era de erigem 11atuml, mio clivi• 11a" (p, 130) . Segundo João de Paris, "os cidadãos - e mio os .fiéi.t - emm os 1wrtatlor~.r ,ta idéia. dtJ Estudo hem com o s~us efeti,·os 1111111ipula1/9re.r: eles ~legiam o /lei, o qm,I .re lltrs 11chava tão preso, que seu pmlcr tr<l 1mssh•tl ,Jc /1,c ser tir<1do /Jctlux clcmemo,\· t:mM·tiwtivo,r do ~·ttulo, 1>clt>.r citlatliim/1 (p. 132). Em resumo: 'Pc11sllria cu que ô u:iO t1dotculo pela l?e,•oluçcio Francesa e, prov,,velmente cm sua esteira, pela Revolução Russ a cm nossos dias, não /oi mero mo/Jum Qu QrulllO, mas alR<> com pro/u11do significado idco/6gico o uso de antepor o termo ''ci,Jtldão" ao sob,.c11cme, ,Jc mQdo que havia o cidad,io Mirabeau, o cit/{J(/áo' Donron, etc .• e o cidadiio Pleklumov. o cidadiío Ro· mano/, e assim por ,lia11te'' (P. 145). Em um pOnto concordamos plena• mente com o Aulor: assistimos, de fa• 10. c.o m ;J implan1ação dessas teorias, ao res.~urgir insolente do homem velho que a civilizaç...io medieval se esforçara por eliminar. M t\S como embevecer-se: com tamanho horror e ligar suas ori. gcns à o rdem feudal e cristã? 0

Cunha Alvarenga

MONUMENTAL COLETÂNEA DE DOCUMENTOS DE MAGISTÉRIO O texto integral de nove Cartas Pastorais, uma /nstrusão Pastoral e uma Circular. Completo índice alfabético de assuntos e de nomes

Cr$ 20,00

CARTAS PASTORAIS: Sobre a definição do dogma da Assunção da Bem-Aventurada V irgem M aria • Sobre problemas do apostolado moderno • Prevenindo os diocesanos contra os ardis da seita comunista • Castidade, humildade, penitência características do cristão, alicerces da ordem social • Os Documentos Conciliares sobre Sagrada L iturgia e instrumentos de comunicação social • Considerações a propósito da aplicaçao dos Documentos promulgados pelo Concílio Ecumênico Vaticano li • Sobre a preservação da Fé e dos bons costumes • Sobre o S anto Sacrificio da Missa • "Aggiornam ento" e Tradição • INSTRUÇÃO PASTORAL sobre a Igreja • CIRCULAR sobre a re verência aos Santos Sacramentos

Pedidos à EDITORA VERA CRUZ L TDA. Rua Dr. M artinico Prado 246 01224 SÃO PAULO, SP


l DIRETOR: M ONS. ANTONIO RIBEIRO 00 ROSAR fO

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MAIO, MÊS DE MARIA Perguntai aos enfermos para que na.,ceu esta celestial Senhora, dir-vos-ão qr,e nasceu para Senhora da Saúde; Jlerguntai aos pobres, dirão que nasceu /Iara Senhora dos Remédios; perguntai ,,os desaniparados, dirão qr,e nasceu para Sen·h ora do An,paro; verguntai aos desconsolados, dirão que nasce" 11ara Senhora da Consolação; 11erg1tntai aos tristes, dirão que nascer, para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce" para Senhora da Esperança. Os cegos tlirão qr,e nasceu para Senhora ela L,u, os discordes, para Senhora da Paz, os desencan,.inhados, para Senhora da G,iia, os cativos, 1>ara Senhora do Livramento, os cercados, para Senhora do Socorro, os q1uzse ven• cidos, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes qr,e nasceu vara Senhora do Bom Despacho, os navegantes para Senhora da Boa Viagem, os temerosos da sua fort 1tna, 11ara Senhora do Boni S,icesso, os desconfiados da vida, para Senhora.da Boa Morte, os pecadores todos, · para Senhora da Graça, e todos os seus devotos para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se uniram eni un,a só voz, todas estas perguntas en• uma só pergunta, e todas estas res11ostas em uma só res11osta, ou, mais abreviadamente, todos estes nomes em um só nome, dirão q1te nasce" Maria para ser Maria, e para ser Mãe de Jes1tS: "Maria, de q"a nat1ts est Jestts". p égina 5

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Sob o comando do fluminense Salvador Correia de Sá e Benevides, cavaleiro de Santiago, do Conselho Ultramari,io e Almirante dos Mares do Sul

SILEIROS EXPULSAM DE ANGOLA O INVASOR CALVINISTA E

M 1648 PORTUGAL eslava de pazes fci1as com a Holanda. Há mais de sele anos D. João IV fora aclamado Rei, desfazendo-se a união com a Espanha, e 1an10 a fraqueza econômico-mililar do país como a perspecliva de represália dos cas1elhanos, que efetivamente se verificou, tinham imposto ao Bragança uma polí1ica de conlcmporização com. as Províncias Unidas. Mas, decorridos esses anos. já ninguém acrcdi1ava na~uela paz. A !régua por dez anos fora ajustada cm 1641. Apesar dela, Nassau mandou ocupar Sergipe e enviou uma expedição a Luanda. Pouco depois ocupou o Maranhão, prendendo o Governador Bcnlo Maciel. que. acreditando no acordo de paz. esperava entender-se com os agressores. A reação portuguesa não iardou. Não era possível ainda romper a trcgua, mas, como observou Southey. adotou-se a política de "pro-

re,rrar par. e fazer a guerra". Os pernambucanos, menos afeitos à diplomacia da corte, pas.. saram logo à ação, sublevando-se contra o governo holandês q ue os oprimia e perseguia a Igreja. procurando impor seu arqui-hcrético cnlvinismo. Antonio Teles da Silva. ca1ólico zeloso que na Bahia ocupou o cargo de Governador Geral de 1642 a 1647, estimulava e armava os sublevados, cnquan10 engambelava os ba1avos do Recife com infind:lveis explicações. E1n Angola, as cois3s caminhavam do mesmo modo. Os holandeses. que no início da tregua tinham ocupado .Luanda. cercavam agora os nossos cm Massangano. A sihlação era difícil. Foi nessa ocasião que a intervenção de Salvador Correia de Sá e Benevides, descendente d e ilustre família poriuguesa que deitava raízes na Espanha e ramiíicações na América Espanhola. salvou para Portugal e para a Igreja, com uma expedição de brasileiros. o belíssimo Reino de Angola, hoje das mais promissoras regiões do continen1e africano.

Um cavaleiro de Santiago Salvador Correia de Sá e Benevides nascera no R'o de Janeiro em 1594, filho de Martim de Sá e neto de Salvador Correia de Sá, o velho, ambos Governadores daquela Capitania e, este ú ltimo, primo de Estácio de Sá. Sua mãe, D. Maria de Mendonça Benavides, era filha de D. Manuel de Bcnavides. Governador de Cadiz. na Espanha, e de D. Cecília Dormes. O brasão dos Sás figura no teto do Palácio de SirHraJ entre os das mais imponantcs fa ... mílias do Reino. Salvador era casado com D . Catarina de Ugartc Velasco, filha do Vice-Rei do Peru e Governador do Chile, D. Pedro Ramirez de Vclasco, e nela de D. João Ramires de Vcl;1sco, Governador de Tucumán, da mais alta nobreza espanhola. A lmirante dos Mares do Sul. nomeado por Felipe IV quando ainda permaneciam unidas as coroas de Espanha e Portugal. submeteu

Ganhar o reino de Angola -

ou o Reino dos Céus

A 12 de maio a armada de Salvador Correia tomava o rumo da África. Chegando à baía de Quicon,bo. sofreram os nossos um sério revés con, o naufrágio da nau-almiranta. causado por force ressaca. P'erderam~se as· s:m 360 vidas da escassa expedição. Mas nem por isso o desânimo se abateu sobre o Governador, marinheiros e infantes. Todos ardiam no de~cjo de extirpar de Angola a h eresia e seus fa utores. Salvador, porém. agia com prudência. Desembarcado, íez espalhar a notícia de que mais forças estavam po r chegar. Tendo feito um prisioneiro. interrogou-o cuidadosamente e por ele soube que trezentos holandesc-< e 3 mil indígenas se 1inham dirigido contra Massangano, mantendo ali cm apertado cerco os poucos portugueses que res1avam naquelas paragens. O rei do Congo, a rainha Ginga e q uatorze sobas. seus aliados. tinham aderido aos holandese.,. Era o moménto de agir. O Governador reuniu um conselho de guer2

uma violenta rebelião de indígenas na Província de Tucumán, hoje na Argentina, tendo sofrido. na batalha de Palingarta, doze ferimentos. Tão brilhantes foram seus serviços, que recebeu uma honrosa carta do Rei, datada úe Madri. em 21 de fevereiro de 1637, nomeando-o Governador. por dois triênios sucessivos, da Capitania do Rio de Janeiro. Cavaleiro da Ordem de Santiago da Espada, cujo hábito recebera, com dispensa de idade, aos 7 de abril de 161 S, tinha servido a Igreja e o Rei na Europa, como homem de corte, e. como administrador e soldado, no Brasil e no Prata. As atividades d e Salvador Correia ccmo Governador do Rio de Janeiro e das Capitanias do Sul - cnlrc as quais a de povoado r da antiga Capitania de Pero Góis, onde surgiu, sob sua proteção, a hoje episcopal cidade do San1íssimo Salvador dos Campos dos Goitacazes - são dignas de um estudo especial. Em 1647 seu olhar alongava-se para a costa da África, onde o herege ameaçava a soberania do Rei e o apostolado da Igreja. Exercia suas funções de deputado ao Conselho Ultramarino, em lisboa, quando planejou uma expedição a Angola. Nomeado Gove: nador do Rio, pela terceira vez. e Governador ele Angola, veio da corte com amplos poderes, c hegando à sua cidade n atal aos 2;! de janeiro do ano scguinie. Sem perder tempo, começou a organizar a esquadra que levaria para além mar. Para integrá-la o Conde de Vila Pouca de Aguiar, Governador da Bahia, enviara cinco galcõe.< com genle de arn1as. que Salvador encontrou ao chegar ao Rio. Convocando os homen.,· bons da cidade, eclesiásticos. vereadores, magistrados, superiores de conventos. mili1ares e nobreza da terra. expôs seu plano. dizendo que linha ordem de El-Rei para estabelecer uma fortificação na baía de Quicombo, na costa de Angola . e que não estava afastada a possibilidade de vir a reconquis1ar São Paulo de Luanda. Mas precisava de hornens para sua esquadra e de di .. nhciro para financiar o empreendimento. Os cariocas, que então eram mais conhe.. cidos por numinenses, responderam ao apelo com entusiasmo. Alis1aram·SC novecentos ho mens de infantaria e os donativos subiram a 80 n,il cruzados, segundo Varnhagcn - soma que terá bastado para esgotar os recursos da ' praça. Salvador pôde assim fretar mais seis navios. À custa de sua faze nda , comprou ainda qua· iro patachos. com o que completou quinze ve!as armadas e municiadas para sua expedição. Alé111 dos novecentos infantes, levaria trezentos marinheiros. Para comple1ar os recursos necessários. resolveram os homens bons lançar mão dos bens seqüestrados aos cristãos-novos que es1avam à disposição do Santo Oficio, e que eram Duarte da Silva, Jorge Dias Brandão, Jo rge l opes da Gama e Rodrigo Aires Brandão. Se Sua Majestade não concordasse com o expediente, o povo compromi.!tia-se a repor, aos poucos, a importância do confisco.

ra e expJicou aos seus capitães que, eslando os hereges a hostilizar os católicos apesar das 1réguas concertadas, El-Rei não se incomodaria se. apesar destas, eles hos1ilizassem os hereges e os expulsassem de uma vc1. daquelas terras de verdadeira cristandade. O conselho aclamou unanimemente a idéia, declarando seus porta-vozes q ue estavam dispostos a ganhar ou Angola ou o Reino do Céu, morrendo pela exterminação da heresia.

Como celebrar o festa de Nosso Senhora A 12 de agosto enirou a esquadra na baía de Luanda . O Almiran1c dos Mares do Sul teve o cuidado de não hastear sua bandeira-insígnia para q ue os inimigos. não a vendo. julgassem virem atrás mais navios. Tal era â idéia que fa1.ia da fraqueza, em número. da expedição que comandava. Mas essa debilidade

se tornava em for taleza. tal era o ânimo de seus soldados e a astúcia do comandante. logo de chegada, Salvador enviou aos h olande.~es um emissário a dizer-lhes que vinha com ordem de estabelecer-se cm Quicombo, sem estorvar os súditos das Províncias Unidas, mas como os ,da estarem oprimindo os portugueses. resolvera desalojá-los de Luanda. embora. com essa desobediência, arriscasse a cabeça. Intimava-os, pois, a se renderem , se quisessem condições honrosas. Vendo a baía coalhada pelos qua1orzc navios e julgando, pela altivez da intimação. que trouxessem grossas tropas de desembarque, o s hereges amedrontaram-se e pediram oito dias para resolver. Quêriam, na verdade, ajuntar reforços entre os seus que andavam pelo sertão. Salvador Correia, vendo que sua oportunidade estava num<l ação rápida, concedeu-lhes a penas dois d ias, lindos os quais seu mensageiro devia alçar bandeira vermélha se não li· vesscm os hereges resolvido pela rendição. Enquanto esperava o tem,o do prazo, apron1ou seus homens, que não passavam de 650 infantes e 250 marinheiros. A 1odos estimulou e distribuiu roupa nova, preparando-os para, assim engalanados. enfrentarem o inimigo com t-olenidade. Entcemcn1es, os holandeses reuniram todos os soldados de que dispunham e concentraram no for1e de São Miguel, sobre um morro, e no de Nossa Senhora da Guia, sobre a praia. a maior parte da guarnição, for,m ada por ccr· ca de 1.200 e urope us, entre holandeses. alemães e franceses. mais um milhar de nativos. A hora aprazada para o sinal de seu mensageiro, Salvador já se encontrava em seu escalcr. Mal avistou a bandeira vermelha, ,m andou dar o 1iro de peça convencionado como ordem de desembarque. Era o dia 14 de agosto, véspera da festa da Assunção, quando desembarcaram os fluminenses, sem oposição, a· duas milhas da cidade. Rezou-se então uma Missa, 3 que assistiram lodos os soldados, com Salvador à frente, dando-lhes o exemplo de, em primeiro lugar, pedir a vitória ao Senhor dos Exércitos e à sua Santíssima Mãe, a quem aquele pu .. nhado de brasileiros honrava em sua fes ta com a fir.me disposição de darem suas vidas, se necessário fosse, para a extirpação da heresia do Reino de A ngola. Acabada a Missa, Salvador monta seu cavalo, arrciado de couro guarnecido de prata. E dá início à marcha, sereno, duro e ágil a um só tempo. o o lhar vivo perscrutando todos os can to s do cenário majestoso, onde pode surgir a q ualquer momento uma pon1a de holandeses a oferecer-lhe resistência. Sua figura ar· rasta os comandados imponente, capacete e couraça brilhando ao sol africano. Sobre a couraça, man•é u de linho branco rendilhado, corno os punhos da camisa. arrematando a gola do gibão de perpctuana verdosa; os calções pardos, estreitos, cnirando pelas botas de vaqueta, altas até às coxas, com os canos vollados em canhão. A espada desembainhada, risca contra o céu as ordens de marchas e contramarchas. de rumo à direita o u à esqucr• da. Por irás das ameias dos fories. brancos e negros intrigados observam aquele magote de bravos que avança como se fosse o maior exército do mundo: ao todo são menos de se1eccn1os! A explicação de tan1a segurança pensarão os calvinistas - talvez se encontre nos navios. em cujas amuradas se d ivisam guerreiros com chapéus visiosos. São bonecos que Salvador mandou armar para causar impressão aos hereges. . . Ao todo ficaram nas naus apenas 180 homens. necessários à sua guarda. A fo rça ma rcha dividida cm d uas colunas, uma comandada por Manuel Dias, outra por Francisco Vaz Aranha, o Tormenta. As 1rin· cheiras inimigas, guarnecidas por négros rnuxilanúas, são atravessadas com a rapidez do raio. Os fluminenses já ocupam as casas ccn1rais da cidade. A coluna de Manuel Dias apodera-se do forte de Santo Antonio. Na Matriz, Salvador manda mon1ar con1ra os holandeses os canhões por eles abandonados na cidade e junta-lhes mais quatro. que trouxera

dos navios. E começa a bombardear o pátio in1crno do for te de São Miguel. · Ao receber aviso de que os heróicos portugueses sitiados cm Massangano j& não podei iam manter a resistência, percebe que chegou a hora do assalto geral. Não há tempo a perder. Os flamengos não devem receber o reforço dos que sitiavam o reduto lusitano. Ao cair da noite, é dado o sinal do assalto. As duas colunas atacarão simultaneamente, cm convergência. Na confusão da batalha, porém. e com o sol a se por, perde-se a ligação entre uma e outra. O obje1ivo é atingido com ímpelo terrível, mas sem coordenação. Os holandeses repelem o p(imciro ataque. Ao nascer do dia, havia 163 cadáveres de brasileiros que "tinham ganho o Reino ,lo Céu". Espalhados ao redor do morro, 160 atacan1es jaziam feridos. N ovo sinal de ataque. Enquanto prepara o assalto, Salvador Correia manda intensificar o bombardeio do forte. Mas. . . no alto deste tremula a bandeira branca! O inimigo se dá .por vencido e envia um parlamentário. O general age novamente com cautela. Não pecmite que o mensageiro verifique mais d e perto quais o s nossos efetivos. E ouve, pacienciosamente, as condições dos hereges. A ocasião não podia deixar de ser aproveitada, enquanto não chegassem os holandeses do interior.

Como gonhor umo botolho aplicando um conselho evangélico A capi1ulação foi concluída no prazo de quatro horas. Salvador sabia que não tinha 1empo a perder. De acordo com as condições p ropostas pelos vencidos, a guarnição e todos os holandeses de Angola receberam garantias para se retirarem da província. Essa guarnição de 2 mil europeus e indígenas rendera-se anle a firme disposição de luta de •menos de seiscentos soldados católicos, comandados por um general que soubera aprender a lição do Evangelho: "sede simples como n pomba e pruden· re.t como a serpente" (Mat. 1O, 16) . Os holandeses ficaram surpreendidos ao perceberem a exigüidade das fo rças que os 1inham vencido 1ão galhardamente . Arrependeram-se. Mas era 1arde: Salvador Correia de Sá, com verdadeiro espírito de soldado e orgu//10 de por111guês. fê-los embarcar rapidamente em Cassandama. ,,aro que fossem ex-

pulsos do pais viam entrado.

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m esmo 1,,gar por ondt ha·

Restava ainda ajustar contas com os nativos. O quilamba Bango-Bango pdejara ao lado do Governador Pedro Ccs:ir de Meneses, morto duran te o cerco de Massangano. O rei do Dongo, D. Felipe Ariri, resis1ira sempre ~ invasão holandesa e até perdera u m filho em combate. Ambos receberam honras públicas cm solenidade presidida pelo novo Governador. O rei do Congo, D . Garcia li, a rainha Ginga e os quatorze sobas seus aliados, que haviam aderido aos hereges, foram exemplarmen1e castigados. D. Garcia leve que aceitar nov~s e duras condições de vassalagem, entre as q ua,s a cessão defini1iva da ilha de Luand;1 aos portugueses. /'. rainh a Ginga. depois de ~brig~da a retirar-·se 1rezentas leguas para o intcnor. mandou pedir paz e comércio, que só _depois de rogos e humilhações suas, foram acc11os. Com a queda de Luanda. os holandeses aba ndonaram quase sem resistência todas as praças que haviam conquistado a Portugal na <:osia ocidental da África. inclusive a Ilha de São Tomé. Salvador Correia de Sá governou. então, por três anos, o Reino de Angola restaurado._ Do ou1ro lado do Atlântico, sua cidade na1al ficou sendo adn1inis1rada por seu substitu10 Duaric Correia Vasq ueancs. Aos fastos do Rio de Janeiro fora acrc.sccnlada a glória, de que poucos agora se lcmbmm, de ter armado e custca· do, com pesados sacrifícios, a expedição que restaurou, para a Igreja e para Portugal, o Reino católico do Angola.

Homero Barradas


APETITE DE EXTRAVAGANCIA TOTAL Plinio

Cor rê a

PROBLEMA DA droga continua a chamar a atenção dos psicólogos, moralistas e sociólogos do mundo inteiro. Estudam-no dos mais diversos pontos de vista, com intuito de conter o alarmante aumento do uso dela no mundo contemporâneo. Neste afã, os .pesquisadóres se perguntam, entre outras coisas, qual o itinerário do vício através das várias camadas sociais. Em outros termos, quais as primeiras zonas da sociedade a capitular ante ele, e através de que etapas ele vem a contagiar, em seguida, todo o corpo social.

' Na França, a comissão Chaban-Delmas chegou, neste particular, a conclusões também aceitas, segundo consta, por outras entidades igualmente competentes. A droga penetra, de início, nos círculos sociais refinados c nos meios artísticos. Numa segunda etap~. alcança· os meios universitários e estudantis. Por Um, e mais ou menos simultaneamente, ela atinge todos os outros ambientes, inclusive o operariado. Toca aos meios rurais a honra de se manterem quase inteiramente refratários à droga. - Por que isto é assim? Por que são os campos menos contamináveis do que as cidades? Por que as classes refinadas ou artísticas são mais vulneráveis do que as estudantis? E por que as estudantis o ·são mais do que outros setores sociais? Essas questões apresentam um poderoso interesse, pois uma vez esclarecidas, não se estaria longe de ter descoberto qual a verdadeira gênese do vício. Não pretendo propor aqui uma solução simplista para problema tão complexo. Desejo simplesmente formular algumas observações que os resultados obtidos pela comissão Chaban-Delmas me sugerem. Para isto, permita-me o leitor que por alguns instantes mude de assunto.

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- Como se faz habitualmente a implantação do comunismo em um país? De início, a tarefa não é tão complicada. Por toda parte há utopistas inconformados, que sonham romanticamente com revoluções-panacéia, capazes de transformar o mundo em um paraíso. Sabe-se em que rodinhas, em que lugares de diversão, em que livrarias encontrar pessoas como estas. Dois ou três proselitistas bem adestrados, vindos de Moscou, Pequim ou Havana, facilmente encontram e arregimentam em células comunistas, as mais ativas e exaltadas dentre elas.

. tarefa que vem depois. -

Mais difícil é a Como fazer partilhar do utopismo comunista {utópico ainda mesmo quando se apresenta com o rótulo de "científico") os espíritos objetivos, sensatos, arejados, que constituem a grande maioria da população? Em tese, a resposta parece simples. E só procurar os ambientes menos favorecidos pela situação social e econômica. Ali o número de descontentes - ainda que não utopistas nem românticos - deve ser b grande. E portanto deve ser fácil o recrutamento de prosélitos para o J ~ marxismo. Feito este recrutamento na escala devida, será possível defla•~ grar a subversão dos pobres contra os ricos.

..

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Tudo isto em tese. Na realidade, não é assim que progride o con1u~ nismo. Habitualmente, a imensa maioria dos operários se mostra indi~ rerente ou hostil ante a pregação vermelha. E as primeiras células de revolucionários românticos permanecem fechadas en1 si mesmas_, até que g um belo dia, nos círculos sociais snobs, alguém se lembre de dizer-se ~ comunista. Rapidamente esse vanguardeiro encontra alguns congêneres z ~ que, para atrair a atenção sobre si, também começam a se jactar de co:;

à

de

Oliveira

munistas. Daí as fagulhas se propagam céleres, dos snobs da moda para os da "inteligentzia". Por vezes, a marcha do contágio é inversa. São os snobs da "inteligentzia" que contagiam os da moda. Por mais inovadora que se diga a mocidade, muito do que nela existe ou acontece é reflexo das gerações que a antecederam. Entre os jovens universitários também há snobs da moda e da cultura. Vendo o que acontece com seus congêneres mais velhos, taml5ém neles começa a crepitar o incêndio marxista. Como é natural, a atenção do grosso da população está voltada para os que representam o prestígio da situação social, da fortuna, da inteligência ou da mocidade. Não faltan1 meios de comunicação social que fazem crer à multidão, que os snobs dessas várias categorias formam, não minorias exóticas e isoladas, mas a maioria prestigiosa e dinâmica dos respectivos ambientes. O mau exemplo arrasta facilmente as multidões. Daí o se propagarem então, no corpo social, como por metástase, os corpúsculos comunistas. O ambiente mais refratário à proliferação vermelha é o agrícola. E aqui fica a constatação rica en1 matéria para as mais diversas reflexões: o itinerário do comunismo é idêntico ao da droga. Isto facilmente se explica. Comunismo e droga são processos de decomposição. Ambos atacam a parte mais frágil do organismo social, que é a mais propensa à extravagância, às sensações violentas ou supu-requintadas, à evasão da lógica, do bom senso e da realidade. "Corruptio oprimi pessima:'. Nada de melhor do que as boas elites. Por isso mesmo, nada pior do que as eli tes sofisticadas, deterioradas, divorciadas da roalid~de, e falhas do senso do dever. Para elas tudo é objeto de exibição e jogo: as idéias, a moral e as tradições. E no centro desse jogo está o campeonato das vaidades. Contanto que cada qual consiga exibir-se, está contente. E como o processo mais cômodo para exibir-se é ser extravagante, daí resulta a espalhafatosa e inglória corrida rumo ao disparate total. Cada qual em seu gênero, o comunismo e a droga são disparates totais. Não espanta que a eles corram os mais arrojados dentre os snobs, levando atrás de si a caudal dos seus seguidores. Este jogo - como todos os outros - traz seus riscos. Quantos começam a se afirmar comunistas, sem de fato o serem! Mas à força de se dizerem tais, acabam sendo. Como muitos há que, quando começam a usar drogas, o fazem só para se mostrar. Mas acabam arrastados pelo vício. E a triste sina dos que brincam com fogo, ainda que por mero snobismo. "Quem ama o perigo, nele perece" {Ecli. 3, 27), diz o Espírito Santo .. .

••• Isto posto, o snobismo nos aparece como um dos mais possantes - o mais possante, talvez - dos fatores de expansão, tanto da droga como do comunismo. E o itinerário de um e outro, na contaminação de todo o corpo social, é a própria rota do snobismo, rumo à extravagância total. - Exagero? Não creio. Veja-se em outro campo o poder do snobismo, e o fascínio que sobre este exerce a extravagância. Falo do nudismo . Todas as modificações da moda se fazem hoje sob o signo da extravagância. E a extravagância para a qual tendem é a conquista - por etapas sempre mais ousadas - do nudismo total. - Ora, quem, senão o snobismo. arrasta as multidões no caminho, ou melhor, no descaminho da moda?

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Não espero, porém, que os especialistas na matéria dêem o devido realce ao fator snobismo. Não é snob falar dele .. .

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P,·ei:.ldo Sr. Redator. Durnn1e os últimos n1cses de férfa.s escolares. caravnnns de estudantes univcf$itários e secundários, sócios da TFP ou miliiantes d:i Tradição. Familia e Propriedade. percorreram diversas regiões do Pais com o escopo de difundir "Catolicismo" e as obras do Prof. Plinio Corrê:\ de Oliveira. À no.~a caravana coube o Estado de São Paulo.

Considerando quc "Cntolicismo·· p,.>C todo empenho em pro· p:igar a devoção à Santíssima Virgem, tendo, até, dedicado un1 número inteiro nos fatos rel:1cionados com as aparições, cm l9 17. tlc Nossa Scnh~ra cm Fátima, enviamos-lhe com muito gosto o relato que segue, certos de que ele intercSS:ará no Sr. Fazíamos campanha em Regente Feijó, que fie~, bem a oeste no Estado de São Paulo, próximo :, Presidente Prudente. Um dos milit:1ntes bate à porta de uma c;lsa. e de lá sai uma scnhorn octogenária, muito viva e comunicativa. O sotaque denuncia logo a procedência da<1uela que será a figura central de nossa narração: Da. Maria Vieira. uSim. tu sou por1ug11es,, m esmo - mlianht :\ boa senhora e.tUl\'tl em Fá1i11u, t•,n 1917 e vi muiws falos impQrlünles q11e acorreram naquele ano 11a Cow, da Iria".

uma né\·Oa, tltsct,lllo, descendo. tra um 11e ,,ociriu/,o que btl;xava ,,a at)11!,eiri11l:a. Erü o momento em que NtJssa Senl,on, v folit, vi.tiuu ,íJ' critmças. As peJSOll$ es1rog11rtun <1 t1ti11htiru por inteiro - 1ir<1r<m1 os 1tllll10.,. tJrwbrt1Nm1 tudo. E eu f1d uma delas. vofa· ,mmdt,vo /O· 11,inllllS pcmr meu 11wrhlo que estm," guerremrdo na Ffl111ç<1. Ele tlaw, pum os outrO.'í soldmlo:r e cat/{I q,wl lewwa uuw folllinlw 110 peitt>. Dc11oiJ· m eu 1m1rido ma11d011•m c ,,c,lir mais, por11ue aque/a,t nii<> tlcrom "nem pr'um cheiro··, Tiraram com o c<mivc1c {llé a c:tM·ct1 da m.i11lreirt1 para fazer cl,lt. Tiravam wmbl m a terra. Foi ,w época tlt1 febre esp,mholu.

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H:ivia curas? -

Lúcia pede por Dono Ma ria Vieira - é verdi1dc que. a Sr:;1. pediu uma grnça à Mãe de Deus. atr:wé.s d, Lúcia? - indt1g:1111os, - J::u csuwtt ájoe/11adt1 delrâs de Lúcia ,w momento da <lf)á• riç,io. Sussurrti·lhc baixinho: "J..úciá, pt:rR11111e a Nossa Senhora se Ela ,/6 ordem p11m ,,océ rezar tti.1 l'mlre-nos.ws: um para m t u nwrido, ()11tr<1 para mtu irmiio t: Q111to púrn meu primo, que esliio 1111 1;ucrrn°'. llici(I 11ctliu (lirl!itiulw , esperou " te,tposta. depois \•i. rou-se pt,ra 1rós: "Ncsst, St11hort1 d<"u css" or<lt m, sim, Vnmm· ret<lf os trc':s l' adrc•uossot''.

- ê fo r;,m re1.,:,dos n~quela mesmn oc:1si:io? interessados.

s;m; clátO; J..ú<:ia rezou 1ta /,ora. Aquilo

pcrgunt:\mos IUÔQ

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- Sim; muitos curavum, outros 1tli o. i\1tls. u,mbém, t1tê O,f dias c1cab{lrem, 11(10 tem rcmétlio. mi<> é? Veio Jtmlu urr11 /ntrll o Bmsil. <le /Ir: e ltgm, 1ambém. Nt·.,·sa époct, os !'atires jl, 11ptlreciam p1>r 16.

- A Srn. poderia contar.nos alguns fotos ex1rnordinários qucprcscnciou? Como fo i o milagre do sol? - O sol jâ ia " pino. 1"ombtn•t1 pt1m e, owro lâdô. Isso era sempre depois ,lo m elo~dit,. A gente vfrl as 1w11e11s verdes. ver· mellws, tle todas as cores, l'arecia <1ue em Nossa Sc11l,ora. mas ll{ÍO t.m. mio. eram <IS 11101ens. De repente, o .sol fez, m11t1 espirlll

e veio cm diteç,io ,lo p0\'0, e. lodos gritawm1 qul'. o .,·oi fr1 cair. Mas as crianças falavam: "O sol mill cai. mio: mio grilt.m, mio tenlwm medo". E o sol voltou ti<• 110\'Q parll o mt•smo lugllr. Es1,i1,,mws com endo lanche naquelas p{'(/tas - lt1 só havia pi!drt1.t m esmo. De1>ois ,los lerçot. bênriio.i e dt1 miss,io, co~ meçou um chuvitquinho, rmw chuvinho bem miudiulw. As pessoas estendiam lenços brancos 110 chão, <>,f Patlrr..t (nessa época jâ iam llt) estcmliam a sobrcp t lit . e se d<un. e,11ii.Q., 11as roupas. pingos tle vários cort•J' - 1•erde, cQr·dt ·róSll, i·cnm:llto, E11xugou rftJ1i<lo e mio deixou mtmclw. rmfo mwul<> ia lá ver e ficar tulmirmlo.

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- ~ ·e-. milagre aco111ec.-eu ,u, cara de ltÓJ' 10,llls. Uma mo. ci11h<1 ,ie dezesseis onoJ· j,1 era pllrlllíliCt1 e qutmdo lhe ,lissutun qut~ a mlic eshíwi fWl'il m urrer, ela perdeu a falt, . O Padre levt1w1 tJ viático pam o mãe ,m,.r /1, não ~ c~.· mo aqui, o Podre /at uma ptocissiio e o pó,·1> llt1i ctmtamlo. e a cmnpa,'11!,a tóCa11do, e

i,,dagou um dos militante~,;. AI,! sim: nws com meus filhinhos.

-

ll)Chas ll éCSOS . P11ssm•a scm1,re tllgum romeiro pefo Cllsa d" 1wl,re meça, il 1/ucm accuselhtwtl: "Per que stu pai mio a levo para a Cow1 ,ia Jrit,? Noss11 Senhora t.rtá /at.,•11do Janto milagre! Eu vou a pi

e dentro de um mês estou lá''. O pai rc•solveu fa zer um momcpio (coleta de di11/relro) t partiu pttra o local da.t aparifiít!s. /)o ,,oruio os ,f cr,•ifll.s ( escoteiros) !,,,aram o moça para o local dos tlocmcs. O Sâmiss;mo na conduzido até aquele lugar e J·e davt, a bênç<io de um por um. Depois ,los bê11çãos ,, mora com eç<m o folar e pediu ,,ue ,lessem uma esmola a Nos$a Senhora. Eu it, auds cem m eu marido. mt1s 110 -casa ,los milagres /t· clwrom o poria, pois 11i11pubn pode couvc,·sar 'COm os qut saram.

- Gilbuto e,·q um homem tstüdatlô - contou Da. Maria mos ert, um homem m"u: ele, qut morawz na c idade dt mí11/w prima, di:csc: n Eu \'OU Je,•ar r1ma bomba 110 di(, I J e jogo 11oqutlc pc~'Otl/ ( mato 1uJo··. N,, lotai dtl a1wriçllo e.vu1w1 /,,.úci(, dt m{íos /JD.'í/(ls. De re, pcttl<· gritnu em w:4 alta ~ comp,usmln: "A joelhem lód(M r fr· cl,cm o.t j!uorda c/11o·os e lircm os clwpéuJ'. que Nossa Senhora es11í vi,wa··. Somc111c um homem M lttrlts c.1>11tilluou enm o chap~u 11<1 co. bcf·o. Ni',11:uém o co11ltrcio. mo.t sal,íomo:, qut: par<, 16 io um /!Ora iOff(u as bomboJ·, Em,lo. u,1111 pessoa falou baixinho ,,aro Lúcit,: "Llicia. tem um Jr, ln nttás que mio qur., ajóPll1nr·se nem tir11r <, chaplu". Ao qut• ela respondeu: "N,io foz m(I/; tleixem'1 • Eco,,. linuou li rcwr o tctço. E 11/io tinlw terminadn ntm (1 l'1dainha <111m1do ,1 w:111e ~,iu que o homem s e. '-'-''l""'ol'iu. en fiou a miío 110 bo/.10 para lira, O,\· bom bas t w:io tm, lér<,'<> n1u,rr1ulo um: th•dtl.f. Qu,mdô GilbNW se deu co1111, daquilo. o clwpéu lhe• fuJ,!iu. (' ele correu p<1r<i ,, ('.'Uroda, pegou ô automlwd e foi em bor(,. Todo o mmulo p<"rceltcu que C1queli! c,·a fJ J,0,111.>m que q11ttda jog{lr as bombas. M,,.r tudo Jicou colmo.

0 ,-t m oleques iam à Cova ,lfl Iria para vcndn ógua. ,,orqut /ti ua seco m esmo. As pessoas diziam p11rt1 os crianç(ls: "Nós s6 acreditamos qut Nossa Senhora aparece. se brotasse água aqui", Os ,,itfcmes respondiam: "Paro No.vsa Senhora nada 1. impo.uh•,!I. Se Elt, qtd.ver. Ela /01, brotar Ókuo··. Lúci<J pediu ao Sr. Ma11utl Ct1rrt!iro: "ó Sr. Carreiro. o Sr. tm1<mlui vem aqui e fa z um buraquir,/Jo ( t riscou o local com uma pe,Jra) ,fe deis pá/mos ou doi.r palmos e meio, t! se Nossa Senhora quistr brofar áJtua. com dois palmos e m t.io Elu fuz brolar ógull". N" segunda.feira (> Sr. Carreiro /tt. CJ buraquinho t jorrou águll por ludo quanlo I lado. Agora há imc,u·,1s /OllfCS, redas eu. ca,wdos J10r d ebai:,w tia 1crta. Foi Lâd a quem deu ord~m de furar o lmraquinho. Ela t.ra a "mmuJa.c/mva'', 01 dois c 111rcs 11flo mamlm·am lllltÍll, mio. -

- Os Padres uom os ,,,imt iros <,utt ,u;o queriam qut· J,';ssemos ,> Cova do Iria. N<io aceiu,wm, mc-.\'mo. O S,., Prior ( Pótoco ) dr 11C.'í.\·(1 '"""" dir.ia: "Vocc~s tnmbhu wio J){lto M? P"m quê? Vncé,, itc•m sabem ,., que C1qm·1o é; às veu,,· ,,cusam que t c:ni,,,, btu1, t m1o é, ; r.Oi$tl ruim ". Seja bom, scjt1 t uim - diúomós - o flt11tr vai. Ninguém :,e ;,,,·Qmodtn•(l tle mor,•er /,í. Fc n,ol· lá 110 dia 13 e. mio t1t:ontecc11 nada. Gilbr.r10 atl' J'r converteu - 110 m('s seguinte. ele levou um{I ima1tcm ,Jc Nt>ssa Senl,oru. Fi1..trt1111, e111,io, 11111(1 Cllp<:linlw. ,1111! é " dus "Jmdç-tj~s. Até qutmd,> st,i til' Po1·1ugt1I c•.,to Ctlp(•/i,;/u, csu11111 qucimat/11 é'm valu,, cheia de /11mâçt1, pois 1mserom /OkO nela. mas Cóma cm tlr pedra e cal mio incendiou. E o Ptulrc naquelt· 1cm110 mm<:ô tlri:nm pi11wr , parti /kat com ,,que/a marca. é (;ilht•r10 em quem 1011111 1111 t·om o, também, 1/a copt linha. El't1 o " mamlti,,·· tle //,. Bru ,Je ,mw lcrm clwm(uia 1'<>rr~s Now,s. bem diMtmlc·, 11cm e,, couh,:ro t'SS«

vim ,le lú cem eles.

• •• Nas primtira,t "J'"riçl}cs nós falávamos para llS cri<urças:

"êu c,c/10 que v<x;-c'ôs m c111em'' •. . - "Niio mcnlimos, 11tio" - 1cspomlit,m dt,., . Às vt"ze.t eu (iaw1 ,liult~iro t10s meninos um " imém. um pt1t(1co novo que apt1reci"· A geme tiulw o /Jrtltcr de vc:r quamlll elt,s ,·i11/wm ,w trilliinlro (cantinho!.

••• - No.rsd Senhora /lfcdissc <J dia e " hort1 cm que " guerra ia OCtllU1r·.te, e áSsim ocomeceu. Eu e: <111e não me lembra mais. M eu mari<lo cs1<1vn gunreflmlo wmbém. .

.

• •• l.fo esww, pel'IO dt Lúcia quando Nos:,·a Seu/tora mostrou o inferno. As critmç,;j· .te <zssusJaram porque ~riram "uma coisa tâo feia". Disseram qut' a ,·isâc linha sitio rltpitlt, com o um relâmpt1go, utaJ.' ,uio podiam co111(,r li ,,;,,guém. -

••• - Porque t1s critmçns não revefowmi um determinado .te,:tctlo. mneaçatâm ,le jogá-tas 110 poço. ao qu~ respõmleram com ,·,,lmo: "Podem jogar: m edo 1t6i' não u:mos: N ossa Senhoril está /1, !!m báir,> ,,,1r11 nos scgur(lr". As crio1tÇtLJ e,·om muito .timplonas.

••• - Coitado de Fronci:H:o.' Qrwuda de c.11avu dot11Jt', .w~ prdir, l)eus cSço,u/idQ ( t1 Sagflulo Euct,ristia). Ao 11,c per!,!11111drtm 11 que queria. rtspo11dia: "Tragam Deu:r rscomlido. r u quno Dt·u,í t$CQ11dido''.

• •• - O peditfo patt1 m eu marido ,·ol1<1r do guerra f,>i atc>nditlf>. mas poro o meu fill,o stJrnr mio /oi atem/ido. Eu o le,·ti aos pb de Nossa Sc11/tora e pt di /""ª ele não morrtr. mas ele. morreu. Eu não Jiquc; muito soti:,jciu,. porque não queria que rlt mor· ressc. Mtis t u pe11sei: vá porll Deus. <111ti o. Qut!m sobe. se. ele tslt\"t'SSt! \'i1•0, mio eswrla 1w J1e"liçõo. Tinha uma filha de deteno\it anos que lmnbi m 1m1rrru. N,io fu; 01e1tdido. Mos qutmóo ~lo linl,a doi!.' meses, o Padre d,',tst! que aqutln mio era mlnha. 111io: ('f(J d<' Nossa Senl,ora. E não ero minha mesmo, não.

w,.,

••• As criançm· estavam mum, lapa ( pt1rect até que CSlôtl 1euóo esu, lapa). Escutaram <1 chm·,, qu~ ,·iulw ,·indo e escou· e/eram-se 16 tlcnlro. Foltlfllm: "Llícia. ,·tmu>s emhOTll, m ortJm ot, lo11gc, e vem uma 1t·cvo11d,11" N11quilo J,airou ó A11jl). qut pediu poro elas ,uío tnem m edo, (' aptendessem uma oraç,10. <111c era pom rewrl!m par<, Nossa Senhora. Eles logo oprr.,,dcrmn. I! a Anjo subiu e Nossa Senhora i•tio. 1

,.;,,,lo

•••

Outros fatos interessantes - E-stmulc> 110 Bra~'il. ruull•rm"·'· ,•oirar a Portu1:al em 1924. Chcp(IJulo li Plítimc1, combi11amc.'i, meu maritlo e eu. tlc m1o cum• prime1tl{1r 11í11~ulm. 11inR11!m. 11,:m o mi11ha J·ogra. Esraw, ,w fesUJ

Eu

coo, eles 10,los quetia ,,0/1<1,, Como seria bonito eu chegar ld com 10,los OJ' meus filhinhos! So1.i11ht1 eu 11tío vou. mio .. ,

llS

Primeiro foi o milagre do água

Havia muita gente que blasfemava? -

pcl'guntou um m i•

lilan1e. Altl não! O povo dll mi11lw uhh•ia mio bl11sfcmm•a. N o começo ttlguus diz.iam: " t verdade'': t Qutro.t: " Será qut r w:n/a. de?" No fhn todos coucc,·dm·am que era m c.rnw. E era m esmo! Eu mio d Nos$a Stnhoro, mas etll verdade. As pe:;;.,;oas da$ citla· dl'S i t/Uí! Jahwom co11tn1. e 11iio acrtdil{wam.

••• Assim concluiu ;, nossa paciente narrndora. <1ue 1\0s proporcionou naquela noite um precioso depoimento sobre as apariçõ~ de Nossa Senhor.., nas 1erras de POl'lug:,1.

••• o,~. Maria

Vieira mor:.l na Rua São P:1u1o. cm Regente Feijó. Veio de Portugal cm 1920, e para lá voltou em 1924. Regressou defini1iv::tmentc para o Brasil no ;,no de 1929. Ern J>ortugal mo, rnv:t numn ;1ldeia ch:ufü1da LO\lreira, próxima a $!1nl:, Cat:,rin.1 da Serra, que pencncia o teiri:i. Seu marido. Sr. António Vice111c. cr:t parente próximo do pai de Lúci~1. Ainda se tratavam por primos.

f('l'l"li.

A fumocinho descendo do ce u .

4

lima? -

A curo do po ro litico mudo

transformou-se em terço

- Quando ll:r cri(lnf tl.\' dizimu: "Lá \'Cm vindo Nos.su Sc11lwro··. a teme via, 11csst1 hora. mm, f u mdç(J pequena. tl .remcllumç,t tle

A Srn. gostaria de visitar novamente o santuário de Fá·

-

-

O milagre do sol

A bombo de Gilberto

0

• ••

perguntou um militante.

-

Com todo o pitoresco luso foi revelando ao milit:-\nle carava· nista: "TotlM os die1s cu vnu ti Cow, ,lt, Iria .•• cm pe11Sámc11to .• , Q,umtQS .tmultulei'! Ainda m t lembro tio milt1gt e âo sol. ,1<, clmw, côlórida e dos pedidos que f<11.it, ,; J.,ltcfo. liu ficava sempre b~m peru, de Lúcia no momento em que Nossa Sc11hot<1 lhe aptlreâa. A<m11;11/ut os olhos '1Ct.tos para ver wmbém 11 !vicie de Deus, mos quem sou eu part, ler esse privilé,:it.>? Quem $OU ,:u?'' Di:.ulle de referências tão interessante..~ o nosso milit~mle pe. diu-lhc liccnÇél P'-'r" cOn\parac:er t1 sua casa. ?, noite. :1comp:10hado de 1od:1 :1 carnvana, com o que :i vcnernn<fa senhora concordou de bom grado. pedindo descu lpas "pot<111c a minltt, choup""" i pobre" . A noite 15 estavam todos os nossos propaga·n distas com os c uvidos bem atentos pnra ouvir ;, n.u·ração de Da. Maria Vieira. Com sua permissão. foi grav:,do wdo o que e la disse. de n,odo que aqui vão transcritas as S\las próprias pabvrns. simples e ricas em colorido. extraídas d::i fita nmgnê1ica;

do S<mtis.1imo Socr<uuento, e jâ hto·iu com eçmlo a (>rociss1io. Eu âis.s~ para o A 11tô11io ( Aut{mio Vicellle cr,, o m eu uwrido ): vt1111Qs cumprlnw11tt1r Nout> Senhor, primeiro. Qu,mdo os pt1re111es 110:; ,·i· rtm,, griwv<tm: "Como w,i? como vtri?" é ,uu/(1, 11a,lt1 ,I<' r~,r. /JfJstu. Fomos prim eiro cumf)rimtlllar Nosso St!lllior, f! dcipoi:t é que / 11/amo:~ com todo o m,mdo.

Dona Maria Vieira estava na Cova da Ir ia quando

Nossa Senhora apareceu aos pastorezinhos.

Cordialmente, A

CARAVANA ºR~(;INA ANOl!LORUM t i 'r~RROK 0AEMONUM"


''Catolicismo'' tradicionalmente presta em seu número de maio de cada ano um especial tributo de homenagem

à

Santíssima Virgem. Apresentamos hoje um dos

mais belos sermões panegíricos de Nossa Senhora compostos pelo Padre Antonio Vieira, o ''Sermão do Nascimento da Mãe de Deus''. Pronunciou-o o grande pregador em Odivelas, no Convento das Religiosas do Patriarca São Bernardo.

' Maria, tle qua 1111111,· est Jesus (Math. 1) .

não fora princípio da mesma vida, que nos

1101wn s;,, in exortlio vero, nascendi qui /u-

mesmos séculos, ou a graça ou a fortuna, ou

E EU LICITAMENTE me pudera queixar do Evangelista, neste dia me queixara. e cuido que com razão. Cala nele o Evangelista três coisas não p:quenas. que de-

traz queixosos. O nascimento é o princípio da

turi .t imus, ignoratur". Se no nascimento de

a natureza fez singulares, foram a sombra

vida, como a morte o fim: e uma carreira que tem o fim tão duvidoso; uma navegação que

Judas e Dimas se levantass,: figura certa ao que cada um havia de ser cm sua vida; a do

deste sol, foram a figura desta verdade, foram a representação deste nascimento. Em todas

primeiro diria que havia de ser Apóstolo. a

nasceu Maria, ou todas tornaram hoje a nas·

vera dizer. e diz só uma, posto que grande,

tem o porto tão pouco seguro. como pode ter o princípio alegre? Nascemos sem saber para que nascemos. e bastava só esta ignorãn;;ia, para fazer a vida pesada. quando não tivera

do scguodo que havia de ser ladrão~ e assim foram na vida : mas o verdadeiro juízo do

ccr cm Maria muito mais avanlajadas que em si mesmas, e para fins muilo mais gloriosos.

fim para que cada um deles nascera, ainda

Nasce hoje Eva (Gen. 3) para meter debaixo do pé e quebrar a cabeça à antiga e enganosa

S

que devera calar. A obrigação dos historiadores nos nascimentos das grandes personagens, é dizer o lugar ond: nasceram, o tempo cm que nasceram, e os pais de que nasceram. E

tan1os encargos sabidos. Os dilosos e os desgraçados rodos nasceram, e como são ~mais os

que acusam a fortu na. que os que lhe dão

celebrando o mundo hoje o nascimento da maior Pessoa depois de Deus, qu~ saíu à luz do mesmo mundo, o Evangelho que :anta e nos propõe a Igreja Católica, nem do lugar,

graças, maior matéria dão os nascimentos ao

nem do tempo. nem dos pais de quo nas::eu

se esptra, como o · que si; teme. A quem começa a vida, tudo fica futuro. e no futu ro neoh\1ma distinção há de males a bens. todos

faz memória ou menção alguma. Isto é o que cala o Evangelista, que devera dizer. E que é

o que diz, que devera calar? Diz que de Maria nasceu Jesus: "Marit,. de t/ull ,wtus est Jesus". verdade que antecipando os olhJs ao futuro, a soberana Princesa que hoje nasce, nasce paro que dEla haja de nascer Jesus; mas se o Evangelista cala o quando. cala o do,ule. e se

e

cala o de quem nasceu, porque diz. o para que? Bem se mostra que a pena que islo escreveu,

foi tirada das asas do Espírito Santo. Nos nascimentos humanos fazem grande caso os íilhos de Adão da conjunção do tempo e constelação cm que nascem: prezam.se muito da grandeza da lerra e pátria onde nascem: estimam e

es1 imam-se sobretudo da nobreza da geração e pais de quem nascem . Mas quando nasce A que o Est>írito Santo preveniu com a graça

original para Esposa sua. não quer o mesmo Espírito Santo que se diga que nasceu na sexta idade do mundo c no quarto ano da Olimpíada cento e noventa; nem que nasceu na cidade

de Nazaré, chamada por antonomásia Flor de Galiléia: nem que nasceu de Joaquim e Ana. nos quais se uniu desde Abraão 2 Davi por legítirna e con tinuada descendência o sangue de todo8 os Patriarcas e Reis: e só manda escre-

ver que nasce A de quem nasceu Jesus. Por que? Porque só quando se sabe .o par<1 que nasceu cada um. se pode fazer verdadeiro juízo do seu nascimento. Quereis saber quão íeliz. quão alto é, e quão digno de ser festejado o Nascimento de Maria? Vêdc o para que nasceu. Nasceu para que dEla nascesse Deus: "D<' qua naws est Jesus", Este para que será

temor que à esperança. A esperança promete bens. o temo'r amcai;a males, e entre promes• sas e ameaças moto vem a se padecer o que

são males. porque todos se padecem. Os males

a primeira propriedade de nossa natureza, a mesma natureza nos ensina a nas~cr chorando. Com lágrimas choraram muitas nações os nascimentos que nós solenizamos com festas, e não sei se nos deveram tor~ar o nome de bárbaros1 que lhes damos. Queixamo-nos da vida, e festejamos os nascimentos, como se o nascer

fazer verdadeiro e certo juízo do nascimento sem se saber juntamcn1e o parti que nasce quem nasce; por isso no dia do nas:imento

luz. a divindade do Messias. Nasce Rebeca ( ibid. 25) para tirar a bênção do cego Isaac ao rústico e fero Esaú. e dá-la ao manso e religioso Jacó. Nasce Raquel (ibid. 29) para

de Maria nos diz o Evangelho, que nasce. para dEla nascer Jesus: ··oe qua natus est tão se soleniza e fcsleja com razão o dia do

basta ser duvidoso. Se alguma coisa nos pudera segurar os sobressaltos des1a contingência. parece que era o tempo, o lugar, e as pessoas de que nascemos; mas por mais que destas cir·

seu nascimento.

cunstâncias conjeture a vã sabedoria fe1icidades, o certo é que nem o tempo as influi. nem

a pátria as produz. nem dos mesmos pais se herdam. Do mesmo pai nasceu Isaac e Ismael, e um foi o morgado da fé, outro da heresia. Na mesma hora nasceu Jacó e Esaú, e um foi amado de Deus. outro aborrecido. Na mesma terra nasceu Caim e Abel, e um foi o primeiro tirano, outro o primeiro mártir. Assim que ava·

••• l . .. J Daqui se infere contra o atrevimento dos juízos humanos, posto que eles o façam com os olhos nas estrelas, que o solenizar e festejar nascimentos, só os Profetas o podem fazei' sem erro. nem os outros crer sem igno~

rância. Advertiu Orígencs, e é certo, que cm todo o Testamento Velho se não lê que algum homem santo fizess-: fosta · ao nascimento de seus filhos: .. Nemo ex omnibu.t sanc tis inve· niet ur <liem /estum egisse in die natalis /ilii, aut /iliae suae". Com isto ser assim, vemos

liar o nascimento pelos pais, é vaidade; medi-lo pelo tempo, é superstição: estimá-lo pela pátria é ignorância; e só julgado pelo fim. é prudência. Salomão, o mais sábio de lodos os que nas-

cóntudo que o nascimento do Batista, nascendo de pais santos, eles o celebraram com tantas fostas. que então alegraram toda a montanha, e depois o mundo. Pois se os santos não cos-

ceram, faz uma cornparação tão superior ao

wma1n celebra!° nascimentos, por que se cele-

nosso juízo que só podia caber no seu. Com-

bra o do Batista em casa de Zacarias? A razão é, porque a casa de Zacarias era casa de Proíetas. Profe1izava Zacarias, profetizava Isabel, proíetizava o niesmo Batista, e como todos tinham esplrito de profecia, por isso só naquela casa se celebra o nascimento do filho; que só onde se sabem os sucessos íuturos. se

para o dia da morte com o do nascimento: e

na diferença destes dois extremos, quem não imaginará que se compara o dia com a noite.

a luz com as trevas, a alegria com a tristeza. a felicidade :om a de<Sgraça. a coisa mais de· sejada com a mais temida. e com a mais ter·

rlvel a mais amável? Sendo porém tão prenhe de admiração a proposta, mais digna de espanto é a sentença. Resolve Salomão, que melhor é o dia da morte, que o dia do nascimento: ''Me/ior est tlies mortfa· die nativ;ratis"

o tnais triste? O do nascimento não é o que

pouco. Os homens ( deve de ser porque são mortais) o que costumam festejar com maiores demonstrações de gosto, parabens e aplausos. assim pública, como privadamente. são os 1u1sc1mentos. Mas is10 de nascer, pelo que tem de si. nem merece alegria, nem tristeza: antes. se bem se considera, mais digno é de tristeza. que de alegria. Não debalde com ser o risível

esperar escuramente, e depois crer com toda a

mal, basta ser possível: para molestar o bem,

Ave J'vlariü.

bre o soberano nascimento de que ce1cbrnmos a memória ncaStc felicíssimo dia, considercn,os psimeiro que coisa é nascer. e filosofemos urn

a Cristo como Apóstolo. E como se não podo

cem-se, porque se esperam: e para afligir o

( E<:cl. 7, 2). E que tem o dia da morte para s,:r melhor que o do nascimento? O dia do nascimento não é o mais alegre, e o da morte

Para fundamento do que pretendo dizer so-

fcccionado toda sua descendência. Nasce hoje Sara (ibid. 17) para ser mãe universal da fé, e de todos os que desde então haviam de

Jesus.. : e quando se publica e se sabe o fe. licíssimo e altíssimo fim para que nasceu, en·

padecem-se. porque se temem: os bens pade-

tcda a grande matéria do meu discurso. E para ~ue vejamos quão gloriosa é para a Virgem Maria, e quão prov:itosa para nós, peçamos it mcsm:.t Senhora a assistência de sua graça.

• ••

estava incerto: veiu finalmente o dia da mor~ te. que foi o mesmo cm que ambos acabaram. e esse dia de:larou com assombro do mundo 1 que Judas nascera para morrer enforcado co~ mo ladrão. e Oimas para confessar e pregar

povoa o mundo, o da morte o que abre e enche as sepulturas? O do nascimento o que veste de gala as íamílias e as cortes, o da morle o que as cobre de lutos? A morte não é o maior inimigo da vida, e o nascimenlo não é o que, sendo ela mortal, a imortaliza? Que é o nascer, senão o remédio do não ser, e que seria do mundo se em lugar dos mortos não nasceram outros que lhes su-

cedessem? [ ... J Pois se tantos são os bens e felicidades que traz :onsigo o dia do nascimento. os quais todos funesta, consome. e acaba o dia da morte; qut": motivo teve o juízo

de Salomão para antepor o dia da morte ao dio do nascimento? Entendeu-o melhor que todos o maior intérprete das Escrituras. e melhor (diz São Jerônimo) o dia da morte que o dia do nascimento, porque no dia do nasci-

mento ninguém pode saber o para que nasce. e só no dia da morte se sabe o fim para que nasceu: "Ccrte quo<I in morle qunle.r .'iimus

podem festejar com razão os nascimentos prC:·

sentes. Bem se vê no modo com que o festcjaran, os montanheses, porque o estribilho de suas alegrias era : .. Quis putas Puer isre erit?'"

(Luc. 1, 66) . Quem vos parece que há de ser este menino? De sorte que não o feslejaram pelo que era, s,:não pelo que havia de ser; não porque era nascido, senão porque havia de ser o maior dos nascidos. E como para as festas dos nascimentos serem bem fundadas, é necessário saber os sucessos futuros da pessoa que nasce, por isso o Evangelista com grande conveniência antecipou em profecia as leis da

História . e quando havia de dizer que nasceu Maria, disse, Maria. de quem nasceu: ''De qua nàtus est Jcsu.r".

• •• Este foi o novo e misterioso estilo. que de. pois do nascimento da Mãe de Deus observou o Evangelista como Profeta do passado; e o mesmo tinham já feito muito antes do seu nascimento todas as Escrituras do Testamento Velho, como Evangelistas do futuro. Diz São João Damasceno, que desde o princípio do mundo contendiam os séculos sobre a felicidade de qual deles se havia de honrar com o nascimento da que nasceu para dEla nascer o Redentor do mesmo mundo. E todas as grandes matronas, que dentro da sucessão dos

serpente, que com o veneno original tinha in..

ser a mais formosa, a mais servida, e a mais amada que Lia, mas como Lia a mais fecunda.

Nasce Ester (Esthcr 5) para ser a maior senhora do mundo, a mais respeitada do seu supremo Monarca. isenta de todas as leis, e superior a todas. Nasce Débora (Judie. 4), a famosa guerreira a quem seguiam como sol· dados em ordenados esquadrões as estrelas do céu e por quem os soldados venciam sem ferida como estrelas na terra. Nasce Judite (Jud. 13) para libertar dos exércitos inimigos a sitiada Bctúlia, e arvorar sobre seus muros, cortada com a própria espada, a cabeça do soberbo Holofernes. Nasce Abigail ( l Reis 25) para convencer com sua prudência e aplacar

com sua piedade, não a Davi descortesmente ofendido, mas ao mesmo Deus das vinganças justamente irado. Nasce Rute ( Ruth 4). não só para colher, mas para regar com o orvalho do céu e criar as espigas, de que se há de fazer o pão, que há de ser o suStento do mundo. Nasce finalmente hoje Maria ( Exod. 15), não a irmã, mas a Mãe do verdadeiro Moisés. para passar o Mar Vermelho a pé enxuto, para ser a primeira que cante o triunfo da tirania

de Faraó, e a primeira que ponha os passos seguros no caminho da Terra de Promissão. Tudo islo quer dizer, que de Maria, que hoje nasce, há de nascer Jesus. E quer dizer mais alguma coisa? Muitas e grandes, estampadas também todas nas páginas dos segredos divinos. E para que não possa imaginar algum pensamento humano, que são isto estátuas

mortas fabricadas pelo afeto da dev0<;ão ao nascimento da verdadeira Mãe dos viventes;

ouçamos, antes que passemos adiante, o que sempre entenderam e ensinaram os maiores

Lumes da Igreja Católica. Santo Agostinho tomando por testemunha ao mesmo Deus: ..Sola meruit Deum. et homlnem paritura sus· clpere, slcut nos docuisti /iguris" (August..

lib. de Assumpt.). Santo Ildefonso com os olhos cm todo o Testamento Velho : "Haec est ilia Vlrgo glorio.ta, cuju.r inetfabUe mel'i~ tum longe ante figuris legalibus praemmciabatu r" (Ildeph .. de B. Virg.). E Santo Ansel-

mo falando nomeadamente do mistério deste dia: "Natillitatem eju.f magna quaedam atque minmda divinorum signorum indicia praecur,

risse" (Anselm., de Excel. Virg. c. 2). O mesmo deixaram escrito São Cirilo, São Jerônimo. Santo Ambrósio, São Pedro Damião, São João Damasceno, São Bernardo, e outros Padres. Mas o que nesta matéria por ilustração divina nos descobriu o mais ocuho, o mais antigo,

e o mais profundo segredo, foi São Metódio. Quarenta dias esteve Moisés com Deus dentro daquela nuvem escura e caliginosa no cume do Monte: Sinai: e bastando muito menos 5


CONClUSÃO DA PÁG. S

DE QUA NATUS EST JESUS tempo para ele ouvir o que então de·

clarou ao povo, e depois escreveu no

deserto, é questão curiosa saber em que se gastou o resto de tantos dias entre Deus e aquele seu grande va-

lido. Dizem os antigos hebreus, cuja opinião nesta parte não só é vcros•

símil. mas recebida dos mais doutos Intérpretes das Letras sagradas, que cm todo este tempo revelou Deus a Moisés, a que eles chamam Lei oral. ou Lei de boca, na qual se continham

os mistérios mais proíundos. de que então o mesmo povo não era capaz

se lhe descobrissem e fiassem : os quais enquanto não chegava a Lei da graça. só ficaram em tradição na fé dos Patriarcas. Tal foi o mistério altís.<imo da Trindade, o da divindade do Messias, o do Santíssimo Sacramento da Eucaristia. e muito parti· cularmente (que é o nosso ponto) as figuras que pertenciam à Virgem Senhora nossa. Isto é o que não só afirma. mas supõe como indubitável São Metódio, por estas palavras: "Non11e Moyses Ule magnus propter /igura.f

i111el/ecr11 dif/iciles, quae te, <> Virgo, tangebant, diutius in monte commc,. ratus, ut ignoll1 de te, o cas,a, sacril.. menta edocerewr?" (Method., serm.

de Hipapen. Don,ini). De sorte, que o tempo da maior demora que Moisés teve no monte com Deus. o empregou o mesmo Deus em ensinar a Moisés, e lhe descobrir a verdadeira e oculta inteligência dos segredos que se encerravam nas figuras daquela

Virgem, que havia de ser sua Mãe. Estas figuras que tanto antes do seu nascimento 3inda não estavam reira·

tadas nas Escrituras (porque ainda não havia Escrituras), depois que as houve, que foi sucessivan,entc em muitos séculos. com a mesma suces·

são se foram estampando nelas. posto que com sombras escuras. e cores pouco vivas, porque estava ainda mui•

to longe a vida de que haviam de receber a luz. Isto é o que nota o lllcsmo Santo, dir.cndo que aquelas figuras eram dificultosas de entender: "Figurll.< i11tellect11 difliciles"; porque, como bem distinguiu Sofrônio (Sophron.. scrm. de Assumpt.). quando cha1nou à mesma Senhora: "Figuris. ,,, aenignwtibus prC1eJ·ignatam", as fi. guras que representaram. e significa-

ram a Mãe de Deus, antes que o íossc, umas eram naturais e animadas.

como as que temos referido, e por isso de mais fácil inteligência: outras porém artificiais e enigm;lticas, que

não se podiam entender senão com grande dificuldade. e são as que agora diremos.

••• As pinturas de que se íormavam os corpos destes enigmas. eram notáveis. Em um se .via no meio de uma

horrenda tempestade uma grande máquina de madeira. a que hoje chamaríamos nau. mas sem mastros, nem

velas. nem leme (Gen. 6) : em outro uma escada. que com o pé se firmava na terra. e com as pontas tocava nas

estrelas (Gcn. 28): cm outro um cajado de pastor e não enroscada, mas entalhada nele, desde a cabeça até à cauda, uma serpente (Exod. 4): em outro dois Querubins que se olhavam reciprocamente com as asas estendidas, e sobre elas uma lâmina de ouro (ibid. 35): em outro um trono de seis degraus. assistido cada um de dois leões. que de uma e outra parte o defendiam ( 3 Reis 5 e 10): em outro uma torre alta, e de formosa arquitetura. de cujas ameias c-stavam penduradas as armas. e es· tas só eram escudos (Cant. 4): cm outro uma arca dourada cerrada, mas sem fechaduras. e coroada com duas coroas (Exod. 37): em outro um pavilhão forrado de peles. e um grandioso templo todo coberto .de ouro (ibid. 26): cm outro um formoso jardim regado de quatro fontes, e no meio duas árvores muito altas. am· bas carregadas de frutos (Gcn. 2):

cm outro um meio corpo de Anjo sobre duas c-olunas, uma de nuvem.

que reparava os raios do sol. outra de fogo, que alumiava a noite (Exod. 3) : cm outro finalmente, deixando por brevidade os demais, urna vara, e uma flor, mas assim a flor, como a vara, nascidos da mesma raiz ()sai. 2). E sendo tanta a variedade das fi. guras sem letra até então que as declarasse, bem se vê quão dificultosa seria a inteligência: "Figuras intellec· tu di/Jiâ/es", e que só Deus podia ser o Mestre que as ensina$SC a Moisés: "Ut ignota de te sacramenta edO· ceretur".

Mas o que sobretudo dificultava o entendimento de tantos e tão vários enigmas, era ser um s6 o sentido de

tom aprovação edulástlca

CAMPOS -

EST. 00 RIO

DIRETOR MONS, ANTONIO RIBEIRO 00 ROSARIO

Dlrcfnrla: Av. 7 de Se1embro 'l:47, Cúixa postal 333, 28100 Campos, RJ. Admlnlsftnçiio: R. Dr. Mnninico Prado 271, 01224 S. Paulo. A~nlc para o Es(ado do Rio: Jos~ de Olivtira Andrade, c:iixa postal 333, 28100 Cnmpos, RJ: Aacntc p:m, o.s Estados de Col6s, Mnto Grosso e Mh1ns Ctrals: Milton de S3lks Mour!io, R. P:iraíb3 1423 (telefone 26-4630), 30000 O.lo Horiion<c: Agente para o &1.tdo da Guanabara: Luís M. Duncan, R. Cosme Velho SIS (telefone 2-1S-8264). 20000 Rio de Janeiro; Aacntt pnm o f.5lado do Ct:1rá: José Gcr:,rdo Ribeiro. R. Sen:tdor Pompeu 212-0 -A, 60000 r·ortaleza: Agenlts pnm n A,acntlna: "Tra• dkión, Familia, Propiedad", Coi.silla de Corrco n.q 169. Cnpit:il Fcdernl. Argentina: A.Rente para a Espnnh:i: Jo~ M.1rfo Ri\'oir Gómcz, a.panado 8182, Madrid, Espanha, Co~1posto e imprc.sso na Cia. Li1hos;rnphic:i Yp1ran;a. Ru~1 Cadcle 209, S. Paulo, Asslrmtum nnual: comum CrS 20.00: CO• opcr:;1.dor CrS 40,00: benfeitor Cr$ 80,00: gr:inde benfoi1or CrS 160,00; seminarista.s e cs1ud:rn1cs CrS 16.00; Am~rica do Sul e Central: via marhima USS 3.SO, vi:1 a6rea USS 4,S0; outros países: via m:irÍ· limn USS 4,00. vio :i.érttl OS$ 6,S0. Vcnd:a twuls11: Cr$· l,SO. Os pagamentos, sempre cm nome de Editora Pndrc Belchior de Pontes SIC, poderão ser encaminhado~ à Administrnçlio ou aos 3gen1cs. Parn mudanç3 de endereço de :issin3ntes. é necessário mencionar t:1mb,ém o endereço antigo. A corrC$pondên-cia re• l:lliv3 3. assin:i.tura~ e vendei avuls::"I deve ser enviada à Admlnlsfntiio: R. Dr. 1\br1fnlco Prado 271 01224 S. Pauto

todos. E qual era? Era a prodigiosa Menina que hoje nasce 1 e o fim e fins altíssimos para que nasceu. Nasce ( ide agora lembrando-vos. ou desenrolando as figuras). nasce para ser arca de Noé, cm que o gênero humano afogado no dilúvio se reparasse do naufrágio universal do mundo. Nasce para ser escada de Jacó, e não para que os descuidados de sua salvação se não aproveitassem dela, como o mesmo Jacó dormindo, mas para que vigilantes e seguros, subam por ela da terra ao Céu. Nasce como vara de Moisés. para ser o instrumento de todas as maravilhas de Deus. e a segunda jurisdição. fama, e alegria de sua onipotência. Nasce para ser o verdadeiro e infalível Propiciatório, cm que o Deus das vinganças, ofendido e irado, trocada a justiça em misericórdia, O tenhamos sempre propício. Nasce para ser trono do Rei dos reis, o Salomão divino,

ao qual T rono as três hierarquias das criaturas visíveis, e as três das invi· síveis servem de peanha, não humil·

des como degraus. por se confessarem sujeitas à sua grandeza. mas SO· berbas como leões. por acrescentarem altura à sua majestade. Nasce para ser torre Cortíssima de Davi, forne· cida e armada de milhare,s de escu•

dos. lão prontos e aparelhados sempre à nossa defesa. como seguros e impenetráveis a todos os tiros e golpes de nossos inimigos. Nasce para ser verdadeira A rca do Te.stamento,

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coroada com as duas coroas de Mãe e Virgem, dentro da qual não só se conservavam sempre inteiras as Tá·

buas da Lei, mas esteve e está encerrado a Maná que desceu do Céu, donde quotidianamente O podemos colher, por isso coberto e encoberto,

mas não fechado. Nasce para ser Tabernáculo no deserto, e Templo cm Jerusalém: Tabernáculo em que Deus havia de caminhar peregrino, e Templo em que havia de morar de assen ..

to. tão imóvel e permanente nEla como cm si mesmo. Nasce para ser. não uma, senão as duas árvores fa. mosas do Paraíso tcrreal, a da vida.

e a da ciência; porque dEla havia de nascer o bendito frutoJ cm que es· tão depositados todos os tesouros da

ciência e sabedoria de Deus, e o da vida da graça no mesmo Paraíso perdida, e por Ela restaurada. Nasce para ser em seus passos como os da· quelas duas c-olunas que guiaram o

povo escolhido à Terra de Promissão: uma de nuvem para nos amparar e

defender dos raios do Sol de Justiça: e outra de fogo, para nos alumiar na noite escura desta vida, até nos colocar seguros no dia eterno da glória. Nasce enfim, para ser vara de Jessé. de cujas raízes havia de nascer a mesma vara Maria. que hoje nasce, e a mesma flor Cristo Jesus que dEla nasceu: ºMaria, de qua naJus esr Jesus",

••• Para todos estes bens nasce hoje esta grande Menina. posto que entre figuras e enigmas, como sol entre nuvens, as quais porém desatadas em orvalho e chuva de benefícios. não é necessário já recorrer à escuridade de oráculos passados, mas à experiência ocular dos efeitos presentes. lnfinitos são os nomes ou sobrenomes com que a mesma Virgem Maria costuma ser invocada e louvada, nascidos todos (notai) na etimologia dos mesmos benefícios. que é o mais nobre e sublime nascimento que eles podem ter. [ ... ] Tais são todos os nomes e sobre-

MONUMENTAL COLETÂNEA DE DOCUMENTOS DE MAGISTÉRIO O texto integral de nove Cartas Pastorais, uma lnstru~ão Pastoral e uma Circular. Completo índice alfabético de assuntos e de nomes

Cr$ 20,00

nomes, com que a cristandade invo-

ca, venera, e dá graças à Virgem Maria. tirados todos, e fundados nas etimologias dos benefícios já experimentados e recebidos. para obradora dos quais hoje nasce ao mundo. E se não, perguntemos a todos os c,stados do mesmo mundo, e mais aos que mais padecem as suas misérias, que todos nos dirão este para que. Perguntai aos enfermos para que nasce esta cclcs1ial Menina, dir-vos-ão

que nasce para Senhora da Saúde: perguntai aos pobres. dirão que nasce para Senhora dos Remédios: perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo: perguntai aos desconsolados. dirão que nasce para Senhora da Consolação: perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres: perguntai aos desesperados. dirão que nasce para Senhora da Esperança. Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz, os discordes, para Senhora da Paz. os desencaminhados, para Senhora da Guia. os cativos. para Senhora do Livramento. os cercados~ para Senhora

do Socorro. os quase vencidos, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes. que nasce para Senhora do Bom Despacho, os navegantes para Senhora da Boa Viagem, os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso, os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte, os pecadores todos, para Senhora da Graça, e todos os seus devotos para Senhora da Glória . E se todas estas vozes se uniram em uma só voz. todas estas perguntas em uma só pergunta, e todas estas respostas em uma só resposta, ou. mais abreviadamente, todos estes nomes em um só nome, dirão que nasce Maria para ser Maria. e para ser Mãe de Jesus: "Maria. de qua natus est Jesus''.

CARTAS PASTORAIS: S obre a definição do dogrna da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria • Sobre problemas do apostolado moderno • Prevenindo os diocesanos contra os ardis da seita comunista • Castidade, humildade, penitência características do cristão, alicerces da ordem social • Os Documentos Conciliares sobre Sagrada Liturgia e instrumentos de comun icação s ocial • Considerações a propósito da aplicaçao dos Documentos promulgados pelo Concílio Ecumênico Vaticano li • Sobre a preservação da Fé e dos bons costumes • Sobre o Santo Sacrifício da Missa • " Aggior,:,amento" e Tradição • INSTRUÇÃO PASTORAL sobre a Igreja e CIRCULAR sobre a reverência aos Santos Sacramentos

Pedidos à E DITORA VERA CRUZ L TOA. Rua Dr. Martinico Prado 24_6 01224 SÃO PAULO, SP


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UM ARDIL BEM SUCEDIDO, A SERVIÇO DA BOA CAUSA

OM A MUDANÇA dt atlfude dr Pio VU - que passara a opor-se ri:rmemtnk às prettnsõ~ cada vc--t m:1is exorbitantes de Napoleão - os con· gngados fnmctse, scntirum a necessidade de conhecer melhor o que estava havendo em Roma, com vistas a se prepararem coovcnicn. tenu~utc para a lula que se a,pro-ximavn. En• viaram, cotão, à Cidade Eterna o Padre Pierre Pcrreau para obter húormações mais prtci,ças. O Padre Pcrrcau parece ter sido um dos clemtntos~have dn rede subterrânea que as várias associações carólic-as Onbam cst.abcle,cido na França e na Itália. No rntanto, $tia figura é pouco conhecida e um véu de mistério cobre ainda hoje as suas atividades, embora ~ note a sun presença em quase todos os grnndes cpi· sódios da rcaçHo cat6Hcn da ipoca. Tendo nascido a 22 de setembro e 1766, ainda não aca· bnra sun formação eclesiástica quando edodju a Revolução F ranc~a. Foi durante esse agltn• do período que recebeu o Sacerdócio. Logo de· p0is de ordenado, foi pn.~eptor DllS casas do Pri'ncipe de Chafais e do D uque de Périgord. Talvez tenha sido aí que conheceu os congnga· dos marianos de Paris, ji que muitos deles per· tenciam à mais alta nobreza. Por outro lado, manlínba boa-: relações com vários eclesiásticos e leigos tia rede, sendo grande amJgo do Padre Oesja.rdins, Superior do Seminário das Mksões Estran1:ciras, e membro Influente dn "Aa'' na Frant1l. O fato é que em 1809 o Padre Perreau cn1rava ou. Congregação Mariana de Paris. l!m Roma, foi elt recebido pelo C~eal l'acc.n e por seu secretário, Monsenhor Cosimo Pedicini, o qual conhecera o Duque Matltieu de Mon1morency e a Congregação quando fora a Paris com Pio VII para n coroação de Na· poJe-ã.o. E-ra natural, pois, que o emissár!o dos cong?"cgados conseguisse todas as informações desejadas, e pelo. menos alguns dos doc:umen· tos que - c:omo dis.,çcmos no último artigo o Cardeal Pacca preparara a fim de serem pu· blkados no caso de Napoleão tomar alguma medida ruais violenta contra 1l Santa Sé. Essa vingem foi realizada no maior segredo, não sendo conheridn senão pelos interessados e. mesmo mais tarde, os que. a contentaram niio revelàrllnt o nome- do env:ado; mas não bá dúvida a respeito de quem tenha sido etc. As informações conseguidas pelo Padre Perre.au fo· ram muito úteis, como Ycrcmo.'>, Na vi.agem de volla, etc lm11ou contaclo com as '•Am.Jcixie" e co1n a Congregação de Lyon, para a qual,

E

ONDEARTE DE VANGUARDA

E PROGRESSISMO SE TOCAM

M CERTA CIDADE do Norte houve lui alguns anos um cooe,resso de filosofia em cujos ana~, no setor da filo sofi.a da arte, encontramos a Stguinle de(im~ ção: HA arte é a representnção fi nali.7.ada na matéria, niio do belo e do estético, mas de tudo aquilo que sentimos ser portador de um valor''. Ora, estamos habituados a conbidernr a beleza como a causa formal da arte e a estética como a ciência do belo. 1?; claro que não nos referimos :1 arte mec~uka ou indu.s trial, ·s10 é., a que se des tino U produção de coisas úle.is, adequadas i1 .s:Hisfoçiio de no&\':\ vid:, ornterial, mas íl que visn a produção de toisas belas, e que se l>Cde definir COfno a cxprcssi'\o refletida da bclc-1..1 sob uma forma se,1.çível. Mesmo cn· Ire os povos que jazem nos mais baixos c.stár;ios de cultura, ~sa dibtin\·ão se fn.z nota_r: o ho• 111cm das cavernas que tnm~fonnou em ponta de uma lança um deule ele mamute, fez arte mec5n'ca. Quando g,r:1You ornatos no fustc desso. lança, cousa,::rou-se :, uma obra de arte pro• priamente dit:1. De modo que a definição de arte como reJlfC.'icnt:lçiio finali:r.ada no mMéria, de tudo quànlo sentimos sc.r portador de um valor, 1>cca 1>or um excesso de gcneraliz:lç:_io que a.e:ib,t por dtíxar de- lado aquilo mesmo que se deve definir como :.1rtc. E 1>ccn por incidir nos erros d:1 fHosofin vtllori.111a. As arks se di~1:nguc.m segundo ~.. forma seu· s ível .sob :1 qual se exprime o belo: :'í vista cor. res1>ondcu1 ns :trtc..-ç 1>1:íslicas (urquitc1ura, cscul· lur:.l, pinlurn, desenho) e i, audição ni arfes funéfü::is (mi'1sica, eloqüência, poesi11). Quanto mais des envolvida uma cultura, tanto mai-ç rc• finadas as :)rtcs que 1>c r assim dizer im1>reg11am ft1do o :1111bicnte sod~,1. E se ;.l homenagem a Deus é a pr'::n1eira d:lS obrigações do homem, vemos como :, expre~o artí~1ica marta os vá· rios modos sensíveis pelos quttis se preS1a o cuJ. to devido à Oivind11de: ºE Moi,s:~ di~e m:1.is a toda o. multidão dos fllhos de Israel: - Eis o que o Senhor ordenou, dizendo: Ponde à parte junro de vós primícins par.a o Senhor. Cada um, volunhíri:t e c.'Spont:iuc:11nente 1 ofereça ao Se· nhor ouro1 pratn e cobre, jtt.cinto, púrpura e escarlate tinto duas ve1.es, e l'nho fino, e peles de cabra, e peles de carneíro tintas de verme:· lho, e peles roxas, e m:tde.i ra de cetim, e auitc 4

conta Bcnoit Costc, trouxe "aquele Breve de lndulgênclà$ que Pio VU nos mandou nas vés· pe-ras de ~1.1a retirada de Roma". Os acontcc·mcntos se precipitaram. e antes do r~resso de se:u em.issárío a.s Congregações de Paris e Lyon já tinham alcançado um belo triunro. l,ogo depois de Perreau partir de Rouur, Pio Vil e o Cardeal Pacea foram presos e convidados a irem falar com o General Mio(. Hs. Coloc-udos cm duas camiagcns, estas se di· r igirnm não para a residi!ncia do General. mM para a F rança, O P ontífice e o Card••I tinham consigo a,pcnas a roupa do corpo; não puduam levar dinhcQ'o nem documentos. O Papa pro· teslou, e o oficial em.-arrcgado de condui.i-los cxpllc:ou que os sccrc"rios particulares dos pri· sioneiros, alguns Monsenhores e criados os ::ilcanç-nrhtm ao longo da viagem, Craiendo a bagagem de ambos. De fato, alguns cclcslástitos e domésticos chegaram duranle a viagem. En· ltc eles, Monsenhor Coslmo P cdicini e o cr'a. do de quarto de Pio VII, Andrea Morem, que prestou eminentes serviços ao Papa enquanto durou seu rativdro. Pouco depois, a polícia franct:sn stparou o Cardeal Pace.a de 'P io Vll, faundo-- os viajar em horários diferentes até Grenoble. DnU o Papa foi conduz.ido para Sa· vona e o Cardeal para a fortaleza de Fenc,. tr<llà, O Duque Matbieu de Mon1morcncy estava na ocasião fazendo uma estação de águas em Aix-lc~Bains, com sua filha, seu genro SosthCncs de La Rochefoucauld, futuro Duque de Doudcauvillc, e seu primo Ad.rien de Mon1niorency-Lnval. Ao sabcreni que Pio Vil ia pas· sar por Monfmélinu, e.idade pr6ximn de Aix-les·Bain.$, foram todos agua.rd,·lo ali. Não conseguiram nproximar•se da carruo,g em em que estava o Soberano Pontífice, mas Matbieu de ~fontmorenc:y pôde falar rapidamente com Monsenhor Pcdlciní. pondo então à dlçpos,ç.ão do Papa sua fortuna, ~11.a influência e .seus servi· ços. Estava também presente à conversa o cria· do Andrea Morem, o qual entregou ao nobre francês um ou mais: cartazes que anuncJavam a excomunhão do Imperador. Como Pio VlJ ficaria mais tempo cm Grenoble, o Duque, suà fUha e seu genro parn lá se diris;iram, e puderam, então, bc'·jar os pés do Pontífice. Adrien de Montmoreney-Lnval levou os cartazes para l.;yon, e de lá seguiram eles para Pnris escondidos dentro das botas do i\l arq_uês EugCnc de Montmoreney•Laval. F.;ssa versão dos fatos é d-ifercntc da que upr~-cntn o Conde l.ouis de Gobinenu e que

foi acolhida por Antoine Lcstra em seu livro sobre a Congreknção de Lyon. A aparente con· tradirão se esclarece se ndmHirmos que os congregado~ terão usado vários modos de fuer chegar n Pars a ínformn~üo de que Nnpoleâo estava excomungado. Vejamos a versão de Gobioeau. Franehet d'Esperey, membro influente da Congregação de Lyon, era funcionário públko grndu:ido. e como tal mantinha corrcspondên, tia con1 Joseph Marie Portalis, filho e auxilinr do célebre Ministro dos Cultos de Napoleão. Por sua vez, o Pndre Paul Thel'ese David 0 'Astros, Vigário Cap'.fular de Paris, era primo de Joseph Portalis. Aproveitando-se desse paren· tcscot F ranchct d'Esperey colocou entre a correspondência administrativa dirigida a Portalis, um pacote fechado endereçado ao Padre D'As· tros, contendo cartazes que a Congregação mandara imprimir em Lyon com a notícia da excomunhão do Imperador. O pacote chegou incólume ao seu destinatário, e, assim, foi no meio da correspondência oficial do Império que entraram em Paris esses cartazes que :t J>olícia imperial tinha o maior empenho en1 in· terccptar ... Em Lyon os cartau.s uam afixados em to· dos os muros e expedidos para outras cidad~, onde eram também reproduz.idos e e.spalbnclos 11or todn parte. Em Paris se fn:iia o mesmo. O Conde Atexls de Noames, o Conde Ferdimmd de Bert'er e vários outros congregados os co1>iavam e imprimiam, trn.b:dhandÕ ativamente cm tomar pública a · excomunhão. O entusias. mo com que se enfregavam à tarefa fica patcn. te ne.ste trecho de uma carta cifrada que o Pa· tire Lafon mandou de Bordeaux n Alcxis de Noaillts: "Comuniquei n um grnnde ntímero de literatos a última obra do Sr. de la Harpe, que não era conbttida senão vagamente, e que provocou o maior enlusi.ns:mo. Reuni os fnv~ ritos das musas e det-lhes conhecimento dela. 1, .. J eles tirurnm cópias {• .. ] no momento c.m que escrevo. mais dt trinta pessoas tStâo reuuidn.ç cm redor de uma mesa para tomar nO·

para ••••>dor as liimpudas • pllnl fa,c,r o bálsamo, e os ptrfmncs de suave fragrintia, pedras ônix • outrns pedras preciosas'' (tx. 3S, 4-9). A Igreja, oomo continuadora do vtrdadeí.ro culto a Deus na vígênc·ía do Novo T estamento, também se1:1prc Se esmerou por adornar os çeus templos de todu a magnlfkência, do que ~ão rxcm1,los as ba~ilicas bi1.antinns e ns cs· plénd'das cntedrnis ):Óticas. Ora, juntamcn1e com 11 aceitação generalizada da 3rtc como :ligo que tende n excluir o belo e o c.stétito. vemos u tendência n.âo menos gencrali1.ad11 de dcspojnr n Casa de Deus de toda forma de belcui. &curemos em face de um mero ac;:aso, de mcr:1 coincid&n1,.•i:1, ou de um mesmo movimento orienhldo :1 mudar os p:'lrâmetros que nh: muito rcceutcmcntc villlrnm ligados à cultur:1 oddeol:11? O dadaí\mo, o ~urrcalismo e oulras cx-1,ressõcs f'~ur:1tivlis da clmm:1da arte moder· ,rn, n:1da n111is p:UC<'Cm ser que 'fum n iilismo romànlico que s e sente cbamndo u pôr cm dm:, o que est:'i cm b:lixo e a rc,lli7,ár t, tran.smutação de torlos os valores, precis::1men1e rorno a rcvoluçiio pe1•m;;1nen1e·• (H:ms Sedlm:1yr, "A Re· voluçâo da Arlc. Moderna'\ Livros do Drasit IAdr1., Li.s-boa, p. 82). Esse de.sntinado trnbalho de dcst'ruiç:io ou de desintegração da rt alid:1de é continuado por um esforço de construção, o <10:11 (: afribuído ;) arte abstrnfo. Eis o que di't um dos ' ·1,rofetas' ' dcsla 1Jltim21, o gnóst'co Piei Mortdrirm, pará o qual :, :irt.c cm s u:t nccp,;ão corrente é apena$ um:1 ,:oisa provis ória, tenclc.n. fe a desaparecer alé o ,illimo vestígio: ~'No ru. turo, •• rc:di7..:tç:io do 1mramcnte csculfórico na rc:llid:,de p:111>:ível substituirá ::t obr:l de arte, poís então niio leremos necessid~id(' de quadros, j ;í que vivemos no meio da arte re;1li:r.:1da. A :.1rtc des ap:1rcccr;i nf1 mcdid:1 cm que n vida tenh:t mai.ç cquilíbr~. n:t medido, simplc.!11ncnte, em <1ue tenlrn adof:)do :1 nova "<.-ontrnnaturcza'' e ncl:t te11.h11 dc.s:1parecido. E o que será e~"fa c•pCr:ld:t e des ejada contranntun•:,..a, qual será 11 .sua .. mctró,pole", não ht\ :1 ,m enor dlívidtt: ;.t cont lnu;:io elev:--tda à calegorfa de ídolo, orien• tada par;, o Citntisnio e par-a :1 lécnic:i'' (apud Hans SedlnHlyr, obra cil., p. 109). A origem do chamado purismo e da arfe :lbstnHa pode ser enco1Hrada em ambicnh.•s gnób1ic:o•c.alvinistas:. Não foi por outr-.J mzão

que lul ;'arte'' teve boa arolhJda sobretudo na Holonda e nos Estados Unldos, e enf're homens dndos ao ocultismo como P~t Mo11dria11, \Vas· sily K:.m dinsky e Pnul Klec. O " pur:lmcnre escultórico'· a que se · refert Mondria:n ê a forma despoj;:1da de todo e qualquer ornato ou preocu1rntiio e.slélica, razão pela qual ,-1 arquitetura modemn oferece cam1>0 11berto às ltnlntivas de realizar :1 aspírnção gnós.fic:l de um inundo não baseado na realidade e no rnciorínio, ma~ na abslração dos sonhos da nova contr:mnfurez.1. Ora. onde cntr.a o paralelismo c.nlre cssn pseudo ou contra•arle de vanguarda e o despo~ j:uncnto das if:'::rejas que se nÕta hoje por tod:t par(e? t que em ru:nbos os c~"Os estamos em face dos mcsn1os frutos deleférios do tr:Stc mundo g11ó~1ico•calvinista, que ode18 a verdade e a belc:,..a que nos ,têm da fé no Homem.Deus. Não se trafa prcprlnmenlc de 'duas frentes da mesma batalha, mas de uma ú1úca subverúo: a arte modernn e o progrcs~ismo niio cons1Huern ré$pecth·umenle um setor artístic:o e um setor social, um que luta pela subversão no campo estético e outro que pugna pelo conlubéruio da ReligHio c:om o socialismo, mas represcnt:un o mesmo erro religioso, ou mentira gnóstica, que não aceita a realidade da na1ure-t..1 humann decaída e resgatada por Aquele que Se fez car11e nw.s purí~-simas cntra1\has d.'\ San1issima Vlrg<m. Temos, poilanto. a mtsma inversão de valores, quer no caso das elucubrnções de um Tci• ltrnrd de <.:h:1rdin ou cJ:1 doutrinn esotérica de u1t1 ''NO\'O Catecismo'' holandês, quer no das idéias contidas m\.S ''Formas de pensamento', elos ocuttisfas Annic Be!ant e C. W. Leildbea'fer, inspiradores, cutrc outros. da chamado arlt abslrata. De modo que, embora esta conseqüênci:1 ,:oss:ivelmeute oiio esteja na intcnç.ã o do autor da dcfin'.ç ão de arte que a princípio ntcncíona• mos, n exdwiio que ele faz do belo e do estético :-1fina perfeitamente com o Ideal j!nóstico· -calvinirta, que nada mais é do que a ímpl:m• 1:1~10 do totnlitárío ~ horrendo reinado do prín· dpc das. frevas neste mundo. lde;d impo$$ível, pois as portas do inferno nuoca prcva_lecerüo.

tas''. Essa linguagem cifrada, a rapidez e a efi· cíêncin com que os cartazes chcgnrt1m às mnis diversas ~idades da França, o entu.çiasrno dos membros da rede, tudo ·mostra como esla já estava bem organi:uda. Antes de o Pap:, chegar u Sa\'Ona. toda a Frnnça já sabia que o lmpc• rador e~1avn excomu11~:1do.

Fernando Furquim de Almeida

J. de Azeredo Santos 7


~AfOJLICliSMO

*

1~

O MILAGROSO CRUCIFIXO DE LUCA E O CULTO DAS CHAGAS DE CRISTO Q

UEM VAI A igreja das Visi1andinas. junto ao Mosteiro de São Pnncrácio, em Luca, na Tos• cana, pode venerar um Crucifixo milagroso. veículo de graças extraordinárias há mais de um século. Por intermédio dele. vem sendo propagada a devoção às Santas Chagas. que - segundo as palavras de Nosso Senhor. em revelação particular - "é o remédio para este tempo de i,1;qü;dade", Na verdade. a história da sagrada imagem nos revela que o Mosteiro onde ela se venera, anteriormente instalado cm Pisa, é testemunha vivi\ das perseguições mo, vidas contra a Santa Igreja pela impie-

dade e pelas seitas, ao longo das guerras naPoleônicas e das revoluções européias, conseqüentes à Revolução Fran-

cesa.

O Divino Refugiado Fernando Ili foi G rão-Duque da Tos. cana cm tempos borrascosos. Em l 790 ascendeu ao trono ducal, mas perdeu•O por ocasião da invasão francesa. que o depôs em 1799. Em 1805. aceilou do Pequeno Corso o Grão.Ducado de Würlburg. Voltou ao trono da Toscana cm 1814 e reinou até o fim da vida. cm 1824. Nes1e último período. o ArcebisPO de Pisa, Monsenhor Alliarn. dele ob1evc o edifício do Antigo Mosteiro de São Silvestre para a fundação da Visi,a~1o c.m sua cidade arquiepiscopal. Atendia. assim, o nobre Prelado ao dc,scjo de um pequeno grupo de Religiosas que qi.,eria seguir a regra de $ão Francisco de Sales. As primeiras Visitandinas conheciam, sem dúvida, a o rigem do Cn1cifixo que se cultuava cm seu mosteiro. T31hado em madeira, seus traços de notável beleza revelam a mão de um artista consumado e devoto. Mas as vicissitudes

dos anos seguintes. entre as: quais dois incêndios irrompidos no ed ifício, fizeram perder-se a história do formoso lenho e o nome de quem o esculpiu. Em 1860. as tropas do Piemonte ocuparam o Gráo•Ducndo. No ano seguinte. Vitório Emanuel fez.se aclamar Re i da ltália e escolheu para ct.ntro po· lítico de seu novo reino a Toscana, com a capital em Florença. Estava el'l"I pleno desenvolvimento a política sectária de perseguição à Igreja. As casas religiosas constituíram o primeiro alvo das or· dcns opressoras, tramadas nas lojas. Em 1866 suprimiram.se nos domínios do Sabóia todas as Congregações. A:i; Visitandinas de São Silvestre ti· veram que abandonar o seu belo mosteiro e refugiar-se em uma· pobre casinhola no campo. Ltvaram consigo seu precioso Crucifixo, jã conhecido como milagroso nas crônicas da comunidade. O Crucificado tornara-se também um refugiado da perseguição sectária.

O culto das Santos Chagas Por essa época, divulgava-se entre a.~ casas da Visitação a devoção às Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, j á anti· ga, mas que tomava novo impulso depois das rcvelaçóe$ recebidas pela serva de Deus Sóror Maria Marta Chambon. Visitnndina de Chambéry, na França, que ouvira dos próprios lábios do Senhor promessas consoladoras a quem invocasse os Sagrados Estigmas cm suas aflições. Jesus ensinam-lhe uma Coroa das Santas Chagas, ou da Misericórdia. da qual disse que uo cada palavra que 1,rommciardes, ,ltlxo cair uma gola de num Sa11gue sobre II alma de um peco• dor··. A devoção consiste fundame ntalmente cm oferecer ao Padre Eterno os méritos das Santas Chagas para conseguir o

" REMtDIO PARA ESTE TEMPO DE INIQUIDADE" A IRMÃ CONVE RSA da Visitação de Cllambéry, Sóror Maria Marta Chambon, rnorta em odor de santidade aos 21 de março de 1907, recebeu dos próprios lábios de Nosso Senhor Jesus Cristo as duas invocações principa is des1a coroo , 3.00mpanhndas de magníficas promessas de misericórdia . A cnroa e-omeça com estas o rações:

1. ó Jesus. Divino Rt denror, sede mist,;cortlio.ro conosco e com o mundo h,reiro. - A mim. li, Dew.· somo. Deus forre, Deus imorllll. 1emle piedade d~ n6s e ,lo mundo

Amim. 1lf. Graça e mistricór1li11, ó meu Jesus, 110:r ptn'gos prnelllcs; t.:obri•nos c;ôm voSJ'O Preâosíssimo Sangue. Amém. JV. ó Padre E1erno, usai tle m i,\·eri~ c6rdia f)llra conosco, pelo Sangue de Jcsu,, Cri,110, ,,osso Filho tmigênitô: usai de m isericórdia. nós Vô -lo imploramos. - Amém, Amém . Amém . inlciro. -

N us cc111as 11cqueuas reza-se: ó meu Jesus, perdão e misericórdia. - Pelos mfritos de ,,ossas Santas Chag11s. Nas contas maiores: Eterno Padre, t u Vos ofereçQ as Chagas de NosJ·o Se. n/wr Jttsus Crúto. - Para curar os chagas ,h: nossas ,,tmas. Terminada a coroa, repete•sc t~s ve• zes csla última jaculatória.

Promessas de misericórdia "Concederei mdo a que m e fór pc1liJo pela invocaçiio das mi11Ju,s Scmtas Chagllt. e prtci.ro diw,lgor essa devo· ção" . • / "As minhas Scmtll~· Cl111g1,s sus1e11um1 o mmulo . .. pedi que Eu vos concedt1

o fa,1or de amá-tos co,1st011lcme11re, porque silo fonte ,Jc toda graça. 8 prcâso invocá-las ,nuito, atrair para elas o próximo e gravar tssa devoção nos almas" . "Quando tivcrdrs pt11as a sofrer, imerti-as pro111a1111mtc nas minhas Chatas t vossos pt nos serão suavizadas". "e prtciso reptlir amiúde aos doente.., esla aspiração: ºó meu Je.ms, ptr• dão e mi.rericórdia, pelos mirilos de vos,M,\· Sa11tas Chagas" . &ta prece ali• ,,iar-lhts-á a a/mo t o corpo". "O pecador q11e disser: hfterno Pa• dre, o/treço-Vos as Cha}?as de Nosso Senhor Je.rus Cristo para curar as c/111gas de nossas t1lma.r", obterá II co11vtr-

.s,io·•. " As minhas Cllátas curur,io as ,•os-

sas". "A c11dt1 pa/11vra que prommciortles.

,w Coroa da Misericórdia. deixo cafr "'"" gola de m eu Sangue sobre a alma de um pecàdôr". "A alma que tiver honrado as mh,lws Sa111as Chagas e os 1il1cr oferecido 110 Padre E 1emo pelas almas do Purgatório, será ocomponlwda, em sua morte. pela Santíssima Virgun e pelos Anjos: e Eu. rtsplandectlllt de glória, a teCt· berei para coroá.ta''. 11 As Sa111os Chagas são o tesouro ,los usouros para ,,s almas do Purgcllório". "A de\10ção às minhas Chagas é o rem ldio para este 1cmpo de iniqiíidade", 11 Dos minhas Chagas bro11m1 frutos ele samidade. MedUando nelas, e11co1t• Irareis sempre 110,•o alimeulo para o o,nor". "Minha filha, mergu/11ondo t111,s ,,ções ,ws minhas Santos Chagas, elos adquirirão w1/or. A s vossa:r mtnotes ações html111dC1s ,Je meu Sant;ue strão agradá,,eis n meu Coraç,io . .. ·1

perdão para os homens e su:i conversão. Destina-se especialmente aos que sofrem na alma ou no corpo. "Eslc, pre,·e aliviará " alma e o corpo" - d isse Nosso Senhor a Sóror Maria Marta Chambon, que veio n falecer, cm odor de santidade , aos 2 1 de março de 1907. Reconstituída a comunidade das Vi. sitandinas de Pisa, no novo mosteiro da Porta a Piagge. para ele fo i levado o seu grande tesouro, que er3. o Crucifixo milagroso. Foi então que a Madre Superiora teve a idéia de propagar a devo~ ção a este último juntamente com o cullo às Santas Chagas, de que chegavam notícias da Franç.a. Fez. imprimir pequenas estampas com a figura do Cru~ cifixo de Pisa e as invocações da Coroa das Sanias Chagas, recebidas Por Sóror Maria Marta Chambon. A divulgação das estampas provocou um aumento extraordinário de graças concedidas através da santa imagem. De fato. conhecido não s6 pelos pisanos, que já tinham ouvido fa lar dele, mas pOr fiéis de várias outras cidades, que logo se transformnram em seus devo, tos, o Crucifixo das Visitandinns foi derramando un1 núme ro cada vez maior de favores, e$pccia1n1ente de ordem cs• piritual, como numerosa$ conversões, mas também tempOrais. levando o :1IÍ· vio aos doentes e pessoas aflitas por sof rimcntos morais. Assim. começaram Jogo a thegar 30 Mosteiro cartas atestando os benefícios recebidos e prccio• sos ex-votos, mas sobretudo c-o meçaram a afluir visitantes de Pisa e de outras reçiões da Itália, qt1e queriam ver a imagem milagrosa. Pnra sa1isfazer este legitimo desejo de seus devotos. foi ne• cessário 1ransladar para a igreja do Mosteiro o Crucifixo até entã o venerado no interior d a clausura. Foi nessa ocasião construído para e le um pequeno alla_r de mármore.

Novos vicissitudes Mas novas provações estavam reser· vadas às depositárias da piedosa imagem do Crucificado. Durante a segunda guerra mundial, o Arno. em freq üentes inundações, levou a desolação às cida• des ribeirinhas, entre as quais Pisa. O mosteiro da Poria n Piagge. tornou.se insalubre e inabitável. A comunidade não podia permanecer ali. Em Pisa não se encontrou outro edifício que servisse. Em t 941 a Visitação foi obrigada a transferir-se para Luca. O Crucifixo fi. cou provisoriamente na Igreja de São Jacopo, dos Padres Oblatos de Maria Virgem. Em julho do mesmo a no. reunida a comunidade cm sua nova sede, o Mosteiro de São Pancrácio de Luca, foi pa· ra lá levada triunfa lmente a sagrada imagem, ao termo de um o itavário de homenage ns que lhe q_uiseram prestar os pisanos antes que deixasse a sua d · dade. Em Luca, foi recebida por uma solene procissão, que a acompanhou até a igreja das Visitandinas. onde a inda hoje se encontra exposta à veneração de seus numerosos devotos, aos quais largamente concede os mais insignes benefícios. Desde 1946, o Mosieiro publica u m bolelim intitulado ºO Crucifixo e seu Coração Transpassado'", que se prOJ)Õe estreitar ,, união entre os devotos da venerada imagêm. espalha• dos. agora. não só por toda a Itália, mas também por vários países da Europa e da América. Em nossos dias. nos quais ninguém sofre mais do que a Santa Igreja, atormentada pelas per· seguições internas e externas do progressismo e do comunismo, a devoção ao Sagrado C rucifixo de Luea e às Santa$ Chagas constitui um refúgio e um penhor de vitória.

H. B.

BESTAllBADOB DE ANGOLA Natura l do Rio d e Janeiro, Salvador Correia de Sá e Benevides foi cavale iro de Santiago, m em bro do Conselho U I· tramarino e A lmirante dos Mares do Sul. A frente de uma expedição armada no Brasil, restituiu Angola a Portugal e à Igreja, dali expulsando o herege holandês em 1648. Litografia do século XIX , segundo tela existente na Secretaria do Governo de Angola (página 2 ).

Verdades esquecídas

A Mãe de Deus quer mais almas virgens, ligadas a Ela por voto de castidade No pouco tempo que passaram na terra depois das aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria - e mesmo no período abrangido· por estas - Francisco e Jacinta, mas sobretudo esta última, tiveram isoladamente diversas visões. Em fins de 1918 os dois irmãos adoeceram quase ao mesmo tempo. Francisco entregou sua alma a Deus no dia 4 de abril do ano seguinte.' Transporlada para Lisboa, Jacinta ficou primeiramenle num orfanato con1íguo à Igreja de Nossa Senhora dos Milagres, sendo depois levada para o Hospital Dona Estefânia. No primeiro dcs1es estabelecimentos foi assistida pela Madre Maria da Purificação Go· dinho, que tomou nota - embora nem sempre literalmente - de suas últimas palavras. No Hospital Dona Este[âoia é que Nossa Senhora veio buscá-la no dia 20 de fevereiro de 1920. Reproduzimos aqui algumas considerações da pequena vidente de Fátima conforme foram anotadas pela Madre Godinho:

O

S PADRES devem ser puros, muito puros. Os pecados que levam mais almas para o i11/er110 são os ,pecados da car11e. H ão de vir umas modas que hão de ofe11der muito a Nosso Se11hor. A s pessoas que servem a Deus 11ão devem a11dar co111 a moda. A Igreja não tem modas. Nosso Se11hor é sem.p re o mesmo. M11iJos matrimô11ios não são bo11s, 11ão agradam <t Nosso Senhor e 11ão são de Deus. A Mãe de Deus quer mais almas virge11s, que se liguem a Ela pelo voto de castidade. Para ser Religiosa é preâso ser muito pura 11a aln,a e 110 corpo. - E sabes tu o que quer dizer ser pura? - i11daga a Madre Godinho. Sei, sei. Ser pura 11c> corpo é guardpr a castidade; e ser pura 11a al111a é não fazer pecados, 11ão olhar para o que 11ão .1e deve ver, 11ão r oubar, não me11tir 11u11ca, dizer se,11pre a verd(Ufe ai11da que 110s custe . .. Quem foi que te e11si11011 tantas e-0isas? pergu11ta a Madre. - Foi Nossa Se11hora, 111as algu,11as pe11so-as eu. Gosto muito de pe11sar. (Apud Pe. João M. De Marchi, I. M. C., "Era uma Se-

nhora mais brilhante que o sol ... ", Seminário das Missões de Na. Sra. da Fátima, Cova da Iria, 3.ª edição, pp. 254-256; William Thomas Walsh, "Nossa Senhora de Fátima", Edições Melhoramen10s, São Paulo, 2.ª edição, 1949, pp. 161-162).


7~ •

l

~ 01kt!TOR: M O:-,S, ANTONIO a1Bl!IRO bO ROSAltlQ

T aiwan -

"a plataforma que se ergue do mar" . Os portugueses chamaram-na

"Formosa", quando ali aportaram em 1583. Esse nome é mais conhecida no Ocidente -

pelo qual a China livre

bem se justifica pela beleza natural da ilha e seus

magníficos monumentos. As fotos desta página evocam tradições de arte e de glória -

embora pagãs -

dessa província do Celeste Império. Formosa, a terra e o

povo, sua resistência ao comunismo e a importante missão que a História lhe reserva, são apresentados por John Spann, enviado da TFP argentina a T aiwan . página 5

Coligro fio do lmpe~or Koo Ch11nr,, do 1ówto X

\

-

1 9 ..7·.

-. -~ 2 • Cr$ 1,50


CRISTO, SENHOR DAS CIÊNCIAS, A NO·V A JERUSALEM E A PLENITUDE DA VERDADE NA HISTÓRIA _,,,.

Conferência de Aslrofísica realizada no Vati-

1 -

Deus CRIOU TUDO EM MEDIDA, PESO e NÚMERO,

É A VERDADE

ser do homem, e portanto ao tema da essên-

UNIVllRSO É UMA ORDEM

cia da Religião. Sendo Deus o Ser-Vertiatie, e sendo o homem imagem e semelhança do Ser-Verdade, a finalidade do ser humano é a contemplação intelectiva de Deus. Eis o que ensina São To-

PORQUE

SUBSISTENTE.

0

ELE

ESTRUTURADA EM LEIS 1>0RQU.E l:.SPELllA A

1NTELIGÊNC1A DE Deus. CRISTO É o

VEROO OE DEUS FEITO HOMEM: A SABE• OORIA ENCARNADA. A VIRTUDE DE RELI·

GIÃO. NÃO HÁ VERDADEIRA RELIOIÂO SEM VIDA

DA

cano, cm maio de 1957). Estas palavras de Pio XII nos levam ao tema da finalidade do

INTBLIOÊNCIA. CRI STIANISMO

E

más de Aquino: 0 • • • as crlaturas i11telec1uais alcançam seu fim último de um modo espe· eia/, isto é, cnte11dendo a Deus com sua pr6pria operação. Por isso é preciso que esse se;a o /,'m tia crlawra i11te/ecruat ou seja, entender

ANTIVEROA•

Deus" (Suma c. os Gentios, L. 3, cap. 25). Por outro lado, todo ente intelectual tem uma vontade, e daí todo inteligir t/eve tender para um t111erer bem (amar) ao objeto conhecido,

OE DO PAGANISMO ANTIOO E A CIÊNCIA NA

pois o conhecimento e o entendimento são o

LEI. AMOR DE DEUS E ENTENDIMENTO, A UNIVERSIOA06 MEDIEVAL, FORMADORA DA INTELIGÊNCIA HUMANA.

A

CIVILIZAÇÃO CATÓLICA.

11

bem próprio de um ente com inteligência. Isto se aplica de modo eminente à operação humana de entender a Deus. Pois o próprio ob· jeto conhecido e querido (amado) é o Autor

SAGRADA ESCRITURA diz isto de

da criatura. Aqui entram o entendimento e o

Deus: "Y6s criosres todas as coisas em medida. peso e nrímero" (Sab. l l. 21 ) · ''Quem determina o mímero das estrelas e as' chama cada uma por .seu nome'' (SI. 146. 4) ~ "Deus de meus pais e Senhor de misericórdia que fizestes tudo por vossa p<Llavra e /otmastes o homen1 por vossa sabedoria·" (Sab. 9. 1-2); ''numerosas $ÜQ as vossas obras. Javé.

amor de reconhecimento do Ser criador, que

A

Todas,,s fizestes com sabedoria" (SI. 103. 24); "Javé fundou a 1err,1 peta sabedoria, eJ·labeleceu os cêuJ' pela inteligência. Pela ciência i que os abismos se romperam e as nuvens distilam o orv,,/110" (Prov. 3, 19-20): "o Senhor é o Deus das cicJncills e os seus desígnios sao retos" ( 1 Re. 2, 3); "as obras tie suas mãos são verdade e julgamento'' (SI. 110, 7). Estas eloqüentes palavras do Espírito Santo atestam que o universo é obra da sabedoria e ciência divinas e que Deus é o Criador sapientíssimo de uma obra estruturada cm leis, que refletem a inteligência insondável de Deus. A sabtdoria contida na Sagrada Escritura nos fovorcce a seguinte reflexão. A ordem inteligível, a harmonia de leis da criação é inconcebível sem que se admita o Criador infinitamente inteligente, já que a inteligibilidade das leis da criação não tem em si mesma sua razão de ser. Em outros termos :

a criação é intcligíve1, mas sua inteligibilidade não se esgota em si mesma. B necessário~ pois, admitir-se a existência de um Ser absoluto, infinito e transcendente, cujo pensamento sus-

tente no ser a ordem de ser inteligível. A [ilosofia tradicional nos mostra que Deus é o Ser por excelência, e por isso Ele é absolutamente e sem Jimite, identificando-Se com seu próprio pensamento e vontade, sendo Deus, pois. a própria Verdade, a Verdade subsistente. E como todas as coisas são em seu ser semelhanças do Ser divino (São Tomás, l S. T. q. 93) podemos entender por que todo o universo é um esplendor de leis e que essas leis refletem as perfeições divinas (Fernando M. Gomide, "O conceito de Deus à luz das leis básicas da Física e Astrofísica", "Rcv. Portuguesa de Filosofia", vol. 26, p. 121, 1970). Sendo Deus quem é. imulável e eterno, a.r leis do ser têm que ser ,'muráveis, inremporais

e universais. A verdade é eterna e imutável. Diz a Sagrada Escritura: "As vossas tleterminações são absolutamente inabaláveis" (SI. 92): ·'esu1belcceu-a.s [às estrelas, sol, lua, água) para ~-e,npre, ,,ara o eternidade deu--lhes leis que não ., erão transgretiitia.f' (SI. 148). Leis e

princípios do ser são, pois, valores absolutos que falam do absoluto da essência de Deus. Toda a verdade é estável. dando estrutura e C$tabilidade ao dinamismo das coisas criadas: mutáveis no tempo e imutáveis nas leis e prin .. cípios do ser. A Tradição é exemplo da mutabilidade das civilizações na História, na estabilidade de leis e princípios eternos.

••• O homem, ente que possui inteligência, é imagem e semelhança de Deus e pela sua inteligência, contemplando a ordem de leis da criação, pode e deve elevar seu espírito a Deus, conhecendo-O assim e adorando-O. Por isso disse Pio XII, de ilustre memória: "Feliz é aquele (Jue pode ler nas estrelas a mensagem que encerram. mensagem de uma autoridade na medida de Quem a escreveu, dignn de rccotnpensar ao pesquisador sua tenacidade e sua habilidade , mas con vidando-o ldmbém a reconhecer Aquele que dá a verdade e a vida e fixa sua morada 110 coração dos que O adoram e O amam" ( Discurso por ocasião da

constituem o ato de "doraçüo, o qual é da essência da virtude de R eligicio. O ato de adoração envolve um profundo ato da inteligência : o reíletir sobre a finitude do ser criado, sua dependência absoluta em face do Ser incriado e c riador, e o refletir sobre o d2ver de conhecer a Deus; e adorá-Lo. Esta reflexão determina e alimenta -

na medida em que a

vontade se despoja da desordem proveniente do pecado original - o ato de adoração que leva a criatura a desp0jar-se de si e oferecer-se inleiramcnte a seu Criador e Sustentador.

O ato de adoração define uma lei a que deve obedecer a criatura intelectual. Esta lei é o primeiro mandamento do Decálogo. do qual derivam os outros nove. e o homem J·ertí tanto nwis sábio quanto mais obedecer a esta lei. pois assim estará reali1,ando de modo mais eminente a sua essência de ente intclec1ual, criado à imagen-1 e semc/Jumça de Deus. Na

xida de obediência a Deus, na vida da contemplação e adoração de Deus, o homem elevado à ordem sobrenatural se torna verdadeiro, luminoso, e tende à plenitude de sua realização na contemplação da visão beatífica do ser de Deus, na eternidade. Diz o seguinte a Sagrada Escritura a respeito da glória dos bem· •aventurados na visão intelectiva de Deus: "Eles julgarão as nações e domüu,r,io os povos. e o Senhor reinará para se,Jpre. Aqueles que confiam nEle terão inteligêrfcia da verdade. e os que Lhe são fiéis ao /Jmor descansartio un;dos a Ele; porque a graÇa e a paz serão

para seu;· escolhido.(' (Sab. 3/ 9). E os ímpios dirão de si no dia do Juízo' isto: "Logo, n6s nos extT<1viamos no camin'Jo da verdade, e a luz da justiça não raiou P,Ol'a n6s, e o sol da inteligência não nasceu para no/. Cansa1110,-nos no caminho da i11iqiiiddde e da perdição> e andamos pot caminhos ásperos e ignoramos o caminho tio Senhor" (Sab. 5, 6-7) . A ciência, o entendimento e a sabedoria são possuídos pelos justos e não pelos ímpios, e, enquanto os primciro9 terão por prêmio a visão inteleo--

tiva sobrenatural do Ser-Verdade e o domínio sobre os ímpios, estes estarão desprovidos desta visão oue . é a realizacão da finalidade úllima do ser humano criado e sobreelevado por Ó<:us, e terão pa.ra a eternidade a frus1ração

.

absoluta e as trevas de sua insensatez. e nes-

cidade. Adverte a Sagrada Escritura: "Eis o que os pecadore.r dirão no inferno: porque a e.,perança do fmpio é como a lanugem que é levada pelo vento; e como a espuma tênue, que é espalhada pela tempestade; e como o fumo que é dis.tipado pelo vento; e como a lembrança do hóspede que partiu depois de um tiia" (Sab. 5, 14-15). E mais: " Bem-aventurado o homem que pernu1nece constante na sabedoria. e que medita na sua justiça e que ptnsa com madureza em Deus que vê tudo; que repassa no seu ccraç,io os caminho.r da sabedoria e que penetra com inteligência os seus segredos ( .. . ). Ela [a sabedoria] entesourará sobre ele regoziio e alegria e lhe dará por herança um nome eterno. Os homens insensatos 1uio a alcançanio [ .. . ].Os insensatcs não a verão, porque ela está longe da soberba e do engano. Os ho,nens mentirosos tu1o se /em .. brarão dela,· mas os homens da verdade t1chor-se-ão com elo, e caminlurrüo felizmente até chegarem à vistà de Deus" (Ecli. 14, 22-23;

15, 6-8).

• •• Nosso Senhor Jesus Cristo disse de Si mesmo: ''E" sou o caminho, a1 verdade e a

vida" (Jo. 14, 6); "Eu sou o sa,110 e o verdadeiro" (Apoc. 3, 7). Conforme ensina a Tradição da Igreja, o Antigo Testamento, quand,1 fala da Sabedoria, está cm certos lugares se referindo à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, isto é, ao Verbo de Deus. Assim, por exemplo: "A fome tia sabedoria é o Vcrbo tle Deus nos Céus, e os seus caminhos são os mantiamentos eternos" (&li. 1, 3-5). "Por mim (a Sabedoria] reinam os reis, e por 1nim d~cretam os legisladores o que é justo ( . . . ]. O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos. desde o princfplo, antes que criasse coisa alguma. Desde a eternidade /ui ccnsti· luítla. e desde o princípio, antes que a terra fosse criada. Ainda ntio exis1iam os llbismos e eu estava concebidá' (Prov. 8, 15-24) . Estas palavras se compaginam com as do Novo Tcslamento: "No prindpio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Ele era no começo com Deus. Tudo /oi feiro por Ele

e sem Ele nada foi /eüo" (Jo. 1, 1-3). A teologia nos ensina que o Filho de Deus, o Verbo, procede do Pai como conceito no qual o Pai' Se conhece, e a Terceira Pessoa, o Espírito Santo, procede do Pai e do Filho, a modo de processão de vontade, fruto do amor mútuo do Pai e do Filho, sendo o Es· pírito Santo, como o Verbo, da mesma substância do Pai, isto é, Deus. Por isso, pois, pelo fato de o Filho proceder do Pai por processão intelectual. é que o Filho do homem Se chamou a Si mesmo de ºverdade" e de "verda .. deiro", e que também a Tradição aplica à Pessoa do Verbo de Deus aque1as palavras do Livro dos Provérbios citadas atrás. Santo Atanásio, Doutor e Padre da Igreja. proclama a respeito do Filho de Deus: "Ele mesmo I " Sabedoria. o Verbo, o Poder pr6prio do Pai. Ele mesmo é a verdade, a justiça, a virtude, e ao meJ·mo tempo é o selo, o rc/lexc, a ima• gem" (Contra os Pagcios. L. II , c. li). São Luís G rignion de Montfort chama a Cristo de Sabedoria Encarnada ("O Amor da Sabedoria Eterna"). Jesus Cristo, Homem-Deus, o Verbo humanado, a Sabedoria encarnada, esteve entre os homens, e Ele pessoalmente veio comunicar-nos os desígnios eternos da sabedoria divina. Com Cristo os homens podem participar da vida divina - se não levantarem as barreiras das más inclinações da vontade desordenada e da inteligência obscurecida pelo pecado original - e assim cumprir com os Mandamentos, sem os quais a criatura humana não pode ver intelectivamente a Deus, face a face, na eternidade. e em Cristo e na Igreja cató· lica e apostólica, Corpo Mfstico tle Cristo como nos ensina São Paulo (Gal. 5, Col. 1, Ef. 1, 1 Cor. 12), que se pode realizar a finalidade para a qual o homem foi remido: contemplar intelectivamente a Deus, face a face, na eternidade. Na Igreja, una, santa, católica e apostólica, o homem se torna um cristão, homem da verdade, participante da sabedoria eterna, espelho do esplendor da luz do entendimento divino. ll. nEla, na Igreja, que se pode adorar a Deus cm espírito e verdade. Cristo, a Verdade eterna, liberta o homem do embotamento da inteligência e da tendência desordenada desta para o iloglsmo, a contradição, o absurdo, frutos do pecado original. O paganismo antigo, sob o império do demônio, era palco das religiões do ritualismo, do charlatanismo da gnose que é a negação dos princípios do ser e da lógica. O mundo antigo, com exceção, cm parte, da filosofia grega, de$· conhecia o princípio de causalidade, o princípio de não-contradição e a lógica. Foi o Cristianismo que libertou o homem daquelas fantasias que empanavam a imagem e semelhança de Deus. A ordem sobrenatural completada na revelação da Nova Lei, não só informou o homi:,m das verdades sobrenaturais tais como as da Santíssima Trindade, da União hipostática, da Maternidade divina, da predestinação à visão beatifica. como também, reforçou a inteligência humana, tornando-a capaz de conhecer e entender devidamente aquilo que é próprio da ordem natural, e que ela, enfraquecida pelo pecado original, não podia conhecer ou entender corretamente de modo estável. Assim pois, diz São Paulo de Nosso Senhor: "En, 111do 11Ele fostes e11riq11ccitios em totla palavra e tatia ciência" ( 1 Cor. 1, 4). "Em toda dência" indica bem a universalidade e a totalidade do conhecimento na História sendo aperfeiçoado e enriquecido por Nôsso Senhor ]C$us Cristo, Aquele que é a Verdade, o Caminho, a Vida. A Universidade medieval é um dos grandes exemplos que fa. Iam da Igreja como fonte de conhecimento e

sabedoria universais. A Universidade medieval foi um dos mais poderosos instrumentos de civilização, pois fomentou na História, em alto grau. a disciplina da inteligência, a me•

todologia, a lógica e o espírito de pesquisa das leis e causas. Falar cm "obscurantismo medieval" é uma das maiores imposturas que violentam a verdade histórica, impostura nascida de mentes fanáticas e impregnadas de ódio anticatólico. A discipl:na da inteligência na Idade Média não visava tão somente

logia, pois a maturação da filosofia, o desenvolvimento da matemática e da música e os primórdios das ciências da natureza tiveram

lugar nos recintos austeros e abençoados das Universidades medievais. Foi o físico francês Pierre Duhcm que, cm suas pesquisas históricas no começo deste século, mostrou que a ciência moderna teve sua origem nos filósofos medievais ("Philosophy o( Sciencc. T he Historical Background", Collier-MacMillan Ltd., 1968). A tão surrada expressão ''Galileu. pai da física". é obsoleta, pois. Por isso o célebre astrônomo e cosmólogo católico da Royal Society, Sir Edmund Whittacker. dizia que a ciência moderna não começou na Renascença

mas nos estudos escolásticos medievais (E. Whittacker, "L'Espace et L'Esprit", Maison Mame, 1952 ). Para citar um exemplo: o princípio de inércia foi pela primeira vez vislumbrado no século XIV por Jean Buridan, da Universidade de Paris (A. C. Crombie, ;.From Augustine to Galileu", Falcon Press Ltd., London. 1952).

•• • O Cristianismo fomenta nos espíritos o amor às leis e aos princípios. em sua univer--

salidade e totalidade; por essa razão o próprio conhecimento dos princípios e leis do universo

material teve sua origem no habitus do estudo disciplinado, fomentado e enriquecido pela Igreja Católica. Pois as leis e <prindpios que regem o universo invisível assim como o universo

visível. não são espelhos da ciência e sabedoria divinas? ". . . porque o Senhor é o Deus das ciências e os seus de.sígnios s,io reto.t' ( 1 Rc.

2.. 3). Nesta ordem de idéias podemos fazer menção do pensamento de um grande católico francês do século passado, Ernest Hello. Escreveu ele, confrontando o espírito do paganismo antigo com o da cristandade: "A ciência passava na Antiguidade pcr inimiga natural e necessáda da religião. A religião diz.ia: obedecei aos deuses e sereis rtwOm· pensados. A ciência respondia: eu os quero vencer e não lhes obedecer, arrebatar.lhes o ra;o e não obter a clemênci,,. Daí run anragonismo surdo. inconsciente. entre a re/igi<io que cferecia sacrifícios exte· riores, materiais, e a ciência que parecia recusar o sacrifício íntimo , lntelectual, a ciência que parecia crer que os deuses vedava111 ao homem o conhecimento da criação e recusa.. vam submeter.se a essa proibição [ . .. ]. A via do conhecime,uo natural é real, inconrestável e legitima, e há, à parte de rodo dogma revelado. uma certeza científica e r(l;cional. Mas a própria ordem natural eswva profundamen1e abalada na inteligência dos an· tigos. A luz do razão tinha sofrido uma alteração espantosa · e não se pot/e pelo estado da ciência deles julgar do estado natural da ciên• eia humana[ ... ]. Mas a ausência de unldade caracterir,a a ausência da ciência. "Deus é Senhor dqs ciências", cantou Ana, mãr de Samuel (1 Re. 2, 3). Há e11rre a idéia tie 11111 Deus Uno e a idéia de ciência, certa afinidade maior que o afinldade evidente e i·isfvel. Ob· servoi que ainda não falamos aqui da ordem sobrenatural. Se os antigos tinham decaído a ponto de perder a idéia de ciência. eles tinlra111 também, do mesmo modo, perdido a idéia do Deus Uno ( ... ]. O homem. a111igo olhava ra a natureza co,n um lerror misterio.ro t! inconfessado, como uma inimiga que ele devia sacrificar à c6lera do Céu sob pena de se .,acrificar a .ri mesmo, e que era mister sacrificar sem a conhecer, de m edo de revelar os segredos que ela guardava. [ . .. ]Jesus Cristo nasce. O homem não mais tem. medo da na1urezt1. Ele começa a contemplá-la co,no seu domínio, como o catnpo que lhe cuntpre explorar ( ... ]. O homem que procura conhecer as causas dirige uma prttce à Luz. Aqucles que aceitaram esse conltecime11to natural da causa primeiro inauguraratn a ciência na Antiguidade. Mas a Antiguidade considerada em suas manifestações p,íbl,'cas as mais oficiais. rrje;,avn a nor,ío ,1,.

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Atanasio Aubertin (UNt 'l V I

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NA ITÁLIA: AFINAL O UE ACONTECEU? Plinio

Corrêa

ANTO AS ELEIÇÕES de Baden-Württemberg na Alemanha, quanto o plebiscito oa França, produziram resultados indiscutivelmente funestos à influência do comunismo internacional. Foi o que tive ocasião de pôr cm evidência em artigo recente.

.

-

Pode-se afirmar o mesmo das eleições italianas?

A opinião pública brasileira, que reputo das mais ágeis, curiosas e perspicazes do mundo, nota bem a importância internacional do que ocorre na Itália. De onde ser natural que lhe agrade receber uma resposta tão esquemática quanto possível, a esta pergunta.

••• Começo por notar que ela reverte em outra: qual a tend~cia fundamental do eleitorado italiano? Pró PC? A·nti:PC? Respondo que as eleições marcaram um nítido avanço da opinião anticomunista, seja ela de matiz direitista ou centrista. E que, pois,- se durante a nova legislatura, novas manobras da DC voltarem a reaproximar a Itália do comunismo, a maioria da opinião pública se descontentará a fundo com isso. Do que poderão decorrer, eventualmente, parn um governo demo-cristão, provações tão ou mais amargas que as sofridas por Frei (o "Kerensky chileno") e Allendc no Chile.

••• Bem entendido, no presente comentário recuso-me a aceitar a DC pura e simplesmente corno um partido do centro. Seu eleitorado é centrista. A maior parte de sua equipe dirigente faz o jogo do comwúsmo. Isto dito, a apregoada "vitória" da DC não está longe de signilicar uma advertência da base _centrista às cúpulas esquerdistas. - Aliás, em que consistiu essa "vitória"? - Numa perda de votos, embora infinitesimal : de 0,2% para o Senado e 0,3% para a Câmara dos Deputados (ainda que o resultado tenha sido um deputado a mais para a DC). S preciso ter muito boa vontade para achar que perder votos - por poµco que seja - é ganhar eleltorado! Passemos aos outros partidos. Para o Senado, o PC constituiu uma só chapa com sua pequena sucursal, o PSIUP (Partido Socialista Italiano de Unidade Proletária). Esta coligação alcançou 27,6% dos votos. Ora, na eleição de J,9 68 estes dois partidos se apr~entaram também coligados e alcançaram 30% dos votos. Houve, pois, um recuo de 2,4%. Para a Câmara dos Deputados, cada um dos partidos - PC e PSIUP - registrou em 1972 chapa própria. O PC acaba de obter 27,2% dos votos. Em 1968 alcançou ele 26,9%. O que representa um insignificante aumento de 0,3% . Quanto à sucursal PSIUP, recebeu agora 1,9%, ao passo que em 1968 teve 4,5%. Um re<:uo, pois. O minúsculo aumento do PC se deu provavelmente às expensas do PSIUP. Mas este perdeu mais do que o PC ganhou. No conjunto, o bloco PC-sucursal recuou, pois. - Esta perda, aliás pequena, terá ido para outra formação de esquerda, o Partido Socialista ( que forma uma organização distinta, e talvez menos radical que o PSIUP)? - Também não parece. Com efeito, o Partido Socialista apresentou-se em 1968 coligado \1 com o Partido Social-D emocrático. A chapa da coalizão obteve, nas elci~ ções para o Senado, 15,2%. Ora, em 1972, estes partidos apresentaram .~ cada qual sua chapa: os socialistas obtiveram 10,7% para o Senado, e : os sociais-democratas 5,4%. Total: 16, 1%. O que representa, para o ; bloco, o magro progresso de 0,9% . Quanto à Câmara dos Deputados, g a chapa socialista teve, cm 1972, 9,6% , e o Partido Social-Democrata, 1" 5,1%. Isto totaliza 14,7%. Em 1968, o mesmo bloco tivera 14,5%. Ou .l seja, o progresso ainda mais modesto de 0,2%. g Isto significa que a perda de 2,6% do PSIUP não se reabsorve in~ teiramentc nos exíguos lucros do PC, do PS e PSD. ; Aliás, todas essas diferenças, para mais ou para menos, na votação

de

Oliveira

dos trê.~ partidos da esquerda, são tão exíguas, que em linha~ gerais podemos abstrair delas, e concluir que ficou tudo na mesma. O que - para todo o bando esquerdista ou colaboracionista, que vai do PC ao PDC inclusive - é bem diferente de vencer . ..

• •• Pelo contrário. progrediram insofismavelmente os dois partidos cuja legenda o eleitorado italiano considera símbolo do ma.is declarado antiesquerdismo, isto é, o Pari.ido Monarquista e o neofascisla (MSI). Em 1968, cada uma dessas agremiações apresentou chapa própria. Somadas, entretanto, as respectivas porcentagens eleitorais davam 4,6% para o Senado e 5,8% para a Câmara dos Deputados. Em 1972, os dois partidos apresentaram chapa única, alcançando 9,2% para o Senado e 8,7% para a Câmara dos Deputados. O que importa em dizer que o bloco monarquistas-fascistas progrediu de 2,9% para a Câmara baixa e de 4,6% para a Câmara alta. O aumento quanto à segunda é importante, sobretudo se considerarmos que a votação do bloco cresceu de 100%. Aumento de igual expressão não o teve nenhum partido italiano; nem dos grandes nem dos pequenos.

••• Porém, há mais. Os monarquistas e os fascistas - como aliás também algumas pequenas correntes centristas - se apresentaram claramente como são, e fizeram com o eleitorado a política das cartas sobre a mesa. Pelo contrário, o PDC e o PCJ julgaram dever fazer uma colossal camuflagem para evitar uma derrocada. Durante toda a legislatura que finda, andaram eles mais ou menos de braços dados. Para muitos italianos, o perigo de uma "allendização" de seus país pareceu ass.im ganhar vulto. O receio de uma reação da opinião pública diante de tal perspectiva apavorou a DC, que jogou de lado sua equipe dirigente filo-esquerdista, e se apresentou ao eleitorado liderada por sua ala de direita ou centro-direita. Os slogans cle.itorais do partido foram contra o extremismo de direita ... e o de esquerda, se bem que a DC tivesse tão boas relações com os socialistas e comunistas! Ou seja, o PDC teve que fazer-se de direitista para não ser derrotado. Infelizmente, o eleitorado teve a candura de crer na sinceridade dessa camuflagem. E isto explica, em boa parte, que chapas nitidamente de centro, ou da direita, não tenham tido votação bem maior. Acresce que Paulo VI, quer através dos órgãos oficiosos o " Osservatore Romano" e o "Osservatore deUa Domenica", quer através de Alocuções, uma no próprio dia da eleição, interveio com inusitada energia a favor da DC. Ora, o eleitorado a quem a atitude de Paulo VI há de ter sensibilizado é certamente o do centro e o da direita. Assim, se não fosse essa influentíssima e inesperada intervenção, os votos dos demais partidos, quer do centro, quer da direita, teriam sido maiores. Em suma, a DC só não perdeu a face nas eleições por fingir-se direitista, e receber votos do centro e da direita. Logo, haveria um manifesto engano em imaginar que a votação obtida pela DC foi uma aprovação da triste política "kerenskista" que ela levou tão longe na última legislatura. Pelo contrário, seu humilhante ''mea culpa" é a confissão de que ela teve que esmolar votos sinceramente centristas, e até direitistas, para ,não ser derrotada flagrantemente. A importância do eleitorado de centro e de direita foi tão grande nesta eleição, que até o PC teve cfc recuar diante dela. Com efeito, numa hábil manobra (ou impostura?) destinada a dar-lhe ares de moderado - e quase diríamos centrista - o PC fez toda a sua campanha eleitoral com slogans contrários "aos dois extremismos.., o da direita e o da esquerda. Como se não fosse ele visceral, institucional e indelevelmente um extremismo de esquerda! E se não fosse esta camuflagem ( tão parecida com a da DC) , também ele teria perdido votos ...

• •• Tudo isso demonstra que o eleitorado italiano, em 1972, se apresenta mais infcnso a uma política de convergência com o comunismo do que o de 1968. S a conclusão.

3


CONClUSÃO DA PÁG. 2

CRISTO, SENHOR DAS CIÊNCIAS

ctwsalid,,de com uma singula,· a/etaçiio. ( .. . ). Mas <1umuJo se tevtmtou a Cruz no Calvário. uma pa1. im:omprcensíve/ desceu não somente

sobre os homens, nws sobre wda a criação [ .. . ]. Qutmdo a pat retornou [graças a Cristo], a ciência se levantou e passou a es1t1dar cl cria·

ção [ ... ). A itlolatria exclui

li

ciência [ . .. ].

A Idade Médic1 trabalhou imensamente: ela ,,enetrou muito t11ues 11a naturtza das coisas. Numa palavra, eis su<l glória: ela nunca encarou a criacão como uma coisa cl parte. dfror-

ciada do érilldor" ("L'Homme". pp. 173-184, Pcrrin et Cie., Paris, 1923). Nesta ordem de idéias diz São Boaventura. Doutor da Igreja : ''E as.sim /ictt manifesto como a "multiforme sabetloria de Deul' (Ef. 3. 10) que aparece clart,mente rra Escritura, está oculta e.m todo conliecinrento e em rod,, a 11ature1,a. Fica ;gualmtmte manifesto como todas ás ciências estão .wbor<linadt,s (1. teolo-

gia" ("Redução das Ciências à Teologia").

(1 -

A VtOA CATÓLICA

É

VIDA ASCF.TICA

E

ELA

É ALIMENTADA POR CERTl!l..AS Oi! veRl>ADES.

o

AMOR A Deus, CENTRO DA VIDA

IU!Ll(;IOSA,

NÃO SE CONFUNDE. C.'OM

A

FAl.SA CARIDADE 00 seN'flMêNTALISMO.

A EUCARISTIA, SACRAMENTO DA Fé, FON· TE OA ILUMINAÇÃO S01.JRJ;NATURAL DA IN•

verdades eternas, que é desculpa para não se combater o erro e a heresia - é flagelo que aíasta multidões de almas da Santa Igreja Católica. Corpo Místico de Cristo, espelho períeito da Sabedoria eterna. E devemos ter bem em mente que o primeiro Mandamento não se realiza se há violação dos outros nove. Nosso Senhor disse: "Se Me anwis, guardai meus mand1.unentos" (J o. 14, 15). Por sua vez, São João adverte: "esta é a carid<1d e de Deus; que grwrticmos sens 111t111damentos'' ( 1 Jo. 5, 3). A caridade não é. pois, atitude sentimental ou atitude criminosa de tolerância para com o erro e a

iniqüidade, sob pretexto de amor ao próximo. O amor de Deus, que é adoração, envolve ó homem todo, o homem nas suas potências mais elevadas que o tornam imagem e iemelhança do Criador, e a vida de adoração de Deus realiza e completa essa imagem e seme-

lhança. A graça divina que realiza e completa no homem o ato de adoração, e o torna íntimo de Deus na participação de sua vida. é concedida ao homem principalmente por via dos Sacramentos. Dn Eucaristia diz Jesus Cristo o seguinte: •;Quem come minha Carne e bebe meu Sangue tem a vfrfo eterna e Eu o ressuscitarei 110 último dill" (Jo. 6, 55). Ora, o ho-

'rlA NÃO PODE HAVER CIVILIZAÇÃO COM

mem vive verdadeiramen te de ccrtez.as de verdades. A Eucaristia é pois o Sacramento da

ESPLENDOR OE CIÊNCIA E SABEDORIA, A

Sabedoria encarnada, que Se torna alimento

PLENITVOE DA CIVll.l ZAÇÃO CRISTÃ É O

do espírito humano. Jesus Cristo é a luz dos

"REINO DOS MIL ANOS", OU A "NOVA

homens, e é na Eucaristia que essa luz de sua ciência a sabedoria eternas é rec,ebida supera•

JERUSALÉM", REALIZADA PELA PRESENÇA

bundantcmente pelos servidores de Deus. Por

oe CRtSTo EUCARÍSTICO e oo CORAÇÃO OF. MARIA. A PROMESSA oe FÁTIMA.

isso ensina o Pseudo Dionísio que a Euc~ristia é o principio de todas as iluminações divinas ( PseudoOionísio, H;erarquía Eclesíds1ica. cap. III, parte 1). A santidade de São Julião Bymard e a ciência angélica de São Tomás de Aquino, grandes devotos do Sacramento do

Te1..1c~cu HUMANA. SeM

A EuCARIS·

A vida católica é uma vida asce11ca. O pecado original deixou na nature:t.n humana a desarmonia nas relações entre a imaginação, a ,inteligência e a vontade, assim como seu

eníraquceimento. Os efeitos disso são patentes nos sonhos e nos delírios mitológicos pagãos para ''explicar'' o universo ("Os cinco grandes pecados da História'', "Catolicismo",

n.0 247, de julho de 1971 ), assim como nas deformações da doutrina católica pela ação nefasta dos hereges. Vemos nisso a -pobre cria. tura humana, chamada por Deus para contemplar a verdade, tornar-se um en te que se

alimenta de sonhos, fábulas, absurdos e pecados. O demõnio, aliando-se às desordens do peca.do original, se compraz cm empanar a

imagem e semelhança de Deus, conseguindo que a inteligência humana não reflita

3

sabe..

doria divina, mas se impregne da negação da verdade e do comprazimento com o absurdo. A heresia, as religiões do demônio, a gnose pois. é isto. Por conseguinte, se o homem não lutar. contra suas más inclinações, se. não com· bafer o mundo e o demônio que o contagiam, te11dcrá para perder a amizade divina. tornan·

do-se um inimigo de Deus. O Senhor é a Verdade. e quem se entrega à desordem contra a lei moral. ou quem é levado a negar a lei moral e desposar a doutrina gnóstica negadora da ordem de ser e da ordem inteligível. torna-se por isso opaco à Verdade, infcnso à Verdade, mergulha cm trevas, faz-se inimigo de Deus, dAquelc que ··é li verdadeira lut que ilumina todo homem" (Jo. 1, 9). Vida ascética é, pois, o combate individual que o ho· mem desenvolve. com a ajuda dos dons do Espírito Santo, contra

as

suas más tendências

e contra os assaltos exteriores do mundo e do demônio que incrementam e reforçam essas más tendências.

Mas não se combate sem a participação de uma vida de conhecimento, cs1udo, meditação.

O homem. ente dotado de inteligência. só pode lutar cm termos de conhecimento e amor da verdade, e de conhecer e odiar o erro, a

mentira e o pecado. E essa luta não a dirige clt contra si mesmo somente. mas também

contr-a todos aqueles que estão a serviço de Belial. Pois quem ama a Deus que é a Verdade tem que ser inimigo e opOsilor dos inimigos

de Deus. Ortodoxia católica supõe combatividade. Que espécie de católico é aquele que não se incomoda com as humilhações e ultrajes infligidos à Santa Igreja. Corpo Mlstico de Cristo? O amor a Deus é ato de vontade que necessariamente envolve a inteligência e que por conseguinte não deve ser confundido com sentimentalismos e roman1ismos. frutos do desfi .. brarncnto da alma humana pelo pecado origi-

nal e pecados atuais. Eis como o Divino Mestre exprime o primefro Mandamento: "Ama. rás ao Senhor teu Deus de todo o ,x>raç,ío, com todo tua alma e toda tu,, mente" (Mal. 22, 37). São Tomás de Aquino (Dos flreceitos ,ln caridade e os d ez Mcmdamenros da Lei) nos diz que na linguagem bíblica, coraç,ío significa intençiio, alma significa vontade, e mente, a imc/igência. De modo que o homem que ama 4

verdadeiramente a Deus põe nesse Jwbitus to· da sua vonrade. inteligência e intenção. O sen· timcntalisn,o confundido com a caridade scntiincntalisn10 esse que é pretexto para não se praticar a ascese do estudo e meditação das

fé, por excelência, visto que é o próprio Cristo,

altar. teriam sido possíveis sem cs.sa devoção essencialmente católica? Pode-se tlíter a priori

que. por ma;s JYmtos que tenham s;do os pa~ triarcas dos antigos tempos. eles foram impote1ves, não obstante, para criar civilizações com alto grau de conhecimentos e J'ubedoria , fJOl'</Ue ~?leJ· não conheceram a Eucaristh,. ''A ciência misteriosa dos fara6s''.

··a

sabedoria da

Atlântida'º. etc., são imposturas da lavra do mais perfeito charlatanismo. A Eucaristia é a

fonte máxima da verdade e é causa de ortodoxia e sdvação. c;vi/il,açlio com alto grau tle

conhecimentos, com plenitude de ciência e sa. bedoría, em nossa ordem hist6rica. é co;so que só pode ter realização com a presençp subsrancfol do Verbo de Deus lwmanado, sob as espécies cscarístic:as. I I

•• •

I

I

A presença de Nosso Senhor na Eucaristia iluminando e fortalecendo os hÍ>mens ao longo da História, e em especial ndm esplendor da civilização católica, é apontaâa de modo mais ou menos claro e de modd simbólico na Sagrada Escritura. Vejamos. ' I

• I.O -

Ao LONGO DA HISTÓRIA.

potler de julgar. E vi ttunbém as almas dos th·capitados por causa do tt.ttemimlto de Jesus e por causa da p(1lavrt1 de Deus/ e o.~ que mio adONJY<lm a Besta, nem ..s,ia imagem, nem receberam seu tlisti11tivo na fronte e ,ws mãos, e viveram e reinaram com Cristo durante mil

a glória de Nossa Senhora na História ("Mística Ciudad de Dios··, Juan Gigli Ed., Barcelona, 1911, vol. 1, cap. XIX). Pensamento análogo ao de Maria de Agrcda se encontra no rratado da Verdadeira Devoção, onde São Luís Maria Grignion de Montfort fala do futuro esplendor da civilização cristã, que será

aponu, vara ,Je1ermiuat1,, époctt, isto é, ap6.r a der,.ow da "Bes-

obtido por Maria Santíssima, por ele chamada

""º·"'Como (Apoc. 20, 4) . vemos. o texto

1<1". Isso nos leva a dar con10 interpretação

provável outro significado, o de si111ese dll Hisr6ria, pois o esplendor simbolizado por "viveram e reinaram com Cristo" e de.~crito mais pormenorizadamente nos capítulos 21 e 22, indica que toda santidade e sabedoria ao longo do tempo se condensam nessa época. e encontram aí seu apogeu. Também neste segundo significado do texto do Apocalipse, não tem lugar nenhuma interpretação quiliástica. Ainda aqui se . trata da presença eucarística de C risto, e não de sua presença fisica como querem os hereges

ele Citlade de Deus. O exegeta argentino Pc. .Leonardo Castcllani ("EI Apokalypsis", Ed. Paulinas, Buenos Aires, 1963) admite a possibilidade de a Nova Jerusalém vir a significar também uma glória histórica da Igreja, pois os versículos cm apreço (24-26) apontam para poderes e entidades históricas.

••• O Pc. Kramer afirma que nesse esplendor da civilização cr·istã, as ciências encontrarão um perfeito desenvolvimento cm harmonia

quiliastas. O esplendor da civilização cristã descrito nesse capítulo do Apocalipse é realizado me-

com a Revelação. a medicina será impregnada pela caridade, a arte será a serva da verdade e do bem, a filosofia estará perfeitamente entrozada com a teologia, e acrescenta que tudo

diante os sa11tos 11a terra ("os q ue não adoraram li Besta") e os santo.t no Céu ("as ai•

isso será íruto do poder e da inspiração pro· venicntcs do Cordeiro euc<1rbtico (Pc. Her-

mas dos dccllpitados"), santos estes cuja inter-

mano Kramcr, loc. cit.). A vida eucarística dos homens será então a mais profunda. já que a ciência e a sabedoria divinas é que plasmarão a civiJização nessa

-:essão junto a Deus reforça a santificação dos

primeiros e ajuda o acabamento do esplendor da civilização cristã na História . Os santos no ~éu comungam de Cristo na participação da visão beatífica, e os santos na terra comun. gam de Cristo eucarístico.

Dissemos antes que os capítulos 2 1 e 22 falam ainda dessa era histórica. São O$ capítulos que descrevem a Nova Jerusalém. Usualmente a Nova Jerusalém é vista aí como uma descrição do Céu. Uma outnL interprc1ação, a que diz. respeito à era dos "mU anos'', tam-

bém é pertinente, pois o texto traz elementos que favorecem isso. Quer dizer: aqui também se aplica aquele princípio cx.cgé1ico que apon1amos antes. de que dentro das descrições da

Sagrada Esc ritura coexistem significados distintos que não se excluem. A Nova Jerusalém

representa o Céu e também uma era histórica. • 1.0 -

R EPRESBNTA o C éu.

Reza o versículo 4 do capítulo 21: " ... e não luiverâ mais ,norte. Nem lamentação. nem choro e nem dor lwverá: pois as coisas antigas tertlo passado". Isto é alusão à confirmação na graça, à inexistência da morte e

do sofrimento, próprias ao Céu. O versículo 23 simboliza a visão beatífica: "Es1a cidade nüo necessita de sol nem de lua que a ih11nine1n, porque a cl,,ritlade de Deus a ilumina e sua lâmpada é o Cordeiro''. • 2.0 -

Rl:.PRl!SEN TA UMA l!RA HISTÓRICA

DE PLENITUOP..

Diz ainda o capítulo 2 1: '"E ,,.r nações caminl,ar{io sob .t ua luz [da Nova Jerusalémt e os Reis da terra levarão para ela sua glória e sua honra [ ... ] e eles levarão para ela a hon-

"' e a g/6ria tios naçõc;·" (vcrs. 24-26). Ora, ··,u,ções'', ·"Reis da terra" são termos que se aplicam mais perfeitamente à História do que ao Céu. Neste trecho, a Nova Jerusalém significa urn reino de esplendor na terra. Lê-se mais adiante: •• .. , e ra a árvore da vida da11• do doz.e frutos, em cada m ês o seu; e as folhas ,ia ârvore J·erviam para c 11,.ar as nações" (Apo:. 22, 2). Ora. "meses" e ';nações" são termos

época. e não a ciência e sabedoria humanas.

Por que o Cordeiro é o nome de Cristo eucarístico? Em primeiro lugar, a doutrina ca• t61ica ensina que o resgate da humanidade por

Cristo e a vitória dEste sobre o demônio se operaram no Calvário. Eni segundo lugar, o holocausto da Cruz é participado pelos homens ao longo <la História mediante a renova· ção incruenta do Stlcriíício do Calvário no sacrifício eucarístico. a Missa. Cristo torna·Se presente nn História. de uma presença miste· riosa. real e substancial. sob os acidentes de pão e vinho. A transubstanciação se opera na renovação incruenta do sacrifício oblativo do

Calvário, isto é, na Missa. De onde. Cristo presente eucaristic.a mente entre os homens, está presente como vítima de sacrifício, portanto como Cortleiro. São Paulo refere-se ao cnrátcr sacrifical da Eucaristia quando escreve: ªPor-

que to,i,,s (Lt vetes que comerdes deste P,io e bebertles deste Cálice, anunciareis a morte do Senhor, llté que Ele venha" ( 1 Cor. li, 26).

Cristo. pelo seu holocausto, recebe do Pai o domínio sobre as idades da era cristã, substituindo aquela soberan ia exercida pelo demô-

nio na Antiguidade pagã, é, pela renovação incruenta de seu holocausto no sacrificio eucarístico. Ele Se encontra real e· substancial-. mente presente ao longo das idades, exercendo sua soberania. ~ o que nos diz o Apocalipse nestas palavras: "E tendo aberro fJ Livro I• História cristã], os qu(l(ro .seres viventes e os vinte e quatro ,mciãos prostr<,ram-sc ditmte do

Cordeiro ( ... J dizendo: V6s sois tlignfJ, Senhor, de tomar o Livro e de desatar os scu.f

selos [de desencadear a era cristã) porque fostes morto e nos rcmisles para Deus por vosso .fllng11e .. . " (Apoc. 5, 8-9). V ida eucarística intensa significa profunda intimidade com Jesus Cristo. Ora, o Coração de Jesus é sua intimidade divino•humana da

qual provêm os dons do Espírito Santo, que iluminam e vivifiCam o fiel na participação da

ciência e do amor de Cristo. Então, o Reino dos " mi/ anos" (Apoc. 20) que seria a Nova Jerusalém terrestre (Apoc. 2), 22) é o Reino do Coração de Jesus, porque é o Reino do

É conhecido o ·trecho da Sagrada Escritura que foi usado como fundamento para a dou-

que têm mais significado na temporal idade do

tri na dos hereges qui/iásticos ou milenaristas: ·· ... e ,,ivcram e reinaram com Cristo durante

cidade não ,wc,•ssita de sol nem d e lua [ ... ] porque a claridade de Deus a ilumina e sua lâmpada é o C.ordeiro.,, significa, como observamos, a visão beatífica, mas também pode

Cordeiro, Cristo cncarístico.

ter o significado secundário seguinte: na era histórica da Nova Jerusalém não é a sabedo-

com doze estrelas'' (Apoc. 12. 1). adverte o seguinte: "Que nascimento é? Certamente é

ria humana, simbolizada por ..sof' e "lua", que ilumina, mas a sabedoria divina provinda

o nosso nascimento 110 exílio, cm que devemos ser gerados para a perfeita caridade de D eus e o eterna felicidade. As dores de pqrto mostram o "mor e o desejo com que a Virgem do Céu cuida d e nós e Se empenha cm oração incansável para que se complete o número dos

mil llnos" (Apoc. 20, 4). Essa heresia afirma essencialmente que Jesus Cristo viria fisicamente à terra para reinar com seus justos durante mil anos antes do Juízo F inal. San10 Agostinho (A Cidode de Deus, L. XX, cap. VII) esclarece que os "mil "nos" podem ser interpretados como simbolizando a totalidade da História cristã, e não propriamente mil anos ao pé da letra. Podemos então dizer que a presença de Cristo aí mencionada não deve ser vista como sua presença física,

mas sua presença substancial na História sob as aparências de pão e vinho. É a luz e a força do Santíssimo Sacramento que fazem com que os fiéis servidores de Deus vivam e reinem com Cristo, mesmo cm meio às maio-

res perseguições, humilhações e fraqueza material. A exe8ese de Santo Agostinho é legítima mas não é específica, é genérica. Sabemos de uma regra da exegese bíblica, do próprio Bispo de Hipona, segundo a qual dentro das descrições da Sagrada Escritura coexistem significa· tios di.rtintos que 11ão se excluem ( Leão XI 11, Encícl.ica "Providentissimus Deusº; Bento XV,

Encíclica "Spiritus Paraclitus··; Pio XJI, Encíclica "Divino Afflantc Spiritu"). O texto escriturístico considerado possui um outro sentido mais restrito. como veremos a seguir.

a

2.0 -

NA ÉPOCA l>0 ESPLENIX>R OA CIVILl7..AÇÂO CRISTÃ.

O texto que nos interessa , mais completo. é o seguinte: .. E vi os tro11os e alguns se 1

(1sse11u1ram sobre~ eles. aos quais foi dadt> o

que no Céu eterno. O texto citado antes, "e.fia

do Cordeiro eucarístico. Este argumento re encontra no excelente exegeta alemão J>e. Her.

mann Kramer ("'Thc Book of Destiny··, Buc, chlcr Publ. Co .• Belleville, Illinois, 1955) . Santo Agostinho na Cidade de Deus ( L. XX, eap. XVII), não admitindo embora o grande esplendor da cristandade na época final da História, mas vendo na Nova Jerusalém o esplendor da Igreja na ocasião do Juízo. Final, admite que a Nova Jerusalém significa ainda a Igreja que cresce na História, cuja glória terrena procede de Deus. O exegeta francês Pe. Joreph de Bonsirven, S. J. ('"L' Apocalypse", Beauchesnc ct Fils, Paris, 1951 ), aponta essa passagem de Santo Agostinho e considera que a Nova Jerusalém no Apoc:ilipsc tem o significado duplo de Igreja na eternidade e Igreja no tempo. BfJnsirven cita ainda Bossuet que também admitia essa dualidade de sentido. Bossuet baseava-se, como Bonsirvcn, no trecho cm apreço :

e os Reis da te1·r<1. .. '

··E as 11açóes ...

Ma.is. São Pio X ( Encíclica no jubileu do dogma da Imaculada Conceição) , ao considerar "as dore.r de parto tia M ulher coroada

e/eito.f'. Estas palavras de São Pio X, de gloriosa e saudosíssima memória, se compa.ginam com o aue escrevíamos em artigo anterior

("O lmaêulado Coração de Maria, sua incomunicabilidade e imolação co-rcdentora". "'Catolicisn,o... n.O 205, de janeiro de 1968) a respeito do Coração de Maria: no cap. 12 do Apocalipse as "dores de flúrto" são as dores desse Coração Co-redcntor que participou, _de modo pleno, das dores de Cristo na Cruz, e assim nos gerou sobrenaturalmente para Ele.

Então, nós não participamos da vida do Coração de Jesus senão através do Coração de Maria. Conseqüência: o Rei110 do Coração Je Jesus é o Reino do Coraçlio d e Maria. Assim, pois, os '"mil anos", ou · 1No"a Jerusalém" ter•

restre, esplendor e plenitude da civilização

A Venerável Maíia de Agrcda interpreta místicamente o cap. 21

cristã, são o Reino do Coração de Maria.

do Apocalipse. vendo na Nova Jerusalém um simbolismo glorioso que representa Maria Santíssima. Ela também atribui um sentido histórico ao esplendor da Nova Jerusalém, pois diz que os versículos 24--26 representam os poderes da terra contribuindo para aumentar

verso. quando anunciou em Fátima o triun fo

1•

Parece-nos portanto que a Rainha do Unide seu Coração Imaculado. estava a apontar para o apogeu da civilização cristã na História .

anunciado

especialmente

pelo

Profeta

Isaías e por São João Evangelista, a Nova Jerusalém.


--

-'

11

/il1

......... ·... John Spann (entre o Coronel Y ih e o Te'1ente Chang), durante sua visita a Formosa. A Juventude da China em dia de parada. Embaixo: Modernos aviões de combate da Força Aérea Chinesa. Soldados treinam escalando montanha abrupta. Em Quemoy , sentinela vigia o estreito que separa a pequenl;i ilha fortaleza e a China vermelha: a vigilância é constante, pois os comunistas estão a apenas 2 mil metros. As duas últimas fotos foram tiradas por Spann.

li. .

..

--

-.., o

· ., A s Forças Armadas de Formosa estão bem equipadas e adestradas para a defesa de seu território e a reconquista do continente ocupado pelo comunismo.

. . osa res1s ira. ~

Q

UANOO, EM JULHO do ano passado, o Presidente Richard Nixon anunciou surpreendentemente sua viagem a Pequim, os olhos da opinião pública mundial 'lôltaram•se para Formosa. A partir daquele momento estava comprometido o destino da China livre.

Depois de vinte e dois anos de resistên:ia ~o comunismo. a ilha enfren1ava uma prova.. ção extremament e penosa: o abandono por parte de seu maior aliado. Que a1itude tomaram os chinc.ses na.cio ..

nalistas cm face da derrubada das barreiras ideológicas patrocinada por Nixon·/ Convém, de algum ponto de visia - ainda que seja o do mero interesse comercial - dar mais atenção aos 750 milhões de habitantes da China continental do que aos 15 milhões do Taiwan, como afirmam muitos políticos ocidentais? O regime comunista representa realmente os 750 milhões de chineses que ele domina? Que papel desempenha a fé, na resistência de Formosa?

Se está cm jogo o futuro da imensa nação chinesa, temos o dzvcr de, como católicos, nos interessar por ela. Acresce que o esforço missionário de numerosos Santos e Papas a fim de operar a conversão do chamado Celeste Império indicam algum particular desígnio da Providência sobre esse povo. Assim, interessará certamente aos leitores de ··Catolicismo" conhecer a resposta às perguntas acima e outros- aspectos da realidade chinesa. Com o objetivo de colher info rmações diretas a respeito dessa reaJidade, visitei For• mosa no mês de feve reiro último, na qualidade de enviado especial da Sociedade A rgen(ina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Registrei para esta folha as observações hauridas nos contactos que mantive com setores representativos da vida chinesa. Entrevistei grande número de personalidades rcligio· sas, m ilitares e civis, e visitei as ,m ais impor· lantes organizações cívicas daquele país. A circunstância de eu folar chinês facilitou...me muito a tarefa .

des empresas estatais e deixou a cargo dela todas as novas indústrias, além de lhe proporcionar incentivos técnicos e fiscais. Também foram importantes para o desenvolvimento da economia local os investimentos estrangeiros. especialmente norte-americanos e japoneses. Um dos pretextos mais invocados pelos CS· qucrdistas do Ocidente para justificar o degelo nas relações com o regime de Mao Tsé-tung. é o comércio. A filosofia pragmática não permitiria que se ignorasse e deixasse inexplorado um mercado tão vasto, de 750 milhões de consumidores. O ra, o comércio exterior de Formcsa ( 4.5 bilhões de dólares cm 197 1) é equivalente ao da China continental - cujo território e população são incomparavelmente maiores - e deverá ultrapassá-lo ainda este ano.

Esse é um dos grandes erros de perspectiva daqueles que querem ver a China vermelha como uma potência econômica. Mel hor

diríamos grande '"bluff'", pois os entendidos na matéria sabem que o poder aquisitivo da China comunista é insignificante e está rigidamente subordinado às conveniências políticas do re· g ime. As informações que obtive nesse §Cntido enconlraram, aliás, confirmação em declara• ções do próprio Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Connally, divulgadas pouco depois do regresso de Nixon de Pequim.

A história de uma gra nde catástrofe O comunismo necessitou de muitas mano· bras, ao longo de várias décadas, para chegar ao poder em Pequim. Resumindo os fa tos mais importantes, é a seguinte a c ronologia da ascensão vermelha e da divisão do pais: 191 1 O movimento republicano de Sun Yatsen exige a abdicação do Imperador. C<)f'i(LUI NA l'ÁG.

6

Os portugueses no século XVI cha~aram-na Formosa Taiwan, denominada "Formosa" pelos portugueses no século XVI , é uma ilha menor do que o Estado do Rio · de Janeiro, situada a 160 km da costa, tendo o Mar di, C hina Oriental ao norte, o Mar da China Meridional ao sul, o Oceano Pacífico a leste e o Estreito de Formosa a oeste. Imponente cadeia de montanhas, coberta por uma floresta abundante em pássaros mui· ticores, corre ao longo da ilha. de norte para sul. Planícies extensas e verdejantes reg;1das por rio$ q ue descem das elevações centrais ocupam o litoral, especialmente a oeste. do lado do continente. Nelas se desenvolve uma atividade agrícola das mais intensas do g lobo, suplantada apenas pela do Japão. As matas do interior. ricas em cânfora e ipinheiros. ocupa,n 60% do território. Treze ilhas pequenas ccr-

cam Taiwan. Tàmbém fazem parte dos 36 mil km2 de território da China nacior.alista as 64 Ilhas Pescadores ( Penghu) , situada.s no Estreito de Formosa, próxim3s ao continente. A menos de 2 km deste, mas ainda sob jurisdição do governo de Taipé estão as ilhas de Quemoy e Matsu, famosas por sua heróica resistência aos freqüen tes bombardeios comunistas. sobretudo na década de 50. Através de relatórios e exposições que me foram feitos. por e.~pcc ialis1as dos vários Minis.. térios de Taipé, e de observações pessoais, pude ver o notável progresso q ue teve o país, sobretudo nos úllirnos dez anos. Com uma economia cm constante crescimento, a população goza de bom nível de vida, apesar de sustentar um exército de mais de 500 mil homens. O crescimento do produto nacio nal bruto foi de I O, 1 o/e> cm 1970, um dos mais elevados do mundo. Contribuiu de modo proeminente para esse resultado o apoio oficial à empresa privada, a qual cresceu 17,4 % em 1970. O governo lransfcriu à iÍ,iciativa particular quatro gran-

Em Formosa desenvolve-se uma atividade agrícola d3s mais intensas do globo; a indústria é pujante e o comércio exterior próspero. 5


CONCLUSÃO DA PAG. S

FORMOSA RESISTIRÁ? 191:2 - Com a abdicação do Imperador. forma-se o primeiro governo republicano e fundase o Kuoani.n tang (Partido N acional do Povo), tendo este como base o movimento revolucioná-rio de Sun Yat-scn.

1916 - A instabilidade e as dissenções internai, agravadas pela oposição dos "senhores da guerra" (chefes militares) do Centro e do Norte, não permi1cm ao governo republicano. esiabelecido cm Cantão, controlar senão o Sul. 1921 -

pirado

02

Fundação do Pilr1ido Comuulsta, insRevolução Russa de 1917, após vários

3nos de fcrmc n1aç~io marxista. 192-3 - Sun Yat•sen, líder do Kuomintang e Presidente da província de Cantão, aceita a colaboração com os comunisl<tS, influenciado por a lgumas concessões da Rússia aos chineses e pela Nova Polílica Econômica de Lenine. 1924 - O Kuominrnng adora cm seu primeiro congresso os "lrês princípios do povou: nu .. cionalismo. democracia e bem-estar social. - O PC e o exército organizam-se segundo os modelos russos. - Funda-se a Academia Militar de Wampu, tendo por diretor militar Chang Cni~bcc (então assessor de Sun) e por diretor político Chu En-lai. 192S - Morre Sun Yat-sen. - Deflagra a "revolução nacional''. que visa unificar a Chlna sob o governo de O.antão.

1926 - O regime nacionalista nomeia Chang Cai-chec comandante do exército 1 e inicia um:l campanha contra os .. senhores da guerra". Com o apoio dos comunistas o exército de Chang con· quista importantes cidades. 1927 - Os comunistas tentam aumentar sua influ!ncia, mas Chang rompe com e les e lhes move violenta perseguição. 1928 - As campanhas vit0riosas de Chang na região de Pequim logram a unificação da China sob a hegemonia do Kuomintang. - O govêrno nacionalista é reconhecido no Exterior. - Mt10 Tsé,tung cria, o "exército vermelho" em Fu Kicn.

1931 -

Os japoneses ocupam a Mandchúria.

1933 - Os japQncscs invadem o Jehol. ameaçando 1nais diretamente o regime nacionalista. 1934-193S Forçado a recuar pelas tropas nacionalista$, o exército vermelho de Mao inicia a '"Longa Marcha'" de 9.600 km cm dirc~iío às províncias: de Hu N::m. Kuei Cheu. Yun N.in. Si Ki:1n)).. rcrmin:,nd11 em Chen Si. -- O conflito wm Q Jnpiio lc\·u u um,, ll'c.~,;11:1 e11:1re o ex~rcito JH1cionalis1n e o vc1'J'nclho. Chang Cai-chec é reconhecido como o chefe único contra os japoneses e reinic ia-se a colaboração entre. o Kuomintang e o J>artido Comunista. 1937-194S - Guerra contra o Jupão. Segunda Guerra Mundial. Durante esta, o governo nacionalista obtém ajuda e suprimentos dos Estados Unidos e suas tropas ocupam as grandes cidades chinesas.

MENSÁRIO com :-.provação ccle~ilL.'11ica CAMPOS -

,;;sr, DO RIO

011Ut "l'OR

MON"S. ANTONIO R1BP,IRO DO Ros.u.10

Olrdorln: Av. 7 de Setembro 247, caixa postal 333, 28100 C:impos, RJ. AdminlsO'llç~o: R. Dt. Martinieo Pr:ido 271, 01224 S. Pau1o. Aatnte par-.:. o .&.1~nlu do Rio: Jos6 de OlivCiro. Andrnde, caixa postal 333, 28100 Campos, RJ; Agente para os &lados

de Goiás, M:-.to Grosso e Minas Gerais: Mihon de Salles Mourão, R. P;irafba 1423 (telefone 24-7199), 30000 Belo Horizonte; Agtnle p:u-a o Estado dn Cunnabora: Luís M. Ouncan, R. Cosme Velho 8lS (telefone 245.8264), 20000 Rio de Janeiro; Agente para o Ést.:.do do Ccarfi: José Ocrnrdo Ri· beiro, ,R. Pernambuco 157. 60000 Forrnleza: Agentes rlnrn a Araentlna: ..Trndieión, F::imilia, Propicdad''. Casilla <lc Corrco n. 0 169, Capil:ll Fc<lcrnl. Art_:cntina; Agcn~ p:m1 a &-pnnhn: Jo~ Maria Rivoir Gómei, apartado 8 182. M:1drid. Esp::inh::i. Composto e imptesso na Ci:i. Lilhogrnphica YpirangaJ Rua Cndc1c 209, S. Paulo. Ass-inatum imual: comum CrS 20,00; CO· operador CrS 40,00: benfeitor CrS 80,00: gr:indc benfeitor CrS 160,00; seminaristas e estudontcs CtS ·16,00: América do Sul e Qntr.:il: via. marítima US$ J.SO, via a6·~a USS 4,SO; América do Norte, Portugal, Espanhn, Províncias ul1r:1111arin.1s e Colónias; via m:iritima USS 3.50, via atrea USS 6.50: outros países: vi::t martLima USS 4,00. via :iérca USS 8,00. Vtnd:t avulsa: Cr$ 1,50. Os pagamcn1os, sempre cm nome de Edlforn Padre Bclchfor de Pontes SIC, pode~ rúo ser encaminhados à Adminis1r.1ção ou ::tos agent~. Para mudança de endereço de os.11inan1es. 6 nccc..~llrio mencionar também o endereço antigo. A corrC$pondência. rclativ:i a as.:sin:ttl.lr::l.$ e venda ::,vuk110 deve ser envinda à Admlnlstms-iío: R. l)r. J\1'artln:lco Prxdo 271 01224 S. P•ulo

194S-194~ - Malogram a negoc,açocs entre nacionalistas e comunis1as para a formação de um governo de coalizão. Promoviam-nas Stalin

e o General Marshall. - formosa, que estava sob o domínio japonês desde 1895, ~. devolvida à China no 16rmino da guerra. - A ocupação da Mongólia e da Mandchú· rb pelos soviéticos favo rece a expansão comunista no Norle chinês. Apes~tr de s uas garantias de ajuda ao governo nacionalista, os Estados Unidos nada fazem para impedir essa expansão. 1947 - A Assembléi:t Nacional do Kuomin1ang, reunida cm Nanquim, promulga nova constituição da; República da China e confirma Chang C'ai--chec como chefe do governo. - Agrava-se a guerra civil.

1949 - Grande ofensiva do exército de Mao Tsé-tung na China meridional, culmina ndo com a tomada de Nanquim e a proclamação da Re-

pública Popula, da China. O exército e o governo nacionalista rctiram•sc para Formosa, seguidos pOr 2 milhões de compatriotas. Mao tinha roda ajuda russa. Chang não tinha suficiente ajuda norte-americana. Baixa sobre o país a cortina de bambu. Começa o drama da$ constantes tentativas de foga do ''paraíso" socialist3, nem sempre bem socedidas. Até hoie elas con1inuam. sobretudo na áre,t de QuemoY e de Hong Cong. Ainda durante minha permanência na ilha de Quemoy, foi informado da aventur3 do jovem Chen N anhsing. ç_ue pouco antes conseguira escapar da ti• rania c-0munis'la a nado. Nesse p:.rticular, os mais . bem aquinhoa.dos foram os pescadores. TornOu•se impraticável par:1 a polícia de Mao impedir-lhes a fuga. Por essa razão. Formosa possui hoje uma das nmiorcs frotas pesqueiras do mundo.

monumentios artístiços como o Portão Dourado

e o museu nutrem no povo o amor às tradições do Celtste Império. Em indústrias de sofisticados licores e de porcelanas de q ualidade excelente pude apreciar as técnicas requinta-

das aplicadas na elaboração desses produtos. Todos esses aspectos justificam amplamente a denominação de ilha-ja,dim. Na realidade, Quemoy também poderia ser chamada ilhafo,talcza. A atividade militar é intensa por toda parte. Para chegar até a ilha, é preciso acautelar-se contra a ameaça permanente das baterias comunistas. A travessia aérea do Estreito de Formosa, por exemplo, deve ser feita em vôo rasante, a fim de evitar que o avião

seja detectado pelos aparelhos de radar do continente.

Em Kinmen, todas as casas são fortificadas como prevenção contra bombardeios. Nos portões de cdificios públicos, notam-se com fre. qtiência pilastras de concreto-armado dotadas de seteiras. Dispositivos de defesa são comuns em toda a ilha. Sua pequena área abriga 60 mil soldados. Mesmo a população civil está apta a enfrentar o inimigo. Sem prejuízo do labor quotidiano, o treinamento especial que recebe e a lembr4nça dos intensos bombardeios de 1958 ajudam-na a manter-se alerta. O Estreito de Quemoy está sob constante vigilância dos soldados nacionalistas. Do outro lado, a apenas 2.300 melros, estão os comu· nistas. Com um binóculo, pode-se observar perfeitamente seus movimentos; eu m~mo 'não

A juventude chinesa, fator de esperança

tive dificuldade em perceber q ue eles estavam construindo uma estrada no litoral. O centro

Sem dúvida, uma má influência ocidental

debilitou muitas tradições cm Taiwan. Mas não conseguiu afetar no povo a aspiração de reconquista do coAtinente, onde milhões de seus compatriotast por vezes da mesma provínc ia e até da mesma famHia, vivem opressos

pelo regime totalitário de Pequim. Uma chama de combatividade arde no coração dos chineses de Formosa. Os jovens crescem educados para o heroísmo. pois a ameaça inimi,g a é incessante.

€ nesse espírito que o COl']IO da Juventude da C hina r,rc.:p~tra milharc-~ Jc rapa1.(!$ e moças com vistas à Juta anlicomunista cm

todos os campos, propiciando-lhes desde os estudos mais variados, a té exercícios de com-

bate, tiro, alpinismo e paraquedismo. Nas festas nacionais, os vistosos uniformes desse.~ jovens enchem de colorido as praças de Taipé. Quando apresentei na sede central da Ju.

vcntude da China uma projeção audiovisual sobre as atividades das TFPs do Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia , bem como de organizações congêneres do Equador. Peru e Venezuela, o auditório formado por centenas de jovens vibrou. Jamais ima8inaram eles

de guerra psicológica que o exército nacionalista instalou na ilha utiliza, entre outros

recursos de prop'l&anda, alto-falantes que podem ser ouvidos do continente. Em Kinmen,

colegiais acompanham atentamente as variações metereológicas, e soltam m ilhares de balões coloridos contendo folhetos anticomunistas, para que os ventos favoráveis os façam chegar até recônditas províncias da China continental. Em outros pontos de Quemoy, soldados equipados se exercitam na escalada de montanhas íngremes; o u tros praticam táticas d(' infilrração em terreno ench:,t rcado. soh redes de arame forpado, ou de di.:.scmbarque 1m praia; no mar desenvolve-se: o arriscado t rei-

namento dos homens-rãs. Uma potente emissora transmite especialmente para o continen-

te, nos vários dialetos do país. Na realidade. é grande em toda a China nacionalista a proporção dos que desejam efetivamente reconquistar a China continental. Eles têm certeza de que o regime de Mao não tem o apoio da população, não se sustentando senão pela força e por uma política maquiavélica. Porém, os Estados Unidos sempre se opuseram a uma invasão do continente, e a

que houvesse em nosso continente tantos ra-

VII Frota Naval norte-americana poderia in-

pazes empenhados seriamente e com êxito, num• luta ideológica contra o , marxismo. baseada na fé e na apetência de heroismo. Uma exposição de publicações e 'fotos das TFPs no recinto da sede principal da organização chinesa despertou vivo interesse. tendo sido

A moio,ia dos católicos é refratária ao progressismo

muito visitada. Impressionou profundamente o estandarte rubro~áurco das TFPs. c ujas. cores e si1nbolisn10 me pare~eram exercer uma atra-

ção especial sobre o espirito c hinês. As manifestações de entusiasmo dos jovens

de Formosa pelos ideais da Tradição, Familia e· Propriedade ,epeliram-se na Universidade Católica Fu Jen, de Taipé, onde a apresentação audiovisual das TFPs sul-americanas foi calo rosamente aplaudida. Um proarama radiofônico especial produzido pela TFP arg~ntina sobre a América Latina e a ação anticomunista aqui desenvolvida, (Oi transm itido e m

chinês mandarim pela poderosa Central Radio da capital de Formosa. s uscitando o interesse

geral.

tervir . ..

Em Taiwan,

o.s católicos constituem um;,

minoria que não alcança 5% da população. Entretanto, exercem eles uina infJuênciâ ponderável no país. Tanto rnais que a maioria

pagã (sobretudo budista) está dividida numa multidão de seitas. O ensino católico se impôs por sua qualidade e grande parte da elite da ilha ten, seus íilhos nas escolas de nível médio e superior católicas. A Universidade Católica Fu J en de Taipé, cuja reitoria está confiada ao Cardeal Yu Pin. é um exemplo disso. É notável a diferença entre católicos chineses e ocidentais. Um progressista diria que os primeiros ainda vivem na era c:onstantinia-

na. Vários fatores dificultaram sobremaneira

a devastação progressista em Formosa. Um deles é certamente o fa to de que grande, parte

com

seu presidente hono-

rário, Dr. Ku Chenl(-kang. Nas conversações com o prestigioso líder an.t icomunista e no banquete com que foi distinguido pela WACl. o representante da TFP platina, senti um clima de grande interesse e simpatia para com as TFPs em raz...1o do combate eficaz ao comunismo internacional que estas vêm desenvolvendo na América do Sul.

'Uma visito a Quemoy, "ilho-jardim" e fortaleza Quemoy está localizada estrategicamente. dominando o acesso ao porto de Amoy, no continente. Ao visitá~Ja enc.antou-mc por sua

beleza natural, que lhe valeu o apelido de "ilha-jardim'", Belos rebanhos de raça apurada,

tacado por incisivos pronuncia mentos contra qualquer aproximação com o regime de Mao. Um seu amigo íntimo o qualifica de Hvigorosamente anticomunista e veemente devoto d o

Papado e da Igreja". Visitando Nixon na Casa Brar.ca em setembro do ano passado. não vacilou em classificar Chu En ·lai - que seria o a n fit rião do Presidente norte•amcricano cm fevereiro - de ''insidioso" e ''mentiroso pro·

fissional". No mês anterior, Sua Eminência havia declarado em Roma que esperava dos norte-americanos "não ajuda financeira, mas moral, e que digam que acreditam cm nós e não nos abandonarãon.

Parece yankecs

se

que os ouvidos dos endureceram

às

dirigentes

palavras

do

Cardeal.

Os chineses de Formoso vencerão o provo que os espe,a? Quanto ao futuro de Formosa, q ue conjecturas fazer? A primeira vista, dir-se-á que ele depende inteiramente do apoio militar dos Estados Unidos. Ent retanto, pelo que observou este enviado da TFP argentina e pelas numerosas reperc u:i;..

sões publicadas na imprensa internacional, a visita do Presidente Nixon a Pequim - qualificada diretamente de "'traição" cm diversos ambientes chineses responsáveis -

não levou

o povo de Formosa ao desencorajamento derrotista. Pelo contrário, permanece viva ali a

disposição de defender a todo custo a independência da ilha e promover a libertação da China continental , ainda que sem auxílio externo, com plena confiança em que no fim a

justiça haverá de prevalecer. Nas Forças Armadas, e igualmente entre os civis, nota·se qot• o mornl con1 inu;, c lcvrido. F.ssc c." htdo d~ úm1110 é Jc molde <l fazei de Fot·nH.>s:i u111

exemplo para o Ocidente, onde proliferam os entrcguistas de todo naipe. Não há dúvida de que a ajuda militar norte-americana é importante para a sobrevivên .. eia de Taiwan como potência anticomunista. Mas as armas não são o únimo fator de vitória numa guerra. Prova-o a derrota das trO·

pas de Napoleão, as mais aguerridas da época, depois de terem invadido uma Espanha cujas figuras mais representativas pouco fizeram para

resistir ao Corso. Napoleão foi vencido pela combatividade do povo miúdo das aldeias. alimentada pela fé. M atatias, pai dos Macabeus, considerando a desolação de Jerusalem entregue a um Rei idólatra, exclamou: '"Toda a sua 111agnificênfeita escrava. E tudo quanto tínhamos de santo, de ilustre e de glorioso. tudo foi destruído e

A mais importante organização civil anti-

e ao entrevistar-me

forma de esquerdismo e as aberrações religiosas que são coerentes com este. À frente deles e,s tão o Cardeal Paul Yu Pin, Arcebispo de Nanquim no cxllio, e Mons. Stanislau Lokuang, Arcebispo de Taipé. O Emmo. Cardeal Yu P in retirou-se para Formosa em 1949, quando sua sede metropolitana de Nanquim foi ocupada pelo exército vermelho. O ilustre purpurado tem-se des·

cia lhe foi roubada; ela, qt1e era livre, está

comunista da Ásia é certamente a WACL World Anli-Communil,1 League (Liga Anticomunista Mundial), que possui cm Taiwan uni de seus redutos mais atuantes. Tive oportunidade de observar de oerto as intensas atividades da W ACL, ao ·visitar suas instalações

em pas1:igens que mais parecem gramados, dão 6

uma nota especial de placidez e amenidade a essa pequena ilha de 18 km de comprimento e 3 a 8 km de largura. E m Kinmcn, a pri ncipal cidade de Qucmoy,

p rofanado. De que nos serve, pois, o viver

:iinda?"' (1 M:ic. 2. 11-13). O chefe dos Macabeus preferia 1norl'er a viver numa terra devastada e sem honra. Quan-

do u111 povo possui esse amor entranhado a tudo quanto é "santo, ilustre e glorioso". quando odeia a escravidão imposta pelo inimigo

destruidor e profanador, então ele é capaz de grandes lances de heroísmo. E o heroísmo

pode, com o auxílio de Deus, suprir a deficiência de armas para vencer o inimigo. Se tiverem esses sen1imcntos, como até agora mostraram ter, os chineses de Formosa poderão vencer a prova do mom~nto. Pois não

há cm nossos dias devastação mais atroz e desonra mais aviltante do que a que traz consigo o coinunismo, seita igualitária, anárquica, despersonalizante e atéia. E é bem esta a es-

cravidão que pesa sobre :i China vermelha .

do Clero local ainda tem gravadas na memó-

Os chineses c,rn sua imensa maioria são

ria as cenas de cortura, e os hor rores dos cam-

pagãos. Mas se tiverem o heroísmo capaz não

pos de concentração, presenciados na China quando da implantação do regime de Mao Tsétung. Expulsos de suas Dioceses e paróquias, privados das ovelhas que a Providência lhes confiara, a esses Bispos e Padres repugna toda

s6 de uma resistência, mas de uma reconquis-

ta, este será um p<:nhor de que a lgreja Católica implantará um dia no Extremo Oriente o Império verdadeiramente celestial do !maculado Coração de Maria.

"Catolicismo'' convida seus leitores e a migos para assistirem à Santa Missa que lltrá rezar J>O• alma do

GENERAL

JOAO TORRES

PEREIRA

Pai de seu colaborador Dr. Aloizio Augusto B arbosa Torres P ereira. O ato religioso será celebrado pelo Exmo. Bispo Diocesano, no dia 26 de junho, às 9 horas-, na Capela do Palácio Episcopal.


~

RA F ÃCIL AO t'amartlro do Paapa, Andr~a Mordll, numa riplda cotrcviSUI duran~ a vlagecn de Pio Vil pana SJ."ona, p;;i~r ao Ouquc M.athku de Mootmortncy o, caruus anutK'.bndo a cxcomuohiio do lmptnt.· dor. Mas, como tntregar sem suscitar a dtscOn· fiança cb polícia o manuscrilo volumoso p rej)arado pe.lo Cartk:d Pacca. e contendo os doct.tmenlos so,. brt 111s nlatõts tnfrt a Santa Sé t a Frant-? No entanto, a.nlq: m~mo de o P:11pa. tbe:tar Q seu destino, esse texto J4 es111va l.mp~ t começava u ser d:btribufdo, Os h~iorladorts que proc:ura.ram desvtncbr o n1Mfrlo da publk ação d:a o.o deia e:m Paris, cncontnarJm nos :u4Ulvos ela pOlkla franc~ provu de que cm mtado1 de Junho os dQéume:nlos clttulavam

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•••

AMICIZIA DIFUNDE OS DOCUMENTOS DO PAPA

de mão em mão cm U vomo, Pisa e c:.m todo o litoral ilalla:no dtsdt- Ro.sla,nano atE Pktmblno_ e que Jogo no lnklo dt agosto eles eram assinalados cm Toulon e: Marselha. Por outro lado, C$$U b1$torladorts publicaram a ~ulntc c-ar1A cnvllda de Turim a Napoldo pelo Prútdpe C-amWo Borahtst; com data de- 2 de, settmbro de 1809: 1'Slre, o preftilo do Departamento do Pó enviou-me onttm um cxtmp1ar de um livro tntotirrado tm Turim, ttndo por Cítulo ucorre.spOndAnc-c authtndquc de la Cour ~ Rornt nvet la Fra.net deDuls l'lnvtsloa des Etats Romalns jusqu'à renlhen,cnt du Souveraln Pontlfe... Essa obra., escrila rm franc:,f s e ltâllo.no, lt.m a nota caraclufstk-a do ~'Pfri1o dt- p:utldo que a dllou. U-sc mesmo nc-11 uma carta, datada de Cinov11, i qual noticia o. vlagtm do Papa de Roma ali Savona lio mlnudosamtnte, que Podt-r-4 stnir de b1dfolo pnru que: scJa ducobcrto o seu autor. Ali 2gora, essa obra não foi difundida. Não (t,. nho dlfleuldade cm ttconbtttr que foi hnprusa 11.11 provtoc-la .sob o mt:u governo. O p refeito a c.ncamlnhou ao Mtnlstro da Polkla". Assim, o manuscrito, j6 lmptt.$$0, fflava ando divulgado tm Turim pouco depois de: Pio VII ttr chegado à sua prisiío, o que ttvela que a rede: $\lbterrânea orpnlzada ~ IJ1$ sod«bdu ullnmontan.u da lhUia e da Fran~a linh a con.~uido entrar na possc. de todos os documentos preparados pelo Cardt-al Pacca pana a eventualidade de um golp e de força cOnlra o Papa.

••

N11turalmc.nte é de: se supor q ue drios foram os e-anais wados para C."J)lllh.ar c.sses documentos naqutlts dois paíst.s. Qutttmos assinalar um deles, falYH o prtncip2I, que a Intuição blst6rka do Pt. Bonia propôs cm Stu Uno sobre u «AmJchic".

Como vimos cm artigo an terior, oJ uttnunont:l· nos íranct.f.ff, pouco antes da prisão de Pio VU, tlnhnm en, •lAdo á Roma o .Padre Pierre Pnreau, com a mls...,:âo de ~ lnfomi.ar do verdadeiro cscado da$ relações entre a Santa Sé. e a F rança, Pcnc:tu cs,. tcvt com o Cardeal P:u:c-a e com seu s«rttárlo Monsenhor Pe-dkfnl, e f n.-.1ural que estes lhe tt· nham entttgue os documtntos que deviam $Crvlr de JusUJlcaçio par2 o ptOcw.lmcnto da Santo. Sé, no c:iso de: o Papa ficar na lmposslblHd:ade de se comunicar com os OHs, como era consldtrado Iminente ~la ~crdarlá de Est:ido.

Ora, o Pe. Candldo Bona publicou duas taro:i.s, uma do Padre Lanttrl a.o Prior Rica.sou de Flo• rcnça, datada de· 2 de Julho de 1809, e a outra do Padrt Ptrreau ao Padre Lanleri, de 13 de -.go~10 de 1814. Na primeln, h' o seguinte trt:cbo: ''PASsad por aí, dentro de alguns dJas, um scnhor fnn«s de multo mhtto, um certo Sr. Pe:rrcau, homem de ltlro.s, qut ainda não ttnbo o prau.r de conhectr. mas que E cooheddo de pcsso2 multo amiga minha. Ele se a9rcsitntarJi ~dlndo-lhe umn encomenda. O Sr. me- faria um grande favor k lhe tntrtgWt uma cópia do manuscrito que pôde pn:pnrnr neste ano, J6 que niio lcnho senão dois mt· morlals' do mês dt Jantlro. Penso que não teve lcmpo de mandar-me outro. Por seu lnttrmldlo, o Sr. pode uc.rcver llvrtmente o que quiser". Apt$at d11 lloguagcm citn:da que os membros da hAmldzla" usa;vam em sua corre-~-pondêndu, l r,cu ptrccbcr que o Padre- LAnlerl pede ao Prior íllcasolt nolfclai da as.~.od.ação de Flortntll. Essas notícias, compre:ecnd~, n ão crflm f4cels M obter tm melo à situação r,olhica cm que se encontrava 2 11411.a. A conflaota depositada no Padre Perruu, quc o Vtnedvtl La·o1erl nifo conhecia, s6 se compreende: ~ o Servo de: Dtu.s soubcs:st: que se cnlava de um membro da rtdc subtcrrinc.a, que Iria proeur,-lo tm Turim. A segunda caJ1:a E mals reveladora. Ela foi escrita dtpolt da queda de Napoleiio, quando o Padre Pcmau safo da prlsAo: ''Senbor e rtsptlfÃvcl confni.de. / Tlvc conht:d• mcnto, com multa dor, da.~ penas: c ptrsegul(õct que o Sr. sofreu e cuja causo foi, talvtt, a minha pr~o. Ao sair do d.r«rc (lqutl admirado ao saber que Otus St Unha d(gnado p rodi-lo, porque a pqlfcla nunca e:ltou o seu nome e cu tamWm nunca o mc:odonel. Su,punha, pais, QUt: o Sr. não

serhl perturbado. DtuS o pcrmlUu, adort.mos os seu, dt:sígnloa; e 11er:1c1tçan1os de lodo o cc>r:atão o que Ele faz. Ele Se dlanou vlsil,·lo na sua mlserleórdla. Nnda lhe dirtl de meu pais e de nossas quei,1õcs. Dt'St-JO a'ptnllS que os seus estejnm melhor". E em post-scrlplum atrtsctota: •'Niio ttnho sem'io indlrctumentt notfelJI& do Sr. Juj:ardy, qut conCinua e.ru Marselha" • ~'fa C.lrtn, :atfm de mostnar as bons rtlações c.ntre: o Vtncdvd Lanlcri e o Padtt Pcrruu, é um Indício scguro de qut este entregara à "AmJdz.ba'' de Tur im os documentos que tr112h1, o que txplkà A ~plda d1t\JS3o dtlts na ltálla. Por outro h,do, esse- Sr. JuJardy, pouco conhecido nn htst6rla dos católltos do ~culo passado, foi fflralado pclu pollcia imp trial, quando t la ~ pô~ cm movi. mento para lmptdlr a dlfusiio lhtqudts documen• tos: ''Esse homem. de um tariter atrabUl6rlo e concen1n1do, nos p rfmclros anos dJII Rcvolutão manl• testou C'Xaltndos prlncfplos dt: liberdade. f'ol conhtcldo por t.ssas oplnl~ cm Alx e tm 8 rll[noltS (Bouehes-du-Rhônc), onde nasctu. Alguns anos de· pols, .suas ldllas mudaram complet11.mentc: Ignoro os motivos. Com o mesmo fmpc:to, ele se cntrtgou ao excesso contdrlo, lsto é, a uma dcv~io cU.• gtrada. Foi ~b esse aspecto que R m~Trou cm Turlm, durnnle os dol1 a nos, mats ou menos, ffll que cxtrccu naquele. ·<idade as funções de- Comksiario das gucn-as. Deve estar agora «n Toulon, onde seus vcnclmentos de reforma são pa,aos''. A prcseoçs. de 1uJar dy cm Toulon e Marselha não txplku o foto dt u polida ter assinalado os documentos exalíuncnfe ncssns cidades?

Rtunindo os d1i1dos que tx:pusrrnos. fica clarn a par-Ut:fpatâo dn ''A.mlcl:tla-" no faito blst6rleo cm apttto. O Padre Peneau dlstribufu na r11u1a as cópias dos documentos q ue re:ccbua cm Roma. Em Turim, enlre:gou uma delas ao Padre: lAlntetl, e nms outras cidades por onde passou deu as oulras a m,.mbros da rede subterrânea, que se tncal'Tt&;aram de es-palh4-1as por sua pr6prla cootn. A polfcla Imperial, btm .aparelhada, pôde logo vtriflcar que o.,ç dO('umtntos estavam sendo dislribufdos no Utoraf ltallano, cm P~ e, na Fnmça, em Marsel.ha e Toulon. Mas n.5o conseguiu evitar a sua dlfusão. que conllnuou n ser feita por toda a Franta e lllilia, graças à cxctlcntt org:au.lza(âo da rtde wb• lerril.nca que a Congregatão de Lyon tinha monl:tdo.

Fernando Furquim de Almeida

OVA JIET VJETEJIRA

N

ENCONTRO DE CRISTÃOS SOCIALISTAS N O CHILE

O Mts DE ABRlL tt:alb:ou..sc. cm Santhago do Chile o '1 Encontro Latino-Americano de CrisCâos !)tio Socialismo". A lmyrcnsa dliria registrou as dcc.laraç&s de um porta-voz, deSSP reun i.ão, o qual "disse que, apesar da aee:lt.a(.iio gencralluda do mu:w:lsmo como "lll.\1nuncnto denCfOco" de lnterpretaçi.o d:1 Hls· 1órl:a por parte dos d clrgados, as discussões deixaram daro que nem todos ?)tosam a mesma oolsa sobre o que ~Ja socialismo, nem sobtt o tipo de soc-iaHsmo propos-to para a Amfrica Latina". Por outras palavras, tom:i-se como fatal a Imposição do .sodall&mo aos p:dst-s Ibero-americanos, havendo dl· vcrgêncln npe:nas Quanto ao $CU tipo. Actt.s(Cntam as noHclas que o cncootro ex.am.lnou ,.Am!>los rt• l.:itórios sobtt a sff'uaçlo d0$ d.lYt:rsos pafSit.s" e sobre li participação das: cristãos o.a ºconslrução do sociallnno". O Arcebispo de Santiago, Cardeal RJ:lul SIiva H cnríqucz, recebeu os partklpantcs - '4ma.i s de quinhentos Padres c.1tó1Jros t leigos crlsfios". Ao mtsmo tempo, lemos nos Jornais q ut os B41>0s do CbUc deram a lumt um documtnto pe:. dfodo 20s Sace.rdotes e: '3irao1cs ao saccrd6clo '(que se llmUcm a suas funtõe:s propriamente: ministeriais», e rtprovando ºa atilude polítko-partid.irla" assumlda em manlfeslo 9ublicudo !)Or dou P:1dres e: seminaristas que voluavam de uma vlslta o Cuba (a ronvli. dr Fldtl Castro).

Tudo Isso n:fle:te a tcrdvel confusão da fpottll em que vivemos. Com cfclco, o católko que propen de p11rn o socialismo ou a e:le lntclramcntc adt:tt, não toma mcr.imtnle uma . atitude polltlco--p artkhirla. Tal católico tende p:ira uma berC$b, ou dti comptrta adcs;io ;a tia, - uJDa he.rtsia que vnl contra os mal$ clcmentaru princípios da lei natural. Els por QUe, llPÓS exaustivamente analisar as vúi.as ulodalldadcs, radical$ e mldgadas, do soclallsmo, msfoa Pio X! qm "sodallsmo ttllg:ioso, sodalkmo cat6llco &io termos tontradllórios: nlngulm pode nr ao mesmo tempo bom cat6Uco e verdadeiro SO· dallstA" (Encfclica ''Quadrage.simo Anno", de 15 de maio de: 1931). Que pensar, t"Olâo, desse •'1 Encontro Latino-Amcrkano de Cristãos pelo Sodallsmo"? Se .soclaUsmo rtllgioso, sod:.1Usano cat61ko sio tidos por Plo X I como termos contraditórios, como admlllr que Sactrdotcs t leigos c11t6tkos $t reunam cm Sa.ntlnto do Chile parn pugnar ~ lo sodallsmo, che:--

gando a aprC$CnhUo - stgundo se oolJdou como único m1ema que p tnnlte Ubtrtnr os p ovos? Para cxplkar tamanha aberração basta que atentemos para o seguinte: b6 s6-cu1os vtm operando nas entr.mhas da CNtandade uma lmt.nsa conJuraçWo iguaUtArla e gnóstico., a Rtvolutão, que se t sprala por todos os ~tOrt1i: d:i v·Jda rtllgfo5a. polfllca, social e econômica dos povos. A mais c.spantosa ramUlcaç,;ío at:uaJ dC$$3 conjuração foi dcnuudnd.1 por ºCatolldsmo'l cm s,u mcmor4vo1 n.0 220-221, de abrll-nrnk> dt 1969.

A Sanla Igreja Cat6Uc.a vé.SC ln.fUITada por advcnárlos velados que a si me)1uos st chamam de '"grupo:, profé,tkos", gt:~ràl.l::uldo movlmcnlo que tem como grindpa.1 aUado o IDOC, com )-uà rt:dc de agentes e: de p ublicações espalhados por todos os conHncnfes, inclu~ivc a América l...allna, l n~1ru.mmfo de soc:laliz.-.ção do mundo (soclatlzaçio no sentido marxlsfa), 9ugnam os "grupos profiticos" pela dcsalfonnção da Jgrtjn :uravfs dc dirl:t.S' cta9a.s. A prlmcl.ra dessas d~llenaçÕe$ sucessivas , em relatiío a Deus, Q\lC não mais ,5erb o Deus transccndmlc, Criador e Stnbor de 1udo o que cxiSle, mas um Deus imanente, elemento dlfus:unrntt cqurso cm Ioda a naturua t portan10 em cad.ta homem, 1il como tru.ina a enok. A segunda dt&Alicnaç:io seria e:m relatão no sobrtnatural t ao Sllgrado, e da( uma Igreja dessacrnl!t.ada, Ioda ela p0$1a n:i ordem o.aturai. Vem dtpols o dC$aHcn11(:âO tm rclas-fto 2 Ff, i\ Moral, ao M.agiSlfrfo e à ação tvangeliiadora, dando lugar a uma liveJa 'fpobrc'\ sobr ttudo no scnHdo csvlritual, sem fronttlrasclõ u· ,lriniirlas. super-c:cumênie:t, e vor Isso prescindindo de obrns de aposlol:ado, lnclusJvt ns de- ensino, e rcje:Jtsmdo toda tonna de ' 11riuníallsmo". Como quarta de.salienatão vem a abolltâo da Hltrarqula Ec:leslástlc2 e a ''democralluitão" da Igreja. Em 6Jlimo lugar ternos • desalicnatão tm relação ao Poder Público: essa nova Igreja niío !)rec.lsarin dele ntrn deseja ltr com tlt ttlatõt:s dt Poder a. Poder. Tal t0mo no C8$0 da sociedade: tem9oral, s6 a luta de cl3.5$CS dentro da JercJa conscgulrla realliar essss desallenatõu. Da.( serem os ugrupos pro!Hicós'1 artfficcs dn lula de dnssts entre o Episcopado e o Clero dC: um lado e o laicnto do outro. As.sim, de mãos dadas com o progresslsmo, CS$C$ grupos 5" põtm a serviço do comunis,no. Em rt•

sumo: "A$ a.finidades entre os objcllvos dos "gru.~ pos profélicos" t os do comunbmo são evldtntts: os 9rimelros visam dt$:lllenar, e portanlo dt.ss:atraliur e tornar rigorosamente igunllt.érla a Socltdade ci,-ylrltual, que é â Igreja, e Incitam os cat6llcos em favor das dc.s,allcm1ç&s n a sociedade te-mporal; o comunismo visa dcs.allem-.r e lornnr rigorosamente Jgu:illtárla a n1esma sociedade ltmporal. Pode-se dl• 1.cr, assim, que os "gmpos protéticos" !num n revolutão comunlsCQ de:r,tro da Igreja" ('•Catolldsn.10", n.0 clt., p. 8). Para st ter .sob os olhos oulra manifestação da conju:raçiio iguallt:4ria e gnósllca dentro da l~ja, e dcsla vez na América Latina, basta lembrar a denúncia que a TFP fez, em memorável campanha (vtr ucatollclsmo", n.0s 211 e 212/214, rtspecll'f'a.. mente de julho e: agosto/outubro de 1968), da ln(Ull'.ltâo c0tuuolsta cm meios calóUcos. da qual c.ram c«andl.lloso exemplo ns al1vldades do Pe. CombUn, cujo livro "111~logir de là Révolullon", posrerlonn cn tc- publicado e objeto dOS' artigos do Prof. PUnfo Corrê1.1 de Oliveira na j'J,"olbn dt São Paulo•• dc 4 t 11 de julho dt. 1971, vaJ ainda mals lon~ do que o documento que. esst cllrigo subversivo pre9:i.rru-11. para :i reunião de McdtUin do Conselho Eplscop11I Ulllno-Amcrlcano.

De modo Qut: só se 9odem $Urp~cndcr com o que acaba de ac-onlecer Cr'll Sanllago do Chile :iquefcs q ue constrnni os olhos e O$ ouvidos fechados ao que se !)assa às esdí.ncaras cm IOmo de n6s. E o focol dt5$C "Encontro'' destinado a promovtr o contuWmlo da. Igreja com o soclall.smo parece ter sido cscolhldo a dedo, para !)rogorclonar ao "eun11.rada" AUtndc um apolo no seu nefasto prognuna de bokh cvlzatlfo do grande 9aís andino, tendo cm vista a gcncralluda r t9ulsa qut lhe l'tm o!cttct:ndo a.s camadas 5,:11dlas da oopulaç-Jo chilena (dA qunJ do nrovas tJoctücntes as ma.nlfeslações p opulares rea11~d::is cm Santiago conlrn o gover no comunls1a e a rução de f~ndelros e tnabalhadore, ruralt contr:i as 1enlall'vas de espoliat:io de lcrras por nartc de elementos .subnrsivos, benef1chtdos com il ~vldenlt cu.mplkld:ide ou complacência das autoridade$ poUel:tls), Tal certa.me é, por111nto, um triste e llunenl..Svcl slmil dos tempos que tstainos vivendo.

J . de Azeredo Santos 7


*

Verdades esquecidas

DEUS É CLEMENTE, MAS TAMBÉM É JUSTO

O TRATADO COM MOSCOU D E .A MISSAO HISTÓRICA DA ALEMANHA O PROF. PLINIO Corrêa d• Oliveira concedeu à agência tclegd.fica alemã DPA uma entrevista sobrt: a conjuntura políttcn da Alcmnnho. Assim se expri-

miu o Pr~cotc do Conselho Nacional da T FP. ''Sei - como todo mundo sabe pelos teleg.ramas das agências internacionais - que o p0vo alemão acompanha com

o mais vivo interesse os debates parla• mcntares conccrocntes à raci(icação do tratado assinado cm Moscou pelo Sr. Willy Brandt. Este interesse prova que os alemães estão cônscios da alta imJ)Or-

tância que o assunto tem para o futuro de seu país. Não sei. porém, se todos eles estão igualmcnlc cônscios do alcance inc.\lculável (e d igo "incalculávelº muito intencionalmente) de que este tema se rc.. veste para o futuro do mundo. Em ou-

trôs termos. todos os homens refle1idos e lúcidos percebem que o fato mais doloroso da história alemã contcmp0rânea - a ocupação de uma parle da Ale• manha pelos comunistas - chamou o povo germânico n desempenhar hoje a mesma m issão histórica que tantas vezes Lhe coube no passado; de muralha da c i• vilização cristã contra o perigo vindo do Leste. Eis o que faz com que Ioda a hu• manidadc tenha novamcn1e voltados os olhos para o que se passa na política alemã, e que expressões paradoxalntcnte simultâneas, de preocupação e esperança. encham esses o lhos. Penso que é bom sabcrc.m disto o s alcmitcs. 11 preciso que as coisas se digam com fro.nqueza. Em face do perigo co· munista, há no Ocidente três grandes correntes: a) os que desejam uma polícica de flexibilidade e força; b) os que desejam uma polírica de flexibilidade sem força; e) os que dcscj:1m a vicória do comunismo. O mundo espcrnva que Nixon per· tcncesse à categoria a. Os fatos provam infcJizmcnte que ele pertence à categoria b. Ora, a flexibilidade sem f9rça é o começo do fim, quando se tem ·pcl:\ frente um inimigo tão implacável quanto o comunismo. Parece quo o tratado de Moscou se inspirou na mesma es1ratégia da flexibilidade sem força. A grande pcrgunca é se o Parlamento e o povo alemão aceitarão ou rejeitarão, não só esse acordo, como o princípio estratégico que o inspirou. Se o tratado fôr aceito, a Ale.manha entrari na via de capitul:1çõcs sucessivàs que o comunismo sem9rc- impõe aos que se mostram ingênuos e fràCOS. diante de• le. A Rússia se: 1ornará sempre maís do,.

minadora, e por fim para detê--la o supremo remédio será umA catástrofe: a guerra! Se, pelo contr,rio, a Alemanha recusar os termos atuais do tratado, mos· ct.=tndo que ela não é só flcxivcl, mas també:m forte, a Rússia se verá obrigada a andar com cautela. E será possível preservar a paz. Mas, objetará alguém, abalado por oposições internas o regime soviético não ous·Mia chegar até a guerr11. A isto respondo que uma política de vitórias di· pJomáticas e eventualmente militares l por vezes o melhor meio de salvar regimes podres. Ademais, se a Rússia não tem força para chegar até a guerra, que sentido lem um:) política de flexibilidade an1e as injustiças dela? Assim, lodos os homens lúcidos partidários da flexibilidade- com força, e não com fraqueza - olham preocu· pados e esperançosos o povo alemão, m:1is uma vez p<>sto no centro da His· t6ria. Parecc.~me importante que tome noção dessa responsabilidade esse grande povo. que tanto estimo".

Do ponto de visto do federo~ão Ura is-Lisboa A propósito das recentes consultas populares na França e no Estado ale1não de Baden-Wür1tembcrg, o Prof. Plinio Corrêa de Olivcl.ra formulou per. cuclentcs considerações em ar llgo para o matutino "O Jornal", do Rio. Transcrevemos o texto para conhecimento de nossos leitores: "Se quisermos formar uma idéia exata do presente curso dns coisas n:\ França e na Alemanha, precisamos fazer abstração. até cer10 ponto, das piruetas e das contrapiruetas, tão con1radít6rias, dos parlidos de esquerda na França. Precisamos tambént não nos deixar impressionar pelos aspectos secundários de n:Hurcz..1 pessoal ou regional - da crise a lemã. As Jinhas mestras dos acon1ecimentos mais facilmente se po• dem discernir se os olharmos do ponto de vista, indiscutivclntcnte mais amplo, dos en1usinstas de uma federação européia dos Urais até os Pirineus, ou tal· vez a1é Lisboa. O plebiscito francês e as e leições cm Baden.Württembcrg devem ter deixado singularmente desapontados os partidá· rios dessa federação. Com efeito, para que cal federação venha a se cons1ituir, é necessário. de início, aglutinar as na• çõcs européias em blocos de imf)Orlân·

e ia média, para numa segunda etapa fundir e.sscs blocos num só todo. Nc.nhum outro caminho é viável. Pois se já é tão difícil ajustar num bloco a Eurc,pa d.os De-.c, é imp0ssível pensar na formação direta da Pan•Europa sem ne· nhuma elapa inlermediária. O bloco do Lesce já está formado. Natceu das impOSiçõcs soviéticas e das fraquezas ocidentais cm Yalca. Traia-se agorn da formnção do oucro bloco, o oeidcntll. Cabia ao plebiscito francês encaminhar as coisas nesse rumo. mostrando o apoio popular dado à Europa dos Dez. pela nação tida como a mais pan.. •europeísta. Caso a eleição de Baden. -Würuemberg provasse o ap0io da opinião p\lblica fl política de Brandi, prepararia~ por sua vez, a futura aproxima• ção dos dois grandes blocos, o ociden· 1alt cm formação, e o do Leste,. Nos estritos termos do formalismo jurídico} dir-se.-ia que o resultado do referendum francês favorece u a futura fc. deraç.ão europé.ia. já que a maioria votcu "sim". E cm Baden-Württembcrg. pelo contrário, a vitória da oi:-osição representou um claro revés da E.uropa fe. dcml. Mas salta aos olhos que também o res-ullado do plebiscito francês mostra o nenhum entusiasmo da maioria dos eleitores - abstencionistas ou hostis cm relação à Europ, dos Dez. E objetivos imensos como o da Pan-Europa não se podem alcançar com un1 governo clcitoralmenre minoritário como o ale• mão, ou com maioria.,; reticentes como a francesa. Necessitam eles do apoio caloroso de fortes maiorias, ou do cn· 1usiasmo "místico" de pequenas nfrnorias irresistíveis. Ora. com nid·à disto eonta o pan-europcísmo, cujos melhores adeptos são frios utopistas de gabinete. A P:1n-Europa parece, pois, encalhada por muito tempõ. E isto alegrou muitos observadores. Argumentam estes que. a História mostra que os Molochs jamais fizeram a felicidade de ninguénL Nem o faria este novo Moloch, tanto mais que nasceria do conúbio absurdo de dois mundos fundamentalmente heterogêneos, o nosso e o do comunismo. A ntim me parece que eles têm r:\Zrío •.. "

Da "Preparação para a Mor.e / Considerações sobre as Verdades Eternas" (Consideração XVII - Ponto 1): IZ SANTO AGOSTINHO q11e o de111ônio set/11z os ho111•ms por d11"s maneiras: '·com d esesf)ero e co,11 espera11ça". Def)ois que o f)ecador comeu,u o ,!e/iro. "rrasta-o ao desespero pelo temor da j11s1iç" divin"; lll(IS, "ntes de pec(lr, excita-o t1 ,·air em tentação f)ela esper<mça 11a divina misericórt/ia. E f)Or isso que o Sa1110 nos adverte, dizendo; "Depois do pecado tende esperanç" na divinll misericórdia; antes do pecado remei a justiça divina" . E assim é, com efeito. Porque ,uio merece li misericórdia de Deus aquele que se seri'e dll mesmll para ofendê-Lo. A ,nisericórdia é para que,11 teme " Deus e não para. o q11e dela se serve com o propósito de não temê-Lo. A que/e que ofe11de a j11stiça - diz o Abule11se - pode recorrer à 111isericórtli!1; mas a quem pode recorrer o que ofende " própria 111isericórdia? Será difícil e11co11tr(lr 11111 peclldor " Ili/ ponto desesperado que queira expressamente condenar-se. Os pecadores quere111 pec"r, ,nas se111 f)erder a esf)er(l11ça dll salvação. Peca111 e dizem: De11s é a f)rópri" bond(lde; 111es1110 que agora peque. nwis tarde confessar-me-ei. Assim pensam os f)ec"dores, diz Santo Agostinho. Mas. 111eu Deus, (lssi111 pe11sar(l111 11111ilos que já estão condenados. "Não digas - exc/(lma o Se11ho~ - a miseácórdia de De11s é grande: 111eus i1111111eráveis pecllt!Os 111e serão perdoados com wn aro de contrição" (Ecli. 5, 6). Não faleis assim - nos diz o Senhor - e por q11ê? .. Porque sua ira está tão pronta co1110 sua misericórdia; e sua cólera fit" os pecadores" (Ecli. 5, 7). A misericórdia de Deus é infini{(I; m"s os atos delt1, 011 seja, os de comiseraçiío, sClo finitos. Deus é cle111ente, n,as ta11rbé111 é justo. "Sou

justo e misericordioso - disse o Senhor " Santa Brígida - e os pecadores só pensam 11a 111isericórdia''. Os pecadores - escreve São 8"sílio - só quere,11 considerar a metade. "O Senhor é bo111; 1111,s também é justo. Não queira111os considert1r unicllmente uma dt1s faces de Deus'". Tolerar quem se serve da bo11dade de Deus para mais O ofender - dizia o P"dre A vila - fort1 antes injustiça que misericórdit1. A cle111ênci" foi prometid" a quem teme a Deus e 11iio a quem abusa de/a. [ ... J A justiç" ameaça os obstinados [ . .. ]. Aca111elai-vos - diz São Joãc Crisóstomo - quando o de,11ônio {11ão Deus) vos f)rumete a misericórdia flivina com o fim de <1ue pequeis. Ai d"quele - "crescenta Stmro -Agostinho - que para pecar confia na esperança! . .. A quantos esst1 vã i/11são te,n enga11ado e levado à perdiç,7o. Desgraçado daquele que abusa da bondade de Deus para ofendê-Lo m ais! . .. [ .. . ] Em suma: se Deus espera con1 paciência, não espera se,nprc. Pois, se o Senhor sempre nos tolerasse, ningué111 se co11de11ari(I; ora, é l<1rga a porta e espaçoso o caminho qu~ leva à f)erdição, e muitos são os que eiítram por ele {M(I/. 7, 13). Quem ofende a De11s, fiado na esf)era11ça de ser f)erdoado, "é 11111 escarnecedor e não 11111 penitente", diz S"nto Agostinho. Por mura pane, afirma São P"11/o que de "Deus não se pode zombar" {Gál. 6, 7). E seria zombar de Deus o querer ofendê-Lo se111pre que q11iséssemos e desejar, a seg11ir, o Paraíso. l ... ) O laço com que o de,nônio arrasta quase todos os cristãcs que se co11de11am é, se111 dúvida, esse engano com q11e os seduz, dizendo-lhes: "Pecai livremente, porque. apesar de todos os f)ecados. haveis de S(l/var-vos''. O Senhor, porém, amaldiçoa aquele que pec" na esf)era11ça de f)erdão. A esperança depois do pecado, quan<lo o f)ecador deveras se arre11e11de, é agradável a Deus, mas a dos obstinados Lhe é abominável. Tal esperança provoca o castigo de Deus, assim como seria passível de punição o servo que ofendesse " se11 patrão, precisamente porque é bondoso e "mável". [Editora Vozes Ltda .• Petrópolis, 1956, 4.ª edição, trad. de Celso de Alencar].

Santo Afonso de Ligório

TFP REZA PELA VITÓRIA DA CIVILIZAÇÃO CRISTÃ A VITORIA DA civilização crislâ sobre o comuni,s mo e a pronta realiza .. ção das promessas feitas por Nossa se.. nhora em Fátima, foram as intenções da novena e dos outros atos com que a. Sociedade Brasileira de Defesa da Tradi· ção, Famflia e Propriedade comemorou cm São Paulo o ss.o aniversário das aparições da Virgem na Cova da Jria. A novena constou da recitaçã"o diária de um terço e da ladainha laure1ana junto ao oratório de Nossa Senhora do. Con· cçição. instalado na sede da TFP onde terroristas fizeram explodir uma bomba cm junho de 1969.

Vigília e ato 'festivo Uma vigília de orações dos sócios e colaboradores da enlidade, das 22 horas do dia 12 até as 6 horas do dia 13, marcou o fim da novena. No dia l 3, à noite, reaJizou-se no mesmo local um ato

festivo que contou com a p:trticipação de gr3nde número de devotos da San• tissin1a Virgem. Após o hino "Viva a Mãe de Deus e nossa''. en1oado por todos os presen• ces, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira deu início à recitação dos mistérios dolorosos do Santíssimo Rosário. Ao fim de cada dcu,na do cerço, o Côro São Pio Xt da TFP, cantou vários moletes em louvor de Mario Santíssima: "Fios virginum", ''Tota pulchra cs Maria". ··Salve ~fate.r", •·tnviol:ua", "Ave Regina Caelorum'\ e a antífona ··s:,lvc Regina'', O ato foi encerrado com o tra~ dicional e comba1ivo hino ''Le.vantai-vos, soldados de Cristo". acompanh::ido pela fanfarra da entidade. A novena coincidiu com o segundo aniversário das vigílias diárias de ora· ções, feitas pelos sócios e militantes da TFP, das 18 horas de um dia às 8 do outro.

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Uma pequena multidão no encerramento da novena promovida pela TFP em São Paulo.


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Ll DIRETOR: MONS. ANTONIO RIUtilRO

DO

ROSA.RIO

Enquanto o " Pravda" proclamava q1ui os acordos celebrados em Mosco1i co11sti.tuíam uma vitória da Rússia, _Richard Nixon - no . eufórico discurso <J"e dirigi1i ao Congresso ao regressar a W ashi[!-g· ton - aceito1i claramente a retração da influência norte-america~a e,n todo o mundo. Ao afir,nar que seu paúi conservava um poderio suficiente para se defender a si mesmo, dessolidarizou-se ele CÜts demais nações não comunistas, omitindo qualquer refer_ênçia à clefesa destas. Como pôde o Presidente dos Estados Unidos abanr clonar assiu, o n,undo livre (i1lclusive a América Lati11(1) •à sa_nli-a russa? Â Húitória algum dia esclarecerá os fatos e os j1tlgará. E, ,nais do que isso, no dia do Juízo, De,u julgará! página 3 ·

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no Cremlin o acordo de ação conjunta contra a poluição do meio am· acordo sobre a limitação de armas nucleares.

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..... .. -.. ..,..,...._ . . O casal Nixon assistiu a uma apresentação de ..O Lago do Cisne ... de Tchaikowsky, •

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no Teatro Bolshoi de Moscou, que conserva ainda o esplendor da época dos Czares. o Sorridente, o Primeiro-Ministro Kossigin se despede do Presidente yankee no aeroporto, enquanto Podgorny deseja boa viagem à Src1. N ixon. Fotos !PS

N.º

2 5 9

JULHO

DE

1 9 7 2.

ANO

X

X

1 1 CrS 1,50


PEDRO ABELARDO, UMA VIDA VOTADA AO CULTO DA PROPRIA VAIDADE U

M HOMEM extraordinariamente do, tado de qualidades naturais, mas que levou a vida inteira e esbanjar esses dons recebidos da Providência, eis resumida em duas palavras a passagem de Pedro Abelar- · do pela terra. · Queremos focalizar alguns aspectos pouco conhecidps dessa figura singular, pondo-a sobretudo em contraste com um autêntico representante da mesma quadra histórica, cm que a Idade Média caminhava para o seu apogeu: São Bernardo de Claraval, o suave cantor da Virgem e pregador de Cruzadas. Pedro Abelardo nasceu no ano de 1079 na cidadr. de Pallet, perto de Nantes, na Bretanha. Seus pais 0 4' destinavam, como o primo~ gênito entre vários irmãos. à carreira das armas. Preferiu ele, porém, dedicar-se à vida intelectual e. como pomposamente nos conta. "abandonou A1(irle por lv/inervt1·. Muito cedo deixou o lar paterno. buscando dilatar seus

conhecimentos. Percorreu escolas famosas, uma após outra, nelas permanecendo o tempo suficiente para mostrar desprezo pelo mestre e para embaraçá-lo- com objeções, pois tinha

uma inteligência maravilhosa.mente penetrante, rara fluência de palavra. e não se embaraçava por demasiada modéstia. A presunção foi sempre o seu fraco. Encontrava particular praur em torneios dialéticos. nos quais revelava grande habilidade e via de regra deles saia vitorioS(\. Nesse inicio do século Xll1 o problema dos universais se achava na ordem do dia. encarniçando-se a luta entre nominalistas. conceptualistas e u1rra.. re.atistas.

Destru idor de reputa ções univer1it6rias Roscclino de Compicgne, máximo expoente do nominalismo, leci.)nava cm Locmenach, para onde se dirigiu Abelardo, não tardando a descobrir o ponto fraco daquela teoria e a formar uma opinião tão desfavorável do referido mestre. que omitiu seu nome na lista daqueles aos quais de qualquer modo se sentia devedor de novos conhecimentos. De Locmenach se encaminhou para Paris, atraído pela fama de Guilherme de Champeaux, a cujas aulas acorriam estudantes de toda a Europa. Vendo a considzração de que gozava o mestre, Abelardo resolve derrubá-lo de seu pedestal: seu triunfo seria tanto maior quanto enorme era a eminência do adversário. Não o deteve nem a dignidade nem o renome universal deste, e ousadamente e de público criticou sua doutrina ultra-realista. O venerável professor viu-se forçado a modificar sua admirada teoria. Movido, como sempre, pela ambição do prestígio, Abelardo resolve abrir nova csc.o la cm oposição à de Guilherme. Primeiro lecionou cm Melun, depois em Corbeil, c finalmente dentro da cidade de Paris, no Monte Santa Genoveva. Seu sucesso foi prodigioso. Posto que seu conceptualismo fosse na verdade tão frágil quanto o ultra-realismo de Guilherme. não se cansava de colocar cm ridículo o velho fi. lósofo e de fazer toda Paris dele se rir. O pobre Guilherme foi assim forçado a se retirar para a reclusão de São Vitor. Isto foi em 1108. Mas Abelardo não conseguiu sucedê-lo na cátedra. Em Laon empreendeu a demolição de outro professor, Anselmo, que não deve ser confundido com seu contemporâneo Santo Anselmo de Cantuária. Mas Mestre Anselmo de Laon não se deixou suplantar, tornando. pelo contrário, o ambiente hostil para Abelardo. que tratou de voltar para Paris. Ali o esperava a ambicionada cátedra na escola da Catedral de Notre Dame, que lhe assegurou um apogeu de glóna· mundana. "Pôde gabar-se de ter como disdpulos dois Papo.r, Ct!lesrino JJ e Celestino Ili, de1,eno-ve Car<Jeais, mais de meia centena de Arcebispos e Bispos, e eminentes eruditos como Pedro Lombardo, Oto de Freising. João de Salisbury. Pedro de Poitiers e Godofr,do de A ux~rre. Serla p:e7iso ter santidade em grau heróico para res1s11r a tamanha popularidade; Abelardo não era so,110 e caiu sob o oeso da vai~ade. "'A so,,herha precede a ruina: dir. ~ Sób,o, e o esp,rlto eleva-se 1111tes da queda" .\Prov. 16, 18)" (Ailbe J. Luddy. O. Cist .. L,fe and Tcaching of St. Bernard". Dublin 1927, p. 407). ' Depoi! de seu casamento com a desventura.d~ Helo,sa e de todos os aconteci.mentos deprimentes que se lhe seguiram, resolveu Abelardo abandonar o mundo para sempre e 102

mar o hábito beneditino na Abadia de Saint Denis, cm Paris. Mas professando a renúncia às coisas terrenas, não renunciou à arrogância e ao orgulho inteléctual. Não tardou em entrar cm conflito com o Abade e com a comunidade de seu mosteiro e em ser mandado para outra casa, na província, onde se defrontou com Anselmo de Laon e seus discípulos, que o denunciaram como rebelde à autoridade eclesiástica. O Concilio de Soissons, cm 1121. compeliu-o a recitar em p6blico o Credo de Santo Atanásio e a queimar com suas próprias mãos um livro por ele composto sobre a Santíssima Trindade o mesmo que agora é conhecido sob o título de "fheologia Christiana". Prisão em um mosteiro foi outra parte de sua sentença, mas desta se

Um mau filó.sofo -

livrou pela fuga. Asilou ..sc em um eremi1ério, n que deu o nome de Paráclito, perto de Troyes, resolvido a passar o resto da vida na solidão. Mas assim não devia acontecer. Seus d iscípulos descobriram esse lugar de refúgio e vieram em multidão procurá-lo. resolvidos a sofrer toda espécie de privações pelo privilégio de seguir suas lições. Essa escola do deserto devia durar apenas um ano, pois, tornando-se Suger Abade de Saint 0-enis cm 1122, chamou-o para seu mosteiro e lhe restaurou os direitos como membro da comunidade. Três anos mais tarde. Abelardo foi eleito Abade de Saint Gilda$, uma casa cluniacense si1uada perto de Vannes, na costa da Bretanha. Co mo Superior foi um desastre. Os Monges acabaram por conseguir que deixasse o mosteiro.

que foi muito pior como teólogo

Depois de passar vários anos em silêncio e na obscuridade, Abelardo reapareceu nas escolas de Paris e recomeçou suas preleções. Se ele se houvesse restringido a questões puramente íilosóficas, possivelmente o resto de sua · vida teria escoado em paz. Não que sua filosofia fosse isenla de doutrinas perigosas e errô· ncas. "Se o nominalismo de Roscelino tinha uma tendência materialista, se fJ ultra~realismo de Guilherme de .Champeaux levava logicamente ao panteísmo. com iguCll verdade se po-, de dizer que o co11ceplualismo de Abelardo continha os germes tia dúvida universal. E bem de ver que natla conhecemos ,Je qualquer coisa se nossas noções de ser, de subsrlincia, de causa, etc., s<lo puramente criczções mentais, não representa,ulo parcela alguma ele nossa experiência. Com respeito a esse setor de seu ensi.. namento, qualquer modo Abelardo foi o precursor, ncio dos grandes doutores escolásti• t:os. mas tios campeões do ceticis,no, rai~· como Descartes, Hume, K(l11t e Stuart Mil/" (obra cit., p. 409). Mas o que apressou o desastre na carreira universitária de Abelardo foram suas incursões no campo da teologia. Como ao tempo de sua juventude, os estudantes se acotovelavam cm torno dele durante suas preleções. O primeiro a levantar o alarma contra seus erros teológicos foi um simples Monge cisterciense, Guilherme de São Thierry, do Mosteiro de Signy. Dizia e.le em carta que escreveu aos dois personagens eclesiásticos mais influentes na França de seu tempo, São Bernardo e o Legado papal, Godofredo, Bispo de Chartrcs: "As proposiçõe.r que se seguem, eu as ex1raí de seus livros [de Abelardo] a fim de submetê-las ao vosso julgame:110:

ele

- Define" Fé como um" opinião [aestimatio] sobre coisas invisíveiJ·. - Di1.. que os nomes Podre, Filho e Espírito Santo mio têm sua própria significação em Deus, ma.r ape,ws servem para deJ·crever 11 plenltutle do Sumo Bem. - Que o Padre , todo poder, o Filho "''"' espécie de poder, e o Espírito Santo nenhum poder. - · Que o Espírito Sa11to 11ão é da substcincia do Padre e do Filho 110 mesmo sentido em que o Filho é da substâ11cia do Padre. - Que o Espírito Sa1110 é a alma· do mundo. - Que podemos querer e agir meritorillmente por meio de nossa faculdade de livre escolha, sem a assistlnciCI da graça divina. - Que não foi para nos livrar do poder cio demônio que Crlsto Se f ez carne e sofreu. - Que Cristo, o Deus-Homem , mio é a Segu11da Pessoa da Tri11tlade. - Que .no Sacramento do Altar os acidentes das substâncias naturais pernwnecem suspen:.·os 110 depois d" consagração. - Que o demônio faz uso das virtudes de objetos naturais para nos lnspirar sugestões más. - Que o que herdamos de Adão não é a mancha mas a pena do pecado original. - Que não há pecado a não ser na imenção má e ·no d~spre1.,o de Deus. - Que mío pecamos quando o,gimos sob a influência de concupiscênda, do prazer ou da ignortincia, p<Jrque enulo e.riamos apenas .reguindo a natureza''.

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Erros comparóveis ao• de Ario, Pclágic e Ncstório Não era do feitio de um homem reto como São Bernardo ficar inativo dianle da disseminação de tão graves erros por parte de quem ti· nha tamanho prestígio junto de seus ouvintes e leitores. Procurou o Bispo Goclofredo, Legado do Papa, e - como escreve o secretário e biógrafo do Santo - " com sua conhecida bo11dade e delicadeza" manifestou o desejo de "corrigir Mestre Pedro sem exp6-lo publicamente a vexame", propondo admoestá-lo cm segredo. Com anuência do Legado, promoveu uma entrevista com Pedro Abelardo e falou-lhe do perigo que ameaçava a Religião quando os mais sagrados de seus mistérios e verdades eram livremente esmiuçados e criticados em cada esquina, por jovens e velhos, sábios e ignorantes, nobres e rústicos. Abelardo sabia do abuso e o lamentava, mas se mostrou surpreso quando informado de que ele próprio era o responsável por aqueles danos, que seu método de ensino, sua preferê.ncia pela razão sobre a autoridade mesmo em questões puramente teológicas, vinham produzindo esse espírito de orgulho inteleclUal. São Bernardo também apontou a ele muitas proposições contestáveis extraídas de seus livros. Apesar de impressionado pela forte personalidade do Sanlo, o vencedor de uma centena de batalhas não se mostrava disposto a ceder sem luta . De modo que um segundo encontro foi fixado, ao qual São Bernardo, de acordo com o preceito do Evangelho, trouxe duas tes temunhas. Em uma terceira conferência, a resistência de Abelardo se achava inteiramente quebrada. Prometeu renunciar às suas perigosas doutrinas e corrigir todos os seus escritos de acordo com o desejo do Sanlo (obra cit.• pp. 415-416). Este voltou contente ao seu mosteiro. mas sua felicidade foi de curta duração. Abelardo. apoiado por maus conselheiros. especialmente o péssimo Arnaldo de Bréscia, seu discipulo e

amigo, retomou seus ensinamentos errôneos, e não se esqueceu de caluniar as intenções de São Bernardo, atribuindo-lhe ignorância e despeito. Provado que o culpado resistia aos meios suasórios, o Santo Abade não tardou a se valer de recursos drásticos para estancar aquela fonte de má doutrina: não somente preveniu os fiéis contra os ensinamentos de Mestre Pedro, mas contra eles escreveu ao Papa, a Car· deais e a outros dignitários, denunciando-os como erros e heresias. Eis um trecho de uma dessas cartas: "Seu car<íter [de Abelardo) pode ser conhecido pôr seus escritos. Notareis como esse nosso 1c6/ogo, com Ario, distingue grnus e proporções 11a Trindade, com Pe/ágio exalta o livre arbítrio acima da gr,zça, e, tlividindo Cristo como Ne.s tório, exclul da associação com us Pessoas da 1'rindaclc a tlSSumida naturer.a humana do Verbo" (obra cil., p. 417) .

Abela rdo toma a in ic iativa de um debate público Abelardo verificou que levaria desvantagem cm uma po'êmica C$crita. O debate oral lhe oferecia melhor chance, posto que já lhe dera oca~ião de derrotar os m3iores luminares de seu tempo. Resolveu, portanto. tomar a iniciativa de se defender cm discussão pública, das acusações de São Bernardo e de seus outros adversários . Naquele anc> ( 1140) ia haver um encontro de Bispos e nobres na Catedral de Sens. no primeiro Domingo d epois de Pentecoste.~. O próprio Rei Luís VII estaria presente com sua corte. O ensejo era a solene exposição de algumas preciosas relíquias. Abelardo não podia deseja r urn lugar mais público ou uma as-

sembléia mais augusta. para o que esperava ser a mais brilhante de suas brilhantes proezas. Escreveu assim ao Arcebispo de Scns. pedindo para ser confrontado com seu acusador. o Abade de Claraval, e que lhe fosse dada a oportunidade de reabilitar sua doutrina perante os Prelados que se iam reunir naquela igreja mc1ropolitana. O Arcebispo mostrou-se encantado com a perspectiva de oferecer tamanho entretenimento a seus hóspedes: a reunião devota seria convertida em um concílio. Informou o Santo Abade da prO!)OSta de Abelardo e instou a que a aceirnsse. São Bernardo, porém, via o assunto de modo diferente. Tinha fortes ra1.õcs para recusar cs.1,a proposta. Parecia-lhe imprudente fazer o triunfo ou a derrota da doutrina católica depender do resultado de um debate cm que as vantagens do adestramento e da experiência estariam do lado do erro, e onde a vivacidade das réplicas e a habilidade cm golpear e esquivar-se pesariam mais que a solidez dos argumentos. Além disso, a vitória da verdade em tal torneio não seria um tão grande bem quanto o mal que causaria a derrota. Portanto, recusou-se a comparecer. Depois, porém - escreveu ele ao Papa à vista da publicidade feita por Abelardo e do receio de que a recusa do debate "escandalitasse Ojº fiéis e aumenttzsse a ,wdácia do atlver.rcírio, consitlercmdo também que a heresia poderia ainda mais se firmar se não houvessi: QW!Jn a ela se opusesse: por essas razões, eles (os ami,gos do Santol me exortaram " aceiu,r o desafio, e por fim conse111i",

Triste epílogo de uma vida turbulenta No dia aprazado. São Bernardo, com seu hábi10 branco de Cisterciense, !ornou lugar na assembléia. Após ele, Abelardo entrou rcveslido do hábito negro dos Cluniacenses, precedido por Arnaldo de Bréscia e por um numeroso grupo de discípulos. "Quando ava11çou pela nave da igreja e fixou os olhos no Rei e os levou a uma fileira de mitras, foram eles atl'aídos por um movimento entre os Padres. Era São Bernardo. Estava abrindo caminho pelo meio da assembléia e tinha na mão um rolo tle pergaminho: reunia este os heresias colMdos teologia ,!e A belardo. Veio para a frente e leu-tis com sua voz clara e decidida. Fixou os olhos calmos em seu antagonista. e em tom de aworidade informou-o, em nome do concílio, tlc que ele poderill escolher entre três vias: defender as proposições, emendá-las ou negor que elas fossem suas. Num instante todos os olhares se voltaram para Abelardo. e os corações dnquela assembléia pulsaram forte enquan10 esperavam pelo som daquela voz be1n conhecida, que havia ecoado em vátias vitórias na arena da refrega intelectual. Abe~ latdó falou: "Não respontlerei ao Cisterciense, exclamou, apelo do concílio para a Sé de Ro1na". A assembléia, atônita, ficou sem vot. Os Bispos olhavam uns para os outros, surpresos. E roclós os f)resentes custaram a se recobrai' do choque quando se deram cóllla de que Abelardo havia virado as costas ao Rei, ao Legado e aos Bispos e, seguido pelos seus estupefatos discípulos, havia deixado li igreja" ( obra cit .. p. 422). O concílio fulminou ' 1não somente como falsa.r, mas também como heréticas" , umns dcz:ssete proposições extraídas dos trabalhos de Mestre Pedro, mas (apesar de seu apelo a Roma ter sido considerado não canónico) deixo u-o em liberdade. Devidamenlc esclarecido por São Bernardo, o Papa condenou Abelardo, ordenando que se queimassem seus livros onde quer que fossem encontrados. E le mesmo devia permanecer preso por toda a vida cm algum mosteiro. Não cabia apelo dessa decisão. de modo que, a conselho de Pedro o Venerável, o desastrado Mestre se dirigiu a Cluny. onde foi recebido. Morreu dois anos mais tarde, em 1142, cm Chalonsur-Saône, aonde, a conselho de seus Superiores. havia ido cm busca da saúde. Eis, em rápido cscorço, o verdadeiro retrato de Mestre Pedro Abelardo, bem diferente daquele que os donos das trombetas da publicidade e os senhores de baraço e culclo da litêratura universal costumam roman1icamente traçar. "Se o mundo vos odeia. diz o Divino Salvador, sabei que primeiro do que a vós, M e ()diou a Mim. Se vós fosseis do mundo, o mim·~ do mntu·ifl o que era seu" (Jo. 15. 18-19).

"ª

Cunha Alvarenga


PI i n i o

Corr·êa

ARA D EFI NIR NUMA fórmula concisa - se bem que algum tanto pedante - o que resultou de mais essencial do encontro de Moscou, pode-se dizer que as relações entre o mundo comunista e o não. comunista passaram da fase polêmica para a dialética. Em outros termos, antes das visitas de Nixon à China e à Rússia, a opinião pública ainda permanecia na convicção de que os dois mundos estavam em luta ideológica: o Oeste baseado em algumas verdades perenes e absolutas, herdadas do patrimônio espi ritual cristão, e o Leste afirmando como un1 dogma a relatividade e a mutabilidade de rodas as doutrinas . . . execro a do relativismo. Depois dos conciliábulos de Pequim e de Moscou, ficou implicitamente notificada toda a humanidade, de que para as superpotências não h á erros nem verdades absolutas, e todas as oposições ideológicas encontram sua solução, não na polêmica, mas no diálogo. Sim, o diálogo. Isto é, um meio labioso e macio de achar, cm cada pendência, uma situação intermediária. na qual ambas as partes se encontram . Cada uma cede um ranro de sua ideologia, e dessa barganha surge, não a verdade, mas a "verdade", isto é, um imórõglio qualquer, que ninguém toma inteiramente a sério, e que os acontecimentos se incumbirão de lcva,.r na· grande cn_xurrada da História.

Foi animado desse espírito, que Kissinger exclamou, depois do acordo: "A Rtíssia e os EUA poderão dialogar como mmca o /iteram no passado": Leonid Zamia1in, diretor do cen1ro de imprensa de M oscou. afirmou mais

ou menos o mesmo. - Para onde essa euforia dialética conduzi rá o mundo? A resposta é fácil. Basta ver para onde o está conduzindo desde agora.

••• Do lado soviético, num arligo do "Pravda", foi aprescn~1da uma interpretação do acordo, que dá margem a tudo. Afirma o jornal que a Rússia obteve· uma vitória diplomática, ao conseguir que os norte•americanos aceitas~ sem o fim da guerra fria, e o inicio de uma era de paz. O artigo acrescenta que esse êxito do Cremlin está na linha estratégica de Lenine. Ora, para Lenine, a paz é desejável sempre que pela frente esteja um adversário mais forte. E preciso então tirar partido da paz, a fim de superar o inimigo, em riqueza e poder. Isto obtido, os comunistas devem recomeçar a agressão. Explica-se assim a sofreguidão com que os soviéticos desejam receber financiamentos e apoio tecnológico das grandes nações não comunistas, como os EUA, a Alemanha e o Japão. Foi combinado cm 1".loscou que o Crcmlin e a Casa Branca estabelecerão desde logo comissões para ativar o intercâmbio entre os dois mundos (o intercâmbio entre o rico e o esfarrapado!) , e proporcionar, desse modo, à Rússia, as vantagens que almeja.

••• Enquanto assim cuida de enriquecer-se, a Rússia aproveita a paz do diálogo, ' para vibrar contra o Ocidente um terrivel golpe econômico. Pouco depois da visita de Nixon a Mqscou, o governo de Bagdad, do qual fazem parte comunistas, nacionalizou (entenda-se "confiscou") uma empresa de capitais ocidentais, a Jrak Petroleum Company, a qual, atravês de oleodutos que passam pela Siria e pelo Libano, fornece grande parte do petróleo usado pelo Velho Mundo. Segundo se infere do noticiário da imprensa diária, esse petróleo passará a ser exportado para a Rússia. E esta, benignamente, passará a fornecer petróleo russo para as nações ocidentais, às quais falte o petróleo iraquiano. Ainda segundo o noticiário, o Iraque, já agora pró-russo, espera que a Petrobrás comece a comprar-lhe o óleo de suas jazidas. Como não há guerra sem gasolina, as nações assim "favorecidas" pelo produto soviético. ficarão imobilizadas. ou quase, caso tenham a audácia de entrar em luta contra a Rússia.

•••

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A Síria, horas depois do Iraque, 1ambém confiscou os bens da grande

••~ empresa petrolífera. E o Líbano conservador estremece. Tudo isro sucede num ~ Oriente Médio já convulsionado.

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f

Com efeito, visiraodo a Pérsia logo depois da Rússia, Nixon foi recebido com bombas e atentados simbólicos, deflagrados pelos agentes dos mesmos

-< anfitriões que acabavam de o rcccpcioinar cm Moscou .

Ê a insurreição que

: ferve nos domínios do Xá. com o objetivo de impor também ali um governo Bde coligação pró-comunista, e drenar depois as imensidades de petróleo do ~ Golfo Pérsico para a esfera de influência russa.

a

o

leitor, ao considerar seriamente esse íeixe de notícias sinistras, por

de.

Oliveira

certo se assustará. Não sei se Nixon se assustou. Em caso aíirmativo. seu susto terá sido de curta duração.

••• Com efeito, logo depois de visitar o Irã. Nixon voou para Varsóvia. Ali , aclamou-o uma população delirante de entusiasmo. que nele via o possível salvador do pobre pais esmagado pelos comunistas. Nixon discursou. E nada de melhor achou do que faier, a:os desditosos varsovianos, o elogio dos progressos alcançados pela Polônia depois da segunda Guerra Mundial. Ou seja. sob a ditadura comunista . . . Ao ouvir isto, o que teriam pensado as familias dos. operários que há menos de um ano atrás se rcvollaram em Dan1zig, movidos pela miséria?

Foi com este golpe nas esperanças de libertação da Polônia que Nixon deu uma prova - e que prova! - de sua sinceridade no diálogo com Moscou. Em Teerã. acabava etc de receber uma prova da insin~cridade dos soviéticos . . .

••• Assim, a Rússia vai aproveitando a paz dialética para ir se enriquecendo e depauperando o adversário. Mas para preparar a terceira Guerrn Mundial, isto não lhe basta. e,.lhe necessário, ainda, levar os norte-americanos a aceita· rem o declínio de sua influência mundial e de seu poderio militar. Quanto à retração da influência americana, aceita-a clara. se bem que implicitamente, o Presidente Nixon, no discurso eufórico que dirigiu ao Congresso de seu país. Disse ele que os EUA conservavam suficiente poderio para se defenderem a si próprios contra uma agressão russa. Nenhuma palavra acrescentou quanto à defesa do restante do mundo livre. Em outros termos, a América do Nor1e se dessolidari,.a dos outros paises não cornunistas. expostos assim à sanha de Moscou. Mais especialmente sobre a América Latina, ccrlos telegramas dizem que Nixon tentou obrcr dos soviéricos um abrandamento do seu esforço subversivo nesta parte do globo. Como os soviéticos recusassem, o Presidente yank.ee teve que renunciar a qualquer referência aos países latino•americanos no comunicado conjunto. Como vão longe os dias de Monroe .. .

••• Ao mesmo tempo, os EUA começaram a reduzir solícitamente seu esforço de guerra. O Secretário da Defesa, Melvin Laird, ordenou logo a suspensão' de lodos os projetos militarc-s que violam o tratado sobre a limita· çãh de armas estratégica.s, assinado em Moscou . / - Que garantias tem Nixon de que a Rússia fará o mesmo? Segundo l<issinger, os meios de fiscalização dos EUA sobre o desarmamento russo ~ão efetivos. Pelo contrário, James Reston, colaborador do "Ncw York Times", rec.onhccc que não há meios seguros de comprovar o cumprimento dos acor· dos pelos soviéticos. Esse ponto absolutamente essencial fica, po,s. na incerteza. Temo que o mundo venha a pagar caro essa incer1ez.a!

••• - Mas, dirá alguém, Nixon terá enlouquecido? - A hipótese é evidenicmentc inaceitável. James Reston, sem aludir diretamente ao Presidente, colocou o problema em termos bem claros. Se alguém acha possível que os soviéticos estejam de boa fé, terá razões para esperar que a polírica de Nixon evite a guerra. Se, pelo contrário, considera impossível a boa fé soviética, deve admitir que a polirica de Nixon não evita a guerra. E, de minha parle, acres· cen10 que essa politica prepara a guerra, na medida em que dá meios aos russos para se fortaleccrern e se atirarem depois contra os E UA . Que Nixon, um homem de pouca doutrina e muito pragmatismo, acredite na palavra empenhada por Moscou. apesar do amoralismo visceral do marxismo. não espanta. O que, para mim. fica sem explicação é como possa ele ter abandonado à sanha russa codo o mundo livre, inclusive a América Latina, chegando até a fazer a apologia da ocupação russa diante dos pobres polonescs. . . isto tudo no momcnlo cm que, no Orien1e Médio, a R(1ssia vai devorando jazidas petroliferas denire as principais do mundo, e pondo assim de seu lado recursos inapreciáveis para ganhar uma nova guerra. Seja como fôr, cesso meus comentários sobre o conciliábulo de Moscou. A História algum dia esclarecerá os fatos, e os julgará. E, mais do que tudo, os julgaró Deus no grande dia do Juízo- último.

3


Com o exorcismo publicado por ordem do Papa Leão XIII, "Catolicismo" inicia uma nova secção que apresentará ôrações menos conhecidas, mas muito úteis e atuais. A oração que estampamos hoje é destinada ao uso tanto dos Clérigos como dos simples fiéis e não deve ser confundida com o Exorcismo do Ritual Romano, cuja recitação é reservada aos Sacerdotes autorizados. Sobre sua oportu· nidade, lembramos as palavras do Exn10. D . Anto1úo de Castro Mayer, em sua Instrução Pastoral sobre a Igreja, de 2 de março de 1965: "Talvez mais do que em outros tempos, tem hoje atualidade a reza freqüente do exorcismo de Leão XIII contra Satanás e os anjos apóstatas. Recomendamo-la vivamente aos Nossos amados filhos" ("Catolicismo", n.º 175, de julho de 1965).

t:uno. Revmo. O. Francisro 1'.Atyek. &xurca Apo.\1Ólico Maronita para os ~1ndos Unidos, Grosse Pointc Park~ Michigan (EUA): ''Com os melhores votos e agradecimentos pelo jornal CA·

TOLICISMO"'. Exmo. Revmo. Mons. Antonio S. Sola, Soro· c.<ba (SP): ""Acho (CATOLICISMO) ó timo··.

EXORCISMO CONTRA SATANÁS E OS ANJOS · REBELDES Publicado por ordem do Papa Leão XIII

Oa. Candida Bnoho Rocba, ltapirn (SP): "M inha apreciação com referência a CATOLICISMO: Muito bom".

EM NOME OE Jesus Cristo, Oeus e Senhor Nos.<o, .por intercessão da Imaculada Virgem Maria. Mãe de Deus. do Bem-aventurado Miguel Arcanjo, dos Bc,n-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e de todos

perdida por leu ódio Se humilhou a Si mesmo, fazendo-Se obediente até a morte; que edificou sua Igreja sobre a rocha firme, e decretou que as porias do inferno nunca prevalecerão concra Ela, porque per· mancccrá com Ela lodos os dias, até a consumação dos séculos. Ordena-te a virtude ocuha da Cruz t e o poder de 1odos os mistérios da Fé cristã t. Ordena-te a gloriosa Virgem Maria, Mãe de Deus t , que cm sua humildade esmagou, desde o .primeiro instante de sua conceição imaculada, tua cabeça cheia de soberba. Ordena-te a fé dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e dos outros Após1olos t. O rdenate o sangue dos Márlires e a piedosa intercessão de todos os Santos e Santas. AS;sim, pois, dragão maldito e toda legião diabólica, nós 1c conjuramos pelo Deus t vivo, pelo Deus t verdadeiro, pelo Deus t santo, -por Deus que amou o mundo a ponlo de entregar seu F ilho Unigênito, a fim de quantos creiam nElc não pereçam. mas tenham a vida eterna: cessa de enganar as criaturas humanas e de lhes oferecer o veneno da perdição eterna; cessa de fazer mal à Igreja e de armar laços à sua liberdade. Vai.te, sat:rnás, invenror e mestre de toda mentira. inimigo da salvação dos homens. Dá lugar a Cristo, cm Qucn, nada encontraste de tuas obras. Dá lugar à Igreja, una, santa, ca16lica e apostólica, que o próprio Crislo adquiriu com seu Sangue. Abai-

os Santos, empreendemos com segurança,

xa-te sob a mão poderosa de

repelir os assahos da astúcia diabólica.

e foge à invocação que fazemos do santo e 1errívcl Nome de Jesus, a Quem os infernos teOlcm, a Quem estão sujeirns as Virtudés dos Céus e as Potestades e as Dominações: a Quem os Querubins e Serafins louvam

Oração a São Miguel Arcanjo GLORIOSÍSSIMO PRÍNCIPE da Milícia Celeste, São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos malignos espalhados pelos ares. Vinde cm socorro dos homens que Deus fez à imagem de sua própria natureza, e resgatou por grande preço da tirania do demônio. A Santa Igreja vos venera como seu guarda e protetor. Confiou-vos o Senhor a missão de introduzir na felicidade celeste as almas resgatadas. Rogai. pois. ao Deus da paz que esmague satanás sob nossos pés, a fim de que ele não mais possa manter cativos os homens e fazer mal à Igreja. Apresen1ai ao Altíssimo as nossas preces, a fim de que sem tardar o Senhor nos faça misericórdia, e vós contenhais o dragão, a antiga serpenle, que é o demônio e satanás, e o lanceis encadeado no abismo, para que não mais seduza as nações.

Exorc ismo

Salmo 67 LEVANTE-se Deus e sejam dispersados os seus inimigos,• e fuj:.,m de sua presença aquelc.-...quc O odeiam. Dcsvaneç-am-se como se desvanece o fumo;• como se derrete a cera ao calor do fogo, assim pereçam os pecadores ~l vista de Deus. V. Eis a Cruz do Senhor. fugi po1ênci;ls inimigas.

/1. Vence o Leão da tribo de Judá, a estirpe de David. V. Venha a nós, Senhor, a vossa mise· ricórdia. 11. Como esperamos cm Vós. Nós TE EXORCISAMOS, quem quer que sejas: espírito imundo, poder salânico, hor.

da do inimigo infernal, legião. assêmbléia ou seita di'abólica. Em nome e pelo poder de Jesus t Cris10 Nosso Senhor, sê extirpado e ex;pulso - da Igreja de Deus, das almas criadas à imagem de Deus e resgaiadas pelo Sangue Precioso do Cordeiro Divino t. Não ouse., mais. pérfida serpente, enganar o gênero humano, perseguir a Igreja de

Deus, atormentar e joe irar como o trigo

os cleilos de Deus t. Ordena-te o Deus AI· tíssimo t, a Quem cm tua grande soberba. pretendes ainda lc igualar; e que quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Ordena-te Deus Padre t; ordena-te Deus Filho t; ordena-te Deus Espíri10 Santo t. Ordena-te Crislo, Verbo c1crno de Deus feito carne t , que ,para salvar nossa raça

4

Deus, treme

Rcvmo. Pc. Severino Xuvicr, Casa dos Jesuítas.

Russas (CE): "Com os parabéns pela luta indô· mita da TFP'', Or. Raimundo da Costa Machado, Ocirns (f'I):

··[ ... J o.sse benemérito mensário"'.

Dr. Nelson Scnnfamburlo. Santa Cnn das Pai· mcirns (SP): "Minha apreciação com referência

a CATOLICISMO: bom. Continue".

Gt'atral Btnedicto Cunhe, Pindamonhangaba (SP): "Minha apreciação e sugestões com refe.

réncia a CATOU.CISMO: Apreciação ótima e nenhuma sugc.s tão".

Sr. francisco Witzlcr Filho, BoJucatu (SP): .. ótimo [CATOLICISMO! e pedimos :i Deu$ que os ilumine sempre, cm defes.a do que temos mais

s:,grado··. Sr. .Evandro Campos, T•ubaté (SP): .. Gosto muilo do jornal. Doutrinário, equilibrado. mas enérgico e incisivo quando preciso. u,n au1ên•

e

tico defensor da nossa Igreja".

Da. Maria de Lourd-cs Lins Ataide, Maceió

(AL): "Renov,.mos a «ssin:11ura do CATOLICIS· EM NOME do. Padre, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Rcvmo. Pt. José Gumercindo Suntos, Salvador (BA): ··Gosto imensamente de CATOLICISMO"'.

MO, jornal digno de todo o nosso respeito e ad· miração. Nada temos a acrescentar como sugestões:, pois n din::çiio do mesmo sempre nos proporcionou o máximo no que se relaciona aos pro · blcmas rclig.iosos1•• Da. Cornélia A. Carvalho de OlivClra, Guara, tioguctá (SP): .. Considero CATOLICISMO um jornal cuja difusão i uma necessidade para que os menos esclarecidos tenham a oportunidade de ve,

rcm abertos os seus olhos às realidades a.tuais. E:. corajoso e apresenta ns questões de maneira a não deixarem margens a contestações. ·~ claro. como sói ser unicamente o que exprime a verdade. Sou sua leitora assídua e não apresento su, gestões pôr achá,las desnecessárias".

Rcvmo. Pe. Pedro Avila Mogda, C. SS. R .. Apartdda (SP): ···t . . , I venho acusar o rcccbimcn· to de vários exemplares do inigualável jotnal, que

tanto prezo, CATOLICISMO. Agradeço os exemplares que falam tão alto das glórias de nossa querida •· Noss~1 Senhora Aparecida'', e agradeço também de modo especial ao jovem, que sem me conhecer. e sem sequer no· mcar o próprio nome, teve a imensa gentileza de atender o pedido de um Sacerdote e admirador "de seu jornal e de seu desten\or na defesa das sãs tradições, • do Evangelho. · Com os agradecimentos dirijo a Deus o meu mais sincero e cordinl "Deus lhes pague"!"

Sr. M. S. P., Siio Paulo (SP}: "'Os Srs. gostarão de Sàber que a "Gazeta Come1·cial' 1, de Jui1. de Fora, publicou uma crônica de Nunes Pires, •no Sup1emento Literário, começandt.' com estas con• sideraçõcs: "São Paulo, J917. D.lmas e cavalheiros, crianças e velhos dirigem.se pata a Catedral provisória onde se desenrolarão as solenidades da Scma.na Santa, com a pompa e o cerimonial que tornam acessíveis a todos a idéia da sublimidndc da Paixão. / Este quadro vem à mente, quando se

pcroorre as páginas de CATOLICISMO deste mês. que transcreve parte da pregação do então Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e

Silva, profundo conhecedor da Sagrada Escritu-

ra e orador sacro realmente notável". Segue...se a

transcrição dos primeiros parágrafos do sermão''.

Da. l,ldia de Pauta Castro, Campinas (SP): "Consideramos esse jornal pe1feito em todos os sentidos. Cumprimentamos o red;,tor' ',

Sr. Carlos Agullar, Santos (SP): '"CATOLICIS· MO sempre combatendo o bom combate''. Da. Goorgirut Soares Menezes, Vnud.rcull Hull, Província de Qucb<c (Can•d4): " Escrevo apenas estas duas linhas para vos dizer que este cheque vos mando é para vos pagar o vosso jornal. que muito prazer nos dá ao receba-to". Sr. Manoel Jorge Tavares. Batatnis (SP): "A princípio, cu não dava muita atenção " este fa. buloso jomnl; mas um determinado dia eu me dispus ::, Jê .. 10, e pude observar que estava perdendo uma das leituras mais sadias da imprensa. e agora sinto falta desta divulgaç5o; p0r isso aqui vai a minhn assinalura". Sr. Mi:.rio Ger:,ddo Silva, Pirassununga (SP):

··Excelente, leal e corajoso [CATOLICISMO):

1• . •1 Aproveirando o presenlc ensejo, solicito-lhes a fineza de remeterem-me, pelo Reembolso -Poslal, o livro de O. Antonio de Castro Mayer, re, ferido cm um dos últimos números de CATOl.. lCISMO''.

• Providenciamos a remessa do livro do Sr. füspo Diocesano.

Sr. F•li,c Guisnrd Nctto, Taubaté (SP): "O CATOLICISMO é o jornot q ue nunct1 deve CS· rnr ausente de nenhum lar cristão, por modesto que seja, principalmente nesta hora em que as heresias ptetendem minar as bases do reino de Deus na terra, o que jamais conseguirão: as portas do inferno jamais prevalecerão contra ele".

Prof. A. da Silva d'Azevedo, São Paulo (SP):

··oe vez em quando. o CATOLICISMO vcrs,, ••· sun1os marianos. singularmente. os que se ligam a Nossa Senhora de Fátima. Lemo-los sempre c-o m apraz.imento, vis10 como sentimos na Mensagem de Fátima, a mais sensível manifestação dos Céus, ~r:, o:s temJ)O:s modernos. Há anos, recordo que apareceu um ;utigo, no qual se narravam delicadcz.1s espirituais da me• nina Jaci1Ha. a qual. apesar de criança não tolerava certas liberdades. Gostaria que, sendo possível, tornassem a lcm· brar-nos dos fatos relacionados com es,ta venturosa Vidente, que Nossa Senhora houve por bem levar para <> Céu, ainda na infânda. Tenho umas vagas lembranças de que, quando Jacinta estava no Hospilal, disse algo que hoje viria muito a propósito, rel:Hivamentc a certas (j .. bcrdadcs que por ai correm. Como o mês de maio está próximo. suponho que o temêt de Fátima. cm seus múltiplos :is-oectos, não será esquecido pelo nosso CATOLICISMO"". • A sugestão foi atendida com os textos pu. blie.ados na secção de "Verdades esquecidas" de nosso número de maio.

num num concerto sern rim, dizendo: Santo

Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos. . V. Senhor, escutai minha oração. /1. E chegue até Vós o meu clamor. (Os leigos omitem o V. e a R.. ,fegut'ntes). V. O Senhor seja convosco. R. E com o vosso espírito. Oremos. Deus DO Cév, Deus da terra, Deus dos Anjos, Deus dos Arcanjos, Deus dos Pa1riarcas, Deus dos Profetas, Deus dos Apóstolos, Deus dos Mártires. Deus dos Confessores, Deus das Virgens. Deus que tendes o poder de dar a vida após a morte, o repouso após o trabalho, porque não há outro Deus além de V6s, e não pode haver outro senão Vós, o Criador de todas as coisas visíveis e invisívejs, cujo Reino não -..~, a fim: s uplican10s humildemente à vossa glor iosa Majestade que Se digne libértar-

CO LE ÇÃO "DIÁ LOG OS SOCI AI S" A prese11u1çii(J resumi<Ja e .rubs1anciosa dt vários 1cmas d11 prol>lcmátic<, ,.:omunismo...<mticomunismo /arg,m1t1ttc l't:r.rados ml público. apresentados na mesma linguagem de que estes cosumwm se rc,•estir mi.t conversas caseiras e nos c11con1ros de rua. Colocmn ao alcance ,lo grande público t1rgmne11t()J que podtm premum'r ti$ pessoas rett,s co111ra II i11s;,uosa propagant/11 do socialismo e do com1111is mo.

1 - A propriedade privada é um roubo? A propriedade privi\da: direito sagrado ou privilégio odioso?

2

• Devemos trabalhar só para o Estado? A propriedade privada: como pode servir ao bem comum? Q~al a sua função social?

nos com seu .poder e gua rdar•nos inc61umcs

de lodo domínio, laço, ardil e perversidade dos espíritos infernais. Por Cristo Nosso Senhor. 11. Amém. Dos e mbus tes do demônio, livrai•nos,

Senhor. Que vossa Igreja Vos sirva em tranqüila liberdade, nós Vos rogamos, ouvi.nos.

Que Vos digneis confundir os inimigos da Santa Igreja, nós Vos rogamos, ouvi-nos. ( E ns1>erge-se o illgar com água benta).

l!dltoni V..-n Cruz Ltda.

Rua Dr. Marthtlco Prado 146 01224 - Sii1> Paulo, SP

3 - É anti .. social ·economizar para os filhos? ~ Propriedade privada e classes: sociais, servidorns ou inimigas da famllia?

CrS 1,00 cada; CrS 2,00 a coleção


,,

MODELO

"PROFETICO"

PARA

UMA

REFORMA

DA

IGREJA

A IGREJA-SUBTERRÂNEA NOS ESTADOS UNIDOS O

APARTAMENTO DE Mr. X está preparado para receber os convidados. Mr. X tem un, posto de influência num jornal norte-americano de grande circulação e conta com muitas amizades nos meios universitários, artísticos e jornalísticos. Seus convidados vão chegando e tomando lugar no vasto /iving. Entre eles há católicos, prote.s tantes e um budista. Por fim chega o Padre Y. A conversa gira em torno dos resultados das últimas prévias eleitorais. da guerra no Vietnã e da Presença real na Eucaristia. Um dos .presentes, publicitário que fatura boas comissões mensais como agente de importantes organizações industriais, ataca com veemência o governo federal por não conceder maiores créditos ao Presidente Allende. Uma jovem senhora diz que está prestes a abandonar a Igreja Católica porque seu Pároco - um reacionário consumado que ainda usa batina - vem defendendo com insistência a doutrina exposta na Encíclica "Humanae Vitae". Encerrando a primeira ,parte da reunião, o Padre Y lembra a todos o dever de se "engajarem" na luta '' pelos direitos civis" e adverte aos que tiverem problemas como o da senhora favorável às pílulas, que a atitude de sair de uma ''denominação religiosa' ' para entrar noutra, é coisa ultrapassada em face do ecumenismo "que caracteriza a mentalidade adulta'' de nossos dias. "Todos formamos o povo de Deus - diz o reverendo - e a .prova disso é que, juntos, vamos celebrar a Eucaristia" . .. O dono da casa e seus convidados acompanham o Padre e sentam•se em torno de uma grande mesa, num canro do Uving. Sucedem·se as leituras, os cantos ( adaptados a melodias de iazz) e a distribuição de pão e vinho. Para 1 ' cclebrar a paz'\ todos dançam ao som de uma gravação estereofônica. Depois se despedem e vão cuidar da vida. Terminara mais uma reunião de uma das par6qui<ts /lurua,1tes da "Igreja-Subterrânea" dos Estados Unidos.

Um movimento subterrâ neo à luz do dia Não é s6 nos Estados Unidos que existe uma Igreja-Subterrânea. Produtos da disseminação dos "grupos proféticos ... promovida pelo monstro publicitário chamado IDOC, sobre cuja atuação '"Catolicismo" vem alertando seus leitores desde 1969, fenômenos semelhantes são identificados entre os progressistas holande.ses. franceses, alemães, espanhóis, italianos, chilenos. Entretanto é na América do Norte que esta forma de contestação religiosa está mais difundida e, como é compreensível, é também SO· bre sua atuação enlre os nortc· amcricanos que há mais dados publicados. Ali a Igreja-Subterrânea, ou Undergro1111d Church, compõe-se de grupos de quinze a vinte ,pessoas, geralmente recrutadas entre professores. engenheiros, jornalistas, profissionais do rádio e da televisão, publicitários, advogados, pequenos empresários. Reúnem-se em casas particulares, às vezes alugadas para isso, realizam debates ou colóquios e celebrações euCllrísticas. Tais reuniões contam muitas, vezes com a presença de Padres católicos ou . ministros protestantes, não se dando importância ao fato de alguns desses Padres estarem suspensos de ordens. Segundo uma estimativa autorizada, há cerca de cinqüenta Sacerdotes atuando cm funções diretivas no movimento ("Nunc et Semper.. , caderno n.0 7, apud boletim ''CIO"., Madrid, de 30-4-69, p. 5). Apesar de se chamar a si mesmo de subterrâneo, esse movimento goia de ampla publi· cidade e até do apoio de certos jornais católicos c leigos. Tem merecido boa promoção por parte da revista "Time", e :i conhecida "America", dos Jesuítas (cujo editor foi, durante muitos anos, o falecido Pc. Curtney·Mur~ ray, membro do Comité do IDOC do., Estados Unidos), apresentou, em seu número de 18 de maio de 1968, a U11dergrow1d Cl111rclt como modelo para uma reforma da Igreja. O Pe. Rocco Caporale, S. J ., professor de sociologia da Sai,u 10h11 U11iversily. de Nova York. realizou uma pesquisa sobre a Under· ground Churclt e afirma que existem nos Estados Unidos dois a três mil desses grupos subterrâneos, cujos membros têm de 25 a 45 anos de idade. Já o Dominicano Pe. Matthew Fox

avalia em 50 mil o número de adeptos ( apud "Jornal do Brasil", Rio, 24-5-69). A opinião mais sensata. enlretanto, parece ser a de ,1ma articulista da revista "Ligorian", dos PP. Redentoristas de Liguori, Missouri, que em agosto de 1968 afirmava: "Minha impressão ij de que, em termoi puramente numéric<>si a Under• ground Church é muito pequena [ •.• ]. Eu penso que a Underground Church atraiu especialmente um grande nrímero de pessoas inte. ressadas em religião, por exemplo : padres e ministros, /reiras de vanguarda, professores de religião ou professores em escolas religiosas e leigos que por uma ou outra via tê,n alguma experiência no sislema da Igreja institucional''. A composição desses grupos está inteiramente na linha do ativismo .preconizado pelo IDOC e explica a influência que exercem . . . Re.s umindo a origem da lgreja•Subtcrrânea, explica o Pe. René Laurentin (IDOC-França) : "os católicos subterrlineos percebem que o cris• tianiJ·nu> não pode ser Yivldo de maneirt1 indi· vidua/isl(l, diante de sua consclência apenas: que ele é comunhão no Cristo. Ele.r se relÍnem, pois, em grupos mais ou m enos comuni• tários que procurmn. viver um cristhmismo centratlo no Evangelho e 110 mundo atual, tl mar· gem das estruturas. que lhes parecem asfixiantes ou amiqua,ias. Realiwm experiências que julgmn necessárias para preparar a renovaçclo bloqueada pelas estruturas: têm sua liturgia experimental, seu ecmnenismo "de base", pronto para a interco11wnhão, seus engajamentos contra o racismo, a guerra no Viemã e contra todas as formas tle opressão" {Rcné Laurentin, .. L'Amérique Latine à l'heure de l'enfa-nte· ment", Ed. du Seuil, Paris, 1968, p. 23) .

Teologia profética: a morte da re ligião Sofrendo por mais de quatro séculos as investidas de uma conjuração anticristã. cada vez mais ousada e poderosa, a sociedade oci· dental foi lentamente se afastando da influência da Igreja, que a modelara desde o início da era cristã e sobretudo na Idade Média. Do livre-exame passou ao filosofismo, do filosofismo ao agnosticismo, deste ao laicismo e, fi. nalmentc, ao materialismo. A _tal ponto, que hoje se pode chamar nossa sociedade de neopagã. Diante desse processo frontalmente dirigido contra Ela e contra sua obra, a civilização cristã, a Santa Igreja reagiu sempre à altur-.1, reafirmando os princípios recebidos de seu Divino Fundador e condenando, um após outro. os erros e desvarios da sociedade emancipada. Hoje, pelo contrário, os progressistas querem que a Igreja, a pretexto de aggiornamento, de sôfrega atualização, Se desfaça de sua imagem sobrenatural, calque aos pés sua doutrina di· vina e adote como modelo o mundo que foi contra Ela forjado. Não estranha, portanto, que a Igreja-Subterrânea, posição avançada do progressismo. tenha como fundamento de sua teologia • ade· são dos católicos, sem restrições, às últimas inovações da sociedade materializada. Foi o que declarou o Pe. Theodor Steeman, sociólogo holandês. ao encerrar uma reunião organi· zada pelo Departamento de Teologia do Colégio jesuíta de Boston, sobre a Igreja-Subterrânea : "Precisamente aqueles que se sentem ''em casa" n esrn sociedade norte-americana não vêem já nenhuma necessidade de continuar lewmdo essa existência tipo "ghet10", de manterse na defensiva contra os valores e "ways of li/e" norte•americanos, e gostariam de ,nover..se livremente na sociedade a que pertencem, configurando s ua vida cristã em forma adequada e positiva'' (boletim "C10 ·•, p. 8). Assím como têm sua teologia, os católicos· subterrâneos têm seus teólogos e também suas teólogtJs, que são as mais radicais. Uma delas. Mary Oaly, vê na recusa do sacerdócio às mulheres um inconfessado desprezo pelo sexo fe. minino. Rosemary Radford Ruether, professora de Teologia na Universidade de Howard, tem uma explicação para a posição teológica da Igreja-Subterrânea . A seu ver, há uma tensão entre os dois aspectos da Igreja Católica: a instituição histórica e a comunidade escato· lógica. O papel da U11dergro11nd Cl111rch é o de estabelecer o equilíbrio entre esses dois aspectos. A Sr?. R uether deseja que toda a Igreja passe por esta espécie de morte a que cha-

rilam •·a morte da religião''. Assim seriam remediados dois excessos: de um lado, a "esnu,. gadora força reacionária da crisumdode institucionalii,oda" e , de outro, ''a ineficiência do espírito profético e apocalíptico, quando este não está encarnado nas estruturas sociais e hist6rias'' ( Laurentin, obra cit., p. 25 ) .

Uma Igre ja sem fronteiras Nascida do espírito ecumênico mais extremado, a Igreja-Subterrânea julga o ecumenismo ·já ultrapassado. De um lado, porque o próprio Catolicismo, segundo ela, não é mais um todo coerente. como o provariam as discussões do Concílio e as reações à "Humanae Vitae". Sustenta Rosemary Ruether que é absurdo fa. Jar de uma "fé comum", pois nunca vicejaram em uma comunidade cristã tantas interpretações diferentes sobre o conceito cristão fundamental da fq, como hoje na Igreja Católica. Considerar o Catolicismo romano como uma comunidade não representa mais do que uma concepção jurídica (boletim "CIO", p. 6) . Por outro lado. já não tem sentido a promoção da unidade das religiões, pois o "povo de Deus" formaria uma grande igreja, englobando as diferentes confissões cristãs, para além dos particularismos doutrinários e institucio· nais. Não estamos mais na época da Reforma protestante ou da Contra-Reforma, nem mesmo no tempo do ecumenismo: os problemas que se põem são, afinal de contas, idênticos em todas as confissões cristãs e nenhuma dentre elas p<Jde pretender razoavelmente que detém sozinha as vias da salvação ("Etudes" , julho de 1969, pp. 123-124) ! Para esses profeta;· da Igreja-Nova, tanto as heresias mais absurdas como as sagradas ver• dades da doutrina católica são •'como a floração de uma multiplicidade de dons e o cre.rci· mento trans bordante de carisma.t que restemu1,ham a presença e a ação d<> Espírito no Povo de Deus'' ("Etudes", pp. 123-124). Nessa igreja sem fronteiras, não haveria ra· z.ão para alguém dela sair óu nela permanecer. Seria ··reacionarismo" - como afirmou â fogosa Mrs. Ruether na reunião da Faculdade dos Jesuítas - pois seria admitir ainda as velhas fronteiras entre "os de dentro.. e .. os de fora" (boletim "CIO". p. 7).

Liturg ia su bterrânea Lugar de destaque nas práticas da Igreja-Subterrânea é ocupado pelas celebrações litúrgicas. Aliás, é sabido que a falsificação da liturgia tem sido importante veículo de propaganda modernista desde antes do Concílio. Seguindo a mesma linha de ação, os contestadores subterrâneos se utilizam da liturgia como meio para transformar a própria estrutura da Igreja. Reali1.ando suas festas eucaristic,1s cm casas particulares, eles frisam a necessidade da subslituição da lnstituição pela comunidade. Como a Presença real e.stá entre os dogmas discutidos por eles, pode-se calcular a . que extremos não chegam em suas celebrações. Muitas vezes estas são o produto de uma imagina· ção e um sc.nlimenta1ismo exacerbados, com que comemoram fatos da vida de algum dos membros da comunidade~ ou quaisquer outros aconaccimcntos. como, por exemplo, a morte de Martin Luther King. Mais cornumente, po· rém, é um arremedo da Santa Missa que constitui sua liturgia. Estas festas eucarísticc,s .podem ser presididas por Padres católicos em uso de ordens, ou delas suspensos, por m inistros protcs1antes ou por simples leigos. A todas ó atribuído pleno valor eucarístico. Entre os postulados dessa nova liturgia sobressaen, o da dessacralização das solenidades.• com o sacerdócio dos leigos. o da substituição das cerim8nias da manhã do domingo, a que chamam de ordálio, pela festa do sábado à tarde, e o da substituição da paróquia pelo grupo de amigos e de parentes.

Gue rrilha religiosa Para a Sra. Ruether "a Igreja Ct116/ica é a 1íltimo instituição 3·obrevl'vente tio "Ancien Ré· glme", que foi tlerrubado pe/tls re,10/uções li~ bcrais dos séculos XVIII e XIX". Efetiva;nen,tc - continua ela - ..já há muito tefnpo não existe explicação para este passado que está ele

,w /grejll, tlicmte dClquela Revolução. Nclo que se pense com gosto em as.mlu" barric.:atlas, mas sem violência tampouco pocler. .se~á reali· zar alguma coisa,, pois os que estão no poder raramente o deixam. salvo se forem empurr"· dos para uma siwaçiio em que já não tenham mais

owra al1eniatiV<1" (boletim "CIO.', p. 7). Estamos, pois, diante de um caso de ver• dadeira guerrilha religiosa, de uma ação dlrc ta contra a estrutura hierárquica de que Nosso Senhor dotou sua Igreja. quando A fundou. E é lógico que assim procedam. Partindo da idéia de que a Igreja deve ser uma sociedade democrática, cm tudo igual às demais, do mundo de hoje, com facilidade chegam à conclusão de que a Igreja hierárquica, como seu Fundador A concebeu, não Se enquadra no mundo esquerdista a que aspiram. Justificam-se os teólogos subterrâneos com a doutrina de que o Concilio "deu aos leigos J·eu verdaciet"ro lugar e afirmou a necessitlade, para ti lgl'eja. de "se delxar modificar pelos (/e,·t1fios que lhe lança o m1111do" (Theodor Steeman , artigo no .. IDOC-lnternational", n.0 3) ( ... ]. A amorldade religiosa praticamente torna·se uma emanaçclo tia base. o que é lógico, não se distinguindo mais a Igreja das outras s<>ciedndes l11mw1ws [ . . . ]" ("Eludes", p. 123) . Assim se abre caminho para a organização de verdadeiros soviets nas fileiras da Igreja, como propôs a trêfega Mrs. Ruethcr na reunião realizada sob o patrocínio dos Jesuítas de Boston . Seriam conselhos independentes que riva1izariam com os conselhos oficiais e seriam chamados a se afirmar como verdadeira voz do "eleitorado". Outros, como o Pe. Burton, S. J., prevendo o malogro da via eleitoral, vão mais adiante: "a exlstência cristã é uma exlsté'ncia revolucio· uária em face da Igreja ins1iwdonal"; "a falta de poder para uma renoYação interior cond11z à guerra de guerrilhas. Unidades guerrilheiras que exercessem subitamente uma pressão, se· riam de gra11de eficácia" (boletim "Cio·•, p. 7) . 1

O cavalo de Tróia Seria difícil explicar a expansão dessas id~as

se seus adeptos não encontrassem a,poio em determinados setores da Igreja. De um lado. eles se sentem encorajados pelo grande e cômodo partido dos moderados, em cujas fileiras não será difícil apontar muitos Sacerdotes e Bispos. Esses amigos da paz e da união. mesmo diante do erro declarado e militante só têm palavras de compreensão e de amor. Não concordamt é claro, com eaSses excessos progressistas, mas acham que •·nem tanto ao mar. nem lanto à terra. , .'' O partido dos 111odert1dos só se zanga quando vê alguém denunciar o erro; no que depende deles, os fiéis ficam desarmados para qualquer resistência. Outros vão mais adiante. Ainda sob a capa de moderação, abrem metade do caminho à heresia e deixam o resto da tarefa aos extremados. Seria possível à Undergrou11d Clwrcl, pregar a destruição das estruturas da Igreja, se não fosse a pregação daqueles que. nos púlpitos, nas conferências, na imprensa católica, só falam em religião adulta, em emancipação do laicato? Seria possível a consagração feita por Jeieos nas missas·subtcrrâncas. se não fosse a idéia, há muito tempo difundida, da participa• ção dos fiéis no Sacerdócio ministerial? Seria po.ssível ensinar que os erros protestantes são uma "floração de dons do Espírito no Povo de Deus", se não se tivessem aberto os templos católicos aos ministros protestantes, para ai pregarem seus erros, se não se tivessem (ci· to coletas entre católicos para obras protestantes? Poderia haver tão grande indiferença pela moral católica, se não se tivesse m"ar1elado em tantas reuniões para casais e cursos para noi• vos, que cabe à consciência dos esposos a decisão sobre o uso de anticonccpcionais? Não estranhemos, pois, os excessos da Undergro1111,I Cl111rch. Eles nada mais são do que uma conseqU-ência lógica de tanto progressismo diíuso, que anda por aí, cm tantos ambientes onde não se ensina nem a verdade nem o erro. mas meias verdades e meios erros. deixando o campo aberto às maiores aberrações do pro-

. o• ,'e11sm

Homero Barradas 5


TFP APLAUDE REJEIÇÃO

Shorts e comunhões sacrílegas

O

QUE PENSA, leitor, dos seguintes dizeres inscritos num poster representando - sem gosto nem piedade - a Face sagrada do F ilho de Deus: "Decididamente, é

inreresstmte. Cristo se arrancou de seu ambiente familiar, onde O encontrávamos normalmente, e resolveu se democratizar. Saiu das igrejas. das sacristia~·. e resolveu andar por aí. Hoje a gente O encontra entre hippies, entre toxicómanos. entre os de "cabelos longos iguais aos de/é''. Hoje Ele pode estar tanto em uma favela como nas paradas tle .tucesso, cantado por Roberto Carlos ou Antonio Marcos. Bom isto, muito bom! A

gente começa a topar com Ele onde menos se espera. E ele se sente muito à vontade em seu ambiente. Aliás

do Homem-Deus, o poster ataque também as leis, modos e estilos que a Igreja sempre adotou. Jesus Cristo, sacrilegamcntc "modernizado"', ''se sente muito à vo,rratle - acrescenta o cartaz - em seu mnúiente. Ele sempre foi homem tio povo. Gostava de se misturar com a massa, estar com ela. [ ... J N6s O fomos encurraltmdo, aperta,ulo.. o e acabnmos por encerrá-Lo entre quatro paredes tias igrejas de pedra". Em ou1ros termos, a Igreja teria cometido, até aqui, o erro imperdoável de isolar Nosso Senhor Jesus Cristo do povo que E le veio eosinar e salvar. O F ilho de Deus teria es1ado "encw·ra/ado, apertado e encerrado" nas igrejas que a abnegação e a devoção de todas as gerações anteriores construiram para

Ele sempre foi homem do povo. Gostava de se misturar com (l massa, estar com ela. E sem dtl\lida agora Ele comtça a .rentir-se novamente em .reu mtio. De ,una maneira ou de outra, em long-plays ou slogan.r. em posters ou em comunida<lts hippies, ele volta a ser povo. Nós O fomos encurra• /ando, apertando-O t acabamos por encerrá-Lo entre quatro paretlc.)· das igrejas de pedra. Véstido em ouro, 111n Deus <listante, clifícil de encontrar. Mas a gritos de "volte logo" Ele começa a se manifestar, como Ele é. Um ,los nossos, da nossa raça, w n Deus que se mistura com a gente e vive conosco. Vem tlizer tudo ,Je novo porque a gente tsqueceu. Ou então acabamos por adaptar o que Ele tlisse ao nosso comodismo (a covardia dos que escutam s6 o que convim). A nós só resta não estragarmos ,nais sua figura. Ele jd .i e cansou tie carregar cordeirinho nas costas''. E seguem mais algum as refe-

O abrigar. Libertado desses cárceres sagrados, Jesus Cristo, hippificado, diz o posrer, "começa a sentfr..se novamente em seu meio", tendo à sua direita a corrupção, à sua esquerda a subversão, e diante de Si uma fa rta coleção de tóxicos. Vinte séculos de vida, em que a (greja Se dilatou por toda a terra,

rências a "Cristo dourado". A meu ver. nesse texto se j untam a confusão, a demagogia e a irreverê ncia. Uma irreverência que tem o

tira e nessa impostura - sempre SC'· gundo o {>OSter - a lgreja te ria vin·

sabor amargo da blasfêmia. Uma análise cuidadosa desse aranzcl consegue desfazer a confusão, e pôr em evidência o desrespeito e a blasfêmia. Com efeito, este Cristo que "resolveu se democra1iuir", saindo das igre.. jas e das sacristias, ,parece imaginado sob medida para justificar certos Padres e F reiras "défroqués" e hippificados, que por aí andam. Também eles "resolveram se democrati1.ar", e deixaram igrejas, conventos e sacristias. Abandonaram até a própria vocação, e afundaram de cheio na vida profana. - A esses infelizes, onde os encontramos? - Jamais nos lugares sagrados, dos quais dese"aram, mas ''entre hippies, entre toxicómanos'', entre 1 os de 'cabelos longos iguais aos de.. les". Por vezes, podem ser encontrados ···eu, uma favela,', distribuindo com parcimônia o pão que mata a fome, e a mancheias o alimento espi-

ritual ácido e envenenado da pregação re volucioná ria. Em tudo isto, o Cristo "democrari..

zado", isto é, o Cristo modernizado, dcsalienado e desmitificado do poster, é a imagem perfeita do Sacerdote que, ,para seguir Marx e a moda, rom-

peu de todo com sua vocação. Diante desse estranho "Jesus Cristo··, o com entário do poster é: "Bom isto; muito bom! A gente começa a topar com Ele onde menos se espera". Justificativa jeitosa para o Sacerdote prevaricador, que leva a indelével dig-

nidade do Sacramento da Órdem por todos os lugares cm que as leis da Jgreja, o bom senso, o decoro, pediriam que ele jamais pusesse o pé. N ão espanta que, assim inconfor-

mado com a verdadeira figura moral

e

instituiu a civilização cristã , é levou

ao fastígio da virtude, do saber e da força as nações por Ela influenciadas. na realidade teriam s ido vinte séculos de desvio. Jesus. Cristo, .. vestido em ouro". teria sido afastado do ,p ovo

pela Igreja, ter-Se-ia tornado "um Deus ,listante, tli/íi.·il de encontrar". Ainda bem que a contestação arro m • bou

as portas do s antuário, arrancou

ao Divino Rei as insígnias de sua Realeza e o arrastou para o meio dos hippies. Os adornos majestáticos Lhe teriam comunicado uma fisionomia de

mentira e de impostura. Nessa men-

do até aqui. Mas, dessacralizado, desmitificado, profanado, "Ele começa a se manifestar como Ele é. Um cios ,,ossos, de nossa rtJça. um Deus que se mistura com a ,::ente e vive conosco''. Como se, durante vinte séculos. as igrejas tivessem ficado vazias e

ne-

las não tivessem penetrado as multidões. Como se, nas igrejas, Nosso Senhor não Se tivesse dado largamente aos homens, quer pela Presença real, quer pela palavra, quer .pela graça. Como se, nesses vinte séculos, gerações contínuas de Sacerdotes, de Religiosos, e de apóstolos leigos não tivessem levado Nosso Senhor Jesus Cristo a todos os ambientes em que era lícito e decoroso levá-Lo. Como se Ele não tivesse sido levado pro-

DE PLEBISCITO SOBRE O DIVÓRCIO

gularidades que o eariaz bem fazia temer. Mas a sanção eclesilistica não tardou. Em comunicado largamente distribuído, D. Maycr fez saber ao píiblico a sua desaprovação formal ao a to. Basta ler o corajoso e su~into documento, para compreender os de-

satinos que durante aquela deplorável cerimônia se cometeram. De1e publico

só o absolutamente essencial:

('Tendo causado cstra11he1.,0 a Missa co11celebratla 110 A 11to1116vel Club [ ... ]. a Cúria Diocesana, tle otdem tio Sr. Bispo Diocesano, tem a comu• nicar o seguinte: 1 - A Ctíria ,uio /oi consultada a respeito. N,io /Ire pediram a necessária licença para Missa fora de recinto sagrado, nem s ubmeteram a concelebração ao juíto tio Sr. Bispo Diocesano, conro ma,ula o Concílio Vaticano li (Cons1. de Sacra Liturgia, n." 57, § /, 2. e§ 2) [ ... ]. 2 - O texto preparado para a cerimônia contém várias partes dig• nas de censura. Â$Sim, a paródia do Credo. Â fé em Deus e nos mistérios revelados, l'Ubslillli·sc a fé 110 homem; na mulher, na ciência. 11a técnica1 na evoluçlío, e nas m(li:r recentes aplicações tios invenlos cicn1íficos. LeitJse, por e.:emplo, esre <irrigo do novo ''Credo": "Creio na mulher que ctula dia se enfeiw e j·e embeleza, para ser a mais bonita criação tle nosso Pai''. Pora de uma solenidade litúrgica, já não é conforme ,10 espfriro cristão parodiar assim cofa·as sagr,ulas. Durante ,1 Missa , não se sabe como não classificá-la de blasfêmia. No mesmo sentido. sabe a blasfê· mia a tu·similação tle Je.ruJ· Cristo aos hippies de hoje: "Ct1be/os longos como os meu.r'', "hoje O encontramos [a Cristo] entre Ju'ppies, toxicônwnos, nmito li vo11tadt! no seu ambiente", 3 - Trata ..se ,lc uma des-sas de• turpações do "aggiorna,nenro" de que falava l oiio X X J11, conrinua,nente cleploratlas 11or Pa11lo V 1 [ ... ]. Semelhantes dt1Urpaçõe.t distorcem o senso católico, deformam as almas. E. segundo determinação ela Santa Sé, ainda há pouco renovmla em carta do Sr. Prefeito tia Sagrada Congregação da Doutrina, compete aos Bi.rpos vigiar por que a Fé st• conserve íntegro entre os fiéi.t, sem erros nem diminui· ções. Esla a razão deste comunicado, que a inobservância das leis ecle.tiÓS· ricas tornou necessário. - Pe. José Maria Collaço, Secretário do Bispado", Em conformidade com esta nobre Prelado de Campos. cm Circular ao C le ro d iocesano, que fosse promovida,

Dispenso-me de continuar a análise do texto. Registro simplesmente esta ironia blasfema contra as imagens que

tua, entre ou1ros motivos para o de ..

nos apresentam Nosso Senhor Jesus Cristo como o Bom Pastor: .. Ele já se cansou de. carregar cordeiriflho fl(IS costas''. Quando um católico conserva na alma umas gotas apenas de fé e de-

sagravo este fato realmente mons-

a

todos os confins da

voção, uma prece. se cvola de seu

coração para o Céu, ao ler abominações tais: '"Usquc. quo, Do,ninc, usque quo?·" - áté quando, Senho r. até quando tolerareis aberrações como estas?

• • • Em Campos, a feliz Diocese confiada ao zelo arguto e destemido do grande Bispo D. Antonio de Castro Mayer, a punição veio. Esse 11oster servia de ,propaganda a uma Missa que se realizou no ginásio do Automóvel Club de Campos. A sblenidade foi marcada por irrc-

Sr. Alencar Furtado (MDB-PR), o Prof. PUnio CofTêa de Oliveira, Prcsidcnlc do

Censclho Na<ional da Sociedade Br11s:leira de Defesa d.a Tradição, Fa.mília e Propriedade. enviou telegrama do seguinte te.ar aos Depulados Celio Borja (ARENA-GB) e Hami.lton Xavier (MOBRJ), que levantaram na referida Com!ssiio a tese dn lnconstitudonalidade da proPo~iturn: "A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição. Família e Propriedade congratula-se com V. Excia. p0r have.r sido unanimemente rectisada pela ilus tre Comissão de Constituição e Justiça a proposta de realização de um plebiscito sobre a indissolubilidade do vínculo ma1rimonial. Consideramos a con· suita direta ao País desnecessária por ser evidente que nossa população c:tlÓ· lica repudia o divórcio. conforme demonstrou includivclmente o histórico abaixo-assinado promovido pela TFP sobre a matéria".

Plebiscito inócuo Procurado pel.a reportagem, declarou a rcsptito do assunlo o Prof. Plinio Corrêa dt Oliveira: ··sou contrário ao divórcio e não aceito que um plebiscito tenha autoridade para o implantar". ''A indissolubilidade do vínculo conjugal - Pondc.rou o e.ntrtvistado - rc. suita da própria natureza das cois.os. Oudo o homem como ele é, e dadas a índole e a finalidade do c;asamento e da família, a indissolubilidade do vín, culo conjugal ~ indispensável. Sem o vínculo indissolúvel, o casamento se de· teriora , e n:io larda a dar lugar a uma ião rápida série de divó..-cios s-uccssivos, que equivale a uma verdadeira poliga.. mia a prestações. A união entre o CS· poso e a esposa, assentada sobre bases precárias, perde aquela profundidad:, aquela intcire:,;a de mÚhJa confiança sem a qual a vida do lar facilmente dege• nera em farsa rcdproca. O efeito des· sa situação na cducaç~o dos fi lhos é das mais funestas. Em outros termos, a fa~ mília vai•sc desgastando celeremente nos países cm q ue o divórcio l admitido pela lei e se incorpora aos costumes. E., como a famHia i a base da sociedade, o divórcio mina. no que ela tem de mais profundo, a própria ordem social. Tudo quanto disse está base.ado na ordem natura) das coisas. E esta ordem não pode ser modificada por plebiscito. O Autor da natureza é Deus. Pretender mudar com um plebiscito o que foi ins1itufdo por Deus, é absurdo, como absurdo é, por exemplo, decidir atrav6s de prcbiscito se a Lua deve mudar sua rota, ou se •os rios devem correr para o mar",

a titude ,pastoral, recomendou o ilustre

em todas as paróquias da Diocese, uma Hora Santa "em desagravo ,los desacatos de que foi objeto o Santo Sacrifício do Altar e o Sacramento da Eucaristia, na Missa realizada no Automóvel Club". A Circular acen-

gressivamente terra.

TENDO A COMISSÃO de Constitui, ção p Justiça da Câmara Federal rejeitado por unanimidade o projeto de pie. bisdto sobre o divórcio, de autoria do

truoso, de que na assis1ência havia

gente de short e pessoas que comungaram mais de uma vez. O que, aliás,

não espanta, já que a âmbula contendo as Hóstias circulava de mão em m ão .. .

••• Ao ver assim defendida a glória de Deus, uma exclamação subiu de meu coração até o trono de Maria Santíssima, como ação de graças. a ser por Ela apresentada a seu Divino F ilho. Essa exclamação cabia toda inteira cm uma palavra: "afinal!"

Estou certo de que também será esta a exclamação e a prece de numerosos leitores, ao tomarem conhecimento da corajosa atitude de O.

Antonio de Castro Maycr.

P. C. O.

Soberania popular " O projeto do Deputado Alenc~r Furtado, cm boa hora rejeilado - prosse. gulu o Presld<nle do Cons•lho Nacional da TFP - traduz uma ingênua ade• são ao princípio da soberania popular, co ncebido na s ua nccpção mais exacerbada: até a ordem natural das coisas estaria sujeita ao im~do do povo sO· bcrano. Ou, então, o povo soberano e onicicnte seria o intérprete supremo e infalível da lei natural. Isto equivale a uma es~cic de divinização do sufr ágio universal. A este extremo nenhum ca· tólieo poderia chegar. Se. de um lado, o plebiscito não pode obter a aprovação dos meios antidivorcistas, de outro lado duvido que ele seja aplaudido pelos que comand am a atu,11 ·•rcntrée" da ofensiva divorcista no Brasil, Bem sabem estes que a imensa maioria do Povo brasileiro 6 católica. e como tal está persuadida, não só de q.ie a indissolubilidade do ma1rimônio é um princípio da lei natural, como de que ela foi consagrada pOr Jesus Cristo, quando elevou o ma1rimônio ?i c.: ucgoria de Saeramenh>. Nc.stas condições, o divórcio estaria fadado a uma estrondosa derrota plebiscitária. Basta · ria para tal que o Episcopado saísse corajosamente a pí1blico, cs1imulando :, totalidade dos fiéis à se engajarem a fundo na refrega an1idivorcis:1a. Aliás, de modo gera l 1 a consulta di· reta f, opinião pública. raras veus é do

agrado dos que promovem reformas de índole revolucionária. Pois níio s~o poucos os casos em que o p lebiscito - <o· mó aliás tambim o referendum - de· nota no e leitorado uma tendência mais sensata e conservadora do que a de seus representnntcs cm Congressos e Parla, mentos. Exemplo frisante disto é o reccnl ; caso italiano, em que os panidos: esqucr· distas (inclusive e principalmente o PC) preforiram a d issolução do Parlamento aos riscos de um plebiscito sobre o di· vórcio, solicitado por mais de um mi lhão de italianos".

Parlamentar confirma O Prof. Plínio Corrêa de OlivciN1 lembrou que o abaixo-assinado da TFP cn.1 1966, que reuniu no espato de cio· qüent.a dias mals de um ml1bão de àS· slnaturas <.ontra o divórcio, já equivaleu a um verdadeiro plebiscito. "Quando um comício - explicou o entrevistado toma proporções gigantescas, todos admitem que representa a opinião não s6 dos que dele participaram, como de uma corrente ainda bem maior e. por vezes, de uma cidade inteira". "Muita razão tem o Senador Wilson Gonçalves (ARENA-CE) dccl«rar 11 imprensa diária que1 no Bras il, um p1ebiscito tobre o divórcio leria como des· fec ho a derrota do divorcismo. Explicou o parlamentar que nas camad:,s menos elevadas <.h\ sociedade (obviamente as mais numerosas) a maioria é antidivorcisu~". Ressalvando que há Ponderáveis contingentes antidivorcistas nas classes ele· vadas, o Prof. Pllnio Corrêa de Olivtl· ra obsuvou que- é entre elas também que !-C encontra. a maior porcentagem de di· vordstas c.m no$o País. E proS,9eguhr. 1 ' A atilude antidivorcis1a das e.amadas modestas da população bem prova que elas não se deixaram arras1ar pelas grandes campanhas internacionais, que promovem, sob todas as formas, n diS· solução da nossa civilir..ação. Fiéis à 1rad ição cristã brasileira, feita de equilí· brio, e-s tabilidade e bom senso, elas continuam com passo seguro na glorlosa trilha de nossos maiores",

"º

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AfOJLICilSMO MENSÁRIO <Om

aprovarão cdulútica

CAMPOS - EST. 1)() RIO 01ttm·o1t MONS, ANTOSIO RIBEIRO DO ROSAIUO

Dlrctorta: Av. 7 de Setembro 247, caixa posto! 333. 28100 Campos, Rl. Adml.nlstnaçio: R. Dr. Maninico Prado 271. 01224 S. Paulo. A~nt<' para o &\1ndu do Rlq: Jo~ de Olivcir3 Andrnde, caixa poslal 333, 2,8100 Campos, JU: Aatntc p ara os Esudo., de Gol~s. Mato Grosso e Mluas: Gerais: Mihon de Sallt$ Mourão, R. Para(ba 142'3 (tddonc 24-7199), 30000 Be.lo Hori.ionlc; Agente pana o Estado da Guan.a.b:ara: Luís M. Ouncan, R. Cosme Velho SIS (telefone 24$,8264), 20000 Rio de Janeiro; A~ntc para o F.st.ado do Ccim6: Joi6 G crnrdo Ri· beiro, R. Pernambuco t S7, 60000 Fortaleza; A~c-ntcs p:1.n1 0 Argentifl:1:. '"'fra. dición Familia, Propicdad", Cas,11:i. do CorrcÔ n,0 J 69, Capital Federal, Arten~in~; Agente para a &1,11nhn: Jos~ Marfa ·R1vo1r Gómez, apa.rta.do 8182. Madrid, Esp:rnha. Composro e impresso na Ci:I. Líthogrnphic-a Ypir:mg:i, Rua. C:idele 209, S. Paulo. Asslnal'Ura unual: comum Cr$ 20.00: cooperador Cr$ 40,00: benfeitor Cr$ 80.00: grnnde bcníeitor Cr$ 160,00: seminaristas e cslud:'ln1cs Cr$ 16,00o América do Sul e Central: via m:uíüm3 USS 3.SO, via aérea USS 4,SO: Am~ric.3 do Nor1e, Portugal, Esp:u1h:1, Províncias ultrnmari!'Hl$ e Colóni:,.s: via m:'lrUima VSS 3,SO, via a~ rcn USS 6.SO; outros r,níscs: vin marí· 1imn USS 4,00, via n6re:i US$ 8,00. Venda

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01224 S. Paulo


CÃllce<.n OCO QUE tU)arcccr.un. em Paris os prirntlros urc.:.zcs anuud"ndo a excomunhão dn Jmpcrndor e começou :a dlstribulç-~o du) dixumc.nlo~ :Uinentts i'ls rda('ôes entrt a Frn_n•

ç:1 e a S:u11.a

S4

a polida ímnces:1 empenhou«

cm lnvc~1lgaç&s que-, su,pun.ho., n cond112.i:rfa.m fll-

dlmr.11cc à <klcnção dos rewonsávcls. E111 não c:on-

rava com a cxlstêntht do ttdc ~,1btcrrln~ orgarú:r.ad:a pela Cong:rt,e:.:içiio de l.,yon.

UMA BRAVA'rA QUASE PUNHA TUDO A PERDER

A lmprudénd~ dt um rcallst..i qu:tSC levou os aatn· tcs de F'ouché: :l dcscobtrtn t db.-muntclamcnto da orga.,tlz.a('iio. Em uma reun.l.ifo de ndvt.rs!'uios do r tR,Jme imp,t-rilll 1 um certo Beaum~s,,. morador no " Boulcv!U'd dcs lnvalldc-$", afirmou h:wtt conlado as lin-orc.s de sua nm e verlJtcado qut eram c-m número .su!Jclcntt pum se cnlortoll' nelas o l.l'npcr::.dor, os membros de ~lia fnmflln, os Mlnb1ros, os Senadores e todo o Corpa ~gts-1:ltivo. A polícl.a 10c tonhecinl(nto dt".s,sa bravn111 e invadlu a caso de Btaumb par.a prt-ndê-lo. tncontrou seu filho, Antoine, congregado m.ariano. c0plando os doeu· mtttto:t sobrt :1 ucomunhiio dt Napoleão. 1'od11 •• famíUa foi preSt., como t:m1bém os nmlgos realista.$ de Bcnumt½ ~ Em stu.~ dtpoimtnto.s &.; delldos nadu rcvtharam, mas 01. pu~is nprt-endldos lra:dam algun.s nomts c {orntccram pistas p:m, novns h1Yc~11&,i,tÕt'.s. Com sui:1 costumdrn perspldcla, o Mi11lstro da Polld::a Fouch~ ptrccbtu que Soe tnttlln de uma r«lc setttfn. 8m um primeiro rclntório, escreveu ele uo fmpcr:ador: •íPtlo cx:)me dos papéis vê-se que t,xjs tc uma ::assod::içiio se-ereta e m lslica multo cxtt'nsa, cujo objtth·o a,tu·tntc é conscgu.ir conversões e l"CZ•lr pelos convertidos. ( • . . 1 Forom :a.s coóferCnclus do Padtt Fr.o-sslnOU$ nn Salnt-Sulplce que uall-aram ptrJ.stosamcnrc a im:ajtima(iio llo jove.m Beaum~~< e de v.i.rJos outros moços que as freqi.ientavwn, subrtludo Alul.s de Noailles. etc'. foi n.t..~a.s conrcrências que tlcs :idqulrlrmn c~c fervor e,cager~1do, C$$3 dedkaç-ão ao Pnp11 e use t~1>íri10 dt r1111nti..;n10 que os carncteri'.u, .• , O jovem Bcnuru~ recusr,-sc a diitr o nome da !)<".SSO:l que lhe t.ntregou os do· cumeolos. Negn•St obsrhmdamcnlc a m"!,londer u qu:dqutr ptrguntn., mostrando o fnm1lismo de Üm bowem que se jutgn mártir e quer sê-to''. As novas lm·tsUgnções c-nnduzirnm U prisão o Pndrc Won.., dt Bordcoux, do Conde Alcxl$ de Noaillcs e drlos outros cont,.-rtgadO!I'. N~lpolc:io ltn• lou ~~bcst.lmar ,, par11clpação de No:1illts, porque Unhn c.m,pcnho c-m corteJn.r " nobtt<lJ, fr.·m ctsn, no•

ÃO HÁ PALAVRAS su,f kltnles p;tn1 fíl1..rr rcss:llt.&r o p:-.pcl do Saccrdotc na 't'ld:a d;i JgrcJa. com lncstbn:l't'<'L~ rtflrxos ma "'ld:.1 doi poYo!i) c-oruo se "ê, enlre mlrfadcs de outros cxcm• pios, pelo qur fittram um São Francisco XaYlcr, um Padre Anc:-hleto, um S:io Luts Grignlon de M.ont~ fon. um São João Maria Vlannty. Por l~ mtMUO que a corruP('àO do 6Umo E péssima, m1<b m::tls lumt'nlávcl do qu e o mnu Padre. El~ 11 r:w'ío pela qo:.1 e$$C a:rande Sat<-rdotc que foi Santo Antonio Mmin Clllrd fazL'l ~ug a oplni:io de outro lumln~tr do Clero que foi São Vkcntt de Paulo, a prop6,. stco da necessidade d11 fundatio de bons Seminários-: ''Há quem St' pergunte se todas ns desordens que vemos no mundo oiio se doem atribuir nos Sa· ccrd01t$. E.o.1..J propos:lçifo poderia tstandali'lur nl• gufn1, mas n malfrla requer que cu demon.çfre com u gr:mdcua do m:ll a im9ortinci~ do remédio. u~ algu.m tempo a esla 9:1.rtc fiumm-se multas conferências sobrt tS1a qur,1iío, tr.llando-11 a fundo, p:-..n1 d~'"C"obrlr a ori,tcm de tantos danos: a resoluç-iio foi quc ::J lg.reju nrio tem malort:s inimigos que os nrnus S11rcrdo1es; deles têm vindo as herc-.\ia.t J••• ), por c.tcs tem reinado o vício e. tnJim, a fgnoninéln tem lrvnn((1do $('ti t:rono entre, o pobre povo" (Abelly, *'VIia S. Vln~nl. de P:1ulo", 1. 2-, e. S). E'.stas aravcs re-ncxõu nos vêm à rne:móri=t :,o lernios oporlunu Exorftlçâo Pa.,1ora.l sobre o Diu dt Ornçiio pelas Voc=tçõcs. que tnYIOu n esta folh:i o €nno. Re.vmo. S.-. O. Jo5' dos Sanros G~l'Cla. Bls:po dt: Porto ArntHa, tm Motnmblquc,

N

UM DOCUMENTO SOBRE O PROBLEMA DAS VOCAÇÕES

Sobn: o tema t:,sp-1:dflcn dl4 re110V1eçJiO dos Stmin4rlos e dos Novk:lados, diz o documt:nto (o qual ltm d11ta de 1 de. abril p ,p.): "A a.çílo rtnovadora. dt:stjad.-. pelo stgtrndo Concílio do Vadc:1.no., foi pronta, :l!)ressúdn e tm tt:rnl, lmprudentr.menlt pOS· • tll cm r:xt.cu('ão de modo radka.1. Com essa lnlroçiío, dcstruínuu np~d:a. c hnprudentt~nlc, com no.,,ns: ldtolo$tl.a.~, a-. c.'ifrutu.l'a.$ que exl\'tlam, sem ::mtcs p rocurarem o modo vMJdo de a.i .\-Ub$1itulrem ou nitlhorn.tt.m. Muitos Seminários e Casas rellglo$:1$ fc(hnr".tm. Depois de tudo dcstnrído e de vtrtm a.t vocações .l diminuir e - nu1guns lug.u.rt$ 111E. :a

ma lcnl:ltha dt alr.Jí•la e, com sua adesão. fort:alectr o lmpfrto rcvoluek>nário. O Conde Alcds de No;1,í1Jes, ulém de-. ptrltnc:tr n umn a,nande! íamília, linb~J um im1ão, Alfrtd, sc.rvlndo nos ,exércitos im· p,crial.s, Bon:.1pl1rfe a9ressou-~ n ~ rtn r a Fouchf: ''Vinl~ e quntro horas dePoiS de receberdes csla ordem, n1•1.nd.lrd-" par::i Vlt.n;, o Senhor Alexls dc No,1illcs. implkndo nc..<;;.)-a e-Jbula de: coroinhas, a fhu dt servir como subtc.nenre ~o litdo de .-.eu Irmão. Fards stndr t~Os stus pais o qu"nto ts"fou aborrecido por ver t ~ moto tão mal cduc~do tnl'tC(We à bt-.aticc. Os ~1ts de um rttimento lbt füriio btm, e o cur::ir.io dessa loucura mf.\1k""· Melhor wnhet'-.dor dll. s'll'u11c:rio, o Mlnl~ro di. l'úlícia enviou t,i:1fro relatório ~o lmoerador. mostrando :1 provável utens.1o eh ttdc e sua boa orgn· nJ:taçAo. n,ssim como o p:1pd ;ativo de NoniUes na db1rlbui(ão dos documtntos ma quf'Stão. Nnpolcâo deu, então,. n ova ordem: "Rccebl, dtt de, vo~o novo boletim. Vejo que o Senhor Alcxb- ele Noaillts f muUo t'ul9ado. Podcl~ con.serv1Uo prirso nt~ nova ordtm, Que f que embrutcte essa juYentude1'" Pou• co ttmpo depol,;. Altrecl dt No:lllfc,o. $t dlslin5[Ulu no cumpu de b11toU1a, Ao Ih.:! ser orertelda um.11 retompensa pda conduta htrólc:i, pediu de. n Ubcrdnde do lmdío, o ~1ue foi coricedldo por N.apolcflo. ma.~ Alexls pm;sou II ser vi.g,iudo pela poHcl:a. q ue não cou.scgutn descobrir os c hefts da rede: os outros prlslontlros. nutun1.l mcnte, n:io for:1m llbrrH,do~

Ape-sm· desse rude aolpe, 11 distribuii;âo claadtsdos dMumtnlos conlinuuv:1, O Conde Frrdl• 11::ind d( Btreitr, rm suns mrmóril'I~ csludad1ts por Bertltr de Sauvlg:ny., conl:i que vA.rios dt .seus colaboradores encarngados dt fi.«-ãllznr :1 optraç-lio ro. r:lm procorr..10, 9crgunU1ndo se niio scrfr, o e-aso de Inutlllznr lmcdh,tumente :u, imprtS.Wr:'1$ e qucimtlr o.ir c.xcmph1rts jli lmprcssos, cn1 vlrh1de dn.s prisões e d ias aliv:is luvtsliJit;1tõcs d:i polici::i. "P«li, escreve o Condt. um mornenlo de rclluito;o <1uc não foi IOnJi!:O. - Condnu::11 :t imgrcs.~o. Mivamcntt e :.trn temor, rts9011di; a polícfo nunc:1 11oderá ~;u yor que, no insl:mlc mt~fflO cm quc cl;1 rro-. t;mfo barnlbo por (':1usa dt lima c69la rmmu.scritt, descnbtrf:I por 11taso, c(nHinu:tmos a imprimir lr:.)uqiiil,mu.·nle rui• lbatts de l'Xcmplart-s. 1'r:,h:1llrni so.sscgndos. F.nvl:if pãC'Olcs v:1.r::, lodos os D,c9:1r1amcnlos. e qut nenhum cxcmplar iej11 db,1rlbuido cm Paris antrs dt terem tle~ chcgndo no dtstino". N:1polrllo :1credl1on poder ullrpnr completamente ihl:l

fatrarcnt 1>0r completo - CO[l)('çanun » dl~r: ..And::imos à procura do Scmln,rio de hoje, do nosso StmlnJirioº. [ ... 1 A drstroltâo n:io é rtnov:a(ão. nc,:n é b1o qnt [)cu, qurr". Mais aloda, ltmbr-,,1 o Prelado: u5c: ltm havido por mullas partes um cst-n.z lumcnto gtr.11 dos Sem.l:n:irios t du Casu rtll$tlo.s,Lft St' um número lnquit'tru11c e creSC<':nfe de Sac-crdott.s e de Rtllil:osos tem ncHildO ma .SUA c-onsaimç:io t a tem abandonado, E e~nd:dmente por fall.1 de fé t dt seriedade rua ,•ld:a csplrilual, :.i cometar pc-los cducndores. que c.i1avam vazios de f(:, de amor de Deus, de verdadeira Vidú eS!)tritual. Dos Supcriore~ :i epi~ml.a ,a.tSOu aos alunos".

E.\."ôe (rro gr:wc,, qu(, como é nolório, nll a~ançnndo !)Or Ioda parle, o Sr. 81&1)0 dc Porto Amfli.a

advtrle su ncces.~rio, :1 rodo cuslo-, evitar que etc :1Unja o :unblcnlt dos Seminários e das Cá.Sa.~ de fomm(âo r etigios:n n:a África. A mc-dlda I: n t«S$liri::a e urgente, vols no ambiente de conf&i.ção cm que \'IVtmos, ''.:ah~ houve qucm p t n.sassc que os Semlná,rios nubavam !>ura e slmple.i:antntC:, e multo$ se ndmi.rnmm por o úlUn:to Sfoodo dos Bispos os ter mantido corno stndo de ábS:Olut:l necessidade por.a a \'Jd:. dn IRJ'(jn". A propósito da fom•:.w:io ~l-rllunl e dos extrdclo.~ d e plcdaék. actnhu:1 o Exmo. 81.}-po: '·K~ multo que foi denun('l::tda a hertslla d::a nç:io, e nunc-n ela foi tão grnve como hoje - quando não (: só ::a hucsb da.1 pnfan~s. Rcelama.•sc, C':rlli.• c:H,-c, c-ontcstlfl·SC., proeur.a-.sc ~ ••renHuitão" duma vld!I. mundan.:unenlc b.rllhantc:, escothem-.se aUVlda· des de ordem b--OC:l.al e poHtlca, qumm-se ver os l'Cl,-ultados Imediatos, de nalurn.a terrc:na ou 01>bituol nt;:~s exterior, protcsla-sc e desi..\1e-se pél'a.ntt a.-.. dC$llusões. ºA crlst dos Scm1n,rioS: e da IJtrtJa (: falta de or:aç-ão e de fé. Muil;.'IS obrM ou l)íllavr.'IS e pouc:1 orJç.1o verd::idclramcnte cristã. Não ba~1a "a oração das mãO:S''. que morre ÔC:!ltCSS.'l no caso de lhe rrutnr a ela vida lnltrl.or com Dcus''. Depois de trnlar da vld111 satnuncnr:ll. dn ncc:~1dndt da ntortifiuçiío, da pobraa, da obcdlinda,

))O(OJl'll BJ11e,~t1NT. o !)trigo da r ta('ão ut61Jc::a. P~ isso lo1uou uma

sérir d e mNlldas. qut scrb1m cfku:r.t$, de f:1to. se n~o e.x.is1i.!..~ es.~1 redr ~ublrrriiue-ia org:,JU1.oda, que conlinuou 11 :1.gir alé o fim do fmptrio, t que a polích, j;mt~ls c;on,çeguiu dtscobrir. A primdrn medida foi a prolblç-ào cbs confertncl.:is do P:tdre f"rnys.·d· nous rm Salnl-Sulpicc. Elas é- que huvham d.ado início à rcsl.àul'átlÍO do moYlmrnlo cntóUco em P:ul,$ depo~s dli A:cvolutão. ~ re-:dmente, atmlnm e nni• m.:h·u.m os jovens, os qu:tls eram dt!)ols encaminhad os pnm a.~ Con,k:rt{C;l#S'ÕCS M11ria11.t$ qut se fundavam por tod:a n ft'rnnça. Pouco dc!)Ol':,, a 4 de no,·erubro dc 1809. F'oucht ordcni,va :1 dlssolutão dc 1od11$ tt.S «11.~od::rçõts olfstleas e í'on,crcgaçõcs dceullo à Virgem Marfa", vor senm conlrúfa....- ºà bo:1 ordem e nos 't'erdndc-iros llns d:a rcliglâo''; uma n umt1, fomm ftch"dl.\S a.ç florC$Ctnlcs Congrei:t:u;ões d11 J.'rnnçu. 'M::.Ls fnrde., "mC.WlO as confrarias- plt dos:is ' c stm uposlolado e:c1emo ti't'tràm cauc cnccrnr suas ~1llvJd:idcs, as missões fomm proibidas e foi ~'U,l't'SSO o ;:iuxlllo que o gon-mo conttdh, :to Seminário das Missõc-s Estl"'.wgelras, o qual er.1 um dos bahmrlcs da rtslstineià, pok 1~ ~~ rtunfn :1 podrros:t ' ' A;,•-.

Em 1810 Foucht foi sub:.thuido• por S:wnry ná chcfiu da policia. Apesar d(' ni'.ic> ler n mtsma cfícl~ucln de seu uole~-e.ssor, o novo Ministro co,HI• nuou u.-. h1vtslitr;:l('ÕtS, tht~;mdo mcsmo u dt~«-On• íi:ir que: o (<1mand(I da ttslslênt'i:i cnl6llc11 tlnlm ~tdc cm L,r<m, M:is ,1;·1d:1 tonst~ulu, t os f:uuosos dotumtntos con1lnu:1v:1m :, str cs,:1lh:1dos. Em um rt'l:Uório, S:w;1ry too rrss~ que "nem um s6 cxc:111• pl:lr foi u.9r('tndido (' :1 !1.U~'l)Clca muito forte dt cauc <l cdl~iio tc11h:1 saído de l.,you n:io foi confi.rnrndi, por ne nhum indício ·9oslth•o. Scdí l'Õ$0 um efeito do dr~~rczo c1uc m uitos volmn :a c.sfnS obnis: d:·1 f uperstiç-fio lgoorante, ou swti o $Íni1I do !)odc-r sc:crt'lo d e outnL...- thlSStS de t)tSSoas?'' F..ssi1 p1.:ra-unf~1, tle n:"io a !)Ôde rc:s9ondcr dur.inlt - o tempo rm <1ue dirigiu :a políci11 lm1H~rinl. s-;111 tocJ/t 1>:1rte, n:1 Frun• (,'tt, na ltáll:1.• edihl,·am-sc os documenfos e se a.tl,xav:un os c..:.rt.aes. A,rs.1r de Ut-d~ Slrn dllls;ênd,1, :.,per.ir d.àS h1ú.mtrll$ prisões e inttrro1e:1rórlo.s, :1 pO· líci:t nrio conseguiu drs1ruir u rl.'dt' ~ublerr:int;), t ,st:1 !)r t";stou os mo!.$ ns,..;,J md:1dós $trvi(,'o.s ntss-1: períod4> t5o tormentoso da hbtórln d:1 l~rtjn.

Fernando Furquim de Almeida

da ttnúndu. $1pont:a o docuo,cnro os erros n cvH:ir, e-,11:re os qunlt a.'ISin.ilamos; ••Esffio r:rn em> a;r.tve aqueles que rtdu:dr:int ou dc.st:Ja.m reduzir os Seminários e ilS C::asas dt rormação rcll1',los:1 ;i simples C'Olégios dc edutn.('àO humana, 1>aru ofcttcertm aos jovens nrl('S fonn;tdos :J oporlunldndc ou pos,,ibUidadc de consolld.artm :a pr69ria pcr:,;onalldude. Um:. ptrs<m11lidodc ~ru Cristo e sem Ideal cktcnniu.ado t impossível para o crlslâo". E malJ adi:inle: --Co-mc-rem igualménte erro v•,·e aquele.. qut dizem que as vocn('õts 9ara o saccn:lóclo e p11rn a vldl."I ~ llglosu só dtvcm se-r form:adas dtp<>is da idade adulta, 1~10 é, depois- dt' os indlv,duos ttrem feiro a c,cpt.rlêncJu do mundo, Inclusive- com ~cus vícios. dos qu::1ts- muitos s~o prec:lsamenlt os grnudcs lnJhll,tos- quc dt;!o1.roc.m complet2mentc :, voco,ção di• ,·in:,''. Acomp:mh:ando o ~ntir trudkion:.t e comum d:.i. Igreja qu11nto à necessJdadc ~ culd~r da ,·oc:ação dc-sde a inf1incl:1 com os Stminários menores e E$col:LStlt'.tdos, ut('nfu11 o 1-:-xroo. O. Jo~ qur ··n vi-• delrn r outra~ planta.~ e Arvores de fruto.., st niio forem rmtadns, pod:adns e am9arndas desde pcqucn:ts, n&o d:'io frutos ou, ~ os e h ~ u dnr. s:'i-o poucos e de mi qualid::idc e constrvuç:'io. Só prcs1:im para deU:u forn... Sem Msmt.tt<'U :as VOC#• tõts rnrdbts, quc- stm!)rc: podem su11tfr, :, verdade é que •1:1 't'OC'11('3o n:ISC'c com uda um, l.llnda que sita éàmlnhos muito ~inuosoN e 0<:ull0$ até chea.:ar li numiÍ<'$lnr-sc. b1o cnsln"•nOS: que, ::tt;(lr:1 como nos ltmpos passados, é obrigação grA't'e de todos o.~ educadOr1$ vrocurJ.J"Cm descobrir os acrm~ dn vocn(iio paro O$ .1m92.rnrcm, ac:uinb.-..rcm t :ajudu-eni :t d C$Cnvotver em ambiente- próprio".

e t-s.\C, e.m linhas vcral'¼ o oportuno documento que rect.bc-mos dll tcmota 0IO<"C$t africana de Por• to Amé-lln. A Exort1.1ç:io Pastoral do Exmo. Sr. O. Josf dos S:anlos Cnrda multo bem pode fazt.r em melo à Rtntrnl1~.1 da confusão e f:illA de t~frtto ca• tó11co em que Ylvemos.

J. de Azeredo Santos 7


•AtoincisMo

*

TFP ARGENTINA ALERTA

Virt udes esquec idas

Odiar violentamente os inimigos da Sagrada Escritura Das

CONFISSÕES

(livro XII, cap. XIV):

A SOBRE REFORMA DA CONSTITUIÇÃO NACIONAL

DMIRÃVEL profundeza a de vossas Escrituras, sob u,na superfície que nos acaricia, como se acariciam. as crianças! Sim, admirável profundeza, meu Deus, admirável profundeza! É i,npossível meditá-las sen1 um tren1or sagrado, tremor de respeito, estremecimento de amor. Odeio violentamente seus inin1igos. Oh! se pudésseis fazê-los rnorrer sob vosso gládio de dois guines, a fim. de que elas não nulis tivesse,n inirnigos! Gostaria que eles ,norresse111 para si rnes,nos, e que vivessem só para Vós.

• SUSTENTANDO QUE "só um amplo debate naclon,tl • lDll preblscllo permitiriam coo.bc,cer o sentb' do País sobre

uma reforma conslitudonal

4"•

pode

mudar a essência de nosso ~is'Cema so-dal e polillco", a Sociedade Argentioa ck Defesa da Tradição, Família e Proprieda~ d<flnlu SUA posição em roce da reíorn,a coastltucloMI anunciada pelo governo do ~nual Lanusse, O

manlfmo - publksdo nos da. m9iores dlDios de Buenos Aires, "La Pren.sa" e ''La Naclóa" (ecllçio de 19 de maio). e dl.,lrlt,.,ido pela própria entldacle nas ruas das prlndpols cidades plalinll$ afirma ainda que, se a <OllSUU.a popular

f ôr realizada, a reforma seri rejtltada~ E condui: ''A recusa ou a omissão deste pleblsdlo slgnífl<ará que aqueles que. promovem. a reforma estio tambfm ctr. toe da rejeição".

As$1nam o dO<UD1ento, pelo Conselho Nacional da TFP argentina, os Srs. Cos,, me Berou" Varela HIJo, Pre>idente; Juno C, Ubbelobdt, Setretári.o; Carlos F. lbargw'tll Hijo, Josi Antonio Tost Torres, Alfon90 Beccar Varela, Voga~ e Jorge M. S torn~ Secretário de Imprensa. t o seguinte. na integra, o texto do manifesto, indtalado '"Pl•blsdto, único

camlitbo leal / Que quer dlze.r "Justa, social e solidarSsta'' ?'':

cn1 seguida um:t série de disposições contendo as garantias e direitos dos argen• tinos, cm função dessa forma de governo. Pois bem, a lei t9608 propõe substituir este artigo Por um novo que será uma "cláusula programática". na qual se define a Naçiio argenlina como uma ''democracia justa. social e so1idarista''. palavras vagas que se prestam a qual. quer interpretação. lnvoca para isso "as tendências refletidas nas constituições modernas". Quais são essas ''tendências"? Quais são essas ''constituições"? Por que devemos imitá-las? Ao qualiJicar esse novo artigo como "c.Jáusula programática'', está-se dizendo que o resto da Constituição deverá ser interpretado à luz desse art. 1.0. Logo, os direitos individuais, as garantias, o funcionamento dos POéleres. tucto deve. rá ser entendido cm função das defini· çõcs do art. t.0 • Não se conhece o texto integral desse dispositivo, mas desde já se afirma que ele deverá: • 1 - •jfaz:cr efetiva na Nação ar· gcntina uma democracia justa. social e solidarista'': • 2 - te.a firmar a "independência nacional do poder de decis.ão em ma· ciria política e econômica"; e removei· "os obstáculos que, rcstringíndo de fato a liberdade e a igualdade do homem. impedem sua plena rcaJrz.açiio". •

"Nosso

manifesto

"Ver,

Julgar e

Agir", publicado nos n.0 :r 10, l l e 12, de setembro. outubro e novembro de 1971, da revista ''Tradici6n, Familia, Propiedad", analisava a.s tendências a.lar. mantes que se notam no governo atual. Enf.re elas apontávamos: a) a tese da "derrubada de barreiras ideológicas" que tanto favoreceu e continua favorc--

cendo Allende no Chile; b) o Grande Acordo Nacional, que se traduz na acei-

tação de grandes doses do estilo e da ideologia socialisla do peronismo. como chave para o futuro nacional: e) o intervencionismo estatal na economia e o conscqlientc descalabro desta. Para ilustrar' o que fica dito, reportamo-nos ~quelc manifesto. que alcançou grande difusão cm todo o país (mais de 40 mil exemplares) e cujas análises e previsões são de cada vez maior atua-

lidade. No contexto do grave processo cm que nos encontramos, aparece a lei 19608, denominada "Declarat.iva Fundamental", publicada nos jornais do dia 4 e no "Boletim Oficial'' no dia 11 de maio corrente. Esta lei anuncia a reforma de· mais de quinze artigos da Constituiçtlo Nacional, e apresenta o resumo das emendas propostas. Em suas declarações à imprensa no

dia 11 de março, o Presidente La.nusse havia dito que a reforma constitucional 11 não vai afetar cm nenhuma medida os POntOs que preocupam todos os argcn· tinos e que fa.1.cm ,Parte de nossa pró-

pria índole. Os aSpcctos de fundo, os direitos. as liberdades, assim como as obrigações, que a Constituição determina pBra o cidadáo argentino. não vão absolutamente ser tocados. Se efetivarmos isto que enunciei. se ratificarmos esta apreciação pessoal que tenho a res-

peito do reforma, fá-lo-emos só em pormenores formais. - Pergunta: Não serão reformas do fundo? - Resposra do Presidente L1nusse: De maneira nenhuma serão reformas de fundo'' ("La Naci6n", li de março de 1972). Contudo, é evidente que a reforma proposta agora vai certamente muito além dos ''pormenores formais". O art. !.º da Constituição de 1853, que continua vigente, ndo1a para o go. vcrno da Argentina a forma "representativa, republicana e fcdcr:uiva". Vem

3 -

Como estudiosos dos problemas socioJógicos, p0líticos e jurídicos quo o mundo a tual apresenta, vemos nesta "cláusula programática." o perigo de que sirva para mudar a face da Argentina, trans· formando-a cm um Estado de fcilio so. cial ista. Os inslrumentos legais contendo definições vagas que passam por cima dos direitos individuais, íncilménte podem servir para uma transformação socialis• ta e totalitária, máximc quando se in· voca uma indiscriminada "igualdade'· (1) dos homens e se faz referência a certos obstáculos ''de fato'' que a im· pedem. Estará entre esses obstáculos ''de f:uo·• a desigualdade de fortunas, por exemplo? Bem sabemos que a essência da ideologia social do marxismo con• sistc na supressão dessas desigualdades. Afirmamos que nf,io é lícito levar :, cabo uma reforma que contenha tais am• bigUidade.~ doutrinárias. Ninguém pode legislar contra a lei de Deus. Ao propor esta rcfonna, o governo atua na mera conformidade de cercos círculos habitualmente ouvidos nas já conhecidas "reuniões de consultn''. O País não está representado nesses círculos, conslituídos por Sacerdotes progressistas, "sapos", polfcicos sem segui• dores. e por uma oligarquia de líderes sindicais. Está, sim, na Argentina tradicional, que olha impotente e silenciõ~ sa os malabarismos por meio dos quais vai sendo.. transformada cm outra Ar· gentina, cujo signo não se ousa aind:, declarar. Faz parte da mesma tendência para o soe.iatismo a ameaça já insinuada cm fontes governamentais, de implanlar a co-gestão operária e a participação nos lucros. contidas no ar1. 14 bis da Constiluiç5o {ver declarações do Genernl Lanussc em Olavarría e de "um fun .. cionário''. cm "La Nación", de 13 de

SANTO

AGOSTI NHO

ta o a~unto a um amplo de.bate nacio-oaf e a um pltbi,cito, para o que se deverá:

a 1 - publicar os textos integrai.1 dns tmendu propostas e das razões que as inspiram; • 2 - dar amplas facilidades para se expUcar ao povo o si,g niflcado ideo--

lóglco e o alcance prático dessas cmendos; • 3 finalmente, depois de um tempo razoáve.1 de debate. ronvocar um pkbl'>'CUo sobre uma ptrgun.l a bem clara - pergunta essa que deverá wnMm ser debatida antes de fonnula da - para conhecer a opln.ião do povo sobre

a ..rorma. Esta é uma medida de probidade para com o País, a cujo "sentir majoritário" não se pode apelar sem dar-lhe a oPortunidade de se fazer conhecer. Não se pode impor à Argcn1ina futura uma mudança tão fundamental. tíi.o gr:we, sem consultar a opinião pública. Estamos certos de que, se fôr rcaHzada essa consulta, a rcfonna será rejeitada. A recusa ou a omissão d ~ plebis· cito significará que ::tqueles que promovem a reforma estão também eettos da rejeição.

Que Nossa Senhora de Lujãn proteja nossa quctida Pátria. Buenos Aires, J6 de maio de 1972. 1) Sobre n legítima desigualdade de classes so<:iais, e sobre a harmonia que deve reinar entre e1as. a Igreja Católica sempre ensinou o que João XXlTI resumia cm sua Encíclica "Ad Petri Ca•

thcdram", de 29 de junho de 1959, com as seguintes _palavras: nQuem ousa, pois, negar •l diversidade de classes sociais

contradiz a ordem mesma da natureza. E também os que se opõem a esta co· laboração amistosa e necessária entre as classes buscam, sem dúvida, perturbar e dividir a sociedade. para o maior da.no

do bem pdblieo e privado" ("Doctrina Ponti_ficia/Documcntos Sociales". 2.ª edici6n, "Bibliolcca de Autores Cristianos", Madrid, p. 1172, nota ''g").

Novos oratórios da TFP em Belo Horizonte e Fortaleza A SECÇÃO DE Minas Gerais e a Secção do Ceará da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade inauguraram cm Belo Horizonte e Fortaleza, respectivamente, oratórios em louvor de

Nossa Senhora. A inauguração realizou-se no dia 13 de maio, aniversário da ,primeira das aparições da Virgem na Cova da Iria. O oratório de Belo Horizonte, em estilo barroco, acha-se instalado à entrada da sede que a TFP tem à Rua Paraiba, n.0 1423. A imagem c-xposia à veneração pública é a mesma que estava no oratório provisório inaugurado pela Secção mi-

neira da entidade em 1970. Trata-se de uma já histórica imagem de Nossa Senhora · Aparecida, levada a Brasília em 1964 pela caravana de congregados marianos belo-horizontinos que para lá se d irigiu 3 fim de reivindicar do então Presidente Goulart a proibição do Congresso da CUTA L (Cent(al única de Trabalhadores da América Latina), de tendência nitidamente comunista.

Procedeu à b'ênção do oratório o Revmo. Pe. Antonio Donato. Representando o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, esteve presente ao ato o Sr. João Sampaio Neto, membro do referido Conselho, que proferiu discurso salientando o s ignificado da solenidade. Após • bênção, e a recitação de um terço, o Sr. Antonio Rodrigues

Ferreira,

Presidente da Secção de Minas Gerais da TFP,

convidou o povo presente para um

áudio-visual sobre a atuação da entidade, intitulado "' A Reconquista do século XX", o qual foi projetado nos jardins da sede. Em Fortaleza, a TFP dedicou seu oratório a Nossa Senhora de Fátima, apresencando à devoção dos fiéis uma bela imagem em madeira, de autoria do mesmo ar1ista português que es, culpiu a famosa Imagem Peregrina. À direita do oratório um painel de azulejo branco com letras azuis re-

produz as palavras da Santíssima Virgem na aparição de 13 de julho em Fátima, quando a Mãe de Deus anunciou os castigos que deviam vir

sobre os homens e o triunfo final de seu Imaculado Coração. O Rcvmo. Mons. Hibrahin Riachi, Vigário da Paróquia mclquita de Nossa Senhora do Líbano, procedeu à bênção do oratório e do painel. Ao fim da solenidade, o Presidente do Diretório Seccional da TFP, Sr. Carlos Augusto Garcia Picanço, pronunciou vibrante discurso, unalisando

à luz da mensagem de Fátima a expansão comunista no mundo e adver-

tindo contra o perigo do comunismo difuso. Compareceram ao ato, além de sócios e colaboradores da cntidaclc em Fortaleza, Recife, Crato e Juazeiro do Norte, representantes de associações re1igiosas e dvicas, os

Profs. João Estanislau Façanha, Jurandir Marães Picanço e José Denizard Macedo de Alcântara, da Uni-

versidade Federal do Cca,·á, e numeroso público.

maio de 1972). Por isso, a Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Proprie• dadc convida publicamente o governo da Nação a que a reforma propOsta não seja realizada pôr um simples ato legislativo unilateral, mas que se submc·

lnauguracão do novo oratório da TFP em Belo Horizonte: com o Pe. Antonio Donato, os S r s. Vicente Ferreira Neto, J oão Sampaio Neto, Antonio Rodrigues Ferreira e Milton Salles Mourão.


0IIU!'TOR; MONS, ANT ONIO k.lBl?IRO 00 ROSAIUO

UM DOS EPISÓDIOS n1ais belos da 1nilenar e gloriosa histÓ· ria da Polônia é a heróica resistência do Santuário de Nossa Senhora de Czestochowa ao cerco in1posto pelos protestantes suecos e1n 1655. Durante 38 dias o Santuário.fortaleza da l\Iontan ha Clara, onde se venera o u1ilagroso ícone da Padroeira da católica Polônia, resistiu 110 assé<lio de 3 ou 4 111il soldados aguerridos e apoiados p or for te artilharia. A ahna dessa reaistência foi Frei Augustyn Kordecki, Prior do Mosteiro anexo, o qual coutava apenas co111 setenta Religiosos não contbatentes, mais cinco nobres fiéis à Religião e ao Rei e 160 soldados inexperientes. Mais do qne os canhões do ini1nigo, trabalhava pela re11dição do Santuário a pressão de outros no-

'

bres, refugiados cleutro de seus muros, que queriam gozar a vida côn1oda proporcionada pela paz. Entretanto, o Padre Kordecki soube defender her óica e sabiamente o sagrado lugar. Con1 sua fibra in-

N .º 260

AGOSTO

quebrantável , irúundiu coragein aos Monges e aos combaterttes. Com sua astúcia, iludiu o adver!lário, dando a impressão de ter forças suficientes para derrotá-lo. Com sua energia extraordinária,

DE 1972

~NO

soube in1por-i;e nos que vacilavam. Por fiin , eoiu sua fidelidade e sua intransigência atraiu a 1uisericórdia da Virge111 de Czestochowa, <me veio etn seu auxílio, a1>arecenclo aos hereges con1 se111blante terrível c obi-igaudo-os a levanta1·e1u inespcrada1uente o sítio. Adntirável lição pa1·a os oossos dias, e1n que tantos e tantos dos responsáveis 1>ela defesa dos sagrados princípios da civili~ação cristã não se can sant de ceder terreno ao inimigo, procu,raudo na coexistência pacifica uma paz desastrosa e impossível. Na foto ao lado, o Santuário de Nossa SeJthora de Czestocltowa e o Mosteiro dos Padres Paulinos. E111 hai.xo, u,n polonês en1 trajes tradicionais leva a bandeira com a águia coroada, sí1nbolo heráltlico da terra de São Casimiro. Texto nas págir,as 4 e 5.

XXII

CrS 1,50


O PAPEL DO CLERO PROGRESSISTA NA IMPLANTAÇAO DO MARXISMO NO CHILE ENTRO DO CAMPO de atenção de ··catolicismo", ocupa um lugar de destaque t udo o que se refere ao comunismo, seja com respeito a seus avanços e re• trocessos, como também a seus agentes e táticas mais eficazes. Sobre estes últimos, cabe lembrar aqui algumas considerações que são de importância fundamental para o combate ideológico anticomu-

D nista,

Comecemos pelas táticas. Estas não são hoje as mesmas que o comunismo usava há vinte ou trinta anos1 quando pretendia conquistar as massas operárias por meio da pregação clara e explícita das teses marxistas, apoiada pela violência. Esse método não deu o resultado esperado. Com efeito, ao longo de mais de um século de ação ideológica, não lograram os comunistas chegar ao poder em nenhum país por via eleitoral. Em outras palavras, não perslladiram os povos das vantagens de sua doutrina. Caso contrário, não se explicaria por que é que o único meio de ascender ao governo e nele se manter era então para eles a força brutal. A este respeito, ver ''Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo'', do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ("Catolicismo''. n.0 178-179, de outubro-novembro de 1965. e Editora Vera Cruz, São Paulo, 1966. 4.0 ed.). Aquela era a época cm que os católicos firmemente guiados na luta anticomunista pelas autoridades eclesiásticas - estavam convencidos de que não havia acordo posslvel entre eles e os sequazes de Marx, razão pela q ual se erguiam contra estes numa fre.ntc unida. Diante desse malogro o comunismo não podia deter•se em seus intentos expansionistas, pois como seita religiosa e filosófica que é, não se conforma com o domínio de apenas uma parte do mundo. Quer conquistá-lo inteiro. este o seu aspecto imperialista. Que fa1.er, então? Ante essa interrogação, grande foi a perplexidade dos líderes comunistas daquele tempo. Mas a resposta não se fez esperar. lmpunba-sc-lhes minar a fortaleza que mais eficazmente impedia $CU triunfo. Foi assim que inau-

e

guraram a era da ·'coexistência pacífica" com a Igreja, sem d eix..ar. aliás, de acenar com a ameaça do recrudescimento das violências. Ante esta no va face ostentada pelos comunistas. os "ingênuosº do mundo livre - para não falar dos traidores - levantaram a visei• ra. e, _pondo~sc também a sorrir para o inimigo, entabularam com ele o "diálOJ!O" (cf. Plínio Corrêa de Oliveira, op. cit. e ..A Liberdade da Igreja no Estado Comunista", "Catolicismo", n.0 161, ele maio de 1964, e Editora Vera Cruz, 1967, 9.3 ed.). Dos sorrisos o progressismo passou logo para varia· das formas de colaboração com o comu nismo internacional, e alguns de seus setores já chegaram, nesse plano inclinado, aos ex\remos d e que deu conta o número especial de ·•catolicismo" sobre o IDOC e os "grupos proféticos" (n.0 220-221, de abril-maio de 1969). Sustentamos que sem o concurso do chamado progressismo católico. o comunismo nunca haveria obtido tudo o que já obteve no Ocidente:. Com efeito, o marxismo avança na me• d ida em q ue se relativiza entre os católicos a doutr ina da Igreja. E os progressistas e democratas-cristãos são essencialmente relativistas. Não negamos a [mportância dos partidos comt1nistas na conquista do mundo livre, mas estames longe de admitir que eles sejam hoje a mola principal da bolchevização. Para ilustrar essas teses, queremos registrar alguns fatos que mostram o escandaloso apoio oferecido ao governo marxista do Presidente Allende, antes e depois de sua eleição, por largos setores do Clero e da Hierarquia católica no Chile. Apresentamos, em seguida, dados imprc-ssionantes sobre o aniquilamento da economia daquele país irmão, e exemplos do descontentamento generaliza.do que ali reina: como nada d;sso comove aqueles mesmos círculos eclesiásticos, fica patente que não foi propriamente o zelo pelo bem comum que os levou a apoiar Allende. Os dados aqui consignados foram extraídos de publicações insuspeitas, quase todas chilenas, e são em sua maioria desconhecidos do público brasileiro.

O Clero deu ao candidato marxista votof católicos paro sua vitória A eleição de Salvador Allende no Chile não constituiu uma exceção à afirmação enunciada acima, segundo a qual os comunistas, pregando explicitamente e em sua totalidade a doutrina de Marx, jamais conquistaram o poder 'pela via das urnas. Correspondeu, isso sim·, à nova tática adotada depois do impasse a que nos referimos. Foi c-0m o apoio de novos aliados como a Democracia-Cristã e o Clero progressista, que o candidato da União Popular subiu ao poder, e não .p or persuasão ideológica. Sobre isto escreveu pormenorizadamente o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em artigo reproduzido em "Cato licismo" (n.0 238, de 011tubro de 1970). Quais eram as razões invoca<1as pelos eclesiásticos progressistas para apoiar Allende? Todas estavam relacionadas com o bein-estar social e econômico que o socialismo traria para o Chile: não haveria mais pobreza nem subdesenvolvimento e, sobretudo, implantar-se-ia a tão falada justiça social, por meio da libertação dos proletários. difícil compreender que católicos pudessem acreditar nisso. E.m primeiro lugar, porque a doutrina da Igreja proíbe explicitamente qualquer colaboração com o comunismo. "O c<Jntunismo é intrinsecamente perverso, e ,u1o se pode admitir q ue c:olaborem ,·om ele em nenhum terreno os que querem salvar a civi/i. zaçiio cristã" (Pio XI. .Encklica "Divini Redemptoris"). Em segundo lugar, porque cm todos os países comunistas do mundo, sem exceção. o povo é vítima da mais evidente mi• séria. De um modo ou de outro, o fa to é que importantes sétores eclesiásticos não hesitaram em favorecer a implantação no Chile de um regime diametralmente op0sto ao que- eles representavam diante da opinião pública: o comunismo ateu, igualitárõo e escravizador do povo. Devido à gravidade dessa afirmacão. lembraremos alguns fa tos a fim de corroborá-la:

e

• Em dezembro de 1969, o Cardeal Raúl Silva Henríquez, Arcebispo de Santiago, deu

liberdade aos católicos para votarem num candidato marxista (jornais "Ultima Hora" e "Clartn•·, de Santiago, 24-12-69). A partir daí, desata-se toda uma ação de clérigos e de ativistas progrcssista's que difundem estas declarações como meio de levar o eleitorado católico a apoiar a candidatura da esquerda mar· xista. • O mesmo Cardeal Silva Henríquez con-

codcu uma cntrevis1a ao suplemento semanal ilustrado de " El Siglo", ór,g ão oficial do Partido Comunista chileno, que a publicou em 21 de junho de 1970. Este fato inaudito éra de molde a abalar a consciência católica e anticomunista do país. • O Pe. Hernán Larrain, S. J .. diretor da importante revista católica "Mensaje". declarou por sua vez na televisão: ''niío vejo nenhuma razão que possa impeclir um cri.rtiio de votar 11um marx;sta" ("EI Siglo", 4-7-70). Poderíamos continuar citando outros casos. Limitar-nos-emos a estes para não cansar o leitor. Cremos que eles já são suficientes para fazer scnlir a pressão a que fo ram submetidos os católicos a fim de apoiarem Allende ou. pelo menosJ não se oporem a ele. U.ma ve-l que houve tais manifestações públicas. pode-se concluir que os conselhos pessoais, dentro ou fora de muitos confessionários, foram no mesmo sentido. Em larga med;da como resultado dessa posição eclesiástica, foi eleito o marxista e maçon Salvador Allende como Pres;dcnte do Chile. no dia 4 de setembro de 1970, com a irrisória vantagem de 1,4% de votos sobre o candidato apresentado pela direita. Alessandri.

Perti nácia dos progressistas no erro Qual foi a atitude do Clero nos meses que se seguiram à eleição? Como veremos, acentuou ele o seu trabalho cm favor do candidato marxista. cuja eleição

veio a ser confirmada pelo Congresso no dia 24 de o utubro. Desse modo, tais eclesiásticos pr~ionavam os chilenos a aceitarem Allende e davam carta branca à Democracia-Cristã para consumar sua traição. ao votar por ele no Par· lamento. Elimi navam assim qualquer possibilidade de reação. A caSse propósito, destacamos . entre outros. os seguintes faros: • .Em 7 de setembro de 1970. três dias depois da eleição. Mons. Jorge Hourton, Bispo Administrador Apostólico de Pucrto ,Montt, lança uma Pastoral declarando: "1,u/ica<ló o novo governante, é necessário que se .apaguem as pClixões divisionistas, se rrmrqiU/izem os ânimo,s, e nós reconciliemos todos os chilenos no esforço comum por a/. ctmçar tts meias patrióticas de prog,.esso e desenvolvime11ro, tle justiç,1 e tle par.. Agora não de vem testar nem rancores nem ·v ingm1ças. Diante da legítim" autoridade civil, mio cabe tlOs cat6lico:.· outra 11titude que o reconlre• cimento. o respeito e e, observância exemplar de todos os deveres civiS e morais, dentro dos limites da lei". Acrescenta o Prelado que "o povo do Chile escolheu Hvremenre' para s,' um governo democrático e tle progresso social: t e111 tlireiro a esperar e a exigir <1ue este lhe seja dado e não oram coisll" ( revista "SEDOC - Serviço de Documentação", Editora Vozes, Petrópolis. janeiro de 197 I, n. 0 32, col. 902). Não compreendemos como Mons. Hourton podia saber, três dias depois das eleições, que o futuro governo teri:i. essas caracterí.sticas. A afirmação gratuita era para pressionar os fiéis. Ademais era. falsa. como a experiência o demonstrou. O direito reivindicado pelo Administrador Apostólico de Puerto Montt parece existir apenas para eleger comunistas, pois não conhece· mos nenhuma reivindicação dele quanto à liberdade de eleições cm Cuba, por cxcn,plo. • No mesmo dia 7 de setembro, deroito Sacerdotes de Valparaíso escrevem ao Arcebispo-Bispo daquela Diocese contra os que não querem "colaborar com um regime que lhes mete medo porque pode limitar seus ben,f ou •·e11s privilégios" ( rcv. cit., col. 903). • O grupo "Igreja Jovem". de Santiago. publica no mesmo dia um manifesto hipoteéando "sincera t1desão" ao Presidente eleito (ibid., COI. 903) , • O Movimento Operário da Ação Católica, organismo sob dependência do Arcebispado de Santiago. emite declaração "sa11da11do. o 1ri1111fo'" de Allende (ibid., col. 905). • Ainda no d ia 7 de setembro, a Ação Católica Ru ral, organização igualmente da esfera eclesiástica, oferece sua colaboração ao governo da Unidade Popular e convoca todos os camponeses a defenderem a vitória eleitoral desta. Proclama q ue "é. nosso dever, como cristãos, colaborar com e111usiasmo, responsabilidade e sinceridade" para a realização do pro· grama da Unidade Popular (ibid .. col. 906). • A I 2 de setembro o Pe. Manuel Segura, Provincial da Companhia de Jesus, dirige uma carta a todos os Jesuítas chilenos afirmando. entre outras coisas: "O programa da Uni<lade Popular, conhecido por t<><Joj· ,1ós. fixa ,,lguma.r m eias que po,lerímuos consi(/erar como outenticameme cristãs ( ... ). Deve. ser parti n6s um motive de profunda ,,tegria o fa to de que o grupo que obteve a nwiorict 11as ur11a.r promete trabalhar pelo povo e pelos pobre.r. 1- . . J Nossa atitude sin,·era deve ,\·er d e colt,boração leal í . . . ). De maneira nenhuma devemo,\· aparecer como aliados co,n aqueles que fe oponham a estas transformações [ .•• (ibid .. COI. 910).

r

• No dia 25 de setembro o Episcopado Chi· lcno emiaiu uma d eélaração conjun ta, interpretada pelos círculos políticos corno apoio oficial a Allende ("La Prensa". de Buenos Aires, 26-9-70) . • O Presidente marxista visita o Cardeal Silva Henríquez em agradecimento à visita que recebera deste último logo depois de ter

sido eleito pelo Congresso pleno. Nessa ocasião o Cardeal presenteia-o com uma Bíblia ("EI Siglo". ór-g ão oficial do PC chileno, 28-10-70). • Depois de en,possadp na ma,g istratura suprema, Allendc dirige-se à Catedral de Santiago, onde pastores protestantes, rabinos e clé,. rigos católicos oficiam em co njunto um "Te Deum'' e rezam pedindo a ajuda de Deus para o C hile. O Núncio Apostólico cm São Do· mingos, Mons. Antonio dei Giudice, assiste ao "Te Deum" ecumênico como enviado especial de Paulo VI ("L~ Revista Catolica", Santiago. n.0 1015, de setembro-dezembro de 1970. p. 5885). • O jornal "Ultima Hora". de Santiago, em sua edição de 12 de novembro, publica uma entrevista do Cardeal Silva Henríqucz a um jornal e uma rádio de Cuba. na qual o Purpurado assegura simpatia, apoio e colaboração da Igreja às "reformas básicas" do programa da Unidade Popular. Elogia Allende e termina pedindo ao Senhor que ajude Cuba no trabalho que a ilha está realizando. Insistimos em que estas são apenas àlgumns Citações: tiradas de entre muitas outras dcssâ época. Contudo, é necessário deixar claro que o apoio cc.Jcsiástico ao governo comunista chi· 1cno continua com a mesma intensidade até o presente. A gravidade desse fato cresce de ponto se considerarmos que nenhuma voz de Padre ou Bispo se levantou na iníeliz nação andina pani denunciar os Pasaores que exerciam a violên· eia da pressão moral sobre seu rebanho. Em 8 de outubro de I 970. a Sociedade Chi1-ena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade dirigiu uma carta ao Santo Padre Paulo VI, na q ual, após descrever a situação gravíssima do país e a sua própria, salienta: "f:: 110 umbral ele umc, enorme t~agédia que se ahc,re sobre todo um povo que nos dirigimo~ ,, Vossa Santidt1dc pt1ro pedir-Lhe, como P"i Supre· m!> ela Crfa·umdatle, que pelo menos flgOra St· digne voltar o o lhar para o grito de a11gtís1ia que parte do Chile[ ., .] e qut! neste, hora tln1• mática., faça ouvir Sua augusla voz a tem po de ,,i,ula salvar uma nação cat6lica que já está à beira tio abismo". Dois anos antes a TFP chilena fizera chegar ao Pontífice uma n,ensagem com 120 mil assinatu ras de católicos chilenos pedindo a Paulo VI medidas contra a infiltração comunista na Igreja. Com· quanta dor constatamos que em ambas ocasiões a resposta foi um silêncio glacíal. . . No dia 19 de novembro de 1970, o novo Núncio no Chile, Mons. Sótcro Sanz Villalba. apresentou credenciais a Allende e '"acenwou especialmente sua cdmplacência pelo programa de progresso social em que eslá comprome1ido o país e para o qual assegurou a ajuda da Igreja'' {"La Revista Católica", Santiago, n.0 1015, de setembro-dezembro de 1970, p. 5886).

O naufrágio da economia ch ilena Se os progressistas estivessem simplesmente enganados ao assumirem tais atitudes - como afirmam muitos "sapos'', o u r icos bt1rgucse.~ pró-comunistas - seria natural que ao presenciar o caos econômico e social {já não dizemos espiritual) em q ue o país está imergindo, eles levantassem uma forte oposição ao go· verno. Mas nada disto ocorre . .. Submetemos à apredação dos leitores alguns dados colhidos cm revistas e jornais chilenos. que dão uma idéia da crise econômica e so· cial daquele país ( fruto necessário do regime hostil à propriedade privada e à livre iniciat iva). O que é ig11orado pelos progressistas.

I -

Nos

CAMPOS

• Com o governo d e Allende acentuou-se cm grande medida a agitação nos campos, já iniciada por Frei. Assim é que, além de grande número de fazendas tomadas "legalmente" pelo governo. os extremistas, com a conívên· eia deste. apoderaram-se pela força de 730 fa.

Hernán Martínez C0:tC1. Ut :,14 PÁGINA 6


os DOIS CALCANHARES Plinio

Corrêa

EUROPA É um Aquiles que não tem só um, mas dois calcanhares vulneráveis. Desde que corte o abastecimento do petróleo do Oriente Médio, a Rússia pode paralisar, de um momento para outro, quase todas as indústrias e transportes da Europa Ocidental. Tal medida vai sendo cada vez mais exeqüível, por duas razões. A primeira é que o poderio naval soviético cresce cada vez mais no Mediterrâneo, o que permite a Moscou eliminar ou prejudicar a fundo o transporte do petróleo. ~ -segunda é que o governo de coligação do Iraque, do qual fazem parte co1nunistas, desapropriou a /rak Petroleum Company, a qual funciona agora com técnicos russos. A colocação e a distribuição do petróleo ficaram a cargo da Rússia. Acresce que a penetração soviética, sempre mais intensa no Irã, vai toºr nando periclitante situação não só do governo desse país, como dos sultanatos petrolíferos do Golfo Pérsico. Assim, todo o petróleo do Oriente Médio poderá cair, em breve lapso de tempo, nas mãos dos soviéticos. Este é um dos calcanhares de Aquiles da Europa. O outro é a situação militar. Sem petróleo, o esforço de guerra da Europa Ocidental fica reduzido a quase nada. Mas há pior. Sem embargo de já se ter estendido ·pelo Mediterrâneo, o poderio militar russo no norte do continente atingiu índices alarmantes. Os soviéticos supei;am a Europa Ocidental em poder aéreo na proporção de sete para um. E o poderio naval deles está para o dos europeus ocidentai~ na proporção de quatro para um. Assim, pelo norte e pelo sul, a Rússia vai cercando a Europa Ocidental.

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- Mas, dirá o leitor, e a redução equilibrada das forças? - Respondo que esta só está sendo negociada,"no momento, entre Moscou e o Ocidente, no setor central vital ( e, portanto, nem no norte nem no sul). Assin1, .facilmente se explica que a Rússia já tenha pronto um plano de invasão da Europa Ocidental, consistente em ocupar o continente e todo o litoral do Atlântico em duas sen1anas. Em mais duas semanas, ela contaria neutralizar toda a resistência na zona ocupada. Os Estados Unidos seriam paralisados pelo terror de uma agressão atômica. A essa invasão, a Europa teria pouco a opor, pois a NATO só dispõe de onze mil tanques, enquanto as nações do Pacto de Varsóvia dispõen1 de dezessete rui I deles. O mais provável é que, na iminência dessa invasão, a Europa Ocidental se deixe "finlandizar", sem qualquer resistência militar: Ou seja, os governos conserva.ria1n urna aparente soberania, porém, na realidade, ficariam na dependência de qualquer aceno de mão dos Senhores do Crernlin. Un1a situação quase igual à dos países satélites. ~ Ben1 entendido, a Rússia aproveitaria esta situação privi:. legiada para impor gradualmente o comunismo aos países "fin·~ landizados".

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Diante desse conjunto de notícias e previsões catastróficas, ~ o leitor terá um sobressalto e me perguntará no que me fundo. g Quase todos os dados que menciono têm como orige1n dois g artigos publicados pelo Sr. C. L. Sulzberger no "New York Tiz . ~ roes" e, no "Estado de São Paulo'' dos dias 17 e 18 de junho

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de

Oliveira

último. De n1eu, só acrescentei alguns fatos de notoriedade absolutamente universal. O Sr. Sulzberger é um jornalista conhecidíssimo, membro da poderosa família à qual pertence o órgão nova-iorquino. Deste divirjo em tudo e por tudo. Mas o leitor e eu sabemos que é um dos jornais mais importantes do mundo. Ademais, em seus artigos, o Sr. Sulzberger menciona fontes como o serviço secreto norte-americano, e o relatório "A Europa e o Mediterrâneo", recentemente aprovado pela União da Europa Ocidental. Por fim, acresce que o jornalista yankee está n1uito longe de ser - como eu - um anticomunista en1penhado em alertar a opinião mundial contra o perigo russo. Não se acha, pois, e-xposto à desconfiança "sapa" de que ele exagere o perigo russo, para despertar un1a reação do Ocidente. Por isso, é sem indignação que o Sr. Sulzberger constata, em um de seus citados artigos, a seguinte catástrofe: "É inegár ,•e{ que a Europa Ocidental está se tornando cada vez mais irreversivelmente dependente da boa vontade de Moscou quanto à manutenção de sua segurança e progresso econômico". A serenidade do articulista americano tem uma causa. Diz ele: "A União Soviética deseja sinceramente urna conferência pan-européia de segurança, logo seguida por urn acordo forrnal entre Leste e Oeste, e está preparada a pagar pela ratificação das fronteiras vigentes na Europa, concordando com alguma espécie de redução rnútua e equilibrada de forças dos exércitos do Pacto de Varsóvia e da NATO". Para o Sr. Sulzberger, continua assim aberta uma esperança no n1eio dessas trevas. Ele crê que "a tendência para unia "détente" venha a reduzir a ameaça de crise". Tudo isto bem mostra ao leitor quão insuspeito é o redator do "New York T_imes'', de querer criar, corn seus artigos, um sobressalto anticomunista.

- E eu, por que rnotivo trato aqui destes assuntos? Recuso-me a admitir que esteja tudo perdido. Porque pertenço, pela graça de Deus, à categoria de hon1ens que lutam animosamente, mesn10 con1 os mais minguados recursos, contra o mais poderoso adversário. Porque, acima de tudo, créio na Providência Divina, e sei que pelos rogos de Nossa Senhora eis bons jamais serão abandonados em sua luta contra o Mal. Porque, assim, cumpre alertar logo os bons. Não se pode prestar ao Ocidente mais fatal desserviço do que deixá-lo dormir diante do perigo que se avoluma. Não sei fundado exatan1ente no que, o Sr. C. L. Sulzberger afirma que, a se efetivaren1 as hipóteses catastróficas por ele mencionadas, isto só se daria daqui a "vários a.nos''. Isso importa ein dizer que ainda há n1uitas resistências por vencer. Entre estas está - em nossos tempos de agressão psicológica - a: resistência dos homens de fibra no n1undo inteiro. Estin1ular essa resistência pela .consideração - feita a tempo - do perigo, criar um ambiente de fé c coragem, é dever de todos. Para o Sr. Sulzberger, como vin1os, o perigo não existe, porque se pode confiar nas intenções pacíficas dos russos. Os que, no mundo livre, participan1 de sua candura, são uma 1ninoria insignificante. Essa minoria não levará a melhor, se os que não crêe1n na boa fé soviética despertarem. Eis porque escrevi este artigo.

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''SEGUE, POLÔNIA,

os· SANTOS EXEMPLOS DE TEUS MAIORES, PORQUE, SE LUTA]

Uma epopéia católica: o cerco UANDO O DEUS Altíssimo decidiu cas-

Enquanto isso, ~,lguns nobres q ue não queriam

1ig_ar '?s pol<n_,eses: e,_,, sua bon<ftule enviou pr,me,ro vános s11w1s premmcuuulo o e,,. uistro/e. Assim, permitiu que - a 10 de fevereiro de 1654 - a alta torre de madeira do Santuário de Czestochowa fosse atingida por um mio e consumida por um incêndio. Alguns meses depois, ocorreu um milagre presenciado por muitos: apa-

submeter-se ao inimigo rcrugiara.m~se em J:i.sna

Q

receu diante do soJ uma cruz que se transformou cm um coração transpassado por uma espada; viu-se ao mesmo tempo uma mão segurando uma maçã, que se dividiu em quatro partes e se lransfonnou cm açoite. ''No ano seguinte pa,,;a ,lo

Norte o açoite de Deus contra os po/oneses: Ct,rlos Gustavo, Rei dos j'uecos". J?, assim que Frei Augustyn Kordecki inicia as suas Memórias do Cerco de Czestochowa ( 1) cm que narra um dos episódios mais belos da milenar e gloriosa história da Polônia. Ê desse livro, bem como do prefácio escrito para uma reedição recente por J an Tokarski, que extraímos os dados que seguem.

Jasna Góra, símbolo da Fé e da nacionalidade Em 1648 cingiu a coroa da Polônia Jan Kazimierz (João li Casimiro ou Casimiro V), home m de caráter fraco e avesso a toda forma de combatividade. Acabrunhado pela morte da mulher. abandonou em 1668 o trono, retirando-se para um mosteiro na França. Ali morreu de desgosto ao saber que os turcos haviam invadido sua pá· tria. Foi cm sc.u reinado que se deu, cm 1655. a invasão dos suecos protestantes e o cerco de Czestochowa. O Rei da Suécia, Carlos X Gustavo, possuía um dos melhores exércitos de seu tempo, e poderosa esquadra. Ao invadir os territórios da Monarquia polono-Jituana - enfraquecida pela revoha dos cossacos, no Leste - encontrou pouca resistência. Quase toda a nobreza, parte da qual era calvinista, aceitou-o como "Protetor da Coroa", abandonando Jan Kazimierz à própria sorte. ''Caín cop;tal ap6s ca11ital: Povum Caiu ,tt·m luta, a venerável Gniezno foi saqueod,1, Yar.r6vio entregou-se sem um /iro, Cracóvla re,uleu..se ap6s pequena l'Csistência, e Wi/110, ocupada en1ão pelt1 RlÍssia, não passava de um amontoado de ruínas" - escreve Tokarski. Os invasores protestantes, ap6s conquistarem Cracóvia, no extremo sul, enviaram um exército de 3 a 4 m il homens para tomar o Santuário-for• taleza de Jasna G6ra (Montanha Clara) a du· zentos quilômetros dali, junto à aldeia de Czestochowa. A Montanha Clara era já naquela época o centro da vida religiosa da católica nação polonesa. Havia quase três séculós que ali se venerava o milagroso ícone da Mãe de Deus, cuja autoria uma piedosa e antiga tradição atribui ao pincel do Evangelista São Lucas . Desde os tempos de L.1dislau V Jagelão, em fins do sééulo XIV, tornara·se um como que preceito constitucional. não escrito, que todo Rei da Polônia deveri3 visitar o Santuário de Jasna Góra pelo menos uma vez. E todos os sucessores de Ladislau V obedeceram a esse costume, com exceção de Estanislau 1T Poniatowski, com quem se extinguiu o reino da Po· lônia, já no século XVIII. O Rei Sigismundo 111 - cm fins do século XVI - para conferir maior segurança ao Santuário e ao anexo Mosteiro da Ordem de São Paulo Primeiro Eremita, dotou-os de fortes muralhas, com qu3tro bastiões e fosso ao redor, e dcstinou.Jhes uma guarnição paga pela Coroa. A Montanha Clara assumiu então o aspecto de uma fortaleza. Jasoa Góra transformara-se assim cm símbolo da adesão dos poloncses à Fé católica e, a esse título, da própria nacionalidade. Com efeito, rodeada de vizinhos protestantes, cismáticos e pagãos, a nação polonesa mantinha sua integridade e independência graças à profunda unidade religiosa de seu povo. Dominar a Montanha Clara era, pois, dominar simbolicamente a Polônia.

Antes morre r dignamente, do que viver na impiedade Antecipando-se ao invasor sueco, um traidor, o Conde Jan Wejchard de Wru,szczewicz, a fim de conquistar as boas graças do Rei Carlos Gustavo, exigiu dos Religiosos a entrega do Santuário-fortaleza a ele, eat6lico, a pretexto de evi1ar que caísse nas mãos dos hereges. Ameaçava tomar à força a Montanha Clara se não se atendesse a sua exigência. Os Monges responderam pela boca de seu Prior, Frei Augustyn Kordecki: "Antes morrer dig11amcnte, do que viver na impiedade". 4

G6ra. Um deles. S1efan Zamoyski - membro de uma das mais ilustres famílias polonesas - aconselhou os Religiosos n não cederem, e afirmou que os que ali se haviam abrigado estavam disposlos a morrer na defesa da honra do santo lugar, confiantes na protcç.ã o de Nossa Senhora. - Contudo, nem todos os nobres que tinham buscndo proteção no Santuário estavam animados de tais disposições, como veremos. O Conde traidor, não podendo conquistar Jasna Górn pelas armas, atacou algumas propric(la .. dc,s do convento. e apresso~-se em ir ao encontro das tropas suecas que se ap(OXimavam sob o comanãõ' do General Miller. Acenando para este último com os tc.s ouros do Santuário, conseguiu convencê-lo a atac-a r a Montanha Clara desde logo. O Prior, convocando o Conselho do Mosteiro, comunicou aos Religiosos a sua decisão de não cntre.g ar o santo lugar aos hercgc,s, e de resistir com todos os meios disponíveis. Sua decisão foi unanimemente aprovada. Pouco depois, chegava o único auxílio externo que seria recebido pelo Santuário-fortaleza durante o sítio: alguma provisão e doze canhões, enviados como doação pessoal por Stanislaw Warszyeki, Castelão de Cracóvia e Primeiw Senador da Coroa. Enquanto o Mosteiro assim se preparava para resistir, m ultiplicavam-se por todo o reino as defecções e traições. Abandonado pelos seus, o Rei Jan KaiimierL r~f~1;iara-se no vizinho Principado de Opole. na Slle.sia, onde tcn t:wa reunir os remanescentes de seu exército. Mas nenhum auxílio podia prestar a Jasna Góra. Muitos nobres, por outro lado, satis_íeitos com as promessas de paz e segurança folias pelos suecos, começavam a voltar para as suas propriedades. Não faltaram então conselhos "prudentes" ao Padre Kordecki. Assim, o Prior do convento de sun Ordem cm Wiclun, ·'consldercmdo a dt:s1>rO· porção das /orças miUtares", aconselhava~o a não oferecer resistência. poupando a Jasna G6ra danos materiais que podiam ser irrcparãveis.

O Mosteiro responde pela boca dos canhões Frei Augustyn Kordccki, porém. não contava só com os recursos materiais. Exortava todos a oferecerem a vida em defesa da honra do santo lugar. e a depositarem toda sua coníiança na Virgem Santíssima, "11ue em tão extre,na necessidade não lhes faltaria com seu auxílio''. Pediu que ninguém faltasse à Missa que rezaria diante da imagem de Nossa Senhora de Czestochowa e ordenou que se levasse o Santíssimo Sacramento cm proci ssão pelos muros e bastiões; bcn1,cu os canhões, um por um, bem como os projéteis e os barris de pólvora. Os inimigos chegaram aos pés da Montanha Clara às 2 horas da tarde do dia 18 de novembro. Além dos 3 ou 4 m il suecos sob o comando do General Miller, vinham mais alguns contingentes de apoio do Conde de W rzeszcu,wiez, do Wadlaw Sadowski - outro nobre polonês traidor - e do Príncipe.Eleitor da Saxônia. Miller enviou logo uma carta propondo a capitulação de Jasna G6ra. para evitar um "imíti/ derram"mento 1le sangue". Ao mesmo tempo, suas tropas iam-se preparando para o assédio e estudando a disposição dos canhões da fortaleza. ·'Nlio nos pareceu convenie11te responder por escrito o essa carta - rcgislra o Padre Kordec.ki ern suas Memórias. Já não era hora de escrever, mas tle agir pelas arnws. N6s lhe resr>ondemos pela boca dos ca11hões". E a resposta foi tão enérgica que, ao anoitecer, o general sueco pediu uma trégua, assegurando aos Religiosos que nenhum mal pretendia fazer ao Santuário. No dia seguinte, Miller ocultou sua artilharia na vizinha aldeia de Cu,stochowa, e dali bombardeou a Montanha Clara. Quando os Religiosos se deram conta disso. consideraram que a destruição da aldeiá pouco significava em comparação com a do Santuário de Nossa Senhora, e dispararam sua artiJharia nessa direção, incendiando as casas de telhados de feno. Surpreendidos. muitos suecos saíram a campo aberto e foram alvejados pelos sitiados. Então Miller enviou um novo delegado com o fim de convencer os Monges a re renderem. assegurando que os poloneses seriam livres de prtt~ ticar sua religião e argumentando que a resistência de Jasna G6ra não era razoável. uma vez que todo o país havia capitulado. O Prior respondeu-lhe apontando uma contradição em_ sua atitude: se o Rei dos suecos prometia liberdade religiosa aos

polonescs, como ele, Miller. desejava ocupar militarmente a igreja da Virgem? Enfurecidos com a constância dos defensores. o s hereges dcsfecharan, om ataque con tínuo de três dias çontrn Jasna Góra, hrnçando sobretudo granadas e projéteis incendiários. para t>Ôr fogo às for1ificaçõcs inexpugnáveis. Em meio ao fra. gor do bombardeio, um hino piedoso e sacra! clcvou~se do alto da 1orrc sólida e majestosa do Santuário, comun icando ânimo aos defensores. Esse canto dos Monges, que se ouvi ria diaria· me nte durante todo o tempo que durou o cerco, causava grande irritação aos suecos. que os consideravam uma manifescação de desprezo para com eles. Algumas das bombas incendiárias lançadas pelo inimigo britiam nos telhados e caíam para fora dos muros. Uma delas, atirada contra a capela onde se encontrava o milagroso quadro de Nos.. sa Senhora de Czestochowa, "como se fosse tocada ,,or rmr(l força invisível voflou-se <:Ontra o c1.1mpo inimigo, espalha,ulo um terrível fogo pe· los ares", relata o Padre Kordecki. Miller, convencido de que não lhe seria íácil tomar a íorcalez..,, escreveu a Wiuemberg. co• mandante dos exércitos suecos em Cracóvia, pc· dindo-~he que enviasse canhões de p,otência suficiente para romper as mura1has. e lhe reforçasse o número de infantes.

Um nobre e um Monge em cada bastiõo Certo dia, Frei Augustyn Kordccki foi infor.. mado de que alguns dos defensores de Jasna Góra tramavam fugir e entregar•Se aos suecos; é fácil imaginar que efeito deletério isso teria sobre o moral dos que. ficassem. O Prior agiu imediata· mente: expulsou da fortaleza os chefes da revolta, aumentou o soldo dos 160 homens da guarnição real e obrigou todos os defensores a prestarem juramento de que lutariam até a última gota do seu sangue. E confessa humildemente em suas Memórias que, "advertido por esse ucontecimenro. deu.se conta de que tleviu exercer uma vigi"111cia maior e mais acurada'' tanto sobre a tropa, como sobre os nobres e os Religiosos. Designou os Monges mais idosos para o coro noturno, pois duran1e o dia os mais jovens, além de rezarem o ofício, participavam · indiretamente da luta. socorrendo os íeridos e auxiliando os artilheiros a abastecerem suas peças. Fez um remanejamento da defesa, d~ignando um nobre e um Religioso para vigiar em cada bastião. Confiou o comando geral ao Senhor Stefan Zamoyski e a Frei Ludwik Czarniccki. A fim de ganhar tempo, atrasando o as.salto inimigo, enviou dois Religiosos ao ac.impamento sueco, sob o pretexto de estudar as propostas do General Miller. Seu objetivo real era conhecer as forças atacantes e obter alguma notícia sobre eventuais reforços que estivessem sendo enviados aos sitiados. O Padre Prior procurou. o quanto pôde, entreter o comandan1c inimigo com esse expediente até que o inverno impusesse a suspen• são das operações, ou lhe chegasse socorro externo. Na esperança de obter a rendição, Miller recebeu de braços abertos os dois delegados, presenteou-os com seis grandes peixes como sinal de sua "generosidade", e mandou-os de volta com suas condições: os Monges deveriam reconhecer Carlos Gustavo corno Rei e repudiar Jan Kazimicrl. O Padre Kordeeki enviou-lhe a seguinte resposta, por meio dos mesmos Monges: "De ,,u,. neira alguma podemos renegar ()J' direitos e a pr<>teção ,lo Rei Jan Katimierz enquanto outro Rei, segundo O.l' costum es tle nossos malores, não /ôr escr>/hldo de acordo com 11s Lei.t, e sagrado pelo Reverendíssimo Primaz. da COl'()(J, Se t1lguns aban· donaram o Rei legítimo, de ncn/wm modo ls.)·o nos pode ser proposto como exemplo. a n6s que es.. tflmos prontos a selcir ,·om o sangue a fidelidade a nosso SenhOI'. Assim, na metlida de nossas /OI'· ç<i.)~, ,/c/enderemos a lntegridade ,los direitos de Deus e ,los ho1m!ns11 • Encolerizado, o comandante dos hereges aprisionou os dois Religiosos, comunicando que somente os libertaria se os seus Superiores lhes dessem poderes para discutir com ele os termos da rendição. Ao mesmo tempo ameaçava executar a ambos se os dcfcnsore$ do Mosteiro fizessem fogo contra os seus soldados, os quais passaram a dcs· locar os canhões para posições m'ais próximas dos muros, repelindo sempre, aos gritos, o slogan de seu comandante: ·'atirem. e liquidaremos os vós• sos Monges!" Simultaneamente, os. suecos propa· garam a notícia da eliminação dos últimos boi· sões de resistência no país, para tirar aos sitiados qualquer esperança de auxílio externo.

O Padre Prior fez todo o possível parn resgatar os Monges retidos por Miller, acusando-o de violar o d ireito das gentes, q ue assegura a imunidade dos parlamentares, e de estar dando mostras de ser um homem sem palavra. Por (im, mandou dizer que, se a impiedade dos hereges decidisse matar os dois reféns, os defensores da Moncanha Clara não se poderiam opor à vont:,dc de Deus. sem cuja anuência não cai sequer um fio de cabelo de nossas cabeças. "Qut morressem, então. para que seu sangue lhes obtivesse uma libertaçrio honro.w,. Q,umto o n6s - escrevi:, Kordecki - juramos que nos de<Ucürcmo.t, corajosamente e confiad!>s no auxílio de Deus l'odo-Potlero.ro. à de/eJ·a do Santuário". Miller decidiu mudar de tática : libertou um dos reféns, mas com a condição de que. ap6s visitar o Mosteiro, voltasse fts suas ,garras, - sob pena de morte horrível para o outro prisioneiro. Heroísmo na obediência, até o sacrifício da vida Chegando ao convento o Religioso re1atou o que vim e ouvira no acampamento sueco e conforme Miller esperava - concluiu que lhe parecia uma loucura continuar a resistência dian· te de um inimigo tão poderoso. Não obstante, disse mais - o que Miller não esperava: considerando o valor da sua vida menor do que o bem da Ordem, estava dispos!o a rever a sua conclu• são se seus Superiores não concordassem com ela. E voltou ao acampamento sueco com a se• guinte respo~ta : contra todo o direito das gentes. os dois representantes de Jasna Góra foram feitos escravos: privados, como tal, de vontade própria, não tem sentido confiar-lhes poderes para d iscutir qualquer coisa. Quanlo à vida. estão eles d ispostos a sacriíicá-la pela glória de Deus. O chefe protestante envjou então ao Santuário o segundo refém, sob as mc$mas condições. O Religioso expôs a situação aos seus confrades e entregou a vida nas mãos dos Superiores. d izendo-se pronto a morrer para cvit,tr que o santo lugar fosse maculado pelos hereges. Quando voltou ao acampamento com resposta igual à do primeiro, Miller condenou ambos à morte. devendo a execução fazer-se no d ia seguinte. pelo enforcamento. Ouvindo a sentença. exclamaram os dois, para espanto dos suecos: "A hl por que mio hoje, IIUll' só <unanhã é que d evemos ser lmolados por Deus. pelo Rei e pela Pátria?!'' No dia seguinte, contudo, a execução foi adiada para data indc1erminada; Miller mandou soltá-los mais tarde. na esperança ainda de obter a rendição da Montanha Oara. Tendo-se tornado n,ais intenso o inverno. o~ soldados suecos passaram a acender fogueiras à noite para se defenderem do frio: com isso, entretanto, revelavam suas posições. sendo alveja• dos pela guarnição de Jasna G6ra. E. entre o frio e a morte, preferiram o frio. Como uma densa neblina envolvesse a Montanha Clara, possibilitando aos suecos aproximarem as suas grandes máquinas de assalto sem serem percebidos, o Prior determinou a um dos Religiosos que clamasse pelo auxílio de Deus contrn os artifícios do demônio, limpasse com exorcis· mos o ar escurcddo, e benzesse as armas dos d e,. fc nsorcs: isso resultou eficiente. pois as névoas se afastaram do ar e os tiros dos católicos novamente se tornaram certeiros.

Cerco interno, o mais terrível Não foram ·os suecos o único inimigo que Frei Augustyn Kordecki enfrentou, nem foram eles os mais perigosos. Além do cerco exterior, armado, enfrentou ele um cerco interior, psicológico. Em Jasna G6ra haviam encontrado refúgio cerca de cinqüent;i famílias nobres. Contudo à exceção de apenas cinco - tais membros da aristocracia recusaram-se a participar da dcícsa. para não se comprometerem com os defensorc.s! Comenta Jan Tok.. rski que eles reprc.s entavam para Kordecki um puigo maior que os sitiantes suecos. Pois constituíam um foco contínuo de derrotismo, semeando a hesitação entre a ,guarnição e entre os Monges, e pedindo a capitulação do Mosteiro. O mesmo faziam os nobres que vinham de fora dos muros com permissõo do general s·ucco 1 especialmente os que tinham propric. dades na região de Sieradz: temia.m eles pelos seus bens, julgando que a prolongada resistência dos Monges auxiliados pelos cinco nobres de Sierad1. poderia mover Miller a vingar-se neles. Um autor da época, o ilustre Stanislaw Kobicrzycki, Senador da Coroa, cm seu livro "Obsi· dio Clari-Montis", escreve: "J11sna G6ra sofreu


lES PELA VIRGEJ.\,1 SANTÍSSIMA, SERÁS TERRÍVEL AOS SEQUAZES DO INFERNO''

do Santuário. de Czestochowa ataques de dois lados: cio exterior os suecos lançavam assaltos, e dentro ,los muros grupos de pessoas tle mentalidade paci/isu,, temero:ms e de-

J'esperadas, atacavam co,n 11<10 menos fâria''. A atitude desses poltrões e a insistência dos

ataquc.s inimigos não tardou a influenciar o espírito de alguns Religiosos. Estes, amedrontados, começaram a incitar o Prior à rendição, argumen ... tando que, se a Providência, a qual pode dispor como quiser dos reinos, entregara a Coroa polonesa aos suecos, não cabia a Monges opor-se à voncadc d ivina, mas aceitá-la; tanto mais quanto o inimigo lhes assegurava a plena liberdade reli• giosa. Quando tais manifestações tornaram--se mais freqüen1es nas reuniões do Capítulo, o Prior chamou seus confrades ~, ordem. com caridade fra ... terna. mas não s-em energia: ·'Que fé é a ,wssa, que amor, que reconhecimento a Deus tão gene.. roso para conosco. que um l<ÍO pequeno dano ,ws co,n?tlitltules ttrre,ws consegue desvfor..11os tia g,u,rda t' p,.oteçiio tleste escrí11io tios tesouros celestes do Rei eterno?! Consideremos que é. incomparavelmente mais prudente tlc/endermos a integridade tia Cosa de Deus. a Santa Fé e~ ao mesmo tempo, 11o~·~·a próprit, libertlt,de, tio que per(/ermos wd~ e, além disso, irmos para o exílio e a escrm•itlão eterna''. Nova intensificação dos ataques suecos levou alguns nobres a redobrarem as pressões sobre o Prior, no sentido de um acordo com os atacan• tcs. O inimigo, diziam. que dominou todo o país, não recuará diante deste último foco de ,resistência. Não temos qua1quer perspectiva de receber reforços. Por que não tratamos com os suecos. enquanto nossa situação ainda é boa? O Padre Kordecki respondeu-lhes que não era posslvel o acordo. pois "nem tudo o que exigimos, o inimigo nô-lo concede; quetemos - a111es de tudo - tJue o lugar consagrado ti Virgem Puríssima mio seja jamais maculado pelos pés ímpios dos hereges. V6s, querfrlos Se11hores. abatfrlos pelas ,1dversidades1 desejais cJ,egar a um acordo a fim d e que, livres das infellcidades do cerco e da.r incomodidades da guerra. possais gotar en• ,,;~, sem preocupações, de uma paz agradável. Pensais que, se nos rendermos. estareis Uvres de todas as adversidades tia guerra. uma vez aba11 .. tlonado o claustro? A capitulação tornar--sc-6 /on• re de i11/clicidt1dcs e derrotas; mas se, pelo conrrário, suportando pequenas i11comodidades, vencermos com o auxílio de Deus a obstinação dos inimigos, então conqui,·taremos segura,nente uma paz certa e e.rr6ve/'1 • A paz pela intransigência.

Alguns "cristãos atrevimentos" O sobrinho do Castelão de Kiev. Piotr Czarniccki, um dos cinco nobres que participavam da defesa da Jasna Góra, distinguido em guerras an• tcriores, decidiu dar um golpe de audácia contra os suecos. Saindo à noite com alguns soldados, conseguiu chegar à retaguarda do acampamento inimigo, sem que os hereges o notassem. E fez um belo trabalho: matou o comandante da artilharia, várjos oficiais, muitos soldados; por fim, tendo apresado dois caohões, voltou com eles para dentro dos muros. Aproveitando a confusão e o pânico que se- estabeleceram entre os suecos, muitos dos quais saíram a campo aberto, os canhões de Jasna Góra completaram o golpe de Czarniecki, eliminando outros sitiantes mais. O nobre polonês perdeu apenas um de seus homens na sortida. A 20 de dezembro, Stefan Zamoyski, em pleno dia, à I hora da tarde, saíu a cavalo com alguns homens, deslocando-se pelo fosso e pelas trincheiras que o inimigo tinha aberto, e atingiu de surpresa a vanguarda dos sitiantes, matando vários soldados e dcstruindo-lbes dois ca.nhõcs. O fogo vindo das muralhas cobriu-lhe a retirada. Nessa incursão. Zamoyski perdeu também apenas um homem. Os suecos. porém, suspenderam seus ata· ques por dois dias, para cuidarem dos mortos e feridos. Tendo Miller oíerecôdo pouco depois um banquete a seus oficiais, uma bala de canhão lançada contra a sua tenda caíu sobre a mesa. fazendo com que todos os convidados saíssem às pressas ... sem sequer se despedirem. Entretanto, na antevéspera do Natal os defensores de Jasna Góra identificaram no horizonte os carroções de pólvora e os grandes canhões que vinham de Cracóvia, para reforço dos sitiantes. Então voltou o pavor a se insinuar entre os sitiados. E muitos da nobreza tentaram convencer os Monges à rendição. Os · Religiosos, discutindo sobre a nova situação, se dividiam em opiniões contraditórias. O poderio bélico do inimigo, a falta de reforços, a fúria atroz dos hereges, a per-

da dos bens, a injúria ao santo lugar, tudo lhes acorria à mente. Os que tinham demasiado apego à vida mostravam-se an,igos da paz, desejavam um acordo com os hereges. Na hora do perigo, os sofismas: "Não está cerro que um Reli-gioso, que renu11ciou ao mundo e se con$·agrou ,10 se,.viço espiritut1/ de Cristo, tome da espada I! tlerrame scmgue; é melhor deixar a lultl e tralllr tia pr6pria salvaçiio. E se por falta de víveres tivermos d e nos rentler ao i11imigo, não é melhor que o façam9~· tlesde logo, evita,uio aume111(,r./he a Íl'a com a nossa tlemora?" Os Monges mais ve· .lhos, não obstante, eram de opinião diametral .. mente oposta, e conseguiram impor-se. Ficou dC· cidido esperar pela vinda de reforços e confiar na mis-ericórdia de Nossa Senhora, Rainha da Polônia.

Um milagre do dia de Natal Com os novos canhões pesados e os engenhos de guerra que recebera de Cracóvia. o g~nernl sueco preparou-se para o assalto decisivo. E, como de costume, enviou uma mensagem ao Mosteiro, propondo a paz, e ameaçando descarregar todo o seu ódio sobre o santo lugar, se sua proposta fosse recusada. O Padre Kordccki respondeu amavelmente, pedindo uma trégua para o dia seguinte, que era Natal. Escreveu também ao Conde de Wrzeszczewicz, apelando para que ele intercedesse junto ao general, cm favor da trégua solicitada. Objetivava com isso o Prior iludir os suecos sobre as disposições de espírito dos defensores, e ganhar tempo, - o que agora se tornava particularmente precioso, à vista das notícias de que o Rei Jan Kazimicrz já começava a movimentar suas: tropas para voltar a atacar os invasores. Mas Miller respondeu imediatamente, por intermédio do Conde traidor: concederia a suspensão das hostilidades somente se recebesse, ainda nessa noite. a promessa da rendição. Desta vez, o Prior dos Paulinos decidiu não responder. E os Religiosos passaram em claro a noite de N atai: alguns vigiavam nos muros, outros encorajavam a guarnição, m:-ts a maioria ficou na igreja rezando. Um movimento mais intenso no acampamento inimigo, fogueiras mais numerosas, prenunciavam algo de ameaçador para essa noite. Deus, porém, não permitiu que os hereges despejassem a sua f(1ria sobre Jasna Góra senão no dia seguinte, após o término das cerimónias litúrgicas no Santuário. Ao meio dia de 25, começou o ataque maciço, que durou toda a tarde, causando grandes devastações. Aó anoitecer, finalmente, ·um dos canhões pe$ados que mais castigavam os muros da fortnle· za, fendeu-se, e o ataque foi suspenso. Comentava-se por toda parte, e ouviu-se isso dos próprios suecos, que os projéteis lançados contra o Mosteiro ricocheteavam freqüentemente e, com grande impulso. voltavam ao acampamento pro• testante. Foi o que ocorreu com aquele canhão: o projétil bateu na muralha e voltou com tanta força contra o próprio cano que o havia disparado, que este foi destruído e morto o artilheiro. Desde esse momento já não se ouviu mais nesse dia - nem nos subseqüentes - troar a artilharia dos hereges, parecendo a todos que um grande e miraculoso poder, contrário ao inimigo, havia intervindo para salvar Jasna Góra . Pois não faltavam aos suecos outros canhões e munição à vontade.

Suprema recusa de Kordecki e sua vitória definitiva Ainda no dia 25, Miller voltou a escrever aos Monges. Seria sua última proposta, e sua llltima ameaça. Após lamentar a intransigência dos defensores de Jasna Góra, apresenta-lhes duas alternativas: ou proceder à entrega imediata e incondicional da fortaleza às tropas suecas, ou jurar submissão e fidelidade a Carlos Gustavo, e pagarlhe uma indenização de 60 mil taleres, após o que o sítio seria levantado. Se a oferta fosse re. cusada. ameaçava transformar em ruínas e cinzas todas as aldeias e povoações num raio de três milhas, e entregar as propriedades de todos os nobres que resistiam ·cm Jasna 'Góra ao saque, ao fogo e à total destruição. ,No dia seguinte, 26 de dezembro, o Padre Prior respondeu com ironia ao comandante sueco que era uma pena, mas agora já não dispunha da quantia pedida. Ao mesmo tempo, cscre.veu ao Conde de Wrz:eszczc.wicz: ''Pelos antigos benefí· cios concedidos,, este Santuário, /oi Vossa Ext·elência poup<Ulo várias vezes da morte durante este sítio; abtlixai porém t1 vossa mão. não abuseis da paciência de Deus."'

Nesse dia, conforme o costume, os sitiados continuaram as comemorações de Natal, com cantos e cerimônias festivas. A soldadesca sueca juJ. gou, no entanto. tratar-se da celebração de alguma grande derrota infligida a seu Rei pelos poloneses, e começou a abandonar as suas posições. desconcertada. Os oficiais não procuraram deter seus homens, pois. dando•sc c<'ntà do que realmente se passava na fortaleza, concluíram por seu turno que os siciados deviom estnr muito bem providos cm mantimentos e em munições, para se permitirem tais festas. A verdade é que as provisões estavam já no fim, após 38 dias de assédio. Na escuridão da noite, os canhões pesados começaram a arastar-sc d;;\ Montanha Clara; de ma· drugada. os comandantes se retiraram. cada um para o seu lado. com suas tropas: Miller se diri· giu para Piotrków, o Conde de Wrzeszezewicz para Wiclun, Sadowski para Sicradz. o Príncipe· Eleitor para Cracóvia ...

Para que nenhum homem se pudesse goba r. . . ..Como pode ter aco11tecido que apenas setenta Religiosos (ubsolutdme11te não combatentes) se11tisse111 tanu, /orça cm xi. que com ci11c:o nobres e seus poucos criatlos. mais 160 infantes em sua nwior {)arte aldeões, ou.mssem opor resisrénâa " um exército tão 11umeroso. se o pr6prio Deus, Ili• tcltmdo esse, lugat co11St1grado e) gl6rfo de J'IW querhla Mtle, 1ulo houvesse inspirado es.rn ,iet ermin(I_ Ç<ÍO ao.r Monges e 11ão houvesse incutido coragen1 em m eio ao temor gert1l?" - pergunta o heróico Prior, Frei Augustyn Kordecki, cm suas Memórias. "Por<1ua11to - prossegue - c!mbortt <1/gumas vezes pertlessem " esperança, sempre ,,ue, ap6s a recitação das orações, se reuniam no refeitório e cada um era consultado, totlos votavam unanimemente que preferiam antes tombar sofrendo a nwis terrível das mortes, do que permitir que o i11/ame J'lU!CO maculasse co·n r seus pls o lugar consagrado à Virgem Purissinu,··. E responde à sua própria pergunta: "Deus mesmo tlisp;J.~· tu· coisas de mi modo. para que entre os monteJ' célebres pelos milagres também se con· tas.se eslll Mo11tanha Clara tia Polônia, defendida por m ercê especial do A ltísslmo, obtida pela Sa11. tí,rsima Virgent,· para que nenhum homem se pudesse gabar de havê--la salvo, Q1i ao menos repelir /ra.res Qrgulhosas e jactanciQsas: foram nossas mãos que isso rcalizarnm .. . 1• Segundo o depoimento dos próprios herege.~ suecos, é manifesto que Jasna Góra foi salva milagrosamente. Várias testemunhas declararam que Miller confessava que o único motivo que o levara a levantar o sítio tinham sido as palavras e o semblante ameaçador de uma nobre Dama que aparecera diante dele, deixando-o perturbado. Daí espalhou-se entre os suecos a versão de que seu general fora enganado por uma donzela a serviço dos Monges. O que corria entre o povo, entre· tanto, era que o herege fora advertido severamente pela própria Santíssima Virgem para que renunciasse ao cerco, sob pena do aniquilamento de seu exército. Os suecos contavam também terem alguns deles visto uma Senhora sobre as ameias do Mos· teiro, apontando os canhões e distribuindo, por suas próprias mãos, armas aos soldados católicQS. Diz.iam ainda que certa feita, quando escavavam um fosso cm direção aos muros. apareceu-lhes um venerável ancião, que os aconselhou a deixarem o trabalho inútil, pois nem mesmo em sete anos conseguiriam levá-lo a cabo. O ancião não era outro senão São Paulo, Primeiro Eremita, Patriarca dos Religiosos de J asna Góra. Muitos soldados protestantes confessavam, perplexos: "Freqüentemente, quando nos preparávamos para o assalto ao cltrnstro cum canhoneios dem<>lidoreJ·. aparecia uma n ebli11a, envolto pela qual o monte apresentava sombras falsas que ihullam a 110SJ't1 visão". Tão logo se espalhou pela Polônia a notícia de que os hereges haviam posto sítio ao Santuário de Nossa Senhora de Czestochowa, a indignação do povo -miúdo começou a ferver. "A medida- que se prolongava o cerco, diz. Tokarski, os movlmentos armados dos camponeses, cm várias partes do país, tornoram ..se tão perigosos para os suecos, que eJ·tes temiam sair de suas fort,'Jicações". Por sua vez, "Os monta1Jhtses começaram a se inquietar e armar.se. e no pr6priQ dia do Natal. em nllmerQ de 3 mil, de.sce,.am das montanhas em, auxílio da Mãe de Deus, comandados pelo seu Pároco. o Padre Kaskowicz Stanislmv. Chegaram a Czesto• chowa quando o cerco já havia sid!> ltvtmtado, mas conseguira,n ainda alcançar <1s guarnições suecas de Krz.epke e de Wiehm, com as quais acertaram contas, com gl'ande ferocidade''. Mais tarde, o Conde de Wrzeszczewicz, o trai-

dor, após ser derrotado em batalha na Polônia Menor, foi descoberto por camponeses e por eles massacrado a pauladas. Logo após a queda de Cracóvia, a 17 de novembro de 1655, o Arcebispo de Gniezno. Primaz da Coroa Polonesa e seu Primeiro Duque. dirigira um apelo a iodas as Províncias, conclarnando os nobres a se reunirem ao Rei Jegítimo. para lutar contra os invasores. Finalmente. a 29 de dezembro, quando já se havia espalhado pela Polônia a noticia da libertação milagrosa de Jasna Góra e crescia a reaç.ã o entre o povo simples. os nobres responderam ao apelo do Duque-Primm,. formando a Coníederação da Nobreza en1 Arn,as. Tiinbraram então cm declarar que tomavam armas contra o Rei sueco "porque. estt.· mact,,.a l <1sn" G6r<1". A 3 de janeiro de 1656, o Primaz anuncia /1 naç..1.o um fato inesperado: o Khan dos Tártaros - que até então vivia cm luta com os poloncses - adentrando os territórios d:l Coroa, comuni# cava seu desejo de rcunir•se nos exércitos do Rei Jan Kazimierz e combater contra seus inimigos. "Isto é particularmente uma obra tia 1niseric6rdfo e tio poder tle Deus - adverte o Primaz pois que. q,umdo muitos crisuios se regozijam por nos.tu ruína. e 0tt1ros recusam-nos q1wlquer au;cí.. lio ou o protelam. Ele nQS srx:orre por meio tlaqucfes que es1ão /orll tlt1 l gre;a tle Cristo. E tu·sim, oferecendo a sua destra onipotente aos que /r<1• quejam, ,,ão permite que tlesapareça o Reino . . . " Sobre a omissão da Cristandade ante a invasão da Polônia católica pelos protestantes suecos, Tokarski menciona as palavras indignadas do Núncio Apostólico, Pictro Vidoni: se em algum lugar uma dúzia de protestantes sofre uma injustiça, a Europa inteira estremece cm seus fundamentos; mas se t1m país católico inteiro é devastado, nenhum dos Estados católicos ac:0rre cm .seu auxílio.

A Virge m de Cxestochowa, Rainha e Mãe da Polônia Reunidas as forças fiéis. e para que a contraofensiva alcançasse o maior êxito, o Rei , cm col'npanhia da nobreza e do povo, dirigiu-se à Catedral de Lwów, onde, .com a aprovação do Senado, proclamou solenemente Nossa Senhora de Czestochowa, Rai11ha e Mãe da Polô11ia. Logo depois, os suecos começaram a perder o élo11, e, derrotados batalha após batalha, tiveram que recuar para a Prússia, perdendo a maior parte de seus contingentes. Quando, no Domingo de Páscoa de 1656, o Rei Jan Kazimierz foi a Jasna Góra agradecer à Virgem a libertação da pátria, um tríplice sol apareceu no céu com um brilho incomparável, como que a anunciar que a cólera de Deus tinha sido aplacada. O astro que anunciara a justiça punitiva de Deus, manifestava agora a sua clemência. Contempla, Polônia tia posteridade - exçla· ma Frei Augustyn Kordeeki - que gramlc bellefício te foi dado pela Mãe de Deus, cuja devoção, juntamente com a Fé Romano-Cat6/ica, t eu Apóswlo S01110 Alberto, Arcebispo de G11iez110 e Mártlr, rão ze/osllmente propagou! Segue pois os san• tOJ" exemplos de teus maiores; pOr(Jue se guardares a devoção a Maria. a propagares co>n zelo t a tle/enderel· com ge11erosidade, atrairás ainda nwio--res mercês e tor11ar·te-ás terrível aos sequazes do inferno! Que a Cristmulade olhe e a,lmire quiio fortemente 11ossa Rainha, e Senhora dos Céus e da terra, protege o seu ReinQ, e <111ão eficavne11te dispensa auxílio aos J'tus súditos. privados ,Je socorro humano! Que o Anjo do.r Exércitos do Seuhor, Custódio da Polônia, se dlgnc mover as Milícias Celestes a prestarem homenagem i1111ta~ m ente conosco à Suprema Majestade de Deus por t,io grancl<•s benefícios, e que, com a sua mão poderosa, dispe,.se· to<los os inimigos que se aliardm para erradicar tia Polônia a devoção ti Rainha dos A 11jos!" '

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Gustavo Antonio Solimeo 1) Frei Augustyn Kordccki, "Memórias do Cerco CZestochowa" ("Pamictnik oblezenia Czesto~ chowy'', prefácio de J:m Tokarski. Ed. Vcritas, Londres, J9S6 }. Tais "Memórias", escritas para atender a um desejo do Rei Jan Kaiimicrz, foram publicadas originariamente cm latim, sob o título de "Nova Gigantomachia contra Sacram lmagincm Deiparae Vir· ginis a Sancto Luca deptCtam ct in Monte Clato Czestochoviensi apud religiosos Patres Ordinis S. Pauli Ercmirne in celeberrimo Rcgni Poloniac Cocnobio colloc.atam. per Suecos ct allios haereticos excita.la et ad perpetuam bencflciorum gloriosac Dcip3rae Virs.inis rccordationcm, succc.s:surac postcritati fideliter c"r.~cript:l a R. P. Fr. Auguslino Kordccki pracdicti Ordinis, protunc Clnri Montis Priotc. Anno Domini MDCLV. Cracoviaeº. de

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CONClUSAO DA PÁG. 2

O PAPEL DO CLERO PROGRESSISTA zendas durante o período que vai· de I.º de novembro de 1970 a 5 de abril de 1972 ("El Mercurio", de 6-6-72). • Principalmente em conseqüên-cia da agita• ção e da reforma agrária confiscatória, os agricultores sentem uma completa instabilidade, razão l)e1a q ual. evidentemente, não a.plicam mais capitais ern suas terras: Isto, somado à ineficácia dos "asentamicntos'' (fazendas ex· propriadas e agora exploradas de forma semicoletiva) c dos Centros de Reforma Agrária (estatais) - reconhecida até por membros do governo - produziu uma queda na produção, nunca vista naquele país ("Qué Pasa", n.0 21 , de 9 de setembro de 1971). Consideremos apenas o que ocorre com o trigo. Segundo infom,ações divulgadas pela Sociedade Nacional de Agricultura, em 1972 haverá uma queda de 3 milhões de quintais métricos (300 mil toneladas) na produção de trigo, cm relação a 197 l, o que obrigará o Chile a importar 6.5 milhões de q uinHiis (650 mil toneladas) do cereal para satisfazer a procura ("La Segunda", 10-3-72). Em junho último aquela entidade de classe divulgava novos dados alarmantes : as importações de produtos agropecuários durante o ano de 1972 serão da ordem de 455 milhões de dólares ("EI Mercurio", 2-6-72) . Ainda de acordo com a mesma sociedade. dos 7.068.000 hectares de terras confiscadas. somente 3.784.000 foram dotados de um sistema de exploração definido, quer de "asentamientos", quer de Centros de Reforma Agrária estatais (não se confunda ele/i11ido com efici,11te) . Os outros 3.284.000 hectares estão simplesmente abandonados ("EI Mcrcurio", 2-6-72; "Qué Pasa'', de Santiago, n.0 21 . de 9 de setembro de 1971, pp. 4 ss.). 2 -

NAS f-lNANÇAS e NA ECONOMIA EM OER.A~

.Em conseqüência da política de estatização ·s eguida pelo governo marxista, produziu-se uma extensa crise econômica. Eis alguns de seus aspectos: • D iminuição da produção do cobre, elemento básico da economia chilena. A título de

exemplo, considere--se que em janeiro e fevereiro deste ano a mina de Chuquicamata (a maior do mundo) , confiscada aos norte-americanos por Allende, produziu 12 mil toneladas por mês, quando a média mensal durante o último decênio foi de 25 mil toneladas ("EI Mcreurio", 8-3-72) . "El Tenicnte" - a maior mina cuprífor3 subterrânea do mundo - por sua vez, depois de estatizada passou a ter prejuízos que atingiram 18 milhões de dólares em 1971, segundo números fornecidos pelo vice-presidente da Sociedad Minera "E/ renic111e" ("EI Mcrcurio", 3-6-72). • Os diagnósticos da Socieelael ele Fomento Fabril - escreve o jornal "La Segunda" "são tradicionalmente sérios e exatos, a tal ponto que muitas vezes órgtio.r do poder pú-

blico recorreram a eles para :ruas propesições ao país". A entidade deu a lume um estudo econômico no qual afirma que o país terá um deficit em sua balança de pagamentos q_ue ascenderá a 696 milhões de dólares. o que vem a ser uma cifra recorde para o Chile nos últimos decênios. Por outro lado, a balança comercial terá igualmente um pesado deficit, que subirá a 396 milhões de dólares ("La Segunda", 5-4-72).

• As maiores indústrias têxteis do C hile, também sob intervenção governamental, estão sofrendo -g raves prejuízos. Durante os onze meses que a Hirmos esteve sob controle esta· tal, teve um prejuízo de 450 n,il dólares; a Sumar perdeu ao redor de 80 mil dólares por mês ( .. La Segunda". 12-5-72; "EI Mcrcurio", 21 -6-72).

''Superstar" nao merece comentários A PEÇA "Jesus Cristo Supcrstar.. foi classificada de ''exemplo do subtlts~11volvimeu10 me111al dp flhippismo", numa 1ema1i~·a satlinich ,lc ridicu• /J,riza r o Homem-Deus''. Essa afirmação é do Prof, Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho

Nacional da TFP. Convidado pela imprensa a opinar sobre a ópera " rock", o Prof. PJinio Corrêa de Oliveira disse que lratava do assunto cm consideração ao reporter, pois ''torpezas desse gênero ruio merecem come.111tírio11• ''Cousidtto ,, peça - acrescentou - dcs1i11t1da a lançar sobrt a f igura divinamente moiestosa de Cr;sto o ridículo e a irri.tão. Jesus Cristo Supers• la~· não st sustenta sequer como /rabollto ortfstico". 14

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• Alé 14 de junho de 1972, o governo havia decretado a intervenção cm 263 empresas diversas. Recorde-se que o Chile tem apenas 9 milhões de habitantes, um décimo da população do Brasil. Neste ritmo, dentro em -pouco aquele pais terá mais de 50 por ccnro de seu Produto Geográfico Brttto cm poder do Estado. O prejuízo dessas empresas chega a 23 bilhões de escudos - mais de 2,3 bilhões de dólares ("EI Mercurio", 14-6-72). 3 -

EsCASSl'.Z 01'.RA~ DE PRODUTôS

Vejamos sumarian,entc alguns aspectos da escassez de produtos que aflige o C hile, como resultado da política marxista tão elogiada e desejada pelo progressismo: • ReMÍ!DtOS. Em fevereiro deste ano estavam faltando no país 26 por cento dos medicamentos não insubstiwiveis (isto é, que podem ser substituídos eventualmente por similares) - segundo o presidente do Colégio dos Farmacêuticos, Dr. Mario Martinez CEI Mercurio", 10-2-72). Chegou a faltar nos Prontos Socorros de Valpara!so: algodão, álcool, gaze, instrumentos operatórios. etc. "A causa do problema é uma s6, e nisso concor<lam todos os diretores ,te hospitais de Valparaíso: estão p<,rali1.adas as importações ,lesses proc/u.. tos, por falta ele dó/are.'/"'' ("La Estrclla de Valparalso... 29-1-72). • ALIMENTOS. A esse respeito transcrevemos um trecho sintomático do jornal de Sa11tiago "La Segunda", de 4 de maio p.p.: "Na prática já está iis portas um ,,uase colapso em matéria de abt1stedmen10. que mrâto poucos sabem exp/icc,r [ . .. ]. Vejamos o que não se encontra (nesta semana) nos armazéns e supermercados: açúcar (quando há. ve,ule-se ape11t1s um quilo por pessoa), arro1., a zeite (nem a granel nem enlatado), carne [ . ·. . ], numteiga (quando existe, vendem 118 de <1uilo), margarina (um pacote. por pessoa)_, conser,,as em ger<1/, nesca/é, verduras [. .. ], ovos, frangos (nem par" remédio ou dieta), leite em p6. Note-se que estamos fa1.endc uma lista de artigos essencillis e não daqueles que se poderia consitler'1r supérfluos''. Para poder comprar qualquer alimento é necessário entrar cm grandes filas. Por outro lado, cm junho a Sociedade Nacional de Agricultura salientou que o deficit de carne de vaca no corrente ano, em relação a 1971 , será da ordem de 60 mil toneladas. O governo havia previsto no orçamento a importação de 110 mil toneladas. Logo depois baixou essa quantidade para 71 mil, e agora decidiu não importar carne . . . .Mas não é só. A situação de escassez se estenderá também à carne de aves. Desta última, s6 foram produzidas 45 mil toneladas, das 91 mil previstás ("La Segunda·•, 30-6-72). Em 1971 foram importados 300 milhões de dólares cm alimentos, cifra que este ano subirá a 450 milhões ("El Mcrcurio", 4-6 -72). Soma-se a isto a atuação das Juotas de Abastecimento e Preços, criadas pelo governo. São organismos que fazem parte do dispositivo do Partido Comunista e operam nos diversos bairros das cidades com o objetivo de controlar a d istribuição dos produtos essenciais e mesmo supérfluos, através da fiscalização dos comerciantes varejistas e dos consumidores. Desse modo o Partido Comunista se intromete até nos mínimos detalhes da vida individual. Em maio deste ano havia 560 Juntas só na Província de Santiago ("La Segunda'·, 4 e 8-5-72).

• UNtFORMt;s ESCOLAJ':<!S. A escassez de uniformes escolares é reconhecida na esfera oficial. Assim, uma declaração do organismo estatal DIRINCO anunciava que nem a quarta parte dos alunos poderia receber uniformes novos du.r ante o ano. No início do período de aulas havia uniformes para menos de 10 por cento dos alunos ("EI Mcrcurio", 5-3-72). Além disso está cm falta todo tipo de material escolar e mesmo sapatos ("La Segunda", 2-3-72). • PNl'.UMkr,cos. Por falta de matéria-prima foi suspensa a fabricação de pneus em todo o país ("EI Mercurio"', 22-2-72). Como já observamos, estas citações são apenas de alguns fatos sintomáticos entre outros. Apresentamo-las ao leitor para que meça a real magnitude da crise pela qual passa o Chile.

De scontentamento crescente Qual" é a reação da opinião pública diante desses fatos? Apesar da pressão a que está submetido, o povo manifesta um descontentamento crescente, que se reflete: 1-

dade Popular. Assim sendo, dispensamo-nos , de entrar em detalhes. 2 -

Nos CAMPOS

São numerosos os casos de proprietários que. aux.iliados na maioria das vezes por trabalhadores fiéis, retomaram suas fazendas indevidamente ocupadas por terroristas e executores da reforma agrária confiscatória. Isso cem resultado em um considerável número de mortos e feridos. Por outro lado, são freqüentes as reuni~s de pequenos e médios proprietários, especialmenle no Sul, que emitem veementes comunicados contra a política agrária do governo ("La Segunda" , 5-5-72 e 12-6-72; ·' EI Mercu rio". 13-5-72, 20-5-72 e 13-6-72).

3-

NAS CIDADES

As rnaiores manifestações populares contra o governo de Allendc foram as passeatas realizadas nas cidades mais importantes do pais. Entre elas cabe destacar as efetuadas em San1iago. A primeira, em dezembro, conhecida como a "marcha das panelas vazias'\ consistiu num protesto de mais de 100 mil mulheres contra a escassez de alimentos e a polític:, gemi do governo. A outra teve l ugar em abril, e dela participaram cerca de 750 mil pessoas. ou seja, mais de 30 por cento da população de Santiago ("La Segunda", 2-12-7 1 e 13-4-72). Além d isso realizaram-se march~s semelhantes em outras cidades, como Valpa· raíso, Concepción, Los Ángelcs, Puerto Montt, Valdivia, San Felipe. etc. ("La Segunda". 21-4-72 e 2-5-72; "EI Mercurio", 15-4-72). 4 -

EM OUTROS SETORtlS

• COMÉRCIO. Angustiados pela ameaça que representam as Juntas de Abastecimentos e Preços, os comerciantes vêm promovendo enérgicas campanhas de repúdio a esses organismos. Elas consistem principalmente cm con~ ccntraç,õ cs e greves realizadas cm todo o pa'is ("EI Mercurio.. , 29-2-72 e 31-5-72; "La Segunda", 13-5-72. 6 -6-72 e 15-6-72; " Qué Pasa •·, junho de 1972). • StNDICATOS. Eis alguns dados sobre eleições havidas em sindicatos, no espaço de pouco mais de um mês, as quais também serviram para exprimir o descontentamento popular: - na empresa Bata, a oposição obteve a totalidade dos cargos diretivos do sindicato de empregados ("EI Mercurio", 4-6-72) ; - na Companhia de Papéis e Papelões empresa que fornece 90 por cento do papel utilizado pela imprensa chilena e que o governo pretende estatizar - a oposição alcançou mais de 50 por cento dos votos na eleição para a diretoria da Central única de Trabalhad_ores ("La Segunda", 5-6-72); resultados análogos rcgistraram•Se na ENAP (Empresa Nacional de Petróleo). no Banco Central, na ECA (E-mpresa de Comércio Agrícola) e na GASCO (Companhia de Gás) . Nesta última, atualmente pressionada pelo governo para incorporar-se à área estatal, nenhum dos candidatos da Unidade Popular conseguiu eleger-se na renovação da diretoria do sindicoto de empregados "El Mcrcurio". 12-5 -72, 22-5-72, 1.0 -6-72 e 23-6-72). • ESTUDANTES. Contradizendo o slogan espalhado pelos meios '"sapos" e progtcssistas, segundo o qual a juventude seria maciçamente esquerdista, cm sua grande maioria os cstu· dantes chilenos manifestaram-se nitidamente an:imarxistas. De fato, os alunos de quase todas as universidades do país elegeram diretórios estudantis oposicionistas, desalojando os esquerdistas desses cargos cm vários lugares. ~ o caso, por exemplo. da Universidade Católica de Valparaíso. da Universidade Austral <!e Valdivia e de três Centros Regionais dependentes da Universidade do Chile. Nesta última - o maior estabelecimento de ensino superior do país - o governo foi recentemente derrotado. Além disso. os órgãos estudantis da Universidade Católica de Santiago continuam amolamentc controlados pela direita. No enSino secundário observa·se o mesmo fenômeno, pois têm sido eleitos em suas federacõcs os candidatos da oposição. Por outro lado. cm diversos colégios do Estado triunfaram os "gremialistas" (de direita). Estes fatos indicam bem claramente a fraude que há cm apresentar a juventude chi lena como comunista ("EI Mercurio", 7-12-71 e 29-4-72).

O Cardea l dá Bíblia também a Fide l Castro

NAS ELEIÇÕES PARLAMENTÂRES

A imprensa diária brasileira tem informado suficientemente o público a este respeito, aponlando as sucessivas derrotas eleitorais da Uni-

Depois de ler o que escrevemos, é natural que alguém se pergunte: d iante deste quadro desolador, o Clero progressista do Chile, ontem tão freneticamente combativo contra a fo.

me e a pobreza, não tem uma palavr·a a dizer cm favor do povo? Não. E con1inua na mesma lin ha de favo· recimento do comunismo, com Cardeal e Bispos à testa. . Com efeito, para éitar alguns episódios recentes, entre outros: • No d ia 23 de novembro do ano passado o Cardeal Arcebispo de Santiago recebia a visita de Fidel Castro, o assassino de milhares de c-atólicos. com o qual se entreteve "nrnito cordi<,lmeute.. durante meia hora e a quem presenteou com uma Bíblia. Nessa viagem ao Chile, Castro reuniu-se com numerosos Sacerdotes e Religiosas, doze dos quais foram depois a Cuba ''para corwr canan ( " El Siglo", 24- 11 -71; .. La Tercera" de Santiago, 15-12-71 ; "Clarín", 18-3-72). • No cli,, 1.0 de maio p.p. o Cardeal Silva Hcnríquez ussistiu, do palanque, à concentração promovida pela Central única dos Trabalhadores. Essa atitude foi interpretada como um apoio aberto de Sua Eminência ao gover• no e àquela entidade notoriamente controlada pelos ~omunistas e socialis1as - e isto n um mês das eleições em que estes iam disputar com uma oposição crescente a continuação desse controle (" EI Mercurio .., 2-5-72). • Enire 23 e 30 de abril último. realizou-se em Santiago o I Congresso Latino-Americano de Cristãos pelo Socialismo, com a participi,ção de cerca de 400 delegados re presentando 28 países. Ali se traçaram durante uma sémana as linhas de ação para sustentar a revo lução socialista na América Latina ( ver ''Catolicismo", n.º 258, de junho de 1972). A maior autoridade eclesiástica presente ao Congresso. Mons. Scrgio Méndez Arceo, Bispo de Cuernavaca, no México, declarou: "estou co1Jve11 .. citJo de que ti América Latina não tem Outrt1 safr/a senão o socialismc)' ("Ln Nación' '. Santiago, 27-4-72).

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Tanto o número quanto a gravidade dos fatos mencionados falam por si mesmos. Contudo. não queremos concluir sem salientar um ensinamento do tão ilustrativo e ao mesmo tempo trágico exemplo que nos vem do Chile de hoje. De tudo quanto expusemos depreende-se que o dever dos católicos brasileiros fiéis à Igreja é combater, com encrg.ia e eficácia, toda manifestação de progressismo, para cvi1ar que aconteça cm nossa Pátria o que ocorreu no país irmão. Confiados filialmente no auxílio d e Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, imploremos a Ela forças para que, em lugar de ced er para não perder como aconselha o slogan por demais conhecido saibamos lutar para não perder ante o pêrigo com uno-progrcssista.

®)AfOJLECI§MO M•:NSARIO <ODI

aprovntiio edts lkftlta

CAMPOS -

ES'f. DO RIO

DIRBTOR

MONS. Al'-t'rON'IO R18~1RO 00 RO$UIO Olrdorlu: Av. 7 de Setembro 247, caixa posial 333. 28100 Campos, RJ. Admlnl$· tração: R. Or. Maninico Prado 271, 01224 S. ·J>:mlo. A1ttnle para o Estado do Rio: Jos6 de Oliveira Aodrndc, C3ixa poslal 333, 28100 C::mtPoS, RJ; Agente para os E.rt"do, de Goiás, Mo.to Gros..to e Mhu1..,; Gt-ral:J: Mil1on de Sallcs Mour?l.o , R. Paraíba 1423 (1tldone 24-7199). 30000 Belo Horizonte; Agente parn o F-51:ado d.n Guanabara: Luís M. Ouncan, R . Cosme Velho SIS (telefone 24.S-8264), 20000 Rio de Janeiro: Agenle p nrn o E.~tado do Ceairti: Jos~ Gernrdo Ri· beiro. R. Pernambuco 157, 60000 Fort:ileza: Attcntes para a Argtntlna: "Tr:idición, Familia., Propicdad", Casill:i. de Correo n.0 169, C:i,pit:il Fcdcrnl, Argentina; A3,entc par:, .t E)l)anha: José Mariá Rivoir Górne-1,, aparlado 8182, Madrid. Espanh:.l, Composto e impresso na C ia. Lilho~rophic:t Ypiranga, Rua Cadete 209. S. Paulo. Assinnturu anual: comun1 Ct$ 20.00; cooperador Cr$ 40,00: benfeitor CrS 80,00; grnnde btnfri1or CrS 160,00; seminaristas e. c.s1udantcs Cl'S 16,00; América do Sul C· Cen1ra.l: via m3rftima USS 3.SO, via ;iérea US$ 4,SO; Am6rica do Norce, Por• tugal, Espanh:1, Províncias u ltramarinas e Colónias: via m:irítima US$ 3,SO, via aé• rca USS 6 .SO; o utros pàfscs: via m:1ri• lima USS 4,00, via aérea US$ 8,00. Vendá :wulsa: CrS l,SO. Os prigamcntos. sempre cm nome de Editora Padre Btl(hlor dt Pontes SIC, poderão ser encaminhados à Admini.strnç;}c:, ou aos a.gentes. Para mudança de endereço d e assinante!-, é necess~rio mencionar também o endereço an1igo. A correspondéncia rc1:Hiva a -'SSÍna.tums e: venda avulS:\ deve ser enviada à Admlnlstr:1rão: R. Or. M~1rtlnko Prado 271 01224 S. Poulo


As corporações de mesteres e o Muito Honrado Juiz do Povo E

NTRE AS TEMPESTADES que a Re· volução Francesa fez roncar sobre o Ocidente uma há que é sobremaneira caracterlstica das obras do demônio, o qual não só recusa aos seus seguidores aquilo que lhes promete, mas dá-lhes exatamente o oposto. Referimo-nos à tempestade desabada sobre as classes trabalhadoras. Prometendo-lhes emancipação e liberdade, a Revolução deu-lhes sofrimento e desamparo. E não se contentou em oprimir assim seus partidários, senão que fez o mesmo com toda a classe dos trabalhadores, que, cm boa parte. se mantivera alheia às manobras revolucionárias. Uma das mais sérias conseqüências do Jí. beralismo no século XIX foi a criação de uma grande multidão de · proletários - isto é. daqueles q ue, sujeitos à penúria, nada tinham de seu, além de sua prole. Em nenhuma época da Idade Média ou do Ancien R égime se aplicou a uma tão grande parcela da sociedade esse non,c sinistro. G raças à ação da Igreja e à excelência do regime da propriedade privada, a condição dos trabalhadores foi depois cm grande parte me•

lhorada, se bem q ue permaneça distante ainda da excelente situação social e religiosa de que gozavam os artesãos medievais. Entretanto. a Revolução não descansa, e hoje, em sua forma mais requintada - a do socialismo e do comunismo - leva a fome e a opressão às infelizes populações de além corti.na de ferro e de bambu e, mais

recentemente.

aos povos, nossos irmãos, de Cuba e do Chile. Pior que tudo foi o desamparo a que a Revolução atirou as classes trabalhadoras, arrebatando-as do regaço de sua Mãe e Proteto ra, a Igreja, perseguindo as inscituições corporativas q ue, sob a inspiração dE-la, davam aos artesãos proteção. segurança e uma situação definida na sociedade, com suas autoridades, seus privilégios, sua reprcsen1ação nos órgãos do Estado e sua larga autonomia cm face deste. Em Lisboa, desde o século XV, floresceu uma organização corporativa que foi modelo

para todos os municípios de Portugal e, pos· teriormente, para os nossos, no Brasil, conforme mostramos em artigo anterior ("Ca1olicis• mo", n.0 177, de setembro de 1965). É de todo o interesse estudar essa organização.

teres na cidade de Lisboa" ("Scicntia Iuridi· ca", Braga janeiro-junho de 1959), afirma qu~ os vinte e quatro passaram a constituir assembléia o rganizada a partir de 1434. Ouiros sustentam que a instituição é mais antiga. Para a eleição dos vinte e q uatro, depois de algumas vicissitudes, D. João Ili, por Carta Régia de 27 de agosto de 1539, dividiu os oflcios cm quatorze g rupos~ cada um com sua cabeça, q ue elegiam um ou dois representantes. conforme o caso. Esses grupos de ofícios ficaram sendo chamados bandeiras, nome ong1nado das bandeiras que cada um deles levava na procissão de Corpus Ohristi: Com a reorganização que lhes foi dada cm 1771, as bandeiras ficaram assim constituldas: Bandeira de S,,o Jorge - cabeça: . barbeifos; anexos: ferrado res, bate-folhas, ferreiros, serralheiros, etc. Bandeira de São Crispim - cabeça: sapateiros e curtidores; anexos: surradores e odrei-

ros. Bandeira ele Nossa Senhora da Conceiç<io - cabeça: correeiros; anexos: seleiros e íreei ros. 4

Um legado dos tempos de Dom João, o Mestre de Avis A organização corporativa na Europa, que veio a flo rescer no fim da Idade Média, teve um inicio singelo, espontâneo e orgânico. Os artesãos de alguns oflcios começaram a fundar irmandades destinadas a prestar culto a Deus em nome de suas profissões, enquanto coletividades, e a sufragar as almas dos companheiros falecidos. A irmandade tinha como Padroeiro o Padroeiro da profissão, e como confrades compareciam os membros desta, in· corporados, aos atos de culto da Igreja. Com o tempo, passou a irmandade a exercer funções assistenciais, cuidando dos confra• des doentes e tomando o encargo do sustcn10 de suas viúvas, bem como da educação de seus órfãos. Para melhor cumprir essas finalidades, as irmandades foram fundando seus hospitais,

e, muitas vezes, suas capelas. A caridade era ai exemplarmente pra1icada. A Igreja marcou sua presença inspirando essas confrarias, apoiando-as e dando-l hes a assistência de capelães. Mas as ci rcunstânci:1s foram indicando no.. vos campos de ação para as irmandades dos ofícios. Passaram, então, das atividades puramente piedosas para as político-sociais. Foi à época em que apareceram os primeiros arrua• mentos e regimentos das diversas profissões. Aqueles constitulam estipulações da auto ridade competente, segundo as quais os oficiais de uma profissão deviam agrupar suas oficinas em determinada rua, Dai as denominações de Rua dos Mercadores, Rua dos Latoeiros, Rua dos Sapateiros, e outras, ainda encontradiças na Europa e mesmo no Brasil. Os regimentos eram regulamentações de preços e de condições a que deviam atender as obras artesanais. Nessa al1ura fez.se necessária a criação de associações profissionais paralelas às irmandades, que se encarregassem de fiscalizar a observância dos regulamentos, o ensino do ofício, o ingresso de novos oficiais na comunidade profissional, e se ocupassem de ou1ros assuntos de interesse da classe. A sociedade dividia-se, então, em Clero, Nobreza e Povo. O Clero estruturou-se, desde o início da Igreja, segundo os graus da Hierarquia Sagrada. A nobreza organizou-se pelos liames da hierarquia feudal. Quando o povo - ou o Terceiro Estado, como era chamado cm Portugal - organizou-se segundo as profis_roes e segundo os graus da hierarquia profissional, nesse momento era natural que se fizesse representar nos órgãos polllicos da Nação. Passaram, pois. os grêmios profissionais a 1cr representantes nos colegiados políticos. Em Portugal, como na maioria dos palscs da Europa, essa representação se fazia peranle os órgãos da administração municipal. D. João, Mestre da Ordem militar de Avis, que subiu ao trono português cm conseqüência da crise política de 1383-1385, convocou, pela primeir·a vez em Portugal, representantes dos mesteres ou profissões artesanais, a tomarem assento numa Câmara Municipal - a de Lisboa. O privilégio lhes foi concedido pela

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Carta de 1. de abril de 1384. E imper ioso presumir quC, a es~a altu ra, já houvesse em Portugal ao menos um esboço de organização profissional. Aliás, Luiz de Almeida Braga, cm sua bela conferência pronunciada cm Braga e que. sob o tl1ulo de "A Lei do Trabalho", foi publicada cm "Paixão e Graça da Terra" (Editora Civilização Brasileira, Rio, sem ·data) , conla que cm 1272 quiseram os ourives da prata, de Lisboa, construir um hospital para trata· mento de seus confrades, e q ue em 1308 quin• ze tanoeiros. 1a.mbém de Lisboa, tomaram a iniciativa de agrupar-se em uma mesma rua. E, mais, que cm 1167 existia cm Guimarães a Rua Çapateira; cm 1203, a Rua da Forja; cm 1206. a Rua Ferreira, tendo outras de análogos nomes surgido ali em anos subseqüentes. O arruamento oficial em Lisboa, entretanto. foi determinado para "boo Regimemo e mayor fremosura e nobreza da cidade", por ato de 5 de junho de 1391.

A Casa dos Vinte e Quatro Em Lisboa, como em muitas outras cidades de Portugal, e mais tarde também do Ultramar, os profissionais de cada oficio elegiam seu J ulz, isto é, seu presidente, o seu escrivão e os seus examinadores. Tudo leva a crer q ue, como em m uitos palscs da Europa medieval, cada profissão tivesse, não patrões e operários, segundo a divisão simplista implantada pelo individualismo liberal, mas mestres, oficiais e aprendizes. Os mestres eram os que lideravam o oficio: eram elci1os para cargos representativos, podiam ter oficina própria e aprendizes a quem ensinavam. Estes, na maior parte dos casos, moravam com o mestre . comiam à sua mesa e aprendiam cm sua oficina o necessário para serem ex_aminados pela corporação. Os oficiais eram os que tinham sido aprovados cm um primeiro exame. Podiam trabalhar por conta própria e conslituir familia, mas não podiam ter aprendizes enquanto não prestassem o exame para a categoria de mestre. Com as atribuições políticas que os organismos profissionais foram assumindo: entre as quais sobre.ssai a de fazer..sc representar na Câmara Municipal, surgiu em Lisboa uma instituição que se reveste do maior interesse para nosso estudo. Era um órgão colegiado formado por representantes das diversas profissões, que ficou conhecido como a Casa dos Vime e Quatro. Tinha ela a prerrogativa de eleger o seu Juiz - uma espécie de chefe do Terceiro Estado e seu representante junto ao Rei - o seu escrivão e os quatro procuradores que representavam os mesteres na Câmara Munici· pai. A Casa dos Vinte e Quatro discutia com os procuradores a posição que estes tomariam na Câmara, quando se debatessem assuntos de interesse do povo e se elegessem os titulares de cargos municipais cuja escolha era de alçada da Câmara. O P rof. Marccllo Caetano, hoje Presidente do Conselho de Ministros de Portugal, cm seu trabalho "A História da organização dos mes-

Bandeirt, de Nossa Senhora das M ercês cabeça: pasteleiros; anexos: latoeiros de fol ha branca e torneiros.

Ba11deira de São José - cabeça: pedreiros, carpinteiros de casas; anexos: canteiros. ladrilhadores e violeiros. Ba11deira tle São Gonçalo - tosadores, tintureiros, tecelões e esteireiros. Bandeira de Stio Miguel livreiros, sirgueiros, luvciros, etc. Bandeira de Nossa Senhora ela Oliveira confeiteiros, carpinteiros de carruagem, picheleiros.. Bamlcira de Nossa Se11horo das Candeias - alfaiates, algibebes, bainhciros. Btmdeira tlc Nossa Senhora da Encarnação - carpinteir05 de móveis, entalhadores e coronhciros. Entre os "ofíci05 não embandeirados" figuravam os de ourives, tanoeiros e ccreeiros. Dona Maria J restaurou a Bandeira de Santas Justa e Rufina, dos oleiros e chocolateiros. A piedade filial com qlle o povo se entregava à proteção da Virgem Maria, Ela mesma esposa de um carpinteiro, pode ser avaliada facilmente pelas invocações das diversas bandeiras.

Um cargo prestigioso O Juiz da Casa dos Vinte e Qua1ro era chamado o Juiz do Povo. O prestigio do cargo era apreciável. O tratamento devido ao seu ocupante era de Muito Honrado. Vários Reis o chamavam de meu Juiz do Povo. Embora não houvesse texto de lei que fi. xasse suas atribuições, o Juiz do Povo desempenhava o alto papel de intermediário entre o Rei e o povo e de por1a-voz des1e junto àquele. Nes1a condição, uma de suas prerrogativas era a de falar diretamente ao Monarca, e para ele se abriam todas as portas. Nas grandes cerimônias da Corte, como no-, juramentos de Príncipes e nas reuniões dos Três Estados, ficava de pé junto ao Rei, à sua direita, por trás das bancadas dos Arcebispos e Bispos. No dia 1.0 de janeiro, assistia à Missa no Paço, e no dia de Reis já às oito horas lá estava, para acompanhar o So· berano à sua capela. Incorporado à Corte, ficava entre os moços da Câmara, com seu escrivão à esquerda. Na rua, EI-Rei parava para o atender. D. João IV foi dos Reis que mais estimaram a magistratura popular. "Sentindo que estava na agonia - conta Luiz de Almeida

Braga -

mandou o Soberano chamar os Con .. selheiros de Estado, os Presidentes dos Trib,mais régios, os altos dignitários, os Prela• dns das Ordens Religiosas, o Cabido da Sé, o Senado da Câmara de Lisboa, o Juiz do Povo e seu escrivão. A todos pediu humildemente perdão de algum agrt1vo. que porventura dele tivessem t'ecebido, disse·lhes como trabalhara para que o reino fosse bem regulado e certa

a justlça,, e lhes rogou mio abranda.-.sem no 1.elo e 110 mnor de conservar e tlefender a sua terra. E estendendo a mão ,,o Juiz do Povo, que ajoelhara aos pés da cama, acrescentou: "Meu Juiz tio Povo, meus home11.r bons_, bem conheço o muito que me amais e todo este povo e que sois muito solicilos em meu, serviço e zelosos do bem comum. Eu também me alegrllva muito totlas as vezes que vos via. assim como a vossos tmtecessores e homens do povo, porque tenho de vós outrOJ' grande satiJJação''.

"Não cabem có vinte e cinco!" É conhecido o episódio da matança de ju-

deus em Lisboa, cm 1506. A 19 de abril eslava a multidão reunida na Igreja de São Domingos para os ofícios divinos, quando, ven• do brilhar um cristal engastado na chaga do lado de um Cruxifixo, creram alguns tratar-se de um milagre. Um cristão.novo, entrc1an10, negava enfalicamente ter havido intervenção sobrenal\1ral. "E bem que multa gente duvi.. dasse do milttgre - conta O. Jerônimo Osó· rio ("Da Vida e Feitos de El-Rei O. Manuel", Livraria Civilização. Porto, sem data) - nunca convlnha em u,I ccasião nem ,1 tal sujeito em7Jregar suas palavrt1s e afinco em desmagitwr. um judeu, a gente que tão enc,1nwdo tinha nos sentidos semelhante ilusão", Eoíurecida a multidão, "que naturalmente é 1Jesslsuda'', como nota D. Jerônimo, e agi1ada por elementos desclassificados, a que se ajuntaram dois Frades, começou a matar q uantos judeus achava. E muitos mais teria vitimado, se não tivessem sido escondidos pelas pessoas de bem. O Rei D. Manuel não estava na cidade. Logo que soube do ocorrido, mandou dois fi. dalgos a restabelecer a ordem e fazer justiça. Muitos dos culpados pagaram com a vida, e os Frades que haviam tomado parte na arruaça ''degra<iadoj· antes com muita solenidade" - foram enforcados e queimados. Muilas auloridades foram multadas e outras perderam suas honras. D. Manuel determinou que se fechasse a Olsa dos Vinte e Quat ro e suspendeu a prerrogativa de os oficiais mecânicos mandarem representantes à Câmara Municipal. Dois anos depois, o rei voltou a Lisboa. A Rainha, então, pediu-lhe que restabelecesse os privilégios da cidade. E a I 4 de julho de 1508, ela mesma conta aos lisboe1as, cm caria. q ue seu pedido tinha sido bem recebido e que e les, portanto, requeressem o restabelecimento de suas prerrogativas. Com efeito, por Carta Régia de i?· de agosto, D. Manuel 1, considerando "os muytos e grmndes asynados serviços, que aos Reix pasados e a nos tem //eyto a nossa muy nobre ::. ssempre /leal/ cidade de lixboa e povo delltr, com nmyto amor e lea/Jdade", e, ainda, "em cspicial por nos a R .ª, mlnha sobre todos muy· to amada e preçada mollier, pel/a dita cidade muy af/eituossamen te Requerer'', restabeleceu o título de nobre e leal e os privilégios que arrebatara à cidade, entre os quais o de mandar procuradores dos mesteres à Câmara e o de ter Casa dos Vinte e Quatro. Garcia de Rezcndc registra a facilidade com que o Rei perdoou a sua ·'m"yto amada'' ci~ dade: "EI Rey ~ve tanto a mal A cidade tal /ater. Que o título natural De Nobre e sempre leal Lhe tirou e fez. perder. Multos homens ra.rtigou, E o/íci.os tirou: Depols que Lisboa viu , Tudo lhe restituíu, E o título lhe tornou". Muitos anos mais tarde, quando O. Pedro II, filho de D. João IV, tento u, certa vez, influir nas eleições da Casa dos Vinte e Quatro, não faltou quem altivamente lhe dissesse: "Senhor, esta cosa é do.r Vinte e Quatro, não cabem cá vlnte e cinco!"

Homero Barradas 7


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NORUEGUÊS OU ALEMÃO, WILLY BRANDT FAZ O JOGO DE MOSCOU O

CHEFE 00 GOVERNO da Alemanha O<:idcnt:_I não é ale· mão. mas noruegucs! Essa é ,.,

explicação que a opOsição apresenta pa.. ra o que qu;11ifica de ''brandur:," do patriotismo de Willy Brandt, traduzida

sobretudo por sua desastrosa política para o Leste ( Ostpo/it;k) - segundo a <1ual a Alemanha cede muito aos países comunistas sem receber compcns.ição alguma. Tal acusação nã o deixa de rcr um certo fundamento. uma vez que o atual Chanceler nlentão vestiu o uniforme do exército norueguês durante t'I Segunda

Oucrra Mundial C· a lingua que se fala em sua casa é a desse país escandinavo. Willy Brandi. ou antes, Herbert Karl Frahm (este o seu nome verdadeiro). nastC\t cm Lübeck, n 18 de de-Lembro de 1913. filho ilegítimo de uma balconista soheira. Cresceu nas ruas dos bairros pobres de sua c idade natal, cheio de ressentimentos e revoha, exacerbados pela doutrinação socialista do avô materno. um motorista de caminhão. Iniciou cedo sua militância pOlítiea: antes de completar 18 anos já atuava na facção extremista do Partido Socialista dos

Trabalhadores. Per.seguido pela polícia por ter ingress;,do na organi,,.;.ção socialista nadical denominada ·'Falcões Vermelhos". cm cujas agitações de rua tomou parte ativa, Herbe11. Frahm fugiu cm 1933 para a Noruega~ _pouco mais tarde fez-se cidadi!io desse pais, oc~1siiio em qt1e adotou definitivamente para :i vida civil o nome de- guerra que usava nas fileiras socialistas: ''Willy Brandt". Inscreveu-se no Parlido Trabalhista norueguês e tornou-se secretário de uma organização de solidariedade socialisla. Nessa qualidade. foi enviado ao íront da Espanha em 1936, doublé de corres• pondentc de um jornal escandinavo jun. to ao exétcito republicano e conscll\Cito militar do Partido Operário de Uni· ficação Marxista - organii.'lção considerada extremista pelos próprios comunistas ortodoxos espanhóis, que, no en· tanto, nunca foram suspeitos de moderação (sobretudo numa época cm que o

Senhor do Cremlin era Stalin).

e,

p0ssivcl que nesta ocasião tenha

estabelecido relações (se é que já niio as tinha) com figuras hoje conhecidM no mundo comunista, como o presiden• te dn Alemanha Oriental. \Valter Ulbricht, o ditàdor iugosl.,vo, T ito, o pre,. sidcnte do PC italiano. Luigi Longo, entre ou1ros, que par1 iciparam ativamente da organi1.ação e orientação do exérci10 vermelho cs-panhol e das chamadas milícias PoPulares. quando não diretamente do comando de operações militares nas •'Brigadas Internacionais", ou das torturas infligidas a presos políticos nas fom~as ''tchekas". Ao contrário de Ulbricht. Brandi n:io gosta de se referir à Guerra CivH Espanhola. E ele decerto sabe por que . ..

Em 1946 o ex-Herbert Frahm efetuou sua re111tél! na Alemanha, envergando o uniforme de major do exército da Noniega: n:t qualidade de adido de imprcn. sa da m issão militar desse país, fez a cobertura do julgamento de Nürenberg, que condenou como criminosos de guerra os principais chefes nazistas. No ano seguinte readquiriu a c idada.• nia de origem (mas não retomou seu nome verdadeiro) e renovou sua inscrição no Partido Socialista alemão. Apa• drinhado pelo então Prefeito de Berlim,

Emst Reuter (e assessorado p0r Herbert Wehner, de quem falaremos adiante) , Hcl'f Brandt iniciou nessa ocasião sua meteórica carreira política. Eleito para o Bu,uleslâg (Câmara Baixa do Pàrlamento Federal :1lemão), tornou-se mais

tarde Presidente do Parlamento Municipnl de Berlim Ocidental e. em 1957, Prefe ito da cidade, cargo em eujo exercfoio !>C projetou internacionalmente. e que lhe serviu de trampolim para o Ministério. em l966. e para a Chefia do Governo, três :,nos depOis. Willy Brandt apresentou-se à opinião plíblica de seu país como um moderado. inimigo de radicalismos (o ~rnligo ''fal~ cão vermelho" e- assessor militar de ex• tremisi;1s espanhóis!). Coerente com c,ssit c-stratégia , levou seu p~1rtido n romper com os comunistas na década de 50. Ele se define como um socialista não niarxista, da es cofo do socialismo pragmático escandinavo. Em 1956 foi em nome da moderação que o enHio Presidente do Parlamento Municipal. de Berlim Ocidcn1al, d irigin• do-se a uma multidão enfurecid.a de 7 5 mil pesso:1s que amcaçàv~\ invadir o se.. tor comunista como protcxto ptln in• tcrvcnção soviética na Hungria, dissuadiu-a de seu intento. Por ocasião do pri. meiro anivemrio do Muro da Vergo. nha, cm 1962, Brandt voltava a aconselhar moderação aos indignados berlinenses ocidentais, muitos dos quais ti· nham parentes e amigos do oul ro Indo da famigerada barreira. O burgomestre argumentava que qualquer incidente fo. vorcceria o jogo de Moscou: "'Os hJimigo:r do Ocide11tl' ape11aJ' c.1·perum que percamos " cabeça. em seu Jej·cjo de Cônve11cer o m1mdo dl' qm• Bnlim I um foco de inquieraçlio que ,le ~·t ser extinto". Ministro das Relações Exteriores no Gabinete de conciliação chefiado pelo cristão-democrata Kur1-Georg Kiesingcr, cm 1966, Willy Brandt começou a J)Õr cm prática a política dos "pequenos passos" cm direç.<'í.o ao Leste: "Refações ecouômicas e culturais com o Leste 11,io lt?vam necessarillmentc ,; tlistem·,io e à pacific,1çõo. mas pedem llCtlerár () pro. cesso''. declarou então, asseverando que "uma busca. sem ih,siie~·. do 1/istens,io mio ; uma capi1ult1ção". Esta 6 em linhas gerais a biografia de Willy Brandt - nascido Herbert K;nl Frahm - antes de chegar ~t ser Primtiro-M inislro de seu p::iís narnl.

A eminência parda do governo de Brandt Em 1969, graças à espúria aliançn dos liberais com os sociais-democratas, Wil-

ly Brandt tomou-se Chanceler da República Federal Alemã. O princ ipal arliculador das manobras que levaram à chc4 fia do governo o antigo burgomestre berlinense foi o já c itado Herbcn Wehner, seu velho camarada de militância socialista. E le 1ambém tem a sua hi$tória. Quando os nazistas subiram ao poder. cm 1933, ocasião em que Brandt fugiu para a Noruega. Wehncr ingressou nn OJ)OSição clandestina, atuando durante dois anos nas fi leiras do Partido Comunista. Em 1935 refugiou-se cm Moscou, onde permaneceu por doze anos, vohando à Alernanha pouco depois do Major

Brandt. Como este. Herben Wchncr reinscreveu-se no Partido Trabalhista So· c ialis(à, do qual se tomou o principal c~tr:1tcgista, enqu~,nto Willy Brandt assumia a liderança visivcl. como suces• sor e herdeiro do Dr. Reuter. Wehncr afirma agora set um "ex-comunista'', coisa em que nem todos se sentem obrigados a ac~editar. Foi e le quem na década de 50 criotL a estratégia da linha ''moderada'' que propiciou ao Par1ido Socialista um ponderável aumento de votação nas eleições seguintes. Atribui-se também às suas arles e manhas a obtenção, depois do piei-

Jovens participam de circulo de estudos. O P rof. dA Oliveira fala no encerramento da XI SEFAC .

to de 1969, do apoio de um m inúsculo p;:1r1ido ''burguês'', o liberal (que havia alcançado npenas 5~8% dos votos). o que permitiu aos socia is -dcmocra1as formar o Gabinete. embora íossem minori1ários. Wehner é igualmen1e um dos prin· cipais articuladores da Política exterio1 do governo. como mentor do parlido no p0dcr. E os seus antecedentes n:io são n1ais tnlnqtiiliz.adores; que os de Nerr Br.indt. sobre o qu~1l leva, ademais. a "v"ntage,n'' de um longo noviciado na capit:il soviética.

A "Ostpolitik" e a reação da opinião públ ica Apenas empQssado. o novo Chance ler da República Federal Alcm;i anunciou

as melas de sua polílica exterior: nego, c iações com ;'l Uni:1o Soviética, :lptoxi, mação cnlrc as duas Alemanhas. assina, tura de tratado contra a p1·olifer;1ção de urmas nucleares. rcconciliaç.io com :1 Polônia. Era, em suma. a Ostpolitik. cujo auge foi atingido com a celebração, cm de'tembro de 1970. dos acordos com Moscou e Varsóvia, peloS quais a Ale· manh,, renuncia a quase um terço de seu tc.r-rilótio de :1ntes da guerrn. em fa vor da Polônia ( linha Oder-Neissc) e da

URSS (parle da Prússia Oriental). A opinião pública :ilemã tem reagido contra essa p0lítica entreguista: Brandt perdeu 1od:1s as e leições realizadas nos

Estados federados desde que subiu ao poder, cm fins de 1969. Já cm junho de 1970 era derrotado cm três Estados: Rc. nâniaªWestfália do' Norte, Baixa Saxônia e Sarre. Em abril do ano seguinte perdia no Schleswig-Holstein, onde -' op0sição cris1ã-democmta obteve maioria absoluta. Alé cm seu a ntigo reduto de 8-erlim Ocidental, o Prin1ciro-Ministro vai diminuir seu eleitorado cm março de 197): de 61.9% dos votos em 1963. os socials-<fcmoera1as caíram para 50,4%, enquanto ~1 União Crislã -Ocmo,. crata elevava .seu quociente de '28,9%

Formação anticomuni,.<;ta para 180 jot,ens O PROF. PLINIO Corrêa de Oliveira. Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição. Família e Propàcdadc. desenvolveu o lema uA ação da TFP no mundo moderno'', na scssrio de e.necrramc1Ho da X( Semana Especializada para a Formaç..i:o Anticomunista, rcaliiada pela cn1id:1dc de 14 a 17 de julho p.p. Ao concluir s ua conferência, o orador eonchlmou a juventude a continuar apoiando sempi-e m,,is a TFP, cm defesa dos sagrados princípios da lradiç.io. da família e da propriedade, fa tores básicos da c ivili~ção cristã. Os participantes da Semana, devido a seu :wull:tdo número, foram divididos cm dua.s turmas: uma que reuniu em Curitiba 32 representantes de organizações congêneres da Argentina, Uruguai e Colômbia~ outra, que. congregou em S:i:o Paulo J 50 estudantes de doze Estados da Federação: Ceará, Paraíba, Pcrnam. buco, Mato Grosso .. Minas Gerais, Espfrito Santo, Rio de Janeiro. Guanabara, Sito Paulo., Paraná, Santa Cnaarina e Rio Grande do .S ul. As conferências e círculos de esludos se desenvolver:.111 num ambiente de no1ável seriedade e entusiasmo, vcl'Sando sobre aspe<:1os da doutrina e da ação anti· comu,,i$ta. considerndos à luz. dos princípios c ri,s tãos, para a formaç.1o dos jovens de nossos dias. As principais conferências estiveram a cargo dos Srs .. Edtmrdo de Barros Brotero, Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho, Plinio Vidigal Xavier da Silveira. Prof. Orla1tdo Fedcli. José Lúcio de Araujo Corrêa, Atila Sinl:.c Guimarães, Nelson Ribeiro Fragelli, Lauro Citne Quinliliano e Antônio Dumas louro.

para 38.2% . Outro indício da desaprovação dos alemães à Ostpoljtik de Brandi é a di• ficuldade encontrad;""t J)Or e le par" conseguir do Parlamento de Bonn a nuifi. caç5o dos 1ratados assinados com a Rúss ia e a Po16nia. Tal ratificação só foi obtida mediante a aplicação do binômio medo-simpatia, tanto por parte dos russos ( que alternaram promessas vagas com ameaças concretas) . como de scu.s títctes de Pankow, que abriram brcc.has no Muro da Vcrgo11h:\, para que os ale• mães ocidcn1ais visitassem seus parentes e amigos do lado de lá, justamente nos d ias da vou<ção no Bu11Jesrag. Isto para não mencionar a pressão dos Es· t-ados Unidos, que queriam captar as boas graças dos Senhores do Cremlin antes da visita de Nixon.

Será Brandt de fato norueguês?

Sob um frio de 7 g raus abaixo de zero, ergue-se o es~ndarte da TFP argentina em Ushuaia, na Terra do Fogo.

Assim. é forçoso que muita gente na Alemanha, vendo o seu Chanceler entregar um terço do território do país aos russos e p0lonescs - e . adenrnis, liqui. dar pra ticamente as possibilidades de reunificar a nação alemã pela libertação da parte dela que geme sob o regime comunista - seja tenlada a concordar com a oposição: esse homem não é a lemão! E é de se perguntar se essa gente o considera norueguês , visto o ardor com que defende os interesses de Moscou desde os lempos cm que :se chamava Herbert Karl Frahm, e era ainda alemão.

G. A. S.

Na cidade mais austral do 1nurido USHUAIA, A CIDADE mais austral do mundo (latitude 54º 43' 22' "), foi visitada no dia 17 de maio Uhimo J)Ot uma caravana da Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propried;,de. Sob um frio rigoroso - 7 graus abaixo d.: zcto, os habitantes da capital da TerrJ do Fogo arge-ntin3 acolheram com simp..tia os jovens militantes que foram fa1..er ::ili um~, campanha de difusão do ma· nifcsto "Ver, Julgar e Agir". Publicado pela SADTFP em seu órgão ''Tradición, Familia, Propicdad", esse manifesto analisa aspectos alarmantes que se notam no governo do Generàl L,musse: a po1ítiea de "derrubada das barreir-t1s ideo16gicas", que tanto favoreceu e continua a favorecer o marxista Allende no Chile; o ''Grande Acordo Nacional'', que implica em aceitar para o país boas doses do estilo e da ideologia socialista do peronis mo; o intervencionismo estai.li na economia e o conseqüente descalabro desta.


l 01i:teroa: M ONS, ANTONIO RIBEIRO 00 ROSARIO

1822

1972

.

Associando-se ao júbilo de todos os brasileiros, "Catolicismo" conteniora o Sesq1ticentenário ela l nclepenclência con, artigos especia:Í$. Dentre estes, ,lestacanios o artigo co,n <111e nos ,listingui1t S. A. 1. R. o Príncipe D. Pedro Henrique de Orlea,is e Bragança, Cite/e ,la Fan,ília Imperial Brasileira, trineto elo Procla,,iador da lnde1,endência. Nas fotos: estandartes da TFP no Monuniento do IJ)iranga (quando, no dia 14 de agosto de 1966, a entidade ali esteve a fim ele agradecer a Nossa Senhora da Conceição ÂJ)arecida o êxito ele s1ta ca"iJ)anha para J)reservar o Brasil do divórcio); ~

e1n baixo: a urna contenclo os vene.r âveis ,lesJ)Ojos ,le D. Pedro I acaba ele ser entregue a soldados e niarinheiros brasileiros, os qrtais a carregani aos

011•-

bros ainda " bordo elo 11a·v io de guerra portrig1tês q1te a trouxe de Lisboa. A iniciativa do Governo ele tr<lnswdar J)ara " Brasil, coni ani1,lo c<>rtsentime,ito de Portugal, as cinzas de 1,osso [)rinieiro lntJ)erador foi recebida com entusiasmo geral, [)Ois correSJ)Jnulia a uni anseio ela alma brasileira.

N.º

2 6 1

•·

SETEMBRO

DE

1972

ANO

X X 11 CrS 1.50


MÉDICOS DA TFP

Dando continuidade à secção que iniciamos cn1 nosso número 259, nada rnais oportuno do que apresentarmos neste mês de setembro a oração

DIRIGEM-SE AO MIN ISTRO

pa.r a o Sesquicentenário da Independência , composta pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e publicada em sua coluna semanal em um matutino paulista.

Prece no Sesquicentenário O' Senhora Aparecida,

PREClt

N a daca cm que completamos um século

Nossa oração, Scnhorrt, não é, cntrclan• 10, a do fariseu orgulhoso e desleal, lembrndo de suas qualidades, mas esquecido de suas faltas. Pecamos. Em 1nuitos aspectos, nosso Brasil de hoje não é o país profundamente cristão com que sonharam Nóbrega e Anchieta. Na vida pública como n a. dos indivíduos, terríveis germes de deterioração ~e fazem not~\r, que n,a.ntê1n e1n sobressalto todos os e.s píritos lllcidos e vigilantes. Por tudo isto. Senhora. pedimos-Vos perdão. E. além do perdão, Vos pedimos fo rça. Pois sem o a uxílio vindo de Vós, nem os fracos conseguem vencer suas fraquezas. nem os: bons alcançam conter a violência e as tramas dos maus. Com o perdão, ó Mãe. pedimos-Vos lambém a bênção. Quanlo confiamos nela! Sabemos que êl bênção da mãe é preciosa condição para que a prece do filho seja ouvida, sua nlma seja rija e generosa, seu trabalho seja honesto e fecundo, seu lar ~eja puro e feliz, suas lutas sejam nobres e meritórias, suas venturas honradas. e seus info rtúnios dignificantes. Quanto é rica destes e de todos os outros dons imagináveis. n vossa bênção. (l M:1ria, ,111e sois :l Mãe das mães. a Mãe de todos os homens, ;-) Mãe virginal do Hornem-Deus! Sim. 6 Maria. abençoai-nos, cumulai-nos de gr~\ças. e n1ais do que iodas, concedei-nos a graça das graças. ó Mãe, uni intimamente a V6s cscc vosso Brasil. Amai-o mais e mais. Tornai sc1nprc mais 1-naternal <> patrocí• nio 1ão generoso que nos ou1orgas1cs. Tornai sempre mais 1::trgo e mais ir1isc· ricordioso o perdão que sempre nos co:1ccdestes. Aumentai nossa l:ugueza no que diz rcs .. peito aos bens da terra, m:,s, sobretudo. elevai nossas alm:-,s no desejo dos hcns do Céu. Fazei-nos sempre. mais :mrnntcs da pazJ e sempre 1nais fortes na luta pelo Príncipe d:1 Paz. Jesus C risto, Filho vosso e Senhor

e meio de existência independente, n~sas almas se elevam até Vós, Rainha e Mãe do Brasil. Cento e cinqi.icnra anos de vida s:ão, para um povo, o mesmo que quinze para uma pc.ssoa: isLo é. a transição da adolescência,

com sua vitalidade, suas incertezas e suas esperanças, para a juventude, com seu idealismo. seu arrojo e strn capacidade de

realizar. Neste limiar entre duas eras históricas, vamos 1r~,nspondo tarnbém outro marco. Pois cst:,mos cnlrnndo no rol das n:içõcs

que, por sua importância, determinam o rumo dos acontecimentos prcscotesJ e têm cm suas mãos o~ fios corn que se tece o fu Luro dos ))OVOS. AGRADECI MENTO

Neste rnomcnLo rico cm esperanças e gl6ria. ó Senhora. virnos agradecer-Vos os benefícios q ue. Mcdi:incira sempre ouvida, nos obtivestes de Deus o nipotente . Agrndcccmos-Vos o território de dimcn· sões contincnrnis, e ns riqucz:ls que nele pusestes. Agradecemos-Vos " unidade do povo. cuja v:,ricgada composição rncial cão bem se fundiu na grnndc caudal étnica de origem lusa - e cujo ambien1c cultural. inspirado pelo gênio latino. tão bem :,ssimilou as con. tribuições 1ra1.id:1s por habit:1ntcs de tod:ls as latitudes. Agracleccrnos-Vos a Fé católica. co1n a qual fomos galardoados desde o momento bendito da Primeira Missa. Agradeccmos..Vos nossa H istória, serena e harmoniosa, tão ruais cheia de cuhur:,. de preces e de trabalho. do que ele d esavenças e de guerras. Agradecemos-Vos nossas guel'ras justas. iluminadas sempre pela aul'éola tfo vi1óri;1. Agradecemos-Vos nosso presente, ião cheio de realizações e de esperanças de grandeza . Agradecemos-Vos as nações deste continente, que nos destes por vizinhas. e que,

irnrnnad:1s conosco n:l Fé e n.- raça, n:t radição e n:1s esperanças do porvir, per.. correm ao nosso lado, numa convivência scl'nprc mais íntima, o rnesmo caminho de ascensão e de êxito. Agradecemos-Vos nossa índole pacífica e desinteressada, que nos inclina a. compreender que :, primeira missão dos grandes é servir, e que nossa grandeza, que desponta, nos foi dad3 não só para nosso bern, rnas para o de todos. Agr:1deccmos-Vos o nos terdes feito chegar a este estágio de nossa H istória. no momento cm que pelo mundo sopram tempestades. se acumularn problemas, terríveis opções espreitam , a cada passo, os indivíduos e os povos. Pois esta é, para n6s. a hora de servir ao mundo. realizando a rnis· são c ristã das nações jove~s deste hemisfério, chamadas a fazer brilhar, aos o lhos do mundo, a verdadeira Luz que as trevas j'1m:iis: conseguirão ap~'lgar.

nosso. De sorte que, d is1>0s1os sempre a abandonar 1udo para Lhe sermos fiéis. em n6s se curnpra a promessa divina, do cêntuplo neste terra e da bem-aventurança ctcrn:t.

A COM tSSÃO M IÕDIC1\ da Suded"dc llr;isilcira ele Defesa da Tradição, F.imília e Pro p l'icdade aprc.~ntou ao Ministro da Justiça uir1 memorial ele 23 laudas opondo-se a qualquer tentativa. de liberalização da legislação reícrcntc ao aborto, por ocasião dos cleb:Hcs sob,-..: o novo Código Penal. O documento. que é assinado pelo presidente ela rcfcrid.:i Comiss.:~o, Sr. Antônio Rodri gues Ferreira, mnnifcs1a-se contrário não só à ampliação dos c;1sos cm que o aborto possa ser lcg,1ln,cn1c rc;,lizado. como também à rnanutenção dr,queles previstos pelo Código Penal vigente, quais sejam. o aborlo scnlimcntal e o terapêutico. Pc<lc então ;,1 supressão do art. J28. incisos I e li. desse 'c ódigo. e ainda a proibição do DIU como instrumento cripto•abortivo.

Civiliza ção ou ba rbárie? Aos que a legam ser a liberalização do aborto uma exigência do progresso, j;í admitida pelos países mais desenvolvidos e civilizados. a Comissão Médica da TFP pergunto.: "quem poderia dar al(~ttç,1o <i s<·~mellwntc argume,110, n ,jo ,,ressuposto é <1ue petmitir o homiddio c•m larga escal<, e o maS.\'(1cre bárbaro <le mi/Ju,res de i11<><:e111e.~ t·onsarui autê ntico cleseni·o/,,inu:nto e progresso tia civilit.ação?'' Mostrando como qualquer pcrmissivismo na legislação referente ao nborto leva às concessões mais radicais. tal como j;l aconteceu cm outros países, o documento denuncia ainda a l'tção perniciosa do progressismo católico no scn1ido de favorecer o aborto, lembrando por exemplo os escritos do Pe. Jaime Snock. C . SS. R.. que cont(ariam frontalmente a doutrina tradicional da Igreja, na matéria.

Te ses refutados Afirmando que o feto, sendo umn pessoa humana inocente. tem direito à vida desde o

momcn10 da concepção. o manifesto rcíurn :is scguintc.s teses: favoráveis ao aborto: ~L que pretende ser o conccpto mera parte dos tcci<l,:,s <fo mãe; a que defende o aborto com base na teoria <fa anim,·1çiio rct(1r<la<la; a t1lcgação d e que o DIU não é abor1ivo; a que aponla o fe to como injusto a.gl'essor: a q ue afirma ser o aborto um mal menor que a morte da mã"c; ;, que ensina :;cr :1 ciênchl, e não a moral, que deve decidir a respci10 da oportunidade da intervenção; n q ue alega tlcvcr o médico orientar-se antes ))cio Direito médico q ue pela Moral médica: " que defende a legalização do aborto como meio de combater o aborto clandestino.

Com unismo di fuso Concluindo q ue "tódo <lborto tlfrcro vo/1111uírio, qualquer que seja seu motivo, ,leve ser ,·011de1uuló como crime" e que "o <iborro ,1., <tO m . e:m,o tempo, ,·,ms11 e c/eitó <la de:rC1Jp';t· gaç,7o mor,,/ e da corrup{:<'iô dól' coslmnes". pedem os médicos da TFP sua completa proscrição da legislação brasileira. S:tl ientam ainda a estreita correlação entre corrupção moral e comunismo, afirmando: "a tle/esa tia moralidtule públict1 d a um país faz parle t/11 luu, contra o comunismo, o rcrrorb;• mo (• ,, subverJ·cio. O governo <fU<> se propõe combmer es.\·as três /a,·etâJ' do processo revoluciomírio 1111lvt.•t.ml1 mio pode /eclwr os olh<>s <l tlegr<tdaçiio dos costumes que se> manifesta por sinais ,·omo a mentalfrlade permissi\,a cm relttÇ<iO ao ahorto; o uso ge11erali1.ado tle métodos t1111ico11ct•pcio1uti,f; o nudismo e a imo. rt1/idtule chocontc das modas <1uc invadem to• tios- os ambientes, mesmo os mais respeiuíveis: u po,·uogra/itt pro11agadu li"rementc pelos m eio,., <le comwricaç<Ío .tocial; o trâ/ico de tóxicos e e11torvece11tc•s. P1.•c/u11· os olhos a tudo isso. através de uma fogislaçiio vermissiva, é prestur c•norme serviço tu>s <lesíg11;os tio comu• nismo t'11u: r11aclo110/ em rela('cio <I m>ssa Ptítria".

TFP N A EXPOSIÇÃO INTERNACION AL DE ESTEIO UM VISTOSO stand da Sociedade Brasileira de Defesa ela Tradição, Família e Propriedade, montado no recinto da I Exposição Internacional de Animais do Rio Grande do Sul, 11~1 cidade de Esteio, foi o centro de irradiação de intensa campanha de esclarecimen10 doutrinário realizado por militantes da entidade.

Livru divulgados Contendo um mosl ruário das ct1mp~rnhas e :,tividadcs da TFP com painéis! gráficos e fo. log.rafias, o stand serviu também para a projeção d e audiovisuais e audição do programa radiofônico "A Semana cm Foco", produzido por aquela associação. Uma equipe e.specializada, envergando as características capas rubras da TFJ>, atendia cortcsmente o numeroso público. Em virtude do grande afluxo de visitantes estrangeiros - havia expositores da Argentina. Chile. EUA, Canad,1, França. Alemanha.

Jnglaterra e Holanda - foram amplamente difundidos folhetos e obras da TFP cm várias línguas, particularmente ern espanhol. inglês, alemão, francês e ilàliano. Entre os livros vendidos no stand, destacam· se: "J>or um Cristianismo Autêntico", de O. Antonio ele Castro Mayer, Bispo de Campos, os "Diálogos Sociais'', e dois ensaios de auto· ria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, "A Liberdade da Igreja no Estado Comunista" (obrn recomendada pela Sagrada Congregação dos Seminários e- Universidades) e "Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo" .

Outro s Exposições A TFP esteve presente também na X Vll f'csta do Peão Boiadeiro, realizada cm Barretos, e na XITI Ex1>osição Agropecuária de Bauru, .imbas no Estado de São Paulo.

• • •

ô Senhora Aparecida, Rainha do Brasil ! Com que palavras de louvor e de aíc10 Vos saudar, no fecho desta prece de ação de graças e súplica? Onde encontrá-las. senão nos J)róprios Livros Sagrados, j5 que sois superior a qualquer louvor humano? De V6s excl:1mava. profctiC:tl'n ente. o povo cldto. palavras que amorosamente aqui repelimos:

- ··ru

gloria Jeru,\'<ílem, 111 /aetitia l:rrt1el, tu ho11ori/i,·c:11tia pop11li 11ostri11 (Judit 15, 10).

Sois Vós a glória, Vós a alegria. V6s a hon r:i deste povo que Vos ama .

Já se encontrava Fechada a pre se nte edisão quando re ce bemos

a lnstru~ã o Pastoral sobre a Confissão, do Exmo,, Revmo. Sr. D, Antonio de €astro Maye r, nosso ínclito Bispo Diocesano. Apre~ sentare mos no próximo número o te xto integral do docu~ento, que é tão e sclarecedor e substancioso quanto oportuno.

2

DA JUST IÇA

''NOS QUOQUE GENS SUMMUS...

S

E SOU A FAVOR da batina ou do 1crno secular em se 1ratando de indument:lria eclesiástica? Conforme. Para dormir é preferível o pijama ou o ro upão. Na sociedade, porém, o Clérigo e os Religiosos devem ter nm uniforme que os distinga do leigo. Trata-se de uma classe e toda classe deve ser identificada com íacilidadc. Assim os mili tares. Assim os rnarinhefros. Assim os !!studan1cs. Assim o magistrado cm função. Só os la<lrões é que a1>rcciam o disforcc. Não me agradam Sacc,·dotcs fantasiados de malandros nem Freiras ··vcdettês". A autoridade eclesiástica permitiu trocar a batina pelo ' 'êlcrgyman'' :uncricano. Porl:mto, uma coisa ou outra. Ne· nhum:t, é que não pode ser. Mas, com brasi leiro é assim : o i10 ou oitenta. Saindo de urna relanião do Clero cm 'Belo Horizonte. tive a impressão de ter assistido a uma assembléia de ilustre rnpaz.iada. Ilustre, porque conslituída de homens cultos; rapaziada, por causa da indu. mcnt;íria exótica e inusitada. Havi;, ali de tu<lo. O Sr. Arcchispo envcrgav~1 um "clcrg:yman".

,,

o que não lhe calha muito bem. Um dos Vi· gários· Episcopais apareceu só de camisa, e esta aberta ao peito. O Direto,· do lns1i1u10 de Teologia e o Padre-Assistente do deíunto "O Diário", ambos vcslidos de noivos: calças vin cadas, paletó impecável, camisa engomada, gravata preta, de seda. Por sinal que o do jórnal, rindo mé as o relhas. comento u cm termos sarcásticos urna ordem da 10/4 relativa ,, visita ele Rockefeller ao Brasil. Havia na assembléia outras amostras de ~,lfaiataria de subúrbio. Calças de algodão tinto, camisas esporte cm abundância. Só faltou algúém que se apresentas.se como banhista. F l'ciras e .Fra<lcs que sepultaram as Santas Regras dos Santos Fundadores, estendendo o rabinho dos olhos hebctados para o céu longínquo, balbuciam: "Precisamos ser modernos. Nada de' medievalismo. Quanto ao Santo Fundador. qual nada! "No:i· queque gcns swm11us "' cav,llgare. sabc•nwi1 • E .1 Jgreja que se dane.

Cônego Bueno de Sequeira


''QUE NENHUMA INJUSTIÇA CONSEGUIRA ALTERAR ... '' Plinio

Co r rê a

O ILUSTRE Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Eugenio Sales, julgo dever dirigir de público uma carta. Ei-la: Osculando a sagrada púrpura. . . Com estas palavras começavam de costume, ainda há pouco, as cartas dirigidas aos Cardeais. Não sei, Eminência, se ao longo destes anos em que a Igreja vem sofrendo a autodemolição e as impregnações fuliginosas da fumaça de Satanás - cito expressões de Paulo V! - caiu em desuso esta nobre e bela fórmula. Em qualquer caso, permita Vossa Eminência que eu a empregue aqui. Filho ardoroso da Igreja, amo e venero a púrpura romana. Dirigindo-me a Vossa Eminência , obedeço ao impulso de n1eu coração, osculando-a em espírito. Entretanto, Senhor Cardeal, no próprio momento em que rendo este preito à púrpura romana, o zelo pela minha honra de católico e de brasileiro, a lvejada por artigo de Vossa Eminência ("A força do egoísmo·• - "Jorna l do Brasil" de 19 de agosto p.p.), me -põe na lamentável contingência de apresentar a Vossa Eminência um protesto. Protesto público, como pública foi a acusação. E xerço assim o mais fundamental e elementar dos direitos, o da legítima defesa, definido e tutelado pela lei conônica, como pelas leis de todos os países civilizados. Ajo exclusivamente cm nome próprio, porém devo ponderar que, tendo sido atacados comigo incontáveis brnsil~iros, na sua grande maioria católicos, as considerações que passarei a fazer serão por certo partilhadas por todos dentre eles, a quem c hegue o artigo de Vossa Eminência.

* ...

Como desde logo quero deixar claro, de nenhum modo 1>onho cm jogo o problema da reforma agrária. Não tenho o propósito de lut,,r contra ela, na presente emergência. Às associações representativas dos proprietários rurais incumbiria cm primeira linha fazb-lo. Mas, segundo tudo me faz ver, elas se estão abstendo disto. Não sou e jamais fui fazendeiro. Assim, embora sem nada desdizer das atitudes que nesta matéria tomei no passado - e dando até graças a Deus por as haver tomado - cruzo os meus braços e me calo intcicamcnte sobre o assunto. Como posso levantar a minha voz c m favor de uma causa cujos representantes mtlur<tis escolheram o silêncio? Peço vênia para repetir. Não é sobre a reforma agrária que escrevo a Vossa Eminência. E unicamente sobre o perfil moral injusto que Vossa Eminência traçou dos brasileiros anti-reforinistas, entre os quais, obscura mas muito autenticamente, estou eu . · Consinta Vossa Eminência cm que eu c ite aqui as próprias palavras de seu artigo. Segundo Vossa Eminência, os a nti-reformistas carecem de genuína sinceridade. Os argument0s que usam não passam de "bizarros disfarces" do seu egoísmo. Fa natizados por tal egoísmo, reagem biliosamente "à mais leve referência que s,, lhe faça" (isto é, à reforma agrária ). São vezeiros na unilateralidade velhaca. Assim, em sua argumentação, passam sob manhoso silêncio ·'a s61ida estrutura eco116111ica e JJO/ítica daquelc·s [pafses] que a realizaram fit reforma agrária] 110 decorrer da HiJ·t6ria", Vossa Eminência conclui assim, com uma ênfase algum tanto ofc~ gantc, que o que move os anti-reformistas "é o egoísmo, é " b11sca do ~ interesse vr6JJrio com desprt•zo das e.rigências da coleJividacle e dos so·~ frimentos dos 11ossos irmãos". De modo que, nos que nessa matéria não ii pensam como Vossa Eminência, não há patriotismo nem caridade, há ;i apenas egoísmo, feroz e incond icional egoísmo. ~ Forn)ulada a acusação. Vossa Eminência passa às .igravantcs. ;: Os anti-reformistas têm essa feia conduta inadvertidamente? Seria g uma atenuante para eles. Mas Vossa Eminência descarta tal atenuante ~ afirmando, de passagem. que o procedimento deles é "talvez i11vol1111tá-

â rio"': t;1lvcz . ..

Assim, talvez seja voluntário . ..

de

Oliveira

Daí ser, segundo Vossa Eminência, contraditória e insincera a conduta dos proprietários anti-reformistas. Escreve Vossa Eminência: ·' im1>ressio11a11te o apego de alg11ns dos que desfrutam de posição favorável. reagi11do a t11do qua11to possa significar dimi1111ição de suas ,,asses. e o egoísmo hwnano, fruto do pecado. Por 011tro lado, sente-se a proc11ra de todos os meios q11e possam servir de amparo a 111110 vosição social privilegiada. A própria religi,ío pode ser 1•ista, não por seu valor i11trl11seco, mas como proteção 011 barreira (IOS legítimos direitos do pr6ximo".

e

Em consonância com isto, tais egoístas aplaudem a Religião "quando fala de paciência e da vida f11t11ra . Cessam os apla11sos, se lembra as injustiças sociais, se 11t0stra, como exigências da fé, m0</ificações de estruturas qu~ impedem de ver na face do innão, a imagem de Deus. Ent,io. vem a desilu.rão e até mesmo o ,,taque. Não proc11rava111 a Deus mas a si mesmos e " segurtmça dos pr6vrios bens aqui na terra". E à guisa de conclusão filosófica, Vossa Eminência pondera: " A reaçcio à refon11a agrárill [, .. ] nos faz refletir sobre a forçll do egoísmo'', '

* * * Este longo libelo acusatório de Vossa Eminência exige a lguns comentários.

ê bem de ver que a reforma agrária contraria os interesses de muitos, conforme afirma Vossa Em inência. Mas o simples fato de um proprietário defender seus interesses - e aliás também seus princípios - não implica necessariamente cm que ele esteja apaixonado a ponto de perder a noção de seus deveres. Para que Vossa E minência estivesse no direito de levantar as graves acusações que formulou, seria necessário que analisasse, um por um, os argumentos contrários à reforma agrária, e provasse q ue são despropositados. Porque se assim não fôr, se esses argumentos - embora com eles não concorde Vossa Eminência - têm consistência e seriedade, deve-se presumir a sinceridade dos que os alegam. Ora, seja-me lícito observar, Vossa Eminência nada rc.futa da argumentação anti-reformista . Não dá qualquer prova das acusações que faz. E vai logo empunhando o cajado para golpear, não as idéias, mas a reputação dos que não pe nsam como Vossa Eminência.

•• • A lgreja, Senhor Cardeal, sempre foi extremamente cautelosa cm questões de foro íntimo: "ele i11ter11is nec Ecclesia". Pergunto-me como terá Vossa E minência esquecido essa conhecida sen tença, usando de seu prestígio de Pastor para indicar ,1 antipatia - quando não ao ódio de seus leitores, toda uma corrente da opi nião nacional. E isto num momento de revés, cm que os componentes dessa corrente teriam dire ito, da parte de todo Pastor - pensasse. este embora de outro modo do que eles - a uma palavra de afeto e de compreensão. Entre a atitude do Governo, que parece empenhado cm executar a reforma num clima de máxima calma, sem descompor nem ferir a quem quer que seja, e a de Vossa Eminência, o contraste não podetia ser nutior.

••• Tudo isto posto, anti-reformista convict1.,, atingido, com milhares e milhares de outros brasileiros e católicos, pelo artigo cm que Vossa Eminência - de público e sem aduzir qualquer argumento válido - nos invectiva, vejo-me obrigado a dizer a Vossa Eminência, em minha legítima defesa, que contra ta l artigo protesto de toda a alma, em presença de Deus. O que feito, ma is uma vez osculo a sagrada púrpura, com um afeto e uma veneração que nenhuma injustiça consegu irá jama is alterar.

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O MOVIMENTO DAS IDÉIAS NO .....

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A EPOCA DA INDEPENDÊN O

BRASIL NASCEU e sempre viveu à sombra da Santa Cruz e é com os olhos postos nesse sagrado símbolo que desejamos tecer algum3.s considerações de ordem histórica ;i respeito das tendências CJué prcvalccia1n. no mundo das idéias. quando se deu a lndcpcndên:i:, cujo 150.0 aniversário hoje Festejamos.

Não desejamos que essas considerações se csccnd3m sobre o vácuo. Tomaremos como ponto de :i.poio e referência o que mais importa a (-Sta grande terra e a este grande povo. que são as verdades ensinadas pelo Divino Redentor e que dão cstru1uni il Saóta Igreja Católica e it Crisiandadc.

A preparação remota da Revolução Francesa Nos primeiros anos do século XVII I. cm 1716. morria São Luís Maria G rignion de Mont forl depois de dedicar toda uma vida à salvação das .timas e- a combater o orgulho e a sensualidade. que são as duos alavancas por meio das c1uais a Revolução já ia subvertendo o mu ndo. sábio tio século. dizia o Santo. é um homem (ftt(• .ftlb() faz.,·r bem .,·ew+ 11e;.:6ciOJ' , <' /'flt.(' I' wdo resttllar em sut, wmwgem temporal. sem <11ws<' parN."<'r queré-lo; Qtt<~ conlwce a arte ,le ,Ns~ f(lrçar tr tle t•ngtmar engenhosamente sem </Ili: tfü,•. ,'io ninguém sr: <t/U!rceba: t/u<· tlh ou fttt. tww coisa e pensa outra: que mula i1:nora dós m·<·s e ,las cumprimentos tio mundo; <11w sabe 1,comodar·sc· " tot1os r1art1 dtt!8t" " .fett.r fins. ,'i<'"' se prcoc:a1>at muito com " honra <' e) intl!resst! 1le Deus: qm· fat um 3·ccrcto mas /wwsro c,córdo tia vt•rdade com a mentira, tio Ewmgl'lho com o mw,. cio, ela \1irtude t·om o prctulo. ,le Je.ms Cri.'ito com Belial: que tlc.ti.•ja 1u1ssar por ltómi.•m <Í<' bem, ma.i 1uio por devoto: qut• <Ít'.\'/JJ't•r.a. ,.,nw~m,,w <' c-011<lt·nll f"dlm,•nte todas ,,s práticas d,, piedade <1ue mio St' ocomodam com os .t uos. f::11fim. o s/rbió mwuluno é um honu:11, qu<'. ,uio se condul.intlo snuio pela luz tios ,W!Jttidos (.• da r<iztio h1wuuw. procura cobrir•se com as ll/JC1rências e/,, crist,io e <h• homPm de bem, sem se dtll' muito ,,o 1rlllu1· lho d<• (l[:rtular a Deus nem de expiar. pela /J'-'-· niu?ncia. os pec,u/os que hajo c:omelido contra " A1ajcstade Divi11a.. ( .. L"Amour de la Sagcssc Eternellc .. - ··Oeuvrcs l:omplctes··. Editions du Seuil. Paris. 1966. 1>p. 133-134). Não podia o autor do Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem retratar melhor o estado de espírito que carac1c-riza o ·-sapo" de 1odos os tempos, numa quadra histórica impregnada pelas correntes de pensamento que. ema• nadas da Revolução in iciada no Renascimento. abri:m, o caminho para mais orn assinalado avan· ço no sent ido da apostasia do Ocidente cristão. Do pro1estantisnio ao deísmo e deste :10 racionalismo a~nóstico, 1inha·se chegado ao efcr. vescer das idéias liberais e igualitárias que pn::· paravam a derrubada da ordem religiosa e social vigente na Europa católic3,

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O mais: trag1co é que essas idéias grassavam não somente fora da lgreja. 1nas rnmbéin crn meios católicos. E a mi nagelo, no caso particular da França. vinham somar-se, debilit>ndo ns resistências que se lhe podiam opor. o janscnismo e o gàlicanismo. que iníecl:)Vam largos selo· re,; do Clero e do poder civil. Pode-se afirmar que esses dois últimos erros mais concorreram para as convulsões revolucionárias que a França sofreu a partir de 1789. do que a atuação de qualquer demagogo do tipo de Rob<:spierre. Mar;it ou Danton. No c1ue d iz respeito ao j~,nscnismo. é foto conhecido que a contra-revolução representada pela ··chouanncric.. se desenvolveu sobretudo cm ,regiões abertas tis missões de São Luís Maria Grig· nion de Montfort. v;1lc dizer. cm Dioccsc.s cujos Bispos não se achavam infectados por aqucl:\ in• sidiosa hcr{:Sia. e q ue port~lnto permitiam o apos• tolado do Santo. Quanto ao galicanismo, é sabido que. "d<'.\·rruilulo seus laço.,· com a Caroli<:id,ulc romana. luü XI V tlestruíti a /JY<Íflria raiz ,f<, sua tmtori~ tlad,,. Acreditaw, .\ubir uo trono <lt• Carlos Mllgn o; ,/(· /mo, c:omeçm1a " desc,~r os tlegrãus tlt· Luís XVI" (Edgar Quinei. apud Maximc Lcroy. "H istoirc dcs ldécs Soci,.lcs cn Frnncc... Gallirnard. P«ris. 1946. p. 79 ). Liberalismo e socialismo,

irmãos xifópagos

ingredientes que. a Ul'n certo momento, entraram

c,n ebulição e cxlravazaram sob a horrenda forma da.$ mais baix:1s p~1ixõcs, as q uais se mostram em tocla a sua hcdiondez. durante o Terror. Certos historiadores superficiais ou sectários costumam :,sseverar que em 1789 teve início a fase lib<:ral e burguesa da Revolução universal. A fase socialista e comunista teria surgido mais t'ar· de como reação aos erros e às injustiças gcrndos pelo capitalismo liberal. Não é exato. O socialismo e o comunismo não somente se achavam no bojo das idéias pregadas pelos doutrinadores que prepararam o espírito daqueles que seriam os condutores e cxcoulOrcs da Revolução Francesa. mas surgir:tm ;:itravés de inequívocas manifcst::tções nas fases mais agudas

desta úll imn. Que é a pregação e a imposição revolucionária da igualdade políticu e social senão a pregação e a imposição revolucionária d~,quilo que ~-e acha n.t essência do socialismo e do co· nwnisrno? De Robespierre a Babcuf e Buonarroti. dcslc a Proudhon. a Louis Dlànc, a lassalle e a M8r;-<, temos os cios de uma cadeia ininterrupta. Durante o Terror, as condenações lêm, quase sempre. um caráter soci:.11 : são os ricos que são enviados à guilhotina. enquanto ricos. Os rt.."VO-lucionários foziam tão poucas distinções entre os detentores de qualquer título de propriedade, que <t todos c hamavam de :iristocra1as. A igualdade civil representou. sem sombra de dúvidt,. a mais profunda revolução soci:tl da quadr:, hist6rica ini· ciadà cm 1789.

A contribuição do Clero influenciado pelos filósofos Com as honrosas exceções que a H istória registra, e entre as quais avulta o grande número de Sacerdotes que pagaram com o sangue sua ridelidade tl l grcjaJ é sabido que uma parte s:tlicn·

te do Clero do século XVII 1, influenciada pelos íilósofos e impregnada de. racionalismo, se prco• cup:wa sobretudo com coisas d~tc inundo. o que. não deixou de ser um~ preparação par~ o:1 sub· versão que se avizinhava. Nas vésperas da Revolução. os sermões freqüentemente versavam sobre qucstõc-s profanas, quer sociais, quer polític:l~. Pregando para a Corte na Quarcsmlt de 1781. o Abbé Maury. um dos mais cloqiicnte.s oradores sacros da época. só se ocupou do comércio. da indústria. das finanças. o que inspirou a Luís XV! o scguin1c coment{lrio: ..S<• o P<ulre Mmu·y no.t Jw,n,,·ss<• faltulo um pcmco ,le Religitio. 1er-11os~it, Jaltulo a r<'speito de tudo". O jacobino Boisscl. autor de um "Catecismo do gênero humano". dt"'Cl~1mava que "Dcu.f, ,, propl'Ít'tlatl(•. o casmnento :ttio 11-{,s flttcelos qm; rotltu t>S bons d1fculiíos dt•vem tles1r11ir. li fim de• sc•rem . venlm/1.>ir1w11.·ntt• liw·c.\· t' f<'lil,e.t'' ( M:iximc Lcroy. op. cit.. p. 289). A diferença entre esse energúmeno e os Padres progrc~sistas da época crn ;1penas de gradação.

A•té o rim do século XVII! cm todos os países do Ocidt.::ntc vigorav~un ins1ituiçõ cs polí1icas e sociais costumeiras. ao invés do aniíieialismo in· 1roduzido após :-1 Revoluç-ã o Francesa. quando :. legislação parn todos eles começou ~1 ser ar-tifi. c ialmcntc clabornda por assembléias dclibera1i~ vas. que vieram freqüentemente a agir à rcvcli;1 <h, própria lei nacural. do que são exemplo os Mcn1.:1dos con1rn o direito de propricd~ldc e a livre inici;11iva. A preparação dos espíritos 1>~-tr:.1 a aceitação de 1:11nanhas ::ibcrr~,ções se deu gradativamente e de modo a permitir a il:lÇâo de que, se trata de um~, bem u rdida irama: "Todo ,mw correm(· d<! peusam,,1110 ,,oJítiG·o. econômico e soda/ l,,w,ró o A reação romântica título dt! ··fiJ6sofo.f'. Sllído,\· ,u, maior parte tia burguesia {~ dit1gimlo-st ti gnuule burguc•sfo. Há As.siin como :1 Revolução nas instituições fez ""'" evolução nessa <·orr('ute de filósofos : a c·tÍ· um recuo 1álico com o Diretório. o Consulado e 1ic" rellgiosa comc1ça com Volwir<'. tlepois vt•m a depois o Império, o romantismo representou simcríti<:a histól'lca e a consrru(Yio cous1itut:io1wl com plesmente uma mudança de armas no campo d:i Mouttsquieu , wm, 1t1rc<•frt1 f<1se é caracu•riz.a<fa Revolução tendencial. pelos (•conomi$1as ( 1760), uma q,wrta pelo anNão se 1cm d ificuldade cm compreender :1 ratiddl·m o (1770) ""· a parlir 1/e 1780. v,•m o pcrío- ~i.o pela qual Victor Hugo, cm .sua juventude. di<IO <ioJ~ panfletos políticos e <ia ,·rí1ic11 sot:iaf. Mús 2:h, que o romantismo. considerado cm seu conhá nessm· f1t've,.sas cor,·cnres uma c<•ru, 1111id,uh•" junto. não era senão o liberalismo cm literatur.:'.l . (Jacques Ellul. ·~Histoire dcs lnstitulions" . PresM~,s se nessa época ele era apenas isso, o ro. scs Unive:sitaires de Frnncc. Paris. 1956, tomo man1ismo logo ultrapassou os limites literários e segundo. p. 515), De fato. a Revolução é una. se espraiou por todo o campo social. Eis porque cmbon:1 se manifeste sob uma pluralid,:ide de mo- a bem informada Madamc de Stael. uma das mais vimentos e atitudes. ativas propagadoràs do liberalismo religioso, e Nesse irncnso caldeirão foram l:mçados vários que trouxe o romantismo para a França após

passar um~1 temporada exilad:.l por Napoleão na Alemanha. dizia q ue '"a litermw·ll é a (.1xpressi10 tia sociedade". Vastas famílias de espíritos se deixam lev;1r como plumas pelos ventos de- cada escola literária que aparece. No caso do romantismo isto se deu não somcn1e pelas produções dos romrmcis• tas e poetas, mas também pdas modas, pelas ~1rtcs plásticas. pela música e sobretudo pelo teatro. meio de expressão que alcançou mais facilmente tod~,s as camadas da sociedade. H:i quem sustente que o nivelamento de elas· ses resultante da Revolução Francesa fez cessar o predomínio da aristocracia sobre a literaturn. daí decorrendo que o advento do ron,antismo veio comple-wr a ascensão da burguesia, pois se SO· brcpõc ele à literatura cl{1.Ssica, representativa dn ordem de coisas reinante no Antigo Regime. ··o d<u·sicismo l!ra uma espécie dt! /Xtft<•m da v,•llttt n:ah•z,11, As idC:fos r<'VO/ucionárills aba/11ram os tronos, entraram ,u,fa literatura a <lcnlro e ,!e.)'· c·onc.e,·fllram a.,· poen111s cabd<'irt1.t dtí.,sicaf' (SiJ .. vio Ro mero. "H istória da Litcraturõl Brasileira", Livr. José O límpio Edit :. Rio. 1949 - tomo terceiro. p. 95). Assinalemos o facciosismo da observação, mas na verdade também certos ambientes aristocrá.ti· cos se deixaram permear pelas idéias dos in1elec· tuais revolucionários. cujo instrumento literário era o classicismo. Seria mais exato dizer que com o advento do romantismo a Revolução igualitária e ntrava apenas cm uma nova fase, pois não há dúvida de que o classicismo racionalis1a e ncopa· gão. co!'no vimos. foi instrumento usado na prcpa· ração dos espíritos para aceilarem as idéias crn que se baseavam os demagogos que imergiram a Europa em um mar de sangue :l partir de 1789.

O romantismo , m e ro re cuo estratégico Lcv:lda 3 um paroxismo, a ponto de provocar cristalizações, a Revolução sabe voltar atrás e entrar por vias aparcnlcmcnte contrárias. pelas quais

A obra civilizadora de Portugal no Estado e no Re E COV ADONGA À queda de Granado, a histó ria da Espanha e de Portugal foi uma história de Cruzadas. Enquanto houve um muçulmano na Península, portugueses e espanhóis não descansaram. As duas nações formaram-se no espírito da Cavalaria. Durante sete séculos, das praias portuguesas do Atlântico às escarpas cspanholâs dos Pirineus, ouviu-se o brado de Sa111iago! - conclamando os nobres, o povo miúdo. os Monges-guerreiros do Templo. do J--lospit"I, de Santiago da Espada, à guerra contra o Islã. .E xpulsos os llitimos infiéis, ferveu ainda durante uni século, nas nações peninsulares, o CS· pirito épico dos antepassados. 1iiigo de Loyola foi o grande cruzado do século XV!, que encontrou cm D . João Ili de Portugal o grande amigo e protetor. O Fundador da Companhia de Jesus, enquanto mandava seus Padres a todos os can1os do mundo, evangelizar os pagãos ou polemizar com o s luteranos, ardia no dcse;o de uma Cru1,.ada européia para restaurar o Reino cristão da Terra Santa .

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As grandes navegações vistas pelo miopia marxista O Infante D. Henrique lançou e consolidou cm Portugal a idéia das navegações pelo Atlântico, com a finalidade de expandir os domínios da Fé Católica e do Império, e de atacar os mouros nos 4

pontos nevrálgic,o s de sua influência na Ásia e na costa oriental da África. Na apreciação modema da expansão marítima portuguesa. formaram.se duas escolas de histo· riadores. Para uns. o único móvel das navegações teria sido o de estabelecer o comércio com a lndia e o monopólio do fornecimento ele especiarias orientais à Europa. São os que aderem, cm maior ou menor mcdidil, ao materialismo histórico. cuja miopia não permite que vejam nos passos d:l H istória senão o interesse econômico, a idéia fixa do lucro. Para outros, 1>ara os que sabem que nossos antepassados do século XV, embora não imunes aos germCs da Revolução nascente, ainda tinham muito da alma medieval, - para esses íoi ·grande ideal dos navegadores o de levar a Fé aos povos que ainda não conheciam a verdadeira Igreja. Cumpre ressaltar q úe esse nobre motivo não ex .. cluía o da expansão rnilitar e comercial , que de si era legítimo e 1>0r vezes se fez sentir de modo desordenado. De resto, se olharmos as navegações exclusivamente pelo lado econômico, teremos que tcconhcccr que elas foram um mau negócio, pois PortugaJ, embora tenha auferido vantagens cm alguns breves períodos, saiu da era dos descobrimentos empobrecido cm recursos e em população. Ficou-lhe, isto sim, a glória perene, que ninguém lhe tira, de ter aberto para os missionários os caminhos da África, da Ásia e da América.

Não cabe aqui a análise das duas teses, que já foram estudadas suficientemente pelos especialistas. Mas é oportuno apontar o caráter nitida.. mente religioso-militar da conquista de Ceuta, com que os portugueses. abriram oficialmente a era das navegações. Antes de tomar a resolução final, D. João I contou ao Beato Nuno Álvares que pretendia conquistar Ceuta para a Fé Cristã. O santo cavaleiro permaneceu .-lguns instantes cm silêncio. "O que a mim pt1rece - disse por fim - é que este feito ,uio foi lembl'ado por Vós nem por outra pessoa nenhuma deste mwulo; so.. mente que foi revelado por Deus" (Elainc San· ceau, un. Henrique, o Navegador"). A praça norte-africana não trouxe ao tesouro português um real de lucro, mas custou 1l nação muitas despesas, sacrifícios e preocupações. Quando. mais tarde, os portugueses quiseram tomar Tanger, a empresa lhes foi adversa, apesar da bravura de seus soldados, e o Infante D. Fernando, irmão do Rei, caiu prisioneiro dos moo· ros. Não tardaram estes cm propor a libertação do Príncipe, cm troca da restituição de Ceuta. Mas as Cortes de Leiria, de l 438. que representavam o sentir da nação, deixaram bem cla.ro que não se podia entregar a praça sem a concordân· eia do Papa, por ser ela a chave da Espa///w e ferrolho da Cristandade. O Papa respondeu que o cativeiro e mesmo a morte de D. Fernando eram, pira a Cristandade, um mal menor, com-

parado com a perda de Ceuta, - e D. Femando morreu prisioneiro (Costa Brochado, Infante D. Henrique" e ··A lição do Brasil .. ).

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Uma noção catól ico e portuguesa no olém mo r A criação e consolidação, no além mar, de uma nação católica e portuguesa, e não o sim· ,pies estabelecimento de um empório comercial, como o fizeram, na época, vários outros países europeus, foi - sem embargo de desvios epis6dicos deploráveis - a grande meta dos portugueses nos 320 anos cm que governaram o Brasil. Que fi1.eran1 eles depois que aqui chegaram? Instalaram feitorias? Abandonaram o Sul, visto que somente o Nordeste lhes podia então proporcionar lucro, com o pau-brasil e a cana de açúcar? As fei torias foram de fato instaladas e promovido o comércio, como era natural, mas a primeira capital do Estado do Brasil foi localizada na Bahia, isto é, em direção ao Sul, que se queria também povoar e cristianiz.ar, ainda que somente prometesse despesas. Os fundamentos da nação iam sendo lançados com a ação missioná· ria, com o estabelecimento militar e com a orga. niza.ção política. Esta úitima, como veren10s, de-. monstra por. si só a intenção civilizadora de Portugal. O termo colônia não se encontra nos documentos reinóis, com referência ao Brasil. Tão por-


MUNDO A lição da Independência· ~CIA .

D. Pedro Henrique de Orleaf':'S e Bragança

vclhacamcn1e cc;,1inua o processo revolucionário. As.~im, aos. cxlrcmos a que chegou o racionalismo

preparatório das mudanças sociais e políticas. se opõe o rnovimento romântico. cuja tônica está em dar largas à sensibilidade, e não à razão. "Por toda parte Sl' ,•stima ser a se11sibilidade um guia mais seguro ,lo <1ue ,, r11r.,io. porque o espí-

rito ,lo homem J·e modifica com o

tempo,

mas

,\·eu cort1ç,io ,uio nw,la" ( Paul Van Ticghcm, "Le

Romantismc dans la Littératurc Europécnnc''. Ed.

Albin Michcl, Paris, 1948, p. 250). Do extremo racíon.1lismo que. embora sem ne-

gar o real sensível. repudiava rodo transcendente

e rodos os dados da Revelação Divina. passa-se com o ro1nantismo ;, negação d:~ própria realidade objetiva, para mergulhar no mundo das quimeras

e dos sonhos. "O fundo do r<>numtismo - escrevi<, Ft,J:lU!t, e embora rives.re o cr11ico em visw apenas t, Fra11· çt,. esj·as ,,a/<tvrt,s se apli<.YW1 uwico bem ao con.. ju,uo· tio romtmti.mrQ curof)eu - é o horror tia rr.~a/itltule e o tlt-.W:jo tle dela esct11u,r. . . O homem quer lib<'rlllt·S<· do real graçtl.)' à imagiuaç,io. dele libt!rlar•se ailula isolmu/o..,·e delt~ e em·crrtmtlerse nó santuário de sua .\'Crtsibilidtule /U!SSOtil. , . ' ' N,io é surpr<•e,ulente que t.'ssa hipertrofia da imagina· ção e da sensibilidtuh•. /llculdtules i111eirtune1,u· pe.rsoals. que subordinam a si tis j,,cultlcules f)rO· priamcme intelectuais pelas q1wi.-: o.f homens mau· têm t·Qmunicaç,io uns com os outros. enge,ulre um egocentrismo /reqiit•11t1!menlf! constm<ulo. Hlt quem veja nessa cgomania ó car<Íter mais tlistin· 1fro dos romlmricos" ( Paul Van T ieghcm , op. cit .. Jl. 250). Estamos cm plena fase individualisia da Revolução, dominada pelo cstro sensual de um

Lord Byron.

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O romantismo católico Para a primeira geração dos românticos akinã.cs. a idade de ouro da poesia não se achava na Grécia e no c lassicismo com seus heróis. na linh~,· de um Goethe e de um Schiller. mas na

- porque, apesar de atritos episódicos, inerentes à sepa.raçã0, continuaram vigorosos os laços culturais e a(etivos que ligavam o Brasil a Portugal. Brasileiros e portugueses sempre se trataram como irmãos, do que foi mais uma .prova eloqüente a participai;ão pess0al do Presidente Anlerico Tomás nas comemoraÇ®,S d0 Sesquicentenário da Independência, acompanhando até o Rio de Janeiro os veneráveis despojos daquele que a proolamou.

ONGE DE SB REPELIREM, tradição e progre$SO harmo.nlosamenre se completam-. Gom efeito, o vc~dadeiro coocejto de tradição nada tem de arcaizante, pois representa o acervo de ensinamentos acumulado de geração em geração, ou ainda o próprio ato de co.municá-los. Assim, na :11lda social dos povos, podemos chamar tradição à conservação e à transmissijo de conhecimentos, normas e práticas, através dos tempos, cujo conteúdo Corroa, no mundo ocidental, a, O(dem civil estabelecida pelo Cristianismo. Que de mais belo e nobre do que c.ssa transmissão pluri(Ormc de valores espirituais figucada na "tor;ba que o corredor a cada reve;;amento confia às mãos de outro, S-ell1 que a corrida pare 011 arrefeça sua velocidade'' .(Pio Xll, :A:locução ao patriciado e à nobreza romana, jaoci,ro de 1944, "Diseo;si e Radiomessaggi", >'oi. V, pp. 179-1'80~! Por onde se vê que não há progresso estável que não se baseie numa s6Jida tradição. Que seria de qualquer ramo científico, por exempl0, que, paca pi:ogredir, não se alicerçasse no aeel'V0 dos conhecimentos já adquiddos, )sto é, em. uma 1radição? O Brasil é um país em franco e inegável desenvolviment_o, • e está fadado a um progress0 ~ioda ouúto maior, não somente peJo dinamismo de seo povo, como fan,b6m pe.,los imensos recursos naturais pom que o dotou a Providência Divina. Mas a condição indjspensâveJ desse descnvolvimenfo, o pcnb.or de que ele será estlível, duradouro e sempr°' benéfico, é de se (àzcr na continuidade do passado, ,isto é, dentro da linha da gloriosa tradição histórica de nossa Pátria. E a esse respeito a IodepeJJdêncja cont~m unia gi:and.e lição: desligamepto polílico em ~elação a Portugal, ela não foi uma ruptura -com a tradi§ão portuguesa, mas se fez na continuidade dessa tradição:

* •• Dentre as tradições de que o Brasil de hoje é cioso porta· dor avulta a que é representada pela continurdade da Fé. Fiel às suas origens, deve ele sab'cr preservar essas tradições, de· fendendo-as sobretudo contca seus adversários atuais, que são a tentação de um desenvo,lvimcnto preponderantemente "!ateria! e a sedução das ideologias enlouquecidas: o comunismo escravizador e a contestl(ção anárquica. Necessácio se torna fazer com que os valores· espirituai5 autênticos p,rogridam tanto êntre oós1 que se ,nostrem capazes de dirigir esse promissor surto de desenvolvimento maferral a que estamos assistindo, obrigando, ao mesmo tempo, a re'iroccdc(ero p.ara os antros de onde saíram aquelas ideologias esptícias, que tentam esgueirar-se no meio de nosso povo. E'IS os ferve.ntes votos que hoje dirijo à Senhora da Coocei&ã0 Aparecjda, Rainha e Padroeira do Brasil, na quál.idade de ~rdeiro e continuador do legado espiritual da Casa de Bragança, no qual se i!!SCrevem como valores pfimaci'ais a firme aóesão à Religião CatóUca Apostólica Romana e a contjnuidade da tradição, rumo ao glorioso futuro a que a Providência chama este País que meu augusto Trisavô fez 'independente há cento e cinqüenta anos.

pela continuidade da Dinastia de Bragança;

- porque o Brasil 'independente permaneceu fiel à tradição politica r«:ebida de- Portugal; •

Idade Média cavalh~iresca e cristã. Novalis 1raça en, 1799 un, quadro magnífico da Idade Médi:, católica em que reinava a har,nonia, a beleza, a

generosidade. Esse Caiolicismo ron,ân1ico também suq;iu na Inglaterra, talvez influenciado pelos romances his• 1óricos de Waller Scou. Dele foi elemento rcprcscnia1ivo K. Digby. que em 1822 escrevia uma obra para sustentar que "Se t•nrra na /gl'ejll pela poru, d,, beleza". Apesar de- esse rnovimcnto provocar certo nll· mero de conversões para a Fé verdadeira. o foto é que a nota dominante do ronl:m1ismo, que é a exacerbação da sensibilidade. terminava por adu· ('t)!'ltl,V I NA i'Á(llNA

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Cunha . Alvarenga

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tugueses eram os naturais da Bahia, do Rio de Janeiro ou de São Paulo, quanto os cidadãos de Lisboa, de Guimarães ou Viana do Castelo. O próprio Varnhagen, que introduziu a expressão Brasil-Colô11ia, desconhecida até o século passado, explica que àqueles a quem ele dava o nome de co~oni1...'\dorcs, ..os nossos antepassados pOrtuguc-

ses chamavam Povoadores" ("História Geral do, Brasil", secção LT, tomo V; também: T ito Livio Ferreira, "A Posição do Brasil em relação a Portugal'', cm "His\6ria da Civilizaç.ão Brasileira", São Paulo, 1959). Em 1548 já aparece a designação oficial de Esu,do do Brasil. Em 1645, poucos anos ap6s a Restauração, D. João IV eleva o Brasil à categoria de P.{incipado, cujo titulo seria sempre reservado ao herdeiro do trono, e cm 1815 o Príncipe Regente, depois D. João VI, cria o Reino do Brasil, unido a Portugal e Algarves. Mas a integração brasileira na grande Pátria comum não teve expressão somente cm títulos.

Uma das primeiras preocupações dos portugueses, ao fundarem vilas em nossa costa, ainda no sé,.

culo XVI, foi a de instituircm Câmaras Municipais. Essas câmaras eram a ex-pressão da aut()nomia local para assuntos de interesse do muni' . c,p,o. Os primeiros povoadores de cada lugar, que não fossem cristãos-novos ou oficiais mecânicos CO!iCL.UJ l'fA ,J.oJNA

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Homero Barradas

No salão do antigo Paço de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, a u rna com os despojos do Imperador Pedro I é exposta à visitação pública, sob a guarda de dragões da Independência.


CONClUSÃO DA PÁG. 5

CONCtUSÃO DA PÁG. 5

A obra civilizadora

O MOVIMENTO DAS IDÉIAS zi r á8un para o moinho do chamado Catoli• cismo liberal. Nesse sentido a obra de Chateaubriand, so-

bretudo seu ''Génic du Christianisntc". tam-

bém exerceu influência ncfasrn sobre as almas.

A resistê ncia ultromontana O movimento romântico vem minar a resistência que, desde os primórdios do galicanis-

mo. se fez sentir, tanto cm meios eclesiásticos como c·n1rc leigos, em favor da ortodoxia, dos d ireitos ela Santa Sé e da tradição. Focos contra-revoluc:onárjos (como os que se tinham 111tinifcs1ado na heróica Vcndéia) então ainda persistem por toda parte, tanto na Europa

como na América Latina. Na época da lndc~ndência do Brasil foi o paladino incontcstc

d2.Sta cruzada, entre os leigos: da Europa, o ir.signc: pensador Jo!cph de Maistre, através de obras magistrais de restabelecimento da vcrda· ck; contra a mentira revolucionária, dcsrncan·

do-se "Considérations sur la France" . .. Essai sur le Principc Généra1eur dcs Constitutions Politiq ucs''. ºOu Papeº, "Les Soirécs de Saint• · Pe1crsbourg" e "L'Eglise Gallicane", esta l1l1ima publicada em 1821. ~ também da ép<>ca de nossa ernancipação política outra figura que surgiu com grande prestígio nos arraiais ultramontanos, mas que não tardou a manifestar as proíundas influên· eias româm icas ele que se achavam impregna· das suas idéias: o Padre Félicité de Lamcnnais. que cm 1817 publicava o primeiro vO· lume de seu célebre "Essai sur rtndifférencc en maticre de Religion ... Outro brilhante ultramontano que acabou por írustrar as espe· ranças que nele eram depositadas e que. na sua primeira fase, prestou inestimáveis serviços à Igreja. foi o Conde de Montalembcrt. O facho acc.s o no tempo de nossa Independência seria depois retomado por outras mãos, entre i:\s quais é de justiça ressaltar as do in· trépido Louis Vcuillot.

O Marquês de Pombal, artífice da mais completo absolutismo Muito embora já iníiltrado pelos falsos princípios religiosos, políticos e sociais que na Europa tomaram corpo a partir do Renascimento. até meados do século XVIII Portugal ainda conservava preponderante influênci;t da nobreza junto ao Rei e muito da estrutura própria a uma sociedade orgânica. No ·s rasil essa situação também se mantinha, não sorncnte nos escalões mais altos, confiados à no-

breza. inclu.sive na organiz.ãção municipal. mas também nas corporações cm que o povo se hierarquizava na vida econômica e profissional. Coube a Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal. que como Primeiro-Ministro deteve todo o poder cm Portugal durante o reinado de O. José 1. destruir o que ainda rcstâva desse estado de coisas. substi• tuindo-o pelo mais completo absolutismo. É de notar que e$Sc homem nefasto estava eivado de jansenismo e de galicanismo. Com o atroz suplício dos Távoras cm 1759, abateu ele a nobreza. ··ct,stigando-t, na.\· s,ws Ctlbeças domina111e.s; e, com a moric 1/e uns poucos, humilhava o resto. ( •.. J climintmtlo a influêncÍll tlo.r /idalgos. <1rr·eda11do os descon• flmres.isolando<11ro11ó'' (Pedro Calmon, "História do Bra.sil'', Livr. José Olímpio Edit., Rio, 1959. tomo quarto, p. 11 S0). A perseguição aos Jesuítas e ~ua expulsão do Reino e possessões de ultramar, foi outro golpe de Pombal que, com o fcchamcnto dos vários colégios e obras de catequese qut filhos de Santo Inácio mantinham, proporcionou um enorme avanço para a causa d~-\ Revolução. Na Metrópole e no Brasil é introduzida a instrução pública não religiosa. Com a reforma do t!nsino universitário. o rnétodo escolástico cede lugar às •'idéias novas'' cartesianas e racionalistas. A Universidade de: Coimbra e os Sc,ninários passam a ter focos revolucionários. O galicanismo francês assume cm Porlugal as roupagens do regalismo, e não faltam a Pombal cúmplices pertencentes à clcrczia a soprar que o Rei e os Bispos podiam regular as qucslõ:!s e~lesiásticas sem :1 interferência. d:, Santa Sé. Nada escapava ao absolutismo: ' 'A müo fone '-lo Ministro peJ·ou, esmagadora, ,tobre n ecouomia, o .rocie,fod(~. fl vil/a. Derrubllria ns obstáculos. E derrubou. A "Mesa tio Bem Comum" fof exti11u1. Assim (!m Lisboa, no Pará, 11a Bahia e no Rio de Janeiro, onde OJ' m erc<ulor,•.\· tinlwm instiwído wmbém esse esboço '-/e ussnciaçiio comercia/'1 ( Pedro Calmon. op. ci1.. p. 1142). M;1is grave .-aindi,: são supressos os privilégios comunais. Com a morte de O. José I vem o fim do nefasto governo de Pornbal. mas cm grande parte o n,al estava feito.

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Independência sem romper com a tradição Formando uma minoria ativa, as elites intelectuais. a partir do fim do século XVIII, tanto cm Portugal como no Brasil. íora1n-se contaminando ,,cio racionalismo revolucionário. Enquanto ;\s cúpulas procuravam minar a~ instituições. as bases permaneciam fiéis a estas. Quando O. João VI chega à Bahia em 1808, é •·c11/orosame111e rtccbitlo pelas awol'itltules <! {)elo fJ0\10. honrado e festejado como se csti• vcsse 110.r grmu/(,s dills ,!e seu ,:overuo 1• •• ] t1plmulitlo comovül11mente ,,ela boa gente e pela onda f>t)fm/111-. dc.rlumbrtula t• Usonieira" ( Pc·

dro Calmon. op. cit.. p. 1367). O mesmo se dá no Rio de- Janeiro. Assim é que nos alborcs do século XIX as idéias liberais_. românticas e jansenistas já exerciam delcléria influência sobre ponderável parte do Clero e dos leigos brasileiros. Mas o verdadeiro Brasil se conservava fiel às suas origens, dando-lhe coesão a Religião Católica bem como a unidade da lingua ; embora desenvolvendo um estilo próprio de vida, mantinh;,-sc etc dentro da tradição política e das instituições portuguesas. Como bem acentua um lúcido estudioso de nossa História, "só se pode interpretar e compreender o povo <lo Brasil até 1822, denlro tio sistema jurítlico português. d,,s instituições 11or1Uguesas. E111re1tmto. luí ,mw prevençtio, um preconceito contra a legislaç<lo fJOr1uguesa, contra o <lireito por111guês que o povo do Brasil Mé 1822 reconhecia e no qut1/ esu,va plcnamenle integra<lo". Na verdade, "havia entre o povo <lo Brasil um profwulo se111imento de dever para com o Rei. Era a lealdade. a fiel v".ssalagem ao Rei, ti tr,,dicional /ldelidadc o ama Dinaslia, qm• fa z.ia com <1ue os naturais tio Brusil e os ml/urais th• Portugal, ombro a ombro, defendessem a 1érra. Assim /oi com '-lS inv,,sõeJ· holandesa e Jranc:e.m, com os au,ques dos ,·orsários ingles,•s. e a.\' guerras t·om os e,\·p,mhâis. Diz-se que d guerr" holmulesa gerou um sentimento 11aavista. querentlo-se confmulir esse sentimento c:om o de i,uleperulência. Se 11ssim /O.'i.Se. os m11ur,1is tio Brt,sil, <1ue sustenraram aquet,, guerra. a/ituulo ti co11sciê11cla <ln 11rópria Jo,·ç,, <.10 s1111osto sentimento de indepe1ulê11cia. teriam imedialllmente se volta,Jo contrt, o Rei de Por· tugal, e declartulo a J·eparaÇ<io polilica, ao me· nos, inicialme,ue, daqucfo 1u1r1e ,lo 8r<lSil. No cnwnto. is10 ruio aco111cCetl' (Manoel Rodrigues Ferreira, "História J>olítico-Social de São Paulo'\ in º Hist6ria da. Civilização Brasileira", Gráfica Uiblos l.tda .. São Paulo. 1959, pp. 257 e- 266). Nossa Independência se fez a seu tempo, 1cr1do como figura cenl ral um membro da própria Dinastia de Bragança e herdeiro do trono português, destacando-se o Estado do Orasil da Metrópole praticamente sem comoções violentas. Tais eram os vínculos que continuararn a existir entre Portugal e o Brasil depois da separação política, que D. Pedro 1, ao renunciar ao trono brasi leiro, deixou nele seu legí1imo herdeiro, e foi·SC coroar Rei cios portugueses. Quão lo nge se acha este fato do jacobinismo vesgo e revolucionário.

•• • Encerrando estas considerações~ queremos frisar que o Brasil só 1>0dcrá prosseguir na trilha. do autêntico progresso enquanto fôr fiel às verdadeiras 1radições que fizeram sua gran• deza no passado. Assim há de cncon1rar for• ças para combater o Lcviatã totalitário, de cuja horrenda efígie já se viam os contornos nos dias de Marat e Robespierre e que hoje, de Moscou e Pequim, ameaça envolver todo o orbe. Eis. pois, nossos votos neste sesquic,cntenário do Brasil independente : que a Santíssima Virgem guie nossos .passos no rumo da ver• dadeira grandeza, essa grandeza que só pode vir de graças alcançadas do Soberano Senhor de Céu e da terra pela mediação dAqucla que é a vencedora de rodas as batalhas que. através da Hist6ria. se ferem entre a luz e as trevas. ent re os filhos de Deus e os filhos de Belial.

- os proprietários rurais, portanto - constituíam a nobrcro da terra. Esta nobreza local, brasileira, deteve cm suas mãos a1é o fim do século XVIII o direito de escolher os membros da administração municipal, ou seja. de administrar os municípios. E levou tão longe estas prerrogativas que, nos alborcs do século XVIII. os naturais de Portugal, moradores do Rio de Janeiro, representaram ao Rei, queixando-se da nobreza fluminense, que os mantinha afastados da administração municipal, "como se Por111g,,1 /ortz Derbéria". Ouviu-se falar de fato semelhante numa. colônia hokindesa, ou na lndia inglesa, por exemplo? Em 1534 e nos anos seguintes, quando se criaram e organizaram as Capitanias tle juro e lrerdcu/e, O. João Ili conferiu tal autonomia aos Donatários - portugueses, é verdade, mas titulares do primeiro governo organizado do Brasil - que Varnhagcn afirma ter Portugal reconhecido a independência do Brasil antes de este se colonizar. Quando .EI Rei queria. galardoar um município com uma honraria muito significativa, concedia aos seus moradores os privilégios de cidadãos do Porco. O costume o riginou•sc das prerrogativas concedidas a todos os r>aturais daquela cidade por D. João li, em 1490, entre as quais uma certa posição de fidalguia, o uso de armas defensivas e ofensivas, etc. Em l 642, O. João IV estendeu esses privilégios aos cidadãos do Rio de Janeiro; cm 1645, aos moradores de São Luís do Maranhão; cm 1646, aos de Salvador da Bahia; cm 1714 receberam-nos os de São Paulo (Tito Lívio Ferreira., obra citada). As Cortes dos Três Estados eram reuniões de representantes do Clero, da Nobreza e do PovO, que o Rei convocava, para os corsultar sobre assuntos graves. O Povo se fazia presente por delegados das Câmaras Municipais. Nem todas as cidades de Portugal 1inham direito a essa representação. Entretan. to, nas Cortes de 1685 Liveram assento os representantes da Câmara de São Luís, que aí emitiram seus votos e deram suas respostas às consultas reais. Não foi, por1anto, um simpfcs empório que Portugal quis estabelecer nesta parte do Novo Mundo. Foi uma nação, um prolon.gamen10 da Pátria-mãe, um pais católico. A expansão da Fé entre os índios e a assistência religiosa aos brancos e escravos da terra foi uma constante preoc upação da Coroa. Os Missionários, o Clero secular e a Hierarquia foram sempre mantidos pelo erário real. Conta Tito Lfvio Ferreira, segundo documento do Arquivo H istórico Ultramarino, que cm 1768 o Morgado de Mateus, Governador de São Paulo, informou ao Rei que os dízimos da Capitania orçavam em 7:620S000, dos quais 6:62S$000 se gastavam com a manutenção do Clero. O Santo Offcio mandou ao Brasil vários Visitadores. que vinham examinar o estado dos costumes e a pureza da Fé e reprimir os ;ibusos.

Essa obra m issionária e civiliza.dora produziu os seus fr\1 tos. Brasileiros e portugueses man· tiveram sem pre, como questão de honra, uma união inqucbrantável. Todas as investidas es~ 1rangciras no Brasil fora m rcpelid3s com tan. to ardor por portugues2s como p0r brasileiros. Por ocasião do dom!nio holandês no Nordes· te, os brasileiros. mesmo desassistidos momcn• tancamcntc pelo governo de Lisboa, levanta• mm-se com energia e decisão contra o invasor que queria separá-los da Religião verdadeira e do Rei legítimo. E foram ainda além: como mostramos em artigo rccencemcn1c publicado por "Cato1icismo" (n .0 2S7, de maio de 1972). armaram uma expedição no Rio de Janeiro e foram a Angola expulsar o herege daquela província do Império comum. Tão grande foi esse scniido de :;olidarieda· de luso-brasileira, que, cm 182 J , i1s vésperas da Independência, José Bonifácio, cm nome do governo provisório da Provínci,, de São Paulo, rccorncndava aos deputados que iam a Lisboa participar das Cortes Constituintes, ··,, integ,·frlatle e imlivfaibili<lade do Reino Unido. <lec/11rtmdo-se <111e os nossas at1wis possessões rm ambO,\' os hemisférios serão nwntitlas e ,le· fendit/11.r contra qualqul''' forç,, externa que as 11

1/0

Sobre a capital do Reino Unido. rccon,cndavr1 o Andrada ··tl-.,t<•rmium··.Yt• onde ,leve

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Onde se esc reve o história do futuro O mundo encontra-se numa cncruzilhadà. As nações que dirigiram durante séculos os destinos da humanidade dão sinais de decrepitude. Seus povos, apegados à vida cômoda proporcionada pela riqueza e pela técnica, pa. rccem querer renunciar à luta no momento cm que o bloco comunista ameaça aniquilar a civilização cristã. As mc1hores esperanças do Ocidente estão na América Latina. Aos luso e h ispano-americanos caberá um papel decisivo no futuro do mundo. Para realizá-lo é mister que eles não se acomodem ao permissivismo do "csrablishment" e rcjci1em a barbárie ºhippic' "· caminhos pelos quais se procura 1irar ao Ocidente cristão a vontade de lutar. Ncsrn hora decisiva, a comunidade dos países: de cultura portuguesa recebeu dAquela que há de reformar o mundo e restaurar a Cris1andade, um favor de imensa consolação e de enorme responsabilidade. Em Portugal, Ela rcv:lou ao mundo seu plano para o extermínio da iniqiiidadc e a vi1ória de seu Jmaculado Coração. No Brasil, o destemido líder católico, Plínio Corrêa de Oliveira levantou o estandarte da Tradição, Família e Propriedade, cm prol da civilização cristã. Centenas de jovens o seguem, do .Prata Amazonas, proclamando a necessidade do estudo, do espírito de combatividade, do desprendimento, de todas as virtudes cujo exemplo nos legaram os Monges.cavaleiros, os navegadores, os m issionários, que realizaram a admirável gesta da Reconquista e dos Descobrimentos. No sesquicentenário de nossa .. ndcpcndência esses são penhores de que o Brasil será sempre fiel à vocação histórica que recebeu da Providência, pelas mãos de Nossa Senhora, no dia fcJiz. que o viu nascer como nação.

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MENSÁRIO cam

aprov:içflo ecltslás·llta

CAMPOS -

t,;S'I'. DO RIO

01R_t;T01t Mo:-:s. AN l'ONIO RUl~IJl.0 l>O ROSAftlO

l>ircfori:t: Av. 7 de Setembro 247, caix:, posr:1I 333, 28 100 C;impos, RJ. Ad111int-.. trnç:1o: R. Dr. M:iriinico Pr~tdo 271. 01224 S. P:11110. A5::c11te p:1rn o l>.:s1ado do Rio: Jo:,é de Olivcirn Andrade, caixa posrnl 333, 28100 Campos, RJ: Agcnlc par:1 os E$t.o dos de Goiás, Mnlo Gr0$.<1,0 e Mlu:is Cernis:

Mihon de Snlles Mourão. R. P:.uniba 1423 (telefone 24-7199). 30000 Belo Horizonte; AJ;::cntc p:1m o Est:,do da Gunn:1b:1r:1: L\lís M. Ouocan, R. Cosme Velho SIS (telefone 245-8264), 20000 Rio de J:rnciro; A((enfo par., o Estado do Ct.lr:í: J osé Gerardo Ri·

beiro, R. Pcrn:imbuco 157, 60000 For-

1::i.lezn: ARenles p:1rn a ArRentfna: '"Trodición, JZ:1milki, Propicdad", Casill;i de Corrco n.0 169. C:\pilal Fedcrnl, Arscntinn: Agen te p:m, :t F,,..,'p :mha: José Marfo Rivoir Gómez, :.'IP:.'lrl:.'ldo 8182, Mmlrid. t~ p3nh:,. Compo:;10 e impresso na Ci:t. l..i1hogrnphic:-i Ypir:l.nc:i. Ruà Cndclc 209, S. P :mlo. As.sin:1lur-.a :1nu11I: comum CrS 20.00: CO· opcr:1dor CrS 40.00: beníci1or CrS 80,00~ tl':1ndc bcl1fcilor CrS 160,00: semi1~::tl'i:)l:l.S e c.s1udan1es CrS 16.00: Améric~ tio Sul

e Central: via marhima USS 3,SO. via :1érc::t USS 4,50: Am~ri-cü do Norte, P0t· 1ug:i.l, Es1>nnhu, Província~ ultramarin:\$ e Colóni~1s: via marí1imn USS 3.SO, vi:.l :,é. ru USS 6,50: oulros 1>nísC$: vi~1 mnri• tima USS 4,00. via :,éi'ea USS 8,00. Vcndu in•ulsn: CrS 1,50.

D. Antonio de Castro M ayer-, Bispo de Campos

POR

UM

A

CRISTIANISMO

PEDIDOS A ÉDITORA VERA CRUZ LTbA. -

6

RUA DR. MARTINTCO PRADO 246 -

AUTENTICO 01224 -

SÃO PAULO • C-RS 20.(){>

Brn.

si/[ . . . J ou, alter11a1ivame111e, pelas séries dos reilwdos. em Por/Ugal e. 110 Brasil. ou, fina/. mcntt•, 110 mesmo rdnado, por certo 1emf)O que se de1erminar. ,,an, que assim possa o Rei mais tlepressa ( ... ) smis/azer ,,..., .madtules de seu.f pow>s, que tl<•sej<1rtio conhecê-lo e <1c,,1ar li sut< augu.fta Pcssott, como /ilhos amantes de seu pai comum'' (José Bonifácio de Andrada e Silva. u Escri10s Políticos,.). Por tudo isso - como comenta nesta mesma edição de "Catolicismo" S. A. 1. R. o Pr!ncipc O. Pedro Henrique de Orlcans e Bragança - quando chegou o momento de rompermos os vínculos políticos com Portugal, não se desfizeram nem mesmo se debilitaram os la ços afetivos e c ulturais entre as duas Pátrias.

(@jAf01LECE§MO

Frutos do ação missionário e civilizadora

{)ftf({!JU/cr {Utl(." {IY <)U SC{)Ol'(ll'

.r<·r a sede ,ia Mo,wrquia: se no Reino

Os pag:i.mcntos, sem1>rt cm nom~ de .Edl· lór;1 P:1drc Btlchlor de Ponh.'s S/C, po<lcr5o ser encaminhados à Adminis1t:i.ç5o ou ao~ ;l.Scntes. P3ra mt1d:mç:1 de endereço d..:: n.ssin:.'lntct, é ncccss(,rio mencionar t;1mbém o endereço amigo. t\ eorrcspondênci:.- rc• 1:lli\•a a as.sin:nur:.'ls c: vcnd~ :.l\'ltlsa dc\•ç i,('I' cn\·iad:, ;\ Ad1i1 ii:i istr11t:io: R. Dr. M:irfü1ieb Pr:.'ldú 27L OJ224 S. P:,ulo


CÃllce<.n J)O(OJ~l 13J13ef~UNT.

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A ''AMICIZIA''

OMP ..:uoo PF.LOS An."itl0$ da opinltio 1,úbllc-a íranccsa u cstnbt1ectr rtlnc;-õcs ('Olll a Snnf"l Sé t assino, a Concordata, N:apolt.:iu fonnou logo o propósito dt strvir-~ dn fareja pnrn mais rnpldtunentt esp:ilh11r os erros rt--,·oludonúrlo$ pol' todo o mundo. Con~1nltmdo a dtbllldndc de Pio Vll, que -lliSftmtificamcnlc ccdlu com a cspcran('a de niío perder, foi pouco :i poueo 1r;1fa11do de subordimu a Igreja :.lo E.,todo. O seu plano rrn trtm.tfrrlr :, Snntn. Sf p:irn Pari~, onde ela não .seria Stn:io um Mlnt,1ério do lmp,crndor dn Revolução, dócll à sua vont:1de e lnttir1.1n1tnte dtptnclente dele. A rc-açiio do Pnpn, complthtmtnte inespcradn, qu:1.ndo n Fra.nçn comc(Ou a ~11pnr os Estados Ponllfíclo$, fo r('ou Napoltifo a prcd,pt1;.1r os neonttthntntos e a mnndar prendê-lo. Certo de q ue csst golpt de for(~\ terht ín• llmld:1do Pio VJI, e querendo atenua.r a nnç:ío dtt opínlíío ut61ka, fingiu-se: .tbomcido com o ,,conte· '-"Ido e procuro\.! :a Oé.tSláo cm que pudtSSt': dcstul• p:tr-i.-e sem dc$douro, afinnando que ~u.s subordinados nito linhnm interprctodo btin suas ordens, pob; não mandaro prendtr o Pap:t, No ent.'lnto. con.servou•o prtso e não desb11u de seu projeto de Iras• lad11r e, ao ..·erno du Isucja p~ua Paris. Oepois dt nlaumo ·htsilatii.o sobre o destino que darin uo ou.(:usto Prisioneiro, 111nndou lcd-lo provi.• sorl.an,ente pom s ~1vona, onde o ln.',tolou no Pàl:'icio cpiStop:11. Pesou na tsc:olh:. da dda.de a drt'unstànc[a dt q ue o Prtfelto do Dcpartnmcnto, o Conde dt Ch:,brol, crn um homem ins:lnuantt, de convcrs:, ngrndávtl, nntundmcnte lndlc:ado p11ra connncer Pio VII dt: mudnr•.St Ptll'1\ P1trl1.

ENTRA EM CONTACTO COM O PAPA

Nup0le:io deu ordtns q ue vi$,av:uu tornnr nu1is ffü:els: tais tnttndlmtntos. l~scre ..·tu ao Príncipe Borkhtsc: ''Nndu que possn contt lbult pata o bt1u-estí1r e p ar:, :amenizar o vida desse :anciiio deve ser poupado. N:io qutro que ltnha a lmprt.ssâo de estar prieso. A Ruardn que U1e fôr d~da deve p;inccr um:1 sumrda de° honrn". em Snvonn, o Papa passou a goznr de un1.n reluflva Hberdadt; os stus uuxlliircs m11ls imedl:uos fo r;.1m (hamndos para ra:1.cr-lhe companhlu, nss:lm como ôS ulúdos Que o stnll\m em Ronu,. Podi-a receber visitas, pass:t-ar pela ckfadt, converS3r com as ptSS-On.s que dtle ~ ;1proxlnrnsscm, Os que o ser• viam se benefldnvam também dessas concessões. ~lns todos eram rigoros:i.mcnte ,·l,tlados. O Condt de Clmbrol 1.a visU'li-lo todos os di:l.s, procUT:mdo conqulstar .- sufi aml'tadc, parn melhor dcslncumblr•n dn m i.s.~üo <1ue lhe íorn conf1nda pelo CorSo. Foi tudo inúlil. Pio VU, vendo que niio (>Odin govcrn:lr Une.mente a J.g rda; ucusou-sc n qualquer nova con· cess.io. rejeitou :1 ptnsão que o governo Frnn«:s lhe

oftretia e, vollando ao~ stus nntiaós h1íbilos beneditinos. r«olhtu-sc a ~us :1po$Cntos, p:1ss:mdo :1 viver como um Monp:e. A uAmicizin Crts:lluni1'' foi :1 prhucim .socltd~l· de d.a rede subtcminta ora:anluda p,cla Cons:rcRa(iio de l.yon o. tomar contnéto c:om o l'risionclro de S:wona. N;1tu r.1hnenlt, u proximidnde dt Turim fa. cilUou essa aproxlnrn(ão. O Pudrc Bnmonc l.~mttri, sempre pronto u nglr quando unm possibilidade se oprtstnlavn, orgnnl1.ou um c:omité tuj:1 primtlrn pro,·id€nrin (oi co11StS,tulr rundos pàr.1 o s:ust'ento do Papa. :a rim de que ele níio ficasse na depcndênci:1 cconômk:1 dt Napolt-:io. Com a colabor:i(ão de dois banqueiros, NiS(rá t: Gontlln, C011$Cguiu .1rreçadur grandes co111ribi.1içõc-s que foi:un ltvad:is :10 Ponlí. Ficc tm diferentes: ocaslõe~. Ao que tudo indica, foi o C:wnltiro Ctsart Rtnalo Calleani d'Agllano, membro d:1 " Amiclt.ia'', quem e11tregou ditth1mtntc ao Papa :1 primclr;-1 remessa, burhmdo :1 vigllância d:1 pQliti:1 íntncc.s;, e ::1brindo v c~minho pum ourrosencontros.

A sih1>\(';io cm qut .)(' tncontrnva y C:mlcnl B:irtolommi:o Pneu cm bem dlíertntc. O Scc:rct:'irio dt &indo de Pio Vil tr:t eon.sidtrndo o princlp:11 obstáculo à mudaru;a d:. S:u1ta Sf p:1m l•urh.:; por isso foi envia.do pn.r:i Fcnestrtll,. A célebre rorr:i. ltz:t dos Alpes. ~itu11du no ponto 111:11.,;: eltvadc> dít íronteirn entre o l•'rn.nt:1 e a lhílln, cm c:on.stl1uid:.1 por dois for1 cs ligudos cnlrc ~i por u11m t.scadari:.1 dt qu:11.ro mil dtgrou.s e proteiidos por vfüfas obr:1s d e dde.:;;1 mllltnr. Um desse.s fortes - o dt S5o Carlos - cr.:, o lug;i.r p:ira onde N:apolt:lo, cnvl::w:1 O$ prcso.s p0IUicos ll!tlfanos considtn1dos 11mis pc~ rigosos. No mtlo dt neves eternas, percorrida ~mprc por um forte vento s:elado, Ftn('.Sfrtllc ofercci:i condltões de exlstinc:la ffluuo penosas. Sendo míninms as pOSSibiUdadt.s mnfcrlai.s de fug:1, os pr.Sio• nciros ernm Cratndos all com uma tcrt:a liber;11idadc c- nté rcctblnm vJ.i.lt.u. ns quais, multas nzc.~. per· noltavnm no próprio for~. t cloro que essas f:1cl lidndcs tmm :,companhad:t$ de lmm rigorosa vigllfinc:la polklnf. O C1.ndcal P.let:i, no cnlan1o, foi encerrado tn1 S:to Cü.rlo.s mun quarto do Qmd ni'ío podia Sllir; prol, bido de ter conlacto «>111 qualqutr outro prislo• nelro e sujeito u todu espicle de vex:amc:c:, :ipcni1t o seu c:amareiro podlli ralar com tlt. Foi com dlti. culdnde que conseguiu um.Q Bfbllu e alguns outros U..'ros paro ler. Um cplsódlo tontádO Por ele pró, prlo cm sua.s Mcmórfa.s revela bem a c-s tritn vijtilllncla li que e~f:lva ~bmdldo. Desde .sua cheRnda pediu um conftSSQr, o qual lhe foi .slslcmaticamtnlc recusado pelo aovc.mo lmpe:ri.al, cmbor:.1 muitos Si,ccrdorts estlveSStm presos no rorlc. ••Depoi.~ de lt.r 0

tspcr:1do durantC' os meses de outubro, 110 ..·cmbro o Carde.ai, ptdi a meu C':imarclro que combinas.~ c:0111 o P:idre Stbas• tiuno Leonatdi um:1 vinda sccn:tn :a meu Quarto n:1 noite de Narnl, para conrcss{lr-mc. O P11dre Ltomudi cscondeu...sc n o <:01Tcdor e qunndo viu :1 s,,cnlincl:1 :tfostar-sc, dC"~locou-sc rom os pés e t1S mãos no chão :1lé :i porta do meu quarlo, que :1brimos :1 um sin:11 convenciormdo. Em oufr:ls cireunstând:L'i. es.s:1 tntn,dn realmente cômica de- um Pndre oud.nn• do de qu.:ilro Irria excílado á miuha h ilatid:tdc. <.:cmFt$.'Wi-me e-, depois de lhe ter agmdtcido esse :110 de e~rid:ule, recomendei 110 Pudre Lton:1rdl que tomos.se c:uldndo p:,r:1 m:0 rc-ctber oull"J vez a nova ''Ordtm d:.1 coro;, de rcrro", o que me dcixnrl:t dt·· sol:ido. O leitor se ltmbr,trá de que, depois de preso, ele foi conduzido à Fcneslrcllc com c-adct:,s no pescoço'\ A " Amiclzia'' tentou l".imbém pôr....,;e tm con1;1e10 rom os pri,;lonciros de Fenestrelle. t S.'lbido qur (1 M:m111ts Ctsnre d'A1.cgllo lhe.~ cscrcvln e pro, c-ur~w:t 111inonir o.s sofrirntntos por ,~ut pa..-.s.:,v:im. euvi:indo no fo rte ludo o de qut nrtt.SSllnvaill'. U111:a ,·rz por :mo os ,.,L-.il:tva, perm:mecendo com eles du· r:mtc uma stm:m:1, e nessas ocasiões fic11va no Forre «t1110 ~ fosse um prisioneiro, ;l'udo indica, no tri· l:mlo, que não lhe foi pc>s.~ivtl um ,crnudc- conl.a cto t·om o S~rclário de f:~-i.tdi:i do Pnp.-. e um:1 parle de- de:t.cmbro_ , narrn

De1»ois de algum tempo de rfJ:Oros:, ~cf.:.reg:·1 ç;io, a p,olíd:.'I abrandou n .situatüo do C:irdcal. Pôdt ele ('('ftbr:ir Missa pora os outros prisioneiros t os vlsl11111tes. e mes mo con,..crsar c-om eles, Um dia. 11111:1 scnhoi-:i que asslslla con, CreqUincla a sun Miss!1, passou-lhe um bllhett com ptrttunt:is que, di1,i:1, ti, nhnm sido formuhtdas por um eclt.slásiico de Crcnoble: J - por quo roí o Papa rapt:1do dt Rom:1? 2 qt1t dc,.·c fai er o Citro nestas drc:unstâncins? 3 - a quem se devt rec<>rrtr nos casos reservados :10 S:mto Pndre? Temendo unrn c:llada, o Cardcnl l':1cc:1 dilou n seu cnnrnrtlro unm rtsposh, que núo o tomp:omettri~ t:L.-.0 fosse pnr:ar nas mãos da polícia. À úllim~t pen:unta, porém, respondeu rccomend1mdo q ut se dirigissem n e-le mesmo. Or.t, n polida conseguiu lnttrttptor :1 rtspost.Q e submeteu-o á um lnltrro• got6rio, dep0t~ do (!ue lht foi m.:1ls dltieil burlnr :1 vl,tilântbt. t prc,v~vel, no entanto. que em suas cs• }ádla.s no forte: o M:uquês d'A~tgllo ttnh:a tido cn. contros com o C:1rdtnl, os qu:ii.S pt)df:m1 oritnt:u melhor :i ntúo da redt subttrr.inc:i. Em lt)dô ca~, é ttrh) que en1 m:.t~ fátll ,1prnxininr-~ do Pap:1 do que c•o Secrttfirlo dt E.-.:tndo.

Fernand,o Furquim de Almeida

,

É

UM BELO LIVRO SOBRE O CARDEAL MINDSZENTY

0 PROf', l'AUL Lt:SOURO conh«ido in-

ttlttfuttl rruneês com brllh•mtt rolha de ser~ vi(os «sas.sombrndanumtc prc.U:ados à bo:1 C'au s;a, nC"Stc mundo salu~do ptla impostur.1 comuno-proJl;r~i.çW. Professor hononirío da Unlvusidndc C:itólica de Parls, acaba dt tnriqucct:r o 11tervo de suas obr:is tom um prec1oso llvro sob o cxpruslvo título de "l..t Cardinlll Mb1d.-.zc.nt'y, Prhn:at de R<>n· grfe / Héros - Conftsscur el M:irt.)'r dt la FoP' (Edlfions Fr:inec-Emplrt, P:nls, 1972). Com deito, o CardtaJ Mindszcnty nparcc:c nos dfas de hoje c:omo autêntko tllho de umn ttrr:·, cujn Hb:tórJ:i :iprc-senfn um~, 81'3nde e gcntrO$:l llnhagtm de htr6is e de S:mtos. Sua vin C'.ruds lnltlou-.sc em 1944, durnnte a ocupaç.ifo mWSln, c- quando :;iin• da Bispo de Vts-zprém por rcc'e nlc nomcaçiio: íoi preso juntamente c:om 26 Pndrc.s e stmlnnristas, sob pretexto dt ajuda pre~"1oda u Judtus p,e:rsieguidos pelos .stquazes de Hilltr. Na rto.lldndc, tSS"J pr'b,:io foi motivada .sobretudo pà.ra tvit-ar que tle us:lSSe contr:i o oc:up:mle o tnorme pres.1fgio dt que t;O• ~:wn Junto ao povo, A 7 de o utubro de 1945, já sob o domínio comunista, t Mons. Mlnds7.tnty cntronizudo 11;1 SE de Es'.dergom como Prim:iz da Hungrfa, Stndo ele· v11do ao nrdlnulato quatro mt.ses dtfl'()ls, Na pre,.·ls.Ao das ca.lamfdadts qut: k avlzinh~· vnm, dtc:ldlu o novo Purpurado ora:)nlt.or na Hungri:'i um Ano Ma.ri.ano, cuja obcrturn se deu a JS de ngo~to de 1947. Nes.ç,.1 oportunidade p('rcorreu toda a te.rT".t ma,tlar com um zelo lntaUg,úvtl, fn. ztndo no povo n(lue-fos mtsmas cxorL'lÇÓCS que rt· ptllri:.1 cm ),"Ua Pru:torul de 8 de Janeiro de 1948 110 recordar as rcsoluçõts do ttrttunt m:Lrfal: "J-;ic, pitmos stm ttssar 11ossos próprio$ pecados. os dos outros, mas sobretudo os da tem, húng.urn. Ddtn· dnmos n juvtntudc que nos foi conílada. Contn,dl· fcmos Satanás com II persevtrnnt;, dos confessore~ e dos mútlrts" (p. 79). Por .se recusar a fa•t.er o jogo dos rus.:sos e dt seus ~cl:ts loca.is. tuJo Intento crn destmtr :\ rc~lstê11cla d:1 Jardn Cntólk:i. como 30:l'rdiii da Revt· lnt5o e da tcf nalural, não tarefou o Cardtal Mlnds,,. zcnly t1 lhes dt~l)ertar o ódio. "f.fos ~ eng:.,nam dttlnrou - se J)C"nsrun que podn.1o faur de mim um segundo pnlriarc:a Sérgio de Moscou ••• '' (p, 82). Come('Ou tntAo sua luta inu.ss~nCe ptfo llberdudt de sua lgrdu t de stu povo, Agindo cm c.slTltos mold~ tot.ulltúrios, "1>nrn ttntnr arrebatar à l.R-rtJu CatólJ.(.a sua lnOuênefo .sobre o po,..o húngaro, os conrnnlsf'.is proccdtram por ttapas. Comt('.a ram por dtssoh·er M assotlatõe.s da juvencuck c:it611cn e c:onfl..sc:a.r seus t>cos, aprcs-tnhtndo·M como focos de rta.;iío e dt conspiro· (Õl"S con1r,1 a $g-11nmçt1 do exlirclfo de ncup:1(':io.

Pussan,m tm St-Ruida uo fechamento das escolas ca• t61ica-.-' :,compnl1hodo de campnnhas de cnlúniJL~,, (pp. 84-85). Em Carta Pastoro] ~ 19 de m:iio de 1948, dcnundav:1 o Ca.rdt:11 Mlnd.s,:cnty essM violênclas e t'SSCS embu~1cs. ·tudo fc-1, Sun F.mlntncla para obter n libtrl:1\':ÍO da Hungrhl por ocasião díl con-rtrtndo. das Pofênclus allnd:u; reunida cm Pn.ri.S p:1ra fr:lhlr do problema da paz, A 15 de Fevcrdro de 1948, di1.la cm tom prortuco: ºExortaram-Nos, qu:rndo da Sll· grnt;jO episcopal, u n:io thumar o mal de bem e o bem d e mnl, n ·n.iio f!U'..tr das trcvns lu-z, e da hJ7, trcvf&S. Po<lcrfo.moS: complctnr: não eh:uncis JHl1. o q ue niio f: p11z.. . Que os Poderosos do mundo to· 3S Op1JU3~ W3J 0!,tU UUUIUllll UPJA V

• • ' i Opcp1n:, Ul31U

todo.s se odeinm uns nos o utros. se os Indivíduos e os povos se cntrcdcvoram. Um:, nova catóse.rofe se 11prC1xinrn" (p. J 13), O Prim~ti d11 Hun,gri::1 nunc:., renur1clou ;10 dl• reifo de se mnnifc)1ar, do ponto de ,,i~1a da dout'rin:1 tátÓllca, sobre ;1 ltglslatão de seu p:1í.s. F:mpe· nh:1do cm bllbvcrter a estruturo política e socl.-il nH vit:cntt, o regime com unista uão lhe qul~ f d:.lto, reconhecer l:il direito. O protesto não se íez t~i>e· r:ir: •10cpol~ de 950 anos, é a primeira vez que :1 lg.rej:i f excluída Ucg:dmente da lcglslnt5o. Não rc• nuncio.rel jamais ao dlrtlto ~umido pel.11 Consli· rui~flo, dt intervir n prop6slto dos proJt-fos dt lei rt'hilh·os H Rcllgi:io. Se nilo me dtrcm ocasião dt me txprhnlr sobre os projclos de lc-1 antes que elc-s Scj,ilm aprt!-cnlados no P:trlnmtnto, cumprirei 01tu dever depois, sem mt import.1r com lntcrprefatõc.s mnldo.sas e e.rrônta$ . .. '' Acenh1011 muls de uma ,·u qut o Bispo niio ~ de,·c C)Cup;1r de tod::is :lS lds, ntm consldcd-la.s de todos os pontos de visl:i, mas unkamencc eic1uninar de que mantlra os lcglslndorc...'i rcspelU11n os Dt-i M:indamtntos de Deus e os dl· rt.ito.s- nálurnls (pp. 118-119). ''O Cardeal Mlndstcnl.)' - esclarece o Vror. 1.-t· sourd - em su1i prlmtlr:.'1. Cnrta Pascornl como Pri· l'll:tt , n 18 dt outubro de 1945, evocou :.1 quc.i.130 dn dislribult.ã o de tcrr.as. Vhr« compt1ido II prottstnr por c:ausa dt, lnjuslltas chunorosas. por c:aus.i tambfm dn maldndc prcmcdítadn com que os russos haviam precipitado nn m~rhl uma pnrte conslde· rávcl dn nasão, e par causa, o.Inda, da sorte que 11guardavá o.s támpanescs. sorte prc.vlsta pôr todos os espíritos clnrlvJdentes. 1... ) 8rn cm nome dn Ju.slic;-11 e do direito nah.mtl que o CArdeal Prin,a7, ele• v:w~, seu protesto; porqut com dc.m:ulnda frcqllên• d:., se q u:illffcava de ºrtíom1a" umn verdadeira t ~pollaçifo" (pp. 128·129). Com R rtfonni1 agdri.í, conFi.scatóri:t 05 comu• nl'lta.s: vl.$anm tambén, allnJtlr as propriedades cclt· ~bhtka..~. cuJi• rtnda se d~11nav.i II n,anftr escol:.s

e um .sem número de obr:1$ de: .zelo. N:io foi isso

b:l\1':mle: em 11rcC'Ls:o que o C:irde::'1 Min dS1.tnt)'1 chcíc t :animndor da re~uténclu à oprcss;io, des:1, p n.rtccsst-, alndo q ue a prt('O dos màl-. ;lbomlmivels proccs.sos. Cometou-se por um~, t:imp:mhn de c:dúni:1.s:1 :mtt.s de sacrile,:nmtnCt dcil:tr-~ :1 mão sobre o Pastor, p:1n1 mnls facUmcnCe disJ)f:rs:'1 o ttb::mho . ··A 16 de dezembro de 1948, dtpotç de unm ses• :;::io secref:i do Cominfom1, re:.1111.sdu cm Sofi:.'1, no dtcorrtr dn qual rornm mlnuclos..·uucnte escolhidos os métodos e as únput:.\ÇÕts que permitissem ''llqul· d:1r~', sem muito cstlindalo, um Prfocipr dn lgrcj;1 e um h<'r6i nndonal, dtn·S<' :1 prL-.úo do rri1m11,, T:il pris1o foi eíctuada sorrnttlramente, com uma h:.tbllldnde demonf:.tcn. ( . . , 1 Os "st:llfnibtns:" vlcr:.un de noite, t'Omo bandidos que le,.-;11u ll cabo uiu MSnlto. Mal dtlxnr.-im tempo no Cnrdeal p:ira dizer adeus à sua vrlha m;ic'' (pp. JSS-1S6). Nove dias nnlc.s de sua prisão, o C:-1rdrnl Mindszen(y dulnrnva aos BiS?lOS da llungrl:1 dumntt um:l reunião: "No caso de cu ínzcr, apt'snr de tudo, um:a "conflS$:i.o'' e n con.firmnr com mlntrn :·L~in~lhJr:1, lslo scró nptnns u nrn m:i.niítS:hi(':io de (rn.quez:1 hu· m:11111; quanto uo vi1lor de qu:alqocr coníi~11o dtm género, dcsdc já cu o dcclnro nulo" (p. 156). O rtSfo do dmma E conh ecido: tr:11:.imcnto por melo dt drogas. torturas e humilhoçõc.s stm nome., 1>ara oblcr a t:.'1.1 "·conllssão" j:'i prevista p el:, vílinrn. E depois a St.nttn(-a lnlqu:i, i1 prisão, ;, libe.rt.tç:lo por uns poucos dl~-s quando da vitória populnr contr:, os c:omunlstns em 1956, a vlolcnt:, rcprt's.sfio ru~ .)i o asilo nn Ug~ção norte-l'lmtrlcon:.,. Ap6.s quin1.t anos de rtt'lusfio no edifício protegido pe.Jns franqul:lS diplomáticas, -ínk;1 m:mtin de mantcr~se ptrto de stu povo, a Ida fort:Jd:t p:ir:1 Ron.:11 onde dtch1rou n jornnllstas: "N:'io nu: lrnteit dt Emincnz., mns cJe Obedien.>:'' (p. 233), E :1gorn o eiclllo nn Áu.s1rhi. "A Providência conscn-ou-o com "ld:11 llJ)CS:.\r d:as rorlur:.ts e das pro,·:.itõcs pouco comuns, pí1rn que, cm nosso século dt pusll;rnlmidnde, de cnplh1· lutdcs, de nt-J;ntõcs divtrsos, cm que t1 própria IRrt ja Se nch::a t1n·olvld:1 por unm da.~ m:1ls f.1,rn,·es crises de suo Hlsfórh1, t1t seja um exemplo de Fidclid:1dt, de obcdlêncl:t, de sncriríclo, de lnflcxivtl :,ides:"io :tos prindpios, de inlr:mslttêncln doutrinárfa ••• " (pp. 254-255),

O belo livro do Pror. Puul l.t.sourd rcprc.scnr~, um lmpre.~it>n:mtc ioque n rcb~lt pnm dt$))tr1::ir :l c:onsciinrli,, ndom,e<:ida do Ocldtnlt cús:tilo diante de tam:anho:r e-rimes t de n:ío menos crimlno§M <'mi.~ s. t um:, obrn que rttomend=-mos :i noiso, kltorts.

J. de Azeredo Santos 7


fj AT01LliC1l§MO

*

Os hereges estão mais afastados

LÁGRIMAS DE NOSSA SENHORA, MILAGROSO A VISO

da fé do que os demônios Do livro "A Suma Teológica cm forma de Catecismo", obra da qual escreveu o Santo Padre Bento XV, em carta ao autor, que este soube ''acomodar ao a lc.ince de sábios e ignornntcs os tesouros daquele gênio excelso [São Tomás de Aquino], condensando cm fórmulas claras, breves e concisas, -0 que ele com maior amplitude e abundância escreveu":

atendimento de seus 1>edidos, como condição para que fossem desviados

não haveria sido inrroduzida, no orifício cm que penetrava a haste, ceria

mentc uma fotografia proce·

porção de líquido que depois escorrera até os olhos?

público paulista. Penso, pc>is, que al-

os flagelos apocalípticos por Ela previstos, está na lógica das coisas que baixe sobre a humanidade a cólera vingativa e purificadora de Deus, antes de vir a nós a conversão dos homens e a instauração do Reino ele

gumas informações sobre este assunto

Maria .

dente de Nova Orlcans, na qual se via uma imagem de Nossa Senhora

de Fátima a verter lágrimas. O documento despertou vivo interesse no

satisfarão os justos anelos de muitos leitores. Não conheço melhor fonte sobre a

Das três crianças d~ Fátima, a

matéri .-- do que um artigo intitulado,

única sobrevivente é Lúcia, hoje Re-

muito americanamente. ••As lágrimas da imagem molharam meu dedo". Seu autor é o Pc. Elmo Romagosa. Publicou seu traba.lho o "Clarion Hcrald" de 20 de julho p.p., semanário de Nova Orleans, e distribuído cm onze paróquias do Estado de Louisiana .

ligiosa carmelita cm Coimbra. Sob a direção imediata des1a última, um artista esculpiu duas imagens, que cor-

Os antcceden1es do raio são universalmente conhecidos. No ano de 1917, Lúcia, Jacinta e Francisco ti veram várias visões de Nossa Senhora em Fátima. A autenticidade dessas visões foi confirmada por vários prodígios no sol, ate.stados por toda uma mui· 1idão reunida enquanto a Virgem se

manifestava às crês crianças. Em termos genéricos, Nossa Se· nhora incumbiu os pequenos pastores de comunicar ao mundo que estava profundamente desgostosa com a impiedade e a corrupção dos homens. Se

estes não se emendassem, viria um terrível castigo, que faria desaparecer várias nações. A Rússia diíundiria

seus erros por toda parte. O Santo Padre teria muito que sofrer. O castigo só seria obviado se os homens se convertessem, se fossem consagrados a Rússia e o mundo ao Imaculado Coração de Maria e se se fizesse a comunhão reparadora do primeiro sábado de cada mês.

respondem o quanto possível aos traços íisionômicos com que a · Santíssima Virgem apareceu cm Fátima. Am-

gem: a haste metálica estava inteira· mente seca. Introduziu ele, então, no orifício respectivo, um arame reves·

tido de papel especial, que absorveria forçosamente todo líquido que ali estivesse. Mas o papel saiu absolutamente seco. Ainda não satisfeito com tal cxpc· riência, int roduziu no odficio certa

quantidade de líquido. Sem embargo, os olhos se conservaram absolutamcn· te secos. O Pe. Romagosa voltou então n imagem para o solo: todo o IÍ·

bas essas imagens. chamadas p,•regfi. nas, têm percorrido o mundo. condu·

quido colocado no orifício escorreu

ziclas por Sacerdotes e leigos. Uma delas foi levada recentemente a Nova Orlcans. E ali verteu lágrimas. O Pc. Romagos.a, autor da crónic~, a que me referi. tinha ouvido falar dessas lacrimações pelo Pc. Joseph Breault. M. A. P., ao qual es1'í confiada a condução da imagem. Entre-

v:ido que cio orifício da cabeça -

tanto, sentia ele funda rcJutâncit, cm admitir o milagre. Por is101 pediu ao outro Sacerdote que o avisasse assim que o fenômeno começasse a se pro-

duzir. O Pc. Breaull notando :1lguma umidade nos olhos dá Virgem pere1

grina no dia 17 de julho, telefonou ;10 Pc. Romagosa, o qual acorreu juoto

à imagem às 2 1h30. trazendo fotógrafos e jornalistas. De fato, nota ram todos alguma umidade nos olhos da imagem, que foi logo fotografada. O

normalmente. ·Estava cabalmente pro·

O Pe. Ronrngosa ajoelhou-se. Enfim ele acreditava.

UMA FOT() DA LACRIMAÇÃ O

O rnistcrioso pranto nos mostra a

Virgem de Fátima a chorar sobre o mundo contemporâneo. como outrora

Nosso Senhor chorou sobre Jerusalém. Lágrimas de afeto terníssimo, lágri1nas de dor profunda. n;;l previsão

do castigo que virá. Virá para os homens do século XX. se não renunciarem à impiedade e à corrupção. Se não lutarem especial · mente contra a autodcmolição da

lgrcja, a maldita fornaça de Satanás.

que no dizer do próprio Paulo VT.

pela superfície ú111ida, e recolheu assim uma gota de liquido, que também foi fotografada . Segundo o Pc.

peneirou no recinto sagrado.

Ainda é tempo, pois, de sustar o castigo, leitor, leitora!

de as 4 horas da manhã a imagem chornva. O Pe. Romagosa chegou pouco depois ao local, onde, diz ele.

Mas, dirá alguém. esta não é uma meditação própria para um ameno domingo. - Não é preferível - per-

gunto ler hoje este artigo sobre a suave manifestação da profética mehrncolia de nossa Mãc, a suportar os dias de amargura trágica

Se vierem, tenho por lógico que

s" Senhora. Não pretendo analisar

vulgada pelos jornais mostrou a nos-

hàverá neles, pelo menos, uma mise.

aqui o. cornplexo assunto. Registro aJ)(n'as, de passagcrn, que é disculí-

so público. O Pc. Romagosa acrescenta que vira ··um moviutento ,lo fíquhlo t!ll-

ricórdin especial par:1 os que, cm sua vida pessoal. tenham tomado a sério

Como Nossa Senhora estabeleceu o

il>'

que ele :1ssis1ia . As 6h 15 da manhã seguinte, o Pc.

mente pendente, que a fotografii, di-

óbvio que não foi atendido, que me dis~nso de entrar cm po'rmenorcs.

....

Breaull. esta era a 13.ª lacri mação a

que, a ·não nos emendarmos. terão que vir?

vel se o segundo pedido da Mãe de Deus foi atendido ou não. Quanto ao primeiro pedido, is:o é, :i conversão da humanidade, é tão

Pe. Tomás Pegues , O. P.

ma filtração de líquido para os olhos. • poss1vc • 1. sena

"'vi upu, abunt!ância de líquido nos olho.\' tia imagem. e w,u, gow grmuh• de líqui<Jo nn ponta tio ,wriz <lo meJ·ma". Foi essa gota, tão graciosa·

gração do mundo ao ]maculado Coração de Ma ria. A "J rmã Lúcia asseverou que ao ato faltaram algumas das características indicadas por Nos-

mo", pp. 92-93 da edição brasileira - apud Plínio Corrêa de Oliveira, "Em Defesa da Ação Católica", Editora Ave Maria , São Paulo. 1943, pp. 223-224].

nenhu-

Pe. Romagosa passou então o dedo

Bl'eault telefonou novamente ao Pe. Romagosa informando-o de que des·

Isto posto, a pergunta que naturalmente salta ao espírito é se os pedidos foram atendidos. Pio XII fez cm 1942, uma consa-

Cessado o pranto, o Pc. Romagosa retirou n c-oroa da cabeça da ima-

único existente na imagem -

ODEM OS infiéis fllzer illOS de fé? - Ntio senhor; porque ,uio criien1 11t1 Revelação, ou J'eja porque, ignorando-a, não se entregllm confilldllmente llllS ,nãos de Deus, nen, se submete1J1 ao que deles exige, ou porque, conhecendo-a, recusllm 11reswr-lhe asse11ti111e1110. - Podem fazê-lo os ímr1ios? Ta111po11co, porque, se bem que têm ,,or cer tas ilS verdades reveladas, fundadas na llbSoluta veracidade divina, a sua fé ntio ;; efeito de acatamento e sub111issão a Deus, a Quem detestam, ainda que co111 pesilr seu se vejam obrigados a confessá-Lo. - E possível que haja homens se111 fé sobrenatural, e que creia,n desta forma? Sim senhor; e nisto imitam a fé dos demônios. - .Pode111 crer os hereges com, fé sobre11alt1T<1I? - Não senhor; por<1ue, e111bora tu/miram algumas ver dades reveladas, ,uio fu11da111 o assenti111e1110 na a111or idtule divina, senão no próprio juízo. - Logo, os hereges esteio mais afastadoJ· da verdadeira fé que os ímpios e que os mesmos de111ônios? Si111 senhor; ,,arque não se apóiam na t1111oridade de Deus. - Pode111 crer co111 fé sobrenatural os após/Citas? - Não senhor; porque desprezam o que haviam crido por virtude da palavra divi11a. Pode,11 crer os pecador es com fé sobrenatural? l'ode,11, conwnro que co11serve111 a fé, como virtude sobrenatural; e pode,n tê-la, se be111 que em estado i111perfeito, ainda. quando, por efeito do pecado mortal, esre;a,11 privados da caridade. Logo, 11e111 todos os pecados mortais destroem " fé? - Ncio senhor". ["A Suma Te?lógica em forma de Catecis-

P

IMPRENSA DIÁR IA de São Paulo publicou rcccme-

A

V erdades esquecidas

qutmto $'tll'gi" l<r111m1v.t11te da ptílpc·

bra inferior". M:'ts ele queria eliminar dúvidas. Notara que ~, imagem tinha uma co-

roa fixada na cabeça por uma haste metálica. Ocorreu-lhe uma pergunta:

o milagroso aviso de Maria. Ê para que minhas leitoras. ,rieus

leitores, se beneficiem dessa miscricór·

dia. que lhes ofereço o presente ar1igo.

P. C. O.

A imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima por ocasião de uma das lacrimações em Nova Orleans. Vêem-se lágrimas nos olhos e uma que pende do nariz (foto do Pe. Elmo Romagosa) .


1 •

1

ll 0 JR.ETOR ; MONS. ANTONIO R IBEIRO 00 ROSARIO

En, Nova Orleans, no• Estados Vnidos, a lniageni Peregrina de Nossa Se,. nhora de Fátima conieçou a verter lágrimas. Inúmeras pessoas · presenciaram o extraordinário acontecimento, entre as quais o Revnio. Pe. Elmo . Romagosa, Diretor do "Clarion Herald", semanário publicado naquela cidade. O Pe. Romagosa obteve no dia 18 ele julho 1'·1'· várias fotos da rr1iraculosa lacrimação, 1,ma das quais reproduzin,os nesta página. · No i,npressionante docuntento vêem-se nitidan,ente lágrin,as nos olhos da I n,ageni e uma que pende do

.

nariz.

*** Urrw pergunta desde logo se põe: q1wl o significado elesse pranto? A. resposta outra não pode ser senão que ele rrianifesta a dor profunda • da Virgeni Santíssima na previsão do castigo que virá sobre os hon,ens, se não renunciareni à· corrupção e à impiedade, e não derem ouvidos à niensagem que Ela n,esma veio lhes trazer em Fátima. Ocorrendo neste niês de 01dubro o 0 55. aniversário cla últinta das aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria, nada nos pareceu mais oportuno do que reapresentar aos nossos leitores o trabalho que publicamos en1 nosso n.0 197, de ntaio ele 1967, por ocasião do cinqüentenário de Fátima. Este trabalho único no gênero - oferece um relato completo, baseado nas mel/tores fontes, ele tudo o que se passou entre a Virgem 01, o Anjo de Portugál e os três viclentes, deixando ele lado os ·múltiplos fatos edificantes e pitorescos que entremeiani a história de Fátima. T eni-se assim um texto de grande utilidaele, que permite deter mais eapecialmente a atenção no conteúdo mesmo das aparições, e penetrar mais no sentido da niensagen, de Nossa Senhora, de nwdo a poder atender-lhe os pedidos.

*** Possa este núniero de "Catolicisn,Ó" contribitir para despertar nas almas o 'desejo de corresponder à suave manifestação da profética ·nielancolia de nossa Mãe, tomando a sério a mensagem de srtas lágrinws. A.ssin• obteremos dEla graças especiais para os dias de amargrtra qrte se delineiam no horizonte.

N.º

262

OUTUBRO

DE

1972

ANO

X X 11 ·ers 1.so


INSTRUÇAO PASTORAL

SOBRE A CONFISSAO '

Ao Revmo. Clero e f'iéis da Diocese de Campos, saudação, paz e bênçãos em Nosso Senhor .Jesus Cristo

Zelosos Cooperadores e amados filhos. M 16 DE JUNHO DE 1972 a Sagra· da Congregação para a Doutrina da Fé editou "Normas pastorais para a absolvição sacramental gemi". Como vários moralistas, nos últimos tempos. têm propugnado uma revisão do Concílio de T re nto no capítulo relativo i• Penitência; como, de outra parte, após o 11 Concílio do Vaticano tem-se acentuado cm meios católicos urna tendência para o rela xamento das disposições 1rad icionais, julgamos necessário dar algumas normas que vos a uxiliem, zelosos Cooperadores e amados filhos, a evitar abusos perniciosos à salvação das almas e ofensivos às coisas sagradas, que podem ocorrer, quando da aplicação do documento da Sagrada Congregação da Doutrina.

E

Os abusos na Igreja pós-conciliar

Nossos temores se fundam cm estudos public,idos. bem como cm íatos públicos e notórios, que t~m justificado reiteradas queixas de Paulo VI, ao considerar a a tual situação da Igreja. De fato, em Alocução ao Seminário Lombardo (7 de dezembro de 1968), denunciou o Papa uma como que autodestruição da Igreja; em Alocução aos Bispos do mundo inteiro, lamentou a tentativa de criação de uma nova igreja. com base psicológica e sociológica, que não é a Igreja de Cristo (8 de dezembro de 1970). Ainda neste a no, em 29 de junho, salientou a poluição do a mbiente eclesiástico devido à fumaça de Satanás que infiltrou-se na Igreja, e regis1rou que o Concílio não produziu os frutos que dele se esperavam ( Alocução de 29 de junho de 1972). No mesmo sentido, o Eminenlíssimo Cardeal Gul, ex-Prefeito da Sagrada Congregação para o Culto Divino, e m e ntrevista que se pode ver na ''Documcntation Ca· tholique" (n. 0 de 16 de setembro de 1969, p. 1048). alertou os fiéis conlra os abusos litúrgicos, que nem o Papa pôde impedir. ''A conteceu, assim Sua Eminência, que ultrapas.tara,n os lintitcs e muitos Padres fii;eram simplesme11te o que lhes agradava. Deu-se então que, às vezes. eles se impusertiln. Tais iniciativas, tonradas se111 auto~ riwç,io, frequentemente, não foi mais /JOSsível detê-las, uma vez que se tinham difundido ,nuito. Na sua gra11de bo11dade e prudência, o Sa11to Padre cedeu então, e 11ão raro, contra a sua vontade".

Sem confissão não se perdoam pecados depois do Batismo

I - Na atual economia da graça e da Redenção, ao fiel só resta um meio de obter a remissão dos pecados mortais, eventualmente comclidos após o Batismo: o Sacramento da Penitência, vulgarmente c hamado Confissão. O Concílio de Trento assim o ensina, cm termos que não deixam dúvida, quando declara que, por direi10 divino, isto é, por d isposição do próprio Deus, "o Sacra11iento da Penitê11cia é aos que pecaram depois do Batismo, 180 necessário parti a salvação. co,no o Batisn10 ô é rptira os não regener,1dos" na água e no Espírito San10 (Ses. XIV, cap. 2) . De maneira que, como ninguém pode salvar-se sem o Batismo, ao menos de desejo, assim, sem o recurso ao Sacramento da Penitência, ao menos mediante o desejo sincero de recebê-lo, ao .fiel pecador é impossível recuperar a graça perdida.

imperfeita é suficienle para a remissão dos pecados, quando unida atualmente à absolvição sacramental. Já a conlrição perfeita reconcilia o homem com Deus, antes mesmo de receber ele a absolvição do Sacerdote. Mas, declara o Concílio que "esta reco11ci/iação não deve atribuir-se à contrição com exclusão do voto [desejo sincero) do Sacramento, que nela se inclui'*.

Em outras palavras: a contrição perfeita só reconcil ia com Deus, porque e nce rra A Penitência, um julgamento

2 - Outro ponto - e este interessa mais de perto o assunlo desla Instrução Pastoral - refere-se à acusação dos pecados. Fiel à doutrina revelada, ensina o Concílio de Trento que Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o Sacramen10 da Penitência como um julgamen10 no qual, o pecador é o réu e o confessor o juiz. Em todo julga-

Em tais condições, compreendeis, amados filhos, que lenhamos receio de que, na aplicação das presen1es normas da Sagrada Congregação da Doutrina da Fé, se introduzam abusos. com gravíssimo prejuízo para as alma,;, pois q ue se trata da Confissão. isto é , do n,eio indispensável para a salvação a todos aqueles que venha m a 1cr a infelicidade de pecar depois do Batismo. Para evitar, pois, a formação de uma menlalidade católica falsa, com injúria ao Sacramento da Penitência e prejuízo das almas, achamos indispensável recordar e reafirmar o que a Sama Igreja sempre ensinou como revelado e imulávcl, c m matéria de perdão dos pecados. 2

mento o juiz só pode pronunciar a sentença depois de 1omar conhecimento da causa. Assim, no tribunal da Penitência, o confessor só pode absolver depois ele ouvir a acusação dos pecados com as circunstâncias agravantes, e de avaliar as disposições do penitente.

Necessidade de confessar todos os pecados Vontade séria de confessor-se

Semelhante ponto da Revelação é pastoralmente de tanta importâ ncia, q ue o Concílio de Trento, depois das considerações sobre o Batismo e a Penitência, volla sobre ele, ,para inculcar de novo a relação necessária entre o Sacramento d a Penitência e o perdão dos pecados. Assim, no cap. 4 da mesma Sessão (XIV), distingue o Concílio duas espécies de contrição: a imperfeita e a ptrfeita. Dá-se a contrição imperfeita, quando o pecador se arrepende de suas culpas à vista dos casligos com que Deus pune os pecadores. A contrição perfei la, por sua vez, pede que o arrepend imento seja molivado, não pelo medo do inferno, mas pelo a mor de Deus, sumamente digno de ser amado. A contrição

Quanto à acusação, necessária para obter o perdão, ensina o Concíl io de Trento. como doutrina revelada, que Deus exige a acusação de todos e cada um dos pecados mor1ais cometidos depois do Batismo e ainda não absolvidos, com as circuns1âncias que eventualmente lhes mudem a espécie: "Seja aná1cma, assim ó Concílio, quem afirmar que não é necessário, por direito divino, no SC1cra,nent" da Penitência, p11ra a remissão dos pecados, con/e,sar rodos e ca,/a. um dos pecados mortais, de que se tem le,nbrança devido a cuidadoso exame de consciência, n,esmo os ocultos e os que slío contra os ·,/ois últimos preceitos do Decálogo, e as circunstancias que 1111,dam a espécie do pecado ... " (cânon 7 da Sessão XIV) . A conseqüência dessa doutrina é que a absolvição é nula quando o penitente não acusa algum pecado mortal de que tem lem-

O cloc1unento que "Catolicis,no" se honra e11i f)itblicar nestas duas

11áginas espelha o zelo, a ·vigilância, a segitrança doritrinária e o 11rof1tndo

senso pastoral q1te caracteriza11i D. Antonio de Castro Mayer. Na presente lnstr1tção Pastoral o egrégio Prelado dá diretrizes a1te a1txiliarão aqtteles qne tê11t é1tra de alrnas nesta Diocese a evitar abtisos 11erniciosos à salvação das al111.as e ofensivos às coisas sagradas - qite se pode ,n introduzir na aplicação das "Nor11,as parei a absolvição sacra11ie11tal geral", recente,nente editadas 11ela Sagrad a Congregação da Do1•·

O mal que causam

um desejo firme, por parte do pecador, de receber o Sacramento da Pe ni1ência. Voto, ou desejo sincero quer dizer uma vontade séria de confessar-se, na primeira oporlunidade. De onde, quando não há essa vontade firme, é sinal de que a contrição não é perfeita, e portanto, não há perdão dos pecados. Torna-se palente, pois, que não pode receber a remissão dos pecados cometidos depois do Batismo, quem não dc.~eja submeter-se ao tribunal ela Penitência.

trina ela Fé . Depois ·de res1unir a do1ttrina tradicional sobre a 11,atéria e as clisposições do Concílio de Trento, seg1tndo as quai~ a confissão será se11,11re integral e auricular, le,nl,ra S . Excia. Rev,nCI, os casos 'absol1tta111ente excecionais e,n qu.e é per11iitida a absolvição dada e n, co11u,n,, se11i a 1>révia acusação de todos os pecadas -

co11io ·nas e11ide11,ic1s, guerras, incêndios

e se,nelhantes. Salienta q1te as p essoas qu.e s1tperare11i tai"s situações, fica111 obrigadas a ac1tsar eni confissão sacra11,ental o s 11ecados já 11erdoados por absolvição geral justificada pelas circru,st.âncias especiais em· q1te se acha,.

va11,. Adverte o ínclito Pasto r q u.P- fora dessas hi11óteses a absolvição coletivo fica condicionada à prévia 'licença da A. ,ttori.datle Diocesana. Finalizando, indica medidas (Jtte visa111 facilitar aos fié.i~ <> aces.~<> CUJ trib1tnal 1la P enitê11cia.

brança, ou então não declara uma circunstância que muda a espécie de pecado, por exemplo um roubo de coisa sagrada praticado na igreja, que, a lém do furto, envolve a malícia do sacrilégio. Confissão: prova da misericórdia de Deus

Vemos, na disposição divina que exige, para a absolvição, a acusação de todos e cada um dos pecados mortais, uma prova da sabedoria e bondade inefáveis de Nosso Senhor. Com efeito, o perdão dos pecados submetido a tal condição, ao mesmo tempo que proporciona a paz de consciência ao pecador, o auxilia a fortificar sua vontade contra as más inclinações. De fato, é o amor próprio a causa de nossa insubmissão i, vontade de Deus. Ele eslá na raiz de todo pecado, e sem um combate enérgico que quebre nosso orgulho, e nos faça senlir nossa miséria, nossa fragilidade, é-nos praticamente impossível firmar nossa vontade no desejo sincero de fazer a vontade de Deus, com sacrifício de nossos gostos e 1endências na turais. O ato de humildade que faz o pecador, quando no confessionário acusa seus pecados, é um golpe profundo e feliz no amor próprio, que dá maior li berdade e energia ao homem contra os assomos das paixões e da sensibilidade.

Os casos excecionais 3 -

Semelhante princípio gera l admite

exceções. Pode, com efeito, sem culpa própria encontrar-se o pecador em circunstâncias cm que não lhe é possível confessar lodos e cada um dos seus pecados graves. Assi m, o moribundo, o soldado em iminência de entrar cm combate, as pessoas envolvidas nas chamas de um incêndio, ou nas águas em ocasiões de naufrágio, ou ainda e m 1empo de epidemia grave e geral. Não obstante, ainda e m tais casos, cm que se dá a absolvição sem a acusação singular dos pecados, para que a absolvição seja lícita e válida é preciso que o penitente tenha vontade séria de confessar todos os pecados mor-


tais na primeirn oportunidade, depois de passada a circunstância que justificou a absolvição sem confissão detalhada das culpas. Ê preciso sublinha,· esse ponto da dou· trina católica, pois que, sem a vontade séria de cumprir a obrigação de confessar todos e cada um dos pecados mortais com as circunstâncias que lhes mudem a espécie, a absolvição é nula, não há justificação perante Deus, não se recebe a graça, seda sacrilégio receber a Sagrada Comunhão em tal estado. Firmexa do Mag !stério no e nsino dessa ve rdade

4 - No evoluir dos tempos, várias vezes tentou o orgulho humano mitigar esta disposição divina, não percebendo o que de bondade e misericórdia ela encerra. Inter-

veio, no entanto, sempre o Magistério Eclesiástico, para manter incólume o Depósito da Revelação. Assim, Alexandre VII, em 1665, por Decreto do Santo Ofício, condenou a pro· posição laxista que declarava não ser necessário acusar na confissão seguinte os pecados omitidos ou esquecidos em virtude de um perigo iminente de vida, ou por outra causa. E o Bem-aventurado Inocêncio XI, em 1679, igualmente através do Santo Ofício, proscreveu a opinião laxista, também ela, que afirmava ser lícito dar a absolvição sacramental ao penitente que se acusa apenas ela metade ele seus pecados, por motivo de grande concurso de penitentes, como soi acontecer em dii, de grande festa ou de lucrar alguma indulgência. Nos últimos tempos. a Santa Sé tem recordado este ensinamento dos Papas a nteriores. e mesmo a úl· tima instrução da Sagrada Congregação da Doutl'ina ela Fé, sobre a qual tecemos estes comentários, a rcafirm,1.

Normas prático s

5 - Passemos, amados filhos, a a lgumas conclusões práticas de ordem pastoral. 1. SOBRE A SAGRADA COMUNHÃO Como~ em muitos casos, a razão invocada para a absolvição geral, se m prévia acusação dos pecados, é o desejo de receber a Sagrada Comunhão, lembremos:

b) conclu i-se que é melhor privar-se da comunhão do que aproximar-se da Sagrada Mesa sem certeza moral de que se está com as disposições devidas, isto é, em es1ado de graça; e) ianto mais que, embora altamente aconselhável, a comunhão freqüente não é obrigatória;

e1) que é suma e fatal temeridade re-

ti) e a comunhão quotidiana deve con-

ceber a Sagrada Q>munhào e m estado de pecado mortal, segundo adverte São Paulo: "todo aquele que co111er deste pão ou beber

siderar-se um privilégio, cuja utilização e xige, além do estado de graça, a vontade firme de progredir na santlf,icação, mediante o combate às próprias imperfeições, a começar pelo vício dominante, que está na rai;; de nossos pecados; pede ainda o conselho do confessor;

do cálice do Se11hor i11dig11ame11te, será réu do Corpo e do Sa11gue do Senhor. E:xamine-se. pois, a si mes,no o ho1nc111, e <1ssim coma deste pão e beba deste cálice" ( 1 Cor.

11, 27-28). A razão é óbvia. Pois, na San· tíssima Eucaristia sob as aparências de pão e de vinho, está real e substancialmente presente Nosso Senhor Jesus Cristo todo inteiro, como Deus está nos Céus, com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Uma comunhão, portanto, sacrílega. é uma temeridade suma, pois equivale a entregar Jesus Cristo ao demônio presente na alma em estado de pecado mortal:

e) não há, por parte do fiel. nenhuma obrigação de participar da Santa Missa me· diante a comunhão sacramental; /) pois a Santa Missa não é apenas uma ceia - a Ceia do Senhor, como querem os pro1e.~tantes - mas um verdadeiro Sacrifício que renova o Sacrifício do Calvário, e tem os mesmos fins latrêutico, eucarístico, propiciatório e impetratório. Esquecer esta

FALA UM GRANDE BISPO O EXMO. REVMO. Sr. ·Bis po Diocesano escreveu a seguinte carta ao Prof. Pli· nio Corrêa de Oliveira, qu'.e a publicou em sua coluna semanal nu.m matutino paulista:

"Na "Folha de São Paulo" de 27 de agosto passado, li sua carta ao Eminentíssimo Senhor Cardeal D. Eugenio Sales (reprod11z}tia 110 último número de "Carolicismo"), a propósito do que Sua Eminência escreveu no "Jornal do Brasil" de 19 do mesmo mês, sob o título "A força do egoísmo... Infelizmente, não consegui mais obter exemplar daquele número do "Jornal do Brasil". De maneira que só pude inteirar·me do conteúdo do artigo 'do Senhor Cardeal Sales através de sua carta aberta. Co-autor consciente do livro - " best·Seller" de livraria a seu tempo - " Reforma Agrária - Questão de Consciência", bem como da Declaração do Morro Alto, que o completa, sinto-me igualmente atin· gido pela crítica geral de Sua Eminência, que não excetua ninguém dos antiagro-rcrormistas, e mesmo põe em dúvida a boa fé de todos eles. Como o Sr. muito bem pondera em sua carta aberta, quem apresenta argumentos que ·'têm consistência e seriedade", deve-se presumir-se sincero nas suas convicções. Nós estamos nesse caso. Não só porque apresentamos argumentação bem fundamentada, corno porque nossas razões. desde 1960, estão a aguardar refutação ... Julgo também doloroso "ind icar à an tipatia, quando não ao ódio" toda uma corrente da opinião nacional. Como, outros-

sim, acho de lamentar·se não reconhecer a contribuição que toda uma classe - a que se dedica à agricultura - deu ao desenvolvimento e à riqueza do País. Tanto mais que se trata de uma classe para a qual João XXIU, na sua conhecida Encíclica "Mater et Magistra", pede a mesma consideração que se dá às outras classes produtoras. Neste sentido, desenvolve considerações que ocupam boa parte do terceiro capítulo da Encíclica. Como o Sr. diz, não se trata de debater o problema da reforma agrária. Trata-se de repelir uma acusação desmerecida. Não ponho em dúvida a existência de casos em que haja abusos em matéria de propriedade. A generali1.ação, porém, que atinge toda uma classe, é sempre injusta e agressiva. A não ser que se queira pôr em dúvida o princípio que justifica a existência dessa classe. Tenho, no entanto, a certeza de que não se trata do princípio, que no caso é o da propriedade privada dos bens de produção, uma vez que semelhante princípio faz parte do Depósito da Revelação, como atesta o ensinamento constante dos Pi,pas que trataram do assunto. Estas considerações em nada afetam o respeito que devo ao Eminentíssimo Senhor Cardeal Dom Eugenio Sales, a quem devo gentilezas que me é grato reconhecer. Estou certo, Dr. Plinio, de que sua carta tenha servido para elucidar a opin ião pÚ· blica. e espero que o Sr. continue, sem mais 1ropeços, sua benemérita obra, esclarecendo as questões obscurecidas pela atroada das paixões".

verdade é clesl isar para a heresia proles· tante. Incutir que todos os que assistem i1 Santa Missa devem comungar cria a tendência de sobreestimar o aspecto de Ceia da San1a Missa, com prejuízo de seu ca. ráter mais importante e fundamental, de verdadeiro Sacrifício. Ê outro modo de preparar os espíritos para dcslisar no proles· tantismo.

li. COM RELAÇt\0 À ABSOLVIÇÃO CERAL a) Ê preciso inculcar na mente dos fiéis

os princípios da doutrina católica, que preceitua a acusação de todos e cada um dos pecados mortais, com as circunstâncias que lhes mudem a espécie, como condição normal para se receber validamente a absolvição sacramental; b) Para facilitar a confissão dos fiéis, nas igrejas, deve haver horário especial des· tinado a atender confissões. O horário, de si diário, seja o mais cômodo para os fiéis. Aconselha-se que o Padre permaneça no confessionário, ou junto dele, de maneira que os fiéis tenham a maior facilidade de confessar; c) Com a mesma intenção de facilitar aos fiéis a confissão bem feitá, encarecemos aos Revmos. Párocos e Vigários com capelas filiais. que organizem suas visitas às capelas, de maneira a lhes consagrarem alguns dias, especialmente 1ratando-se de capelas maiores. Lembrem-se que é especialmente através do Catecismo e do Sacramento da Penitência que formarão o fiel no conhecimento da doutrina e no combate aos maus hábitos, dois elementos essenciais da vida cristã; e/) Quanto às Páscoas coletivas de edu-

candários. procurem os Vigários levar a direção do colégio ou a pessoa encarregada do e nsino religicso, a distribuí-la em vários uias, consagrando " cada turma um dia. Evitam-se assim aglomerações de penitentes que dificullam a boa confissão de cad.i aluno. Recordem os Padres que as presentes normas da Sagrada Congregação da Doutri· na da Fé confirmam a declaração do Bem-aventurado Inocêncio XI, isto é, que o grnndc número de penitentes não é motivo bastante para dispensar a confissão integral das culpas; e) Exce1uando-se os casos universalmente admitidos em que se pode dar a absolvição coletiva - incêndio, naufrágio, iminência de combate, acima lembrados não se pode absolver com absolvição geral e comum, sem a acusação das culpas. Fora esses casos, pertence ao Bispo Diocesano ju lgar se eventualmente ocorre deveras algum outro caso excecional, caso em que é necessário obter autorização do Bispo Diocesano para se dar a absolvição geral; /) Não se pode considerar disposto para uma absolvição coletiva o fiel que protela sua confissão sem motivo justo; g) Enfim, nunca se deve dar a absolvi-

ção geral sem primeiro certificar-se com certeza moral - que é a viável no caso - de que os penitentes estão firmes e sinceramente resolvidos a confessar todos e cada um de seus pecados mortais na primeira oportunidade. Tendê nc ia descristianixada ra

Encerremos estas considerações, amados filhos, acenando para um fato que confirma nossas apreensões. Como é público e no· tório, a adaptação da Igreja aos tempos modernos se tem feito, com prejuízo das coisas sagradas e concessões aos gostos dos homens. l:. o que se indica com a palavra dessacral ização. A comunhão na mão, censurada pela Santa Sé (Instrução "Memoriale Domini", de 29 de maio de 1969), a introd ução da comunhão em pé, onde não havia esse costume, contra resposta da Sagrada Congregação para o Culto Divino ( cf. "Por um Cristianismo Autêntico", p. 382), o uso de melod ias e instrumentos profanos como o violão, a guitarra, etc. cm funções litúrgicas, condenado pela Igreja (lns1ruç;,o ·' Musicam Sacram", de 5 de maio de t967), são exemplos da 1endência dessacralizant, a que obedece a adaplação chamada pós-conciliar.

També m na Co nfis são

Naturalmente, semelhante tendência deveria infiltrar-se também e precisamente no capítulo da Confissão, uma vez que pouca coisa na Igreja é tão oposta à soberba e ao amor próprio. E, como acontece com todas as heresias, a tendência para dessacral iza. ção não poderia s urgir mediante uma declaração explícita, rompendo com o passado. Para ser aceite, a novidade deve apresentar-se como evolução natural da Tradição. No caso, porém, havia um gra nde escolho a ser vencido: o Concílio de Trento, que é c laro e taxativo na matéria. Seria preciso mostrar que o Concílio de Trento não teve a intenção de fixar uma regra válida para todo o sempre. .. Coisa difícil, porque Trento diz sem poss1bll1dade de sofisma que a ;1cusação de todos e cada um dos pecados morrais é imposição do próprio Deus para o fiel con~eguir o perdão de suas culpas. O único meio de ilud ir a dif.iculdade seria a uxiliar-se do princípio modernista, segundo o qual a fórmula dogmática pode e deve variar. unw vez que varia com o tempo a maneira como é concebida a Fé religiosa. Em outri,s pa· lavras, seria preciso inculcar na opinião pí1blica que o Concílio de Trento cstuva condicionado às idéias do século XVI , época de s ua realização, e que não poderiam os Padres Conciliares de então saber quais as aspirações dos fiéis de qua1rocentos anos mais tarde. O fundamento evolucionista leva semelhante explanação ao erro de julgar que um Concílio Ecumênico não é infalível em materia revelada. No entanto, é o que vemos publicado sob a assinatura de mestres de Teologia Moral e em Academias pontifícias. como registra o comunicado mensal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil em seu número de novembro de 197 J ( p. 59 e ss. ).

E na Comunhão

No mesmo sentido de favorecer o homem com detrimento do sagrado, age a tendência de romper com a norma estabelecida pelo mesmo Concílio de Trento, se· gundo a qual, para a comunhão não basta o estado de graça obtido através da contri· ção perfeita, mas exige-se a absolvição sa· cramental. Pois, também nesta orien tação escrevem mestres de Teologia Moral de hoje ( cf. o número citado do boletim da CNBB). Aludimos a tais fatos, zelosos Coope· radores e amados filhos, para que sintais como deveis estar sempre vigilantes se não quiserdes vos expor a erros graves e a cos· lumes perigosos que põem em risco a vossa salvação eterna e a de vossos fiéis. Implorando da Virgem Santíssima, Senhora nossa, a graça da vossa docilidade ao ensinamento e às normas constantes da Igreja que vos recordamos, a todos enviamos Nossa Bênção Pas1oral em Nome do Pat dre e do F itlho e do EspíritotSanto. Amem. Dada e passada em Nossa Episcopal Cidade de Campos, a06 dois dias do mês de agosto de mil novecentos e setenta e dois, festa de Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja e celeste Patrono dos Confessores. t Antonio, BISPO DE CAMPOS

3


SIMPLES RELATO DO QUE SE PASSOU EM FÁTIMA QUANDO NOSSA SENHORA APARECEU ••

ACRESCIDO DOS FATOS SUBSEQUENTES

N

OS LIVROS que tratam dos acontecimentos de Fátima, a descrição das aparições e os colóquios de Nossa Senhora com os videntes aparecem insertos, numa se.qüência de fatos que englobam as repercussões locais que as aparições provocaram, os int~r· rogatórios dos videntes e das testemunhas, as

curas e conversões extraordinárias que se se-

guiram, os pormenores tão atraentes da ascensão espiritual das privilegiadas crianças, e numerosos episódios conexos. Nada mais lógico e compreenslvel, por certo. Lidos os livros, porém, surge em muitos espíritos o desejo de dispor de um texto que lhes facilite deter-se mais especialmente sobre o conteúdo mesmo das aparições, no empenho de penetrar sempre mais o sentido da mensagem que Nossa Senhora veio comunicar aos homens, de modo a poder atender-lhe às prescrições. No intuito de satisfazer a esse anelo tão legítimo, "Catolicismo" publica hoje um relato circunscrito ao que se passou cotre a Virgem, o Anjo de Portugal, e os videntes, isto é, um relato no qual todos os outros fatos, edificantes ou pitorescos, ,que entremeiam a história de Fátima, foram deixados de !~do com vistas a fixar a atenção sobre o essencial. À relação das manifestações do Anjo cm 1916 e de Nossa Senhora em 1917 segue-se a das revelações particulares recebidas por um ou outro dos videntes isoladamente (em especial as da Irmã Lúcia). Constituindo um complemento das aparições da Cova da Iria, não poderiam elas faltar aqui.

•• • Para este trabalho. baseamo-nos principalmente em duas obras muito conhecidas, que

OBRA S

.

CITADAS

William Thomas WALSH -

1) ··our Lady

of Fatima··, TI1e. Macmillan Company> New York, 4th printirig. 1947; 2) tradução em português sob o título de "Nossa Senhora de Fátima", Edições Melhoramentos, São Paulo, 2.3 edição, 1949. Salvo indicação cm contrário, nossas referências dizem respeito à edição cm português.

Pe. J oão M. DE MARCHI, J. M. C. 1) "Era uma Senhora mais brilhante que o sol. .. ", Seminário das Missões de N_a. Sa. da Fátima, Cova da Iria, 3.• edição; 2) tradução em inglê.s sob o titulo de "The Crusade of Fatima - The Lady morç brilliant than the sun'º, adaptada ·pelos PP. Asdr~bal Castcllo Branc-0 e Philip C. M. Kelly, C. S. C., P. J. Kcncdy & Sons, New York 3rd printing, 1948. Salvo indicação em contrário, nossas referências dizem respeito à edição em português. Pe. Luiz Gon,.aga Al'RES DA FONSECA, S. J. - "Nossa Senhora da Fátima", Editora Vozes, Petrópolis, 5.• edição, 1954. Cônego José GALAMBA DE OLIVEIRA - "'História das Aparições", in "Fátim~. Altar do Mundo", Ocidental Editora, Porto, 1954, vol. li, pp. 21-160. Pe. Antonio de Almeida F AZENDA, S. J. - "Meditações dos primeiros sábados", Mensageiro do Coração de Jesus, Braga, 2. 0 edição, 1953.

MEMÓRIAS da Irmã Lúcia, manuscritos inéditos: 1 - "Contribuição de memórias pessoais para a biografia da pequenina Jacinta", 1936; li - "História da Fát;ma tal qual ela é", 1937; Ili - Sem título, agosto de 1941 ; IV - Sem título, 8 de dezembro de 1941. As citações que fazemos foram extraídas dos autores acima. 4

recomendamos aos leitores desejosos de possuir uma história completa de Fátima. A ,primeira delas é a do escritor católico norte-americano William Thomas Walsh, " Our Lady ,)f Patima", com tradução cn, português editada no Brasil e intitulada "Nossa Senhora de P:ltima". A segunda obra é a do Pe. João De Marchi, I. M. C., sob o título de "Era uma Senhora mais brilhante que o sol. .. •• O Pe. De Marchi passou três anos em Fátima interrogando as ,principais testemunhas dos acontecimentos e anotando cuidadosamente seus depoimentos. Entrevistou a Irmã Lúcia e pôde compulsar J>S manuscritos da vidente, dos quais falaremos adiante. William Thomas Walsh também esteve cm Portugal realizando inquéritos e entrevistas. Falou com a Irmã Lúcia e baseou seu livro, de modo especial, nas quatro M em6rias por ela escritas. As obras do Pe. De Marchi e de Walsh são bastante fidedignas, e concordam , fundamentalmente, entre si. Entretanto, para maior segurança, confron• tamo-las com outros autores, que esclarecem certos fatos e completam alguns colóquios. Eles vão citados nos lugares correspondentes.

•••

sua redação, ''Catolicismo" tem por fim contribuir para que a mensagem de Nossa Senhora de Fátima seja cada vez mais conhecida, amada e acatada.

1-

APARIÇÕES DO ANJO DE PORTUGAL

Antes das apançoes de Nossa Senhora, Lúcia, Francisco e Jacinta - Lúcia dç Jesus dos Santos. e seus primos Francisco e Jacinta Marto, todos residentes na aldeia de Aljustrel, freguesia de Fátima - tiveram três visões do Anjo de Portugal, ou da Paz.

•• • No texto a seguir apresentado, procuramos reconstituir com a maior fidelidade possível, com base nos autores que referimos a cada passo, o transcorrer das aparições. Apon· tamos, cm diversas no1as, as discrepâncias ve· rificadas entre as principais fontes bibliográficas. Algumas dúvidas, infelizmente, persistem, as quais somente um estudo crítico dos textos básicos - relatórios diversos, processos canônicos, interrogatórios. manuscritos da Irmã Lúcia. sua múltipla correspondência, etc. com eventuais esclarecimentos da própria vidente ainda viva, poderiam resolver. Oferecendo aos leitores este trabalho de

(Cf. De Marchi, p. 53; Walsh, p. 42; Ayrcs da Fonseca, pp. 121 -1 22; Galamba de Oliveira, ,pp. 57-58).

Te rceira a pa riçã o do Anjo Prime ira a parição do Anjo A primeira aparição do Anjo deu-se na primavera ou no verão de 1916.. numa loca (ou gruta) do outeiro do Cabeço, perto de Aljustrel, e desenrolou« da seguinte maneira, conforme narra Lúcia (Memórias, JV, j,. 31) :

"Alguns momentos havia <1uc jogávamos, e eis que um vento forte sacode as árvores e /01.-nos levantar a visra para ver o que se pas• .rava, pois o dia eslava serc110; e els que co-

Infeliz.mente, não nos foi dado recorrer diretamente à fonce mais autorizada, que são, sem dúvida. os manuscritos de Lúcia. Com efeito. permanecem eles, até hoje, inéditos, salvo um ou outro fragmento reproduzido por autores que puderam examiná-los. O primeiro relato escrito pela Irmã Lúcia, cm 1936, num caderno pautado comum. é uma ··contribuição de memórias pessoais para a biografia da pequenina Jacinta". No segundo, intitulado "História da Fátima tal qual ela é", datado de 1937, Lúcia refere-se pela primeira vez, e de passagem, ao Anjo da Paz. Por obediência, e por inspiração do alto, silenciara, até então, a respeito. Os dois documentos - habitualmente designados como Memórias I e li - correspondem a mais de oitenta páginas datilografadas. Em 1941, o Bispo de Leiria ordenou à vidente que escrevesse tudo o mais que soubesse da vida dos dois outros confidentcs de Nossa Senhora, bem como fize.~c uma narração pormenorizada das aparições, sem calar nada ele quanto se .pudesse então divulgar. Os dois documentos, que costumam ser citad<1s como Memórias III e IV, levam data de agosto e de 8 de deumbro de 1941, respectivamente, correspondendo a mais de cinqüenta páginas datilografadas. No último manuscrito, Lúcia aponta certos erros que havia encont.,:ado nos mais conhecidos livros até então publicados sobre as aparições. Permitimo-nos formular aqui o voto, q_ue é o de toda a . família de almas que se reune cm torno de "Catolicismo··, de que seja dado a lume o texto integral desses preciosos manuscritos, para edificação de todos os devotos de Nossa Senhora de Fátima.

- ''Co,no nos lwvemos de sacrificar?'' _ perguntei. ''De ludo <1ue puderdes, oferecei um S<iCri/fcio ao Senhor em aro de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pele, conversão dos pecadores. A trai assim ,tobre "' vOJ·sa pátria a pã7... Eu sou o Anjo da sua guarda. o A11jo de Portugal. So~ret11do aceitai e suportai com submisstio o sofrimento que o Senhor vos enviar''. E desapareceu''.

m eçamos a ver, a alguma distância, sobre as árvores que se e.stendia1n em <lireção ao nas,-

cente, uma lut mais b,·anca que a neve, com ,, forma de um jovem tra11Spare11te, mais btillumte que um cristal atravessado peJÕs taios do sol. À m e<iid<, que se aptoximava, íamos-lhe disringu;11do aJ' feições. Estávamos sutpreenditl<>S e meio absortos e não ,liVamos palavra. A o chegar junto de n6s. ,lissc: - ''Não tenrais. Sou o Anjo tia Pa'l., O,-ai comigo>'. E ajoelhado em terra, curvou " fronte até o chão. Levados por um movimento sobrenawral, imitamo-lo e repetimos a.f palavras que lhe ouvimos prommciar: - .. Meu Deus, eu creio, adoro. espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam <' Vos não amam". Depois de repetir isso três vezes, ergueu-se e ,lisse: ''Orai assim. Os Corações tle Jesus e Maria estão alentos à voz das v0$sas súplicas''. E desapareceu".

(Cf. De Marchi, pp. 51-52; Walsh, pp. 39-40; Ayres da Fonseca, p. 121: Galamba de Oliveira, pp. 52-57).

Se gunda apa rição do Anjo A segunda aparição deu-se no verão de 1916, sobre o poço da casa dos pais de Lúcia, junto ao qual as crianças brincavam. Assim narra .Lúcia o que o :Anjo lhes disse - a ela e aos primos - então (Memória~. IV, p. 32) : - "Que fazeis? Orai! Orai muito! Os Corações de Jesus e Mc,ria têm sobre v6s d esígnios de 1niseric6rdia. Oferecei const11ntcmente ao Altíssimo orações e sacrifícios''.

li -

APARIÇÕES DA SANTISSIMA

A terceira aparição . ocorreu no fim do verão ou princípio do outono de 1916, novamente na Loca do Cabeço, e decorreu da seguinte forma, sempre de acordo com a descrição de Lúcia ( os autores transcrevem a narração da vidente sem consignar em qual de seus manuscritos ela se encontra): "Estando' pois aí, apareceu-nos pela terceira

vez. trazendo na mão um cálice e, sobre ele, uma H 6stia, da qual caíam dentro do cálice algumas gotas de Sangue. Deixando o cálice e a Hóstia suspensos 110 ,,,, prostrou-se em terra e repetiu três vezes a oração: - "Santíssima 1"rindade, Pai, Filho. Espírito Sa11to, adoro.. Vos profundamente e ofere· ço-Vos o p,.eciosfssimo Corpo, Sangue, Alma. e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários <la ter,-a, e1n repc,ração dos ultrajes, sa( rilégios e indiferenças com que Ele mesmo é afe11dido. E J)elos méritos i11finitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a con versão das pobres J)ecadores'' . Depqis, /evanumdo ~·e, tomou d e novo o ç<f/ice e ,, Hóstia, e deu-me a Hóstia a mim e o que continha o cálice deu-o a beber à Jacinta e ao Francisco, di zendo ao mesmo !empo: - "Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pt;los Jio~ 111ens ingratos. Reparai os seus crimes e con-

solai o vosso Deus''.

De novo se prostrou em terra e repetiu co~ nosco mais três vezes a m esma oração: "San• tíssima Trindade . . . '' E desapareceu" C). (Cf. De Marchi, pp. 54-55; Walsh pp. 4344: Ayrcs da Fonseca, pp. 122-123; Galamba de Oliveira, pp. 58-59). • As aparições do Anjo, cm 1916, foram precedidas por três outras visões, no verão de 1915, nas quais Lúcia e outras três pastorinhas, Maria Rosa Matias, Teresa Matias e Maria Justino, viram, também do outeiro do Cabeço, pairando a certa altura sobre o arvoredo do vale, uma espécie de "nuvem, mais branca que a neve. algo transparente, com forma humand'. "Era a ft'gura corno de uma estátua d e neve. que os raios do sol tt'nham transformado em algo 111uito transparente''. A descrição é da própria Lúcia (cf. De Marchi. pp. 50-51; Walsh, pp. 27-28; Ayres da Fonseca, p. 119; Galaruba de Oliveira, p. 51).

V IRGEM

Quando das apariçoes de Nossa Seohora, Lúcia de Jesus, Francisco e Jacinta Marto tinhnm 10, 9 e 7 anos de idade, respectivamente, tendo nascido cm 22 de março de 1907, 11 de junho de 1908 e 11 de março de 191 O. três crianças moravam, como dissemos, em Aljustrel, lugarejo da freguesia de Fátima. As aparições se deram numa pequena propriedade dos pais de Lúcia, chamada Cova da Iria,

,e.s

a dois quilômetros e meio de Fátima, pela estrada de Leiria. Nossa Senhora aparecia sobre uma azinheira, ou carrasqueira, de u.m ~e· tro ou pouco mais de altura. Francisco apenas via Nossa Senhora, e não A ouvin. Jacinta via e ouvia. Lúcia via, ouvia, e falava com a Sahl) VSt A$ NOTAS NA PÃ(HNA 7


tíssima Virgem. As aparições ocorriam por vol· ta do meio-dia.

Prime ira aparição: 13 de maio de 191 7

Brincavam os três videntes na Cova da Iria quando ob~ervaram ~ois clarões co~o de relâmpagos. apos os quais viram a Mae de Deus sobre a azinheira. "Era uma Senhora vesti<la de branco, mais brUhante que o sol, espctrgindo lut mofa· clara. e inr~rlSa . que um

copo de cl'iswl cheio de agua ct,stalwa, atra·

vessado pelos raios mais <1rdentcs do sor\ descreve Lúcia. Sua face, indescritivelmente bela, não era "nem rristc, nem alegre. mas séria", com ar de suave censura. As mãos juntas, como a rezar, apoiadas no peilo e voltada~ para cima. Da mão direita pendia um rosário. ~s vestes pareciam feitas só de luz. A túnica era branca e branco o manto, o rlado de ouro, que cobria 'a cabeça da Virgem e Lhe descia aos pés. Não se Lhe viam os cabelos e as orelhas. Os 1raços da íisionomia, Ll1cia nunca pôde descrevê-los, pois foi-lhe impossivcl. fitar o rosto celestial, que ofuscava. O colóquio desen• volveu·se da seguinte maneira ('):

NoSSA SENHORA: ··Não tenhais medo, E:11 mio vos faço mal". '")" LÚCIA: "Don<ie é Vossemecc. NossA SENHORA: "So11 do Cé11.. ( e Nossa Senhora ergueu a mão para apontar o céu). LÚCIA: •· E que é que Vossemecê m e quer'?" NoSSA SENHORA : "Vim p(1rt1 \IOS pedir' que venhais a(1ui seis meses seguidos ( 3 ) . no tlia 13. " e.)-Ul mesuu, hora. Depoi.;; direi ,,,,em sou e o <1ue tJuero. E voltarei a<1ui ,,intfo w,w sétima vez'·. LÚCIA: '•é eu rambém vou para o Céu?" NOSSA SENHORA : ·'Sim. vais". LÚCIA: ' 1E t, Jacinta?" NOSSA SEN1-1 Qfv\: ··Também''. LÚCIA: "E o Fnmciscor· NOSSA SENHORA: ..Tmnbém irá, nws terá de • rel.nr muuos terços••. Lúcu: .. E: 11 M,,,.ia do Rosário do José d11s Neves está no Céu?n NOSSA SENHORA: "Sim'º. LÚCIA: .. f; a Amélia?.. NOSSA $CNH0 RA: "Ficllr<Í Purgat6rio (Ué o fim ,Jo mwu/o ('') . Quereis oferccer·vó~; a Deu.~ pnra suportar todos os sofrimentos que Ele tJuiser mmular· vos, em tllO tle reparação pelos 11ecados com que é ofeurlido e de súplica pela conversüo dos pecadorest· 1 LÚCIA : · Sim1 queremos!" NOSSA SENHORA: '"Ides, pot"s. 1er muito que .rofrer, mas a graça de Deus será o vosso con· forro''. "Ao pronunciar estll$ palaw·as, abriu os mãos co1nttnica11clo·110:.- - é Lúcia quem escreve uma lul. muito intensa, como um reflexo que delas expedia, penetrtmdo·nos no peito e no mais íntimo tia aima e fazendtrnos ver a nós me.tmos em Deus. que era essa luz. mni~· clara• meme do que nos vemos mun esvelho. E111ti.o, por um impulso 1mimo também comunicaclo, caímos de joelhos e repetimos intinwmente; "ó Santíssima Trltulatle, eu Vos adoro. Meu Deus. meu Deus, eu V os amo no Samíssimo Sarramen10".

"º

Ficaram assim a1guns instantes. quando Nossa Senhora prosseguiu: - ''Rez"i o u:rço todos os dias partt alcm1ç11r ,, /JflZ para o mundo e o fim da guerra". ·'Começou enteio - descreve Lúcia - a ele· var-se serenamente, subindo em direção ao n<1sce11te, até desap11reccr no imensiclcule ,to espaço, circmuJatla tle uma vivida luz que ia como que abrindo caminho no cerrado dos astros''.

(Cf. De Marchi, pp. 58-60; Walsh, pp. 52· 53; Ayres da Fons.zca, pp. 23-26; Galamba de Oliveira, pp. 63-64) .

Segundo op ortsoo: 13 de junho de 1917 A segunda aparição foi precedida também por um relâmpago. Alguns dos espec1adores, que cm número de aproximad&mente cinqüen• ta tinham acorrido ao local , 1to1aram que a luz do sol se obscur~ccu durante os minulos que se seguiram ao início do colóquio. Queros disseram que o topo da azinheira, coberto de brotos, pareceu curvar..se como sob um peso, um momento antes de Lúcia falar. Durante o colóquio de Nossa Senhora com os videntes, alguns ouviram um sussurro como se fosse o zumbido de uma abelha.

LÚCIA: "Vossemecê que me qu<•r?'' NOSSA SENHORA ; •'Quero que venhais aqui no dia 13 ,lo mês que vem, e que ,.ezeis o te,. ço todos os dias ('). Quero que aprenda~· a ler, e depois dlrei mais o que quero'', Lúcia pediu a cura de uma pessoa doenle. NCiSA SENHORA: ''Se se converter, curar·seá ,Jurante o <1110". LÚCIA: "Queria pedir-Lhe para nos levar (/Orá o Céu". NOSSA SENHORA: "Sim, à Jaclnta e ao Francfa·co levo·os em bl'<·ve. Mas tu ficas ,·á mais algum tempo. Jesu.r quer servir-se ,le ti para Me faz".!r conhecer e a1n1ir. Ele quer eswbelecer no mundo l1 dev<JÇiio ao meu I macultulo Coração. A c1m~m a abraçar, prometo ,, salva•

ç<io: estas almas serão pnuliletas dtt Deus, com o flores pôr Mim colocadas 110 .teu.trono" {11 ). LÚCIA: ''Fico cá sol)nha?" NOSSA SENHORA: "Não. filha. ·E Ili sofres muito com isso? Eu nunca te tlei:wrei. O meu 1maculado Coração será o teu refúgio e o ca.. miuho que re conduz.irá até Deus''. uFoi no momento que disse estas últimas palavras - conla a Irmã Lúcia - que ,, Virgem abrfo as mãos e nos comunicou pela segunda vez o reflexo tlâ luz imensa que A en· volvia. Neltl nos vimos como que submergidos em Deus. A Jacinu, e o Francisco pareciam estar na parte que se elevava para o Céu e eu na que se espargia sobre a terra. Â frente da palma tia mão direita tle Nossa Senhora estava um Coração cercado de espinhos que 'nele se c,·avavam. Compreendemos (Jue era o Coração J11ult·ula,Jo tle Maria, ultrajado pelos pecados da hum<mitlll,le, t1ue queria l'eparação"( 7 ).

Quando se desvaneceu esta visão, a Senho· ra, envolta ainda na luz que dEla irradiava, elevou ..sc da arvorczinha sem esforço, suavemente, na direção do leste, até desaparecer de todo. Algumas pessoas mais próximas notaram que os brotos do topo da azinheira estavam tombados na mesma çlireção. como se as ves\cs da Senhora os livessem arrastado. Só algumas horas mais tarde retomaram a posição natural. (Cf. De Marchi, pp. 76-78; Walsh, pp. 6566; Ayres da Fonseca, pp. 34-36; Galamba de Oliveira, p. 70).

Terceiro apa rição: 1 3 de ju lho de 191 7 Ao dar-se- a terceira aparição. uma nuven· zinha acinzentada pairou sobre a azinheira, o sol se ofuscou, uma aragem fresca soprou sobre a serra, apesar de se estar no pino do verão. O Sr. Mar10, pai de Jacinta e Franeisto, que assim o refere, diz que ouviu também um sussurro como o de moscas num cân1aro vazio. LÚCIA: "Vossemecê que me t1uer?" 11

Qm:ro que voltem aqui no dia 13 do mês que vem . (/UC co11ti1~uem a reu1r o terço toâo~· os tifos em honra de Nossa Se11hora do Rosário · (3) para obter a paz do mu,ulo e o fim da guerra. ,,orque só Ela lhes f/Oderá v11/er". LÚCIA: "Queria pedir.Lhe pllra nos dizer quem é, e para fazer um milagre para que 10t/0,1: acred,'tem que Vossemecê nos aparece". NOSSA 6,'ENHORA: "Continuem a vir ,,qui totlos os meses. E,'m outubro <lirei quem sou e o que quero. I:,: fc,rei um milagre t11,e todos hão de ver para ocredirarem" (9). NOSSA SENHORA:

Lúcia apresenta então uma série de pedidos a Nossa S : nhora, um dos quais foi o da cura do filho paralftico de Maria Carreira. Nossa Senhora respondeu que não o curaria nem o tiraria de sua pobreza, mas que rezasse todos os dias o terço em familia ('º) e dar-lhe-ia os meios de 8•nhar a vida. Ouiro enfermo pedia para ir cm breve para o Céu.

NosSA

"Que ,uio te11ha pressa: Eu bem sei qua11do o hei tlc ir buscar''. SENHORA:

Para outros. que pediam conversões, curas e outra graças, Nossa Senhora recomendava sempre a prática do terço, que assim alcançariam as graças durante o ano. Depois prosseguiu: "Sacrificai-,,os pelós peC<ido,·es <' dizei muitas vezes e em especial sempre que fizerdes lllgum sacrifício: O Jesus~ é por vosso amor, pela convcrsâo dos pcc,1• dores e em reparaç,io pelos pccti'do.,; comelidos contra o Imaculado Coraç{10 tie Maria".

• 0

SEGREDO : A VISÃO DO INFl!RNO

"Ao ,fizer estas palavras - narra Lúcia abriu de novo as mtio.t como nos dois meses ,mreriores. O reflexo q,,e elas expediam pare· ceu penetrar n terra e vimos como que um mar de fogo e mergulhados nesse fogo os tle• nu)nioJ· e as almas como se fossem bl'asas trans• parentes e negras ou bronzeados, com forma humana, que flutuavam 110 incêndio levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para 101/os os lados - assim como o cair das facu· lhas nOJ' grandes incê11dios - J·em peso nem equilibrio, entre gritos e gemidos tle dor e desespero que horrol'i1.avam e faziam estremecer de pavot. Os demónios distingut°am•se por for· mas horríveis <' asquerosas de animais espantosos e desconhecido1;, mas transpare11res como uegtos carvões em bl'asau (Memórias, IV ). a 01J1'RA PARTE DO SECREDO LÚCIA: ·'Ai. No,,sa Senhora!"

''Vistes o inferno, para onde vão a.f cilmos dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disJ·er, salvar·Se• ão muitas clrnos e terão P"'l.· A guerra vai acabar# mas se não dei.tarem de ofender a Deus, no l'einado tle Pio X J com eçará outra pio,· ( 11). Quando virdes uma noite alumiada por um,, luz desconhecida. sa· b<'i qu,e é o grande sinal que Deus vos dâ de que vai punir o mundo de seus c:rim es, por meio do guerrt1. da fom e e tle perstguições à' Igreja e ao Santo Padre ( 12). NOSSA SENHORA:

Para e, impetlir, virei pedir a consagração ,fo Rússfo ao meu Inwculado Coraçiio e a Comunhão ,·eparadora nos pi-imeiros sábados.· Se atendel'em a ·m eus pedidos, a R rí.ssia se converterá e reriio pazt se não, espalhará seus erros pelo mmulo, ,promovendo guerras e. perseguições à Igreja,· os bons serão martirizados, o Santo Padre 1erâ muito que sofrer, vár(as nações serão auiquUadas,· por fim, o meu /ma· cu/ado Coração tri1111f<1rá. O S,11110 Padre consagrar·Me-á a Rll.tsia, l/Ue se converterá, e será co11cedido ao mwulo algum tempo de 11a1.. E:m Portugal conservar-se-á se,»pre o dogma da Fé. Isto não o dig,,is a ninguém. Ao Frcwcisco, sim podeis dizê-lo.. ( 13). Passados instantes: "Quando retais o terço, d;zei 1/epois ,ie cada mistl rio: ó m eu Jesus, perdoai-11os, livrai· nos do fogo do inferno, levai a.r almi1.1has t<r tlt,s pard o Céu, principalmente as que mais precisarem" ( 14 ). LÓCIA: "Vossemecê 1UIO m e quer mais nada?" Nossa SENHORA: ..Não, hoje te q11ero mais nada". Ouviu-se então uma espécie de trovão indicando que a aparição cessara ( 15 ). (Cf. De Marchi, pp. 90-93; Walsh, pp. 75-77; Ayrcs da Fonseca, pp. 41-46: Galamba de Oliveira, pp. 72-78 e 146-147).

""º

Quarto aparição: 1 S de agosto de 1917 No dia 13 de agosto, cm que deveria darse a quarta aparição, os videntes não puderam comparecer à Cova da Iria, pois fora,n raplados pelo Adminislrador de Ourém, que _à força quis arrancar-lhes o segredo. As cnanças permaneceram firmes. Na hora costumeira, na Cova da lri~, ou· viu-se um trovão, ao qual se seguiu o relâmpago, tendo os espectadores notado uma pe· quena nuvem branca que pairou algun_s minu1os sobre a azinheira. Observaram-se também fenômenos de coloração, de diversas cores, do rosto das pessoas, das roupas, das árvores. do chão. Nossa Senhora cer1amcntc tinha vindo, mas não encontrara os videntes. No dia IS de agosto (16), Lúcia estava com Francisco e mais uni primo no local chamado Valinhos, uma propriedade de um de teus tios, quando, pelas 4 horas da tarde, CO· mcçaram a se produzir as alterações atmosféricas que precediam as aparições de Nossa Se· nhora na Cova da Iria: um súbito refrescar da temperatura. um desmaiar do sol e o carac1erís1ico relâmpago. Lúcia mandou chamar às pressas Jacinta, a qual chegou cm tempo para ver Nossa Senhora que aparecera sobre uma azinheira, ou carrasqueira, um pouco maior que a da Cova da Iria. LÚCIA: "'Que é que Vossemecê. me quer?" NOSSA SENHOM: "Quero que continueis a

ir l, Cova tia Iria 110 dia 13 e que continueis a rezm' o terço todos os diasº.

De novo Lúcia pede a Nossa Senhora que faça um milagre para que todos acreditem. N OSSA SENHORA: "Sim, No último mês, em outubro, farei um milagre para que todos creiam 11lls minhas aparições. Se não vos tivessem levado à aldeia ( 11), o milagre seria mais grandioso. Virá São José com o Menino Jesus para. dar a paz ao mundo. Virá também Nosso Senhor para abençoar o povo. Y irá ain· da Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Dores" ( 13), LÚCIA: 1'Que é que Vossemecê quer qtte se faça do dinheiro e das ólllras ofertas q111, o povo deixa 11a Cova da Iria?" NOSSA SENHORA: "Façam~se dois andores; um leva-o tu com a Jacinta e outras duas me« ninas vestidas de branco, o outro Jeve~o o Francisco com mais três m eninos também vestidos de opas brancas. O dinheiro dos andores é para a fesra de Nos.,a Senhora do Rosário ( 19) . O que sobrar é para ajudar a construir uma capela" (20). LÚCIA: "Queritl pedir-Lhe a cura de alguns doentes''. NOSSA S6NH0.RA: "Sim. alguns curarei du· rante o ano". E assumindo um aspecto muito triste : "Rezai, rcl.ai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, pois viio muitas almas parll o inferno por fl(iO haver quem se sacrifique e peça (lôY e/as'.

Em seguida afastou-se em direção do leste e desapareceu (Memór ias, IV, p. 40). Os videntes corlaram ramos da árvore so· bre a qual Nossa Senhora lhes tinha ap.arecido, e levaram-nos para as respectivas casas. Os ramos exalavam um perfume singularmenle suave. (Cf. De Marchi. pp. 127-129; Walsh, pp. 109- 1 10; Ayres da Fonseca, pp. 6 1-62; Galam, ba de Oliveira, p. 89).

Quinto ap arição: 13 de setembro de 1917 Como das outras vezes, uma série de- fenô· menos atmosféricos fo ram observados pelos circunstantes. cujo número foi calculado entre 15 e 20 mil pessoas, ou talvez mais: o súbito refrescar da almosfera, o empalidecer do sol

até ao ponto de se verem as estrelas, uma espécie de chuva co-mo que de pétalas irisadas ou flocos de neve, que desapareciam antes de pousarem na terra. Em .particular foi nolado, dcsla vez, um ·globo luminoso que se movia lenta e 111ajes1osamcn1e pelo céu, do- nascenle para o poente, e, no final da aparição, cm senlido contrádo. LúcrA: ''Que é que Vossemecê me quer?"

··co11tinuem ,, rei.ar o terço a Nossa Senhora tio Rosário, todos os dias, pt,ra alcançarem o fim tia guerra. Em outubro Nosso Senhor virá também. e Nossa Senhon, dos Dores e Nossa Senhora tio Carmo e São Joj·é com o Me11i110 Jesus, f)ara abe11çoarem o mu11do. Deus está contente com os vossos j·acrifícios, l1Wl' não quer que durmais com a <:ord", trazei-" s6 durante o ,lia.. (21). LÚCIA: "1ºêm-me petlitlo para Lhe pedir muiltls coisas. Esta pequena. é surda.muda. Não a 11uer c11rar?'' NOSSA SeNHORA: "Dura111e o ano experimentarei algumas 11telhortts". Lúcia apresenta outros pedidos de conversões e de curas. NOSSA SENHOAA: ''Alguns curarei, outros 1ulo~ porque Nosso Senhor 1UIO Se fia neles". LÚCIA: ,-,Há m11itos que ditem que eu JºOll uma imrujona, que m erecia ser enforca,ta ou queirnada. F<lça um milagre pal'a que todos creiam''. NOSSA SCNHORA: "Sim, cm outubro farei um milagre ptlfll que toe/os acreditem". LÚCIA: ''U11ws pessoas deram-me duas ,·ar· tas para Vossemecê e um fra.rco de água de col6ni(('. NOSSA SêNHORA : "Isso de nada serve para o Céu!.. (22). NOSSA SeNHORA:

E dilo isto, elevou-Se, de$aparcccndo cm direção ao nascente. (Cf. De Marchi, pp. 138-139; Walsh, pp. 115-1 16; Ayres da Fonseca, ·p p. 70-7 1; Galam· ba de Oliveira, p. 93).

Sexto e último a parição: 13 de outubro de 1917 Como das outras veus, a apatiçao foi pre• cedida eclo- clarão de um relâmpago. LÚCIA: ''Que é que Vossemecê me quer?" NOSSA SENHORA: "Quero (/izer-re que façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do Rosário (23), que continuem a re.. zar o terço rodos os dills. A guerra vai acabar e os militares volfllrlio em breve p,,ra suas casas'', LÚCIA: ''Eu tenho muillls coisaj' para lhe pedir. Se curava uns doemes e se convertia os pecadores . .. " NOSSA SeNHORA: "Alguns sim. outros não. S preciso que se emendem, que per,am perdão das seus pecados". E assumindo um ar mais grave: "Nlio ofendtun mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofe11dido". Lúcu: "Não quer mais ,wda de mim?" NOSSA SENHORA: '"Não quero mâfa· na,laº'. LÚCIA: eu também não quero mais ll0·

do'·

(24 ).

··e

Em seguida. abri ndo as mãos, Nossa Senhora fê-las rcfle1ir no sol, e enquanto Se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projetar-se no sol. Lúcia. nesse momento, exclamou: "Olhem para o sol!" Desenrolaram-se, enlão-, aos olhos dos videntes. três quadros, sucessivamente, simboJizando primeiro os mistérios gozosos do rosário, depois os dolorosos e por fim os gloriosos (apenas Lúcia viu os três quadros; Francisco e Jacinta viram apenas o primeiro): Apareceram, ao lado do sol, São José com o Menino Jesus, e Nossa Senhora do Rosário. Era a Sagrada Fam!lia. A Virgem estava vestida de branco, com um manto azul. São José também se ves1ia de branco e o Menino Jesus de vermelho claro. São José abençoou a multidão-, lraçando três vezes o sinal da Cruz. O Menino Jesus fez o mesmo. Seguiu-se a visão de Nossa Senhora das Dore,s e de Nosso Senhor acabrunhado de dor no caminho do Calvário. Nosso Senhor 1raçou um sinal da Cruz para abençoar o- povo. Nos· sa Senhora não tinha a espada no peilo. Lúcia via apenas a parte superior do Corpo de Nosso Senhor. . Finalmente apareceu, numa visão g1oriosa. Nossa Senhora do Carmo, coroada Rainha do Céu e da terra. com o Menino Jesus ao colo. Enquanlo estas cenas se descnrolava'm aos olhos dos videntes, a 8rande multidão de 50 a 70 mil .espectadores assistia ao milagre do sol. Chovera duranle toda .a aparição. Ao cn• cerrar-se o colóquio de Lúcia com l'!ossa Se· nhora, no momento em que a Santíssima Virgem Se elevava e que Lúcia gritava "O/Item para o sol!''. as nuvens se entreabriram, deixando ver o sol como um imenso disco de prata. Brilhava com intensidade jamais vista, mas não cegava. Isto durou apenas um instan· le. A imensa bola começou a "bailar". Qual

A. A.

Borelli

Machado 5


SIMPLES RELATO DO QUE SE PASSOU EM FÁTIMA gigantcsc,i roda de fogo, o sol girava rapidamente. Parou por certo tempo. para recomeçar, cm seguida, a girar sobre si mesmo, vertiginosamente. Depois seus bordos tomaram -se cscarlates e deslizou no céu, como um redemoinho, espargindo chamas vermelhas de fogo. Essa luz refletia-se no solo. nas árvores. nos arbustos, nas próprias faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e diferentes cores. Animado três vezes de um movimento louco. o g lobo de fogo pareceu tremer. sacudir-se e precipitar-se em ziguezague sobre a multidão aterrorizada . Ourou tudo uns d ez minutos. Finalmente o sol vollou cm :dguczaguc para o ponto de onde se tinha precipitado. ficando novamente tranqüilo e b rilhante, com o mesmo fulgor de todos os dias. O ciclo das aparições havia terminado. Muitas pessoas notaram que suas roupas. ensopadas pela chuv.i, tinham secado subita·

mente. O milagre do sol foi observado também por numerosas testemunhas situadas fora do local d as aparições. Olé a 40 quilômetros de dis-

tância. (Ct. D·e Marchi. pp. 165-166: Walsh. pp. 129-131: Ayres ela Fonseca, pp. · 91 -93; Galamba de Oliveira. pp. 95-97).

Ili -

ALGUMAS VISÕES PARTICULARES

No pouc.:o ,cmpo que passaram na terra depois das aparições, e mesmo no período abran· g,ido por estas. Francisco e Jacinta, mas sobrcwdo esta última, tiveram isoladamente d iversas visões. Relataremos aqui as principais. qu2 são de Jacinta.

"Eu vi o Santo Podre . .. " Numa tarde de agosto de 19 17. estando os videntes sentados nos rochedos do outeiro do Cabeço. Jacinta pôs-se subitamente a rezar a oração qut o Anjo lhes ensinara, e depois de um profundo silêncio disse:

-

''ó Lácia. não vês umra estr<1da, wmos

caminhos e cam,,os cheiOJ· de gente ,, chor11r corn fome e niio têm nada parti comer? E o Santo Padre 11umt1 igreja diante ,lo / macafodo Coraç,1o d e Maria a rezar? E Janta gente ,, ,·ezt1r com ele,.? (cf. De Marchi, p. 99: Walsh. p. 84; Ayres da Fonseca. p. 137). Noutra ocasião, aproximadamente ao meio• dia. junto ao poço da casa dos pais de Lúcia, Jacinta perguntou a Lúcia: "Ni,o viste t> Sa1110 Padre?"

"N(Iºo"• - "Não sei como foi, eu vi o Santo Padre muna casa muito grande, de joelhos diante de -

uma me.fa, com a,t müos no rosto li chorar,· fora do porta da cast1 eswva muita gem e e ,u;ravam.. /he pedras, outros rógavam-lhe prac_as e dizia,n ../he mui1as palavras feias. Coitadinho do Santo Padre, temos de pedit mui10 por de!" (cf. De Marchi, pp. 98-99: Walsh. p. 85: Ayres da Fonseca, p. 136).

Um dia, em casa de Jacinla. Lúcia encontrou-a muito pensativa e interrogou-a:

- "Em que estás f'e11stmdo. /acima?" - .. Penso n<1 guerra que há de vir. H<Í tie morrer f<mla gente e vai tanta para o infe,·· no ( 25 ) ! Não ,Je ser llrrasadas muita.\· caJ·a.r e mortos nmitos Padres! Olha, eu vou para o Céu. ,. quando vires de uoite essa luz que a Senhora disse que vem ante.t, /ogc1 ,,ara lá rc1111l1tl111·• (cf. De March i, p. 238: Walsh, p. 85: Ayres da Fonseca, pp. 161-162 ) .

últimas visões de Jacinta Em fi ns de outubro de 19 18. Francisco e Jacinta adoeceram, quase ao mesmo tempo. Indo visitá-los. Lúcia encontrou Jacinta no auge da aleiria: -

"01/u,, Lácia. Nossa Seultoru w:io nos V<"t e disst• QU!: ~1in/u, buscar o Francisco multo breve para o Céu. E a mim perguntou-me se uitula q ut ria c:onverN:r mais pec,ulores. DisS<•Ll,e que ,,·im. No.,·s,, S,•11/Joro que,· que eu wí para e/ois hospiu,is; mas 11ão é p(11't1 m e cur<,r: é paro sojr('I' nwi.r por amor ,le Deus. pela con vel'.~·âo ,ló:r 11ec:ado,.es .,-~ em ,lesaRravo <las ofensas cometidos c.011tr<1 n Cnraçcio l nwcul<ulo ti<: Ml,ria. Disse-me que tu mio irit1..r,· que fria /tí mini," miie leva,·-me e que depois ficaria lá sozinha" (cf. De Marchi, p. 227; \>Jalsh, p. 146; Ayres da Fonseca, p. 15 3) . Ourante a doença dos dois vidente:;, Lúcia visitava-os freq üentemente. Conversavam então longamente sobre os acontecimentos de que tinh:im sido protagonistas. Transcrevemos algumas observações de Jacinla : - ''Olha. sabes? Nosso St!nhor está trist~ porque Nosso Senhora tlisst?-nos par,i não O ofen,lerem mais. QII(' jti esta,,t, muito ofendido. e ninguém J,·z caso: l'Qntimwm a /t1z(,r os mesmos pec(l{/0.\" (cí. De March i. p. 243: Walsh, p. 157). 6

- "Já /alt<1 pouco par" ir parll o Céu. Tu fica.r cá para ,litert,s que Deus que,· estabe/e.. <:er 110 ,mau/o " <levoção ao l macul,ulo Cora~ ,,:cio d(' Maria. Qu<111do fores parn dizer isso. ,uio te escondas, dize " 1od<1 li gente </ue Deus nos conce,Je as graças por meio do Coração lmacu/(1(/() tle Maria, que Llu1..r Pl!Ç(ll'rt " Ela. que o Coraç<io <le Jesus <111er <111e, a seu lado. .i:,.- v(•1wr(• o COrllç<ió /m(l(:ulado de i\1aric,. Que peçmn ,, ,,ar. ao Coraçtio lmc,culado tie Mc,ria, que Deu.t Llw entregou a éla. Se eu 1nulesse mele,· 110 coraç<io tle t0tla li geme o /wne que tenho cá denuo <ltJ peito a queimar-me e a /<11.e,··me go.ftar ttmtó do Cor(IÇt1o ,Je JesuJ· e tio Cor<1(:iio ,1<, Maria! ... ·· (cf. De Marchi. p. 244: Walsh, p. 156). 6 m fins de dezembro de 1919, Nossa Senhora apareceu novamen1c à Jacinta, que assim relatou o fa to à prima: - "Nossa Senhora veio vt•r-me esta noite. Disse..me qut! vou par(I Lh;boa, para outro hospital (l6): que não te torno a. ver. nem a meus pt1is: que depols tle sofrer nmito, morro sozinlw: mas que não tenha metlo. <1ue me vai bust(lr p(ira o Chi' (De Marchi, p. 245; Walsh, p. 157: Ayres da Fonseca . p. 162).

"Quem te e nsinou tontas coisas?" Transportada para Lisboa, Jacinta ficou primeiramente num orfanato contiguo à Igreja de Nossa Sznhora dos Milagres. sendo depois levada para o Hospital Dona Estefânia. No primeiro destes estabelecimentos foi assistida pela Madre Maria da Purificação Godinho. que tomou nota - embora nem sempre lite .. ralmenae - de s uas últimas palavras. Reproduzimos abaixo algumas delas, repassadas de 10m profético e cheias de unção e ensinamentos. De Marchi publica-as agrupa.. das por assunto. • SonRe •

cueRRA

"Noss(I Se11hora ,lisse que no mundo há mui((,s guerras ,. ,liscórdias. As gue,.ras não .riio seuâo castigos pelos pecados do mundo. Nossa Senhora ;,í mio pode suster o braço tio seu amado Filho sobl'e o mundo. í-: preciso fazer f'(•11ltência. S e a gente se ementiar. 1li11,la Nosso Senhor valerá ao ,mmdo; mas, se tuió se eme11dar, virá o castigo. Nosso Senhor está profundamente indignado com os pec,ulos e crimes t/ue se cometem em J>ortugal. Por isto, um terrl vel catacUsmo ti"! on/em social ameaça o nosso País e principal• m ente a cidatle <ie Lisboa. Desenc(l(/ear-se-á, segundo parece, tum, guerra dvil de carát!!r anarquista ou co,mwista, acompanhada de sa· ques, morticínios. incêndios e devastações de ioda espécie. A capital converter-se·á num!I verda,leira ;,nagem do lttferno. Na <x.Ytsi<io em t1ue a Divint, Justiça ofendida infligir tão pavoroso castigo, rodos aqueles que o puderem fazer f ujam dessa cidade. Este castigo agort1 predito convém que seja tmtmciado pouco a pouco e com a devida discrição" (cf. De Marchi. p. 255; Walsh, pp. 160-16 1). "Se os homens não se emendarem. Nossa Senhora enviará ao mundo um castigo como não se viu igual, e, antt$ dos owros países, à Espanlul' (De Marchi, p: 92). Jacinta falava também de· "grandes llCOn le· cimentos mundiais que se deviam realizar por volta de /940'' (De Marchi, p. 92). • SORRF.

OS $ACERl)0TES E OS GOVERNANTES

"Minha madrinha, peça muito pelos pe,.:a<lores! Peç" muito pelos Padres! Peçc, mu;,o pelo.r R eligiosos! OJ· Padr<-s s6 devhlm ocupc,r-se tla.t coisas da lgrcjll. Os Padres devem :rer puros, muito puros. A desobediência dos Padres e dos Religiosos aos seus Superiores e ao Santo Padre ofende muito ,, Nosso Senhor. Minho madrinha, peça muito pelos gover110J'.' Ai dos Qt<'! pe,.seguem ,, Religião de Nosso Senhor! · Se o governo ,Jelxasse em paz a lgrej,; e ,le.t.\·e a libt:td(l(I<' l1 Santo Religião, era abenfôado por Deu.,·" ( De Marchi, pp. 255-256; Walsh. p. 161 ) . • SOHKE O PECADO

..Os pec:atlo.r qu.-., levt,m mals olmos par" o infNn u .wio o.,· pt~cado,f ,la ct1r11e. H tio d(• vir wna.,· módt,s <1ue hão de ofender muit<J t, Nos.,·o Senhor. As ru:.fsoux que servem ,, Deus não tle,1em ,mdar c,Jm o moda. A Igreja mio tem mO<lt1s. Nos:·; o S enhor é sempre o m esmo. Os pe,a,Jos do mundo são muito gnuules. Se ó.\· homens soubc.rsem o que é a eterni<lade, Jaz.iam 1udo par11 m udar de vida. Os homens pertiem-se porque n ão pe11.rnm ,w m orte ,!e No.rso Senhor e não flltt!m penitência. Muito.~· nwtriouinios niio st1ó bons, não agl'a(/{lm a Nosso S enhnr <' mio slio deo Dru.f". a SOBRE AS V I RTUDES CRISTÃS

"A1iu)w madrinha. mio tmde no meio do l11xó; fujo ,las riqr1t?t.O.S.

S<'ia muito umiga ,I<, santa pobreta e do silêncio. T enlta muita ct,rfr/tult!, mesmo 1:om quem t; mau. N,ío fale m<1I ,le ,,;,,guém e fuja de quem diz, m(II.

'f'enha muita rwcih,da. porque ,, paciência leva-nos para o C{,u, A mortiflcllç<io e os sacrifícios t,graclam muito <1 Nosso Senhor. A Con/issâo é um Sacramemo ,le misericór.. ,lia. Por i.r,to é preciso Of'TO.timarem-se do con/essionádo com confiança e alegria. Sem con/isstio mio há salva<,'<1o. A Mlie de Deus quer mais almas ~1irge11s. que s<? liguen, t1 Ela pelo voto t!e castidade. Para ser Religiosa é preciJ·o ser muito pur<J na alma e no corpo". 1 'E .fabes tu <> que quer <iit.er ser pura?" pergunta a M:idre Godinho. - "Sel. sei. Ser pura no corpo é gut1rdar a castidade; e ser pura na alma é não fazer pecados; 1Uio olhar p<1rll o <1ue 1uio se deve ver. ,ui.o roubar, ,uio mentir mu1,·a. ,til.e,· J"ém" pre fl verdade abula fltJe nos custe . . , " ;'Quem não cumpre tis promessas 11ue /a1.. ,, Nossa Senhora nuuca 1er<Í felicidade 11a.s suas coistis. Os médicos náo têm lur. para curtlr bem os doente.t, porque ,uio têm amor de Deu.f''. - "Quem foi que te ensinou 1t111ws coi.mJ·?'' pergunta a Madre Godinho. - "Foi Nossa Senhora; mas <1/gumas penso-"s eu. Gosto muito de pensar'' ( De Marchi. pp. 254-256; Walsh. pp. 161 - 162). Notando que muitas visi1as conversavam e riam na capela do orfanato, Jacinta pediu à Madre Godinho que as advertisse da falt:, de respeito que isso constituía para com a Prc· sença real. Não dando tal medida resultados satisfatórios. pedia que comunicasse isso ao Cardeal: uNosst, Senhora 1uio <111er que a Rente fale "" igreja" (De Marchi, p. 252; Walsh, p. 160).

últimos dias de Jac inta Durante a sua curta permanência no hospital, Jacinta foi favo recida com novas visitas de Nossa Senhora. Q uatro dias antes de mor· rer, a Santíssima Virgem tirou-lhe todas as dores e confirmou que viria buscá-la em breve. Nas vésperas de sua morte, alguém perguntou-lhe se queria ver a mãe. Jacinta respondeu: -

"A minha família durará pouco l empo

e cm breve se eucontrarilo n o Céu . . . Nossa

Senhora aparecerá outra vez, mas não a mim, porq1u! com cer1eu1 morro, como Ela me dis· se . . .'' (De Marchi, p. 262). Nossa Senhora veio buscar Jacinta no d ia 20 de fevereiro d e 1920. Francisco entregara sua alma a Deus no dia 4 de abril do ano anterior.

IV -

A MISSÃO DE LÚCIA

dessa Congrcgaçijo cm Tuy, na Espan ha, junto da fronteir" com Portugul. A 2 d o outubro de 1926 é noviça. A 3 de outubro de 1928 pronuncia seus primeiros vo1os como lrnlã conversa. Seis anos depois. no mesmo dia de outubro. emite os votos perpé1uos. Toma o nome de religião de Irmã Maria das Dores . Por ocasião da revolução comunista nn Espanha, é 1ransforida, por motivos de scsu· rança. para o Colégio do Sardão, em V ila Nova de Gaia. onde permanece durante c1lgum tempo. Mais tarde, no dia 20 de maio de 1946. Lúcia pôde rever o local das aparições. tendo estado na Cova da Iria. na gruta do Ca bcço e no sítio dos Valinhos. .Posteriormente. em 23 de março de 1948. deixou o Instituto de Santa Oorotéia J>Mra i r1 gressar no Carmelo de São José, cm Coimbra. com o nome de Irmã Maria Lúcia do Coração Imaculado (i 7 ). A l3 de maio do mesmo ano vestiu o hábito de Santa Teresa, e no di:. 3 1 de maio de 1949 p rofessou como Curmcli1;·1 descalça. 4

As revelações posteriores a 1917; os cinco primeiros sábados No segredo de julho, Nos.sa Senhora diss4.. ': r:,: -

''Virei pedir a con.ragr<1çâo da R,ís#a ao

meu Imaculado Coraçâo e a Co1111111/uio ref1a-

rmlora no:r primeiros .wibtulos", A mensagem de Fátima não esUtva. pois, dcfinitivarnenle encerrada com o ciclo <lt; c1p;;,. rições da Cova da Iria. cm 19 17. No dia 10 de dezembro de 1925, a Santíssima Virgem. tendo ao lado o Menino Jesus sobre uma nuvem luminosa. apnrcc:u li Lúci.t. cm sua cela. Pondo-lhe uma das mãos ao ombro. mostrou-lhe urn Coração rod..:ado de espinhos. q ue linha na outra nlâo. O Menino Jesus. apontando para ele, exor1ou ~1 vidente ''li lt!r pena tfoquelc Coraç,io co,11imwme11te torturado <las lwmam,s iugrmidõt!s, sem lwvt•r quem o desagrave com atos ,!e repuraçiío". A Santíssima Virgem acrescentou : ..Ollm. minha filha, o meu Coração cerc<1do ,los ,,.~ pinhos que o:; homens ingratos a todos o.f momentos nele cravam com blasfêmias ~ ingratidões. Tu. ao m enos, proc.·11r<1 consolt,r-Me. e diç da minha parte que 10,los aqueles que nó primeiro sáblldo de cinco meses consecmivos se confes.farem e recl!ber,?m a Sag,.(1(/(1 Comunlulo, rezarem um U-r\Q <· M(• fil.l!rt•m qulnze minuf0$' tle comptmlda m editanclo o.r mistérios do rosário com o fim ,le Me de:mgrav<1r, Eu prom,·to ,1ssisri-los na ho,·<, "" morte com Iodas as gr1,1ç,,s ne<.·e,Y.r<Írias pur11 " .mi· vação de suas a/mos" (Ayres da Fonseca. pp. 350-351. Cf. também Walsh, p. 196: De M•rchi, ed. em inglê.~. pp. 152- 153: Fazenda, pp. X·X() ("'). Um ano depois. no d ia 15 de dczem bro de 1926 (~), o Menino Jesus torna a apnrcccr à Lúcia, perguntando-lhe se já havia d ivulgado a devoção à sua Santíssima Miic. Lúcia dá conta de dificuldades uprescntadas pelo con-

Quando da seguntia aparição, ao pedido de Lúcia .para que a levasse para o Céu juntamente com sc11s primos, Nossa Senhora lhe respondeu, como vimos:

- "Sim, lt Jaânta e ao Francisco levo~os em breve. Mas tu ficas c6 mai.r algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me Jazer conhecer e amar. Ele quer esu,belecer no mundo a <levoção llO meu Imaculado Coração".

Estas palavras indicam c1aramenl'e que Lú· eia, além de depositária dos segredos revelados por Nossa Senhora, ficava nesta terra para desempenhar uma determinada missão. Cabe lembrar, ainda, que logo na prin,eira aparição. no dia 13 de maio, Nossa Senhora anunciara: - ··vim partJ vos pedir qu.e venh<lis aqui seis meses seguidos, 110 dia 13, a esta mesma hora. Depois direi quem sou e o que quero. E voltarei aqui ainda uma sétimll vez''. Devia, portanto. dar-se uma sétima aparição de Nossa Senhora. na Cova da Iria. Quando? O que Nossa Senhora queria comu nicar ou manifestar n ela aos homens? Seja o que fôr• parece nom,al admitir que à Irmã Lúcia ca· beria ser, ainda uma vez, a confidente de Nossa Senhora na Cova da Iria. Assim sendo. caso esta sétima aparição não se tenha dado secretamente. represenrn ela uma das grandes expectativas do assunto Fá1ima.

O itineró rio de Lúcia A 17 de junho de 1921 , Lúcia partiu de A ljustrel para o Porto, onde foi recebida como aluna interna no Colégio das Irmãs Dorotéias. em Vilar. subúrbio daquela cidade. Em 1925 manifesta a vidente o desejo de entrar para o Carmelo. mas é aconselhada a de.~istir disso. ingres.•mndo no Instituto de Santa Dorotéia. ~ então admitida como postulante. no convento

com apro,·:atão cclcsiáS"lica

CAMPOS -

EST. DO RIO

0JRh'TOk MONS. AN TONIO R1ae1No 00 ROSARIO

Dirtt0ria: Av. 7 de Setembro 241, caixa

post~I 333, 28100 Campos. RJ. Adtnlnls•

lrnt5o: R.. Dr. Marti11ieo Pr:.\do 271, 01224 S. Paulo. A.Rente ptir:1 o F.,stacJu do Riu:

Jo~ de Oliveira Andrade. caix:i pos.l3I 333, 28100 Campos, RJ: Agente p:ir11 os E..<;h1dos de Coh\s:, Mato Crm-so e Miun.s Gcr~l:S: Mihon de S3llcs Mourllo. R. Paraíba 1423 (tc.lcfone 24-7199). 30000 Belo Horizonte: Agente parn o Estado da Gmmabam: Luís M. Ouncan. R. Cosme Velho 81 S (telefone 24S-S264). 20000 Rio de J3nciro; Astcnre p1m1 o Estado do Ceará: J~l. Gcr:irdo Ri· beiro, R, Pcrn3mbuco JS7. 60000 Forrnleza; A,icntcs para a A rgC'ntlnn: '"Tradición, Familia, Propicdnd'._ Cosilla de Corrco n.0 169, Capit:1I Federal, Ar!!e1Hina: Agente Pl'.IJ'1 il Espanha: José MMfrt Ri\'oir Gómcz, ap:nt!'ldo 8182. M:1drid. Espanha. Composto e impresso na C ia, l.ithoi::rnphic:1 Ypir:anga, Rua Cadete 209, S. Pi\ulo. As.sin:1tur~ unu:i1: comum Cr$ 20.00: CO• operador CrS 40,00; benfeitor CrS 80,00: gr:indc bcnfei1or CrS 160,00: semin:1rislas e estudante:;, CrS 16.00: Amétic-.J do Sul e Central: vià marflim:l USS 3.50, vfo aérc:, USS 4.50: Améric3 do Norte. Por1ug.31, f..spanhu, Províncias ul1r:11narin;,,s e Colónias: via marí1im1 USS 3,50. Yia aért3 USS 6 SO; on1ros p:tísc.:.'4: vi:1 1nMJ· tima USS 4,00, via :i.ércá USS 8.00. Venda :ll'ub"it: Cr$ t,SO, Os pagamcnlos,. sempre em nome de Edlfor.t Podre Brlchlor d<' Pontu SIC. 1,ode· rllo ser cncnminhados: ~ Administr:1ç5c ou no~ agen1cs. Para tmidanp de endereço de :\Minantes. 6 necess6rio menc=on:'lr ta.m~m o endereço :111tigo. A correspondência rc· lati\':a n àSSinoturn~" <: vcndn ::,vulS."l dc\'e !ter c,wi;:id:.1 ~ Adminlstrnç:io:

R. Dr. i\-1:lrtinic:4 Pr:,clo 27l 01224 S, Paulo


SIMPLES RELATO DO QUE SE PASSOU EM FÁTIMA fessor. e explica que a Superiora esrnva pronta a propagá-la, mas que aquele Sacerdote havia dito que sozinha a Madre nada podia. Jesus respondeu que era verdade que a Superiora sozinha nada podia, mas com a graça podia tudo. Lúcia expôs a dificuldade. de algumas pessoas de se confessarem no sábado, e pediu para ser válida a confissão de oito dias. Jesus respondeu que podia ser de muitos mais dias ainda. contando que, ao recebê-Lo na Sagrada Comunhão. se estivesse em estado de graça e se tivesse a intenção de desagravar o ]ma· colado Coração de Maria. Lúcia ainda levantou a hipótese de alguém esquecer d<> formar a intenção ao confeS$ar-se, ao que Nosso Se· nhor respondeu: - ''Podem formá-la na outra confissão seguinte. aproveitando a primeira oca.tilío que tiverem de se confessar" (cf. Fa· ,.enda, pp. XI-XII; Ayres da Fonseca, p. 351; De Marchi. ed. em inglês, p. 153).

A divulgo~ão dos segredos A 17 de d: zembro de 1927 Lúcia foi para jun10 do sacrário a perguntar a Nosso Senhor como satisfaria a ordem do confessor de pôr por escrito algumas graças recebidas de Deus, se nelas estava encerrado o segredo que a Santíssimo Virgi m lhe tinha confiado. Je:sus, com voz clara. fez-lhe ouvir e.stas ptllavras: ''Miuha fi//J(l, escreve o que te pedem: e tudo o <Jue te revelou a Sa1Híssinu1 Virgem na apu· riç<io em que te falou clesu, devoção (ao lma· culado Coração de Maria·! escreve.. o também. Quamo ao resto do segredo, cominua o silêncio" (cf. Ayres da Fonseca. p. 34) e:••). Em conseqüência da ordem assim recebida, Lúcia revelou o que sz: passara na aparição de junho_. Mais tarde, cm 1941. quando o Bispo de Leiria lhe ordenou que fiZeS$e uma narração pormcnori1.-.'\da das aparições, "se,n calar nada ele ,1,umto se 1mdesse atualmente publicar", a

vidente. "obtida licença do Céu", revelou duas das três partes do segredo de julho. São suas palavras; - ..O segredo consta de 1rês coisas distintas. duas das quais vou revelar. A primeira /oi a vista tio inferno!"

E s~gue-se a narração das duas partes do segredo, conforme a reproduzimos no devido lugar, ao relatar a aparição de julho (cf. Ayres da Fonseca, pp. 43-44; Galamba de Oliveira, p. 146). Quanto à outra parte do segredo, a vidente escreveu.a, sob forma de carta. cncaminhan· do-a ao Bispo de Leiria, que era então D. José Alves Correia da Silva. O documento, que segundo constava devia ser tornado público cm 1960. está atualmente em poder da "a111oridade eclesiástica competente", conforme declaração do atual Bispo de Leiria, D. João Pereira Vcnancio ( 13 ). Sabe-se de fonte segura que a Irmã Lúcia c.screvcu e.Sla parte do segredo. a instâncias do Bispo de Leiria, por ocasião de uma grave enfermidade por que passou (cf. Walsh, pp. 185-186). Em 1927. Nosso Senhor apareceu ainda uma vez à Lúcia, mas não se conhecem por• menores desta aparição (cf. Walsh. p. 195).

A consagração do Rússia oo Coração de Morio Em 1929. NOS$a Senhora fez-se ver novamente ·por Lúcia, dizendo-lhe:

-

"11. chegatlo o momento em que Deu.r

pede para o Santo Padre fazei', em umao com 10,Jos os Bispos do ,mmdo. ,, ,·onsagração da

Rássia ao ,neu lmacula,lo Coração. 11romete1t• do. por este meio. salvá-la" (Ga!amba de Oliveira. p. 153).

Através de seus confessores e do Bispo de Leiria, a vidente fez com que o pedido de

N • 1) Os cíei1os, sobre os vidtntes. das apatições do ,\ojo e de Noss.t1 Senhorn crnm d istintos. AS:Sim os diferencia Lúcia: ··ul•tuh>$ pc·h, Jorçt1 cio sobr('nallrwl, que nos ett• 1•ut,•it1, imiuh,m11ôs u An/o ~m tudc>, lst() é, prOStf(lll· ,Jo.nos t·omo t•lt• e• re11etimlo <lS oraçQes ''"" ele ditia. A Jo,ç,, JIT<St'm;c, rlt' Dt'US t'r,, f(iQ i11tt:US/t. que 1/0S 11hson•i11 t' 1111l,1uil1w<1 <11111u por comple10. P"reci11 pri· w1r-11t>s àlt~ dh uso ,lu.r s1•ntld1J.t corp(1rt1is por um grmttlt' .,•spttçt1 tlt' r.:mpt,. Nc·.uc•t ,ll11s Jc11,Jumos ,,, tiçUes mmcrfols cc"" º f/llt' tt,'<1<lo.r por «-sse m cSflUI Jcr sobre11u11m1I t/tte u issr, ll<JI im1>t'ti(1. A pttt e u /dicld11dt 111w .ft'lltÍ<lmuJ t!r<, grtmtlc•, mllS sú [111im'1, <omplrUr• mc'lllt' (:u11rt!1111'11d11 11 ,1'm" cm 1).-us. O 11h<ftime1110 Ji· .firo tfll t' 1111s 11r1>str11rd wmblm t"t(1 grn11dc, Nii11 st'i 1u,u111c-, ,,s <11X1riÇtÍt$ tl(' Noss<t St'11huro I" 01l m)um <m 11Qs ttJ,-itos bem úi/4!r,·111cs. A muma al,•1:1ri11 ;111imt1, ti mc•:i' ntft 1m:. (' /dlcill11cl<. M<1s. t'm ,·e.: ,h•.<,\'r (lhettímc-11tu J;,\'icv. 1111111 t:erlu mobilidadt expun-

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tltscobl'i~'c•m <> qu~ d~1·i,1 p(lr r,lltio úC11l1"r" (cí. l:Jmb:;, de Oliveira. p . ~9; De Matchi, p, SS).

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a 2) ResJ)Ondcndo a um!l pergunta de W:,lsh, M cntrevist;\ que à çlç concedeu, sobre. se. ao relatur a:i. palavrns do Anjo e tle Noss:, S(nhora, re1>etir:1 as: pa· lavr.\s. cx:tlàS que ouvira, 0\1 :11>enas dera o sentido gcta1 . .t Irmã Lúcia declarou : - "Ai pulm•rus dQ Anjo 1i11Jtam wm, ,,,.o,,riedad,• i_uu:nsq (' d<>min,1dur11, rt"alillade sobr~11amral, de• mq,fo ,,uc· mil, vmUrrm s,•r ,•squecida1. P,ueciám gr,war.s,,• e,,,a w ,• lmh•U•n•lm,•me m, mi11lw memória. Cnm ,,s palt1wt1s de No,tS<J St11hora t ru tli/ertm ('. Eu nãt> 11<>1/in t'SWi segura ti«- que c11da ('rt1 «-Xatu.

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IWl('S l) :i·r11lidQ ''"" ('tt tl(JfUlltli, C /JU.'f c:m /illla · 1•r<11 Q t/U1· ,,111,mdi. Nii<1 ;! Jtfcil ('XVlia,r Isso" (Walsh.

cd. cm inglês. J>. 224). Diante d<:ss:, dificuldade, de tradu1..ir c.m palavr:ts hum:m:,~ o <1uc ouvir:- de Nos.sa Scnhorn - como é comum éOl certos fenômenos mÍ$1icos - a lm 1!\ Lúci(l :-cmprt 1)()$. en1rernn10, lodo o empenho cm reprodu· iir l):tl:.wr-a Por 1>a1:wr3 o que ;1 Santíssima Virgem lhe comunicou. l:r.10 se 1orm1 c.laro no in1crrog;,uório ~ que ~ :-ubmeteu v Pe. H . Jongen, Mon1for-tino hofa ndés. cm fovettiro de 1946, e que a seguir rcprodtJ·

A

T

" Quif limlw,-..st•, pergunta o Pe. Jonscn, ,e1•clando o :i·et;rcd(), " ,for u signi/;caçlio do qm· ,, So11u1 Virt;t'm lht• disu. l)tt C'ilótt e1s suos pal<wros liu•rnlmn,1t·?'" - ··Q,umdo fala ,J11s apa.riç,i<>s li111i10°111t ô signiJfco('iiO .t,1.1 ,,alo,•ros; quando ucrc,·o. Jaco tliligfncia. "º ctmtrdrio, de ci1or liu:ralmc111e. Eu q11i.r, pQrlat1tO. -

tsac,·rr o ,'f<'8,TC'c /o p(lhn•u1 por palO\'ra", - "Esul ('frio ih· 1tr cm,su,·ndo tudo na me•

mórit1?'' - "Penso que sim". •• A ~· ,,a/t,vras dq s~grrdo Jorum 11ortomo r('1't · l,ula.,'f 11cla ord"m ~m <IUt fl,c Jonmt com,mica,lós1" "Sim'" (De Mnrchi, pp. 308-309). • 3) Os videntes sempre entenderam que a úllima t'lp:triç:ío seria cm outubro. o que aliás lhes foi explici1ame,11e <li10 n:, apal'iç~o de :lS,O~to. Os --.1('i1 mcs~s seguido.r· inclocm, port:tnto. a primeiro aparição. A ~tim:,. d:. <;ut'II se faln adiante, está fortt da série.

"Ainda t'Std no

• S) Oc Marchi coloc.:t aqui n focula\óri;i a .ser intctcalada entre os mis:t~rio~ do rosário. que Wal.sh e outros autore-1 põem no fin31 da terceira aparicão. • 6) Esta última frase não const;,1 nem em Wa1sh nem em Oe Mnrchi. Ar,onta-3 A.yres da Fonsec.:1, p. 3S. Também De Matcbi, ed. cm inglês, p, >S. con•

'Em várias comunicações f,uimas Nosso

1

Se11hor mio 1em tleix<ulo ele insistir neste pe· elido [da coosagração], prometendo 11ltimame111e. se Vossa Santidade se dign(l fazer a COII· .ragraç<io ,lo mundo ,,o Imaculado Coração ele Maria com menção especial pela Rríssia, e ordenar que. em uni<io com VosS'1 Santitlade e ao mesmo tempo. a façtun também rodOl' os Bispos do mundo (32). - ,ibreviar os dit,s de tribulaç,ío com que tem de1ermi,wdo punir as nações de seus crimes, por meio da guerra. da fome e de vârias perseguições à Sa,ua Igreja e a Vossa St111ticla,le" (cf. De Marchi. p. 312; Galamba de Oliveira. -p. 153).

Em 1942, cm Radiomcnsagem a Portugal por ocasião do 25.0 aniversário das aparições de Fátima, Pio XII consagrou o mundo ao Puríssimo Coração de Ma ria. Em 1943. Lúcia teve outra revelação de Nosso Senhor, que ela assim relala cm caria ao Bispo titular de Gurza:

•·o

bom Deus jtí me mostrou o seu çQ111en· 1ame1110 qacmto ao (l{O tio Santo Padre e de wírios Bispos, rmhONt focompíeto em relaçiio ao seu tlesejo. Em troe,,. Ele prome1e co11tlu1-ir a guerra at> fim. mas " c· onver:r<to da

Rússia não terá lugar; se os Bispos dll Esp,,. nha atenderem o dej·ejo de Nosso Senhor e se empenharem mttnt, verdadeira reforma ,lo pO· vo .. . bem; se não, ela [a Rússia] será novamente o inimigo com o qual Deus o punird uma vez mais" (De Marchi. ed. em inglês. p. 158).

Em 1952, por meio de uma Carta Apostólica, Pio XII consagrou os povos da Rússia ao Puríssimo Coração de Maria (ver o texto em "Catolicismo". n.0 21 . de setembro de 1952). Por ocasião do li Concílio Ecumênico do Vaticano, 5 1O Arcebispos e Bispos de 78 países subscreveram uma petição na qual rogam, ao Vigário de Cristo que consagre ao Imaculado Coração o mundo todo, e de modo especial e explícito a Rússia e as demais nações dominadas pelo comunismo. ordenando que. em união com ele e no mesmo dia, o façam todos os Bispos do orbe católico. O documento foi apresentado pessoalmente ao Santo Padre Paulo V!, pelo Exmo. Revmo. Sr. Arcebispo de Diamantina, O. Geraldo de Prot nça Sigaud, cm audiência particular <lc 3 de fevereiro de 1964. A iniciativa da histórica petição fora daquele Prelado juntamente com S. Excia. Revma. o Sr. D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos (ver a íntegra do documento no n.0 159 de "Catolicismo", de março de 1964). Muitas outras comunicações celestes teve a Irmã Lúcia além das que foram divulgadas. t; o qu~ afirma expressamente o Pe. Ayrcs da Fonseca cm seu livro, à p. 350. Cabe-nos rezar com confiança parn que. sem mais demora, as partes ainda dcsconhc· <.:idas da Mensagem confiada aos vid..:nh.:s pos· sam ser comunicadas ao povo fiel, para maiot bem das almas, para a derrota da Revoluç~o e para a glorificação de Maria Santíssima.

s

s.igna css:i impQrlantc prontl!ssa de Nossa Senhorn. • 7) Memórias, IV, pp. 37-38. A revelação rcl:uiva ~10 lrnaculndo Coração de Maria foi chamadt,, cm 3l· g11ns relatórios, "o sctrtdo de junho'', Lúcia explicou que Nossa Senhora não lhes pediu segredo sobre esse ponlo. '·Mas 116s sr:ntíamos que Deus ll itso nos movia··. acrCS,ccntou :1 vidente. (Cf. Walsh, p. 66. Ver tamWm Ayres da Fonseca, p. 36).

• 8) O origin:11 inglês de Walsh diz "Nos.w. Scnhot3 do Rosário", tal como De M:m::hi. Na ed. cm 1><>rlu· guês daquele livro apnrcce, não sabenH>s por que razão, "Noss3 Senhora dos Prnzercs··.

• 9) Est3s três frases foram omitida~ ccrtnmente por h'tp$O, cm W!llsh, ed. cm pOrtugué..<, Elas. eons1um da cd. original em ingU:$.

• 10) \Valsh (p. 86) refe.re que "/"cim" /<1/ou la. :-cus p~is) 11q duejo de Nosso Srnhoro qu(' fosse o tt'r,;q t'('YJdo, 1odc>s os ,lfaJ', ~ 111 ,·,ufo JamUltl', Enlré· 1anto, a Onica referência que cneoniramos a c~sá piedosa prática, noo rehttOS das ;.\pariçõc-s, ! este conselho para o filho de Maria C:.rrcim, res.istrado por Pe Marchi, 1>, 9 1. e Ayres d:., Fonseca. p, 42.

• 11) De Marchi o n1i1t u fraS<.' ..,,o rehw,fo cltPio X/". Entretanto, consigna, cm apêndice, que., em dccl.truções prestadas em fevereiro de 1946 ao Montfortino holandês Pc. Jongen. a 1rm~ Llícia confirmara 1er ouvido Nossa Senhota pronunciar o nome de Pio XI, não sabtndo. na ocas.ião, :.e $C. trnt:w-a de um Pt1pa ou de um Rei. O original inglês de \Valsh J)ÕC. ::a frase 1..-omo a registramos aqui, Na cd. t 1n porlu\;ués. evidentemente pot un, lapso. upnrcee "no ,~imrdo tlt'

Ph> XII'', Para a lr-n\ã Lúci;\ ,,tio rcpresenla 1m1ior diÍicul· dade o foto de: se entender habitualmen1c que a g\lerra com«ou somente sob o pontific11do de Pio XII. Ob· serva ela que a :inexaç3o da Áustria - e. s,odcrfomos acrescentar, vários outros aoon1ecimcntos polhi(.'OS do fim do rei1\ado de Pio XI - ""ºº~tilucm auténticos prolcgõmcnos dn t,:onOagrnção, a qu.il se 1.'\>nfigurari:, inteiramente como tal ulgum lcmpo dc~>Ois (cí. cnlrr'· vis1a ao Pc. Jonge.n. cm De Mar""hi. p. 309). • 12) Lúcia julgou ver '"o gt11ndc sinal" na luz ex, tt3ordinári:1 - que os asttônomos tomaram cQmo uma aurora borol - que iluminou os c!us da Europ;, :-ta noite de 2S pata 26 de janeiro de 1938 (das 20h45 at~ 1h15, com breves intcrn,ité.ncias). Convencida de que :1 guerra mundial - que /ravú1 d~ sa lwrrfr('f. horrívt·f" - ia. deOag.r;;ir, redobrou de es(Ôrços ptu:1 obtt-r que se atende..~ aos pedidos qut- - como s.c verá n:,; parte IV lhe 1inhani sido comunicados. Escreveu uma curl:l dir'etamente ao Papn Pio XI, nes· se scn1ido. (Cí. De Marchi, p, 92: Walsh, pp, 179-18 1: Ayres da Fonseca, p. 45). 00

1.i111os:

• 4) OI! Marchi registra npcnns: P,a·gauírlo" .

o

Nossa Senhora chcgaS$C, ainda naquele ano. ao conheci.m ento do Papa Pio XI. o qual prometeu tomá-lo em consideração (cf. De Mar· chi. p. 311; Walsh, p. 198). Em 1933, por ordem de suas Superioras, a Irmã escreveu novamente ao Bispo de Leiria sobre o pedido, acrescentando as palavras que ouvira de Nosso S~nhor: "Como o Rei tia França, n<io a1endem os meus pedidos: o Sar,.. ro Padre ltâ tle consa,grar-Me a Rtíssia, mas será tau/e" ('11 ) (De Marchi, p. 312) . Em carta datada de 24 de outubro de 1940, Lúcia dirigiu-se diretamente ao Papa Pio XII. por orden1 de seus diretores c.spirituais, nos seguintes termos:

• 13) A vis5o do inferno e o anúncio de coisas fo. 11.iras que se lhe segue constituem as duas partes co, nheeL<las do sca.redo de Fátima, oomunic.ado aos vidcn, tcs durante a aparição de julho. A outro pnrte deste segredo ;ã foi e$Crita pela lrmã Lúcia e, conforme de• claração fü m:\dB. cm 18 de &gosto de 1964 pelo então BisPo de Leiri3• ..('std iras mãos da amoridade eclt',1idS1ico <<>mpete11te. Q41(l11do se.ró 1mblicada, se o /6r, rsso 111,:sma auloridad(' o 116 de du;dir, evitlen1,m1e,,. tr", "Catolicismo" estampou o fac-sími le dest:t declar3ç;io cm seu número 113, de maio de 196S. As palo.vras que rcprodu-1:imos aqui como cons, tituindo a.~ duas par tes divulg:.\das do segredo $âO co· piadas. pcl~ autores citados. dn. própri.1 hmi'i Lúci:\ (Memórios, Ili. p . 2, e IV, p. 39) . An1es d3 última aparição, interrogados Fr3ncisco e Jacinta pelo Cônego Dr. Manuel Nunes Formigão, da ~ Pa11ia.rcnl de Lisboa, sobre $C "o po,·o Jlca1111 trilfc se soubesse o ffgredo'', responderam: - ••f"i<a• , .• .. (d. De Mardli, pp, ISl,tS2: Wolsh, p. llt). • 14) Circulam formulações um t3nlo d i,·trS3s dcst3 jaçulalória, e 6 difícil c-stabclccer exa1amcnte qual ;a

nmis fiel. Pequenas diferenças ap:arcccm, às vezes, :116 num mesmo autor. A fotmulaç.:lo que rcgismtmos en· contra-~ em De Marchi, J). 96. e Gnlnmbà de 01iveit::i., p. 18, e é quase idênticn à u:in:scrita cm portugu~ por W:i.lsh, cd. cm inglês. r,. 197. como sendo forne cida pcl3 própria. ltm!1 Lúci": '•ó mc:u h-s11s, pér· ,1tx,l-11os e lfrr,,i,1tQS do /oRo du i11/~r,10. t;:i·"i tt.l' ,,1, mi11hu1 ti/das pm11 <> Céu, pri11ci1H1fou:11tc· ,,quel,,s qur mais pr~cimrem". O que patece certo é que 0$ videntes. a.o rez.-ircm n. j:1cufotórin. entendiam-nu aplicada aos occ~dorcs, para pedir-lhe.-. n s11lvaçào, e n:io propriamente à.< álmas do Purg,a1ório. Por isso. :1 fótmufo ..ó m~u Jesus. pcrdQtli•nt>s, lfrra[-11(}.,' ,lo Jogo tio 111/c•m<J, lfrrai [ou aliviai) tts <1/mas ,lo P11rgt116riQ, 1,ri11cipat,mmte as m"is abondomulál''. é fornl31mente rccuS,Rda p,tlo:S di• versos :-tutores, O emprego do diminutivv .."lmi11/wl' é um pro• vi1lci::inismo porrnguê-s. ra:r.5o pela qu,1l se costuma rcci1ar n jacul:u6ri:t uS:lndo essà palavr:_ , n:l forma nor.. mal. • 1~) As.-.all~"dos, ;1pós esta apnrição, por pergt1nt:i.s ~bre o que No~;, Scnhor3 teria dito, os vidcmcs anu r,ci31't'lm que se trat:tva de segredo. - ··nom 011 mau?", insis.tirnnl os interlocutores. - ..Dom pma uns, mutt para <Jttlrt,s'', respcndet.lm :,s crianças (d. De Marchi, p. 94; Walsh. ed. em inglês. p. 84: a ed. em ponu.guês omi1iu este diálogo). O castigo p~cdilo na apatiç;\o de julho teri:'I. con, sistido n:.1 guerra de 1939-19457 A análise do texto parece levar à conc.lus!'io de que. :.1 scgund,, guerra mund ial ,,ão (oj senão o início ou ves1íbulo do grande. castigo. Ot- fato. Nossa Senhora anuncia que .. ,·ó;i11s 1111· çcJc:s s(rão twiqui/ados". Oro, várias nações fort'lm du· ramcn1e punidas durante à gucrr.t e depois dei:>, m :\..~ 1,âo se pode dizer que 1enh3m sido aniquiladas. Por outro lado, n Irmã Lúcia, cm entrevista que concedeu 3. \Va'$h, j5 depois de terminndn a confln, grnçào ( IS de. julho de 1946), obser,•ou: ·•se isto Jor Jc/10 la con53graç5o da Rússia), Ela la San1íssin\;;i Virgem) (:cJ1n•rr1rrd a R1íssia, ~ l1m·t'rd po-:,. Sr "'io, us ~rr<>s do R1íssM sr provagorào por 10do,r tu 1u1í,1~J· do nw,,do". ··Na .1m1 opi11ião, perguntou Walsh, is10 signi• /irn qu~ unloJ' os pabcs, sem <'XC4'Çiín, saão conquis-

tados pelo comu11ismo?"

-

inglês.

"Sim", respondeu " vidcn1e (Walsh. cd. c:m p, 226).

O,a, a exp;m são do comunismo e a sun difusão

ideológica por todo o mundo começaram majs defini· dnmc:n1c com o fim da guerr:t. Assim, deve-se pc:ns:.,r que o cnstigo anuncfado pela Mãe de Oeus csiá just3mer'lte cm <:urso. Finalmen1e, se. o castiQo j~ tivesse 1,assa.do, dever• •SC•ia tan1~m ter cumprido a parte da mc::ns.agem que füta da vitóri:> de M3ria Santíssima e da ins1auração de seu Reino. claramente indicadas pcl:\~ pnlnvrns: ··Por fim o meu Imaculado Coração tt/1111/ard", Ora, is10 é justamente o que menos se pode dizer que 1cnh;1 ocorrido. Por ludo isto, parece-nos que os terríveis sofri· mcntos da segunda guerra mundial não devem :,.cr considerados senão como prolegõmenos dos castigo.~ anunciados por N0$$3 Scnhor3 e que ainda estão por se completar. • 16) Há alguma dúvida sobre csrn data. l..úcia não se lembrn no certo, mas acha que foi neste dia. Com:> em outra nl\l"ração ela d iz que voltou de Ourém no dia 16, v:hio!> nu1orcs opl:linm pela d:ua de 19 de agosto, correspondente ao domingo subsc,qüenle, r,ois 3 vidente $C rceord:1va. de que ertt. um dia de pre,ccilO. Ga'ambn. de Oliveirtt. (p, 8"3) pte(ere a data indic.:1da pela própria Irmã Lúcia, e que tegjsiramos aqui. • 17) Termo corrente na região p:ua design.1r Vil3 Nova de Our~m. outrora aldeia..

• 18) Wa1sh niio registrn a ob~rv~,ç5o de Nossa Senhora de que o mi1n&rc seria menos grandioso dt.vido à intervenção do Administrador de Ouréin. As três úhima.s ír3$CS-, Wnlsh ilS coloc:, n::i. quinta 1,1parição. onde De Marchi as repete.

• 19) A ed . cm portugul:s de Walsh põe ··Nossa Senhora dos Prnicres". A cd. otigin::il em inglês f.lfa cm ··Nossa Scnhor!'I do Ros..'irio'', •

20) Oc Matchi coloc:a e.si:,. último. frase n;1 quin1~,

ap.-irição. • 21) As críonças tinham passado a usar como cilí• cio um p<:d3ÇO de corda grossa, que n5o 1irnvam nem par:i dom1ir. Isto lh-es irnpedi:1 muitas vezes o .sono, e p;1.ssavnm noilcs inteiras em clnro. O:ií o clotio e a rccomcndaç.5,o de Nossa Senhora. • 22) De Marchi é o único à rc~istr3r & óltimn pergunta de Lúcia e :'I. correspondente rcspost:.i de Nl>S:t.:., Senhora. H6 ouiras pequenas discrcp5ncias entre O> diversos :rn1ores no q ue se reíere oo dcsenvo1vimcu10 do colóquio, nesta 3J>ariç:.'io. 23) Tt'lmbém aqui a cd. cm portus_:uês de W~lsh d;z "'Senhorn dos Pmz.cte.f', embora :t ed. orig_innl í:Jtc cm ".SCn1tora do Rosário'", como os outro:; autores. •

• 24) A'ft. 1rê.~ 6Wmas rra.se,:;, figuram :,penas cm De M\lrchi.

• '25) Walsh diz: "Q.uast 101/os lrãQ pCtra o in/t'mQ", Ayrc..'> da Fonseca (p. 162) rcgis.tm :\firm:u;ão parecida: "I ... J e ~·ai qu,zst ioda 1mra o i11/rmo", • 26) Em ju'ho de 1919, J ncinrn for-:a levacfa p,u·a o Hospirnl de Vila Nova de Ourém. ficando ali doi:mescs. • 27) Alguns :\Ulores dizem npenas Ir mã M:ui:l do Coração Jmacul:.,,do. • 28) Hã pequenas disctep:'rnei:1s cn11e os nutore;,; c:i1ados, Tomamos a ci1aç!\o de Ayrcs da Fo~c..i. qut· parC(."C ter rcprodu?.ido as próprias 1>:al:lvms com qu..3 lm1ã Lúcia descreveu :-i re,•chu;ãó.

• 2~) Ayrcs dn Fonscco dá .i. d ;1l:l de IS de ÍC\'C· reiro de 1926. F.1zcnd:-i e l)ç Mar'chi, ed. cm inS,lê.,;, dão IS de dt:!t•mbro de 1926. Oc\'c, pon:1n10, 1cr ha,•ido um engano do s,rimdro áUtOr', • 30) De Marchi, 1>, 77, dá uma versão um 1>ou"tl diícrcnte: - ·•Minha jii111J, c•.rcr.:11~ <J (/li(' ó c<m/r.,·s.or mondou; e.' fcrcw! 1<11nblm ludo a<11lil<> que II Vitt:1•m .'io111ísslmo 1e re"'°'º" nas aparit.:Ms ~ qutt /t1la d11 ,lt·, .,,c,1<1 ao .1e11 Jmacul<Ulo Coraçiit>, Q11,mt1J uo r't'.m, ,fo segred(). conlimw a oc11/1tf./1J".

• 31) Alus~o à promessa de Nosso Senhor a LuiS, XIV, por intem1édio de Santn Marg;iritla Muri:'l Ala· coque, de dar-lhe n vida da iraça e ~ ~lória i:1crm,, bem como a vi16rin sobre todos os inimigos, S\' o Rei .se con~srtt(l:S,C no $agrado Coração e O fize., ~· rein:uem seu palácio, pintar em seus cs1:md:.utes e gu" ·nr cm su.i-" armas. O pedido que o Sçnhor ns:sim formul:\ra aindn m·,~ fo ra :ucndido qu::ando, cm 1792, prisioneiro na Torre do Templo, Luis XVI fez o voto de consairar sôlt· nemente :\O Coração de Jesus sua própria pcSS,0,1. su:1 Famíli:l e seu reino, se recobra.,;sc a liberdade. a w ton e o poder real. J6 era tatde: o ltei só saiu da pris;"co p:Jr'tl ,, patíbulo.

32) A frase: ..< ordemu

que, ,•m mtitiu t,'(JUI Vosstt

Samidndl: e uo mesmo tempo. a /11ç(1m (Qt/QJ• os 8 is• pos ,lo mmulo" consrn. de uma c6pi3 dc-,,:-.:1 c::in~ que

obtivemOS, de ton1e idônea. F~!ia frase oonfc.re com :is ded:uaçóes da vidente ao Pc. Jongi:11, cm 1946. que De Marchi re1>nxlu1. na p, 312. Entretanto, Gahunb;1 de Oliveira não a rcti$trn.

7


*

ATUAL, MAIS DO QUE NUNCA, A ATUAÇÃO DA TFP

Aspectos da solenidade: junto ao oratório, D . Antonio de Castro Mayer, o Príncipe D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança , seus F ilhos O. Luís e O . Bertrand, e o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, em baixo: parte do público presente.

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Levanto uma preliminar. Se- tentes, ele renasceria com a mesma gundo parece, os que for.mulam esta força. Um incêndio não pode ser tido pergunta entendem por subversão tão somente o terrorismo. Pois é só como extinto enquanto dele restam deste que se pode imaginar que es- focos que, mercê de alguma inadteja mais ou menos extinto no vertência, podem voltar a propagar-se indefinida mente . . . Brasil. A ser assim, faço notar que a subversão pouco tem que ver com a TFP. A repressão ao terrorismo é Entretanto, o de que sobretudo fundamentalmente prerrogativa do d iscrepo é a confusão entre violênPo_d er Público. Os fatos provam, cia e subversão, implícita na peraliás, que ele está dotado de todos gunta a que venho dando resposta_. Nem toda violência é subversão. os meios para tal. E não precisa do concurso da TFP, como de nen.hu- Nem toda subversão é violência. O crime de homicídio é essenma Ou\fa e ntidade privada. De seu lado, a TFP é uma so- cialmente um a to de violência. Pociedade cívica de caráter apolítico rém ele pode não ter caráter sub· e extrapartidário, a qual, tendo em versivo. E o que se dá quando um vista a ofensiva desfechada pelo so- homem mata outro, digamos por motivo de jogo. A nota subversiva cialismo e pelo comunismo para só está presente no homicídio quanextinguir o que resta da civilização . • contra-ataca oo pano 1 .ideo-1 ' do o movei do crime foi a alteração crosta, ' :la ordem política, social ou econôlógico e social, desmascarando os mica vigente. ê o caso por erros doutrinários dessas correntes, ex~mplo - de um . terrorista que dando especial ênfase à apolÓgia da . mata um militar · pára atacar um trad ição, da família e da proprie· quartel. dade. - Então, que é subversão? Note-se que nossa atuação se Ê todo a to violento para mudar o desenvolve, pois, num plano que /'egime vigente, sem dúvida. - Mas nada tem que ver com o terror. é só isto? - Em o utros termos, se alEstá na essência deste a violência material. Só uma repressão mate- guém usasse de meios não violenrial o pode desarticular e derrotar. tos, de meios até mesmo legais, E para este tipo de atividade esta- · para alterar o regime vigente, seria mos inteiramente desaparelhados. subversivo? Na França ou na ItáNaturalmente, aliás, pois como aca- • lia, por exe mplo, onde a lei ptrmite o funcionamento do PC, este bo de dizer, tal não é nosso fim. Sem dúvida, nossa atuação idco-, pode ser tido· por subversivo? Depende. Se por subversivo se lógica e social prejudica o terror r.a ~ntende só o que a lei declara tal, níedida e nt que, atacando o comuentão obviamente os PCs francês e nismo, e apontando o que há de italiano não o são. censurável na violência, cria obstáMas a palavra usubversivo,., culos ideológicos a que o terror seja além desta dimensão, que lhe dá a visto com simpatia por certos setécnica jurídica contemporânea, tores da população, e recrute adep- tem outra, filosófica e religiosa. E, tos. segundo esta, os PCs italiano e Por isto, o terror não gosta da francês são subversivos. TFP. Provou-o, à saciedade, a O sentido de "subversão" é bomba que ele fez explodir em • correlato com o de "ordem''. Se ordem é apenas a disposição nossa sede central na madrugada das coisas segundo as leis feitas pedo d ia 20 de junho de 1969. Mas este subsídio ideológico, los homens, o regime comunista ou que assim prestamos - e com socialista pode ser ordem. Basta quanta alma - à luta contra o ter· que se1a imposto pelas leis humaror, se situa em campo distinto da nas. Mas, a se pensar assim, justiação especificamente antiterrorista. ficar-se-iam muitos dos maiores crimes registrados pela História: as ••• pers.eguições aos cristãos do ImpéDe _pass>1gem, faço reservas à rio Romano, a imolação das crianafirmação de que o terror está qua- ças cartaginesas em holocausto a se extinto e fora de combate entre Moloch, a incineração das viúvas nós. E ,patente que ele está menos na !ndia, ou, em nossos dias, as ativo. Mas creio que por pouco que a trocidades cometidas nas prisões e se descuidassem os poderes compe- campos de concentração nazistas

•••

8

M ECLESIASTICO de alto nível recomendou-me q ue escrevesse ou comunistas. Pois todos estes atos

um artigo esclarecendo a seguinte questão: se a subversão está virtualmente extinta no Brasil, do que serve ainda a TFP? Bem entendido, o referido eclesiástico não tem a menor dúvida a este respeito. Mas - observa ele- - há quem levante a pergunta, de sorte que um esclarecimento se torna oportuno. Atendo de bom grado à autorizada sugestão.

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foram praticados pela autoridade pública com f.undamento e m leis vigentes. Mas é e vidente que isto não é confC<me à ordem, e que todos estes atos foram criminosos. - Por q ue?

.•' •

Porque Deus existe, e é o supremo Senho.r de tudo. Deus instituiu uma ordem natural condensada nos Dez Mandamentos por Ele mesmo revelados. E, assim, não é lícito a nenhum Estado mandar ou permitir (não digo "tolerar", note-se) o que Deus proibiu. Nem proibir fazer o que Deus mandou. Nesta perspectiva, que é necessariamente a de todo católico, ordem é acima de tudo a conformidade de todos - do Estado e da sociedade inclusive - com a lei de Deus. Ora, o regime comunista é, por definição, a disposição do Estado e da sociedade de modo exatamente contrário ao que Deus mandou. Ele subverte toda a ordem querida por Deus. Logo, comunismo é subversão. E subversão por excelência. . E isto, quer ele se implante pelas armas, como em Cuba, quer se estabeleça pelas eleições, como no Chile. A subversão por excelência pode, portanto, não ser violenta. De tal maneira são d istintos os conceitos de subversão 'e de violência. Neste sentido \- observe-se não é SÓ O regime comunista que é subversivo, mas também o socia· lista, na medida em que este se inspira nas máximas daquele, e com ~le se parece. E isto porque um regime a que seja inerente a mutilação da família e da propriedade - instituições consagradas pelo Decálogo - é tanto mais subversivo quanto mais graves forem essas mutilações. Subversivo no plano filosófico e religioso. Pois subverte o Reino de Cristo na terra.

• • * Digo isto de passagem, para chegar à conclusão. O marxismo, enquanto corrente ideológica que, por meios pacíficos, tente implantar o regime comunista, é intrinsecamente subversivo, pelo menos no plano filosófico e religioso. - Quem ousaria afirmar que o Brasil de nossos e.tias não está às voltas com o proselitismo doutrinário comunista? Qual, aliás, o país hodierno que, em medida maior ou menor, não está no mesmo caso? Logo, continua atual, mais do que nunca, a ação da TFP.

Plinio Corrêa de Oliveira

Rezando pelo Brasil no Sesquicentenário NO DlA 7 OE setembro, associando-se às comemorações do Sesquicentenário da lndependência, a TFP promoveu orações especiais pelo Brasil junto ao seu oratório de Nossa Senhora da Conceição, Vírima dos 1erroristas, cm São Paulo.

O ato, que se reves1iu de solenidade, começou às 19 horas com o canto do Hino Nacional pelos sócios e militantes da entidade. Em seguida, os alto-falantes instalados no local transmitiram este comunicado:

"A. Sociedade Brasileira de Defe~ll tia Tradlçâo, Família e Propriedade tem a alegria de registrar a presença neste ato de três descendentes tio Proclamador da Independência nacional. São eles Sua Alteza Imperial e Real o Príncipe D. Pedro He11rique tle 01'/eans e Braga11ça. Chefe do ramo brasileiro da Casa tle Bragança e inclito amigo da 1'FP. bem como seus Filhos. Suas Altezas fmperiais e

Reat"s os Príncipes D. Luís e D. Bertrand de Orleans e Bragança. valorosos e desracatlos colaboradores da TPP. A co11vi1e tio Chefe de Estado, General ErniHo Garrastazu A,fédici, Suas Altezas participara,n da i11wnação tios tlespojos m orwis do primeiro J,nperadoy brasileiro no Mo11ume1110 do /pir<mga~ bem como das brilhantes celebrações do Sesquicentenário. A TFP registra com simpatia o caráter pro/untlamente tratliciona/ que o Governo Médici soube dar ,is so/enich1des do Sesquicententirio. Valeu

isro ao Chefe ,le Estado o aplauso de todos os brasileiros que a.fpirrun por

um desenvolvimento na continuidade <las 11ossas tradições".

O locutor foi interrompido por palmas calorosas ao pronunciar o nome dos Príncipes, bem como ao rc:fc-

TFP, representantes das colônias do naçõe$ sob o jugo comunista e convidados. O oratório de Nossa Senhora da Conceição achava-se ricamente orna ..

mentado com flores enviadas pelos sempre mais numerosos devotos da

imagem ali venerada. De cada lado do grande estandarte da TFP çolocado na fachada do edifício, pendia uma fita verde-amarela. Fitas idênticas se viam nas dezenas de estandartes da entidade arvorados por jo-

vens sócios e colaboradores desta. À recitação do terçp seguiu-se a

da ladainha de Nossa Senhora e da prece para o Sesquicentenário composta pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. que transcrevemos cm nossa

última edição. Cantado por todos o conhecido hino ''Viva a Mãe de Deus e nossa'',

o brado "Pelo- Brasil: Tradição! Família! Propriedade! - Brasil! Brasil! Brasil!"' marcou o fim do ato religioso e patriótico. Antes de se dispersar, a assistência acolheu com unânime salva de

palmas os agradecimentos da TFP, externados através dos alto-falantes. ao Exmo. Revmo. Sr. O. Antonio de Castro Mayir, HBispo de .santa e brilhante nomeml-J cm nosso País e fora tlele. cuja presença e cujas preces to1110 <!,tplendor e mérito conferiram a esta comemoração do Sesquicer,tenório''.

Por determinação do Pro-f. Plinio Corrêa de Oliveira, cm todas as sedes da TFP em São Paulo o estandarte social foi hasteado, nesse dia, com duas fitas verde-amarelas.

Em Belo- Horizonte e Fortole:i:o

rir-se ao caráter tradicional da.do pelo Governo às comemorações da Inde-

As Secções de Minas Gerais e do Ceará da Sociedade Brasileira de Defesa da T radição, Família e Proprie-

pendência.

dade levaram a efeito cerimônias

O Coro São Pio X. ~a TFP, entoou depois uma "Ave Maria'" de autor anônimo do século XI, e o Exmo. Revmo. Sr. Bispo de Campos. O. Antonio de Castro Mayer. que presi-

análogas cm seus oratórios de Nossa Senhora Aparecida e de Nossa &. nhora de Fátima, respectivamen1e. em Belo Horizonte e cm Fortaleza. Também naquelas -duas capitais íoi grande o número de devotos da Mãe de Deus que se uniu à TFP em suas oraç&s pela Pátria cm data de tanto significado para todos os brasileiros.

dia a cerimônia, deu início à recira-

ção do ttrço, sendo acompanhado por 1odos os presentes, entre os quais se destacavam, além dos Príncipes, centenas de sócios e militantes da


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ll 0IIU!'l'Olt: MONS. ANTONIO RIBEIRO 00

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Lourdes é, há mais de um século, o lugar sagrado onde o sobrenatural se manifesta de modo paiOU r es, On e O éU toca a terra pável. Multidõe s acorrem numerosas ao sítio das aparições da Virgem Imaculada à humilde Bernadette, em busca d e alívio para os males do corpo e da alma, Ali o milagre ronda os peregrinos humildes e confiantes, na gruta de Massable lle, na piscina das lmersões, durante a bênção dos doentes, desafiando a ciência e derrotando a Incredulidade. Esta, não podendo negar a evidência dos fatos extraordinários que se passam em Lourdes, procura lançar sobre eles o véu do silêncio, Assim é que curas Impressionantes como a de Serge Perrln, verificada em 1970, não encontram na grande imprensa a ressonância que seria d e se esperar. Por esta razão, traduzimos para nossos feitores o Impressionante r e lato d essa cura, feito pelo Diretor do Bureau de Imprensa de Lourdes, que se serve do depoimento do pró prio beneficiado; foi ele publicado na edição em francês do "Osse rvatore Romano", em 1 8 de agasto deste ano. Ainda não se pode, neste caso, fala r oficialmente de milagre, pois falta por ora o pronunciamento da Autoridade Eclesiástica; por Isso o articulista e mprega sempre as palavras " milagre" e "miraculado" entre aspas. - As fotos desta página Ilustram bem o ambiente de piedade e confiança que faz de Lourdes o lugar onde o Céu toca a terra.

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N .º

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263

NOVEMBRO

DE

1 9 7 ·2

ANO

X X 11 CrS 1,50


Perfeita, instantânea e durável

MAIS UMA CURA RECONHECIDA PELO BUR EAU MÉDICO DE LOURDES SR. SERGE PERRIN sofria, desde os primeiros dias de dezembro de 1968, de uma doença que punha sua vida em perigo, uma doença constatada com precisão e certeza. Já de nada adiantavam os remédios, e após dezesseis meses não havia perspectiva alguma de melhora. Na manhã de 1.0 de maio de 1970, no próprio dia marcado para o regresso da peregrinação do Anjou, da qual fazia parte, durante a cerimônia da Bênção dos Enfermos sentiu ele os primeiros sinais de uma cura violenta e imprevisível. Essas manifes- . taçôes foram evidentes para os que o acompanharam de perto nas horas seguintes ... as horas que precediam sua partida. Foram, pois, constatadas de modo certo, mas fora das normas habituais, pelo Dr. Emile Sourice, de Lion-d' Angers, médico ao mesmo tempo da peregrinação e desse doente. Um exame clínico e outros altamente especializados, aos quais Perrin já se havia submetido durante sua doença, revelaram nos dias subseqüentes que todas as perturbaçôes, todas as deficiências sensitivo-motoras, sensoriais, haviam desaparecido. Isto foi notado pela coletividade médica do Anjou a partir de 15 de maio, e sobretudo pelo Prof. Pecker, titular da cadeira de . clínica neuro-cirúrgica da Faculdade de Rennes. Serge Perrin compareceu posteriormente, por três vezes, ante o B11reau Médica/ de Lourdes: por ocasião do Rosário de 1970 (presentes oitenta médicos), a 13 de maio de 1971 ( treze médicos) e no Rosário de 1971 ( sessenta médicos) . Finalmente, em 4 de maio de 1972, o Bureau Médica/ p6de constatar uma vez mais q ue essa cura era durável e que o inte-

O

ressado não m.ais apresentava nenhum sinal da moléstia anterior. Por essa razão, '

- diante de um caso perfeitamente estudado de estenose ( ou trombose) carotidiana, esquerda de início, depois bilateral, - com um síndrome de hemiplegia alterno ótic'o-piramidal direito, depois esquerdo; - com manifestações oculares de 4ipa: perda da visão, retração concêntrica dos campos visuais e diminuição da tensão da artéria retiniana dos dois lados; - com eclipses cerebrais cada vez mais freqüentes, de dois a quatro por dia; - e também diante desta evolução que permitia evocar uma cura perfeita, instantânea e durável: O Bureau Médico de Lourdes decidiu no mesmo dia, pela unanimidade dos 21 médicos presentes, considerar esta cura como verificada e certa. O dossier será submetido à apreciação do Comité Médico Internacional.

Quem é Serge Pe rrin? Circunstâncias felizes permitem-nos acrescentar a esta constatação de cura, de uma nitidez clínica perfeita, as sensações e os sentimentos do próprio "miraculado". A 8 de outubro do ano passado, durante a peregrinação do Rosário, um homem ainda jovem e vivaz apresentou-se no Bureau de Imprensa dizendo: "Eu sou um 111iracu/ado de Lourdes, e gostaria de con1ar-lhes com o fui curado", Era Serge Perrin. E então, com toda a simplicidade, em linguagem de profano, mas com a emoção que se .p ode imaginar, ele narrou as etapas de sua enfermi-

Nos anais do Legislativo bahiano a ''Prece no Sesquicentenário'' A ASSEMBLEIA Legislativa da Bahia aprovou um expressivo voto de louvor ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira pela sua Prece 110 Sesquice11tenário, fazendo inserir nos anais o texto desta. A moção, de autoria do Deputado Manoelito Teixeira, tem o seguinte teor: "No insta11te en• que cheganws às culmi11âncias das comemorações do Sesq11icentenário de 11ossa lndeve11dê11cia, quando todo o Brasil se curva dia11te de seus maiores, a Assembléia legislativa da Bahia, já solidária com o evento em ma11ifestações outras, o faz agora, louvando-se na Prece no Sesqui-

centenário do Prof, PIÍllio Corrêa de Oliveira, Presidente do Co11Selho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Fa,nília e Propriedade, i1,svirador do gra11de combate à subversão e, vor isso mes,110, sentinela avançada do ime11so legado do povo brasileiro, ou seja, a Fé e o verde-amarelo de sua bandeira. A esse gra11de vensador e destemid-0 lutad9r, os avtausos da Bahia através de sua Asse111bléia Legislativa que vor intermédio desta moção faz i11serir nos seus Anais a sua Prece 110 Sesquicentenário". Reproduzimos o texto dessa prece cm nossa edição de setembro último.

Bispos aplaudem Comissão Médica do TFP OS ARCEBISPOS de Campinas e Cuiabá e o Bispo de Petrópolis aplaudiram a Comissão Médica da Sociedade Brasileira de Defesa da T radição, Família e Propriedade pelo memorial contra o aborto, recentemente enviado ao Ministro da Justiça. Proclamando que "todo aborto direto voluntário. qualquer que seja seu 1,wtivo, deve ser condenado como crime'' e que "o aborto é, ao mesmo te111po, causa e efeito da desagregação moral e da e,orruf)Ção dos cost11mes", os médicos da TFP - como foi noticiado - pedem sua con>pleta proscrição da legislação brasileira.

Adesão Em carta ao Presidente da Comissão, Sr. Antônio Rodrigues Ferreira, o Exrno. Arcebispo de Campinas, D. Antônio Maria Alves 2

de Siqueira, afirmou: "Some11te pOS'SO aderir, co,11 toda a veemência, às conclusões do esplê11dido memorial, felicita11do os seus autores, e deseja11do. de todo o coração o êxito total desta necessária inJervenção" O Arcebispo de Cuiabá, Exmo. Sr. D. Orlando Chaves, aplaudiu o "elevado e corajos·o memorial" e acentuou: "Cc,110 Bisvo da Santa Igreja só posso faier minhas as magistrais vo11derações de Pio X 11 de sa11ta e saudosa n1emória e endossar tudo qua11to vai

escrito no 11,e,noria/". S. Excia. o Bispo de Petrópolis, D. Manoel Pedro da Cunha Cinira, afirmou por s ua vez: Foi uma satisfação vara 111itn tomar conheciniento da criteriosa e be,n redigida exposição de motivos encaminhada (W Gover110 pela distinta Con,íssão M édica da TFP, da qual o Sr. é digníssimo preside11te".

dadc, o veredic-to inexorável dos médicos, e sua cura totalmente inesperada. Serge Perrin nasceu a 13 de fevereiro de 1929 em Hennebont (Morbihan); mora atualmente em Lion·d'Angers (Maine-et-Loire). Casado, pai de três filhos, exercia a profissão de contador, quando caíu subitamente enfermo. No dia 2 de dezembro de 1968, conta ele, foi atacado de uma estenose carotidiana que os médicos de Angers e,' depois, de Rennes julgaram da mais extrema gravidade. "O auxílio de qualquer 111edicaçü<> mostrava-se imítil", precisa aliás a nota do Dr. Mangiapan. "Não havia nenhuma vers1,ectiva de 111elhora, até veto co11trário". De fato, o paciente ficou logo paralítico das pernas, depois da bacia . . . Perrin veio uma primeira vez a Lourdes como doente, em maio de 1969, com a peregrinação do Anjou . Seu estado continuava a se agravar. Em n\Cados de junho foi acometido de síncopes, com a duração de 15 a 20 minutos; de novembro de 1969 a fins de abril de 1970, sofreu oitenta e quatro síncopes. A própria visão decaía cada vez mais; em janeiro de 1970 o olho esquerdo ficou inerte. A peregrinação do Anjou consentiu em levá-lo uma segunda vez a Lourdes, de 26 de abril a 1.O de maio de 1970. Durante os primeiros dias, nada! A noite de 30 de abril para 1.0 de maio foi marcada por um estado comatoso: tudo ,parecia terminado. De manhã, contudo, o doente pediu para assistir às cerimônias da Bênção dos Enfermos, que reunia, ademais, peregrinos de Rennes e de Lavai. Levaram-no numa maca; a cerimônia e ra na igreja de São Pio X. Ele a assistiu num estado "mais ou me11os co11scie11te".

Mas no momento da Bênção, parece-lhe (é sempre o "miraculado'' quem conta) que seus ouvidos se destapam, e ele distingue nitidamente as palavras do cântico "Lembra-te de Jesus Cristo". Depois, sente ,nos dois artelhos um calor insólito que lhe invade progressivamente os pés, depois os tornozelos. Ele sente urna espécie de formigamento que o faz remexer-se, atraindo a atenção de sua mulher. Perrin não pode deixar de dizer a esta que tem o pressentimento de sua cura ... A esposa o acalma e depois se afasta. Durante sua ausência, o doente se descobre e vê seu tornozelo direito inflamado. Mas o calor continua a lhe subir às pernas. Um momento depois, ele se descobre de novo : o tornozelo está normal.

"Senhor! Que eu a nde!" Reconduzido ao Abrigo de Nossa Senhora, onde estava alojado, ele se levanta de sua maca sem ajuda de ninguém, e se instala numa cadeira de rodas para ir até o quarto. Lá chegando, pede para ir ao toilette. Levanta-se sozinho e vai "se1n be11gala", atravessando um grande aposento onde trabalhavam duas enfermeiras, uma Irmã e o Capelão da peregrinação. Este último, que era da cidade de Perrin e conhecia bem seu estado, fica espantado. A rrmã o autoriza a ir almoçar no refeitório, mas de maca. ·• Na volta ele deseja ir novamente ao to ilette, sem apoio. Uma enfermeira vem dar-lhe o braço mas, observa maliciosamente o Sr. Perrin, ele ia mais depressa do que e)a ... Enquanto isso a Trmã l iavia chamado o médico de plantão. Às 14 horas este ainda não tinha vindo. Então Serge Perrin desceu ele mesmo para chamar o doutor, que não era outro senão o seu próprio médico, o Dr. Emile Sourice, de Angers, o qual "11üo compree11de imediatame11te o que se f)USsa", diz o "miraculado".

"Senhor! Que eu veja!" Era hora de despedir-se da Virgem: os padioleiros transpartaram-no com outros doentes, à gruta primeiro, depois à esplanada do Rosário junto ao Gave-. Lá, aproveitando um momento em que sua mulher e

sua filha se afastam, Perrin cobre o olho direito para experimentar o outro, perdido desde janeiro de 1970. Maravilha! Ele pode ler distinta~ntc as placas postas do outro lado da esplanada. Ele anda, ele vê: ele está curado, totalmente curado. Não vai mais longe na análise dos sinais de sua cura, isto caberá aos médicos.

Vo lta à vida normal Levado à estação e colocado no vagão-enfermaria, Serge Perrin sobe sozinho, como uma pessoa sã, ao leito supcrio.., para espanto dos médicos e das enfermeiras do vagão, que se juntam ao seu redor. Ele sente ter voltado ao normal : desce do leito, percorre o trem i, procura de sua mulher e de sua filha que se tinham demorado na plataforma. E todo mundo o interrogava, se admirava e agrade.eia a Deus . . . Os doentes sobretudo. A cada estação, os que desciam desejavam, todos, dizer-lhe um adeus especial: " P<1ra nós, dizia1n, é uma grtuule alegria que Deus te11ha escolhido alguén, de 110.l'S/I 11eregri11ação, do nosso trem . . . isso 110s dará força vara suportar os sofrimentos". E eu, conclui Pcrrin, cu que recuperei plenamente a saúde! Como agradecer a Deus e a Nossa Senhora por me haverem tão maravilhosamente restituído à vida normal! Esse foi o relato de Serge Perrin, simples, sincero, comovente.

Um veredicto unânime Entretanto, o que mais conta ,para se poder falar de verdadeira cura é o parecer dos médicos. "Nas horas que se seg11iram" o médico da peregrinação, que era também o médico do doente, "co11sra1ou de mo,lo certo" e consignou, se bem que fora das normas habituais, as diversas rnanifestaçôes de uma cura "violenta e imvrevisíve/", Quinze dias depois, o conjunto dos médicos do Anjou, reunidos cm torno do Prof. Pecker, titular da cadeira de c línica neuro-cirúrgica da Fuculdade de Rennes, estabelecia que "todas as deficiê11cias se11sitivo-motoras, se11soriais, haviam desapC1recido", Depois do terceiro exame pelo Bureau Médica/ de Lourdes, o Dr. Olivieri, então presidente do órgão, escrevia no "Bulletin de l'Association Médicale Internationale de Lourdes", n. 0 155- 156, página 8: "Tor11amos a ver o Sr. Perri11, , . A cura se mantém com tO<las as suas características. A situação ai11tú, não est<Í resolvida do ponto de vista da Previdência Social, mas podemt>., considerú-lo curado". Pormenor divertido a respeito da Previdência Social. Nove meses depois do começo de sua doença, Serge Perrin tinha sido inscrito como "inválido incurável", com uma pensão de 100%. A coisa sendo certa, e não estando o milagre previsto nos regulamentos. ele con1inua a ser considerado como tal, apesar de suas reclamações. E não é impossível que um dia lhe reclamem as contribuiçôes atrasadas ... Agora dois anos são passados; o Bureau Médico de Lourdes é formal : como conclusão de um quarto exame, declara q ue esta "cura perfei1<1, i11sta11tâ11ea e durável" . .. deve ser considerada como "verificada e certa". Resta apenas esperar as conclusões do Comité Médico Internacional, ao qual o caso vai ser apresentado. Somente então, se sua decisão for afirmativa, será constituído pelo Bispo da Diocese do doente a Comissão Canônica encarregada de julgar se o conjunto das circunstâncias que condicionam esta cura, "medica11,e11te i11exvlicável", permite atribuir-lhe uma causa sobrenatural. Só então se poderá falar abertamente, não mais de ,·ura, mas de milagre. P. RAMOND

Diretor do Bureau de Imprensa Lourdes, 1S de maio de 1972.


P l'i n i o

.C o rrêa

de

Oliveira

NFELIZMENTE NÃO fornm muito claras as . notícias dadas pela im · prensa diária sobre recente- debate na ONU. Mas. cm sínt'ese. parece

cori10 manter-se senão pela violência, necessite

tratar•se do seguinre: a) como se sabe. utili1...ando os ~atélites para a

violência. A chamada União Soviética irá sendo cada vez. mais

transmissão de matérias televisionadas. pode um Estado fazer chegar

sombria, um inferno em vida.

noticiários ou comentá.rios a qualquer parte da terra. E não cxis1cm meios

técnicos para que outro país se defenda conrru a transmissão; b) a Rússia propôs aos demais participantes das Nações Unidos uma regulamentação internacional do uso dos satélites para efeitos de TV. Pois do contrário ela destruiria o satélite, para impedir que servisse de ins1rumen10 de propaganda ideológica anticomunista cm território dela . Este gesto. diga-se de passagem . não porá mal à vontade os filocomunislas, que apregoam por todo o mundo a necessidade de derrubar as barreiras ideológicas. À vista dessa atitude insólita do Crcmlim, os 'EUA prolcsraram, defendendo o princípio da liberdade rotai das comunicações. E o assunto. depois de percorrer as comissões compe1en1es, irá ter no plenário da ONU.

Está na natureza das coisas que a camarilha .no . podcr . . não lendo. então cada vez mais apoiar-se na uma prisão

Ora. o mundo não pode a.'isistir indiferente a essa trágica evolução. No século XIX , as nações européias intervieram legitimamente nos Estados do Oriente para impor a abolição do leis contrárias à ordem natural - a queima das viúvas. por exemplo. Não pode o século XX desinteressar-se diante do fato de que no imenso império comunisrn, que vai do Elba até as porias de Saigon. ~e pratiquem crimc.i indis.cutivclmencc mais numerosos, e de maior gravidade. Poi~ impor a povos inteiros. pela violência . uma cstru1ura aberrante c1n tudo da ordem natural, é crime muito mais grave do que os pratica-

dos out rora por caciques. sultões ou rajás. cm suas respc,::tivas dominações.

Será que no século XX o poder da civilização decaiu tanto, que se tem de renunciar hoic· à tarefa vitoriosamente realizada no século XIXº - Não me par~ce.

É bem verdade que o Ocidente está cm declínio: ainda mais o está o

mundo comunista. Bem ou mal. nosso l'cgimc vai sobrevivendo. Quanto ao

Como se vê, hâ no episódio uma confrontoção entre duas ideologias opostas. Segundo a doutrina liberal, qualquer limitação na, expressão do pcnsamcn ..

regime soviético. um piparote. dado com jeito e -força, o pode derrubar. Dar esse piparote é, para o mundo livre. um indeclinável dever.

10 é contrária. aos direitos do homem. Segundo a doutrina marxista. nenhuma liberdade é lícita se prejudica os interes.<es do revolução prc>lclária. Dado que a doutrin3. liberal ainda é -

.pelo menos cm suas linhas. gcrnis

- a ideologia oficial dos EUA. e a comunista o é da Rússia, cada um dos dois países age, no caso. em rigorosa consonância com os princípios que adota. Naturalmente, sobre o importante assunto terão de opinar outras nações. e entre elas o Brasil. - Que esperar de nossa diplomacia a tal respeito? - ciue tomasse posição inteiramente concorde com a dos EUA? Tal me parece-ria insustentável. Bem entendida, e judiciosamente utilizada. a liberdade é um dom inestimávél de Deus. Porém. u liberdade absoluta, que inclui o direito de difundir tudo, e até a pornografia, é absurda. Pelas oorícias, nosso embaixador na ONU, Sr. Sérgio Armando Frazão. • não aceitou a atitude norte-americana, e concordou, neste sentido. com a pO· sição russa, segundo a qual - pelo menos em princípio - a liberdade de TV via satélite deve ser regulamentada. Até aí, cm tese, nada a estranhar.

Orn. tal piparote salv;ldor bem pode ser a livre transmis.'ião de- notícia.s e comentários de 1clcvisio via !>~11élitc. I maginemos que as mas.~as sob do1ninação soviética, 1rnbalh,1d;;1s por profundo dcscontc.nt3men10, sejam informadas nmplamcn1c sobre o contr:.-..stc entre as condições de vida no Leste e no Ocidente. Admitamos que elas sejam sobretudo atendidas na sua imensa "fome

de Deus.. por um serviço de televisão que lhes apresente adequadamente as verdades da Religião. Tudo leva a crer que, nesse caso. um imenso .movimento de opinião se pode delinear. diante de cujo vulto os carrascos do Cremlim desapareçam. pura e simplesmente. do cenário político.

-

Temos o direito de recuar diante de tal tarefa?

Não é aqui o momento de fixar a fórmula pela qw1l, sem cair na acei-

O que, entretanto, os despachos telegráficos não deixam claro é se o Brasil já indicou segundo que princípio deve ser feita a regulamentação. A matéria é extremamente melindrosa. e pelo noticiário parece mais provável que nosso País ainda não se haja pronunciado a respeito. Por isso mesmo, parece-me importante lembrar um aspecto que deve ser

não importe cm agressão nem domínio, mas na primazia de todos os bens do

lomado em toda a consideração quando o Brasil tiver de . emitir seu pensamento e dar seu voto.

espírito e da matéria. larga e generosamente participados pelos demais povos da terra.

e. incompatível com as instituições é ipso /,u;to contrário a toda a ordem

Seria bem esta uma ocasião para iniciar tal estilo de grandeza. Tudo faz

O regime comunista -

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!

tação da absolu1a liberdade de televisão. o Ocidente também não aceite a proposta russa, que tornaria impralic:lvcl o piparote salvador. Entretanto, uma r.c flexão mo vem à mente. Tem-se dito que está raiando na História a era da América Latina c. pois, também de nosso Brasil. Tem-se dito. ademais, que ess., era deve inaugurar um novo estilo de grandeza no campo internacional. Uma grandeza cristã, que

enquanto ateu

da família e da propriedade .privada natural. Imposto por uma camarilha hct~rogênea de fanáticos c de oportunistas, leva ele todos os povos das assim chamadas repúblicas soviéticas a um regime de verdadeira catástrofe material e moral. Quanto à catásl(O.fc material, ela é hoje cm dia evidente. e se apresenta como um corolário inevitável da estatização. Basta pensar no insucesso agrícola espetacular da Rússia, na fome crônica dos países comunistas, nas panelas vazias que tinem no Chile. e no malogro agrário de Cuba. Tenho cm mãos - é mais·um exemplo - uma notícia da revista francesa "Calacombes". de agosto úhimo, sobre a regressão da economia estatizada da Argélia. À siluação florescente do tempo da "dominação" francesa, vai sucedendo a penl'.iria ... Quanto à catástrofe moral, é notório que um sismo de inconformidade ideológica sacode, de ponta a ponta. o imenso território soviético. Depois de 55 anos de esforços para persuadir o povo, este se manifesta mais infenso do que nunca à ide<>logia de Cremlin,.

recear que o desacordo entre as potências do eixo Washington -Moscou sobre

o controle das transmissões de TV por satélite' passará pelo processo já clássico, de exigências russas e cooccssõc-s norce-arnericanas, desfechando numa

.capitulação de Washing~on. Ou.seja, num cerceamento tal da liberdade de televisão, que os ,1=ovos comunistas não cheguem a se beneficiar <lo piparote sal· vador.

Será então o momento de nos opormos ao desalmado arranjo. - Qual a fórmula que a família lalino-amcrieana ( excetuados o Chile e Cuba) deveria apresentar? Volto a dizer: de um modo inteiramente preciso. não sei. Mas ao ltamá-

raly não faltam tradição. classe, lucidez e cultura para a elaborar cm termos de ser aceita pelas nações irmãs. A apresentação de tal fórmula abrirá para além da cortina do ferro uma nova era. Ela será pois urna linda clarinada anunciando a presença vitoriosa

da América La1ina nos assuntos mundiais. E dará. a prova de nossa, grandeza.

Grandeza corajosa.. . Grandeza benfazeja. . . Grandeza cristã!

3


Lições da Revolução Francesa

ENTRE RISOS E APLAUSOS, 'A AUTODE DA CORTE DE VERSALHES ERSA ILLES. O palácio do Rei-Sol levanta-se majestoso, cercado por seus imensos jardins. Nele se exprime toda a grnndeza histórica ela França: glória, majestade, nobreza. domínio. Luís XIV reunira lá o escol da nobre,.a e do talento de seu reino. Na solenidade da fachada que olha os jardins, na pompa e no luxo da decoração interior. se refletem toda a soberana autoridade, toda a majestade do Re i que deu o nome a seu século. Após a morte cio grande mooarca e os tempos dissolutos da Regência, passaram por Versaillcs os dias decadentes de Luís XV. Com Luís XVI e Maria Antonieta c hegaram a capituh,ção e a írivolidade. O Rei era fraco de alma, sempre pronto a ceder, incapaz de usar a força, tendo horror ao sangue, sem graça e desajeitado. Um home,n que, ao cingir a coroa em Rcims, comentou: "BI" me inco,no-

à Rainha? Por que a aristocracia francesa cercava de interesse e de adulação o autor q ue se fizera vir secretamente da Inglaterra, especial· mente para essa reunião? Ê que ia ser repres'eniada, para um público seleto da Corte, uma peça até então proibida. No palco, os personagens dialogam e Figaro diz ao Conde: " Porque pertenceis a 11111a grande família, imaginC1is ser 11111 grande gênio! . .. Nobrez<1, fortuna, classe, posição, t11do isto vos torna t<io orgulhoso! Que fizestes para merecer 1,11110s bens? Vós vos destes apenas ao 1rabalho de nt,scer, e nada nwis; de resto. sois um ho-

(/(I • . ...

"Enqu,11110 eu, perdido ll<l ,nultidão vbscw·<L, foi-nu: necessário desenvolver ,nais ciência e

V

Ela o incomodou a vida inteira. Ele pensou provavelmente que a coroa não fora feita para a medida de sua cabeça. Na verdade, sua cabeça é que não estava na medida da coroa. Poucos homens puderam participar de lutas e acontecimentos tão ex traordinários, quanto L uís XVI. E o Rei, entediado e bocejante quando não ria pesada e grosseiramente, enquanto tudo desmoronava à sua volta escrevia c m seu diário, nos dias mais dramáticos de seu reinado, uma só palavra: "Rien". Nada. Nada acontecia, para ele que nada via. Nada via, pois que, como di4ia Rivarol, ek caminhava pa ra a catástrofe da Revolução com a coroa caída sobre os olhos. Luís XVI nada via. Ele passava pelos salões de Versailles, tão suntuosos, tão esplêndidos, parecendo estranhamente deslocado, com passo pesado, monótono e aborrecido como uma triste. desafinada e mal composta pavana. Maria Antonieta, ela, era graciosa e viva como um minueto. Ela representou b~m a nobreza decadente do século XVIII: íina e frívola, superficial e aristocrática, digna no meio dos aplausos ou das imprecações, Rainha na corte em Vcrsaillcs e muito mais em meio à tormenta, Rainha no tribunal assassino, Rainha na guilhotina. Luís XVI e Maria Antonieta foram dos principais responsáveis pelo triunfo da Revolução: ele por sua fraque1,1, ela por sua leviandade. Como os ricos burgueses de hoje abrem as portas ao marx ismo e o aplaudem, assim os Reis de França abriram os salões de Versailles para as idéias revolucionárias, aplaud iram os que proclamavam os lemas subversivos de seus futuros assassinos .

~

*

Estamos cm 1783. Para os olhos superficiais que contemplassem Versailles cm sua esplênd ida grandeza, nada prenunciava o desastre. Pelas estradas que conduziam ao palácio, corriam as graciosas carruagens rubras e douradas puxadas por brancos corcéis. Nos ·pátios, passavam soldados en1 vistosos e nobres uniformes. Nas escadarias, nos corredores, oclos salões revestidos ele mármores e aírescÕs, elega ntes Marquesas, jovens Viscondes desfilavam cheios de graça. A finura e o requin te imperavam. Vivia-se em festas, em jogos, em representações teatra is. Havia então risos, prazeres, gavotas. Ao cabo de poucos anos, chegar-s-e-á a outubro de 1789. Não mais carruagens douradas, no grande pátio de Versaillcs: mas um cortejo de assassinos e mulheres da ralé levando os Reis de França prisioneiros entre as cabeças dos guardas de honra ela Rainha , espetadas cm la nças sangrentas ... ,

••• Em 1783 ainda se ouvia a música escoar-se e01 notas suaves pelas janelas da casa de campo de Conde de Vaudreu il. Por que os rostos que chegavam revelavam uma ansiosa e alegre expectati va? Por que se reuniam lá Príncipes da Família Real, cortesãos dos m'ais chegados 4

1ue,n

bcuta,ue co1111,m!''

E a nobreza aplaudia entusiasmada. Suicida, ela aclamava a tese de que era injusto herdar títulos, honras e cargos. A nobreza loucamente batia palmas à Revolução que no palco prosseguia: cálculos s6 para s11bsistil', do q11e para governar 1odt1s as Es1x111has nos 1ílti111os cem anos! E quereis quebrar lanças co111igo! Quando algué111 não pode lu11nilll<lr o Uzle,110. vinga~se dele

111ailrata1ulo-o. Co1no agarraria e11 a 11111 desses poderosos que a/1strae1n tão facilmen/e da infelicidade q11e causaram aos honiens! Q11antlo 11ma desgraçCI tivesse apaziguado sua irCI, e11 lhe <iiri'u: as loucuras rinpre.'il·«s só têru importân-

cia quando se quer proil>ir sua propagação". A peça era "Le mariage de Figaro" de Beauma rchais, que Luís XVI proibira em toda a França. A Rainha. loucamente, obtivera permissão para uma representação secreta - SÓ para ela e duzentos cortesãos, convidados especiais. O Conde de Vaudreuil, grande amigo de Maria Antonieta, cedera sua casa para este espetáculo, que ele oferecia em homenagem à Rainha de França e ao irmão do Rei, o jovem Conde de Artois ( o futuro Carlos X). Razão tinha Beaumarchais ao comentar o triunfo tão espetacular quanto estranho do "Mariagc de Figaro": - " Há algo mais louco do que minha peça: é seu êxito".

••• A Rainha gostava imensamente de teatro e fez construir um, no Trianon, só para ela e para seus amigos mais chegados representarem e se divertirem. Participavam desses espetáculos, no palco, a Rainha, o Conde de Artois, a Duqueza de Polignac, a Condessa de Châlons, o Duq ue de Guiche, o Conde de Vaudreuil, o Conde d'Adhemar, entre outros. As apresentações eram, a princípio, só para o Rei e para a Família Real. Depois, o círculo dos convidados aumentou consideravel mente, e a todos a Rainha se fazia admirar como atriz. Ela quis que sua cunhada, a Condessa de Provence, também representasse. Como esta, escandalizada, recusasse, Maria Antonieta argumentou, dizendo que, se ela, que era a Rainha, se mostrava no palco, não havia porque sua cunhada não fizesse o mesmo, - ao que respondeu Madamc: - "Se não sou Rainha, sou pelo menos da ma1éria com que elas se fazem:·. O Rei gostava de ver Maria Antonieta representar e cantar, e a aplaudia com entusiasmo. Não via o abismo a que conduzia esse can1inho. Inicialmente representou-se "Rose et Colas", de Sedaine, e depois "Lc devin du village", de Jean Jacques Rousseau, - ·porque a Família Real apreciava Rousseau. Seguiram-se "L' Anglais à Bordeaux", de Favart, ''Les fausscs infidélités'', de Berthe, "Le sorcier", de Poinsinet. ' Nessas peças, às vezes havia cenas perigosas para a moral, pelas insinuações ou intimidades que traziam à cena. Na peça ''La gageurc imprévue'', de Sedainc, Maria Anton ieta (azia o papel de uma criada e a certa altura dizia : "N6s, criadas de servir . .. '·

Era a Rainha de França que se d ivertia fazendo o papel de doméstica. Não é de admirar que os lacaios tivessem acabado por guilhotinar os a mos. Se a Rainha chegava a tal ponto, não causa espanto saber que a Corte apla udia, no teatro de VersaiUcs, os versos sediciosos da peça " Brutus" de Voltaire: "Je s11is le fils de 8r11111~· et je pris en 111011 coeur / L(l Jiberté gravée et les Rois en horre11r".

••• Essa paixão de Maria Antonieta pelo teatro devia levar a graves imprudências. ''Figaro" foi o supremo erro político nessa maté(ia . Erro tão grande, que pode ser considerado como um triunfo da Revolução. B'eaumarchais escrevera o "Barbeiro de Se· vilha" e anos depois o ''Casamento de Figaro". Nessas peças ele satirizava a nobreza, que, encantada com suas tiradas de espírito, aclamava o autor que a demolia. O "Mariagc de Figaro" era passado de mão em mão. Luís XVI o leu, e a té ele percebe u como essa o bra era corrosiva. "E; detestável - comentou. Isto nw,ca será represenrado. Ter-se-ia que derr11bar a Ba~·tilha para que a representação dessa p eça não fosse uma incoerência . ..

Esse ho111e111 corrói tudo o que é preciso respeitar e11, um governo".

E o Rei proibiu a peça, já programada para o Teatro Francês. Uma vez pelo menos, ele se mostrava previdente e enérgico. Mas- a Corte imediatamente procurou conhecer o texto. As cópias eram disputadas. Faziam-se leituras dele para pequenos círculos. Alguns convidavam o próprio autor para lê-lo. Repetia-se o verso de F igaro: "S6 os espiritos pequenos temem os pequenos escritos". O. Bispo corrupto e ateu Lomménie de Brienne se vangloriava de ter ouvido a peça várias vezes. O grupo Polignac-, tão chegado à Rainha, propagava a obra de Beaumarcbais. A Princesa de Lamballe, grande amiga de Maria Antonieta, e que seria massacrada em setembro de 1792 num dos crimes mais horríveis da Revolução, conseguira que Beaumarchais viesse a seus aposentos ler o ad,nirâ~el "Mariage de Figaro". E depois ela comentava: "e preciso ouvi-lo ler sua peça. Ela foi proibida, co1110 sabeis. uma peça sediciosa, mas tão

e

espiriluost1, e ele a lê tão bem."'

"Figaro" tornou-se toma verdadeira moda, fenão mania. M.aria Antonieta, arrastada pela onda, pediu ao Rei que permi tisse a sua apresentação. O Rei recusou. Durante muito tempo Luís XVl resistiu. Afinal cedeu ao capricho da Rainha: "Figaro" seria representado, mas somente ,para a Corte. - A restrição faz rir. É assim que os fracos vão, de capitulação em capitulação, até a derrota linal, - consolando-se, em cada capitulação, com alguma pequena restrição que fazem. A peça antiaristocrática ia ser montada por artistas da "Comédie Française" em Versaillcs, na sala dos ''Menus Plaisirs", a mel/ma onde se reuniriam os Estados Gen,is dentro de seis anos. No dia da estréia, quando a platéia já estava q uase lotada, um mensageiro do Rei trouxe a notícia da suspensão do espetáculo: Luís XV! renovara a proibição. Aqueles cortesãos repletos de idéias revolucionárias ficaram furiosos : eles queriam c n1penhadamente ser ridicularizados. A raiva provocada pela frustração foi tão forte, e o Rei era tão fraco, que ele cedeu novamente. Mas .. . não totalmente. Perm itiu a representação uma só vez e e m segredo. Convidou-se Beaumarchais, que se retira ra para a Inglaterra, a vir assist ir ao espetáculo da nobreza que se autodcmolia. Depois, como é natural, foi impossível manter a proibição da peça para o público. E ni setembro de 1783 ela foi reprc.~entada em casa

do Conde de Vaudreuil. Em abril do ano seguinte já estava a nunciada cm Paris. O Rei, instado pcia própria Rainha, dera o consentimento final, - com uma condição, é claro: exigia que as passagens mais sed iciosas fossem retiradas. Isto ele exigia! Ceder sob condição é o modo que têm os fracos de conservar uma última ilusão de vitó· ria e de e nergia. Luís XVI ainda coinento u: "Espero que 11 representação seja

1111t

fracasso . .. ,,

Foi um êxito completo. Uma multidão enorme, depois de horas de espera, invadiu a "Comédie Française", mas já encontrou instalados na platéia os nobres mais conhecidos. O próprio irmão do Rei, Conde de Provencc - o futuro Luís XVI li - lá estava. O Parlamento, ministros, Bispos, todas as classes privilegiadas vinha m aplaudir as diatribcs contra o privilégio. Risos e palmas enirecortaram a peça. No fim, um a verdadeira te mpestade de aplausos a coroou. Uma artista, q ue do palco assistira, não ao "Figaro", mas ao espetáculo que dava a platéia, comentou: "Não imaginava que fosse flio

divertido ver-se enforcado e111 efígie".

••• Um abismo chama outro abismo. Que misterioso pra1.er encontrava a Rainha em cavá-los a seus próprios pés? Não lhe bastou ter favorecido tanto a Revolução com o patrocínio dado ao "Casamento de Figaro". E la levou mais longe - era possível? - sua cegueira. No seu pequeno teatro do Trianon, ela fez levar à cena a outra ,peça de Beaumarcl!ais: o ·'Barbeiro de Sevilha". Na platéia estava a mais alta aristocracia da França a plaudindo, de novo, o Figaro que lançava em face aos nobres suas tiradas ultrajantes. - "U111 grande 110s faz tnuito ben,, quando nãc nos faz mal". E os grandes, na platéia, en· tusiasmados, aplaudiam . .. E ainda: "Levando em con1a as virtudes que se exigem de 11111 criado, Vossa Excelência conhece muitos senhores que sejam dignos de ser lacaios?"

A esta bofetada de um lacaio, os senhores respondiam com risos e aclamações. Figaro no palco d izia tudo isso ao Conde. Mas quem, naq uele dia, no palco, desempinhava o papel de Figaro, era o irmão do Rei, o Conde de Artois. "Vós, Senhor Conde, não ,nereceis a situação que tendes. Apenas tivestes o trabalho de

nascer . .. " Pior : o papel de Rosina foi desempenhado pela própria Rainha de França: Maria Antonieta de Habsburgo-Lorena! Maria Antonieta. . . Rosina. . . Beaumarchais . .. ''Nós, criadas de servir . .. '' Sobre esta loucura e esta degradação se estendeu a sombra da guilhotina.

••• Estas represe11tações do "Casamento de Figaro" e do "Barbeiro de Sevilha" colocam um problema: como foi possível que os nobres aplaud issem estas obras antiaristocráticas? O problema interessa muito, pois hoje vemos fatos muito semelhantes a esse. Como podem os "sapos", ricos burgueses, apoiar o comunismo? Como podem Sacerdotes defender o marxismo e o ateísmo? Paulo VI proclamou que assistimos hoje a um processo de autodemolição d a Igreja. Pergunta-se como isto é possível. E não haverá um fundo comum a esses três problemas? O nobre revolucionário, o rico comunista, o Padre ou 13'ispo demolidor da Igreja não têm algo de comum entre si? No livro "Revolução e Contra-Revolução", o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira demonstrou q ue protestantismo, Revolução Francesa e comunismo são três etapas de um só fenômeno: a Revolução. O igualitarismo e o desejo desenfreado do prazer são os elos que ligam as três


-

Enquanto teólogos progressistas negam

MOLIÇAO

a existência do demônio

SATANISMO INVADE O OCIDENTE Cases do processo revolucionário. J, nessas causas da Revolução que está a resposta à questão posta acima. Quem tem por ideal a igualdade entre os homens é movido pelo orgulho a não suportar superiores. O igual itário detesta tanto rcconhc· cer um superior, q ue aceita elevar os inferiores a seu nível, ou descer até eles. contanto que não tenha ninguém acima de si. Es~c orgulho igualitário leva pois a autoridade a se comprazer no próprio rebaixamento. Hoje vemos Sacerdotes e Bispos quererem igualar-se aos leigos. e ricos igualar~sc aos proletários. Eles têm verdadeira volúpia de se despojar de seus símbolos de ,-.utoridadc e superioridade. Ao foze,· isso, eles sentem o mesmo prazer que Maria Antonieta ao dizer: "N6s,

<:riadas de servir . .. •, O proce3so d e autodemolição da nobreza, de que " Figaro" fo i apenas um cios cpis6dios, levou os nobres i, guilhotina e a França ao Terror. A àutodemolição da burguesia e da Igreja a que levarão se1ão ao triunfo do comunismo? Quem perde u n fé no que é, não saberá defender o que tem. Burguês "sapo", que por acaso me lês, não rias da leviand,1de e loucura dos nobres do século XVIU. Ao aplaudir as peças de teatro obscenas ou marxistas, tu te mostras tão a íctado quanto eles pela doença de Figaro. E quem está mais afetado por esse mal ~o q ue o C lero progressista autodemolidor da Igreja?

. . ,.

Na verdade, Napoleão ti:1ha razão ao dizer que F igaro era já a Revolução em ação. Figaro era já a Revolução triunfante. Antes de conquistar a Bastilha, a Revolução conquistara o coração e as idéias dos senhores que a velha fortaleza devia defender. E que podem as Bastilhas de pedra, quando capitulam as Bastilhas das inteligências c das almas?

,. * • O Palácio de Versailles erguia-se majestoso no meio dos belos jardins de Le Nôtre. Do lado de fora do teatro do Trianon ouviam-se risos e aplausos. Dentro os nobres aclamavam o "Barbeiro de Sevilha", que os ultrajava. Ol hos superficiais que contemplassem o palácio real, nessa noite, veriam apenas a força, a grandeza, a estabilidade de uma monarquia pluri-sccular. Quem niio tivesse ouvidos para ouvir, escutaria apenas a música s uave, as frases de espírito de Figaro, os risos, as .palmas. E, terminado o espetáculo, o estrépito das carruagens douradas que se retiravam ... Mas quem tivesse olhar para ver, veria na fachada magnífica do palácio trincas profundas que indicavam o abalo dos fundamentos e pre· nunciavam o desmoronamento de toda uma ordem de coisas, o fim de um mundo. Quem tivesse ouvidos para ouvi r, distinguiria entre acordes s uaves de minueto um coro violento, e as palavra~ sanguinárias do "Ça ira Porque quando a nobreza aplaude Figaro, -iuando os burgueses aplaudem as peças obscenas ou socialistas, quando clérigos aprovam e aplaudem "Jesus C hrist, Superstar" . .. então os demônios da Revolução vociferam: "Ah! Ça . ira . . . Mas, a inda há Deus no Céu ... H

••

.

131Bll0GRAl'IA

''Marie Antoincttc", André Castclot. Amiol Dumont, 1953. "Marie Antoinettc", Hilaire Belloc, Payot-Paris, 1932. "'Marie Antoinctte et Fcrsen", Henry Valloton, La Palatine, 1952. "La vie privée de Marie Antoinette", Charles Kunstler, Hachette, 1938. "Marie Antoinette", Ed mond et Jules de Goncourt, Bibliotheque C harpentier, 1916. "En Francc, jadis", G. Lenotrc, Grasset, 1938. "Lc dix-hui tiêmc siecle", Casimir Stryienski, Hachette, 1923.

Orlando Fedeli

RESENC IAMOS NOS dias de hoje dois movimentos aparentemente contrários: aquele que neg:t a existência do demônio e aquele que promove o c ulto do príncipe das trevas. Nn verdade, contestar a existência do demônio e portanto a ação q_uc ele desenvolve entre os homens, corresponde a fechar os olhos i1 evidência, sobretudo nestes dias cm que se multiplicam as abominações sobre a face da terra. Não obstante, após o l l Concílio Ecumênico Vaticano certas correntes de teólogos e eclesiásticos católicos se entregaram à louca tentativa de acabar com o d iabo e de fechar para sempre a port.i do inferno, prctqndcndo demonstrar que este não existe cm sua te rrível realidade. Típico dessa atitude e um dos porta-v<Ytes de tal corrente é o famigcradl> ''Catecismo Holandês", espalhado praticamente pelo mundo inteiro e apresentado como resposta do progressismo aos obstáculos intransponíveis que <> Dogma católico oferece aos seus propós itos reformistas. Enquanto isto se dá nos arraiais progressistas, entre aqueles cuja missão era conduzir os homens ao con hecimento da Ve rdade, e não cnlei:í-los pelas fábula~ gnósticas, o que vemos um pouco por toda parte? O recrudescimento da magia e dos c ultos demoníacos, entre os quais tem parte saLientc a adoração ao próprio Satanás como d ivindade rival do verdadeiro Deus, posta na mesma plana que Ele ou des tinada a substituí-Lo. "t:111 plena era da in/ornuítica e d<(S viagens espaciai.,·, as divindades pagiis, que durante ,nais de u,11 milénio Jo,-am combatidas como e11car11ações do · Demónio, são adoradas não apenas por selvagens da A/rica e atrasados ca1111,011eses do Haiti, 111as wmbén, por habitantes da i11dus1rialiZ<UÍll A lemlllrha Ocidental, por universitários da E'sc,mdinávia, por sofisticados i111elec111ais p11risie11.res. por executivos de Milão, por londrinos cultos e bem situados na vida. É nos Estados Unidos, a fortaleza da 1ec11itrônica ( para usar o neologismo de Zbigniew Br7.ezi11ski ), quê v 11eo-J'atanismo vive a sua fase ául'ett' (Mário Pontes, artigo "O diabo na encruzilhada'·, "Jornal do Brasil", 8 de setembro de 1971).

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Destruição dos limites entre o bem e o mal Um autor moderno - em que pese seu detestável facciosismo anticatólico - ao dar testemunho da o nda de bruxaria e de satan ismo que invade o mundo e cm particular a América do Norte. mostra como esse recrudecimento de cultos demoníacos coincide com uma generalizada campanha dirigida no sc~tido de destruir as fronteiras entre o bem e e mal, o que a final se reduz a expulsar o bem e deixar livre campo ao mal: ··se a literatura é real111ente o espelho que reflete o image111 dos te111pos, como se afirnu, freqüenttunente, de fato vive111os e,11 uma época confusa. As simples e nítidas dicoton,ia~· entre o be.111 e o ,na/ não mais são enr.o,uradas conu, literatur(I de outrora. Os ,,-adicionais "mocinhos" dis1i11guia111, se facilmente dos ''vilões", cotno exageradas personificações de honra, castidade e generosidade. os valores prevalecentes de seu tempo. Mas sombras cin zentas se movera,n. para ocupar os es11aço~· que antes eram preto e branco. O Super-Homem, Ba111u111 e o Cavaleiro Solitário foram substituídos por super-her6is amorais como James /Jond, que ao enfrentar a justiça parecem 1ra11sce11dé-la, 011 por atores de cinema de vir111de duvidosa, g11ia11do-se por s11a pr6pria ca· beça, especialistas nas artes da seduçtio e sempre dispostos a sacrificar os princípios e,n favor tio oportunis1n<>, ou pelo anli-hcr6i literário, e,11/Je11hado e111 11111a batalha perdida contra. as complexidades da vida moderna ( .. . ]. Os v(l/ores são hoje rela1ivos, os velhos conceitos do hem e do 11,al se apresentam pastosos e obscurecidos" (Arthur Lyom;, "Thc Second Coming / Satanism in Arnerica", Dodd, Mead & Co .. New York, 1970, .p. 199). Esse relativismo moral, essa confusão entre o bem e o mal, entre o Céu e o inferno, são

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propagados pelos meios mais inesperados. Um exemplo e ntre mil: certa empresa industrial brasileira distribui junto com um produto de uso caseiro, em bem impresso folheto, um conto de Monteiro Lobato sob o título de "O bom diabo". Trata-se de história em que entra uma capela de São Miguel, com a imagem do Arcanjo e a figura do d iabo a seus pés. "Como os dois vivcssent na ,nesnia c:apela, sozinhos,, acabarani enz. muito bons ter1nos, conto se vê na hist6ri<I. O diabo é o sí111bolo da 11wldade, mas a1é maldade a111a11sa quando em co111pa11hia da bondade. De viverem j11ntos ali 11a capelinha, o Santo e o diabo se tr(l11sfor111arw11 em (1111igos. e os bons se111i11zen1os tle u111 ,,assara,n para o ou.Iro" ("Estórias e Fábulas de Monteiro Lobato", n. 0 1 - ·•o bom d iabo", p. 14). Essa deletéria literatura infantil se insinua livremente no meio das famílias e portanto também das crianças, em um momento em que os Padres progrcssis· tas têm corno norma desconhecer a existência do príncipe das trevas, e a distinção entre o bem e o mal.

Feiticeiros reunem .. se na católica Nava rra Mais a inda: aparece no Brasil a revista "Planeta", réplica nacional de "Planctc", fundada na França por Louis Pauwels e Jac<1ues Bergicr, os dois autores de "Le Matin des Magiciens". Essa publicação sincretista já se espalhou também cm edições impressas 11a Itália, na Alemanha, na Espan ha, na Argentina e na Holanda. Dando as boas vindas à versão brasileira. diz o PSiquiatra Paulo Gaudenci<>: campo está aí, aberto, à disposição de "Planeta". Em que outro país, o sobrenatural [o Dr. Gaudencio queria di7.er o preternatural], a 111agia, a futurologia, a. religião se 111istur<lm, se completam, se cstreligam, conro aqui? Eu quase chego !J dizer que " Planeta" devio ter nascido 110 Brasil. Já que não nasceu, yamos acolhê-lo de braços abertos" ("Planeta", n.0 1, de setembro de 1972) . De fato, o espiritismo em suas variadas seitas, os terreiros de macumba e toda espécie de crendices e de bruxarias se difundem pelo Brasil num crescendo desolador. Ainda recentemente víamos em jornal diário da cidade de São Paulo reportagem sobre Pai Edu, "o estranho rei místico de Olinda" : "Pai Edu é 111n dos 1nais famosos babolorixás 110 Norde~·te. Seu núcleo pode ser colocado ao lado dos mais conhecidos 1erreiros de ca11domblé de Salvador ou da Gull· 11abara. Seus jiéis adef)tos chega,n a mais de cinco mil. [ ... ) O Palácio de Jemanjá do ·Pai Edu é ,una espécie de corte real, co111 .IOd!l sua ,,omva, todo o luxo, com homenagens tributadas a todo i11s1a111e ao Rei pelos se11s fiéis súditos e adeptos~ con1 requintes de c:erilnônias i111pre.\·· sio11,1111es. ( ... ] Promove todos os anos [Pai Edu] procissões ao longo das ruas, passando defronle dos templos ca16licos [ ... ) Co,n requintes de 11111 sumo sacerdote, ele conduz " procissão, consciente de s11a força e de seu domínio sobre a massa de pessoas que procuram 110 além a solução para s11as dificuldatles 111a1eriais e espirituais". Isto cm Olinda, o utrora cidade episcopal de glorioso D. Vital Maria Gonçalves de Oliveira ... Peguemos ao acaso outro exemplo dos descalabros da hora presente: segundo a imprensa diária, na católica Navarra houve recentemente um congresso internacional de feiticeiros. O governo enviou, para decorar o ambiente em que se realizariam as sessões, uma série de quadros de Goya que têm por motivo cenas de bruxa.ria.

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"'Duas metades de uma Totalidade" Encerremos estas tristes reflexões e notícias do que se passa cm todo o Ocidente cristflo dando alguns exemplos significativos do que vem acontecendo nos EUA. Em São Francisco da Califórnia acha•se a sede principal da "Igreja de Satanás", que possui ali sua capela e divulga uma "Bíblia Satã-

nica"; em 1970 já reunia um contingente de quatro a c inco mil seguidores. Na mesma época constava existirem em todo o país cerca de q uatrocentos grupos distintos de feiticeiros. Há perto de de,. mil astrólogos fui/ time nos Estados Unidos, e secções fixas de astrologia são publicadas cm 1.200 dos 1.700 jornais di:1rios norte-americanos. O falso misticismo oriental tornou-se uma verdadeira mania, sobretudo e ntre a mocidade. O mesmo podemos di1.er d:l magia negra e da magia branca. Os mais variados meios de comunicação social servem de veículos do ocultismo (cf. Arthur Lyons, obra cit., p . 10). f:: atribuída a Anton S1A1ndor LaVey, chefe do referiei<;> grup0 satanista de São Francisco da Califórnia, a seguinte declaração: "A era satânica teve começo em 1966. Então Deus foi proclamado como morto, a Liga da Liberdcule Sexual alc:ançou prce,ninência e os ''hippies" se desenvolveram como 11mC1 cultura de sexo livre" (apud Arthur Lyons, obra cit., p. 1). A América do Norte é, talvez, o país mais infestado pelo satanismo no mundo cristão. A polícia de Los Angeles tentou relacionar a "Familia Manson", responsável pelo massacre ritual da atriz Sharon Tate e de outras pessoas, com a seita satanista conhecida como " Igreja do Juízo Final" ou "O Processo". Os dóis grupos são violentamente contestatários e formados em grande parte por "hippies". "O Processo", como a "Família Manson", emprega excessos libidinosos como meios para abalar a influência que a sociedade dita burguesa ainda possa exercer sobre seus iniciados. Ambos os grupos praticam a vida comunal e a promiscuidade sexual (cf. A. Lyons, obra c it., pp. 6-7). Para os satanistas de "O Processo"; "Deus e AntiDeus são duas metades de 11111a Totalidade dividid(I. E Eles devem 11/terion11ente se reconciliar. Deus e AntiDeus "cham-se corporificados em Cristo e Satã. De modo que Cristo e Satã deve111 reconciliar-se" ("The Process", edição norte-americana, sem data, p. 27).

A Idade do Besta Vemos no jornal "The Miami Herald", de 23 de junho do corrente ano, uma reportagem com clichés coloridos, sobre uma peça teatral denominada "A ldade da Besta" , levada à cena e m Miami e "que nada m"is é do que uma opera "rock" deslinada a. celebrar o c111!0 do demô11io, o inferno, o demônio e o sa1auisn1.0". Certos tipos que figuram na peça são meros atores, outros não: o produtor Howard Lad in declarou ao jornal que "alg1111s elementos cio elenco são ,nembros ocultos que adoran, o de111ónio''.

*• • Se a essas manifestações diretamente demoníacas somarmos o turbilhão de imoralidade que varre a face da terra e a conspiração também universal para entregar a humanidade ao jugo do Leviatã totalitário, tão sinistro quadro nos faz lembrar que já em seu tempo o Santo Padre Pio XI perguntava se tal aflição universal não pressagiava a vinda do Fil ho da Iniqüidade: "Esse espetáculo (das desgraças contemporâneas] - escrevia o imortal Pontífice - é de tal maneira aflitivo, que se poderia ver nele a aurora desse "início das dores'', que causará "o homem do pecado, elevando-se contra tudo q11a11u:, é cham"do Deus e recebe a honra de u1n culto" (2 Tess., 2, 4)" (Encíclica "M iserentissimus Redemptor", ele 8 de maio d~ 1928) . Dizia Bossuet que, quando do ponto de vista humano e natural tudo parece perdido, então soou a hora de uma intervenção de Deus nos acontecimentos históricos. Neste momento em que parece iminente o triunfo do poder das trevas, invoquemos, para nosso resgate, o socorro dAquela cuja missão é, nesses lances decisivos, esmagar a cabeça da serpente infernal.

Cunha . Alvarenga 5


Oportunas considerações sobre temas da atualidade S

08 O TITULO de "A massificação do mundo contemporâneo" . em seu número

243, de março de 1971, ··catolicismo" se ocupou do excelente .l ivro ''Sociedad de Masas y Derecho", do conhecido intelectual espanhol Juan Vallet de Goytisolo. Dando prova da fecundidade de seu labor intelectual. brinda-nos esse autor com ma.is uma obra de palpitante atualidade : "ALGO SOBl<E TEMAS DE Hov" (Speiro S. A. M-adrid, 1972). Com notável poder de síntese, cm suas 281 páginas é abordada toda esta série de assuntos cativantes: Do movimento da História à tecnocracia; Rousseau e a religião da igualdade; O povo e a massa; Liberdade, poder, direito; Colonização e descolonização; A participação; A relação homem-terra na política agrária; e finalmente: A democratização da cultura. Muito teríamos a comentar, por exemplo, sobre o capítulo dedicado à colonização e descolonização, em que o Autor mostra os desmandos da ONU em sua política de descolonização esquerdizante e desalmada. e o realismo dos teólogos-juristas espanhóis dos séculos XVI e XVII (entre os quais o Padre Y:rancisco de Vitoria) ao abordarem esse mes-

mo lema. Em meio a um elenco de assun1os tão rico, queremos cingir nossas considerações ao que o livro diz a respeito de progressismo e ideologia.

Progressismo e ideolog ia Dentro desse tema, o Sr. Juan Vallet de Gciytisolo nos mostra como a ordem natural

não existe para os progressistas. "[ .. . ] nllo é raro que para muitas mentes profundamente progress;sras até a religião as-

suma cores de ideologias puramente subietivn.r1 nem que se empreste caráter mítico à evolução, que dará ntlSCin1en10 ao homem novo e o condut)rá ao parcúso neste mundo. O pecado original, o prêmio ou castigo 11a outra vida, estorvam à medida que se sublima a nova religião antrop0cê11trica e se faz absoJuta a fé 110

progresso rumo ao ''mundo feliz''.

Chega-se. em casos extremos, a /li/ar em morte de Deus; ou, como o Dominicano fra11· cês Pt, Cardonnel, <1/irma-se que Ele morreu ao encarnar-se com Jesus Cristo na ma.rsa, a qual assim fica divinil,llda; ou, até, com o extravagante te6logo italiano Tanino, conside• ra-se que Jesus Cristo é a vítima inocente que mor1·e para redimir os crimes do Pai contra os homens" (pp. 14-IS), inclusive o de expulsá-los do Paraíso.

Ml!NSARIO com aprowção ecteslástlca

CAMPOS -

F.Sr. DO RIO

0UteTOR MONS. ANTONIO RIBEIRO DO RO$ARIO

Diretoria: Av. 1 de Setembro '247, c.1ix11 poslol 333, 28100 Compos, RJ. Admlnls· fração: R. Or. Mar1inico Prado 271, 01224 S. Paulo. ARf!nlt para o Estodo do Rio: José de Oliveira Andrade, caix:'l postal 333, 28100 Camp0s, RJ; Agtn tt: 1>3ra os E!,1.ados

de Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais:

Milton de Sallcs Mourilo-, R. Paraíba 1423 (ielefono 24-7199). 30000 Belo Hor;7.on1c; Agente para o Estado da Guanabara: luís M. Dunc:.ln. R. Cosme Velho SIS (telefone 245-8264), 20000 Rio de Janeiro; Agc:nlc para o Estado do ~ar,: José Gerardo .Ribeiro, R. Pernambuco IS7, 60000 For• rnlezo.; ARcntu p:.ra a Aracnlloa: 'Tradición, Familia. Propiedad", Casilla de Corre.o n.0 169, Capital Feder.li, Ar~cntina; A.gtnN: para n F...spanha: Josk Marfi Rh·oir Gómt-/., apartado 8182, Madrid. f-.spnnha. Compo:.10 e impresso na Ci:,. Li1hograph iea Ypirnnga, :Rua Cadete 209, S. P:tulo. Assinatura anuAl: comum Cr$ 20.00; CO· opcr;1dor CrS 40 100; benfeitor CrS 80,00~ grande btnftitor CtS 160,00: seminaristas e es1udon1es Cr$ 16,00; Américô'I do Sul e Central: via marHima US$ 3.50, vil) aérea USS 4,50; Améric.3 e.lo Norte, Por. tug:.ll, Espanha, Províncias ultramarinas e Colónias: via marítima USS 3.50, via aért-a U~t 6 ~O: ourtos pa,ses: via mnrítimn USS 4,00, via aérea US$ 8,00. Venda a,·ul.s:a: Cr$ 1,SO. Os pagamentos, scmr,rc em nome de Edllora P adrt" Bdchlor de Pontes SIC, pode• rfio ser cn<:nminhados à Admínistro.çà(' ou aos agentes. Para mudonça de endereço de as.sinantcs. é necessário mencionar também o endereço antigo. A correspondência relativa a 35-$in:uur:)S e venda avulsa deve ser enviada à. Admlnlstraçio: R. Dr. Martlnlco Prado 271 01224 S. Paulo

Pretende-se adequar a realidade a nossas idéias, e não estas àquela. ''Já não ,\·e trlllll - ,liz Karl Marx ,,o 01,tar pela praxis - de conhecer ó mu11do. ma.r de mudá·lo. Temos o1 o conceito estrito de ideologia : toda construção ,lo mundo, ou de uma p(,rte d" re,,lidade, i111e111ada a partir de 11111a idéifl' ( p. 18).

Possom o Religião pa ro o campo das ideologias "Tampouco faltam - prossegue o Autor. depois de apontar outros conceitos de ideologia - os que ampliam o conceito das ideologia., ao englobar 11.e/as as religiões. Esta exte11süo seria objetivamente correta se t()(/as <ts religiões fossem elClboração da mente hunuma. Subjetivamente s6 é admissível para aqueles que não aceitam a possibilidade de revel,,ção tia Divindade aos homens, poiJ· se alguma re• Jigião se baseia nessa mensllgem revela,Ja por Deus, tal mensagem, ao transcender de nossa mente, situa,..se além de q,wlquer co11strutã<> tio cérebro /rumemo. Para quem tem Jé, ,; religião é uma reali• dade recebida de fora e além da filosofia, e quando se qualifica tle errô11ea outra rl'ligião ,u1o é por razões ideológicas. mas por julgá-la falseada />elos homens, quer por achar•se que estes simularam a revelaçtío. quer por entell· ,ler-se que perderam, total ou parcialmente, o dep6sito .-.agro.do da mesma. ou que o corromperam ou deixaram corromper. E vertlade que para o moder11ismo, o 11eo.. moder11ismo, o progressismo e demai.r derivados do primeiro, a religião é uma ideologia. e o é certamente a que eles difundem, vlsto que menosprezam a revelação e.rterna, a qual .rituam no ârnbito. dos mitos, e s6 admitem, em troca, como autêntica revelação para cada um, o Ílllimo sentimento religioso elaborado pela própria co11sciê11cia. 1•• , I Dentro da co11de1wçiio do modernismo, formulada por Seio Pio X em sua Encíclica "Pasce1ult"". acham-se compreendidos tanto aqueles que querem cOn· verter a religiiio em uma ideologia. como aque· les aue prete11dem que ela é só isso" ( pp. 19-20)-

combros deixados pelas vári:is seitas gnósticas surgidas na Cristandade através dos séculos, desde os tempos apostólicos. O progressismo, herdeiro dessa heresia maniquéia, anda também nas sendas de outra vertente gnóstica. que é herdeira de Hegel e tem Marx, Marcuse e Mao Tsé-tung como seus chefes de fila. Esse nexo histórico e ideológico nos vem à memória diante das oportunas palavras do Sr. Vallel de Goytisolo: " [ • .. ) é l6gict1 esw con.reqfü111ci": se " socie.. datle deprava o !tomem. é preciso destruir a socie<lade causadora <le todo o mt1I que o homem .ro/re. Assim. depois de Rousseau, o reiterflrtun: Marx - com .reu mito, catla vez mais ut6pico, de que ti socie,lade socialista n,io necessitará do Estatlo nem do direito; Mar.. cuse - q,u~, se Mar.t q1âs "desalienar.nos''. qu<•r ''deJ·condicionar-11os'' de.isa sociedade repressiva tios instintos humanos 1wturalmente bom;; e i\1ao - que co111 su,, revolr,çiío cultural intenta «pagar. inclusive da memória. todas as idéias herdadas tlessa socieda,le corrupta e toda sua ,·ulturu. . . Embor,,, depois de pagar o preço de tantas destruições, nunca cheguemos a ver o homem libertado, J-enüo cada vez mais .tubmetitlo po,ler do E.rtado <1uc o manipula com o clumwrit ,/(• um mito que é retomado. por ôlllrós, depnis d(• ctula malol<ro! ... •· (p. 40).

Convulsões marxistas na Igreja PúBLICO BRASILEIRO. e sul-americano cm gcràl. tem bem presente o doloroso ·p roblema da infiltração csquerdisla cm meios católicos. O abaixo-assinado promovido pela TFP brasileira e suas congêneres da Argentina, Chile e Uruguai, com dois milhões de assinaturas. pedindo a Paulo VI providênci:1s contra cs.~ escândalo. dá disso uma prova eloqüente. Tal probJcma não é, infelizmente, restrito ao nosso continente. mas tem uma ampli1ude verdadeiramente universal. É. justamente a esta conclusão que chega o consagrado jornalista francês André Laforge em seu documentadíssimo trabalho "CoNvUL· SIONS MMtXCSTES DANS L'ECLISF.". publicado como suplemento ao n.0 133 do combativo e sempre bem informado boletim "ClCES'', editado em Paris pelo "Cercle d'Jnformation Civiq ue et Sociale".

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A que nos levo o relig ião do progressismo

O intento atual do progressismo demo-cristão é persuadir seus sequazes de que' o homem recebeu delegação de Deus para, com seu progresso. terminar a construção da cidade terrena, e de que a isso também visou, e m\.1ito principalmente, sua Redenção: a libertá-lo de todas as escravidões ( p. 43). Livra-se, assim, o homem, do pecado original. liberando-se sua razão da submissão a toda ordem que não seja construída por essa mesma razão em constante evolução. Fica des.se modo preparado o caminho para as maiores audácias, como a expressada por Teilhard de Chardin em "O q ue creio": "Uma convergência geral das Religiões sobre um Cristo Universal que no fundo satisfaz a tô<las Porta aberto elas: tal m<' J>tirece a ,ínica conversão possível oo Estado tota litarío do Mundo, e a rínica for nu; imaginável para uma Religião do porvir". Observa muito bem o S·r. Vallet de GoytiEis, segundo o Autor. o pináculo da trasolo que, se a religião entra no campo do ma progressista. E. di1.emos nós, não é outra opinativo e a ordem natural deixa de existir a fi nalidade do falso ecumenismo progressista, ou não é apreensível, nesse caso o Estado já que tende a destruir as fronteiras entre a vernão tem nada acima dele e pode tomar totadade e o erro. A meta desse progressismo é litariamente a direção da ordem social tecnibem aquela apontada por icilhard de Charficada que s6 aspira à eficiência. Tem-se assim din: a convergência geral das religiões sobre uma sociedade massificada e manipulada por um "Cristo Universar' que no íundo satisfaça tecnocratas, passando os esquemas do desena todas elns. Ou, cm outras palavras, um volvimento econômico e social a constituir "grande movimento de apo.,tasia organizada, dOgma que é de exclusiva competência do em todos os países, para o estabelerime11to de Estado form ular e dirigir. uma Igreja universal que não terá nem dog· Surge então no seio do Estado uma nova mas, nem hierarquia, nem regra !)ara o esp(. classe, a dos tecnocralas. "os que entendem" rito. nent /relo para as paixõe.r. e que, sob pela virtude do decreto que os nomeia, os que />retexto de liberdade e de dignidade humana. através dos meios de informação iluminam a restauraria 110 mundo, se pudesse triunfar, o outra classe. constituída pelo resto da sociereino legal da fraude e da violé'ncla, e o opresdade, ..os que não entendem" ou massa não . são dos /raco.r, daqueles que sofrem e que politizada (p. 23). rrabalham" (São Pio X na Carta Apostólica ºNasceram tles.re modo unw nova ideologia "Notre Charge Apostoliquc", de 25 dê agosto tiránica e um enganoso mito - conclui o Aude 1910). tor. As massas se deixam an·aJta,· por eles como A abolição da hierarquia, a que alude São certa juve111ude pelas drogas. E seus pontífices Pio X, e que do campo religioso desce para o lançam sobre todos os que não crêem no 11ovo social, se baseia por sua vez no dogma revomito a acusação de conservar ideologias ultra· lucionário da igualdade: ·:Essa igualdade equipassadas, inapelavelmente condenadas a tlesavocada protlu:z,, com sua.ir ânsias e em sua rea· parecer, deixadas pàra trás pela vento da H islii,aç-,io. efeitos sociais perniclosos. Os dois t6ria" (p. 24). principais. que parecem contrapostos. ,nos são complementares. se resolvem em dissolução social e toralitarismo e.rtallll, em 1ibtrtinage111 Explosões novos de e perda da liberdade", como se lê à pág. 51 erros velhos de "Algo sobre Temas de Hoy". Confirmando a lição da História, lambém Estamos diante das explosões em cadeia que cm nossos dias o erro religioso da gnose e coostituem o processo da Revolução: humasuas inseparáveis seqüelas, que são o panteísnismo, protestantismo. deísmo. naturalismo, mo e o evolucionismo, têm o socialismo e o romantismo, racionalismo, iluminismo, libera~ comunismo por sua monótona conseqüência no lism9, jdcalismo, relativismo, sensualismo, so~ campo social e político, tal como se dá com o cialismo, - e desse caos teológico-filosóficoprogressismo, que se acha logicamente ligado sociológico pós-renascentista nasce, já cm nosso a esses dois grupos de erros. século, o modernismo, o qual por sua vez é o pai do progressismo. Mais ainda. A negação do pecado original e sua substituição pelo "pecado social" não Eis, cm rápido cscorço. algumas considera· começou com os novos "catecismos" herctiçõcs a que nos leva o substancioso livro do zantes, como o holandês e o fra ncês. Suas Sr. Juan Vallet de Goytisolo. verdadeira lufaorigens são mais remotas q ue o surto progresda de oxigênio em meio ao empestado amsista e do que o evolucionismo de Tcilhard de biente progressista q ue vai conlaminando e poChardin. Antes mesmo de Hobbes e de Rousluindo todo o orbe. seau, certos obscuros teólogos protestantes já haviam retirado esse monstro do meio dos cs· J. A. S.

Em uma v1sao de conjunto do problc'ma. o Autor ressalta a responsabilidade de importan·

res setores da Hierarquia na presente crise: "Vêem•.\'t~ Bispos t· ReligioJ·os empregarem o vocabulário dos marxistas. na louc,t esperança de serem melhor compree11didos pelo povo. Suas pueri.r lnflexões demagógicas não convéll· cem ninguém. mas ridicul,1ritam a Igreja e inquietam. os governos" ( p . 9) . Os teólogos da revolução, encontrando o campo livre, não perdem oportunidade para a sua pregação subversiva. O Pe. Girardi, por exemplo, ex-professor do Ateneu Salesiono. de Roma. afirma: "Se a luta sem umor se tontà estéril e contra-revolucionária. o mnor sem luu, ,le classes é ilu.\·ú,·io (• nwSCllra o egoísmo e a preguiça" (p. 25). "Amar os hame11s é. hoic em dia, /a1.er a revolução.. , proclama o Pe. 8 lanquart. professor de sociologia no Instituto Católico de Paris. em cn1revis1a ao semanário comunista chileno '·Pun10 Final''. E acrescenta; .. Encontram-se hoje ·em dia, cada ve.t mais, µ,·ssoa.r que J·e t1/irmnm ao mesmo tt1npo ma,.. xistas e crisriis. E eu sou uma delas" ( p. 33). Descrevendo o papel da sexualidade na subversão cm ambientes católicos. o Sr. Laforge menciona o livro do conhecido escr itor Paul Scortcsco. "Ou Fond de l'Abime", o qual transcreve uma passagem da revista "Echanges", das Freiras Auxiliadoras do Purgatório: "Parque a sexualidade constitui uma questão de classe é ,1uc o~· grupos polítkos são tão reticentes qua11• to à libertação sexual t· .m a urili1.ação na luta revolucionária" (p. 53)· "A paz, ar ma de guerra do marxismo" é o título sugestivo de outro capítulo de "Convulsions Marxistes dans l'Eglise". O pacifismo, tão cm voga na esquerda-católica mostra o Autor - nunca está.voltado contra o comunismo; bem ao contrário. Por outro lado, tem-se visco o e<:umenismo servindo ao comunismo. O Conselho Ecumênico das Igrejas e a Federação Luterana Mundial têm enviado auxílios cm espécie e em dinheiro aos guerrilheiros comunistas que lutam em Angola, cm Moçambique e na Guiné Portuguesa ( p. 67). E.studandO a penetração marxista no mundo católico - na Europa, nos EUA, na África, na América Latina - o Autor lembra a ação das centrais da subversão clerical: o JOOC, o CIDOC de Cuernavaca, México, e a revista "Jnformations Catholiques Jnternationales", ligada ao movimento comunista polonês de denominação católica, "Pax". Tratando da América Latina, refere-se o Sr. André Laforge à atuação de Bispos como D. Helder Cântara e Mons. Méndcz. Arcco, que adotam posições socialistas, m as procuram disfarçá-las sob o véu das formulações confusas. Abordando o caso chileno, lembra a responsabilidade da Democracia-Cristã do "a11tigo Presidente Eduarda Frei, apelidado o "Kerensky chileno" por Fabio V idigal Xa vitr da Silveira" (p. 115).

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J6 N tovo • n c.r,odo o ,,,...,,,. •dl(&>, q uondo , ~ o noticio do fa'-dtMnto do l:evmo. Irei Jwonlmo w.a HlnfNt, O. Ccrrm,, ocorrido no dlo 1.•• d• noveimhr.o .m Slo Poulo. 1m no,so p róximo ntíin.ro PtfltoNmol à memdrlo •cw le dlt.to omls,o o ftomena,.m • no.ao reconltfllnwlto • noao ot.to.

O Sr. André Laforge conclui faz.endo a seguinte reflexão: "Está a Igreja a caminho de Se deixar envolver pelo marx ismo. ao preço de amargas cle.rilusões? Esforça-se Ela par Se aproximar do marxismo na esperança de o conter, ou de transigir com ele porque conside· ra inelutável a sua vit6ria? Assistimos ao des· dobrar de i,ma diplomacia subtil. mas ptrigosa. ou à vacilação de uma doutrina que alguns não 11i.ais ousam ajir,nar? - São questões que dei· xamos a outror o cuidado de responder' (p. 136).

L. S. S. 6


CAllcem RAÇAS AOS cougttgados marianos Integrantes da rede subterrinea qut tantos strvlços prestou A Igreja durante o C1tUveiro do Papa em Savona, já fl. nham ddo dhu.lgados todos os documentos rctaflv0$ à luta entre a Santa Sé e Napoleão e a notícia da txcomunhio dtstt por Pio VII. Faltava. no entanto, dar igual divulgação ao próprio ttxto da Bula •'Quum Mtmonmdaº. Enqu11n10 ele não se tom~ conheddo, o governo fran«s não ddxarla de ex.piorar a opinião públlc:a, le• vllnlando nela a ~-usptjta de que a notícia b~l excomunhão era falsa, Era pois indispensável a abttnção desst texto a fim de pubnc,-lo p<lo

....

me.no,; cm Paris.

-R· ,_

...

BURLADA DE NOVO A POLÍCIA DE NAPOLEÃO

No 'entanto, vJgiados ~la polícia imperial, os congregados precisavam trabalhar com rcdobntda cautela para não comprometcrtm a própria cxl\1ência da rede subterrânea; não lhes era fQ. cil, assim, conseguir cópia do documento, tanto mais que só o Cardeal Pacca ou o próprio Pio VII poderiam fomecê•la com ss nece~árias ga. rantlAS de autenticidade. Ora. como vimos. era Impossível aproximar-se do Cardeal, dQda a tncomunlcabilidade em que ele era man'tldo o.a fortaltua de Ftnt$:trellc.; embora mais arriscado. parttia menos diffdl tentar uma audiência com o próprio Papa, desde que ela não fo~ ped.ida Por um dos congregados de Pari$, que em s ua maioria ostenfqvam grandes nomes da nobreza e eram multo visados pele poli-da de Napolt'io.

1,

O Duque Mathleu de Montmorency foi a Lyon para estudur II quesCiio, e coo9eguiu estabelecer contado com os congregados claque• la cidade, do modo aparentemente muito Inocente, a que alucllmos em artigo anterior <(Calollclsmo", n.0 255, de março p. p.). As Congregações Marianas fazJam um grande apostolado junto aos pobres e doentes, e era freqüente em lodll a f'rança ver sicus membros socorrendo o.s ncces-sitsdos. Havia em Lyon uma pobre en, rcrma, de sobrenome Martin, multo cooheclda na cidade, onde todos admiravam sua resignação e sua excepcfonal vida Interior; wa conver• sa era alraen(e e edificante, mz.ão peta qual era multo visitada. Ela mtsma pusera à db-poslçio dos congregados d~ Lyon sua habitação pan, servir de. ponto de eneonlro com os membros parisienses da rede. Era um local seguro e nunca a polícia poderia ter a ldéla de procurar ali

os eatóllros qae do,afiavam a llfllÚcla dos seus agentes~ Reunidos ntS9< loal o Duque Malhleu de Montmorency, o Conde Alexls de Noalllos, que j ' se encontrava em Lyon, Beaolt Coste, Fra11· chel d'&p<rey • outros congregados, pudtram eles combinar calmamente todo o plano da Ida de um em~o a Savona para obter o texto oficial da Bula. Ficou resolvido que ~ria envi•do Claude Berthaud du Colo. Primeiro assistente da Congrt-gaç.ã o de Lyon, ele ua ainda jovem e não estava comprometido com a divulgação dos documentos anteriores. Para se desincumbir de sua mlssãot deveria pôr-se em contacto com a "Amlcizla" dt Turim, a qual Já conseguira chegar até Pio Vil para tnlregar os donativos arrecadados entre os banqueiros Italianos.

&rthaud du Coin aceitou o encargo com ver. dadclra alegria • logo deu Início à sua porlgosa viagem. Foi primeiro a ChambEry, onde se enconrrou com o Padre Rey, congregado de Lyon e um dos chefes da "Aa" do Seminário, o qu.al podia apresent,-lo aos católicos Italianos sem o expor a grave risto, pois se o eoi.lss,rio fosse preso com cartas de recomendação dos chefes da rede ~1Jhterrioe1r1, seria tratado ao menos como suspeito pela PoliCht de Napole.ão. Em Turim esteve com o Padre Lanterl, com quem se con• fe.""Ou. ~ enconrro também não eh.amou a alcnçãot porque o Padre Lanteri era conhecido como grande confessor, sendo multo procurado por viÃjnntes atraídos por sua fama. Seguiu de• pois para Mondovl, onde se enco1t1rou com o Cavaleiro Ce...-are -Renato G-alleani d'Agliaoo. Fora este quem cn1reg•ra a Pio VU os donali• vos que 11 uAmicizia" conseguira, e podia orienlar Berthaud du Coin sobre o meio de se aproxlmar do Papa. O c:nconlro com o Cavaleiro d'AgUano exigia ,nalor cautela. razio pela qual o jove.m congregado se apresentou como um turista inglês, grande admirador da UállA e Interessado em ~er um. guia que o ajudasse a conhc«:r melhor as maravilhas da cidade. Os dois falavam só em inglês e flul'llm vários p.... los juntos. Num deles, o Cavaleiro levou o viajante ,.ao palácio do Bb-po Vlncenw Maggloll, chamado de "Tio Vioc:epzo" na llnguagem clfrada que usavam os da rede. Monsenhor Maggioll deu a du Coin

))O(OJf'IJ 13JBeRUNT.

uma carta dt apresentação para o camareiro do Papa, A.ndria MorelU, Já cooheddo da rede ;'Ubttninta pelo Stu dtvotamento a Pio VII e p<los Stn1ços que prestan ao Duque Malbltu de Mootmo·r tacy por ocasião da viagem do Pon-

tífice para a prlsio. Em Savona, Bertbaud du Colo procurou logo Andréa Mol'tlU, qu• o ltvou para assistir à Mlssa celtbnada p<lo Papa. Terminado o Sacrifício, Pio VU dirigiu algumas palav,_, aos prtsentes. evitando uma audlfncia mais demorada, para não levantar suspeitas. Mas o tempo foi suficleole para que Berthaud du Coll\ pudesse combinar com o camareiro o modo de fazer chegar às mios do Papa algumas coosultas dos c-oogregados, que {nfe.li%mentc não SII.Mmos quais foram, e o pedldo do texto da Bula. O emissário d• Lyon tnzla tudo prtparado. &crcvtra nas margen.s de algum:,s p'8laas de um livro as consuU.as, e Indicou ao camareiro quais eram essas p,iglnas. Na tarde dtssc mesmo dia, como fon combinado, Andréa Morem s• encontnva numa ponte do ce.n'tro da e-Idade conversando com um amigo. Berthaud du Colo apro• xlmou•se e, sem se afastarem multo da ouJra pessoa, pediu ao camareiro que fizesse chegar ao Santo Padre o livro que levava, como uma recordação sua, desculpando-se por não revelar a sua Identidade para evitar compllcaç,ões. Ele se lilprestntava como um viajante temeroso, que queria homenagear o Papa mas não desejava comprometer-se.

No dia seguinte, MoreUI enviou-lhe as resposlas e uma <Ópia da Bula. BerthJlud du Coln voltou rapidamente para Lyon e de 1, outro cong.regado levou a Bula uQuum Memora.oda" para Paris, de onde seu texto, cuidadosamente copl.a · do, foi enviado para o Padre Jean Marie de L11mennals, na B're.tanha, e para elementos da rede e.m Bordc.a.ux e outras grandes cidades francesas. Foi logo rcimprt$Sa a uconespondance. aufhentique11, que divulgara os primeiros documen· tos e incluía agora o próprio texto oficial, em latim, da excomut1hio, e a sua tradução. Mais uma vtz a polícia de Napoleão fora vencida, de• mo0$1rando que de po11to adiantara o fechameu· to das Congregações Marianas.

Fernando Furquim de Almeida

OVA JIET ,VJETEJRA

S

ENFERMIDADE

INFANTIL DA ESQUERDA CHILENA

EGUNDO NOTICIOU • lmprtnsa dJli. ria, a 8'dlo Moscou, comentando os ncontecimeritos pol(ficos do Chllc, <enrurou duramente o MIR - Movimento de Es· querda Revolucionária - classificando Stus dirigentes como ..lrtt,spons4vel1', por motivo dos choques Armados havldo.t entre mlrista.ç e a polfcla de Allende e da "sabotagem contra as medlda.t adotadas pelo presidente". Es$ics cxtrc. mistas de esquerda fariam o jogo das forças de direita "interessadas em dividir a Unidade Popu'la.r'' ("O Estado de São Paulo'\ de 16 de agosto p. p.). · Também cm Sanllago o Partido ComuniSla criticou- o "infantilismo revoJudonário da extrema esquerda", afirmando que useu objetivo é dlfkullar o processo n,vofuclonllrio do país'' (jornal clt., de 16 de agosto). Em declaraç&s à lmprcn.~, o Stettlário geral do PC andino, Senador Luis Corvalan, frisava na mesma ocaslão: "Já dissemos e relteramo!· hoje que combate·m os as posições da exfrtma esquerda tanto no campo político como no ideo• lógico. Conludo, não advogamos medidas repressivas contra elas" ("O Estado de. São Paulo"'. de 16 de agosto). · Na realidade, donlro da perfídia revoluclonária, tnta~se de uma tática muito sagaz. embora jií um tanto gasta e desmoralizada, pois a missão des:ses ferrabrascs da extrema esquerda é de ttalçu Junto à opinião pública, pela força do contraste, a "moderação" com que agem o camarada Allencte. e seu.~ comparsas da Un.ldade Popular. 1>essM farsa se ocupou com mais clareza o matutino ..La prensa" de Uma, ao anall~r a ~ituaçio chilena: "Paradox.almen.te, o maior perigo para a experiência marxlsta feita pelo presjdente Salvador Allendc, não vem do centro, nem da direita, nem da Democracia-Cristã, ma~ sim da exlrema esquerda marxista. [ . . . J Tanto Allcndc quanto o grupó polldco que o acompanha pretendem condu:iir o Chile ao marxismo total. A extrema esqutrda, slmboli%àda pelo MIR, também deseja a mffil!a coisa. Mas estiio divididos quanto aos métodos que devem aplicar para tal fim. Nessa dlvc.rgê.ncla, lodubltave1mente, Allende e o Partido Comwili1a agem ront maior lnteUgêncla". Coo,iderando as =ções da opinião chilena e o perigo de um.a intervenção do Exército, a subversão comunlsta tem djc se desenvolver segundo um plàno e.belo dt caute-

Ju. .-À luz desse plano, os comun.b1as se esforçam por respeitar a lel e. a ordem, não para protegê-las, mas para poder liquidá-las melhor quando cbegar o momento preciso. :& por Isso que afirmamos que., nessa divergênda, Allendt • o PC agem com maior lntellgênda" (apud "O Estado de São Paulo", de 13 de agosto). Es.-a atuação mais lntellgtn'le se acha ln~lramente conforme com as recomendações de Lh nine no seu pequeno e nunca assaz dtado manual, que desde 1920 gula os passos dos líderes comunlSlas da "linha Justa". Falamos de "A enftnnldade infantil do esquerdlsmo no comunismo". NC.$$a obra, Lenine critica acerbamente a falta de maleabilidade dos revolucionários que se obstinam em usar txduslvamente métodos extre-mlstas, numa atllude rígida t lsolaclonlSla, por não compreenderem a necessidade da transl· gência e das contemporuações, bem como dos compromissos com outras alas $0ClaUst.as, ou mesmo com liberais • burgueses, lendo Stmpre presente que a meta final exige que se. de-Jxen'l à beira da estrada esses aliados ocasionais quando se '!Ornam d..,,ece~rfos e Inca,nodos. Segundo Lenine, os revolucionários atacados da doença do Infantilismo st obstinam em não compreender "que cumpre retroceder, que cum· ptt saber retroceder, que é obrigatório apttnder a atuar legalmente ,ngs parlamentos mais reacionários, nas organlzifões sindlcals, nas coopc· ratlvas, nas ml.rtualidades e outras semelhantes, me~mo as mais reacionárias'' (obra citada, Lau· taro, Buenos Aires, 1946, p . 25). Sem esse trabalho de Infiltração, Stm es!1ll bldca dos recuos, dos compromissos, sem o uso das chamadas posslbllldades legals, Isto é, de toda uma súie de medidas administrativas e legislativas obtidas através da lofluêo..-ia comunista sobre governos e parlame.ntos ditos reacionários, a causa revolucionária ficaria grandemente emperrada e, mesmo, conforme o am· b~olt, sem possibilidade de vitória. Como vemos, a chamada •·1v1a chilena" de Alltnde, para a implantatão do marxismo, nada mais é do que a vla lenlolsta. Mas há outras lições Importantes a 54!:rt.m tiradas do citado manual. Um dos maiores entravts à obra re't'olucio• nárla acba-st: na classe médJa, ou, como dJz Le;nine, "na força dos cos1umes, na força da pequena produção. Pois, por de.-graça, perma-

neceu no mundo muJta pequena produção, e esta engendra o capitalismo e a burguesia ,onstantemente, cada dla, cada hora, por um pro,. cesso espontloeo e em massa" (obra citada, pp. 17-13). Em que pese a demagogia dos '~pos" e da esquerda dita Clltóllca, ioclusive tcleslá.stlca, nio ~ o supercapltallsmo o maior entrave ao comunismo ou ao socialismo. O grande obstáculo vem a ser o pequeno proprietário, o pequeno proclu· tor, o p<queno burguês, "Slll)rimlr as classes niio conslstc unicamente em expulsar os proprietários de tem,s e os capitalistas, - mas também em suprimir os pequenos produtores do mercadorias. Quanto a t.Stes, e.nt:retanto, é lm• PoS$ÍVCI cxpulsi\-los, é lmpossivel esma g,1-los: dcvr.r~·á entnr em entendimento com eles, podt·St (e deve-se) transformá-los, rteduc,-los medlante um lnbalbo de organlxação multo longo, lento e cauteloso. Eles «ream o proletariado, por todos os lados, de elementos pequeno•burguescs, lmpreg.nam·no destes elementos, desmoraUzam-no com tle:s, provocam constantemente no Stio do proletariado recaídas de pusllanlmldade p<queno-burgut$8, de atomização, dt lndlvlduallsmo, de .,..,nações tnlre a exaltação e o abatimento" (obra citada, pp. 49-50). E •creseenta Lenine: ''tl. mil vezes mais fácll vc.n cer a grande burguesia centralizada, do que vcnc:e:r mllhócs e milhões de pequenos patrões'' (loc. clt.). Por outras palavras, a clas.'9e mfdla desmente u teoria marxista da inexorabilidade da concentração capllallstn e da «>nS'eqüente proletariza. ção unlversal. E a ação dlreta.merite revolucio· nária e comunista mostra-se impotente em face dtS.-a montanha lnlraml)Ooível. A solução só pode vir através da violfnda, como na Rússia, na China e em Cuba. ou através da aç,.ão wb-repticla, Por melo de medidas fiscais e legisla'tivas que promovam o gradativo empobrecimento e conseqüente desaparecimento dessa dasse média, - de preferincla, pela atuação de aliados não ostensivamente- comwtlstas, como no Chile vem sendo a dos democralaHrlstii0$ desde os tempos do Jame.ntÁvd governo de Frei, que em sua obra nefasta tamWm contou com elemento.~ tidos c.omo conscnadores. Sem nos esquecermos da atuação da esquerda-católica, com o btnephlcito do Cardeal SIiva Henriqutx.

J. de Azeredo Santos 7


*

TAMBÉM NA ARGENTINA HA QUEM FAÇA O PAPEL DE KERENSKY

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FIGURA OE Kcrcn.sky 1omou·!>C pro!~típiea dos Que ndot~m u mà polt11c:'\ de conc(SSÕCS d1:'lntc da

s.ubvcrs~o comunisH:1, preparando a vi1óri.\ desla wbretudo pcl::i ncu1r:ili1.aç;"10 de qual-

<iuer :içt10 icnuin;1mcntt conlr:i-rcvolucionária. O saudoso col:1borndor de "Cn1olicismo·· F:1bio Vidigal X.:ivicr da Silvcirn, cm

seu nunca

citado livro "ftci, o Kercnsky Chilen-o·', com 1lo1:ívcl prccii.:io rc:'l$..·~:,1.

1ra1ou :-i trama que. cm curto pr:izo, poti:l .lS rédc:i.s do p,0dcr no inícliz p ais andino n:ls mãos do n,arxi~tn.,lcninisla Salv:tdor AUendc.

Em hicido e corajoso m:.mi(csto, de :u,10-

ria do 'Presidente de seu Conselho Nacional, Sr. Cosme Bcccar Varela Hijo, a TFP at1;tentina vem de dcnund:ir o~ "bluí(s" através <IO$ <1uni.:; se ensain perpc1rar :-.cmelh:1nle mud:rnça revolucion:'iri:l p;H:;-i fozcr c:1ir nas müos do comunl,..mo mni~ um povo ,,aturalmcn1c ce)nscrv:\dor e tl quem sobr:1 inlelitênch\ e d estemor. F.,,~_ nrnnifcs10 apar<::cc sob o título tk- "Os ·"Kcrcnskys" Anu·nth1os·· e subscrito pelos membros do Con, selho Nacion:d cfa SAOTFP. Srs. CQS:me 8ecc;ir Var<:1:1 Hijo, Julio C. Ubbelohde. Carlos F. lbargurc n Hijo. José Antonio Tos.t Torres, Alíonso Occcar Varela e Jo rse M. Slorni. Em nota liminar, 3dvcrtc: "Os ••kcrcns:k)"'S'' :n-gt,ntln os não ~o ncces~.-rhunentc indivíduos que querem lnttncionidmenle repr~nl:,r o papel de Kert.ru,:ky. Rxl$le, a ntes, um '•kcrtn$kysmo•t d lfu.,ço n~1 Ar~cntlrrn1 que ju~110c::i noS50 IÍlulo. Há, inclusive, dt.n$ldndcs dlvcn;:.lS de '"kcttns, ky.\"TI10" nos romp-onenles d:i v.mdc equipe httt rogêncn que dtli<'ll}Ptnha o pa.ptl de l<crcnsky cm n os~o p:,r.~ ·t um ''keren.skls• mo" de Vlirlos, sem grandes ••'kcren sky~ que. crn $C U conjunto. prtp;ua ndo o triunfo

clcnfb.ação, tm Ioda a Ar1tt11Uru\ lrndlrionnl, :1 qu:il é prorundAmcntc antlcomunls· t:, t, por tODStJ;lninlc, nn1l-socl11llsta .. (p. 24), Di.-inte de um:\ opinião públiea em sua mnior parle com,erv,,dor.'I, os mentores ,e, volucion:'irios. na Arg.entirla têm <w·~ npc1:l,r para o recuN:o da.s mistific:.'IÇÕC$.. O:. dois mdos princip nis de que dispõem para imphrn1ar o :cocialismo cm um país católico e tr:,dicion.lJi..,i;,ta que o rcpudin. s:io o:. seguintc-s:

"a) O primeiro nwio (e é o que mais provavelmente- utllluar-.io, porque t o que c~d principnlmcnft tm t"urso neste mo.mtnto) é .a lmpl:-..nta-;ão dt: um iovr,mo de t$querda modem.do multo CS,QUerdlst:t t pouco modtrttdo cm c<>:db'Jic, t"Om Per 6n;

cus10 de vida sobe" (p. 1.S). Assim Cica cumprida 3 primeira e tapa. Pas.~a.-sc a p ôr a culpa por esse caos nos " cspccul3do· re:s", q ue n:1tu rt\lmcntc se descobre serem, lodos eles, proprietários p rivados. E vem a fo.L-.:, so1uç~10 pela panac~ia do esHUis-mo econômico. como se essa. situação c:.ótica nilo fosse fruto do próprio esl31ismo ou in, t\!rvcnc ionism o cc.onômico. evidc.nlc que 3 t$1a rillura os "sapos:" d e Ioda espécie 3parecem e pregam o npoio às mcdida.,ç in1ervencionis1as e soci:1li7.antt"s. O quinto " bluff' se cifra em afi:mçar <1ue os partidos poHticM têm força popuwr e concluir que, sendo eles cm sua m3iori.i s.ocinlizantcs, é inevitável a socialização. E finalmcn1c. v<"m o sexto "blurí'' pessimis1a a d izer q_ue a Arscntin:'I :1utêntica c 1rndieion11I já morreu.

.

e

-

Os dois oratórios mais recentes da TFP são o de Belo Horizonte, dedicado a Nossa Senhora Aparecida (foto de cima) e o de Fortaleza, inaugurados ambos no dia 13 de maio deste ano .

b) Caso m:.logre tsfà m:,nobr-.t, MJrgini

i, posslblH<bl.de de um golpe miliUlr dt tipo

o-qucrdlUa moder.uSo lambffll muito esquerdista t pouco m odcr.ado" (pp, 24-2S). Ambos cs...;es r«ursos ou po!ílicas se b"-· sci;tm cm diversos " blu(($" (como cm gc. r.il se dá com as :.1c;ões da Revolução), que no caro vertente se dividem em doi:. grupos p rincipais: os ''bluffs" dcs1ina.dos a levar ao desânimo a opini:,o pública e os destin3dos :t nela incutir um (nlso otimismo. O manifos10 denuncit, e desmascara un$ e oulros..

Seis "bl uffs" poro desani mar o opinião púb lica

Entre os "'blu ífs'' t"ngendrndos para provocar dcs!mimo se acha tm primeiro lugar :1quclc que apresenta o peronismo como força majoril.o\rin e d ominadora. fnla.·$C do peronismo como se fosse aind~t a íorça de· magógie:t que rcprcscnt;;wa hà vinte :.mos do:: 1 ·1c-nlnd" (p, 7). :11tá., e como se. nada houvwe mudado m1 Argentina, M3is aind3: o Presidente Lanus.~c abre uma série de con1ac1os quase o fi• Rumo ao socialismo ciais com Ptrón, trat,rndo-o como um:, J>O· Os; :.1co1l1e-cimcntos Poli1icos ntt Argcnlina 1<:nci:i. e definindo clogio~amcn1e o justicialii:mo, como $e não se trata..~e de urna v:io~sc sucedendo cm ri1mo acelerado, e<>»· corrente socfalista. firm:mdo ioda..'- :,s ndvcrlênçfos feit:,s 1\0 () 5egundo "bluff" pessimista oon$is1e cm a nterior m3nifesto <la 1'FP d:i.Quclc p.iii-. ttfirmar que ··os dlri,tcnfc._ç sindk:ái.~ da CCT public:1do sob o 1í1ulo de "Vct, J ulgar e tcprc.~nt:m, um:t ma$Sa de mllhõt.s de tr;,1. Ag:ir" o ilô mest.i:. antes de.sie que e,;:t.1mo~ halbi1dores-... Na rcalid3dc tra1:,-se de uma comentando. o lis3rquia de oporlunistas que dispõe de Adol;rndo pát:\ a Rcvoluç:"10 o conc(ito fabu losa.-. do1ações rcprC-1Cnladas por oonque del:1 dá o Prof. Plinio C0tté:1 de Oli1ribuiç&.s compul~óri:\s <los. o perários e por .,.cirn em i:tu magi.-;1r:1I cns.aio ··R,cvoluçi:io e ~ubvcnçõcs do governo. Além do npot() &O· Contra-Revoluç:io", i.sto é, um movimento vernamcntal. os "s~pos" tratnm a CGT CO· Que d esde o crep,ísculo d:\ ld:.dc Médi:. $.C mo vcdctle: "Os p:,rtidos polfllcos, os r.cempenha na dcslruiçfto d:, li:;rej~1 e d.i civifOrts em,presarfals t\mb tm a.jud.am " lc,. liiaç:io cristã. t cuja.-. princip:1i~ e1:1pM ~ ,•anlar o mito. 1- . • J Como os ~1ndkatos e nch:.lm na Ps.eudo-Reform:, prott;!.t:mtc. na :a CCT são tonduildos, crn gcnd 1 por peRevoluçfio Fr!lnccsn t n:1 revoh,1ç:"io russ.1 ronlst·as, ::.. utilidade ~'te. '"blufr 1 é II mc.s,.. 4,.-omunfata, mos1ra o manifesto d:t SAD1"f-"J) m11 que a do ''bluff" du rorç3 do peronisque "ns forv,s que qur rcm :1 imphml•1c:io mo'' (pp. 56-57). São, por1an10, águas :\dudo sncfallsrn o n:, Arittnlina. bto I:. ::1quclas zida.s p3rn o 1nesmo moinho to1ali1á rio. t importante assinalar u ma. cara.cteris1ique dlrigt:o, e impulstonam :t Rcnlluc;-i'in, ca d este 'ºbluít·: conttibui de p:\r:l cri:1r r esolveram, st-2undo patt«, que c hegou o :1 impresi:iio de que todos os 1rabalhadorc$ momenlo de logra r seus objelivos. Niio tcin havido ,·arlà«;Õcs íundumcnt:11~ na afilltdc .i.rgcn1inos dcsej30, a rei1liz:i.çao do progtà· ma soci:tlis1;1 da CCT e do peronismo. isto de rcjc.lc;-fio d:i opinião públic:i cm fiice é. apoi:.lm a reforma agrária confiscatória, dchl. Ma.s ~ us meios de prc.,-.ion:1r ~ ent:\• ~ co-gcst:io das- empresas e :1 J)3tliciJ)3('.ã o 1\:\r .i 01>lnião públicn aumentaram" (p. l i). nos lucro$, :.t liberdade p3ra os presos PoPnr:i isso con,tam O$ mentores d:, ~ubvcr. líticos ( lcfo•sc: para os terroristas) e a dtr· sào eorn v(1ri:\s (orças. cuj:~ im1>or1ân.:ia é rog3ç5o da lei 3n1ic.omuni.sta., Cria-se as, intcrcss3d3mcntc exagerada pela propag3nsim o mito dt que o oJ)Crariado 3raen1i~ da, mas que são na verdade $11íicicn1cs p:ir:i no Ç maciçamente socialista e agressivo. SO· lcv;1r n cabo cs~ isini$1r(> pl:.rno. ·•a não Str mente co,nido em seus exc~SO$ pelos d ique ~e produza 1,1ma rtac;-ão da Argenlinn rigcn1 cs sindicais. :mlênllC':"1 e sik.nclad:,. que ::i TFP dcscj:1 p orém, notório o vaz.io popular e1n com fod:1 a ~ua :1l11111 e que, se Deus <1uiscr. ;tjudani a produlir'" (p. 22). torno d:t C:GT. F3!:_ , ck, cm nome dos trnb:1lhadores, m:,s- sem eonsul1:i-los. Este. fato O m:miíesco citl'l doi:. indícios dcs...;i rtaçi"io. Um representado pefo cor:,jo~ posiç:ío se prende :io 1erceiro "bluff', :i.través do qu:,I se :iprcscntam :,s :,gitaçõcs de rua cO· do úc:ncrnl Junn Carlos S:inchcz contrn o mo um ícnômeno popufor autêntico que lcrrorismo, Esse br:wo militor foi cov;.trdc· prov:) que a ma.ssa 6 esqucrdi.s1a. mente assassinado, mas o alarme q\1c d itou O quarto 'ºbluff·' 3füma gratuitamente :-.ua a1i1ude não morreu oom ele. Ou1ro que 3 ,inic:. s:.íd:i J>3f..l o cuos j,,-COnômico indício de rc:.iç-:io J)odc ser no1ado nas :ugc,Hino çonsisle cm aumentar o intervcn, p:,lavras que pronunciou o Emmo. C!lrde:il cior1ismo cslM:il e promo\'cr uma inflaç:io Antonio Caçgi:mo, ArccbisJ)o de Uucno~ conlrolada, ··anti-recessioni:st:i.", Acentua Aires. n S de maio deste ano. cm Lujá1, •. muito bem 3 TFP pl:1tina que "p:.tra pôr n:1 prc...;;cnç.:. de iodo o EpiscoJ):ido Argencsfr mcC'an tsmo em íunl."ion:amento, é necc.~tino, dcnund:rndo a cxi~1éncia ele uma sário ter prcviarocnle produzido o CàOS 1;:randc crise moral no país, <1uc 1rn7,. etonômlco oiedlantc a inflação provoc-ada consiso o pctito d:1 implan1aç;'io de um pelo excesso, precisamente, de intenencloreg.intc socialisrn "com a cn-adk:atão tornl nlsmo. de cm~io m onclári:J, de dé-Oclt ordo direito de propriedade prh·ad:a e a té dos ç.irnentá.rio, etc. &ic caos cngendra a dcsitt,1n1ruento.< de- Cr.lb:dho das empttsas'' tonfümça dos capit:d.s privados e o tmpo• (p. 23). brccimento geral ptla perd,a de valor dos Essas duas pcrson:itidadcs não fiicram sall1rlos, ttndns e ptnSÕC!$. [ ..• ) O r2.n1asmais do que manifestar "um :1lamm qut m.1 do dtscmprcgo ap:uuc. Os s.alwios dos existe, em m:lior ,,u menor s:rnn de tons- qut continuam trabalh a ndo sito b:dxo~ O

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. . . e out;r os quatro pa ra c riar o folso otimismo Os "bluíís" destinados a criar um falso 0 1imismo vão pelo mesmo di3p:.são. Primeiro: o peronismo é uma força de d ireita, co n1m toda.~ 3s gritantes evidénci:P.. ,;, em contrário. O "bluíf"' otimista n(1mc-ro dois 1cn1a fa:t.er crer que os dir·i. s entes empresarial,;, e os líderes sociais: d;i nh:.l bursuesi:t s.1o u ma bam:ira contra o ..:omunismo. Parecido com esse é o "blufr· mímero três. pn,:, o ,qual o governo é de centro, e manobra 1.'Vm o peronismo parn s;llv:1r o p aís do cornunismo. Por fim vem o "bluff' confonne o qual o C lero dilô moderado, que adotn u ma posição de ter• c:cira-força na conlenda d:t Igreja com o C lero sub vcr.sivo, s,llvar(t do soci:\lismo :i Jgrej:i e :1 P:ltri.i, - comQ se esse "bluff" d:\ tcrccirn-íorça eclesiástica j:\ não estives se suficicmcmc.nte gas10 e dcsmora.liiadc, no mundo inleiro e :11nw6:s dn História. 4

Que providências tomar?

Comemorando as aparições de Fátima

O i:m1e dessa perigosa situação, toda cria. d:. J)OI' "bluffs.", q ue providências tomM'?

- A ntes de tudo, furá-los um por um. E para isto saíu às ruáS de ioda a Argen• 1in3 n brilhante SAD'fFP, numa magnfíi. e.a cámp:rnha de divulgação de seu m:,,nifes10, denunciando assim a minoria. de esquerdist:ts !a "Kcrcnsky·-, que vão faze ndo, c:m seu país. o tris1c strviço de Frei no Chile. Além <!essa mcdid:i de saneamento psicopoH1ico rundruncntal, o documento da TFP p1atina re1,,.-omcnd:t que os conservadores se unam, e utilizem as eleições para formar um ttOvcrno ''princip:.dmcntc con.strv-ador dos princípio.< católicos e das trndlç~s hl,;plinlc:1s''. que :.lsscgurc às atividades lícitas ·•um;t Ubcrd:-1dc. tonforme il 1<'-i natu. r.il e dMn;aM (p, 169). Pleiteia cambém o m3niícsto a c1iminaç-5 o do terrorismo. por meios. que, excluindo :, crueldade, se inspirem cm ••multa h,1bllldndt, consl.ânela e: firmeza" (ibid.). Pro• põe ainda o do.;urncnto que se revigorem e utifü.c:m as inscituiçóe.'> sódo-ccon6micas incrcn1es à civilização crist5, pcrfci1~men1e ttJ)l:1$ :l ""t"le:nr o nível moral, culturill, poHtlco e eeon6mlco" do povo argentino (ibid.), Por fim, preconiza o imcdil\lo abandono d:1 polilica de dcrrubad:1 d:,s b:1rrciras ideoló&icas inaugur:idt, por L:mussc, de sorte que. :.\ Atscnlina se ponh:1 em rcso,. luto combate contra a amc:iça comunista n:, América. L.11in3,

••• Lnnçnndo esse mnniíesto hícido. leal e cornjo~. ;i Sociedade Argentin:. de Oefe):1 da Tradição, Família e Propriedade dá à. :.ua pfitria, e a to<fo n f:imítia ibcro.3mericana, um exemplo de aç:!io idcol6gic3 de allo quil3tc. Aug.,1r::imos que o povo p latino seja sensh·cl à voz. desses fil hos d e escol. Assim se salva.ri um gr:,nde país, '! se 1crã.o evita.do mnlc.1; sem cont:t parn as nações dCS"te continente. Nas sedes da TFP e dos Nóclc.os de mili1an1cs da Tr::tdiç.âo, Família e Propriedade, cm todo o Brns.il, podc-m as pessoas espccialmtnte: intercss:.d:ts cm polhic.:. arge:ntini. cnconcror à ,·end3 a obrn fundamental de Cosme Bccear V:1rela Hijo.

A SECCÃO 00 Ceará d:i Sociedade Brnsilc ir3 de Ocfesa dn íradiç:io, f'!lmilia e Propriedade comemorou solenemcn1e no oratório instalado cm frente à sua sede, e.m Fortaleza, o SS.0 :1nive.rs.ário das aparições de Nos.s3 Senhora na Cova dl. Jría. Centenas de fié.i$ devotos da Virsem acompanho.rain o terço que foi ret..àdo no d ia J3 de outubro pelo Revmo. Pc. José Arim~téit\ Oiniz. conhecido líder an1icomunista dos trnbalhadorc.'i ca1ólicos cearenses e diretor do jorn:.'11 "A J!'ortalc1.a··, órgão da Federação dos Trt'lba· lh:\dorcs Cristãos do Ccaró. Nesse ornt6rio, inaugurado no dfa t 3 de maio p.p., se venc,~ uma. int:.gcm de Nossa Scnhor·a de Fátima, de au1ori:t do me$mo :.'lrlista portusuê-s que esculpiu, i:Ob a orient:.,ção da Irmã t..(1cia, ,1 fo1nO$.a (m:\gcm Pcrcr,.rina (a n~m3 que verteu ló.grimàs, rcccn1cmcn1e e.m Nova Orlc..1n~ como nolici3mM). A p3r1ir da inaugurnção os sócio:; da TFP e os milirnntc.,i;, da Tradição. Família e Propt'ied:tdc tê m foilo Bli d i:iri:.mcntc vigília.s: de orações. No d ia 13 dos meses em quo Nos:s:.l. Senhora. apareceu cm Fátima, a TFP cearense realiza no oratório aws comcmorath•os. com a narrnç5o da$ :.1p3rições e incineração de pedidos colocodos junto t'IO or:u6rio pelos devotos dn Mne de Dcu5,,

V erdades esquecidas

Vem de longe a infiltração comunista Da ê m:fclicu "Dfrlni R.edtmptoris'', de 19 dt' março tie 19J7:

COMUNISMO M ANJFESTOU-SE uo comtç<> tal qual ua cm toda a sua pu· \'etsldade, mas logo puubtu que 1nsim a/1,stú\'O ele si ós ,~ovos,· 11mcfo11 tntúo d e tdtlca, t: 11roc11ra ,1rdilos11mc111c 111n,t't mr ,,,u/tidi'ic.t, c,c11/ta11do os própr/o.t intuitos ,ltrâ:r ,t~ idilo.T em si bQO.T ,: 11t,yu•11trs. /)t•sttute, \•em/o o dt·seju comum ,/e f1lt1., os c Jtc/fS ,lo co,mmi.sm Q / i11g<m ser os nu1is zelosos /cmtote.s e p1011a,1,:a,rd/su1,f do m ovlmt'nfo pd" JHZt m1111dlal,· mtJ.s ao mesmo 1,•mpo excl1t1m os homens parti o h ,111 (lt• cla.ts,·s, qu~ faz corte, rios de so11gu tt, r, st>ntimlo que 11éio tim garantia i11rema de 11az. recorrem a armamentos sem limites. A.,.rim, sob ,JenomlnaÇtit-s wJrias. que m:m strqucr /M.ttm alusão li() com1111ismo, Jtmdnm r1SJoâaçiJc:t e pcri6dicos que, na \'t:rtlo,le,, scn•cm só 1uua fazer pemJtror suas itUios em me;o.1 qur de o ulra Jorma lhc1 .strlam menos ac:t·s.slv<'l.s; procurnm lllé in/iltmr-u /111i,/iQSame111" f lll oss<>e/ações cat6llcas e rei/glosas. A1sim, cm alguns lugaru, ma111emlo-sc /irm t!s em .wms pcrvt'rSOs 11rl11dpio.r, convld,1111 os C(lf6/icos 11 col11borar com eh·s 110 cluwuulo ct1mpo h1mumitdrio e carllatlvo, 1>ropoudo 110, )le,te,1 ,:olsas em tudo a ti conformes ao t!SpírilQ cri.stiic e ti doutrina da Igreja. Em ouJras pt1rlts, s i,a h ipocrisia w1I tJ(J 11,mtq ti<' /11ur acreditar <Jlt<' o c-0m1111i.s11101 <m l"1í.ses ,te maior /t 011 de maior culluw, 1om t1ní Jeiçilo mai.s bra11da, niio impe,lirá () ,·11/to rdigloso e rt.sptitará a libet• dctdc de c:onsciêl,ckt. M(lis, Algwu l,ó 'l""• rt:/crlmlo-sc: " c:crta:r mudanç"s /1111odutidaJ reunteuum tc ,ta /cgi$laçiiQ soviéJ/ca, dClí co11clut.•m qttc (I cmmmismQ está prtst"·' a 11l>attdon"r o rtu progrfll11t1 d~ luta c:Onlr(t Deus. Vt'lai, Vc11uá~·ei.l lrm,iot, por que: sit ll<iO tlelx~m llru/ir os //tis. /lt tri11secom e11te mau é o com,mismo, ,: não .se l'<Xit admitir, cm campo algum, a colt1boração rtcíproca, 1>or parte de 11uem quer que prc1e11tla sofrar II civi/it,111.,·ão crist,1. - (Encíclica " OivinJ RC-dcmptoris.. - · Edilorn Vozes Ltdn., Pc1rópolis, p9. 29-30!.

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OrllllTOR; Mo:-.s. ANTONIO ll.1BEIRO 00 ROSARIO

Pastoral sobre os

CURSILHOS

ATOLICISMO apresenta hoje a seus leitores um notável documento, que vem i,lcançando ampla repercussão nos meios culturais, sociais e rel igiosos do País. Trata-se da luminos" CARTA PASTORAL SOORE CuRSILHOS Dll CRISTANDADE, do nosso egrégio Bispo Diocesano, D. Antonio de Castro Mayer, a qual já se tornou um marco na história religiosa do Brasil. A inteligência c cultura do F.xmo. Sr. Bispo de Campos, seu arrojo cm circunstâncias difíceis da vida da Igreja, tornaram-no célebre não só den tro de nossas fronteiras, mas nas Américas e na Europa. Vários de seus trabalhos publicados têm sido autênticos acontecimentos eclesiásticos e culturais. A recente coletânea - " Por um Cristianismo autêntico" na qual ele enfeixou suas onze principais obras, torna isto patente para qualquer estudioso. A nova Carta Pastoral versa sobre um tema atual e candente. Baseado em farta documentação - D. Antonio de Castro Mayer cita mais de cinqüenta textos extraídos de livros, opúsculos e periódicos cursilhistas - S. Excia. Revma. demonstra que as tendências doutrinárias dos Cursilhos de Cristantade são heterogêneas: verdade e erro, bem e mal têm livre curso nas publicações oficiais do movimento. Com isso, muitas pessoas de reta intenção, confiadas no que viram de bom e louvável cm reuniões cursilhistas a que estiveram presentes, não discernem as concepções perigosas e mesmo errôneas que circulam cm certas áreas do movimento. Tanto mais quanto essas concepções vém expressas, não raras vc,. zcs, numa linguagem subtil, e seu sentido profundo escapa assim aos fiéis menos avi1 sados, ou menos versados em dogma e moral. As observações do ilustre Bispo Diocesano referem-se, pois, ao movimento enquanto tal, e não às pessoas bem intencionadas que nele se poderá encontrar. Tais ' cursilhistas, não obstante - adverte a Pasf torai - podem sofrer um processo de baldeação ideológica a curto ou longo prazo, de uma m:in~;ra talvez subconsciente e imperceptível, para adotar os erros que afetam seriamente ponderáveis setores do movimento.

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HUMANISMO. Entre os desvios que se notam nos Cursilhos de Cristandade, patenteia-se uma perspectiva humanista na maneira de encarar a ordem sobrenatural e a finalidade da vida nesta terra. Não ·se vê, com efeito, no conjunto das publicações cursilhistas, o reconhecimento claro e inequívoco da justa hierarquia das coisas, pela qual o fim último e supremo de tudo não é o homem, sua perfeição e sua felicidade, mas é a glória de Deus. Há, por exemplo, um opúsculo ofici.11 do movimento, publicado pelo Secretariado Nacional da Espanha, sob o título de "Graça habitual", o qual chega a sustentar que Jesus Cristo veio ao mundo só para o bem do homem - "s6 para isso", "para nada mais", diz expressamente o texto. Em outro documento - a contribuição da Colômbia para o Ili Encontro Latino-Americano de Cursilhos de Cristandade lê-se: "O grupo cristão deve buscar a soluÇâlJ do problema fu11da111e11tal do Jw111e111: a felicidade. [ ... ] A felicidade do homem não SI! pode alcançar sem Deus, porém a fé não tr<1ta pri,neirtunente de Deus-em,..si, senão do home,11 e seu aperfeiçoamento 11Ele". Tal sentido humanista cria o perigo de uma desmesurada valorização do homem e de sua perfeição, em detrimento do seu fim último, a glória de Deus. Com isso, as mentalidades ficam expostas a óbvias deformações num ponto fun_damental.

Ed ição de 10 páginas

Ff:: E CONVERSÃO. Entre as concepções do movimento que causam mais sérias apreensões, está a que diz respeito à fé e à conversão. Nos Cursilhos se precon i,.a, com efeito,

uma "fé vivencia/'' e esta é concebida de modo a minimalizar o papel da inteligência, e a exaltar ao mesmo tempo, exageradamente, o papel da sensibilidade. Se estudarmos certos escritos cursilhistas a respeito da "vivência" e da "fé vive11ci11/" . veremos que dificilmente se ajustam ao que foi defin ido pelo l Concilio do Vaticano quanto ao papel fundamental da inteligência no ato de fé. Os Cursilhos insistem consideravelmente mais sobre a "vivência", isto é, a experiência pessoal, o contato vivo, a atração entusiasta causada pela figura de Jesus Cristo, do que sobre o conhecimento intelectual das verdades reveladas. S assim que esperam obter a conversão do indivíduo.

HJLARIOAOE. Nas conferências do tríduo de formação cursilhista, bem como em todo o desenvolvimento deste, apela-se fortemente para o lado emotivo, procurando-se levar os participantes a sentirem e gozarem a felicidade da graça, e a experimentarem urna alegria transbordante. Tal ambiente, no qual a excitação da sensibilidade desempenha um papel proeminente, procura criar as condições para que o neófito sinta a presença de um Deus-Amigo e se converta. Essa é a orientação de muitos roteiros de conferências - que os cursilhistas chamam "rolhos" - e manuais do movimento. E ex-cursilhistas atestam que o fator emotivo tem realmtnte um papel absolutamente capital no tríduo. Por outro lado, os dirigentes procuram provocar um ambiente de espontaneidade, alegria, camaradagem, intimidade, etc. Para isso recomendam que se contem anedotas, particularmente à hora das refeições. Essa ênfase concedida ao fator emotivo traz o grave risco de conversões entusiastas, mas sem a necessária solidez. Além disso, as piadas, os chistes, o ambiente de camaradagem, etc., como é natural, prejudicam facil mente a compostura, a seriedade e o recolhimento que devem reinar cm qualquer reunião católica. A Carta Pastoral exprime muito receio pelos resultados de tal sistema. CRISTO, NOSSO "CHEFÃO". Podemos aquilatar a deformação de mentalidade que produzem os erros existentes em ambientes cursilhistas, observando o tratamento que cm ccnos cursilhos do Brasil se. dbpensa a Nosso Senhor Jesus Cristo. Como deve um católico considerar a figura majestosa e humilde, enérgica e serena do Divino Mestre? Certamente com toda a confiança em sua bondade infinita, que nos leva até à intimidade com Ele, mas também com todo o respeito e veneração que a criatura deve ao Criador. São os sentimentos que nos inspira, por exemplo, a Sagrada Face do Sudário de Turim. Pois bem. Nos cursilhos do Brasil se ensina a chamar Jesus Cristo de "Chefão", corno se pode constatar no livro "Temas do II Encontro Nacional de Secretariados Diocesanos de Cursilhos de Cristandade do Brasil". Esse tratamento trivial e grosseiro é também usado para com Nosso Senhor no artigo "Meu papo com Cristo'', publicado no órgão oficial dos Cursilhos brasileiros, a revista "Alavanca". Nesse urtigo, redigido por um a cursilhista, se lê: "Hoje quero bat.er aquele papo co,11 Cristo [ . .. J Cristo está aqui ao n1e11 lado, se11/ad1J na minha c/1111a. Sra, figura 111e agrada logo: ·'super-pró frente", calça Ice azul marinho e tánica azul clara. Nos pés, 11111 par de tênis também awl e, ao redlJr do pescoço, u,na corrente tioura,la onde vejo pe,uiurada uma cruz. Da cabeça saltam, pacificamenr.e, cabelos claros e lisos que vão até os ombros. Como o meu Cristo é /1árbaro!"

Como se vê, para uns tantos cursi lhistas esse seria o perfil do Homem-Deus, -· bem diverso daquele fixado nos Evangelhos. Quanto o espírito católico deve estar deformado num movimento, para que nele circule esta imagem de um "hippy" como sendo a de Jesus Cristo!

MARXISMO E SUBVERSÃO. Das mais importantes, na Carta Pastoral de D. Antonio de Castro Maycr, é a Parte Ili, que tem como título: "Cursilhos e a subversão". Nela, o egrégio Pastor denuncia um ponto que considera particularmente grave: a simpatia que certos meios cursilhistas manifestam para com o marxismo, e, mesmo, a adesão plena a teses marxistas, em mais de uma publicação do movimento. Um artigo da revista "Tripode" - órgão dos Cursilhos da Venezuela - intitulado "En qué coinciden marxistas y cristianos?" e assinado por José Maria de Llanos, indica vários pontes de "coi11c:idé11cia" entre marxismo e Cristianismo. Segundo o articulista, o fundamento de uma nova estrutura, de urna nova humanidade, é de ordem econômica. E para se conseguir (;-ON(l,VI N,1, P.(c;IN4 4

N.º

264

DEZEMBRO

DE

1972

ANO

X X 11 Cr!i 2,00


CARTA PASTORAL SOBRE

D. A,,tonio de Castro Mayer. / por ,nercê ,te Deu.'l e da S a,,ta Sé A postólica. Bi.<Jpo Dioce.<J111,,,o ,te Ca,,,pos. / A o Revn,o. Clero Secular e R e gular. à.<J Rev ,la.-.. Religiosas. à Ve,,ertÍ-ve l Or,le,,, Terceira ,te Nossa Se,,l,or,, ,lo M,,nte Car,nelo. l1,<J A .<;.<JOCitll,f!Õe,<J ,le 1•ie1l111,1le e apo.<Jtol111,1lo. e aos fiéis e ,,, geral da Diocese ,le C,,,,,pos. / Sa111,1la!J1'io. pa!.:S e bênfiio.<J e,,, N o sso Se,,hor Jesus Cristo.

CA Riss1Mos CopPERM>ORF.s E AMADOS FILHOS. l . DE ALGUM tEMPO a esta data, tem havido [reqüentes' manifestações de perj)lexidade e de-~assossego, por parte de numerosos fiéis de Nossa Diocese, a propósito de um Movimento novo de apostolado, que se vem difundindo nos meios católicos brasileiros. Apresentando uma espiritualidade em muitos pontos diferente da tradicional, recorrendo a métodos de formação que se dizem inspirados nas modernas ciências psicológicas, suscitando conversões inesperadas, porém marcadas por um quê de singularidade, esse Movimento tem despertado estranheza em muitas de Nossas ovelhas. Concomitantemente, em conversas com Sacerdotes e leigos, bem como através de correspondência, temos recebido pedidos instantes d~ orientação sobre o assunto. Referimo-Nos, amados filhos, aos chamados "CURSILHOS DE CRISTANDADE". Observações preliminares

2. .É freqüente afirmar-se que as ativid~des de Cursilhos de Cristandade são envolvidas e m certo sigilo. Há, não obstante, documentação escrita a respeito, mesmo oficial. que aux ilia a formar um conceito sobre cise novo sistema de apostolado. As publicações de Cursilhos são muito variadas. Algumas são fáceis de entender, e contêm afirmações inócuas o u até dignas de aplauso. Outras parecem claras para o leitor pouco versado em assuntos de teologia e moral ; mas para o perito cm tais campos da cultura. apresentam, por detrás de uma exposição aparentemente accessível e acima de qualquer objeção, alguns subentendidos e mat izes que pedem análise mais cuidadosa e circunstanciada. Tudo leva a crer que a mesma desorientação se observe nos próprios tríduos cursilhistas ( 1) , já que cada cursilho é o reflexo n~tural das publicações em que os seus dirigentes se tenham inspirado. Assim, nada

l) O Movimento de Cursilhos de Cristandade tem como atividade básica a promoção de 1>equenos c ursos de três dias (daí o seu nome, em cas1clhano, de •'cursillos"). No tópico número 4, apresentamos uma breve dcscrjção de.'i .. ses tríduos. Para maior clareza, nesta Carta Pastoral indicaremos o Movimento como Cur· si/hos. com inicial maiúscula, e o tríduo como cursi/lu>, com inicial minúscula.

De si, aqueles que fizeram o cursilho ingressam na chamada fase do P6s-cursilho. Participam de reuniões 1le grupo_ l~cais. Rcu~i~cs maiores, que congregam penod1camcntc vanos grupos, recchem o nome de Ultreyas. O Movi-

mento também publica livros e revistas, promove cursos para dirigentes (a cargo das chamadas Escolas de T>irige11tcs) organiza con· 1

gressos nacionais e intcrn ncionais1 etc.

2) Para a elaboração desta Carta Pastornl. não utilizamos apenas escritos cursilhislas <le origem brasileira, mas também, e cm larga cs-

·cala. do:umentação em língua castelhana. Agimos assim porque, de ,u_m l!do, é . nesse

idioma que se fizeram as pubhcaçoes mais 1mpo1·tantes. essenciais mesmo, de Cursilhos, CO· :2

mais normal do que a existência de cursilhos a que nada se possa objetar, ao lado de outros que inspiram preocupação, e de outros enfim que são simplesmente censuráveis. S necessário declarar, logo de início, que esta Carta Pastoral não visa fazer a todo e qualquer cursilho os mesmos reparos, e, ainda menos, atingir a todos os cursilhistas, entre os quais há certamente pessoas de nobre intenção. Entretanto, o Movimento não pode ser visto como um conjunto de cursilhos inarticulados entre si. Pelo contrário, ele constitui uma vasta rede, dentro da qual naturalmente se estabelece um intercâmbio intenso, e esse intercâmbio dá azo a que se difundam, por toda a rede. tanto os escritos e atitudes que não mer~em censura, quanto os que a merecem. Tal situação é nociva, especialmente para as pessoas inadvertidas e de boa fé que assistam a um cursilho e que, levadas pela confiança fundada no que viram de bom, se tornem propensas a não analisar, com a devida cautela, o que de censurável possa haver no Movimento. Dentre essas pessoas, muitas ficam expostas a serem apanhadas desprevenidas por um contágio ideológico que elas saberiam discernir e repelir, se viesse de outras fon tes. Visto assim, no conjunto de seus traços bons e maus, o Movimento de Cursilhos de Cristandade inspira preocupação, quer quanto aos seus aspectos maus, quer quanto ao que h,1 de precário em seus aspectos bons. Tanto mais, quanto esses aspectos maus não têm. como ponto de o rigem, apenas más influências regionais, mas publ icações oficiais e de peso, emanadas em grande parte do próprio centro mundial de Cursilhos. O fato de estas procederem, pelo menos em larga parte, da Espanha (2) , mostra que o problema cursi lhista não se situa apenas na fronde, mas na raiz da árvore, afetando pois o lodo enquanto todo. Esta é a razão pela qual, reconhecendo embora, e com prazer, o valor

positivo de muitos elementos que há em Cursilhos. pareceu-Nos necessário apontar esta mescla de bem e mal que neles existe. Pois a mistura de bem e mal, quando procede da raiz, é de molde a comprometer os frutos produzidos pela árvore toda. Eis porque, amados filhos, achamos oportuno apresentar-vos algumas observações a respeito desse novo Movimento catól ico,

mo a edição espanhola dos rolhos ou conferências do tríduo cursilhista (''Rol/os de Cur.rillos de Cristiamlad", edição do Secretariado Nacional de Cursilhos de Cristandade da Espanha, 15 fascieulos, Euramerica, Madrid, 1968), e as obras de D. João 1-lervás, o grande propulsor de Cursilhos na Espanha, país de origem do

tlo Secretariado Nacional de Cursilhos de Cristandade da Espanha (Madrid , 1968). 4) Tem havido adaptações de rolhos com o fim de ajustá-los melhor ao ambiente das vá-

Movimento (citaremos especialmente o seu

"M<mual de Dirigentes de Cursi/Jos de Cristinrulad'', Euramerica, Madrid, 1968, 6.3. edi-

ção. e a sua Carta Pastoral "Los Cursillos de Cristiandad, instrumento de renovaci6n cristia110", Euramerica, Madrid, 1968, 7.• edição).

E. de ou1ro lado, porque, dada a unidade de orientação de Cursilhos, sobretudo na América Latina. e dado o grande intercâmbio de publicações que eles promovem entre os países llo Continente, é legítimo e até necessário exami-

nar o que é editado pelos numerosos Secretariados nacionais e diocesanos, para conhec,cr a natureza do Movimento e os rumos que com

o passar do tempo vai tomando. 3) Todas as citações dos rolhos que faremos nesta Nos.,a pastoral são 1omadas da edição

que, esperamos, vos sejam úteis. Nossas observações consideram primeiramente o que é tido como essencial na doutrina de Cursilhos. Ponderamos, depois, a aplicação dessa doutrina ,no campo moral. E, enfim, analisamos a tendência csquerdizante manifestada em certos círculos cursilh istas no que tange a questões de ordem política, econômica e social.

Parte 1

BASE DOU.T RINARIA DE CURSILHOS A meta da Movimenta

3. REGISTREMOS, ANTES de tudo, amados filhos, a intenção explícita dos fautores de Cursilhos de Cristandade. Ela pode ver-se, sobretudo, na famosa Carta Pastoral " Los Ct,rsillos de Cristiandtui, i11str11111en10 de re11ovaci6n cristiana", do Exmo. Revmo. D. João H.ervás, Bispo cãstrense espanhol, considerado o grande promotor de Cursilhos. Expõe D. Hervás nessa Pastoral, extensamente, as várias correntes teológicas suspeitas que surgiram ao longo dos séculos na Jgreja, e procura mostrar como Cursilhos se distinguem de todas elas. Analisa os inventos da psicologia moderna, amplamente utilizados pelo método por ele preconizado. Insiste D. Hervás cm que se apoiou sempre em autores ortodoxos. Cursilhos pretendem, pois, ser um método de formação e apostolado moderno, não porém modernista. O que almejam é impedir a fratura entre a vida e a Fé c ristã, que, segundo Pio XII, atormenta o homem moderno ( D. Hervás, o. e., p. 113). Desejam portanto Cursilhos adaptar o ensino tradicional às novas condições cm que vive o homem hoje, para facilitar-lhe a adesão a Jesus Cristo.

rias nações. No Brasil formulou-se, por exem-

plo, o csqucn,a de um novo rolho sobre a fé. Tais adaptações. no en1anto, não têm mudado a doutrina e as diretrizes gerais do Movimento. 5) Damos aqui o texto, obje10 de Nossas obscrvaçóc.s: ''Esta tlmizade tle Deus conosco é algo fabuloso. c.<1r11ordinário. Dit Santo 7'o-

Como se vê, nada há que censurar na mela que Cursilhos se propõem. O tríduo cursilhista

4 . Para melhor se entenderem outras observações que iremos fazer, indiquemos ,1qui a ordenação do tríduo cursilhista. Inicia-se ele com um retiro espiritual, que se estende da noite de chegada até a Missa da manhã seguinte. Tem por finalidade este retiro espiritual, "despertar a consciência moral do cursilhista e fazer-lhe sentir o desejo de se pôr 110 graça de Deus" (D. Hcrvás, "Manual de Dirigentes", p. 87). Feita a preparação no retiro espiritual, passa-se à formação cursilhista, propriamente dita. Esta se realiz;,, sobretudo, mediante conferências, chamadas rolhos, que se distribuem pelos três dias, cinco em cada dia, mais a meditação da manhã, e, no último dia, o ato de clausura. ê interessante saber porque as conferências dos c ursilhos se denominam rolhos. Ao explicá-lo, D. I-lervás, tanto na sua citada Carta Pastoral, quanto no " Manual de Dirigentes'', indica o ambiente próprio dos cursilhos, que se fazem .numa orientação hori.zontal, igualitária. Diz D. Hcrvás, na sua Pastoral, que as lições "tetminaram chaman-

lhe <le tu fJ tu, como a um amigo. A 11mizade

<là Gr11ça te coloct1

1111111

plano de igu,ildade

con, Deu~· e consiste cm que Ele se comunica. se dá 101alme111e a ti, e tu te tlás co,nplctame11 te a Ele, como tlois amigos se comunicam o que têm de mai:r íntimo" (p. 30).

compaixão ou filantropitl, como quando um

Note-se ~ue o rolho, neste trecho, apela para a autorrdadc de Santo Tomás de Aquino. Infelizmente não indica o lugar do Doutor Angélico em que se apóia. Obsc>rvemos que, quando Santo Tomás fala da elevação do homem à dignidade de filho adotivo de Deus, rncdianle a participação da natureza divina. que a Graça confere, toma o cuidado de sublinhar que não se trata de uma igualdade propriamente dita. Fala de "quadam similitutline" (alguma semelhança - cf. L-2, q. 110. a. 4; q. 112, a. 1). E na 1, q, 33, a. 3, diz taxativamente: "11a

rlco dá uma esmola a um 11obre lá da altura de sua ,.;quci.a; i~·to /wmil/1(1 e fere a dignidade em certa maneira, embora remedeie uma necessidade. Não. Deus é um verdadeiro am;go, nlguém que está em plano de igualdade comigo. alguém que pela Graça me eleva até a sua a/.. lura, me transforma pa1'a que eu possa falar-

6) A esmola é apresentada na Sagrada Escritura como ato bom e louvável. Obtém de

mó.f. o grande 1e6logo, que a amiz.ade só se dó q,umdo há, por um lado, igual<iade entre os amigos, e, por outro, comunicação de bens. Deus não é "lguém que se uproxima de mim lâ d<• sua e .te inclina CQttdescende,ue, po,.

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criatura a filiação, com relação a Deus. se en .. contra, não segundo uma ratão perfeita. por· quanto mio é a mes,na a natureza do Criador e a da crimura, mas segundo alguma semelhança•·.


Express5es que do-se, con1 oportunidade e humor ;uvenil, causam perplexidade "rolhos", para dar a entender que se foge à gravidade de conferências acadêlnicas -e que 6 . Sem embargo, cumpre-Nos observar não se quer adotar o tom de cátedra" (p. que várias expressões do rolho "Graça habi56). E, no "Manual de Dirigentes'': "Deutual" nos causam perplexidade e nos infun-se, em Cursilhos, tradicionalmente, o nomp dem o temor de que Cursilhos venham a prede "rolho" às intervenções didáticas dos projudicar, com efeitos nocivos nas obras de fessores, com o fim de impregnar o an1biente apostolado, uma formação católica sem jaça. de um ton, dt confiança, naturalidade, ca,naAssim, o rolho ( do Secretariado Nacional radageni desportiva e adaptação aos assisten- . da Espanha, como dissemos à nota 1) apretes. Con, isso, além de outros pormenores senta a esmola como algo humilhante (p. pedagógicos, intenta-se encurtar distâncias 30), para salientar a bondade de Deus, que não nos dá a Graça como esmola, mas nos entre docentts e discentes; evita-se a desagraeleva a um plano de igualdade com Ele (5). dável impressão que produz em alguns a graEm primeiro lugar, não é conforme ao esvidade de uma conferência, sobretudo por pírito cristão, considerar a esmola como altratar-se de leigos, às vezes de categoria sogo, em si, humilhante ( 6). cial igual ou inferior à dos ouvintes'' (p. Em segundo lugar, não corresponde à rea219). lidade dizer que a elevação que Deus nos concede, mediante a Graça, não esteja no Expressões ortodoxa s gênero da esmola. Pois a Graça é totalmente gratuita, em nada devida à natureza - co5 . De acordo com a intenção explícita mo a esmola, de si, é algo que não é devido. dos fautores de Cursilhos, não faltam nas ao menos àquele determinado pobre. conferências, ou rolhas, do tríduo cursilhista, Além disso, também a elevação do honumerosas passagens confor,m es ao ensinamem, pela Graça, não o coloca em plano de mento tradicional da Igreja. Por exemplo, no igualdade - empregada a palavra sem qualquer matiz - com Deus. O homem será rolho ''Graça habitual" (3), que é "o funda sempre filho adotivo. Por mais profunda que 111e11to de todos os demais" ("Manual de Diseja a transformação que a Graça opera na rigentes", p. 107), natureza, jamais lhe concede uma essência - declara-se que a Graça é "a comunhão divina que dele faça, substancialmente, um vermanente que, por Cristo, Deus estabelece (ilho de Deus. Por isso, toda a confiança e gruruitamente entre Ele e o home111, porque mesmo intimidade que temos com o Pai Ceo ama, e que cria em nós uma vida nova" leste não deve levar-nos a esquecer a distân(p. 24); cia infinita que medeia entre Ele e n6s. De maneira que tememos seja deformante, para - salienta-se que a Graça é "um dom a alma do fiel, propor-lhe que dê a Deus um sobrenatural", que "o homem não pode exitratamento de igual para igual, como se gi-la de Deus, não vode reclamá-la como se aventa no rolho. Somos filhos de Deus, nElc fosse algo devido ,, natureza" ( p. 25 e outros depositamos toda nossa confiança, a Ele volugares); tamos nosso amor e Lhe fazemos todas as - afirma-se que pela Graça Deus chanossas confidências, persuadidos de que Ele ma "todos os hon1tns à filiação divina" e os é o Senhor, bondoso e infinitamente miserifaz "filhos de Deus" (pp. 29, 40) , ''a,nigos cordioso, mas digno sempre de que Lhe tride Deus" (p. 30), realizando "em nós uma butemos toda honra e toda glória. nova criação, ainda mais grandiosa do que a primeira" ( p. 30); Censuras a práticas consagradas pela Igreja - ensina-se que a Graça nos dá "uma vida nova" ( p. 24) , nos faz " participantes da 7 . Sem declinar os nomes, de fato o rolho natureza divina" (p. 45), dá-nos o gozo da sobre a Graça habitual faz uma censura a presença amiga de Deus em todos os momenSão Simeão estilita, que passou boa parte de tos da vida (p. 32); sua vida sobre uma coluna, e a São Luís de - diz-se que a Graça dá à alma a santiGonzaga, singularmente louvado pelo grande dade fundamental (pp. 35-36) e nos incorrecato no olhar (7). E conclui o tópico, dizendo que "é vossível qut tenha havido sanpora a Jesus Cristo, que nos torna seus irtos que eram tivos estranhos; foram, vorém, mãos, como filhos de Deus, e cuja vida desantos, APESAR DE SERF.M ESTRANHOS" (o vemos reproduzir em nós (pp. 37 ss.); destaque em versaletc é nosso) . A frase cen- declara-se nossa condição de templos sura, portanto, o que vê como extravagância do Espírito Santo ( p. 44), e a posse de Deus de certos Santos. São, no entanto, Santos que na bem-aventurança eterna (p. 42). a Igreja propõe à admiração dos fiéis, incluPontos de doutrina como estes, que se sive no que o rolho qualifica de extrava• . encontram nos rolhos, são, fundamentalmenganc,a. E não é este o único lugar em que Cursite, ortodoxos e de molde a dar uma formalhos se referem com menosprezo a costumes ção sólida ao fiel que sobre eles medite e os piedosos aplaudidos pela Igreja. No rolho transponha para sua vida prática. "Obstáculos à vida da Graça" (p. 26) , ridiOs outros ,olhos se reportam a este funcularizam-se ·'os peni(e111es med(evais que se damental. Têm, mesmo, observa D. Hervás flagelavam e torturavam continuamente". E no "Manual de Dirigentes'' (p. 107), muitas uma "Via Sacra·•, publicação oficial de Curafirmações que se tornariam inexplicáveis silhos no Brasil ( edição do Secretariado Nasem o fundamento que lhes dá o rolho sobre cional, São Paulo, 1969), mofa das mulhea Graça habitual. Como neste último-, nos res que ",·ontam inúmeros minutos do dia demais ,olhos existem também numerosos nas contas do Rosário, ,nas co111pletam depontos de doutrina ortodoxos ( 4). pois a reza com 11ma ladainha de maledicén-

Deus indulgência para os pecados (Tob. 12, 9; Ecli. 3, 33; 29, 15; Luc. 11, 41; etc.) . e diretamente recomendada (Ecli. 7, 10; Mat. 6, 2-4; Luc. 14, 13; ele.). Jamais é a esmola con.sldcrada, em si mesma, como um ato que hu-

milhe o pobre. Aliás, a Igreja não fomentaria as ins1i1uições que se destinam a angariar esmolas para distribuí-las aos pobres. Com o que aqui ponderamos, não queremos censurar outras ins1i1uições, cuja finalidade é auxiliar o nécessitado a sair de sua situação para outra, na qual possa prover por si mesmo às suas necessidades. Desejamos, apenas, salientar que a esmola é, em si, cousa boa e louvável, nada lendo que possa legitimamente vexar o pobre. '

7) Eis o 1éx10: '"Evide11temen1e, 11ão falamos de um conceito d€! santidade que é talvez o que temos na cabeça, um conceito falso que provém destas figuras de santos de gesso, que não se sabe se sãcx hornens ou mulheres e de quem nos contam que faziam cousas tstranhas, como passar a 1nttade da vida sobre uma coluna, ou não levantar nunc,, os olhos do chão; as ~xfravagâncias nunca poderão idtnti/icar.se

cias tia vida do próxi1110" ( 8. ª estação, p. 18). Isso, dito assim, sem a menor ressalva das senhoras verdadeiramente piedosas, insinua no espírito do leitor uma generalização que Nos parece censurável.

8. Ainda no rolho "Graça habitual", encontramos (p. 42) uma condenação daqueles fiéis que se desinteressam totalmente do mundo, para cuidar apenas das realidades sobrenaturais (8). Semelhante julgamento, que atinge por exemplo os eremitas do deserto - cristãos que fugiam ao mundo, para só cuidar das realidades sobrenaturais - incute-Nos, amados filhos. temor de que Cursilhos não dêem do mundo uma visão ascética verdadeira. Tal temor corrobora o receio que, como dissemos, Nos infunde a sua maneira de se reportarem a exercícios de piedade tradicionais e excelentes no afervoramcnto dos fiéis. !Ô curioso notar que D. Hervás, na introdução ao " Manual de Dirigentes" (p. 44) , censura aqueles que, levados por um entusiasmo faccioso, estabelecem comparaçôe$ injustas entre Cursilhos e outros métodos de espiritualidade, como os Exercícios de Santo Inácio. Declara ele que tais "co111parações são se,np~t odiosas, e ninguém tem o direito de suscitar questões inúteis que votlem le~·ar a ;ustiça, a caridade 011 a mais elementar vrudência", pois se traia de "métodos distintos··, que por vias legítimas "buscam a glória de Deus e a santificação 1las almas". - No entanto, como vemos, os autores do rolho "Graça habitual" não seguiram tal conselho, pois estabeleceram, entre Cursilhos e a espiritualidade ercmítica, comparações "odiosas", que "lesam a ;ustiça, a caridade e a mais el.emt·ntar vrudência", não sem prejuízo da formação dada aos cursilhistas.

Estranho Humanismo 9. Talvez levado pelo desejo de aproveitar as achegas da psicologia moderna.. toda voltada para o homem, o rolho "Graça habitual", de modo geral, é também concebido em função do homem. A Graça é apresentada como aquilo que conduz o homem à felicidade e à plenitude. "E,n Cristo e 110 Cristianismo pode o homem encontrar a plenitude, saciar seus anelos inesgotáveis de e11co11trar a paz" (p. 19). Tal perspectiva é mais patente no texto que vamos citar, q ue nos deixa sumamente perplexos quanto à formação católica proporcionada em Cursilhos: Diz. o rolho, à p. 24: "fiá.um momp11to 110 evangelho em qut· Cristo vroc/ama abertamenre vorque veio ao mundo, nos descobre um segredo muito importante, o segredo de Deus: Porque Este se fez homem, porque deixou seu esvlendor parti 1011111, a forma tle s,:rvo e 1nist11rar-se conosco, como um de nós? Cristo nti-lo diz claramente, e isso ,, muito importante : é essencial que nos il/reiremos do motivo que trouxe a Cristo aqui. Diz e/Ji: "eu vi111 vara que tenham vida e a tenham abundantemente". Só PARA ISSO: para {fUI! tenha,nos vida, vara que gozemos com esta vida nova que é a Graça. Para isso veio Cristo, PARA NADA MAIS" ( o destaque em versalete é nosso). Sem prejulgar as intenções, notemos que a encenação com que se introduz a declaração do grande segredo de Deus, a ênfase com que se inculca que Jesus veio ao mundo só para dar ao homem uma vida mais abun-

com a samidade, nem confundir-se. com ela,· 1. possível que tenha havido santos que eram tipos estranhos; foram~ porém, santos. apesar ele

nal de Cursilhos de Cristandade do Brasil, São Paulo, 1970).

serem estranhos" (p. 35) . 8) "{'ois então: 11iio imeressa este mwulo? Se somos peregrinos <Jue caminhamos para o Reino ,Je/inilivo de Deu.r, se o que nos intert·ssa é a Pátrio /in(I/, porque preocuparmo.nos deste

conclusões do Ili ELA, lemos que "o Deu.t dt1 Cl'iaçiio t' o Dt•u.t da R cvelaÇtio mio ,c.;u pala-

mundo visível, que por fim desaparecerá? Assim pensaram muitos cristãos. re/ugiando-s~ numa religiosidudc dese11can1ada, angelis1a 1 onde só contam as re"Jidades sobrenaturais. Sem embargo. não é t•.fte o pensamento de Deus" (ro/1,o "Gra;·a l,abi111a/"', p. 42) .

9) A mesma orientação humanista <JUe apontamos no rofl,o "<Grnço l,abitual", encontra-se cm várias publicações cursilhistas recentes. Damos disso a seguir algun~ exemplos, extraídos de documentos do li 1 Encontro La1ino·Americano de Delegados Nacionais do Movimento de Cursilhos de Cristandade (1naio de 1972, llaici, São Paulo - Encontro que designaremos pela sigla "Ili ELA"), e do livro "Reflexões para Cursilhistas de Cris1a11dade'",

de Sebastián Gayá Riera (Secretariado Nacio-

No ''Docun1e1110 de /taici". que contém as

nas divergentes e contraditórias, mas convergentes para rm, mesmo fim: o BEM oo HOM fM

o BEM DA HUMANIDADE"" ('"Alavanca··, órgão do Secretariado Nacional de Cursilhos do Brasil, n.0 67. 1972, p. 33 - o destaque em vcrsalete é nosso). - Esta frase procura justificar a atitude fundamental do leigo, isto é, e$1a1· E

"imerso nas realidade.t 1emporais". Por ela se

percebe, pois, em que sentido deve o leigo desenvolver sua ação no meio cm que está imerso. Na in1rodução ao "Documento ,le ltaici" (a qual é de responsabilidade do Escritório La1ino-Amt!ricano de CursilhosL recomenda-se :ios

"que tém responsabiiidad<:s no Movimento de Cursilhos''. que "procurem no texto completo tios traba/1,os [apresentados no Ili ELA], us razàes das conclusões e dos po.vtulados" ("Alava11ca"', n.l' 67, p. 29). De onde podemos ilustrar a conclusão que acima citamos. com a con•

tribuição da Colômbia ao Ili ELA, em cujo texto, publicado em "Tcstimonio", órgão do

dante, com as duas expressões que destacamos - só PARA ISSO, e PARA NADA MAIS lendem a criar nos ouvintes a persuasão de que Deus encarnado, Je.s us Cristo, está exclusivamente ao serviço do homem, de sua perfeição, de sua plenitude. 10. Não há dúvida de que Jesus Cristo veio para nos remir, para nos dar, de novo, a vida que perdêramos com o pecado. Santo Tomás diz até que o Filho de Deus não Se leria encarnado, se não houvesse antes a culpa original (S. T. 3, q. 1. a. 3). Podemos, por isso. legitimamente dizer que o motivo da Encar-nação do Verbo foi a Redenção do gênero humano. Não, porém, de maneira a excluir a meta última dos atos do Divino Salvador. Na realidade, ao vir ao mundo, tinha Jesus Cristo diante de Si, cm primeiro lugar, a glória do Padre Eterno. E, com sua paixão e morte, Jesus, antes de mais nada. dá a Deus Altíssimo reparação condigna pelos direitos divinos lesados com os pecados dos homens. Volta-Se, primeiro, para Deus, embora no mesmo ato, com plena intenção e amor. redima misericordiosamente os homens. E assim que a Sagrada Escriturá nos apresenta a vinda de Jesus ao mundo. De fato, declara o Espírito Santo que todos os sacrifícios da Antiga Lei eram incapazes de satisfazer à Justiça divina. Deus os rejeita. Vem então seu eleito para fazer a sua Vontade (SI. 39, 7-9). Esse eleito de Deu$ é Jesus Cristo, como ensina São Paulo ( Heb. 10, 9). Eis que o primeiro motivo da Encarnação é oferecer ao Altíssimo uma vítima proporcionada à Divindade. Como decorrência do ato do Divino Salvador - decorrência intencionada, que justifica o que rezamos no Credo da Missa, " por nós e nossa salvação, desceu dos Céus·· - auferem os homens a possibilidade de c.les também apresentarem a Deus uma adoração condigna, e de chegarem, em conseqüência, ao prêmio da vida eterna. Semelhante verdade é fundamental na formação católica. Não pode ficar entre os pressupostos, e muito menos pode ser excluída, como .no texto do rolho que citamos. O h9,mem foi feito para Deus, para sua glória. Seu primeiro dever é buscar a glória de Deus, o Reino de Deus, mediante a obediência à santíssima vontade de Deus. como pedimos no Padre Nosso: "se;a feira a vos.ta vontade. assim 11a t.erra como no Céu". Tais verdades, amados filhos, devem ser inculcadas com insistência ainda maior, numa época de secularização, como a nossa, cm que se enaltece, acima do justo, a dignidade humana. 11 . legítimo que Cursilhos procurem dar uma formação católica a partir de especulações sobre o homem. Entretanto, ia! formação precisa fixar em Deus o polo de referência na apreciação do bem, da perfeição, do valor de qualquer ser ou pessoa. São as relações com Deus que criam, no homem, os deveres religiosos, a necessidade da adoração, e a vassalagem ao Senhor de todas as cousas. São tais relações que determinam o procedimento moral, o reconhecimento do Supremo Legislador, a cuía vontade deve o homem ajustar todos os seus atos. Uma formação católica não pode deixar de destacar todas estas verdades, em cuja aceitação amorosa consiste a perfeição do homem. l, o que não vemos, de modo claro e inequívoco, no conjunto das publicações de Cursilhos (9).

e

Secretariado Nacional de Cursilhos da Guatemala, lê-se esta passagem: "O grupo crisrân a'eve buscar "' .roluçiio do problema fundame11· tal do J,on,em: A FEL.IC'IOAOE. E o homem não é .\·omeme espírito. Nossos grupos niio podem estar c"rentcs d1.~ sabor humano. porque assim estariam carentts ,ic 3<1bor e, istão. A felicidade ,lo homem nâo st pode alcançar sem Deus. porém tl fé não trata PRIMEIRAMENTE de Deus· t!tn-Si. SENÃO DO HOMEM E. SEU APERFEIÇOA· MEN1'0 11Ele'" (edição extraordinária de "Tes-

timonio". n." 45, abril de 1972, p. 95 -

dcsiaque nosso). - Em semelhante perspectiva, torna-se difícil compreender a distinção entre sagrado e profano, porque o que é mais humano é, por isso mesmo, mais divino, segundo

afirma o ·· Documento de ltaiô" : devcn, os leigos estender ''mão frate.rn,,I a todos os que

111·o curam nwti;:.a,· um mu11do mais huma110. e, por isso mesmo, mais d!vlno'' (''Alavanca'',

n.0 67, p. 33). Por oulro lado, está muito ao sabor de semelhante perspectiva, enaltecer preponderantemente a caridade, no seu aspecto de obra de misericórdia temporal. l?; o que insinua a afirmação de "Rejl,x,il!s para Cursil"istas d~ Cris.. 3


Concepção teilhordista do mundo )2. Causam-Nos também perplexidades,

amados filhos, as considerações que o rolho "Graça habitua/" (trata-se sempre da edição espanhola de 1968) faz acerca dos desígnios de Deus a respeito do mundo terreno cm que vivemos. certo que Deus Nosso Senhor nos colocou neste mundo para que nele vivêssemos. e certo que, para nele vivermos, devemos providenciar os bens que tornem possível uma vida consentânea com nossa natureza, constituída de alma e corpo. Em outras palavras, é natural que o homem crie uma cultura, uma civilização. Não obstant_e, o mundo será sempre um meio, será sempre uma moradia passageira, como diz São Paulo:

e

unon habe,nus hic 1na11enten1 civitaten,u (Heb. 13, 14 ). O homem foi feito para o Céu, a moradia futura, que está na meta de nossos desejos ( cf. São Paulo, ib.) , e que esperamos alcançar com o auxílio da Graça divina. Daí a expressão de Nosso Senhor Jesus Cristo: "que adianta ,10 homem ganhar o 11111ndo inteiro, se vipr a perder a sua ,,1_ ma?" (Mat. 16, 26), ou estoutra: "que111 ama a sua alnu,, perde-a", quem a odeia neste mundo a salva (Jo. 12, ZS) . A Igreja sintetizou a doutrina revelada, na frase que lemos na oração do terceiro domingo depois de Pentecostes: "sic transeamus per bona temporalia, 111 11011 amillamus aeter,u," - "passe111os pelos bens t/!mporais de n,aneira a não perder os eter11os". Em outras palavras, o mundo, com todos os seus bens, toda a sua cullura, desenvolvimento e plenitude, não é o fim do homem. Digamos, é um fim intermediário, que deve subordinar-se ao fim último. Por isso, a Igreja canoniza também os Santos que fugiram do mundo para levar vida cremítica ou para enclausurar-se em mosteiros contemplativos. O rolho "Graça habituC1I"' parece ter outra concepção do mundo, e insinuar uma ascética diferente da ascética tradicional ( l O).

13. Com efeito, o rolho, muito louvavelmente, exalta a · excelência da Graça e ·da vida de união com Deus, entidades sobrenatu-

tom/ade", de Scbas1ián Gayá Riera, quando, reportnndo-sc ao capítulo 25 do Evangelho de São Marcus. diz que o Juízo Final será todo e somente sobre a caridade ( p. 168). Já • seu tempo, São Paulo advertia os fiéis sobre uma falsa noção de caridade, quando na Primeira Epístola aos Coríncios, capítulo 13, dizi::i que a c-smola e os demais benefícios em

ravor do próximo são nada, se não vêm informados pela caridade, virtude teologal que permanece na Eternidade, ao invés da fé e da esperança, que desaparecem . 10) A pcrspccciva de um otimismo ingênuo e nílluralista. com que o rolho sobre a Graça habitual encara o mundo, reaparece cm outros

documentos cursilhistas. Assim. a contribuição do México ao Ili ELA ( ..Te.fli111011io", n.0 45, pp. 59 ss.) lamenta: "a Igreja si! hav;a voltado cxcessivanientt sobre s; mt•sma. se havia Jesencanuulo, tinha voltado a.t (~Ostas ao mundo", afastando..sc do ·'terreno ,,.m ,,uc Deus ai que,~··, e 01\de o leigo "vai J'ÍllltÍ•la de novo" (p. 61).

Já Sebast ião Gayá Riero, em ··Reflexões .. . " havia batido na mesma tecla: "Mais do que vfrermos sób o pavor l- .. Jtios perigos ,Jo 1111111· do, imporw Jançarmo•nOs, à r,u, para /<11.crmos fermentar crislãmentc o mundo, com SEUS EtEMBNTOS,

AMUJJ!N'l'l!S l!

TOOOS

os

ESTRUTURAS

que barram a pa.s.w1g.:m a Cristo" (p. SS -

destaque nosso). O ··Doc-11111{"1110 de fl()ici", do Ili ELA, faz

rais. Surge, então, logicamente, a dificuldade: "então, 11ão nos interessa este mun,lo?'" (p. 42). Na resposta, o rolho, primeiro censura os Santos que fugiram do mundo levados por "1111111 religiosidade dese11carna,l11, tmgelisw. rw qual só contam as realidades sobre11a111rllis" ( 11). Tal maneira de proceder, diz o ro/110, não se conforma com o " pe11samento dp Deus" ( cf. nota 8 do tópico número 8).

14. Depois, quando o rolho passa para a parte positiva, a expressão não é clara, e expõe-se a uma interpretação teilhardista, segundo a qual o desígnio de Deus se voltaria para o máximo desenvolvimento das energias do mundo, em benefício da dignidade humana, da união fraterna e da liberdade. Leiamos: "A Graça e o a11spio de alcançar nossa herança definitiva não Jazem de n6s u11s 1nis1mtropos alheados da vida, nem 1111s org11lhosos desprezadores da atividade humana. M11ito pelo contrário. Sabemos q11e a Graça é algo qup se enCC1rna e111 nús, é 11111a realidade q11e, longe de falsificar 011 reduzir 11ossl/ /111ma11idatle, faz de nús homens vivos, nos faz plc11a111e11te homens. Esta llmizade viv11 co111 Deus ti o qu_e nos possibilita nosso comprotttisso com o 1n1111</o, porque 110s dá a autêntica liberdade. Ncufo de quanto é humano 110s é estranho. Mais ai11d11: ama1110s este mu11do, porque é obra de Deus nosso Pai, qup deseja que o home111 o aperfeiçoe, o enobreça, o humanize. Sab.enws que tod11 atividade humana tem 11111 fim 11111ito claro: aperfeiçoar o home111, desenvolver qLt(llltO há 11ele de aberturl/ à verdade, bem, ao amor, lib.ertá-lo de todas as opressões de tipo físico, moral, politic-o, social, espiritual, que i111peden1 11111 verdadeiro exercício da libcrdad.e. Çristo quen, nos <1ssocit1 à sua 1nissão de redunir ple11ame11te o hon1e111, ao dar-nos consciência de nossa ,,1e11a e sobrenatural solidariedade con1 todos os ho111ens. Trabalhando para o bem da h111nanidatle, transformando o muntlo tllé conseguir o máximo des,envolvi111e11to de suas energias, voltando nossos esforços em favor de "a dignitlatle humana, a unitio frater11<1 e a liberdadl!", sabemos, como diz o Co11cilio, que estamos "preparando o

"º

e

eco a ''Re/lcxiícs ... ", ao recomendar como

atitude fundamental que deve infom,ar a missão dos leigos, "estare,n aber1os para o mundo e imersos 11as realidades tempora,'s" ("Alavan· ca", n. 0 67, p. 33). No mesmo sentido, pode-se ver o livro ·'EI

Pueblo de Dios en Ma,.cha" (Ediciones Sigueme, Salamanca, 1965), de Luis Alberto Machado, Reitor da Escola de Formação do Movimento de Cursilhos de Cristandade em Caracas.

11) O Pc. Ccsareo Gil, do Sccrecariado de Cursilhos da Venezuela, endossa a mesma crí· tica cm "Sieu: Ro/Jos para Dirigentes d e Cu,.

si/los de Cristiandad" (Socicdad de Educación Atenas, Madri, 1971, pp. 174-175): .. Deixar tle amar o nuuulo, tlbtmd<>nar as realitltules ,e,. renas para re/ughir-s,: na solidão, é esquiv(1r a re.fponsabilidade pr<Jpria tia cristandade. que consiJ·te, fundmneuta/mc,ue, em apresentar viva a pessoa tle Cristo 110s homens de hoje, para assim consagra,· o mundo a Deus".

12) Sobre tal concepção do Pe. TeilharJ de Chardin, vejam-se, por exemplo, suas obras ··te Phér1omer1e /fwr1air1" (Editions du Seuil, Paris, 1955) e "Le Mi/ie" Divi11" (Editions du Seuil , Paris. 1957). 13) Nesse documento, datado de 30 de junho de 1962, a Suprema Sagrada Congregação do Santo Ofício declarava que certas obras do Pe. Teilhard de Chardin sobre filosofia e eco-

Sobre os Cu,·silhos a nova ordem, será ncces_~ário passar pela revolução. a qual poderá ser violenta, se não puder realizar-se pacificamente. Lê·sc aind,1 nesse rrabalho: "o regime de pro1>riedade tleverá str tr,m'3'jorntado por wna Intervenção enérgi<:a tio áutoritlade pública, 11t1ciont1I e internacio,w/''. Desta forma, convergem a transfor-

mação .,,arxista da propriedade e a transformação desejada pelo órgão oficial cursilhista . .. € cambém sintomática a preferência pelo regime socialista, que manifesla um importante

mentor de Cursilhos, o Pc. Augustinovich. Vcja·sc esta comparação entre o capitalismo e o socialismo, que ele faz em seu livro ºVivcnciu de la lglesia Comunidad'', publicado na Espanha: ''Nem tudo é mau no cu11italismo nem 1

conclusão da página 1

declara que uma dessas novidades é a seguinte: ''Em Polític<1 j,í não ensinamos mais que o comunismo é maun. HAJava.nca" transcreve do Ji. vro, precisamente o trecho cm que figuram tais conceitos. É, pois, forçoso reconhecer uma tendência esquerdizante cm meios cursilhistas. Em nossos dias os católicos já vivem assediados por um sem número de idéias comunistizantes e

4

1S. Observemos, outrossim, que, apesar do Monitw11 da Sanca Sé ( 13-) que torna

manifesto o caráter suspeito dé suas obrus, Teilhard de Chardin é autor de muito boa acolhida em meios cursilhistas, seja para fundamentar opiniões ( 14) , seja para servir à formação doutrinária dos membros do Movimento ( 1S). No mesmo sentido, o Beneditino D. Jerônimo de Sá Cavalcante, no "Jornal da Bahia", de 25 de agosto d,.e. 1970, à p. 5, atesta que "um gr11po de c11rsilhis1as tio Rio de Janeiro está se reunindo semanalmente [ ... ] a fim de estudar a obra do gra11-. de cie11tisw e pensador frtmcês, o ;esuítll Tei1/wrd de Chardin". A aproximação do tcilhardismo é mais uma razão dos temores que temos com relação à obra de Cursilhos.

16. Uma última observação, amados filhos, sobre esse tópico. Ele justificaria a " inserção" do Clero na ação política para fio$ revolucionários. Pois, obrigação imprescin-

logia ·'con1im ambigiUdades e mesmo erros tão graves, que elas ofendem " doutrina cm6/ica"; e exortava "rodos os O"linários e Superiores de Institutos religiosos, os Reitores de Seminá· rios e os Presidentes de Universidades a deft11· der os espíritos, particularmente os dos jovens,

contra os perigos das obras do Padre Tei/1,ard

,Je Chardin e de seus discípulos" (L'Osservatore Rorrw110", edição cm francês, de 13 de julho de 1962). 14) Cfr.: "Tripode"', órgão oficial de Cursilhos de Cristandade da _Yenc-Luela. n.0 55 (janeiro de 1969, p. 20); n.0 70 (maio de 1970, p. 20); ··T,stimor1io", n.0 45 (abril de 1972, p. 70) . O Pc. Agustin Augustinovich, acatado autor com várias obras sobre Cursilhos, apela com freqüência a Teilhard de Chardin cm abono de suas teses. Vejam-se "'Vi1•e11cit1 de la Jglesia Comunidod -

Orie n1t1cio11es paro Cursillistas''

(Socicdad de Educaci6n Atenas, Madri, 1972. p. 162) e "U11eas Biblicas dei Movimie11to de Cursillos"

(Edicioncs

Síguemc,

Salamanca.

1970. pp. 24. 27, 35 ct passim). 15) Cfr. "Alava11,·<1", órgão do Secretariado Nacional de Cursilhos de Cristandade do Brasil, n.0 56, maío de 1971, p. 13; n.0 62, dezembro de 1971, p. 33: n.0 65, 1972. p. 34. 16) Poderia ialvcz alguém estranhar o falo de exprimirmos apreensões quanto a este ponto. Pois cm geral Cursilhos se apresentam como um Movimen10 alheio à subversão. Infelizmcn1c, porém, um exame atento de certas publicações cursilhistas revela que nossas apreensões neste particular não ;-:lo infund,~das. Como mostraremos adiante ( tópicos 35 ss.), há círculos cursilhistas que chegam a revelar simpalias para com o marxismo e para com os Padres contestatários. Desde já, queremos referir dois textos que falam por s i. Traia-se de documentos que a revis1a "'Trípode", órgão do Secretariado Nacional de Cursilhos da Venezuela, acolheu cm suas páginas sem restrição alguma: a) ''Que as mudanças na América Latina têm tle ser rápitlas, urgentes e TOTAIS, envo/. vendo em .fua. ,·e"/iz.açt,o totio.r os homens tle

subversivas, que lhes são apresentadas mais ou menos dirfarçadamente pelo Clero progressista. Como não recear, em face dessa circunstância que a mistura de ortodoxia e esquerdismo que se encontra cm Cursilhos venha realmente a

boa vo111adc, decfa,.ou ( . . . J o Revmo. Pe. Edgarcl Beltrán, Secretário Execwivo do Deporta• me1110 de l'ustoral de Co11j1mto do Cor1selho Episcopal l.,atino-A mericar10 (CELAM). (' . . . )

distilar um espírito comunistizantc nos meios ca·

Sobre os grupos proféticos ou contestários ( Ca·

1

..

tólicos, favorecendo assim a causa da subversão?

tmlo é bom no .rocialismoº. J>.ara esse autor. por1:mto. o capitalismo é mau em sua maior

pane, tendo embora algo de bom. E o socialismo, cm sua maior parle, é bom, ainda que apresente algo de mau. Chama ainda a atenção o fato de a revista " Alavanca", ór,gão, dos Cursilhos do Brasil, recomendar o li,·ro "Um Diálogo, um Horizon· te", o qual, depois de apontar como condição do progresso o aceiiar sempre o que fôr novo,

11111,erilll tio reino dos céus" e leva1ulo a cabu "o desígnio tle Deus" (p. 43). Dizemos que a exposição não é clara. E, de fato, parece insinuar que a redenção de Cristo tem por fim "tiar-nos consciência de nossa 1>le11a e sobrenC1t11ral solidarietlatlp com todos os ltome11s·· e, como meta última, atender à dignidade humana, obter a união fraterna e a liberdade. Enfim, ao propor a relação do Ciel com o mundo, cm vista de seu destino e terno, o rolha não usa de expressões que afastem toda ambigüidade. Dizemos que a e xposição se presta a uma interpretação teilhardista. De fato, o reino dos céus, como se propõe no texto, dá a impressão de ser o termo feliz das transformações do mundo, mediante o aproveitamento de todas as suas energias cm favor da dignidade, da união fraterna e da liberdade. Cursilhos, nessa passagem, parecem conceber a boa ordenação temporal, não como um fator propício à salvação das almas, mas como um elemento integrante da Redenção e do Rciuo dos Céus. Não cremos que semelhante concepção se oponha à de Teilhard de. Cl)ardin, cuja teoria coloca, no termo da evolução do mundo, a Jesus Cristo, como síntese de perfeição que absorve todo o universo ( 12).

,.

O ilustre Antíslitc de Campos - considerado a jusco título como um dos maiores teólogos do Brasil -

escrevendo esta admirável Carta Pastoral prestou um assinalado serviço à Igreja e à nossa ,Pátria. uca1olicismo•' rcj,1bila·sc em poder colaborar na difusão do importante documento.

sos de Golcondc,, /SAL. Terceiro Mundo, etc.). o Ptulre JJeltrá11 disse que ''por eles se tem sempre um grande respei10". e que ".re quer ouvi· lo.r pela muita verdade que podem ter sw,s im·

postaçõe.r" ( ..T,1pode", n.0 83, de julho de 1971 , p. 2 - o destaque cm vcrsale1e é nosso). b) ··E111re 116s já vive o Reino de Deus, e111re n6s csuí ti /eve,lura que transforma. Nada poderá ,lcter nos.su revoluçllo. "Cristãos e ho· mens de boa vo111ad(~, i,ni·-.·os", deve-se apre·

dível do C lero é colaborar na obra redentora de Jesus Cristo. Se esta inclui, fundamentalmcnJe, um empenho de todos. os esforços no sentido de ''transfonnar o nuuulo até conseguir o 1náxi1110 t!esenvolvimento de suas energitts", e de "libertar o hon,em de todas

as opressões tle tipo [ ... ] político, social", etc., não se poderia negar ao C lero o direito

e mesmo o dever de "engajar-se"

na ação po-

lítica para fins revolucionários. Daí para a " teologia du violênciaº e para o terrorismo. seria um passo ( 16).

Fé vivencial em oposição a Fé inte lectua l 17. Segundo o " Manual de Diriger1tes", de D. João Hervás, Cursilhos estão na linha do kérigma ( 17), isto é, do anúncio jubiloso da salvação (p. 99, cm nota). Por isso, são os rolhas "intencionalmente incompletos, sob o ponto de vista da exposição doutrinal" ( p. 100, em nota), uma vez que o kérignw anuncia o acontecimento da salvação, sem explicá-lo, e destina-se à conversão ("Tenws tio li Encontro Nacional de Secretariados Dioces,mos de C11rsilhos de Cristandade do Brasil", Secretariado Nacional de C ursilhos de Cristandade do Brasil, 1970, p. 47). A maneira, amados filhos, como as publicações cursilhistas, das mais autorizadas, concebem o kérig,na, e o opõem à fé intelectual, que aceita as verdades reveladas porque Deus as revelou, só faz aumentar nossas apreensões. Colocando lado a lado o que o I Concílio do Vaticano ensina sobre a fé, início da salvação, e a (é vivencial preconizada por Cursilhos, percebereis, amados fi. lhos, que o e nsinamento deste Movimento dificilmente se ajusta ao que o Magistério da Igreja definiu. De fato, a fé, q ue é o início da salvação, o l C.oncílio do Vaticano, na sua Sessão 3, cap. 3, definiu-a como sendo uma virtude sobrenatural que opera na ordem do conhecimento, porquanto, por ela, aderimos à verdade por Deus revelada, movidos pela autoridade de Deus, e não pela evidência. Declarou mais o Concílio que, como a fé é um obséquio racional, ao lado da Graça interna, providenciou De us os sinais externos, aco-

goar. copiando a frase d e Marx em seu Manifesto. Pois ambas as re-.·oluções, a comunista e « cristã, buscam um fim comum: A COMPt.ETA transforuwçüo das relações humanas. Eles com espcrtmça, 116s com esperança e cer·

teza" ("Trípo,ic", n.0 55, de janeiro de 1969, p. 20, artigo "Revoluci61t y Cristianismo'', transcrito de "E'/ Mcnslljero'' destaque nosso). 17 ) O movimento kerigmálico surgiu na Igreja pelos idos de 1930, apresentando uma concepção nova e estranha da teologia e da vida cristã. Por esse motivo foi objeto de cri. ticas severas. Acossado por semelhantes críti·

cas, sofreu uma evolução à medida que seus

adeptos buscavam se acobcnar de cais impugnações. Vejam ..se por exemplo: A. Jungmann. "Die Froltbotsclwft rmú unsere Gfaubensvcr-

k11e11dig1111g'" ( Ra1isbona , 1936); "Katecltt·tik. Au/gabe mui Methotle der religiocse11 Unter~ wcisung" ( Viena, 1953); P. Liégé, artigo .. Ewmgélisation", em "CtahoUcisme'', IV, 755. 764: J. M. R. Tillard, º'Principes pour une Catéchese Sacrame ntaire Vr<lie'· (''Nouvelle Revue Théologique". 1962. pp. 1044 ss.); R. La-

tournelle, ''Théologie de la Révélat/()11" (Montreal, 1963). Não cabe nos limites desta Can a Pastoral, nem CSlá dentro de sua finalidade, acompanha.r semelhante evolução, ou dar do kérigmo uma exposição té-enica, ainda que sumária. Para a

orientação de Nossas ovelhas basta que compreendam que a maneira como Cursilhos propõem a conversão kcrigmácica e a opõem à Catequ:se oferece o perigo de desviá-las do conceito exato da Fé e vida cristã que traJicionalmente ::, Jgreja tem ensinado.

18) Esta maneira "vivencial" de encarar a Fé e a conversão é considerada e-ssencial cm

Cursilhos, como se pode ver através de publicaçôos cursilhistas. Assim, o arligo º'Los Cursillos de Cristian<lad, instrume,uo de la lglesia paru la renova,,. ,·ión cristiana dei mundo", de Clemente Sánchez, publicado no citado número cxtraor: dinário de ...,.,s,imonio", à página 9 explica: "Vivênda do fundamental crlsu1o purt1 n6s é o mesmo que EXPERll;NCIA viva e pesJ'Oal do gozo que prctlut a verdade cristã: .ratisfaçtlo interior, pro/wult1, embriagadora e inef,ível que .re SENTE ao viver este munào sobrenaturt1I que :;upãe a graça e a amizade de Deu)·'' (deslaquc

nosso). -

Pouco ances (p. 8), opunha-se mi·

vivência ao simples pensar e conhec,cr: "Dis.

.w!mos viwJ11cit1 pessoal, não se111im1:11talismo estúpido e despersm,a/izadó, nem frio e ;11ope1·a11te b1telec tualismo; mas sim EXPERIÊNCIA l'i~ va. co11creu,, intuitfra, AFETIVA e c/ctivt1. À ,Jifercm;a do simples penfâr e conhecer. li ,·ivRnda é uma re~posta vibrante ,liame de um

valor" (destaque nosso) - Cf. também Clemente Sánchez e Francisco Suárez, ..Cur.rillos de Cristitmdad Abierios ai /11111ro", edição do Secretariado Nacional de Cursilhos da Espa·


mO<lados à inteligência humana, para que o homem soubesse que realmente Deus revelou tais e tais verdades. Por fim, condenou aqueles que afirmam que a fé é uma adesão cega, ou baseada só na experiência interna. Qualquer conversão, pois, qualquer adesão à Igreja, não se faz sem um conhecimento intelectual que aceita uma verdade. 18. Teriam Cursilhos levado na devida conta a definição do I Concílio do Vaticano? Não nos parece. Com efeito, mais do que sobre o papel do conhecimento intelectual da Revelação, insistem eles sobre a "vivência", ou seja, a experiência, o contacto vivo, a atração entusiasta, como meio de converter as almas a Jesus Cristo. :e: o que se pode ver em documento oficial de Cursilhos de Cristandade, como é o opúsculo "Temas do li Encontro Nacional de Secretariados Diocesanos de C11rsi/11os de Cristandade do Brasil" ( que designaremos pela sigla "// EB"), editado pelo Secretaria-

do Nacional do Brasil. Tal opúsculo declara que a conversão só se faz mediante aquela vivência. E m outras palavras. Primeiro é o homem conquistado pelo entusiasmo que lhe causa a figura de Jesus Cristo. Nisto está a conversão. Depois, e somente depois, na fase catequética, passa o convertido a estudar a Revelação do Divino Salvador. E esta ordem é tão necessária que, quando "se queimam as etapas", topamos com homens catequizados, porém sem conversão interior. Semelhante maneira de entender a conversão, pelo menos mioimali.za o papel da inteligência, esquecendo o ensinamento do l Concílio do Vaticano, acima citado. Pela sua importância, vamos transcrever aqui a página 5 do "li EB". Constitui ela como que o pórtico do opúsculo, quase a dizer ao leitor o que são Cursilhos de Cristandade: "SOBRE A FE:. O Evangelho nos 111ostra o cego de Jericó a ppdir: "que eu veja, Senhor''. E a fé é uma uma visão nova da vida. Exigência fu11dame11tal é " fé; sem ela o sobrenatural é impossível; a fé é a porta, o início . . . Nem rodos sabem o que é a fé, porque muitos a colocam simplpsme111e 110 aspecro

de "visão intelectual das coisas de Deus". EI" é mais do que isso: é adesão a Alg11é111, a Cristo. Quanto ao Movimento que ora 110s reúne, devemos dizer que na fé há duas etapas: a fé de conversão ( Quérigma) e a fé de co11hecime11to ( Catpquese). O quérigma <11111ncia 11111 aco111ecime1110, é vivencial; mostra-nos o Cristo, aproxima-O de 116s e isto 110s enc,•111" e. . . nos converte a Ele. Tanto o quérigma como o Cursilho procur(tm gerar a FÉ PRIMEIRA, A CONVERSÃO. A CATEQUESE É UMA SEGUNDA ETAPA, que dpsenvolve as implic"ções do f1111d(tme111al cristão. Na prática, acontece que muitas e muitas vezes, hâ 11111ita gente "catequizada" (011 que se julga tal) e que não foi ainda co11vpr1ida. Exemplo : o 111oço rico do evangelho. De outro lado hâ os convertidos sem catequização

e . .. co,no Din,as "roubara1n o céu ... ". Ao quérigma sucederá a catpquese; e 110 seu devido tempo virá a "homilética", ou seja: o ensino 11ornwl de11tro da com1111idade (Carlos Ma111ica, p. 3). Na prática, QUEIMAM-SE ETAPAS E ASSIM TEMOS HOMENS CATEQUIZADOS (e catequizadores) SEM A CONVERSÃO INTERIOR, dp plena a;Jes,io a Cristo. Devemos concluir, portanto, que a função do Cursilho é essencialmente querigmática e não catequética e que não se pode pxigir tio Movimento de Cursilhos aquilo que é aléi11 de sua função específica. l'ri11cipalmen1e 116s, padres, reclamamos o que o Movin1ento não é chamado a dar p lhe atribuímos falhas que não são do Movimento. 8 por isso que 110s rolhos, mais que doutrina, damos 1este1111111hos, vivência" ( o des-

taque em versalete é nosso). A página acima reassume idéias do opúsculo de Carlos Mantica, dirigente de Cursilhos de Cristandade da Nicarágua, " Inserção do Movime11to de Cursi/hos 1111 Pastoral de Conjunto e Co11versão e Cursi/hos" ( edição

do Secretariado Nacional de Cursilhos de Cristandade do Brasil, 1970). l:: lícito, pois, que a esclareçamos com uma frase desse autor, tomada ao citado opúsculo, onde se acha à p. 2: "O Kérignza é uma EXPERIÉN-

nha, Euramerica, Madrid, 1971. pp. 19 ss., 474-475. Por sua vez, as conclusões do Ili ELA, cons-

00

tantes do "Documento de ltaici" ("Alavanca''. n.0 67, p. 30), reafirmam que "Cursilhos de Cristandade são um movimento v,'vencial" , que devcin ser "" proclamação kerigmática da m en· sagem de Cristo, visa11do a vivência do Mistério

vros sobre ,C ursilhos, na sua obra ''Vivencia de la /glesia Com1111idad'', à página 117, tam-

Pascal''. que desejam acentuar "a busca da c011· versão na vivência e testemunho tór• ,uuultJ concreto aquilo que se proclama", etc.

"º

r... ],

- Como se vê, Cursilhos insistem em se declarar na linha kerigmática vivencial, e, pelo mesmo fato, não na linha propriamente cate·

DAS FÓRMUI.AS: ESTA É AOBRA 00 EsPÍRITO., ( destaque nosso). O Pe. Augustinovich, conhecido por seus li-

bém pleiteia mudança das expressões e dos

conceitos religiosos: ºí:: indispensável uma aclap1t1ção de nossa catequese: conceito 1Je Deus, <1ccessívc/ à awal visão do mundo,· conceito do homem,· a natureza e a graça; sentido tio histórla; dinam;smo da Igreja ... : praticamente, temos que rever tudo".

E verdade que há ern textos eursilhistas a afirmação do caráter intelectivo que muitos

quética. O último t.recho das conclusões do lll ELA citado, faz lembrar a definição de kérigma dada por Rahner, e apresentada, com comentários, pela Delegação da Nicarágua ao III ELA (''Tes1imc11io", n.0 45, pp. 34 ss.). Semelhante

autores atribuem ao kérignia. Mas tal afi11nação é, no seu contexto, sempre confiusa e insu· ficiente. Examinemos uma passagem característica nesse sentido: a delegação da Nicarágua ao l li ELA declara que o kérigm.a "aspira a dar a conhecer Cristo e sua. mensagem" e "se diri-

definição se aproxima do modernismo, como se pode ver pela sua leitura: "Kérigma, em sentido plt11c, é a pregação at11al, determinada pela situaç<io histórica. dt, palavra de Deus na Igreja, mediante pregadores que. acreditados por Deus. diio rcstemrmho. Esta palaVra, pro. 111mciada peles pregadores em fé, esperança e amor, pela virtude do Espírito, torna presente aquilo mesmo que é pregado (e 110 que e mes-

ge à inteligência" C'Testimonlo''. n.0 45, p.

mo Deus se

promel e

ao homem), como

m t 11·

sagem evangélica da sall'(IÇâa e come força obrigatória e 11ormmiva, que permite que a !,i$tória da salvação em Jesus Cris10 esteja presente "agora" segundo seu príncípio e seu fim ·- cada um a seu modo - · de tal maneira que esta palavra, feita por sua vez aco11tecime11tO 11a.t cousas ditas e ouvidas, poss,a ser aceita pelo ouvinte em fé e ,,mor".

Uma tal perspectiva é completada pela crí · tica aos Catecismos dos Doutores da Igreja, São Roberto Belarmino e São Pedro Canísio (id., p. 36) - que no entanto muito cont ribuíram para salvaguardar a Fé no povo contra a infiltração dos erros protestantes. O Padre belga Joseph Comblin. que se tornou conhecido em todo o País por seus escritos subversivos, exprime um conceito semc• lhante de fé em seu livro "A Fé 110 Evangelho", recomendado Jl!'IO órgão de Cursilhos de Cristandade do Brasil, ..Al,n-a11ca" (n.0 65. p.

34). À página 83 desse livro do Pe. Comblin (Vozes, Petrópolis, 1969). lê-se: "Ter fé ésaber illlerpretar as situações da vida individual e social dentro da marcha do reino de Deus à luz da rcveloçiio de Crisu, sobre esse reino.

Arte di/icil e perigosa. Obra de prudência vc,·.. dadcira que nos faz de.rconjiar, criticar as in· terpretações recebidas e conformistas, deixar tl.f vcreda.s do passado que niio se,·vem. mais. r permanecer sempre disponíveis para novas orientações. A fé ,1er<ladeira não é inerte, mas dimímica. Não tr.mos a fé de modo estável e garantido. De medo t.'16vel e gara11tido podemoJ· guardar f6rm u/as e confissões literais. MAS A PÉ VERl)AOl!IRA l-"Rl!CISA JtENOVAR ·O CON'rl'lÚ•

39). - Bem analisado, no entanto, o texto e seu contexto, vê-se que o papel da inteligência na "conversão., kerigmática não é o que pede o I Concílio do Vaticano para a fé, início da salvação. Para a delegação da Nicarágua, kérigma e testemunho são dois elementos inseparáveis que, em bloco, arrastam à conversão. Manifestam-se de modo vivo no pregador carismático, cuja palavra está especialmente vivificada pelo Espírito, que determina a adesão a Cristo, mediante uma assimilação vital, experimental, do que é .proposto (cf. "Tcstimf!.· 11ic". n." 45, p. 39). Não se declara aí de.modo nhido, nos termos do I Concilio do Vaticano, o papel desempenhado, no ato de fé, pela in-

teligência - a qual deve aceitar a verdade revelada, embora tal aceitação deva ser completada pela caridade, para elicazmentc salvar. Em semelhante concepção de fé, explica-se que haja dirigentes de Cursilhos, para quem certos fatos constituem, ao lado da Escritura, da Tradição e da Liturgia, um novo lugar teológico, ou seja, uma nova fonte de conhecimento da verdade revelada. Leia-se este tópico da delegação mexicana ao III ELA: "ao longo du hi.ttórill humana encon1ramo.r ''fatOJ· sig11i/icativos" reveladores da marcha futura da história. A ação. por exemplo. de um pequeno grupo de rebeldes parisicnse.r, ao tomar a Bas.. 1i/ha em l7R9, foi relmivameme insignificante e sem cllta11te a muitos outros aco11tccime11tos tia mesma índole. No e11ta1110. torno,,..-re e foi ,Je tal maneira significativo. que durante nwi.'ô de um .réculo ,,eio a ser um awêntico símbolo tia história do mu11do ocide11ta/. - Parecidos a este tem ltaviclo, e continua a haver uma multidão de acontecimcnto.t que seio de/initivamente signi/icativo.r na, história humana: a emancipação das c/assc.r traballtador<1s, o reconhecimento do lugar da mulher na vida pública. a emancipação dos povos que estiveram ou estão submelidOJ' a regimes coloniais, a planificação u11iversal, a um'/icação do mundo. a socia/i1.,ação progressiva dos dfrersos aspectos d11

Cursilhos de Cristandade que se anuncia li verdade, APESAR DE QUE NÃO SAl!IAMOS EXPLICAR o seu PORQUÊ. A catequese é intelectiva e exp/ic(t essa ,,erdade" (destaque nosso) ( 18). Quisemos, amados filhos, citar na íntegra esta página do " li EB'' - na qual sublinhamos os passos mais significativos da concepção que Cursilhos têm de fé e conversão pelo grande auxílio que presta na avaliação da mentalidade que o Movimento cursilhista cria nos que lhe são fiéis. Por ela se vé que Cursilhos procuram a conversão, mediante uma via predominantemente alógica, que chamam de ..vivência·•. CJA AFETIVA, ''SENTE-SE"

Exoltoçõo da sensibil idade

19. Nossa apreensão aumenta. amados Iilhos, pelo fato de que a minimalização do papel da inteligência, na conversão do indivíduo, vem acompanhada de muita ênfase dada ao fator emotivo ( 19). Digamos, desde logo, que esta não foi a pedagogia de Nosso Senhor Jesus Cristo, como nô-la transmitiu a Tradição da Igreja e consta do Magistério eclesiástico. Com efeito, a Igreja temeu sempre pelas conversões sem base sólida cm princípios firmemente aceitos pela inteligência, que pudessem dar firmeza à vontade no combate às paixões desordenadas e na seqüela do Divino Mestre.

Ela quer a fé, que opera pela caridade, como diz São Paulo (Gál. 5, 6). E m outros termos: Ela quer que o fiel viva de acordo com a sua fé, tenha, nesse sentido, uma fé viva. O fundamento, porém, dessa fé, na qual se firma a adesão viva a Jesus Cristo, é a aceitação, pela inteligência, da Revelação. e, em primeiro lugar, do (ato de que Jesus Cristo é deveras o Filho de Deus feito homem, cujos ensinamentos devem ser acatados, como condição preliminar para agradar a Deus e salvar a alma, porquanto sem esta fé "é impossível (lgra,l(tr <t Deus .. (Heb. J 1, 6; Vaticano 1, s. '.l, e. 3). 21 . Também ,não quer dizer que a Igreja despreze a parte sensível da natureza humana. Ela não a despreza. Pelo contrário, ama-a com o amor com que Jesus Cristo a amou ao ,1ssumir nossa natureza. Quer, porém, que ela conserve seu lugar na hierarquia dos elementos que compõem a natureza humana, isto é, a serviço das convicções firmadas nas verdades reveladas. Poderá ela assim auxiliar o apostolado; do contrário, tomando a fren1e, suas construções comparam-se its casas edificadas sobre areia, das quais diz a Escritura que não resistem aos vendavais. Imaginemos um fiel entusiasmado com sua Graça, que de repente é submetido a uma prova de aridez espiritual. Se toda a sua formação teve por base a alegria e o entusiasmo, resistirá ele à prova? 22. Diz D. Hcrvás, no "Manual de Dirigentes··, que a finalidade de Cursilhos é selecionar os melhores em cada ambiente, para que " 11111a vez bem cultiv(tdos, eleve111 e tra11sforme111 " 111assa, sendo fer111e1110 de Cl'ist"'uJade" ( p. 27). Que fruto podemos

esperar de uma elite capaz de causar grandes emoções. mas desprovida dos meios que poderiam dar um valor positivo a essas emoções?

Hicro rquio dos fa culdades humanos

Cursilhos e lavagem de céreb ro

20. Não quer isso dizer que a Igreja Se contentou ou Se contenta com a mera aceitação intelectual das verdades reveladas. Não.

23. A importância que Cursilhos dão às emoções e impressões levou muitos a aproximarem o tríduo cursilhista de uma lavagem

\.id,, huma,u,. desde os eco11ômicos e11é os t:s. pirituais e culturais. etc. - Tooos estes Jatos são "de/inilivos". quer dizer, não 1êm marcha à ré no acontecer humano. A novidade. para a Igreja, dos "sinais dos tempos", é que

mcnlos de alegria f:Xpansiv", não deve auscn. tar-se ou retrair-se. mas tampouco deve inrervir ativamente (p. 285). - Perguntamos: que espécie de "·atcgrit, expansh·a" será essa. na qual o Diretor espiritual não deve intervir ati-

estes fatos se manifestam como reveladores dos de.signios da vonrade de Deus. SÃo COMO UM NOVO 1.U()AR TêOLÓCICO AO LADO DA EsCRITU· RA, DA TRADIÇÃO E OA L11'URGIA.. (destaques nossos - "Tcstimc11id', n.n 45, :p. 68). Portanto, não é a Igreja que ensina e guia o mundo; é o mundo que, nos fatos históricos

vamente?

''il'reversíveis", revela à Iireja a vontade de

Deus! - Entende-se porque há em publicações cursilhistas muita simpatia e adesão a Teilhard de Chardin. O novo lugar reológico está muito de acordo com o evolucionismo do famigerado .. teólogo.. jesuíta. 19) Quer nos rolhos do Secretariado N acional de Cursilhos da Espanha, quer no "Manual de Dirigentes.. de D. Hervás, a orientação do tríduo cursilhista fa1~se com expressões que acentuam o fator emotivo. Demos alguns exem-

plos (os dcsraques em versalcte serão nossos) : a) Terceira fase do cursilho (3. 0 dia). Problemas particulares deste dia: é muiro freqüente alguém que esteja angustiado pela preocupação de não ''sentir nada' ·. "pl'eocupação que às vcz.es se converte em tortura pelo contraste com a alegria T RANSHOROAN1'E dos demais {... ]. Tt·ll-

ta-se muitas vezes de pessoas piedosas 1.•• 1 mas talvez de ""'" piedade cêntrada no seu cu [... J. Sua reação, portante - ser6 precise atl,·crti-las - não pode ser a mesma que <1 daqueles compattheiros do cursilho que SE SJN'rAM FASCINADOS 1111tt- um C,-isto ao </u(1/ ncio conheciam ou haviam perdido e ao qtwl acabam ,Jc., enco11tn1r'' (D. Hervás, "Manual de Dirigentes".

pp. 172-173). b) 5." Meditação. "Mensagem <le Cristo ao t·ursilhista" - "/:: preciso /lizê../o SENTIR t1 11oz do Me.ure, qwt lhe ,!ir. algo EM CONCRETO

t . . , l. /; preciso dar-lhe um ar TRIUNFAL" ( 0. Hcrvás, "M <11111<1/ de Dirigente,.<'". p. 175). e) Visita a.o Santíssimo: Todos se aproximam do Sacrário; "o Reitor ,/irá com uaturlllitlaei<?, OANOO A MAIOR INl'IMIOAOE POSSÍVEL ii:r ,ftlâS palavras[ ... ]" (D. Hervás, "Manual de Dirig~ntes", p. 261). d) Outras normas do ..Ma111wl de Dirigentcs"

para durante o cursilho: Propõe-se-lhes a parlir da manhã do i.0 dia o anúncio gozoso da Gr:\• ça, da amizade de um Deus-Amigo, e, então.

sempre dentro de um ambiente de espontaneidade,

alegria,

camaradagem, anedotas~ etc.

Assim, por exemplo, o Reitor deve cuidar que o ambiente de animação e as piadas continuem

nos ourros dias (p. 268). O Diretor espirilual do cursilho deve viver todos os seus .momentos. desde os rolhe,· até os chisres (p. 282) : poderá contar algum chiste, desde que -tenha graça e saiba contá-lo com graça (p. 285). Nos mo-

e) Rolho "Esw,to ,lo tm,bientc": "fnfl'oduç,io. Chegamos. com (1 graça de Deux. ,:, este terceiro dia do cursilho, e, como é m1tural, ro-

dos cst(tmô.t .. DE COLORES .. í . .. ]. .. D, Cofo,.<:s .. é a exclamaç,io jubilo.rn do cursilhista que ,,ive em graça. Por isso ( •. . ] a dizemo.r COlllinuamente [, .. ]. 1"enhó a <-'Cl'feU, de que muitos de vós, mlle '1 rea/iàade da, alegria que l'stais lcXPERIMENTANDO" (p. 13), desejais "contagiar " rodos com a felicidade qu1 levais dentro de vós" (p. 14). f) Rolho "Vida e111 Gr«ç"" (3.º dia, ante< do almoço) . ..Este rolho [ •.. ) J'upõe um ambiente de fervor, um ENTUSIASMO gera/ f .. . 1 (" rt!sponde ao p,·oblema que vai preocupando o cursilhisu,: como /artí ,,,,,.a não perder o CJ'· tatlo de Graça. cm que agora vive com tanta smisfaçcio e alegri(t" (p. 31) . "Estilo: é preciso que TENHA UM AR TRIUNFAI_ tudo () que se lhes [aos cursilhistas) w,i dizendo e " 10111 cem qu,• se /Ires diz" {p. 32). g) Rolho ..Seguro total'·: "Ambiente. Nes.. tes momentOJ' do curJ'ilho, o ambiente está cálido de FERVOR E liNTUSIASMO" (p. 3). "APAI.PA-SE entre vós uma felicidade poucas vezes ou flUIICll SEN'flOA" (p. 15). ''Notai como se rejlete o anelo de mio per<lerdes o C",07..0 destes dias" (p. 16). "A parle vive11cifll de Rollrc tem aqui sua. máxima expressão. qut,mlo o Rolhisu, 11nrrt1r ulguus de seus "momentos" [em que se sentiu mais perto de Cristo] a titrrlô de ,xemplo.. (p. 18). h) Rolho c11rsilhis111 para fllém do cursilho'' : "Vós vos Sl3.NTIS tão /elites que alguém ,le v6J·, /evaelo pelo ENTUSIASMO E ALEGA.IA que e.ttá GOZANDO[.,.]" (p, 13). i) Rolho ··Pietlade·: .. E.rte SENTIR a Cri,-10 n os detalhes mais i11sig11i/ica11tes ,le minha ,,ida foi para mim uma da.r descobertas dó cun;;. lhe" (p. 26). "O qrre e.llá em Graça ,. e,<tá consciente disso. desde que se levanta até que se deilll, desde o primeiro momento até o ,íl~ timo do dia, todo o seu s,·r SE RECOZIJ A E SE ,\Ll:CkA, por saber-se nada m enos que /Ulto de /)erls.. (p. 27) . ..Alegri(r 1... ]. " 1í11ic<1. a11rc-:111icll, constante, segura, porque vai ele tlentro pare, fora, parte ,J" amizade com Vt!uS é 1:.SCA J)A vor todos os nossos poros'' (p. 36). j) Rolho "Açtio'·: "Aluando com Cristo e ,,ivendo em Graça "SOH PRl?aSSÃO''. Tendo u11w t'XUbedincia ele Graça que 'l'R_ANSDOROE POR -rooos os POROS falar. 110 sentir. 110 dizer ,, 110 rir" ( p. 42). k) Rolho "Obstáculos <i vida d« Graça": "Conhccer o Deus é o que de maior. de mais DIVl!RTIOO, ele mais 007..0SO potle /a1.,cr uni ho.

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<le cérebro (ef. D. João Hervás, "l11terrog(l11· tes y Problenl(IS sobre Cursillos de Crístia11dad". Eurameriea, Madrid, 1968, 3.• cdiçã_o , p. 361 ; "A lava11ca·•, órgão do Secretariado Nacional de Cursilhos de Cristandade do Brasil, n. 0 65, p. 5; n." 66, p. 9; Alberto Donct, artigo ··Form(Jció11 apostólica - U11 cursil/o de cris1ia11dad", em "Ecclesi(I". Madrid, 25 de setembro de 1954; Pe. Paulo Cai\ellcs, em Estado de São P(Julo", 27 de maio de 1972; John H. DeTar e Thomas M. Manion, '"Cursillo - To Deceive th.e Elect!". Athanasius Press, Reno. Nevada, 1969; Garry Wills, "Brainwashi11g. . . for God"s sake?". cm "The Natio11al Catholic Reporter", 17 de fevereiro de J 965). Que a lgum fundamento tenha semelhante acusação, pode-se deduzir de uma observação sobre o "Manual de Dirigentes", que lemos no artigo "A história do Movimento de C1,rsi/hos 110 Brasil", publicado cm "Alavanca" (n.0 62, dezembro de 1971, pp. 10-14). Descrevendo certos "erros i11iciais" do Movimento no Brasil, fundado cm 1962, a revista escreve: "Q11u1110 (10 Cursilho propri(J111e11te dilo (rrés dias). ocorriam os erros co1n1111s de absolutização do Manual de Dirigentes, tolhendo-se as iniciativas, pre11dc11do-se 111ais à letra do que espírito de cada peça do Movime11to [ . . . ]. Poré111, o ,;impacto" premeditado, a c0<1çtio e o 11so de téc11icas que abertame11te <11i11giam 011 co11dicio11ava111 a liber<lade do ho1ne111, conflilavam co,n a nos.st1 vis,Jo de unut liberdad# responsável" ( p. 1 1) • Duas páginas adiante, o mesmo artigo de "Alavanca" sobre a história de Cursilhos no Brasil, referindo-se agora ao ano de 1968, diz: "Já combatíamos os impacros emocio11ais artificiais" (p. 13). Sem afirmar que Cursilhos adotem o mélodo de lavagem de cérebro empregado pelo comunismo soviético ou chinês, ou, outrora, pelo nazismo, observamos contudo que D. Hervás, cm " l11terroga11tes y Problemas sobre C11r.,illos de Cristia11dad" , ao procurar responder a essa objeção, no:cap. 28, de fato nada contesta. Introduz o seu arrazoado, dizendo que não sabe ·'exmame111e em que consiste uma lavagem de cérebro'', e a seguir afirma que "dizer que os Cursilhos de Cristandade são 11n1a lavagem de cérebro é prom111ciar com seriedad,e uma verdadeira tolice" (p. 366). - Não cremos que semelhante maneira de enfrentar o problema possa convencer a alguém. Logo após, D. Hervás observa que ··os q11e tomam parle em um Cursilho não vão forçados, ,nas de n,odo i11teirame11te volw1tário, e voluntaria111ente p.ermanecem nele"; que evidentemente "1100 há nada de drog(ls"; que a alimentação é boa; que "1100 há coação moral alguma a violentar a p,erso11alidade dos assistentes"; que são excluídas as pessoas influenciáveis e de personalidade débil; que há, isto sim, um ambiente favorável e adequado, destinado, como os Exercícios Espirituais de Santo Inácio, não a diminuir mas a aumentar e robustecer as personalidades (p, 367). Tais ponderações -. algumas das quais exigiriam provas - mostram, no máximo, que Cursilhos não empregam métodos violentos de lavagem cerebral. Mas elas nem sequer consideram a possibilidade de uma la-

vagem cerebral feita através de métodos mais subtis, suaves e disfarçados. Ora, é exatamente disto que Cursilhos tê!Tl sido acusados. Gostaríamos de ver .D. Hervás demonstrar que Cursilhos de fato não empregam uma via alógica para mudar as convicções dos cursilhistas. e este o problema que está cm causa. "Lavagem de cérebro" é uma noção muito ampla. Se por lavagem de cérebro se entende um processo de mudar as convicções de uma pessoa predominantemente pela manipulação de uma sensibilidade superexcitada, não se pode negar que há um elemento fundamental muito importante, comum à lavagem de cérebro e ao método de C ursilhos.

··cursillos . .. ", pp. 521-522 -· destaque nosso). c) ··compartilhar e111 escala de Igreja as

25. TALVEZ A perspectiva excessivamente otimista em que vêem o mundo, tenha levado Cursilhos a uma min.imalização do pecado. .1:. o que se conclui do exame do rolho sobre o assunto, que se intitula "Obstáculos à vida da Graça" (23). Assim, logo no começo, estabelece o rolho a finalidade da conferência: "8 preciso incutir 110 ânimo dos Cursilhistas, SEM PESSIMISMO [destaque nosso], a realidade das dificuldades que poderão e11co11trar, para que as conheçam, da11do-lhes, além disso, os 111eios práticos de superá-la.," (p. 3). - Como se pode notar, não se trata de salientar o pecado para odiá· lo; mas, apenas, de incutir no ânimo dos cursilhistas a noção das eventuais ( o texto diz:, "poderão encontrar") "dificuldades'', ou seja, das tentações que possivelmente terão que vencer. Se perguntarmos: quais são essas ditieuldadcs? verificaremos que a resposta dada pelo rolho causa a mesma impressão, isto é, de que há o temor de apresentar o pecado na sua hediondez. O texto recomenda, de fato, que "não se deve descer aos problemas concretos". Mas, perguntamos, como orientar católicos, no mundo de hoje, sem lhes falar dos problemas concretos com que terão eles que se haver na vida? - No entanto, o texto cala precisamente aquelas ocasiões nas quais habitualmente é o homem solicitado a pecar. Pois deseja que não se fale cm "diversões, bailes, relações, matrimônio, etc.". 1:. o caso de dizer : o que sobra? Achamos, portanto, Cursilhos muito deficientes neste ponto, que é fundamental para formar no fiel uma mentalidade verdadeiramente católica. . O mesmo rolho tenta desculpar-se, dizendo que "11ão se deve pretender dar um curso de ascética ,·ristã, que os ouvi11tes não estão em condições de assimilar" (p. 4). Não nos parece válida a escusa. Se ela justifica a atitude de Cursilhos, de não se alongarem numa exposição que só se comprccnderia num curso de ascética, absolutamente não os absolve. COm efeito, a desculpa pressupõe que numa · formação católica inicial não se deve, por sistema, destacar energicamente, a malícia do- pecado, a qual

111cm" (p. 18). "Emrar nesta comunict1ção fi ..

silho cm razão de seu caráter vivencial. Aliás,

com Deus'' que é a oração [ ... ]

analogamente, os cursilhos se orientam na mesma linha ··vivencial", que como vimos me..

(2 Cor. 4 , 7 ), é uma vida que guardamos em

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GOZOSA

(p, 27). 1) Rolho "Dirigentes···: "Deu.r assomava a

.,eu rosto (de um cursilhistaJ com tanw afabilidade, com u,ntt1 SIMPATIA (, •• ]" (p. 21). "Por i.uo se co11frec<'m tiio logo os cursilhistas, porque cm seu olhar SE REFLETE todo Ó mar d, feliéidade da grtlça de De11s que lcvmJ1 na tdma" (p. 21). Destacamos as expressões que melhor acen1uam o tom emotivo. Tomadas isoladamente, podem algumas dessas expressões ter uma explicação legítima. O todo, no entanto, mostra

como a concepção da Graça e da vida cm Graça é tal, que se acenluam desproporcionadamente o.~ elementos emotivos, com perigo de se 1ransm·i1ir, as.sim, uma idéia errônea da vida espirilual. 20) !'; significativo, a respeito, o seguinte texto: "Este Rolho (o penúltimo do tríduo] assinala o ponto de união do Cursilho com o Pós-cur.rilho; é co1no uma ponte iclidísJlma que abre largo caminho a uma gozosa persevera11ça 1•• • ]. O objetivo do Rolho é assegumr a continuidade do Cursilho. "A gora co,!ie· ça o Cursilho'', dirão os professores. Tcrmi11,1111 os ll'ês dias do Cursillro,· abre-se o Cursi/110 perene" (rolho "Seguro torar·. pp. 3-4).

21) Documentos e livros que se referem ao Pos-éursilho insistem na necessidade da formação doutrinária: estudo da Bíblia, do Catecismo. etc. Essa insistência, entretanto, não

atenua as objeç~s ele que é passível o Pós-cur6

vivencias cristãs [é o] fim próprio da Ultreya [ ... ]" (id., p. 660). d) "[ ... ] um verd(ldeiro P6s-cursilho exige a presença de difere,11es pessoas: É SEM· PRE UMA VIVÊNCIA COMUNITÁRIA" ("ldeario", revisto por Francisco Suárez e Clemente Sánche1~ p. 147 - destaque nosso). e) "N(I Re1111ião de Grupo deve et1eon1rar o cursilhista a vivência da comu11luio cristã a que foi chamado" ( acordo do II Encontro Latino-Americano de Cursilhos de Cristandade, Tlaxcala, 1970, citado por C. Sáochez e F. Suárez em "C11rsillos . .. ", p. 635). f) "1 - . . ] cremos que " dinâmica comu-

O Pós-çursilho

VIVÊNCIA 00 FUNDAMENTAL CRISTÃO [ .•• ]"

("Docu111e1110 <ie ltaici" em '' Alavanca", n.0

67, p. 30 -

destaque nosso).

Parte li

24. Os autores e documentos cursilhistas dão grande atenção ao Pós-cursilho, o qual visa assegurar a perseverança daqueles que fizeram o tríduo (20). Consider)lm-no a parte ou etapa mais importante do Movimento. Assim, o livro "ldeario". publicado pelo Secretariado Nacional da Espanha (revisto por Francisco Suárez e Clemente Sánchcz, Euramerica, Madrid, 1972), afirma que Cursilhos se centram "prim eira e pri11cipa/111e11te [ ... ] em abrir largas possibilidades de a,nizade co111 Cristo, 011, dito de outro modo, e111 realizar a Pós-cursillw'' (p. .139) . De modo que ·'o Pós-cursi/ho deve ser sempre, e cada vez mais. o ce111ro de atenção e a núcleo de inreresse de toda a obr(I de Cursilhos" (id., p. 143). D. Hervás diz também que é precisamente com o Pós-cursilho que "co111eça a parte pri11cipal" ("Los Cursillos de Cristiandad, i11str11me11to de re11ovacicín cristiana··, p. 35) . Nesta Pastoral, entretanto, dispensamo-Nos de apresentar um estudo mais circunstanciado das estruturas e métodos do Pós-cursilho, e isso porque ele não tem uma orientação doutrinária própria, distinta da do Movimento em geral. Para dar uma r~pida noção da orientação do Pós-cursilho, citamos a seguir alguns textos que ressaltam o papel nele desempenhado pela "vivencia" - em relação à 'qual, como já dissemos, temos sérias reservas. a) "AFIRMAMOS O CARÁTER VIVENCIAL DAS ULTREYAS, SCl/l que isto signifique Sll· bestinwr seu valor for111ati>'o" (21) (conclusão do I Encontro Latino-Americano de Delegados Nacionais do Movimento, Bogotá, 1968, citada por Clemente Sánchez e Francisco Suárez, "Cursillos de Cristia11d(U/ Abiertos ai Futuro", edição do Secretariado Nacional da Espanha, Euramerica, Madrid, l 971 , p. 452 - o destaque em versalete nosso). b) O Encontro de Bogotá confirmou "a doutri11a tradicio11al, ratificada e111 a11teriore., convivências (22). Parte de 111110 afir111ação fundamental, que é a q11e se cot11à11 11eslll co11clustio: a Ultrey(I deve conservar seu carárer vivencial. REALMENTE, UMA

e

LONGA EXPERIÊNCIA ENSINA QUE A ULTREYA OE TIPO VIVENCIAL É A QUJ; MAIS SE ACOMOOA À MANEIRA OE SER 00 HOMEM MOOER• NO'' ( Clemente Sánchez e Francisco Suárez,

rcce sérias reservas, embora também neles se recomende o estudo doutrinário como "impr~s·

cindível, não s6 para nos aprofundarmos em nosso cristianismo, .renão também para reali· zarmos uma açüo apostólica que seja rcalmtn· te eficaz" (rolho ··r::.,t11do", p. 19). 22) Note-se que essa doutrina é chamada

de '"tradicionar· por já ser clássica em Cursilhos. Note-se também o emprego da palavra "convii.,·éncicl" nesse texto: é ela usada ai e também cm outros escritos cursilhistas como sinônimo de "Encontrv··.

23) Como já notamos, os rolhas que, utilizamos nesta Pastoral são sempre os do Secretariado Nacional de Cursilhos da Espanlia (Madrid, 1968) . 24) Em publicações cursilhistas é comum a apresentação da vida cristã como algo alegre, gozoso. Em contr-ap·artida, minimaliza-se a vigilância contra o perigo de pecar. A já citada contribuição da Nicarágua ao UI ELA corrobora semelhante minimalização ão con<lenar ''a apresentação de um Cristianismo que consistia em não pecar'' ("Testimonio", n.ô

45, p. 38), O mesmo pcnsa.mento pode ver-se em Scbastián Gayá Riera, "'Reflexões . .. ", p. 55: "Mais da que vivermos sob o pavor das ocasiões de peclldO t dos ;nimigos dâ lllnw ( ]".

... ~

11it6ria da Reu11ioo de Grupo e da Ulrreya (ressalvadas as diferenças) per,nite a possível participação de cristãos que não te11han1 feito um cursilho, MAS QUE COMPARTILHAM A VIVÊNCIA 00 CRISTIANISMO e seu compromisso sobre a base da amizade" ( declaração do li Encontro Mundial de Cursilhos de Cristandade, Tlaxcala, 1970, citada por C. Sánchez e F. Suárez em "C11rsillos . . . ", p. 551 - destaque nosso). g) "Os ele111e11tos do Pós-cursilho devem levar a: - RE NOVAR A VIVÊNCIA E A CON-

preciso, sem dúvida, não esquecer que o CristianisD10 é vida, mas, como diz São Paulo

CURSILHOS NO CAMPO MORAL Extenuaçõo dos efeitos do pecado original

vaso frágil . Daí a necessidade da vigilância contínua, segundo o conselho de São Pedro ( 1, 5, 8-9), contra o demônio, que ··como leão. furioso está à espreita para nos devorar". O conselho de Jesus Cristo é no mesmo sentido: ''Vigiai e orai para que não caiais em tenta· çiio" ( Mat. 26, 41) .

A mesma minimalização ressuma da censura contínua ao "moralisnio", ao ''cristianismo de cumprime11ro de preceitos'', ao qual se oporia o cristianismo dó amor, pois é o amor

que há de vivificar os atos do cristão. Conceitos tais podem ver-se no livro citado do Pe. Comblin, "'A l'é 110 Eva11gelho" (obra recoll)Cndada por "'Alavanca··, órgão oficial do Secretariado Nacional de Cursilhos do Brasil -· p. 31). - Tal maneira de agir estã na linha do abrandamento do senso do pecado, lament~do por Pio XII como uma das chagas do mundo hodierno, e esquece o palavra de Jesus Cristo que, no cumprimento dos Mandamentos, via a prova do amor: "Si di/igitis me, mandata mea servate" (Jo. 14, 15) . De

onde, no cumprimento dos Mandamentos temos o amor de Deus. Nada mais belo do que ..o cri,ftianismo de cumprimento de preceitos''.

25) Também se lêem artigos que, tratando da penitência, não a restringem ao cumprimento do dever, em outros números de "Alavanca", como o n.0 54, de março de 1971-, p. 13. No entanto, à p. 7 deste mesmo n.0 54 da revista, encontra-se outro arligo que exp~ uma noção de penitência absolutamente oposta il t.adicional.

o torna, sob todos os pontos de vista, detes1ável. Tal maneira de conceber o Cristianismo é contrária à Tradição e à própria pregação do Divino Mestre, que habitualmente procurava a conversão dos pecadores acenando-lhes CO!l\ os castigos eternos, conseqüência natural do pecado. Cursilhos parecem esquecer que no ódio ao pecado está o amor de Deus. A atitude de Cursilhos é tanto menos compreensível, quanto a intenção explícita que lhes dão seus promotores, é selecionar uma elite que, bem formada, levede a massa dos fiéis (cf. D. Hervás, "Manual de Dirigentes", p. 27). Não vemos como se possa formar bem, se j{, no começo se evita de tratar de um ponto básico de qualquer mentalidade católica. Enfim, uma Ílltima observação quanto a este ponto. No rolho sobre a Graça habitual, recomenda-se que não se entre "11a parte negativa, ou seja, o pecado, que tem seu lugar 111ais adianrc" (p. 5) . E agora, ao tratar do pecado, declara-se que o obíetivo é "dar u111a visão da Graça [ .. . ] que seja realme11, te uma visoo da Graça" (p. 3) . En1 tudo se nota um temor de mostrar o pecado como ele é na realidade. Semelhante temor, embora não negue taxativamente a natureza do pecado, extenua-lhe a malícia, com sério prejuízo para as almas (24 ).

Cursilhos e mortificação voluntário 26. A Redenção de Jesus Cristo libertou-nos do pecado, destruiu o império do demônio, porém não nos restituiu o estado de inocência anterior à queda de nossos primeiros pais. De maneira que, para conservar a Graça e a amizade com Deus, ainda temos que lutar contra os assomos da concupiscência, a lei dos membros, na expressão de São Paulo, que se rebela contra a lei do Espírito, a Lei de Deus. Nesta luta, somos robustecidos pela mortificação, não somente por aquela que é imposta pelos deveres de estado, mas também por aquela que é assumida, livremente, com a finalidade especial de fortificar a vontade contra os ímpetos malsãos de nossa parte inferior. Em qualquer curso de espiritualidade, de orientação católica, há o capítulo da mortificação, no qual se fala da penitência que nós nos impomos a nós

26) Censurando, por seu turno, "a sanridade 1n'sto11ha" (leia..se: séria), ''Reflexões . .. ",

de Sebastián Gayá Riera, às pp. 98-99, elogia a explosão de alegria desbragada, ou seja, sem medida, desordenada: "Cumpre sermos impulsiva a desbragadamente alegres. Com alegria sã. "contagiosa até ruidosa se às vezes /õr preciso ( ... J. Fulano [. . . ] é 11m "tio" 1

',

estupendo, tem /dbrica de anedotas e a gente se escangalha de rir ao seu lado . . . n.

27) Eis a nota da revista, na última coluna da página 4: "PALAVRôES, NÃO! / A circular do SNCC. recebida pelo 11osso Secrttariado, recomenda uma observância rigorosa ao "palavreado dos rolhas". O Presidente pede que se lnsisra junto às Escolas tle Dirigentes para que os "palavrões'' sejam abolidos definitivtl• mente, pois nunca fizeram parte do método de Cursilhoº.

28) A concepção igualitãria da Igreja, povo de Deus, onde a dignidade de todos é uma só, havendo diversidade apenas de funções, tornou-se idéia comum no Ili ELA. Foi objeto do trabalho apresentado pelo México, trabalho que sob esse ponto de vista mereceu especial recomendação do Ili ELA ("Alavanca", n. 0 67, p. 33). Na contribuição do México . • " . n.0 45 , pp, 59 ss. ) . ( •••~,.esumomo a) censura-se a concepção, que "durou tantos séculos'' ( p. 63) e se acha no ensinamento

de Leão XIII, repetido por São Pio X (Eoclclica "Veheme11tcr'' ) , segundo a qual o leigo


mesmos paixões.

com

vistas

n

dominar

nossas

27. Cursilhos falam também de mortificação. Primeiro, para censurar os penitentes medievais, como já vimos. Depois, para reduzir a mortificação ao cumprimento dos próprios deveres (rolho " Obstác11los à vida da Graça'', pp. 26-27). O exemplo de São Paulo, "castigo o meu corpo ( ... ) não venha e11 mesmo a ser reprovado" ( 1 Cor. 9, 27), é alheio a esse texto. A orientação do rolho citado aparece cm outras publicações cursilhistas. Assim, "Alavanca" estigmatiza como fruto do maniqueísmo, atitudes altamente edificantes da ascética tradicional. O Evangelho retamente entend ido - assim "Alavanca" - "altera pro/1111dame11te certas p,erspectiv"s 1naniq11éi"s da religião do sofrimento, de r1eq11enas pe11iténcias, de pequenas ,nortific"çõ.es [ ... ]. O Ewmgelho não é 1, c11lt11r(I d" dor 011 sofrim ento. A palav,·a de De11s proc/(IJIUI " acei1t1ção dos sofrimentos irre111ediáveis. Mas, somente q11a11do não há 011tra sol11ção [ .. . ]. Penitência não significa proc11r(lr o sofrimen,to 011 fazer 111ortificaçõe$'' (n.0 55 , abril de

1971 , p. 12). Notemos que na mesma revista, n.O 58, há uma nota em. que se fala da necessidade pessoal do sacrifício para "111aior crescimento espirit11al e 111ais enérgico don1i11io das pt1ixões" (p. 18). - <;omprccndeis no en-

tanto, amados filhos, que referências como essa (25) não são suficientes para tranqüilizar o espírito em face de uma doutrina ensinada ex professo, como a do ar1igo citado. Aliás, contradições cm que se mesclam ensinamentos ortodoxos e doutrinas espúrias prejudicam substancialmente a formação.

28. Es1á na mesma direção a alegria aberta, despreocupada, que se fomenta em Cursilhos (26). J:. o que transparece da norma dada por D. Hervás, no ' 'Manual de Dirigentes'', para a manhã do primeiro dia, cm que se encerra o pequeno retiro espiritual. Assim, depois da noite e manhã consagradas à reflexão sobre a vida p~caminosa e sobre a misericórdia de Deus e a necessidade do perdão, já na mesma manhã em que termina o retiro, cria-se um ambiente pouco propício ao estudo e à metodização dos meios necessários para corrigir os maus hábitos contraídos anteriormente. Instala-se, logo após a Missa, um clima de alegria, de gozo, de camaradagem, que vai até a libertaçf,o da tendência inferior do homem, nas piadas equívocas. quando não nos ditos abertamente obscenos. O mesmo ambiente de brincadeiras deverá estabelecer-se cm outras ocasiões ao longo dos três dias, sobretudo às refeições. 29. 1: este, amados filhos, um ponto sombrio de Cursilhos. No Capítulo dos chistes, na manhã do primeiro dia, adverte o " Manual" que "os dirigentes. t/pvem estar dispos/Os a inlel'vir, f)t1rt1 til~Sviar ou cortar qu,zlquer i11co11ve11iê11cia q11e surgir" ( p. 256) . Só esta recomendação basta para indicar o . ambiente pouco sério após as meditações relativas à emenda de vida. Testemunhos de cursilhistas mostram como a vigilância dos dirigentes, nesta matéria, tem sido pouco eficiente. À mesma conclusão nos leva o aviso publicado e m "De Colores'', revista oficial do Secretariado de Cursilhos de Belo Horizonte. No número de março de 1970. à

é aquele que obedece na Igreja ao .Clero e o honra (p. 62); b) declara-se inadequada. a posição firmada por Pio XI, que ao leigo atribuía uma parcicipação no apostolado hierárquico (p. 63 ) : e) Jcclarn-se, outros.sim, que todos, ''socerclotes., bispos, re ligiosos·• e leigos '"participam ele uma mesnw missão comum: [ .. , 1 s,• bem que, naturalmente, c,ula um deva exercê..ta com /unçiJes e modalidadeJ· <listiutas'' (p. 63) ~ tusim, ",le um modo que 1/u•s é próprio. o.r leigos .f<iO i/,,•ualmentc responsáve is pe/11 Igreja mel·ma, embora seja verdade <fue h6 uma tli/erença funcional t·ittre clero •e ltli<:<110'' (p. 64): d) diz...se a ind~t que "/ict1 inteiramente .fl1pere1clt1" a idéia de que os leigos são n,cinbros

<la Igreja subordinados aos clérigos (p. 64). o

se conclui: "o didlogo (' " discussão ,los

pro-

blemas t•clesillis com o lt,i,·ato na l greia é ;t, um faro fu11damen111/ que por direi10 compele aós leigos'' ( p. 64): e) declara-se. além dis.so, que devem os

leigos. em certo sentido, part icipar do governo da Igreja ( p. 65). Tomados eslcs pontos cm seu conjunto, fixa-se a jdéia tle que a d iversidade existente cn· tre Hierarquia e povo, na Igreja. é apenas de íunção e não de dignidade. Não 3d01ira que

o trabalho do Equador e Peru apresentado ao 11 l ELA tenha reafirmado taxativamente a igualdade radical do povo de Dous, declarando legítima s6 a diversidade de funções e carismas ("1'estimonio", n.0 45, "Adendum", p.

página 4, n revista, sob o título "Palavrões, 1uio!", c ita circular do Secretariado Nacional de Cursilhos do Brasil, que recomenda se "insista" junto à Escola de Dirigentes para que sejam abolidos " definitivamente" os "palavrões", os quais, diz a circular, "n1111t'a fizeram p11rte do método de Cursilho'' (27). - Observemos que se censuram apenas os " rwlill'rcits". Nada se diz das pia-

das ambíguas, picantes, maliciosas, equívocas, enfim das mil maneiras que tem a sensualidade de se infiltrar e tomar conta das almas. Notemos que há livros apontados pela moral católica como nocivos, precisamente pela maneira subtil com que dcslilam a sensualidade nos corações. O Secretariado Nacional de Cursilhos censura os palavrões. Deixa pois perceber que até lá se tem chegado cm tríduos cursilhistas. E, pela mesma razão, têm abundado piadas carrcgadamenle sensuais, sem, contudo, o emprego de termos de baixo calão. Destas piadas, nada diz a revista. A nota, no entanto, mais os testemanhos de cursilhistas, são suficientes para nos indicar o estilo de alegria de Cursilhos, que nos parece absolutamente contra-indicado e pernicioso num movimento católico. Porquanto, estamos bem longe da recomendação que fazia São Paulo aos 'fiéi~ de J:.feso, para se portarem como verdadeiros cristãos: "nen, se 11n1neip entre vós a fornicação, 011 qualquer i111p11reza. como co11,·é.111 a sm1toJ; nem palavras torpes, 11e111 loucas, nem chocarriccs que são c<>usas inco1111e11ie11t!!S" (5 , 3-4) .

Ig ualita rismo na Igreja

30. .1:., oulrossim, amados filhos, motivo de apreensão a concepção que C ursilhos têm da lgrej~, ·'çon10 povo de Deus" , na expressão do Vaticano li. 1: o rolho " Os leigos 11a Igreja", do Secretariado Nacional da Espanha, que expõe mais detalhadamenle o assunto. Nele se encontrnm expressões in leiramente ortodoxas, que pressionam 11 obrigação de se dedicar ao apostolado, que incumbe a todo fiel, de modo par1icular no ambiente que frcqiicnta. Ao lado dessas expressões, entre tanto, há ou1ras que parecem desconhecer o e nsinamento 1raclicional, reassumido por São Pio X na Encíclica "Vehe111e11ter", de 11 de fevereiro de 1906. Diz o Santo Pontífice que "a E.1crit11r<1 nos ensina e a tradição dos f'atlres nú-lo co11fir11111, q11e a l gr ej" é o Corpo místico de Cristo, Corpo r egido por PASTOR~S e DOUTORES (Ef. 4, J / ss.) [ . .. ]. Daí resulta que essa Igreja é, por essência, 11111" sociedade UESIGUAL, que abrange tl1111s categorias de pes.<oas, os Pastorts e o rebanho f . . . J, de 111a11eir" que 110 ,·orpo pastoral re,ridc111 Q dfreito p a autoridt1-

âe necessários pura pron,over e dirigir

/O·

dos os membros ao fim da sociedade'' (AAS.

39, pp. 8-9). 3 1. Cursilhos, ao exporem o papel dos leigos na Igreja, falam diversamente. O rolho sobre os leigos, às páginas 40 ss., tem U1ÍÍa reminiscência da doutrina tradicional. Em ou1ros tópicos deste rolho, porém, e em outros documentos cursilhistas, há uma tendência, sempre mais acentuada, a conceber a Igreja como um todo cujos membros se distinguem por funções e não propriamente por dignidade. De onde, uma inclinação a

XVI). E que tenha mesmo levado tal concepção à sua conseqüência natural, negando â Hierarquia o papel de intermediária entre Deus e os homens, segundo ensinn a. Tradição. depois de São Paulo (Heb. 5, 1): pro hómi11ibus constiluitur .wl<:~r,Jos: "11 ltierarquill ncio e: nenhum in111nnediário ,Ju Comu11idtule jmth> c,o Padre, St:'1uio qm.• fu , qut· utrllvés tlt• ,\'(!ti serviço mi11is1erit1I. ye dê o t•nco11trt> peMoul cl.a comunidade com o Senhor'' ("T<-slimonio '', n.O 45, '' Ade11dum". p. Vt), Freqüentemente apelam os autores da opinião que aqui censuramos. i, Constituição "Lumen Oemium'', n.0 32, que afirma uma igu~,I

dignidade de todos os cristãos. A mesma Constituição consigna a distinção de funções (doutor-discípulo, pastor-ovelha), que pela ordem natural supõe uma dignidade maior no mestre e no pasror do que no discípulo e na ovélha. /\demais, aos textos referidos junt.tm-sc outros da própria "Lumen Gentium··. corno o seguinte: "O s,"·ertl6cio comum ,lo.\· fiéis e o .-rac,·rtlckio mini,\·teâal t>u ltier,frquico se onlentm, um ao outro. t~mbOl'ü .t e di/tn,ncil•m na ,,.i·sénâa t• não apenu.t c·m ~,·ml' ( n .o IO) . "É explicável que os teó logos procurem <lc1crminar o juslo teor de t;1is :1firmaçõcs. - Nfü,)

cslá nos limitc.s dcst:-1 C.irta J>;istoral solucionar e-'\lc problcm:J. E ntrct~HllO. sej"' qual íôr a posição que perante ele se tomc 1 nenhum católic<.) genuíno pode acdtar ,1s conclusões que da "Lumen G('ft/lum'' tiram ora explícita, orn implici1amentc - certos documcnros cursilhistas. Por exemplo, jamais um ver-

dadeiro católico deixará de reconhecer, no ci-

Cursilhos de Crist.a ndade igualar, em d ignidade, todos os membros da Igreja. Assim, ao fixar 11s obrigações dos Sacerdotes e dos leigos, a expressão é tal que evita salientar o estado superior que na Igreja pcr1cnce ao Clero. Essa é a impressão que causam víirios textos do rolho "O~ leigo,,; no lgrejtl'. As.. sim, ;, página 6 concede-se aos leigos a miss,10, de si saccrdo1al, de dar vida. esperança . amor, verdade e espírito ao mundo. À p,,. gina 17 sal ienta-se que todos. Sacerdotes e leigos, são Igreja, sendo que a estes últimos corresponde, "por <1S/1ecial desígnio de Deus, dar a vida esf)irifu(I/ o este nrundo, infundirlhe alma, d,1r-lh,c fé [ ... j e• o espirito d<' Cristo". À página 26 insiste-se cm que o papel do leigo não é "/J11r,1111e11t<' subalter no" com re lação ao do Clero, po,·quanto "mubos tl.evt'1n procun,r <' querer a 111esut11 cousa: dar glória ao Padr<', saiva,ulo os ir111/tOS, cada 11111 , 11oré111 , eleve bu.1·c á-lo de seu l1u10··. sendo um ' ' variio perfeito dentro de sua profissão''. À página 35 aplica-se

prorn iscumncnte, a Sacerdotes e leigos. a ou1orga da missão apostólica ícila p0r Jesus Cristo e que consta do texto de São Mr,lcus, " ide, /tiz<!i discípulos" (28. l':>). quando a Tradição o entende aplicado aos Após · lolos e seus sucessores. Todas estas expressões sáo, tnlvcz. pa~sívcis de uma interpre1açâo ortodoxa. Não deixam, porém, de indicar uma tendência a conceber a Igreja num sentido hori.zonwl. Semelhante tendência é mais saliente cm rrabalhos aprescn lados no II Encontro Mundial de Delegados Nacionais de Cursilhos, realizado cm Tlaxcala, México, cm maio de 1970. e que o Secretariado Nacional do Brasil traduziu e divulgou para que " os responsáveis pelo 1Wo,·i111e1110

[ ... ] possa,11

encontrw· aqui palavra., e idéias que os façam crescer 110 ,e11111sias11,o e ,w entrega J)<'iv Mo"i111entou ( capa interna). Pois no cHdcrno referente aos trabalhos do terceiro dia cncon1ramos. 11;1 relação do Peru, expressões como estas, que denunciam uma orientação niveladora na conccpçüo da lgrcj:1: " A Nierarqui(I não condena os fiéis à condiçíio dp inferioridade" ( p. 12), porquanto, na ação salvífica, " Ioda a Igreja , como Povo de Deus, fica ,·omprometida co1110 11111 todo orgânico" ( p . 14 ). realizando pois ·'obrt1 verdadeirt1111,·111e co11111111, c:onu> comum é 11 ,11issào da I greja" (''E11co11tro Muiuli<I/ de D el.egados Nacionais de Cursilhos de Cristandade, T emas do 3." Dia'',

edição do Secretariado Nacional de Cursilhos de Cristandade do Brasil , São Paulo, 1970. p. 15) ( 28). 32. N<1 ordem prá1ica. Cursilhos levam o igualitarismo mais longe. Assim, logo na manhã do primeiro dia, dá o " Manual dr Dirigentes·· como norma que à mesa niío haja prcsidéncia, e todos, inclusive os Padres, se mesclem indistinlamentc (p. 222) (29). Fomenta-se, além disso, um ambiente de camaradagem. por meio de chistes. anedotas. etc., sendo que se l'ecomenda aos

Sacerdotes que na med ida do possível antmem a camaradagem, participando da sessão de piadas (p. 285). No mesmo sentido, concorre para acentuar a 1endência niveladora. confiar tnrefas modcs1as, como as de cozinha, limpeza, etc .. a pessoas categorizadas na sociedade. por exemplo. oíiciais do Exército, médicos, engenheiros, e le., não excluídos os Sacerdotes (30) .

Jesus Cristo, nosso "Chefão" 33. l'vlas nada inculca tanro a idéia de igualdade 10ml, como o modo de cursilhistas se dirigirem a Nosso Senhor Jesus Cristo. Sendo o Divino Sa lvador nosso amigo e nosso irmão. pela Graça que nos eleva i, dignidade de- filhos ,,dotivo~ de De us, e 1cndo Ele moslrado seu amor para conosco, especialmente na instituição da Santíssima Eucaristia. devemos ex ternar-Lhe os sentimentos condizentes com as novas relações que sua infinita misericórdia criou e111re nós e Ele. Nada d isso exige que ~squcç,,mos o respeito e suma veneração devidos à sua Pessoa adorável. Julgam cntrcianto Cursiihos que a expressão daqueles sentimentos pede se dispense a Nosso Senhor o tralamcnto dado habitual menrc a um capataz d~ uma cmpl'csa qualquer. Assim, cm Cursilhos do Brasil, aprende-~e a chamar a Jesus Crislo de ·'Chefão": "As 1·isi111s ao Santissimu, sentiu vivenciilis e i111f)rovisatlas. ujuM

,la111 à c,11111111/uio entre os t'11rsilhi.rws. unem ,,s ,·or<1ções. f<>11u;-ntm11 a maê11tica, mnizatl<·. E tudo isso baseado numa /0111.e. 1u1111a, ('(111~ 1

st1: o Cristo, nosso ' Clu.:fiio", nossu innüo mais vdhu, llcJJ,fo grwulf! umigo e comp<111/wiro" ('T,·mas do li E11co11tro Naci<>nal de S1·cretariados Dwc:.·.rmws de C11rsilhos de Crisw,ulad.i: do Brasil", p. 55 ).

O termo "Chefão" não e ncerra propria-

mente amor e coníianç<1. Diz apenas uma camaradagem de pessoas que se sentem no mesmo nível. graças, quiçá, a alguma parceria cm manobras desoncsw~ ( 3 1) .

34. l'vluito divcrsamenlc <1prescn1am Jesus Çris10 as Sagrad,1s Escri1uras. No Apo~alipse, a glóriit e a realeza do Verbo de Deus. que morreu por nós, se manifcsla tão

excelsa

que. ao vê-h1, São João caiu como morto ( 1. 13 e I 7 ). Não menor é a majestade do Cordeiro descrita no cap. 5. diante da qual ~e proslram os anciãos e O adon1m. Sublinhemos. outrossim, a preocupação do mesmo Divino Mestre no sentido de que se us discípulos tivessem idéia exata ncsla matéria. Na última Ceia. precisamente quando Se dignou, para nosso exemplo, lavar os pés de seus Apóstolos, sublinhou Jesus Çris10 o 1ratamento corre to que Lhe é devido. Após o Lava-pés, para evitar uma conclu~ão errônea. que seus discípulos poderiam 1ira,· de seu ato, disse o Salvador: "Vós M,: c:iwnwis Mesrrt1 e SN,hor, .e <lizeis betn, porque Eu o sou" (Jo. 13, 13). E os Após-

tolos não precisaram esquecer a excelsa d ignidade de seu Mc-strc e Senhor, para nEle depositar toda a confiança. e para dar-Lhe mostl'as supremas de mnor, sacrificando a

própria vida por Ele. Que os superiores saibam servir até c m oíícios humildes. está bem. Isso não se faça, 1odavia, por principio ou cm ambiente des· trutivo da hierarquia que h,í, na Igreja e na sociedade, por disposição divina.

tndo princ1p10 que Leão XII I e São Pio X ( Encíclica "Vl'ltemf:nter") enunciam, a expressão autêntica da doutrina que a Igreja sempre 1-!nsinou e en~inará até o íim dos séculos. Encerramos esta nota ohscrvando que São Pio X. uma cfas cousas qu..: condcnav.1 rw "Sillon" cm. prccis;11ncntc. o nivelamento 1!n1rc Sacerdotes e leigos rrns reuniões que pro . moviam : "A <·,mmrtula,:tm mais absoluta rei· na (•nlrc.· os mt'mhro.r í .. . ). M t•smo o J>adn:. qmmdo 1wlt• in,:r(•Ma, olwixa 11 ,•miuent,• ,li;:• ni<lcule ti,, J'f!II Sill'(,rtl<ktQ ,:, pda mai.,· c•,)·tra• n/,t1 iuverscio de papéi.,·. se• faz aluno, .,·(• /UÍ<' no 11ívd ,/,) sn1s ;ove,,.,. mnigos t' miQ é mais 1/0 qu,• um c,mwrutla" (C:lrt;a Apostólica "/v'otr(• Cltm·gi: Apostoli((m•", de 25 UC .igosto de 19 10: AAS. 2. p. 62 1).

tr"ball,o. Lew1111tm1•se t! saem (ltlrct "s primeiras orapies ,lu dfo. Quwulo volwm, as ,·mnas c-stào urrtumulu.\, o ('U/c: ,\'(•rvitlo. as ptiv"tlu.,· limpas. Ntio l 't/ v,"' ninguém 110s c·orredort•s. S6 110 ri/timo ,liu vs ··.te,·viçui.f' apm·,•cem. Stio ,mlÍJ.!ôS cursillri.tws ctm' nio fazer o 1ruball10 .w:u.r irnuios. Nrwu, ,la.\' wrmas. um t:irur,::ião famoso. tuwist(•11u• ,lo professor Zerbim'. tra·

29) Em "/nttrrogn,ue.r y Probh·mtt.'i ... ", pp. 376-377. D. Hcrvá:s escreve : ''no.,· (:ursflho.\' tlt· Cris1wu/(1dt· J,(} vivêttd(l:r, no Jt'ntitlo ltm qut· os p.w'câlo;:,.M· e petla;;ugus us<m, ,•ss,· u•rmo. mus ntio /ui suges1tio. Pois 11d<'S .\"t' praticâ prc<,;i.,wmt'lttt• o co,ttrârio do que potle st•r ctws,, dt .n ,geslâd. q1u•1· sob (> p,w,o dt! vi:rw dlJ e.rpo.tiÇtió dus itMias [ ... }. qm•r <11w1110 ao "pre.wígio da uutotitlm/e", poi.,· o,,· Sucer,lott•s t' o.,· /eixos ,Jirigct,ttt!J' w1t•nr..w· "'"" phmo de total iJ,Juilldmle com .,·cus companlu•iro.,·. ,,rt: t:heglJr <lfJ ,tew/lu• ,lv 11l'ltt J:eqm:r ocuru11· lug,11· pN•/1:re11dC1/ na ,·"pel'1. m•m 11t1 sala ontf,, s,, lhe.r t' nem m e.rmo nos lflg(lrl'S que c,·111Jt1111 nt> refeitório'' .

.: que isso se faça num arnbientc nivelador e com conotações i~uali1árias. O que não se dá scni dctrimcnlo da autoridade e do papel diri· gcn1c que 1ém certas classes sociais. como salientou várias vezes Pio XII (cf. .. />or um Crislitmismo Authuico". pp. 153. 171 -175). No me-s mo scn1ido nivelador corre o ía10 con1ado por um Padre que íoi ao eur:.ilho. de b,1tina. Foi ele. interpelado por usar trnjc t.1l:.1r, i; o censuraram declarando q ue "a ha1ina t1tra1mllwv""· isto é. marcav;;1 uma distinção 4uc não cst:.,va tlc acor<lo com o 11mbicn1c próprio tlc Cursilhos ( relci.1-sc. a esse respeito, o tc-x• to <lc São l'io X sobre "Le Sil/011", que reproduzimos no tópico número 3 1. nota 6).

.\0) O que acabamos de afirmar, sabemos por 1cs1emunhos de vários cursilhistas. Que

3 t) Esrá dentro da mesm" mentalidade, quanto ao cratamcnio igualitário e proletari•

1

f""'·

seja 1>artc do i>rograma de Cursilhos, ~lpare:.:é. por exempJo. nes1a afirmação de "Alava,u:a", órgão de Cursilhos do Brasil. 11.0 66. 1972. p. 1J: "Os t:11r.rilhiMt1.r 11ti o ext•t.·urnm 1w11hum

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úul/1av<1 na ('02i11/l(l.

Ninguém se J'CJtle dimi-

nuído: pc•lo ,·omr{Írio. 1>m·e,·<·m execU/ar o lruballio , ·om a m(liOr "h·;:ricl'. Nt,da há dé mau cm qu..: superiores exec utem trnb.1lhos mais humildes. O censurávc1


Parte Ili

C URSILHOS E A SUBV ERSÃO

Contro a s a tuais estruturas

35. CURSILHOS, DE SI, são um movimento de caráter religioso. Pretendem ser um instrumento de renovação cristã, especialmente depois do Concílio Vaticano II. O que não impede, talvez mesmo explique, que proponham também normas para a renovação da sociedade civil. Com efeito, o convite lhes vem do mesmo Concílio Vaticano li, cuja Constituição sobre "a Igreja no n1undo atual" traça orientações relativas às condições político-econômico-sociais. Mais. Em Cursilhos, a julgar por publicações oficiais, mesmo exercícios religiosos se fazem dentro da persp<:etiva dos deveres sociais. Por exemplo. A "Via-Sacra" editada pelo Secretariado .Nacional do Brasil (São Paulo, 1969), solicita a compaixão dos fiéis, menos para os padecimentos de Jesus Cristo, do qué para as vítimas dos problemas contemporâneos, reais· ou imaginárias. Nela, Jesus Se identifica com o mal remunerado, com o desempregado, com o tuberculoso, com o que dorme ao relento, com o que está na cadeia, com o explorado. . . e em geral com os homens, pois nela Jesus convida o cursilhista a não olhar para trás ou para cima a fim de O amar, mas a olhar para a frente ( pp. 3 J-32). Um exemplo mais frisante temos nas considerações da primeira estação ( pp. 4-5): 36. "Cristo continua pre.,o faz 20 séculos. Há prisões por toda Parte. . . Há prisões que não se escondem, que têm grades que a gente pode ,·cr. E há prisões disfarçadas, q11p têm grades invisíveis que a gente não pode pegar e sacudir de raiva. . . Há prisões 011de os carrascos torturam como verdadeiras feras hunwnas. E há prisões 011de os carrascos a11da111 mascarados pm homellS dR- bem. Há prisões que se chamam "prisão". E há prisões que recebem uma porção de 11omes arra11;ados; f}risões que se chamam favela, cidade, fábrica, baile, casas d.e perdição. Prisões chama,las regime político, J·iste111a económico, sociedade a11ónima, contrato, lei, regulamento. . . Prisões que recebc,n tantos outros 11omes em todos os países e em todos os tempos [ ... ]. Em todas as prisões - vis/veis ou invisíveis, em que me e11contro - Cristo é meu co111panheiro de cela. Se sou liberto de alguma delas, Cristo continua lá prisioneiro. Senhor, ajudai-nos a reconhecer o vosso rosto desfigurado em todas estas prisões. Ajudai-nos a reconhecer-vos, J)ara que 110 dia em que a totalidade dos encarcerados for conduzida ao Suprpm.o Tribunal da História possamos ouvir de vossa boca: "Vinde benditos . .. porque eu estava

prisioneiro en1 cada um destes meus irn1ãos e vós estivestes comigo" (Mat. 25, 36)".

Como vedes, amados filhos, o texto de São Mateus foi retocado. Retoque necessário, para ajustar-se aos desígnios do autor, os quais esta meditação deixa entrever. Quais seriam esses desígnios? - Observemos a quem é Jesus equiparado, e não será difícil perceber. - Jesus é aqui indicado como símbolo do prisioneiro de um sistema político, social, econômico. Na generalização, porém, com que engloba de modo vago todos os que estão nas prisões, com que não especifica quais os regimes opressores, a meditação só poderá suscitar descontentamento, ódios, subversão. 37. O exemplo citado mostra como os deveres sociais são concebidos, por tais publicações, de modo a acentuar uma tendência esquerdizante. E, de fato, na ordem econômico-social reaparece a orientação igualitária com que Cursilhos encaram as estruturas eclesiásticas. Com efeito, em diversas publicações oficiais de seus Secretariados, manifestam-se Cursilhos por uma mudança fundamental das atuais estruturas sociais, que sacrificariam os direitos essenciais do homem (cf. trabalho da Colômbia no II Encontro Mundial de Cursilhos, em "Encontro Mundial. .. , Temas do 3. 0 Dia", edição do Secretariado Nacional do Brasil, p. 34). Uma insistência sobre as igualdades essenciais dos homens, sem salientar as legítimas e importantíssimas desigualdades acidentais - que, no entanto, dão origem à sociedade - encaminha o cursilhista para uma concepção igualitária da sociedade, que chega a censurar a desigualdade, porque um tem mais do que o outro (cf. Eduardo Cierco, "EI cristia110 y la pobreza", em "Tripode'·, órgão do Secretariado Nacional de Cursilhos da Venezuela, n.0 70, maio de 1970, p. 19). Como já vimos, têm para .nós especial interesse as intervenções no II Encontro Mundial de Delegados de Cursilhos (México. 1970), pois foram e las traduzidas e divulgada~ no Brasil. para enriquecimento cultural dos responsáveis pelo MovimentQ. Entre as intervenções, a do representante da Colômbia reproduz os jargões de todos os que se revoltam contra as estruturas atuais, sem definir com clar= qual a estrutura que almejam para substituí-las (cf. "Encontro Mundial ... , Tem(ls do 3. 0 Dia'', pp. 34 ss.) (32). Na intervenção indicada, surgem as acusações comuns entre os subversivos, contra as atuais estruturas: são "paternalistas.., "oligárquicas .., "i111vedcm a realização das p,cssoas e dos povos", "destroçam a igualdade essencial entre os homens e a plena reali;.ação de seus direitos" (p. 34 ). O relator não declara que se refere às atuais estruturas, mas percebe-se claramente que são elas que visa, sobretudo quando lhes atribui to· dos os males que afligem a humanidade. De fato, se não se reporta às estruturas atuais, quais seriam as estruturas cujos frutos são

"a miséria. li fome, o ódio, a rebeldia, as gue,ras, li ig11or<1ncía, o infantilismo, o 11111lismo e a irresj,onsabi/idadt!, e a marginalização de homens e povos na cooperação li•·re da marcha ,la história, impedindo-lhes todo o acesso aos círculos nacionais ou mundiais. onde se dedde,n os destinos do ho1nem e do 11111,ulo" (p. 35)? - Não julgamos o relator tão néscio que catalogue os defeitos e contra eles se insurja, quando está certo de que não existem .

Por umo subversão total 38. Aliás, publicações oficiais de Cursilhos não fazem mistério do fim político-social que visam: a subversão total das atua is estruturas da América Latina. " Trípodc··. que já citamos, e é uma das mais importantes revistas de Cursilhos no continente, à página 2 de seu número de julho de l 9i 1. encabeça uma reportagem com o título: " Mudanças estru111ruis na América L,11ina deve111 ser rápidas, urgentes, TOTAIS" (odestaque cm versaletc é nosso). A frase é do l'e. Edgard Beltrán, Secretário executivo do Departamento de Pastoral de Conjunto do Conselho Episcopal Latino-Americano. "Trípode", fazendo dela o título do artigo encampa-a totalmente. Na página seguinte do mesmo númc,·o, outro título assume o mesmo significado: "O povo de De,~.$ de1·1· unir-se com os que luw111 por uma orde111 social 111ais justa". Compreende-se que tais publicações se mostrem favoráveis aos Padres contestatários "pela 111uiw verdade que podem ter em suas imposwções" ("Trípod,e'', n. 0 83, julho de 1971, reportagem citada, p. 2), uma vez que há um paralelismo entre as reivin .. dicações contra as estruturas eclesiásticas e as civis (33).

Cursilhos e "Le Si llon"

39.

Por que há em Cursilhos tal oposição às atuais estruturas e:onômico-sociais? Ao que parece, porque se lhes afigura injusta a estratificação da sociedade cm classe~. Dizemo-lo porque a razão invocada, no li Encontro Mundial de Delegados Nacionais de Cursilhos, contra o paternalismo, foi que este impede ''a realização das p.essoas e dos po,·os'' ("Encontro Mundial . .. , Te111as do 3. n Dia", p. 34). E m outras palavras. As estruturas em que haja superiores, ainda que sejam segundo o modelo ideal da autoridade, que é a paterna, devem ser reprovadas. Yale dizer que o homem só pOdc realizar-se onde ,não haja s uperior, onde não deva obedecer, onde não haja diretrizes que vCJlha m de cima, porquanto cm tais estruturas ele se sente diminuido, uma vez que não assume a responsabilidade da decisão que lhe comunica a autoridade. Semelhante posição político-social não é nova. O movimento igualitário francês. conhecido como "Le Sillon", preconizou o mesmo princípio regulador das relações político-sociais. Mereceu por isso severa censura de São Pio X. Diz o Pontífice que, segundo "Lc Sillon.., "o hon,em s6 será verdadeira111e11tc ho111c111, dig110 desse nome, 110 dia Rm que adquirir 11111a consciência escla-

rl'âda. forte. i11depc11de11te, autônoma, pntlendo dispensar meslres, só OBEDECENDO A s1 PRÓPRIA, e cap";:. dP assumir e desempenlwr, sem falhas, as mais graves responstt· bilidades" (AAS. 2, p. 620 - o destaque cm versalctc é nosso) ( 34). Exposta a doutrina, passa o Pap:1 a condená-la. Diz: "O sopro da R evoluç,io 11as.,011 por .aí. e podemos co11cluir que as doutrinas sociais do ·'Sillori·· são erradas, seu es11irito é perigoso ,. su" educação funesta" (lb., p. 622). Vedes, amados íilhos. pela energia com que o Papa São Pio X condena o igualitarismo do " Sillon... que temos toda razão de recear que a análoga doutrina de Cursilhos vos seja gravemente nociva à alma. 40. Tanto mais que o ensinamento de São Pio X não é uma voz isolada na série de Papas que pcl'petuam a sucessão de São Pedro no governo da Igreja. São Pio X repete a doutrina de Leão XIII (cf. v. g. a Encíclica "Rerun, No,·arum'' ), que por sua vez era o eco da Tradição revelada, como da voz da própria razão humana. Por seu turno. Pio XII, na sua célebre Mensagem natalina de 1944, sobre a domocracia, reafirma a mesma linha doutrinária de seus Ante<:essores. De fato. este Papa, de nossos tempos, propugna uma hierarquia social me.smo nos µaíses democráticos, pois afirma que, "1111111 povo digno de tal nome, todas as desigualdades não arbitrârias. 11w~· d.e rivadas da natureza mesma das cousas, desigualdades de cultura. posses, POSIÇÃO SOCIAL - se,n prejuízo. be111 entendido, da ;ustiça e da caridade ,mítua - não são de modo algum ob.rtáculo à existência e ao predomínio de 11111 autêntico espírito de comunidade e fraten1idade" (AAS, 37. p. 14 - o destaque cm versalete é nosso). 41. Num ambiente de contestação e subversão, como o que a travessam cm nossos dias a Igrejn e a sociedade civil, se torna ainda mais necessária, amados filhos, a fi. delidade à doutrina tradicional. contra .is teorias igualitárias que, sob pretexto de salvar a dignidade humana, aliciam nosso amor próprio, nos desviam do caminh'o da verdadeira paz social, e, pior ainda, da via que conduz à vida eterna .

Cursil hos e com un ito rismo 42. J;; possível que o desejo de sublinhar a união fraterna dos fiéis, operada pelo Espírito Santo, tenha levado Cursilhos a insistir sobr·e a vida comunitária. Tal idéia cm Cursilhos é mesmo absorvente. No tríduo cursilhista é obrigatória ( 35). É considerada peculiar ao Movimento (36). Afirma-se até que nos cursilhos não se pode considerar uma conversão individual, desligando-a da comunitária. pois é na comunidade e para ela que deve o fiel viver ( 3 7).

8AtoLnCI§MO MENSÁKtO com

aprovi1tifo t<'ltsl'slk:a

CAMPOS -

F.ST. DO RIO

DuutTOJt

zante dado a Nosso Senhor Jesus Cristo, o artigo "Meu papo com Cristo'', publicado cn, "Alavanca", n." 63, 1972, pp. 20-21. Leiam-se por exemplo os textos seguintes: "Hoje quero bater aquele papo com Cristn, Mas um papo que não exija ''cuca", que não exija esforço malor do que o descanso abso• luto que espero encontrar, hoje e serrrpre, na minha própria fé Nele. Cristo está aqui ao meu lado, sentado na minha ca1na. Sua figura me agrada logo: "su· per-prá frente", calça Ice azul marinho e 11ínica aiul clara. Nos pés, um par de têni$' também azul e, ao redor do pescoço, uma correrr· le dourada onde vejo pendurada uma cruz..

Da cabeça salta111, pacificamente, cabelos claros e lisos que vão a1é os ombros. Como o m eu

Cristo é bárbaro! [ ... ) Começo a falar. Olha, Cristo, fiz um montão de descobertas tíltimarnenre, e a maior de iodas foi esta: amo Jlocê l . . . ). V océ precisa- ver a minha alegria ao perceber que o m eu ''pecadão'' se torna um "pedacinho" diante da po1éncia de perdão que

Você é. E o que eu acho mais fabuloso nisso é -que Você 11ão exige que a gente peça perdão: pelo arrependimento, basta a gente ~-entir que errou e jd se stnle, também, aceilo por Vocé".

No "Guia do Coordenador" (edição do Secretariado Nacional de Cursilhos de Cristandade do Brasi l, 1971, pp. 40 e 50) , Nosso Senhor é igualmente tratado de "Você". 32) Mesma observação se aplica aos conceitos emitidos pelo Pe. Augustinovich cm "Vivencia de la lglesia Comunidad", pp. 72 e 88-89, quando invectiva a depcndêm:ia econômica dos povos subdesenvolvidos. censura as

a

MONS. AN TONIO R IIIIHRO 00 R OS:ARIO

atuais estruturas, e, prevenindo embora a otr

jeção, não declara qual a estrutura justa que preconizaria para substituir as existentes. 33) No mesmo sentido de mudança total das estruturas, preconizada por cursilhistas, veja-se o Pe. Augustinovich, "Vivencia de ,,, Jgle.,ia Comw,idad", pp. 18, 63, 68. - E Sebastián Gayá Riera, em "Reflexões para Cursilhistas de Cristandade·" (Secretariado Nacional de Cursilhos do Brasil, São Paulo, 1970, p. J80), escreve: "Cumpre chegar com tino. m esura e sem violência, às transformações MAIS RADICAIS, até que seja realidade o destino comum dos bens" (o destaque em ver-salete é

nosso) .

34) Na revista do Secretariado Nacional de Cursilhos da Venezuela, o Pe. Augustinovich encam.pa a mesma doutrina censurada por São Pio X. Declara, de fato, que a Igreja tende a uma "co-respo11sabilid<1de universal de todo o

povo de Deus". de maneira que não há obediência onde há mera execução de mandamento superior, porquanto a obediência deve proceder de .. uma entrega espOn/án ea por íntima convicção'', pois hoje o 1nundo ''já não ,,ceita mais a autoridatle pelo simples faro de ser <Ili·

roridade" (arrigo ''EI pcque,io mmulo insc;iuro ·- Ciertos desniveles", cm "Trípode'', n.<> 92., maio de 1972. p. 11). 35) ··os c11rsill,istas [ ... 1 devem participar dessa vida comunilária atra·v és da vida dt, grupo (decúria),· atra,:és da comunicação com a co.. munidade testemunhal da equipe de dirigen-•

tes (trabalho de corredor) e através da inttgração efetiva nos váríos atos de piedade e

<1çúo que se realh.<m, durante o Cursi/ho'' ( 11 Encontro Mundial, relação de Portugal , cm "Temas do li Encontro Nacional de Secrcu,. ,·iados Diocesanos de Cursi/hos de Crislandatle

do Brasil", p. 48) . 36) "A vlsiio comunitária J·empre foi ,1/go peculiar ao /t,,fovimenlo de Cursilhos de Cris-

tandade" (conclusão final do li Encontro Mundial de Delegados Nacionais de Cursilhos de Cristandade, citada em "// EB". p. 50). 37) Veja-se "li EB". p. 50. O mesmo princípio é exposto no trabalho da Colômbia apresentado ao li Encontro Mundial de Delegados Nacionais de Cursilhos: ali se declara, com eícito, que "mio se pode insi.ffir na converstio individual, desligando.a <ia conversão conwni.

tária"; e se cita a seguinte passagem de O uslavo Gutierrez: "esta vis<io atenta a valore~· estruturais, ajudarú os cristãos a não cair 110 falácia. ele propugnar unu, mudança pess0<1I desver1ebrada de con,licionomentol' çOncretos. como elapa llf!Cessaria1nente prévia a todt1 1rans/ormaçüo social. Aqueles que se empenham ne.tsa atitude em nome <le um vogo /w .. monismo i! de um <·spiri1ualismo destncar,u,.. do, s6 couseguirão ser ,·,ímpiices de uma pos. 1ergação ;,ule/inida. das mudanç,u· nece.rsárh,s e urgentes. /s10 s upc1e que .re atue .timulranea· mente sobre 11s pessoas e as estruturas, p<>j·to quf! elas se <·ondicionam mu1uamen1e'' ("En .. contro Mundial .... Temas do 3.0 Dia". p.

56). - Logicamente. <!iríamos. daí se deduz.iria que não é o homem que influi na sociedade por sua adesão à verdade e ao bem: é a sociedade que o faz. reto e bom. Ou, quando

DlrttorJu: Av. 7 de Se1embro 247, caixa postol 333. 28100 CampoS, RJ. Admlntstração: R. Or. M:;u'tinico 'Prndo 27J, 01224

S. Pnulo. A~ntt para o .Eflado do Riu:

José de Qli\•éfra An<lr.tde, caix:t postal 333, 28100 CnmpOS, RJ; A&t'nle paru OS' Estados de Col4s. Mato Grosso e Minas C·tmb: Milton de sanes Mourão, R. Paraiba 1423 (teldone 24-7199), 30000 Belo Horizonte: Aa:tnle paro o Estado da Guanabara: Lufs M. Ouncan, R. Cosme Velho SIS (lclefonc 245-8264), 20000 Rio de Janeiro; Â&\'n1t l)lU'll o EstGdo do C-tar,: Jos~ Gcrnrdo Ri• beiro, R. Pernambuco tS7. 60000 Forrnlcza; Aa.cn1ts para a Ar~enllna: . '1"nl· dición. F3milia. Propicdad". c~1stlla de Cor-rco n.0 169 Capital Federal. Argcnlin:i; Aaenlt pnm a 'F-@anhm José Jvforfo Rh·oir Gómc7,. ::ipBrt:ldo 3182. Madrid. F.spanhi1, Composto e impresso na Cfo. Li1hos;mphi,c:1 Ypir:ingt1., Rua Cadete 209. S. Paulo. AM-inaturn 1mual: comum Cr$ 20.00; cooperador CrS 40,00: bentci1or CrS 80.00: grnndc benfeitor Cr$ 160,00: semin:1ri~1a, e tSludnn1cs CrS 16.00: ,\m~rica do Sul e Cen1fàl: vià marhim;i USS ),S0, vi::i aérea USS 4,50; Am~rica do Nort~. Por· tug11I, E.$panh:t, Provfncios u1tn:unari!1lS e Colónias: via marítima USS 3.SO, via ::ié· rea USS 6,SO; outros países: vio marf· rima USS 4,00, vi:1 ::iére.-i USS 8.00. Ve.nd.l avulsa: Cr$ 1,SO. Os pagamentos, sempre cm nome tle Edl· tora Padre Btlchlor de Pon1es SIC, pode· rão ser cnc::aminhados à Adminislraçí1c o u aos ngcnles. PM:1 mud:1nça de cndcreÇ<> de a~-sinantes 6 necessário mcncion3r lnmbim o cndcrc90 antigo. A corrcsJ)ondênci:. rc· ln.tiva n nssinatur:'ls e ,,cnd:t avt1ls.:. deve ser cnviad:,:i ~ Admlnlslro(':'.io:

R. Dr, Manlnko Prado 271

01224

s.

Paulo


43. Uma tal impostação, amados filhos, também Nos deixa perplexos. B verdade que em publicações cursilhistas encontram-se textos que insistem na necessidade da direção espiritual individual (D. Hervás, "Man11al de Dirigentes", pp. 294 ss.), na importância da oração pessoal (rolho "Vida em Graça!', .pp. 41 ss.), etc. No entanto, os muitos doc:umentos cursilhistas que sobrestimam o valor da comunidade causam-nos perplexidade. Não há dúvida de que nos cumpre fomentar a caridade fraterna, que une todos os fiéis no Corpo Místico de Cristo e é o sinal pelo qual somos conhecidos como discípulos do Senhor. B necessário, todavia, salvar sempre a responsabilidade e atividade pessoal lfE cada um. A vida comunitária não pode ser levada tão longe que venha, praticamente, a absorver o fim pessoal do fiel. Já o advertia Pio XII, na Encíclica sobre o Corpo Místico: "Enq11a11to 110 corpo 11at11ral - assim o Papa - o principio da ·1111i-

dadp ju11ta de tal 111a11eira as partes, q11e cada uma fica sem própria s11bsistência, no Corpo ,l,{istico, ao contrário, a força da mút11a coesão, por 111ais ínt1111a que seja, une os n1embros de modo que conservam a própria personalidade. Além disso, se co11siderarn10s a rplaçào entre o todo e os diversos 111cmbros em qualquer corpo fisico dotado de vida, os membros particulares destinam-se, enl última análise, unicamente ao bem do composto, ao passo qup a societladc de ho1nens, considerado o fim último de sua 11tilidade, é fituilmente ordenada ao proveito de todos os n1en1bros e de cada 11111 delps, como pessoas q11e são" ( AAS, 35, pp. 221-222). E Nós, em Carta Pastoral sobre os Documentos conciliares, adverti.m os Nossos fiéis, nesia matéria, com as seguintes observações: "Há, em cada homem, algo de

i11teiran1e11te pessoal, inviolável, de q11e pie não tem obrigação de dar contas aos de111ais homens, campos em que é /ivrp de escolher q11em melhor o possa e11ca111inhar 11as vias da sa11tificação. Um sistema que desconheça essa realidade i11tima da pf!ssoa, co11corre não para a formação do fiel, mas para s11a despersonalização, pela s11a absorção 1111111 todo anwrfo, do q11al não passa de wna peça se111 finalidade a11tônoma. E precisamente o q11e sempre i11te11tara111 fazer os totalitarismos, q11e sacrificam o homem ao Estado e desconhpcem a dignidade pessoal q11e há en1 cada individuo" C'Por 11111 Cristianismo Autêntico", p. 293). Curailhos e 1ubvenão comunista

teses (38). Observamos, em mais de uma publicação cursilhista, não somente simpatia. mas adesão plena a teses marxistas. 45. Assim, como os marxistas, dirigentes cursilhistas julgam que a realização do homem consiste no bem da comunidade, alcançádo fundamentalmente pelo trabalho. Afirmam, com efeito, que "o home111 busca, me-

diante o trabalho, realiz11r-se co1nunitaria111e11te e dominar o mundo, para desse 1110do CStr11t11rar lllllQ vida ple11a111e1Ue h11111ana" ( intervenção da Colômbia no II Encontro Mundial - "Encontro Mundial .. .• Temas do 3. 0 líia", p. 34) . Na revista "Tripode", n. 0 55 · (janeiro de 1969, pp. 8-9), cm artigo intitulado ";,En qué coinciden marxistas y cristianos?", José María de Llanos, analisando publicação do Pe. Girardi em "Terre Entiere'', aceita vários pontos de coincidência entre marxismo e Cristianismo. Versam eles sobre elementos básicos do marxismo: - o fundamento de uma nova estrutura; de uma nova humanidade, é de ordem econômica; - a paz exige essa nova ordem, e passa pela revolução; - que poderá ser violenta, se não puder realizar-se pacificamente;

· - "o regbne de propriedade deverá .r,cr transformado por uma intervenção enérgica da a11toridade pública, 11acio11a/ e internacional''. No artigo "EI c·ristiano y la pobreza'', Eduardo Cierco, cm " Tripode" (n. 0 70, maio de 1970, pp. 19-20), expõe noções de tendência igualmente marxista sobre a prevalência do económico na vida social e sobre a negação do direito de propriedade.

República universal soviét ica?

46. Como vedes, amados filhos, tudo isso envolve a aceitação do materialismo histórico, da ditadura do trabalho, a negação do princípio da propriedade privada, e a e~igência da igualdade completa entre todos os homens. São, essas, teses marxistas, explicitamente condenadas pelo Magistério cclesi.ístico. Quanto à negação da propriedade privada e à implantação do socialismo, o referido artigo de José Maria de Llanos declara que o ,novo regime deve ser imposto mesmo por uma autoridade internacional. Estará seu autor pensando numa ditadura universal soviético-comunista? - ê o caso de perguntar. 11

44. Vem a propósito salientar a analogia que há entre as concepções de Cursilhos sobre as relações inoivíduo-comunidadc, e as que propugna o comunismo no âmbito estatal. Naquelas, o fiel fica sujeito de tal modo à comunidade em que vive, que não pode nem converter-se, nem progredir na Graça, a não ser mediante a vida comum; nestas, o indivíduo é, de modo semelhante, absorvido pelo Estado. Chegamos, assim, a outro motivo de Nossas apreensões: a sil)lpatia que, em meios eursilhistas, se nota pelo marxismo e suas

muito, ambas as coisas são simultã.neas, de maneira que a própria retidão do homem está condicionada ao meio social. À mesma conclusão se chega, quando se observa cm que sentido falam Cursilhos de vocação pessoal do fiel. Porquanto, tal vocação p4Soal está subordinada à comunidade, pois 6 nesta e em favor desta que deve realizar-se a vocação pessoal: '"O Cursilho de Cris1a11dade deve ajudar os participantes a descobrirem a sua vocação pessoal, para rtalizá-la em comunidade e 2M PAVOR da comunidade

(humana e eclesial)" ("Docmnento de ltaici", em '"Alavanca", n.0 67, p. 30 - o destaque

em vcrsalete é nosso). No mesmo sentido soa a passagem seguinte do '"Documento de ltaici", a qual reproduz quase ipsis /iue,·is um tópico da contribuição da Colômbia ao 111 ELA: "o Movimento deve caminhar decididamente no sentido de que as Ultreyas e as Reuniões de Grupo sejam ver· dadeiras co1nunidades cristiiJ·. Pcrque só a comrmidade crisrci é o clima onde um cristão pode pas,Mr de uma fé infantil a uma fé adulta, de wna fé individual a uma fé comunitárfr1" ("Alavanca", n.0 67, p. 34 - destaque nosso. Cf. "Ttstimonio", n.o 45, p. 94) . - Entre parêntesis, o que se entenderia por "fé comunitária"? Estaríamos diante de um ressurgimento do averroísmo, com a unidade do intelecto agente, de maneira que f->SSC possível um ato intelcetual emitido por urna faculdade não já individual. mas de toda a comunidade? Uma tal concepção comunitária da vida, aceita-a a delegação do México ao mesmo 111 ELA, uma vez que julga "a planificação 11ni-

v,rsal, o unificação do mundo, a socialitaçâo

Já não ensinamos mais que o comunismo é ma u" 47. Expressões tão nitidamente favoráveis ao comunismo não se encontram com freqüência em publicações cursilhistas. Notemos. no entanto, amados filhos, que tais expressões são fruto do espírito igualitário que domina em Cursilhos, espírito de si responsável por uma tcndéncia comum a todo o Movimento (39). Com bom fundamento, portanto, chamamos a vossa atenção para o perigo comunistizantc que pode difundir-se através dos

progressiva dos diversos aspec1os ela vida humana, desde os econômicos até os espir;,uaiJ e cullurais, etc.", c-o mo f~tos "definitivos". "isto é, que não têm marcha à ré 110 acontecer lwmano'" ("Testimo11io", n.0 45. p. 68) . 38) Semelhante simpatia se mostra de vários modos. Por exemplo. o Pe . Augustinovi~h. no seu livro "Vivencia de la Jg/esia Comunidad.. , faz crer que a trilogia hegeliana e marxista, ··1ese-a111ítese-sf111ese'', é do património católico (pp. 112-113). Na mesma ordem de idéias, à p. l 43, pede uma convergência doutrinária no diálogo com marxistas. Item, mes-

ma idéia subjacente à p. 159: "Bem-vi11do o diálogo com OJ' marxistas e com os ateus. porém com a condição de que ruio se converta em SIMPLES SINCRETISMO" (O destaque em ve,·salete é nosso). - Porque o simJ?les sincretismo é indesejável? O contexto da obra torna claro que o é pelo fato de que no sincretismo não se chega a superar as divergências. o que só é possível através de um diálogo que conduza a uma síntese superior. Se assim é, como não achar incompleta a verdade revelada, o depó.. sito da Revelação confiado à Igreja Católica"! 39) Semelhante tendência surge, aqui e acolá, em publicações eursilhistas. Veja-se, · por exemplo, como o Pe. Augustinovich, em "Vivencia de la lg/esia Comunidad", ,p. 89, crilica o capitalismo e o socialismo: "Nem tudo é mau no Capitalismo, nem tudo é bon1 110 Sociali.rmo". - Ou seja: o capitalismo é mau, mas tem algo de bom; ao passo que o socialismo é, na sua maior parte, bom, tem porém algo de mau. Pio XI ensinava outra doutrina. isto é, que o pouco de verdade que há no SO·

Cursilhos .d e Cristandade

político corn preocupação religiosa. Curstlhos, onde encontramos uma estranha mescla de ortodoxia e esquerdismo, não teriam caído em semelhante malha?

Contra a ordem natural e a Revelação

5 1 . Ao abraçarem teses marxistas, as pucursilhos, mesmo quando estes reúnam pessoas avessas aos princípios e às conclusões marxistas.

48. Como exemplo da tendência evolucionista no sentido comunista, poderíamos indicar o gosto pelo novo enquanto novo, especialmente quando favorece o esquerdismo. E o que notamos om "Alavanca", órgão do Secretariado Nacional de Cursilhos do Brasil, que cm secção de A. M. .Cantatore (n.0 57, junho de 1971, p. ·17), apresenta o livro de Louise Rinser, " Um Diálogo, 11111 Horizont.e•·, onde se declara que seremos instrumentos dóceis do progresso, quando "nossa

co11sciê11cia nos disser que o novo - POR MAIS NOVO QUE SEJA é o critério primeiro da cultura", e que uma dessas novidades é: "em Política já 11âo ensinamos mais que o con11mis11w é mau" (o destaque cm vcrsalcte é nosso) ( 40). Semelhante orientação não impede que tais revistas acolham artigos que expõem as posições tradicionais na ordem econômico-social. Sem entrar na análise da razão por que procedem assim , sublinhemos, amados filhos, que contradições dessas desnorteiam o leitor e lhe tiram qualquer vontade de ter princípios. Ora, sem princípios firmemente aceitos, o indivíduo com facilidade resvala hoje para o comunismo, porque fica privado dos meios de lhe opor resistência.

Comunistização da Igreja?

49. Não queremos pensar que Cursilhos estejam ao serviço do marxismo. Perguntamos, no entanto, amados filhos: a quem aproveitaria uma orga11ização católica que, nas suas publicações, misturasse matéria ortodoxa com outras rombudamente marxistas"? Não vos parece que seria essa a melhor maneira de introduzir o marxismo entr.e os católicos?

50. Vem a propósito lembrar a norma dada, pelo comunismo, para Cuba, a fim de primeiramente minar a Igreja, e depois pó-la ao serviço do movimento comunista. Encontra-se no folheto oe Li Wcin Han, diretor de um dos departamentos do Comité Central do Partido Comunista chinês, "A Igreja católica e Cuba. Programa de ação'". A norma é a seguinte: "Grad11al111e11te des-

pertllr e despnvolver a co11sciê11cia po/itica dos católicos, i11d11tindo-ôs a tomar parte e,11 cfrculos de investigação e ação política [ ... ]. Gradualmente, s11bstit11iremos o elemento 1:eligioso pelo elemento marxista. Pouco a pouco [ ... ] os católicos destruirão, por sua espontânea determmação. as imagens ,/ivinas que eles mes11103· ,riaram" (em ''Cursillo - To Deceive the Elect!". p. 126). Segundo esse programa, o e ncaminhamento para o comunismo deveria fazer-se aos poucos, gradualmente. misturando interesse

cialismo - como se .pode descobrir em qualquer erro - não é suficiente para justificá-lo, pois pela sua concepção fundamental é ele oposto diametralmente ao Catolicismo, uma vez que "se Junt!Cl numa concepção própria da soc:ie,Jade human'1, oposta à vtrdadtira doutrina cristã. So<:ialismo religioso. socialismo cristão são ter~uos contr<1ditórios: ningué,n po.. tle ser ao mesmo tempo bom t·atólico e "erdadeiro socialista" (AAS, 23. p. 216).

1:. ainda a simpatia pelo marxismo que ressuma à p. 91 do citado livro. onde se elogia a colaboração da Hierarquia com ,um governo comunista qual o do Chile. Outra vez, estamos diante de doutrina nova, com relaçíio à ensinada por Pio XI na .. Divin; Reliemp1ori.f': "Intrinsecamente mnu é o comunismo, e não se pode admt'tir, eni campo algum. a colaboração recíproco. por pal'tt de quem qutr que pretenda salvar a civiliz.ação criJ'tcl. E se ,,1,:uém_ . induzitlo em erro, c:ooperossc ptlra ti vitória tio comunismo em seu país, seria o ,,rimeiro u cair como vítima do próprio erro'' (AAS. 29. p. 96). ';10) Duas observações que se completam. no sentido de indicar a orientação dada na forinrnção cursiJhista:

a) t freqüente, no órgão oficial do &cretariado Nacional de Cursilhos do Brnsil...A /e,. vt1nca". pro.porem« obras de autores cujas idéias vêm envoltas cm exprcssõe-s ambíguas, quando não ta_xa1ivamente destoantes da Tra-

dição católica. Além do exemplo, comenta\lo acima, do livro de Louise Rinser. o número 65 de "A lava11co" recomenda, na secção d<! A. M. Cantatore, "A Redescoberta do Ho-

blicações eursilhistas que o fazem não refletem sobre a oposição frontal que há entre o marxismo e a ordem natural, entre a filosofia social comunista e os muitos ensinamentos do Magistério eclesiástico sobre <' assunto, bem como esquecem as condcnaçoes reiteradas do comunismo, em documentos da Santa Sé. A Encíclica de Pio XI "Divini Redemptol'is", que expõe a concepção católica da ordem social e a comunista, evidenciando a incompatibilidade absoluta que há entre uma e outra, recorda também os Documentos pontifícios que fulminaram o comunismo (AAS, 29, 66 ss.). Começa citando Pio IX, que na Encíclica ·'Qui Pl11ribus" (9 de novembro de 1846) estigmatiza "aquela ne/an-

tla t1011tri11a do cha11wdo co111u11is1110, s11111a111e11te contrária ao próprio direito natural e que. 11111a vez adnlititla, levaria à subversão radical tios direitos, co11:.as e proprieda,les tie todo.<, e ela 111e:.111a sociedade hunu11111··. Mais tarde, Pio IX renovou a condenação do comunismo no parágrafo IV do "Syllabus". Depois de Pio IX, Leão XIII definiu o comunismo como ªpeste destruidora que, i11/eccionu11tlo a 111cd11/a ,la sociedade hu11111na, a levaria à ruína" ( Encíclica ''Q11od Apostolici Mwteris", de 28 de dezembro de 1878 ). Enfim, o mesmo Pio XI, antes da Encíclica "Divini Redemptoris", já havia despertado a vigilância dos fiéis contra o comunismo, condenando-o em vários Documentos de sua suprema autoridade apostólica: cm 1924. cm Alocução ao mundo todo ( 18 de dezembro); na Encíclica "Miserentissimus Rcdemptor'' ( 8 de maio de 1928); na Encíclica "Qu11tlragesi1110 A1111u" ( I 5 de maio de 1931); na Encíclica "Caritate Christi Co111p1l/si" (3 de maio de 1932); na Encíclica "A cerba Anin!i" (29 de setembro de 1932); na Encíclica "Dilectissi11111 Nobis" (3 de junho de 1933 ). Depois (]e Pio XI, seu Sucessor. Pio XII, em várias ocasiões confirmou o ensinamento tradicional sobre o comunismo. Célebre é, nesse sentido, a alocução ao " Katholikentag" de Viena ( 14 de setembro de 1952), na qual declara o Papa que a Igreja lutará, com todas as suas energias, contra o socialismo, que nesta segunda metade do século ameaça devorar as pessoas e as famílias (" Discorsi e /~adiomessaggi", vol. XIV, pp. 311 ss.). Por sua vez, João XXLII, na Encíclica "Mater et Magistra··. defende explícita e vigorosamente a propriedade privada, mesmo dos meios de produção (AAS, 53. 427). O Papa tem em vista, naturalmente, os comunistas, uma vez que semelhante tese se opõe diametralmente ao ponto de vista marxista.

Falta de obediêncio à Igreja

52 . Contrariando tais condenações, uma publicação cursilhista chega a dizer que o

111e111··. do famigerado 100-C. q11e contém o "Dossier Tei/Jwrd de Clwrtlin": i1em, "VfrtJ Jovem!'', de lvlarcelle Auclair, com uma visão naluralista da vida: item, "A Fé no Evangelho",

do Pe. Comblin. cuja noção de fé já comentamos, e que tem, além disso. outras ex.pressões igualmente inquictanlcs como esta, cm que. ao lado de ":roldatlos inimigos··. enumera-se a

prostituição como condição de vida aceitável : "Jesus n/Jo condena os homen~ pelas sitruiçl)es em que /ortmi co/octulos: publicanos. soldados inimigos. pros1i1utt1s: 1uio julga ninguém 11or sua co11dição" ("A Fé "º Evangelho'". p. 32). ou estoutra: "tanto ,, teologia tle São Paulo como a ,Je Siio Jo(iQ consu·uíram A SUA inter· pretaçcio ,lo 11 f.NÓMENO ..JESVS" a partir ,lus especulações do Antigo Te.rtomento sobre ,, :rabedoria. J esu,,· tOl'IJOU-Si' A SEUS OLHOS " enc~r11(1(:ÚO da 1,rópria "J·ubttlol'ia" de Deus·· (p. 22 - o destaque e1n vcrsaletc é nosso). - Um modernista não teria oulra linguagem. Para ele, como P'•ra o Pe. Comblin, Jesus é a ...<a· bcdori11 de Deus". não objetivamente para Anjôs e homens: mas apenas subjctivamenrc. para aqueles que, como São Paulo e São João. assim o concebem! -

Esta observação recebe nova luz. ao lado da que segue:

b) Aos cursilhistas ó dada a norma de não lerem senão os livros melhores: ..Nüo terás tempo para ler tudo. Nem te /at. falta . PreciJ'.(Unente por isso tlevcs ler o melhor'' (Sebas1ián Gayá Riera . ..Reflexões para Cur,·ilhisu,s de Crista11dade"'. p. 81: ef. 1ambém D. João Hervás, "Los Cursillos de Cristiandad. l11.<1r11me11to de Renovación Cristiana", pp. 355-356). Face a tal norma, é forçoso concluir g


católico não deve mais aceitar o que a Igreja ensina a não ser que o aprove, depois de submc't-:r o ensinamento da Igreja ao próprio julgamento. B· o que lemos cm "Alavan ca' ', órgão do Secretariado Nacional de Cursilhos do Brasil. cm seu número 57, na secção de A. M. Cantatore, ao apresentar o livro acima citado de Louisc Rinser. Pois, entre os conceitos desse livro que a revista reproduz como especialmente recomendados, está este: "A 11tes a g/!11te apelava para a autoridad,, dc111ri11al de Platão, de Aristóteles, de Santo Tomás de Aq11i110, 011 enuio podia justificar-se com a frase [ ... J "a Igreja e11si11a . . . ". Hoje em dia todas as verdades tén, de set provadas parll se ver se f.'llls ainda se ap/ica,n à vida moderna tão diferente". - Pelo exposto, não é a Igreja que vai dizer se sua doutrina se aplica à vida moderna. B cada um, ou a mesma Louise Rinser. . São posições como _essa, assum~das por órgãos oficiais de Cursrlhos, que altmentam Nossa suma reserva com relação a esse Movimento. No caso citado, per exemplo, não se trnta de um e nsinamento isolado deste ou daquele Papa. E sim de uma doutrina q\!c passou para a Tradição, de maneira que dela se pode dizer: ''a Igreja ensina". Ora, não aceitarmos mais o que "a Igreja ensina", isto é não aceitarmos mais o ensinamento da Tradição que não nos pareça n!oderni~do, é sinal de que não somos ma,s católt~os. Pois nisto está a diferença entre os catóbcos e os sequazes das várias seitas: aqueles aceitam as verdades que fazem parte do ensinamento da Igrej.i porque a Igreja as ensina; ao passo que o; asseclas das diversas seitas rejeitam semelhante submissão à Casta E~posa de Jesus Cristo, e se apegam a doutrinas que recebem de um ou out.r o heresiarca, em quem confiam mais do que na Mãe e Mestra. que deixou Jesus Cristo, na terra,

para nos indicar -o caminho da salvação. De mãos dadas com os hereges, estão os que querem julgar de tudo, e só aceitam o q ue parece mais conforme à sua ignorância. Estes, como todos os sectários, recusam o que "a Igreja ensina". Mas recusar o que a lgreja ensina é, ainda que inconscientemente, desligar-se da Igreja de Cristo.

Laicismo social e político 53. No mesmo sentido de convergência com o marxismo, temos ainda que lamentar o que certos meios cursilhistas pregam sobre o ideal Iaicista. De fato, entre os pontos de doutrina comuns a marxistas e · cristãos, aponta "Trípode" a laicidade do Estado e da sociedade (n. 0 55, p. 9, artigo ";.E11 q11t! coincide11 11111rxis1as y cristianos?", de José Ma. de Lia nos) . Declara que é possível um humanismo por cima das confissões religiosas, para cuja realização colaborem marxistas e cristãos, uma vez que o Estado "niio deve ter o privilegiado apoio de 11e11h11ma ideologia, pois s11a 111isscio própria 11ão é nem cristii nen, utéiu_, nws sintpl,esrnente hun1a11a". Sob este ponto de vista, o Estado é, acrescenta a revista, como "os cabeleireiros e as confeitarias•·. Em semelhante atitude laica, como salvar o dever do católico, que é de impregnar de espírito cristão a sociedade e o Estado?

Réu confesso 54. Nilo encerremos, amados filhos, C$· tas nossas observações sobre Cursilhos de Cristandade, sem salientar a nota que se encontra à página 5 do rolho que apresenta o texto das Meditações para o tríduo cursilhista (Secretariado Nacional da Espanha, Madrid. l 968).

FREI JERONIMO VAN HINTEM, O. CARM. CATOLICISMO rende hoje a homenagem de seu reconhecimento e de seu afeto à memória de um Sacerdote que prestou grandes serviços à Igreja, e que honrava esta folha com sua muito especial amizade. Referimo-nos ao Revmo. Frei Jeroniino van Hintem, O. Carm .• falecido no dia J.º de novembro último no Convento de sua Ordem cm São Paulo, onde passara ioda suo vida religiosa.

Dados biográficos Nascido na Holanda cm 8 de fevereiro de 1909, Lambcrtus Wilhelmus van Hintem ingressou muito cedo na Ordem do Carmo, na qual recebeu o nome de Jcro~imo, por su_a especial devoção ao <Doutor máximo das Escrituras. Transferindo-se para o Brasil en1 1926, e concluindo aqui sua formação eclesiástica, fez sua profissão solene cm 1928, e foi ordenado Sacerdote cm São Paulo aos 5 de abril de 1933. Pouco depois da ordenação, foi o jovem Religioso destinado por seus Superiores ao magistério no Semináriô carmelilan_o da Capit~I paulista, onde lecionou com brilho Teolog,? Dogmática e Exegese, destacando-se ademais como moralista seguro e acatado; ocupou ain• da. por largos anos, o cargo de Bibliotcdirio do Convento.

Grande am igo de "Cotolici1mo" e da TFP Admirador fervoroso do "Legionário", semanário da Arquidiocese, então dirigido pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e uma equipe de amigos que hoje participam do Conselho Nacional da TFP, destacou-se F rei Jcronimo

pela lealdade e coragem com que se associ~u a todas as atitudes daquele conhecido órgao católico. Em 1951 ' 1endo o Exmo. Revmo. Sr.. D. . Antonio de Castro Maycr fundado "Catohc,smo" com os principais elementos da antiga equipe redatorial do "Legionário'', perfilou-se Frei Jeronimo van Hintem desde logo entre os mais ardorosos amigos desta folha. Quando cm 1960 -se constituiu a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, Frei Jeronimo estendeu a est_a a solidariedade que já vinha dando a "Catolicismo". E até seu falecimento figurou constantemente entre os mais destacados amigos da entidade, à qual presiou uma colaboração inestimável, mercê de sua inceligência invul· gar, larga cultur,l e relevantes qualidades de diretor de almas.

Falecimento e exéq uias Desde há alguns anos sua saúde se tomara muito precária, o que lhe limitava consideravelmente as atividades. Em meados do ano, grave crise. cardíaca exigiu sua hospitalização por várias semanas. Ao deixar a casa de-saúde, seu estado era tão delicado que ele não mais pôde celebrar Miss~, senão sentado, para o que obievc a devida dispensa da Santa Sé, já que não quis, até o último dia de sua vida, deixar de oferecer diariamente o Santo Sacrifício. U ma crise fatal o surpreenderia na madru. gada do dia 1.0 de novembro, sem que fosse

possível prestar-lhe qualquer socorro. Pouco antes. pressentindo a morte próxima. havia Frei Jcronimo manifestado o desejo de ser enterrado cm jazigo da TFP. Assim, feitas as exéquias .na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, na tarde do dia de Finados, o fére1ro do ilustre Sacerdote seguiu para o Cemitério do Araçá, para serem seus despojos inumados na scpuhura cm que jazem dois jovens mili· ,antes da Tradição, Família e Propriedade. Fernando Tsuncu e Mário Nishihara. Depois da última encomendação na Capela do Cemitério, o corpo foi conduzido solenemente para a sepultura. O cstandarlc enlutado da TFP cobria o esquife. Durante o trajelo o Coro São Pio X, daquela entidade, entoou a "Salve Regina", sendo acompanhado por todos os presentes. À beira da sepultura, fez uso da palavra o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, que rememorou as benemerências do cxtin101 .salientando sua constante fidelidade. sobreludo nas horas mais difíceis, à família de almas reunida em torno do "Legionário'\ de "Cacolicismo" e da TFP. Enquanto se procedia à inumação, o Corg São Pio X cantou a antífona "Fios Carmeli", especialmente cara aos Carmelitas. Ao enterro compareceram. além do Revmo. Padre Provincial e outros Religiosos carmelitanos, Diretores, sócios e militantes da TFP, e numerosos amigos de Frei Jeronímo.

Declara-se aí que "em 1949 e na década .veguinte", porque eram "011tros os tempos'', Cursilhos precisaram velar algum tanto sua concepção da Graça e da vida cristã, citando nas suas publicações ( quer dizer que oralmente eram mais claros!) "sl5 ou prevalent11111e11te os autores e textos tradicionalmente admitidos por todos". Deviam defender a "ortodoxia dos Cursilhos''. Acontece, continua o rolho, que, com o Vaticano li, "algo de transcendental se passou 11a vida da Igreja". Não precisaram mais Cursilhos velar s ua doutrina a fim de não parecerem menos ortodoxos ( 41). Uma tal observação, amados filhos, não é de molde a afugentar Nossos temores. Pc-

lo contrário. Deixa ela cm Nossa mente uma interrogação : - Pensarão Cursilhos que a doutrina sobre a Graça e a vida cristã, antes do Vaticano II, não era correta, não era ortodoxa? Ou, pelo menos, pensarão que nela havia uma lacuna fundamental, que só agora foi preenchida? Julgarão que os fiéis tiveram que esperar até o II Concílio do Vaticano, para saber o que é a vida cristã? Em tal caso, o acontecimento do Vaticano H, neste ponto, teria s ido realmente transcendental! Nós, porém, diante de semelhante nota de Cursilhos, temos um motivo a mais para temer quanto à ortodoxia do ensinamento cursilltista sobre a Graça e a vida cristã. Mais. Como Cursilhos, antes do II Concílio do Valicano, velavam sua doutrina, quem nos assegura que não a continuem a velar, cm outros pontos, na expectativa de que mais uma vez "se passe lllgo de tra11.rc1!11de111al na Igreja"? Não está nisso envolvido o segredo e o ar de mistério com que certos cursilhistas se referem ao que se passa no tríduo?

CONCLUSÃO 55 . COM ESTA Carta Pastoral, respondemos, amados filhos, ao desejo, que muitos de vós Nos manifestastes, de ter uma palavra de orientação sobre Cursilhos. Como vedes, caríssimos Cooperadores e amados filhos, temos grandes perplexidades com relação a esse novo '' i11s11·11111e11to de renovação cristã", perplexidades que Nos levam a desaconselhar vivamente a que vos deixeis e nvolver por e le. Dada a analogia que, ao longo desta Carta, notamos entre Cursilhos e "Le Sillon", Nós vos aconselhamos a leitura da Carta Apostólica de São Pio X a respeito · daquele movimento igualitário, que surgiu na França, entre católicos, no começo deste século. A palavra a ltamente autorizada de São Pio X vos iluminará sobre a orientação da Igreja em matéria de renovação social, e vos con(irmará na atitude de reserva a ser assumida em face de Cursilhos de Cristandade.

56. Evitemos, amados filhos, métodos de formação novos que não se ajustem aos e nsinamentos tradicionais da Igreja. Nesta ocasião, desejamos recomendar, muito especialmente, os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, elogiados por muitos Papas, encarecidos por Pio XI como elemento indispensável de formação ascética (AAS, 14, pp. 629 ss.) . Nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio, em aliança harmoniosa, a fé, a razão e a sensibilidade colaboram para o enrijecimento da vontade na prática da virtude, na perseverança .no amor de Deus. A fé e a razão indicam o Iuga.r próprio do homem na ordem da criação: feito para Deus, para sua glória, deve ele utilizar-se das criaturas, na medida em que o auxiliem na consecução do fim para que foi criado. 0cm fixado o princípio e fundamento, é o homem auxiliado a viver de acordo com ele, mediante os meios subministrados, não apenas p~Ia psicologia humana, mas sobretudo pela Graça e pelos exemplos vivos de Jesus Cristo, cujo currículo terreno abarca a maior parte das meditações na obra de Santo Inácio.

57. Na utilização dos métodos tradicionais, sejam as ilustrações tomadas também a exemplos atuais, sejam as explanações feitas de modo accessível aos homens de nosso tempo; a doutrina, porém, e o modelo sejam os de todos os tempos: a Revelação e a figura adorável de Jesus Cristo, que é de hoje, como foi de ontent e será de todos os séculos, "/reri e1 hodie I()SI! et in saecula" ( Heb. .13, 8).

411e a revista oficial de Cursilbos do Brasil só recomenda os livros melhores. Em outras pa· lavras: através dos livros apresentados pela revista, pode-se deduzir qual a orientação dcu1rinária de Cursilhos. 41) Eis, na íntegra, o texto referido: "Sllbem muito bem nossos J'acerdotes diri• gentes que em nossos cursilhos mio se explicou jamais a Graça com a rigorosa t. fria ati•

1ude académfr:a daJ· tmlas teológicas, mas J·i m proclamando kcrigmmicamente a liberalidade de Deu~·. que nos chamava em Cristo a participar d" vida divina. Sem embargo, em /949 e na década seguinte, eram outros os tempos, ,, era preciso fazer apologética da ortodoxia do.f Cursilhos citando cm nossas pubUcaçõcs s6 ou preva/entementc OJ' autores e textos tradicionalmente admitidos por todos~ Por is~·o, os J>ro/anos ,:rcram às vezes que no Cursillto se explicava a Graça segundo as noções e dis-

58. Na ordem-social, difundamos, por todos os meios, a doutrina da Igreja, que não há outra capaz de formar uma sociedade e um Estado que ponham a salvo os direitos dos indivíd uos, das famílias e dos grupos sociais. Por isso, os Papas, que tomaram a si o encargo de desenvolver este capítulo da doutrina da Igreja, insistem cm que a primeira condição de uma reforma social benéfica, está na conversão interior e na vida cristã. Aliás, foi o que Jesus Cristo ensinou. Ele não pregou nenhuma s ubversão da ordem estabelecida. Pelo contrário, esquivou-Se da multidão, quando quiseram aclamá-Lo Rei (Jo. 6, 15), reconheceu a autoridade do Procurador romano (Jo. 19, 11) e, de modo geral, fixou o princípio: "Daí a César o que é de César, e a De11s o que é de Deus" ( Mat.

22,21). Não obstante, sob a influência dos princípios que Nosso Senhor pregou e difundiu no mundo, mediante seus Apóstolos, o Império Romano passou por modificações profundas e regeneradoras. Mais tarde, quando os bárbaros esfacelaram aquele império, a Igreja, agindo sempre de acordo com o exemplo do Divino Mestre, exerceu, mais uma vez, sua influéncia regeneradora sobre os novos povos. Construiu assim a civilização cristã, que no d izer de Leão XIII levou ao seu ápice a humanidade.

59. Confiamos em que a Santíssima Virgem Maria, Senhora e Mãe nossa terníssima, Se digne abençoar esta Nossa Carta Pastoral, fazendo-vos, caríssimos Cooperadores e amados filhos, compreender que a situação delicada por que passa a Igreja Paulo VI falou mesmo num processo de ·'autoticmolição" ( 42) - pede muita vigilância para permanecermos fiéis à Sagrada Tradição. A vós todos, caríssimos Cooperadores e amados filhos, enviamos, do íntimo de Nossa alma, paterna bênção pastoral, em nome do Pa ydre e do Fij' lho e do EspíritotSanto. Amém . Dada e passada sob Nosso Sinal e selo de Nossas Armas, na Episcopal Cidade de Campos, aos quinze de agosto de mil novecentos e setenta e dois, festa da Assunção Gloriosa da Bem-aventurada Virgem Maria aos Céus.

t

Antonio,

BISPO DE CAMPOS

tinçôes frias e abstratas - se bem que sempre válidas - dos manuais de TttologiCb em curso; que explicávamos o dom de Deus como se /osJ·e uma cousa e não uma vida,· qu~ nossa doutrina sacramental levava ao sacramenta/is.. mo e mio ao encontro ptssoal com Cristo. /v'áo podíamos perder tenipo dando extensas rts· posws a todos, se bem que alguns poderiam ter-nos pedido explicação antes de lançar opiniões inexatas t aventureiras. Tudo iSU> é ver.. dade. Mas passou-se algo de transcendental na vida da Igreja: o Concflio Vaticano ll dava carta de cidadania a uma vis(lo mais cristocêntrica da Eclesiologia, à proclamaç,io do Kérigma, à renovação da liturgia" (rolho "Meditações", p. 5). 42) Alocução ao Seminário Lombardo, em 7 de dezembro de 1968, em "L'Osservatore Romano", de 8 de dezembro de 1968.


01RETOR: M ONS. ANTONIO RIBrmto 00 ROSAR.10

"Esta menina tem o Céu nos olhos", dizia-se da pequena Teresa. A Santa aos quinze anos .

No centenário do 11ascimento de Santa Teresinha Há cent anos - no di<1 2 de ja,ieiro de 1873 - nascia eni Alençon a 11eq1iena Marie Françoise Thérese, q1ie o niundo todo conheceria, anta.r ia e invocaria sob o no,ne de Santa T eresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, a Santa da pequena via, dos sorrisos e das rosas, que ela proniete1L fazer cair 11obre a terra, conto chuva, até o fi,n dos teni11os. Mais reconhecida e enlevada honienage,n não saberíanios prestar-lhe nesta edição eni q,ie co11ienioranios o centenário de se1i nascimento, do que pôr em foco algttns aspectos esquecidos de stta /isiononiia e111,iritual, contribttindo assi11,. ,,ara tornar conhecida a totalidade da figura dessa grande Santa, - a niaio,· dos temJ}OS 11iodernos, no dizer de São Pio X. páginas 4-5

N .º

2 6 5

J A N E IRO ANO

D E X

1 9 '1 3

X 1 1 1

"Sou como a sentinela que observa o inimigo, da mais alta torre de um castelo" . Santa Teresinha quatro meses a ntes de sua morte. Embaixo: "O relato dos feitos de Joana d'Arc me encantava!" A Irmã Teresa do Menino Jesus no papel da "Pucelle" em uma representação para a Comunidade. no ano de 1895.


A TFP faz celebrar na Capital paulista

MISSA PELAS VITIMAS DO COMUNISMO ,,,,,.

"A MULTIDÃO QUE lotou a Catedral, na qual se notava a presença expressiva de autoridades e p essoas. gradas, como também um número enorme de jovens, b em indica a preocupação da ameaça que o comunismo internacional representa para todos os países. No momento e.m que em outras nações parece haver um adormecimento na con.~ciência desse perigo, é próprio à inteligência intuitiva, penetrante e subtil do brasileiro não se deixar entorpecer pelos ane~1ésicos da distensão comunista e conlinuar sempre vigilante". Assi.m se exprimiu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, falando à imprensa, à saída da cerimônia pro-

movida cm São Paulo pela TFP, em conjunto com entidades representativas das nações sob o jugo comunista, no dia 12 de novembro p.p. Desde 1967, vem a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade promovendo, por ocasião do aniversário da revolução bolchevista de 1917, Missas cm sufrágio das almas de todas as vítimas que o comunismo tem feito cm todo o mundo, ao longo desies anos em que se acha implantado na Rússia, sendo especialmente lcmbn1dos os brasileiros que tombar.im em defesa das instituições e da civiliu1ção cristã; o Santo Sacrifício é também oferecido para implorar

Conferência do Embaixador chinês A CONVITE DA Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, o Embaixador Fu-Sung Chu discorreu sobre problcrirns do Extremo-Oriente, e especialmente sobre a atual situação da China comunista e da China livre, cm conferência rcaliuida perante numeroso público no auditório do Club São Paulo, na noite de 13 de novembro. O Governador do Estado fcz..se representar pelo Sr. Paulo Macedo de Souza. Falando em inglês, advertiu o orador: "Desde a alteração da política nor1e-americana em re.lação à China, a situação mundial mudou tanto, que até os comunistas chine-scs tiveram que fazer reajuste.~ necessários na conduç,lo de sua política exterior. Suas lratativas com os EUA e o Japão são par1c desta mudança que representa uma acentuada alteração tática. O fato de e.~tarcm tratando com dois de seus ma iores inimigos não significa qualquer modificação de sua política básica. Isto é o que é chamado pelos comunistas de tática simullânea "da associação e da contestação". Eles podem estar tratando com o Japão e os EUA, mas não têm moderado em nenhum grau seu ritmo de infiltração e atividades subversivas nessas duas nações, como também em outros países do mundo livre". "Estamos fazendo o máximo na luta contra o comunismo - prosseguiu o diplomata chinês - mas nosso trabalho é somente uma parte da grande luta mundial. Para derrotar a conspiração comunista, as nações livres do mundo devem também preparar um amplo programa e urna estratégia coordenada, tanto milil.ar como política". • E mais adiante: " A atividade comunista intensificada nas Filipinas, nestes últimos meses, com for1e apoio dos comunistas chineses, é uma inegável prova da intervenção de Peiping nos assuntos internos d os outros países. É um exemplo típico de subversão comunista. Há a.inda um relatório da crescente atividade de espionagem dos

Te~to de Gustovo A:nto nio Solimeo

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comunistas chineses na França. A conhecida revista "Paris-Match" relatou recentemente que eles têm apoiado a abertura de mais restaurantes chineses nac1uele país, pois q ue os restaurantes const.ituem uma cobertura clássica para espiões. A revista declara que os comunistas chineses estão ma.ndando 4 mil agentes de inteligência para a França". "Tenho repetidamente feito advertências a rcspc.ito da atitude de fechar os olhos ao verdadeiro caráter do comunismo - acrescentou o Sr. Fu-Sung Chu - porque não desejo ver nenhum de nossos amigos tão profundamente enganados a ponto de se e ntregarem avidamente . à idéia de que os comunistas chineses abandonaram suas intenções subversivas e agressivas. Também tenho d·e clarado com insistência que eles têm um programa geral para a agressão e a subversão. Estão jogando com a fraque1.a do mll}ldo livre, sabendo que podem contar com a desunião e com a falta de solidariedade por parte deste". Depois de afirmar que o comunismo "na origem, na filosofia e na prática é contrário ao espírito chi· nês", o Embaixador da República da China frisou que "não devemos cair no engodo de que o que acontece no Vietnã, na Coréia e nas Filipinas não é d'e nossa alçada. Ao contrá rio, aqueles fatos nos di,.cm muito respeito, porque o que acontece ll\, ainda que longe, certamente afetará o futuro de todos nós". "0 mínimo - conclu iu o orador - com que cada país do mundo livre poderia contribuir para esse combate comum seria dispensarnos, a nós que estamos no front da lula, o apoio moral de que necessitamos, não ajuda ndo o nosso ini-

migo". Visito à TFP No dia 13, pela manhã, o diplomata chinês visitou a sede do Conselho Nacional da TFP, à Rua Maranhão, n.0 341 , onde foi recebido pelo Presidente, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, e pelos Conselheiros. Em seguida, os diretores da entidade ofereceram ao Sr. Fu-Sung Chu um almoço no Automóvel Club.

da divina Misericórdia a libertação dos povos opressos pela tirnnia marxista.

Em rito ucron,ono Desta vez a cerimônia teve lugar na Catedral Metropolitana de São Paulo, iniciando-se às 10h30 com um cortejo fomiado por elementos da colônia portuguesa local, que, cm trajes típicos, conduziram através da nave ccntri,1 da igreja até o presbitério uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. A presença dessa imagem evocava as advertências e promessas da Virgem na Cova da Iria em 19 17, quando predisse a propag<1ção do comunismo e prometeu a vitória final de seu Imaculado Coração. A Santa Missa foi celebrada em rito ucraniano católico, e a participação do Coral Ucraniano de São Paulo muito contribuiu para realçar o esplendor da venerável liturgia bizantino-eslava. Celebrou o Revmo. Pc. João Malániak. da Ordem de São Basílio Magno. O Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer tomou lugar no presbitério, e ao final do ato foi convidado pelo celebrante a dar a bênção aos fiéis. Lanceiros do Regimento de Cavalaria 9 de Ju lho da Polícia Militar fizernm a guarda de honra ao longo do corredor central do templo e junto à imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Caminhada cívica Ao término da cerimônia litúrgica. o Exmo. Sr. Bispo de Campos, as autoridades, os membros do Conselho Nacional da TFP e o público presente dirigiram-se à escadaria da Catedral para participar de expressiva manifestação cívico-rel igiosa. Uma magnífica coroa de flores - preito da TFP à memória das vítimas do comunismo - foi depositada oos degraus da imponente escadaria, onde se viam igualmente os retratos de dois insignes Purpurados, glória do Sacro Colégio no século XX pela sua denodada e intransigente atuação contra o comun.ismo: os Emmos. Cardeais Józsc( Mind~7.cnty, Arcebispo de Esztergom e Primaz da Hungria, e Josyf Slipyj, Metropolita de Lwów e Arcebispo-Maior dos ucranianos. O Comi Lituano de São Paulo cantou então o tradicional hino a Nossa Senhora d" Aurora, Padroeira da Lituânia, como homenagem aos estudantc.5 que se revoltaram em Kaunas, cm julho último, contra o despotismo soviético, opressor da Fé e da Pátria. Clarins do Regimento 9 de Julho deram a seguir o toque de silêncio em memória de quantos o comunismo matou nestes 55 anos, cm atentados, revoluções e guerras. Acompanhados pela Banda da Polícia Militar, os presentes cantaram o hino "Queremos Deus!" Erguendo grandes hastes metálicas em forma de "V" e de cruz, com as cores da entidade, dourado e verme-

lho, jovens militantes da TFP proclamavam em coro: "Em Fátima, Nossa Senhora prometeu: - V itória! Vitória! Vitória da Santa Crui!" O ato terminou com o Hino Nacional, e com o brado tradicional: "Pelo Brasil: Tradição! Família! Propriedade! - Brasil! Bras il! Brasil!" Da Praça da Sé, os sócios e militantes da TFP. acompanhados por grande número de populares, dirigiram-se cm solene caminhada cívica, atrav'és das RR. 15 de Novembro, Av. São João, Ana Cintra, Dona Vcridiana e Martinica Prado, até o oratório de Nossa Senhora da Conceição, vítima dos terroristas, instalado na sede da entidade à Rua Martim Francisco. À frente do cortejo, entre os estandartes rubros com o leão rompante. via~sc o andor com a imagem ele Nossa Senhora de Fátim a que presidira à Missa, bem como os retratos dos Cardeais Slipyj e Mindszcnty, flanqueados por bandeiras da Ucrânia e da Hungria, que eram conduzidas por compatriotas seus. Aplaudidos pelo povo ao longo do trajeto. os sócios e militantes da TFP alternavam o cântico do "Queremos Deus!" e outros hinos religiosos, com proclamações como: "O Brasil é - terra de Santa Cruz!"; "Brasil, sim - comunismo, não!"; "Tradição, Família, Propriedade uma força jovem, a servíço do Brasil:"

Persona lidades presentes Compareceram à Catedral o Embaixador da China Nacionalista, Sr. Fu-Sung Chu , vindo especialmente de Brasília; o representante do Governador Laudo Natel, Sr. Juvenal Rodrigues de Moraes; o Secretário de Estado do Planejamento, Sr. Miguel Colassuono; o representante do Prefeito Figueiredo Ferraz, Sr. Teruo Massita; o Presidente do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, Juiz !talo Galli; Conselheiro Aloysio Gornidc, que esteve durante largos meses seqüestrado cm poder dos tupamaros no Uruguai, on-

de exercia as funções de Cônsul do Brasil; os Cônsules Gerais da China e da Coréia do Sul , Srs. Pingchao Su e Jae Sun Kim; o Comandante e o Subcomandante do CPOR, Coronel Antonio Cursio Neto e Tenente-Coronel Josué de Figueiredo Evangelista; o Diretor do Departamento Regional do Interior (DERlN) da Secretaria da Segurança, Sr. Benedito Nunes Dias; o titular da Delegacia de Ordem Política, Sr. Alcides Cintra Bueno Filho, e o Delegado do DEOPS Sr. Lisandro Bártolo; o Delegado Regional do Ministério do Trabalho, Sr. Aluísio Sintõcs de Campos; o Coronel Hélio da Costa Nunes Pinto; o Subcomandante do Rcgimonto de Cava laria 9 de Julho, Major Senaze lli, representando o Comandante. Tenente-Coronel Eduardo Monteiro; os representantes dos Comandantes do 15.0 , 22." e 23.0 Batalhões Policiais Militares, TenentesCoronéis Raul da Luz, Francisco Torres de Araújo e Alcione Pinheiro de Castro; oficiais do Exército e da Polícia Militar; o Vereador Marcos Mélega e o representante do Vereador Sarnir Achoà. VicePresidente da Câmara Municipal de São Paulo; representantes de entidades cívicas e delegações de albaneses. croatas, sérvios, macedônios, búlgaros, romenos, checos, eslovacos eslovenos, russos, chineses, corea~os, vietnamitas. cubanos, chilenos, alemães orientais, lituanos, Jetonianos, polonescs, húngaros, georgianos, ucranianos, armênios, estonianos, bielo-russos e tibetanos.

5 milhões de mortos Entrevistado por jornalistas ao final da cerin1ônia, o Embaixador d.i China declarou: "Milhões de chineses, hoje cm dia, estão sofrendo o peso do comunismo, e isto há bastante tempo, havendo estimativa de que o número dos que ele matou ascende a 5 milhões. Este é um dia significativo para mim, pois me é grato tomar parte nesta Missa pelas vítimas do comunismo".

• Autoridades enviam mens·a gens POR NÃO TEREM podido comparecer à Missa ou à conferência promovidas pela TFP, numerosas autoridades e personalidades e nviaram mensagens - ofícios, cartões, telegramas - ao Conselho Nacional da entidade. Entre essas mensagens destacamos as dos Srs. Antonio José Rodrigues Filho, Vicc,-Governador do Estado; Antonio Delfim Netto, Ministro da Fazenda; General Humberto Souza Mello, Comandante do II Exército; Generâl Paulo Carneiro Thomaz Alves, Comandante da 2.ª Região Militar; General Sérvulo Mota Lima, Secretário da Segurança Pública; Sr. Getúlio Lima Júnior, Secretário da Saúde; General Enéas Nogueira, Chefe do Estado-Maior do II Exército; General José Fragomcni, Comandante da Academia Militar das Agulhas Negras; Coronel Josio Lery dos Santos, Chefe da Agência de São Paulo do Serviço Nacional !fe Infor-

mações; Sr. José M. Aguado, Cônsul Geral da Espanha; CoronelAviador Adeéle Migon, Comandante da Base Aérea de Cumbica; Tenente-Coronel José Santer Peret Anlunes, Comandante do 4. 0 Batalhão de Infantaria Blindada (Batalhão Raposo Tavares), de Quitaúna; Tenente-Coronel Waldyr Coelho, Comandante do 2.0 Batalhão de Engenharia de Combate, sediado cm Pindamonhangaba; Sr. Alberto Brandão Muylaert, Procurador-Chefe da Procuradoria da Repúblic ca cm São Paulo; Comendador An·g elo Eduardo Carrara. Cumpre registrar o gesto altamente simpático do Sr. Aldo Giannini, Administrador Regional de São Miguel, da Prefeitura Municipal de São Paulo, que estendeu aos moradores da área sob sua jurisdição o convite recebido para a Missa, fazendo-o mimeografar e distribuir largamente.


MENSAGEM DE D. ANTONIO DE CASTRO MAYER

OS FATOS SE ATROPELAM NO ANSEIO DE CHEGAR AO DESENLACE DA CRISE A

QUI ESTAMOS, NO LIMIAR do vigésimo segundo aniversário de "Catolicismo", para dar gr.~ças a Deus pelo trabalho realizado no ano findo e pela fidelidade de nosso mensário à Igreja e ao seu programa inicial. Denso pois o ano de 1972. Dir-se-ia que os fatos se atropelam. no anseio de chegar logo ao desenlace da crise que pesa sobre o mundo e a Igreja. . E "Catolicismo" esteve presente a todos esses cventos, com sua palavra de esclarecimento e orientação, Em dezemb ro repromostrando, na real idade atual, os insondáveis desígnios duzimos o texto intede Deus que castiga com misericórdia, e salientando gral da Pasqual a diretriz a tomar no momento presente. toral já famosa. Comentou assim nosso mensário os acontecimentos mais marcantes do ano, a visita de Nixon à China e à Rússia, no âmbito internacional. registrando a obra de sapa que faz o comunismo difuso, inoculando nas almas o espírito materialista , o desejo desordenado do gozo da vida, a câpitulação diante de qualquer esforço, espírito que prepará a aceitação pacífica da tirania marxista. Dentro de nossas fronteiras, "Catolicismo" alegrou-se com a passagem do sesquicentenário de nossa Independência. Fato que lhe deu aso a registrar como na fidelidade à Tradição Cristã está a condição d,1 prosperidade p,ítria. A comemoração do 150.0 aniversário de nossa autonomia política deu especial relevo a nosso mensário, pois a bela "Prece no sesquicentenário" do seu colaborador Prof. Plí nio Corrêa de Oliveira mereceu transcrição em várias Câmaras Municipais do Pais. Deu, além disso, a "Catol icismo" a honra insigne de uma colaboração de Sua Alteza Imperial e Real D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança, muito digno e respeitável Chefe da Família Imperial Brasileira. Em torno desses fatos de maior repercussão, "Catolicismo" continuou com suas secções de sempre, levando os leitores a se habituarem a julgar os eventos temporais com o critério sobrenatural da Revelação. Nota fúnebre deste ano findo foi a ausência de nosso colaborador Dr. Fábio Yidigal Xavier da Silveira, q ue a Providência cha mou a Si ao encerrar-se o ano de l 97 l. Justa homenagem prestou-lhe nosso mensário, a quem ele emprestou o brilho de seu estilo e a segurança de sua análi~e dos fatos contemporâneos, especialmente no bestseller de sua autoria, "Frei, o Kerensky chileno" . Estamos certos de contar com suas preces junto ao trono de Maria, tão edificante foi sua morte, como apostólica sua vida. Por todos esses benefícios de Deus Nosso Senhor, "Catolicismo" Lhe rende humilde ação de graças. Resta-nos suplicar à Bondade Divina queira abençoar a quantos se empenham por que "Catolicismo" continue fiel à sua missão apostólica em benefício das almas e exaltação da Santa Igreja de Cristo. Imploramos assim favores celestiais sobre o diretor, colaboradores, funcionários e leitores de "Catolicismo". Que a todos Deus Nosso Senhor conceda pelas mãos imaculadas de Maria Santíssima a fortaleza de persevera, no bem.

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Antonio,

BISPO DE CAMPOS

''CATOLICISMO'' ESTEVE PRESENTE COM A SUA PALAVRA DE ESCLARECIMENTO

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,. e• A passagem do sesquicentenário de nossa Independência (foto ao alto da página) foi assinalada por "Catolicismo" com uma edição especial. A visita de Nixon à China comunista (foto acima) deu ocasião de publicarmos um esclarecedor artigo de P línio Corrêa de Oliv e ira em nosso número de abr il.

"Deus julgará" foi a advertência que formulamos, em artigo de Plinio Corrêa de Oliv eira, a propósito da v isita do P residente norte-americano a M oscou (f oto). Em fevereiro, destacamos a personalidade de nosso colaborador Fabío Vidigal X avier d a Silveira, falecido ao encerrar-s e o ano de 197 1 (f o t o em baixo).


ASPECTOS ES UECI] SANTA TERESINHA DO MENIN ••

EUS DESEJOS SOBEM tto infinito. O q11e Deus me reserva ap6s a morte. o q11e pres~'irtto de glória e de amor ultrapassa de tal modo 111tlo o q11e se pode conceber, q11e sou forçada. por 111om entos, a deter meu pe11sa111e nto. l'en ai comme /e vertige"(I).

Quem é esta que assim previu o "furac·ão de g/6ritt" (2) que o [uturo lhe reservava? Quem é esta que não tüubeou e m olhar de frente a sua própria glória póstuma? É a maior Santa dos tempos modernos, como a chamou o batalhador contra o modernismo, o grande São Pio X. Santa Tercsinha do Menino Jesus e da Sagrada Face sabia-se santa e não teve escrúpulos e m confessá-lo. Previu sua glorificação e não temeu considerá-la. Teve uma misteriosa intuição da mis-são universal que o futuro lhe rese rvava e não receou proclamá-lo: "Ah! je /e sais bie11, 10111 /e monde 11,'ai11rera . .. " ( 3). Mas é bem esta Santa Teresinha?! isto humildade e simplicidade?! A figura que a piedade de incontáveis católicos dela delineou parece tão diversa! Como pôde uma Santa tão p.ródiga de sorrisos e de rosas, tão piedosa e tão afável, hu milde e cbscura, assim proclamar sua própria santidade e prever sua própria glória? Não se choca isto com a idéia que a devoção católica ao longo de cinqüenta anos fixou a seu respeito? Não. Cumpre neste seu centenário restituir-lhe a .figura em toda a sua estatura, como realmente ela foi. Longe de nós negar seus sorrisos e as rosas que ela mesma prometeu lançar como uma chuva sobre o mundo até o fim dos tempos. Cumpre porém conhecermos a totalidade de sua fisionomia espiritual, sem deixar num injusto esquecimento nenhum dos aspectos de alma dessa grande Santa, a maior dos tempos modernos. A par de toda sua doçura, pequenez e misericórdia - que tanto nos encantam, nos embevecen\ mesmo, e que tanta paz infundem em nossa alma quando, com seus suaves unguentos, como só ela o sabe fazer, maternalmente e com indizível carinho pensa nossas [cridas e nossas c hagas - cumpre a par disto focalizar os demais traços, admiravelmente sacrais, da Monja que foi profetiza e - por que não dizê-lo? - guerreira, lutando até o último suspiro como um soldado no derradeiro renhido assalto: " Morrerei num ca111po de batalha, de armC1s 11(1 111ão!" ( 4). Por q ue só falar da chuva de rosas e do sorriso, e fazer calar a guerreira-profetiza? Mais ,reconhecida e enlevada homenagem não saberíamos prestar-lhe nesta grande data em que comemoramos o centenário de seu nascimento.

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ln~uiçõo prof!Ótica de sua missão póstuma "Eu sinto que vou entrar 110 repouso aíirroou a Irmã Teresa já no leito de morte ,nas sinto, sobretudo~ que ,ninha missão vai

OBRAS - Barrios Moneo. C. M. F., P. Alberto - .. La es• pirilUalidad de Santa Teresa de Lisieux". Madrid, 1958, 2 tomos: BARRIOS. - "Cahiers Vcns1• in "Derniers entrcticns'' volume d'anncxcs. Edition du Ccntcnairc, Oc..~déc de Brouwer-Editions du Ccrí. Paris, 1971: "CAHIERS VERTS". - "Camct Jaune" - in ''Dernicrs entrcticns" (recucillis par Mêre AgnCS de Jésus). Edition du Ccntcnairc, Oc-scléc de Brouwcr-Editions du Ccrf, Paris. t97 t: "CARNET JAUNE''. - "Circulaire Nécrologiquc de Soeur Marie de la T rinité. Carmel de Lisieux, 1944: "CIRCULAlRE". - ''Corrcspondance Générale''. Editions du Ccrf-Desclée de Brouwer, Paris, 1972, 1. 1 (1 877-1890): "CORRESPONDANCE''. . - "lnterventions de Sr. Thércse de l'Enfant-J~us pcndant la Gucrrc" - Pluic de Roscs, Lisieux, 1920: "INTERVENTIONS". - ··L'esprit de la Bienheureuse Thércse de l"E nfa nt•Jésus d'aprê.s ses écrits ct des témoins occulaires de sa vie". Office Central de Lisieux 1 1924: º L'F..SPRJT''. - .. Letlr<S de Sainte Thérese de l'E nfant-J~us", Oífice Central de Lisieux, 1948: "LETTRES". - .. M anuscrits Autobiographiqucs", Oífiec Central de Lisieux, 1957 (Manuscrito A, dedicado à M~re AgnC;S de Jésus; B, dedicado à Socur Marie du Sacré-Coeur: C, dedicado i, Mêre Marie de Gonzague): MAN. A, MAN. B, MAN. C. -4

com eçar, minhCI 11riSJ<iO de fazer antar a Deus corno eu O arno, de dar minha pequena via às almas. Meu coraçtio exulta a essa idéia" (5). "Os Santos 111e dizem: enquanto estás 110 cárcere, ,uio podes preencher ttw 111iss,7o; 1nais tarde~ porén1, após a ,norte, então é que serâ o tempo de teus trabalhos e de tuas conquisws" (6).

Tal certeza tinha ela do cumprimento de sua missão póstuma, que à Madre Agnes, q ue previa dificuldades para a publicação de seus manuscritos, d isse: "Q,umto à ,ninha n1issâo, como a de Joana d'Arc. ,, ,·o,uade de Deus será cu111pritla apesar dll inveja dos honren.f' (7). Nos últimos meses de vida a pequena Te-

resa es-tava como que empolgada pelo desejo d e voltar à terra q uando estivesse no Céu. Este pensamento não a abandonava, perguntando-se ela, com certa inquietação, como isto se daria. Suas promessas e ntão se multiplicaram: "eu voltarei" (8), "eu descerei" (9), "farei cair uma chuva tle rosas" ( 10), "passarei o meu Céu a Jazer o bem sobre a terra" ( 11 ) , " je ne me reposerai qu'apri's que te dernier des élus sera sauvé" ( 12). Santa Teresinha previu, de forma também misteriosa, a prodigiosa difusão da História de 11111a Alma, que desde logo alcançou tiragens imensas. Vendo cm seus manuscritos o instrumento escol hido por Deus para o cumprimento de sua missão, dera à Madre Agnes instru"Minha via é segu ra" -

Os prod ígi(?s do Carmelo de Gallipoli

Santa Teresinha sabia-se fundadora de uma nova via de santificação, e que sua missão era anunciá-la aos homens. Prometeu à5 suas noviças não as deixar em erro no tocante a este ponto. Caso sua via fosse falsa o u enganosa, ela obteria de Deus permissão para vir adverti-las imediatamente. "Jusque-là croyez que ma voie est sure, et suivez-la fidele111ent" (15). Assim foi que, nos anos de 19 10 e 1911 , o Carmelo de Gallipoli, no sul da Itália, conheceu as maravilhas da pequena Teresa. E ncontrava-se ele em tal pobreza, que já se pensava e m seu fechamento. Lera-se no refeitório a biografia de uma Religiosa francesa, Irmã Teresa do Menino Jesus. Apelou-se para ela, invocando seu socorro. Um tríduo de orações foi organizado: termina-ria no dia 16 de janeiro de 1910. Nessa noite a Superiora, Madre Carmela, doente, vê chegar junto de seu leito uma jovem Carmel ita, envolta cm claridade celestial. A Religiosa desconhecida oferece 500 francos para pagar as- dívidas da Comunidade e convida a Madre a segui-la à portaria, onde, na gaveta de uma pequena escrivaninha, um cofrinho serve de caixa-forte. Era preciso descer ao rés-do-chão, no frio, na escuridão. A Priora hesita. Ela sente-se febril. Não estará sendo vítima de uma alucinação? J;; impossível resistir, o con-

CITADAS

çõcs précisas e exatas para publicá-los "sem nenhunw dernora", após sua morte. Recomendara-lhe não falar do •projeto a ninguém, a té que a obra estivesse publicada. "Se vos demvrartles, se cometerdes a impr11dê11cit1 de falar a q11e111 quer que seja, o de111ô11io vos armará 11til ciladas para impedir esta publicação" ( 13). No primeiro aniversário de s11a morte, a 30 de setembro de 1898, saía a lume a primeira edição, timidamente limitada a 2 mil exemplares! O sucesso foi imediato. Em 1902, quando da quinta edição em francês, o livro já estava traduzido em cinco outras línguas. Nos doze primeiros anos, antes da abertura do P-r ocesso Diocesano de Beatificação, a tiragem atingiu o total de 47 mil exemplares. De 1910 a 1915 foram editados mais 164 mil exemplares. Hoje o cômputo atingiria a casa dos milhões. Infelizmente, a total destruição do OI/ice Ce111ral de L isieux e de seus arquivos no bombardeio de junho de 1944, durante a invasão da Normandia, impede uma avaliação exata. Contudo, m, biblioteca do Carmelo de Lisieux - poupado milagrosamente pelas bombas - pode-se contar edições da Hisr6ria de uma Alma em 38 línguas estrangeiras! "De 1un exrren10 " outro do inundo, há milhões de almas cuja vida i11terior sofreu a i11f/11ê11cia benfazeja desse pequeno livro". proclamou o Cardeal Pacelli pouco antes de ser eleito Papa ( 14). Era a realização dos pressentimentos proféticos da pequena Toresa.

_.

- "Novissima Verba'' - in ''Dcrnicrs c ntrcticns" volume d 'anncxes, Edition du Centenairc, Dcsclée de Brouwcr-Editions du Ccrí, Paris, 197 1: NV. - François de Sain1c-Maric, O. C. D .. P. - três volumes acompanh~1ndo a cdiç-ã o cm !ac-similc dos "M 3• nuscrits Autobiographiques", Officc Central de Lisieux. 19$6: P. FRANÇOIS. - Piat . O. F. M .• R. P. Stéphane-Joscph - .. Marie Guérin / Cousi,1e ct novice de Saiote T hérCse de l'Enfant-Jésus". Oífice Central de Lisieux, 19$3: PIAT, "MARIE GUf:;RIN". - Piai, O. F. M .• R. P. Stéphane-Joseph - "Ma voie est surc", artigo in " Les Annales de Saiote ThirCSc de Lisieux'', ano 37, n.o 4, abril de 1961. pp. 3-S: PIAT, "MA VOIE". - "Poésies de Sainte Thérese de l'Enfant-Jésus", Offíce Centrnl de Lisieux. 195.l: "POl?SIES''. - Sarrautc, Chanoinc Gabriel - ..Un solda1 frança.is: Saintc ThérCsc de l'Enfant·Jésus", lmprimerie Mor·iê-re, 1970: SARRAUTE. - ''Dernicrs cntrcticns rccueillis par Socur úcncviC· vc.. - in "Dcrnicrs en1re1icns'', Edilion do Centena.ire, Desclée de Brouwer-Edirion$ du Cerf, Paris. t971 : SOEUR GENEVll':VE. - "Bajoecn. ct Lexovien. - Bcatiíicationis et Cano. niZ3tionis Scrvac Dei Soro ris Thcrcsiac a Pucro J esu, Monialis professae Ordinis Carmelitarum Discalcea· t0rum Monasterii Lcxovicnsis tProcesso de Beatifica· ção e Canoniz~ção) - Summarium", Romnc, 1920: SUMM. .

vite é terna mente imperioso. Ao longo dos corredore.s Madre Carmela segue a jovem Monja cujo esplendor a guia. Abre a escrivaninha que nada contém senão contas a saldar, e cai de joelhos diante de sua benfeitora que ali deposita os 500 francos. "Oh! minha Santa Madre!" - exclama embevecida a Priora, julgando estar na presença da Reformadora do Carmelo, Santa Teresa de Ávila. "Não, e u não sou nossa Santa M adre; sou a serva de Deus lr111ã Teresa de Lisieux. Hoje, 110 Céu e na terra, feste;a-.re o Santo Nome de Jesus . .. ,. Como a celeste vjsitante se afastasse após lhe ter dado inefáveis sinais de ternura, Madre Carmela a previne: "Cuidado, podeis errar o caminho!" Os corredores do convento eram um pequeno labirinto. A resposta, levemente jocosa, encerrava um sentido misterioso: "No11, 11011, 111a voie est sure et je ne me suis pas

trompée en la suiva111". Era a promessa outrora feita às noviçaS' que se cumpria. Na manhã seguinte a Superiora estava profundamente emocionada. Cobriram-na de per· guntas. Não teria sido um sonho? A nota de 500 francos, contudo, ali estava para atestar o nulagre. Ao longo desse trimestre, repetidas vezes a pequena Teresa sub-repticiamente introduz na escrivaninha novas somas, sempre o justo necessário para que o Cannelo não fique na miséria . Enl maio volta em pessoa. Repete-se a visita na [esta de Nossa Senhora do Carmo, 16 de j ulho. Mas desta vez desaparecem 100 francos d a caixa do Bispado! O Bispo s,,speita da lrmã Teresa de Lisieux, e encarrega o Carmelo de conseguir de sua Protetora pronta restituição. O prodígio se re nova : no dia de São Caetano, onomástico do Sr. Bispo, Teresa se apresenta mais uma vez, tendo na mão uma nota de 100 francos .. . que exala perfume de incenso e flores! O Bispo a doa à Comunidade. A emoção popular cresce em torno destas ocorrências extraordinárias. "Imaginação d e

1) Coníidénci3 intima 6.: Srtnt3 1·crcsinha M:;uie de l3 Trinité, "Cireu13irc", 2) Pio XI, Discurso ao$ peregrinos de maio de 192$.

:1.

Sorur

}) NV 1.8 .2.

4) "Mcs armes", de 2S de março de 1897, --r~si«··. S) "C.irnct Ja1.mc" 17.7. 6) Idem 10.8 . 4. 7) NV 27 . 7.3 . 8) "Carne1 Jt'lune" 9. 7. 2, 2 . S. S: Socur GcncviC.ve

12.7.1.

9) "Carnct J aunc" 13 . 7. 3: Socur Gencvihe 9 . J.

11111/heres s11bali111entadas", dize m uns; "feitiçaria", exclamam outros. Era preciso c.scJarece:r os fatos. O Bispo, depois da restituição de seus 100 francos, não podia duvidar. Um tribunal eclesiástico foi encarregado de examinar o caso. As Religiosas foram interrogadas, acarcadas, acossadas por perguntas capciosas. Ficou claro que -somente a mão de Deus, por intermédio de Teresa, tinha a ver neste caso. Por outro lado, o Bispo de Nardo, Monsenhor G iannattasio, que conhecia a fundo a doutrina da Irmã Teresa, estava intrigado com a resposta à Madre Ca.rmcla: " Mi11/tl1 via é segura.'" Quisera a serva de Deus autenticar sua via espiritual? Era o cumprimento do que em vida prometera às suas noviças? Perseguido por esta idéia, o Prelado solicita uni sinal. O primeiro a niversário da aparição de 16 de janeiro se aproximava. S. Excia. toma um envelope e nele introduz uma nota de 500 liras com um cartão no qual escreve: "Minha via é segura, eu 1uio 111e enganei'". Lacra.. o com as armas episcopais, e Madre Carmela o coloca na famosa escrivaninha. A 16 de janeiro de l 911 Monsenhor Giannattas-io vem ao Carmelo celebrar o aniversário da primeira visão. A Superiora traz o envelope ao parlatório para que ele assista à sua abertura. O lacre é rompido. O pasmo domina todos: além da nota de 500 liras, quatro outras, totali.z ando mais 300 liras, desprendem um odor de rosas ( 16) ! A via da infância espiritual era realmente segura ! Mas as graças dispensadas ao mundo através do Carmelo de Gallipoli não se cifraram nisto. -',r Em seus últimos meses de vida Teresa estava penetrada pela intuição de que lhe cabia ser ''o 11,odelo de w1w legião de pequenas almas". Exprimia-a amiúde, com un\a simplicidade e ncantadora ( 17) , e preocupava-se com que wdo nela pudesse ser imitado pelas pequenas alm as. Tratou disso incontáveis vezes ( 18). Por exemplo, quanto a seu corpo: " li fau r q11e les petites âm es ne puissenr rie11 111: cnvier. Preparai-vos porta11to para ltliO encontrar de 111i111 senão 11111 esqueleto" ( 18 bis). Em tudo ela precisava poder ser inutada. Mesmo depois da morte. Na véspera da solene exumação de seus despojos (l 9), Teresa volta a aparecer à Madre Carmela para lhe confirmar que de seu corpo não se encontrarão "seniio ossos", mas que estas relíquias serão armas possantes contra o demônio, e falarão alto e claro pelos prodígios de toda sorte que reali1..arão para a glória de Deus. Pormenor cheio de significado, Teresa acrescenta que sofreu muito aqui neste mundo ...

Para ajudar os que não crêem sem ver Teresa intuiu sua glória. Deus quis que ela mesma a anunciasse. E m~is. Fê-la profe1i1A1r fatos concretos como que para confim1ar na fé aqueles que necessitam ver para crer. Primeiramente quanto a sua própria morte. Desde a infância a serva de Deus tivera a "profunda" intuição de que morreria jovem (20). Três anos antes de sua morte, a 18 de julho de 1894, quando dizia "jouir d'une sa111é de fer", ela misteriosamente anuncia a Celina, sua irmã querida que estava para e ntrar no Carmelo: " Viens, nous soulfrerons ensemble [ • • • ] e/ puis Jésus viendra, il prendra /'une d' entre no11s [ ... ]" (21 ) . Logo depois, em abril de 1895, vem a previsão clara, exata, precisa: ª Eu morrerei logo, confia à irmã T hérese de Saint-Augustin; não

10) Maria, Summ. M3tÍ:'l,

§

807 -

depoimento de su::i irmã

no r,oce.ss.o de BcatHicação e Canoni)'.açiío; ee.

lin::i, Summ. § 2343; "Catnct Jaunc" 9.6.3. 11) Mêre Agnê>, Sumn,. § 24~0: Celin,, Summ. § 1750: P. Pichon, Summ. § 1929; "C:m\tl Jaunc" J7.7. 12) Soeut M:uic de 13 T riniré, Summ. nct Jaunc .. 17 .7.

§

1331; ' 1 Car-

13) Mêrc Agnh., Summ. § 2275; " C.-,rnct Jaune'' l . 8 .2.

14) Cardc;'l.l Pac:dli, discurso nn inauguraç.ão da Basílica d e l1sicux, cm t I de julho de 1931.

15) "C-irculairc"; Cclin.l, Summ.

§

2343; Socur Marie

de 13 Trinilé_, Summ. § 1359; Piat, ;'Ma vo ic" , p. 5.


DOS DA FIGURA DE o JESUS E DA SAGRADA FACE •

digo que seja daqui a alguns 111eses, 111as ,1e111ro de dois ou três anos: sinto, por tudo o que se passa em ,ninha alma, que 111eu exílio está perto do fi111" ( 22). Nesta época Teresa aiodn gozava de urna saúde perfeita. Ela morrerá exa1amen1e dois anos e cinco meses ,nais tarde! "Eu se1n1Jre acreditei, confessa a Irmã Thérêsc de Saint-Auguslin, que se tratava de uma verdadeira profecia" (23 ). No princípio de 1897, bem antes de cair doente, Teresa anuncia à sua irmã Celina que morrcn\ naquele ano mesmo (24). As previsões não se cingem it data. Ela prevê que fará bom tempo quando de sua morte. Ora, o dia 30 de setembro de 1897 decorre frio e chuvoso. Tão logo, porém, a Santa exala o último suspiro, as nuvens se dissipam "e miríades de estrelas aparecem; dir-se-ia que todo o céu estava em festa" (25). Suas irmãs temiam que o desenlace se desse durante a noite. Ela as tranqüiliza: "Eu 1uio ,norrerei à noite, crede-rne; fai eu /e désir de ne pas 111ourir la 1111it'' (26), - o que se cumpriu, tendo seu passamento ocorrido pouco depois das 19 horas. Teresa prevê a morte dos que a cercam. Anuncia à Madre Hermance do Coração de Jesus que esta morreria proximamente: um ano após ela falecia, aos 65 anos de idade (27) . Mais impressionante foi a predição relativa ao Capelão do Carmelo, o Padre Youf. Este foi dos poucos que a compreenderam. Um dia, a Madre Aimée de Jêsus queixava-se a ele das irmãs de Santa Tcresinha: "Não vos queixeis; se tendes de um /tu/o algun,a coisa a suporuir, deveis considerar-vos feliz de possuir um tesouro tal como a 11wis moça; é uma alma de elite que sobe de virtude e111 virtude: seria a glória tio Carmelo, se fosse conhecidtl' (28). "A inda que ela seja niuito jovem, dizia o Capelão ao Padre Domin, se <1 Com1111id11de necessitasse tle 11111a Priora, poder-se-ia nomeá-la se111 receio" (29). "No ,lia seguinte <10 da ,norte ,ta frm,1 Teresa, conta a lrmã Marie de Saint-lgnace, f)ela manhã, fui ver o Padre Youf, que estava 1<1111bé,11 ele doente; ,1inda não lhe haviam am111ciado a morte da lnnã Teresa, ocorrida na véspera, à tarde. Ouvindo roca, o sino do Car1nelo, ele me disse: "Ela morreu . .. Ela não de111orará em 111e vir buscar: ela 1110 />fOmeteu. . . Que perda para o Carmelo!. . . 11111a santa" (30). Oito dias depois a Santa vinha buscá-lo! . . . As predições se acumulavam. Por duas vezes Teresa assevera à sua irmã Leônia que precederá a esta na morte, e lhe promete que, do Céu, conseguirá sua perseverança no claustro. Com efeito, Leônia tentara por diversas vezes fazer-se Religiosa, sempre com insucesso. Após a morte de sua irmã, contudo, ela entraní para não mais sair (31 ). Teresa promete uma renovação de seu Carmelo. Poucos dias antes de sua morte, anuncia a Celina: uDCJJOis de mini, haverá une moisson de jeunes, au Carmel". Nos anos que se seguiram, somente Religiosas idosas faleceram, e a partir de l 905 "11111<1 verdadeira seara de jovens, e das melhores", floresceu no Carmelo (32). Com um ano de antecedência Teresa previa, num sonho misterios·o, sua glorificação a solene transladação de suas relíquias. "Ontem à noite, confia ela à Ir mã Marie de la Trinité, durante a hora de silêncio antes de Matinas, eu pensava ern ,ninha n1orte pr6xin,a,· então adonneci u111 instante. Nesse ,neio-sono,

e

16) Piai, "Ma voic", pp. 3°S. 17) Soeur M:nie de la Trinité, Summ. § 2367i "C:irncl J:'lune" 4.S .2-3.

18) Soeur ThérCsc de Saint-Augustin, Summ. § 2345~

Soeur Marie de· l::t Trinilê_ Summ. § 2346; Cclin:1. Summ. §§ 2343 e 2749. 18 bis) Cclin::t, Summ. § 2343; Maria. Summ. § 273 J, CIC.

19) O corpo de S,mta Tercsinh:l foi exum:1do n 6 de setembro de 1910, no ccmit6rio de Lisieux. 20) "C~mct Jaunc" t 3 . 7. l 3; Man. C 8 vo. 21) Cclina, Summ. ~§ 2343 e 2363: c,arta a Celin:1, "l<llre," CXL.VI.

estava n11n1 c(unpo parecitlo co,n 11111 cemitério;

os a11bepi11s estavam floridos, os passarinhos cantavam; via muita gente tt111 festa; era cotno 11111 dia de triunfo. E eu dizia a mÍ111 111es11w: Mas o que é que está acontcce11do? por que esta festa? não é, llfinal, 11111 enterro? . . . E, apesar de tudo, eu pressentia que se lrt1tava de mim mesma. Este sonho me parece be111 misterioso e 11110 11,e posso impedir ,le pensar que, mais cedo ou nrais tarde, conlteceremos o seu significado".

Ora, no dia da transladação das relíquias de Santa Teresinha, a 26 de março de 1923, este anúncio profético voltou repentinamente à memória de sua fiel noviça, que não pôde deixar de ver no acontecimento o verdadeiro significado do sonho misterioso. Foi exatamente em meio a uma natureza primaveril, a uma mul1idão piedosa e cheia de alegria, que os despojos virginais de Teresa deixaram o campo dos mortos, nas vésperas de sua Beatificação (33 ). Mas dentre as prcdiçõ<:$ concretas da serva de Deus, a que talvez mais conteúdo profético tenha é a referente à comunhão quotidiana. Não foi jus1amente por causa da posição que ela tomara em face desta matéria, que São Pio X mandou fazer tão rapidamente seu processo de canonização? "Est opporttmissimum! Est 11wg11um gaudium pro 11re, exultara o grande Papa. Bisogna f"r preJ·to questo Processo!" (34 ). "Vós vereis: quando eu estiver no Céu~ lwverá, 110 1oca11te à Sagrada Comunhão, uma 11111da11ç<111a prática da Igreja'' (35). Ora, San-

ta Teresinha subiu ao Céu seis anos, apenas, antes da eleição do Papa que veio restaurar na Igreja a prática da comunhão precoce e freqüente. Além dessa previsão para a Igreja Universal, Teresa predisse também para seu Carmelo uma mudança nessa matéria. Com efeito, em sua época o costume dos conventos mandava que a Superiora regulas~c a periodicidade das comunhões de cada Religiosa. E Madre Maria de Gonzaga, a Priora de Lisieux, se opunha ferrenhamente à comunhão quotidiana, ao contrário de Santa Teresinha. Disse-lhe esta, mais de uma vez: "Ma Mi!re, q,um,1 je ser"i au Ciel, je vous ferai changer d'avis" (36). Vejamos como isto se realizou. Falando à sua irmã Maria do grande sofrimento que sentia por não poder comungar todos os dias, a serva de Deus anunciou: " Isto não será assi,n para senzpre: virá tun te,n.po em que tere111os u,lvez por Capelão o Padre Hodien,e, e ele 110s dará a Co1111111hiío todos os ilias".

Ora, na ocasião cm que Tere~a assim falava, a saúde do Capelão, o Padre Youf, não causava inquietação, nada fazia prever sua n1orte, que se deu anos mais tarde; nada, por outro lado, fazia pensar na nomeação do Padre Hodierne. - "Mas por que 1>e11sais 110 Padre Hoclier11e nosso Capelão? Nada o faz prever'', objetou Maria. - "Sin,, eu espero que ele venha, e seremos 11wito felizes com ele". O pressentimento realizou-se exatamente. O Padre Youf faleceu oito dias depois de Teresa. Uma semana após, nomeado Capelão, o Padre Hodierne toma por tema de sua primeira prédica as palavras: " Vi11de e comei de 111eu pão". Era o convite à comunhão quoúdiana, que efetivamente era logo concedida à Co-

P"'ª

22) Soeur 11u~têsc de S3int·Augu$tin, Summ. § 194$.

23) Idem, St1inm. § 2783. 24) Cclina, Summ. § 2740. 2S) Socur M:1rie de la irinité, Summ. § 2468; "C::i· hicrs Vcrls" 30.9. 26) ''C.1rnc1 Jaune.. 29. 7 . S. 27) Soeur Théth<: de S:,int·Augustin, s·umm. § 234$. 28) Socur Aim~c de Jésus. Summ. § 2233. 29) Abbé Domin, Summ. § 529.

··oemicrs

Sntrcticns'', ln1roduç5.o Gcrnl. p. S4. 31) B:i.trios, 1. p. 2$9; Lcônia, Summ. § 1250. 32) Cclin:,;, Summ. § 2343.

30)

munidade. Ninguém dissera uma só palavra ao Padre Hodierne! E Madre Maria de Gonzaga, cm lugar de se opor, "ficou 11111ito feliz co111 isso" (37). "Vous soig nex une petite sai nte 11

" Je pe11sais que j'étais 11ée po11r la gloire et chercha11t le 111oyen d'y parvenir le bon Dieu ,ne fit co111pre11dre [ ... ] qu'el/e co11sisterait a devenir une grande sainte" (38).

Uma grande santa! Teresa reconhece-se santa, e não teme confessá-lo: "Je me crois 1111e 1011/e petite sainJe" (39). A humildade é a verdade! Seis semanas antes de sua morte, estando suas três irmãs Carmelitas junto a seu leito de dores, repentinamente, sem que ninguém tivess~ comentado nada, a pequena Teresa as olha com um ar celeste e lhes diz bem claramente: " Vou., savez bien que vous soignez une petite sainte". - "Fiquei profwula,nente impressionada co111 estas palavras, comenta Maria Martin, co,n,> se tivesse ouvido 11111 Santo predizer o que aco11teceria depois de sua morte" (40).

Realmente, elas cuidavam de uma Santa, de uma pequena Santa, de uma grande pequena Santa. E esta não lhes ocultava sua santidade. Com uma simplicidade encantadora, ela lhes dava para que guardassem os fragm~ntos de suas unhas, as pequenas peles que se destacavam de seus lábios, os cílios que caíam em seu lenço ( 41) ! "/Is pourraient servir <l /aire des he11reux", comentava ( 41 bis). Num outro dia, Teresa desfolhava rosas, acarici.ando as chagas de Nosso Senhor num crucifixo. "No 111és de sete111bro, observou, a pequena 1'eresa desfol/u, ainda a "rosa pri11uiveril" (referia-se a uma de suas poesias). E como as pétalas escorregassem de seu leito sobre o assoalho, ela mu.ito seriamente recomendou: "Ramenez bien ces pétales, mes petites soeurs, ils vous serviront à faire des plaisirs plus tard .. . N'e11 perdez aucu11 . .. Plus tard 10111 cela vous servira" ( 42). A [rmã Marie des Anges· ela fez idêntica observação: "Oh 110n, 11e jetez pas ces pétales, ils sero111 précieux u11 jour" ( 43). Sim, cm sua humildade Teresa sabia-se santa, e em sua humildade ela o proclamava. Teresa teve a intuição profética de sua glorificação, de sua canonização. "Nos 1ílri11r.os dias de sua vida teve uma estranha 1,revisão do que se passa agora a seu respeito. Ela. nos falou desses acontecimentos futuros, que são hoje uma realidade, coni aquela si111plicidade de critmça e aquela hu111ildtule cândida que 111anifel·u1va sempre ao falar-nos dos favores q11e recebia de Deus" ( 44). Assim a serva de Deus previu que a Madre Agnes estaria até o fim de seus dias ocupada com ela. A Irmã Marie du Sacré-Coeur confessava-lhe sua incapacidade de consolar a Madre Agnês após sua 01orte: "Não vos inquieteis - disse-lhe Teresa - Madre Agues de Jésus não rerá te,npo para pensar em sua pe11a, porque até o fi111 da vida esrará tão ocupada comigo, que não dará conta de tddo" (45). De igual forma previu a enorme correspondência que sua glória faria afluir à então desconhecida Lisieux: "ApreJ· ,na 111ort vous ircz du côté de la boite aux leures, vous y trouverez des consolations" ( 46). Ninguém pcderia jamais sonhar com realidade tão consoladora: em 191-1, uma média de cinqüenta cartas por dia; nos anos subseqüentes, essa média sobe SUCC$Sivamcnte para duzentas, trezentas e quatrocentas cartas chegadas

>J) ··circulairc". 34) "Cottcspond,mce" LT 92, nOI:'.' "d''. 35) Ma.tia, Summ. § 77S.

36) Idem, §§ 775 e 1647. 37) Socur Théte:Sc de Snint-Auguslin, Summ. § 1937: M:'lrin, Summ. § 1647.

diariamente; durante a guerra mundial, apesar de toda a dificuldade das comunicações, tornadas quase impossíveis com muitos países, quinhentas cartas diárias e mais; oitocentas a mil por dia cm 1923 (47)! E is a pequena Teresa, o apóstolo insaciável cm seus desejos infinitos, o cruzado 1enaz e intrépido, a vítima pertinaz. Eis porque o Espírito Santo, que fala pelos lábios dos pequeninos, quis que ela tanto profetizasse: para que crêssemos no que ela dizia de si mesma e, assim, a víssemos como ela a si mesma se via. Detenhamo-nos pois na consideração deste$ aspectos de sua alma, que a própria Teresa nos desvenda. "Ten ho o lhos e coração de águia" "Ce//e enfant a du ciel d<1ns les ye11x" ( 48), dizia-se de Teresa n1enina. Desde a mais tenra idade ela era uma alma profunda e excecionalmente meditaliva. Uma seriedade e uma gravidade muito acima de sua idade, marcava todo o seu ser. Dela se exalava uma aura de calnia, de recolhimento, de doçura e de pureza extraordinária. A sua o ração era toda interior, parecia uma contemplação. Raramente Teresa se servia de liv.ros para rezar. E não se pense que isto fosse o fruto de uma alma imersa na consolação: "Ela me disse 11111 dia declara Cel ina - que até os 14 anos praticara a virtude sem tlela senrir a doçura" ( 49). A fidelidade na aridez é um apanágio de Teresa. Esta Monja que de dentro do Carmelo não via senão "uma pequena nesga do céu" (50) , estendia seu mundo interior até terras as mais distantes. Seu espírito apostólico ultrapassava cm muito os muros do mosteiro, e abarcava a humanidade toda. Em seu íntimo ela acalentava os mais ousados desejos de lutar pela Igreja, de pregar o Evangelho e sua pequena via pelas vastidões do globo. Fazia-o com tal intensidade, que disse terem sido seus desejos "o maior de seus martírios" ( 51). "Por que não reservas - perguntava ao Divino Esposo - essas imensas <1spirações às grandes almas, às Águias que planam nas alturas?. . . Eu me considero co,no uma frágil avezinha coberta· apenas de u111a leve pem.gem; não sou 11111a águia; de águia tenho apenas os 01..HOS e O CORAÇÃO .•• " (52). Eis a grande alma de Teresa: olhos e coração de águia! Por isso seus desejos tocan1 o infinito. Ela quer ser guerreira, quer ser sacerdote, ser após1010, doutor da Igreja, mártir; ela sente em sua alma a coragem de um cruzado, de um zuavo pontifício, ela quer morrer num campo de batalha cm defesa da Igreja; ela sente em si vocações contraditórias: como São Francisco, por humildade, quereria também recusar o sacerdócio! Como aliar estes contrastes? Ela quereria percorrer a terra toda, ,plantar cm solo infiel a cruz gloriosa. Mas uma só missão não lhe bastaria. Quereria ao mesmo tempo anunciar o Evangelho nas cinco partes do mundo, ~ até nas ilhas mais remotas; não quereria ser missionária por apenas alguns anos, mas tê-lo sido desde a criação do mundo e sê-lo até a consumação dos séculos . .. "Jesus, Jesus, se eu quisesse escrever todos os meus desejos, teria que emprestar teu livro da vida; eu quereria ter realizado todos esses

Caio Vidigal Xavier da Silveira 42) "Carnet Jaune" 14 .9 . 1; Mnri3, Summ. § 2360; Mcre Agnõs, Summ. § 2H7. 4l) S~r Marie des Angcs. Summ. § 2016. 44) M3ri3, Summ. § 2360. 45) Idem, § 2339. 46) Mcre Agn~. Summ. 2337. 47) Mtrc Ag1\ês, Summ. 2836: 0erniers Entrcticns". lnlroduçi\o s.cral. p. 80, nota SS. 00

38) 39) 40) 41) 41 2345,

Man. A 32. "C-amct Jnune'• 4 .8.2.

48) Cdin:i, Summ. § 1006.

Maria, Summ. § 2339. Cclin:'l, Summ. 2343; MC:rc AgnC..~, Summ. 2337. bis) Socur Th6rCSC de Saint•Augustin, Summ. §

49) Idem § 264. SO) M an. A 58. SI) M3n, B 4v<', 52) Ibidem.

5


CONClUSÃO DA PÁG. 5

/

ASPECTOS ESQUECIDOS DA FIGURA DE STA. TERESINHA

feitos por Ti. , . ó meu Jesus! a todas as minhas loucuras, que vais responder? ..." (53).

A ousadia suprema "Não toques nos limites dos pequeninos" (54), diz a Escritura. Seus desejos infinitos vão à ousadia s uprema. A pequena Teresa pede a Deus duas graças inusitadas: que as cs-pécics eucarísticas permaneçam nela de uma comunhão para outra, e que no Céu seu co~po glorioso ostente os estigmas da Paixão! Atenhamo-nos ao primeiro pedido. "Ah! ,uio posso receber a sagrada Comunhão tão /reqüe111e111ente quanto o desejo: mas, Senhor, não sois onipotente? Permanecei em 111im como 110 tabernáculo. Não Vos afasteis jamais de vossa pequenà hóstia" (55). Entenderia Santa Teresinha no senlido literal mi pedido? Seria de uma audácia espantosa, talvez desconhecida na Igreja! Teria sua petição sido atendida? 13 certo que Santa Teresinha a entendia no sentido literal. Certo também é que, pela própria natureza da graça, somente ela poderá ter sabido se seu pedido foi ou não atendido. - "Soube e o disse", assevera um teresólogo, o Pe. Barrios (56). "Toi le grand Dieu que tout te Ciel adore, / Tu vis en moi prisonnier 1111it et jour", canta sua poesia "Tenho sede de amor". A uma Freira que lhe pondera seu "enga,w", pois ela deveria ter escrito "1'11 vis POUR m oi'', responde: "Não. não, e11 disse be111". "E lançou-me uni o//wr - escreve a Irmã Marie de la Trinité - como a dizer: nós nos entendemos" (57). E à Madre Agnes ela o confirma, esclarecendo que não se devia ente nder que seus versos indicassem a presença de Jesus no tabernáculo, pois efetivamente havia querido referir-se ao atendimento de s ua petição. Ademais, todos os desejos de Teresa cumpriram-se. Ela mesma o disse (58) . Ainda no dia de sua morte o reafirmou: "Meus m enores desejos foram realizados . .. logo, o maior deles, morrer de amor, devertí .rê-lo . . . " ( 59). Ourante mais de dois anos, pois, a pequena Monja de Lisieux foi um tabernáculo vivo!

Eis a .ilma radicalizante, universal de Teresa. " Mo11 Dieu, je choisis 10111" (60) - exclamara já na infância. Seus desejos são infinitos, para a glória de Deus nada lhe basta. Uma sede dos extremos a consome: "ig11is 11u11q11m11 dicit: s11/ficit" (61). 13 contudo na luta que a alma da pequena Teresa vai atingir toda sua amplitude.

Teresa, olmo de c ruzado

"Na· ,ninha i11/â11cia sonhei con1bater nos campos de batalha. Quando co111ecei a aprender a história da França, o relato dos feitos de Joana d'Arc me encantava; sentia em meu coração o desejo e a coragem de i111itá-la" ( 62). O traço guerreiro da alma de Teresa talvez tenha sido o mais esquecido até hoje. 13 no entanto um dos traços dominantes de sua fi~ionomia. "Desde que me vus nos braços de Deus, sou co,no a sentinela que observa o inbnigo, da nwis a/Ili torre d e 11m castelo; nad,, escapa " meu olhar" (63) . A idéia da luta constantemente alimentava o espírito da Santa da chuva de rosa~. ''Adonneci por a/gu11s instantes - contava ela 1, Madre Agncs - durante a oração. Sonhei que /altal'a111 soldados para uma guerra contra os prussia11os. Vós dissestes:

53) lbi~cm 3. 54) Prov. 23. 10. SS) Ato de ofçrecimcn10 ao Amor Misericordioso. S6) Otlrtio.~. 11. p. 243. Eslc importantíssimo e i nusi1:1do pc..'(lido de S:.mrn icresinha fo i nesta obra do Pc. lk1rrios estudado long3 e profundamente ( tomo li, pp, IS).244), com base na melhor documcn1ação exis1cntc (Processo de C:u1oni7,..iç;;io e documentos ori.

ginàis do Carmclo de Lisieux). O Pe. lhrrios conclui 1>cl:, concessão do insig1,e í:ivor. 57) Soeur M3ric de l:s Trini1é, Summ. § 213). SS) Man. A 46. 61vO 13vº. 81, 82; M:m. C 31: MC:rc Agnês, Sunun. § 2689. 59) NV 30.9. 60) MM. A 10"1\· 6 1) Prov. 30, ló. 6'2) C::irta ::to Abbé Uc11ihc, "lcttres" CCI. 63) MC"rc. Agn~s. Summ. § 630. 64) '"C:imct Jtrnne·· 4 .8 . 6; Mhc AgnçS:, Summ. §

2625.

6

' do e preciso mandar a Irmã Teresa

M enino Jesus. R espondi que estava de acor<lo, n,as que preferiria ben, que fosse para uma guerr" sa111a. Afinal, f)llrti assim 111es1110. Oh! não, eu ,uio teria tido n1edo de ir à guerra. Com que alegri", por e.xemplo, 110 te,npo das cruzadt1s, teria partido para com bater os hereges. Sim! eu 11ão teria tido medo de levar 11111 tiro, não teria tido medo do fogo!" ( 64). A idéia de tombar no campo de 1u·ta não a abandonava: "Qua11do penso que

111orro e,n um(I ca,na! Eu quereria rnorrer e111 uma arena!" ( 65). Na vida espiritual o mesmo espir,to combativo: "A S(lntidade! ...a é preciso conquistá-la tl po11U1 da espada, é preciso sofrer . .. é preciso agonizar . . . " ( 66), "é preciso combater! . . , " ( 67). "Jesus disse que "o Reino dos Céus sofre vioU!11cia e que só os violentos o arrebatam" ( 68) . Foi 1nes111a coisa para n1i111 co11, o reino do Carmelo. [ . .. J Se ,uio tivesse tido a audácia de falar ao Pava, talvez ainda estivesse 110 mw,do [ . .. J. Ele queria fazer com que eu conquiswsse a fortaleza do Car111elo tl ponta da espada" ( 69). Eis a têmpera de guerreiro, tcoaz e incansável, dessa alma cxtreniamcnte ativa e enérgica, no testemunho do, que a conheceram. "Sob um exterior suave e gracioso",

,1

ela "revelava t, cada instante e,n seus atos

um C(lráter de têmpera forte e uma alma viril; ela' não conhecia abatimentos em seu devotamento (IOS imeresses da lgreja" (70) . ,~r:; 111na ,,/ma viril, é 11111 grande ho1ne1n!'1 - diria mais tarde Pio XI (7 l ). Seguia assim Teresa o conselho enérgico da grande Santa T~resa a suas filhas: "Quero que não sejais mulheres em ,uula, mas que enr tudo vos igualeis aos ho,nens fortes!" ( 72). "A virtude de. 1'eresa impõe~re com uma

incrível nwjestade: a crianç<, torna..se tun herói, a virgen, das ,nãos cheias de flores causa espanto pela sua coragen, viril!" escreveu o Cardeal Vico a respei to da Santa de Lisieux (73) . Não é pois de admirar que de um exame gra(ológico do bilhete de pro/isstio de Teresa res-saltc este testemunho dramático: "Este bilhete é patético [ ... ), Nos 1orme111os das dificuldades vfa·lumbradas, uma decisiio de ferro, urna vontade tie luta, unu, energia indomável aí estão expressas. Há nesses traços, ao 1nes1no te,npo, o pavor de ,una criança e uma de<:isão de guerreiro" (74).

Teresa "faz o guerra" "_Un soldai /rançais dé/enseur de /'Eglise, adm1ratcur de Jea,me d' Are" (15) . Assim a pequena Teresa assinava seu "Cântico para obter a canonização da Venerável Joana d' Are,..

Em 1914 estoura a guerra mundial. Teresa aparece umas quarenta vezes nos cam· P-OS de batalha, tendo às ·vezes a cruz na mllo, às· vezes um sabre! Os soldados a vêem, ela lhes fala familiarmente, resolve-lhes as dúvidas, vence-lhes as tentações, acalma seus temores. Ela os protege, indi· ca-thes por onde atacarão os :alemães; ela os consola, os converte. Chega mesmo a apa. re<:cr para incitá-los a um ataque no qual ninguém pensara: a posição inimiga é tomada contra todas as previsões ( 76). Pôde-se dizer: Teresa "a /ait la guerre", Ela nos inflama, diziam os "poilus". E invocavam-na instintivamente como ",na petite soeur des· tranchées", ",ninha madri~ nha de guerra,,, ''la sainte du poilu", ºo escudo dos sOldados", "o Anjo das batalhas", "111011 cher petit Capitaine" , "Na verdade, a amável Santa será li grande heroína desta guerra" - escrevia um soldado francês. "Je pense à elle, qua,ul te

6S) Ctli1lá~ Summ. § 27S3. 66) C;;irta 3 Cclina, de 26 de abril de 1889. "Corre!-pondancc" LT 89. 67) Carla a LcQni:'I, de 20 d e m3io de 1$94, ''L.et,

trcs" CXLII. 68) M:,t. 11, 12.

69) Cana ao P. Ro\1land, de 1.0 de novembro de 1896, " l..cllr<-<·' CLXXV!II. 70) MCrec AgnCS. Summ. § 106; So<:ur Thérêsc de $:iint-Augustin, Summ. § 1072. 7 1) Carta ao Dispo de B:iyeux. por ocasi5o do Congresso de Lisieux cm 1932, apud Sarrnule, p. 3.

72) Cita.do por Sania Tcrcsinha cm sua c~\rl3 ~o P. Rouland, de I.º de novembro de 1896 - "L.ellre,s''

CLXXVIII. 73) "L'Espril'', Prcí:1cio, p. VIII. 74) P. Fr:i.nçoi.s, 11. p. S3. 75) Sarraute, p. 3. 16) Cclina, Summ. § 2SS7.

q11,mdo trawrdes de doentes i111ersos e111 dores tão violentas, de não deixar ;111110 deles remédios que posswn envene,wr; eu vos garar110 que basta u111 instante, quando se sofre a esse po1110, para perder a razão!" (85). Teresa levará até o fim, sem desíalccin1e ntos, seu holocausto. "Antes Deus se ca11sartí de 11,e provar, do que eu de confiar nE/e; ainda que Ele 111e matasse, eu ainda esveraria 11Ele" (86). Ela é imolada como uma vítima. Cel ina, que na morto de seu pai pensara: "conto é belo morrer!", ao ver Teresa expirar pensa com angústia: ªco,no é terrível ,norrer.' . . . (87), A agonia é longa e dolorosíssim~, somando-se aS' tentações contra a fé aos sofrimentos físicos. ªSim~ ,neu Deus, tudo o (Jue quiserde,s, ,nas tende vii:.dade de 111im!" "Oh ,ninha Madre, tlsseguro-vos que o cálice eslá cheio até os bordos! . .. " "Se isto é t1gouia. que é então a ,norte?'' "Ntio enco11tro exvlicaçiio para isto senão nos ardentes dese;os que tive de salvar almas" (88).

canon cha111e trop /ort!" comentava outro. Inúmeras foram as bateriaS' ou aviões batizados "Soeur Thtirese"; regimentos inteiros (oram-lhe consagrados; centenas de oficiais e soldados espontaneamente enviaram ao Carmelo de Lisieux · suas condecoraç~ por atos de bravura e heroísmo. E incontáveis relíquias de Santa Teresinha, que miraculosamente apararam balas de fusil, quais verdadeiros escudos, salvando a vida dos soldados que as levavam cons'igo, estão em Lisieux para atestar tamanhos prodígios (77). De fato, não dissera Teresa, repetidas vezes: "Morrerei de annas na mão" (78 )?

1

O te rrível holocausto "Sofri 11i11ito nesta terra; será preciso fazê-lo saber às a/11uir", disse Teresa (79) . A der.cadeira batalha da pequena Carmelita se aproxima. A vítima será imolada por meio de terríveis sofrimentos üsicos e espirituais. Sua alma se revestirá então de uma majestade grandiosa. "Ningué,n pe11etrará jamais o mistério dos sofrimentos /í· sicos e morais de Teresa" (80). Na Quaresma de 1897 a tuberculose re· vela-se já em estágio desesperador. Todos os diaS' às 15 horas - "horário militar", dirá a doente - uma forte febre a vai consumindo. "Dans le Purgatoire 011 ne doit pas bruler dal'alllage", exclama Teresa (8 l ). As hemoptises tornam-se rotina, duas e até três num só d ia. As crises de su(ocação diurnas e noturnas- são terríveis. A angústia a invade. Aspira éter, mas a opressão é tão forte que o remédio não produz efeito. Teresa sofre muitas séries de aplicações de pontas de fogo, mais de quinhentas numa só vez - "eu ,nes,na as contei11~ diz. Celina! Ela chegou a ponto de não poder res·pirar sem dar pequenos gritos de quando em quando. Uma sede ardente a consome: "Quand je bois, ,'est comme si je versais c/11 /eu sur clu /eu" , A tuberculose atinge out ros órgãos, que começam a se decompor pela gangrena, provocando . sofrimentos "à crier''. TcrcS'a já não suporta o menor ba· rulho, mesmo o amar.rotar de um papel ou palavras ditas em voz baixa. Uma fraqueza que não lhe pern1ite sequer mexer as mãos, pesadelos aterradores, nervos à flor da pele - ela chega ao auge de seu cal.vário. Está lão magra, que cm muitas partes os ossoS' atravessam a pele e formam-se chagas dolorosíssimas (82). "Não desejeis co11servá-la nesse estado, adverte o médico, é horrível o que elu sofre!" "Nunca ve11sei que fosse po,:rível sofrer tanto, nunca! nunca!" (83), exclama por sua vez a doente. Aos sofrin1entos físicos somam-se os morais-, mil vezes piores. O último ano e meio de vida de Teresa passa-se em meio a trevas as mais espessas. O demônio a tortura com a tentação de crer que após esse tremendo ma,rtírio virá a noite negra do nada : tudo é ilusão, Deus não existe, seu sacrifício é vão! Ela escreve o Credo com seu próprio sangue e o leva constantemente junto ao peito, Pronuncia mais vezes esta oração do que o fizera cm toda sua vida. Não diz quase nada a ninguém a respeito de suas trevas interiores, de medo de comunicar à.~ outras Religiosas seu tormento inexprimível. ;,Oh! si vous vassiez se11le111e111 ci11q 111i1111tes par /es épreuve.r que j'endure! . .. " ( 84). Seu martírio chegou a tal extremo, que é permitido ao demônio tentá-la - a ela, a Santa do sorriso e das- rosas! - com a idéia do suicídio! "Oh 111i11/w Mãezinha, se eu não livesse fé, desesperaria; co,npreendo n1uito be11i que aqueles que não têm fé se dêem li ,norte q1u11ulo sofrem, tanto; 10,nai cuidado,

Um êxtase final , pelo tempo de um Credo, fará cessarem suas tentações de ano e meio' A vítima é colhida. Sua morte foi grandiosa e impressiorn1nte na S\ia simplicidade. O êxtase transf.igurou sua fisionomia. "A e.xpressão de seu rosto era então de tal modo co,novente, que baixei os olhos, depõe a Irmã Thércse de Saint-Augustin. Não quero dizer co111 isso que seu aspecto fosse assustador. pelo contrârio. 1~1as ela irradiava unw e.rpresstio sobrenatural que me i1npressio11ava" ( 89). Não foi necessário fechar-lhe os olhos, eles se fecharam por S'i mesmos após o êxtase. Teresa segurava seu crucifixo tão for· temente, que foi di(ícil arrancá-lo de suas mãos para preparar-lhe o corpo. A Madre AgnêS', a quem coube este ofício, conta que a expressão de sua irmã era infantil. Seu corpo parecia o de uma menina de dme anos! Sua beleza era encantadora, conservando seus lábios um sorriso celeste ...

••• ·'Ninguém imagine, advertira Teresa, q11e seguir nossa pequena via é levar uma vida de repouso, toda de doçura e de co11solllções. Ah! é be111 o contrário! ( , , . J porque ,; <unor não vive senão de s<1cri/ício, e quando alguém se c11trego11 tota/111e11te ao amor, deve estar pronto para ser sacrificado se111 11e11/w11w reserva" (90), Eis o verdadeiro sentido da vida de Santa Tercsinha do Menino Jcs·us e da Sagrada Face, que queríamos neste centenário pôr em plena luz , ..

fSAtoLnCil§MO MENSARIO (0111

:ipro,•:-ição eclcsl6slle;.1 CAMPOS -

01Rln'Oft

MONS. A N1'0NIO RUll!IRO DO ROS.41110

l)irdorl.:i: Av. 7 de Setembro '247, c:iix;i post:11 333. 28100 C:lmpos, RJ. Admlnist:rnção: R. l)r. Maniniço Prado 271. 01224 S. P1ulo. Com1>0~lo e impresso n:1 Ci:l, l i1ho1m,1>hic:a Ypiranga, Rua. C:tdete 209, S. Pa.ulo.

77) Os dados $Obre San1:i Tcre~inh:.'I n."I Gr:mde Guerra fornm extraídos de S:trrautc e "lntcr\'entions". 78) "CMnet J:ume" 9.8 . 1: Mntia. Sun,m, § 2724: poesia "Mcs Armes", ··roésics". 79) "C;irnet Jaune·· 31 . 7. l 3. 80)

··Oernicrs En1rc1icn {', Introdução Ger.il. p.

132. 81) PiM, " M:nic Guérin'', 1>, 80. 82) M~rc Agn<:S, Summ. ,§ 2374,,

83) "Carnct Jaunc" 23.8. 1, 30.9. $4) Celinn, Summ. § 1693. SS) Mhc Açn~. Summ. § 2316. 86) Socur Marie de ln Yrini1é, Summ. § 1333. 87) ···ocrnicrs Enuetiens"', lnlroduç~ô Geral, p. 144. nota 103.

88) "Carne, Jaunc" '.l0 .9; NV 30,9. 89) Socur Thérh,c de Suinte-Augustin, Surom. 2441. 90)· $0(ur Marie de- l:'1 Trinité, Summ. § 2127.

§

F$f. DO RIO

Assinntur3 nnu:11: comum Cr$ 25.00; cO· operador Cr1 50,00: benfeitor CrS 100,00; grande benfeitor CrS 200,00; seminaristas e cstud:.'lntc-s CrS 20.00; Améfic:t do Sul e Çc,ur:il: vfa de !mperfícic. USS: 4,00: vi:i. ~1érca US$ S,'25; América do Norte.. Portugal, Espnnha. Provinda$ u ltramarina:;, e Col6niõ'ls: vi~, de supcrficie USS 4,00; vfo :'létca USS 7.00: oulros países: via de SU· pcrfície USS 4.50. vi~~ aél'e.l USS 9.2.S. Vcnd:i :"·uls:1: CrS 2.00. Os paga.mcntos. sempre cm nome de Edl· tt1r.1 Padre Dekhior de Ponh~s SIC. pode· rão ser cnçnminh3d0$ il Administraçãc, ou :ios agentes. Prm, mud:mça de endereço de :u•!-in::intes. é ncceS!-ário mencionar também ,, endereço antigo. A corrcspondêneh, re· l:itiv:i a assina1urns e venda. nvnlsa dt\'c sc:r enviada ;;t AdmJn b'trntão: 'R. Dr. M:u1inlco Pr:,do 27l 01224 S. Paulo


..... '

<> A pequena Teresa passou um ano na casa de sua ama. o

0

L isieux em fins do século XIX. o O que Tere sa via da janela de seu quarto nos ' "Buissonnets•·

Teresa foi batizada na Igreja de N . Senhora, em Alençon. em 4 de janeiro de 1873. o Os "Buissonnets", a aprazível moradia da farnília Martin em L isieux.

O Carmelo de Lisieux em 1888, a no em que Teresa nele ingressou. o Pátio interno do Carmelo. -o Santa Teresinha em seu le ito de dor, exatamente um mês antes de s ua morte. o Alameda de castanheiros onde, enferma, a Santa repousava e acabav a de escrever a História de uma a lma. o Irmã Teresa em 1895. 0

''MINHA VIA É SEGURA,

EU NAO ME ENGANEI!'' 7


*

OS FRANCISCANOS DISPOSTOS A COLABORAR COM OS MARXISTAS?

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Na escadaria da Catedral à saída da Missa. o Exmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer com autoridades e d ir igen tes da TFP.

O ESTABELECERMOS o confron10 ent'.e o Ca~olicismo e o marxismo, nao nos é líci10 mudar arbitrariamente as regras do jogo. Estamos diante de duas concepções do mundo diame1ralmente opostas. Tanto é censurável desfigurar uma quanto a outra para preparar as bases da cocxis1ência, de um diálogo ou de uma colaboração. A menos que caiamos no mais delirante subjetivismo, não podemos isolar do Catolicismo nenhum dos elementos essenciais que o compõem como Religião revelada, destinada a guiar pela doutrina e a aliment~r pelos Sacramentos a vida dos homens sobre a terra e a assim conduii-los à bem-aventurança eterna. De modo análogo, "o mllrxismo não é uma teorill fi/osóficll

A

abstrattl, 11e1n 11111 si,nples ,nétotlo

historiográfico, e 11e111 11111 corpo de doutrinas eco11ômi,·as e filos6ficlls li111itado. 111as '""" co,11pleta concepção do m1111do - apoillda sobre o materialismo dilllético e histórico - em que todos esses aspectas se e11co11tra111 r.1rese11tes, orga11ica111e11te fu11didos" ("Pequena Enciclopédia do Socialismo e do Comunis·mo", apud "'O Marxismo", Pe. Jorge Lojacono, S. J ., Edições Paulinas, São Paulo, 1968, pp. 5-

.

-6). E is porque dizia Lenine que o comunismo deve ser ºa doutrina,

o ensinanzento puros do ,narxís11ul'. E acrescentava: "Fazei q11a11tos acordos quisertles para alcançar os fins práticos do 1novin1ento, ,nas sem barga11har pri11cí11ios e sem fazer concessões 1eóricas" ("Que fazer?", Len ine - apud obra cit. do Pe. Lojacono, p. 6). O comunismo ou o marxismo-leninismo não é só uma heresia monstruosa: é um inimigo declarado do Credo católico e da lei natural, razão pela qual declarou a Santa Igreja pela voz de Pio XI: "/11tri11seca,ne,ue ,nau é o co1nunis-

11w, e não se vóde admitir, em ca,11-

160 participam

Não pode ser batizado

da XV SEFAC REUNINDO 160 JOVENS de treze Estados, a TFP promoveu cm São Pauto

nos dias i.o a 5 de novembro p. p. a XV SEFAC Semana Especializada para a Formação Anticomunista_,

Os par1icipantcs. na sua maioria eS• tudanrcs secundários

e

universitários,

acompanharam com grande interesse e entusiasmo o intenso programa de con-

ferências, círculos de estudos, projeções de filmes e áudiovisuais sobre questões

da a1ualidadc. Na sessão de cnccrramco• to, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveirn discorreu sobre o 1cma '1A ação da TFP no mundo moderno",

Estiveram representadas as seguintes Unidades da Federação: Ceará. Pernambuco, 83hia, Rio de Janeiro, Guanabara, Espírito Santo,. Distrito Federal Goiás, Mato Grosso, São Paulo, Par3ná,

.

Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

po algwn, a colaboraç,io recíproca, que podem conduzir os "aspectos por parte de q11em quer q11e pre- aluunente positivos" do "nwrxis,no te11da salvar " civilização cristã" 111oderado", e mostta acred itar "que (Encíclica " Divini Redemptoris", de há na A 111érica Lt1ti11a uma vocação fir111e vara a construção de 11111 19 de março de 1937). regime socialista, orie111ado pelo Evm1gelhd'. "Os Francisconos Ora, moderado que seja, e mesestão dispostos o colaborar" mo, para argumentar, admitindo-se Tudo iS'So são verdades ultraco- que ele poss·a ser despido do manhecidas, mas as vicissitudes dos terialismo histórico, o socialismo tempos nos obrigam a constante- não pode ser batizado, há de ser mente recordá-las. Assim é que há sempre pagão, tanto assim que "sppoucos dias nos chegou da Cidade cialisnto religioso; socialis1110 cris .. do México a seguinte lamentável tão são 1er11rcs contraditórios", como diz Pio XI na " Quadragesimo notícia: Anno•·. O socialismo é incompatí"Os Franciscanos estão dispos- vel com o verdadeiro conceito de tos " um co11tac10. diálogo e llté liberdade, mesmo porque "não pomesmo colaboração com .os 111ar- de ser concebido sem violência" xistas, segundo declarou nesw ca- ( doe. cit.). E é e1n nome dessa vervital o Suverior Geral da Ordem, dadeira liberdade que a Igreja o Padre Consta11ti110 Koser, que pre- condena. Realmente, é nota essenside o Ili E11co11tro FrtmcisClltlO da cial do socialismo a negação de que haja direitos naturais anterioA111érica Lati11ll. Num,, e11tre,•ista concedida ,,o res ao Estado e dele independentes' jor11al "Excelsior", o P111lre Koser, - base da doutrina social catól ica. que é bra~·ileiro, afirrnou que ''a pó· E quando P io XI fala em violênlítica i11vadiu todos os campos e que cia, não se trata apenas do como Clero não é 11111a exceção". "En- bate à mão armada contra a protretanto-, quando se fal,1 da politi- priedade e a iniciativa privada, coZ"ção do Clero, imagina-se logo mo acontece nos países situados particivação na vidll partidária. Es- por detrás da cor1ina de ferro e de ta não é, al,solutarnente, nossa ;,,,.. bambu, mas também do assalto por meio de leis e decretos ou por metenção". Sobre " posição dll Orden, com didas administrativas e fiscais, corelação às corre111es ideológicas mo vemos no Chile de Frei e de ,1111ais, o Padre Koser disse: "Nós Allende, ou onde quer que o sociareconhecemos 110 nwrxis,no, no so- lismo assuma os disfarces ditos democráticos. cialisn10, que é uni marxis,no ,noPor definição, o socialismo é derado, uma série de elementos q11e sinônimo de totalitarismo, que de nos permirem o diálogo, a coexisinício pode em detemlinados casos tê11cill e até mesmo a colaboração. s'er parcial, mas tendendo sempre à E; certo que não podemos lldmitir radicalização, pois seu fim último é o teor 111aterialista d essas ideoloinvariavelmente o mesmo. Não se gias. Poré111, há aspectos altamenre trata, portanto, de urna questão de positivos 110 i11terior de,:res siste11lllS método oa implantação do regime, que, se bem aplicado.r, voderão mas da doutrina política e social conduzir à liberwção". revolucionária em si mesma consiE concluiu: "Creio que há na derada. Os métodos subversivos e América Latinll 11111a vocação firme violentos apenas agravam o mal. para a construçiio de 11111 regi,ne soMas' pelos processos suasórios e cialisra, orie11tado pelo Evllngelho" ''evolutivos", por meio de medidas (apud "0 Estado de São Paulo", parlamentares, administ(ativas e de 29 de outubro de 1972). fiscais na aparência bem pacíficas,

Temos a salientar nessas declarações atribuídas ao Superior Geral da Ordem dos Frades Menores duas partes principais. Na primeira, procura ele proceder /t amputação dos elementos julgados indesejáveis no marxismo, para com este manter diálogo, coexistência e até mesmo colaboração, - fazendo tábula rasa do que do lado de cá nos diz a Santa Igreja, pela voz de Pio XI, quanto a ser tal colaboração inadmis·sível, e, do lado de lá, do que adverte Lenine quanto à necessidade de manter íntegra a doutrina marxista, no âmago da qual se acha o materialismo histórico. A menos que nos queiramos enganar quanto às verdadeiras feições do marxismo, como separá-lo de sua concepção materialista da vida? Na segunda parte de soa argumentação, alude o Revmo. Frei Constantino Koser à "libertação" a

teremos da mesma fom1a a in1plantação do "rei110 legal da fraude e da violência", na incisiva frase de São Pio X (Carta Apostólica "Notre Charge Apostolique", de 25 de agosto de 191 O, sobre os erro$ do Si/1011).

A foto dá bem idéia da multidão que acorreu à Catedral de São Paulo para assistir à Missa mandada celebrar pela TFP .

Grupo de representantes de nações subjugadas pelo comunismo.

Após a Missa. sócios e militantes da TFP foram em caminhada cívica até o oratório de N. S. da Conceição, vítima dos terroristas. Nas fotos. o desfile na Av. São João e na R. Martinico Prado.

Tênue espera nço Só uma tênue esperança nos alenta: a de que a entrevista do Revmo. Padre Geral haja sido horrivelmente deturpada e que ele tenha querido dizer justamente o contrário do q ue lhe foi atribuído. Hipótese, porént, difícil de ser aceita, porque não houve desmentido e à vista de todo o contexto da notícia, que confere ponto por ponto com o linguajar do Clero progressista. Devemos, assim, admitir, desolados e inconformados, que estamos diante de mais um triste sinal dos tempos.

Cunha Alvarenga

~ • •

FLAGRANTES DA MISSA l 11ELAS VÍTIMAS DO CO.MllN.ISMO página 2


l DuutTOR: MoN:t. ANTONlO R l8l:IJR.0 00 ROSARIO

O Exmo. Sr. D. Antonio de Castro M ayer deu entrevista a "Catolicis mo"

"Le Sillon'', Cursilhos e subversão por

o.

Antonio de Castro M ay er

D. Mayer toma posição ante , plausos e críticas suscitados por sua Pastoral •

1

Na própria Espanha, os Cursilhes são caso por Pllnlo Cor-rêa de Oliveira 1

Notas sobre uma grande campanha

A TFP está percorrendo todo o país para divulgar a já famosa Carta Pastora l sobre Cursilhos de Cristandade. N a foto, um propagandista apregoa com ufania, em Vitória.

N.º

266

FEVEREIRO

DE

1973

ANO

X X 1 11 CrS 2,00


D. MAYER TOMA POSIÇÃO ANTE OS APLAUSOS E CRÍTICAS SUSCITADOS POR SUA PASTORAL O SR. BISPO DIOCESANO, D. Antonio de Ca~1ro Mayer, qualificou d e ncvasivas e s uperficiais''

~s

críticas ((UC vêm .c;.:e ndo f.t itA<. à sua Carta Pastoral sobre Cursilhos de Cris-

tandade. Afirmou S. Excia.: '"As objeções não

entraram no mérito da questão, mas tentaram desviar o debate para temas secundários. Não chegou ao meu conhecimento nenhuma crítica séria que, segundo as boas regras, analise e refute os documentos e a argun,entação que apresento a respeito dos Cursilhos". Devido à extraordinária repercus.c;ão alcançada em todo o País pelo pronunciamento do

Exmo. Revmo. Sr. O. Antonio de Castro Mayer sobre os Cursilhos de Cristandade, procuramos ouvi-lo acerca do mom entoso assunto. S. Excia, Rcvmn. é um dos vultos mais conhecidos na atualidade religiosa brasileira. Seu renome como teólogo projetou-se muito além de nossas fro nteiras, pois é ele conhe· cido nos círculos católicos não só das duas Américas, como da Europa. Mu{tas de suas obras - - todas elas consagradas à defesa da doutrina tradicion:ll da Igreja contra o chamado progr~ismo - ÍO(am traduzidas para várias Hnguas e.strangciras e alcançaram nu .. merosns edições no Brasil e no Exterior• .Ourante o li Concilio Vaticano, salientou-se como um dos líderes da corrente conservadora. F oi um dos coordena dores das petições de centenas de Padres Conciliares cm prol dâ consagraç.ão do mundo ao Imaculado Coração de Maria e da condenação explícita do comunismo e do socialismo pelo Concílio. Sua recente Carta Pastoral, publicada pela Editora Vera Cruz e reproduzida no número de dezembro desta folha, está sendo difundida cm todo o Pt1ís peln Sociedade Brasileira de D efesa da Ttndição, Fa mília e Propriedade. "O movimento de Cursilhos de Crist:indade - prosscgu.i u o entrevistado - inspir2- preocupação. quer devido aos seus aspectos negativos, q uer em virtude daqui lo que h:.í ele precário nos seus aspectos bons. Tanlo mais quanto estes aspectos maus apnreccm crn puplicações oficiais e de peso, em:rnad:.,;. cm boa parle, da própria raiz dos Cursilhos, isto é, seu centro mundial, localizado na Espanha. A mistura de bem e de mal. quando procede da miz, é de molde a comprometer todos os frutos. Minha Carta Pastoral apresenta mais de cinqüenta documentos cursilhistas. q ue mostram haver no movimento tendências passlvcis de censura. Não poucos dentre esses documentos revelam uma grave simpatia q ue certos meios cursilhistas manifestam para com o marxismo e mesmo, cm alguns casos, a adcs'ão plena a teses marxistasº. T oda uma gama

de c ríticas sem conteúdo D . Antonio de Castro Mayer observou que, nas últimas semanas, toda uma gama de vozes se fez ouvir ent defesa dos Cuni lhos, que vni desde o pronunciumento de 1101 Cardeal, de prelados e de Sacerdotes, até o de leigos, entre os quais não é o menos caloroso o de unt sentenciado da Cosa de Detenção de São P aulo. "Houve também pronunciamentos de apoio e de incentivo à minha Pastoral. Quanto a estes, manifesto aqui meu agradecimento. Quanto aos primeiros, vejo.me na obrigação de prestar - em nível de sereno diálogo - um esclarecimento". S. Excin. declarou que não podia falar sobre o contc1ído dessas críticas "uma vez que, a bem dizer, elas não têm conteúdo". ºUma crítica realmente digna desse no me - observou consistiria numa análise rigorosa. segundo as boas regras da hermenêutica e da lógica, da interpretação que dei às dezenas de textos cursilhistas citados em minha Ca.rta Pascoral. Seria preciso provar, desta forma, q ue os erros por mim apontados não existem nos referidos documentos dos Cursilhos, ou que existem. porém não são erros. Entrc1anto, nada disso fi1..eram os partidários dos Cursilhos". ''Todas. as críticas f~ minha Carta Pastora l - lamentou o Sr. Bi.~1>0, sorrindo - versa~ ram sobre assuntos não doutrinários, mas per(ciramentc colaterais. Parecem todas cmpenhHdas, não cm provar ao público que estou cr-

r2.do cm minha Pastoral. mas cm evitar que ct 1a seja lida. Para isto, dão-na por inoportuna e errônea a priori. Não penso que esse gênero de crítica oblíquo impressione fàvoravclmcntc aos Cursilhos o nosso povo, tão dcse~ joso de ver as coisas no cerne". Reoção do Secretariado dos Cursilhos "O fa.to que mais diretamente chama n a1en-

ção, na reação cursilhista à minha Pastoral afirmou S. Excia. Revma. - é a atitude do Secretariado Nacional dos Cursilhos. Posta em causa a organização que este dirige no Brasil, cabia-lhe defendê-la. Isto de nenhum modo importaria cm dc.sconsideração para com mi~ nha qualidade de Bispo da Santa Igreja. Pois, segundo a.s mais básicas normas da justiça. toca aos Cursilhos de Cristandade, como a quem quer que se sinta objeto de uma apreciação infundada. o direito à legítima defesa. Ademais. os termos da Carta Pastoral constituem um implícito convite ~ um diálogo inteiramente franco e cortês. Ê c.strnnh:ível que esse; convite não seja aceito. Foi, portanto, com surpresa para mim que o presidente do Secretariado Nacional dos Cursilhos do Brasi l, Sr. Luís Leite Neto, limitou-se - no tocante à minha Carta Pastora.) - a escrever à Comissão Episcopal e Pastoral da C~BB "solicitando providências". Por que escudar-se, assim, atrás de.ssc organismo? Tanto mais quanto, nessa carta, o referido presidente diz à Comissão - aliás sem aduzir provas o que teria sido normal que ele dissesse a mim e documcntadamentc''. Apanha.n do um recorte. prosst· guiu o }'>reJado: "Cito textualmente suas palavras. publicadz,s no suplemento "Fim de Semana" da '"Folha da Tarde", de Porto Alegre, em 2 de dezembro: "Existe na referida Carta 1>:lstoral uma dis1orção completa de textos e até de p:tlavras de documen1os. conduzindo a conclusões totalmente falsas sobre a posição e os objetivos do Movimento". - Onde a '"distorção'' de textos e até de palavras? perguntou o Birpo de Campos. Quais as ··conclusões total· mente falsas"'? Que me conste. a CNBB não lho perguntou. Mas a pergunta fica em suspenso no ar, e qualquer leitor tem o direito de a apresentar ao Sr. Luís Leite Neto. Com efeito, em que p,lgina, a propósito de que documento citado cm m inha Pastoral, achou ele as referidas distorções e conclusões falsas? Tratar-se-á acaso das observações que fazemos a respeito do caráter subversivo de textos que se encontram em publicações cursilhistas? Ou a respeito do item " Jesus Cristo, nosso Chefão"? ou de qu:i l, enfim? Dar resposta a essas pergun1as constitui, para o Sr. Luís Leite Neto, uma obrigação. Pois se ele escolheu pàra a defosa dos Cursi· lhos a ingrata via das acusações. toca-lhe fundamentá-las".

Pa ulo VI aprovou os Cursil hos "A tônica do coro pró-Cursilhos, para evitar que seja lida minha Pastoral. tem sido o i-rgumento de autoridade: j:1 que Paulo VI e a CNBB têm aprovado os Cursilhos de Cristandade, a Pas1oral deveria a priori, e sem mais análise, ser tida por sediciosa e injusta. Sobre cs1e ponto, convém lembrar que o movimento francês intitulado "le Sillon" foi aprovado por São Pio X. em 1904. Alguns :?,nos depois, cm 1910, foi ele severamente con~ denado pelo mesmo Papa, na célebre Carta A1>oslólica :·Notre Charge Apostolique". Nesse Documento afirmou o santo Pontífice que o J:;pitcopado e a Santa Sé haviam aprovado "'Le Sillon·• enquanto o '"fervor religioso pôde encobrir o verdadeiro caráter do movimento sillo· nista"' (AAS. vol. li, 1910, p. 609). O Papa São Pio X ) com efeito, não estava informado, a princípio, sobre todos os aspectos desse movimento. Por isto depositara esperanças nele. Mas acrescentou: ··Nossas esperanças foram cm grande parte ludibriadas" (ibidem). Este célebre an1eceden1c histórico já bastaria, por si, para provar que continua lícito controverter os Cursilhos sem em nada desa.calar a 2-utoridade do Santo Padre o u a palavra da CNBB'".

··Além disto - prosseguiu D. Antonio de Castro Mayer - há ainda outro antecedente histórico bastante significativo e oc-o rriclo no Brnsil. Se alguns dizem atualmente que Paulo VI é o ··Papi:. dos Cursilhos". é oportuno lembrar que Pio XI foi chamado analogamcn1e o "Papa da Ação Católica·', Entretanto, a Carta escrita pelo então Monsenhor Montini, hoje Paulo VI , em nome de Pio XII, em fevereiro de 1949. clogíando o livro do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, "Em Defesa da Ação Ca· tólica", coníirmou as teses defendidas nessa obra, q ue apontava vários desvios naquela or• ganização de apostolado leigo. Estes dois fa tos históricos comprovam o princípio teológico, segu ndo o qual os encora~ jamentos dados pela Santa Sé ou pela Hierarq uia a movimentos de apostolado não envolvem ipso facto a afirmação de que não contenham cst"es um ou outro aspecto censurável que excecionalmente tenha passado despercebido ao zelo da autoridade compe· tente'".

Bispos de Goiás parecem não ter lido Os Bispos tia Região Centro-Oeste da CNBB, cm sua recente assembléia cm Anápolis, diri~ímn1 uma carta ao presidente do Secretariado Nacional dos Cursilhos de Cristandade, Sr. Luís Leite Neto, a propósito da Pastoral de O. Mayer, a qual, segundo os Prelados goianos., motivou "comen1ários negativos de órgãos de opinião pública'' . A missiva foi transcrita pelo "Boletim de I mprensa", n. 0 71-72, de 12 de dcz-cmbro, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. "'Podemos constatar cm nossas Dioceses afirmam os Prelados reunidos cm A11ápolis as fala nge-~ de leigos que encontraram o sen· tido de sua vida cristã e lomaram consciêncit1 das suas responsabilidades batismais, grnças ao movimento dos Cursilhos de Cristandade"'. ··Quem aleg:; esse argumento, e111 defesa dos Cursilho.s, visando opô-lo.ft minha Carta Pastoral, parece q ue não a leu. - observou O. Antonio de Castro Maycr. Pois, um;t vez que a Pastoral afirma que não são todos os Cursilhos q ue estão afetados pelos erros por ela apontados, reconhece implicitamente a possibilidade de Cursilhos bons produzirem frutos bons''.

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"O pó da estrada" ·•u111a apologia fogosa dos Cursilhos de C rista ndacle, publicada presumivelmente a propósito de minha Pastoral - acrescentou o entrevistado - alegava que não se deve levantar Hsuspcitas baseadas apenas no pó da estrada". Se_ tal afirmação diz efetivamente respeito à minha Pastora l, parece-me oportuno acentuar que ex is1e aí, pelo menos, um grande equívoco. Não levanto suspeitas a.penõls, mas também aponto claramente erros, cit:1 ndo de modo explícito as publicações em que me baseei. Quanto ao "pó da estrada", a imagem parece-me pouco feliz. Será que erros graves em matéria de doutrina, e aliludes censuráveis a respeito da adorável Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, cons1i1uem migalhas sem importância, menos do que isto até, mero "pó da estrada''? As afirmações que se seguem, por exemplo, cx 1raídas de rcviSlâS cursilhistas, seriam apenas "'pó da estrada"? - ""Em Política já não ensinamos mais que o comunismo é mau'", é o que se lê na revista '"Alavanca". órgão dos Cursilhos do Brasil. Ou como diz o Pe. Edgard Bellrán, em declaração reproduzida por ··Tripode"', revista dos Cursilhos da Venezuela: .. As mudanças cstru1urais na América Latina devem ser rápidas. urgen1cs. totais''. Ou seria destituído de importância o fa to de se aprescnta.r. como o faz uma cursilhisla em "Ala• vanca'', Nosso Senhor Jesus Cristo com o per• fil de um '"hippy'"?··

Fora do contexto ··outra objeção que já se fez à Pastoral continuou o Exmo. Sr. Bispo - é a de ''des· cobrir deficiê.ncias para apontá-las ao público fora do seu con1cx10 global e verdadeiro".

€ claro <1uc ao íaz.cr as citações não transcrevo livros nem revistas inteiras. Se. no en tanto, a acusaç~o significa que, ao retirar frases do contexto. cu desvirtuo seu sentido, então é preciso que isso seja provnclo, pois ;;\ acu~açõcs fcita.s no ar nada se pode opor: "quod grntis :1sseritur, gratis ncgatur" - o que gratuitamente é afirmado, gra1uitamcnte é negado. Asscverou ..se ainda que minhas pondera;ões scrinm bt..seadas em impressões menos adequadas, procedentes ºde quem não possui autorid:.1dc para representar o movimento". .Ora, se as revistas e demais publicnções oficiais dos diversos Secret.1riaclos Nacionais de Cursilhos de Cristandade, se o Bispo Mons. Juan Hcrvás, tido como o grande 1>romotor do movimento. se os próprios •·rolhos". que constituem a base do tríduo cu rsilhisca. não possuem autoridade para representar os Cursi lhos, então chegar-~e·ia à conclusão de que o movimento não possui nenhuma pessoa e ne. nhuma publicaç.ã o que o represente" . "Um apologista dos Cursilhos - lembrou o ent revistado - chegou a asseverar que é absurd:1 a simples ..Sl1$pCita de esquerdismo". cm relação àquele movimento. Seria o caso de perguntar a quem Cl''tllnciou essa exallada opinião, se se deu ao 1rabalho de ler as várias afirmações cursilhistas não somente de sabor esquerdista, mas dcclaradamen1e marxis1as, que cito na Pastoral. Para dar apenas- um exemplo, vej?..-se na rcfcr~a revista "Tripode··. o artigo intitulado ··En qu.é coincidcn marx istas y cristianos?" Nesse trabalho aceitam-se vários pontos de ··coincidência" entre rmirxismo e Cristi:mismo. Dentre esses pontos, saliento a afirmação de que "o regime de propriedade deverá ser transformado por uma intervenção enérgica da :lUtoridadc pública, n:1cional e internacional". Em outro trecho do mesmo artigo, diz-se que a revolução poderá ser violenta, se não puder real i1,.ar-sc ;,acificamcntc". Argume ntos e não insinuações ··Numa apaixonada defesa dos Cursilhos continuou D. Antonio de Cnstro Mayer houve quem afirmasse, em presumível ton1ada de posição contrária à minha Pastoral: "Se as críticas contra os Cursilhos são sérias, isto é, fei1as por q uem estudou a fundo os Cursi· lhos e encontrou falhas que de\•am ser sanadas, lài!l críticas poderão ajudar num trabalho ele revisão". Com essa afirmação parece querer ncgar•sc que minhas críticas são sérias, como também que eu tenha estudado " fundo os Cursilhos. Será que a apresentação e a análise de mais de cinqüenta documentos, enlrc os quais as conferências dos 1ríduos cursilhis1as. não serão suficientes para qualificar minha Pastoral de um estudo sério e que vá ··a fundo"? Mas o presun,ível e ardoroso crí1ico de meu 1rab2,lho vai além, afirmando que, se "as crí1icas parlem de quem sistematicamente vive descobrindo erros nos outros e compondo catálogos de heresias, o melhor é sofrer com paciência e rez..'lr". O que é preferível, pergunto cu: não "descobrir erros'', quando eles serpenteiam em de· terminados ambientes, ou enunciá-los a fi m de que - para empregar as expressões do mesmo cx1rem2.do defensor dos Cursilhos - tais cdtic:-is partem de quem sistcmatic.amen1e vive que sz abraça com humildade e alegria, por amor à verdade e à sinceridade""? Em quqlqucr hipótese é sempre nocivo às almas dei• xar q ue os erros continuem serpeando entre os fiéis. Este advogado dos Cursilhos evoca, a seguir, a cena evangélica da adúltera que ia ser apedrejada, comentando que se tratavo de "uma pecadora mesmo", e aduz a palavra de Nosso Senhor: '"Aquele dentre vós que estiver sem pecado~ atire a primeira pedra''. Será que este presumível crhico de minha PasLOrâl, lembrando a cena, quis fazer urna aproximação entre os apedrejadores e cu'! Neste caso, não seria ma is honesto que falasse às claras, e apontasse quais são os "pecados·· do :iutor da c,na Pastoral? Caso ele não tenha nadà a apontar, a ~10alogia não é v~ilida e a acusação é impro• cedente e ca luniosa. Em m inha obra., limitci•me


''LE SILL_ON'', CURSILHOS E SUBVERSAO ,_,

D. Antonio de Cast1·0 Maye1·, Bispo Diocesano

A

PÓS A CONDENAÇÃO do marxismo pela Encíclica "Rcrum Novarum'\ surgiu, na França, um movimento SO· cial católico denominado "Lc Sillon'" c uja intenção era reeriucr as c lasses oper;\ri.is. Em outras palavr:1s. realizar o ideal preconizado por Leão XIII. Mas, ,OLc Sillon " pretendia trilhar caminhos novos, de maneira a reconstruir :i sociedade sobre novo plano. No fundo, "Le Sillon" não passava de uma repetição do q ue ha'bi1ualmcntc se deu na Igreja depois da condenação de algum erro ou heresia, a saber. o empenho de cenas pessoas cm procu rar um JnCio termo, conciliando a nova men .. talidade, implicada no erro ou heresia, com a ortodoxia católica. Certas . de q ue todo erro

contem uma parcela de verdade. tais pc~soas não apreciam os que, por temor "CJc desvio na

Fé, se apegam il doutrina tradicional. precisa• mente quando a Igreja Se pronuncia sobre pontos doutrinários. Pois julgam q ue a dou-

taina tradicional pode e voluir. e assim assnn1lar, captar o grão de verdade carreado pela heresia . "Le Sillon·• congregou considerável parle, e das mais sadias, dos católicos franceses. que, levados pelo a rdor religioso, proclamado pelos sil!onlstas sem respeito humano. a e le aderiram de ccrpo e a lma. Obteve mesmo "Lc Sillon·· o apoio e ntusiasta da imprensa católica da França como lambém as bênçãos e aprovações dos Bispos e dos Papas Leão XIII e São Pio

X.

No en tanto, a nova organização escondin no seu íntimo o que depois se patenteou ser sua característica. Eslava ela imbuída dos erros do socialismo. Era igualitária, laica, subversiva. Co 1imando uma aliança da Igreja · com as aspirações da nova filosofia soda!, serviu pana r ontrabandcar nos meios católicos o virus mar .. xisla. Denunciou-o São Pio X. c m 19 1O. seis anos depois de haver abençoado e encorajado o movimento.

Qual é o verdadeiro a lca nce da aprovação papal - Como pôde a Santa Sé enganar-se :.provando um movimento 11ocivo? A resposta que São Pio X dá a esta dúvida, é uma lição que confirma as condições estabelecidas pelo l Concílio do Vaticano para que o }ulgamcnto papal seja infalível. e que nos alerta, não venhamos a dar às palavras do Papa alcance maior cio que elas têm. São Pio X declarou que "os encorajamentos e as aprovações que não lhe [ao Sillon) regate" rmn o Episcopado e a Santa Sé" duraram "enqu<mto o fervor religioso pôde encobrir o verdadeiro c"ráter cio movimento ,·illonista" (Cana Apostólica aos Cardeais e Bispos da França, cm 25 de agosto de 1910 AAS. vol. 2, p. 609 ss. Citamos pela l radução de "Vozes··, onde o lrccho se encontra no n.o 3) . Destas palavras de São Pio X, conc)uímos que, quando a San ta Sé aprova e abençoa u m movil'ncnto relig ioso ou apostólico, não tem e la a pretensão de conhecer e a in te nção de canoniutr todas as idéias que e le envolve. A bênção e o encorajamento atingem o movimento, segundo ele se apresenta, ou seja, conp forme pode ser julgado por uma primeira observação, ainda que atenta. Não signiíicam uma sentença definitiva. Esta exige mais detido cx:ime de ludo quanto es1á la1en1c na organização. Eis que uma investigação mais prof unda pode desvendar tendências ou idéias dignas de ri>provação. Foi o que se deu com '"Lc Sillon".

"Le Sillon" e Cursil hos Tais considerações sobre um movimento católico do início do século se tornam atuais, quando se difunde entre os fiéis um outro movimento igu:ilmenle de apostolado, que tem com "Lc Sillon" muita analogia: os Cursilhos de Cristandade. Como "Lc Sillon•·, desejam Cursilhos ser um "i11stn11ne1110 de renovaçlio crisui'' (cf. Carla Pastoral de D. Juan Hervás sobre Cursilhos) , espeeialmenie após o li Concilio do Vaticano. Como ··Lc Sillon" , Cursilhos enaltecem a pessoa de Jesus Crislo, como ponto central que vivifica ioda formação cristã. Como "Lc Sillon··, Cursilhos insistem sobre a ação da Graça na atividade apostólica. Como em "Le Sillon", assim em Cursilhos a renovação propugnada é também social. Como "'Le Sillon", Cur~ilhos alian, a renovação social a uma ação religiosa, a uma renovação intcrnn da c-o nsciência . Como se vê, as analogias entre "Le Sillon'" e Cursilhos convidam a urn estudo compara• tivo sobre os dois movimentos. Pois, embora surgidos cm épocas d is1 in1as, podem ambos envolver a mesma tendência doutrinária. En· saiemo.s, pois. neste artigo, uma comparação. cotejando a Carla Apostólica de São P io X sobre "Le Sillon'" com publicações au1ori1.adas, o nde se podem encontrar as idéias e a mentalidade cursilhislas.

Semelhança de método Como método, '"Le Sillon" procura despertar o c nlusiasmo. deixando na penumbra n ·ct3reza das idéias. Fala mais ao sentimento: -

"sob aparêndas brilhantes e ge11e,.os,1s, diz São Pio X, muitas vez.e.,,..·, c"recem [as teorias sillo· nistas] de cl<ireza. de lógica e de verdade" (n.o 1) •

Também Cursilhos não são amigos das idéias prec isas, exalas. Pois declaram-se na linha kcrigmática, e por isso, proposiradamcntc são in· completos n:í parle dout rinária (veja-se "'Manual de Oirigcnlcs··, p. 100, nota). E ao dcíin ircm o kérigma, alinham.se como ''Lc Sillon", preponderantemen te na via do entusiasmo: •·o kérigma, lê-se cm publicação cursilhi:s.ta, é uma expeâência afetiva, "~·ente-se'' que se a nuncia a venJl,de, apesar d e <1ue não saibamos explicar o seu 1>0rqué'" (Carlos Man1ica, "Inserção do Movimento de Cursilhos na Pastoral de Conjunto, e Conversão e Cursilhos", ed. do Secretariado Nacional de Cursilhos de Cristandade do Brasil, l 970, p. 2).

Pescadores em águas turvos Semelhante orien1ação "experimento/'', "afetiva", o u •·viven ci.cl/"' como dizem os cursilhis1as, não é afirmada assim rotu ndamente c1n ··Lc Sillon··. Não obslanlc, há, também neste ponto. analogia entre os dois movimentos. Segundo São Pio X, mais do q ue ensinar suas doutrinas, desejam os chefes do Sillon que seus membros vivam as mesmas: "Elas (as doutrinas) seio ensi11acla~ ii juve11tudc cat6lica, B, BEM MAIS DO QVE 1ss6, PROCURAPSE VIVÊ-LAS" ( n.º

25 -

destaque ,/osso . esse n1islicismo, "mi.rturado com um tanto de ilumr"nismo't como diz. São Pio X de "Le Sillon,', que obscurece a inteligência e leva c ursilhisias a afirma1en1 que quem não faz cursilho não pode saber o que e le é, e explica a acusação lançada por certos autores de que c ursilhos são uma espécie de lavagem de cérebro, ou seja, u m método de levar a pessoa mais pcJo entusiasmo e o sentime nto do que por via lógica, por argurncntos que falem à inteligência . De onde se perce be que ambos os movimen .. tos, "Lc Sillon" como Cursilhos, gostam de pescar em águas turvas.

e

A dignidade humana Quan to aos princípios básicos dos sistemas. lanlo "Lc Sillon" como Cursilhos exallam a dign idade humana. Concebempna, p0rém, à sua maneira . "Lc- Sillon" acha que a obediência a um superior é contrária à dignidade do honiem. Toda "obediê11cia (é) uma degradação'" (n.0 21 ), O indivíduo só deve obedecer a si mesmo: homem - assim os sillonistas s6 será verdadelramenre homem, digno deste nome, no dia e:n que adquirir uma có11J·ciên .. eia esclarecida, forte, í11depende11te, aUlônoma, poclentlo <lispensar os mestres. só obedecendo a si próprio"' (n.0 24). Idêntico concei10 se encontra e m ..Trípodeº. revista do Secretariado de C ursilhos da Venc· zuela (maio de 1972, n .0 92, p. 11 ), Aí se dir. que a obediência deve proceder de "um...,i r 111rega espontline,, por íntima con vicçelo", pois hoje o mundo "já não aceita nwis II araoritla-

·:o

ele pelo .fim pies /mo ele ser twtoridacle". O mesmo pensamento divulga "'Alavanca", ó rgão do Secretariado Nacional de Cursilhos do Brasil. A página 17 do n.0 57, junho de 1971, lê-se: "Antes ,, gente apelava p<,r<1 a <mtoricl,ule doutrinal de Piarão, de Aristórefo.r, ele Samo Tomeís ele Aquino. ou enteio podia ju.t tific,,r-.re com e, frase ( ... ] "a Igreja e.usina . .. " f/ oje em e/ia todas e,s verdeu/es têm tle ser pN>va,Jas fillra se ver .fe elas ainda se aplicam (f vi<la moderna 11.í o <li/erenre" ( citado do livro de Louise Rinscr, " Um d iálogo. um horizonte'') . Em substância, é sempre o problema da dignidade hunrnna, como a concebem Cursilhos, e como a entendiam os sillonistas: o homem é juiz de si mesmo. Não deve atender a superiores. Só deve segu ir seu c ritério.

Subve_rsõo na Igreja Conseqüência de tão estranho conceito de d ignidade humana - conceito, diz São Pjo X. que não conheceram os Santos, q ue se distinguiram p recisamente pela obediência onimoda, nem conheceu Jesus C risto poderíamos dizer t16s. que, no Getsêmani, à sua, prepõe a VO!l· tade do Padre Eterno, "no11 mea volumas sed tua fiat'" - conseqiiência de semelhante con~cito, declara São Pio X, é a subversão na Igreja. Observa o Papa que os sillon is1as se J avam a uma "surdi, oposição" aos Bispos (n.0 l6), naturalmcn1c àqueles que não concorda .. vam com eles. Além disso, ··Le Sillon" subverte a ordem na Igreja que, por direito d ivino. é emi .. ncntcmente hierárquica, ou seja, consliluída por duas classes. o Clero e o povo. Pois. "'Le Sillon .. .pariíica Sacerdotes e leigos: "1uio exis· te hierarquicz no Si/1011", observa São Pio X. "0.r estudos aí se fazem sem m estre, qu"udo muito com um conselheiro [ ... ] A camarada• gcm mais Clbsoluta reina entre os m embros, e põe cm total có1Hacto suas almas. [ . .. ] M esm<> o Padre, quando nele ingressa. abaixa a emi11ente dignid!lde de seu .racerd6cio e, pela mais estranha inversão tle papéis, se faz. aluno, se põe no ní vcl de seu.\" jovens amigos e nelo é mais do (Jue um camaradl," (n.0 25). Círc·ulos cursilhisws seguem a mcsm3 ordem de idéias. Con, efeito, eslabe!ecem os princípios que ;•a hierart111ia não co1uk1w os, fiéi.f ti contlição ,Je in/eriori<lade" (''Encontro Mundial de Delegados Nacionais de Cursilhos de Crislandadc. Temas do 3.0 Dia'", e dição do Sccr. Nac. de Curs. de Crisl. do Brasil, São Paulo, 1970, ,p . 12). que ··sacerdotes, bispos, religioso:(' e leigos "participam de uma m esma mis. são commn", que "oJ· leigo.r são igualmente responsáveis pela Igreja m esma, embora seja verdade que há uma diferença /uncimwl enrre clero e laicato" ("Testimonio''i órgão de C ur• silhos da Guatemala. n .0 45, pp. 63-64; trabalho do México, espccialmcnie e logiailo pelo III Enc. Lai.-Americ. de Dcleg. Nae. de C urs. de Crisl. - cf. ··Alavanca", n .0 67, p. 33). E para que não houvc.$.$C dúvida q ue semelh~nle concepção da Igreja é nova, não é a tradicional, envolve, portanto, uma subversão com relação ao q ue sempre ensinou a Igreja, o mesmo trabalho, que é a contribuição do México ao citado III Encont ro de Delegados de C ursilhos, realizado em ltaici, J972, se incumbe de censurar a idéia que "du,.ou ta,1tos séculos", segundo a q ual o leigo é aquele que obedece ao Clero e o honra (-p. 63). Na ordem prática Cursilhos fazem como "' Lc Sillon". Nos seus t ríduos, recomenda-se que os Sacerdotes se misturem ..num plano de total igual,Jade com seus companheiros. mé chegar ao detalhe de nem sequer ocupar lugar pre/ere11cia/ na capela, nem na J'.a/a o,ule se lhes /ala, e nem mesmo nós lugare.f que ocupam 110 refeit6rio" (D. Hcrvás, ··1n1errogan1es y Problemas", p. 377). O "Manual de Dirigentes" dá idênlica recomendação.

Dessacralização da pessoa de Jesus Cristo A subvernão da ordem tradicional na Igreja, tanto cm ºLc Sillon" como em Cursilhos, atinge mesmo a pessoa adorável de Jesus Cristo. Os sillonistas, de-clara São P io X, foram impelidos. inclusive por seu iluir1inismo, a ''um novo ev"ngelho. 110 qual julgarmn ve1· o vcrdt1e/eiro E vangelho tio Salvador, a ,a/ ponto que

ousam trmar Nosso Senhor JestM' Cristo com uma /mniliaricleule soberancuncnte desrespeitq. sa" (n.0 37). Em Cursilhos, Jesus é o "Chefão" ("'Temas do ll Enc. Nac. de Secr. Dioc. de Curs. de Crisl. do Brasil", p. 55 ). "Alavanca" no seu n .o 63, de 1972, pp. 20-21, traz -um anigo com o título "Meu papo com Cristo". escrito por uma. cursilhista, que ilustra bem o desrespeito de que falava São Pio X. Leiamos um trecho: "Hoje quero bater aquele ptzpo com Cristo. Mas 11111, papo que não exija "cuc,r. que ,uio exija esforço maior do que o <lescanso absolUlo que espero enco11trar, hoje e sempre, na minha própria /é nê le. / Cristo eJ·tá aqui ao meu la<lo, sentado na minha ctmw. Sua figura m e agreu/a logo: super-prá /rente, calça 1cc azul 11wrinlto e tlÍnica <1zul clara. Nos pés um pat <le tênis também a.1.ul e, ao redor ,lo pescoço, uma corrente ,lourada onde vejo pendurada uma crul . Da cabeça saltam, pacifica~ mente, cabelo., clatos e lisos que vão até os ombros. Co1110 m eu Cristo é bárbaror' T inha razão São Pio X em denunciar que "Le Sillon" apela para "11111 Cris10 desfigurado e diminuí.do'' (n.0 7). JêSus veio para elevar nossa natureza, para torná-la mais polida. de maneira que sobressaísse a dignidade do homem como rei da C riação, e filho adotivo de Deus. Prerrogativas que pedem uma apresentação exterior correspondente. A articulista de "Alavanca" faz o inverso. Desfigurado assim o D ivino Salvador, compreende-se que seja tralado como um "chefão" qualquer. Mas, estamos longe do espírito e da leira dos Santos Evangelhos. O mais ·alarmante - e nisto está o vcrd3p dciro éscândalo - é que muitos católicos vão-se habituando a essa maneira blasfema de 1ralár o Filho de Deus feito homem.

Igua litarismo absoluto Corolário da idéia que faz da dignidade humana, "Le Sillon" é por um igualitarismo absoluto e nlre lodos os homens. Se cada homem só salva sua dignidade, quando não se submete a ninguém. mas s6 obedece a si mesmo, é na .. lur:il q ue deseje a supressão de- todas as desis ualdadcs, porquanto são estas q ue discriminam os homens cm superiores e inferiores. se .. gundo a classe c,n que se encontrem. Semelhante conseqüência aceitam-na os sillooistas cxplicilamcnte, conforme o testemup n ho de São Pio X: "Todt, desiguale/ade de <'Ondiçüo, opinam eles, é uma injustiça ou. pelo m enos, uma justiç<1 menor" (n.0 22). Para ilud ir incautos, "'Lc Sillorf' não fala em abolir a autoridade. De falo ele a reduz a nada, uma vez. que a "quer partilhai', ou m elho,·. multi. plicar ele u,/ maneire, que cada cidadão se to,·nará uma e.r11écie de rei" (n.0 14). Todos seria m soberanos, não haveria súditos. Semelhante fa ntasmagoria levou São Pio X a dizer que ''Lc Sillon,• se consome numa mi· ragcm dn cidade futura. onde a autoridade fosse Ião 1ênuc que poderia ser dispensada. Comenta o Papa que é um ideal só viáve l, quando se mudasse a natureza humana. Também o movimento de Cursilhos, na palavra de órgãos seus a.utorizados, não recua diante da conseqüência implícita na sua concepção da dignidade humana. Eles também invcctivam contra as estruturas sociais que ''destroçam a igualdade essencial entre os homtms e a plena ,·ealizetçeio de seus direitoS' ("Encontro Mundial. .. , Temas do 3.0 Dia", p. 34). E propugnam, como ide.ai, uma sociedade nivelad:i, onde não h:ija nenhuma desigualdade, nem sequer a que existe quando um tem mais do que outro ("'Trípode", maio de 1970. p. 19).

Subversão no Sociedade e no Estado São Pio X qualifica o princíJ)io sillonista da dignidade humana e sua conseqüente igualdade de todos os homens como ugerador de inveja e de lnjustiça, subversivo tle roda ti ortlem so eia/" (n.o 22) , bem como injurioso à Igreja que "<lecorri<l<>s ,Jczenove séculos abulo não 1erit1 conseguido no mumlo instituir e, socieda• de sobre suas verdadeiras bases'' (n.0 26). Tanto mais q uanto, e m matéria de regeneração das classes operárias, "os princípios dei ,Jou4

coNcLti t t-lA PÁ~ll"A 7

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TFP difunde pelo Brasil a Carta ·Pastoral sobre Cursilhos de Cristandade

NOTAS SOBRE UMA GRANDE CAMPANHA FOI COM UM interesse excecional - atingindo, cm círculos cursilhistas, tis raias do as · so mbro - que o público paulista leu, naquela tépida manhã de 25 de novembro, a no1ícia sensacional, es1ampada na pdmcira página. da "Folha de São Paulo", de que no dia seguinte, domingo, viria a lume uma entrevista do Bispo ele Campos, O. Antonio de Castro Mayer, apontando perigosos desvios doutrinários, inclusive tendências csquerdizantes. em setores dos Cursilhos de Cristandade. Até então praticamente incontrovertidos na imprensa, rádio e TV, os Cursilhos de Cristandade passavam, aos olhos dislraídos do grande público, como um movimento que produzia conversões inesperadas, marcadas por um quê de singularidade, mns, de qualquer modo, digno de encômios. como uma obra genuinamente cató lica. Na realidade, observadores mais atentos pressenliam de há muito nos Cursilhos a "sin· guiar miseura de erro e de verdade, de bem e de mal", a que se refere o Sr. Bispo Diocesano na citada entrevista. Era preciso que um teólogo eminenle, um Pastor de a1mas afeito à pesquisa e à reflexão acuradas, se aplicasse ao trabalho de ir d ireto às fo ntes - as publicações impressas do movimento - e elucidasse o q ue de certo e de errado nele havia. Esse benemérito trabalho de esclarecimento íoi feito por D. Antonio de Castro Mayer, e como resultado temos a sua jã histórica Carta Pastoral sobre Cursilhos de Cristandade, que a Editora Vera Cruz. publicou, "Catolicismo" se honrou em reproduzir cm seu número de dezembro p.p., e a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade está divulgando, com êxito relevante, pela imensi• dade do território brasileiro. Os Cursilhos de Crislandade estão muito difundidos em nosso País, e pelo menos nos grandes ceniros quase não há quem, direta ou indiretamcnte, de um modo ou de outro, não tenha tido contacto com cursilhistas, ou não tenha o uvido falar mais próxima o u remota· mente deles. Assim, o problema doulrinário ou ideológico, que esse movimento constitui, não se apresenta exclusivamente em seus termos abstratos, mas encarnado nesta ou naquela pessoa das relações de cada qual. Dessa forma, o tema "Cursilhos" desperta no público sempre ávido de personalizar as disputas - um interesse que a mera d iscussão doutrinária pro-

vavelmente não provocaria. Tudo isto explica o im~'àcto excecional que a simples notícia da iminente publicação da entrevista provocou no largo círculo de leitores da "Folha de São Paulo". Na capital paulista, uma emissor:1 de te· levisão apresentava, no próprio sãbado. 25 de novembro, um programa de esportes, em que três locutores conversavam sobre futebol. Às tantas, um brincou que o outro, apesar de ler feito os cursilhos, não havia mudado de vida. O terceiro interveio vivamente, refer indo-se à anunciada entrevista de D. Maycr. e foi buscar o jornal nos bastidores, lendo a notícia para os companheiros e para o público atônito! No Brasil, três locutores de uma emissora de televisão interrompei·em um programa de esportes para abordar um rema doutrinário, significa realmente q ualquer coisa! Pode-se afirmar, pois, sem exagero, que a entrevista do Sr. Bispo de Campos, publicada no domingo imediato, foi o assunto do dia em São Paulo, a partir daquele sãbado, e du. dºias... 1 ran t e muitos .

Uma entrevisto corajoso Mas não foi apenas vivo intere.-;se que dcs· pertou o anúncio ela entrevista. Foi também, cm muitos, ,espanto! Mesmo entre aqueles que já desconfiavam haver algo de estranho e errado nos Cursilhos, muitos não imaginavam q ue tais desvios pudessem chegar ao nível da subversão comunista, a qual, en1re1anto, um cerlo número de publicações . cursilhistas propugna claramente, como D. Antonio de Castro Mayer mostra em sua Carta Pastoral. E não poderia deixar de causar estupor isto de ver que um movimento, com larga difusão nos meios católicos, apresenta em muitos de seus setores uma insofismável penetração de idéias esqucrdizantes. Mas o espanto tinha também outra causa. Conhecedores da crescente influência do cursilhismo, não só nos meios católicos. mas na sociedade civil em geral, e prevendo que as figuras mais representativas do movimento não quereriam reconhecer - como seria normal os erros apo ntados por D. Maycr, cerlos lei4

tores não deixaram de manifestar uma. ad· rniração q ue tocava às raias do desconcerto. diante da c-0ragcm do ilustre Prelado que dessa forma se expunha à reação vingativa de não poucos cursilhistas. Foi nesse clima que a "Folha de São Paulo" estampou a primeira entrevista cio Exmo. Sr. Bispo, que trazia para o conhecimento do grande público o conteúdo de sua Carta Pastoral sobre Cursilhos de Cristandade.

Na mesma ocasião, S. Excia. Revma. con· cedeu o utras e ntrevistas, também expondo o tema geral de sua Pastoral. aos jornais " Diário de São Paulo" e "Correio do Povo", aquele da capital paulista e este óltimo de Porto Alegre, q ue as publicaram no mesmo d ia 26 de novembro. Essas entrevistas foram depois reproduzidas na íntegra ou parcialmente, por 61 jornais dos mais diversos pontos do País, alcançando assim larga repercussão.

A TFP sai novamente o campo, expondo-se aos riscos A Tl<'P não poderia permanecer indi ferente

a essa iniciativa do egrégio · Antístite, embora expondo-se aos mesmos riscos q ue ele. Uma vez que os Cursilhos se acham infiltrados de doutrinas errôneas que repercutem .no âmbito cívico e social tenhamos presentes as ligações entre cerios setores cursilhistas e a subversão marxista - era natural, quase diríamos era obdgatório, que a TFP saísse a campo, emprestando tod o o seu apoio à d ivulgação da Carta Pastoral sobre Cursilhos de Cristandade. Por outro lado, a obra do Bispo d e Campos, escrita para sua Diocese, não interessa apenas a esta. As perigosas tendências que ela aponta em numerosas publicações cursilhistas são de molde a contaminar os espíritos por toda a extensão do· País, com prejuízo da população, e da própria ordem sócio-econômica para cuja preservação se fez o movimento de 31 de março de· 1964. Cabe aqui ~'Ôr cm relevo o mérito da atuação da TFP. Divulgando ela em larga escala a obra esclarecedora de D. Antonio de Castro Mayer, muitas pessoas ficam premunidas contra sérios desvios doutrinários: caso ainda não sejam cursilhistas, se porão de sobreaviso na hipótese de serem convidnclas para r-,articipar do tríduo dos Cursilhos; se já cursilhistas, não se 1cndo ainda defrontado com os erros apontados por D. Mayer, tornam-se mais perspicazes. de modo a não se deixarem envolver por eles quando aparecerem; e caso tenham aderido sinceramente a esses erros, que gratidão não deverão ter µelo Autor da Pastoral e por quem a divulga, por lhos terem assim apontado, proporcionando-lhes voltar ao caminho da verdade! Não é, porventura, uma obra benemérita advertir alguém que está para cair ou já caiu em erro, para que dele se I iberte? Não corresponde ao exercício de um direito natu .. ral. preservar a opinião pública do contágio de máx imas subversivas?

Stands e corovonos Concomitantemente, pois, com a publicação da entrevista do Exmo. Bispo Diocesano, a TFP pôs à venda, em stands especialmente montados nas sedes de suas principais Secções, a Carla Pastoral sobre Cursilhos de Cristan· dade, q ue acabava de ser lançada cm forma de livro pela Editora Vera C ruz. A procura do público foi intensa. logo nos primei~os d ias, o que confirma o interesse despertado pelo nome do Autor e pela matéria. Mas a TFP não se cingiu a essa propaganda nas capitais. Contando com zelo e a dedicação de seus jovens s6cios e militantes. saiu às ruas de n umerosas cidades do País, a vender a já então famosa Pastoral. Foram organizadas treze caravanas com um total de 120 propagandistas, que desde 25 de novembro vão percorrendo o território nacional, tendo começado p~lo Sul. Além dessas caravanas permanentes. a TFP vcrn promovendo, nos fins de S(\ffi3na, excur• sões às cidades próximas às grandes capitais. q uando, então, participam d a campanha de difusão da Pastoral os seus colaboradores que. por motivos variados, não tenham podido consagrar a esse lrabalho os d ias úteis. No momento estão sendo vendidos (·xcm .. piares da 2.• edlçiio do livro impresso pela Vera Cruz e da 4 .3 tiragem do número de dezembro desta folha.

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"La confianzo de los gentes" Embora o progressismo viva de apregoar que as massas desprezam os valore.~ tradicionais e anseiam pelas mudanças revolucionárias, a verdade é que não sai a TFP a público, defendendo os fundamentos da civilização cristã - a tradição, a família e a propriedade sem >'i!r acolhida favoravelmente pelas populações.

A presente campanha não desmentiu essa constante. Pelo con1rãrio, verifica-se que o prestígio da entidade se afirma cada vez mais, e cresce o n(rmcro das pessoas q ue depositam tima confiança a priori em cada iniciativa que ela vai tomando. Segundo expressiva observação de um amigo espanhol que visitou a TFP no Brasil há tempos, ela "dc.tienc la confianza de las gentes'' . verdade que o conceito de g rande Bispo de D. Antonio de Castro Maycr, o valor in1rínseco de sua obra e o que o tema desta tem de mordente, dão à presente campanha um relevo todo especial. Mas isto apenas enriquece o fato de que, lançando-se em tão grandes empreendimentos, a TFP é bem acolhida porque apresenta ao púplico aquilo que merece a confiança deste. Temos nesse sentido o depoimento unânime dos caravanistas da entidade, registrando como as populações, l~nto do Interior quanto das Capitais, os rcc.e bcm cordialmente, o que adiante veremos com mais detalhes.

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As afi rmações da Pastoral são procedentes Numerosos testemunhos colhidos pelos caravanistas, nos mais diferentes lugares, corroboram a existência, em ambientes cursil histas, de erros e 1endências perigosas, apontados pelo egrégio Antístite de Campos. Vejamos alguns desses depoimentos, escolhidos a esmo:

• O Vigário de certa cidade do interior do Estado de São Paulo, interrogado por um grupo de paroquianos, reconheceu que havia infiltração de erros nos Cursilhos, e prometeu indicar a essas pessoas um cursilho isento deles, tão longo tivesse conhecimento de algum nessas co.n dições. • Noutra cidade do mesmo Estado, um tcnentc-coro.n el reformado, que sempre asseverara haver subversão cm setores dos Cursilhos, chamou um cursilhistà que passava pelo local da campanha e, mos1rando a Pastoral, lançou-lhe esta : ''Viu? Eu não dizia?" • Um Padre. diretor ~spiritual de Cursilhos numfl cidade do hintc11and paulista, sus1entando embora que os Cursilhos são bons, reconheceu que apresentam h1uitos pontos de interrogação, e até erros dout rinários. Em particular, não concordava com o emprego de pa .. lnvrões, usual cm certos tríd~1os. • Ainda no interior de São Paulo. um fazendeiro do município e ex-oficial da FAB elogiou a entrevista de D. Mayer, e o arligo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre o cursilhismo, q ue o tinham esclarecido e confirmado na desco.n fiança que nutria em relação a esse movimento. • Em determinada cidade do Paraná um militante da TFP entrou n um bar o nde as pessoas mais representativas do lugar costumam reunir-se para debater os assuntos do dia. O proprietário contou que a entrevista do Bisv'O de Campos havia causado um verdadeiro estrondo na cidade, e que todos os freqüentadores de seu estabelecimento já antes faziam reservas ao movimento cursilhista. • Na mesma cidade, um advogado disse já ter percebido que nos cursilhos que conhece se aplica lavagem cerebral, e que neles há tendências esquerdistas. • Em São Paulo. uma senhora declarou-se favorável às mudanças por que vem passando a Igreja, mas achava forte a expressão "Cristo amigão», usada em ambientes cursilhistas. • Pelo contrário, um Padre cursilhista do interior do Estado, o qual recomenda a todos que não leiam a Pastoral de D. Mayer, entende que não é falta de respeito c hamar Nosso Senhor de "Chefão" como se usa entre cursi~ lhistas.

• Um industrial de uma cidade vi;,Jnha à Capital paulista estranhou o fato de sua fi.

lha, professora conceituada. ter voltado de um tríduo cursilhista falando palavrões em casa. • Um bando de hippicformes, ainda numa cidade das proximidades ele São Paulo: "Nós somos todos cursílhislas e contra a TFP. Vocês não têm mais razão de ser. A tradição nüo existe mais, nem a família. S6 lhes resta defender a propriedade. Vocês precisam sofrer uma lavagem dc$es conceitos". • Um médico do norte do Paraná suspeitava. desde o inicio, que o comunismo iria tirar proveito dos Cursilhos. "Colegas meus fi. zeram o cursHho e voltaram mais depravados do que. antes, pelo fato de lá terem ouvido q ue não há mais pecado" .

• Na mesma cidade, a senhora de um exprefeito queixou-se muito do lrntamento que seu filho lhe vem d ispensando depois de ler feito um cursilho. "Ficou muito rebelde", co· mentou ela. • Um profc.~sor cursilhista, nessa mesma cidade, estranhou muito o foto de uma macum· beira notó ria freqüentar ali os Cursilhos sem q ualquer restrição, e continuar praticando a maconlba, Ião entusiasmada quanto antes.

• Dois médicos cursilhistas, ainda nessa CÍ· dade do Paraná, declararam à caravana da TFP q ue Jesus Cristo era socialista, e que os Cursilhos também o são. • Em Minas, uma d irigente d isse que os Cursilhos são a melhor coisa do m undo, que é um absurdo atacá-los. - " Que lu\ de mal em cha'mar Cristo d e Chefão?" • Numa cidade de Santa Catarina, uma Freira em trajes masculinos reconheceu haver infiltração esquerdista nos Cursilhos. • Numa localidade da divisa do Paraná com Santa Cat:arina, uma cursilhista furiosa berrou: "0 Bispo de Campos não é católico. Palavrão não t e111 problema. Estamos evoluindo". • Um cursilhista da mesma cidade o usou blasfemar contra Nossa Senhora: "Maria é uma mulher qualq uer". • Ainda nessa cidade, um homem bem posto, de seus 40 anos. que não quis declinar seu nome, d izia, 1reJncndo de raiva, que O. Mayer estava certo, q ue havia realmente infiltração de erros nos Cursilhos, mas que todo o prcblema era. . . a TFP estar envolvida no caso! • Uma senhora da mesma cidade informou que ali os Cursilhos a1raiam elementos péssimos, e que e la não acreditava nas "conver· sões bruscas" dessa gente. • Alhures cm Santa Catarina, um homem, ao ser abordado pelos propagandistas, respondeu oue chamar Jesus Cristo de "Chefão" é correio. ln1crrogado se era cursil hista, tirou um crucifixo q ue usava junto ao peito, e disse: "Aqui está o Chefão". • Em Goiás, um fazéndeiro comprou a Pasloral para poder discutir com cursilhistas que freqüentavam sua casa. Acrescentou que os Cursilhos deíormavam muitas pessoas, as quais passavam a se ter em conta de católicos· per· feitos, mas continuavam fazendo as mesmas ··asneiras" de antes. • O prefeito de uma cidade paulisla comprou a Pasto ral com entusiasmo, comentando que "O. Mayer leve a coragem de fazer o que ninguém fez". Af irmou haver muitos esquerdistas infiltrados nos Cursilhos. Seria impossível transcrever aqui todos os depoimentos já colhidos pelos propagandistas da TFP ao longo da campanha. De qualquer modo, a amostra apresentada acima serve para dar uma idéia geral da atitude assumida por impressionante fracção da opinião pública face aos Cursilhos de Cristandade.

Não comprem, não leiam, não dialoguem Poderíamos esperar q ue os cursilhistas cm geral, e a direção cursilhista cm particular, tomando conhecimento da Pastoral de um l3ispo da Santa Igreja que faz sérias reservas ao movimento, tivessem a retidão de espírito .n ecessária para estudar esse documento proveniente de tão alta auto ridade, e: - reconhecessem a procedência das acusações, rejeitando os erros aos quais. consciCntc ou inconscientemente, tivessem aderido; - o u, no caso de não concordarem com o Prelado. entrassem em diálogo com ele, ofo-


Te x to de A. A. Borelli M achado

rcccndo uma refutação das acusações que formulara. Não foi, cntrcrnnto. o que aconteceu. Deixando de lado os pro nunciamentos pela imprensa dos elementos pr6-cursilhistas. dos quais trataremos adiante, rcs1rinjamo-nos por enquanto às reações dos próprios cursi lhistas em face da Pastoral e da campanha da TFP. Essa reação pode ser consubstanciada numa palavra de ordem: não compremt não leiam,

não dialoguem. De fato, por toda parte, a atilude dos cursilhistas foi. em geral, de não comprar a Pas·

torai, de dizer que não tomariam conhçcimcnto dela, e ele rc,cusar-se a qualquer <fü'1ogo a rc~pcito do assunto. Essa atitude não pode <leix.tir de ser consi dcrada como indicando, de uni lado. total carência de argumentos para defender c,s próprias posições. e, de outro, r,ouca vontade de reco· nhcccr os seus erros e rc1ratar-se deles. Parece•nos que com isso o movimento cur• silhista se prejudica a si mesmo, fazendo crcs .. eercm as suspeitas que em todo o País se le4

vantam contra ele.

O mais curioso é que, depois c.fe tudo, os cursilhistas comecem a lamentar-se de que a Pastoral do Exmo. Bispo Diocesano e a campanha da TFJ' representam um golpe mor1al para o seu movimento. Vejamos alguma$ amostras do que, um pouco por toda pane, ouviram deles os caravanistas: • O delegado de polícia de uma localidade paulista, cursilhista militante, ficou furioso porque se começou a comentar na ci· dadc, depois da passagem ele uma caravana da TFP, que os Cursilhos "já eram", e porque ele mesmo estava encontrando dificuldades para reunir pessoas para o próximo tríduo. • No Norte do Paraná, dois cursilhistas opinaram que, após a divulgação da Pastoral de O. Mayer, os Cursi lhos nunca mais se reabilitarão. • Numa outra cidade do Paraná, um ctar· silhista queixou-se a um caravani~ta: " Vocês

estão destruindo um Cristianismo autêntico. Lanç-ada a desconfiança, ninguém consegue mais nada" . - Seria o caso de perguntar a esse cursilhista por q ue a TFP é tão, caluniada. e a "coníianza de las gentes" não lhe é retirada! • Numa grande cidade do interior de São Paulo, um cursilhista , profund:tmente ressen-

Algumas provocações e ameaças -

tido, mas sem alterar-se, comentava: "Vocês da TFP espa·n taram muita gente do cursilho. Agora muita gente vem-nos atac.a r dizendo: Estão vendo? eu não falei que Vocês estavam errados? A TFP estragou o edificio que tS1ávan1os conslruindo. Foi um dcsserviço à Jgrejan. Por fim, defendeu o "socialismo cristiio'' ... • No Rio Grande do Sul, um Vigário reconheceu que a publicaç.'\o da Pastoral de D. Antonio de Castro Mayer foi um acontecimento terrível para os Cursilhos, que há um ano vinham florescendo na região.

• Numa cidade paulista, este comentário de um rapaz cursilhista: ºNa minha comuni~ dade formou•se uma tal confusão. que muita gente dela se afastou só por causa daquela noticia [a entrevista de D. Maycr). Como é que pode uma simpte.<. reportagem causar um trauma desses?'' Esse esvaziamento dos Cursilhos, cm conseqüência da tática cursi lhista de não querer tomar posição cm face da Pastoral, parece ser um efeito bastante generali1._ado, conforme depoimento de pessoas favo ráveis ou contrá· rins ao movimento: Um cornerciante no interior de São Paulo referiu que seu sobrinho havia aceito •

convite para urn cursilho, m3s, tomando conhecimento da entrevista de O. Mayer, resol· vcu não mais comparecer. • Uma senhora de o utra cidade do Estado bandeirante disse não gostar de D. Maycr porque, após sua entrevista à "Folha de São Paulo··. muitas pessoas se estavam recusando n fazer o cursilho. • Um cursilhista paranaense, chefe de fam íl ia, de classe média, lamentou-se porque vai ser difícil arregimentar outros aderentes, de·pois que a entrevista do Bispo de Campos provocou desconfianç-a contra o movimento, cm toda a cidade. • Nouira localidade do Paraná, na divisa de Santa Catarina. um cursilhista: "Depois que vocês colocaram d(1vidas, não se consegue mais nada. Várias pessoas que inm fazer cursilhos viío desistir''. · • En, Sanla Catarina, uma 111oça cursi• lhista comentou: "Esta hist6ria de uns dlze.rem que há infiltração nos Cursilhos o outr06 dizerem que não. . . j6 não ~into mais aquele entusiasmo pelo movimento".

ram no mérito da questão. Houve quem se limitasse a lembrar o apoio de Paulo VI e da CNBB aos Cursilhos; outros alegaram que D. Maycr não estaria cm condições de falar sobre estes porque nunca havia par1icipado de um tríduo cu.rsilhista; alguns sustentaram q ue a Pastoral não fez mais do que "descobrir deficiências para apontá-las ao p(,blico fora do seu contexto g lobal e verdadeiro"; outros, por fim, enveredaram pelo caminho da detração pessoal. Não nos deteremos cm analisar aqui essas impostações, uma vez q ue já as refutou magistralmente o próprio Bispo de Campos em artigo e entrevistas largamente d ivulgados pela imprensa e que estampamos cm o utro lugar desta edição. Reg.i stremos apenas o comentário que a propósito fez o Prof. Plínio C-0rrêa de Oliveira cm artigo publicado em sua coluna na ''Folha de São Paulo" no dia 31 de dezembro p.p. Conforme bem observou o Presidente do Conselho Nacional da TFP. a contra-ofensiva dos pró--cursilhistas vem.se caracterizando pelo seguinte: "a) foge cuidadosamente de refutar os documentos citados por O. Antonio de Castro Mayer cm sua Carta Pastoral; b) apresenta o movimento (dos CursilhosJ como injustamente perseguido pelo Bispo de Campos; e) e implicitamente o aponta como um fcr· rabrós da ortodoxia, pronto a lodo momento a tomar uma nuvem por Juno". ºDigo - comentou o articulista que esta é a atitude dos pr6-cursilhistas, porque os cursilhistas propriamente ditos têm sido tão supercautos, que quase nada disseram sobre a matéria, ( ... ]. Pelo interior do Pais, nas caravanas da TFP, os jovens sócios e milita·ntes desta es1ão impressionados com a mesma ausência de ar• gumentação dos cursilhistas. Por vezes no~s propagandistas ouvem tão somente uma ameaça, à guisa de estribilho: "Vocês vão-se arrepender!'' - Essa ameaça é um "bluff''? Ou mera exploS'iio de mau humor? Ou talvez constitui

referência a alguma contracampanha visando a TFP pelo aliás ji\ gasto sistema do "estrondo publicifflrio"? Parece-me cedo para dar qualque.r r esposta

n essas perguntas". Pronunciomentos de membros da Hierarquia A imprensa noticiou com insistência as d i· versas declarações de membros da Hierarquia a favor dos Cursilhos, quer com referências expressas ao documento de D. Antonio de Castro Mayer ou à campanha d~ TFP, quer tratando do tema como se não fosse a propósito da Pastoral. Ao todo pron\,nciaram-.sc um Cardeal, sete Arccbjspos e dez Bispos, individualmente; seis Prelados da Província Eclesiástica de São Paulo, treze da Regional Centro-Oeste e 23 da Reg ional Nordeste-!, d:. CNBB, manifestaram-se em conjun10. Cabe observar que em nenhuma dessas dec larações se tratou do mérito da questão, limitando-se seus autores a afirmar ou reafirmar sua confiança no movimento cursilhis1a. Os jornais deram especial destaque aos pronunciamentos de Srs. Bispos contra a difusão da i;,•.?:nctrantc e primorosa Carta Pastoral cm suas respectivas Dioceses. Alegam eles, quase invariavelmente, seu d ireito de se pronunciar cm caráter exclusivo sobre o que ocorre em associações existentes no território sob sua jurisdição. I! compreensível que tais pronunciamentos hajam provocado estranheza. Pois ainda as pessoas q ue não estão ao corrente das claras d isposições do Direito Canônico sobre esta matéria, observam que a difusão da Pastoral num lugar não quer dizer que necessariamente haja cursilhos nesse lugar. E menos ainda que os cursilhos eventualmente existentes · estejam in· fectados dos erros denunciádos no documento. A divulgação deste tem apenas o objetivo de informar o público letrado sobre os rumos de um movimento que por sua larga di.fusão pode influenciar mal o País inteiro. Mas a Carta Pa.s toral ressalva explicitamente que muitos cursilhos não estão contaminados por tais er· ros. O que bastaria para tranqiiilizar os Srs.

ó falta de argumentos . ..

Não têm faltado - numa ou outra cidade - provocações e até ameaças de agressão da parte ele elementos cu rsilhistas, isolados ou. organizados cm grupo. Contudo, a prudência e o tacto dos caravanistas da TFP têm consegu ido evirnr, com o auxílio das autoridades, que tais episódios se transformem cm luta física. No conjunto, a campanha de divulgação da oportuníssima Pastoral de O. Antonio de Castro Mayer vem-se desenvolvendo de modo inteirarnente pacífico.

Podres contra Sem embargo, não poucos Sacerdotes, ar• dentes seguidores dos Cursilhos, se têm oposto fogosamente ao trabalho d;\ TFP. Alguns deles tentaram obter o concurso da autoridade policial no sentido de impedir a realização da campanha nesta ou naquela cidade. Esses mesmos eclesiáscicos que se insurgem contra a difusão da Pastoral de D. Mayer, levada a efeito pela TFP, o mais das vezes pouco ou nada fazem para coibir a propaganda de pastores protestantes, médiuns espíritas, etc. Mas em relação à TFP, não! A atitude é de pedir a urgente intervenção da polícia. Oo br.iço secular, diríamos, se a Igreja não estiVC$SC separada do Estado. Ainda bem que a polícia faz o uvidos surdos a tão cxtrnvagantes apelos. • Numa pequena cidade r.r..l.ranac.nse, o Padre advertiu que ia reunir os cursilhistas. buscar fuzis na delegacia e expulsar a caravana da TFJ'. Entretanto, ao saber do apoio da autoridade policial à campanhn, desapareceu. • Em Santa Catarina, um Padre de uma par6quin importante ameaçou: ''Se faJarem contra os Cursilhos aqui, ou fizerem circular alguma coisa contra, eu vou brigar'' · Ficou nisso. • N uma cidade da Araraquarcnsc, no Estado de São Paulo, um Cônego fez um sermão de meia hora contra a TFP e sua campanha. • No Sul do Paran,I, o Vigário local falou pelo rádio, durante uma hora_, a1acando a campanha e pedindo às autoridades medidas contra a caravana de s6cios e militantes da TFP. Em conseqüência, os cursilhistas armaram uma tempestade contra estes, a qual, entretanto, não encontrou receptividade por parte da população. Assim. a tempestade se desfez por si.

• Numa localidade paulista, o Vigário entrou cm contacto com o delegado para que este interrompesse a campanha. Uma viatu.r a poli· cial conduziu o chefe da caravana à delegacia para prestar declarações. Após os devidos esclarecimentos, o delegado permitiu - como era de d ireito - que a venda da Pastoral prosseguisse normalmente. • Noutra cidade bandeirante, o Vigário enfureceu-se porque um ministro da 'Eucaristia havia dado a Comunhão aos militantes da TFP. Prometeu-lhes "denunciá-los" aos paroquianos durante a semana. Com seu automóvel, seguia os caravanistas por toda parte. Defronte à delegacia de polfcia, abordou-os, insistindo na asserção de que a campanha era um desrespeito à autoridade religiosa. da qual ele era o representante. • No interior de Minas, um Religioso mostrou-se muito nervoso, acusando os propagandistas da TFP de estarem promovendo um escândalo ao apontar desvios nos Cursilhos que são ·•a esperança da I greja''. Várias outras atitudes do gênero poderíamos mencionar aqui, o que não fazemos por brevidade.

A controvérsio pelo imprenso Espelho, muitas VC'1.Cs não fidedigno nem co,npleto - mas, enfim, espelho - do que acontece no mundo, a imprensa rcflc-tiu o grande interesse do público pela Pastoral do Sr. Bispo Diocesano, estampando notícias de todas as procedências sobre ela e sobre os Cursilhos de Cristandade cm geral. Até o momento de fecharmos esta edição, nada menos do que 260 recortes sobre o assunto nos h•· viam chegado às mãos. Já nos referimos à grande repercussão que alcançou a c,urevista concedida por D. Antonio de Castro Maycr à '"Folha de São Paulo" e depois reproduzida por 61 outros diários. Essa entrevista desencadeou uma série de notícias e cornentários na irnpre,1sa de todo o País. bem como cartas à redação dos jornais. tomando posição em face da matéria. Falaremos mais adiante das manifestações de apoio. Consignemos inicialmente os pro• nunciarncntos contrários à Pastoral, feitos por órgãos ou elementos pró--cursilhistas, - uma vez que os cursilhistas propriamente ditos escolheram a tática do silêncio. Essas tomadas de posição contrárias ao lum inoso documento, de nenhum modo entra-

Difundindo a Carta Pastoral em Serra Negra (SP) e em Vitória (ES)

5


Conclusão da pág. 5

NOTAS SOBRE UMA GRANDE CAMPANHA

Bispos· q ue se sint.un certos de q ue em suas Dioceses tais erros não existem. Ademais, não parece: que :, dcícs:i da Õpi· J1ião pública contra máximas subvc~sivas, ~u

organit,.ações que espalham essas máximas, SCJa de alçada cxclusivarnentc cclcsiás1 ica. Agredido .pela · subversão, cabe :lo País o exercício da legítima defesa e esta pode ser exercida validamente oor qualquer cidadão. Assim rezam o

direito nn°tural e

t\S

leis brasileiras.

Cursílhos tombém nos países comun istas Ocn1rc os pronunciamentos cpiscopolis cum-

pre destacar a carta q ue o Exmo. O. José Melhado de Campos, Bispo de Sorocaba, dirigíu a S. Excia. o Sr. D. Anto.nío de Castro Maycr. Esse documento, amplamente difund ido pela imprensâ, não foge à regra geral. deixando de entrar no cerne da q uestão levan· tada pelo Bispo de Campos. Contém, entretanto, uma afirmação que deu oportunidade a urn comentário do Prof. Plinío Corrêa de Olívcira em artigo q ue a "Folha de São Paulo" publicou no dia 7 de janeiro p.p. Transcrevemos a íntegra desse comentário para conhecimento de nossos leitores:

"E já que falo d e Cursilhos, permita -me o Sr- Bispo d e Sorocaba, D- J osé Melhado de Campos, uma retificação. Li há dias, neste jornal, uma e.arta alta• mente apologética dos Cursilhos por ele dirigida a D - Antonio de Castro Mayer, Bi~'PO de Campos. Afim1a o missivis1a - à maneira de prova de que os Corsilhos são imaculados que tal movimento existe em quase todos os países da Europa, exceto nos de além c-or1inn de fe rro. A afim, ação é bonita, pois dá uma impressão do que os Cursilh.o s não são tolerados pelos regimes comunistas. Mas me parece que D. Melhado está mal informado. Com efeito, a julgar pelo jornal "I deal" de Granada, de 12 de julho do ano passado, os Cursilhos existem na Rússia e em duns outras nações da cortina de ferro, a Hungria e a ln· goslávia. O "De Colores'' até já está lraduzido para o croata. Essa penetração se deve ao P c. Cascale_~, natural de Granada, o qual se naturali-zou aus,-. trfaco para ter acesso aos países do u:ste- Segundo tudo indíca, o Pe. Cascales não fa-t nent,um mistério dessa ação. Pois o jornal de sua terra publicou o rato com muito d estaque, emoldurando uma vistosa fotografia do Sacer-

dote. Isto leva a crer que os Cursilhos niío temem a repressão da parte dos comunistas. Ou - em outros tennos - que são bem vistos por estes. - O ·que acontecuia, leitor, se a TFP implanlasse uma Secção num país comun.ista? Contaría com análoga tolerância? Bastaria a um dos nossos naturalizar-se auS1riaco para levar impunerncnte a T FP além da corti'na de ferro? Por este conlraste pode o leítor aquilatar quanto são prafundos entre os Cursilhos e os regimes comunist.as, os pontos d e afinidade e simpatia".

Convidando para o diálogo Ao anunciar, no dia 25 de novembro, n iminente publicação da mome.ntosa entrevista. do Exmo. Bispo de Campos, a "Folha de São Paulo" fez um explícito coo'vite aos eursilhistas para que aceitassem o diálogo aberto, chegando a lhes franquear suas colunas para qualquer resposta que quisessem dar. O redator do matutíno paulistano e.~tava no direito de supor que, premida por severas crÍ· tícas de um Bispo de tão grande renome não s6 no Brasil como no Exterior, a direção cur-1 silhista não deixaria de lhes opor uma contraC onclusão da pág. 8

mais "aggiornato", a um djálogo.

Mas parece que os cursilhistas não . tinham muito que responder. Não houve sequer uma réplica deles à Pt1sto1·al ou à entrcvist.1 de S. Excia. Rcvma., que tivesse procurado o cerne da questão. Desse ponto de vista, o debate fico u, pois, sem graça, tendo certamente decepcionado quantos, vendo lançada a luva, esperavam que alguém a levantasse:. Já mencionamos como as declarações de veneráveís membros do Episcopado passaram ao largo do problema. Os numerosos Sacerdotes e leigos (inclusive dois deputados) q~c se pronunciaram pelos jornais, também nao fugi ram à regra, e foram sobranceiramente re· fu tados pelos notáveis documentos de D. Mayer q ue publicamos nesta mesma edição. Resta•nos fazer uma referência aos artigos estampados cm grandes diários nacionais, tra· tando do tema: • Da pena sempre segura e brilhante do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira já citamos dois artigos em sua coluna na hFolha de São Paulo''. No mesmo matutino escreveu ele outro artigo intitulado " A Pastoral sobre os Cursilhos", e em "O Jornal", do Rio de Janeiro, fez uma apresentação do conteúdo da Pastoral, convidando - debalde! - os cursilhistas para um d iálogo com o Bispo de Campos. • "Cuidado com os Cursilhos!'' é o título de um artigo. como sempre c;rndentc e cheio de vcrve, do Sr. Snlomiio Jorge, resum indo e CO· mentando a P:lstoral. Veio a lume em secção livre no "Estndo de São Ptmlo,•. • No mesmo jornal, num artigo ambíguo, o Pc. J osé Nar ino de Campos dá especial destaq ue à importância da Pastoral. • O Sr. Gustavo Corção, em dois ,,rtigos cm "O Globo", elogiou e endossou a Pastoral, e depois de analisá-la com o seu conhecido brilho, recomendou a sua leitura e diíusão, parecendo desconhecei-, entretanto, a amplitu· d e da divulgação dada i, obra pela campanha d a TFP. • Em Salvador, no jornal ''A T:irdc", o Sr. Carlos Masaglío recomendou calorosamente a seus leitores a Pastoral de O. Maycr, dando da mesma urn resumo inteligente e atraente. Numerosos outros redatores e colaborndores de jornais dos mais diversos pontos do P;1is abordaram o tema, o que mostra bem a atualídade deste e o interesse que despertou. ·

Uma entrevisto tru ncada Manifestação ainda desse interesse foi a entrevista pcdída ao Sr. Bispo Diocesano pelo magazine "Veja", Jogo no d ia 27 de novembro. Mas interesse nem sempre quer dizer sim· patia. nem sequer isenção de ânimo. S. Excia. Revma. concedeu a entrevista rcsp-0ndendo a três perguntas aprcsc.n tadas, e não autorizando a sua publicação senão na íntegra e sem interpolações. Era uma precaução d itada pela natureza delicada da matéria. O que o repórter de "Veja" fez, no entanto, foi uma reportagem sobre o assunto "CursiJhos·· cm que, sob vários aspectos, apresentou uma feição desfavorável de D. Mayer, chegando, para esse efeito, ao extremo de distorcer suas declarações. A esse respeito, o Prof. Paulo Corrêa de Brito F ilho, diretor da TFP encarregado do Serviço de Imprensa, enviou a seguinte carta à d ireção de "Veja": "Senhor D;rctor No 1li11 27 <.le novembro lHtimo. procurou mcmter um conu1c10 com o Serviço ele Imprensa ela TFP, no Sect'etariatlo <.lesta c11thlt1Cte, .situado õ Ruo Dr. Martinico Prmlo, 11.<> 246. o Sr. Ne//o I'e,lra

Gliud<1r<t, rc116ru:r esp(;cfol de "Vt'ju'', " Jim ,h• obter uma ,.:11/rcvi.m , ti(• D. Anll.mio de C11sfro Mtt)'('r. lli:;po de Campas. A 1'FP estm·a lcmçu11. do, ,wsse di<11 a mo11w11wsu Cart,, t>,1,\'/Qrlll sobre Cursi/1,o.,; de Crisu,mlade. Foi-Ih<: emüQ ,•.i:1Jlicaclo que~ o Sr. 1J;s1w se <'llt'Onfl•uvu 11v hrt(•rior elt: sm, J)io,·esc•, fora ,lo alc,m,·e ,!(, <Julll<J11<•r ,:01mmkt1çiio tch:fôn icu. de· ,·emlu rctoruur a CampcJJ' nu 5/' feim, dia ]ó. F'oi dito uunbém ao r,·ferit/Q n:pórtt:r - cuso ele tlt:· se/asse uf)rcscuwr t<m questiomírio - qtu: 116s po1/erfmnos c11tr11r em C<J11Wcto ,·om D. M ay,•r, JJor ocosh7ô de s~:u rctor110 a Cmn,,os, e obt,•r dele ,u r1:spostt1J' 1><11' trlcfone. O Sr. Ndlo Glt"'lt11·a "presentou entiio um,, fo·. tt1 ,te tmu percu11ws, recebida.\· pelo nh$Sô 11sseS· sor tle impre11sll, Sr. Manomi Souu1 Pinw. o qual

se prontificou ,, telcfvm,r cw Prelado flumi11c,1sc p<u'fl olner as resposws e 1.•ntret:á•llls a "Veja" "" 6." feira, J.(J dt1 dcz(mrbrQ, mi lis 15 Ir. O Sr. Bispo de Cmnpos concedeu. de bom grudo, 11 e111t·edstu. na J.d /eim ,l 11oi1e, por tele• fone. Pe,liu qm! ,, mc.,m,, fossei ,1,,1ilografadu em pavel timbrtlllo ,léle, em <./tl(1S 11i(l.t, devem/o a ,,;a destimultt li "Vcj,," ser rubl'ic:uda pelo Sr. Munomi Souu, Pimo. A cópia que ficarh1 '-'"' nosso poder dettcria :rer tubrica,la, por ~·u" vez·, velo repórter tlt1 nt,,ixta. Como o Sr. Netlo G<1mlura. 1U) 11ri1m:irQ ç(mtaCJ(J, ti11('SSe nwnifc:.tmlo o pro116situ ele <1/Jrovei· lltr também tleclums:õ<)S feitas por D. M,,.vcr " outros Ól'glios de imprensa, o Sr. Sour.a Pinto consultou o Prelmlo " nwpcitQ. Pediu este que 1uíc, josse im·cridó 11atl11 11,, ICX/ü ,iitmlo. tc.rtQ t!Sle ,·om·uoue <.Ir trê,t perguntas e três n•spo.tta,\'. Sendo uma cntrc,•islli conct>,IM" ,,or 1dc•fmu:, o Sr. Bispo <'·\·colhera ,lc'lltrc pNgullf(IS, ,,s três mtifa· funda. m,·111tds e ,lt.· t·artíwr ,JamrimidQ. Na 6.<' Jc!ira, ('1ttrctmt10. 110 lwníria ,·cnubiuado, o Sr. Neil,:, C,im/c,ra mio comrurrc,·eu. Vâu l!m .'i('II lugar o Sr. Nilton Grmuulos Mom11tt, ,w qual Jo,·mu c:rf)licud"s as condi(:,ies pn,posws por D. MllyCI'. l'fquclc ,,~·siuou. cmiio, 11 prlm cira f)Ú· Rina. tendo l'Ubriclldó (t-l' dcnwi~· plÍJJilW.\' ,111. cópio dt1 cm re,,ista. levou. n<t oc11silio. Q original rubri• c.·,11/() pelo Sr. M(llwmi Souu1 Pinto, um exemfilllr da Pastoral e uma fmogrtifia ele D. Muyer. M1Jme.11tos 1111/C,\', o nossa (ISJ't•SJ'Or ,lc imprcn• Sll,, m1t,111Clo qut o Sr. Gtí11tl11ra l(,rdttv(l cm clu:. f:llt, 1ete/011ara para a reris/a "Veja", loc11lizwulo· o retlaç,to. E.rpôs-1/ie. cmcío. us condiçijes 11prese11t,1das pôr D. Antonio de Ctt.\'tro M11yer. o qulll pedia qtte niio se fir.esstt nenhuma i11tcrpolt1· (<ÍO no texto da i'nfrevlsu,, ,lcvcrnt!,, esta ~·c:r plt• IJlicadt, tal como havia sitio tliuula. Comudo. cus<> <> repórter quisesse publicar 11de11do:r m"io lllribuí. ,·<.•if aó Prelat/(), em <mira pari(' ,ln rcp(11·1ü~cm, era livre em /<J1.ê lo. O Sr. Oi.,·p() ,te Camvos pc· ,lia, porém. que o te.tio mio fo.t.se tnmcado, nem se 1/u, fltc-ssem i111,•rptJlflçcics. O Sr. Nello G,ímfa,.a "':citou cxplicilam eme essas condições. Trtmscorrido mais ,Je um mês. a revista "Ve. ia", em sua ediçt"iv dt 10 de janeiro. publicou na sccç,ío ''Religião" 11m comcnt ório sobre a Ct,rta Pa.stoml. Neste figura, cm forma ,Jc síntese, opc• nas umu J)(trte mínimo <.lo lt·xro ,la cntrc,,ista. P11m <'Xf>licar essa e,•Mentc inobsenâm:ia ,to pt1ctuatlo entre 116s, é pO$.\'Í\1e/ que o rcspo11sá1tcl ,,ela rcjcrida secçtio alegue h,n•cr estamplldo o qu.: hth•ia ,h• essem;it,J nas tle.tl"ra1~õc.s do Sr. Bis. pn d,• Cmupos. Porém. ne.tw sclcç,io entre pnrte.r essenciais e não essenciais da entnn•i,,to, o jon wli:Ut, se substituiu arbitra,.;amcllle ao eutrcvisuulo. Sc•g1111do este último, tudo era essencial no texto cnc<1mi11h<1tlo a "V cja". E, portcmW, a e11trc11i.'ita ,levcrit, ser public11,I" na íntcgn, 1 011 tle todo n,7o ser publicada. ~ um direito que ,,s.sistc ao J'reltu/Q pcu.r ,,r llSsim. Desta foruu, o repórter e o c:1tC,t1rrccotl<» tia secç<io não só violonm, um dil'eito ,lo c11trevist1ulo. como o comblnação l;uc, parn a ga• r1mti<1 ileste direito, expre,tsamtmtc havia sido es1t1belec:idt1. Isto Ilido posto. consigno flqui meu protesto pcnm te o ocorrido. Soml,,çõcs".

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0

Na trilha da distorção Devemos consignar ainda outra distorção\ desta vez na ordem dos fatos, e proveniente do Secretariado de Opi'nião Pública da Díocesc de

Sorocaba.

. . ..

Em comunicado divulgado pela imprensa local e reproduzido pelo "Jornal da Tarde", de São Paulo, o referido organismo pretende q ue os caravanistas da TFJ>. cm sua passagem por Sorocaba, fizera m ''provocações gratuitas.. contra os cursilhistas, chegando a gritar ''abaixo os Cursilhos de Cristandade!" diante da sede do mesmo Secretariado. Ora, é notório de norte a sul do Brasi1, nas centenas e centenas de cidades visitadas, ao lo ngo de vários anos, pelos propagandistas da TFP, que a su:1 atuação é a mais ordeira e pacífica possível, não lhc-.s sendo imputável provocação de espécie alguma. Não procederam eles de modo diferente cm Sorocaba; querernos crer. para sermos benévolos com o Secretariado de Opiníão Pública daquela Diocese, que ele se baseou imprudentemente cm falsos testemunhos. Também essa distorção não ficou sem o devido protesto. O Servíço de Imprensa da TFP d istribuiu a propósi to o seguinte comunicado:

O interesse de todas essas infor mações sobre a crise cursilhista de Burgos consiste, para o povo brasileiro. cm rnostrnr que são tão v,:;::razcs as afirmações d e D. Antonio de Castro Maycr sobre certos Cursilhos, q ue até bim longe de nosso País cslc movimento desperta inquiC'la· ções análogas.

"Militaute.s da TFP ,UfmuUram em Sorocabn, 110 dia /4 ti() corrt:Jtte, a Carta Pu.storal sc,b,·c C ur~ ,rilhos de Crisumdádc, de D. A11UJ1dc dl! Cllstro May,•r, 8is110 1/e C11m110.r. sendo m11i10 bem acollti<los pcl" população. Bm pOUCllS lwra.r foram vem/idas vtírias ccn1,•11,1s ,te e:t:<'mp/ares cll, obra. A prt>pósitó tláquc/a ,,111,,,·cío ela TFP <> Set;re· ;ar;ado de. Opi11ião P1íblica da Diocese ,te Sorocabtt (SOP) di.ttribuiu um commricmlo à imprcnsll

Na própria Espanha

Trata-se de 1111ss1v1stas que dão os respectivos nomes, e assumem assim toda a responsabilidade pelo q ue dizem . Solidarízam-sc eles com os cursilhisrns anônimos, cuja cart3 "Vida Nucv:1'" havia publícado a 11 de novembro. E afirmam que o diretor (eclesiástico) de Cursilhos fora déstituído, as Ultrcyas suspcnsas1 etc .. . Ao mesmo tempo, queixam-se os autores desta terceira carta de que a Hierarquia da Arqui· d ioce.sc só n,ostrava, em relação aos Cursilhos, ''indiferença ou receio", e asseveram q ue do mesmo modo são vistos o utros grupos c.ntólícos "vanguardeiros'', e1>mo a JOC-HOAC. Em conseqüência, reclamam pelo fato de que as medidas contra os Cursilhos foram tomadas sem ouvi-los, com prejuízo do princípio da ºcoresponsabilidadc" incrente à fase p6s-concíliar. O que deixa entrever que atribuem as medidas contrárias aos Cursi lhos, na.o ao Secretariado deste, mas à Autoridade arquidiocc:;ana. Por fim, ainda no dia 16 de dezembro, "Vida 6

argumentação séria e :;ub:;tanciosa. O jornal oferecia aSsim oportunidade a uma polêmic.sercna e e levada - ou. para usarmos o termo

Nucv,,·· publica uma quarta ct>rrn sobr..: o assunto, 1arnbém ela assinada por quatro cursi• lhistas. O documen10 lança uma in1crpclação virtual ao Arcebispo de Burgos. - Por que são perseguidos naquela Arquid iocese os S:iccrdotcs da linha pós-conciliar? Por que a Arquidiocese, dcs1i1uído o diretor de Cursilhos, deixa por q uatro meses vago o cargo? Tudo ísto mostra que o presidente dos Cursilhos de Burgos quis tapar o sol com a peneíra, com ~-tu ardiloso comunicado.

t1/ir111amltJ qrte "·'· ,,ruprtJ;t1lldis((1.-r "" euti,lmlc 11raJll(H'<'rt1m "prt.H'<Jc.-uçiícs gratuitas'' c.·ontrn os Cur. sillw~t tlc· Cl'i.tuuul"'le. Teritm, 11mrn1Q, ,/(, oçordo ,·om u 1101(1 1/ivul,:tulu 11e/t1 Dfocesc tle Sarocaba. du:,:"'lo ,w pôlll(J de bradttr pro11oc<1tiwmu:nl(' ··•"t,ai.\'o "·" C ursillws ,te Cl'isum,lmlc" - cm f ren• te ti sede ,lo SOi". /Jssa afir11w5.'tio cur,·c,· wwlmentc de JmuJu. mentu. Sc~gmuto se /Qr11Qu p1íblic<1 e 1101Qrio cm Sortx:aba. os milit,mtes tia TFP limi1,,ram~·<: " di/mulir a citada Po:uoral. ,te CtM't1 em cusa, pro• clt1mt111do vs segui11tts slog1111.s: "Um tema de 10du mualid,ulc: C ursil/tos de Cri.stamlade"; "'f'PP: uma forço jm•.:m " sen•iç1., ,lo 8rusil". Cõmo st• vê . tt frusc utribuídu pl'lo SOP ,,os 111ilita11tc·s ,la 1'f'I' ,uio foi bn~d,,da por ·e.stts. 011th•, cntllo. teritl ido o SOP busc11r u,I frase? No r<•ll110 itm1gi11oso de algum cursi//1isu, " que im· prmlcnu:mente ,ft,u cté<./ilQ? Esu, pcrgunltt se im· põe. tm,ro nwi.s qmmto - ao contrário ,lo que 11/inntm m111d(· ór1:ão StJl'O(;.(lbmw - os militmues não JlllSS<tram em frente~ aQ c,lifício onde está fo. c.·aliuu/Q o SOP, à Ru<i /5 dl!- Novembro, 11.0 219. Afirma lli11cl" o t<'/crido drgiio que u camp,,. 11/111 du TFP em Sorocaba foi "um de tt1111t•.•.t1t1. çiio" t1m relt1ç,io no Sr. Bispo Di<>c<>J·tmo, uma vct que ,•J·te ftí havia manifestado sua opi11Uio /1worávcl flOS Cursillws, cm c.·ttrt11 ,lil'ititla ti D. Antonio ,te C"stro MuyN. Niio c11beriu "" indo/e d11 pr(•.w:ute 11<>1,, 1ww l11tt1li.se ,le~·I(, objet,·,"io, tl lut do Direito Cwt(mic<>. t su/iciem,• pom/('mr <,-Ut o 111·-0mmciam t·11t(J do Sr. Bispo Sorocobt1 s,· referiu a()J' cursilhos ,1csm~ DioC.-<•St:, ,: a Pas1or11/ de D. Muyer, " tJual a/lr11u, 1:xpn•$.ttm1tntc haver cursill,os mi.o infiltm,los de erros, " rmr ,los que t :rtão ejetivmnentc infi/tr{l(lôs, nc.•11/mma r,•f<•tl?ncia es11t•d/ica contém ua (;ursilhismo S(JrdctJbmw. A/irm11r q11<' u âtatlu P,,swrul calitla com u pr<n11111t·iamc:IIIQ de D . A1e· l~radf! é, vais. muis uma "/irnmç<io iufu,uladu ,fo Sen11ÇQ de 011iniiiv Páblict, ,Ir, Dio<.-esc ,Je Soro<:abaº .

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Um Vigária contra o Bispo . Aínda mais si ngular foi a atit ude do Vigú~,o de Cambuci, nesta Diocese d e Campos. que Jt!lgou nc-cessária sua autorização para que se <hvulga5?e na paróquia a Pastoral do próprío B,spo Diocesano! Esta lese estapafúrdia foi sustentada por escrito, em manifesto amplamente espalhado peh, cidade. Precisávamos ter passado po_r todas as desordens e contestações que se scgmram ao li Concílio do Vaticano, para chega r a ser possível que um Padre se insurja por esta for ma contra o seu Prelado! Desnecessário dizer que o Sr. Bispo apoiou cem firmcz3 os mi1i1antcs loc:lis da TFP enviando-lhes 11111 caloroso telegrama de apl;uso. Aqu, o reproduzimos: "Congratulações efusivas, cxtens·ivas aos d e.m ais valorosos militantes du Tradição, Família e P ropriedade, pelo empenho na divulgação do J)<?nsamento do Bispo Diocesano, c~1_>ecialmcnte na tampanhn de domingo, dia J.4. Bênçãos cordiais". Posteriormente o Vigário distribuiu comu .. nicado confessando q ue não houvera invasão n~nhuina de sua igreja, como haviam noticia-do os jornais, e pcdíndo perdão à TFP e ao Presidente de seu Conselho Nacio n:ll pelas injúrias que contra eles lançara num assomo temperamental.

• •

Trabalho doutrinário de grande porte, é realmente uma lástima que a Carta Pastoral sobre Cursilhos de Cristandade, de S. Excia. Revma. o Sr. D. Antonio de.Castro Mayer, não tenha despertado contendores à a ltura, que soubessem) numa polêmica serena e elevada, discutír ponto por ponto o mérito da q uestão. Apelos nesse sentído não faltaram, como vimos. Mas .lindn está cm tempo. Por isso mesmo, encerramos este arrigo fazendo nosso um desses apelos, formulado pelo Prof_ Plinio Corrêa de Oliveira e m seu citado artigo de "O Jornal", do Rio: HD . Antonio se funda, cm seu trabalho, numa documenta~o farta, toda constituída de lívros e rcvist.as cursilhistas do Brasil e de outros países. 8 absolutamente impossível negar a autcntiddadc dos textos que ele aponta e analisa. Os cursilhi~1as q ue não se engajaram em tais erros - e por tcrto são numerosos - d e.. vem àquele Antistitc real gratidão. Pois ele os nlcr ta, assim, contrn escolhos de encontro 30$ quais outros sucumbiram. Os cursilhi~tas quc1 pelo contriírio, se engajaram cm tais erros lhe deverão um ag:r adecimcnto quiçi'í ainda mais caloroso. O maior benefício que se pode fazer ~ alguém que: errou é ajudá-lo a reconquistar a vcrrlade. Aos cursilhistas que, engajados em tais doutrinas, sustentarem que estas são a pura expressão da verdad e, cumpre, por um dever de imp:uciaHdad e, csludar acuradamcntc as razões do Bispo de Campos e pedir a este um diálogo. Os termos ent que o egrégio Prelado aborda todo o as.tm nto são estritamente doutrinários e d e um comedimento notável. Excluem c-les, de todo cm todo, o diz.que-diz, a invec. fiva, a detrnção pessoal. E, com isso, as condições para um diálogo estão postas por ele de modo ideal. Só o que não é possível é manter-se alheio a esse grande problema, a esse grande 1.ivro, à voz desse grande Bispo".


C o nclusão da p ág. 2

D . MAYER TOMA POSIÇÃO ANTE APLAUSOS E CRITICAS a aduzir dezenas de textos de publicações oficiais do movimento cursilhista, demonstrando

com argumentos- que elas entram cm conflito com a doutrina tradicion:.I da Igreja. A única resposta sólida, portanto. seria destruir meus argumentos com outros argumentos. E não lançar insinuações injuriosas".

Lavagem de cérebro O Sr. Bispo Diocesano aludiu, cm seguida, ao pronunciamento d o EXlllo. D. J osé Maria de Morais Pcnido, Arcebispo de Juiz de Fora, que conced eu uma entrevista n jornais de Belo H orl7.ontc na q ual aborda, ent re outros pontos, a qucstiio da "lavagem de cérebro", referindose explicitamente ao documento publicado por D. Mayer. ''Afirmo, cm minha Pastoral, que não existe no tríduo cursilhisra a " lavagem cerebral .. através de métodos violen tos, - observou o Bispo de Campos. A acusação que paira sobre os Cursilhos é a de praticarem uma lavagem cerebral através de métodos subtis. suaves e d isfarçados. Lavagem de cérebro ..:.... observo na Pastoral é uma noção muito ampla. Se por tal se entende um processo de mudar

as con.vicçõcs de uma pessoa., predominante· mente pela manipulação de uma sensibilidade

superexcitada, não se pode negar que há um elemento fundameotal muito importante. comum à iavagcm de cérebro e ao método de Cursilhos. Era a esta objeção que se deveriz dar resposta. Entretanto, em sua entrcvisla . D. Pc11ido não enfrenta o problema. Afirma, de modo a causar estranheza, que os retiros antigos é q ue praticavam â lavagem cerebral. E isto, segundo aquele Prelado, por uma razão muito simples: nos antigos retiros. ·só o pregador falava. enquanto nos cursilhos falam todos. Tal conceito evidencia um desconhecimento do que seja, verdadeiramente, lavagem de cérebro. De fato, esta não se caracteriza, ' .a, por uma maior . ou menor em sua cssenc1 quantidade de palavras, mas sim pela mudança de conviêçõcs de uma pessoa, através da manipulação de uma sensibilidade superexcitada. Ora, os retiros espirituais, especialmente o inaciano, apelam para a inteligência e a vontade. hão concedendo um papel preponderante à sensibilidade. O que S. Excia. passa em silêncio, e isso é inexplicável em quem deseja imp ugnar meu trabalho, é o ponto cm que a P2.storal mostra como os Cursilhos esquecem o que definiu o I Concílio Vaticano sobre o papel da fé intelectual na conversão do indivíduo".

" Revolução cristã" idê ntica à re volução comunista "Ainda segundo D. Penido -

prosseguiu o

Sr. Bispo Diocesano - seria uma "nervosia" (sic) identificar a revolução cristã pregada pelos Cursilh.os "com a revolução comunista empregada por Marx,,. Parece-nos que S. Excia., em seu afã de eximir os Cursilhos dos erros que aponto, tropeçou nas palavras·. Em minha Pastornl, não " identifico" a "revolução" pregada pelos Cursilhos com a revolução marxista. Cito apenas documentos cursilhistas que manifcstani uma tendência para o marxismo. corno já mencionei há pouco. Sugerimos ao Sr. Arcebispo que releia a página 90 de minha Pasto ral, esclarecendo depois se mantém a acusação que faz. Caso a mantenha, deverá atribuí-la então aos Cursi .. lhos e não a mim" .

Em ambientes cursilhistas "A Pastoral que publiquei - observou o entrcvh1ado - provocou reações em vários ambientes cursilhistas. Algumas pessoa$ objetam que não é possível a ?.lguém formar um juízo sobre Cursilhos sem ter participado do tríduo cursilhista - isto é, do pequeno curso de três dias. A respeito desta alegação, cabe uma pergunta: o que as publicações oficiais dos Cursilhos d izem sobre os tr!duos está em consonância com a realidade do que ali se pas-

~

AfOJLRCESMO MENSÁRIO com t1pronçrto ec1t$lástka CAMPOS -

EST. 00 RIO

01RIITOlit

MONS. ANYON10 RrnmRo no Rosu10

Dirctori:1: Av. 7 de Sttcmbro 247, caixa. posto! 333, 28100 Compos, !ti. Administração: R. O r, M:ir tinico Prado 27J, 01224 S. Paulo. Agente para o Estodo do Rio: José de Oliveira Andrade, caixa postal 333, 28100 C:impos, RJ; Agtnte pàrn os E.~hldos de Goiás, M.tto Grosso e Mln:Lo; C-emLv: Milton de S:illcs Mour5o, R. Par::iíba 1423 (telefone 24--7 199), 30000 Belo Horizonte; Agtntt p:..ra o Estado dt1 Cu,mab nrn: Luís M. Ouncan, R. Cosme Velho 81S (telefone 245-8264), 20000 R.;o de Joncôro; Ag,nte p11n1 o E.tf:ldo do ~:ui : José Gcrnrdo .Ri· beiro, R. Pernambuco 157, 60000 Fortnlcz.a: Agcnfes po.ra n A~ cn tina: "'fr::idiciÓn, Familia, Propicd:i.d", Cnsill:i. de Corrco n.0 169, Cnpi1:1I Fedem.!, Argentina; Agen te p:in1 a Esr:mha : Jos6 M:1rfo Rivoir G6met, op::irtado 8182. Modríd, E,sp:mh:i.. Composto e imprC$SO n.:1 Ci3. Litho&mphicn

Ypir:mga, Rua Cadete 209, S. P:1ulo. A.ssrnalur.a nnual: comum CrS 25,00; coopera.dor Ct$ 50,00i benfeitor CtS 100,00: gtande benfeitor CrS 2-00,00; scmi11aristas e C$tudnntcs Cr$ '20,00; América do Sul e Central: vfo. de superfície USS 4,00; vin aérea US$ 5,25: Améticn. d o Norte, Por1ugal, Esp:inhn. Províncias ultramarinas e Colónias: vfo de superfície USS 4.00; via a6rca US$ 7,00; outros p3Í$C.<;: vfo de su-

pcrrrc;c US$ 4,50, vôo :iérca USS 9,25.

Vtnd:t. avulStl: CtS 2,00.

Os p:1.g3mentos., ~mpre cm nome de Edilorn P:ulrc Bekhior de Pontes SIC, p0derão ser enc:i.minh:i.dos :\ Admini:s1raç5o ou aos agentes. Para nmd:u,ç:, de endereço de

assimrntes, é necessário mencionar l~.mbém o endereço anlis<>, A correspondência rc• la.tiva a assinaturas e venda avuls a de,•c ser enviada ~

Ad.mlnltlrnção: R. Dr. M~rtínlco Prado 271 Ot224 S. P<iuto

sa? Se está, é legítimo criticar os Cursilhos com base no que eles d izem sobre si mesmos, tanto mais quanto a palavra escrita e impressa carrega consigo maior respons::\bilidade do que a palavra falada: "verba volant''. Se não está em consonância, é o caso de perguntar como é q ue os Cursilhos são calu niados por suas próprias publicações oficiais. Coisa certamente muito estranha ... Alguns acentuam que conhecem melho r do que eu o cursilhismo e estão no caso de lhe dar um atestado de i'nteira e límpida ortodoxia, porque fizeram um cursilho. Ora, a experiência deles prova. no máximo, q ue o cu rsilho a. que estiveram presentes em. bom. E não que cm nenhum cursilho deitaram raiz más dou-

trinas, cons1an1cs de documentos cursilhistas. Ademais, pergunto-me se basta ir tLs r<:u· niõcs ele um movimento para se ter ccrtez.'l de que ele é bom. A mim parece-me indispensável ainda estar a par da literatu ra publicada pelo movi.m ento. Ora, não quero crer que o este· jam os que combatem minha Pastoral. Porque, a admitir que o estivessem, cu deveria con· cluir que apóiam os erros contidos nos documentos cursilhistas por m im citados ...., "Houve também prosseguiu S. Excia . Revma. - quem me negasse autoridade para

falar, porque o movimento não está implantado cm minha Diocese. Conhecerão tais pessoas o trabalho de infiltração que ct.1rsilhisrns realizam aqui cm Campos, criando problemas pa.ra numerosos fiéis e para o próprio Pastor? Além do mais, nada impede que um Bispo maniícstc seu pensamento sobre problemas q ue afetam a Igreja Universal. Ao que nossa era de intensa e rápida intercomunicação mundial convida mais do que nunca.". "Assim acen tuou o Prelad o nosso pronunciamento é um d ireito e até um dever'',

Seria ma is atual, porve ntura, refutar, . . o arianismo? "Outros limitaram-se a formula r invectivas impertinentes, com o intu ito de desdourar minha pessoa aos o lhos do público. Espero que isto não seja sintoma de que, à míngua de melhor. certos "ultracursilhistas" enveredem pela triste saída da detração pessoal. Houve ainda quem julgasse "antiguadas·• ou "'não conciliares" as minhas observações". Com um discreto sorriso, S. Excia. pergunto u: " Não será atual, para um Bispo que deseje defender a Fé, apontar os erros que circulam em nossa época? Desejariam estas pessoas q ue refutássemos o arianismo ou os erros que medraram nos primeiros tempos da Ig reja?" "(ô d ifícil explicar - ponderou D. Antonio de Castro Maycr - como essas objeções se façam contra mim, precisamente em nome do Vaticano l i. Assim., na época cm que tan to se fala do diálogo e da emancipação do laicato, ao invés de os entusiastas dos Cursilhos entabularem um diálogo franco, entrando de rijo no cerne doutrinário do tema e convidando toêlos os fiéis a considerarem o próprio mérito do assunto. procura-se esquivar o d iálogo e evitar que o público leia a Pastoral e sobre ela opine''. Sobre a utilidade de um tal debate, observo u o ilu,1re Prelado: "Hoje fala--se tanto da utilidade do diálogo, até com os comunistas. Por que então evitá-lo entre católicos? Por que velar a face ante o fato de que h<í desa-

cordo, inclusive no Episcopado, a respeito dos Cursilhos, quando pelo debate frater no pode-se mais facilmente cheg.:ir à verdade?'·

Convite a e ntrar no cerne D. A ntonio de Castro Maycr co nvidou q uem q uer q ue seja, eclesiás1icos ou leigos, a expor o que haja d e er rado em sua Carta P a;1oral. "Trata-se de um documento público - acentuou - e quem quiser reíutá-lo pode íazê-lo i1s clara.s. sem me penalizar ou desagradar cm nada, desde que deseje ir ao âmago do assun to··. Concluindo, S. Excia. insi;-tiu: "Os Cursilhos de Cristandade têm direito à legitima defesa. Seus ó rgãos diretivos, segundo a ordem natura l das coisas, têm até dever de produzi-la, nn. medida cm que se julguem injustamente atingidos. E, se considernm justas ~1$· minhas críticas, seria nobre e digno de encômios que eles reconhecessem os erros que c irculam no movimento. e os repudiassem de público". O Bispo de Campos ainda acrescentou: "Alr,uém pode não se sentir obrigado a pronunciar-se sobre a Carta Pastoral. Mas, desde q ue o faça, deve - quer por respeito a mim, quer a si próprio - observo, as regr~ do diálogo o u da polêmica, entrando no mérito da q uestão, cm lugar de d iscorrer, por vezes raivosamente-, sobre aspectos irrelevantes da matéria. Penso que é precisamente o q ue nosso público tão lúcido espera dos altos ó rgãos de direção cursilhista".

Conclusão da pág. 3

"LE SILLON'', CURSILHOS E SUBVERSÃO 1ri11a católica stio fixos, e " história da tivilizaç,lo cristti t1í está ,,ara Cltesttir sua fecwulidade bertfat.ejtl' (n.0 9). E, de foto, podem as condjçôes de v'ida m udar, podem mesmo pedir l.lma adaptação na ordem concreta. Como, no entan to, os princípios da doutrina católica são fixos, é para rejeitar-se toda adaptação que impliq ue na negação daqueles princípios. E o que observa aqui São Pio X com relação a "Lc Sillon ". Passando a publicações cu rsilhisras, notamos que muitas delas não retrocedem diante da conseq(iência contida no conceito que fazem da dignidade humana. Querem também uma subversão total das atu:lis estruturas sociais, que são "paten ra/istas" e "oligárquicas" ("Encontro Mundial. .. , Tema.s do 3.0 D ia", p. 34). P leiteiam "m udanças estrulllrais na América Latina [ ... ] rápidas, urgentes, TOTAIS" ("Trípod e", julho de 1971, p. 2 - destaque nosso). Embora sem vio lência, desejam as mudanças mais radicais ("Reflexões para Cu rsilhistas de Crist.", cd. do Sccr. Nac. de Curs. de Crisl. do Brasil, 1970, p. 180).

Rumo no comunismo As publicações cursilhistas não declaram qual a estrutura que seria compatível com seu conceito de dignidade humana. Seria, ali,ls, difícil estabelecê-la, pois, como afirma São Pio X, primeiro se deveria mudar a naturcz.a. do homem. Porém, dentro da dinâmica natural de seu pensamento, a tendência é para a estrutura social marx ista, comun ista. Com efeito, para salvar-se a dignidade de cada qual é preciso que não haja superiores. Para que não haja superiores é mister que o indivíduo desapareça na massa. De-ixc-sc levar pela cvoluç.ã o, sem diminuir sua d ignidade através d a obediência a outra pessoa determinada. Tal diluição do indivíduo na comunidade é o que envolvem certas afirmações de publicações cursilhi.stas. Por exemplo. estas: "O Cursilho de Cristan datle deve ajutiar os pt1rticipantes a des.. cobrirem a sua vocação pessoal, para realizá-la em comunidade e em favor tia comunltiade" (''Alavanca", n.0 67, 1972, p. 30), uma vez. q ue "s6 li com unida,Je cristti é o clinw ontle um cristão pocle pasSt1r de uma fé infantil a uma fé adulta, de uma fé individual a uma fé comunitária'' (ib. 1 p. 34), porquanto "ti socia· lização progre.'iJ·iva dos diversos tLSpecros t/t, vida h um1111a;. tlesdc cs econômicos ATÉ os F..S· P IRITUAl,S .e: CUt..TURAIS", é foto definitivo, isto é* não tem marcha à ré ("Te,stimonio,,, n.0 45, p. 68 - destaque nosso). Nesta antipatia com relação à pessoa que se afirma e na concomitante simpatia pela rnassa

que anula a personalidade, lateja o espírito marxista. Semelhante tendência para o socialismo, São Pio X encontrou cm "Lc Sillon", quando escreveu: "pode-se dizer que o Sillcn escolta o socialismo, o c /har fixo numa quim era'' (n.0 35). Neste ponto, no entanto, publicações cursilhiscas são rnais explícitas ...Trípode" em ja· neiro de 1969 destaca o que julga como coincidências entre mantistas e cristãos, e são as teses que formam o arcabouço do materialismo histórico (artigo de José Maria de L lanos), e cm maio de J970 bate-se contra o d ireito de propriedade (artigo de Eduardo Cierco) . No Brasil, ''Alavanca" aco1npanha a sua congênere de Caracas, ao fazer propaganda do livro de Louise Rinscr, já citado, onde se declara que "cm Política já ,uiO ensinamos mais qu e o com unismo é mau" (junho de 1971, p. 17).

Laicismo da Sociedade e do Estado Aquela autonomia do homem propugnada por "Lc Sillon" e enaltecida cm publicações cursilhistas tem como decorrência lógica o laicismo da sociedade e do Estado. Com efeito, se cada homem deve seguir apenas seu critério, deve obedecer somente a si mesmo, segue-se que não se pode exigir de todos os homens que pratiquem a mesma relig ião. Pelo contrá· rio, há de admit ir•se como natural e certo que cada um siga aquela que estiver de acordo com seu próprio julgamento. Deus fica na dependência do homem. Na ordem prática, a socic· dadc como tal, assim como o Estado, devem prescindir de crença religiosa, para não diminuírem a dignidade de nenhum cidadão. Assim pedia "Lc Sillon", ao empenhar-se por "estabelecer sobre a ferra, por cima da Igreja, o reino da justiça e do am or co,n operários vintlos de toda parte, tle toda.~ tis re/igiõeJ· ou sem religião, com ou sem crenças" ( n .0 34), uma vez q ue "todos os operários de iodas flS J'eiu,s foram co,n·ocado.f para ti construç,1o tia sociedade furura" ( n.0 30). Por principio, "a lgrejc, não deverill, por nenhum 1itulo, ser beneficiária d1Lf simplllias que sua ação (do ·'Sillon") pudeJ'Sc susâtar" (11.0 34).

Uma supe r-igreja E o pensamento ele "l..c Sillon'' não se deve entender segundo a doutrina tradicional que. cm sociedade de pluralismo religioso, tolera, n:1 ordern concreta, a coexistência da verdade com o erro, scrn jamais afirmar que erro e verdade se confundem, têm o mesmo direito. Não. "Lc Sillon" propugna uma super-igreja.

.. uma re/igitio ( . . . ] mt1is universal do <1uc o Igreja Cat6/ica, reunindo to<ios os homens tOr· mulos enf im irmãos e camar,u/(ls no "reino de Deus". ~ a religião da humanidade, como d iz São Pio X, resumindo o pensamento dos sillonistas: "n ão se trabalha pela Igreja, trabalha·se pel" lmma11idade'' ( n.0 35). Por isso mesmo, escondem os sillonistas a divindade de Jesus Cristo, para só salientarem sua mansidão, sua compaixão por todas as mi· sérias humanas, mostrando em Nosso S:nhor Jesus Cristo aocnas "um h umanitarismo sem consistência e Sem ,mtoritlade" (n.0 38).

Publicações cursilhistas reavivam idé ias do "Sillon" Não é d iversa a mentalidade que emerge de publicações cursilhistas autorizadas. Também elas propugnam um humanismo por cima das coníissõe-s religiosas, para cuja realização colaborem marxistas e cristãos, uma vez que o Estado "não deve ter o privilegiado apoio de nen huma i<leologia, pois sua m lssão própria mio é nem crisui nem atéia. mas simplesmente Jmnu11w", como "os cabclcreiros e as con/ei• tarid.r" ("Trípodc", janeiro de 1969, p. 9). E. à maneira de "Le Si11on", também tais publicações almejam uma fusão das confissões religiosas numa super-religião q ue não seja nem cató lica, nem protestante, nem judia, mas simplesmente humana. Leia-se o que escreve o Pe. A ugustinovich, promotor de cursilhos ~a Venezuela, no livro "Vivencia de la Ig lesm Cornunidad't, página 159: " Ben vindo o diálogo com os m arxistas e com os ateus. porém com a ,:011dição de que não se converta em simf)les sincretismc". Sim, porque o sincretismo ajunta, e o necessário é constituir uma síntese nova de todas as tendências religiosas ou atéias.

Conclusão Numa éooea cm que reina grande confusão na Igreja, êoníormc repetidamente tem advCT· t;do Paulo VI, numa . é!)OCa de autodcn,olição, na qua1 procura-se negar a existência do demônio, o inimigo que está agindo dentro de casa, qmmdo o Papa recomenda que não se rompa com a Tradição, julgamos oportuno e apostólico pôr d iante dos fiéis a aproximação que aqui fazemos e que nos parece sumamente elucidativa. Outros a julgarão ..pocfra da estr,ult,". Digamos q ue foi o desprezo de semelhante ''poeira da estrada" que levou ao ·olvido • ação do demônio, hoje lamentado por Paulo VI. 7


Af011C]SMO

*

TFP PRESTA HOMENAGEM À MEMÓRIA

Na propr1a Espanha,

DE DIRETOR

os Cursilhos sao caso

POR OCASIÃO DO prlmtlro aulvcrsiirlo do fakdmrnto dl> Sr. Fablo Vldlgal Xavier da Sllv<lra, transcorrido no dia 28 de de7..mbro último, a Soclecfade Brasileira de Defesa da Tracllçiio, Família o Proprled&dc prtstou significativa homenagem à memória do inesquecível membro de seu Conselho Nadoru1.I, Inaugurando seu rt"trato na stde do reftrido Conselho, em Siio Paulo. Além de sócios e militantes da T•ºP braslleln,, estiveram presentes à

Plinio Corrêa de Oliveira

c:e-rimôola o pal do saudoso diretor da tntidadt, Sr. Martim Affooso Xavitr

Tnnscrevemos aqui, para conhecimento dos leitores, os trechos essenciais de dois artigos do Prof. Pllnlo Corrêa de Oliveira, publicados cm suo coluna MOmanal na "Folha de Siio Paulo", dn capital pnullsla:

e

AUSOU-ME VIVA sensação a leitura de quatro recortes da 'Prestigiosa revista espanhola º'Vida Nucva". alusivos a Cursilhos de Cristandade. Em que situação deixarão tais recortes aos que, em nosso País, sustentam serem fruto da mera imaginação as inculpações feitas a esse movimento por D. Antonio de Castro Maycr, Bispo de Campos? Como todos sabem, o cursilhismo nasceu na Espanha e ali tem sua direção central e suprema. Pois precisamente daquele pais nos chega a noticia de que os Cursilhos vão dando 0Ca$ião - no plano doutrinário - a d6vidas, disc~ssões e polêmicas entre católicos. - Será que também na Espanha os Cursilhos encontraram meios de ser injustamente atacados? - e muita coincidência ... Sirva isto de. razão para sofrear, aqui no Brasil, alguns amigos superardorosos dos Cursilhos, que protesta.m contra as argutas e bem documentadas observações de D. Mayer como se fossem absurdos inaceitáveis, verdadeiras blasfêmias. Em outros termos, enquanto na própria pátria dos Cursilhos eles são frontalmente controvertidos, neste nosso Brasil há quem os veja como animais sagrados em que não é lícito tocar. Penso que uma apresentação aos leitores, do que publica a tal respeito "Vida Nueva'º servirá para pôr água na fervura dos ambientes '"arditi" do cursilhismo.

meses qperamos cm vão a nomeação de quem o wbstltua". · O Sr. Arcebispo de Burgos não julgou suficientes essas graves medidas. Os cursilhistas prosseguem cm sua narração: "Sobreveio depois a su,-pensão das Escolas e Ultreyas, com grande desconcerto para esta cristandade; por último, a proibição, pelo delegado episcopal, da celebração da Eucarl-,lla, por MOr considerada ato coletivo e lerem ficado suspensos tais aios, não sabemos alé quando". O mais grave está dito apenas de passagem, no íim da frase: a Arquidiocese de Burgos julgou necessário suspender todos os atos coletivos do movimento cursilhista . . . Bem entendido, o grupo de unos cursllllstas não aceita ser governado com tão firme autoridade. Depois de afirmar que "foi grande o deseoncerto entre os cursllhlstas, ao se sentirem manejados desta maneira", eles exclamam: "Niio se toma em nenhuma conta o povo de Deus na hora de&585 decisões? Quando começaremos a viver a Igreja pós-concUlar, ou será que isto é prlvll~lo de algumas D loceMOs?" A carta termina grosseiramente com a insinuação de que eventualmente o Sr. Arcebispo de Burgos e a corrente tradicionalista que lhe dá apoio, optaram por essas medidas com o intuito - que não poderia ser qualificado senão de diabólico - de fazer o mal pelo mal. Dizem os missivistas: J estamos vivendo dias multo amargos. Vejo desilusão, abandonos, e as crlMOS de consciência, Inclusive de fé. "Ferirei o Pastor e se dlspersariio as ovelhas". t Isto que se pretendia? Suponho que não. Porém, neste caso, é eonceb{vet que não se tenham previsto essas .conseqüências? Por que negar-nos, e com que fim, uma llbenla· de de reu.nlão à qual lemos direito co00 (

•••

mo cristãos?" · Como se vê, os missivistas ;'su·

O priméiro recorte que me chegou às mãos (datado de 11-IJ-J972) divulga uma éarta à redação da revista, assinada por "unos cursllllstas" anônimos da grande Arquidiocese · de Burgos. Deixa a missiva ent(ever, antes de tudo, que existem "tensões" em Burgos, resultantes do propósito (de quem? do Arcebispo, Mons. Segundo Garcia de Sierra y Méndez? - A carta não o diz, mas insinu:.) de estabelecer a "prevalência da chamada 1.lnha tradicional" spbre, a corrente inova. dora. Dai resultaram - segundo os mis-

põem", apenas, que não se pretende trucidá-los espiritualmente. Logo. consideram como admissível, em rigor de lógica, que se queira fazê.lo! Pois uma suposição tem sempre ca.r áter condicional e admite implicitamente - se bem que com menor probabilidade a hipótese oposta. Antes de passar a outro co·mentário, permita-me o leitor uma pequena observação de passagem. Uma das frases que acabei de citar diz: "Vejo desilusão, etc."'. O verbo ver está aí na primeira pessoa do singular. - Mas então é um só cursilhista que escreveu

sivistas -

cursllllstas"? Por que esse manejo dentro da ,.ona obscura do anonimato? ·A observação mais importante vem agora.

"numerosas trant;formações

na DloceMO, as quais parecem ter sido dirigidas· em sentido tradicional, com o inlmo aparente de apaziguar umn delennlnnda linha doutrinária". Do meio desta linguagem, cheia de subentendidos confusos, parece emergir a afirmação de que o Arcebispo deu ouvidos às preocupações de teólogos ou leigos fiéis 11 doutrina tradicional da Igreja, e em conseqüência tomou providências para exterminar nos Cursi• lhos uns tantos abusos contrários à boa tradição católica. O que segue confirma esta impressão. Com efeito, os autores da missiva narram que os Cursilhos foram atingidos a fundo por várias medidas saneadoras tomadas pelo Arcebispo. Dizem eles que a renovação ordenada

na Arquidiocese "cu$1:ou primeiro, ao Movimento de Cursllhos, a eliminação, por sucessivas transferências, de parte de sua equipe .-acerdolal (por coincidência, os mais no16rlos por sua tendência renovadora, MOgundo as cli· relrlus do Vaticano 11). E, por fim, de seu Dlrelor". E continuam, gemendo, os missivistas: "Desde há dois

a carta, assinando cotretanto "unos

• • • Chamo a atenção dos meus leitores para uma peculiaridade singular da argumentação deste.~ (ou deste?) cursilhistas. Depois de uma série de lamentações destinadas a atrair a compaixão dos leilorcs de º'Vida Nueva", e de apresentar implicitamente o Sr. Arcebispo de Burgos e os que o apóiam, como rea~ionários inquisidores no sentido mais pejorativo que o anticlericalismo deu ao termo, a missiva desfechou, como vimos, com uma

grave acus.1ção contra o Prelado. A mais grave que se lhe pode fazer: Pastor que· extermina suas ovelhas. Porém. no seu longo e prolixo ar-

razoado, a carta deixou cautelosamente de làdo o ponto essencial. Toda pessoa acusada injustamente deve informar-se sobre o conteúdo da acusação, e mostrar que ela carece de provas. O mais é conversa fiada.

No caso concreto, o Arcebispo parece considerar os Cursilhos como grávemcnte infectados de erros. Ou ele tem razão, ou não a tem. Se tem razão, os cursilhistas que cfetivamcn• te hajam sido conquistados para' a Igreja pelo famoso impacto cursilhista. devem submeter-se filialmente, cm lugar de entrar cm estranhas e censuráveis dúvidas sobre a Fé. Se o Prelado não tem razão, assiste-lhes o direito sagrado à legltima defesa. Mas, nesse caso, estão absolutamente obrigados a esclarecer o p6blico sobre as

da SIiveira, o Presidente e o Vlet•PffSldtnte da Sorltdado Argentina de Deresa da Tradição, Famllla e Propriedade, Srs. Co,me Be<:car Varela HlJo e Carlos F. lbarguren Hljo, bem como rc,pr~nlJlntes das TFPs chilena (no exlUoi, uruguaia • colombiana. Após canl°"' entoados 9<lo Coro São Pio X, da TFP, falou o Prof. Pllnlo Corrêa de OUv<lra, destacando asp«tos da ptrsonalldadt do Jovem t brilhante autor dt ºFrcJ, o Ktren:Sky tblltno".

O Sr. Pllnlo Vldlgal Xavlu da Sllvclnl agndeceu em nome da fan,nta a hornenagem ptt$Cada à memória de seu lnnão. No mesmo dia, às 9 horas, por lnldJitlva da familia de Fablo Vldlgat Xavier da Sllvtlra • da TFP, foi cclebnda Missa em suf~o d• SUA alma na IJUeJa ele Nossa Senhora do Parals,c,. Em Iodas as sedes da TFP em São Paulo foi h~tado o t$tandartc tnlulado da entidade.

acusações de que foram vítimas, e a tornar l,)3lente que tais acusações carecem de provas. Precisamente isto, os tais cursllllsras evitaram cuidadosamente de fa. Zér. E para agir de modo tão singular, devem ter lá suas razões ... O fato é que, neste espécime de apologética cursilhista. notamos três ca-

racterísticas: a) pânico de discutir o mérito do

assunto; b) empenho cm aliciar a simpatia da opinião p6blica. colocando o movimento cunilhista como vítima; e) contra-ofensiva arbitrária e difamatória, dirigida aos que ousam apontar os erros do movimento.

Durante a homenagem, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e os Srs. Martím Affonso Xavier da Silveira, Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira e Plínio Vidigal Xavier da Silveira

• • • Posteriormente, chegou-me a notícia de que o presidente do Secretariado Diocesano dos Cursilhos de Burgos desmentira c,sas informações. Procurei então novos informes sobre o assunto. Passo a dá-los. Com efeito, aquele organismo cursilhista redigiu uma nota, publicada por "Vida Nueva·· a 16 de dezembro p.p. Tal nota visava ser um desmentido da carta anteriormente estampada na mesma revista. Na realidade, muito segundo o estilo cursilhista, a nota não desmentiu grande coisa. Quanto à remoção de dir.igeotes, disse ela que um Franciscano e um Jesuíta da equipe sacerdotal diretiva foram transferidos por seus Superiores para outras cidades, nas quais estão ocupando cargos diferentes. - Em si, o fato não desmente a culpabilidade dos Sacerdotes, pois a. remoção de um Religioso não tem. m~cessaria· mente, significado abonador, nem desabonador. Remove.se um Padre. tanto para destiná-lo a máis alta tarefa, quaoto para afastá-lo de um cargo cm que -sua atuação é censurável. A suspensão das Escolas e Ultreyas. acrescenta o comunicado cursilhista, foi feita pelo próprio Secretariado e não pela ArquidiOCC$C. Com esta informação, o comunicado visa dcsmcn. tir que a medida tenha sido tomada a título punitivo pelo Arcebispado. Também este argumento nada conclui. Acontece freqüentemente que a Autoridade diocesana, em lugar de agir diretamente contra uma associação com a qual esteja descontente. incumbe discretamente a própria direção da sociedade de tomar as medidas punitivas adequadas. Para se de: fender, seria indispensável que o Secretariado dos Cursi°lhos declarasse quais os motivos que o levaram ao rechamento das Escolas e Ullreyas. E isto. ele evitou cautamente de o fazer. Bem analisado, o comunicado mais dá motivos para desconfiar dos Cursilhos, do que para confiar.

• • • Outro documento que igualmente não depõe a favor dos Cursilhos é uma carta de quatro cursil-histas, publicada na revista '"Vida Nueva"" do mesmo número de 16 de dezembro. .

CO)( CLUI

NA

PÃOl}IA

6

TFP IJIFC!NDÍS A

PASTOBAL SOBRE OS CCJBSTLIIOS Os propagandistas da TFP oferecem a Pastoral aos transeuntes e t.aimbém de casa em casa (pégina 4)


1

ll OutU'fOR: MoNS, ANTONIO RrnJ31RO

ºº

ROSAMIO

,

.: I

'

O Cardeal S ilva Henríquez cumprimenta cordialmente o tirano comunista Fidel Castro quando da visita deste a Santiago. Em baixo: Depois da posse do presidente marxista Allende, o Cardeal visitou-o, oferecendo-lhe uma Bíblia. Radiofotos AP e UPI.

MANIFESTO DA TFP CHILENA Receosa da ingerência clei1oral do progressismo, a qual já produzira efcilos lão deletérios cm pleitos anteriores, a Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade deu a lume em

Santiago, às vésperas das eleições de 4 de março, um manifesto intitulado "A autodemolição da lg,·cja, íator da demolição do Chile", no qual destaca o papel da Sagrada Hierarquia no processo de marxislização do país. A imprensa di,íria de São Paulo publ icou a respeito o seguinte despacho de uma agência internacional:

" A Sociedad,1 Chilena de Defesa da Tradição, Fa111ília e Provriedade - TFP - resvonsabilizou ontem o Papa pela '"tlesastrosa colaboração do Clero e da f/ierarquia do Chile c:0111 o governo n1ar-

notícia, dois diretores da TFP chilena ora residentes em São Paulo, Srs. Patricio Amumítegui Monckebcrg e Juan Gonzalo Larraín Campbcll, não querendo que ficasse projetada no público brasileiro uma imagem menos exala daquela entidade, decidiram divulgar pelas colunas de "Catolicismo·• o texto integral do man ifesto e - enq uanto esta nos-

sa edição estava no prelo - estamparam os tópicos essenciais do mesmo cm dois jornais da Capita l paulista. O documento que, assim, apresentamos aos nossos leitores é notável pela concatenação da matéria e clareza da exposição, mostrando um quadro impressionante das devastações do progressismo no Chile.

A TFP afir111ou q11e vor d11as vezes pediu a Paulo VI q11e a11wsse com firmeza para impedir a

Uma vez que o manifesto está sendo publicado no Brasil, é normal que se pergunte qual a posição da TFP brasileira cm face do pronunciamento de sua co-irmã andina. A respeito disso, o Prof. Plinio

"infiltração co1111t11isll1 no Clero católico", ressal-

Corrêa de Oliveira escreveu para sua coluna sema-

tando que não houve resvosta".

nal em um matutino paulista os dois artigos que reproduzimos na página 4.

xista de Salvador Allende''.

Dado o caráter extremamente sucinto dessa

N.º

267

ANO

X X 111

MARÇO

D E

1 9 7 3 Cr$ 2,00


TFP CHILENA: CLERO, A GRANDE DE ALLENDE ESPERAN Damos hoje a público pelas colunas de "Catolicismo" o texto integral do manifesto divulgado pela TFP chilena, e1n Santiago, no dia 27 do mês passado, sob o título de "A autodemolição da Igreja, fator da den1olição do Chile"; tainbém nesta data, estamos estampa ndo seus tópicos essenciais cn, dois jornais paulistas. Nesse manifesto se destaca.º !?apel ~a Sagrada _Hierarquia no processo de "n1arxistização" de nosso País. A presente . pubhcaça.~ ~ fe,~a para 1;v1tar que em conseqiiência de notícias po1· demais sucintas aparecidas na_ 1n1prensa_d1ar1a, fique proJetada na g,·ande e querida nação brasilei,·a u,na i,nagem menos exata da .Sociedade_ Chilena de Defesa da Tr~dição, Fan1ília e Propriedade. Como entidade autôno1na que é, a T FP chilena - da qual son,os d1retores - assu1nc a exclusiva responsabilidade de suas atitudes. São Paulo, 2 de março de 1973 / Patricio Amunátcgui Monckeberg / Juan Gonzalo Larraín Campbell.

T

EM-SE OITO reiteradamente que o pleito eleitoral de março (/) será. por

força das circunstâncias cm que vive

o País, um dos mais importantes de nossa Histúria . Não obstante. vastos setores d:1 opinião p\lblicn, trabalhados por certo scntimcn10 de frustração diante dos vaivéns da política na.. cional dur.mtc estes dois (11tirnos ano:;. pcrgunl.un-sc: mesmo que o resultado das clci('õcs ~e revele dcsfovorávcl ao Governo. mudará este rcsulla.do. por :si só, o rumo da

n:,ção? A pergunta tem grnvc íundamcnto. Com cfd to. há fatores decisivos. cuja ação poderosa amortece. e até paralisa, a cap;.\cidade de reação da maioria anticomunista do povo chi~ lcno.

c,u LENA

A SOCtEOA1)6

01ç.lo. FAMÍLIA e

oe DEFCSA oA TRAP1to1•R1GDADE TFP ( 2l

considera \1m iniludível dever de consciên .. pôr em realce o mais importante desses

-

eia

fatores, a fim de chamar a atenção da opinião 1>ública sobre o mesmo. tornando assim possível 1,cutrnliz.ar a ação funesta que c!c possa desenvolver nos próximos acontecimentos.

1-

A DEBILIDADE DOS CA TóLICOS : CAUSA DETERMINANTE DO AVANÇO COMUNISTA

consciência de grande número de nossos compatriotas. Por isso. ao longo dos ll1timos anos. a TFP concentrou sua atividade princlpalmcn· te cm denunciar e combatc!r tal infiltração. cspccia lmcn1c no Clero. Esta afirmação é particularmente vercladcira. sz se leva cm con1a,o processo de "au1odemolição'· que se desenvolve na Jgrcja, e ao qual se referi u Paulo VI (Alocução ao Seminário Lombardo. de 7-12-68, in .. L'Osservatorc Romano ... de 8-12-68). Com efeito. a mcn1alidadc e o tipo de ação que no intcrio,· da lgrcja vão produzindo esta "autodcrnolição", contagiam paulatinamente a sociedade temporal. De maneira que os autodemolidores da lg(cja. atuando na esfera civil, comportam-se como demolidores do Estado. Agora. mais do que nunca. é este aspecto t:sscncia.1 de nossa atual realidade ideológica e pclitica que se torna imprescindível pôr a descob<:rto. O Chile é um país basicamente católico (J) . Seu destino depende em grande parte da posição que os fiéis tomem cm face de um problema fundamental de consciência. avivado nclc.s pela solicitação que sofrem tanto da parte de uma constante p ropaganda comunista, como pelo mau exemplo permanente do esquerdismo católico. Tal problema pode ser formulado nos seguintes termos : é lícito aos católicos apoiar candidatos ou go,,crnos mar-

tal. t o que o resultado das eleições presidenciais de 1970 provou com clareza meridiana ( 4). O caráter hierárquico da sacrossanla estrutura d::1 Igreja e a enorme iníluência que. segundo t1 ordem natural deis coisas. é próprio ao Clero exercer sobre os fiéis. fazem com que a atitude dos cató licos dian1c do problema ~,cima apresentado dependa. no mais alto grnu, da posição ql•C a respeito dele tomem os Bispos e Sacerdotes. Um exemplo característico d isso é o que ocorre com o Partido Democr;Ha-Cristão. Com efeito, o POC teve participação decisiva remota e próxima na ascensão de Allcnde ao poder. Remota, pela política esquerdista que desenvolveu durante o governo do Sr. Frei. 1:, o que demonstrou lucidamcnte - sem ser refutado - o advogado e escritor brasileiro Fabio Vidigal Xavier da Silveira. cm seu livro "Frei, o Kercnsky chileno" (5). Próxima,

li -

1 -

É preciso compreender que a causa deter• ,ninante do avanço comunista não está tanto no próprio Partido Comu n ista e seus congêneres, · mas sim na infihração das idéias esquerdistas nos meios cat61ícos. e na conse,.. qlicntc rcl:llivi1. ação da doutrina da lgl'cja n~1 '•

mero de católicos lhe dê seu apoio, e que a maioria - embora não o apoiando - desista de combatê-lo intransigentemente porque passou a ignornr ou a relativizar a argumentação que a doutrina c:n61ica lhe proporcion.-i para

-

.mi~~

Aptc..~nt:l1no$. a :;c,;tuir unm brC.\'C indk:,-;lu) Ja oricn1açâo dos órgàos citado:. nc~te m::111,testo: - ''CIOOC'' (Cuern3vaca, México) - bolc1Íln rcli&io..~ esquerdista. - ''F.l. CLARIN'º (Sanlfo&o) - jornal de C$CJ.Uerda

m;1rxist3. -

decisivas se conseguir que um considc.!rávcl nú-

-

-

'•f:l.1 l)IA RIO AUSTRAL" ('l'einuco, Chile) jornal independente.

-

•·1;1., MERCURlO" (Santi::igo) o jornal de maior influênci:'k no País. Tcndi;nch: cc1ltrist:1-Ji.

-

··EL MERCURIO" (V;)lp:,r;tíso) -

bera1. -

-

u ista-lib<:r:il. "EL SICLO" (SantiaJ;o) chileno, ' 'ERCILLA '' (Sa1Hi3S,O) -

ccntro--esqucl'd:i.

-

jornal ccn-

jorn;1I offoi:11 do PC

n::vista sc1n.-inal de

•·f)OUCJA" {S:tntfago) - rc"i:-t;1 oficial d:, Sodcdade Chilena de Ode:m d:, Tradiç3o, Famlli:'1 e Propriedade.

~-

Constituiçfio chileo;1, deve haver cldçõe·; 1>:l.t-.i ~1 renovação coinplct:'l da C5m.ir~ dos Dcpul:'ldo:;. e patcial dô Senado, de quatro cm qu:Hro anos. A clciç5o de 4 de março 1>róximo cortes~ ponde :., esta cxigênciti constitocio,,;11, 2) A Sociedade C hilena de Ocíc...-s.1. da Tradição, F:imílfo e Propriedade foi fundada á 28 de abril d e 1967, por um grup0 de jovens universitários que :ué então se reuniam cm torne> d:'l revista "Fiducia", ó rgão dcsti1l:."1do a defender os p rindpios d:, civifü:.içào cristã à luz. d,t doutrioa da lçrcjn.. A'5 principài$ ttli~ vidadc:s,, de " f-iduci:I" tmtes, e d:., TFP depois. fora1n rc.ili1.adas cm camp;.111h;1s de rua, alcrurndo :i. 0 1,inião I) De {l.COr<lo com

{1

ptíblic:'I sobre 3 baldcaçJo ideológica a que estava

sendo submc1id:1. E.srns ntividadcs ro,am:

- Em 1965, uma intctpclnçfio a f'rci sobre a vio• lação do direito de 1>ropricdadc priv.i.d:i, que o co15o P1·esidc1Hc iri~ cometer ao rcíorm:.\r o arl. 10 da Co1, ~1ituiçáo; - Em 1~66. um manifesto no qual o projeto de lei de rcform:. ::igrária de Frei cr-' :in::ilfa.:1do à luz. da moral cau:,1;c;;1, O · doc umento c heg;iv:., à conclu· s:io de que o projeto te-a soci::ilistn e coníisc:itório. /\dcrirnm publiç;1mc.nte a " Fiducia" mil univcrsilários.. Em ai:;:osto, "Fiduci:1" iniciou um:1 campanha n3

qual seu:;, colabor:1dorcs 1>ercorrernm o País inleiro, dur:intc se.te meses:

2

Em 196$,

:i.

-

TJ:p dirigiu a Paulo VI um:, rcve-

-

-

-

"'l.A NAClóN" (S;mti:1so) jorn:11 ofki:'11 do governo. ' 'l.A REVJS'l'A CATÓLICA' ' (S:in1ias,o) - revis• la de documcntaçito rclis;ios:i. "LA 1'ER:CF.RA '' (San1iago) jotnal t."tntr-isra. ''M8NSAJE" (San1iago) - revista mcn:,j:al dos Pa• dres Jcsuí1as. A m::iis influente dcn1rc :1$ rcvist"s de esquerda-católica no Chile. ''MUNDO 71" (S:.lnli:tttO) - revista de atu.ili<ladc rcligios:1, d e tcndêuci:l progrcssist:,. ··TRIHUNA" (San1i:tgo) jorn:.11 :m1icomunist.1, •tQUt PASA'' (Santiab'<>) rcvi.stá scm,mal de 1on;1lidadc din:iti.s.t,t, ''THE TABLE'I'" (Lo11dre.~) rcvis:,a c:atólic.,, de tendência progrcssisl:'l. .. ú LTIMA HORA" (S:m1iaso) - jotnál do Par1ido Soci:'llisrn. "(JLTIM,l.S NOTIÇl,l.S" (Santiago) jornal centrista-libcr-:11, lis.ndo à cadci;.1 de ..EI Mer<:-utio",

·,

rente e fili:i l mcns.'lgcm, subscrita por mais de (20 mil chilenos, pedindo urgentes medidas contra :.l infiltra• ç;io çomunisl:l nos meios católicos (ver nota 2 1): - Em fins de 1968. :'I TFP interpelou novamen1e Frei, pcdindo..lhe unrn definição inequívoca da po~i. ç.ào de ieu governo cm face das reformas de cs1ru, tura socialistas e eonfiscatór-iàs; - Em 1969. os inili1an1es dn TFP J)crcorrer:im o P:1is dh•ulgando um número de "Fidueia'· que denunciav:i a trama scctct:i mnquinada para deslruir a ltreja por meio do IDOC e dos "gruPos proféticos... Vcndcr:.lll'l·SC majs de 24 mil exemplares da revistn; - Ourante o ano de 1910, a TFP dese1wolveu diversas atividadts, :d.sumas delas des1inndas ,, frear os cfc:il\>S nocivoS do reformismo soci3Ji:;:1n do goveroo - 1>rind1>almcntc a rdorma agrária - e ou1ra.s a c.scfarc,c er a opinião pública a rcspc,ito das eleições prc idenciais que se aproximavam. - Nos anos de 1971 e 1972, a TFP não cessou de lu1a:.r, e difundiu º'Fiducia/cn exilio" . de..~inasca· mndo a.-. manobr;ls do n-r.irxismo. Ess.as c..-diçõcs .ti• cn.nçnrom gr:lnde tcpcrcus:são cm todo o Pah, bein como na imprcns3 nacional e internacion.tl. A TFP 1evc es1>ecial empenho cm refrear a propag::mda do governo Allcnde. que $C fazia 1\0 Exterior eon, objc1ivos ma;s do Q\JC evidentes. Para c-ste efeito, seus manifestos e publicações, m0$1t:tndo o verdadeiro

Antes das eleições presidenciais de 1970

drama do 1>0vo chileno, for.\m repr()du:ddos por to-

A medida que a campanha presidencial de 1970 avançava, aderiam à candidatura marxista do Sr. Allcnde grupos de católicos que, embora numericamente pouco rcprcscnta1ivos, serviram para f.tzcr crer a muitos católicos que era lícíto apoiar um candidato marxista. Entre 1ais grupos estão a "Igreja Jovem .., o MAPU (6), setores es1udan1is da Universidade Católica, etc. Eram liderados per Sacerdotes que faziam freqüentes declarações e apa· rccía m cm público apoiando abertamente o marxismo. Foi o caso, por exemplo, do Pe. Fernando Ugarlc - hoje apóstata - que. como se noticiou amplamente pela imprensa e TV na ocasião, corn freqüência se apresentava na tribuna ao lado de Allcnde cm suas concentrações. Ou do Pc. Hcrnán Larraín, S. J .. diretor da revista .. Mensaje", que declarou pela televisão: "Não veio 11c11/wma J'aziío que possa imJ>edir um Cl'i$IÓO de votar man marxista". Afirmação que. naturalmente, o jornal .. EI Siglo'\ órgão oficial do Partido Comw,;sM, apre.~ ou-se cm publicar com destaque ("EI Siglo", 4-7-70) . Ou ainda do Pe. Juan Ochagavía, Decano da Faculdade de Teologia da

d:1s as orgtmi7,açõe.s congêneres e 1>0r vátio!> jorn:.tis e tevistas de diversos países. Hã TFPs - çongênctes à chilena - oorn gra_n dc :11ividade, no Bn1:sil, Argentina, Uruguai, Colômbia, Venezuela e Equador. Há também, nos Estados Uni• dos, Esp:rnha, Portugal e lt{ilia. org:'lnizações com afinid:'ldes t.'ôm 3 TFP. J) Atualmente a 1>01,ul.i,ç:to do Chile ultr"'>ass.1. JO milhões de h::tbitantcs. dos quais 84% SC- proíes· s:un c.atólieoo.

Nessas eleições, Allende s.,iu vencedor, obten· do 36)% dos sufrá&ios emitidos na vo1aç.3o popular dire t:.i do dia 4 de setembro de 1970. ls10 é, apenas 1,4% 1.\ mais que o c:'lndidato conservador Jorge Ales• sandri, que obteve 34,9% dos votos. O co1ndidato eolocado em tc.n:;eiro lugar foi o dcmocratn-cristão Jt:.ldomiro Tomic, ctue obteve 27,S-%. De rnancit:., que, tomados os votos n:lo comunist:'IS. percebe-se :i vcrd:i.deira condição m inorit;\ria do candidato Allende. Por outro fado, cabe destacar que o c.andidato marxist;l crn apoiado por uma coali$:io de pattidos, entre os quais se encon1mvan1 a lguns de esquerda m:.,s n:to confc."-S3damentc m:'lrxist:is, como o ch3m:1do Partido Radical e irnpos dissidcnte;s da Democrnda• Crist5. Além disso, a .ição demagógica e socializante do governo dcmocra1a-c.ri115o de. Edu:i.rdo Frei com seu. pro&rama de reformas confisc3tófias - c..-on4)

e.

PADRES, SOCIALISMO E MIStRIA

xistas?

O comunis1no só pode conquistar vitórias

quando o Congresso Nacional, a 24 de outubro de 1970, reunido cm sessão plenária. teve que escolher. conforme exigência constitucio .. nal. entre os dois candidatos que tinham con• seguido maior votação popular, e os parlamcn• tares do roe optaram por votar a favor de Allendc. Pois bem. é inaclmissivel que um partido que se diz cristão e que atrni a maior parle de seus eleitores porque estes imaginam que, seguindo o 1>artido, atendem à voz. da Igreja. haja tomado tal orientação sem que o Episcopado tivesse mn,, grande rcsponsabili· dadc nisso. Constitui, pois, um fato histórico que o Clero chileno, considerado cm seu conjunto, teve e tem. com sua atitude. um papel pre· ponderante no processo de csqucrdi.-.ação do Chile. o qual levou o marxismo ao poder. e nele o sustenta. o que se verá ainda mais claramente na enumeração dos fatos e da1:.1s que aprcscnta1nos a seguir.

Universidade Católica e atual Provincial dos Jesuítas, que integrou mna delegação de pro,. fcssorcs da rncsma Universidade cm visita a Cuba. trazendo, cm seu regresso, propaganda do regime castrista, transmitida posteriormen te através do Canal 13 de TV da Universidade Católica ( .. EI Sislo... 7-8-70). A ade.são clerical ao marxismo e! su:, impunidade por parte da Hierarquia chegaram a ponto de. na Igreja de Santa Ca1a rina, siluada no subúrbio de Salvador Cruz Gana, cm Santi::igo, se prestar uma homenagem pública a Len ine. 1>rcsidida pelo Pároco juntamente com o dirigente local do PC. O fato foi anunciado antecipadamente pelo jornal " EI Siglo" (de 18 e 22-4-70). Estas e muitas outras atitudes do C lero a favor do marxismo - tão numi::rosas que não poderíamos citá~las iodas sem d;1r a este ma· nifc..-.to uma extensão excessiva, mas a respeito das quais dispomos de vasta documentação - foram noticiadas por jornais dos mais v::1.riados matiics ideológicos e amphuncn1c exploradas pela imprensa esquerdista para confundir o eleitorado católico. En1rctanto, o que mais chamou a atenção do público foi, talvez, o absoluto mutismo dos Sacerdotes conservadores - em sua .generalidade e. quase diríamos, sem exceção - durante ti campanha presidencial: até as vozes mais autori1.adas do Clero anticomunista silcn• ciaram.

tribuíu 1>0<1crosamcnte par:1 baldc.tr ~c,1os setores católicos rumo a uma posiç:ío colaboracionis1a, ou pelo menos de $iin1>atfa para com os postulados n,arxisrns. j) O autor, fale cido e01 fin~ de 1971 cm São Paulo, foi um din;\mico e brilh:lntc membro do Conselho NacioMI da TFP brasileira. Previu com ttés :mos de ante<.-edência, e.m seu livro. que :i PolíliC."l de Eduardo Frei pteparnva a escalada da minoria mnrxista ::io poder, do me.,;mo modo que, cm outras cfrcuns1ànc:ias. a poHlica de Kerensky preparara a ascens:lo de Lenine :a.o p,odct, na RúSSi:'I. A obra. publi~da cm 1967, foi qu:.lifieada de \ crdadcitamcntc profétic~1. O governo da Oemoc:racia.Crislã proibiu-a ru> Chile. mas ela acabou circulando profus:m1c.n1e de mão cm miío, por todos O$ meios. Teve amplís• sima d ifus!lo em toda a Amé-ric3 Latina, com quinze edições.. num tolal de mais de 102 mil exemplares. Destas edições, se.is fornn\ lançadas na Arsc nlin::i, quatro no J3r:i.sil, duas na Vcne1.Ucla, uma no Equ:1° d ot, uma na Colômbia e uma cm EI Salvador. Co,n gr;mde repcrcuss;io na imprensa internacional, eonslituíu um vibr:inle brado de alerta p:ua, os católicos 1

1:i.t ino-ame ric:i nos. 6) O gru1>o "Igreja.Jovem" corrcspandc ~s célu13s q ue se- :.iutodenominam "proftticas·· e J)OStul;tin a abolição das cs1.ru1ur:i$ hicrárquic:is da 1.grci:'1, pata dar lug::lr n uma "Nova Igreja" dessacralizada e ig,uali1:Sri:i, comprometida com a revolução social do "131'·


A AUTODEMOLICÃO DA IGREJA ACARRETA A DEMOLIÇAO ,

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Antes da escolha do Presidente pelo Congresso Nociona l

Em consonância com estes ant<:cedentcs, quando Allendc foi eleito (7), a euforia progrcs..~ista se manifestou em inúmeras ocasiões. Lembremos algumas delas:

• O Pc. Manuel Segura. nessa época Provincial da Companhia de Jesus, d irigiu uma carta a todos os Jcsuí1as chilenos, conclamando-os à colaboraç.ão com o programa da UP (8). Dela destacamos alguns trechos:

"O progr,111u, da Unidade Popular. conhecido de rodos vós. propõe ctlgumas metas que poderíamos considerar como autenticamente cri,ftã.r ( .. , J. Deve ser par,, n6.r um mot,'vo de pro/wu/(l alegria o fa to tlc q,,e o grupo que

obteve ,, maioria ,ws urnas promete trabalhar pelo povo e pelos pobres. [ .. , I Nossa atitude sim:ert1 deve ser de colaboração leal em tudo o que signifique o bem do.t pobres e a criação ele umtl sociedade mais justll. De modo algum devemo·no:r apresentar como oliados daqueles que se opõem a essas trtms/ormaf/Õts. nwitas ve1.es em defesll de seus interesses pes· sol/is ( . . . J" (''Thc Tablct", Londrc.~. 19/26• 12-70, p. 1260). • A Igreja-Jovem, cujos membros tomaram a Catedral de Santiago em 1968, criando um escândalo de repercussão mundial. manifestou publicamente sua "adesão sincera'' a Allcnde ("CIDOC", Cucrnavaca, n.0 253).

• Por sua vez, organismos dependentes da Hierarquia, como o movimento operário da Ação Católica e a Ação Católica Rural. manifestaram calorosamente seu apoio a Allcnde ("CIDOC", n."' 254 e 255) .

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Com Allende no poder

Durante os dois a nos e pouco que trnns· correram desde 4 de novembro de 1970, a simpatia ou ade.são ao marxismo por parte de Sacerdotes e leigos católicos, bem como de instituições dependentes da Igreja, tem sido constante. Citamos a seguir alguns dos fotos 1nais car:tcterísticos : • Em 14 de abril de 1971 , oitenta Sacerdotes publicaram uma declaração a favor da colaboração com o marxismo ("EI Mercurio", 14-4-71 ) . A eles aderiram publicamente vários professores de teologia da Universidade Católica de Santiago ("EI Mcrcurio", 15-4-71 ). • A íntima colaboração do progressismo com o regime marxista ( 9) é um fato confessado por elementos do próprio Clero. Com cícito, o Centro Bcllarmino (/O), conhecido organismo cclcsiáslico dos Jesuítas, publicou os segu intes resultados de uma pesquisa de opinião organiiada pelo Pc. Renato Poblctc e uma equipe de técnicos: 37% dos Sacerdote.~ cnt revistados mostrarain•sc íavoráveis a um diálogo com o marxismo, embora d issessem recusar sua doutrina; e 53% foram favoráveis a uma colaboração amistosa com o marxismo, não obstante manifes tassem que seria p reciso deix ar claras as diferenças ("EI Mercurio'", 18-5-71).

• Cento e vinte Padres se reuniram com Fidcl Castro cm Santiago. quando este visitou o Chile cm novembro de 1971. A febre de entusiasmo marxista cm vários setores do Clero era tal que, não lhes bastando colaborar com o marxismo no Chile, sentiam a ncccssi• dadc de enviar líricas manifestações de apoio :.10 marxismo cubano : um grupo desses Saccr·

dotes foi poslcriorme.nte a C uba cortar cana de aç(,car ... ("La Tercera", 15- 12-71; "EI Clarín", 18-3-72). • O I Encont ro de Cristãos para o Socialismo realizou-se cm S;intiago, cm abril de 1972. encabeçado por Mons. Méndc-t Arceo, Bispo de Cucrnavaca, Méx ico. Nessa ocasião, quatrocentos delegados de 28 nações pronunciaram ..sc decididamente a favor de um socialismo que elimine completamente a propriedade privada dos meios de p rodução, como a única saída para os pc1íscs subdesenvolvidos. Apoiaram a luta de classes, elogiaram "Che" Guevara - cm c uja estátua deposi1aram um;, coroa de flores - e entoaram loas ao Padre apóstata e chefe guerrilheiro Camilo Torres ("La Nación", 27-4-72; "EI Mercurio", 2 1-572; "Ercilla", I0/ 16-5-72) . • A estes ratos devt.....sc acre.scentar o contínuo apoio da revista jcsuíla "Mensajc'' ao governo de Allcnde, bem como o de n umerosos estabelecimentos de e nsino pertencentes à Igreja. Nestes (ahimos. é notória - e isto afirmamos sem nenhum temor de sermos desmentidos - a simpatia pelo regime, a qual se. manifesta de diversos modos. Esta impressionante conti nuidaclc de atitudes, que vêm desde fins da década de 60, perdura até nossos d ias. Ultimamente a revista "Mensaje" tem exercido pressão sobre a Democracia-Cristã, a fim de que esta passe a apoiar o marxismo depois das próximas elei, ções, ingressando no governo da Unidade Popular ("Mensaje", n.0 215, de dezembro d e 1972, e ss.).

• •

Os fatos mencionados são absolutamente concludentes. Mas - como é notório no Chile ~ existem centenas de outros que falam no mesmo sentido, so9rc os quais não cremos que nos peçam provas, porque todo o País os conhece. Em todo caso, se alguém desejá-las, é só escrever.nos. e as fornece remos com abun· dância . F ica assim claramente traçado um panora· ma do proselitismo pró-marxista incessante, a que vêm sendo submetidos os católicos. precisamente por Sacerdotes constituídos para SC· rcm seus orien tadores naturais.

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A reveladora cont radição do progress ismo

Por outro lado, os fatos apresentados põem a nu uma contradição espantosa por parte do Clero progressista. Pois este, antes da ascensão de Allende, fazia ostentação de imiscuir-se cm questões de caráter politico-social sob a alegação de, com isso, conseguir livrar o povo da pobreza. E não resta dúvida de que, se fosse capitalista o regime que está produzindo a miséria que atualmente assola o Chile (//) , e-ssc C lero se levantaria para protestar coeso como um só homem . Mas quando essa miséria - que o Chile jamais conhecera antes de Al lcndc - é fruto da implantação de um regime socialista- marxista, o mesmo C lero não se move; pelo contrário, apóia quem a produz. O acima exposto permite ver, além disso, que esses eclesiásticos ocultavam seus verdadeiros. intuitos ao adotarem u ma atitude atraen te de combate à miséria. Pois sabiam que seriam mal recebidos pelo povo se revelassem os fins ideológicos e reais a que aspiravam. Hoje, quando se trata de manter um regime marxista, eles deixam ver o fundo de seus verdadeiros objetivos. A cont radição que se nota na atitude do Clero progressista tem uma explicação. Para ele, o advento de uma sociedade rigorosan,entc igualitária, de acordo com a doutrina marxista, é um ídolo cm holocausto ao qual deve

ser sacriíicado o inlercsse material da nação. Tal interesse é usado, na realidade, como mero joguete, como um fator para derrubar o que se deseja destruir. E depois é considerado como algo intcframcntc prescindível, c uja privação o povo tem de suportar cm imolação :to regime. sempre que este corresponda a seus fi ns ideológicos. Nota-se aqui uma espécie de mislicismo marxista refletido nas teses polhi· co-sociais pregadas pelos Padres prógressistas. Até lá c hegaram eles.

• • • Participam dessa posição aberrante .os Sacerdotes considerados não p rogrcssislas que. por iné rcia, com seu mutismo ge-neraliz.ado, outorgam um inapreciável aval à corrente mais a tuante do C lero q ue favorece o marxis• mo (/2).

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ACIMA DOS PADRES, O EPISCOPADO

A fidelidade à lógica torna inevitável uma pergunta: teria sido possível esta disseminação tão generalizada da gangrena comuno·progrcssista entre Sacerdotes e leigos, sem o estímulo ou a complacenle tolerância da imensa maioria de seus superiores hierárquicos? Qual foi, então, a atitude do Episcopado Nacional cm seu conjunto_. diante desta situação? E evidente que tais Sacerdotes e leigos dificilmcnle ousariam ir tão longe cm seu compromisso aber10 e constanle com o regime marxista, se teme.sscm sanç~ e um combale sistemático da parte de seus superiores. E tinham toda razão para nada temer a esse respeito. Os jornais mostram que, de um lado, hou ve solidariedade efetiva embora tácita - do Episcopado cm relação ao compromisso dos Sacerdotes e leigos progressistas cm favor do regime marxista do Sr. Allende. De fa to. a Hierarquia Chilena manteve um silêncio notório, impressionante, e até escandaloso. cm face da siluação descrita. Silêncio ao qual se acrescentou a impunidade completa dos Padres que tomaram estas atitudes pró-marxistas, todos conservando os seus cargos, situações e responsabilidades na medida cm que o desejaram. Mais ainda. Pica patente o silêncio de muitos Sacerdotes que gostariam de não se terem calado. Se se mantiveram mu· dos, tudo leva a crer que não foi por desinteresse pela causa da Igreja no Chile, mas por uma pressão vinda do alto. Porque, como católicos, ser-nos-ia penoso apmitir que esses Sacerdotes a tal ponto se tenham dcsintcrcs.sado do bem da Igreja e do País. Por outro lado, o Episcopado Chileno, considerado como um todo, deu, ele mesmo, claras manifestações de apoio ao regime marxista do Sr. Allcnde. Dizemo-lo porq ue o Sr. Cardeal e vários Srs. Bispos emitiram pronunciamenlos nesse sentido, e com eles for maram um só corpo as figuras do Episcopado prcsu mivcln1entc represenlativas de uma posição anlicomunista. Estes últimos. embora não lenham manifestado individualmente sua sim patia pelo governo de Allcndc, mantiveram um mutismo que enche de assombro, e que constitui, pelo menos, uma forma de condescendência inerte para com os demais Bispos.

• • • Como é lógico, essa linha de conduta da Hierarquia e do Clero dete rminou na compacta maioria do povo chileno um desconcerto p rofundo. Seria natural que, à medida que as autoridades cclcsiáslicas desenvolvessem sua atuação colabol'acionista, se empenhassem cm explicar a seu rebanho os motivos que as leva.

"' ', i. 1 \ ........... vam a agir desse modo, bem como a con. gruência que imaginavam existir entre esses motivos e a doutrina da Igreja. Como vimos, as autoridades eclesiásticas fug iram a essa espinhosa 1arcfa, pois sentiram bem que não conseguiriam persuadir nosso povo tão intelige nte. Esse silêncio , só uma vez foi rompido. Diante de um escândalo verdadeiramente sem proporção até mesmo com os demais fatos aqui narrados, Sua Eminência julgou nece-ssá-rio dar uma satisfação. que era, diríamos. quase uma imposição da opinião pública a reclamar uma palavra sua. Referimo-nos ao l En contro de Cristãos para o Socialismo, realizado como já mencionamos - em Santiago. A propósito déle, o Sr. Cardeal declarou, e m carta de rc.,posta ao chamado "Grupo dos 80", ''sua profunda preocr1paç<lo por esta reu11icio polí1ic11 de clarll orieuwç<lo m,,rxi.r w". Isso não impediu que, mais tarde, o Purpurado recebesse cm audiência, muito cordial· mente, uma delegação do certame. Comentando a audiência, Mons. Méndez Arcco. Bispo de Cucrnavaca, a mais representativa figura do " Encontro", concluiu q ue a razão determinante da atitude das autoridades eclesiásticas chilenas era o desejo de não participar da reunião, para que os "cristãos pelo socialismo'' se scnlisscm mais à vontade ("Qué Pasa", 4-5-72, n.0 55). Mons. Oviedo. por sua vez, incumbiu~sc da tarefa de informar a todos os Bispos do continente que o citado "Encontro" não t inha o patr ocínio do Episcopado Chileno. Contudo, não consta que os Sacerdotes chilenos participantes desse congresso os quais se mostraram, ipso facto, inidôneos para formar a opinião de seus fiéis cm ião delicada situação - tenham sido privados de seus car· gos ou do prestígio de que a té então gozavam. A atitude do Sr. Cardeal representa, pois. na sua linha geral de ação. unt enxerto, uma incrustação exigida pelas circunslâncias.

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Antes das eleições presidenciais de 1970

Paralelamente, havia já algum tempo, a opinião pública vinha observando crescentes manifestações de hostilidade por parte de representativas pl?Tsonalidadcs episcopais em relação a quem combatesse categoricamente o comunismo. Precisamente durante uma campa· nha destinada a denunciar a infil tração esquerdista cm meios católicos, cm agosto de 1968, a Sociedade Chilena de Defosa da Tradição, Família e Propriedade foi objeto de uma nota ácida do Arcebispado de Santiago, que manifestava seu mal-estar pela iniciativa ("El Mercurio", 11-8-1968). Três dias depois, clérigos e leigos tomavam escandalosamente a Catedral de Sant iago e difundiam publicamente slogans pró-marxistas .. . ("Fiducia", n.0 32) . Em fins de 1969, a Curia Metropolitana negou categoricamente autorização à TFP para mandar celebrar uma Missa por alma das vítimas do comunismo ("Piducia", n.0 31) ... Alguns meses mais tarde, por o utro lado, o Secretariado Geral do Episcopado, com a chancela de seu t itular, o Bispo Mons. Carlos Oviedo, distribuía orações especiais para serem rezadas nas igrejas, com vistas à eleição CONTINUA NA f'ÂOIN4

xismo. Militam neste grupo Padres., Religiosos, Rclisiosns e alguns lc-igos oriundos d3s cham:\dos "comunidades de base". Embora minori1ário. é ;uivo e uti·

liza os método$ c.1rnclcdstk:os do movimento con1e...:;rnttirio. O MAPU - Movimento de Ação Popul:tr Unilária - é uma dissidênci:t do P:trtido Den,o((M:l· Cristão, da ~uai partiçipam ex-p:trlamentarc.s do PDC, anlis.os funcionários <lo governo de Eduardo Frei, etc. 7} Trata-se do pronuncit\ntcnto exigido pcln Cons1iluiçlio chilena quando, numà eleição popufar para e.~colhcr o Presidente da Rcpúblic:1, nenhum dos can· d ido.tos obtfm n maioria absoluta dos sufr:ígi os. Ness.:, si111:1ç:'io, o Cong.tcsso Nacional. isto é, o Senado e a Cd.mara de Ocpu1ados cm sessão conjunta, deve escolher, algumas semana~ mais tarde, den1rc os dois candidatos m3is vot3dos. quem ser:\ o Prcsidente do Chile. No ca.so concreto, o Congrcs.-.o devia escolher o marxis.ta. Allende ou o conservador Alcs.sMdri, cn• trc os quais hm1vern n:1 votaç:io popular, como vimos. uma difercn~a de 1,4 %,. 8) Programa de ação governamental da Unidade Pormlar, coligação de partid~ que :1presc:nrnra111 11, candidatura de Allendc e hoje inttgtam sua equipe de governo. Os doi$ p:i.rtidos m:i.is importantes d:i cooli:5o s::io o P:artido Comunisrn e o Partido Sociatislà; ::t este úllimo pertence o próprio Presidc-nte

Allcndc. ô Par-tido Soci:tli$ta t~mbém s.c confessa marxista-lcnini$ta e adota no cnmpo político :uitudc.s mais extremadas que as do própr-io PC. Tal progra• ma contém as meias fixadas para tr:msformar gra.• d ualmentc cm marxistas as es1rutum5 econõmico-sociais e políticas do Chile. 9) O Sr, Allcnde diss.c, CIO a1s;unHt$ ocasiões, que o regime que preside não é marxi$l:l., embora ele ptssoalmentc o seja. E explicou o motivo de sua

:.firmação: no regime - ou pelo 1ncnos, d irfarnos nó~. na imagem que o regime deseja np rcscntar de si mesmo - há um respeito das forma s democrátieas e uma libcrdndc polhic.1 incompatíveis com a d it:1dur:., do pr-o1cta r iado, própria ao marxismo. Isto indie., que. segundo Allcnde, o regime só n~o 6 mat• xista no que dir. rcsJ)ci10 à vigência da democrada, mi\$ o é quanto à inspiração da estrutura sócio-econ6mica que vai impondo gr:1dualmen1e ao País. E q ue é 1>rccisamcntc o sistc.ma marxista, injusto e depauperador, p:.ua cujo eMabelecimcn10 nolamos a colabornç;lo do Clero progressista. /0) Conhecido e influente centro de estudos, informação e pesquiS3S sócio-eulturai~ que dispóe de v:isios meios de ação e :igrnpa os mais dinâmicos Sacerdote.~ jc.~uítas que atuam no Chíle.

11) .PMa d1ar- ao leitor uma id~ia da grave crise

cton601i<:a e de ab:lStecimento peltt qu:11 J>ass:a o Chile, :lptcscnt3mos aqui algun.s dados:: - A colheita de Iriso no ano agrícola de 1970•71, foi d~ 13 milhões de quintais: mé1rkos; no ano de ?1·72. foi ele i milhõeS; cakula-se que cm 72-73 será de 3 milhões e quin1u.~ntos mil q uintais, - ou seja, 73% menos do que cm 70-71; - No período 70-72 t1 produção de carne: a) bo· vina - caiu de 130 mil para 62 mil toneladas: b) nvícola - baixou de SS mil p;ira 35 mil 1oneladai;; ç) suína - de 74.300, diminuíu para 48 mil toneladas: - A 1>roduç:io de leite condensado caiu de 17 milhões de litros para 12 milh õc$, no mesmo perfodo; - A produção de :aç(1e3r diminufu de 282 mil toneladas p3ra 165 mil (..EI Mercurio''. 19·1-73); - O Ministro da Agricultura, seguindo :a 1inh;;1 do governo marxis.ta, decretou o con1rolc comercial do trigo, admitindo ao mesmo tempo a possibilidade de mai.s tarde adot:ar idêntica medida tm relação a ouiroS produtos ("l-1. Prensa", 13-1-73); - O jornl\l " La Prensa.., de S:mtfogo, informa que em 1972 o preço dos alimentos subiu 240%, o Que 6 uma cifríl recorde na Hist6rin do Chile. é: $Ó con\p:t.r6.vcl à situaçlo vivida por naçóes a.ss.oladas pot gueua.s, As batatas, por exemplo, $Ubiram 1670 % ("La

Prensa", de Santiago, 16-1-73).

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Em face de-s tc panor:,ma, n :io se pode estranhar longns filM que se vêem nas ruas d:1s cidade$ do C hile para comprar numcroSíssimos produtos. inclusive cignrros . .e 3 mis~ri:l. socialista, fruto da viol:lção do direito de propriedade privad~, e da implantáçáo do coletivismo. Dian1e desta crise, o governo marxistn. está 3pli• e.ando o rncionamcnto, conlrolado pc:las Juntas de Abas1ccimcn10 e P1cços (JAP). Pí\fa a distribuição de alimentos. Atr:wé.s deste sistema, pretende disld· buir pau. ~da fomíl i:c uma qunncidade de alimentos correspondente ao n únforo de pessoas que a consli· luem. A5 JAPs são orgnnismos que operam nos bairro,s. com o objetivo de control:\r os comercÍ:\ntes e os consumidores. Segundo o M.iniscro da F:\1..cnd:\, as Junt3S de Abasttcimcnlo e Preços t que definirão as nec~sidadcs rc.a is de eãd;\ família. E5t3$ otganiz.ações fazem p3r tc do d is:poSilivo do J>Mtido Comunista p:\ra implantar seu regime de perseguição e escravidão. /2) Entre lodos os: documcncos cx:-11uinidos só encontramos como cxccçfio d ig,1~3 de nota, a declara,. ç:io ilustre e inteligente do Revmo. Pe. Pedro de la Noi 8., p rofessor de Filosofia d:\ Univc,r sidade CatÓ· licn, publiead:\ em "Ln. Ptensa", de 24 de 3bril de 197J, intitulada "Os oi1cnta S:l.cc.rdo1cs e os ou1ros". Noln, o cirndo cclc$i5s1ico refuta a posiçio pró, marxisti do ch:'1.m.ado "Grupo dos 80". 3$

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propósito do manifesto da TFP

. A propósito do manifesto da TFP chilena (pág .. 2 desta edição), Plinio Corrêo escreveu, para sua coluna semanal em um matutino paulista os dois artigos· que ap, J

A um jovem enfurecido contra a TFP chilena EU CARO PROGRESSISTA. Sim, trato-o por meu caro. Amo sua aln1a remida por Cristo, Senhor Nosso. E me alegrarei se souber que estes meus esclarecimentos puderam auxiliá-lo. Assim, entro no assunto. O manifesto publicado pela TFP chilena na imprensa paulista deixou-o indignado. E Você quer fazer estudos para refutá-lo. Acho que há lealdade e coragem en1 sua atitude. Você não foge do assunto. Você não se contenta em contra-atacar com injúrias e calúnias. Você quer opor tese a tese, argumento a argu1uento. Muito bem. No seu manifesto, a TFP chilena afirma-se, a justo título, "entidade autônoma", e chama a si a "exclusiva responsabilidade" pelo que publicou. Assim, a TFP brasileira não está compro1netida com a atitude de seus valorosos irn1ãos andinos. Ela aguarda o pronunciamento da Cúria de Santiago, ben1 co1no dos chilenos e brasileiros a quem o assunto interesse. É possível que, em seguida, venha a pronunciar-se. O que fará co1n a prudência e a circunspecção que o delicado tema exige. Sem entrar, por agora, no ,nérito da questão, ofereço-lhe uns conselhos, progressista amigo. Quero dizer-lhe o que, a 1neu ver, Você deve evitar de alegar, e o que deve alegar.

* * * Não alegue que a TFP chilena negou impUcitarnente a infalibilidade papal, ou o acatamento devido ao Romano Pontífice, quando atribuíu a Paulo VI uma parcela de responsabilidade pelo que ocorre no Chile. Você se exporia a ser demolido com um piparote. Com efeito, quem quer que conheça urn pouco de Teologia ou de Direito Canônico sabe que o carisma da infalibilidade só ampara o Sumo Pontífice em certos atos do Magistério, praticados ern condições muito definidas. E que a adesão devida aos seus ensinamentos doutrinários não infalíveis não importa em proibir os fiéis de discordarern - com fundadas razões - de atos concretos praticados por um Papa. Não vá protestando desde logo. Ouça o célebre Cardeal Caietano, adrnitido con10 autoridade entre todos os teólogos sérios. Veja até onde vai esse insigne autor: "Deve-se resistir em face ao Papa que publicamente destrói a Igreja" (in "Obras de Francisco de Vitória", BAC, Madrid, p. 486). E o próprio Francisco de Vitória, grande teólogo do século XVI, por sua vez ensina: "Se [um Papa] desejasse entregar todo o tesouro da Igreja [ .. . ) a seus parentes, se desejasse destruir a Igreja, ou outras coisas sen1elhantes, não se lhe deveria permitir que agisse de tal forma, mas ter-se-ia a obrigação de opor-lhe resistência. A razão disso está en1 que ele não t.em poder para destruir; logo, constando que o faz, é lícito resistir-lhe" (ibidern, p. 487). E n1ais adiante, Vitória insiste con1 estas palavr-as claríssin1as: "De tudo isto resulta que, se o Papa, co1n suas ordens e seus atos, destrói a Igreja, pode-se resistir-lhe e iinpedir a execução de seus mandados" (ibidem). Se estes autores não lhe bastam, consulte, entFe os antigos, São Ton1ás, São Roberto Bellarmino, Suárez, Cornélio a Lapide, e entre os n1ais recentes, 4

Wernz-Vidal ou Peinador, - ou então os Padres orientais como São João Crisóstomo, São João Damasoeno e Teodureto. Se quiser, posso dar-lhe os textos mais interessantes desses autores. Tenho um amigo erudito que os possui adn1iravelmente colecionados ... Esta consu Ita o levará à conclusão de que pensam do 111esmo modo. Você não quererá, por certo, meu jovem progressista, lançar contra todos estes as acusações de heréticos, cismáticos, rebeldes, que Você, enl seu atabalhoado furor, assacou contra os jovens da TFP chilena. Quem quer que, com um mínirno de seriedade e de culture,. se ocupa do assunto, sorriria com pena de seu papel ridículo.

Vejo-o saltar de indignação: "Mãs, então, Paulo VI é um mau Papa, um Papa que está demolindo a Igreja? - Os fatos desmentem .e sta oalúnia!" Aqui está Você no bom caminho, meu jovem e irascível amigo. - Os fatos: esta é a via régia por onde deve caminhar sua réplica. A TFP chilena asseverou que cabe a Paulo VI uma parte de responsabilidade pelo trabalho de demolição que o Clero e a Hierarquia vão efetuando no Chile. Ela aduz fatos para provar que essa demolição está sendo feita pelos Pastores. E, por fim, menciona outros fatos para provar que Paulo VI tern parte de responsabilidade por isto. Se Você está tã ofurioso, canalize seu furor para urn fim prático. Documente-se. Prove que os fatos que a TFP chilena mencionou são falsos. Ou que não se prestam à interpretação que ela lhes deu. E então sim: esmague por esse modo a entidade, deixe-a sem face, triunfe dela com alegria ... Desde que suas provas sejam válidas, Você terá toda a minha solidariedade. E porá em festa meu coração, pois verei que o panorama de sombra e tragédia descrito pela TFP chilena não é veraz. Associar-me-ei a Você no desmentir a TFP chilena. E proclamarei que Você é um benemérito. Mas para que cheguemos a este resultado, permita-me que insista: diante de Você só há um caminho: o dos fatos. Zanga não é argumento. E injúria também não. Fatos, fatos, fatos: esta é a fórmula!

São Paulo: ''Resisti-lhe em face'' T.É HOJE - sexta-feira - nada me chegou de novo acerca do n1anifesto da TFP chilena. Assim, nada há de novo também na atitude da TFP brasileira: 1.0 - continuarnos a afirmar que, a terem sido narrados os fatos com desapaixonada objetividade por nossa valorosa co-irmã, toca-lhe, segundo a doutrina e as leis da Igreja, o direito e até o dever de fazer as críticas que fez; 2. 0 - não formaremos um juízo sobre os fatos alegados por ela, sem antes conhecermos o pronunciamento da outra parte, isto é, da Cúria de Santiago ou da Nunciatura no Chile; 3.0 - emitido tal pronunciamento, talvez tomemos posição. No total, pois, todo o assunto está em compasso de espera.

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* *

Se as circunstâncias não me tivessem levado a debruçar-me especialmente sobre o assunto, confesso que teria uma categórica prevenção contra a tese de

que assiste ao católico o direito de fazer críticas públicas - se bem que expressas respeitosamente ....:... a 'determinados atos da Sagrada Hierarquia. Adepto ardoroso do princípio de autoridade em todos os campos, sou especialmente cioso da integral aplicação dele no que diz respeito à Igreja e à Hierarquia. E rnuito particularmente no que toca ao Ron1ano Pontífice. Assim fui sempre. Assim sou. Assim espero morrer. Compreendo, pois, que a certos leitores cause surpresa - a despeito dos solidíssimos autores que citei no último artigo - minha asserção sobre a legitimidade de tal crítica. Enquanto, pois, espero notícias do Chile, transcrevo aqui mais algumas citações. São elas tiradas, todas, de um artigo publicado em agosto de 1969 pelo prestigioso mensário de cultura "Catolicisn10" (n. 0 224). É autor desse artigo, notável pela lucidez do pensamento, vigor da argument·ação e opulência das citações, um destacado diretor da TFP brasileira, Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira. Pormenor absolutamente digno ele nota, o artigo foi meticulosamente analisado, antes de impresso, por um teólogo de valor insuperado no Brasil de hoje, D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, que o achou irrepreensível. Mais tarde, a valorosa revista "Tradición, Familia, Propiedad", órgão da TFP argentina, o reproduziu. Enviado a Bispos e teólogos, largamente distribuído ao público de aquém e além Rio da Prata, o estudo do Sr. Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira não despertou a menor oposição. Sinal de que continha doutrina aceita como certa entre os entendidos. Vejamos, pois, alguns textos extraídos do referido artigo.

* * * Relacionan1-se eles com um episódio célebre narrado por São Paulo (Gal. 2, 11-14). Temendo d()sagradar numerosos judeus batizados, São Pedro, com seu exemplo, favorecia a posição dos "judaizantes". São Paulo, tendo en1 vista o perigo que isso significava para a Fé, "resistiu-lhe e111 face". Diante das objeções do Apóstolo das Gentes, São Pedro reconheceu que não tinha razão, e nobremente cedeu. O episódio levantou nos comentadores, estas perguntas: há então casos em que é legítimo "resistir em face" a um Papa ou Bispo? Quais são eles? Vejamos a resposta daquele que a Igreja aclan1a como Doutor Angélico e Príncipe dos Teólogos, São Tomás de Aquino: Segundo este, existe o direito de, ern dadas circunstâncias, resistir de público contra uma decisão do Romano Pontífice: "[ ... ) havendo perigo próximo para a Fé, os prelados devem ser argüídos, até mesmo publicamente, pelos súditos. Assim, São Paulo, que era súdito de São Pedro, argüiu-o publicamente, em razão de um perigo iminente de escândalo em matéria de Fé. E, como diz a Glosa de Santo Agostinho, "o próprio São Pedro deu o exemplo aos que governam, a fim de que estes, afastando-se alguma vez do bom caminho, não recusassem como indigna uma correção vinda mesmo de seus súditos" (ad Gal. 2, 14)" (Summ. Theol., 11-11, 33, 4, 2). São Tomás observa ainda que o referido episódio contém ensinamentos tanto para os prel-ados quanto para os súditos: "Aos prelados [foi dado exemplo) de humildade, para que não se recusem a aceitar repreensões da pari.e de seus inferiores e súditos; e aos súditos [foi dado] exemplo de 1,elo e liberdade, para que não receiem corrigir seus prelados, sobretudo quando o crime for público e redundar em perigo para muitos" (idem, ibidem, n. 77). Passemos adiante. Veja o leitor mais este texto do insigne teólogo e canonista do século XVI, Vi-


i

No clima de pós-Assembléia da CNBB

chilena de Oliveirca

resentamos, abaixo •

tória: "Por direito natural é lícito repelir a violência pela violência. Ora, [ com ordens injustas], o Papa exerce violência, porque age contra o Direi(o [ ... ]. Logo, é lícito resistir-lhe. Como observa Caietano, não afirman1os tudo isto no sentido de que a alguém caiba ser juiz do Papa ou ter autoridade sobre ele, mas no sentido de que é lícito defender-se. A qualquer um, co1n efeito, assiste o direito de resistir a 111n ato injusto, de procurar impedi-lo e de defender-se" ("Obras de Francisco de Vitória", BAC, Madrid, 1960, pp. 486-487). O não menos insigne Suárez, pouco posterior a Vitória, sentencia: "Se [o Papa] baixar uma ordem contrária aos bons costu1nes, não se há de obede ce.r-lhe; se tentar fazer algo n1anifestamente oposto à justiça e ao bem co1num, será licito resistir-lhe; se atacar pela força, pela força poderá ser repelido, com a moderação própria à defesa justa [ cum moderamine inculpatae tutelae]" ("De Fide", X, VI, n. 16). Ouçamos agora o grande Cardeal jesuíta São Roberto Bellarmino, can1peão dos direitos do Papado na luta contra o protestantismo: "( - .. ] as.,;im como é lícito resistir ao Pontífice que agride o corpo, assim também é lícito resistir ao que agride as almas, ou que perturba a ordem civil, ou, sobretudo, aquele que tentasse destrui.r a lgrt1ja. Digo que é lícito resistir-lhe não fazendo o que ordena e impedindo a execução de sua vontade; não é lícito, contudo, julgá-lo, puni-lo ou depô-lo, pois estes atos são próprios a um ,superior" ("De Rom. Pont.", II, 29). Vamos a um dos maiores exegetas, dos séculos XVI e XVIl. É o famoso Cornélio a Lapide: n1ostra ele que, segundo Santo Agostinho, Santo Ambrósio, São Beda, Santo Anselmo e 1nuitos outros Padres, a resistência de São Paulo a São Pedro foi pública "para que desse modo o escândalo público dado por São Pedro fosse remediado por uma repreensão tambén1 pública" (ad Gal. 2, l l ). Em outro tópico, Cornelio a .Lapide escreve: "( . . . ] os superiores poden1 ser repreendidos, co1n humildade e caridade, pelos inferiores, a fim de que a verdade seja defendida, é o que declaram, con1 base nesta passagem [Gal. 2, J .1], Santo Agostinho ( Epist. 19), São Cipriano, São Gregório, São Tomás e ou1ros acin1a citados. Eles claramente ensinam que São Pedro, sendo s uperior, foi repreendido por São Paulo [ ... ]. Com razão, pois, disse São Gregório (Homil. 18 in Ezech.): "Pe(fro calou-se a fim de que, sendo o primeiro na hierarquia apostólica, fosse també1n o prin1eiro e1n humildade". E Santo Agostinho afirmou (Epist. 19 ad Hieronymum): "Ensinando que os superiores não recusen1 deixar-se repreender pelos inferiores, São Pedro deu à posteridade um exen1plo mais inco1nun1 e n1ais santo do que deu São Paulo ao ensinar que, na defesa da verdade, e com caridade, aos 111enores é dado ter a audácia de resistir sem temor aos maiores" (ad Gal. 2, J 1).

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Some o leitor estas citações às do domingo passado, e terá urna base seguríssima para afinnar que a TFP chilena não andou 1nal - antes cumpriu seu dever, inspirada no exemplo de São Paulo - ao n1anifes1ar de público seu desacordo co1n á conduta da Hierarquia chilena e de Paulo VI face ao processo de comunização do Chile, .. . se é que os fatos citados pela nossa co-irmã são objetivos. E aqui volto ao ponto de partida: são mesmo objetivos? Se não o forem , cerlamente a Cúria de Santiago protestará. Aguarden1os, pois, o que ela dirã . . .

Plinio Corrêa de Oliveira RECENTE ASSEMBLêlA Geral dos Bispos se realizou nUJn clima de expectativa geral. Entre outros fatores para tal, estava a difusão - feita pela TFP da momcnrosa Pastoral de D. Mayer sobre Cursilhos de Cristandade. Corriam boatos de que a CNBB iria publicar um esrrondoso elogio ao Movimento Cursilhista, juntamente com uma ainda ma is eslrondosa condenação da TFP. Afinal, publicado o comunicado da Assembléia, verificou-se que, no locante aos C ursilhos, os prognósticos, ativamente postos em circulação pela propaganda cursilh ista, eram quase inleira.mente. sem fundamcnlo. Os Srs. Bispos inseriram em seu comunicado fin·at Ião somente esta referência simpática aos Cursi lhos: "Merece o Movimento dos Cursilhos de Cristandade urna palavra de estímulo, sobretudo nesta hora em que surgem objeções a seus propósitos de fidelidade a Cristo e a sua Igreja. Será ele tanto mais desejado e aplaudido quanto mais se identificar com o espírito do Evangelho. V cm sendo em nosso meio um despertador de energias cristãs adormecidas e um apelo de Deus à generosidade dos após tolos leigos". U!ll leiror arguto bem pode ver neslas palavras, que o Episcopado deixou claro que: 1.• - não endossa a Pastoral de D. Mayer; 2.• - nHl5 também evila de afirmar que no Movimen10 Cursilhista não se infiltraram os erros apontados pelo Bispo de Campos. ê isto bem diferente do estrondoso elogio tão esperado . .. Quanto à TFP, nenhuma palavra. O que, por sua vez, consl itui um rcsulrado ainda mais diferente da condenação tão sofregamente anonciada!

de público se, depois de devidamente informado, se convencer que a TFP é aberta ao diálogo .. .

A

*** D. Serafim &mandes de Araujo, Bispo Auxiliar de Belo Horizonte, foi muito além de D. Ivo. A dar crilécio ao "Diário de Minas" de 17 de fevereiro, D. Serafim teria afirmado que todos os Bispos presentes à Xlll Assembléia condenaram a TFP. Essa afirmação lembra um passe de mágica: uma jarra está cheia de um líquido escuro, e quando se entorna seu r.onteúdo num copo, o líquido flui claro. Todos os Srs. Bispos estariam cheios do propósito de condenar a TFP. Mas o comunicado final, com a palavra oficial deles, não continha essa condenação! Logo em seguida a essa estranha asserção, vem entre aspas a seguinte declaração de D. Serafim: "Houve algumas divergências quanto a esta organização. Uns Bispos acham que se deve dialogar com a TFP. Outros acham que devemos esquecê-la, pois seus membros não admitem diálogo". Ainda aqui ofereço a D. Serafim dar-lhe a prova de que somos abertos ao diálogo, e de que mais paternalmente andaram os Srs. Bispos que não se prestaram a nos atacar, do que os que resolveram "esquecer-nos". Esse "esquecimento", aliás, me parece inexplicável. O bom pastor do Evangelho não "esquece" ovelha a.lguma . Pelo conrrário, vai ao encalço de qualquer delas, por mais tresmalhada que seja. Foi esse o princípio que vários Srs. Bispos alegaram para ir às prisões visitar Padres e leigos contra os quais pesavam as mais graves suspeitas (ou mais do que isso ... ) de terrorismo. E precisamente quanto à TFP, vítima do terror e propugnadora dos princípios que os terroristas negam de bomba na mão, esses Srs. Bispos, conhecidos de D. Serafim, preferem º esquecer". Ai de nós! Sobretudo, ai deles quando o Bom Pastor vier pedir-lhes conta de cada uma de suas ovelhas.

.*.

Estas observações servem de fundo de quadro parn o lema do presente artigo. Como acabamos de ver, a intenção manifesta da Assembléia dos Bispos foi de ser comedida e discreta. Ora, quem, ante uma s ituação de grande expectativa, toma tal atitude, . visa evidentemente pôr água na fervura. Assim, parece-me óbvio que aqueles Srs. Bispos que, depois da reunião, liveram ácidas palavras de antipatia contra a l'FP, agiram em sentimen10 oposto ao espírilo e às intenções da Asscmbléi.a. O que é lanto mais de lamentar quanto, pronunciando-se logo após o encerramento da mesma, davam ao público a impressão de que falavam cm nome dela.

••• Nesse sentido, é de eslranbar especialmen1e a entrevisla dada à imprensa por D. Ivo Lorscheiter, Secretário-Geral · da CNBB. D. Lorscheiter disse aos jornalistas que a Assembléia não condenara a TFP por rrês motivos. Analisemo-los. Segundo D. Ivo, o Episcopado silenciara sobre a TFP porque, se nos condenasse, causaria a impressão de que temos uma imponância maior do que a real. Data vênia, duvidamos da objetividade da informação prestada por D. Ivo. A TFP é uma organização da qual se fala de norte a sul do País. Todo o rebuliço feito por cerra imprensa sobre nossa augurada condenação prova a amplilude do público que tem seus olhos voltados para nós. Não creio que esse público crescesse ainda mais só pelo fato de a TFP ser objeto de um ou dois parágrafos no comunicado da XIII Assembléia dos Bispos. Há mais. A ser objeliva a informação dada por D. Ivo Lorscheiler, o que ficaria provado não é a falta de importância da TFP, mas sim o declínio do pres tigio da CNBB. Pois seria preciso que esta última estivesse muito desfalcada da influência que a ordem das coisas lhe confere, para que o próprio ato pelo qual es1igmalizaria nossa associação nos acrescesse a popularidade. Ê tudo isto Ião abstruso, que prefiro admitir que os jornalistas a quem D. Ivo falou não interpretaram bem suas palavras ... Com gáudio para a torcida cursilhista, diz ainda D. Lors·.cheiter que somos "impem1eáveis ao diálogo". Desde já assevero que a verdade é exatamente o contrário. E se D. Lorscheiter quiser, posso dar-lhe de público as provas do fato. ê só pedi-las. D. Lorscheiler insinua, por fim, que faltamos com o respeito ao Episcopado. Igualmente afirmo que não. Se D. Lorscheiter me mostrar o contrário, não lerei dúvida cm pedir desculpa a quem de direito. O que cu gostaria é que D. Lorscheitcr - o qual como Bispo deve dar, e de público, o bom exemp lo na prática de todas as virtudes - também se desculpe

• •• Ê com especial respeito que menciono o nome do

Car-

deal D. Schcrer. Com respeito e com dor, porque também Sua Eminência fez à imprensa (cf. "O Estado de São Paulo", de 20 de fevereiro) afirmações que não posso deixar sem reparo. Asseverou Sua Em inência que a TPP constituía assunto que "não estava em pauta" na reunião. Ora, "O São Paulo" de 17 / 23 dé fevereiro (p. 5), órgão oficial da Arquidiocese paulopolitana, publicou a dita pauta. E nela se lê o seguinlc: "A pauta de assuntos a tratar, a pedido de vários Bispos presentes, foi aumenta da de mais sele pontos". Segue-se a lista desses pontos. Em sexto lugar leio: "a TFP". Aliás, vários órgãos da imprensa divulgaram até a notícia de que a Assembléia const ituíra uma comissão integrada por D. Gilberto Pereira Lopes, Bispo de Ipameri (Goiás), D. Serafim Fernandes de Araujo, Bispo A11xiliar de Belo Horizonte, e D. Antonio Afonso de Miranda, Bispo de Lorena, para estudar especialmente a ·TFP. E, mais ainda, outros Srs. Bispos, antes mesn10 que a Comissão iniciasse seus estudos, se puseram a prejulgar o assunto, fazendo declarações à imprensa conlra a TFP. Não compreendo, pois, como pôde o eminente Purpurado gaúcho estar mal informado a ponto de dizer que não esrá vamos na pauta da Assembléia. Menciona ainda D. Scherer nosso alheamento face aos "planos pastorais" adotados nas Dioceses. Como entidade cívica que somos, não temos nenhuma obrigação de nos encaixar em tais planos. Entretanto, faço aqui uma declaração. Não conheço um só plano p~storal diocesano desenrolado no âmbito da CNBB, que comporte campanhas abertas, frontais e corajosas contra o comun ismo. Se houver algum plano assim, e o respeclivo Sr. Bispo quiser nossa cooperação para essa finalidade, é só dizê-lo. Ali es'g taremos alvissareiros à sua disposição. Se algum leitor sou~ ber de algum Bispo que tenha um plano assim, peço cnca: rccidamcnlc que no-lo comunique.

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••• Impressiona !riste.mente o que há de contraditório nessas vo:zes de pós-rcun ião dos Srs. Bispos. Quando os historiadores de nossos confusos tempos se derem conta de lodo esse caos, hão de ficar desconcertados. Mais ainda os desconcertará, entretanto, um outro ponto. - Por que - perguntar-se-ão eles - falar com lanta naturnlidadc de uma condenação da TPP? 5


Continuação da pág. 3

CLERO, A GRANDE ESPERANÇA DE ALLENDE

presidencial. Uma delas dizia: "'TIRA DE NOS· S0 CORAÇÃO TODA ANOVSTIA E TEMOR EM FACE DAS M UOANÇAS SOClAlS, para elegermos o homem que possa conduzir nossa p<Ílria a mudança,s mais profundas. para o bem de rodos

os chilenos, como 1'u o deseias. -

Roguemos

ao Senhor" ("EI Clarín"". 7-8-70 que nosso).

2 -

desta-

A ntes da escolha do Presidente pelo Congresso Nacional

• Três dias após a eleição presidencial. o Bi5po Mons. Jorge Hour1on. Admini&lrador Apostólico de Puerto Monu. adiantando-se ao veredicto do Congresso Nacional. dava como certa a ratificação definil iva da c lciç.ã o de Allendc. ao assinalar em documento público:

"O povo do Chile escolheu µ<ira si um governo democrático e tle progresso so<:i(I/; 'lt'm Q direito de espef'lzr e exigir que este /1,c .,·e;a dado. e n,io 0111m coi.ta'" ('"CIDOC"". n.0 251).

• A 25 de setembro de 1970. o Secretariado Geral do E:piscopado publicou uma declaração cm nome da Conferência Episcopal do Chile, afirmando entre outras coisas: "Estamos 110 limiar de uma. nova época hist6rit·a de nosso co11tinente. ( ... ) de libertaçáo de to-, da $ervidão, de maturação pessoal e de integrt1çcio cole,;va. [ . .. ] Os cristiios querem patticlpat "" formação do "homem novo''. [ ... ) Cooperamos e queremos cooperar com as mu.. danças ( ... ]"' ("EI Mercurio··, 26-9-72). Esta declaração, nas circunstâncias que a cercaram, foi interpretada por todos os círculos políticos como uma manifestação de apoio a Allcnde. com a agravante de que este ainda não havia sido confirmado pelo Congresso (13/ .

3 -

Co m A lle nde no poder

• A 22 de abril de 1971, os Bispos emitinun uma confusa declaração, cuja ambigüidnde envergonhada termina abrindo as portas para a colaboração com o regime marxista de Allc nde. Nela se lê: "Diante do legítimo goW!rno tio Chile, reiteramos a atitude que nos vem <le Cristo: respeito à sua autoridade e colaboração em sua tarefa de servir o povo. T º" tio esforço para construir uma socieclade mals humana, eliminando a miséria. Jazendo prevalecer o bem comum sobre o bem particular, requer o c,poio de quem, como cri.ttcio, tstd comprontetido com a libertação do homem" ("EI Oiario Austral", 22-4-71 ). Os Srs. Bispos scrvcm ..se, a$Sim, neste lance. da Pessoa Sagrada de Nosso Senhor Jesus Cristo para conclamar o povo ca16lko a colaborar com o regime que vai conduzindo o País precisamen· te à mais trágica miséria que e les diziam querer eliminar. • Em fevereiro de 1971 , Mons. Ariztfa. Bispo Auxiliar de Santiago, o mesmo que assinara a nota exprimindo mal.estar pela cam· panha da TFP contra a infiltração esquerdista no Clero. visitou Cuba durante quioze dias. acompanhado pelo Bispo de Talca. Mons. Carlos González (revista ··Mundo 71 ". junho de 1971 ).

{IAfOlLICE§MO MENSÁRIO <Om :&prôr.1çi'io cctr.siásUca

CAMt'OS -

EST. DO RIO

0 1a 1t'rOJt

Ao regressar, o primeiro declarou à eícrvesecnle publicidade marxista do Pais: ··Nosso povo não pode pagar o alto preço l/ue pagaram o.r católicos cubanos pôr sua opo:riçiifJ cerracla às reformas. Os cristcios não ,levc.•m margina/il,llr•se do processo revoluciomírio. Devem incorpornr•se a ele e dar o melhor ,h• si. Não devem ficar à margem <'titicmulo" (""La Tercera''. dezembro de 1971 ). O segundo. por sua vez. publicou uma Caria Pastoral, algum tempo depois. n;, qual afirma: "O Chile a.rsist<1 tl um 1,r<x·,•.f,fCJ de mudanças que o conduz soc:iali.~·mo. Ncio se deve ter ,nedo do socialMmo. Os Sacer<lote:r potlem ~ tlevem dor sua c:ontribuiçr1o p(lra ,,ue esse, nuulança .re produ1.a'' (ibid.).

"º

• Quando Fidel Castro visitou o Chile em novembro de 1971. foi recebido ostensivamente. nas respectivas Dioceses: pelo Cardeal. acompanhado de outros Bispos. cm Santiago: pelos Arcebispos de Antofagasta e de Concepeión; e pelos Bispos de lquique. Puerto Monlt e Punia Arenas (""Tribuna··. 25-11-71). Pois bem. Sendo o Chile um país cm que a Igreja é separada do Estado, a visita do ditador cubano às autoridades eclesiásticas não tinha caráter protocolar obdgatório, oficial, mas era apenas a manifestação de seu desejo de ser bem acolhido pelo Episcopado. para efeito de impressionar o público chileno. Dessa maneira, o Episcopado se prestou a esta manobra claramente propagandística, cm toda a ri1edida em que lhe foi solicitado. Não consta. por outro lado, uma só palavra de crítica ou protesto de qualquer desses Prelados pela injustiça intrínseca do regime comunisla que Fidel Castro representa, nem pela situação de miséria que prostra o povo cubano, sob a opressão de tal regime. • A intervenção do Episcopado fazendo uso de sua autoridade para pressionar moralmente os fiéis a apoiarem ou pelo menos acej. tarem a marcha do Chile para o comunismo, atingiu um auge característico durante a gre· ve de outubro do ano passado (14/. Diante de um povo que não s6 sentia miséria, mas que saía às ruas cm grandes multi· dões para bradar c.ontra ela - e m fatos me• moráveis como a chamada marcha do.,; pane• las vatias de dezembro de 1971 ( I 5) - não houve um só Padre, não houve um só Bispo presente para manifestar sua solidariedade a esse povo que gemia. Pelo conirário, sua atitude foi deixar de pé a recomendação conciliadora de apoio ao governo. autor dessa mi.. séria. Assim, durante os referidos aconteci· mcntos de outubro próximo passado. quando as manifestações de protesto popular se mulliplicavam, sete Bispos, em visita a Allende, e depois o Comité Permanente do Episcopado fizeram um apelo no sentido de que se eliminassem as dissenções na opinião pública nac ional. O Comité Permanente do Episcopado chegou a manifestar o desejo de que ·•se co11tinuc com o processo ele mudançc,s tendentes a libertar os pobres de toda situaçcio de injus• tiça e de miséria"' ('"EI Mercurio'·, 22- 1O- 72; "últimas Noticia5'", 21-10-72).

• • • Como se vê, todas :is formas e graus de apoio que o governo marxista de Allendc podia desejar do Episcopado foram-lhe dado.~ de um modo continuo e mais do que suficiente. Isto mesmo fazendo a rcs.crva. antcriorme-nte consignada. de alguns Bispos que não se pronunciaram mas que. com a falla de seu pro· testo. foram tidos pela nação - a justo títu• lo - como anuentes com a aberração praticada pelos Bispos que se pronunciarnm. ·

IV -

NA LIDERANÇA DO EPISCOPADO: O CARDEAL-ARCEBISPO DE SAN TIAGO

MONS. ANTONIO R 18 F.IR() DO ROSAIUO

Dlrctorla: Av. 1 de Setembro 247, caixa poSlol H3. 28100 Campos. RJ. Admlnlstnação: R. Dr. M.a.r1inico Prndo 271. 01224 S. Pauto. ComPOSlo

• Como Grão-Chanceler da Pon1ificia Universidade Católica de Santi:igo. concedeu o título de Doutor n :ie11tic1 ct honoris ciwsC1 a Pablo Neruda, cm agosto de 1969. pouco antes de este ter sido nomcado pré-candidato do Partido Comunista à Presidência da República ("" últimas Noticias··. 21-8-69) . • Em dezembro do mesmo .ano declarou

à imprensa que era legítimo a um católico votar num candidato marxista (··última Hora·. 24-12-69). Declarnção esta en1 virtude da qual a candidatura do Sr. Allénde obteve notório proveito. Nessa ocasião, a TFP pediu ao Sr. Cardeal que esclarecesse ou desmentisse tão grave afirmação. devido não só à confusão que ela poderia suscitar no espírito dos fiéis. como também ao benefício que acarretaria para a candidatura marxista, e ain· da à situação que se criava cm relação à vi· gência do Decreto de excomunhão promulgado no pontificado de Pio XII contra os que colaboram com o comunismo. Deste modo. íicav~\ levantado tacitamente um delicado problema, pois se o d ecreto de excomunhão cont inua cm vigor. não podia chegar a se aplicar ipso facto ao próprio Arcebispo? Esta pergunta. por sua vez, envolveria um problema de jurisdição dos mais complexos para toda a Arquidiocese. Contudo. o Cardeal julgou pre· rerível não desmentir nem esclarecer sua afirmação pública, além de ter recusado, de modo pouco pastoral e muito grosseiro, qualq11cr resposta à TFP ("" F iduc ia··. suplemento d o n.0 31) (/6/. • Uma vez ratificada a eleição do Sr. Allcndc pelo Congresso Nacional. o Cardeal Silva Henríquez continuou a golpear a consciência católica: declarou que o papel da Igreja em relação ao governo devia ser de "/rancc, e leal cooperação cm to das c,s coisas do bem comum·· ('"EI Clarín ... 1-11-70). deixando muito habilmente de acrescentar que deveria combatê-lo no que rossc contrário à Lei de Deus e ao Direito Natural; visitou Allcndc. presenteandO·O com uma Bíblia, e. foz.se ío• tografar diversas vczc.s ao lado dele. em ;Ui· tudcs de grande amizade: fez declarações à in1prensa cubana, nas quais elogiou Allcndc. ofereceu apoio e colaboração às "reformas básicas .. do programa. da Unidade Popular e pediu a Deus "que ,,jude o po,10 cubano no tr<1· bolho que está realizando" ("última Hora", 12- 11 -70). • Por ocasião da asccnsf10 do Pre$identc marxista ao poder, presidio a um Te.'" Dcum "ecuir1ênico" 03 Catedral. com ~· pa:rticipação de pastores pro1es1an1es e rabinos ("'La Revis"' Católica··. n.0 1015. p. 5685). • A t.0 dc m:iio de 1971. pela primeira vez na História do C hile. o Cardcal assistiu à concentração da Centr:1I única de Trabalhadores - controlada pelo Partido Comunista - sentando-se à tribuna ao lado de Allcnde e seus Ministros. Nessa oc:,sião d irigiu uma mensagem ao presidente da CUT e marchou junto com a Juventude Operária Católica numa das colunas da concentração ('"EI Siglo",

2 -5-7 1). Esse marcante comparecimento vma a repetir-se em maio de 1972 ("Tribun:i". 2 -5-72). • Em novembro de 1971 recebeu Fidcl Castro no aeroporto de Sanliago. compareceu a um cock·tail oferecido ao ditador cubano no palácio presidencial de ú, Moneda e manteve com ele uma cordial entrevista na Cúria cardinalícia, dando-lhe uma Bíblia de presente. Castro qualificou-o como "uma pc.s.1oa magnífica" ("EI Siglo". 24-11 -71: ""EI Clarin". 24-1 1-71). De seu ponto de vista. o ditador tem muito boas razões para dizer isso . ..

• Em dezembro do mesmo ano declarou na TV que o governo trabalhava sincera e arduamente pelo bem-estar da coletividade. Essa declaração foi feita por ocasião da nu,r~ eira das ptmelos v(1zic1s (''última .Hora", 27-12,. -71), na qual mais de 100 mil donas de eas:i protcst.-ram nas ruas de Santiago contra a es· casscz de alimentos gerada pela política do governo. • Em setcn1bro de 1972, seguindo sempre a mesma linha de conduta, o Cardeal dirigiu uma carta aberta a todos os chilenos de boa vontade. Nela, sua preocupação central não consistia cm atenuar as conseqüências desastrosas do processo de comunislização do Chile. mas Sil\l em aplacar os descontentamentos cada ve-.t mais numerosos que- o proccs.'io vinha provocando, e que punham o governo en1 estado de preocupação crescente ( " EI Mercurio", 22-9-72) .

Intervencion ismo clerica l po ra impedir o e ntrechoque legal de opiniões? Todo este impressionante conjunto de atitudes que o Clero chileno. de alto a baixo. co· meçou a adotar nos últimos anos. já se tor.. nou insuportável num país cm que os próprios Bispos se afirmam partidários da. separação c nlrc a Igreja e o Estado. Semelhante interferência é ainda mais significativa quan .. do se considera que desde 1925. quando foi decretada essa separação. o Episcopado se manteve à margem da política. abandonando só agora tal posiçiio de alheamento. Esta alilude as.sumida pelo Cardeal e pelos Bispos está subvertendo o sistema consti· 1ucional vigente. Se o Sr. Cardeal e os Srs. Bispos desejam a união entre a Igreja e o Estado agora que um Presidente marxista está no poder. por que então não a pedem? Enquan10 não a pedire m. também deste ponto de vista sua atitude se torna inteiramente ina• cci1ávcl e subversiva. Pois, con1 que d ireito os Bispo$ descem ao plano concre to para apontar diretrizes políticas a serem adotadas nas sucessivas fases da criS<: que vive o País? -Quando numerosas propriedades privadas começaram a ser assalcadas pelos miriJ·tas (17) - sem oposição eficaz por parte da polícia pass9 u a haver clima de violência e contraviolência em a lgumas regiões. Então, o Episcopado sustentou continuamente sua posição contra a violência. Ninguém nega. naturalmente, o direito do Sr. Cardeal c dos Srs. Bispos de manifestar sua preocupação pela violência. Na verdade, eles deveriam ter atacado a violência do terrorismo miri.sta e de seus congêneres, mas deveriam ter apoiado a contraviolência exercida cm legítima defesa pelos proprietários assaltados. e, preciso, além disso, fazer notar que os Srs. Bispos tampouco têm lcvado na devida conta o fato de que a maior violência no Chi· le não é aquela existente ~l margem da ação estatal. mas é ·a violência praticada pelo próprio Estado com a continua transgressão dos direitos individuais e naturais. Ainda menos tolerável nas presentes circunstâncias, é que os Srs. Bispos, cm suas declarações contra a violência, passem a re_p rovar a desunião, que

e impresso na Cia. Li1hographica

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01224 S. Pauto

6

Bem examinados os fatos rcícridos, é impossível deixar de perguntar: o Episcopado

teria tomado essa atitude se o Sr. Cardeal ti• vcssc exercido sua influência cm sentido con· trário? Parece evidente que não. Uma atitude de intervenção tão constante e definida nos assuntos políticos do País. e que não tem precede ntes próximos em nossa História, não pa· rccc verossímil que fosse adotada pelo Episcop•do sem o estímulo do Cardeal-Primaz. E ainda mais quando essa intervenção de tal modo viola a Ol'dcm natural das coisas, pois se exerce cm favor de um regime marxista. A realidade "dos fatos demonstra que a atitude de leigos. Sacerdotes e Bispos em fo. vor do atual regime não passa de um reflexo coerente e fiel das posições assumidas pelo Cardeal Silva Hcnriquez. Lembremos aqui as que iníluíram de modo mais notório para pressionar e coníundir a opinião católica:

/J) Os Srs. Bispos havia.m decidido, antes das eloiçôcs diretas de 4 de setembto de 1970 não fazer visita de rcconhccimtmo no c.andid:uo vCnéedor se C$IC não obtivesse a maioria absoluta (d. ''EI Mcrcurio", l6-9-70). Uma vci que o e.:;mdidato nessas condições foi o ma.rxis1n Allcnde. encontraram através destas declarações - o modo de reconhecê-lo, a !im de t1íastar as,çim o menor risco de que algum parlamcnlar do POC votasse contra Allcnde n:i clc.i· ç.io que o CongrC$SO Pleno dcvcril'l tfe1Uar cm 24 de outubro. 14) Os conflitos de outubro eonsti1uirnm a maior maniíestaç5o de descontentamento contra o governo de Allcnde levada a efeito pelo povo chileno. Tive.. ram sua origem cm uma greve do Sindic;,to de Motoris1as de Caminhão, à qual aderiram depois eomcrci3ntes, profissionais liberais e ou1ras c:uegorias. ficando pratica.mente pamHsado o Pa.Js dunrntc ccrc.a de um mês. O conOito, nascido d:t OJ)OSiçâo dos mo· torhtas de caminhão à ameaça de estatização de um sc1or de sua.s empresas, tomou um carAter de evidente. protesto nacional. Este foi sin1c1iz.ado na "Cttrta de Rcivindic::ações do Chile", apresentada pelos ircvi:sl8S ao governo. Nela faz.iam exigências que eontradl:tiam o program-3 çovernnmenlal cm diversos ponloi. básicos.

/5) Sobre os numerosos movimcn1os de dcscon· ten1amcn10 da opini:io J)úblic.a diante do governo, cabe destaca.r, por su::t amplitude: - A marclra d,,s tHmdas wrz.;us, em d ezembro de 1971. Mnis de. cem mil mulheres pro1estariin nas rua.,; de San1fogo contra 3 falta de :rlimen1os e a polític-à geral do governo. Os protestos estenderam-se durante todo o mês de dezembro . Diariamente ouvia-se o tilintar de p3nclas v:i.ri:is batidas por donas de e3sa, que passou a 5er nota c,1rac1crística de todas as manifestações da oposição; - Em abril de 1972 houve enormes manifest.1• çõcs populares em S.1ntiago e nas e.idades m:iis importantes do País. em defesa dos direitos e-spc2:.inhados e contra as medidas do governo. Em S:rn1iago p3rciciparam mnis de 750 mil pe$Soas cm uma só n, archa: - Em 36,0Sto do nH:smo ano reali?..ar:un-sc 1amb6m grandes manifestações contra o governo de Allcndc. Tom:m,.m pane especialmente e-studantt':$ de nível se:cund5rio e universit,rio: - Finalmente. a já mcncionadt'I greve de outubro.

/6) A S2g.ra.da Congregação do Santo Ofício, por mand3lô e com autortd:..de do Sumo Pontífice Pio

XII, promulgou um Oeçreto :, t.0 de julho de 1949, no qu:il pr~evc categoric:~1mentc o comunismo e toda colaboração com ele, respondendo às seguinte-$ pergun1ns: ··1 - t licito "º' c"16licos t/(lr stu ,1cmie "- ftr(S• ,ar sim "jud,, aos f)urtidos c:o,,11111is1as! - Res11ost11: Não ~ lícito: o com,mismo i materi.álistt1 e anticristiio; com e/eito. os chefes com,mistas. mtsmo 11110,u/Q dizem por pilla,in1s que niio t:omhattm a religião, m, rcc,Ucladt:, c:011tudo, ranto ~la doutri11a como pe"' aç,ic> m()$tr"1tt•se i11im1i;os. de f>c11s, da ,•crtfadciru Rcligkio e Ja lgrt/a ,te Cristo. li -

t

lícito editar. di/ttttdir e ler /fvrc,s, puüX/t,

cos, jor1wi.s e Jolhcros que dc/tmlu,i a do11tri1ta e as ati,•idadcs cô1m111lstas? - Resposta: Não é Udto: cstd pro;bidt> pelf"/ pr6ptil> Dirdto (Ca,r. /399 do C6dig<, de Direito Co,,611/co).

Ili - Os /ilis crl~·túos que, a st1bc11das e li,•rcmé'nte, tt11lwm ;ncorrldo 110s atos dos quais ""'""' os números I e li, p(X/cm str u,lmitldos aos Sacrt1• mc11u,s? - RcspC>Sta: Não p,xluõo 1tr admitidos; st'· gundo os princlpios gtrais, dc,re-.sc 11tf(.t1r 01 Sacramentos aos que não csuio com as d,:11idás J;spositixJ P'"ª ucchE-los. IV - Os /111.1 crisr,1o,t q11c pro/cs.mm a do1ari,u1


Conclusão da pág. 6

CLERO, A GRANDE ESPERANÇA DE ALLENDE

por outro lado é própria ao rcgimç demo:::rá· tico. Com tal atitude, o Sr. Cardeal e os Srs. Bispos tentam promover virtualmente uma coalizão geral do povo com o governo, us.."l.ndo assim de suas sagradas investiduras para asfi· xiar as m:.,niícstaçõcs legítimas de protesto provocadas pela viol~tção de direi tos naturais. bem como pelos crnurnas e escândalo~ que urn rcgilnc anticristão cria na consciência cat61ica. Isto é liiais digno de nota ainda, se se tem presente que tal protesto se exprimiu de acordo com a índole do regime político. que é democrático. Se o Sr. Cardeal e os Srs. Bispos são contrários l'1 dcmocraci.l, por que não o dizc1n? E se são a favor dela, então por que dão a entender que o entrechoque legal das opiniões é um fator de deterioração do p.-ís? Ou devemos: ir mais longe. :.,dmitindo nesse caso que o Sr. Cardeal e os Srs. Bispos são favoráveis à democracia quando julgam que esta serve de instrumento par:1 derrubar o regime de

propriedade privada, e lhe são contrários q utt~do vêem ocla uma forma de defesa deste direito natural?

V -

A SANTA St

Filhos devotos da Santa Igreja, é com profunda dor q ue presenciamos o desenrolar. d~ste processo, ao longo do qual os p ro ncop•?s doutrinários inspiradores da autodemohçao da Igreja vão t ransbordando do âmbito propriamente religioso

é'

penetrando s:emprc mais

na vida pública do País, produzindo assim nela cfoitos ,rnalogamcntc deletérios. Essa profunda tristeza coexiste cm nós com um sentimento de respeito também proíunclo. e além disso inalterável. Sabemos que a Santa Igre ja Cat6lica não Se identifica com as falhas de seus filhos, por mais graduados que sejam. E, portanto, que Ela continua infalível e indefectível hoje, como ontem. como por todos os séculos vindouros. Am'1r a l grcjtl importa em amar de modo muito especial sua Cabeça visível. isto é, o Papa. E. com ela. '! Santa Sé. Renovamos aqui a expressão de todo o nosso amo1· reverencial. de nos.sa adesão ao Sumo Pontífice e à Santa Sé, no momento em que, com dor entranhada , somos obrigados. pelo pr6prío curso de nosso pensamento. a abordar outra questão.

Santiago, Mons. Jorge G6mez, entregou-lhe ptssoalmentc uma mensagem de Paulo VI. Mensagem esta um tanto enigmática, já que não foi publicada, mas sobre a qual Mons. Silva Hcnríquei declarou: "Tr<1ta-sc de um(I smulaçtio carinhoso, 1md<i mai.s; (Jtte reza pelo Chile e por sea Presitlcnte". Em seguida. referindo-se ao Chefe de Estado marxista, acresccnlo u: "Viemos J"<uular o Pre.sfrlente <lo C hi/t! e dlzerwl/te que t:S/(llllOS à SU<I t/isf)OSiÇiÍO pilra servir 110.r.t<> povo e ttjudar a realiz<1r os C~AN06S PROGRAMAS PARA QUE BLE TEM" ( .. Ercilla",

O

Bf?M

4-10-70 -

.PÚOL1CO

desta-

que nosso) (18). • Paulo VJ mandou como enviado especial ao Te L>eu1n ecumênico de ação de graças que se seguiu à tomada de posse do Presidente Allcnclc, o Núncio Apostólico na República Dominicana, Mons. Antonio Dei Giud icc ("La Revista Cat6lica .. , n.0 1015, p.

5885). • A 19 de novembro de 1970, o novo representante oficial de Paulo VI no Chile, o . Núncio Apostólico Mons. S6tcro Sanz Villalba. ao apresentar crcdcnci:tis a A llendc. ".mbfinhou es1u:c:ialme11te st1n complacência J)elo progr<tmll <le progresso soâul em que e,,uí co111prometido o P<1í,r, e para ele a.sJ·egurou a ajuda <la Igreja" ("La Revista Católica", n.0 1015, p. 5886). • O mesmo Núncio compareceu ;10 cockt<1il oferecido por Allenclc a Fidel Castro no Palácio presidencial de L11 Monetlll, e declarou que a viagem do di1ador comunisla cubano era ··11rniro c rrriquec.-e,lom tanto ()ara Cu{m como '""" o Chile" ("EI Clarín", 14- 11-71)

/19).

• Em agosto de 1972, Paulo VI enviou cumprimentos a Allcndc através de seu delegado pessoal, o Cardeal espanhol Arturo Tabcra, q11e visitou oficialmente o P,,ís ("EI Mcrcurio" de Valparajso, 29-8-72). • Em outubro de 1972. durante as pungent<-"S manifoslações de descontentamento popular ante a política do governo, o Cardeal Silva Hcnríquez enviou de Roma - onde fõ-

• Tão logo Allcndc foi eleito pelo Cong resso, o Cardeal. acompanhado pelo Secretário da Conferência Episcopal. Mons. Oviedo, e pelo Vigário Geral do A rccbispado de

11u1t<·l'it1lbta muicri.t1,i ,los c(1mwd.,u,., .: /lfi11t:ip11/mc•11, te aqueles <111e u ,le/cndcm e div11ti(ll11, ;,,correm, i11sQ

Como :~ TFP chilena, 1:imbém :t brasileira, a ar. i;cn1ina e -1 uruguaia 1\:lo obfrvcrnm rcspost:l de

/t1cl0, 11a excom uuh,íq rcst:rwulu de mt>do t:spult,I ti ApO$tfÍliC'1, Ct)mo ap/1$/(1/(1$ ,ltt Fé C<uólicll? RcspQ.\'ta: Sim, i11corn•111" (AAS, vo1, 41, J949. p. 3)~).

Pa.ulo VI.

s~

/7) MIR: Movimento de Esquerda Revolucioná~ ria. Gru1>0 m ;1rxis1a par-tidál'io cfa rcvoluç5o violcnt:t;

vcr~io chilena do movimento tcnoris1a TrJpamaros, do

Uruguai,

18) A História rcsistr.,rá um di:t

com

desconcer-

to. que o JU'ogrnma ao qual o Chile deve sua J)(>· breia foi ~J)oi:tdo pelo E1>iscopado desde o início.

19) "Enril111rc,ulor11" -

J>llrCC<: alé uma irooi:1, cm se tr!lt~uulo de urna n:,ç.:io que caminha p:m.l ~1 miséria. e de outm que já se cncontr;_, no abismo! 20) Vcl' n:1 nota 22 o 1ex10 ern referência, na <"t\rla d:1 ·rF'I c hilena a Paulo VI.

2/ )

ld,1ntica mcns.,gcm foi ,,roruovida pelas 1·1: p5 ~ras:ilciru, :1rscn1in:, e urugunfo, 1ot:tfü,.:1mlo, cm con·

JU1110 com a mcnsa1,.'('m Ja TFP chilena. mais de 2 milhõc.-. de :1ssinntums de sol-americanos cod~t.:tndo o pedido :.1 1>aulo VJ.

Em vista deste panorama tr~gico. é significa tivo que o próprio Presidente marxista Allcnde tenha glosado, cm entrevista concedida ao "Ncw York T imes" crn Santiago, cin outubro de 1970, q ue no Chile a Jgreja havia rompido com sua doutrina 1radicional. Entre outras coisas. Allcndc declarou: 1 '

ê per/eiwmente sabido que as ve//ws it,-

c.-ompatibilidades en tre a 1naço1wrla e a Igreja

estão superadas. O que é nwis im portem/e, ,, lgrej<, Cat6Uc,, .ro/reu muda11ças fwulttment,,i.r

[ ... J. Tive oport,midade de ler

Declaração dos Bispos cm Medcllin: ,, linguagem que em· pregam é a m esma ·que t1sfm10.r de.,·de noss<l inict<lçiio "" vi<lil polític,,, há 1ri11((1 ,mos. Nt1• quelil época éramos condenados por tal linguagem, que hoje é e rnprcgt1da pelos Bispos /1

c,116/icos. t/ue a Igreja não será fator de opo~ sição "º governo da U nitladc Popular. Pelo contrá,-io. será um elem ento ,, nosso favor . porque estaremos tentando con verte,· em rea/i(/ade o pc11.mme,uo crist,1o" (20). Creio

Estas \Jeclaráçôcs que descrevem um dos maiores s-scãndalos da Hist6ria d:1 Igreja cm todos os tempos - não foram objeto de nenhum protesto por parte das autorid;,dcs eclesiásticas chilenas, nem da Santa Sé. Pelo cootrário. as relações continuaram cordiais, a ponto de se ter podido enviar a mensagem de apoio a Allcndc n-iencionad" acima.

" Dixei uma só palavra e nossa Pátrio se rá solva" Finalmente, o consenlimcnto dado por Paulo VI à orientação que o Episcopado e os setores mais influentes do Clero chileno to\naram sob (1 égide de sua autoridade e poder, é corroborado pela at ilude do Papa cm face dos memoráveis pedidos que a TFP chilena lhe apresentou. O prirnciro foi u ma reverente e filial mensagem diri&ida a Paulo VI cm 1968, solicitando·Jhe que tomasse urgentes medidas contra a infillração comunista nôs meios católicos (cf. item Jll, n.0 1, supra). A TFP previa o perigo ameaçador para o País, qllC ia lomando corpo, de uma baldeação maciça do Clero e da o pinião cat6lica para ;-. esquerda, nos termos da mais recente cs· lratégia do comunismo 1 brilhantemente descri· ta pelo Prof. Plínio Corrêa de O liveira cm sua obrn de repercussão internacional. "Baldeação ldcol6gica lnadvertida e Diálogo". Esta Soe.i cdadc tentou então dar um bra• do de ateria para evitar q ue os acontccimcnlos pressagiados 1>0r essa baldeação, efc,ivamentc se produzissem. Por isso, e vendo a inutilidade dos con1ac1os part iculares, promoveu um abaixo.assinado público que chamasse a atcn· ção da Hierarquia C hilena e do Papa Paulo VI para ~, angústia com que mi lhares de com• patriotas nossos viam o desenrolar da situa• ção. Essa petição pública dirigida a Paulo VI foi subscrita por 121.210 chilenos (21). A rcspos1a do Papa foi um pesado e significalivo silêncio. Enquanto filhos fiéis da Igreja se viam assim trat:1dos com inusitada íriez.a, a opinião

Con-iprccndcr-se-ia que as estruturas hi..:rárquicas da Igreja no Chile ag,isscm como estão agindo, se não 1ivessem recebido uma aprovação in teira e d ireta de Paulo VI para íazê-lo? Esta pergunta torna-se ainda mais inevitável quando se considera que Moos. Silva Henríqucz, como Cardeal. man1ém contacto permanente com o Vaticano. E, por outro lado1 est.'i continuamente no Chile um Núncio Apostólico incumbido não s6 de representar o Vaticano junto ao governo chileno, como também junto ao Episcopado. Núncio que dispõe de todas as facilidades possíveis paro transmitir ao Cardeal Silva Henríquez, ao Episcopado e ao Clero cm gc-;-al, as intenções de Paulo VJ. É inadmissível que cs."-, aprovação não exista, seja pelos vínculos cardinalícios, seja pela estrutura hierárquica dõ' Igreja cm geral, 011 ainda pela const5nci:i e mnplitudc dessa inusitada política do Clero no Chile. Por o utro lado, durante esse 1>críodo não trnntparcccu manifestação alguma ainda que velada - de frieza ou mal-estar do Vaticano cm relação às atitudes do Cardeal, do E1>iscopado e do Clero cm benefício do rcgin,c marxista do Sr. Allcnde. Pelo contrário. os fatos conhecidos só corrobor:un o que a dedução 16gic:, obriga a conjeturar:

ra cntrevislar-sc com Paulo VI - uma mensagem pública ao Sr. Allendc. exprimindo-lhe sua preocupação pelos acontecimentos e oferecendo-se para regressar imediatamente ao País se A lh:ndc julgasse necessário (".E l Mcrcu rio", 29-10-72) . Portanto, bem junto de Paulo VI e. por assim dizei·, do alto dos degraus do trono pontifício. o C;1rdcal não sentiu o menor constrangimento ou obstáculo cm jogar este lance suprcrt:to de sua colaboração, o qual c-o nsistíu não s6 cm ajudar a construir o regime marxista do Sr. Allendc, como também em prometer a este ú11imo os seus préslimos para auxiliar o mesmo regime a asfixiar os prorestos da população empobrecida e descontente.

22) Texto da carta da ifP c hilena a Paulo VI, da1ad:.\ de Buenos Aires, 3 de outubro de 1970: "S,mt fa·simo P,ulf'c, O.t t1b<1i:i.·o ussiu"'fos 1011101 jo1•c111 di,ctorcs e i111t:gmr,1t's da Soclt-dt1dc CM!cmu ,fe Dc/cstt d(I Trmll1,:, lío, P,m,íliá e.• ·Prcvri.:,fadc que.• uos ( 11CQ1Jlrtm1os /Ort1 dq Chile, porque sc•11timo,t ''"" niio há 11wis garm,tüt..t tmrci "ºssa libcnf,ule ,Jc prou:suu. ,/entro das ,1ü,.s /(fgál.s e ,los tlfOC<'SSt>S da mo,at t:risrc7, t:<Jt11rt1 as ,,;o,. h1çõcs dos direitos /111111111101 w6pri'1S ao regime que ("Sfd 11« imfoênci11 1/c cswbcfeccr-se cm 110.ssa Pátril,. VcmO•IIQ$ 11ssim S('Pllrados de lfOSSOS fmt1Uii1$ C u,·c,mdo com um cst<Jdo ,lc ,~míria (C<Jllómicu. Tcm cmo.1 J><rlô destino de 11MSt1s familias q11c mfo Jnt· dumr, ,Jctlr do Chile. Esm:mc:ccmos, sobrc111do. ditmtc dá J)('rs11cc1i,•a 1/a vc1tUç,io de 1'11contdvtis a/ma1, por· (JUC um regimt mtuxisu, e m1licttt'1Uco é de si um 1u1dcroso /ator tle J)Cr1Uç1io Jns lltmas·.

a 110

limi11r tlc 11mn t:IU>rmc tragétU,<1 que se ul,atc stJbrc t<>do um po,·o. <111e 110.r dif'igimru· ú Vossa Sa111id(JJe varo j,edir-!lu:, como Pai S11prcmô tia C,lsttm~lad t!, q11l! pelo m r110.1 agora se digne v11J,,u o ofhaf' 1>rlftt (J griu, ,h- ang,ísa,, que parte dt> Chile.

pública pôde constatar com que afabilidade eram recebidos por Paulo VJ os terroristas africanos. - merecendo is10 um prolcsto oficial, junto ao Vaticano, do governo de Portugal. Também têm sido continuamente recebidos com idênlica benevolência não só personagens do mundo polít ico de além Cortina de Ferro. como ainda chefes de igrejas títeres por eles transformadas cm· instrumento de do1ninação das respectivas pátrias. E de quanla impunidade cordial gozam no Vaticano os Bispos c.ubanos que mantiveram e mantêm uma condiíta tão parecida com a dos Bispos chilenos! Não tendo sido ouvidas as palavras que a TFP chilena fez subir ao Trono Pontifício a fim de prevenir a catástrofe da ascens.ão do m:lrxismo ao poder, foi fo rmula.do por ela um segundo pedido. Os membros do Conselho Nacional da TFP, juntamente com o utros militantes da Sociedade, dirigiram-se a Paulo VI em carta de 8 de outubro de 1970, na certeza de que uma só palavra dele bastaria para evitar que os parlamentares democratas-cris1ãos consumassem a vitória de Allendc no Congresso. A certa altura a carta d izia: ..1:: 110 limiar 1le uma enorme Jragédia que .re abme .m~ bre todo um povo, que nos ,lirigimos a Vossa Santidade para ,,edir•lhe. como P<Ji Supremo da Cristamlade, que ,,cio menos agor,, se dr'gtre ,,o/ver seu olhar para o grito de m,g,ístia que pane <lo Chile. [ ... J que, neJta hora dramáticil, faça ouvlr sua augusta voz a tempo de ainda .«,lva,- unw 1u,r,<lo cat6/ica que já CJ'l<Í

à beir,, do /lbismo" (22). Uma vez mais, a resposta do Pai Comum

Os sis1111uS.rios dcs111 cmta somos w m esm os 11ue IIQ (ut(J 1/t• J96R Srtb.S(l"C'\'CIIIOS, tCl)tCJClll(mdá ti rFP c~Júlc,w. e em ,miáo ,om as TFP.1 do Brosll, Argeu. 1i11t.t e Urug1111i, a re~·crenlt: e Jilü1/ me11sll,:t:m e11vii1dt1 a Vossa Sa11tid(lt/e para pi'tfir.lJ1e que então se ,Jig. 11,,sse 1u/(>lof' 11rge11iu mcdid"s (I fim 1/c co11tu a ,',,. Jiltraç,io co1m111irra ,,os mtios c11r6lico:,, com as assi• 110111,os de mais dl". 2 mlllrões de lati110-a111erica110.1,

cuttc (),f qm,is 12() mil chilc11t>s. &11eramos dt: Voss" Samldadc qut, 1>do meuos agora, \'Ciu à afliç,ío e o t1c1igo cm' que essa i/1/iltraç,lo colocou o Clti/e. Sobrcmdo, quando a prova dessa i11/iltf't1(iio jd , •c m 1/e l l1ort:s 1111c p()(/erk1111 ser ,,uspei1os de má ,•0111mle P''"' com ,, '"110\'U ordtm1". mas emana 1/a próvr;a /igum e.,·p()mmcial ,/essa "110\•a ordem", l:ttQ é, <> co11di1IM<> t11lltXi.11,, Allcmle. Como Vossa Smui• dmJc po1luá ' co11sta1or, t:111 1cce111e e111re11is(a c<mcc-dida ao iorrwl .. Tlu: Ncw York Time$' em Sa11 /iago, e,se tw1tli1/a/Q afirm11 que no Clrile tt Igreja adQ/011 i11te i1amc11te 11 1Jo,,11rim1 11u1ç611ic,,, n q1wl i ,, pr6prin ,lt)111rh111 11wrxi.rt1, . Com t:Jcito. eis uqui o t exto em 111)()

uferlncia: "Pt•rgm1111: Nt1 111111/idade de moço11, consi(/c,a a l grcjtt C,114/ica c'/emcu/o potc11cial de 01wslçcío ,, se11

gm·er110? ''Re.spo:Jtt.t (,}Q Sr. A ll,md<'): Crei<, q ue é t,erjeiu1me111e s,1biclt, t/llt: AS VEí.HAs INCOMPATIIIILIOAJ)ll'..S ISN TitF,

A

MAÇON ARIA

E

A

IGREJA

ESTÃO SUPl?.RADAS,

da Cristandade foi o mais completo e desdenhoso silêncio.

CONCLUSÃO Esla é. <llé o presente momcnlo, a triste trajetória do Clc.-o e do Episcopado chilenos. considerado.s como um todo, ressalvadas :1s honrosas exceções; quer d izer. quase até a hora cm que o povo S<- pronunciará sobre o processo de tor1ura moral e material que parn ele tem sido a implantação do regime marxista.

Tudo leva a crer que uma estrondosa derrota clcitortel do governo venha manifesta r o rcp6clio do povo chileno a esse processo. Ainda mais quando o próprio Allendc declarou esperar obter apenas 40% dos votos. possível que na iminência do que seria uma catástrofe ·p ara seus amigos da coali1...ão governamental, a Hierarquia Eclesiástica pu· bliquc algum manifesto no qual se coloque à d istância cm relação a seus protegidos, os quais agora comcçarfam a ser para ela amigos con,prometedores. Sobretudo, é possível que uma atitude destas seja tomada ap6s as eleições. Se chegar a ocorrer tal fato, uma declaração eclesiástica assim concebida sob a pressão ele circunslâncias táticas tão evidentes, não pode fazer o povo chileno esquecer estes anos passados. Anos cm que ficou bem claro o polo de atração ideol6gico para o qual se voltam as simpatias da Hierarquia, sempre que não é premida por razões táticas.

e

• • • Finalmen te, diante de todo este panornma de uma gravidade sem precedentes, ~t SoCIEOAOE CHl~ENA OE DEfllSA DA TRADIÇÃO. FAMILIA e PROPRIEDADE vê--se na necessidade

inequívoca de alertar seus irmãos na fé, sobre a nefasta influência que o Clero está exercendo no dram{itico processo de comunislização do País. Para o bem da civilização cristã e da Pátria, é absolutamente necessário que os católicos, fiéis aos princípios tradicionais ensinados pela Igreja, saibam agir coerentemente, sem se deixarem influenciar pela atuação do Clero. Devemos continuar tanto mais fiéis à Igreja, quanto mais míngua a fidelidade daqueles que são seus principais representantes. , .Ê para nós um dever de consciência que cumprimos com dor - lançar este brado de alerta. Fazemo-lo para que a oposição ao regime comunista no Chile não perca nada de sua força com a falsa impressão de que já não encontra fundamen to na doutrina católica e m, consciência cristã. Nada poderá revogar as luminosas d iretrizes da doutrina tradicional da Jgrcja. Nada .revogou o Decreto de P io XII que excomungou todos aq ueles q ue prestem sua colabora~ão ao comunismo (23). O dever dos cat61icos, acima de todas'° as confusões:. de todas as o missões. de todos os comodismos e de todas as capitulações. contínua sendo o de uma luta maior do que nun• ca contra o comunismo, o q ual se revela, alé pela experiência dos fatos, conlrádo ao direi• to natural : é só aplicá-lo, que dele nasce a miséria.

. Do fundo de nossas almas, desejamos que o povo chileno con tinue cada vez mais firme na íé, e q ue Nos.5a Senhora do Carmo. Rainha e Padroeira do Chile, nos dê cm d ias futuros a grnç.a de unt Clero cfcliv:1mcnle católico, · para que também cm nossa Pátria se realize o triunfo de seu Imaculado Coração, como Ela o prometeu cm Fátima. Sant iago, 23 de fevereiro de 1973. Pela Sociedade Chilena de Defesa da T radição, Família e Propriedade. / Luis MoNTES BE7.ANtLI, A. / A 11drés Lt!CAROS CONCHA.

Q 1/IIC .f

ttr<tis imp()r{allf t:, A IG Kl?J A CA1'ÓI.ICA SOFRCU

MUDANÇAS PUNOA M F.NTAIS,

" Durante séculos a

lgrej,,

Ca1(,/ica dt:/,•udt:u os

intut..·sst:s dos 11()(/uosos. 1/qje, <ft:/><>is d e l<>vío XX II/, se Qriculott p1,ra trmrs/ormor o E,•a11,:el110 ,te Cri.su, ,:111 realidmlc, pe!Q me110~ em alg 1111s /11garcs .

et,,

" Tive opor1m,idadc d e ler a D,·cltlfilÇÚO tios /Ji.spos (da Améric11 Latim,) em Mc,lrlli11 (Col6mbia, d11t(Jr,tc n li Co11/erf11cia 1/0 Episcopmlo Lt11i11<>·Ame·rica11<,, rct11it.t11h1 cm J9ó8) e II li11g,wgcm 1111r t'm• pregum ; a m esma que 11somo1 d esde 110.ssa i11icia~·11o na vida l)ólilica, hd t rinta ,mos. Naqwda época, i rtmros ctmd1:1rados por u,I lb1g11agc m. que hqj~ é t m · Jlfef"'"' vei os JJis,,o.r t:11tóUcos. "Creio t111e " Igreja 11üo scrú j(l(Qr de qposiç,io

,,n

govc-mo da U11itfodc PopulPr. Pelo co111rório, stwí um clrmcmo o 11os.w Javvr, purquc <',\'ttJf('mOJ t eu• tt111r/q co11,•crlcr c m re11lül"'lc o pc11sumr:11U> cristút>". S11111icomos, ,,ois, " Vo.t's,, S,111tidndc que, 11rsta /una tlr,muítictt, /llçn 011w'r ,uu, a11gusta wn " tt:m11u ti<' ain<lu salw,r u m a r,aç,io cott$lir.a qur. já t:stá à ttQ

h '1iT11 1/o llbismo,

Aos pctr 1/,: V<N.1,, S,mtitlmlc pcilem ma lli11çifo 1Jpo.s161ict1t' .

Seguc,n-sc vinte e $eis a.~in;lturn~ de membros. da Tf'P chilena,

21) Ver o 1c>:10 nl nota 16.

7


tilAfOJLJCISMO

*

REFLEXÕES A PROPÓSITO DOS NOVENTA ANOS DE JACQUES MARITAIN A

O ENSEJO 00 non.agésimo :rnivcr$~rio do Sr. J:\cques Maritain, ."lguns órgãos de imprcnst\ nbrir-am

su:,s colun.-s. para loa.1 ao autor de "HU·

m:rnismo lntcg(al". Entre essas homena.&cns. queremos t.lestac.3 r o editorial sob o tihilo "Oc filósofo a Irmão Jcigo'·, publi-

:mo Cindo pelo. scm~nário progrt$5i$t3 "0 S~o Paulo", da cado 3 25 de novembro do

cn,pital b:mdcirante. Trata-se de- comcnt!rios cm torno de uma entrevista. concedida

por M;ui1ain ao "Jornal do Brasil" e de ''um :akntado ~rllgo'' escrito pelo Sr. AI• ccu Amoroso Lima, no mesmo diãrio, SO· bre a "influência de Maritain na América l..;:ilina". Por mai$ <1uc esses, v3rfodc>s comentários

insistam em se rotcrir ao velho fil65<>fo fmn cês como tomista, 3 verdade 6. que 3 Iônica de todos eles tecai $Obre a fosc pos• terior à publicação de "Hum:rni.!imô lnte• gr!'II'", quando o Sr. Jacques Maritain rcp~1diou ,uas :rntcdorcs posições nitidamente u1tramontan.'l!'i no campo r1!1igio$0. soci:tl e polttk:o, c.1'prC$.~a~,r; cm livr~ eoruo "Antimodcrnc" e "Primaoté du SpidlUcl", e p3$..~0u n eolocnr no eernc. de seu pcn$.'l• mcnto sobre a ooção de indivíduo e pessoa pdr,eípios inso(ismavelmenie an1itomÍ$· ta.!l. h:rnridoi em 8crdiacH, cm Proudhon, e que vamos enconlrnr cm expocnles da csquerdà dit.-i católica como Emmanuel Mou11icr, e até no próprio Mirx, cm Hegel e Fcucrbach. O Pe. Henrique de Lim.-i V:>1., S. J., :idcJ)IO desse pcrt on:ilísmo. julga o tomismo um insttu1ncnto incapat de assi, milar o " dado espçcífico" dn c.onc.cpç.!io dQ homem própri:> ~ cr:\ "'pla nct:iri:i" e afirm:'l quc. ,;:to v.-ilorl1.ar :t dl.slinç;io entre lndivfduo e ,>tsso:1, Jacqut.s Marll:1ln d~•no~ o txicmplo nrnb cxpre~ivo da.J lhnl1:'ltQcs de unm doutrtm, lo tomismo] icla~ bornda no cont('Xf.O do univ,cr~-o do homem clás~.;ko e lrnnsporlndn p:u:, o ter~no do.s problenrns nu>denios'' (apud Alfredo La,tc. ..O pensamento ideológico", na revista ··vozes"', març.o de 196S. p. 191). Sobre o af~ unto nos ocupamos ,cin "Raízes gnós.tfe:'IS do chamadó ,esquerdismo t.atólico.. ("C.'ttolieismo", n.0 191, de novembro dc 1966),

Noção gnóstico de indivíduo e pessoa Aeonteee que e.,.sa noção marit:1ini:.m:- de indivíduo e pcsso:-.. afastando-se do:. dndo::. que nos são fornecidos pel:'I fi1,\:-<1íia do M-nso co1num. se afunda no munrlo dos sonhos da gnose. E foi t.-ssc o Maritain q11e, segundo o Sr. Tris15o de Athaydc, veio 1 'afr:1vfs do AU{1ntic:o, n :'ío como um nnvo Mc...~as pnm opcrnr cm drtulos n-~'lrito..'> <' soílsUtudos, nuu como um iclo entre :, clitic e o povo, no ~ nfüto do íuluro rcvoludonárlo, bem como um ponr.o de C'onvrr,;énria ic.nfre o p.a.s.sado e o preS\'rHc, no stnlklo de um cquilibrlo lrndklonol, A 1:1. lusofln do stnso comum e ni'io do brJtn stnso. con~umou um ptqutno mllastrc

1' ••)". Ora, n:io SOll'lentc :.cgundo o 1omismo, m:is, de ~cordo com os mais clen,enHlr(~ J>rincípios da lógica. o senso comum niio pode ncg~r o bom senso nem lhe ~er ~ontrtif"io, a menos que se 1ra1e, não de ~n.,.,r;o comum, mt'IS de non .scnsic • •. Todos os homens são dotados. uns mai~, ou1ros menos, de uma cena lógica nah1• ral, ou bom $.icnSo, que nnda mais f qoe tt aplidão <ln inteligência para proc-u rnr e ,1-:scobrir 3. vcrdadc. H diiia o velho Leibniz que "as ltl.! d:t lógica não sio n,ai1 do que as r~gntS do bon1 senso postas cm or· dcm''. Com dci10, "o bom stn.so supric ff<'qiien lemcnlc o <'Onhtdmento da 16.Rka; m:i.s cst:J f radicalmente impotente sem o bom senso; da o .supõe, não o dá'' (Lah r, "Coun<: de Philosophic", Gabriel 8eauchCS· ne Edic., Pal'is, 1929, to mo 1, p. 489). Por ouiras palavras, ''o bom senso n:'ío é sc.n:io :, ra.l.Ao no que ela tem de primitivo e 6c fvndamicntal. b1o é, :i. b.tuldadt de dl$cer· nir o vc:rdadclro do falso n.a!j clttunsti.ntí1,s ordinárias da vida.. (obra cit .. p, 2SO). Se esse ;,~'tnso cornun1 1' diícrcnlc do bom $COSO opera ''no $tnlklo do fuluro re:volu· donário•·. que o Sr. M:iritain tamo vem a,jud~ndo a rcaliznr. tudo está explicado. N:io se tra1;, do senso comum, "quod ho:ninu cornmuni1rr .scntlunt'', mas de idéi:.s

que o :1utor de "ÔS- Oirtilos do Homem c n Lei Nn1urn1 .. foi busc:)r cm BcrdinefC. cm .Emmanucl Mounier. cm Mau e maii;, remolamcncc cm facob 8ochmc. etc. Com cíci10. ciu:il :i csséncia do ··pcrsonaliim10" de M:Hilain? Considera ele a p,e~'-Qa huin:.lnà cm polo OJ)O$tO ao indivíduo. Vej a. mo~ smis próprias p:1lavrns: "F.nquanto ln• divíduo, cadn um de nós f um hag:mtnto dt: umc. ~!)ttlr. tuna ,r.artc dt.sfe unlvtrso, um rionto sin~ulnr da imen.sa rtdc de for·t;1.s e de Influências cósmicas, étnic:u; bistórkns. du qu::il sofre as lcls; ach:,-se ~,1t,.. rll<'fido :10 ddtnnlnb·1 no do mundo ífsko, M:lS e:1dt, um de nó5 f l:an1b~m uma pc:s$03, e enquanto J)tSS0:1 niio se nrhn sub• mictido nos astros. subsl.\lc todo Inteiro dn próprfa subslstfndn da :dm:, icsplrllul'll, e esta t nclt um pr1nciplo dn unld:11.lc trii:t• dom, de Jndrptndêncln e de liberdade" (ºLa per$0nnc et le bien commun". na "Rcvue Thomiste.. , maio-agO$lo de 1946. p, 248).

Indivíduo e pessoa segundo São Tomás de Aquino Or;,. que diz. St10 Tomás da J)e$~ª h umt1n:.\? Diz. cl:'lr:rn,cnle que, na. gcução, o m:iis pcr(dto "l o próptlo Indivíduo rngcndmdo, o qu:il, na ~~.ração humanu~ ~ 11 hipósf:i.st ou ~ oa, :1 cuJn fonnaç.;'\o se ordtnmn 1111110 :1 s.lm:i como o corpo. Por1:uHo, c,:btinclo :1 p<'l'1>onnlid:ad(' do homem t ngcndr:1do, é n«css4rfo que cxlshlm também o (Ol"PO e :., :d1n11 rnclon:'11'' (Suma co1Hr:1 O$ Gent.• liv. 4, cap. 44), Isto é o que no:c; dila o bom stn:k), Para dcn1~ns• lt~tr Que n:,o podcri:I ser mrii.,; cl:1.r3 a -0posi~ão cnltc a$ div:i.saçõcs persona1i:,tas do f'.l:iri1:iin, bem como de .seus di:s.cípi:ios nas fileiras do ch:;imado esquerdismo ~:'lhl· lic<), e as lições do Doutor AnJélico. \'C· jamos o que es1e em::in:, ntt S\lm:i l'cvh,í gica. Como nela se expressa São Tomás SO· bre o individuo e: :i pesso:i hum:rn::i? ''Pob bem_, picsro.i cm gcr:i.l ~.-lgnifka, to• mo d.i.sst"n:aO$, ~-ubS:fânda individual d e mt· lutt.1..1., ntdonal: <' indivíduo, o que é jn, dlsllnlo cm ,\i me~,110, nrns dl~inr.o dos d~m:d)'.. Por con,~:, guinlc, P<'SS0:1, icm qu,~lqm:t nalu~m que scjn,. slgnífk:1 o qut ~ dls· rinfC) naquelta natuttia. e a.ulm, n:i n:1lu· r~n h1n1li»na $.lg.nlfk:1 tsta t:une. ~k.s O!>· ~os, tt1a .1lm.1, que sfto os prindpi<1s •1ue individuam o homem e quic, se C'<'rf:tn1t1Hc não entram no signlíitado chl pcssw.1 t m Sttnil., ~1.ão tonlldos no d:a Pf.•>w:., huni:t· na" (Suma Tcot, J, q. 29, a. ,t). Como vc1uos, o pcrson:-ilismo <le M~,ri· 1ain é incomptccnsível segundo os d~dos do senso conmm. Se o Sr. 1'risH'io dc Ath:1yde se refere a um senso comum -.iut nltl:i tem que ver com o bom scnw. 1:11vc1. ai cnconlr('moS ::i chn,•e. Puis se ;1 pró1>ria ló· gica é r3dicaln,en1c impotente !.l.!m o bom senso, o "senso romum" m3rit3iniano deve ter o ulro significado, e de foto o 1cm $<:· gundo ns fantasias gn6s1ic:,s. A ~oo~c é conlrn o raciocínio, contrn o discurso. cún• Ira a lógica baseada no bom sc1Ho. N5~ Coi Por outra razão que uma das ;.rla:s d:, revolução g_n6Slica. 3 ala da " arlc mo<lcr1rn". cmpteendeu nos idos de 19:0 e :11é hoje ainda empreende uma enc:1rniçatla gucrra contra o co11cci10, conira a ordc..-1,,, contm :1 lótic:i, contra o belo. A i;n~ é conlra o mundo objctivo, contra a Igreja, c-Ollt t,1 o &iado, contrn o homem enc:.,rndo co1,l0 indivíduo (corpo) scpar:ido d.\ J>CS· $0:.l. (alma). pois aquele proviria de um m.lu J)rineípio e csla seria mn.l 1>ar1icula d:i divindade presa ao corpo mrii.uinl de• vido a um dcsas1re cósmico. M3ri1ain. stguindo as pegadas de Bcrdiacff e de uu• lros filósofos gnósticos, ;,.caba por lançar $CUS disdpulos nos braços da terceira I.' .:!c1 qu:u1a. Revolução, que são o lermo final d o csquerdtsmo dilo cacólico, dócil in.slrumcn10 dt:uinado a 3e.abar com todas as "alienações" , no scn1i<lo que empres1a a t'!<S.'t pa13vra o gnóstico Marx.

s,.

Complete Maritain a obra timidamente encetada M~tril3in chesa :ic>s novcnl:, :mo$. Qt:c lhe podemos desejar ao :alcanç.a r tílo prc'"vecla id:)dc?. Que emJ)recnda sua derradcir~ obra, a de su:i.s retratações-, tentando as.sim

des foier, no quc lhe c~1iver oo nlctrncc. o s imensos male.~ que espalhou pelos qu,.1ro pontos c:ardirli$ com seus cns in;:unenlos deletérios. Que compl<'t..:. o que limid.lment,; iniciou cm "Lc P.iys.-, n de fa G;,ronne" e dê ao mundo católico o antídoto p:.un o \'Cncno que ele e seus discípulos difundir:;:.m por lo<fa parle. Como C;(uharíomos ao dele receber nm 1es13mcn10 litutírio no qu.il cfor:amcntc ,,fir. m:'l,Ssc. que o "objeto'' ou mundo objcli\·Q niio é somente o universo material ao qual es taria preso o indivíduo. como pocir~ \lo eosrnos, como escravo do Estado 101alil:\ rio, o u de urn mundo estruturali.i;tn e co'n· testatário cm q ue a humanidade retorne l b;1tbiíl'ie. Que o "obje10" ou mundo obje1ivo compreende o Esrado. a lg,rej:'I, :, S<>· dtdadc humana cm sua pluriforme e desi• çaml realidade, e de fo10 constitui uma sé· ric d e :alicnaçÕC$ 1,:1tcrnalistas pelá própri;1 o rdem que tem a Deus por au1or, e con1• preendc 1-an,bém nOS$O pr6xin10, 3$ ouirn.s pcssoa:c humana~ que i :io nossa$ irmãs cm CriS-lo. Que o E$tado n;io reúne um rcba· nho d e indivíduos 0 11 d e seres çonc.liciona· dos (no sentido cm que os dcmasosos libcr• tários tomam essa palavra), 1113$ çongreça :,s pes..ot;().lS hum:ma.:; qoc prcx:uram n:1 vida cm so,çícd:u,1t. o que Ih(":( falia cm $U:'I cxis• tCncia isolad:l, Que ;\ Igreja n5o é invisível nem pneumfttic:1, eomo querem os perSO· nalis1:1i;: é vish·cl, penencc tarnbé,n !\O mu,,do objc1ivo, mas é MV'rcttido o Corpo Místico de Crk~to, <1ue consresn ;i..,;; peS· so:i~ huin:rnas ncs.1:a tcrrn para levá-las à bçm-avcnlurnnça eterna. Há Q Sr. Mari• tain de rceonhccer que se :•s pes.wis se rcpori.-.ssein d iretamcruc :.a Dco:s por não CSIMem c.-ondicionad:1s .io mundo objttivo, n:io h:1\'Cri:1. lu~ar para a Jgrej.t jurídica, ins1i1uiç5o dh·ina que o Filho de Deus criou nes1e mundo, m:ls apenas para a cha• m:tda Igreja pneumá1iea ou da c.arKl:1t1c. que ;1brangcri:i iodas 31' pessoas ou ci-píritoi: c111c, indepcndçnlc do credo que pro, rc~s:nn, tcnrnm libcn:ir-se do mundo objclivo. - o que não se .1ch:1 de :acordo com :1 doulrin:, católica, mas corresponde cu• rnmcntc igu:1li1arismo e :10 liberalismo s.n6s1 icos.

"º

"A micus Ploto, sed magis amica veritas" O Sr. J:icciues Maritain hã de rcconhcque é tamanha a cocs3o da pessoa humann, 150 íntima e profunda é a unifio d~ mi'llétiti sdt\d:., pcln qu.intid.,dc com a alma Cllpirito:,I, que. o Credo pro(CSS;a, contra os nrnniqueus de todos os tcmpOS, o dogma d:i rcs.c;urrciç!\o d:t eune, que se d3rá no fim do mundo. E o ~utor de "L.a Pcr50nne ct le Bic1l Commun'' h! de coníessar sem rcbuços que, longe de provir d;;,. por ele chamada tenstlo entre indivíduo e pe$SO:a e entre 3 J>-essoa e o mundo objetivo. o n,al enlre os homcn::. continua a ter sua origem no pcendo, não no sic1Hido de folra colc1iva e impessoal, mas de aç:'10 consciente e li• vremcn1e pra1M:ad:, pela pessoa ht1man:1, comprornetcndo, :,lém do corpo. sua parte espiritu.il, onde residem inteligência e von, 1.1dc. Dir.sc-á que atribuímos oo velho íiló~ofo ,_mm série dc malC.$ que ele ;amais eJtpJieitou e claJn.mcnle esposou. Mas são ndeptos de sua douuina que o nw$1ram como ''tio entre a tlife e o po"o, no scn· Udo do fuluro r,voludonárJo", O mínimo que se pode d iur. portanto, é que ele, com Gs..c,,e pcrso,, alisrno de fundo gnóstico, aju. dou a romper o dique dn onodoxia, assim podc.rosam('nlc contribuindo p.ira lançar $0· brc 3 humanidade esse dilúvio de ioiqOi• dadc que, p:1ss3ndo pelo socialismo, che· gani ao mais completo anarquismo contcstat:\rio, pois não t possível impc,r limites à. lógica interna do erro, (Luc no caso verlente é o do pctsonalismo gnóstico e dc.s:ilienanlc. Por mais que amemos a ~soa do Sr. Mari13in como noMO próximo, somo:. m:1is amigo:. da VNdade, dessa Verdade que nos há de liberta,!' e que i incompa1fvcl com qualquct e.~~cic de erro, sobreh1dô qu:mdo csle se acha- preso à mentir3 da gnose, a qual t ;1 m:tior repercussão, ;aqui n:1 terra, do "non ~rdrun'' que o c.audilho dos :injos rc.bcldc.t proícrio pc:ranlc o Ttono do Ahís.-:imo. \'.CI'

Cunha . Alvarenga

S. Pio X: "Não Nos podemos declarar a favor desse projeto"

São Pio X e o movimento sionista

T

HEODOR HERZL, o rund•· dor cio sionismo moderno, obfcvc cm 1904 uma audiência de São Pio X, durante a qunl pediu uo Papá seu apoio parn II ldih, da formação do Estado d< IST11tl. A publkaçiio judaica "La Terrc Rctrouvée" aprcse.ntou um relato dessa entrevista feito pe.. lo próprio H crzJ. O curioso documento foi reproduzido pelo botttim "1l1c He• rnld or Frc«1om", dt: Zarcpbath, NJ, ~:St:<dos Unidos (tdlçiio dt 9 de jun.ho de 1972), do qual tomamos o 1tx1o tt1ja trnduçfio apresentamos nbnbo. Esse rtfato, complct:,mcnte inwspclro, mostrn a t,tltudc sumamente equlllbmda de São Pio X: cctrtês e acolhedor para com os judeus, cuja conversão vivnmcntc deseja, e ao mesmo tempo int-ransigcntc na dcfc::sa dos direitos dll Rcli1;:ião no que dtz rcspe:lto nos Santos Lugares.

"Ontem fui recebido pelo Papa Pio X 1, , . J - escreve Hcnl. Recebeu-me de pé e estendeu-me a mão, que não beijei. Lippny dissc.ra-me que era necessário fazê.lo, m:ts não o fiz. Creio que isto produziu uma certa írie1.a no decorre.r da ;auôiSncia, uma vez. que todos os que o v i.s itam se ajoelham, e pelo menos beijam sua m:io {... ]. Se11tou-se cm uma poltrona, uma espécie de trono para "assuntos menores''. e convidou-me a sentar perto dele. ( . . . 1 O Papa é um Sacerdote agradável, um tanto rústico. para quem o Cristi:mismo permanece uma coisa vi• u, mesmo no Vaticano. Exprimi-lhe meu pedido cm pOUC.'lS palavra$. Mas, talvez ofendido porque não lhe tinha beijado ,, mão. rcspon~ deu-me de n1odo um tanto brusco: - "Não podemos favorec.cr seu Movimento. Não podemos impedir que os judeus voltem a Israel, mas nunca Po· dcremos favorecer s u:1 volla. A terra d e Jerusalém, se não $C tornou sag;rnda, foi san1ificada pela vida de Jesus Cristo. Como Cabeça da Igreja, não lhe pOSSO dar outra rcsposla, Os judeus não reconheceram Nosso Senhor. Não po,demos reconhecer o p0vo judaico... Dt.ste modo o antigo conflito entre Roma e Jerusa~m. personific.3das J)Or meu interlocutor e por mim, de novo ganhou vida entre nós dois. De início tentei mostrar-me conciliatório e fiz uma pequena e..xJ)Osição sobre o status extraterritor'ial dos Santos Lugares e seu sntnle extra com.merdum gentium. Is to não pareceu imprC$$ionilo. "Gerusalemme" não devia, p0r nenhum preço, cair nas mãos dos judeus. - "E o que pensais do ptcscnte estatuto, Santidade?" - "Sei, rc.°'pondcu o Papa, é l;imcn1ávc.l ver os turcos de p0ss,e de OOS$0S S-1ntos Lugares. Mas tcn,os que nos resignar. l'i-•Nos inteiramente imposs,vcl ser a favor do desejo dos judeus de se esrnl>clcccrcm lá".

Repliquei que: estávamos íundamcn· tando nosso Movimento na p:1c1encia dos judeus e que queríamos deixar a religii'-io forn dele. - "Sim - replicou o Pontífice mas Nós, como Cabeça da Jgreja Ca• tólica. não p0demos ;,dot:1r :a mesma atitude. De duas, uma : ou os judeus guardarfio su:l :antiga fé e continuar.1o ~1 cspcrnr pelo Messias., que nós cris1ãos cremos j:\ ter vindo t\ terra. - e nesse caso negarão ;i divindade de Cristo, e n:ío p<>dcrcmos ajudã·Jos; ou en1ão ir-.:ío p;,r;, a P:,tleslina não profcs.~:mdo oenhuma religião. e nesse caso nada ter'cmos que ver com e les. A fé judaica foi o fund:uncnlO de noS$a própria Fé, mas foi ullrapassada pelo ensin3men10 de Cristo e não Podemos admitir que ela tenha qu:i:lqucr validade hoje cm dia. Os judeus que deviam set os primeiros a reconhecer Jesus Cristo não o fizeram ainda". Eu tinha na ponta da língua o se· guintc: Isto acontece em todas M famílias; ninguém aeredila cm seus p::1rcn1es próxirnos. Mas na realidade res• pondi; "Terror e perseguição não fot:un, c.crtamcntc, os melhores meios para convcrler os judeus". Sua rcspasla teve, em su;t simplicidade. um elemento de grandeza: ''Nos::.o Senhor veio ao mundo sem pOdet. Era· povero. Veio cm paz. Não perseguiu ning,uém. Foi abbando· nato até mesmo J>()r seus /\pÓstolos. Não foi senão mais tarde que Ele to• mou seu verdadeiro lugar. A Igreja le· vou três s6eulos parn Se desenvolver. Os judeus tiveram. portanto, rodo o tem• p0 necessário para aceilar a divindade de Cris10 sem serem perseguidos e molestados. Mas cscolheran1 não fazê. lo e não o íi1.cram at6 hoje". "Mas os judeus sofrem terríveis provações. Não sei se Vossa Santidade está a par de todo o horror da tragédia deles. Necessitamos de uma terr:i p.-.ra esses erranlt!i". "Tem que ser Jerusalém?". reirocou. uNão estamos pedindo Jeru;Ulém, mas a Palestina, um território secular". " Não Nos podemos dccl;irar :, favo, desse projeto", tornou o Ponti• íice. O Papa prosseguiu d izendo-me que mantinha relações amis tosas com os judeus, que os cristãos rezam por eJes, e se os judeus se estabelecerem na Pa· leslina, a Igreja estará pronta a bati·

zar lodos eles. A audiência havia durado cerca de v inte e cinco minutos. Quando nos retiramos, o Conde (1.ippay) ajoelhou-se prolongadamente, e parecia não . qucter parar de beijar a mão do Papa. Tive a imprcss:.io de qtte o Pontífice se mos.trava satisfeito com isso. Quanto a mim, contcntei-n1e con1 apcrtar•lhe caloros.amenlc a mão e faz.cr-lhc uma proíun· da inclinação".


1 •

LL 0 1Rli'rOR: MuN~. 1\N1'0N10 1{181l!RO oo

Ro:s.0 :10

Por vossa. causa suportei as afrontas, e a confusão cobriu o meu rosto (Salmo 68, 8)

N.

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ABRIL

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ANO

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1 1 1 CrS 2,00


A FUMAÇA DE SATANÁS NO TEMPLO DE DEUS (Pauto VI -

' rrans/ornu,r.se em um lugar prb,i/egiado de

Templo ecumênico na Assis de São Francisco Com n presença do Cardeal Johanncs Willcbmnds, Presidente do Secretariado para a União dos Cristãos, foi inaugurado no dia S de novembro p.p., cm Assis, o primeiro san· tuário ecumên ico italiano. De agora cm diante, a antiga capela católica de São Gregório Magno - situada a umas poucas centenas de metros da Basílica de São Francisco - estará fra n· queada a todas as seitas cristãs q ue fazem parte do Conselho Ecumênico das Igrejas. ( " ln formations Catholiques lnternationales" - "ICI", o.o 421, p. 32) .

O Pe. Roqueplo é católioo? Trechos de uma entrevista do Pc. Roqueplo, conhecido Dominicano francês: - "Sou ca16/ico? Sim. porque estou />Cr• s,uulitlo ,Je que a Igreja Católica veicula ,, aut êntica fide/ida,lc à P<1/avra primordial. Não, .re por católico se entende " adcst'"io incondi.. cio,u,I a t odas <JS asserções tradicionais tia Igreja"'. -

"Proclamou-se <Jue Deus está "no cé"", <111e Cristo "<lt!SCeu aos infernos'', ou que a consagraç,io tia Missa m uda "a substância'' do pão e do vinho. Enten,lidas em nosso contexto atual, e.r~·"s afirmaçQes .,·implesmente não que· rem 1Jiter nu,is ,uula: ou então ellls afirmam

erros". - "A relaç,lo do:~ homens com D,•us não sr desc11vol,1e 110 que designamos ,,elo termo explícito de fé cm Jesus Cristo e de pertcncen ça ti Igreja Católica. E.rtas me pare,·em, diantt• tle Deus, de uma importância afinal secuntMria. E (~U digo lsso em nome. mesmo de.,.,·a fé que desejo a todos", O Pe. Roqueplo ao comunista Roger Garaudy: "1'e11ho a audácia de ,liz.er-vo.t : conthwa,· a ser o que sois; eu não vos peço que tenhais fé".

oração. Espaft'O tle J·i/êncio e inatividade 110 CONlÇcio de ruas trepidantes, o homem cmgustit1<Jo enconrrari<l ali os meJ·tres espirituais. os

ensinamentos sobre a vida interior em que todas <1S tradições mís1k,1s do homem se re, ,. . .' . cucontrarumr: os exerc, c,os cJ·piruua,s, por certo. mt1.r <> Zen. a Yoga. e tOd<ls o utrhS vias".

,,.f

(Art igo cm "ICI", n.0 414, p. 20, apud "La Chicsa ncl Mondo", de 13 de setembro de 1972, p. 38).

Um vocabu lá rio inusitado penetra na Igreja

(" IC I", n.0 420, p. 7).

Os sínodos suíços, os velhos pecados e a moral novo As sete Dioceses da Suíça instalaram em setembro do ano passado sínodos formados de eclesiásticos e leigos, cujas assembléias devem reunir-se duas vezes ,por ano até 1975. Doze comissões intcrdioccsanas, de âmbito nacional, elaboraram os projetos que foram apreciados, cm primeira discussão~ na sessão de novembro.

'

O projeto sobre "Sexualidade e matrim611io" dá aos cônjuges a liberdade de escolher o método anticonccpcional que mais lhes convém; mostra um espírito "arejado" cm relação à sexualidade antes do casamento e à atitude a tomar para com os divorciados e os homossexuais~ propõe que aos divorciados que se. ''casam" de novo seja permitido freqüentar os Sacramentos, independente das decisões que possam vir a ser tomadas por Roma. Outro projeto sugere que os Bispos reconheçam q ue o católico que juntamente com seu cônjuge protestante assiste ao culto da seita de~te, cumpre o preceito dominical. O sínodo da Diocese de Chur chegou a recomendar a adoção de uma Eucaristia comum na celebração de casamentos mistos. (" ICI" -

Em relatório apresentado à assembléia do Episcopado cm Lourdes, Mons. Gabriel Marngrin, Bispo de Grenoble, analisa tranqüilamente a evolução do comportamento político de setores católicos franceses: "Cat6/ico.r ,uio .!"Omente {ldt:rem, nws miliwm cm, tO<ios os partidos, 1/a extrcma-1lireira. à extrema-e.rqucr,ia. o fenômeno mnis recente é que os cat6/icos, conh ecidos com o ulis, renham aderido publicam eut~~ tis tliver.r(1.s forma.r de socialismo, inclusive rnarxisw, e {ij· ,Uversas formas tle comunismo. ( . .. J Assim. p(,ra espanto, par<t esct1ndalo mesmo• . ,1(, nwioria dos f;éis, um vocabulário até t1gora inusitado penetra na Igreja: violência. lura tle classes. revolução".

Serm ão d e 2 9 d e junho de 197 2)

n.0 422, pp. 7-9).

A alegria dos "c ristãos socialistas" "Vic Nouvcllc" - movimento de cristãos favoráveis ao socialismo - declarou "" collier com <1legria". apesar de algumas rcslriçõcs. o texto "Por uma prática cristã da política'', adotado pela assembléia plenária do Episcopado Francês. reunida cm Lourdes cm outubro último. '' L'Humanité", órgão do Partido Comunista, fez comentários ' favoráveis ao documento. Claude Gault escreveu cm "L'Unité", semanário do Partido Socialista: "O documento d e Lour<les é um texto corajoso, senr ,MVida muito avançado em relação ao estado <le reflexão da maior parte dos fiéis''. ("ICI", o.o 422, p. 34, e n.0 420, pp. 6-7).

Comunhão para concubinários? . .. Moos. Robert E. Tracy, Bispo de Baton Rougc, nos Estados Unidos, instituiu uma com issão diocesana cncarrc$,ada de examinar

("JCI", n.0 420, pp. 14-15) .

''fraternalmente" os casos de católicos divorciados que se "casam" pela segunda vez. para que, se "veri/icad<1 a boa fé inicial" e a inviabilidade de uma separação, possam eles ser :1dmitidos aos Sacramentos. O Presidente da Conferência Episcopal norte-americana, Cardeal John Joseph Krol, interveio, sem expressar. contudo, uma precisa condenação da iniciativa. senão apenas declarando que a q uestão dos "irregulares'' - como os chamam os progressistas - estava sendo estudada pelas competentes Congregações Romanas, e que não convinha antec:ipar..se às suas conclusões ou íazcr pressões sobre elas. ("li Rcgno", de 15 de outubro de 1972. apud "La Chicsa nel Mondo", de 1.0 de novembro de 1972, p. 19).

. . . e para os poligamos, não? A Conferência Episcopal da Costa do Marfim afirma que os catecúmenos polígamos que manifestam fé e boa vontade são parte viva da Igreja e participam da Comunhão dos Santos, embora a disciplina eclesiástica não lhes permita receber os Sacramentos piíblicos. Mas. dizem os Prelados, a Penitência e a Eucaristia não rc.sumem toda a vida cristã, e pode ser até que a graça os tenha santificado pessoalmente apesar da situação matrimonial 'irrcgular" - a poligamia. 1

(Ibidem).

Jesuíta quer socerdotes e sacerdotisas te mporá rios O Pc. Joseph Moingt, S. J. - professor de Dogmática na casa de formação da Companhia de Jesus cm Fourvi~rcs e no Instituto Católico de Paris - sugere cm "Etudes" (número de agosto-setembro de 1972) que a Igreja ordene "presidcnies de com,miflade" incumbi .. dos de absolver os pecados vcniais e de celebrar Missa por um certo tempo e num certo meio. Esses ''presidentes" poderiam ser homens ou mulheres, casados ou solteiros. ("Bulletin du CICES" , n.0 140, p. 8) .

Teólogos de espirito li • " pos-conc1•• 1ar .,. ~

A revista católica "&hanges" foi condenada pelos Bispos de Tullc e de Bayonnc, França, por haver defendido o aborto e franqueado suas colu11as a um professor marxista que nelas sustentou teses abermntcs sobre sexualidade. Imediatamente, 25 teólogos publicaram uma moção de apoio à diretora da revista, Irmã Françoise Vandcrmccrsch, fa. mosa por sua participação nas agitações revolucionárias de maio de 1968 cm Paris. Na Alemanha, o Pc. voo Ncll-Brcuning. S. J., célebre sociólogo de Frankfurt, acusa o Episcopado de seu país de manifestar "um espírito de antes do Concílio'' ao opor..se ao aborto. ("Bulletin du CICES'', n. 0 140, p. 5) .

" Re inventar o Misso" .. . a portir do budismo xen e da yoga De um artigo do Pc. Dclcury, missionário

na fndia: "I:: verdade que J"C fc1, a reforma liuírgica. nu,,,· e.tf<l não ~·,ii longe, porque ficou sendo uma reforma tio Clero. 1uio ,to ,,ovo. O Sabbarh é pt1r<1 o h omem, não o contrário: é do homem que J"e ,Jew:, p(lrtir. das siws 11ecessidtules espirituais na nova cultur11: e a parrlr disto reinventar a Missa. Conservoa-.1·e a Missa tio século X 11 e pôs-se empenho em conformar a ela o homem do século X X. A reforma. num certo se,uido. não fez .renlio agrt,var o mnl: revalorizando em excesso a Missa, /a· 1.endo defo pratlc(llnerlle a ,ínica forma de oração cultural do crishiO, atrofiou-se. periga. somente t> seu senso litiírgi<:o. [ ..• J a igreja paroquial [ ... ) deixando de

ser o lugar de um culto anacrônico. poderia 2

Protestantes jesuitas e Jesuítas protestantes

Sr. Paulo Kriiger Corrêa Mourão, Belo Horizonte (MG): "Solicito, se possível, transcrever esta circular na secção "Escrevem os leitores".

• t

com prazer que reproduzimos aqui a circular distribuída pelo distinto escritor mineiro: "Circular. / Em defesa de D. Mayer. 8 assunto de muita atualidade a Carla Pas~ torai do Bispo D. Antonio de Castro Mayer sobre os "Cursilhos de Cristandade". Cabe desde logo considerar que o ilustre Antístitc se dirigiu às ovelha~ do seu rebanho - Diocese de Campos - e não penetrou portanto no aprisco de outros Prelados. Não fez uma condenação formal de todos os cursilhos, pois disse cm certo trecho da peça cm consideração: "Assim, nada 1nais normal do q ue a existência de cursilhos a que nada se possa objetar. ao lado de outros que inspiram preocupação, e de outros enfim que são simplesmente censuráveis... ('; fo ra de dúvida que há muitos, cursilhistas de boa fé, principalmente entre o povo, cxcluindo·se naturalmente certos ·jteólogos" avançados que agem. como receia o Papa Paulo VI, como se pretendessem destruir a Igreja de dentro para fora. É. simples espírito de justiça reconhecer que D. Maycr não inventou nenhum fa to dos assinalados na sua Carta Pastoral: citou as fontes, isto é, publicações cursilhistas, incluindo nestas o próprio 6r$ãO oficial brasileiro "Ala· vanca". É. incontestável a infiltração de " elementos

espúrios" cm cursilhos. Igualmente não se pode negar a tendência subversiva em algumas publicações do movimento. O tom de desrespeito ou de familiaridade descabida com a Pessoa adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo, em artigo do ó rgão oficial, foi reprovado por D. José Newton, ilustre Arcebispo de Brasília, em carta a mim dirigida, não obstante este conhecido Antístite manter jornal cursilhista na sua Arquidiocese. Alguns que escrevem cm periódicos cursilhistas o fazem sem o tom de seriedade com que deve ser encarada a vida humana, q ue não tem finalidade neste Vale de Lágrimas, onde a dor está sempre presente. Não devemos rir em gargalhadas levianas, com uma alegria desbragada, como se fôssemos criados só para viver neste mundo. Aqui não temos satisfação. Dizia Santo Agostinho: "lnquietum est cor nostrum, Domine, doncc rcquiescat in Te!" Até em publicação cursilhista vemos crítica à vida austera e cheia de penitências de personagens a quem a Igreja deu a honra dos altares. Nota-se que a aprovação do atual Papa aos Cursilhos de Cristandade não foi como uma definição "ex cathcdra". Também o movimento "sillonista" teve a aprovação e elogios de Leão XIII e do próprio São Pio X. Este Santo Padre oontudo condenou este movimento em 1910. O fundador do mesmo acabou comunista e aderiu ao chamado "Front Populaire". Se os cursilhos ficarem oontaminados de subversão e progressismo, não será de admirar venham a ter a mesma sorte da Ação Católica, isto é, o desaparecimento".

Já o Pc. Kcrkhofs, belga, prevê que a Companhia de Jesus de amanhã deixará de ser uma Ordem Religiosa e se abrirá a todos: homens. mulheres, casais, proteslantcs . . . "O espírito <ia Conrra-Refon,w está bem morto quando um Jesuíta fala de t1brir as portos da Companl,,'a a protestante.r!" - comenta a revista "Informations Catholiques lntcrnationales". Em contrapartida. . . um Jesuíta faz parte do pes.<oal da catedral anglicana de Covcntry. na Inglaterra. ("ICI", n.0 422. pp. 26 e 24).

Um novo modelo de Jesuíta? Eis como o Pe. Julicn Harvey 1 Jesuíta canadense entrevistado pelas " l nformations Catholiques lntcrnationales", vê o modelo de uma renovação ·da Companhia de Jesus: "E preciso encontrar um 11ovo "projeto". Abula q ue difícil de definir, ele po,Jeria ser um encontro da nova culrura ,los jo,,ens (volUJ 11 meditação, popularidade do budismo i,en, etc.) e tios Exercício.r Espirituais. Penso igualmentt em uma ala 1>rofética cngaiando--se muito <1 esquer<la com os desfavorecidos. partilhando sua l'ifla, concentrtmdo-se na co111estaç,io cristã da societlade de consumo. Uma linha Bcr,;gan [Padre terrorista norte-americano) ao lado de uma linha mais visivelmente mí.wica". ("ICI", n.0 421, p. 25).

O. F.


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,A ind-a a. propósito m~.a. n_i_fe_s to da eh i_lena I

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Em nossa edição de m arç0 ap,resel;ltamos ao públi'e<Í brasileiro o manifesto em que a TFP chilena atiirma ()'te a Sagrada, Werar1llía vem desem~hando r,elevante papel n.o proce,sso de cmarlfistização de seu país e que parte da -responsabilidade po~ isto , cabe a Paulo VI. No meSD\o n úmero estamBamos também os dois artigos escritos pelo P,;of. Plinio Col'rêa de Oli'l<eira para sua coluna semanal em um Jornal }laulista, mostrando a posição da SBD'J')i"P em face do p,ronun.ciamento de sua co-iTmã anilina. A respeito do assunto o Presidente do Gonselho Nacional da TFP brasileira escreveu depo'is um terc.-eiro artigo, que reproduz-imos aba'ixo.

São Pio X

agradeceu a críticas ... CÚRIA DE Santiago persiste até o momento em nada publicar acerca do 1nanifesto da TFP chilena. O fato me causa uma perplexidade que vai crescendo con1 o correr dos dias. Com efeito, não vejo motivo válido para esse silêncio. A n1atéria de que trata o n1anifesto é da maior relevância, pois diz respeito ao cumprimento, da parte dos Pastores, da missão de apartar suas ovelhas - e portanto todo o país - dos efeitos da propaganda comunista. Ademais, o documento tem de sobejo o quilate intelectual necessário para atrair a atenção da Conferência Episcopal do Chile. A doutrina dele é irrepreensível, os fatos que alega são baseados· e1n opulenta docun1entação, a exposição é eximiamente concatenada, e a linguagem que usa é clara e elevada. Alé1n disso, estou inforn1ado de que seu texto foi largan1ente divulgado por vários diários do Chile, por emissoras de rádio e televisão, etc. Pelo menos por deferência para con1 o imenso público que dele tomou conheci1nento, o n1anifesto mereceria u1na refutação. Por fim, a TFP chilena merece dos Pastores - sobretudo nesta época en1 que a Igreja não recusa o diálogo nem sequer aos ateus - a consideração de uma resposta. Com efeito, nossa co-irmã, que sempre se destacou pela seriedade e nobreza das atitudes, goza ern sua pátria de verdadeira celebridade. Realmente, impressionou ela, de alto a baixo, o pais, pela clarividência com que, en1 uníssono com Fabio Vidigal Xavier da Silveira, desmascarou Frei, "o Kerensky chileno". Aquele lance, a que os fatos haverian1 de dar dramático realce três anos depois, valeu à TFP andina uma autoridade n1oral invulgar em tudo quanto afinne sobre Kerenskys sem tonsura. . . ou corn ela. A esta circunstância marcantíssima não poderia ser indiferente a Hierarquia Chilena. Volto a afirmar: quanto mais o tempo passa, tanto mais n1e sinto perplexo. Pois quern se cala diante de uma acusação revestida de todos os títulos para ser levada em conta e refutada, deixa-se ficar nun1a postura lan1entável. "Quen1 cala consente", diz o velho adágio ... Ainda assinJ, prefiro esperar antes de emitir um juízo. Seja como for, a Hierarquia é mãe. E em

favor dela devemos alegar amorosamente todas as presunções, das quais só nos resignaremos a abrir mão quando a força da lógica e dos fatos a isto nos obrigar absolutamente.

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Mas - dirá alguém - no próprio fato de a Hierarquia ser mãe, se encontra a excusa para seu silêncio. Todo filho que aponta os erros de sua n1ãe falta-lhe corn o respeito. E o zelo pela sua própria autoridade impede que ela responda ao filho. - Não creio que qualquer moralista consinta em fazer sua uma concepção de tal n1aneira despótica da autoridade materna. Está na natureza das coisas que a mãe que perde o afeto de seu filho, porque este lhe increpa un1a atitude, deite o maior empenho em defender-se, para conservar a estima dele. Isto quando ela tem boas razões a alegar. Quando não as tem, é de seu dever reconhecer diante do filho que andou mal, e pedir-lhe perdão pela desedificação que deu. Da parte da mãe acusada, só o que não se compreende é o silêncio! Assim, urna autoridade eclesiástica que se julgue injustamente acusada deve considerar grave dever pastoral defender-se. E se reconhece justa a acusação, tem o dever quiçá ainda n1ais grave de se desculpar. Quanto a este último ponto, consideremos o exe,nplo que nos foi dado pelo n1aior Papa de nosso século. Pio XII o elevou à honra dos altares. Refiro-n1e a São Pio X. O Cardeal Ferrari, Arcebispo de Milão, reagiu co1n violência contra justas críticas feitas pelo diário católico "L'Unità", a uma publicação eivada de modernismo apoiada pelo Purpurado. São Pio X acorreu em defesa do jornal. Escreveu então ao ilustre Prelado: "Surpreende-me que Vossa Eminência considere as justas observações de "L'Unità" con10 insulto a Vossa Eminência, como

se se tivesse acusado Vossa Eminência de ser pouco perspicaz ou pouco devoto da Santa Sé. Que deveria dizer neste caso o Papa quando lê as "santíssimas críticas" ao "Corriere d'ltalia", ao "Osservatore Romano" e ao Mestre do Sacro Palácio, que dá o in,primatur a livros logo depois condenados pelo Index? O Papa agradece aos censores que o ajudam a conhecer o mal que não tinha visto" (Carta ao Cardeal Ferrari, de 27 de fevereiro de 191 O). O leitor percebe, sem dúvida, que São Pio X a lude aqui a críticas então feitas contra a Santa Sé, a propósito de publicações no órgão oficioso "Osservatore Ron1ano", e de decisões do Mestre do Sacro Palácio, alto dignitário vaticano, da confiança direta do Papa. Num gesto sublime, · cheio de justiça e 1nansidão, o grande Santo não se esquiva aqui da responsabilidade que lhe toca pelo ocorrido. Antes aceita as críticas sagazes e justas, como uma verdadeira colaboração. E as agradece. Este gesto de humildade em nada desdourou o Papa que hoje é venerado como Santo por todo o orbe católico. - Não pensa o leitor que, em lugar de conservar um desdenhoso silêncio, a Hierarquia Chilena andaria rnuito 1nelhor se seguisse o rútilo exen1plo do Pontífice santo? Enfim, esperemos. E enchamos o tempo da espera pedindo a São Pio X que inspire 'quantos a TFP chilena aponta como responsáveis pela demolição do seu país, a seguirem o exemplo dele.

* * * Houve quem levantasse, contra meus últimos artigos, a objeção de que só citei em abono à minha tese, teólogos anteriores à definição do dogma da infalibilidade papal. A omisão se deveu ao amor à brevidade. Wernz e Vidal, que são de nossos dias, em seu conhecido e abalizado "Jus Canonicum" (vol. II, p. 520), sustentam a mesma doutrina. A esse respeito pode-se ler tambén1 o abalizado Peinador ("Curs. Brev. Theol. Mor.", II, I, p. 277). Mais n1arcante ainda é a opinião de uni conhccidissimo teólogo suíço, que Paulo VI elevou às honras do cardinalato. Trata-se de Mons. Journet, o qual, no seu tratado "L'Eglise du Verbe lncarné'' (vol. I, pp. 839 e ss.), chega a dar direito de cidadania à doutrina admitida por vários outros teólogos, de que um Papa pode até tornar-se cismático. Do que decorre, naturaln1ente, para os fiéis, o direito e até o dever de resistir.

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MANJFESTO DA TFP CHILENA

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De tão pisado e repisado o tema, não voltarei 1nais a ele. Está mais do que provado que a TFP chilena tinha, e1n princípio, o direito de fazer o que fez. Quanto aos fatos, deixemos correr ainda mais algurn ten1po antes de concluir que o silêncio p'úblico da Hierarquia Chilena os terá dado por provados.

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3


No átrio da Basílica de Guada imoralidade brutal e satanis A

O TOMAR ALGUMAS cenas de seu filme "A Montanha Sa8rada". o cineasta judeu-chileno Alejandro Jodoro wski fez desfilar pelo átrio ( 1) da Arquibasílica de Noss" Senhora de Guadalupe. próxima à. c;'lpiral do México. atores - homens e mulheres - quase completamente nus. e outros i ntciramcn(e dCS·

pidos. O sacrilégio incluiu também algumas cenas de satanismo. com o sacrifício de muitos cabritos, ::tbatidos a cutiladas. cujo sangue foi aspergido

sobre os atores nus. que faziam papel de cad{t•

veres. Os corpos dos ci.1britos íoram crucificados na ponta dos fusis de um batalhão de cxtr-a.._ que. fardados de soldados mexicanos. assim de-sfilaran,. Além da ofensa à Religião. um indiscutível ultraje ao Exército mexicano. Algumas das testemunhas ocul arcs afirmnnl que houve cenas de nudismo às portos do 1cmplo e mesmo dentro dele. A filmagem foi permitida pelo Superior da 8asilica. o Abade m itrado Mons. Guillcrmo Schulcmburg. e assis·t ida imP.as.sivclmcntc (ou mesmo con, interesse quem duvid;.\?) por alguns membros de seu Clero. Algumas centenas de populares que -presenciavam o .estarrcccdor espetáculo, cm dado momento. não contendo sua indignação. romperam os cordões de isolamenlo policial e. aos gritos de "lim:Jw , s,io m,m.r, ifl'cver(!ntes. potcos!" correram cm busca de Jodorowski, o qual, protegido

1l lC

Chama-se títrio

~

praça que fic.1 defron-

à Basílica. cercada por grades com port&!s.

que a scoaram da via oúbHca. Recebeu soli!nc bênç.'io li1órgica do Arcebispo Primaz do México. cm 1954. O átrio está inrimamcnte ligado :io c ulto: ali se celebram Missas. reiam os pc.rcgrinos e os fiéis cumprem suilS promessa!->, pcrcor• rendo-o de joelhos desde o portão de entrada alé a porta da Basílica. o nde se encontram, ade· mais, hasteadas as bandeiras dos países latino-americanos colocados sob o patrocínio de Nossa Senhora de Guadalupe. O recinto eslá sob a jurisdição do Abade mitrado, Superior da Basílica, que dispõe inclusive de força polici:11 par:i vigiá-lo.

e.

pela polícia, fugiu rapidamente com seus comparsas. O fato verificou-se a 24 de t'cvcrciro do ano passado. Foi discretamente noticiado pcl;l imprensa e deu ocasião a protestos privados. apresentados ao Abade por pessoas inconformadas. O recurso deste foi esconder.se. logo após as primeiras v1s1tas, e mandar diz.cr a quem o ,procurava, que conta com bons influências cm Roma ... E nada teri:i. chegado ao conheci mcnto do público ca1ólico. não fosse a atitude viril do Circulo Guadalupano Manuel Garibi Tonolcro. de Guadalajara. No nl1mcro de abril de sua rcvist:1 ''EI Eco Guadalupano", o diretor desta, Fran cisco Garibi Vclasco, latiÇou incisiv~\ e documentada dt::núncia dos fatos, exigiu providências e exortou o povo a um grande ato de desagravo. Por meio dessa revista é que viemos a saber do ocorrido: seu diretor nos forneceu depois abundante documeniação. a nosso pedido. Emborn com atraS<>, "Catolicismo" faz q uestão de informar seus lci1orcs a respeito, ampla1ncntc, para que não 1):tssem scm a repulsa. dos católicos brasileiros as abominações praticadas junto à sagrada imagem da Padroeira da América talina.

A monta nha de torpe zas A película de Jodorowski ben, mereceria o nome de "'Montanha de Torpcz,\s". As cenas tomadas no á1rio da Basílica. e 1ambém no seu interior conforme algumas testemunhas. constiluiram o motivo central da onda de protestos que se levantou na p;\tria dos crisu•ros, mas. mesmo sem e las. o filme não passa de unl amontoado de ullrajes à Religião Católica e à honra dos mexicanos. As cenas rodadas junto à Basílica foram supressas do filme por Jodorowski, diante dos protestos havidos. Isso permitiu que a Autoridade Eclesiástica e o diretor procurassem negar ou minimalizar seu caráter obsceno e sacrílego. En· 1re1anto. ficou claro que houve NO ÁT1t10: 1 - cenas com a participação de mulheres que traziam :,pe,1as escassas malhas complc1a-

mente transparentes, sem qualquer o u lra peça por baixo, e que depois passearam assim. por bom espaço de tempo. pc.los arred ores do Santuário. tendo :,lgunrns delas entrado numa capela próxima onde cst:,va exposto o SS. Sacr:unento; 2 -

de dois caminhões, usados como c;1ma ..

r ins. saíram uns trinta hon1er1s e outras tantas mulheres. inteiramente despidos, que atravessaram pane do á t rio, a lé o portão principal: 3 rito demoníaco, com o sacrifício de cerca de cem cabritos. mortos a golpes de culclo. Fora do átrio. mas junto às suas portas. o sangue foi aspergido sobre cadâveres representados por ho• mcns e mulheres desnudos:

crucifixão dos cabritos cm cruzes arma~ das nas baionetas de f usis. com os quais dcsíilaram. cm formação militar. muitos cxtrns íardados de soldados mexicanos. 4 -

Fora do átrio. mas JVNiO À SUA l!NTRAOA os extras referidos no item 2 - homens e mulheres desnudos. aos pares rcprc .. sentaram , com brutal realismo. uma pni.tica de perversão sexual. A lém disso. uma dcnlincia p'ublicada por um grupo de católicos. em "a pedidos··. na edição de I O de maio de "Nóvcdadcs". conrn que numa das cenas foi despida, NO INTERIOR OA 8ASÍl.1CA. a atriz Tamara Garin:i.. Em 26 de maio. "EI Universal Gráfico", da C idade do México. noticiou que uma com issão de comerciantes das vizinhanças da Basílica visitara sua redação. convidando o povo católico a par~ ticipar dos protestos contra ® a tos impudicos e sacrílegos que e les mesmos Ünham prc,s enciado. por ocásião da filmage m de Jodorowski. No maniCc$tO que deixaram na redação. d iziam catcgoricamcn1e: "Al' filnwgen.\' em <1uc.fttit> 1iverl.1111 lugm· no titl'io. tis portas da OasUic(I. e· 110 imerlor da mesma, onde vimo.f cenas de homens e mulheres 11us. qm• /âziam o que• lhes indicava o tfiretor tia película". Fotografias t iradas na ocasião docu mcnlaram as seguintes abon,inações filmadas p:na a "Moo .. tanha Sagrada", ou na Vila de G uadalup,, fora da Basilica, ou na Cidade do México. das PRINCIPAi .•

quais pelo menos as de n.0 1, 2, 6 e 7 1ivcram lugar NAS PROXIMll)AOI;.$ 00 SANTUÁRIO: 1 - ;,s mesmas atrizes. vesticlas com ni.,lhas trnnsparcntcs; 2 - desfile militar com cabritos crucificados nas baionetas dos íusis- dos figura ntes;

3 - cena diabólica e imoral cm que a atriz Guadalupe Pcrrullcro. vestida de demônio. reprc. senta um ato bestial com uma serpente de plástico. seguindo-se um baile cm que aparecem soltlmlos mexicanos dançando. de rostos colados. com outros homens~ 4 - uma mulher.. palhaço, com milra cpis• copal, sempre acompanhada por um ator carnctcriz.ado como :mjo da guarda; 5 - o ator lgnneio Salinas. quase nu, <:arre• g~,ndo uma enorn,c imagem do Cruciíicado, sem a cruz; 6 - ato carn:.-.1 praticado cm plena rua. pela atriz. Jacquelinc Voltaire. scmidcspida. e por sucessivos figuranles; 7 - sacrifício ritual de um boi com ticipação de uma a triz vestida de freira; 8 -

:l

par-

cena corn rapazes de uma suposta orga-

nização. c ujo lema seria "Pátria. Honra e Força··. mal cobertos com peças ín1 imas do vestuário feminino: 9 - meninos de cerca de dez anos de idade, inteiramente nus. apedrejando uma cruz de madeira, óc onde pendia també'm nu um menino. na posição de crucificado:

1O - cena cm q uc um pmlre dorme, cm ati• tudc lasciva. com uma grande imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo; !~ 11 um menino e uma menina de cerca de oilo a nos simu lando o ato impuro. A lista é extensa e 3squerosa. Mas é p reciso publicá-la, para que os ca1ólicos brasileiros vejam aié onde pode chegar a maldade dos inimigos d a Igreja e a cumplicidade do Clero progressista. E basta ler essa lista para ver como os alvos do ataque dos ímpios e dos progressistas são os

,,.

''E minha vontade que se levante aqui um t emp1o em m1n . ha h onra .. . ''

A

8ASII.ICA Df:.' GUA DA /, UI'~ está si1mult1 ,, .ft•is quilôméll'C>s lia Cidmt,• do A4éxic<>.

junto (10 Cerro do Tepeym:. 110 lu1:(1r o,ulc•. fm detcmbro de J53 J. ,, Vitgem apareceu 110 índio co11v,•rtido Ju(ln Diego e o nu11ulou pedir ao Bispo, D. Frel /tum th• Zumál'rag<1, qui.• ali /itcs,,·e erguer ,mw i,:r('ja em honra da 1'1ãe de Deu:,'. Juan Diego nôsceu em. C uauhtitláu. por volta de /474. ;w classe mais pobre da .\'Qcietlt1de 11stcca. Dc.•rtim-llte o nome dt• Crwuhtllllólulllc, que lllg,ws tradur.,•m por o que fala como a águi:1. Prova"c•lmc-11te t•m 1528. ,·ecl!bcu o ba1iJn10 e casou-st• com o í11dü, Ma,.ilt luzia, (ftlt' faleceu po11ç(1 d,•pois. rc11,lo ouvido 1/t• Fh·i Toribio Morolini11 qr1e fl c11stid1u/(' era muito gr<,ta " Deus ~ <1 Sua M,k Santíssima. <>s tlois espo.wJS'. cm :rua ,_·m·ta vida matrimonial. mtmtivenm, per/eila COII· tim':nc,'a. Ap'5.,· a mott,• tle A1ol'i,1 Luz.ia, Jwu, Dfr•go voltou a morar com seu tlo. /mm Bernar• ,Jino. qm• 11,e l'ervim ,le vai, pofa· ficart1 órf,io ainda criança. Com elt· morava num r>óbre rancho, ,w /JOvOtulo de To/p(!llac. n uns doze tJtâfôm1:1ros ao uortft:J·te do CerJ"o do Tepeyac, q1u11ulo. em t 5J I, a Virf:<'m l> clwm ou parti sua e.r.traordináriu

mis.t,io. H tu1ia j,í dez <mos <111e Cort<'l. co11quistara o Império A \t<~co. mos o.-. índios, vc,u:ülos milit(lrm<'nt<·. 11i11da niio ren:bicmi d,t ,·oroçiio aberto a tfoulritw ct1Uílica. que. com os co11qui.ft<1dore,\·, cJte.. ,:m·, , ,w A1éxlco 01rovés dos mlssionáriox. Estes ,lesdobr11vmn~sc• em :r,w tal'cftr cateqw!llca. m(ls somrntc• co11sc•guium r,•.rnllados m t•dioctes, com umas fJOt1ct1s <"Onvt•r,-,·ties. como ti ti,, Juan Dit•go. A moioria tios uutivos nmria uma grande dt•sco11/itmça p'1ra com os espa11h6is e. portanto. parn rom 11 Reli,:ião <111e r./c\r fJl'<'JUWam . A 11çiio dirt•Jd de Nosso S< 11horo se fez pre.rr11t<'. /Wrtt mo,lific,ir esta si1uof,io. 1

"'Aqui mos-trarei meu a m or e misericórdia" A 9 ti,• 11<•1.c•mt,,.o tlé ISJI. J,um Diego dirigias<· ,; Ci(/(ltfe do M txi<-o. O tlio (1mc111J11:chi qu(mtlo ele püssou junto ao Cerro tio Tcpt'yac e ouviu uma 4

smn,,• harm01titJ. (Jtw lembrava o ctmto tlt! pás.mros. Cesstula a música, uma voz ,·hmuou ..o : " Juanito! Juan Dicguito!" Reparmulo que o som vinha tio tiflo do cerro, Juan Diego subiu até seu cu11H•. onde quedou 11u1rt1vilhculo ante a \lisão de uma jovem Senhora, <JU<' irr(uliavo iuco,nparável claridade e apar,•cid c:irc,mtlad(l por um t'<'sple,ulor colorido e J'IOf uma nuvem bronca resplandecente. Seu manto era recamado de esttefos <' trazia aos pés a meia-lua, calca11do com eles a se.r11e11t(•. A Virgem SantísJ·lma. poi.r ,•1·11 Ela, falou ao índio com umw <111111• bili1/a1/e. (JIU! se drprt.•é11t/(• togo qual o objc>tivo tlt! sua ,rparir,io: revela,· J·ua mi:r;·c.dc61'dia aos JJOvos ,7ue c-omeçovam a se converter no Novo Co111i1h'tth! e in/wulir•tlu•s confia11çtt. Diss<· o J 111111 Dit•go: -

"Ouve. filhinho meu. Juan Diego, a quem :uno tern:1me n1c. como a um mcninozinho deli cado: aonde vais?'' - "Senhora e mcnin:i dos: meus olhos. vou à Lua casa do México, Tlaltelolco, à doutrina cristã. que nos e nsinam e e xplicam os ministros do Senhor. nossos Sacerdotes". -

"Sabe. í ilho predileto do meu Coração. que sou a sempre Virgem Maria. Mãe do verdadeiro Deus. aulor da vida, criador e conservador de ludo e senhor do Céu e da terr:L meu desejo mais vccmcnlê que aqui no p lano me: edifiquem lHn 1cmplo. onde. como Mãe piedosa, mostrarei iodo o mcll an1or e miseric6rdia a ti e aos teus, a todos os que Me am~un e procuran'I e a quantos pedirem meu amparo e clamarem por Mim cm su:1s aflições: e o nde ouvirei seus rogos e cnxu1,;arci suas lágrimas, e os aliviarei e consolarei cm suns necessidades. Para que se c umpra meu desejo. dcvcr;ís ir ao México, f1 casa do Bispo, a quem dir:í s que te envio e Como é minha vontade que se levante um templo c m n-1inha honra. aqui n:1 ..:splanada. E lhe contarás tudo o que viste. ouviste e admir,isie: e podes ter certeza de que te agradecerei pelo que por M im fizeres, e receberás

e.

um prêmio pelos 1cus serviços, e te íarei fcfo~. Já ouviste minh:ls palavras, filho queridíssimo de. meu Coração: vai, pois. e cumpre com cmp::nho o qu~ te ordeno". ltum Diego compareCl'll pertmte o Bispo por tluas vezes, para ,lesin cumhfr..se da missiío que recebera dt, Virgem. O Prelado. porém. mio lhe il<'u ctétfito imediatam<·nte e pétliu que a Virgem uumdasse um sinal. No ,lia / 2 de cle'l.l'mbro, a s,,nhora ,,pt,rcceu ao índio 11a <·~·pllmatl<, ,. disselhe que, ,·omo .\·inal. h•vassc <10 /Jispo umus flol't!S que euconlrati<t no oito <lo C<'rl'O. J 11011 Diego su· bili, sem hesitar, poro o cume tio momi!. onde sabia que .ró h11vit1 petlras e veg<~rnç,io agrrsre. E11· controu t11i uma J:l'tmtlc qtwntidfl(fo 1/(; flores dru· nwi.r belas espécies. Colheu-as. cwvolveu--t1s cm sua uumta e levou,.,u· ti Viri,:cm. t/U<' o <·•sp<~rttvc, 1tmbai...:o. Ela tomou em .w ws mão.,; us flor(,.,.. tfe..

volveu•as ao índio ,. recomendou-lhe que mio ,1brisse a manta " mio .i·er ,w presença ,lo Bispo. C hegâudo <fit111te tlc Frei 111011 de Z 11márraga. Jmm Diego disse-lhe que trazifl o sim,! mhndado 11or Nossa Senhom. Mas. abri,ulo ,, ma,1111. partt mo.r,,.ar (1s flores, foi tomado de su,.presa ao v,,,. que no tecido eslava c•.wmnpculu " figura da V fr. gem. mi <·o mo lhe apm'ltCcra. A 26 tio mesmo m ês, D. Frei )11011 d(• Zumár. rt1,:11 fez lras!rulnt soh,neme111e a im"gem pa,-a uma. primeira ermitla, co11s1ruítlt1 no lugF,r qu,• a Se• nltort:r intli<:ara. Jó 11aquel es pfimdrc.-. t!it,s " Virgem de GuadaluJJe con<1uisU1ra Q afeto tios í11tlios, possibiliumtlo sua convers,io, pdmícios ,la grautfct uapio c-a1ótica que hoje é o M é.rico. A imagem <,.ffampada na capa tle Jtum Diego e11co111rp,sr lllU(l/me111e no tdtal'-mOr tia magníf/ct, Oasrlit'ti que

subs1i111i11 " primi1iw, t•i·midll.

Este ve presente na batalho contra o Crescente em l e panto Mas ,uio só no Alféxic:o expantliu-.\·e li tlevoçiio o No.rst1 Senhora ,/e Guatlalu1,<'. Aiuda 110 século

X VI 11euttrou na América cio Sul e nas Filipin11s. Na Oatallw 11<, Lc1um10. ,•m 1571. ela t :rtava prc• 1

senu•. com umt, imn~em ft•vtula na nau ctlpi1t111ia do A lmfr1111t<· genovê.~· A ndrca Dorifl. Noj,· enconfrom-.w:~ u•mplos tletlicmloJ· a Nos.m St•11hora tlc G,uulalupe f/OI' ioda n A métlc11, em vários phíses <la Eu,.opa. inclusive na Fiulóntfitt, e nos luga,·es 11wis rem01os t.lo globo. como cm Madagt1sct1r, ,w rw·q,tia nshític11. em Jerusalém e na Austrália. Nos janlins do Vmicauo há um mom1mt•11/(J cl Virgem com Juan Diego e Frei Juan de Zumór,·aga. Em 19/0, cerca de s(•lenw Arcebl~·vos e 8ispOl· da Américo ú1ti11a pctlirmn a São Pio X , e,uifo rei,umte. que proct,muu·sc NOJ'.ra Senftort1 de Gua• tlâl11p<' Patlroeira desla parle do mmulo. Entre 1Js Prelados que imetlia1aml'11tc dcrnm resposttt /t,vorhvel ti uma cifcular que n este scn1ido expedira D. José MQ1't1 y ,lei 'Rio. Arccbis(JO da C idtuft• do Mlxico, estowmr o C(u·cleal Arco-,,

verde, A rc:ebi:rpo do Rlo til! lmH•ira. <· mmwrosos Arcebispos e Bispos brasileiros. E'm face de di/icultlt1des levanrudas por outros Prelados. que ma11ife.,·taram 1hívitl11s sobre a oporltmitlnt/(~ tln prodomt1~Yio solicirnda e até sobre as t11u1riçlíes. as rc.\·postaJ' \Iludas ,lo Brasil coustiluiram sólitlo ap<1io ,; cm,~'ª tio Patlroado. pelo se,, mím<'ro t: p<do pn>stí,:io dt1 Púrpurll. S. pois, ,lo 1111111 1m111cirt1 espcci<d qui.• os brosi/C'iros podem cJ,anwr sua â />11tlrodra tia Améric'a Lmiua. ossim ptocfam111/a. " 24 tle 11gos10 daquele nu•.\·mo ano, pelo l'"t"' ~wmto. Em 1935, Sl'll Padroado foi t•.,·1cuditlo. por Pio XI. tis Filipinas. naçilQ u#IÍtiCtí igualmt·ltle <:ôn\i,•rtida e.' âvitiz1Jtlo pela Espaulu,. A auwt /Jt,síllcll foi construítla cm 1709. am11/iada entre 1887 e 1895 e reformcula de /930 li

1938. Na Mfa·.m t/11 fe.-..·ta ,!e Nossa Scul,o,·c, tle Guatfulupe. a Igreja aplica li Virgem e ao local da IJasílica estas palavra.,; tia E-s critura: " Escolhi e stm1i(iquci es1c lugar a íim de aí estar o meu nome. e cs1arcm íixos nele os meus olhos e o meu coração. cm todo 1cmpo...


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mesmos: dcvo\=àÓ n Nossa Senhora, a pa,xao de .Nosso Senhor. a cascidade, o patrio tismo, a

conigcm. o Exército, as associações cívicas . .. Aliás. é o próprio JO<lorowski que se cncar• rcg,, de mostrar suas ligações com o progre.s. sisl'no. quando afirma que a ccnn do sacerdote com a inrng~m de Cr isto simboliza aqueles que

.. ,,,,.,·sio11(llme11": .rr a/errmn a Ele s,:m ,·ompre"'"l<-r, como outros s,,,·vh:lores c:at6Ucos, a evoluçl{o tltt f!!reju'' ("EI Heraldo de México", 20 de março <lc 1972).

·

Múltipla ofensa O filme é. pois. ultrajante. Mesmo sem as 1,;cnt1s da B~lsílica, ele seria into1crávcl. Mas a escolha desse cenário, sagrado para os mexicanos e para todos os católicos, revela a intenção de um requintado ultraje à Santíssima Virgem. no próprio lugar q ue Ela santificou com .. sua aparição . e onáe pediu que Lhe erguessem um sanllHlrio . ~ uma ofensa múltii,la. Ofensa a Nosso, Scnhol'. pelas1''vãrias cena$ de achincalhe à sua Crucifixão. Ofensa a Nossa Scnpor~. Ofensa à Igreja. pelo empenho cm _ridiculanqir o Clero, os objetos s<1grados. a dcv9;Ção ao A~Jo da G uarda. Ofensa ao México, porque Guadalupe é o centro da sua História: porque o estandarte de Nossa S.:nhora de Guadalupe foi a pri meira bandeira

'

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Basilica de Nossa Senhora cle Guadalupe, p róxima à capital clo México. N o seu átrio cercaoo cle gracles e portões, com o depenclência q ue é do Santuário passaram-se a lgumas das abominações promovioas p elo c ineasta Jodorowsky .

m·~xicnna: porque riclicularizn o seu Exército, as suas associações cívicas, o patriotismo de seu povo, as devoçõçs e virtudc-s do homem mexi-

cano. Ofensa também a todos os povos latino-i,mcricanos e , cm especial, aos brasileiros. porque Nossa Senhora de Guadalupe é a Padroeira de 1odos nós e o Brasil foi o país que liderou. cm número e importâ ncia. os pedidos d irigidos a São Pio X para que a Ela fosse confiado o p ~urocín io c.fa América luso-espanhola. Ê significativa a produção de tal película neste momento e no lugar cm que ela foi filmad~. por um judeu anticatólico, com a conivência do Clero ?rogrcssistã e o silêncio do Clero dito moderado. Porque vivemos a hora de Matia, e porque, néSW hor~, de Mariá, ·vivemos a hora da Amér.ica Latina. Ê a hora de Maria, porque se aproximam;

olhos vistos, os acontecimentos prometidos .por Nossa Senhora em Fátima. 1:. a hora da América

:1

Latin:i porque, na perspectiva desses acontecimentos, cabe a n6s, latino-americanos. que so mos cl:llólicos e marianos, irmos construindo nossa ~randc aliança, para nos defendermos dos eixos 11/ashington-Moscou e '.Tóquio-Pequim, que repre..:cntam o conllbio do c•J·1<1bli.shme11t decadente com -1

subversão comunista.

Ora. como entre os adversários desta aliança não é difícil identificar o comuno-progrcssismo. o hippismo. os s11pos, e os católicos mo</cr1ulos que

_,. Mulher-palhaço. com uma mitra episcopal; o g rotesco personagem da direita , cle asas e aurépla, representa seu Anjo da Guarda. Atriz vestida d e freira participa da cena do sacriflcio r itual de um boi, em companhia de soldados romanos.

sempre alegam estar ·neutros entre os 1radicionalis1as e os progressistas, mas estão s;cmprc fazendo o jogo destes. - tudo se encaixa perfeitamente.

Onde aparece a aliança hippie-progressisto Mesmo antes dos fatos de Guadalupe, Jodo· rowski j~í. era conhecido no MéxicQ por su a carreira cinematográfica escandalosa. Viciado cm drogas, procura realizar seus filmes no cslilo das l'iasens delirantes dos drogados. Da obscenidade p.is.sou co1n a maior facilidade para o sacrilégio. Em Acapulco, na estréia de seu " Fando y Liz", esteve ;1 ponto de ser agredido por '"" grupo d e senhoras da sociedade local, escandalizadas com :1 imoralidade do filme. A irnprcnsa mexicana publicou ampla informação do casamento dos ar1isl(1s fscla Vcga e Jorge Lukc, oficiado por Jodorowski segundo o rito da água ,lo rio. Não c:tusa, pois, espanto q ue trábalhc atualmente para a Abko. companhia cinematográfica nonc-amcricam, presidida por John Lcnnon, an1igo integrante do grupo dos 8e,ules. . . Este o homem a quem Mons. Guillermo Schu lcmburg, Abade mitrado de Guadalupe. abriu o ;l1rio e as ,rnvcs d~, Basílica p:lra ali fazer um filme. Também não é de admirar essa ligação, pois o Abade. desde sua posse, vem tendo uma atuação m u ito estranha, preocupado em aumentar ,·endas e suprim ir obras de caridade (cf. "l neordura dei Abad de Guadalupe". por J. Mosqueda dei Rosal, em " EI U niversal" , de (\ de junho de 1972) . A tal ponto, que diversos movimentos católicos mexicanos fo rmu laram denúncia à Autoridade Eclesiástica sobre malversação de fundo da Basílica. mencionando inclusive os vários automóveis de propriedade do Pe. José Cenobio Mar1inez, do Clero do Santuário ("EI Universal Gráfico", de 30 de junho de 1972).

Homero Barradas

Ostentando cabritos c rucificados na ponta dos fusis. e xtras caracterizados de soldados mexicanos desfilam diant e do jud eu·Chileno Jodorowsky, que de megafone na mão dirige a tomada de mais uma cena sacrilega de seu f ilme " A Montanha Sagrada". 5


Conclusão da pág. 5

Imoralidade brutal e satanismo Como não J>Odia deixar de ser, o Abade faz parte da claque do Bispo vcrm~lho do México, Mons. Sergio Méndez Arcco, o qual foi rccentcmen1e convidado a falar do púlpito da Basí-

lica. Ali o Bispo de Cuernavaca íez nova pregação n,arxista, :,íirmando que só o socialismo pode salvar a América Latina (Hernán Tcllcz. em " Impacto", revista da Cidade do México. edição de 31 de maio de 1972). Denunciados os ultrajes de G uadalupe, Jodorowski procurou defender-se com uma série de declarações {\ imprensa, contradit6rias entre

si e qu~ não levam a nenhuma conclusão 16sica. Depois saíu-se com um argumento sapo por excelência : d isse que a empresa produtora gastaria no México, com seu filme. 12 milhões de pesos e daria emprego a 5 mil pessoas por

algumas semanas:. Como se vê, ao cineasta chileno não faltam sequer idéias de um estranho desenvolvimen1ismo segundo o qual, diante

da possibilidade de lucrar alguns milhões, o México não deveria 1itubcar em vender suas mais caras tradições e desonrar sua Padroeira. O Abade m itrado rcfugiou•se cm sua c,On· fortável moradia, adotando a norma de nada diztr. - na verdade por nada ter a dizer, d ian· te dos fato<. Depois dos primeiros protestos, começaram a surgir na imprensa manifestações espo,uâneiis cm sun defesá, tão 1ímidas quanto carcn1cs de argu1ncntação. Como a si1uação se tornasse insustentável, a J 2 de maio ouviu-se a primeira palavra oíicia I do Clero da Basílica. Em publicação ineditorial, o Pe. Guillcrmo O<tiz, S:1cris1ão-mor. o Pe. Ramón Murillo. Vigário da Par6quia. o Pe. Rafael Evangclisti, Vigário Cooperador, e o Pc. Luis Sánchcz Flores, capelão, sairam n público explicando que na verdade tinha sido concedida licença parn a íilmagem no átrio. mas com a ''advertência expressa ,le que as cenas que fossem tonuulct.r ( ..• 1 não ofendessem de 11e11lmm<1 numeirt, os sentimentos ou trs i<léias religiosas ,le nos:w povo". Ora. sabendo qual o estofo moral do cineasta judeu e seu passado. como poderia a Auroridade Eclc.~iástica esperar que as cenas ..d,· nenlwmn maneir,t ofendessem as i<léfos rt~Ugiosas <lo nosso povo"? E como poderia o povo mexicano crer na sinceridade desse co· municado. à vistn. dessa desculpa disparalada·? Mais adian te, a nora confi rma a realização da filmagem, diz.cndo. porém, que ela teve lugar sob a estrila vigilância dos encarregados da ordem do Sanluário• ..: que crn nenhum momento os artis1:,s e as câmaras penetraram no recinto desl~. - Ninguém havia negado que a tomada de c,enas se tivc-sse realizado sob a vigilância dos responsáveis pela igreja. Pelo conrrário: justamente por isso é que se apontou o Abade como culpado pelas abominações havidas. Se Jodorowski tivesse rodado as cenas furrivamentc (o que s~ria realmente difícil). ninguém teria acusado Mons. Schulemburg e este não reria razão para se defender, mas antes pelo con1dirio, poderia 1er juntado sua autorizada voz à dos que protestaram, e ter tomado as necc.~sárias providências disciplinares. A ele teria cabido encabeçar o desagravo pedido por líderes católicos mexicanos, cm vez de ,procurar c.vitá.Jo, como realmente fez. A alegação de que nada foi filmado no interior da Basílica foi posta cm dúvida diante da ,,firmação em conlrário, dos comerciantes estabelecidos junto do templo, os quais não tinham razão para mentir. Pareceu d ifícil não

~Ato1ncnsMo ~

MF.NSÁRIO

com aprovação cclc.,.1.:iflka

CAMPOS -

t-:51'. DO RIO

DntBTOR MONS. ANTONIO R 11u; 1RO DO ROSARIO

Oire1orh1: Av. 7 de Setembro 247. c:i.ixn posta) 333, 23100 C:impos. RJ. Admints. lrnçiio: R. Dr. Martinico Prndo 27 J. O1224

S. Paulo. Composto e impresso na Cin. Lithotrnphic:\ Ypirnng;,, Rua Cadete 209, S. P3ulo. As:si11:1h1m onu:.ll: comum CrS 25,00; CO· opcrndor Cr$ S0,00: benfeitor CrS 100,00: gr:.'tnde benfeitor Ct$ 200.00~ $cmin;iristns e c:,tudanics C rS 20,00: Am~ricn do Sul e Ccntrnl: vi:,, d e superfície USS 4,00: \'Í.l aérea USS S,2S: Améíica do Norte, Por. lU1U'II, Esp:inha, Província~ ul1ra,n:Hina~ e C-Olónias: via de ~upcríícié USS 4,00: vfo aérea USS 7.00; outro.-. p:.1íscs: via de su, pcrfície US$ 4,SO, vi3 :i.ére:i US$ 9.2S.

Vcndn

io·ulst1:

Cr$ 2,00.

Os pagamentos, sempre cm nome de EdJ, tom P.-idrt Btlchlor de Pontes SIC, pode-rão ser cnc,aminbados :\ Adminis1rnç5o ou nos agentes. Para mudança de cndert.-ço de ns.iin:1n1es., 6 necessário mencionar também o endereço nntig,o. A correspondência rc• tariva !l assinaturas e veoda O\'ulsl\ deve ser enviado li Ad.ntlnlttra(-ão: R. Or. Martinko Prodo 271 01224 S. Pnulo

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dar mais crédito à palavra destes do que à dos Padres, d iante da péssima impressão que causava o tcxlo da nota. Finalmente_ . os , Sacerdotes que firmam a declaração dizem que presenciaram a filmagem e que as cenas rodadas foram "excêntrictu·. mt1s mio <Í<1sonesta.r" ~ Mesmo que; assim fosse, não seria muito estranho que eclesiásticos permitissem a representação de C'enas excêntricas. junto o u dentro do Santuário da Padroeira da América Latina? Além disso, ficou sobejamente provado, por 1es1cm1inhas e fotografias, que o que ali se passou não foi apenas csquisi10. mas rcalmenrc imoral e sacrílego. A estas abominações o< Revmos. Padres dizem com a maior trnnqUili· dade que assistiram . .. Mas a intervenção do Clero não ficou só nisso. A o nda de protesros crescia e foi nccc.s· sário que o próprio Abade descesse à liça. Em declarações à agência PIMSA, publicadas cm "EI Oiario de G uadalajara", de 20 de maio, garantiu que não havia dado licença para a filmagem, com o que ficaram muito mal os signa1ários da nota de 12 de nrnio, todos prepostos seus, os q uais haviam afirmado que a autorização fora concedida e que eles próprios tinhnm assistido à tomada de cenas. Mons. Schulcmburg não explicou por que, não tendo dado autorização, não tinha tomado providências disciplinares contra os Padres que a deram e q ue assistiram à filmagem ... Ainda mais. Em declarações divulgadas no mesmo dia cm " La Prensa", da Cidade do México. asseverou que não linha sido agravada a Basílica e que. portanro. não deveria haver o desagravo pelo q ual clamavam diversos líderes ca161icos. Encerrou sua entrevista dizendo que, se algo de mal houvesse cm todo o incidente, certamente Sua Eminência o Cardeal Miranda. Arcebispo da Cidade do México, já teria intervindo. De nada adi{lntaram as declarações do Abade. Conforme já vimos. houve na verdade cenas imorais e representação de ritos satâ· nicos no átrio da Basílicn e. quanto t,s primeiras. quiç:á no inlerior dela. Isto constitui incgavclinente grave injúria à Virgem, titular do Stmtuário, que, por isso, deveria ser de.sagra· gravada. Por outro lado, se o Cardeal Miranda dcvcs.'\c ter intervindo. e não interveio, não seria isso que destruiria a força probante do depoimento das testemunhas oculares e das fotograíias divulgadas pela imprensa. O mais significativo é que, enquanto o Abade repelia o desagravo pleiteado por líderes católicos, muitos dos quais lutam pela Igreja desde os tempos da perseguição de Calles, acudiam em socorro de S. Excia. Rcvma. notórios a1eus e inimigos da Religião, como Daniel Mui\oz Polo q ue, cm "EI Universal", de 6 de junho, propõe a um dos defensores da honra do san1uário esta questão, cujo próprio enunciado já é uma novn injllria : ··t certo o mil<> da Virtem ,te G 11adal11pe?"

um conhecido programa de televisão num dos canais da Cidade do México, no dia 27 de maio, e aí deram seu 1cstcmunho a respeito dos fatos escandalosos que tinham presenciado. Vários intelectuais católicos publicaram artigos sobre os acontecimentos, condenando Jodorowski e seus cúmplices cclcsiás1icos. Entre eles destacam-se Alfonso Pérez Vizcaino (" Notas cn la balanz.a.". cm "EI Occident:;\I,. de 26 de maio), Manuel Díaz Cid (" Rcsurge el sa1anismo en México", em "El Heraldo de México", de 2 de junho), J. Mosqucda dei Rosal ("lncordura dei Abad de Guadalupe", cm "EI Universal" de 6 de junho), e outros. Através de ineditoriais estampados cm diversos ó rgãos da imprensa da capital e do inte· rior. pronunciaram.se contra o lílmc de Jodo · rowski, entre outros líderes católicos mexicanos, Alfonso de Pablo, José Barsu10 Garcia, Tomás Enciso Contrcras e Frederico Aubry Villada, pedindo ao governo a expulsão do cineasta; José Barsuto Garcia, Tomás E nciso Contreras e Olga E. de Rcyes, pedindo a Paulo VI, ao Delegado Apostólico, aos Cardeais, Arcebispos e Bispos do pais a remoção de Mons. Schulemburg do cargo de Abade m itrado da Basilica de Guadalupe, sem prejuízo de outras sançõe.s canônicas aplicáveis; a Associação Cat6· lica da Juventude Mexicana, pedindo também a remoção do Abade, juntando-se à convocação para um desagravo e advertindo que os atos de sat~nismo praticados nn Basílica constituem "ti últim<1 exptt.'-J"Sâo <lt> progresst'snro religioso tlc Abades. Padres e uns seis Bispos chefiatlos 110 M éxico pelo Jt11i<lico Mé1ule1. Arceó". A Federação Nacional de C harros havia também permitido ao cineasta chileno que to· masse cenas do íilmc. çm sua se<lc, o anrigo C-0nvento de Monserral, hoje re.s taurado e destinado n servir de Museu Nacional da C harreríu. Verificando. ent retanto, n natureza d:, película que ali fazia Jodorowski. a diretoria da Federação - que congrega 30 mil mem-

bros -

expulsou-o "sin más trámites".

Em seguida os diretores, tendo li testa o Presidente José lslas Salazar, convocaram a imprensa para uma entrevista co!ctiva;• na q ual explicaram sua posição e anunciarain que haviam pedido a expulsão de Jodorowski do território mexicano como "tlest:aratlo, vicioso e tli/mnador tio M éxiéo". e a apreensão de todas as cópias do filme. Não era para ter rcai;ido assim o Clero da Basílica, se estivesse renhncntc inocente, como quis fazer crer cm suas declarações?

Pueblo -

pione iro

no desagravo

O primeiro ato público de desagravo foi celebrado pelo Pe. Mastache, no Santuário de Guadalupe da capital do Estado de Pucbla, no dia 31 de maio. A 3 de junho um ato análogo foi realizado em Contrcras. povoado próximo à capital federal. No d ia seguinte, crn Acapulco, o Pc. Moisés Carn'lona Rivera. Pároco dn Divina Providência, promoveu cm

sua par6quia uma concentração de desagravo. No _d ia 4 de junho, domingo, o próprio A rcebispo de Puebla, Mons. Octaviano Márquez y Toriz. presidiu, em frente i, sua Catedral, uma imponente solenidade de reparação, que reuniu mais de 20 mil pessoas durante uma hora e meia. Mons. Octavi;:tno asseverou que o México tem inumeráveis títulos para amar a Virgem e, ,por isso. os que atentam contra Ela tocam as fibras mais scnslveis do coração dos mexicanos. "Dizer G11ada/11pe - proclamou - é dizer nos,t" 11rópria pátria" ("EI Sol de México", Cidade do México. 5 de junho). Sem se referir diretamente ao Bispo de Cucrnnvaca, o Arcebispo repeliu sua pregação marxista na Basílica de G uadalupe : "O Mé.<ico <u11ê111ico ,uio tem 11ecessida<le tia luta tle classes, n e111 tia abolição tlt1 propriet!tlde pri· vada, nem de tlourrinas estranhas ti sua mam:irt, <le ser, n e m 1/e aparentes triunfos. cOn · seguüloJ· com bomba.f ou metralhadorâ$. mâl·, .rim, necessidt1de tio mnor que constró i e que faz bem t, seus semelhantes". O ato consistiu numa manifestação o.r deira no átrio e avenidas adjacentes tl Catedral. Ou· rance a man ifestação. distribuiram-se mi lhares de folhetos de protesto c-0ntra as abominações de 24 de ícvcreiro. No mesmo dia 4 de junho, realizou-se. sem a permissão de Moos. Schulcmburg, o Alo Nacional de Desagravo, no átrio da Basílica de Guadalupe. Reuniram-se para oferecer reparação à Virgem, no póprio local do ultraje, mais de 15 mi l pessoas, Compareceram rcprescntanccs de várias organizações católicas e cí~ vicas de Guadalupe, da Cidade do México e do inlerior do pais. No estrado, de onde fa laram vários oradores. havia uma faixa com a inscriçào : · .. vosJ·os filhos Vos desagrawun, Virgem de Guadalupe, pel<1 o f enst1 cometida contra vosso templo. sim bolo tia 11ado1wlid1ulc mexicmut'. A multidão agitava milhares de bandeiras trkolores com a efígie de Nossa Senhora de Guadalupe e bradava, cm coro. pedindo a destituição do Abade e a expulsão de Jodorowski. Durante a maniícstação, alguém, de dentro da Basílica, foz tocar discos, cujo som era 1ransmi1ido, cm alto volume, pelo sistema de alto-falante.~ do átrio. Ape,~ar disso, e na maior ordem, os oradores, fazendo uso de megafone~ portáteis, continuaram seus discursos, sob o aplauso en1usias1a dos presentes. Após a recitação de um m istério do Ro· sário, o rg:mizou-sc um cortejo. que penctrou no templo, tendo ft frente a foixa que estava no e.s trado, seguida pela bandeira nacional, conduzida por um ch"rro. Ap6s colocar aos pés da Virgem as flores que levavam, os manifestantes retiraram.se cantando o hino nacional. O debate continuou, ainda, pela imprensa, mas da parte do Clero não se ouviu mais urna só voz de protest.o. de reparação, o u de estimulo aos líderes do laicato. Nenhuma med ida disciplinar, 1ampouco, foi tomada contra o Abade e outros responsáveis pelo escândalo. '

O clomor dos

V irtude s esquecidas

verdo'd eiros mexica nos

Não são assunto novo no México as mani· (estações de desa[)reço pela devoção à imagem milag,osa de Guadalupe. A pretexto do novo clima pós--conciliar, essa dcvoç.ã o vem sendo vilimtt de uma campanha de silêncio dos arraiais progressistas, enquanto os arraiais moderados se mostram cada vez mais frios ,para com ela. Além disso, a tolerância da entrada de turistas vest idos escandalosamente, certas aberrações ditas litúrgicas, scnnõcs contrários à realidade das Aparições, a presença do Bispo de Cucrnavaca e outros fatos vêm d:mdo a impressão de que se quer acostumar o público a ver com indiferença graves faltas de respeito a Nossa Senhora de Guadalupe, cm sua própria Basílica (cí. "EI Eco Guadalupano", n.0 4, p. 7). Desta vez possivelmente se contava também com a inadvertência dos ca161icos mexicanos. Mas o zelo vigilante e desassombrado do Eng.° Francisco Garibi Vclasco, que já cm abril denunciou os fatos, deu azo a toda uma série de protestos que culminaram com atos de desagravo realizados em maio e junho. Mais uma vez se evidencia a importância que pode 1er uma a1i1ude individual, ou de um pequeno grupo, nos movimentos de opinião pública. Não teria tudo passado sem maior protesto, com grave injúria à Virgem de Guadalupe, se não fosse a iniciativa de "EI Eco Guadalupano"? Alertados pela denúncia, outros líderes católicos se ocuparam dos fatos e os protestos se avolumaram de 1al sorte. que nem mesmo as autoridades da Basílica, coniventes com o ultraje praticado por Jodorowski, puderam impedir um alo de desagravo, realizado no átrio do Santuário. Já vimos que uma numerosa comissão de comerciantes vizinhos da Basílica, rcprcsen· tando mais de mil colegas seus, compareceram à redação de "EI Universal Gráfico", da capilal mexicana. e expuseram sua inconformidade com as abominações perpetradas no dia 24 de fevereiro. Os mesmos comerciante.~ participaram de

Combater pelas armas os • • • 1n1m1gos da Cruz De um~ c.arla aos Bispos, Clero e fiéis dtl Fmnçtl orie1Hal e da Bavieta, exortando-os n p:trtici1>nrcm da cru1.:td:t contra os infiéis Que amcaçav:im retomar Jc. rus:il6m: A M EUS S F..NUOAif.S E PAORES AMAOfSSIMOS, OS AR· CEUISPOS 8 UJSPOS, AO CLERO ll AO$ ~ 1é1s DA FRANÇA ORIENTAL B DA BAVIERA. SAUl)AÇÃO G QUI? 0 E5PÍRIT0 1)1;! JtOR.TAl.l! ZA ENCHA 111.llNAMll N'nt SUAS ALMAS 8 INrOR· MP. SEUS ATOS.

O

MUNDO ESTREMECEU, todo ele acaba ti(• comow:r-se com os dolcrosas 110,•<1.r de que o Dcu1 ,to Clu perde 1ua 1e.rra, Digo sua ttwa, <1qmtla, tt111emla-sc, cm que stt viu o Verbo tio Pai prc, J(tmdo e c11siná11do aos /,{)meus, e ,·frcm/o em sua com1mnliia dunmtC' mais de trinta ,mos: aquela /erra que Ele iluminou com o re11>lcmlor ,te seus milagtt•s, e con.ragrou com stu Stmgue dfrllli>, ~ t!mbeh•;.1>11 com as primelrtu· Jlorrs ,le ma Rtssurrciçü<>. Uàje, por mal de 1101sos pecados, leMntaram sua sacrUega cabeç,, O!> Inimigos declarados da Crut t poss<Jram a /é'rtO tt fogo aquda terra das 1w1igos prome.u os. E <1J11oxima,sc o dia t m que, se m'ngulm Jl,cs sal ao pano. chegarlio llté ti mesma cidade do Deus w·vo, e irrompu,ío por 1ua.s ruas. e ass.n/tar,ip os mo,1mur11to.r sagrados de rro:,·sa Re,lc11ç(;Q e mtmcJi<Jrt'io os S.OtllQS Jucares que 1i11giu com um pl'l:cioso on·,, lho o Sangue do Cor. ,IC'lro imaculado. Oh cnuldlssima dor! que se atreram a cobiçar, como o Jruto mm·s a1,ctecfrel de sua,1 rt11,i· ,ws, o pr&prio s.oudrlõ de toda a Rcll,glúo Cr/Jtã ( .. , 1! Que /m:.ds. l,omms impetuosos e fortes? Que /ateis. st'Tvitlorts da Cru:? Assim c111regais Q Sm1to do.r S,m, tos à voracidade do$ cc1t'S e mfr1li1 aos /JúrCQS a.s mais preciosas pholas? Qumuos p~cadorts lêm ali chorado seus J>tcados e afca11çado com suas ldgrlmas o 11,:rdão ,liviuo. depois que ,,ossos ,111tc/H1Ssados ,•arreram us ;,mmdície., do., ge,uios com o oço de .was ,·.1patlad O llQmem maliguo, o fuimigo, da safração dos homens o ,1;11, e c11cltcu~u ,Je inveja, e ra11geu QS ,lc11rt•s, e se

eo,,s11mi11 d~ ral\ta. E l'xcUou ógora os po,·os infl!.tta,tos pela .m a i11iqiiidadt. para arrosnr todos aqueles tr.,te,mmho.r r rt'/íq11itu ,lc ,uilfti<ltule. de modo a /1ttcr

SÃO

tlesaport!ctr atl o ,íltimo veslfgio tleles se r l,etar " cm1seg11ir, tJ que ()e11s 111fo pcrmila, n c1mq11ista e possess,io do lugar mais s.omo c111re todos os que l,J na u:r111,' l,110 ,1erü1 ,, mais iucousolái·ttl dor de t<Xlas " s ger"ç,1es l11t11r(,s e o mílis irrc11(1r(frd da110 que c ltQ-rarüm1 iodas,· istô scric, a eremo co11/11slio e verflô11Jm ,le 11osso .1éculo ~ o 0111/Jbr/o ominoso qur c,lirh, sobre os homms de nosso ttmp(J, pam totlo q sem1>re. Que estamos 11eusomlo, imu1os? Que se ,mcolhcu a mão liheralís.simtJ ,te Deus? Que se tomou impou·>1U '"'"' s<11'-ar. co11Sl'f\'(lf e ,lcfcrulr.r seu patrim6nlo. t aSJim cliamo t'm seu 011,,:ílio os misercfrei's ,·r1111rs ,la terra? Porvc11111ra r,úo p<Xle Ele c1wiar, <1u11m/Q qulúr. seu s Anjos t.•m mímcro ,te mais de dote /egiõrs? Acaso ntíO Lhe bnsto uma s6 pol,wra '""'" libertar sim terra? Poder tem, qu,•m o ,tuvitlt,1 B,1.sfa.Sc- a Si mesmo. tJutm1 mio o sabe? Ptulc foz.f. /o com o só quuer: mas, qu,w! it q11c vos diga mna coisa? O Senhor, ,·o.u o Deus, pik,vos à ,,ro,·n. Olha para os fillws dos ho,.. 11U!IIS r procura 1>arr1 ''"' se c11co11tra algum tJut tome a cauSá ,/Ele como pr6prü,, e se dot1 dos agravos que U,c siio /eitn.r, e se apr<:stc pura 11,,bolhar 1/c110<fodamc11te ,,ara os ei·ltar, o Senhor Se com1>01lucu tlt! seu s po,·os e rm sua misttric6rdia lht•,r o/ercc(f ('.Jtc meio de rcp(tl'(lr a., grm•lssimas falmt em que caf,

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1,, , ).

E posto quc ,•o,1sa terra é /ecwulti rm w,11jes c·s/Or· catlos e ric11 em jm•cmmlc l>rios.n, ex11huo11te ,Ir /"rf<1 t! tlt! ,,ator,• ,,o.no que a brtwura dt ,•osso poi·o vffl!' 11a1 asas da foma por .todo o mwulo e publica ,•osso w,to,. ,,os <111a1ro ,•entos, lt•1•,mtal•vos tamblm w:b, ci,,g; ''ltttmilml.'ntc as amws t' alistni, i·os, d1c-io., dt U'!lo r sob as bowlciras que õstcutam o nômc d~ Cris· to. ,-.. , I tia, ru vos O/t!rrço, povo bclfcoso, .wldados ,•alt•111es, "'" ,·os ofereço uma liça onde Jutt','s um ,·os t1xpord,:s a 11e11ltum i>erigo. ondt pos.saiJ vc•uccr com gl6rla ,·rrdúch•ira, e 011de a pr(J1,ria mOrle ,•os st'ja ,.,,,,1<,jo30 prémio. - l"Obt:\:s, Completas dei Ooclor

'""'º"·

Meti fluo, San Bern.-rdo, Ab:ld de Cfor:i.vtll", trnd. do Pc. Jaime POn$, S. J. - Ed, Rafael Casul1ern$, Oarce• fona, 1929 la 363),

vol. V, "Epis1olá.rio", pp, 68l-68S. e.i_r-

BERN ARDO


,

,

INDICES DOS NUMEROS 253 A 264 • ANO XXII • 1972 CDB -

OS ALGARISMOS INDICAM O NOMERO DO JORNAL. EXPLICAÇÃO DAS ABREVIATURAS: "CALICEM DOMINI BIBERUNT"; NV - "NOVA ET VETERA"; VE - "VERDADES ESQUECIDAS" OU "VIRTUDES ESQUECIDAS".

DOS

ÍNDICE VIDA DA IGREJA MOOERNO)

"Pot um Cris1ia11is1110 AttW11ti<~'., m o,wmentô dou1ri11ário - Cunha Alvarenga: 2S4 O milagroso cruciji:r<> de l uca e o culto tias Clw· 8"·' ,1, Cri.,10 - H. 8.: 2S7

Cônego Bueno

de Sequeira: 261 U,grinuu 1/e Nossa Scnhor(I, milagroso m·i.to P. C. O.: 261 MuiJ· uma cura rcco11htcida pelo /Jurcou Médt'co de L<>urJtj· / Perfeita. insu11uó11ea e durável

-

P. Ramond: 263

TEMAS DE ESPIRITUALIDADE E DOUTRINA CATóLICA (Ver lambém : SECÇÕES / ()tt

E

vurruoES ESQUECIDAS)

O cruci/i<:urmn! I Pa.ssio Domi11i Nostri Jtosu Chris1,· - D. Duarte Lcop01do e Silva: 2SS Padre Antonio

Vieirà: 2S7 CrislQ, Senhor dtls ciêucill.f, 11 llOvt, Jcruslllim e "

11le11itude tia verdade 1111 Hist6r ia Attlnasio Aubertin: 258 ê1·orâsmo camra Sl11t1116s 1..· os tmjos rebeldes I Publicado por ortlem ,to l'apu Letio XIII:

259 110

Sesqu;ccntem1rio -

Plínio Corrêa de

Oliveira; 26 1 lágrimas de Nostt, Senhora, milagroso m•iso P. C. O.: 261 /n.vtruç,í o P11sllJral .r nbrc a ConJ;.rsi'io - t AntO• 1\iO. Bispo de Campos: 262 Simples rc/lll<) tio que se passou em ftítima q,umtlo Nos.r,, Semhoru ap1zr11ceu I Acrescido tios fllfos subseqiientcs - A. A. Borclli Macha-

do: 262

o

ERROS E DESVIOS NO MUNDO MODERNO A lgreja-Subterrfinca ,,os estados U11itlos / m"· ,leio "11rofétit<>" para 1111w re/orm11 da Igreja Hori1tro Barradas: 259 Shorts e Cônumluic.s· s"crílegas P. C. O.: 259 O papel do Cforo progre.tSista m, implamaçüo do 11t11rxismo 110 Chile - Hernán Mt\rtinez: 260 "Supus1t1r" ll(it> merece comtntários: 260 /11s1r11ç,io P11st0ral sobre II C011fissiio - t Anto-

nio, Biis[)() de- Camp0s: 262 S111tmismo i11vadt! o Ocide111e / E11q1101111> te6lo• go:r progressistaJ' 11egmn " e:ciJ'têncfr, ,lo demônio - Cunha Alvarenga: 263 Oportunas co11sideraçiJes sobre temas da utunlida-

,t, -

J. A. S. : 263

Pt,storal sobrt· O!( Cur.tillws: 264 Ct11ta P11s toru/ sobre Cursilhos de Cr;stamlade -

t An1onio. Bisro de Camros: 264

O COMUNISMO NO BRASIL E NO MUNDO (Ver tambént:

E RROS E DESVIOS NO MUNDO

e

C. A.: 25S NO

,w Clli,:a

Ne,r, arnws, nem barbas,

m{L\'

é

na Rússit1 -

trapaças: " \•ia chi-

le11t1: 2S6

Plínio

Corrêa de Oliveira: 253 CenCTlll 11orte-mm:ricano clt-mmcia po/i,;co ele Kem1e1Jy 110 Vietmi - Cunha Alvarenga: 253 O femlaUsmo na origem do igualitarismo rcvolucio116do? - Cunha Alvarenga: 256 Apetite de extr1w<,glincia total Plinio Corrê,a

· de Oliveira: 2S7 Formosa rcsi.ftird? - John Ru.ssc11 Sp'a nn: 258 Na lldlio: a/iual <J que acomeceu? - Plinio Cor-

rêa de Oliveira: 2S8 O tratado com Mosc:ou e a miss,io históricQ ,la A kma11ha: 2S8 TFP 11plaude rejeirClo de plebisdto sobre o di.. ,,órcio: 259 TFP arge111i1111 lllnta sohrt reforma d" Cowrtituiçiío 1wciõ11al: 259 O.t cloi.-r calctmlwrcs - Plí1tio Corrêa de Oliveira:

260

Yalu, multipllctulu p()r Y11tw -

Plínio Corrêa de

Oliveira: 256 D~u~· Julg11rá - Plinio Corrêa de Oliveira: 2S9 O papel do Clero progrcssi.'Ua na hnp_Jantação do 11u1r:dSmiJ 110 Chile - Hcmán Martínez: 260 Pipar{)te salw1dor - Plinio Corrêa de Oliveira: 263 Co11vulsóes marxisws na lgrejt, - L. S. S. : 263

DOS

limeo: 2S3 A Providh,cit, chama a Si colabomdor i1Mígnt. de "Catolicism o" / A • morte e os f1111erfJ;s de.·

t ANTONIO, BISPO DE CAMPOS

A a/i1mç1, fornu,dn pe/m: cat6licos t•111r11 cm açiio

[CDIJ]: 2SS [CDB): 2S6

DIBERUNT)

Nó cem anos atrás, o graude D. Vital era elevatlo à plt!nitmlc dô. sacerdócio : 255 Como um jornal ela época \•iu a ccdmQni<,: 2SS O / ellilali.smo na origem 1/0 igua/iu,rismo rcvotucio,uírio? Cunha Alvarenga: 256 Brasileiros e.rpulsam tlc A11golc, o invasor calvi,,;sta I Sob o comam/o do flumi11e11se Sal• vador Correiti ,lt Sá e Benevidts, cc,vaftiro tle Santiago, do Co11selho Ultramarino e Almira,ac ,los Mares do Sul Homero Bar• Pedro A belartlo. ttma ,•ido ,•otada ao culto do própria ,,aidt1de Cunha Alvarenga: 259 Uma epopéia cot6/ica: o cerco do S11111uário de Czts10chowa Gustavo Antonio Solimeo:

260 As corpOraçõe...t de m tstercs e o M11ito flonrado

Juit1 ,lo l'ow, Homero Barradas: 260 O movimemo das idéi11s 110 mundo d época tia lmlcpe111JF11cia - Cunha Alvarenga: 261 A obra civili u:1diJru ,le Por1ugal no Estado e 110 R ehlo do BrasU -· Homero Barradas: 261 A liç,io ,ta lndepe,ulênda - D. Pedro Henrique

de Orleans e . Bragança: 261

serviro tia boa causa

!CDBI: 2S7 Amiciz.ia tlifumlr os tf{)c1w1emos dt1 P11pa {CDB):

do: 262 Entre riso.1 e aplausos, a m11odemoliçlio tia corte 1/c Versalhes I Lições ,la Rtvulução Francesa

-

8urla,Ja

,te. novo " polícia 1/e Nopoleii() [CDB):

263

G. A. S.

Mostrar-se cat&Uco mio poupa11do os hereges

IVEJ: 2S3 summus ... " : 261 ,u, RIÍ.SJin:

CUNHA ALVARENGA

Norueguês ou alemcio, Willy Brmult Jaz o jogo de M o,cou : 260

GUSTAVO ANTONIO SOLIMF--0

BUENO DE SEQUEIRA, Cônego

2SS

J(~,,-

Gencrlll 11or1~--americtmo denuncia político ,le uc,I~ 110 v;e,uii: 253 "Por 11111 Cristian;smo Aut211tico", monumento tloutrinório: 254 O fcllflalismo llil origem cio igualllarismo re,,oluciouório?: 256 Pedro A bc/(lrtlo, 1111111 ~·idti votada ilO t:ulto Ja 1,róprfr1 w1idade: 259 O mo~·imt.ntQ das idlias 110 mwulo ti fJJOCa ,la Jmlcpc,ulh,cfr,: 261

Su1a11i.rmo l11w1de o Ocidente / E,11111(111/0 teólogos prof{ressisras neg,un li existência do ,lcm ônio:

263

OUARTF. LEOPOLDO E SILVA, Dom eles O crucificaram! / Passio Domfoi N".stri Jrsu C h,;sti: 255

Orlando Fedeli: 263

2S3 Novos orm6rios da 1'FP cm Belo 1/orir.Ollle e

Fortaleza: 2S9 Rer)mdo pelo Brasil 110 Se1,·quice,w:11ário: 262 NQ1,· mw;J· do úgislativo bllhia110 11 "Prece 110 Stsquicenrc11ário' 1 263 Comemorando as ll/>tmçue.t de Fátimll: 263 Frei Jero11imo w111 Hi11tem, O. Carrn.: 264

SECÇÕES CALICEM DOMINI BIBERUNT por Fernando Furquim de Almeida

Pio VII stmtm, vcntQ.1: só poderia colher tempe.suules: 254 Congregados de P11ris e de Lyo11 u11em esforç"s:

2SS A alitmça fornuula [)elos cat6/icos entra em ação: 2S6 U m ardil bem sucedido, " serviço b<>o c.ausa: 2S1 Amicizil, difunde os documc11t0s dó Papa: 258 Um11 bm,•ata quase punha wdo a perder: 259 A " Amiciz.ia" eutr,, em contacto com o Papa: 261 Bur/(ula de novo a polícia ,Je NilpOltiio: 263

,J"

ESCREVEM OS LEITORES Escrevem os lci1orcs: 253, 255, 251, 259

NOVA ET VETERA por J. de Azeredo Santos lmpre.s siommte esu,tfa'tica sobre. li crise de voca• ções: 2S4 A ccrrupçtio na escola primária ,ros E . U11ido.1:

2SS Stma,,il de or,e mo,lcrna: precursorll doi '"1,ip, pie,": 2S6 Onde arte de ,,auguarda e progressismo se tocam:

2S7 Encontro de crisuio.r socitllis11,s ,,o Chile: 258 Um documcmo sobre o problt m(l d1,s ,,ocaçõcs:

2S9 Um belo livro sobr e <> Cardeal Mindsr.euty: 261 Enfermidade i11Janti/ da esquer<la chilena: 263

VERDADES ESQUECIDAS ou VIRTUDES ESQUECIDAS M(lstrar-se católico 11ao ,,oupando os hereges

Bento PP. XV: 2S3

C aridade .sem /raqut r.a, dt>Çura com energia. nunca amor sem outorfrlatlc - D. Frei Vital

Maria Gonçalves de Olivcir,: 2S4 tem culpa pela perd;ç,io do mau q u em descura reprecndi..Jo - Santo Agostinho: 255 -

(Ver 1ambém: S P.CÇÕES / EsCREVBM os LEITORES)

2S3

Em lóuvor da lm,,cut,ulll / No orat6rio clt1 TFP:

"Horrenda coisa é cair nas m,io.r do Deus Yivo"

t Antonio, DiSPo de Campos:

. A Provi1l;11c ia chama a Si cólabon,dór l11sig11e dr "Catolid:m,o" / A morte e os f1mtrais de Fabio Vidigal Xô.v ier ,ln S;fveira: 254 lmliceJ· 1/0.v 111/mero:; 241 a 252 - Ano XXI 1971: 2S4

A obra civili1.adom dt Portugal Reino do BrasU: 261

11q

Estado e

110

1. A. S. Oportunas considtraçües sobre ,emas da <le: 263

(IIUOlidá-

J. OE AZEREDO SANTOS lmpressionanlt! e-statístiCll sobre a cri.te 1/e "ocaçr,e, [N V): 2S4 A corrupçiio "" c,rc-0/a pr;márit1 dos E. Unidos

INV): 2SS Semana de arte motlcma: precursora ,los " hippies''

ICDBJ: 261

BENTO XV, Papo

.

Simples relato ,lo que se pas.,ou hll F6tima qmlll• 1/0 Nossa Stnhora 11pllreceu I Acresddo 1/os /010.r s ul,;l·eqiíellfes A. A. 8orelli Macha•

A "Amicit.ia" entra em co11tac10 com o Papa

Cri.,'IO, Senhor daJ' cié'ucias. a 1wvt1 Jeru.talém e a plcnitmle da verdade na llist6rio: 258

e

li

259

ATANASIO AUBERTIN

C. A. O custo do comunismo ,w C J,i,,a e

( Ver também: Secçõll.s / C A1.1cl!M Dor-<11'11

Um,, bravatll ,,,wst punlw nulo a perdtr {CDBJ:

Müril1, de qua mm,s est lt!.w s: 2S1

{(l!IIS

Um tlfdil btm suctuli<lo,

2S8

ANTONIO VIEIRA, Padre

ESTUDOS HISTóRICOS

DIVERSOS

São Roberto Bellarmino: 2S6

A Mãe de Deus quer mais almas virgt11s. /igadaJ a Ela por voto de castidade: 257 Deus I clemente, mas 1ambém é ;ustô - Santd

Afonso de Lig6rio: 2S8 Od;a,. viole11tamc111c os inimigos ela Sagrada Es. crltura - Santo Agostinho: 259 Os hereges estão mais afastados ,la li do que os demúttio, - Pe. Tomás Pêgucs, O. P.: 261 Vem de longe a hi/ihração commu'sta Pld

PP. XI: 263

AUTORES Pio VII $t1m~ou ve11tos; s6 poderia colher tempestt1tfr< [CDBJ: 2S4 Congrcgodos de Paris e de l.:yon 1111cm rsforros

264

Dispos aplaru/em Comis.t,io Médica d11 TFP: 263 Também "" A rge111ina hó quem faça o papel de K,re11sky : 263 l'e/t, primcifl1 vc.z na Histúria o Dr,uil exporta ideologia: 264 - 2.0 cliché

Zelo e Jidt liiladc -

Simple.r relato do que se~ passou em Fâtima quando No.t sa St'nhort1 111mrecc11 / A cre.rchlo tios Jatos s ubs<'qiienltS: 262

"Nos quoqu,•

Plínio Corrê., de Oliveira: 262

TFI' /ot. celebrar M;ssa.l' por alma das vítimas ,lo comu11;~·mo I Em Slio Paulo e 110 Rio, por oc,1sião de ma;s um ani,•ersúrio da rc,•olução bolchevista de 19/7 - Gustavo Antonio So.

FERNANDO FURQUIM DE ALMEIDA

111.rtruç,ió Pastoral sobre II Confissão: 262 Cilr/il Pastoral sobre Cttrsi/Jws de Crlsttuulatlc::

Plinio Cor·

"Por um Cri1tia11ismo Autêmico••, 11wm111tc11to domrinário - Cunha Alvarenga: 2S4 Fósforos acesos. c<lnfretes em chuva, e um grande Bispo - Plinio Corrêa de Oliveira: 255 Tf"P reza pe!t, vit6ria da ,:ivilir.11ç,io cristci: 2S8 Tf P ,,p/audc r"jelÇtio de plebiscito sobre o ,nvórcio: 259 TFP arge11tina alerto sobre reforma da Constituição 1111cio11al: 259 Formação amict>mm,isu, p11rt1 180 jovens: 260 Na cid,ule mais austral do 1muulo; 260 Méilicos da TFP dirigem-.re 110 Mi11is1ro da Jus• tiça: 261 TFP 1111 Exposiçcio lmcrm,cio,wl de Esteio: 261 Atu11I. ma;s ,lo que mmca, ,, a11,aç,io da TFP -

"CATOLICISMO"

A. A. BORELI,I MACHADO

Zele> e fidditl<1dc: 253

ibero-americm,ista cri.'itiio -

A CONTRA-REVOLUÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO

Ft1bia Vhli,:al Xavier da Slfrt!ira: 2S4

ÍNDICE

tJ

r~'\ de Oliveira: 254

radós : 2S7

MOOERNO)

O custo do comunismo

COMUNISMO NO BRASIL MUNDO e $EcÇÕES / NOVA E.T VHTERA)

8r1,.t il. t.fperanças: C hile, a,,reeusiJ;.-s -

o p11pel de

Bmsil, esper,mças,· Chile, apreeus,Jes Plinio Corrê:1 de Oliveira: 2S3 R evolução comunista invisível Plinio Corrêa de Oliveira: 2S4

PROBLEMAS POLITICOS, ECONôMICOS E SOCIAIS {Ver também:

Tumbém m, Argentina J,I, quem façil Ker• 11.<ky: 263

coM UN JSMO NO BRASIL & NO MUNDO e SECÇÕES / Nov. ET VET1!RA)

dt.t

P,·ccc

PJinio Corrêa de Oliveira: 261 A liçcio ,la J11depe11dê11cia - D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança: 261 Fa/11 um grt111tlc O;spo: 262 Bi,1pos aplaudem Comiss,io Méclica da TFP: 263

Fabio,

(Ver 1ambém: O

V eROADES ESQUECIDAS

Márfr,. de q1w ,wtus est Juus -

N(lrucguês ou alemão, Willy Brall(/f / til. o jogo de M<>scou - G. A. S.: 260 Mé,Jicos TFI' tlirigcm-sc ao Mi11istro ''" Jus1içt1: 261 ··Que 11e11lmma i11justi,·11 com ·tguirá alterar . . . " -

J,,

(Ver também : ERROS E DESVIO NO MUNDO

;,N<JS quo<1ue gens summus ••• ,. -

ASSUNTOS

INV): 2S6 Onde arte de vanguarda e pr"gussismo se tocam

lNV): 2S7 Encontro 1/e ct'istãos socfoli.-rtas 110 Chlle íNV):

258 Um ,documcmo sobre o problema das vocações

[NV): 259 Um belo livro sobre o Cardeal Mindsr.e11ty [NVJ:

261

Enfermidade i11fa111i/ ,la esquerda chile11a (J\' VJ:

TFP for. celebrar Missas por alma das vítimas do comunismo / Em São P11ulo e 11() Rio, por ocaS;iio ,le mai~· um a11iversáriO da rt!voluçiio bolchevista de /917: 2S3 U11u1 epopitll ent6lica: o cerco do Santuário tlc Cz:estocht>wa: 260

L. S. S.

H. B.

Co11vulsiíes mur.risu,s na Igreja: 263

O milagroso crucifixo de Luca e o culto das Cl,agns de Cristo: 2S1

ORLANDO FEDELI

HERNAN MARUNEZ O papel do C lero progressista 110 ;mplm11açãO do marxismo no Chile: 260

HOMERO BARRADAS Bm.rileiros t!Xpu/stuu de A 11,:ol,, o invasor cal vi• 11i~·ta / Sob o comando do fluminense S"lvador Correia de Sá e Benevides, ca,·aleiro de Stmlilll]O, ,lo Conselho Ultramori110 e Almirante d,>s Mares do Sul: 251 A lgr~ja-$ul,turli11ea nos Ettados Unidos/ Modelo ··vrofltico" pare, uma rt/orma da Igre ja: 259 A.\· corporações 1/e mesterc.•s t o Muito Honrado Juit do Povo: 260

263

JOHN RUSSELL SPANN Furmosa resis tirá?: 2S8

Emre risos e aplousm', a autodenwlição ,ta corte de.• Vc.·tst1lhes / Liçóts da R evolução Froncc,o: 263

P. C. O. Shorts e comunhiies sacríltgt,s; 259

Lágrimas de Nossa Senhora. milâRroso aviso: 261

PEDRO HENRIQUE DE ORLEANS E BRAGANÇA. Dom A lição da lndeptndêncla: 261

PJO XI, Papa Vem

de longe a infiltração co,mmista (VEJ: 263

PLIN IO CORRM DE OLIVEIRA Brasil. espera11ç11S; Chile, npreeus6es: 253 R evolurão comunista inw·sível: 2S4 Fabio. o lbtro,amtrícanista cristifrl: 254 F6sforos acesos, ca11i,•etes cm chuva. ~ 111n gram/11 Bi,po: 2SS Yalta multiplicada por Yaltn: 256 Apetite dl!. extr(Jvagância 101al: 251 Nt, ltálla: afinal o que aconteceu?; 258 Deus julgar6: 2S9 Os dols Cillcanlwrts: 260 Prece 110 Sesquicc111t11driu: 261 "Que 11t11l111ma injustiça tor,seguir6 alterar ... ··:

261 Atual, mais do que nunca, n atuação d11 TFP:

262 Piparote solvtulor: 263

P. RAMOND Mt,is uma cura r~t.:onhecida pelo Burttm Midic<> de Lourdes I Perfeita, i11stantll11ea e durável:

263

SANTO AFONSO DE LIGóRIO Deus é clemenu. mas também é jus w I VE): 258

SANTO AGOSTINHO Tem culpa pela perdição do mau qut m tle.rcura repret11dê-lo (VEJ: 2SS Odiar violelllamemc {)S inimigos da Sagrada Escritura (VE): 259

.

SÃO ROBERTO BELLARMINO

'

''Horrenda coist1 ; cair nos m ãt>.t do Deus vi"o"

IVEJ:

2S6

TOMÁS PtGUES, O. P., Pe. Os hereges estão 11wis afastados ,ta fé ,lo que os ,iem611ios IVEI: 261

VITAL MARIA GONÇALVES DE OLIVEIRA, Dom Frei Caridade stm fraqueza, dqç11ra com energia, mm~ ca amor sem outorida,lt! (VE) : 254 7


*

TFP ARGENTINA APONTA FRAUDE E TRAIÇAO NAS RECENTES ELEIÇOES Profa,,arão ,la Basilica de G,u.,l,11,l111,pe "A HISTORIA imparcial recus:,rá a estas eleições o earfüer de eleições sérias [ . . . 1. Os resultados dcclarndos

1 - assim o indica a J6gica do que sustentamos cm nossos irrcfutàdos manifestos;

não refletem a imagem da Argentina.

Lanusse elogiou o pcro.nismo cm discursos públicos (ver os jornais de 9 de março p.p.);

N5.o é verdade que esta scjn uma nação cinqiicnta por cento esquerdista. A Argentina autêntica, católica e :-..n• licomunista, não deve deixar-se i.nti-

midar nem desalentar". Com expressões assim daras e enérgicas pro.. nunciou-sc sobre o pleito eleitoral há pouco realizado cm seu pais a Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, em documento amplamente divulgado logo após a apuração dos votos. Tem este teor o manifesto s ubscrito pelo Conselho Nacional ela TFP platina:

"A SOCIEDADE ARGENTINA de Ocfc.~a da Tradição, Família e Propriedade

vem

mais de um ano -

denunciando

em seu manifosto

•·ver. julga r e agir'· (de selcmbro/novcmbro de I 971) e cm seu livro "Os Kercnskys Argentinos"' (de julho de 1972) - como o sovemo do Presidente Lanussc tem colaborado decisi· vamcntc para a ascensão do peronh;·

mo ao poder. A TFP provou esto nfirmação com abundantes íatos con· creios, públicos e notórios, não tendo sido jamais refutada. O próprio l3albín reconheceu essa colaboração em sua declaração a "ClàTÍJ\" na madrugada do dia 12 de março. A TFP demonstrou também o "kerenskysmo" das classes dirigentes selores do Clero, "sapos·· e líderes po· lílicos com ou sem uniforme militar - que sustentaram esse "blurt'·. Os candidatos políticos supostamente

contrários ao peronismo mostraram. em face dole, diversas formas de obsc· quiosidade,

7

não levcrntaram nenhu-

ma das bandeiras ideológicas que te-

riam podido entusiasmar e conduzir nosso povo. profundamente católico e

anticomunista. Pelo contrário, sustentaram ·programas que cm muitos pontos se a~~mclhnm :lo socialismo pe-

ronista. Realizadas as c1cições, vários indí-

cios. graves e concordan1cs. sugerem fortemente a exis1ência de uma íraude cm favor do peronismo. levada a efeito nas urnas, nos centros computadores e nos painéis oficiais, com a cumplicidade de certa imprensa de esquerda. Es1a fraude consistiria cm aumentar a porcentagem de votos da FREJULI para fazê-la aproximar-se dos cinqüenla por cento. e cm diminuir proporcionalmente a votação an1iperonis1a dos partidos de Balbín. de Manrique e de outros. O pr6prio Presidente Lanu.sse reconheceu a existência de um ··erro de cálculo somente ;_uribuível a in,,oluntárias falhas humanas". E.'isc erro. segundo se deduz de cifras oficiais. é de nada menos que 1.781.686 votos (ver "Crónica··, de 12 de março). Que a eventual fraude seria cm benefício da FREJULI deduz-se do seguinte:

2 -

3 -

a ideologia de Lanusse coin-

cide cn, larga medida com a cio peronismo : apoio ao marxista Allendc. reconhecimento da China co,nunista. ameaça de reforma ~\gr:.\ria. autoqualificação de governo de ··ccntro-cs· q uerela·-_ etc.; o governo não podia ignorar que não hií quem duvide de que a CGT reria íinrmcindo ilegalmente a campanha do peronismo; 4 -

5 -

IOOOS concordam cm que O voto anti-Lanussc ajudou o peronismo. Lanussc, no último momento, forneceu-lhe grntuitamcntc essa bandeira: 6 - se a fraude tivesse sido ícita contra a FREJULI, por que não "diminuíram" para menos de 49 por cen· to sua votação? Se os outros partidos visavam bencíiciar•se da fraude, por que não pedem o segundo escrutínio?

A explicação oficial sobre o erro de cálculo. dada iniciahr1entc através do rád io. foi contraditada por outra. entregue posteriormente à imprensa pelos n,csmos funcionários. No que se refere às urnas, todas as noticias dos jornais e relatórios de presidentes de mesa afirmam q ue elas eram inso1itamentc pequenas; q ue :i fenda para inlro<luzir as cédulas estava absurdamente colocada do lado e não na parte superio r. como ser ia 16gico; que - por expressàs instruçõc.o; das autoridades eleitorais - as urnas. q uando_ cheias. eram violadas para se ajcit:1rcm :1s cédulas. o u mes· mo para tirar algumas, que eram guardadas i°l parte, sendo certo que. por esse rnesmo rnotivo, ou então por. que as urn::ts ,nem sequer chegaram às mesas. aconteceu até de se usâr para a votação caixas de sapatos ou sacos plásticos (ver ··Cr6nica .. e "La Prensa·· de segunda-feira, 12 de março). Um jornal do Capital não hesita em dizer que este pleito "mostrou ía;' cctas realmente ins6Ji1as, como não se haviam visto cm ourros", e que os fo tos :,cima· citados "provocaram protestos irritados dos eleitores que, nessa qualidade. se sentiam frus trados e ludibriados··. A História imparcial no futuro recusará ao pleito do din 11 o caráter de eleições sérias, pois onde há urnas violadas, não existe ve_rdadeiramente eleição. A existir esta fraude quase eviden· te, estar-se-ia prctendend'o escamotear o segundo escrutínio, imp.e:dindo q ue os partidos não peronistas se unam par:l derrotar a Frente. C:nquanlo isso os dirigentes, antiperonist:,s deveriam estar denunciando estes falos e exigindo do Governo uma investigação e um esclarecimento exaustivos a re.~peito das, anomalias no recebimento e na contagem dos votos: deveriam estar exigindo o segundo escrutínio. para salvàr o país

de um dr-ama espantoso como aquele cm q ue hoje está o Chile, submergido na miséria e nâ opressão. No entanto silenciam ou. se falam. é para ''adn,ü· tir" uma derrota inexistente. e até para somar-se à aparente conspiração oficial que tende a suprimir o segundo c.scrutínio. Exat:1mcntc o q ue foz Alessandri. dirigente pseucloconservador chileno, en, outubro de 1970, q uando d~istiu de concorrer à eleição pelo Congresso, visando facilitar a :,scensão de Allcnde. O q ue cstll cm jogo não são ambi· çõcs antagônicas de poder. (; a própria cs..~ência de nossa civilização cristã, são nossas inscituiçõcs fundamentais, os princípios morais mais ele.. mcntares e as liberdades individuais e dá nação. O peronismo é hoje mais socialista do que cm 1945-1955, e está mais claro do que nunca q ue é um instrumento do comunismo. Dentre os que votaram nele - desconta· dos os acréscimos feitos pela aparente fraude - poucos são os que quiseram realmente esse socialismo. Estavam, a11tcs, descontentes com o péssimo governo de Lanusse. Com base nestas reflexoos, os dirigentes antiperonistas --- com ou sem uniforme n,ilitar - têm um dever de consciência iniludível: ou reclamam energicamente uma investigação da fraude e um segundo escrutínio. e lançam uma verdadeira campanha ideológica para solvar o país, ou serão co11siderados 1>arn todo o sempre como infiéis a Deus. ao dever e à Pátria. A TFP levanta sua voz para marcar na fronte com o título de "Kerenskys" a todos os q ue se subtrniàm a esse dever. E para mostrar ao povo argentino que ela está de pé e na luta. e que, com a confi3nça inteiramente posta no Coração Imaculado de Maria, i1ão arriará seu estandarte nem deixaní de afirmar que o que cst1í lev:mdÔ o po vo argentino i, ruina não é a vontade exprc..~sa desse povo, mas um imenso e dcscar:1do "bluff'. de dirigentes "kercnskystas.. , c1"l''I meio a uma frouxidão, sem dúvida culpável. de outros muitos. Os resultados declar ados não refletem, pois, a imagem da Argentina. Não é verdade que esta seja unrn nação esquerdista, ou niais ou menos 50 por cento esquerdista, A Argentina autêntica, católica e anticomun~a, não deve deixar-se intintidar nem desalentar. Hoje se decide a sorte de nossa Pátria e existem forças e meios legais suficientes para se oporem à onda artificia l com a qual nos que· rem submergir, desde que se tenha vontade de lutar. Que Nos.~a Senhora de Luján, Rainha da Argentina. ajude nossa Pátria nesta hora crucial de sua história. Buenos Aires, 13 de março de 1973. / Pelo Conselho Nacional da Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, / Cosme Beccar Varela Hijo, Presidente: Carlos F. l barguren Hijo, Vice-Presidente; José Antonio Tost Tones, Alfonso Beccar Vorela, Jorge Maria Stomi, Vogais".

No átrio da Basílica profanada pela f ilmagem de cenas sacrílegas (pág. 4), tremulam as bandeiras das nações colocadas sob o patrocínio de Nossa Senhora de Guadalupe; à dire ita , a do Brasil.

Caixas de sapato: boas urnas de eleição? A respeito do manifesto ela TFP argentina, <11.1e reproduzimos nesta mesma página, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira escreveu o seguinte comentárío para sua coluna no nrntutino paulistano " Folha de São Paulo": OGO EM SEGUIDA à apu· ração das eleições realizadas cm seu país, a TFP platina publicou cm "La Prensa·• e outros diários portenhos, um manifesto que a História séria e imparcial registrará de futuro - segundo me parece como documento essencial para a compreensão do que se vai passando no país irrnão. O pQnto de visla em que se situa esse lúcido e corajoso documento, é a um tempo claro e subtil. E.spero ' C.nunciá .. 10 cm algumas frase.o;. Pcrón é o homem escolhido pelos propulso· rcs da "revolução com liberdade" para arrastar a Argentina pelas mcs1nas vias por onde vai descambando o Chile de Allcnde. Dado que o velho caudilho não dispõe mais do prestígio de outrora, tornou-se necessário fazer toda um:.\ manobr~, política a fim de empurrar rumo a ele impo rtanres setores eleitorais não peronistas. O grande instrumento da manobra foi o Presidente Lanussc. A péssima administração deste - atente-se, por exemplo, para a inflação galopante ante a qual ele vem sendo de uma ineficácia estridente - levantou no eleitorado profundo dcsconten1amen10. A atitude 1cairalmcn1c anliperonisla do General Lanusse teria levado assim grande parte dos deseon1cn1es a votar cm Perón, a título de protesto. Ademais. o antiperonismo a.cintoso de L.,nusse uniu em torno de Perón o justicialismo, de há anos gravemente dividido. Mas, de outro lado, e nun, plano mais discreto, o Presidente Lanussc tomou várias outras medidas realmente úteis a Perón. A tudo isto acresce que a divisão e a moleza dos "marechais·· civis dos partidos antiperonistas, a divisão das correntes centristas. que lançaram ca .. da qual seu candidato (cinco ao iodo) fac-e ao peronismo unido, o apoio dis· creio mas autêntico dos "sa1>0s·· e de uma boa parte do Clero a Perón, constituíram outros tantos fatores que serviram à aglutinação de um eleitorado majoritariamente antipcronista em torno de Cámpora, o '·homen, de palha·· de Perón. Esta visão das coisas, não a apresentou a TFP argentina ao público apenas depois das eleições, e s6 para explicar ··vaille que vaille" a vil6ria do candid:110 esquerdista. Ela a foi

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desenvolvendo bem antes, numa série de publicáções largamente vendidas ou distribuídas nas ruas de Buenos Aires e de Ioda a Argentina, e também noticiadas ou reproduzidas n;\ imprensa portenha e das províncias. E isto. sempre com a acolhida simpática de incontáveis transeuntes, ou leitores de jorn31. Entre estas publicações se destaca o livro penetrante e muito documenrndo "Los Kerenskys Argentinos-· (aparecido cm julho de 1_972). devido especialmente à pena brilhante de Cosme Becear Varela F ilho. São também de se mencionar os· seguintes manifestos: ··ver, julgar e ágir'· (de setembro/ novenibro de 1971) e "Di· reilo de abstenção: arma de onlenlieidade'· (de janeiro de 1973). A quem se interesse C:.'ipecialmente por estudar cm seu texto essa importante série de ;lnálises dn situação argent ina, a TFP brasileira po<le pôr-lhe ao alcance toda a documentação dada a lume pela valente co--irmã daquclcpaís.

• • • Foram só estas} as causas da magérrima vitória de Perón? - Não. Sobre a própria regularidade das eleições, o manifesto assinado pelos dirigentes da TFP argentina fornece dados de c.o;tarreccr. Transcrevo tcxtualrnentc o q ue ele contém a respeito". Depois de transcrever quatro parágrafos cio manifesto, prossegue o articulista: "Não con,pelc à TFP brasileira tomar posição oficial :rntc este desconcertante conjunto de anomalias:. Entretanto, isto de urnas violadas cm lárga escala, e de votos depositados cm caixas de sapatos, é coisa realmente de embasbacar ... J>arece-me importante que nosso público junte esses dados aos outros - tão numerosos - que a imprensa brasileira tem divulgado sobre o, acontc-c in1cntos na vizinha nação. Pois sem eles ficaria rcahnentc incomplct3 sua visão das coisas. Encerro esta nota informando que. publicado o manifesto contendo estes dados impressionantes, o telefone da sede da TFP de Buenos Aires não teve repouso, Diariamente os chama· dos oscilaran, entre cem ·e I 50. Quase todos de apoio. Alguns narrando irregularidades observadas. Outros. raros. lançando contra a TFP catadupa.< de ameaças e injúrias anônimas. perfeitaniente no estilo do que fazem os adversários da TFP em outros paises . .. ••


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ll DIKIS'fOR : M oN:>. A N'l'O NIO 1{1(1JJIRO 00 R OSAKIO

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23 de maio de 1948, uma data histórica

HÁ VINTE E CINCO ANOS, . D. ANTONIO DE CASTRO MAYER ASCENDIA À PLENITUDE DO SACE.R DÓCIO

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DE

1973

ANO

XXIII Cr$ 2,00


Reprod1.Y.ein,os da "Folha de São Paulo" estes dois artigos em que PGnio Cor,êa de OJiveira trata das repercussões do manifesto no qual a TFP chilena afirma que a Hierarquia vem desempenhando relevante papel na comunistizas ão de,seu país e que parte da responsabilidade por isto cabe a Paulo VI. l).lém ele t r echos de cartas em que 0\12:e Sacerdotes chilenos externam seu apoio ao incí,sivo pronunciamento da entidade, o articulista transcreve o relato de diretores desta residentes em São Paulo, que esclarecem a verdadeira atitude do Episcopado andj_no e1n face da Escola Nacional Unificada, un1 projeto de Allende para impor um sistema educacional i11teiramente marxista. Pouco de,rois da publicação do manifesto da Soci.edade Chileua de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - cujo texto estampan1os eç1 nossa edição de março - as agê)1cias internac.i_onais difundirau1 despachos de Santiago que pareciam desmenti-lo: haveria sér ia divergência eu.tre a Hierarquia e o governo a respeito da ENtl. O noticiár.i.o dos jornais chilen.o s, cont udo, deixa claro que a alegada energia do Episcopado não é r eal, e que a atitude dos Bispos continua sendo a de apaziguar a justa indignação da opimão pública ante a in,plantação do co1nuuism_o no Chile.

Repercussões do manifesto da TFP chilena Onze Pa d res va l entes •

TFP CHfLENA publicou, há cerca de um mês e meio, neste jornal, um manifesto cm que mostrava, com elevação e coragem, como o avanço vitorioso do progressismo na Hierarquia, Clero e laicato do país andino importou na implantação e consolidação do regime marx.ista. O processo de autodemolição da Igreja - sirvo-me de uma expressão já cé!, bre de Paulo VI estendeu-se da esfera espiritual para a temporal, e vem produzindo a demolição do Chile. O documento produziu entre nós tão geral e funda impressão, que por certo estará ainda na memória de todos os que lêem esta folha . Comentando o pronunciamento de meus brilhantes amigos andinos, fiquei de informar os leitores, cm tempo oportuno, acerca das repercussões daquele manifesto no Chile. Hoje, transcorridos 45 dias da publicação dele cm Santiago, venho desincumbir-mc do prometido. Como é óbvio, minha fonte de informação é a própria TFP chilena.

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••• Da parte da Hierarquia, o que se passou foi lamentável. Logo depois da divulgação do manifesto, os seus signatários receberam dois telegramas, enviados com pequeno intervalo um do outro, convocando-os a comparecer à Cúria. Ali apresentou-se um deles, o advogado Andrés Lecaros. Recebeu-o o Bispo Mons. Oviedo, Secretário da Conferência Episcopal do Chile. A discussão entre ambos se entabulou desde logo, ácida da parte do Prelado, resp_eitosa mas muito firme da parte do Sr. Lecaros. Ela se ci1cerrou com a declaração de Moos. Oviedo, de que com a TFP é impossível dialogar, porque é muito intransigente. - Como se não fossem intransigentes os líderes comunistas, com os quais os Monsenhores Oviedo que há por toda a face da terra, mantêm animado e ameno diálogo .. . E ficou nesse encontro a portas fechadas, a reação da CEC a um manifesto de tão alto quilate e vasta repercussão!

O q11e os Srs. exprimira,,. [em seu manifesto) [ . .. ] aprese11ta uma luz de certeza para incontáveis chile11os que se debatem e,11 111eio ao erro e à co11ft1são. Creio q11e 1111,itos setores i11teressados em semear esta co11fus,io preferirão guardar wn prude11te silêncio. Que outra atitude p0deria1n adowr, qua11do os fatos aprese11tados e as apreciações feitas, não apenas são de 11otoriedade pública, mas fiel expressão do que ensina nossa Santa Madre Igreja?"

• DO PE. RAYMUNDO ARANCIBIA S., DE SANTIAGO ( CARTA esTAMPAOA NOS OIÁRIOS "LA TERCERA Dll LA HORA" DE 11 DE ABRIL, "TRIBUNA" DE 12 DE ABRIL E " EL SUR" DE 13 DE ASRIL): "[O manifesto da TFPJ co11té11, 111110 dura crítica à atuação que tiveram, e,n nossa Pátria, os homens da Igreja, durante os últimos te111pos. Os cristãos, e e11, especial os Sacerdotes, J'ofremos muito profu11dame11te quando se 1or11a111 necessárias estas publicações, pela raz,ío 11111/Jo shtiples de que 11el(IS sai mal colocad,1 a Hierarquia, Mãe comuni de todos os fiéis. ( .. . J Não sou, entretanto, daqueles que a priori rejeita111 roda crítica, par considerá-la senrpre uma irreverência 011 um /JCca(/o, Existe111., se11, dúvida, diversos tipos de crítica: a que se faz por 6dio ou pelo simples afã de achar tudo errado; e a que analisa serena111e11te os fatos, tira co11clusões adequadas, discerne respo11sabilidades, e procura re,11édios para curar o mal. A que os Srs. faze,n pertence ao segun(/o tipo, •uma vez que 11ão critican, 11wvidos pelo 6dio, mas pelo amor que têm à Igreja. Co,n 11111a /ing11age11, respeitosa, aµon" ta,n os faros ocorridos e, indicando as causas que lhes deram origem, deduze11i conclusões 16gicas e propõem soluções construtivas. [ ... ) é espa11toso verificar que 111uitos Sacerdotes interessados 11a sorte dos que trabalham, tenham. ido buscar precisa111en1e 11uma doutrhu, co11denada pela Igreja co1110 i11tri11secame11te perversa, a solução desses /JrOble111as [a questão social), como se 11as E11cíclicas 11ão estivesse,11 a melhor e mais cristã <ias soluções. Essa atitude débil e i11decisa ame o avanço dos erros marxistas; a doutrina, sustentada de forma descarada por muitos 111i11is1ros de Deus, de que se pode J'er bo,11 cristão e , narxista, ao ,neJ·mo te111110; a política da mão este11dida,

• *• Entretanto, para l!onra do Clero e alegria de nossos corações de católicos, vários Sacerdotes de valor e coragem manifestaram seu apoio à TFP chilena. Eis alguns excertos das cartas que escreveram:

"E tristíssi1110 constatar, e os Srs. o fazeni co,,. ab1111dância de documentação,' i:011w da atitude ta,uas vezes débil, vacilante ou errada de certos Sacerdotes, o ,narxismo soube tirar abundante proveito para consolidar sua dominação sobre nossa Pátria.

"Senti111os o dever de fazer-lhes chegar o nosso público apoio e o 11osso ,nais sincero aplauso à posição assu111ida /JOr essa entidade no 111anifesto íntit11lado "A autode,110/ição da Igreja, fator da de1110/ição do Chile". ém face da atitude que adotou grande parte tios 111embros do Clero em relação ao processo de co111unistização que se abate co,110 111110 "procella tenebrarum" sobre nossa Pátria. so111e11te nos cabe 11ia11i/eJ·tar nosso repúdio ao si-

lêncio e cu111p/icidade e,n que os mesmos incorreram. Pe11samos, como os Srs., que esta atitude corresponde à grave crise em que se encontra a Igreja Cat61ica, crise essa que o pr6prio Paulo VI designou como 111» "processo de autotlemolição da Igreja"; e que, portanto, cabe ao Clero uma grave responsabilidade par tal processo, 110 Chile. Não querendo incorrer na ,nesma omissão, aµoiamos a declaração dos Srs., por estar ela e,n inteiro acordo co11, os 11rais ge11uí11os ensina,ne11tos de nossa Sa11ta Madre Igreja".

• Dos PADRES ARTURO FUllNTES T., CAPllLÃO DAS IRMÃZINHAS OOS POBRES, E BllRNARDO LO.SOS M., PROFllSSOR DO Liceu li Dll HOMENS, Dll CONCEPCIÓN (DIÁRIOS "LA TllRCllRA Dll LA 'HORA" DE 9 DP. ABRIL, "TRIBUNA'' DE JQ DE ABRIL, ll "EL SUR" Dll 11 Dll ABRIL): "Concordamos ple11a111ente com toda a visualização que os Srs. dão da realidade chilena. Ao co11siderar o silêncio e, e11i algu11s casos, a colaboração do Clero, co1110 1111, dos fatores 111ais importantes do processo de comunistizaÇão e,n que se afumla ,wssa queritla Pátria, os Srs. tratam do problema co,n toda a seriedade, 11wstra,1do faros i11controvertíveis, expostos de wna ma11eira inteira111e11te respeitosa. ~ u,na e,wr111e alegria para n6s, como Sacerdotes, constatar que neste ,nomento tão crítico da vida da Igreja e de 11ossa Pátria, haja leigos que ass11111a111 a defesa dos mais genuínos princípios de sua Religião, enquanto os que deveria111 fazê-lo, se cala,n".

Dos PADRES REINALDO DuRÁN CH., PÁROCO DE SÃO ROSENDO, FRANCISCO J , VALENZUELA, PÁROCO DE LIRQUéN, E FRANCISCO VllLOSO C., PÁROCO DE SÃO JOÃO DA MATA (OIÁRIOS "LA TllRCERA DE LA HORA" DE 10 DE ABRIL, "TRIBUNA" DE 11 DE ABRI~, ll "EL SUR" Dll 12 DE ABRIL):

MANIFESTO DA TFP CHILENA

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• Dos PADRES FRANCISCO RAMÍREZ, PÁROCO Dll SANTO AGOSTINHO, JOSÉ GARCIA, VIGÁRIO-COOPERADOR, BeNEDICTO GUINÉS, E Lu1s TOLEDO ScH., PÁROCO DO SUBÚRBIO DE CARLOS MAHNS TOM.É, TODOS DE CONCllPCIÓN (DIÁRIOS "LA TllRCllRA DE LA HORA" DE 8 Oll ABRIL, "TRIBUNA" DE 9 DE ABRIL, E "EL SUR" DE 10 DE A8RIL):

• Do PE. ÜUILHERMO VARAS A., DE SANTIAGO (CARTA PUBLICADA NOS JOÃNAIS DIÁRIOS "TRIBUNA" E "LA TERCERA DE LA HORA", OE SANTIAGO, DE 7 DE A8RIL, E "El. SuRt', Dll CONCllPCIÓN , Dll 9 DE ABRIL): Depois de declarar que lera com muito interesse o manifesto da TFP, prossegue:

q11e advoga 111110 fra11ca colaboraç,ío com o comunismo o que, tudo, aco11teceu sem que 11i11g11ém atalhasse tais tra11sbortlamentos - ,lera,,, co,no fruto essa debilidade e i11tliferença dos cat61icos diante deste açoite, e criara,n o "clin,a" propício para que se entronize no Chile o marxis,110, que o está leva11do ao caos. Co111 toda a razão, os Srs. protestam por causa destes aco11recimentos, e com perfeita 16gica tira,11 a co11seqüê11cia que serviu de título ao seu folheto. [ . .. ) Deus continue a ajudá-los nesta obra que empreendeni com tanto zelo e sacrifício".

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"Não p0de111os se11ão concordar e dar 11osso calorosa apoio ao manifesto [da TFP), que cita fatos de domínio público e, porta11to, irrdiscutiveis. Esses fatos ou omissões vê11, escandalizando e co11fundêndo os fiéis. Con• isso, o ,narxismo, inimigo tio Catolicismo, se viu fortalecido. Não queremos que nosso silêrrcio seja i11terpretado como 111110 aprovação do marxismo, for,nalmente condeCONCI.VI NA J>ÁGI.NA

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.Jll'OLIOISMO rende, neste nún,ero co11ietnOrativo, su<t ho,nenage,n ao Ex-n,o. S r. 8isJ10 Diocesano. Pr,estar lion,enage11, JJOde ser, às vez-es, tarefa difícil e até esvinhosa. Conto fazer quando o ato, in•posto 1>elas circ,uw.târici«s, não encontra na vidt, e na obra "do hon,e· nageado titulos que o justi,fiq1,e,11,? O ernbaraço vode não ser tnenor qrw,tdo esses títulos são pouco conhecidos ott pouco UJJreciaclos pelo príblico. En, tal hi]Jótese se in~põe todo u,n esforço de docu,nentação e análise, cujo n,enor inconve11ie1,te aind<t é gra,~: dá ii hon,enagen, 1ttn caráter de tese histórico-tlorttri,11.ária e,n ttClda consentâneo co,n ClS circrtnstiincias festivas (/Ue lhe servent de ocC1sião. Nada disto ocorre no presente caso. A personalidade de D. A.ntonio de Castro Mayer - se,npre destctcClda, graça:1 a seus dotes ele inteligência e cult1tra - foi e11treu1nto inconi,1reencli<la en, 11n,itos períodos <le s1ta vi<la. Con,eçort esta inco,n[Jreensão nos prin,eiros ,11,os da <lécada de 4Q, quando, joven, e brilhante ~igário Gerc1l <la Ação Cc1tólic-a d~ S«o Pc1ulo, con,eçort S. Exci<1. Revnw., e11, colabor<tção con, a equipe ele leigos qtte <10 n,es,no te11,po dirigiani o hebdo1,uulário de c1tlt1tra religiosa "Legionário" e for111a· VC111t a Jruu.a A rqui<lioces11na (la A_ção C11t6lica, a lrttCI contra os gru110s e as doutrinas de <JtLe 11asceria vinte anos mais tar<le o chantC1do vrogressi11)no cC1tólico. Mariu,inisnio, 11olítica ele ntâo estendicla co11• o co,,u,nisnio, den,o-cristianis,no es,,uerdista, revolta contrCI o caráter hierárqrtico da Igreja, relaxanie,r.to <la n,odéstia cristã, Lit,,rgicismo,, erros sob1re o Corvo /t,f ístico, t1tdo isto fo.r,nava então ""' n<llgtn<i de t~ndênci<ts e de doutri,ws expr,essC1s airtdll co)11, cautelosos véus, ,nas q1ie já deixC1vC11n transp<trecer o tenebroso f uti,ro qrw nos 11repararian, se não se atalhasse o perigo no nC1scedo1tr.o. E111. junção desse q1t<1dro, hllvia os entus'iastas declareulos: q1tase todos estão hoje rJaS fileirClS progressisUts. HCl· via també11t os si11i1,atizantes cornodisulS, (JlLe fingi<11n não ver o perigo. 11orq,.i e não o q,., eriC11n co,nb1.1ter. H.c,via 71or fin, o., elis11licerúes e os ingê1nios, eiue real,nente não via11i. 'J'1ulo isto co,1,,,tituía uma grande 11wioria, irnpressionante pelo 11restígio e 1uí11iero de se1ts a<lerentes. NesUt sit,ta· ção, aUIC<lr os erros nascente., i11,p"Ortava artton,atican,ettte etti cottfittClr-se nu 11ia 11ee1rtena 11tino'ria i1ij11-sU111tettte des· 11rezC1dll, isolllda, persegrticla. iVo 111.a,io das vC1ntagens terrenC1s, " opçã<J que assin, se clelineavll era clarC1. De utti lado, o Cllttiittho das ho1ir<1rias e do so11sego. Do o,ttro lailo, o ela {r,ta, do ostrC1cis,no, da

Cru~. Tendo trtdo " esper<tr - por sua inteligência íntpClr, s1ta grll1ule c11,ltrtra e sua 11ersonalidade brilhante se trilhasse o prin,.eiro cC111iinho, e trtdo <t recear se e1íveredasse velo segurulo, Mons. Anto,tio ele Castro Mayer pre· f eri1t este 1íltin1.o. 'Est<t opção fu1ula11ientaL 111,<1rco;, tl<tí. 11.or diante toda a SrtCI atrtação. A~ co11ie11iorC1ções jubilares não constituen, ocasião 1>rovícia 1wra le,nbr<tr nen,, as persegriições es11e· t(lc1J<1res, uent <lS inj1istiç<1s qrte ele teve ele sofrer - e- coni <Jtt<11ita digni<la<le - 11or isto. Aliás, todos as conhece11i. Dir-se-i" que s,u, iu esvera<la e 111.ereci<la vronioção ao Episco11C1do e),i 1948 haveria ~ 11,arcar o fin, ,la tornie1tta. Pelo con trário, esta se estenderia a 1tm can,,,o ttwis vasto. <>ois c<11la Bispo é 11111.<1 perso,nlllidade para qrien,. cotLverg,ent os olhos, já n.ão 11u1is dos fié"is de tuna Paró<11ti<1 Ott <le 1,,,,a Diocese, 111.as do PC1ís iriteiro. E assi11,, ainda q1,e nã.o qrie-

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· rendo, li re71ercussão dos feitos e gestos elo 'lutador 7,assCI· ria1n a alcan çar llgora todcis as fronteirlls do Brasil. É vren,aturo publicar C1 histórw do 11,uito que D. M.llyer, tLestes vinte e cinco anos, lutori pelei boC1 caustl' na árdrta arene, dos bastidores. QriC1nto à l1,tC1 qtte tr·<1vo1, por seus escritos, di.lo orttró artigo elestà noss<t edição. Enquanto este combate extrêrl.lt-0 se ili tr<1vartdo, S. EJxcia. ili sertdo apontado cada vez n,ais, v ela vasta coligação de progressistas, cr~ptopr.ogressist<ts e co,nodistas, con,o itLtransigente, ntClrtÍ<tco, orgrtlhoso, indiscipli,welo, etc. Mas, pari passu, o progressisn,o, q,,ie procur:llva i1iu1or ao vC1lente Bispo rttna 11uísc<1rC1 ceilrtniosa, ill tirando su<1 própr,ia rnáscara. E co,n isto a relllidade dos fatos se ilrtnti• ,uiva retros pectiva11,ente desde as 1>ri,neiras e longíttquas pug,ws dll déc<1<la ele 4Q até o dia <le hoje. Assi,n, para todos os es11íritos lúcidos e i11tpll1·ci<1is se foi tornanilo p<ttente a coerência e C1 beleza elos tt1ttnerosos atos de coragem e renúncia que pontill,a,n a trajetória de S. Excia. Revnta. As cartas estão sobre a niesa. Há qne,n não cottcor<ill co11, D. Mayer. Não é 11wis possível não o etttender. Bispo, votado inteir<111iente serviço da ortodoxia, fez do cuttipri,nento ta1ttas vezes árdrto deste dever, <t tônica da srta vida. Esta frase é e11t si 11,.esnta " niais rrítilll das ho1,ienagens• ..

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\ No ,,iom ento e,n que estas linhC1s slle,n a público, o tto11ie <lo S'r. Bi-spo Diocesano reboli nwis 1Lnta vez por todo o Pllís, e transpõe· nossers fronteir<1s. Os heróicos pr:opagandistas ela TFP estão terntinand-0 un,a ca11ipanlw eni qrte percQrrera11, 1009 cidades, vettdet•· rlo 89 tttil exe,npl<tres da recettte P-Clstoral de S. Excia. sobre os CursiU,os d~ CT'isUt,ulade. Entre os exe11•plares vendidos, se inclrtent 7 2 niil ela edição ele eleze,nbro p. T'· de "€atolicisn,o", e1n (Jue o in•portante docun,ento foi reprO· duzido na ítttegrC1. Por certo, ao longo <lesta ca11,11C1nha, a voz da calúnia 11e fez ouvir numeroSCIS vezes. As acrtsações 11,ais fantllsiosas e arbitrárias for,an, 11ssacC1das ao Sr. Bispo. Tacharani-no até de he rético e· de cisttiático. MCIS o 1>rogressis1no já se revelou (le corpo inteiro, e essas vozes, ,,,~ outrora teriant sido s11,f icientes 11arC1 pôr a 11ique qitalcjlter catttf}C1tthC1, não i11,piuliran, que esta cilcan· çasse uni êxito s1&perior ii. expecUtJiva. Revelart<lo-se de corvo inteir:o, o progressisniQ ,üss~)101t llS dúvidlls, e por antítese torno,,,. clar<t, tan,bém e,,. todll a sua ertvergad1trll, " at1u1çáo do Sr. D. Antonio de Castro Maier.

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Os vínculos que ligC111t o Pastor às obras de srta Diocese, a consoniincic1 de rlortt1'i1tCI e méto<los, li convivê11.cia co'ttS· titriern 11or certo naturais /,atores <le C1feto e re1111eito. É be11, de ver qri<trtto estão preS!?nte-s tteStll ho111e11age11, qrte " CCltO· licisrno"' /JresUt CI S. Excia. R ev,na. Há entretanto ttm fator que, <le certo ponto de vist", une 11,ais C1irt<la. Esta folha - con,o aliás t<111,be,n " gl-0.riosa e benemérita TFP - tem estC1elo at<tclll ao niesn,.o pelourinh<J que S. Excia., e 0011, S. Excill. te11, vertulo o sa,ig1ie. Honra i1isigne, alegria iTLsigne, qtte confere a esta hornenllge,n ,una en,oção es11ecialíssim.a, CI q1tal nos é grato registrar aq1,'i.

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Arauto

Um Bispo conhecido e admirado no mundo todo

....

meio a ,,,.

N

ASCEU D. ANTONJO de Castro Mayer na t,adicion3I cidade paulista de Ca.mpinas, cm 20 de junho de 1904. sendo seus Pais o Sr. João Mayer e Da. Francisca de Castro Mayer. Aos doze anos de idade matriculou-se no

Scmin:lrio Menor de Bom Jesus de Pirapora, onde,

sob a direção dos Rcvmos. Cônegos Prcmonstratcnscs. fez seus estudos secundários. E m 1922 in· grcs:sou no então Seminário Arquidiocesano de São Paulo: seu raro talento e aproveitamento nos

estudos chamaram logo a atenção dos mestres e levaram o grande e saudoso A rccbispo paulopolittmo O. Duarte Lcopo1do e Silvn a enviar para. Roma o jovcrn levita , a fim de lá cursar a Uni•

versidadc Gregoriana. No dia 30 de outubro de t 927 o Cardeal Basílio Pompilij, Vigário Geral de Sua Santidade, conferia-lhe a ordenação sacerdotal, na Igreja do Colégio Germânico. Logo depois o Pe. Antonio de Castro Maycr recebia na Pontifícia Universidade Grcgol'iana a láurca de

Doutor cm Sagrada Teologia. Retornando ao Brasil, o jovem Sacerdote íoi pouco depois designado professor do Seminário Arquidioce.sano de São Paulo, cujo corpo docente era i ntcgrado por uma plêiade de intelectuais de

c.scol. Duranle irczc anos o Pc. Maycr lecionou Fi losofia, Histórfa da Filosofia e Teologia Dogmática. A foma que grangcou como mestre, sobretudo nesta última disciplina, não fez 'icnão fir·

mar-se com o correr dos anos. dando-lhe o juslo renome de um dos m~is eminentes teólogos do

Brasil.

testo do Ação Católica de Sãa Paulo À

Em 1940 o Arcebispo D. José Gaspar de Af(onsec.a e Silva chamava o Pc. Mayer para seu colaborador direto no âmbito pastoral, nomeandoo Assistente Geral da Ação Católica Arquidiocesana, en1ão cm fase de organização. Nesse novo e c~pinhoso cargo pôde S. Revrna. manifestar um outro aspecto de sua grande e rica

personalidade, qual seja a extraordinári a capacidade de descer das mais altas e serenas paragens do estudo <la Teologia, para a vida de aposlolado toda trançada de mil pequenos problemas de ordom eminentemente concreta e prática.

As excecionais qualidades apostólicas do Pc. Maycr lcva·ram-no desde logo a imprimir notável desenvolvimento à Ação Católica e a constituir

Su:, atuação

t,

fren1c da P:,r6qui" de São José

do Belém. embora de curta duração, foi de tal modo fecunda e benéfica que, quando Pio XII elevou S. Excia. à dignidade episcopal como Coadjutor do F.xmo. Arcebispo-Bispo de Campos, não se sabia o que preponderava entre os paroquianos,

nhccimcnto direto da situação espiri tual e ma~ teria! ele seus diocesanos. e pôde cn,prccndcr uma profunda e salutar reorganização da vida paro-

sentem quão inestimável dom é um timoneiro se·

se a alegria pela merccidíssima promoção, ou o pesar pungente da ~-eparação.

sobretudo no$ bairros periféricos de Campos e na zona rural. D. Antonio resolveu satis(atoria, mente uma velha pendência entre a Diocese e a Ordem Terceira de São Francisco, possibilitando

A Santa Igreja vê-Se hoje sacudida violentam.ente pela maior crise de sua história. Os fautores da heresia progressista, atuando ora aberta ora

A sagração episcopal foi soleníssima

~1ssim a rcaberturn ao culto divino da igreja do venerável sodalício, a ml'lis antiga da cidade, da-

A 6 de março de 1948 o Papa .Pio XII nomeava o Cgo. Maycr Bispo titular de Priene e Coadjutor. com direito de sucessão. do vcneran·

do Arccbis:,o-Bispo de Campos, D. Otaviano Pereira de Albuquerque. No dia 23 de maio, Domingo da Santíssima

Trindade, o então Núncio Apostólico no Brasil, mais tarOe Cardeal D. Carlos Chiarlo. elevava Mons. Antonio de Castro Mayer li plenitlldc do Sacerd6cio. A cerimônia da sagração teve lugar na atual Basílica de Nossa Senhora do Carmo, cm São Paulo, com cxtraordin;\ria solenidade, sendo

Co-sagran1es os Exmos. Srs. Bispos de Piracicaba e Jacarcz.inho, O . Ernesto de Paula e O. Geraldo de Proença Sigaud. S. V. D., e Paraninfos S. A. !. R. o Príncipe O . Pedro Henrique de Or-teans e · Bragança e o _ Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. No dia 13 de junho, o novo Bispo celebrava seu pri•

mciro Pontifical na sua querida Paróquia de São José do Belém, e pouco depois partia para Campos. A 3 de janeiro do ano seguinte, pelo falecimento do saudoso Arcebispo-Bispo, D. Antonio de Castro Mayer ascendia ao sólio episcopal de uma das mais importantes circunscrições eclesiásticas fluminenses. que na ocasião abrangia um terço da área do Estado do Rio.

Qualidades de Pastor os mais exímias Enquanto viveu D. Otaviano, conduziu-se O. Antonio de Castro Maycr, na delicada situação de Coadjutor, com tacto, nobre discrição e filial carinho. Assumindo o governo da Diocese pelo falecimento do venerando Prelado, pôde S. Excia. Revma. revelar cm toda a plenitude as suas qua-

tando do período colonial. A igreja da Venerável Ordem Terceira do Carmo, também colonial, foi reformada para atender às necessidades do culto. A pedido de S. Excia ., a Catedral foi agraciada com o tílulo de Basílica Menor, por Ato ponliIício de 11 de dezembro de 1965. Em virtude d~t carência do Clero secular, recorreu D. Antonio de Castro Maycr às Familias Religiosas já estabelecidas no Bispado, e promoveu a vinda de outras. contando agora a Diocese com a cooperação de Beneditinos, Carmelitas Descalços, Crúcios, Salesianos, Redentoristas, Assuncionistas. Procurou também S. Excia. Revma. atrair ,p ara aqui novas Congregações femininas que se dcsincumbisscrn de tarefas auxiliares como ;L assistência a hospitais, educandários, asilos, etc., não só na cidade episcopal, como também nas localidades do interior.

Para a formação do seu Clero empreendeu D. Antonio a fundação do Seminário. Em terreno doado à Mitra no Município de Varre-Sai - cm recanto aprazível e muHo propício ao estudo e ao recolhimento - foi erguido o prédio que, desde 1956, abriga os candidatos ao ministério ~acerdotal diocesano. Co,nplcmcntando sua obra, S. Excia. Rcvma. obteve da Sanla Sé, cm 1967, a autorização para estabelecer no Seminário também o curso superior. O curso de Teologia foi mais tarde transferido para Campos, e instalado nas amplas dependências anexas à Matriz do Terço. Dos dezessete Sacerdotes ordenados por D. Antonio, quatro estudaram no Seminário de Varre-Sai.

Especial carinho mereceu de S. Excia. Rcvma. a instrução -religiosa dos fiéis. Durante anos tomou a si pessoalmente o _curso de formação de catequistas, e inslituiu as manhãs de recolhimento para eslas, numa aplicaç.'io prática da doutrina desenvolvida por D. Chaulard, de que a vida interior é a alma de todo o apostolado. Promoveu ainda as semanas de formação catequética, cujos resul-

Junla Arquidiocesana de AC, Plínio Corrêa de Oliveira. Ao mesmo tempo. sua reputação de um dos melhores conhecedores da controvertida doutrina da Ação Cat61ica se dilatava por lodo o Brasil. Em 1941, foi S. Revma . nomeado Cônego Catedrático do Cabido Metropolitano de São Paulo, no qual a Santa Sé lhe conferiu a dignidade de Tesoureiro-Mor. Pouco depois era elevado a Vigário Geral, preposto a Ação Católica. Foi nessa qualidade que, por comis.são do Exmo. A recbispo Melropolilano, deu o imprimatur ao livro-bomba

deliberações mais intrépidas, das atitudes mais de·

Logo nos primeiros meses de sua atuação cm

de Plínio Corrêa de Oliveira, "Em Defesa da Ação Católica", publicado cm 1943. Ourante todo esse tcmJ>O, Mons. Antonio de Castro Mayer exerceu lambém as atividades de Assistente Eclesiástico e apreciado colaborador do ''l..egiooário,', órgão católico de funda repercussão não só no Brasil, como também no Ex1erior. então sob a direção de Plínio Corréa de Oliveirn . Na vacância da sede metropolirnna por morte do Arcebispo D. José Gaspar, o Vigário Capitular Mons. José Maria

sassombradas, quando está cm jogo, direta ou indiretamente, um princípio doutrinário, uma ques•

Campos, empreendeu D. Antonio de Castro Mayer a -reestruturação das associações religiosas e de apoMolado. Fundou a Federação das Congregaçôc.s Marianas, deu novo impulso à Federação Mariana Feminina e aos demais sodalícios existentes. Incentivou a entrada dos fiéis nas Ordens Terceiras estabelecidas na Diocese, as quais tem cm grande apreço, especialmente a Venerável Or-

Monteiro convidou para seu Auxiliar a Mons. Cas-

tro Maycr. Transferido, cm 1945, o cargo de Vigário Ecônomo da populosa Paróquia de São José do Belém, ocupou S. Revrna., ao mesmo tempo, a cátedra de Religião na Faculdade Paulista de Direito e a de Doutrina ${)cia1 Cnt6Lica na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras "Sedes Sapienliac'', ambas da Pontifícia Univorsidadc Católica de São Paulo.

J""ª

tão que possa redundar cm prejuízo para o bem

espiritual de ~cu rebanho ou para a honra da Igreja. Homem verdadeiramente apostólico, sabe ser um )cão para defender os direitos de Deus, e um cordeiro para sacrificar a todo instante seus interesses pessoais mais ·legítimos. ~ o que explica a admiração e o carinho que ele tem susci· tado cm torno de si nestes vinte e cinco anos de fecunda atividade e1')h::eopal.

Reorgoniz:ação do vida paroqu ial e fundação do Seminário Ao ascender ao . sblio diocesano, u11c1ou S. Excia. Rcvma. uma· série de visitas pastorais. per. correndo cm todos o.~ sentidos o extenso terri· tório sob sua jt1risdição. Adquiriu assim um co·

tados se fizeram sentir sobretudo nas zonas rurais,

onde a catcqu'csc mais se ressentia da falta de pessoal docente. Além da instrução religiosa dada nas escolas e nas paróquias, há perto de cent'o e cinqüenta centros de catecismo para adultos e crianças, espalhados por toda a Diocese, tendo à frente um catequista, congregado mariano, filha de Maria ou membro de alguma outra associação.

Campas renovado pelo Sagrada Eucaristia

dem Terceira do Carmo, de que é irmão professo. Intensificou ainda a obra dos retiros espirituais

fechados para congregados marianos e filhas de Mar.ia, no que foi seguido pelos Párocos do interior da Diocc.~c; para as out1·as associações realizam•sc os retiros chamados abertos. E o povo cm

geral tem sido beneficiado por Santas Missões: o Sr. Bispo promoveu trê.."' Missões gerais diocesanas, uma pregada pelos Revmos. Padres Redentoristas e duas pelos Rcvmos. Missionários Capuchinhos: no âmbito paroquial. muitas outras Missões tên1· sido realizadas com grande fruto. CONCLUI NA l'.(CINA

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a nave, que os tripulantes mais vivamente

quial. com a criação de novas freguesias e o estabelecimento ou restauração de numerosas capelas,

lidades de Pastor. Teólogo consumado e observador arguto da realidade contemporânea, vem D. Antonio publicando para a orientação e ensino de seus diocesanos uma série de documentos - Circulares, InS.· truções, Cartas Pastorais, etc. - que honram a cultura õclcsiást ica brasileira e merecem nesta nossa edição todo um capítulo à parte. Como homem de governo, distingue-se S. Excia Rcvma. por sua operosidade e firme1A1, De temperamento afetivo, de ,trato si,mp!cs e amávc1, dis• posto a ceder sempre e a tudo conciliar - quando a conciliação não importa cm inconveniente senão para ele, o Sr. O. /1.ntonio de Castro Mayer é capaz. das intransigências mais irredutíveis, das

cm torno de si um valoroso grupo de auxiliares, entre os quais se destacava o então Presidente da

E

NOS MOMENTOS angustiosos da tempestade, quando o mar agita furiosamente

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guro.

V'Cladan,cntc. confundem as consciências. As concepções mais abstrusas ou mais monstruosas, as reivindicações mais demolidoras, campeiam na Ci .. dadc Santa, intensa e ostensivamente. E até de só-

Devoção à Virgem, constante adm irável de • São Luís Maria Grignon de Montfort, o grande mestre da devoção marial, mostra cm seu Tra.. lado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem

que o amor accndrado à Mãe de Deus é o traço mais característico das almas verdadeiras apostóli· cas. Ele o será, a forliori, do Bispo - constituído por Deus para reger, santificar e ensinar o povo fiel. Esse lraço marca admirávelmentc toda a atuação do nosso insigne Prelado, e muito especial-

mente sua obra doutrinária. S. E xcia. Revma. iniciou a série de seus escritos de magistério por uma Carla Pastoral especialmente dedicada ao louvor da Rainha dos Céus ( 11 de outubro de 1950), na oportunidade da definição do dogma da sua Assunção. Além da piedade madana, e com ela conexas. essa ·pastoral jã traz outras notas que caracterizarão a ação apostólica do egrégio Antíst ile: fé t)rofunda, alicerçada numa ciência teológica sólida, vigilância solerle ante as novidades disseminadas por um?, pretensa ..Teologia Nova". A seu amor íilial pela Virgem Imaculada de: vemos igualmente a primorosa Carta Pastoral sobre a preservação da Fé e dos bons costumes, escrita cm 2 de fevereiro de 1967, por ocasião do 250.º aniversârio do encontro da milagrosa imagem de Nossa Senhora Aparecida e do 50.0 aniversário das aparições de Nossa Senhora cm Fálima. Constitui esse documento uma defesa vigorosa e solidíssima da devoção a Maria Santíssima frente aos ataques soezes da conjura progressistà.

Denunciando os erros contemporâneos Desde o início dê seu pontificado, o Sr. D. Antonio de Castro Mayer adotou, cm meio a múlliplas e absorventes ocupações pastorais, uma atitude de vigilância contínua cm relação a um fenômeno tanto mais ,perigoso quanto era subtil e disfarçado. Não escapava à sua argúcia, com efeito, que a fermentação intensa e scmi-oculla dos germes que v.iriam a provocar a presente infestação progressista, constituía um perigo quiçá mais terrÍ· vel do que as formulações heréticas propriamente dilas. Esta fermentação era caracterizada pelo empenho oboossivo de "modernizar" a Igreja. Resultava ela da inoculação nos meios católicos. da Revolução igualilária, gerada pelo orgulho e pela sensualidade, e que corrói o Ocidenlé cristão desde o declínio da Idade Média. Assim se compreende que por "modernizaçãoº se entendes· se tudo quanto era de molde a favorecer as paixões de.')Ordcnadas, e a dar cidadania dentro da Igreja aos erros delas oriundos. Desse modo, a onda "'modernizaclora'' buscava solapar o princípio de autoridade; minimaliz.ava a ascese e a necessidade do domínio das paixões; apregoava uma novn espiritualidade e uma nova

estratégia apostólica que punham entre parênteses o dogma do pecado original e, de fato, favoreciam ;,1

sensualidade.

Transpondo essa onda para o campo social e econômico, recusavam seus fautores a desigualdade harmônica entre as classes sociais, e promoviam o socialismo e a luta de cJasscs. No entanto. agindo num ambiente católico cm que a adesão às vcrdade.s da Fé e da Moral era


itrépido da verdade católica, em rJrocella tenebrarum'' contemporânea fios episcopais descem trevas para as inteligências

e veneno para os corações. Nc.s.ses instantes de uma convulsão apocalíti· <:a, a Diocese de Campos, recolhida cm prece ele ação de grnças. vê à sua testa um Pastor de uma ciência teológica profunda, de um amor entranhado à ortodoxia. de um ardor admirável no bom combate. Às trevas dos multiformes erros contemporâneos, D. Antonio de Castro Mayer responde

com a progrcSS.\va edificação de uma monumental obra doulrinária, <1ue hoje se ergue cheia de luz e revestida de inquebrant:\vcl fortaleza.

,ma grande obra ainda muito generalizada e viv:.,. os asseclas das

novas concepções precisavam camuílá--las. Por isso. vinham elas habilmente dissimuladas, e de combulhada com afirmações inocentes, e até mesmo

excelentes.

Frcqücntemenlc, eram formuladas numa terminologia obscura, ou habilmente velada sob aparências de verdade. Não raras ve1.cs, o erro era preconizado por pessoas de ortodoxia aparcntemen1c ilibada e de atuação relevante cm meios católicos. Assim sendo, o defensor ela verdade precisava de qualidades intelectuais e morais de um nível pouco comum. Devia ele ter uma ciência icológica profunda e segura, Ter um agudo senso da realidade, ao lado de uma perspicácia penetrante. Ter um amor ardente à causa católica e às almas e um claro senso do dever. aliados a uma rara co-ragem, p;.\ra denunciar crfos espalhados não por inimigos declarados da Igreja, mas por filhos aparen1emcntc devotados a Ela. Mesmo porque o arauto da verdade se expunha a ser objeto de in· compreensões, antipatias e criticas tambérn por parte ,de não poucos católicos fiéis, que não viam o mal habilmente dissimulado. A estratégia de difusão do erro fora calculada exatamente para colo~ar nessa posição dificil o defensor da boa causa. Que o Sr. Bispo Diocesano possuia cm grau eminente estas qualidades preciosas e invulgares, comprovou-o a publicação de sua monumental Carta Pastoral sobre problemas do apostolado moderno, de 6 de janeiro de 1953. O documento é formado de três panes distintas. A primeira é uma introdução doutrinária, substanciosa e profunda. Nela, D. Antonio de Castro Mayer analisa com prcdsão a gênese dos erros hodiernos, e desvenda os hábeis artifícios empregados cm sua difusão. A segunda parte foi a que mais intensamente atraiu a atenção geral. Era um Cateci.$nto de ver· dadcs ouorlunas que se opõem a erros contemporâneos. • Utilizando um método admiravchnentc adequado, S. Excia. formulava a proposição falsa ou ao menos perigosa e lhe contrapunha, lado a lado a 1>roposição certa. Seguia-se uma explanação lúcida e rica em citações pontiíícias. Assim se tor• nava facílimo ao leitor perceber a presença do erro na formulação impugnada. Procedimento tanto mais útil quanto o Autor formulara as proposições crrõncas 1al como eram geralmente difundidas, com suas aparências e seus eventuais fragmentos de verdade. O documento termina com uma série de dire· 1rizes, sábias e oportunas. dirigidas ao Clero Diocesano. A Carta Pastoral sobre 1iroblcnrns do apoS1olad'> modc.r no teve uma difusão enorme e célere. Ultrapassou imediatamente os limites da D iocese, e sua publicação foi logo apontada como um dos acontecimentos de maior relevo nos fastos reli· giosos do Brasil em nosso século. Paralelamente, a Pastoral começou a repercutir no Exterior. Assim é que teve sucessivas edições na França (La Cité Catholiquc. Paris, 1953), na Itália (Istituto Editorialc Bartolo Longo, Pompéia, 1954, e Edizioni dcll'Albero, Turim, 1964), na Espanha (Colccción Fc Integra, dos Padres Cooperadores Paroquiais de Cristo Rei, Madrid, 1955 ), na Argentina (Librcría Ca.t ólica Acción, Buenos Aires, 1959) e no Canadá (La Ç ité Catholiquc, Québcc, 1962).

Tão , ignifica1ivo êxito. por todo o País e forn dele. prova sobejamente a alta qualidade intelectual. a profunda e sólida doutrina, e o penetrante senso da realidade que caracterizam a célebre Pastoral do Exmo. Bispo Diocesano.

Impedindo a cubaniza ção do Bra sil Os primeiros anos d,r década de 60 rcgis1raram uma fase cx1raordinariamcntc grave de nossa Hist6ria, com a montagem progressiva de um imenso d ispositivo visando lançar o Brasil nas garras do comunismo. A atuação desse dispositivo chegaria a seu clímax no início ele 1964, estando integrado nele, como era do conhecimento geral, o então Presidente João Goulart. Um dos pontos fundamentais do programa subversivo consistia em obter a adesão das classes populares. E o passo primeiro e necessário para tal e:a desencadear a comunistização no campo, despertando a cobiça do trabalhador agrícola com os acenos de uma reforma agrária socialista e confiscatória. A c.s:se sinistro programa opunha-se o grande obstáculo representado pelo espírito religioso e ordeiro das massas rurais. Sentiam-no bem os agitadores: "O camponês é crédulo, e é necessário muitas vezes o uso da Bíblia para convencê-lo a lutar pela reforma agrária", dizia o famigerado agitador Deputado Francisco Jui ião. A par de promover, pois, o falseamento dos ensinamentos da Religião no campo, a ofensiva demogógica atuava nos meios urbanos, sobre as camadas burguesas da população. Aqui obtinha ela maior sucesso. o que deveria, inclusive, auxiliar sua atuação no meio rural. pela natural rcper· cussão sobre este, da efervescência nas cidades. Esse maior êxito era devido à corrosão realizada cm largos setores de nossa burguesia alia e média, pelos fatores de dissolução que desde os fins da Idade Média, e mais particularmente desde a Revolução Francesa, impulsionam o mundo oci· dental num sent~do socialista e comunista. À eficácia dessas manobras não faltava o con· curso nefasto de personalidades e grupos católicos csqucrdizantcs. Estávamos ante um crescendo de confusáo nos conceitos, de exaltação emocional e de ativa agitação demagógica. Ê o clima caracierístico da fase inicial das grandes crises sociais. Nesse momento par1icularmentc grave para os destinos do Brasil. ou1ra vez ergueu-se a grande f,igura do Bispo de Campos. Veio então a lume (outubro de 1960) um livro rc.almcntc providencial: "Reforma Agrária - Questão de Conscíênda'', escrito pelo insigne Prelado juntamente com D. Geraldo de Proença Sigaud, então Bispo de Jai:arczinho, o Prof. PHnio C-0rrêa de Oliveira e o e~onomista Luiz Mendonça de Freitas. ''Rcfor,ma Agrária - Questão de Consciência" compunha-se de duas partes. A Parte I analisava os aspe:tos religiosos, morais e sociais da rcforrna agrária. A Parte ll, seus aspectos econômicos. O livro representou em nosso continente - teve quatro edições no Brasil, uma na Argentina e. uma na Colômbia, às quais se soma uma edição além-mar, na Espanha, perfazendo o total de 39 mil exemplares - o mais profundo estudo doutrinário jamais publicado sobre o tema candente. Destruiu completamente os argumentos dos agroreformistas e desmascarou suas manobras. Tanto sua parte doutrinária quanto sua parte técnica acompanhadas, ambas, de excelente docun,cnta· ção~ na qual se destacam mais de duzentos textos pontifícios, nove gráficos e 85 quadros cstalísticos - ptrn,ancccm até hoje sem refutação, não obstante a repcrcuss.,1.o intensissima que a obra teve. A Parte I ficara a carga do Bispo de Campos, juntamente com D. Geraldo de Proença Sigaud e o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Ergue ela um dique intransponível às falaciosas tentativas de aliciamento dos católicos por ,p ane das correntes socialistas, e.;pccialmentc o "Eõocialisn10 cristão".

Pois demonstra que a família e o direito de propriedade emanam cio que há de mais profundo na natureza do homem, e são intimamente afins. Aponta a radical incompatibilidade das correntes so:ialistas com aquelas duas instituições. E põe cm plena luz os desas1rosos efeitos que produz na alma humana a destruição, incrente ao socialismo, da família e da propricdi.1de. Por fim, a Pa~te I formula o grande problema, mostrando. cm seus diversos aspectos. a questão de consciência que provocaria no .Brasil católico a eventual implantação de uma reforma agrária socialista, confiscat6ria e anticristã. O sucesso da obra foi imediato, fazendo dela uma verdadeiro "bcst-scllcr". Amplamente difundida pela Sociedade Brasileira de Defesa da T radição, Família e Propriedade - que começava, com a lutn. contra a reforma agrária socialista e anticristã, a grande epopéia de sua atuação públi· ca º RA·QC" suscitou uma verdadeira cru· zada de opinião p(1blica cm prol da paz social e do direito de propriedade. Estendeu-se essa cruzada por todo o País, erguendo-se cm face da maré montante da demagogia e da baderna. Ela teve decisivo papel na criação do clima de que resultou o Movimento de 31 de março de 1964, que depôs João Goular•t, impedindo a iminente cubanização do BrasiJ. Na raiz e no âmago dessa cruzada estava, pois, um grande livro. E a História registrará o que ela e o Brasil deveram, cm cão críticas circunstân·cias, à cultura e ao 7.e1o do ilustre co•autor de •1 Rcforma Agrária - Questão de Consciência" que sabiamente governa a Diocese campista.

Contra os ardis da seita comun ista Ao longo da controvérsia agro-reformista, D. An1onio de Castro Mayer, jun1amente com os de• mais cO·autorcs de "RA·QC11, deu a lume outros do:umcntos, marcados pela lucidez e pela oportunidade. Dentre estes se destaca a Declaração do Morro Alto, de setembro de 1964. A vasta corrente de opinião l)Ública que se fo rmara em torno de "Reforma Agrária - Questão de Consciênciaº caracterizava-se pela rejeição da demagogia e pela exigência de formulações ideológicas claras e definidas, e de atitudes práticas coerentes. A Declaração do Morro Alto respondia a estas aspirações. Apresenta ela, com efeito, um programa positivo de política agrária sadia, cm consonância com os prjncípios de "RAQC". Este programa visava .resolver cm profundidade os problemas agro-pecuários do País, sem concessões à demagogia agro-reformista - falsa em sua argumentação, anticristã cm seus objetivos, nociva cm sua aplicação prática. O livro teve duas edições, no to1al de 22.500 exemplares. Em 1971 a Editora Vera Cruz, de São Paulo, reuniu em um belo volume todos os documentos de magistério até então publicados por S. Excia. Revma.

São, igualmente~ marcos gloriosos dessa luta contra a comunistização do Brasil dois importantes documentos devidos à pena vigilante e arguta do Sr. D. Antonio de Castro Mayer. O primeiro é a Carta Pastoral prevenindo os diocesanos contra os ardis da seita comun~1a, de 13 de maio de 1961. Ali o Exmo. Bispo estuda detidamente as técnicas empregadas pelos comunistas para a conquista do poder, particularmente as que visam le· var os católicos a colaborar com a subversão, através do apoio à!i campanhas ''humanitárias" promovidas pela seita vermelha, ou da realização de campanhas uparalclas" de católicos e comunistas, com obje1ivos comuns. O segundo documento é a Carta Pastoral sobre Castidade, humildade, penitência - c.aracterlsticas do cristão, alicerces da ordem social, de J.5 de agosto de 1963. Nela o combativo Prelado denuncia os perigos que resultam para a ordem econômica e social, d·a .. moral" nova inculcada cm meios católicos pela investida progressista. Obras de valor perene, esses livros revelaramse particularmente importantes nos lances históricos cm que vieram a lume, quando a adesão de importantes setores católicos à propaganda sub, vcrsiva conduzia o País- rumo à voragem comunista.

Em defeso da tradição, face ao assalto progressista Patenteiam-se aos olhos de todos, os esforços a que se entrega presentemente o progressismo, com audácia pertinaz e espantosa, cm seu empenho de implantar a Igreja-Nova, dessacralizada, igualitária, sem dogmas, permissivista no campo moral, e aliada à subversão socialista e comu_nista. Esse esforço cresceu por ocasião do 11 Concílio Vaticano e vem aumentando cada dia na fase pós-conciliar. No Concílio, o Sr. D. Antonio de Castro Mayer salientou-se como um dos líderes da corrente conservadora, fiel à tradição católica. Adversário declarado e vigilante das inovações subversivas, alertou continuamente seus diocesanos, durante o Vaticano li e depois dele, contra as reivindicações traiçoeiras que muito uaggiornamen· to" traz em seu bojo. Assim, na Pastoral intitulada Os Documentos conciliares sobr e Sagrada Litu.rgia e Instrumentos de comunicaçiio social (dezembro de 1963) adverte sobre as adulterações progressis1as que atingiam o campo litúrgico e sobre as implicações morais do uso dos modernos meios de comunicação social . Na Instrução Pastoral sobre a Igreja (março de 1965) analisa, à luz da teologia, os desvios que o progressismo dissemina em relação à estrutura da Igreja, particularmente no tocante à colcgialidadc episcopal. Denuncia, com perspicácia e profundidade, o substrato modernista da heresia progressista. E na Pastoral que tem por título Considerações a propósito da aplicação dos Documentos promulgados pelo Concílio E<:umênico Vaticano II (março de 1966) examina a atuação sub· reptícia e difusa da heresia modernista e neomo· dernista. Mostra seu papel na crise que hoje abala a Santa Igreja. Aponta as relações entre essas correntes religiosas e as correntes revolucionárias que agem no campo sócio-econômico, como o esquerdismo demo-cristão. Dois documentos avultam ainda nessa defesa vigorosa e lúcida da tradição católica: a Carta Pastoral sobre o Santo Sacrifício da Missa (setembro de 1969), cm que S. Excia. Revma. reivindica a doutrina verdadeira sobre o Sacrifício do Altar e sobre o Sacerdócio, ante as investidas de um Ji1urgicismo dessacralizante e nivelador. E a Pastoral sobre "Aggiomamcnto" e T radição (abril de 1971) - a qual teve ampla repercussão no Exterior I tendo sido traduzida na França, na A1cma· nha, na Espanha e na Inglaterra - em que o apostólico Antístite mostra que a criação de uma Igreja centrada no homem constitui meta última

6


Conclusão

da pág. 5

Arauto intrépido da verdade católica da revolução progressista; e estabelece com segurança e argúcia o confronto entre os conceitos de "aggiornamen10" e de Tràdição.

Enfre ntando mais um tema cande nte : Cursilhos Assim é que, ao longo deste.,; vinte e cinco anos de um combate incessante pela causa católica, o ínclito Bispo de Campos veio construindo, com seus escritos magistrais, um edifício doutrinário de singular e crescente fulgor. E nestes dias cm que comemoramos o jubileu episcopal de S. Excia. Rcvma., esse fulgo r apresenta uma intensidade particular. Aludimos, já se vê, à recente e histórica Carta .P astoral sobre Cursilhos de Cristandade. O movimento dos Cursilhos de Cristandade difindiu-sc largamente nos meios católicos brasileiros. Ante tal expansão, contudo, não poucos observadores, eclesiásticos e leigos, experimentavam uma sensação de perplexidade e até de angústia. Percebiam, com efeito, que

- fato particularmente alarmante, manifestações ele simpatia, cm meios cursilhistas, para com o m:uxismo, e mesmo a adesão a teses marxistas por parte de mais de um;t publi· cação oficial do movimento.

fato de estarem sendo atualmente vendidos exemplares da 3.' edição do livro impresso pela Editora Vera Cruz, bem como da 4.n tiragem do número de dezembro desta folha. que reproduziu na íntegra o momentoso documento.

A Pastoral está tendo uma larguíssima difus.'io. Mencione-se particularmente a organização, pela Sociedade Brasileira de D efesa da Tradição, Familia e Propriedade, de tre1.c caravanas. com um total de 120 propagandistas, que vão levando o monumental documento a todos os pontos do território nacional. Do bem enorme que a um sem número de almas, agora alertadas e esclarecidas, trouxe o corajoso trabalho do Bispo de Campos, dão significativa demonstração as numerosas e alentadoras re .. percussões que os jovens propagandistas da TFP vêm obtendo, e às quais "Catolicismo" se referiu na citada edição de fevereiro último. E. também expressivo sinal do êxito invulgar alcançado pelo trabalho do Sr. Bispo, o

••• A consideração da grandiosa obra doutrinária realizada pelo Sr. D. Antonio de Castro Mayer ao longo de seus vinte e cinco anos de fecundo episcopado - obra que se amplia cm numerosos e substanciosos comunicados, circulares, artigos para a imprensa1 e outros pronunciamentos nos põe ante os olhos um vulto excecional nos fastos da Igreja no século XX. Inteligência penetrante e profunda, espírito ágil e perspicaz, invulgar ciência teológica e filosófica. desassombro e combatividade a serviço de um singular amor à verdade e às almas - todo um conjunto de dotes intelectuais e morais eminentes justificam sobejamente o

grande renome que adquiriu o insigne Prelado, no Brasil inteiro e nos meios cultos das Amé-· ricas e da Europa. Dentre tão nobres traços, destaca-se na marcante personalidade do Exmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer a coragem serena mas inquebrnntável com que enfrenta, como verdadeiro Pastor, a temerosa conjuração das forças do mal em nossos dias. Compreendendo que a subversão da ordem religiosa e a subversão da o rdem temporal, apesar da grande variedade de suas manifestações, brotam de uma raiz co~ mum e formam de foto uma frente única contra a Igreja e a civilização crjstã, o egrégio Prelado devotou todas as suas energias ao com· bate incessante contra todas as formas do mal. E. o que explica a poderosa unidade que marca sua fecunda atividade intelectual. Para ele se voltam, agradecidos e encorajados, os olhares de quantos travam o bom combate nos dias trágicos por que passa a Santa Igreja.

havia notas fortemente dissonantes cm mais de um seto r cursilhista. Na generalidade dos ca-

sos. tais observadores não conseguiam, no entanto, discernir com nitidez os contornos e a profundidade dos desvios que vislumbravam. Em sentido contrário, muitas pessoas, de reta intenção. confiadas no que haviam visto de bom em reuniões ou escritos cursilhistas. não se davam conta da presença das concepções censuráveis - veladas, aliás, muitas vezes, sob uma linguagem especiosa. Tais pessoas ficavam expostas assim ao risco de sofrer um processo de baldeação ideológica rumo ao erro. A penetraÇ<i.o sub-reptícia do mal não poupava a Diocese de Campos, onde ele procurava radicar-se e expandir-se. Outra vez exigia-se segurança doutrinária. discernimento, hábito de reflexão, zelo pela Igreja. coragem de enfrentar incompreensões e ataques, a quem desejasse de(cnder a multidão de almas expostas ao risco iminente. E outra vez coube a D. Antonio de Cnstro Mayer essa missão providencial. A Carta Pastoral sobre Cursilhos de Cristandade, de 15 de agosto de 1972, está base.tda cm farta documentação: cita mais de cinqüenta textos extraídos de livros. opúsculos e revistas oficiais do movimento cursilhista. Põe novamente cm evidência a solidez doutrinária e a força de argumentação que caracterizam a pena do ilustre Prelado. Tendo alcançado celeremente uma repercussão imensa em meios tanto religiosos como leigos de todo o Brasil, o documento encontrou defensores e opositores vivazes, dando ocasião à mais palpitante controvérsia ideológica dos últimos tempos cm nosso País. Mas, entre as numerosas tomadas de posição contrárias ao trabalho do ilustre Antistite - algumas das quais, ácidas e injuriosas - nem uma só enfrentou a argumentação do Autor, entrando no mérito da questão. As críticas foram superficiais e colaterais. S. Excia. Revma. respondeu magnificamente a elas. cm entrevistas largamente difundidas, e não contraditadas. Dessa polêmica tretou amplamente "Catolicismo", cm seu número de fevereiro llltimo. Nos· sos leitores puderam assim sentir, uma vez. mais, o alto valor intelectual do Prelado que Nossa Senhora deu a Campos. Quanto à importância do trabalho de escJa .. recimento que a Pastoral realizou, é facilmente avaliável em função da gravidade dos desvios que ela denunciou. Recordemos rapidamente os mais impor• lantes dentre esses desvios. Observa D. Antonio de Castro Mayer, em sua documentadíssima Pastoral, que há no movimento cursilhista uma singular mistura de erro e verdade, de bem e mal. O erro difunde-se facilmente, desse modo, cm ponderáveis seto res e autorizadas publicações dos Cursilhos. Constata-se, em particular:

- um desvio antropoccntrista m, maneira ele encarar a ordem sobrenatural e a finalidade da vida terrena, tendendo a uma supervalorização do homem; - uma concepção "vivencial" da fé e da conversão, que dificilmente se ajusta ao que o 1 Concílio do Vaticano definiu quanto ao papel funda mental da inteligência no ato de fé; - minimali1.ação pois do papel da inteligência, a que se soma uma hipertrofia do fa. tor emocional, configurando a técnica cursilhista de conversão como um procedimento pre. do1ninantcmenle alógico~ - uma minimalização de importantes pontos da ascese cristã, e a presença, no tríduo cursilhista, de um clima de piadas e hilaridade que despcrt;i justificadas re.~ervas; - uma tendência igualitária, que chega, entre outras graves manifestações, ao tratamento vulgar e grosseiro em relação à Pessoa adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo; 6

Conclusão da pág. 4

Um Bispo conhecido e admirado

Em 1953, quando, acompanhada pelo Vigário Geral da Diocese de Leiria, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima percorria o mundo, o Sr. D. Antonio fez com que ela viesse a Campos, onde permaneceu dois dias. Foram dias abençoados, tantas as graças dispensadas pela Mãe· de Deus. Durante a vigília de preces, as confissões vararam a noite. Muitos, após anos de abandono da vida religiosa, retornaram então à prática dos Sacramentos. Para perpetuar a lembrança de favor tão singular. S. Excia. mandou vir de Portugal uma cópia fiel da ima&cm peregrina, a qual como se sabe - foi executada sob a direção da própria Irmã Lúcia, única sobrevivente dos vi~ dentes de Fátima. Em 7 de dezembro de 1953 a bela imagem foi piedosamente entronizada no presbitério da Catedral do Santíssimo Salvador, onde pem1anccc atendendo à., súplicas dos fiéis. Acontecimento marcante não só do episcopado de D. Antonio de Castro Mayer. como da própria história religiosa de Campos, foi a Semana Eucarí&11ca realizada de 16 a 25 de abril de 1955, como preparação ao XXXVI Congresso Eucarístico Internaciona l no Rio de Janeiro. Nota característica desse certame de âmbito diocesano foi sua marianidade. A fim de preparar as almas para receberem a Jesus Hóstia, foi a Semana precedida de wna visita da imagem de Nossa Senhora de Fátima que, conduzida por Missionários Capuchinhos, percorria todo o Brasil. Tal foi a renovação espiritual que se deu cm Campos e cm toda a Diocese, com a Semana Eucarística, que ainda hoje se fala dela. O jornal "Tribuna Campista", em sua, edição de 2 de maio de 1955, chegou a q~alificar a Semana de "uma das maiores, senão a maior demonstração de catolicidade já oferecida nos últimos cinqüenta anos, em uma cidade do interior do Brasil". Além do afervoramcnto geral e da volta à prática religiosa de muitos, o certame teve como fruto o estabelecimento, em toda a Diocese, da Adoração Diurna do Santíssimo Sacramento.

A obra e ducacional do grande Bispo As escolas católicas da Diocese receberam de S. Excia. um grande estimulo, desenvolvendo-se os estabelecimentos já existentes e sendo fu ndados outros. O Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, das Revdas. Religiosas Salesianas, foi g randemente ampliado, tendo sido construída também uma espaçosa capela. As Rcvdas. Irmãs fundaram a Escola Profissional Laura de Vicuiia e um pensionato para alunas dos cursos superiores de Campos. Por ocasião de sua 1>cregrinação a Roma no Ano Santo de 1950, obteve D. Antonio de Cast ro Mayer uma palavra do Santo Padre Pio XII para o Reitor Maior dos Salesianos, da qual resultou criarem estes uni colégio para rapazes cm Campos. O Externato Eucarístico. fundado e dirigido pelo Rcvmo. Mons. Antonio Ribeiro do Rosário, foi consideravelmente ampliado, transformando-se cm um dos principais estabelecimentos parliculares de ensino da cidade. Postcrior,mentc, a instituição e todo o seu patrimônio foram doados à Mitra Diocesana. A conselho de D. Antonio, as Filhas de Maria instalaram cm sua sede um curso primário. Surgiu assim o Instituto Santa Inês. Tal foi o <resenvolvimonto alcançado pelo Instituto, que logo foram construídos prédios novos para o jardim da ,nfância e o primário. Mais tarde promoveu o Sr. Bispo a fundação do Ginásio Maria Medianeira, que passou a funcionar anC· xo ao curso primário. Em 31 de maio de 1971, o Instituto Santa Inês e o Ginásio Maria Me-

dianeira firmaram um convênio para se- con·s· tituirem em mais uma unidade de ensino de prirnciro grau, de acordo com a nova legislação, abrangendo portanto os ·antigos cursos primário e ginasial. Em 1958 adquiriu S. Excia. Revma. o Ginásio Fidelcnse, na cidade de São Fidélis, e o transformou cm educandário católico. Depois de integralmente pago o preço da compra, D. Antonio passou o estabelecimento para a Diocese e ampliou suas instalações. Não só na cidade episcopal e nos centros urbanos de maior importância, como também nos modestos povoados e mesmo na zona rural. foram criadas escolas paroquiais ou cursos de alfabetização de adultos, bem como centros assistenciais, dirigidos uns e outros por Religiosas ou por membros das associações católicas.

Fundou "Cat olicismo", com antigos redatores do "Legionário"' A fundação de "Catolicismo", cujo primeiro número circulou em janeiro de 1951, foi sem dúvida um dos relevantes serviços prestados por S. Excia. à Igreja, e marcou nova etapa na história religiosa do Brasil. O novo mensário, reunindo sob a égide do Bispo de Campos a valorosa plêiade dos redatores do antigo "Legionário", de São Paulo, levantou de novo o pendão da luta contra o- neomodcrnismo cm todas as suas formas. De âmbito mais modesto, iniciou S. Excia. a publicação também mensal das Filhas de Maria, "Salve Maria!", ampliada depois para atingir todos os fiéis sob a for ma do atual "Bolelim Diocesano...

rais e beneficentes que dcscnvoJve, é, sem dú .. vida, a maior entidade empenhada na luta ideológica antiprogressista e anticomunista -n o País.

Pediu no Concílio a condenação do comunismo Durante o li Concílio Ecumênico do Vaticano D. Antonio de Castro Mayer salientouse como um dos líderes da corrente conserva. dora. Foram, então, p:uticularmcnte notadas as suas brilhantes e desassombradas intervenções cm defesa do latim na Liturgia, sobre a estrutura monárquica da Igreja, pela manutenção dos privilégios que na ordem social cristã devem distinguir a Santa Igreja cm relação às seitas heréticas, e pela condenação explícita do comunismo no esquema de Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo. Ainda por ocasião do Concílio, a ele, juntamente com o Sr. Arcebispo de Diamantina, devc.sc a iniciativa das petições de centenas de Padres Conciliares cm prol da consagração do mundo ao Imaculado Coração de Marfa e da condenação do comunismo e do socialismo pela sagrada Assembléia. Em 1959 Sua Alteza Real o Príncipe Ferdinando, Duque da Calábria, Chefe da Casa de Bourbon Duas Sicílias e Grão-Mestre da Ordem Constantiniana de São Jorge, nomeou D . Antonio de Castro Mayer cavaleiro de graça magistral daquela antiga e prestigiosa Milícia eqüestrc.

( IAfOJLHCI§MO

Zelo que beneficia todo o Brasil O zelo e a atividade incansável do Exmo. Rcvmo. D. Antonio de Castro Mayer ultrapassaram de longe os limites de sua Diocese, deles se beneficiando todo o País, e a Igreja inteira. Sua brilhante e destemida atuação, no campo ideológico, contra a reforma agrária socialista e eonfiseatória preconizada por João Goulart, projetou-o como figura destacada da vida pública nacional. Como um dos autores do irref utado e irrefutável " bcst-seller" "Reforma Agrária - Questão de Consciência" e da Declaração do Morro Alio, teve S. Excia. parte relevante no debate doutrinário em torno do candente assunto. Estão ainda na memória de todos as suas lúcidas e oportunas intervenções, através de entrevistas, artigos de jornal, comunicados, circulares, etc. Sua corajosa tomada de posição em face das invasões de terras no Estado do R io, cm 1961, e o lúcido Edital que publicou a respeito, repercutiram largamente pelo Brasil inteiro. Em conjunto com os demais autores de "Refo rma Agrária - Q uestão de Consciência" e outros elementos de destaque nos meios católicos, manteve então S. Excia. numerosos contactos com personalidades oficiais, membros do Congresso Nacional e de Assembléias Legislativas estaduais, bem como de entidades de classe. coordenando esforços para impedir a aprovação de uma legislação irnqua que arrastaria nossa Pátria para o abismo comunista. Outro aspecto da atuação do Sr. Bispo Diocesano que tem sido de grande alcance no desenrolar dos acontecimentos da atualidade nacional, é o apoio contínuo que tem dado à

Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Fa.milia e Propriedade, a qual, pelas publicações que divulga, pelas vitoriosas campanhas que tem realizado e pelas atividades cívicas, cultu-

MENSARIO com

aprovação tt1W.4stka CAMPOS -

EST. 00 RIO

011l.ITT01t

MONS. A NTONIO R'18Ell'ó0 DO ROSARIO

0 1.ttloria: Av. 7 de Sc1cmbro 2.47, caixa PoSlat 333, 2$100 Compos, RJ. Admlnt,. fratão: R. Dr. Mar1inicQ Ptado 271. 01224 S. 'Paulo. Age.nt~ par.i o Esmdo do Rio: José de Oliveira Andrade, caixa pos1:-il 333, 28100 Campos, RJ: A5tentc para os E.ç1ados de Goiás, ·Mato Cro.SS:O e Minas Gtrals: Millon de Sallcs Mourão. R . Par:iíb~ 1423 (1clelone 24,7199), 30000 Belo Horizonte: Agtnlc para o Estado d:,, Guanabara: Luít. M. Ouncan. R. Cosme Velho 815 (telefone 24S.S264), 20000 Rio de Janeiro; Agcnt_e pa.ra o Estodo do Cem: José Gerardo Rt· ~iro, R. Pcrn3mbuco 157, 60000 Forta· Jeza; As:,t-nlcs para a Argentina: "Tradkión, ·Familfa, Ptopicdad'', Casilla de Corrto n.0 169, Capital Federal, Argentina; Agente para a Espanha: José Maria Rivoir Gómez. a:parlado 8182, Madrid, Espornha. Composto e impresso na Cia. Lilhográphic.a Ypiranga, R ua Cadete 209, S. P:tulo. Assinatura anual: comum CrS 25,00; CO· operador CrS 50.00; benfeitor Ct$ 100,00; grande benfeitor CrS 200.00; scminntisrn~ -e cslUdantes CrS 20,00; América do Sul e Ctnlral: via de supcrlícJc USS 4,00; via aérea USS S,25; Amüica do Norte, .Por· lutai, Espnnha, Provfnci3$ ullramnrin3S e Colónias: via de supcrffcie USS 4,00; via a:trea USS 1,00; outros países: via de supcrllcio USS 4,SO, via •érea USS 9,2S. Vtnd:.:a ª"uts~: CrS 2,00. Os pa3amenlos, sempre cn, nome de Edl· tora P:tdrc Dt-leMor dt- Pontes $/C, poderão ser encaminhados à Adminislração ou aos agentes. Para mudança de endereço de assinantes, 6 necessário mcncfonar tamWm o endereço antigo. A corre.5:pondên<:ia re• la.tiva a 3$Sinaluras e vc.nda avulsa deve ser enviada à Admioi.strntão:

R.

l)r,

M:utlnlco Prado 271 01224 S. Poulo


Conclusao da pág. 2

Repercussões

11,ulo ,,or 11111111:rosas E11cíclicas po11(i/ícias. Por isto Jazemos público este voto de aplauso. Que estas linhas sej,w1 para os Srs, u111 estíntulo para continuar ne.rta luu1 justa" .

A tragédia: ''Sós, sem chefe e sem Pastor''

D

OS SRS. PATRICIO Amunátegui Monckeberg e Juan Gonzalo La.rraín . Campbell, membros do Conselho Nacional da TFP chilena, recebi esta missiva. cuja publicação me parece indispensável para que os leitores conheçam, em seus verdadeiros - e sinistros - matizes, esse fenômeno de extensão mundial de tanta importância no Brasil, que é o dito progressismo católico: "V'11nos· aconipanh.a nt1o co11i 111u1to int(.'resse o que a imprensa brasileira tem p11':" b/icado a respeito de divergê11cias entre li,< autoridades eclesiásticas chilenas e o governo A /tende. Tais divergê11ciar teriam tido OdJ1e111 e,n uni projeto dc> Governo, cuja finalidade é i11,por ao País - por meic> da Escola Nacional Unificada (ENUJ - 11111 sislema educacional nitida,nente 11uuxisu1. Naturalme111e. procuramos in/ormar-no.i a fu11do sobre o problema, le11do direta1ne11te os jornais e revistas chilenos. E assim verificamos q11e no farto noticiário publkado sobre o assunto pela i111pre11sa brasileira, não têm. aparecülo certos matizes esse11ciai5 à plena co1npree11são da atitude do Epi.l'copado nesta e1nergência. Co11, efeito, que11, 11áo aco111pa11hou direta1ne11te nos jonwis chile11os o desenrolar dos fatos, ao ler o q11e a aliás brilhante imprensa brasileira publicou a respeito, pode ficar co111. a intpressão <!e q11e o E1Jiscopado de nosso País está to11iando uma atitud.e enérgica e categórica cordra o projeto educacional co11111nista. Co11seqiien1e111.e1ue, ter·Se-ia a i111pressão de q11e a Hierarquia estaria atendendo, assi,n, às graves po,uleraç,;cs que a TFP chilena lhe fez e11, seu 11ia11i/esto intitulado "A AUTODEMOLIÇÃO DA IGREJA, FATOR DA DEMOLIÇÃO DO CHILE".

Por amor à verdade, parece-nos n.ecessário afinnar que a realidade ir1feüv11i!1lle nlk> é esta. A o fazê-lo, baseados, como já dissemos, e111 fatos /irados da im1,rensa chilena, teremos ocasião de 111ostrar q11e a atitude assumida pelo Episcopado de nosso querido - e hoje tão desafortunado - País, não corresponde à i111age11, da combatividade antimarxista, que o 1ntí11us episco/)al exige.

•• • Passen10s aos fa1os. Durante a enorme reação que se produziu ao tornar-se conhecido o projeto do Governo, o Cardeal Silva Henríquez, Arcebispo de Santiago, entrevistou-se com A /tende. Â salda da audiência, o ,,róprio Cardeal incumbiu-se de declarar à in,prensa, de forma conciliadora, que a l greja não estava e,n conflito C011l. o Governo, e que, a seu juízo, os proble,nas existen.tes poderiwn ser superados ("E/ Mercurio" de 28 de ,narço). No dia seguinte, o Comité Per111a11e11te do Episcopado, presidido por Mons. Sil,,a Henríquez, erniliu 111na declarllÇÕO ()jicial, na qual se pronu11ciou a 1,ropósito do assunto. No do,·u111ento, os Srs. Bispos co,11.eça,11 ressalta111lo os "aspectos positivos" do referido projeto. A seguir, numa linguagem vaga,

seni atacar e ne,n. sequer no111ear o ,narxis.. 1110 co1110 ideologia responsável pelo intento gover11ame11tal, man;fesla11i-se apreensivos, porque no projeto não se levara111 e11, conta os valores humanos e cristãos que fazem parte do patri11w11io espiritual do Chile. E depois de 11,anifestar a sua confia,1ça· nos propósitos sadios do marxista All.e11de e do Ministro da Educação, peden, que se adie " aplicação do pla,w educacional. Por fim, cita111 u111 trecho da Declaração dos Direitos Hu11w11os, da ONU, no qual se a/ir11,a que os pais tê11, o direito preferencial de escolher o tipo de educação que seus filhos deve11, receber ("EI M ercurio" de 29 de março).

essa /i,1guage111, tão polida e caut(I, deixa ver dara,ne,ue ao GoverM que, se ele fizer ouvidos ,noucos· ao pedido do Episcopado, não terá que recear, da parte deste, qualquer atitude corajosa. E que os Srs. Bispos não parece11t ter desejo 11e111 fibra para promover 1111, imenso e decisivo 111ovim e11to de protesto do povo chileno contra o projeto marxista. Nestas condições, é inteiramente explicável o modo pelo qual a opinião pública cat61ica está vendo, 110 Chile, a atitude de suas ,111torid<ules eclesiásticas. Assim, por exemplo: • No colégio das Freiras francesas, de Sanaago, 111ais tle quatrocentos pais de alunos, disc11ti11do o assunto, qualificaram de ..excessiva diplonzacia e contentporização" a maleabilidade tio Cardeal 110 que se refere às relações da Igreja com o governo marxista. Rejeitaram por maioria absoluta, com 11111 s6 voto contra, o projeto do Executivo (" La Prensa", de Santiago, de 5 de abril). • Trezentos pais e mães de famiUa da cidade sulina de Los A 11geles escreveram 11111a corajosa carta a M011s. Silvt1 He11ríq11ez. Dela destaca11ws alguns parágrafos:

'· lenws cc>1n asso111bro as dec:laraçõe~· q11e a respeito ,la ENU emitiu S. Emcia. [ ... ). A debilidade de seu vrormnciamento co111pro111ete o destino das consciências de nossos filhos e sua qualidade de homens i11, tegTl1is [ ... ]. "Nunca tería,nos inwginflliO que, diante de tal perspectiva, V. Emcia. solicitasse ao Governo 11111 simples adiamento da aplicação do projeto da ENU, e não emitisse 11111 categórico repúdio [ . .. ]. Jamais supuse,nos que os Pastores 'da Igreja 110 Chile iriam ignorar o co111eúdo · /u11da111e11tal, a al,na toda da reforma que se pretende fazer: a intplantação da educação 111arxista-le11inista 110 Chile ( ... ). "E-nos <li/lei/ crer, também, na ingenuidade catulorosa do Sr. Cardeal, de aceitar pro,nessas e garantias, e111 forma oral, de 11111 Governo que não cu111priu as que deu por escrito, e ignorou outras que estão constit11cio11al111en1e e111. vigor [ .. . ]. "Não, Sr. Cardeal, os pais de fa,nília niío ig11ora11, que os planos da EN U nos arrebatam o filho do seio familiar e nos roubam o direito que tí11ha11ws. por te{ nawral, de orientar nossos filhos, com liberdade e consciência cristã. O Est(l(/o se reserva, de f<>r11,a exclusiva, o que era nossa missão, para massificá-los ( ... ]. "E em face deste caos, V. Emcia. pede prorrogação de prazos? V. Emcia. espera

conversar, transacionar e discutir com o 1narxis1110. As miies chilenas esperavam co11tar co11, V. Emcia., Sr. Cardeal, co111 sua coragem., co111 seu patriotismo. Fica111os s6s, sen, chefe e sen, Pastor . . . " ("Tribuna" d e 7 de abril). • No i111porta11te colégio "Vil/a Maríll Academ~", tle Santiago, quando se discutia o projeto tio Governo na Assembléia dos Pais, que reunia 11rais ,Ee quinhentas pessoas, 11111 dos assistentes formulou graves críticas ao Cardeal, por seu débil pronuriCiamento, recebendo ,·alorosas demonstrações de adesão. Outro dos prese1ues, pelo contrário, pretendeu defender o Cardeal, e foi vaiado ("EI· _Mercurio" de 6 de abril). • O diretor de wn estal,elecime,uo de ensino particular da Capital declarou que 80% dos pais de alunos dos colégios particulares não se se11tira11, interpretados pela recente declaração do · Episcopado (" EI M ercurio" de 6 de abril).

••• Poderiamas citar outros fatos igualmer.• te significativos, porém não o Jaze111os por a,nor à brevidade. Apenas acrescenta111os que o jornal governista "Olti111a Hora" ma11ifestou sua satisfação pelo fato de o Co111ité Permanente do Episcopado ter-se limit<u/o a pedir o adiam.ento da apUcação do projeto do Governo, e ter reconhecido aspectos positivos 110 11,esmo ("Olti111a Hora" de 2 ,ie abril). Os fatos apontado.r 111ostra11, que a apll· rente energia antico111u11ista do Episcopado chileno, insinuada pelo noticiário de algumas agências internacionais, não é real. A atitude daquelas autoridades eclesiásticas -· salvo honrosas exceções - continua sendo. neste tra,rse, 110 se11tido de apaziguar a justa indignação da grande maioria da opinião pública chilena".

f:,ono. llevmo. Sr. O. José dos SanlO$ Garcia, Bl~o OIO<'C"~no de Porto Amll.ia (Provín<'ia portu-

1(,lltsa de Mo<:amblqut: - ÁCrka): "Com as melhores saudações, vem :1gradocer o n.0 259 do CATO' tCIS· MO no qu:-&1 {V. ê xcin.)

rc-t

rcforência. à Pa&tornl

sobre as voc-açõc$. Muilo e m11ito obriga.do. Desejo p:ua V. Excia. e p;\rn o CATOLICISMO as m:iiorC$ íclicidndc....; e pros.pctidadcs".

i

.

Sr. Chrndlnri G-on, Anç-atuba (SP): ··e muito dirícil eoconlrar fa1has no nosso jornnl, consid.ero-o muito born!"

Re." mo. l'e. Luiz MüUtr, S. J., São Ltopoldo (RS): "Venho uqui agradecendo cordialmente peht

bondade com <i_ue o Sr. me mandou dois números de ~cu tÃcclcnlt jornal, isto é; os dois númtros de agoito e setembro do corrente ano. Acrescento as minhas m;ais ~inccrns fcJici1açõcs pelos. ótimos artisos" .

Sr. Josi D. RodriguCSt Sanla Bi.rban'l d'Ocstc (SP): "ótimo ICATOUCISMOJ sob todos os ,spe<tos". Sr. Geraldo dt Araújo Aztvêdo. BocaJúva (SP): .. Minht, apreciaç:'10 com referência a CATOLICISMO: muito útil". Sr. Carl~ Otyntho Stfrrln, Santa Marta (RS): "Minha tt,preciaçfio com referência a CATOLICISMO: ótimo!" Sr. M:l5Sac N.-ipsaua, São Bernardo do CamJ> {SP): "Ourante o ano, CATOLICISMO foi~me muito l1til, esclarecendo vários assuntos. Lendo-o, re.àviva a minhl ft cm Deus, lembra em mim que hi algo mais importante do que a monoto· nia do di.t-;,,dia. , Por esses e o utro~ mocivos, assino novamcnlc CATOLICISMO". Sr. l>ap,hnJs Corria dt l.accrd.11, Votuporan~ (SP): "Seria m~1it:1 pretcn~o de oo~a. ~nrtc sugcnrn,os alsuma co1s.-i a respeito d0$ prmc1p1os a <1ue se propôs o CATOLICISMO. Cultor que. t da nossa ;lleli&iílo, tcm-1\os proporcionado um~ lc1tur~ asradá yel, sadia e inteligente. para prosseguirmos firmes cm .- no&~a f6 cm Cristo, neste mundo conturbado -pelo ceticismo··. Sr. f,.'cllx Cutsurd NcUo, "faubiat, (SP): "lntcrcs· ~ado na edição do jornal CATOUCISMO do mê-s de ~osto transato, :l edição q\1e ~ubUcou oponunp,_ e: csclateccdora matéria sobre a tr.ig,ca e nefasta pohttca de Will:)' Brnndt de 31)c.rtu_ra pam o Lcsre. csc.rcv.o . n .v. Sas. a fim de que seis exemplares dessa ed1çao sejam enviados a mim'' . • Trat.t·SC do anigo "Norueguis ou alemão. Willy Brandt foz. o jogo de ~oscou·•. de nosso co!~born.dor Gustavo Antonio Sohmco. Os cxcroplarcs Jâ foram rcmc1idos. Revmo. Pc:. Fra~ l{nobloe.b, Mbdo $:llc$l,ou1 do Rio Canabori:s (AM): "Minha consrntulação ao CArfOLlCISMO. Dedicado sempre à verdade, fiel à S2nta Madre lg·rcju. com muita ho.ncst~dàde e grande ~orni;.cm acus:mdo as manobras 1r:uçoc1rns do bolehe· .vismO e c$querdismo c.omuno."c.atólico". representando os melhores ,,adições c.ris1t10-oddentai.s, lutando cm ;fnvor de un,a renovaç;.'\o ;.lutênti,ça, n5o das estr'UhJfa~, ma~ .:;im renovação pesso:11 de cada um dt nós''. Rovmo. P<. José Trombert, Serro (MC): "Rec<bo sempre com o maior pra,,.cr cada ~úmero 9_u e chega. ,Estimo muito .i segurança da Ooutnna, e ve10 na tur, ma rcspons.ável un$ verdadeiros bat~lhadores peta C:3U• ~a de Cristo e de sua Santa lgre1a. Conservo l~o. Sl coleção. pois. alguns artigos. valem aulas. mag1&Jrais que não se podem esquecer. t inaprec1âvel o serviço prestado à vcrdodcira Fé por C$:l turmn de Leigos, que 1êm horror de respirar a Mmosfcra 3$.SO· l)rada sobre u humanidade pela Serpente 1nc:insável desde sua primeira vitória contra O$ Filhos de Deus ilo Paraíso. Preocupo-me de rezar e lembrar, na Sanhl Missa, o& nomes desses verdadeiros colaboradores dn Obra Cristã-Católica".

por

Sr. Raimundo da C~U Machado, Otlras (PJ): .. Filho de p:iis católicos, venho em mc\1s ~tenta e dois. anos de existência. mantendo os princípios sãos que eles me herdaram. Pelo estudo, e.ada dia verifi ,quci m:iis ::i. sua conveniência e indispcnsabilid3de, Mas :urnvessamos uma q>OCa de no vos sofrimentos para n :Religião. São tão berrantes as opiniões e os doutrinomcntos que, vez põr ou1.ra, chegamos a duvidar de nossa própria firmeza. Quem não se escandaliu ante os abusivas e petulantes interpretações sobre a oondu· ;1;;1 crislâ determinada pcJo Concnio Vatieano li? Tor. na-se necessária uma direção doutrináría defensora óa boa tradição e digna de confiança, nesta hora aflitiv:t t de modo eS!)CGial no Brasil. Eis porque leio com prazer, entusiasmo, f6 e gra1idão este benemérito CA· 1TOLlCJSMO ião sincero e destemido, e tudo que me 'chega U mãos do criterioso filósofo Plinio Corrêa de Oliveira".

Sr. Luiz BO<II.. d< Fttltao, Ubttaba (MC): "Hi muito que procurava conhecer 3 origem da devoção ~s Chag:ts de Cristo e, qual não foj minht'I. agradável surprcs:a. ao deparar com a exposição dara sobre o :.,.ssunto, no jorn:il do mê.s de maio, de CATOLJCIS · MO. Há muito tamtxm que faço essas preces e ora. çõ~ {.. . ) fiquei muito satisfeito, e acho que a publicação de.~as orações i muito oportuna cm nossos dias ~.m <i_ue a impudicicia e a scnsu.1Hdadc j á vão :lV3$· sal:rndo tudo. Apro..-cito a oportunidade para diur que aprecio muito este jornal; subscnncioso, combativo. visão larga, penetrante, pan1, não só comb:uer, como, principalmc,nte, descobrir e desmasçarar os ardis, ;tS titicas do inimigo, da impiedade. do ateísmo, da massificação e do progressismo católico, que t:io gtandc mal já t~m feito à sociedade contemporânea, cm todo o mundo. Outrora. viam,se jornais católicos bons; eram o evangelho vivo, forte, eonvinc:tnle, a palavra fulguran , te dos gr.:indcs prtgadores do Cristianismo autêntico. •a1ravessando os s6c.ulos. Ac.abaram-se. vieram umas novidades, coisas sem graça., um arremedo das publicaÇÕcs profanas que enfadam, a.borr~m . .. Que NoS&> St.nhor, atrav~ de sua$ sa.ntas Chagas. derrame copiosas W.nçãos a CATOLICISMO e a ,lodos os que militam cm suas fileiras, e ciue a Virgem tMaria abcnç0c C$1as publiçaçócs cristã.s e verdadeira~".

Pror. Paul L~urd, pror~r honorário dl* Uni• ,·cn,Jdndc Cacótki:. dt Paris' (1-'rnnça): "Jc víens de rccevoir le bel nrticle que vous avcz. bic,, vou1u cons:1crcr à mon livre sur Je Cardinal Mindszcnty. Jc vous cn rcmcrcie Ir~ viw:menL J'cn S\1is lr~ touch6. Votre rcvue CATOUCISMO cst tr~s intc:res.santc ct jc vous fclk:ite de pouvoir publicr nu 8r6sil une tclle rcvue. En Frnnce nou!( n'nvons pas l'equiv;-ilenf'. Revmo. Pc. Alofslo Furc~do, S. J., BaturUé (CE): " Mui10 grnto pelo envio de CATOLICISMO sobre o mês de mRio, Númeto excelente, magnífico!" 011. Nklu dt: ArauJo Mafrn, Carallnga (MC): "( . . . 1 este jornal, grande b:Uálho.dor d~ causa de Deus",

Oa. Pi«ladc Lopes Ramos, Cnlanduvn (SP): "ôti~ mo - nada a i.'lcrcsccntar, continue sempre assim. Obsefvnçào de meus íilhos - muita Político interna· ciono.l, mns como eles 1amM-m gostam de polític11, c.:on1inuc,m sempre assim". Prof. Guilherme Pcrdra C:walcant-c, São Caetano do Sul (SP): "Jornal que se impõe por sua austeri-

dade e honestidade com que aborda os problemas hodiernos, tan10 os relativos à Igreja como ao mundo. Um esteio a sustentar a verd.tdcira doutrina da Santa l&rcja, tão vilipcndiada nos dias presentes.. Vá cm frtntc CATOLICISMO. não se deixe intimidar pelo ;1.laridÕ dos mal,intcncionados ou inocentes úteis". Sr. Antonio de Arruda Leme, S5o P:i.ulo (SP): "ótimo (CATOLICISMO]. Sugestão: sendo posslvd, retomar a apresentação da secção '•Ambientes, Costu· mes e Civiliit1çõcs", que .sempre me impressionou pro, fundamente e penso constituir arma prcciosl.'l de aJ>OS• 1olndo, aprcs-cnl.\da, como sempre o fez CATOLlCIS· MO, com comentários inteligentes e breves··. Sr. Ckcro Harada, São Paulo {SP): "Sugiro maior nümcro de páginas, porque h;\ muito noticiário ( . . . ]; Quanto ao mcns.ário cm si, ou seja, seu c.001-cúdo e apresentação, acho ótimo. excelente. Antigamente hn• vitt mais assuntos dOutrin;\rios e históricos., atualmente foi diminuído o número dos assuntos acima, e au, mcntado o de notícias. Não que as not{cias sejam ruins, a1é 10 contrário; da.í minha sugestão de se au· ment3r o número d e páginas''. Sr. €duardo Contrtlras Rodrigues, Bagé (RS): '•Atinie plenamente o fim a que se propõe. Sugiro que se trate, cm cada número, um lema atual com a mt'lior profundidade cabível; que se man1cnha t'I. pu• blicaç5o da~ jóia.~ do pensamento católico, de prereré:1ci::,. (ro,smentos dos Padre.~. selecionando a mat6ria em função da oportunidade do texto como antídoto :tM de<ivio$, doutrin:'irios hodiernos". Prof. David PiuS)i, Tcutónb - Tapera (RS): ·• Agrada-me jmcnsamcnte o modo de apresentação do jornol CATOLICISMO. Seria útil que cm cada cdiç:io houve!;Se um a.ssun to sobre ., doutrina da Igreja com referência às verdades que todo crisl:io deve seguir; como exemplo seria o caso tão atual como importnnte: a pílula anti· concepciona.11 assunto este ,ão controvertido (o Papa proibiu. mas os çotólicos adotam, att nas resiões interioranas). Outro assunto 6 a questão da Confiss5o e Comunhão - poucos se confessam freqüentemente e quase a totalidade comunga aos domingos. Será que há uma interpretação nova na Igreja ou o povo é de fato mai$ santo? A questão do traje dos Sacerdote;... 8atisino há Sacerdotes que dão a entender que o Batismo tem razão de ser quando b6 consciência - scj~ do b:.Hiz,rndo, ou dos pais e padrinhos. Há assuntos sobre Nossa Senhora de Fátima: que poderiam ser também apresentados". Da. Orcstina Borges de Frtltes, Ubcrabn (MC): "Quanto mais artigos sobre Nossa Senhora. me.Jhor. c:-omo o que o jornal publicou sobre Nossa Senhora de FátimR. A Igreja cm Si é sobrenatural: apesar dos progressistas, gostamos do sobrenatural!"

St. Ary Culowií,s David, Cua.nambl (BA): "ótô, mo jorno.t, excelente aprc..~ntnção grificn. Um do~ baluartes da ortodoxia no Br:tsil. Sugeriria que CA· TOLICISMO procurasse. rdutar, cm suas p:iginas, tlS asneiras e he-rcs.ias do ex-padre Aníbal Pereira Rd$. principalmente a versão exposta no seu livro: "A Se· nhora Aparecida - Outro Conto do Vigário". sobre o ettcontro da imagem. E ji que o n.0 262. de ouht• bro, tratou, de modo tão claro e e.xplkito, d3s apari· çõcs de Nossa Senhora. em Fátima, seria conveniente: que os colaboradores desse jornal tomassem conhecimento do que escreveu João Hharc.o, cm Portug:1I. nu livro: "Fátima Desmascarada", onde se propõe conlar a verdadeira história de Fá1imà, documcnrnda com provas. O livro, cm 4.ª ediç!io, foi public;ido cm Coimbra, o :mo passado. A sua intcrprc1:1ç:io me p:1rcce totalmente absurda. Faria bem às almas un1;1 boo refutação", • Aootamos as sute.çtões dos lellores, palll opor-tuno a.leodlmeolo, Sr. J. C . K., Rio d< Janclro (CB): "O Jornal do Brasil" de 5 de outubro último trou.xe em seu "Caderno de Turi.s mo" uma reportagem um tanto ccndenciosa sobre A,r,arccidn. na qual se lêem .algumas refe, rêncins a CATOLICISMO (sem indicar o mê$ e ano). que tran.sc.rcvo para conhecimento de V. Sa.: "Uma m&1ia de S milhc}cs de peregrinos por ano vai a Aparecida do Norte cumprir promessas ou agradecer o~ n1ilo.g_rcs que segundo o jornal CATOLICISMO ''curnm a alma e o corpo além de afastar o peri1to do c.omu• nismo, da reforma agrária e do divórcio". E mai! adiante prossegue o ..Jornal do Brasil": "Embora hnja ttiJito objeto de e.era. madeira, cerâmica e at6 de toei• do para provar o agradecimento dos fi~is que ob1ivcram a.s graças de Nossa Senhora Aparecida, o certo 6 que o m11ior milagre acontcddo cm Aparecida do Norte é contado para todo mundo. Mas nada existe para comprová-lo: apenas a história impressa no jornal CATOLIClSMO". E transcreve a seguir o relato feito nCS$a folh:'1., do c.pisódio de um incr&:lulo que quis cnlrar a cavalo na primitiva Capela para derrubar do nicho a imascm de Noss:. Senhora., mas foi milagro· s,mtnte impedido".

7


ltl.'<Jt~//ll

Af01liCESMO - - - - - *

O BRASAO DO SR. BISPO EXPRIME TODO UM PROGRAMA DE VIDA De arrninho, um leão 1·01npante de ortro, carregado de u,n tau antigo de gol,es ( vermelho), n,i espádua; double orla de goles. O escudo pousado ern unia cr(4Z trilobadet de ouro, e enci,nado de u11i ch.apéu prelatício de sinople ( verde), co1n seus cordões ter1ninados, e1n cada flanco, de seis borlas de sinople e ouro. Divisei: e11i listel de goles, a lege1idc1 "lpsa conteret", de ouro. DESCRIÇÃO

HERÁLDICA:

o

leão le1nbra ,, i1nC1gem escriturística e1n que Jesrts Cristo é designado conio Leão de Judá: "Vincit Leo de tribu Jude," - "Vence o Leão de, tribo de .Tu.dá" ( A.poc. 5, 5 ). Si1nboliza t<111ibéni CL virt1ide de, fortClleza., de que Nosso Senhor foi o suprerno niodelo. O tau, corn qrw está nu,rcado o l,eão, figura ,u, visão de Ezequiel (Ez. 9, 4,) corno si1u1L di.stin.tivo dos qiie . não. se confor,nava,n coni os erros do paganisnio, . e co1n a inf ütr<t· ção desses erros no povo eleito. A. double orla lembra, pela sua DESCRIÇÃO

SIMBÓLICA:

cor ver1nel1u1, a luta pela Igreja até a efusão do swigue. O ca1n110 de arrninho representa o 11u111to protetor ile Nossa Senhora, confornie velha tradição bretã. O Rei Artur estando e11i grave risco ern u11ia gu.err<t contra infiéis, apareceu-lhe Nossa Senhora <Jue o cobrirt corn o seu. 1rn111to forrado de ar11iinho, protegendo-o assirn contra os golpes do adversário, que foi derrotado. Esta seria a ori.gern do cC11n110 de ar,ninho das ,,r,nas da Bretc11thC1. O · leão se encontra e,n um canipo de arrninho como Jesus Cri.sto Se encontrei ern Mari<t Saniíssi,nc,. A fortcúeza cristã e ,, proteção da Virgem assegurc11n o triunfo da Igreja. Este triunio está men~io1u1do rui divisa " l psa conteret", tirada do texto da· V ulgatc,, no qiutl se lê que, segundo a prorness<t divina, Nossa Senhora esmaga.r á a cabeça da Serpente infern(ll (Gên. 3, 15). Coni efeito, os problernC1s conte,nporâneos contra os qua.is <t Igreja lrita, são tristes efeitos do pecado original, do qual o gêriero hunwno foi rernido por Jesus Cristo, Füho de Marie,.

A imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima que recentemente verteu lágrimas em Nova Orleans (EUA) v isitará a Diocese durante as comemorações do jubileu episcopal do Sr. D. Antonio .

AS SOLENES CELEBRAÇÕES DO JUBILEU DIA 20 DE MAIO Às 10 !toras: Solene Pontific<Ll, celebrado por S. Excia. R evrna. na Catedral Diocesana, rom assistência de autoridades eclesiásticas, civis e ,nilitc,res, e representcintes de todas as Paróqui(ls. Fará ct oração gratulatórút o Ex11io. Rev1no. Sr. D. A.ntonio de Alrneida Moraes Junior, A.rcebispo Metropolitano de Niterói. Às 13 lior,is: Baru1uete oferecido pelo Prefeito Municipal, Sr. José Carlos Vieir<t Barbosa. À.s 20 horas: No edificio do Foru1n, sessão solene, ,w qu(ll o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira dissertará sobre a plenitude do Sacerdócio. O Coro São Pio X, de, Sociedade Brasileira ·de Defesa da Tradição, Fa,nili<t e Propriedade, cantará trechos de sezt repertório.

DIA 23 DE MAIO '

' As 12 horas: Honienage11i do R evdo. Clero Secular e Regul<1r, cont al,noço no Se,ninário Maior.

Às 20 horas: Solene Te Deu.rn, rui Catedral . .N.o.s djas 13 r.i 17 de rnaio estará eni Canif)os· a l1nage11i peregrina de Nossa Se,iliora de Fáti11u1 <1u.e extraordinarú11nente lacri,nou e11t Novo Orleans, confor,ne noticitunos, corn cunplos detcúhes, em n.oss,i edição de setembro do ano passado.


1 •

l

Ll 011\G'l'OI\: MUN$, At-TONIO RIOCIRO 00 ROSARIO

Como lembrança do jubil eu, o C lero ofereceu ao Sr. Bispo uma primorosa poliantéia

A entrada da sessão solene realizada no Forum Nilo Peçanha : D . Antonio de Castr o May er, D . Antonio de Almeida M oraes Jún io r e o Prefeito José Carlos Vieira Barbosa

O S r. D. Antonio de Castro Mayer no seu trono, durante o solene Pontifical Que oficiou na Catedral-Basílica

SOLENEMENTE FESTEJADO O JUBILEU DE D. ANTONIO DE CASTRO MAYER páginas 4 e 5

N.º

2 7 O

JUNHO

DE

1 9 7 3

ANO

X X 111 Cr$ 2,00


Há trinta anos vinha a lume o livro de Plinio Corrêa de Oliveira

,, ''Em Defesa da Ação Católica , uma obra providencial '

H

Á TRINTA ANOS al rlís, veio a lume

o livro "Em Defesa da Ação Católica", de autoria de Plinio Corrêa de Oliveira e pr.efaciado pelo cn1ão Núncio Apostólico no Srasi.l, D. Bento Aloisi Masclla. Essa memorável obra, que cm 25 de março de 1943 recebera imprimatur do Vigário Geral da Arquidiocese de São Paulo, Mons. Antonio de Castro Maycr - por mandato do Arcebispo Metropolitano. D. José Gaspar d<:> Affonseca e Silva - saiu do prelo e chegou ao conhecimento do público no mês de junho daquele ano. As novas gerações não têm muita noção das coisas estranhas que naquela época se passavam em cercos setores do movimento católico no Brasil. Fervilhavam as mais insólitas idéias, tendências e atiludes no que dizia respeito à nova forma de apostolado que se iniciara durante o reinado de Pio XI. Não somente no Brasil, mas por toda parte, a Ação Católica, na qual o inolvidável Pontífice depositara lantas esperanças. ia-se deturpando a ponto de se arrogar o monopólio das obras de apostolado leigo e de se transformar cm um polvo estrangulador de todas as associações existentes no meio do laicato. Dizendo-se de· tcntores de um estranho " mandato", que os fazia participantes do apostolado hierárquico e da própria Hierarquia, certos elemen1os e,. ponenciais d..-ssc movimento, arrastando atrás de si toda uma turbamulta de ingênuos e mal informados, esposavam uma série de exageros que não tardaram a se transformar em erros manifestos no que toca não somen1c a esse apregoado mandato, rnas também à vida espiritual, à disciplina e aos princípios diretores de suas a1ividadcs como apóstolos leigos.

A cobeço de filo: o iguo litorismo Em resumo, dizia o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, ''<> fa10 é que um messianismo ma/.. são com eçou a Jazer delira,- em certos espíritos os princípios fundamentais da AC. E como tis verdades que deliram estão prestes a se transformar em erros, não tardou que muitos conceitos novos assumissem um caráter ousado, para acabar torntmdo-se indiscutivelmente errados" (p. 12). Podemos dizer que a cabeça d.e fila de lodos os erros que se infiltraram na Ação Católica era o igualitarismo. emanado da Revolução e corporificado no 1al mandato que fazia, dos membros dessa nova associação do laicato, participantes da Hierarquia. A esse erro fundamental dedicou Plínio Corrêa de Oliveira a maior parte de sêu livro, mostrando clara e

V erdades esquecidas

CONVINHA QUE SÃO JOSÉ FOSSE DE NOBRE LINHAGEM Da "Summa de donis Sancli Joseph", de Frei Isidoro de Isolano (século XVI), de quem disse o Papa Ben10 X.IV ler sido um dos que "corn seus -escritos mais contribuíram para a propagação do cullo josefino":

N

ífO ERA ADEQUADO que o Rei dos Rei.r convi,1esse ,w intimitltule com quem mio era nobre nem de espfriro nem de .fangue. N,ío co11vi11/,a qw) Aquele 11 quem servem milhões de Anjos esco/1,esse por pfli putativo a quem não /os.re de nobre linltnRem; nem ltlmpouco que n Virgem escolhida por Mãe - a quem admiram os moradores ,l<i Jerusalém celeste estivesse desposada rom um vadio de origem plebt!ia. - (Fr. lsidoro de lsolnno. O. P., "Suma de los Doncs de San José" , edição bilíngilc, versão e introdução pelo Pc. Fr. Bonifacio Llamera, O. P., in "Teología de San José", Biblioteca de Au1ores Cris1ianos, Madrid, 1953, p. 397]. 2

exaustivamente como '~existe uma diferença essencial entre os poderes impostos pelo Divino Salvador li Hierarquia da Igreja e os encargos cometidos pela Hierarquia aos fiéis'' (p. 55). E lembrava o ,princlpio posto à luz num dos esquemas apresentados ao I Concílio Vaticano, segundo o qual é a Igreja 11uma sociedade desigual e isto não somente porque, entre os fiéis, uns são clérigos e outros leigos, mas ainda porque ltá na Igreja, por instituição ,livina, um poder de que uns são <lotados em vista de s<mti/icar, ensinar e governar. e de que outros não silo dotados". Mostra o Autor que " não existe uma "participação" da AC, nem na Hierarquia, nem nas funções hierárquicas". Inteiramente gratuitas "ainda que a.'r teses antetiormente refutada; fossem admissíveis, Pio XI não deu ,l AC a participação na Hierarquia ou em funções hierárquicas" (p. 61) . Tanto isso é verdade, q~ o Sanlo Padre não fazia dis1inção entre as palavras "colaboração" e "participação'', empregando·as "indistintamente uma pela outra", segundo Mons. Guerry, um dos mais crudilos pesquisadores e comentador.es dos textos pon1ifícios sobre Ação Calólica (p. 68).

Reivindicação corajoso dos direitos do verdode Nes1a pane íundamen1al que trata de Ião estranho mandato, como no resto, ºEm Defesa da Ação Católica" deixou sem face os que alicerçavam sua atuação jun10 ao laicato ca1ólico nessa falsa interpretação de Documen1os emanados da Santa Sé. Como parle da campanha de calúnias que à socapa urdiram contra o Autor, fizeram eles constar que se 1ratava de mera e d.-spicienda querela em lorno de palavras, embora ninguém ousas.se sair lealmente a campo para enírcnlar os sólidos argumentos e as b..-m alicerçadas demons1raçõcs do livro. Na realidade, a balela do "mandato" levou :Profundo golpe com o inestimável trabalho de esclarecimento e de reivindicação dos direitos da verdade empreendido pelo Prof. P línio Corrêa de Oliveira. muito embora viesse esse sinuoso erro da par.. licipação dos leigos no apostolado hierárquico a reapMccer cm nossos dias sob novos disfarce,; e até com maior audácia. É o que vemos a1ravés da concepção igualitária da Igreja. pregada por certas correntes eursilhistas, segundo a qual lodos, Bispos, Sacerdo1es, Religiosos e leigos, "participam de uma mesma missão t·omum: [ ... ] se bem que, naturulmente, catla um deva exercê-fo. com funções e m odalidades dis1imas1 · , ficando 1·;111eiramente superada" a idéia de que os lcigos são membros da Igreja subordinados aos clérigos. Mais ainda: "o diálogo e a discussão dos problemas eclesiai.r com o laicato na Igreja é já um /Mo fu ndamental que por direr"to compete ao.r leigos" ( apud Carla Pastoral sobre Cursilhos de Crislandadc, de S. Excia. Rcvma. o Sr. D . Anlonio d.e Castro Maycr, Edilora Vera Cruz. São Paulo, 2.• edição, 1972, p. 69). Mas vollemos ao livro "Em Defesa da Ação Cat61ica". Depois de moslrar o papel do Clero e dos Religiosos e Religiosas na vida da Jgreja, denuncia o Autor "como se pretende 1111i.esquh1har e por fim destruir esta si1u,1ção. Í ••• 1 CIJm / w1dan1enfO tlC.fj·Q "part,"cif)(lÇÕO", com base nesse "mandatou, tem-se pretendido que os leigos se avUtarlam obedecendo inteiramente ao Assistente Eclesiástico, e que os diriget11eJ' da AC têm uma aworidade />rópria que faz ,lo Assi.rtente mero censor domrinário tias atividades socit1is. Assim. enquanlô qualquer atividade nad11 tiver de contrárlo à Fé ou aos costwn~s. o A .rsistente ,leve calar-se. f ..• J Quanto aos Religiosos que nüo .tão Sacerdotes, ou às Religiosas, tlevem simplesmente retirar-se e calar-se" ( p. 75). O Sacerdot: passa a ocupar, "no protocolo das solenidtule.r d,, A C. não mais o lugar central. mas o de obscuro e lo11gí11q110 comparsa" (p. 79}.

O "mandato", a Liturgia e a vida interior Não tard:iram a ampliar-se as consequcncias dclclérias desse falseamento da palavra do Papa, conjugadas com un,a consideração não menos errada na vida li1úrgica. Como um cerrado encadeamento de desaccr1os. "afirma-se, sustenta·Se, propaga-se à boca pequena que

a ptátict, tia vida litúrgica, uma. certa graça de estado própria à AC, bem. como a ação em• polgante da grandeza dos ideais d11 AC fazem calar, no íntimo dos membros desta, a seduç,ío natural para o mal e as tentações diabólicas" (p. 94). Assim, "a Sagrada Liturgia exerceria sobre os fiéis uma ação mecânica ou mágica, de uma /ecun<li<lade toda automática, que tornaria supérfluo todo o esforço de colt,boração tio homem com a graça de Deu.t " ( loc. ci1.). Os meios tradicionais de ascese, que procedem do reconhecimenlo dos efeilos do pecado original, passaram a ser repudiados. "Nesse sentido, não Jorant poupadas censuras e áspe· ras críticas aos retiros tspirr"tuais, pregados seguttdo o método ,le Santo Inácio, que foram apontados como odiosos e retrógrados. Os retiros deveriam pois ser substituídos por dia.r ou semanas de estudos, o que facilmente st explica, já que o reliro se desti1Ut sobretudo 1,0 adesrrame1110 da vontade 110 dominio das paixões, e, torna,Jo tudo isto desnccessá,-io, a si11iples iluminação das inteligências nos 11dia.r de estudos" e na.r "casas de estudos" é p:trfeitamente suficiente. T ombém a meditação i11• tlividual é concebida como m era iluminaçt1o. Estes erros repudiam o exame de conSciêncfo, o exercício dll vontade, a aplicaçtío tia sensibilidade, os chamados tesouros espirituar"s, a que, tudo. apontam como métodos decrépitos, torturas espirituais, etc." (pp. 95-96). ''Ntio é difícil ,,er que totlo est'! enctulca· menro de erros provém, em ,Utima análise, do espírito 1le indepenMncit, e prazer, qut procura libertar o homem do veso e ,las lutas que o trabalho de sami/icação impõe. Eliminada a lt<ra espiritual, a vida ,lo cristão lhes aparece como uma série ininterrupta de prazeres espirituais e de consolações. Por isto, os que assim pensam evitam , e chegam a desaconselhar. a m editação dos episódios dolorosos da vida do Redentor, preferint/o vê·Lo sen1pre como vencetlor cheio de glória" (p. 97). Nada de penitências, de austeridades, de espírit~ de sacriHcio: '"'Como jlÍ dissemos. re-

comendam ex/Jrcssame11te ambientes impregnados <le uma alegria que, tendo pretcxt.,)s c.rpi~ ri1uais, entrétanto se mostra sôfrega de satisfações rtawrais" (,p. 97). Apresentemos outros exemplos de imodéslia e de igualitarismo cm certos meios da Ação Católica (quão menos escandalosos que os desvarios progre, sistas de hoje): "Ninguém ignora os mríltiplo.r perigos que os ballel· rrazem consigo. 7''ai.r bailes, entreumto, não .rão tolerados mas recome,uladoJ', 1uic s<io recomendados, mos até impostos: os retiros espirituais tlurante <> carnaval, stío consideN1dos uma deser.çlio, pois que o membro d" AC deve fazer apostolado 1111s festas pllfltís tio carnaval. /-louve tJuem pretendesse que. indo tl lugares suspeltos e escandalosos, faria apostolado, lev,mdo ali "ó Cris10 Vacinados contra o pecado, pelos efeiros mt,,.cwilhosos da Liturgit1 e cio numdato da AC, prttenderiam, certos m embros desta, como salllma,ulras, i11stalor..se em 11leno Jogo, .tem se quer"mar. Agasta-os wdo que, lembra11do a delicadeza fem inina, acentua a diversidade dos sRxos. Combatem, por exemplo, o uso de véus nas igrejm·. Não cenl·urtmi o uso de calças masculinas p<,ra tlS mulheres, nem o do cigarro. ( ••• J 1',ulo quanto .tignifiquu combate 1/ireto e de viseira erguida contra as modas indecentes, tis más leituras, más companhias, maus espetáculos. pa,rsa, mui111s vezes. sob o mm·s prof1111do silf11cio. [ ... ] Ao que parece, tantas e ttío lamen.. táveis liberdades seriam "privilégios" lnerentes à AC. Os antigos mitodos de mortr"ficaçiio e fuga das ocasiões eram certamente multo opros para as antigas associações, onde realmeiue se pode ser severo e exigente. A AC, porém, r,. presentaria a libertação de tudo isso. Estas precauções eram muletas sobre as quais se apoiava a fosu/iciência estrutural, jurfriica, orgânica e vital das antigas associo• ções. . . De ttulo isto, poderia e deveria prescindir a AC" (pp. 99-1 00). 11

Doutrinas e métodos quose idênticos oos do modernismo Mosl rando a semelhança desses erros com o modernismo, acentua Plinio Corrêa de OJi .. veira que "era preciso que fizéssemos unu, exposição conjunta de todos estes princípios errados, para que se percebesse claramente es· rarm os em presença, não de erros esparsos, mas de rodo um. ,iistema doutrinário baseado em erros fundamentais, e muito lógico em professar rodas as conseqüências daí decorren .. tes" (p. 101 ). E passa o Aulor a demonstrar que não se tratava de novidades, mas de erro velho : "Dolorosa, esta situação, entretanto. não é nova. O modernismo. condenado por Pio X na E11cíclict1 "Pascendi Dominici Gregis'' de 8 de setembro de 1907, contém doutrinas e métodos quase idênticos aos que agora d~screvemos, e a bem dizer podíamos /ater, com a Encíclica em punho, toda a descrição do presente movimento'' (p. 102). Alé en, táticas da AC vemos uma rcpe1ição das que eram usadas .pelos modcrnislas. uma das quais consist ia ''em jamais expor suas tloutrinas ,ne• todicamente e em seu conjunto, ,nas em as fragmentar de certo modo e as disseminar aqui e Já, o que dd a impressão de que elas são variáveil· e indecisas quantlo sua..r idéias, pelo contrário, são per/eitam~nte nítidas e consistentes" (loc. cil.). Muito teríamos que dizer sobre variados ternas abordados pelo Autor, lais como o " apostolado de conquisla", que levava o apóstolo Jeigo a dtsintcress3r•sc da santificação e perseverança dos fil hos da Igreja, e a inflacionar os meios católicos com " conversões" apressadas; a tá1 ica do ''recuo estratégico'\ concebida como único processo de proselitismo e levando à ocuhação de verdades austeras bem como à rejeição de toda forma de energia e de combatividade; a tática do "terreno comum", .:rigida cm nola dominante e a bem dizer exclusiva do npos1olado da AC. pondo-se de lado o combale aos erros, a prc1cx10 de somente se ensinar a verdade; o endcusamen10 da popularidade; o dcsprc,o dos limites que ·a prudência impõe no "apostolado de infil1ração certos desvios semelhantes aos de ºLc Sillon", como por exemplo os que afloravam nos tendenciosos e mal conduzidos "círculos de es1udos", nos quais se rebaixava a eminente digni· 1

11

:

dade do Sao:rdotc para, "pela mais estranha inversão de papéis''. fazê-lo aluno1 no mesmo nível de seus jovens amigos, e se repudiava a função do professor. por anti-iguali lária.

"O erro é necessa riamente um cama leãoº " Jesus Cristo é sempre o mesmo, 0111em e hoie; Ele o será também por todos os séculos" (Hcb. 13, 8) . Eis a razão pela qual "Em Defesa da Ação Católica" termina com um capílulo consagrado a confirmar com numerosas citações do Novo Testamenlo as teses defendidas em suas páginas, sobretudo quanlo à pregação das verdades austeras, a par das suaves, evitando lodo unila1cralismo faccioso. Tudo isto poslo, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira via com objetividade os r..?Sultados prá1icos a serem alcançados pelo seu livro. Além dos que apoiariam sem reservas a defesa fcira da verdade contra a invasão dcssçs erros ncomodernistas, haveria os que, uma ve·z c.s .. clarecidos, com maior ou menor dificuldade abandonariam as falsas posições incautamente as..~umidas. Enlrc as diversas atitudes que poderiam tomar os contendores do livro, cs1aria a dos q ue "perseverarão no erro, mas procurarão mudar de /6rmulas e, ati certo ponto, de tloutrinas, porque o erro é necesst,riamenle um cama/tão, qua,uJo procura medrar à sombra tia Igreja. MtUi nossaJ· palavras terão servido ao menos ,te aviso para os espfritos argutos'' ( p. 340) . Muilo teve que sofrer o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira cm conseqüência da publi:ação de "Em Defesa da Ação Católica. Mas realizou-se à risca o que previra, no prefácio composto para a obra, o depois Cardeal Scnlo Aloisi Masella. : "este livro, escrito por um homem que sempre viveu na Ação Cat6/ica e cuja pena está intelramente ao serviço da Santa Igreja, /trrá muito bem à.r almas", - E o que mostra o arligo que, em outro local desta edição, "Catolicismo" reproduz. de seu número de junho de há dez anos.

Cunha Alvarenga


Transcorrendo neste tnês o trigésimo aniversário do lança,nento do livro "Em Defesa da Ação Católica", de autoria do P rof. Plínio Corrêa de Oliveira, republica1nos - para interromper mais uma vez as prescrições da História - o artigo apresentado cm nossa edição de junho de 1963. Passados dez anos de sua publicação, um dado desse artigo tornou-se anacrônico: é o que se refere à situação dos erros denunciados no livro. Em 1963 se podia ainda dizer que eles deparavam com uma ,·epulsa generalizada, e que não se apresentavarn ufanos de si. Hoje, t.a is erros e seus consectários encontram poucas reações, e circulam impunes, estadeando clesinibidamente na Cidade de Deus a sua hediondez. O que não diminui o mérito do trabalho. de Plínio Corrêa de Oliveira. P elo contrário, faz crescer o valor de testemunho de "Ern Defesa da Ação Católica", cujas páginas constituirão aos ol~os da História u,n elemento de enorme valor para o estudo da gênese da crise em que nos encontrarnos nesta época pós-conciliar.

Para evitar as • prescr1çoes da História ,_

e

ADA FASE DA existência nos oferece seus prazeres. Em meus tempos de estudante, sentia um particular interesse

cm fazer a pescaria de livros raros, nas numerosas casas - então prosaicamente chamadas "sebo'· - que os vendiam em segunda mão.

Ao longo dessas pesquisas, não raro me caíam nas mãos volumes dedicados pelo autor. a este ou i1.quelc amigo, com expressões que traduziam, ora uma amizade terna ou bombás.. tica, ora um sentimento de mal disfarçada su-

perioridade. ora, por fim, o desejo de obter para a obra recém-nascida as boas graças de algum intelectual ilustre ou de algum crítico perigoso. Nunca fui propenso a colecionar autógrafos. Por isto, repunha na estante o volume, quando não me interessava. Mas me perguntava a mim mesmo: o que dirá o autor, se cá vier comprar livros, e vir que seu ::imigo vendeu assim por uns magros cruzeiros (mil·

réis, dizia-se então) não s6 a obra como a dedi·

catória, não só a dedicatória como, em (tllima análise.. também a amizade?

E daí me vinha, com um sobressalto, outm idéia. Se eu algum dia escrever um livro. e en.. contrar dele algum exemplar com dedicatória, à venda em algum "sebo". o que farei? Parecia-me que a melhor solução paro evitar tão

humilhante eventualidade, era a que vim a adotar: não publicar livro algum ... Recordava-me destas <ipreensõcs da juvcnl ude. ao coordenar idéias para o pre.scnte artigo. E dizia de mim para mim que este é um dis-

sabor de que o autor de "Em Defesa da Ação Católica'" está bem livre. Com efeito. esgotada de há muito a edição de sua obra, grande para aqueles tempos (2,500 exemplares), e não tendo como atender à contínua solicitação de pessoas interessadas, chegou o Dr. Plinio Corrêa de Oliveira a organizar por meio de alguns amigos, entre os quais eu,

uma pesquis.-, cm regra nos "sebos'" de São Paulo e de outras cidades·, na esperança de readquirir alguns volumes·. A pesquisa se reve. lou inteiramente infrutífera. O Autor foi então ao extremo de pedir através de anúncio na im·

prensa que alguém lhe fizesse a gentileza de vender de segunda mão um exemplar de '"Em Defesa da Ação Católica'"; e não foi atendido. De sorte que nada é mais improv/ível do que deparar ele em algum '"sebo'" com um volume de sua obra.

Estrondo de bomba ou

música harmoniosa? '"Habent sua fata libelli". Este não é o único aspecto curioso da história deste livro 5ingul:tr.

Assim, por exemplo, se é bem verdade que " Em Defesa da Ação Cat61ica" levo na época uma larga repercussão, é certo que não ntingiu

o que se chama propriamente grande público, mas ficou circunscrito a este ambiente especial. vasto mas ao mesmo tempo um tanto fechado, que se costuma chamar "meios católicos''. E sei que, paradoxa lmente, nem o próprio Autor

quis que sua obra transpusesse estes limites, por achar que. tratando de problemas específicos do movimento cat6Jico, só a esses meios

podia interessar e fazer bem. De outro lado, se é exato que ela repercutiu enormemente nesses meios, foi com o

estrondo de uma bomba. e não com a suavidade de uma música. Bomba saudada por muitos como disparo oportuno e certeiro. contra ingentes perigos que se divisavam no horizonte, e recebida por outros como causa

ele dissensão e de. escâ.ndnlo, afirmação deplorável de um espírito estreito e retrógrado. a,,egado a doutrinas erradas e propenso a imaginar problemas inex isccntcs. Estou :1 ver a vinte anos de distância ns

reações favoráveis e conlrárias. Lembro-me ainda do entusiasmo com que li no "Legionário" as cartas de apoio de D. Helvecio Gomes de Oliveira, Al'cebispo de Mariana, D. Ático Eusébio da Rocha , Arcebispo de Curitiba, D. João Becker. Arcebispo de Porto Alegre, D. Joaquim Domingues de Oliveira. Arcebispo de Florianópolis, D. Antonio Au-

gusto de Assis, Arcebispo-Bispo de Jabuticaba!, O. Otaviano Pereira de Albuquerque, Arcebispo-Bispo de Campos. D. Alberto José Gonçalves, Arcebispo-Bispo de Ribeirão Preto. D. José Maurício ela Rocha, Bispo de Bragança, D. Henrique Cesar Fernandes Mourão, Bispo de Cafelãndia, D. Antonio do Santos, Bispo de Assis, D. Frei Luís de Santana, Bispo de Botueatu, D. Manuel da Silveira D'Elboux, Auxiliar de Ribeirão Preto (hoje Arcebispo de Curitiba), D. Ernesto de Paula, Bispo de Jn· carezinho (hoje Bispo titular de Gerocesarea). D. Otavio Chagas de Miranda, Bispo de Pouso Alegre. D. Frei Daniel Hostin, Bispo de Lajes, D. J uvc,ncio de Brito, Bispo de Caetité, D. Francisco de Assis Pires, Bispo de Crato, D. Florcncio Sisinio Vieira, Bispo de Amargosa, D. Severino Vieira, Bispo do Piauí, D. Frei

Germano Vega Campón, Bispo-Prelado de Jataí. Mais do que tudo, lembro-me da profunda impressão que causou em mim. como e,m todo o meio católico. a leitura do prefácio honroso

com que D. Bento Aloisi Mascna, esse Prelado que o Brasil venerava como o Núncio perfeito, e que por isto mesmo · o Papa Pio XII quis revestir dos esplendores da Púrpura romana, apresentou o livro a nosso público.

Lembro-me também da reação contrária, sobre a qual é cedo - mesmo passados vinte anos para falar longamente. Não é, aliás, sem sacrifício que serei breve a respeito. pois teria especial prazer cm deixar discorrer minha me· mória, completando suas possíveis lacunas com peças hauridas no rico e bem organizado ar·

quivo do Dr. Plínio Cortêa de Oliveira. Sonhos, entretanto, sobre os quais é supérfluo divagar, pois sei que nas atuais circunstâncias

o autor de '"Em Defesa da Ação Católica'" não me daria a documentação li!o desejada ... Seja como for, retomando o fio de minha narração, se olho para o passado lá está ess.-, reação contrária, a que a objetividade histórica não pode fechar os olhos, e sobre ela uma palavra rápida não é demais. As três fases de

uma reação Essa reação leve três etapas. Ela fracassou na primeira, e novamente fracassou na segun-

da. J>orém alcançou pleno êxito oa terceira. A primeira etapa foi a das ameaças. Lem• bro-rnc ainda que, de volta de uma viagem a Minas, meu en1ão jovem amigo Jo~-é de Azc.

rcdo Santos -

que seria depois tão conhecido

tural das coisas o silêncio ia baixando sobre todo o "'caso". Er.n ~\ terceira etapa que CO· meçava, plácida, envolvente, dominadora.

E o silêncio continuou assim . Silêncio que s6 para evitar as prescrições com que a His-

Mas em 1949, o silêncio se interrompeu inopinadamente. Do alto do Vaticano, uma voz ~e fez ouvir, que haveria de dissipar todas as

alguns instantes se interrompe nas . páginas de "Catolicismo". Mas que depois disto conti-

dúvidas, e colocar numa situação de invulnew rabilidade O JivrO, quer Cl'll relação à sua douw

trina, quer à sua oportunidade. Foi a Carla de louvor de Mons. Montini, então Substituto da Secretaria de Estado, escrita ao Prof. Plínio

Corrêa de Oliveira em nome do inesquecível Pio XU. Manda a verdade que se diga haver conli· nuado, apesar disto, o silêncio acerca do livro. Que eu saiba, é a única obra brasileira intei-

ramente e especificamente escrita sobre AC, que haja sido objeto de uma carta de louvor da parte do Vigário de Cristo. Entretanto, não me consta que costume ele ser citado nos trabalhos e nas bibliografias que de quando em vez aparecem entre nós sobre Ação Católica .

tória pune as inércias excessivas, hoje

s6 por

nuará.

O s ingular destino de um livro

Em suma, é tubo isto que explica que ··Em Defesa da Ação Católica" não seja encontrável

e.

nos ''sebos.". que uns o guardam em su:is estantes com carinho. como se contivesse pre. cioso elixir. Outros o trancam na gaveta com pânico, como se fora um frasco do arsênico.

E assim a história desse livro teve um desfecho que nem eu, que assisti enlusiasmado o seu lançamento, nem os seus apologistas ou os seus detratores, poderínmos imaginar naqueles re-

motos idos de junho de 1943.

Movimento litúrgico, Ação Católica, ação social

A partir de 1935 aproximadamente, come· çaram a chegar ao Brasil as lufadas cheias ele vitalidade, dos grandes- movimentos que. caraclcriz:wam o surlo religioso da Europa do primeiro pós-guerra. Era, antes de tudo, o mo-

vimento litúrgico de que o grande D. Guérangcr lançara já no século passado as bases em Solesmes (1), abrindo os olhos dos fiéis para o valor sobrcnatur-al, a riqueza dqu1rinária e a

incomparável beleza da Sagrada Liturgia. Esse movimento de renovação espiritual alcançava a plenitude de sua irradiação, precisamente no período 191 8-1 939, ao mesmo tempo que um gra nele surto apostólico, conduzido pela mão firme de Pio XI, se generalizava pelo orbe católico. A Ação Católica, que como organização de apostolado remontava d.e algum modo aos dias gloriosos do Pio IX. assumira sob Pio XI a plenitude de seus traços característicos. Era ela a mobilização de lodos os leigos para, formando um só exército de elementos variegados, levar a cabo uma obra também essencialmente una e mulliforme: a iníusão total do espírito de Jesus Cristo na sociedade tão atormentada daqueles dias. A par deste esforço, e como harmônico complemento dele, se delineava uma admirável floração de obras de caráter social. inspiradas principalmente nas Encíclicas "Re· rum Novarum'" e "Quadragesimo Anno., e

visando especificamente a apresentar e pôr em prática uma solução cristã para a queslão so cial. Era a ação social. Como é natural. estes três grandes elementos, que mutuamente se completavam, por is10 mesmo se entrelaçavam. E para eles acor· ria, cheia de entusiasmo, a flor da rnocidade católica, primeiro na Europ:l., e depois. por \'ia de repercussão. também no Brasil. 4

Nuvens no horizonte Sempre que a Providência susr.ita um mo· vimento bom, o espírito das trevas procura es·

gueirar-se nele, para o deturpar. Assim íoi desde os primórdios da Igreja, quando as heresfas eclodiam nas catacumbas, procurando arrastar para. o mal o rebanho de Jesus Crh,to

já dizimado pelas perseguiçõ-.s. Assim vem sendo em nossos dias. E assim tentará o demô· nio agir até o fim dos tempos. O espírito de nosso século, nascido da Revolução Francesa, infiltrou-se desse modo em certas fileiras do movimento litúrgico, da Ação Católica e da ação social. E procurou, sob pretexto de os hipcrvalorizar, apresentar deles uma feição deturpada segundo as máximas ela Revolução.

como polemista de indomável coerência -

nos informou bem humorado e divertido: .. Estive com Frei BC, que me disse estar constituída uma comissão de teólogos para refutar o livro do Plín io. Ele se arrependerá - diz Frei BC - de o ter publicado", Descansáva-

Liberdade, igua ldade, fraternidade: influêncio de um lema

viamentc por dois teólogos já celebres no Brasil, Mons. Mayer e Pe. Sigaud. Resolvemos esperar a refutação. Até maio de 1963 ela não

uma enumeração esquemática dos traços principais do fenómeno já é de per si bastante

é de surpreender, pois, que em matéria de Ação Católica tenha aparecido uma teoria que, em última análise, tendia a nivelar o Clero e os fiéis. Pio XI definira a Ação Católica como a participação dos leigos no apostolado hierárquico da Igreja. Como quem participa tem

ilu.slrntiva.

parte, argumentava-se, os leigos inscritos ~a

veio. Também penso, escrevendo estas linhas, cm um cnrtão de uma muito ilustre e respei·

lema se encontra cm e-ada um dos múltiplos erros refuh\dos no livro de Plinio Corrêa de Oliveira.

mos uma franja de.sta. • Liberalismo. Nas fileiras da Ação Cató·

mos 1ranqtiilos. os que sustentávamos os prin-

cípios de .. Em Defesa da Ação Católica", pois sabíamos a obra analisada e esquadrinhada pre·

tável persona lidade. Diz o missivista que agradecia ao Dr. Plínio Corrêa de Oliveira o ofo. recimento do livro, e que em breve denunciaria

de público os erros nele contidos. Vinte anos são passados. . . e nada se publicou. Assim, quanta coisa haveria que contar! Fracassadas as ameaças de refutação, veio

a fase do zunzum. O livro continha erros. Até numerosos erros. Não se dizia quais eram. Mas que os havia., havia. Já não se falava de refutação. Era. somente a reafirmação insistc1\le da mesm,, ncus.ação imprecisa: há erros, há

erros, há erros, martelou-se por lodo o Brasil. A esta forma de ataque não faltava certa eloqüência: Napoleão dizia que a melhor figurn de retórica é a repetição. Sem embargo disto. "Em Defesa da Ação Católica" continu:wa :t se escoar rapidamente nas livrarias.

Por fim, o livro se esgotou. Ao longo deste tempo. realizara ele sua difícil missão. sobre

~

qual falarei adiante. Uma reedição não J>arecia, pois. oportuna. O zunzum também foi esmore-

cendo. Dir-se-ia que pela pr6pria ordem na-

Seria por demais longo referir aqui tudo quanto há nas páginas de "Em Defesa da Ação Católica'" a respeito dessas infillrações e dos numerosos aspectos que apresentavam. Mas

O espírito ela Revolução Fra ncesa foi essen-

AC têm parte da missão e da tarefa da Hie-

cialmente laic.o e naturalista. O lema segundo

rarquia. Ao contrário dos fiéis inscritos nas·

o qual a Revolução intentou de reformar a sociedade era "'liberdade, igualdade e fraternidade". A influência desse espírito ou desse

outras associações, os da Ação Católica são,

• Igualitarismo. Como se sabe, Nosso Se-

pois hierarcas em minialura. Não são mais mer~s súditos da Hierarquia, mas quase dirfa.

Jica. ao mesmo passo que entrou um legítimo

interesse e zelo pela Sagrada Liturgia, se CS·

nhor Jesus Cristo instituiu a Igreja como uma

gueiraram 1ambém vários exageros do chamado

sociedade hierárquica, na qual. segundo o en-

"Hturgicisrno". A profissão desses erros - como é ineren· te ao espírito liberal - importava numa fran·

dos, ensinados e santificados (cf. Encíclica "Vchementer'", de 11 de fevereiro de 1906). Como é natu.ral, essa distinção da Igreja cm duas classes não pode ser do agrado do ambiente. moderno modelado pela Revolução. Não

ca independência de crítica e de co~duta ~ace

sinamento de São Pio x. a uns cabe ensinar. governar e santificar, e a outros ser governa·

/\ doutrina ensinada pela Santa Sé e as práticas por ela aprovadas, elogiadas e _incentivadas.

Assim, a subestima da piedade privada e um certo exclusivismo cm favor dos atos li11.í rgicos. uma atitude reticente para com a de·

voção a Nossa Senhora e aos Santos, como in1) E. memorável, sobre o papel de D. Ouéranger no movimento litúrgico universal, o artigo escrito no "Legionário" (13-Xll-1 942) pelo pranteado Arquiabade da Congregação lleneditina Brasileira, D. Lourenço Zcllcr, Bispo l itular de Dorilea.

compatíveis com uma formação "'cristocêntri· c-a", certo menosprezo para com o Rosário} a Via Sacra1 os Exercícios &pirituais de Santo

Inácio, como práticas obsoletas, tudo isto cons·

Eloi de Magalhães Taveiro t.'O!-<CLU l N.4 PÁGINA 6

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OS CELEBI EPISCOPAD4 ,. 1

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AS CELEBRAÇÕES DO jubileu de prata episcopal do Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer não se circ unscrcveram aos limices de sua Diocese, mas tiveram repercussão nacional. Nem pod ia ser de outra forma, sendo, como é, o Sr. Bispo de Campos uma personalidade q ue se destaca no cenário bra-

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sileiro, e até internacional, mercê de uma atua..

ção de que se beneficiam todo o País e a Igreja inteira. Clero, Autoridades e fiéis de Campos rivalizaram no afã de conferir às comemorações jubilares o maior brilho, solenidade e calor. Todos queriam aproveitar a feliz cii'cunstância para externar ao insigc Pastor o seu afeto, a sua admiração e o seu reconhecimento.

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Pontifico! com todo o esplendor do liturgio

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Organizadas por uma com1ssao na qual figuram elementos da maior expressão nos meios religiosos, culturais e sociais campistas, as celebrações dos vince e cinco anos de episcopado do Sr. D. Antonio de Castro Mayer tiveram início com a c hegada da Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, no dia 13 de maio ( ver notícia em outro local desta ed ição), e se prolongaram acé o dia 23 , a data jubilar. No domingo, dia 20, às I O horas da manhã, com a Catedral-Basílica do Santíssimo Salvador completamente locada, o Sr. D. Anconio oficiou solene Missa Pontifical, com todo o esplendor da liturgia romana. Proferiu a oração gratulatória, com rara eloqüência, . o Exmo. Revmo. Sr. Arcebispo Metropolitano de Niterói, D. Antonio de Almeida Moraes Júnior, e o Coro São Pio X, da TFP paulista, execucou a famosa " Missa do Papa Marcelo", de Palestrina, para quatro vozes iguais.

O Sr. B ispo oficiou solene Missa Pontifical, com todo o esplendor da liturgia romana . O Sr. Arcebispo de Niterói proferiu, com rara e loqüência , a oração gratulatória.

Assistiram ao Pontifical, cm tribunas de honra, o Exmo. Rcvmo. Sr. Arcebispo de Niterói, o Exmo. Revmo. Sr. D. José Fernandes Veloso, Bispo-Auxiliar e Reitor da Universidade Católica de Petrópolis, o Prefeito José Carlos Vieira Barbosa e Senhora, e o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Famíl ia e Propriedade. Destacava-se ainda a presença do Deputado federal Al;iir Ferreira, de todo o Secretariado municipa l. e dos membros do Conselho Nacional da TFP, Srs. Plínio Vidigal Xaviet da Silveira, José Carlos Castilho de Andrade, Luiz Nazareno de Assumpção Filho e Caio Vid igal Xavier da Silveira, como também a de um grande número de Sacerdotes, Religiosas e Irmandades de toda a Diocese, e amigos de S. Excia. Revma. vindos do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Após a Missa Pontifical, d urante a qual comungaram centenas de pessoas, o Sr. D. Antonio de Castro Mayer concedeu indulgência ple nária aos presentes, e recebeu na Sacristia os cumprimentos das Autoridades e de seus diocesanos, que se prolongaram por mais de uma hora. Na oportunidade foi S. Excia. Revma. saudado cm nome do Clero pelo venerando Mons. Jefferson Valgueiro Diniz, Vigário Emérito de Pádua, que e ntregou ao Sr. Bispo um riquíssimo ramalhete espiritual oferecido pelos Sacerdotes da Diocese. Constituíam o ramalhete: Missas celebradas 31; Missas ouvidas 10.292; comunhões sacra menta is 12.146; comunhões espirituais 5.936; terços 26.3 16; Vias-Sacras 3.756; jaculatórias 286. 194; visicas ao Santíssimo Sacramenco 11. 138; mortificações 9.370; Horas Santas 1.832; atos de caridade 10.641; orações em família 1.41 O.

Banquete oferecido pela Prefeituro Municipal de Compos

O Sr. D. Antonio foi a seguir homenageado pelo Governo municipal com um banquete no Clube de Regatas Saldanha da Gama, do qual participaram o Exmo. Sr. D. José Fcrnande.s Veloso, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e mais de duzentos convidados. Dura1nc o almoço, o Prefeito José Carlos Vieira Barbosa saudou o egrégio Antístite, destacando suas excelsas qualidades de Pastor atento aos problemas de nosso tempo e sua singular jnfluência na vida local, como guia seguro dos católicos campistas. Agradecendo, S. Excia . Revma. referiu-se às boas relações que sempre existiram entre o Bispado e a Municipalidade, e mostrou-se sensibilizado pela presença, na reu11 ião, dos ex-Prefeitos Manoel Ferreira Paes, Edgarclo Nunes Machado e Carlos Peçanha. A noite, sessão- solene no Forum

Ainda no domingo, às 20 horas, teve lugar uma sessão solene no Forum Nilo Peçanha, sob a presidência do Deputado Alair Ferreira. Alé m do homenageado e do orador da noite, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, integravam a mesa o Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Almeida Moraes Júnior, Arcebispo de Niterói, o Prefeito José Carlos Viein1 Barbosa, o Juiz Geraldo da Silva Batista, o jornalisca Oswaldo L ima e o ex-Prefeito Manoel Ferrei ra Pacs. O Coro São Pio X, da TFP, abriu a sessão com o canto fesc ivo "Alie psallite cum luya", à entrada das autoridades, e o Sr. Oswaldo Lima, diretor do "Monitor Campista", saudou o Ex mo. Sr. Bispo Diocesano, lembrando os fatos mais marcantes de sua brilha nte biografia .

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Após a apresentação de mais uma peça sacra pelo Coro, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira pronunciou notável conferência subordinada ao tema "A plen itude do Sacerdócio". O orador desenvolveu a noção de sacerdócio como existiu nos povos pagãos e como se definiu ocm a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo ao mundo. Depois de situar a posição do I3ispo oo Direito Canônico, pôs cm realce a pro(unda consonância entre a ação de D. Antonio de Casto Mayer à frente da Diocese de Campos e o ideal da dignidade episcopal, segundo a doutrina da Igreja. Concl uiu afirmando q ue essa consonância, posta cm relevo pelas invulgares qualidades intelectuais e morais do eminente Antístite campista, vale u a este o alto renome de que goza não só no Brasil, como também nos demais países católicos do mundo ocidental. Finda sua conferência, foi o orador aplaudido de pé, por largo espaço de tempo. A seguir, o conjunto vocal da TFP paulisca apresencou mais dois números de seu repertório. Foi visivelmente e mocionado que o Sr. D. Antonio se levantou para agradecer as homenagens de que era alvo, bem como a presença das Autoridades e numerosos amigos. Ftisou S. Excia. Revma. que recebia aquelas homenagens não como tributadas à sua pessoa, mas sim ao B'ispo Diocesano, enquanto repr-:,sentante da ordem hierárquica segundo a qual inscituiu Nosso Senhor Jesus Cristo a sua Igreja. E que era ama ndo essa ordem que os homens podiam encontrar a verdadeira felicidade. O auditório aplaudiu de pé, entusiásticamente, as palavras do Sr. Bispo de Campos,


.lar brilho e solenidade nas festas jubilares

lA OS VINTE E CINCO ANOS DE ~ DE SEU INSIGNE PASTOR e o Coro São Pio X encerrou a sessão com mais um número. Na 2.ª-fcira, dia 21, à noite, foi S. Excia. Rcvma. homenageado com sessão no salão nobre da Faculdade de Direito de Campos, onde é professor. Saudou-o o Dr. Armando Montei,·o, da Congregação da mesma escola. D. Anton io, Cidadão Cam pista

A Câmara Municipal também quis prestar seu preito ao Bispo Diocesano, concedendo-lhe o título de Cidadão Campista, por proposta aprovada por unanjm idade - do Presidente Francisco Paes Filho. A ent rega do título foi feita em sessão solene da edilidade, realizada no Forum, no dia 22, sob a presidência do Vereador Fran-

cisco Paes Filho, estando presentes numerosas autoridades, entre as quais o Sr. José Carlos Vieira Barbosa, Prefeito de Campos, Sr. Edson de Resende, Prefeito de Natividade do Carangola, representantes do Prefeito e da Câmara de Santo Antônio de Pádua, e o Cel. José dos Santos Filho, Comandante do 2.0 BP. Discursaram os Vereadores Moos. Antonio Ribeiro do Rosário, pela Câmara Municipal de Campos, Edésio Rodrigues Ferreira, pela ele Natividade, e José Simão, pela de Santo Antônio de Pádua (edilidades que também conferiram a S. Excia. Revma. o título de Cidadão honorário). Alunos do Ginásio Maria Medianeira e do Instituto Santa Inês, tiem como representantes da Federação elas Filhas ele Maria, saudaram igualmente o Sr. Bispo e lhe fizeram a entrega de significativos presentes.

Solene Te Deum; homenagens do Clero secula r e regular

As comemorações jubilares foram encerradas com um soleníssimo Te Dcum na Catedral-Basílica, na noite de 23, fazendo o sermão alusivo o Rcvrno. Pe. Emmanuel José Possidente, Diretor Espiritual do Seminário Diocesa no e Diretor da Obra das Vocações Sacerdotais. O Revmo. Clero secular e regular oferecera nesse mesmo dia ao Sr. D. Anton io um almoço festivo no Seminário Maior Maria Imaculada. Presentes todos os Sacerdotes q ue exercem o ministério na Diocese, o Revmo. Pe. Roberto Gomes Guimarães - um dos que foram ordenados pelo Sr. D. Antonio - saudou o homenageado, salientando a grande união que há entre S. Excia . Revma. e o Clero. Merece registro especia l a poliantéia que o .Clero campista fez imprimir como lembrança do jubileu. Com uma tiragem de 5 mi l exemplares e primorosa apresentação gráfica, a " plaquettc" estampa em sua primeira página esta expressiva dedicatória : º'No feliz ensejo do 11igési1110 quinto aniversário da Sagração Eviscopa/ de nosso ,nuito amado Bisf}o Diocesano, D. Antonio de Casrro Mayer, 116s, Sacerdores que, vor graça de Deus, trabalha111os sob sua segur<1, prudente, finne e suave orientação, quere1110s. co,110 sir,gela home11age11~, avrese11tar, nesta vublicação, wna vist" sintétic" do que ele, po,: seu exemplo e entill(lmenros, 110s animou a realizar ,lura11te estes abençoados anos de seu governo ,,as torai". Celebrações da TFP em São Paulo

A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade não poderia deixar de associar•se às homenagens prestadas ao Sr. O. Antonio de Castro Mayer neste seu aniversário jubilar. Além do comparecimento do Presidente e membros de seu Conselho Nacional às comemorações cm Campos, promoveu a entidade atos especiais, que tiveram lugar cm São Paulo. No dia 29, às 16h30, S. Excia . Rcvma. foi festivamente recebido no Aeroporto de Congonhas por mais de cem sócios e militantes da TFP. com suas capas e estandartes rubros. No dia seguinte, cm sessão solene real izada às 21 h30 no auditório da " Maison Suisse", foi o Sr. Bispo de Campos saudado inicialmente pelo Prof. Orlando Fedeli, que ressaltou a figura ímpar de S. E xcia. como defensor da ortodoxia católica em meio à confusão reinante no mundo moderno.. Comparou-o à figura daqueles grandes Bispos dos primeiros

século,, como Santo Atanásio, São João Crisóstomo e Santo Agostinho, sempre de pé a proclamar a verdade católica cm face da heresia que ia submergindo a Igreja. Depois o Coro São Pio X entoou vários números de seu repertório, dentre os quais foi especialmente aplaud ido o belo molete " Duo Seraphim", do composito,· espanhol do século XVI , Tomás Francisco de Vitória. Tornou então a palavra o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, que, cm inspirada alocução, tn,çou o pe,·íil do eminente Prelado, desde os primórdios de sua atividade sacerdotal. Descreveu o ambiente católico de São Paulo na década de 30, quando o Sr. D. Anton io iniciava seu trabalho apostólico como jovem e brilhante professor rio Seminário Central do lpirnnga. Referiu como a inteligência aguda e rápida, a capacidade de síntese e o grande zelo do jovem Sacerdote atraíram a atenção das Autoridades eclesiásticas da época, que o chamaram sucessivamente para os altos cargos de Assistente Geral da Ação Católica e Vigário Geral da Arquidiocese. O Presidente do Conselho Nacional da TFP lembro u também a constante e apreciada colaboração do Pe. Mayer no semanário oficioso da Arquidiocese, o "Legionário", cujos redatores, em sua maioria, viriam a fundar a Sociedade Brasileira de Defesa da T radição, Família e Propriedade. O Sr. Bispo de Campos agradeceu o ato promovido pela TFP, as palavras amigas proferidas pelos dois oradores e a maneira calorosa como fora recebido no aeroporto. S. Excia. Rcvma. fez alusão à antiga e profunda am i1A1de que o liga ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e aos membros do Conselho Nacional, sócios e militantes da TFP, bem como a importância do trabalho desenvolvido pela entidade em prol dos valores perenes da civilização cristã. Suas palavras foram acolhidas por uma longa e vibrante ovação da parte da numerosa assistência. Além dos sócios e militantes da TFP, estiveram presentes Sacerdotes, Religiosas e inúmeros adm iradores e amigos do ilustre homenageado. No dia 31 o Conselho Nacional da TFP cíercccu ao Exmo. Prelado um banquete no Restaurante T ibério. S. Excia. Revma. foi saudado pelo Sr. Plínio Vidigal Xavier da Silveira. Participaram do ,ígape, além do Prof. Plínio Corrêa ele Oliveira e demais diretores da TFP, os Príncipes D. Luís e D. Bertrand de Orleans e Bragança e representantes das entidades congêneres da Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela e Equador.

A bela Catedral-Basílica do SSmo. Salvador esteve repleta durante o Pontifical

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No banquete oferecido pela Municipalidade: P rof. Plinio Corrêa de Oliveira, Deputado federal Ala ir Fe rreira, Prefeito José Carlos Vieira Barbosa, O. Antonio de Castro Mayer, D. José Fernandes Veloso, S r. Plinio Vidigal Xavier da Silve ira. Embaixo: Em São Paulo a TFP homenageou o insigne Bispo de Campos com uma sessão solene, presidida pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira.

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Conclusiio da pág. 3

. prescr1çoes Para evitar as da História

t1lU1a n1os1ras de uma singuJar independência cm relação aos numerosos Documentos pontiíícios para os quais não há pnlavrns q ue bas1em par-a recomendar lais devoções e práticas. Talvez mais frisante ainda se mostrava a influência do liberalismo na opinião, sustenta· da em cerlos círculos. de que a Açiio Cai61ica não devia prescrever a seus membros regras especiais sobre a modéstia nos trajes, nem devia 1er um regulamenlo impondo-lhes deveres especiais e penas para o caso de serem lransgredidos tais deveres. A mesma influência se patcntcav:l ainda na idéia existente nos mesmos círculos, de que não era necessário o rigor na seleção dos membros da Ação Ca1ólica, embora paradoxalmente

se sustentasse ser esta uma organização de elite. • Fra1en1idade. A fraternidade revolucio. nária importa na negação de tudo quan10 legitimamcnlc separa ou distingue os homens: as fron1eiras entre os povos. como en1re as religiões ou as correnles filosóficas, pol(1icas, ele. No irmão separado, o verdadeiro católico vê tanto o irm5o quanto a separação. Pelo con· 1rário, o católico influenciado pela fraternidade à 1789 vê o irmão e se recusa a ver a se· paração. Daí, em certos ambientes da Ação Católica. aparecer uma série de atitudes e de tendências interconfessionais. Não se tratav~ tão somente de promover um esclarecimento cortês com os cristãos separados, nos casos em que a pn1clên· eia e o zelo o recomendam, mas de entrar cm uma política de silêncios, e até de concessões. que em última análise, cm lugar de esclarecer e converter, s6 servia para confundir e dese• dilicar. No terreno específico da AC, a conseqüência destes princípios eram a chamada "lática do terreno comum" e as demasias do apostolado dito "de infiltração", que o livro de Plínio Corrêa de Oliveira detidamcn!e analisa e refuta. No terreno ela ação social, tão importante, e no qual o apostolado clara e especificamente católico vinha alcançando tantos frutos, a fra· ternidade de sabor revolucionário influenciava muitos espíritos a favo r dos sindicatos neu. l ros. este, outro ponto de que o livro detid amente se ocupa. .

e.

Repercussões das doutrinas inovadoras Com quantas saudades oi ho, a esla allura do artigo, para os 1empos plácidos e gloriosos, ~,t ivos e, dentro de sua nobre serenidade, tamhém comba1ivos, que antecederam aos dolo rosos choques que sumariarnentc vou historiando! Em uma unidade total de pensamento e de ação, agrupava-se no Rio em torno do vulto 1ransbordante de vida. de a1ividade e de alegria do Cardeal Léme, cm São Paulo cm lorno da íigura hierática e veneranda de D. Duarte Leopoldo e Silva, um escol de Saccrdo1cs, e de leigos de ambos os sexos, dos quais -alguns já cra.m, e outros de fu turo viriam a ser, a vá· rios títulos, elementos exponenciais da vida bra· sileira. A cooperaç.ã o era total. O entend imento mútuo era profundo. O célebre Padre Garrigou-Lagrange, que passou pelo Brasil por volla de 1937, me disso que era esta n nota que m:lis o impressionara na vida religiosa do País. Mas, ao mesmo tempo que da Europa \anta coisa boa nos vinha, os germes do espírito de 1789, incubados em certos livros sobre a Sagrada Liturgia, a Ação Católica e a ação social, vinham também. Surdamente, uma ftr.. mcntação se foi gcnerali1.ando. Como acaba-

TFP felicita Comissão de Saúde da Câmara O PRESIDENTE DA COMISSÃO Médica da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, F amília e Propriedade, Dr. Antonio Rodrigues Ferre.ira, enviou telegrama ao Presi· <kntc da Comissão de Saúde da Câmara Federal, Dcpulado Janduhy Carneiro, e ao relator Deputado Francisco Rolcmberg, felicitando pela rejeição do ,projeto de lei des1inado a regulamentar o aborto t~rapêutico. Eis a ínlegra dos 1elegramas : Ao Presidente da Comissão de Saúde: "Em nome da Comis..rão Médica da 1'FP, ,e. nho o prâz.Cr de felicitar \1ivame111e V. E:i·cia. pe/(1 rejeição tio projeto que regulamenta o ahor10 terapêwico. Peço tornar extensivas as felicitações aos <leniais membros da ,Jouta Co·

missão de Saltde. Atenciosos cumpiimentos". Ao Deputado Francisco Rolemberg: "Em nom.t da Comissão Médica da TFP, envio co11· gratulações pelo trabolho como relator, rejei.. U111do o pro;e10 qrre ,-egulamenta o aborto rer,1pê111ico. A Comissão de Saúde sabiame11te soube acolher a indicaç,ío do ilustre Colega. Cordiais saudações''. 6

mos de lembrar, prá1icas de piedade excelente..\ passaram a ser criticadas como obsole1as. A comunhão extra Missam cm apon1ada como gravemente incorreta do ponto de vista doutrinário. Um manual de piedade célebre, o Goffiné, cumulado de bênçãos e aprovações eclesiásticas. era indicado como o próprio símbolo de uma era eivada de sentimentalismo. de indivi· dualismo e de ignor ância teológica, n qual era mister superar. As Congregações Marianas e outras associações eram apon1adas como formas de organização e alividade apostólica anacrô nicas e fadadas a um rápido perecimento, em benefício da AC. única a dever sobreviver. Como é nalural, onde eslas idéias se espalhavam, formava·Se certa reação. Na realidade, porém. as reações o mais das vezes eram es· porádicas, momentâneas. O espírito do brasi· lciro, tão confiante-, tão pacífico, tão propenso a aceilar o que vem de certas nações da Europa, como a França, a Alemanha, a Bélgica, é infenso ao tipo de reação que as circunstân· cias exigiam. Era preciso fazer um rol dos erros, descobrir o nexo que entre todos eles existia, enunciar cm seguida o substrato ideo-

lógico comum a todos, refutar cada erro de modo a lhe descer até as raízes envenenadas, e assim precatar os espíritos contra o insidioso ataque. Sabia-se nos ambicnlcs bem informados que o Núncio Aposlólico, D. Bento A loisi Masclla, quo vários Prelados se preocupavam com a situação, porém, que, em sua sabedoria, não julw gavam chegado o momento de uma inlervenção oficial da Autoridade. Eu soube enlão que o Dr. Plínio Corrêa de Oliveira pensou de si pam si que o melhor seria que um leigo assu misse o papel de para-raio. Que por um livro consagrado à exposição concatenada e à refu1ação daqueles erros, se causa$$C um e.s trondo capaz de alertar as almas bem intencionadas mas por demais desavisadas, de sorte que a expansão do mal ficasse, se não tolhida, pelo menos circunscrita. Pois não seria possível evi· lar q ue o erro tragasse aqueles cujo espíri10 já estava proíundamente preparado para lhe dar adesão. E assim, honrado com um prefácio do Embaixador do Papa, e com o imprimatur daoo ex commísslonc do Arcebispo D. José Gaspar, o livro saiu ...

De um estouro e de tudo o que se lhe seguiu Do esto uro q ue produziu, já falei. Pobre ''Em Defesa da Ação Católica": dele tudo se d isse. Ora se afirmou que era obra de sapateiro trabalhando fora de seu mis1cr: livro de leigo, que supunha conhecimentos de Teologia e Direito Canônico. Ora, para melhor combaler o livro. se afirmava que um leigo jamais teria conseguido escrever tal irabalho. E então se lhe fazia a honra de lhe atribuir como autor, ora Mons. Mayer, ora o Pe. Sigaud. Honra muito grande, com efeito, mns que destoava da verdade histórica, pois que o livro fora ditado pelo Dr. Plínio Cqrrêa de Oliveira ao longo de um mês de trabalho, em Santos, ao então jovem Secretário Arquidiocesano da JEC de São Paulo, José Carlos Castilho de Andrade hoje grande esteio das atividades redatoriais de "Catolicismo" - que amavelmente se dispusera a tal. Foi obtido o resultado a que a obra visava? Graças a Deus, sim. E isto não só pela mobilização em torno dos princípios de ºEm Dcfe. sa ela Ação Ca1ólica" de umi, plêiade brilhante e prestigiosa de bons batalhadores, como iam- · bém - e 1alvez principalmente - pela atitude de um enorme número de leitores.,. que não gostaram do livro. Acharam-no por demais ca· iegórico. Consideraram que era inoportuno. Não d issentinm de suas doutrinas mas rcpu· tavarn inexistente ou insignificante o mal con· tra o qual fora escrito. Mas enfim despertaram. e souberam manter uma atitude de prudência e alheamento em relação aos inovadores e às ino. vaçôes. A partir deste momento, o erro continuou a caminhar, mas desmascarado, e con· quistando apenas quem simpatizasse com sua verdadeira face. Este resultado obtido, o au1or de "Em Defesa ela Ação Católica" se recolheu, como é notório, no silêncio, liir1itando-se a registrar n:ts páginas do "Legio nário" os testemunhos de c,poio, e a receber com paciente mutismo as agressões. Passemos sobre a triste his1ória destas últimas. Ela não foi curta. Mas foi pontilhada de grandes mo1ivos de ale-gria para o Au1or. Corn efeito, desses erros, dos quais se dizia. que sua difusão era insignificante, ou até que haviam sido forjados pela imaginação do Prcsiden1c da Junta Arquidiocesana da Ação Cat61ica de São Paulo, uma série de Documentos pon1ifícios começou a se ocupar deles. Como se o Papa Pio XII tivesse por estranha e incx1>licávcl coincidência forjado como exis1entes em vários países os mesmíssimos erros que o Dr. Plinio Corrêa de Oliveira anteriormente imaginara existirem no Brasil. "Em Defesa da Ação Católica" foi publicado cm ju nho ele 1943. A Enciclica "Mystici Corporisu apareceu cm 29 do mesmo mês. A Encíclica "Medialor Dei» é de 1947. A Cons1ituição Apostólica "Bis Saeculari Oie" foi publicala cm 1948. No seu conjunlo, esse~ três documentos enunciavam. refutavam e conde· na.vam os principais erros sobre que versava

o livro. Também desses desvios se ocupou um grande literato: Antero de F igueiredo escreveu so-bre idênticos erros existentes cm sua pátria o belo romance " Pessoas t.le Bem". Mas, dir·SC·á. q uem sabe se estes erros cxis. tentes na Europa, não existi:i.m no Brasil. Que erro, de alguma importância, e de qualquer na tureza, jamais existiu na Europa sem desde logo passar para o Brasil? De qualquer forma. a Carta da Sagrada Congregação dos Scminlirios ao Venerando Episcopado Brasileiro, datada de 7 de março de 1950, deixa ver da parte da Santa Sé uma especial preocupação a respeilo de semelhantes erros cm nosso País. E. por íim, so "Em Defesa da Ação Católica" não

tivesse por base senão Ul'na série de invenções, como se explicaria que. na Carta escrita ao Au1or, cm nome do Papa Pio Xll, pelo então Substituto da Secretaria de Estado, Mons. Montini, se afirmasse quo da difusão do livro muito bem se poderia augurar? Mas a existência desse..~ erros en1re nós, pode ser confirmada por testemunhos eclesiásticos brasileiros de grande importância. Antes de tudo, é de justiça lemb rar o nome saudoso de Mons, Sales Brasil, o vitorioso coo1endor baiano de Monteiro Lobato. Em seu livro "Os Grandes Louvores". publicado no ano de 1943, com os olhos evidentemente poslos na realidade nacional, ocupa-se ele de alguns problemas tratados por "Em Defesa da Ação Católica". Ao lado deste nome. convém pôr outro, de fama internacional: o do grande teólogo Pe. Teixeirn-Lcitc Penido, que em seu livro "O Corpo Mís1ico", ele 1944, também menciona e refu1a alguns dos erros apontados por "Em Defesa da Ação Católica". Mais ainda. Valor ímpar nesta matéria têm os documentos p rocedentes de venera ndas fi. guras do Episcopado Nacional. A Província Eclcsiá.~1ica de São Paulo dirigiu ao C lero, cm agosto de 1942, uma Circular aler1ando-o contra ós excessos do liturgicismo. O saudoso Mons. Rosalvo Costa Rego, Vigário Capilular do Rio de Janeiro na vacância de D. Sebastião Leme, publicou cm maio de 1943 uma Instrução sobre erros análogos. Anos depois. cm 1953, uma V<YL potente como aquelas de que fala o Apocalipse, se ergueu nas fileiras da Hicrarquia. Foi a de D. Antonio de, Castro Mayer, que, em sua memorável Carta Pastoral sobre Problemas do Apostolado Moderno. deu contra esses erros. sempre vivos, um golpe que ficar& na His1ória. Vieram de iodo o País as manifestações de apoio ao ilustre Prelado, numerosas e expressivas, enfeixadas pela Edi· tora Boa Imprensa em um precioso opúsculo in1i1ulado ··Repercussões". Ao mesmo tempo, seu trabalho ia 1ranspondo as fron1ciras do Brasil. Editado na Espanha, na França. na Itália e na Argentina. comentado clogiosamc<11e por Colhas ca1ólicas de quase todos os quadrantes, era seu próprio sucesso a prova de que era au1ên1ico e largamente difundido o perigo que ele visava evitar. Em suma, a existência e a gravidade dos problemas abordados por "Em Defesa da Ação Católica'' se tornaram claras como água.

O leão com três patas E o resultado do livro, qual foi? Eliminou ele os erros contra os quais fora escri10? Ta !vez não seja es1e o momenlo adequado para responder com Ioda a precisão a esta pergunta . Para não a deixar, entretanto, pelo menos sem uma tal ou qual resposta, e para não lembrar senão o que é notório, dolorosamente notório, posso referir - para documcn· lar a crescen1e influência dos princípios da Revolução Francesa até em católicos que se pro· clamam tais - a tendência de várias figur:1s dos nossos meios católicos para o socialismo. e até a simpatia de algurnas cm relação ao co. munismo. E o que deploram hoje, não s6 ca· tólicos que pensam como esta folha. mas outros bem e bem dis1antes, de vários pon1os de vista, cl:1s !>Osições ele "Catolicismo". Quanto ao liberalismo moral, ainda para não responder senão muito por alto. creio qu~ bastaria mencionar a aceitação e os aplausos que vêm tendo há anos, em vários ambientes católicos. dois livros positivamente imorais que prefiro não mencionar por respeito ao seu autor ... Então, perguniar-sc-á. de que adian1ou pu· blicar "Em Defesa da Ação Católica"?

lslo importaria cm perguntar também do que adiantou publicar todos os livros e documentos eclesiásticos qu~ acabo de citar. Na realidade, adiantou muito. A esses li• vros e documenlos devemos o fato de que, se tais erros existem, eles são objetO de reação e tristeza cm muitos e muitos círculos . que assim lhes escapam il influência nefasta. Devemos-lhes ainda o fato do que; se o erro continua a ptogrcdir~ no entanto já não está mais gárrulo nem ufano de si. Contra "Em Deresa da Ação Católica", a reação dele foi uma polvorosa e depois silêncio. Quando chegou a "Bis Sacculari Dic" ao Brasil, houve alguma polvorosa e muito silêncio. Poucos anos mais tarde, contra :.t Pastoral do grande D. Mayer foi um silêncio sem polvorosa. E um erro pouco ufano de si é como um leão de três palas. . . Sempre é qualquer coisa cortar a pata de um leão ... A larc.fa específica de ''Em Defesa da Ação Ca1ólica" foi, numa hora em que os erros progrediam num passo rápido o triunfal, ter dado um brado de alarma que repercutiu pelo Brasil, fcchou·lhes numerosos ambientes de norte â sul do País, e preparou assim definitivamente o terreno para a mais fácil compreensão d os documen1os do Magistério eclcsiás1ico, já exis1cntes ou que ao longo dos anos haveriam de vi r.

Que adianta faxer História? Para que toda esta narração? A esta per.. gunta respondo com outra: de q ue adianta fn.. zer História? F., se é para fazer H istória, por que não dizer ao cabo de vinle anos uns fragmentos de verdade, daquela verdade histórica que, mesmo- ou principalmente - quan~o pleaa e integral, só pode ser benéfica à Igreja? Todos sabem que o gesto de leão XIII •o abrir aos estudiosos os arquivos do Vaticano, despertou receio em muitos ca16licos. Mas o imortal Pon1(t1ce ob1emperou que a Igroja vcrdadcirn não podia temer a His1ória verdndeira. Por que não narrar ao cabo de vinte anos - com o propósito de novamente retornar ao silêncio - u m pouco dessa verdade his1órica com que a Igreja só 1cm que lucrar?

Volto meus olhos para a Senhora da Conceição Aparecida, Rainha do Brasil, ao encerrar estas linhas. Antes de ludo. p~ra Lhe agradecer, genuflexo, lodo o bem que o livro de Plínio Corrêa de Oliveira pôde. fazer. E, em segundo lugar, para lhe implorar que nos congregue a todos, na unidade da verdade e da caridade, para o bem da Santa Igreja e grandeza cristã de nosso Brasil.

(IAfOJLJC]§MO ~lt;NSARIO com

aprov;;içáo e-clesitls-tica

CAMPOS -

EST. DO RIO

D1~UOR MONS. ANTONlO Rl8EIRO DO ROSAJI.IO

Oittcori.:1: Av. 7 de Sc1cmbto 247, caixn posial 333, 2s :00 Campos, RJ. Admlnls-

tra(ão: R. Dt. Martinico Prado 271, 01224 S. f)aulo. Agente para o Estado do Rio: José de Oliveira Andrnde, c;iix:. postal 333, 28100 C.1mpos. IU: Agente porn os ~1.:.'tdos de Goiás. M:1to Crosso ~ Minas Gtral.ç: Milton de Sal!e.~ Mour5o, R. Par:1íbn 1423 ( lelefone 24,7199), 30000 Belo Horiwn1c; As:,cntc para o E.tia.do da Guan.abara: Luís M. Ounc:m, R. Cosme Velho SI S ( telefone 24S-8264). 20000 Rio de Jnneiro; Agente par.a o Estado do Ceará: Jos6 Gerardo Ribeiro. ti. Pern:tmbuco 157, 60000 Fortn• lcza; Agentes para a Arientina: ºTra<lici6n, Famil!B. Ptopied:'ld'', CasiUa de Corrco n.0 169, Capirnl Federal. Argenlina; Agente J):lrrt :1 Espanha: José Marfo Rivoir Gómcz., :ipar1ado 8182, Mndrid, E.<ipanha. Compos.to e impresso m1 Cia. Lithográphic:l Ypir::ing.a, Rua Cadclc 209, S. P:wlo. Assin:11ltrn !'l.UU!'l.l: comum CrS 25,00; co• operador CrS S0,00: b<nídior CrS l 00,00;

gronrie benfeitor CrS 200.00; scminal'istas e estudantes CrS 20.00; América do Sul e Ctruml: vfo de supcríícic USS 4,00; vi.1 aéro USS S.25; América do Nonc. Po r· 1ugal. Esp:rnha, Provínci:'.ls ullrnmarinas e Colónias: via de $UperHcic USS 4,00: via :-.érca USS 7,00; ou1ros p::i.íscs: via de su, pcrficic USS 4,SO, .,.j;t aérc.-1 US.S 9,2S. Venda :wulsa: CrS 2.00. Os pat;omcntos. sempre cm non\C de Edl· tora P:idrc lkkhlor de Ponrcs SI C, poder-lo ser tnc.o minhodos à Administrnçlo ou rios .-.gentes. Para mudança de endereço de :1ssjnnn1cs. é necessário mencionar 1:-.ml>é:m o endereço antigo. A corrcspondêncin relaliv:t n ass.inatura.~ e venda avulsa dc,·c ser enviada à Admlnl-;tr:ttão: 8. Dr. Mnrtink:o Pr.ulo 171 01224 S. Paulo


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SOBRE O DECRETO ANTI-TFP DE D. ISNARD Plinio Corrêa de Oliveira

EVE TAL OU qual repercussão c.m nossa imprensa a publicação de um decreto cm que O. Ckment lsnard, Oispo de Nova Friburgo. proíbe a seu Clero que dê a Comunhão a membros da TFP.

Tal c.studo, por certas implicações doutrinárias do delicado tema sobre o qual versa, é de molde a suscitar uma série de questões· teológicas e canô-

quando se apresentarem incorporados ou com insígnias.

do livro poderia introduzir sr-aves fatores de. divisão o perturbação no já t5o

Para fundamentar sua atitude. aquele Prelado alega contra a TFP três razões: difamação dos Cursilhos de Cristandade, desacato à autoridade e pessoa dele. e apoio a um livro "cismá.tko" sobre o novo "Ordo Missac". Proponho-me a tratar dos três pontos, a começar pelo terceiro, por certo o mais importante. E digo desde logo que à alegação de D. Clemente lsnard não me cáusa o menor embaraço. Explico-me.

• • • Antes de tudo. o documento do Sr. Bispo de Nova Friburgo me dá ocasião e que decisiva ocasião! - para mostrar quão infundada é uma recente acusação de O. Ivo Lorscheiter, Secretário-Geral da ·cNOB, contra a TFP. Para serem entendidos os fatos, é necessário remontar um pouco atrás. Quando da reunião do Episcopado, realizada cm São Paulo, no mês de fevereiro, determinados setores da opinião católica anelavam. sôfregos, tanto por

uma condenação rotunda de nossa entidade, quanto por uma nprovação pro-

mocional dos Cursilhos de Cristandade. Com isto - esperavam - diminuirse-ia sensivelmente a repercussão da grande campanha promovida pcl:1 TFP para a difusão da recente e já célebre Pastora l de D. Antonio de C~ro

Mayc.r.

• Essa "torcida" era de uma incorreção flagrante. Se os membros ou

simpatizantes dos Cursilhos queriam acobertar

3

estes do prejuízo que a

Pastoral lhes acarretava, o único caminho leal e nobre que tinham diante de

si era refutar o impressionante documento do Sr. Bispo de Campos. Calar-se. e apelar para a " mão do gato" - no caso a mão da CNBB - com o intuito

de esmagar a temida campanha, era pi-ocedimento flagrantemente sinuoso e deselegante. Seja como for. o fato é que durante a reunião da CN88 foi proposta. por uma comissão dos Srs. Bispos. uma resolução nos termos da qual pareceria necessário, mas ao mesmo tempo inlltil, dirigir uma palavra de censura ou de orientação à TFP. Uma das razões para essa alegada inutilidade era que "texto de explicação doutrinária significaria abertura de polêmica, tão ao gosto do grupo" (isto é, de nossa entidade). Ora., esta moção, manifestamente desairosa para a TFP, não (oi aceita

pelo plenário dos Srs. Bispos. Assim, por fas e por nefas, o nome da TFP não figura no comunicado final da Assembléia. Neste comunicado, os Cursilhos são objeto de uma pálida referência que está bem longe do elogio n,. bicundo que esperavam. Afirmo estes fatos com toda a segurança, bem certo de que ninguém os contestará. Para atenuar o desapontamento dos cursilhist:ls, D. Lorseheiter. terminada a Assembléia, declarou, muito contraditoriamente. à imprensa, que a

CNBB não se referia a nós (censurando-nos. como ele deixa entrever), pois o que desejávamos era precisamente que o Episcopado falasse de nós. Claro está que não o desejávamos para ficarmos quietos, mas para termos mna ocasião de polemizar, concluo eu. D. Lorscheiter tentava reviver, assim 1 em termos

diversos, a acusação que o plenário da CNBB rejeitara. Pois bem. Vou provar agora, a D. Lorscheiter, quanto a TFP está longe de gostar da polêmica pela polêmica, e sabe evitar controvérsias, quando não as julga conformes ao bem da Igreja o do Pais. ~ o violento decreto de D. lsnard que me dá azo a tal.

.

• • • ~ bem verdade qut um dos diretores da TFP, Sr. Arnaldo VidigaJ Xavier

da Silveira, escreveu cm 1970 um estudo profundo, e baseado cm sólida documentação, a respeito do novo "Ordo Missae". E que com ele se solidarizou a TFP.

nicas com as quais não está familiarizado o público brasileiro. A publicnção

conturbado e dividido horizonte religioso do País. Se gostássemos que se falasse de nós a todo custo, e para polcmi.rnr a qualquer propósito. como imagina D. Lorschcitcr. dc.sdc logo teríamos atirado o livro a público. Proferimos não fazer assim. E por isto distribuímos apenas

certa quantidade de exemplares do trabalho a um número limitado de personalidades de escol, pedindo-lhes reservadamente a opinião. Um dos destinatários do estudo do Sr. Arnaldo V. Xavier da Silveira - altíssima personalidade eclesiástica que mais de uma vez tem divergido de nós - de tal maneira se impressionou com os possíveis reflexos do livro na opinião pública, que escreveu a um amigo comum pedindo "de joelhos, se necessário fosse", que a TFP não publicasse o trabalho. E por tudo isto temos mantido, de junho de 1970 até aqui, o mais escrupuloso silêncio sobre o mesmo. "Habent sua fata libelli" - cada obra tem sua história, dir-se-ia chãmcntc cm português. De lá para cá, o livro do brilhante diretor da TFP tem caminhado. Mas sobre este caminhar discreto lemos guardado o ma is pcrse,,erante silêncio. Enquanto isto, cm grande número de igl'cjas. Sacerdote., que provavelmente ignoravam todos estes ratos não se têm cansado de sujeitar nossos

sócios e militantes a. invectivas e humilhações públicas de toda ordem, a propósito de nossa atitude face ao novo "Ordo Missac". E ninguém das nossas fileiras abriu a boca para defender-se alegando os argumentos contidos no livro. E que continuamos a considerar sempre fundado o pedido, c'dc joelhos'', daquela altíssima personagem eclesiástica. E optamos por silenciar, com toda a humildade e paciência,

Pl'ofiro supor que !). Lorschciter - que nos imagina tão propensos ao vedetismo e à discussão - não sabia de boa parte. desses fatos1 e por isto ignorava até que ponto era carecedora de fu ndamento aquela sua acusação. Agora vem a público D. Isnard, e nu.m documento eclesiástico oficial fulmina penas canônicas contra a TFP, pela adesão que dá ao livro - que acusa de "Cismático" - do Sr. Arnaldo V. Xavier da Silveira. Oir-se-i:i que é muito mais do que a gota de água que faz transbordar o copo. Pois bem. Ainda nesto passo, 1,ão sairemos com a matéria do livro a público. 1:: o que está assente pela TFP, com plena concordância do autor da obra. Isto porque não pensamos que o dano que nos faz o decreto do Sr. Bispo de Nova Friburgo seja considerável. Só mudaremos de rumo se outros fatos se produzirem, que nos forcem absolutamente a falar. Em outros termos, se algo suceder que deva ser considerado um dano verdadeiramente grave para o renome da TFP, sairemos a público com o assunto todo. Não por amor próprio. mas porque um dano grave para a reputação da TFP favoreceria de tal maneira as esquerdas. que o bem comum espiritual e temporal exigiria que rompêssemos o silêncio. Se isto suceder, a responsabilidade será então inteiramente - note-se bem - de quem nos tenha forçado a tal. No seu livro. o Sr. Arnaldo V. Xavier da Silveira a firma exJ>ressamente sua fidelidade inquebrantável à doutrina e discipl ina da Igreja. E, se levanta certos problemas delicados de Teologia ou Direito Canônico, fá-lo declarando de antemão que acata, cm toda a medida preceituada pelo Direito Canônico, o que a própria Igreja decidir. !; precisamente esta a posição da TFP. Temos pois a consciência inteiramente tranqi.ii la no que diz respeito à nossa perfeila união com a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Na fgreja e pela Igreja ternos vivido toda a nos.,a existência. NEia prc· tendemos morrer. E por Ela - se assim aprouver à Pl'ovidência . A acusação de cisma. de D. Clemente Jsnard, não nos perturba.

• • • Os restantes pontos do comunicado do Sr. Bispo de Nova Friburgo. analisá-los-ei. O.,,, volente, no próximo artigo. por falta de espaço, .neste, que já vai longo ...


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VISITA CAMPOS NO JUBILEU DE D. MAYER A

Ç<lS, Depois de visitar o mundo inteiro

constante peregrinação pelos Estados Unidos. sob os auspícios da "Blue Army", o conhecido Exército Azul de Nossa Senhora de Fátima. São inúmeros os pedidos que a entidade recebe para levar a Imagem ~ igrejas, conventos, colégios e associações católicas de todo o pais, sobretudo depois da extraordinária lacrimação em Nova Orleans. O programa dessas visitas já estava totalmente preenchido até o início do próximo ano, de modo que o pedido do Sr. Bispo só pôde ser atendido cm virtude da desistência de uma Diocese

veículo de inúmera.s e assinaladas gra-

norte-americana em seu favor.

nas décadas de 40 e 50, foi doada ao povo norte-americano pelo Bispo de Leiria, Diocese a que pertence Fá-

tima. Desde então, encontra-se cm

Em São Pa ulo, no sede principal da TFP Procedente de Reading, na Pennsylvania, a Virgem Pereg.r ina chegou

a São Paulo no dia 8, de passagem para Campos. acompanhada pelo Pe. Leo Gabriel e o Sr. Andrew· Ziebro (este último, de "Cruzadc", movimento norte-americano similar à TFP). Estando interditado o aeroporto desrn cidade, permaneceu a Imagem cm São Pai,lo por alguns dias. Na capital paulista acolheu-~ a Sociedade Brasileira de DeJesa da Tradição, Família e Propriedade, na sede de seu Conselho Nacional. Ali, em artístico trono de madeira entalhada , que a entidade mandara executar, a Senhora de Fátima recebeu fervorosas homenagens dos sócios e militantes da TFP, que se rcve·z aram em guarda de orações inin1errupta, du· rante dnco dias.

Nas primeiras horas da manhã do dia 13, aniversário da primeira apa-

rição de Fátima, a Imagem Milagrosa deixava aquela capital com destino a Campos, cm avião es pe-cial, conduzi-

da pelo Exmo. Sr. D. Antonio de Castro Maycr, que a fora buscar.

Em Campos, a acolhida apoteótica Estando ainda em obras o aeroporto de Campos, o Sr. Bispo detcrrninara que o avião descesse em ltaperuna, distante 100 quilômetros daqui. Naquela cidade a Imagem foi recebida com grande regozijo por in-

ylJ:~

Sr. Bispo Diocesano, e acompanhada de um cortejo de automóveis. Nesta cidade a milagrosa Peregrina teve uma acolhida realmente apote61ica. Uma verdadeira multidão a aguardava na Praça de São Salvador;

a Catedral, para onde ela foi levada, ficou repleta como nunca antes se ha..

via visto. Às 18h30 o Sr. D. Antonio celebrou Missa. ao término da qual renovou a consagração da Diocc.se ao

Imaculado Coração de Maria. Teve início então uma vigília de orações que continuou noite aden ..

tro, com a participação das associações religiosas masculinas da Diocese. Essas orações se prolongaram, a ben, dizer ininterruptas, durante Ioda a permanência da imagem cm Campos, alternando-se junto' à celeste Senhora o Clero, as Religiosas, as associações de leigos, os colégios católicos, e os fiéis cm geral. Nos dias 13 a 16 a cidade recebeu uma enorme anuência de peregrinos. comparável apenas à que se verifico u

por ocasião da Semana Eucarística Diocesana de 1955, preparatória ao Congresso Eucaristico Internacional do Rio de Janeiro. Milhares de pessoas procedentes dos distritos rurais de Campos, e dos demais Municipios da Diocese, como também de outros pontos do território fluminense. e até de outros Estados, acorreram cm ônibus especiais

Imponente manifestação de fé

p,íb/ico.r de

fé católica

já realiuu/as

em Campos". Com efeito, milhares de devotos conduz.iram, entre cânticos e orações, a Senhora de Fátima pelas ruas centrais da cidade. Por todo o trajeto, as famílias adornaram as janelas de

suas casas com toalhas e flores. Um carro do Corpo de Bombeiros iluminava a Imagem com seus refletores, e oficiais do Batalhão "Nilo Pcçanha", da Polícia Militar, tendo à frente seu Comandante, Coronel José dos Santos Filho, a escoltavam. Chegando a procissão à Catedral-Basílica, fi-

cou esta novamente repleta, permanecendo o povo em oração até hora avançada da noite. De manhã teve lugar a solene cerimônia da despedida de Nossa Senhora. As 8 horas S. Excia. Revma. celebrou Missa festiva e, ap6s a reza do terço e o canto da ladainha lauretana, pronunciou a oração que com ..

pusera para o ato. Logo em seguida a Imagem foi conduzida de automóvel para o Rio. de onde seguiu, por avião, de volta aos Estados Unidos. A permanência da Virgem Pere-

Em São Paulo, a Imagem peregrina diante do estandarte da TFP, na sede do Conselho Nacional da entidade

A Imagem mitagrosa, em rico altar, no presbitério da CatedralBasílica do Santíssimo Salvador

Oração do Sr. Bispo na despedida da Imagem NA CERIMÔNIA DE despedida da Imagem peregrina de Nossa Senhora do

Rosário. de Fátima, o Sr. Bispo fez a scsuintc oração: uvtrgcm Santi',Shna do Rosário de Fátima, Mãe e Senhora nossa, chegou o doloroso momento da despedida, Desejaríamos que aqui ficásstis sempre, numcntando nos.tra alegria de bem servir a Deus Nosso Senhor, confort:indo. nos nos 1ran.~cs difíceis da v"ida, impt:-

A procissão luminosa da noite de 16 foi, como registrou um diário local, "uma tl11s nwiores demonstrações

~

16h30. Seguiu depois para Campos por rodovia, sempre conduzida pelo

procissão até a Matriz de São· José, onde foi venerada com orações e cânticos pela população local até às

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contáveis fiéis, sendo conduzida em

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ou em carros particulares, a fim de venerar a extraordinária imagem.

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IMAGEM MILAGROSA DEVOTO FERVOROSO da Virgem Santíssima, quis o Exmo. Rcvmo. Sr. D. Antonio de Castro Maycr conferir uma nota especialmente marial às comemorações de seu jubileu de prata episcopal. Para tanto, promoveu a vinda a Campos, de 13 a 17 de maio, da Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima que chorou em Nova Orleans, Estados Unidos, conforme noticiamos amplamente em nossa edição de setembro do ano passado. A referida imagem é uma das quatro esculpidas cm cedro brasileiro sob a orientação da Irmã Lúcia, única sobrevivente dos três pastorinhos de Fátima a quem a Virgem apareceu cm 1917. Em 1952 percorreu ela todo o Brasil. tendo sido na ocasião

!

grina de Campos marcou profundamente a vida da cidade, e foi ocasião de muitas graças e bênçãos para todo o povo fiel.

dindo nossa vontade de fraquejar na prática da virtude. JnfeH.zmcntc, voSia pcrmanfncia não é p~vcl. Devemos nos resignar aos desígnios da Divina Providônda~ Não queremos, no entanto, Mãe que. rida, de.ixar.Vos partir ~m uma derra .. deira maniftstação de nosw amor, siem uma palavra de agradecimento pela vos· sa bondade ind:ivtl de vir até aqui pa• ra nos ver, sem urna súplica fil.lal que mantenha pr~ntes à vos.c;a liberaHdadc as preeisõcs de vo~s filhos de nossa Oio<:ese flumh1-tnsc. Como penhor de nossa dcv~ão, de nosso amor, Virgem amável, renovamos aos vossos pé.~ as promessas de no~o Batismo. Queremos ~r vossos filhos. Queremos assimllnr vosso t.SJ){rito. Queremos que no~a vida reflita, palidamente embora, a seriedade, a purt7,a de mente e coraç.ão, a inteira submissão à vontade de Deus, que foram o apanágio dC V0$S'â vida aqui na terra. Por isso, renovamos a renúoda que, no Batismo, fizemos às máximas do mundo --que são o e~írito de Satanás. Fugiremos dos prâUr~ sensuais e dos dívcrlinientos perigosos. Cuidaremos de alimcotar em nós o desapego dos be.n s da tcrrn que e5<'ravizam os cora-tÕC$. E tultlvaren1os o espírito de humUdade, de mortifitação, de obediência e de caridade, esplrHo que v0$0 Filho nos (e. gou como arma invencível para repelir os assaltos do demónio Infernal. Contámos, Mãe dulc~ma, que vosça proteçiio nos alcançará a graçi, desta fiddi-

dadc ao no= Batismo. Como recomend11 o Apóstolo sejam nossas preces envolvidas em ação de graças, vaJ nos..;a súpllca acompanhada dos agradecimentos ptlas: bênçãos celeste.., com que acompanhais csfa Diotese e que são portadoras das gra~ de pre-dileÇJ'io que, esquecida de nossa indignidade, nos tendes obtido. Eutre elas eSfá, Mãe querida, esta vossa v~ita, pe· ta qual somos profundamente gratos.

Guardaremos indelével a lembrança de vossa amabiUdade. Foi para nós uni privilégio si.ngular o nos terdes visitado neste nbe.nçoado mês de maio. De todas as regiões de n0S$0 tontinente, destes preferênda a este ri'ncão do Estado do Rio e aqui viestes dilRtar nossos to.. ras-ões por estes poucos e fugazes d.ias. M'ã c de Mi~.ricórdi.a, por tanto favor Vos somos muito, muiHssímo obrtgade>s. A alegria da Mãe ê a tonfiança dos Filhos. Esta se entnma nas súplita.s, nos pedidos <'Ont a certeza de serem ateu. didos. Vírgem Santíssi.ma, não nos deixeis sem antes nos abcnç.o ar, sem nos nsscgurar ,·os~,, protetifo, que dela muito necessitamos. Santificai, Mãe do Amor, nosso Clero, dai perscvtrança aos Scmin.arista~, wscifni novas e ardorosas votações sa· cerdota.is e religiosas. Conservai a intc.. gridade e a purc1..a de nossos lares. Aliviai nossos enfermos; dai-lhes a padência que transforma suas dores em l,u cro para a vido etcn1o1. Animai os operá. rios, que re~dlzcm com ânimo elevado sua árdua t:\ref:1 em benefício da comunidade; saibnm eles honrar, no trabalho, seu nome crisfúo, disdpulos que são do Filho do Carpinteiro. Abençoai nossos homens do tampo, nossos tanaviais, nossas usinas e as demais instituições produtivas. Rci.nc nas empresas o espírito de just.i(a e equidade, c:onstituiudo rodos que nelas cxertem sua atividade laboriosa umo famma~ que, na mútua CSlima, demn.ndam o lucro do prêmio eterno, único real e que não peretc. Orientai nossas escolas, nossas Facuf .. dadcs, mesfres e alunos. Sejam oo~os educandários focos que alhncntcna a ci· vill-1.a(úo ('r~1â de que nos orgulhamos. Tende carinho eSpecial para no~ns crianças e nossa juventude. Afastei-as das vias que to1xluum ao vklo e à pcrdiç.fto eterna. Protegei nos.\'OS govcmantts, tum1>rana !ua nobre e difkH missão com desinteresse de espírito, e dedicaç-jo ao bem c.o mum, dentro das nom1as: da jus-

tiça.

E por fim, Virgem do Rosário de F3tima, retcbct nossas almas. Hoje nós renovamos soJc.nemente nossa consagração ao vosso Coração Jmnc:ulado. Nós, toda a Diocese de Campos. Queremos ser vossos, Mãe querida. Guardai-nos sob vo~o manto matemo, e Jivra.i-nos de todo o mal. Amém. Amém".


1 '

ll DIR4I OR: MoMS. ANTONIO RtBGIRO 00 Ros.oiro

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••

~

Grandes áreas descobertas, abundante arvoredo e muita" calma tornam o local propicio ao estudo e á reflexão. E: do programa o treino para falar em praça pública.

Após a ú ltima sessão do dia, formam-se rodas no pátio para conversar, animadamente, sobre os temas abordados pelos conferencistas.

--~-...

T odos vão ver no pátio os grandes painéis com fotografias, recortes de jornais e de re· vistas, e até caricaturas. relacionados cem o tema das conferências.

l

Na ampla sede da TFP em ltaquera, um

Não faltam na SE:FAC os momentos éfe lazer, junto a uma das escadarias do amplo edifício, alguns conversam, outros jogam xadrês.

tranquilo arrabalde de São Paulo .

''CATOLICISMO'' VISITA A XVII SEFAC página 2

N,º

2 7 1

JULHO

DE

1 9 7 3

ANO

X X 111 CrS 2,00


SEFAC: OS JOVENS SE ENTUSIASMAM PELOS IDEAIS DA CIVILIZA 110 CRISTÃ ESTANDARTES RUBROS com o leão dourado e enormes bandeiras brancas com a

cruz da Ordem de Cristo - · a cruz que marcava as velas das naus do Descobrimento -· emprestam um ar de triunfo e de alegria à sede da TFP cm ltaqucra, nos arredores de São Paulo, onde a entidade realiza sua XVJI SEFAC - Semana Especializada de Formação Anticomunista. Jovens carioca,s e pernam-

hucanos, cearenses e gaúchos, matogrosscnses, paulistas e de outrns plagas do País, todos com idade entre 13 e 21 anos. cruz..'\m-sc nos pátios ou formam grupos animados à sombra das

árvores da vasta propriedade, que ocupa um quarteirão do Lrnnqi.iilo arrabalde p:uilistano.

O silvo conante de um apito reúne os ra· pazes numa vasta área dcscobert,,. dominada por uma g rande cruz de madeira. O dirigente. jovem como os demais, estudante de Direito, capa vermelha nos ombros, procede tl escala· ção por turmas. de A a D. Na turma A ficam :l((uclcs q ue pela primeira vez comparecem a uma SEFAC. Jovens de cabeleira longa e cal· ças boca-de-sino a linham-se com outros. de cabelo aparado, paletó e gravata. Brancos, pretos, amarelos. Aliás, o que não falta nc~a rica p:tisagcm humana é o jovem nisci. - Pelo Brn~il! · - Tradição! Família! Propriedade! Brasil! Brasil! Brasil! E cada turma vai para sua sala de confe· rGnci:is. onde os r;,pazcs ouvirão palestra~ SO· bre assuntos sérios, profundo$ e ele cnndcntc atualidade.

Estudos sé rios e formo ameno O objetivo <lo certame é form~1r jovens que possam usar de sua influência junto aos cole· gas p:lra conter, por meios 16gicos e pen-.ua· sivos. a expansão de idéias subversivas. Corno repórter de "Catolicismo", convida· do 1)ela comissão o rganizadora a ver de perto como se dcsenrokl uma SEFAC, tive acesso às variadas atividndes deserivolvidas na Scma· na e às diversas dependências de sua scJc. lm1>rCs..~ionaram-me a seriedade- do.~ assuntos estudados e a fo rma amena como os expô· sitorcs os abordam. O.s fundamentos da civilização cristã e os perigos supremos que a :-imcaçam cm nossos dias constituem o centro dos temas tratados. P:,ra conhecê•los bem, é ncccss,írio estudar q uestões filosóficas, his16ri cas, psicológicas, tudo com profundidade. Entretanto, não notei urn só participante que não c.stivcssc com o:; olhos fixos no conferencista, ávido de tudo aprender e de aprender sempre mais. Com raras exceçõc.s', os próprios confc· rencistas são jovens de vinte e poucos ou. no máximo, trinta e poucos anos de id::tde. Os processos áudio-visuais são chamados a dar tudo o que podem. As palestras são acom· ,,anhadas <.la projeção de slides e de filmes, da audição de fitas gravadas e de discos. Nos pátios. grandes painéis com fotografias, recor· tes de jornais e revistas, I! até caricatura~. ilus· tram e completam a argumentação ouvida ll3S conferências. Depois das conferências, os deb:ites. Cada um é convidado a dizer o que pensa: se não entendeu algum ponto ou se tem alguma objeção. As objeções são acolhidas com naturali· dade; :, cada dúvida se contrapõe um argu· mcnlo. 00

Exercícios físicos paro não amolecer,! A SEFAC é 11ma semana de formação, 111:1s não só de formação intcleélu:ll. Também a formação da vontade é importante e. para isso, a comissão organizadora usa largnrncnte o exercício físico, naquilo em que e1c pode ajudar. Um corpo rijo e ágil é um excelente ~uportc para um inteligência viva e uma von· tade decidida . Pela manhã. h:í sempre um bom esp:-i.ço de lcmpo dedicado ao karatê, que constitui um ótimo exercício de viv~\cidade, ~,Jém de sua eficiência para a defesa p,,ssoal. Há vários ano:; os clcrncntos mais jovens da TFP vêm praticando o esporte oriental. Graças t,s lições

Texto e fotos de Homero Barrados 2

de mestres experimentados. rntre os quais alguns japoneses e coreanos. há hoje na TFP bons instrutores de karatê. Eles comparecem às SEFACs para transmitir seus conhecimentos aos scmanistas.

Um giro pela sede " Ja sno Góra" A sede onde se desenvolvem as SEFACs é

chamada de Jasna Góra, cm homenagem ao reduto onde, no século XVH, Frades, nobres e homens do povo polon~scs resistiram duran· te 38 dias ao cerco do exército protcstant~ sueco. considerado um dos melhores de sua época. Eles defenderam a imagem da Padroeira da Polônia, Nossa Senhora de Czestochowa, e garantiram a liberdade à sua pátria (ver "Uma epopéia católica: o cerco do Santuário de Czcs· tochowa", por Gustavo Antonio Solimeo, "Ca· tolicismo", n.0 260, de agosto de 1972). A TFP destina essa sede às suas reuniões extr::i.ordinárias: semanas de formação para seus colabo· radorcs mais novos. dias ele estudo para os vC· tcranos, SEFACs. O catarincnsc Marh·aldo Pereira é o rcs· pons;;lvcl por aquele quarreirão de construções, pálios e jardins. bcvou-mc a dar um pns..~eio pelo imóvel. durante um dos momentos de descanso. O bulício naiural dos 175 semanislas não nos impede de irmos conversando e obscrvan· do ~uas ocupações. Num canto do pátio um dos mais anligos conta a um grupinho de ca· louros histórias heróicas de Carlos Magno e dos cruzados. Mais adi~lnte. um m('nino nos: pede um catecismo que tenha orações da ma· nhã e da noite, 1>0is ele não sabe rezar ê quer fazer como os outro~ q ue- rc1..;tm ao dei1ar e ao levantar. Enquaruo caminhamos, Marivaldo Pereira vai.me contando que o local era ocupado por uma escola e que a TFP ainda não pôde decorá-lo como gostaria. Apenas foram instala· dos os serviços essenciais. A seu tempo, as construções receberão uma nova pintura. Os alojamentos. ainda com camas de campanha, serão subs1ituídos por instalações · mais apro· priadas.

Falam os monitores 1\ lguns ,tos sócios e militan,es mais antigos da TFP co,nparcccll\ às se,nanas de- for• mação para auxiliarem os dirigentes. Eles tra· balham com jovens ,,os mais diversos pontos do Pais e trazem sua experiência 1, SEFAC. Entre eles, João Súgío G11iri1arilcs, 24 anos, professor cm Cuririba. Pergunto-lhe o que gos· taria de deslacar no programa da SEFAC. que ela visa a con~cnccr pela lógica e pelo raciocínio - vai dizendo sem litubear. - E como se faz isso?[ - A SEFAC pode d1finir-se como expo· sição de àrgume1110.s e aprcsen1ação de. fatos. Muitos fatos. E o horário' é organizado. de ma• . ne1ra a dar largo tempo para o semanista pensar. Nada é atro1>elado. Apenas três palestras por dia e círculos de estudos cm forma de conversa e dê'bate. - E~ 11::is horas vagas"/ ·- Cada nm aproveita o tem1>0 como quer. Muitos lêem. A maioria prefere c(mversar. AI· g,un~ cantam - temos até um cancioneiro, para que o canto se conjugue adequadamente aos argumentos. Seu colega Narscs Félix Nunes Filho, um carioca q ue atualmente experimenta os rigore.~ do clima do Sul, entra na conversa: - Nos círculos de c.studos, os semanistas expõem suas dúvidas, debatem. dão sua opinião. A opinião de cada um é muito importante para. os o rganizadores da SEFAC. - A atividade maior é. portan10. o e.~tudo. - Não h:\ dúvida. Mas é uma atividade que não impomos aos semanis1as. Es1es a rec.!bcm com pr:lzer, porque suscitamos o inle· resse por ela. Por isso temos presenciado o empenho de muitos pais em mandar seus filhos às SEFACs ainda que, para isso, os rapazes tenham q ue faltar a algumas aulas em seus colégios. Os pais descobriram que essas faltas são largamente compensa.das pelo gosto que seus íilhos demonstram pelo estudo e pela dis· cussão de assuntos culturais. depois de terem 1>art icipado de alguma SEFAC. - E além do estudo?

·- e.

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' - Especialmente nesta SEFAC, eu gosta· ria de destacar o hatismo de cinco semanisras. de 17 a 2 1 anos de idade ... Todos sabem que a TFP é urna sociedade cívica, mas vendo os rapazes. nas conferências da SEFAC, a beleza d:t civilização cristã. não é a primeira vez que acontece de algum niío batiz.ndo pedir o Batismo. Neste caso, n6s os encaminhamos a ai· gum Sacerdo rc, par:\ que os instrua devida· mente.

" Isso dá u m baque no gente" Reinaldo Inácio T eixeira faz o curso de tor· nciro mecânico no SENAJ e Fernando da Cruz Neto está na 7." série do Colégio Professor Cristiano Cabral, ambos de Bauru. f:. a primeira Sem;.ln,a de que par1ieipnm. - P.. mui10 bom, é maravilhoso - vão dizendo, a respeito das conferências, dos cír· culos, de 1udo. -

Na próxin,a vez venho também .. ,

Paulo Jou nasceu na China. Viu de perto o perigo comunista. Há três anos está cm São Paulo e cursa a 2." série de um Colégio Es· tadual: - Acho muto boa a SEFAC. As conferências são muito importantes par.i sabermos onde csrá o perigo progressista. Já não é a primeira vez que os gaúchos Car· los Alberto Bermudo:< e Joiío Batista Saraiva assistem a uma SEFAC. Bermudcz, de Uruguaiana. pertence à turma D, a dos mais an1igos. Acha as SEFACs muito melhores do que outros congressos de que tem participado. Destaca as conferências do Dr. Plínio Corrêa de Oliveira. ouvidas em gravtldor. e a prática do karatê. Dá este depoimento que, na sua simplicidade, é um grande elogio para a TFP: - A juventndc quase não tem conhecimento da civilização cristã. Por isso estamos ~,pro· vcitando muito. A TFP é a única organi1,1ção que nos fala desses assuntos. Através da SEFAC. esta juventude se· encaminha para os ideais da tr'1diç.ã o católica. João Batista é de Taquari e pertence à turma C. Ressalta a impressão que causam os painéis com recorte~ de jornais e revistas: - Isso dá um baque na gente! Entra pelos olhos que existe mesmo a Revolução gnóstica. Pode repa rar como todos vão olhar os painéis depois das conferências ... Alberto Medeiros, de Recife, est:í no 1.0 científico. t a primeira SEFAC a que vem, mas ficou na h.lrma B porque já 1cm rnuilos meses de con1ac10 com a TFP; - Fiz uma viagem longa, mas estou lendo a recompensa. A SEFAC está-me surpreendendo, dando mais até do que cu esperava. ·-Não pude reprimir a pergunta: - D. Helder é .tpoiado cm Pernambuco? - D. Hcldcr? Pelos hippie.s ... Todo hippy defende D. Heldcr.

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E a TFP?

- A TFP está crescendo. De dois cm dois domingos fazemos eampanha· de divulgação de livros e de "Catolicismo". Já visi1:imos muitas cidades do Estado.

Uma fórmula: a lg uma improvisação e pouco dinheiro S6 às nove e meia ela noite, na mesa do jan· rnr. consegui falar com Leo l>aniele, advogado, 3 1 anos, um dos ,nembros da comissão organizadora das SEFACs. Entre um pra10 e outro e scn,pre interrom· pido p,:las mais variadas consultas e pedidos, l.c,o Danicle vai respondendo às minhas per· guntas: - Como se desenvolvem os trabalhos de organiuçào de uma SEFAC? - Como o nosso tempo é pouco para a enorme massa de atividades d:1 TFP. é- freqüente não podermos começar com muita an .. rcccdênci• os prcparàtivos de uma SEFAC. Daí algumas corridas de última hora e os jeitinhos, mar em que o brasileiro é perito cm navegar. Mas tudo tem dado certo, com as bênçãos de Nos.,a Senhora, pois se acontece de deixarmos

alguma cosa para. a última hora não é por ne-gligência, mas pelas circunstâncias que cercam nosso trnbalho. - E o finaneiamcn10? - Outro problema é a falta de dinheiro. Os scmanistas, <1uando podem, pagam uma taxa para alimentnção e outras despesas. A TFI' contribui com outra parte. E as pessoas geno-rosas, de todos os quaclr:mtes do País, que conhecem o idealismo da TFP, completam o que falta. - Como cxplic~, essa alegria q ue se nota entre os scmanistas? - Essa alegria é natural. não é prodwdda artificialmente. É fruto da natural jovialidade dos semanistas e de sua cranqüilidade de consciência. Nós nos empenhamos cm fazê.los com· precnder que a íllcgri:-i autêntica coexiste com a seriedade de espírito. - Há problemas disciplinares? - Habitualmente não h:í. Quando algum mal intencionado lenta perturbar o ambiente. nós pedimos que volte para casa. Fora disso, tudo corre normalmente. Não há brincadeiras de mau gosto. Um profundo respeito mútuo do· mina o :imbicnte. - Em outras Semanas havia muitos hispa· no-americ.anos. Por que desta vez só vejo hra· sileiros? - Não temos mais realizado SEFACs cm convênio com as TFPs de outros países. As nossas co-irmãs j~í estão cm condições de fa. zcr suas pr6prias Semanas. Nestes dias. está sendo realizada uma SEFAC em Bogotá, or· gani,, ada pel:is TFPs ela Colômbia, Venezuela e Equador. - Qual o ponto a que a comissão organiiadora dá mais imponância numa SEFAC'I - À explt1nação lógica das doutrinas e ao esclarecimento das dúvidas. Todas as objeções são enfrentadas e resolvidas. Não deixamos o semanista com qualquer pergunta, sem lhe dar uma resposta. Nâo existem assuntos-tabu numa SEFAC. Por outro lado, procuramos dcs1>cr1ar nos jovens que aqui vêm, o gosto pelo suhlirnc e pelo heroísmo.

O ence rramento é solene A sessão solene de encerramento da XVII SEFAC realizou-se no auditório da Moison Suiss.e, no dia 22 de abril. Às 21 horas o local regurgitava de jovens. Os mais novos. com suas roupas multicoloridas; os mais antigos.• de terno, e capa vermelha aos ombros. Duas filas de s6cios e militantes com estandartes rubro·ouro guarneciam a entrada do sarno. Nas primeiras filas, as famílias convida· das; cm lugar especial, o, membros do Conselho Nacional, os representantes de TFPs estrangeiras e os dirigentes de Secções es1aduais:. No palco. junto à me.sa de honr,1, a irn:1gem de Nossa Senhora de Fátima. Todos se levantam quando entra o Prof. Plinio Corréu de Olive.ira, Presidente do Conselho Nacional. O entusiasmo é grande. Falam os representantes dos semanistas - um para cada turma . O Coro São Pio X acen1u:.1 o bri. lho e solenidade da reunião. Por fim, fala o Dr. Plínio. Que diz ele aos seus ouvintes de 14. 17 ou 20 anos? Qual :1 linguagem que usa o escritor univcrsalrnente conhecido, para os ~slud:lntes do curso secundário? Como· é recebido pelos jovens das mais novas gerações o líder católico que milita há mais de quarenta anos cm defesa da Igreja, da Pátria e da civilização cristã? O c,scritor consagrado fofa aos jovens com linguai;em acessível à juventude. Sabe despertar neles o verdadeiro enlusia:.mo. porque ele mc.~mo é o maior entusiasta da causa a que ~rvc. Nào faz vã doutrinação. Se os rapazes estão acostumados com figuras. reserva boa parte de seu tempo :-i. mostrar-lhes slides que provam a sua tese. Nada mais simples. Nada mais pro· fundo. Nad:1 m:lis belo. E :,ssim 1odos ficam conhecendo "A ação da TFP no mundo moderno". E reconhecem no orador um verdadeiro líder. No final da ses.<ão repete-se o brado que fi. cará ecoando aos ouvidos dos scmanist~,s iJe· pois que se d ispersarem por todo o País: - Pelo Brasil! - Tradição! Família! Propriedade! - Br>· sil! Brasil! Brasil!


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P lin io ·Cor r.ê a d e· Olive ira

ONS!DERANDO a ati1tule agressjwc e C/lluniosa que a Sociedade Tra,h'ç,"io, Ftunília e Proprietlade (TFP) assumiu pubUctmtente nesta Diocese tle Nova Friburgo em face dos Cursill1os de Cds· umdade. Movimento aprova(ÍO e recom endado pelo Bispo Dio· cesano .' . . , . Essas palavras abrem o ·decreto de D. Clemen te Tsnard contra a TFP. o qual continuo a analisar no artigo de hoje. Encontro reunidas na mesma frase três acuSc1çõcs distintas: a) a TFP teria tido u ma "atitude agressiva" contra os Cursilhos; b) além de "agressiva''. essa atitude teria sido "cll/uniosa"; c) sendo os Cursilhos um "movimento aprovado e recome,ulatlo'' por O. lsna rd, foi ainda mais espcdalmcnlc censu rável qu~ a TFP assim tivesse agido cm relação a eles. Estando a TFP numa campanha nacion al de divulgação da Pasto ral de O. Antonio de Castro Maycr sobre os C u rsilhos, qualquer leitor terá, ôesdc logo, a impressão de que o Sr. O. lsnard visa assim a Pastoral. Com efeito, qual foi a "atitude" da TFP n a Diocese de Nova Friburgo? Não temos Subsecção, nem contamos .com Núcleo, cm nenhuma das cidades sujeitas 1, jurisdição de D. lsnard. Assim. a única atividade da TFP naquelas paragens eonsistiu· cm percorrê-las por mdo de caravanas que faziam a propaganda da Pastoral do ilustre Bispo de Campos. Nisto teria, pois, consistido a atitude «agressiva" e "caluniosa·· dos. jovens caravanistas. Divulgaram pacífica e cortcsmenle um documento eclesiástico de alto conteúdo intelectual e moral, fundado, al~m do mais, cm opulenta docum·c ntação. Se o Sr. O. lsnard discorda d a Pastoral do Sr. D. Mayer. seria nobre de sua parte que saísse a público de viseira crsuida. defendendo diretamente contra elas os Cursilhos. OpuS<:ssc argumentos a argumcr)Jos. lmpugn:lssc o valor da documentação aprcscnrnda pelo Sr. D. Maycr. Scri::. um dirci10 seu. Seria até um dever. Pois ao Bispo compete. m:liS ainda do <1uc aos outros, defender os que - a seu ver - sofrem injustiça. O Sr. O. lsn ard teria aberto, assim , um d iálogo elevado e oportuno com seu egrégio irmão e vizinho de Campos. Todo o Orasil teria p resenciado. com interesse e e nlevo, a lúcida e douta contenda . E, por fim, a l greja teria saído engrandecida do episódio. Não. O Sr. D . Jsnard eximiu-se caura,ncnte de refutar o no tável docurnento do grande Bispo de Carnpos. Achou rnais cômodo atirar contra ele um ataque oblíq uo. atingindo os moços abnegados e idcalis1as da TFP. (; lamentável. ..

Assistindo ao brilhante Po ntifical celebrado na Catedral de Campos por ocasião do jubileu do Sr. O. Mayer. ouvi a oração gratulatória pronunciada pelo Sr. Arcebispo de N iterói. D. António de Almeida Moraes JuniÕr, do qual aliás não sufragâneos 1:in10 o Sr. O. lsnard q uanto o Sr. O. Mayer. Todos conhecem a fluidc·i . a clareza e o encanto da pal:wra do insigne orador sacro, o maior ou um dos maiores do Brasil contem1>0rãneo. Adernais, S. Excia. tem sido. cm sua Arquidiocc-sc. u1n patrono dos Cursilhos. Pois bem . a certa altura de sua notável o ração. o Sr. D. Moracs íez. urna aíirm:1· ç.ã o em que rutila sua bem conhecida inteligência. a par de sua exemplar imparcialidade. Afirmou ele q ue " Pastoral do Sr. D. Mayer só pode ser tida por um sábio brado de alarma que possibilit:l aos C u rsilhos reagirem con1ra erros e desvios neles infi11rados. O Sr. D. Maycr prestou, assim. va· lioso serviço aos c ursilhistas ciosos de se manterem bem unid<>s à Igreja. Pena é que, antes de lançar seu decreto, o Sr. D. lsnard - o qual visívelmen le não leu a Pasroral. 0 11 pelo rncnos não a leu desapaixonadamente - não 1ivcsse ouvido este pcnsnmen10 objetivo e jus10 de seu Mc1 ropoli1a.

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• • • - Que Cursil hos S. Excia. defende cm seu decreto? de sua Diocese.

Obvi:imcn1c. os

- Ora, no que a Pastoral ataca tais Cursilhos? - Em nada. N a pág., 1 1, a Pastoral afirma expressamente q ue há Cursilhos não infectados pelos erros por el:i denunciados. Se D. lsnard está certo de que entre os Cursilhos não infiltrados pelos referidos erros estão os de sua Diocese. g , er~1 s() dizê.Jo publicamente. E n inguém o con tradiria. Simplesmente para ressa lvar o renome de seus Cursilhos. não seria ne· : .~ cessário aquele · decreto .. .

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voltn para o Sacerdote bastamcntc melenudo que orientava. nqueles dias de reuni ão. Para explicar o fascí nio exercido pelo Padre. o cursilhista narra um epis<>dio. O Sacerdote faz. uma conferência na qual se refere, a certa altura. aos que chaina de Filhos da Luta. Ele vai então ao quadro negro e escreve "Filhos cln Lute,.". Ferve o entusiasmo. Suspense. Como prosseguirá a conrc .. rêneia? O Sacerdote pede então ao p{,blico excusas por uma distração. Ao .:-scrcvcr lutu, cometera um lapso. Em lugar da letra "I". deveria ter usado ,out ra que se lhe segue pouco depois no alfalx-10, Gargalhada geral. Distensão. Cordialicl:,dc cursilhista. Est~, revista. com a ignóbil narração, é d e molde a fazer incomparavcl· mente mais contra os Cursilhos do que ludo quanto i, ntuação dos propa· gandistas da TFP possa ter atribuído o Sr. O. lsnard. Ê. ·a demais. bem provável que essa revista, se chegar :',s mãos de cur. silhis1:;s do Sr. O. lsnard. lhes faça mal à alma. E aqu i fica uma pergunta : quer o Sr. D. lsnard o nome dessa revista, pan, baixar um decreto condenando ;, desedificante e contagiante atitude do Sac<::rdotc melcnudo? Se o quer, é só mandar dizcr~m·o . - Se não quer. por que dois pesos c duas medid a<? Tanta falta de vontade de saber o que de mal se faz aqui e acohí. no movimento cursilhista, e tanta sofreguidão pnra reprimir a di fusão da Pastoral de D. Maycr e punir a ação dos jovens da TFP?

Foi. pois, ,n1usto o fogoso Prelado fl uminense. ao tachar. de agressiva e caluniosa. cm relação aos Cursilhos de Cristandade, a campanha que a TFP vinha efetuando para difundir a recente Pastoral do grande D. Mayer. Mas, dirá alguém . talvez o Sr. O. lsnnrd não tenha querido referir-se ~ campanhn cn, si ml!sma, e sim a a1 i1udcs agre.~~iv:'ls e calunios3s que os fovcns propagandistas da TFP tenham to mado, n:i Diocese de Nova Friburgo, durante n. campanha. Esta objeção pode ser comodamen te respondid:i juntamente com o último argumento de D. lsnard. q ue me restava comentar. Para calçar sua condenação, assevera o Prelado: "Consider;mdo que os membros tia referida Societlade prommciaram. em público. pa/a'vras <>Jensivas contra o Bispo Dioce.ftmo, rejeiwm sua legítima <1utoridtulc <• n ão s,• consicleram em comrm}u"io com ele .. . " Consullei c uidadosamente os relatórios de campanha enviados pelas nos· sas caravanas. Eles se refCrcm, por certo. a incidentes criados por cursilhistas, ~m Nova f riburgo, porém não contêm a menor menção de que da parte de qualquer c~ravanista tivesse havido algum comentário calunioso 0,1 agressivo cm relação \aos C ursilhos ou a D. lsnard. qualquer contestação de sua autoridade o u d~ comunhão com ele. - Orai bolas - dir-me-á alguém - o Sr. não 1>0de basear-se apenas nas suas fontes. Ouça também a outra parte. - Semelhante objeção me daria ensejo de pefgun 1:1r cm que fon tes se baseou o Sr. D. lsnard ... Pois é c~rro que o Prelado não pediu para falar aos nossos, antes de contra eles 1aJiar seu ílamcjante decreto. "Amliatur ti ,1/tera pari', preceitua entretanto o Direito Romano como princípio elementar de justiça . . , Admirnmos1. todttvia, que o ardor pró•cursilhista do Bispo nova-fribur.. guensc lhe tcnh~ toldado ,a isenção de ânimo, a ponto de condenar. sem ouvi .. los. jovens model~1·es po,· sua piedade e zelo. Ainda assim. restaria um g r::ivc reparo a fazer ao decreto de S. Excia. Com efeito, parcccl,me discrepan te da benignidade episcopal que., por hipotéticos excessos a que se teriam entregue os jovens compon·cntes de uma caravana, o Sr. D. lsnard estenda sua punição a todos os outros sócios e militan tes que existem no Brasil, e que, de passagem por Nova F riburgo por qualquer razão - uma excursão por exemplo - vcnh:..m a se aprcscn1ar cm alguma igreja para comu ngar. .. ''Odiosa .rrmr restringendá', é ainda o Oi· rcito Romano q ue nó-lo diz. Em outros termos, :ls medidas punitivas devem ser cuidadosamente circunscritas a quem praticou a ação censurável. No caso dos Sacerdotes acusados de subversivos, as Autoridades cclesi,lt icas têm ressaltado que não se podem assacar a todo o Clero ações praticadas por alguns de seus membros. Subjacente a essa legítima ponderação está um óbvio principio de jus1iça. - Não teria esse prindpio aplicação i, TFP. no caso - n ão demons.· i rado - de alguns jovens caravanistas terem praticado cxces.~os cm Nova Friburgo? f uma pergunrn que cu quereria fazer a O. Isnard.

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Cabe citar aq ui um fruo concreto que se prest:l a :1lgumas rcílcxõcs muito :lpropriadas ao lema, g Possuo uma revista em que o pa1·1icipante de um Cursilho rnui10 impor~ lante, realizado alhures no Brasil. relata em tennos cntusiasmadíssimos 1udo quanto se passou nas rcspec1ivas reuniões. O melhor de seu entusiasmo se

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No momento em que vamos encerrando nossa grande campanha nacio· nal de d ifusão da Pastoral de D . Mayer, pena é q ue o decreto do Sr. D. lsnard reavive u,na luta que já durou 1cmpo suficiente para deixar csclarecid:1 a Nação. Foi o decreto, já um tanto extemporâneo, do Sr. Bispo de Nova Friburgo, que nos forçou a vollar com nova ênfase ao assunto, que já é tempo de deixar de l:ido.

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Lições da Revolução Francesa

CARTA A UM

DEMO-CRISTAO

SOBRJ

VELHO ''AGGIORNAMENTO'' Primo Maximiliano, ECEBI SUA CARTA dando conunuação à polêmica que tivemos sobre a pena de morte - considerada em tese - na casa de Tia Pacífica. Sei, sei, não foi polêmica, diz Você, foi diálogo. Mas permita que eu não aceite, por bom senso e por respeito próprio, que tenha sido um diálogo. Por bom senso, porque ele me diz que um diálogo em que h á troca veemente de argumentos se chama polêmica, embora isto doa a seu pacifismo. Por auto-respeito, porque diálogo, o demo-cristão e o progressista só o mantêm com comu!}istas, anarquistas, hereges, etc. E eu não sou herege, graças a Deus, nem sou da esquerda. Sou católico c da direita. Estou vendo Você rugir com toda a sua caridade demo-cristã: - Da direita só, não, da extrema direita, da extremíssima direita! E fanático! E nisto Você, no seu extremismo classificatório, se engana. Você sabe muito bem que sempre fui inimigo do nazismo e do fascismo ( que Você namorou), do comunismo e do socialismo (que Você namora). Mas também sempre me repugnou o extremismo do centro. E esse ccntrismo, primo Maximiliano, é ambulante, é andarilho, é nômade. Mas só cm direção à esquerda. Veja bem: a democracia-cristã está sempre indo para a esquerda, sem sair do centro. E como pode ser isto? Pareoe-lhe absurdo? e que a esquerda, meu primo, se desloca continuamente para posições mais revolucionárias, e lá vai o demo-cristão atrás, levando o centro cada vez mais para a esquerda. Quando a democracia-cristã começou a namorar o socialismo, eu lhe disse que na verdade ela queria amasiar-se com o comunismo. Você jurava: - "e falso! Com o comunismo, nunca!" E falava em socialismo cristão. Hoje, a democracia-cristã está-se divorciando do socialismo, por lhe parecer moderado e reformista, para correr atrás do comunismo e do guevarismo. Olhe o Chile, Maximiliano, olhe o Chile! O mesmo fenômeno se verifica no campo eclesiástico. Que é um Padre progressista moderado? 'f: aquele que defenderá amanhã o que a extrema esquerda radical da Igreja propõe hoje. Sempre em nome do Concílio Vaticano II, é claro. Perguntará Você: - E que faz o Padre terceira-força , enquanto isso? Respondo: - Arranja desculpas para justificar as capitulações do centro e sua omissão própria, - em nome da prudência... Assim, o progressista extremado propõe a heresia hoje, o progressista do centro a defenderá amanhã, o conservador-sem-exageros desculpa o centrista, e depois de amanhã todos juntos estarão praticando o que o extremista propôs a princípio. 'f: preciso manter a unidade .. . Assim marcha o trem da esquerdização na Igreja, puxado pela fumarenta e poluidora locomotiva do progressismo. Coisa parecida ocorre na política. Porque estas coisas são ligadas, primo Maximiliano, e todo progressista em Religião é esquerdista em política, e vice-versa. Evidentemente isto leva à contradição, aprovando-se hoje o que se condenou ontem. Pressuroso, Você acode: - Não! não é contradição! 'f: "aggiornamento", é adaptação dos princípios à nova realidade. Positivamente, é estender as reformas de base à lógica e ao dicionário. Desse jeito Você, que condena a pena de morte hoje, acabará por defendê-la amanhã e, se tiver poder, a aplicará depois de amanhã. Estou até ouvindo o seu; - Nunca!!! Se eu tivesse poder, aboliria a pena de morte! - Lá tenho minhas apreensões . . . Você sabe, primo, na História há paradoxos. . . Você quer provas atuais disso? Veja a Democracia-Cristã italiana: ela condenava o divórcio. . . antes das eleições. . . Quer outra prova? Hoje se sabe que não há ninguém

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mais bel.icoso do que um pacifista e, assim, não fique espantado se afirmo que seu pensamento evolucionista poderá levá-lo a ser um feroz Maximiliano. . . R:obespierre. E, além disso, em Você não há só contradição de pensamento mas também de prantos: Você chora só com o olho esque-rdo. Como? Lembre-se dos "crimes" históricos que Você cita nas horas de "zelo." Você ataca a Inquisição, as Cruzadas, a repressão ao protestantismo no reinado de Maria Tudor, que Você chama de "Maria, a Sanguinária". Jamais critica os verdadeiros crimes, as carnificinas feitas pelos inimigos da Igreja. Por que Você nunca fala - e detesta que se fale dos crimes da Revolução Francesa contra os católicos? Por que Você não fala dos crimes e do "paredón" de Fídel Castro, Você que é tão contrário à pena de morte? Repito: Você chora só com o olho esquerdo. Seu olho direito é seco. Ah! se um dia Você tiver poder . . .

• • * Para os progressistas, os "excessos" (não foram crimes) da Revolução Francesa foram praticados por alguns extremistas levados ao desespero pelos ,íristocratas "que exploravam cruelmente o povo". De modo que a culpa, no fundo, não foi dos revolucionários. Estes representavam a violência segunda, provocada pela primeira: :i das instituições "desumanas e retrógradas". Para Você, primo, o verdadeiro espírito d,~ Revolução Francesa era o dos moderados, 4ue certamente eram contra a pena de morte. Ora, depois de nossa discussão, lendo, antes de dormir, a "Histoire Parlcmentaire de la Révolution Française", de Bouchez et Roux, obra que, como Você sabe, traz as atas dos debates nas assemblóias revolucionárias, encontrei os discursos pronunç'iados na Assembléia Nacional quando se discutiu a pena de morte. Está lá, no volume Xl páginas 66 a 70. Sou obrigado a confess~r: Você tinha razão. Havia revolucionários moderados contrários à pena capital. Devo f Onfessar mais. Fiquei impressionado com a concordância entre os argumentos que Você expandiu na casa de Tia Pacífica e os 4ue foram defendidos por um revolucionário / na sessão de 30 de maio de 1791. imp5.essionante: Você e ele pensam do mesmo mol.lo. Um é o eco do outro. Lembra-se de qu Você definiu a pena de morte como um "as~assínio jurídico"? Compare com esta consideração do tal revolucionário moderado: "Quando e,n Atenas chegou a notícia de que cidadãos haviant sido condenados à ,norte na cidade de Argos, correu-se aos templos e conjurara,n-se os deuses a que afastasse,n dos atenienses pensan1entos tão cruéis e tão funestos. Eu venho rogar, não aos deuses, mas aos legisladores, que devem ser os 6rgãos e os intérpretes das leis eternas que a Divindade ditou aos homens, que apague111 do c6digo dos franceses as leis de sangue que ordenan1 assassinatos jurídicos, e que repugna,n a seus costumes e à sua nova constituição". Que tal? Creio que Você aprova totalmente, não é? Note que ele até parece "aggiornato", pois faz alusão a um deus vago e ecumênico, que serve a todas as seitas. Para ser franco, o começo do discurso me soa um pouco pedante e ponho muito em dúvida a tal corrida piedosa dos atenienses aos templos . .. (Entre parêntesis, e falando paixinho, repare como, de manso e de manso, o nosso tribuno promove os deputados da Assembléia revolucionária de 1791 ao nível dos deuses. Pois se o cavalo de Calígula foi senador romano, porque um deputado jacobino não podia ser deus?).

e

Mas não posso· negar que, no resto, o orador concorda inteiramente com Você, até mesmo na tal brumosa e ecumênica divindade ...

* •• Prossigamos na citação: "Assim, aos olhos da verdade e da justiça, essas cenas de morte que ela [a sociedade) ordena com tanto aparato, não são outra coisa senão covardes assassínios, crimes solenes cometidos não por indivíduos, ,nas por nações inteiras, sob formas legais. Por mais cruéis ou extravagantes que seja,n essas leis, não vos espa11teis: elas são a obra de alguns tiranos, são as cadeias com q11e eles opri111e111 a espécie h11111a11a, são as armas com as quais a s11bj11ga111: foram escritas com sangue. "Não é per111itido condenar à ,norte 11111 cidadão ro111ano"; essa era a lei feita pelo povo. Mas Si/a venceu e disse: "Todos os que tomara111 armas contra mim são dignos de morte". Otávio e os companheiros de seus cri111es confirnwram essa lei". Ah! se este orador tivesse triunfado, outra teria sido a História da Revolução! Hoje Você não ptecisaria fazer procz.,s para ocultar os crimes, isto é, os "excessos" dos jacobinos. Veja como esse paladino da liberdade a tacava os tiranos: "Sob Tibério, o fa to de ter louvado Brutus foi considerado 11111 crime digno de morte. Calig11la condenou à morte os que eram tão sacrflegos que se despiam diante da imagem do Imperador. Quando a tira11ia inventou OJ' crimes de lesa-111ajestade, que eram ou ações indiferentes ou ações heróicas, quem teria o usado pensar que essas ações 111ereciam pena mais suave que a morte, sem se tornar ta111bé111 culpado do crime de lesa-111ajestade?" O autor do discurso parece-me ~ar aí um leve escorregão, pois que, atacando a pena de morte, fala de "ações her6icas" praticadas contra os "tiranos". Que ações heróicas eram essas? Não seriam atentados contra os governantes? Dessa forma, hoje o nosso tribuno defenderia o terrorismo. . . Você vê? Ele já está choramingando com o olho esquerdo . ..

....

"Quando o fanatismo, nascido da w11ao monstruosa da ignortincia e do despotismo, inventou, por sua vez, critnes de lesa-majestade divina; qua11do ele concebeu, em seu delírio, o projeto de vi11gar o pr6prio Deus, não teve que oferecer sangue ta111bém à Divindade e colocá-la ao nlvel dos monstros que se diziam suas i,nagens?"

Se Você não entendeu, traduzo. O fanatismo de que aí fala o d eputado é o Catolicismo, fruto "da ignorância e do despotismo", que inventou a Inquisição e a pena de morte para vingar a Deus. Não acredito que Você ou qualquet democristão discorde dele na questão da Inquisição, Vocês que são tão laicos e tão pouco vingativos . . . quando se trata de vingar a Deus. Exatamente como um eco antecipado de sua argumentação, o eloqüente tribuno prosseguiu o discurso, procurando demonstrar a ineficácia da pena capita l na prevenção do crime: "A pena de 111or1e é necessária, dize,n os partidários da antiga e bárbara rotina; se111 ela não há freio suficientemente poderoso para o crbne. Que111 vos disse isso? Calculastes todos os recursos pelos quais as leis penais podem agir sobre a sensibilidade humana? Ah! antes da morte, quantas dores tisicas e morais não pode o homem sofrer! O desejo de viver cede o passo ao orgulho, a mais imperiosa de todas as paixões que dominam o coração do homem [os revolucionários são profundos conhecedores desse ponto .. . ). A mais terrível de todas as penas para o ho111e111 social é o opr6brio, é o esmagador

testemunho da execração JJIÍblica. Q1u11ulo o legislador pode ferir os cidadãos em tantos lugares sensíveis e de /antas numeirc,s, co,no po· deria ele considerar-se reduzido a aplicar a {)<'na de morte? As penas não são feilc1s para atormentar os culpados, mas para prevenir o crime pelo temor de i11correr nelas". E mais: " A pena ,te ,norte é 11ecessária, dizeis. Se é assim, porque vários povos souberan1 abster-se dela? Por q11e fatalidade esses povos foram os mais sábios, os mais felizes e os mais livres? Se a pena de morte é a mais própria para preve11ir os grandes crimes, é preciso que estes tenham sido 111ais raros entre os povos que a adotaram e a prodigalizaram. Ora, é exatamente o co11trário. Vede o Japão: em nenh11111 lugar a pe11a de 111orte e os suplícios são aplicados tão largamente; em ne11l111m 111gar os crimes são tão freqüentes e tão atrozes [ ... ). As repzíblicas da Grécia, onde as penas eran• ,noderadas, onde a pena de morte era 011 i11f;nita111ente rara 011 absolutamente descouhecida, apresentava,n. ,nais cri,nes e ,nenos virtude do q11e os p<âses governtulos por leis

,ie sangue?"

"

••• Esse argumento também Você externou, não é Maximiliano? Entretanto, esse deputado tão demo-cristão, tão profundo conhecedor da criminalidade... no Japão do século XVIU e na Grécia antiga, desconhecia o que se passava em Paris em sua época. Meu Deus, Maximiliano, sua incredulidade me obriga a ei~ações infindáveis! En,tre 1749 e 1789, durante quarenta anos pois, em Paris, que tinha então cerca de 600 mil ou 700 mil habitantes, um historiador só encontrou notícia de dois homicídios. Dois. Dois apenas . Não dois mil, dois só. E cm quarenta anos! Você não acredita? Esse historiador é Hugues de Montbas, que conta isso nas páginas 221-222 de seu livro "La Police Parisienne sous Louis XVI", editado pela Hachette em 1949: E na· França do século XVlfl, havia a pena de morte! Nossas metrópoles atuais vão batendo sucessivos recordes de criminalidade, apesar de termos uma escola em cada bairro, apesar dos métodos mais modernos de recuperação dos criminosos, apesar da abolição dos castigos corporais, apesar da abolição da pena de morte em quase todos os países, etc., etc. De que vale tudo isso se não há mais fé nem moral?

* ** Um argumento muito aventado contra a pena de morte é o de que pode haver um erro no julgamento e ser executado então um inoC'cnte. e este um de seus argumentos prediletos, Maximiliano. 'f: o que lembrou também o deputado que estou citando (calma! calma! no final eu digo o nome). Assim falava ele, no longtnquo e revolucionário ano de 1791: "Esc11tai a voz da justiça e da razão, ela vos grila que os julgamentos humanos nunca são suficientemente certos para que a sociedade possa dar a morte a wn home,n condenado por outros homens sujeitos a erro". Esse demo-cristão "avant la lettre", como bom discípulo de Rousseau, vê na justiça apenas um meio para recuperar os criminosos e lembra que a pena de morte tira do homem "a possibilidade de expiar seu crime pelo arrependimento 011 por atos de virtude". E conclui afirman<lo: "Observou-se que nos países livres, os crimes era111 ,nais raros e as leis penais mais suaves. Todas as idéias se liga,n entre si. Os pafses livres são aqueles em que os direitos do home,n são respeitados e onde, por conseqüência, as leis são justas. Por toda parte onde as leis ofendem a humanidade JJOr 11111 excesso de rigor, eis uma prova de que


IMPOSTURAS PSEUDOCIENTÍFICAS,

8: UM

E ANTIVERDADE DA GNOSE 11í II

dignidade hwnana mio é conhecida [viva!

CSlá aí a marca do demo-cristianismo: a preo-

A

cupação com a dignidade humana], que a do cidadão não existJ:: é uma prova de que o /e-

gisfodor não é senão 11111 amo que 111a1u/a em escravos e que o~· castigu impiedosamente segundo sua fantasia. Eu concluo ,,or que a pena de morte seja ab-rogada". '

••• Eu creio, primo Maximiliano, q ue Você, se estivesse presente nessa tão interessante sessão parlamentar, aplaudiria, com entusiasmo, tal discurso. Imagine: ser contra a pena de morte em nome da d ignidade humana! Mas é um precursor! E um · precursor! Você me pergunta ansioso: - Mas quem é? quem é esse deputado? Você não quererá propô-lo post 111orte111 como membro honorário da democracia-cristã?

••• Pois sabe Você quem é esse orador de idéias tão arejadas, tão modernas, de espírito tão parecido com o seu cm tantos pontos, que se pode até dizer que foi realmente um precursor do espírito progressista e demo-cristão? Lá vai o seu nome : - Maximiliano Robespierre. Sim , Robespierre, - Você leu d ireito! Robespierre, inimigo da pena de morte! Ele que foi o maior responsável pelos crimes do Terror! Ele, o homem que redigiu a Lei dos Suspeitos, que proibiu a defesa dos acusados- perante o Tribunal Revolucionário, que dispensou o interrogatório prévio. e o depoimento de testemunhas! O homem que fez condenar à morte por simples suspeita, e suspeita apenas de não pensar como ele! O homem que fez o Terror em 1794, discursava contra a pena de morte cm 1791, com os mesmos argumentos que Você usou outro dia!

"Si/a venceu e disse: -

"Todos os que

1011,aran, artnas contra 11ú1n l'àO dignos de 111or-

te". Otávio e os co,npanheiros de seus crimes C<J1'/irmarum essa lei". Assim falava o democrático Robespierre em 1791. Mas três anos depois, não era preciso ter tomado as armas contra ele para ir para a guilhotina: bastava ser s uspeito de não querer adorá-lo. "A pena de morte é um covarde assassinio jurídico". Assim pensava o manso, o miscri'Cordioso Robespierre de 1791. Depois ... Depois, veio o Terror.

•••

.

INTRODIIÇÃO, AS IM POSTURAS 011 FANTASIAS ~SEUDOCJEN'J'Íl'ICAS M'.AIS FREQÜENTES.

A

IMPRENSA brasileira há pouco tempo relatou um exemplo pontiagudo da desonestidade intelectual própria daquele tipo de gente que conhecemos por charlatães. Certo europeu teve que responder a processo judicia l na Suíça por ter impingido em livro de sua autoria um achado arqueológico pré-fabricado: um mapa de nosso planeta, apresentado como descoberta arqueoló.,gica, para "provar" que astronautas vindos de outros sistemas solares estiveram visitando nossos antepassados da pré-hisória. Esse escândalo representa evidentemente um extremo de charlatanice, no qual a apetêncla de teorias mirabolantes leva o indivíduo ao pecado de mentira. Sem c hegar a esse extremo, há certa c lasse de pessoas, cujo número vem crescendo em nossos dias e que não deixam de ser charlatães ou, senão, fantasistas, porque, sem possuírem formação científica - e às vezes munidos apenas de noções hauridas em algum livrinho de divulgação, pretensiosos e com ambição de fama fácil - procuram "provar" de modo apodítico idéias e proposições pseudocientíficas que podem enganar pessoas incautas, não possu idoras de conhecimentos e cultura c ientífica. Por melhor que pareça ser o aparato lógico e os conhecimentos desses tais, suas fantasias não resistem a uma crítica séria ; suas teses não têm base senão em sofismas, ou pelo menos, en\ premissas meio-verdadeiras ou inteiramente falsas. As imposturas ou fantasias que nos parecem mais comuns ou com mais aura de verdades científicas se referem a temas como os seguintes: 1 - a ciência superior da humanidade antediluviana e a Atlântida; 2 - a ciência superior dos egípcios e as maravilhas da pirâmide de Quéops; as relações da Allântida com o Egito e a América; 3 - a descoberta da Arca de Noé; 4 rado.

as provas de que Einstein estava er-

Vamos analisar essas "pérolas".

8 -

A PRETENSA CIÊNCIA Sl/PERIOR ANTEDILl/VIANA ê A IMPOSTURA DA ATLÂNTIDA. 0UAS

I.EIS OE TEOLOGIA OA HISTÓRIA VIOLADAS POR JOSEPH DE MAISTRE. 0 CONHECIMENTO LÓClCO· CAUSAL DA NATUREZA SÓ PODERIA TE~ VINDO AO HOM EM NA ERA CRISTÃ. No PAOANISMO ANTJ(;O FOI, PRATICAMENTE,

A l'ILOSOFIA GREGA Ql/E VISLUM8R0l/ O CO-

Quefrem e M iquerinos, t ema de elucubrações f antasiosas

bilidade e, portanto, a culpa. A passagem da premissa para a conclusão tem algo de um passe de mágica, pois supõe que a aniquilação de quase toda a humanidade é o pior castigo que Deus pode infligir ao homem. Isso é falso. O pior castigo que Deus pode mandar à terra não é de ordem material, mas espi ritual. A matança de homens, por mais vasta que seja, não é o castigo mais terrível. Joseph de Maistre supõe que essa vasta liquidação é o que existe de mais terrível, para justificar a existência da mais alta responsabilidade, e, portanto, dos mais altos conhecimentos. O Antigo Testamento nos diz que o gr~nde pecado antcdiluviano foi uma universal luxúria (Gên. 6, 1-3), e é da doutrina católica que o pecado contra a verdade é mais grave do que esse. Ora, São Paulo nos ensina (2 Tess. 2, 8-11) que a apostasia da cristandade, pecado contra a verdade, será cast igada com a operação da mentira e do erro desencadeada pelo demônio e o Anticristo. A um pecado profundo, um castigo profundo. Podemos entender porque a operação da mentira e do erro produzida pelo Anticristo é pior do que a mortandade anted iJuviana: cm face da morte e da destruição, o, homem é sacudido no seu ínti mo, tendo assim uma ocasião para se arrepender e se sa.lvar, enquanto que diante da sedução do erro e da mentira, sua possibilidade de salvação diminui. O cas1igo do Anticristo, como castigo espiritual, é pois mais terrível do que o castigo de destruição. Por conseguinte, o grau de responsabilidade da cristandade apóstata é maior, e portanto seus conhecimentos são superiores aos dos homens antediluvianos.

mos conhecimentos que Joseph de Maistre quis atribuir à humanidade antediluviana. 3. 0 O argumento do célebre escritor francês a inda despreza outro princípio teológico: tendo o Verbo assum ido a natureza humana, Ele que é a Verdade, e recebendo os homens o privilégio de participar do Verbo feito carne, no Sacramento do altar, Sacramento da fé, fonte de toda sabedoria e conhe- · cimento, segue-se que, para maior glória de Deus, só na era cristã é que a humanidade pode atingir a plenitude da disciplina lógico-causal. Tivemos oportunidade de citar palavras eloqüentes do grande pensador católico francês do século XIX, Ernest Hello, em que ele aponta para o fato histórico de que o conhecimenlo científico da natureza material foi uma conseqüência do mistério da união hip<is: tática ("Cristo, Senhor das Ciências ... ", Catolicismo, n.<> 258, 1972), e que nas religiões pagãs existia uma incompatibilidade profunda entre os delírios do pensamento mágico a elas inerentes e o pensamento científico. As considerações de Hello foram reforçadas no começo do século XX pelo físico teórico francês Pierre Duhem, cujas pesquisas históricas tornaram claro q ue a disciplina científica do pensamento humano, o método hipotético-dedutivo, teve origem nas universidades medievais. Alguém poderá objetar com o juízo de que a humanidade primitiva era mais saudável e mais perfeita por ter estado majs preservada do efeito cumulativo do pecado ao longo dos séculos, e portanto a inteligência humana teria tido então mais capacidade d e penetrar na essência das coisas. Essa objeção passa por cima das duas leis teológicas mencionadas, pois ela esquece que a ação pretcrnatural do demônio pode arrasar as inteligências mais fortes, e os dons sobrenaturais da bondade de Deus podem fazer das inteligências mais fracas, inteligências superiores. O argumento fantasioso de de Maistre é conforme à sua posição doutrinária baseada na heresia tradicionalista ( que nada tem a ver com o conceito teológico de tradição) , condenada cm l 870 no I Concílio Vaticano. Essa heresia, desposada ainda por de Bonald e Bonetty (Mons. Pietro Palazzini, " Itinerario Teologico d ei Concilii Ecumenici". Of. Libri Ca-

Não é esse um caso muito interessante de NHECIMENTO LÓGICO-CAUSAL A IMPOSTURA evolução do pensamento jurídico de uma pesOA ATLÂN1'1DA S NTRE OS NAZ.ISTAS, soa? Essa mudança de 180 graus cm três anos não é o que Você chama de "aggiornamcn10", 2.0 - Joseph de Maistre em seu argumento isto é, "adaptação dos princípios a uma nova Joseph de Maistre ("Les Soirées de Saint realidade"? Tal é a lógica dos revolucionários. Pétersbourg", Librairie Garnier, Paris, 1922, passa por cima da seguinte lei teológica d a História : pelo pecado original a humanidade Você não estava lá para aplaudir en1usias- vol. l, p. 69) dá o seguinte argumento para 1icamente seu xará, mas houve quem fizesse justificar que os conhecimentos da humanida- ficou sob o jugo do demônio, e como o demôa claque por Você. de antcdiluviana eram infinitamente superiores nio é o pai da mentira, ele não podia tolerar Na "História Universal'' de J. B. Weiss, aos dos homens do século XIX: "[ ... J os que a inteligência humana desenvolvesse a disvol. XV, página 762, lê-se que outro deputado castigos são sempre proporcionais aos crimes, ciplina lógico-causal, mesmo no que diz resaplaudiu muito a Robespierre: foi Marat! O e os crimes sempre proporcio11ais aos co11heci- peito à ordem material. São Paulo, julgando o paganismo antigo in genere, escreve isto: "Prosanguinário Mara1, o louco Marat que defen- 11re11tos tio culpado; de maneira que o dilúvio deria mais tarde a tese de que para salvar a supõe crimes i11a11ditos e esses crimes supõem fessando-se sábios, tornaram-se néscios. E França era preciso matar 260 mil pessoas, ino- co11heci111entos infi11i1a,11e11te superiores àqueles tra11sfor11wra111 a gl6ria do Deus incorruptível centes ou culpadas, pouco importava, - ele que poss11í111os". Isto é um sofisma. Analise- 110 simulacro da imagem tio homem corruptítambém er0, em 1791, contra a pena de morte! mos a coisa. vel e de pássaros e de quadrúpedes e de répA História tem paradoxos, Maximiliano, e teis'' (Rom. 5, 22-23). São Paulo se refere 0 1 . A premissa do argumento é verdaa Revolução Francesa nos dá muitas lições. à idolatria, suma nesciedade do paganismo andeira: o conhecimento aumenta a responsaUma que cu aprendi é q ue ,se deve desconfiar tigo, e que é incompatível com os tais altíssi- CONTl:,,I UA NA PÁ(l , 6 dos sentimentais que só choram com o olho esquerdo. De seu primo, para sempre extremamente A prHente odlslo 16 • •tavo oncorrado quando rocobomo, a dolorosa notícia do fafedmtnto do [ng-> Jot6 de Azerodo Santos, refratário e extremamente antiprogressista. do o , eu prlmolro n6mero. Na lmpoulbllldado de opreHntor ogoro o homonogem dtYldo la mom6rlo de u, corlulmo frmao de

Orlando Fedeli

Atanasio Aubertin colaborador doato folho dH· Ideal e donodado companhel.

ro de mi~ batalha,, • rtHrvando•noa poro fa.d• Jo om nouo n(lmero dt ogo,to, recomendamo, tua olmo 001 tufróglot do, loltorot e amigo, de "Cotollcltmo11 •

5


Continuação da p ág. 5

IMPOSTURAS PSEUDOCIENTÍFICAS

uolici, Roma, 1962), supunha que iodo conhc· cimento, cm particular o religioso, é uma cxpliciiação de um conhecimenlo in:110 proveniente de uma rcvc1ação primil iva ("DictiO· nary of Philosophy". Philosophical Library, N. York. 1942). Tal heresia é d e fundo gnós1ico· ·pl:uônico e leva à negação da revelação da Nova Lei, pois pretende que Jesus CriSlo Ião somente explicitou verdades já existentes nas religiões primi1ivas. Nessa linha da filosofia iradicionalisla, de Maistrc alirma que a Igreja não tle/ine dogmas novos, mas ratiJ;ct1 "dog-

mas naturais'' contidos nas tradições do paganismo antigo; e pergunta ;\inda: "Quellc vérité ne .re ttouve pas dans /e vagmtisme?" (''Soi· rées", vol. II, apêndice). No apêndice mencionado das "Soirécs'', ele procura demonstrar que a eficácia do sacrifício li in1rínscca no derramamento de sangue, <lc.: modo que a eficácia do holocaus10 do Calvário fica reduzida ao coroamento de algo já existente nas religiões pagãs. Isto é contrário à douirina ca1ólica. Yê·SC por que razão esse auto r é tão entusiasta das idéias inatas de Platão, que aliás procura defender com argumentos de nível filosófico abaixo da crítica ("Soirécs", vol. 1, pp. 108122). Sua defesa do gnóstico e ocultisra Saint Mar1in, assim como do próprio iluminismo martinista ("Soirécs", vol. li, pp. 232-239), indica serem de origem gnóstica e ocultista esses entusiasmos pela "sabedo ria" dos antigos povos pagãos. Tal entusiasmo é uma constante cm todos os gnósticos mágicos e ocultistas. Assim, por exemplo, os nazistas cm nosso século. Sabe-se que o nazismo foi u1na cena explosão moderna do paganismo gern,fmico an1igo, fundada cm grupos esotéricos e gnósticos. Como nos mostram os gnósticos Jean e Michel Angebert (J. e M. Angebert, "Hitler et la Tradition C.athare", Ed. Robert Lafr'ont, Paris, 1971), o nacional-socialismo tinha cm sua base dout rinária. entre outras coisas, as fantasias da Atlântida de Platão e do Continente Hipcrbóreo das ,mitologias dos pagãos germânicos antigos. A admiração e a exaltação charlatancsca do paganismc;> antigo era um dos parâmclros das teses nazistas. A Atlântida, que alguns t)uerem identificar com a civilização antediluviana, é um dos manjares oníricos da literatura ocultista. Nada' d e mais ridículo e sem base do q ue a impos1ura da grande civilização da Atlá1>1ida. Sua origeni está nos livros do Timeu e Crítios de· Platão, cm que o filósofo grego afirmava ter sabido de tal civilização por meio de um sacerdote egípcio. Ora, nenhum egiptólogo até hoje confirmou essa h1stó n a. Nada das pesquisas geológicas do fundo do Atlântico, levadas a eleito após a segunda guerra ,mundial, aponta para um conlinente submerso. A teoria de Wcgener da deriva dos continentes, que vem cncontr;ndo confirmação nessas pesquisas, não favorece a história de Platão (S. W. Mauhews, ''This

@SATOlLilCl§MO MENSARIO com aprovação ttlcshbtlca

CAMfOS -

EST. DO 1110

Ont,liTOk

MONS, ANTONIO RIDF.IRO DO ROSA.RIO

Oirtlori.a: Av. 1 de Setembro '247. caixn

postal 333, 28100 Campos, RJ. Admlnl9fr..ção: R. Dr. M:irtinico Prado 271 , 01224 S. P:iuto. Agente parA o &1.ado do Rio: José de Oliveira Andrade, caJxa poslal 333, 28100 Campos, RJ: Agtnte para o, Es12dos de Gol~s, M,afo Grosso e Minas Cerals: Milton de Salles Mourão, R. Paraíba 1423 (lckfone 24-7199), 30000 Belo Horizonte: Agente p:J.Nl o Esuldo dn Guanabara: Luís

M. Ouncan. R. Cosme Velho 81 S (telefone 245-8264), 20000 Rio de J;meiro; Agente para o &lado do Ccad: José Gerardo Ri· beiro, R. Pernambuco 1. 57, 60000 Fortaleza,: A.gentes pam a Af'RcoUna: 'Tt:1.· dición, Familia, Propiednd", Casilla de Com~o n.0 169, Capital Fcdert\l, Argentin3; Agente para 2 &panha: José María Rivoir Gómcz, .\parlado 8182, Madrid, E..~panha.

Composto e imp resso na 'Ci3. Lithográphica Ypira.nga, Ru;,. Cadete 209, S. PatJlo. Assln2lura nnunl: comum CrS 2S,OO: cooperador CrS S0,00; benfeitor CrS 100 00· g rande- bcnfeiior CrS 200.00; seminar-iSta; e esl udantes CrS 20,00: América do Sul e Ccnlt31: vfa de superfície USS 4 00· vfo :i~rca USS 5,2$; América do Noric. 'Por· 1ug.::al, Espanha, Provínc.ias ultrnm~inas e Colónias: via de supcríície US$ ,1,00; via aérea USS 7,00: ouiros países: via de su·

perficie USS 4,SO. vfa. aérc...'\ USS 9;2S.

Venda avulsa: CrS 2,00. Os pag:i.me11tos, sempre cm nornc de F.dl· 1?ra Padre Bt-~cliior de Pontes 5/C, poden 10 s.cr cnc:'lminhados à Administração ou aô$, agen1es. PMa mu~:;1nça de e ndereço de assinantes, 6 necessário mcncion:i.r t3ml>ém

, o endcrcç,o antigo. A correspondência relativa a assinaturas e venda avulsa deve ser cnviad:i. à Admini$lrnsiio:

R. l)r, M>rtinko Prodo 271 01224 S. Pauto

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Ch•inging Eartl,.., Nationc,I Geographk, vol, 143, p. 1. 1973). Todavia, há algo na lenda divulgada por Platão que é uma analogia com a catástrofe do dilúvio, a saber: a A tlântida, ao submergir no Octano Atlântico, foi destruída pelas águas. Talvez. a lenda da A tl5ntida tenha sido mo1ivada pela calamidade do d il(fvio, pois, de um modo geral, havia entre os povos antigos tradições relativas a uma grande destruição produzida por uma inundação prodigiosa. Desses relatos o que mais se aproxima da descrição bíblica é a história do dilúvio deixada pelos mcsopotâmicos, onde se fala da Arca e do Pairiarca Noé, sob o nome de Ziuzudra ( Samuel N. Kramcr. "From 1he Tablcts of Sumer". Thc Falcon's Wing Press, Colorado, 1956 ). Quan10 ao continente que teria submergido no Atlân· tico depois de abrigar uma civilização de sábios, é algo des1ituído de q ualquer prova geológica ou arqueológica.

C -

A ' PAN'l'ASIA OA CIÊNCIA MIS'' rêRIOSA 00S CCÍPClOS E A$ "MARAVl l,.I-IAS" c 1eN·rlF1CAS 0A PIRÂMIO.E OE QUÉOPS. A AROUMENTA• ÇÃO PRIMÁRIA 00S CIIARLATÂl!S REPETIDA

PELO PADRE MOREUX. ONDE SE PAZ CON· PUSÃO EN'rRE CONl·IECIMEN'ros OBSERVA-

CIONAIS E EM l'ÍRICOS E PROFUNOOS CO· NHECIMEN'ros CIENTÍFICOS. FALSIFICAÇÕES OOS DADOS DA ARQ,UEOLOCIA. A "111S· 'l'ÓRIA" OA ATLÂNTIDA, OBTIDA VIA ÊX·

TASES OCUL'flSTAS, E UM ARGUMENTO CHARl~ATANESCO QUE RELACIONA A ATLÂNTIDA COM o Ecrro ê A A MÉRICA 00 SUL.

Foi no século passado com Piazzi Smylh, um escocês, que começou a fantasia da ·'ciênª eia m isteriosa dos faraós' ', Smyth deixou uma p1êiade de seguidor~s e imitadores, que vem até nossos dias. As leses defendidas por esses tais não possuem base nas pesquisas históricas e arqueológicas, e não passam de conclusões derivadas de sofismas e fantasias do ··wishful 1hinking". Não obstante as críticas e refu1açocs dos arqueólogos e historiadores, a sua impostura continua a fazer adeptos, por vezes incauª tos. Nota-se também aqui o foto de que tais indivíduos, de modo geral, são seguidores de teorias gnósticas e ocultistas. Ê lamentável verificar que ao lado dessa gente aparece um Sacerdote católico, amador de astronomia, autor de um sem número de livrinhos de d ivulgação científica, o Abbé Moreux (Abbé Moreux, "A Ciência Misteriosa dos Faraós'\ Livr. Progrcsª so Ed., Salvador, 1956). Recentemente apareceu uma obra fantasista de um professor de curso secunclál'io, que é :lprcscntado na "oreª lha" do seu livro como sendo matcmá1ico e físico. Ele é um pouco mais hábil que os outros .. arqueólogos''. "astrônomos'' e "matemátiª • começa seu tracos.. que o prece<1eram, pois balho crilicando as charlatanices flagrantes d e seus predecessores. Entrelanto, o que escreveu não passa de mais um livro charlatanesco que veio en riquecer essa. subl itcratura. Cha,na-se André Pochan e é ocultista (A. Pochan, "L'Enig. me de la Grande Pyramide", Ed. Robert Laf· font, Paris, 1971 ) . Não vamos entrar numa tediosa análise"de todas as tolices alé hoje escritas sobre a pirâm ide de Quéops. Daremos apenas alguns exemplos. Antes, porém, focalizaremos a alcnção para um erro central que vicia essa literatura e que é este: confusão de conhccimcn1os empíricos ou observacionais com conhecimentos cien tíficos. A respeito disso há muirn coisa publicada da par1e de cien1 istas e de certos filósofos mais ou menos familiarizados com a metodologia das ciências. Einstein, que foi como que um protótipo do físico teórico, cn1endia bem que o pensamento Gientífico é ncccssariamen1e hipotético-dcdu1ivo, e afirmava q ue a compreensão das leis da nalureza não cst:í na o rdem empírica mas no domínio da teoria e que a noção empiricisra ou positivista do c.on hecimento científico é inteiramente falsa (A. Einstein, "Physics and Rcali1y", Jounwl o/ the Fra11kli11 l11s1i1we, vol. 221, p. 349, 1936). Sabemos que dados empíricos e observacionais não constituem por si mesmos nenhuma ciência. Eles podem ser vistos tão somente como preâmbulos para a elaboração das teor ias. ou para se verificar a validez das hipóteses e 1corias. Enquan10 taJs. os dados cmpíri:.:os e observacionais não nos dão o conhecimento e o entendimento dos nexos causais profundos na o rdem objetiva, isto é, eles não encerram o porquê das coisas. O 1>orquê está no domínio da teoria, po is é ela que constitui a realidade enquanto pensada, isto é, entendida. Certo afo· risma repetido ,ui 1umseam por m ed íocres ma· n uais de filosofia e por filósofos mal informados, dá uma visão inteiramente falsa da natuª reza do conhecimento científico: ele se formula a~sim: a íilosofia visa ao po,.quê e a ciência ao como. Isto é crasso positivismo ou cmpiricismo. A diferença enlre filosofia e ciência cs1:I em diíerenlcs ordens de porquês. Desafortunadamente, bom n(1mero de filósofos, mesmo competentes cm lógica e metafísica, possuem

tal noção cmpiricista do conhecimento científico. Ela coincide pcrf<.:itmncntc com aquela desposada pelos charlatães da pseudociência. Estes geralmente pensam que conhccin,en• los empíricos e observacion:1is já são a ciência dr, na1urcza. Ora. a ciêncit1 dos povos antigos, como nos informam a arqueologia e a l-listória, crn de nível q uase que só empírico: eles não conheciam o porquê dos fenômenos da natureza, isto é, não tinham conhecimcn10 lógico-causal, já que a in1crprcrnção do universo que possuíam era de nível mito lógico. sendo forncª cida pelas religiões dos ído los. En1rctanto. tinham conheci.mcntos relativos f,s lunnçõcs. conheciam a distância da Terra à Lua. o valor do raio da Terra. a medida da latitude geográ· fica. Isso os gregos conheciam muito bem por volta dos séculos IV a li A.C. (J. L. Drcycr, ·'A History of Aslronomy" , Dovcr Publ., 1953). T,1is noçõc-s são de ordem observacio nal, não pressupõem um conhecimento lógico,causnl profu ndo, e métodos modestos de medição podem chegar a eles. Conhecimentos empíricos no domínio da astronon, ia íoram constatados pelos arqueó logos até mt era paleolítica supc· rior. O astrônomo Gcrald Hawkins (G. Hawkins, Nmure, vol. 200, p. 306, 1963) mostrou que o conjun10 d e monoli1os de Stonehcnge. da época neolítica. era um sistema destinado a obter dados precisos sobre equinócios. periodicidades lunares e previsão de eclipses. Os arqueólogos descobriram objetos da era paleolítica superior, além de dez mil anos A.C. (A. Marshack, Scie11ce, vol. 146, p. 743, 1964), que confirmam que aqueles povos pré-hist6· ricos podiam dctermim1 r lunaçõc.s com razoável prcei~o. Pois métodos modestos. simples e inteligentes podem servir para a obtenção d e 1ais noçõc,s. sem que isso envolva elaborados conhecimen tos científicos. Se, pois os povos paleolíticos, que viveram de 30.000 'até 10.000 A.C., podiam ter certos conhecimcncos ast ronômicos. por que não os egípcios. cuja civilização íaraônica começou por volta de 3.000 A.C.? sabido q ue as pirâmides de Quéops e Qucfrcm possuem orientação relaliva ao polo com uma grande precisão, de\ ordem de minu· tos de arco. Tal precis.;io não deve ser enca .. rnda como um a~ombro cicnlííico. Assim o egiptólogo fra ncês Jean Vcrcouttcr mostra que essa precisão não supõe da parte dos antigos egípciõs um alto conhecimcn10 de a.stronomia ("H is1oirc Généralc dcs Scienccs", vol. 1, Prcsscs Universiiaires de France, Paris, 1957). Nessa linha de idéias, o físico Pawley e o geofísico Abrahamsen, nortc-amcriçanos, d izem q ue com os métodos d isponíveis pelos egípcios antigos essa precisão era possivcl e nada tem de surpreendente (G. Pawley, N . Abrahamscn, "Do the Pyramids Show Con1inen1al Drift?", Science, vol. 179, J>, 892, 1973). Essa precisão nada tem a ver com altos conhecimentos científicos. Trata-se de algo empírico. A pirâmide de Quéops 1cm sido fonte de clucubrações pouco sérias dos charla1ães e dos íantasistns. Com b:,se nas medidas da pirâmide, concluem que os egípcios antigos deviam ter uma série de conhecimentos astronômicos e matemáticos. e. portanto, eram detentores de uma sabedoria superior. Como dissemos antes, várias dessas conclusões, na melhor das hipó1escs, provam tão somente q ue esse povo possuía conhecimentos empíricos, os quais não supunham grandes conhecimentos cicntííicos. Se de fato o Egi10 faraônico conheci:i o número t>i com quatro significativos, isso não prova que ele possuía altos conhecimentos matemáticos, porque conhecer pi com quatro significativos é problema de c~ílculo numérico de lllàlCnl᪠1ica elemen tar. Os gregos conhccii,m, por que não os egípcios? Por outro lado, devemos chamar a atenção para o falo de q ue, de modo geral. esses fantasistas mos1ram desconhecer algarismos significativos. pois seus cálculos baseados nas medidas da pirâmide de Quéops envolvem valores numéricos com sei~· algarismos .rignijicath,os. Ora, as medidas da pirâmide dadas pelos ar· queólogos não ultrapassam quatro significa1 ivos, e é difícil acreditar que tal tipo de obra ofereça a possibilidade de medidas com precisão de seis significativos, indo a milímetros e até ccnté~imo de milímcrros! O A bbé Moreux (ibid.) procura justificar es,;a precisão de milímetros e centésimo de milímetros com o argumento de que as medidas e-gípcias eram feitas com o côvado piramidal. o qual era dado corn ~rande precisão. Aqui cncon1ramos um grave Cl'rO que q ualquer bo m aluno de 1.0 ano de física de universidade poderia apont:u: sabe-se que a mudança de sistema de unidades não alrcra a precisão da medida. Brincando com valores numéricos dorndos de precisão fictícia, os charlalães e os fantasisª hls chega ram a muitas conclusões mirabolan· ccs. Não vamos perder tempo com exemplos desse tipo de argumentação. Uma autêntica. impostura que nos aprcsen1am esses " arqueólogos''. é o das datas proféticas ob1idas via medições do comprimento e largura das galerias denlro da pirâmide. O gnóslico Georges Barbarin (G. Barbarin, "Lc Secrct de la Grande Pyramidc", Ed. Adyar, Paris,

a

1936) nos dá uma lista dessas d,11as (dia, mês e ,1110). Ora, as d;,rns vcrdadcin1s, isto é, as que correspondem a fatos históricos. tinham sido "dcscobcr1:1s" após os fatos realizados. E ntretanto, as clatns q ue eram futuro para a época das clucubraçó<:s "profé1icas", hoje sabemos que elas não :,'ignificam nada, historicamente folando. Por exemplo: " da1a "profé1ica" de 15 de setembro de 1936, q ue anunciaria o começo da ··gra11de era ,la paz". Ess..1. ''grtuule ertt da 11a1.'' começou cm 1936 com . . . a guerra civi1 espanhola, seguida pela guerra mundial de 1939. e muitas outras guerras menores. óbvio que de 1936 para nossos dias não se falou m ais dessas profecias da pirâmide. O ocultis1a britânico Paul Brunton ( P. Orunton, " EI Egipto Secrc10". Libr. Hachettc, Buenos Aires, 1957), seguindo certa demagogi:t dos meios gnósticos, aíirma que 3 grande pirâmide não é obra de Quéops, mas dos a tlan • tes. E ·como chegou esse homem a tal conclusão? Ele nos d iz (ibid., p. 17i) que (oi cm "meditações" no santuário de Osíris cm Abi· dos, q ue recebeu revelações de como os atlantes que emigraram antes do aíundamento da Atlân1ida. chegaram ao Egito e aí construíram as pirâmides e iniciaram a civilização faraônica. Esse individuo fala de o utros sonhos máa gicos que teve dentro da pirâmide de Qucóps, e pelos quais obteve notícias sobre as iniciações no antigo Egi10. Tudo isso nos faz lembrar a fan tástica máquina do 1empo daquele célebre romance de H. G. Wclls. Estamos no domínio do ronianc-c e da charlatanice satanista m,1is desabrida! E sabido nos meios científicos q ue, como prova o arqueólogo Frankfort, a arql1itetura egípcia teve o rigem nos modelos da civilização mcsopotân,lCa (H. Frankfort, "The Origin of Monumental Architccturc in Egypt", l'he Amcric,m Jour1wl o/ Semitic Lan· g11oges (lll</ J..iter<1rures, vol. 58, p. 329. 1941). E lembremo-nos de que a civilização de cidades na Mesopotâmia começou por volta de 4.000 A.C., mil anos antes do Egi10 faraônico ( Robert Adams, "The Origin of Cilies", Scie111ific Ameri,·,111. setembro de 1960). Isso tudo faz sentido, pois resulta da$ 1,csquisas arqueológicas das obras d e ar1c, e da aplicação dos métodos de cronologização por carbono-! 4. Por oul ro lado, pesquisttdorcs norte·amcricanos descobriram estratos arqueológicos de cidad es no período de 5.700 a 4.800 A.C. (cronologia por carbono- 14) cm que se vê uin:i relação de pa.rcntcsco de arquitetura entre essa civilização e a posterior mesopotâmica (James Mcllaart, "Hacilar: A Neolithic Yillagc Site", Sâenti/ic Americtl11, agos10 de 1961). O recuo no tempo mostra, pois, a relação da civilização egípcia com o ulras civilizações: da bacia mediterrânea. Nisso há lógica. As supos1ns ligações do Egito com uma g rande ilha lendária no Atlântico são pura ranttisia de charlatães e ocultistas. Cenos ".1rquc6 logos,. querem achar rchtª çõcs cnl rc ~, civilização egípcia far:iônica e as civiliza.çõc.s aztcca, inca e maia, e pretendem que só a At lãn1ida explicaria tais relações. Entre estes podemos cilar A. Braghine (A. Braghinc, "L'Enigme de I' A1lantide'', Payot, Paris, 1952). Ora, cm pri meiro lugar, as civili1.açõcs índias da América não apresentam semelhanças com o _antigo Egi10. O único ponto de coincidênci,,. seriam as pirâmides azteeas. Mas estas tinham função de templo, e as egípcias, arqui .. tetonicamentc bem diferentes, se destinavam a guardar as- múmias dos íara6s. Além do mais, cssc.s "arqueólogos·· desconhecem inteiramente questões de cronologia. Não existe paralelismo cronológico entre o Egito das pirâmides e as C'ivilizaçõcs azteca, inca e maia. Sabc-~-c que a civilização faraônica do Jm .. pério Antigo se si1ua por volta de 3.000 A.C. a 2.000 A.C. Foi nas primeiras dinas1ias do Egito faraônico que a construção das pirâmides se desenvolveu e 1eve um término. Ora, as civia lizaçõcs índias consideradas tiveram lugar na era cristã~ o u pouco antes. É ver o que nos diz o eminente arqueólogo norlc-americano George Vaillant (G. C . Vaillan1, "The Aztccs of Mexieo", Penguin Books, 1956) a re,'J)cito dos az, 1ccas. A cronologia por carbono- 14 mosira que a cultura destes teve o rigem no comc-ço da era cris1ã (Rac/iocorbon Supplement. vol. 2, p. 57, 1960). A civilização de Tiahuanaco nos Andes ttunbén, teve o rigem pouco antes da era cristã. Várias determinações de daias por carbono-14 lévmn a confirmar isso ( Radiocarbon Suvple~ 1110111, vol. 1, pp. 22 e 54, 1959). Os indivíduos que q uerem alribuir a Tiahuanaco idades fabu· losas e t;1mbém pretendem que essa civilização peruana teria ex istido ao nível do mar e depois subido com os Andes, são chamados de "mí.fticos" e "/<mâtico.r·· pelo arqueólogo americano John Mason (J. A. Mason, "The A ncienl CiviJizations of Peru", Pcnguin Boo!:s, 1957). Para csse.s "íanáticos" e "místicos'', os atl;tntes, anles da catástrofe, teriam emigrado para a América e a África para fundarem as civilizações cm apreço. Acontece que os dados cronológicos sérios contradizem fron talmente tais fa na

e

rasias. Voltando à ·•sabedoria" do ant igo Egito, poder-se-ia objetar que, não dispondo de conhecimentos científicos, possuía ele entretanto eleª


Conclusão da pág. 6

IMPOSTURAS PSEUDOCIENTÍFICAS

vadós conhccimcn1os na or<lem moral e mela· íísic:,. pois. há escritos que tcs~cmunh:,m terem os egípcios tido conhecimento dos Mandamcn· 10s (""El Libro de los Muerios". José J:1nés Ed. Oarcclona, 1953) e também conhe-

cim~ntos de natureza teológica. Tais escritos de foto existem, mas são como que flores isoladas num matagal de ervas daninhas. cactos, e arbustos secos e retorcidos. As instituições faraônicas e o povo, de_ n!odo _ geral, viviam de uma c u ltura e rchg1ocs mfcsta-

d.ts pela 1nagia, mitologi;, e gno.s~. A S~g~ada Escritura diz isto da "s.1bcdona' faraon1c1,: "l::111iio / icarum impotentes tis clwrlatmrices 11uígin1s, e " v,mglória clf! sua sabedoria c,llu em v,•rgonhos<J ,J,,scrédiw" (Sab. 17. 7). "Somente sobre de.-.· (os cgípciosl pest1wt uma profwula noite lo castigo das 1rcvas físic,,sJ. imagem tia., tre~,H· quf lhes t.•stawun n·serwult1s, t· eles erm!' " si mt:smtJS mais iu.\'ttf>ortúveis ,lo ,111e as 11ro11ri11.r lrtcV/1$° (S.1b. 17, 20). ··os of//rOs IOs cgípcio~ I mc:n•c,·;mn bem .w.:rt•m pdvmlos tia lut, ,. :wfrt'r um ctírc:ert• ,te trcv11s, des <1m· t inlwm c11ct'>'rtulo 41111 />risõt·.,· os vosJ·os filhos Los israclit:ls}. por meio tios t/twis tiomeçtlvtt " ser tlad" ao mmulo" luz i11corn11"í"el da vo..,·sa lei'' (Sab. 18. 4). Como $O vê. só Israel possufa no mundo antigo a sabedoria; os egípcios eram tão somente detentores de chàrlacanices mágicas. e o c:1stigo <las crevas íísicas q ue linha golpeado o seu império era mais $upor1ávél do que as trcv:1s espirituais que envolviam :,quele povo pagão. No orcículo contr:, o Egito d iz o Espírico Santo ainda: "0.f prindpc-·s de 'rlinis mól'traram .,·,•r loucos. os stibios , ·onsell,ciros de Fart,ó ,len.un ,m, co11selho inse.n.rmo; t.·omo .mgel'is " F11raó: ··J;,"11 sou filho de s,íbios. fi/1,o tle reis ,mrigo.r"? Ontle estiio agora os leus sâbios? Eles te tmw,ciem ,,gor11 e apontem o que o Senhor dos Exét'citos tem resolvido sobre<> Egito. Lou.. c:os .re tornaram os prinâpes ,/e 1"tinis e desa• 11imudos ficaram os príncipes tle Mênji.r: cnga· nartw, o Egiro, baluarte ,ie seus póvos" ( Is. 19, 11-13). 0

/) -

PRETENSAS OUSC08 ERTAS OA ARCA OE No€. CASO l>E UM ··onsconRIOOR" DA ARCA.

o

Nc-s te século várias pessoas têm pl'ctcndido haver dcscober10 a Arcá de Noé, e para prová-lo 1êm exib ido pcdaç,os de madeir~l traz.idos do Monte Ararat. As histórias apresentadas pelos "dc-scobridorcs"' da Arca são geralmente contradit6rias: uns declaram ler visto a p rópria A rca toda pc· trificada~ ouiros, apenas res10:s. Focalizemos o t:~tso de Fcrnand N:warra, explorador francês :tdcp10 do ocultismo e da alquimia. Esse homem esteve vári~1s vezes no Monte Ararac. de onde trouxe um bloco de madeira q ue afirmou enfaticamente ter pertencido !t Are:, de Noé (Fcrnand Navarra, "J'ai trouvé L'Archc <lc Noé". Ed. Francc Empire, Paris, 1956). O Autor conta que submeteu a madeira a teste cronológico no lnstituto Florestal d e Madrid. o qual concluiu tratar-se de objeto com idade da ordem de 5 mil anos. Navarra imaginou, muito erradamente, que- essa idade fosse compa1ível com a época do dilúvio, quan~ do sabemos que há 5 ,nil anos atrás :, civiliz.aç5o cgípci:1 e a mesopotâmica estavam cm pleno desenvolvimento. Posteriormente, css:t m:1dcira foi submc1id:, a um laboratório de carbono- 14 ,rn Inglaterra, que lhe atribuiu uma idade muico curta : 760 D.C. ( Ratliocm·bo11, vol. 7. p. 16 1, 1965). Certo físico nortc-arneric:rno pôs cm dúvida essa úllima dcrcrmina• ção cronológic,,, alcg;ando à possibilidade de contnminação do material por ácido carbônico recente contido nas águas da geleira local, o que levaria a uma medida de idade errada para menos (Science News, vol. 97, p. 574, 1970). De qualquer modo, a idade de 5 mil anos também não favorece a afirmação de Navarra, c.o nformc vimos. ~ difícil, ainda. crer que madeira sujeit~1 durante muitos milhares de anos :, ação da água, gelo , , 1ari:tções d e temperatura, ácido car· bônico etc., isto é. sujei1a às: intempéries, possa - salvo um mil agre - subsistir intacta. A lém do mais, devemos lembrar que o An· tigo Te.st~,mcnto não afirma que :, Arca foi parar no Mon1e Ararat, pois diz apenas isto: "E a tlrca, 110 .s étimo mês, e 110 dia vigél·bno sétimo tio mês. foi parar nas monumluu da Ar· 111énia" (Gên. 8, 4). Os '"descobridores" da Arca p.trcccm ignorar o que relata a Sagrada .Escritura. allamentc improvável que ainda cxis1am vestígios de madeira da Arca, mas isso não ex .. clui a possibilidade de existirem marcas deixa. das por ela no local onde ficou. Isso é verossímil. Ora. a revista Li/e l11rer11atio11a/ de 26 de setembro de 1960 publicou uma íotografia batida por um capitão da Força Aérea t urca, fo tografia essa que exibia a impressão de um barco n uma região monrnnhosa perto da fronteira com a A rmênia, a uns trinta q uilômetros ao sul do Monte Arara! (lembremo-nos de q ue o Gên. 8, 4. que citamos, não diz que a A rca

e.

foi parnr no Mon lc Ararat). Refere ainda a revista q ue a esse local foi enviada uma expedição de cientistas norte-americanos, os quais cons1acaram que a impressão de barco no ler· rcno linha as dimensões que a Sagrada Escritu ra atribui ?1 obra de Noé. A notícia ainda acrescenta que a expedição, após dois dias de ,inálisc, chegou à conclusão de que aquilo não 01prcscntava sinais de ter sido construído pelo homem. e um dos cientistas da cxpcdiç,ão não acreditava que a o.aturei.a pudesse. criar uma íorma tão simétrica como a de um b:,rco.

qucs1ão filo~'6fic;1 <lo .:spaço \! tempo, qu~ vi. ciava a física ncwlOniana. O Padre Moreux rnos1ra conhecer mal a física de Newton e não cs1ar qualificado para refutar Einstein . Tal ignorância é ainda 1nais completa encre os charlatães que procuram demonstrar que Einstein está errado.

E -

Frcqücn1ementc os ilusionistas da pseudo. ciência ~io gnósticos. Atrás das imposturas que viola.m o pensamento lógico•causal, cs1:í o pen· samenco mágico e mitológico da gnose. Lembremo-nos de que vários dos charla1ãcs mencionados ao longo da presente análise estão marcados pelo ocultismo, magi:l, religiões eso.. térica~, - cm Outros lermos, estão conl:lminados pela gnose. A experiência mostra que. regra geral. os charlatães desse gênero (não falamos aqui dos simples fancasis tas. como o Padre Moreux) são gnósticos. Por que? O pensamento que se desenvolve segundo as leis da ordem de ser e cm obediência aos dicamcs da lógica e ela moral é o que se chama gcralmen1e de pensamento lógico-ca11n1/. São os princípios da racionalidade e da ordem do ser que comandam o pensamento ordenado. Os princípios n1:1is imporcan tcs que subjazcm às operações da inteligência para :1 descoberta <la verdade são os princípios de 11ão·contradição e o de causalidade. Por isso se diz que o pcns:t· mento ordenado, como é o ch,s ciências. é pen· s-amento lógico-causal.

AS APIRMAÇÔES PSEUOOCIENTÍFICAS 00 GÊNERO "EINSTEIN ESTÁ ERRADO... A PkE• 'l'l!NSÁO DE OISCU1'IR E CONTESTAR Tl!O~ RIAS Cll!NTÍFICAS SEM A COMPETi1NCIA EXICll)A. 0 PAOR8 MOREUX. SEM CONUt;CElt

OS

FUNl)AMEN1'0$

r:11.,0SÓFICOS DA

FÍSICA OI! New'l'ON, se AUALAN~"OU A CRI· ' l' ICAR A FÍSICA OU EINS'rl!IN. ô QUI! SVPÕU UMA CRCl"ICA ÀQUELES fUNDAMUNTOS

l' ILOSÓFJCOS.

O ocultista André Pochan, que citamos cm e. pretende ter descoberto uma nova. crono1o· gia do Egico íaraônico e afirma que os arque6logos são ",m.r ignorantes'" (A. P0<:han. ··L'Enigmc de la Grande Pyramidc" , Ed. Roberi Laffont, Paris, 1971) . Isto é comum entre charlatães: não se con1en1am cm "descobrir" novas leis e novas teorias. mas também crili· cam sem nenhuma cerimônia os cientistas e ridicularizam aquilo q ue chamam de "ciência o ficial'' o u "ciênci:, ortodoxa". Não q ueremos tachar ele charla1ão o A bbé Morc ux. M:ls esse Sacerdote católico compor· tou•sc um pouco como D. Quixote investindo contra moinhos- de ventos. Referimo.nos aos ataques que, na década dos 20. fez concra E instein (Abbé Th. Morcux. "'Pour Comprcndre Einscein ... ". Gaston Doin Ed .. 1922). Não vamos en1rnr dentro de um domínio por dt· mais cspccialiudo. mas queremos abordar algun1as noções importantes: acessíveis ao leitor não especialista. Devemos distinguir entre ;.\ teoria da refoti· ,,i(Ja(/c re.wriu, e a teoria ,la relarivitlnde geral. A primeira data de 1903 e diz rcspcico t,os processos da dinâmica de alta energia. A dinã .. mica de New1on é uma aproximação da teoria da relatividade restrita, isto é. as leis de New. 10n da dinâmica clássica só são válidas para corpos deslocando-se eJll velocidades não muico elevadas. portanto energias não muito altas: as velocidade elevadas que exigem as equações de Einscein são da ordem de milhares de quilômetros por segundo. Esta teoria de Einstein está muito bem confi rmada cm experiências com par1ículas de alta energia. A teoria da rcla1 ividade geral, lambérn chamada teoria co•variante da gr:IVitação, dala de 19 15 e substilui a teoria newtoniana d.1 gravi· lação quando se trata de estudar campos gra· vitacio nais intensos, objetos supcrdensos como estrelas· anãs brancas, estrelas de nêutrons e buracos negros. assim como a geometria e a evolução do universo. A teoria da gravitação de Newton também mostra ser um e.uso de aproximação da teoria da gravitação de Einstein. Esta scgund:1 teoria possui algumas verificações experimentais a seu favor, não tão numerosas como as da teoria da relatividade rc-~1rita. O termo .. relatividade", q ue pessoas mal avisadas acreditam que significa relativismo, cem origem no chamado 11rindpio ele ré/atividade da dinâmica de Newton . Segundo este princíp io, todos os referenciais inerciais são idênticos, isto é, as leis da dinâmica são as mesmas para qualquer referencial inercial. Acontece que, (intcs de Einstein, dito princípio valia para o domínio da d inâmica mas não para o das leis do eletromagnetismo de Maxwell. Isso conscitufa na época um problema filosófico indigesto para os físicos ccóricos. Einstein. com sua 1eoria, forrnulou um novo princípio de rclaiividade que v:1le tanto para a dinâmica quan to para o eletromagnc1ismo. O p roblema filosóíico íoi então superado e sua teoria comou o nome do princípio. Como se pode ver, o termo tem um significado muito específico, a1inentc à invariança de certas leis da física para referenciais inerciais. Tirar daí idéias de relativismo filosófico não passa de urna 1olícc. A teoria d:, relatividade geral também partiu de análises críticas, de na1ureza filosófica, das bases da físic:1 de Newton (A. Einstein, "Relativity: Thc Special and the General Thcory", Methuen Co., London, 1954). O físico experimental nor1c-americ:1no Robert Dickc observou com bastante razão que Einstein foi muito bem sucedido cm basear sua teoria da gravitação em análises de princípios de natu· reza filosófica, e que tal procedimento é essencial para se limitar o número de teorias possíveis q uando muito poucos dados observacionais são disponíveis (R . H. Dicke, "Oravitational Theory and Observatio n", Physics Today. vol. 20, p. 55, 1967) . Ora, o livro do Abbé More ux que citamos está inceiramente vazio da problemática filosófica que levou Einstein a conslruir suas teorias e com isso a resolver em g rande medida a

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A ANTIVEROAOE DA CN0$ê NA UASE OAS 1M POSTURAS l'SBUDOClfNTÍFtCAS. 0 QUE Í;. A CNOSlL

a) A gnose (! precisamente a subvcr.r,io do pensamenro l6git.·o-,·tm~Y1I. Costuma-se definir a gnose como sendo o esforço pará substi1uir o pensamento racional e lógico, a ordem lógico·causal, por um processo de 1>cnsamento alheio às leis do ser e do pcns;1men10 ("Diction:1ry of Philosophy". Philosophieal l.ibrary. N. York, 1942). No domínio da gnose não v:1le o princípio de não contradição, e o princípio de causalidade é criturado. Assim, por exem· pio, os íciticciros q ue acreditam q ue uma m is· tura. d igamos. de pó de o lho de gato preto com sangue de morcego velho. possa c u rar dor de ouvido. A relação ele causa e ~feito, nessa crença. está inteiramente desprezada. Chama· -~-e. a tal <Spécic de crença, de pe11same1110

mágico.

Esta subversão gn6stica do pensamento, que é 1ípica das religiões e filosofias pagãs, como budismo, bramanismo, antigos sisccmas filosó· ficos e velhas religiões do Egi10. resulta de um ódio à ordem de ser da criação. Trata-se de uma revolta, fruto do pecado original. Pois a submissão do pcnsamcnco às leis do ser e da razão, c1 submissão da von1ade às leis morais, exige csíorço e amor a Déus. Mas o pecado original se opõe a isso, e daí vermos, no perpa~-sar da Hist6ria, tantas almas contestando as leis da criação, que são reflexo da sabedoria d ivina. A maioria dos homens que, ao longo da era cristã, se revoltam contra as leis do ser, não chegam a negá.las, simplesmente as violam. Mas quando essa revolta assume um alto grau de orgulho, ela vai até ao delírio da rejeição dessas leis o que aconcecia mais amiúde no antigo paganismo - e aí está a gnose. O desespero do budista que procura em "meditações" ou cm gináscica ioguc cranscender as leis do pensamento e da moral, é um exemplo desse orgulho profundo e silencioso. A imobilidade budista, seu não-sentir, não-sofrer, não· querer, não·pensar, não-lutar, não-alegrar•sc, é a rejeição satânica da ordem do ser, é a rejeição de todas as leis da criação. Por isso, o budista entrosado visa ao nirvana. ao nada. A gnose é a antiverdade. O -desprezo pelas leis da razão e do ser incentiva no homem a apetência pelo domínio da imaginação e das fábulas e a procura de sonhos e revelações de além-túmulo. Ora, o q ue se vê nas religiões do paganismo anligo é uma explicação do universo em termos m itológicos. O pensamento lógico-causal é substituído pelo pensamento m ito-poético. A ordem do real é subslituída pela desordem de m itos, fábulas e son hos (Henry Frankfort, "Myth and Reality", 8e/ore Philoso11lty. Penguin Books Ltd., London, 1954). Pensamento mágico e pensamento mitológico subscituem na gnose o pensamento lógico-causal. b) N,1 ordem omológica ,, gnose é p,wteísm(). O orgulho e a revolta levam o homem a querer ser como Deus. Daí a recusa votada contrn o princípio de não.contradição. Essa negação implica na negação de todas as desi,,:ualdadcs, inclusive a desigualdade profunda e infinita en1rc Criador e criatura. O igunlilarismo socia.lisla e o panteísmo possuem a mes· ma raiz gn6sciea da rejeição do p rincípio de não-contradição. O evolucionismo e o emana· tismo das criaturas a parlir da substância d ivi· na. tema comum das religiões e íilosofias ocultistas, é fruto também do espírito igualitário que nega o princípio de não-contradição. Sabemos que a metaíísica é o estudo do ser e dos princípios supremos do ser, corno os de identidade (não-contradição, expresso cm íor-

ma negativa.), de cuusulidatle e de pul'licipa~·ão. Podemos dizer. pois, q ue a gnose é a antimetafísica. e) Na or<lem tlt1 vo11uule, ,, gnose

é o "mo-

r,,lfa·mo total. Assim como ela rejeita a distin .. ção entre verdade e erro. a distinç.ã o entre as criaturas, e entre CSlàS e Deus. do mesmo modo repele a distinção entre bem e mal, entre ser e não-ser. A distinção entre bem e mal aponta para a discipli11a da vontade sob os ditames da lei mor:,I. E é nesse terreno que o homem super-orgulhoso começa a aderir à gnose. O panteísmo começa nessa recusa. O exemplo histórico mais flagrante é o da q ueda original: o homem cedeu à tentação do "sereis como ,lt:uses. conhecendo o bem e o mar• (Gên. 3, 5) . A gnose nasceu naquele dia cm que nossos primeiros pais q uiseram cranscen· der a distinção entre bem e mal e ter assim natureza. divina. Isso ainda indica que o Deus do pan1eísmo é ele mesmo indiferente ao bem e ao mal, não é o Deus iníinila1nente bom, o Bem em si, que nos most ram a sã filosofia e a teologia. A vida dos grupos gnósticos ao longo da H istória nos revela a que abominaçõc~ eles se ent regaram, n í im de se identificarem com a '"divindade". É só ver o que a História nos ensina sobre as iniciações dos maniqueus, dos albigenses, etc. Vemos na Sagrada Escritura como nas religiões dos ídolos os templos eram lugar de rituais e liturgias que incluútm a prostituição cm iodas as formas. Havia nesses templos o que se chamava de "prostitutas e prostitutos sacros". Lendo-se o Livro tios Mortos- do antigo Egico, pode-se ver como a "sabedoria" daquelas religiões condescendia com abominações do gênero do c ulco fálico ("El Libro de los Mucrtos", José Janés Ed., 8arcelont1, 1953). Sabe-se q ue no ancigo Egico havia sacriíícios humanos. do mesmo modo como nos relata a Sagrada Escritura com respeito às religiões de Can:1ã. Eis porque cresce cm nossos dias a literatura pseudocicntifica dos charlatães: o pecado contra a verdade que começou com a Renas· cença eslá chegando hoje a seu clímax com o que Pa,•lo V I chamou de autodemolição da Igreja detentora da Verdade (nosso artigo "Os cinco grandes pecados na História'', C,aolicis· mo, n.0 247, 1971). Pois a recusa da ordem sobrenatural, que sustenta e enriquece a ordem natural en fraquecida pelo pecado original, deixa csia última entregue às tendências desre· gradas que são fruto do mesmo pecado origi· nal. Ensina o Concílio de Trento que sem a graça o homem não se pode manter muito tempo sem pecado grave. E havendo um pecado tão grande de apostasia, como existe hoje, a humanidade fica entregue a tendências interysas para a recusa das leis do ser, e, portanto, aberca para os delírios da gnose. Ora, quem recusa a Verdade que está na Igreja é levado para as fábulas das religiões ocultistas e pseudofilosóficas da lndia ou do Egito antigo. Pois lá está a gnose. A admiração exagerada e mórbida pela "sabedoria dos antigos" é fruto dessa desordem. O querer demonstrar que os conhecimento q ue os antigos tinham da ordem criada eram superiores aos obtidos na era cristã, é freqüentemente fruto desse desprezo pela civilização criscã, é idola .. tria da gnose. Os làis ' 'conhecimento sublimes" dos antigos. cão exaltados pelos charlatães, nada têm a ver com o pensamento lógico-causal, ma.s são puro pensamento mágico e micológico. São Paulo nos define bem esse estado de espírito com as: seguintes palavras inspiradas: "Porque tempo virá em que muitos homens não suportarão a sã <loutri11a. Mas pelo prurido de ouvir multiplicarão paro si mestres segundo Ol' seu~· desejos e feclwrão os ouvidos ,J verdade e os ap/icartio tls fábulas'' ( 1 Tim. 4, 3-4) .

Virtudes e squecidas

Desfruir os ídolos e seus templos por zelo da jusfica De um sermão na festa de São Martinho de Tours:

Q

UANTA FOME E SEDE teve tle justiçt1, to<UJs as tições de sua vida o com• provam. mal· de um modo mais especial seu zelo em combater a idolatria, em demolir e assolar os templos cm que eram adorados os ídolos e destruir suas estátuas. em arrasar os bosques co11s<1grados aos falsos ,leuses. Neste parricular não duvidou expor-se algum as vezes a grande.r riscos, com o fim de eUminar a oca.. sião de ,ão grn11dcs {ielitos: - ["Obras Completas dei Doctor Me1ifluo, San Bernardo, Abad de C laraval", trad. do Pc. Jaime Pons, S. J. Ed. Rafael Casulleras, Barcelona, 1929 - vol. li, "Scrmones", p. 219)

SÃO BERNARDO 7


*

PROTESTO DA TFP PELA VISITA DO CARDEAL FAVORÁVEL A ALLENDE POR OCASIÃO da estada no Brasil do Emmo. Cardeal Raul Silva Henríquez, Arcebispo de Santiago do Chile - que esteve no Rio para par1icipar da ReuniãO' lnteramericana de Bispos, realizada naquela capital de 25 a 29 do mês passado - a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade distribuiw aos jornais de todo o País o seguinte comunicado: " Participando da Conferência lntcramericana de Bispos que se realizou no Rio de Janeiro, encontra-se c m nosso País o Cardeal Silva Hcnríqucz, Arcebispo de Santiago do C hile. Sua Eminência tornou-se uni-

versalmente conhecido pelo apoio que vem prestando ao at-ual governo chileno, presidido pelo marxista Salvador Allencle. Ao mesmo tempo que o Cardeal Silva Henríqucz, e participando da mesma Conferência na qualidade de assessor, também se acha no Rio de Janeiro o Pc. Renato Poblete, cio Clero de Santiago. Por mais que divirja de ambos estes cclesiástjcos, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade não se manifestaria contra a presença deles cm território nacional, se não fosse uma infeliz circunstância. O Pc. Poblcte divulgou pela imprensa d eclarações

A manobra não podia

cm que confirma do modo mais categórico - e elogia - o apoio que o Purpurado chileno vem dando ao governo marxista de sua infeliz pátria. As declarações do Pe. Poblete confere m à presença simultânea ,dele e do Cardeal Silva Hcnríquez um lamentável caráter de propaganda da posição católico-esquerdista de que Sua Em inência é, cm todo mundo, uma das figuras mais características. Tal propaganda, outrossim, é especia lmente indesejável em um país como o nosso, no qual milhões de brasileiros vivem preocupados com a infiltração comunista cm meios católicos. Nestas condições, deliberou a TFP protestpr contra o ocorrido, mantendo hasteado. em suas sedes, nas principais cidades do Brasil, o estandarte social tarjado de negro. Os estandartes pe rmanecerão assim expostos ao público até que se retire do país Sua Eminência o Cardeal Silva Hc nríquez. A parti.da daquele Príncipe da Igreja está prevista, segundo consta, para a pró-

r,- .

As11ectos

J,.,

XJTH SEFAC

Na s emana de estudos promovida pela TFP, os recursos aud iovisuais são chamados a dar tudo o que podem para ilustrar e complementar as conferências. - Como os participantes da semana, os conferencistas são também jovens (página 2 ).

Um milagre da fé, na Rússia vermelha

A

dindo lls /rm<iS, uma a uma, que: asMt11'i,,.•" tle Friburgo. Suíra. sina.çsem n declaraç,10 1le repâdio aos narn, um cmocio11a11tc· t•r1is6- seus votos e à Fé. A resposta foi a dio ocorrido há anos ,1a Sibériu, se· mesma: º Não! Nunca assinaremos!'' Nnpluev fez então reunir os prigundo o relmo de, umfl téslt•munlw sioneiros na praça central do campo. ocular. .. EM SEU ARTIGO scmanul para o Tal proposla, em termos tão d e.sai .. Ntz primavera ,te 1951, dez Re.. .rob a mira da.r- metrolluulorns. Por matutino "Folha de São Paulo" o rosos para a TFP, não foi :,provada. ligiosas ucranianas fornm condenadas volta das I O hora.r chegou com seus Prof. Plínio Corrêa de Oliveira pu- porque não obteve a ma ioria absolu· xima 6.ª feira''. a de z ,mos de trab<d/Jos forçados, por mo:iliares, conduz.indo cada qual um blicou esles t6picos de uma lúcida to exigida pelo regimento da CN BB s1w fidelidade à Fé católica e a seus feroz âi,o 110/icial, adestrado em morcarta que recebera de um do5; seus (art. 21, § 2.º) . Para dizer isto, aliás, votos . levlldas parll um campo de 1/er e matar. mais tlcstac:ldos colaborador<'~ na o ··Comunicado Mensal'" se expr!me As decloroções do Os infelizes forçados viram sair concentração na Sibéria, começaram TFP, o Eng.0 Antonio Augusto Bo- de uma maneira digna de nola: "Cô- Pe. Poblete a desenvolver wn intenso apostolado de sua prisão de1. frágeis e esquâlidas mo não .se obtivesse a mtúoria NECl:Srelli Machado: mulheres que, descnlças e semidespiFora,n as seguintes as declarações clandestino entre os dois mil prisionei.. das, se dirigiam para o meio <la pra .. SÁRIA NEM PRÓ NHM CONTRA A P~()'"Li no "Jornal do Brasil" de 24 de . ') . co ino se, para do Pe. Renato Poblete, de acordo ros que· ali havia, conseguindo mune- ça. Revcltado.r c<>m tanta crueldatle, março p.p., a notícia, baseada cm bo- POS'fA. . . .. <s1c. roscs convctsões e batitlllulo centenas letim de imprensa da CNBB, de que ser rejeitada, a proposta prcci~assc com o noticiário publicado pelo jor- de adultos. Os internados desse "am- co,neçaram a critar contra os guardas. a XIII Assembléia Geral dos Bispos contar com a maioria de votos con- nal " O Estado de Siio Paulo", da po e dos vizinhos - nresmo os cis- chamando..os tle covardes, assas.rinos do Brasil. realizada na primeira quin- tra! - Ah! que saudades dos tempos ca11ital paulista: mático~i e os muçulmanos - rcferiam- 1/e mulheres. O conumdante man<louos calar, ameaçando otirar sobre eles. 7.c na de fevereiro. havia feito severas ditos constaminia.nos da Jgrcja. cm S(' a elas cdmo "os Anjo.~ do Céu". "Padre Poblete disse que a Igreja Dirigbtdo-.t,e às Freiras, intimou-as que tais ''lapsos•· simp)e,s mentc não ' 'a.f .wmtas virgens ucrm1ianas". críticas à TFP. uma yez mais a as.rinar o documento; ch ilena, na época cm que Salvador A notícia causou-me estupefação, aconteciam! O conwndanrc do cnmpo, Nap. do contrdrio, s~?riam transformadas em uma vez. que o comunicado da referiProssegue o "Comunicado Men- Allende assumiu o poder, apoiou o lue,1, um ateu. militante, percebendo p1ulras de gt'lo em menos de 20 mi• da Assembléia, publicado ao término sal'" : ··[ . .. ) o próprio plenário !leci• candidato eleito, assim como seu e!;Se apo:uolado, enfurecia-se com e/(• lllilOS. dos trabalhos, não continha nenhuma diu , a seguir, J)Or /43 \ 1ótos, qul! J;- programa de governo, "que coinci- e maltratava as Freiras, a quem eira• "Jamais! Nos.ta co11.rciência referência à TFP. o que, aliás, havia t.·nsse a cl'itério da Presidê1Zcia dil.Cr o dia perfeitamente com os ideais da mova de "cndclas raivosas do Vati• não o permite!", foi a respo.tta. provocado cnonnc decepção nos se- que achasS<' OJ>Ort11110, no comuni<'ttdô doutrina cristã e da Jgrej,i local". ,·ano". Durame iodo o verão e o Ou· "Bem, temos tempo·', tlisse to,u> foram elas o alvo ,Je .reu ódio. tores progressistas e esquerdistas de final". O Cardeal Arcebispo de Santiago Napluev, acendendo um cigarro. aos maus tratos. a paciência todo o País, os quais desde o início Como se sabe, o comunicado final do Chile, Mons. Raul Silva Henrí- eopondo a alegria de sofrer por Jesus. CheAs Religiosas ajoelharam-se sobre da reunião dos Bispos vinham ícstc- da Assembléia não fez nenhuma rejando antecipadamente, com rojões :: ferência direta à TFP. Apenas :ilgun~ qucz, Presidente da Conferência gou afinal o inverno siberiano. quan- a neve e se puseram a rezar o rosáfogos de artifício, a tão suspirada jornais, e posteriormente o boletim <lc Episcopal Chilena, prestigiou Allen- do <> termômetro desce até 50 graus rio em voz. alta. Um quarto de hora, meia hora se passou. As lrmiis (.'011condenação da TFP. imprensa da CNBB {publicado qua- de, aparecendo junto com ele em abaixo de zero. No tlomingo 6 <le janeiro, festa tinuavnm n rezar .de joelhos, como se Não me resignei aos dados bastante renta dias depois) , quiseram atribuir comemorações do Dia do Trabalho da Epifania, Ntzplucv chamou as Re- não estivessem sentindo frio. confusos da notícia do jornal carioca. ao seguia1c parágrafo o significado de e durante os festejos para comemoNapluev não se conteve e gritou e procurei ir às fontes. O boletim de uma menção indireta: "Apelwno.r a rar as nacionalizações das minas ligiosa.f uc1·a11ianas e lhes disse: "O para elas: "Se dentro de 5 minutos imprensa da CNBB foi fácil de obter. toda~· ns org,111iu1ç,jes ,:at6/ic".t, reli- de cobre. Atualmente, Poblctc não governo soviético e.f.gotou todos os meios para reeducá~las. V o<.:ês conti• mio assinarem o documento, serão Mais difíci1 foi conseguir a publicação giosas e civis. no Sl.!nti</o de <1ue obc· se considera contrário ao governo ,wam obstinadamente a atuar como tlespedaçadas por estes cães ferozes!" oficial ··Comunicado Mensal da Con- deçam iis orh•nwções gerài,f do · EpisComo resposta, as Religlosos ell· ferência Nacional dos Bispos do Bra- cop(Jt/0 Brasileiro••. A rcfcrênch,, ror- de Allende, mas apenas a alguns de agentes /allálicos do V'-uicano e do toaram o Cre<lo com voz forte. nacionalismo ucraniano. Pois bem: sil" , de circulação restrita. Mas, gra- 1an10, a ser real. não podia ser mais seus atos. O Padre acha que a soNo paroxi.~mo do furor, o coma11recebi ou/em de tomar providências. lução para a atual crise chilena seças à gentileza de um Sacerdote, obti- anódina. da11te do campo soltou os cães conVocês serão encerradas dur<mte uma Diante disso, e fornecendo m;11él'ia ria uma frente única entre os diver- semana em cubículos gelados, rece·- tra elas. Estes, latindo furiosarnente, ve uma cópia xerox das páginas 162 e 163 do calhamaço de 424 páginas cor- aos detratores ansiosos de invectiva.r e sos partidos, visando o bem do país bendo apentu· por alimento um pe- lançaram•se em direção ,is Freiras. respondente a fevereiro de 1973 (n. 0 ferir a TFP, o que faz o boletim de e a manutenção das metas iniciais tfoço de pão e uma tigela de água que continunvam a cantar sem se per. imprensa n.0 21/ 73, de 23 de março do Presidente eleito. Essas metas quente. uma vez. por <lia. Se iS.fó não turbarem. Chegando a dois me1ro.t 245). E assirn consegui deslindar o que de 1973, da CNBB? Apresenta. pura fôr suficiente para emerulá-las, serão 1lelas os cães se <lctiveram, pararam posso qualiíicar de verdadeira ràstei- e simplesmente, a. proposição não 1êm como fim a maior justiça social expostas ao frio siberiano sem ne- de latir e se deitc,ram paci/ictzmente aprovada, e porlanto REJEITADA, pela e a melhor distribuição da renda, nhum agasalho. . . Veremos entiio sobre a neve. ra do aludido boletim de imprensa. Com efeito, o '"Comunicado Men- Assembléia. como tendo sido aprova- com a conseqüente melhoria de vi- quem le"a à melhor, o seu Deus ou Milagre!" - bradasal" da CNBB. nas páginas 162 e 163, da! E numa tentativa de fazer passM da para as populações mais pobres. o inverno e n6s .. . - A menos que, ram- em"Milagre! coro os prisioneiros. "G l6ria deixa claro que a Comissão de Bispos maís facilmente o engodo, coloca logo Indagado sobre o que acha que concluiu, a.trinem este documento re- às heróicas Religiosas! Vergonha a encarregada de estudar a TFP apre- depois dessa proposição rejeitada, ou- vai acontecer no Chile, o Padre Po- mmciamlo a seus votos e ,; propaga,,.. .reus carrascos!'' E os ucraniano.r se sentara à considcrnç,ão da Assembléia tra efetivamente aprovada, apresen<ln religioso''. puseram a cantar seu vc/110 hino "ó a scguintê proposta: "Jufgllmos inútil, tando as duns como aprovadas! Diz bletc disse que provavelmente a in- •'Jtmwi.r assiuaremo.r, re.rpon- grande Deus. único Deus . .. " depois <le ,·e/lexiio. uma palavra diri- textualmente: ;·TFP - Tradição, F11- flação galopante, que no último Doí por diante Napluev deixou Proposiçiíf s ano atingiu 230 por cento, e outros dera,n elas. NosSfz consciéncia mio o 11idn dir etame11te no Grupo T.F.P .., mília e Propriedade. permite''. r.m paz as Religiosns. que se tem mani/esuulo infenso ao aprovad11s pela XIli Assembléia G~ral fatores motivarão uma reação àe Napluev mandou recollrê-la.r a soTal é o relaro feiro por um exdiálogo e ,1 aceitação de qualquer da CN 88. I - (Segue-se o texto da facções centristas, amparadas por litárfos sem calefação ou qualquer prisioneiro de guerra alernão, Tlreodor orienuu;tio (.'Ot1trária às suas idéi<zs. proposta REJl, rrAoA pela Assembléia]. setores da direita e por militares. outra defe.sa contra o rigor do inver· 8., que foi deportado para aquele Texto 1lc explicação doutrinárin sig• 2 - Fi(.'a a Pr<'sidência encarregada Mas não acredita em golpes milino. Seguira11H, ' t diO.f de run sofrimen· compo nó mesmo trem que condul.iu n;Jicaria abertura de polêmica, tão aô <le formular, no seu Comunicatlo Fi· tares no Chile. "Provavelmente o to indizível. gosto do C rupo. Condenução, 3•eriu na!. o coment6rio que julgar oportuas Freir<1s ucranianas, e libertado um Presidente Allende será mantido no No domingo .rubseqiiente, à$ 8 hfr ano mais tarde. Ele não sabe o que colo,·nr o Grupo como vítima, "" im- no a respeito deste assunto". A manobra não podia ser mais pa- poder, pois o povo chileno não ras da m.anhii, o comandante do cam. foi , feiro prensa. O Grupo julgll uma 11itóJ'ia. delas nos a11<>s não menos . . gosta de golpes". [•••]". tente . . . ·· po passou diante de cada solit6ria. pe- ttrrn,e1,f que se scgmram, quando contestado".

ser mais patente

REVISTA CATóllC.-1 ··stC'ilu


0 1RETOR : MONS, ANTONIO ft10 BIR:O 00 ROSARIO

''CATOLICISMO'' PERDE POLEMISTA BRILHANTE

"Catolicis,no" presta hoje um preito de admiração, cifet-0 e sa1uk1de, à ,nemória de um co1npc11theiro iliolvidável. Colaborador desde o

nosso pri,neiro nú,nero, José de Azeredo Sant-0s tornou-se 1.t1n dosesteios desta folha, a cuja história seu 110,ne está para se,npre associaclo. Jornalista profundo e brilha1ite, ele foi, na força do ter1no, u,n poleniista. Enérgico, corajoso, lúcido e perspicaz e1n descobrir o ini,. migo e denunciar o erro, soube ,nanter o nível elevado de suas polêmicas, que conduzia de modo verdadeir,1mente cavalheiresco. Sua perda represe,ita para nós um rude golpe. Consola-nos, contudo, a certeza de que a esta hora já terá recebid-0, pela mediação de Nossa Senhora, o prêmio de tantas lutas e sacrifícios. páginas 4 - 5

Ao lado, José de Aze.redo Santos tendo ao peito a flâmula da TFP, durante cerimônia íunto ao oratório de Nossa Senhora da Conceição, Vítima dos Terroristas, à Rua Martim Francisco, em São Paulo. Em baixo, aspecto dos funerais.

N .º

AGOSTO ANO

2 7 2 DE X

X

1973

1 1 1 Cr$ 2,00


~ oração que hoje apre·sentamos é de São Luis Maria Grignion de Montfort.

Ele a compôs tendo em vista propriamente os apóstolos dos ú ltimos tem pos. Em nossa época, marcada pelas ameaças e pron1essas de Fátima, a aflição da Igreja é tão universal e profunda que, com algu mas adaptações, se podem aplicar as palavras de fogo desta oração: conceda-nos, pois, o Imaculado Coração de Maria, Sacerdotes e apóstolos leigos s<!melhantes a esses a dmiráveis missionários de q ue nos fala o Santo, os quais, como instrumentos da Virgem · Santíssima, con sigam a exaltação da Esposa de <:!risto e a derrota da R evolução igualitária e gnóstica. A divisão em dias e os subtitulos não são do original.

Pedindo apóstolos para as atuais calamidades t .• DIA Suscitai homens de vona destra

L

EMBRAI-VOS, SENHOR, lembrai-Vos da vossa congregação que desde toda a eternidade tivestes cm vossa mente, pensando nela ob inilio; que tivestes em vossa mão onipotente, quando, com uma palavra, 1iráveis dp nada o universo; e que tivcstc.s em vosso coração, quando vosso amado Filho morrendo na Cruz, a banhou com seu sangue e a consagrou por sua morte, confiando-a a sua Mãe Santíssima: Meménw Congregatióni.r ruae quam possedísti ab inítio. Atendei, Senhor, aos desígnios de vossa mi· sericórdia, suscitai ,homens da vossa destra, quais mostrastes a alguns de vossos maiores ser· vos, a quem destes lu:,.es proféticas, a um São Francisco de Paula, a um São Vicente Ferrer, a uma Santa Catarina de Siena, e a tantas outras grandes almas, no século passàdo e até neste em que vivemos. Memento: Onipotente Deus, lembrai-Vos desta companhia, ostentando sobre ela a oni· potência de vosso braço, que não diminuiu, para dar-lhe a luz e para conduzi-la à perfeição. /11nova signo, immríta mirabflia, se111iámus adju .. tórium bráchii wi ( 1). ó grande Deus, que

podeis fazer das pedras brutas outros tantos fi. lhos de Abraão, dizei uma só palavra como Deus, e virão logo bons obreiros para a vossa seara, bo'ns missionários para a vossa Igreja. Meménto : Deus de bondade, lembrai-Vos de vossas antigas misericórdias, e por essas mes mas misericórdias lembrai-Vos desta congre• gação; lembrai-Vos das promessas reiteradas que nos fi:,.estes por vossos profetas e pelo vosso próprio Filho, de atender a todos os nossos pedidos justos. Lembrai-Vos das preces que, desde tantos séculos, vossos servos e servas Vos têm dirigido nesse sentido; venham à 4

vossa presença seus votos, seus soluços, suas

lágrimas e seu sangue derramado, e poderosamente solicitem vossa misericórdia. Mas lembrai-Vos sobretudo de vosso amado Filho: Réspice in fáciem Clrristi wi (2). Contemplem

vossos olhos sua agonia, sua conJusão. seu amoroso queixume no Horto das Oliveiras, quando disse: Quae uttlitas in sángui11<! mco? (3). Sua cruel morte e seu sangue derramado altamente Vos clamam misericórdia, a fim de que, por meio desta congregação, seja seu império estabelecido sobre os escombros do de seus inimigos. Meménto: Lembrai-Vos, Senhor, desta co· munidade nos efeitos de vossa justiça. Tcmpus /aciéndi, Dómine, dissipavérwll /egem tuam (4): é tempo de cumprir o que prometestes. Vossa divina lei é ·transgredida; vosso Evangelho, desprezado; torrentes de iniqüidade inundam toda

a terra, e arrastam até os vossos servos; a terra toda está desolada; a impiedade está sobre um l~ono; vosso santuário é profanado, e há abominação até no lugar santo. E deixareis tudo assim ao abandono, justo Senhor, Deus das vinganças? Tornar-se-á tudo afinal como Sodoma e Oomorra? Calar-Vos-eis sempre? Aturareis sempre? Não cumpre que se faça a vossa vontade, assim na terra. como no Céu, e que a nós venha o vosso reino? Não mostrastes antecipadamcnle a alguns.de vossos amigos uma futura renovação de vossa Igreja? Não devem os judeus converter-se à verdade? Não é esta a expectativa da Igreja? Não Vos clamam por justiça lodos os Santos do Céu: Vindica? Não Vos di1.em todos os justos da terra: Amen, vcni, Dómmc (5}? , Gemem todas as criaturas1 até • • • as mais msens1vc1s, sob o peso dos inumeráveis pecados de Babilônia, pedindo a vossa vinda para restabelecer todas as coisas: omnis crea• 11íra ingcm1l·cit.

2. 0 DI A Desapegados de todo a feto terreno Senhor Jesus, meménto congregatiónis tuae. Leml>rai-Vos de dar à vossa Mãe uma nova companhia, a fim de por E la renovar todas as coisas, e a fim de terminar por Maria os a-nos da graça, assim como por E la os começastes. Da Matri tuae liberes, alióquin m6riar: dai filhos e servos à vossa Mãe; quando não, fazei que cu morra.

·

. Da Matri tuae. t por vossa Mãe que Vos imploro. Lembrai-Vos de suas entranhas e de seu seio, e não me rejeiteis; lembrai-Vos de quem sois Filho, e atendei-me; lembrai-Vos do 2

que Ela é para Vós e do que sois para Ela e satisfazei meus votos. ' Que Vos peço eu? - Nada em meu favor, tudo para vossa glória. Que Vos peço eu? - O que podeis, e até ouso dizer, o que deveis conceder-me, como verdadeiro Deus que sois, a quem todo o poder foi dado no Céu e na terra, ç como o melhor dos filhos, que amais infinitamente vossa Mãe. Que Vos peço eu? - Uberos: Sacerdotes livres de vossa liberdade, desprendidos de tudo, sem pai, sem mãe, sem irmãos, sem irmãs, sem parentes segundo a ca.r ne, sem amigos se-

gundo o mundo, sem bens, sem estorvos. sem cuidados, e até sem vontade própria. Líberos: Escravos de vosso amor e de vossa vontade; homens segundo vosso coração, que, sem vontade própria que os macule e faça parar1 executem todas as vossas vontades, e lancem por terra todos os vossos inimigos, quais novos Davis. com o cajado da Cru.z e a funda do santíssimo Ros!lrio nas mãos: /11 bá<"ulo Cr"uce et in virga Yírgin l!.

Liberos: Nuvens elevadas da terra e cheias do celeste orvalho, que, sem obstáculos, voem de todos os lados, segundo o sopro do Espír ito Santo. Em parte, foi delas que tiveram CO· nhecimcnto vossos Profetas, quando pe rguntaram : Qui s1mt isti qui ut nubes vo/ant? - U bi erat ímpews spíritus, illuc gradiebá11trtr (6) . Uberos: Almas sempre à vossa mão, sempre prontas a obedecer-Vos, à voz de seus superio· res, como Samuel : Praesto ·"'m (7) ; sempre prontas a correr e a sofrer tudo por Vós e Convosco como os Apóstolos: Eámus et nos. ut moriámur cum Eo (8). Ubero.r: Verdadeiros filhos de Maria, vossa Mãe Santíssima. engendrados e concebidos por ~ua caridade, trazidos em seu seio, presos a seu peito, nutridos de seu leite, educados por sua solicitude, sustentados por seus braços e en· riquecidos de suas graças. Uberos: Verdadeiros servos da Santíssima Virgem, que, como outros tantos São Domin· gos, vão por toda parte, com o facho lúcido e ardente do santo Evangelho na boca, e · na mão o santo Rosário, a Jadrar como cães, a arder como fogos, e a iluminar como sóis as trevas do mundo (9) ; e que, por meio de uma verdadeira devoção a Maria Santíssima_, isto é, .u ma devoção interior, sem hipocrisia; exterior, sem cr'Ítica; prudente, sem ignorância; terna, sem indiferença; constante, sem versatilidade, e santa, sem presunção, esmaguem, por todos os lugares cm que estiverem, a cabeça da antiga serpente, a fim de que a maldição que sobre ela lançastes seja inteiramente cumprida. lnimidtias ponam inter te et Mulíerem , et se· men tuum ct semen illíus,· ipsa cónteret caput '"""' (10).

3.0 DIA Em luta com o dem6nio É verdade, grande Deus, que o demônio há

de armar, como predissestes, grandes ciladas ao calcanhar dessa Mulher misteriosa, isto é, à pequena companhia de seus filhos que hão de surgir perto do fi m do mundo; é verdade que há de haver gran'des inimizades entre essa ben• dita posteridade de Maria Santíssima e a raça maldita de Satanás: mas é essa uma inimizade toda divina, a única de que sejais autor: hrimidtitlJ· ponam. Porém, esses combates e essas perseguições dos filhos da raça de Belial contra a raça de vossa Mãe Santíssima só servirão para melhor fazer resplandecer o poder de vossa graça, a coragem da virtude dos vossos servos, e a autoridade de vossa Mãe, pois que Lhe destes, desde o começo do mundo, a missão de esmagar esse soberbo, pela humildade de seu coração e de seu calcanhar: lpsa cónteret caput tuum. Alióqui11 móriar: Não é melhor para mim morrer do que Vos ver. meu Deus, todos os dias tão cruel e impunemente ofendido, e a mim mesmo ver todos os dias, cada vez mais, em risco de ser arrastado pe1as torrentes de iniquidade que aumentam a cada instante? Ah! mil mortes me seriam mais toleráveis. Enviaime o socorro do Céu, ou senão chamai a minha alma. Sim, se cu não tivesse a esperança de que, mais cedo ou mais tarde, haveis de ouvir este pobre pecador, nos interesses de vossa glória, como já ouvistes a tantos outros: /ste pauper dmnávit et Dóminus exaudívit eum ( 11), pcdir-Vos·ia do mesmo modo que um dos Profetas: Tol/c á11imam m eam (12). A confiança que tenho em vossa misericórdia faz.. me, po-

rém, dizer com outro Profeta: No11 m6riar, sed vivam, et 11arrábo ópera Dómini (13); até que com o velho Simeão possa dizer: Nunc dimíllis servum llwm, Dómine ... (14).

4.0 DIA Gerados pelo Espírito Santo em Maria Memémo: Divino Espírito Santo, lembraiVos de produzir e de formar filhos de Deus, com Maria, vossa divina e fiel Esposa. Formastes Jesus Cristo, ca.b eça dos predestinados, com Ela e nEla, e com Ela e n.E la deveis formar todos os seus membros; nenhuma pessoa divina engendrais na Divindade, mas só Vós unicamente Vós, formais todas as pessoas divi~ nas fora da Divindade, e todos os santos que têm existido e hão de existir até o fim do mundo são outros tantos produtos de vosso a~lor unido a Maria Santíssima. O reino espe.. coai de Deus Padre durou até o dilúvio, e terminou por um dilúvio de água; o reino de Jesus Cristo terminou por um dihívio de san• gue; mas vosso reino, Espírito do Padre e do Filho, está continuando presentemente, e há de terminar por um dilúvio de fogo. de amor e de justiça. Quando virá esse dilúvio de fogo do puro

amor, que deveis atear em toda. a terra de modo tão suave e tão veemente que todas as nações, os turcos, Os idólatras, e os próprios judeus hão de arder nele e converter-se? Non est qui se tlbscóndat a calóre ejus (15) . Accendáwr: Seja ateado esse divino fogo que Jesus Cristo veio trazer à terra, antes que ateeis o fogo de vossa cólera, que há de reduzir tudo a cinzas. Emftce Spíritum tuum, t i creabúntur, et renovábis fáciem terrtlc (16) . Enviai à terra esse Espírito todo de fogo, para nela criar Sacerdotes todos de fogo, por cujo ministério a face da terra seja renovada, e reformada n vossa Igreja. Meménto congregati6nis tuae: uma con~ gregação, uma assembléia, uma seleção. uma separação de predestinados que deveis fazer no mundo e do mundo: Ego elégi vos de m1111· ,lo ( 17). 1'. um rebanho de paclficos cordei• ros que deveis reunir entre tantos lobos; uma companhia de castas pombas e de águias reais entre tantos corvos; um enxame de laboriosas abelhas entre tantos zangões; uma manada de céleres cervos entre tantos cágados; um bata• lhão de leões destemidos entre tantas lebres tímidas. Ah! Senhor: Congréga nos de ntlliónibu.t ( 18): congregai-nos, uni-nos, para que assim se renda toda a glória ao vosso nome santo e poderoso.

a

5.0 DIA Pondo inteiramente sua confiança na Divina Providência Predissestes esta ilustre companhia a vosso Profeta, que dela fala cm termos muito obscuros e misteriosos, mas divinos: Plúviam vohmtáriam segrcgábis, Deus, hereditá,; tuae; et in/irmáta es11 tu vero perfecísti eam. Animá/ia lua lwbitábunt in ea: parásti i11 dulcédine tua páuperi, Deus. Dóminus dabit verbum evangelizdntibus, virllÍte multa. Rex viruítum, dilécti, dilécti: et specii i dom.ris divítlere SJ>ólia. Si dormiátis inter métlio.r clero;, pennae colúmbae deargentátae, et posterióra dorsi ejus pa/lóre auri. Dum discérnit caeléstis regis super ean1i, nive dealbabt'intur in Se/mo11: 1nons Dei, mons pingais. Mons coagulátus, · m o1is pingais: ui quid suspicámini montes coagulátos? Mons in quo beneplácitmn est Deo loabitáre i11 eo: éte11im Dóminus 1,abitóbit i11 finem (19). Qual é, Senhor, essa chuva voluntária que separastes e escolhestes para vossa enfraquecida herança, senão esses santos missionários, filhos de Maria, vossa Esposa, aos quais deveis congregar e separar do povo, para bem de vossa Igreja, tão enfraquecida e maculada pelos crimes de seus filhos? Quais esses animais e esses pobres que hão de habitar cm vossa herança, e ser aí nutridos com a divina doçura que lhes haveis preparado, senão esses pobres missionários abandonados à Providência e transbordantes de vossas mais divinas de1ícias; esses misteriosos animais de Ezequiel, que hão de ter a humanidade do homem, por sua desinteressada e benfazeja caridade para com o próximo; a coragem do leão, por sua santa cólera e por seu ardente e prudente zelo contra os demônios e filhos de Babilônia; a força do boi, por seus trabalhos apostólicos e pela mortificação da carne; e finalmente a agilidade da águia, por sua contemplação em Deus? Tais são os missionários que quereis enviar à vossa Igreja. Terão olhos de homem para o próximo, olhos de leão contra vossos inimigos, olhos de boi contra si próprios, e olhos de águia para Vós. Esses imitadores dos Apóstolos pregarão virtme multa, virlllte magna, com grande força e virtude, e tão grande, tão esplêndida, que hão de comover todas as almas e todos os corações nos lugares cm que pregarem. A eles é que haveis de dar vossa palavra: Dabit verbum; e até mesmo vossa boca e vossa sabedoria: Dabo vobis os et sa,,oiéntiam, cui non pot~unt re.tístere om11es adversárii vestri, à qual nenhum dos vossos inimigos poderá resistir. Entre esses · prediletos vossos, Divino Esp!r ito Santo, é que tomareis vossas complacências, na qualidade de Rei das virtudes do vosso amado Jesus Cristo, pois que em todas as suas missões não hão de ter por objeto senão darVos toda a glória dos despojos que arrebatarão de vossos inimigos: R ex virttitum dilécti, dilécti, et speciéi domus divídere spólia. Por seu abandono à Providência e por sua devoção a Maria Santíssima terão as asas prateadas da pomba : inter médios cleros, pen,rae colúmbae dearge11tátae, isto é, a pureza da dou-

trina e dos costumes; e douradas as costas: et posterióra dorsi ejus in ,,a/lóre auri, isto é, uma perfeita caridade para com o próximo, P,ara suportar-lhe os defci,os, e um grande ámor a Jesus Cristo, para levar a sua Cruz. . Só Vós, Divino Espírito Santo, como Rei dos Céus e Rei dos Reis, haveis de separar de entre o povo esses missionários, como outros tantos reis, para torná-los mais brancos que a neve sobre a montanha de Sclmon, montanha de Deus, montanha abundante e fértil, montanha forte e coagulada, montanha em quê Deus se compraz maravilhosamente, e 11a qual habita e há de habitar até o fim. Qual é, Senhor, Deus de verdade, essa mon· lanha misteriosa de que nos dizeis tantas maravilhas, senão Maria, vossa diletíssima Esposa cuja base pusestes sobre o cimo das mais a.ltas montanhas? Fundmnénta ejus ln m6nribus snnctis. Mon.r in vértice m6ntium. Felizes e mil vezes felizes os Sacerdotes que tão bem elego,_stes e predestinastes. para convoseo habitar nessa abundante e ctivina montanha, para al se tornarem reis da eternidade, pelo desprezo da terra e pela elevação em Deus; para aí se tornarem mais brancos que a neve pela união a Maria, vossa Esposa toda formosa, toda pura e toda imaculada; para aí se enriquecerem do orvalho do Céu e da gordura da terra, de todas as bênçãos temporais e eternas de que está toda cheia Maria Santíssima. t do alto des.,a montanha que, por suas ar• dentes súplicas, quais novos Moisés, hão de lançar dardos- contra seus inimigos, para pros· trá-los ou para convertê-los. sobre essa montanha que hão de aprender da própria boca de Jesus Cristo, que aí está sempre, a inteligência das suas oito bem-aventuranças. e sobre essa montanha de Deus que com Ele hão de ser transfigurados, como no Tabor, que hão de

e

Ç0N CLU5ÃO HA PÁ(UNA

6

1) Reooval os prodígio$, ftttJ mll:agres 1\0V03-, ~lnt;imO$ o 2.u.d1io de vosoo braço. 2) Lançai os olho:t 50bte a racc de vosso Crisio. 3) Para que scn-e. meu St1.nauc? 4) n tempo de agir, SenhOr, lanço.ram por lcrr:t ~ vossa lei. S) Sim, vinde, Senhor. 6) Quem são use.s, que vo3Jl1 como nuvens? - htm p:ir:i onde o E.splrlto os impelia. ?) B..,;tou pron10. 8) V:unos nós 1an,.~m. para moue, com Ele, 9) Aludo ao sonho profdtico dl\ mk 6c S5o Domingo$. 10) Porei inimindes enlte 1i e ~ Mulher. entre tua r:\Ç:'l e ~ dEl1, e Ela te csmag-nr:\ a cabeça. 11) Cl:i.mou este pobre. e o Senhor o escutou. U) Tirrn-mc a vida. 13) Não morrerei, mas viverei e n.Hr:u·ci :i.s obras do Senhor. 14) Agorti, Sc-nhOr, delui vosso servo morrer cm p:u., pois meus olhOs vlr~m v0$~ 4atvaçã.o . . . 15) Nlo h:l Quem se e.$C-Oncb. de seu calor. 16) Envial o vom Espírito e -cudo serã c,riado, e re.novareis a b« 4,. terra. 17) Eu vos escolhi de t:ntrc o mundo, 18) Uni~nos do tOdas u ni"6Cs, 19) Reservais. ó Deus. uma. chuva. volun1{rla pnra. vossa hcrnnça. e quando ~A se enfraqt.1eccu, Vós a rcconror.. 111stcs. Vossos animal$ habito.rio nela; cm voss-1 bOnd:idc, ó Deus. prtpnrllstcs :,,Hmento pa,ra o pobrt. O Senhor dará a palavra, e um 5rnnde poder. ti()$ que an11n<:hun a boa nova. O Rei dM virtudes., o bem-amado, confiará a pan.ilha do, dcspo}os àquela que f o orn::i.m ento de s.ua c:i.sa. Quando dormis no meio de V0$$3 herança, :u lt.SaJ d:i pomba do prJtCtldQ.. e suM c:os1as clm o pá.lido bti, lho do our<>, Quando o All[ssimo d lSpersa. os reis sobre a 1crra, eles fkarAo ma.Is brarteos que- o. neve do Selmon: monlanha de Deus. mont.:uiho. f611U: montanha, coagulada, monttnha fir1il, P'or que andais pensando tm outr2S mon• u,nha$ co.t.a:ul adu? é a mon1a.nl'la onde aprouve n. Deús fazer sua morad11, e o Stnhor habltari nela, pai'.\ se;m-. pre. - (Salmo 61, 10-17),


FATOS E COMENTÁRIOS Plinio Corrêa de Ol iveira

ONFORME FOI LARGAMENTE noticiado pela imprensa, dezessete guerrilheiros seqüestraram 278 alunos, professores, funcionários e enfermeiras de uma Missão mantida pela Companhia de Jesqs nas selvas de Mukubura, Rodésia. Segundo o Superior da Missão, Pe. E . Rojek, o crime foi praticado durante o período noturno da escola. A idade dos jovens seqüestrados variava entre 13 e 18 anos; os raptores declararam que todos seria,n levados à China co,nunista, onde receberiam um treinamento para guerrilheiros. O seqüéstro se efetuou a apenas 60 quilômetros da fronteira de Moçambique. Felizmente, por uma ação acertada das autoridades rodesianas, e em razão da carência de recursos, os seqüestradores foram obrigados a abandonar gradualmente suas vítin1as, das quais só detêm no momento dezessete. Pode-se imaginar o susto e as privações de toda ordem a que fora1n sujeitas as pessoas assim cruelmente raptadas, bem como a terrível angústia das famílias a que pertencem as inocentes vítimas. * ~ * Trata-se aqui de u1na ação graven1ente delituosa, praticada contra pessoas perfeitamente identificadas, num local mencionado com toda a precisão. O fato - altamente censurávtl - apresenta, pois, todos os requisitos para despertar a indignação dos espíritos co1npassivos. Entre estes não se acha,n, entretanto, os esquerdistas católicos e não católicos que silenciaram sobre este crime, mas, ao mesmo tempo, levantaram um coro de protestos universal contra un1a chacina que teria sido Jévada a efeito em Moçan1bique, num lugar não identificado, contra vítin1as também não identificadas. Aos organizadores desse pranto universal fende o coração a sorte de vítimas que não se sabe se existem. D. Custódio- Alvim PereiTa, Arcebispo de Lourenço Marques, afirmou categoricamente ao órgão "Die Welt", de Hamburgo, que a pretensa chacina não existiu. Uma compaixão que se volta toda para o crime inautêntico e silencia glaciahnente quanto ao crime autêntico, é bem caracteristica1nente uma compai~ão inautêntica ...

* * * Isto no's leva a deplorar, respeitosa mas profundan1ente, que Paulo VI haja associado sua voz - e1npenhando obvia~ mente o prestígio da Igreja - ao coro dessas lan1entações orquestradas pela propaganda esquerdista. E. que o tenha feito en1 termos tais, que o Sr. Outra Faria, diretor da agência noticiosa oficial portuguesa ANI, se tenha sentido no dever de declarar a propósito o seguinte: "Temos a dizer an Papa, com , todo o respeito, co,n toda a seriedade e corn toda a energia, ~ que niúJ nos consideramos uni povo de criminosos". s Uma nação de criminosos nosso ad,nirável e querido Por:: tugal! ~

sf ~

*

* *

Melhor compreenderíamos que o Pai comum dos cristãos desse outro ru,no à sua con1paixão, e se solidarizasse com a indignação do n1undo inteiro, despertada pelo fato de sete 5I! guardas da cortina de ferro terem disparado contra três infeli-

§

zes que, muito legitimamente, procuravam escapar do inferno comunista para Berliin Ocidental. Como se sabe, os berlinenses da zona livre fizeram, a este propósito, um violento protesto que, para além do caso concreto, objetivava os recentes "aperfeiçoamentos" com que os soviéticos dotaram o muro de Berli,n, co1.n o as fa1nosas metralhadoras que disparam automaticamente, etc. Esse célebre muro, que delimita o maior cárcere da História, ou seja: a imensa, son1bria e melancólica região a cujos habitantes é proibido viajar, e em cujo recinto só poucos visitantes são admitidos, e sob que vigilância! Creio que o mundo inteiro exultaria se Paulo VI se servisse desse crime recente como ocasião para elevar seu protesto contra o. próprio n1uro, 1nobilizando assim a opinião mundial para que exigisse a destruição deste. O momento não poderia ser mais propício, ·uma vez que os soviéticos, carentes de toda espécie de auxílio do Ocidente, têm o maior interesse em não contrariar a opinião ocidental, receosos de que ela forçasse os respectivos governos a restringir as liberalidades com que ajudan1 os tiranos vennelhos a se conservarem no poder. Mas os con1unistas conhecen1 bem a fundo este triste e n1iserável inundo en1 que vive,nos. E por isto, longe de temerem que qualquer voz de alto prestígio contra eles se levante, a:cabam de desafiar co1n insolência a opinião ocidental: os soldados que atiraram nos pobres trânsfugas foram condecorados!

* * * Minha alma de católico registra con1 alegria a atitude do Cardeal Heenan, Arcebispo de Westminster, o qual, durante Missa rezada em sua Catedral, declarou, na presença do glorioso Cardeal Mindszenty, que "o Ocidente não sabe ou não quer saber, hoje em dia, que a persegwição religiosa aumentou nos últbnos meses na Iugoslávia e na VniiúJ Soviética". O Pur·purado inglês aproveitou a ocasião para desafiar os comunistas a que conviden1 o Cardeal Mindszenty a voltar à Hungria, se querem demonstrar que seus propósitos de paz são sinceros. Estas são palavras de franqueza apostólica e denodo cristão, as quais, elas sim, confortam a ahna de todo católico clarividente.

*

* *

Enquanto assinl se desenrola o ir e vir dos fatos na sinistra tragédia contemporânea, o Cardeal Silva Henríquez, Ar,cebispo de Santiago, para sustentar no poder o marxista Allende, vai pron1ovendo u1n diálogo entre con1unistas e den10-cristãos. Sua Eminência alega, co,no razão de sua política, a necessidade de evitar uma guerra civil. Mas é o caso de perguntar se icom sua política ele não a provoca. Co1n efeito, mantido o governo de Allende, o Chile continuará a descambar pelos abismos da ,nisér.ia. E segundo .os congêneres do Cardeal Silva Henríquez em todo o mundo, isto é, os esquerdistas católicos, os povos reduzidos à miséria acabam por se revoltar. E até têm o direito de o fazer . . .. Pelo contrário, se a enorme influência do Episcopado se somasse à poderosa oposição antico1nunista que ex.i ste no Parlamento e no povo .c hileno, tudo leva a crer que Allende seria obrigado a renunciar ingloriamente ao poder.

3


''CATOLICISMO'' PERDE POLEMISTA BRILHAl JOSE DE AZEREDO SANTOS teve a morte dos justos, que a Escritura diz ser preciosa aos olhos de Deus (SI. 115., 15). Acometido de um derrame cerebral na tarde do dia 8 de junho, foi imediatamente hospitalizado, e recebeu do Revmo. Cônego Antonio Leme Machado, Vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Brasil, a Extrema Unção e o Santo Viático. Acompanhou a administração dos Sactamenlos com in~ ttira lucidez, movendo os 1ábios para responder

às orações do Sacerdote, a quem estendeu as mãos para a unção com os Santos óleos. Seguiram-se um mês e dois dias de sofrimento para A:zeredo e de dolorosa expectativa para suas extremosas filhas e para seus amigos. As filhas mostrnram~se cximiamentc fiéis

t,

formação que

ele lhes dera, aceitando com conformidade a grande provação que a Providência lhes enviava. Assistiram-no com todo o carinho e dedicação, não se apartando de seu leito de dor senão à noite, quando um sócio ou militante da TFP velava junto à cabeceira do irmão de ideal e companheiro de luta. Aos poucos, seu estado foi-se agravando, vindo a perder quase inteiramente a consciência. A úl· tima palavra que se ouviu de seus lábios foi "Se11/rora", ao ser-lhe apresentado um quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - de quem era especialmente devoto - no dia de sua festa, 27 de junho. Azcredo acompanhava, enquanto o permitiram suas condições, a recitação do rosário, feita pelas filhas e pelos Sacerdotes que o visitavam. Não se separou de seu terço. Nos últimos dias de vida teve constantemente na mão direita um Crucí-

fixo indulgenciado, e no peito a ílâmula da TFP, presente do Prof. Plínio Cor-rêa de Oliveira. Além

do Santo Viático, recebeu a Eucaristia mais duas

vezes. Seu estado foi-se tornando tão delicado, que em várias ocasiões o · desenlace parecia iminente.

Assim chegou até a novena de Nossa Senhora do Carmo. No quarto dia da oovena, 10 de julho, as pessoas que se achavam a seu lado notaram, por volta das 13h30, um agravamento de seu es1ado, manifestado pela alteração da respiração. Começaram a rezar o terço, interrompido várias vezes pelas providências de ordem médica. Rezaram ainda o Exorcismo de Leão XIII e tocaram o enfermo com a relíquia do Santo Lenho, que havia estado junto dele durante todo o tempo da doença. Cerca das 15 horas entrou em agonia. Uma agonia penosa, com sinais de grande sofrimento. Foram avisados o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e os demais membros do Conselho Nacional da TFP. O Revmo. Mons. João Pavesio deu a absolvição ao moribundo, bem como a Bênção Apostólica. Anteriormente, o Sr. D. Antonio de Castro Mayer - que se dirigira a São Paulo e outros Sacerdotes amigos já lhe haviam minis• trado a absolvição em várias ocasiões. Começaram enlão a chegar ao Hospital Samaritano os Diretores da TFP. O Sr. Luiz Nazareno de Assumpção Filho iniciou a recitação das orações dos agonizantes. A filha mais velha, Ma ria Eugênia, postou-se ao lado de seu Pai, segurando na mão direita deste a vela acesa. Nessa hora

chegou o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Sendo a agonia longa, recomenda o ritual que se faça a leitura da Paixão. O Sr. Caio Vidigal Xavier da Silveira leu então, em latim, a Paixão segundo São João. Terminada a leitura, o Prof. Plinio Corrêa d.e Oliveira deu início

r, recitação

do terço, contem•

. :X "'i •

piando os mis1érios .dolorosos. seguidos da ladainha de Nossa Seohora. Por fim, o Presidente tlo Conselho Nacional da TFP passou a ler a renovação da consagração dos escravos de Nossa Senhora, segundo o método de São Luís Maria Origoion de Montfort. Ao pronunciar, segundo a fór·· mula da consagração, · as palavras: "Eu, Pli11io Corrêa ,ic Oliveira, infiel pecador, em nome de José de Azeredo Santos, a quem Nos.,a Senhora clmma para o Céu, e em nome de 1otlos os prt~ sentes, renovo e ratifico . .. " - Azcrcdo expirou. Eram l 7h8m. A consagração continuou até o fim. Rezaram-se depois as orações que o ritual indica para quando o moribundo acaba de expirar. Azc. rcdo foi chamado ao Céu no quarto dia da Novena de Nossa Senhora do Carmo, e sua Missa de 7.0 dia foi celebrada no dia da festa da mesma Senhora, 16 de julho.

·os funerais O corpo de José de A:zeredo Santos foi transladado para a sede do Conselho Nacional da TFP, à Rua Maranhão. A capela da sede foi, assim, uma vez mais transformada cm câmara ardente, como já acontecera um ano e meio antes, para os f unerais de Fabio Vidigal Xavier da Silveira. Revestido do hábito da Ordem Terceira do Carmo, e tendo aos pés a capa rubra da TFP, foi o saudoso morto velado durante toda a noite e o dia seguinte pelos membros do Conselho Nacional, sócios e militantes da TFP, juntamente com as filhas e amigos. O rosário era recitado a intervalos de dez minutos, bem como as ladainhas de Nossa Senhora e de Todos os Santos. Às 16h30 foi dada a absolvição rit<ml, e Diretores da TFP conduziram o caixão até o carro fu-

nerário, detendo-se diante do estandarte principal da sede para saudá-lo com a costumeira vênia. Um longo cortejo de automóveis acompanhou o féretro até o Cemitério do Araçá. Sócios e militantes da TFP, com estandartes, formaram duas alas ao longo da alameda que vai do portão à capela da necl'ópolc, passando o caixão por entre elas. Feita a última encomendação, o féretro foi conduzido para o túmulo onde já se achava sepultada a esposa de Azercdo Santos. O Coro São Pio X, da TFP, durante o trajeto cantou cm gregoriano as antífonas "ln Paradisum deducant te Angeli - Conduzam-te os Anjos ao Para!so", "Fios Carmeli" e a "Salve Regina". Junto à sepultura, lodos entoaram o hino das Congregações Marianas, "Do Prata ao Amazonas". Usaram então da palavra o Sr. Cosme Beccar Varela Hijo, em nome das TFPs hispano-americanas ali represenladas, e o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade. Procedeu-se à inumação, e o Coro São Pio X entoou o Credo gregoriano, acompanhado pelos presentes. Ao enterro compareceram os Príncipes D. Luís e D. Bertrand de Orleans e Bragança, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e demais membros do Conselho Nacional da TFP, centenas de sócios e militantes da entidade, bem como amigos do extin-

to. A Light -

onde José d~ Azeredo Santos tra-

balhara durante mais de qu3.rcnta anos -

esteve

representada por elementos da Diretoria e numc· rosos funcionários, destacando-se. entre outros. o

Eng.0 José Sampaio de freitas, Vice-Presidente, o

, ~

sepul.tura '

AO BAIXAR o caixão à sepultura, discursamm o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Prcsidenfe do Conselho Nacional da Sociedade Brnsileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, e o Sr. Cosme &cear Varela Hijo, Presideofe da TFP argentina.

Assim se exprimiu, de Improviso, o Prof. Plinlo Corrêa de Oliveira: "Meu caro Azcredo, depois de a voz firme, cavalheiresca e calorosa de Cosme Beccar Varela Filho ter traçado o que foi a tua trajetória pública no firmamento da TFP, cabe-nos a nós, a quem a Providência deu o privilégio de contigo convi-

vermos tão de perto durante quarenta anos de trabalhos, de lutas, de esforços cm comum, cabe-nos a nós, e mais especialmente a mim, enquanto Presidente do Co'nselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, dizer uma última palavra de adeus.

De um lado, aquela perspicácia da terra monta• nhesa que te viu nascer; de outro lado, aquela

ter em vista que Nossa Senhora colheu a tua alma de batalhador no momento preciso em que um

gentileza, aquele ar prazenteiro. aquele ar nc,o-

dos teus amigos, junto ao teu leito de dor, reci-

lhedor e afável, que -parece ·ter-se acentuado pelo iníluxo do Rio de Janeiro - onde fizeste teus esludos - que se enriqueceu assim com algo da

tava a consagração de São Luís Ma ria Orignion de Mo~tfort. No momento em que, do coração de todas as pessoas ali reunidas, e dos lábios de uma delas que representava a TFP, junto com tuas ex1remosas filhas que tão bem formaste e

graça e do charme carioca.

Dentro dessa atividade na terra paulista, à qual te ligaste tão profundamente, o teu perfil moral se formou não só como profissional exímio, galardoado por uma bela ascensão na carreira que seguiste, mas sobretudo formou-se no convívio

interno da TFP, onde ao mesmo tempo sO)lbcSte ser nas horas da luta o batalhador que ocupava um lugar de destaque nas primeiras fileiras, enérgico, corajoso, perspicaz para descobrir o inimi•

go, ao mesmo tempo ge·ntil e cavalheiresco, de maneira tal que nas tuas polêmicas nunca foste grosseiro, nunca foste agressivo no sentido baixo

Palavras de adeus vcrdadciram·cntc, neste mo..

da palavra, mas sempre soubeste iniciar o comba-

n,as ao mesmo tempo Ião luminoso, que coincide com a atmosfera crepuscular que a esla hora do inverno paulista nos cerca,

ve1.es encantador, a tua presença serviu para ci-

m cnto tão triste,

neste momento tão triste, e ao mesmo tempo tão

luminoso, em que nós nos despedimos de um companheiro de batalha. Momento triste porque a tua ausência, meu caro Azcredo, deixará um vá ..

cuo, mome·nto luminoso porque esse vácuo é preenchido por um facho de luz, um facho de luz, aqui na terra, que se levanta alto até o Céu, até o trono celeste para o qual fosle chamado. Durante esses anos de Juta foste valoroso e foste destemido, foste lúcido, trouxeste para a batalha os múltiplos talentos que a Providência te deu.

+

te e sustentá-lo até o fim com a galhardia de um verdadeiro cavalheiro. De um convívio ameno, afável, atraente, n1uitas mentar esta familia de almas, sólida e robusta, que aqui cm torno de nós se .reúne. Tu pertenceste àquele pugilo de bravos que começou a luta a parlir de apenas nove, e que hoje aqui se multiplica por estas cercanias em tantos jovens, que não eram sequer nascidos quando teus olhos se abriram para os problemas, e teu coração se abriu para a dedicação. E aqui, neste momento, nós de ti nos despedimos com afeto. Com afeto, e considerando luminoso o momento, porque não podemos deixar de

"Catolicismo" convida seus leitores e amjgos para assisti.rem à Santa Missa que fará rezar por alma de seu colaborador

,

Engº JOSE DE IZEREDO SINTOS O ato religioso será celebrado pelo Exmo. Bispo Diocesano, no dia 19 de agosto, às 10 horas, na Catedral-Basílica.

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tão carinhosa!llcnte amaste, no momento em que

destas almas, cm nome da TFP, subia ao Céu uma consagr~ç\io que era também tua - porque sei que outra coisa não querias na vida senão uma morte embalada pelos acentos d'a consagra-

ção de São Luís Maria-Grignion de Montfort no momento cm que .essa consagração chegava ao ápice, Nossa Senhora colheu tua alma. Momento muito significativo, porque pela natureza de tua enfermidade, muitas vezes poderias ter morrido. cm circunstâncias anteriores. Entreta\nto, no vat e vem · da doença, nas perit>é· cias ~esta luta entre a vida e a morte, Nossa Senhora reservou esse momento preciso. Ela quis marcar css...1. coincidência frisante, Ela reservou esse momento preciso, cm que tua alma, pelos lábios de tuas filhas e de teus amigos, se consagrava a Ela. para colher-te, aceitando assim a con· sagração que era feita em teu nome e em união contigo.

A esta hora já estarás quiçá entre os bem-aventurados, na visão de Deus face a face. Lembra-te de nós, que temos talvez um caminho tão longo a percorrer! Luta a nosso lado! Teu nome será lembrado na aurora do Reino de Maria, e será lembrado sobretudo no momento terrível em que Deus vier julgar os vivos e os mortos, em que esse nome será mencionado entre os incontáveis vivos chamados à direita de Deus Padre para as glórias eternas. Assim seja. "Nos cum prole pia, bcncdicat Virgo Maria". Foram eSfas as palavras do Sr. Cosme Beccar Varela Hljo, que traduzimos do cspanllol: "Em nome dos contra-revolucionários hispanoamericanos, quero dizer algumas palavras de despedida ao Dr. Azeredo. Jamais esqueceremos o católico fiel à or1odoxia da Igreja verdadeira, que, nos albores da cri-

se dentro do movimento católico, lá pelos anos 40, quando apareceu o livro do Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, "Em Defesa da Ação Católica", soube permanecer fic1 à ortodoxia, sem deixar.se dobrar por atrativos de nenhuma carreira, nem tampouco por nenhuma ameaça.

Católico ortodoxo, ele não o foi só em sua vida i'ndividual e privada, senão que também foi combatente no plano público, como jornalista, primeiro no "Legionário", depois cm "Catolicismo", cujos artigos, que firmava com o pseudônimo de Cunha Alvarenga, nós, católicos hispano-amcricanos, conhecemos antes que a própria pessoa do Dr. A:zercdo, e ainda antes de conhecermos mais proflrndamente o grupo da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, à qual honrosamente pertencia. Esses artigos valentes e claros apontavam sempre a existência dos numerosos erros que poderiam encontrar-se na literatura contemporânea, que ele conhecia perfeitamente. No plano pessoal, jamais esquecerei a cordialidade e a amizade com que sempre fui recebido pelo Dr. Azercdo, nas numerosas viagens que realizei de Buenos Aires a esta cidade de São Paulo. Posso dizer que, em grande medida, essa cordialidade cantribuiu para a perseverança com que , graças a Nossa Senhora, permaneço até o dia de hoje no movimento das TFPs, no qual tenho a honra de presidir a Sociedade Argentina de Defe. sa da Tradição, Familia e Propriedade. Essa cordialidade cria para mim uma divida de gratidão no plano pessoal; e, como católico, aquela ortodoxia e aquela con,batividade criam uma dívida muito mais profunda. Por isso, não quis deixar de dizer algumas palavras de despedida ao .Dr. A:zeredo, e encerro-as pedindo a Nossa Senhora que receba sua alma no Céu, e que de lá ele nos ajude a sermos fiéis neste combate, que nem por ser incruento deixa de ser terrível, e que com o tempo se vai agravando cada vez mais. Peço também a Nossa Senhora que reconforte a suas abnegadas filhas, que o acompanharam nesta última e dolorosa enfermidade".


o premio demasiadamente grande ,A.

\TTE Sr. William James Crocker, Diretor, e os ex-Diretores Antonio de Almeida Neves e William Roberto Marinho Lutz. Missa de Requiem

A Missa de 7.0 dia teve luga.r às 19 horas do dia J6, na lgreja de São José do Jardim Europa, sendo celebrante o Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer. Cantou o Coro São Pio X. Compareceram S. A. 1. R. o Príncipe D. Bertrand de Orleans e Bragança, todo o Conselho Nacional da TFP, representantes das diversas Secções da entidade e das TFPs argentina, chilena, uruguaia e colombiana, além de amigos e pessoas representativas da vida pública e social de São Paulo.

Outras Missas foram mandadas celebrar nas respectivas cidades pelas Secções da TFP. Numerosos telegramas, cartas e cartões de pêsames chegaram à familia e ao Conselho Nacional da TFP, procedentes de todo o território. nacional, bem como do Exterior.

Traf!OS ·biogr~fieos FILHO DE ODORICO Augusto dos Santos e de D. Theophila de Azeredo Santos, nasceu José de Azeredo Santos na tradicional cidade mineira de Nova Lima, a 9 de maio de 1907. Descendia, pelo lado materno, de uma ilustre estirpe montanhesa, o velho tronco dos Azeredo Coutinho, que tem sua origem no descobridor da Serra das Esmeraldas, Marcos de Azeredo (a quem se refere Frei Vicente do Salvador na sua "História do Brasil", concluída em l 627) e sua mulher D. Maria Coutinho de Mello. Foi um Azeredo Coutinho quem levou a Coroa na cerimônia da coroação de nosso primeiro Imperador. Os dois pseudônimos literários adotados por José de Azercdo Santos - Cunha Alvarenga e C. A. de Araujo Viana - foram tirados dos apelidos de sua avó materna, D. Maria Maximiliana da Cunha Alvarenga de Araujo Viana de Azeredo Coutinho. Araujo Viana era a família do Marquês de Sapucaí, que foi preceptor de D. Pedro ll e cuja estátua se encontra na praça central de Nova Lima. For3111 irmãos de José de Azcredo Santos o Sr. Raymundo de Azeredo Santos, casado com D. Mariana de Azcredo Santos; o Sr. Antonio de A1.crcdo Santos, falecido, que foi casado com D. Maria José de A.zeredo Santos; o Sr. Jonas de Azcredo Santos, casado com D. Lygia de Azeredo Santos; a Irmã Maria de Jesus, Religiosa beneditina; e o .Sr. Dilermando de Azeredo Santos, que faleceu solteiro. Uma juventude la boriosa

Perdendo a mãe muito cedo, Azercdo sofreu basrante na infância. Começou a trabalhar aos 13 anos de idade nos escritórios da "The Saint John dei Rcy Mining Co., Ltd.", a empresa das famosas minas de ouro do Morro Velho, em sua cidade natal. Dur3Jlte os sete anos que passou nessa companhia, mereceu a estima e o respeito dos chefes, que nele depositavam inteira confiança. Precocemente amadurecido, aos 17 anos já viajava sozi-

nho para o Rio de Janeiro, como responsável pelo ouro que era para lá embarcadç; testemunhava o desembarque do metal precioso e voltava para Nova Lima. . A pretexto de completar seus estudos de grau ginasial, transferiu-se para Belo Horizonte em abril de 1927. O verdadeiro motivo, porém, de sua ida para a capital foi o fato de ter sabido que ia ser indicado para ocupar o lugar de um funcionário já idoso, amigo da família, que com isso seria despedido da Companhia. Episódio que revela uma grande retidão de alma e generosidade. Em Belo Horizonte, empregou-se como secretário do Coronel Jorge L. Davis, Agente em Minas Gerais da Companhia de Seguros AngloSul-Americana. O Coronel Jorge Davis estimava muito o jovem Azcredo, que trabalhou com ele mais de um ano. Durante esse tempo, fez os exames parcelados no Ginásio Mineiro, cs1abelecimento oficial de ensino.

Qu3Jldo surgiu a oportunidade de ir para o Rio de Janeiro trabalhar com Mr. J. W. Thompson, que já conhecia do Morro Velho, o próprio Coronel Davis aconselhou-o a aproveitá-la. CONCLUSÃO NA PÁGlNA

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Em sua .cohma semanal na "Folha de São Paulo" o Prof. Plinio Corr~ de Oliveira escreveu estas expressivas con.slderações sobre José de Azeredo Santos:

L

E~RO-ME PERFEITAMENTE do momento em que o conheci, Já pelos distantes idos de 1935. Acabava eu de assistir, na Matriz de Santa Cecília, a um ato de minha Congregação Mariana. Saí pelos fundO!S! do templo, e quando transpunha o pálio imediatamente traseiro à capela"mor, alguém me deteve para apresentar um congregado vindo do Rio, para exercer a engenharia em São Paulo. Precedia-o a fama de inteligente, culto e modelar. Cumprimentamo-nos. Ele declinou seu nome: José de Azeredo Santos. Iniciou-se então, entre nós, uma cooperação a que se acrescentou desde logo uma amizade, a qual durou cerca de quarenta anos. Isto é, até o momento cm que Deus o chamou a Si, enquant_o eu, ajoelhado junto a seu leito de dor, no Hospital Samaritano, recitava, em nome dele, a famosa Consagração a Nossa Senhora, da autoria de São Luís Maria Grignion de Montfort. E sobre esse amigo de tantos anos, um dos sócios-fundadores e diretores da TFP, que desejo entreter hoje o leitor. Tínha ele uma bela e interessante alma, que bem merece ser largamente conhecida.

•• • Os elementos componentes da personalidade de meu falecido amigo eram um tanto díspares. Mas se conglomeravam de modo a compor uma diversidade harmoniosa, de agradável efeito. Talvez lhe tenha advindo dos anos de residência no Rio seu modo de ser aberto e prazenteiro. Azcredo gostava de entremear conversas sérias, com ditos de espírito alegres. Culto, inteligente, vivo na exposição, não desdenhava por vezes de entrar nos assuntos mais comuns da vida corrente, cujo nível sabia realçar, salpicando-os com observações pitorescas, e inofensivos sarcasmos. Em suma, era um tipo característico de "causeur'' exímio, segundo o estilo em voga naqueles tempos em que a arte de conversar ainda não n1orrera. Este exterior ameno não obstava que, no cerne de sua personalidade, Azcredo fosse um espírito meditativo, profundo, que a vida reforçando quiçá o temperamento mineiro desse filho de Nova Lima - aguçara a ponto de o tomar algum tanto desconfiado. Essa desconfiança - que jamais vi voltada contra nós, seus amigos chegados - foi na alma e na vida de Azeredo uma riqueza. Assim, ouvi d izer que seus trabalhos técni· cos como engenheiro eram marcados por uma abundância de precauções, que lhes conferia solidez privilegiada. Pelo mesmo motivo, suas observações sobre os homens, as ideologias e os fatos eram marcadas por uma agudeza de vistas que as tornavam especialmente interessantes. E sua argumentação era não só concatenada com especial solidez, como documentada com abundância incomum: precaução contra algum possível opositor, que viesse con1 sofismas ... O desconfiado é habitualmente ácido. Aze. redo escapava à regra. Já falei da amenidade invariável de seu trato, reflexo de seu feitio

pessoal. Para fazer ver em todos os aspectos essa amenidade, cumpre acrescentar que Aze. redo foi um pai carinhoso como poucos conheci. Sua jovem e virtuosa esposa, ele a perdeu há muitos anos. Deixava ela três filhas, cuja formação Azeredo compl,.tou com carinho mais materno do que paterno. Viúvo sempre saudoso, identificou do lado de fora do cemitério, o local bem junto ao qual a esposa dorme seu último sono. Tarde da noite, terminada a faina do apostolado ao qual consagrava as últimas horas do dia, Azeredo adquiriu o hábito de ir por vezes colocar--se junto à sepultura da esposa, a fim de terminar alguma parte do rosário, o qual, por excesso de afazeres, não concluíra. Penso que esse pormenor tocante, que algum tempo depois de enviuvar ele deixou certa vez escapar em uma conversa, diz tudo.... Hoje, na hora em que escrevo, dormem seus restos mortais, ao lado dos de sua estremecida esposa, as primeiras horas do grande sono que a Ressurreição virá jubilosamente interromper.

••• Esse feitio de espírito pluriforme, e feito de oposições harmoniosas, explica a ação de Azeredo na obra desenvolvida pela pré-TFP, e mais tarde pela TFP. Com exceção de um perfod~ de três anos, isto é, de 1948 a 1950, tivemos sempre a di· reção de uma folha cultural católica. De 1933 a 1947, o "Legionário", semanário católico de São Paulo. De l 951 até a presente data, "Catolicismo", n1ensário de cullura que se publica sob a égide de D. Antonio de Castro Mayer, o grande Bispo de Campos. Ao longo de todos estes anos, Azeredo ba· talhou cm nossas colunas como lutador estrênuo. JornaHsta profundo, vivo, brilhante, foi ele, na força do termo, um polemista. E como tal fica seu nome inscrito em nossos anais, con1 letras de ouro. A perspicácia montanhesa levara Azeredo a concentrar sua atenção, com particular acuidade, nos movimentos mais ou menos subterrâneos que, por volta de 1940, começaram a agitar os

meios católicos, e dos quais acabou por nascer o progressismo. Homem de fé, armado de uma cultura sólida, se bem que não especializada, soube ele ver o perigo que n1uitos especialistas não tiveram ·pe· netrnção para perceber. E entrou na !.iça combatendo o bom combate, no momento preciso em que a grande debandada de tantos e tantos especialistas ia deixando sem proteção a muralha sagrada da ortodoxia. Daí o ter ele publicado sobre o maritainismo, a "política da mão estendida", a arte moderna, a gnose, o esquerdismo católico, artigos substanciosos e chispantes de verve, aos quais, bem entendido, a outra parte jamais teve a audácia de responder abertamente. Já pensou, leitor, o que significam estes quarenta anos de uma pugnacidade mantida às custas de um escasso tempo de repouso, e vivida sob os golpes de incon1preensões e da hosülidade? Acrescente que a esse esforço não correspondia a menor recompensa pecuniária, oem a louvaminhaoça das tubas da notoriedade, e terá idéia do valor da folha de serviços que Azeredo assim formou.

••• O segredo da sua perseverança nessa longa luta estava na vida interior. Devoção marcada a Nossa Senhora, com':1"hão quotidiana, leituras espidtuais do melhor quilate, eram as fontes reais desse ardor apostólico, do qual tanto se beneficiou entre nós a causa da civilização cristã. Se algum dia a História do Brasil contemporâneo for escrita com imparcialidade inteira, seu nome figurará entre os mais beneméritos. Em todo caso, cremos todos os de sua Família e do imenso círculo de seus amigos da TFP, que ele já terá recebido da Justiça e da Misericórdia infinitas um prêmio incomparavelmente mais precioso e mais durável do que os bruxuleantes veredictos da História escrita pelos homens. - "Serei, Eu mCi>mo, vosso prêmio demasiadamente grande", afirmou o Senhor ( Gên. 15, 1) .

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O féretro deixa a Sede do Conselho Nacional da TFP. Atrás seg uem o Revmo. Pe. Antonio Silveira, o Prof. P línio Corrêa de Oliveira e as f ilhas do Dr. Azeredo S a ntos . 15


Conclusão da pág. 5

''CATOLICISMO'' PERDE POLEMISTA BRILHANTE

Assim, ingressou cm setembro de l928 na ''Thc Rio de Janeiro Tramway, Light & Power Company, Ltd .", no escritório do Supcrinten· dente Geral, Eng.0 J . McKim Bell, como assistente de Mr. Thompson-. Na antiga Capital federal continuou seus estudos, prestando exames no Colégio Pedro II. Em 1931 fez os exames preliminares para a Escola Politécnica (depois Escola Nacional de Engenharia), pela qual colou grau de engenheiro civil a 4 de dezembro de 1935. Antes mesmo de concluir o curso de Engenharia, foi convidado a lecionar na Escola Técnica da Rio Light, regendo com brilho, durante dois anos, as cadeiras de Extensão da Matemática E lemen1ar, Física e Me-cânica .

Já era congregado antes de receber o fito Ourante sua estada no Rio, Azeredo morou cm pensão, e, por algum tempo, no Instituto Albertino. Contava que nunca acompanhou os colegas nos divertimentos desonestos, acentuando que Nossa Senhora o protegia de modo singular. Era já então um católico intransigente. Ccrla ocasião, um de seus chefes, com intuito de agradá-lo, presenteou-o <:<>m a inscrição para a Associação Cristã de Moços, dizendo que lhe fa ria bem praticar esporte. Azercdo respondeu que agradecia muito a intenção do presente, mas não podia aoeitar porque a ACM era interconfcssional, e ele como católico não a podia freq üentar. No Rio veio a ter contacto com Alberto de Oliveira, figura o riginal e muito relacionada nos meios católicos cariocas. Foi por seu intermédio que ingressou no movimento maria• no. Alberto de Oliveira fez-lhe então este significativo elogio: Azercdo, há muitos que entram para a Congregação Mariana, mas a Congregação não entra neles. Você já era congregado antes de receber a. fita. Freqüentou nessa época. o Centro Dom Vital, do qual foi Secretário; ali conheceu na intimidade a Tristão de Athayde, cujos desvios doutrinários posteriores combateria rijamente. Em fins de 1935 aceitou o convite do Eng.o A. W. K. Billings para transferir-se para a Light paulista. Quando - de mudança para São Paulo foi-se despedir de Alberto de Oliveira, este o aconselhou a ir morar no bairro de Santa

Cecília e a procurar, na Congregação Mariana daquela Paróquia, o jovem lidcr católico Plínio Corrêa de Oliveira. Assim fez ele. Chegando a São Paulo em dezembro de 1935, estabeleceu-se no bairro recomendado; no domingo imediato foi à Igreja de Santa Cecília e apresentou-se ao Dr. Plínio Corrêa de Oliveira . Teve início então uma profunda amizade, que as lutas e tonmentas enfrentadas juntos só contribuíram para consolidar. José de Azeredo Santos casou-se a 28 de abril de 1937, cm sua cidade natal, com D . Maria José Clark Lima. Um lar feliz e edif icante surgiu desse consórcio. Nasceram-lhes três filhas, Maria Eugênia, Maria Isabel e Maria Henriqueta, hoje abnegadas colaboradoras da TFP. Sua virtuosa esposa faleceu no dia 7 de agosto de 196 1.

Co laborador do "Legioná rio" e de "Catolicismo" Pouco depois de estabelecido cm São Paulo, foi José de Azeredo Santos convidado por Plínio Corrêa de Oliveira, então Diretor do "Legionário", para colaborar naquele semanário. Inaugurou então sua fecunda e variada produção jornalística, na quaJ luziram seus talentos de polemista vigoroso, observador lúcido e perspicaz, dotado de uma prosa amena e cheia de vcrve. Enquanto o semanário da Arquidiocese de São Paulo esteve nas mãos do atual Presidente do Conselho Nacional da TFP, empreendeu Azeredo, cm inúmeros artigos, a denúncia corajosa dos erros marüainjstas, de funda repercussão no plano teológico, filosófico e p0Jí. tico-social, os quais eram propagados entre nós sobretudo por Tristão de Athayde e toda li!"ª ala do Ce_ntro Dom_ Vital. Com sua pena vigorosa, parhc1pou at,vamentc da grande batalha travada por Plínio Corrêa de Oliveira contra os desvios da Ação Católica. Como ele, combateu com energia o nazi-fascismo, quando este era olhado com simpatia até em ambientes católicos; ocupou-se ainda largamente da temática comunismo-anticomunismo, e de outras questões da atualidade. Quando o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira foi afastado da direção do "Legionário", em 1947, Azeredo retirou-se com ele. Pouco mais tar de, as "Vozes" de Petrópolis - que eram então uma revista católica de cultura abriram-lhe suas páginas. Nessa nova tribuna, retomou a crítica dos erros de Jacques Mnritain e seus sequazes, bem como o trato dos problemas mais candentes da vida católica. De seus artigos naquela revista, alcançou ext raordinária repercussão o que tinha por título ''O rolo compressor totalitário e a responsabilidade dos católicos", publicado no 6

número de setembro/ dezembro de 1950, e transcrito depois pela "Revista Eclesiástica Brasileira". J. de Azercdo Santos analisava nesse estudo alguns aspectos da Juta pela implantação do socialismo no mundo. Observava que as idéias, as doutrinas, os sistemas polílicos e sociais não são meros entes de razão, que surgem vagando pelo espaço, por si sós, mas são elaborados, desenvolvidos c sustentados por pessoas concretas. Assim, com base cm numerosas citações, provava a infiltração de tendências socialistas cm autores católicos. O artigo provocou um estrondo, e levantou uma verdadeira celeuma em certos setores. Nunca, porém, foi refutado. Os seus adversários preferiram desviar o assunto do plano doutrinário para o campo das injl'írias pessoais. Por outro lado, Azercdo recebeu inúmeras manifestações de solidariedade e felicitações pelo oportuno trabalho. A partir de 1951, quando o Exmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer fu ndou ·'Catolicismo" com os principais elementos da antiga equipe redatorial do "legionário", José de Azeredo Santos tornou-se um dos esteios do novo mensário. Nesta folha sua multiforme produção como jornalista atingiu a plenitude. apresentando uma nota comum a todos os trabalhos: o caráter polêmico. Azeredo foi. na força do termo, um polemista, como observou o P rof. Plínio Corrêa de Oliveira em artigo que publicamos na presente edição. Espírito universal, não se circunscreveu a um único ca mpo, mas versou sobre todos os grandes temas de nossa conturbada época, fossem religiosos, filosóficos, ar1ísticos, políticos, sociais ou econômicos. Aringiu com . su:ls crí.. ticas profundas e sagazes observações o Jllaritainismo, o liturgicismo, o esquerdismo católico, o progressismo, a arte ·moderna, a gnose, o satanismo, o ocultismo, o nazismo, o socialismo, o comunismo, o estatismo, o dirigismo, o tecnicismo, etc. Seus trabalhos fim,ados com seu ,próprio nome ou com os pseudônimos de Cunha Alvarenga e C. A. de Araujo Viana - ofereciam uma abundância de citações e uma riqueza de documentação colhidas ao longo da leitura atenta de livros, revistas e jornais,

através dos quais acompanhava o movimento das idéias e o desenrolar dos fa tos. Uma das maiores glórias de J . de Azeredo Santos como polemista está cm que seus adversários jamais tiveram a audácia. de lheresponder aberta e lealmente. Sempre que o f izeram, foi por vias travessas e por meio de ataques pessoais. -e impossível dar aqui a lista completa dos quase trezentos artigos, comentários e no1as que publicou nestes vinte e três anos de atuação como redator de "Catolicismo", - desde o n.0 1 até o 270, último que veio a lume antes de sua morte. Mencionaremos apeoas alguns, dentre os mais significativos, a título de exemplo : A fali11cia da tecnologia - abril de 1951; Jack1011, um fardo i11cômodo / De como se prelende traus/ormar a legendária bengal" do f1111dador ,lo Centro Do111 Vital 110 ridículo guarda-chuva do homen11 de Munique - janeiro de 1954; Arte cristü invadida pelo demô11io - maio de 1954; Rosa dos ve11ros / História das variações do Sr. Tristão de Atalfle - julho de 1954; Gnose: germe da paralisia do mwulo ocidental - agosto de 1955; Cau· sos profundas dos desvios da Den,ocraciaCristli - março de 1957; Ainda o natura/is· mo integral do Sr. Maritai11 - agosto de J957; O Doutor Fausto na vida real / algumas considerações em tórno tia ciência, da arte e da magia - janeiro de 1959; Jacob Boehme no pensamento de Berdiae/ e Maritain - maio de 1959; Arquiretura gótica, escolástica de pedra - junho de 1960; Lwa de classes e "progressismo" carólico agosto de 1962; O grupo Pax e "lnformarions CathoUques /11ter11atio1talcs'' / Progressistas franceses ern co,,luio com órgão da polícia secreta polo11esa agosto de 1964; "Elites" católicas promovem sensualidade. luta de classes e subversão social - março de 19'65; le Corbusier : dos catedrais que eram brancas ao arranha-céu cartesiano - junho de 1966; Falácias do Arcebi.rpo de O/i11da e Recife - julho de 1970; O nazismo: uma seita gn6stico-maniquéia - setembro de 1971; "Em Defesa da Ação Caró/ica". uma obra provide11cial - junho de 1973 - seu derradeiro artigo.

Estudioso dos problemas sociais Grande estudioso dos problemas sociais, Azeredo exerceu de 1943 a 1949 as íunçõcs de Di retor-Presidente do Instituto de Serviço Social (atual Faculdade Paulista de Serviço Social), onde também lecionava Sociologia. O ISS procurava dar aos Assistentes Sociais - a par de excelent'e .preparo teórico-prático - uma sólida fonnação moral e rctigioSl', impregnada de espírito católico. Essa orientação se contrapunha diametralmente à mentalidade predominante em certos ambientes católicos. onde havia a tendência de aSc~umir, no trato dos problemas sociais, uma atitude de neutralidade em face dos princípios, para permanecer no terreno do mero tecnicismo.

Na Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Atuariais Coração de Jesus, agregada à PUC paulista, regeu, por vários anos, as cadeiras de Estudo Comparado dos Sistemas Econômicos. Hjstória das Doutr i.n as Econômicas, Sociologia, e t tica Profissional. José de Azercdo Santos foi um dos sóciosfundadores da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, quando esta se constituiu, cm 1960, tendo sido até a morte membro destacado de seu Conselho Nacional. Homem de grande piedade e zelo apostólico, devoto insigne da Santíssima Virgem. participou Azeredo ativamente do pujante movimento mariano das décadas de 30 e 40, tendo ocupado importantes cargos na Federação das Congregações Marianas de São Paulo. Prestou valiosa colaboração ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira quando este foi nomeado Presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica. Jamais, porém, trocou o seu distintivo de congregado mariano pelo da AC. Ao tempo de D. José Gaspar de Affonseca e Silva foi escolhido pelo Arcebispo paulopolitano para integrar a direção do setor da Ação Católica que reunia engenheiros e médicos. Foi Terceiro carmelita, com o nome de Irmão Luís Maria de Fátima. Ocupou o cargo de Mestre de Noviços no Sodalicio ''Virgo F ios Carmeli", da Basílica do Carmo.

Brilhante ca rreiro profissional Mercê de sua grande competência técnic~. aplicação ao estudo dos problemas e capacidade de trabalho, J. de Azeredo Santos fez uma .b rilhante carreira profissional. Em dezembro de 1935, mal havia concluído seu curso, foi convidado pelo Eng.o A. W. K. Billings para atuar como engenheiro civil no €onclusão da pág. 2

Departamento de Novas Construções da Light

paulista. Ao serem absorvidos pela Companhia Brasileira de Administração e Serviços Técnicos (COBAST) os trabalhos até então realizados pelos Departamentos de Novas Construções do grupo Light, nela ocupou o cargo de chefe da Divisão de Engenharia Civil , de 1947 a 1958. Foi chefe da comissão nomeada pelo Eng.0 Adolph Ackerman, Vice-Presidente da COBAST, para estabelecer contacto com as Escolas de Engenharia, tendo cm vista o CS· tágio e emprego de novos engenheiros. Em abril de 1958 foi promovido :\ chefe do Departamento do Patrimônio da Light. Permaneceu nessas funções até janeiro de 1973, quando se aposentou, sendo contratado como assessor do Vice-Presidente da empresa, Eng.o José Sampaio de Freitas. Era membro titular do Instituto de Engenharia de São Paulo. Foi colaborador dos mais ativos e capazes, de grandes obras técnicas, como as do canal do Pinheiros (que permitiram ~ incorporação à área urbanizável da capital paulista de 25 milhões de quilômetros quadrados mais de mil alqueires) , da Serra (Reservatório Billings) , Usina de Cubatão (de superfície e subterrânea), Reservatório Edga.rd de Souza, Reservatório de Pirapora, projeto Paraíba-Pirai no Estado do Rio, Usina Subterrânea de Lajes (hoje N ilo Peçanha) , unidades 4 e 5 da Usina da llha dos Pombos, e Reservatório de Santa Branca. Sua participação nas obras do canal do Pinheiros foi posta cm relevo pelo Presidente da Sociedade Amigos da Cidade, Eng.0 Mario Savelli, cm expressivo artigo publicado na imprensa diária rogo após o falecimento de Azcredo Santos. Pela observação percucientc e estudo cuidadoso dos complexos fa tores quê a questão envolve, tornou-se um dos maiores conhecedoccs dos aspectos hidrográfico.~ e pluviométricos da região piratiningana.

Pedindo apóstolos

morrer com Ele, como no Calvário, e que hão de subir com Ele ao Céu, como no Monte das Oliveiras.

6.0 DIA Que a pag uem o fogo no Coso de Deus Memé1110 congregatiónis ruae. Só a Vós compete for mar por vossa graça essa assembléia; se o homem meter mãos à obra antes de vós, nada se fará; se quiser misturar o que é dele com o que é vosso, estragará tudo, destruirá tudo. Tuae congregati6m's : é tra·balho vosso. grande Deus; opus t,mm fac: fazei uma obra toda divina; ajuntai, convocai, reuni de todas as partes de vossos domínios vossos eleitos, para deles fazer um exército contra vossos inimigos. Vede, Scn-hor Deus dos exércitos, os capitães que formam companhias completas, os potentados que criam exércitos numerosos, os navegadore-~ que reunem frotas inteiras, os mercadores que se congregam em grande ní,mero nos mercados e nas feiras! Quantos ladrões, ímpios, ébrios e libertinos se unem em massa contra Vós todos os dias, e isto com tanta facilidade e prontidão! Basta soltar um assobio, rufar um tambor, mostrar a ponta embotada de uma espada, prometer um ramo seco de louros, oferecer um pedaço de terra amarela ou branca; basta, numa palavra, uma fumaça de honra 1 um interesse de nada, um mesquinho prazer animal que se tem em vista, para oum instante reunir os ladrões, ajuntar os soldados, congregar os bata.lbõcs, agrupar os mercadores, eo· chcr as casas e os mercados, e cobrir a terra e o mar com uma multidão inumerável de réprobos, que, embora divididos todos entre si, ou pelo afastamento dos lugares, ou pela diversidade dos gênios, ou por seus próprios interesses, se unem, entretanto, e se ligam até a morte, para fazer-Vos guerra sob o estandarte e sob o comando do demônio. E Vós. grande Deus! embora haja tanta glória, tanta doçura e vantagem em servir-Vos, quase ninguém tomará vosso partido? Quase nenhum soldado se alistará sob vossos estandartes? Quase nenhum São Miguel clamará no meio de seus irmãos, cheio de 1..elo pela vossa glória: Quis ut Deus? (20). Ah! permiti que brade por toda parte: Fogo! fogo! fogo! Socorro! soc.orro! socorro! Fogo na casa de Deus! fogo nas almas! fogo até no santuário! Socorro, que assassinam nosso irmão! socorro, que de. golam nossos f ilhos! socorro, que apunhalam nosso bom Pai! Si quis est Dómi11i, j1111gát11r mi/1i (21): venham todos os bons Sacerdotes que se acham espalhados pelo mundo cristão, os que estão atualmente na peleja, e os que se retiraram do combate para se embrenhar pelos desertos e ermos, venham todos esses bons Sacerdotes e se unam a n6s. Jlis uníta /ir /6rtior, para que formemos, sob o estandarte da Cruz, um exér-

cito em boa ordem de batalha e bem disciplinado, para de concerto atacar os inimigos de Deus já que tocaram a rebate: Sonuérunt, fre11 .. duénmt. /remuérruu. multiplicúti srmt. Dirumpámus víncula e6rum ct projiciámus a nobis jugum ipsórum. Qui lrábitat in caelis irridébit eos. Exslírgat Deus. et dissipéntur inimíci ejus. Exsârgc. D6mine, qullre obdórmis? Exsúrg_e (22) . Erguei-Vos, Senhor: por que pareceis dormir? Erguei-Vos cm vossa onip,otência, em vossa misericórdia e cm vossa justiça, para formar-Vos uma companhia seleta de guardas que velem a vossa casa, defendam vossa glória e salvem vossas almas, para que haja um só rebanho e um só Pastor, e para que todos Vos rendam glória em vosso templo: Et i11 templo ejus o,unes dicent g/6riam. A,mén,. 20) Quem como Deu$ (sl&nlficaçlo do nome hcbrilco Miguel). 11) Quem for do Senhor junte•" 3 mhn. 11) Bramiram, nngetam os (k:n1e:s, -a11ic:i.ram-sc, multiplic."\ttlfl\• $C. -

Rompamos os UamC$ oom que

c<nnos longe de nós o icu jugo. sejom di$pe1'1:lk1o$ os seus lntmls,0$. -

r,orque puc~is dormir? Erguei-Vos.

nô$ :1.1:11cam, e htn-

Lcv11n1e-Sr: Deus e. Erguei-Vo,. Senhor,

~ AfOlLICISMO MENSÁ.RIO com Aprov.tçri.o ectcslástlca

CAMPOS -

EST. DO RIO

01R6TOR

MONS. ANTONIO RtDEIAO DO ROSARIO

Diretoria: Av. 7 de Setembro 247, caixa p0$HII 333, 28100 C:impos, RJ. Administração: R. Dr. M:'l.r1inico Prado 271 1 01224 S. P:uilo. Composto e impresso na Cio. Lithogrnphica Ypirang:a, R\,a Cadete '209, S. Paulo. A.ssi.n:atura. m,;.ia1: coinun1 Cr$ '25.00; CO· operador CrS S0,00: benfeitor CrS 100,00; grnndc benícitor CrS '200,00; seminaristas e estudantes Cr$ '20,00: América do Sul e Ccn1ra.l: via de superfície US$ 4,00; via aérea USS S.'2S; América do Not1c. Portuga.1, Espanha, Províncias ultramarinas e Colóni3s: via de superfície USS 4,00: vfa :térea US$ 7,00; o utros países: via, de superlfcic USS 4,SO. ,·ia aér<a USS 9;2s. Venda avu~: CrS 2,00.

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Ad1t1ínlstrnç;io: R. Dr. Martinlco Prado 271 01224 S. ·pauto


Contra o eleitorado, a DC

ao

dias

em r,e' vista.

italiana caminha para a esquerda

IFICILMENTE TERÁ ocorrido época na História em que os povos hajam assistido máis impassivelmente do que nos dias presentes às tramas que contra eles

D

se urdem . Contra eles e sua Fé, suas tradições, seus costumes legítimos, sua maneira de ser, suas idéias. Amortecidos pela agressão sexual. teleguiados pelos " meios de comunicação social", desorientados pela pregação de certo C lero, os povos ocidentais, cuja reatividade, até há pouco, impedia a Revolução de acelerar muito sua marcha, assistem a tudo (para usar a expressão famosa de Aristides Lobo) inteiramente "bestificados". Os leitorc., desta secção encontrarão aqui alguns fatos, às vezes ocultados pela grande imprensa, às vezes publicados sem o devido destaque. que evidenciam esse fenômeno. S com satisfação, entretanto, qtac podemos assinalar exceções, como a da reação dos trabalhadores antiesquerdistas no México e a do crescimento da influência da Igreja C:1tólica na Ucrânia. 11

lmbràglio" demo-cristão

Caiu sem glória o governo centrista italiano, formado logo após as eleições de maio de 1972, em que o eleitorado mostrou uma tendência nitidnrnentc conservadora. Não seria arriscado dizer que o governo renunciante, formado _pelo democrata-cristão Giulio AndreoHi, já nasceu sob o signo do suicídio, uma v~1, q ue não exerceu umn clara liderança antiesquerdista - como pedia o povo, nem satisfez as múltiplas alas e sub-alas esquerdistas e semiesquerdistas da própria Democracia-Cristã. Afinal, depois de mais de um ano de indecisões, depôs o cetro ante o Congresso do PDC. Este, aproveitando a oportunidade com uma scm-cerjmônia de pasmar, virou as costas para a vontade popular e proclamou a intenção de reconstituir a desas1rosa afümça com a esquerda, que submergiu o país, por de1. anos, em problemas ideológicos, sociais e econômicos. Mariano Rumor foi encarregado de constituir "uma base sólida'' para a nova aliança entre demo-cristãos e socialistas. E. mila,grosamcntc, anunciou-se a união do parlido cm ·torno do novel governo ... Imediatamente começaram a surgir os resultados da nova experiência esquerdista. Os meios industriais advertiram os políticos de que a presença dos socialistas no governo poderá acarretar repercussõ,es negativas na situação econômico-social. E lembraram q ue as dificuldades do governo demissionário eram herança dos dez anos de gestão da centro-esquerda. Logo após o anúncio do novo contubérnio com' os socialistas, a DC, na e leição regional

de Friuli-Vcnezia Giulia, voltou a perder votos cm proporção substancial, al,g:uns em favor da esquerda, o ulros cm favor da direita. Mas Mariano Rumor não se apoquentou. Anunciou um programa de tendência csquer· dista, que levou os próprios comunistas a concordarem com ele. Além disso, afirmant os comentaristas que aquilo que na verdade a esquerda espera de Rumor é que ele evite o plebiscito sobre o divórcio, marcado para 1974, no qual é prevista uma rejeição maciça do povo à lei desagregadora da familia.

Volto Perón Por um passe de mágica, dir-se-ia, mas na verdade por uma trama bem urdida, Juan Perón volta à Presidência da Argentina. Na execução da trama colaboraram, desde Lanusse até Cámporn, todos os que detiveram uma parcela de au1oridade neste.~ últimos meses, inclusive os líderes da oposição radical. Sem faltar a colaboração de enigmáticos nacionalistas, que são tidos como defensores das tradições católicas e hispânicas do nobre povo platino. A imposição de Perón não encontrou obstáculo nem na fracassada volta do ditador em outubro} e sua conseqiiente fuga, em novcr::n .. bro, nem no trágico episódio de Ezeiza, que

deu numa carnificina ·quando se. anunciava uma apoteose. A TFP argentina corajosamente denunciou todos os passos da trama. Inicialmente, através do irrespondível documentário HO nacionalismo, uma incógnita em constante evolução'', em que mostrou a traição de c~rtos. lideres nacionalistas que. catnli$ando as correntes de jovens tradicionalistas, baldcinm-nos para arraiais da esquerda. Posteriormente, pelo vigoroso manifesto "Ver, julgar e agir", apontando a incompatibilidade entre as tradições católicas e altivas do povo argentino e a política d(1bin e desastrosa de Lanu=. A seguir, através da penetrante análise da evolução política do país, no manifesto "Os Kerenskys argentinos", cm que enumerou os slogans esquerdistas que se querem fazer passar como verdadeiros, buscando a aceitação, pelo povo, de um governo socializante. Finalrnente, pela denúncia da grosseira fraude das eleições de março, para a entrega do poder a Cámpora. Agora, com a renúncia deste, os Kerenskys argenlinos estão desmascarados. A farsa completou-se.

Ocidente gorante Tito O Chasc Manha!!an Bank, de Nova York, concedeu um generoso empréstimo de 100 milhões de dólares para salvar a economia iugoslava, isto é, para ajudar T ito a manter-se no poder. Outros bancos norie-americanos estão

o

negociando com ditador para tambêm fornecer-lhe novos e vultosos empréstimos. Ao fim da segunda guerra mundial, as potências vencedoras traíram os móvimentos nacionais autênticos - tão antic.o munistas como antinazistas - impondo à lugoslávia o aventureiro Tito, que acabava de pcestar serviços ao fracassado também na Iugoslávia se não tivessua tentativa de escravização da Espanha ca· tófica a MoscO\I. O regime comunista teria fracassado também na Iugoslávia se não !iW'.S· se recebido gordas verbas do P lano Marshall, que o consolidaram no poder. Em 1948, Tito encenou um rompimento com o Crcmlin, inaugurando a primeira experiência de colaboração de um Estado comunista com o Ocidente. E os dólares ocidentais continuaram a mantê·lo no poder. Agora, a crise permanente se agravou. Os 25 anos de regime comunista antinatural dcran, frutos que não é simples ocultar. O ditador viu-se em dificuldades c.o m os croatas, povo tradicionalmente católico e, pois, infenso ao marxismo. A corrupção produziu escândalos que abalaram o pais. Abusos de poder, trnnsações ilíci tas, desvio e pilhagem dos fundos públicos e fra udes fiscais são hoje fatos comuns na vida iugoslava. A política econômica comunista gerou desequilíbrios e a inflação devora o país. A balança de pagamentos torna-se cada vez mais deficitária. A finança internacional vem, então, em socorro de Tito. Inclusive com a instalação, no país, de filiais de poderosas empresas ocidentais, aceitando a c-o ndição de que o F..stado iu• goslavo detenha 50% de suas ações.

Trobolhodores mexicanos contra Clero esquerdista A União Central Mexicana divulgou um comentário no qual afirma que grupos esquerdistas prctçndem confundir os trabalhadores através de reformas sociais falaciosas com objetivos políticos. Essa poderosa entidade conservadora organizou uma grande manifesta.ção cm Cuernavaca. sede cio "Bispo Vermelho", Moos. Méndcz Arceo, para protestar contra a interferência de Padres e agitadores nos assuntos dos operários. O Prelado tentou perturbar o encontro pacifico. Tendo malogrado seus esforços, ele ordenou o fechamento da Catedral e proibiu a celebração de Missas dominicais na cidade inteira. Apesar disso, a manifestação prosseguiu com êxito, tendo a ela comparecido mais de 4 mil trabalhadores. O fato provou novamente que o comunismo é muito mais um fenômeno burguês do q ue de massa. Seus estranhos promotores estão no topo da sociedade que eles querem destruir ...

fechadas e confiscadas pelos soviéticos. Todas as quarenta publicações católicas do país fo ram proibidas de circular e as 41 organizações católicas foram fechadas. Também foram desapropriados todos os conventos, escolas e hospitais que a Jgreja possuía na Ucrânia. De tempos cm tempos os comunistas anunciam mais prisõc., de pessoas que cometem o crime de sercrn católicas uniatas. Seria o caso de se perguntar por que aquelas personalidades que bradam pela liberdade de terroristas, como Angela Davis e os irmãos Bcrrigan, não clamam pela liberdade dos católicos das catacumbas.

Brasil -

problema$ morais

Enquanto o deputado estadual Danton Canabrava, do MDB de Minas, propunha à Assembléia de seu Estado que sugerisse à Central de Medicamentos a produção e distribuição gratu ita de pílulas anticoncepcionais, anunciava-~c na G uanabara que 2,3% da população da cidade-Estado é constituída por nascidos de mãe., solteiras. Os dados s.'\o do censo demográfico de 1970, quando havia no Rio 98.588 pessoas nessa condição, e 2.065 mães solteiras na faixa de 15 a 19 anos.

Total ita rismo "mode in USA" Depois que o furacão Agnes destruiu uma ponte nas proximidades da casa de Mrs. Harry Mcrica, de Naked Creck, Virgínia, ela teve que utilizar uma pinguela improvisada para levar seus dois filhos até o ônibus escolar. A pre1ex10 de que isso constituía perigo para ,\s crianças, as autoridades locais, cm vez de reconstruir a ponte q ue ruíra, tiraram de Mrs. Merica suas crianças. . . Se fo= notícia de Cuba, ninguém estranharia, mas a Virgínia fica pouco mais ao norte, nos Estados Unidos. Entrementes, uma decisão da Corte Suprema de Iowa estabeleceu um precedente pelo q ual

Cresce o influência do Igreja no Ucrânia

Como J?Or um passe ?e mágica, J uan Perón volta ao poder. A renúncia de Cámpora fo r uma das mu,tas cenas grotescas da tragicomédia argentina.

Segundo Valen!yn Noroz. jovem historiador ucraniano, apesar da contínua perseguição comunista contra a Igreja Católica cm seu país, a inOuência do Catolicismo cresceu substancialmente entre a população. "O Catolicismo disse ele - cresceu na alma ucraniana o ponto tle tornar•se um fenômeno nacional . .. ,, Noroz. que não é cat6Jico, mas greco-cismá· tico de Volkynia, foi, há pot1co, preso pelos russos porque se recusou a pensar e escrever conforme o regime totalitário. Algumas fo ntes da resistência con!ám que ele foi duramente torturado. Recente despacho de Moscou indica que o desassossego religioso na Ucrânia continua aumentando. Este desasossego é devido, cm certa medida, à perseguição aos católicos ucranianos, que somam 6 milhões numa população de 40 milhões. A perseguição, na presente fase, começou em março de 1946, com o assim chamado Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa, organizado e dirigido pelo departamento de cultura do Cremlin. O Sínodo proclamou unilateralmente a incorporação do rito católico ucraniano uniata à igreja russa de obediência comunista. Dessa data cm diante, estabeleceu-se uma severa perseguição a fim de destruir a oficialmente inexistente Igreja Católica da Ucrânia. Todos os seus oozc Bispos, 1739 Padres e Monges e milhares de leigos foram presos e deporlados para a Sibéria. Alguns foram fuzilados, cerca de 3 mil igrejas paroquiais foram

O ditador Tito é um velho aventureiro muito bem a limentado pelos dólares que lhe mandam os norte-americanos o Estado pode julgar se os pais são suficiente·

mente inteligentes para criar sua prole ou não. A Corte de Des Moines estabeleceu que duas famílias, com um total de sete crianças, têm um QI baixo demais para prover os filhos ''com o estímulo que lhes é necessário para crescerem e desenvolverem-se nornrais e sadios11• Co mo conseqüência, as crianças podem ser tiradas de seus Pi'is pelo Estado. Na Rússia, recentemente, uma mulher perdeu o direito de conservar seus fil hos e foi considerada, por um tribunal~ "cnrocionalmente incapaz. de educar crianças", pela simples razão de que ela foi encontrada ensinando catecismo aos filhos. Alguém ressaltou que, no tocante à instituição da família, Des Moines está muito mais próxima de Moscou do que pensa a maioria dos habitantes de Iowa. 4

Homero Barradas 7


*

YUAN MEi E OS DEZ MILHÕES DE ESCRAVOS UAN ME! E DOIS amigos seus r~ziam parte dos 170 prisioneiros de um dos campos de ree,lucação pelo trabalho da China vermelha. Numa manhã de inverno, sob um vento norte glacial, foram levados para trabalhar nos arredores, como de costume. "'Chegando ao local escolhido conta Yuan Mei - o supervisor de serviço, Fang Vu1 chamado de Estrela de Pestilência, ordenou aos prision~i· ros que entrassem na água gelada de um lago que ali havia". Fang Vu apitou três vezes, mas os homens hesitaram em se mover. Deu, então, um tiro para o ar, ameaçando alvejar os recalcitrantes. Felizmente, Yuan Mei e seus dois amigos estavam um pouco afastados, cortando umas árvores sobre a encosta. ºO tiro en.. cheu meus dois amigos de terror e

Y

eles se escon<Jeram numa capoei'ra.

de Concentração, sediada em Bruxelas. Em 1971 ? relato foi publicado cm "The Human Cost of Communism in China", editado pelo U . S. Governme11t Pri11ti11g Office. O eufemismo empregado pelo governo de Mao, Serviço de Reeducllção pelo 1'raba/ho, logrou iludir o mundo ocidental - freqüentemente simplório no que diz respeito ao comunismo e até hoje temos poucos dados sobre o trabalho escravo na China continental, de que é exemplo a narrativa de Yuaa Mei. Entretanto, esse sistema fa2 parte da politica do Partido Comunista Chinês desde sua instalação no poder, em 1949, embora os 77 regulamentos do Serviço, elaborados com a ajuda de peritos soviéticos en• viados por Stalin, só tenham sido promulgados oficialmente em 26 de agosto de 1954.

Não os segui, mas abriguei·me aliás ,le um tronco de árvore, para ver o que ia acontece,". Os presos, em grupos de três e de cinco, começaram a tirar a roupa e foram empurrados, como gado, pàra dentro d'água. Alguns deles ainda titubeavam, o que irritou o supervisor; este, então, arrancou a metralhadora de um guarda que estava próximo e pôs-se a atirar, matando vários daqueles infclius. A fuzilaria enlouqueceu os prisionciros e foi um salve-se quem puder, uma fuga em todas as direções, em busca de abrigo. Para restabelecer a ordem, os guardas armados puseram-se também a àtirar. Um pouco mais tarde, toda uma companhia dos guardas de fronteira foi tra2ida ao local e cercou a região. A situação foi rapidamente controlada, à custa de numerosas vidas inocentes. O trabalho do dia foi suspenso. Os que se ·h a~am refugiado por trás das árvores receberam ordem de voltar ao campo. "'Meus amigos, Liu e Tse11g, tinham passado tanto medo, que saíram de seu esconderijo mais ,nortos do que v;vos. Pergw1taram-me se teriam sido atingidos pelas balas. Exa• ,ninei-os com cuidadó e pude tra11qiii/izá-los, dizendo-lhes que não ti• nham ferimento algum. Mas suas pernas estavam tão fracas, que eles mal podiam ficar de pé e eu tive de arrastá-los por um atalho, que se tornara escorregadio devido ao sangue derra• modo". O grupo foi novamente reunido pela guarda. Alguns homens estavam cheios de lama, outros tinham suas vestes ensopadas. Todo mundo estava mortalmente pálido e tremendo de medo. Mais de 21 trabalhadores não responderam-à chamada: mortos, feridos ou, quiçá, evadidos, ninguém o saberá dizer. Mas Yuan Mci viu muitos que tentaram fugir serem abatidos, uns apó's os outros.

ixito de um eufemismo Yuan Mei conseguiu escapar da China mais tarde, e contou sua história, em novembro de 1956, à Comissão Internacional contra os Campos

Mistério impenetrável A aludida publicação norte-america-

na informa que, no curso dos primeiros anos, Pequim falou abercnmente desse sistema, com o qual esperava remodelar o csp1rito de classe dos inimigos do regime. Não obstante, durante mais de dez anos ele não ocupou a atenção dos polfticos ou jornalistas do Ocidente. Nas páginas de "China Quarterty·•, por exemplo, uma das revistas mais importantes consagradas à China comunista, não se encontra um só artigo sobre os trabalhos forçados. Entretanto, por ocasião das comemorações do décimo aniversário do regime comunista, organizou-se em Pequim uma exposição sobre os bons resultados obtidos pelos campos de trabalhos de reabilitação. Uma segunda exposição sobre o mesmo tema foi organizada em Huehot, cm 1960. Por outro lado, numerosos refugiados têm fornecido preciosas informações sobre a importância do trabalho escravo na economia comunista chinesa. Durante a Revolução Cultural, voltou-se a falar da existência dos campos de trabalho e reeducação. Comen• tando os atritos entre facções comunistas cm Cantão, cm 1967. uma publicação da Guarda Vermelha anunciou que "urna grande e decisiva batalha" ia desencadear-se naquela cidade e que até mesmo os "prisioneiros dos campos de trabalho e reeducaçifo haviam sido libertadosº. Poucos esforços foram empregados no Ocidente para se chegar a uma idéia aproximada sobre os trabalhos forçados na China comunista. Mas de tal maneira eles são evidentes, que muitas notícias têm transpirado a rcs· peito.

Dez milhões de forçodos Os organismos das Nações Unidas estão sempre procurando investigar ( ou condenar mesmo sem investigação) violências supostas ou verdadeiras, em países não comunistas, mas. no caso dos campos de concentração da China, contentam-se com dados muito imprecisos. Na vcrdl!(le eles

não poderiam manter um silêncio total sobre o assunto, como talvez quisessem muitos de seus funcionários, mas as informações que divulgam são Ião pouco documentadas, que a opinião pública ocidental não chega a dar a devida importância ao problema. Em 1955, um relatório das Nações Unidas estimava cm 20 a 25 milhões o número de chineses detidos nos campos normais de trabalhos forçados, e cm 12.500.000 o número de prisioneiros políticos existentes em campos de trabalho escravo. Não há esclarecimentos sobre a ·natureza dos trabalhos forçados normais. Segundo a citada publicação do U. S. Gover11me11t Primiflg 0//ice, um observador ocidental calculava, em 1954,' que havia 14 milhões de pessoas sujeitas ao trabalho escravo na China continental. Com o passar do tempo, o -mistério sobre o assunto foi-se acentuando. A maior parte dos autores, à falta de cifras exatas, transmitem informações vagas. mas mesmo os mais prudentes falam em "mlmeros assustadore~'. O certo é que nenhuma estimativa da população deses campos de reeducação é inferior a I O milhões. A taxa da mortalidade causada por esse sistema. de repr.essão política é, também, ignorada. Mas aqueles que puderam escapar através da cortina de bambu não deixam dúvidas quanto às condições desumanas que reinam nesses campos e quanto à elevada taxa de mortalidade ali observada. As próprias condições de vida normais na China de Mao, e a penúria de alimentos a que está sujeita sua população, não permitem esperar que os prisioneiros de tais campos tenham tratamento humano. Os poucos que de lá conseguem sair não cessam de fornecer dados terríveis sobre o sistema, àqueles que têm ouvidos para os ouvir.

H. B.

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Os funerais de Azeredo Santos: Os estandartes da TFP abrem o cortejo fúnebre pelas a lamedas do cemité rio. O Prof. Plínio Corrêa de O live ira discursa à beira da sepultura. A Missa qe 7.0 dia, na Matriz do Jar dim Europa (páginas 4-5).

Virtudes esquecidas

ACORRENTAR EM NOME DE DEUS COM AS CORRENTES DA MALDIÇÃO e por espírito mundano. E , por isso, creio que procetle de vossa graça, e não de obra minha, que vos agrade e tenha agradado que o povo cristão, especialmente a V ás confiado, me obedeça em virtude de vossa reprt• H, SANTO PRINCIPE dos se11tação que me foi dada; e por vossa Apóstolos, Pedro, inclinai•vos intercessão .Deus me deu ó poder de a ouvir-nos e escutai-m e a ligar e desligar na terra e no Cé11. mim, vosso servo, a quem have;s nu• Portanto, confiado nisto, para lton· tritio desde a infância e amparado ra e defe.ra da Igreja, em nome de contra os ímpios ilté o dia de hoje! De11s onipotente, Padre, Filho e EspíVós, e minha Senhora, a Mãe de rito Sa11to, proíbo ao Rei Henrique, Deus, e vo.iso irmão São Paulo, sede minhas rcste,mmhas de que a vossa filho do Imperador Henrique, o goSanta Igreja Romana confiou.me seu verno de todo .o império alemão e ita• ,;mão contra a minha vontade, e que Uano. porque com inaudita soberba se não subi à sua Cátedra como ladrão. levantou contra vossa Igreja; desUgo Antes preferirfo eu ter,ninar a vida no todos os cristãos da obrigação do juestrangeiro, do que arrebatar vossa ramento que lht prestaram, ou que Cátedra por desejo de glória temporal daqui por diante lhe venham a pres• No Sínodo de Latrão, reun.ido na Quaresma de 1076, o Papa São Gregório Vil pronunciou este anátema contra o ímpio Imperador Henrique IV:

o

tar; e proíbo que o sirvmu doravante como a seu Rei. Pois convém que quem ataca n dignidade de vossa l gre• ja, perca sua própria digníc/ade. E porque ele não faz caso de obedecer como cristão, e não .re volta para Deus; f)elo contrário, tem trato com excomungados, causa muito dano. despreza minhas exortações, e, pelo .teu empenho ctm dividir a Igreja, a si mes· mo se separou dEla, - eu o acorreitto em vosso nome com as correntes da maldição, para que o.t povos sai· ban-1 e conheçam que v6s sois Peclro e sobre esta Pedra o Filho de Deus vivo edificou sua Igreja, contra a qual as portas do inferno jamais prevali!· cerão. - [Juan Bta. Weiss, "Historia Universal", vol. V, Tipografia La F.ducación, Barcelona, 1928, ,pp. 341-342].


1•

ll 011t:E'f01t:: MONS, ANTONIO RIDE.IRO DO ROSAIUO

A .QUEDA DE ALLENDE, HORA DE JÚBILO PARA OS QUE LUTAM PELA CIVILIZAÇÃO

CRISTA

NO MOMENTO ern q"e encerramos c1 presente ediçiío, a orrlem vai senclo restabelecida no Chile. Derrubado o regin,e nuzrxista, vão os militares pondo o país en, condições 'de recrtperar-se. Chegou, pois, a hora da reflexão fria e lúcida en, c1ue as respo1tsabilidades 11elo dran,a chileno deven, ser apiirad/1$. E a li1tha geral dos ft1tos n,ostra que os ,,ririci1,ais crúpados são os "kereriskys" 'l"e conduzira,,, Alle,ule ao ('Oder, e ,,ele o ,nantiveram: o Clero 1>rogressista, con, o Cardeal Silva Henríqriez à frente, a Den,ocracia-Cristií de Eduardo Frei, e a "sa11aria", ou seja, os setores esq"erdistas da brtrguesia. Instalada no governo, a seita niarxisia arrastou o Chile para o caos, a rrtína econónlica e a opressão, conseqiiências inevitáveis d,1 a11licação de srta dorttrina. Sobrevieran, então as Forç/1$ Arniatlas e, nrtnta ação rápida e precisa, afastaran, do poder os sectários que co1ul.uzi<1n, o país à aniquilação total. Salvador Alle,ule suicidou-se con, a nietralhadora que lhe presenteara Ficlel Castro, nrim gesto que evidencia de quão ,,ouca rttilidade lhe foi a Bíblia que 1>ressurosamente lhe ofertara o Cardeal-Arcebispo de Santiago, por ocasião ,le sua posse ( foto ao lado) . ,t derrocada do n,prxismo no Chile representa ttm driro golpe para o movintento conu1nista ent todo o ntun,lo. Daí o clamor 1u1iversal ,l-as esq,terdas contra a intervenção dos militares, e o júbilo de quantos l11tc11n ,,ara preservar os valores da civilização cristã. A TFP, tão fogo se confirn1aram as notícias ela queda do governo niarxista chileno, ,,ron,oveu en, São Par.d o uni expressivo ato de regozijo, do qual participaran,, como convidados de honra, diretores e n,ilitantes da Sociedade Cl,ilena de Defesa da Trad!.ção, Fam.ílía e Pro11ried<1de que se encontravant naquela ca11ital (foto ele baixo). A TFP brasileira enritiu, na ocasião, 11,n con,.unicado a res1>eito. Tan1.bén1. se 11ron11nciaran,, e,n Santiago e en, Buenos Aire.,, as entidades congê11eres chifenc1 e arge11ti11a (páginas 3 e 6).

'

N.º

273

SETEMBRO

DE

1973

ANO

X X 111 Cr$ 2,00


A FUMAÇA DE SATANÁS NO TEMPLO DE DEUS

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(Paulo VI -

.

t

Sobre o filme pornográfico "úl!imo iango cm Paris", escreve u o Pe. Fernando Vittorino Joannes - "wn. dos mais conhecidos escrirores de temas reológicos, na Itália.. - e m "li Giorno": "Um filme f az um discurso moral quando propõe verdadeiros problemas morais que co11vida11, a f)ensar, e mio quando os dá co,no já resolvidos, ou enrão procura ocultar-lhes p11dica111e111e a dimenwio l111111a11<1 11e111 se1111>re agradável e edi/ict111te. O filme de Berrolucci rem o gra11de nrérito de ,·alocar pr oble11ras que,, 11111110 ótica moral sadia e rea/iS/{/, têm um significado m11ito mais r elevanre do que aq11eles q11e são pr oposros nas cenas i11cri111inadas".

("La Chicsa nel Mondo''., de 27 de dezembro de 1972, p. 63) .

Dominicano francês aprovo experiências com embriões humanos 'in vitro"

.. Padre, 28 anos, procurll " lrip1,ie", amigo leal, li/é 30 ,mos. Não sou l>onito, mas sou carinlroso. Carias co,n foro . . . que será devolvida sob palavra de honrll".

-

"Jovetn acadê111ico ter,ninando o

curso de Teologia quer conhecer moça bonita e cunúvel''.

-

"St,cerdote, 1a1nbé1n a truz vida é

11111 vegeliir /Ili solidão com desejos de encontn,r 11111 pouco ele suave r ecolhimento? Eu, mulher de 35 a11os, r eceberei tllllS carllls com profundo r espeito e car inho e não le considerarei ,un estranho. Responderfd a todos que escrevere,n. mesmo aos de fora de A,nsterdam-. Até 43 anos. Btrsta u1111hé111 o 11â111ero do 1ele/011e".

( "Cruzado Espai\ol'', de 15 de outubro a !.º .de novembro de 1972, p. 10).

A "piedosa " Jocqueline continua comungando

riências com embriões humanos: 'No cwn1

po der e111br iologia, a experiência feira 1111111

ernbrião "destinado a viver" é evide11te111ente es,·a11dalo sa, precisamente porque esse e111briã o é desrinado a vi ver. A exper iê11cia, pois, só 1>ode ser considerada 1111111 embrião não destinado a viver. Ora, 1111m fJ(JÍs eni qtte o aborto é proibido, a ex1>eriíi11da só potl<• ser feira "in virro". E11tão, pelo próprio Jato de q11e ela é possivel, a cultura de ('lnbriôes " in vitro", feita tendo en1 l'ÍSta o progresso <la ciência e d" ,nedicina. se af1reS<'nta co,no 1nort1h11e111e /feita".

("La Chicsa nel Mondo", de 27 de dezembro de 1972, p. 37).

--

"Horreseo referens!"

A viúva do Presidente Kennedy, Jac-

quclinc, que a tualmente vive cm concubinato com o divorciac!o Onassis, comunga ,,os domingos nu ma igreja catól ica. a de São F rancisco, na ilha de Corfú (Grécia) . (Revista "_Intervalo'', n." 469, ano X, p. 32).

Docu,nento preparatório, elaborado por uma das comissões dos Sínodos das Dioceses suíças, condena as relações sexuais fora do matrimônio .. que se in.yere,n na ,nentalidcule uniões livres". M;-ts depois acresccnla: "Po-

ªAlg11111 sacerdote separado da I greja, de cerca de 50 anos, quereria eslabelecer-se <.:<nn Rtligiol·a. u11nbé111 separtula,

professor<, de wu culé~io?" -

"St·11!tor, tJrofissão eclesiástica (sacerdote), 48 ,mos, des(~ja ,un tunigo sensível e leal, e111re 25 e 30 ,mos, de figura esbelw e de ambiente c11lto. Gosros: cultura física, 11wssage111, /otografit, 1wtural e esportiva. Utr echr 011 arredores. lndis,>ensável cliscri-

ção ... 11 - "Cavalhl'iro procura c:unhecinie,uo sério co,11 esrudtmte de Teologia lromófilo ou ja11e111 clérigo. Corras com /orografia . . . "

- ·'Ainda sou ca1>elão c,:atâlico ronwno (34 anos), mas desejo mudar para profisst,o ptirt1111édica. Procuro moça agradâvel. 111Qtll r,u, e "Sexy·· (:Onl() con111tmheira, prt•1

ferivel111e11te especialista em estética. E 1nelltor que seja loirt1, porhn não é indispeos6vel. ldad,•, ,·erctr clt• 30 anos. Não i11rporu, a fldigifio ( e mCl'm o que ,uio " tenlw), porbn eleve ser muito progressisu,, 111oderna, slculo

X. XI ". -

"Ex-Freira, entusfosta nwrxista, tra-

bal/wdora social crírka, amorosa e li,ula 2

O teólogo italiano Enrico Chiavacci, em uma entrevista, declarou: "O que era 011/rora um direi/o de revolução ( aurodefesa) a ser exerci/ado en , ocasiões 1oralme111e excecio11ais, co,11 meios excecio11ais, hoje é anres 11111 dever esrrito e co11sra111e de caridade crisrã: hoje, de fato, ou se combare a violincia das estruturas, 011 se fica ,·,ímpiice dela. Maioria sile11ciosa é cumplicidade silenciosa ( . . . ]. O apelo à ncío-violê11,·ia. po,/e ser," pois - e de fato o é 11111iu,s vezes - li máscara do clesi11teresse pellt liberwrtio do ho111em".

( Ibidem, p. 39) .

Paro Freira, a Igreja de hoje e os "hippies" têm os mesmos fins

A Irmã Magdaleine, fundadora da Fraternidade das Pequenas Irmãs de Charles de Foucauld, em carta a Moos. Emanuele Clarizio, Pró-Presidente da Pont ifícia Comissão para a Migração e Turismo, defende os "h ippies", dizendo: '·Muitos desses jovens foram 1uov,d(:S por um ideal nwito belo. Ncio que. ria 111. ,nais a violência. n e 111 a guerra, neni ti corruJa ar11u11nentista; não querfom o tráfico de 011ro 011 de dó/{lres, 11e111 i11j11stiças ~'ocic,is que surgem q11ll11do os fracos seio esmagados pelos poderosos. Quel'ia,n, en, s1111w, o que a l gre_~,, de hoje proc11rlt quando lurt, pela j11s1iça e p,•la ,,az".

("La Chiesa nel Mpndo", de 27 de deze mbro de 1972, p. 54).

Católicos suíços contra relações pré-matrimoniais.. . a menos que "o amor seja verdadeiro"

co11te111porá11ea de liberdade sen, freios, de

A propósito da situação da Igreja Católica na Holanda, "Cruzado Espanhol" reproduz estes anúncios, publicados cm jornais holandeses c m 197 1 :

Teólogo diz que hoje a revolução é um dever

.

1

Em um colóquio no Centro Católico dos Médicos franceses, o Pe. Roqueplo, conhecido Dominicano, disse, sobre as e xpe-

.,_

.n:·

mãe lldoriva de quarro bellls crillnças ( 13, 10. 8 e 6 anos), procura algué,n de 30 a 35 anos. sério, "chis,,e,mte", socit1lisu1, que possa ser seu ,111,igo, co-educador, companheiro de lura, parceiro, conselheiro".

Teólogo aprova filme pornográfico

Sermão de 29 de junho de 1972)

de-se pensar. ao contrário, que as relações

sexut,iJ tê111 um significado inteirwnente diverso qutlndo se tr<11t1 da unfrio de dois seres que se insere 11wn(J relaçi'io de ,11nor verdadeiro, e111 progresso para o nwtrimô11io, muna

etapa e11t que, por razões 1/iversas, sobretudo sc;ciolâgica.-.. este n<io pode ainda ser con, Io.. . e1uu ("La Chiesa nel Mondo", de 13 de dezembro de 1972, p. 34) .

Ca rdeal Suenens aprova três quartos de teses

O Episcopado Belga demit iu o Cônego Pierre de Lcx:hl da direção da secção_írancófona do Centro Nacional Belga de Pastoral Familiar (CEFA) por causa de suas teses sobre moral sexual, contrárias à doutrina cat61ica cm questões de controle da natalidade, divórcio e relações sexuais pré-nupciais. O C:irdeal Sucnens declarou que pessoalmente estava de acordo com três quar.. 10s do que e nsina o Cônego Locht. mas que prcíeriria que ele prosseguisse suas pesquisas a título pessoal. sem empenhar a Hierarqu ia . ("La Chiesa ncl Mondo'', de 13 de dezembro de 1972, p. 36).

Seminaristas fazem greves e ocupa9âes

A sede do Patriarcado Maronita de Bcirut foi ocupada por duzentos alunos do Seminário Menor de Ghazir, descontentes com o fechamento do estabelecimento, determinado por dificuldades financeiras. Os manifestantes exigiam que o déficit fos.sc coberto, que fosse c riado um instituto de Teologia e de F ilosofia e que fossem aplicadas as decisões do Vaticano li. Os 47 alunos do Seminário Maior de São Tomás - o único existente na Re pública Dominicana - declararam-se em greve no d ia 5 de dezembro do ano passado, em ~inal de protesto contra o que chamam de espoliação dos recursos nacionais por parte de grandes companhias estrangeiras, e de injustiças do regime vigente, contra a alia do custo de vida, a carestia dos gêneros alimentícios e dos remédios, e o desemprego, bem como cm solidariedade aos professores do e nsino oficial, também c m greve. (" lnformations Catholiques lnternationalcs". n.0 423, de 1.0 de janeiro de 1973 . pp. 27 e 3 1) .

r

O amor à lgrejo e os te souros do Vatkano

1 O Cardeal Michellc Pellegriiio, A,·ccbispo de Turim, em conferência no "Ambrosianum'' de Milão, declarou que "os nossos antepassados anwvam a lgrejti tClmbém vor causa tios resouros do Varicano, de que se

orgulhava,n; nós a <1nu11nos apesar dos tesouros tio Varica110. 1- .. ) Umâ outra exigência q11e é conexa com a da humildade, ainda que

expressa em fonna diversa, é o pedido de democratização que se dirige à Igreja. Aqui convé,n sennos precisos e evitar11ros confusões. Há um 11edido de democratização que é legítimo, se significa a rejeição do aurorirarismo, se pede o confronto, o diálogo, o r espeiro da pesSoll. T rata-se de r ealizar a dourrfoa do Concilio de que todos os blllizados goza111 da igual dignidade de filhos de Deus [ ... ]".

("La Chiesa -nel Mondo", de 10 de janeiro de 1973, p. 26).

Católicos holandeses escandalizam pastar pratestonte

O pastor protestante Van den Akker, de tendência ecumênica, escandalizado com tantos horrores que ocorrem entre os católicos holandeses, e são permitidos pelos Bispos, escreveu ao Papa pedindo sua intervenção. Paulo VI respondeu que sabia de tudo, mas que considerava melhor não intervir, e prosseguir o diálogo caritativo. ("Cruzado Espaiiol", de 15 de outubro a l. 0 de novembro de 1972, p. 11).

Para Arcebispo africano, a Espírito Santo sopra e m toda s as religi ões

Mons. Hyacinthe Thiandoum, Arcebispo de Dacar, considera que com o II Concílio Vaticano o Evangelho foi redescoberto e que "a ação cio Espírito 11ão se circunscreve aos limires de 11e11h11111a religião, e são dignos dll cooperação dos filhos da Igreja rodos os e111pr ee11di111e111os que se i11spira111 na co11cepção crisrã do Homein e do Ser viço' '.

( "O Estado de São Paulo", de 8 de abril de 1973).

Acabou o tempo das excomunhões

Por ocasião do fin1 do jejum do Ramadã do ano de J972, o Pe. Joseph Cuoq , dos Padres Brancos, responsável pela secção islâmica do Secretariado para os NãoCristãos, dirigiu através do "Osscrvatore Romano" uma mensagem aos muçulmanos, na qual afirma: "Não vos parece que chegou a hora />ara os fiéis de wdas as religiões, e par ticular111e11te para nós cristãos e 111uçul11ia11os, de fazer apelo à 110S$a fé com11111 e111 Deus? 1- .. ) Todos temos que aprender e tirar proveito uns dos ourros. Não esramos mais 110 tempo em que as religiões se exco111u11gava111 recipr ocamenre. Elas devem, 1>e:lo contrário, procurar e11co111rar~re para colocar e111 co11111111 os seus valores, pal'li ajudar os homens a triunfar dos ídolos modernos q11e são o dinheiro, o poder e o prazer".

("La Chiesa nel Mondo", de 15 de novembro de 1972, p. 42) .

Budismo Zen em Abadias francesas

Monges budistas japoneses estão ensinando o budismo Zen em Abadias católicas francesas. Na Abadia de l:a Pierre qui Vire,

O. F.


''MAGNIFICAT'' PELO CHILE Plinio Co rrêa de Oliveira

O MOMENTO EM que escrevo - dia 14 pela rnanhã - o Chile parece estar acabando de fun1egar. Os boatos irradiados sobretudo de Buenos Aires, Havana e Moscou não logram persuadir o grande público. E o noticiário dos jornais vai apresentando um quadr9 contraditório, .do ponto de vista sentimental. Os gestos de alegria pela vitória se mesclam com a tristeza ou até a cólera pelo sangue vertido. O n1on1ento da reflexão fria e lúcida jã chegou. E se patenteia as'sim, corn nitidez, a linha geral dos aconteci,nentos. Poucas palavras bastarn para defini-la. O governo de urna grande nação sul-arnericana caíra nas mãos de urna seita de fanáticos, isto é, do Partido socialista-marxista. Es·sa seita resolvera aplicar ao Chile - custasse o que custasse - sua doutrina rnaterialista, igualitária, dirigista e anticristã. A partir deste fato ideológico, desdobraram-se n1últiplas conseqüências políticas e econômicas. Uma série de leis socialistas e confiscatórias se foram apl icando sucessivamente ao país, sem atender ao descontentamento da n1aioria dà opinião pública. E rn conseqüência, uma crise política começou a abalar os próprios fundan1entos do Estado. Ta1nbén1 a partir do fato ideológico se desenrolou, paralelamente à crise política, urna crise econômica. O pior dos patrões é o Poder Público. Sentiram-no bem os operários das cidades e dos can1pos que, pouco depois de "beneficiados" pela socialização, con1eçara1n a revoltar-se contra a miséria que sobre eles ia baixando. Porque mau patrão. o Estado é ,nau produtor. A pobreza foi-se estendendo por toda a nação como uma gangrena. As crises política e econômica son1aran1 seus efeitos e produziram uni caos. Greves i1nensas paralisaran1 o país. Ele estava à beira de u1na aniquilação total. Sobrevieram então as Forças Annadas, destituíram do poder os sectários, e estão repon,do o país em condições de salvar-se. Esta é a linha geral dos fatos, e diante dela, a única atitude que cabe é aplaudir. Pois, se é verdade que o bern cornurn é a supren1a lei, o fato puro e sin1ples da salvação de u1n país que afundava, não pode deixar de ser apoiado. A seren1 coerentes consigo 1nesn1os, os esq uerdistas do mundo inteiro - que vivem a apregoar a supremacia total do ben1 co111un1 - ficariam sen1 resposta. Mas ei-los que se transforrnan1 bruscamente ern defensores dos direitos individuais, e, fechando os olhos para a salvação pública, co1neça111 a entoar pelo n1undo inteiro seu "De profundis" laico e rnelado, a propósito do sangue que correu. Sangue dos esquerdistas, é claro. Não dos soldados!

,. *

+

Esse sangue vertido, tan1bén1 nós o deplora,nos. Ern outros terrnos, quanto preferiríarnos que a trajetória ideológico-política e ideológico-econô1nica do Chile não tivesse conduzido o país à verdadeira catástrofe que foi a ascenção da sei ta marxista ao poder. Quanto fez a TFP chilena para alertar os , seus conterrâneos para o perigo do prógressismo-"católico" e do 0 ~ den10-cristianismo, os quais ian1 en1purrando sorrateiramente a nação para o precipício de onde agora ela se reergue tinta de w sangue. Quanto atuaram as TFPs de todo o continente sul-a1ne•; ricano para criar condições internacionais desfavoráveis a unia ? colaboração com esse processo de ruína e 1norte. Basta len1~ brar, neste sentido, a enonne difusão - que vale por L11na epog péia - do besr-seUer de Fabio Vidigal Xavier da Silveira, ~ "Frei, o Keren'sky Chileno". 7~ Nada foi capaz de obstar a que a "saparia" chilena, con-

,i

luiada com o Clero esquerdis ta, entregasse o país a Allende. Junto cantaram, na Catedral de Santiago, corn rabinos, pastores protestantes, comunistas e terroristas, o "Te Deum" da vitória. E em seguida a tragédia começou. Desde logo se podia prever que, como um marxista nunca entrega voluntariamente o poder, ou ela terminaria no sangue, ou liquidaria com o Chile. De fato, ela terrninou no sangue, com o Chile quase liquidado. Os prin1eiros culpados por isto, não é difícil encontrá-los. Foran1 os que cantaram o estranho "Te Deum" ecumênico. * * * Libertada assin1 de entraves, e con1 o supren10 poder en1 n1ãos, a seita comunista era no Chile como um leão solito. Posse a devorar, com furioso írnpeto, os membros da nação. Diante de ameaças dos defensores do país, nem deixou o poder, ne1n cessou suas devastações. Foi in,dispensável, para salvar o Chile, derramar sangue do leão. Pergunto: a não ser isto, o que se deveria ter feito? Deixar o país ir à garra? - Esta pergunta só pode ter corno resposta u1n "sim" ou um "não". Peço aos n1elados cantores do laico "De profundis" que me digam se sua resposta é "sim". - Mas, dir-se-ã, deposto o governo marxista, era absoluta1nente indispensável atirar sobre os redutos comunistas que ainda resistiam de armas na mão? - A resposta pressupõe o conhecimento de uma série de porrnenores que a imprensa não noticiou ainda, e de considerações morais que não hã espaço para .desenvolver aqui. Ent•retanto, o certo é que os n1ilitantes da resistência comunista se opõem criminosamente, e de armas na n1ão, à salvação do país. Seu fanatis1no os leva a resistir à bala quando toda resistência jã é inútil. Assin1, os respon'sãveis principais pelo sangue ora vertido no Chile, são os que intoxicaran1 de doutrinas marxistas e fanatizaram os resistentes. Estes, sin1, a Histórja cristãmente imparcial os tachará se,npre de oriminosos. Se do lado dos restauradores da nação houve ou está havendo excessos, a História també1n o dirã. E co1n imparcialidade iguahnente cristã os censurará. Aguardemos. Mas o fato é que a História cristãmente imparcial ja1nais considerará em igual plana o sangue dos fanáticos que morrem agredindo o país, e o dos heróis que to1nbaran1 na defesa deste.

*

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Perón, dotado de 1neios de infonnação presumiveln1ente excelentes, adrnitiu como c-e rto que a morte de Allende tenha sido por suicídio. E não hesitou e1n qualificar o ato desespe. rado do malogrado presidente; como- ' "att'tü'de valeíite, de u,n

ho1nen1 que te111 vergonha e por isso se suicida". Seria o caso de perguntar ao octogenário apologista do suicida se lhe faltara1n valentia e vergonha quando, deposto e1n 1955, ern lugar de se suicidar, foi viver no seu opulento exílio de Madrid. De 111inha parte, con10 católico, só posso censurar o suicídio do tei111oso chefe con1unista. E la1nentar que lhe tenha sido de tão pouco socorro espiritual a Bíblia pressurosamente ofertada pelo Cardeal Silva Henríquez. •

* *

*

En1 síntese, expulso do Chlle o comunismo, ipso facto perdeu ele terreno no continente sul-a1nericano. Co1no brasileiro e arnigo do Chile, alegro-me. E, se1n prejulgar em 1ninha aln1a pormenores que possivelmente Deus e a História não aprovem, entôo interionnente o "Magnificat". Sin1, o "Magnificai" que o Cardeal Silva Henríquez por certo não estará cantando ...

3


Conclusão da pág. 2

A FUMAÇA DE SATANÁS no Morvan, monges católicos e budistas assentaram que os métodos de meditação Zen não contrariam as trad ições monásticas cristãs. No convento dominicano de Arbresle, o Pe. Bouc organizou um curso de Zen. As Irmãs de Belém estão construindo perto de Nemours um centro de meditação onde também se praticará o Zen. (lbidem, p. 42).

Jesuítas franceses escandalizam Jesuíta romano A revista " Etudes'', dirigida por Jesuítas franceses, apresenta em seu n6mero de janeiro de 1973 um dossie,· dedicado à q·ueslâo do aborto, no qual defende teses que constituem, segundo um Jesuíta de Roma,

"erros imputlentes". (" lnformations Cathol iques l nternationales", n. 0 426, de 15 de fevereiro de

1973, p. 23).

Para e, Grão-Rab ino, o Episcopado Francês está prepara ndo a vinda do Messias Em Pastoral Coletiva, os Bispos franceses afirmam que "é um erro teológico, hislórico e ;urídico co11siderar o povo judeu, e111 seu co11junto, respo11sável pela paixtio e ,norte de Cristo". O Grão-Rabino da França, Jacob Ka pla n, declarou logo que "as exortações do l::piscopado Francês coincidem com os ensi11ame11tos dos gra11des teólogos judeus, segwulo os quais as' religiões derivadas do iudaísmo tê,n a missão de preparar a humanidade para a chegada da era 1nessit!11ica, <1111111cüula pela Bíblia".

("O Estado de São Paulo'', de J 8 e 19 ele abril de J973). •• ,, . Por, llloti\(os técnicos, este número

..

' .

Católicos e protestantes franceses: uma mesma fé? O comilé misto católico-protestante francês presidido pelo Cardeal Paul Gouyon, Arcebispo de Rennes - publicou um acordo doutrinário a que se chegou sobre o batismo e o matrimônio, e ,no qual se afirma: "A pesar das divisões que ainda existem entre nossas igrejas, o batismo é o vínculo de nossa unidad e e o sinal atravéi tio qual estanros reunidos e111 u111a mesma fé, na JJlttJ'IIUl esperança e e,n unw ,nes,na caridadeº . ("La Chiesa nel Mondo", de 3 de janeiro de 1973, p. 38).

Nova concepção do peca do original Na Diocese belga de Tournai, o organismo diocesano competente ,publicou sete dossiers com o programa cios cursos de Religião. Ali se encontram afirmações como estas: "Não se tratll [ ... J de a,nar o pr6xímo por llmOr do Senhor. Isto pode ser um modo bem hip6crita de acolher o próximo". "E: preciso dar uma explicação da doutrinu tio vecado original que leve em conta as descobertas d" ciência". Afirmam ainda que é -uma questão sec undária o ter havido um ou vários casais na origem da humanidade, e que a doutrina da transmissão do pecado original não passa de hipótese teológica. E acrescentam : "O estado de peclldo se trllnsmite mais ben• por influência". Assim, "meus pecudos pessoais tor1u1m-se a fonte (o pecado original) para os

outros homens". ("Bulletin du CJCES", suplemento do n.0 144, de 15 de janeiro ele 1973, pp. 2, 4 e 5).

1 14 mil deserções em 1971

'

de "CatôJicismo'' sol, excecioncilmentí!, com ~p'.enas 6; página,. . . '

'

•li

"L'Aurore" refere que, só 110 ano ele 1971, 14 mil Padres foram reduzidos ao estado leigo, no mundo inteiro. n .0

142, de I.º de dezembro de 1972, p. 6).

(Idem,

(jJAto1ncJISMO

Sr. Willy João Brun, Lages (SC): "Conti-

nuem a batalhar. Reconforta e revigora". Da, Suzana Larosa, São José dos Campos (SP), "Gosto muito deste jornal; é muito importante na nossa vida. A gente fica a par dos acontecimentos da Igreja e se instrui cada vez mais em assuntos de Religião". Sr. Olavo Aleixo de Paula, Monte Alegre de

Minas (MG): "Quanto mais leio CATOLICISMO, mais me inlegro da verdadeira consciência e destino da Igreja Católica Apostól ica Romana. Prossigam, não parem". Da, Cornélia A. Carvalho de Oliveira, Gua-

ratlnguelá (SP): "Recebo-o [a CATOLICISMO] todos os meses, [ .. . J e não desejo, por nada, prescindir de sua leitura. Peço a Nossa Senhora proteção a todos os membros da TFP", ReVJno. Pe. Nicolau de Flue Gut, Santa Bárbllfil do Rio Pardo (SP): "Minha apreciação e sugestões com referência a CATOLICISMO: Pugna fortiter et crede firmiter. Ressalvo o valor dos Cursilhos de Cristandade na minha paróquia e na Arquidiocese de Botucatu", Sr. Antonio Pinto Soares, Belém (PA): "A lei1ura de CATOLICISMO me agrada basiante. E é bom saber que ainda existam jornais qu~ os católicos possam ler. Eu gostaria que - se

possível -

continuassem os ar1igos: -

"Am-

bientes, costumes e civilizações".

Da. Mithiko Sugawllfll, São Bernardo do Campo (SP): "Aprecio muito a leitura do jornal CATOLICISMO. Tendo tido oportunidade de ler numerosos artigos deste jornal, sinto falta nos números atuais da presença da seção "Ambientes, costumes e civilizações", a qual julgo excelente. Não seria possível con1inuarem a publicá-la?" • Transmitimos ao nosso eminente colaborador que responde por "Ambientes, costumes, civilizações" o apelo dos leitores, que fazemos nosso. Infelizmente, sobrecarregado de afazeres de apostolado, não sabe ele quando poderá retomar a secção. Sr. J aime Pablo Pereira, ·secretário do Supremo Tribunal Administrati•o, Lisboa (PortugaJ): "Sou leitor habitual do CATOLICISMO, que me é emprestado pelo meu antecessor no lugar que ocupo, Dr. Carlos Lobo de Oliveira - e leio-o sempre c,om muito prazer e proveito. E é com alegria que vejo que, nestes tempos revoltos, de infiltração da heresia na Igreja, CATOLICISMO é um baluarte da Tradição e da Ortodoxia. Além de ler, faço-o circular entre as pessoas amigas, porque vale sempre fazê-lo",

Re•mo. Pe. S. Xavier, Casa dos Jesuítas, Russas (CE): "Quanto ao CATOLICISMO, foi sempre uma das coisas sérias do Brasil, que se impõe por si mesmo. Parabéns aos seus dignos diretores". Da. Mlrlan Nlore, São Caetano do Sul (SP): "Sendo que li alguns exemplares deste jornal, e gostei muitíssimo, venho pedir-lhe informações sobre o que devo fazer para tornar-me assinante do mesmo". Sr. Dapbnls Corrêa de Lacerda, Votuporanga (SP): "Como católico tradicional e convicto,

encon1ro no CATOLICISMO o refúgio espiritual de que necessito, bem como a fonte inexaurível de conhecimentos cristãos, em que eu e minha famHia encontramos a verdadeira felicidade", · Revda. Irmã Maria Gema de J esus, P. M. M. 1., São J osé dos Campos (SP): "Tendo chegado . às nossas mãos um exemplar de CATOLICISMO - n.0 265, de janeiro do COll'Cnte ano, muito nos interessou o artigo comemorativo do cen1enário de Sanla Teresinha. Gostaríamos, se fosse possível, de obter vinte exemplares do mesmo para à comunidade". Revmo. Pe. J acinto Brito, Pedreiras (MA): "Lendo um número desse conceituado jornal, tive a alegria de encontrar um maravilhoso artigo: "Sanla Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face". Gostaria de receber pelo meio que melhor convier à Redação cinco exemplares desse referido número". • Tantos foram os pedidos de exemplares desse n6mero que contém o artigo de nosso colaborador Sr. Caio Vidigal Xavier da Silveira, que o mesmo já se esgotou. Revmo. Pe. Geraldo Freire, Caculé (BA): "Minha sugestão com referência a C ATOLI· CISMO: publicarem as orações tradicionais de nossa Santa Religião Católica Apostólica Romana. Dado que n1uitos assinantes são professores de Sociologia, quisera sugerir-lhes um artigo razoável em tamanho e conteúdo, sobre a Sociologia vista e estudada sob o prisma católico, Esta orientação 1iraria a impressão (in· justa) de os católicos fervorosos não se interessarem pelo fato social, e pelas coo,seqüências do "problema social". Os professores daqui exultariam com esta providência de CA· TOl.!CISMO". • Anotamos, para oportuno ateodimento, a sugestão do artigo. Quanto às orações, já as estamos publicando, em uma secção especial (nossos n.0 s 259, de julho de 1972; 261, de setembro de 1972; e 272, de agosto de 1973).

Onde estó a Igreja do Bispo de T royes?

MENSÁRIO com aprovação e-cltsi.Astica

CAMPOS -

EST. DO RIO

Out6TOR MONS. ANTONIO R1am1to 00 R osuto

Diretoria: Av. 7 de Setembro 247, caürn POSl~I 3,3, 28100 CamPos, RJ. Admlnl<· rrntao: R . Dr. Marlinico Prndo 271, 01224 S. J>aulo. !',g~ntc p:1r-.t o Estado do ruo: José de Ohve1r:1 Andr:ide, caixa postal 333, 28100 Campos, RJ: Ag('nlc parn os &tacfos de_ C ofás, Mato Grosso e MI.nas Gerais: M1hon de S:.illes Mourão, R. Pnraíba 1423 (telefone 24-7199), 30000 Belo Horizonte; A~t-nte 1>ar-:. o Estado da Guanabara: Luís M. Duncan, R. Cosme Velho 81S ( telefone 245-8264!, 20000 Rio de Janeiro; AgcntcPª,!U o E.se.ado do C('or 6: José' Gemrdo Ribeiro> R. Pernambuco 157, 60000 For1a-

Agcntc~. par.a a Arge-nUna: ··1·r~-1,· F:imd1a, Propicdad" Casilla de Corrco n.0 169, Cnpil.31 Fedcial, Argcnlinn. Co~1pos10 e impreS$0 na Cia, LithOgraphica Yp1ranga, Rua Cadete 209. S. J>aulo.

"Francc Soir" traz algumas declarações do Bispo de Troyes, Moos. André Fauchet: "Se dizeis que sou 11111 Bispo 111oder110, todos os outros vão ·'se f . . . de moi", Segundo o mesmo jornal, sua linguagem grosseira reflete melhor o "espírito do Concílio". Mons. Fauchet declarou ainda: "Não procuro " Igreia na minha Catedral. A Igre;a está 110 mundo, em toda p(lrte". (Ibidem, p. 7).

COLEÇÃO "DIÁLOGOS SOCIAIS " A presentação rc.mmitla e subsumciosa ,le vários tcmClS da vr<>bltmátic(l comu11ismo-am i<:omm1ü·mo larg,unentc wmi·tulo..,· m , ptíblico, "prcse111t1dos m1 mtsma linguagem tle que c.11e., costumam se ,·cvNlir ,w:r <.·on vcrsas c,,sct'r<l:r e nos enco111ro.,

dr rua. Colocam ao olcm1cc: ,to gra11Jc público CJrgumentos qm' pc11/tm premunir mr p e,tsot1s rt! t11s c:ontr(l ,, insidiosa JJ1'üPt1ktm1/u

Eucaristia e chimarrão

do .roc·ialismo

Jc_z.~;

Os pasamcntos, .scmprc- cm nome de Edi·t~ra Pudtt Bc!chior de Pontc.s S/ C-, pO<le-

r(lo ser encaminhados à Administraç.ã o ou :10~ atentes. Para mudança de endereço de :1ssrn;in1cs. é 1leccss:Srio mencionar também <> ~n{lcreço _an1igo. A correSJ)ondência re. lahva ::i assinaturas e venda t'lvulsn. deve ser enviada à AdmJntsh -ncão:

R. Dr. Martlnk-0 Prado 271 01224 S. Paulo

4

tio ct,,mmismo.

1 • A propried ade p rivada é um roubo? A propricd:uJe priv:1da: direi10 s;1grrldO ou p ri-

dtCJÓn,

A~lnalt1n anun.1: conrnn, Cr$ 25,00; co. o perador CrS_ 50,00: benfoilor CrS 100,00: grande benfeitor CrS 200,00: scminarjsrns e estudantes CrS 20.00: América do Sul e Central: \'i:1 de .su1>crfícic USS4.00: via nérca USS S,2S: América do Norie, Por1ug;al, • E~p:ii:'hn. ProvfncJas uhramnrinas e Colómns: v,a de supcrf1cic USS 4.00: via nérc:i _USS 7,00: ou1ros paí.SC$: vfo · de su· Pcrfic1c USS 4,50, vi:, aérc-:i USS 9.25, Vcnda ""ul$a: Cr$ 2.00.

e

"Só quem é capaz de amizade é que entra numa roda de chi111arrão , . . E não se sai tia roda do chimarrão sem ter ficado mais amigos. Jesus Cristo inslituiu a eucarislia para unir-nos sempre mais. , O cristão sabe que a roda de chimarrão é um jeito de viver a Eucaristia que, uma vez por semana, e1n dia especial (domingo), e111 lugar especial (templo), celebra co111. ,nais solenidade (festa), e pelo fato mesmo com uma privilegiada prese11ça de Cristo. Lá 11111 mes1110 pão vivo repartido entre todos. e aqui o mesmo mate chimarrão. Mas o amor que une lá e que une aqui é 11111, só: Jesus Cristo". Este é um texto ela folha catequética n.O 14, "Todos à festa! ... ", usada e m escola católica de São Caetano do Sul, Estado de São Paulo.

vilé,:do odioso?

2 • Devemos trabalhar só para o Estado? A propricd:1de privnda: conto pode servir ao bem c<nnum? Qu:il :1 sua função social?

Edltora Vern Cru, Ltdo.

Ru:t Or. M:artlnko Pr.Mlo 146 01224 - São Pàulo. SP

3 •

e anti-socíal economizar para os filhos? ~ Propriedade priv.td.i e cl:'tsscs sociais~ servido1·as ou inimigas da família?

CrS 2,00 cada; CrS 5,00 a coleçiío

fil

.--- ; ... l - ..,


CHILE: cumpre agora isolar os kerenskys

S

ALVAUOK J\LLENL>t

sub111 ao poder

com a cumplicidade dos líderes clcmocratas•cristãos que. amparnclos no Clero

esquerdista, iludirmn a grande maioria antico-

munista de seus eleitores. Desde· seu primeiro d ia, a "via chilena ,para o socialismo" foi urna tragédia para o povo. J\ propriedade privada sofreu agressões sem cr,nt:,. A imprensa de oposição foi perseguida e humilhada. A população encontrava cada vez menos o que comer. Os preços subiam di:.l a dh1. Formavam.se íilas até ,para a com .. pra de cigarros. A Justiça foi desrespeitada ; . contra ela o Execut ivo organizou uma campa..

nha de difamação. Comissões de partidários da Unidade Popular. com o poder de distribuir víveres. e xerciam uma tirania odiosa. O governo deu armas aos seus adeptos. Prepara• va-sc, passo a ,passo. a instituição de um Es· tado totalitário. Logo após a eleição de Allcndc, as diversas TFPs sul-americanas organizaram can1panhas mostrar.do os .perigos do regime marxista e denunciaram as manobras da esqucrda-<:at6 lica no país irmão. Realizava-se a previsão de FabiO' Xavi-~r da Silveira, cm seu livro "Frei, o Kcrcnsky Chileno··. no qual mostrava como a Democracia-Cristã preparava a instauração do · comunismo no Chile. Em março deste ano, a TFP chilena publicou um manifesto cm que dcnuncittv" o apoio do Clero esquerdista a A11endc, com citação d~ mais ~ cinqüenta declarações de adesão e incentivo ao governo socialista, de Padres, Bispos o até do Cardeal Silva Hcnríqucz, ele Santiago. O silêncio foi a resposta do Purpurado.

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Sem a cumplicidade de Frei, o Kerensky chileno, o marxismo não se teria instalado no país irmão Finalmente, numa ação saneadora rápida e precisa. as Forças Armadas depuseram Allende. Este suicidou-se com a metralhàdorn que lhe presenteara o ditador comunista cubano. No momento cm que escrevemos. a ordem vai .:end9 restabelecida, mas certa imprtn~a internacional uindcpendentc·• 1>ublicou com deslaq ll'! o c,o ro dos esquerdistas de todo o mundo, condenando o "golpe" e veiculando boatos sobre a organização, no sul do pnís, de um "exército de resistência" que nunca existiu. E os Kcrcnskys chilenos? Hábeis cm pular na corda bamba 1 uns ficar3m de um lado, outros, de outro lado. Alguns protestaram, outros, cautelosamente. siJcnciaram, como silenciam sempre que deles se exige uma definição. Não faltaram aqueles que, depois de morto Allendc, condenaram seus métodos, mas insistirnm na necessidade de " reformas", bion1bo por trás do qual se e ncobrem as manobras comunistas. O futuro do país irmão depende do isolamento desses traidores, sob pena do se pôr a perder todo o esforço dos militares.

uer 1.i, , ,•a ,1os • Falhou novo pedido do Cardeal ucrania· no Joseph Slipyi, para restabelecer su:l jurisdi ..

ção sobre os <:ató1icos do rito ucraniano cm todo o 1nundo. A Santa Sé vem recusando, reit~radamcntc, as petições do P,t11·purado e de

vutrvs l:J18pos ucr•111it\Ot1s, pt1r~1 11.-r::m um 1->a . 1ri:1rcaclo próprio. O Cardeal e os Bispos Hrgumentam que todos os ritos orien tais têm seu Patriarca e que somcnt.z o ucraniano un ia1a. que é o maior rito oricnrnl. não o tem. O <.'Orrespondcntc romano do "Southern Cross". da África do Sul, comcnt;,, a ,pr()pósito. que, segundo observadores r,'!ligiosos de Roma. o Vaticano rejeita o pedido dos ucranianos porque essa concessão prejudicaria seus intentos de dh\logo com os chefes do Crcmlin. Acrcscentn o mesmo correspondente que os observadores também assinalaram que esta é un"~ provável raz.ã o pela qual o Vaticano não protesta contra a perseguição aos católicos. atrás da cortina d:! fer ro. A revista católica alemã ºEinsicht" ressall:, a importância 'da Missa mandada rezar em no. vcrnbro p;?la TFP de Sã<1 Paulo, cm rito ucraniano, pelas vílimas do comunismo cm todo- o muntlo. Fundamen1adcl cm rel<tlO do diário ucraniano d~ Ncw Jersey, ·'Svoboda". a revista informa aue. durante a Missa. a Catedral paulistana, onde se realizou O ato, eslava ' ' rcplct3" <: que, depois dele, a TFP organizou uma caminhada cívica, que conduzia ,um mar de ban~ dcir;1s, e cartazes com fotografias dos Otrd~ais Slipyi e Mindzenty: no cnccrrnmcnto, D. An .. tonio de Castro Maycr, Bispo de Campos, abençoou a multidão e com ela rezou pcl<1s ví1imas da persegui"ção comunist,, e pela vitó· ria da Cruz sobre o comunismo.

co n tr1.1, o ,,,,,.,r o • Foram condecorados pelo governo tJ.z Pankow os se-t e guardas comunistas que, na noiie de 7 para 8 de julho. -abriram fogo contra três alemães orientais que tentavam 1rans.. por o rnuro de Be(lim. Os guardas feriram um dos fugitivos e prenderam os três. Imediatamente após ouvirem os disp;).rOs. isto é, durante a madrugada, cerca de lrczen .. tos berlinenses ocidentais saíram de suas residências para protestar contra a ação dos ..vopos". Mostrando sua combatividade contra o comunismo qu~ oprime parte de sua pátri.a, organir..aram uma das manifestações 1nais enérgicas, desde a construção do muro, cm 1961. Abriram uma brecha de cerca de dois mel ros no muro, enquanto gritavam pan, os guardas: "Cl'imb,osos! Asslls.tinos!" Os po1ieiais comunistas. do outro lado da barreira, olhavam para os manifestantes, com o dedo no gatilho de suas metralhadoras por1áte is. A polícia ocidental, a muito custo, dispersou a manifestação. Mas, nos edifícios siluados junto ao muro, os bcrlinen.scs livres colocaram bandeiras negras ..: faix~s com a palavra 1't1.,;sassr'uo$''. No dia 9, os manifestantes reuniram-se. novamente junto ao ,nuro e fiz.eram grandes fog ueiras com pneus usados. Mais unia vez. a polícia ocidental os dispersou. No Senado de Berlim Ocidental ouviram-se protestos dos representantes da oposição, contra a repressão comunista. A indignação pública era tal, que também os representantes do governo social -democrata. partid{irios da paz a qu;lquer. preço com Pankow. tiveram que adedr aos protestos. Os comandos militares de ocupação, da Fn:rnça, Grã.'. Brctanha e &tados Unidos, corrdenaram t:unbérn a atitude dos guardas vermelhos e ressaltara1n a importância da csponr~nea indignação popular. No dia 20, outro b:?rlinensc oriental tentou fugir e foi morto pelos "vopos". Bonn limitou-se a condenar os ºepis6tlios deploráveis

g~n·· :.1 afirmar : "V mw·u provoH qut' " /fr. JJ1Íblit.:t1 Democr,itic" A h·m ci <.'.'il«vu d e11:rmi11u. da li pruibil' ,,ue ,\flM' ddmltios jO.•i.sem paru o Odth:11fe. A ro,lu da flistóriu wio pode ,lur mllrd,a « J't;••. EnquanLo isso. sucedem-se ~1s fugas e 1ent3· 1ivas de íuga parn o Ocidente. Um advogado da Alemanha Orienral. .sua esposa e fil ha conseguiram fugir. O advog~tdo tle<:larou que o Exército comunist:1 está reforçando .ts barreiras da fronteira. As forças de segurança da Aleman ha Oriental detiveram cinqUcnta médicos acusados de prcpa rar su.., fuga para o Ocidente. O jornal "Frankfu rtcr Allgemcin~.. informou que oit~nra médicos já se evadiram nos pri meiros meses do ano. O engenheiro Victor SchMidcr passou da Rússia para a Finlândia e conseguiu chegar ;, Alemanha Ocidental cm fins <le julho, Quatro alemães orientais - um estudante e três operários lograram burlar n vigilância da guarda comu~ nista e pussara-m ~, nado, p-;lo Elba, para a Alemanha Federal. Comcn1a-sê na Alemanha comunista que as fugas noticiadas são apena,s, uma pequena parte do total das ocorridas, pois muitas não chegam ao conhecimento do mundo livre. Por outro lado. o Ministro do Interior cl:i r\lcmanha Federnl. G,enschcr. revelou que tem aumentado consideravcl m:ntC o número de espiões comunistas cm ação no país. e que cs.~e aurm:nto coincidi-u com o i nício do degelo nas relações entre Leste e Oeste. Enqunnto os anticomunistas observam apreensivos: esse panorama, uma <lelegação do o~pnrtamcnto de Estado norte-americano anun• ciou sua ida a Bcrf~rn Oriental, para. entre outros assuntos. estudar ali a localização da embaixada de seu país. Um dos locais -prová .. v~is é constituído por um t,:rrcno junto à Porta de Brandenburgo. ao lado óo muro- da vergonha. . . Desse mesmo muro junto ao qual, desde sua construção. pelo menos 69 pessoas foram assassinadas pelos guardàs comunistas e 99 seri.-mcntc fcrid3S.

./ove,,s 1.le ,111., nei,,.,,,, l,or,, 1.l e s ,,tã . • O íi 16sofo católico alemão Dietrich von declarou q u~ "estt1mos vi,,emlo uma hora de escuri<lão, um tempo de Slllli. O mal udquirlu proporções ;mcn.,·as: o mu11do Hildebrand

wrnuu-sc pus.)'t:~·. w/'. JOv<:-ns c..itólicos italianos reproduziram SW1$ declnr.ações cm pan fletos e

c s distribuírnm no norte da Itália.

1V,, V1.1tic a,,,,. 1101,,,,ê s 1.,1,t ico,,,,,.,,,;-Stt• é i111.le,. ,ejável

• ··o e11 vic"ulo tio goven,o polont!.\· 110 exílio. sc,liado em Londres. abandónóu .·w u pósto 110 Vatü.:ano" - informou a imprensa religiosa de Roma. Trnta-se de Casimir Papée, representante. do governo anticomunista pOlonês no exílio. que f·? n-2'ga a aceiü1r a ditadura russa imposla cm ~ua 1crra. O Vaticano até agora recon hecia esse governo e Papéc esclareceu que não renunciou, rnas foi notificado oficialmente de Ql'2 o C:irdeol Villot. Sccrc1ário de Estado, considerava que sua miss:ão. bem como a dcl embaixada aotie-omunista, chegara ao fi m. Fontes oficiais da San1a Sé negaram-se a comentar a situação. mas há rumores ck. qu-~ o 1~gimc <:omun ist;_1 polonês scní orici;almcntc rc• conhecido. O diplomata anticomunista publicou um comunicado acentuando que lamenta a atitude do Vaticano e guc se negará a transferir suas funções e os arqui vos da .embaixada a q ualqu..zr p~ssoa que repr-c~ntc o governo títere da Polônia.

A ,, ,,aento tle L.2011 1.le vie ia,lo.-.

%

• Don Me Auli ffe, funcionário do Departarnen to Nacional de Investigações sobre Narcóticos. dos Estados Unidos. d<?clarou que o número es1imado de viciados cm heroína, naqude país. é d,~ 600 mil. enquanto que. há dez anos atrás, havia apenas 50 mil. O aumento foi de 1. 200%. Os amigos do Presidente Nixon. na China vel'melha. 1êm na heroína o mais forte produto ~,yrícoh1 de expOrt4'Ção.

Homero Barradas

e c:outrtfrios ti reitt1egrtlÇ<i0'1 •

O governo comunista respondeu a esse inoperante lamento com o aumento de medidas de segurança n::i front~ira entre as duas Alcmanhas. Aliás. medidas semelhantes vinham sendo ton, adas há tempos. com a extensão das ba rreiras. Agora, além dos 43 q<1ilómctros de muro, que atravessam a antiga capital, há uma linha de 185 quilórn~lros cem instalações de um verdadeiro "íront.. militar. -2:ntre as quais 242 to rres de observação. 137 casamatas, 105 quilómetros de parceles de concreto, patrulhas de c.ãcs. ::ipareJhos eletrônicos de vigilância, trincheiras d~ três metros de prof.undidadc e pil:1res antitanques de concreto. Por oc:.sião do décimo stgundo aniversário do muro, cm meados de agosto, os jr.rnais do Partido Comunista alemão exaltaram o aparelham ento de repressão, chegando o ºDtr Mor-

Com o horror estampado na fisionomia, um guarda do muro de Berlim tenta limpar sua farda manchada pelo sangue de mais uma vítima- inocente 5


* Virtudes esquecida ~

EMPREENDER POR DEUS GRANDES AÇÕES CÍVICAS, MILITARES, ECONÔMICAS

JÚBILO PELA VITÓRIA ANTICOMUNISTA DO POVO CHILENO A

O o " Compé!ndio de Teologia Ascética e Mística'':

.....

VIRTUDE DA furtàl<'za une/um a11exas quatro virlu<lcs: clu11s qu;• ,.,os (lj1"lam a praticar coisas árduas. a saber. a magnanimidade e a magui/iciucio: duas que nos auxilit1m " bem sofrer (a paciência e ;t cons1áncial, s,fo ao mesmo lcmpo p(1rtfJ' integmult!.\' ,. tulfXUY du 1·irtuclc

da /órlaltt.<1,

••• OVA NDO SE CONFI RMARAM ;,s notídns dtl vitóri., ,nilit;u· que derrubou

no Chile o governo mnr:d sh,. :, TFP prumovco cm São Pm1lo tim cxprc.~..::ivo

Pnrticiparnm <lo mc~n,o. cvmo convid:,dos de honrn, Jj. retores e mililantes da Sociedade C hile• nu de Defesa da T radição. Familk1 e Propriedade que s e cnconlrowam cm ;110

de regozijo.

São Paulo. A manifestnç;ío teve lugal' no dia 11 de sc1e1nbro, no pátio da sede ccn1rnl ''" TFP, à Rua Marnnhão. c~rnndo pre~cn1cs o P.-of. Plinio Corrêa de Oliveira. Pl'esidcntc do Conselho Nacionnl da cn-

tidndc, diretores da TFP brnsileirn e da congênere arg,enlina, bem como elevado mímero de sócios e militantes da prl-

meirn. l)c início. os chilenos cantaram o hino

da TFP em espanhol. O Coro Siio Pio X , m:omp.tnhado por todos os presentes, entoou üepoi~ o Magnifknt. Fornm rc· ;rndos cm seguidn os mistérios gloriosos do rosário. e ncerrando-se o ato com o brado <le campanhn : "Tradição! Família! Proi->ried:Hlc!•· pelo Brnsil e pelo

Chile.

Comunicado de imprensa O Serviço de linp,·ensa d:, TFP dis• tribuiu o seguinte comunic::,do:

''A Sodedndc Brasileira de Deft..'itl d:l Tra( 'l.'?;O. Família e Propriedade, que f:mto se intc.re~ou pela evolução da crise chilena cm todás as suas etapas, conJtrah,la:se com sua valorosa co-irmll, a TFP chilena, e o povo do Chile, pel» quedi:1 do uoverno marxisfa. Dessa fornrn, um grande país irmão sê rcsgafa do 11e.~o da tirania vermelha, que o · fa. 11alismo ideológico levou uté os extre1uos da miséria. A~ iiu o povo chileno, a,;:indo nfravés de su11.~ l•'orç-as Armadas, fcduu, as r>orcas da América do Sul no

polvo comun~tu, que haviu inicindo sua

inva4,ão por ntelo do (On<aulsta do país andh\O. Tradiclonalmentt cristão, e ln·

tegrado profundamente uo continente ~ul-amt ricano, o povo brasileiro alegn. se ao ,·trifkaf que, com a atitude chilena. toda u América do Sul vai tomando condições para caminhar como um CM-SO bloco de nações, dentro das sendas da c:ivilb.atão cristá, para um Poºrvlr maior. A TFP r«orda nesta hora, com par. ll<:ulDr emoção, a memória do seu saudoso diretor, Fablo Vldlgal Xavier dn Silveira, autor do "best·stllcrº º Frd, o KtrtÍISky Chileno'•; que já no ano de l 967 soube prever com nna ncuidade de c.~pfrito a catástrofe que s e aV'otumavn no Chile. Foi :aquele livro divulgado por lodo o Urasil • - a(ravés das TFPs da,; diversas nações sul.a mericanas cm todo o continente. com1ituindo um brado de alerta para que souhE$SCm o.s: todos evitar em nossos respectivos paiscs o desenrolar de um processo análogo ao que ltvou o Chile ao dr~unn (flte hoje parece ftlizn1entc soluciouar•.,çc_ Mnnife-sta -~ n T FP confiante cm que a Providênci;.1 continue a i:auxilhtr nosso País e nosso continente com sucessos ca· da vn mais assinalndos, que façam com que á América do Sul inteira se distan. t ic tia influência nefasta do soclall~mo. F.ste, t'Om deito, j{\ man1fcsta, nos diss contemporâneos, todo o seu malo~ro. A Rússia, a ntaior potência sociRli~1a do globo, estende sua mão para ptdir pão de csmol.1 ao seu maior t1dní$ário, os Es!odos U nidos . O regime s ocialista frac~'1l cm quDI· quer lugar cm que se implonte. E se dúvtda houvesse quanto à integxidadt desse frncasso cm no~o conHncmtc, bastitria pensar na miséria em que j srt CubA. O sociaUsmo, afastando-se. dn ver• dadeira ordem, que é a ordem 'tristii, s6 produz o caos, a mi.sériaº .

MANIFESTO DA TFP CHILENA SOB O T ITUtO de '' A TFI' espera no íul m'o Jo Chile". 11 Sociedade Chilena de Deresa da Tradição, Família e ·P ro i,riedadc deu :1 lume, cm San1ffigo. comunic~1dv do seguinte tc::or:

··A Sociedade Chilena de Defcs1, dn Tr;.,di('ão, Família e Propriedade, nes te momento histórico, dtseja tornAr público seu caloroso júbilo peta atitude das For. ÇllS Arm11das, por terem libertado nosça Pátria da opres.,çâo marxista. Foi esta uma atitude pafriótfoa que ("f.lrtts-1,ondeu :is 11Spir3('Õcs do povo clti• tcno, o qual já não mais ~mportavn a finmiá ·cxcrcidR por Políticos fanafizRdos por uma falsa ideologia, que haviam conduzido o País ao extremo da des ordem. A T FP faz votos de que :1 Oivlnll

Ptovidência ajude o novo Covuno a remediar os gmudcs erros do rcfor-mlt · mo sócio-econômico de lns]>irnção mnr· xista. O e modo que o Chllc, vivificado novamente pelos prlnclpios dA ('hilíza\i\o cristã, 1>0.ssn escapar do abismo de miséría cm que notoriamente ~ cnron. tram Cubtl e os demais pafses sadalisfas de outros continentes. Que No~ Senhora do Cnnno, Rainha e Padi-oei.ra do Chile, e .Ceneralí.ssima das Forças Armadas, obfenba para nos sas novas Auforidádes e pâra a opinião públlca do Pat~ as luzes e a fim1eza de resolução que as grandes circunsti.nciM e,cigem . Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, F:uní_lia e Propriedade''·

TAMBÉM NA ARGENTINA POR SUA VEZ, assim se manifestou a TFP ·:,rgcnrina . em darn de 14 de ~ctembro: "A Sociedade Argentina de Defesa d:\ Traditão, Família e P'ropriedade r ego,::i. ja.se com a queda da tirania mar.xist:1 no Chile. O movimento das Forças Anuadns que u derrubou não fez· mais que inter1>re• far o senthncnto da irncnsá maiorin do 11ovo chileno, recondU'T.indo a natiio irm;i às via~ da clvilizasâo ('ffitã, das qunis ~ socialismo a bavía afaSiúdo.

A TFP

re,

todo o poss$vel no sentido

. de mobili7.ar a opinião pública argentina 1>ara qut pre.$.1asse ap-0io moral

àqueles que, no Chile, iam reagindo con• tra a tirania 1Uarxista. Em 1967, pro• moveu várias edições do livro º Frei, o Kirensky Chileno", escrito por Fjbfo Vidígal Xavier da Silveira; em 1970, eS· h1 Sodedade difundiu la.rgamente s eu manifesto inti1ulndo "Toda a verdade sobre a.ç eleições no Chile"; em 1971, protc-sn>u publicamente contra a recep .. ção proporcionada ~to General Lanus. s e a AlleRde em Salta, a qual inaugurou ~l política de "de.rrubada das barreiras ideol6gkas" que tanto favoreceu o marxismo andino; em 1972 e 1973, através da revis1a "Tr9dición, Familia, Propicdad1' e outrOs m eios, informou o público argentino sobre o papel vergonhoso que

Clero progre&ÇL~ta chileno, cncabeçndo pelo Cardeal S Iiva Hcnríque--z.. na numutcnçiio do regitnc socialista. Por tStts antcctdentcs. e pOr todas as razões de princípio que u hivam a ser radlc.·ahntnte opQSta ao comunismo, a

cttbiu

110

TFP sente« partkutannent• jubilosa em poder aplaudir a nação chilena nes• ta ocaslfio. O que ~~ passou no Chile não se clrcunscrtvt ao i mbUo dt ~u território. Tem tâo ulta s:Ignlfieatão, que transecn· de os Andes e r«!pe1•eute nos atuai~ problemas at1:cntlnos. Uma prova disso a tsti\o dando à quase totalidade dos polítiCós nrgenHnos, os quais, mostrando uma vez mStiS quií.o alheios cs1Mo dos verdadeiros s<?ntimen· tos de nosso Povo - cat61i<:o e antico· munlsta em sua lmensa maioria - lamentaram a q·ueda dt Al.lende. t necessirio não perder de vista o efeito nocivo qut teve o governo de AI~ tende sobre a naçi:'io irmã; provém es.~e efeito, c.sse.ndalmente, da lnsplrn~ão e da lóJ;tica que movia esse govemo, e das metas que se propunha, i~to i, M chamadas urcfonna.lJ dt base" ou mudança socialista dAS t'utruturas''. Ã medida que o referido governo se foi aproxlman. do dn consecução de tais metas, nessa mesma medida foi produz.indo m ~ ria e desordem. lsto é o que, por outra parte, vi-se wm uma clare)..a nrdadeiramente drn· ,mhica nos países cm que, às ve.u s ao cabo de multo tempo, as rncsnw mda.s sociali~1as .foram alcn.oç-ada... E.~ cs paíb"CS chegaram atualmente ao auge da mi~ rla. Ta.l é o caso notório de Cuba e de todas as na~es de nlém ('Ortina de ferro. As enormes compras de trigo cfe~ 1unda1; pela R6s~ia nos Estad os Unidos constituem uma confissão de sua miséria. O que é matS doloroso t. que o governo soviético e~1á revendendo iJnpor1nntcs parfida.,; desse m esmo trlJ;:O a outros paí• ses, como a Itália, com o que tira o pão da boca do povo russo a fim de aptr• feiçoar seu próprio rcg,imc polftko e o s istema de agres:t;.ii.o -contra o Ocidente. Vemos assim que o c:omunhmo niio só engendra miséria, mns também despre. 7.J\ n mls ~rla daqueles a quem $tbjuga. EJ;ta é a n1eta rumo 1) quul caminha. va o governo de Allende, a mesma a que condu1.em, com maior ou menor velocidade, tod05 os regimes soe.ia.listas-. T)o na medida em que estes s e aproximam dola, n mi.sé.rh, e a dcsgntça. são a sorte de seus povos. Os polític-os: a.rgtnfinos, e as esquc.rdas tnt geral, que se rolkloriuram com Allende, fingem ignorar n miséria em que ja1,la o povo chileno . Uns apelam panl a legalidade eonstitudonal, outros par:. a solidariedade Internacional na revoluçiio marxista. Assim nglndo, mostram que, na rea1ldadc 1 pouco lhes importam a verda-dc e o bem do povo irm.âo, mas que apenas pnxuram satlsfa1..cr ~u ódio :\ civilização cristã. Esta é :1 • gr.-nde lição que o tleitorado argentino deve tirar destes acontecimentos. Estas sffo as conslderações: que a 1'FP dirige ao públieo e que têm neste momento o cadter de um apelo cm vis• fa das pr6ximas clcl(Ões, para que se tenha primordialmcnfe cm confa a preo• cup-.-çio de afMf.ar a Argentina de dCS· tinos análogos aos que o Chile acaba de ttpudiar. Que NO$a Senhora de Luján, Rainha da Argenfina. nssim nô•lo con~da. 8 utnos Aires, 14 de setembro de 1973. / Sociedade Argcntinn de Defesa da Tr.1dição, Família e Propriedade. C~me Becc1-1r Varcht Hijo, Presidente / Cnrlos Federrco l bal'Rllttn HIJo, Vi«Prt s idente / José Antonio l'ost Torres. Alfonso Bcccar Varela, Carlos Alberto Díaz Véle.7,, Vogais; / Jorge María Stor• td, Scc·rtt:lrio de 1.mprensa''·

A m<1g11u11hnidmlc-. que .'i<' clu1111u tüml,bn grmulezu ,lc alma. 011 11Q· breza ,lt• ,·aráter. é ""'" ,fü·po.,içiio 11ubr<1 e gfmtr o:u, 1wru t·mpreemkr t·Qi.w,s grum/e:,- pqr Deus e pi!lo pr6ximo. Difere ,la <m1biçüo, que é. pelo ,·0111rúriQ, esse,u:ialmenu é'gó1.uu e procur" dev,,r-sc acima tios olllrôl• pela <lttlorüladt. ou pelos ltonrt,s: o desil,tcres.f c i o c<irtÍler ,lis1imivo ,ltt mll9na11imidade. o qual pretende pr e:'1ar serviço aos ()11/ros. Supúe, por c:onse1:ui11te, tum, ,,lma nobre. com um idc,,I elevml u e idéit,s f(enerosas: uma alnw corajO.f<1, qu,• sabe pôr a sua vida em harmonia com d.f suuJ' com 1icções. Manife.rta-se não somente por sentim cllfos nobres, stnão tambh n por m)bres ll{'cie:r. e t•m todus as ordens: 11a ordem militar, por ações brilhantes: na or<h-m chiict1, por grmules r e/ Ormlls ou irtuulc.r empresas industriais, . comrrt"iui.f, ,~te.: ,u, ordt:m J'Obrcmau ral, J)Or um idtt1I tlevado dr p<•r/t'içiiu, que inc<·s.ta11t('11um1,: pr tX·11r(mws nu1li1.c,r, /X)r es/l>rs:os generosos pt1rt1 um· vcm,;ermos ~ sobrepuj(Jrmo.,· a 11âs m esmo:r. pt,ril t1tlq11irirmos ,,irtudcs s6/i das., praticarmos o t1pO.'itol,ulti em todas as s,w s formt,s. fmrd,mdo e clirl,:indo obrt1.'> 1/e 1.~lo; - tudo isto, sc-m tt•mor til' comprometer u /atcl/tlit, u saúde, " rcpuu,çiio. u prúpritr ,•idll , O de/~ito OJHJ.,·10 ; 11 p us;Jtmimhhlde que, 11or temor e.w:essfro ,h• um r ,•vls. lwJit11 1;• Jll.·11 "" ilrllçiiu. Para c,·itt11· silut1ÇÕt:S tlest1grt1dávei.r, comete-.\·(· em ret,Utfocle " nwior <las inépâus, que é mio /ttz.er 11ada ou quase 11!1,fo. Je11t111do ,u:tim w m, vida inlÍtil. É t>,1ideme que ,,ate 11wis e.t'p<>r-,se Q alç 11mQs ptque,ws l,umill,açõt-s ,lo que fi<:,,r na inaçâó. 0

•• • Qm•m tt'm t1lmo J10b1·<' t coruç,ilJ grcuule, pratka a magni/icc'°i11cit1, qut. kw, " t•mprcemler obras 1:nm,liosas e, por ;,,·so mesmo. " fc,1.er Jtrtmdes ,lespe.Ms, q11~ eJ·sm· obras exi1ttm. À.t ver.,,,,. f Q orpu/110 ou wnbiçlfv que b1s11ira e.,·sw1 obr"s, e 111:S:f t' Cll.r o mio é ,·irtmlr. Mm.·, qmmdo pretendemo.\· H gl6rfr1 de Deus ou. (J btm dos nossos semtllumte.t, :robrCll(1t11rali1.11mos es.r,• ,lesejo naturt,I das gr11111lc1.as. e, em ,·(•t ,/e~ cc111Ulllit.t1rmas co11std11temcme ,u nossos luu•ercs. dt.\'fJc11cltmO:,fitlalR<m1 e111e " dinltt-lrtJ t•m grandes r 11(Jbre.t ~mpresas. ,,bra.f dt urtr, UW· 11umt11tos ptÍb/i<'t>s. c.·1ms11·uÇii(·s dt' i>:rc•jàs, ltospiu,i~·. escolaJ.' <º w,ii•('r,'ifrladts, 11umc, """"''"· mdo qmmw fm•,,rece o bem ptíbli,·o: I e11t,io uma ,•irtmlc. qttl! 11m· /t1t 1ri1m/or do upt!RO 11,1111ml tUnlu!i"ro <' do t!c.-:t!jQ d e aumcutar o:r remlimrll/lJJ· r... J. 0:r t/(!/t itot qpo.rrn.r ,\·ão ,, mesqui11l,ez. e a profusão. A mesquinl,et. QU miséria tt·m ·c, os flrro11qut.s do t·oraçiio, 1úio $(1be proporcio11ar as despesas à i mportância <la obra que ·.f(! há ele- f m pr("e,uh•r. e se alguma coisa /t11., ; semprc• pequrnt1 e• t1twtf,acla. A profus,io. pelo cc111rdri(), bnpelt-tlôs ,, fc,1.<•t de,Tf't'S<,,"f c.rce.t..rfras. " prodiialhm· ,li11helro sem co11ta, sem propo,·ç,1o com a obru l mpreendido, itulo Mi /WI' ''ttrs além ,los próprios recursos. Cha11uM:e u,mbhn prôtli,:a/;dcule. • 12 <i pnulê11cit1 que t..·ómpc•tc consenor o mefr, termo emre estes doi.,· ,~.rce,t.ros. - fº'Cornpêndio de Teologia Ascética e Mística". tradução do 110.r

"º

1

Rev. P. Dr. João Fcrrêira Fontes. Livraria Apostolado da Imprensa. Porto, 6 ." edição. 1961. pp. 5) 3-515).

AD. TANQUEREY

TFP REÚNE o .PERÁRIOS DE

CINCO ESTADOS PARA ESTUDAR a aç5o antk-Qn,u11is1a nos meios opctá.rios, rcunirnm-sc cm S:io Pa\110 nos dias 7, 8 e 9 de se1cmbro os delegados dos Núcleos de operários Militantes da Tradição. Fa_m ília e Propriedade dos Estados de São Paulo. Guan:tbara, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. O certame leve lugar na Sede Dis1rirnl da TFí> no ba irro da Saúde. e. constou de c.onfc~ncias. círculos de estudos e deba tes, havendo ainda a projeção de filme.\ e audiovisuais, bem como a visi1a ~, oulras sedes da entid3de. Num ambiente de seriedade e entusiasmo. os congressistas debatcr:'lm intensamente os temas tratados e fixaram metas para :~ atuação nos respectivos ambientes. No final do encontro, os militantes operários foram recebidos na Sede do Conselho Nacional da TFP pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Esteve presente o Exmo. Sr. Bisp0 de Campos, D. A ntonio de C1stro Mayer.


01RE1'0 R: MONS, A NTO NIO R IDE( RO DO ROSAIUO

M UM PAIS da América Latina foi feita ur.na experiência, válida para todos os países e que, por isso mesmo, atraiu a atenção do mundo inteiro. Foi a "experiência chilena", célebre precisamente por seu caráter de experiência. Ela consistiu na aplicação de um regime em que, cada vez mais, a propriedade privada ia sendo abolida. E natural que se- pergunte agora, finda a experiência: quais foram os resultados dessa aplicação? Em nossa época, a paixonada pelas experiências científicas, quando a observação imparcial e sistemática do caso concreto oc upa um tal papel na forJ11ação das convicçõc-s, é fascinante filmar cm câmara lenta a "experiência chilena" e fixar para o presente e para o futuro alguns de seus aspectos mais significativos. A grande imprensa trouxe uma quantidadeimensa de dados a respeito, mas infelizmente esses dados nem sempre eram próprios para se poder formar uma opinião definitiva; ademais, as notícias não fo ram sempre apresentadas de forma concatenada, de modo a delinear um quadro que pe-rmitisse emitir um juízo sobre a famosa "experiência". Por essa razão, "CatoliciSJ!lO". ºTradició n, Familia, Propicdad" e "Fidccia", junto com os órgãos das outras TFPs e entidades congêneres de toda a América (ver a relação cm outro local desta edição), resolveram constituir uma equipe para reunir e ordenar o maior número de- informações, formando um quadro de conjunto da "via chilena". Essa equipe, chefiada pelo Sr. Cosme Beccar Varela Hijo, Presidente- da TFP argentina, foi integrada pelos Srs. Ernesto P. Burini, Diretor da mesma Sociedade, Luis Montes Bezanilla e Andrés Lecaros Concha, Diretore·s da TFP chilena, e Fernando Furquim de Almeida Filho, Chefe do Laboratório Fotográfico da TFP brasile ira. Eles estiveram no Chile durante quinze dias no mês de setembro, realizando pesquisas em Santiago, cm Valparaíso e no Sul, e e ntrevistando' pessoas de todas as categorias, desde professores, profissionais liberais, especialistas e técnicos, a té gente do povo escolhida ao acaso. Consultaram ainda o opulento arquivo da Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. As entrevistas foram todas gravadas, e teremos prazer cm colocar as fitas magnéticas à disposição de quem as quiser verificar. , Aqui está, pois, a visão panorâmica da "experiência chilena" que as TFPs, através das páginas de "Catolicismo", oferecem à meditação do público brasileiro e latino-americano.

O Cardeal Raul Silva Henríquez, Arcebispo d e Santiago e Primaz do Chile, felicita cordialmente Allende depois da pc·,se deste. Sem o apo io do Clero o governo marxista não se teria instalado, nem durado tanto. - As filas intermináveis foram um pesadelo para os chilenos. Muitas delas se formavam de véspera e as pessoas levavam cadeiras e caixotes para sentar, e até cobertores para enfrentar o frio da noite.

''Catolicismo'' e as Tf Ps das Américas apresentam

e

reflexão do grande público

O PANORA MA DE INJUSTIÇA, MISÉRIA E .S ANGUE DA ''EXPERIÊNCIA CHILENA'' 2

Marx, com seu so·cial.ismo, fechou para a huoianidadc a era da fome ou abriu para a humanidade a era da • , - ? m,sen a. O S(JCialismo, t1/astando-sc da vtrdadcir11 ordem - que i a ordem cristã - produt o caos, a miséria e a violi 11cia. Elimi11a11do a propriedade privado, o socialismo substitui o patrão pt lo Estado. E o pior dos patr<its I o Esra,lo. O Estado. porque mau ,,atrtio, é mau produtor. A reforma agrária socialista e con/iscat6ria, de..restimulmrdo as esperanças dos mtllrores trabalhadores tle ascendertm d condição de propriet6rios, úCOrretou a subprodução e. portanto. a miséria nas cidades e nos campos. A r<~forma socialisu, e co11/isco16ria da i111liís11ia e do campo. prejudicou gravemeflle os trabalhadores chile11os. /11trodu1.ido em um campo · da atividade Jrumana, o totaUtarismo terrde a atingir todos os outros. Assim, 11tces1ariamtnte, o tolalitarismo económico traz o totalitarismo educacio11al1 o 10/iu,rismq in/ormatfro traz o totalitarism o polltico-policial. O i11ttrve11c io11ismo esw 1at 110 com i rcio: mais um fator de e.f· casse:, e de fome. O i11ten·c11ciorrismo estatal na indústria Jt•1,·ou o Chile ao colapso ,la produção. Faltou peixe parque Allcnd,: entregou o abastecimento aos russos. A qualidade dos ,·inlto.f andinos, para consumo nocional e ex1>ortoçiio, ,Jecaiu com a rt.forma agr&ria. O socitllismo acarretou aumt 11to ,la morMlidade i11fanlil. A ''\•ia cltilcna''. p,11ábol,, de um comÍmismo com rou1>agcm

"Cardeal era visto com f~qüência ao lado de Allende''. Entrevista com o Revmo. Pe. Raymundo Arancibia.

Socialismo confiscatório destrói a lavoura chilena. En- 13 trevista com o Dr. Jorge Barahona Urlúa, líder pc- · cuarista. Fala um especialista que Allende consultou. Entrevista com o Dr. Fernando Mêinckeberg Barros, nutricionista e pediatra.

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"Quem não tinha car1ão não podia comprar nada". Entrevista com . Bianca Cuevas Andreu, empregada doméstica.

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O povo narra o q ue foi s ua penwia e sua angústia. Entrevista com populares nas ruas de Santiago.

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Estatização da indústria: caos e colapso da p rodução. Entrevista com o Eng.° Fernando Agüero, gerente geral da Sociedade de Fomento Fabril.

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A falta d e garantias legais n o Chil.e de A!Je.n de. Entrevista com o Dr. José Ma ría Eyzaguirrc, advogado em Santiago.

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Perseguição so-cialisto às empresas comerciais particu!are.~. E ntrevista com o comerciante Eduardo Garín Cca, implantmulo 11 011ipotl 11cia eco116mica do Estado, elimina virtut1lme11te a libtrd11de de expre,são. As libtrda~ secretário geral da Confederação do Comércio Varejista des políticas 110 CM/e dt A/lcmle eram npari.ncias <.'ada vez e da Pequena Indústria.

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u,-

"º"º· O socialismo,

N.º 2 74/276 • ANO XXIII OUTUBRO/DEZEMBRO 1973

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mais pobres dt contc,ído real. O l111liciárfo cl,ile110 ficou impotenft velo não cumprimefllO de suas ,Jecisõt~· pelo Erecu1i~10. Um governo marxista ntmca renuncia 110 emprego da ,,iolên• eia para atiri1tir seu.r objetivos. U 11) marxista 11unca crrtrega vohmtariomente o poder. Sem a coJal,oraçtio tio Citro, o comunismo não se teri(I impla111ado JU) Chile, nem se tuia nwntiJo nele por tantQ tempQ. O marxismo não co11stgm'u pcr.m adir as mas.ra.s chilenas. A rr,,çllo comra o re,:_im e de A llcndt ,ulo começou pcfos elites ,lirigemes, mas pela., camadas popularu, conc/111,idas pé'los .reus lidern r,aturais.

"Salmos à rua com as panelas vazias". Entrevista com a Sra. Adriana de la Barra de Fêister, líder de manifestações femininas contra o regime de Allende.

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Os "camioncros" acenderam a chispa salvadora. Entrevista com proprietários de caminhão.

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Derrocada rural sob o regime de Allende. Entrevista com o Sr. Rodrigo Mujica, profe-ssor de Economia Agrária na Universidade Católica de Santiago.

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Edição de 24 páginas: CrS 5,00


A ''experiência chilena'' analisada em todos os seus aspectos, em um extraordinário lança1nento jornalístico de ,,.

''Catolicismo'' e dos orgaos das TFPs americanas

Marx, com seu socialismo,

fechou para a humanidade a era da fome ou abriu para a humanidade a era da miséria?

O

QUE :É isto, Mamãe? Em uma casa de determinado bairro de Santiago, duas crianças de três e quatro anos fizeram essa pergunta à mãe, quando esta lhes servia - pela primeira vez em vários meses - um prato que incluía alguns pedaços de carne. As crianças se reéusavam a comer o estranho alimento que, cm sua tenra memória, não recordavam haver comido jamais ...

carregado da seção já estavam acostumados com esses acidentes, freqüentes nos últimos tempos; eles sabiam qual era a sua causa: desnutrição, pela crescente dificuldade cm conseguir alimentos. O Sr. N. . . resolveu então mandar preparar diariamente um almoço, que seria servido aos operários no local de trabalho, em lugar da marmita que eles costumavam trazer de casa. Daí por diante os desmaios cessaram.

• • •

* • *

O rorno da fundição estava aceso fazia apenas duas horas na pequena fábrica do Sr. N . .. , instalada nas proximidades da estatizada empresa textil SUMAR, no cinturão industrial de Santiago. De repente, um dos seis operários que ali trabalh\lvam caiu desmaiado junto ao forno. Os colegas vieram em seu auxílio, e pouco depois conseguiram reanimá-lo. O proprietário da fábrica e o en-

·O primeiro destes episódios ocorreu em fins de setembro, pouco depois do movimento das Forças Armadas e dos Carabineiros do Chile que derrubou o regime do Presidente marxista Salvador Allende. O segundo . deu-se nos últimos meses desse governo que, durante três anos, fez todo o povo chileno viver numa espécie de pesadelo espantoso.

Um importante setor da imprensa internacional procurou apresentar o histórico ataque contra o Palácio de La Moneda como um ato de agressão de militares arrogantes, instigados por oligarcas e capitalistas ansiosos por oprimir o povo. Ao mesmo tempo, . esses jornais procuraram - e ainda procuram - apresentar a imagem de Allende como a de um herói tombado na defesa do povo chileno. A atuação dos militares provocou um mal-estar na imprensa esquerdista de todos os niatizes, desde os órgãos progressistas até os jornais declaradamente mar-

xistas, passando pelos grandes periódicos

"sapos".

:e. que

o Chile tem sido nos últimos anos - e não só nestes três de governo comunista - uma espécie de parábola para o mundo inteiro. possível que os próprios chilenos não tenham inteira consciência disso, mas o fato de os acontecimentos de setembro figurarem com destaque na prim.eira página dos ,principais jornais do mundo, durante vários dias, é muito significativo: o mundo estava reahnente atento à parábola chilena.

e

Em que consistia a parábola chi'lena? Mas, perguntará algum leitor, parábola, mais concretamente, do que? De uma Revolução que vinha promovendo profundas mu·danças socialistas, hostis à pessoa hwnana e ao direito de propriedade privada, 111as que se proclaJnava gradual, evolutiva e respeitadora da liberdade. . . Esse processo revolucionário tomou força e assumiu um colorido dramático ao passar de democrata-cristão 2

com Eduardo Frei, a diretamente marxista com a ascensão de Allende em 1970, ocorrida em virtude de manobras psicopolíticas nas quais o comunismo é mestre. A opinião pública chilena, entre desconcertada e temerosa, entrava no pesadelo, procurando não encarar inteiramente e desde o começo a negra perspectiva que tinha pela frente. O mundo observava atento. Certos jornais ita-

lianos, por exemplo, puseram-se a falar freqüentemente da via chilena para o socialis1110, e o Partido Comunista peninsular chegava a insinuar que um regime de tipo andino poderia ser a solução política ideal para a I tália. rgualmente o Secretário-Geral dó PC francês, Georges Marchais, deixava entender o mesmo para se!] país, na propaganda para as eleições parlamentares de março.

O impasse da seita que não . consegue persuadir Até então o comunismo· não conseguira dominar os povos senão pela revolução violenta, pela traição, ou pela guerra, sem conquistar o coração das multidões. E o Estado comunista, apesar de seu imenso poder, encontrava dificuldades cada vez maiores para reprimir o descontentamento e a rebelião das populações subjugadas, como o testemunham a Hungria de 1956, a Checoslováquia de 1968, e a Polônia de 1970, para citar apenas os episódios mais marcantes de um mal-estar generalizado. Por outro lado, o marxismo não conseguira, durante anos de intensa propaganda, e contando muitas vezes com ampla liberdade de ação, vencer uma eleição livre, e - menos ainda transformar-se em maioria efetiva em algum país do mundo. O operariado ocidental continuava a resistir à pregação marxista. Esse impasse da seita vermelha está, aliás, magistralmente descrito ,pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no livro "Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo" (publicado em "Ca.tolicismo", n.0 178-179, de outubro-novembro de 1965).

Necessidade de uma saída O comunismo necessitava imperiosamente provar, em sua luta pela conquista da opinião pública mundial, que não era apenas· uma força violenta que domina pela imposição brutal, mas uma doutrina conforme à vontade dos povos, capaz de persuadir e de

conquistar estavelmente as mentalidades em um país livre ... E neste fundo de quadro que a "parábola chilena" toma a sua significação decisiva e transpõe os limites de nosso continente. Qual foi, então, o resultado dessa experiência? E o que veremos ao longo desta reportagem.

Clero esquerdista, peça-mestra da "Revolução na liberdade" Parece-nos oportuno, antes de responder a essa pergunta, deter brevemente a atenção sobre um aspecto que consideramos fundamental para interpretar adequadamente o processo de esquerdização do Chile. O que ali se passou nos últimos nove anos - isto é, durante os governos de Eduardo F rei e Salvador Allende - é em parte o fruto de um trabalho ideológico intenso do comunismo, desenvolvido durante vários lustros. Esse trabalho, contudo, não teria alcançado o êxito que alcançou se não fosse uni fator de capital importância, sobretudo para uni país em que mais de 80 por cento da população se· confessa católica: a atuação do Clero progressista.

Centro Belarmino,

DESAL, «Mensaje» Para não ir mais longe, recordemos apenas o imenso trabalho de baldeação ideológica realizado pelo influente Centro Belarmino, dos Padres Jesuítas, onde se destacou o famoso Pe. Roger Veckemans, inspirador do Centro para o Desenvolvimento Econômico e Social da América Latina (DESAL) . Foi tarnbém grande o papel da revista "Mcnsaje", igualmente dos Jesuítas. Toda a fermentação revolucionária promovida por esse setor no seio da Igreja, da opinião católica e da Democracia-Cristã, foi brilhantemente descrita pelo saudoso Fabio Vidigal Xavier da Silveira cnt seu livro "Frei, o Kerensky Chileno", verdadeiro "bcst-sel-


ler", cuja leitura mais uma vez recomendamos (publicado em "Catolicismo",. n.0 19&-. 199, de junho-julho de 1967).

Altas figuras episcopais O Cardeal Raul Silva Henríquei: e outros Prelados - como os Bispos de T emuco, T alca, San Felipe e Puerto Montt - com todo o Clero que os segue, foram persuadindo a muitos católicos de que a oposição entre a Igreja e o marxismo jã não era tão categórica e tão irredutível como até então, e que - mais ainda - havia nascido uma nova era: a da colaboração na construção do socialismo, pela qual se chegaria a um mundo melhor, mais humano, mais fraterno e mais preocupado com o bem-estar dos pobres.

Os revolucionários da marcha rápida Enquaoto isso, grupos mais exaltados que existem em todo processo revolucionário - davam o exemplo de ativa· colaboração com o marxismo; como a chamada "Igreja Jovem" e - no plano político - a "esquerda cristã" e o MAPU, dissidências do PDC ( ou, mais tarde, durante o governo de Allende, o movimento "Cristãos para o Socialismo" e 01rtros congêneres).

Frei, o KeréHsky chileno T udo isto (ei: crescer enormemente o poder de esquerdização dos dirigentes da Democracia-Cristã, verdadeiro cavalo de Tróia do comunismo. Foi possível assim a Eduardo Frei - a quem Fabio Xavier da Silveira apelidou de "Kerensky chileno" - fazer a reforma da Constituição, anulando praticamente as garantias de que gozava o direito de propriedade. E, mais tarde - com a roupagem de justiça social - desenvolver todo um programa pré-socialista, hostil à pessoa humana e ao direito de propriedade, cuja viga mestra foi a reforma agrária socialista e confiscatória.

O Cardeal derruba uma barreira Mais tarde, em dezembro de 1969, cm plena campanha para as eleições presidenciais, o Cardeal Silva Henríquez prestaria um serviço ainda maior à causa comunista, ;10 declarar à imprensa que era lícito aos católicos votar em candidatos marxistas ("última Hora", de Santiago, de 24 de dezembro de 1969) . E m conseqüência, os deputados democratas-cristãos não sentiram a menor dificuldade em votar no marxista Salvador Allende, quando tiveran1 que escolher, na eleição pelo Congresso, entre ele e o candidato do Partido Nacional, Jorge Alessandri. Este úlJimo, por sua vez, encontrou pouca reação por parte dos católicos - que em grande número haviam votado nele - ao retirar sua candidatura, pedindo aos parlamentares da direita que não sufragassem seu nome. Sobre todo este assunto, aconselhamos a leitura do histórico manifesto que a TFP chilena publicou em fevereiro deste ano na :mprensa de Santiago e das províncias, e que transcrevemos em nossa edição de março., intitulado " A autodemolição da Igreja, fator da demolição do Chile" .

Para o Cardeal, é tarde demais . .. As recentes tomadas de posição do Cardeal Raul Silva Henríquez, que alguém quererá talvez inte.rpre1ar como manifestações de apoio à Junta Militar, chegaram tarde demais. De si ambíguas, suas declarações são insuficientes para fazer o povo chileno e a opinião pública mundial esquecerem o passado ainda recente. Pressionado pela nova situação, o Cardeal foi obrigado a adotar uma posição de maior

cautela em relação ao esquerdismo - embora a contragosto - sob pena de perder qualquer influência junto à grande maioria dos católicos.

Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - interpelou então a Frei, demonstrando a incompatibilidade daquela emenda constitucional com a doutrina social católica, bem como o enorme benefício que o governo democrata-cristão traria com isso à causa marxista.

Três elementos que não podem ser esquécidos Durante três anos o Chile sofreu um " tratamento intensivo" de socialismo, enquanto agentes manipuladores da opinião pública procu.ravam garantir a dif(cil sustentação da minoria marxista no governo. Esse tratamento apresenta três elementos fundamentais: - a l11ta de classes, rumo ao ig11alitaris1110

total; - a abolição da propriedade priv(l{la; - o estatismo, r11mo ao totalitarismo completo. A fixação perfeitamente clara destes três elementos é fundamental para um exame realmente objetivo dos resukados da "via chilena para o socialismo". Com efeito, muitas vezes, até a propagan-

da anticomunista incorre no erro de fixar a atenção exclusivamente nos aspectos de mera tirania ,política que todo regime marxista comporta, deixando em plano secundário as

bases s6cio-econômicas que constit11em a essência de se11 programa. O resultado é que, mais cedo ou mais tarde, aparece alguém a propor alguma nova modalidade de "Revolução na liberdade", ou seja, a aplicação de algum novo programa de refor·ma das estruturas, de tipo socializante, e que equivale a realizar por quotas o mesmo programa que o comunismo convencional quer implantár de uma só vez. :8 preciso, pois, verificar na prática o resultado obtido pelo governo marxista de Allende na medida exata em que aplicou os princípios sócio-econômicos acima referidos.

Um novo passo na socialização da agricultura Poucos meses depois, o Presidente Frei enviava ao Cong1"esso um projeto de reforma agrária de inspiração socialis.ta e confiscatória, que tornava efetivas as violações do direito de propriedade que a reforma constitucional lhe permitia. "Fiducia" ergueu novamente a voz; em um manifesto que recebeu mais de mil assinaturas de universitários de todo o país, mostrava a profunda nocividade moral, doutrinária e econômica desse projeto. Não obstante, a Democracia-Cristã conseguiu a sua aprovação, dando assim um novo ~SS-0 no rumo da socialização do Chile.

Allende: .. comunização agrária com a lei de Frei A maior parte do território chileno, como se sabe, é constituída por montanhas áridas, impróprias para os trabalhos agrícolas. Menos de 12% das terras são· cultiváveis. Porém essa parte, bem trabalhada, sempre foi suficiente para alimentar o povo chileno, e produzir um dos bons vinhos do mundo. Até l 963, importavam-se aproximadamente cem milhões de dólares cm g8neros alimentícios não produzidos no pais; mas exportava-se o décuplo de outros produtos, especialmente minerais. Os proprietários rurais realizaram por conta própria obras de irrigação que fertilizam 80% das terras atualmente aproveitadas na produção agrícola. Outros espalharam-se pelas frias regiões do sul e criaram milhões de cabeças de gado vacum e ovino. O Chile chegou a ser um país d.e produção vitivinícola, florestal e frutícola de qualidade reconhecida. A par disto, eram abundantes as colheitas de trigo, batatas e cercais, e havia-se também progredido na criação de suínos e aves de corte. Se cxistian1 abusos e injustiças no campo chileno, estavam estes longe de constituir a regra geral; ali a luta de classes não se havia convertido cm lei. Pelo contrário, ele apresentava incontáveis exemplos de luminosa harmonia entre as classes sociais. A conformidade do direito de propriedade com a lei natural e divina, constantemente ensinada pelo magistério tradicional da Igreja, era confirmada assim na prática por esses e muitos outros benefícios.

tigo IO da Conslituição, sancionando um novo texto que, na prática, implicava na abolição do direito de propriedade privada, enquanto direito natural anterior .a o Estado. Criaram-se assim as condições legais para a execução de um programa socialista e confiscatório no campo. A revista "Fiducia" - cujos redatores e propagandistas viriam a fundar mais tarde a

Utilizando todos os instrumentos legais que a Democracia-Cristã lhe legara, Salvador Allende procedeu à desarticulação dos restos da estrutura agrária que ainda estavam de pé. A lei de reforma agrária outorgava um poder discricionário aos organismos estatais para a aplicação de toda sorte de pretextos legais de desapropriação. Exemplo disso é

Desencadeia-se o processo agro.-reformista A fermentação revolucionária - proveniente, não dos trabalhadores rurais, mas de cenáculos burgueses e de católicos esquerdistas - conseguiu criar um clima de hostilidade contra os proprietários rurais. O pressuposto primário de que a mera divisão igualitária das terras faria com que elas produzissem mais e com que os problemas sociais do campo fossem solucionados, começou a tomar para alguns um certo caráter de legitimidade vestida de roupagem cristã. . Foi assin1 que em 1961 , em tempos de Jorge Alessandri, Presidente conservador, foi a provada uma primeira léi de reforma agrária, já de cunho socialista e confiscalório, em virtude da qual se iniciaram as expropriações rurais. Estava desencadeado o processo agro-reformista.

DC derruba a garantia constitucional da propriedade Pouco depois, em 1965, o Presidente democrata-cristão Eduardo Frei reformou o ar-

A decisiva colaboração do "esquerdismo cristão": o Cardeal-Arcebispo de Santiago, ao lado do Presidente marxista, prestigia uma concentração da Central única de Trabalhadores, controlada pelos comunistas. 3


o caso acontecido cm abril de l 973: o governo expropriou, a ,pretexto de evitar "exploração ineficie11te da terra", duas reservas ( restos de expropriações anteriores de uma gleba maior, que a lei ·p ermite ao proprietário atingido continuar a reter) , pe11encente uma ao Colégio de Engenheiros Agrônomos do Chile, e a outra administrada pelo Decano da Faculdade de Agronomia da Universidade Católica. Essas expropriações se realizaram apesar de o perito agrônomo consultado -pela Corporação da Reforma Agrária haver atribuído 960 pontos sobre mil ao nível de exploração de ambas as propriedades ("El Mercúrio", de 23 de abril de 1973) ...

Do confisco fraudulento ao assalto à mão armada Este processo parecia ainda um tanto lento à minoria marxista governante, pelo raio de o Poder Judiciário conservar relativa independência, o que dava lugar a alguns recursos dilatórios por parte dos proprietários injustamente atingidos. Assim, pareceu mais eficiente o famoso sistema das "tomas" (ocupações) de p ropriedades. Só em 1971 houve cerca de duas mil ocupações violentas de imóveis rurais' . nas quais atuaram agitadores mobilizados pelos organismos · estatais. Paralisada a produção por esse meio, o Poder Público nomeava interventores das propriedades os líderes dos agitadores. Com a aplicação tantas vezes arbitrária e fraudulenta da lei de reforma agrária e com esse sistema, Allende expropriou nos três anos de seu governo cinco milhões e seiscentos mil hectares cultivados, colocando assim 44%' das terras úteis em mãos do Estado ( cf. Conselho Nacional da Alimentação, relatório publicado na revista "El Campesino", de agosto de 1973).

Um só patrão e todos proletários Os camponeses que trabalhavam nessas terras não recebiam o título de propriedade delas. Passavam a ser meros assalariados da CORA (CorP?ração de Reforma Agrária), o que produziu neles como reflexo psicológico a deliberação de cultiv.a r apenas o necessário para seu próprio consumo, ou menos ainda. _Para abolir completamente a prop;iedade privada no campo, o governo marxista cons-

QUEM PROMOVEU A PRFSENTE REPORTAGEM - Participaram deste

ésforço jornalís1ico, e divulgarão a matéria em seus respectivos países, os seguintes jornais e revistas difundidos pelas TFPs e entidades congêneres das Américas: "Catolicismo'°' Campos - Brasil "Covadonga" Caracas - Venezuela

tituiu ?S "Centros de Reforma Agrária", nome chileno das granjas coletivas ou fazendas estatais. Quem levava a cabo essa ta(efa era o Ministro da Agricultura Jacques Chonchol, homem da destra de Frei em sua política agrária, e que havia sido um dos autores da reforma agrária de Fidel ·Castro.

Socialismo agrário produz seu efeito: escassez e miséria Os proprietários que ainda não tinham sofrido expropriação estavam cercados pelo aparelhamento de pressão governamental e não se consideravam garantidos em seus direitos, ~em -pela legislação, nem pelo governo. Assim, nenhum deles se atrevia a arriscar seu capital em campos perpetuamente ameaçados. Os agricultores das Províncias de Osorno e Valdivia, para citar um exemplo, reunidos em assembléia durante o mês de janeiro deste ano; denunciaram o clima de ;nsegurança em que vivia o campo e o completo abandono em que se achavam os três milhões de hectares de terras estatizadas. Esta é uma das causas da impressionante queda da produção agropecuária do país. Na mesma assembléia, foram apresentados os seguintes dados sobre essa baixa da produção: • trigo - minguou de 47% de 1971 a 1972, e estima-se que a colheita do ano em curso será 73% menor que a de 71. As necessidades do país são - segundo os agricultore.s - de 17 milhões de quintais (um milhão e vinte mil toneladas) para a alimentação, e de 3 milhões de quintais ( 180 mil toneladas) para s~mear. A colheita prevista para este ano é de três milhões e meio de quintais (210 mil toneladas) ... • arroz - a produção de 1970 foi de 780 mil quintais (46.800 toneladas), e a de 1972, de apenas 470 mil (28.200 toneladas); • carne - a produção de carne de aves em 1970 foi de 55 mil toneladas, em 1972 foi de apenas 35 mil; carne suína, 73 mil toneladas em 1970, 48 mil ·em 1972; carne de vaca, 130 mil toneladas em 1970, 62 mil em 1972.

Os vinhos, outrora afamados ... Assim, é desolador o panorama da agricultura e da -pecuária andina depois da reforma agrária socialista e confiscatória. Seria longo enumerar outros aspectos da crise, como, por exem!io, o relativo ao vinho. Este nobre produto da terra chilena, fruto de séculos de ensaios e de paciente melhoria da qualidade, foi uma das vítimas d'a barbárie socialista. A qualidade dos vinhos decaiu até tornár-se inferior aos vinhos ordinários, e diz-se que para voltar aos níveis de qualidade que lhes deram fama serão necessárias algumas dezenas de anos.

Crescimento vertiginoso da importação de alimentos

"Crusade for a Christian CivillZRllon" Nova York - EStados Unidos

As conseqüências no setor da alimentação fizeram-se sentir desde logo. A importação de gêneros alimentícios foi num crescendo:

"Cru:r.ada" Medellín -

- até 1969: 100 milhões de dólares ( média ~nua!);

Colômbia

"Fiducia"

Santiago -

Chile

"Lepantoº ·

Mon1evideo -

Urug,iai

"Reconquista" Quilo - Equador "'fradición y Acdón" Lima - Peru

"Tradiclón, Famllla, Propl<dad" Buenos Aires - Argentina

1970: 170 milhões de dólares; - 1972: 500 mi.lhões de dólares; - 1973: 700 milhões de dólares (total estimado). Essa estimativa para 1973 representa aproximadamente 70o/o das exportações previstas para este ano (fontes: relatório citado do Conselho Nacional da Alimentação e "Informe de Coyuntura'' da Sociedade de Fomento Fabril, n. 0 4, de julho de 1973).

Preços confiscatórios e monopólio estatal 1:. preciso acrescentar que, junto com a expropriação maciça das propriedades através da reforma agrária, o governo fixou preços confiscatórios para os produtos do campo

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e criou monopólios estatais para a sua comercialização.

O governo «se burla de nosotros» O desestímulo à iniciativa particular tornou-se, desse modo, completo. Em tais condições, nem mesmo os camponeses estabelecidos nos "asentamientos" resultantes da reforma agrária tinham interesse em produzir. Foi assim que a Confederação Nacional de "Asentamientos" e Cooperativas da Réforma Agrária, constituída por camponeses que se haviam "beneficiado" da espoliação feita pelo governo, resolveram, em janeiro deste ano, não participar da assembléia plenária nacional de federações camponesas, afirmando que o governo zombava dos camponeses é não os deixava trabalhar. Esses camponeses haviam pedido que se fixasse o preço oficial do trigo em 833,55 escudos por quintal, uma vez que o custo da produção era de 757,58 escudos; mas o governo estabeleceu o preço de apenas 250 escudos ( cf. "El Mercúrio", de 19 de janeiro de 1973)!

Camponeses contra reforma agrária socialista e confiscatória A resistência ao sinistro processo de des-

truição socialista dos campos chilenos manifestou-se de modo muito significativo e o mais hum.ilhante para o governo. Dentre as diversas categorias sociais que constituem o meio rural, foram precisamente camponeses e pequenos proprietários os mais enérgicos opositores da política agrária socialista e confiscatória do governo "popular" do marxista Allende. Não podemos deixar de referir aqui alguns exemplos dessa resistência heróica. Já em 197 l·, apesar das promessas de AItende e seus sequazes, os camponeses começaram a perceber para onde eram levados. Passaram então a fazer ouvir seu descontentamento, o qual não·fez senão aumentar até o dia 11 de setembro deste ano.

Defendem os patrões e combatem o Ministro Os camponeses da Fazenda EI Burro, de Frutillar, ante a iminente .d esapropriação do "fundo", enviaram uma carta ao Presidente, reclamando contra funcionários do governo e fazendo a defesa dos patrões. Diziam ter trabalhado na fazenda por mais de trinta anos e acrescentavam: "Fo11ws subindo aos poucos e atualmente te111os 1nuito bons salários, casas - alg11111as até de concreto armado - e regalias que não poderíamos ca11seguir 11e111 11,esmo trabalhando por nossa conta. O nosso pagamento nunca .ve atrasou 11111 dia sequer, e a proprietária, que vive na fazenda e trabalha há 11,ais de cinqüenta ,mas ombro a ombro com seus en1pregados, se111pre tem sido solícito em ajudar-nos nos momentos mais difíceis, como quando estamos doentes". Acrescentavam que viam as terras dos arredores afundar no caos a que conduz a reforma agrária ("El Mercúrio", de 11 de outubro de 1971 ). A medida que o processo agro-reformista continuava seu curso de injustiças, crescia entre os trabalhadores rurais o clamor pela demissão do antigo funcionário do governo de Frei, agora Ministro da Agricultura de. Allende, Jacques Chonchol. A indignação levou 400 mil camponeses de várias províncias a realizarem uma greve simultânea de protesto, em fins de 1971. Os manifestantes postaram-se junto à principal rodovia do país e bloquearam centenas de caminhos laterais. Efetuaram vibrantes manifestações em diversas cidades, levando cartazes de repúdio à reforma agrária. Por toda parte os manifestantes foram recebidos com grande entusiasmo pelas populações ("El Mercúrio", de 30 de dezembro de 1971 ).

O patrão lhes dá terras, o governo tira ... Outro caso característico ocorreu na fazenda Santa Rosa, em San Javier. Essa propriedade fora doada pelo fazendeiro a seus empregados, mas a CORA a exprÓpriou; isso indica bem como a intenção do socia-

l(smo não é apenas espoliar os "latifundiários", mas também eliminar todo resquício de propriedade particular. Os camponeses apo. deraram-se do imóvel e se entrincheiraram nele para defender seus direitos. Receberam a solidariedades dos pequenos agricultores da região ("EI Mercúrio", de 4 de agosto de 1972).

«Defender-nos-emos da espoliação, à custa de nossa vida» Em outubro de 1972, 360 mil camponeses paralisaram novamente suas atividades' . . em uma imponente manifestação de repúdio às medidas socialistas do governo. Eles se somava~ assim ao descontentamento geral que entao se alastrava pelo Chile inteiro. Era o prenúncio do que ocorreria um ano depois. Poderíamos estender-nos indefinidamente referindo inumeráveis casos do incontenível' mal-estar popular nos campos. Pedimos, entretanto, para finalizar, a atenção do leitor para as declarações do presidente do órgão de classe dos pequenos agricultor.:.s do Chile, ~!piano Villalobos, em um congresso reahzado no mês · de maio último : "O.r f/Cquenos agricultores do país defender-se-ão da espoliação até com a pr6pria vida. Não aceitarão 111ais atropelos, neni vexa,nes como os que se vêm registrando. e a nossa únfou fonte de trabalho e o pão de nossa familia o que deve111os defender". Villalol>os referiu-se ainda, em tom incisivo, às "tomas" praticadas pelos bandos esquerdistas e às expropriações: "Ninguém mais vai entrar nas propriedades dos peque11os e médios agricultores .do Chile. Neste sentido, assumimos as responsabilidades correspondentes, ainda que ,,ara cwnpri-lus devamos empe11har a vida. Prefiro arriscar a vida porque co111 isso estou ,tefende,ulo o que -é 111eu, de meus filhos e de minha família . .. Não vu1nos entregar, ta111pouco, nenhuma propriedade mais que seja expropriada" ("El Mercúrio", de 16 de maio de 1973). Ao defender suas propriedades, os pequenos agricultores não o faziam por interesse pessoal - o que seria, aliás, legítimo. Por detrás havia uma questão ideológica que se reflete nas seguintes palavras do mesmo Villalobos ao referir-se à política educacional de Allende: "Os agricultores não podemos peT1nanecer alheios n outras atividades que têm relação co111 o que é nosso, como, por exe111plo, a educação. Isso nos compete porgue afeta diretamente os nossos filhos, a que,n se pretende aplicar um ensino marxista [ ... ]. Nossos filhos saíram à rua para defender a liberdade de e,lucução. Foram agredidos e ta,nbém mortos - porque houve 111ortes - e n6s lhes temos dito pura não safre111 à rua porque correm perigo. Temos agido assim quando so,nos n6s os que devemos ir co,n eles para protegê-los dos valentões e crhn_inosos que os perseguiran, e os atacara,n" ("El Mercúrio", de 16 de maio de 1973).

Allende surdo à angústia popular Apesar das clamorosas manifestações de descontenta.meato e das dramáticas e com0vedoras cartas que lhe enviaram os camponeses, mostrando-lhe a catastrófica situação em que se encontravam, Salvador Allcnde continuou obstinadamente a trilhar sua senda socialista. O dogma igualitário e coletivista fez com que o Presidente marxista permanecesse surdo ao clamor popular que se elevava de todos os lados. Em lugar de ouvir esse clamor, retificar o tortuoso caminho empreendido e reconhecer o fracasso do sistema marxista, ele preferiu seguir até o fim a uvia chilena,,.

Socialismo confiscatório só trouxe a carestia e a fome Em resumo, o processo de reforma agrária socialista e confiscatória, que teve seus trágicos desdobramentos finais no governo de Alleode, levou o caos aos campos chilenos e destruiu a vitalidade da economia agropecuária. O aniquilamento do direito de propriedade e da iniciativa privada, a inter-


venção opressora dos poderes estatais, a agitação e o ódio, e, finalmente, a instauração da injustiça e do roubo como nor,mas legais não poderiam ter outro resultado. A medida que o processo se ia desenvolvendo, suas conseqüências não se fizeram esperar, afetando de mo<lo especial os gran-

des centros urbanos. Logo surgiu o fenômeno que, a im'prensa começou a chamar com o n·eologisrt,10 de "desab/lStecimento". Essa a palavra difícil com que se quis designar a crua realidade que, em bom vernáculo, se define maís claramente com os vocábulos

"escassez" e ºfome". •

MISÉRIA NAS, GRANDES CIDADES: O SUPLICIO D.,.'AS FlLÁS INTERMINÂVEIS , . Como um manto negro, a pobreza baixou sobre as cidades. Os gêneros alimentícios· essenciais e muitos outros produtos de uso doméstico con\eçaram a faltar terrivelmente. Concorreram tambén1 outros fatores, como a estatização do comércio atacadista, que nnalisaremos mais adiante, mas a causa mais

direta e principal da escassez foi a queda brutal da produção rural, Cr.uto da aplicação dos princípios confiscatórios do governo marxista, - o que foi reconhecido pela Câmara cios Deputados em uma moção aprovada no dia 22 de agosto de 1972 (ver o ponto 10, inciso uF'', da referida moção, em "EI Mercúrio", edição internacional extraordinária de setembro de 1973).

Faltava tudo Perguntando aqui e ali nas ruas de Santiago, nossos enviados especiais puderam fazer a lista de alguns dos produtos que mais escasseavam (alguns dos ··quais faltavam em absoluto): açúcar, leite, café; chá, azeite, farinha, pão, macarrão e massas em ·geral, arroz, legumes, carne de qualquer espécie,

peixe, refrescos, cerveja, etc . . . Esses alimentos indispensáveis deviam ser comprados - quando· apareciam no mercado mediante filas enormes.

Enfrentando o frio da noite Muitas vezes as filas formavan1-se desde a véspera. As pessoas, instalavam-se diante das casas comerciais ainda ·cm plena noite. Levavam colchões e cobertores quando fazia frio. Alguns chegavam com cadeiras ou caixotes para sentar ... As filas se est~ndiam às vezes por vários quarteirões. Era normal a espera de cinc;o a sete horas para comprar 1/8 de litro de azeite! As atribuladas mães de família mandavam as crianças ou os velhos que não eram indispensáveis nos trabalhos da casa, para fazerem as compras. Os que trabalhavam e não tinham ninguém da família que pudesse ficar na fila para comprar alimentos no horário ele serviço, passavam as maiores angústias.

3/ 4 de uma rês para centenas de fregueses Nos últimos dois meses já faltava o pão. As Cilas para comprá-lo começavam às três da manhã, se ben\ que as padarias abrissen, somente às nove, . , Isto produziu um verdadeiro desespero, porque a maioria dos eh ilenos, carentes dos demais gêneros alimentícios (a carne, por exemplo, era raríssima havia um ano) , rccorrimn ao pão para

matar a fome. Quando ele também começou a faltar, a situação tornou-se insustentável. Isto o recolheinos dos lábios de todos os chilenos, das mais diversas classes sociais, com quem conversamos. Muitos comerciantes varejistas fechavam suas portas por não terem o que vender, Os açougueiros padeciam muito, pois tinhan1 que atender a centenas de fregueses impacientes, mas dispunhant de apenas 3/4 de uma rês. Outras vezes recebiam para a venda carne ele péssima <1ualidade ou até putrefacta.

A violência irrompe .nas longas filas medida que a escassez se foi tornando mais aguda, começaram a multiplicar-se os incidentes dç violência - até então raros - nas longas filas de espera. Por exemplo, cm uma padaria da Avenida Vicuõa Mackenna, no dia 9 de setembro último, a fila de compradores, constituída na sua maior parte por moradores da Vila de E l Pinar, foi atacada por um grupo de ativistas da "Brigada Ramona Parra" do Partido Comunista. Os agressores marxistas vinham com paus, pedras, fundas e armas de fogo. Queriam dispersar os eonsmiiidores para compraren1 eles o pão, sem concorrência. Muitos dos compradores resistir;un, e um deles, ferido à bala, foi levado moribundo para wn hospital ("Tribuna", de 10 de setembro de I 973), Todos os chilenos guardarão uma triste lembrança dos tumultos que, especialmente nos últimos tempos, se produziam em torno dos estabelecimentos comerciais, fruto do desespero e angústia dos consmnidores que receavam voltar para casa de mãos vazias. E,n Santiago, como em todas as cidades chilenas, e,n todos os bairros das mais diversas classes sociais, o fenômeno das filas converteu-se num mal endê,nico e insolúvel : era o símbolo da ruína econômica e da fome que baixavam sobre a nação. Uma senhora de classe média dizia-nos, em frente ao Palácio de La Moneda, semidcstruído pelos bomba.releios do dia J l de setembro: "Perdíamos os dias fazendo filaJ'' . .. ,Um À

operário, pai de oito filhos, acrescentou: "Antes de amanhecer, mandava as crianças pc1ra a fila do ar111azém e da padaria. Elas perderam as aulas muitos dias por ficarem nas filas" , Três funcionários de uma empresa ele aviação, depois do golpe, exultavam de alegria porque "logo terminará o horror das filas".

Enquanto isso, o pescado se perdia A par da carne, faltavam também os produtos do ·mar, coisa extraordinária para um país como o Chile, que tem um litoral imenso. A explicação está no intervencionismo socialista, que cria toda espécie de entraves e descstímulos à produção. Allende entreganl o abastecimento das companhias pesqueiras chilenas estatizadas a gr~ndes barcos pesqueiros russos. Estes capturavam quinhentas toneladas de pescado em vinte dias, ao preço de JO centavos de dólar o quilo; os pequenos barcos chilenos pescavam a mesma quantidade em apenas sete di~s e a um preço muito menor, pagável cm escudos. Entretanto, ,o s pescadores chilenos encontravam toda espécie de restrições para vender sua produção nos terminais pesqueiros controlados pelo Estado. O resultado é que grande parte dessa produção se perdia sem chegar ao consumidor.

a taxa de -mortalidade infantil aumentou de 86 por m.il para 130 por mil durante a "experiência socialista" ("EI Mercúrio", edição internacional extraordinária de setembro de 1973), t

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Entra em cena o agitador

A REfiOR·MA . INOÜ-StRfÀL.' • ''1 · ,.• ..;t, ••

nacional 011 para o abastecimento da nação, 011 que atendam a serviços ptíblicos 011 de utilidade ptíblica, o Presidente da Reptíblica poderá decrewr o reinício das atividades co111 a intervenção das a11toridades civis ou militares, Nesses casos, os operários e de11wis empregados voltarão ao trabalho nas condições determinadas pelo informe da Junta Per,nanente de Conciliação, as quais não poderão ser inferiores às vigentes 110 início do conflito. O decreto de reinício das atividades não poderá ser fJro11111lgado se111 o informe prévio da Junta. E111 qualquer caso, o interventor procederá às gestões para a solução definitiva do co11flito", O governo marxista não precisava de nada mais para realizar sua obra destruidora. Usou esse dispositivo com freqüência, juntamente com um decreto-lei de 1930, que tem o mesmo sentido.

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Os governos anteriores a Allende já haviam estatizado aproximadamente 15% das empresas industriais do país, atingindo especialmente aquelas de alguqia importância. O Presidente marxista acelerou notavelmente esse processo: durante o seu governo, 40% das indústrias passaram para o Estado. O setor industrial ela chamada "área social" isto é, a área da economia em poder do Estado - passou, assim, a contar com 55% do total das unidades industriais do país,

Aproveitando os "resquícios legais"

O primeiro passo, pois, consistia em colocar a enlpresa visada em um 90s casos em que a legislação ~ornava possível a desapropriação. . · O processo utilizado foi o seguinte: quando uma empresa era marcada para ser estatizada, agitadores-operários que se encont!avam entre o seu pess~al, ou que eram trazidos de outras partes, provocavam um "conflito trabalhista", reclamando coisas impossíveis de -seren1 atendidas. Simultaneamente "ocupava,n" ,a fábrica e, às vezes, ,detinham o pessoal executivo, fechando as . portas e paralisando a produção.

A hora do interventor

Como se levou a cabo essa generalizada estatização? Foi aproveitando o que se chamou de "resquícios legais'' dos govcrt\OS anteriores. Estes "resquícios legais" eram dispositivos existentes em leis aprovadas por Presidentes liberais, visando objetivos alheios à estatização da economia, ou cm diplomas promulgados pelo governo esquerdista de Pedro Aguirrc Cerda ou democrata-cristão de Eduardo Frei, ambos de tendência obviamente sociali1.antc. Um dos "resquícios legais" mais utiliza.dos, ao que ,parece, foi um artigo da Lei de Segurança Interior do Estado, promulgada cm 6 de agosto de 1958, que visava assegurar a ordem e a defesa do país cm caso de guerra ou de subversão jnterna, O art 38 dessa lei estabelece: "E111 caso de para/ização de indrístrias vitais para a economia nacional, ou de empresas de transporte, produtoras ou elaborador/IS de artigos ou mercadorias essenciais para a defesa

- ..

Ficava assim criado, artificialmente, o caso de paralisação da indústria, previsto na letra do art. .38 da Lei de Segurança Interior. É evidente que essa indústria era considerada, para todos os efeitos, " vital" para o abastecimento da população ou de "utilidade ,pública". Em conseqüência, o Presidente, sem necessidade de recorrer ao Congresso, decretava a intervenção e designava como interventor um dos membros da coligação governarnentaL Este ficava com a plena e absoluta administração de todos os bens da empresa, a qual, -sen1 maiores formalidades, era incorporada à "área social" da produção, Com esse processo Allcnde apropriou-se de mais de trezentas grandes indústrias, ..

A fase da venda «voluntária» Em g~ral, vinha depois uma série de ma-

nobras e pressões sobre os proprietários, pal!"i

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Triste epílogo de uma medida demagógica Allendc havia prometido e,n sua campanha eleitoral a distribuição de meio litro de leite diário para cada criança chilena. Na euforia dos primeiros meses de governo, foi iniciada a distribuição em alguns setore.s, A medida foi contraproducente: em virtude das más condições de higiene em que era feita a distribuição, transformou-se em fotor de doenças para as crianças pobres.

Crianças imoladas ao mito socialista Por todos esses fatores que vimos apresentando, o nível de nutrição do povo em geral foi decaindo, o que teve gravíssimas conseqüências, especialmente para as crianças. Qualquer enfermidade infantil pode tornar-se fatal para crianças desnutridas. Assim,

~r'-!_stração para o governo marxista: camponeses repudiam a reforma agrária , Nao queremos ser escravos do Estado", "Não aceitamos nenhuma espéc,_e de desapropriação" e "Não queremos a CORA. Não" d izem os cartazes Junto à porteira fechada das fazendas. 5


ra forçá-los a vender "voluntariamente" suas empresas. Diziam-lhes que, se não quisessem vendê-las, elas ficariam indefinidamente sob intervenção, com o que eles não teriam nem o uso e gozo, nem indenização ou pagamento a lgum pelo patrimônio. A maioria dos proprietários resistiu a estas pressões.

Nacionalização dos Bancos e da mineração

.

Qutro sistema - utilizado especialmente com os Bancos - foi o da com-pra direta da maioria das ações por:- meio da CORFO ( Corporação de Fomento da Produção), entidade estatal encarregada de administrar as empresas da "área social". Assim foram nacionalizados todos os Bancos particulares, exceto um. Finalmente, recorteu-sc também às leis de expropriação, como no caso das grandes companhias de mineração de cobre, ferro, carvão e salitre, bem como e\llpresas de pesca.

Com a "área social" ' o caos na produção A conseqüência desta nacionalização maciça das indústrias foi o caos na produção. O próprio Allende denunciou, em discurso no dia l.º de maio de 1971, que o absenteísmo do trabalho nas empresas estatais havia aumentado de 7 para 29 % ("Cronista Comercial", de 4 de maio de 1971). Os interventores governamentais, não contando com a simpatia dos empregados das indústrias expropriadas de facto, designavam novos funcionários e contratavam centenas de operários desnecessários. Para dar um exemplo, uma fundição -pertencente a um suíço residente no Chile sofreu intervenção. Tinha então quatrocentos operários; agora tem 1.200, e não consta que tenha

aumentado a produção na proporção do aumento de empregados. Pelo contrário, a empresa dá agora grande prejuízo. Os jornais de Santiago trouxeram no dia 19 de janeiro deste ano uma advertência do secretário executivo das indústrias têxteis da

Uma partida de futebol a cada meia hora ... A indústria têxtil SUMAR foi uma das primeiras a serem estatizadas. O que ali se passou é um exemplo típico da espantosa desordem em que caíu a -produção industrial. Segundo relatos que ouvimos de testemunhas diretas, introduziu-se entre os 6 mil operários do estabelecimento o seguinte costume: a cada meia hora tocava o sinal de saída; formavam-se então duas equipes improvisadas de futebolistas que se dirigiam ao campo de esportes para disputar uma partida, acompanhados de alguns outros que iam assistir. Ao cabo de meia hora, o sinal tocava novamente e as equipes eram substituídas por duas outras. Com essa espécie-de licenças, imagine-se qual seria a disciplina e a organização nessa fábrica de 6 mil trabalhadores!

... e um interventor por mes A

Quanto aos interventores estatais, parece que havia vários deles na SUMAR. Como não podiam trabalhar todos ao mesmo tempo, faziam rodízio, administrando cada mês um!

As «tanquetas» do terrorista brasileiro Havia indústrias, como a MADECO, que, além dos produtos próprios do ramo, fabricavam outros de natureza bem diversa. Aquela indústria - estatizada sob a dire-

O escândalo dos açambarcamentos: corolário da socialização total VALPARAfSO. - Um impressionante empório de artigos de primeira necessidade foi encontrado nos estaleiros Las Hahas, adquirido pela CORFO cm maio de 1972 ("La Tercera", 15-9-73). RANCAGUA. - Na intendência da Província de O'Higgins, a cargo do comunista Luis Baeza Lagos, for-am apreendidas duzentas sacas de 40 quilos de açúcar e cem máquinas de costura ("La Tercera", 16-9-73). CONCEPClóN-TALCAHUANO. - O MAPU, partido integrante da UP, guardava em suas sedes um vultoso estoque de produtos alimentícios que faltavam no mercado: toneladas de açúcar e de arroz, centenas de caixas de leite cm pó, café solúvel, chá enlatado e a granel, ele. ("La Tcrcera", 16-9-73) . CONCEPCION .. - Foram encontrados nas sedes do MAPU cm Barros Arana e Angelmó: 8 mil litros de azeite, 180 caixas de molho de tomate, 100 sacas de açúcar granulado, l 20 caixas de lâmpadas elétricas, café solúvel, leite cm pó, cigarros, etc. Nos depósitos locais da DJNAC e das agências ORAHAN (estatizadas) havia gêneros para abastecer a população de Conccpción - a terc.!ira cidade chilena - durante três meses ("La Tercera", 17-9-73). Nos depósitos dos vários organismos agririos do país estavam todas as sementes de inverno, que praticamente se perderam, por não lerem sido distribuídas oportunamente ("La Tercera", 18-9-73). SANTIAGO. - Numa batida nos dep6si1os da DJNAC, fornm descobertos cslo· ques de gêneros alimentícios "mais que suficientes para o abastecime,nto regular da. população (de Santiago] durante vários dias" ("La Tercera", 19-9-73). CONCEPCION. - Foi descoberto um açambarcamento de açúcar suficiente para · seis meses de. consumo da cidade ("La Tercera", 19-9-73). B10-BJO. - Nesta província foram encon1rados depósitos de trigo suíicientcs para atender a demanda das pada.rias durante aproximadamente dois meses ("La Tcrcera", 19-9·73). VALPARA1SO. - Foram encontrados na fundição de u,s Vcnlanas 10 mil caixões de conservas destinadas a dirigentes da Empresa Nacional de Mineração, contendo concentrados de carne, co~ervas de porco, aspargos, camarões, etc. Esses gêneros eram levados periodicamente às casas dos referidos dirigentes em caminhões da empresa estatal de mineração ("La Tercera", 20-9-73). SANTIAGO. ~ Apreensão no depósito da Companhia Industrial INDUS (sob intervenção do governo), no bairro de Lo Espejo, parada 28 da "Gran Avenida", de· 472 caixas de azeite "Cher', 187 tambores de azeite comestível, 4,4 toneladas de açúcaf, 125 caixas de toalhas de banho, 50 caixas de novelos de lã, 6 toneladas de ácido tartárico e 128 tambores de tinta ("La Tercera", 21 -9-73) . CONCEPCION. - Grande quantidade de medicamentos e instrumental cirúrgico, em sua m3ioria doados pela Caritas Internacional, estavam hermeticamente trancados nos escritórios da Direção Zonal do ScrviÇo Nacional de Saúde. O açambarcamento foi dirigido e organizado pelo funcionário socialista Dr. Jorge Pena. Convém acrescentar que o Hospital Regional da cidade carecia completamente desse material ("Tribuna", 25-9-73), · CONCEPCION. - Foram apreendidas 25 mil peças de tecido, de 40 melros cada uma, na Textil Caupolicán, em Chiguayante, sob intervenção governamental ("La Ter. cera", 26-9-73). O Exército descobriu em depósitos da Ferrocarriles Naciomiles, 500 mil caixas (20 milhões de latas!) de conservas importadas, contendo carne de porco, ervilhas, feijão, alimentos !)ara crianças, etc., com vencimento para março de 1974 ("últimas Notícias", 26-9-73).

6

CORFO, dirigida aos interventores das empresas desse ramo, para que não aumentassem o pessoal em nível superior ao crescimento da produção e para que não fosse1n contratados mais empregados do que os necessários ("El Mercúrio").

ção do terrorista brasileiro Sérgio de Moraes construía pequenos tanques de guerra, blindando com grossas chapas de aço a carroceria das empilhadeiras. Sérgio de Moraes chegou a ,produzir 24 dessas "tanquetas", como eram chamadas. O mesmo terrorista preparara na fábrica uma solução de ácido sulfúrico a 10%, para ser lançada contra as Forças Armadas e os Carabineiros no caso de um confronto ("La Tercera", de 27 de setembro de 1973).

Fábricas transformadas em centros de guerrilheiros As indústrias estatizadas, com seu pessoal aterrado pelos agitadores e dominado por interventores que só pensavam em executar seus objetivos marxistas, ou em enriquecer-se pessoalmente, repletas de operários e funcionários inúteis, iam caiado rapidamente na mais completa improdutividade. Simultaneamente, o governo da Unidade Popular transformava-as em centros de guerrilheiros. Em seus depósitos acumulavam-se armas de todo tipo. Na têxtil SUMAR, por exemplo, foram encontrados canhões e "bazookas". Na indústria MADECO, além de armas, foram encontradas balas "dum-dum" e projéteis envenenados.

Para as empresas privadas, a morte lenta Enquanto isto se passava na "área social" da economia, as empresas privadas eram desalentadas e arruinadas. Numa primeira etapa, que se estendeu desde a ascensão de Allendc - em novembro de 1970 - até princfpios de 1972, as empresas privadas foram obrigadas a produzir em sua plena capacidade. Jsto é, a lançar no mercado toda a produção que suas máquinas fosse.m capazes de manufaturar, sem consideração às normas de manutenção destas, nem ao abastecimento de matéria prima para o futuro, nem aos interesses comerciais de suas vendas. Foi assim que se obte;~ no primeiro ano um aumento artificial da produção industrial de J0,3%. · A ameaça para quem não quisesse despenhar-se por esse abismo era o confisco imediato. Ao mesmo tempo, congelavam-se os preços e aumentavam-se os salários. Procurava-se, assim, criar tima fictícia sensação de prosperidade.

O Chile devorava , . as propr1as reservas Por outro lado, os empresáriós industriais, sent indo-se muito inseguros ante a situação do país, não se animavam a repor os esto-

ques de matéria prima, nem a realizar inversões . para renovar a maquinária. Era a decadência da produção industrial. Ao mesmo tempo a mineração de cobre, estatizada, também baixava os seus níveis de produção, coisa que para o Chile é de vital importância, dado que a exportação desse minério representa sua principal fonte de divisas externas. A inflação começou a crescer num ritmo galopante. E a maior que se conhece depois da famosa "diluição" do marco alemão, que se seguiu à primeira Guerra Mundial.

O fabuloso endividamento externo O Chile recorreu à ajuda externa. O governo que os comuno-progressistas e congêneres de todo o m'undo exaltavam como "antiimperialista" e "libertador", colocou o país numa situação de dependência externa como não havia conhecido em toda a sua História. !Entre novembro de 1970 e agosto de 1973, a dívida externa do Chile aumentou de um bilhão e trezentos m.ilhões de dólares. Setenta por cento desses créditos provêm da área socialista, da "Irmã n1ais vellui' do Chile, como Allendc chamava a Rússia. Os restantes 30%, de países ocidentais que olhavam com simpatia a experiência da "via chilena para o socialismo", especialmente a França e a Alemanha. Em conseqüência, o custo da experiência marxista no Chile foi de 1.250.000 dólares por dia. Isto é, mais do que Cuba custa à Rússia (fontes: Sociedade de Fomento Fabril e "El Mercúrio", edição internacional extraordinária citada) .

A estatização industrial , em numeros Os prejuízos das 120 primeiras empresas estatizadas foram enormes: 1.800.000 escudos em 1971; a cifra estimada de 1972 é de três bilhões de escudos ( cf. entrevista de Hernán González ao jornal "La Segunda", de 21 de abril de 1972). Facilmente se poderá imaginar qual será o montante atual dos prejuízos, uma vez que chegam a tre· zentas as grandes empresas estatizadas. Como no caso da reforma agrária confiscatória, a violação da ordem natural das coisas e a perseguição à iniciativa particular e à propriedade privada na indústria tinha que provocar inevitavelmente esta terrível derrocada. A desordem e o aumento caótico dos gastos, junto com a 1nanutenção, por razões políticas, de preços inferiores aos custos da produção, foram outras tantas causas do déficit das empresas da "área social". Este era coberto pelo Estado mediante entrega de numerário do Banco Central e dos outros Bancos estatizados. Calcula-se que en, 1973 os adiantamentos para cobrir o déficit chegaram à soma de 180 bilhões de escudos (fontes: "Informe de Coyuntura", da Sociedade de Fomento Fabril, n. 0 4, pp. 24-25). Este quadro que tomamos da já citada edição internacional extraordinária de "El Mercúrio" dá algumas cifras bastante ilustrativas:

l970

1971

1972

1973

INVERSÃO ( como porcentagem do PGB)

17,4

13,3

12,4

11,5

DÉFICIT FISCAL (como porcentagem do gasto fiscal) ..... . . . . . . . . ,' . .... . .. .

17,0

30,0

40,0

45,0

DINHEIRO (bilhões de escudos )

8.701,0

20.244,0

55.552,0

216.356,0

INFLAÇÃO (porcentagem anual) . .. . .... .

34,9

22,2

163,4

300,0

DÍVIOA EXTERNA (milhões de dólares) .. .. ••, 2.103,0

2.315,0

2.959,0

3.444,0

BALANÇA COMERCIAL (milhões de dólares)

- 122,0

-538,0

-476,0

10,3

2 ,5

- 6,0

EM ISSÃO

OE

PRODUÇÃO INDUSTRIAL (po(centagem de aumento ou diminuição anual) . .. ... . .

177.5


Cifras mais atualizadas da Sociedade de Fomento Fabril indicam que no primeiro semestre de 1973 a produção baixou de 9, 1% em relação ao primeiro semestre de 1972 ("La Tercera", de 28 de setembro de 1973).

Os salários na economia socializada O governo marxista que se instalou no país andino cm nome do povo e que não cessava de proclamar sua intenção de acabar com a pobreza e com a "dependência externa", provocou a miséria e a fome inais espantosas que se conhecem na História chilena. Foi pior do que os terremotos mais catastróficos que já assolaram a nação irmã. Em primeiro lugar, c~be dizer que a renda "per capita", que cm 1970 era de 550 dólares, baixou em 1973 para 380. Um enorme retrocesso e uma baixa na escala do subdesenvolvimento. Os salários eram, no momento da derrocada de Alleode, os seguintes: salário mínimo de empregado de escritório: 2. 116 escudos semanais; salário mínimo de operário: 1.830 escudos semanais. Sobre estas importâncias, o funcionário contribuía com 8% para a previdência social e o operário com 5%. Os operários especializados ganhavam três salários básicos.

Para se ter uma idéia comparativa mais exata do que isto sigoi!ica, é necessário considerar a relação entre o escudo e o dólar. No câmbio oficial, o dólar estava a 350 escudos; no câmbio livre, no momento da queda de Allende, estava a 3.000! Por outro lado, é preciso registrar que, quando Allende subiu ao poder, o dólar no câmbio livre estava a 20 escudos. Isto é, houve uma depreciação de 15 .000% ! De acordo com as tabelas do governo, os preços dos alimentos estavam hipoteticamente ao alcance de ·t ais ordenados. Mas acontece que os gêneros não eram encontrados, a não ser de vez cm quando e depois do longas horas de paciente espera nas lilas. De modo que para certos produtos era necessário recorrer-se ao mercado negro, organizado pelos próprios partidários do governo marxista ... E nesse mercado os preços eram até trinta vezes mais altos que os da tabela oficial. A título de exemplo, podemos mencionar o caso do . azeite, tabelado a 11 escudos o litro, mas que praticamente não existia a não ser no mercado negro, a 180 ou 200 escudos. . . E quando alguém conseguia encontrá-lo, não podia comprar, depois de longa espera nas filas, mais que 1/8 de litro!

A penúria dos trabalhadores das cidades . .. Com o poder aquisitivo cios ordenados assim deteriorado, o operário via-se na impossibilidade de manter adequadamente sua família. Seu trabalho nessa situação, e em meio às ameaças dos ativistas de esquerda nas fábricas estatizadas, pouco lhe rendia, a não ser angústias e incerteza sobre o futuro. Ele não podia deixar de perceber que, com o sistema econômico-social que estava sendo aplicado no Chile, todas as fontes de trabalho e o país iriam à quebra mais completa. A fome e o padecimento exasperante das intermináveis filas, na ·procura de um pouco de alimento, atormentavam diariamente sua esposa e seus filhos. Os pequenos artesãos e industriais mant.inham-sc a duras penas, por falta de matéria-prima. Conversamos com um pequeno fabricante de tecidos do bairro de Barrancas, cm Santiago. Antes, tinha dois empregados; pouco a pouco foi-lhe faltando a lã para tecer. O governo, único distribuidor, não lha entregava, porque ele não era partidário do regime. Assim, durante algum tempo podia trabalhar apenas quatro dias por sêmanâ, mas continuava pagando o ordenado integral aos seus empregados. Depois não pôde obter lã nem para isso, e teve que despedi-los. passando · a trabalhar sozinho.

De vez em quando, seus antigos empregados vinham pedir-lhe ajuda econômica, porque não haviam conseguido novo trabalho. Pudemos verificar ainpa que o preço da refeição cm um restaurante comum de Santiago era, em meados de setembro, aproximadamente de mil escudos, ou seja, quase meio ordenado semanal de um empregado de escritório e màis de meio ordenado semanal de um operário!

. .. e dos campos Se na cidade a situação era essa, no campo ela não era melhor. Os camponeses "asentados" nas fazendas expropriadas pela CORA não podiaiu cultivar a terra como própria e o Estado-patrão pagava-lhes um salário de fome. A assistência técnica, de crédito e de sementes era lamentável. Os proprietários rurais, perseguidos pelas ameaças d e expropriação e de ocupação, eram obrigados a vender seus produtos a preços irrisórios e, sem auxílio financeiro, mal podiam sustentar-se. Com tudo isso, porém, seus "peones" passavam um pouco menos mal do que os pobres "asentados". Bsta a situação d e penúria geral a que Allendc conduziu o povo chileno:

vo; dizia-se que esse açúcar era destinado a ser entregue aos "asentamientos" da zona, para conseguir deles uma atitude mais favorável ao regime. O governo teve que recorrer ao Exército para conter os consumidores mais exaltados. Na prática, apenas 10% da produção agrícola e industrial chegava ao comércio varejista. O resto passava para o mercado negro, verdadeira instituição paralela da qual os marxistas e usufrutuá.rios do poder, como era público e notório, obtinham píngues benefícios. O mercado negro funcionava com plena liberdade, precisamente por ser dirigido pelos próprios funcionários do governo. Tinha até entrepostos iI\stalados nas calçadas das .principais ruas de Santiago. Operava igualmente através de caminhões que circulavam pelos bairros populares, como também por meio de comerciantes esquerdistas que atuavam em sociedade com a Unidade Popular.

Havia também as JAPs, com os cartões e as "denúncias" Completando essa "organização distribuidora", havia as chamadas Juntas de Abastecimento e Preços, ou JAPs, formadas por ativistas da Unidade Popular, que utilizava,n a escassez de gêneros alimentícios para pressionar politicamente a -população. Organizadas em todo o país por bairros e setores, elas d istribuíam um cartão nominal entre as pessoas que se inscreviam como seus membros. Os possuidores desse cartão podiam comprar nos estabelecimentos comerciais filiados às J APs locais, aos quais se entregava com preferência - e às vezes

exclusivamente - os produtos para serem vendidos. Esses cartões habilitavam a comprar determinadas quantidades de gêneros periodicamente: um quilo de açúcar por pessoa cada quinze días, meio quilo de carne cada dois meses, etc.. . . Por aí pode-se ter uma idéia de qual era a sorte dos que não queriam aderir às JAPs. O Ministro da Fazenda Fernando Flores chegou a propor ao Congresso, no dia 9 de janeiro deste ano, a criação de um cart\'i-0 de racionamento obrigatório para toda a população, a ser distribuído pelas JAPs, com base em um levantamento feito por elas mesmas ("El Mercúrio", de 10 de janeiro de 1973) . Isto constituía uma concorrência desleal com o comércio varejista, que foi sendo estrangulado pouco a pouco. Muitos estabelecimentos fecharam suas portas por não terem o que vender. Acontecia também - contou-nos um comerciante - que, às vezes, um determinado estabelecimento recebia uma pequena quantidade de mercadoria, como, por exemplo, uma saca de açúcar ou um tambor de ó leo. Então os agitadores da JAP espalhavam por todo o bairro a "denúncia" de que o dono desse estabelecimento estava açambarcando açúcar, e excitavam a população a assaltá-lo. Assim ocorria, com grande prejuízo para o atribulado comerciante.

O Estado roubava por atacado; os funcionários, a varejo Junto com o vício estatista desse sistema antinatural de comércio, pôde-se constatar que os encarregados de sua aplicação tiravam dele u·m proveito pessoal também vicioso. O militante marxista, partidário do roubo legalizado feito em larga escala pelo Estado, transformou-se em muitos casos em ladrão a varejo. Quando o rápido e eficaz pronunciamento militar derrubou o regime marxista, os integrantes deste não tiveram 1empo de retirar as imensas quantidades de gêneros que tinham acumulado em diferentes locais: organismos estatais, estradas de ferro, empresas estatizadas, residências particulares, etc. O que se descobriu nesta matéria é simplesmente fabuloso. Publicamos em quadro à parte alguns desses escandalosos açambarcamentos, registrados pela imprensa de Santiago nos dias imediatos ao golpe militar. Assim, enquanto o povo passava fome, os mesmos que antes rasgavam as vestes diante da "miséria po.pular", e se auto-intitulavam defensores das classes pobres, tinham agora as despensas abarrotadas dos gêneros que mais faltavam.

Nem os doentes escapavam A implantação do regime econon11co-so-

cial que Allendc destinara ao Chile tinha por objetivo final a eliminação completa da propriedade privada. Não é cm vão que o Manifesto Comunista de Marx e Engels diz: "A doutrina dos co1111111istas pode ser resumida nesta única proposição: abolição da propriedade privada". Não obstante, Allende - como j(l vimos procurava utilizar, para sua obra de coletivização progressiva, d ispositivos legais dos governos anteriores ou instrumentos indiretos, em lugar de decretar a abolição pura e simples da propriedade privada. Agiu assint não só com relação à agricultura e à indústria, mas também com o comércio.

As alfândegas internas de Allende Todo proprietário, tanto rural como ind ustrial, c hega a um momento cm que deve vender os frutos de sua empresa. Esta é a seqüela normal do direito de propriedade. P_ois bem; nesse momento o governo marx,st,1 de Allcnde aguardava-o com toda uma rede de organis,nos, despojava-o desses frutos,. pagando-lhe um preço arbitrário' e ncgoc,ava com eles depois disso. E? proibido transportar p rodutos agropecuános de uma provínci:1 a outra. Assim, acontecia que em uma província sobravam batatas, mas faltava o trigo. Ora não era perm it ido a uma outra 1irovínci; onde o ' batatas lngo cm abundante, trocá-lo pelas

.

produzidas na primeira. Só o Estado podia efetuar esse intercâmbio. O regime estabeleceu numerosas barreiras internas onde os veículos eram revistados. Fiscais do governo esperavam nos terminais ferroviários para revistar a bagagem de mod estos viajantes que, cm muitos casos, e como é natural, traziam produtos adquiridos cm outras províncias. Uma senhora nos contou que voltava um dia do interior para Santiago e trazia na bagagem um pouco de carne para seus filhos. Para evitar o confisco dessa "mercadoria" proibida, ela mandara assar a carne. Ao chegar ao posto "aduaneiro", um dos carabineiros que lhe revistaram o carro encontrou o pcdaç-0 ele carne e aprestou-se para conliscá-lo. A mulher rogou-lhe que não fi zesse isso; ele teve pena, e deixou-a passar. O bom senso do policial re tilicou neste caso o absurdo da disposição governamental.

A famigerada DINAC e o câmbio negro O governo constituiu um organismo chamado DINAC - Distribuidora Nacional , . ' que e ra o umco autorrzado a comprar a pro-' dução agrícola e industrial e a comerciali zá-la. Em maio deste ano os depósitos da DINAC na cidade de Temuco, no Sul do país, foram palco de violentos incidentes. Com efeito, os consumidores tiveram notícia de que ali · se armazenavam grandes quantidades de açúcar, que foltav:i ao po-

Esses açambarcan1entos incluíam até d icamentos, material cirúrgico e outros plementes que já não se encontravam hospitais. Havia enfermos que morriam

meimnos por

As chilenas participaram ativamente da reação contra Atlende. Donas de casa batem em seus utensílios de cozinha, em protesto pela escassez de alimentos. Mulheres de mineiros em greve ocupam emissora de rádio em Rancagua para . t ransmitir proclamações em favor de seus maridos.


não poderem ser operados nem internados, tal em a situação das casas de saúde. No Hospital Van Bu çen - o mais il)lportantc de Valparaíso, que é a segunda cidade do Chile - as intervenções cirúrgicas foram suspensas desde junho deste ano por falta de roupa esterilizada. Os enfermos, ao serem hospitalizados, eran1 obrigados a levar a própria roupa de cama. Quanto à co-

mida, o doente que necessitava de alguma dieta especial tinha que recorrer à sua família ou resignar-se a passar fo,ne. Enquanto isto ocorria, os marxistas tinham grandes hospitais clandestinos, prontos para o momento em que lançassem a grande ofensiva armad~ final ~a~a a _con .. quista total do poder, caso a v,a chilena para o socialismo" se mostrasse demasiado lenta ou impraticável.

- se conforma: quatro O povo nao meses de greves e de protestos Janeiro de 1973 D ia

9 -

Greve de ônibus intcrprovincinis.

Greve de 400 micro-ônibus e lotações de Conccpci6n, cm solidariedade aos anteriores.

·

Manifestação de protesto de funcionários públicos de Pucrto Montt, ;,fastados por não pertencerem à Unidade Populnr. Greve do Sindicato dos Maquinistas de Antofagasta, paralisando a cs1rada de ferro que serve a mina de Chuquicamata.

Greve do Sindicato de Operários de Antofagasta. Greve do Sindicato de Operários de Mcjilloncs. Greve de médicos de Valparaíso e de Aconc,lgur,.

e preciso notar que os

hospitais de ambas as provínci:.ls quase não funcionavam por falta do n,a~

Dia 10 -

tcrial indispensável. Manifc.,tação de protesto de advogados, pelas demissões efetuadas pclo ·governo cm represália pela greve de outubro. apesar das promessas cm contrário. Protesto dos estivadores de Valparaíso por ter o Partido Comunista desarticulado seu plano de compra de máquinns destinadas a facilitar o trabalho

de carregar e descarregar os navios. O PC qualificava a inici;Hiva de "rea·

Dia 13 Dia 16 Dia 19 -

O DOM.INIO DAS CONSCltNCIAS Por sua própria nat11rcza, e como o nome o indica, o tolalilarismo é integral. Isto é : inlroduiido cm 11111 campo, ele tende a atingir, mais cedo ou mais .tarde, a todos os outros. Assim, o totalitarismo econômico traz, necessariamente, o totalitarismo educacional, o totalitarismo informativo e, por fim, o totalitarismo político-policial. Como vimos, para o comunismo internac ional era uma questão decisiva moslrar ao mundo que, afinal, os povos es1ava1n livremente se converlendo à doutdna marxista. Era este o imenso J11cro que as manobras psico-políticas da "Revolução na liberdade" c hilena poderiam trazer. A seita vermelha poderia ver-se, assim, livre da acusação de constituir apenas uma corrente minoritária, tirânica, capaz de impor-se unicamente pela força bruta. .I:: por isso que Salvador Allenclc gabava-se, de modo especial, de realizar suas mudanças nas estruturas do país utilizando a legislação "burguesa" de governos anteriores, que apresentava, aliás, cm muitos casos, forte colorido sociali7A1nte. Os técnicos em manipulação da opinião pública que assistiam o Presidente graduaram tanto quanto as circunstâncias lhes permitiam, a aplicação dos princípios marxistas à realidade chilena. Essa t&;nica foi, aliás, minuciosamente descrita pelo histórico manifesto da TFP chilena

cionária".

int iLulado "Nem armas, nem barbas, mas

Paralisação dos lotações de San1iago. Greve dos motoristas de caminhão de Pucrto Natalc.s. G reve dos ferroviários das Oficinas de San Eugcnio. A Confederação Nacional de "'Asentamicntos"' e Cooperat ivas de Reforma Agrária rompe com o governo porque este não lhes _permite trabalhar nem vender seus produtos a preços compensadores.

trapaças: a via chilena", largamente difundido no país andino em setembro e oulllbro de 1971 , e que teve grande repercussão em todo o mundo ( ver "Catolicismo", n.0 256, de abril de l972).

Os opcrfirios de C huquic,amata paralisam o trabalho cm protesto pelo

'"dcsabastecimento"' e pela intenção do governo dê- impor-lhes cartões de racionamento. O governo qualifica oos;\ paralisação de "criminosa".

Greve de 7 mil operários e técnicos das empresas ícrroviárias estatais, pelo não cumprjmcnto das garantias dadas pelo governo, e por não terem

recebido as diferenças de salário a que tinham direito. Dia 21 -

Maoiícstação dos pequenos artesãos de Punta Arenas, que estão prtttica-

mcnte parados por falta de matéria prima. Amplia ..sc a greve dos mineiros de Chuquicam:ita .com a adesão dos tra-

Dia 31 -

Dia Dia

6 9 -

Di:1 13 Dia 14 Dia 2 1 Dia 22 -

balhadores do Departamento de Transportes Motorizados. G rcvc dos ferroviários de La Scrcnn e Copia pó.

Greve dos funcionários do Banco de Crédito e Inversões, CSLatizado. Greve de funcionários e OJ>erários da mina estatal La Exótica.

Greve dos empregados das Indústrias Têxteis de Tomé. Greve dos Sindicatos Profissionais e Industriais da Indústria Açucareira Nocion~l. · Greve do pessoal da fábrica de conservas Copihue. Greve dos operários da Sidgo-Koppcrs, empreiteira das obras do "Metro'" de Santiago.

Março 1.0 Dia 2 -

Greve dos íuncionários do J3anco de Talca (ex-City Ilank), estatizado. Manifestação de camponeses de Valdun pelo caos ·produzido pela reforma

Dia D ia

Greve dos empregados de Cobrcchuquc, empresa estatal. Greve dos 1.200 empregados da Companhia de Cervejarias Unidas. Greve dos inspetores da DIR INCO (Diretoria da Indústria e do Comér-

Oi3

agrária e pcla.s mentiras do govemo a respeito da alta do custo de vida.

39 -

Dia 14 -

Dia 16 Dia 17 Dia 18 , Dia 19 -

cio), organismo c..--;tatal.

Greve de motoristas e fiscais de mic,·o-ônibus. Manifcst-ação de funcionários da CORA (Cori>oração da Reforma Agrária), pedindo aumento. Greve dos funcionários e mecânicos do Serviço de Equipamentos Agrícolas Mecani1.ados da CORFO (Corporação de Fomento), organismo estatal da produção. Greve da empresa estatizada SUMAR: 4.200 operários suspendem o trabalho.

Abril Dia

7 -

Dia

9 -

Dia 10 Dia 12 Dia 13 -

Greve ele 1. 100 camponeses de vinte propriedades controladas pela CUT (Cen1ra1 única de Trabalhadores), cm Lontue. G rcvc decretada por uma assembléia de 6.200 operários da Usina Siderúrgica de Hua.chipato.

O presidente da Federação de Empregados Portu:írios ameaça paralisar os portos de todo o pais. ··Greve de braços caídos"' dos operários da Companhia de Gás. Greve dos operários da Companhia de Aços do Pacífico. Greve dos portuários de Talcahuano. Greve dos operários da . construção civil da Corporação de Scrvi'ços Habitacionais:.

Greve dos empregados da empresa MADEMSA, sob intervenção governamental. Greve dos mecânicos das LAN (Líneas Acrcas Nacionalcs). Greve de 1.700 n,otoristus da Empresa de Tmnsportes Coletivos do Estado, dirigidos por seus líderes naturais, ante a inação do sindicato único

(governista), que não reivindicava os aumentos salariais desejados, ncnt

protestava pela demissão arbitnlria de dezoito motoristas. Era a segunda

greve cm quim•..c dias.

Dia 19 -

Greve de 2.500 funcionários do organismo estalai do comércio DINAC (Distribuidora Nacional). · Co,ncça a greve dos 11 mil ri,ineiros de El Tenientc (a -maior mina de

cobre subterrânea do mundo), que se estenderia por três meses. A p;1r1ir de 19 de abril é praticamente impossível dar uma cronologia das greves, tão numerosas fornm elas por todo o país. Mencionamos apenas a mais im•

portante, a dos ··camioncros··. que começou no dia 26 de julho e s6 terrninou com o movimento armado que derrubou o regime marxista, a t 1

de setembro.

8

Acionando um velho dispositivo A utilização do sistema ed ucacional na implantação e consolidação do regime marxista chileno foi inicialmente sub-reptícia. O governo serviu-se do longo trabalho de vários anos e fetuado pelos partidos marxistas nos meios do magistério, acionou todo um imenso dispositivo que já tinha preparado para a difusão do marxismo na área da educação controlada pelo Estado, e exerce u todas as pressões de que o Poder P(,blico é capaz. Ao mesmo ,tempo, o Clero progressista : auxiliar sempre solícito - realizava sua obra esquerdi1~1nte nos colégios particulares católicos, produzindo os escândalos que o Chile e o mundo inteiro conhecem.

Os doces do "camarada" Salvador . . . Vamos relatar um exemplo típico dos recursos e mpregados pelos marxistas na deformação das mentalidades infantis. Uma testemunha qualificada - conhecido méd.ico de Santiago e cientista de renome mundial - contou-nos a seguinte cena presenciada por ele cm uma escola infantil de um bairro popular da Capital. A professora pergun ta aos alunos: - ··se vocês querem doces, a <1ue111 viío petlir? Vllmos ver .. . Peçamos <w Me11i110 Jesus . . , - Jesus, trllga-11os doces!"

Todas as crianças repetem em voz a lta o pedido. Nada acontece. "Vamos pedir ao Papai Noel . .. -

Paplli Noel, tragll-nos

doces!" As crianças repetem o pcd ido cm coro, e igualmente nada acontece. - "Agorll Vllmos pedir ao Cllmaradll Salvlldor A/leníle. . . Cllmarada Salvador, traga-nos doces!"

A porta se abre e uma moça sorrid ente emra na classe com uma bandeja cheia de doces ... A conclusão é int11itiva: Salvador Allcnde atendeu ao pedido porque e xiste ... O médico constatou que a farça tinha sido planejada pelas autoridades educacionais do governo marxista e figurava nas instruções que as professoras deviam seguir nos jardins da infância. Um operário, COJ)l q uem conversamos na frente do semidcstruído Pah\cio de La Moneda, confirmou-nos que esse espantoso e iníquo processo de lavage1n cerebral havia sido aplicado a seus filhos na escola. Nosso pensamento elevou-se para Aquele que disse dos que escandalizam as crianças: "Me-

lhor -seria que lhe amarrassem uma pedra de moinho ao pescoço e fosse precipitado 110 11u1r"

(Luc. 17, 2).

Educando desde cedo . para o comunismo Durante muito tempo falqu-se que o governo tinha um plano de reforma do ensino. Em finºs de 1972, um congresso de professores patrocinado por ele estudou um projeto de "democratização do ensino". As autoridades educacionais deram a entender q ue se tratava de um trabalho puramente técnico. As Autoridades Eclesiásticas guardavam silêncio. E m março de 1973, o projeto chegou às mãos de professores aoticon1unistas lúcidos e decididos. Arrebentou então o grande escândalo: o governo estava preparando um giganlcseo plano de reforma educacional que, sob pretexto de democratização e adequação do ensino às necessidades atuais do país, não era outra coisa senão a montagem de uma formidável máquina 1otalih\ria para niodclar as consciências segundo a doutrina n1ar-

xista. O sistema 1omava os indivíduos desde o berço até a idade adulta, e procurava introduzir sua influência até no seio das fa. mílias : era o projeto da "Educação Nacional Unificada" - ENU. Essa reforma acionava todo o aparelho ele pressão política e ele luta de classes no funbito da educação, pondo cn1 ação os dis.positivos parlid{nios marxistas, os sind icatos controlados por eles e a Ce11tral ú nica de Trabalhadores (CUT), também nas mãos da Unidade Popular.

Em meio à indignação geral, a voz conciliadora do. Cardeal Os estudantes de todos os níveis e de todas as condições sociais saíram às ruas cm vibrantes manifestações de protesto e enfrentaram a violenta repressão governamental. As Associações de Pais mobilizaram-se por todo o Chile. En1 meio à enorme reação produzida pela ENU, o Cardeal Raul Silva Hcnríquez teve un1 encontro com AJlende. Esperava-se que o Purpurado apresentasse ao Presidente marxista o repúdio da Igreja ao infame projeto. À saída da audiência, o Arcebispo de Santiago .tomou a iniciativa de declarar à imprensa, em tom muito conciliatório, que a Igreja não estava em conflito com o governo e que, na sua opinião, os problemas existentes podiam ser superados. Numerosas Assembléias de Pais e Tutores voltaram sua atenção, entre indignada e estupefacta, para as Autoridades Eclesiásticas, que, com honrosas exceções, tomavam atitude semelha nte à do Primaz do Chile. Expressões de protesto fizeram-se sentir por todo o país. Na cidade sulista d e Los Angeles, por exemplo, trezentas Mães escreveram uma comovedora carta ao Cardeal; nela diziam: "A debilidade da tomada de posição de Vossa Eminência co111pro111etc o destino da co11sciê11cia de nossos filhos eni sua q1wlitlade de homens integrais". F inali-

zavam a missiva com estas patéticas palavras: "Vossa E,ninência espera conversar, fazer 1ra11sações e discutir com o marxismo. As Mães chilenas· es1>erávamos poder co11({lr com Vossa Eminência, Senhor Cardeal, com sua coragem, com seu patriotismo. Fi-

camos sós, sen,. Chefe e seuz Pastor . ..

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TFP sai às ruas contra a ENU A Sociedade Chile na de Defesa da Tradição, Família e Propriedade dirigiu uma mensagem aos Bispos Chilenos, expressan· do sua viva preocupação pela atitude indefinida e pouco e nérgica adotada publicamente pelo Episcopado, que fazia recear um inadmissível acordo nessa matéria. Apesar das precárias condições e do clima de insegurança reinante no país, os jovens militantes da TFP saíram às ruas da Capital chilena para ob1er adesões à sua mensagem. E m meio às arbitrariedades das autoridades marxistas e aos atropelos <los


grupos de extrema-esquerda, obtiveram eles em cinqüenta dias mais de 50 mil assinaturas, das quais a quinta par.te era de estudantes secundários.

Instrumento para modelar as futuras geraçoes O projeto de ENU - assinalava a mensagem da TFP - é, com pequenos disfarces, uma tentativa de impor ao Chile a Escola única, como instrumento para ,nodelar as (uturas gerações dentro da mentalidade e da doutrina comunista. Este fato é de consc-qiiêocias incalculáveis, considerando-se os direitos imprescritíveis da Igreja e da família.

a ditadura que invade o próprio lar É

O fato de que incontáveis pais - prosseguia a TFP - tenham que entregar obrigatoriamente seus filhos a uma escola que os formará cm uma mentalidade diametralmente contrária à sua, isto é, que os farâ comunistas, constitui um confisco, por parte do Estado, do direito natural que os mesmos pais têm sobre seus (ilhos. :í; a violência equivalente a uma verdadeira forma de ditadura, e a mais odiosa de todas, pois entra no próprio lar.

Estabelecendo o conflito das gerações Isto constituía uma ameaça de divisão da família chilena, pois era patente o propósito de 'formar os filhos com uma mentalidade inteiramente oposta à de seus pais, fato que produziria um estado de incompreensão e discórdias contínuas. Estaria estabelecido assim , ao lado do deplorável co11flito d..-. classes, um outro conflito ainda mais dramático, o das gerações, que cindiria o país cm sua própria base, a família. Conílito· . :;

esse que representaria uma tortura moral mil vezes mais dolorosa do que qualquer tortura física.

Atentando contra os direitos de Deus e da Igreja A própria Igreja Se recusa a Si mesma o direito de entrar às escondidas nos lares para transmitir aos filhos menores, sem o conhecimento dos pais, os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como então pergunta a TFP - poderão os Bispos não repudiar com energia a ação de un\ Estado que quer transmitir, não os ensinamentos divinos, mas os de Marx? Tanto mais quanto não entra -às escondidas, ntas às cscâncaras no recinto familiar? Entretanto - prossegue a mensagem o que est{t cm jogo não são só os d irei tos da família. A Igreja recebeu de seu Divino Fundador o direito e a obrigação irrenunciável de ensinar direta e livremente. Direito e obrigação que deve defender - quando for o caso - até à custa do próprio sangue. Se os Bispos Chilenos querc,n mostrar-se autênticos continuadores dos Pastores do passado que, à imitação do Bom Pastor, deram a vida -pelo seu rebanho, eh~ gou a hora de descerem à arena da luta, incrucnta mas heróica. A hora de defende-cem as almas das crianças e dos jovens, a instituição da família e um dos mais sagra· dos direitos da própria Igreja. Os sig'!,!),tirios do manifesto da TFP imploravam aos Bispos que não permitissem fosse negada à família e à Igreja o direito de ter escolas nas quais fosse dada uma educação inteiramente reconhecida ·como válida ·para o acesso a todas as carreiras. e profissões, e onde se e nsinasse, com a maior ~iberdade, a doutrina católica. Ou seja, uma doutrina que em seus reflexos sociais é uma ~!ou trina antimarxista. Se não (izercm isto - concluía a TFP a História os julgará como P'astores que entregaram seu rebanho. Essa lúcida, corajosa e dramática mensagem estava para ser entregue a seus destinatários, quando sobreveio a derrocada do regime marxista e o conseqüente arquivamento do projeto.

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Para poder impingir à opinião pública internacional o "bluf{" de uma revolução desejada ou tolerada por todos os chilenos, o comunismo tinha, inevitavelmente, que d.ar ao povo uma certa forma de liberdade legal. Tambén1 no que se refere às discussões políticas e à livre informação, o regime _d~ Allende tentou a experiência de aplicar os princípios totalitários procurando dar a impressão de que não os estava aplicando. Um turista que chegasse ao Chile e permanecesse uns poucos dias ali, poderia pensar que o país gozava de completa liberdade de informação. f: que, na realidade, as liberdades não estavam inteiramente amputadas, mas sim '!rarefeitasº. Era uma técnica refinada: con-

tinuavam os debates parlamentares e a possibilidade de crítica, mas cm uni ambiente cm que se ia tornando cada vez mais perigoso dizer tudo. Deste modo, só os muito arrojados, ou os muito pertinazes, diziam as coisas inteiramente t,s claras. A oposição tagarela de certos deputados ou senadores

publicidade, na qual ocupam lugar essencial os anúncios e a propaganda provenientes dos Ministérios e demais repartições públicas, bem como das autarquias e empresas estatais.

contribuía para dar ainda maior verossimi lhança à aparência de liberdade de expressão, - além de ser co,npletamente inconseqüente. Assim, a grita dos dirigentes da oposição política, dos jornalistas importantes e de outras personalida~es de projeção estava reduzida à metade do que poderia ser. Havia, pois, uma aparência de liberdade, mas o uso dessa liberdade era mu ito menos enérgico do que seria cm condições de normalidade. Aplicados à tarefa de encenar a comédia da "Revolução na liberdade", os comunistas lançaram mão desse hábil recurso da liberdade "rarefeita". Assim o governo marxista procurava dar a impressão de que a oposição era muito menor do que o era na realidade. Para um governo minoritário..:_ cm certas c ircunstâncias - esse procedimento é mais inteligente do que a simplecs censura policial, que apaga do papel impresso todos os ·protestos, q uando é ü ni "secreto a voccs'' a existência de um descontentamento enorme.

Campanhas de difamação pessoal

mec~mo se tornaria um açoite ainda mais duro para seu povo.

A arma das investigações fiscais Havia ainda outros recursos para conter a oposição, sem parecer sair da legalidade. O caso mais conhecido foi o de "EI Mer~ curio'' e sua influente cadeia de jornais. Os proprietários do grande diário chileno foram perseguidos em seus bens, sob a acusação de fraudes fiscais e financeiras. A contabilidade de "EI Mercúrio" foi investigada e, dessa forma, o maior jornal do ,país viu suspensa sobre si a espada de Damoclcs de uma sentença administrativa arbitrária que poderia trazer-lhe prejuízos incalculáveis.

As intervenções por "conflito social" Agentes marxistas realizaram a "operação Zig-Zag" mediante um conflito artificial no sindicato dessa editora, a mais importante do país. A ação terminou com a clássica intervenção e posterior controle da empresa pelo Estado. O sistema das intervenções por "conflito social", a que já aludimos, rendeu tambéni ao governo seus frutos no âmbito da imprensa. Foram incontáveis as emissoras de rádio que, ocupadas por agitadores, extrínsecos aos quadros do pessoal, passaram para o controle estatal. Em outros casos o governo negou-se - sem nenhuma razão válida - a renovar a licença para operarem, calando assim as rádios de oposição, cujas concessões eram entregues a .partidários do regime. Dessa forma, como também pela compra das ações com dinheiro público, o governo da Unidade Popular contava cm abril deste ano com o domínio de mais de noventa estações de rádio. de se notar que em certas regiões do Chile, pelas condições geográficas peculiares, o rádio é o principal veículo de informações.

e

Pressão econômica Outro elemento de pressão acionado pelo governo para obrigar a imprensa, o rádio e a televisão antima.rxistas a moderarem suas críticas, foi a ameaça de supressão da publicidade estatal. Como é sabido, esses órgãos dependem, para sua subsistência, da

Os jornalistas, políticos e homens públicos em geral, cujas críticas atingiam os pontos mais sensíveis do regime, sofreram uma truculenta campanha intimidatória. A imprensa escrita e oral controlada pelo governo não tinha nenhuma espécie de escrúpulo em ridicularizar, caluniar e difamar os opositores do regime, procurando aniquilar o seu prestígio e a sua honra.

ApUcação de uma rigorosa lei de imprensa Existia já no Chile, desde governos anteriores, uma legislação muito rigorosa para reprimir os chamados abusos de publicidade. O democrata-cristão Eduardo Frei fez um uso político -muito grande desse instrumento legal, para intimidar e silenciar a oposição. Nenhum governo, entretanto, abusou tanto da 1.ei de imprensa como o de Salvador Allcnde no combate a seus adversários. O regime marxista movia, continuamente, ações criminais e efetuava a prisão de jornalistas anticomunistas. Passou a ser habitual a suspensão temporária de órgãos de di(usão sob pretexto de "abuso de publicidade".

O monopólio do papel Co,n esses dispositivos de pressão, aos quais devemos acrescentar o confrole dos créditos bancários e de uma boa parte da economia do país·, a "Revolução na liberdade" allendista ia sendo tocada. Mas a marcha da socialização exigia novos passos. Assim, o governo lançou-se na conquista da Compa,iia Manufacturera de Papeles y Cartones, única produtora de papel para im· prensa no Chile, cuja permanência em mãos ,particulares parecia aos estrategistas do regime, coni razão, a peça-mestra da liberdade de imprensa. O caminho escolhido para a estalização dessa empre.sa foi o mesmo anteriormente empregado para o apossamento dos Bancos, sem necessidade da aprovação de uma lei pelo Congresso, isto é, a utilização de dinheiro dos cofres públicos para a compra maciça das ações. Em fins de outubro de 1972 teve início uma dramática batalha entre o Estado e os particulares que defendiam a Pape/era. A imprensa do continente ocupou-se largamente do caso. Os grandes jornais das principais capitais latino-americanas protestaram contra o atentado à liber. dade de informação, representado pela estatização da indústria do papel. Não conseguind·o obter o controle acionário da empresa, passou o governo allendista a utilizar o costun1eiro esquema da criação artificial de un1 "conflito social". Empregados e operários da fábrica organi-

Acionando as alavancas do terror O desmantelamento das estruturas econômico-sociais constituía, por si mesmo, um fator de debilitação da capacidade de resistência dos oposicion istas. Por outro lado, o regime sabia acionar as alavancas do terror. Disso estavam encarregados alguns setores extremistas da esquerda, o que permitia ao "moderado" Doutor Allende ficar como árbitro da situação . .. Com efeito, o terrorismo do MIR (Movimie1110 de lzq11ierd11 Revo/11cio11aria), as invasões de fazendas por turbas de agitadores, as subtis perseguições praticadas pelos comités da UP nas empresas, as ocupações ilegais de fábricas ·e' imóveis nos centros urbanos, as patrulhas de milicianos que operavam nas ZOllas rurais do Sul - fa.

ziam sentir, impunemente, os riscos a que estavam sujeitos os opositores mais incômodos. De vez cru quando, havia insinuações de que as coisas podia,n ainda ser piores, devido i,s '' pressões" do setor duro da Unidade Popular, liderado pelo Senador Carlos Altamirano, Secretário do Partido Socialista, ao qual pertencia Allendc. . . Outras vezes, era o próprio Presidente que tirava a máscara de moderado, e ameaçava a oposição de que, se esta lhe criasse cnibaraços, a implantação do socialisnlo deixaria de ser ,pacífica. Não ficava claro se era porque Allende seria substituído por Altamirano, pc-lo MIR e por roda a esquerda violenta, ou porque. exasperado com a oposição, ele

Em um acampamento, "camioneros" em greve rez~m. junto à_ sepultura de um companheiro morto em um ataque esquerdista.. Mineiro grevista recebendo a comunhão. Muitos lances da luta do povo chileno contra o marxismo foram marcados por uma impressionante nota religiosa. 9


zaram-se en\ uma compacta maioria para resistire,n às ocupações dos agentes esquerdistas, e para protestarem contra a estatização da Papelerc,. A batalha ainda não havia terminado quando o regime marxista foi derrubado.

Os "tribunaizinhos" e a ditadura capilar Os comunistas multiplicavam seus intentos para encontrarem o caminho da aniqui-

lação da liberdade no Chile por meios ex.t ra-oficiais. Isto é, pela criação <Je organismos capazes de exercerem o controle na carne viva da realidade, nos aspectos miúdos da vida diária dos cidadãos . Um destes organismos foram as J A Ps, às quais já nos referimos. Mais terrível e minucioso foi o projeto de criação de "tribunais populares". O Ministro da Justiça Lisandro Cruz, o Subsecretário da Justiça José Apondo Viera-Gallo e o assessor ministerial Oscar Alvarez anunciaram, em janeiro de 1971, a apresentação de um projeto criando esses tribu-

Nas vésperas do desenlace: preparando a via violenta TEMUCO. - Poderoso arsenal de elementos do MIR. (Movimiento de Izquicrda Revolucionaria) foi encontrado C')' uma busca realizada pelas· Forças Armadas no O:ntro de Reforma Agrária Juan Fcrnández, em Nchuenhue. Continha explosivos suficientes para destruir uma cidade rnaior que Tcmuco. Havia ali uma escola de guerrilhas e uma fábrica de material bélico; a técnica empregada indica a presença de perit0s estran• geiros ("EI Mercúrio", 1 t-9-73) . SANTIAGO. - Os peritos afirmam que os armamentos encontrados no Palácio de La Mone<ia e na. residência particular de Allcndc, na Rua Tomás Moro, eram .•~moderníssimos e suficientes para equipar bem a t20 homens" ("La Tercera", 16-9-73). SAN:n AGO. - Dois imensos depósitos clandestinos de material médico e hospitalar, manttdos com recursos do Serviço Nacional de Saúde, estavam inteligc<ntcmentc camuflados nas imediações dos Hospitais Barros Lueo-Trudeau e S6tero dei Rio no caminho para Puentc Alto. O material ali encontrado era precisamente. o que' faltava aos hospitais do país e reunia os elementos básicos para um hospital de campanha ("La Tcrcera", 17-9-73). CJULLAN. - O alcaide Ricardo Lagos e sua mulher morreram ao oferecer resistência a uma batida policial-militar. Em sua casa (oram encontrados : 4 fuzis, 2 rádio-

trans missorcs, 30 granadas, 20 foguetes, farta munição, e um caixote de explosivos ("ta Tcrcera". 17-9-73). SANTIAGO. - Inventário oficial dos 13 caixões contendo os presentes de Fidel Castro a Allcnde: n.0 1: 10 metralhadoras MP40 e diversos ............... . .... • ..... 79 kg 0 n. 2: 10 metralhadoras MP40 e diversos ...... ... ... • ..... . ..... .. 79 kg n.0 3: 57 pistolas "Cotr· e "Star·• .... . ........ . . .... .... . . . ...... . 81 kg 0 n. 4: 43 pistolas "Colt" e diversos ... . ... . .. . .... .. . ... ...... . ... . 70 kg n.o 5: 5 mil cartuchos 9 mm . .. ....... ........ . ... ..... . ....... . 88 kg 0 n. 6: 1.500 cartuchos e fitas de metralhadora ... . . . ... . .. .. • .. . .... 75 kg n.0 7: 15 revólveres "'Colt" e "'Smith & Wesson'' cal. 38 .. . . ... . . .... . 67 kg 0 n. 8: 60 revólveres cal. 38 e 2.500 cartuchos ............... . . • ..... 82 kg n.0 9: tripés, correias e cartucheiras ... . ... . ...... . . . .....• .. .. . .. 70 kg 0 n. 10: 6 foguetes PG-7 ......... . ... . . . ...... . . .. . ... . • .......... 54 kg n.0 11 : 10 metralhadoras MPIO e diversos ... • ... . . . ........... . .. . .. 100 kg n.0 12: 200 cartucheiras para pistola . .. .... . ... . ........... . ...... . 82 kg n.0 13: cartuchos e diversos ....... . .. . . .· ....... . ....... . ......... . 86 kg Peso total dos caixotes: 1013 kg ("La Tercem", 17-9-73). SANTIAGO. - Busca na sede do MAPU, rua Santa Lucía, n.0 162: dep6si10 cheio de tambol'CS de benzina, ••coquetéis Molotov'\ munições, cacetes, etc. (ºLa Tcrc,cra'',

18-9-73). SANTIAGO: -

O diretor do Serviço de Investigações, Alfredo Joignant, roubou

qua1ro automóveis equipados com rádio, vinte rádio-tran~missorcs, que permitem captar

qualquer mensagem de rádio policial, e grande quantidade de armas ("La Terccra", 18-9-73). VALPARAISO. - Encontrados uniformes, armas, munições e instrumentos contundentes na Escola Industrial, estabelecimento oficial ("La Terccra", 21 -9-73). SANTIAGO. - Patrício Rivera Cornejo, operário da empresa estatizada MADECO, havia enterrado no jardim de sua casa: 24 fuzis e 4 pistolas-metralhadoras de procedência checa, 2 submetralhadoras russas, 2 rifles de fabricação argentina, 1 carabina ·'Garant", 2 lança-foguetes russos, 1 lança-projétil-foguete, 4 caixas de granadas incendiárias, l 18 pentes de bala e 2 facões ("La Tcrccra", 22-9-73). SANTIAGO. - Em El Caõaveral - mansão residencial de Allendc - o Presidente marxista havia montado pessoalmente um completo campo de adestramento militar para

guerrilheiros. Segundo oficiais do Exército chileno, as condições de adestramento eram mais perfeitas que as utilizadas pelas Forças Armadas ("Tribuna·•, 22-9-73). SANTIAGO. - Foram revelados pormenores do plano "Z", descoberto cinco dias antes de ser posto em prática. Havia sido preparado por oficiais cubanos e norte-coreanos. Incluía, entre outras, três etapas: a) defesa da residência presidencial da Rua Tomás Moro; b) ocupação de colégios femininos para obter reféns; c) assistência médica para o.s feridos. Nesta operação seriam assassinadas as pessoas mais jmportantes de cada seror: Forças Armadas, sindicatos, imprensa e política ("La Tribuna··, 22-9-73). CAUTtN. - Sob o disfarce de um 0:ntro de Reforma Agrária, descobriu-se uma escola de guerrilheiros em Nucva Imperial, onde foram presos quatro dos trc1.c integrantes do grupo. Havia alojam~ntos para sessenta pessoas e abundante material de rreinamento ( .. La Prensa", 26-9-73). LOTA. - O alcaide local, o gerente e um grupo de funcionários e operários da empresa estatal ENACAR - todos íiliados ao Partido Comunista - roubaram 35 cai• xões de explosivos da mina Pilpilco, para fazer voar pelos ares a cidade de Lota, cujos habitantes são na maioria mineiros de El Tenicntc. Os Carabineiros vinham estudando o caso desde o dia 10 de sere.mbro ("La Tcrccra ... 26-9-73). SANTIAGO. - Sérgio Mornes, te.rrorisla brasileiro refugiado no Chile, transformou em carros blindados 24 empilhadeiras fabricadas pela MADECO. Tinha ainda organizado a defesa da indústr.in, que previa o lançamento de :ícido sulfúnco sobre as forças da ordem. mediante bombas impulsoras. Ali foram encontradas grandes quantidade., de orojéteis envenenados e balas "dum-dum" ("La Tcrcera•·, 27-9-73) . SANTIAGO. - O novo Diretor Geral das Prisões anunciou a descoberta. do chamado hCordão Santiago Centro'\ grupo encarregado da eliminação física dos jornalistas da oposição. No depósito do Ccnlro de Reabilitação Manuel Rodríguez, na Rua Lira, foram descobertos 30 rnil projéteis de metralhadora. O Serviço de Pris,õcs havia aumentado o número de seus funcionários de 3.200 para 4 mil, e era um centro de dou1rinação marx.ista. Numerosos de seus funcionários foram presos por conivência

com o~ detentos na elaboração de planos subversivos ('"La Prensa", 28-9-73). LOS ANGELES. - Foram encontradas numerosas armas de fogo e munição abundante na casa cio J>rcsidente das JAPs da Província de Bio-Bio ("Tribuna··, 29-9-73). SANTIAGO. - Foram descobertos corredores subterrâneos ligando o Hospital São Luís ao Hospital de Higiene Ambiental e este com a Capela do Hospital EI Salvador. Era possível esconder ali cerca de trc1..cntos homens. Nesses túneis foi encontrado um arsenal onde havia dois canhões russos, trê.s lança-foguetes, considerável quant idade de armas e farta literatura marxista ("Tribuna··. 29-9-73) .

nais. Á lvarez explicou que os novos tribunais se inteirariam da.s denúncias formuladas por vizinhos, e - como exemplo da~ questões de que se ocupariam - citou o problema das águas, o das crianças que provocam distórbios nas ruas, as brigas fa. miliares, a embriaguês, os pais que abandonam o lar. etc. Esclareceu que esses tribunais aplicariam penas que iriam desde a advertência até os trabalhos forçados, como varrer as ruas por três domingos consecutivos, cuidar dos jardins públicos ou fazer turnos de vigilância noturna. Ade01ais, poderiam aplicar pequenas multas na proporção dos rendimentos do culpado, repreensões públicas e, até, penas de prisão. O leitor facilmente pode imaginar o que teriam sido estes "tribunais de bairro" nas mãos da minoria sectária que - como vie-

A ESCALADA DA INDIGNAÇAO POPULA~ A "Revolução na liberdade" allendista corria um grande risco. Havia a possibilidade de que os chilenos, aproveitando esse resto de liberdade legal necessário ao "blufr• da "via chilena para o socialismo,,, rom-

pessem o "feitiço". das trapaças psico-políticas que o comunismo lhes apresentava e se lcv_a ntasscm num grande movimento de opinião pública, mostrando que a eleição de Allende em 1970 fora apenas o resultado de um golpe de surpresa (cf. " Nem armas, nem barbas, mas trapaças: a via chilena", manifesto já citado da TFP chilena, in "Catolicismo", n. 0 256, de abril de 1972). Os mentores do regime devem ter-se perguntado muitas vezes se bastaria o desmantelamento das estruturas econômicas e sociais e o sistema de anulação das oposições mais agudas e categóricas, para impedir uma reação da grande maioria. E, sobretudo, se seria suficiente o concurso da política apaziguadora e colaboracionista do Cardeal Silva Hcnríqucz e do Clero que o seguia, para conter a indignação popular dentro de certos limites. Ademais, o camioho de Allende estava pontilhado de eleições locais, e01 todos os níveis, como é tão próprio da vida cívica chilena. Por muito que se recorresse às fraudes eleitorais - e foram levantados sérios indícios de que as .houve - e ainda que o sistema de influência dos partidos políticos não marxistas estivesse muito desarticulado, não era possível torcer a realidade do sentimento popular além de um certo ponto. A corrida contra o tempo, em que o nrnrxist:t Salvador Allende estava e mpenhado, aproximava-se de seu fim. Tanto mais que, como vimos, à medida que o programa socialista se aplicava, seus efeitos de escassez e miséria agigantavam-se.

Páginas rutilantes de vida e heroísmo. Ocuparíamos centenas de páginas, rutilantes de vida e de heroísmo, se fôssemos registrar e,n suas minúcias todas as manifestações do descontentamento popular de base, que foi crescendo até tornar insustentável o governo da Unidade Popular. Algum dia, essa história deverá ser escrita, tanto e,u seus grandes lances como nos pormenores mais miúdos, vivazes e pitorescos, tão próprios das expressões espontâneas que nascem do bom senso e do espírito de um povo que se rebela contra um estado de coisas antinatural e absurdo.

O tilintar . das panelas vazias Uma das expressões que mais marcaram os protestos do povo chileno foi o barulho s imbólico que as donas de casa faziam junto às janelas, batendo no fundo de suas vasilhas de cozinha, panelas, frigideiras, etc. A partir do segundo semestre de 1971 , a uma determinada hora, grandes setores das principais cidades ressoavam con1 o tilintar das panelas vazias, nmn fragor contra a falta de alimentos. Era impossível ao governo marxista silenciar essa pacífica, porém el0<1üente manifestação.

A Unidade Popular derrotada nos sind icatos Enquanto isso, o repúdio ao socialismo vinha-se manifestando em diferentes setores

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ram a comprovar as Forças Armadas e os Carabineiros nos dias subseqüentes ao golpe - preparava um s inistro banho de sangue para o po,;,o chileno, no caso de a resistência anticomunista da opinião pública tornar impraticável a via pacífica. . . As normas de controle capilar de sabor "moralista" da equipe que dirigia o Ministério da Justiça do Doutor Allende teriam sido apenas o começo da mais tecrívcl das ditaduras ( cf. Plinio Corrêa de Oliveira, "O tribunalzinho", in "Folha de São Paulo", de 24 de ja neiro de 1971). Ne,n o estabelecimento desses "tribunais populares", nem o projeto de fechamento do Congresso Nacional e da criação de uma "Assembléia Popular", igualmente anunciado pelo governo marxista, chegaram a se realizar.

das atividades chilenas. Assim, por exemplo, no segundo semestre de 197l os mineiros de cobre de Chuquicamata elegiam quatro dirigentes filiados à oposição, contra apenas um do governo. A oposição conquistou também a direção do Colégio dos Jorn;ilistas. Pouco depois começaria a heróica resistência dos funcionários e operários da ComfJW1ía Ma1111/ac'l11rera de Papeles y Cartones contra a estatização. Em novembro do mesmo ano, todos os cargos da Federação dos Motoristas de Taxi ficaram nas mãos da oposição, e a Unidade Popular era també1n derrotada nas eleições do pessoal do Banco de Concepción.

"La izquierda unida nos tiene sin comida" Uma floresta de bandeiras chilenas tremulacam a·o vento e os gritos de "la izquier-

da unida nos _1ie11e siii co,nida" e "Chile es y será 1111 país e11 libertC1d" marcaram com sua poderosa expressividade as ruas da ca· pital no mês de dezembro de 197 l. Eram as mulheres chilenas - que -t ão heróico papel desempenhavam na resistência contra o regiJne comunista de Allende - que desfilavam com suas vasilhas e utensílios de cozinha, na famosa "Marcha das panelas va.

..

z1as .

Nesses dias Fidel Castro visitava AUende, trazendo-lhe a solidariedade da tirania cubana. Os jornais estamparam fotos de Fidcl dançando com uo1 dos a.ltos funcionários do regime allendisra. As 150 mil donas de casa aludiram ao fato gritando em coro, em sua marcha pelas ruas: "~1ic11trC1s baila11

con Fidel, 110 tenemos que come,"; "Fidel a la o/la, aliiiado con cebo/la"; "Si 110 se va luego Fidel, 110 va a con,er 11i é/".

A esquerda perde terreno por toda parte A partir desse momento o descontentamento popular se tornava incontenível e cresceria dia a dia. A Unidade Popular, cm um mês, perdeu as eleições em cinco federações de estudantes universitários. Perdeu também as eleições no Sindicato da Empresa Nacional de Petróleo. (ENAP) e as do pessoal do Ban· co Edwards - estati1A1do como represália contra os proprietários do jornal "El Mercúrio", que tinham interesses no referido ·e stabelecimento. Deflagrou-se uma greve na marinha mercante e na empresa têxtil estatizada Hermes. Por sua vez, os est.ivadores dos diversos portos do país manifestaram seu repúdio à estati:zação das companhias de navegação.

Um a brutal repressão contra aleijados Uni fato que provocou a indignação de todas as pessoas retas serve como sintoma do nervosismo que se havia apoderado das autoridades socialistas. Realizou-se cm Santiago uma manifestação de protesto de aleijados contra a tramitação excessivamente lenta de seus pedidos de importação dos implementos ortopédicos de que necessitavam. O intendente .socialista da Capital deu ordem à polícia para dis-


solver pela força os manifestantes. A impiedosa agressão governamental não hesitou em lançar por terra esse.s cidadãos indefesos, junto com suas muletas e cadeiras de roda.

A "marcha da liberdade" No dia l 2 de abril de 1972 realizou-se a imponente manifestação que ficaria gravada na memória de todos os chilenos. Mais de 750 mil pessoas se reuniram nas ruas de Santiago, na maior manjfestação ele re púdio que u,n governo chileno havia até então recebido. Concentrações públicas semelhantes efetuaram-se cm ,todas as cidades importantes ao longo de todo o país. Os manifestantes bradavam slogans muito significativos: "A trás, atrás, gobier110 incapaz",; "Comunistas desgraciados, ya nos tiene11 biet< ~-,msados"; "Cazuela y asado so11 cosas d ei pasado". Que pod ia fazer o governo contra tantos milhares de pessoas? A situação era cada vez mais crítica. O descontentamento se generalizava e adquiria formas serupre mais radicais. Os camponeses cio Sul paralisaram os seus trabalhos.

A greve dos pequenos comerciantes Uma a uma sucedem-se as greves e manifestações <le protesto: estivadores negamse a descarregar um barco cubano; pescadores repudiam projeto de estabelecimento do monopólio estatal para a compra do pescado; trabalhadores de cem indústrias concentradoras de minério de cobre em Andacollo, no norte do país, declaram-se dispostos a reprimi( as ocupações q ue os esquerdistas ameaçam fazer.

Os pequenos comc,·eiantes deflagraram uma greve nacional de protesto contra a falta de gêneros para vender e a iníqua dis-tribuição feita pelos organismos estatais. O governo empregou os meios mais violentos para forçar os varejistas a abrirem suas portas, mas estes apresentaram uma resistência

desassombrada, que custou a vida a vários deles e a prisão e ferimentos a outros.

Luta heróica dos motoristas de caminhão Foi assim que se chegou ao mês de outubro, quando começou a grande greve geral dos motoristas de caminhão, que contaram com o apoio maciço de todos os setores, profissionais liberais, comerciantes, donas de casa, camponeses, etc. Nesse mês ele outubro de 1972, o Chile ficou praticamente paralisado. Em Santiago, um milhão de pessoas participou de um ato de solidariedade aos motoristas. Mais de 500 mil estudantes aderiram ao movimento paredista. A firme determinação dos "camioneros" re(lete-se bem no seguinte parágrafo de uma caria enviada pelo presidente do Conselho Provincial dos Proprietários de Caminhão de Antofagasta ao General Prnts, cotão Ministro do Interior: "Sen, 11rej11dicar a ninguém, vmnos reunir todos os 11ossos veículos e queimá-los publicamente, por não enco11rrar111os nwis em nossa 11r6pria Pátria lugar f}ara o trabalho. ne111 acesso 1l justiça".

nifestar a sua solidariedade com o povo, que não apenas sofria uma negra miséria, mas também lutava heroicamente para livrar-se dela. Ao contrário, o Comité Permanente do Episcopado julgou necessário declarar publicamente que "desejava se conti1111asse com o processo das 1111ulm1ças te11de11tes a libertar o povo de qualquer situação de injustiça e de miséria". . . ("EI Mercúrio'', de 22 de outubro ele 1972, apud "A autodemolição da Igreja, fator da demolição cio Chile", manifesto da TFP chilena ver "Catolicismo", n. 0 267, de março de 1972) . Tampouco os Padres progressista~ manifestaram sua compaixão -para con1 os sofrimentos e necessidades dos seus fiéi-s. Por que antes de subir Allende eles diziam preocupar-se tanto com os problemas materiais do povo, e agora, com Allcnde no poder, preferiram ignorá-los? Era realmente a pobreza do povo que lhes interessava, ou falavam desta apenas como pretexto para combater a propriedade privada? Quando a miséria passou a ser clamorosa - tão clamorosa que arrancou protestos enérgicos de un1 povo pacífico como o chileno - esse mesmo Clero se calou , e com seu silêncio colaborou com o regime marxista opressor. Não colaborou só com o silêncio, mas procurou ainda apaziguar a legítima indignação popular. Esse é um traço da História recente que os chilenos não esquecerão facilmente.

O regime marxista luta pela sobrevivência A atitude decidida dos motoristas de caminhão, <1ue contavam com a solidariedade de quase todos os outros setores ela iniciativa privada, abalou profundamente o regime. Allende teve que recorrer aos militares para fazer face à crise, incorporando oficiais generais ao seu gabinete. Ao mesmo tempo, comprometeu-se a fazer cessaren1 as discriminações que prejudicavam os "camioneros". As discriminações consistiam cm negar carga aos que não eram partidários do governo, bem como cm constituir ,uma frota ele caminhões do Estado para substituir a iniciativa privada no setor dos transportes. Terminada a greve graças à intervenção dos militares e f1s promessas presidenciais, o governo ela UP não deu nenhum sinal de que estivesse disposto a cumprir os compromissos assumidos. F icou evidente que tais promessas não tinham sido senão manobras com o objetivo de ganhar tempo em busca de uma saída para evitar a bancarrota do regime socialista. O governo obteve assim algum tempo de trégua. Ao mesmo tempo, a UP vinha sofrendo sucessivas derrotas nas eleições estudantis que então se estava,n realizando. Em novembro, a Universidade de Conccpción, considerada um reduto cio MIR, passou, pela primeira vez em muito tempo, ao controle co mpleto ela oposição, que obteve 53,14% dos votos nas eleições ali reali7.aclas. O M lR não alcançou senão o total irrisório de 8,7%. Em Valparaíso, todo o diretório estudantil da Universidade Católica ficou nas mãos do setor mais anticomunista que concorreu ao pleito eleitoral, o qual derrotou amplamente tanto a Democracia-Cristã, quanto a Unidade Popular.

Tão grande era o descontentamento popular, que se chegou a pensar que nessa ocasião terminaria, afinal, o martírio dos chilenos. Era uma boa ocasião para que o marxista Allende cumprisse a promessa de renunciar à Presidência caso fosse repudiado pelo povo. Foi aí que o Cardeal Raul Silva Henríquez, que se achava cm Roma, enviou de Já uma mensagem pública ao Presidente marxista, manifestando-lhe toda a sua preocupação -pelos acontecimentos, e oferecendo-lhe regressar imediatamen te ao país, se Al!ende achasse que era necessário. Em outras palavras, o Cardeal utilizava seu alto cargo para ajudar a sustentar no poder o regime que mantinha o povo chileno na miséria. Do mesmo modo, nem uma figura do Episcopado, sequer, levantou a voz para ma-

Buenos Aires, Montevidéo, Nova York, Miami, Madri e Piacenza. A TFP chilena - apoiada em mais de cinqüenta documentos - demonstrava de n1odo irrefutável que o regime marxista não pode(ia ter ido tão longe, e nem sequer se teria instalado, se não tivesse contado con1 o apoio do Clero, liderado pelo Cardeal Silva Hcnríqucz e pela grande maioria do Episcopado Chileno. Essa colaboração manifestou-se em alguns casos pelo silêncio; cm outros pela relativização da oposição irredutível entre a doutrina católica e o marxismo; em outros ainda, pelo apoio a programas de reformas de estrutura socialistas e confiscatórias, ou pela atuação diplomática e política nos momentos críticos; finalmente, cm algumas ocasiões, pela clara adoção da doutrina marxista. Em linguagem serena, deixando os fatos falarem por si, a TFP exortava o povo chileno a permanecer fiel, até as últimas conseqüências, à doutrina tradicional da Igreja, e a não se deixar arrastar pela influência do Clero favorecedor do comunismo. O manifesto fazia claro aos católicos que não só podiam, -mas que deviam ver na doutrina católica o fundamento para uma enérgioo posição anticomunista.

Onze Sacerdotes desassombrados Ne,n o Cardeal, nem os Bispos, nem tampouco nenhum Padre progressista encontrou facilidade cm responder à linguagem dos fa-

Em greve os mineiros de EI Teniente Os 11.500 mineiros da importante iuina de cobre estatizada de E I Teniente iniciaran1 no dia l 9 de abril uma greve de protesto contra o regime comunista, a qual deveria estender-se por quase três meses. À medida que os dias se -passavam, 1a greve ia transpondo o âmbito local para arrastar todo o -país cm uma campanha de solidariedade com os -mineiros perseguidos, agredidos, e alguns deles até mor.tos por elementos governistas.

A «caravana da f orne» Os pequenos agricultores ela Província de Llanquihue, no extremo sul, organizaram uma caravana, chamada "caravana ela fome", que devia cruzar todo o país levando aos mineiros em greve o auxílio material e o apoio moral de todos os chilenos. À medida que avançava para o norte, a caravana ia sendo engrossada por novos caminhões trazendo os recursos que cada cidade oferecia para a resistêocia dos mineiros. O governo deu ordem de cortar-lhes o passo na Província de Bio-Bio, mas toda ação foi impossível ante a desassombrada decisão dos mineiros que aco,npanhavam a caravana, os quais levavam cargas de dinamite atadas à cintura, ameaçando fazê-las explodir caso fossem atacados pela polícia. Assim conseguir-am romper todos os cercos feitos -pelas tropas do Exército e dos Carabineiros.

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1973

:o,,,~No.o·EcÍs1vo f.

Bispos ajudam a manter . ' . o povo na m1sena

tos. Assim, o manifesto da TFP chilena ficou sem resposta. Contudo, onze Sacerdotes tomaram a corajosa atitude de dirigir aos signatários do documento cartas públicas de apoio. Era um fato inusitado e confortador para a opinião católica, que imaginava já não poder contar com o estímulo e a aprovação entusiasta de ministros da Igreja, em sua luta heróica contra os erros ateus, materialistas e antinaturais do marxismo.

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O ano de 1973 foi decisivo para a "experiência chilena". Só no mês de janeiro dezesseis agremiações .profissionais difercotes entraram cm greve ou fizeram ouvir ~ua voz ele protesto, com significativa repercussão pública. (Ver cm ou tro local o quadro das greves e manifestações de protesto ocorridas nos quatro primeiros meses deste ano).

Autodemoiição da Igreja, fator da demolição do Chile Em 27 de fevereiro a Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade publ icou na imprensa de Santiago o manifesto intitulado "A autoclemolição da Igreja, fator da demolição do Chile". Esse manifesto repercutiu largamente em todo o país, tendo sido reproduzido pelos principais jornais das províncias. No Exterior, foi publicado no Rio de Janeiro, São Paulo,

Preparando a violência: o terrorista brasileiro Sérgio Mora~s -_interventor governamental na indústria MADECO transformava .emptlhadeiras em pequenos tanques como o que se vê na foto. 11


Os mineiros marcham sobre a Capital Como a greve se prolongasse indefinidamente sem que suas pretensões Fossem atendidas, os mineiros de EI Teniente decidiram marchar sobre Santiago a fim de pressionar o governo marxista. À altura da ponte sobre o. Rio Maipo - a vinte quilômetros da capital - tropas de um governo que se auto-inti· tulava "dos trabalhadores", equipadas com tanques e metralhador-as, dispunham-se a abrir fogo contra os grevistas. Estes não recuaram. Travou-se uma longa batalha de seis horas. Quando veio a noite, os mineiros lograram budar a vigilância policial-militar e cruzaram o rio a nado, aparecendo atrás das tropas governamentais quando clareou o dia. E assin1 entraram triunfalmente na Capital.

As mulheres ácompanham seus maridos Enquanto isso, as mulheres dos mineiros cn, greve não permaneciam inativas. Muitas

delas acompanharam seus maridos na marcha sobre a Capital. Outras apoderaram-se de emissoras de rádio e transmitiram proclamações e m favor dos grevistas. A situação do país era muito tensa, e agravou-se ainda com a divulgação do projeto de comunistização da educação, a que nos referimos. No dia 20 êle junho uma dissidência da CUT de Santiago, oposta ao marxismo, decretou uma greve de solidariedade aos mineiros.

Os "camioneros" param de novo Os propdctários de caminhões resolveram ir novamente à greve geral no dia 26 de julho. Estes ºcamioneros.. eram, cm geral, gente de trabalho que possuía apenas um velho caminhão e tinha um único empregado. Sua atividade é vital para o Chile, país de peculiar conformação geográfica: apertado entre a cordilheira e o mar numa extensão de mais de 4 mil quilômetros, a ligação entre os pontos extremos é ,feita por estradas de rodagem . Durante várias semanas as bases da Confederação dos Proprietários de Cainiohão haviam pressionado seus dirigentes para que fosse decretada uma nova greve geral, ante a evidente rná fé do governo e o não cumprimento das promessas feitas em outubro.

Sob a proteção da Virgem do Carmo A paralisação, desta vez, foi definitiva. Do mês de outubro, os "camioneros" haviam tirado a lição de que, se permanecessem isolados, coostituirian1 fácil presa para os ataques das hordas esquerdistas. Para se defende.rcm, os 45 mil motoristas chilenos concentraram seus veículos em grandes acampamentos, localizados em vários pontos do país. Esses acampamentos eram vigiados dia e noite pelos "camioncros", que ali -pernoitavan1 -acompanhados de seus ajudantes; estes últimos mostraram-se em todos os momentos solidários com os patrões. Reinava nos acampamentos uma perfeita ordem e disciplina, bem como um verdadeiro fervor religioso. Realizavam-se ali com freqüência cerimônias religiosas, inclusive Missas. Os "camioneros" tinham consciência do caráter religioso de sua luta contra o comunismo, antinatural, anticristão e ateu, e sabiam muito bem que a Fé catóiica era o melhor fundamento e estímulo para essa luta. Assim é que haviam colocado o seu n1<>vimcnto debaixo da proteção da Virgem do Carmo, Rainha e Padroeira do Chile; foram distribuídos milhares de escapulários entre os motoristas e seus familiares. esse fervor religioso, unican1ente, que explica a heróica determinação dos "can1ioncros" de destruirem os seus veículos seu único instrumento de trabalho - para impedir que eles caíssem nas n1ãos das autoridades comunistas, que os esravan1 requisitando em massa.

e

A solidariedade de todos os chilenos Todo o Chile se solidari:rou com os grevistas. Apesar da cxtrenra escassez de ali-

mentos existente no país, todos os dias chegavam aos acaf11pamentos importantes donativos de gêneros, bem co,no contribuições cm dinheiro, roupas, medicamentos, etc. Ao mesmo tempo que as expressões de apoio material e ,nora! afluíam de todo o país, viera,n os violentos ataques das hor· das esquerdistas do MfR e de partidários do governo marxista. Vários motoristas foram feridos e quatro deles pagaram com a viela a defesa <!e scu_s veículos. No dia 3 de setembro, um comando multi-sindical, reunindo 25 agremiações de operários e camponeses de toda a zona de Concepeión, declarou greve de duração indefinida, em apoio aos donos de caminhão. A

esses sindicatos somaram-se médicos, dcntis. tas, enfermeiras, pilotos comerciais, condutores de micro-ônibus, pequenos con1crciantc.s e outras categorias pro[issionais. O país estava praticamente parado. Os alimentos, já difíceis, escassearam ainda mais. Começou o racionamento de combustível. A .situação fazia-se intolerável. O Chile parecia uma nação c,n guerra. Cresciam os rumores de descontentamento da oficialidade das Forças Armadas e dos Carabineiros. Enquanto isso, a minoria marxista que hã via pretendido dominar o Chile mediante traiçoeiras manobras psico-políticas, e conduzira o povo à ruína c,::onômica, preparava-se ocultamente para implantar o terror.

FALIDA A "VIA CHILENA", O BANHO DE SANG·UE Quando na madrugada de 11 de setembro se produziu o movimento das Forças Armadas e dos Carabineiros, a alegria foi geral. O Chile inteiro compreendeu instantaneamente que as circunstâncias excecionais cm que a pátria se encontrava exigia,n n1edidas também excecionais. O histórico Palácio de La Moneda ardeu em chamas, ficando scmidestruído pelos bombardeios. Em uma de suas salas, Salvador Allende Gossens matava-se com uma metralhadora que lhe presentea.r a seu an1igo Fidel Castro. Era o fim da dominação que o comunismo havia imposto ao grande país andino, fazendo-o viver os dias mais amargos de toda sua História. Uma das razões que levaram as Forças Armadas e os Carabineiros a deflagrarem o movimento do dia 11 ele setembro, foi a des. coberta de que o· governo da UP tinha elaborado um plano para. eliminar os altos chefes militares, os principais políticos da oposição e os líderes aoiiinarxistas de influência, por ocasião das festas pátrias, que se celebrariam nos dias 18 e 19 daquele mês. Era o chamado "Plano Z". Fracassada sua "Revolução na liberdade", o comunismo se aprestava para arrancar ·a máscara e mostrar sua fisionomia sanguinária de sempre. Quinze mil guerrilheiros latino-americanos adestrados por instrutores russos, cubanos e norte-coreanos estavam prontos para entrarem em ação, ao lado dos esquerdistas chilenos.

Armamento. suficiente para um exército Depois da rápida e vitoriosa intervenção militar que derrubou Allende do poder, em sua casa da Rua Tomás Moro, na residência de verão de El Cai\averal, no Palácio de La Moneda, em túneis sob o Hospital El Salvador, e,n depósitos de estradas de ferro e de indústrias, cm residências de personalidades do regime, cm lugares montanhosos, por toda parte enfim, as Forças Armadas e o.5 Carabineiros foram detectando e apreendendo armamentos e munições, suficientes para equipar um exército inteiro. Havia metralhadoras, granadas, "ba1.ookas", fuzis, revólveres, pistolas, munição em abundância e até modernos canhões sem recuo. Esse material vinha d'a Rússia, da Checoslováquia, de Cuba e outros países socialistas, como também da Argentina peronista. Os próprios militares ficaram surpresos con1 a quantidade de -armas acumuladas pela Un.i dade Popular. E não é improvável que ainda reste muito por encontrar . ..

Os presentes de Fidel . . . O próprio Chefe da Polícia de Investigações de Santiago, o marxista Eduardo P,aredes, esteve envolvido na introdução desse armamento no país. Aliás, o pessoal do Serviço de Investigações era constituído em grande parte por "miristas", ou seja, ativistas do M lR, o grupo de extrema-esquerda que. fingia opor-se a Allcnde. . Em março de 1972, chegaram por v,a aérea treze grandes caixões procedentes de Havana. Allende não permitiu que a Alfândega vistoriasse o carregamento. Isto provocou um escândalo nacional. Acusado por deputados da oposição no Congresso, o Chefe de E.~tado defendeu-se alegando que eram "obras de arte" que lhe haviam sido wesenteadas por Fidcl Castro. Cinicamente

convidou os que quiscsscin comprovar isso, a visitarem sua casa de Tomás Moro. Depois de sua queda, descobriu-se em que consistiam essas "obras de arte": 30 metralhadoras, 175 revólveres e pistolas de vários calibres, 6 foguetes, 400 quilos de n1unições e apetrechos para todas essas armas . .

Escola de guerilheiros na residência de verão Em sua residência de verão na quinta de E l Caiíaveral, sob pretexto de manter cm Forma os componentes de sua guarda pessoal, o famoso GAP ( Grupo de Arnigos Pessoais), o Doutor Allcndc tinha instalado uma verdadeira çscola de guerrilheiros, com cursos completos e graduação. Por ela iam passando os fut.uros integrantes do "Exército Vermelho". Entre os monitores havia oficiais russos, e ntrados no país como " técnicos industriais".

Planos para uma noite de São Bartolomeu Em um conjunto de edifícios recentemente construídos, o complexo San Borja, onde moravam principalmente membros da UP, as Forças Armadas e Policiais encontraram planos sinistros, entre os quais o de uma incursão verll\clha nos bairros residenciais de Santiago, com a matança de todos os moradores oposicionistas. A incursão começaria com uma marcha de solidariedade a Cuba, que se dirigiria à' Embaixada daquele país, situada em um bairro de classe alta. •

Os 150 "diplomatas" cubanos . .. Durante as ações do -dia 11 de setc,nbro, as Forças Armadas e os Carabineiros foram atacados por indivíduos entrincheirados na Embaixada cubana. Soube-se então que a Legação de Cuba tinha dezenove diplomatas acreditados junto ao governo chileno, mas contava con1 um pessoal de 150 membros! A Junta Militar obrigou-os a deixarem o país em algumas horas, depois de h~vcr rompido relações com o regime de F1del Castro.

.. . e os "técnicos industriais" russos A Embaixada russa em Santiago d ispunha de seis ou sete edifícios e mais de cinqiienra automóveis. O Almirante Merino, Comandante da Ar-mada e n1embro da Junta Militar, denunciou que os "técnicos" que trabalhavam na empresa construtora KPB, cm EI Belloto, eram oficiais do Exército soviético, que estavam treinando indivíduos na técnica da guerrilha urbana e da subversão. Na Baía de Colcura, seiscentos quilômetros ao su.1 de Santiago, os russos estaval)l construindo uma base de navios de guerra, sob o disfarce de um porto pesqueiro ("La Prensa", de Buenos Aires, de 29 de julho de 1973).

Fidel assegura sua disposição. de "cooperar" Entre os papéis de Allcnde, foi encontrada uma carta dirigida a ele, pouco antes, por Fidcl Castro. Aí lemos: "Caro Salvador.

Co,11 o pretexto de discutir questões referentes à reunião dos países não alinhados, Carlos [Carlos Rodríguez, segundo homem do regime cubano) e Pinheiro realizam uma viagem a Santiago. O obietivo real iÍ i11forr11ar-se contigo sobre a situaç,io, oferecer-te corno semrJre a nossa disposição d e cOO/Jerar . .. Veio que vocês estiio agora com a delicada questão tio diálogo com a DC, em meio de acontecimentos graves . . . lrnagino por isso a gra,rtle tensão existente e teu deseio de ganhar te,npo, ,nelhorar a correlação de forÇlls pllra o caso de que arrebente a luta. Tua decisão de defender o proqesso corn firrneza e co,n honra, até o vreço tia pr6pria vida, que todos te saben, capaz de cu,nprir, arrastará para teu lado todas as forças capazes de combater" ("Tribuna", de 25 de setembro de 1973) . Dizia-se em Santiago, nos dias seguintes /1 derrocada do regime marxista, que o navio cubano "Playa Larga" se aproximava do Chile trai.endo centenas de guerrilheiros prontos para a lula, quando se produziu o golpe militar. Outros navios estarian1 em alto mar, com o mesmo gênero de passageiros e identidade de intenções.

Corrupção moral dos líderes do regime As autoridades militares e policiais que entraram nas várias residências presidenciais, constataram que elas era,n verdadeiros centro de orgia. Em um cofre .n a residência i>arlicular de AUcncle na Rua Ton1ás Moro, (oi encontrado um álbum de fotografias pornográficas, nas quais aparecem personalida· des do regime niarxista -praticando as mais aberrantes imoralidades. A revista "Ercilla" relata que o notário público Rafael Zaldívar, que lavrou a ata de tudo o que ali havia sido encontrado, escreveu nela o seguinte: "Achou-se tami>é,11 abwulante material pornográfico, que não é o caso de C0(1sig11ar". "Zaltlívar - diz hErci.lla'' visivdl111e11te ·incu11wdado, comentou: "Pelo rCJ'fJCÍIO que todos os chilenos sern/)re tiveram /Jara coni a pessoa do PreJ·ide11te da República, é doloroso ter que fazer referência a tudo isto" ("Ercilla", de 26 de setembro de 1973).

Considerada de uma perspectiva mais ai· ta a linha geral dos acontecimentos, a tragédia chilena aparece como uma luta de socialistas fanáticos, desenvolvida cm três etapas. Na primeira, eles lutam contra a realidade, que procuram amoldar a seu mito. Maurice Paléologue, que foi Embaixador da França na Rússia durante a primeira guerra mundial, conta que quando algué!n advertia Lenine de que esta ou aquela teoria sua contrariava a realidade, ele respondia simplesmente: - "Tanto pior para ·a realidade" . .. No Chile a realidade não se deixou amoldar pelos mitos marJC:istas e gerou uma crise. :B a aplicação do clássico provérbio francês: "Chassez le naturel, il revientlra m, galop". A realidade, enxotada por Allcndc, vingouse, gerando uma crise. A segunda etapa é a da lula do P?Vº contra os socialistas: torturado pela crise, lança-se ele contra os mitômanos. A terceira, não a vamos descrever, porque o nosso único objetivo é fazer uma crÍ· t·ica da experiência socialista. Nesta etapa temos a luta das Forças Armadas e dos Carabineiros do Chile, que cm um lance h~róico libertaram o país d.a ditadura _d ?s m,tômanos, enquanto Allende, um m,tomaoo inconformado recusando-se a fazer uso da Bíblia que Ih~ presenteara o Cardeal Silva Henríquez, e utilizando c,m troc_a a metralhadora que lhe (ora dada por F1del ~stro, preferia lançar-se nas regiões sombrias da morte. Como ficou dito' não é nossa intenção es. tudar a intervenção militar, nem para cxpl~cá-la, nem para glorificá-la. Nossa exposição visa outro fim, que é o de apresentar aos leitores o fracasso do socialismo, verificado cm uma nação irmã, tão próxima de nós e a nós ligada por ta-ntos laços. Contudo, a leitura deste documentário traz consigo a explicação mais profunda da inconformidade do povo chileno e justifica a atuação dos militares que libertaram o país andino. Não seria pois injusto que este trabalho • ' . de terminasse com uma palavra de elog,o, homenagem e de gratidão aos que ide~li~aram e conduziram a luta contra o socialismo allendista, bem como àqueles que nela tombaram e aos que nela venceram.


PESSOAS DE TODAS -AS CONDIÇÕES FALAM À REPORTAGEM, SOBRE A ''VIA CHILENA'' -

''ln/elitmente, sim, há outros. Entre eles, os Bispos de Temuco, Talca e San Felipe".

''CARDEAL ERA VISTO COM FREQÜÊNCIA AO LADO DE ALLEN DE''

Cosme Beccar Varela Hijo, Presidente da TFP argentina e chefe de nossos enviados ao Chile, ouve o Revmo. Pe. Raymundo Arancibia .

QUEM QUISER compreender a situação a que chegou o Chile durante o governÓ de

Allcndc, terá que analisar necessariamente o papel que nela desempenhou o Clero progressista.

Quisemos conhecer a opinião de um eminente Sacerdote da Arquidiocese de Santiago, a esse respeito. E, assim, entrevistamos o Revmo. Pe. Raymundo Arancibia.

Recebeu-nos ele cm sua casa, num bairro afastado de Santiago. Ali mora desde que, à vista de circunstâncias que lhe faziam pressentir como iminente a sua exoneração, preferiu renunciar à Paróquia de São Bruno. Eíctivamcntc, sua posição de fidelidade à doutrina autêntica e às 1radições da Santa Igreja tornavam-no incômodo aos Padres "avançados .. , à frente dos quais se encontra o Arcebispo-Primaz, Cardeal Raul Silva Henríquez.

O progressismo (q ue ning uém reprime) e a crise relig iosa ..A ,levoção religiosa do povo diminuiu " partir da década ele 1950 - começou nosso -

interlocutor. Recordo-me de que, antes, tloze Sacerdotes levavam dez. horas para confessar fodoJ· os fiéis ,Je uma pllr6quia, que acorriam tl igreja na véspera tia grande festa mariana tie 8 tle tlei.embro, a qual era limito celebrada aqui. A partir ,te 1950, isso foi tliminui,ulo. Hoje, em tluas horas, um único P<Ulre é sufi· cie11te para ouvir a confissão de qu,mtos ,,correm por ocasiãQ dt, mesma fe.ru, marial. Tornaram.se comim.,· tis "confissões gerai/', em que se t1bsolvem grupos inteiros de pes.soaJ·: isso não é, em absolwo, válido - mas vai J·en,lo impulsionado por mru'tos Sacerdotes. Os Ptulres Jesuítas e os Padres franceses (P,ulrcs dos S<1grados Corações), e,ii,c<1clores dos filhos da$ /tm1ílias tradicionais chilen<Lr, desde há muito vêm difundindo as idéias prolJYl'_l'Sistas. Os primeiros editam a revista "Men• .raje'>, /rtmcamente esquerdista. Nos rUtimos anos houve cerca de 250 apos. MSills 110 Clero chileno, iucluindo·se a de um Bispo. A maioria do.t que apostataram eram Sacertlotcs jovens, ordentulos há pouco tempo. Alguns. corno os Padres DtJTiO Marcotti e Pcrua,ulo Ugartc Larraín, haviam opoiatlo Allende cm $U<1 campanha politica. Um Monsenhor me tlizia: "'Em minha Par6quia, tenho o orgulho de dizer que mmca se rezou a novena à Virgem. do Carmo"! Outro Monsenhor, hoje de muito projeção, que vfojou à E uropa parti visitar comunidades prote.rumtes, l·usteutava: "No mosteiro (protesllmte) de Taizé, .1·im. é que há vertla,leira espi• . /'/d'" r,tua '" a e. . .. São os Padres mais esquerdi.rtas que estão OCUf)(mdo ,,.r posições mais influentes. Ntío há re1>resscio alguma para o grupo dos chamados "Sacer,Jotes para o Socialismo".

" Todos os oporêncios d e u m a co1a bora~a- o .. . " Qual foi a ação do Cardeal nesses últimos três anos, tão decisivos pnra a história do Chile·/

- "Sem faltar ao respeito imenso que me merece a alta investidura do Sr. Cordca/.Pri· ma;i;, devo di;i;er que a ação dele teve todas CIS aparências de uma colaboração com o regime marxiJ·ta. Quando Fide/ Castro veio ao Chile, o Sr. Cllrdea/ esteve com ele várias vez.es. Apresentou-se também, cm muitas oc,isiões, junto a Alfende em atoJ· públicos. To/vez. ÍllVô• c,1.-r.re o fato de que se trataw, da autoridade máxima do paÍJ'; mas a vel'dt1de é que ele ert, "isto Jreqiienteme11te na mesma tribww em que estava o Presidente ,narxista". - Inclusive cm atos promovidos pela Ccn· trai única de Trabalhadores, dominada pelos comunistas? - "ln/clitmente, J'im".

"Se um Anjo ensinar uín eva ngelho diferente.

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- V. Revma. sofreu pressões durante sua gestão à frente da Paróquia de São Bruno, aqui em Santiago? - .,Evidentemente, eles não estavam satisfeitos com minha recusa em adotar os caprichos progressistas. 1·1ulo o que o Pllpa marrdava er< Jaz.ia, mas não podia admitir que cad<1 um fi'l.esse o que /Ire aprouvesse. Um Padre norte· t1111erica110 queixou-se publicamente de que eu era um freio ao desenvolvimento das "Comunidades de Base" e ,b- mudanças, na minlra Pa.. róquia. Mas a 1ínica vez que recebi uma inter• pelaçüo do Arcebispado foi em conseqüência de um sermão feito por um Plldre de minha Paróquia. Ele havia afirmado que, se algum Sacerdote, ainda que fosse o Cardeal, dissesse algo de contrário à domrina da Igreja, que ele pregava, - os fiéis deveriam recoutar-se ,Ja. qucl" frase de São Par,/o: "Se um Anjo do Céu descesse e pregasse um evangelho tliferente ,laqueie que vos ensfoei, não lhe presteis ouvi· dos". Em conseqüência desse sermão, um Mo11· senhor tia Câria me chC1mou, paro queixar..se porque aquele Padre "cs1t1vll intervindo na po.. lítict,". Parece que isso .re deveu ,l demíncia de um progressista de minha ex-Par6quia". - Em conseqüência disso, V. Rcvn1a. rc~ nunciou à Paróquia? - "Não. Foi nu,;s tartle. Porque eu previa que se não renunciasse, terminariam ,,or 111e exo11ert1r. Muitos fiéis de minha juris<lição fo· ram à Cúria para pe,Jir que não me removessen1; mas Monsenhor ú1rrt1ín - Bispo-Auxiliar de Sdntiagô - respondeu-lhes: "Não somos n6s que o estmnos tirando. E ele que está indo em.· hora. Não vemos inconveniente em que fique".

Mos eu fui embora assim mesmo - minha posição era i11sustentável . . . Não me reco11cilio com estas novidades esquerdistas. Creio que, no fundo, elas nascem de r,ma perda da fé". - E qual a reação do Clero depois da derrubada de Allende?

Depois da queda de Allende - "O Clero está pro/11ndame11te dividido. Os progressistas - que são os que dominam - são partidários e propagandistas dll Demo. cracia-Cristã, ou diretamente do marximo. Eles estão furiosos, - da ,nesma maneira que os dirige11tes do PDC, diga-se de passagem. Consitlere o Sr. q,te um vizinho de uma ca· .ra paroquial de Santiago, atendendo à exorta· ção tl<1 Junta Militar, hasteou a bandeira chilena em sua casa. O Pároco perguntou-lhe, em tom. tle mofa: - "Está-se preparando para " parada (desfile militar)?" - "Para ll "parada" {/reiada) que os militares ,leram nos comuniS· tt,s!", respondeu-lhe o vizlnho, triunfante. O P"dre ,iescarregou li ira sobre sua pobre empregada, ordenando-Jlte que retirasse a b,uuleira que ela, patrioticm11e111e, também havia hasteO· ,lo em sua pr6pria casa. Por seu lado, o Clero tradicional e fiel está satis/elto com, o ,pronunciamicnto militar. Máxime porque, se não fosse isso, talvez. Alle,u/e tivesse deixado o poder parll entregá-lo a Frei, o qual já mostrou como o PDC é li ante-safo do marxismo·•. - O Sr. co.nheec pessoalmente Frei? - "Como mio? Foi meu coleg,, ,Je Seminá· rio, de 1920 até me<1dos de /922. Da mesma maneira que Alberto lerei., hoje tlirigente tl<1 esquerda cio PDC . .... Despedimo-nos do Pe. Arnncibia, agradecendo-lhe a deferência em nos couceder esta entrevista, felicitando-o por seu valor e sua fidelidade aos princípios sadios, e pedindo-lhe que se lembre de nós ern suas orações.

SOCIALISMO C·ONFISCATÓRIO DESTRÓI A LAVOURA CHILENA

A Universidade Católico, centro de esquerdismo - E que se passou com a Universidade Católica? - "O Sr. Cardeal é Ch,mceler da U11iversitltule, e. portanto, sua maior autoridt1de. A política seguida na Universitlade foi muito desacertada. Forçou-se o afastamento tle Monsc11hor Alfredo Silva, Reitor Magnifico, e de.fignou-se em sua substituição Fernando Casti/Jo Velasco, tle idéias francamente esqucrdis· tas. A U11iversitlatle passou a ser wn centro tle propagmula esquerdista muito nocivo exceção feita, ,n1identeme11te. dos numerosos profesJ·ores e aluno.,· fiéis aos sadios princípios católicos. ,,ue grnças a Deu.r ainda exi.ftem nela. Outra coist, muito lamentável foi a outorga do título de Doutor "honoris causa" da Universidllde Católica ao ,,oeta comwrista Pablo Neruda. Sendo o Sr. Cardeal-Arcebispo o Chancelei' da Universidade, isso não teria sitio possível sem .i·ua tmuêncitl'. - Ex istcm. entre os demais Bispos do Chile, outros que se inclinem rnmbém para essa linha "avançada" e de cooperação com o socialismo?

O Dr. Jorge Barahona Ur.:úa, líder pecuarista, fala à reportagem.

UM DOS MAIS conhecidos episódios de violência contra proprietários rurais, praticada por agitadores da Unidade Popular, foi o que leve lugar na fazenda Nilaliue, pertencente à família Barahona. Essa brutalidadr, e a subseqüente desapropriação do imóvel, custaram a vida ao Dr. Jorge Barahona Puelma, que morreu abalado com a injustiça impune. Para conhecer a história desse atentado, que é um pouco da hisi6ria - e do processo -da reforma agrária, entrevistamos seu filho, nr. Jorge Barahona Urzúa, conselheiro da Socie-

dade Nacional de Agricultura, conhecido pecuarista e advogado.

Umo figura respeitóvcl - "Meu pai, Jorge Barahona Puelma, foi uma /iguYll poli tict1 muito respeitável, embora, digamo.-r, niio do prlmelro plano ,ta política nacional - começou o nosso entrevistado. Foi de· puta<lo conservatlor pda Província de Colcl,a .. gua, e vice-presidente executlvo tia Caixa de Colonização Agrícola, na presidência tle Jorge Ale.rsmulri. Empenhava-se em parcelar terras


PESSOAS DE TODAS AS CONDIÇÕES

do governo e ourras que adquiria, visando t/e.. senvôlver uma s6/ida classe média rural no , '. pms. M eu pc1i era proprietário da Fazenda Nifa,. lwe, localiza,ia bem 11a cordilheira da Costa, na qual investira simplesm ente tudo q«a11to

gauhar(t. Ele não tiniu, mais do que isso, mas era uma boa /ortmw, indubitavelmente".

Ha rmonia social na fazenda "A Jaze1ultl era de,liccula à criação de ovelhas: tínhamos cinco mil ovelhas Merino Pre· c6t alemão; e também cl criação de g,uio vacum: tínlramo.t um rebanho da raça Cltl.Vel alemão. Fizemos irrigt1ção mecânica e aç,ules: irrigamos 270 tJutulras, ou seja , rnais ou menos 450 hectares. Jínhamos 24 hectares de vinha,

e produúamos vinho bastante bom. "Semilfón País". A situt,ção tios empregados era excelente: dispunham de casas amplas, com luz elétrica; elegiam seu delegado jw110 aos patrões; havia todo um sistema ele promoções, de salários com incentivos, de classificação do pessoal no Jim do ano. Reinavt, uma grande harmonia social ern toda a Jaze,uia. E creio que era exemplo para o país. Havia oitenta empregados, e eram todos ab.. solutamente leais {l empresa. No pior ,los mo1nentos s6 quatro deles estiveram contra n6s pervertidos pelo MAPU . Movimento de Ação Popular Unitária, esses cat61icos de extrema..esquerdO:'.

No tempo de Frei, a primeira ameaça "A couwna de Pumanque - onde estavam t1S terras de meu pai era um grande foco ,le votação co11serv<1dora; is to e,n grande parte por influência de Nilahue, sem dâ.vitla. No governo de Eduardo Frei, tlemocrata-cristão, CO· ,neçarcmt « hostilit.ar-nos por causa disso. Mas houve reação por parte do pessoal da faze11da e Rafael Moreno, ent,io chefe da CORA , negou-se a expropriá-la,

Com a UP, começa o dra ma No período tia, Unidade Popular, quiseram outra vez tlesapropriá-la; para ju.rtificar a ex· f1TOpriação, procuraram provocar um levante inten,o tios trabalhadores. Então invadiram a /atenda con, desordeiros trazidos de outros iugare:,·, e com a ajuda daqueles quatro elementos 11 que ;á aludi. 1'udo era dirigido pela deputado socialista, tristem ente célebre, Joel Marambio Páez, um cl'iminoso que neste momento estd morrendo, e pelo então intendente de Col· chagua, Juan Codelia Díaz., integrante do MAPU ( o tal movimento de católicos de extrema-esqucnia), ajudados ambos por /uncionários da CORA e do Instituto de Desenvo/,•imeuto Agropecuário. Isto foi em fevereiro ,Je /971".

Os empregados forom leais até o fim - ;O Sr. poderia contar-nos um pouco como foi essa invasão? - ''Os tn,balhadorcs da /aze,ula se entriii· cheiraram junto conosco para defendê-la. Tínhamos apenas pedaços de pau, cacetes e algumas arruas de caça - para caçar rolas ou perdizes. E a lealdade dos empregados foi até o fim. Quando m eu pai morreu, vieram absolutamente todos ao enterro. Foram t rês ônibus cheios de gente". Quanlos eram os atacantes? - ''Seriam umas tluz.cntâs pes.roas armadas". - E os Srs. os repeliram? , - ''Sim. Nós os re,,e/imos. Eu pessoalmente .roí tle revólver na mão atrás do Deputado Ma· rambio, que telllou fugir. Mas 116.r fizemos parar seu jipe atirando 110 p11e1,. e o fizemos descer juntamente con1 quatro dos· ,,ssaltantes que iam com ele. Houve enteio mna lutn corporal e o deputado sociali.,ta fugiu. No dia J·eguinte, o intendente de Colchagua, Codelia, foi pre1uler•11os. Revistou a casa, Jwmilhou meu Pai. minha Mãe, minhas irmãs, todo o mundo que esttlva Já. A Jazem/a ficou llOl' mclOs tios agitodore:," '·. ..

Diante de um " tribunal popula r" ·-·Leva,·<nn presos " mim e t, meu irmão·. Em lugar de noJ· colocarem - de acordo com a lei - à disposiçiío ela J11s1iç<1 de Santa Cruz, <1ue é a capitt1l do Departan,ento, levaram-nos ao posto tle Carabineiros, que estavam naquela época tio111iuculos pelo governo da Uuidtule Popular. A li nos interrogaram ilegalmente, com toda eJ'pécie de ameaças, insultos e pressões. Co,u·· tituírmn um "tribunal pO/Jtilor", integrado pelo 14

Deput11do Joel Marambio, que havia dirigi(/o o assalto; pelo intendente Juan Codelia; por uma professora, de extrema-esquerda, de um lugar vizinho; veio irmão do deputa,Jo, que era alcaitle de Santa Cruz; e por um m étlico marxista tia zona. Eles não sabimn <1ue eu era advogado e eu lhes disse: - Não declaro nada aqui! Mandem.,ne para o Juiz. Afinal levaram-nos par,, o Forwn1 mas muito depois <lo prazo em que a lei obrigt1 a colocar à disposição da J11stiçll (IS pessoas detidas. Porque a pessoa não pode ficar naJ· máos dos policiais''. - E o que lhe perguntaram nesse "tribunal popular"? - "DisJ·er(lln·me as maiore.t grosserias. Lan .. çaram ..nos oJ· maiores insultos: - "R.eco,,heça que quis matai' o Deputatlo Marambio!" Eles queriam que eu declarasse, tl /orça. - "Ali, Você não quer declarar? Então va111os ,nantlá; lo iJ. Diretoria de l,1ves1,·gações pt,ra que lhe tipliqucm choques elétricos. . . Reconheça que se referiu de forma injuriosa, naquela noite, ao Exmo. Sr. Presidente da Reptíblica!. , . Reconheça que é um inimigo tio povo!" E outras brutalidades tio gfnero, além de coisas que não posso repetir''. - E o Sr.? - "Nãq cedi! - Não respoudo 11ada disse·lhes simplesmente. Não respondo absolu.. tamente nada aqui! Se me levarenl para o Fo,.um, lá eu farei todas as declarações que couberem. R ealmente levaramªnos para lá. Enquanto meu irmão e eu estávmnos detidos em Santa Cruz. /iteram vir meu Pai e exigiram dele - como condiçcío para desocuparem a fate11da - que admitisse como empregados doze batulidos conhecidos na citiade. Pressionado. meu pai acabou cede,ulo e admitiu os celerados. De fato, os agitadores aba11do11aram a fate11tla . , . que foi logo em seguida desapropriada pela CORA .. .

A "equanimidade" de Salvador Allende Depois pedirt1111 um Ministro em v1s1ta i't Co,.tc de Rancagua, que nós p6s e111 liberdade, e poJ'terio,·mente nos absolveu ,ie toda culpa. Em troca, o Deputado Marambio foi conde. nado cm conseqüêncilt de processo movido por n6s, por causa do assalto e de tudo o mais, mas foi indultado graciosam ente por Salva,lor Allende. para que pudesse continuar como ,/e. pulado, porque ele era incapaz de ganhar a vida tle outra maneira. . . Bem, juntamente co111 o processo do governo co11trt1 n6s, por alegada infração da Lei ele Segura11ça /11ter11a do Estado (porque se tliVa que tínlwmos atirado contra Marambio na via p1lblica - o que era certo; mas fora em defesa pr6pria o que se omitia c11itladosame11te) o Deputado Marambio moveu outro processo contra 116s, por agressão e por danos ao jipe. A se11te11ça não chegou a ser proferida, e AJ/ende ,,retendeu. para parecer equânime, ao mesmo tempo que indultava Marambio e seu ba,uio, indultar-nos també,n a 116s. Por causa ,/isso, m andei-lhe uma carta incisiva, por um rapaz. do escrit6rio: - Entregue em mãos do Ajudante de or<lens, recomendei-lhe. Na carta eu ditia ao Presidente que lhe devolvia o in· dulto, porque 11ão 1i,e sentia à altura do bando de criminosos que ele estava acosltlmado a indultar. No dia seguinte chegou um Ju11ci<>· nário do Paláclo de La Moneda, com minha carta de volta, se111 nenhum comentário''.

A CORA chega com aparato bélico - E depois, como correram as coisas? - "Depois, o intendente pediu a expropria. çtio do imóvel - sob alegação de que havia ali guerrilha interna, de q,,e havia guerl'ilhefros ,Je extrema-direita na nossa propriedade! O imóvel foi vistoriado por um funcionário que, apesar tle ser de eJ'querdo, tinha pelo menos um pouco tle crltério. Pe,liram-11,e que o visto.. ri(,sse para declará.. /o mal explorado, e assim nos poderem negar o tlircito de reserva''. - Em que consistia essa vistoria? - "'Era uma vistorill ,,gronômica, ou seja, tlesti,uula a apurar a situação eco11ômico..sociâ/ ,los empregodos e a condiç,io econômica de ex11loraçcio da propried"de, para atribuir-lhe uma <ieterminoda classificaçüO". - Esse funcionário era da CORA? - "Em um f1111cio11ário da CORA. Mas apesnr 1/e ser homem de esquerda, 11giu tle Jormll mais ou menos decente: fez a vistoria e não classificou a fa1.enda como mal e.rplorada, mfls .\·im como bem exploratlt,, o que nos dava automaticamente tlt'reitc> l) reserva. Nlio obstante, sem m,iso pr,h,io, 110 dia 28 de (lbril de 1971 ti Corporação de Reform<1 Agrária fez 11m dev6sito provisório para poder entrar na propr;(•tlatle, e às 8 horas 1/a manhã. cOm forças de Ct11·tlbi11eiros armados com apc-

trechos de guerr"· seuJ' llgentes enll'aram 11(1S casas do.t proprietários e <1uiseram q11e as tle SOCU/JáSse,nos em dutlS horas. Queriam tomar posse integral elo imóvel. Eu estavti presente nesse momento, e invoquei'·o direito de reserva, ·mas ,ne tlisscram que ele nos era negado. Por que? Porque - ditiam - 11ossa faze11da era 11111 foco de guerrilheiros". 8

Morre_o velho proprietá rio -

O que é o direito de reserva'! - "E o direito de con.rervm· uma parte ,lo im6vel expropria,io; 110 110.r.ro caso, seriam mais du menos mil quadY11s tle "l'ulo" (terra .tem irrigaçiio1 montanhosa) para crit1r ovelhas. Ou seja. mais ou menos 1.500 hectares, - 11ulS de terra montanhosa; tle terra plana, mulcl'. - Essa reserva incluía as casas? - "Deveria incluir as ccu·as, mos nos tfra1·a111 violentamente tudo. Puseram-nos para fora. Nesse momento rneu Pai sentiu.se mal, e tivemos que parlir com ·ele {l meit1-11oite para Stmliago; 11a metade tio caminho ele morreu, tio impt1cto que t0tla essa violência lhe pro-tlutira".

Queriam elimi no, a influência da família ''Tudo isso foi dirigido pelo intendente Coe/e/ia e o Deputcl,lo Marambio. A i11te11ção era expulsar-nos violentam'ente, para apagar a S(lt/ia inf/11ê11cia de noSSa família sobre a província, e para constituir, em troca, um /oco político esquerdista 11a faze11da. Depois, por causa da comoçiio nacional que este caso produziu, reconheceram seu erro e o seg11i11te Co11se/l,o da CORA e11trego11-nos " ,·eserva, aliás com grande i>aru/1,o e publicidade. Eia incluía as casas. Hoje a reserva que nos ficou está produ .. tindo, e o "asentamiento'' conJ·titufrlo 1w áreci expropriada também. E o pessoal que o ocupa conti,wa sendo de tlireitn,· nunca se rendeu ante a Unitlatie Popular. O t/ue motivou que lhe 11egt1J·sem créditos e toda espécie de t,jtUl<l técnica".

R.uína de uma fazenda outrora próspera -

A divisão que fizeram no "ascntamiCl1·

to" era uma divisão cm cooperativa? - "Ncio, nem se<1uer isso. Ê um uase11t<1mie1110", nada nwis. Simvfosme11te a CORA é proprietária tio imóvel e· os camponeses tro.. bolham em comum'', - É uma espécie de "kolkhose" russo? - •'ê um "kolkhose'' russo perfeito! A produtividade do imóvel baixou de forma vertical! Porque. enqua11to eu estive. ,Jurante vinte {mos, administrando a fazenda, quando os reservatórios se enchiam de água e podiamos regar a rerra com as bombas, pro,i,aJa.. mos mais ou meno.t J50 hectares de frutas, verdura:,· e legumes; e11gordávmnos tluzentos novilho:,·, ent re outras coisas, e semeávamos du1.e11tos hectares tle t rigo. Hoje, cultivaªse cxcluslvamente - não obstante tcrem•se e11· chie/o os reservat6rios 110 ano passado - para a alimentação dos pr6prios trabalhadores, e ponto /inall N,1o se vende natla para o mer· ctulo: o que se produz basra apenas para o consum o tio "t,sentmniento". A reserva, quer ,lizer, a varte que 116s conservamos, esta sim co111inua com a produção 11ormnl". - De que natureza são as terras da reserva? · - "São tic puro "rufo", i.tto <:~, t erra mo11u111hoj'(1. sem irl'igação. A reserva presta.se li ,criação tle o,,e.Jhas. especiolme111e, além d<l vinha, que Jicou em nossas mãos". - E essa produção s6 para o consumo pessoal dos "aseotados" , de que quantidade é? - "e mais ou menos de melo hecUlre por pessoa. Os J/o "asentamiento" stío entre 55 e 60 pessoas, neste momento". - De modo que a diminuição da terra atualmente cultivada foi de quanto? - "De 150 11<1ra 30 ltectares, 11éio obstante terem toda a faci/friade de usar o reservatório cheio de água abundante, parl1 irrigação, e 111<10 o mais". - E que íazem com o resto? - "Nado. Perdido, totalmente, absolutamente pe.rtlitlol Liqui<larnm totalmente a fio• resta da fazenda. T::ra uma mâlb muito boniltl. Po1·q11e n6s a renovtivmnos, cortando a mCllá velha para fa<.er carvão. Mas , agora. eles tler· rul"'rdm t1 velha e n nova. . . e ao cabo ele dois anol· w7o resta uma ár"ore .requer. Para /lltcrem ,linheiro Jogo, vendendo carvão veget(II. corta,1am as á.rvores. mas não as l'Cf>l(lll~ tawm,. E isso é o que ocorre em escala 11<1~ ,.:ional. Ncio é só o que se paSJ'a em Nilalrne,

m<1s é exawmente a mesma coisa em t0<la.f as /a1,e1ulas expropriadas··.

O coso de Longotoma - O Sr. se lembra de outros casos concretos em que se tenha passado coisa seme· lhante? - ''O que se P"Ssou com Carlos Aristía, ,,or e.,:emplo, um amigo de meu pai. grande agricultor no vale <lo Rio Petorca, em Lo11· gotOIIUJ, Foi o Sr. Aristfo c/ue conquistou. a terra ao rio: era purt, pt:<lra. E nesse.t ter,·enos ele plantou mais ou menos 400 hectares de tÍr· vores frutíferas; melhorou a irrigação em toda a <írea; estabeleceu uma produção ,te leite, de primeir<l classe. Mt1s, simplesmente porque ele ai11do11 aig1111s traballtadores expulsos tio ''aselllamiento" vhinho, pelo Jato de não serem adeptos da Unitltule Popular - exproprit,ram· 110 ,Je absolutamente tudo. Ele, hoje, vive em S(l/ta, ,w A1·gentina. trt1ballumtlo". - E íoi feito também um "asentamiento" com suas terras? - "Fez.•se um "asentamie,Jto". E não se introdu;.iu nenhuma inovação. O que existia veio abaixo. tlimi11ui1u/o a produção".

A depredação dos campos chilenos "A Fazenda /1alcones, em M<lYChigue, na Província de Colchagua, perte11ce11te aos Mené,ulez Préndez. - vizinhos 11osso.f - foi ex· propriada 1ambém, apesar de muito bem explorada, sem sequer direito de reserva P""'' os tigos donos. Hoje, em lugar de oito mil ovelhas, como antes, tem somente duas mil. E ent lugar de produzir carne, como tmtes - trezentos no· vUhos - ho;e não há mais engorda. Outro exemplo é o da Faze11da Los Coipos, que era arrendada pelos Bouchon, e que fica perto de uma proprietfode pequena lJue eu te11lto em Lo/o/, 1'i11ha 15 mil ovelhas e mil bois. Hoje, há 2 mil ovelhas, e nenhum boi. Os "{lsentatlos'' comermn a fazenda, ve,uleram• vá (1 gente saber o que /iteram! . É in(Jcretlitável como o gado desapareceu tle nossos campos. Aqui no Chile não se encontra um óife em parte alguma",

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Colher só para si, e nada mai s . .. "Por isso é que a carne de vaca acabou no Chile: não existe, porque os "asentadosl' não têm interesse em arcar com os riscos da explort,ção. Eles apenas se interessam em receber o "salário", ou J'eja, o cheque me11st1l do Banco do Estado "por conta 1los lucros'', e /az.er a colheita para si - 1,a,Ja mofa·. EleJ· ficam sentados dentro ele suas casaJ·, e no /i,n do mês velo ao Banco e retiram o cheque mensal. O "asentamiento" trabalha muito menos do que mues. A,ues se trabalhava oito horas, hoje em. dia não se passa de quatro. E os "ascnta· ,los'' têm um salário semelhante - um pouco i11/erior, em geral - ao do Cámpon€s q.ue trabalha nas fazendas ou nas reserv,,s que ficaram. O ªasentamiento" contrata um créclito com o Banco do Estado, diretamente, e todos os meJ·es o Banco /t1l um cheque "por conta dos lucros". t esse o "salário" a que me estou re/e· rindo11 • E se depois não houver lucro? - "Não importa. A <lívidt, é prorrogada". - Ou seja, assim ninguém vai produrdr nada ... - "Claro que 11ão! Pois se de todo ;eito eles têm, "por conta dos lucros'', um salário fixo, e têm pasto par" seus animais, e tim a terra que quiserem. . . Esta última, eles a cultivam. Mas o cultivo para ve11<la, o 1/0 neg6cio pro1>riamente ditó, que era o das /atendas a,,. tigas, esse t1cabou1 porque não lhes interessa. E as poucas colhcillls que os 11(1se11tatios" ainda obtinham, invés de emregá--las li CORA. 011 orga11ismos do Estado - como a Empresa tio Comércio Agrícola, que era quem as comprnva, e retinha o dinlreir~ para pagar a tlívid<1 com o Banco - eles s,mplc.sm eute (IS ventliam por bt1ixo ,lo pano, 110 me,. ,·,ulo negro, e divitliam o dinheiro; e assim 11unca cobriam a dívida J>"ra com o Esuulo".

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Escravidão "C-0mo a Unidade Popular perderia politica .. mente esse 11essotd, se não lhe continuasse " empreswr dinheiro, continuava com o jogo. Isso significava emisscio inotgânict: tio Banco Ce111nd, para poder cobrir as ,JívJtl~u· do Bm~~º. do Estado. que fc,z.,fo esses empre~·t,mos aos a,Hm· u,micutos". Essa foi uma das causas tfo i11fJa .. ç,io calopante que temos ag~_r:1, . . E isso traz.ia como co11seque11c,a outra coisa, <1uc era converter os campo11eses em vertladei·


FALAM À REPORTAGEM, SOBRE A ''VIA CHILENA''

ros escravos. Pelo seguinte: um "asenuulo" que estava num /ug<,r, ia contraindo uma <lívida tão grande com o Estado, que nm1ca podia pagá/a; e assim niio lhe era permitido deixar o "ase111amien10". O "asentaclo", e11<1u<mto não cobrisse" dívida

que tiniu, com o Banco e com o Comité, não 1,odia retirar-se. Poderia ser despedido, pelas razões de dispensa que há ua lei n.0 16.455. nw.r não p0<Ua retirar-se voltmtariamente. Ou

.reja, praticamente estava escr,wita//Q, obrig<ulo a viver ali, quer gostasse quer não".

Vingança de classe: "comemos o campeão" - Em tinhas gerais, o volume físico da produção agropecuária diminuiu desde que começou a reforma agrária de Frei até hoje? •• Baixou violentamente". - O Sr. poderia dar-nos algumas cifras? - "Setenu, po,· cenlo de baixa no Item carne, no período de 1965 (ano cm que começou a reforma agrária) a 1973. Os "asentados" compravam parte <lo gado expropriado e <lepois o málulavam pt,ra a feira, para conseguir ,linheiro. Então as vacas leiteiras iam para o corte ipso facto. Há casos Cilé patéticos, como o cio Fundo Crucero Vicjo em Osorno, ,ia familia Schi/li11g. Foi muito come11tatlo. Eles tinham um touro t/Ue havia ganho totlos os prêmios da última e.•po,:ção de gado em Osoriro. A proprieda,Je /oi invadida; e como grande proeza, como coisa extraordinári(l, os invasores castrarmn o touro. Com isso o animal morreu; eles o comeram, e colocar<un a c,,beça do touro 11a entrada da proprie,lade com um letreiro embaixo (que saiu em "L" Pn!nsa"): "N6s comemos o Campeiío <lt, Exposiç,7o". E sentiarn-se re11/izados como pessoas. com isso. . . Pensm1am ter felto w,w espécie de ,,ingança de classe com isso".

Violenta ba ixa no qualidade do vinho E quanto às vinhas? "Em geral, <iJ' vinhas foram poupadas durante o governo de Frei. N,ío foram desapropri<ulas, de modo que a qualidade dos vinhos não sofreu piora sens(vel. Mas no período de A /fende " quali<lade dos vlnhos baixou violentamente; porquanto aJ.· vinhas "integradas" compram, nornwlmente, vinhos às vinhas particulares - vinhos elaborados. para fazê-los "cupar'r e melhorá-los. Enquanto estas tíltimas estavam em mãos ,los particulares, o propr;etário normalmente guardava uma pequena porção para .ri e ve11,lia o resto: o melhor, vendia . .o às vinhas elt,boratlorar, às vfohas ªintegradas",· o resto, o pior, era vendido em garrafões na própria regicio. Hoje, 110 entanto, passa-se uma coisa tli/1!rcnte. A vinha. está em poder dos "ascntados". D,,í, antes que mals nada, o cultivo tleixa multo a deseja,-. A qualidade dos vi11hos baixou: são multo mais ácidos, porque com a uva vão caracóis e detritos, que ,mteJ· e,·am retirados cuidadosamente; isso tudo entra na elaboraç,ío, e ,1ssim sai um vinho de má qualidade. O melhor - se é que e.riste - l divltlitlo entre os "asenrados" para seu consumo pessoal. E assi111 o alcoolismo aumentou enormemente nos campos. E a parte pior é que é vendida à.r vinhas "integradas''. Então o vinho chileno veio violentamente vara baixo.

Prod ução de trigo cai ao nível de 1875

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E que sucedeu com a produção do trigo?

- "Com o trigo, a queda da produção /oi \liolenta, mas não tanto corno aconteceu com o gado". - O Sr. se lembra da porcentagem dessa queda? - "Não me lembro exatamente. Mas posso fornecer.11,e um dado. O Chile nunca se at1IOaba.,tece11 de trigo, desde /940. Precisava importar algo - mlls algo apenas! - digamos 20% tio consumo. Este ano, porém. tevt que importar 80% do necessário para o consumo do país. A queda foi muito pronunciada nestes tíltimos tempos, não 1w primeira época, a de Frei. O q11e q11er dizer q11e, segundo declarações da Sociedade Nacional de Agricultura, 11 protlução tle trigo calcul<ula para este ano desceria ao que o Chile prod11zi11 em 1875 (trêJ· milhões de toneladt,s, aproximadamente; ,uio me recordo tio dado e.rato)".

Ceder para não perder - O Sr. é conselheiro da Sociedade Nacional de Agricultura, não? - "Sim, sou co11sclheiro".

-

E o que poderi:. dizer-nos da atuação - Andavam pelos campos, agitando os de Bcnjamín Malte à frente da SNA? camponeses? - "Primefro, <1ue toda a ,,oütica chilena da - "Muit(I.S vezes, sim. Em todo caso, nas tléctula passatla foi ,lecisivmnente influenciada paróquias que estavam em sutlS mãos, tle'tU. pelo famoso "diálogo" entre Nikita Kruchev e cavam-se muito mais à formação revolucioJohn Kennedy, que diziam que iam redlmir o 11ária da que <l formação propriamente cristã. 11m11do através das ''reformas de estruturas" Justi/icavtun o adultério, justificavam o amor apregoadas para os países subdesenvolvitlos. livre, justi/lcavam sempre tudo o que tivesse l.rso pr0tiuzfo 110 Chile uma convicção, em determinado "e.rpírito"; e esse "espírito·· signicente <1ssw:uuliça, de que com essas reformas iria resol,1er-se a situaç,to dos pobres. Então, /,'cava simplesmente ter ódio de classe e ânsia quando <i Democracia-Cristã llprescntou seu <le transformar a sociedatle. Então esses clériprojeto tle reforma agrária, até certas pessoas gos criaram uns indivíduos absolutamente /rai11gê1was, mas bem i11te11cio11atlas. e algun.r . Ctlssados, e absolutamente inidôneos para trapoucos cov<lrdes da Sociedade Nacional de balhar pelo país, mas muito bons para atirar Agricultura llcre,liraram qiw, entrando e,n diálogo com o governo, ,1jUllariam o ChUe a ter uma <u;:ricultura próspera e feliz, e um operariado rural redimfrlo das "opressões". Mas pouco a pouco foi-se ve,ulo que essa 1ne11sagem tle Kruchev-Kennedy nada mais serla para <1 América tio Sul do que a implantação do totalitarismo mar.\·ista, 110 <1ual o russo devoraria o uorte-amerlctmo. Apesar tia resistência interna na Socicdlllle Nacional de Agriculturt1, a tliretoria co11tfouou ,, ,Jialogar, pe11sa11do que, cedendo e cedendo mais um pouco. salvaria o /mulameutal. Assim foi-se perdendo terreno, e quando começou a reslstência e11ér· gica, o mal já estava muito avtmçado. e era impos,í vel voltar atrár'.

do alto ,los prédios contra as forças 111ilitarcs dia JJ tle setembro . .. "

110

••• As palavras de Jorge Baraona Urzúa sintetizam a vida repleta de tcosõcs, riscos e injustiças a que o .processo agro-reformista iniciado por Eduardo Frei submeteu os esforçados homens do campo chilenos: A espoliação, a luta de classes, a violência moral e física terminaram por desencadear-se como uma tempestade de trevas, durante o regime do marxista Allende. Cometeu-se assim um dos maiores atentados contra a justiça, que registra a História do país.

FALA UM ESPECIALISTA QUE

ALLEN DE CONSULTOU

Se se tivesse lutado desde o começo ... " floje essas pessoas se ,i<io conta de seu erro. Se desde o prlmciro momento - qumuio foi feita a lei de reforma agrária ,te cu11ho cou/iscat6rio, a q1u,I não visava criar novos proprietários, para fortalecer sua pcrsotwlida<le, liberdade e dignidade, mas simplesmtmte visava despojar, muna revanche classista, os proprlctários d e terras, para submeter politica• mente os camponeses els <ioutri11as marxista.:.·. ou ent<io aos di.rlt1tes comunitários da Democracia~Cristã - se tlesde o prlmeiro momento se tivesse resisti<lo energicamente, talvez. se ti .. vessc evitado o tlesastrt! que l't!iO depoi:r. S0 mente quando o ,iesastre se fez evfrlentc é que começou a resistência vigorosa, - mas já então em inferioridade de condiçõeJ·". 4

Resistência vigorosa não veio de grandes proprietários "E é preciso esclarecer uma coisa: a resistência vigoroso n<io veio, aqui 110 Chile, dos gra,ules proprietários de terras. Ela veio quando a reforma agrária começou a afetar os pro• prletários médios e pc,quenos, muito mais numerosos, muito mais conscientes tle seus direitos e muito mais nacionalistas, 110 reto setr• tido da plllavra. Esses proprietários /oram ajudados pela enorme classe média chilena, dos comerciantes, dos "camioneros", dos empregados de Banco, ,los 1,ilotos <ia LAN, de todo essa categoria de ge11te que foi tlecisiva para a derrubada do governo marxista de Allende. A resiJ·té?ncia dos gra,ules ,1gricultores foi pouca porque, por terem mofa· cultura, estarem mais europei'l,,ados, pensavam talvez um tanto mais com um critério internacional do que com um critério propriamente chileno: E assim se tleixaram ilt//uenciar pelo diálogo K ruchcvKennedy ... ,. - Com o que esqueceram a defesa de seus legítimos interesses, pensando que sua defesa seria uma forma de egoísmo. - "h1J·tamcnte. Pensaram que seria uma forma de egoísmo . .. " . . . quando, pelo contrário, a doutrina católica ensina claramente que o reto amor de si mesmo é justo. - "Isso é uma stntese, mais ou menos, do que se passou 110 Chile; e cu lanço a culpa - afim ,la linha Kruchev-Kem,edy - sobre várias causa$, como, por exemplo, sobre os ho,ncns da CEPAL, um conjunto de fracassados em suas atividades privadas, que vleram ganhar dól<1re.r no Chile 1 e impor doutrinas absolutamente estranhas ao modo de ser nacional".

Clero progressista agitou o campa e suscit ou t e rroristas - E o Clero progressista? - "O Clero progressista. . . é melhor nem f<,lflrmos nele. Digo-lhe s6 que esses clérigos simplesmente esqueceram, de modo absoluto. o apostolado da Igreja, para dedicar-se à agitaçcio política, - i11s1,iradoJ· certamente nas dou• Jrinas de Tei/1,ard de Chardin".

O conhecido nutricionista e pediatra Dr. Fernando Monckeberg Barros é entrevistado na sua residência em Santiago.

SEGUNDO OUVIMOS contar eni Santiogo, quando Salvador Allende pediu à Rússia o envio de un, especialista em nutrição para ajudálo a resolver os problemas que ele próprio ia criando no plano da alimentação, os russos lhe -responderam: "O camarada não precisa de que lhe enviemos ninguém, porque o Chile tem um dos maiores especialistas do mundo, o Dr. Ferna.n do Monckeberg Barros". Fomos, pois, enlrevistá-1o em sua casa.

Dogmatismo político impedia trabalho científico - Dr. Monckcberg, o Sr. manteve alguns encontros no começo do governo de Allende, para ver se podia fazer alguma coisa para solucionar os problemas de nutrição que se foram apresentando. Qual o resultado desses encontros? 11 Sim1 chamaram-me e,n várias oportunidades, 110s primeiros tem,,os do governo de Salvador A 1/ende, para analisar os problemas de nutrição. Mas a verdade é que na tercelra ou quarta reunião via..se que não havla ne11/wma possibilidade de realizar alg11m trabalho científico e técnico, porque acitna dlsso estava o dogma político que era intocável. Lembro-me de como /it ver ao Presidente A.llende que o programa de meio litro de /eii. diário para cada criança era um disparate, que não tinha sentido, que se ia gastar uma enormidade de recursos sem ne11l,um efeito como, aliás, ficou demo11strado à evldência, ao longo destes três anos - e que estes recursos ele os poderia utilizar em outro· progra,na de nutrição que pudesse ser nMis e/lcientc".

Tirar da cabeço alguns esquemas capitalistas . . . "Nessa ocasião Alle11de promoveu uma e11trevista minha com o Ministro da SalÍde. e eu voltei a repetir todos os meus tt,-gumentos, mostrando que o programa era de um custo elevadís.rimo para um re11dimct1to que .rerla nulo. E como IÍ11ica resposta, o Ministro me olhou um pouco ironicamente e disse:-·- "Olhe, Doutor, o Sr. vai ter que tirar muitOJ' esquemas capitalistas da cabeça. Veja, o Sr. vai ter que aprender que em um sisttma socialista o ,linheiro não tem valor''.

Bom, d;ante disso, pode alguém continuar a discutir? Apesar tle tudo, fiz ainda algumas ten· /ativas nessa últlma entrevista com o Ministro da Sa,íde. Disse-lhe: - ''Ministro, vamos ver, explique-me, porque quem . sabe se cu não entendi bem? Parece que o Sr. está dizendo que no sistema sociali.,ta não importa de onde sai o dinheiro, porque se tira de um bolso e se põe no outro. Mas, para o seu programa, o Sr. vai precisar de aproximadamente 70 milhões de quilos de leite em p6, e o Chile prod11z J 2 milhões, que eu saiba. Bom, quem sabe também se as coisas mudam . .. ( eu também 1ne tlnha tornado um pouco irônico). Quem sabe se em um sistema socialista as vacas se reproduzem mais depressa. . . e o leite é tirado com mais facilidade . . . Mas, no meu esquema, eu cal• cu/o que levará 25 anos para o Chile produzir essa quantidade de leite. Quer dizer, em outras palavras, que o Sr. vai ter que importar leite. Então a minha pergunta é: como é que o Sr. vai /ater com a Nova Ze/pndia quando tiver que comprar 50 milhões de quilos de leite em p6, pois aqui acónteceu alguma coisa tão fa11tástica, que o dinheiro não tem valor?!" Então ele me disse: - "Isso não é problema seu! E problema do governo!" - "Ah.' então até logo!" E aí termlnou a IÍltima reunião, porque não tinha sentido continuar conversando".

Incrível desperdício de recu rsos

- E o Sr., o que propunha Cll) troca, com esse dinheiro que iam utilizar para o leite em pó? 11 0 problema da nutrição é 11mito mals complexo do que a falto de alimentos. São imímeros os fatores que influem, e que prO· duze,n a desnutrlçüo. Alguém pode, até, di#ri· buir alimentos gratuitam ente, e lsso não signi· fica que vai solucio11ar o problema. As 111ama1leiras contaminadas fa1.iam que o leite se trans· formasse uum fator até nocivo. Calculamos que 11ão mais de 30% do leite distribuído chegava realmente à boca das cria11ças, porque havia muità.t perdas por rodos os latlos. Uma: a 1nãe sabia q_ue o lelte era doado, e qul!, além disso, ele provocava d;arréia. En· tão, para ela, era,n duas rar.Oes para que o leite fosse tuim: era grátis e alnda produzia diarréia. 6bvio que o leite não era dado à cria11ça.

e

15 •


PESSOAS DE TODAS AS

Cltegmnos a ver, por exemplo, campo:r de futebol marc<Ulos com leite em pó! Tt11lto várias fotografias disso. Uma coisa incrtvel! E ra um desperdício de recursos em forma extraorcliuariamente gravei Até o Presidente A/le11de, em

certa ocasião,

n re

disse: -

"Bom, aqui neste

programa há dois problemas: um é o problema tia nutrição, e o outro é um problema poútico. Esta foi uma tias bases de 11osso programa eleitoral, e temoJ' que cumpri-lo". A verdade é que quando, 11a· ca,npanha presidencial, apareceu este programa do meio litro de leite, teve um irnpacto propaga,ulistico extraordinariamente forte. Sobretudo p(,ra ,,queles grupos s6cio-econômicos mais desvalidqs. Porque se ofereceu algo de muito concreto e preciso. Não se prometeu a cada chileno ílm au1om6ve/1 nem uma casa, mas meio !ilro de leite para cada criança".

Atentado contra a s consciências infant is - Como era feita a distribuição? - ·•sob a forma de leite em pó, distribuído uma vez por mês, em pacotes. Mas tdém do problema <lo leite, havia outro, </Ué era mais grave. Calhou-me ver o curriculo escrito ,ie uma aula de jardim da infância ,, que assistimos. Dr,rallle a ,mia a pro/essort, diz.ia: - "Bem, vamos comer um doce". E perguntava li uma das crianças: - "A quem vamos pedir o doce?" A crianç,, respondia: - " V amos pedir ao Menino Jesus". Então a professora dil)a: - "Vmnos ver, peçamos ao Menirro Jesus: Menino Jesus, traganos um doce!" Como o Menino Jesus ruio aporecit,, ela come11ta11a: - "O Menino Jesus não veio. Vamos pe,Jir a outro". Então alguém J·ugeria cJue tleviam pe,Jir ao Pai Noel. - " Isso, ao Papai Noel: que venlia, que traga o doce". E o Pai Noel não aparecia. Por fim a professora exclamava: - "Vamos pedir ao camaracla Salvctdor: Camarada Salvador, ,lê-nos um cloce."' Então aparecia uma moçll com uma bandeja de 1Joces". - Que maldade! - "Maldade refinada! E isso estava itrdi· cado no currículo que a professora de jardim da infância tinl,a que seguir todos os dias. 'En· tão a gente se dava conta de que não era ,,ossfve/ colaborar". - Jsso era colaborar com o ateísmo, não? - "Quer dlt.,er, colaborar com toda esta destruiç,ío do ser Jrnmano. E, nessas condições, era absolutamente impossível colaborar, mesmo tendo a m elhor boa vontade, e mesmo quando se procurava Jazer abstração de outros pontos que ·não fossem exclusivamente técnicos".

Mais um dogma: o " custo social" - E que respondiam os marxistas quando alguém lhes fazia notar o problema tremendo do abastecimento? - "Respo11diam com 11111 dogma: - "(; o custo social". "Custo sociar• não se sabe bem ,lo que: se estão tratando de levantar o nfvel .r6cio-econômico, por que ~ que o povo tem que pagar um "custo sociaf'? S uma coisa absur<la.' Mas eles repetiam j.rso constantemente".

Escassez de trigo, fome poro os classes pobres E o que acontecia com o trigo? "Quando, na ríltima etapa, já não havia trigo suficiente para alimentar a população, assisti a uma reunião de Ministros em que se tratou de procurar um substitutivo, e se explicou que o problema era 1remendame,r1e grave. Porque aqui no Cl,ile, no nível s6cio-econ6mico baixo, SO% das calorias provêm do trigo, sob a forma ,ie macarrão, massas, pão, etc. E isso não é um hábito. mas a · necessidade de ,natar a fome . Se há wn problema econômico, a única forma de matar a fom e é comprar uma boa quantidade a baixo custo. Assim eu encho o estômago com algo que me mata a fome. N,io estou preocupado em alimentar-me; encho o estômago com massas, macarrão, pão. E se algllém me corta ;sso, não existe alter· nativa. Se desaparece o trigo, num uivei s6cioeconô111ico mais alio, a pessoa pode substituí/o por arroz, pode s11bstituí-lo por feijiío, 011 por outro alimento, e pode comer. Mas, em um nível sócio--econômico ,nais baixo, liquidar o trigo significa liq11idar toda possibilidade de substitutivo, quer diz,er, significa a fome. Então, ei, dizia aos M inistros que o problema do trigo é que ele não tinha substillltivo. Eles reagiram como se s6 então se tivessem dado ·conta do problema . . . Trlllei cio a.r.runto espe-

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cialmenle com o Ministro ,ia Economia, Orlando Mi/las. Na primeira vez ele se assustou. Assustou-se e exclamou: - "Como?! - "Sim, respondi eu, o llSSwllO é tão sério, que significa a fome negra. Que outra coisa potlia ser?" - Quando foi essa entrevista? º Fa1, um m ês e meio". - E daí por diante eles não o chamaram mais pata consultá-lo? - "ê: ai acttbaram-se CIS reuniões".

Aumento do mortalidade infantil - Que doenças aumentaram no Chile nos úllimos três anos, devido a esse problema? - "Fundamentalmente, aumentaram os problemas Sllnitários, isto é, os problemas de tii<lrréill, que nos meses do verão são bastante grctves, e os problemas de dlstârbios broncopulmonares, a broncopneumonia. Mas tudo isto, sem dúvida, teria sitio menos grave se por tletráJ· mio estivesse o problema ,ia desnutrição. A tliarréia em uma criança normal não é problema, cura-se. Mas em um desnutrido é o 1lltimo empurrão para a morte. Â gente vê os atestados de óbito que <iiio como primeira car,sa da morte a dfrlrréia, a broncopneumonia ou o .rarampo; mas sabe <1ue a raiz desse problcrna 1u1o eram essas doençlls, senão a ,Jes11utrição prévia <Jue fez com que a crr"ançll não tivesse (IS defesas necessárias para potler reagir. E essas 1/oenças aumenlllrtm1 nota11elmenut '. - E, portanto, a mortalidade infantil aumentou? - "A mortali<ltuie i11fa111iJ aumentou. Agort,. tudo isto também estava 11uwhosame111e mtmipulado, porquê o governo apresentava CÍ· Iras de mortalidade infantil que diminuíam. Mas era feito um pequeno truque". O Dr. Monckeberg explicou-nos então que o governo marxista calculava a taxa da mor~ talidade infantil a partir da estimativa da pO· pulai;ão feita com base no censo de 1960. Ora, essa estimativa dava uma população de 3 milhões e meio de habitantes a mais do que os resultados obtidos no censo de 1970. O governo ignorou os resultados desse. último censo e continuou a trabalhar com a estimativa. Assim o aumento da taxa da mortalidade infantil era "compensado"' pelo suposto aumento da população.

A " farinha negro" - Doutor, que problemas nutricionais trouxe a famosa farinha negra, ou ºpan del viejo". como a chamaram em fios do ano passado e começos deste? - ºBem, a ft1rinha negra era a farinha in· tegral. A difcre11r;a c11trc ela e a fari11/Ja que comemos Jwbilualmenle está na quantidade de fibras da cutícula do grão que se encontram. numa e noutra . .. " - Essa fibra da cutícula é o que se chama "afrcchillo' ', o farelo que se dá aos porcos, não é isso? - "Exatame11te. A qualidade .da farinha é 1a11/~ melhor quanto mais se retire ,leia essa fibra, porque a fibra é indigerível; o organismo ltuma110 11ão pode digerir a fibra, só o gado o consegue. A farinha integral chega a ter 4,5% de fibra, o q11c é bastante perigoso para o homem; e sobretudo para a criança, que facilmente /em transtornos digestivos .re a qua11tidade tle fibras na dieta é muito alta. Havendo falta ele trigo, se fosse retirada a fibra diminuiria a quantidade de farinha. Então, fizeram o pão e lucio o mais co,n a farinha completa ou "farinha 11egra". O que evidentemente não er,:, recomendável, e provavelme,tte - não posso assegurá-lo - se somava a todos os problemas digestivos que podia ter " popu/1,ção infantil''.

Importar alimentos poro metade do população - "Talvez um dado mais, para que se veja o dramático desta crise. Em épocas a11teriorcs, o Chile precisava importar alimentos. E os que i1nportava somavam mais ou menos J40 milhões de dólares, compe11sados em bOC1 parte pela exportação de outros produtos alimentícios que o Chile Jazia, como J-rutas e vinho. De ,nodo que havia uma <li/crença, negativa para o país, de uns 80 mi/1,ões de dólares entre os t1/ime11tos que este imporlavt1 e os que produz.la. Neste a110 foi necessário importar 700 milhões de dólares em alimentos. Isto é, mais tia m etade do~· alimentos que a população tinha que consumir de11ill ser importllda. Quer dizer, cem por cento do produto das exportações de cobre - praticamente a única coi-sa de que o Chile agora dispõe para expor/ar - têm que ser utilizados na importação de aUmentos. Essa

era a situação de CllOJ' em que nos e11contrá\1amos. Creio que. se neste ano conseguirmos abaixar em 200 011 300 milhóe.r de d6lare.r a im• portação ele alimentos, superaremos a crise. Mas vai j·er tli/icii. Potencialmente, se trabalhasse seu solo com " eficácia, por exemplo, do Japão, o Cltile poderia produzir alimentos para 120 m illtões de habita11tes. ti: 11m pouco absurdo, nessas co11dições, que não se pudesse alimentar 8 milhões, e nem sequer a metade disso, porque, como lhe digo, é preciso importar alimentos para 4 mi/11ões de chilenos, mais ou menos". - Agora, depois. da reforma agrária, a exploração da terra diminuiu muito?

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CONDIÇOES

- "Muito, mas muito, muito . .. O proble11w é que um pais sem divisas é um país que 11ão pode progredir. Ou seja, o Chile exportava até !970 um bilhão tle dólares, e importava 100 milhões ele alimentos, 250 mi/Irões tle comb11s/Ível, petróleo, gasoli11a. O resto ficava para a renovação de máquinas e aquisição de matérias-primas para a indtístria. A dívida externa era ele 200 milhões de dólares. D11ra11tc o último ano não foi poss! vcl fazer nada, pois tendo que aplicar 700 milhões de dólares para importar alimentos, não se podia scllis/ater as outras necessidades. O racionamento de gasoHna era iminente. De modo que era um caos econêmico seni safda".

QUEM NAO TINHA

CARTAO NAO PODIA COMPRAR NADA''

Bianca Cuevas Andreu relata as suas experiências no tempo de Allende.

BLANCA CUEVAS Andreu é uma mulher vivaz de mais ou menos sessenta anos, que trabalha como doméstica na casa de um amigo nosso de Santiago. Representante característica do povo chileno, é católica fervo rosa, trabalhadora e dedicada, e gosta de ver as coisas ordenadas e no lugar. Foi ''niíicra", ou seja, uma segunda mãe para as crianças a ela confiadas. E ainda hoje, quando já $ão homens feitos, tem por eles um ca.r inho cntcmecedor. Continua a cuidar da casa que foi de seus patrões, os pais de nosso amigo, já falecidos. Não encontrando o nosso amigo - que estava viajando - resolvemos entrevistá-la. Bianca estava feliz ... O pesadelo havia passado. Muito comuoicativa, em poucos jnstantcs já nos tratava quase como a um de seus "niiios". A entrevista em que nos relatou suas experiências, numa linguagem expressiva e pitoresca, sem artifícios, com a característica ºtonada,, chilena, mcre·c e ser incluída entre os docun\entos que damos a conhecer ·a nossos leitores.

"Todos pediam poro ele ir embora" -

Então, Bianca, que tal o Allcnde? - "Mire .. . Todo mundo pedia para ele ir embora, que se fosse, que se 11mdasse . .. Que fosse embora com toda a família. Ele disse que não e nãol Quando fez, três anos que tinha sido eleito, fez um teatro, chorava, clizia que sabia o que o povo estava passando e se pôs a chorar - ldgrimas de crocodilo, pode-se dizer fazendo teatro, e era mesmo teatro! A gente sabe, porque s6 vc,ulo o ,linheiro que roubou! Não ... Roubou u11 montón de plata'! Agora Já descobriram . .. " - Conte-nos um pouco como era o problema das filas. Queremos saber se era difícil conseguir alimentação. - "Ah . .. a famosa tarjeta ... " - Como era isso? Conte-nos um pouco a história desses cartõezinhos. - "Esses cartõetinhos .. . Vinham, inscrevian, a gente. Então me disseram que eu tinha que me inscrever. Eu não queria me meter nis.ro. Até na A posen·,a,loria - eu sou aposentada - até lá na A po.rentadoria nu: disseram que eu tiniu, que votar nas eleições senão não me da-

va,n o papel para eu receber. Então eu disse

a eles que não votava!"

- Votar cm quem, em Allende? - ..Claro. Então eu disse· que, em primeiro lugar, nunca na vida eu me havia metido em politica e agora meno.r ainda! Então e11 disse sencillamente, bem claro: - Não sel ler ne111 escrever; assim, não posso assinar um livro . . . Aí me disseram: "Não, a Sra. vai e põe o dedo". Re.1po11di a eles - Bueno, pero voy y hago la " O" redonda y nada más!"

"Era o mesmo que pedir esmolo" - E então, como era a questão dos cartões para conseguir alimentos? - ''Se a gente linha o cartão podia comprar meio quUo por pessoa: meio quilo de aç,lCar, meio quilo de pão, meio litro de atei.. te . . . Mas se a gente não tinha o cartão e ia comprar no armazém, a primeira coisa que diz.iam era: - "A Sra. tem o cartão?" - Não. - "Então não podemos vender para a Sra.! ªUm dia Guillcrmito (seu uniõo") ficou irri• tado com isso. Eu disse a ele: - Olha, Guillermito, não se irTite. Vai ser por pouco tempo . . . porque essa palhaçada vai ter q11e acabar. - "Por que diz isso?", me perguntou. Porque isto é a m esma coisa que a gente estar pedindo esmolas. E assim, ou não é assim? Agora vou à carne. Co,n esse mesmo cartão vendiam a carne. Não davam para a gente nem meio quilo". - De quanto cm quanto tempo conseguia carne? - "isso tinha que ser para quinze dias . .. Mas depois acabou". - O que se conseguia comprar para quinze dias? - "Para cada pessoa me dariam meio litro de azeite, meio quilo de açúcar, e m enos que isso de carne . .. "

"Era demais o que o povo estava sofrendo" E como era o problema das filas, Blanca?

"A ge11te ti11ha que estar na fila às 7 da 111a11hií e ficava /ti até meio ·dia. Vi11ha cor-


FALAM À REPORTAGEM, SOBRE A ''VIA CHILE1VA''

rendo par/l casa Jazer o almoço. Depois, " /illl ,lo pão. . . A gente tiniu, qne estar lá às 5 tia 11umhã . .. "

-

1

'Sim1 ,lesses p,·etos mtdísimos! Mtu· 11gorc, ,uío. Depois que ,norreu . .. esse demônio! Oh' Eu já estaw, com esse homem por aqui!. . . E d epois, naquela noite, dois dias untes de J'e ,nattu·. eu liguei a televisão e me deu vontade tle rir. Íf, a puN, verdatle! me tlet4 raiva e vonuule de rir. Ele disse: - "A I, . . . eu ago1·a estou saben.do o que o país está sojJ·en<lo, n.s crfonças que mio têm. leite, e isto, e t1quilo . .. Mt,s a culpa não é minlw, é tlôJ· camioncros ... " - e co111eçou t1 chorar ... Sin-

Às S da ma_nhã?

-

"Âs 5 tia manlui. Outro dia, /evcmtei-nw tis 5 /Jort1J' para comprar pão; cheguei Já tis 6 horas e /ü11cei ,,ré as 7 e meia. Nes.f<l hora

pararam ,le vender: -

''Act1bou o piio!" En-

tão. por c1111sa dis.,·o, tr gente tinha que madrugar''. - E como faziam as pessoas que tinham

filhos pequenos?

vcrgüenza'!"

''Aí é r1ue esrava o problema. Foi por'

-

ct,u.m disso tJue t,conteceu tudo isso nestes 1(/timos dias. . . Porque já era tlema;s o que o povo esr<,v<i sofrendo! Com a carne era {l. mesm,, coist1. Fifo.r ime11sa.ir nos açougues; quamio chegflvà a vez ,lll

genre: - j·Acabou a carne!" Act1bou-se.' E a gente tinlw perdido a manhii inteira! Se não era a manhã, era a tarde. E ert, assim!"

''Uma vez comprei no mercado negro . .. " & como era o mercado negro? - "No merc,1do negro, uma vez com1,rei 1mm i,enw tle carneiro . .. ,, -

-

E como é que você fazia para conseguir

isso? - •.-7·;,,1w que f'agar ali, na hora, nws eJ·condido das out,.as pessoas ,,ara que elas não soubessem, porque ,lo co111rário não conseguiria ,,rranjar um petlaço a mais ,le carne". - Tem algum cartão guardado para nos mostrar? - "Não, já os rt1sguei em pedaços, porque já acabou esst1 história de IAP. E 1,gom t1s /il11s já estão acaba11do: 111do io·so está acabando. A gort1 coisas vão chegar em todos os armazéns . E olha que mio Jaz mais de quin te ,lias e já se encontram llS coisas",

,,s

" Estava tudo a çambarcado pe la UP" - Quer dizer que já se cstà podendo comprar algo? - ·uc1aro: Stll, orroz., azeite. . . Claro! lnc/11sive e11 /11i pagar a co11ta tia l11z e tio gás e então f)aSsei por um lugar e estavam vendendo azeite. Co111prei duas latll,\J'. - Quer dizer que os partidários cio governo tinham açambarcado isso? " Açmnbarcados! Agora temos gêneros: apt,receu o café, apareceu o creme de leite, apareceu tudo. tudo, t,uld! Tenho aqui creme <ie leite, café, tudo o que comprei. . . Y amos ver o que está na despensa, que eu comprei

agora?" - Bianca, feliz por ler a sua despensa novamenlc cheia, ia-nos mostrando os produtos: - " , . . Este ,1zeite é niio J'Ci de que ' ano ... " - Quer dizer que eslava açambarcado? - "Sim! A trás, veia o café, o leite cm pó, o chá, os fósforos. . . porq11e até os fósforos faltavam.'. . . Veja este macarrão, branco como antigamente, e que já não se encontrava mais. E agora . .. ..

" Deu raiva e vontade de rir!" - Então não se encontrava mais ma.carrão branco? - ''Niío. Havia s6 "macarrão-café", 11atla mai.f''.

-

Desses negros?

Na manhã de 1 1 de setembro ... 1)

- E no dia 11 de setembro, Bianca, o que é que você estava fazendo? - "1magine! Eu tinhll ido pagar uma conta 110 Banco. Como é que eu itl s<tber o que ia acontecer?! Mas cheg,,r ao Banco vi todo mundo muna correria, e o~· aviões vomulo Sobre a cidade. V oltci correndo e a empregada do lado .raiu ditciulo: - "Por Deus, Bianca! Já está\1t1mo.,· nervosas, porque vão matc,r o vicjo Allcnde, e não .mbíamos onde é que você estava!" - "Oh!. . . quê bueno! disse eu. Não é nenlrnma novitltule pcirt, mim!" - "Fique <Juietiulw - me tlissc ela - senão alguém te pegt1! , . . " - "O que é que ,em? Já estou ca11stula!" Oh, não, eu sei .. , Foi o que act1bou com ele".

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" O pão foi acabandc, a cabando . . ." - O que é que tem o pão? - "O pão começou a climinuir pouco a ,,ouco. A gente levtm tava cedo. Primeiro me Jcvtmlava tlS 6, ia bu.sct,r o pilo, e me vendiam. Depois foi dimiuui,ulo. A gente levantt,va às 5 . . . Dcpoi.r ia comprar o pão às 3 e tlinda conseguia cOmf>r(lf. Mas def)ois nc1o. . . Foi llCaba,u/01 t1cabando, acabando. , . Depois, era já uma palhaçada. E,-a preciso ficar a noite loda pt1ra comprar meio quilo tle pão! E imagine que a files 1/(,va a volta no quarteirão. t:: qu{lluio chegavtl a vez da gente. . . Por isso a gente tinha que Jevm,wr cedinho. Depois, eu tinha que comprar pão para toda a .remana. Porque acabou a farinha aqui, acabou a Jar;,,/,a ali, acabou a /<1tinha acolá . . , Eu fiquei dois tlias rouca, rouca porque o vento frio tia madrugada m e atacou o peito. E a emprega,la vizinha caiu e quase quebrou .. as costelas . .. "

"Nã o respe itavam ni nguém nas filas" - Tudo isso fazendo fila? - "Sim, /t1ze11do fila. Isso por ca11sa tia palhaçada tio pão! Q11e problema! As pesso11s estavam muito nervosas; brigavt1111 e até, no fim, tiravam faca! Havia gente muito má! Não respeitavam ninguém! Se ,,lguém estava com um colar, vinham e o roubavam! Também tir11v,11n Ol" relógios tias crianças. Sim, todo mundo estava ficando mui/o ruit>i!" - Então havia muita briga nas filas? - "Sim, brigas por tod<l parte! Olhe que minlu1 filha so/re11 a falta do pão! Ela tem filhos e ficou sem pão. E e11 que uão 1>0<lia sair naqueles dias para ir levar-lhe pão!"

o

niram para formar fila junto a uma banca, cm Santiago, que vendia apenas o número espc· cial de "Vea", dedicado aos episódios da queda de Allcnde.

O pio r governo que já houve - "Por causa das novidades!" - rcspon· deu um operário de seus cinqüenta anos.

Fomos andando e chegamos diante cio Palácio de La Moneda, que mostra as marcas do bombardeio de alguns dias atrás. Uma verdadeira multidão vai passando, pára um ins· tantc, olha e c-omcnta. Puxamos conversa com algumas pessoas, fazendo sempre a mesma indagação: - Sou enviado de um jornal brasileiro e queria fazer-lhe umas perguntas sobre a situação cio povo no tempo de Allendc: era fácil a vicia? havia dificuldades? como eram as coisas?

Rapadura e mel em lugar de açúcar "Sou <lpO!itico", responde o meu interlocutor, um homem maduro, motorista de uma repartição pública. - Mas o Sr. tinha que fazer fila, não? - "Sim, claro ... Quer dizer, não ·propriamente eu, mas a família sim". - Sua mulher? - ·'Claro. E também as criar,ças. Âs vezes tinham que /a/tm· à tscola1 ou chegar atrastulas, para comprar pão e outras c<?,isas'1 • - Que coisas faltavam, por exemplo·/ - "Bom, tudo o que era gênero alimentício. Por exemplo, o azeite, o afúcar, eu~." - E quando encontrava açúcar, quanto lhe vend .lam ?. , 11 Meio quilo, um quilo ... Somos .,eiS lá em casa e isso dava para o dia.,.. E em vez tle açâcar tl gente linha tJUC usar rapadura e mel. Muitos compraram até sacarina, isso tJue usam para os tloentes; mas depois ela acabou ta,nbém". - E carne: encontrava-se para comprar? - ··Não. Bem . . . se t,lguém queria co»tprar frango ou carne de vaca tinha que perder mui.. to tempo nas filas, quando havi<l . .. Mas eu aclro que isso é assim cm todo o mundo . .. " -

"Minha senhora, não seja e xigente!" Uma mulher com um menino pára, a nosso pedido: - Sou jornalista e qu·eria fazer-lhe uma pergunta sobre como era a vicia na época de Allende: era f4cil conseguir alimentos? - "A coisll mais di(tcil do mwu/o! Não havia nada! Não havia aç,ícar, não havia pão, não havia farinha não havia macarrão, não hàvi(l chá. Uma vez fui ao Supermercado Bll11deira Azul e pedi 11ma la1t1 tle café. O rapat (Jue t1te11dia me disse: - ºNão .reja exigente, dond.l!' - como se cu e.rtivesse qüerendo com~ pr<1r um perfume francês, ou coisa parecida! Ncío havia nada, nada, nada! Não .re podit, sair na rua depois das oito tia noite, po"rque os "cogoteros'' atacavam a gente e roubavam as bolsas! As ruas estavam inumtlas! Em Santiago dava pena ver,, sujeira! Era horroroso!" E quantas pCSS03$ tem sua família? - "Tenho onze netos, qm,tro filhos'' . - E as c rianças passavam mal? Responde um menino: - "Era terrível! Sim: terrível!" - Você passava mal? Tinha fome no fim do dia? - "Claro! Tinha harlo hambrel" - "Sim, claro.' - acrescenta a av6 - as crianças tinham que ficar cm casa em vez de 1

POVO NARRA O QUE FOI SUA PENÚRIA E SUA ANGÚSTIA - SOU E NVIADO de um jornal brasileiro e queria saber porque está tão interessado cm comprar essa revista - perguntamos a duas das muitas pessoas que, nunt instante, se reu-

Nosso enviado ouve o povo, nas ruas de Santiago.

- O Sr. tem má recordação da épO<:a de Allcndc? "A pior possível!" A pior possível? "Sim Sr., não há porque negá.lo."' "Por causa das novidades, e para guardar de lembrança - acrescenta uma mulher. O governo a11terior foi o pior que já houve. Nunca estivemos tão mal", - Aí aparecem as fotos da casa de Allendc bombardeada? - "Sim. Lindo! Precioso, não?"

ir li escola, 1>tlft1 eviMr os desfiles totlos os dias: "MA-PU! MA-PUl MA-PU!" Olhe, e11 trabalho, mt,s ,, gente saía para o serviço e encontrava os desfiles. Vinham os carabineiros e jogavam bombas lttcrimogêneas, um t,r que arrebenu,va os pulmõeJ"f. Olhe . .. eu emagreci oito quilos!"

E as crianças, também emagreceram? Você emagreceu? "Claro! Co11tt1 para ele, Vovó''. Conte Vooê : o que achava de Allende? "Bom . .. eu achava ruim a politica dele". Muito bem. E a Sra. participou da Marcha das panelas vazias? - "Participei da marcha, e até saí fotogra fada 110 jornal com uma bandeira na mão . .. Não sei como não me perseguiram!" - E seu marido, qual é a profissão dele? - "Não, eu sou viúva. Sou diretora de uma revista que publica tudo sobre o mol'imento <1éreo do Chile. Chama-se "lti11erarios y Tarifa~·. ê uma revista que eu e minhas filhas fazemos há dez anos. Por sorte, as companhias aéreas putleram manter-se . . . Mas isto era horroroso!" - E agora a Sra. está contente? - "Ah. sim! Muito! Queremos que Olº m i. litarcs ponham ordem! Orde111.1 E que se possa trabalhar! . Que haja limpeza, tlisciplina!"

"Os meninos não tinham fo rças pa ra jogar bola ... " Interpelamos um operário que olhava o Palácio de La Moneda. F izemos a ele as mesmas perguntas: - Como era a vida no tempo de Allende? Conseguia encontrar comida? ªSim, mais ou menos .. . '' - Você não fazia filas? - "Sim, Jazia filas . . . f/_uer tlizer, eu não, mas o pessoal de casa, sim. Claro! porque a gente sai para traballwr e não eslá preocupado com as /ilaJ·,· mas a dona de casa, sim,· e os filhos, sim . .. E o problema é q11e não se conseguia os tllimentos . .. Muita coisa não ia bem , .. " - Qual a sua profissão? - ''Trabalho nas Obras Públicas, sou operário apenas, do edifício em frente a La Monetla, Mora11dé 80". - Quantos filhos tem? Havia problemas para sustentá-los todos? - "Cinco. S,'m, os meninos não tinham mâi.r t1/imentação adequada para ir bem 11a escola, porque as crianças precisam alimentarse". - E ficaram fracos todos lá na sua casa? - "E claro que sim! Emagreceram 11m pouco . .. Pouca força para correr, para jogar bola . .. " - Alegro-me pelo Sr. de que ludo isso teona terminado ... - "E., está bom agora .. . Mas vamos esperar para ver o que acontece mais para a /rente . .. Deus sabe ... Vamos par" frente.. . .!'

Quatro ho ras de fila por dia Uma mulher do povo se detém para contaonos algo de suas experiências no tempo de Allende. - A Sra. também fazia filas? 17


PESSOAS DE TODAS AS

- "Sim, também fazia filas, para tudo, em todo hlgaf'. - E onde a Sra. mora? "No bafrro de Lo Franco". E aí se conseguia azeite? "A 1.eite não". E a JAP, como funcionava lá? Obrigava as pessoas a terem wn cartão para poderem

comprar as coisas? "Sim, davam uns cartõezinhos''. E davam esses cartões a todo mundo, ou só a determinadas pessoas? . - "A todos daquele setor. porque davam por setor". - E mesmo assim tinham que fazer fila? - "Sim, é claro! A gente sempre tinha que fazer fila". - Qua.ntas horas por dia_fazia Ula? - "Bem, às vetes três ou quatro horas de manhã . .. "

" Está bamos a medio comer, no más!" Com um jovem operário, trocamos as seguintes palavras: - Como eram as coisas na época de Allcnde? Havia filas, era fácil conseguir comida,

ou não? - "Nadai A ge11te tinha que fazer fila para tudo.' Agora as coisas estão-se normalizando. Estávamos na ruína, Sr.! Todo o país estava na rutna''. Quantos filhos tem? "Quatrc(. E todos comiam bem? "Não, porque mínha mulher tinha que levantar às duas da manhã para comprar pão. para comprar um pouco de açrícar. enfim, para tudo . . . Todos os dias a m esma coisa . .. " E os meninos também faziam fila? - "Também, e até perdiam a aula'\ - E o Sr. se cansava mais no trabalho porque estava mal alimentado? - "Clara, Sr.: estábamos a medio comer, no más!"' - E carne, quantas vezes comiam? E frango? - \'Carne, uma vez cada trêJ' meses,· frango, a mesma coisa". - E azeite? era fácil conseguir? - "Tambént não. Só com cartão, por meio da JAP". - E a JAP dava o cartão a qualquer um? - ''Por famílias e por setores, por bairros, aqui mesmo em Santiago".

"t o que tinham que fazer!" Dirigimo-nos a uma mulher que olhava o Palácio: - Que bombardeio, não?! - •·t:; o que tinham que fazerl 11 - Tinham que fazer? - "Sim, porque senão a gente tinha morrido de fome. N6s já estávamos morre11do de fome nos bairros. Não havia o que comer, nada!" Onde é que, a Sra. mora? - ºNa Vila Peru". - Fica nos arredores de Santiago? - "Sim, lá para o lado de Puente AltoN. E passavam fome? Quantos filhos a Sra. tem?

- "Sim! 1'enho três filhos e sou vi,ha, Recebo 3 mil escudos rra fábrica. Vej11 o Sr., se cu não trabalhar morro de fonre!" - Não dava para viver? - "Como é que la dar?! Recebia, e já rinlia que dar todo o dinheiro, mal recebia!" . - E agora, está contente? - "Contente, feliz!"

Era a UP que fazia o mercado neg ro Enquanto conversávamos com esta senhora, formou-se um grupo de pessoas, todos querendo dar a sua opinião. O diálogo tornou-se vivaz, falando vários ao mesmo tempo, o que por vezes tornou imposs{vel registrar o que cada um dizia. Adiante, em outro ponto cm frente a La Moneda, paramos um jovem que se mostrava relutante em responder: - Então, moço, Você não quer dizer nada'/ Você comia bem na época de Allende? - ·"Mais ou menos . . . " Sua mãe fazia filas? "Sim . . . " Conseguiam carne, frango? - "Uhm .. , Cada três meses vencliam carne, mais ou menos. - E açúcar? - ºBom, isto se conseguia. . . quer dit.er, uma vez por semana, tnas com o cartão . .. " - E quem dava esse cartão? -

"A JAP''.

- A JAP exigia alguma coisa para dar esse cartão? - ''Não. A ge!rte ia e retirava o cartão". - E se alguém dizia que era do Partido Nacional, por exemplo, a JAP dava o cartão? "Niio, não ,lavam". - Não lhe davam o cartão? - "Não. não davam'' - confirma uma mulher que se havia aproximado enquanto conversávamos com o rapaz. - .Então eles controlavam a opinião política através dos cartões? - "Exatamente". - respondeu a mulher. - Quer di,..er que quem não era partidário do governo passava mais fome do que os que eram favoráveis a ele? - "Por supuesto que si!" - Quais eram os artigos que mais faltavam? Respondem várias pessoas ao mesmo tempo, preponderando uma voz feminina: - " Arroi, açúcar, pão, carne, roupa . .. " Um homem acentua: - "Não havia nada! Absolutamente nadai" Outras vozes: "Não havia nada! Nada, nada. ntulal Estávamos morrendo de fome!" - E leite para as crianças? isso se conseguia? Uma mulher: - "Não. Às vezes, quando queriam . . . ~venão, era preciso comprar 110 ,nercado negro c, 500 escudos o litro!" - Quem é que fazia o mercado negro? - "Quem /azia? O pessoal da U11idade Popular! O governo foi quem o provocou.'"

• • • A essa altura, jntcrroropcmos as entrevista~ e nos retiramos, porque era tal o desejo de todos de desabafarem, de contarem suas lembranças, de dizerem o que sentiam, que já por três vezes se haviam formado grupos, cada vez maiores, fala.ndo lodos ao mesmo tempo. Receamos provocar algum tumulto, o que não era permitido pelas leis militares naqueles dias, pouco posteriores aQ movimento que derrocara o regime marxista.

ESTATIZACÃO DA INDÚSTRIA : CAOS J

E COLAPSO DA PRODUÇAO AS ESTATISTICAS mostram uma vertiginosa queda da produção industrial no Chile, a partir da instalação de Allende no poder. Não podia ser de outro modo, dada a crescente intervenção estatal, em detrimento da propriedade privada das fábricas, especialmente das mais importantes. Tal intervenção traria necessariamente, com a violação da ordem natural, a queda da produção. Quisemos saber o que diziam os homens que viveram imersos nesse setor do drama chileoo, 18

que foi a estat ização das i1"ldústrias. Por isso, e11trcvistamos o Sr. Fernando Agüero, Gerente Geral da Sociedade de Fomento Fabril, a qual agrupa a grande maioria das indústrias de ~cu país.

A u óre o socia l" - A partir do governo de Allende, começou uma estatização em série de fábricas. Qual foi o processo utilizado pelo governo para isso: foi através de uma Jci, de uma reforma cm-

presaria!, ou por meio de expropriações de fato? Qual foi a magnitude desse fenômeno? - "O programa de Salvaclor Al/e,ule estabelecia a crlação de três áreas tle economia: uma "área soda/''. na qrwl estariam as empre1 S(lS do Estado, uma área privada, e uma 'área mista" . .Esta últlma seria uma simples comblnação das áreas privatla e do Estado. Estava dito que tlentro da área .rocial se incluiriam as indústrlas estratégicas e as básicas; e que sua tra11sferê11cici ela proprieclade privada para a propriedade estatal seria feita de acordo com as leis vigentes. Com tal programa - que incluía muitas outras coisas, além dessa fornwção ela área social - Salvador AI/em/e chegou à Presidê11cia da República. E em conseqüência, desde o prlmelro dia, os organismos empresariais reconheceram o tUreito cio governo de criar a área socicll, porquanto com esse programa é. que · Alle11Cle fora eleito C1>. Mas exigimos que a criação dessa área fosse feita pela forma que no programa se tstabelecera, ou seja, mediante o respeito às leis vigentes, ou mediante a promulgação tias leis necessárfrls, e atingindo somente as indústrias básicas ou estratégicas do paí.r. Contmlo, à medida que se passavam os meses, o Presidente esqueceu, de maneira absoluta, o que ele havia dito em seu programa. E começou a formar a área J·ocial, simples· mente na base ,le w,u, anarquia econômict1 t1ue não correspondia a nenhuma planificação nem a ,Uretriz alguma. Posso indicar~Jhe o fato de que, entre as primeiras empresas expropria,Jas, quatro meses apenas após A/tende ter assumido o governo, estava uma fábrlca de doces, a Rorr6 na qual trabalhavan: somente sete . operários. Essa i11d1ístria foi desapropriada porque, entre os sete operários·, havia ai· grms que desejavam que ela passasse para o Estado, ,,or acreditarem na panacéfrl que, durante anos, o marxismo demagoglcameute lhes inculcara".

.

Os " resquícios lega is" "Isso prosseguiu com emf)resas maiores. Para tal, recorreu-se ao que fol denominado no Chile "resquícios legais", e que consistia em dar às disposições legais vlgentes uma interpretação absolutamente arbltrária, de modo a respeitar aparentemente a letra do dispositivo le.. gal, mas vulnermrdo diretamente seu espírito, isto é, vulnerando a lntc11ção com que fora estatuído. De tal modo foi assim, que havia na legislação um ,lispositivo muito aniigo, dara,ulo ele 1930, o decreto-lei rr. 0 520, que permlte a requlsição temporária das atividades eco116micas dedicadas à produção de artigos de vrimelra necessidade (2). Mas o decreto-lel não dit.ia o que era ''artigo ele primeira necessiclade", porque se subentendla. Nem tampouco ditia o que se deve entender por "tempor6rio". porque, entre os sete operários_, lravla alpossfvel. Que fez então o governo? Primelro, começou a tleclarar ºele primeira necessidade" tudo aquilo que lhe interessava. Assim passaram a ser "de primeira necessidade" os 1>rodutos téxtcl:r, o.r fogões, os rrans/ormadore.r, os automóvciJ', os doces, tudo o que o Sr. possa imaginar começou a ser declarado "de prlmcira necessidade", porque assim era requisitável. Em segundo lugar, /oi desencadeadll de11t1·0 dessas empresas uma agitação traballtis(a artificial, induzida, provocada ele fora . E provocada pelas próprias autoridades <lo governo, as quais ,Jedicavam o seu tempo ( que deveria,n empregar em suas atividades como dirigentes ,wcionais) o visitar os sindicato.,, nos •quais promoviam desordens para que eles viessent a parali.m r as atividades tias referidas cmprc.r11.r. O Sr. compreende que para o governo niio era difícil conscgufr, por eSJ'e meio, o t/Ue tinha em vista. Com multa facilidatle se pró· vocaw, enteio II paralisação artificial de uma fábrica cujos artigos haviam sitio dcclartulos ~-

1 ) C laro está que o fato de Allcnde ter sido eleito não tornavn moralmente lícito seu programa eohfiscatório. dado que nenhuma vo~ tação pode consolidar um atentado a um direito natura] e divino, como o é o direi10 de propriedade privada. 2) O decreto-lei citado permitia a requisição temporária das ind6strias de artigos de primeira necessidade quando sua atividade estivesse paralisada por qualquer causa. Essa explicação facilitará ao leitor a compreensão do que mais abaixo diz o entrevistado quanto il patalisação artificial de empresas.

CONDIÇOES

sem o serem - de prr'melra necessidade, e em conseqiiênda se procedia à requislção. Tal re• q1dsiçilo era conforme à letra do <lispositivo legal vigente - e rotundamente contrária ao seu espírito. A cresce que, como eu lhe disse, tal dispositivo igualmente ,uío estabelecia o que deveria ente11der por "temporário'',

Requisições " t emporá rias" - O Estado pagava algo por essas requisições? - "Não, porque se tratava de medida temporárla, e por isso a lei não havla previsto o pagamento tle nenhuma inde11ização: tinha-se em vista uma requisição por umas poucas sema,ws, enquanto se solucionasse algum conflito dentro da entpresa; nomeava-se, então, u11i interventor. Isso se aplicou muitas vezes no Chile, a vartir tle 1930. Requisluwa-se uma determinada Jábrlca - a requlsição poderia durar ;,ma sema,w, ou um m ês no máximo,· e uma vez resolvido o problema q11e dera origem a essa intervenção, ela ficava sem efeito. O diposr"tlvo legal não tlefinia, pois, o que era "temporário". Então, o governo da Unidade Popul<tr dit.frz que as requr'slçQes eram te,npo· rárias - mas simplesmente clecidiu não mais devolver as empresas a seus proprietárlos. Realmente, ,renhuma foi devolv,'da. Algumas fica~ ram assim requisitadas praticmnente durante três ,mos. E até o ríltimo dia do governo de A/tende contlnuou-se a requiJ·itar indtístrias",

Mais de 300 índ ústrias confiscadas - O Sr. poderia citar alguns dos mais importantes desses casos? - "Bem, são mais t.le /retentas as indrís.. trias a.rsim atingidas. Posso.. lhe dizer que, 110 setor téxtil, praticamente a totalidade foi requisitada. Do setor metalúrgico requisitaram-se uns 70%. Do setor tle pesca, a totalidade. No setor de conservas, uns 50%. E assim sucessivamente. D,ú resultou a criação ele um monstro na ..área social'\ chegando a haver nela trezentas indrístrias. Não no sentido de .serem proprie.. dade estatal - porque a requisição náo é uma transferência de t>ropriedade,· essas empresas contbmora,n a ser, teoricamente, privadas mas no sentido de que sua ndmlnistração e todo o seu uso e gozo /oram tomados pelo Estado. Houve algumas exceções, de empresá· rios que, assustados, decidlram vender suas empresas, - rodos eles fazendo muito maus neg6cios, porque eu não creio que tenham sldo pagos". - Que proporção das trezentas empresas foi vendida assim? - ºCinco por cento. Não mais que isso. E /oram ve11didas ao Estado por causa de pressões, que consisti<lm em não se J,'xarcm preços compcnsadore.r para seus produtos, ou em lhes recusar créditos, ou em fazer ameaças aos proprletários de que suas fábricas iriam ser ret/tÚJ'itadas de qualquer maneirll'.

Quedo da produção "A formação desse monstro abJ·o/utamente anárquico - pois o Estado não era o dono das empresas, maJ· tinha somente a tulminlstração delas: e de outro lado os particulares tinham a propriedade, mas não a administraç,io e o usufruto - deu como resultado 11ma queda muito acentuada da produção industrial. Essa queda J'e tornou especialmente notável a 11artir do começo de 1972 . A produção industrial no Chile naquele ano acusou um cres.. cimento de tlois por. cento enr relação a 197 I. sendo essa a taxa mais baixa na Hfa·tórla do país. O setor lndustrial é um setor essencialm ente dinâmico: o normal é que cresça na ordem ele oito, dez por cento. E em 1973, 111> primeiro semestre, a produção fo,' inferior em 9,2% à produção do primeiro semestre de /972: estávamos pois em - 9.2% no primeiro semestre passbdo. Essil contração ,la produção foi especi<llmente aguda nos setores que haviam sido objeto tlc. intervenção e requisição, aqueles que J'e. referia,>t basicamente a bens de con.rumo·•. - No setor de bens de consumo, quais fo. ram as porcentagens? - "Elas acusam uma queda ainda mais prommciada. Por exemplo: no setor de alimellro:r. o primeiro semestre deste ano apresent" - 18% tle produção com relação ao primeiro semestre de 1972; o setor téxtil aprese11tt1 - l l %. O setor tio couro e calçado esrá esta-


FALAM À REPORTAGEM, SOBRE A ''VIA CHILENA''

/97 I esses ,l6lart·s se consumiram totalmente: ficou uma reserva tia ordem de 27 milhões de ,16/ares, 110 fim daquele ,mo. Ern 1972 e no primeiro semestre de 1973, o e11divitlame11to exter110 do Chile foi da ordem tle 800 milhões de d6lares. Somando-se essa âfra com os 500 milhões de d61ares que /,avia de reserva no início do governo de A 1/ende, teremos um bilhão e treze111os milhões de d6Jares, o que represe11ta uma nftlda perda para o país, 11enes três anos. hso representa um endividamento, 11ma perda, de I .250.000 ,I61ares diários, naquele petfodol Se nos lembrarmos de que nos primeiros anos da revolução castrista, Cuba se mantinl,a graças a um auxílio da ordern de um. milhão de d61ares diários da URSS, co11slatamos que " nossa reforma foi ma;s "brUltante" que a tle C1tba. De onde vieram esses créditos? Setenta por cento eram de procedência sociaUsta, e trinta por cento vinham de países ocidentais - os <Juais viam o regime de ·Allende com um inte· resse, uma c1trios/dade íntelectual digna de macacos, animados ,le certo Interesse e de certa predileção". - .Entre esses países, estavam também os Estados Unidos, não? - " Os Estados Unidos, não tanto. Basicamente países europeus: França, Alemanlia, países onde luf. um movimento esquerdista bastante desenvolvido, não é mesmo? Diziam: o que estd ocorre11do no Chile é um /en6me110 lnteressante, de modo que devemos apoiáw/o! Com inquietação de tipo i11telectual, portanto. Agora· estamos com um dos problemas mais graves, que é a renegociação ,ia dívida externa, e que já começamos a enfrentar".

º"

Nos modernos escritórios da Sociedade de Fomento Fabril , entrevista com o Sr. Fernando Agüero, gerente geral da entidade.

cionário, quer dizer, não apresenta nem cresci..

ment<J nem baixa. E isso ocorria em circunstâncias em que a demanda aumentava consideravelmente, porque toda a política econômica estava orientada em manter uma demanda arti/icial, prova<;ada a1ravés de uma politica ,nonetária que consistia em financiar toda a despesa pública por meio de emissões tinorgtinicas,,.

Inflação: 320% em doze meses - A que porcentagem chegou a inflação? - "A inflação era, em ;11lho - não temos ainda as cifras de agosto - de 320% em doze m t ses, tendo sido de 210% nos primeiros sete meses deste ano. A taxa de iri/lação ia num crescendo contínuo. A. se manter a política econ8mlca de então, aplicando os cálculos mais otimistas, teríamos 600% de iro/lação para o ano de 1973. Isso, segundo os cálculos mais otimistas. . . Deve-se dir,er que entramos num regime iá de /,íperln/lação, em que t11do estava descontrolado. E isso simultaneamente com um regime de controle de preços drástico, através do qual se pressionavam as empresas, o que ocasionou, então, a formação de um ctJmbio negro - que jd não era negro: era um mercado paralelo, feiro não mais ds tscondidas, e no qual os preços eram oito, dez vez.es maiores que os valores te6ricos oficiais".

Crise de alimentos; Estodo promove câmbio negro ..Quero reiterar ao Sr., para que possa compree11de.r bem o que ocorreu, que o setor de produção mais atingido foi o de bens de consumo habitual, isto é, o seio, que afeta diretamente as pessoas: alimentos, vestudrio, etc. A situação não era a mesma quanto às matérias-prímas industriais, produtos químicos, etc., setores esses que exercen1 um impacto se-

cundário sobre a população. A crise qua11to aos bens de consumo chegou a extremos, causando as filas que se tornaram famosas aqui. Para co11seguir cômprar um quilo de pão era preciso /ater fila desde as 5 ou 6 /,oras da manhã. A principio s6 se co11seguia dois quilos, depois s6 se conseguia um quilo,· e brevemente iria ser meio quilo, e afinal simplesmente não iríamos mais poder compnar pão. A car11e pelo preço oficial desapareceu há aproximadamente oito meses. No câmbio negro, evidenten1ente; se con.seguia comprcf-la. Isso que eu lhe disse - que o mercado 11egro desses produtos estava bem abastecido é um fato grave. Porque justamente eram as empresas do setor de be11s de consumo - que tinham sido requisitadas, e portanto estavam sob a adm/11istraçilo do Estado - as que abasteciam o mercado negro. No setor "linha branca" (isto é, todos os artigos para o lar, eletrodomésticos, etc.) era notável como, sendo um setor inteiramente requisitado, e pois administrado pelo Estado, podia-se conseguir com os hierarcas do regime o produto que se quisesse. A mesma coisa se passava com os alimentos".

Poder aq ui sitivo inferior ao de 1970 i.E com a política de contínuo reajuste salarial q11e foi adotada, o poder aq11isitivo tia pop11/ação ficou muito reduzido. Red11zido, iá com relação aos lndices oficiais. Muito mais ,.inda, com relação ao valor real, ·ao preço real dos prod111os, - até o extremo de que os últimos cálculos que se conseguiu fazer mostravam que a população estava com um poder aq11isirivo da ordem de 40% do que poss11ía 110 começo d.e /970. A renda "per capita" caiu de 550 d6lares em 1970 para 380 d6/ares. E estas são cifras da CEPA L, a qual se caracterizou pelo apoio que deu a este governo, como o dá aliás a todos o.s governos ,narxistas do mundo".

Político econômico posto o serviço do revolução

"S preciso entendermos bem isto: essa crise u:xla, esse caos econômico, não ocorreu por casualidade. Por que /oi, e11tão? -Por uma raz.ão muito simples. Allende, quando assumiu o governo, linha somente 36 % ,le apoio, pois essa /oi a votação que obteve. E ele queria fazer uma revolução pro/1111da e democrática. Mas a revolução profunda não se faz com 36% de apoio. Em co11seqü€ncia Allende resolveu elaborar uma política econômica ao serviço dos objetivos políticos, a qual 1/,e assegurasse. dentro de determinado praz.o, um apoio nacio11al tal. que ele pudesse. através das maiorias, estabelecer um regime socialista e /aur sua revolução. O grande executor dessa politica /oi Pedro Yuskovic/1, um economista da CEPAL q11e ocupou o cargo de Ministro da Economia durante os primtiros dezoito meses do governo. Para que o Sr. e11tenda bem a situação, ve;a o que se passa com os trapezistas no circo. De repe11te algum acrobata se la11ça do trapézio, faz uma série de acrobacias no ar, o público aplaude, mas supõe-se que um outro trapezista virá, 110 outro trapitio, para agarrar o primeiro pelas mãos . ••

Aqui os dois trapezistas eram a economia e o setor político. O setor econômico lançouse do trapézio e começou a fazer suas acrobacias, - supondo que no momento exato o setor político teria conquistado o apoio nacio110/, teria a força nacional nas mãos, para que já não tivessem importância os defeitos da política econômica . . . Mos aconteceu que não se encontraram a tempo! O lromem que estava

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Déficit de 50 % ; meio circulante 2700% maior - B qual foi o déficit do Es1ado, nesses três anos? - "Para evitar algum equívoco, não 11,e vou dar dfras, mas porcentagens. Tradicionalmente o orçamento fiscal em nosso pais acusava um déficit da ordem de / 0%. Essa taxa já era muito alta, considerando·se que mmca alcançamos uma taxa de de.. senvolvlmento anual da mesma ordem. Se, com efeito, nosso desenvolvimento crescesse na mesma proporção do déficit, estatfamos bem. Mas de fato crescia 11a ordem de 5%, 6% , e11qua11to que o déficit era de I 0%. A inflação, crônica, histórica, no Chile, variava anualmente entrt! 15 e 25%. · No ano de 197 I, não o resultado tio mas ;á o orçamento do ano aprese11tado pela Unidâde Popular elevou o déficit imediatame11te para 20%. Porqua11to uma das teorias da CEPAL (que se caracteriza por elaborar num escrit6rio o que outros vão sofrer .. . ) uma dessas teorias defe11de o desenvolvimento por meio do déficit orçamentário; ou seja, segundo essa teoria, ampliando-se o déjicit orçantentdrio acelerariamos o desenvolvimento do

ª"º·

pab.

Em 1972, o déficit alca11çou 32%; em 1973 - e vai ser muito difícil modificá-lo - ele ati11ge 47%. Quer dizer, de cada /00 pesos que o /isco gasta, 47 derivam de emissão anorgúnica, porque não são produz.idos pela eco11omia do país, Com isso, chegamos tl seguinte situaçã_o: para cada escudo q11e havia no Chile a I .0 de ;a11eiro de 1970, l,o;e !,d 27 esc11dos, em circulação. Como o Sr. vê, a quantidade de dhtheiro emitido aumentou 27 vezes. Como superar essa situação? Somente atraVli de um processo, a prazo médio ou longo, de recuperação da produção, o qual permita a recuperação de todas essas perdas /a11tásticas que hoje regis tramos.

sentavam da indústria de base, a indústria de maior importância do Chile? - "Quare11ta por cento. Notemos além <lisso que o Cltlle é um país que vem brincando de estatismo há muitos anos. Assim é que fil antes de A //ende havia um setor estatal de certa importância, no qual estavam as indústrias ,nais básicas e que atlngia a uma proporção de 15%. De modo que a parte sob controle do Estado é hoje da ordem de 55% da produção i11dustrial. Mas, desses 55% , 15% sempre estlveram nas mãos do Estado: eram as indústrias básicas e as estratégicas produtoras de petr6/eo, energia, aço".

A atuação do Sociedade de Fomento Fabril - E a Sociedade de Fomento Fabril, que perseguições sofreu do governo? e como reagiu? - "Bem, fizeram de tudo co11osco. Mas vamos ver antes como orientamos a nossa ação em face do gover110. Eu diria que a orientamos baslcamtnte em torno de três grandes caminhos que passamos a explorar, e que antes não havíamos explorado. O primeiro foi a da elaboração de informes econômicos, em forma persistente, e nos quais não deixamos nunca de diter o que estávamos pensando 110 que diz respeito à atividade econômica. Cada mês di.strlbuíamos a famosa "hojita" sobre o comportamento da ativida,le industrial. De três em tr2s meses, faVamos relat6rios bem mais amplos, e semestralmente apresentávamos "informes de conjuntura". Isto sigtd/lcou a montagem de um escrit6rio especializado, e no Jim tínhamos uma equlpe integrada realmente pelos melhores economistas do país, dedicados exclusivamente a medir o comportamento da atividade econômica e a estudar as pro;eções futuras. Fomos lnexordveis em denunciar a situação ao pa!s e d opinião pública. Foi uma linha de ação que exploramos a fundo. Outra linha tle ação foi a dos "instrumentos juridicos". Condenamos com ,nuita energia o mau uso das leis, e insistimos nisso, mas não fomos escutados. Nunca deixamos de proclamar a obrigação que tillham todos os prejuclicados de recorrer aos tribunais, ainda que fosse um caminho longo e difícil, e embora, em última análise, a eficácia deste caminho dependesse da força que o pr6prio Estado con• ferisse às sentenças (porque o tribunal pode pronunciar a sentença, mas_. para que ela se cumpro. o governo tem que eJ·tar de acordo. E em muitos casos, não estava). A entidade fundou um instituto. procurando reunir os melhores advogados, os quais estudaram todas as formas de defesa ;uridica. Por último, saímos à rua, Jazendo muita prt>paganda, muita publicidade. Fizemos propaganda na TY , e distribuímos folhetos nas filas . Entao, foram esses os três campos de nossa ação: a investigação econ6mica, a defesa legal e a atuação ;11nro à opinião pública. Por essa rát.ão, fomos perseguidos, presos, insultados. Mandavam fiscals para ver se as nossas declarações tributárias eram corretas, punham-nos entraves para sair do país, ttc. E lsso não s6 com os dirigentes. Mas nélo fomos n6s os únicos que resistimos Os sindicatos dos donos de caminhões puseram•se incondicionalmente contra o gover110, e esse foi um dos fatores da queda deste".

fazendo as piruetaJ· caiu, e não havia rede . .. Foi isso exatamente o que se passou aquL Colocou-se toda a economia ao serviço dos interesses políticos. De modo q11e todas essas coisas que estamos comentando não ocorreram por equívoco, ne,n por se querer executd-las mal. Aconteceram porque se queria /ater uma economia eminentemente populista". - Marxista. - "Marxista; mas no princípio era populista. Mais que marxista era demag6gica: agra• dar ao povo, porque agradando ao povo se pretendia chegar a configurar uma força política, a qual permitisse instaurar o socialismo democraticamente, que era o que Allende queria . .. Mas o encontro dos ªtrapezistas'' no ar não se deu. Não se conseguiu realizar o encontro entre o "não.desenvolvimento" econ(}mico e o fortalecimento do poder político. De m odo que não foi por erro, nem por falta de conhecimentos, que tivemos essa crise. A crise econômica foi deliberada, visando, como eu lhe disse, o apoio político de q11e Allende necessitava".

A FALTA DE GARANTIAS

Uma revolução mais coro que o cubano

LEGAIS NO CHILE DE ALLENDE

- E como foi o auxilio financeiro externo para o Chile? - "O Sr. me pergunta como foi que vivemos, 11esses três anos, à vista dt.sse quadro . . , Y ,"vemos da ajuda externa. , A llende havia recebido a Presidência com uma resen,a de 500 milhões de d6lares. Em

SEM MODIFICAR praticamente lei alguma, nem editar novas nom1as legais, o governo socialista de Salvador Aflende esta1izou 44% das terras exploradas, elevou o nú.mero de

.

Metade da indústria nos mãos do Estado - Uma pergunla, voltando à quesião das indústrias : aquelas trezentas empresas requisitadas pelo governo, que porcentagem reprc-

• •• Despedimo-nos do Sr. Agüero; e salmos das modernas dependências da Sociedade de Fomento Fabril com a sE>nsação da opressão estala! e do estancamento sofridos pelo setor industrial chileno durante o governo de i'.llende, que nosso interlocutor descrevera com tanta clareza ao longo da entrevista. Mas, ao mesmo tempo, aleg:rávamo,.nos de que o "trapezistaº que obrigou a laboriosa nação chilena a dar um tão anti.natural salto no vazio, não tenha conseguido agarrar-se ao "trapézio" da ditadura do prolelariado, que teria feito baixar sobre a nação irmã a cortina de ferro e a fome sem remédio.

indústrias sob controle estatal a 5S% do total das indústrias importantes do Chile, e estrangulou o comércio pela estatização da distribuição de mercadorias. 19


PESSOAS DE TODAS AS

.,,..,.• lt

".

o

Dr. José Marra Eyzaguirre, prestigioso advogado, fala ao nosso enviado.

Um conhecido advogado que - cm razão de sua profissão - viveu de perto iodo esse processo, o Dr. José María Eyzaguirre, foi por nós entrevistado. Filho de um Ministro da Suprema Corte de Justiça do Chile, exerce suas atividades num dos mais afamados escritórios de advocacia de Sanliago.

Hipertrofia do Poder Executivo -

Como pôde Allcndc, sem dar um golpe de Estado, nem implantar uma ditadura, fazer avançar o Chile pelas vias do confisco e da arbitrariedade, como é notório cm todo o mundo através da imprensa? - "Nossa Constiluiçc1o es111be/ece um regi-

me presidencial que outorga ao Poder Executivo atribuições taiJ', t1ue se pôde ver o Presidente da República, no regime /indo, tomar. sem nenhuma modificação legal ele importância, uma ascendênci(1 absoluta sobre os tiemais Poderes do Estado e sobre os partic11/ares. O Poder Jruliciário no Chile não tem autonomit1, nen, econôrnica, nem operlltiva. De maneira que bastaria o Executivo não conceder a remuneração dcvüla ao~ altos Magistra,ios. para provocar uma quebra 11a hierarquii,ação desse Poder e wn abandono dos principais valores • que nele resitlem. Isso não chegou a se produzir no Chile, devido ao patriotismo dos Juí~ tes. Mas a situação já se tornava insustentável, • por fim . No regime de A/le,ule, quebrou-se a hierarquia dos Tribunais de ·Justiça , através do tmmenlo tia remuneração dos funcionários suba/.. ternos, que hoje em dia ganham mais do que os Juízes e os Ministros da Corft! Suprema. Por outro lado, o Poder Judiciário não tem nenlrnma autonomia funcional. já que llS .rentenças q11e ele dita são executadas pelo Poder Executivo, - que é quem deve fornecer a força pública necessária parti fazer com que sejam respeitadas aquelas decisões. O que ocorria, então? Obtinha-se uma sentença, por exemplo contra o usurpador de um imóvel agtiçola, ordena,ulo o despejo do usurpador. Mas o intendente do /11gdr não fornecia a força pftblica necessária. porque ele. dependia do Executivo. E o Poder Judiciário não tinha nenhum rc· curso para fa zer cumprir sua sen tença. Então, lentamente, ele f oi-se transforma,u/o em rtm Po,ler mer~mcnte teórico, ditando sentenças que nãO tinham ne,,_h~ma eficácia real".

Um caso típico; o c írc ulo vicioso - O Sr. poderia citar algum caso concreto nesse sentido? - "Há ce11tc1ws de casos. Por exemplo: o de u,,u:t propriedade agrícola localizada cm Peumo - Departamento de Cachapual, Provínci,1 de O'Higgins. O nome 1/t, proprie1lade é Los Molinos, e ela pertencia ao Sr. José María Ortega, o qual começou como sim11les trabalhador agríco!t, e, graças a se11 esforço e poupança, conseguiu fornwr essa fa zenda. Ela /oi formada fundtmten talmente pela ocupação do leito do rio Cachapual: o leito foi aterrado com a terra de morros próximos, num esforço incrivel. O Sr. Ortega teria uns 130 ou 140 hectares, rodos plantados com árvores frutíferas. Produzia frutas de exportação, especialmente /ru-

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tas cítrict1s e abacates, <ie e:i:celcnte qualidade. Ele foi o erecursor de todas as p/a11tllÇÕes q11e hoje em dia existem ,wquelc vale, e que são d,,s mais importantes ,lo Chile, como é o ct1so de la Rosa, Sofr11co, Ft1ie1ula Caclwp11a/ e outras proprie<itldes. que hoje slio de muito valor. O Sr. José Mt1rfo Ortegct é um homem rijo, m0tlestíssimo em sua vida, austero, - típico exemplo do chile110 que co11seg11e prpsper11r graças " seu esforço. Pois este se11hor ·foi despojado de propriedade: 110 dia para a noite, alguns ctunponeses, açulados por agitadores marxistas da região, inv<1diram-lhe o imóvel. Esses agentes marxistas - que se haviam i11trodu1.ido como funcionários nos principlliS organismos da agricultura, como a CORA e o Ins tituto 1/c Desenvolvimento A gropecuário (INOAP) - em lugar de exercerem f1111ções relt,cio,uulas com a promoçtio das <1tividades eco11ómic<1s agrícolas, dediCclva,n-se à agitação rural. E conseguirani que aquele proprietário fosse despoj,ulo de facto de seu im6ve/: simplesmente, certo dia a f11zenda amanheceu bloqueada; não permitiram ao proprietário que entrasse nela, e ele se viu privndo ele qualquer ingerência na me..rma (ele residia numa pe• quena propriedade agrícola que ficava em fren te tls suas terra.s, separai/a por uma estrada). O procedimento <leste senhor foi um m0<lelo tio que. segundo penso, se deve faz.e, em. uma situação dessas. Não se amedrontou, não _se entregou li inércia~ senão que, pelo co11trário, fez valer todOJ: os seus direi/os, recorreu ao Poder Judiciário , instaurou processos criminais, tanto Já, como aq1'i cm Santiago; enfim, lançou mão de totlos os recursos possíveis e imagináveis. Poder..se·itl escrever um livro sobre li quantitltule tlc recursos legais que se esgrimiram 110 ct1so tio Sr. Ortega. Por fim, ele obte ve decisões judiciais que obrigavam " restituição do seu imóvel. Mas essas decisões não foram cumpridas por parte tio órgão competente, que ert, o intendente tia Província <le O'Higgins: este simplesmente não dava o t111Xílio da força p1íblica''. - E não chegava nenhuma ordem ao gabinete do Intendente? · - "O Juiz expedia uma ordem à Intendência de O'Higgins: - "Preste-se o auxilio <la força pública ao funcionário judicial cncarre• gt1do de proceder à. desocupação da propriedade lo., Mo/i11os, de Pe11mo". - O que respondia,o intendente'/ · - "Não respondia ,w,la. Simplesmeme gullrdava o documento recebido, e mío prestavt1 o auxilio <la força pública". - E não havia um processo por rebeldia contra a autoridade judicial? - "Havia po.,sibi/idade ,!isso. M,,s 11t1ra processar o Intendente, era preciso requerer unu, autorização prévia do Congresso, e .seguir um trtlmite; o que .re poderia co11seguir, mas denrorm,,, de tal mo11cira, que o efeito se to,... nave, ilusório. Por último, quando se obtinha uma J·ente11ça punindo o intendente /iOr <lesacato ao Poder Jucliciário, o que s ucedia? Emitia-se ordem de prisão contra ele. Mas quem era encarregado ele executá-la? Era a Direção de l,n1estigações, t/lll! era também dependência do Ministirio do Interior e, portanto, do Poder Executivo. O resultado era que não se prendia o funciond· rio, e então era preciso ahlar contra o Diretor de Investigações . .. com os mesmos tr/imite.r e ,Jemora.r. . . Era impossível.' Era preciso te,..

,·,w

mi11ar com esse círculo vicioso. Era algo tle "kafkiano"I - E como terminou o caso do Sr. Ortega? - "No fim, devido ti todos a<1ueles recursos e ações penais, li CORA - para evitar que seu "ice-presidente execwivo fosse mautlado para li cadeia viu-se obrigada a tlevolver ao Sr. Orregt1 um tios imóveis (a CORA, ao longo ,lesse tempo~ havia expropriado .ruas terras: ,,pós terem sido inv<u/i,las., elll as ,iesapropriou, q11alifica11do-as de mal explorc,dns. E q11alificou-as ,1ssim para evitar que o Sr. Ortega fi· zesse uso tio ,Jireito que a lei lhe conferia ,le co11servar uma pequena propriedade. a,tlrulo de "reserva")". - E contra essa qualificação de '101al C:(• piorada", havia algum recurso legal? - ''Sim , havia' recurso a11te os 1"ribmwi.r Agrários. Lançou-se mão tlesses recursos; mtlS 11té agora não foram julga,los. De mo,lo que a sitflação daquele proprietário ainda está pendente".

Como se criava um "conflito t rabalhista"

CONDIÇOES

A certt1 altura, o Ministro dtl Economia tmw,ciou a deci.rão do governo de passar para a

"área social" determinadas empresas téxtei.s. No <lia seguinte, essas empresas amanheceram, todas, sincro11izadt11nen1e; ocupatlas; os ocupan· tes petliam que elas fossem transferidas part, 11 "área .rocit1/" ( este também era um motivo de "conflito"). Nesse m esmo dia, o Ministro tia Economia, Vuskovic, visitou os emprestls, e fez <li.rcursos infla mados na maior parte delas. Doi.s ou três tlias d'evois, ap,1receu no Diárlo Oficie,/ um decreto que detcrminavt1 a intervenção nessas empresas e designava para Clld<1 uma deills um /u11cio11ário marxista; esse interve111or começou logo a alterar tofàlme1Jle o regime tia ind,ístria''.

Intervencionismo estatal vinha de a ntes - Com relação ao comércio - o qual estava controlado por organismos como a D1RINCO, a DINAC, as JAPs, etc. - esses orga-

nismos surgiam cm decorrência de uma legislação já anteriormente promulgada?

- "Esse é outro dos pontos com os qum's temos <1ue nos preocupar: nosso país vh1ia em - E no campo industrial, qu:il c-r a o promeio a uma legislação extraordinarimnente cesso adotado? SOCillliZtmtc". - ·'Provocava..se um conflito trt1b(llhista - Desde quando? c,rtificitll numa f6brict1, e de.siguava-se wn in• - "Mais ou menos a partlr· de 1935 f<>ierventor para ,.solucioná-lo". O interventor não ram se,ulo promulgados dispositivos permitindo solucio,wva nada, mas sim apoderava.se de o controle 1/e preços, o fechamento de estabetodas tis insudações industriais, ,le to<los os lecimento,)· cornercfrris, a requisição tle m ercabens, pondo de lado todos os tlirige11tes da <lorias para evitar açambarcamentos. em,,resa. O governo marxista aproveitou-se dessa legisEle se transformavt1 em dono e senhor tia l<1çiio, e aplicou.•a de forma absolutamente abufábrica. M11ita.t das que hoje 110 Chile são chasiva. A..fim, por exemplo, a requisição de deter· madas ,ie empresas "transferitlas para a área minatill mercadorill só podia ser feita no caso social", estão .sob este esquema~· entre elas se incluern as nwis i.m porumtes do país". de açambarcmne11to, ocultamento do pro,luto, - Como era criado o "conflito" trabalhis1a? • recusa de venda 011 manobras especulativas. O governo tle Allende não trepidava em supor a - "TrabalhadoreJ· apresentavam uma peti· existência de açambarcamento vor parte do ção absolutamente impossível de atender: rea,lono de um determinado estabelecimento -:juste salarial de 400%; ou ct1sas para t()(/os os e passava à requisição. E não só requisitava a o perário,,;,· ou automóveis para tai.f e lais funm ercadoria e11t questão, mas o estabelecimento cionários . .. qualquer coisa que 'fosse absolutainteiro. h ·so ocorreu, por exemplo, com o Sumente impossível a empresa concetler. Esse pe· permercado ALMMAC, da A ve11idll Sa111a elido dava /11gar a 11111 "conflito", o q11al deshUia, que foi requisitado a seus proprietários fechava 11um11 greve, que 11ormalmc11te levava - e q11e acaba de ser-lhes devolvido pela à oc11par;ão do estabelecime11to pelos operários. Junta" . . O governo, através do Mi11istério do Traball,_o t1lgumas vezes, ou do Ministério da Economia outras - dependendo <las conveniências de Quase não havia recurso mo,nento - tomava a direção tia en1presa, que passava assim para o que se chamava a "área - No Chile não existem os T ribunais Ad· social da economia". E o proprietário ficava rninistrativos? despojado tia imlrístria, sem receber indeniza- "Exatamente. Ante toda essa legislação ção alguma e sem poder ter nenlwma ingerênsocializante, que per,nitia requisiçóes, confisco . sobre eIa·" • c,a de m ercadorias, etc., o particular tinira apenaJ o . recurso "de graça",· mas o recurso "de Dois exemplos concretos g,·aça" de ,urda vale ante un, regime marxista . na ind ústria Porque os do governo não tinham por objetivo corrigir uma manobra especulativa, mas sim- O Sr. poderia citar algum caso concreto? plesmente acabar com a atividade privatla, - "Por exemplo, o caso das Crista/crias do pa.rso a passo. Chile, da Fábrica Nacio11al de Azeites, da Isso é gravíssimo, Porque, em çerto mo· FENSA , da MADENSA. Essas são alg11mas mento, chega ao poder um governo como o cla.r mofa· conhecidas. que nós acabamos de ler no Chile, e, simples.. No caso tla Fensa - indústria dedicada ao mente medía11te essa legislação, passa a inter~ ramo meta/..,necânico e à "linha branca" vir, fechar, requisitar e confiscar toda tl ativi~ recortlo-mc tlc que, mal empossado o governo, ,Jade privÕdll do país. E o particular se vê im ... começaram os conflitos. Houve ocasiõe.r em pedido de interpor qualquer recurso. que os dirigenics da empresa foram seqr'testraNo período de Alle11de, o Poder Judiciário dos. Até que, num certo dia (pre"iamente comteve que esgrimir algumas doutrinas novas que binado com o Ministério tia Economia e o Mipermitiram amparar ent parle aos particulares. nistério do Trabalho), o estabelecilnento viu-se E de fato, nos ,íltimos dois anos, conseguiu-.re ocupatlo pelos operários. Passaram-se dols ou a adoção de algumas precaucionais por ,,arte três dias . e,n que os dois Ministros estiveram dos Tribunai.s de Justiça, para evitar da11os que na empresa e se ditia aos operários que agora teriam s ido irreparáveiJ'. Mas essas medidas preptlssariam a ser os tlonos dela. Designou.se caudotwis fortim, também elas, burladas. Por um interventor estatal; ele passou a exercer toda exe,nplo: utilizou-se como medida precaucional a administração, p6s a tliretoria de lado, des.. o não ser permitido ao interventor movimeutar pediu os principais engenheiros. O capital de as contas-correntes tia respectiva emprest1 sem operação da empresa foi todo tlilapidado, coma autorização tle um delegado da 11ntiga direpletamente, imediatarneute. Foram contratados toria. Isso visava iun 1ní11imo de controle. O novos ernpregados, parll faz.erem agitação; im• interventor deixavt,, a partir ,ia1, de utiliz.ar as plantou..se na indtístritl um regime de terror, contas-correntes, e paJ·sava a vender toda a com comissários políticos, annados, cujll missão produção da empresa . a dinheiro, o que se era denunciar quem estivesse em atitude "tlissiprestava a toda sorte de roubos. Ou então ele llentc" dentro da i,ulústria. Os operários eram .rimplesmentc designava wna entidade csta'lal manti<los J·ob unw pressão tremenda. Esses como distribuidora; ,lesse modo operava toda mesmo.r comissário.s eram os ,•ncarregados de a parte comercial e financeira tia empresa". condutir os operários às concentrações que o - Desde quando começaram as leis que governo organiz.ava em apoio próprio: a a.ui.f · debilitaram o direito (!e propriedade? têncill era obrigatória, sendo feita a cl1amatlt1 - "Desde fi11s do governo de Alessa,u/ri dos empregados dt1s indústria.r e das / atendas (/958-1964) começou a debilitar-se " gar<mtit1 sob i11rerve11çcío. con.stituciona/ do 1/ireito de propriedade. Com Com isso o governo cavo{, o própl'io tlÍFrei, f e1,-se · uma refor11w muito drástica do • I o .. . " mu direito tle propriedade agrícola, e se permitiu - E como foi o caso dá SUMAR, ao qual a sançã~ da lei de reforma agrária, a qual, a já ouvimos várias rcícrências'! meu vei, p<ulece de graves erros quanto ao - "Foi muito semelhante ao que acabamos tratamento dado ao proprietário. E,,identede ver. Com a diferença ele que, no caso da mente, eram .disposições que preparavam o caSUMAR, 111do foi absol11tame11te co111bi11atlo. minlio ao regime ,narxista".


FALAM À REPORTAGEM, SOBRE A ''VIA CHILENA''

detectar faliras ,ie abastecirnento em algum setor populacional, mas que de maneira alguma podiam intervir no comércio". - Essa DJRINCO agrupou Iodas as empresas dislribuidoras eslatizadas?

PERSEGU IÇAO SOCIALISTA ÀS EMPRESAS COMERCIAIS PARTICU LARES

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,.

Entrevistando o Sr. Eduardo Garín ·Cea, secretário geral da Confedera ção do Comérc io Varejista e da Pequena Indústria.

O COME RCIANTE desempenha um papel primordial na economia fundada na propriedade privada. l'. ele que01 faz chegarem até o consumidor os bens produzidos, fazendo jus por esse trabalho a um lucro equitativo. O socialismo, ao atacar a propriedade _privada e a livre iniciativa, nega. por isso mesmo, ao comerciante o direito de exercer a sua profissão. Foi o que se deu no Chile, com as conse-

qüências desastrosas que todos conhecemos: filas, câmbio negro, miséria e fome. A greve dos comerciantes varejistas, simultãnea - se bem que intermitente - à dos "camioneros'\ foi também um dos fatores decisivos da queda de Allende. Visitamos a sede da Confederação do Comércio Varejisla Eslabclecido e da Pequena Jnd(,stria do Chile, localizada cm um bairro central de Santiago. Conversamos com o Sr. Eduardo Garín Cca, sccre1ário geral da en1idade.

Estatiza ção das grandes distribuidoras de mercadorias . .. Quantos membros agrupa a Confederação?

"Aproximadamente J 50 mil pequenos comerciantes e varejistas de todo o país~ desde Arlca a P1mta Arenas. Representamos o que chamatnos nossas organizações de base, isto é, quatrocentas Câmaras, Associaçóes e Sindicatos. Nosso objetivo, logicamente, é defender o que sempre chamamos o nosso direito de sermos trabalhadores independentes. que prospermhos e nos desenvolvemos segundo nosso espírito criador, nosso esforço e nosso próprio capital. Somos pequenos e médios empresários". - Como era o sistema de dislribuição de mercadorias no Chile? - .. Até três anos atrás, tínhamos um sistema de certa liberdade, tanto ,/e abastecimento como de comércio e de distribuição. Não tínhamos problemltl' maiores, salvo aqueles decorrentes ,/e certas políticas quanto à fixação dos preços, margenJ· de comercialização e distribuição, que já começarani a aparecer nos regimes anterlorcs. Nestes três últimos anos, concretamente no regime de Allende, tivemos toda espécie de inconvenicnte.f e dificuldades, dentro de uma linha de política essencialmente estatista. Os nossos problemas graves começaram com a estatização de empresas, com a intervenção nas distribuidoras, eJ·pecialmente ,,s grandes com que contava este país, Williamson Bal/our, Agênda Grahon. K#!.eps y Cia., Hil,iemelstcr y C,'a. . . Em geral as empresas que - corno se dizia no antigo regime - ·'estavam entre· gues ao capital estrangeiro" é que, conseqUe11 .. temente. sofreram intervenção do governo da Unidade Popular".

... que prestavam um bom servi~o Essas cmprc.~as preslavam um bom serviço?

"Até a subida do regime tia UP, cumpriam um serviço bastante eficient.c, dentro <lo tsquema de livre empresa, e o que então se chamava de capitalismo. Vale dizer, eram em• prescu que evidentemente visavam o lucro, ma.r prestavam um bom serviço". - O Sr. considera o lucro uma coisa ilcgltima? - .,Df modo algum. N6s achamos que ele

é defensável e 110s temos esforçado pora de-

fendê-lo". - Essas empresas foram expropriadas ou sofreram intervenção? - "Algumas sofreram intervenção, outra.r tiveram suas ações adquiridas por organismos compradores criados pela CORFO - Corporação de Fome11to à Produção Chile110 - com base 11a aquisição tle grandes lotes de ações que lhes permitiram o controle dessas empresas",

Para ser abastecido era precisa pertencer à JAP - E as lAPs, como funcionavam? - "O governo da UP criou 6rgãos de classe paralelos aos nossos, constititídos por comer· ciantes que militavam nas suas próprlas fUei· ras. E começou logo uma distorção na distrlbuição, dando-se preferênda a estes grupos minoritários e preJ·cindindo-.se do comércio estabelecido. Posterlormente crlaram-se esses mecanismos chamados JAPs, que foram para n6s simplesmente um pesadelo. Estes dois organismos, por um<1 disposiçc'ío - mio por uma lei, mas por uma sllnples tlisposição - da Direção da /11d1ístria e do Comércio (DIRTNCO), conslit11fram-se em nível local, comrmal e provillcial, com dirige11tes eleitos entre os 111ilita111ts dos partidos tia Unidade Pop11lar. E em concreto foram dadas a eles atribuições para regular e determinar as fórmulas, canais e proporções de abastecimento aos pequenos setores populacionais onde tinham reprcsentllção. Em seguida, estabeleceu-se como obrigação para o comércio - concretamente no setor de secos e molhados, ele todos os gêneros alim entícios - que o comerciante que quisesse contar com algum tlpo de abastecimento, tinha q 1t(! pertencer a esses organismos, JAPst que era quem dava as normas quanto às quotas e às formas de distribrâç,io. Esta Confederação sempre se negou a pertencer a eles e - o que l maiJ· - sempre os combatemos.,., porque entendemos desde o começo que representavam uma ilegalidade e uma arbitraric,latle. Mais alnda, solicitamos um prommcic1mento da Controladoria Geral ,la ReplÍ· blica, a q11al nessa época foi favorável ao nosso ponto de vista e estabeleceu que, 110 máximo, se podia aceitar que esses organisrnos eram meros elementos assessores da DIRINCO par,,

Com o Estado 90% da produção e da distribui ção - ºEla criou um complexo econômico do Estado, e também criou uma empresa nacional de distribuição estatal q11e se chamou DlNAC - Distribuidora Nacio11ol SI A. Com ela começaram. primtiro, a pressionar as empresas 1,rivadas 110 sentido de que devlam canalizar toda sua produção exclusivamente através dessa empresa. Usaram todo tipo de elementos de pressão, desde a supressão de créditos, e de dlvi:ras pt,ra a importação de matérias-primas e elementos de reposlção de que necessitavam pare, a produção, até a supressão de créditos nos Bancos. . . De maneira que fort1m asfi.tiando a atlvitiade privada, até que tiveram, como se111pre dissemos, 90% dtl produção e ,la 1/istribuição do país em suas mãos". - Chegaram a ter 90 % ? - ºSim. Noventa por cento da distribulção total ,lo país estava nas J·uas mãos. Os dez por cento restantes foram defendidos. em grande parte, por uma ,nedida to1110da em janeiro do a110 passado por esta Confederação, a qual seguiu o mesmo procedimento adotado pelo governo da V P: foi a aquisição, pelos 150 mil comercla11tes desta Con/e,leração, da ex-CODINA, uma empresa dr'stribuldora que nós transformamos na CENAD[, Central Nacional de Distribuição e Comércio. N6s, com Ol' 10% restantes, mal nos pudemos manter durante estes três anos. Mas, pelo menos, subsistimos".

Comércio paralisado ·do norte ao sul - Enlão os Srs. tiveram muilos prejuízos? - "Evidentemente. E tivemos situações realmente. dramáticas e trágicas, que se tra· dttziram cm tli/ere11tes movimentos grevistas, ,,ré culminar, no ano passa,lo, no movimento de outubro. em que numtivemos o comércio fechado d11rante 27 dias, de Arica a P1111ta Arenas. Sofremos todo tipo de pressões, arrombamento de casas comerciais, requisições de mercadorias ( que dcpols não foram pagas, e das quais. como ditemos aqui no Chile, ..nunca mais se soube"), prisões (a de nosso Presidente nadonal, Rafael Cumsille, com to,Ja a Diretoria dessa época e os dirigentes provi11ciais1' mi,a perseguição reC1lmente lncrh,cl contra os comerciantes estrangeiros, que eram ameaçados de expulsão do país. Na citlade de Punia Arenas, prov1ncia de Magallanes, houve o caso de três comerciantes que trabalhavam fazia 25 anos no Chile e que foram expulsos, e todos os seus bens confiscados.

Solidariedade aos motoristas de caminhão Todo este 11rocesso culminou, como é do conhecimento de todos, com uin movimento grevista que con,eçou com os transportes abrmigidos pela Co11fedtroção dos Proprietários de Caminhões do Chile, e a que se incorporou posteriormente todo o transporte rodoviário, de cargll e passagefros; seguiram-se as agrcsSõcs que esf<1 gente sofreu, e as requisições de seus veículos. E nó.f, em solidariedade a eles, aderimos ao movimento de protesto. Assim é que começamos a decretar greves parçiais de 24 e 48 ltorns prorrogáveis, até cltegarmo.r ao dia 11 de setembro, com a· queda de Alle,uie. Logicamente, quando a nova Junta ,ie Governo assumiu, suspende1nos o nosso movimento paredista".

Destru ir todo vestígio da atividade privada - E houve muilas quebras entre os pequenos e médios empresários nesses três anos? - "Houve, sem e/ávida. Muitas casas tiveram que fechar suas portas, simplesmente por.. que 1ulo tinham o que vender. Calculamos que de nossa gente - pequenos e médios emprc· sários - uns 30% tiveram que fechar seus estabelecimentos. A crescente a fa·to situações insustentáveis e insuportáveis. Porque alguns de nossos coleg<1s, para ,lar-lhe alguns exemplos, recebiam deter.. mlna,ias quotas de açâcar, mínimas, determinadas quotas de azeite, um tambor ele 200 litros /Jór exemplo. Então os agitadores tia JAP avisavam os viz,'nhos de que e.s.rc comerciante tinha azeite, e se formava a praga que sofreu este país d11ra11te tanto tempo, as famosas filas. Quer dizer, acontecia que um minúsculo armazém tinha duas ou três mil pessoas na porta

pedi11do que esses 200 litros de azeite fossem distribuídos a essas duas ou três mil pNsoas. Quando acabava o azeite, o nosso comerciante sofria a agressão dessa gente, porque ela não querit, acreditar que não /ravia mais azeite, porque os agitadores polítícos espalhavam que éramos n6s, os "açamb!'rcadores"1 os responsávels pela sltuação. · Felizmente ficou demonstrado que nesta batalha ele três cmos niío érc1mos 116s que havíamos provocado esta J·ituação, mas sim a md direção do mecanismo econômico e - e11 dfrla mais - a itttenciona/idade de um sistema politlco que pretendia levar este pais ao caos, par<11 logicamente, atingir depois as metas e objetivos que tfolra em vista, e que se resumiant na destruição de todo vestíglo de atividade privada que havia no Chile".

"Voltar a trabalhar segu ndo a nossa tradição" "Por isso /Ire digo que neste momento fomos muito claros corn a Junta de Governo; expusemos os nossos problemas e fomos muito bem c,colhidos. Reconheceram a lcgUimidadc de nossas queixas e podemos dizer com satisfação que hoje est11mos retomando aquilo que perdemos nesses três anos, e que. pelo menos, estamos em condições de trabalhar de acordo com nosso costume, nossa tradição e nossa norma de vida".

Três anos de vexames e perseguições - O Sr. se lembra de algum caso concreto dessas agressões provocadas por agitadores con,ra os comerciantes? - ºSim. Posso contar-lhe casos de colegc,.f nossos, especialmente nos subúrbios. Em Buln, um comercian te, homem de idade, precisamente por causa de wnt1 fila, fila essa dirigida pela governadora comunista (miUtante do PC) do Departamento de San Bernardo, foi agredido em sua casa, esta /o,' saqueada e o homem ficou cego, estando inválido até hoje, por causa

,!essa agressão. 1"ivcmos em agosto do ano passado, em Punia Arenas, o caso de um colega nosso, o colega Garcia, homem de certa idade, que foi uma das causas do movlmento grevista que iniclamos. Ele, por defender ó seu supermercado que estava sendo assaltado, /oi morto. As mulheres comerciar,tes, especialmente, /O·· ram vítimas,, de forma dramática, de todo tipo de situações destas. sobretudo 11a periferia das cidades. Nos lugares onde o ativismo político da UP era mals bitenso, co,no a povoação de San Gre· gorio, a de La Bandera, a então chamada "VUo Ho-Chi-Min", a "Vila Che Guevara", onde os comerciantes simplesmente tiveram que abalidonar suas casas, porque eran, persegur'dos fisicamente, e <ie todas as formas possíveis e imagindveis. Quer dizer, o comércio do Chile durante estes três <mos sofreu vexames e perseguições que seria realmente bom que fossem conhecidos cm outros lugares. . . t Hoje vemos o resultado da eliminação deste câncer em nosso país, e voltamos a dizer com tranqüilitlade que cremos que, em curto prazo. tornaremos a ser o que éramos antes".

Cômbio negro dos partidários . do governo - Assim esperamos. E o · que eram esses ·,poslos de venda que havia nas ruas, inslalados cm conslruções precárias sobre as calçadas? - "Isso era simplesmente favoritismo político por parte de vereadores e prefeitos marxistas, que entregavam a grupos de pessoas uma autorização para se instalarem na via pública, sem nenhum controle legal, sem pagar nenhum impo.sto, e - o que é pior - usando as in/ltl· ências que eles tinham dentro das empresas distrib11idoras do Estado para a e11trega dos produtos aos quai.r não tinha acesso o comércio estabelecido. E com uma enorme imoralidade, porque se estabeleceu o climbio negro mais fabuloso que este país conheceu em sua hist6ria, e que não desejo a ninguém que o seu país sofra. Porque acontecia, para ,Iar..Jhe um exemplo, que uma saca de açúcar chegava a ser. vendida a 6 mil escudos. , . quando o comércio legal vendia a 80 0 11 90 escudos! E os cigarros! 11m maço de cigarros "HUto11", que custava 8 escudos, era vendido por 200 . . . Com as peças de a11tom6vel acontecia o mesmo: digamos uma vela, que 11odia custar qua11do muito 300 011 400 escudos, era vendida por dois, três 011 quatro mil cscudo.l'. O azeite, a 111csma coisa . 1• • A. proporç,io, em geral, era de trinta a cent vezes o valor. E isso estav" organizado por ge11te do governo, que manejava os centros de produção

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PESSOAS DE TODAS AS CONDIÇÕES

e conseqüentemente tinira em mÔO.l' o ace.sso tios produtos. Em concreto, eu lhe. digo, todos os produtos da "linha branca" - refrigeradores, rádios, televisores - que 110 comércio núo e.tistiam. o Sr. podfo e1tco11trá·los nas casas par1iculares tlc elementos tio regime, e poderia

comprá-los, mt,s logicamente pagando um prê; ço que era cinco, tlez ou vinte ou cinqüenta vetes o valor normal do produto. Este pais viveu durante muito tempo, estes três aJUJS, em um cttrnbio negro incrivel, que é uma das

causas da crise econômica em que estamos".

"Qualquer sac rifício pa ra manter nossos empregados"

minmos m eio ,Je.sacor<lada". E continua, entusiasmada: "No dia 7 de setembro - quatro ,lias ,mtes ti<> pronunciamiento - fizemos a tÍ/tima mcmi/estação. Foi extraordináritt! M,,s aí deram alguns tiros contra nós. Eram "mi ristas", 011 não sei o que. Eu não me havia dado conta. - Esses canalhas! - já Jwviam começado os franco-atiradores!" Pedimos então a Da. Adriana para contar nos alguma coisa sobre a vida diária. o problema do abastecimento de gêneros alimentícios para as pessoas do ca~npo, para as classes rurais de poucos rceursos: 1 'Eu lhe conto o caso que se passou com 4

4

- E que proporção de demissões de empregados dos pequenos e médios comerciantes houve por causa desta diminuição do comércio? - "Pratictunente mio houve. 1"omamos como norma ,le conduta fazer qualquer sacri-

fício para mtmter os nossos colaboradores. Se se configurava uma J'ituação especial~ de que• bra total do estabelecimento - em que purll e simple.rmen tc não restava outro c(1minho procurávamos algum modo de transferir os empregados para outro estabelecimento que pudesse absorvê•IOJ'".

Meio quilo de açúca r era a quota po ro vint e dias "Por tÍltimo e/regava a vez, - e se conseguia um pouco de açúcar; este ia caindo pelo caminho, porque só vendiam o açúcar se as pessoas lcvasJ·ern inv6lucro. E q,umclo elas não sabiam que era preciso levar papel, então para não perder ,, oporltmiclade de comprar ClÇtlCar - tiravam a blu~·lnlw de alguma crian~ ça, ou qualquer outra peça tle roupa, e neltl punham o açúcar. Famílias ,Je oito ou ,lez pessoas - porque nos ccunpos aJ· JmníUas são numerosas, havendo muitas crianç<1s - o (JUe signlficava part, el<,s meio quilo tle ,,çúc,,r? Sobretudo porque não se st1bia qmmdo se i<, encontrá-lo de uovo, que na mesma semmw isso niio acontecia duas vezes. 1'alvez encont rassem depois de quinte ou vinte dias. Assim é que as pessoas tiveram tle adoçar o café da numhii e a ma11wcleirt1 das critmças com mel de abelha ou com rapadura. P. claro que a rapadura também t1cabou e as pessoas Que tlnham mel tle abelha usara11M10 até 011,Je pudcrtwr. Mas por cm,J·a disso multa gente ficou com problemas cstomacall·".

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''SAÍMOS A RUA COM AS PANELAS VAZIAS''

I

"Voltamos ao regime do troco"

1 D." Adriana de la Barra de Fôster, ativa dirigente das marchas femininas, é entrevistada pelo nosso enviado.

AS "MARCHAS das panelas vazias", as batidas nas panelas, dentro de casa, às dez da noite, em certos dias críticos, os prot~tos n~s intermináveis filas . .. , tudo isso e muito nuns fizeram as mulheres chilenas. E tudo isso significou uma contribuição decisiva para a derrubada de Allcndc. Como vi3m elas a situação na sua pcrspec· tiva de mães ele donas de casa? A resposta a esta perguo;a só poderia ser obt ida ouvindose as mulheres chilenas. Conversaf!l~S com muitas delas, de todas as classes sociais, porque cm todas as classes se JOfrcu, se bem que muito mais nas classes mais modestas. Da. Adriana de Ja· Barra de FOster, ativa diri,gente das marchas femininas, pcrte!'ce~tc a classe alta chilena contou-nos com v1vac1dade suas recordações ' da tragédf a . allendista. A entrevista foi em sua rcs1denc1a, no Sarno Alto. em Santiago.

"l ágrimas de crocodilo!" - ''1'odas ,u· mulheres queriam protestar pelo "tlesabastccimento'', pelos atropelos. Pessoas ingênua.r, no começo, pensaram que esse homem , A llende, poderia ter alguma sinceritlatle. Mas não as mulheres. Por sermos mais tlcscon/ü1das que os homens, nunca ,,creditamos nisso. Esta é a verdade. E u, de millha varte, .rempre o con.ritlerei um ltijJ6crifa, embora mmca tivesse imaginado que o fosse tanto. No ,lia cm que ele chorou pela televiscio, eu disse: ' 1.Lágtimas ,Je croco-dUo!" Uma amiga exclamou: ºComo pode ser tão hlp6cri1a?.' 11 - . .Deve estar bêbado", acrescentou uma terceira".

"Va mos protesta r como donas de coso!" - "Um ,lia - continuou Da. Adriana resolvemo., protesUlr: - " Vamos J'air JJara a rua!" Ma:r não se pode sair tl rua em nlÍmeró pe,111e110, porque, por grande que seja o número de pessoas, na rua não é ,ra,Ja. Então começamos a combinar entre n6s pelo telefone: - Que vamos fazer? - Vamos protestar: dia tal, a tantas horas. - . E como vamos proteJ·tar? - e<>mo doru,s de t·asa! 22

Necessitllvamos de um símbolo. Alguém sugeriu: "Que acham de levarmos uma panela? Ou uma frigideira? Eu levo uma frigideira". Enteio J'OÍmo.t todas com ,,anelas e frigidci-ras, como símbolo da.r donas de casa. Já não tíulramos o que preparar para comer, porque se uma tinira um pouco ,Je farinha, a outra não ti11/ra batatas. E a que tinha batatas não tinha arroz. E " que tinira arroz não tinha azeite. Por fim, ninguém tinha com que cotinlrar nada, porque tampouco havia gás. . . N,io ltavitJ 11a,la! Era rara a peJ·soa que conseguia /ater algum prt110 completo, porque sempre /altav,, o principal".

Não foi obra de políticos - HSaínws em desfUc, e e111<io foi ajuntando gente", conta entusiasmada a Sra. FOster. "Não eram militantes ,los partidos politicos, não. A s pessoas cont militância políllca não e/regavam a det por cento. A maior parte era gente absoilltamente independente. Então, resolvemos fazer esse desfile e saímos as mulheres, como dona,r tle casa, sem preocupação de partidos. Havia até pessoas que haviam votado no governo e que, convencidas do fracasso ,leste, saíram à rua conosco parti protestar. Foi 110 ,lia J. 0 ele dezembro do ano t1trasado, enqrumto Fidel Castro estava aqui. A manlfc.rtação estava formada ao longo de 1111s 25 quarteirões, com gente de um lado ao outro da rua. Per toda parte por oi1dc passávamos havia gente nas calçadas e nas sacadas ou nas jancla.r, aplaudindo-110.r. Somente do Cerro Sd11ta Lucía alguns esquerdistas esconditlos 110.r atiraram pedras".

A repress6o policial e os ataques dos esquerdi sta s "Quando chegamos à praça em frente a La Monecltl, os carabineiros esl(1vnm à nos.ra eJ'pera e 110s atiraram bombas de gáJ' lacrlmogênio. Em mim., um indivíduo à paisana atirou uma que calu bem ao meu fade. Ma.r consegui <levo/ver-lhe a bomba, que o atingi"u em chelo com toda a fumaça. Apesar disso, estive 20

a nossa fazenda, disse ela. Porque esse caso deve ter ocorridó em todo o Chile, porque os cam11os aq11i - sobretudo estas fazendas q11c u1o gra,ule.t 11ws muito ruins - pouco produ~ tem, tbn as casas muito isoladas. Então, para chegar ao lugar mais próximo é preciso sair ainda de noite para tomar o trem que passa às 8 ou 8:30 da ma11hã. Chegando ao lugarejo mais pr6ximo, ia--se para as filas, ver se se podia comprar algo. Muitas ' vezes havia filas dois ou três dias se~ guitlós, o que significava levtmtar seguitlmnentc às 5 ou 6 da ma11/rã, para poder chegar logo. E acontecia de nã<> haver mercadorias. Diziamnos pt1ra "voltar amanhã", que "talvez" . . . "

Da. Adriana afirmou ter enfrentado poucas filos. E explicou porque : - "/:; que eu ti11/,a J'Orle <ie cousen,or tuna fazenda , e quando it1 pt11·t1 lá, uma vi<lgem que durava normalmente t,rês horas e meia, levava umas oito, porque por toda parte onde ia, eu cornprava alguma coisa. En1ão levava à ,lona de um armazém tudo o que conseguia no campo ou cm San· tlago, e que ela "Irão tinha, e ela guar,Java para mim tudo o que podla. A péSJ'oa podfrr dar mui to mais a troco de muito menos; jâ não impor1ava o valor dos coisas. Eles m e ,ltlvam, por exemplo, um quilo de arr.oz; eu podla lcw,r.. ll,es de Santiago uma lata de p6 de café ou de sabão, se é que conscgufrl_, ou qualquer outra coisa que conseguisse aqui. V oi/amos ao regime da troca". 4

"Quem não era da JAP não t inha direito a nada" "Aqui uma amiga dizia, por exemplo, para a óulra: "Escuta, cu tenho tal coisa. Você tem tal oulra? Está bem, cu lhe dou isto, você me tlá aquUo". Eu, por exemplo, levava para o i11terior duas latas de p6 de ca[é. O que fazia? Delxava meia lata para mim e a outra lata e meia repartia-a entre três ou quatro amigas, .reg1111do as necessidades delas. Mas às colheradas! Às colheradas! Sim senhor, chegamos a i.rsol E grtlças a esse siJ·tema, não tlve que fazer multas filas. Mas abula esta manhã cu vi na fila da carne - fruto do regime anterior, por supucsto! - as brigas mais feias por um lugar.1 Acontecia de uma mulher passar toda a manhã no /ilt1 e quando chegava a sua vez tlnha

acaba,Jo tudo. Especialmente se ela 11ão era da JAP e 11ão tinira o cartão que eles davam: então, não tinira direito a nadei'.

"Quem é que tinha tempo de cuidar da caso?" E prosseguiu ~ Sra. Foster: - "Todo mw,do já estava meio doente, porq11e para potler comprar alguma coisa ao meio-dia, tinira que chegar de madrugada. Eu, que 1e11lro um açoug11c em frente de casa, podia ver. Olhe (Juc, ,IJ· vezes, as filas ccmeçavam de noite. As pessoas vinham com cobertores, '"' 1)am colchões, cadeiras para sentar~se, durante o inverno ace,uliam fogueiras na rua para se esquentarem. Até que no dia seguinte o comércio abrisse na hora que <1ucria, lá pet,,s 9 ou 1O ,Ja manhã.' E depois vinha a fila, a filt1 eterna, o tlia inteiro tle fila! Desse jeito ninguém tinha tempo de Jazer nada! As pcss()(IS estavam nwterialmentc impossibilitadas de fazer alguma coisa em cas,,. Ar rwnclftio? limpeza? co.rtura? Qrwl ,ra,Ja! Er,1111 só filas! Sim, f)orque de uma fila corriam para omra. Estavam e111 uma fila e ouviam dizer: ''Olha, ali estão vendendo "Rinso" - e VOClvam, S(~ estavam longe, voavam para a fila do "Riuso'\' Ali sablam que mais adlanle estavam ve,ulendo chá. Voavam para a /lia cio citá! E ra r1ma correria deba,ulatl(I para tomar um lugar 11a fila, Isso eu vi.'" 4

4

"Até sen horas bem nascrºdas . . . ,. "Vl gente bem nascida, senhoras, que brigavam umas com as outras vor causa do lugar na fi[(l, tal era o desespero.' Vendo agir assim pessoas que a ge11te co11lrecia, pensava-se: como pode esta senhora perder o senso das proporções tltssa manefra? Mas já erll o pão de cada dia ... "

"Vão achar que é exagero .

,.

"Outra coisll sobre as filas, acrescentou Da. Adriana: nelas havia gente que 11ão tinha nada que ver co,n o balrro. Por exemplo, aqui vinha gente cló outro extremo, do ·lado oriental de Santiago, fazer filas, mandada pelo pessoal da Unidade Popular. Ocupavam os lugares, compravam as colsas e os revendiam nas pr6prias filas. Vendiam os lugares ou vendiam os produtos que obtinham. Qum,to ao preço dos lugares, dependia da fila. Se vendiam carne, era mais caro, mas se ve,uliam fósforos, era mais barato. Porque também havia filo,t para fósforos! Filos até para o .rali 1'ambém, pudera! acabo11 tudo. até a sacarina! Acho que ninguém vai ac.n•tiit"r no p<>saddo (·m t/11<'! vivemos, concluiu Da. Adriana. V,io achar qut• (, <·.wg,•riJ . .. "

OS ''CAMION EROS'' ACENDERAM A CH ISPA SALVADORA A INDIGNAÇÃO DA maioria do povo chileno em relação ao regime de Allendc era cada vez mais notória, já a partir de 1971, quando, depois dos primeiros meses de aplicação do programa da Unidade Popular, viuse que o sectarismo marxista ia arrastando o Chile para uma catástrofe. Vários sindicatos protestaram . Houve manifestações de rua. Dentre essas reações, talvez das mais eficazes tenham s ido as greves dos "camioncros". A primeira teve lugar em outubro de 1972, e paralisou o país. AJlende teve que reformar seu gabinete, incluindo nele quatro ministros militares, como condição para poder resolver a crise.

Mas os problemas não foram solucionados. Pelo contrário, os "camioneros" perceberam que nenhuma das promessas do governo se cumpria, e que este procurava organizar, a toda pressa, uma rede paralela de caminhões estatais, para substituir os transportadores privados. Assim aconteceu que, devido às reclamações insistentes de seus associados, os dirigentes da Confederação Nacional dos Proprietários de Caminhão, malogradas todas as suas gestões a11te o governo, - decretàram uma nova paralisação, a partir de fins de julho de 1973, que se prolongou até a queda de Allende, em 11 de setembro.


FALAM À REPORTAGEM, SOBRE A ''VIA CHILENA''

Com heróica a sede Fomos com os

o objetivo de conhecer pormenores da resistência dos "camioneros", visitamos de sua Confederação, cm Santiago. recebidos por vários Hdcres da classe, q uais entabulou-se animado diálogo.

"Todos a nimados pelo mesmo espírito" Os proprietários de caminhão que a Confederação agrupa são cm geral pequenos proprietários? - "Sim, a imensfl maioria. Na quase totalidâtle, os nossos filiados dirigem seus pr6prio:;

caminhões; no má.rimo, têm um motorista que os ajude". - Esses motoristas também aderiram às greves de outubro de 1972 e de julho deste ano? - ''lmeirmnente. A primefrci greve que fizemos nos ensinou muito. A li percebemos

como reríamos que nos organiwr para que o movimento fosse efetivo e forte. Foi então que idealizamos os ac,m1pame111os, em que concentrdvamos todos os caminhõeJ· parados. Ne.rses acampamentos viviam os proprietários e os motoristas, cuidando tle seus caminliõe.r. E 10· dos aninwdos pelo mesmo espírito".

A orga nizaçã o dos aca mpamentos - Eu quereria conhecer um pouco como foi a vida dos Srs. durante a greve. Quem respondeu foi Ezequiel Díaz, "camionero" que se encarregou do abastccirncnto dos acampamentos na Província de Santiago: - "Se bem que é cerlo que os acctmpll· meutos signi/ic,,ram um,, defesa e criaram uma ,mi(lo nmito nwis sólid" entre 116s, apresen· taram porém problemas de abastecimento. de alimentação, ele higiene, - tudo quanto ocorre em circunstc111cias tlessas. Feli1.me11te, com o auxilio de muita gente, ,, lllrefa foi /evt1tla a cabo, e cumprida à risca, pratica,ncnte em todos os acampamentos". - Como faziam os Srs., na prá1ica? - "Bem, n6s começamoJ· por solicitar ajuda. centralizando-a. e distribui,ult>-ll dire!O· mente aos acampamentos. Organitamos rcs1>011sáveis em cada um destes, para que ct.r coisas fossem tlistribuídaJ· de forma equitativa, - alimentos, <1 ordem 110 ac,11uptnne11to, a guard,, que era precís<> fazer".

Defend endo-se da s ag ressões

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E as JAPs não os importunavam?

- "Nos prirneiros dias houve alguns ataques, que for(mJ repelidiJ.r muito bem por nós. Depois OJ' agressores voluu·dm a llparecer, tle tempos em 1cmpos, mt1J' ,r6 em certos lugares. Outra coisa, por e.xemplo, /oi o que ocor1·cu em Nos, onde entrou cm aç,io a polícia militar, os carabincros. Aliás, " televisão' - Canal 13 - captou i11teil'mne11te esse epis6dio. Ne:r.re

caso, como os carabineiros iam muito t,rmados, era difícil fazer-fites frente.

O tlcsalojamento que assim foi feito 110 11campamento d e Nos, mo.rtrou claramente que as lmicas armas que os camioncros nessa épOc{l pO.f.ruíam ptlfa se defenderem., ermn as pedrlls. Porque um f>roprierário que via que seu Cll· minhão, set1 único meio de subsistência, lhe era 11rr<mcado, arrastado, escangalhado, - é claro que niio potleria ficar impassível e tleixar <1ue lhe /iteJ·s,·m . üso! Enttio, ele reagia de forma violentll, é evitlente. Mn.s como reagirtmz naquela circunsuiucia os carnioneros? - Ap1111/umdo pedtllS 11a estrada e atirando-us de qualquer maneira. E os outros respondiam com hal,,s, ou com gás ltu:rimogé'nio ...

"'Nã o e ra fácil alimenta r 6 mil pessoas!" - Eu queria saber o seguinte: como os Srs. conseguiam os alimentos, à vista do monopólio das JAPs e dos preços altíssimos do câmbio negro? "'P<1rt1 nós foi muito dificil começar o abastecime,Jto tle alimentos para os (/iversos llcampame11tos. No llcampmne,rto de Curacaví, tínhamos mais ou mc11os dois mil caminhões . No de Monte, havia mais ou menos rnil e quinhentos. No de Pm:nte Alto, outros tauto.r. No de Nos. havi<, mais ou menos mil. Depois tinlwmos o acampamento em La Marquesa., perto ,te San A111oi1io; aí havfo nwis ou menos três mil veículos. . Catla um desses camh1hõcs estava com o respcc1ivo dono. De modo que era preciso alim entar toda es.ra gente. A princípio nos foi muito ,lificil cnvillr o.r .(1lime11tos, 11or<1ue en .. co11tramos o problema que o Sr. citou: com o controle que o governo tinl(a sóbre OJ' gêneros alimentícioJ·, n,ro os podíamos comprar ,w qmmtidade que queríamos, e aos preços o/icfois. De modo q«e fomos obrigados a compr<zr, na.r primeiras vezes, por e.templo um<1 saca de açtÍCllr - que valia 480 escudos se~ emulo t, 1abcla oficial - por 6 e 7 mil c.rcmloJ·. O lill'O de azeite, que valia 30 l!scudos, tivemos que comprá-lo ti 150 escudos. Uma caixt1 de ··Nescafé" com 24 /atas, que custava 710 csc,ulos. eu tive 9ue comprtu· por 5 mil escudos. - Desse modo, ao cabo tle quatro dias, já 11,io havü, mais recursos para com prt1nnos a/ime11tos. Então se iniciou uma campanha através do rá,lio, solicitmulo a lljuda de todoJ' o.,· nossos comp,,uiotas. E essa campanlw, pouco a pouco, foi pegmu/01 pegando . . . Forti muito difícil para n6s; - mas qua,ulo afinal ela pecou, nos a/i~1iou por completo do problema do 11bastccime1110. Ha11ia si<lo um verdadeiro tlrama para nós. Porque - pense o Sr. - alime11tt1r tliariamente 6 ou 7 mil pessot1s. e isso s6 11cl·ta Provfllcia de Santiago ... N ote que em cada proví11cia havia acam1,amentos, organizados pelos si,ulicntos respectivos; de modo que cada sindicato cuidava do abasrecime11to nllquela proví11cia'',

A união de todos, fator de êxito

~AfOJLilCil§MO MliNSARIO com :,prov:t(âo ~cl<'.si:âttk:1

C:AMl'OS -

l(ST. 00 RIO

Out.l:TOR Mo:,,:s, ANTONIO RIBIURO 00

l~os.(,uo

Dirclori:t: Av. 7 d e Setembro 247, cnix:i postal 333, 28 100 Cnmpos, RJ. Admh>Í$• 1ra~iio: R. Dr. Mnrlinico Prodo 271, 01224 s . P:iulo. Composto e i111presso nn Cfo. Lithoçrnphica Yr~·ir~_nga, Rua C:.,dctc 209, S. P1'ulo. AS$in:,tura anu::il: comum Cr$ 25,00; c-0-

opcrndor Cr$ S0,00; benfeitor Cr$ 100,00; r,randc bcnfcilor Cr5 200,00; scminn,rist3s

e CS1Udantes Cr$ 20,00; Améric:, do Sul o Central: via de supc-rfície USS 4,00; via aér<:a USS 5,2-.S; Améric:i do Norte, Portugal, ~ :rnha, ProvínciM ultrnmarinas e Colónias: via de su1>crffcic US$ 4,00: via aérea USS 7,00: o utros p:,íses: vi:i de superfície US$ 4,SO, vi:, aérc:t US$ 9,25. Vcnd:t :wuls"ã: CrS 2,00. Os pl\Q:amcntos, St.mprc cm no me de E<lífor:1 PtuJrc Bt'lcl1ior de Pontes SIC, po. <lét!io se, encnminhodos ;\ A dminisiraç:'io. P:1r:1 rnud:mça d e endereço do assinantes, é n_ecc-s.-tário mcncio,u,r uunbém o endereço :,nh,go. A corrt-spondênci:l rchHiv,1 :l :tSSin:uurns e vendn av11ls.a deve ser cnvitldn i\ Adminlsfraçiio:

R. Or. .M:irtinico Pr:uk> 27J 01224 S. Paulo

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"E aconteceu alguma.r vel<'-" que mu;,os simlicotos das f)l'Ovin cias nos petliram aj,ul", - como lllmbém 116s por vezes a pedimo.r a eles. Os agrícu/t()res de Talca (que fica mais

ou menos a 250 quilômetros da9ui) no.r mm,tlartuu ce,·cais. N6s, por nossa vez:, lhes mtm dtmt0s conserva, cll/é, massas. Também de Co11cepción (que fict1 a seiscentos quilómetros tlaqui) mamlaram-nos alimentos. De modo que houve um intercâmbio. 1'0<Jos trataram tle Sr! ajudar mutuamente: o que sobrava ,wma zona~ mandava-se parll outra. E esse foi, creio eu~ o 1Jra11de êxito de 110.rso movimen10: esJ·a uniiio que houve 1/esde o primeiro momento, com o público e dentro tios sindicatoJ·". - Todos os dias vinham pcsso:·1s trazend:> mantimentos, então? 1 'Sim; e não somente vinham pessoas, senão que havíamos organizado um sistem,, de ajuda, pelo qual fomos receber tis tloações, 11f1s pr6pri(u· cosas. De modo t1ue tínhamos tiue andar trinta, qulJrCn/(1, âr,qiicnt" qmulras para ir buscar u11t motlesto pacote. Ma.r, como necessitávamo.r tlc/e, ía111os 11pa11há-lo. Muitas vezes a ajuda era um quilo tle aç,k,11·, uma lat(J de café. . . mas junta,u/o, juntando~ co,,. J'cguiu~se un montón".

Episódios que emocionaram ''Eu posso contar ao Sr. coisas que 1·enl-rne111e nos emocionaram. Aqui o Sr. tem o coso de uma avó., velhinha: nesia calxll (o ··camionero" mostrou uina pequena caixa, com algumas moedas) há 8 escudos e 75 cc11tésimo.r, que é a ajuda de uma chilena pobre, uma velha q,ue além tio mais é cega. E ela nos fez chegar esta caixinha, que cu conse,·vQ

- porque para nós estas coisas s,ío veráa· dciros troféus, não é? • . . JwJtO com a caix<1, ela nos mandou também uma mctla/1,a (relem~ bro ao Sr. que essa senhora é cega; llÓs temos o nome tlela), uma medalha que ela ganhou, não sabemos há quanto tempo, cio Pllpll. A única fortuna dela eram os 8 escudos e 75 ce,uésimos. . . A lü1s o Sr. pode ver que IO· tllls as moe,J11s que estão nessll Cllixa são de fiCt/uéno valor. E /oi assim que ptulemos ir·IIOS alimentan• do, vesthulo .. . . Assim é que fomos reunindo aqui remédios, comitl<t, roupas, para tanta gente".

A colaboração de esposos e filhas

somos o primeiro país 110 mwulo que se libertou tlt1 g"rra marxista, o Sr. com{Jree,ule?''

Pai s e filhos unidos pe la ideal Nesse momento reuniu-se ao grupo que participava da convcrsn um rapaz atlético, Gustavo Leiva, que nos contou algo sobre os choques com os que queriam impedir n greve: -- "Evidentemente nessa crise houve várias lutas, físicas. Rcagfomos na meditla de noss(1J' /orças, se bem que estivéssemos totalmente tlesm·11uulos ptzrt, enfrentar o.r hordas, os verdtl· deiros exércitos que nossos adversários tinham part, 110s obrig(,r a fN1qutjllr. Tod<> o pessofll jovem particíp<>u da defesa

E as famílias? Enquanto os "camioocros" e seus motoristas estavam lá nos acampamen-

tos, evidentemente estavam separados de suas fomíli:is . .. - "Eu não vou relatar <10 Sr. um caso pessoal . .. - Jnteressa-me muito conhecê-lo . .. - '~Bem; nesta luta eu sou um sold,ulo. Não 1enho ne11/wm posto ,le direç(lo em meu .rindicato. Mas a diretoria me chamou. nesse momento, para que eu me incumbisse do problemt, tio abastecimento 11esta provlncia. Como soltfodo, recebi e, ordem e ,, cumpri. - Quanto (l minha fm nília, por exemplo: minl,a se-tritora foi quem chefío11 <>11tras 28 esp<>sas de

camioneros, que "tomaram" o Congresso Nacionar'. - Qual o nome de sua esposa? - "Si/via ,te Díat. Ela este\,e tl testa d,,lfllele grupo tle senhoras. Meu filho mais velho, que wmbém é camioncro, esteve 110 nosso sindicato, realiza,ulo diver.ra.r ati,,i<lt,des. Minlw filha também, t/tte tem 22 anos: ela acompanhou a mãe m, "ocu· p<1ç,lo'' tio Congresso. Com iSl'O, eu dou no Sr. uma idéia, cm res.. posta à J'tlll pergunta. Assim como as mulheres cstiverllm no Congresso, igualmente vinham fazer a comitla nos acampamentos. Muil(1S dellls ajudaram na coleta de roupas, nos tra· halhos tio acampamento, etc."

Onde estava a força do movimento

nessas circ1tnslâncias1 junto com os mais vellrOl'. Os filhos tios cnmioneros tomavam posição no caso, definindo-se aber1t1me11te a favor de seus pail·, e dos idetlis de seus pais, - os quais erllm seus próprios ideais".

"A Fé Católica nos ajudou" - Diga-me, Sr. Díaz: e o aspecto religioso? Houve fervo r rc1igioso? Fizeram-se, por exemplo, noven.a s à Virgem do Carmo, para pedir a proteção divina no difícil transe em que os Srs. estavam? - "Eu sou c<1tólico, e com grande alegrill pmlemos . ,·om1,row,r como" Fé. cat6/ica nos ajudou em nosso movimenfo. Distribuímos por todos OJ~ "campamcntos milhares <le escapulá~ rio.f ci<I Virgem d<> c,,rmo, Pad,·oeíra do Chi le.

Isso serviu para que este fervor fosse awnentando catla dia. De m0<lo que, assim como nos ,,reocupávamos com o alimento corporal, tam· bém nos preocup(IJnos com o <1limento espiritual. Em nos.ros acampamentos, conJ'tatrtemente, 1ínlwmos visitas de Sacerdotes, que nos iam felicitar e nos Je,,avtmr sua palavra de tliento. Na maioria tios acampamento)' se ceie• bravmn Missas, quase todos os dias. No de Monte até ia realiit,r-se o casamento de wn compa11heiro rno1orista, que queria rcgularitar sua \1illa perante a Igreja. Ele est,,w, casado · apenas 110 civil, e qufa· fazer o casamento religioso no pr6prio ,,campamcnto. Nfio chegou o realizá-lo porque justamente nesse dia nos obrigar{lm a abandonar o local. Denun-se cenas como essa. No 1/omingo passado, aqui na Basílica cio Salvador, a Confederação d<>,· Transportes Ro-

- Portanto, as familias durante todo este periodo eslivcram separadas? - "Separadas fisicamente, mas unidas espi· ritualmente. E eu Cl'Ció que aqui estava a força <le nosso mO\'imento. Não estávamos lutando s6 nós, . mas está,,amos com nol·sos motoristas, nossas famílias. . . Bem, e depois tínhamos o apofr> da grwule maioria de nossos conci1/adãos. Sablllmos porque es1ávantos lutando. Esttivamos. em primeiro lugar, defendendo algo qiw era nosso. /Já muitos colegas nos.ros, que tént trinta, quarenta anos de atividatle; temos colcga.r 1,qui que têm 65 <mos de idade, e saem em se" caminhão todos os diaJ-. São homeus que formn camioncros durmJ/e a vida inteira. Tinhamas ,mw mística, rínhamos o que de/e,uler. M,,s o movimento tlepois foi tomando outros desdobramentos, e e/regou o momento cm que já não defendíamos nosso caminhão, 11e111 nossos pneus, uem 1to.rsas peça.r. Está vllmOJ' já clefe11den<lo algo mais importante para n6s1 e era o futuro de 110sJ·a pátria. I:: por isso que aqueles que trabalhamo.r nesta etapa de 110.u a e:d.rtê11cill, devemos sentir-nos orgulhosos e satis/eito.r. Porque, em primeiro lugar, cumprimos com nosso dever, fomo.r leais a nosso tlevcr. Em segundo lugar, cumprimos a obri• gação para com 11ossa fa mília, - e p1ulemos .rentfr.nos orgulho.to., (10 chegar cm casa. Em terceiro lugar, porque cumprimos o dever vara com 110.\·.ra pátria, o que nos deve, como clti• fenos, encher de orgulho". 4

lioviários mandou. retar uma Missa em loul'Or tia V irgem do Carmo, às 5 da tarde, como re· conhecimento por essa <,jutla que Ela prestou a nosso movimento. O presidente 11acio11al, Juan Jam, e a maiol'ia tios tliretores dos tlemais sin<licatos estiveram prese11tes a essa Missa, a qual, para os que tivemos ti oportunidade tle comparecer, foi muito emocionante: porque, de fato, a emoç,io nos apertou a garganta, quando ,•imos com q«c fervor homenJ" maduros, homens idosos e mulheres a assistiam. Quando pudermos fa1.er antiar nossos cami· nltões, cumpriremos o vivo desejo que temos, de realizar uma grande romaria à Basílica de Nossll Sf11hol'a do Carmo, em Maipú1 a mais ou menos quinte quilômetros tlaqui. Queremos testemunhar a Ela, que tanto nos ajudou, todo o nosso agradecimento e todo o nosso flfeto".

Allende prepavara a gue rra civil - Foi verdadeiramente um m ilagre como os Srs. se libertaram do marxismo. Po(que, com o annamcnto que os comunistas tinham, era muito de se temer que fosse implantada, a ferro e íogo, um.a tirania marxista. -

'"E o Sr. pôde comprová-/()".

- Realmente. Vi fotografias de p,ltios inteiros cheios de metralhadoras. Havia até granadas de mão, trazidas da Argentina. - ''C o Sr. Allcnde, mun <ie seus t<111tos dis· cur.ros - que Jll nos deixawm, irri1adOJ' - teve o cinism<J de f)Ôr~se ll chorar, ou quase tanto (saltaram-fite lágrimas), e pediu que os cltile110.,

Os que não t ê m o c o nsc iêncio tranqüilo " Quanto àqueles nossos comptmheiros iludi· de,.,· - ,,or<111e houve muitos companheiros i/u· didos, que pôr covardia ou por comodid,ule mío cstiv<!r<m1 junto conosco - creio que ,uro devem estat tranqüilos. Stw consciê11ci<l lhes vai criar remorsos enquanto viverem". - Qwmtos mortos e feridos houve, durante os ~\taques esquerdistas aos acamparnentos? - "Tivemos quatró mor/os, e imímeros feridos. Por isso, esses companheiros que não estiveram junto conosco foram cm primeiro lugar tlesleais pnra com sua classe, e terão remorso disso 11 vida 10</a. Depois, foram <lesleais JJlll'll com sut1 f<tmília. Foram. por /im , antipatriotas. E tem<>s um grande orgullw pelo foto de que

fôssemos à guerra civil, - quantia o m"ior impulsionador tia guerra civil era ele. E aí estão as fotografias que o Exército cnct>nlrou, do Sr. Alle11tlc atirando com metralhadora! Eu só sei u.tar revólver. E o meu deve estar en· fe,.rujado em casa, porque não mais o usei . .. Em troca, que armtúnento eles tinham.'"

11(10

••• Assim terminou nossa entrevista com os uca· mioncros" chilenos. Homens como Ezequiel Díaz, que não linha nenhum cargo de direção no sindicato, mas ofereceu sua ajuda para a organização do longo e sacrificado movimento, foram aqueles que o tornaram reaHzável - e, com o movimento, a q ueda de Allende. Esse é um indício de que o próprio povo chileno, com líderes naturais saídos de seu seio, foi quem derrotou o regime antinatural do marxismo.

23


As manifestações do repúdio popul<1r ao comunismo apresentara,n lances de autêntico heroís,no, ao lado de expr-essões vivazes e pitorescas, corno os slogans que os 1nanifestantes gritavam eni sutis marchas pelas ruas das cidades chilenas.

DERROCADA RU RA.L

SLOGANS DO POVO

SO·B O RE·GIME .DE SALVADO·R ALLEN D·E VISITAMOS O SR. Rodrigo Mujica, professor de Economia Agrária oa Universidade Católica do Chile. Conversamos com ele em Santiago sobre os resultados econômicos e as conseqüências da reforma agrária em seu país.

As importações de trigo não bastaram O jovem professor tem dados eloqlientes a respeito. Começou -por considerar o impacto do socialismo agrário na alimentação do povo chileno, e explicou-nos: - "Eni matéria. de alimentação. quando .re conversa com os médic~·. é impressionante o que eles afirmam do estado nutricional ,Ja população chílena hoje em. dia, em conrparação

com o que havia antes. E compreentle-se. A pr0</ução agrícola, 110 período 197011971, baixou de 8%. No periodo 197211973, baixou de 22%. A o longo dos 34 meses do governo Allencle, a produção -agrícola teve uma tJucda <le aproximadamente 35%. Ao mesmo tempo, as importações, que era,n de 170 milhões de d6lare.s, subiram. para a ordenr dos 500 milhões de dólares. A disponibilidade de trigo, se compararmos os da,los de 1972 co111 os de 1973, cai!, de 20%, somand<>-Se as colheitas mais as imp<Jrtaç6es. Não

apenas desceu a produção, como por outro lado subiram as importaçóe.rt e ,nesmo as.rim a disponibilidade do cereal é hoje menor que 110 (ilU> pas· sado, pois a produçiio diminuiu de 30% em, apenas doze meses.

Como se mentia A disponibilidade de açúcar baixou cerca de 20%. A tio azeite, 20%. A ela ca,.ne bovina, 34% (estou...me referindo sempre ao pe,íodo de 197211973). Observo que todos os dados ante· riores ao ano de 1972 provêm de in/órmaçiio oficial e não me responsa-

bilizo por eles. A partír de 1972, co• meça a dü;crep{incia entre os datlos da Universidade Católica e os dados oficiais. As i11/ormações divulgadas pelo governo era,n totalmente diferentes, falseadas. ê incrível: os níveis de mcn· tira eram fabulosos! M entira, absolutamente . .. Assim, ,mm. it1/orn1c oficial tlado a

ptiblico, sobre o rendimento do tr,'go, IC que esses tralOres eram usados não /<1lava-se de 17,6 qui11tais por hecta- como tratores, mas como veículos pare - u,n rendimento prudente para ra o transporte de pessoas ...

o Chile. N6s estimamos porém um rendimento de 15 quintais para caJ.. Sob a império cu/ar a pr0<lução nacional. E o informe conficlencial que o governo uti- bu rocrático da CORA Jir.ava indic,1 que ele, na realída,Je, esE o jovem professor de Economia timava uma produção tle 14 tJuintais Agrária da \:Jniversidadc Calólica po, hectare.' " prosseguiu, analisando o sistema anti· - "Outro caso - continua o Prof. de uma terra da qual desapaMujica - 110 qual eu creio que ha• natural receram o interesse e o "empuxo" dos via muita distorção era o tio setor propriclários, substituídos -pela desí-

"re/ornuu/0'1 da agricultura. Faziamse pesqm'stJs sobre quanto produz.ia de-

tenninado setor "reformado"; nos dois últimos anos, segundo tais pesquisas, reria havido alguns aumentos imporutnte-s na produção: teria au• mentado ,, co//1.eira de trigo, de batatas e uma sért'c tle outro~· produtos.

Mas, o que ocorria? 'E: que cm um ano o dado se referia a dua,f mil propriedades; e 110 ano seguinte referia-se a tluas mil e quinhentas propriedatles! E ntão, é claro que· a produçcêo havia awnentado, ruas lmvia quinhenr,,s propdedcules a mais!"

Para quem não é dono. .. Nosso entrevistado passou a comentar os resultados oblidos pela bu· rocracia estatal nas terras confiscadas: - "Estava-se pagando pela carne no Chile - 110 câmbio negro - preços fabulosos. De modo que não ti111,a J'entido manter vacas para ltite. Ora, muitas vezes sucedia que uma /aie11da era ooupada pelo 11op11/ac/10. Tal ocupação era uma usurpação. Vinha então um imtrventor para adminisll'llr a propriedade. Esse se· 11/tor tinha o direito de movimentar a c<111ta bancária da fa;.e11da, vender ou ·,,ão vender os a11imais. etc. E co• mo não J·abia J'e permanecer,'a ali uma semana, seis meses, ou um ano, o interve,,tor matava ou vendia os at1l· mais, fatia o que queria . .. Não era <Omo um proprietário, que J'abe que vai ficar na fa1.enda pelos anos afora, que tem J·cus filhos, que tem que for .. mar uma situação e que quer inveJ·tir. E que cuida do fazenda, da seu plantt!I. e trata de que ele cresça. , . ''

Aumento a área, diminui o cultivo

''A llltima mensagem presidencial de Alle,ule, de 21 de maio de 1973, tem um dado que é uwito interessa,1,.. te. Refere-se áo setor ''refonnado". De 1971 a 1972 esse setor aume11to11 de um milhão e quatrocentos mil hectares pttra wn milhão e novecentos mil. E sua superfície cultivada, no O "Centro Fidel Castro" mesmo período, diminuiu ele um milhão e trez.entos mil hectares para um Nosso entrevislado relatou finalmilhão! Isso é 11ma cifra te.,tual da mente um exemplo sinlomático dos Mensagem presi<le11cial . .. " grosseiros manejos demagógicos com

Perguntamos qual é a proporção de áreas expropriadas no campo chileno. O Prof. Rodrigo Mujica informou-nos que o setor ' 1rcforrnado" representa ·neste momcnro perto d2 50% da superfície cullivável do país.

Os tratores russos

Flagrante da entrevista do Prof. Rodrigo Mujica.

dia da burocracia estatal agigantada: - "A CORA - Corporação da Reforma Agrária dirigia de modo absolutista a atividade no ca,npo. Os ,·amponeses ditiam que lhes haviam pro,netido que ia,u ser d<Jnos da terra, mas que na realidade tfrdu111i. ape.. nas trocado uni. patrão por outro, com a diferença ele que o p(ltr<í<> tle antes vivia na propriedade, enquanto o patrcio de agora vivia em Santiago . . . Os C(1mponeses dit.ia,11 ainda que o pattiio ele antes os levava cio médico, 110 carro dele, qua,ulo esu,wmi doen· tes,· e lhes tlava para morar casas que gerei/mente ti"nha,n luz elétrica. Mlls que o "patrão" que vivia em Santiago não se preocupava co,n essas coisas . .. A orgarritaçclo que /,avia era abs~ lutamente estatal: dizia-se ao homem tio c"mpo o que ele devia p/a11tar, e pagava-se 11111 salário a ele. C"da camponês recebia trinta escudos diários, - trabalhasse, 011 não trabalhasse. De medo que o campon6· que queria trabalhar recebia os trinta escudos; e o bébado, o preguiçoso recebia os mes111os trinta escudos diários! Eu com· prcendo que houvesse gente que preferia 11ão trabalhar . .. E 111do era em comum. No Chile não houve d;stribuição de terras aos camponeses a título de propriedade privada". Sobre os "ascntamicntos", o Prof. Mujica observou: - "Teoricmnente, o "ase11tamie11to11 era uma sociedade temporária entre " CORA e os camponeses, que devia durar de três tl cin.c o anos; ao término desse prazo, a terra seria entregue O<iS camponeses como propriedade privada, ou em cooperat;vas, ou cm forma mista. O governo, 110 en• tanto, inventou uma série de coisâs absolutamente ilegais, que se chamaram. ''Centros de Reforma Agrária", ''Faze,ulas esratafa·", "Centros de Pro.. dação", etc., e que eram, toe/as, /cizendas estatais. E assini os "ase11tamientos'1, apesar de ·n ão serem teori• comente faz.endas estatais, eram ma.. nejadas pela CORA como /atendas estatais".

Conslava-nos que o Tendimento da maquinaria agrícola importada da Rússia era deficiente. O Prof. Mujica referiu-se ao problema, e salientou que houve uma enorme importação de tratores soviéticos, - de péssima qualidade, muilo ,pouco adequados às condições chilenas, muito caros; e que eles eram distribuídos de forma absolulamente indiscriminada. De tal sor-

que o socialismo chileno pretendia, vãmcntc, ocultar sua intrínseca ineficiência: "Há um Centro de .Reforma Agrária chamado "Centro Fi,lel Castro", que possui wu, (/os mais belos pla11téis ele an;ma;s que há 110 Chile. Foi-lhe posto o nome "Fidel Castro" quando o dita<lor cubano veio ao nosso país e v;sitou o Centro. Acontece que essa propriedade havia sido ex..

propriada, ao Sr. Carlos Viana, um tn(1S antes. Um mês antes! Era a 11ropric<ladc mais bem tr11balhada 110 Chile. E foram mostrá•la a Fidel Castro. como exemplo de uma propriedade que passara pela reforma. agráda apenas alguns dias depoi.r <le exvro. d"·I ... ., pr,a

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i. Donas de casa desafiam as bombas lacrimogéneas da polícia, Esposas de mineiros em greve desfilam pelas ruas de Santiago. As mulheres chilenas participaram corajosamente das marchas de repúdio ao regime, desfilando com suas panelas vazias, bradando slogans e conduzindo cartazes.

Lll

iz,1uie rdt1 1midt1 nos tiene si11. comidt,.

Chile es y será un

IJ(IÍS

en libertad.

Fidel " ú, olla, "liiu1do con cebolla. Mientrns bt1ilan con Fidel, no tenemos que comer. Si no se vn luego Fidel, no va

ll

comer ni él.

Atrm! Atrm! Gobierno incapaz ! Co,nu,iisk1s desgrc,ciados, Y" nos tienen bie,i cc11r.sados !

Si preguntan por el pu.eblo: el pu.eblo, donde está? El pueblo está en la calle,

pidien.do liberttrd!


0Utf.'fOR:

JO.~é.

CARi.OS CASl lLIIO O~ ANOMOE'.

A TFP teve em S. Paulo Missa e ato . _,.,

ClVlCO

em memória das vítimas • do comunismo pág ina 5 A foto t irada à saída dà Catedral de São Paulo most ra como foi concor rida a Missa mandada celebrar pela TFP. Aspecto da manifestação cívica no Pátio do Colégio , aparecendo a imagem de N ossa Senhora de Fátima conduzida per e lementos do Grupo Folclórico Lusitano e escoltada por lanceiros da Polícia M ilitar.

A imagem de Nossa Senhora de Fátima é colocada junto à escadaria do presbitério , na Catedra l, onde esteve durante toda a cerimônia religiosa.

1

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N.º

277

JANEIRO

DE

1974

ANO

XX IV CrS 2,00


O SÉCULO DE PAULO VI Plinio Corrêa de Oliveira

IMPRENSA NOTICIOU, há pouco, que visitou Paulo vr o "camarada" Stefan Olszowski, chanceler do governo comunista polonês. Foi c-sta a primeira vez que um Papa recebeu um ministro do Exterior de país comunista. Segundo declarações do d iplomata, no decurso da audiência que transcorreu na maior cordialidade - formulou ele, cm nome do governo polonês, um convite para que Mons. Agostino Casaroli, encarregado da "ostpolitik" de Paulo VI, vá proximamente a Varsóvia. 'Mais importante ainda é que o "camarada" Olszowski deixou entrever como francamente possível uma visita de Paulo VI à Polônia, talvez já na próxima primavera. A con(irmar-se esta visita, seria um acontecimento muitíssimo mais inesperado e sensacional do que a ida de Nixon a Pequim e a Moscou, há um ano e meio atrás. Com efeito, que o representante máximo do mundo capitalista se aviste com os dois mais importantes governos comunistas, é um íato intrinsecamente menos importante do que a ida do Representante de Cristo na terra, à capital de um país telegovcrnado do Cremlin pelos sumos representantes do ateísmo mundial, sediados cm Moscou. A notícia do evento, meu coração de católico, devotado até o mais fundo à Santa Sé, sente, como é natural, palpitações contraditórias. E xponho-as ao leitor.

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Mais do que tudo, meu coração palpita de apreensão. Tenho exposto reiteradas vezes, nestes artigos, que a "détcnte" entre os Estados Unidos e a Rússia soviética - versão, em escala mais ampla, da "ostpolitik" de Willy Brandt - é toda ela baseada na hipótese da sinceridade dos propósitos pacifistas d<> comunismo internacional. Ora, quer se seja propenso aos árabes, quer aos israelenses, é impossível não reconhecer o caráter essencialmente imperialista da jogada que o Crernlin faz dentro do conflito do Oriente Médio. "Détentc", "ostpolitik" passam, assim, a ser mitos já envelhecidos. O próprio Cremlin se encarregou d(\ destruir a ilusão em que eles se baseavam. Este fato, notório aos olhos do mundo inteiro, não pode ter sido ignorado pelos argutíssimos diplomatas da Santa Sé. Mas, sem embargo, quer Varsóvia, quer o Vaticano resolveram atuar, neste lance, como se o mito ainda estivesse de pé, e a Rússia ainda pudesse ser tida como uma potência pacifista. Essa ficção d iplomática envolve necessariamente uma complexa jogada de uma e de outra parte. Nessa jogada, é notório que o Vaticano entra com intuitos sumamente pacíficos, e o Cremlin com intuitos sumamente imperialistas. Por mais que confie na sagacidade da diplomacia vaticana, é explicável que cu - como tantos outros católicos - me pergunte o que poderá resultar desta fricção entre o pote de barro e o pote de ferro.

• • • De minha parte, tal apreensão chega até os limites da angústia. Explico-me. Aos olhos da opinião mundial, a "détente" está no n1ais alto grau do desprestígio, por várias e graves razões: 1) Na Rússia, os gemidos - que melhor se chamariam bra"~~ midos - de Sakharov e de seus amigos, exprimem a in.conformidade ele to<los os elementos válidos e genuinamente representativos, contra o fato de Nixon estar ajudando a manter no governo uma o equipe de tiranos responsáveis pela destruição de toda a liberdade ~ e de toda .a prosperidadé por trás da cortina de ferro;

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tar os horrores da guerra, não seria simplesmente pelo escândalo Watcrgate que ele estaria arriscado a perder o poder; 3) Ademais, a miséria confessada da Rússia e cios satélites, entre os q uais incluo Cuba, está a provar, aos olhos do mundo, que o regime comunista só produz miséria e desgraça; 4) Para cúmulo ela impopularidade desse regime, tornou-se notório que, se por todo o mundo capitalista se vai generalizando a lepra ele uma gravíssima inElação, é porque somos forçados a nutrir o mundo. . . comunista! Assim, pergunto-me, aflito, como verá a opinião mundial esta aproximação entre o Vaticano e o regime comunista. E se, na primavera, Paulo V{ visitar Varsóvia, que espécie de primavera será esta para o mundo? Sumamente desejoso de ver o Papado e a Igreja postos no mais alto do prestígio e do amor dos povos, é legítimo que cu tema os resultados que ela visita de Paulo VJ a Varsóvia possam advir.

• • • Mas, levado por meu filial amor ao .P'apado, minha mente se põe a sonhar. E assim, a par das palpitações de angústia, palpitações de esperança .se fazem nel.e inesperadamente sentir. Com efeito, volto os meus olhos para o passado, pensando nos Papas de outrora, que, como hoje Paulo vr, saíram de Roma à proourn do adversário. E meu espírito se detém na cena grandiosa - ocorrida tambén1 numa primavera - do encontro de São Leão Magno e Átila, o terrível rei cios hunos. O grande Papa ia decidido a enfrentar o rei selvagem, barrando-lhe resolutamente o caminho de Roma. Para tanto, não contava ele senão con1 a força de Deus. No momento dramático do encontro, no alto dos céus São Pedro se fez ver, con1 semblante ameaç~dor, ao rei bárbaro. E este, tomado de respeito e pânico, recuou diante do Sucessor do Príncipe dos Apóstolos, voltando para a longínqua Panônia. Que lindo seria· se Paulo VI, enfrentando em Varsóvia todo o mundo comurústa, verberasse o ateísmo, o materialismo e a imoralidade inerentes tanto à filosofia quanto ao regime comunistas, e profligrasse com sobrenatural severidade aqueles irredutíveis adversários da família e da propriedade individual. Se o Pontífice tomasse contra os déspotas vermelhos, com indômita efoqüência, a defesa das massas opressas e famintas. Se ele protestasse contra o ,nuro de Berlim e as metralhadoras homicidas que o guarnecem. Se reivindicasse para a Santa Igreja a inteira cessação elas perseguições cruéis e do regime de catacumbas. Que lance empolgante e maravilhoso seria esse! Que emoção, que entusiasmo, que ternura provocaria em todo o mundo um tal gesto! - O que dele decorreria? - Tudo seria possível, desde uma aparição de São Pedro, que an iquilasse os Átdas vern1elhos de nosso século, até o martírio de Paulo VI. Não sei cm qual das ·hipóteses este último pareceria maior aos olhos dos homens. O certo é que, se saísse vitorioso, sctl'!nome seria inscrito, ao lado de São Leão Magno, na lista do~ grandes P.apas, e até no catálogo dos Sanfos. Se saísse mártir, o único lugar do mundo, próprio a guardar seus restos preciosos, seria o sepulcro de São Pedro, que os arqueólogos identificaram nos subterrfmeos do Vaticano. De qualquer forma, nosso século teria encontrado seu nome: scri,1 o século de P·aulo V l. T

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2) Nos EUA, a popularidade de Nixon vai rolando despenha~ deiro abaixo. À primeira vista, este fato se deve exclusivamente o t: ao caso Watergate. Na realidade, porém, ele importa num julga,.~< mento severo, se bem que implícito, da própria "détente". Se os ~ norte-americanos vissem em Nix.on um polftico genial capaz de evi-

• • • Quem sabe, leitor, se Nossa Senhora, que de Deus tudo pode alcançar, fará da próxima primavera, uma primavera do mundo ressurrecto e da Igreja rejuvenescida por um grande milagre! Não é só meu coração que bate diante dessa perspectiva. fl também o seu, não é verdade, caro leitor?

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NO LIMIAR DE UM NOVO ANO

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OM O PRESENTE núniero "Catolicisnio" inicia

seu vigésimo quarto ano de existência. Uma vista retrospectiva sobre as ativulacles do ano findo, dá-nos a feliz oportunidade de niais unia vez rendernios graças a De1ts, e congrat,darnw-nos com Diretor, redatores e f11ncionários de nosso rrtensário. Pois ele continuou fiel ao seu progrania, anrincurdo no sei, prirrieiro número: secundar a crrizada da Igreja na defesa da civilização cristã e no conseqiiente combate às infiltrações das idéias dissolventes do reino que Jesus Cristo veio instalar nesta terra: reino de pa,: na verdade e na prática da virtude. Nesta atuação apostólica desenvolvida no ano tra11.. sacto, o difícil é destacar os pontos rrutis salientes. Serri menosprezar outros tenias, 11ern1itimo-nos sublinhar a atititde ele "Catolicismo" na polêniica levantada por círcidos ligados aos Crirsilhos de Cristandaele contra a nossa Carta Pastoral sobre o assunto. "Catolicisnio" elesfez os eqriivocos divulgados por aqueles que tinhani interesse e,n impedir os esclarecinientos ele nosso estiulo sobre esse moviniento ele apostolado. Pois não escreve,nos u1na Pastoral contra os Crirsilhos; fizemos sim uma obra consentânea com nossa missão episcopal: alertar 1wssos fiéis simpatizantes dos Czirsilhos ele Cristanclacle para não se deixareni empolgar pelas uléias contula., erri certas publicações cursilhistas. Nesta obra de esclarecimento que s1,blinhou o verdaeleiro alcance ele nossa Carta Pastoral, registrarrios o 11apel saliente de "Catolicisnio". Ao lado elo esclareci11iento necesscírio sobre as pu.blicações cursilhistas, nuuto contribriiu para o afervora-

mento dos fiéis .o lúculo artigo elo Sr. Caio Vidigal Xavier da Silveira sobre o espírito de Santa Teresa elo Menirio Jesus, ao ensejo da JJassagern elo centenário do nasciniento da grande Carnielita. Já na orelem político-social "Catolicis1110" esteve na estacaela para impeelir que seus leitores se deixassem embair pela JJropaganda 1narxista, evulencurndo o caráter anti-socurl e antieconôrriico, corrio outrossi111 contrário ao direito natural, do governo de Allende no Chile. Enfim consignanios nosso grande pesar pelo faleciniento do ilristre colaborador de nosso mensário, Sr. José de Azeredo Santos. Foi ele uni balr,arte do jornal, niantendo vivo seu ideal de elucular os leitores nas questões JJolítico-sociais candentes nos 1neios católicos, devido à fre_qiiente tentativa de infiltração do espírito 1noderno entre os fiéis. Encerramos nossa niensagem a "Catolicis1110" felicitando-o JJela devoção a Nossa Senhora do Rosário de Fátima, sobre a q1ial freqiie1iteniente retornou. Diz o Santo Padre qi,e a salvação do murulo está ligada à recitação elo terço ele Maria. É essa devoção niariana o esJ)Írito anirriador da devoção a Nossa Senhora de Fátima. Basta para se ver conio é obra erriinerttemente apostólica inculcar nos fiéis grande devoção a Nossa Senhora <W Fátinia, Ac1uela q1ie é especialmente nossa 11orqrie nos visitou eni nosso sécrilo. É pois com grande alegria e sadio orgulho q1te no liniiar eleste novo ano ele "Catolicisrrio" i111plora111os da Virgent SSma. do Rosário ele Fátima, Senhora Nossa, especiais bênfãos ,,ara nosso mensário e q1iantos 1iele trabalharri.

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Antonio, BISPO DE CAMPOS

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Circular do Exm.o. Revmo. Sr. Bispo Diocesano

re o PARA INFORMAR os fiéis da Diocese a respeito do modo de lucrar as indulgências do Ano Santo, o Exmo. Rcvmo. Sr. D . Antonio de Castro Maycr publicou a Circular que passamos a transcrever: ··com esta Circular temos o prazer de comunicar aos Nossos caríssimos Cooperadores e amados filhos as disposições, estabelecidas pela Santa Sé e pela Comis.,ão Representativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, para se lucrar a indulgência jubilar do Ano Santo deste terceiro quarto de século. Com a intenção de auxiliar o aproveitamen•

to melhor possível desta dádiva do Ano Santo, lembramos aos Nossos amados diocesanos o fim colimado pelo Santo Padre ao decretar o ano jubilar e o explanamos com três observações. O Papa espera deste Ano Santo um aforvoramcnto dos fiéis e uma larga recon· ciliação de todos os homens na graça de Deus. Ou seja. a reconciliação com Deus e a reconciliação dos homens entre s1.

I A reconcil iação com Deus se faz mediante a conversão. Conversão que é o abandono da heresia ou do cisma por uma adesão à Santa

Igreja de Cristo, a Igreja Católica Apostólica Romana, não somente através da profissão pública da Fé Católica, como também pela prática leal e fervorosa dos mandamentos dessa mesma Jgrcja. Pois. cristão é o que crê e vive de acordo com sua fé. • Tratando-se de pessoas que já pertencem à Igreja, uma vez que conservam a fé de seu Batismo, a conversão envolve um arrependi· mento sincero dos pecados, uma confissão bem feita, e um esforÇo por erradicar os hábitos viciosos, acompanhado de outro por assimilar os exemplos de Nosso Senhor Jesus Cristo, modelo de todo cristão. Numa palavra, pede uma emenda de vida, uma mudança interior. de maneira que o fiel se oriente. em todo o seu procedimento, segundo as verdades da Fé, e não mais de acordo com interesses que se limitam à ordem· das coisas terrenas. Seria este o sentido pleno da frase de São Paulo, "meu justo vive da fé - iustus meus ex fi<Je vil'ít" (Hcbr. 10, 38). Assim concebida, a conversão, como a santificação, só se encerra no momento da morte. uma vez que, enquanto vive, pode o homem sempre crcsc-er no conhecimento e na imitaçã·o da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Para todos, pois, o Ano Santo é um ano de afervoramento. Como o grande Sacramento da reconciliação com Deus é o Sacramento da Penitência, encareçam Nossos amados Cooperadores junto aos fiéis a importância desse Sacramento, não somente à vista da graça sacramental, com que ele robustece a alma contra as tentações, como outrossim pela humildade que a acusação dos

pecados ao cqnfessor alimenta na alma do fiel, predispondo-o a âprovcitar bem os auxílios concedidos por Deus para a santificação de cada qual. II

O afervoramento da caridade ou amor de Deus tem como corolário natural a reconciliação dos homens entre si, uma ve·z que o amor de Deus é inseparável do amor do próximo. Duas considerações julgamos aqui oportunas. A primeira é que o excrcicio da caridade com o próximo, fundamento de uma convivência amável em ambiente virtuoso, pede uma vigilância séria sobre nossos sentimentos íntimos. Pois, neles está a raiz de todas as desarmonias. Como diz. o Divino Mestre, é "do c or<1ç,lo que saem os maus pensamentos, os homicídios. os tulultérios, as /orr,icaçõe.r, os fur· tos, os /1tlsos testemunhos, as palavras injuriosas" (Mal. 15, 19), sentimentos esses todos que dividem os homens e os opõem uos aos outros. Se desejamos, portanto, contribuir para a harmonia social dentro· de um ambiente virtuoso, é mister que sufoquemos na raiz a fonte das aversões que colocam os homens uns contra os outros. Tanto mais que a paz social depe.nde muito mais do que de leis, das disposições de espírito de que estejam possuídos os membros da coletividade. Em segundo lugar, rompida a união fraterna, sua recomposição exige uma atitude gc.. nerosa. A reconciliação, de fato, não é nem pode ser objeto de estrita justiça. Esta atende à superfície das relações sociais de maneira a impedir manifestações violentas. Não vai ao fundo da reconciliação que vincula as almas, os corações. Esta, de fato, só é profunda e eficaz quando brota de um cordial perdão das injórias. Ano Santo de reconciliação deve ser Ano Santo de perdão de injórias, de destruição de ressentimentos que amarguram as relações entre os homens. Não há dúvida que custa ao nosso amor próprio perdoar uma ofensa, sobretudo quando injustamente sofrida. Por isso mesmo, fez Nosso Senhor do perdão das injúrias matéria de mandamento específico de seu Evangelho e característica de seus discípulos. Na parábola do servo mau que não perdoou uma dívida mise· rável de um seu colega, quando seu senhor lhe dispensara de outra imensamente maior, dá-nos Jesus Cristo a norma para assegurar-nos a ami1...ade do Pai Celeste: "Assim vos tratará meu Pai celeste se cada um de v6s não per· doar li seu irmão, de todo o seu coração" (Mat. 18, 35). Na oração protótipo que deu para reza habitual de seus discípulos, colocou a petição: ''Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como n6s ptrtloamos aos q ue nos ofenderam'' (Mat. 6, 12) . Enfim, corroborando a doutrina com o exemplo, no momento mais solene de sua vida na terra, ao expirar na Cruz. seu derradeiro ato

''REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO'' REEDITADA NA ITÁLIA ACABA DE VIR a lume a segunda edição italiana do ensaio º'Revolução e Contra-Revolução", de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. A nova tiragem, lançada pela Editora "Cristianità", de Piacenz.a, aparece com uma carta-prefácio do Exmo. .Revmo. Mons. Romolo Carboni, atual Núncio Apostólico junto ao governo italiano. ''Rtvolução t Contra.Revolução'' causou-me uma impressão magnífica escreve Mons. Carboni - Janto pela jr,stez.a e acerto com que analisa o processo da Revolução e desenvolve as verdadeiras origens da quebra dos valores morais que hoje dtsoricnla as cons• 4

ciências, como pelo vigor coni que indica a

tática e os métodos de luta para superá-la. [ ... )Auguro-lhe, estimado Professor, uma ampla difusão e uma merecitla acolhida a seu

livro, por parte dos leitores catálicos desejoso.r dt se a/istare,n nas fileiras do 1novime11to co11 tra..revolucio11ário". Traduzida e apresentada pelo jovem e combativo líder católico italiano, Giovanni Cantoni, o livro do Presidente do Conselho Nacional da TFP está sendo divulgado em toda a Itália por movimentos católicos tradiciona- listas, especialmente a "Allcanza Cattõiica".

foi ainda de perdão aos seus algozes: "Pai, peNIOai-lhes porque não sabem o que /ai.em" (Luc. 23, 34) .

Seria difíci1 excogitar outros meios para in• culcar como indispensável ao cristão o perdão das injúri;1s recebidas. Por isso mesmo, estão os escritos dos Apóstolos cheios de recomendações no mesmo sentido: Ano Santo de afcrvoramento seja Ano Santo de reconciliação pelo generoso esquecimento de todas as injúrias recebidas.

que fossem estabelecidas as condições requeridas para lucrar o "dom da /11dulgê11cia", que o Santo Pttdre prometeu para confirmar o es· pirito de reconciliação e renovação próprias deste Ano Santo. A Sagratla Penitenciaria, por mandato de Sua Santidade, concede que, a partir do primeiro Domi11go tio Atlver,to ,leste a110 até o d ia em que o Ano Santo for solenemente inau .. gurado nqui em Roma, os fiéis das diversas Igrejas locais poss,1111 /uctar: I) brdulgência Plemfria, 110s dias dctermi11a-

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dos pelas Conferências Episcopais, se participarem ,la piedos,1 peregrinaçiío tl Catedral, ou

Enfim, nossa debilidade que aborrece qualquer esforço, facilmente. vicia a tolerância com que manda a caridade suportemos nosso próximo e lhe perdoemos as ofensas. Primeiro praticamos mal a tolerância, quan• do, tendo toda a condescendência com os inimigos da Cruz de Cristo, temos extrema severidade com os que pessoalmente nos ferem, esquecidos que neste caso e não naquele é que devemos nos mostrar generosos cont o ofensor. Ninguém mais misericordioso do que o Divino Mestre. No entanto, ôão teve Ele dúvida em escorraçar com chicote de cordas os vendilhões do Templo, porque estes dessacralizavam a Casa de seu Pai: "Mi11/,a Casa é casa e/e oração e vás fizestes dela um covil de ladrões" (Mat. 21 , 13). Nossa tolerância com os pecadores e os maus não deve csmaecer a verdadeira caridade, com que nos empenhamos por trazer ao bom caminho os que dele se transviaram. Ela, por isso, manda por vezes agir com energia, até com indignação, como no caso de J esus Cristo com oi vendilhões do Templo. Jamais porém permite a caridade uma ação ditada pelo ódio do Ímau, do pecador. O exercício, j,ois, da caridade pede uma vigilância contínua para a todo momento termos o ato ·certo comandado pelo desejo do bem da alma, da salvação de nosso próximo. Por isso, adverte São Paulo que, "se for possível, quanto deptnder de v6s, "ivei em paz com todos os homens'' (Rom. 12, 18). Diz o Apóstolo ··se for possível". lsto é, desde que da convivência pacífica não resulte detrimento para nossa alma, ou para o bem do próximo, ou para a mesma sociedade. Por exemplo, é contra o bem comum do convívio social que o mal permaneça impune. De maneira que quando o mal se torna um perigo para a sociedade, ·é dever impor castigo ao seu causador, ainda mesmo que não se espere a corre .. ção do mesmo; tão somente para resguardar a paz social. Jgualmente, deve evitar-se a convivência com pessoas de mau procedimento, porque põe cm risco nossa virtude, uma vez que os maus exemplos são contagiosos, tanto mais quando contam com a conivência da concupiscência exacerbada pelo pecado original. Da mesma maneira, a familiaridade com pessoas que não professam o Catolicismo oferece perigo para nossa fé, sem falar no mau exemplo com que podemos atrair outras pessoas a seguir nosso modo de proceder. Nem por isso nos desinteressamos pelo bem desses nossos próximos. Devem ser eles objeto de nossas orações e de nosso apostolado. Ou seja, nossos contactos com eles devem visar a emenda e conversão dos mesmos para que se salvem. E is, amados filhos, algumas observações que, esperamos, auxiliem o maior aproveitamento do dom do Ano Santo. Contribua ele para nossa santificação e para a reconciliação dos homens na casa paterna da Igreja de Cristo.

• • • l:. o seguinte o texto do Decreto da Sagrada Penitenciaria Apostólica sobre o Ano Santo :

··o Eminentíssimo Cardeal Presidente do Comité Ce111ral para a celebração do Ano Santo ptdiu a esta Sagrada Pe11ite11ciaria Apost6/ica

a outros lugares sagrados designados pelo Ordinário do lugar, nos quais se rtaliz.e umt1 solene

celebração comunitária; 2) /r,tlulgê11cia Plenária, também, nos dias determinados pelas Conferências Epfa'copais, e rtu11idoJ· em grupos (por exemplo. de famílias, 1/e ,,lw1os das escolt1s, ,Je pessoas d edicadt1s aos , nesmos ofícios o u funções, ou ,/e membros das associações pias), se visitarem a Catedral ou outros lugares sagrados desig11atlos pelo Ordi11ál'io do lugar, e aí permanecerem ttm

certo espaço de tempo faze11do meditação e concluindo com ti recitação ou o canto tia Or11ç110 Dominical e cio Símbolo tios Apástolos, e invocaç,io tia Bem-ave11/r,rada Virgem Maria,· 3) /11dulgê11cia Plenária, se, impedidos por tloença cu outra causa grave, se unirem espi-

rltualmcnte ti piedosa peregrinação, oferecen .. <lo a DeuJ' as suas preces e as suas ,/ores. No que dit respeito à Diocese de Roma, que d e ve servir de exemplo e estímulo nesta matéria às outras comu11ida1les eclesiais, estabelece esta mesma Sagrada Penitenciaria que

os dias e modos de lucrar a pr,dita Indulgê11cia Plenária sejam tlt.signados pelo Eminentís-

simo C11rtlea/ Vigário Geral da Cicladt. Não obstante quaisquer disposições em trário.

Cólt·

Dado em Roma. na Sagrada Penitenciaria

Apostálica, 110 dia 24 de .relembro de 1973 / J. Car<ieal Pa11pini, Pe11ite11ciário Maior; 1. Sessolo, Regente.

• • • Pelo Decreto da Sagrada Penitenciaria Apostólica vê-se que pertence às Conferências Episcopais determinar os dias cm que podem os fiéis lucrar a indulgência plenária do Ano Santo. A Comissão Representativa da CNBB determinou o~ seguintes dias: - todos os domingos e dias santos de guarda, desde o primeiro Domingo do Advento, ern 1973, até a abertura do Ano Santo em Roma; - todos os feriados civis, federais, estaduais e municipais, compreendidos nesse mesmo período; - todos os dias da Seman.a Santa de 1974 ; - o dia t 2 de outubro, festa de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil; - as festas dos Padroeiros locais. Quanto às igrejas, além da Catedral, ouvido o Conselho Presbiteral determinamos as seguintes igrejas: 1 - Em Campos, Saco, Guarus, São Benedito e Santa Teresinha da Pecuária; 2 - Fora da cidade de Campos: todas as Matrizes, inclusive São Gonçalo e Cupim; o Santuário de Santo Amaro; as igrejas de Santa Clara, São Francisco de Paula, São Sebastião do Itabapoana, São José de Ubá e Paraíso do Tobias. Lembramos que para a indulgência plenária requer-se estado de graça e desapego mesmo do pecado venial. Com bênção cordial, Campos, 1.0 de dezembro de 1973

t Antonio, BISPO

DE C,1,Ml'OS".


Durante a Missa viam-se no primeiro banco, do lado do Evangelho , os Srs. Miguel Colasuonno. Prefeito Municipal; Paulo Macedo de Souza, representante do Go vernador do Estado; Nguyen Van N goc, Encarregado de Negócios do Vietnã do Sul; Dinh Tien Gioi, secretário de Imprensa da Embaixada sul-vietnamita, e Tenente-Coronel Josué de Figueiredo Evangelista, Subcomandante do CPOR de São Paulo . Uma grande assistência lotou, literalmente, a Catedral de São Paulo.

. Reverenciando a memoria das vítimas da seita comunista ,,

TFP PROMOVE MISSA E MANIFESTAÇÃO CÍVICA EM. SÃO PAULO .

CELEBROU-SE NA Catedral de São Paulo, no último dia 11 ele novembro, mais \1ma

Missa pelas vítimas do comunismo, de inicia.. tiva da T FP. A entidade vem promovendo todos os anos, a partir de 1967, Missa cm su .. írágio da alma de todos aqueles que tombaram vitimados pelo comunismo e em defesa das instituições e da civilização cristij. Neste ano o Santo Sacrifício foi também oferecido em ação de graças pela libertação do Chile da dominação comunista.

O celebrante foi o Rcvmo. Pc. Agostinho Josafat Dutkin, O. S. B. M., que oficiou na liturgia bizantino-eslava do rito ucraniano. A

ccrimôn,ia desenrolou-se num ambiente de muito recolhimento e devoção, tendo havido nu. mcrosi'ssimaS comunhões. O público presente foi calculado cm mais de três mil pessoas, incluindo centenas de SÓ· cios da TFP e milHaotcs da Tradição, Família e Propriedade. Entre as per$onalidades que compareceram, destacavam-se o Encarregado de Negócios do Vietnã do Sul, Sr. Nguycn Van Ngoc, que fora de Brasília espcciahnenle

para o ato, e o Prefeito Municipal, Sr. Miguel Colasuonno. Dragões do Regimento de Cavalaria da Polícia Militor fizeram a guarda de hoora junto à imagem de Nossa Senhora de Fátima, conduzida até o presbitério por elementos do Grupo Folclórico Lusitano, cm trajes típicos. Terminada a cerimônia religiosa, autorída· des, diretores, sócios e militantes da TFP e grande parte do público dirigiram-se em cortejo para o Pátio do Colégio, onde se realizou um: ato cívico de repúdio ao comunismo e de homenagem às ví1imas que ele fez em todo o mundo desde sua implantação na Rússia cm novembro de !91.7. O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira depositou uma coroa de flores junto ao monumento da fundação da cidade.e os clarins do Regimento de Cavalaria 9 de Julho, da Polícia Militar, deram o toque de silêncio cm homenagem àqueles que tombaram em atentados, revoluções e guerras produzidos ,pela seita vermelha. Podia-se observar, então, dezenas de estandartes da T FP, como também cartazes indi-

cativos dos bairros paulistanos e das cidades ;ili representados por sócios da entidade ou militantes da Tradição, Família e Propriedade. Um,1 grande faixa rubro e ouro dizia: "TFP: oremos pelas vítimas cio comunismo''. Também eram vistas as ,bandeiras das nações cativas. levadas por elementos das respectivas colônias. Discursou inicialmente o Prof. Orlando Fc, deli, que focalizou o caráter épico da ceriJnônia que se desenrolava, ressaltando o grande número de jovens ali presentes, dispostos aos maiores sacrifícios na defesa dos ideais da' civilização cristã. Falou depois o Sr. Patrício Amunátcgui Monckeberg, Vice-Presidente da TFP chilena, que expressou a sua alegria pela libertação de sua pátria do jugo comunista, imposto pelo Presidente Salvador Allcnde. Teve igualmente palavras de agradecimento às TFPs de todo o continente pelo apoio moral que dispensaram à co-irmã andina durante o período em que seu país esteve sob a dominação marxista.

Seguiu-se com a palavra o Pror. Plinio Cor-

CONFERÊNCIA DO ENCARREGADO DE NEGÓCIOS DO VIETNÃ DO SUL

! êa de Oliveira, que (cz uma breve e eloqüente alocução, .realçando o papel que cabe ao Brasil e às nações irmãs do continente na luta contra o comunismo. Estabeleceu tambén1 um paralelo entre o passado - representado pela réplica do Colégio de Anchieta, ·construída no local mesmo da fu1H.Jação da cidade - e o elemento que representa o futuro, isto é, a plêiade de jovens colaboradores da TFP, presentes ali com suas capas rubras e seus estandartes com o leão dourado. O orador concluiu com uma bela e comovente súplica a Nossa Senhora do Fátima, cuja imagem presidia o ato, pedindo a Ela· que interfira nos acon.tecin1cntos att1ais para que, aniquilada a seita vermelha, raie a aurora do seu Reino, que Ela mesma anunciou na Cova da Iria com as palavras: "Por Jirn, meu /111aculado Coração triunfará!"

Em meio aos aplausos entusiásticos que acolheram as palavras do orador, uma senhora, refugiada do comunismo, ofereceu um ramo de flores ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. O Presidente do Conselho Nacional da TFP depositou-o aos pés da Senhora de Fátima. Por fim todos os presentes cantaram o Hino Nacional, acompanhados pela Banda da Polícia Militar de São Paulo. Num clima de grande entusiasmo popular encerrou..se a magnífica. cerimônia cívica com o brado de campanha da TFP: "Pelo Brasil: Tradição! Família! Propriedade! -

Brasil! Brasil! Brasil!"

Personolidodes presentes CONVIDADO PELA Sociedade Brasileira de De(esa da Tradição, Família e Propriedade, o Sr. Nguyen Van Ngoc proferiu conferência no auditório do Othon Palace Hotel, no dia

12 de novembro, perante numeroso

público, estando presente o representante do Governador Laudo Natel, Sr. Paulo Macedo de Souza. Falando cm francês, o Encarregado de Negócios do Vietnã do Sul cm nosso País discorreu sobre as violações dos acordos de paz de Paris por parte dos nortc..victnamitas: "Em

nove meses, ap6s os acortios <le P,1ris, os

CO·

munisras executaram 8.604 pessoas entre a população civil, <>u seja, trinta e duas por dia. A.s vítimOJ' são quase sempre pequenos campo·

neses, pequenos comerciantes, rcligio.ros, mu· lhen:s e crianças, to<los os que J'tío iruxcnrcs e não têm aruws para J'C defe,uler".

Violoções "A paz. no Vietnã - acrescentou o -confe. rcncista - teve lugar apenas no papel. Porque, tie fato, a guerra cominu.a . O.r comrmis-

Uls já violt,ram <1 trégua 28 mil ve zes, significa cem violações · por dia".

Q

qul'.

O diplomata sul-vietnamita explicou que existem inúmeros pontos de discórdia na interpretação dos acordos. Por exemplo, no tocante à autodeterminação: ''Para nós - disse autodeterminação significa a sobcranfo e o <li· reito tio povo d e eleger .1·eu siJ·tema de governo por meio de unw eleição livre ou por referendo. Mas, f)ara 0 1 comrmistaJ·, autodetcrminnção significa a dominação do Vietnã tio Sul pelo governo do Vietnã do Norte". "Atualmente prosscguiti o representante de Saigon - nove meses depoi.r tios acordos tle Paris, esse ,Jocumento é ainda letra morto. Segundo ó seu rttulo, tratava-se ,la ccs:wção dd guerra e do rcstabelecimenro da par.. A violaç,io desses acordos. por parte tios comrmis· ras. re111 ,,ssmnitlo ,,árias formas: a) violaçõe.r aberws contra postos e bases militares sul•viet· 11amitas. Ainclc, ,lepois do estabelecimento da Comissão inten,acioua/ d e controle do cessar fogo, eles atacam abertamente. com todo tipo de armas,· b) ataques contra ,, população civil cio Vietnã cio Sul, isto é, bombardeios incliscri• minado.r contra zonas urbanas, terrorismo, as-

sass inatos etc.,· e) intr(){/ução = ilegal de so/.. daclos e de armamentos a panir cio Vietnã do Norre; d) obstrução comunista no que se refere ao interc,lmbio ele prisioneiros; e) obsrruçiio ,las atividatle.r da Comissiio it11ernacional de corttl'ole e de supervisão, e rambént da Co,nissão biparti/e formada entre a Rep,íblica ,lo VietJuí e o Vietcong para a aplicação dos

acordo.r; /) obstr11ç,ío da Comissão biparti/e em Paris; g) violaçtio da newralidade do Ca,n-

bodge e do Laos".

Eleições Rcs1>ondendo à pergunto sobre se o Vietnã do Sul não havia apresentado um plano de eleições livres no Vietnã do Norte, o Sr. Nguycn Van Ngoc afirmou: "No mês de junho tíltimo. meu governo propôs a realização ele eleições livre.r, sob controle internacional, 110s dois Vietnãs. Mas esta proposta, apenas apresentada, foi imediatarnentc rejeitada pelos comu11ista's. e 11ada mais pudemos Jai.er. O.r norte-vietnamitas tê.m medo tias clciçQes, por·

q11e lhes /alta o apoio da ·pop11lação, que, pelo contrário, u6s possuímos".

Além do Encarregado de Negócios do Vietnã do Sul e do Prefeito da Capital, .estivcram presentes à Missa as seguintes autoridades e personalidades: Sr. Paulo Macedo de Souza, representante do Governador Laudo Natel; Major Paulo Athayde, representante do General Humberto de Souza Mello, Comandante do li Exército; Sr. Pingchao Su, Consul Geral da República da China (Formosa); Sr. Luiz Mendonça de Freitas, Secretário dos Negócios Extraordinários da J>refcitura de São Paulo; Tenente-Coronel Josué de Figueiredo Evangelista, Subcomandante do CPOR; Sr. Lizando Bártolo, Delegado de Ordem Política do Departamento Estadual de Ordem Política e Social; Tenente Ernani Cândido de Oliveira, representante do Comandante do QG da U Região Militar; Tenente Francisco Isqucrdo Moreno, representante do Comandante do 30.0 Batalhão da Polícia Militar; Deputado federal Roberto Barra ; General Abílio Cunha Pontes; Coronel Aristides Cavalcnnti; Comendador Tomás Rzyski, Ministro de Assuntos Sociais do Governo polonês no exílio; Sr. Benedito Campos Car.valho, Diretor de Relações Públicas da Sociedade dos Veteranos de 32. 5


' A. Santa de Liaieux prometeu paaaar seu Céu f a:r.end-0 o bem sobre a terra. Esaa promeasa deve-nos estimular a recorrer sempre a ela. A. oração que apresentamos hoje nesta secção provém do "Office Central" de Lisieux.

ORAÇÃO A STA. TERESINHA

P

ADRE ETERNO, que esta.is nos Céus, onde coroais os méritos daqueles que neste mundo Vos servem com fidelidade, pelo amor tão puro que Vos teve vossa filha Santa Teresinha do Menino Jesus, a ponto de esperar em sua filial confiança que faríeis sua vontade no Céu tendo ela feito a vossa sobre a terra, mostrai-Vos propício a suas súplicas e por ela dig-

nai-Vos ouvir nossas orações.

F

ILHO ETERNO do Padre, que prometestes recompensar os menores serviços prestados ao pró-

xiJno cm vosso nome, lançai um olhar de complacência sobre vossa ix,quena esposa Santa Teresinha do Mcoino Jesus, que com tanto zelo trabalhou pela salvação das almas. Por tudo quanto ela sofreu nesta vida, dignai-vos atender seu voto de passar seu Céu fazendo bem à terra, e por este voto concedei-nos a graça que ardentemente desejamos.

TERNO ESPlRITO Santo, que aperfeiçoastes por tantas graç:ts de amor a bendita alma de Santa Tcresinha do Menino Jesus, suplicamos-Vos, pela fidelidade de sua correspondência, que sejais propício às súplicas que ela Vos dirige por nós. Lembrando-Vos de sua promessa de fazer cair do Céu uma chuva de rosas, concedei-lhe em nosso favor, Divino Es-

E

pírito, a rcaffzação dessa promessa.

,. O

SANTA TERESINHA do Menino Jesus, que cm vossa breve

existência fos tes um espelho !Jc angélica pureza, de amor forte, e de tão glorioso abandono a Deus, agora que gozais do prêmio de vossas virtudes lançai um olhar de compaixão sobre nós, que

confiamos plenamente cm vós. Fazei vos· sas as nossas intenções, dizei por nós uma palavra a essa Virgem Imaculada - vós que fostes sua predileta flor à Rainha do Céu, que vos sorriu no ama.. nhecer da vida. Suplicai-Lhe, a Ela que tem tão grande poder sobre o Coração de Jesus, que nos conceda a graça qu~ tanto desejamos nesta hora, e a acompanhe com uma bênção que nos fortifique durante nossa vida, nos defenda no momento da morle, e nos conduza à bem-aventurada eternidade. R. Amém.

{flAtoJLnC]§MO MENSAR.10 «>m

aprow:acio cdtslfisUu CAMPOS -

EST. 0 0 RIO

0 11tfT01t

Josê: C ARLOS CASTILHO DE ANDRADE

l)ireloria: Av. 7 de Setembro 247, c:iiim posta) 333, 28100 Campos, RJ. Ad.m.lnls• irac;io: R. Dr. M-'rlinico Prado '271, 01224 S. Paulo. Composto e impresso na Cia, Lir.hogmphica Ypirnnga, Rua Cadete 209, S. P:rnlo.

A~nalur.l ~nua'1: comum CrS 25,00;

CO·

operador CrS S0,00; benfeitor C,$ 100,00; gr:1nde benfeitor Cr.S 200,00; scminarist:is e estudantes CrS 20,00; América do Sul e Ccn1r:;1I: via de superfície USS 4,00; via aérea US$ S,25; Amlrica do Norce, Por.

tuga1, E91>anha, Províncias ultramarinas. e Colónia$: via de supcrl íc.k US$ 4,00; viá a6rea USS 7,00; outros países: via de su· ptrffcie USS 4,,50, via a6rc-s VSS 9,25. Vtnda av111$:3: Cr$ 2.00.

Os pagamentos, sempre tm nome de ,EdJ. tom~ Padre Btlcblor de Ponte-& S/C, po.. der:io ser encaminhados à Admini.slração. Para mudança de endereço de assinantes, 6 ncccss,rio mencionar também o endereço antigo. A correspondência relativa !L assi• naturis e venda avulsa deve sc:r enviada à

.•.... .

Admlnl<tração: R. Dr. Martlnlco Prado :271

OJ 224 S. Paulo

6'

Jovens escrevem a jornal carioca

Retificando reportagem tendenciosa A PROPÓSITO de uma reportagem publicada por "O Globo", do Rio, um grupo .de .jovens da cidade de Miracema enviou ao diretor daquele jornal a seguinte carta: "Nós, signatários desta carta, éramos integrani.s da Grupo Jovem da Paróquia de Miracema, a que se referiu reportagtm de "O Globo" em 12 deste mês clt dtzembro. Por julgarmos que um jornal tão co11cei• tuado um interesse dt str objetivo e imparcial, e não criar notícias e fr11aginar situações por "encomenda" tle determinados grupos, p5f/ifnos o obséquio de publicar esta carta para retificar notícias publicadas por esse jornal no ,lía 12 do corrente, p. 4 .

I - Em primeiro lugar: não hou.ve e não há nenhuma "celeuma" por causa tias medidas que. o atual Vigário vem tomando para manter wn ambiente ,Je respeito e vestes convenientes 110 lugar sagrado que é a igreja. Peio contrário, tia parte daqueles que não estão alheios à vida da Par6quia 1 S. Revma. só tem recebido incentivo ne.rse traba/lro. N6s ~mesmos o apoiamos. Há reclamações e descontentamento por parte de pessoa., que ttão fazem idéia cio que st passa na lg1·eja e vivem ouvindo e comentando "''edotas e boatos dos mais fantaslosos e inverossímeis a respeito do Padre. 2 - Q uanto à liturgia em latim, sem d,ívida, houve ,li/iculdades para a aceitação, por causa do hábito tia Missa em vernáculo e de certas mrísicas pouco sacrais. ntas respeitamos o latim e vamos compreendendo sua razão de ser. - Mas não consta que /raja nenhuma atittul~ contestatária a respeito. Só niio percebe isso quem não conlrece os cat6licos miraceme11ses ou quem nunca teve nenhum conl<1CIO, ao m cno.r superficial. com eles. Além disso, o Padre é aberto a t<>clo diálogo e aceita debater .robre qualquer tu·srmto. 3 - Quanto ao "grupo tle sessenta jovenJ·'' tJue fizer"'n algumas campanhas assistenciais, a bem tia verdade tlcvemos confessar que bem antes tia vinda do Pe. Olavo, por razões que não vêm ao caso expor. já vlnha defin/rant!o e se desfalcando. 4 - Todos os integrantes e/esse grupo "Grupo Jovem" - que entraram em contacto e en, diálogo com o Pe. Ola-vo ficamos tomo· tios de grande sitnpatia por ele e notamos admirados que compreende perfeitamente a juventude tle ho;e e é plenamente otualiu,do, ma.r num sentido em que poucos o são: conhecer os problemas e as doenças morais aluais com suas causas, para dor-lhes o remédio adequado, mas não deixar-se contaminar por das. Concordamos com ele. 5 - Uma invençiio maldosa: que o Padre tenha impedido algum moço de entrar "ª igre· ja por usar barba crescida, longa. Vemos todos os d ias o contrário. 6 - Ê absolutamente inverídico que as meditlas <1do1at!as pelo a tual Vigário "provocaram revolta geral que deixou a igreja vazia''. Qualquer pessoa assídua à igreja pode constatar que isso nã(J tcn1 nenhuma base na realidade. A.lguma.r pessoas que se afastaram têm interesse de imaglirar que muitos seguem seu exemplo. 7 - Outra inverdade gritante e redondamente falsa: "a ,naioria dos fiéis é contra o Padre". Cada dia que passa constatamos o contrário. E voz geral que tm pouco tempo o novo Padre - pela serie,lade e reverência nas funções sagradas e pela bondade e dtlicadeza com <1ue trata a todos - cOnquistou a.r boas graças e <> apoio geral ele todos os fiéis. Porque os rep6rteres de "O Globo" náo quiseram ver isso? Não compreendemos. Tudo indica que vieram com uma reportagem pré-fabricada e as entrevistas deviam apenas confirmar o qu.e j6 estava decidido. Não compreendemos ainda porque repentinamente trê.t dos maiores ;or• nais tio Rio e GB e dols dos maiorts do País caem sobre nos.ra humilde e interiorana Paróquia e descobrem tardiamente mudanças que já foram feitas há mais de três meses! Cremos, Sr. Diretor, que temos o direito de saber que mão poderosa levou essas três potências da imprensa a ,,oticiaretn no espaço de dez dias - 7, 12 e /6 ele dezembro, "O Flumiricnse'', "O Gl<>bo" e "lort1f1l cio Brasil" respectivamen-

te - sobre nossa Paróquia de modo des/avo· rdvel ao Vigário. ocultando sistematicamente

' o que /Ire é favorável! -

V . Sa. nos poderia

dar uma explicação disso? Y. S<1. tem- totlos os elementos para deslindar esse caso. 1'eríamos outras retificações a fazer, mas para não nos alongarmos e para não envol· vermos nomes de pessoas, julgamos que o que dissemos é suficiente.

Pedimos a V. Sa. o obséquio de dar a esta carta destaque proporcional ao da reportagem que crilicamos. O conceito de que V. Sa. goza como Diretor desse gran.d e órgão tle frnprcnsa do País nos leva a esperar tranqüilamente a

justiça dessa publicação". Seguem-se as assinaturas: Raymundo Cézar Goulart Graça (2.0 cientlfíco), José Antonio Moreira Pinto (vestibulando de Medicina), Ma-

Exmo. Revmo. Sr. D. F rei Candido Maria Bampi, O. F. M. Cap., DD. Bispo titular de Tios e A uxiliar de Caxias do Sul (RS): "Recebi o CATOLICISMO, n.0 272, de agosto 1973. Li e fiz ler a Sacerdotes amigos a nolícia da morte do eminenle polemista Eng.• José de Azercdo Santos. Os nossos sinceros e (raternais pêsames. Não será esquecido cm nossas orações. Uma santa Missa será rezada especialmente em sufrágio de sua alma. E nossas preces e bençãos particulares também para o maior conhecimento e propaganda do CATOLICISMO em bene(ícío da Santa Igreja e para a propagação do reino de Cristo". Sr. Paulo César Silva de Rezende, Campos (RJ): "O CATOLICISMO é um excelente jornal, que dá ao leitor segura formação moral, religiosa e intelectual". Sr. Morvan Acayaba de Resende, Varginha

(MG): "Que o periódico permaneça na sua excelente linha de orientação, lócida e esclarecida, corajosa e oportunaº. Sr. Pedro Brambilla, Cambará (PR ): "Minhas mais sinceras congratulações com o jornal mais anticomunista do pais, pois não deixo de ler um só número com o maior interesse cm au·

mcntar meus conhecimentos religiosos e noticiosos, em favor de um ·•cristianismo autên-

tico''. Sr. Armando Pinheíro do Lago, Serro (MG):

"Sempre considerei CATOLICISMO um excelente jornal, não somente pela firmeza doutrinária de seus artigos quanto pela sua magní· fica apresentação gráfica. Ê pena que não po·

deremos mais ler os notáveis artigos do inesquecível Dr. Azercdo! O "Ambientes, Costumes, Civilizações" não voltará mais? Por que? Eram eles, sem dúvida, os mais completos e substanciosos comentários de todo o jornal''. Sr. Arnobio Guimarães, Taquaritinga (SP): ''Tenho apreciado. com muita atenção, esse movimento através de CATOLICISMO e artigos de Dr. Plínio, que tenho satisfação de conhecê-lo na época da organização da Liga Eleitoral Católica, desde sua fundação, como presidente nesta cidade, e também seus artigos ·· esclarecedores da "Folha da Manhã". Congratulo-me com Vs. pelos esclarecimentos, prestados ao povo paulisla e brasileiro". Sr. Juraci J oslno Cavakante, J acobina (BA): "Mensário portador da mais importanle e relevante cultura para o mundo contcmpocâneo.

Como cullura não se entende aqui ape~as as sábias elucidações sobre os emaranhados pro-

blemas modernos, mas sim sua altíssima visão e antevisão a respeilo dos mesmo problemas. Haja visto '"Frei, o Kcrcnski chileno'', artigo (e livro, depois) que alerlou para o desastre cm que cairia o povo chileno, como de falo caiu, sendo entregue nas mãos do "Frei Ke-renski" que o passou às mãos de Allende".

ria Aparecida Padilha (professora primária), Vilmar Picanço Pestana, Joaquim Silvério Outra Siqueira (curso normal), Salvador N. Leitão (2.0 técnico) , Lúcia Nair Tostes Alvim (professoranda e pianista), Sônia Nogueira Leitão (( .0 ano nom,al), José Roberto Alves Denis (2. 0 cientifico), Diva Maria Soares de Barros (professora primária), Maria Inês de Oliveira Rezende (vestibulanda de Psicologia), Lcyse Maria Tostes Padilha (2.0 normal), Maria Lúcia Tosles Amim (professoranda e vestibulanda), Ademir Lomba Amim da Rocha (normalista), Leonardo Chiarelli Linhares (4.0 ginasial), Sebastião Reginaldo Werneck Salvini (curso normal), José Luiz Wemeck (2.ª série gitlasial) e Maria de Carvalho Faria (vestibulanda de Engenharia).

Srs. Tomasz Rzyski e Kazimierz Sienlúewlcz, P residente e Secretá.rio da Assoc.iação dos Ex· Aviadores Poloneses no Brasil, São Paulo (SP): "Agradecendo pela contínua remessa do CATOLICISMO para a nossa Associação, queremos expressar a nossa admiração pela Vossa luta ideológica contra a marxização da Teologia e con_tra o comunismo que infelizmente ocupa a nossa Pátria Polônia".

Da. Rosalina Rappa, Atibaia (SP): "[CATO· LICISMO) é um jornal que não engana, que faz com que a gente se sinta bastante segura na fé cristã, e não se desnorteie com tantas outras idéias saídas da nossa própria tgrej<1", Sr. Edgard Li.s1>ôa Lemos, Rio de Janeíro (GB): "A leitura de CATOIJlCJSMO, que tenho feito nos últimos meses, enche-me de plena satisfação. Vejo que ainda se pode confiar e alimentar esperanças pela continuidade das 1radições de nossa Igreja. Deus, Nosso Senhor, abençoe o trabalho de V.R. e de todos os que

o assessoram,,.

Sr. Ni.lton Vieira de Souza, Soroeaba (SP): "Ao grande Bispo D. Anlonio de Caslro Mayer, ao ilustre e bravo Dr. Plioio Corrêa de Oliveira e a todos os que, com a inteligência e coragem e o trabalho, mantêm cada vez mais acesa a chama de CATOLICISMO na lula contra o progressismo católico, enviamos os nossos melhores votos de Boas Festas e feliz e prós· pero Ano Novo". Sr. Cláudio De Cicco, São Paulo (SP): "Sugiro a coolinuação dos arligos do Prof. Fernando Furquim de Almeida sobre a "Amicizia Cris1iana" e a "Congrégation de Lyon". Re,

torno da secção "Ambientes, Costumes. Civilizações". Mais artigos históricos, sobretudo a respeilo do Brasil colonial e lmpério. Mais biografias de figuras da História da Igreja, no século XIX e XX". Da. Maria de Lourdes Ayres Moraes, Sorocaba (SP): "Sou assinante, há vários anos, des· se excelente, jornal, que vem cumprindo fielmente sua missão cristã católica. Cumprimento-o por todos os seus números, mas, hoje, os cumprimentos se destinam ao úllimo número que traz o júbilo da TFP pela

derrota. do marxismo, no Chile. Solidarizo-me com o jornal, com a TFP, e tenho a dizer que justamente a Sociedade e esse valoroso órgão de imprensa católica merecem especiais cumprimentos pela vitória de Deus, da Igreja, da civilização cristã no País irmão do Chile, pois quanto não fizeram para impedir a subida ao poder do comunismo, através de Allende .... Devem estar, agora, com a consciência tranqüila e muitos que Os criticaran1 devem estar vendo como tinham razão! Que o Divino Espírito Santo continue iluminando o trabalho apostólico que desempe· nham a que a Virgem Imaculada, que tanto veneram, a todos proteja e abençoe. Goslo muito do jornal, e procuro propagáJo''.


Ofensiva das esquerdas

,•

para a legalização do aborto ,V

A reação dos meios c~,tólicos oíiciais, que se esperaria ser a mais forte e decisiva, fôi

l

fraca, quando não indulgente. O jornal "La Croix" publicou um comentário sob o título: "Tem-se o direito de qualificar ~mpre o aborto de crime?" A revista ··Etudcs" distingue duas vidas no feto: a humaniza1ltc e a humana. Se

o feto só recebeu a primeira, pode ser abortado. No programa radiofônico dominical "O dia do Senhor", de 18 de fevereiro do ano passado, o médico católico Charticr afirmou que "não luí pecado no aborto". Entretanto, novo projeto permitindo essa

forma de infanticídio foi apresentado à Assembléia e aprovado pelos deputados da esquerda e muitos de outros partidos. O governo sancionou-o. ''L'Hon1mc Nouvcau'', um dos jornais fran• ccscs que m<1is combateram o projeto criminoso. comentou Que. durante a discussão da nova lei, os franceses mostravam-se cadrt vez mais anestesiados. "Há uma paraliJü, ,to julgmnento cx.prcssou o jornal - uma preguiça da ação e uma espécie tle política do avestruz, que, ,·omo se .mbe. é prelúdio de

grandes catástrofes". Segundo o mesmo órgão de imprensa. a Igreja. Câlou-sc, os partidários do aborto criaram uma situnção de fato e o

Propaganda do aborto nas vitrines européias (foto AFP para "Catolicismo").

A

CRISE MORAL e religiosa tem sido sempre a alavanca poderosa que aba-

la a estabilidàde política e econômica

das nações e acaba subvertendo a ordem social. Em 1973, a par da agressão sexual, chegou-se ao ápice de uma campanha em favor do aborto provocado, lançada pelos esquerdistas franceses e que, com a cumplicidade de algumas autoridades responsáveis, tomou corpo em vários países do mundo.

Permitido o aborto no França Em 1970, a "Associação Francesa pelo Aborto" elaborou um projeto de lei favorável ã prática criminosa, mas não teve sucesso no Legislativo. Em 1971, mais de trezentas mulheres declararam, cm manife.sto divulgado cm ioda a França, que já tinham recorrido ao aborto: não foram punidas. Em 1972, com o processo de Bobiguy, o problema ocupa as manchetes dos jornais e largos espaços de rádio e televisão. Estava formado o ambiente para se pedir a revogação da lei de 1920, que proibia o aborco.

público contrário teve medo de falar. Ainda segundo "L.Homme Nouvcau", foi criado cm Paris um centro gratuito de abortos, cujo forno crematório expele f umaça que pode ser vist.l da rua. Nos meios laicos, os dois protestos mais im• portantes que se registraram foram os manifestos da Associação dos Médicos da França e dos juristas franceses. No primeiro, os mé· dicos pronunciaram-se contra o liberalismo da nova lei. Os juristas, ainda durante a fase de discussão do projeto na Assembléia~ concitaram os parlarncntarcs a rcjcihlrCO'I a º(lutorização legal tie m"tar'' e expressaram a responsabilidade dos juristas de profissão perante "uma reforma legislativa conducente à imolação d e seres inoccutcs e sem defesa".

gat6ria a todo médico a prática da operação, ainda que c-0ntrariando a própria consciência. Noticiou.se que médicos norte~antericanos realizam, cm países da Europa setentrional, experiências de laboratório cm fetos humanos vivos. Nos Estados Unidos, o Beneditino D. Paul Marx asseverou que, em seu palS, somente em 1972, o aborto fez mais vítimas do que a guerra nos 197 anos de história "yaokee... Durante o ano, a opinião pública norte. americana acordou com relação ·a esse crime. Segundo o semanário "The Wanderer", de São Paulo de Minnesota, a Hierarquia Católica vem mantendo uma política de vaga solidariedade com as ·campanhas que começaram a se desenvolver contra o aborto e essa política está despertando protcs1os dos setores mais militantes. Na Califórnia foi constituído o Comité dos 1O milhões, que visa coletar esse número de assinaturas para pedir uma reforma da Constituição que proíba todas as formas de aborto provocado. O Deputado Hogan apresentou à Câmara dos Representantes um projeto de emenda constitucional no mesmo sentido. O Presidente da Comissão de Justiça engavetou-o. Imediatamente foi forniado cm San José, Califórnia, cidade de origem desse deputado, um comité para forçá-lo a dar andamento ao projeto. Foram feitas passeatas e comícios em várias cidades.

e enfermeiros protestaram contra um projeto favorável ao aborto na Alemanha Ocidental. Destacou também a atitude enérgica ~e !'1ons. Tcnhumbcrg, Bispo de Münster, que declarou preferir "cerrar 11ossos hospitais a tolerar uma lei contrária à moral''. Por ocasião da peregrinação a Telgte, membros da juventude comunista, que espalhavam volantes cm favor do aborto, foram cercados pelos peregrinos, que lhes arrebataram as folhas, ra.sgando. . as ao clamor de "aborto é as. . sassinato! (l vitlt, é tlorn de Deus!" Ulll belo exemplo de como um Bispo, pela palavra e pelo exemplo, pode incutir notável valentia

e

cm seus diocesanos, comentou Plinio Corrêa de Oliveira. O Presidente do Conselho Nacional da TFP também telegrafou ao Deputado Nina Ribeiro, da ARENA carioca, solidariz.ando-se com a emenda daquele parlamentar ao Código Penal, destinada a suprimir os casos cm que a legislação brasileira permite o aborto. Ao Presidente do Senado, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira também telegrafou em nome da TFP, pedindo ~ manutenção da emenda Nina Ribeiro. No programa "A S~mana cn, Foco", produção do Serviço de Imprensa da TFP transmitido por dezenas de r.ldios brasileiras, João Sampaio Neto comentou a onda universal de propagação do aborto, comparando-a à imolação das crianças ao deus Moloc, na antiga Cartago. As crianças abortadas - disse o comentarista - "jamais verão a natureza ba11/rada de ouro pelo~ raios do sol. ( . . . ) Não .sentirão os carinhos do amor materno, nem a prote~ão de unr pai. Para essas crianças foram fec/radas as portas da sabedoria e da ciência. Pior das perdas: 11ão co11/recerão as belezas do Céu, os A11jos, os Sa11tos, a Mãe de Deus e Virgem lmaculatla, obra prima do universo. /amai~ contemplarão Deus face ,a face".

No Brasil No Brasil, durante um c-0ngresso realizado cm Porto Alegre, o professor argentino Júlio Bernardo de Quirós, frisando ser católico, defendeu a necessidade do aborto para evitar o nascimento de excecionais. Em seu artigo semanal na "Folha de São Paulo", Plinio Corrêa de Oliveira destacou a importância da peregrinação a Telgte, na Alemanha, cm que oito mi1 Religiosos, médicos

Homero . Barradas

Repercussões em outros poises Da França, a discussão transbordou para o Exterior. Na )lália, o Partido Socialista apresentou projeto de Jibcrali1.ação do aborto. O Prof. Luigi Gcdda, Presidente do Comité Cívico NacionaI, afirniou que a propositura constituía "um ultrage à consdência dos católicos e 11ma ig116bil declaração de guerra contra as mais fracos vidas liuma110J''. O Conselho Permanente do Episcopado declarou que o projeto é "motivo de preocupação, de amargura e de do,'', Os médicos de Milão igualmente manifestaram-se contra a medida. No curso da discussão, acentuou-se que, cm 1972, o aumento natural da população italiana foi o mais baixo registrado nos últimos cinqüenta anos. A Dinamarca apressou-se cm aprovar projeto tornando livre o aborto nos três primeiros meses da gravidez e um grupo de deputados chegou ao extremo de procurar tornar obri-

~

.

Crise política e econom1ca

Crianças abortadas, de 18 a 24 semanas, numa cesta de lixo: resultado de uma manhã de trabalho de um hospital canadense (foto do "Catholic Standard", de Londres).

Jamais a situação política [do mundo) foi tão confusa; ninguém é capaz de definir quais slío os aliados e quais os inímigos'' - escreveu ao encerrar-se o ano o comentarista de um grande jornal parisiense. Em boa parte deveu-se isso à aproximação árabcsoviética, que a foto ilustra com o aperto de mão de ·Kossigin e Sadat, em outubro de I 973. Como conseqüência da guerra do Yon Klppur, "1974 vai encontrar a democracia representativa enfrentando pressões maiores do que em qualquer outra época, desde a grande crise de 29" - segundo a opinião de um influente jornal norte-americano. Em decorrência da guerra, o embargo petrolífero vai alterando profundamente a estrutura econômica d.a Europa e do Japão. Os Estados Unidos já se preparam para o raciona.mento e, na América do Sul, o Uruguai já tomou tricdid,a s nesse sentido. No Brasil, o General Araken de Oliveira chegou a infonnar que já estava pronto o decreto de racionamento da gasolina, faltando apenas ser assinado. Na Itália só há carne bovioa três vezes por semana. O comunismo está aproveitando essa situáção e a imprensa de Moscou já t.rombetcia "os êxitos do s~ma social soviético" em contraste com a decadência do "Ocidente capitalista" (.radiofoto AFP para "Catolicismo"). -

4

7


.A!OJLICISMO

TFP VENEZUELANA INFLUI DECISIVAMENTE NA DERROTA DA DC APÓS A DE.RROTA do candidato do COPEI (equivalente ao PDC), na Venezuela, e a eleição de Carlos Anclrés Pérez para a Presidência da República, o correspondente brasileiro J. Monserrat Filho escreveu à "Tribu· na da rmprcnsa'', do Rio: "A vit6ria de Ct1rlos A 11drés foi s/111(/(lda pela

"Sociedade V enezueltma ele Defesa tia Tradição, Fnmílla e Proprledade" com uma matéria paga e,n vários jornais, na qual declara e.ru,r "persuadida de que o fato de lwver aberto os olhos do eleitorado ve11e1.uel,mo

sobre a jogada que os esquerdistas iam /ater no /Hiís por trás <la corti,w da Democr11ci<l-Cristií, evitou ptu·a ,, nação li traiet6ria trágict1 e ó final sangrento. pelos <JtllliS passou recente-

mente o Chile''. Efetivamente, uma grave :.lmcaç!l. comunista pesava sobre a Venezuela. Graças cm larga medida à atuação da TFP, a maioria do e1citorado não votou no candidato do PDC, e este foi derrotado. Se não existisse lá a

TFP,

Vcnczue1.- ta1vcz. estivesse hoje, irreversivelmente, no trágico n1mo a

q ue conduziu o Chile às garras do comunismo.

Antes da ascensão do Presidente Caldcra, já havia sido largamente difundido no pais o livro "Frei, o Kerensky Chi leno", do qual repercussões muito signiíicati'.vas mostraram que

ele levou a opinião pública a se interrogar sobr~ a orientação política indefinida do governo e dos partidos. Quando se começou a falar da ÍU· tura eleição presidencial, a TFP ve.. nezuclana pediu .aos partidos, através de sua revisrn "Covadonga", que definissem sua orientação. Enquanto isso. cm março do ano findo, o Episcopado reuniu-se para nomear uma comissão encarregada de redigir uma Pastoral cujo objetivo seria derinir uma forma de socialismo aceitável pelos católicos. No dia 11 !lo mesmo mês, a TFP lançou o "RespeilOJ'O pedi<lo de escJa,.ecimento e de diálogo, jeito por um grupo tle jovens cat6licos a S. Excia. Revma. Mons. Consumtino Mnr<ulei Donato, Bispo ,le Barcelona, a propósito de suas tlec/araçõeJ· publicadll.f ,w im1>rcu.rn, sobre: a posiçiio d" Igrej,, /re11 1e ao socialismo nas próximas eJei. ções''. Foram distribuídos nas ruas 22 mil exemplares desse manifesto e S mil na Universidade Católica de Caracas. A TFP pedia n Mons. Marndci que explicasse exatamente no que consistia o propugnado socialismo aceitável pelos eat6licos. S. Excia. Revma., interrogado pelos jornais, respondeu que não iria polemizar com a TFP e que estranhava muito o fato de essa sociedade ter refutado a Pastoral antes de sua. publicação.

Surpreso, o g rande a rmo comunista Em agosto, q uando a campanha eleitoral já ia adiantada, a TFP Jan• çou o manifesto ''Surpresa, <l grcmcle arma da ofens;vn comrm;std', o qual mostrava q ue, nos países onde o comunismo estava avançando, isto se devia às entregas e traições inespe-

radas de certas cúpulas e não ao apoio popular, tal como sucedeu com Frei, que entregou o Chile a Allendc; com Lanussc, entregando a _A rgentina a Perón; com os dirigentes políticos uruguaios que, dcp0is da derrota dos tupamaros, se puseram a fazer as mesmas J'Cformas que estes queriam; com o governo conservador da Co· fômbia, que, de surpresa, radicalizou a reforma agrária socialista e con· fiscat6ria. Era posta, então, uma per· gunta: não se estãrfa preparando a). guma surJ>resa para favorecer a ascensão da esquerda na Venezuela? De toda a campanha eleitoral, esse rnanifesto foi o que teve major re· percussão. Quando a.s pessoas ouviam falar de tais riscos, logo se davam conta da gravidade da situação. De uma pequena cidade vizinha de Ca·

racas, quarenta pessoas enviaram uma carta pedindo para ent rar na TFP. Nesse interim, o Episco1>ado deu a lume a prometida Pastoral. Definindo.se contra o marxismo, sustentava que existe um socialismo bom e .1ceitávcl, embora reconhecesse que os comunistas estavam usando o termo "socialismo'' para infiltrar..se entre os católicos. No camp0 político, um deputado comunista declarou que vários Sacerdotes seriam incluídos como candidatos na lista do PC, e que esse partido contava com o apoio de outros eclesiásticos cm todo o pais.

Episcopado e comunistas emudecem Essas atitudes provocaram, por parte ela TFP, a publicação de dois manifestos simultâneos: "Ao Venerável Episcopado Nacional: Apelo da TFP - O socialismo e o Doc11111e11ro t/(l 1/usr,·e Assembléia Episcov(lf' e

V erdades esquec idas

*

primeiro documento congratulava-se com o Episcop:1do pela posição anticomunista que tomara, acrescentando um podido: que dcíinissc qual seria o socialismo aceitável. O segundo pe.. dia ao PC que publicasse uma lista de todos os Padres que lhe prestavam apoio em todo o país. Ambos os manifestos não obtiveram resposta ...

Aproximação com Cubo Em novembro ficou claro que Caldera queria restabelecer relações com Cuba. No d ia 29 foi publicada a "Carta abe1'1(1 da TFP ao Presitle11te Cal<lera", na qual se declarava que o reatamento de relações com Cuba seria um "golpe mortal J·obre as es.. pcrtmçm· ,Je liberu,ç,ío do glorioso e sofrido povo cubmu/' e se formula~ vam quatro perguntas incisivas ao Chefe de Estado (texto em outro local desta página). No mesmo dia, em sua entrevista seman:11 pela televisão, q uando interrogado sobre o que rcsp0nderia à TFP, o Presidente da República contestou o manifesto, d i1.endo que venezuelanos e cubanos eram "povos irmlios", e dando a entender q ue :1 Vcne:.:-.ucla reataria cfo· civnmcnte as relações com Cuba. O efeito dessas declarações sobre a opinião pública foi desfavorável, tendo a TFP recebido inúmeros telefonemas de apoio e apenas poucos contrários ,10 manifesto, o qual foi publicado JlOS seis principais jornais de Caracas, além de 12 mil exemplares dis.. tribuídos cm campanha de rua. Os carros de propaganda comunista puseram ..se, então, a atacar diretamente a TFI' pelos alto-falantes. A essa altura, a entidade estampou nos mesmos jornais de Caracas a "/11terpel(lção d(l TFP ao cmuiidaro tio COPEI. - O .tilêncio e(Juiwdeda a ,mw confissão'\ no qual aconselhava vivamente a esse candidato que esclarecesse o público sobre as promessas de apoio que vinha recebendo de vários setores da esquerda. E m duas entrevistas diferentes na televisão, foi-lhe persuntado como responderia à interpelação ela TFP. As respostas foram vagas. Novamente a TFP rc.. ccbcu numerosos telefonemas de apoio, e teria recebido muitos mais, se não fosse um misterioso corte do seu telefone .. .

Eficiência e pre stígio

Chegadas as eleições, o resultado "A o Pál'tido Comunista Y c11e1.uelt1· foi que venceu Carlos Andrés Pérez, 110: - Aveio tfo TFP - Há Sacer- com 46% dos votos. O candidato da dotes comu11i.rt,1s m1 Venezuela'!'' O Democracia-Cristã obteve- 37%, com uma diferença, em relação ao primeiro, de 400 mil votos. Todas as extremas esquerdas rcunidáS obtiveram menos de 12% ... Por fim, a SO<:icdadc Venezuelana de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade publicou um comunicado 'Rll.1 <tgt'L~:FJ}t'Â., agradecendo as manifestações de ' apoio q ue recebera, (elicitando o clcilorado por sua lucidez e pedindo ao novo Presidente que reconhecesse o sentido anticomunista do pronunciamento das urnas. Comenta.n do o feito da TFP venezuelana, o Prof. PJinio Corrêa de Oliveira, em artigo na imprensa diá .. ria de São Paulo, destacou o "afro grau de c/iciêm:ia e prestígio alem,. çado por wmi sociedade ainda nova, como a 1'FP ve11e1.uelona" e mostrou , que grande parte da diferença. de votos pela qual o COPEI foi derrotado use deveu à oçiio lúcida, atilada e co.. rajosa ,ie nossa CO•irmã venezuelana. R ecuou desse modo na V enez.ue/a a

Oherege é ovelha na lã, raposa nas entranhas e I obo nas obras Oa ··Nova Floresta'':

N

EM SE ENGANE alguém com as especiosas aparêncfos dt:stes h~m.ens (os hc~egcsJ. qu.ando mostram nas igrejas maior modest,a que mwtos c1116hcos, ou se por1<111J libertlis e tl/áveis, 011 '!fetam erudição e letrtis. Porque destas primeiramente têm , quando mmto, :r6 1,s u<iturais, juntas com tal m·,·ogc1ncia e /11s10, que com ,Jois ~ledos ~le. cl?qii.ência latina ou grega presumem assoberbar a Sagr<Ula Teolog,a e mterprelar Divinas Escrituras. Mas, se alguén, o.r p,o.. voca a desafio. ou metem 1tulo a gritaria e descompostura, ou não acodem, como desavergouluulos, sobre covardes e ignorantes. Isto experimenlóu várias veieJ· o nosso Siío Francisco de Sales nos países tio C/wbfoix. é de virtudel', impossível é terem as verdadeirt,s e sólidas. /alttuulo-lhes a fé, /wulameuto tle todas e princípio 1tle agradar " Deus, Auto,· tlclas. Só lhes Jic"ram algumas ct1scas~ que eles guardam com sunw hipocrisia. e que os demônlos, que J·,ío os seus µ"retiros, ou /amilitln•s e assesJ'ores (como sentem os Santos Pfltlres), lhes ~,ão impugnam, ou por niio espttnltu· a caça, que está segura 110 laço "" con· tlenação, ou porque ser"e wmbém ao seu i111e11/o, de pegar o contágio aos bon.r, que cuitlam que ele.s também o s,io. Porque, como tUsse S<io Bernardo~ t0tlo o lu•rcge é ovelha m, hi, r<1posa ll(IJ' enrrmrhoJ', lobo nas obras: ''flaeretici oves semi Jwbitu, ostu ,vulpes, llctu et crudelitate lupi". Querem parecer mas não ser bons, e querem ser mas não parecer maus, porq,u.r o parecer bons lhes serve tle que os não te· nh"mO,\" a eles sÓ.f por ,naus. e de tJUe sejam piores, sendo maus, não ,\·6 p,,,.,i si, .re,uio parll quem J'e //reJ' chega, tendo-os por bons. - ['1 Nova F loresta", Livraria Chardron, de Lcllo & Irmão, Porto, 1911 , 5.ó tomo, pp. 175-176].

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PADRE MANOEL BERNARDES

-

PE~~U;JY/lfAS » i X~P W@ P,piJS-EN/J!i!J ji4 Et ·

DC e (ltrás dela o PC''.

.. NO PATIO DO COLltGIO, junto ao monumento da fundação da c idade de São Paulo, manifestação cívica da TFP cm homenagem às vítimas do comunismo, presentes autoridades, delegações das colônias das nações subjugadas pela tirania vermelha, spcios e militantes d,L TFP de várias cidades brasileiras, bc1n como representantes das TFPs da Argentina, Chile, Colômbia, Equador e Estados Unidos. E mb aixo: Aspectos da conferência do Encarregado de Negócios do Vietnã do Sul, no auditório do Othon Palace Hotel, em São Paulo (pág. 5).


1 '

ll 01UTOR:

Josá

CA~tos CASTILHO 02

ANoR.Aoa

ENQUANTO AS ESQUERD,1S erguern seu clamor contr<i p retensas clwci,uts e,n Moça,nbique, e a ONU nega a Lisboa o di, reito de representar szias províncias d<i África, Portu.gal prossegue ali sua ação ,nissionária e civüizadora, nu,n J)erfeit.o en· teng,i,nento e cooJ)eração entre brancos e negros. página 5 •

Igreja e residência da Missão de Boroma, em Moçambique, fundada pelos Jesuítas no século passado. O então Governador Geral de Angola cumprimenta régulos do D istrito de Uíge, que vestem o uniforme próprio dos chefes nativos. Embaixo: Jovens angolanas em traj e t ípico.

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N.º

2 7 8

FE V EREI RO

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ANO

XX I V Cr$ 2,00


TEMERÁRIO

JUÍZ-0

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Nas edíções de 19 de outubro, 26 de outubro e 2 de novembro de 1941, o "Lcgíonário" publicou uma ~rie de três artigos intítulad06 "J uízo temerário", de autoria de Plínio Corrêa de Oliveira. Diversos leitores nos têm sugerido que reproduzamos cnt nossas colunas

~

nos perigoso para o laicato católico do que o médico que despreza~ sistcrnaticamcnte o em·

prego dos processos cirúrgicos.

e ventualmente ser injustas.

ar·

ligos, os quais conservam toda a sua atualidade. Temos o prazer de atender hoje a essas sugestões:

Ao formar a respeito do próximo nossas impressões, nossas suspeita~ e nossas ccrtc-.ta.s,

Não foi outra a razão pela qual Nosso !Se· nhor, além de recomendar a amputação dos membros gangrenados de qualquer sociedade humana, falou de modo ,todo particular contra

M ARTIGOS anteriores temos mostrado a ação nociva do liberalismo religioso, que timbra cn\ dcfowar nos católicos as virtudes mais adequadas à luta e ao combate ·criando assim o tipo ridículo do

E

"carola" in~fcnsivo e inepto, que o próprio liberalismo é o primeiro a estigmatizar, .3fi~man•

do que a Jgtcja não é capaz de-produzir figuras diversas desta. Se o liberalismo se empenhou particularmente em iludir as. massas católicas a respeito da

virtude da fortale1.a, é ccrlo que outra virtude, a da perspicácia, também _tem sido muito com· batida pela propaganda hbcral . Muitos cat_ólicos se (erão por certo espantado quando afirmamos que o Evangelho de Nosso Senhor J~sus Cristo é uma inigualável escola de energia e heroísmo ,no sentido mais belicoso da palavra . Sua surpresa não será menor se lhes dissermos hoje que o Evangelho é uma inigualável esc~h

de perspicácia, e que Nosso Scnho_r Jesus Cristo incullou reiteradamente esta ·virtude.

••• O que vem a ser perspicácia? Ê a virtude

pela qual nosso olhar, transpondo as aparências enganosas apresentadas pel~s pessoas_ com que lidamos, pcnc,tra até a realidade mais recôndita de sua mentalidade. Assim, d iz-se de uma autoridade cclesiásti~'l ou civil que é perspicaz se, através da prolixidade dos conselhos e informações que recebe, sabe disce!,!'ir -a verdade do erro, adotando cm conscqüencia uma linha de condtlta conforme aos interesses que

tem em jl'lâos. Dentro da mesma ordem de idéias pode-se dizer que é perspicaz. um médi~o que saôc discernir a existência de uma molésua

através dos mais ligeiros indícios. E no mesmo sentido ainda se chamaria perspicaz o policial que sabe interpretar as circunstâncias aparcn· temenlc mais insigniíicantes, delas deduzindo com segurança qual foi o autor de um crim~. Oi íícil seria imaginar uma profissão ou condi-

os falsos profetas e os lobos dis(arçados cm ovelhas. Qual a virtude que nos (az evilar os aventureiros arvorados em profetas, senão â perspicácia? Qual a virtude que nos leva a repelir o lobo metido na pele da ovelha, senão a perspicácia? E o que de mais triste do que, por falta de ,perspicácia, seguir falsos profetas ou abrir o aprisco às falsas ovelhas? Por isto ·mesmo Nosso Senhor não Se limitou a pregar a perspicácia, ma.s deu dela exemplos insignes e memoráveis. Assim, quando o Divino Mestre denunciava os fariseus, o que fazia se-

seria talvez impossível remediar. O homem

advogados, n,ilitarcs, industriais, comerciantes, banqueiros, jornalistas, etc., etc.. não podem exercer convenientemente suas (unções, nem poupar aos interesses que têm em mãos os mais graves sacrifícios, se ,não (orem nwnidos de uma perspicácia hoje mais necc.ssária do que nunca. A este respeito queremos insistir muito e,s...

pecialmentc: todo mundo 1cm cm certas circunstâncias o direito de arcar com prejuízos que afetam seus interesses individuais. N inguém, cntre1anto, tem o direito de expor os interesses de terceiros. Haverá situação mais ri-

dícula do que a de alguém que declare romanticamcntc haver comprometido os interesses de

terceiros que lhe estavam confiados, porque "foi bom demais e confiou excessivamente na bondade alheia". "Bom demais"? S realmente ser ''bom demais" sacrificar ao :unor próprio de uma meia dúzia de aventureiros os interes-

ses sagrados confiados à pessoa que assim procura inocentar-se? Quem não percebe que essa

"bondade'" fora de propósito redundou cm uma injustiç., cruel para com os terceiros prejudicados no caso? Apliquemos na ordem concreta dos fatos esses conceitos. Um apóstolo leigo que, por "excessiva bondade'' tolera cm algun,a t)S$0Cia· ção membros gangrenados nos quais confia

infundadamente. e que ocasionam a perda de todos os out ros, não 6 unt traidor que sacrifica cruelmente os clcmcnfos sãos e inocentes aos elementos culpados? ''Se 1eu p6 te escandaliza, corta-o . Se teu

guém -

de um violador de 1ratados e concor-

datas, ·por exemplo -

que é um sepulcro caia-

do, quem nâo afirmaria que além de faltarmos com a caridade estaríamos cometendo um juízo temerário?

Em torno deste capítulo dos juízos temerários quanra teologia de água doce não se tem feito? !, precisamente ,para desfazer um pouco do ridículo romantismo cdulcorado e pietista, que

cm torno ela questão do juízo temerário se tem formado, que escreveremos nosso próximo

artigo.

qualquer tribuna) humano. Isto -posto, é no interesse da própria justiça que se deve o hoque, falível co,no tudo que 6 humano, de quanEste princípio pode ser perfeitamente apli- · cado ao assunto de que ,tratamos neste ar'tigo. Qualquer individuo que, de medo de formar suspeitas infw,dadas a respeito dos outros, mantivesse seu jufao perpetuamente cm suspenso, causaria males certamente maiores do que os que decorreriam de um uso criterioso ele suas luzes naturais. Demonstramo-lo no último artigo. O pai que tivesse receio de formar juízo temerário acerca de seus filhos, ,procurando obsetvá-los e discernir neles os primeiros sintomas de alguma crise moral, prejudicaria muito e muito mais seus filhos com isto, do que se, involuntarian\cnte, fizesse algun1 dia

li

RANDE NúMERO de incompreensões a respeito do assunto provém de uma análise superficial da palavra ..juízo"'. Muitas são as pessoas que receiam fazer uma suspeita desfavorável a terceiros, ,por· que. caso a suspeita não seja comprovada ul-

G

tcrio rn1entc, terão cometido ,u m juízo temerá·

rio. Mas uma suspeita poderá ser considerada julzo? .

não constitui um juízo, e, assinl, quem

suspe:1·

ta de outrem não pode, propriamente, formar um juízo temerário, e isto pela simplicíssima razão de que não chegou a estabelecer julzo algum. Com efeito, a suspeita é uma hipótese que formulamos a respeito de uma pessoa. E a hipótese evidentemente não é uma certeza. Assim, ainda que tenhamos feito sobre ,u ma pessoa uma suspeita infundada, -n ão teremos com isto cometido um juízo temerário.

•• • Quer isto dizer que podemos arbitrariamente suspátar do próx.imo? Evidentemente não. O que se requer neste assunto é simplesmente um uso correto das leis da lógica. Com efeito, há ,pessoas que tomam às vezes atitudes que, cm sã lógica, suscitan1 uma legítima suspeita.

E, neste caso, suspeitar não pode constituir pecaôo. Com efeito, se pelo emprego correto das luzes naturais que Deus nos deu, chegamos a formular um:, hipótese plausível, ,poderá haver pecado cm que demos acolhida a essa hipótese? Evidentemente não. Em que caso, então, -ul'na suspe.ita pode ser

pecaminosa? Quando se basear cm elementos logicamente insuficientes para tal. Ou, cm ou· tros termos, quando com elementos insuficicn1cs para formular uma ~uspcita, nós entretanto

a formulamos, quer por leviandade, quer por má vontade, quer por qualquer outro defeito. Trata-se aí, evidentemente, de um, mau empre-

go das regras da lógica, e, implicitamente. de uma injustiça censurável.

••• Quer isto dizer que devemos evitar qualquer suspeita , de medo de errar? Também não. Seria tão estulto quanto se

deixás_semos de andar, de medo <le escorregar e quebrar a espinha; deixássemos de respirar,

de medo de ingerir micróbios; deixássemos de

olho te esc,mdalita, arranca-o". -e esta a máxima do Evangelho. Mas quanta perspicácia é necessária para perceber a p remência de certas amputações! E no entanto o apóstolo leigo que

co.mer, de medo de assimilar alimentos nocivos à ,saúde.

não sabe d iscernir a oportu1lidade deslcs cortes dolorosos. ou não sabe apreciar a utilidade de tais ainpuiaçõe.s, não é menos inepto ~em me-

fundado. Mas se dai se devesse deduzir que jamais clevc~os formular contra o próximo um

2

lugar a injustiças e crimes mil vezes mais numerosos e mais lamentáveis do que uma ou outra injustiça inevitável no funcionamento de

do em vez sacrifica involuntariamente algum inocente.

teza a respeito desse alguém . Uma suspcit_a

de Estado não pode deixar de distinguir por entre as múltiplas manifestações de amizade que seu alto cargo suscita, os amis,os sinceros dos insinceros: todo o êxito de sua carreira política está condicionado a csra aptidão. Os

Por que motivo o receio de julgamentos errados -não pode servir de fundamento para que se pleiteie a abolição <(os tribUJlais? A razão é evidente. A supressão dos tribunais daria

desmascarando aqueles sepulcros caiados, ,brancos por fora e -por dentro; cheios de podridão? E cnr retanto. se o "'Legionário" dissesse de al-

ao homem os 1nais inestimáveis recursos pa,ra

filhos, os mais ligeiros sintomas das crises que se esboç.~m. a finl de ,prevenir o que de futuro

• ••

mem conformar comi um regime judiciário

ção social cn\ que a perspicácia não forneocssc

precisa discernir cm seus alunos, diri~idos ou

usemos sempre de caulcla, a que normalmente somos obrigados cm questões importantes. Isto posto. estejamos com a consciência tranqüila: não estaremos pecando.

não estimular a perspicácia de seus ouvintes,

Para decidir a questão, basta recorrermos as noções correntes. O jufao, ou sentença, implica cm urna afirmação. Só fazemos um juízo acerca de alguém quando chegamos a uma cer-

o cumprimento de seus deveres. O pai de família, o professor, o diretor de consciências

riamos se quiséssemos promover a abolição de todos os tribunais e toda~ as pena., porque os tribunais se podem enganar e as penas podem

Todos nós sabemos que o homem é falível, e que portanto pode, ainda que contra -a sua vontade, fazer iuma suspeita ou µm jufao injuízo ou uma suspeita, erraríamos, como erra-

uma suspeita infundada, que a falibilidade humana sempre pode deixar passar. Um chefe de cmprcs.1 econômica que deixasse de dar a devida atenção a perigosos indícios de desonestidade de seus sócios ou empregados, por medo de. fazer uma suspeita temecária, estaria agindo de modo sumamente incorrcto. Um politico. um diplomata, um professor, ,um advogado, unt diretor de consciências, um apóstolo leigo,

que deixassem de dar o devido valor aos indícios desfavoráveis que, pudessem -notar nas pessoas com quem tratam, seriam certamente muito mais ,perigosos cn\ detcrn,inadas circuns-

tâncias, do que inimigos declarados da Religião, da família, dos interesses dos clientes, dos alunos, etc., etc.

A este respeito não me, eosso furtar de narrar uma interessante reflexão do saudoso e grande D. Duarte. Disse-me certa vez -aquele santo e imortal Prelado que "'preferia lido, com um canalha do que ccnn um burro" -

con-

servo textualmente a expressão. E acrescentava: "Um canalha inteligente, se jogarmos com ele com inteligência, poderd por n6s ser redrt• titio li inocuidade; mas uno burro_, que dá coices a torto e a. dlrcito, o que ,u1o se poderá recear

dele?" Quem não vê o pleno cabimento desta reflexão do grande e santo Bispo?

guém da perfídia do ,próximo. Mas haverá generosidade em fechar os olhos à evidência, para não senlir essa dor? Ah, como os Santos abriram e até escancararam os olhos a essas dolorosas evidências! Como lhes cortava o coração ver a malícia, a ingra!idão, a perfídia, a lascívia dos homens! Quantos juízos encontramos. nas obras dos Santos, juízos severíssimos e tremendos, não só a respeito de um ou outro individuo nominalmente considerado, mas ainda a respeito de cidades, povos e paises inteiros! Os Santos se doiam mais do que ninguém, dessa realidade. Mas em vez de lhe fcchar estupidamente os olhos, abriam pelo contrário os olhos para as misérias da <erra e o coração para o Céu, cm magnífiços atos de reparação e desagravo a Deus. Como está longe da conduta dos Santos ccrlo romantismo piegas com que tantas vezes nos defrontamos na vida! E como dói ver que essa estupidez romântica vem pregada cm nome de Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Quando Nosso Senhor chamou os fariseus de sepulcros caiados, o que !ez senão un\ julzo? E quando aconselhou que tomássemos cuidado com os falsos profetas e os lobos mclidos cm pele de ovelha, o que fez senão inipor-nos a suspeita como importantíssimo meio para a nossa salvação?

Uma vitima da Revolução Francesa, passando ,por sob a estátua da liberdade, teve a exclamação famosa : "ó liberdade, quantos cri· mes se cometeram. cm, teu nome''. Con\ qua.n 4

to direito podetiamos dizer por nossa vez: "ó carfrlade, quanta sandice e quanto crime em teu nome se te111 praticado".

••• Mas sobretudo o que importa notar é que um observador sagaz não se improvisa. Que espécie de autoridade será quem esteve de tapa-olhos ininterruptamente, durante todo o tempo cm que foi súdilo? Não é ,porventura quando se é súdito, que se deve adquirir as qualidades de um chefe? A tal ponlo é isto verdade, que todos os exércitos e todas as engrenagens das empresas c.omerciais, etc .. têm sua linha fixa de promoções. Não valerá isto para nós? Ingênuos como c rianças de berço até o dia cm que nos cai sobre os ombros uma função de responsabilidade, o que faremos quando depender de nós a delesa dos mais importantes interesses espfrituai-s ou temporais,

conrra os lobo& disfarçados na pele da ovelha? Decididamcnle, renunciemos a Ioda esta pieRuicc. Ela só serve para -prejudicar a Igreja, dando a entender que a dcscdção que seus adv..('rsários fazem do "carola", tipo imbecil de um sent imentalismo romântico e estúpido,

é pcoduro genuíno de seu espírito. Sursum corda. Corações ao alto. Pieguismo não é -bondade. Estupidez não é generosidade. Inocentes como as pombas, nein por isto deixemos de · ser astutos como as serpentes. e Nosso Senhor que, cm termos expressos, nô-lo impõe. Queremos porventura ser melhores do que Ele?

Ili

••

Chegamos ao âmago de nosso üsstmto. Andam erradamente, e muito erradamente, os que

dizem que não querem formar juízos ou suspeitas sobre os· outros, porque a tal não têm direito. Dis<ingo. :e inconveniente que andemos a fiscalizar as pessoas cuja condu!a não se encontra sob o raio de nossa autoridade. Mas que sejamos obrigados a não (orn1ar impressões sobre aquilo que -natural mente nos salta aos olhos, na vida de todo dia, quem ousará sustentá-lo? Quem não percebe que se trata aí de um processo de imbccilização, que acaba por ferir os próprios princípios de Fé e de moral? Com efeito, um homem de caráter firme e varonil sente ,u ma dissonância int~rior

cada vez que nota que, em torno de si, as coisas se passam de modo conrrário à glória de Deus, à exaltação da Santa Igreja, e à doulrina católica. Deixar de formar jufzo sobre o que é evidenre. deixar de ouvir o clamor dos indícios veementes, ou é imbecilidade ou fraqueza de princípios. Não há por onde escapar. Assim, formar juízos e -formar suspeitas, quando isto é dirigido pelas virtudes cardeais, e não se orienta pela -ação de qualquer inclinação viciosa, é virtude e alta virtude. E deixar

de formar juízo ou suspeita quando o caso se apresenta, pode ser defeito, e grave defeito.

• • • Liricamcntc, muita .gente costuma sustentar que "isto coJnpetc à autoridade, e que, como

não tenho autoridade, posso dispensar-me dessa tarefa ingrata". E muito tolo comentará de si para si: "que coração .generoso é esse. Como lhe dói ver a maldade do ,próximo". Certamente, há muira generosidade cm doer-se al-

E

MEU ÚLTIMO artigo, mostrei que não pode haver confusão mais grosseira do que a de cerlas pessoas M

qt1e idcntificaai os conceitos de juízo temerário e suspeita. E videntemente, uma suspeita, pelo

próprio fato de não ser ,uma certeza, envolve uma forte possibilidade de erro. Nen1 por isto, qualquer suspeita fundada cm indícios seguros deve ser considerada temerária. Desde que não lenha havido desproporção entre os indícios e a suspeita, nenhuma temeridade terá existido. Formular uma suspeita razoável será, assim , um mal? Não. Pelo · contrário,. pode implicar em grave vio lação dos ,mais ek:mentorcs deve-

res o não formulá-la. Demonstrado isto cm meu ultimo arligo, pas~arci agora, dentro do mesmo assunto, a

outra ordem de considcraçi5es.

••• Analisemos a ,p alavra temtr&rio. Que significa ela? Imprudente, inco nsiderado.

Assim, qualquer juízo só será temerário se inconsideradamente formado, islo é, se íom,ado sem aquela .madura análise que deve preceder todos os nossos julgamentos. Entretanto, de ,nenhum modo se deve daí inferir que, quando erramos em nosso juízo sobre alguém, agimos sempre temerariamente. O homcn\ é falível, e as circunslâncias muitas vezes o enganam. Por isto, sempre que se tiver agido com cautela, pode a consciência ficar plenamente ,tranqüila.

• * • !, curioso notar que nen\ todo juízo temerário é neccssariamen!e desfavorável. Se é tceoxcL1.11 x.-. ,-.<<1110 , 6


Plinio Corrêa de Oliveira

O que é a modernidade

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QUE e SER moderno? Gos1aria que alguém mo definisse. Pois a confusão a respeito vai crescendo, à medida que a "modernidade" vai engendrando, com (renesi também crescente, paradoxos e contradições. Por exemplo, adotar a filosofia cslruturalista é, de alguns pontos de vista, pôr-se na crista da onda da modernidade. Ora, o estruturalismo - com o celebérrimo Lcvi-Strauss à frente preconiza, com toda a seriedade, como solução para os problemas de hoje, a volta a formas culturais e sociais do período pré-ncolílico. Mas se isto é ser moderno, cnlãO o conceito mais recente - e portanto mais "moderno" - de modernidade consiste em retroceder e não em avançar. B é moderno o homem que volta as costas ao progresso, e caminha com passo resolu10 para a Pré-História. Neste caso, é incompreensível porque um "sapo", contente coirl todas as extravagâncias engendradas pelo mundo de hoje, se julgue obrigado a declamar contra a tradição, e mais especialmente contra a que nos vem da Idade Média, para sen1ir-se genuinamente moderno. Pois se o rumo da modernidade é a volta ao mais remoto passado, o amor à tradição e ao passado scrian1 índices de modernidade. E esse re1rocesso à Idade da Pedra Lascada teria de passar evolutivamente pela Idade Média. Peço a algum leitor "moderno", que vitupera a TFP por seu pretenso caráter "medievalista", que me diga no que está errado este raciocínio. Por certo, nós da TFP admiramos os valores perenes que - mais do que em qualquer outra época histórica - floresceram na civilização medieval. O que não importa em pleitear a restauração do que ela leve de contingente e passageiro. Que 11111 le itor "moderno" de uns cinco anos atrás nos censurasse por islo, era compreensível: também o erro tem sua lógica. O que porém não é compreensível é que o ''homem moderno" de hoje aclame como suj>crinodcrnos os restauradores da Pré-História, e acuse de antiquados os que desejam conservar e desenvolver as tradições perenes que herdamos do passado e especialmente da Idade Média.

••• Essas reflexões me ocorreram a propósito de um recorte do "Jornal do· Brasil", já um pouco velho (mas o que é "velho", dentro destas perspectivas dcsnortcan1es?). Data ele de 9 de outubro passado. Transcrevo-o: "Aceitam o culto do Rei co,,. e11tusiasmo e fervor, lnesmo e11, suas vidas cotidianas. O respeito Uas pessoas pelas instituições é absoluto. São

como garotos, capazes de realizar qualquer coisa que o governe ordene [ ... ]. Cantam e dança,n en• home11age11r ao 11ronarca" . .. Pergunto se a sociedade assim descrita segue um figurino antigo ou moderno. Os leitores mais ciosos de sua modernidade darão urna gargalhada. - 1, claro - exclamarão - que se trata de um figurino arcaico. Perfeitamente medieval. De minha parte, acho que só com restrições essa descrição .p oderia ser encaixada num panora1110 geral da Idade Média. - Mas esse leitor, que por certo reputará moderno o comunismo, o que me responderá se eu lhe disser que esse figurino é precisamente o do comunismo? E logo da variante comunista que muitos reputam mais moderna, isto é, a chinesa.

... * Entretanto, é esta a realidade. Substitua o

leitor o nome ºMao" à palavra "Rei''. que ali introduzi para efeito de testagem, e terá diante de si uma descrição entusiasmada da sociedade chinesa atual, feita num filme de Antonioni - "A China" - projetado nos cinemas de Pi,ris. - Então, leitor moderno, o que entende por " homem moderno"? No que consiste a "modernidade"?

Tanques vazios, • cabeças vazias OLTIMO DIA 23 teve uma importância não pequena na história da publicidade brasileira. Foi um "aniversário" - aniversário de um mês! - da divulgação de uma das notícias mais espantosas destes espantosos tempos. E ainda mais espantoso é o que a essa .publicação se sucedeu. Ou seja, não lhe sucedeu nada. Explico-me.

••• Precisamente a 23 de dezembro informava a "Folha de São Paulo" que, para a importanle revista britânica "The Economist", a crise do petróleo não passa de un1 intenso "blurr·. A falta do indispensável líquido, que se vem fazendo sentir cm tantos países, e sujeita todo o Ocidente a uma pressão nei:vosa que raia pelo trágico, não teria origem no rei Faiçal e nos demais príncipes árabes. Estes fizeram uma ameaça ao Ocidente, com o desejo de auferir vantagens no campo ,político. Ao mesmo tempo, porém, empenhados e"' não desorganizar a economia mundial, teria.m continuado a . efetuar normalmente os costumeiros fornecimentos do petróleo. Perguntará então o leitor como se explica a carência deste. "The Economist" menciona nµ-

merosos e impressionantes fatos que induzem a crer que as companhias comerciais responsáveis pela distribuição do produto no Ocidente resolveram estabelecer arbitrariamente o racio- , · narnento do petróleo, a fim de lhe aumentar o , preço. Cabe-lhes então - e não ao rei Faiçal, aos emires e chciks a responsabilidade pela . grande tragédia. A crise do petróleo existe, sim. Mas as companhias petrolíferas, verdadeiras responsáveis,. bluffam ao fazer constar que cabe aos soberanos árabes a autoria desse terrível golpe contra o Ocidente. $

Tal notícia, a ser inteiramente comprovada, é de uma importância mai.o r - pelo menos de certo ponto de vista - do que a própria crise . do petróleo. Ela induz a crer que supercapitais levnrnm sua ganância e seu poderio a ponto de desencadear uma crise em todo o Ocidente, sem que o g!·osso da opinião pública fosse alertado , a respeito. Assim, televisões, rádios, jornais, púlpitos, tribunas e cátedras deveriam estar reclamando, à urna, o cabal e minucioso esclarecimento do espantoso problema, para pressionar em seguida as companhias petrolíferas, q ue se escondem atrás dos príncipes do petróleo - ou os príncipes, que se escondem atrás . das companhias. Seria o melhor m·odo de fa- ' zer cessar a chantage petrolífera. Contudo, nada disso se passou. Gemem uns povos na · perspectiva do que lhes vai acontecer, e outros na dura realidade do que já lhes sucede. Porém, poucas são as vozes que se erguc1n .p ara esclarecer e resolver a dramáticà situação. Ora, este silêncio quase inteiro não se explica pela falta de informação. "The Economist" tem uma considerável irradiação. Normalmente, as graves suspeitas levantadas pelo órgão não poderiam deixar de despertar, em larguíssima escala, nos círculos políticos e econômicos, suspeitas, paixões, investigações, críticas e réplicas. A partir disto, a grande imprensa. não poderia omitir de dar larga divulgação ao proble1na. Faiçal, os emires, os cheiks e as companhias deveriam ler saído a público esclarecendo a situação. E, ou a crise cessaria, ou pelo menos os genuínos responsáveis ficariam identificados. Mas nada disto ocorreu. - Por que esse alheamento da opinião púb)iÇ,(I..J!)l!/ld.ial? pa_rí!• .r~s.wndcr, olhemos em torno de nós. A "Folha de São Paulo" - um dos jornais de maior tiragem do Brasil - consagrou ao assunto, no dia 23 de dezembro, uma notícia de considerável tamanho, en1 que vinham perfcilamente condensadas e fundam:entadas as suspeitas do órgão britânico. Também cogitou do caso um ou outro jornal. Isto deveria ter bastado para pôr fogo ao assunto, não só nas rodas relativamente circunscritas dos políticos e especialistas, mas nas que formam Ioda a massa da população. Ora, a tal não se chegou. Tentos assim, diante de nós, uma amostra do que se deu cm escala mundial. Este mês de senti-silêncio sobre o fato indica uma crise mais alarmanle que a do petróleo. Pois me assusta mais vet a a tonia, a abulia, o vazio das cabeças desnotteadas pelo caos contemporâneo, do que o vazio dos reservatórios de gasolina. E neste sent ido é que o dia 23 de janeiro marcou um

triste ' aniver~ário,,. 1

3


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r

• 1973 ANO XXIII INDICES DOS NUMEROS 265 A 276

OS ALGARISMOS INDICAM O NúMERO DO JORNAL. ORAÇÕES; 30 D -

[ORJ -

DOS

Í N DICE

(Ver também : ERROS 6. 01$$VIOS 00 MUNDO MO-

OERNO) A t611ica tle toda uma vida: 269

Um Bispo conhecido e admirado 269

110

,mmdo todo:

Artmfo intrépido ,la vcf(/t1dt: t:at6/ica. em meio à uptocc/la tenebrarum'' contcmpord11ea: 269

O btasiio cio Sr. Bispo c:i:prime u,do um progrt,ma de vida: 269 As solenes celebrações ,lo jubileu: 269 ºEm De/l!sa 1/11 Ação Cat6lica' ', uma obra provitlcucinl / Há trinta anos vi,ilu, a lume o li· vro de Plitúo Corr2a de 0/iv~it'a - Cunha Alvarenga: 270

Patu e~ itar (IS prescriç,ics ela História - Eloi de Magalhães Taveiro: 270 Campos cclebr,, ()j' vinte e cinco ,mos de episcdpado tlt .reu insigne Pastor I Singular brilho 1

e so/enidtule nas festas jubilarc,t: 210 110 jubileu

de D. Mayer a Imagem

mil<1grosa: 270 Oraçiío cio Sr. Bispo 1/Cl 1/cspetlida da lnu(gem: 270 Um mila1:re da fé. na Rlfssit, \1ermelha: 27 l

TEMAS DE ESPIRITUALIDADE E DOUTRINA CAT6LICA

As11cctQS esquecidos da f;gura tle Stmta Tertsir1lta do Menino Jesus e da Sagrada Face - Caio Vidigal Xavier da Silveira: 265 "Ê minhc, ,·011rade que se le~•cmte aqui um tem. t>lo em mi/lha !toura . . . ": 268 Oraçiio tio Sr. Bispo na ,tespeclidt1 da Imagem: 270

ERROS E DESVIOS NO MUNDO MODERNO (Ver oambém: o COMUNISMO NO BRASIL e

NO

MUNOO)

Os FMnciscm,os 1/i~·postos 11 colaborar com os marxistas? - Cunha Alvarenga: 265 D. Mayer toma posição ante os apflmso.t e críticm· .ruscitados por .t ua Posrorál: 266 "Lc Sitlo,r", Cursilhos e subrersiio -

D. Antonio

de Caslro Mayer. Bispo Diocesano: 266 Na própria E.spanlta, os Cursill,ol' .riío t:tiso Plinio Corrêa de Oliveira: 266 Mtmi/<'sto da TFJ> chilena: 261 TFP cltileua: Clero, 11 t;rtuulc csp<-Hmfil tlc A/. temi<:: 267

DO S

ÍNDI CE

"VERDADES ESQUECIDAS" OU"VIRTUDES ESQUECIDAS".

VE -

(Plí-

TFI' presw l,omenagem à m emória de clirct<>r-: 266

"CATOLICISMO"

Reflexões a propósito dos noventa anos de lacque$ Marilai11 - Cunha Alvarenga: 267 Ainda a propósilo do manifesto da TFP t:l1ife.. 11n [Plinio Corrêa de Oliveira]: 268 No títrio da Dasflica de Guadalupe: imoralidade brutal e satanismo - Homero narradas: 268

No clima dt p6s~Assemb/tia ,ia CN88 - PJinio Corrêa de 01ivcfra: .267 1'FP 1,rge11ti11a aponw /ramlc e tra;ç,1o nas rl!cc11tes eleições: 268

(Ver lambém: SECÇÕES/ ESCREVP.M os LEITORES)

Re1>e"wssQc., do mani/rsto dt, TFP cltilc11a nio Corrêa de Oliveira]: 269

[Pli ..

" l;m Defesa ela Aç11o Ctttólictl', uma obra pro· vitlcncitll / Há tfi11ta tmos vit1ha a lume o fi. vro de Pli11io Corrêa de O/freira - Cunha Alvarenga: 270 Pãrtl tvitar <IS prcscriçóeJ' da História -

Eloi de

Magalhães Taveiro: 270 Carta a um ,lcmo,cristão .sobre um \ie/ho "aggior~ 11amc,11o"' / Lições da Rcvo/uç,1o Francesa -

OrlandO' Fede li: 271 Imposturas psell(/<>cicmí/icc,s, e t1mivcrdadc da gnose Alanásio Auberlin: 271 M11rx. com seu socialismo, fcdrou 1mra ,, /rumtlnidade a era da fome ou abriu para a Jm~ uumidculc a eru tltJ miséria?: 274/276 l'essd<,s de todas as comliçõcs falam à rcporwgem. sobre a "via chilcml': 274/276

O COMUNISMO NO BRASIL E NO MUNDO também: OERNO)

( V er

( Ver lambém: SF.CÇÕES / [ORAÇÕES] e VEROADES ESQUECIDAS OU VIRTUDES ESQUECIDAS)

DAS ABREVIATURAS:

ASSUN'l'OS A propQs;to ,to manifesto dtl TFP chilena nio Corrêa de Oliveira]: 267

VIDA DA IGREJA

Vis;w Ccmipos

"30 DIAS EM REVISTA;'

EXPLICAÇÃO

Sobre <> decreto <mti·1'FP tlc D. l:r,wrd Corrêa de Oliveira: 270

PJinio

SEFAC: oJ· j{)~·c11s se ellfusiasmcmr pelos ideC1is da ci,1Wwção crisui - Homero Barradas: 27 t D. ls,wrd: fim -

Plinio Corrê.a de Oliveira: 27 l

ProteStó da TFP pela \'isUa do Cardeal ftwórávcl " Aliem/e: 271

A mflm)/1ru mio 1u)dit1 ser mttis patente: 27 1 ..Cmolicismo'' perde ptJlcmisl<l brilhante: 272 O pr,7mio demosiC1dame11fc gramlc - (Plínio Corrêa de Oliveira): 272 Discursos jumo à sepultura: 212 "Magnifif:m" pelo Chile - Plinio Corrêa de Oli· vcira: 273 JIÍbilo pela vitória a111icom1misw tio povo cltile110: 273 TFP reúne operários de cinco E.t uulos: 273 l'eSfOllS dt iodas as condições falam à rcporw, gem, sobre a ·•,,;a chili!11tl 1: 274/276

Manifesto tia 1"FP chilena: 261 TFP clti/ena: Clero. a s ruml,; cspcrtmça de Alle11de: 261

[Pli-

Al11da a prop6;i;ito tio manifesto ela TFP chilena [Plinio Corrêa de Oliveira]: 268

PROBLEMAS POLiTICOS, ECONôMICOS E SOCIAIS ( Ver lambém: o COMUNISMO NO BRASIL M UNDO

e NO

e SEÇÕES / 30 DIAS EM flEVJ!,'TA)

c,,ixc,s de .sapc110 : b()as urnas de elelçêio? - (Plínio Cor rêa de Oliveira): 268 Fatos <' com enllfrios - Plinio Corrêa de Olivei. ra: 272

RepercussiicJ' ,lo mtmifcsto du TF P clu'fcna (Plínio Corrêa do Oliveira]: 269

Contra o cleirorc1do, o DC italiana ct1mi11l"' para " esquerda [JO /)J - Homero Barradas: 272

Marx, com seu socialismo, fechou partl a lumrnnltlcule a era ,ln fome ou abriu para a Jtu. manidmft " tra da misüia?: 274/276 PcssO<Js dt: todas <IJ' condições falam t) reportagem, sobre a .. ,,ia cltilena": 274/276

''M,.-g,,;Jt'ccu" pelo C!tilt - Plínio Corrê., de Oliveira: 273 Jdbilo pela vitória anticomu,tisw do po~·o chUc110: 273

A CONTRA-REVOLUÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO A TFP faz celebrar mi Capt'tal paulista Missa pela.t ,•ítimá.S do comm,;,m,o - Gustavo Anto· nio Solimeo: 26S 160 participam ,la XV SEFAC: 26S No/as sobre tmw grmrdc campa11J,a /

TFP di· funde pelo Bl'osil a Cmta Pnstoral sobre Cu,.. sill,os 1/c Cristamltu": - A. A. Borclli Machado : 266

fi

264 -

Ano XX II -

DIVERSOS 1'FP p,·esw homtnagcm tl memória de direlor: 266

SECÇÕES A FUMAÇA DE SATANÁS NO TEMPLO DE DEUS A /umt1çil de Sal(uuís O. F.: 268

110

1"empfo de Deus

A fumaçc, de Satmuís 11<> Tcmp/u de Deus -

O. F.: 273

ESCREVEM OS LEITORES Escre,•em os ltitOrt!s: 268 O,f

leitores: 273

[ORAÇõESJ l'cdindo np6stolos para as attlais calamidades -

[São Luís Maria Grignion de Montforl): 272

30 DIAS EM REVISTA

o dc;corado,

DC i"raliana caminha para Homero Barradas: 272 ti

a esquerda Chilt•: cumpre flJJOra isolar os kerc.11skys incro Barradas: 273

Ho..

VERDADES ESQUECIDAS ·ou VIRTUDES ESQUECIDAS

-

A U TORES

CUNHA ALVARENGA

C"111rt1

Emprecmlcr por Deus gramles açclt•s c fricas. mi/ilares. econômicos [VE): 273

Os Frw,cisca11os ,lis11ostos a colaborar com os ma1·xistt1s?: 26.S

t ANTONIO, BISPO DE CAMPOS

Rc/le:rõcs a propósif() dos noventa anos 1/e Jac~ · qucs Maritaiu: 267 ..Em Defesa ,la Ação Católictl'~ uma obra pro,,idc11ciol / Uá tr;,r((J anos vinlttl tt lume o lfrrt) de Pli11io Ct>rrft, de Oliveira: 270

ELOI DE MAGALH ÃES TA VEJRO Ptirti <'l'ifUr flS prcscrifiies tia História: 270

jm1e11s se rntusiasnlim1 pelos itlea;s da civili1,ação cristii: 271 O.f

o ele;1orildo, a DC it0Ua110 cam inha para 11 cs<111crd11 130 D): 272 Cltile: cumpre ãgorc, isolc,r os k erc11skyJ· (30 D]: 273

D. l snanl: fim: 271 r-·(l(os e comemários: 272

ISIOORO DE ISOLANO, Frei Co11vi11lu, que São Jm·é fosse de nobre li11hagem 1VE): 270

O. F. /wm1ça de Satanás no Templo de Deus: 268 A Junwça d~ Satanás 110 Templo de J)c"s: 273

A

ORL,ANDO FEDELJ

GUSTAVO ANTONIO SOLIMEO

.. Le Sil/011"~ Cursilltos e subversão: 266

A TFP faz ,:elcbr{lr nu Capital 11011/isw Mis.s,, pclits vírimt1s ,lo comunismo: 26S

CarffJ a um ,lcm o-crfatcio sobre "'" ,·elho "aggior,umu•mo" / Uçiks da R e"'>lttçii<> Fra11cesa: 271

H . B.

PLIN IO CORRRA DE OLIVEIRA

Yuan Mti e os ,tez mU/rões ,lc l!scrtlvos: 272

N u pr6pria E-sptmlla. os Cursi/1,os .síio caso: 266

e antiverdade da

No clima de 11ós-A,fsembUia ,la CNB8: 261 Ai11<lil " propósito ,lo mau;festo ,la 1'FI' chilena: 268 Repercussões do manifesto d,1 1'FP clu'lcna: 269 Sobre o decreto anti..TFP de D. l s,wrtl: 270

""Magnifica,'" pelo Chile: 273

(Ver 1ambém tANTONIO, BISl'O OH CAMPOS)

4

/m/ict•s dos mímeros 253 1972: 268

A pro11ósitu do mariifcsto da TFP chilena: 261

.

AD. 1"ANQUEREY

271

t Antonio, Bispo de Camp0s: 26S

A'layer -

São l'io X e o m o,1ime11ro sionista: 261 • Ct,ru, a um clcmo-cristiio sobre um vellto "t1ggior11flm('11to" I lições da Revolt,çlio Ffm1cesa Orlando Fede li: 27 1

ESTUDOS HISTÓRICOS·

SEF'AC:

!JIIOSe:

ro I Mensagem de D. Autonio de Castro

fFr. Isidoro de lsolano, O. P.J: 270 Destruir os ido/os e seus templos por z.elo da justiça - São Bernardo: 271 Ac"rrc1111,r cm nom e ,le Deus com as correntes da maldir,,o !São Gregório VII. Popa): 272 Empre(!uder 1>0r Deus r:randes ações ch•icds, ,,,;.. /irares, cconómi<;a,t - Ad. Tanqucrey: 273

No tírrio ,tu OasíUa de Guadalllpe: imoro/ida• d~ brutal e s,11a11ism o: 268

pseudoc;cnfrJ;ca.s,

,te tscfortcim c11~

Pcsso(tS de ro,las as comiiçõts /altlm li rep(Jrllt· gem, sobre " "via clti!eua": 274/276

Aspec1os esquecidos ,la figuro de Sama Tcrcsi· 11/ta cio M~nino Jesus e tia Sagrada F'oce: 26S

Imposturas

palavra.

Combmcr pelos armas os ;11imigos da Crut São Bernardo: 268 Co11vi11/w que Siio José fosse de nobre linhagem

Noras sobre uma grande compcmlfa / TFP ,fi.. /uude. pelo Brasil 'il. Caru1 Pastoral sobre Cur.. :rilhol· de Cris1amlade: 266

ATANASIO AUBERTIN

sua

Marx. com seu socialismo, f~chou J>Ota 11 lmma• nh/(Ulc a era da fome ou abriu pllra a l1011w11hlade e, era da miséria?: 274/276

HOMERO BARRADAS

ANTONIO DE CASTRO MA YER, D.

sente ,·om "

Contra

CAIO VlDIGAL XAVIER DA SlLVEtRA

Os fatos J·e atropelam no anseio de chegar ao ,lcsenloce da crise / "Co10licismo" esteve p,c.. sente com a sua ,Jalavra de esclarecimento / Mensagem ele D. Anton;o de Castro ~1llyer: 26S

a11seio de cheRar no

dcse11lt1cc da crise / uc{Jlo/icismo" estcvl!. pre·

Escr<'l'<'III

A. A. BORELLI MACHADO

(Ver também ANTONIO OE CASTRO MAY.ER, D.)

110

êscrr~·em o.r leitores: 269

ERROS H DESVIOS 00 MUNDO MO·

A propósito do m cmifest{) ''" TFP chilena nio Corrêa de Oliveira]: 267

1'FP felit:iu, Comiss,io de StJâdc ,la Climc,r,,: 270

O.t fmo.f se urropel<m,

SÃO BERNARDO Combater pelt,s armas os inimigos de, Crui (VE): 268 Dcsiruir os frio/os e seus templos por 1.e/0 da jttstiço IV E): 271

SÃO GREGÓRIO

vn, Papa

A cotrcnw,. cm nome de D.im· com eis correntes da maldiçlío I.VEI: 272

SÃO LUIS -MARIA GRl GNION DE MONTFORT J>cclimlo apóSlolos para a.s 01,wis calamidades IORJ: 272


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"Flechas" de Angola apresentam à bandeira portuguesa as armas apreendidas aos guerrilheiros comunistas. Ao lado: Formação dessa tropa de elite, constituída unicamente de elementos autóctones da província.

Esquerdas unidas contra a obra civilizadora e missionária de Portugal na África M RESOLUÇÃO adotada recentemente, a Assembléia Geral das Na.çõcs Unidas deixou de reconhecer o governo de Portugal como representante das províncias lusas da África, isto é, de Angola, Moçambique e Guiné. Fie~, assim, mais uma vez provado que o que vigora no organismo internacional não é a força do Direito, mas o direito da força. Os esquerdistas conseguiran1 a força do número, na Assembléia, e ela -pisoteou os direitos de Portugal, ,como quem passeia tranqüilarnente no jardim. . . Daí. a fundamentar o direito na força militar, é um passo. Doutrina, aliás, que a ONU já está aceitando com relação à ocupação da Hungria, da Polônia, da Checoslováquia. Esse

E

mesmo "direito da força" é o que pregavam os líderes fanáticos do nazismo, contra o qual se uniram os países que deram origem ao organismo internacional, tão caro como inoperante ... Mas não é só. Con10 oportunamente observou Plínio Corrêa de Oliveira, em artigo na imprensa diária, aquela organização não só se tornou ineficiente na consecução de seu a.lardeado fin• - a paz mundial - mas se volta contra ele. Com esse ato de violência jurídica contra Portugal, ampara os bandos de guerrilheiros comunistas que assassinam brancos e nativos nas fronteiras daquelas províncias com países sabidamente teleguiados por Moscou e Pequim e que servem de apoio e refúgio a esses terroristas.

Desmentidos que fica ram até o presente sem resposta A resolução da ONU é mais um ato da conjuração esquerdista destinada a isolar Portugal, a qual se tornou evidente cm julho último, por ocasião da campanha publicitária internacional originada da denúncia do massacre de W iriya111u, feita pelo Pc. Adrian Hastings através das colunas do "Times", de Londres. Esse pretenso massacre até hoje não foi provado, e os argumentos contrários à história desse Sacerdote estão à espera de resposta . Logo após o Pe. Hastings ter declarado ao "Tirncs" que o exército português chacjnara a população nativa de Wiriyamu, no distrito de · Tete, cm Moçambique, alguns desmentidos foram publicados, sem que até agora tenham sido refutados. Deles destacam-se os seguintes fatos: 1 -

a aldeia de Wiriyamu não foi en-

contrada -

ncn1 nos mapas, ne.m nos locais

indicados pelo Pc. Hastings; 2 - não forarn idcnti(icadas as pessoas cujos-nomes o Sacerdote apontou como sendo os dos nativos massacrados; 3 - não apareceram parentes e antigos das pretensas vítimas;

4 - D. Custódio Alvi.m Pereira, Arcebispo de Lourenço M arques, desmentiu categoricamente a chacina, em entrevista ao "Dic Wclt", de Hamburgo;

5 -

vários jornalistas estrangeiros foram ao Distrito de Tete. Nenhum deles ouviu dos nativos qualquer referência a massacres. Nenhum deles descobriu o lugar onde teria existido a aldeia massacrada; 6 - a chacina .teria ocorrido cm dezembro de 1972. Por que o Pe. Hastings não a denunciou antes de julho de 1973? 7 - o Pe. Hastings entregou à BBC um filme com a prova de suas denúncias. A enlissora o rejeitou, para exibição, porque tinha, veto menos, quatro anos; 8 - os responsáveis pela própria Frente de Libertação de Moçambique, interessada na calúnia, e com quem o Pc. Hastings colaborara enquanto esteve na África, declararam que não tinham notícia do fato por ele relatado. Nenhum dc~es pontos foi até agora respondido e o curioso é que, ao discutir a resolução contra Portugal na Assembléia da

ONU, ninguém, ao que se saiba, se tenha preocupado com questões tão interessantes.

A "'mafia" põe o dedo à mostra Por outro lado, certas atitudes de alguns governos e entidades ocidentais merecem rcgisti·o. A Suécia, por exemplo, nos dias da propalada <ie11úncia do Pe. Hastings, anunciou que havia decidido dobrar sua ajuda à FRELIMO, sigla pela qual é conhecida a Frente de Libertação de Moçambique. Esta ajuda, assim dobrada, alcança uma quantia correspondente a 98 milhões de cruzeiros por ano. Um jornalista holandês que foi a Moçambique, segundo nos informa Alves Pinheiro em "O Globo", do Rio, não só ficou convencido de que a história do massacre era falsa, como também viu arn1as holandesas que haviam sido utilizadas pelos terroristas. É sabido que o Conse.Iho Mundial das Igrejas emprega grossas verbas de seus pieciosos cofres para ajudar os guerrilheiros na tarefa pouco piedosa de assassinar negros e brancos na África portuguesa. Fatos como esses mostram a sólida colaboração existente entre os elementos da ma/ia comuno-socialista-progrcssista. E o Padre progressista a caluniar, são os governos socialistas a financiar, e o Partido Comunista a fornecer guerrilheiros treinados na China ou na Rússia.

O alvo não é só Portuga l Aquilo que, na verdade, faz a ma/ia ranger os dentes e arrancar os cabelos é que Portugal vai realizando uma obra civilizadora na África e seus missionários vão levando a Fé católica aos indígenas -- como outrora fizeram no Brasil. O que especialmente não interessa à 1110/ia é que haja focos de influência católica na África. O pretexto utilizado é o da "libertação". Mas até agora não fico.u provado que o povo angolano ou moçambicano queira separar-se de Portugal. Pelo contrário, 60% do exército .português na África é formado por nativos. Por que eles não se revoltam?

Ainda há pouco, o Ministro português do ú'ttramar observava que o problema enfrentado por seu país não é o de uma insurreição, mas o de ações subversivas. Essas ações - acrescentou - cessarão imediatamente se cessarem as intervenções estrangeiras.

De um lado, o terror - de outra, a Fé Nos mesmos dias cm que se espalhava por todo o mundo a historieta do massacre de Wiriyamu, os terroristas da FRELIMO atacavarn Mocímboa da Praia, localidade moçambicana próxima à fronteira com a Tanzânia, sequestrando 62 habitantes da cidade e matando quatro. A Tan1.âoia é um país comunista que acolhe os guerrilheiros da FRELlMO e para. o qual a China de Mao está construindo uma ferrovia de 1.800 quilômetros. empregando 16 mil engenheiros e operários chineses. O assalto ficou sem protesto da ONU .. . Em dezembro de J972, justamente nos dias em que o Pe. Hastings disse ter havido o massacre ilc Wiriyamu, uma cena bcn\ diferente e muito significativa ~e desenrolava na Diocese de Porto Amélia, à qual pertence Mocímboa da Praia. No Seminário Diocesano, si••iado em Mariri, o Exmo. Sr. Bispo D. José dos Santos Garcia ordenava 1rês Sacerdotes nativos, os Padres Amaro Valério Muíto, Estêvão Jaimo Mpalume e Bernardo Américo. Na mesma solenidade, D. José entregou as Constituições às filhas do Coração Imaculado de Maria, Congregação fundada em sua Diocese. Representantes das Missões dos arredores fiéis da cidade de Porto Amélia enchiam a capela e o Seminário. É Portugal que cristiani1.a e que civiliza. Talvez Portugal fosse aplaudido na ONU se, en1 vez. de fomentar a cristianização dos nativos, ton1;asse na África medidas como as que recentemente tomou o Zaire, onde o partido oficial obrigou as mulheres ~ usarem a "tanga nacional'" e onde o Presidente Mobutu, que se diz católico, proíbe conferir nomes de Santos aos batizandos, impondo-lhes o uso· de nomes pagãos "tradicionais".

e

H. B.

5


Conclusão da pág. 2

JUÍZO TEMERÁRIO

Dando cot&ti111ucktde a esta secção que apreseiita orações 1ne1ios corihecidas, nic1s ,nuito úteis e c1tuC1is, reproduzi,u.os hoje este belo texto

mcrar10 todo juízo imprudente, é óbvio que, quando as conch.1sõc..<i dcs.~ juízo forem favoráveis, nem por isto terão deixado de ser temerárias. Não é necessário dizer que, enquanto o juízo temerário desfavorável pode lesar gravemente os direitos da ,pessoa por ele alvejada. o juízo temerário ravorávcl é, deste ponto de vista, inócuo. Entretanto, u1n juízo temerário favo rável. não ferindo os direitos ela pessoa a q uem se refere, pode ferir gravemeote os di-

reitos ele terceiros. E, neste caso. o -pecado daí decorr..:::ntc será tanto mais grave quanto mais respeitáveis forem os direitos assim desrespci1ados, bem como quanto n1ais numerosas fo.

rem as pessoas prejudicadas. Exemplifico. Um pai tem deveres sagrados para com seus filhos. Se ele, entretanto, levado por uma exagerada complacência, ou por um culposo descuido, forma de seus filhos, temerariamente, u.m juízo muito melhor do que merecem, viola gravemente seus deveres, pois q ue se coloca na impossibilidade de cQrrigir seus filhos. Esse mesmo pai, entretanto, teria talvez escrúpulo cm íormar urna suspeita lcgí• cima quanto a algum empregado, sócio. clien• te, etc. Não há nisto um evidente desequilíbrio? Outro exemplo: cm geral, os professores conservam sobre seus antigos alunos alguma autoridade morâl; entretanto é tão grande a cegueira de muitos deles para com esses produtos de seus esforços educacio nais, que só vêem neles qualidades e nifu defeitos; e, em última análise, a influência moral dos antigos professores cm grande número de casos se torna inteiramente inútil para os alunos. Outro exemplo ainda: os presidentes de setores de Ação Católica ou do associações religiosas têm obrigação estrita de discernir nos associados os defeitos que os tornem ,perigosos aos demais, a fim de que, se inúteis as advertências amistosas, os elementos nocivos sejam eliminados. Conheço entretanto um caso concreto de certa associação que, tendo relutado durante anos in1eiros cm expulsar àfguns membros, acabou por ficar reduzida a uma inanição absoluta, pe· la corrupção dos elementos bons que linha conseguido lnboriosamentc (ormar. Não houve, no jufao temerariamente bom das autoridades des· sa associação, umn grave falta no curnprimcnto dos encargos'? T udo isto posto. é certo que não são só os juízos temerários desfavoráveis que podem acarretar pecados.

••• Penso q ue chocarei muitos leitores se, a isto, cu acrc.scentar que minha experiência m.c tc.m mos1rado que a Igreja e a sociedade têm paclccido muito mais dos juízos temerários favoráveis, do que dos desfavol'ávcis, que hoje crn dia se fonna1n . Entretanto} esta é uma importante verdade. Se o mal tern tantas vezes uma imensa liberdade de ação, se ele conquisti, círculos de influência cada vez mais largos, se e le estende seu domínio sobre o mundo de modo cada vez. mais i1,solen1e. enquanto a infl uência dos elementos bons se retrai, ferida muitas vezes de uma oprobl'iosa impotência, de um:1 infecundidade evidente, a que se ·deve

MeNSARlO <001

;1pro,··:1(:i O eclesif~1ic:, CAMPOS -

F,ST, llO RIO

Dnt~'TOK

Josê. CJ.R1.os C11ST1a..uo os ANou os Dirctorl;i: Av. 7 de Setembro 247, c:1ixa postnl 333. 28100 Campos, lU. Adminlst·rnção: R. Dr. M:utinico Pr:uJo 271, 01224

A~iu:Hurn :1nu;1I: comum Cr$ '2S,OO; CO· operador CrS S0,00; tx:nfcitor CrS 100,00;

irandc benfeitor crs 200.00; seminaristas e estudantes CrS 20,00; América do Svl e Cc1Hrnl: via de superHeic OS$ 4,00; vb aércn USS S,2S: Amé.dca do Norte, Portugal, Espanha, Províncias ultramarinas e Colónias: vfo. de supcríícic USS 4,00; via nérca USS 1.00; outros países: via de SU· J)Cr(kic USS 4,SO, vfo aérC:'1 USS 9,25. Vrnda :1v11J53: Cr$ 2 ,00.

8. Dr. M:trdnko Pnu:So 271 01224 S. Paulo

6

Tudo quanto dissemos sobre os juízos temerários se aplica, ponto por ponto, às suspeitas temerárias. Também há suspeitas temerariamente boas. Quando concebemos uma infun dada e ,lernerária esperança de que alguém é bom; quando supomos tcrnerariamcnte que podemos dar a A, B ou C as maiores provas de confiança com o intuito de os comover e as• sim arrastá-los pa1a a Igreja; quando dci.x a,nos de exigir deste ou daquele indivíduo :'lS -gara~tias necessárias cm maléria. de interesses espirituais ou temporais, por julgarmos muito auspiciosa suá · fisionomia franca e lc:l1: - cm todos estes casos cometemos suspeitas temerariamente bo;is, porque nos teremos deixado empolgar por cs1>eranças in fundadas, por aparências enganosas. por ilusões contra as q uais um homem sério deve estar premunido internamente. E . assirn, -prejudicamos seriamente os nossos interesses. os de nossas famílias, os de nossa Pátria e, o que é pior do que tudo. os da ·santa Igreja. Livre-nos Deus. pois, das suspeitas temerariamente severas. Mas livre.nos também Ele das suspeitas 1cmcraria01entc indulgentes. A este respeito, não julg~,mos dever desm ascarar o erro infantil dos que supõem q ue todo juízo severo. pelo próprio fato de ser severo. é temerário. Achnr que um assas.sino é um as.. sassino. um adúltero é um adúltero, ou um ladrão é um ladrão, constitui para muil<\ gente juízo temerário. Podcní haver opinião mais ridícula? Assim. quando Nosso Senhor chamava os fa riseus de raça de víbo ras e sepulcros caía• dos, cometia juízo temerário. Quando os Após· tolos. os Papas, os Padres e Doutores da lgrc.. ja cstigma1izav::im cm palavras candentes os cr .. ros dos potentados de seu tempo, cometiam julZo temerário. E a caridndc. segundo essa eS· tranha moral, consistiria cm achnr pertinazmcntet e contra toda a cvidêncià dos falos, que um :1ssassino é um cordeiro, um adúltero um lírio, e un, ladrão uma pomba. lsto não é vir• 1udc. mas imbecilidade. Diz..se de Santa Te· resa que ela afirmou que a humildade consistia na verdade. S também certo que ~ caricl;u.!c não consiste nem no erro, nem na mentira.

• •• Tudo isto está m uito certo, dirá m uita ge.nte. Mas dçixemos aos que dc1êm qualquer autorid.,il.dc, seja na fom ília, seja na sociedade, seja no Estado ou na Jgrcja, o encargo de formar essas -do1orosas ccrtcza.s e cs-sas tristes suspcilas. Confor,ncmo-nos com nossa condição de súditos. e aproveitemos nela ao menos . a satisfação de viver sem preocupações. Todo mundo reconhece que para as altas funções - e quantas funções há q ue, sendo humildes:, são al1íssimas - é necessária· uma preparação remo1~1. Se todos aqueles que cxcr• cem no movimento ca16lico, na sociedade ou na família funções que os obrigam absoluta· mente a suspeitar do próximo (dentro da me· dida do justo e do razoável, repel imo-lo), se prepar:1rcm p:1r.1 isto só depois de terem rccc· bido nos ombros o peso da autoridade, que espécie de chefes: teremos·? Não haveria u1na ana• logia entre eles e u1n genera 1 qºuc s6 começasse a aprender estratégia depois de 1>romovido

•••

Compos10 e impresso ni. Cfo. Li1hogrophie:t Ypiranca, Rua C:l.detc '209. S. P:udo,

Ailndnl$tra(';io:

.....

ele Santo Antonio Maria Claret, extraí<lo ele seu

livro " ReligiosCls eu& casa", traclr,çéío elo Pe. Asterio Paschoal, C. M. F.

Louvando a Virgem por suas grandezas

V

IRGEM E MÃE de Deus! Sois cheia de graça. Alegro-me e Vos felicito com todo o meu cora~lío. Fostes concebida sem pecado original, adorr,ada de todas as virtudes, enriquecida com tod:ls as excelências e prerrogativas. Alegro-me e louvo a Deus pela distinção ;lllíssima com que Vos distinguiu. Sois Filha de Deus Padre, Mãe de Deus Filho, Esposa de Deus Espírito Sa nto, Rejubilo-me imensamente} cxpcrimc.nttmdo particular satisfação e conten1amcn10 ao ver a minha Mãe assim distinguida e exalçada. Sois Virgem das virgens e Mãe Imaculada. Alegro-me por isso, minha Mãe. e dou graças a Deus pelos extraordinários privilégios com que Vos enriqueceu. Sois n Virgem mais pura, casta, :imorosa. e admirável de q uantas há no Céu e na terra. Ah! Mãe querida! como isto n,c consola e alegra. Vós, Virgem purís.~ima, sois ;, mais_pruden .. te. clemente e fiel. Em Vós se dão a mão todas as virtudes cm grau heróico, sobrepujando a todos os vultos da antiguidade bíblica. Por isto, minha Mãe, alegro~me sem mcdidn. . Sois, Virgem Santíssima, espelho de justiça, trono ela sabedoria eterna. Felicito-Vos com iodo o meu coração. Sois a fonte do paraíso, a arca de Noé, n arca do Testamento, a vara de Aarão, a cida .. de de Sião, a torre de Davi, o templo de Salomão, o trono de marfim e a ros:, de Jcric6. Louv:,da sejais de todas as criatu ras, porque essas coisas crarn símbolo e figura de vossa pessoa. Sois a v:1ra de Jessé, o tcdro do Líbano, o cipreste de. Sião, a palma de Cades, a oliveir:t frondo~a dos campos, a nuve-m misteriosa de Elias. Todas as coisas Vos louvam, minha Mãe, pois todas elas Vos simbolizam e rcprcse.ntam. Sois, Vi rgem Santíssima , brilhanlc como ;i estrela matinal, formos.a como a Juz, escolh ida como o sol. Felicito-Vos minha Mãe, e agradeço :i Deus por semelhantes excelências:. Sois a Ra inha dos Serafins, Rainha dos Querubins, Rainha dos Tronos, Rainha das Dominações, Rainha das Virtudes. Rainha das Potestades, Rainha dos Principados, Rainha dos Arcanjos e Rainha dos Anjos. Ah ! Não sei exprimir a alegria que vai pela minha alma com tantas honras, obséquios e distinções para convosco por parle dos Coros .angélicos. Conclusão da pág, 8

A

Sois Ra inha dos antigos Palriarcas e Pro· fctas, Rainha dos Apóstolos e Evangelistas, Rainha dos Márlircs, Confessores e Pontífices, Rainha das Virgens e dos Santos. Alegro-me por ludo e Vos felicito com as maiores efusões de minha alma .:ig:radeeid;,. Sois o auxílio dos cristãos, o :imparo dos dcsamparndos, a consolação dos aflitos, a saúde dos enfermos e o refúgio dos pobres. Felicito-Vos co m todo o meu coração por tantas excelências. Sois, Virgem Santíssima, a complacência da San1íssima T rindade e o cannt por onde se nos comunicam todas as graças. Alcgro~n,e por mais estes privilégios e dou infinitas graças ao Senhor de todos os dons, por haver-Vos honrado tão gloriosamente. Ah, minba Mãe! Pudesse cu converter os infiéis e judeus, hereges e protestantes, enfim, todos os pecadores do mundo, para que nin· guém ofendesse a Deus nem a Vós! Com a maior alegria derramaria para esse (im todo o meu sangue e daritL mil vidas, se me fosse possível. Mãe! fazei co m que todos Vos amem e ninguém Vos ofenda, que todos se salvem. que ninguém se condene, Assim seja. Deus Vos salve, Maria, cheia de graças, prerrogal iva.s e excelências. Pela alegºria imensa de vosso Coração q u:rndo coroada pela Santíssima T rindade e conclamada Rainha dos Anjos e S:rntos, peço-Vos as graças necessárias para. amar e servir a Deus com toda a fidelidade neste mundo e poder no Céu gozar de feliz e intérmina felicidade. AssiJll seja. Diga-se agora nove vezes, V. Sanrn, santa, santa Maria, cheia de graça e exornada de todos os títulos com que Deus pode honrar uma criatura, cheios de vossa glór ia estão os Céus e a terra.

R. Glória a Maria, F ilha de Deus ·Padre. Glória a Maria, Mãe de Deus Filho: Glória a Maria, Esposa de Deus Espírito Santo. A,lcgrni-Vos, Maria, porque esmagastes todas as heresias do inundo. V. Pcrmili-mc que Vos louve, Virgem sacra.. tíssima. R. Dai-me forças contra os vossos inimigos.

Oremos.

ó Deus misericordioso, auxiliai a nossa deíiciência, a fim de que quantos honramos a mem(>ri:, da Santa Mãe de Deus, nos vejan1os livres de nossas faltas pela sua intercessão. Por Cristo Nosso Senhor. Amém,

GLÓRIA DO ''NAO''

a css:, ah:1 dignidade?

S. P aulo,

Os pagamentos. sempre cm nome de Editorn Pi,drc Bcfchior de Pontes S/ C, Po· derâo ser encaminhados à Admini~lrnç5o. Para mudança de endereço de :issinnnrc..~. 6 nccessátio mcncion:-ir também o cnc:Jc,cço nntig.o. A corres,p-ondêncin relativ:, :i assina11m1.s e vend:t :wulst1. deve ser envfad:;i. :\

isto, senão à confiança por vezes infantil e ridícula com que os bons abrem: seus ambientes aos maus? Ora, os pecados contra os interesses da .I greja são, de sua -naturcz.,t maiores e mais graves do que os que se cometem contra interesses humanos. Por outro lado, os pecados contra a sociedade são .maiores, de sua natureza, do que os que se cometem contra os indivíduos. Tudo isto posto, quem por juízo temerariamente bom prejudica a Igreja e a sociedade peca mais gravemente do que quem por ju!zo temcrariamcncc mau prejudica um indivíduo.

-renho a certeza de que a Jcitura destas ,e. flexões terá causado a muitos leitorc-s, que sofrem de urna caridade neur:1stênica, de uma violenta e iracunda m isericórdia, uma irritação sern nome. Estas linhas lhes terão causado, no fundo da consciência, estranhos e agudos re• mordimenlos. Estavam cm tal paz, e de rcpCn• 1e o cenário se muda diante de seus olhos. Qual o jornalista imperlinente que assim per· !urba seu sossego? O mundo está atrave..iiSando un,a 1rcmcnd:1 ho ra de crise. A •·caridade.. com que .muil..l gente, fec hando os olhos ao perigo, dorme o sono da paz, muito mais se parece c-om o tor· por dos Apóstolos no Horto das Oliveiras, do que com uma vcrdad-cirn virtude sobrenatural. Se esses m embros sonolentos da Igreja militante não querem ouvir nossa voz, n\Cditccn ao rnenos nas palavras de Nosso Senhor: "Una hora no11 potestis vigilare mcc:mn?"

um ..:rro ou com o outro. Num gcs10 de in· compar{tvcl audácia, ele ful minou ambos os erros simultaneamente. O con,fünismo oferecia. seu concurso ao Papa como único meio de ex· terminar o nazismo. Este fazia o mesmo com relação ao comunismo. O Papa, entretanto, fulminando a ambos, mostrou que.- não precisava de ninguém, mas s6 de Cristo, podendo dizer, altivo, como o nosso grande D. Duarte: "t Cristo minha finnc7,..1 e minha nutoridadeu.

••• Um Papa assim era pouco feito p;;1ra ser idolatr-a do pelas massas. E mesmo nos círculos católicos não faltou q uem dissesse que ele, pela sua inflexível intransigência, impedia que os (ascistas, nazistas, socialislas e comunistas s:e aproximassem da Igreja. Realmente, esla censura se to rnou tão insistente, que não faltou quem chegasse " achar que, se o Episcopado Alemão, evidentemente apoiado pelo Papa, não tivesse guerreado Hi-

Iler, es1c se teria transformado com o tempo em um branco anji nho de andor. Pio XI, entretanto, quebrou resolutamente os braços traiçoeiros que lhe ofereciam um estéril apoio. e pôs em Deus toda a sua confiança. Aconteceu, então, o que sempre acontece aos que dcsprcz.~m a popularidade e as glórias humanas, Quando o grande Papa fechou os olhos, o mundo inteiro sentiu um vcícuo terrível, E os elogios à sua gcande personalidade não brotaram apenas dos arraiais cat6licos, mas da boca daqueles meso-,os cujos manejos pérfidos. mais de uma ve1. ele desfez. Se Pio XI tivesse adotado o estéril alvitre de silenciar an10. seus adversários e aceitar a. mão traiçoeiramente cordial que lhe estendiam, teria gozado talvez de uma popularidade transitória. A popularidade é a glória dos demagogos. A glória é a poJ>ularidade dos Santos e dos he· róis. P io XI, que desprezou a popularidade, dc.~cansa hoje na glória de Deus, enquanto seus despojos são cobertos de glória pelos homens.


Cresce a ameaça dos terroristas •

sobre todo o Ocidente

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'

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Os foguetes SAM alvejaram, no deserto, aviões militares (foto AFP, para "Catolicismo"). Agora, poderão servir para abater aviões de passageiros.

.Q

UE ACONTECERIA SE os tcrrciristas palestinos ,passassem a contar, cm ai· gum ponto da Europa, c9m bases de lançamento de foguetes SAM, para sua utilização contra aviões de passageiros, ou mesmo contra cidades?

Em janeiro, a imprensa européia nos deu a. notícia de que estamos próximos dessa eventualidade. Jornais britânicos informaram que

um comando palestino já estaria de -posse dos foguetes e que sua primeira intenção seria mes-

mo atacar aviões comerc1a1s, extremamente vulneráveis a esses projéteis de fabricação soviética. "L'Aurore1\

países. diretamente às mãos de suas vítimas, O eco das mefralhadoras nas Olimpíadas de Munique e nq aeroporto de Roma ainda estão cm nossos ouvidos. Enquanlo isso, os Eslados que apóiam. fi,,anciam e dirigem o terrorismo c.m todo o mun· do, como Cuba, a Líbia, o Vieloã do Norte e principalmente a Rússia e a China scntam..sc ao lado das nações agredidas. nas conferências internacionais de paz, muitas vezes assumindo a1é o papel de víiimas, que· lhes é prontamente reconhecido por certa diplomacia cntreguista do Ocidenle. Não é ludo isso uma grande farsa?

rilo e as orações prcscrilas por São Pio V. e: também conhecida como Missa tridentina, -por ler origem na -restauração propos!a pelo Concilio de Trento. Uma dessas organizações, a Associação São Pio V. de Pcrpignan, na França, acaba de anun• ciar que o Bispo daquela Diocese concordou cm considerar a entidade como paróquia sem território, na qual os Padres poderão celebrar a Missa dominical segundo o rito tradicional e também pregar. dislribuir a Sagráda Comunhão, reâlizar batizados e casamentos: Medidas desla nalurcza es!ão sendo esiudadas e_m · Paris e nas regiões cen! ral e lcs!e da França. Na imprensa dos Estados Unidos aparecem freqüentemente anúncios com avisos ,Ci:Obrc horários- de Missas católicas tradicionais em latim. Alguns Bispos !colaram impedir a celebração das Missas tridcntinas. Tiveram grande repercussão os casos de·dois Prelados norte-americanos, Mons. Byrne, que proibiu a Missa do Movimento "Regina Coeli", e de Mons. Buswell. que ameaçou com penas canônicas -um Padre. que insislia cm conservar o rito de São Pio V. Entrctanlo, logo após, o Secretário da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos divulgou instrução recebida do Vaticano, declarando permitida, cm cerras condições, a celebração de Missas tradicionais .

Jor,ens rcpu,liani o filnae ••Jesus Cristo, S upcrstar•• • A lenda de que a juventude é a ponta-de-lança da subversão começa a desmoronar. Movimentos de jovens que exigem a moralidade, a ordem e o rc$peito à tradição C$tão apontan-

'

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do cm -lodos os canlos do Ocidcolc, tão dcsalenlado pela incapacidade, quando não ,pela 1raição, de muilos de seus líderes. Há poucas semanas, quando estreou cm Roma o filme ··Jesus Cris10, Superslar"', quem organizou as manifeslações de protesto foi a juventude. A C$1 réia do filme blasfemo foi uma sessão aparaiosa, com renda dcslinada aos -cofres da Cruz Vermelha e a presença da primeira dama do pais, a Sra. Lconc. Mas quando ela êhegava ao Teatro Dcll'Opcra, para patroc.inar o filme ímpio, os jovens da Comissão de Defesa da Civilização Crislã bradaram: "Blasfêmia! Blasfênüa!"' Já an1cs da esh'éia, os cartazes de propaganda do filme foram cobcr!os com dizeres que convidavam para "ma Missa cm reparação pelo insullo a Nosso Senhor. Na semana enterior, va Praça de São Pedro, pouco depois da bçnção dominic.11 de Paulo VI, jovens ca1ólicos haviam dislribuído folhetos de pro1esto pelo silêncio da Santa Sé sobre a fita. A Sra. Leone cri!icou os rap~zes. O ''Osservatore Romano" elogiou o filme. E o Centro Cinematográfico Cató)jco qualificou-o como obra de elevado ·valor moral e artístico. Diante desse quadro, é o caso de se -pérguntar: será mesmo a juventude que carrega na.s costas a subversão? Ou serão os "hippies" e bippiçíormes um mero produto da autodcmolição da Igreja e da civilização, qua vem sendo promovida dos ,púlpitos, das cáledras e até dos conícssionários? No Brasil um Bispo que não hcsilaria em dialogar com os promotores do filme blasfemo, invcs!iu pela imprensa contra os moços católicos de Roma, tachando sua reação, mais do que justa, dê "atitude furlosa'' que não seria "a melhor expressão do amor a Cristo".

Homero Barradas

de Paris, publicou uma repor-

tagem de Philippe Bcrnert, informando que a França foi o país escolhido para base dessa ação terrorista e que dois dos projéteis foram encontrados, cm dezembro último, na cidade

de Villier-sur-Marnc. Os foguetes são baratos, de manejo simples e fácil transporte. Kadafi não faz segredo de que emprega boa parte de suas grossas rendas petrolíferas no treinamento e armamento de grupos terroristas

de iodo o mundo. Segundo o jornalista francês, ele estaria fornecendo foguetes SAM a vários desses grupos, não só palestinos, como também do Exérci10 Republicano Irlandês e de extremistas argentinos e uruguaios, dos quais ai* guns membros estariam lrcinando o manejo do

foguete na Líbia. A notícia "está /a1.e1ulo Londres 1remer" segundo as palavras de Berner1. Não sabemos ainda 6e Buenos Aires e Montevideo csião tremendo, mas a notícia não lhes é muilo cômoda. Quanto a nós, brasileiros, não nos devemos esquecer de que grande parte dos terroristas banidos do 1erri1ório nacional não escolheu como asilo a Rússia ou Cuba, mas a Argélia. que fica a dois passos dos domínios de Kadafi. . .

Os mísseis da NATO Nos mesmos dias cm que se no_ticiava o con-

trabando de foguetes russos para grupos ~erroristas, deu-se o alarme de que haviam desa.·

parecido de bases da NATO, na Bélgica, alguns mísseis terra-ar. A ·advertência obrigou os dirigentes ele vários países europeus a decreta· rcm estado de alerta em suas capitais: e prover

os aeroporlos de ,proteção militar. Logo após, o Ministério da Defesa belga e um porta-voz oficial da NATO desmentiram a no1ícia, mas o esiado de -alcrla não foi cancelado. Um dos ex-comandantes da NATO, o general britânico Wa11cr Walker, declarou que as armas oícnsivas são :guardadas nas bases curo· péias de forma. negligente. Ainda há pouco assislimos ao episódio das encomendas e das cartas explosivas, mandadas pelos terroristas, através dos correios de vários

• ··Jgrejas de homossexuais" estão apareccnuo nas principais cida&:s dos Estados Unidos. ··Oignity" foi a designação escolhida para a primeira dessas igrejas formada J>Or católico.r. Ela foi fundada .p or ocasião de uma, convenção nacional de homossexuais, realizada de 31 de agos10 a 3 de seiembro úl!imos, em Hollywood, com o comparecimen10 de quase duzenios Padres e leigos. O orador principal da convenção foi o Pe. John Me Neill, que resumiu para os conven-cionais o seu livro ''A Igreja e o homos• sexualismo''. com um pretenso reexame das Es· crituras para justificar a perversão sexual.

'

• Como parle dos fes1ejos do ··axcxê" de ··Mãe Senhora··, ritual do candomblé dedicado às grandes sacerdo1isas da Nação Kctu, o Abade do Mosteiro bcneditinó do Salvador, Bahia, celebrou Missa em sua igreja, quase toda ocupada por mães-de-santo vestidas de -branco. O D. Abade disse que "Deus Olorum f: ·o mesmo De us tlc amor cm quem todos temos fé". • Um cálice de praia com a inscrição "Em me1116ria de Marilyn, Monroe" gravada no fun· do, eslá sendo usado desde 1964 nas Missas celebradas na capela do Colégio Santa Catarina, cm Belém do Pará. O Bispo Aux.iliar da Diocese, que trouxe o cálice para o Brasil, não se preocupou cm invcsligar sobre a. origem da inscrição, depois de dcscobri ..Ja. Dclarou à im· prensa que a atriz escandalosa "foi uma po·

(

brt menina que lutóu para viver e tomava drogm; J)ara potler trabalhar".

.ít#i s.~,,. tr11,1licion,..t ê 11cr11iitúk• RGANIZAM-SE EM vários paises associações promoioras da Missa tradicional, com vários milhares de adeptos. A Missa tradicional não é apenas a Missa rezada cm latim, mas aquela que conserva o

O

As bombas enviadas como encomenda postal são uma das armas de que se servem os terroristas para intimidar os representantes da ordem. Na foto, uma dessas bombas, cujo mecanismo é mostrado aos jornalistas pelo Diretor do Serviço de Explosivos da Polícia de Paris (foto AFP para "Catolicismo"). 7


AfOlLICISMO

*

HÁ 35 ANOS MORRIA O PAPA PIO XI: A GLÓRIA DO ''NAO'' 1

NO DIA 10 OESTE mês de fevereiro faz 3S anos da morte de Pío XI. Em s ua edição de 19 de fevereiro de 1939 o "Legionário" - jornal católico de São Paulo q ue foi o glo-

11'J

b) contra a confusão semeada pelo

O nazismo e o comunismo lançaram uma incalculável confusão no mundo contemporâneo. r:tntc clareza, cuja palavra. cortante Os erros que eles sustentam são ab· como a pala.vra de Deus, talhou ri- solutamcnle opostos, e por isto mesrioso antecessor de "Catolkismo" jamente o nó górdio feito pelo P rín- mo grnndc parte da~ pessoas - inclucomentava o significado do reinado cipe das trevas; sive católicos transviados' - quando do imortal Sucessor de Siío Pedro, c) para com o 1·enascimento cató- reage contra um, procura apoio no em · artigo intitulado "A glória do lico, um fomentador maravilhoso, um outro. não". Reproduzimos esse. texto: O comunismo afirma a liberdade guia de longa visão e incomparável clarividência, que:, enquanto íulmina.. individual, mas exalta a personalidade Ol TÃO extraordinária a gran- va com uma das mãos a hidra bicé,- humana a um tal ponto, que cai no de figura de Pio XI que, no fala da revolução esquerdista e direi- mais diabólico anarquismo. O naz.is.. dia imediato ao de seu faleci- tista, lançava com outra mão as ba- mo, pelo contrário, afirma a autori· mento, ele penetrou na História. Foi ses de uma civilização futura, toda dade e a disciplina, e nesta afirmatal e tão luminosa a nitidez. de seus ela "instaurada cm Cristo' '. ç5o chega às r:-tins da mais criminosa gestos, tão assombrosa a inflexível Como se vê, a intrepidez da fé foi negação da pcrsonalidado humana e coerência de seus atos, tão intrépida de seus i.nalien;.i.vcis direitos. Entre: a sobranceria de suas atitudes, que o n nota característica de toda esta es· estes dois polos, a humanidade, camhistoriador, para julgar o Papa, não tupcnda atividade. balea1\te, vacila, sentindo que nem precisa do famoso recuo de algun.s um nem outro aprese:nlam o ponlo de • anos, que cm via de regra se exige apoio suficiente. E por isto são inúpara que a História pconuncie. seu Que o ardor das paixões sectárias meros os que, horrorizados a justo tí· veredicto a respeito dos mortos 1lus~ e revolucionárias :11ingiu, cm nossos tulo corn os desmandos. nazistas-, rctres. Hoje em dia, a obra de Pio Xl se delineia com uma clareza definitiva dias, aspectos catastróficos e sinistros ful.tm·nos com princípios Jibe(ais ercomo os ela história da Igreja nas ca- rados, e os que, horrori_zando-se com aos olhos da humanidade, e, com tacumbas, foi o próprio Pio XI que o comunisrno, apelam, como antídoesta clareza, ficou definitivamente fi. o afirmou, quando disse cm uma de to, para os remédios .altamenle tóxicos xacla nas páginas da História. suas Encíclicas que o mundo moderSt, cntrc1anto, a admiração pelo no se encontra às portas de um de- do .naz-ismo. Não espanta, pois. que vejamos ca• grande Papa é quase unânime sabamento geral que o colocará em tólicos esperarem de formas íalsamcn. unânime, poderíamos dizer, porque as nível iníerior i,quele cm que se en· te místicas, se:mih1icas e tOlalitárias vergonhosas notas de dissonância conl r-ava à humanidade antes eh, vin• de Estado, a salvação para a huma• procedentes da Rússia e da Alemanha da do Salvador. nidade contra o comunismo, enquan.. constituem un\ elogio ºà rebours'', Para se 1cr disto uma idéia exala, to ourros católicos, não menos desdado que ser elogiado por H itler e basta olhar com reta intenção o pavairados. apelam para a própria Stalin é um vexame, e ser ultrajado norama contcm1>o râneo. Enquanto. na aliança dos comunistas a fim de ven.. por eles é uma honra - são poucos Alemanha, Hitler com a hipocrisia de ccr o nazismo. os que compreenderam sua obra ma- J udas procura executar o programa ravilhosa. de Juliano o Apóstata, na Rússia Sta· :É que ela se desenrolou em uma lin e sua caterva reproduzem as per. quadra tormentosa, de violência e de seguições de Domiciano, Calígula e Disse-se que Pio IX foi o Papa do confusão, em que a arrogância dc.~a- Nero, com todos os seus requintes não, que soube dizer a todos os erros brida da força e a astúcia cínica do ele crueldade. As piores luias que a de seu tempo uma das mais retummaquiavelismo parecem ter entrado Igreja teve de enfrentar desde Cons· bantes e ousadas negativas que a Hiscm combinação para alucinar e per- tantino e Juliano, nada são em com· tória registra. Pio XI, entretanto, ,foi verter as massas. E, no meio da tor- 1>aração das de nossos dias. A pró· cm grau talvez muito mais alto o Pamenta e da confusão, foi só Pio XI J>ria Revolução Francesa, tão sinistra pa do não. quem soube falar no mundo a lingua- e ião sanguinária, parecc•nos hoje A tarefa de Pio IX foi de quebrar gem clara, peremptória e altiva, da uma avó tímida e acanhada da Re· os tentáculos dos inimigos que o agre· fé e da razão. volução comunista, a 1al ponto as cc· diam. A de Pio XI foi a de <[Uebrar nas de saugue da Espanha e do Mé- os braços dos judas que queriam abra•• xico excedem em violência às de 1789, çá-lo. Enquanto a primeira atitude é e a 1al ponto a doutrinação dos co- fácil e clara, a segunda se presta a O ponti(icado de Pio XI se assinamunistas ultrapassa, cm furor dcstru- incompreensões perigosas. O Papa, lou por um triplice aspecto: livo, a dos revolucionários franceses. entretanto, não recuou perante estas. a) as doutrinas· heterodoxas acin• Se ao meno.s se pudesse dizer que Os primeiros a c-0rtejaren1 o PontÍ· giram um radicalismo e se revestiram a heresia nazista grassa apenas na fice foram os totalitários, que comede uma violência desconhecida para Alemanha e a comunis1a na Rússia, çaram por conceder à Igreja as maioa Igreja desde a época de Constan- ainda a situação seria menos doloro· res regalias - às quais Ela tinha, 1jno~ sa. O que. entretanto, caracteriza a entretanto, pleno direito. Aos sete b) a situação, tornada extremamensituação presente é que tanto o na- ventos, proclamar:im eles a sua amite crítica para a Igreja por esse zismo quanto o comunismo se: cons~ zade à Igreja. Aos poucos, foram-se radicalismo doutrinário e por essa tituíram como verdadeiros polos de colocando como seus pro1etores. E, violência prática, agravou-se ainda atraç..'io de todas as doulrinas políti.. finalmente, quise:r:im-se · transformar mais pela confusão estabelecida cm cas, filosóficas e sociológicas de nosso cm seus do nos e senhores, para e:svirtude da ex istência de duas grandes século. Se: fôssemos reduzir a um cravi1~{-La ao Estado e dar como preheresias ostentando entre si um vivo mapa hidrográfico o mundo con1cm- ço desta servidão o esmagamento antagonismo. enquanto cada qual por porâneo, poderíamos dizer que ele ('?) do comunismo. Tudo isto no meio seu lado ugride a Igreja com desa- apresenta - abstração fci1a da Igre.- de sorrisos e carícias que 1ornavam ja - apenas duas grandes bacias, a embaraçosa a situação. brido íuror; Com uma implac~ívcl clarividência, e) por outro lado, em todos os paí- do comunismo e a do nazismo. para ses, e a despeito de Iodas as persegui- cujos rios centrais convergem todos Pio XI. desfez o manejo, m ostrou claramente que preço mínjmo vali:im a ções~ um renascimento católico ma~ os outros tribulários. Efetivamente, fora ela Igreja, não scuy olhos os bens perecíveis com que r:wilhoso se tem observado. Esse rese nota uma única corrente de pen• n:1scimento, que ainda não é bastante procuravam aliciá-lo seus aparentes samento que, quer pela natureza de vigol"oso para dar solução imediata amigos. aos problemas atuais, apresenta en- sua ideologia, quer pela orientaç.ã o Radiantes com a luta entre os totretanto tais índices de vitalidade e de polít ica de seus chefes, não tenda talitários e a Jgreja, os esquerdistas solidez, que deixa entrever claramen- para o comunismo ou para o nazismo, começaram a se aproximar por sua te, como se estivéssemos na aurora de e não preste à expansão de um ou vez. Alegavam eles a necessidade de uma grande Pentecostes mundial, uma de outro um apoio efetivo e ardente. uma aliaoça. Ofereciam ao Papado Na realidade, se a.s her~ias comucivilização futura, florescendo à face os louros de uma consagração retumdo mundo finalmente renovada pelo nista e nazista subjusaram a Rússia bante nos círculos liberais e democráe a Alemanha, seus tentáculos se esEspírito Santo. praiam pelo mundo inteiro e ameaçam ticos. Até o comunismo calçou de À vista desta 1ríplice situaç.'\o, Pio arrastar para o sorvedouro toda a pelica branca sua mão sangrenta, para XI foi: es1cndê-la à Santa Sé. Também a esta civili1..ação contemporânea. a) contra o extremo de: violência política, Pio XI disse energicamente não. de :;cus inimigos, um paladino de um •• heroísmo que pode ser comparado ao Para o Papa, Mestre infalível da das mais evangclicamente audaciosas Infelizmente, os males da situação verdade, não era necessário ficar com figuras da H istória eclesiástica; não são apenas estes. ' CQ:-CCI.VI NA f'Á(.HNA (~

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antagonismo entre o nazismo e o conumismo, um doutrinador de· fulgu-

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Papa Pio X I

TFP REúNE EM SÃO PAULO JOVENS SUL-AMERICAN OS REUNJRAM-SE EM São P<1ulo; de 14 a 20 de janeiro, cinqiicnla jovens de cinco ,países sul.americanos (Argentina, Bolívia, Chile, Equador e Uruguai) para participar da XX ~mana Especializada para a Formação Anticomunista - SEf.:Ac. Os jovens tiveram um curso c?mpleto de. r~futação do comunismo e analisaram a fundo a ação da Sociedade Bras1le1ra de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, promotora do certame. As reuniões dcscnvo1veram-sc num ambiente de entusiasmo e seriedade, destacando-se entre os conferencistas os Srs. Cosme Becear Varela H ijo, Prcsidênte da TFP argentina, J>airici? Amunátegu! Monckeberg e AleJandro Br:tvo Lira 1 Vicc-Prcsiden1c e Otrctor, rcspcct1vamen1e, da TFP chilena. A sessão de encerramento teve lugar no auditório do Othon Palace Hotel, tendo discursado o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e os representantes das delegações.

Virtude s e squecidas

FUGIR DO HEREGE COMO SE FOGE DA PESTE Da ··Nova Floresta' : AQUI VEREMOS c1 <:autclll, csrrauhez.a e c1iuda desprezo com que nos devemos portar com os hereges. f:: dogma de Selo Paulo em, vtírios textos (Tito 3. 10; 2 Tim. 3, I e ss.; Rom. 16, 7); e São Joüo (2 Jo. 5, 10) 11roíbc até o saudá-los.: "Nec ave ei dixcritis"; o,ule se note que "ave", ou "salve", por cJ·t,lo dos romanos. se tliz.ill 1w entrada, como o ç,w,lc" à tlespeditla; e. 11orqua11• to, com .w:mellumte gente, mais segura é ,, despedida do que a entrada, e quem escusar esta escusada tem aquela, por isso diz Siío João q~,c nem. a smulação "ave" lhe digamos. Cou10 tem as entrtmhas da mtençiio cor'ruptas, é fo,·ça que o lVI/O tias palavras seja pestilento,· e. se nos 1/es"iamos do que respira um apcstado ou tísico, por ressalvar " nossa satÍde corporal, quanto mais ,levemos evitar o de um herege. por cmuclor a tia alma? O mesmo São João confirmou com. o exemplo o que ensinara com a palavra, pois não quis entrar no banho onde Ccrinto. herege, se lavara. Notável é o caso que sucede,~ a São Martinho, Bi.tpo: por uma leve e qua.re inescusável comumCCl· çtío que teve com ltácio, herege, levou. uma rcprcen.riio do seu, Anjo, e dali por 1/iante experimentou mais dificuldade e trabalho em. curar os energúmenos. e por dezesseis tmos que lhe restaram tle v,da se absteve cle emrnr em .rínodo. - ["Nova Floresta", Livraria Chardron, de Lello & Irmão, Porto, 1911, 5.0 tomo, pp. 174-175).

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PADRE MANOEL BERNARDES


l OlllBTOR:

Jost

C ARLOS CASTILHO DE ANOR.A.DB

NO DIA 7 DO MÊS DE MARÇO, HÁ 700 ANOS, SUBIA AOS CÉUS O DOUTOR ANGÉLICO, SÃO TOMÁS DE AQUINO página 3

São To,nás ,le Âq1Lino co,n «sas - iniage,n port1tg1w.sa do sécrilo XJI111, existente na sede do Conselho Nacional da TFP, ent São Pamo ( foto de Fernarido F1tr· q11i11i ele .4lnieida Fi,l ho)

N.º

2 7 9

MARÇO

DE

1 9 7 4

ANO

X XI V Cr$ 2,00


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Plinio Corrêa d e Oliveira

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;1ssim me entregar desprcocupadmnentc à consideração de tudo quanto o folheto tem de excelente. A analisá-lo em todos os seus lados pOSÍw tivas, poder-se-iam fazer tantos comentários que encheriam um "pockct-book". Evidentemente, não pretendo estender-me tanto assim nas reduzidas dimensões deste artigo. Cinjo-me, pois, a analisar o trabalho publicado pela Divisão de Segurança do 1'1EC sob um ângulo especial. É o proveito que dele podem tirar muitos brasileiros, dos melhores, que têm do co-

Proveitoso para brasileiros de escol

munismo, suas metas e seus métodos, uma visão ,ão estreita, que seu anticomunismo resulta

EV E LARGA divu lgação na imprensa o folheto intitulado ''Como eles agem", que a Divisão de Segurança e Informações do Ministério ,la Ec.Jucação e Cultura apresentou há pouco ao público. Ocorreu-me desde logo comentar esse trabalho. Temas de urgênc ia imediata mo impediram. Faço-o agora. Em linhas gerais, considero a publicação do MEC notável pela qualidade, patriótica por sua inspiração e excelente do ponto de ,·isla ela oportunidade. O que não quer dizer que com ela concorde cm tudo. Parece-me que a matéria tratada no folheto pede desenvolvimento que - espero - a Divisão de Segunmça e Informações do MEC ainda dará a lume cm ou tros trabalhos. Exemplifico. É bem verdade que a propaganda co-

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tacanho e insuficiente. Fazem-me eles a impressão de quem quisesse reagir contra um bombardeio de gases tóxicos brandindo a espada, ou dando tiros com armas usadas na Guerra do Paraguai. Espero que uma análise detida do folheto do MEC permita abrir os olhos desses patrícios de escol, de cuja atividade mais bem orientada tanto e tanto pode cspernr o País. A fim de poupar espaço, quero dar uma relação das teses do que cu chamaria o anticomunismo de visão estreita. Aos que aceitam algumas dessas t<l5es, recomendo muito especialmente não só que leiam mas que também estudem o folheto do MEC. Desta forma dou minh,! contribuição para que esse trabalho circule cdmo merece.

munista procura fazer um antigovernismo mal

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intencionado e cavorteiro. Convém que o MEC deixe mais claro, oportunamc?1tc, que nem por isto toda ação antigovernista é inspirada pelos comunistas, ou pelo menos redunda cm proveito para o comunismo. Como distinguir o antigovernismo envenenado dos comunistas, do de uma oposição legítima e leal? 13elo tema a ser desenvolvido pelo intelectual, ou equipe de intelectua is, que produziu o folheto do MEC. Sinto-me mu ito 11 vontade para levantar esse assunto, pois, como é absolutamente notório, nem cu, nem a TFP, cujo Conselho Nacional presido, temos qualq uer vinculação de natureza política, quer com a situação, quer com a oposição. E se aplaudimos muitas das medidas tomadas pelo Governo contra a investida comunista, nem por isso nos consideramos vinculados a cada um dos lances da política social e económica por ele desenvolvida nestes anos. Assim, quando o Presidente Médici começou a aplicar no Nordeste a reforma agrária, não me dispensei de afirmar, pelas colunas da "Folha de São Paulo", que a posição da TFP face ;)s leis de reforma agrária vigentes era a mesma de sempre, isto é, a do já hoje histórico livro "Reforma Agrária - Questão de Consciência". E só não insisti no assunto, porque notei a inércia dos agricultores, e a perfeita atonia das suas associações de classe. Eu gostaria de que o ou os autores do íolheto do MEC, aos quais sobra talento e cultura para isto, precisassem em outro trabalho a linha demarcatória entre atitudes como esta que é legítimo tomar também em outros campos, sem que, por ~to, se sej'a antigovernista - e o antigovernismo chicanista e de má lei, que · o folheto tão lucidamentc denuncia.

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* • • Deixo feitas estas considerações logo de início, para não mais ter que voltar a elas, e

As cinco teses do anticomunismo restrito Passo, pois, a enumerar alguns modos, tão restritos e simplistas, de ver o problema comunista, que acabam por criar entraves dos mais sérios 11 ação anticomunista. Esses modos de ver - dos quais obviamente não participo - são adotados não raras vezes por elementos 4ue, sem hesitação o afirmo, fazem parte do cscol cultural ou político do País. Assim , não é minha intenção dar a este artigo um caráter polêmico. Peço que, pelo con\rário, se veja nele um convite a um diálogo cordial. Para maior clareza e brevidade, apresento articuladamente as diversas teses do que eu chamaria de·anticomunismo restrito. E l'ªra diferenciar umas teses das outras, numero-as: Ação comunista é a que se desenvolve através do PC. Socialismo e esquerdismo são posições ideológicas ou políticas inteiramente aceitáveis, que não tendem para o comunismo, nem o favorecem . •

1 -

• 2 - No Brasil, o terrorismo é a única forma de ação comunista capaz de êxito. O proselitismo mernmente doutrinário não oferece risco. Liquidar o terrorismo é, pois, liquidar ;,,so facto o perigo comunista. • 3 - O teatro, o cinema, o rádio, a televisão e a imprensa só são instrumentos de propaganda· comunista quando expressamente

i.

• 4 - Os comunistas são movidos por um sincero empenho cm resolver os problemas econômicos, sociais e educacionais. De onde, resolver esses problemas importa em apaziguar a sanha comunista e neutralizar-lhe a investida. Fartura e organização bastam para derrotar o comunismo. Quando muito se lhes deve juntar a repressão policial. A ação anticomunista de índole ideológica não é útil para tal fim, e pode até exacerbar perigosamente os comunistas.

• 5 - A Religião nada tem que ver com o F.stado ou a polít ica. O esquerdismo católico talvez deva ser combalido enquanto forma de ingerência do Clero numa esfera que não é a sua. Porém, enquanto ele se limita a ser um fenômeno de sacristia, não interessa ao Estado. Admitamos a hipótese extrema de que, circunscrito aos meros meios religiosos, o esquerdismo católico venha a corroer e destruir por dentro a Igreja: isto de nada importa ao Estado brasileiro, que é laico.

• • • Como faci lmente se pode ver, estas cinco teses têm como pressuposto uma concepção que cu chamaria de cândida, da onipotência do Estado. Este, atuando dentro da esfera que lhe é imediatamente própria, isto é, da lei, dos órgã.<>.$ p,olíticos, das forças armadas e da polícia. seria inopotente. Em face dele, a sociedade não constituiria senão massa inerte, que se deixa manipular à vontade. Simples "maticrc à gouvcrnement". 13aslaria que, quando muito, se lhe desse pão. Os imperadores romanos eram um pouco mais subtis. O lema que adotavam para sujeitar a sociedade ao aparelhamento estata l compreendia "panem et circenses". Mas estes últimos não faltam cm nossos dias. E assim disporia o Estado de todos os elementos para dirigir a seu talante a sociedade. - Porém, até que ponto a boa dout.rinâ e a experiência comprovam esta forma tão circunscrita de ver as relações entre Estado e povo, bem como entre poder público e problemas ideológicos? Sobre tudo isto, o valioso folheto da Divisão de Segurança e Informações do Ministério da Educação nos dá preciosos elementos de reflexão. CONCL.VI WA p.(ou,tA 6

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2

pregam idéias comunistas. O uso de [órmulas literárias ou artísticas cm que o comunismo vem veladamente inculcado não é digno da atenção dos poderes públicos. Primeiramente, porque a literatura e as artes constituem, de si, terreno inteiramente autônomo das atividades políticas. Em segundo lugar porque, a se procurarem tais c.:xprcssõcs veladas, cair-se-ia no risco de ver ex. pressões suspeitas de comunismo em muitas produções inocentes, e se coarctaria assim a 1ibcrdadc da cult1u·a e da arte. Ademais, a entrar em eogitações cultun,is e artísticas mais ou menos bi1~1ntinas, o Estado sairia de sua órbita própria e se afundaria cm problemas incxtricávcis. Por exemplo, a se admitir que o comunismo luta a favor do feio contra o belo, o Estado deveria logicamente lutar a favor do belo contra o feio. Daí deveria ele adotar uma estética oficial própria. E isto se opõe intciramcn\c il visão arejada e moderna do Estado.

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IDE A TOMAS PARA EVITAR os erros, que são a causa pri,neira das niisérias de nossos tenipos, é preciso per,nanecer fiel, hoje ,nais do que nunca, às doutrinas de São Toniás. As vári<1s opiniões e

teorias dos 1nodernistas, ele <1s conf uta vitoriosa,nente, tanto 1u1 filosofia, defendendo o valor e <1 /orça d<1 ir~teligênci<t hurnann, provando corn firrníssirnos <1rgnrnentos a existência de Deus, como na teologia, distinguind-0 bem a orde,n 1u1t1l.ral da sobrenatur<1l e ilustr<trido as razões da fé eni tod-Os os dogmas, e 1nostrando que as coisas crid,,s coni a fé não se avói<11n sobre urna opinião, nws sobre

ci

verdade,

e são imutáveis; na ciênci<t bíblica, dand-0 o verdadeiro conceito da divina inspiração; na disciplina

,noral, social e jurídica, estabelecerulo be,n os princípios da justiça legal e social, co1nutativa e distributiva, e <1s relações da própria jnstiça co,n <1 caridade; na ascética, dand-0 regras 1x1ra " per/eição da v~L cristã e impugnando <1os que e,n seu te,nvo se ovunlu11n às Ordens Religios<1s. E contra essa em<tncipação em relação a Deus, hoje tão decant<1da, afirnu, os direitos da verdade prirneira e da autoridade c1ue sobre nós te,n Deus, Senhor Suvre1110. De orule se vê porque os modernistas não teme111 ne1ihu1n outro Doutor da Igreja tanto corno 1'omás de Aqitino. Assim, pois, co1110 outror<1 <1os egípcios que se encontravam nunw extrem<1 necessidade foi dito "ide a José" (Gên. 41, 55), JX1r<1 obter dele <1 abundlincia de trigo par,i o alimento d-Os r.orpos, do ,nes,no

niod-0 hoje, a todos os que têni fome de verdade Nós dizemos: "Ide a Tornás", para que ele lhes dê o pábulo da sã doutrina, que possui e,n <1bundâncw, e o alirnento das al,nas para CI

vida eterna. Que esse alime,ito esteja ao alcance de tod-Os, foi <Ltest.<1d-O sob a fé do jriramento, quando se trC1tou de inscrever São Tonuís no catálogo dos Santos:

"Na escola luminosa e aberta deste Doutor florescera1u 1nuitos 1nestres Religiosos e seculares; por seu 1nét~do conciso,

claro e fácil [ ... ] , mesrno os leigos e homens ele escassa inteligência desejam ler seus escritos".

(Encíclica "Studioru,n D1ice111", de 29 de junho de 1923, no 6. 0 centenário da canonização de São Tonuís de Aq1,ino).

PIO

p P. XI 3


A lição do jacarandá fl M 00 ;-100 p:1ssado marcou o !'u<:csso do Brasil crn duas exposições no Exterior. No Chile, nosso pavilhfio ganhou o primei· ro prêmio da Exposição Internacional de Snntiago, que conta com a participação de várias nnções da

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América L:llina e da E uropa. Mas o m:,ior êxito foi alcançado pelo Brasil Export 73. cm Bruxelas que, no curto espaço de Juns semanas. resultou cm negócios no montante

de 300 milhões de dólares. Com vistas ao Mercado Comum Europeu. o mnostra de nosso parque industrial superou to .. das as expectativas. Ao lado de ''stands'' artisticamente ,nontados de

380 ex positorcs nacionais. contendo -o que de melhor produzimos, desde tecidos até manufaturados. havia um mostruário origin:'11 que despertou gran-

!'A sessão solene de encerramento da SEFAC, no Othon Palace Hotel

XXI Semana Especializada para a Formação Anticomunista A XXI SEMANA Especializada para a Formação Anticomunisla - SEFAC - reuniu n:i.s sedes da TFP em São 'Paulo, de 7 a 10 de fevereiro. duzen1os jovens procedentes de quinze Estados da Federação: Pará, Ccar:í. Paraíba. Pernambuco, Goiás, Dis1ri10 Federal, Minas Gerais, Espírito San10, Rio de Janeiro. Guanabara. Maio Grosso. São Paulo, Paraná. Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As conícrências do certame vcrsar~un sobre aspectos da doutrina e da ação anticomunistas, considerados 11 lu1. dos princípios cristãosJ para a formação dos jovens cm nossos dias, sendo os prin-

cipais conferencistas os Srs. Prof. Paulo Corrêa de 8ri10 Filho. Prof. Umbcrco Bracccsi, Prof. Orlando Fedeli. Prof. Antonio Dumas Louro, José Lúcio de Araújo Corrêa. Bcno Hofschultc. Péricles Capancma Ferreira e Mcllo, Fernando Furquim de Almeida Filho, Arnóbio José Glavan e Nelson Ribeiro Fragclli. Durante a sessão solene ele encerramento, rea•

lizada no audi1ório cio 01hon Palacc ·Hotel. o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira conclamou os jovens a servirem cm seus Ícspectivos amhicn'tcs os sagrados principios da tradição, da família e da propriedade.

Nossa Senhora, ., . unzca esperança do Vietnã

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LAGELADOS DURANTE anos a fio pela guerra desencadeada pelos comui>istas, os sul-vietnamitas não vêem mais esperança

nos socorros humanos. Abandonados pelos EUA, que de lá ret iraram suas tropas e armamentos, eles se vollam par:~ Nossa Senhora de Fálima, padroeira especial dos que lutam c-0ntra o dragão vermelho do comunismo. De março a outubro do ano passado, uma imagem da Virgem de Fátima percorreu todos os b:tir·

ros de Saigon, capital do país. Conduzida cm procissão, a imagern cm ent roni1.ada cm lares,

permanecendo um dia cm cada casa, exposta à veneração do povo. Tais foram os írulos das orações e da calcquesc feitas nesses lares, que muitos pagãos sul-viel· namitas se converteram à Fé Católica. Neslc ano os católicos do Vic1nã do Sul pc<J.iram insistentemente que a imagem milagrosâ de Nossa Senhora de Fátima, que. verteu lágrimas cm Nova Orlcans. fosse a seu país, e: frct:uam um avião p.1ra conduzi-la . Essa imagem peregrina é :l

mesma que esteve percorrendo o Brasil por volla

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por diversas entidades norte.. americanas, que quise-

ram a presença da TFP no ato solene da enlrega das pilhas de listas subscritas. Ape.s ar da temperalura de 6 graus abaixo de zero, mais de 20 mil pessoas estavam presentes diante do Capilólio. Atraíram vivamente a atenção dos manifestantes os vistosos estandartes e as capas rubras dos jovens da Tradição, Familia e Propriedade, que divulgaram na ocasião, com grande sucesso. um número especial de sua revist3 ·'Crus.ade", contr:i.

o aborto. A manifcslação reOctc o êxito da campanha 4

melhor, móveis coloniais. O mostrml.rio do TOS

fora todo mobil iado com belíssimos móveis cntalhndos por um jovem artista mincirot Eurico de

Castro. que trabalha apenas com jacarandá. As íormas harmoniosas. a perfeição do acabamento e a sobriedade do nosso genuíno jacarandá entusiasmaram os empresários europeus . .De fato, o espetáculo dos móveis coloniais brasileiros era inédilo no Velho Continen1c. Como re-~ultado, o "sland" que não podia vender aço começou a vender móveis . . . E o dcsprctencioso artista de Minas não sabe a.gora como forá para atender a tantos pedidos de firmas de móveis européias,

pois ele 1rabalha cm regime cs1ri1amente artesanal. . . Aliás. fazemos votos por que continue

assim pnra não prejudicar a qua1id11dc de seus 1>rodu1os. Desse modo, ao lado dos manufaturados de tod:is as espécies, na Fcirn ~e Bruxelas brilharam, com fulgor especial, as linhas artísticas dos velhos, rnas sc1nprc atuais. móveis coloniais cm ja· car:,ndá, numa afirmação incontestável de que a verdadeira tradição pode-se harmonizar com o progresso. Aliás, cslc só é senuino quando pressupõe " tradição . . . (All lM - Agência lloa Imprensa).

Mário A. Corrêa

de 1950, e cm maio de 1973 esteve nas sedes da TFP cm São Paulo e na Catedral de Campos. Agora ela visitou Iodas as Dioceses do Vie1nã do Sul. Nossa Senhora já oblcvc vi16rias milagrosas para os católicos que têm fé. Por exemplo, contra os árabes em Covadonga, no século lX, na Espanha: contra os 1urcos cm J.cpanto, no século XVI: e contra os holandeses protestantes nos montes Guararapcs, cm Pernambuco, no século XVII. Recorda-se também que o.~ russos deixaram livre a Áustria, cm 1955, após fervorosas preces fei1as pelos católicos austríacos. que aos pés da imagem peregrina de Nossa S~nhora de F:ltima pediam o que humanamente parecia irnpossívcl, pois os soviéticos não costumam abandonar um país após tê-lo invadido. Ela não deixará de ouvir agora seus filhos do sofrido Vietnã do Sul. que lulam hcroicarncnte contra a :.1gressão vermelha de Hanói, sustentada

pela Rússia e pela China. Por íirn, a (maculada esmagará o <lragão mal· dilo! (ABIM - Agência Boa Imprensa).

Flávio Braga

Estandartes da TFP diante do Capitólio de Washington S ESTANDARTES rubros da TFP dos EUA 1remularam na praça do Capi1ólio. em Washing1on, cm janeiro úllimo, por ocasião da entrega ao Congresso de 3.600.000 assinaturas pedindo a revogação da lei que liberou o aborto naquele país. O monumental abaixo-assinado foi promovido

de curiosidade e interesse. Tra1ava-sc do "stand" do 18S - lns1i1t110 Brnsilciro de Siderurgia. Qualquer negócio cm matéria de aço e conexos só podia ser realizado a partir de 1977, quando nossa produção sidcr(irgicn começará a ser exportada. Assim, curiosamente, o 18S não podia vender aço e sim macieira ... Ou

contra a liberação do aborto nos EUA. Em outras panes do país. houve também fatos marcantes. Em Patcrson. Nova Jersey, as paróquias locais organizaram urna i,nprcssionante procissão notur. na de orações pelas crianças ameaçadas pelo aborto, com a participação de cerca de 10 mil pessoas, que levavam velas e tochas. Procissões semelhantes (oram realizadas cm outras cidades. Em alguns lugares, o povo conduzia caixões funerários. braricos. contendo fetos abor·

Trinta e oito filhos

A

ONU DEC LAROU 1974 o Ano da População, com o objetivo de incremenlar a

educação sexual (entenda-se: propagar os

:mticoncepcionais). difundir ::\. esterilização e a prá-

1ica do aborto. Além disso, convidará as nações industrializadas a adotarem uma polí1ica de controle da natalid:1de, a fim de reduzir a taxa. de nasci• mcnto.s a um nível estável, dentro de seis anos, e num prazo ainda rnenor ern regiões conl grande movimento migratório. Na Conferência Mundial de População, a rea. Ji:uu·-sc crn agosto vindouro cm Bucarcst. capital da Rumânia comunist:'I. o Brasil vai 1l'li1nifcsta1··sc

contra qualquer diretriz externa que lhe possa cercear a liberdade de cuidar de sua 1>r6pria política populacional. Aliás, a doutrina calólica a rcspcilo é mui10 clara: são contn\rios à Lei ele Deus quaisquer mé10<10s ar1iíiciais de controle da natalidade. Nossa nação de tradição gcnuina1nente cristã,

cujo oascimcnlo foi marcado pela celebração do Santo Sacrifício da Missa , 1cm-sc mantido , fiel observadora desse importante ensinamento da Igreja, apesar de uma propaganda sorrateira dos anticoncepcionais, que se alastra infelizmente por

todo o País. Ainda há pouco, um anuário publicado cm Londres noticiava que é brasileiro o casal mais prolí·

íico do mundo. Residente cm Belém do Pará, já teve 3S íilhos: 14 homens e 24 mulheres. En1revistado por ocasião do nascimcnlo de seu 38.0 fi. lho, o marido, de 58 anos, declarou que não cn .. tendi~ ..port1ue as pe.1so11s fatiam tanro alvóroço'' a respeito, e sua esposa, de 54, declarou na mesma ocasião: ··•os Jl/hos d,io nmito trabalho e muita prcocupação mas vale a pe11a Aliás, poderia ser 1

11 •

de outra maneira? . . . Na cidade paulista de Guaratinguct~í, no vale do Paraíba, um simpático diário local promoveu recentemente um interessante concurso: "A mãe

de maior nómcro de filhos". Esla promoção insere-se dentro da mais genuína tradição nacional. .. Ox.alá o governo federal manlenha inabalável sua posição de cs1imulo à nalalidadc, apesar da

tados. Em Los Angeles. um grupo de senhoras foi processado por apedrejar uma sinistra clínica que dcs1rói indefesas vidas humanas. Em Clcvcland e em Los Angeles, duas clínicas do gênero tiverom que se mudar. devido à oposição dos moradores das vizinhanças. (ABlM - Agência Boa Imprensa),

uma entidade como a BEMFAM que. infelizmente, já sensibilizou algumas administrações estaduais e municipais. (ABIM - Agência Boa Imprensa).

Hamilton d'Avila

Silva Meira

campanha contrária promovida em nosso país por

~, 1


\~

TFP divulga pelo Brasil a reportagem sobre o ·Chile -

A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Fam.ília e Propriedade está divulgando em todo o Brasil (fotos) o número 274/ 276 de " Catolicismo", que contém ampla reportagem sobre o fracasso do socialismo no Chile. Os propagandistas da TFP vêm encontrando grande receptividade por parte do público, tendo sido feitas já duas tiragens daquela nossa edição, num total de 30 mil exemplares. O mesmo texto está sendo apresentado em seus respectivos países pelos seguintes jornais e revistas editados pelas entidades congêneres das Américas: "Covadonga", da Venezuela; "Crusade for a Christian Civilization", dos Estados Unidos; " Cruzada" , da Colômbia; "Fiducia", do Chile; "Lepanto", do Uruguai; "Reconquista", do Equador; "Tradición y Acción", do Peru; e "Tradición, ] Familia, Propriedad", ~~ Argentina.

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Conclusão da pág. 2 Atendendo ao desejo de numerosos leitores, damos hoje o texto cm laúm do Exorcismo publicado por ordem do Papa Leão XIII, cuja tradução portuguesa estampamos em nosso número 259. Esta oração, composta para pôr em fuga o demônio - e própria para ser rezada também por leigos - é especialmente oportuna em nossos dias nos qua.i s, segundo as palavras de Paulo VI, " dir-se-ia que a fumaça de Satanás penetrou no próprio Templo de Deus" (Sennão de 29 de junho de 1972) . Para facilitar a oração e,n comum, indicamos com o sinal [U] o. que deve ser rezado por uma voz, e com o sinal (TJ o que deve ser rezado por todos; como se sabe, o V. é dito por um e a R. por todos. Recita-se de pé até a oração "Deus cacli" exclusive, e de joelhos daí até o fim.

EXORCISMUS IN SATANAM ET ANGELOS APOSTATICOS jussu Leoni·s XIII P. M. editos IN NóMINE Patris, el Filii, ct Spírilus Sancli. Amcn . [UJ

,\d S. Michoelem Archonge lum precotio

.

Princeps gtoriosíssime caeléstis milíliac, saneie Míchacl Archángcle, deféndc nos in práelio advérsus príncipes c1 poJcslátcs, ad· vérsus mundi rcctórcs tenebr:í'rum h~rum, contra spiri1uália ncquítiae, in coeléslibus. Vcni in auxílium hóminum; quos Deus ad imáginem similitúdinis suac fecit, et a tyránnidc diáboli cmit _prétio m_agno. - Te cust6dem et palrónun\ sancta venerátur Ecclésia; ribi trádidit Dómimís. ánímas redemptórum in supérna felici1á1e locándas. Deprecáre Dcum pacis, ui c6ntcrat sátanam sub pé·

sum faclus obédiens usquc ad morlcm, qui Ecclésiam suam acdificávit supra firmam pelram et portas ínfcri advérsus cam numquam esse praevalitltras edíxit cum ca ipse per· mansúrus ómnibus diébus usquc ad consum· matióncm sáeculi. ímpcrat tibi sacraméntum 1

Crucis t , omniúmque chrisliánae fídci Mysteriórun1 virtus t . 1mpcrat tibi cxcélsa Dei Génitrix Virgo María t , quac superbissimum caput tuum a priino instánti immacutá. tac suac conceptió,nis in sua humilitáte con-

trívir. fmperat tibi fidcs sanctórum Apostolórum Petri c1 Pauli caclcrorúmque Aposto16rum t . Imperai tibi Mártyrum sanguis, ac pia Sanctórum ct Sanctárum 6mnium in•

dibus nostris. nc ultra válcat captívos tenérc

tcrcéssío. Ergo, draco maledíctc et omnis légio dia-

h6mines, et Ecclésiae nocérc. Offcr nosiras

b61ica, adjurámus te per Deum

preces in conspéctu A1tíssimi, ut cito antícipenl nos miscricórdiae D6mini, et appre·

héndas drac6ncm, scrpéntem antíquum, qui cst diábolus ct sátanas, ac ligátum minas in abyssum, ut non scdúcat ámplius gentes. EXORCÍSMUS

[T] ln n6minc Jcsu Christi Dei et Dómini nostri, intercedénte lmmaculáta Vírginc

Dei Gcnitrlce María, beáto Michaéle Archángelo, beátis Apóslolis Petro ct Paulo ct 6mnibus Sanctis, ad infcstati6ncs diabólicae

fráudis repclléndas sccúri aggrédimur. PS<llmus 67

(UJ

Exsúrgat Deus ct díssipéntur inimí-

ci cjus;• ct fúgiant, qui odérunt eum, a fácic:

ejus. (TJ Sicut déficit fumus, defíciant; • sicut fluit e-e ra a fácic ignis. sic péreant pec·

t

vivum, per

Dcum t verum, per Deum t sanctum, per Dcum qui sic diléxit mundum, ut Fílium suum unigénitum. darct, ut omnis quj crcdit

in eum non péreal, scd hábeat vitarn aetérnam: cessa decípere humánas crcatllras. císquc actérnae pcrditiónis venénum propináre: désine Ecclésiac nocére er ejus Jiberláti Jáqucos injíccre. Vade sátana, invéntor ct magísler omnis falláciae, hostis humá,'!_âe salúlis. Da locum Chrislo, in quo nihil ·i'nvenísli de opéribus tuis. Da locum Ecclésiae uni, sanctae, cathólicae, et Apostólicae,

quam Chris1us ipse acquisívit sánguinc suo. Humiliárc sub poténti manu Dei, contremísce et éffuge, invocáto a nobis saneio el terríbili n6mine Jesu, quem ínfcri tremunt,

cui Yirtútcs coelórum et Potcstátes et Dominaliónes subjéctae sunt; quem Chérubim et Séraphim inde(éssis v6cibus láudant, dicénte.~: Sanctus, Sanclus, Sanctus Dóminus Deus Sábaot h.

[UJ Exorcizámos te, ,(TJ omnis immúnde

V. Dómine, exâudi orati6ncm meam. R. E1 clamor meus ad le véniat. {UJ Orémus. Deus caeli, Deus terrae, Deus Angelórum, Deus Archangclórum, Deus Patriarchárum, Deus Prophctárum, Deus Apostol6rum, Deus Mártyrum, Deus Confcssórum, Deus Yirginum, Deus qui potestátem habcs donáre vitam post morlem, réquiem post la-

spfritus, omnis · satánic.a potéstas, omnis in· cúrsio iníernális advcrs:írii, omnis légio. om-

esse potes! nisi 1u crcátor ómnium visibí-

catórcs a fácie Dei. V. Ecce Crucem Dómíni, fúgi1e partes advérsae. R. Vicit Lco de tribu Juda, radix David. V. Fíat misericórdia tua, D6minc, super nos. R. Quemádmodum sperávimus in te.

nis congregátio el secla diabólica; in nómine ct virlútc D6mini nostri Jcsu t Christi, eradicárc ct effugáre a Dei Ecclésia, ab animábus ad imágincm Dei c6ndilis ac prctióso divíni Agni sánguine redémptis t . Non ultra áudeas, serpe-os callidíssimc, decípere humánum genus, Dei Ecclésiam pérsequi, ac Dei cléctos excútere et cribráre sicut trílicum t. Imperai tibi Deus altíssimus t. cui in magna tua supérbia te símilcm habéri

adbuc pracsúmis; qui omnes h6minC$ vult salvos fícri, et ad agn.i ti6ncm veritátis vcníre.

Imperai tibi Deus Pater t; ímpcrat tibi Deus Fílius t ; ímperat 1ibi Deus Spíritus Sanctus t . Imperai tibi Christus, aclérnum Dei Veri:um caro faclum t , quí pro salúte géneris 6

nostri tua invídia pérditi, humiliávit semctíp-

bórem; quia non est Deus práeter te, nec lium, et invisibilium, cujus regni non crit

finis: humíliter majcsláti glóriae tuae supplicámus, ut ab omni infernálium spirítuum

potcsláte, láquco, deccpti6ne el nequílôa nos poténter liboráre, -ct Jncólumes cuslodíre, dignéris. Per Christum Dómínum nostrum. Amcn. [U J Ab insídiis diáboli, [T] líbera nos

Dó111ine. (UJ Ut Ecclésiam 1uam secúra tibi fácias liberiiite servíre; [TI te rogámus. audi nos.

Ut inimícos sanctac Ecclésiae humiliárc dignéris; [T] te rogámus, audi nos. [U]

(E asperge-se o lugar com água ~nta).

Comentando Como já dizia Maquiavel... "Neuro s11111111us fit repente"; -nada de extre mado se faz de repente. - Este adágio, bem conhecido dos moralistas católicos tradicionais, exprime uma verdade de observação corrente. Habitualmente - no · tecreno n1oral conto no intelectual - as grandes ascensões ou as grandes decadências se fazem .por etapas. 1=, este princípio que os anticomunistas d e visão estreita, ou simplista, ganhariam cn1 introduzir no seu ,p anorama sócio-polílico. Noutros termos, o conu111ismo constilui um acervo de erros tão enorme, e todos tão extremos, que rarns vezes alguém chega até suas sombrias paragens sc,n percorrer uma longa trajetória intermediária. E, concluída esta, o iambém longo caminho de volta é diCícil. Raros são os que o empreendem. Essa constatação conduz a, uma primeira observação. O anlicomirnismo não se fa:t principalmente a título repressivo, isto é, punindo os que o professam, e tolhendo-lhes a libe rdade. O principal combate ao comunismo é preventivo. Importa cm evitar que as pessoas se engajem na longa trajetória que a ele gradualmente conduz. Jsto, que é óbvio, leva a que uma ação anticomunisla s6 pode ser reputada c!icicute quando inclui o diagnóstico precoce dos primeiríssimos sintomas de comunistização grndual, manifestados por uma pessoa a quem a mosca comunista haja picado. O <1uc envolve dificuldades pitorescamente enuncia. das por ·Maquiavel nestes termos: "Da tísica, os médicos afirmam que 110 pri11cípi,, pode ser c11radt1 co111 facilidade, 11ras co111 dificuldade pode ~·er conhecida; 11ras, correndo o te,11po, não tendo sido reco11hecida e medicada, fácil é conhecê-la e difícil 1c11rá-la" ( "O Príncipe", cap. 111). Detectar em suas formas subconscientes os primeiros pendores de ~lguém para o comunismo, ou as propagandas em que ele mais veladamente se insinua ; esta deve. ser a preocupação máxima de todo anticomunista eficaz. ·

• • • Assim, 1em muita razão o folheto da Divisão de Segurança e l nformaçõcs do Ministério da Educação e Cultura quando afirma - citando Mao Tsé-tung - que para a expansão do comunismo "11111 simpatizante pode valer mais do que uma dúzia de ,nilitantes. Uni catedrático de Universidade que, sem ser membro do Partido, preste-se a servir a URSS, vale mais pela i11fluê11cia que exerce sobre os estudantes, do que ce111 co111111,istas que pregam cartazes". Por vezes, o simpatizante ou o catedrático de Universidade que "serve" aos soviéticos não é diretamente um con,unista. Mas precisamente como uma pessoa pode ser transmissora dos germes de uma doença sem estar doente, assim também pode um democrata-cristão ou um progressista ser transmissor do comunismo, sem se dar ele próprio explicitamente conta de que tende para o comunismo. Assim é que todas as formas de esquerdismo são "comunismogênicas". E considerá-las inócuas é o mesmo que subestimar o mosquito quando se tem o propósito de evitar a febre amarela. · Nesta ordem de idéias, tudo quanto por exs:mplo - concorre para a deterioração do senso do belo prepara as almas para receberem a inoculação ideológica do comunismo. Pois o gosto do belo traz consigo a aspiração para o mais belo, e em última instâ.ncia para o sublime. Medularmente impregnado de senso igualitário, avesso portanto a tudo quanto é nobre e elevado, o comunismo não pode deixar de odiar o belo, e m~is ainda o sublime. O admi.rador de u.ma catedral gótica ou de un1 castelo encontra cm sua alma naturais rpgistências a ser comunista. ~ que as torres sobem para o alto, e o comunismo tende para baixo. A esta luz,

ganha especial sentido a Catedral de Brasília, ávida por se a(undar nas entranhas da terra, e não para galgar os céus. O comunismo traz consigo a negação da família. Compreende-se que a pureza dos costumes seja uma barreira contra ele. Pelo contrário, a agressão sexual - máxime quando reforçada pelo consumo de drogas constitui uma preparação para o comunismo. Nen1 é por outra razão que tantas vítimas da agressão sexual, re(esleJadas em luxuosos automóveis, uivam de ódio quando presenciam as campanhas anticomunistas da TFP. T udo i~to, o Jolheto do MEC o explica com singular precisão, coerência e objetividade .

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SIMPLES RELATO DO QUE SE PASSOU EM FÁTIMA QUANDO NOSSA SENHORA APARECEU Narração completa das manifestações do A,ijo de Portugal e das aparições tle Nossa Senhora ena Fátima, .ftgui-

das revelações, particulares de L,ícia e de Jacinta / 61 páginas.

1/a

Preço do exemplar: Cr$ S,00 Pedidos à F.dilora Vera Cro:i Rua Dr. Martinico Prado 246 01224 - São Paulo

MF.NS.\RIO com

aprovarão ~dtsl~u CAMPOS -

EST. DO RIO

0JRETOR

Josâ CARLOS CASTILHO Dli ANDRADe

l)lrttorla: Av. 7 de Setembro 247. caiirn postal 333. 28100 Campo,, RJ. Admintslratão: R.. Dr. Marcinico Prado 271, 01224 S. P,1ulo. Compos10 e impresso na Cia. Lithogr.iphic;;& Ypiranga, Rua Cadete> 209, S. Paulo. A.ssJnatura anual: comum Cr$ 2S,OO; CO· opc rndor Cr$ 50,00; bcn(citor Cr$ l 00,00: g rande benfeitor CrS 200,00; scmin;:iri$13S e esludantcs Cr$ 20100; Amtrica do Sul e Ccntra1: via de supttfície US$ 4,00; via aére3. US$ S,'2.S; América do Norte~ Portugal, Espanha, Províncias ultramarinas e Col6ni:1.S: via de superfície USS 4,00; via aérea US$ 7,00; outros. países: via de supcrHcie USS 4,50, via sérta USS 9,'2S. Vtnda avulSII: CrS 2,00. Os pagamentos, sempre cm nome de Edl· 10.rn Padre: Btkhlor de Ponlt.s SIC, J)O· dcrfio ser encaminhados à Administração. P3ra mudança de endereço de assinantes~ é nccmário mencionar também o endereço ::mtigo. A correspondência relativa a assi• naturM e venda rwulsa deve ser cnvi3dn. à AdmJn.l$(n.çio: R. Dr. Martlnlco Pr.ulo 271 01224 S. Paulo


APESAR DE ISOLADA, FORMOSA PODE RESISTIR OGO APÔS a admissão da China comunista na ONU, com a conseqüente expulsão dos representantes do governo de Taipé, e a visita de Nixon a Pequim, o mundo inteiro se perguntou: Fo rmosa resistirá? Duas possibilidades foram. então, levantadas. A de uma agressão militar comunista à ilha e a da incorpor.ição desta à China de Mao por um golpe político, fruto de um período preparatório de convergência ideológica. Esta segunda alternativa pareceu, nos primeiros dias, o caminho escolhido por Pequim, quando se chegou a noticiar uma atitude de boa vontade do governo comun ista para com Formosa, inclusive com a promoção de torneios de ping-pong entre representantes da China vermelha e da Chba nacionalista. A revista de Hong Kong, "Far Eastérn Review", especulando sobre esta hipótese, publicou, na época, um estudo das etapas que o processo compreenderia.

minosos cm sua própria casa. Começou, então, a drenagem do dinheiro e da tecnologia "yankee" para a China vermelha. As repercussões foram as piores possíveis. Seguindo o exemplo de seu aliado norteamericano, Tóquio rompeu a aliança com Formosa e reconheceu o governo de Pequim, iniciando-se a d rena~em da técnica e do dinheiro japonês parã a China de Mao. Naquela ocasião, Charles Bray, porta-voz do Departamento de Estado, declarou: "O

L

O perigo militar Entretanto, para outros setores da opinião mundial, o perigo iminente era o do ataque militar. Aliás, o espírito de entrega, da parte de Washington, e o espírito de agressão, da parte de Pequim, presentes na declaração conjunta sino-norte-americana publicada no fim da visita de Nixon à China, deixava c laro que estava nas intenções dos EUA abrir caminho para uma invasão militar de Formosa. Mas, passados mais de dois anos daqueles acontecimentos, a esperada invasão não se verificou. E não faltaram razões para isso. Para uma empresa desse porte, o regime de Pequim precisaria contar com . sólido apoio do seu próprio povo. O pengo de uma revolta, numa ocasião como essa, torna extremamente delicado o e mpreendimento. Ora contar com o apoio popular não é o ponÍo forte do governo de Mao, corno, a liás, de nenhum governo comunista. O povo chinês tem dado mostra de que só suporta a atual tirania por falta de estímulo externo a uma rebelião anticomunista, além de um aparato policial extraordinário e meios dissuas6rios de evitar resistências, como os campos de reeducaç«o pelo trabalho (ver "Yuan Mei e os dez milhões de escravos", •·catolicismo", n.0 258, de agosto de 1973). Por outro lado, dentro do próprio comunismo • a luta entre as diversas alas é tal, • que chega a transpirar pela espessa cor1ma da censura oficial. As fugas para fora da China são constantes, através de Hong Kong e de Macau, pelo mar para Quemoy, e até diretamente para Formosa, de avião. A economia débil é outro entrave a uma tcniativa de assalto a Taiwan. A ausência da livre iniciativa, o combate à propriéd:1de privada, a reforma agrária socialista ~. confiscatória tornaram caótica a economia da China continental. O país só tem escapado da fome graças ao fornecimento de cercais por parte de nações do Ocidente.

A lição de Quemoy Ainda q ue o governo comunista venha desenvolvendo um considerável programa armamentista, há razões estratégicas que o desestimulam a uma ação militar próxima contra Formosa. O canal que separa a ilha do continente mede de 130 a 200 quilômetros d e largura, tornando a empresa de um desembarque extremamente difícil. Seriam necessáriàs tropas expedicionária,. muito bem treinadas, uma esquadra p9(l..:rosa e supremacia no ar. A marinha comu nista não está à altura de uma operação dessa natureza. A aviação de Pequim há 25 anos não ousa mais atacar Formosa. As Forças Armadas de Taipé, além de não constituírem problema q uanto à sua fidelidade ao governo nacionalista, são numerosas, bem adestradas e equipadas. Estão

As Forças Armadas de Formosa são numerosas, bem adestradas e equipadas .. .

dotadas de uma firme decisão, não só de defender a ilha, como também de libertar o continente, na p(imeira oportun idade. A ilha de Quemoy e o arquipélago dos Pescadores estão sob o domínio da China nacionalista. Q uemoy encontra-se junto ao continente, dele separada por um estreito canal. Os comunistas procuraram por duas vezes apossar-se da ilha. Em 25 de outubro ele 1949, 20 mil soldados tentaram desembarcar cm Kunintou, a dois quilômetros do continente. Depois de 56 horas de ataque, os comunistas foram obrigados a se retirar, tendo sofrido 7 mil baixas. A segunda tentativa teve lugar em agosto de J 958, após nove anos de preparação. Dessa vez a força expedicionária contava com 200 mil soldados e a ação foi precedida de 350 mil tiros de canhão sobre Q ucmoy. Mas, ainda assim, o desembarque falhou . E até hoje a ilha-jardim, como é chamada Qucmoy, a dois passos do gigante continental, hasteia altaneira a bandeira da China livre. Em 1972, o enviado especial da TFP argentina, John Spann, visitou Formosa e Quemoy; "Catolicismo" publicou suas impressões no número de agosto daquele ano. Spann informou que, além dos 60 mil soldados aquartelados em Q uemoy, toda a população civil, em virt11dc do treinamento que recebe, está apta a enfrentar o inimigo. Mil.itarmente, a situação de Taiwan é semelhante à da Grã-Bretanha d urante a segunda Guerra Mundial. Com todo o seu preparo bélico e a agressividade de seu$ soldados, Hitler não teve coragem de desembarcar na ilha.

governo ,wrte-<1mericano não está s1tr()reso nen, irritado con, tl decisãq do Javão. O acontecimento JÁ ESTAVA PREVISTO e foi 11111 tios principais tenras das conversações q11e o Presidente Nixo,, mw11eve com Kakuei Tanaka (lntes da viage111 deste a Pequim. Os Est(ldos Unidos continuarão reconhecendo o regime de Fonnosa". Há lógica e seri~dade cm tal política? Diante desse quadro, é de se esperar que Washington respeite o ,ratado de defesa mútua, que assinou com Taipé cm 1954?

Somente a combatividade salvará Formosa Atualmente, Formosa atravessa uma !ase de excecional desenvolvimento econômico. Estimulada por um comércio crescente com os EUA e por inversões cada vez maiores de capitais norte-americanos, a economia da ilha tem dado mostras de grande vitalidade. Chang Ching-kuo, Primeiro-Ministro e filho do Presidente Chang Cai-chec, chegou a declarar que "é no desenvolvimento econô111ico

que reside o essencial de nossa força de ,lissuastio''. Ora, o desenvolvimento econômico, quando mal entendido, é uma arma de dois gumes. Se, por um lado, pode representar o instrumento material para o espírito de resistência, pode, por outro lado, transformar-se cm causa da extinção da combatividade. Na guerra, lembrava Clausewitz, mais importante que vencer batalhas é tirar do inimigo a vontade de vencer. Daí o perigo que um desenvolvimento mal entendido poderia representar para Formosa. Com o progresso e as facilidades econômicas, o povo poderia perder o seu espí-

rito de luta e de vigilância. A preocupação desordenaéla com o aumento dos negócios vantajosos e com o gozo da vida, proporcionado pelos lucros fáceis, leva à rejeição elas considerações ideológicas e acaba criando um clima p ropício à convivência com o inimigo. Nesse momento, seria possível, aos comunistas, executar a manobra politica dt~ anexação de Formosa por um golpe de astúcia. Seria, então, de excecional valor para a China vermelha o isolamento diplomático a q ue os EUA r_e legaram Formosa. Exemplo do que pode representar a febre do desenvolvimento foi a atitude generalizada dos industriais japoneses frente ao restabelecimento do intercâmbio com os comunistas. Enquanto Tanaka voava para Pequim, esses industriais já tinham esquecido que o comunismo chinês era o maior inimigo de sua pátria e q ue e le representava uma grave ameaça à l.ivre iniciativa e à propriedade privada. J ustamente naquele dia, a imprensa noticiava que o clima cm Tóquio era de euforia e otimismo, especialmente poc parte dos industriais, que já planejavam a conquista do fabuloso mercado chinês . . . Por ocasião da admissão da C hina comunista na ONU e do restabelecimento das relações do Japão co.m o governo de Mao Tsétung, houve significativas manifestações de reação da população de Formosa e de suas c lasses d irigentes. John Spann, cm s ua reportagem acima mencionada, ressaltou o espírito de Juta reinante na ilha, e, em especial, em sua juventude. Pôs também em evidência o fato auspicioso de ser refratária ao progressismo a maioria dos católicos do país. Esperemos, pois, que Formosa atravesse o período de prova a q ue está sendo submetida, sem se deixar abater pelo isolamento. Se assim for, será grande o seu papel na história do século XX. Na perspectiva das revelações de Fátima, Formosa ,p oderá ser, então, um dos bastiões na luta coritra o comunismo e um dos instrumentos do Imaculado Coração de Maria para a insta11r~ção de seu glorioso Reinado.

Homero Barradas

Uma po lítica desastrosa A politica norte-americana com relação à China tem sido desastrosa. Já nos anos do após-guerra, quando Mao Tsé-tung, armado e auxiliado pelos russos, voltou-se contra o exército nacionalista, desgastado pela guerra contra o Japão, os EUA não ofereceram ajuda suficiente a Chang Cai-chec. Depois da retirada d este para Formosa, a Vil Esquadra norte-americana, postada no estreito, não prestou o auxílio que seria necessário a um desembarque nacionalista no continente. Pelo contrário, segundo julgam diversos setores da opinião mundial, ela tem impedido esse desembarque. De qualquer forma. durante a ofensiva de Mao, quando um governo legítimo, aliado dos EUA, estava sendo expulso de seu país por um bando de crim inosos, não era de esperar que os norte-americanos permanecessem inertes. Mas o espírito de Yalta, que tem marcado a política de Washington com relação à expansão do comun ismo, continuou a fazer as suas devastações. Em 1971, o governo comunista foi admitido na ONU, como representante do povo chinês, que ele oprime. Nixon tomou a iniciativa de ir visitar os cri-

... e estão decididas não só a defender a ilha, c omo também a libertar o contin ent e na primeira oportunidade. 7


,t~-~~1, AtoI~ncESMO

*

"

ÓDIO À VIDA HUMANA, A NOTA COMUM DE TANTAS ABERRAÇOES

E

const ituíram-se cn1idndcs para a promoção de não enterros. Firmas es[>C-

ele Medicina sugeriu que se estabelecesse uma "idade teg,,I <lc morte", is-

cializadas na produção do frio lançartun no mercado os criocaixões -

"Perspectivas de 'Imortalidade'', no qual lançava o slogan "o c,uláver de

câmaras frigorí ficas mortuárias. Até

to é, um lim ite elário acitna do qual o médico não deveria mais esforçar-se por manter vivo o pacicncc. Ele

M 1965 O FIS!CO norte· americano Robert Ettinger, professor do Highlands Colle· ge, de Michigan, publicou o livro hoje pode ser o doente <lc <mumlu"i".

hoje, dezesseis pessoas foram congeladas logo depois da morte.

Isto é, a cloc.nça hoje considerada incurável poderá não sê-lo daqui

• • •

a algum tempo; baseado cm investiga. ções no campo da criobiologia (ciên·

eia do frio aplicada aos órgãos vivos), E tting<:r lançou a idéia de congelar - ao invé.~ de enterrar - os mortos

e de conservá-los assim durante décadas, ou séculos talve-.l, até quando n ciência venha a descobrir a cura para

o mal que provocou a morte. par:,

então descongelá-lo. rcssuscit,1-lo e curá-lo. O livro tornou-se desde logo um besr-se/fer nos Estados Unidos e o Dr. Ettinger recebeu muitas cartas pedindo pormenores sobre o seu projeto. Na ocasião, a revista "Lifc" comcn· tou : "Dentro tle pouco tempo esta-,·cmos as.sisti1ulo a um ,t/esses não cnterrosu. éom efeito, cm janeiro de

1967 teve lugar o primeiro congelamento de um cadáver humano: o do Dr. James H. Bedford, de 73 anos. professor de Psicologia de Grendale, na Califórnia. que morrera de câncer

no fígado. O corpo do Dr. Bedford - depois de preparado - foi congelado paulatinamente

até

a

temperatura

de

- So<>C. sendo em seguida imerso cm

cia uma morte sem dor - enquanto se ouve música, ou se lê. por cxem·

pio - foi inventada na Suécia pelos Ors. Sidcnius, Scinun e Hidzcnsky. Os inventores da 11íl11ln da morte estão desenvolvendo uma intensa campanha nos países escandinavos para a libcralizi,ção do suicídio. Pro,põcm a criação de clínica.-: para sui-

cidas, que ofereçam àqueles que qucrcn, pôr termo à vida condições

Desenvolve-se nos Estados Unidos e c1n vários países da Europ:-i um:-i verdadeira campanha a fovor da cu~ rnnásia. Um tribunal da Alemanha condenou a apenas dois anos de prisão - e ainda com liberdade sob fiança uma médica que pôs fim à vida de sua mãe ,;para niío vê-la sofrer".

ideais, para que não tenham' que recorrer ao uso de armas, ao salto cm

• • •

precipícios ou cio alto de edifícios e ponles, ou sob as rodas de trens, ou

"Crianças abortadas, de 18 tt 24 se~ ma11as. mmu, cesta tle lixo: resultado ,lc uma mtmhã 1/c lraballto ele um hospi1al canadense··. Essa a legenda de uma foto impressionante que cslampnmos cm nossa edição de janeiro, ilustrando nota sobre a ofensiva mundial das esquerdas 1>ela lc-

a oulras formas chocantes de matar•

se . .. A flÍ/11/a ,/11 morré ·poderá ser administrada nessa$ clínicas ou em casa.

segundo o desejo do pacicn/f. O trau,memq completo (incluindo enterro ou incincraç3ó) devcnl custar cerca de 500 dólares (3.300 cruzeiros). Dent.ro de três :inos a pílula poderá

galiução do ab~rlo. · Alguns fatos relatados na referida

ser adquirida ao preço de um anal-

gésico.

matório expele fumaça que pode ser vista da rua; o aborto provocado foi legalizado na França: a Dinamarca

• • • Conhecida revista progressista francesa :,presenta um dossier sobre problemas criados pelos progressos da Medicina . Entre eles está o da longevidade. A esse respeito a revista transcreve palavras de Lonl Todd. Prêmio Nobel de Química de 1957: "E.trá csctito: Não ma1t1Yás! - Hoje é prc~ ciso acrcscen111r: E nlio te esforçarás

soas a se interessarem pela experiência. Fundaram-se nos Estados Unidos e cm outros países sociedades "para o

em p1·0/011gar 1, vida irrefletidamente'',

prólo11game11to ,la vida huma11a" e

1971.

Refere ainda que cm congresso cicnlífico realizado na Suíça cm 11111

detentor ele Prêmio Nobel

aprovou lei tornando livre a prática

desse crime nos três primeiros meses d:, gravidez~ médicos norte-americanos realizam experiências de laboratório

con,

fetos hmnanos vivos~ o aborto fez nos Es1ados Unidos. SO· mente e1n 1972, rnais vítimas que

todas as guerras havidas nos 197 anos ele His16ri:.l ytmkce . _ .

• • • Pílulas e outros meios anticoncep·

cionais vêm sendo usados por milhões

de mulheres de todos os níveis econômicos, cl:1sses e condições. cm todo o mundo.

• •

Qual é a nota comum a todos os fatos acima apresenta.dos?

e.

a revolta contra Deus enquanto Autor d:1 vicia. enquanto tendo esta-

belecido uma ordem, um ritmo se·

gundo o qual a vida se dcscnvc,lve. desde o momcnlo da concepção até o a1>ogeu, e, por fin,, o declínio e a morte. Esse ritmo põe em evidência a idéia da contingência humana. e por

aí' eleva :i mente do homem até o

Absoluto. Para que ele não f:iça sua morada nesta tcrraJ m:i.s viva cm fun.

ção da Eternidade. E o ódio a essa ordem se manifesta

fotografia autêntica

Verdade s e squecida s ,

E NA JUVENTUDE QUE GERALMENTE SE DECIDE O DESTINO DO HOMEM OIS SÃO OS l11g(ll·e.• que nos est,io prevarados 11/1 011rra vida: 11111 inferno e111 que se padec<1 rodo gênero de males; 11111 Paraíso onde se goza de rodos os bens. O Senhor, poré111, l'OS adverte que se (lrincipiardes a sm· 11011s desde a vossa itiftincia. con1i1111areis a sé-lo durante toda a vossa vida, que rerá por coroll uma felicidade chei,1 de glória. Pelo contrário, a vida 111â, começada 1111 ,nocidade, em .~era/ continua assim até II morte, e vos há de conduzir i11e.,it11ve/111e11te 110 inferno.

D

Por co11segui11te, qutmdo virde.1i· ho,nens de idade awmçatla entregues aos vícios da en,briaguez, tio jogo, ,las blasfênrias, poficis geralmente dizer: estes vícios pri11Cif)itirm11 11a mocidade: ''Ado/escens juxta viam sua111, etillm cum se1111eril non recedei <1b ca". " Ah! filho meu, diz o Senhor , r ecorda-te do teu Criador , 110 re1111Jo da tua juvtmtudet' E e,11 tun(l out,-a passt1ge111 das Sagradas Escriruras, Deus clw11111 bem-aw:11t11rado o honrem que desde sua adofescífncia começou a observar os ma11da111e11tos: "Be11tus homo cwn portaverir ;ugum ab adolescen1ia sua". Esta ver dade foi hem conhecida pelos Smuos, es11eci11fme11te 110, Stmfll Rosa de L ima e São L uís de Gonzaga, os quais tendo desde 11 idade de cinco 11110s começado " serl'ir 110 Senhor com todo o fervor, depois de adultas não achavam gosto senão 1111s coisas de Deus, e 1or11(1rt11n.se assin, gra,ules Santos. O mes1110 poden10s ,Ji.. zer do f ilho de Tol,fos, o q1111l logo desde menino começou a ser ,nuito obediente e e,n tudo submisso à von1111/e de seus pai.t, conti11ut11ulo até de11ois do falecimento dos mesmos e até à morte 11 viver semJ)re Jlraticando a l'irtude. Mas, dirtio alguns, se co111eçar111os desde já II servir ao Se-

nhor, levarenws wna vitlt, cheia de 111ela11colia e tristeza. N{to é assbn: ,neltmcólico ,, triste vive aque.J.e que serve <10 de1nô11io, p<>is co11qutmto se esforce vara mostr<w-se alegre, se11tirá todavia o co-

de maneira -contradit6ria. pois, se de

raçlio cheio de anglÍstit1, e ouvirâ em seu interior unu, voz que

um lado quer pl'olongar n vida de-

lhe dirá: -

pois que ela efetivamente cessou, esforça-se para impedi-ln de ser gcrnda;

quer aniquilar essa obra prima das mãos de Deus, que é o homem. ainda qu.lndo lhe acena com impossíveis

- Q11e111 nwis afâ.,e/ e jovial do que São L11ís de Gonzaga? Quem niais ameno e 11legre q11e São Filipe Nery e ,711c São Vicente de P1111lo? E e11tr era11ro a vida de ambos foi 11111 exercício co.ntí11uo das 111aiores virt11des. Coragem, J)Ois, cal'issimos filhos, e11/reg11i-vos logo cedo à /JTática dll virtude, e eu vos asse,•ero que tereis .,e1111Jfe o coração alegre e co11te11re, e conhecereis q11a1110 é doce e suave servir ao Senhor. [" Ao Coração da Mocid ade" - extraído do " J ovem

perspectivas de imortalidade. Espera,

Instruído" -

gerada, para impedir que nasça; nascida, para impedir que ela atinja os

dias marcados pelo Criador. 1'l que o demônio - homicida desde o princípio - odeia a cri ação e

assim, triunfar sobre o Criador, destruindo a vida humana, que Ele insu-

ílou com o sopro de sua boca. Técnicos examinam a cápsula que deverá con servar o cadáver do D r. James Bedford à temperatura de 195ºC.

São João Bosco -

nota: íoi criado cm Paris urn centro gratuito de Hbortos, cujo forno cre-

- 19S°C. O cadáver foi então envol-

O caso do Dr. 8cdford foi bastan· te comentado pela imprensa e seu exemplo levou grande número de pes-

• • •

Uma pílula do suicídio, que propi-

nitrogênio líquido, à temperatura de to cm alumínio e colocado cm urna cápsula metálica, conectada com um tambor de ni1rogênio líquido para manter constante a baixíssima 1cmpera.tura. Assim deverá permanecer c1n te.se - até o di:t cm que a ciência o ressuscite para curá-lo.

indicou a idade de 85 anos ("lníormations Catholiques lntcrnationalcs", n.0 442, de 15 de outubro de !973, p. 10) .

Gustavo Antonio Solimeo

ts

11111 desgr11çado, pois és um inimigo do f<!u Deus.

Tipografia Salesiana, São Paulo, 1895, pp. 6-7].

SAO JOAO BOSCO


l

01.RBTOR:

José

CARLOS CASTIU(O 0B AND&ADI

---=--

A POLÍTICA DE D.I STENSAO DO VATICANO COM OS G·OVERNOS COMUNISTAS _.

7Í 1

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Para a TFP: omitir-se? ou resistir?

''

páginas

4-5

EMBORA JÁ public<u1<1 r1eu1 i1npre11~a diári<i nas niais unportantes capitais do País, e seguida ele uma 11rofumla repercussão nos ,neios religiosos, sociais e cul turais, a declaração da Sociedade Brasileira de Defesa· da Tradição, Faniília e Proprie,lade q,w esLanipa,nos nesta edição ,nerece ser transcrita nas páginas de "Catolicismo". Co111 efeito, nunierosos leitores não lhe terão obtido o texto integral, que entretanto deseja,n esuular coni atenção . •

Dos niúltiplos r>re,licados que disLing11e111 esse ,loc1,111en, to -

,la lavra <lo Prof. Plínio Corrêa ,le Oliveira -

u,n há que

esta folha deseja especialniente assinalar: é a profunda ficlelid<tde ao S u11w Pontífice, 11w,uicla inq1tebra1itável e exí111ia 111es,no e111 circunstânci<ts niuito difíceis.

,,,,' '

Nossos clichés, il1tStrando ele,

e,

nwtéria trc,tc1clc, nc, clecwrc,ção

TFP, apresenLani dois episódios da 11olíticc, de distensão do

Vat.i cano co,n os governos co111unistas. O Sc,nto Padre Pa11lo VI e Tito c,perta111-se as mãos por ocasião da visite, do clitador iiigos•

-

lavo a S ita Santidade. O chefe do governo soviético, Nicolc,i Podgorny, é recebido pelo Papa no Vaticano;

110

centro da foto,

e,n seg11.11do r1lano, aparece Mo,is. Agostinho Casaroli, Secretário do Conselho para os Assuntos Públicos da Igreja.

N.º

280

ABRIL

D E

ANO

X XI V CrS 3.00


A estratégia· comunista

das etapas e a lição do Vietnã A "ESTRATfiGIA das etapas", que caracriza o progresso comunista no mundo, foi o tema da conferência proferida em São Paulo no dia 16 de março pelo Sr. Nguyen Huu Chi, Embaixador do Vietnã do Sul na ONU, a convite da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, FamOia e Propriedade. O diplomata vietnamita veio ao Brasil como integrante da delegação de seu país à posse do Presidente Geisel. Apresentando o conferencista, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira apontou duas tendências opostas no mundo moderno, em face do comunismo: uma conde.na a luta e prega a po-

lítica do "ceder para não perder''; a oulm quer lutar para não perder. O Vietnã do Sul escollteu a segunda via. Visivelmente emocionado pelas palavras calorosas do Presidente do Conselho Nacional da TFP, cheias de fé no futuro do Vietnã livre e na vitória da lufa universal conlra o comunismo, o diplomata vietnamita deu inicio, em francês, à sua palestra, cujos trechos principais passamos a resumi.r:

Ainda longe o fim da guerra Conheço vossos sentimentos e aprecio vosso desejo de ver a paz restabelecida numa região tão fe rida e assolada por duas décadas de guerra conlínua. Infelizmente, esta guerra não es· tá próxima de seu fim, apesar dos Acordos de Paris. No momento, ninguém pode dizer com ccrte1...1 quando e com.o ela terá fim. Bem longe disso, as perspectivas são pouco animadoras, pois não somos nós que temos a última palavra. A resposta pertence aos norte-vietnamitas, que desencadearam esta guerra de agressão e de expansão, não só contra O · Vietnã do Sul, mas .também contra o Laos e o Cambodgc. De sua vontade de pôr fim a este holocausto, depende a restauração definitiva da paz. O que nos leva a auscultar suas intenções, freqüentemente bem camuíladas, mas decididamente pouco ,pacíficas.

Fanatismo. sectário

Se a tática dos líderes do Norte acomoda-se a recuos temporários, sua estratégia, no conjunto, permanece inalterada e repousa na in· f-alibilidadc da dialética marxista e na inelutabilidade de sua vjtória final. A estrat.égia dos norte-vietnamitas inspira.se num duplo objetivo: ideológico e econômico. :e um fato conhecido que os dirigentes do Vietnã do Norte, particularmente os membros do Politburo, são, na sua maioria, velhos, obstinados e sectários, ainda. imbuídos do conceito e dos imperativos da guerra fria, para quem a explo~ão última das conlradições internas do

capitalismo e a vitória íinal do comunismo conservam todo seu atrativo dialético e dog· mático, apesar da política de c/étentc que se entabula entre os blocos antagônicos.

A Cuba do Mar da China Os dirigentes de Han6i estão convencidos do caráter internacional e expansionista do comunismo. Para eles, como para Len ine, ·~a estrada para Lontlres passll ,,or Calcutá e Pe<1uim". Assim, os imperativos ideológicos passam adiante dos interesses nacionais; eles parecem parodiar Robespierre, exclamando: "Pe. reça t:mtes uma ,wç,io que unur ideologia/11 Isso explica o fanatismo com o qual prossc-

Unidade do movimento revolucionário em todo o mundo Um outro dogma da propaganda de Hanói é a coesão monolítica do bloco comunista, que "Chc" Guevara definia nestes termos cm sua mensagem -ao Congresso Tricontinental: "Precisamos tlcscnvo/vei um verda,leiro i11ter11acionalismo proletário. Morrer sob a bandeim do Vietnã, ela Venezuela, ela Guatemala, cio Laos. <i<, Guiné, da Colômbia, da Bolívia, para niío citar senão alguns dos teatros da luta armada. .rerá igualmente glorioso e desejável para um a1nericllnO, um, asiático. um africano e mesrno um europeu''. Essa asserção é confirmada por Fidel Ca.stro, que escreveu no prefácio ao .. Diário" de "Che" Guevara, publicado pelo "Ramparts Magazine": "Che não concebia a luta na Bolívia como um fato isolado, mds como fazendo parte do movimento <lc libertação revolur:ionária que ,rão tardaria a. ganhar outros países da América cio Sul".

Adaptação da estratégia No oovo contexto criado pela política de clérenre Este-Oeste, a estratégia expansionista de Hanói, se bem que intacta na sua essência devia sofrer adaptaçõe.s táticas, e a assinatur~ dos Acordos de 'Paris era um esforço de adaptação e acomodação pôr parte dos norte-vietna-

mitas-.

Imperativo econômico O segundo imperativo da estratégia dos norte.vietnamitas é, na minha opinião, a vulnerabilidade de uma cconomfa asfixiada pelo sistema autárquico e tornada precária por uma forte pressão demográfica, pela investida periódica dos t,ufões e por inundações catastró-

O Embaixador N guyen Huu Chi pronuncia sua conferência, tendo ao lado o Prof. Plínio Corrêa de O liveira e o Prof. Fernando Furquim de Almeida 2

..

gucm sua política de agressão e de expansão. Eles consideram e glorificam o Vietnã do Norte como "o mais imporumre posto avançado cio c,unpo .w,cialistá'. O que é confim1ado pelo 1>lano chinês para a expansão do comunismo no Sudeste Asiático, segundo o qual o Vietnã do Sul e a Indonésia são dois centros de irradiação e de infiltração, cuja rede deve cobrir toda a região. Guerrilheiros treinados e equipados por Pequim operam nas fron teiras birmanesas e malaias, enquanto norte-vietna· mitas lutam nas fileiras do Pathet Lao e dos rebeldes cambodgcanos. Se Cuba constitui o foco d:1 expansão comunista no Mar das Ca· raibas e na Anlérica Latina, o Vietnã do Norte é a Cuba do Mar da China e do Extremo Oriente.

ficas como as de 1971. Apes·a r e talvez por causa da reforma agrár ia, cujo objetivo é mais politico do que econômico, a produção de ar· roz jamais satisfez às necessidades de uma população prolífica e continuará a ser deficiente cm vista da exigüidade da superfície cultivável, limitada ao delta do Río Vermclbo. A pressão demográfica, econômica e ideológica impulsionará os nortc-vietnamit·as a esten~ derem para o sul e para o oeste sua área de evolução e exploração. O V,ictnã do Sul, conhecido como o celeiro da Indochina, constitui o objetivo principal da expansão comunista.

Guerra de guerrilhas Teodo que fazer frente ·a um adversário superior cm número c em poderio bélico os co~nunistas não poderiam escapar ao ext~rmínio senão por uma guerra de desgaste e de .guerrilha. Conquanto seja tão velha como o mundo a guerrilha foi sistematizada e aperfeiçoada' pelos comunistas vietnamitas no decurso de duas décadas de guerra de desgaste. A bem dizer, os norte.vjetnamitas hauriram na .técni· ca revolucionária de Lenine e de Mao Tsé-tung os elementos de sua planificação política e militar. Apesar da preponderância no Vietnã do Norte_da influência da União Soviética, à qual Hanó, deve uma ajuda militar maciça, Mao Tsé-tung, companheiro e amigo de Ho Chi·minh, conserva aos olhos dos Hderes no<Ae·victnamitas todo o prestígio de sua vitória e de seu ens inamento.

Subversão e terrorismo A guerrilha estando associada à persuasão política e sendo por essência o recurso à viol~ncia e à intimidação para promover progressivamente a conquista do poder atividades subversivas e terrorístas fo ram sist~matiearnentc planejadas por Hanói e seus agentes do Sul . ' os v,ctcongs. Infiltrações, assassinatos políticos, seqüestros de agentes comunais, bombardeio de praças públicas enchem diarian1entc os nossos boletins. Basta citar, a esse respeito, o massacre de Hué, onde 5.800 civis não armado$ foram mortos ou enterrados vivos en1 fossas comuns; e, mais trágicas ainda, as carnificinas sclvageos na estrada de Quang-Tri, pela qual milhares de refugiados em pânico buscavam as localidades vizinhas. Essa estratégia do terror foi, aliás, glorificada pelos doutrinadores de Hanói, notadamente cm -wn artigo da revista oficial "Hoc Tâp" ("Educação"), de setembro de 1973, que passo a citar: "Os comunistas pro1noveram o pa.. pe/ histórico desempenhado pela violência, porque a violência. é uma lei que governa o de.. senvolvimento da l11/1nonidadc". Quanto à persuasão política, os comunistas são ,m estres na arte de explorar as aspirações e o descontentamento populares, assint como os antagooismos entre as facções políticas e os grupos religiosos ou étnicos. Depois da retirada das tropas norte-americanas do Vietnã, a propaganda dos comunistas tem menos efei-

to sobre a ,população rural e até voltou-se contra el0-s, por estarem ainda presentes no espi· r ito de todos as atrocidades cometidas nas ofensivas de 1968 e 1972.

Negociar continuando a guerra A estratégia das etapas caracteriza o progresso do comunismo no mundo. No plano dessa estratégia inscreve-se, cm toda a lógica, a tática das negociações de Hanói: negociar continuando a gue rra, tática que Lê Duân, secretário geral do Partido Comunista, adotou à semelhança das negociações entre Chang Cai-chee e Mao Tsé-tung e das de Panmunjon. Isso explica o impasse das conversações cm curso em Paris, onde o Victcong rejeitou nossas propostas referentes a e le ições gerais a serem organizadas en, julho de 1974, como prc. vêem os Acordos de Paris. Enquanto isso. novas divisões con\unistas continuam a se dirigir para o sul, onde 300 mil regulares-, reforçados por tropas auxiliares do Vietcong, prosseguem suas incursões fronteiriças e seus ataques contra nossos postos e cidades, cm violação flagrante dos acordos assinados. Esses ataques, associados às tentativas aliás sem êxito - de bloqueio econômico, e à campanha de terror, que não diminuiu de,pois do armistício, anunciarão lUna ofcosiva geral comparável às de 1968 e 1972?

Ofensiva diplomática No fl'ont diplomático, os norte-vietnamitas não permaneceram inativos. Seus esforços concentraram-se em uma estratégia que visa promover o reconhecimento internacional do assim chamado Governo Revolucionário Provisório do Vietnã do Sul, isto é, do Vietcong. Este último, apesar das mutações semânticas destinadas a enganar a opinião mu.ndial, não reúne as condições requeridas pelo Direito Internacional para reivindicar ,um estatuto soberano. Não tendo nem território nitidamente delimitado, nem capital conhecida, ele não po· de qualificar-se de governo, nem ser reconb.ccido como tal. Note-se como o qualificativo de "provisório" é revelador das intenções de Hanói, que procura reservar seus direitos e salvagua_rdar seu domínio sobre sua criatura, domínio tornado total a par_lir da recente substituição dos quadros do V,etcoog pelos do Vietnã do Norte. . Não é_ menos verdadeiro que esta ofensiva d,plomát,ca visa ,p reparar, ,pela legitimação do Vietcong, a fonnação de um governo de coalisão em Saigon, governo esse que abriria o caminho -p ara a anexação total do Vietnã do Sul. Essa eventualidade eslaria no plano da estratégia. comunista das etapas, e não seria senão a reedição do precedente de 1946 na Europ:'- Oriental, jcpois da segunda Guerra M_u_nd,al. A questao é saber se uma solução m,htar ~erá a última allernativa para Hanói no caso de todas as suas manobras subversívas fracassarem - e elas fracassarão, sen1 dúvida: disso es tou certo!

Respeitar o.s acordos, mas resistir

. .

"Quanto a nós - concluiu o Sr. Nguycn Huu Chi - n6s ttOJ' atemos escrupulosa,nentc à execução cios A core/os de Paris, na esperança de (Jue as converJWções em, curso em La Ce/lc S<1iut-C/01u/. permitam encontrar Ul)t terreno de entendimento, susceptívcl ,Je. promover gradual• mente uma pdz estável no Vietnã tio Sul e em todo o Suclesre Asiático. Mas nem por ;sso estamos menos d,'spostos " fazer face ii çonfronração militar final imposta por Hanói, e posso garantir.vos q_uc resi.rtiremo,r, como resistimos firnte11te no pas.fa,. do. O desafio ela lura peld nossa sobrevivência e nossa ;ndependência é por demais crucial para. que nos seja permitido falhar à nossa mis· st1o l,;stórica".

T erminada sua exposição, que foi vivameo.te aplaudida, o orador respondeu a numerosa, perguntaç do auditório.


No centenário da prisão de D. Vital

''Gesta tua non laudantur'' Q

UANDO, EM 24 de maio de 1872, tomava solenemente posse da Sé Ca. tedral de Olinda, D. Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira, ninguém suspeitava fosse ele escrever uma das .páginas mais gloriosas da nossa história religiosa. Moço, 28 anos, Religioso capuchinho, primo do Ministro do Império ao que se dizia, tudo parecia indicar teria ele um período episcopal sereno, sem grandes abalos na (greja .pernambucana. Bom pregador, haveria esplendor nas festas litúrgicas; bom Relig.ioso, empenhar-se-ia nas santas missões para afervorar o povo. No mais, sua condição de parente do Ministro prognosticava uma colaboração íntima e .pacífica com um Governo que, além do mais, dirigia um país católico.

O ambiente pai ítiee>-eclesiá stico Por outro lado, na atmosfera geral daqueles tempos, em que o espírito da Revolução Francesa expandira-se um pouco por toda parte, não se pensava mais nos lances heróicos que outrora haviam marcado a História da Igreja. Até a odiosa espoliação que roubou ao Papado sua soberania temporal não despertara indignação de nenhum Chefe de ' Estado católico, se excetuarmos a pequena República sulamericana do Equador, no esplendor, aliás, de sua glória sob o governo de Gabriel Garcia Moreno.

Móvel de toda essa empresa para anestesiar o senso católico dos fiéis, e levá-los à mais larga. tolerância, eram as seitas secretas. Contavam elas no Bras il com apoio de boa parte da imprensa e sobretudo com o estímulo do Governo imperial na pessoa de sou Chefe, o Senhor Visconde do Rio Branco, grão-mestre da Maçonaria.

As desilusões maçônicas Em semelhante ambiente político«:lesiástico, causou sobressalto a. medida do novo e jovem Bispo de Olinda, tomada em janeiro de 1873, com o fim de sanear as associações religiosas da infiltração maçônica. Depois de duas advertências, o Pre1ado interditou a Irmandade do Santíssimo Sacramento da. Matriz de Santo Antônio do Recife, porque ela não se dispôs a eliminar seus membros maçons que recusavam abandonar a seita.

A pena cominada pelo Senhor D. Frei Vital era a mais suave possivel. Não atingia os membros da Irmandade pessoalmente. Vedava-lhes apenas o uso da capa ou opa que os caracterizava como irn1ãos. Foi, no entanto, o início de uma série de incidentes, provocados pela pertinaz oposição da Irmandade maçonizada ao Pastor diocesano. O Governo imperial sentiu-se envolvido na pessoa de seu Chefe, grão-mestre que era da seita visada pelo Bispo católico. Tanto mais que acabava de, sair de uma refrega com o Prelado do Rio 'de Janeiro por ter esh> último suspendido de ordens ao Padre Almeida Mar· tins, que discursara cm uma loja maçônica numa homenagem a Rio Branco. O mal.estar do Governo agravou-se quando, a exemplo do jovem Prelado pernambucano, outros Bispos, um a um, foram publicando documentos análogos sobre a seita maçônica. Mais. Em 29 de maio de 1873, Pio IX, no Breve "Quamquam Dolores", aprovava o zelo do Senhor D. Frei Vital, e reafirmava inapclavelmente a condenação da maçonaria, cujo "satânico espírito revelaram as truculentas revoluções na França que abalaram o mundo inteiro''. E, <::orno o assunto de seu Breve interessava também as ou1ras Dioceses do Brasil, mandava o Papa fosse ele comunicado a todos os Bispos do País. Conseqüência: todos os Bispos, cada um na sua Diocese, publicaram o Documento pontifício.

Discretamente o Governo sugeriu à Irmandade da Matriz de Santo Antônio do Recife interpusesse recurso à Coroa contra abuso de poder do Bispo Diocesano. Embora tivesse já passado o tempo legal para tais apelações ( de-L dias) , o recurso foi aceito, e a 12 de junho de 1873 iniciou-se o processo contra o Senhor Bispo de Olinda, D. Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira. Não contava o Imperador com a tenacidade do jovem Prelado na defesa dos direitos da Igreja. Com isso o "caso" passou a se tornar cada dia mais nocivo ao Governo. Um Bispo processado, condenado, cumprindo .pena: nada mais odioso para o Imperador de uma nação oficialmente católica. A outra alternativa, a absolvição do acusado, depois dos pronunciamentos dos altos órgãos públicos, inclusive do próprio Conselho de Estado, seria por demais humilhante. Desprestigiaria o trono já objeto das estocadas republicanas. A solução que se esperava - submissão dócil do Bispo, por sobre as rufoas de sua consciência, ou colorida com a pretensa virtude do mal menor - essa não se deu.

O regalismo .indígena Não havia outro caminho: era .preciso obter de Roma uma censura ao Bispo, que salvasse a honra do Governo imperial. Objetivo .nada fácil. Sentiu-o o Ministro dos estrangeiros, Visconde de Caravelas, ao deslocar de Londres o experimentado Barão de Penedo, para a mis.são especial a Roma. Na carta, cm que se louvava do ~om ê.xito futuro da missão que lhe confiava, nao deixou o Visconde de advertir ao Barão que ele iria tratar com a mais subtil diplomacia da Europa. Naquela conjuntura, deveria Penedo salientar a moderação do Governo imperial que porém não conseguira demover o impetuoso Prelado. Deveria ponderar a inocência da maçonaria, que não passava de uma instituição beneficente. Em conseqüência, ponderaria o embaixador especial que os elogios do Papa à ação do Prelado insubmisso s6 poderiam animar os Bispos a chegar aos maiores extremos. Por fim observa o Visconde de Caravelas : "O Governo lrnperlâl não pede favor, reclama o que é justo e não entra em rram·ação'' (Jnstru· ções do Visconde de Caravelas ao Barão de Penedo, em 21 de agosto de 1873). O Rei da Prússia protestante ou o Czar ·dà Rússia cismática não teriam outra ling<>agem. O virus maçônico penetrara também nas cortes católicas.

O fracasso do Barão de Penedo Logo nas primeiras entrevistas com o Cardeal Secretário de Estado, convenceu-se o B<trão de Penedo de que o Visconde de Caravelas não conhecia bem o homem do Vaticano. Sobre a maçonaria não se poderia pensar em demover a Santa Sé de sua opinião, manifestada em inúmeros documentos. O próprio Pio JX reiterou várias vezes as denúncias contra as seitas secretas. Penedo, c1e mesmo, teve. oca. sião de ouvir Pio IX deblaterar contra a maçonaria. Quanto ao "placet'' régio a que as cortes católicas submetiam a publicação dos atos de Roma, o Vaticano sempre julgou-o um abuso. E repetiu ao enviado especial do Brasil que jamais o catalogaria como um direito soberano. Semelhante resposta era uma confirmação do Breve "Quamquam Dolores", que assim era também ele eliminado da lista dos assuntos a serem ventilados, De maneira que - observa Penedo ao Visconde do Rio Branco - não foi .possivel encaminhar a conversa sobre estes pontos. Limitou-se, pois, o embaixador extraordinário a discutir os fatos.

O recurso à Coroa

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mar se encapelara de modo perigoso. A se,.ia. estava cm .perigo e com ela o prestígio do M,n,sténo chefiado pelo seu grão-mestre. Era preciso amainar a tempestade.

A corta do Sec retá rio de Estado Estes, soube o diplomata brasileiro pintá-los com cores tão negras, que convenceu o Sccre-

tário de .Estado, Cardeal Antonelli, de que era preciso levar o Senhor Bispo de Olinda a reparar sua impetuosidade, levantando os interditos das irmandades e capelas. Assim, com data de 18 de dezembro de 1873 enviou Antonelli uma carta reservada ao Prelado de Pernambuco, na qual, elogiando embora o zelo de D. Vital, lamentava sua precipitação, censurava-o porque não teria seguido os conselhos do Papa no Breve "Quamquam Dolores", e dava-lhe ordem de suspender os interditos e de procurar os mesmos efeitos com maior prudência. Terminava declarando: ''Estas sã<> as coisas que era meu dever nu,nJ. / estar-1/ze para satis/aier aos ma11dados de Sua Sa11tidade". A carta, diz o Barão de Penedo, começava com as palavras "Gesta iua non laudantur". Não parece exato, apesar de o seu teor estar todo ele no diapasão daquela frase.

Missão ingrata O documento chegou em meados de janeiro de 1874. O lnteroúncio Monsenhor Sanguigni, com esperança de ver encerrada a questão, fez a irnprudência de comunicar ao Governo im• perial que recebera a esperada carta de Roma. Encontrou o Governo inabalável na sua intenção de processar o Bispo. Voltou o lnternúncio para casa, e no dia seguinte dirigiu-se à Fortaleza São João, onde estava preso o Prelado católico de Olinda. Não teve coragem de desincumbir-se de sua missão. Voltou e confiou o encargo ingrato ao Senhor Bispo do Rio de Janeiro, D. Pedro Maria de Lacerda.

Situação angustiosa; perigo para a Fé Para D. Vital, foi este o ponto mais cr.ucial cm todo seu litígio com o. Governo imperial. A censura que recebia do Papa através do Secretário de Estado certamente o feriu profundamente, porquanto de todo em todo imerecida. Mas, o que de longe mais o ,afligiu foi a situação dolorosa cm que o colocava a ordem da Santa Sé de levantar os interditos, de si levíssimos e impostos para purificar as irmandades da infiltração maçônica. Pois obedecer, naquele .m o~ento, era o mesmo que inocentar a maçonaria, nos seus princípios e nos seus fins. Ninguém entenderia de outra maneira a suspensão pura e simples dos interditos legitimamente lançados sobre as irmandades maçonizadas. E o governo imperial se incumbiria de espalhar que esse era o significado da censura que obrigara o Bispo de Olinda a voltar atrás de sua decisão no caso dos sodalfcios rebeldes. O mal que semelhante reviravolta imposta pela Santa Sé acarretaria para as almas não seria fácil calcular. Depois de tão severas e contínuas condenações e advertências contra a seita maçônica, da parte de todos os Papas que desde Clemente XII ocuparam o trono de São Pedro, isto é, por mais de um século ininterrupto, dar razão aos ,partidários da seita contra um Prelado obediente às normas do Direito, extenuaria nos fiéis a confiança com que se acostumaran, a ser seguramente guiados nas coisas de Fé e costumes pelo Supremo Pastor da Santa Igreja. Em consciência, o Bispo de Olinda não podia permitir tão desastrosa conseqüência.

A atitude de D, Vital A fidelidade à Igreja ditou a D. Vital outro caminho. Encontrando-se em condições análogas, seguiu o exemplo de Santo Agostinho e dos Bispos da África a propósito de uma decisão do Papa, São Zózimo, na questão pelagiana. Como o Santo Doutor de Hipona, defendeu ele também a integridade da Fé do seu povo. Respondeu que obedeceria, mas precisava dar explicações. E no momento tomou apenas a precaução de guardar bem guardada a carta que acabava de receber do Senhor

Matriz de Sto. Antônio, Recife, cuja Irmandade do Santíssimo deu infcio ao processo contra D. Vital

Cardeal Secretário de Estado. Entretanto, enviava emissário de confiança ,a Roma, que, de sua parle, desse ao Papa os pormenores da situação.

A derrota das manobras maçônicas O Governo imperial não contava com a solução que D. Vital deu à obediência às ordens da Santa Sé. Cuidou que o caso estava encerrado com retumbante vitória da Corte. Repreendido pelo seu Superior legítimo, cuja obe. diência revestia-se de urgência maior à vista do caráter sagrado de Vigário de Jesus Cristo reconhecido no Superior, só tinha o Prelado um caminho: obedecer prontamente. Firmado neste raciocínio, o Governo tornou pública a existência da carta e seu conte6do. Não pôde, .porém, provar suas afirmações, porque não pôde exibir o documento em que s~ baseava. A carta era reservada, e a Secretade Estado recusou-se a fornecer cópia ao enviado especial do Governo imperial. Também os fatos desabonavam a Corte, pois as irmandades continuavam sob o interdito do Bispo Diocesano.

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Os benefícios de uma vitória Com isso o episódio da famosa carta "Gesta tua non laudantur" tenninou num fracasso completo do Governo maçônico do Viseonde do Rio Branco, e numa vitória ímpar do Senhor D. Frei Vital. Os. benefícios, aliás, não foram só pessoais. A at,tude de D. Frei Vital pôs fim a uma situação ambfgua que só poderia vir em detrimento da Fé. S ua inabalável firmeza na defesa dos princlpios católicos face à maçonaria tornou claro o que D. Duarte Leopoldo sublinha em seu livro "O Clero e a Independência'' . é • isto , que o " mação niío pode ser cat6lico, como o cat6/ico não pode ser mação" (p. 69, nota). A seqüência da Questão Religiosa é conhecida. E la termin.o u no ano seguinte, J875, quando o Ministério Caxias, que sucedeu ao de Rio Branco, exigiu do Paço a anistia aos Bispos ( em 1874, por motivo idêntico, fora encarcerado na Ilha das Cobras D. Antônio de Macedo Costa, Bispo do Pará) . Quisemos, neste centenário da condenação de D. V,tal, s ublinhar apenas o episódio do p(fio resultado da Missão do Barão de Penedo, porque a carta da Secretaria de Estado marcou o ponto culminante da Questão Religiosa, pois dele emerge de modo singular a heroicidade da fé e a fidelidade à lgreja do egrégio Bispo de Olinda, D. Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira.

A carta de Pio IX a D, Vital Com fecho deste artigo reproduzimos a resposta do Santo Padre Pio IX a D . Frei Vital, apôs ter recebido o emissário do Prelado de Olinda. As expressões de Pio IX são de um carinho singular, que desfaz a angustiosa impressão deixada na alma de D. Vital pela carta do Cardeal Secretário de Estado. A t.radução é extraída da nova edição da obra do Bel. Antonio Manuel dos Reis (II tomo, p. 291 s.), feita ,p or Frei Felix de Olívola, Capuchinho: "Venerável Irmão. I Saudação e Bênção Apost61ica. I Por tua atenciosíssim1l carta de 24 de janeiro último Nós professas tua fiel e sincera obediê11cia, e com amplíssima declaração atestas que nada mais do que ela tens a peito, CONCLUI NA P10ll'OA,

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D.A.C. 3


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DO V A TI CANO CO 'i.l ....

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OS FATOS

POVO PAULISTA tomou conhecimento, ontem, dos resultados da viagem a Cuba, de Monsenhor Casaroli, Secretário do Conselho para os Assuntos Públicos do Vaticano. Esses resultados, enunciou-os o próprio dignitário, em uma entrevista ( cf. "O Estado de São Paulo", de 7 do corrente). Asseverou S. Ei1:cia. que "os cat6/icos que viven, em Cuba são felizes dentro do regime socialista". Não seria preciso dizer de que espécie de regime socialista se trata aí, pois é conhecido que o regime vigente em Cuba é o comunista. Sempre falando do regime Fidel Castro, S. Excia. continua: "os cat6/icos e, de um 111odo geral, o povo cubano, não tên, o menor problema con• o governo socialista'. Desejando talvez dar a estas declarações cstarrecedoras certo ar de imparcialidade, Mons. Casaroli lamentou entretanto que o número de Sacerdotes fosse insuficiente em Cuba: apenas duzentos. Acrescentou ter pedido a Castro maiores possibilidades de praticar cultos públicos. E terminou asseverando muito inesperadamente que "os cat6/icos da Ilha são respeitadps e,n suas crenças como quaisquer outros cidadãos". Para 11ão considerar senão o que desde logo se nota nestas declarações, causa perplexidade que Mons. Casaroli reconheça que os católicos cubanos sofrem restrições em seu culto público, e ao mesmo tempo ass~ vere que eles são "respeitaMs em, suas crenças", Como se o direito ao culto público não fosse uma das mais sagradas de suas liberdades. Se os súditos não católicos do regime cubano são tão respeitados quanto os católicos, é o caso de di1.er que em Cuba ninguém é respeitado ... No que consiste então essa "felicidade" de que, segundo Mons. Casaroli, fruem os católicos cubanos? Parece que é a dura f~ licidade que o regime comunista dispensa a todos os seus súditos: a de curvar a cabeça. Pois Mons. Casaroli assevera que "a Igreja Cat6/ica cubana e ~·eu guia es-piritual procuram sempre não criar 11e11hwn proble11,a para o regime socialista que g<f"'!(!_'ª a 1/ha". Mais em profundidade, as observaçõ&s que o alto dignitário do Vaticano colheu de sua viagem conduzem a conclusões d e maior tomo. Numa época en1 que Sua Santidade Paulo VI tem realçado, mais do que nunca, a importância da normalidade das condições materiais da existência, como fator propício à prática da virtude, não é concebível que Mons. Casaroli considere "felizes de1úro do regime socialista" de Fidel Castro os católicos cubanos, se estes estão imersos na miséria. De onde devemos deduzir que, segundo Mons. Casaroli, eles gozam de condições econômicas pêlo menos suportáveis. Ora, todos sabem que isso não é real. E, mais ainda, os católicos que tomam a sério

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as Encíclicas de Leão XIlI, Pio XI e Pio XII, saben1 que não o pode ser, pois estes Papas ensinaram que o regime comunista é o oposto da ordem natural das coisas, e a subversão da ordem natural - na economia como em qualquer outro campo - só pode trazer frutos catastróficos. Assim, os católicos de qualquer parte do mundo, que sejam ingênuos ou mal informados da verdadeira doutrina social da Igr~ ja, se lerem os resultados do inquérito que Moos. Casaroli fez em Cuba, serão. conduzidos a uma conclusão oposta diametralmente à realidade. Isto é, que nada têm a temer da implantação do comunismo nos respect.ivos países, pois nessa hipótese serão perfeitamente "felizes'', quer no que diz respeito aos seus interesses religiosos, quer cm sua situação material, Dói dizê~lo, mas a verdade óbvia é esta: a viagem de Mons. Casaroli a Cuba desf~ chou numa propaganda da Cuba fidelcastrista, Este fato, terrível cm si mesmo, é um lance na política de distensão que o Vaticano vem operando, de há muito, cm relação aos regimes comunistas. Vários desses lances são muito conhecidos do público. Um deles foi a viagem realizada à Rússia em 1971 por Sua Eminência o Cardeal Willebrands, Presidente do Secretariado para a União dos Cristãos. O objetivo oficial da visita era assistir à posse do bispo Pimen, no patriarcado "ortodoxo" de Moscou. Pimen é o homem d e confiança, para assuntos religiosos, dos ateus do Cremlin. Em si, a visita era altamente prestigiosa para o prelado heterodoxo, a justo título considerado a "bête noire" de todos os "ortodoxos,, não comunistas no mundo inteiro. Discursando no Sínodo que o elegeu, Pimen afirmou a nulidade do ato pelo qual, em 1595, os ucranianos reverteram do cisma para a Igreja Católica, Isto importava em proclamar que os ucranianos não devem estar sob a jurisdição do Papa, mas dele Pimen e de seus congêneres. Em lugar de tomar atitude diante dessa clamorosa agressão aos direitos da Igreja Católica, e da consciência dos católicos ucranianos, o Cardeal Willebrands e a delegação que o acompanhava se mantiveram mudos. Quem cala consente, ensina o direito romano. Distensão . .. Como é natural, essa capitulação traumatisou profundamente aqueles dentre os católicos, que acompanham com seguida atenção a política da Santa Sé. O trauma foi ainda maior entre os milhões de católicos ucranianos esparsos pelo Canadá, pelos Estados Unidos e outros países. E teve relação com as dissenções dramáticas entre a Santa Sé e Sua Eminência o Cardeal Slipyj, valoroso Arcebispo-mor dos ucranianos, durante o Sínodo de Bispos, realizado em Roma .em 1971. Vista em seu conjunto, a eo11duta de Sua Eminência o Cardeal Silva Henríquez, Arcebispo de Santiago, constitui outro lance da distensão com os governos comunistas, promovida pela diplomacia vaticana. Como é notório - e a TFP chilena o demonstrou cru lúcido manifesto reproduzido por vários

órgãos da imprensa brasileira - o Purpurado chileno deitou o peso de toda a influência e autoridade inerentes a seu cargo para auxiliar a ascensão de Allende ao poder, sua posse festiva nele, e sua manutenção na primeira magistratura até o momento trágico em que o líder ateu se suicidou. Com uma flexibilidade que não concorre para dar boa idéia dele, o Emmo. Cardeal Silva Henríquez procurou ajustar-se, por meio de algumas declarações públicas, à ordem de coisas que sucedeu ao regime Allende. PorélJI, as manifestações de sua constante simpatia para com os marxistas chilenos nem por isso cessaram. Ainda há pouco, Sua Eminência celebrou Missa de réquiem na capela de seu Palácio cardi.nalício por alma de outro comunista, o "camarada" Toha, ei1:-ministro de Allende, aliás também ele um infeliz suicida. Ao ato, compareceram familiares e amigos do morto (cf. "Jornal do Brasil" de 18-3-74). Por esse conjunto de atitudes, tão próprias a aproxima r do comunismo os católicos, não consta que o Purpurado tivesse sofrido a menor censura. Se houve quem imaginasse que ele p erderia sua Arquidiocese, esperaria em vão até agora. O Cardeal Silva Hc nríqucz continua tranqüilamente investido na missão de conduzir a Jesus Cristo as almas de sua populosa e importante Arquidiocese. E nquanto ele a c.onserva, por injunções da politica de distensão, outro Arcebispo, pelo contrário, perdeu a sua, Trata-se de uma das figuras mais empolgantes da Igreja no século XX, cujo nome é pronunciado

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com ve_neração e entusiasmo por todos os católicos fiéis aos tradicionais ensin'amentos econômicos e sociais emanados da Santa Sé. Mais ainda, o nome desse P'rclado é acatado com sumo respeito por pessoas das mais variadas religiões. Ele é um florão de glória da Igreja aos olhos até dos que nEla não crêem. Este florão foi quebrado há pouco, O Emmo. Cardeal Mindszenty foi destituído da Arquidiocese de Esztergom, para facilitar a aproximação com o governo comunista húngaro. Como se vê, a visita de Mons. Casar61i a Cuba - ainda abstração feita da entrevista que deu depois de haver deixado a Ilha se inscreve como elo de uma ·cadeia de fatos que vêm de há anos. Onde terminará ·esta cadeia? Para que surpresas dolorosas, para que novos traumas morais devem ainda preparar-se os que continuam a aceitar, em todas as suas conscqiiêocias, a imutável doutrina social e econômica ensinada por Leão XIIT, Pio XI e Pio XII? E stamos certos de que incontáve is católicos, ao reler estas notícias, ao tomar conhecimento elas perplexidades, das angústias e dos traumas expressos nestas linhas, sentirão retratado o seu próprio drama interior: o mais íntimo e mais punge nte dos dramas, pois que acima, muito acima d e versar apenas sobre questões sociais e econômicas, tem cunho essencialmente re ligioso. Diz respeito ao que há de mais fundamental, vivo e terno na alma de um católico apostólico romano: sua vinculação espiritual com o Vigário de Jesus Cristo.

CATÓLICOS APOSTó LICOS ROMANOS

A T FP é uma entidade cívica, e não religiosa. Seus diretores, sócios e militantes são, entretanto, católicos, apostólicos e romanos. E, em consequência, católi.ca é a inspiração que os 1cm movido em todas as ca.m panhas pela TFP empreendidas em bem do Pais. A posição fundamentalmente anticomunista da TFP resulta das convicções católicas dos que a compõem. B porque católicos, e em nome dos princípios ca)ólicos, que os d iretores, sócios e militantes da TFP são anticomunistas. A diplomacia de distensão do Vaticano com os governos comun.istas cria, entretanto, para os católicos anticomunistas, uma situação que os afeta a fundo, muito menos enquanto anticomunistas do que enquanto católicos. Pois a todo momento se lhes pode fazer uma objeção supremamente embaraçosa: a ação anticomunista que efetuam não conduz a um resultado precisamente oposto ao desejado pelo Vigário de Jesus Cristo? E como se pode compreender um católico coerente, cuja atuação ruma em direção oposta à do Pastor dos Pastores? Tal p ergunta ti:az como consequência, para todos os católicos anticomunistas, uma alternativa: cessar a luta, ou explicar sua posição.

Cessar a luta, não o podemos. E é por imperativo de nossa consciência de católicos que não o podemos. Pois se é dever de todo católico promover o bem e combater o mal, nossa consciência nos impõe que difundamos a doutrina tradicional da Igreja, e combatamos a doutrina comunista. O mundo contemporâneo ressoa por toda parte com as palavras "liberdade de consciência" . São elas pronunciadas cm todo o Ocidente, e até nas masmorras da Rússia . .. ou de Cuba . Muitas vezes essa expressão, de tão usada, toma até significados abusivos. Mas no que ela tem de mais legítimo e sagrado se inscreve o direito do católico, de agir oa vida religiosa, como na vida cívica, segundo os ditames de sua consciência. Sentir-nos-íamos mais agrilhoados na Igreja do que o era Soljenitsin na Rússia soviética , se não pudéssemos agir em consonância com os documentos dos grandes Pontífices que ilustraram a CristandadC: com sua doutrina. A Igreja não é, a Igreja nunca foi, a Jgr~ ja jamais será tal cárcere para as consciências, O vínculo da obediência ao Sucessor de F'cdro, que jamais romperemos, que amamos com o mais profundo de .nossa alma, ao qual tributamos o melhor de nosso amor,


-DISTE N S A O RNOS COMUNISTAS •

• ?

r-es. st1r. -, • esse vínculo nós o osculamos no momento mesmo em que, triturados pela dor, afirmainos a nossa posição. E de joelhos, fitando com veneração a figura de Sua Santidade o Papa Paulo VI, nós lhe manifestamos toda a nossa fidelidade.

Ili -

A SOLUÇÃO, NO APÓSTOLO SÃO PAULO

Sim, Santo Padre continuamos · São Pedro nos ensina que é necessário "obedecer a Deus antes que aos homens" (At. 5, 29). Sois assistido pelo Espírito Santo e até ·confortado - nas condições definidas pelo Vaticano I - pelo privilégio da infalibilidade. O que não impede que em certas matérias ou circunstâncias a fraqueza a que estão sujeitos todos os homens possa influenciar e até determinar Vossa atuação. Uma dessas é - talvez por excelência - a diplomacia. E aqui se situa a Vossa política de disti:nsão com os governos comunistas. A_i o que fazer? As laudas da presente declaração seriam insuficientes para conter o elenco de todos os Padres da Igreja, Doutores, moralistas e canonistas - muitos deles elevados à honra dos altares - que afirmam a legitimidade da resistência. Uma resistência que não ~ separação, não é revolta, não é acrimônia, não é irreverência. Pelo contrário, é fidelidade, é união, é amor, é submissão. "Resistência" é a· palavra que escolhemos de propósito, pois ela é empregada pelo próprio São Paulo para caracterizar sua atitude. Tendo o primeiro P'apa, São Pedro, tomado medidas disciplinares referentes à permanência no culto católico de práticas remanescentes da antiga Sinagoga, São Paulo viu nisto um grave risco de confusão doutrinária e de prejuíio para os fiéis. Levantou-se então e "resistiu em face" a São Pedro (Gál. 2, 11). Este não viu, no lance fogoso e inspirado do Apóstolo das Gentes, um ato de rebeldia, mas de união e amor fraterno. E, sabendo bem no que era infalível e no que não era, cedeu ante os argumentos de São Paulo. Os Santos são modelos dos católicos. No sentido en1 que São Paulo resistiu, nosso estado é de resistência. E nisto encontra paz nossa consciência.

IV -

Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores: Nossa alma é Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não nos mandeis que cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe.

RESISTtNCIA

Resistir significa que aconselharemos os católicos a que continuem a lutar contra a doutrina comunista com todos os recursos lícitos, en1 defesa da Pátria e da Civilização Cristã ameaçadas. Resistir significa que jamais empregaremos os recursos indignos da contestação, e menos ainda tomaremos atitudes que cm • qualquer ponto discrepem da veneração e da obediência que se deve ao Sumo Pontífice, nos termos do Direito Canônico.

Resistir, entretanto, importa em emitir respeitosamente o nosso juízo, cm circunstâncias como a entrevista de Moos. Casaroli sobre a "felicidade" dos católicos cubanos. Em 1968, o Santo Padre Paulo VI esteve na próspera capital colombiana, Bogotá, para o XXXIX Congresso E ucarístico Internacional. Discursando um'mês depois, de Roma para o mundo inteiro, afirmou q ue ali havia visto a "grande necessidade daquela justiça social que coloque imensas categorias de gente pobre [na América Latina] em, condições de vida mais cquânime, mais fácil e niais humana" (Discurso de 28 de setembro de 1968). Isto, no continente em que a Igreja goza da maior liberdade. Pelo contrário, Moos. Casaroli não viu em Cuba senão felicidade. Diante disto, resistir é enunciar com serena e respeitosa franqueza, que há uma perigosa contradição entre essas duas declarações, e que a luta contra a doutrina comunista deve prosseguir. Eis um exemplo do que seja a verdadeira resistência.

V -

PANORAMA INTERNO DA IGREJA UNIVERSAL

~ possível que para alguns leitores brasi-

leiros a presente declaração traga surpresa. ~ que, relutando ao máximo em tomar a atitude pública que hoje assumimos, a TFP não divulgou quanto de desconcerto e de inconformidade lavra entre católicos dos mais variados países em razão da distensão do Vaticano com os governos comunistas. E alongaria por demais este já extenso documento fazê-lo aqui. Cingimo-nos a resumir, a ,título de mais cabal explicação de nossa atitude, o que se passa presentemente entre os católicos germânicos. Disse-o no "Correio do Povo" de Porto Alegre (23-374) o ex-deputado fede.ral alemão Hermann M. Goergen, católico de pensamento e conduta serenos. Refere ele o lançamento de dois livros de autores germânicos, sobre a política do Vaticano: "Wohin steuert der Vatikan?" (".P ara onde vai o Vaticano?"), de Reinhard Raffalt, e "Vatikan 'Intern" ("O Vaticano Interno" ), publicado sob o pseudônimo de "Hieronymus". Ambos encontraran1 tal ressonância, que "estão na orde,n do dia dos intelectuais e políticos ale,nães". O Sr. Goergen considera a obra de "Hieronymus" sa-

1ícica, hipercrítica e exagerada. Pelo contrário, acha a de Raffalt "sóbria", com "teses be11i fu11da111e11tadas", inspiradas "en~ profundo anior à Igreja". E Raffalt proclama: "O Papa Paulo VI é uni socialista". o· Sr. Goergen acrescenta que, pouco depois da divulgação da obra de primeira qualidade de Raf(alt, um jornal alemão publicou uma caricatura mostrando Paulo VI a passear em companhia de Gromiko. Ao passarem por um quadro exibindo o Cardeal Mindszeoty, Gromiko diz a Paulo VI: "Pois é, cada u111 tem seu. Soljenitsin". Informa ainda o Sr. Goergen que um Jesuíta alemão, Simmcl, publicou no tradicional semanário "Rheinischer Merkur", "conservador e defensor intransigente da Fé .e dos Papas, uma crítica considerada por Ro11,a até irreverenJe", com o título: "Não, Senhor Papa!" Afirma ainda o Sr. Goergen, a propósito da destituição do Cardeal ~ind·szenty: "Uma verdadeira onda- de apoio [ao Cardeal] percorreu os católicos alemãeJ". A "Frankfurter Allgemeine Zeitung" falou abertamente dos "sonhos cristão-marxistas" do Papa Paulo VI. E a "Paulus Gesellschaft" (Sociedade de Paulo) , porta-voz do diálogo entre cristãos e marxistas, condenou a "Ostpolitik" do Vaticano, denunciando-a como "maquiavelística" por querer "impor ao mundo 111na paz romano-soviética''. Diante desta linguagem, mais facilmente ressalta quanto é comedida a da TFP. Não podemos encerrar nosso comentário a_o artigo do Sr. Hermano Goergen, sem ressaltar uma grave afirmação feita por este: na Polônia como na Hungria, na Checoslováquia e na Iugoslávia, os contactos e acordos com a Santa Sé não impediram que continuasse intensa a perseguição religiosa. Também o afirmou, no tocante à sua pátria, o Cardeal Mindszenty. Isto nos leva a uma perplexidade. A perspectiva de uma atenuação da luta anti-religiosa era o grande argumento (insuficiente a nosso ver) dos entusiastas da distensão valicana. A prática mostra que tal distensão não alcança esse resultado, e favorece só a parte comunista. Cuba é um outro exemplo disto. E. um autorizado promotor da distensão, como Mons. Casaroli, declara que, no regime de perseguição, os católicos vivem felize~. Perguntamos então se distensão não é sinônimo de capitulação. Se o é, como não resistir à política de distensão, apresentando-lhe de público o enorme desacerto? ~ mais um exemplo de como entend~mos a resistência.

nhão eucarística a sócios ou militantes da TFP, ql!ando se apresentassem de modo notório, incorporados ou com as respectivas insígnias; bem como a fatos mais ou menos análogos ocorridos em igrejas de outros locais do Brasil. Em artigo publicado na "Folha de São P-aulo", de 27 de maio de 1973, o Presidente do Conselho ' Nacional da TFP teve ocasião de explicar que em certa matéria de índole essencialmente religiosa, sócios e militantes de nossa entidade têm - enquanto católicos - uma atitude tomada, sobre a qual só não se pronunciara.m de público a pedido de altíssima Autoridade eclesiástica. Se as circunstâncias o indicarem, explicarão eles - no uso da liberdade religiosa de que felizmente gozam, porque no Brasil não venceu o comunismo - qual a natureza do assunto e o fundamento de sua posição.

Vil -

CONCLUSÃO

Esta explicação se impunha. Ela tem o caráter de uma legítima defesa de nossas consciências de católicos, ante um sistema diplomático que lhes tornava irrespirável o ar, e que aos católicos anticomunistas coloca na mais peoosa das situações, que é a de se tornarem inexplicáveis perante a opinião pública. Repetimo-lo, a título de epílogo, ao encerrar esta declaração. Nenhum epílogo entretanto seria completo se não incluísse a reafirmação de nossa obediência irrestrita e amorosa não só à Santa Igreja como ao Papa, êm todos os termos preceituados pela doutrina católica. Nossa Senhora de Fátima nos ajude neste caminho que trilhamos por fidelidade à sua mensagem e oa alegria antecipada de que se cumprirá a promessa por Ela feita: "Por fint, o meu bnaculado Coração triunfará". São Paulo, 8 de abril de 1974 O CONSELHO NACIONAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, FAMILIA E PROPRIEDADE PLINIO CORIÚ!A OE OLIVEIRA

Presidente F ERNANDO FURQUIM DE A .LMEIDA

Vice-Presidente PAULO CORRtA DE BRITO FILHO

Secretário A .DOLPHO LtNDllNBERG ALBERTO LUIZ Ou PLESSIS ARNALDO VIDIGAL XAVIER DA SILVEIRA CAIO VIOIGAL XAVIER OA S ILVEIRA

VI -

Rt PLICAS EVENTUAIS

EDUARDO OE BARROS BROTERO GIOCONI)() MARIO VITA JOÃO SAMPAIO NETTO

Não é o caso de tratar aqui de 2 utros . assuntos que talvez sejam levantados de público a propósito da presente declaração . Referimo-nos mais especialmente a episódios dolorosos como o do Sr. Bispo de Nova Friburgo, que determinou a recusa da comu-

JOSÉ CARLOS CASTILHO OE ANDRADE JOSÉ FERNANDO OE CAMARGO Jos~ GONZAGA OE ARRUDA Lutz NAZARENO OE ASSUMPÇÃO FILHO PAULO BARROS OE ULHÔA CINTRA PLINIO VJOIGAL XAVIER OA Sn.VEIRA IS


Conclusão da p ág. 3

Publicamos hoje nesta secção de orações a Seqiiência da Missa de Rec111iem, o "Dies Jrae", e1n excelente tradução elo Barão ele Paranapiacaba ( Santos, 1827 - Rio de Janeiro, 1915)

''DIES IRAE'' O dia de ira, aquele horrendo dia, Cinza o mundo fará, como anuncia De Davi co'a S ibila a profcda.

Oh! que terror! só de pensá-lo tremo! Quando vier tomar o Juiz Supremo Estreitas contas no Juízo extremo! Tuba, espalhando extraordinário tono,

Os mortos a arrancar da cova ao sono, A todos juntará perante o trono.

Cansado de buscar-me, Te assentaste; Remiste-me na cruz, oode expiraste; Não seja cm vão o quanto trabalhaste. Justo Juiz, que punes o pecado, Dá-me, Senhor, o ver-me perdoado Antes do dia às contas destinado. Qual réu, que -ante a justiça comparece, Eu gemo; a culpa as faces me enrubesce! Perdoa a quem te faz humilde ,prece!

''Gesta tua non laudantur'' Irmão, mmca absolutamente duvidamos desta tua excelente vontade, e nada mtJi.r desejmnos do que, ye algw,t culdado por esta causa te angustia, o lances fora. N em só, porém. Na dita carta Nos expões

teus obsequiosos semimenro.r, te mostr{!S prontissimo a fazer tudo aquilo que por Nosso Cardeal Secretário de Estado, em c11rta <le 18 de <lczcmbro do ano passado, te /oi significado por Nossa autoridade e ordens, perguntas a Nossa decisão sobre ,nuitas coisas, pedindo J,u. mi/demente que manifestemos qual a Nossa mente sobre ttulo isto, para que possas plena

e per/eiumrente conhecer o ca,ninho seguro que tleves seguir no pôr em prática as Nossas diJ·posições contidas na re/eridll carta. A este respeito, Ve11erável Irmão, ;ulgamos dever signijt'car-te que, não

Tu, que a Maria indulto concedeste,

A natureza e a morte hão de assombrar-se, Vendo o morto da campa levantar-se, E ante o grande Juiz vir explicar-se. Lendo-se um livro, em que estarão lançados Os atos pelos homens praticados; Por ele todos hão de ser julgados.

Ao sentar-Se no trono o Santo Vulto, Será patente quanto houver de oculto E nada poderá ficar inulto.

Que direi (ai ele mim!), misero. impuro. Que patrono implorar em ~anto apuro, Se o justo apenas se há de crer segu ro!

Grande Rei, de tremenda majestade, Que salvas, grátis, cheio de bondade, Salva-me, ó diva fonte de piedade! Recorda-te que eu sou, Juiz piedoso, Causa de teu martírio .glorioso! Não me deixes no dia temeroso!

De esperança também minh'alma encheste.

Dona Alina da Costa, Rio de Janeiro (GB): "Gosto muito do CATOLICISMO porque é cem por cento verdadeiro. Espero que continue sempre assim . Infelizmente muita coisa começa bem, a gente confia, e depois! . .. Os senho-

res sabe.m,•.

Deputado Abel Rafael Pinto, Brasilia (DF): " Minhas sugestões a respeito de CATOLICISMO: 1 - Renascer as "Virtudes esquecidas"; 2 - Os assuntos do Chile não n,erecem edição especial. Nosso espaço deve ser reservado .para os assuntos internos, que são muitos e exigem orientação. O Chile deve ser considerado, mas uma página chega". Da. Teresa Sousa Nogueira, Fortaleza (CE): "(C ATOLICISMO]. é um jornal excelente. e uma centelha ·viva na alerta contra os fovasorcs, subver~edores da verdade, dentro do que diz respeito à Religião, à família e à Pátria, cn, todo o mundo. No que concerne ao caso da vida e da política no Chile, foi de 'lima antcvisão extraordinária''.

Do im,puro capro o servo teu preserva, Lugar entre as ovelhas lhe reserva, E à tua destra o mísero conserva. Quando os malditos forem repelidos, E no fogo perene comburidos, Põe-me ao lado, Senhor, dos escolhidos. Rogo-Te suplicante, humi.lde, a(lito, E como em cinza o coração contrito, Que não me julgues, afinal, precito. Nesse dia de pranto e de amargura, Em que surgir do pó da sepultura, Para julgada ser a criatura. Poupa-me, ó Deus! apague a tua graça, Pio Jesus! de meu .pecado a jaça! Concede-me descanso. Assim se faça.

MILAGRE ACONTECEU -n a igreja matriz da Imaculada Conceição da pequena cidade de Porto das Caixas, perto de Niterói, no Estado do Rio. .Era o dia 26 de janeiro de 1968, o segundo de um tríduo de orações pela santificação do Clero e incremento das verdadeiras vocações sacerdotais. As cerimônias do tríduo, que tinham começado pontualmente às 20 horas, estavam pela metade, quando algumas paroquianas notaram que o piedoso crucifixo cm esmo barroco, que ocupa a parte central do altar-mor, ,passara a tomar uma coloração muito viva. Term inadas as orações, o Vigário inc\lmbiu um coroinha de fazer uma verificação, de perto, a respeito do alam,e dado pelas piedosas senhoras. O garoto pôde constatar, então, que gotas vermelhas escorriam pelos pés da imagem, descendo da chaga do lado e dos joelhos. Ele tocou no estranho líquido é um grito saiu-lhe vibrante da garganta: "O crucifixo está sa11crando!" Estabeleceu-se uma discussão entre os assistentes: de um lado, o Vigário julgava que a pintura vermelha das chagas se havia liquefeito, enquanto outras pessoas logo creram que ~e tratava de sangue verdadeiro.

O

D a. Maria Teresa Nolasco Nascimento, Niterói (RJ): "CATOLICISMO tem sido um incentivo à nossa esperança na preservação da verdadeira Fé Católica. Sugestão a respeito do CATOLICISMO: que o quadro "Virtudes esquecidas" esteja presente em todós os números de CATOLICISMO". Sr. Raimundo da Costa M achado, Oeiras (PI): "Respeitosas saudações e voto~ à Deus pela con-tinuidade triunfal de vossa missão, neste ano da Graça de 1974. [ ... ] Recebi ;pontualmente todos os números até setembro do ano recém-findo. Mas ainda não chegaran, a minhas mãos os referentes a outubro, novembro e dezembro. Já tenho, entretanto, os brilhantes artigos do grande Prof. P línio Corrêa de 01.iveira, transcritos da "Folha de São Paulo" e que me têm vindo, graças a generosa distribuição feita por esse benemérito CATOLICISMO. [ . . . ] Gostar ia de continuar recebendo tais inspirados trabalhos. [ ... ) Sirvo-me da oportunidade para vos agradecer os momentos de legítimo prazer espiritual que me .proporciona a leitura de CATOLICISMO e de seus idôneos, er-uditos e seletos Colaboradores".

Cerca das 22 horas, com a igreja lotada ,por ,una multidão de fiéis, confirma-se o milagre portentoso, que havia começado pouco antes: durante duas horas seguidas, o crucifixo verteu abundante sangue de todas as chagas, sob os olhares contritos e maravilhados de quantos se encontravam na pequena igreja de Porto das Caixas. · Depois tudo cessa. A meia noite o Vigário constata que não restam senão placas de sangue coagulado cm toda a imagem· e sobre "ma toalha colocada aos pés do Divino Crucificado.

••• O Ex.mo. Rcvrno. Sr. Arcebispo Metropolitano 9e N iterói, D. Antonio de Moraes Junior, ordenou que fossem realizados exames do lí.quido recolhido da imagem. Assim foi que

três laboratórios diferentes, . desconhecendo a origem do material, atestaram tratar-se de sangue humano! O Sr. Arcebispo chegou, desse modo, à conclusão de que não podia tratar-se de. uma fraude, autorizando então o culto ao crucifixo milagroso. Desde esta época, a pequena cidade ílumincnse assiste a um contínuo passar de peregrinos que, contritos, vão-se ajoelhar aos pés da imagem que verteu sangue.

••• Hã quase. dois mil anos o sangue de Jesus foi derramado no Gólgota pela remissão de nossos pecados e hoje, quando crucifixos vertem sangue verdadeiro, o que pode significar senão que há almas - e em não pequeno número - que recusam beneficiar-se da Paixão e Morte do Salvador da humanidade? Especialmente, há almas que, tendo sido consagradas ao Redentor, maculam sua missão. Pois, convém lembrar, as chagas do Crucificado verteram sangue em Porto das Caixas exatamente num tríduo de orações especiais pela santificação do Clero. (ABIM - Agência Boa Imprensa).

Flávio Braga

.

AfOJLDCI§MO MENSÁRIO

com aprovação ede.siástka CAMPOS -

EST. DO RIO

DtRl?TOR.

Josá CARLOS CASTtLno on Ah"DJlA.01?:

Olrctorlu: Av. 7 de Setembro 247, eaix:t postal 333, 28100 Compos, RI. Admlnlstrnção: R. Or. Marlinico Prado 271, 01224 S. Paulo.

Com.posto e impresso na Cia. Lithograph.ica Ypirangn, Rua Codcte 209, S. Paulo,

O encaYecimento dos custos obri-

ga-nos a rea/ustor os preros das

assinaturas e da venda avulsa de " Cato)lclsmo", que vínhamos

mantendo inalterados há quinze meses. Assim, a partir de 1.0 do corYente, nossos presos são os da

tabela ao làdo.

6

Pius PP. IX".

O CRUCIFIXO QUE SAN·G ROU

•••

Sr. Pierre J oseph Augé, Campos: "Je donne moo appui, à ceux qui ont 1c courage de prévcnir, de parler et d'agir - pour la plus grande gloire de Dieu".

Roma, do Vaticano, e11, 4 de março de 1874, 28!' ,1110 de Nosso Ponri/icado.

Em Porto das Caixas, Estado do Rio

.E ao ladrão sobre o Gólgota atendeste,

Que os rogos meus escutes não mereço; Mas Tu, que és bom, Senhor, dá-lhes apreço, Senão nas chamas infernais pereço.

podendo as inslru..

ções que pediste serem executadas na condição em que agora estás, privado de liberdade de ação, serimn elas, senão imí1eis, inoportunas ao menos nestas circunstâncias, pois para a exata execução ,leias se requereria teu lraba.. /110 e aç,io pessoal.

EntretálllO, enquanto freme tão grande tempe.rtatle é 11eceSJ·ário1 venerável Irmão, que com oração assftlua e ânhno cheio ,te confiança espere,nos os tempos e o's momentos que o P<li celeste pôs, em seu poder. Nesta expectativt1 co11/orte-se o teu. coração e conta com o Senhor que é nosso auxiliador e p,·otetor, e não permitirá seiaJJi afligidos em demasia os que nele põem. sua esperança, nem potlerá cerrar o ouvido tls vozes de sua caríssima. Esposa, que e/orna contra. os que A têm angustiado. ,Finalmente, pedindo para tl a plenitude de todas as graças e a abwulância da.r consola. çõcs celestes, e ao mesmo ten1po para o teu fiel reba11/ro a guarda e o auxilio do Príncipe ,los Pastores, com muito amor 110 Senhor te damos a ri, a teu Clero e fiéis a B211ção Apostólic11 saída do Ítltimo do Nosso Coração.

Assinatura aJluot: comum Cr$ 35,00: co• operador Cr$ 70,00: benfeitor Cr$ 140,00: grande bcnfcilor Cr$ 280,00; scmin:iristàs e C$ludantes CrS 25,00; América do Sul e Central: via de wpcrífcie USS S.50; via aérea US$ 7,25; Américn do Norte, Porlllgal, Espanha. Pro víncjas uUramarjnas e Colón.ias: via de supcríície US$ 5,50: via aérc.\ USS S,75; oulros países: via de superfície USS 6,50, via aél'Ca US$ lJ,75. Venda avuls~: Ct$ 3,00. Os pagamentos, sempre cm nome de EdJtora Padre Belchior de Ponlts SIC, po. dcrão ser encaminhados à Administxação. J>ar:1 mud:inçn de endereço do assinantes, é necessário mencionar t ambém o endereço :1ntigo. A c:orrespondênc:.ia refativa a a,ssi.. 03llaras e vend:i. nvulsa deve ser enviada à

Admlnlsuo~iío: li. Dr. M.'<tinlco Prado 271 01224 S. Paulo


Correspondendo este nosso nú11,ero à celebração da Semana Santa, apresenta11,os excerto.~ deste notá·vel serniáo sobre os Passos de Nosso Senhor, de u11, dos 11,aiores oradores sacros brasileiros, Monte Alverne. Frei Francisco de Monte Alverne nasceri no Rio ele Janeiro e11, 1784 e to1no1i o hábito fra ,,ci.sce11,o no Convento ele Santo Antônio daquela cidade e,n 1801. Ocnpori altos cargos na Orele11, e, e11, 1816, foi no,neaelo Pregador Régio. Orador de rara eloqüência, seus ser11,ões atraía,n se11,1>re nu11,erosa concorrência. E11, 1836 ficott cego e abandonori o púlpito. 'Viveii recolhido e11, siia cela di,ra,ue dezoito anos, até qtte, e11i 1854, o l 11,1>erador P.edro II o convidori para pregar na festa de São Pedro ele Alcântara, na Capela l 11iperial. Deixou publicados nu,nerosos Sernióes, Orações Fúnebres, Discrirsos e ""' co11,pêndio ele Filosofia. Morren no Rio de Janeiro e11, 1858.

o

1mper10 e o poder foram postos sobre os seus ombros UANDO EU ME proponho so11dar o 111ais ,profundo de todos os mistérios; q1u111do apareço ,1ia11te de vós para traçar o quadro de 11111 De11s revestido de fo_~ma-ele pecador, oferecendo~Çe e,n holocl/11sto pelos crimes de todlls li$ gerações, e lançlldo 110 meio ela terra como o último dos seres criados; quando eu tenho de apresentar de rastros aos pés do ho111cm, Aq11ele, que coberto de 11ossll 111iséria, não Se tinha despojado de sua divi11dade; quando venho re11ovar li lemhra11ça do Filho do l-lome,11 co11d11ti11do sobre se11s 0111bros o plltib11/o infame, em que devi11 expirar; co11q11ista11do o 1111iverso co111 o opróbrio de s11a Paixão; e11vergo11hmulo a sabedoria do séc11lo; erguendo sobre as r11i1111s de todos os cultos em testemu11ho de su11 vitória o instr11me1110 f11t11/, destinado a i11f11111ar se11 no111e, e suas (IÇões famosas; s11lva11cio o home11r 110 mesmo lenho de que partira a desobediência, e II desgraça; não posso deixar de convid11r-vos a admirar com o Apóstolo esta loucura da Cruz ammcüula aos reis, e 110s filósofos, enobrecida co111 os 11111is espantosos por1e111os, defendida com o sa11g11e dos n1ár1ires, co11fess11da sobre 11s fogueiras, vitoriosas da forçll, e da violência; e acreditada em todo o mundo a despeito do orgulho dos romanos, e da política dos gregos ( l).

Q

Desamparado de seu Pai celeste, traido por seus mesmos disci{Julos, não e11co11tra11do entre aqueles, 11 q11e111 dera a vidll, e a saúde, 11111 só, que advogasse sua ca11sa; ins11/tado, proscrito e blasfe1110tlo pelos reis, os gr/111des. e o se11a(/o de sua nação, Jesus Cristo é arrastado ao trib1111al do governador da Judéia (2). O Filho do Ho111em sentia acender-se cada vez mais os fogos da ,caridade, que O at,rasava,n., à 111edida que se avizinhava o instante da execução. Sua alma se Íl11JJaCie11tava co111 os apresros, que retardav11111 este b(l(ismo de sangue de que f11/ava a se11s discfpulos com 1/11110 entusiasmo. Seus i11imigos pedindo sua morte não sabiam que liso11jeav11111 seus desejos, e apressav11m seu triunfo. Convinha - diz São Paulo - q11e Jesus Cristo morreJ·se, a fim de que o Novo Tes1a,11e1110, que Ele fizera en, nosso favor, se co11, fir111assc com seu sangue (3 ). Uma 111orte co1111111, 11ão b11stava; er11 necessário que sua 111orte fosse trágic11; era 111ister que todo o seit sangue fosse entornado, e suas veias esgotadas, a fi11, de que Ele nos JJUdesse dizer: - Este sa11. gue, q11e vós vedes hoje derramado e,11 remissão dos pecados, é o sangue do Novo Testa111e1110, que se fez imutável por mi11ha morte cruel, e vergo11hosa (4 ). Suspe11der11111-se os hinos triu11fais, que ressoava,,. 11as abóbadas celestes. Os anjos esperavam e111 silêncio o res11/tado desta luta, que devia realiz11r a 111ais espantosa revolução. A morte, e o 11ecado, o 1111111do, e o inferno da-

vam-se os gol{JeS 1n<iis decisivos. O cálice do furor, e da ira do Senhor devi11 ser comple111me11te esgotado. Jesus Cristo é condenado à ,norte ... (5). f-Junwnidade, e11 te saúdo! Estão quebrados teus grilhões! Recebe, ó nova lgrej/J, as homenagens da terra! Um só momento, e Tu serás · vista sent/Jda sobre os destroços da Sinagoga, e da idol11tria; u,n s6 mo,nento, e 11s nações aparecerão prostradas diante do lenho misterioso a quem devc,11 sua liberdade e sua exaltaç,ío. Carregado de sua cruz, atropelado de se11s algozes, Jesus Cristo (lrrl/Sta-Se co,n diffould11de: cada um de seus 1>assos é uma queda. A morre está pintada em seu rosto. S11a cabeça está coroada d'un~ diadema de dor; seus cabelos estão envoltos e111 S(l11gue. Coberto de ferid11s, retalhado com. 11çoires, atado corri grossas cord(IS, cercado da guarda r011//lna, o filho de 111n1os Reis, e tantos Patriarcas, o ho,ne,n de ,nilagres, o benfeitor de Israel C(IJ11inha para o lugar de seu suplício. Que es{Jetáculo, o Filho unigênito de Deus, inocente, se111 111a11clw, sep11r11do dos ,,ec11dores, e 111ais alto que os Céus (6), levando e11, seus ombros seu inf11111c patíbulo! Que igno111í11ia aos olhos da impiedtUle - exclmna Santo Agostinho - mas que mistério tão sublime aos olhos da fé, e da piedllde! Sin,, continua o mesmo Padre, se a impiedade zomba de 1111i. Rei, que e,n lugar das insígnills do seu poder, e dos e,nblemas de s1111 realeza, conduz sobre seus ombros o lenho vergonhoso, e,n que deve ser j11stiç11do; a fé, e a piedade reconhece,n este Rei de majestade, que carrega Ele 111es1110 a cruz, que deve ser um, dia colocada sobre a testa dos Reis, e dos l111peradores, sinal funesto às paixões, e aos JJOderés deste mundo; e que cobrirá de glória, e 11//lgnificência esses ho,11ens chamados para colher suas pal,nas, e suas coroas junto à Cruz do Salvador. C111111,riu-se II letra de /saias: - A condeco. raç/Ío, que significava se1t i111pério, foi ,posta sobre seu ombro: Et Cactus est principatus super humerum cjus (7). Co,n efeito - diz São Cirilo - Jesus Cristo deixou ver sobre seu ombro a condecoração gloriosa do seu império, e seu pri11cipado sobre as nações, quando cheio de resignação, e humildade carregou Ele 111es1no sua cruz. Era be11~ digna, continua o grande Patriarca de Alexandria, era be,n digna de significar seu princi(Jado essa cruz pela qual o inferno foi vencido, e o inundo cha,nado ao conhecimento, e à graça de Jesus Cristo. Dec/11rai às nações - dizia o Profeta - declarai às nações, que o Todo-Poderoso dilatou sua dominação com o poder de sua cruz: Dicite in nationibus, quia Domious regnavit a ligno (8). Quebrou-se o cetro, e arr11inou-se o inipério do príncipe deste 1111111do. Ele, que julgava arrastar Jesus Cristo ao suplício corno sell cativo, foi arrastado ele mesmo e111 triunfo, ligado ao carro da Cruz, como assegura São Paulo (9). Esta cruz, de que o tirano deste século esperava fazer o troféu de s1111s ar,nas coni a destruição do pecado, que constitui toda a sua força, foi esmagado dos pés do Reparador à face do u11iverso. Esta cruz com que ele queria oprimir o

home,n, e e,n que prete1ulia pregar o gé11ero humano para o assassi1111r. Jesus Cristo, foi o instrumento vitorioso, que aniquilou seu poder, e aumentou seu suplicio; foi o tribunal, que foi riscada a se11te11ça de nossa reprovação; a árvore da vida, e,n que a morte foi exterrnina,la; o 11l1ar da ex.pillção, em que nosso crinre foi apag11do co,n o sm,gue do Cordeiro se111 111a11cha. Não diga 111ais o home,11, que o Redentor do 11111,ulo podia traçar o plano de nossa justificação, sem expor-Se a tão duros sofri111entos - exc/m11a São Ben,ardo. - Sen• dúvida, tJSsiJn o podia realizar. Mlls Jesus Cristo suportou os tr11b11lhos 111/lis difíceis para obrigar o homem <1 amá-Lo co,n mais fervor, a fün de que a dificuldade da redençiio o fizesse tão reco11/recido p(lra co,11 o seu Redentor, como a facilidade de sua criação o tornar11 ingrato e insensível ()ara con, o Deus, q11e o extraíra'do 11ada.

e,,.

Apesar de 11oss11s iniqiiidades, ó Deus, nós somos vossos filhos. Vós nos ab111estes a tamanha humilhação, a fim. ,le levantar-nos por vossa Cruz a 11111 esttUlo de perfeição dig11a de Vós. Sofrei que Vos digamos como u111a pecadora célebre pelo estrondo de sua ,penitê11cia: - Qui plasmasti me, miserere n1ei: Vós 110s criastes, Vós amassastes co,11 as vossas ,nãos o barro, de que somos formados, olhai-nos pois co11, piedade. Te111os desfigurado o prh11or de vossa oni()Otência; já 11ão so,nos o ,nesmo. Contudo n6s sabe,nos que se Vós sois bastante poderoso {Jara castigar-nos, não duvidamos ta11r.bé111, que tendes basta11te bondade rpara dissi111u/11r os 11ossos pecados. Se Vós quisésseis perder-11os, bastava que Vos tivésseis conservado 110 seio de vossa gl6ria; mlls V 6s deixastes o esplendor de vosso Pai eterno, trocastes o assento de vossa magnificência pelo opróbrio da cruz, para 0J·te11tar não o vosso rigor, porém a vossa 1niseric6rdia. DerrdJ11ai sobre· ,Ü5s esta 111isericórdi11: esquecei o vosso rigor. V 6s dissestes em outro tempo, que reinaríeis sobre os pecadores co,n todo o aparato de vossa justiça: In brachio extento, eL in furorc c{fuso rcgnabo super vos (10). Hoje esses mesmos braços estão 11111ortecidos, e abraçddos co,11 a Cruz, e111 que 110s viestes salvar. Estendei sobre 11ós esses braços; e reinai sobre n6s pela efusão do vosso amor: ln brachio extento rcgnabo super vos. Sej11 vossa cruz a seguranç11 de 11ossa paz, seja vosso sangue o penhor de nossa eterna felicidade. J) 1 Cor. 1, 23, 24. 2) Mar. 27, 2. 3) More.

10, 38. 4) Mat. 26, 28. 5) Mat. 27, 36. 6) Hebr. 7, 26. 7) l sai. 9, 26. 8) SI. 95, 10. 9) Coloss. 3, 15. 10) Ezeq. 20, 33.

7


AfOlLliCIISMO

*

A VELHA EUROPA, UM CONTINENTE DE ANÕES PÓLÍTICOS O Embaixador Nguyen Huu Chi v isita a sede do Con selho N acion al da TFP acompanhado pelo Prof. Plín io Corrêa de O liv e ira

e

OM O EMBARGO petrolífero árabe às nações ocidentais, tor-

nou-se nua ·e crua a verdade de que a Europa transformou-se num

continente deserto de lideres. Ao menor aceno de Faiçal. cujo braço é movido pelos russos por baixo das dobras de seu farto manto, quase todos os di rigentes europeus prostraram-se cm dire.. ção a Meca, como qualquer beduíno o Jaz umas lantas vezes Por dia. A humildade dos dirig_entes polfticos foi acompanhada. em geral, pOr todas as lideranças sociais: Não provocou reação maior, de que se tenha ..tido notícia , por parte de expoentes intelectuais, militares, autoridades eclesiásticas ou empresários. Eles vêm hft tantos anos se dobrando ante os mitos esquerdistas, que agora lhes foi muito natural dobrar• -se, até o chão, ante uma chantagc esquerdista, enctnada com a colaboração dos reis e emires do petróleo. Vem a propósito uma pergunta: serão, esses d irigentes europeus. vcrd~deiros líderes?

••• Às nações européias caberia hoje um papel de IWerança no mundo. Foram elas que, recebendo a Fé católica, fizeram .desta o fundamento de uma nova civilização, a qual foram desenvolvendo à sombra da Igreja. Foram elas que lcvarnm a Fé e a çiviliz.;.ção aos mais remotos lugares da terra, alargan-do, • assim, consider-avêlmcnte, os limites da pequena Cristandade medieval. Nada seria mais natural do que oeuparcm hoje um lug3r de liderança, ao lado do vigor

jovem dos países que nasceram à sua sombra e que são um prolongamento dela nos outros continente$. Mas foram essas mesmas nações européias que engendraram no seio da civilização cristã o monstro da Revolução gnóstica. Hoje, estão colhendo os f rulos. A Revolução campeia desenfreada pela terra~ chegando aos piores extre. mos do materialismo. Conscqiientemente, a influência no mundo de hoje não cabe mais ao qtie tem maior experiência, mais tradição, costumes mais refinados, mas ao que tem maior força bn.a· ta, mais astúcia e mais dinheiro. Daí a Europa não encontrar seu lugar no mundo hodicmo.

••• Depois da segunda Guerra Mundial, os nofte.. americanos derramaram dinheiro sobre o Velho Continente, a través do Plano Marshall, com a finalidade de evitar novos desastres como o da República de Weimar, e o surgimento de novos mistificadores, como Hitler. Mas não era de dinheiro que a Europa esta· va necessitada. Era de Fé. Agora se torna evidente a falência do Plano Marshall. O desenvolvimento, a indústria, o turismo, a riqueza não curamm as feridas da Europa. Ela toda, ho· je, é uma imensa Rep6blic.a· de Weimar e os Estados Unidos estão prontos a C-'pitular, como a Inglaterra e a França cm Munique, e a assinar acordos com todos os tiranos. Ainda há J)Ouco, um jornal português diZ.ià cm editorial: "O ,lcclím'o do nosso velho cominentc I irrc~·us1vcl; ou será

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.,...-

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que ainda JJOdemos -

cl beira de um <1bismo a que 110s conduziram <1S abdic<1ções fáceis e as ariflules desonesta. mente demagógiC<ls <lc 11ossos governa,rus - encetar o penoso caminho do regresso ao bo,,,-, stnso? Não vale a pena criar mai~· "rcaUdadei' m Uol6gicas! A Eur <Jp<Z é um conlbttllfe d e anões po/í. ticos que nada e 111·,,guém poderá salvar do deJ'astrt". Os verdadeiros líderes europeus fo• ram aqueles que guiaram seus povos no caminho da vocação que Deus lhes deu. E a vocaç..i:o da Europa. é inqucstiona• velmente a civilização cristã. Verdadeiros líderes foram Carlos Magno, 5'1o Gregório VII, Godofredo de Bouillon, São Luís IX, S.1o Fernando de Castela, São Pio V. . . e até penoso pe.n sar nesses gigantes, q,1ando se tem à frente os "anões pollticos'' de que fa lava o jornal lusitano.

••• Mesmo cm meio às crises da eivi_lização crislã - quando a Europa jâ se laicizara e se liberalizara - houve Ji. deres que, se não em virtude da fé, ao menos em virtude de seu patriotismo e de sua formação lradicional, souberam desempenhar o papel que lhes cabia, no momento neccSS<1rio. Churc:hill foi um deles. Graças à sua tenacidade, num dos momentos mais difíceis da história de sua pátria, ele soube infundir confiança e combatividade cm seu povo e, assim, salvar todo o mundo da diabólica t.irania hitlerista. Como ele mesmo <lissc1 ''mmca tomos deveram tamq a tão pcucos". Em no· vembro passado, a Inglaterra inaugurou um mo_n umento em sua memória, com 6 metros de alturà, mas não encontrou outro filho, com estatura suficiente pa· ra tirar a nação da crise presente. taJ. vez mais grave do que a de J940. Na Europa do após çuerra, a democracia.crislã e o socialismo, ora fing_in. do brigar, or::t de mãos dadas, à custa de. tantos malabarismos, de tantas capitulações, de tantas traições, vão tratando de exterminar a estirpe de homens verticais e altaneiros, de que a história de suas nações é rica. Substituem-nos pelos pigmeus que conhecemos, prontos ao saiam alelk fatídico ante Moscou e Pequim, t suas ruarionetes do deserto.

DIPLOMATA VIETNAMITA VISITA. A TFP ESTEVE EM visita à TFP em São Paulo, nos dias 16 e 17 de março ú lli· mo, o Sr. Nguycn Huu Chi, Embaixador do Vietnã do Sul na ONU, que veio ao Brasil integrando a delegação de seu país à posse do Presidente Ernesto Geisel. Na noite de 16, sábado, o diplomata sul-vietnamita proferiu conferência para os sócios e militantes da TFP no auditório do Othon Palace Hotel (ver notícia cm outro local dcsla edição). No domingo, os dirigentes da TFP ofereceram ao Sr. Nguycn Huu Chi um almoço no Hotel E ldorado. Em seguida, o Embaixador visitou a sede do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, na Rua Maranhão, acompanhado pelo Pro(. Plínio Corrêa de Oli-

vcira e demais membros do referido Conselho. Percorrendo demoradamente as depc1tdências do amplo imóvel, o ilustre visitante mostrou.se impressionado com a decoração, que conjuga harmoniosamente ·elementos da mais genuína tradi• ção brasileira com outros da e.u ltura francesa e européia cm geiat. Na oca. sião, o diplomata manteve contacto cordial com jovens colaboradores da entidade. Dep0is, visitou outras sedes da TFP, dedicando especial atenção às instalações do Secretariado do Conselho Nacional e às do Serviço de Imprensa. Na despedida, o Embaixador Nguyen Huu Chi exprimiu a sua admiração pe· la pujança e organização do movimento e pelo entusiasmo e dedicação que notou cm todos os sócios e ntilitantes com quem teve contacto.

Verd ad es e squ ecidas

A Igreja deve nao so ;

ensinar a verdade, mas também denunciar o e1·ro

O

PRIMEIRO ,lom ele amor do Sacerdott ao seu meio, e que se lmpõe da n-itmeira mais C'1i<lenle, é o dom de servir à vcrda,lc, ,> vcrd<1de inteira, e desmas-

A

se t,presente. (Encíclica ºMil Brcnnender Sorgc.., de 14 de março de 1937 - sobre os erros•do nacional-socialismo "Ac-t a Ap0stolicae Sed;s", vol. XXIX, p. 163).

!GREI A, .sempre transborda,,tc de caridade e de bo,r• dadc para com os desgarrados, maJ· fiel à palavr(1 de seu D i vino Fundador que declarou: "Quem não está coMigo. esu1 contra Mim" (Mar. J2, 30), não pode falrar a seu ,lcvcr de demmtiar o erro e de ar· r(Urcar a máscara <1os semeadores de mentiras. [Radiomcnsagcni do Natal do 1947 - "Discorsi e Radiomessagi", vol. IX, p. 393).

PIO PP. XI

PIO PP. XII

carar e refuu,r o erro sob qualquer forma, máscara ou dlsfarce com. que

Homero Barradas

TFP REJUBILA-SE E ORA NO 10~ AN IVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO DE MARÇO MA:NIFESTANDO SEU j6bilo pelo lranscurso do décimo aniversário da Revolução de 64, no dia 31 de marÇo a TFP hasteou em todas ns suris sedes o estandarte social e promoveu vigília de prccC$ no oratório instalado em sua sede da Ruo Martim Francisco; n.0 66S. cm São Paulo, que guarda a imagem de Nossa Senhora danificada por uma bomba terrorista. Antes de cada turno de orações, os sócios e militantes recitaram o "M:agniíic.:"l.t". Eis :i. íntegra do comunicado que o Serviço de Imprensa da TFP distribuiu na <laia comemorativa da :Revolução:

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Estátua de S ir W inston Churchill, diante do Parlamento de Londres, inaugurada recentemente com a presença da Rainha E lizabeth li (foto AFP, especial para "Catolicismo")

"A TFP assinaln com alegria o fraos-curso do décimo an'ivcrsário da Revolução de 64. O p<rigo que ameaçava a Pátria há dez anos atrás foi o maior registrado em sua História. De um lado, a 'ritória da subversão ncarntaria o virtual desaparccinte.nto da sobernnla nacional. De outro lado, conferindo ao (Progressismo redobrados meios de: influência e ação, expunha à deteriorarão a genuína Fé Calólíca.

Assim, a TFP rtndc graças a NOSSll Senhora Aparecida pela proteção qu_c dispensou no povo brasileiro nAqucla gn.vc cmu.•rgêncla. E exprime seu r ecouhcci1ncnfo aos brasileiros 'Valorosos que, pelo pensamento, pelo e.xemplo, ou pcla ação, contribuíram para a vitória de. 64, bem como crn prol da manutenção de fru tos dela ao longo deste d<· cênío. Especialmente., a TFP retorcia com tmoção os que tombaram na Juta, sa· t rificando gcncros:amcn(e suas vidas cm defesa da civiliz..1ção e do B-rasiJ. Aleg,rando-sc por ter coneorrido por sua ação idcológicu .para a criaç,ão do dimn de vigilância patri6tica e: aistã do qual resultou a gloriosa R evoluçio, a 'rFP hasfcari o estandarte socia.l tm toc!a,i as SWIS sedes no dia- de boje. E junto ao oratório que guarda a imagem de Nossa Senhora danificada por bomba ten-ori~1a, os sócios e militantes, que .se rcvt7..$riÍO em vjgíJia de oração, CO· meçarão os rcsped ivos turnos recitan· do o " Magnificat". As oraçõts strio fe.it.M c5J)ecia1mentc para que Nossa Senhora preserve e incremente a dviliza·

ção e~; cm no&-a Pátria e conceda n scguranra, bem estar e grandeza sob o signo da Santa Cruz.". csb1 1

Novos Diretores EM ASSEMllL~IA geral ordinária realizada cm JS de màrço p.p., os só· cios-íundadores da TFP elegeram novos dirigcn1cs da entidade, para o biênio que se iniciaria no dia seguinte. A mesa do Conselho Nacional ficou assim constituída: Presidente, Prof. PHnio Corrêa de Oliveira; Vice-Presidente, Prof. Fernando Furquim de Almeida; Secretário, Proí. Paulo Corrêa de Brito Filho (o CN 1em como membros natos todos os s6cios-fundador"C$). Para a Diretoria Administrativa e Financeira Nacional foram escolhidos: Superintendente, Sr. Plínio Vidigal Xavier da Silveira; Vj. ce-Su~rintendente, Sr. José Carlos Castilho de Andrade; Vogais, Srs. Adolpho Lindenberg, Caio Vidigal Xavier <la Silveirn, Eduardo de Barros Brotero, Luiz Nazareno de Assumpç:flo Filho e M arcos Ribeiro Dantas.


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11 0JRBTOR:

José

CARL.OS

c.~snu10

DB ANDllA.DB

ANTES DAS VIAGENS de Nixon a Pequi,n e a Moscou e da ida de Brezhnev a Washington, <t opinião J)Ública J)er11ianecia, g1·osso 1nodo, na convicção de <1ue os dois 1nundos - o ocidental e o comunista - estava1n e,n lzita ideológica. Mais do qzie a Cortina ile Ferro e a Cortina de Bambu, erguúi-se entre eles 1i1n niuro J)Sicológico de horror, J)roduzido 11ela doutri1u1, pelos niétodos e pel<t histórüt co1nunisút. A nova política de distensão, desenvolvida por Nixon e Kissinger, ao 1nes11io te1npo c1ue fortalece o adve,·sário por ,neio de concessões descabidas, vai produzindo a qu,ed1i das barreiras ideológicas e morais que detinlu11n o civanço ver,nelho. Enquc1nto isso, 1u1i 1nisterioso J)rocesso de autode1uolição vai niinando o Ocidente, 1,rivando-0 das condições para reagir na eventu<1lidade de u,na agressão soviética. Tanibé,n Daladier e Chaniberlain j1ilgara1n afastar o perigo da guerra dobrando-se cnite (IS exigências de llitler e11i Munique, Essas concessões, porém, só ti11era11i por efeito ensoberbecer o Führer desvairC1do e precipitar ct hecato1nbe . . . A 1natérüt <1ue J)ublicamos neste nú,nero foi preparada por Péricles Capanema Ferreira e Mello e Miguel Beccar Varela, co1n base - e1n larga medida - e1n artigos e conferências do Prof. Plinio Cor rêa de Oliveira. Do entendimento cordial entre Brezhnev e Nixon poperá vir a paz?

'

As concessões de Chamberla in a Hitler e": Munique precipitaram a guerra

N.º

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MAIO

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A "Ostpolitik" de Brandt consolidou o domínio russo na Europa Oriental

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ANO

X XI V Cr$ 3,00


...,,

Plinio Corrêa de Oliveira diplomáticas que Mons. Casaroli Vaticano -

A indispensável resistência

o Kissinger

faz, a toda hora, aos países comunis-

tas, etc., e pergunte-se qual o efeito conjunto de tudo isso sobre a vigilâ.ncia e a pugnacidade face ao perigo comunista, dos católicos do Ocidente (para só falar deles). Obviamente, a distensão vaticana tem por e fe.ilo uma desmobilização psicológica dos quinhentos milhões de católicos cm relação ao perigo comunista.

Estes são fatos absolutamente impossíveis de serem contestados. S LEITORES VIRAM, naturalmente, a declaração da TFP sobre seu programa de resistência à polhica de aproximação da· Santa Sé com os governos comunistas. Sobre os motivos e a natureza de nossa atitude, nada há que acrescentar. Jg;ualmente me parece que ficou tudo dito quanto a um ponto capital da matéria, do qual somos supremamente ciosos, isto é, a constância de nossa inteira e amorosa união com o Santo Padre

Paulo VI, em toda a medida preceituada pela doutrina católica. Entretanto, falta tratar da oportunidade de nossa atitude.

••• Bem entendido, não presumo que o pronunciamento da TFP mude a orientação da diplomacia de Paulo .VI. As razões que alegamos são por demais evidentes. para que já não as tenham pon-

derado• de há muito, o• .. Sumo Pontífice e seus imediatos conselheiros. Passando ao ponto de vista tático, não há comparação possível entre as vantagens que o Vaticano imagina capitalizar com o apoio do Moloch que é o mundo comunista, e os inconvenientes que lhe possam resultar da resistência de filhos espirituais que tem nas TFPs, disseminados por quase toda a América e em algumas nações da Europa, cheios de fé, é verdade, mas desprovidos do poderio· que sobra do lado comunista. Nossa própria fé é um fator que, numa avaliação meramente política, ainda diminui, nas balanças da diplomacia, o alcancede nossa posição. Pois o Vaticano está certo, absolutamente certo, de que a Santa Igreja não tem que recear de nós qualquer forma de apostasia. - Qual, então, a utilidade de nossa atitude?

••• A distensão do Vaticano vem de longe. Nota-se desde o Concílio Vaticano l( uma mudança gradual de atitude dos Episcopados de quase todo o mundo diante do perigo vem1elho. De arredia, vig.ilante, e não raras vezes até combativa que era,

•1

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-.i. ~ 1

tal atitude passou a ser, em boa medida, átona, s ilenciosa, e como que desatenta. Dir-se-ia que o problema comunista cessou de repente. Destacando-se sobre este fundo de quadro, Ull\ número não pequeno de Prelados passou a exprimir, com matizes novos, o glorioso e antigo anseio da Igreja no sentido de uma mudança das condições de vida das classes pobres. l?. s6 confrontar a linguagem de um São Pio X a esse respeito, com a de certas Conferências Episcopais e de certos Prelados, para medir quão scnslvel vem sendo essa mudança. A linguagem nova de muitas rcivjndfoaçõcs sociais

"' cclesiásticas, por vezes é tal que, sem ser defini~ damente marxista, parece inspirada no vocabulário 3 e no estilo usados pelos comunistas. Como infeliz~ mente é bem notório, há mais. Delerm.inados Bispos, constituindo exceções rumorosas e impunes, i! apóiam decididamente as hostes comunistas. O ·~ exemplo mais frisante dentre eles é o Cardca~ilva Henríquez no Chile. Somem-se a essa imensa ] massa de fatos os contactos diretos do Santo Pa,... dre com chefes de Estado vermelhos, as viagens

ª

••• Ora, precisamente a esta. altura, o perigo comu· nista se vai torna11do mais grave. Cresce a todo momento o poderio diplomático e militar da Rússia, e a propaganda comunista se vai tornando

restabelecimento ele uma auti ntica e recíproca compreensão através de uma reconciliação efetiva e sitlcerd'. A primcll'a leitura, essas aspirações podem agra-

dar. Porém, se bem analisadas, causam estranheza. Num país dividido a (undo entre dois imensos blocos, comunista e anticomunista, o Augusto Pontlfice parece achar possível o despontar de um.a era de· concórdia cm que, continuando un~

e outros nas respeclivas convicções, cessem as "animosidades'', os "resse11timentoJ~ e as "vingan· ças." Ora, está na essência da doutrina e da metodologia comunistas não ter com o adversário nenhuma "fraternic/(tde" sincera, mover contra ele 1

uma guerra contínua, animada pelo ódio e travada

com todos os recursos da propaganda ou da vio-

Os intelectuais ou os políticos explicitamente co-

lência, bem como fazer da vingança das "class~ oprimidas" o leitmotiv de sua ação. Em face de tal adversário, os católicos podem e devem, sen1 dúvida, agir co m uma elevação cristã, que não

munistas vão passando, hoje, para o folclore e a

exclua, aliás, a firmeza. Mas é-lhes impossível

pré-história do comunismo. O político esquerdista com tendências comunistas, o intelectual que fala

conseguir dos comunistas uma #(autêntica comprecn.rão", e., menos ainda uma "reconciliação efetiva . e smccra .

mais disfarçada, majs envolvente, mais aliciante.

mal do comunismo, mas cria um clima pré-comu-

nista, esses são os agentes mais eficientes e modernos da propaganda vermelha. Em suma, o auge da desmobilização católica coincide com o auge da investida polimórfica do comunismo. O resultado: catástrofe a prazo médio, se não breve. - E o antídoto que preserve os cat<?licos? S6 pode ser uma ação anticomunista especializada, desenvolvida por católicos baseados na doutrina tradicional da Igreja, que falem aos seus irmãos na Fé de maneira a os alertar e levar à lula contra o perigo vermelho. Qualquer outra forma de antídoto seria vã ou contraproducente. Nesta tarefa se empeaha a TFP. Tarefa tão imprescindível enquanto durar a "Ostpoli!ik" do Vaticano. l?. a utilidade de nossa árdua, mas mdispensável - e quão filial - resistência.

Desde que haja; católicos de um lado e comunistas de outro, estes últimos imporão necessariamente unia luta. E essa lula os católicos a lerão que aceitar com destemor, em qualquer campo em que sejam agredidos. Não é difícil ver que as mencionadas palavras do Papa Paulo V[ tendem a reproduzir, no campo interno da política chilena, uma conciliação entre católicos e comunistas análoga à que a Santa Sé vai tentando obter, no campo diplomático, com as nações comunistas. E que, na base de uma e de outra coisa, está o pressuposto de um comunismo scn1 ódio e sem vingança: de uni comunis-

mo irreal, que não poderia existir nem no mundo da utopia, pois seria um comunismo.. . não comunista.

•••

Resistindo ... A "FOLHA DE SÃO PAULO" publicou um resumo da recente alocução do Santo Padre Paulo VI ao novo Embaixador chileno Héctor Riesle, que lhe apresentava suas credenciais. O Sumo Pont!fice não ignora quanto desconcerto e apreensão vai causando aOS' católicos, pel? mundo afora, sua "détcnte" com os países sob re· gime comunista. A ocasião era propicia para, se o quisesse Sua Sa.ntidade, remediar tal situação. Bastava-lhe exprimir ao diplomata sua alegria por ver a nação chilena libertada do jugo de um governo que a levava a uma dupla ruína : l - espiritual, cm virtude da inspiração atéia e _marxista do Presidente Allende; 2 - material, em conseqüência da derrubada de dois pilares da normalidade econômica, ou seja, a livre iniciativa e a pro-

priedade privada. Essas palavras do Santo Padre teriam, ao mesmo tempo, dessolidarizado sua sagrada e suprema autoridade da conduta pró-marxista do Cardeal Silva Hcnríque~ Arcebispo de Santiago. Entretanto, ao que parece, o discurso do Soberano Pontífice nada conteve de análogo a essas palavras, que seriam tão naturais nos lábios de um Papa. Da alocução ponliíicia destaco, até, uma frase que soa de modo bem diverso. Nela, o Santo Padre augura para o povo andino "11ma fraternidade que, superando as animosidades e os res· sentimentos, e excluindo as vinganças, envolva o

Essas palavras do Santo Padre indicam aos católicos chilenos uma meta e um estilo de ação que os desmobilizam psicologicamente a.ore um adversário implacável, o qual de nenhum modo se desmobiliza. A aceitação de tal meta e tal estilo acarretaria assim, na ordem concreta dos fatos, uma catástrofe para os católicos e uma vitória para os comunistas chilenos.

••• - S6 para os chilenos? - O comunismo chileno não é senão urna parcela do comunismo internacional. Apresentando a psicologia dos comunistas chilenos sob luz tão otimista, essas palavras do Santo Padre produzirão, por toda parte em que forem publicadas, efeito análogo ao que terão produzido no Chile. E isto inclusive no Brasil, onde, se vão escasseando os terroristas, seria ingênuo imaginar que vão diminuindo - nos seus principais redutos, as sacristias e os salões nistas "não-violentos".

os comu~

Fazendo, pois, o presente comentário às palavras do Chefe Augusto da Cristandade, defendo n1eu País. Defendo a Cristandade. E assin1 procuro conservar para o próprio Pontífice, uma influência que sua estratégia lhe vai dia a dia roubando. Nesse ato de resistência à política de Paulo VI não há outras componentes psicológicas senão o amor, a fidelidade e a dedicação. Dado que o Papa é o monarca da Santa Igreja, meu gesto importa cm defender o reino em beneficio do Rei, ainda quando, para tanto, deva incorrer no desa·

grado deste. ·Mais longe, segundo me parece, não é dado ao homem levar sua dedicação. CONC1.VI N,\ PÁOlNA.

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6


' A NOVA E IMENSA MUNI E

M 1938, ADOLF HITLER colocava o mundo na contingência de optar entre uma guerra terrível e a aceilação da

supremacia do Ili Reich. Daladier e. Cha!"berlain - chefes dQs governos frances e inglês - foram a Munique negociar a paz, mas acabaram por fazer concessões que só tiveram por efeito ensoberbecer e fortalecer o Führer enlouquecido, e assim precipitar a guerra.

Também em nossos dias o mundo foi posto num dilema: correr os risc-os de uma guerra,

ou ceder. Ceder, não mais diante de um homem que parecia desvairado por sonhos megalomaníacos, mas sim diante dos desígnios frios e implacáveis de uma seita filosófica atéia

e. igualitária, o comunismo internacional. Com a tomada do poder pelo comunismo na Rússia em 191 7 e sua posterior expansão pelos países da Europa e da Asia, o mundo ficou dividido em duas áreas profundamente

De um lado estava o Ocidente, baseado em algumas verdades perenes e absolutas, herda-

comunismo e impregnados de espírito socialista, que negociariam diretamente com os sovié-

das do patrimônio espiritual cristão; do outro, os países comunistas, afinnando como um dog-

ticos.

ma a relatividade e a m11tabilidade de todas

Conseqüências da distensão

as coisas. . . exceto a do relativismo. A idéia de um mundo dividido em duas áreas que se afrontavam em luta ideológica, perdurou até as viagens de Nixon a Pequim e a

diplomática, econômica, etc. As mais impor. taotes são, de longe, as devastações que . as viagens de Nixon a Pequim e a Moscou e do Breznnev a Washington produziram na opinião pública do Ocidente.

do Presidente norte-americano, "mudou a face da terra" - é o instrumento da co11vergê11cia~

sobre a opinião pública

antagônicas. Mais que a Cortina de Ferro ou a Cortina de Bambu, dividia-as um m11ro de horror levantado pelos povos não subjugados

pelo comunismo.

atômico Sakarov.

A convergência, como a apresenta m seus fautores como a apresentam seus

fautores - pode ser assim resumida: a) se os Estados Unidos e a Rússia entrarem cm guerra, a hecatombe atômica será

inevitável; b) em conseqüência, a única saída para o mundo está na implantação de um regime de coexistência pacifica que, de um lado, harmonize inteiramente as relações entre os dois "grandes" e, de outro, atenue os contrastes entre o mundo desenvolvido e o subdesenvolvido; c) a fim de que tal coexistência conduza realmente a uma paz 'estável, cumpre que não seja simplesmente um modus ,1ive11di entre po-

e

tências hostis. preciso que ela importe na eliminação definitiva das causas de dissídio entre os Estados Unidos e a Rússia. Obtido isso, os dois grandes se desa.r marão e destinarão aos subdesenvolvidos as torrentes de dólares e rublos que invertem cm material bélico. E, assim, o mundo unificado conhecerá, afinal, a paz;

d)

haveria duas espécie.~ de unificação. A

primeira seria uma fusão do capitalismo com

o comunismo, por meio da qual o Oeste e o Leste adotariam um mesmo estilo de pensamento e de vida, eliminando por: essa forma

mil causas de mútuas desinteligências. A segunda modalidade de unificação consistiria na fusão de todos os países cm uma república uni·

versai. - Como se dariam estas duas fusões? Di,.em os fautores da convergência: é preciso que 1anto o capitalismo como o socialismo es~

tejam na disposição de assimilar, cada um, os

aspectos positivos do outro, operando assim uma mútua aproxi1nação nos aspectos funda.. mcnt:1is. A sociedade capitalista dever.ia tomar uma feição socialista e a sociedade comunista

deveria reconhecer um pluralismo político que a conduziria a uma democracia efc1iva. Em suma, liberdade política, igualdade social absoluta, dirigismo econômico total, eis a

fórmula apresentada para se escapar do cataclisma atômico.

pública, as conseqüências de ordem polít.ica,

Moscou e de (!re-thnev a Washington. Essas viagens inauguraram em grande estilo e com novo fôlego a política que outros haviam timidamente ensaiado, isto é, a política de distensão entre os países do mundo livre e o bloco socialista. A nova política, a déte111e - que, no dizer ou seja, da aproximação entre os dois blocos, pela s11peração das divergências ideológicas. Tal convergência é advogada não só por políticos do Ocidente, mas também por intelectuais soviéticos chamados dissidentes, como o físico

A convergência -

Estas conseqüências são de várias ordens. Temos as mudanças psicológicas da opinião

';1í1theis a escolher e11tre a vergo11lra e a gucr.. ra,· preferistes a vergonha e tereis a guerra''. Talvez viesse então ao espírito do grande estadista britânico um pensamento como este de Claudel: "Há algo mais triste de perder tio que a vida: é perder a razão ele viver,· mai., triste cio que perder seus bens é perder a es.. pera11ça" ("L'Otage", Gallimard, Paris, 1951, p. 143).

A "Ostpolitik", precursora da diste nsão A política de Willy Brandt é, no âmbito europeu, a mesma tléte11te levada a cabo pela dupla Nixon-Kissinger no plano mundial. A Ostpolitik propugna uma verdadeira e sempre mais ampla colaboração com os países de atrás da Cortina de Ferro. Tal colaboração não rcp'rcsentaria, entretanto, uma l'Uplura de

Bonn com o Ocidente. Conta ela até com o apoio caloroso de vários governos ocidentais. A Alemanha seria o cio de união entre Leste e_ Oeste na caminhada rumo à convergência fmal. Na fase atual, a Ostpolitik e a tléte11te já cónduziram ao reconhecimento pelos países ocidentais do domínio soviético sobre.a Europa Oriental -

que, de domínio de fato, passa a

domínio de direito - e ao reconhecimento da Alemanha Oriental como Estado soberano. O ponto termin al da Ostpolitik não é apenas o bom entendimento entre tJS duas Europas, mas a formação de uma pan-Europa, que vá dos Ur.1is até os Pirineus, ou mesmo até o litoral português. Esta pau-Europa é o termo lógico do pan-curopeísmo - doutrina que advoga a fusão das nações do Velho Muodo concebido num clima de reconciliação do bloco soviético com o ocidental. Ora, o processo mais (ácil para a formação dessa pan-Europa não é a realização de uma série infinda de negociações entre cada um dos países da Europa Ocidental e a R6ssia. O mais simples é a construção de uma Federação européia, dirigida por utopistas simpáticos ao

O que é mais triste da que perder a vida Na realidade, se o Ocidente dcixar-.sc comunistiz.ar parcialmente, tiver dcfomiada a sua estrutura social, deteriorada a sua cultura, as· fixiada a sua economia pelo dirigismo socialista, ficará muito mais exposto à sanha co1\-

Conseqüêndas do Ocidente 8 DERRUBADA DÓ .. MURO Dll HORROR". Até há algum tempo, os anticomunistas tinham ao comunismo um horror como o que o fiel tem ao demônio. Havia, como dissemos, um muro psicológico de horror, produzido pela doutrina, táticas, métodos e história comunistas. A déte11te provocou a derrubada desse muro, pri. meiramente nos meios empresariais. Se os go-vcrnos podem, por razões políticas, passar por cima das diferenças ideológicas, por que não o poderiam fazer os empresários, por razões

econômicas? Dizia.se: ºDevemos negociar com os países comunistas com a mesma naturali-

dade com que negociamos com os não comunistas. No comércio de país a pais, já não têm razão de ser as barreiras ideológicas. Logo, não há mais motivo para dividir o mundo em dois blocos antagônicos. A posição verdadeira é a do comerciante pragmático, que transaciona com aquele que lhe dá mais lucro". Daí, a afirmação de que a política internacional já não gira cm torno de idéias mas de economias. O muro de horror estav; fun .. damentado na idéia de que as ideologias valem mais do que o dinheiro. A opinião pública, vendo a naturalidade com que seus políticos e seus homens de negócio, coohcc1dos como anticomunistas, convivem

com os comunistas, perde as prevenções que tinha cm relação a estes. A derrubada dessa barreira toma muito mais fácil a penetração marxista. O mundo comunista não perde a sua coesão, mas o não comunista se racha. 8 DESMOBILIZAÇÃO IDEOLÓGICA, E ASl'IXJA DO ANTICOMUNISMO. O anticomunismo passou a ser apresentado como velheira própria a outros tempos. A tomada de posição ideológica pa.ss~u a se! vista ~como coisa retrógrada e carcom ida. Nao se e nem comunista, nem anti-

comunista. A ideologia, no Jado ocidental, perde a sua razão de ser. Condena-se o anticomunismo, mas não o comunismo1 achando-se

natural que haja países onde ele domina. C-Om isso. o comunismo tem a partida ganha. 8 ]NCEN1"1VO PARA AS e-SQUl!RDAS, l)CSÂNIMO PARA AS DIREITAS. A tlétente incentivou os esquerdistas de todos os matizc.s nos países livres e desanirnou ali os mais fervorosos partidários da aliança ocidental. Esse fenômeno foi parlicularmente observado em Formosa, no Ja.

pão, na Coréia do Sul, nas Filipinas, cm Singapura e na Austrália. Em outros termos 1 na cadeia de nações anticomunistas do Extremo-

Ori@tc.

8 PARALISAÇÃO DOS l!LEM.EN1"0S MENOS COMBATIVOS. S inevit,\vel que milhões de pessoas com uma mentalidade não propensa para

''PREPARARÃO ARDUAMENTE SEU PRÓPRIO SUICÍDIO''

quistadora dos russos do que agora. O auge da contradição está na quimera de reunir a liberdade política e a tirania econômica. Pois

num país onde toda a economia depende cio govemo, a liberdade política é impossível. - Mas, e se disto depende a paz? perguntarão mu itos.

A paz é um bem, um altís.~imo bem. Não porém o bem supremo. E se o preço dela são a inércia e as concessões ante a investida co .. munista, mais vale a pena lutar. A -única ma"!, ncil'a de preservar a paz é sermos argutos e firmes contra o monslro vermelho. Do contr;lrio, nada será tão atual como as

palavras de ChurchiJI a Chambcrlain e seus sequazes, quando eles voltavam de Munique:

Memorando de Leníne a Ocorgy € hieherin, então <i:omissário para Assuntos Estrangeiros:

D

'

fl,ER A. VERD:A.DE t! um conceito tlespreúvc/ e 'buYgl(ts. 1!li11a me11tlra, por outr() /pdo, é muitas \lezes justf/icável polos u/inl'. 0,s, capitalisuu· ciq, mundo 'i11teiro

fechariio os olhos flª'ª' os tip,os de (llividadc nossa a que me referi a dessa ma· neim ~I! tornarão rrão s6 s11rdos-11111dos, m<4 também cego.1·. E/és rros ahririio créditos 1)110 nQs s~r~ir(io para ap<>ifr, os parlido~ comunistas em seus países. Elt,r nos J•uprirão co,n, os materrms e a tecnolog,a que ru>s Yt1ltam para a ,•cslôw·(©ãt, de nossn indúsuia militan, d" q,mi necessitamos, para nossos /utur<>.>~ e vitoriosos ataques co.1ur(I nossos-- pr6pria~· prov-e.tlores. Em outras pt1/avras. 1!/fJ' tra'balhnrlio ôrtl11a.111c11te parit p,rennrar. seu 111·~1,rio suicídio (t1p~d Relatório Especial do "Tnstitu1c for thc Study of the Conflict". de Lond,e,~ fevereiro.março de 1973).

o heroísmo, tenham (eito o seguinte raciocínio: "Depois das viagens de Nixon a Pequin1 e a Moscou, do abandono dos antigos aliados, da virtual ••finlandização" da Europa, da campanha contra a NATO, da desintegração da S!3ATO, da iml\rcvidência dos líderes ocidentais, o comunismo tem a partida potencialmente ganha. Logo, o melhor é acomodar-me, não destacar-me na luta anticomunista, adotar idéias socialistas, para que, quando vier o com.unismo, eu seja poupado". Fica assim derrubado mais um bastião da cidadela, pela paralisação de in· contáveis pessoas que, de outro modo, seriam anticomunistas.

Qual a repercussão de tudo isso sobre a opinião pública dos países do Leste? Nas populações descontentes de atrás da Cortina de Ferro, as notícias dessas viagens provocaram um grande desânimo. Os anticomunistas que os há ali numerosos - vendo que os líderes do Ocidente entram cm regime de colaboração franca com o comunismo carrasco, sentem-se fraudados na legítima ajuda que deles tinham direito de esperar. Conseqüências politkas e diplomáticas • NO MUNDO: RE1'RAÇÃO OA INFLUÊNCIA NOR1"E-AMERICANA. A principal conseqüência política da détente é a retração da influência norte..arnericana no mundo. Nixon, no eufórico

discurso que dirigiu ao Congresso ao voltar de Moscou, disse que os Estados Unidos conservavam poderio suficiente para se defenderem a si próprios contra uma agressão russa. Nenhu· ma palavra acrescentou quanto à defesa do resto do mundo livre. Em outros termos, Washington se dessolidarizava de outros países não comunistas, expostos assim à sanha de Moscou. A política de Nixon seria accrt.1da apenas na hipótese de os soviéticos estarem de completa boa-fé, terem renunciado aos intuitos de conquista ideológica, política e militar, e não desejarem senão levar os filhos a passear, nas manhãs de domingo, cm um carro norte-americano, nos arredores de sua casa, idilicamente

encantados com a "american way of life". Caso contrário, N ixon e outros líderes ocidentais, pela estrada das concessões paulatinas, levarão o mundo livre ao suicídio. Como o in;migo é insaciável, cada concessão exigirá nova concessão. A Sagrada Escritura diz que "11111 abismo atrai outro abismo" (SI. 41 , 8). Cada passo neste can1inho toma mais precária a posição norte-americana e fortalece a soviética. Dirá alguém: mas os povos do Ocidente podem escolher o caminho do heroísmo e resistir ao C<?munismo, como o velho Matatias, de quem o

Livro dos Macabeus registra que pre(eria mor· rer a viver numa- terra devastada e sem honra

(2 Mac. 2, 16 ss.). Infelizmente, são poucos, no mundo de hoje, os que escolhem o heroísmo. •

NA EuROPA: "FJNLANDIZAÇÃO".

A Rússia

- como já dissemos - deseja formar uma Federação pan-européia, dos Urais a Lisboa. O corolário dessa meta é a retirada das tropas norte-americanas do Velho Continente. Quem terá a palavra decisiva, quando a uma mesa

de conferências se sentarem o embaixador russo, o francês, o dinamarquês e o belga? .. . Na situação atual, a Europa tem dois calcanhares de Aquiles. Um é a situação militar. O outro: desde que corte o abastecimento do petróleo proveniente do Oriente Médio, a Rússia pode paralisar, de um momento para outro, quase todas as indústrias e transportes da Europa Ocidental. Sem petróleo, o esforço de guerra desta última fica reduzido a quase nada. Além de a R6ssia ter o laço no pescoço da Eufop.a, pelo quase completo controle do petróleo árabe, o poderio militar soviético vai atingindo no con· tinente índices alamrnntcs. Os russos superam

os europeus cm poder aéreo na proporção de sete para um. E o poderio naval soviético está para o dos europeus ocidentais na proporção de quatro para um. Assim, pelo norte e pelo sul, os soviéticos vão cercando a Europa livre. O argumento de que está sendo negociada a redução equilibrada das forças não vale, pois as negociações visam 1 até o momento, redu~

zi-las no centro da Europa e não no norte nem no sul. E, mesmo ali, os russos _ não querem

aceitar a redução realmente proporcional. Assim, facilmente se compreende que os soviéticos -

como noticiou a imprensa interna~

cional - tenham já pronto um plano de invasão da Europa Ocidental, consistente. em ocupar o continente e todo o litoral do AtlâncoNnNuA NA

1•ÁCINA .t,

3


Continuação da pág. 3

DISTENSÃO, A NOVA E IMENSA MUNIQUE tico em apeoas duas semanas. Os Estados Unidos seriam paralisados pelo terror dt1 agressão atômica. O mais provável é que~ na iminência dessa invasão, a Europa Ocidental se deixe ·~finlan .. dizar'' sem qualquer resistência mili tar. Bem entendido, a Rl1ssia aproveitaria csla situação privilegiada para impor gradualmente o comunismo aos paises "íinla.ndizados". E para isso já estarão a postos os PCs dos vários paí'.ses

(sobretudo os da Itália e da França). Aliás, para o domínio dessa parte cio num• do, talvez nem precise o Crcmlin u1iliz.ar um método tão brutal. Cada vez mais, a Europa

coloca-se voluntaria.mente debaixo do domínio russo. Na crise do petróleo, ela abaixou-se vergonhosamente às imposições dos emires, cheiks e ditadores populistas do deserto e do Golfo Pérsico. ~ evidente que atrás desses régulos árabes

está a mão imensamente mais poderosa dos so·

viéticos. O Velho Contineote, cm vez de reagir valentemente aos acintcs que se lhe faziam, do-

brou li cabeça. E - pasmem - aumentou suas compras de petróleo russo! A crise do petróleo e suas conseqüências puseram aos olhos do mundo o seguinte: a Europa, por não resistir às chantages do petróleo e da agitação sindical insufladas pelos sovié1icos, colocou-se cm regi.me de protetorado

Havia-se constituído na Ásia um bloco de nações anticomunistas cujns expressões maiores eram o Japão e a Austrália. Formavam uma cintura de proteção, um "cor· dão sanittirio" entre as naçõe.~ livre.~ e o mundo comunista. O Japão, embora não sendo mililarmente uma grande potência, poderia facilmente lransformar•sc cm. um país militarizado devido à pujança de seu parque industrial. ANTIG,\S RESIS-rêNCIAS.

que os soviéticos desejarão serão os Estados Unidos. À vista disso, todo o apoio deveria ser dado à NATO, fazendo-a cada vez mais un\ instrumento de contenção do avanço comunistâ. Não é exatamente isso o que se observa.

No Congresso "yankce", nos órgãos da imprensa escrita e falada do país, a NATO sofre um contínuo processo de erosão publicitária. Processo esse que levará, mais cedo ou mais

tarde,_ à retirada das tropas norte-americ8c!!_as da Europa, sob qualquer prctc.xto que vele, cm medida maior ou menor, a entrega desta 30s russos. Nos países europeus observa-se o mesmo

fenômeno. De Gaulle, ao retirar a França da NATO, prestou à "grandeur françaisc" um dos maiores desserviços que se possa imaginar. Que "grandcur" há cm ser protetorado dos neobárbaros do século XX, os comunistas? Ao propor a abertura para o Leste, o General atuou como precursor da Os1po/i1ik, que hoje mina as resistências e impede que a Europa

esteja alerta cm face do perigosíssimo envol-

claração de Xangai -

assinada no final da

visita. do Presidente norte.americano à China - para. melhor avaliarmos o alcance dessa viagem. "Amb"s as p,utes estiio d e acordo em rc· conhecer <1uc se Of)rofunde a compreens<io en· !te os doi~· povos. Com esse fim, ,i iscutcm assunto.r específicos de campos como ti ciê11cit1, a tecnologia, a cultura, o eJ'porte e o jonwlismo, nos quais os contactos e intercâmbios tle povos seriam de recíproco benefício".

Nesse tópico está todo um programa de aproximação entre povos e não meramente en-

tre governos, note-se bem. O que a Declaração de Xangai ente11de por entusiasmo pelo comunismo? Até que ponto são autênticas essas muleidõcs? A té que ponto

se identificam com o próprio povo? Sabido é

técnicos, esportistas e jornalistas filiados ao partido oficial. Se fosse sincera, a China comunista deveria abrir, de norte a sul, as suas frontei,ras

para os norte-americanos e lhes garantir toda a liberdade de ir e vir por oode quisessem. Mas isto os chineses evitam com cuidado. A Declaração de Xangai prevê tão somente contactos cnt1·c técn icos e especialistas, ou então

de jornal a jornal, de revista a revista, etc. Tudo de longe, facilmente filtrável e controlável, com o propósito de mostrar apenas o que convém mostrar. E, sobretudo, de esconder quanto convém que no Ocidente ninguém sa.iba: Ora, só um tolo poderá crer que o PC chinês indique para esses contactos gente capaz de mudar de campo. Logo, tais contactos só serão promovidos pelo PC na medida cm que tiver a esperança de "converter" os norte-americanos

ou, pelo menos, de os "amolecer" cm relação à doutrina comunista. Entrarão cm tais relações com o único objetivo de aproveitar todas as oportunidades para fazer aceitar a sua ideologia pela outra parie. Pelo contrário, os americanos irão para os encontros na persu:isão de que se trata de uma

vimento comunista - seja no campo p0lítico, militar ou psicológico - que se prepara para

mera informação recíproca. E julgarão faltar ao "fair play" se se entregarem ao proseli-

degluti-la. A dé1e111e acelerou esse processo. Fosse ou-

Logo ap6s a Declaração de Xangai, a via-

tismo.

de Willy Brandt morreriam na sua garganta.

gem ele N ixon co1neçou a produzir conscqüên cias.

Devido às trincas na aliança ocidental, vários governos europeus mantêm com Moscou

servador como o do Premier Eisaku Sato não

tra a política norte-americana, e as propostas

contactos de crescente boa vontade e subserviência. Favorecendo essa politica, os Estados

Unidos tiram de sua própria frente o último anteparo e se colocam face à face com o colosso vermelho. bom ac,·escentar que não é por heroísmo que Washington procede assim, mas porque se cansou de proteger o anteparo

a

e este se cansou de ser protegido. Com uma

8

No Japão era evidente que um governo conpoderia seguir os passos da dupla Nixon-Kissinger. Dentro do partido do governo, surgiu a ala esquerdista lidera.da por Kakuci Tanaka,

que acabou por derrubar Saio. O novo governo tratou, desde logo, de aproximar-se da China.

E daí resultou a visita de Tanaka a Pequim. O programa da estadia do Prcmier n ipônico na China, compa(ado com o programa preparado para Nix_on, comportou diversos por· menores que deixaram ver, de modo subtil e insolente, que a China atribuía muito mais im-

simples patada o urso moscovita poderá colocar o anteparo debaixo de suas garras. a NO 0RteNTE: TRANSFORMAÇÃO OE /.1, tA·

portância a Tanaka do que ao Presidente nor-

l>OS

te-americano. Tanaka não cessou de manifcs·

UM

INIM IGOS;

"CARTILAOENIZ,\ÇÃO''

DAS

A Austrália cxperimcnl'ou mudança seme-

lhante. Um gabinete trabalhista subiu ao poder

temas que passaram à ordem do dia. Ao mes-

que os governos comunistas mentem quando se trata de afirmar a solidariedade do povo à ideologia do Partido. Somos, assim, levados a suspeitar vivamente que o "povo chinêJ'>• com o qual os norte-americanos vão "apro/mular a compreensão'', não é senão o PC. E que os contactos dos "yankecs" se farão, não com a maioria autêntica dos chineses, mas ·com equipes de cientistas,

sões: conquistada ;\ Europa, a próxima presa

com Pequim ...

Oriente. Depois, veio a viagem de Nixon a Pequim. Vamos analisar aqui alguns pontos da De-

Não vamos entrar aqui nas razões que, cven• lualmcntc, possam ter os dois Jados. Analisa·

homens públicos dos dois lados :e aplicassem a consolidar e aumentar o poderio dessa alian· ça. Pois da sobrevivência de um depende o outro. Os norte-americanos não podem ter ilu-

a comida chinesa. E - na volta - ainda compôs um poema sobre o reatamento de relações

e foi logo diminuindo os vínculos que uniam o país ao mundo ocidental. Assim, desligamento

"povo chinês"? São as multidões delirãntes de

russa. A proteção norte-americana 6 a salvaguarda da soberania européia. Seria natural que os

Ao longo da visita, declarou seu país culpado pela agressão à China em 1937, elogiou rasgadamente Chu En-lai, a hospitalidade e àté

A SEATO (Organização do Tratado do Sudeste Asiático) , entidade análoga à NATO, continha a ameaça militar comunista no

russo. E os soviéticos vão tirar proveito desse estado de coisas. Outro Cato grave no ãmbito dos países europeus são suas rixas com os Estados Unidos. remos o fenômeno sob o ângulo da ameaça

tar sua humildade ante os anfitriões chineses.

da SEATO, ataques aos Estados Unidos, esfriamento da amizade com a Orã·Brctanha foram mo tempo, assistiu-se ao estreitamento dos laços com a Rússia, ao reconhecimento da China comunista e a uflirts" com Pequim.

Formosa vê-se abandonada pelos norte-americanos e por quase todos os seus antigos an'li·

gos. Em torno da ilha vai-se fazendo o vácuo. Sua anexação pelo regime de Pequim já é considerada por muitos como um fato que ocor· rcrá mais dia, menos dia.

No futuro a História olhará con1 horror o grande número de governos que reconheceram a China vern1elha, com o subseqüente rompimento com Formosa, logo após a viagem de Nixon a Pequim e como conseqüência dela. Nesse reconhecimento, o direito e a honra (o-

ram espezinhados. Não se levou cm co,lla que os detentores do poder em Pequim são usm·padores, são tiranos do povo chinês. Apenas, quando se davam razões, era dito ser a China conti.nental um imenso mercado de 700 mi ..

)hões de consumidores. O que, aliás, é hipotético, pois esse povo jaz na miséria. E mesmo que fosse real, não se pode, por razões do lucro, espe-.Ginhar os direitos e as esperanças

do povo chinês, consolidando o usurpador e tirano.

Santo Agostinho diz que as nações são recompensadas e punidas nesta terra, pois para

elas não há vida eterna. Que castigo Deus reservará para os povos que promoveram esta infâmia ou aderiram a ela? No V ietnã, como conseqüência da détente, tivemos a ''paz com honra", que não foi feita segundo a honra, nem foi paz. Foi, isto sim, a retirada disfarçada dos norte.americanos,

abandonando se,is antigos aliados à sanha comunista. Moscou e Pequim continuam insuíJando e

armando o Vietnã do Norte e o Vietcong. Os vietnamitas do sul vêem.se, cada vez mais, na iminência de ceder ante o impacto verme-

lho. D ir-sc-ia que, se os comunistas não tomaram ainda o poder, é apenas para não pre.. judicar a política de Nixon, moslrando ..a aos

olhos dos ocidentais cm sua verdadeira face. O provável é que farão com o Vietnã do Sul como o gato que brinca com o rato durante 1,lgum tempo, para depois dar-lhe o golpe fatal. No fundo, se Moscou e Pequim podem aju• dar os seus aliados do Sudeste Asiático é porque os ocidentais lhes dão trigo, capitais e " know how". Os dois "colossos" vermelhos estariam premidos por dificuldades econômicas internas em escala muito maior, não fosse a

ajuda do Ocidente. A guerra do Vietnã pôs claro aos olhos do mundo que os Estados Unidos j:'i 11ão são fiéis aos seus compromissos no Exterior. Depois do Vietnã, o Laos e o Cambodgc estão sujeitos à mesma sorte. A revista "Time" dizia recentemente que os comunistas controlam $0 por cento do território do Laos e têm 50 por cento de representação no novo governo do país, como tam:

bém fizeram enormes progressos no Vietnã do Sul. Bem andou o representante deste último país - Tran Van Lam - quando, após a assiDatura do tratado de paz de Paris, jogou sua caneta no chão, aíastando-se dela como de um objeto de horror. Não analisaremos o que se dá co1n outros

países, mas o panorama é idêntico. Apenas urna palavra sobre a 1ndia. Cada vez mais Indira Ganclhi vai afastando seu país da neutralidade - tão cara a Nchru - e o vai em· purrando para os braços dos russos. Estes brevemente terão bases navais na !ndia.

''A BU.RGlJESIA DEVERÁ SER ADORMECIDA''

T

Â'J'ICA ,ALGUM'A.S vezes, vio)e111a e 011/ras vezes paclfiaa, mas sempre ,e~oluciouária. íl guerra ilc 111or1c e111t·e o com1111is1110 e o capi/(J/ís1110. é inevitável. Tioje, evi-

de11teme111e, não somQ~· /!astn111e /orles para (l(acar. J'{oss11 hora chegará <le111ro de vinte. ou trinta anos. Para,. vencer> neces.riurremos de um elemento. tle ,\<urpresa. A· h11r,guesfrt deverá ser, adormecitla. Começaremos la11ça,u/() o ,naiJ· CJ'/7etacu1ar mo,vimento de paz que jamais 1e11ha e.ris/ido. liaverá propo1içijc.)' eletâ,zm,tes e co1taessões ex1rao,di11árias. 0s paíseJ· Capitalistas, c~·uípltlol' e dec<Jtientes~ qooperarão. com alegria pnr<J -Sua pY6pria tlcstruiç,ío. J?r,ecipitnr-.sa-ão sobre o nova oportunitlade ,Je amitade. No 1né's1no instante Cm que bei:xarem ,1u" guarda-, achotó-los.emos co,u 110.rso puniu> e.errado. - Ojmitri Z.

Manuils1'y, contcr.êocia feita em 1931 na Escola Lenine de GueJca Política ( a1_:md Jean Oussci, ''El Marxismo-Leninismo", Editq,ial lctio:n, nuenôs Aires, 2.º ed., 1963, p. J 13).

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Conseqüências no campo militar: avanço ~o

Uma breve análise do avanço russo. Sob este aspecto, a dé1<•11te, diminuindo as ba.rrci· ras contra os comunistas, pcrmitiu•lhcs entrar cm várias áreas que estavam debaixo da in•

fluência do mundo livre. E mbóra o processo não seja recente, tomou extraordinária intensidade nos úllirnos anos.

O Mediterrâneo está coalhado de belonaves russas. Anteriormente, era dominado pelos ocidentais.

O indico, outrora patrulhado pelos ingleses, vai sendo invadido pelos soviéticos. Estes estão instalando bases militares na lndia e no Golfo Pérsico (e já controlam o Canal de Moçambique) . Nessa região, a lndia vai entrando para a zona de influência soviética, o Icmcn do Sul

é comunista, e Omã está sujeito a guerrilhas vermelhas apoiadas pelo Iraque. Hoje, devido à sua influência diplomática nos países árabes e á seu poderio militar, a Rússia pode paralisar, quando qu.iser, o abas· tccimento do Ocidente por petróleo do Oriente Médio. Ao mesmo tempo, partindo da Guiné, aviões soviéticos já estão patrulhando o Atlântico Sul, vigiando a "rotn do Cabo", vital pata o escoamento do petróleo do Golfo Pérsico. A Rússia vai, assim, cercando a África, onde no norte já goza de vasta influência, e no sul

comanda o ataque publicitário e armado contra os territórios portugueses, a Africa do Sul e a Rodésia. Do ponto de vista militar, a queda dos territórios portugueses em poder dos guerrilhcíros comunistas significará que a Rússia disporá dos dois braços da tenaz para esmagar a África.

Os me ios operofivos do distensã o Para levar a cabo essa política, dois eixos

se constituíram. O eixo Moscou-Washington (do qual depende hoje a Ostpolitik de Bonn) e o eixo Tóquio-Pequim, ainda incipiente.

·

A política de Kissioger prcstlgia, eoriquccc e salva o regirne comunista, precisamente con'lo

fez Chamberlain com o regime nazista. Os rios de dólares que Kissinger está canalizando para a Rússia podem proloo.gar a existência do capitalismo de Estado, minado pelo burocratismo, pela estagnação e pela miséria. Esse apoio norte-americano pode desalentar de vez a oposição que se vai tornando, dia a dia, mais ameaçadora na Rússia. E confere no Crcmlin os recursos necessários para reaglutinar os sa--

télitcs que se vão desconjuntando. Kissinger está "refazendo" o regime soviético e ipso /llcto impedindo que ele seja destruído. Sua política vai constituindo um eixo

Washiogton-Moscou, destinado a regular as relações ent re as duas superpotências e estabelecer um condom(nio no mundo. Na Ásia, a recepção tributada a Taoaka

por Chu En-lai mostrou a importância que os chineses dão à aliança com o Japão. A retração americana nesse continente e o apoio dis·

ereto que os Estados Unidos estão dando ao reatamento de relações diplon'láticas dos diversos países com a China tornaram praticamente

inevitável o eixo Tóquio-Pequim. Dizia Bismarck que numa aliança politica as relações entre as parles são sempre as de cavaleiro e de cavalgadura. Ou seja, corn o domínio do mundo pelos dois eixos, o parceiro mais feroz ludo fará para dominar e cavalgar o menos feroz. E isso será tanto mais vi.lvel quanto as concessões de Kissinger dotan\ o parcei(O mais feroz de uma capacidade de agressão que ele até aqui não tinha. No eixo Roma-Berlim, por ocasião da segunda Guerra Mundial, qual era o polo mole? No eixo Washioglon-Moscou, qual será o polo mole? E no eixo Tóquio-Pequim? Tudo isso nos levará a uma situação trágica: os Estados Unidos terão de optar, dentro de algum tempo, entre o naufrágio final ou a guerra. Uma guerra que então será travada com possibilidades de vitória muitíssimo jn(e. riorcs às atuais.

Uma pergunta cabe aqui: então a solução é a guerra mundial imediata? O único modo de salvar a paz consiste cm que os Estados U nidos mantenbam a Rússia numa posição de inferioridade militar incon-

trastável e lhe neguem qualquer auxílio econômico. O regime comunista, deteriorado pela inércia do burocratismo e pela fome, ficará entregue às feras, ou seja, será presa do descontentam.coto popular que ruge <:ada vez mais

forte atrás da Cortina de Ferro. Nessas condições, os dirigentes comunistas terão de se fazer pequenos, cordatos, tratáveis. E acabarão por minguar tanto, que o problema talvez se re• solva por detrás da própria Cortina ele Ferro, por mCio de uma insurreição popuJar inconte·

nível. Ou, senão, pela inteira desarticulação da máquina envelhecida e parkinsoniana do

capitalismo de Estado. E se os soviéticos, desesperados diante de tal ocaso, resolverem despejar suas bombas? Seria realmente atroz. Mas que fazer para evitar tal perigo·/ Ceder? Foi o que fet. ChambcrJain. E esse caminho não Je.vou à paz, mas precipitou a guerra.

Dificuldades no caminho da di stensã o A maior dificuldade para a distensão está na recusa da opinião pública no que toc;l à união entre os dois mundos. Porque, é bom lembrar, a tlélc111c é o instrumento para a co11\.'l!rgênci<l entre o sistema capitalista e o CO· munista, rumo à formação de um só regime scmicapitalista, sen1icomunista, que conduzjria a uma república universal marxista.

Os povos pcidentais não desejan, o modo C()NC1,Vl

NA PÁÇl!iA

1


-AUTODEMOL/i ~O DO OCTDENTE U

M DOS PARTIDOS mais votados da coligação vencedora das elciç&s dinamarquesas de dezembro último foi o Partido P rogressista de Mogcns Gilstrup, o qual preconiza a abolição dos impostos, a extinção dos Ministérios do Exterior e da De· fesa, e a instalação de um serviço telefônico

para responder automaticamente cm russo: "Rendemo-nos!"

Como é possível que uma parte ponderável de um povo dê seu voto ao partido que manifesta de maneira humilhante, como não há precedentes na História, a disposição de entregar sem luta a soberania do p,tís? Que grave enfermidade é essa que aflige o Ocidente e o faz tomar conhecimento de semelhante desígnio sem horroriZc,r·sc, sem que se levante unânime a voz dos setores mais sadios da opinião pública para condenar essa deterioração do sentimento patriótico mais clc-mentar? Todo mundo sabe que a " paz com honra" para o Vietnã, assinada cm Paris há um ano, nem foi feita con1 honra, pois violou as mais elementares exi_gências da verdade e da justiça, nem foi uma verdadeira paz, pois a retirada norte-americana serviu apenas para au· mentnr a agressividade dos norte-vietnamitas e dos russos, ali presentes com armas, assesso: res, técnicos, espiões, etc. Entretanto, a realidade é mais terrívci: se os russos ali continuam, é p<>r causa do ouro, do trigo, da impunidade política com que Nixon e outros dirigentes do Ocidente 6cncficiam os soviéticos. A generosidade de Nixon cm favor destes foi tão g.r ande, que para abastecer intciran\cnte a Rússia o trigo acabou faltando nos Estados · Unidos, e os norte-americanos tiveram que pagar mais caro o pão, para que os russos tivessem fartura cm s uas mesas. O que a Rússia sempre quis ocultar, os acordos assinados por Nixon em Moscou puseram cm evidência: ela geme na miséria, e os hicrarcas do Cremlin vêem-se obrigados a estender a mão ao adversário, pedindo-lhe alimentos, capitais, técnicos, sob pena de sucumbirem debaixo da indignação de seu pr6prio povo. Neste momento cm que o fracasso russo, agravado pelo fracasso de Fidel Castro e pelo fracasso de Allende, deveria estar reduzindo

a zero o prestígio internacional dos regimes comunistas, estes - paradoxalmente - vão-se aproximando, mais do que nunca, da dominação do mundo. Perda do sentimento patriótico, cegueira e indife rença ante as mais aberrantes contradi· ções nas relações co,n o inim igo comum. Para o Ocidente, o essencial vai-se reduzindo, cada vez mais, a vegetar sossegadamente, gozando do modesto prazer ele respirar no momento presente, sentir a no(tnalida<le das pulsações cardíacas, da digestão, e deixar mansamente que as coisas sigam o Seu rumo, por mais louco e vulgar que este seja, contanto que não se perturbe a quietude estritamente vegetativa do instante que passa. A continuação deste estado de coisas por um pouco mais de tempo não poderá deixar ele levar a um grau inimaginável o dee1í.o io da capacidade d~ resistir, de lutar, de vencer, por parte do Oc,dcnte. Seja no plano civil, seja no plano militar, como sob a influência de um veoto pestífero, vão minguando todas as nossas energias vitais. Como se chegou a esta espantosa derrocada? Neste artigo estudaremos como o grande fator do declínio do Ocidente não é o aumento do poderio russo, mas a transformação das condições internas dos países de aquém Cortina de Ferro, engajados cm um processo de autodcmolição. · Para compreendermos este processo, veremos primeiro qual · era até há alguns anos a atitude dos blocos que dividem o mundo moderno. Depois veremos como o comunismo mudou de tática ante o fracasso do proselitismo ideológico da filosofia marx.ista. Analisaremos os principais instrumentos que servem à nova tática comunista e, por fim, quais são as perspectivas para o futu ro. Há vinte anos atrás, a Igreja e os Estados Unidos eram, nos respectivos planos, as duas maiores potêl'.'lcias anticomunistas. Hoje, ambos estão engajados cm um misterioso processo de autodemolição. E é porque ambos se autodcmolem que o inundo comunista, se bem que desunido. faminto, esfarrapado, toma ares de vencedor. - Como se iniciaram ambos os pro.. cessos de autodcmolição? Que parte tem neles seu gr:mcle beneficiado, o comunism.o internacional?

Muro de ho rror, o bstáculo maior do que os defesas militares Consideremos o estado psicológico da opinião pública mundial de há vinte anos. Encontrava-se o nosso globo nitidamente dividido cm duas 1.onas. De um lado estava o bloco das nações subjugadas pelo comunismo internacional. Ou seja, por uma seita filosófica com implfoaç&s no campo da História, .da economia, da sociologia e da política. Tal seita havia-se apoderado da Rússia em 1917, e, em conseqüência da segunda Guerra Mundial, havia estendido seu domínio sobre a Europa Central, a China, parte da Coi:éia e da Indochina. E preparava-se para conquistar, pouco depois, a llha de Cuba, cm pleno continente americano. Do outro lado, havi.a o bloco constituído pelas nações que rejeitavam a pregação da seita comunista. Essa rejeição, faziam-na levadas pelo horror instintivo que a doutrina e o regime comunistas despertavam no que restava de residuahnente sensato e reto nos homens das mais variadas religiões, tradições históricas e raças. Mais especificamente, as nações que fo rmam o mundo cristão sentiam•sc chocadas pelo impacto do marxismo, posto que nenhuma doutrina constitui mais ex.atamente do que este o extremo oposto da Doa Nova pregada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Entre as nações cristãs, a fidelidade integral ao Evangelho pertence aos cat61icos. De onde, dentro do mundo cristão, ser o mundo católico a ponta de lança na luta contra o comunismo. Este horror pelo marx.ismo aprescotava, adernais do conflito ideológico de fundo religioso, os seguintes elementos: - rivalidades de natureza econômica, po.. lítica e cultural, entre as duas supcrpotências &tados Unidos e Rússia; - vinculações ela mesma natureza entre os países não comunistas; -

rejeição do comw,ismo pela grande maioria das massas e1eitorais - constituídas majo· ritariamcnte por trabalhadores pela percepção, ao mesmo tempo possante e implícita, de que um regime estabelecido na negação da religião, da familia, da pátrfo, constituiria o

auge da desordem e do infortúnio. Esta percepção levantava contra o comunismo uma barreira. Uma barreira de horror que constituía, mais do que todos os dólares e todas as defesas militares do Ocidente, um obstáculo à expansão do comunisn10. Mesmo que os exér.. citos vermelhos dominassem um país anticomunista, estariam exp0stos ao risco de que contra eles se levantassem povos inteiros, como fez o movimento crisrero mexicano contra Cal· les, e, nlais tarde, o povo cspa_o.bol contra a tirania comunista que o Alzamienro liquidou. Para derrubar na opinião pública dos povos livres este vcrdadci1·0 muro tle horror, era insuficiente a propaganda habilmente feita entre eles pelo Crcmlin.

A tático com un ista clássico

Há muitos anticomunistas que se aferram a uma noção antiquada do advers.-'írio. Concebem eles a conquista do poder pelo comunismo segundo esquemas vigentes desde l 917 até há aproximadamente vinte anos atrás, os quais consistiam cm um processo com as seguintes etapas: 1,.0 forma-se um núcleo inicial de adeptos, habitualmente intelectuais, estudantes ou operários; 2.0 - este núcleo recruta novos elementos entre os setores mais deteriorados da socie· dade, por meio da difusão da ideologia de Marx, E-ngels e Lenine; 3_0 - constituída assim uma corrente marxista ponderável e organizada, inicia ..se a conquista das massas por meio da propaganda maciça e da agitação (greves, sabotagens, atentados, etc.). A propaganda procura atrair as mas.."ias e a agitação procura paralisar as elites pelo medo; 4.0 - por fim, vem a conquista do poder pela violência revolucionária. Foi mais ou menos o que ocorreu na Rússia, e ainda hoje é a causa dos pesadelos de muitos :mticomunistas, que por isso vêem apenas na

1io11ales, de Paris - publicou cm seu número 475, de 16 de outubro de 1971, um artigo de Frédéric Ravcn, intitulado ••Evolução comparada das forças eleitorais e dos efetivos do Partido Comunista dos países da Europa Ocidental depois de 1945". Os dados utilizados pelo autor provêm de diferentes publicações comu.nfatas oficiais, ou, quando se t rata de estimativas., elas fornm baseadas na "Branko Lazitch'' e na revista anual do Departamento de Estado, "World Strength of the Communist Organizations", de Washington. No quadro que a seguir reproduzimos desse artigo vemos que, apesar de dis1>cndiosos e requintados meios de propaganda, o connmis1no estancou ou entrou cm decadência na Europa:

força e ua violência defensiva a verdadeira barreira contra o comunismo e consideram: ino· fcnsivo o chamado comuuismo invisível.

Uma gra nde mudonso Se bem que este quadro não tenha caducado inteiramente., sofreu ele uma mudança fundamental que não se pode ignorar. O comunismo, por causa da barreira de horror que a opinião pública levantava contra ele, entrou cm franca decadência em seu pode( eleitoral cm todos os países que não estavam sob seu jugo. A esse respeito, a conhecida revista "Est-Oucst" - órgão da Associ111io11 <i'Etu<ies ct d'I11/ormatio11s Politiqucs /111enw-

EVOLUÇÃO DAS FORÇAS ELEITORAIS

auge da votação País ano Alem. Ocidental Áustria Bélgica Dinamarca França Holanda Inglate(ra Itália Noruega Suécia

1949 1945 1946 1945 1946 1946 1945 1948 1945 1944

1

% 5,7 5,4 12,7 12,5 28,6 J0,5 0,4 31,0 11,9 10,3

Diante deste fracasso insofismável da propaganda aberta, impossibilitado de dar ft ação violenta o indispensável apoio das massas, por sua incapacidade de conquistá-las pelo proselitismo direto, o comunismo procura to,ná-las receptivas por meio da ação difusa. Esta ação é desenvolvida atxavés do progressismo, da contestação, da agressão sexual, do demo-cristianismo, do socialismo, instrumentos eficazes do processo de demolição das estruturas básicas da civilização ocidental. Faremos uma análise breve de cada um destes fatores, para depois estudarmos os estados de espírito que eles provocam no homem ocidental.

O progressismo Dissemos acima que a Igreja Católica é uma "supcrpotência" espiritual que, por sua doutrina, suas estruturas e suas leis, constitui onde Ela Se encontra viva e idêntica a Si mesma - uma barreira intran.sponívcl ao comunismo. O progressismo é uma corrente que, orig.i nada no assim chamado liberalismo cató· lico da França do século passado, e passando pelo modernismo, chega hoje ao auge de sua capacidade destruidora, debilitando dentro da Igreja os elementos que A tornam uni polo de atração para aqueles que, respeitosos da lei divina e natural, vêc1n no co1nunismo o mais monstruoso inimigo da sociedade. Baseia-se o progressismo no erro segundo o qual o mundo evolui continuamente para uma forma mais perfeita da organização social, e o comunismo, sendo um fruto dessa evolução, leva irrefreavelmentc para la.1 forma de organi1.ação toda a sociedade. Dizem os progressistas que a lgrcja deve acompanhar a evolução da sociedade, em uma posição vanguardeira, sob pena de ver....<;c rejeitada pelas massas que caminham junto com a História. Daí promoverem no plano jurídico uma ºdcmocrati7..ação" das estruturas eclesiásticas e, no plano

polírico-social, uma aprox.imação com o comunismo, que é para eles a vanguarda da justiça social. O progressismo encontra sun expressão mais audaz nos chamados Grupos Proféticos, cuja existência foi denunciada pela revista "Ecclc-. sia" de Madrid, n.0 1423, de 11 de janeiro de 1965. &ta denúncia (ver "Catolicismo", n.0 220-221, de abril-maio de 1969) foi amplamente difundida em toda a América pelas TFPs. O movimento "profé tico", enquistado na Santa Igreja Cat6Jica para metamorfoseá-La em uma hedionda "Igreja Nova", panteísta, amoral e comunist izante, é uma seita poderosa. Infiltrados nos meios cat61icos do mundo inteiro, seus sequazes vão mudando a mentalidade dos fiéis por meio de um como que processo de lavagem cerebral, para levá-los a aceilar a filosofia comunista.

DOS PCs DA EUROPA OCIDENTAL eleições mais recentes

1

1

ano 1969 1971 1968 1971 1968 1971 1970 1968 1969 1970

1

votos obtidos

.

195.570 60.756 172 . 686 39.326 4 .435.357 246.569 37.996 8.550.000 22.520 236.653

1

% 0,6 1,3 3,3 1,4 20,0 3,9 0,1 27,0 1,0 4,8

Afirmam c.les que, desde a época de Consta.ntioo, a Igreja Se afastou de seu fim e favorecida pelos governantes - transfQrmou·Sc 1 Cll\.:'. uma Igreja ' triunfalistaº e "patenlalista". A-;, maior violência das censuras que os ºGrupos l'ro(é1icos" dirigem à Igreja dita Constantioiana está contida na acusação que Lhe fazem de ser "alienante" . "Alienante" (O termo é tomado ao léxico marxista) é quem domina a alguém; e "alienado" é quem é dominado. Sc,gundo esta concepção, toda autoridade importa em uma alienação, cm uma exploração. Também toda superioridade. Por isto, o objetivo fundamental dos "Grupos l'roféticos" é acabar com Iodas as "explorações", derrubando toda autoridade, condu~ · zindo assim a um mundo perfeitamente igun· litário, segundo o "espírito de nossa época". Para tal, a luta de classes é o instrumento mais eficaz, e o comunis.mo o aJiado mais es· clarecido. Assim, afirniam os progressistas ser necessário enlrar cm. luta aberta com os rc.. girnes ocidentais e colaborar com os regimes

comunistas.

A conte$toção A estrutura do mundo ocidental está baseada numa concwção do homem e da sociedade que vem, cm seus grandes traços, da filosofia do Evangelho. Com efeito, sob o Império Romano decadente, os missionários enviados pela Igreja. como uma gota de azeite, cxpandiram·sc pelo mundo que caía cm ruínas, preservando a estrutura familiar, úoica que o furacão que se abatia sobre os homens não poderia destruir. Pouco a pouco, começou a formar-se uma nova sociedade, a qual constituiu a Cristandade, de que hoje ainda sobrevivem restos sob o nome de civili1..ação ocidental. Cinco séculos de Revolução anticristã não' consegui.r am ani• quilar a solidez de valores que, é bem verdade, estão hoje ptofundamente debilitados. /\ contestação procura destruir o que resta deles: a família, a lrndição, a propriedade pri .. vada, os regionalismos, o sentimento de pátria e de soberania nacional, a organização. hierárquica da sociedade, enfim tudo o que resta de sadio cm nosso . mundo profundan1ente convulsionado. ·· Essa contestação tem como ponta-de-lança uma minoria de ..inconfom1istas": hippies, ju. tclectuais de *'idéias avançadas", ricos burgue. ses comunisti1.,antcs, CJero aggiornato, etc., que rejeitam a sociedade de hoje. A repulsa destes incide mais especialmente sobre os que têm em suas mãos alguma parcela de Hderança o do responsabilidade pelos valores que eles querem destruir. A acusação dos º inconformistas" contra toCONa.u1 NA f'ÁOfNA

6

5


Conclusão da p ág. 5

AUTODEMOLIÇÃO DO OCIDENTE dos esses líderes é a de .. imobilismo" : acusam-nos de querer impor à juventude a· estabilidade .de tUdo quanlo existe. Ou de, quando menos, só tolerar transformações de uma lentidão exasperante. Por isso os ' 'inconfomlistas" - q ue representariam o futuro em luta contra o presente - scntcm.,sc no dever de pôr cm movi-

mento esses líderes, mais ou menos como se poria em marcho uma tropa de azêmolas em·

pacadas, isto é, com imprecações, ch.icotadas e outras sevícias. E se os líderes não se movem submissa, rápida e sorridentcmentc, os "incon.. formis tas" recorrem sôfregos a o utra solução : a demolição radical das lideranças.·

Sendo o homem um conjunto inseparável de espírito c matéria, e estando os vttlorcs de cspfrito acima dos sentidos, uma inversão desses valores escraviza os princípios morais à satisfação dos apetites sensuais. Evidentemente, à medida c1n que o homem vai afundando na imoralidade, a fibra moral vai agonizando até acabar por morrer. Assim, o sentido de dignidade humana, de pa1riotismo, de amor a ideais superiores, vai morrendo, deixando a sociedade, q ue se entrega à dceadência moral, pronta para ser devorada por faná ticos a serviço de uma doutrina antinatural.

Desencadeada a ofensiva do "inconformis• mo", pelas chicotadas ou pela derrubada dos líderes, deflagrado por todos os lados o bom-

O demo-cristianismo

bardeio dos escândalos, a maior parte dos meios

O dcmocrata-cris1ão - exceção feita, talvez. da DC alemã - o democrata-liberal, o social-democrata ( nomes diferentes que cm diícrentes paises adotam correntes afins) têm como fu ndo comum uma mesma mentalidade. Trata-se, na aparência, de indecisos entre a êS· querda é a direita, e, portanto, de contcmpo· rizadores 'teimosos de quantos conflitos ideológicos encontrem pelo caminho, e entusiastas incondicionais da paz a qualquer preço. En· trctant.o, errar ia quem confundisse essa inde· cisão com neutralidade. O equilibrismo pcdecista. ainda que se enuncie, geralmente, cm termos de um neutralismo abstrato, quando transposto para a prática prod uz sistematicamente vantagens para a esquerda. o que se observa cm todas as escalas, oa individual, na partidária, e até na internacional. O pedecista, sempre que quer propor a paz, sugere um acordo cm que os anticomunistas cedem terreno aos comunistas. Não nos recordam.os de um só caso em que se tenha dado o contrário, isto é, cm q ue o pcdecista haja recomendado aos comunistas que façam uma concessão para acalmar os anticomunistas. A indecisão pedccista termina sempre por uma ajuda para a esquerda, inclusive a esquerda mais radical. Co ntudo, o adepto do demo-cristianismo manifesta-se ufano de ser um inimigo das radicalizações. Qual é a razão desta incoerência? No fundo, o pcdccista é um homem dividido entre uma simpatia inconfcssada, mas profunda, pelo comunismo, e uma superfície que o prende por hábitos, interesses, relaçõe-~ sociais, :.'IO campo não comunista. E ntão, o que faz? Trata de persuadir-se de que é neutro e procura persuadir os o utros de sua neutralidade. uni neutro de fachada, um esquerdista de coração, que se trai por sua radicalidade e intransigência cm face dos anticomun istas sinceros e combativos. Em resumo, o lema "ceder para não perder,. caractcrjza

de publicidade imprensa, r~dio e TV apoderam-se do assunto. . . para dar grande destaque às "proezas" dos " incon.formistas". Assim, os protagonistas desse ato de agressão social tornam-se célebres. Tudo concorre ·para sua "glória". Os aplausos que recebem dé minorias fre néticas elevam-nos, aos próprios olhos, à categoria de super-homens. As críticas da maioria "conformista" - ge(almente feitas com timidez, inabil idade e pouca inteligência scrvem.-lhé-s de pretexto para aparecerem como vítimas e heróis. Passam por pessoas corajosas, que para afi rmarem suas convicções cofrentam a oposição de personagens importantes.

e

A agressão sexual Na revista soviética intitulada - m uito caracteristicamente - "O Agitador", encontramos a seguinte frase cm artigo recentemente publicado: "A chamada revolução sexual 110 Ocidente está debilitantio os vfnculos Jmnilfo res e afastando numerosos tabus tradicionais nas relações entre os sexos, levando ao amor livre". Certas pessoas acham supérflua e até antipática a palavra º propriedade" na trilogia 7''radição, Famílill, Propriedade. Imagina\. que en-

tre a família e a propriedade não existe nexo e q ue podem ser fervorosas partidárias da primeira sendo ao mesmo tempo hostis à segunda. Os comunistas não pensam assim. Para eles, família e propriedade são i_nstituiçõcs conexas. e, pois, com muita coerência que " O Agitador" atribui a decadência mor al do Ocidente à decadência da propriedade: "A erosão dos valores sociais ,lo Ocidente, diz a revista, é causada pelo empobrecimento do princípio de propriedade privada em que se baseia a sociedczde copitalista". "O Agitador>' exagera, pois é claro que a p rincipal causa da crise da mo· ralidade no Ocidente está na cri.se da fé. Mas, de qualq uer modo, mostra o interesse do inimigo cm ~ropagar a revolução sexual.

e

perfeitamente a mentalidade entrcguista do democrara--cristão e de seus congêneres ocultos sob diferentes rótulos.

O social ismo Idêntico cm sua filosofia e em seus fins com o com unismo, o socialismo apresenta-se diante do burguês - aterrado com o /acies sangrento do comunismo totalitário - com uma máscara de amante da ordem, sorridente, educado, _prometendo a solução q ue os comun.istas aceitarão se o Ocidente adotar a fórmula do "ceder para não perder": os burgueses devem entregar parte do pão para não perdê-lo de todo. O burguês, para ganhar um aliado sem o qual a vitória lhe parece impossível, dcixa..se persuadir. E cede. Cede até com certa simpatia, seja porque sua formação teor icamente igualitária prepara-o ptira o socialismo, seja porque este lhe parece um pro teto r. Feita essa concessão, haverá um período de relativa paz. A História recente mostra a triste evolução dos que adotaram este caminho: acabaram por perder o pão e a padaria .. .

A impre nso, o rádio e o TV esque rdistas Existem, infiltrados nos meios de comunicação do Ocidente, elementos que se dedicam a criar um verdadeiro estrondo publicitário cm favor das m inorias que estamos descrevendo. Pintam a sociedade não comunista com cores sombrias de injustiças sociais, fome, massas se· denlas de vingança e lutando desesperadamente para alcançar o paraíso de justiça social que o marxismo promete ao mundo. Silenciando desavergonhadamente a realidade evidente do fracasso comunista, cobrem de louvores e de incenso os º vanguardistas" do futuro: uma nlÍ· noria de intelectuais, es tudantes, guerrilheiros. Hmártires" . ..arditi'' da demolição do mundo ocidental. São perfeitamente unânimes na conspiração do silêncio que esmaga a enorme maioria da opinião pública, à cnonne maioria q ue não se deixa enganar pela miragem revolucionária e q ue permanece refratária ao dilúvio propagan• dístico do comunismo, rejeitando a falsa p anacéia.

Ti rar ao adve rsário a vontade de lutar Clausewitz, o grande teórico teutônico da guerra, enuncio u o princípio de que a vitória sobre um povo não consiste sempre em des-

Conclusão da pág. 2

Comentando Voz dos que se calam acabrunhados E RA MINHA intenção mudar de lema no artigo de hoje. A resistência católica anticomunista, pratico-a com a consciência serena e o ânimo dec idido ... porém com o coração imensamente pesado! E por isto não lhe quero dar senão as proporções estritamente indispensáveis. Co ntudo, sou forçado a iosistir no assunto. Pois reputo altamente poluidora :l recente de.claração da Conferência Episcopal Chilena, divulgada pelo Cardeal Silva Henríq uez, Arcebispo de Santiago. Tal poluição se estende por todos os países em que vai sendo publicada. Atingiu, pois, o Brasil. Cumpre-me resistir fi poluição. Faço-o aqui, pondo ·os pingos nos ii.

••• Obviamente, só posso aprovar q ue a H ierarquia Chilena se oponha aos abusos que afirma-o ela em sua declaração - estão ocorrendo: prisões arbitrárias, interrogatórios :lcompanhados de tortu ras fisicas e morais, limitação dos direitos de defesa, e desigualdade nas condenações. Choca-me porém que, quando da visita de Fidel Castro a Allende, o Purpurado

e

chileno não se tenha pejado de dar mostras de evidente simpatia ao ti ranete, q uando é sabido que, em matéria de di reitos humanos, este foi muito além de todo e qualquer excesso praticado eventualmente por autoridades policiais cio atual governo chi leno. E a pergunta inevilável sa.lta de dentro da realidade dos fatos : por que dois pesos e duas medidas? Por que tão desempenada severidade con1 um governo anticomunista, 'C vistas tão grossas cm relação ao tirano comunista? Os amigos do Cardeal Silva Henríquez procuraram justificar a estranha conduta dele cni relação a Fidel Cas tro alegando que não era por meio da severidade, mas da doçura, que :'l Igreja poderia chegar a resultados práticos na Cuba comunista. N o Chile anticomunista, o método adotado pela Conferência Episcopal é diretamente oposto. Isto torna patente que Sua Eminência e a CEC praticam a politica q ue se exprime no detestável lem a º não ter inim igos à esquerda"; o que equivale a dizer que os de direita devem ser tratados sempre como inimigos. E leva à conclusão de que o Purpurado andino e aqueles dentre os Bispos, que o seguem funcionam como linha auxilia.r do Part ido Comunista. P assemos de leve sobre o fato .de que Allende e seus asseclas praticaram, indiscutivelmente, as violências que o Ca.r deal S ilva Hcnríqucz e a CEC imputam ao atual governo chileno, sem que por isto o Presidente marxista tenha sido alvejado por declaração tão c$trepitosa quanto esta, da qual hoje tratamos. Saliento que, çm matéria de direitos humanos, não exislcm só os das vítimas da polícia. Pela negação de direitos humanos íudamentais, como são a propriedade privada e a livre ini-

truí-lo fisicamente: às vezes basta ·tirar-lhe a vontade de perseverar na luta. Tal é o trabal.ho que cumprem eficazmente, a serviço do com unismo, as equipes m inoritárias que acabamos de descrever sumariamente. Estas equipes mostram·se assustadoramente eficientes cm ir liql!l~ dando as barreiras ideológicas e culturais q ue separam o Ocidente do com unismo.

Uma espera nça: os silenciosos do Ocidente Diante dc.o;sa descrição do processo de autodemolição do Ocidente, é preciso manter um equilíbrio sem o q ual se cai no desespero. O que não teria outro efeito senão o de favorecer aqueles mesmos que estão interessados cm q ue essa den1olição se produza. Uma análise mais ponnenorizada do fe nômeno mostra que os agentes do processo de destcuição são sempre minorias ruidosas e prepotentes enquistadas em todos os niveis da sociedade, e<:lesiástico, poJítico, econômico e social. Essas mino rias, aplaudidas, insufladas, dispondo de todos os meios de propaganda a serviço da Revolução, produzem na opinião pública um estado de confusão e como que de hipnose, e a fazem acreditar que o fenômeno abarca a totalidade da sociedade. Cria-se assim, nas incontáveis pessoas que repudiam essa decadência. a sensação de se encontrarem isoladas em um m0t1do que se suicida. Entretanto, a realidade é bem diferente. Parece-nos que assim como por detrás da Cortina de Ferro existe uma Igreja do Silêncio, vilipendiada, oprimida e perseguida, também deste lado há uma imensa família espiritual de silenciosos, que, postos à margem, ignorados, me.. nosprezados, vivem na mediocridade e na penumbra. Em sua imensa nlaioria, esses e1ementos calam-se i.n ibidos pela desenvoltura dos ó•vanguardeiros" e por medo dos seus sarcasmos. Contudo, do fundo de seu silêncio, opõem uma resistência discreta nos impulsos da "modernidade". Seguem, sim, as injunçõcs desta, porém com passo de tartan1ga. Os líderes da "modernidade" fingem quase sempre não perceber esta amplíssima ação de corpo mole. Mas sentem-na, a tal ponto que vão sendo forçados a não correr, pois sabem que perderiam suas bases na opinião pública se acelerassem por demais o passo. Precisamente nesses silenciosos que decepciona e aflige o "mundo moderno'\ encontra.. mos uma esperança. Citemos um exemplo típico da importância desses "silenciosos do Ocidente" . A conhecida révista espanhola "Sábado Gráfico", de 2 de junho do ano passado, publicou uma revelação curiosa. D. Helder Câmara, o "Arcebispo vermelho" de Recife, distribuiu a todos os m o· vimentos "proféticos" ibero-americanos um documento intitulado "A América Latina e a opção da não violência" . Nele, reconhece sem rodeios os seguintes fatos: I.º - o movimento guerrilheiro fracassou. E muito inconveniente intentar atualmente n " libertação" pe1a via armada;

ciaHva, Allcnde torturou mo ra) e materialmen-tc, levando-o à tirania e à miséria, um povo inteiro de dez milhões de habitantes. Cootra isto, nada de ponderável e útil disseram os Srs. Bispos Chilenos. Q uanto ao Cardeal Silva Henríquez, apoiou Allende até o fim, e continua apoiando os seus partidários, como a TFP mostrou cm sua recente declaração. Pergunto agora : por que tanto desvelo para as vítimas, reais ou não, da polícia anticomunista, quando da parte de Sua Eminência e de S. Excias. os Srs. Bispos Chilenos, houve uma tão rotunda e solene indiferença ante a violação dos direitos humanos de um povo inteiro? Dir-se-ia que violações de direitos só lhes doem q uando as vítimas são comunistas ou sus· peitas de comunismo. E isto faz lcmbrnr Mons . Casaroli, Secret:\rio do Conselho para os Assuntos P úblicos da Santa Sé, o qual asseverou que os católicos cubanos são perfeitamente felizes.

••• Tudo isto é triste. Deixei porém o mais triste para o fim. Entregando à imprensa essa lamentável declaração, o Cardeal andino info rmou ler recebido do Vaticano um lo ngo tele· grama exortando o Episcopado a trabalhar pe· la reconciliação entre os chilenos. O que importa em afirmar que essa infeliz atitude da Conferência Episcopal do Chile é efeito das instruções da Santa Sé. Se assint é, sirvam estas palavras de voz para tantos católicos exímios q ue se calam acabrunhados . ..

· 2.0 - a maioria das massas populares é insensível à pregação das doutrinas revolucionárias. Em última análise, a Revolução moderna está parada. Parada por que, quando todos os aspectos superficiais da existência nos . fazen1 crer que ela está andando? Obviamente, é cm larga medida pela ação de corpo mole de incontáveis ' 'silenciosos" a q uem a "mo:deroi~ dadc" impõe, de fo ra para dentro, caracteristicas que eles rejeitam de dentro para fora. Contudo, essa resistência passiva da n1aioria não será suficiente para cvilar que, com a cumplicidade dos comunistas conscientes, semiconscientes ou inconscientes do Ocidente, a Rússia cstend~1 a todo o mundo o domínio do coniu· nismo. · Esse domínio, já o anuncio u Nossa Senhor a cm Fátima, dizendo q ue, se os homens não se convertessem e não fizessem penitêncfa, a Rús-sia espalharia seus. erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons seriam martirizados, várias nações seriam aniquiladas. O mundo rejeitou a Deus para adorar o !dolo do progresso, q ue o demônio lhe apresentava como a p romessa de uma felicidade terrena perd urável. O demônio não cumpre o que promete, e agora os homens se vêem longe da Casa cio Pai e sob a ameaça da escravidão e da m iséria. " .. . Po,· fim o meu Imaculado Coração triunfará . .. " Animados por esta promessa,' todos os homens que não curvaram a cabeça ante um ídolo com pés de barro, sentem agora, mais do que nunca, que é chegado o momento de unirem-se sob os estandartes sagrados dos ideais da civilização cristã, à espera do cumprimento da profecia de Fátima.


Conclusão da pág. 4

DISTENSÃO de vida comunista . A diferença de padrão de vida entre o mundo liv1-c e o bloco socialista é poderoso fator para impedir o sucesso da déte11te e, futuramente, da convergência. Por mais que os comunistas encham o Ocidente de propaganda sobre as excelências do regime vermelho, algumas perguntas ficam de pé: a) se esse regime fosse tão excelente, os povos que estão submetidos a ele deveriam estar satisfeitos. Estando satisfeitos, seriam fa. voráveis à manutenção do estado de coisas vigente. Logo, seria fácil fazer dentro da Cortina de Ferro, com cobertura de jornalistas do mundo inteiro, eleições livres que dessem uma vitória esmagadora ao comunismo. Se os comunistas não as fazem, o mínimo que se pode dizer é que estão inseguros da vitória. Haveria golpe publicitário maior do que esse? Jornais de todos os países, publicando em manchete: 'ºEleições livres confirmam por grande maio-

ria o comunismo na Rússia''. desmoralizariam o anticomunismo no Ocidente. Por que os comunistas não fazem uma eleição assim? A res.~ posta parece evidente; b) por que manter uma cortina de ferro circunscrevendo os povos do mundo comunista? No Ocidente, nada é mais fácil do que v,aiar, mudar de residência de um país para outro. Os governos ocidentais não temem o êxodo em massa de sua população, embora ninguém diga que as condições aqui são paradisíacas. Por que o Muro de Berlim é cada vez mais reforçado? Por que se multiplicam as fugas heróicas através da Cortina de Ferro? O homem médio, por mais que se lhe dêem argumentos, estatísticas e cifras. não pode crer que um regime que aprisiona seus súditos possa ser melhor do que outro que os deixa livres; e) repugna ao homem ocidental e cristão, pelos vestígios de respeito à ordem naturàl que ainda conserva, o viver debaixo de um regime militantemente ateu, contrário à propriedade e à família. Um bom senso milenar barra o avanço comunista nas mentes.

Essas três razões, embora não sejam as mais altas, têm iníluência mesmo sobre os comunistas de base, no Ocidente, para impedir a: conquista deste pelo marxismo. É evidente que ponderáveis setores do mundo livre a elas acrescentam as superiores razões da moral e da fé, para se oporem ao marxismo.

Como elidir os dificuldades Para diminuir a diferença de padrão de vida entre Leste e Oeste, nada melhor do que os polpudos donativos (rotulados de empréstimos) que este faz à Rússia, a invasão dos mercados ocidentais por produtos de origem comunista e, acima de tudo, a crise econômica que ronda o mundo livre, provocada pelo embargo do petróleo árabe, pelo aumento exorbitante dos

~AtoincJSMO MENSARIO rom :1provac:ão ecksiástlca CAMPOS -

EST. DO RIO

))JRETOJt

Jost CA1u.os CASTru,o mi ANniuoe J)lrctorfa: Av. 7 de Setembro 247, ea.ixa post>I 333, 28100 C,mpos, RJ. Admiolstrarlio: R. Dr. M:irlinico Prado 271, 01224 S. Pnulo.

preços de matérias primas e pela agitação sindical (como a que vimos há pouco na Tngla· terra), e insuflada pelos comunistas. Esta crise econômica, cuja força motriz está no Cremlin - que instiga o embargo árabe e a agitação sindical - poderá acarretar uma baixa do nível de vida do Ocidente, com conseqüências, ainda não bem definidas, mas do qualquer forma apocalípticas, para a vida dos indivíduos. "Finlandizada" a Europa, e conseqüentemente arruinada, nada impedirá que a América Latina e o que resta de sadio na Ásia, África e Oceania sigam o mesmo caminho. Os Estados Unidos, isolados, não poderão manter-se imunes a uma crise econômica que, hoje mesmo, já os faz estremecer. Chegará então a hora de os comll11istas dizerem que estão progredindo, que não sofrem crises econômicas e que a sociedade soviética vive cm inteira tranqüilidade. Ainda mais. No Leste, os dirigentes vermelhos poderão dizer ao povo descontente: "Vejam a sociedade capitalista. Está empobrecendo cada vez mais. O esp~tro da miséria a ronda. As agitações, os descontentamentos estão num crescendo. (; isso o que vocês desejam?" Nesse momento a Cortina de Ferro poderá começar a entreabrir-se, e o mundo inteiro adquirirá maior velocidade na marcha rumo à sociedade comunista.

O que é o mais grave de tudo A derrocada do mundo ocidental é fato patente. Em todos os can,pos vê-se a retração do anticomunismo e o av:mço do comunismo.. O mais grave, o ,mais espantoso, não está cm que a Rússia faça todo esse jogo. :e natural que ela o faça, posto que está submetida à ideologia marxista. O mais grave 6 a conivência de certas cúpulas ocidentais e, mais ainda, o fato de setores ponderáveis da opinião pública se manifestarem tão entorpecidos, tão deterior:tdos, tão im· potentes, a ponto de não se erguerem numa recusa indignada contra as manobras soviéticas. Em todos esses desastres, é preciso reconhecer os efeitos da ação de Nixon. A sua ida a Moscou e Pequim e a visita que lhe fez Brezhnev em Washington, as fabulosas vantagens que sob o impulso dele a Rússia tem recebido da infoiativa privada nortc•americana e curo· péia, e a afirmação, repetida ad 11a11sea111, de que cessou a guerra fria por obra do Presidente norte,..americano, tudo isso lançou a opinião pública mundial num marasmo. Por sua vez, este marasmo, feito de apreensões e esperanças que mutuamente se neutralizam, desalenta para a reflexão e para a Juta. E, assim, o Ocidente vai sendo preparado para aceitar - entre otimista e estupefacto - tudo o que possa sobrevir. Na raiz desta série de catástrofes está a política do Presidente norte-anicricano. Dele a História dirá talvez um dia, parafraseando amargamente o dito de Churchill, que ··nunca tantos sofreram tanto mal por parte de um homem só".

PRIMEIRO ENIGMA. Todo o "establishment" do Ocidente diz ter como s.~grado o respeito à liberdade humana. 8 baseado nesse respeito que numerosos governos ocidentais têm atacado duramente a Africa do Sul, a Rodésia, Portugal e a Espa-

nha.

Entretanto, esses mesmos governos têm atitude contrária no que se refere aos regimes comunistas, que não reconhecem as liberdades públicas apesar da crescente oposição que en,. contram em extensas camadas de seus próprios povos. A coerência pediria a esses defensores da liberdade humana que tivessem simpatia para com os movimentos dissidentes na Rússia e países cativos, pois .estes defendem posições semelhante,, às defendidas pelo chamado " establishment" ocidental. Tal não se dá. Na prática, este último é ,favorável à escandalosa política de apoio que governos de aquém Cortina de Ferro dispensam ao bloco comunista, presenteando-lhe (esse é o termo) "know-how", capitais e trigo. Essa atitude contribui para consolida.r os regimes que pisoteiam as liberdades públicas e perseguem os grupos de oposição religiosa e civil. Por que não se exige em troca da ajuda economica a liberalização do regime? Por que se aceita o aumento da repressão?

SEGUNDO ENIGMA, A NATO publicou vários documentos mostrando a desproporção entre seu armamento e suas tropas, e os do Pacto de Varsóvia. Num deles se diz que, com o apoio dos mísseis SAM-6, as forças soviéticas poderiam chegar ao Reno em apenas quatro dias. Ora, a política da coexistência pacífica e s·u a sucedânea, a ºdétenteº, so baseiam na doutrina estratégica segundo a qual ainda é possível, na era nuclear, haver confrontos militares com armamentos convencionais. Dai ser necessária a paridade no campo militar convencional. A própria natureza do conflito, pela sua duração e flexibilidade, permitiria aos supergrandes acionarem os instrumentos políticos para se chegar à paz. Com o forte pender da balança para os soviéticos no que toca aos armamentos convencionais, tal doutrina deixa do ser aplicável, pelo menos na Europa, e o vai deixando de ser no mundo inteiro. Diante de uma guerra convencional, os Estados Unidos ver·sc.jam na alternativa da capitulação total ou do bombardeio atômico: Assim, a ''détente'\ em lugar de assegurar a paz, coloca o mundo diante de um dilema apocalíptico. TERCEIRO ENIGMA. Está provado que o Ocidente tem imensas reservas de petróleo, gás, e carvão. Só nos Estados Unidos, segundo a " United Statcs Geological Survey", há 2.900 bilhões de barris de petróleo e 6.600 trilhões de pés cúbicos de gás, em jazidas indentificadas. Por que buscar petróleo na Sibéria comunista a um custo muito maior e sem provas de que ele realmente exista em níveis compensadores? para colocar a economia ocidental

-e

na dependência da 'Rússia? O boicote árabe já provocou um estremecimento no mundo livre. Que acontecerá quando ao boicote árabe se somar o boicote russo? Quais serão as exigências dos soviéticos para levantar o embargo? O Ocidente, tão orgulhoso de suas liberdades, coloca livremente o pescoço de sua vida econômica na guilhotina russa.

QUARTO ENIGMA. e fato notório que o regime comunista produz miséria. Veja.se o Chile de Allcnde, onde o clamor das classes populares levou à intervenção das Forças Armadas; veja-se a Cuba de Castro, a Rússia de Brezhnev, com sua voracidade pela tecnologia, pelos capitais e pelo trigo ocidentais. O burguês desenvolvimentista argumenta que é necessário, cada vez mais, aumentar a riqueza: nada de ideologias, o importante é fazer negócios e ganhar dinheiro. Assim, ele é favorável a um comércio sempre mais intenso com o& países comunistas. Com isso, ele consolida o regime que produz miséria e o transforma numa ameaça mais terrível para o mun· do livre. Por que este suicídio? QUINTO ENIGMA. Um dos fatores que freiam o desenvolvimento dos países pobres ó a carência de capitais. Há várias nações do bloco ocidental que necessitam urgentemente de elevar o padrão de vida de suas populações. Por que os Estados Unidos negam auxílio a esses povos e dão-no ao inimigo, que o utilizará contra o doador? Porque este desprezo em relação ao amigo e essa consideração para com o inimigo? SEXTO ENIGMA. Líderes ocidentais enchem as páginas dos jornais com advertências sobre o desemprego. Entretanto, esses mesmos !!deres promovem o envio maciço de capitais para além Cortina de Ferro, construindo lá fábricas que poderiam dar trabalho a milhares de operários no Ocidente e elevar o nível de vida de nossas populações. Lamentam o desemprego em declarações e o propiciam na prática. Por quê? S~TIMO ENIGMA. Uma das mais justas preocupações que deveriam ter o& governos ocidentais é a da proteção à classe operária. Entretanto, as fábricas construídas no Leste comunista, sob o bafejo desses governos, com capital e tecnologia ocidentais, deverão envfar seus produtos para o mundo livre, concorrendo com o parque industrial das nações não comunistas. Tal concorrência poderá provocar deste lado da Cortina de Ferro a diminuição da produção, o desemprego e o envio para os países comunistas de capitais que deveriam ficar no Ocidente. Para aqueles que argumentam que é necessário que nossos produtos tellham um preço competitivo, é bom lembrar que oos países comunistas não há dois fatores que oneram o produto ocidental: mão-de-obra cara (trabalho escravo) e greves (regime policial). Por que tais governos se mostram favoráveis a uma política que ameaça sua economia?

Com a Grã-Cruz da Ordem da ''Polonia Restituta'', entregue pelo Ministro Rzyski

POLÔNIA LIVRE CONDECORA O PROF. PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

Composto e imprC$SO n:i Cfa. Lilbographica Ypimnsa, Run Cadete 209, S. Paulo.

A$Sinalura :muol: comum Cr$ 35,00; co~ operador CrS 70,00; benfeitor Cr$ 140,00; grande benícitor Cr$ 280,00; scmin:lrim,s e estudarlles CrS 25,00: Améric-:'t do Sul e Ccntrnl: via de $uperfície USS S,SO; via :'lérca U SS 7 ,25; Améric.a do Norte, Por• tug al, & panha, Províncfos ullrnmarinas e

Colónias: via de superfície US$ S,50~ via aérea US$ 8,7~ 0~11ros pa íses: vj :'l de superfície US$ o,SO, via aérea US$ 11,7S. Venda 11vulsa: CI'$ 3,00.

Os pagamentos, sempre cin norne de Edi .. tom Padre Bckhlor de Ponlt-S SIC, poderão ser encaminhados à Administração. P:ir:i mudançn de endereço de assin:intcs., é necessário mencionar tnmbém o endereço antigo . A correspondência tc:1:ttiv::i .1 assi· naturas e venda avulsa d eve ser enviada à

Administração: R. J)r.

Mortínko Prodo 271 01224 S. Paulo

O GOVERNO POLONB-5 no Exílio, sediado cm Londres, conferiu ao Prof. Plínio Corrêa de Olivei.ra a comenda da Grã-Cruz da Ordem da Polonia Resriruta. Instituída em 1921 - após a brilhante vitória do Marechal Pilsudski sobre a Rússia soviética, que possibilitou a restauração do Estado polonês - é a mais alta condecoração daquele governo para civis, sendo atualmente conferida às personalidades que se distinguem na Juta contra o comunismo. A comenda foi entregue ao Presidente do Con.sclho Nacional da TFP pelo CoronelAviador Tomasz Rzyski, Ministro de Assuntos Sociais do Governo Polonês no Exílio, em cerimônia realizada no dia 14 do abril no auditório do Othon Pataco Hotel, em São Paulo, perante numeroso público. Estavam presentes sócios e militantes da TFP de diversos Estados, membros das congêneres argentina, chilc-

na, coJombiana, equatoriana, uruguaia e nortc-

conluio traidor que a entregou ao adversário,

americana, bem como delegações das colônias croata, húngara, letoniana, Jituana, polonesa e ucraniana, representando as nações subjugadas pelo comunismo, alé.m de numerosos amigos do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Ao impor a Grã-Cruz ao agraciado, o Ministro Tomasz Rzyski afirmou que ele a merecera por seus especiais méritos e virtudes, particularmente por ser "famoso líder anticonumista, conhecido escritor e publicista, exce· le11te professor e educador da juve11tutle bra,ileira, car6lico exe111plt1r e tlefe11sor da Polônia livre". O Coronel Rzyski salientou a admirável atuação da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, presidida pelo homenageado. Agradecendo ao Presidente da Polônia livre, Conde Julius Sokolniki, a distinção recebida, o Sr. Plínio Corrêa de Oliveira afirmou que "a Polônia pode estar jogada 110 chão pelo

a Po1ô11ia pode estar pisada, mas não está morta, porque quem fala não está morto. E a Polô11ia fala pelos seus filhos que gemem. A Polônia está viva; e/ti vai ressurgir''. Salientando que onde houver um coração católico tem que haver uma ressonância de gratidão e admiração pela Polônia, o homenageado prosseguiu, dirigindo-se ao Ministro Tomasz. Rzyski: "A presente comenda1 e,n meu peiro, representa 11111 ato de fidelidade à vossa pátria; em meus lábios, wn hino de a,nor d vossa causa; em minha ahna de cat6/ico, wna esperança /irmí'ssima de que Deus restituirá à Polônia sua plena liberdade". O Prof. Plioio Corrêa de Oliveira concluiu frisando que as TFPs - que se estendem por toda a América e já lançam raízes no Velho Continente constitueni atualmente "111110 cruzada mundial a favor da lura de todos os povos contra o inimigo da Fé".

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TFP DE LUTO PELA MORTE DA REVDA. MADRE MARIA LETÍCIA O Emmo. Cardeal J6:zsef M indszenty tendo nas mãos a mensagem das TFPs e entidades congêneres, que lhe foi entregue em Viena pelo Sr. Martim Afonso Xa vier da Silveira Jr.

FALECEU NESTA cidade, no dia 2, a Revda. Madre Maria Letícia da Virgem Misericordiosa, no S<\culo Maria Julieta da Gama Cerqueira. Descendente de tradici<>nal família mineira, Madre Letícia consagrou-se desde cedo à vida religiosa na Congregação das Servas do Espírito Santo e, posteriom,ente, nn Congregação das 11'.lniís Redentoristas. Foi ardorosa simpatizante da TFP, tendo recebido post mortem o título de s6cia efetiva da entidade. Foram seus P ais o Sr. Álvaro da Gama Cerqueira e 0 ". Carolina da Gama Cerqueira, já falecidos. , Era irmã do Sr. Álvaro Alberto da Gama Cerqueira, falecido, que foi casado com D". J úlia Albuquerque da Gama Cerqueira, falecida; de D". Elvira da Gama Cerqueira, falecida; de D", Guiomar da Gama Cerqueira, falecida; do Sr. Má. rio da Gania Cerqueira, falecido, que foi casado com O". Maria da Conceição Lacerda Cerqueira; do Sr. .Joã~ Batista da Gama Cerqueira, casado com o•. Julieta Vera da Gama Cerqueira; do Sr. Eduardo Ernesto da Gama Cerqueira, Cll.5ado com o•. Carmen Aguiar Cerqueira; de O".

Matfiilde da Gama Ferreira, casada com o Sr. Jorge Tavares J,"erreira; de D". Letícia da Gama Cerqueira, falecida; de D". Célia da Gama Fon.seca, casada com o Sr. Camilo de Assis Fonseca; de D". Sílvia Cerqueira de Paula, casada com o Sr. Heraldo Ruiff dê Paula; de D". Maria de Lourdes da Gamo Cerqueira, falecida; de 0-'. Luízn Gama Cerqueira, falecida; de o•. Martha Cerqueira Cançado, casada com o Sr. José Lopes Cançado; e do Sr. Antônio Carlos da Gama Cerqueiro, falecido. O corpo foi trasladado para São Paulo e o féretro saiu, a pedido da extinta, da sede do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, para o jo:,;igo da entidade, no cemitério <la Consolação. Comunicado do TFP

Por motivo do falecimento da Revda. Madre Maria Letícia da Virgem Mi.~ericordiosa, o Serviço. de lm·

prensa da TFP distribuiu em São Paulo, no dia 4, o seguinte comunicado:

"A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade tem o pesar de comunicar o faleci-

mento, aoo 74 anos de idade, de sua sócia honorária, Revda. Madre Maria Letícia da Virgem Misericordiosa,

no século Maria Julieta da Gama Cerqueira. Descendente de ilustre e tradicional estirpe mineira. a Revda. Madre Letícia consagrou-se desde cedo à vida religiosa, ingressando na Con.gregação das Servas do Espírito Santo, em Juiz de Fora. Naquela cidade, e depois cm Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, dedicou-se à formação da juventude feminina. Transferiu-Se então para o Mosteiro das Irmãs Redentoristas, de vida contemplativa, em Itu. Dessa cidade paulista, dirigiu-se a Belo Horizonte, oode fundou o Mosteiro do Imaculado Coraç,lío de Maria, daquela Congregação. Tosladou•se da capital mineira para Diamantina (MG) e, posteriormente, para Campos (RJ). Nessa importante cidade fluminense, a Revda. Madro Letícia fundou o Mosteiro do Coração Doloroso e Imaculado de Maria, no qual foi Superiora até seu falecimento. Dotada de excecional inteligência e rara firmeza de vontade, a Revda.

Madre Letícia discerniu, desde seus primórdios, a crise progressista que hoje assola a Igreja. Assim, por seus conselhos, seus exenlplos, sua extraordinária influência pessoal, constituiu-se, desde logo, num dos· baluartes da defesa da sã doutrina. Principalmente por suas orações e por seus sacrifícios. a Revda. Madre Letícia, dotada de profunda piedade eucarística, devoção a Nossa Senhora e à Santa Igreja, tudo fez para obter da divina clemência que abreviasse a tormenta que hoje se abate sobre o mundo católico. Neste sentido, ofc-· receu com resignação e constância edificantes os longos padecimentos da moléstia que acabou por vitimá-la.

A Revda. Madre Letícia foi, desde as primeiras horas, ardorosa simpatizante da TFP, à qual dispensou continuamente o aJ)oio de Seus encorajamentos, preces e sacrifícios. Sen.

tindo-se mortalmente doente, pediu que seu corpo fosse inumado cm jazigo da entidade.

Cardeal Mindszenty recebe me11sagem das TFPs O EMMO. CARDEAL J6zsef Minds,enty recebeu cm audiência especial cm Viena, no dia JS de março p.p., o Sr. Martim Afonso Xavier da Silveira Júnior, que foi entregar-lhe uma mensagem de admiração e homenagem das TFPs e entidades cougêneNS das Américas e da Europa pela sua inquebrantável recusa de dobrar-se ante o comunismo que domina ~ma pátria.

As.inaram o documento os Srs. Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do CollSOlbo Nacional da TFP brasileira; Cosme Beccar Varela Híjo, Presidente da TFP argentina; Patrício Larrnin Bustamante, Presidente

da TFP chilena; Pedro , Morazzaní Boscheti, Presidente da TFP venezuelana; Mario Bonilla Ulloa, Presidente da TFP colombiana; Edmundo Uribe, Presidente da TFP equatoriana; Aquilino José Fer raro, Presidente da Tl'P uruguaia; Philip Calder, Presidente da TFP norte-americana; Mario Tagliane, Presidente do Grupo Tradição e Ação por um Pen, Maior; Jos.\ Maria Rlvoir Gó1nez, Presidente da S-Odedadc Cultural Covadouga, da Espanha; e Antônio Carlos de Azercdo, Presidente do Centro Cultural Reconquista, de Portugal. f;; o seguinte o texto integral da mensagem:

uEminência. Os Presidente$ das Sociedades de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (fFPs) da América do Sul e do Norte - bem como entidades afins de Portugal o Espanha - todas consagradas à ação ideológica anticomunista, apresentam a Vossa Emi~ nência o testemunho da profunda admiração que nelas desperla a conduta de Vossa Eminência em face da

tirania vermelha que domina a Hun . . gria. E osculam com a maior reverência a Sagrada Púrpura, expressão simbólica do martírio, tão dignamente usada por Vossa Eminência. .Dessa admiração participam intcn,. samente os sócios e militantes quo temos disseminados pelas vastidões do território afl,cricano, na sua grande maioria jovens católicos pertencentes a todas as classes sociais, desde as mais elevadas até as mais modestas.

.8 clara a .razjio por que nos animamos a juntar nossas vozes às de tantas associações, grupos e personalidade húngaras que no mundo livre celebram nestes dias de dor e de glória o nome de Vossa Emi.nência. Se bem que a natural esfera de ação de Vossa Eminência seja a nobre Arquidiocese de Es-.ttergom e através dela o território húngaro, o problema diante do qual Vossa Eminência tomou atitude é de caráter universal: pode um católico cocre.nte com sua fé acomodar-se a um regime comunista, e estipular com ele pactos realmente úteis à Religião? Esta pergunta, ·Eminência, atormen-ta os católicos do mundo inteiro, solicitados pela propaganda vermelha a mudar a atitude de repulsa lúcida e heróica ao comunismo, que Pio lX e os grandes Papas que lhe sucederam. lhes haviam ensinado. Na imensa confusão surgida nos n1eios católicos cm razão do êxito alcançado pelas aliciantes sugestões comunistas. o "non possurnus" firme de Vossa Eminência, repercutindo no mundo inteiro, vale por uma lição e por um exemplo próprios a manter os católicos na via da fidelidade aos ensinamentos tradicionais imprescritíveis, emanados da Cátedra de Pedro em antigos dias de luta e de glória. E é por esta razão que, a par da admiração, tributamos a Vossa Eminência um agradecimento profundo, que seria injusto não levar ao conhecimento de Vossa ·E minência. O Reino Apostólico da Hungria recebeu desde Santo Estêvão a missão gloriosa de ser baluarte da Igreja e da Cristandade. Esta missão, ele a cumpre por inteiro em nossos dias, na Pessoa augusta de Vossa Eminência. Pois, lutando por seu dileto rebanho, Vossa E,minência ao mesmo tempo esclarece e orienta - com o duplo prestígio da Púrpura e do martírio todos os católicos da Terra. E cria assim indestrutíveis entravés ao comunismo internacional.

Na esperança de que nosso preito de admiração conforte a Vossa Eminência, rogamos suas valiosas bênçãos :e orações para nós e para as organizações que temos a honra de reprcscntaru.

Os res!Ós mortais da Revda. Madre Letícia foram transportados de avião da cidade de Campos para esta Capital, tendo sido conduzidos, a pedido dela, até à sede social da TFP, à Rua Maranhão, n.0 341, de onde o féretro

A R evda. Madre Letícia com a insígnia da TFP, durante visita à sede do Conselho Nacional da entidade, em São Paulo.

saiu, com a presença dos diretores. sócios e centenas de militantes, para o Cemitério da Consolação. Junto à sepultura, prestando homenagem à falecida, (cz uso da palavra o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP. A assembléia geral desta entidade atribuiu à Rcvda. Madre Letícia, post n1ortcm, o título de sócia. Anteontem e ontem os estandartes da Sociedade estiveram hasteados com tarja negra, em luto pelo falecimento da ilustre e benemérita Religiosa".

:ÍJ

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O Coronel-Aviador Tomas:z Rzyski, Ministro dos Assuntos Sociais do Governo Polonês no Exílio, impôs ao Prof. P linio Corrêa de Oliveira a Grã-Cruz da Ordem da "Polonia Restituta", que lhe foi concedida por aquele governo (página 7).


D1Rl!:TOR:

José:

CARLOS CA~"'t'H,HO

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DIA 29 DE JUNHO

FESTA DE SAOPEDRO E SAOPAULO ,_,

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ho1lierna1111, 1lie1111,

A11ostolor••••• tr1or11,111 Pêtri et ,~,,,,,,,i 111,1 1,rtyrio

eon.<iecra'8ti:

,la lfcclesia,e t1•1141, eoru,111, i,, .01111,ibus

sequi 11raeeepm1n;

per quos religio,,is su,,apsü exordiu,,,. Per Do1111,in111,111. ó Deus, que consagrastes este dia pelo martírio de vossos Apóstolos Pedro e Paulo, concedei à vossa Igreja de seguir cm tudo a lei daqueles a quem a Religião deve seu nascimento. Por Nosso Senhor ... ORAÇÃO 00 OPÍCIO DA FllSTA

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Estátua do Prlncipe dos Apóstolos em bronze, na Basílica ce São Pedro, em Roma, ornada dos paramentos pontiffcios e de jóias, em dia de grande solenidade. Data do.século XIII e é uma das raras obras de arte que restaram da antiga Basílica Vaticana.

N.º

282

JUNHO

DE

1 9 7 4

ANO

X XI V Cr$ 3,00


Atendendo a diversos pedidos, re f)ublica,nos este adniirável texto de São Tomás d e Aquino sobre a caridade para con, os vecadores que - aco11,panhado das notas explicativas, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira - estanipanios em nosso núniero 35, de novembro de 195.'J. Os leitores verão que o texto e os c.011ientários co11se,-.vam toda a sua atualidade.

SE A CARIDADE MANDA AMAR OS PECADORES E

M ARTlGO ANTERJ.OR, prometemos apresentar a solução dada por São Tomás de Aquino ao problema da legitimidade do ódio, Como lembramos, o rornan· tismo generalizou enlre nós brasllclros a falsa noção de que amar é sempre virtude, e odiar é sempre pecado. São Tomás nos mostra que, pelo contrário, o 6dlo pode ser por vezes_um grave dever. P ublicando o próprio texto do Doutor Angélico (Suma Teológica, lia. llae., q. 25, a. 6), acompanhamo-lo de algumas notas destinadas a facilitar a aplicação dos princípios por ele ensinados, a casos concretoo freqüentemente verificados na vida qu~tidiana. Para se aquilatar toda a importância d~e texto, convém lembrar a autoridade de São T omás, não só enquanto teólogo máximo da Igreja, mas ainda como Santo, proposto à v<> neração e Imitação dos fiéis. E5creve o Santo Doutor: Se os pecadores (J) devem ser amados (2) cm razão de caridade (3). Parece que, por motivo de caridade, não

devem ser amados os pecadores: 1 - Com efeito, está dito nos Salmos (Ps. 118, 13): "Odiei os iníquos". Ora, Davi tinha caridade. Logo, conforme a caridade, mais se deve odiar os pecadores do que amá-los. 2 - Ademais, "o amor se prova pelas obras", conforme diz. São Gregório na homilia de Pentecostes (hom. 30 in Evang.). Ora, os justos não praticam para com os pecadores obras de amor, mas obras que parecem ser de ódio, conforme aquilo dos Salmos (Ps. 100, 8): ' 'Pela manhã cu aniquilava todos os pecadores

da terra". E o Senhor deu por preceito no Bxodo (Ex. 22, 18): " Não suportarás que os maus vivam". Em conseqüência, segundo a ca. ridade, não devem ser amados os pecadores. 3 - Além disso, é próprio à amiz.ade que desejemos para os amigos o que é bom. Ora, os Santos, inspirados pela caridade, desejam o mal para os pecadores, conforme aquilo dos Salmos (Ps. 9, 17): "Sejam precipitados no inferno os pecadores". Portanto, os pecadores não devem ser amados segundo a caridade. 4 - Acresce que é próprio de amigos alegrarem-se com as mesmas coisas e querer o mesmo. Porém a caridade não leva a querer o que querem os pecadores, nem a alegrar-se naquilo ell\ que eles se alegram; antes pelo contrário. Portanto, não é conforme à caridade amar os pecadores. 5 - Por fim, é próprio dos amigos conviverem entre si, como se diz. no livro VIII da Btica (C. 5, n. 3: S. Th. lect. 5). Ora, não se deve conviver com os pecadores, conforme está escrito em U Cor. 6, 3: "Retirai-vos do meio deles". logo, não se deve amar, segundo a caridade, os pecadores. - Porém, é em sentido contrário o que Santo Agostinho diz em I de Doct. Christ. (eap. 30): "Amarás ao leu próximo, refere-se evidentemente a todos os homens". Ora, os pecadores não deixam de ser homens, pois o pecado não destrói a nalurez.a. Logo, segundo a caridade, deve-se amar os pecadores. - A esses argumentos respondo que se po· de considerar nos pecadores dois aspectos: a natureza e a culpa. Segundo a natureza que receberam de Deus, são capazes de adquirir a bcm..aventurança, sobre cuja comunicação se

baseia a caridade, como ficou dito acima (A. 3; q. 23, a. 1, 5). E portanto, segundo sua natureza, os pecadores devem ser amados (4). Porém, sua culpa desagrada a Deus, e constitui impedimento para a beatitude. De onde, em razão de sua culpa, que os torna inimigos de Deus, devem ser odiados quaisquer pecadores, ainda qu~ sejam pai, mãe, ou . parentes, conforme São Lucas 14, 26 (5). Devemos com efeito odiar nos ,pecadores o fato de que são pecadores, e amar neles o fato de que são homens, capazes de bem-aventurança (6). B nisto consfste amá-los verdadeiramente, conforme a caridade e por amor de Deus. Ao primeiro argumento, pois, deve-se responder que o Profeta teve ódio aos iníquos enquanto iníquos, odiando sua iniquidade (7), que· é o que neles há de mal. este o ódio perfeito, do qual o mesmo Profeta diz (Ps. 138. 22): "Odiei-os com ódio perfeito". Pois pela mesma razão se deve odiar o que em alguém há de mal, e amar o que há de bom. Por onde também este ódio perfeito pertence à caridade (8). Ao segundo argumento responde-se que, como diz o Filósofo no livro IX da "Btica (C. 3, n. 3: S. Th. lect. 3), não devemos privar nossos amigos pecadores, dos benefícios da amiz.ade, desde que haja esperança de que se emendem: porém mais se deve auxiliá-los a recuperar a virtude, do que o dinheiro que tenham perdido; tanto mais que a virtude é mais afim com a amiz.ade do que o dinheiro (9). Mas, quando caem na mais profunda malícia e se tornam insanáveis (10), dcve-se-l~es recusar um trato familiar de amigo. E portanto a pecadores tais, de quem mais se deve temer que prejudiquem .a outros, do que se pode

e

esperar que se emendem, a lei divina e humana manda que sejam mortos. - l:: o que faz. o juiz, não por ódio deles, mas por um amor inspirado na caridade, amor este que prefe_re o bem público à vida de uma s6 pessoa. Aliás, a morte imposta pelo juiz. ao. pecadór é útil para este, pois se se converter lhe servirá de expiação para a culpa, e se não se converter porá termo à sua culpa tirando-lhe a possibilidade de pecar por mais tempo. Ao terceiro se responde que as imprecações desse gênero contidas na Sagrada Escritura devem ser entendidas de três maneiras. Primeiramente, como prognóstico, e não como desejo: e assim se deve entender o "sejam os pecadores precipitados oo inferno" no sentido de que "serão .precipitados". - Em segundo lugar, como desejo, de tal maneira que este não se refira à pena ·do homem, mas à justiça de quem castiga, conforme está escrito (Ps. 57, 11): "Alegrar-se-á o justo quando vir a vingança". Pois o próprio Deus, quando pune, "não se alegra na perdição dos ímpios", como está dito no Livro da Sabedoria 1, 13, mas em sua justiça: "pois Deus é justo, e ama a justiça" (Ps. 10, 6). - Em terceiro lugar, enquanto o desejo se refere à eliminação da cul· pa, e não à pena (ll). De tal maneira que os pecados sejam destruídos e os homens permaneçam. Ao quarto argumento deve-se responder que amamos os pecadores, não porque queiramos o que eles querem, ou nos alegremos com o que os alegra: mas para fazer com que queiram o que queremos e se alegrem com o que nos alegra (12). Pelo que se lê em Jer.emias 15, 19: "Efes se converterão a ti, e tu não te conver· terás a eles". CONCL.UI l'fA

NOTAS • 1) São Tomás trata, neste artigo, das disposições interiores que devemos ter em relação ao próximo. E para este efeito classifica os homens em dois grandes grupos, os justos e os pecadores. Como é óbvio que devemos amar os justos, o assunto dá margem a problemas no 1ocanle ao amor que devemos ter aos pecadores. Julgamos indispensável considerar, antes de prosseguir no estudo do texto do Doutor Angélico, a importância desta regra por ele estabelecida: o fato de alguém ser justo ou pecador influi a f11ndo na amizade que se lhe tem. Como a isto se opõe o senlimentalismo brasileiro! Somos propensos a amar as pessoas porque nos tratam bem, porque nos são úteis, porque nos divertem, porque s ua fisionomia nos agrada, porque est.amos habituados há muito à sua companhia, porque são nossos parentes, etc. etc. E tal é em nosso ânimo o peso destas razões, que não tomamos na menor consideração um ponto essencial, que domina todo o assunto: esta pessoa é um justo ou um pecador? . Um mestre deve preferir os disclpulos bem comportados, estudiosos, piedosos, a outros que, sem qualquer piedade, nem aplicação, nem disciplina, são exímios na arte de lisonjear e divertir os professores. Um pai deve preferir o filho bom, mas feio ou pouco inteligente, a um filho brilhante, mas ímpio ou de vida impura. Entre os colegas, nossa admiração não deve ir para o mais engraçado, o de trato mais atraeme. o mais rico ou o mais bem sucedido na vida, mas para o mais vir·

tuoso. Não podemos dar a alguém o tesouro de nossa amiz.adc sem saber se tal pessoa é, ou não, inimiga de Deus: o hon1en1 que vive cm pecado grave é inimigo de Deus, e-se ama·

mos a Deus sobre todas as coisas não podemos amar indiferentemente os que O amam e os que O ofendem. O que diríamos de um filho que fosse amigo de ,pessoas que injuriam gravcmen1e,

injustan1ente, publicamente a seu

pai? Pois em nossa si:l, gente Uruguai"

é o que faz.emos quando admitimos amizade apóstatas, fautores de heredesedificante, casais constituídos ºno etc.

• 2) Amar -não significa neeessariamcntc sentir muita ternura, pois o verdadeiro amor reside essencialmente na vontade. Querer bem a alguém é querer seriamente para alguém tudo quanto segundo a reta raz.ão e a fé lhe é bom: a graça de Dc'!s e a salvação da alma primeiramente. e depois ludo quanto ~

não desvie deste fim, antes a ele conduz.a. O amor se prova pelas obras. Pois se queremos seriamente o bem do próximo, externamos e5 .. ta disposição de alma não só por palavras de afeto, e agrados - o que' aliás é em si perfeitamente legítimo - mas ainda por meio de esforços e sacrifícios. Um tal amor deve ser votado também aos pecadores? f. a questão de que trata aqui o Doutor Angélico. • 3) - A caridade é o amor de Deus acima de todas as coisas. A pergunta equivale pois a esta outra: uma vez que amamos a Deus sobre todas as coisas, devemos amar por amor de Deus os pecadores, que são seus inimigos? • 4) - A nat11rcz.a humana é obra de Deus, e, pois, é boa. Logo, em tese, devemos amar a todos os homens, ainda os que não são capaz.es de mérito nem culpa, como as crianças que não chegaram à idade da raz.ão, os loucos ou débeis mentais de nascença, etc. Neste sentido, devemos amar - isto é querer o bem - aos pecadores, pois tambéll) são homens. Devemos -pois desejar-lhes todo o bem, não porém do mesmo modo que aos justos, como adiante se verá.

• 5) - O texto de São Lucas diz.: "se alguém vem a Mim , e não aborrece a seu pa; e mãe. sua nwllrer e filhosJ seus irmãos e ir1nãs, e ainda mesmo a J'ua vida, não pode se, meu discípulo". B um engano supor que Nosso Senhor não ensinou o ódio. Há um ódio santo, que é uma virtude evangélica. Um amor que não gerasse ódio não seria amor. Com efeno, se amo alguém devo odiar -aquilo que lhe traz, não bem, mas mal. E é C$tc ódio santo, seus motivos, sua natureza, seus limites, que neste capítulo magnificamente se ensina. • 6) - Estas palavras constituem excelente comentário da norma de Santo Agostinho, tão sábia o contudo tantas vez.es mal entendida: odiar o erro, amar os que erram (Diligc hominem, aderis vitiwn: $ermo 49, S - P. L. 38, 323; Oderit vitium, a111Ct hóminen1: De Civ. Dei, J. 14, e. 6; Cwti di/ectione liominum et odio vitiorum: Epist. 21 1. 11 P. l. 33, 962). Procura-se muito freqüentemente interpretar esta máxima como se o pe·cado estivesse no pecador à manci,ra de um livro numa estante. Pode-se detestar o livro sem ter a menor restrição contra a estante, pois embora uma coisa esteja dentro da outra é-lhe totalmente extrínseca. De onde se poderia odiar o erro sem odiar de nenhum modo

o que erra. Ora, a realidade é outra. O erro está no que erra como a ferocidade está na fera. Uma pessoa atacada por um urso não pode defender-se dando um tiro na ferocidade, mas poupando o urso e aceitando-lhe o amplexo dos braços largamente abertos! São Tomás se exprime com uma elarez.a meridiana. O ódio deve incidir não só sobre o pecado considerado i11 ahstracto, como também sobre a pessoa do pecador. Todavia não deve atingir toda essa pessoa: poupará sua natureza, que é boa, as qualidades que eventualmente tenha, e recairá sobre seus defeitos, por exemplo sua luxúria, sua impiedade ou sua falsidade. Mas, insistimos, não sobre a luxúria, a impiedade ou a falsidade em tese, mas sobre o pecador enquanto pessoa luxuriosa, ímpia ou falsa. • 7) - Vê-se que odiar a iniqüidade dos maus é o mesmo que odiar os maus enquanto são iníquos. Odiar os maus enquanto maus, odiá-los porque são maus, <>a medida da gravidade do mal que fazem, e durante todo o tempo em qúe perseverarem no -mal. Assim, quanto maior o pecado, tanto maior o 6dio dos justos. Neste sentido, devemos odiar principalmente os que pecam contra a fé, os que blasfemam contra Deus, os que arrastam os outros ao pecado, pois odeia-os particularmente a justiça de Deus. • 8) Não se trata de um ódio feito apenas de irascibilidade superficial. e .um ódio ordenado, racional e, pois, virtuoso. Tal ódio "pertence li caridade". Assim, odiar reta e virtuosamente é ato de caridade! Como esta verdade chocaria um homem de "bom coração". • 9) - Os pecadores são aqui divididos em duas categorias: os que dão e.,perança de emenda, e os que não dão. Aos primeiros deve..se odiar enquanto pecadores e amar cn· · quanto homens, no scgt1inte sentido: 1 - deve-se faz.er ~odo o .possível para que deixem o pecado; 2 - mas enquanto perseveram no mal devem ser odiados. Como é freqüente, na vida quotidiana, ouvir.se lamentar cm termos cheios de com· paixão uma pessoa que perdeu a fortuna. Seus amigos e parentes movem-se todos para a auxiliar a recuperar os haveres . .E como é raro ouvir-se alguém lamentar com tristeza -ainda maior que seu pa.rcntc ou amigo !lenha _perdido a virtude! Como é p.sicológica a comparação do Santo Doutor! Faz.er tudo para que -alguém recupere a virtude não é nem pode ser palavra vã. 1:: preciso

v.(oou,

4

aconselhar, insistir, falar com carinho, com simpatia, com severidade, é- preciso sobretudo rezar e fazer penitência por aqueles que desejamos reconduzir à graça de Deus. Pois sem a oração e a penitência nada se consegue. As vezes, expomo-nos ao risco de perder a amiz.ade de um pecador, à força de insistência. Desde que esta seja criteriosa, não nos atemorizemos diante deste sacrifício, que Deus saberá considerar. Uma das rnais altas provas de afeto que podemos dar a alguém consiste em sacrificar sua amizade para auxiliar sua salvação. • 1O) - O pecador, em princípio, é sempre susceptível de emenda. Mas há pecadores tão aferrados ao mal, que sua conversão só é de se esperar por unia graça muito especial. E como o muito especial é excecional, eviden1cmente mais se deve recear que as almas nestas condições se percam, do que esperar que se salvem. ·E. de outro lado, é mais provável que arras tem outros ao pecado, do que se libertem das garras deste. Estes pecadores continuan, a merecer nosso amor, no sentido de que devemos rez.ar e sacrificar-nos para obter sua salvação, e não devemos deixar de os incitar à emenda. Mas não podemos ter com eles trato familiar e amistoso. De resto, pelo mal que têm em si, e pelo risco a que expõem os inocentes, merecem a morte: O Doutor Angélico dá disto a razão. Até aí vai a severidade da doutrina da Igreja. E até aí vai ~ambém sua misericórdia. Pois aprovando a pena de morte quando justa, acompanha o condenado até o último momento, com suas preces, com as ora.çõe.s e sacrifícios das almas piedosas, e até de confrarias especialmente fundadas para tal. • 11) - Quantas pessoas são incapazes de compreender que devemos desejar castigos para os pecadores que amamos ..:... doenças, perseguições, pobrez.a - se este for o meio para os emendar e reconduzir à graça de Deus! • 12) - O pecador quer o pecado, os ócios e larguez.as que favorecem sua dissipação. Se odiamos o pecado e queremos a conversão do pecador, devemos desejar que lhe fallem lodos os meios necessários para pecar. Assim , devemos apoiar todas as autoridades eclesiásticas, familiares, sociais, políticas, que trabalham por eliminar o que conduz.a os súditos ao pecado: má imprensa, mau rádio, cinemas e teatros imorais, propaganda de doutrinas opostas à da Igreja, etc.


Plinio Corrêa de Oliveira'

Mais um Cardeal em resistência RA MEU PROPÓSITO comentar hoje os aspectos morais da queda do Primeiro-Ministro socialista Willy Brandt, -..J! Entretanto, chegou-me às mãos um documento de tal importância sobre a Resistência dos católicos à política de aproximação do· Santo Padre Paulo VI com os regimes comunistas, que não posso deixar de o levar ao conhecimento dos leitores. Ttata-sc de declarações do E mmo. Cardeal Yu Pin, Arcebispo de Nanquim, ora Reitor da Universidade Católica de Taipé (Formosa) . Publicou-as o boletim norte-americano "The Herald of Freedom", de 15 de fevereiro passado, em despacho da "Religious News Service". Declarou Purpurado àquela Agê_ncia. não

o

tomar a sério os rumores de que estariam em curso negociações entre o Vaticano e o regime

comunista de Pequim. Acrescentou que "os caró-

Sua Eminência tem diante de si um panorama fundamentalmente diverso daquele que está habitualmente ante nossos olhos. -O Arcebispo de Nanquim tem sua atenção concentrada especialmente na China, enclausurada p9r uma .''cortina'', a de bambu. Entretanto, o modo pelo qual o Purpurado chinês considera a atual política do Vaticano- cm relação aos regimes comunistas coincide com a análise feita pelo Cardeal-Mártir, Mons. Mindszenty, sobre a mesma política com referêncía aos regimes detrás da cortina de ferro. E - permita-se-nos acrescentar - com a apreciação que, em sua recente declaração A política tle ,Jisumsiio do 'Va1icarro coài os governos co;nunistas / Para a TFP: omitir-se? ou resistir?, a · ·

TFP fez sobre a linha de conduta do Vaticano em relação ao Ch.ile de Allendc, à Cuba de Fidel Castro, etc. São as mais diversas partes 'do globo, cm que a política do Vaticano suscita, cm pessoas da mais indiscutível fidelidade à Santa Sé, idênticos reparos.

O ''sim" é "não'' - o "não'' é "sim''

licos da China certamente não são sitnpáÚt:os a esse ripo de atitude" e que o Vaticano não deve

e~rar que a China comunista modifique sua • política anti-re)igiosa, "neni misnro por razões de propaganda". ..Não nos agrada J·ermo., pacificados por outros - aduziu o Cardeal Yu Pin. Isso se ch0111a oportunismo. Queremos permanecer fiéis aos valores perenes da justiça i111ernacio11al. [ . .. J O Vaticano 11ode , agir tle modo diverso, porém, não nos co moveriamQs nwito com is.se. Penso qtÍc é ilusória a esperança de que um ditílogo co,n Pequim ajudaria os cristãos do conri11c111e [chinês]. [ ... ) O Vaticano nada está obtendo para os cristãos da. Europa Ori, 11tal. [ .. . ) Se o Vorica110 11ão pode proteger a Religião, ele não tem ,n.uita razão para contimiar 110 assunto. [ ... ] Queremos pennanecer fiéis ao 1110.ç.ro mandato, mas somos v1rimas da repressão co;nunis1a. Sob tal aproximação [do Vaticano com a China comunista), 11ós perderiamos a nossa liberdade. Como chineses, temos que lutar por 11ossa liberdade".

A essas lúcidas e vigorosas observações, que lembram a "resistência em face" de São Paulo ante São Pedro ( Gál. 2, 11) , o Purpurado acrescentou a seguinte observação emociona.nte: "Há uma Igreja. subterrânea na China. A Igreja 11a China sobreviverá, como os prirneiros crisrãos sO· bre.viveram nas catacwnbas. E isso poderia sig,u'.. ficar um ,,erdadeiro renascimento cristiio para os · chineses". · } O Cardeal defendeu também o direito de "lutar com annas" contra "a opressão", e concluiu com "'> esta frase empolgante: "Eu organizaria u,n verda~ deiro exército, se pudesse, para proteger a Igreja".

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•••

.g

Cito estas palavras do Cardeal chinês, não só ~ pela autoridade de quem as pronunciou, como ~ também para ressaltar uma coincidência digna de I" nota.

O MUNDO .PRESENCIOU estupefato a vitória do divórcio no plesbiscito há pouco realizado na Itália. - Como explicar que um povo tão católico haja aprovado a lei Fortuna-Baslini, que destruiu no país a indissolubilidade do vínculo conjugal? Obviameme a resposta não pode estar cm que o número de católicos decaíu na Península. Suposto que algum declínio tenha havido, não é admissível que seja proporcional ao superavit dos votos divorcistas sobre os antidivorcistas. A causa essencial do fato tem que ser outra. A maioria dos italianos, chamada a se pronunciar, fê-lo em sen)ido contrário à sua consciência de catól.icos. E aqui se localiza o problema: por que procederam de modo tão aberrante?

• ••• Antes de tudo, parece-me importante acentuar um fator do desastre: a confusão. Tenho em mãos um exemplar do conhecido "Corrierc della Sera" de Milão (3 de março) coin fotografia da cédula usada no plebiscito. Parece especial.mente feita para induzir cm equÍ· voco larga parte da população. A cédula se divide em duas partes. Em uma

feita aos eleitores não era: "Quer o divórcio? . não o quer?"; a pergunta era outra: "Aprovais a ab-rogação da . lei n.0 898, de 1.º de dezembrd de 1970, sobre a disciplina dos casos de dissolução do matrimônio?" Quem quisesse dizer sim ao divórcio deveria responder que não queria a abolição da lei. Quem quisesse dizer 11ão ao divórcio deveria responder que sim, queria a abo-. lição da lei. · - Como sentir espanto, se uma cQnsulta tão confusa chegou a um resultado paradoxal?

••• Ademais, é preciso ·n otar que vivemos numa época de maciça ignorilncia religiosa. A fim de mover todo o eleitorado católico contra o divórcio, teria sido preciso que os propugnadores da indissolubilidade tivessem dado à sua campanha uma tônica marcadissimameote religiosa. Isto é, deverian1 ter dito - com base em larga citação de textos pontifícios - que o divórcio é proibido pela lei de Deus, viola o direito natural, e atenta contra o caráter sacramental do matrimônio cristão. Pelo contrário, os antidivorcistas se basearam sobretudo em razões sociológicas, concludentes sem dúvida, mas complexas, e portanto de difícil aquilatação P,Clo público. E cm matéria religiosa se limitaram a acenar para o Tratado de Latrão. Invocar um tratado, por respeitável que seja, quando se poderia invocar a lei de Deus ... -por ai pode o leitor calcular quanto foi pífia e pobre em força persuasiva a campanha antidivorcista. Efeitos óbvios do irenismo progressista.

••• Sua Santidade o Papa Paulo VI, em alocução do dia 15 de maio, asseverou que se sente tomado de "assonrbro e dor" por verificar que a estrondosa derrota teve também por causa o fato de que a tese da indissolubilidade "careceu da solidariedade de não poucos membros da co11runidade eclesiástica". Aqui está o pior. a mais um fruto péssimo do progressismo, que sopra impune, ou quase tanto, nos meios católicos. Ontem ele entregou o Chile ao comunismo. E hoje ele golpeia a familia na l1ália·. - Mas a isto, que comentário fazer?

Resistindo e aplaudindo

se lê "simº, e na outra ºnãoº. Conforme ·sua

preferência, o eleitor deve marcar com uma cruz o campo onde se lê "sim" ou aquele em que se lê "não''. - Mais claro não poderia ser, não acha o leitor? Entretanto, é impossível ser mais confuso. Pela lei que regulamenta o plebiscito, quem fosse contra o divórcio deveria marcar o '"'sim". E quem fosse a favor deveria .marear o "não". - Não é de aturdir? - Qual o pretexto de tão extravagante disposição da cédula plebiscitária? - e que a pergunta

A REVISTA ITALIANA "Chicsa Viva" de fevereiro do corrente ano noticiou que 300 mil católicos realizaram em Taipé (Formosa) uma manifestação contra o que intitularam polftica de subserviência do Vaticano em relação à China comunista. O ato culminou com uma cerimônia de um 1ocante simbolismo, isto é, a inauguração de uma imagem de "Cristo Sofredor".

s


Conclusão da pág. 3

Conclusão da pág. 2

Comentando A este propósito, lembram os observadores que em Formosa os católicos goz.,m da mais inteira liberdade religiosa. Assim, cm torno dos antigos santuários marianos da Ilha se vêm

realizando manifestações de fé que atraem consideráveis massas de católicos. Tanto na Igreja da Imaculada Conceição, a mais antiga da !lha, quanto na Catedral de Taipé, por exemplo, grandes manifestações marianas se têm realizado recentemente, com fervorosa participação dos fiéis. A certos observadores custa compreender

SE A CARIDADE

internacionais, que por sua vez as distribuíram

a jornais do Brasil, Argentina e outros países. E nelas se baseou cm parte a Declaração de Resistê11cia da TFP. À vista desse desmentido, a TFP publicou nota à qual nada tem· que retirat o u acrescen-

seu Núncio de Taipé. Consideram estes observadores difícil evitar a impressão de que essa

tar, depois de lido o texto enviado pelo Sr. Alessandrini. Contudo, tendo o documento deste último cm mãos, é-nos grato elogiar, num ponto, a atitude do Secretário do Conselho para Assuntos Públicos do Vaticano. Mons. Casaroli , como no documento se vê, teve ciência de nossa Declt1ração de Resis1ê11cia. E só lhe fez objeção quanto às assertivas que lhe foram pessoalmente atribuídas sobre Cuba. Ao mesmo tempo, foi bastante justo e objetivo para nada di-

atitude do Vaticano se deve ao desejo de atrair

zer contra nossa Resistência em si mesma con·

a sim·patia da China vermelha.

siderada. Esse si.lêncio seria muito pouco provável. ou até inconcebível. caso Mons. Casa· roli considerasse que, cm nossa atitude, algo há de reprovável do ponto de vista da dou-

por que, então, a Santa Sé mantém afastado

Essa pen.osa impressao parece encontrar

consonância nas visitas, sempre. mais freqücn· tes, e de óbvio efeito distcnsivo, que :iltos dignitários vaticanos vêm fazendo a países comunistas. Assim, a viagem de S. Excia., Mons. Casaroli a Cuba, com os concomitantes -con·

tactos com Fidel Castro, ou a ida do Emmo. Cardeal Rossi a Berlim Oriental para comemorar o bicentenário da Catedral de Santa Edwigcs, ou ainda a visita de S. Emcia. o Cardeal Siri, Arcebispo de Gênova, à União Soviética. Essa última visita, é verdade, tem mero objetivo de turismo, segundo afirmou porta-voz

da Cúria genovesa ...

•• • Para fa1ar mais uma vez - e espero que esta seja a úhima - da visita de Mons. Casaroli a Cuba, devo informar os leitores que o Sr. Fcdcrico Alessandrini, Diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, atendendo a pedido n,cu, teve a gentileza de me enviar o texto da nota que distribuiu à impre nsa contendo o des.

mentido das afirmações feitas .por Mons. Casaroli sobre a situação dos católicos na Ilha.

trina católica ou do direito canônico. Quanto nos é mais grato aplaudir S. Excia.,

do que dele discordar!

lhor documenlário da derrocada marxista no

país amigo. Com relação ao noticiário que íoi 1>ublicado, digo-lhe, Monsenhor, que, para mim, não houve muita surpresa, cu já vinha acompanhando a omissão do Episcopado e, conseqiientemente, do Clero, no processo de comunização do país. Foi uma vergonha. Aproveitando a oportunidade que se me oferece, peço-lhe, Monsenhor, que apresente ao autêntico, virtuoso, valoroso e culto Bispo de

Campos a minha simpatia pela sua pessoa.

Deus o ilumine e guarde. [ . .. J Um jornal assim me entusiasma. Invocando as luzes do Divino Espírito para Vossa Reverendíssima e para a equipe do seu jornal, apresento-lhe meus protestos de admiração e de muita cstiman. Sr. Antonio de Oliveira Campos, São Paulo (SP): "O,itro de conteúdo religioso e contrarevolucionário, como o CATOLICISMO, inc· xiste; portanto, a existência desse jornal, cuja

leitura é muito agradável, torna-se cxcrcmamentc nccess~ria e abençoada''. Sr. José Gomes Cardoso, Avaré (SP): "Jornal notável pela defesa intransigente de seus princípios e pelas verdades candentes que publica·•. Sr. Ojaír Brindeiro, Re<:ife (PE): "Parabéns erusivos merece o órgão ímpar por todos os títulos, da Imprensa Católica Brasileira CATOLICISMO, e seus colaboradores". 4

NOTAS • 13) - "Enfermo" ou "/racon é aqui o horrt.cm que por motivos especiais é particularmenic sujeito ao pecado, e para quem constitui ocasião próxima o que para o comum das

pessoas não o é, "Perfeito" é quem está em tal grau de virtude que arrosta obstáculos maiores que os do homem comum. Em principio, ninguém pode expor-se voluntariamente a ocasião próxima de pecado. E se cm circunstâncias muito cxcecio.nais uma

pessoa reputada - não _por si mesma, mas por um· prudente diretor - especialmente forte arrosta riscos invuJgarcs, é porque, no fundo, para ela a ocasião de pecado ·não é próxima. • 14) - Deve-se evitar o conv[vio de pessoas de má vida, de costumes depravados, a freqüentação de lugares inde<:entes, pois nisto vai para quase todos uma ocasião próxima de pecado, e para todos uma coonestação do mal, e um escândalo para os bons.

Estas oraçoos do Antigo Testamento são muito adequadas para se rezar pela a súplica dos j udeusJ sitiados por Holofernes, a prece de Judith, pedindo forças

SIMPLES RELATO DO QUE SE PASSOU EM FÁTIMA QUANDO NOSSA SENHORA APARECEU Narrt,ção completa das manifestaçõeJ do A11jo de Portugal e das aparições de Nossa Se11ltora enr Fátima. J·egui· dt1 das revelações particulares de Lâcia e de /(lci11t'a / 64 pági11as.

Preço do exemplar: Cr$ 5,00 Editora Vera Cru,; Rua Dr. Martinico Prado, 246 01224 - São Paulo

Como se lembram os leitores, as assertivas

pessoal de Vossa Reverendíssima e pelo êxito sempre crescente de CATOLICISMO. O fim desta é congratular-me com Vossa Reverendíssima e com todos aqueles que fazem esse bravo jornal. Os dois números que trazem as entrevistas sobre a ·situação política e social do Chile, cm setembro do ano passado, estão maravilhosos. Esses números trazem, talvez, o maior e me·

cómia e bebia com os pecadores segundo São Mateus ,9, 10-11. - Entretanto, o convívio dos pecadores deve ser evitado por todos, desde que signifique participação no pecado. Assiin, está escrito em li Cor. 6, 17: "Retirai-vos do meio deles, e não toqueis no imundo", ou seja, a conformidade com o pecado (14).

Cristandade em nossos dias. As três primeiras, do livro de Judith, constituem

do Prelado foram ícitas a agências telegráficas

Revmo. Pe. Amtindo R. Machado, Belo Horizonte (MG): "Faço votos pela íelicidade

Ao quinto argumento responde-se que o convívio dos pecadores deve ser evitado pelos fracos, pois constitui para estes perigo iminente o deixarem-se corromper. Quanto aos perfeitos (13), entretanto, cuja queda não é de se temer, é louvável que mantenham contacto com os pecadores, para os converter. Assim, o Senhor

para salvar seu povo, e sua ação de graças, após o êxito de sua missão. As duas últimas são a oração de Mardoqueu pela salvação dos fudeus e a de Ester, quando'ia pedir ao Rei Assuero que poupasse o povo eleito. - Tradução do Pe. Antonio Pereira de Figueiredo, com pequena adaptl!ção ao uso da piedade mais recente.

PELA CRISTANDADE PERSEGUIDA

N

ÓS PECAMOS COM os /!OSSOS pais, obramos injustamente, cometemos iniqiiidades. Vós, que sois piedoso. com• padecei-Vos de nós, ou com o vosso flagelo castigai as nossas iniqiUdades, e niío entregueis os que Vos bendizem, a um. povo que Vos não conhece, para que 1u'ío digani entre as nações: onde está o seu Deus?

•••

Da. Maria Jêda Salles de Carvalho Costa, Petrolândia (PE): "Tive oportunidade de conhecer o jornal CATOLICISMO, por intermédio de uns universitários. Encontrei no mesmo uma fabulosa fonte de pesquisas. Uma vez que sou estudante de Filosofia, será muito importante para os meus trabalhos. Gostaria de ser incluída na relação dos assinantes e saber ainda como deverei cíetuar o pagamento de uma assinatura anual''. Sr. Aécio Speck Neves, Florianópolis (SC): ..Os números chegam com muito atraso! Na oportunidade, apresento meus sinceros parabcns a CATOLICISMO e todos que nele, e por ele, trabalham, pelo alto nível do mesmo, e seus dignos (e heróicos, hoje cm dia) objetivos. Mais artigos sobre a obra de Portugal em África são indispensáveis! ! Ninguém mais os publica!" Sr. Gcrson Souza Carvalho, Fortale,.a (CE): "Estou satisfeito com CATOLICISMO. E um jornal, sem dúvida, necessário. Impõe-se, no tempo atual, uma luta constante, corajosa e

perseverante, de esclarecimento e de advertência sobre o comunismo destruidor, para evitar o mal que ele traria à humanidade. Congtatu-

lo-me com V. Sas. pelo trabalho empenhado neste sentido". Sr. Pedro de Menezes Cruz, For1alcza (CE): "[CATOLICISMO], paladino da Verdade, mas encontrando tapados os ouvidos de muitos dos que governam a Igreja, que tomaram rumo diferente, para atualizar. e não querem consi-

derar os que opinam de modo diferente, pela permanência das coisas nobres, belas e boas que a Tradição nos legou". Sr. Manoel Francisco da Conceição Jardim, Rio de Janeiro (GB): "Dada a matéria que insere o destemido jornal, de ~ombate aos desmandos que se instalaram na Santa Igreja, não é· de admirar que seus inimigos o sabotem bem como a sua entrega".

·

LANÇAI AGORA os olhos sobre o campo dos as.sírios, bem como noutro tempo VoJ· dig· nasres la11çtf-los sobre o campo dos egipcios. quando armados corriam. atrds dos vossos ser· vos, fiando-se nas suas C(1rroças e na sua caval«ria, e 11a multidão dos soldados. Vós porém lançastes os olhos sobre o seu. ca11.1po, e as trevas os cansaram. O abiJ.,,,o reteve os seus pi s ~ as águas os C0°briram. Assim pere· çam também, Senhor, estes, que conf;am na .rua multidão, e se gloriam nas suas carroças, e nos dardos, e nos escudos, e nos suas fie· chas e lanças, e que não sabem. que V6s mesmo sois o nosso Deus, que desfa-zeis as guerras desde o princípio, e que o vosso nome é o Senhor. Levantai o vosJ·o braço como desde o princípio, e com a vossa /orça quebrai a J'ua fortaleza,· pela voss<1 ira cala a força deSttes que se prometem violar o vosso santuário, e profanar o Mbernáculo do vosso nome e . derrubar com a espada a majestade do vosso altar. Fazei, Senhor, que a sua soberba seja cortada pela própria espada. Dai-me constân .. eia no coração para eu o desprezar. e foru,leza para, o perder. Porque o vosso podt?r, Senhor, não está na multidão, nem Vós Vos comprar.els na força dos cavalos, nem destle o princ1pio Vos agratlaram os soberbos; mas sempre Vos agradou a súplica dos humildes e dos mansos. Deus dos céus, Criador das águas, e Senhor de todo o criado, ouvi a. esta miserável que Vos suplica e que presume tia vossa mlsericórdia. Lembrai·V os, Senhor, do vosso pacto, e ponde as palavrt,s "ª minha boca, e fortificai a resoluçâo do meu coração, para que a vossa casa permaneça em Vos santlficar. e todas aJ· nações conheçam que V ó.r sois Deus, e que lliiO ltá outro senão V6s.

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••• CAN1'EMOS UM hino ao Se11hor, cantemos um novo hino ao nosso Deus. Adonai, Senhor, Vós sols grande, e esclarecido pela vossa fortaleza, e a Quem ninguém pode vencer. Todas as vossas criaturas Vos obedeçam, porque V ó., falt1•·te,· e for<,m feitas, Vós ma11da.,tes o voJ·so espírito e foram criadas, e não há quem resista ti vossa voz. Os montes desde os fundamentos J·erão abalados com. as águas,· os penhascos, como a cera, se derreterão diante da vossa face. Porém aqueles que Y os temem serão grandeJ· diante de V 6s em todas as coisas. Desgraçada a tração que se levantar con· Ira o meu povo, porque o Senhor tod<rpo<fe.. roso se vi11gartf dela e a visitar& no dia dO' jui-

zo. Ele fará vir sobre suas car11es o fogo e os bichos, para serem queimados e para senti· re111 eternamente. JUDITH 7, 19-21; 9, 6-19; 16, 15-21.

••• SENHOR, SENHOR, Rei 011ipote11te, porque no vosso poder estão postas todas as coisas, e não há quen, possa ,-esistir à vossa vontade. se tendes determi11ado salvar Israel. Vós fizestes o Céu e a terra, e tudo quanto se contém no â11zbito do Céu. Vós sois Senhor de todas as coisas, e não há queni resista à vossa majestade. V 6s tudo conheceis, e sabeis que não por ,'iO· bcrba nem por dcs,,reto, nem por alguma cobiça de glória, te11ho feito isro, de 11ão adorar ao altivo Ama11 (porque pela sail'ação de Israel pronto estaria a beijar com gosto os vestígios das suas pisadas), mas temi trasladar para um homem a honra de meu Deus, e adorar a OU· tro algum que não fosse o ,neu Deus. E agora Vós, ó Se11hor Rei, Deus de Abraão, te11de miseric6rdia do vosso povo, porque nossos ini-migos querem acabar e destruir a vossa herança. Não desprezeis a vossa porção, que para Vós resgatastes do Egito. Escutai os meus rogos, e mostrai.Jlos propfcio à vossa sorte e he· rança, e mudai o nosso pranto em gozo, para que vivendo louvemos, Senhor, o vosso nome, e não fecheis a boca tios que Vos louvam.

••• MEU SENHOR, Vós que só sois nosso Rei, socorrcl-me a mim desamparada, e que não te11ho outro favorecedor fora de Vós. O meu perigo está nas minhas mãos. Eu ouvi contar a meu pai como Vós, 6 Seuhor, tomastes a Israel dentre todas as 11ações, e a nossos pais dentre todos os seus maiores que fiaviam sido antes, para os poss11irdcs por herança eterna, e obrastes com eles assim. como o havíeis prometido. Pecamos em vossa presença, e por isso nos en• tregastes nas mãos de nossos inimigos; porque temos adorado os seus deuses. Justo sois, 6 Se• nhor. E agora não se contentmri s6 con1 oprimir-11os com uma eJ-cravidão muito dura, senão que, atribui,ulo ao poder dos seus ídolos a força das suas mãos, pretendem transtornar as vossas promessas, e destruir a vossa herança, e fechar as bocas dos que Vos louvam, e cxtin.. guir a gl6ria do vosso teniplo e do vosso altar, para abrir a boca dos gentios, e que louvem o poder dos seu.r ídolos, e engrandeçam, para sempre a uni Rei mortal. Não entregueis, Senhor, o vosso cetro àqueles que não são nada, para que não escarneçam da nossa ruína; mas voltai contra eles os seus desígnios e destruí aquele que tem começado a ser cruel contra n6s. Lembrai-Vos de n6s, Senhor, e mostrainos a vossa face no tempo da nossa tribulação, e dai-me força, Se11hor Rei dos deuses e de todas OJ' potestades,· e livrai-nos com a vossa ,não, e socorrei.. me, que não renho outro aux'Íllo .renão a V6s. Senlior, que conheceis todas as coisas, Deus forte sobre rodos, ouvi a voz daqueles que não têm nenhuma outra esperan.. ça; e Uvrai.nos da mão dos iníquos, e livraime do meu temor. EsTER 13, 9-17; 14, 3-12, 14, 19.


OS FATOS CONTRADIZEM MONSENHOR CASAROLI O LONGO DOS pesados e dolorosos anos em que as autoridades da Santa Sé vêm seguindo sua política de aproximação com os governos comunistas, nenhuma justificativa consistente tem sido oferecida ao mundo católico, para fundamentar tal atitude. Pelo contrário, o caminho escolhido pela diplomacia do Vaticano está, todo ele, calçado de evasivas e até de contradições. A explicação que se tem dado cm todas as ocasiões, em todos os lugares e em todos os escalões da Hierarquia, para essa cascata de concessões ao comunismo, tem sido a repetição do som de uma só tecla: a "Ostpolitik" do Vaticano, que agora também se estende ao Ocidente, incluindo Cuba, destina-se a atender aos anseios dos católicos oprimidos pelos regimes comunistas e a conseguir, para eles, mais liberdade na prática da Religião. Entretanto, além de não se provar que de fato os católicos oprimidos queiram essa aproximação, há sérios indícios de que as concessões aos seus opressores só os têm desencantado. E tnai.s ainda: essa singular aproximação só tem con~çguido ·das autoridades comunistas que elas aceitem a nomeação, para as Dioceses vagas, de Bispos ... fiéis aos governos opressores. A libertação do Cardeal Slipyj, obtida de Kruchev por João XXIll, seria o sinal esperado pelo Vaticano, para atirar-se aos braços do urso. Moos. Johannes Willebrands foi a Moscou, para encontrar-se com o Metropolita de Lviv, libertado por tão alto preço, e trazê-lo para Roma. Mas, para surpresa sua, o Prelado mártir não queria senão voltar para junto de seu rebanho, na Ucrânia, e correr o risco de uma nova prisão. Só a muito custo o enviado papal éonseguiu convencer o Metropolita ( ou intimáJo, quem sabe?) a sair da Rússia soviética. Agora, por ocasião da destituição do Cardeal Mindszenty, este enumerou ao jornalista Lajos Lederer, de "The London Obscrver", os m.otivos pelos quais discorda da política do Vaticano para com seu país: 1 - a Igreja não é livre na Hungria; 2 a designação dos ocupantes de cargos eclesiásticos é feita pelo regime comunista; 3 a garantia, dada pelo governo, de liberdade de ensino religioso e de consciência, na prática não é levada em conta; 4 .,- as crianças e os jovens recebem uma educação

A

marxista e -atéi.i; 5 - a designação de vários " Padres da paz" para importantes carg.os ecle.siásticos abala a confiança dos fiéis na liderança da Hierarquia Católica Húngara. Federico Alcssandrini, porta-vcn do Vaticano, cm suas numerosas entrevistas à imprensa, não ousou dcsment.ir o Cardeal. Na Lituânia, em 1972, 17 mil fiéis assinaram um manifesto protestando cont~a a perseguição religiosa. O Episcopado lançou uma Pastoral acusando os promotores do manifesto de destruírem a unidade da Igreja. Um grupo de Sacerdotes (iéis refutou, em carta, a Pastoral dos Bispos, denunciando a completa submissão do Episcopado ao governo comunista. Entre outras coisas argüiram: l - a Pastoral coletiva foi escrita segundo as diretrizes. de Rugienis Orloy, delegado de Moscou para os negócios do culto; 2 - a sujeição absoluta dos Bispos ao governo civil, na designação de Párocos; 3 - o engano da política do Vaticano: todos aqueles a quem se conferiu, nos últimos tempos, o Episcopado, são colaboradores do governo. As autoridades comunistas chamam Moos. Kriksciunas e Moos. Povilonis de "nossos Bispos". Eis ai apenas alguns dos muitos exemplos que se poderiam catalogar. Os comunistas, ao contrário, t.êm conseguido com a política do Vaticano uma inapreciável vantagem : o amolecimento de enormes setores da opinião católica na luta contra sua incansável e onipresente ofensiva atéia e igualitária.

Sig1,ific,ulo #.la C#.n1,p11,nl,a eleitoral france.'i#.1, O NOVO PRESIDENTE francês, Valéry Giscard d'Estaing, aproveitou-se largamente, na campanha eleitoral, de sua figura distinta, de seus modos. refinados e até do aristocrático "de", acrescentado ao nome de seus antepassados recentes. e verdade que cometeu algumas inabilidades, como a de receber o embaixador soviético, em plena campanha eleitoral, mas, no conjunto, apresentou-se ao povo francês como um membro da alta burguesia, com aspirações aristocráticas. J,\ nas cerimônias de sua posse, (oram eliminadas importantes tradições protocola-

~

< Valéry Giscard d'Esta ing e a esposa cumprimentam a Rainh"! Elizabeth, quando da visita da Soberana inglesa à França, em 1972. O novo Presidente francês procurou atrair o e leitorado com seu modo de ser de inspiração aristocrática .

res, sacrificadas a simplificações carentes de bom tom. Entretanto, o que nos interessa focalizar neste comentário é o seu compqrtamento pré-eleitoral. Seu opositor socialista, François Mitterrand, apoiado pelo Partido Comunista, não teve, como se. poderia esperar, uma atuação demagógica. e verdade que defendeu algumas teses esquerdistas; sua posição o obrigava a isso. Mas, cuidadosamente, (ez-se passar por moderado. Seu comité .eleitoral chegou até a protestar contra a i1uerferê11cia russa na campanha de Giscard d'Estaing. Houve comentaristas que apresentaram esses (atos como estranhos e até contraditórios. Mas eles fizeram questão de não investigar as causas do que lhes despertava estranheza. Na verdade, dois candidatos em campanha eleitoral ferrenha não tomam atitudes de pura excentricidade. Eles tinham uma raúio para escolherem a imagem com que se apresentaram. Sabiam que o povo francês, cm larga medida, pc,rmanece conservador e aborrece as manifestações revolucionárias em matéria polftica. Tanto que, apesar da aparência moderada de M iuerrand e da falência do gaullismo, escolheu o elegante Giscard d'Estaing.

Perspectivas da 1·cvol1,ção #.le Porb,gal

,_____. ~ ~ Terá o General Spfnota (à esquerda) aceito o papel de Kerensky

português?

30 dias em revista

A R,E-VOLUÇÃO DE 2-5 de abril foi feita, en1 Portugal, em nome da liberdade e da democracia. As primeiras medidas da Junta de Salvação Nacional revelaram o desejo de uma indiscriminada liberalização. Proclamou-se a anistia, abriram-se as portas do país para os exilados políticos, prometeu-se resolver o prob/enra dos territórios ultramarinos. Entretanto, não foram democratas os primeiros a se destacarem no novo cenário político português: foram os esquerdistas. AIvaro Cunhal, chefe comunista, veio imediatamente de Moscou, onde residia. Mário Soares, Jfder socialista, reapareceu e passou a ocupar as manchetes dos jornais. Os esquerdistas ganharam as ruas; começaram as passeatas, os comícios, a ocupação de

jornais, estações de rádio, empresas e repartições. A baderna instalou-se rapidamente. Uma epidemia de greves e uma inflação galopante já lembram o Chile de Allende e fazem o povo irmão sentir os primeiros sinais da carestia e da falta de alimentos. A Junta constituiu um governo provisório e promulgou a institucionalização provisória do país, até que seja concluído o trabalho da Assembléia Constituinte que deve.. rá ser eleita em 31 de março de 1975. A revolução que se fez em nome do povo formou um governo em boa parte contrário às tradições católicas desse mesmo povo: nele se contam, em postos-chave, quatro socialistas e dois comunistas. Esse ,govemo é o que vai ·preparar a lei eleitoral, a organi1.ação dos partidos, as eleições para a Constituinte. Pode-se esperar uma verdadeira representação popular nessa asse.mbléia? Por outro lado, é sabido que os comunistas, depois de se enquistarem no poder, dele não saem, a não ser pela força, e costumam manobrar com refinada astúcia para se ·livrarem de seus companheiros não marxistas. O exemplo da Checoslováquia, em 1948, está aí, para quem dele quiser tirar uma lição. O povo português está apático e perplexo· ante a revolução que se propõe salvá-lo. As manifestações de satisfação que certa imprensa tem noticiado com estardalhaço se resumem em arruaças da esquerda festiva. A primeira manifestação popular verdadeiramente significativa que se registrou após o 25 de abril - e que a in1prensa noticiou com estranha discrição - foi uma grande reafirmação de fé religiosa e de esperança na Virgem Maria: a comemoração do 13 de maio, cm Fátima, que reuniu um milhão de fiéis. A esta manifestação não acorreu nenhum representante do novo govemo. Teria sido uma excelente oportunidade para ele auscultar o verdadeiro povo português, que é autenticamente católico e, pois, hostil a toda forma de comunismo. O problema dos territórios ultramarinos está difícil de resolver. Todos saben1 - e a Junta também - que os guerrilheiros só ficarão satisfeitos se esses territórios forem OONCl.lll NA. PÁ(llNA

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Homero Barradas 5


Continuaç ão da pág. 5

30 dias em revista entregues a governos locais, manobraçlos por t-,:roscou ou Pequim. Mas as populações lus'o-afficanas -não querem saber disso e já o disseram em diversas ocasiões. Haveria até o perigo de que elas, vendo o governo da Metrópole sujeito a influências esquerdistas, tomassem a iniciativa de, em defesa de sua fé, da civilização e da própria lusitanidade, romperem com · Lisb,s>a e proclamarem sua independência, formando governos anticomunistas. E não seria o primei ro gesto desses, na história de Portugal. No século XVII, temendo os pernambucanos que D. João IV cedesse a pressões palacianas e entregasse o Nordeste ao holandês calvinista, escreveram-lhe protestando fidelidade mas advertindo-o de que, numa hipótese dessas, expulsariam o herege e convidariam ·um Príncipe' católico a cingir a coroa do Brasil. Uma independência destas não interessa à Comissão de Descolonização da ONU, nem a Moscou, nem à máfia comuno-progressista internacional. Eles a chamam, pejorativamente, de unilateral. Mas · a indepen. dência do Brasil, dos Estados Unidos e de toda a · América h ispâr:iica, que tanto aplaudem, não foi unilateral? O certo é que, prevendo esse desfecho, o Gene.ral Costa Gomes apressou-se em visi-

tar Angola e Moçambique, para assegurar • O clamor dos protestos contra a depoà Junta o apoio das guarnições locais. sição do mártir da Hungria católica ouve-se Em tudo issó, permanece enigmática a no -mundo inteiro. Em Roma aparecem frafigura do General Spínola. Em seu alardeases nos muros: "Paulo VI, tr<Úste Mindszendo livro "Portugal e o futuro" - cuja pu- . ,tY". Jovens distribuem folhetos em ap~io à blicação foi· a senha para o desencadeamenatitude do Cardeal e gritam : "Viva a Igreja to do atual processo político do país - ele Mártir", "Chega de concessões ao co11iu11ismostrava preocupação em evitar que o co1no!", "Viva Cristo-Rei!" No Brasil, os húngaros de São Paulo demunismo se aproveitasse dos problemas claram que "essas concessões injustificáveis criados com a guerrilha na. Africa, para readesmoraliza111 o sacrifício e o nwrtírio de lizar seus fins escusos. todos aqueles que to1nbara111 na lrita pelos Com relação aos territórios ultrama-rioos, direitos de Deus". defendia uma política de federaliiação, com gradual autonomia das províncias, como o • Mons. Agostinho Casaroli - o Kiscaminho certo para evitar a comunistização singer do Vaticano - realiza visita às autodestas por um eventual alastramento ~~s ridades comunistas da Polônia. Não foi reguerrilhas. velado o objeto das conversações, mas os Não é isso o que estamos vendo no moobservadores afirmam que o tema central deb~tido durante o encontro é o do estabemento. No governo de Portugal, .os comulecimento de relações entre a Santa Sé e o nistas estão acomodados confortaveln1eote. governo de Varsóvia. Já no ano passado, Na rua, a esquerda festiva faz o que quer. o representante junto ao Vaticano, do goA pasta do Ultramar foi confiada ao sociaverno anticomunista polonês no exílio, fora lista António de Almeida Santos e não se notificado pelo Cardeal Villot, Secretário de fala mais em federação. Estado, de que sua missão chegara ao fim. Estará o General Spínola prisioneiro de O Cardeal Wyszynski manifestou otimisseus companheiros de governo, ou - é domo qua,nto ao resultado das conversações e loroso pensar - ·terá aceito o papel de renovou o convite a Paulo VI, para que viKereosky português? sitasse a Polônia. .

:A '"OstpolitiJ. •• do Vaticano e ,,,, :; ,neses Jane iro

• FEDERICO ALESSANDRINI, portavoz.do Vaticano, em declarações à imprensa, classifica de "pura i11vençãc" as afirmações de que o Papa, •quando Mons. Montioi, era considerado, dentre os Prelados do Vaticano, o mais voltado para o socialismo. As declarações de Alessandrioi foram motivadas pela profunda repercussão obtida pelo livro "Para onde vai o Vaticano?" do escritoc a lemão Reinhard Raffalt. O autor afirma que o então Moos. Montini chegou a manter contactos com Togliatti - secretádo-geral do Partido CÔmunista Italiano - para dizer-lhe que o anticomunismo da Igreja não seria eterno. • Ao receber o corpo diplomático, por ocasião do Ano Novo, Paulo VI declara que a política apaziguadora da Igreja "não in1pede ou atrasa o dia de 11111a revolução libertadora". O Papa concluiu seu discurso deixando claro que continuará tomando "atitudes conscientes e responsáveis", a despeito daqueles que dizem que a Igreja,.· "ao apoiar Iniciativas de pacificação", acaba prejudicando os povos oprimidos. .:e justamente esta a tese dos movimentos anticomunistas: o Vaticano, ao fazer conce.ssões aos governos marxistas opressores, desestimula as reações dos católicos oprimidos e fortalece a posição dos governos. Paulo VI foi saudado na ocasião pelo Embaixador d e Cuba, decano do corpo diplomático acreditâdo junto ao Vaticano. •

• O Cardeal Wyszynski, Primaz da Polônia, pede que seja concedida mais liberdade à Igreja em seu país. Os católicos poloneses, segund9 Sua Eminência, são coosideradoo "cidadãos de segunda classe", numa ':nação en, que s6 os .m.e,nbros do partido tiln privilé.gios!'. ''Nen, sequer nos permitem que tenfiamos u,na ilnprensa católica independente': - acrescentou o . Primaz. O Cardeal polon~, cujas atitudes não se pode dizer que sejam as de um anticomunista radical, CO!Úirma, assim, a tese dos movimentos anticomunistas, de que as concessões do Vaticano só têm prejudicado os católicos oprimidos, sem lhes trazer nenhuma vantagem.

munista, estiveram em Roma, em fins de dezembro e princípios de janeiro, com a finalidade de obter da Santa Sé a destituição do Cardeal Mindszenty, do Arcebispado d e Esztergom. A delegação argumentou que o Purpurado comprometia as relações da Hungria com os países onde éle era recebido como hóspede oficial e que sua destituição era condição, para o prosseguimento das negociações teodeotés à normalização das· relações do governo húngaro com o Vaticano. • Confir,m ando as especulações da revista progressista francesa, Paulo VI destitui o Cardeal Mindszenty da sé primacial da Hun. gria, o Arcebispado de Esztergom. A notícia foi publicada simultaneamente em Romá e e!ll Budapest, o que, segundo os estilos diplomáticos, demonstra um entendimento prévio entre a Santa Sé e o governo marxista húngaro. O ato extremo foi anunciado nos dias em que se comemorava o 25.0 aniversário da condenação do venerável Cardeal à prisão perpétua, pelas autoridades comunistas de seu país. Naquela ocasião, em Roma, Pio XII perguntava, ante cente nas de milhares de fiéis: "Pode unt Papa per111anecer em silêncio, quando. o Estado arroga-se o direito de ~·uprimir Dioceses, dep0r Bispos, r,;ansrornar a Hierarquia Eclesiástica?" • No mesmo dia em que anuncia a des·titui_ç ão do Emmo. Cardeal Mindszenty, o ·Vaticano publica a nomeação de três novos Bispos para Dioceses húngaras. Estes, já com a aprovação do governo comunista, de conformidade com o estabelecimento entre Bu~apest e a Santa Sé, em setembro de 1971.

Fevereiro

• Respeitosamente, mas cheio de energia, o Cardeal-Primaz responde à sua deposição, declarando que não é possível acordo com o governo da Hungria, o qual oprime o povo e a Igreja. Deixa bem claro que não havia assentido previamente à sua destituição, como fizera crer a linguagem vaga do comunicado do Vaticano. Reitera que não renunciara, nem ao Arcebispado, nem à liderança católica da Hungria, A imprensa anuncia que o Cardeal concluiu suas m~mórias e está prestes a publicá-las.

• · A revista esquerdista francesa "lnformations Catholiqµes lritérnational~", do dia 1•0 , notiçia que uma delegação composta do Presidente e do Secretário da Conferên·cia Episcopal Húngara, Moosenhores ljjas e Czerhati, e do presidente e vice-presidente do Ofício de Cultos, órgão do governo co-

• Alessandrini tenta responder a . Sua Eminência, mas e vita desmentir suas afirmações sobre a verdadeira situação da Igreja na Hungria. O "Osse.r.vatore Romano", do Vaticano, e uL, Avvenirc'\ da DemocraciaCristã, ignoram as declarações do Purpurado.

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6

• Paúlo VI recebe o chanceler da Rússia soviética, Andrci Gromiko. :e. a terceira vez que o ministro comunista se encontra com o Papa. Tomaram também parte na reunião Mons. Casaroli, o embaixador russo em Roma e o chefe da Divisão Européia da Chancelaria soviética. Depois de um período de silêncio muito bem guardado sobre a entrevista - tendo funcionários do Vaticano declarado que não desejavam publicidade "exagerada" sobre o assunto - anunciou-se que as conversações versaram sobre a segurança européia, a questão de Jerusalém e a liberdade religiosa na Rússia. A imprensa destacou o encontro como "grande acontecimento p01irico". Gromiko não escondeu sua satisfação, ao partir da Itália, depois da reunião. • O "Paese Sera", órgão do Partido Comunista Italiano, publica documentação sobre os contactos entre a agremiação, o Vaticano e o Vietnã do N9rte, para pôr fim à guerra. Em J965, o democrata-<:ristão Giorgio La Pira esteve em Hanói, em missão reservada. Em l 966, foi o próprio Berlinguer, hoje secretário-geral do PCI, quem levou a Ho Chi-minh um documento confidencial assinado por Paulo VI. Ma rço

de vida ao idoso Purpurado, prometera ao governo comunista a nomeação de novo Arcebispo. Entretanto, numa peregrinação a Fátima, Sua Eminência recuperou a saúde, ~rturbando os planos de Roma . . . • Martim Afonso Xavier da Silveira Jú.oior, em nome das Sociedades de Defesa da Tradição, Família e Propriedade da América do Sul e do Norte, e de entidades congêneres de Portugal e da Espanha "rodas co11sagradas à ação ideológico antico111unista" - entrega ao Cardeal .Mindszenty, em Viena, uma meosagein de apoio e admiração a Sua Eminência. A mensagem ressalta que o problema diante do qual o Purpurado tomou atitude é universal: "pode 11111 cat6lico, coerente com sua fé - perguntam as TFPs - aco1110dar-se a 11111 regime co,nunista, e estipular com ele pactos rea/Jnente úteis à Religião?" • Mons. Giovanni Benelli, da Secretaria de Estado de Sua Santidade, exprime ao Ministro das Relações Exteriores do Peru sua simpatia pelo processo revolucionário peruano, desejando que continue em seu d esenvolvimento até alcançar os objetivos programados. Conforme a imprensa tem largamente difundido, o processo peruano procura seguir as pegadas do modelo iugoslavo de comunismo. Abril

• Moos. Casaroli visita Cuba. A principio, a viagem, motivada por um convite da Conferência Episcopal Cubana e aprovada pelo governo, linha um programa de dois dias. "Mir.-ha visita o Cuba - declarou S. Excia. ao partir de Roma - é de caráter estrita,nente eclesiástico". Mas a visita acabou prolongada para oito dias e o programa, de estritamente eclesiástico, passou a eclesiástico-político. O enviado da Santa Sé levava uma mensagem aos Bispos na qual Paulo VI apóia a ação destes "em ,neio às profundas rra11sformações ocorridps 110 país". Moos. Casaroli foi recebido pelo vice-ministro do Exterior, avistou-se com o presidente Dorticós e teve uma "imprevista" conversa com Fidel Castro. O ambiente .foi muito cordial , conforme Monsenhor não se cansou de repetir. Ao passar pelo México, o Prelado declarou que "os católicos que vive111 e111 Cuba são felizes dentro do regime socialista" (afirmação que desmentiria bem mais tarde). • Católicos mexicanos comparam Paulo V[ a Nixon, asseverando que ambos estão virando as costas aos anticomunistas leais. Assim como Nixoo abandonou Chiang

• O "Correio do Povo", de Porto Alegre, publica artigo do ex-deputado alemão Hermann M. Gõrgen, destinado a grande reperc ussão. O articulista dá um amplo quadro da situação interna da Igreja na Alemanha, após a destituição do Cardeal Mindsienty. Refere-se especialmente ao livro de Re i. nhard Raffalt, escrito em "estilo sóbrio, de primeira qualidade, for11ru/ando reses be,n fundame,uadas, testemunhos. de seu pro/1111do amor à. Igreja Cat6lica". Prossegue Hermano Gõrgen: "Devido à sua seriedade e serenidade, ao seu profundo respeito pelo tradição e ao Papado, a tese básica de Raf- . /alt ( .. . ] provocou e111 todos os países de língua ale,nã oce11t11ada vibração e surpresa. Pois R,t,/falr proclo111a nada mais e m1da menos: o Papa Paulo Vl é 1111> socialista". Quanto ao desmentido de Alessandrini ao livro, a que aludimos de início, diz Gõrgen que "ele perdeu-se por completo, quando surgiu, quase co11ro ilustração e prova, o caso Mi11dszenty, julgado pelos críticos a/e111ães, em rara unanimidade, como sir.-al co11·tunde11te da procedência do libelo acusador de Ralfalt". Gõrgeo refere-se a uma versão sobre o caso Mindszenty, segundo a qual Moos. Casaroli assegurara ao Cardeal que, saindo da embaixada norte-americana cm Budapest, ele conservaria o cargo de Arcebispo de Esztergom., Ao mesmo tempo, confiando em parecer médico que dava apenas seis meses

~AfOlLilCISMO MENS,lQIO

com :aprovaçifo t:c~.slástlca

CAMPos· -

EST. DO RIO

01ReTOR

José

CARLOS CASTILHO DE AN'DRADB

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Conclusão da pág. 6

30 dias em revista Cai-chec, cm favor de Mao Tsé-tung, o Papa abandona o Cardeal Mindszenty em favor de sua aproximação com os governos comunistas. Ao mesmo tempo, a imprensa internacional publica informações de que Mons. Casaroli iniciou seus contactos com os vermelhos já no pontificado de João xxru, em 1961, quando participava de congressos promovidos pela ONU na capital austríaca. • O Cardeal Koenig, Arcebispo de Viena, elogia a aproximação do Vaticano coro os governos comunistas e afirma que João XXIII "se111pre es1i11111lou os ca16licos a colaborare,n co,n lodos os ho111e11s, inclusive com aqueles que atlota111 ideologias diferentes".

• A TFP divulga declarnção expressando "as perplexidades, as angúslias, os tra111nas" de inumeráveis católicos ante a política de distensão do Vaticano com os governos comunistas. A partir das declarações de Moos. Casaroli sobre a situação dos católicos cubanos, a entidade aponta atitudes graves qu_e a diplomacia vaticana vem toman~o, e que causam verdadeiros traumas morais para "os que COll/inua111 a aceilar, em iodas as suas conseqiiências, a i11111tável doutrina social e econô,nica ensin"<Ula por Leão X/li, Pio XI e Pio XII". Externando sua "obediência irrestrita e · amorosa 11ão s6 à San/a Igreja co1110 ao Papa, em t0<los os termos preceituados pela doutrina católica", os católicos da TFP defendem seu direito de resistir à orientação diplomática da Santa Sé, como São Paulo resistiu, quando necessário, a São Pedro (Gál.2, ll) . A declaração tem sido alvo das mais fa. voráveis manifestações por parte de movimentos anticomunistas de todo o mundo. O documento está sendo publicado nos principais jornais da América do Sul, e também nos Estados Unidos. Ressaltando o espírito disciplinado com que a TFP tomou sua atitude de resistência, ao contrário do que se observa nos movimentos contestatários do chamado catolicismo progressista, Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da entidade, escreve, em artigo para a imprensa diária, que ".a co11st011cia de !Wssa inteira e amorosa •união co,n o Santo Padre Paulo VI, e111 ioda a ,neditla preceiluada pela t/011lri11a católica, é ponto capilal da matéria". • A imprensa dos Estados Unidos veicula notícias de que o governo de Budapest está procurando conseguir da Santa Sé o cancelamento do passaporte do Cardeal Mindszenty e a proibição da publicação de suas memórias. A este propósito, o Circulo Guadalupano Manuel Garibi Tortolero, entidade mexicana dedicada à investigação e propaganda da devoção a Nossa Senhora de Guadalupe, enviou carta a Paulo VI cm que lhe pede "co,n toda µ veemência", mas dentro do devido respeito e "lr<u/icional wnor dos mexicanos ao Papa", que de nenhum modo transforme o Vaticano em cárcere do heróico Cardeal nem o torne incomunicável, coarctando-lhe o direito de publicar seus escritos, "para que a Sé Pontifícia não se tran~iorme em prolongame,110 dos 1,,·,11ais siste111as carcerários e repre~·sivos do com11nis1no, 110 ,nwulo livre". Em nome dos membros do Círculo, seu diretor, Francisco Garibi Velasco, pede a Deus que ilumine e dê fortaleza a Sua Santidade. • O V<1ticano anuncia viagem do Cardeal Giuseppe Siri a Moscou e Leningrado para visitar igrejas e santuários russos . "Trata-se de uma viage111 exc/usivamenJe turíslica" - afirmou uri1 porta-voz da Cúria de Gênova, sede arquiepiscopal do Cardeal Siri. Alcssandrioi, em Roma, desmentiu a versão de que a viage m teria como objetivo preparar visita do Papa à Rússia soviética.

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• Os jornais brasileiros noticiam que, em fevereiro, vários Prelados húngaros prestaram juramento de lealdade à constituição

comunista do país, perante Pál Losoncai, presidente do Conselho Presidencial. Entre os Prelados encontrava-se Moos. Lázló Lékai, Administrador Apostólico de Esztecgom, que substitui pro visoriamente o Cardeal Mindszenty. • Em nome de seus colegas, Mons. Józscf Bánk, Bispo de Vác, disse, cm se u discurso: "Sabe111os, por outro lado e pOr experiência, que o cidadão fiel à pr6vria re• ligüio não é i11imigo do novo sis1e11ra social". • Paulo VI, ao receber o novo Embaixador do Chile perante a Santa Sé, Sr. Hcctor Riesle, augurou para o povo andino "uma fraternidade que ( ... ] ei.volva o restabelecimento de 1111u1 au1ê111ica e reciproca co,npreensão através de uma reconciliação efetiva e sinceif('. Comentando o discurso em artigo estampado na imprensa diária, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nàcional da TFP, observou que "desde que haja ca/6/icos de un, lado e comu11istas de outro, estes 1ílli111os i11iporão necessaria111ente uma luta. E essa l111a os católicos a terão que aceitar co,n desiemor, ent qualquer ca111po e,,, que seja,n agredidos". O articulista acrescenta q ue as palavras do Santo Padre indicam aos católicos chilenos u-ma meta e um estilo de ação que os desmobilizam psicologicam~nte ante um adversário implacável, .o qual de nenhum modo se desmobiliza. Disse ainda que esse discurso não terá efeito somente no Chile, mas cm toda parte onde for divulgado.

Maio • Em Nova York, o Cardeal Mindszenty trata dos últimos preparativos para o lançamento de sua autobiografia. Segundo informou o Purpurado, o Vaticano não fez objeções à publicação. • Mais um artigo de Plínio Corrêa de Oliveira sobre a necessária resistência dos católicos à política de distensão do Vaticano com os governos comunistas. Desta vez, o autor aplaude as declarações do Cardeal Yu Pin, Arcebispo de Nanquim, exilado cm Formosa, onde exerce as funções de Reitor da Universidade Católica de Taipé. A propósito da i,ossibilidade de uma aproximação entre o Vaticano e o governo de Pequim, Sua Eminência declarou: "Pe1<~ so que é ilusória a esperança de que um diálogo co11, Pequin1 ajudaria os cris1ãos do continente [chinês)". E mais adiante: "O Vaticano nada . está obtendo. para os cristãos da Eurova Orie,llal". Como um verdadeiro varão apostólico, o Cardeal chinês dá esta lição de fé: "Há wna Igreja sub1errâr.-ea 11a China. A Igreja 11a Chi11a sobreviverá, co1110 os primeiros cristã.os sobrevivera,11 11as ca1ac11mbas. E isso poderia significar 1111, verdadeiro renascirnento cristão para os chineses". Em seu artigo, o Presidente do Conselho Nacional da TFP mostra o quanto há de empolgante nesta frase do Cardeal Yu Pin: "l3u orga11iu1ria 1111, verdadeiro exército, se pudesse, para proteger a Igreja". • Depois de mais de uin ,mês da publicação da declaração de resistência da TFP à política do Vaticano com os regimes comunistas, Federico Alessandrini nega em Roma que Moos. Casaroli tenha asseverado que os católicos cubanos "vivem felizes sob o regfo1e socialisla". Esta afirmação do Prelado romano era citada no documento da TFP, que a colheu em amplo noticiário da imprensa -mundial. No desmentido, Alessandrini insinua que foi a TFP quem atribuiu ao Kissinger do Vaticano aquelas declarações. Além disso, Alessandrini não desmentiu ou tentou refutar qualquer palavra do resto do manifesto, o qual é uma seqüência robusta de argumentos que nada perderia se não citasse as palavras do Prelado. Em nota distribuída à imprensa, a TFP mostra como o desmentido de Mons. Casaroli dá novo fundamento ao seu manifesto.

Aos olhos da opinião pública, Israel aparece como inimigo da Rússia, apesar de ter sido sempre gover nado pelo partido socialista de Golda Meir na foto, ao lado de Mintoff, Brandt e Wilson, por ocasião da r eunião da Internacional Socialista em novembro do ano passaao, em Londres.

O comunismo precisa do Estado de Israel· para influir no Oriente

E

M RECENTES declarações à revista norte-americana "Time", a Sra. Oolda

Meir afirmou que "alg11ém que fosse

dnico poderia tlizer que a R,íssia precisa de Israel porque isso é' o único ,neio <le ela transformar péssoas como o Rei FÓiçal em ntarxistas".

Os fatos estão aí a demonstrar o acerto da observação da estadista israelense. A peneiração comunista no Oriente Médio, região vital para o equilíbrio econômico da .Europa, do Japão e do mundo antic-omunista em geral_. s6 tem sido possível através de uma guerra ina-

cabável entre árabes e judeus, iniciada no

dia em que se instalou o Estado de Israel. Apenas, a Sra. Golda Meir deixou de explicar porque qualificou de cínico o seu pensamento, tão claro como a água mais cristalina. Na verdade, a guerra árabe-israelense dá muito o que pensar. Por exemplo: a Sra. Meir - tão perspicaz na sua análise - não explica, com a clareza que seria de- desejar, qual o papel desempenhado por Tel Aviv cm toda essa trama. Nem esclarece as razões mais profundas pelas quais um Estado socialista, como o seu, aparece, diante da opinião pública mundial, e da opinião árabe- em par_ticular, como inimigo figadal da flÓlria-mãe do socialismo internacional. Mas, nas suas ponderadas dec1arações, a ex..Premie r torna um pou .. co mais transparente o biombo que encobre a trama política internacional: "Não creio que a União Soviética nos queira d estruir. Mas, a fim de aumentar sua in/luên.. eia na região e para satisfazer seus pr6prios in1e,-esses, os russos estão preparados para dar aos árabes qualquer coisa que eles vcçam para nos destÍ-uir".

diz ela -

Um nó a ser desatado Desde os tempos de Lenine, os olhos da União Soviêtica estivcran1 voltados avidamente para o Oriente Médio, cujas reservas de petróleo e posição estratégica constituem uma chave para o expansionismo mi.litar-ideológico russo. Entretanto, todos os esforços do Cremlin redundaram, no princípio, em frutos ma-

gérrimos de expansão ideológica e influência pol!rica. Os povos muçulmanos demonstravam um apego às suas tradições bem maior do que calcularam os estrategistas soviéticos. Após a Segunda Guerra Mundial, uma nova oportunidade surgiu. Os movimentos nacionalistas árabes voltavam..se contra a insta-

lação do Estado de Israel entre êles, por imposição da ONU. Alguns desses movimentos, então, penderam para a esquerda. chegando vários de seus Jíderes, por meio de golpes de Estado, a assumir o poder cm seus países. Os coronéis que levaram Nasser à ditadura no Egito constituíram o mais característico desses movimentos. Os comunistas aproveitaram-se habilmente da situação. Ocupando o grande vazio de influência deixado na região pelas nações européias e pelos Estados Unidos, eles foram ali penetrando pelos meios mais diversos, desde a assistência na construção da represa de Assuã até o assessoramento militar e o grosso fornecimemo de armas para a luta contra Israel, o qual, apesar de tudo, ia estabelecen-

do as ·bases de seu Estado socialista, bem mais próximo, ideologicamente, da Rússia soviét.íca, do que os novos amigos árabes desta. Mas, assin1 como a Escritura chama os judeus de povo de "dura cervit", que resistia

ante os caminhos que lhe apontavam os Profetas, também hoje seus primos árabes constituem para Moscou um nó difícil de ser desatado. Eles aceitaram os líderes socialistas apenas enquanto representavam ,una reação nacionalista contra Israel. Enquanto ideologia, o marxismo vem fracassando entre os povos

do Oriente Médio. Foi crescendo, assim, para os estrategistas da foice e do martelo, a importância da inacabável guerra árabe contra Israel. A Rússia passou a exercer um verdadeiro protetorado sobre as nações árabes, 11ecessitadas das ar• mas soviéticas como de seu quibe de cada dia. O ,ponto culminante dessa influência foi atingido no período imediato à guerra do Yom Kipur, cm outubro passado, quando Moscou conseguiu de um dos líderes árabes mais avessos à penetração comunista, o Rei Faiçal, da Arábia Saudita, que se ·transformasse cm rna~ionete à sua disposição, para dar à Rússia um trunfo de que não dispunha até então: o corte· no fornecimento de petróleo e a elevação astronômica de seu preço.

Os tentáculos se estendem Nesse quarto de século de guerra intern1itcnte, os tentáculos de Moscou se estenderam longamente pelos desertos .e pelas altas cordilheiras, em direção ao Golfo Pérsico e ao Mar Vermelho. Estão presentes no Iraque. Chegam até a longínqua Somália, da qual, com apoio do Iemen do Sul e do Omã, onde também exercem sua influência, os russos vigiam o Bab-el-Mandeb e estabelecem sua ponte pa"' a África. ·A proclamação da república no Afganistão abriu-lhes caminho no pais, rum9 à {ndia. . Tudo isso lhes tem rendido a guerra árabe-israelense, além do comando e treinamento dos grupos terroristas palestinos, que surpreendem a todos com ações espetaculares nos mais inesperados cantos do mundo. Por isso essa guerra tem que ser mantida indefinidamente. Ainda agora, quando o Egito se reaproximou dos Estados Unidos e mantém trégua com Israel, Moscou transformou a Síria no necessário ponto de atrito com os judeus. Mas a sua ajuda aos árabes é cuidadosamen'te dqsada. Estes não podem destruir Israel. Se o Estado judeu desaparecesse, a influência comunista entre os árabes decairia, porque até

agora o nó não foi desatado: os árabes não engolir-am a pílula 111arxista e, acabada a guerra, não teriam. ,mais interesse na tutela milr·1ar

soviética. Seus próprios líderes socialistas cairiam, um por um, como frutas apodrecidas na árvore.

Eis porque a guerra deve ser interminável. E eis porque, se depender da Rússia, não haverá a destruição de Israel. Esta a razão da confiança expressada pela camarada Golda. A dúvida que fica é sobre a razão pela quàl ela chamou de cínico um pcnsamen'to tão lógico .. .

H. B. 7


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MONS. CASAROLI DEU NOVO FUNDAMENTO À DECLARAÇÃO DA TFP Paulo nó dia 10 de abril, e depois, sucessivamente, na Argentina , no Uru. guai e demais nações sul-americanas. Dada a impressão inexata que as asserções do Sr. Alessandrini podem causar no público, vcmo· nos na contingência de divulgar desde logo, sobre a matéria, algumas considerações. Para tanto, tomamos como base o

resumo da entrevista do ,porta-vo1. do Vaticano publicado sexta-feira em matutinos de São Paulo e da Guanabara. Entrementes, telegrafamos ao Sr. A lessandrini, pedindo que nos envie o texto integral de suas afirmações. Recebido este, voltaremos eventualmente ao assunto.

Mons. Agostinho Casaroli O DESMENTIDO de Mons. Agoslinho Casaroli, a prop6silo de suas declanlções do que "os calólicos e em geral o povo cubano síio f elizes sob o regime socialista», dá novo funda.. menlo ao documento em que a TFP define seu ~tado de resistência em face da política de aproximação com os regimes comunistas, _desenvolvida pela Sanla Sé. Foi o que declarou a entidade em comunicado distribuído à ímprensa no dia 18 de maio. Els a inlegra do comunicado da TFP: "O Sr. F. Alessandrini, porta-voz do Vaticano, em entrevista à impr<m· sa internacional, pôs expressamente em causa a Declaração A política de dlsteMão do Vaticano com os governos comunls1as / Para a TFP: omi· tir-se? ou resistir?, publicada em São

E m síntese, nossa Declaração de 10 de abril manifesta respeitoso mas profundo desacordo em relaç~o à política de aproximação do Vaticano com os regimes comunistas, e afirma o propósito que nos move, de resistir a essa política, no espírito com que São Paulo resistiu a São Pedro. A fim de documentar e caracteri1.ar tal política, nossa Declaração mencionou vários falos da· mais alta importância, que não é possível deixar de atribuir à augusta Pessoa do Pontífice, e além destes uma entrevista de imprensa de Mons Casaroli so·

bre sua visita a Cuba. De toda essa massa de fatos, Mons. Casaroli só desmentiu duas das afirmações que (e1, relativamente a Cuba. Como se vê, em matéria de desmentido dificilmente poderia ser menos. Além disto, o próprio desmentido de S. Excia. dá novo fundamento à Declaração das TFPs.

Com efeito, S. Excia. negou· haver dito que "os catól.icos e em geral o povo cubano são felizes sob o regime socialista". Quando todo o mundo sabe que eles lá são infelizes, atrozmente infelizes, o alto dignitário vaticano, em lugar de protestar contra essa situação, parece comprazer-se em afir. mar aos olhos do mundo que absolutamente não a denunciou. Por que? Obviamente para não desagradar a Castro, embora com isto deixe entre· gues à sua -s orte as desditosas ovelhas do Bom Pastor. Ainda asseverou S. Excia. não ter dito que "os católicos e cm geral o povo cubano não têm nenhum problema com o governo socialista". Ora, o normal era que S. Excia., ao sair da

Ilha concentracionária, protestasse aos olhos do mundo pelo fato de que os católicos estão, ali. crivados de problemas. Por que deixá-los assim desassistidos de um protesto que Pio XII, por exemplo, fa ria tão patético e vigoroso?

Sempre a mesma razão: confiança em que, à força do silêncio, resigna· ção e recuo dos católicos, os dirigentes comunistas - bons no fundo do coraçfio -

amoleçam.

Dessa confiança não participamos. Nessa bondade não cremos. A polí-

tica da confiança no comunismo nos parece pôr todos os trunfos nas mãos deste, com sumo risco para a Igreja e a Cristandade. B o que, por ora, a TFP tem a dizer ao público. Fá-lo com profunda tristeza, renovando a expressão de seu mais entranhado respeito e amor ao

Papa e a Santa Sé".

A TFP DESFAZ CONFUSAO A RESPEITO DO URUGUAI A PROPÓSITO DE acontecimen· mente desconhecido da TFP uruguaia, "t os que envolveram sua congênere não tiyesse tomado a iniciativa de uruguaia, a Sociedade Brasileira de agredir de modo violento um dos solDefesa da Tmdição, Fam.llia e Pro- dados. prledade divulgou em São Paulo, no · Esta ação censurável provocou a dia 8 de maio, o seguínte comunica- reação de outros militares que por do de imprensa: coincidência se encontravam no local, dentro de uma viatura oficial. "Mais de uma emissora desta CaAssim, os militantes que se enconpital publicou informação segundo a travam em campanha foram levados qual militantes da TFP uruguaia, cm à polícia para prestar esclarecimentos, campanha de difusão, cm Montevi- e mais tarde liberados. Não consta deo, de sua revista "Lepanto", teriam que o agressor anônimo tenha sido provocado um incidente, cm conse· detido. qüência do qual o governo suspendeO exame médico oficial do soldado ra as manifestações públicas daquela agredido não revelou qualquer ferisociedade. Estamos cm condições de mento. informar com precisão, qual a reali· No dia seguinte, a Presidência da dade dos fatos ocorridos. República difundiu uma resolução, Estavam os militantes uruguaíos fa. suspendendo as manifestações públi1,endo a campanha com as caracterís- cas da TFP uruguaia, sob a alegação ticas de cortesia e respeito à ordem, de que a matéria contida na revista próprios à entidade, quando deles s~ linha caráter extremista. aproximaram alguns soldados que, A esle respeito, as dignas autoridacm termos injuriosos, se referiram .à des do país amigo se equivocaram, e SUDTFP. Os militantes responderam disto facilmente pode dar-se conta o de maneira pacífica, tentando dar público brasileiro. Pois a matéria de explicações. "Lcpanto'' é exatamente a mesma O episódio não teria tido a menor contida no n. 0 274/276 de "Catolisignificação se um anônimo, inteira· cismo", prestigioso mensário de cul-

lura católica, editado em nosso País, sob a égide do insigne Bispo de Campos, D. Antonio de Castro Mayer. Esse jornal acaba de ter larga divulgação em vários Estados de nosso País, atravé,; de sócios e militantes da TFP brasileira, sem dar azo a qualquer incidente, nem ser tachado de extremista. E não poderia sê-lo. Pois contém apenas uma reportagem serena e objetiva sobre o malogro político e econômico dÔ regime· marx~sta nó Chile. A TFP uruguaia, ainda segundo estamos informados, confia em que oportunos esclarecimentos levarão o Governo a anular a medida da qual os únicos beneficiários reais ~ão os elementos esquerdistas, especialmente os chamados esquerdistas católicos. · A TFP brasileira se apressa em comunicar ao público a realidade dos fatos, prevenindo as distorções e o estrondo publicitário de inspiração esquerdista que habitualmente se seguem entre nós, quando notícias destas são apresentadas ao público sem os pormenores que lhes dão a verdadeira fisionomia".

O P rof. Plínío Corrêa de Oliv eira e o Prof. Fernando Furquim de Almeida recebem os operários na sede do Conselho N acional da TFP, em São Paulo, ao término da Semana de Estudos .

Formacão para operários em São Paulo e Belo Horizonte ~

'"A FALSIDADE DA doutrina comunista a respeito do operariado" foi um dos temas da Semana de Estudos para Operários, que a TFP promoveu em São Paulo e Belo Horizonte, nos dias 11 a 14 de abril p.p. As conferências e círculos de estudos foram realit.ados nas sedes da entidade, versando sobre aspectos da doutrina e da ação anticomunistas, considerados à luz dos princípios cristãos. Na capital paulista, os participantes do certame foram recebidos na sede do Conselho Nacional da TFP, à Rua Maranhão, n.0 341, pelos Srs. Plinio Corrêa de Oliveira e Fernando Furquim de Almeida, res· pcctivamente Presidente e Vice-Presidente do mesmo Conselho.

N. SENHORA DE FATIMA NA ÍNDIA E EM BANGLADESH DIVERSOS BISPOS da Jndia e de Bangladesh estão incentivando a devoção a Nossa Senhora de Fátima, segundo informação da revista católica "Rally", de Singapura. Esses ·Prelados têm intenção de consagrar suas Dioceses ao Coração de Maria, após uma preparação nas paróquias, escolas e demais setores; cm seguida, consagrar, em ato solcoe, os dois países ao Coração Imaculado. Vai também ser realizada uma pe-

regrinação de uma imagem de Nossa Senhora de Fátima desde Bangladesh até Goa, a antiga provlncia portuguesa na fndia, forte reduto católico, e onde repousa há quatrocentos anos ,o corpo incorrupto de São F rancisco Xavier. Este apostolado tornou•se especialmente necessário em virtude da investida ideológica russa contra o subcontinente indiano. (ABlM Agência Boa Imprensa) .

CRESCE NA POLÔNIA A ''FOME DE DEUS'' AS AUTORIDADES comunistas da Polônia mostram-se cada vez mais impotentes para conter a chamada "fome de Deus", que cresce na alma daquele nobre povo sofredor e escravizado. No ano de 1972, 95% dos alunos das escolas primárias e superiores do país apresentaram-se para receber ensino religioso católico.

Calcula-se também que quase dos alunos . participam dos cursos de catecismo, prepar,alórios para a primeira comunhão. Eis uma significativa manifestação da fraquet.a do comunismo: ele impôs seu domínio pela fo rça, .em di, versos pa1ses1 •mas nao conquistou as almas nem as mentes. (ABIM Agência Boa Imprensa). 100%

.

Virtudes esquecidas

CASTIGAR O CRIME TAMBÉM PARA ESCARMENTO DOS MAUS De uma carta a Bruno II, Arcebispo de Colônia:

E

MBOR.A HAJ.A DUAS razões poderosas que vos movam a castigar eise horrível crime que se cometeu, quais sejanr, a obrigaçií<> que vos impõe vosso cargo e a autoridade apost6/ica que vos nranda; não obstante, não creio que seja. intllil, dada a, importância do neg6cio de que aqui se trata, que a ela,s se acrescente a recomendação de um aniigo. Pois bem, o aviso que vos desejo dar, como o daria a um amigo e a wn pai, é que o castigo que se irnponlra ao culpado, seja imposto com o :r.el<> e a diligênct'a que a c<>isa exige; de forma que 11ã<> s6 fique castigado o presente crime, .renão que também sirva de escarmento aos maus, de sorte que não ousem. jamais cometer outro semelhante. ["Obras Completas dei Doctor Meliíluo, San Bernardo, Abad de Claraval", trad. do Pe. Jaime Pons, S. J . - Ed. Rafael Casulleras, Barcelona, 1929 - vol. V, "Epistolario", p. 62, carta X].

SÃO BERNARDO


1 •

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''A Rússia promoverá guerras ,,. • e perseguições a Igreja; varias naçoes serão aniquiladas'' '-

Quando esu, folha estiver circuú,ndo, o Presidente RichCtrd Nixo1i já terá regressad-0 de sua segunda viagem " Moscori e os result<,dos dela 'já serão conhecidos. Trarão gflrantü,s de 1x1z? l'oucos acredita,n nisso: após a pri,neira ida do Presülente n.orte.{unericano à Chinfl. e à R1íssi<1, e11i 1971 e 1972, estourou a guerrci entre árllbes e judeus, que quase arr<1stou co,isigo Cts srtperpotê1icias e levo1.i o 11ut1ido à conflagração total. "Non est pax i11ipiis" - Não há paz para os í11ipios, diz o Senhor (ls. 48, 22; 57, 21). Os ho,nens se,n fé, enquanto f ala11i de paz, corre,n às "r,nas. Enquanto põe11i s1u1s esperanças nos 11ieios lui11u1nos, afasu11n-se de Deus e de s,io Lei e se aproxi11uon cada vez ,nais do terrível castigo J>redito peút Jlirgeni eni sua aparição de julho de 1917 na Cova d"' Iria (ve r páginas 4, e 5).

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Nflda 111.ais O/>ortuno do que le,nbrar essa parte da 11iensflge11i de Fáti11u1. Conced<i-,ws a Senhor,, - cuja l11u1ge11i l'eregri,u, verteu lágri,nas em Nova Orlea,is - o qru11zto antes a JJ<tz <1ue Elct ta1nbé1n onunciou, e <11.ie virá pela clerrou, f i1u1l do co11uinis1no e pelo triunio de se,i l,n"c ulado Coração.

A foto cio lado

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4, e

5 são ele Fern11ndo Frtrqui,n de Alrnei,ú, 1''ilho, tirfld<1s fJOr ocosião d<, visiU1 dr, l11u1ge1n Peregrinr, i't sede do Conselho Nacio,u,l da 'fFP, e,n São P,11do, e ,n 11u1io do ano passado. Nest,e ,nês a. Diocese ,I.e Ca111.pos terá fl venturfl ,1.e flcolher no11"1ne11te Jlirge,n 1nil<Lgros".

,1

N.º

2 8 3

JULHO

DE

1 9 7 4

ANO

X XI V Cr$ 3,00


P l inio Corrêa de Oli veira

''A Ostpolitik do Vaticano favorece Moscou'' ,

TOMADA DE ATITUDE da TFP cm face da política de aproximação do Vaticano com os governos dos países comunistas vai despertando manifestaçoes de solidariedade muito mais numerosas do que eu imaginara. E isto é intciramente explicável, sendo nosso povo ao mesmo tempo profundamente católico e radicalmente anticomunista.

Entretanto,ao lado do inteiramente explicável existe Ó paradoxal. E este consiste em que, sendo tantos os que nos aplaudem, sejam tão poucos os que levantam a voz, de público, para fazer coro conosco. Não entro na análise das causas desse paradoxo. Ele existe, e é preciso tomá-lo cm linha de conta. O resultado da reação normal, como da paradoxal, tem sido sentir-me eu obrigado a voltar sempre ao assunto. De um lado, porque a isto me convida o eco que encontro; de outro, e principalmente, porque sou quase só eu a falar. E assim, eis-me de novo nesta Resistência que, con1 tanta dor de coração, devo levar avante.

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governa cujos represe11ta111es na Confert11cia de Seg11ra11ça e Colaboraçüo, em H e/si11ki, criticaram severan,ente, a mando do bloco co1111111ista, a exigência dos países ocide11tai1 para liberdade de expressão, de i11formação e humana. Se esse docu111e11to ai11da diz que ambos os lados afirmam "seu vivo interesse na questão da co11solidação do processo de distensão 110 nuu,do" e exprin,em o desejo "de que esse processo assu,na un,. caráter real,nente universal", isto significa tomar para-si uma /i11guagen1 com " qual se expressam o conteúdo e ,netas especificas <la politica co1111111ista. Tal fato se torna ainda ,nais claro na parte do comunicado en, que o lado polonês qualifica de inestimáveis os esforços da Santa Sé, "os quais são impregnados de boa vontade para estimular a coexistência pacífica das nações e a justiça 11as relações inter11acio11ais". Em vão se procuraria em todo o docume11to a citação de principias tão fundamentais como os da liberdade e dos direitos humanos. em vista de tais ma11ifestações, como do acontecido 110 "caso" Mindszenty, da 11011,eação . de Bispos 11a Tchecoslováquia e dos boatos surgidos sobre as negociações para a instalação de uma N 1111ciat11ra e11i Berlim Oriental, surge o receio de que o V atica110 ainda espere certas distensões para a Igreja 110s países orientais, aceitando em troca as concepções soviéticas d e normalização das relações 11a Europa e 11üo acentuando suficientemente posições 111orais e religiosas às quais não se pode re1111nciar. Bem entendido, não se trata aqui, para 116s, de conde11ar negociações e tratados con10 tais. Mas é preciso que [ .. . 1 eviten1 toda aparência de que a Igreja Se acomode co,n 111n sistema que, antes como depois, s6 conhece falta de liberdade, exploração e opressão, e que vê o combate à religião como uma tarefa primordial".

Hoje ofereço ao leitor um depoimento de primeira importância sobre o tema. Transcrevo tópicos de artigo sobre a "Ostpolitik." do Vaticano, da autoria de um insigne católico alemã9. Trata-se do Dr. Bcrnhard Vogcl, Presidente do Comité Central dos Católicos da Alemanha e Ministro da Cultura do Estado da Renânia-Palatinado ("Berliner Morgenpost", 28 de abril p.p.). O artigo tem por título "A Ostpolitik do Vaticano favorece Moscou". Passo a palavra ao Dr. Vogel:

Casaroli: ''incorporação no contexto''

"O fato não pode ser mais ignorado: a Ostpolitik" do Vaticano entrou 110 fogo cruuulo da critica. Cada vez 111ais claro se tor11a aos olhos do conhecedor do assunto, que ela 11ão traz " melhor(/ d" situação d(I lgrej" 110s Est,ulos co1n1111ista.t, mas reforça a vosição de Moscou 110 jogo pela E11ro11a. Muito elucidativo, 11esse contexto, é o co1111111icado geral sobre a visita de Casaroli à Polônia. Nele se afirma que a delegação da Sa11ta Sé expressou llO governo polonês SU(I alta consideração pela "contribuição co11str11tiva para a 11on11alizaçüo das relllções na E11ro11a e a paz 110 1111111do". fato é nwis do que 11111 lugar comum da linguage,n diplomática. B p1vtciso ter presente que esse aplauso foi dado a 11111

A SRA. EUGENIA Gu7.Jnán, cubana inteligente e dinâmica que reside em Miami, teve a gentilc7A'I de me enviar um xerox da folha dominical "Vida Cristiana" ( 18 de maio p.p.), única publicação católica autorizada em Cuba. O órgão inicia a divulgação de uma mensagem de Sua Santidade o Papa Paulo VI ao Episcopado Cubano. Dela destaco o seguinte tópico: "Ao considerar con1 aquela "espera11ça que 11üo ficará co11f1111dida" (Rom. 5, 5) o curso de vossa vida eclesial, q11eremos 111a11ifcstarvos Nossa complacência pelo fato ,le que, en,

meio às profundas mudanças ocorridas en1 vossa sociedade, vos empenhais par imprimir 11111 impulso de renovação cristã 110 seio de vossas comw1idades, favorecendo o florescimento das vocações à vida consagrada, e uma maior coordenação do traba/110 apost6lico mediante u,na melhor conjugação das diversas forças: sacerdotais, religiosas e leigas. Alegran10-11os por isso, e vos exortamos a perseverar 110 bom caminho empreendido, cuja meta é a edificação de uma lgreia n1ad11ra, com um aprofundamento pessoal da fé dos cristãos que os c"pacíte para superar todos os obstáculos e i,npregnar de caridade sua vida e atividade". Este tópico dá o to1111s da parte até aqui publicada do documento pontifício. Não me admira que, com tal to1111s, a mensagem tenha sido divulgada na íntegra, apesar da severíssima censura exercida por Fidel Castro. Pois em nada, absolutamente nada, perturba o tranquilo domínio da ditadura policialesca e igualitária sobre a Ilha. Com efeito, lido o texto com toda a atenção, verifica-se que ele contém implicitamente um convite à colaboração dos católicos com o regime comunista. O Santo Padre os aconselha a atuar na Cuba de Fidel e expressa esperanças indefinidas quanto ao resultado dessa atuação. E le fala absolutamente como se a terrível opressão do regime comunista não existisse. E, pelo próprio fato de abstrair da presença do adversário no campo em que os católicos devem atuar, desestimula-os para a luta.

** • O que o Sumo Pontífice apenas insinuou aliás com tanta arte e tão de leve - Mons. Casaroli se encarregou de dizer de modo incisivo. No mesmo número de "Vida Cristiana" lê-se uma homilia pronunciada pelo Prelado na Catedral de Havana a 4 de abril. Nesta elogia a Igreja de Cuba por estar "vita/mente incorporada 110 atual contexto social cubano", ou seja, no regime comunista. E, ainda mais, por atuar ''não co,110 e/e111e11to de divisões dgninhas, 111as como benéfico fer11rento de fraternidade". lslo é, por não lutar contra o comunismo. - Não pesa então um terrível jugo sobre os católicos cubanos? De modo atenuado, Mons. Casaroli o reconhece quando diz que a lgreja de Cuba "carece de vários dos meios de apostolado que outras Igrejas possuc111". Mas ele os induz a se acomodarem, ao afirmar que a Igreja de Cuba "11iío busca 11ra11ifestações de triunfo, mas quer a1>rÓ/,mdar as raizes de sua fé". Aceitem pois o jugo, que ainda assim tudo correrá bem. Os católicos que se "incorporem" comodament~ ao contexto social comunista, limitandose a "aprof1111dar as raíze~· de sua fé" em algum obscuro canlo de igreja ou de sacristia. - Será tudo isto mentira de "Vida Cristiana" pressiooada pelo ditador? Se assim é, fi. camos à espera de que o Sr. Federico Alessandrini desminta, cm nome do Prelado, mais estas assertivas ...


o

povo alemão repudia

a ''Ostpolitik'' e o socialismo

H

Á MAIS DE dois meses da· ren(mcia

de Willy Brandt, começam a ficar mais claros os motivos que levaram o

ex-Chanceler a abandonar seu posto, de maneira insólita, deixando perplexos muitos de seus admiradores na Europa e no resto do mundo.

Na dcasião da ren(mcia, o ºFrankfurter

Allgemcine Zeilung" comentou que aquela era a primeira vez que um Chanceler alemão, de

posse de todo o poder e da maioria parlamentar, abandonava a luta, ,:enunciava e até mes-

mo fugia do posto. Em Londres os socialistas e trabalhistas cxpre.~aram sua surpresa e preocupação dian·

te da notícia . Em Bruxelas, circulou entre os Ministros das Relações Exteriores dos paíse.! do Mercado Comum o comentário de que ninguém esperava aquele gesto do Chanceler. O chefe do gabinete holandês, Joop Oen Yiul, achou que a renúncia era "c,m golpe rude para a Alemanha, para ,, Europa e parll

balhar para a Alemanha Oriental dentro do próprio gabinete do Chanceler ocidental, não como o motivo principal de seu espetacular afastamento, mas como a ocasião qi1e surgira para ele desvencilhar-se de uma posição insustentável. Na França, chegou-se a pensar que Guillaummc se deixara prender, por con-

o movimc11ro socialista".

veniência de seus superiores. Na verdade, a descoberta do agente comu-

Em Tóquio, Tanaka verteu suas lágrimas sobre o destino dos estadistas europeus que pa1rocinavam a convergência com os países comunistas: Hcath caíra, Pompidou morrera. Brandt acabava de renunciar. Não poucos comentaristas apontaram o

caso do espião Guillaumme, descoberto a tra-

nista, que agia na intimidade do Chanceler, parecia mui10 suspeita, uma vez que Brandt declarara que há wn ano sabia que um de seus

assessores era espião. A própria agência soviética Tass foi obrigada a reconhecer que havia, na Alemanha Ocióental, uma ofensiva dos partidos contra a política de aproximação com o Leste, in iciada pelo Chanceler, que teve como resultado uma crise no governo e a renúncia de Brandi.

Outras fontes actescentavam que o próprio partido deste se achava seriamente cindido. O povo vinha 1ejcitando a política de aproximação com os países comunistas e as n,,c..

didas demagógicas do socialismo de Brandt. Esta rejeição vinha custando, ao Partido Social Democrático, sucessivas derrotas nas eleições esl'aduais. Em poucos meses, os pa rtidários do governo sofreram perdas substanciais cm Hamburgo, na Renânia-Palatinado e no Schleswig-Holstein. A opinião pública mostrava-se hostil à política de distensão do Vaticano com os pa,ses comunistas, desde a deposição do Catdeal Mindsz.enty da .sede de Esztcrgom. O Presidente do Comité Central dos Católicos da Alemanha e Mioistto da Cuhura do Estado da Renânia-Palatinado, Dr. Bernhard Vogel, cm artigo no "Berliner Morgenpostº, afirmara: "A "Ostpolitik." do Va ticano favorece Mosc<>11". Como a autodemolição da Igreja está intimamente ligada à aulodemolição do Estado, era natural que, na _Alemanha de, Brandt, a

discussão sobre a !()Olítica de Paulo VI e Moos. Casaroli repercutisse sobre o prestígio do Chanceler. Para completar o quadro, os empresários iniciaram uma campanha contra dois projetos de co-gcstão nas empresas, que ''abririam cdminho para que os sindicatos asswnissem o controle da economia, do sociedade e, Jinolme111e, do Estado''.

Willy Brandt percebeu que sua posição era insustentável. Tratou de manobrar uma retirada lática, que permitisse a permanência do socialismo no governo. O caso do espião Guil-

gucrrn, <: ter recebido então urna alta condecoração.

O recurso foi perfeitamente lógicó, dentro da manobra destinada a salvar o partido. O próprio Brandt fez a indicação de Schmidt, como candidato à sua sucessão. Mas o novo Chanceler não pôde prometer uma providência que o povo alemão esperava: o fim da política de aproximaç.'ío com os comunistas. Declarou que se ocuparia mais com as questões internas e que deixaria a Ostp<>litik evo-

luir naturalmente. E assim confirmava o que muitos pressentiam: a manobra fora puramente ilusória, para acalmar a opinião pública. Enlrclanlo, o povo alemão parece decidido a cortar o passo à polílka de concessões ao comunismo. As eleições csrnduais na Baixa Saxônia, já realizadas depois da posse de Schmidt, deram vantagem de apenas uma cadeira à coligação governamental e a oposição democrata-cristã conseguiu 48,9% dos votos, potcentagem jamais alcançada .por qualquer partido naquele Estado. Uma pesquisa recente do "Oie Welt", de Bonn, levada a efeito entre os movimentos es-

tudantis do ,país, concluiu que a juventude alemã esl'ã abandonando o socialismo. O número de filiados do setor juvenil da UDC passou, nos últimos dois anos - os anos da Oslpolitik - de 120 mil para 180 mil.

Mais significativa ainda é a fundação de um novo panido, de tendência conservadora, nos meios estudantis. A agremiação está crescendo rapidamente e já conta com mais de 20 mil membros inscritos, editando um jornal com tiragem de 150 mil exemplares. A busca da Democracia-Cristã tem sido o caminho natural dos alemães 1radicionalis1as e anti-socialistas, desde os tempos de Adenauer. Infelizmente, seus líderes não têm demonstrado a combatividade de que o velho Chanceler se tornou símbolo. Apesar de tudo - inclusive algumas traições nas cúpulas a tendência dos movimentos de juventude, muito importantes na Alemanha, e as suces-

sivas derrotas do socialismo nas eleições mostram que o povo alemão está decidido a não permitir o prosseguimento da Ostpo/itik entrcguisla dos últimos governos da República Federal.

Bonaa teri. ,nes quita

laummc, cm si mesmo escandaloso, apresentou-

se como ocasião excelente. O Chanceler renunciou e assumiu pessoalmente a responsabilidade pelo ocorrido. O gesto teatral permitia ao Partido Social Democrático conlinuar no governo, sem arris..

car-se 1i convocação de eleições gerais. A escolha do novo Chanceler, Helmut Schmidl, foi apontada como um passo à direita. Sua biografia foi comparada com a de Willy Brandt, ressaltando-se o fato de Schmidt ter sido :Capitão da '"Wermacht,. durante a

ENQUANTO O NADA ecumênico Rei Faiçal promete não morrer sem antes ir rezar em Jerusalém livre do dominio israelense, Fcderico Alessandrini, diretor da sala de imprensa do Vaticano, declara que a Santa Sé não faz objeção à construção de uma mesquita em Roma. Para tanto, a Prefeitura da Cidade Eterna CONC LUI N.4. l'Á<ill'fA

6

Homero Barradas

Os Generais Costa Gomes. Spínola e Diogo N eto. Estariam confabulando sobre as origens do dinheiro que sustenta a guerrilha?

QUEM FINANCIA AS GUERRILHAS AFRICANAS

D

UAS REVELAÇÕES recentes mostram com clareza quem sustenta os movi-

meutos rle libertação das província$ portuguesas da Africa. Conforme noticia o "Jornal do Brasil", de 9 de maio, Elias Barbcr, ex-ministro do Gove,110

Revolucionário da Angola, informou cm Lisboa quo recebeu pessoalmente as seguintes

doações para seu movimento: - 686 mil dólares do governo norte-americano; - 480 mil da empresa Lumnios; 256 mil da Cabinda Gulf; 52 mil da Mabor General; 50 mil do Senador Edward Kennedy. Segundo a revista "lnfo rmalions Catholiques lnlernationales'', de 1. 0 de abril, o teólogo suíço Vischer declarou que o Conselho Ecumênico das Igrejas disbribuiu recentemente as seguintes verbas "para construção tlc tJ·cola.(':

100 mil dólares, ao Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde; -

60 mil dólares para a FRELIMO; 23 mil dólares, ao Movimento Popular para a Libertação da Angola; 23 mil dólares para o Governo Revolucionário da Angola .

Conforme "-Catolicismo" publicou cm seu número de fevereiro, o governo da

Suécia, no ano passado, concedeu uma ajuda à FRELIMO, correspondente a 98 milhões de cruzeiros.

Günther Guillaumme (na foto, à direita) foi um pretexto cômod o para Brandt 3


''A RÚSSIA PROMOVERÁ GUERR VÁRIAS NA __ OES SE: _,

EM SUA TERCEIRA apar1çao na Co de 1nostrar aos três p equenos pastores a terrí, disse :

"VISTES O INFERNO, JJ"r" onde vã,

-.•

v<tr, Deus <1uer estabelecer no rnundo a devoç,

Se Jizerern o c11w Eu vos disser, salva

•••

A guerra vai acab"r, rn(IS se não deix1 conieçará outrn pior.

-.-

QuaruJ,<> virdes urna ,

bei que é o grande sin"l <JUe Deiis vos dá de qi

-··•

d<i g1ierra, dCI /orne e de pe rsegitições à l gre j<1 ParC1 <t irnpedir, virei p edir

<t

cons"g'

Co1n1tnhão reparadora nos prirneiros sábados. converterá e terão paz; se não, es1Xtlh.c1rá seus

E

segui<,;õe~ à Igreja; os bo11s serão 1ru1rtiriz<t<lo

nações serão aniquiladas; por f irn, o meu 11 consagr<tr-Me-á • <'

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,1 Rússic1,

que se converterá,

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paz. '

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Ern Portugal coriservar-se-á se,npre o <l

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Isto não o digais a ning1ié1n. Ao Fra11,

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"Q1u1ndo rezais o terço, dizei depois

livr<ti-nos do fogo do inferno, levai as alniinlu precisarem " .

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~AS E PERSEGUI ~ÕES À IGREJA; RAO ANI UILADAS''

va da Iria, no dia 13 de julho de 1917, depois

vel visão do "inferno, a Santísshna Virgen1 Jhcs

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as alui.as dos pobres pecadores. Para eis sal-

rio ao 1ne1t l 11urcul<ulo Coração.

rr-se-ão rnuitas al11ias e terão paz.

1re1n de ofender a Deus, no rei,urdo de Pio XI

'loite alurniC1da vor ltm<1 luz desconhecida, sa-

lte vai p1inir o 11uindo de se1is crirnes, por 11teio e ao Santo Padre.

·ação dei Rússia cio 1neu lrnaculado Coração e a

. Se atendere11i a 11ieus pedidos, " Rússia se

irros pelo inundo, pro11iovendo guerras e pers, o Santo Padre terá 11u,ito que sofrer, váric1s ,naculado Coração triunfará. O Sa,ito Padre

?

será co1icediclo ao ,nundo algu,n te,npo de

!og11ui dei Fé.

cisco, si11i vodeis dizê-lo".

e cadci 1nistério: - ó meu. Jesus, verdoai-nos,

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Conclusão da pág. 3

30 dias em revista

Nesta secção que visa apresentar orações pouco conhecidas n1as atuais, apresenta1nos hoje as ladainhas do Espírito Santo e de São Miguel, que a Igreja a provou para a recitação privada dos fiéis. Os lei tores verão q ue as invocações e pedi<los nelas contidos são de ~,·11111le utilidad" para os nossos dias.

Invocando o Espírito Santo e São Miguel

já fe-, doação de um terreno, situado a quatro quilômetros da Basílica de São Pedro. A mcsqui1a será conslruída por insistência

do próprio Faiçal, que contribuirá para as obras, junto com os governos do !rã e da Líbia. Conhecendo a imporiância psicológica e simbólica da escolha do lugar para a construção, Faiçal recusou propostas de sua localização nos bairros periféricos da cidade. O Shá da Pérsia havia proposto a construção sobre o Monte Mário, mas o local é demasiado proeminente, tendo, por isso, causado dificul·

dadcs com o Vaticano. Finalmente chegou-se a um acordo & foi escolhido o que Alcssandrini classificou de "local de c11lro pr6prio e ,iig110". E assim, com a maior sem-cerimônia, o di-

os planos n{io mudam. Mudam os conselheiros, mas todos eles saem da mesma fonte. São os antigos alu11os ela Politéc11ica e da E1cola Nacional <le A,lministrctção".

Giscard tem igualmente seu corpo de assessores, egressos da Politécnica e da Escola de Adminislração. A orientação desse governo paralelo não é conhecida. Por ora, ele está compondo um fundo de quadro contraditório, procurando testar as reações da opinião pÚ· blica. No momento certo, o Presidente poderá desce(' do seu -carrossel, rumo à esquerda, à di~ rcita ou ao centro.

Astrologia oficial

retor da sala de imprensa insinua ter sido der.

L,.,1,.i,,l,a ,lo Espirito Sa,,to Senhor. tende piedade· de nós. Jes\lS Cristo. tende piedade de nós.

Senhor. tende piedade de nós. Jesus Cristo, ouvi•nos.

Jesus Cristo, a1cndci.nos. Pai Celeste, que sois Deus. tende pitdadt de

nós. Filho Redentor do n'IUndo, que sois Deus.,

Espírito Santo, que sois Deus, S:mt(ssima Trindade. que sois um só Deus, Espírito de verdade, fende piedade ele nós. Espírito de sabedoria, Espírito de· inteligência, Espírito de forta le·1.a,

Espírito de piedade,

Cordeiro ele Deus. que tirais os pcc.a dos dô mundo, dai-nos o Espírito bom. Espírito Santo, ouvi-nos. Espírito Consolador. atendei-nos. V. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.

R. E renovareis a face da terra.

ô Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos que no mesmo Espírito nos deleitemos com o que ~ relo, e gozemos sempre as suas consolações. Por Cristo Nosso Senhor. R. Amém.

Lu,lainlu• ~le Sao Migr•el Arcanjo

.Espírito de c iência,

Espírito . do santo temor, Espírito de caridade,

Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, tende piedade de nós.

Espírito de alegria,

Senhor, tende piedade de nós.

Espírito de paz,

Jc.sus Cristo. ouvi-nos. Jesus Cristo, atendei-nos.

Alcsria dos Anjos, Luz dos Patriarcas, Inspiração dos Profetas.

Palavra e sabedoria dos Apóstolos, Vitória dos Már1ircs1

Ciência dos Confessores, Pureza das Virgens, Unção de todos os Santos, Sêdc-nos propício, perdoai-nos. Senhor. Sêdc--nos propício, atendei-nos, Senhor.

De todo p<:c.1do, llvral-nos, Senhor. De todas as tentações e ciladas do demônio,

De ioda presunção e dcsesperaç~o. Da negação da verdade conhecida. Da inveja da graça fraterna, • De D<; De De De Da

toda obstinação e impenitência, roda negligência e tibieza de espírito, toda jmpureza da mente e do corpo, todas as heresias e erros, todo o mau espírito, morte má e eterna,

Pela vossa eterna processão do Padre e do Filho, lhni-nos, Senhor.

Pela mil~srosa concepção do Filho de Deus, Pela vossa descida sobre Jcs'us Cristo batizado, Pel~ vossa ap3rição na transfiguração do

Senhor, Pela vossa vind3 sobre os discípulos do Senhor, No dia do juízo, Ainda que pecadore.ç, nós Vos rogam.os, ouvi-

.nos. Que nos perdoeis, Que Vos digneis vivificar e santificar todos os membros da Igreja, Que Vos digneis conceder-nos o dom da verdadeira piedade, devoção e oração, Que Vos digneis inspirar-nos sinceros afetos de misericórdia e c,iridade, Que Vos digneis criar cm nós um espírito novo e um coração puro, Que Vos dign~is conceder-nos ve rdadeira paz e tranqüilidade do coração. Que nos façais dignos e forte-!i, para suporcar perseguições pela jus1 iça, Que Vos digneis confirmar-nos cm vossa graça, Que nos acolhais no número dos vosso.,; elci-

1os, Que Vos digneis ouvir-nos. Espíri10 de Deus,

Cordeiro mundo, Cordeiro tnundo. Po1i.

de Deus, que tirais os peca.dos do enviai-nos o &pfrito Santo. de Deus, que tirais os pecados do mandai-nos o Espírito prometido do

Kosigin - Presi,lenk ,los Esta«los llnidos~

Pai Celeste, que sois Deus, tende piedade de nós. Filho Redentor do mundo_ . que sois Deus, Espírito Santo, que sois Deus, Santíssima Trindade. que sois um só Deus, Santa Maria, Rainha dos Anjos, rogai por n6s.

São Miguel, rogai por nós. São Miguel, cheio da graça de Deus,

São Miguel, perfeito adorador do Verbo Oi• vino, São Miguel, coroado de honra e de- glória. São Miguel, J)O(lerosíssimo Príncipe dos cxér-

eit0$ do Senhor, São Miguel, porta-estandarte da Santíssim3 Trindade, S~o Miguel, guardião do Paraíso, São Miguel, guia e consolador do povo israelita,

São Miguel, esplendor e rorlalcza da lsreja militante, São Miguel, honré, e alegria da Jgtcja triunfante,

São Miguel, lut dos Anjos, São Miguel. baluarte dos ortodoxos, São Miguel, força dos que combatem sob o estandarte da Cruz, São Miguel, luz e confiança das almas no últi• mo momento da vida, São Miguel, socorro certíssimo, São MigutJ, nosso auxilio em todas as advcr-sidades, São Miguel, arauto da sentença eterna, S.:io Miguel, consolador das almas que estão no Purgatório, São Miguel, a quem o Senhor incumbiu de receber as almas depois da morte,

São Miguel, nosso Príncípe, São Miguel, nosso Advogado, Cordeiro de DCus, que 1irais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais os pec.a dos do mundo, ouvi-nos, Senhor. Cordeiro de Deus, que lirais os pecados do mundo, tende piedade de nós. Jesus Cristo, ouvi-nos. Jesus Cristo, ~tendei-nos.

V. Rogai por nós, ó glorioso São Miguel, Prín· cipe da Tgreja de Jcsu~ Cristo. R. Para que sejamos dignos de suas promessas. Oremos. Senhor Jesus. sant ificai-nos por uma bênção sempre nova, e concedci~nos, pela intercessão de São Miguel, aquela sabedoria que nos ensina a ajuntar riquezas no Céu, e a lrocar os bens do lcmpo pelos da elernidadc. Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. R. Am6m.

O DEPUTADO norte-americano Jonathan B. Bingham apresenlou projeto de emenda à Constituição, eliminando a exigência de que os candidatos à p~sidência sejam norte-america• nos natos.

Bingham explicou que as rcalitações de Kissinger, como Secretário de Estado, levam a pensar na& vantagens e desvantagens da exigência constitucional. ''Por qve um cidadão de ' talentos, conio Kissinger - perguntou o depurado - deve ser barrado para a presidência?" Mas não basta Kissinger ao par.lamentar . Ele vai ainda mais adiante, argumentando: "Do mesmo modo, por que impedt'r Kurt Wal• dheim, Willy Bra11dt, Goleia Meir ou Alexei Kosigt'n'?"

Gi.flcar~l no carrossel A ELEIÇÃO presidencial francesa foi mar-

cada pelo ar de conservadorismo que os dois candidatos mais cotados imprimiram às suas campanhas. O "ABC", de Madrid, chegou a afirmar que Mitterra.n d assumiu ares de Prelado do Vaticano. Giscard d'Estaing aproveitou-se largamente de sua aura de direilista com pretensões a aristocrata, para colher os votos de um eleitorado desejoso de um go· · verno conservador.

Apenas publicados os resultados do pleito, o novo Presidente passou a tomar atitudes populistas e reformistas que chegaram ao sabor da demagogia. Dir,se-ia que sua intenção era atrair a esquerda.

Para a cerimônia da posse, caminhou a pé em direção aos "Champs Elysées", dispensando o carro oficial e vestindo, não a casaca

protocolar, mas um traje de passeio.. Num discurso de quatro minutos, só falou em reformas. A imprensa, entre comentários de apoio e de condenação, chegou a afim1ar: "a Rep,íblica .re vulgariui'. Anunciou depois que reduzirá a venda de armas aos governo, ditatoriais (leia-se antico1111111istas) e ordenou a destruição, nos arquivos da Seguran'ça, das gravaçál,,s de conversas telefônicas, para grande alívio dos esquerdistas. Mudou o trajeto do grande desfile de 14 de julho, faz.cndo-o passar justamente pelo itinerário dos sa11s-c11lortes, da Praça da República à Bastilha - s ímbolo das marchas revolucio-

Agora, porém, o Prefeito José Villanova, de Cuiabá, contratou o astrólogo Ernesto Fischer para elaborar o horóscopo da cidade. Na capital matogrosscnsc, o astrólogo, com túnica oricnlal, grandes barbas e um medalhão de ouro, vem recebendo "altas persorrali,lades''. fez uma ,palestra na Universidade e ali pretende implanrar um curso de astrologia. A meta do mago é oficializar a astrologia no País. Para isso, vem movendo seus amigos de influência, procurando conseguir que um projeto nesse sentido seja aprovado no Congresso .. .

TFP defende patrimônio artístico de Franca O PRESIDENTE do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, enviou ao Núncio Apostólico no Brasil, Exmo. Revmo. Sr. D. Carmine Rocco, e ao Bispo de Franca, Exmo. Revmo. Sr. D. Diógenes da Silva Mallhes, o seguinte telegrama: ''Peço permt'ssão para tornar prt.rtnte a V. Excia. a penosa impres.riio causada em largos círculo.r da opint'ão pltblica pault'sta pela d es/ig11raçáo da tradícional e ve11erável matriz neog6tlca de Franca para reforma mo· dernt'tante. Nosso povo, que se ufana da Ca· tedral Metropolitana neog6tica desta cidade, 11/ic pode aplaudir a reforma dispendiosa e intstétt'ca tio templo franca110".

IJAto11cnsMo MENSÁRIO <Om

:tprovaç.ío ecltsJástka CAMPOS -

nárias.

Mas não ficou aí o paradoxo. No mesmo discurso da posse, acenou aos conservadores com um toque tradicionalista, afirmando que o Presidente, conquanto moderno ( o que cada um pode interpret-ar a seu modo). deve respeitar a dignidade da França e sua His16ria. Certos círculos ingênuos da direila, sempre dispostos ao otimismo, devem ter exultado com a expressão. O Presidente prosseguiu no seu Jeque de po· sições con1raditórias. Anunciou o prosseguimento das experiências atômicas. Resolveu dcvot.vcr à iniciat iva privada selorcs da economia que se encontram cslatit..ados. Tudo com uma

pressa e uma sofreguidão que estonteiam . O novo Presidente dá bem a idéia .de quem tenha montado um cavalinho de carrossel e cstêja girando a todo galope, com acenos e sorrisos a todos os que o observam, dele espe, rando um rumo definido no governo. Assim como saúda a esquerda, sorri para a direita ou para o centro. Resta saber em que altura des. cerá de seu carrossel.

"OJ· governos passam Point,. 6

DESDE A proclamação da República, a Igreja Católica Se encontra separada do Estado, no Brasil. As Constituições e os governos, que desde então se sucederam, têm t imbrado cm ressaltar o caráter laico do Estado brasileiro.

Oremos.

Espírito do bôm conselho,

Esp;rilo das virtudes, Espírito de toda a graça, Espírito de adoção dos filhos de Deus, Purificador das nossas almas, Santificador e guia da Igreja Católica, Distribuidor dos dons celestes, Conhecedor dos pensamentos e das intenções do coração, Doçura dos que começam a Vos servir , Coroa dos perícitos,

ramado em vão o sangue dos cruzados.

comc-ntou "Le ma.s os que conct:bc111 011 elaboram

EST. DO RIO

01RETOR

Jost CARLOS CASTil.HO D6

ANORA08

Diretoria: Av. 7 de Setembro '247~ caixa

poslnl H3, 28100 Campos, RJ. Aclmlntsr,._tão: R. Dr. MarHnico Prado 271, 01224

S. P::mlo.

Composto e impresso na Cin. Lithographica YJJiung.-i, Rua Cadcle 209, S. Paulo. Assinatura anual: comum CrS 3S,OO: cO· opcrndor CrS 70,00; benfeitor Cr$ 140,00; grnnde benfeitor CrS 280,00; seminaristas e csludantes CrS 2.S,00; Am~ric:a do Sul e Ce1Hral: via de sopcdfcie USS S,SO: vi.a nérea USS 7,2S; Amfrica do Norte, P<>r· tug:,1, Espanha, Provínci:.s ultrnnmrinas e Co16nins: vfa de superfície USS 5,50; via aérea USS 8,75; outros países: via de SU·

pufície US$ 6,50, via aérea US$ 11,75.

Vend:a avulsa: CrS 3,00. Os pttgamcntos, sempre em nome de Edl· tor;t P;1drc Belc:hlor de Pontes SIC, po. dcrâo ser cncnminhados à Administração. Para mud;rnça de endereço do assinantes, t nccm~rio mencion:ir também o e.ndcreço antigo. A correspondência refotiv:i. a assi· naluras e venda avulsa deve ser envfoda à Admlnbúa~iio: R. Dr. Martlnko l'roclo 271 01224 S. l'aulo


Aspectos da homenagem a D. Mayer (página 8 )

A Cruz de Oficia l da 0fdem da ··Polonia Restituta .. é imposta ao S r . O. Antonio de Castro Maye,

......

O Ministro Rzyski e o Sr. C. Beccar Varela Hijo disc ursam

'

Sócios e militantes da TFP e amigos do ilustre P,elado lotaram o auditório do Othon Palace Hotel

O Min . Tomasz Rzyski e o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira aolaudem de oé o discu,so de O. Antonio 7


*

HOMENAGEADO EM SÃO PAULO O EXMO. SR. BISPO DIOCESANO COM U M BANQUETE no restaurante Ca' O'Oro e uma sessão púÔlica solene no auditório do Othon Palace Hotel, cm São Paulo, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição. família e Propriedade homenageou S. Excia. Rcvma. o Sr. D. Antonio de Castro Mayer, pelo seu 70.0 aniversário, transcorrido no dia 20 de junho p.p. A sua chcg~,da à capital paulista, no dia 17, o Exmo. Sr. Bispo foi recebido na Estação Rodoviária por

todo o Conselho Nacional da entidade e por centenas ele sócios e m ili-

tantes, além de numerosos amigos e admiradores.

O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP. enalteceu. no banquete, a atuação pública desenvolvida pelo ilustre Prelado e os laços de íntima amizade que o unem à TFP. Na sessão solene - durante a qual S . E xcia. Revma. foi condecorado pe-

no Polonês no Exílio, que analisou a dra mática si tuação dos católicos atrás da Cortina de Ferro. Ao conferir a

Cruz de Oficial da Ordem da Polo.nt"a Restt"tura ao .Exmo. Sr. Bispo, afirmou q ue este a merecera por sua luta contra o comunismo e cm prol

da libcrt:ição da Polônia e de todos os povos subjugados. Instituída cm 1921, ap6s a vitória do Marechal Pilsudski sobre o exérc ito soviético, a q ual permit iu a res-

tauração do Estado polonês. essa condecoração atualmente é concedida às personalidades que. cm todo o mundo. se d istingue m no combate ao cO· munismo.

Discursando depois. o Prof. Plinio Corrêa de O liveira assinalou todo o afeto e respeito que a grande família de almas da TFP vota à pessoa de O. Mayer, elevado à dignidade de sucessor dos Apóstolos pelo Papa P io XII . e que se tornou, pelos méritos de seus feitos e de sua fidelidade, um dos Bispos mais insignes da Igreja em nossos d ias. Sobre a homenagem do Governo

lo Governo Polonês no Exílio, com sede cm Londres·- cslavam presentes os sócios e militantes da TFP Po lonês no E xílio, disse que a c onpaulista, representantes das Secções e decoração "em f orma 1le cruz'' cons.. N úcleos de diversos Estados brasilei- tituía "uma crt1z colocada junto II ou .. ros, membros das TFPs argentina, tr<1s cruzes sobre esse peito (frui tem chi lena, equatoriana, uruguaia e nor- benc/ici11do tanftu ,,/mas, que tem cn· /renta,lo ra,uo.r âscos , e. contrá o qupl te-americana, bem como delegações se têm quebrado 1t11tt11s ondas". O das colônias das seguintes nações subPresidente do Conselho Nacional da jugad:1s pelo conumismo: Albânia, TFJ> ressaltou o simbolismo da conBicio-Rússia, Hungria, Polônia, Rumânia, Tcheco-Eslováquia e Ucrânia. decoração recebida de um governo O Coro São Pio X, da TFP, entoou que lembra triste1..a, dor, exílio. e representa o ideal gradioso da Polônia vários motetcsJ e uma senhora da co.. · lônia tcheca entregou ao Sr. Bispo de Campos ·uma "corbeille" de flores.

católica: "E um11 luta que condecora o utra lute,. f:: ttnu, ,ma/ogia. uma afl11ltln1lc d e ideais que J'C csculm11 n este momt!11to''.

Condecoração

·o

primeiro orador da sessão foi o Coronel-Aviador Tomasz Rz.yski, Ministro de Assuntos Soci:1is do Gover-

Falou também o Sr. Cosme Bcccar Varela H ijo, Presidente da TFP argentina, que felicitou o Governo Polonês no Exílio ;por sua sábia resolução de condecorar o Sr. D. Antonio

de Castro Maycr, "Pastor que dá a vida por suus ovelhas, cuja voz e:cce1/e os limites de sua Diocese e brilha 110 mundo intefro, através ele SUtJJ· /c,mosas Pa.rtorai.r, n ,lltinw ,las quais. sobre os Cursillros tle Crista11d1ule, 1/e ""'"' resso,uíncia e t,i o vitoriosa!'' "A postção enérgica do Bt"spo dl! Campos, que illenta tantos dos qm• combcucm o bom ,·omb(lle no Oc:ide nte, ceru,m cntc coufortll o ânimo clo.r <1ue1 na quert"dt1 Polônia, resistem e esperam li hora glotiosa da restauração <1ue cettame11te virá", finalizou.

O Sr. Bispo de Campos, profundamente comovido, agradeceu as manifestações dos oradores, e enalteceu o hcroismo do povo polonês, sempre fiel à Igreja Çat61ica ao longo dos séculos. Particularmente grato pela condecoração - "homenagem de um po vo mártir, que persever11 ainda durante eJ·tes dias 1lc provt,ç<1o'' acrescentou S. Excia. Rcvma .: " A energia do martírio é penhor .reguro de wna ressurrelção, nesta vhla, par,; a Polônia, enquanto 1wç1to, e para os i11divícluos. o de uma g lúritz impc.redvel na e1ernidade 11 •

O ilustre homenageado concluiu ressaltando os 1><of undos vínculos de amiz.adc que o ligam tanto à figura ímpar do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira - líder que se distingue por sua profunda fé e sua fidelidade à Igreja Cat6lica - quanto a esla adm iráve l e valorosa famfüa de alrnas,

constituída pelas TFPs dos diversos pa,scs. ' O Sr. Bispo de Campos foi calorosamente aplaudido pelos presentes, e o Coro São Pio X encerrou a cerimônia e n 1oando o "Magnificat". em ação de g raças pelos anos de vida tão fecundos cm obras e em dedicação à Santa Igreja, do Sr. D. Antonio de Castro Mayer.

Na Es tação Rodoviá ria de S . Pa ulo, calo rosa r ecepção a O. M ayer

COLETÂNEA DA TFP EDITADA NA ITÁLIA "O CREPÚSCULO artificial do Chi• lc Católico" é o título de um livro de 206 páginas, lançado na Itália pela Editora ·'Cristit)ni1à". O volume contém uma coletânea de ~nigos do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, comentando as principais passagens do processo de degradação econômica, socia l. civil, moral e religiosa do Chile cat61ico, du rante o governo de Eduardo Frei e sob o regime de:- Salvador Allendc. Aparecem também na obra três mani(e.~tos e uma carta d:l TFP chilena, nos quais sfio recordados, com respQnsabilidade e íirmeza, os princípios da ordem wcial natural e cristã. O p:,ís para o <1ual a "p.irábola chi~ 4

lena" mais serv1rnl era a Itália. onde os

grupos socialistas trabalham ardorosamente para a promoção de uma "revo~ lução na liberdade". Por essa ra.zão, os acontecimentos a ndinos tiveram uma profunda repercussão naquele país europeu. Quando da queda de Allcndc, os promotores da " revolu ç..1o na liberdade" manifestaram sua in· dignação, d ifamando o Chile. Os que, pelo contrário, vêem o problema com cl:ireza, cmpcnharam~se cm mostrar a realidade. Participando desse esforço, a imporràntc organização ''Allean1.a Cattõlica''. dirigida pelo brilhante líder cató· lico Giovaoni Cantoni, editou a coJc.. tânea intitulada ••n Crepusc:olo Ar1ifi 4

4

cialc dei Cile Cauõlico" .

PREITO À MEMÓRIA DO ENG? AZEREDO SANTOS /\ MUNICIPALIDADE de $:io Paulo homenageou a memória de nosso cohlborador e membro do Conselho Nacional da TFP, Eng.o Jos6 de Az.eredo Santos. dando o seu nome a uma ru;l do Subdistri10 do Limão, naquelà Capital, O decreto co,resJ)onde.ntc íoi assinado pelo Prefeito Miguel Colasuonno em data de 31 de maio p.p. A esse propósito. o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enviou o seguinte tclcgr;tma ao Chefe do Executivo paulistano: "Co11gMtu/().mc: cordil1lmt!11tc c<>m V. é;rcia. pela J,om t11agem prc$Uula à m cmúria ,lo E,ig.c José ,lc Az.credc Santos, um dos fuhdadorcs e dir~totn da S()Ci~dade Brczsllcira de Defesa t!tl Tradiç,ío, FtmiíHa e Proprt"t: cladc. Dando o nome dele a uma rua de nos.te, cidade, V, Exâa. prestou merecido prtito ao exfmio profissional que com tanta ;,11eligEncia e dt dicaç<"io trabalhou por ela".

Verd ades esquecidas

OFENDER A FÉ EM ALGUM PONTO É DESTRUÍ-LA TODA Da ··Luz e Çalor" :

S

E ALGUêM NÃO crê em q,wtqutr artigo o u pc 1110 de nossa Santa Fé Católica, ou cufrertidmuc11tc ,Juvitlll ,Jc ser ,,erc/(ldt . assentando cm que l cot"sa que pode ser 1180 ser assim: neste caso a fé com que Cr(! os OU· tros pomos ou artigos, mio t ,•crcladcira e so breualural, scuiio uma sombr11 e seme/1,an çll ,leia: porque por ,,que/a lnfidclidaJe se lhe destruiu a Fé Dlvina: e é °Claro que, ~·e crera nos mais àrtigo.t r,elo motivo que de,1e crer (que é ti "eracida<lc ,Jc Dtus, t a .rua rc"claç,lo dechuada pt la cmtoridade da Jcrcja), tosse mesmo 11t01lvo o obrigarei a crer t0<fos imciromc.ntc: pois Dcu.t, que revl'lou ,ms, re,re/ou tnmbf m outro.s; e ti /J;rcja que ensina aque~ lt:s, ensino u,mbh n e.::;tcs. Por ,,mie o hC'rtgc que t:onfcs.m ti Deus Triuo e Uno, porém negc, ,, presença rt:111 de Crisló "" Buc11ri,ftia, dt: 11cnl11111t destes pontos tem fé ,1crtltideira: porque (como t:m J·cm1clllh11te coso dis.rc Stlo Jcr,/Jnim<>) no primeiro ponto ft,1. do Eww cclho d e Cristo, evcmgelho de hom em: 110 sc1t1mdo fc1. do E "'mgt lho ,lc Cd$IO, evangelho do clemônio (l11 c:a,,. I mi Galar. v. li), Êslu é (cliz, gravcmcntt A rn6bic>) a 11obrc1.a, ,1 cxcc/é11cia d11 Fé Cat6/ica, cuja luz se part:c:e com li dos olhes: se picamos (',ftts, ainda que mio .teja mais que com n ponta de uma agulhll cm qual· <1uer p(lrtc Jclt.r, 10dt1 .rua lur. se wrlu1, e ficamos às escuras. Se ofendemos a /~. lliuda que .r~ja t!m um ,r6 ponto, e com uma s6 d1ívitla co11sê111idtt com atlvertência, toda sua lul se perde, e /icamo.r nas lrt!,•as d,1 infidc liclade. - ["Luz e Calor", l Parte, Doutrina IV, § J, T ip0graíia Porto Médico Ltda., Porto, 5.• edição, 1927, pp. 73-74).

Pela sua admirável atuação con tra o comunismo, o Exmo. Revmo. Sr. O . Antonio de Castro Mayer foi condecorado pelo Governo Polonês no Exílio: "Uma luta que condecora outra luta . . . "

PADRE MANOEL BERNARDES


Dute-ToR:

Jost

CA1tLOs

c"srit110

on

ANORADE

HÁ SESSENTA ANOS A IGRE.JA PERDIA SÃO PIO X No dia 20 de agosro de 1914 - há sessenra anos, portanro -

morria o Papa

São Pio X. Seu pontificado foi marcado por lances como a luta contra o modernismo, "compêndio e síntese de rodas as heresias". Esmagado pelo vigor apostólico do grande Pontífice, o modernismo refugiou-se em antros secretos, prosseguindo às ocultas sua obra nefasta. Em nossos dias, ele deixou os escon-

derijos das seit0$, e hoje o ,vemos entronizado na Igreja, segundo o tes.t emunho do falecido Cardeal R.uffini, a promover a misteriosa "aurodemolisão" de que falo Paulo VI. Pesámos a São Pio X que -

do oito dos Céus -

nos con-

ceda a sagacidade, o vigor e a constância que ele revelou na lura contra tão

perigoso inimigo.

CUBA DEVE VOLTAR ..40 CONVÍVIO DAS AMÉRICAS? Já há algum tempo, o mundo vem assistindo a tentativas, ora de um setor, ora de outro, de reconduzir Cuba ao seio da comunidade americana. A questão é atual: deve a ilha do Caribe voltar ao convívio das Américas?

Quais as razões que determinaram seu afastamento? Não serio melhor paro

o povo cubano que cessassem as discriminações polfricas e econ6micas contra o regime de Havana?

Essas e outras perguntas vêm respondidas no matéria que hoje apresentamos,

São P io X em seu leito de morte, no dia 20 de agosto de 1914. Com a fisionomia rejuvenescida e uma expressão serena, o Santo parece antes dormir.

preparado por Péricles Capanema Ferreira e Melo, e dividido em três partes. No primeiro, nosso colaborador recapitulo os antecedentes do revolução cas-

trista, as manobras que conduziram Fidel ao poder e os meios pelos quais nele se mantém. Na segunda, refuto os principais argdmenros alegados pelos advogados da reintegração de Cuba no sistema americano, demonstrando que tal

reintegração apenas agravaria a opressão em que vive o povo cubano, pois consolidaria a ditadura castrista, e liquidaria as esperanças de libertação desse sofrido povo. Por último, Péricles Caponema aduz uma série de fatos desconcertantes que ilu!tram como o regime de Fidel continuo tão despótico como

sempre, e como, apesar disso, continua o receber apoios de pessoas e entidades das quais deveria esperar oposisão: círculos governamentais e empresariais dos Estados Unidos, setores do Hierarquia e do Clero cubanos, tendo à frente o representante do Papa em Havana, Mons. Césare Zocchi.

Apresentamos ainda, neste número, a entrevisto que Mons. Eduardo Toinás Boza Mosvidol, ex-Bispo-Auxiliar de Havano, ora exilado no Venezuelo, concedeu a nossos enviados Pedro Morozzoni Boschetti e Francisco Jovier Tost Torres. S. Excia. mostro como não existe verdadeira liberdade religiosa na Ilha, apesar de algumas igrejas permanecerem aliertas ao culto.

N.º

284

AGOSTO

Fidel Castro e outros elementos do regime que oprime Cuba participam distendidos de uma recepção na Nunciatura Apostólica em Havana, por ocasião da sagração episcopal· de Mons. Césare Zacchi, então Encarregado de Negócios do Vaticano (à direita do ditador), em dezembro de 1967. Na foto aparecem ainda outros Prelados cubanos e Mons. Emanuele Cfar.ízio, Delegado Apostólico no Canadá (de batina branca). Sem o apoio do Clero, Castro estaria no poder?

DE

1974

ANO

X XI V Cr$ 3,00


,,,,,,,

UMA HISTORIA DE EMBUSTE E VIOLENCIA Â

e

UBA FOI DESCRITA por Colombo como "(, n,(JiS belci terra 11ue Ol' olhos humanos jamllis contemplaram". Há séculos é chamada "n Pérol11 d"s Antillrns".

Fidcl dedicou-se às atividades políticas, sempre como homem de esquerda, de 1950 até 1953.

Ness·a natureza. paradisíac.1, teve lugar um

O assa lto malogrado a Moncada

dos m'a is dantescos dramas do século XX. Hoje, quando a poeira do tempo ameaç" velar os crimes, as fraudes e as traições que o comunismo cometeu para chegar ao poder em Havana, é do mais aho interesse relembrar essa história ,tão recente. O que se passou cm Cuba foi uma verdadeira parábola. Nunca 1alvcz a fraude e o crime andaram Ião juntos e tanto se entrcajudaram.

O problema dos comunistas Os marxistas queriam conquistar o poder. Contra tal pretensão, erguia-se compacta a esmagadora maioria da população cubana, que professava a Religião Católica e qur>, portanto, opunha ao comunismo uma visceral rejeição. Outrossim, a colonização espanhola havia dei, xado na Ilha um conjunto de tradições que era preciso aniquilar para tornar possível a comunistização. Não podendo abater esses dois obstáculos, os estrategistas do Cremlin optaram por contorná-los e . por destn1í-Jos por dentro. Essa estratégia foi planejada e levada a cabo com

maestria. No fim da via crucis de Cuba, encontramos uma nação sujeita ao comunismo, quD foi fraudada nos seus mais caros desejos e convicções. O objetivo deste artigo é mostrar cm câmara lenta, porém de forma sucinta, os acontecimentos que se deram na ilha do Caribc nos últimos anos. Hoje, já fixados na História, sem os turbi· lhões de circunstâncias que- os rodearam. é mais fácil analisá-los e perceber o caminho que na época ainda -não aparecia claramente - pelo qual os cubanos foram conduzidos até tão trágico epílogo. Quando esses acontecimentos se deram, deram-se à maneira de uma tempestade de areia envolvendo uma caravana que marcha pelo deserto. No meio das dunas agitadas por ventos que sopravam não se sabia de onde, os viajantes perderam a noção da região na qual se encontravam. Com a visibilidade prejudicada pela tormenta, só aqueles que conheciam muito bem o ccrrcno não se dcsnortcara.m . No meio do "brouhaha", no qual se ouviam gritos de alerta e exclamações lranqüilizadoras, a caravana foi conduzida para um ponto desconhecido. Quando a tempestade amainou e a poeira baixou, os viajantes perceberam que tinham tomado um rumo não desejado por eles. Mas já era tarde demais. Vamos agora pe.rcorrer novamente o trajeto palmilhado pela caravana, não sob a 1empestadc de areia, mas sob um céu limpo e com olhar atento. Examinaremos as pegadas e as trilhas deixadas .por esses infeli.z es viandantes.

Recapitulando Cuba teve, como nação independente, curta mas atribulada existência. Depois de cortar seus laços com a Coroa espanhola cm 1898, sua vida política foi sujeita a contínuas agitações. Mais proximamente, sofreu de 1925 a 1933 uma sanguinária tirania sob o govcmo do General Machado. Sucedeu a este no poder Ramón Grau San Martin, o q ual foi deposto pelo .tristemente célebre sargento Batista, que começou um decênio de governo por interpostas pessoas, assumindo depois ele próprio a presidência. Em 1944, voltou Grau. que inaugurou um período marcado pela corrupção na vida pú· blica. Haveria eleições presidenciais em J953, ,nas Batista antecipou-se, dando novo golpo de Estado cm março de 1952.

Quem era Batista O sargento .Batista havia encabeçado, ainda jovem, um grupo anarquista chamado "Germinação". Antes de sua revolução, havia lido estreitos contactos com agrupamentos comunistas que atuavam junto aos trabalhadores do

fumo. Sua atitude geral era antimilitarista e depois de seu golpe de Estado empenhou-se cn\ desmoralizar os quadros superiores do Exército cubano. Logo que tomou o poder, Batista favoreceu os comunistas. Em 1938 o PC cubano foi legalizado, o que lbe permitiu, pouco depois, ter o controle dos sindicatos operários e dez cadeiras na Câmara dos Deputados. Em 1943, o ditador concedeu duas pastas de seu gabi2

Milícias revolucionárias foram criadas para esmagar a resistência anticomunista. Como por encanto, S','rgiram milhares de uniformes de todos os feitios. nele ao partido, o que tornou Cuba o primeiro país latino-americano a ter ministros declaradamente comunistas. O PC foi novamente fechado cm J953. Ao lado de suas simpatias .para com os marxistas, o ditador submeteu a ilha a um regime de desenfreada corrupção, imoralidade e escárnio à lei. O conceituado jornalista norte-americano Dubois afimiou que a esposa de Batista recebia 50% dos lucros das máquinas de jogo instaladas nos cassinos da Ilha. Muitos oficiais do Exército, da polícia e alguns da Marinha não estavam isentos da venalidade. O ditador cobrava suas comissões através de intermediários e empregava parte do dinheiro na compra de militares e políticos. A amoralidade imperava nas esferas do poder e a corrupção grassava em todos os nlveis sociais. O terreno estava propício para a germinação da semente marxista. ·

Um precursor dos "hippies" Fidel Castro nasceu cm 13 d<> a.gosto de 1926, filho de um fazendeiro rico. Freqüentou as escolas paroquiais e fez o curso secundário com os Jesuítas, em Havana. lngrcssou na Uni~ vcrsidade em 1945 e recebeu seu diploma de advogado em 1950. Casou-se com Mirtha Díaz Bolart em 1948, divorciando-se em 1955. A passagem de Castro pela Universidade já prenunciava o revolucionário que viria surgir depois no cooário internacional. Ourante o ano de 1947 participou de uma frustrada tentativa de invasão da República Dominicana. Um especialista cubano em cotnunismo, Díaz Yersón, informa que Castro se empregou como agcnto soviético desde os últimos anos de sua adolescência. Segundo esse autor, entre os funcionários russos que estiveram cni Cuba figurou G. W. Bashirov, o qual já havia atuado na Espanha como recrutador de jovens. Baschirov desempenhava missão especial na Ilha, não se alojava na embaixada, ,nas numa casa particular situada na Calle Segunda, n.0 6, Miramar. Em meados de 1943, muitos jovens cubanos começaram a visitar a rcsid"ência de Bashirov. Díaz Yersón cita o nome de vários, entre os quais Castro. . Em 1944, Bashirov foi chamado a Moscou para informar e-, pouco depois, retornou com novas instruções. Determinou que alguns integrantes do grupo se infiltrassem nos partidos políticos não comunistas. Ordenou que três deles não se comprometessem com as atividades do Partido Comunista, porquo estavam reservados para futuras missões: F idel Castro, Antonio Nuiíez e Alicia Alonso. Fidcl era um jovem estranho para os padrões cubanos da época. Embora filho de pai rico, que não lhe negava dinheiro, usava roupa suja e velha, e não se preocupava em mudar de camisa. Não ac.-uava normas das mais usuais do trato social. Por exemplo, tinha o costume de tirar os sapatos onde tivesse vontade de fazê-lo, sem se importar com o ambiente que o rodeava. Não perdeu aliás esse costume: há alguns anos a imprensa publicou fotos mostrando-o com as mãos nos pés d~scalços, no meio de vários assistentes. Foi um "hippy" vinte anos antes de surgir o movimento "hippie''. Os trajes, as maneiras,

as longas barbas e certos hábitos que introduziu na revolução cubana precederam o estilo "hippie", que depois invadiria o mundo. Durante $CUS anos acadêmicos, conforme registros da policia cubana, participou de bandos estudantis que utilizavam até o assassinato como arma política. Fidel, aioda durante seu período universitário, participou do levante comunista d& abril de 1948, cm Bogotá, que passou à História com o nome de "Bogotazo". Há muita documentação sobre esse episódio sangrento. A participação de Fidel Castro tem sido ignorada, atenuada ou m:.,1 intcrprctad:1 pela maioria dos comentadores. Tenta-se explicá-la como sendo uma travessura juvenil, mas não foi nada disso. Naquela época, Castro já era um agente de confiança do Cremlin. Castro chegou à capital colombiana com credenciais da Federação Mundial da Juventude Democrática, organização marxista sediada em Moscou. Há um despacho da UPI de 19 de abril de J 948, muito interessante,- assinado pelo correspondente do Bogotá, Alcides Orozco: "Esta nwfíana, es1<uulo .rientado t.m e/ veslÍ· bulo dei Claridge Hotel, 1. . . ] llegt1ro11 dos tletectives pregu11ta1ulo por cl gerente. AI ser re• â bidos en la oficina, tlijeron <1ue buscaba11 a tios cubn11os, Fidel Castro y Rafael tlel Pino, quienes paraban en dicho hotel . Los tios dectecti11es tomaro11 posesi6n de la correspo ndencia ele los cubauos, que abrieron cn mi presencia y dijeron que teniau informe:• fidedignos de que Castro y d ei Pino /rabimr dirigido e/ saquco tlel 9 dt.t abril co11 motivo dei ase.ii11ato dei dirigente liberal Jorge Eliecer Gaitáu. La corre.spo11de11cia demon.rtr6 que ambo:r pcrtenecia11 ai partido comrmisu, cubano, y las cartas f ec/radns e11 la H abmrn el 9 de t1bril, me11cio11a11 los d es6rdenes ele Bogotá". Castro e dei Pino refugiaram-se na embaixada de seu país para evitar a pris.ão como agentes comunistas e instigadores da insurreição armada. O Dr. Guilhermo Belt, chefe da delcgaç.ã o cubanfl à Conferência Panamericana. que se reuniu na época em Bogotá, mandou-os de rc.grcsso a Cuba por via aérea. O govcr·no da Colômbia forneceu .n a ocasião amplas provas de que os dois jovens er:lm agentes do Crcmlin. O chefe dos serviços de segurança do país aludiu a eles como " co11Ju>.. cidos comunistas'\ O Presidente Mariano Ospina Perez., cm discurso, denunciou-os como ''comunistas e organizadores da insurreição". Voltando a Havana, Castro "retomou os estudos, abandonou os bandos estudantis homicidas para não conlpromcter o futuro que lhe reservava o PC e, em 1950, recebeu seu diploma. Seu irmão mais moço, Raul Castro, entrou na Universidade cm 1950 e foi colocado cm contacto com os comunistas. Pouco tempo depois estes enviaram-no para os países da Europa Oriental. Não se sabe onde passou o tempo em que se esteve aperfeiçoando na ideologia e nos métodos marxistas. Algumas versões afirmam ter ele estado em Moscou; outras, em Praga . O certo é que também Raul, figura de proa do movimento revolucionário que derrubou Batista e hoje o segundo homem cm Cuba, foi desde os primeiros anos de sua juvon1ude um comunista ardoroso e agente de confiança da Rtíssia Soviética .

Nesse último ano, dirigiu o as.salto m3IOgrado ao quartel de Moncada. Preso juntanlente com o irmão, utilizou-se do processo judicial piira prestigiar-se. Tornou-se um político de renome nacional. Recebeu uma pena de quinze anos de prisão, cabendo a Raul treze anos. Iniciou-se na llha um grande movimento, do qual participaram eclcsiás1 icos como o Bispo Mons. Pérez Serantes, para pedir anistia para os presos políticos. Em 2 de março de 1955 o Congresso aprovou e Batista assinou lei nesse sentido. No dia 15 de maio de 1955, vinte e dois meses depois do julgamento, Fidcl e seu irmão estavam livres. De Cuba, dirigiu-se ao México, ondo fundou o movimento anti-Balista que recebeu o nome de "26 de Julho" cm memória do fracassado assalto ao quartel de Moncada. Empreendeu viagens do propaganda por toda a zona do Caribc. Encontrava-se cm particular com os cubanos ricos e arengava cm co.. mícios os seus compatriotas exilados. Nessa época, nunca. se confessou marxista cm público. Em pouco tempo, o Movimento de 26 de Julho começou a tomar corpo. O argentino Ernesto "Che" Guevara, já nessa época notório C·01nunista, juntou-se a suas fileiras. Escondendo cuidadosamente do grande público sua militância marxista, Castro viu seu movimento ser ajudado por cubanos ricos e por idealistas que desejavam derrubar a ditadura de Batista. Entretanto, quem tivesse olho .arguto não poderfa. enganar-se quanto ao verdadei ro caráter do "26 de Julho". • A instrução dos recn1tas estava a cargo de Alberto Oayo, um revolucionário, espanhol que chegara a coronel no Exército republicano de seu país. Terminada a Guerra Civil, emigrara para o México, onde continuou suas atividades subversivas. O "show" trágico estava montado. Foi con· cmtada uma agência de publicidade norte-ame.. ricana para promover a imagem do movimento nos EUA. Fidel Castro, ator consumado, estava pron·to para entrar no cenário internacional. T-alento não lhe faltava; o anuário do Colegio Belén, onde estudara, traz, em 1945 esta referência ao então adolescente Castro: "No faltará el nctor que /ray c11 é/". Abriu« o pano e o mundo assistiu ao primeiro ato da tragédia.

O desembarque na Ilha No dia 25 de novembro de 1956, Fidcl Castro e 82 homens zarparam das costas mexicanas, no iate "Gramma". O tempo não os ajudou. O mar revolto e ventos fortes desviaram a embarcação do ru· mo desejado. O plano inicial previa greve geral e levantamento popular em Santiago de Cuba para o dia 30 de novembro. Para isso, a rede subterrânea .crabalhava ativamente. Castro ouviu pelo rádio que os insurrectos de Santiago de Cuba haviam conseguido libertar os criminosos comuns da prisão local, quei .. mar a central de polícia e dinamitar um depósito. Entretanto, as forças leais ao governo reagiram e o levanto foi sufooado. O ··Gramma'' desembarcou sua · tripulação sem conlratcmpos. Batista teve conhecimento do desembarque e enviou tropas para liquidar os invasores. Dos 82, só sobreviveram onze, que se internaram nas montanhas inóspitas do país. Em meados de novembro, os onze revolu~ cionários conseguiram atingir uma região onde abundavam o-s contrabandistas, foragidos da polícia. Ali Fidcl conseguiu mn.is alguns adeptos, mormenle entre os fora ~da-lci. Eram muito poucos os clemenlos com que contava, mas tinha poderosas alavancas à mão. A primeira era a previsível negligência e corrupção dos agentes da ditadura de Batista e de muitos chefes militares. Contando com imensos fundos financeiros, Castro utilizou-os largamcnt~ para o suborno, recorrendo .tarn• bém à chantagc. Sua segunda vantagem foi o apoio da vasta rede soviética subte'rr5nca em Cuba e o prestígio que soube conquistar entre a juventude cubana. que o olhava corno um novo Robin Hood. A terceira vantagem era representada pela máqui·na publicitária montada no Exterior, da


qual o correspondente Herbert L. Mathews. do '' Ncw York Times", foi peça das mais impor-

tantes. Herbert L. Mathcws entrevistou f'idel Caslro cm Sicrrn Maestra. Os artigos publicados pelo "Ncw York. Times" cm íevcreiro de 1957 serviram para dar ao chefe guerrilheiro uma :1uréol11 de libertado r. Grande pane da imprensa norte-americana começou ::t elogiar os barbudos. O papel de "cruz.1dos" que os órgãos de comunicação lhes atribuíam serviu para iludir a opinião pública. O próprio governo norte-americano contribuiu .para dar a impressão de que o movimento de Castro não era comunista. O embaixador "yaokec" cm Ouba na ocasião, E.1rl Smith, declarou mais tardo que acreditava que o Oc-parramcnto de Estado estava _ mais conforme com as idéi:1s de Her-b ert Mathews do que com as dele. Acrescentou Smith: ··Aj,u/(lmOs ti d er-

rubar Batista que era pr6-amet'icano. s6 para instalar a ditadura de Castro lJUe é pró--russa [.. . J. Neg<m,o-nos 11 vender ,umt1s a um ger verno amlgo e ltuluiJmos os o utros governos " não verulerem armas " Cuba. Não obstante. os simptlliztmlcs revolucionários cntrtgavt1m armas, abas1ecime11ros ~ mu11lções ,Jiari<mu.mte. partindo dos EUA . Fomos remis.rosna aptict1ção de nos.tas leis ,/e 11cutralidatle". As armas e munições partiom principalmente da costa da f'lórida. Essa situação provocou u1n grande dcsalen .. to entre as forças contrárias a Fidel. Naquela época, vozes isoladas denunciavam insistentemente o caráter marxista dos revolucionários cubanos. Somente i, guisa de cxcm .. pio, o "lntelligence · Digesl''. publicado cm Londres, dizia cm deiembro de 1957 haver provas de que submarinos rus.~os estavam abastecendo as íorças de Castro. Não havia na Ilha uma denúncia sistemática do Movimento de 26 de Julho. O chefe barbudo era tido como católico, usava um rosário pendurado ao pescoço, evitava atacnr a Igreja. Além das forças que o apoiav~\m, Castro ·contava com o silêncio covarde ou cúmplice dos seus opositores naturais. Por isso, possuía condições do vencer.

Castro no poder

O futuro ditador iniciou, assim, a conquista da Ilha. O jornalista Stanley Ross, c,n artigo de 12 de junho de 1960 no "American Wcekly", retrata-se do apoio inicialmente dado a Castro e mostra os inesgotáveis recursos íinancciros de que este dispunha. Ross afirma que Castro subornou regimentos inteiros do exército de Batista. Só da Venezuela recebeu cinqüenta milhões de dólares do seu velho amigo Rómulo l¼tan. court. Embora seguindo uma política moderada na Vcnczu-cla. llctancourt tinha sido marxis. ta e já havia ajudado Castro cm outras ocasiões., inclusive na passagem dc.ste por Caracas quan. clç do º Oogotazo''. O polílico venc1..uelano. que chegou a dirigir o PC de 1930 :1 1935. renunciou publicarncntc ao comunismo mais tarde. Não vamos julgar aqui a sinceridade da abjuração. 8 do ex-Presidente vene.(.uelano esta significa1iva afirmação, que Castro aliás seguiu ao pé da letrn: ''Ht1vemos d e llprl~sc11tar Lc11lne e Stt1li11 a e.rtcs povos llatino~americanos) com "ªSelina. Devc,nos forjar rmt 6dio apolxonado contra a. propticdnde privmlt1 e uma ,letetmiuáç,io vi1"/ e utivd de nos dPspojarmos do sistema c11piltlHsft1. Podemos ft11.et tmlo ;sst> sem utlliz.or ,, palc,v,·t, que exat,, vt1pores sulfurosos: comu11l.w110" (R . Bctal'1court, ''EI programa mínimo de prcsentación", 1931). Castro prosseguiu na empresa de conquistar Cuba. Ainda segundo o Embaixador Smith. a decisão do governo norte-americano de não vender armas a Batista e sua simpatia para com o Movimento de 26 de Julho deitaram por terra com o moral do exército do ditador. Seguindo determinações de Washington, Smith comunicou a Batista que os EUA lhe dariam asilo, caso entregasse o poder. "Autrernenr dit", convidou-o diplomaticamcnlc a deixar o governo. A polícia de B,llista, p0r sc11 lado, praticava atrocidades que revoltavan, a po.p ulação e a predispunham a apoiar Castro. Pela fraude utilizada ao aliciar milicianos e simpatizantes, pelo apoio daqueles que o deviam combater. pelos silêncios cúmplices de muiros, e pelos íundos imensos de que dispôs, o líder guerrilheiro de Sierra Maestra tomou o poder no dia 1,P de janeiro de 1959. Eslava consumado o primeiro a.to da trá·~ gédia.

A lguns fatos significativos Na noite desse mesmo dia Lº de janeiro, f'idel Castro pronunciou um discurso no Parque Céspedcs, de Santiago de Cuba, anunciando o triunfo da Revolução. A seu lado estavam o Presidente ,p rovisório da República, Or. Manuel Urrutia, o o Arcebispo de Santiago de <::oba, Mons. E nrique Pérez Serantcs. O Prelado católico certamente não tinha presente a advertência do Divino Mestre, que acautelou

seus discípulos contra lobos com pele de ovelha. No dia 2 de janeiro Fidel Castro nega que o Movimento de 26 de Julho lenha relações com o Partido Comunista e reitera seu repúdio ao c.o munismo. Afirma que a acusação de que ele é comunista é uma calúnia lançada pelo re_gime de Batista. Do pescoço do futuro ditador pende wna medalha da Virgem da Caridade do Cobre, Padroeira de Cuba. Alguns de seus soldados exibem rosários e cscapu1,\rios. No dia 7 de janeiro, Fidel aíirma que o governo não manterá relações com a Rússia ou com t,s nações satélites. No dia 8 nas principais cidades da Ilha os canhões troam, os barcos tocam as sirenas e as igrejas rcpic.a1n os sinos. como sinal de alegria pela vitóri:1 de Castro. No dia 9 de janeiro, Fidcl anuncia eleições num prazo de dezoito meses. No mesmo dia chega da Europa o comunista cubano Lázaro Pena. e reaparece o jornal "Hoy''. ó rgão oficial do Partido Socialista Popular (marxista). No dia IO, suprime-se a invocação de Deus nos juramentos judiciais e o poeta oficial do PC cubano. Nicolás Guillén, é nomeado poeta do regime. Para um observador de boa íé os dez primeiros dias do novo governo j,í davam material para se formar um juízo. Fidel, entretanto, ainda pôde jogar por quase três anos com a cegueira de uns~ a covardia e má fé de outros. antes de declarar-se comunista. A 22 de janeiro, no salão "Copa Room" do Hotel Havana Riviera, Castro recebeu jornalistas americanos. Começou a entrevista dizendo: "Quetó esclttreccr que 11ão .fOU comunista, porque estou certo de que a primeira coisa que ir,ío tliter é <111e sou comw,isu/'. No di:1 23 de janeiro, cm Caracas, Castro conversa longamente com o poeta comuni$ta chileno Pablo Neruda. Durante sua estadia na capital venezuelana. só concede uma audiência privada, e essa· é dada aos irmãos Machado, líderes comunistas. A reunião dura mais de quatro horas. No dia 13 de feve reiro, o Subsecretário de Estado dos EUA. Roy Rubotton , expressa en, Bogotá seu firme desejo de que os ideais da revolução cubana sejam levados a plena rea-

As reações aumentaram; as embaixadas encheram.,se de asilados. Os que podiam abandonavam o país. O " paredón" pôs-se a fun· cionar ininterruptamente para silenciar os opositores. Aqui cabe uma reflexão. Muitos dizem que Castro contava com o ap0io .p opular. A utilização em larga escala do "paredón" e a opressão em que jaz ainda hoje o povo cubano provam o contrário. Havia para o novo regime duas possibilidades de manter-se no p0der: submeter-se a um teste eleitoral ou esmagar a oposição por métodos violentos. Se Castro fosse realmente -popular, ele escolheria a primeira via, para legitimar seu governo perante a opinião pública mundial , aparecendo como líder consagrado pelo povo. Se escolheu a segunda, aparecendo aos olhos de todos com mãos tintas de sangue, é porque não lhe seria possível submeter-se ao teste das urnas sem ser varrido do cenário público. Um setor de onde Castro temia rc-ações eram as Forças Armadas. Ali também ele utilizou o método do terror. Depois de centenas de execuções sem julgamento, anunciou que procederia a uma depuração. Os casos seriam estudados individualmente, afirmou-se. Aquele que não tivesse cometido delito algum, nada tinha a temer. Essa "segurança'' não conven• ccu ninguém. Começaram a afluir os pedidos do licenciamento. Muitos mililarcs tomaram o caminho do exílio, outros recolheram-se- a seus lares ou mudaram...sc para outras cidades cm busca de trabalho. O novo exército começou a recrutar-se nas milícias populares e nas fileiras comunistas. Corno por encanto, surgiram centenas de mi· lharcs de uniformes das mais variadas cores. Foram fundadas organizações denominadas primeiros comunisras, jovens rebeldes, juvcn· tude femi nina, mulheres federadas, milícias ele trabalhadores, comités de defesa, comités de vigilância dos centros de trabalho. O povo sentia temor de sair à rua e não se considerava seguro nem no lar, nem no local de trabalho. A noite, ouvir que alguém batia à porta íazia estremecer os moradores. No melhor dos casos se tratava de uma comissão que investigava quantos membros da família estavam dispostos a integrar-se na revolução,

quantos trabalhavam, quantos pertenciam aos comités, quantas crianças iam à escola, etc. A ausência do retrato de Fidel colocava os ocupantes da casa cm situação incômoda. A imprensa que ainda não estava nas mãos cios comunistas começou a reagir. No início não atacou a revolução, mas somente os des• mandos dela . Os detentore.~ do poder retrucaram com violenta campanha cont ra os jornais que raziam oposição. O slogan cr~\ upared6n!" ,para os diretores e jornalistas que não afinassem com os marxistas. O "Diario de la Marina", "EI País", "EI Mundo", "'Cartc1es'\ "Bohemia'\ 11 Excclsior··. ºAvance'-', tentaram fazer frente ao comunismo. Edições inteiras dessas folhas foram queimadas. Os distribuidores foram ameaçados. Pouco depois. o governo decretou que cm todo jornal íuncionaria o que ele chamou de "dlreito de répHca". Daí cm diante, nas redações dos órgãos ela oposição o i;overno colocou um jornalista seu. Cada editorial contra o regime era seguido logo abaixo de uma refutação injuriosa, na qual se incluían, insultos ao autor da nota e ao diretor do jornal. Um a um. todos os órgãos ela oposição foram desaparecendo. Ao mesmo tempo, viajantes adrede preparados visitavam a Ilha e saían1 contando maravilhas dela. Jean-Paul Sartre, que a visitou em março de 1960, comentou: "O governo e a revolução não Siio nem capitatista.r nem comunistas, mos lmr11anos''. Enquanto isso, a revolução ia devorando seus próprios filhos. Dos primeiros companheiros de Fidel, poucos foram .poupados. O Movimento de 26 de Julho não se tinha declarado comunista e •havia tido as bênçãos de certo setor de Clero, bem como o apoio de uma bo:1 parte da burg uesia. Atraira assim um grande número de não comunistas. Era chegada agora para os marxistas a hora de depurar seus qua· dros de todos aqueles que não comungavam de suas idéias. Aliás, o expurgo havia começado antes mesmo da queda de Batista. Alguns comunistas que atuavan, no Movimento de 26 de Julho ºvendcram·se", seguindo as ordens do partido, COHCLUI tfA. P'ÍCU" A 4

li1.ação. No dia 16 de abril, Fidel Castro declara : "Meu govcr110 não 6 comm,;sta n e1n capitáli.r,a: é hwnanista". No dia 8 de junho Moos. Evelio Díaz, Bispo Auxiliar e Administrador Ap0stólico de Havana. declara: ''Cremos que nossa ,-eforma agrária, cm seu nobre propósito, entra de cheio de1t1to do espíd,o e do sentido ,la justiç(l soclal c rist,i, tão claramente formulada e tle/e1ulidt1 pelo Pontífice Romano, sobrct,ulo tlesde Le5ío XJIJ". Três semanas depois, Fidcl proclama: "A l'eforma agrária mio é comunista nem a,uicO• mw,isw, é ,iecessárin. Os comunisrn.r a ap6lam e tambén r. Mons. .Díat e o Pe. IJiará1111 • No dia 23 de julho, chega ao pais o então senador chileno Salvador Allende, convidado pelo governo. Em 26 de julho, Dia do Movimento, Mons. Evelio Oíaz convida o povo católico a celebrar a data, dando assím apoio a Fidel. No dia 21 de agosto o Ministro da Educação de Cub:1. falando cm Santiago do Chile numa concentração promovida pelos comunis• las, convida os operários e camponeses chilenos a tomarem armas contrã o governo lcgalmcnfc eleito. A simples resenha desses fatos já não deixa d(1vidas sobre as intenções do regime e as tá· ticas de engano que utilizou, além dos ap0ios que recebeu.

O comunismo manobra Fidcl Castro tinha q ue vencer

resistência Para isso pôs-se a :l

anticomunista do povo. manobrar. Foi criado o Instituto Nacional de Reforma Agrária (INRA), que começou a aplicar ditatorialmente leis espoli:1tivas. Tornou-se comum a prática de expulsar os donos de terras com sua família, sem nenhum 1irocedimento legal. A conta bancária dos es1>oliados era bloqueada concomitantemente, o que deixava inúmeros lares na mais negra miséria, da noite para o dia. Quando se anunciou a rc(orma agrária. ai· guns fazendeiros afetados por ela doaram dinheiro, rebanhos, dias de trabalho, arados etc., colaborando com a revolução. De nada lhes valeu esse gesto, pois foram também varridos por ela. Ncss:1 hora, a Igreja Católica deveria reclamar o cumprimento do 7.0 Mandamento: "Niio furtarás", e do J0.0 Mandamento: "Nllo cobiçllrás as coisas alheias'', - mas não o fez. As cúpulas das entidades agrícolas, por sua vez, calaram-se quando era seu dever deícnder os legítimo., direitos dos associados. Defendendo o direiro de propriedade ameaçado, os Bispos o Sacerdotes, além dos fazendeiros, estariam deíendendo os próprios pilares da civilização crislã. Muitos não o fizeram, sendo assim cúmplices da queda de Cuba nas garras dos marxistas.

'

DR. ftDEL ( ~ Castro jamais desmentiu as qualidades cênicas que seus professores Jesuítas vislumbraram nele em 1945, quando d iziam que "no faltará el actor qu~ hay en él". 3


Conclusão da pág. 3

EMBUSTE E VIOLEN CIA para a polícia secreta de 8a11s1a. entregando a esta alguns ca_m aradas. Com isso lucravam duplamente: ganhavam a pro teção do próprio governo cubano, e ao mesmo tempo entregavam à polícia vários líderes an1 ieommiistas cm circunstâncias nas q uais certamente seriam ,m or. tos . .Depois da tomada do .poder, a eliminação dos não marxistas acelerou-se . Os processos públicos, os tribunais revolucionários, as exccuções sem julgame nto mandaram à tumba muitos antigos colaboradores de Fidel.

"Y donde está lo mo longo ?" A aplicação do marxismo na Ilha teve o mesmo efeito que, anos mais tarde, teria no Chile. A reforma agrária trouxe a escasso--' de produtos agrícolas, pelo decréscimo da produção. Na primavera de 1960 já se introduziram as

"t111artas.Jelras sern frangos... As indústrias começaram a parar, os bens

de consumo a escassear, o mercado negro sur. giu, o açambarcamento de gêneros alimentícios generalizou-se. Cuba, uma ilha cercada de águas piscosas, viu com espanto várias espécies de peixes e mariscos desaparecerem de seus mercados. A burocracia, a .incompetência, a negligên· eia e o fanatismo ideológico próprios do regime marxista. começavam a dar seus amargos frutos. O próprio Castro reconheceu a penúria na q ual im·e rgia o povo cubano. O jornal "Revolución", de 13 de março de 1962, reproduziu esta declaração do ditador: "Es preciso,

sin d11da de 11i11gu11a e/ase, hablar co11 roda /ra11q11eza. EI problema mds serio que ha te11ido que co11fronrar la Revoluci6n ts este problema dei abastecimienro. ,, Desp11es de que nosotros nos hemos pasado aquí, muchas veces diciendo que si 110 J1ay tal cosa que comer, co111eremos malanga. E ntonces. la gente dt'ce, b11eno, y donde está la malanga?" A essa altura ia adiantada a exportação da revolução para a América Latina, eram claríssimos os laços de sujeição de Cuba à Rússia Soviética e o apoio total do governo ao comunismo. J á não era necessário continuar com o ardil que vinha sendo usado pelo regime.

E m maio de J96l , Cuba foi declarada uma república socialista. · Em 2 de dezembro de mesmo ano, Fidcl Castro, em discurso público, confessou..se mar ..

O desostre do Baía dos Porcos: t raição e abandono Antes de esboçar cm breves traços a situação na qual jaz atualmente a Ilha, uma palavra sobre a frusrrada tentativa de invasão. fei ta por refugiados cubanos, na Saía dos Porcos, em 1961. Foi tal o proveito dela tirado .p elo comunismo internacional, que um observador atento às manobras marxistas e conhecedor da astúcia que ss caractcriz..'l., é levado a 1>erguntar se ela não foi infiltrada e traída desde o início. Fidel estava submetido a fo rte oposição interna, que ameaçava derrubá-lo. Com a derrota da invasão, ele pôde desbaratar a oposição na Ilha, capturando alguns dos seus elementos mais ativos. A atuação dos exilados também era perigosa. Frustrada a expedição libertadora, espalhou-se o desalento nessa área, além de Castro ter conseguido matar ou capturar a fi na flo r do anticomunismo cubano que tentou conquistar a Ilha. A malograda invasão serviu de .pretexto para o estreitamento dos laços com Moscou e para a entrada definitiva de Cuba na órbita soviética. Kennedy havia promclido apoio aéreo, mas retirou sua palavra no último momento, -a bandonando dessa fo rma os heróicos invasores à morte o u à prisão. Alguém traiu o movimento, entregando aos comunistas listas de nomes da resistência subterrânea em Cuba, o q ue provocou uma o nda de execuções. Havia aproximadamente três mil homens cm armas dentro da llha, já com planos feitos, esperando a ordem para o ataque. A o rdem não cbegou e todos eles se viram entregues à sanha dos comunistas. A lista dos tristes e inexplicáveis fa tos que se seguiram ao episódio da Baía dos Porcos é longa.

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xista, ac.rcsccntando que durante toda a sun vida o tinha sido. Cuba foi oficialmente colocada na órbita soviética. O segundo ato da tragédia cnccrrava·S'\!.

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SUB-COMMlTTEE OF INTERNAL SECURITY - THE UNlTED STATES SENATE - "Castro's Network in lhe United Statcs" - U. S. Government Pri"ting Office, Washington, J963. - "Communist Threat to tho United States through the Caribbcan" - U. S. Government Printing Of(ice, Washington, 1969. - "Extcnt of Subvcrsion in Cam pus Disorders - Testimony of E rnesto E . Blanco" - U. S. Gove~nment Printing Office, Washington, 1969. THE CHURCH LEAGUE OF AMERJCA - ' 'The Marxist-Revolutionary Invasion of the Lati n American Churches" - The Church League of America, Wheaton, Il linois, 197 2. WEYL, Nathaniel - "La Estrella Roja sobre Cuba" - Editorial Freeland, Buenos Aires, 196 J.

• • • Compulsamos ainda vasta documentação amavelmente fornecida por refugiados cubano~ dos EUA (a q uem consignamos aqui os nossos agradecimentos), como também o noticiário da imprensa internacional. Não podemos deixar de mencionar os artigos publicados na imprensa brasileira pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, P residente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Fa.m ília e Propriedade, em cujos lúcidos e oportunos comentários n0s inspiramos.

O resultado concreto foi que dçpois desse episódio o comunismo estava m uito mais forte cm Cuba.

Privilégios po ro estra ngeiros Consolidado o regime, amargos frutos começaram a amadurecer. Um rígido esquema de marxistização da in· fância e da juventude foi instalado. Chegaram milhares de estrangeiros da América, Ásia e África para se instruírem ideológica • .política e m ilitarmente; vieram também numerosos instrutores de várias nações. Para estes, o ra chamados de "deleg,ulos", ora chamados de "técnicos", não ex.istc o racionamento. Estabelecimentos especiais, aos q uais os cubanos não 1êrn acesso, fora.m criados para atender às necessidades dos estrangeiros. Estes muitas vezes estabelecem relações "comerciais" com os naturais da Ilha. Como os cubanos sofrem uma carência crônica de alimentos, amiúde se dispõem a trocar objetos de ouro, de .prata. adornos de cristal, cerâmicas, móveis de familia, por carno e nlatada russa, compotas húngaras, queijo polonês, etc. E são esco rchados nesse comércio, pois os comunistas pedem pelos ali mentos preços astro nômicos.

A medicina na Cubo de Castro O co rpo docente das Faculdades de Medicina íoi, como seria de se esperar, expurgado. Estudantes comunistas ocuparan1 os cargos dos antigos m estres. Muitos estudantes fica ram profundamente chocados ao verem seus colegas de o ntem, os q uais não -brilhavam pelo saber, aboletados nas cátedras como -seus novos p rofessores. A situação nesse setor do ensino rornou-se caótica. Aos fut uros m édicos cabem duas opçÕéS: ou emigrar para continuar seus cst~dos, o que muitos não podem faze r, ou resignar-se~ receber o diploma numn m\ivcrsidade cubana e sujeitar-se a qualquer trabalho indicado pelo Estado. A primeira leva de formados sob esse regime recebeu do povo o apelido de médicos ·'rr/Js picos", porque se dizi a em Havana que a (!nica prova que se exigia deles era subir três vezes o pico T urquino. Esses novos facultativos encontraram (e ainda encontram) um campo. de trabalho pré-detcrn,inado pelo Estado. Est-e os obriga a dois turnos de trabalho de seis horas cada um. Em cada turno, o médico tem obrigação de atender a oitenta pacientes, o que dá uma média absurda de treze consultas por hora. Os laboratórios receberam ordem de nunca atestar menos de 4,800.000 .g lóbulos ve, n,clhos no resultado dos exames de sangue entregue ao paciente. N uma folha q ue só ia para o clínico, a situaç.ão real era atestada. O mQtivo é simples: a desnutrição, -pela carência alimenl ar, aumentara. assustadoramente e o governo não queria deixar que o fato se tornasse de domínio ,p úblico. A q uase totalidade dos médicos foi incorporada aos hospitais e foram suprimidas as consultas particulare.s. Os doentes têm obrigação de ir ate o hospital par a serem atendidos. Para os casos simples, a situação não é d ramática. Entretanto, para os casos graves é difícil a solução, pois o serviço de ambulâncias funciona mal, e taxis quase nunca são encontrados. Im ag.inemos os transes por que passa um doente cm estado g rave, que depois de m il JX:· r ipécias consegue chegar ao hospital e lá é atendido por médicos "1rês picos". carentes dos conhecimentos necessários e do material adequa~o.

A duro situação dos

a) vagt1b111ulos: aqueles que, havendo trabalhado d urnnte toda a safra açucareira, que termina em 31 de julho, não se rcincor.poram ao trabalho no dia 1.0 de agosto. A s anção pode ser a supressão da caderneta de abastecimento (em outras palavras, a fome). ou o trabalho forçado numa granja do Estado até dois anos; b) semivagabundos: aqueles que, embora realizando suas oito horas normais de trabalho e não faltando nenhum dia, não cx.ec,utam ·~trabalho voluntário" nem pertencem a nenhuma organiza.ção de n1assa. A sanção contra esses pode ir até seis meses de trabalhos fo rçados; e) abser1teístas: aqueles que, cumprindo embora seu horário, realizando .. trabalho voluntário" e pertencendo a organizações de massa, faltam, por motivos alheios à sua vontade, ao trabal ho. A sanção contra cssc.s é a crítica pública. Por essa legislação todo trabalhador ·cubano está sujeito a, mais cedo ou m ais tarde, ser inculpado de um desses delitos, os quais são julgados por tribunais populares.

Os tribunais populares Os tribunais populares são caricaturas dos tribunais de justiça. Constituídos .por me.mbros do PC sem nenhum preparo jurídico e destinados a julgar de maneira ''expedita' ', suas sentenças não têm apelação e são c,cccutadas imediatamente. Não nos deteremos aqui nas incontáveis vitimas que esses tribunais mandaram aos pelo· tões de fuzilamento. Analisaremos o utro aspecto. Espalhados por toda a Ilha, eles infe rnizam a vida da população. Imaginemos um -.paeato cidadão condenado a cortar cana por três dias, ou varrer as ruas aos domingos du rante um mês, porque não tem "sentimentos revolucionários", .., esponsabi/idade proletária" o u "identificação co111 o povo". 'e o q u&.p ode acontecer a todo momento, com q ualquer cubano.

Explo rcação do trabalho infa ntil O regime difunde que há educação obrigatória e gratuita em Cuba. O obrigatório não traz novidade, pois tudo no regime 1narxista é obrigatório. O gratuito é falso. Há as famosas " Escuelas de Cara ai Campo". Depois dos doze anos, todo aluno trabalha no campo para o Estado de 75 a 90 dias por ano, gratuitamente. Além do mais, muitas vezes escoJas inteiras são convocadas para executar utrabalho voluntário''. o q ue faz o corpo discente quebrar o ritmo dos estudos, provocando o desinteresse em muitos dos alunos.

O G-2, êmulo da KGB soviética Análoga à KGB soviética, a policia secreta cubana - o G-2 - é o terror da população. Muitos prisioneiros suicidam·se nas prisões, pelo pânico dos tormentos que lhes estão reservados. Num Estado que erigiu como norma a violação de todos os d ireitos, nada mais natural do que um organismo que espalhe a insegurança e o medo entre a população.

800 mil refugiados A fome, as delações, as execuções, o terror, o confisco e o crime erigidos cm lei, produzi ..

ram seus frutos lógicos : 800 m il cubanos vivem hoje no exílio. P roporcionalmente seria o equivalente ao expat riamento de 10 milhões de brasileiros. O terceiro ato da tragédia cubana ainda continua, desenrolando-se aos olhos de um mundo aturdido e um tanto esquecido do encadeamento de desgraças que se abateram sobre a ilha do C.1ribe.

Esperanço

trabalhadores Em Cuba, sob a ditadura de Batista, embora houvesse muitas injustiças a censurar, protegia-se o trabalhador com a jornada de quarenta horas e pagamento de 48 -horas, salário mínimo, assist"ência à maternidade, seguro contra acidentes, CY"...scanso remunerado. licen_ça por enfermidade, trinta dias de fé rias anuais. cinqüenta por cento do salário mensal como abono de Natal, irrcmovibilidade, aposentadoria aos 55 anos com 75 % do ordenado. Havia participação nos lucros em algumas empresas. Castro restringiu enormemente as regalias operárias . Foi suprimida a jornada máxim a de trabalho, reduzidos os salários, instituído o " trabalho voluntário", sem remuneração, que é uma fornia mal disfarçada de trabalho escravo. O regime promulgou cm 1970 uma verdadeira legislação anti-social, que comina puni· çõcs para três classes de trabalhadores:

Ao terminar a recapitulação sumária e quase esquemática do furacão que há anos assola Cuba, man ifestamos a firme esperança de que tudo isso não passará de um pesadelo na vida da jovem nação. Será um parêntesis trágico na sua história, q ue logo será fechado. Tanto sangue derramado, tantos martírios atrairão o olhar misericordioso de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, Padroeira de Cuba. E esperamos que os cubanos que habitarão futurament·e a "Pérola das Antilhas" já reinvestida na sua honra e dignidade, aproveitarão largamente os ensinamentos que essa revolução lhes terá proporcionado, tornando-se vigilantes contra toda sor tç de enganos e ardis. Seguindo os ensinamentos dAquele que nos preveniu contra os lobos vestidos de ovelhas, e nos ensina a ter a simplicidade da pomba e a prudência da ser.pente, Cuba terá um fu turo brilhante nas vias da civilização cristã.


Reaproximação com Cuba, golpe de morte nas esperanças de um povo J

A HA ALGUM tempo, o mundo assiste a tentativas, ora de um país, ora de um grupo de nações, ele reconduzir Cuba ao seio da comunidade americana. A reintrodução do ditador do Caribe nessa comunidade representa, para os que a propug-

nam, nada mais do que a execução, em ponto pequeno, da política do distensão que vem sendo levàda a cabo cm escala mundial. Se Nixon já anda de braços dados com Brezhnev e Mao, por que proceder de outro modo ·c-o m a tirania insta1ada na ºPérola das Antilhas"? Nada mais natural dizem os propagandisra.s da aproximação com Fidel do que, tendo o Presidente norte-americano se reconciliado com o ocupante do Cremlin, reconciliar-se também com seu satélite cubano. Seria correto o raciocínio se a udétcnte' 1 não fosse uma política desastrosa. Entretanto, ela vem produzindo catastróficos resultados, como "Catolicismo" mostrou no estudo publicado cm seu n.0 281, de maio p. p. A -p olítica do Presidente "yankee" só seria benéfica na hipótese de estarem os russos de completa -boa fé, de terem renunciado aos seus intuitos de conquista ideológica, políti_c a e militar. Caso contrário, Nixon e os demais líderes do mundo livre, pela estrada das concessões paulatinas, levarão o Ocidente ao suicídio. Como o inimigo é •insaciável, cada concessão exigirá nova concessão. A Escritura diz: "Um

abismo atrai outro abismo". Portanto, a "détentc" é a renúncia à derrubada do adversário comunista, e pior que isso, é a consolidação de seu poderio e de suas conquistas. · Embora não estejamos de acordo com a posição ideológica de Solzhenitsyn e Sakharov, acreditamos que denunciam fatos verdadeiros. O regimo de ca_m pos de concentração, a miséria onímoda, o desprezo pela vida humana são pintados cm cores vivas pelos dissidentes russos. Fatos análogos dão-se cm Cuba. Consolidando o regimo comunista, ajudando-o por gordos donativos, desanimando os anticomunistas, Nixon perpetua por detrás da cortina de ferro os campos de concentração, a fome, as execuções sumárias.

Co m Cuba, há a gravantes Se a distensão com relação à R6ssia é um erro, a mesma polític~ c-0m .Cuba é um erro e um absurdo. Fidel Castro é um inimigo pequeno. Não tem condições de declarar uma guerra contra os EUA. Não é senão um guerr ilheiro que transformou Cuba num foco de agressões de guerrilheiros. Uma ilha transformada em cnmpo de concentração e de treina-

mento subvcrs.ivo, que serve de ,plataforma para a subversão do resto. do continente. A Rússià está, em âmbito mundial, mostrando quão infundada é a confiança que se tem nela . Por intcipostas pessoas, ora os árabes, ora guerrilheiros sabotadores, vai pondo em .pânico o Ocidente. Cuba, títere dos russos, não se aproveitará de uma melhora de su:u condições para realizar mais eficazmente os desígnios soviéticos?

Uma tática sagaz Cuba foi expulsa da comunidade americana porque era dominada por um governo marxista que estava exportando subversão. Sem que tenha renunciado a nenhunt de seus princípios (se bem que em alguma medida tenha modificado pat'le dos métodos), sem que tenha abdicado do intento de ver a América convertida num cárcere vermelho, começa-se a falar insistentemente na sua volra ao concerto das nações americanas. Estranhamente, ninguém pede dela a retratação. , Como a reação da opinião pública seria vigorosa se Castro fosse reintegrado sem mais na comunidade americana, uma sagaz tática foi adotada pelos promotores dessa medida. Poderíamos denominá-la a tática dos vais-e-véns. De repente, a imprensa começa a publicar ,p ronunciamentos de governos} de associações, de personalidades, advogando a entrada de Cuba na OEA. Como uma onda do mar, estas notícias inundam os ouvidos do público e depois refluem. Tem-se a impressão de que a campanha morreu. Pouco tempo depois, no-

va onda publicitária forma-se no oceano e vem contra a praia da opinião pública. Assim, os povos do continente vão sendo preparados para aceitar o conviva que havia sido expulso, sem que) ele tenha renunciado a uma vírgula dos motivos que .provocaram seu afastamento.

Po rque o Ilho não de ve vo lta r à comunidade a me rica no A palavra de ordem e a meta final do movimento já é percebida por todos.: Cuba deve ser reintegrada no convívio das nações americanas. À prin1eira vista, para um observador desavisado, a causa pode parecer simpática: ·•Afinal de contas, os cubanos pertencem ?L família americana. Um regime pernicioso os privou da amizade de nações irmãs". Na realidade, as coisas estão lon,g e de ser tão simples. As iniciativas de int'egração são louváveis quando têm por objeto pessoas, valores ou coisas sadias e harmônicas. São um desastre quando enxertam o que é doente no que é saudável, ou quando implicam na conjunção de heterogêneos. E Cuba tornou-se um elemento heterogêneo no continente americano, por muitas razões. Entre estas, enumeraremos algumas: •

• 1 -

O regime cubano, por ser comunista, é intrinsecamente perverso. Admiti-lo como membro válido de uma comunidade de nações como a nossa, importa em pactuar com a injustiça institucionalizada. O regime de Fidel Castro só se mantém pela violência. Se em Cuba se realizasse uma eleição livre, prc<:edida de amplos e genuínos debates políticos, é indiscutível que o ditador seria fragorosamente derrotado. Não é à toa que Castro cerca seu país de arame farpado e arrocha todas as liberdades. A inte• gração da Cuba comunista não seria. pois a integração da Cuba autêntica, mas de uma pseudo-Cuba, ou melhor, de uma ant i-Cuba. Desse modo aceitaríamos no convívio continental, não o imlão verdadeiro, mas o oprCS· sor . e inimigo moNal deste. Agindo dessa forma, máximc com a agravante de um jn1eiro conhecimento de causa, faríamos uma injúria gratuita ao irmão infeliz e oprimido. • 2 -

• 3 - Mais ainda. Os numerosos cubanos exilados e os que na pátria esperam, com uma perseverança -profundamente respeitável, a aurora do dia da libertação, têm direito a receber dos demais .povos do continente todos os graus e formas de solidariedade política, para sacudir o jugo do tirano. A integração do regime

comunista cubano representaria a consolidação do castrismo e a morte daquela nobilíssima esperança. Implicaria assim no pecado de quebrar o arbusto partido ~ extinguir a mecha que ainda fumega (cf. Mat. 12, 20). • 4 Pensemos mais especialmente nos inúmeros cubanos e cubanas que jazem nas masmorras da outrora "Pérola das Antilhas", ou trabâlham como escravos 03$ lavouras de cana para a realização do sonho megalômano com o qual Fidcl Castro presume remediar os efeitos catastróficos de sua má administração. Iremos consolidar as muralhas de suas prisões e os grilhões de sua escravidão?

• 5 - Negamos q ue essa integração nos seja imposta por qualquer razão política ponderável. A republiqueta a que Fidel Castro reduziu Cuba não tem prestígio, nem riqueza, nem força que explique (não falamos em justificar, note-se) a capitulação de toda a América diante dela.

E o bloqueio e conômico? Dirá alguém: "Está bem. Os argumentos são convincentes. Cuba não deve ser reintegrada. Nada de relações diplomáticas. Mas, o bloqueio econômico, este sim, deve ser levantado, para minorar os sofrimentos daquele povo opresso. Ademais, o bloqueio mostra-se ineficaz, pois dura há mais de dez anos e Fidel Castro continua no poder". Outro acrescentará: "Como o comércio enriquecerá os países e pessoas que com Cuba negociarem, e há poucas possibilidades de o comunismo ser varrido da Ilha, o melhor é minorar o mais cedo possível os sofrimentos pelos quais passam os cubanos". Duas perguntas saltam imediatamente aos lábios: bloquear economicamente Cuba é, na prática. aumentar os sofrimentos do povo cubano? Cuba foi bloqueada verdadeiramente? Além do México, que não acatou a resolução da OEA, vários países do mundo ocidental continuaram a comerciar com Havana. o que restringiu muito o alcance das medidas tomadas. Esses governos, sem dúvida, contribuíram para a permanência de F idel no podér. O regime comunista deu origem em Cuba ao confisco da soberania nacional pelos soviéticos. Acarretou o cerceamento das mais legitimas liberdades, entre as quais a liberdade religiosa. Trouxe consigo a insegurança, as torturas e a morte. Implantou a fome. E tudo isso, por efeito da própria essência da doutrina marxista. Assim, o verdadeiro meio de aliviar os so• írimentos dos cubanos consiste em trabalhar

N o ssas homenagens e nosso repúdio

A

são.

OS CtJllANOS que cairam na luta contra o comunismo em sua pátria, nosso p.reito de respeito e admira.

Aqueles que, nos sombrios f<>S60S das masmorras com~as, antes de re<:ebetem a descarga fatal gritaram: ''Viva Cristo-Rei", nossa veneraçio comovida e entusiasta. Aos cubanos que, não tenao abandonado seu país, lá vivem Impotentes, m as lneon· fonnados, nossos fraternais sentimentos de .<OIIIJ>aixão e o desejo de que1 tão 19110 seja p<>Mfvel, vejam sua pátria libertada. Aos cubanos que, de,ixando família, amigos, posição sócial.e bens, abandonaram sua terra natal, para continuar fora o combate co)ltra o ttgime opre&sor, nossos mais sinceros votos de êxito nessa sagrada luta.

Aos que, _fechando os olhos ao pei;go, por eovardlá ou traição, disseram: ''Nlio há perigo. O po•·o cubano li anticomunista. O espírito latino r ejeita visceralmente a tilania marxista. Não sejamos pes.~il!listas, vendo o comunism o cm tudo e em todos'',, - "Não se preocupem. :t inadmissível que os norte-americanos deixem a Rússia instalar uma colônia a 170 quUometr~ de

suas tOS'tas•Í, - ''Realmente, Fldel Castro tem muitos a-res comunistas; mas ele mesmo ê bem intencionado", a estes, nosso repúdio e rejeição, por terem totwldo possível o Jidvento da mais sanguinária e antinatural ditadura que a Airn~rica jamais conheceu. ·

para erradicar de seu país o regime comunista. O bloqueio é um dos meios para chegar a tal. Ele não aumenta os sofrimentos do povo cubano, senão como certos remédios que agravam t'emporariamente os padecimentos do enfermo para possibilitar sua cura. O fazer bem a Cuba não consiste em encaminhar rique-z as para um regime cuja estrutura impede que elas sejam corretamente utilizadas, e que servirá delas apenas para manter-se no poder e não para beneficiar o povo. O contrário é que deve ser feito: condicionar o auxílio à mudança do regime, criando assim uma pressão que desmoralize os detentores do poder, os debilite e, por fim, lhes tire o ar. Entretanto, imaginemos que o regime não utilizasse os recursos obtidos para se manter, mas procurasse atender às necessidades da população. A conseqüência natural é que com isso ele se consolidaria e portanto se tornaria mais opressivo. Estaríamos c>tpondo os cubanos à tentação de trocar o direito à liberdade por pão. Nada pior do que induzir um povo a vender sua própria liberdade. Devemos considerar ainda que a Rússia gasta anualmente somas pesadas com o apoio econômico e militar que dispensa ao regime cubano. Se, enquanto os EUA asseguram a intangibilidade de Cuba contra qualquer ataque militar, a América fo r manter economicamente o regime castrista, acabando com o bloqueio e fornecendo-lhe créditos, p restar-se-á à Rússia esse serviço incomparável: sem qualquer gasto dos russos, Cuba continuará comunista.

se

O segundo pos.s o se rá re patriar c ompulso riame nte o s e xilados

e.

preciso não ter ilusões a respeito da mentalidade comunista. Logo que Havana se, sentir garan1ida econômica e militarmente pela apli· cação da distensão nas suas relações com os EUA e com o resto da América, irá reivindicar o repatriamento de seus cidadãos exilados, para exting1;1ir qualquer, foco de anticomu.o ismo cubano que .possa, do Exterior, ter influência na I lha. Será uma forma de imperialismo arrogantemente exercida por F idel Castro dentro das fronteiras americanas, em paga de todos os ,benefícios que ele terá recebido. Os EUA e os demais países do continente sofrerão pressão do ditador barbudo para que cometam um crime com proporções de genocídio, isto é, entregar os refugiados à sanha dos carrascos de La Cabana. Solzhenitsyn, em carta enviada aos lideres soviéticos, telembra um episódio já um tanto esquecido, o q ual mostra que Fidcl Castro não será o primeiro a rentar um tal passo. Diz o escritor russo : "A diplomacia soviética [ ... ] sabe como /a1.er exigênciaJ· e obter concessões [ . .. ). Em termos de realizações práticas, pode tllé ser considerada brilhanle. Teve alguns mo· mentos especialmente dignos de nota. Por exen1p/o, no fim da segunda Guerra Mundial, quando Stalin, que sempre superara Roosevelt, supero11 também Ch11rchi/l e não s6 obteve tudo o que queria na Europa e na Ásia, mas u11nbélt1 conseguiu a volta - talvez para sua pr6pria sur.presa - de cemenas de milhares de ddadãos soviéticos que se encontravam na  ustria e na Itália, decididos a não retornarem à pátria, ma.t que foram traídos pelos aliados ocidentais". O motivo de Stalin era o mesmo de Fidcl: o medo da oposição anticomuni.sta fora de suas ·fronteiras. O leitor já imaginou que sorte resetvou Stalin .para as infelizes criaturas, a1iradas aos seus braços pelos aliados ocidentais? Imagine agora que destino terão os refugiados cubanos nas mãos do Stalin do Caribe.

O comé rcio com Cubo

ser•nos-ó prejudic ial e m

t ermos econômicos O comércio com Cuba será prejudicial i\s nações americanas. Depauperada pela ação, ou sobretudo pela inação, da economia comunista, a Ilha nada nos tem a oferecer. Num momento em que as sombrias perspectivas de desequilíbrio da balança· comercial se avolumam pelo aumento do preço do petróleo, aumentá-lo CON'CWI NA PMtHA 7

5


-

APESAR _DA OPRESSAO, ELES CONTINUAM APOIANDO FIDEL CASTRO

F

IDEL CASTRO, ator c-0nsumado, representa uma nova peça no cenátio inter• nacional, desta vez para p-0der reingressar na comunidade americana. Qualidades para tanto não lhe faltam. C-Omo já mencionamos, o anuário do Colégio Belém, onde estudou, traz em 1945 esta referência ao então adolescente Castro: "No faltará el actor que hay e,1 éf'. Entretanto, suas atitudes, para se fazer aceitar no cenário americano, não passarão de gestos .para a galeria. A tragédia real que há anos se desenvolve em Cuba cn,i nada se modificará. Para o homem que jurava não ser comunista, tendo dep-0is declarado que o havia sido sempre; para o líder de um movimento que

proclamava sua aversão militante ao marxismo, alardeando aos quatro ventos sua condição de católico, para depois tudo desmentir; para o chefe que assegurava aos seus comandados a sua amizade, para depois os fazer eliminar, mais uma representação nada tem de extraordinário. O ditador do Caribe, que tantas ve:res já iludiu a opinião pública, conta fazê-lo uma vez

mais. Desejan\os rememorar alguns fatos que cvi• denciam a falsidade da nova manobra e a cumplicidade daqueles que a apóiam, como j!I apoiaram a Fidel ( ou desalentaram seus opositores), em passado recente. A ditadura mari<ista em Cuba não mudou. O escárnio aos sagrados direitos de Deus e do homem continua ali como era. Os campos de concentração estão cheios. A cortina de água salgada continua circunscrevendo a ilha, cadà vez. mais rlgida, na .prop-0rção em que aumentam a fome e a opressão. Cuba é um mini-Arquipélago Gulac. Não existe na Ilha nenhum jornal, rádio ou televisão que possa fazer oposição ao governo. Nenhuma organização tem pem1issão de atacar o marxismo. Cuba continua sendo um foco de subversão e ameaça para as Américas. Pode ser que o ditador tenha substituldo o fuz.il por táticas mais subtis, porém não menos perigosas. A subversão incruenta é tão criminosa como a subversão sangrenta. Sem embargo do que, ponderáveis setores da Hierarquia e do Clero católico continuam apoiando Fidel Castro, ora .p elo silêncio cúmplice, ora desalentando os eventuais opositores, e outras vezes p-0r ap-0io caloroso ao re-

gime. O governo dos EUA continua cm atitude dúbia. A p-0lí1ica de Kennedy, ao entregar nas mãos de Castro os lutadores anticomunistas da Bata dos Porcos, não mudou. Setores responsáveis daquele país, desde o alto capitalismo, passando pela imprensa e pela direção de associações de classe, continuam a apoiar Fidel, como o f.izcram desde os primeiros passos de sua trágica ascensão. Como se vê, o apoio a Castro vem de onde ele deveria, conforme a doutrina marxisla, esperar a ~cação. E a reação vem de onde ele deveria esperar o apoio, de acordo com a mesma doutrina, isto é, das massas cubanas, que são submetidas a -implacável regime p-01icial para evitar que derrubem o governo. O que torna os setores mencionados co-responsáveis e cúmplices dos sofrimentos sob os quais geme o povo cubano.

A ditadura em Cuba não mudou • "Há mais de treze anos está-se lutando pela liberdade de nossos presos em Cuba, os quais cumprem sentenças pro/erldas por tribu.. nais de exceção, desconhecedores de todo princípio legal e de toda nor,na de Direito, que não seja o exterrnínio e a degradação daqueles que não se submeten-1 ao comunismo ateu e sa,1.. guinário" (Documento do Congresso Cubano Contra a Coexistência, Isla Verde, Puerto Rico, 1973, p. 3).

• "A proibição à Comissão /11ternacional de Juristas e à Cruz Vermelha lnter11acional, de investigar as denúncias sobre tratamento inu• mano e -cruel e a prisão se1n o cumprimento do disposto nas /tis vigentes antes da detenção, ião a mais evidente confissão de que o governo comunista não cumpriu com suas obrigaçõe.l· r.. .] em .relaçt1o aos direitos humanos" (ibidem. p. 4). • "Por mais de uma dkada, os presos políticos cubanos têm sofrido o mais cruel, desumano e degradante encarceramento conhecido na América. Tal encarceramento desumano é caracterizado por assassinatos, torruras físicas e nuntais, escassez de alimento, falta de assls6

tência ntétlica, trabalho pesa,Jo, proibiçt1o ,Je visitas, ,le entrega de alimentos e de correspo,idência [ .•. ]; encarceramento em celas muradas, onde ,iormem junto aos próprios excrementos e jamais vêeni o sol; doutrinação co111un,"sta co111puls6rla [ . . . ]; suje,"ção a experiências bio/6gica3" e p.ricol6gicas [ . .. )" ( entrevista coletiva do Dr. Humberto Mendrano, in "Commiitee to Denounce Crucltics to Cuban Política! Prisoncrs Press Rclease", 1973): • "Esta de11úncia tem poucas possibilidades de chegar ao Exterior; por ti-la dado a ,,úblico corremos .o risco de brutais represálias. N6s, pr,"sioneiros políticos anticomunistas da Prisão de Boniato, 11a Província de Oriente, Cuba, temos sido confinados durante anos, impedidos de ver nossas famíUas e ,/e ter qualquer conru11,"cação com elas por qualquer meio, se,n permissão sequer de enviar ou receber cartas, fn. ternados como bestas furiosas em ctlas com j,m,los cobertos com chapas de aço e portas hermeticaJnente fechadas, apenas co1n um buraco nwn canto para as necessidades sant"tárias, onde a urina e os excrementos se acumulam. tornan,io assim irrespirável pelo ,nau cheiro o pouco ar que aU j}enetra. sem sol nem lut, numa escurid,1.o perJnanente, quase cego.r e com a estrlta proibição de qualquer assistência m édica 011 qualquer formo 1/e medicoç,1o. Temos s,"do submetidos ao mais cruel e enlouquecedor sistema de a_niquUament<> físico e mental e ,le experin1e11toção biol6gica que o mundo ocide11' tal jamals conlrecêu em toda sua Hist6r,'a. M éd,"cos russos, tchecos e cubanos comunistas <lidgem este plano de extermínio e de expe· rimentaçiío" ( Carta dos Prisioneiros Políticos da Prisão de Boniato - Centro de .Extermínio e de Experimentação Biológica - ibidem).

Cuba permanece um foco de subve rsão para as Américas • A Rússia ainda mantém cm Cuba bases para o lançamento de foguetes, os quais podem facilmente atingir os Estados Unidos (Luís V. Manrara, "Betrayal Opcned the Door to Russian Missiles in Red Cuba", 1968).

.

• Castro ajuda as guerrilhas comunistas do Yemen do Sul ("The Washington Posl", do 25 de junho de 1973). - Se até à Asia chega a influência do ditador do Caribc, o que dizer dos palses que lhe estão próx-imos? • Há fones suspeitas de que o grupo "Symbioncse Liberation Army", que seqüestrou a jovem milionária Patrícia Hcarst, seja teleguiado por Cuba e adote táticas castristas ("The Rcd Linc", de 18 de março de 1974). • Em Cuba há milhares de ativistas das três Américas aperfeiçoando-se nas doutrinas e métodos marxistas, desde os mais refinados procedimentos psicológicos até as mais brutais táticas de guerrilhas (Juan A. Fernandez Pclliccr, "Asi Marcha Cuba", 1972, pp. 50-51 ).

Ponderáveis setores eclesiásticos continuam apoiando Fidel • A Conferência Episcopal Cubana emitiu, em 10 de abril de 1969, comunicado pedindo o término do bloqueio econômico à Ilha. Fez o mesmo em 1972 ("Thc Voice", de Miami, e "Informations Catholiques Internationales", de 15 de julho de 1972). • A Conferência Episcopal Norte-Americana pediu a cessação do bloqueio econômico a Cuba ("Informations Catholiques Jnternationales", de 15 de julho de 1972). • A Agência Católica de Notícias, de Boston, apóia o regime comunista de Havana. O Arcebispo de Boston, Cardeal Humberto Medeiros. pôs fim a conversações com um comi .. té de senhoras católicas cubanas refugiadas, que só pediam que se rezasse pelo seu novo ("'EI Faro .Mundo", de ·12 de maio de 1972) . • Declarações de Mons. Zacchi, Encarregado dos Negócios da Santa S6 cm Havana : "Os cat6licos cubanos devem ser rcvoluâonários e devem pertencer às mlúclas, porque os católicos tlevem servir se1npre de exemplo, onde quer <Jue se enco11trem, e devem ser os primeiros a responder a qualquer apelo do governo 11 favor do povo( .. . ). Cuba é hoje uma gra11c/e família qual os filhos es1ão trabalJu.mdo para um. futuro tlc absoluta felicü/ade'' ("ZigZag", Miami, de 18 de janeiro de 1974).

"ª

• Mons. Agostinho Casaroli, Secretário do C-Onselho para os Assuntos Públicos do Vatica-

no,. visitou Cuba em fins de março e e-0mcço de abril deste ano, mantendo encontros cordinis

com Fidcl Castro e com o presidente Donicós. O enviado da Santa Sé levou aos Bispos cubanos uma mensagem na qual Paulo VI apóia a ação destes "em meio às ,prof1111das tro,1.tfor· moções ocorridos no país". Ao .passar pelo México, de regresso, o alto Prelado vaticano declarou que "os católicos que vivem em Cuba são felizes dentro ,lo regime socialista" (afirmação que desmentiria bem mais tarde) e que "os católicos e, de um modo geral, o p<>vo cubano 1uio têm o menor problema com o governo socialista''. Terminou asseverando que "os cat61icos da Ilho são respeitados eni suas crenças como quaiJ·quer outros cidadãos''. de· pois de afirmar que "o Igreja Cat61ica c11bo1111 e seu guia espir,"tuc,l procuran, sempre ,uío cdar 11enlrnin problema para o regime socialista que governa a Ilhaº (cf. ':CatoJicismo", n.os 280 e 282, de abril e junho de 1974, e "O Estado de São Paulo", de 7 de abril de 1974).

O governo norte•omericono continua em atitude dúbia • A M. L. Worthington, do Canadá, e as íábricas de automóveis Ford, General Motors e Chrysler da Argentina, filiais de cm.presas nortc•a.mericanas, vão vender a Cuba, respectivamente, locomotivas e automóveis. Segundo o "U. S. News and World Report", o governo dos EUA está disposto a aprovar a transação ("El Espectador", Bogotá, de 12 de março de 1974). • "Sendo Vice-Preside11te o Sr. Nixon, [ . . . ) o governo de W asl,lngto11 facilitou ao imper,"a:. /ismo russo-comim,"sta a ocupação de 11ossa pátria. Note--se que esta não é sonunte a minha opinião. 1:.' a opinião de quatro embaixaciorcs 11orte-wnerlca11os que atr"'ram pessoalmente durante o período en, que os comunistas lutaram para obter o poder em Cuba" (Luís V. Manrara, ariigo "Infundadas Espcranzas", in "Dia rio Las Américas", de 28 de agosto de 1968). . • ''Queremos especialmente ins,"stfr em que o citado Po11to li do Tratado co,ura o Pirataria Aérea, de 15 de fevereiro de 1973, [ .. . ) está em aberto confUto con1 a ·Resolução Conjunta 230. de 3 de outubro de [962, do Co11gresso dos Estados V11idos do América, li qual foi declarada A to Priblico [ .. . ). A referida R esolução Co11ju11to estabelece que os Estados Unidos da América o/ereccT<io inteira cooperação ao.ir cubanos livres na sua justa luta contra o atual regime cubano. Assim, po,"s, julgamos que. conforme o controvertldo Ponto li do 1'ratatlo ou A core/o sobre Pirataria Aérea, os Esta,los Unitios puni'r,ío de acortlo com suas leis e não permitiriio a qualquer cubano a preparação, promoção ou partici{Jação e1n expecliçiJes ou outras atividades i111portantes1 a partir de seu territ6rio, 011 de q11alquer lugllr da América, contra o regime rotolitár;o hnposto a Cuba pelo embuste, pela força e pelo terror" (Manifesto dos Cubanos no Exílio ao. Presidente Nixon e à Opinião Pública Mundial, in "The Washin&ton Post", de 27 de março de l 973). · • "Da m esma maneira con,o o povo de Cuba no exílio condenou o pacto K ennedy-Kruchev - n11scldo como cons<14iiência tia crise dos joguetes, de outubro de 1962. o qual, no fim das cÕnt~. serviu apenas para perpetuar Castro e seu regime no poder - agora igualmente os cubanos livres e democrálicos censuram e denunciam qualquer intento tle coexistêncla que tenda a ,nanter a tira,üa cubana no poder e a condenar ,"njustamente nosso povo a viver sob um regime-prisão que destruíu " n11çiio cubana, estabeleceu o radonaniento permanente e a pobreza. e viola todos os princíp,"os ,lo sistema interamericano" (idem) .

Importantes setores dos EUA continuam a apoiar Castro • O multimilionário Cyrus S. Eaton deseja o restabelecimento de relações com Havana o mais cedo possível (H. J. Maidcnberg, in ·'The New Yor.k Times'') . • O presidente do Sindicato de trabalhadores na indústria automobilística, Leonard Woodcock, exortou o governo nortc..amcrica.no a suspender o embargo comercial a Cuba, para que as indústrias de automóveis possam negociar com Castro ("Jornal do Brasil", Rio de Janeiro, de 17 de março de 1974) .

• O líder da maioria no Senado, Mikc Mansficld, pediu a Nixon que restabeleça relações diplomáticas com Havana ("O Globo", Rio de Janeiro,, de 14 de março de 1974), • O deputado democrata de Massachusetts, Michael J. Harringlon, apresenrou projeto destinado a "normalizar" as relações com Cuba ("Diario Las Américas", Miami, de 19 de fevereiro de 1974). • O secretário da Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano, Pat Holt, iniciou visita de dez dias a Cuba ("O Estado de São Paulo", 30 de junho de 1974).

Os setores mencionados sã o co-responsóveis

pelos sofrimentos do povo cubano • "O Pe. Loredo [ .. . J está já há cinco anos 1111 prisão por defe11der sua Religiüo ( ... ). E possível t1ue a execução de quinhentos sere.r /111111a11os d11r1111te este ano ( 1972], e os 40 a 150 mU (neste ponto variam as fontes ele i11/ormaçiio) que sofrem na pr,"sáo em con,Jições infra-humanas, não mereçam ao 1nenos uma menção na Missa?., {carta de cubanos livres ao Cardeal Humbert·o Medeiros, Arcebispo de Boston, in "EI Faro Mundo", de 12 de maio de 1972). • "Para falar somente tio aspecto material, nosso país regrediu pelo menos ce,n anos. Totio o povo, incluintlo os que eram. pobres antes de Castro, está e111 .rituação a1nda pior que a dos escnwos negros sob a tlominação espanhola. Quanto tl relighío, ninguém pode negar que um crlsuío em Cuba é um cidadão de .regundtl classe. considerado como suspeito pelo gover• no" (idem). • "Somo.r um paí.r revolucionário soclali.rta, mt1s.~stamos longe de aplicar a norma tio nwrxismo [ . . . ]. Parece assinr que a tese fundamental do marx,"smo é 1116plca. itlet,lista e impraticável paro Cuba [ ... ). .e possível demo11strar que empregamos uma força de trabalho muito maior do que a que empregavam [antes de 1959) os capitalistas 11a operação dos engenhos, os quais a,lmini.stra,nos menos eficazmente do que ele.r" (Fidcl Castro, discurso ao Congresso Nacional de Trabalhadores de Cuba, cm 12 de janeiro de 1974 - "Diorio Las Américas", Miami, de 22 de fevereiro de 1974).

• "Nós, mães de márNres cubanos, assas.rinados pela tlitadura castro-comim,"sta que escrt,viz.a nossa pátr,"a, e legítlmas representa11tes da tragétlia que vive nosso povo . . . " (Maniíesto de Mães cubanas que tiveram filhos assassinados pelo regime castrista, dirigido a todas as Chancelarias do mundo. em ícvereiro de 1974),

{IJAfOlLECESMO MENSÁRIO COID

:.provação tclcsl:istk:.1

CAMPOS -

EST. DO RIO

01RE'TOR

José

C ARi.O~ CASTILHO

ue

ANOJlADR

Dlrctoriu: Av. 1 de Setembro 247, c:iiu. posint 333, 28100 Campos, RJ. Admlnlslrn~ío: R. O r. Martinico Prndo 271. 01224 S. Paulo. Composto e impresso na C ia. Li1hogtâphico Ypiráng:i, Rua Cadete 209, S. Paulo. AS$ln.11fun1 anual: comum Cr$ 3S,OO; CO· opcr3dor CtS 10,00; benfeitor C r$ 140,00; grnndc benfeitor CrS 280,00; scminnris l:1$ e estudantes CrS 2S,00; América do Sul e Central: vb. de sopcrfície USS S,SO; via oére:.l USS '7 .2 S: América do Norle, Por• 1ug.:,I, Espanha. Províncins ul1ramuin::is e Colónfa,s: vi3 de superfície US$ S,SO; vi" afrcn US$ 8,75: ourros país~: via de su~ perfícic USS 6,50. via ::u!rca US$ l 1,'7S. Vend:i ,1vuts.·u Cr$ 3,00.

ú s J):tg:imentos, sempre cm nome de Edl, tor:, Padre Bt-lchlor de Ponte~-. SI½ podcr5o ser cneominh:1dos à A~ministraçã:o. P~ra mudnnç:.'I de endereço de assinantes, ~ necessário mencionar também o endereço antigo. A çorre:,pondência relativa a assi• naturns e venda .-ivuls...'\ deve ~r envi:'ld3 à Admlnlsfr.atão: R. Dr. Mortlntco Prnclo 01224 S. Paulo

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'

Bispo cubano exilado repudia a • reaprox1maçao com o castrismo

1

o QUE os

SOVIÉTICOS MAIS AMBICIONAM

• 1 - Que as nações nm~rlcawis cesõein o bloqueio econômico d.e Cuba. • 2 - Que as 11ações amerlca"as roa· tem relaçõts diploJ,11átlc11S com Havana, • 3 - Que os EUA concedam a Cuba emp,:_éstimos-donativ.os como os que a R6ssia está ,:ecebendo. • 4 - Que as naçÕ<lS americanas aceitem a perpetuação do ,:,,gime comunista na Uha,

• S - Qaie os EUA uão exijam a reti• rada - verificada mediante .controle lnlernaclonal - de todss as tropas e al'Olas russas que ®tão na llba.

• 6 - Que, ninguém exija para os cuba· nos no exilio e para qualquer eslraogeiro a Inteira liberdade> de entrar e sair na Ilha (para que não se po,;sa constabr o malogro do regime),

• 7 - Que ninguém &xija o fechamento d& todas as escolas do trelruunento de guerrilheit:os exlstentes em Cuba.

• 8 -

Que ninguém exija de Havana o fechamento de todos os crunp05 de concen-

tração e a revisão dos proces.ws de todos os presos ~líticos.

• 9 -

Que as naçõts anicricanas não oxij11m que as embaixadas cubanas deix.e m de suvir de meio de propaganda do comun~mo.

• 10 - Que os ;EUA concordem cm ruambiar pará a Dha ·todos os cubanos que vivem no exlllo,

O que se do>te querer • 1 nômico.

A continuação do bloqueio eco-

• Z - O não reatamento das relações diplomáticas. • 3 - Se se, der o reatamento, que pelo menos não se faça nenhuma concessão aas enumeradas acima, sob pena de Cuba continuar II su, e mais desembamçadamel,lle do que até ngora tem siilo, um prego envene• nado cravado num ponto estratégico, que atinge, ao mesmo tempo, as tr ês Américas.

Conclusão da pág. 5

Reaproxi,nação coni Cztba ainda mais. pelo comércio com Cuba, seria atentar contra os legítimos interesses dos países americanos. Mesmo que alguns particulares se enriqueçam no comércio com Havana, não é lícito sacrificar em benefício de uns poucos os interesses de milhões de pessoas.

Um sofisma deplorável Há, ainda, uma objeção a ser rebatida. Em Punta dei Este, na recente reunião entre países latino-americanos e o MCE. o ministro do Comércio Exterior de Cuba, Marcelo Fernández, sabendo que os pretextos apresentados anteriormente para justificar a reintegração de Cuba eram muito débeis, saiu-se com outra tentativa de juscificação. Ei-la: "Hoje nmitos paíse.r aqui representados mantêm relações com vários outros Estados cujos governos são tan, .. bém marxistas-leninista.t~. Como não poderia deixar de ser, acrescentou a habitual expressão da jactância comunista: "Cuba retorna. assim, de fronte erguida, paro manifestar Uvrt mente suas opiniOes perante as demais nações". Não vamos entrar na análise das razões que possam ter os países do mundo livre para estabelecer relações diplomáticas com nações co-

munistas.

E ntretanto, o argumento do ministro de Fidel Castro evidencia, antes de m ais nada, o vácuo que há em matéria de motivos para as nações americanas reatarem relações com Havana. Tratando com representantes de vários países, num forum diplomático altamente propício para a propaganda do reatamento, ao

procurar o melhor argumento que possuía, o ministro só achou uma coisa a dizer para impressionar favoravelmente: "Vocês que estão aqui já têm relações com os outros governos comunistas. Por que não as têm com o nosso. que também o é? Trocado cm miúdos, o argumento é esse. O que nos leva a concluir que os comunistas do Caribc não têm nada de mais sólido para oícrccer em defesa da cessação das sanções contra seu país. Eis uma excelente contra-prova para aqueles que vêem com apreensão a manobra político-publicitária destinada a reintegrar Havana no convlvio das nações americanas. Se admitíssemos esse argumento como ·base para o reatamento, faríamos tábula rasa da ameaça à segurança continental que o regime castrisla representa, da tirania que exerce so· bre nossos irmãos que permanecem na Ilha. do sofrimento e das esperanças de centenas de milhares de exilados. É necessário ainda dizer que, embora os outros governos marxistas sejam cm tudo se· melhantes ao cubano, não dispõem eles das mesmas facilidades para espalhar a subversão em nosso continente. Nem de longe as embaixadas de oul ros países têm aqui as facilidades de manobra de que disporá uma representação cubana. Cuba está na América, fala a mesma língua, tem a mesma raça e os mesmos hábitos da maioria das nações latino-americanas. De onde é certo que as probabilidades de vermos outros governos marxistas se implantarem no continente aumentarão consideravelmente pelo simples fato do término das san, ções contra Fidel Castro.

Quem são os responsáveis peronte Deus e P,erante a História Quem serão, perante Deus e a História, os responsáveis pela continuação dos sofrimcn1os e humilhações do povo cubano? Covardes e traidores sempre os houve ao longo dos tempos. En1rctan10, as traições e as covardias em geral não prosperam quando contra elas se ergue. severa, a barreira da sanção social. A eventual integração da anti-Cuba na comunidade americana se dará pela ação diplomática de homens como Kissinger, dispostos a fazer ao comunismo toda sorte de conces~ sões. Dar-se-á também pelo apoio que esses homens terão de governos e de meios de comunicação afins ideologicamente com a ditadura do Caribc. Dar-se-á pela ação de certo Clero e burguesia comunistizantcs, que farão ~udo para amortecer as reações que naturalmente surgirão. Mas também serão responsáveis aquelçs que, podendo opor uma reação lógica, ardorosa, indignada - dentro da lei e da ordem - prcícrirem calar-se, acornodar·se e deixar campo livre aos setores mencionados. Essa parcela dá opinião póblica tem a chave na mão; se, por inércia e desintcres.sc. abrir a porta; entrarão os Kissingers, os governos e órgãos de impr,:n. sa esquerdistas, o Clero e a burguesia comunistizantc.s, que, não encontrando resistências, consumarão a tragédia. Fidel Castro, reintegrado no convívio latino.-americano, assassina.

rá as esperanças sua d itadura. Se a opinião nlio, a manobra gelo batido pelo

do povo cubano e consolidará pública bradar um enérgico se des fará como um cubo de sol do meio-dia.

Nossa proposta Por que não trabalhar para a libertação de Cuba? Não é preciso exigir a deposição imediata de Fidel Castro. Basta exigir eleições livres cm Cuba, com todos os cidadãos da Ilha rendo completa liberdade de votar a sujeitando-se o processo eleitoral à supervisão da ONU e à irrestrita cobertura da imprensa internacional. E que esse direito seja concedido igualmente aos 800 mil cubanos ·que o comunismo escorraçou de sua pátria. Não admitimos o princípio de que uma eleição, mesmo livre, sancione uma forma de governo contrária à lei natural, mas é tal nossa certeza de que Fidel Castro será íragorosamente derrotado, que propomos a realização do plebiscito. Caso o ditador não aceite essa proposta, outros meios legais deverão ser tentados para livrar Cuba da opressão em que geme. Deixamos expressa aqui nossa inconformida· de e nossa indignação ante as manobras espú· rias que visam reconduzir uma anti-Cuba ao convívio das demais nações do continente, enquanto a verdadeira "Pérola das Antilhas" geme em ferros.

D

ESEJOSOS DE APRESENTAR a nossos leitores um testemunho sereno de quem viveu cm Cuba nos anos anteriores à tomada do poder por Fidcl Castro e nos prímeiros anos de seu governo, procuramos no conjunto da., personalidades cubanas no exílio aquela que cstivcsso mais apta para analisar com extensão e proíundidade os diferentes aspectos da realidade de seu país. Não encontramos ninguém mais autorizado do que o Exmo. Revmo. Mons. Eduardo Boza Masvidal, Bispo titular de Vinda e ex-ALlXiliar de Havana, hoje vivendo na Venezuela, o qual acedeu gentilmente ao nosso pedido. Iniciando a entrevista, o Prelado declarou que saiu de Cuba "não por vo11tade pr6pria, mos porque me puseram, pela força tias me· tralluuloras, em um navio. Do contrário, não teria stlítlo''. Comentando a situação religiosa atual da Ilha, disse Mons. Boza Masvidal: "Foram fechadas as capelas dos colégios e as igrejas dos ,·entros açucareiros, além de ou/ras ,nais, corno a de S,io Francisco, em Jlavana. O nrímero de Padres diminuiu radicalmente: antes da re· volução eles eram p~rto de 750; agora niio chegam a ,Juzentos, muitos dos quais já velhos e enfermos. E não há maneira de o regiJne ,Jeixar entrar algum Sacertlote, quer estrangeiro, ou menos ainda cubano, porque os cubanos são os que menos ,lireito tê1t1 agora cm .rua terra. Depois de tre1.e anos sem ortlenaçõcs, foram ordenados em Cuba no ano passa,lo rms quinze novos Padres. Esses duzentos Sacertlôtes ,;,,t que ate,uler a oito ,nilhões tie habium1es. católicos na maioria" .

Não há liberdode religiosa Perguntado se a Igreja pode atuar livremente, o ex-Bispo-Auxiliar de Havana respondeu: 1 ' En1 absoluto! S uma Igreja inzpedidn e amor• daçada! Para o com1111ismo, a "liberdade religiosa,, consiste em haver alguns te,nplos abertos, no interior dos quais se p()ssa celebrar Mi.rs" ou fazer batizados. Ma., isto está muito longe de ser liberdade religiosa, que é a liberdade de praticar e viver a Fé sem temores nem represálias, de di/11ntli-la, de nela educar os filho,·, etc. E mcs,no paro essa Religião redutida a restos no interior das igrejas, existem muitas ,,rcssõe.s psicológicas sobre as pessoas, eS,pe· cialmcntc os jovens. Estes, por exenrplo, se se apresentam como católicos não poden, estuclnr na universidade". Indagamos de Mons. Boza Masvidal se há escolas católicas cm Cuba: "Absolutamente nenhuma, respondeu. A educação i controlada totalmente pelo Estado, que promove doutrinação atéia t nrarxist,, de.t· de o jardim da infância até a ,miversida,le. No princípio deixaram nas m,íos da Igreja duas ou trê.s creches, onde eram atcntlidàs crianças que ainda niio estavam em idade eJ·colar, criquanto as mães iam trabalhar, mas ,Jepois ti· rarwn até isso. O controle sobre a tmiversi· dade é absoluto, Aos velhos, dcixam~nos um pouco mais tranqüilos porque eles já estão perto da morte e não intert.rsam tanto. Assh11, as /rmãtinhas dos Velho.r Desamparados conservam um asilo c,u Havana e a.r Irmãs da Caridade continuam ainda 110 Hospital de ú prosOJ' ,/e Rinc6n ,ic la /{abana. Os velhos e os leprosos é possível tolerar que sejam cuidados pelas Irmãs, mas a juventude é outra colsa, a1 não se cede o mínimo''.

Extinto a imprensa cotólica Sobre os meios de comunicação social, S. Excia. Revma. declarou: "l"odos os meios de comunicação estão eni poder do Estado e a .rerviço da doutrinação marxista. Estão fechados par" a Igreja a imprensa, o rátlio, a ttltvi· ,,, são, o cinema, tudo, enfim, que pode ser util~·. todo para apresentar wna mensagem diferente. Fazer entrar livros de fora em Cuba é uma da.r coisas ,nais difíceis, pois existe um controle absoluto. Estão deixando apenas publi· car uma peq11ena folha paroq11ial, em papel

péssimo e com uma tiragem inslg11ifican1e, que pode apenas falar de uma Religião etérea, nas nuvens. que não se ocupe tm nada da situação em que Yivt o país, ntm aplique o Evangtllro às situações concretas da vi<la".

Fechodas os orgonizações relig iosas "Os bons cat6 /icos - prosseguiu o Prelado cubano - procurtJJn manter a Fé através de uma aç,ío 1'11dividual, mas 11ão existem associações t1post6lict1s organitatlas. Os q11adros da Ação Católica, que estavam perfeitamente ts· truturtulos cm todas as par6qur'os, e,n seus qua• tro ramos - homens, mulheres, rapazes e ,noças - desapareceram. No ano passado /alouse algo a respeito de uma nova Juve11tude Esttulantil Cat6/ica, que parecia ser antes uma organiz.a~tio do regime, que da Igreja. Já se pode supor com que fins; ademais, não se voltou a falar nela".

Compromissa inexplicável do Representante pontificio Sobre a atitude do Encarregado de Ncg6<:ios da Nunciatura de Havana, hoje Núncio Apostólico, assim se expressou Mons. B<YLa Masvidal : "Não compartilho a atitude de Mo,,s. Cesare Zacchi, Encarregado da Nunciatura tm Havana, por ser uma atitude .de ,lefesa do regime e de compromi.rso com o mesmo. Hoje que a Igreja quer em toda parte ter as 11u1os Uvrcs JJ(ITa cu111prir a sua missiío sem /ia111es humanos, é i11explicável esse compromisso com um regime violador de todos os direitos e opres.. sor tia pes.roa /,ummw.

"Ninguém se importa com o povo oprimido" Prcsscguindo, o Sr. Bispo tirular de Vinda rcícriu-se à política de alguns governos, de aproximação com o regime de F,idel Castro: "Quero apenas dizer que a n6s cubanos dói-nos profundmnente ver que em outro.t países se ponha como única condição para 11ormali1,ar a .tituação com Cuba que esta não expor/e a revol"ção. Ninguém .re ,·mporta com o povo oprimido e subjugado que ali existe. - O,u/e fica. entiio, a defesa dos princípios e a solida· ried,u/c. humana'? }'arece.1ne que é como na parábola ,lo Bo,n Samaritano, cm que Cristo reprovou os que tiisseram: 11Desde que os Jatlrões mio me assalte,n, nem me firam, este outro pobre 11ão m e importa''. e passaram ao largo". "Aut odeterminação"

com o revólver oo peito "t bom que se saiba - .prosseguiu S. Excia. Rev1na. - que o povo de Cuba não eJ·colheu este cami11ho, o qual li,e foi in,po.rro pela força e pelo terror. Quando um governo para manter-~·e neces~;ito de conservar um número enorme de cidadãos na prisão ou no exílio, e essa terrível máquina de delação e de repressão, é ,sinal evidente de que tem contra si um povo que mio se resigna à ·escravidão. Fa/t,r aqui de autodettr,ninação do.r p<>vos é um sarcasmo. Com um rev6lvcr ao peito todo n11111do ttm que se "autode1erminar''. Profissão de fé na Igre ja O ilustre entrevistado elogiou o trabalho dos Sacerdote-..~ que, nas condições mais adversas, continuam a exercer o seu ministério cm Cuba, de modo algumas vezes até heróico. Crit-icou um certo anticomunismo meramente negativista, som base doutrinária, e enfatizou a necessidade da aplicação dos ensinamentos das grandes Encíclicas pontifícias. Mons. Eduardo Boza Masvidal encerrou a entrevista com uma verdadeira profissão de fé na Igreja, afirmando que só Ela tem os princípios estáveis e a capacidade renovadora para dar solução aos problemas que afligem a humanidade. 7


.•

AfOJLli<C]SMO

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NO JUBILEU DE OURO DA DIOCESE, A VISITA DA IMAGEM PEREGRINA NO DIA 12 DO mês paSS!ldo obegou il Dioc:ese ~ Campos, pda ter'ceíra vez, a milagrosa Imagem P<regrina de Nossa Senhora de Fátima, a mesma que chorou em Nova Orltans, nos Estados Unidos, em 1972. Para anunciar ao Rovmo. Clero, às Religiosas e ao povo fi<I a jubilosa noticia d<S$-a visita, o llxmo. Revmo. Sr. D. AJ>tonlo de Castro Maytr publkou uma oporturu, Círcutar *'sobre a vi.~ta da Imagem Pert• grina de N°""' Senhora do Ro,,-ário de Fátima, por oeasiiio do clnqüêntewlrio ~ instalação da D ió<esc de Campos e do terceiro centenário da fundação da Par6qoia do Santíssimo Salvador''. R•· produzimos a seguir o texto integral do documento:

'"Ao Revmo. Clero Secular e Regular, às Revdas. Religiosas, à Ordem Terceira do Carmo, às Associações de piedade e apostolado, e aos fiéis da Di.ocese de Campos, saudação e bSnçãos cm Nosso Senhor Jesus Cristo. Caríssimos Cooperadores e amados fi. lhos,

nos. Por fim, a proteção de Maria nos fevará a agir sdgundo esse critério ver· dadciramentc cristão. Semelhante graça de conversão é fru. to de exercícios de piedade e devoção que constam da Mensagem de Fátima: a re~a diária do terço, a mortificação voluntária, assumida em ,e spírito de pcni· tência, a cons.agração ao Coração Imaculado de Maria. Para excitar cm nós o espírito de penitência - base indispensável da renovação interior - prÔ· meteu a Virgem Mãe sua assistência na hora tremenda da morte a quem prO· curasse reparar as ofensas cometidas pelos homens ingratos contra seu Coraçao Puríssimo. t o que visa Mari3 Santíssima com a devoção dos cinco primei· ros ~bados. a que anexou aquele sin• g-ular privilégio. 8 igualmente esse o fim colimado pela consagração que Maria Santíssima pediu ao seu CoraÇão Jma·

culado. Confiamos que a visita da Imagem Peregrina afervore em Nossos amados filhos, tão am,veis quão santificadoras

devoções.

Com imensa alegria, comunic,amos aos Nossos caríssimos Cooperadores e ama-

• • •

dos filhos que, i,,ela terc-cira vez. tere-

Cremos que nflo é precis.o rns,sttr sobre a necessidade de recordar a Mensa~ gem de Fátima, que a Imagem Peregrina vem avivar cm noss.a memória. Depois que o Santo Padre, Paulo Vl, denunciou a p0luição do ambiente cc1e-

mos a visita da Imagem Peregrina de

Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Esteve ela aqui cnltc nós, cm abril de J9S2, trazida por uma comissão inter· nacional tendo à frente o Exmo. Mons. Vigário Geral de Leiria - a Diocese onde se encontra Fá1ima - e composta do Revmo. Pc. Dumouricz, belga, e das Exmas. Srtas. Maria Teresa Pereira da

Cun.h a .e Maria Teresa Vilas Boas. Voltou, depois, cm maio do ano findo, e, como n.a primeira vez, deixou imensas saudades. Em ambas estas duas visitas, a lma· sem demorou-se apenas na cidade de

Campos. Eis que os Vigários dos outros Municípios · da Diocese manifestaram o

desejo de terem tamb6m eles a graça da

siástico, realizada pela fumaça de Sa· tanás, ou seja, pelo espírito perverso que tenta subver1er a mentalidade católica e perder as alma.~ não é preciso acumular argumentos para nos convencermos de que devemos nos precaver contra o perigo de nos deixarmos arrastar a uma concepção e a práticas religiosas que nos dis1anciam do espírito, das máximas,

da revelação, ~nfim, de Nosso Senhor Jesus Cristo. Estamos, deveras, numa época em que

se olvidou a noção da lransecndêneia de

visita da milagrosa Imagem. Após vá.. Deus, e, conseqüentemente, da finalidarias tratativas, podemos hoje dar a alvi- de última do homem. A preocupação, quase obsedante, de afirmar os direitos çarcira no1ícia de que estamos habilita· dos a satisfazer aos seus muito justifi- . do homem, de cnaltoccr sua dignidade, cados cü:sejos. A Imagem de Nossa Se- bem· como a negli.g,ência cm acen1uar nhora do Rosário de Fátima, peregrina seus deveres, leva n esquecer os bem mais sacrossantos direitos de Deus. À do mundo, estará em cada uma das cidades da Diocese, por alguns dias, de construção da cidade de Deus, que preacordo com um calendário a ser elabo- para a criatura para a Jerusalém celeste, rado, depois de ouvidos os Revn\OS. Vi- objeto da .esperança dos íilhos de Deus, e termo de seu repouso eterno, substi· gários do interior da Diocese. 1uiu-se o afã de Criar a cidade do bom~m, circunscrita aos horizontes tempo· ra,s. apresentada como a razão da exis• tênci:i do ser racional. A visita da Imagem Peregrina é uma Cria:se. desse ,modo, o meio propício graça especial de Noss., Senhora. Assim à ação do inimigo do gênero humano, devemos nós recebê-la. Cumpre, pois, sua obra demolidora' desaproveitar tão incfáv.cl favor celeste, e que começa . não permitir que SC· perca opOrtunidade sacrahzando os 3mbicntes eclesiásticos, sob o vão pretexto de simplificações. tão grande de mais nos aproximannos Extenua-se, Por exemplo, a sublimide Deus Nosso Senhor. dade do Sacerdócio, rcduzindo-.o a mera Atendamos, pois, ao pedido que Maria Santíssima nos fez ao visitar-nos em função na sociedade rcligioSa. Deixa ele F41ima, na pessoa dos lrês pastorinhos. de ser um es.tado na hierarquia social Ela pediu orações e penitência. E tinha da Igreja, e passa à categoria de mero funcionário. Parece que não se percebe em vista, de modo particular· a converque a diminuição da dignidade saccrdosão dos pecadores. Comecemos pôr nós mesmos. por cal redunda num amesquinhamento do próprio Deus, a cujo serviço está ele nos convener de uma vida tíbia ou pecaminosa, para o fervor ou consagrado. Orienta-se no mesmo sena graça de Deus. E se nos falta a tido o prazer do anonimato com que o coragem para mudar de · vida, se perPadre se senle mals à vontade aparecencebemos a debilidade de nossas forÇas, do em lrajes comuns a qualquer homem. peçamos a Maria Santíssima o de que Ainda na mesma direção horizonta• precisamos, .e Ela nos ouvirá. Primeiro, Hsla, e por isso mesmo dessacralizante Ela nos obterá o desejo sincero de emenporque intensa à bicrarquja, está a infiJ. da de nosso procedimento. Depois Ela tração da mentalidade marxista em muiiluminará nossa inteligência que bem tos meios cacólicos, como atesta a exis?Valiemos nossa existência, apreciando, tência de abundante literatura sobre o na ju.sta medida. os bens terrenos, a nós assunto. concedidos pela Muni.U dncia · Divina. Em ambiente assim dessacrallZado, i como meios de conseguir os bens cter· natural que pesem os Mandamentos de

• • •

.

Deus, todos eles e-xigentes em m3téria de combate às inclinações viciosas que o pecado original deixou como herança à natureza humana. Dai unla tendência a sacudir qualquer autoridade e a condescc.n der con1 os atrativos sensuais. Em e.aso de conflito, sacrifica-se o dever ao prazer. Por tudo isso, queixa-se a Mãe ·ceies-te em Fá.tima: nãd ofend."tm mais meu

Divino Filho, já tão oícndido.

• • • Todo tempo é ocasiao propícia para refletir sobre o amor que Jesus 11os consagrou. Amor generoso e permanente. Amor que ultrnpassa os séculos e continua perene na Eternidade, onde está

o Coração de Jesus Chagado sempre intercedendo pôr nós. De onde sempre é 1emp0 de respOndcr com generosidade à caridade inefável do Senhor nosso

Deus. Há, no cntanto certas datas ci.ue marcam mais acentuadamente nossa vida, e por isso mesmo tornam mais viva nossa obrigação de corrtsponder à bon· dade divina. Nossa Diocese se acha numa dessas efemérides. Pois, neste ano está e1a ce~ lebrando seu cinqüentenário de instala • 1

ção. Criada pch1 llula "Ad Suprcmae Apostolicae Sedis". de 4 de dezembro de 1922, só foi instal,da a 15 de junho de 1?24, con, a posse do Exmo. Administrador Apostólico, seu futuro primeiro Bispo, O. Henrique Ccsar F.e rnandes Mourão. ~ tempo, portanto, para uma reflexão séria sobre como no momento tsta·m os retribuindo à bondade divina, que nos concedeu a graça de um lugar mais saliente na Igreja de Deus, cfe.. vando nossa região à categoria de Diocese. Eis porque julgamos a visita da

Imagem Peregrina de Nossa Senhora do Rosário de Fátima a melhor comemoração do cinqüentenário da instalação de Nossa Dioccs,e. Porquanto propicia um afcrvoramento da vida espiritual, será uma comemoração mais íntima, mais de renovação interior, eficaz na orden1 so• brenatura1, que é a ordem própria das coisas de Deus . Com t5o insigne visita, celebramos ou1ross.im o terceiro ceotenário da cria-

ção da Paróquia do Santíssimo Salv:idor, cuja Matriz 6 hoje a Noss:i impo-

nente Catedral. Ao lado da visita da Imagem Peregrina, promoveu o zeloso Cura da C::itc• dral, Revmo. Pc. Henrique Conrado FiS· cher, uma série de conferências que mar. carão indelevelmente a passagem dos dois jubileus que Campos vê transcorrer neste ano. Versam as conferências sobre a história das Dioceses e Paróquias, na Igreja; o histórico da Freguesia do San· tíssimo Salvador nestes trezentos anos de existênci3; e o histórico dos cinqü,ent3 anos da Diocese. Aceitaram a incumbência de pronunciar as conferências, os Srs. Prof. Orlando Pedeli, ilustre cate-

drático de História no Ginásio do Estado de São Paulo. Dr. Manoel Alberto Barbosa Guerra, por todos reeonheeido

Conduzida por D. Antonio, a Imagem Peregrina iniciou no dia 12 de Julho sua'V1s1ta à D iocese. Em Pádua, o Prefeito A lvaro Leite de Abreu deposita ao pés da Virgem a chave simbólica da cidade. O Sr. Bispo d irige-se à multidão que foi receber a Senhora de Fát ima na praça da Matriz de Miracema.

TFP CONDENA LIBERACÃO DE ANTICONCEPCIONAIS J

O_ PROF. PLINJO Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da S°71~dade Bras~eira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, enviou ~o Min1s1ro da ~aude, _Sr. Paulo de, Almeida Machado, o seguinte telegrama: Te,ulo um 6rgao da ,mprensll carioca informa,io que V. Excia. est1u/ará a ev!"!"ªI ab-rogaç,ío da portaria nl' 40 ele 1970, a fim ,Je ,líspensar de receita

~ned,ca ~ venda de t1~11iG'o11cepcio!rais, ponderamos atenciosamente o grave m~o~ven,en~c <lá nred1da, contrána aos princípios imprescritíveis da moral cnsta e ao mreresse do povoamento do paí.1 1•

V irtudes esq ue cidas

A CORAGEM DE FAZER UM JUÍZO SEVERO SOBRE O PRÓXIMO

como conhecedor de nossa história goi. tac,, e o Rcvmo. Pc. Antonio Ribeiro do Rosário, Vigário Geral da Diocese, escrfoio da tradição eclesiás1ica de Cam~

pos. O Pontifical de ação de graças será no dia 6 de agosto, festa litúrgica do Santíssi mo Salvador. Rogamos à Virgem Santíssima, Mãe de Deus e Mãe nossa amabilíssima, Se digne abençoar Noss.a Diocese e Nossos amados fi lhos para que todos nos be· neficicmos -da visita de su3 milagrosa Imagem.

Campos, 8 de julho de 1974

t ANTONIO, BISPO

DE CAMPOS.

Da "Nova Floresta":

e

OM RAZÃO São Gregório Nazianzeno (que, vendo e,11 Atenas este 111011stro [o Imperador Juliano], antes de crescido, . logo o marcou por Apóstata, pelos sinais que ensinou o Espfnto Santo) lhe chaniou outro Herodes na perseguição da inocência, outro Judas na traição e aleivosia, outro Pilatos no cristicfdio, e outro povo judaico no 6dio da Igreja. - ["Nova Floresta" Livra-

ria Chardron, de Lcllo & Irmão, Porto, 1911, 5.0 tomo,

PADRE MANOEL BERNARDES

p.

174].


l OntBTOlt: Josã CU.LO$ CASffLIIO 08 ANDUO!

' '

A TFP DOS ESTADOS UNIDOS DEFENDE O

'

. rrnnrr ... --.-<.,.-

_

BRASIL E O CHILE EM RECENTE docu1nento, o orgão executivo d<, Conf e rêncic, Episcopal dos EU A p ropôs o estabelecimento de uni boicote econô1nico condicional contrll o Brasil e o Chile, C1legando violC1ções dos direitos hu1n<11ios nos dois pllíses. Dois <lnos Cintes, em 1972, o niesnio Episcovado lu,vic, so· licitado ao seu governo " cessação do blo<1ueio eco11ô11iico de Cuba. Ao propor esS<t m edida, · os Bispos Norte-a,nericC1nos 11iío exigirC11n de Castro nenhuma m odifiC<lção de su<l tirania totalitária. À vista dessC1s lltit1ules contraditórills, a TFP nor-

"º

te-<t111e ricC1na dirigiu urna 1ne11SC1ge1n Episcopado ,u, qu<ll 11erguntt1 porque usa ele dois pesos e du<ls 1nedid<1s. Por que u 1na suspicácict inquisitori<tl e feroz var<l • • • • co,n os.governos llntico1nun1Stlls, e otirnlS• ,no, confú111ça e v istas gordtts JJarll co,n (IS

tiranias comunistas? - Páginll 2 .

Flashes da TFP norte-americana, A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima visita a sede da entidade em Nova York. O estandarte do leão rompante ergue-se a ltaneiro dian~e do Capitólio, em Washington. A TFP participa de gigantesca manifestação antiaborto, próximo à Casa Branca. The World Trade Center, em Nova York, é o edifício mais alto do mundo; junto a ele, militantes da TFP ostentam seu estandarte e divulgam sua revista, "Crusade".

N.º

285

SETEMBRO

DE

1974

ANO

XXI V Cr$ 3,00


TIRA N IA S COMUNISTAS, OTIMIS M O E CO N FI.A N_Ç A ; PARA OS GOVER N OS A N TIC OM.U NIST AS, SU.SPI C Á C IA I N QUI SITORIAL E FEROZ

Atitude contraditória do Episcopado Norte-americano A l'FP norte-americana dirigiu uma incisiva 1.nensagem ao órgão executivo da Co nferência dos Bispos dos Estados Unidos, manifestando e~ _ranhe-,a ante a p olítica de dois pesos e duas medidas a dotada por a quele alto organismo eclesiástico: ataque injusto ao .Brasil e ao Chile, e apoio in fundado à Cuba fidel-castrista. Lenibrando que todos os membros da TFP norte-americana são católicos e m resistência à di~cnsão do Vaticano com os regimes comunistas, o documento vê, nn atitude "flagrant.e mente contraditória" da Conferência Episcopal, mais um lance da referida distensão. A SNADTFP concita o Episcopado de seu pafs a dar maior objetividade à sua posição e a incluir em seu programa a denúncia dos semeadores do ateísmo e da miséria, como uma das mais lo uváveis tarefas a serem empreendida~ em favor dos pobres. O TEXTO DO DOCU.MENTO

e

o seguinte o texto integral do do-

cun1ento: "Foi com profunda estranheza que a Sociedade Norte-americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade tom.o u conhecimento do documento n.0 9, de 13 de fevereiro do. ano em curso, dado a .público ,p ela Conferência Católica dos Estados Unidos, um dos porta-vozes do Episcopado de nosso país. A TFP, como sociedade cívica, destina-se a defender, no terreno temporal , a pátria e a civilização cristã ameaçadas pelo avanço aberto_ ou sul>-reptício do comunismo internacional. Para atingir seus fins, a TFP realça e defende os três valores básicos da ordem cristã: a tradição, a família e a propriedade. Ao mesmo tempo, denuncia e combate no te-rreno ideológico as cori·entes que querem destruir en1 nossa pátria todos os vestígios de civilização cristã.

As razões da perplex·idade O comunismo, onde quer que se tenha implantado, trouxe a suprc:,ssão dos direitos, a intranqüilidade e a fome. Em nosso continente, os tristes exemplos de Cuba e do Chile .falarn por si próprios. Fidel Castro declarou ao Congresso Nacional de Trabalhadores de Cuba, em 12 de janeiro úllimo, que os engenhos de açúcar, quinze anos após a tomada do poder pelos comunistas, empregam mais mão-de-obra do que a utili1.ada antes de 1959 e são administrados com menos eficiência do que o eram pelos capitalistas ("The Daily Telegraph", 14-1-1974).

2

O perpétuo racionamento, os cárceres repletos de presos políticos - entre os quais muitos líderes católicos - a supressão de ·toda oposição fazem da Ilha um mini-Arquipélago Gulag. Um fato brutal fala -p or si: há hoje, espalhados pelo mundo, 800 mil refugiados cubanos. Se os Estados Unidos tivessem a mesma proporção de exilados, viveriam fora do território norte-americano nada menos de 20 milhões de concidadãos nossos. O Chile sofreu de 1970 a 1973 sorte análoga. Logo após a implantação do mar)\ismo, a produção baixou, as filas para compra de alimentos e o racionamento surgiram, o mercado negro de produtos essenciai.s apareceu. As marchas .das caçarolas, nas quais as donas de casa expressavam seu protesto, que era antes o do estômago que o das idéias, tornaram-se famosas no mundo inteiro. 1=: de domínio público que a principal oposição ao governo marxista de Allende partiu das classes menos favorecidas. O e,;topim que detonou a intervenção das Forças Armadas ch ilenas foi a marcha dos mineiros do cobre de "El Teniente" e a greve dos motoristas de caminhão. A importação de víveres cresceu assustadoramente. O Chile teve que mendigar alimentos junto aos .países ocidentais, pois já não havia divisas -para pagá-los. O governo marxista ia paulatinamente reduzindo o país à condição de indigente. Sem buscarmos exemplos em outras nações, o que alongaria por demais esta carta, vemos que, no Chile e cm Cuba, o comunismo tornou os pobres mais pobres. Antes de fazer-se .patente para a opinião pública mundial que a implantação do marxismo traz a miséria de todos, ainda -poder-se-ia nutrir a ilusão de que, embora o regime comunista acarretasse a diminuição da produção e o fim das liberdades, seu peculiar sistema de distribuição de bens faria os pobres menos necessitados. Hoje, esse argu.mento deixou de ter validade. Está constatado q ue a aplicação do marxismo faz os pobres mais pobres ... E os partidários do comunismo vão aparecendo cada vez mais como mitomaníacos, fanáticos da mística igualitária. Dois pesos e duas medidas Não n~s era possível fundamentar convenientemente nossa est.ranheza sem as razões enunciadas acima.

O documento o.O 9, de 13 de fevereiro, é um violento ataque contra os atuais governos do Brasil e do Chile. Essas denúncias são injustas. Não vamos, entretanto, entrar no mérito delas, pois nossa perplexidade não está principalmente nesse ponto. Coloca-se ela em outro aspecto. Conforme a revista ;francesa "Informations Catholiquas Internationales", de 15 de julho de 1972, o Episcopado Norte-americano pediu que cessasse o bloqueio econômico contra Cuba. Ao propor essa medida não exigiu de Castro nenhuma modificação de suas atitudes totalitárias. Coisa alguma foi pedida em troca ao ditador comunista. Nada aos faz supor que desde então o Episcopado Norte-Aniericano tenha reconsiderado essa atitude pró-castrista. Pois bem, o documento n. 0 9 propõe que se estabeleça um boicote econômico ..:ondicionado contra o Brasil e o Chile. Diz o documento:

"Nós nos ju11ta1nos a outros protestos e11viados à Comissão /11teramerica11a de Direitos Humanos da OEA, a respeito das violações dos direitos huma11os 110 Brasil. Nós nos co111pro,11etemos a procurar vias ca.da vez mais efetivas de expressar nossa solidariedade à Igreja 110 Brasil. Nosso governo precisa exa1ni11ar com cuidado seus programas de assistência fi11a11ceira e militar, para se certificar de que eles não estao sendo usados 11a su,pressão dos direitos humanos. Além disso, os Estados Unidos precisam exami11ar sua politica <le co,nércio e de tarifas, para se assegurare,n de que ela não ajuda a re. pressão dos direitos humanos [ ... ]. No setor privado, e11corajanros os planejadores das corporações 1n11ltiJwcio11ais e das instituições financeiras a pesarem. bem " conseqüência de seus inves tin1entos no Brasil". 1

Quanto ao Chile, diz o documento: "Assi111 sendo, co,11 exceção da ajuda /111111a11itária, urgimos o governo dos Estados Unidos a condicionar sua ·ajuda fi11a11ceira e sua assistência 1nili1<1r à d emonstração de que os direitos h1111u.mos tenham sido restaurados naquele país". Quem não entrevê, nos dois parágrafos citados, o desejo de que se institua um boicote econômico-financeiro contra os dois governos sul-americanos? Por que dois pesos e duas medidas? Para os governos anticomunistas, suspicácia i11quisitorial e feroz; para as tiranias comunista~. otimismo, confiança e vistas gordas.

Lamentamos dizê-lo, mas atitudes como essa favorecem os semeadores do ateísmo e d.a miséria, obcecados .pelo fanatismo igualitário.

Pedimos piedade pa ra os ovelhas Todos os membros da TFP norte-americana são católicos. Como católicos, desejaríamos que nossos Pastç,res tivessem, a par de um desejo mais ativo de combater os regimes ateus, uma efetiva piedade dos pobres, e que assim trabalhassem eficazmente para a me1'horia das condições espirituais e materiais dastcs, cm toda a medida do possível. Sem dúvida, uma das mais louváveis tarefas a serem empreendidas em favor dos pobros seria a denúncia dos senteadores do ateísmo e da miséria . .

Como fiéis da Santa Igreja Católica Somos católicos em oficial resistência à política de distensão com os regimes comunistas, que está sendo desenvolvida atualmente pelo Vaticano. E vemos nessa atitude flagrantemente contraditória de nossa Vcneranda Conferência Episcopal um lance a mais dessa política de distensão. 1=: com profunda dor que somos obrigados a tornar públicos nossa estranheza e nosso desacordo, mas a isso nos obriga nossa consciência de católicos, pois mais vale "obedecer a Deus do que aos homens'' (At. 5, 29) . Certos de que a Conferência Episcopal dará paternal acolhida a esta carta, num momento ent que se entabula no mundo inteiro um diálogo ameno até com os mais acérrimos inimigos da Igreja, encerramo-la desejosos de que o supremo órgão dos Bispos de nosso país emita a tal respeito uma declaração que não deixe nenhuma margem a dúvidas, retificando o triste caminho tomado. Do contrário, milhões de cidadãos norte-americanos continuarão a ver na posição da Conferência Episcopal um critério baseado em dois pesos e duas medidas, o que lamentavelmente terá· por e feito diminuir a confiança dos fiéis nesse alto organismo eclesiástico. Na esperança de uma mudança de rumos de nossos Pastores, subscrevemo-nos afirmando nosso respeito e nossa obediência, em todos os termos preceituados pelo Direito Canônico, e pedimos filialmente a bênção, / ln Jesu et Maria". Seguem-se as assinaturas.


Plinio Corrêa de Oliveira

Não conseguimos compreender UA EMINÊNCIA o Cardeal D. Vicente Schercr proferiu no programa " A Voz do Pastor" uma clara e substanciosa alocução, transcrita no "Diário de Notícias" de Porto Alegre no dia 25 de junho p.p. sob o icítulo alt:}mente atual de comunismoº.

·~o Vaticano

e o

A TFP é autora de recente Declaração sobre a matéria. Pela enorme divulgação que esse documento teve em toda a imprensa nacional e his.. pano-americana. parece-me impossível que o ilus-

tre Purpurado não o tenha tido cm vista quando elaborou este sou recente pronunciamento. Tanto mais quanto Sua Eminência menciona explicita-

mente - e comenta - o desmentido que, através do Sr. Federico Alessandrini, S. Excia. Mons. Casaroli quis dar à nossa Declaração. Assim, sinto-me na contingência de, mais tima vez, tratar da Resistência católica . à ·'Ostpolitik" de Sua Santidade o Papa Paulo VI. Bem entendido, se o Antístite ga(,cho teve ém vista nossa Declaração, .visou igualmente outras atitudes análogas, pois e le se refere explicitamente ao livro de Raffalt (citado em nossa Declaração) e a outras publicações alemãs sobre o assunto. Só comentarei as afirmações da alocução do Sr. D. Scherer opostas ao nosso pensamento.

gani.zações católicas 4êm chegado, nesta linha, até à franca c-olaboração com correntes comunistas. O caso talvez mais característico dessa conduta é o apoio dado por Sua Eminência o Cardeal Silva Hcnríquez para a ascensão e manutenção de Allcnde no .poder (cf. Comunicado da TFP chilena, "Folha de São Paulo" de 2-3-73, "Catolicismo", n.0 267, de março de 1973, e Declaração da TFP brasileira, "Folba de São Paulo" de 104-74, "Catolicismo", n.0 280, de abril de 1974). Esse afrouxamento católico simultâneo com a "Ostpolitik" vaticana se apresenta assim como um

corolário lógico dela. Ora, aqui está precisamente a causá da i:randc perplexidade de inúmeros católicos. Não conseguimos compreender por que fom,a a implantação e conservação do comunismo no Chile favo, rece a situação dos católicos detrás da cortina de ferro. E, ainda que a favorecesse, não conseguimos

ver como seja justo atear fogo ao Chile para que as chamas baixem alhures. Estou certo de que milhões de católicos ficariam muito gratos a quem nos desse uma· explicação para "'~te ponto. Resta anal isar outro ponto de que trata Sua Eminência, isto é, as relações de cbance1aria a chancelaria entre o Vaticano e os países comunistas.

1958-1974: que resultados ?

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Começo por dizer que concordo em alguns pontos com o Purpurado. Assim, parece-me estar ele com a razão quando s,1stenta que, em princípio, está na augusta missão do Vaticano entabular negociações dip1omáticas com os regimes comu· nistas, no intuito etc suaviza.r a situação dos católicos perseguidos. De minha parte, sempre sustentei a legitimidade dessa conduta. Não posso, porém., ncompanhar Sua Eminência quando sustenta que a chamada '·Ostpolitik' ' do Vaticano consiste si.mplesmcnrc nisto. e que não têm ~enão este efeito as viagens de Mons. Casaroli, o Kissinger vaticano. J:: patente que a "OstpolitilC 1 vaticana inclui dois aspectos. Um é o diplomático, de chancelaria a chancelaria. do qual Sua Eminência tratou. Mas. há outro, do qual Sua Eminência se absteve de tratar. Ou seja, paralelamente com a "détcnte" diplomática do Vaticano com o Leste, houve, em larguíssimos •meios cat6licos, uma sensível mudança de posição em relação aos partidos marxistas do Oeste. A atitude militan,temenlt anticomunista. que caracterizava tais meios desde os primórdios do marxismo até a morte de Pio XII, se abrandou rapidamente com a eleição de João XXII[, e ve~ rareando a tal ponto no pontificado de Sua Santidade Paulo VI, que se tornou quase uma exceção à .regra. Não entendo :1firmar. com essa.s palavras, que cessaram inteiramente as censuras de Autoridades .Eclesiásticas ou organizações católicas contra o comunismo. Mas · elas baixaram muitís.c.imo cm número, e mais ainda em tom. De SOJ\le que, não raras vezes, têm muito mais o aspecto de queixa de amigo a amigo, do que de crítica a um adversário irreconciliável. :B absolutamente notório que, não raras vezes, Autoridades Eclesiásticas e or-

CHEGA,Rf\M-M·E às ,mãos, recentemente, novas declarações de altas personalidades eclesiásticas sobre o tema - até há pouco raras vezes tratado no Brasil - das relações do Vaticano com os regimes comunistas. Os Bmmos. Cardeais D. Agnclo Rossi e D. Eugcnio Salles incluíram o assunto cm entrevistas concedidas à imprensa sobre questões diversas. Consta-me que o Emmo. Cardeal D. Avelar Brandão também se pronunciou sobre a matéria. "O São Paulo", órgão da nossa Arquidiocese, transcreveu vistosamente a alocução

do Sr. D. Vicente Scherer sobre o assunto. E da cidade de Quito me chegou um extenso arrazoado, também versando a mesma questão, dado a lume pelo Emmo. Cardeal Pablo Muiíoz Vega . Os novos pronunciamentos fariam jus a comen-

tários meus, tanto mais quanto, ou pelo seu conteúdo ou por sua sincronia. parecem relacionar.se

de perto com a Declaração de Resistência da TFP. Contudo, não julgo necessário fazê-lo, pois, sem nenhum favor, o trabalho do Emmo. Cardeal Seherer engloba e supera, de tal maneira, pelo valor do conteúdo, como pela amplitude da exposição, os de seus ilustres Colegas, que, cst-udado este, o estão, ipso facto. os demais. Assim, rcstrjnjo-mc a encerrar os comentários

sobre a alocução do Purpurado gaúcho.

• •• E entro na matéria. Segundo o .Emmo. Cardeal Scherer. ''parece curioso" que as críticas surgidas de cá e de lá à iniciativa do Papa, de negociar com os regimes

comunistas, "te nha,n orige,n cm grupos situadO.f

em geral dentro da pr6pria Igreja e que a E/ti profesJ"am amor e Jide/fr/ade". - "Curiosoº por quê? - O ilustre Prelado se explica: ''Em nosso te111po, praticamente 10,los os pdíses, ,le modo especi<I/ as nações clwmn<las capitalistas, celebram. toda espécie tle acort/Os ( ... ) com a Rússi<1· e os dernais Esmdos 11u1rxisu,s". Em certo sentido, seríamos assim mais realistas

do que o Rei. Ou mais capitalistas do que os governos capitalistas. Já mostrei que não somos contra as negociações propriamente ditas, mas contra o preço exor~ ·bitante -

e sem compensações -

que o Vaticano

paga para levar a ~ermo sua "Ostpolitik". A ''détentc" católica vai por todo o mundo abatendo

barreiras que outrora se opunham à expansão do credo vermelho. - O que pagam cm troca os governos comunistas? - Nada . .. Precisamente análoga é a queixa que se levantou na Alemanha contra Willy Brandt, e agora se encapela nos Estados Unidos contra Nixon e Kissinger. No momento em que a ''détcnte" alemã e norte-americana é tão vitoriosa.mente con-

•tcstada, seu exemplo não pode ser alegado como prova decisiva em favor da "détcntc" vaticana.

Quanto a sermos mais capitalistas do que o capitalismo, a acusação é singular, pelo menos se considerarmos o capitalismo cm seu aspecto mais requintado e ccns,frávcl. Isto é, no supercapitalismo. Este último costuma manejar na sombra. Mas o que de sua atuação vem aparecendo ao pú.. blico, importa cm apoio caloroso à "détcnte''. Haja vista a .galáxia de astros do supcreapitalismo

que acompanhou Nixon em Moscou. E esta conduta está na lógica do supcrcapitalismo. - Como, cn-1ão. divergindo dessa lógica) somos mais rca·

listas do que o Rei? Seja dito de. passàgem que não compreendemos como pode o rcs1>eitávcl Arcebispo de Porto Alegre sentir-se à vontade ao escudar a "détentc" vaticana na ·'détente" alemã e americana, quando ele mesmo reconhece que "o mwu/Q livre e. desu1cada,ne1ue. a Europa ocidental"' foi "quem amo· teceu na resistência à propagação <lo perigo co-munis1a'1? Então a ''détcn1e" vaticana não é, ela também. um "amo/ecimcmo"?

• •

Mais um argumento de Sua Eminência nos res-

ta para analisar. Afirma o Purpurado que o objetivo essencial da "Ostpolitik" vaticana é a suavização das condições de vida dos católicos detrás da cortina de ferro. Não vejo que tenha sido obtida até agora tal suavi,.ação. E m extensa Alocução feita por ocasião de seu onomástico (cf. "Osservatorc Romano" de 23-6-74). Sua Santidade Paulo VI tem uma aliás rápida passagem sobre 3$ condições dos católicos detrás da cortina de ferro. Que mundo de horrores nela transparece! Afirma literalmente o Pontífice que em seu ãnimo ''se abre uma ferida" sempre que pen. sa nos "sofrimentos. limitações e pre.rsões'' que ali sofre a Igreja. Refere-se depois às "opressões e silêncios" que pesam sobre ,Ela e ''iis trevas que A circundamn. Bstn é a situação, como a vê Sua

Santidade no ano de 1974. ,Faz pensar no que têm dito Solzhcnitsyn e outros dissidentes. Ora, a "déten-te" começou com João XXII! .em 1958 . .. - No que então serviu tal ''détente" aos católicos de al6m corrina de ferro, àquela meri16ria Igreja do Silêncio, sobre a qual, segundo o melancólico gracejo de um jornalista italiano, "baixou o silêndo da Igreja''? 1:. o que, com veneração, afeto e tristeza, me cabia ponderar .. .

3


Verdades esquecidas

A oração que hoje apresentan1os foi composta por São Luís Maria Grignion de Montfort para uso dos escravos de Maria, isto é, daquelas almas que se consagra1n à Virgem Santíssima como escravos de amor, segundo o método ensinado por ele. Encontra-se em seu admirável opúscnlo "O Segredo de Maria".

ORAÇÃO DOS ESCRAVOS DE MARIA

E

U VOS SAODO, Maria, Filha ben1-amada do Padre Eterno; eu Vos saú-

_do, Maria, Mãe admirável do Filho; eu Vos saúdo, Maria, Esposa fidelíssin1a do Espírito Santo! Ave, Maria, minha querida Mãe, minha amá,. vcl Senhora e poderosa Soberana; ave, núnha alegria, mi11ha glória, meu coração e -núnha alma! Vós me pertenceis toda por misericórdia, e todo Vos ,pertenço eu por justiça. Mas não V.os pertenço bastante ainda: de novo me dou a Vós todo inteiro, na qualidade de escravo pcrpét110, sem nada reservar para mim ou para outrem. Se vedes em mim qualquer coisa que não Vos pertença. eu V 06 supli~o que a tomeis agora, e Vos torneis Senhora absoluta de quanto possuo; que destruais e desarraigueis e a11iquileis tudo o que desagrada em mim a Deus; e que planteis e promovais e opereis em min1 tudo o que Vos agradar. Que a luz de vossa ,fé dis&ipe as treva5 de meu espírito; que vossa humildade

CUMPRE EXTINGUIR A FAGULHA ANTES ·QUE O INCÊNDIO SE ATEIE Da Suma Teológica (Ifa. llae., q. l l, a. 3):

A

RESPEITO DOS hereges deve-se considerar dois aspectos: um. da parte deles; ou1ro, da r>arte da Igreja. Da parte deles está o pecado, pelo qual não s6 merecera111 ser separados da Igreja pela excomunhão, mas tll111bém ser exclufrios do 1111111<!<> pela morte; pois muito 111ais grave é corro111per <• fé, vida da alnra, do que falsificar a moeda, co111 que se sustenta " vida temporal. E se tais falsific'1d,ores e outros n,alfeitores são ÍL1SU1111e11te entregues à ,norte, ,·em ,nais, pelos príncipes seculares, co11, 111aior rauw os hereges, tão logo provado o seu crime de heresia, poderiam não s6 ser exco,mmgculos, mas també111 entregues a justa pena <le ,norte. Da parte da Igreja, está a 111iseric6rdia para " conversão dos que erra111. Por isso não condena logo os que erran1, mas apenas "depois de uma primeira e uma segunda correção", como ensina o Apó>'lolo (Tit. 3, 10]. Mas, se o herege ainda se mt111té111 pertinaz, a lgrejti, não te11do espermtç<t de su" conversão, o separa de Si por se111e11ça de cxco1111111hão, te11do ern vist<1 a salvação dos de,nais. E vai ainda ,nais adiante, e11Jregando-o ao juízo secular para seu exter111ínio do 1n111ulo pela morte. A este prop6sito diz São Jeró11imo e se lê rto Decreto: "Hão de ser ex1inpadas as carnes apodrecidas; e a ovelha sarnenta há de ser separada do rebanho, não seja que arda toda a casa, a massa $e corrompa, o corpo apodreç_a e- o gado se perca. Ario em Alexandria foi uma fagulha, mas, por não ser imed iatamente sufocada, esta fagulha propagou sua chama a todo

o orbe". SAO TOMAS DE AQUINO

profunda tome o lugar de meu orgulho; que vossa contemplação sublime suste as distrações de minha imaginação vadia; que a vossa visão contínua de Deus encha minha memória de sua presença; que o incêndio da caridade de vosso coração dilate e abrase a tibieza e frieza do meu; que vossas virtudes subst~tuam -meus pecados; que vossos méritos ~ejam o meu ornan1ento e suplemento perante Deus. Enfim, Mãe querida e amada, fazei, se possível ,for, que cu não tenha outro espírito senão o vosso, para conhecer Jesus Cristo e suas divinas vantades; que .não tenha outra alma senão a vossa, para louvar e glorificar o Senhor; que não tenha outro coração senão o vosso, para amar a Deus com um amor puro e ardente como V.ós. Não Vos peço visões ou revelações ou deleites ou prazeres, nem mesmo espirituais. E privilégio vosso ver claramente, sem trevas; deleitar-se plenamente, sem amar.gor; triunfar gloriosamente à dire ita de vosso Filho, no Céu, sem humilhação alguma; dominar absoluta,nente sobre os Anjos, os homens e os demônios, sem resistência; e , enfim, dispor de todos os bens de Deus segundo vossa vontade, sem restrição alguma. E is, divina Maria, a ótima parte que o Senhor Vos deu e que não Vos será tirada, - e isto me deleita sobren1an.eira. Por minha par,1e, não quero nesta terra senão o que Vós tivestes, a saber: crer puramente, sem nada sentir ou ver; sofrer alegremente, sem consolação das criaturas; morrer continuamente a mi,n mesmo, sem tréguas; e trabalhar resolutan1en1e, até a morte, por Vós, sen1 interesse algum, como o mais vil dos escravos. Uma só graça Vos peço, por pura misericórdia, e é que, todos os d ias e momentos de minha vida, cu diga três vezes Amém: Assim seja, a tudo que fizestes na terra, enquanto nela vivestes. Assim seja, a tudo que fazeis agora no Céu. Assim seja, a tudo que operais em minha alma, a fim de que nela só Vós estejais para glorificar plenamente a Jesus em mini, no tempo e na eternidade. Amém.

BALDEAÇÃO IDEOLÓGICA , INADVERTIDA E DIALOGO Plínio Corrêa de Oliveira Denuncia o mais recente estratagema comunista para conquistar a opinião 1n.undial, através de un1 processo de persuasão ideológica subconsciente (5.ª edição, 1974). Total das edições e1n português;

45 1nil exemplares. Teve tan1bén1 edições e,n ale1não, espanhol e italiano, somando 22 '

mil exemplares.

Preço do exemplar: CrS 15,00 EDITORA VERA CRUZ LTDA. R . Dr. Ma,tinico Prado, 246 01224 - Siío Paulo, SP

• 4

Da. Maria Yvcttc Torres, Mareió (AL): .. Continuo apreciando muitíssimo CATOLJ ... CISMO. O número sobre o Chile foi excelente! Gostaria apenas que as apreciações sobre os "hereges.. fossem mais prudentes, face ao movimento em favor do ecumenismo no

seu real sentido: volla deles à verdadeira Igreja. Distinguir também .. herege .. de .. protestante", "011odoxo''. etc. O herege é o que conscientemente deixou o verdade pelo erro. S6!" • TEMOS PRAZER em registrar que o único sentido ortodoxo de ecumenismo é o que nossa amável correspondente registra na sua carta, ou seja, a volta dos dissidentes à verdadeira Igreja de Cristo, que é a Igreja Católica Apostólica Romana. Infelizmente, não é esse o princípio que está subjacente em mui-

tos movimentos ecumênicos, para os quais a verdadeira Igceja não se encontra na terra, mas deve ser descoberta por meio de uma superação dos vários cristianismos, inclusive o Catolicismo Romano. Esta a razão porque esta folha se sente moralmente obrigada a fixar bem a linha demarcatória e.n tre a verdade e o erro. Quan10 à noção de ''he,·ege", não sabemos onde nossa correspondente achou a definição que dá ao termo. Etimologicamente, heresia quer dizer separação, escolha. Herege seria o que, dentre as verdades reveladas, escolhe algumas, que aceita, e rejeita as outras. Objetivamente, considera-se hoje heresia a rejeição de uma verdade revelada, e proposta pela Igreja como tal. De maneira que onde quer que haja semelhante rejeição, há heresia. Não é necessário que a pessoa conscientemente tenha abandonado a verdade pelo erro, para ser considerada herege, para aderir a uma heresia. Todo aquele que adere a uma doutrina contraria à verdade revelada, aceitando embora outras partes da Revelação, é herege. Poderá ter apostatado da verdadeira Igreja e aderido à heresia; ou poderá ter nascido na heresia e nela permanecer. Entre os hereges, distinguem-se os que estão na heresia de boa fé. Pensam que estão na verdade. São hereges materiais. O pecado de heresia começa quando a pessoa toma consciência que n·ão está na verdade, e persiste óo seu erro. Só então é herege formal. Distingamos, pois, o infiel, o apóstata e o herege. Infiel é o que se opõe à verdadeira Fé; apóstata é o que abandona a verdadeira Fé; herege é o que rejeila uma verdade de Fé. O apósrnta poderá aderir il heresia. ou se tornar infiel. Nem iodo herege é apóstata. O que nasce e permanece na heresia não é ap6sta1a mas é herege. Sr.

Inocêncio Nobrega Filho, Fortalc,-.a (CE): "Mensário dos mais bem ilustrados com nítidas fotografias, cm bom papel e de excelen1es caracteres tipográficos, tudo isso para não falar nas maravilhosas niatérias, ai publicadas ...

Sr. An1aury Camargo Schirato, Socorro (SP)! "Tenho lido e gostado dos assuntos enfocados no CATOLICISMO. ~\Jgiro uma coluna de retrospectiva, analisando e dando de uma maneira mais sucinta os fotos que estão acabando com a tradição em todo o mundo [ ... ). Gostaria também de ver no CATOLICISMO artigos que dessem a nós uma visão da ascensão e queda do comunismo, suas desgraças e a luta pela conservação da propriedade em todo o mundo, em ordem cronológica... • Anotamos e agradecemos as suges1ões. Sr. Antonio Pinto Soares, Belém (PA): "Que Nossa Senhora de Fátima os proteja e dê forças para prosseguirem na lula abençoada contra os inimigos da Igreja , certos de que o Imaculado Coração de Maria triunfará". Da. Anua Luiza Prado Bastos, Rio de Janeiro (GB): "Há muitos anos sou assinante desse jornal que muito aprecio e pre,.o".

f jAfOJLICnSMO M~:NSARIO com

:1provntão tclulásUt:.

CAMl'OS -

ESJ'. DO RIO •

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José CAR1.os CAsTn.110 ue ANoa... nu Oirc1orl:1: Av. 7 de Setembro 247, caix!l

posrnl 333, 28100 C•mpos, RJ. Adwlnls·

ttttt~o: R. Dr. Martinico Prndo 27J. 01224 S. P~ulo. Composto e in11>rcsso n.1. Cfa. Lithographica

YP'ir:mg.1, ltua Cadete 209, S. P:1ulo. A.-.sinatura anual: comum Cr$ 3S,OO: CO· operador CrS 70,00; bcn!citor Cr$. 14~.00; srandc benfeitor Cr'$ 280.00; scmm:instas e estudanlc$ CTS 2S,00; América do Sul e Central: via de superfície US'S S,SO; via aérea USS 7,2S: Amétiea do Norte, Pormg:il, Espanha. Provfncit'1$ ullram:irinas .e

Colónias: via de superfície USS 5,SO; v1:t aérea USS 8,75; outros países: via de superfície US$ 6,SO, via :térc:t USS 11,75. Vtndá :·1vuls.--i: Cr$ '3.00. Os pagamentos, sempre cm nome de F..dliom Padre B-elehior de Ponles SIC, poderão stl' <:ncaminhados ~ Administração. Para mud:tnç:\. de endereço de as...~innntes, é necessário me,,cionar 1.-imbém o endereço t\nligo. A <:orr~oodênci:t rclaliva n assinr,111r.1~ e vcnd:l :i.vulsa deve ser envind:l ~ Aclmlni~1r.lfâo: R. Dr. M:trllnlco Prndo 171 01224 S. Paulo


Nixon renuncia,

30 dias em revista

,,.

mas Kissinger e mantido

'

INDA !! CEDO para avaliarmos todas_ as conseqiiê~cias ~a .re~úncia de Richard N1xon a pres,d:encia dos Estados Unidos. Entretanto, é certo que foi ele um dos homens que maior mal fizeram ao seu pafs e ao mundo, neste século. O caso Watergate, revelador de uma .pO· liticagem interna ~ofisticada ,pelos últimos produtos da técnica eletrôrúca, não passa de uma rúnharia, se comparada com o mal que íez sua política externa, de distensão com os governos comurústas. T í.nhamos, antes de Nixon, um mundo dividido entre duas concepções de vida: de um lado, os países comurústas, ateus, procurando, ernbora nem sempre conseguindo, expulsar toda idéia de Deus e de religião, das suas populações. Contrários às convicções e instituições mais arraigadas no espírito humano: a família, a moralidade, o respeito pelo próximo, a propriedade privada, a livre iniciativa. O resultado da imposição dessa ideologia é o <?$lado de miséria, de abatimento, de populações que dão evidentes n1ostras de querer livrar-se desse jugo, como se viu nas fugas cm massa da Alemanha Oriental para o Ocidente, nas re-

A

voltas de Berlim, da Hungria, da Polônia, da Tcheco-Eslováquia, da Lituânia, na resistência da Coréia e do Vietnã. Os Estados comunistas procuram disfarçar a própria falência econômica e reprimir a insatisfação popular com um poderio militar-policial cada vez mais ameaçador e com uma política externa cada vez mais agressiva e expansionista. . De outro lado, o mundo livre, minado pela infiltração ideológica, ;pela agressão sexual, pelo progressismo religioso, pelas -grandes traições, mas, ainda assim, um mundo em que a liberdade assegura a prática da Religião e a preservação das tradições cristãs por aqueles que mantêm a chama da Fé, um mundo en1 que se .permite a dis·c ussão das idéias e o combate -ideológico ao comunismo, em que a, propriedade privada e a livre iniciativa 6ão os ,pilares da organização econômica. Este mundo orgarúzou sua defesa contra a expansão vermelha por um sistema m.ilitar de alianças regionais, como a NATO e a SEATO. Dada a sua condição de nação economicamente mais forte, os Estados Unidoo estimulavam e lideravam a reação, pelo

menos militar e econômica, ao expansionismo de Moscou e de Pequim. Mas Nixon, o Presidente eleito em 1968 e J972 por conservadores e partidários de uma política firme com os comunistas e com a contestação, resolveu ignorar tudo o que o comunismo internacional fizera contra a civilização cristã e contra os próprios Estados Unidos, ,passando a negociar com os -governos marxistas como se este$ fossem apenas governos que têm outras idéias, em assuntos 6ecundários, mas nos quais se pode confiar. Em 1972, Richard Nixon desembarcava sorridente em Pequim; daí a alguns meses, sorridente descia de seu avião cm Moscou. O resultado dt?$Sa imensa encenação l oi uma imensa Munique, de conseqüências muito mais catastr6ficas do que teve a de 1938, quando ChamberJain entregou a E uropa a Hitler. Desde então, começaram a desmoronar as muralhas ideológicas, econômicas e militaroo do Ocidente: • 1 - Os Estados Unidos passaram a fornecer à Rússia e à China os produtos, a técnica e o capital que a economia comunista se mostrava cada vez mais incapaz de oferecer às suas populações oprimidas. • 2 - O trigo norte-americano, que John Kennedy já começara a fornecer 11 Rússia, passoú a sustentar os regimes comunistas, a cujos países costuma faltar o pão, a manteiga e até as batatas. • 3 - No Japão, baluarte anticomun i6ta da Ásia, uma troca de Primeiro-Ministro (sem mudança de .p artido) fez surgir um novo eixo, o eixo Tóquio-Pequim, cuja única conseqüência é prover a China da técnica e da indústria que o regime marxista é incapaz de produzir. • 4 - O govérno legitimo da China, sediado em. Fo~mosa, passou a ser considc· rado ilegítimo e foi abandonado à própria sorte. !, corno ~e Quisling, o títere de Hitler na Noruega, tivesse sido considerado legítimo, pelo mundo, e rebelde o governo norueguês exilado cm Londres.

• 5 - O Cremlin foi taxativamente contrário a uma menção da, América Latina na declaração de Moscou, onde Nixon esboçara o desejo de que fig11rasse ao menos o compromisso de que o comunismo se absteria de sua ofensiva em nosso continente. Nem isso conseguiu. • 6 -

O socialismo de Willy Brandt,

Progressistas deram prêmio de c inema para o sacrílego "Godspell"

derrotado em suC1?$Sivas eleições estaduais mas estimulado pelo clima internacional próesqucrda, conseguiu levar adiante sua política de aproximação com a Alemanha Oriental. • 7 - A NATO, cujas forças tornaramse sensivelmente inferiores às do Pacto deVarsóvia, não mais se considera rrúlitantemente anticomunista - pois Nixon inaugurou uma política cm que não há lugar para alianças anti-soviéticas, apesar de continuaren1 de pé, e muito firmes, as alianças antiocidentais. • 8 - Os Estados Unidos comprometeram-se a não aumen tar suas forças convencionais ou nucleares, sujeitando-se a ficar em posição de inferioridade perante os paísoo comunistas. • 9 - Finalmente, viu-se o abandono do Vietnã à sua própria sorte. "Nunca ta1ttos sofrera111 tanto de um só" - escreveu P línio Corrêa de Oliveira em uma de suas penetrantes análises publicadas na "Folha de São Paulo". (;oNCI.UI NA

l'AOINA

6

Homero Borrados

R ichard Nixon foi obrigado a renunciar em virtude de um caso de Politicagem intern a, Watergate, mas sua política de distensão com os regimes comunistas deverá prosseguir, com a permanência no governo de H enry Kissinger, a quem muitos acusam de ag ente a serviço de Moscou.

5


Conclusão da pág. 5

30 dias em revista Ainda é cedo para sabermos se a renúncia de Ni?(on foi -uma vitória dos falcões, ou se !oi conseqüência de alguma barganha destes com os pombos. A permanência de Kissinger .p arece indicar que as rédeas da política internacional continuarão com os pombos, mas só os próximos atos do Presidente Ford fornecerão dados suficientes para se ter idéias claras a respeito.

C.ra-,es aeus~õe$ u Kissinger O PRIMEIRO dos secretários de Nixon que Gerald Ford confirmou em seu governo foi Henry Kissinger. As notícias iniciais sobre o novo governo chegavam, mesmo, a afirmar que Ford, "não sendo ,nuito versado e111 assuntos de po/ltica externa", daria ao Secretário de Estado mais liberdade do que Nixon, .para manobrar a política externa norte-americana. ' Entretanto, -muitas personalidades "yankees" têm sérias restrições a Kissinger. O Senador Jesse Helms criticou-o por seu "desprezo pelas necessárias práticas de segurança". Segundo Hehns, Kissinger continua nomeando elementos suspeitos e perigosos para altas ,p osições no Departamento de Estado, como James. Sutterlin, que, segundo o ·m esmo Senador, representa um perigo para a segurança do país. Hclms criticou também a nomeação de Henry Popper para a embaixada dos Estados Unidos no Chile e a de Boris Klossom para a equipe norte-americana nas negociações Salt.

"Espero que esteja engairado eni minhas d1ívidas sobre Kissinger - disse o Senador Helms. Por outro lado, acho imperativo examinar a situação como ela é". Agente comu nista? William Loeb, editor do "Manchester Union Lead", de Manchester, Vermont, diz que "às vezes 116s 110s perguntamos se al-

guén1 pode ser tão esttípido como o Dr. Kissinger parece ser, distribuindo di1ige111eme11te segredos e dinheiro 11orte-a,11erica110. N6s nos perg11nta,11os se 11ão haveria algo 111ais do que estupidez por trás de suas ações". A revista "lntelligence Report", de New Jersey, relata em seu número de abril deste ano as declarações de um espião soviético que (!lassou para o Ocidente. O ex-agente secreto diz que, em sua juventude, Kissinger foi recrutado .pelo serviço secreto russo e trabalhou sob o pseudônimo de "Bor". "The Herald of Freedom" noticia, que um diplomata norte-americano aposentado, "que

não costuma dizer coisas sensaciona/ista.s'', afirmou com toda a seriedade: "Acredito que o Dr. Kissinger é 111n age11te1comu11is1a". Aliás, não é esta a única imputação de espionagem a Kissinger. Aleksei Nicholaevich Romanoff, que, sob a falsa identidade de Coronel Goleniewski, teve alto cargo nos serviços de inteligência comunistas poloneses, declarou que Guillaumme, o espião de Pan.k ow que serviu no gabinete de Willy Brandt, era o líder de um grupo de agentes soviéticos do qual Henry Kissinger tornou_-se membro, quando sargento das Forças Armadas dos Estados Unidos na Alemanha, durante a segunda Guerra Mundial. Foi Aleksei quem alertou os serviços de i:1teligência ocidentais sobre Guillaumme e afirmou que não há nenhuma dúvida de que Kissinger se encontrou em várias ocasiões com o espião, nos Estados Unidos, na França e oa própria Alemanha Ocidental.

Poder ilimitado Em maio o "Washington Observer Newslctter" faz.ia notar que, quanto mais Nixon se preocupava com o caso Watergate, mais Kissinger aumentava seu poder sobre a •burocracia federal norte-americana. Através de Schlesinger, seu protegido, Kis.singer atuou na CIA e atualmente tem poderosa influência no Departamento da Defesa. 6

Segundo a mesma fonte, cn1 sua breve atuação como diretor da CIA Scblesinger fez um expurgo de funcionários anticomunistas, despedindo dois mil dos mais antigos elementos daquele órgão. Também desmantelou o Burea,, de Estimativas Nacionais, dependência da CIA que provocara a ira de Kissinger. No Departamento da Defesa, para o qual foi designado .por influência de Kissinger, Schlesinger está fazendo o mesmo trabalho que executou na CIA. Sua meta é um expurgo completo dos funcionários anticomunistas. Schlesinger detesta os militares e é por eles mal visto. Para levar a cabo a convergência com a URSS, desejada por Kissinger, será necessário expurgar os militares da velha linha, substituindo-os por oficiais jovens e an1biclosos. A máfia esquerdista internacional, assim como recebera con1 alegria a eleição de Nixon, suspirou aliviada com a confirmação de Kissinger no Departan1ento de Estado.

Católicos ~lm> prê,1,io n ''Godspell"

Ante a perseguição comunista, o heroísmo católico

A

IGREJA PAl,lOQUlAL de Klaipeda, na Lituânia, foi dinamitada pelos nazistas em 1945. Somente 1957 o

cm

govcr,no soviético autorizou a construção de

novo templo pela população ca1ólica local, Anteriormente ceri.mônias religiosas eram reali-

zadas em casas par1iculares.

O sacrificio para a "edificação da nova igreja foi imenso. A maior parte das obras foi realizada à noite, por fiéis que durante o dia trabalhavam arduamente nas fazendas coletivas do

Estado. Concluída a construção, não veio, contudo, a licença para sua utilização. Pelo contrário,

Kruchev (o homem do pseudodiálogo) proibiu que a nova igreja fosse destinada ao culto., e

numa trágica noite de 1961 duzentos milicianos, enviados de Moscou, ocuparam a pequena cidade, abateram o campanário recém-terminado, destruíram a "Via Crucis", artisticamente

Aplausos do progressismo Já em sua versão .para o teatro, a peça sacrílega recebeu un1 prêmio cat6lico nos Estados Unidos. O Dr. Ramsey, arcebispô anglicano de Cantuária, depois de assistir a encenação, foi aos bastidores abençoar os palhaços. Tebelak faz até suas experiências litúrgicas: a certa altura da peça, o público é convidado a participar, no palco, com os atores, de um ágape simbólico, sob a forma de pão e vinho. E vai mais adiante: en1 cooperação com o teólogo protestante norte-americano Harvey Cox, alimenta o projeto de escrever celebrações litúrgicas baseadas em "Godspcll". Por ocasião da estréia da peça em Paris, a assistência - formada .em grande parte por Padres, Religiosos e representantes da imprensa católica - d=nfiada a princípio, manifestou seu entusiasmo no final, cha1nando várias vcus os atores ao palco com seus aplausos.

No Brasil Enquanto se anunciava o prêmio concedido ao filme, a peça teatral ia à cena, pela primeira vez entre nós, num circo armado em Botafogo, no Rio. O "Jornal do Brasil" comentou que o circo, o chão de terra ,b atida, os latões do cenário e o traje muito simples da platéia - sugerido no convite - compuseram o ambiente dessa versão "descontraída e meio hippie" de um Cristo acompanhado por Apóstolos que "dizem bobagens, cantam e

fazen1 caretas".

dos e os tra.nspoNavam cm caminhões a uma distância de 50 km da cidade, de onde os fa.

ziam voltar a pé., reiniciando a "viagem'' assim que chegavam - até que se "acalmassem'' . .. Entretanto. alguns nunca mais retornaram! Os dois Sacerdotes da cidade foram presos e deportados, não se sabe para onde. Atualmente, no recinto da igreja funciona a "Filarmônica do Povo". O edifício tornou-se maldito para o povo de Klaipeda. Hoje em dia, durante alguns espetáculos, enquanto cinqi.icnta músicos tocam algo, não chegam a dez os assistentes . . . A população justifica sua ausência com a seguinte (rase amarga e irônica : "Nós não vamos mesmo ,l igreja, mas. . . não é o que ,. . ,. voces querwm . ...

,

Mons. Kung, Bispo de Xangai: "Viva Cristo-Rei" Um dos muitos eclesiásticos que foram vírimas do regime comunista chinês foi Monsenhor Inácio Kung Pin-mci, Bispo de Xangai, cujo primeiro julgamento pelo "tribunal popular" de um subúrbio de sua cidade episcopal, em 1955, nos é descrito pela revista "Religião e Pátria", de Macau.

A ORGANIZAÇÃO Católica Internacional de Cinema conferiu seu Grande Prêmio de 1973 à versão cinematográfica de "GCidspell". O original de "Godspell" é uma peça de teatro em que seu autor, o norte-americano John Michael T~belak, nada mais faz do que zombar da Pessoa e da Paixão de Nosso Senhor. A peça que, segundo seu autor, seria uma narração do Evangelho de São Mateus, representa cenas da vida de Nosso Senhor em que todos os personagens são palhaços. O próprio Tebelak declarou que se inspirou nos Irmãos Marx, em Charlie Chaplin e outros atores de humor burlesco. "Godspell" está sendo considerada como uma das manifestações da "Jesus Revolution" - pretensa volta dos " hippies" norte-americanos a Jesus, sem, entretanto, abandonarem seus hábitos detestáveis. Tebelak, cm entrevista a "Informations Catboliques Internationales", a conhecida revista progressista francesa, sem afirmar sua adesão à "Jesus Revolution", concordou em que há entre ela e sua peça "convergências criadoras".

erigida ao longo de quatro anos de trabalho, e impediram o acesso à igreja. Não podendo conter a justa indignação popular, os comunistas prendiam os mais exalta-

Na praça em que reria lugar o julgamento estava reunida uma multidão de cerca de qua. tro mil católicos, em sua maior pal'le estudantes. Em trajes civis e com as mãos amarradas às costas, o Bispo foi obrigado a subir a um eslrado, onde devia ouvir a Jeitura das acusa· çõcs contra ele levantadas pelos comunistas. Em seguida, os vermelhos puseram-no diante do microfone e o intimaram a confessar todos os seus "crimes" e a implorar perdão ao povo. Sem perder um minuto, Monsenhor Kung,

com voz. forte, brandou três vezes: ''Viva Cristo-Reiº. A multidão, empolgada com tamanha bravura, respondeu em coro: "Viva nosso Bispo".

A fim de evitar qualquer violência popular em favor do Prelado, os comunistas fizeram-no entrar imediatamente numa viatura policial, que o reconduziu à prisão . .. (o Anuário Pontifício de 1972, tra.z, ainda, seguida a seu no·

me, a gloriosa f6m1ula "in carcere per la Fede"). B hoje, na China de Mao, oficialmente deixou de existir a Igreja Católica. Mas Deus permite essas aparentes derrotas, para que a Igreja vá manifestando belezas e heroísmos ainda inéditos. Ontem. hoje, sempre, sangue de már-lires é semente de novos cristãos!. .. (ABJM - Agência Boa Impre_nsa).

Roberto Guimarães

PC francês experimenta um novo figurino PARTIDO COMUNISTA da França resolveu mudar sua imagem. No mês de julho, os franceses foram surpreendidos com a campanha denominada "-Partido Comunista e coração aberto". Pelas ruas das grandes cidades, jovens impecavelmente vestidos ou uma senhora com toda a aparência de uma amável mãe de família distribuíam convites para uma reunião na sede do PC. A campanha visa mudar a imagem que os (ranceses têm desse partido: uma organização estranha e semi-secreta. George Marchais, secretário-geral da entidade, afirma que no mo-

O

mento o objetivo desta não é a implantação do socialismo, nem mesmo o início da construção do regime socialista, mas apenas "reformos democráticas"'.

Nessa ofensiva dos marxistas franceses. a meta é despertar no público tanta confiança como qualquer outro parlido político na França. Quem precisa disfarçar para at.rair, prova que fracassou na conquista da opinião .pública. Esta é mais uma clara manifestação do malogro das esquerdas nos dias de hoje. ( ABI M - Agência Boa Imprensa),

Walter Biancalana

Um católico entrega seu país aos chineses de Mao TANZÂNIA é uma das nações africanas há pouco emancipadas da colonização européia. Formada pela fusão da Tanganica (ex-colônia alemã, ultimamente sob mandato inglês) e de Zanzibar (antigo sultanato sob tutela brilânica), o novo país é banhado ·pelo Oceano Indico, tendo como vizinhos Moçambique c Zâmbia, entre outros. Ao chegar à capital da Tanzânia, Dar-Es-Salaam, o viajante se surpreende com a grande quan1idade de chineses comunistas, os quais - percebe-se imediatamente - dirigem praticamente tudo. Em 1964. logo depois de sua independência, o país começou a receber emprés1imos da China de Mao. O complemento na1ural dos empréstimos foram os técnicos. e o dos técnicos. os assessores militares . .. Assim é · que em pouco 4empo um verdadeiro exército de 29 mil chineses ocupou o país

A

do Monte Kilimanjaro, trdnsformando-o cm

base de operações para os guerrilheiros que operam na costa africana do Indico, especialmente em Moçambique. É é em nome da autodeterminação - tão cara à ONU - que eles são treinados, man1idos e armados! Concra essa intromissão escandalosa nos assuntos internos de outros países, não se levanta uma só voz de protesto. O mais curioso é que o autor da independência da Tanzânia e seu atual presidente (vitalício ... ) , Julius Nyerere, é católico. E segundo a revista missionária jesuíta, "'Popoli e Missioni", é até praticante e fervoroso! É chocante observar um filho ,transviado da Santa Igreja a entregar impunemente seu país às garras do dragão chinês. (ABIM - Agência Boa Imprensa) . ' Hamilton d'Avila


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1 1

l 1 é:

O NúMERO 61 de "Catoliclmto", o Sr. Ctl.'lo da Costa Carvalho Vldlgal · thamou a atenção de nossos lcltorc-s para a história de Cluo;y, a dlc· bre Abadia da Borgonha que liderou a refon:ru1 morulstlca da Alta Idade Média. Justamcn_te, o titulo de seu artigo é "Chmy, a alma da Idade Média". Nc~e século os tst'udos sobre Cluny se mui·

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\ 1

tiplk.arrun, Deles o mosteiro saiu engrandecido, e sua gloriosa história, mais bem «Hlbecida, provoca o interesse sempre crtScente dos pe$Qui· sndores, su.scltaodo mesmo em algu119 um ver· dadelro entusiasmo. O pequeno mosteiro fu.n· dado em 910 p<lo Bem-aventurado Bemon em terras doac!Jis pelo Duque ela Aquitinla, Guilherme o Pitd0$0, teve quatro 8)'1'Ddt$ Abades, Santo Odoo, São Maiew, Santo Odllon e São Hugo, cujos longos abaclatos se estell<kram por

,

I.N.R.I.

...

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dois ~culos, constatando-se com surpresa que nesse pe,r íodo Cluay reformou completamente a vida monástica na Europa, contribuiu de modo

eficaz para a reforma da Igreja, formou a Cristandade nos scu..11 mais variados asptctos e a condu:tiu aos grandes feitos da Idade Média. Cremos, pojs, que não será sem Interesse para os nossos leitores, votcarmos ao assunto tratado pelo Sr. Celso Vldlgal,

O GRANDE PAPEL DE CLUNY NA FORMACÃO DA I. MÉDIA

Cluuy conqultfou rapidamente a liderança da vidn religioSa do Ocidente e nela se nianteve, pelo menos durante o governo dos seus quatro grandes Abades, com glórill e majestade. "'Com Cluey - diz um hlstor!Ador - ao longo dess,s dois séculos, ter-se-á essa impressão de soUdez e pcnnaoênda na tradição que, no pas.,ado, se ,esperava da Santa ~; Cluny é verdadeiramente un1a nova Roma., (DelarueUe, LatreiUe, Palanque, "Histoire du CathoUcisme en France", vol. f, p. 251). "Nfto sei, diz outro autor, que e.ntusi~mo, que voga, que moda salutar atrai todo mwtdo, Papas, Príncipes e Monges, a Cluny, como ao porto rnais seguro. O estrangeiro se contagia: a Espanha e a Ioglaterr..t; Cluny tornase o guardHio ofkial da regularidade nionástica. Um mosteiro decai na observância, o Papa o e.nlrega ao zelo dunincense. Hugo pare-0e ser verdadeiramente o Ab:tde dos Abades e, com exceção do PaJ>.3, ninguém é eomparivet a ele na Cristandade" (D. Charles Poulet, "'!llstoire de l'Egllse de_ France", t. 1, p. 124). Queremos estudar os primeiros tempos do Sacro Império Romano Alemão? Lá e,icontra·· 4

mos os dun.iace,nses diriglndo a lmperatm Ade• haidt e ajudando com seus conselhos ~irituais e políticos os três primeiros Otons, Conrado e Santo Henrique U a trabalharem pela r~tauração do l1111Hr!O de Carlos Magno. P. a reconquista espanhola que nos interessa? De novo os cluoiacenses aparecem, colaborando na luta contra os muçulmanos. 1t a história do Papado que nos chama a alenç.ã o? Os duniacen.ses lá estão pua .retirá-lo do opróbrio em 4uc caira oos sfculos IX e X e, «rraudo (ilclras em tomo de um de s<us Monges, Silo Gregório VII, colaboram com. ele na luta gigantesca que esse gran, de Papa tra-va com o l mptrador Henrique IV para afirmar a primazia do espiritual sobre o temponl. São as canções de g~1a que despertan, o nosso i.Jrteressc? Suree Cluriy, com todo o seu 1>restígi.o, compondo, incentivando, p,opag,ando essas epopéias da Cristandade. P, o feudalbmo que nos atrai? Ni\o t<rá sido Cluny o criador do feudalismo católico? Enfim, é a Cristandade, em todo o seu esplendor, que nos seduz? Como negar que foi esse incomparável mosteiro que a modelou com a pe:ritícão com qut hoje a conhecemos pela História? Sem dúvida, Cluny tem seu.s opo~itores. Mas a Abad1a foi tão grande, que ninguém ousa negar u sua grandeza e a sun participação efetiva em todos os acontecime.ntos marcantes da éPoc.a, in· nuindo sobre eles de um modo glorioso. As dis· cussões se travam em tomo da maior ou menor participação que os cluniaccmscs neles tiveram. Como e.x emplo do que é díscul'ido~ vamos citar o artigo de E. Delaruelle sobre a parte que teve Cluey na formaçiio da idéia de Cruzada. Aproveitaremos o e.~-ejo para transcrever o tópico ini· <'ial desse estudo, poli ele dará aos nossos leito• res uma idéia •do grande interesse dos pesquisadores pela história da célebre Abadia: "Se do ponto de vista da hl\'tória propriamente religiosa o papel de Cluny foi coo.siderável no ~1<:ulo XI, é possivel que se tenha exagerado seu papel quando · se trata de história política, social e líte.rária. Há trinta anos dominou entre certos historiadores o que se poderia chamar um ver· dadeiro "panclunincismo". Tentou.se explicar POr Chmy a vitalidade e a fecundidade dessa época; concedeu-se a Cluny uma inftuê.ncia determinante na refom1a gregoriana, no desenvolvime.nto da peregrinação de Santiago de Compostela, nn redação das c:ançõcs de gestQ. A~im como se vê uma Igreja sobretudo espiritual até essa época, organizar-se então como socfodade jurídica e po. lítica. e um Papa sn.nto como Gregório Vrl tor· nar-se um "KriegsruaM" e um '(Fina11z:n1ann". assim se veria.a insfiMção monástica, sob a pressão das clrcunstiincias e pa.rn re:sponde.r a apelos

diversos imíscuir•se cada vez: mais 110 mundoº (Dclaru;Ue, "L'idée de Croisadc dans la liUêrnlure dunisfenne du XIe siCcle ct l'Abbaye de Moissa.c", 1'Annales du Midl", n.0 7S, Toulouse, 1.963, pp. 419-420). Passando à '!U_t.S1âo qoe nos intere~ - isto é, mostrar oue as discussões sobre o papel de· Cluny em cáda grande feito da Alta Idade Média não nrgam a sua grande contribulçiio, mas giram em torno de se precisai:- melhor a influlncia que neles teve o grande mosteiro cabe mencionar que, nesse artigo, Oelaruelle con. sidera excessiva a posição tomndn por Anounr Hakem, o qual defende a tese de ter ~;do Cluny que "preparou as guerras ~'!lotas:, mais ou menos como os enciclopedistas prepararam a Revolução francesa por um tnba1ho de educaÇHo dos espf, ritos''. Embora essa opinião, "talvez atenuada'', seja também a de outros- especialistas oo assuoto, como Chtdendon, Boisson.ade e Joseph Bédier, Delaruelle n combate, mas an:esc:cnta logo que st pede sustentar que ' 'Cluoy contribuiu pode• rosanientc para a fonnaç.ã o do tipo de "mUcs" cristão, -esse ~r'SO(tagem novo na História, herói d.as próximas cruzadas. ~m lugar de. se agas· tarem com a "mi.litia saecular~' - "militia, n>nlilia•' - como acontecia com os Monges anterio, res, os escritores cluniacen9!S, ao contrário, ceie.,.. bravam as virtudes do cnvn.l eiro que põe sua esp:ida ao serviço da Igreja, e mesmo aprecfaram s uas qualidades esportivas ou mundanas; aos exemplos que citei cm outro lugar, Podtr·se,ia acrescentur aquZ o "Ti.be11us" que glorlfica o pai de Maieul, e a ''Ocplorntio'' de Jotsald •. • " (ibidem, p. 422).

Oc.laruclle, portanto, julj!ando embora e,cngc· rada a opiniãO de Anouar Hakem, não nega que Cluny contribuiu poderosamente para a formaçiio do cavaleiro católico combativo, característico da Idade Média, que pôs sua espada ao serviço da Igreja, sempre pronto a scNi-La e di.sposfo a vcrt~r o seu S11nguc em todas as epopéias que envolvessem a causa ('.af61ica. Poderíamos multiplicar exemplos semelhantes, mas a e,ci,guidade do tspaço não o permite~ Crt· mos, ,10 entanto, que este exemplo é suficiente p11ra mostn:,r aos nossos leitores como não hfi e1Hre os historíndore.s a menor dúvida sobre o grande papel de Clu ny na fonml~iio da Idade Mtdin.

Fernando Furquim de Almeida

O~\ JIE11[ ,VJl~11[1Jl~JIRA

P

DESDE A RAINHA VITÓRIA, NUNCA ACONTECE NADA ...

REOCUPADO COM o futuro do .mun. do depois da morte da Rainha Vitória - chamada a "Avó da Europa" pela enom1c innuência político,.fantlHar que exerceu durante seu longo t estável rtlnado - ChurcbiH, enlão jovem, perguntou ao velho estadista Sir W. Harcourt: - º Que atoottcer, agora?" "Caro \Viuston, respondeu Harcourt, a experiêntla de uma longa vidB convenceu1ne de- que nunca acontece nada". Não é difícil presumir qual foi, ao longo e depois das duas guerras mundiais, a opinião de Cburcblll sobre esta frase, provavelmente pronunc.i.Rd.a com ar prof~tico, despreocupado e otimista. Quando, c.onsiderando o Ocidente enfermo e trêmulo de nossos dias, faumos a mesma per gunta de Chur<blll aos homens e Instituições ma5s destacados peta propaganda intemucionnl, ~entimos que ressoa em suas a1iludes e respos1as um forte eco das palavras de Sír W. Harcou.rt: ''nunc.a acootece nada... nunca acontece nada ... nada ..!', e parecem ac~scentar agora, em tom de conselho: "Confie na "détentc" de Klssfngcr, ou melhor, no Kissinger da "dê.tente" ... tudo se arranjará, não ba"·erá guei:ra nem comunlsmo ..." A distensão é apresentada como um arordo a que devem chegar o mundo ateu comunista e o Ocidente crist.~o, dep,Oisi de muitas concessóes te· dprotas, para suprimh: as tensões e evitar, assim, a terçc5ra guerra mundial. Portanto - dirla o Conselheiro Acácio - o acordo depende cm graode parte da lealdade e da sinceridade de ambos os lados. Acontece que a imensa maioria da opinlã'o púbUca ocidental conhece apenas uma das faces da moeda da "détcn.t õ", atE agora simbolizada ptla dupla Nixon,XJssing<r, ou uNíxoo Circus", como foi chamada. Sobre a outra face, Isto E, a comunista, rnantém,se um silêncio suspelto. No livro de Richard V. Allen inlitulado sugestivamente "Coexistência pacífica, uma fórmula ('Ontunista para ve1:scer", encontramos pre-.-iosos textos que nos mostram claramente a outra face da moeda. Uma face que define precisamente o seu dono. F.speramos que esses te,ctos sirvam ao leilor para diS'Suadir aqueles que ao seu redor possam esta.r confiados no otimiwno dos promo-

tores ocidentais da "détente'' - o novo nome da coexistênda pacifica. Em 6 de de,,embro de 1963 o "Pravda" afirmava: ''Os mar.d.stas-Jeninistas não entendem a política. da coexistência pacifica como uma manobra tática des1inada a um llmltado espaço de temp.o, mas como uma Unha tstratégka concebida pura um período Jntciro de transição do capitaUsmo para o sodaUsrno em escala mun. dlal" (Ricbord V. Allen, op. <11 •• Otbis - Edições Uuo1.rndas, Lisboa, 1964, pp. 13-14). A "Declaração dos 81 Partidos ComunL~tas e dos Trabalhadores", reunidos em Moscou em dezembro de 1960, afirmava: "A coexistência de Estados com diftrcntes sistemas sociais é uma íonna da luta de classes ent.re o socialismo e o capitalismo. Em co11diçõcs de coexi.«êncin pacifka, apancem oportunidades favoráveis ao desenvolvimento da luta de classe nos paJses capitalistas e do movimento de libertação nacional dos povos dos paí· ses coloniais e dependentes. Por seu turno, os êxitos d:l daS,-se revolucionária e. da luta da li· bertação natíonal promovem a cocxistênc.la pací. fica'' (ibidem, l>, 18). P'ros,çig;-1mos nas citações: "O conceHo de um futuro no qual o c-apitalismo e o comuoismo hão de "convergir" numa base igual é absoluto e redondamente utópico. Tempo virá., decerto, em que haver~ um governo mundial, mas será o governo de uma comunidade SO<"ialista mu,ulial n.a qual não haverá lugar par& a "livre concorrência'' ou para os monop6Uos. Nem a investi· gação científica, nem os S11btis sofismas dos apologlstas do taJ)ltallsmo poderão sa.lv4-Jo da morte que lhe está predestinada pela História" (A. Solodovrdkov_ , ºFalando líoguM diferentes'', ío lnt'emational Affalrs», n.• 11, de novembro de 1963, p. S3, 'l)><ld Allen, p. 65). Sobre o mesmo tema, assim se expressava o então Serrctário-Geral do PC francl<, Waldeck Rochet: "Mas, se adotam.os a política da coexis• tênda pacífica entre Estados é também porque. etia polUka f ainda a melhor via pa.rn auxiliar o movimeuto revolucionário inteniacioual a atin, gir os seus obJelívos. . • capita~' (apud Allen, p, 90). Kruc·hc.v, rcsp011dendo em rnaio de 1963 a um ques1iomhio de J. Petra, diretor do jornal ifoliano "li Giorno", deixa claro a quem é que

favorece u derrubadA das barreiras ideológicas: "Nós, comunh.1as, nunca aceitamos e nunca acei111.remos a idéia da eoexistêncla pacífica na~ ideologhis. Aqui niio póde haver compromisso... nesta lula sombria que, no mundo, se est..i a travar e.nlrc duas ideologias sem compromisso, a socialista e a burguesa, nós estamos a atacar e uhtcaremos afirmando as idéias comunistas fato este que nfng,uim contcstnri" (apud Allen, pp. S8-S9). Se alguém ficou ('011l ttlguma d'úvida, leia o qul' se segue: "a vida esmagará sempre os que lldvogam cornproniis...\'OS ídeol6gkos e suas obscuras ilusões e inteuCos de encontrar a "terceira via'' na luta entre os dois siste1nas [... ]. Nosso frabnlho socialista tonsi.ste, em definftivo, cm a!uda..- o capitalismo cm uma c..-oisa: cm c:nvar ma própria sepultura mais rapidamente" (Solodovnikov. apud E ugene Lyons, ' '\Vorker's ara· dise lost.,., Paperback Library Editions, Nova Vork, 1967, p. 308). ·rudo o que aqui foi citado é perfeitamente coerente com a doutrina comunista, cujo principal expoente foi Lenfoe. Vejamos Afgumns das dircfrh".es deste em seu livro "A enfermidade infanlil do esquerdismo no comunismo" : "~ neces!lirio utiliiar os antagonismos de interc.~ e~ ainda que momentâneos, que dividem nossos inimigos; é necessário fat..tr lratados e contrair compromissos co111 possívei.s aliados, mesmo que sejam pouco sc~uros, tcmponfrios, duvidosos, condicio· nais . .• Quem não entende esta verdade não en· fende oada de marxismoº (p. 43). E mais adian· te: ""E: predso saber utilizar todos os estra1age1uasJ usar ardis, adotar processos ilegais, catarse e às vezes di~imula.r a verdade, com a única fürnlídade de penetrar nos sindicatos, lá perm.a· necer e reali:m r, a todo custo. a tarefa comunio1a" (p. 43). Talve..i alguém, depois de ler e.Uas llnh11s, sorria e r;cpita obcecado: "A cxpe.riência de uma longa vida convenceu-me de qu.e nunca 1uontcce nada... Confiem na distensúo ...H Com gen1c as!aim~ aconte« . o mesmo que com os amigos e J>àrentes do rico epulão do Evangelho: nem a evidênrla mais palpável os connn«rá (C'f. I.uc. 19, 31).

Hernán Martinez 7


Af01JCI[SMO----- *

TFPs CRIAM EM PARIS UM ESCRITÓRIO PARA A EUROPA Em abril último o "Bureau Tradi- t<1 por membros das TFPs do Bra.,il, lion - Familie - Propriété" lançou da Argentina e do Chile, dos três 1 a tradução francesa do documentário anos do governo populal • Baseansobre os três anos do governo de do-se na apresentação desse livro, o órgão parisiense resume nos seguinAUende, que publicamos em nossã tes termos as finalidades <las TFPs: edição de outubro/ dezembro do ano "As sociedades ,te Defesa da Tradipassado, elaborado por uma comissão ção, FamUia e Propriedade são socomposta pelos sócios e militantes cietlades cívicas que tênr corno pritt· das TFPs do Brasil, A-rgentina e Chi- dpal objetivo a salvaguarda dos vale, Srs. Cosme Bcccar Varela Hijo, lores fundamentais de nossa ci vilizaAndrés Lecaros Concha, Ernesto P. ção cristã contra o lr'abalho d~ sapcl Burini, Fernando .Furquim de Almei- tio J·ocit1/ismo e os assaltos violentos do comunisrno [ ... J. "B esse o sopro da Filho e Luis Montes Bez.anilla. missionário que anima esses jovens Em excelente apresentação gráfica quando eles percorrem, por 111eses in• e com uma tiragem de 1O ntil exemteiros, em grupos tle dez.. mn. país plares, o ~olume apareceu com o ex- tão vasto como o Brasil. não contanpressivo tllulo "Allende et sa "voie do se11ão com a sua fé e com a solichilienne" ... pour la misêrc". dariedade ele seus simpatizantes para difu11tlir por toda parte o ideal do qual são ap6stolos [ . .. ]. Todas as A notícia de "Le Monde Diplomatique" ca,npanhas lançadas pela TFP têm da no Brasil; "Covadonga", na Ve. por /irn ct defesa da dviliwção cristã. "As Sociedades de Defesa da Tr<1· dição, Familia e Propriedade d<1 Amé- nezuela; "Crusade for a Christian Ci- Assim, a campanha contra o divórcio rica Latina e dos Estados Unidos de- vilisation", nos Estados Unidos; "Cru- no Brasil em 1966, que recolheu um cidiram crit,r uma setlt em Paris que zada". na Colômbia; ·'Fiduciaº. em milhão ,te assi11at11ras [ ... ). Mas quem dirá toda a importância destt1s Auditório repleto no encerramento da XXII SEFAC. J6vens miliassegurt,rá, daqui por diante. a liga- Santiago do Chile; ''l..epan10", no tantes entregam ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira o primeiro Uruguai; •· Rcc-o nquista'', no Equador; mobilizações tle opinião, desta ação exemplar da nova edição de seu livro. ção com todos aqueles que se inte• "Tradici6n y Acción'\ no Peru; "Tra. tle 41,rai'l;Ji111enro nas mentalidades de ressem pelo peru·ame11to e lição ,le dieión, Familia, Propiedad'', na Ar• uma ideologia anticomunista? Yiu-.)·e seus mililDntes. Esse centro servirá a i11fluê11cia disso 110 Brasil em 1964, gcntina. por ocasião da (1ueda do Presidente de corresp<>1tde11te na Europa e as.se· "A primeira publicação em lingua pr6..comunista João Gou/art; no Chigur(lrá a distribuição das public<1çães franceS11 - conlinua "Lc Monde Di· ,las sociedades, 011 seja, nove revis- pJomatique'' - acaba de J·air do J>re· le, em 1973, com a oposição irreta,'' - começa assim a notícia oe lo sob o título de "A//e11de e sua "via dutível do povo a Alle11de; e muito recentemente na Yenez.uela., com a "Le Monde Diplomatiquc". chUenâ'. , . para a miséria" (publica· quctla tia Demccracia-Cris1ã, nas ríl• A notícia cita a seguir as revistas do v,as Ediçõ~s "Tradition - Familie tima..r eleições presidenciais". representadas pelo escritório das - Propriété, 5, rue du Cirque, PaA SESSÃO DE encerramento da Pio X, da TFP. apresentou alguns TFPs em Paris: "Çatolicismo", edita- ris. 8e.), que contém unuz análise Jei• T FP chileno X.XII SEFAC - Semana Especiali- números de seu reper16rio. Uma comissão de cinco dentre os Na mesma edição de "Le Monde zada de Formação Anticomunista, Diplomatique", um detalhado arligo promovida em São Paulo pela TFP, mais jovens 111ilitanles da entidade hode Armand Mattelart sobre "O Chile, foi marcada pelo lançamento da 5.• menageou o Presidente do Conselho dez. meses após o golpe", focaliza o edição brasileira do livro '<Baldeação NacionaJ da TFP, entregando-lhe o papel da TFP chilena . no curso polí- Jdcol6gica Inadvertida e Diálogo", de primeiro exemplar da nova edição de autoria do Prof. Plinio Corrêa de "Baldeação ldeológica Inadvertida e tico daquele país irmão. Diálogo". A obra, que denuncia o Oliveira. "Em /966 - assinala o articulisPublicado primeiramente em "Ca- mais recente estratagema do comu• la - apareceu o movimento Fitlucia. tolicismo" (n.0 178-179, de outubro· nismo para conquistar a opinião mun• fundado por jovens estudantes e pronovembro de 1965), o estudo do Pre- dia!, foi oferecida aos participantes fessores da Universidade Católica de sidente do Conselho Nacional da TFP da XXII SEFAC como lcm~rança do Sm,tiago". foi logo transcrito por cinco jornais e certame. Mat1elart observa que até a eleição revistas da Espanha, Argentina e de Allendc esta foi a única organi- Chile. Lançada pela Editora Vera zação a aglutinar os contra-revolucio- Cruz em forma de livro. a obra atinnários do país, e que ela resultou na ge com esta última edição a casa dos fundação da Sociedade Chilena de 45 mil exemplares em português. TeDefesa de Tradição, Família e Pro- ve ademais uma edição em alemão, priedade. Esta era uma entidade ho- três em espanhol e uma cm italiano, móloga à que foi fundada · no Brasil que perfazem um total de 22 mil em J960 pelo Prof. Plinio Corrê a de exemplares. Oliveira, e que ~ espalhou, pela mesA XXII SEFAC reuniu na capital ma época, em todo o continente, e paulista 220 jovens de 16 Estados, cm particular na Argentina, no Uruguai, na Venezuela, no Equador, na que dedicaram quatro dias ( de 25 a Colômbia. no Peru e nos .Estados 28 de julho) ao est-udo dos problemas contemporâneos, considerados à luz Unidos. O PRESIDENTE do Conselho NaO articulisla de "Le Monde" re- dos princípios católicos, bem como à gistra que, já no tempo de Frei, "a análise de aspectos da doutrina e da cional da TFP, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, enviou telegrama de fe. TFP brasileira inicia uma colabora- ação anticomunista. O programa constou de conferên- licitações ao Deputado Francisco Rolção, restrita ao plano ideol6gico, com a TFP chile11a. Um brasileiro, Fabio cias, debates, círculos de estudo e au- lembcrg (Arena-SE), por seu recente Vidigal Xavier da Silveira, escreveu, diovisuais; painéis, albuns e mostruá- discurso contra o controle do crescipor exe,nplo, um livro que o governo rios ilustravam as palestras. Foi tam- mento demográfico. democra1a-cristão ,·ensurou e que não bém apresentada uma peça teatral, esFoi este o texto do despacho: ''A pôde circular senão de maneira clan- crita e encenada por militan!cs de Socied"de Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. destina". Tradição. Familia e Propriedade feNa sessão de encerramento, realiDepois de uma breve síntese de licita calorosan1e11te V. Excia. pelo "Frei, o Kerensky Chileno", Ma11e- zada no auditório do Hotel Hilton, o oportuno e patriótico discurso contra laN aduz que a partir da ascensão Prof. Plii1io Corrêa de Olivei.ra dede Allende a TFP andina se transfe- senvolveu o tema ··Progressismo e o controle do crescimento dtmográ/i· riu para Buenos Aires, São Paulo e dessacralização". Falaram .também re- co, alta111ente censurável do ponto de Uma capa muito sugestiva para o primeiro livro lançado pelo Caracas e, nesse exílio, continuou com presentantes dos semanisias das vá- vista cris1ão e lesivo aos mais fu11 intensidade sua atividade idjlol6gica. rias regiões do Brasil, e o Coro São domentais interesses do País". Bureau das TFPs americanas em Paris. AS SOCIEDAD.ES de Dc(esa da Tradição, Família e Propriedade da América do Sul e dos Estados Unidos fundaram em .p rincípios deste ano u111 "Bureau pour l'•E urope", com sede cm Paris, destinado a manter cootalos com lodos aq9clcs que no Velho Mundo se i1>1crcssam pelas doutrinas e pela ação das TFPs, bem como a servir de correspondente e fazer a distribuição dos periódicos e livros difundidos pelas entidades. A fundação do "Bureau" vem repercutindo em largos círculos de loda a Europa, tendo sido objeto de uma expressiva nota na edição de julho do mensário "Le Monde Diplomatique", editado por "Le Moode", um dos principais jornais parisienses.

TFP LANÇA LIVRO NA

SEMANA ANTICOMUNISTA

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1

ll D i11t8TOR :

José

CAR.1.os CAm:i.ttO ou AND•.4M

A gradual morxistizoção do Teologià NOS ÚLTIMOS anos vem oc'o rrendo um fenômeno tanto mais aJarmante quanto menores reações tem despertado: a crescente i nfluêncla do mar-

Roger Garaudy , em. conver sa com o f alecido C ardeal Oaniélou

xismo sobre o pensame nto católlco. Numerosos católlcos, le lgos e eclesl6stlcos - e entre e s tes até Bispos, como o de Cuernavaca, Mons. Sergio Mê11dez Arce o - aceitam atualmente o conceito marxista de Cristianismo. .• Como se chegou a Isso? A resposta é bastante s lmples: os marxistas apllcaram o m é todo, profundamente pslcológlco e eficaz, da graduação. Prime iro, por uma propaganda adequada (durante retiros espirituais, "!ornadas", " encontros", " congressos", etc., e em artigos de revistas teológicas) efetuou-se_ uma "lavagem cerebral" de uma parte do Clero, procurando ellmlnar a formação e a educação recebidas nos Semln6rlos e Universidade s. De pois példe-se Inocular em pequenas doses a cosmovJsão marxista, e e specialmente o conceito marxista de Cristianismo. Foi sobretudo através da protestantlzação que a Teologia católica . sofre u a marxlstlzação. O marxismo Influenciou profundamente o pensamento teológlco protestante, de onde passou para os católicos, atravé s das obras

.

de autores como Karl Borth, Hromodka, Jürgen Mol,mann, entre outros, cujas doutr.lnas encontraram ressonância em teólogos católicos como Erns, Bloch e Hans Küng. Esse processo é apontado e descrito com clareza e p rofundidade pelo Pe. Miguel Poradowskl, douto teólogo polonês radicado no Chlle, no ensaio cujos tópicos mais diretamente llgados às preocupações de " Catollclsmo" apresentamos nas p6glnas 3 a 6.

O Pe. H ans Küng, represent ante cat ólíco da "teologia marxista••

Josef H romadka

Ernst Bloch

N.º

286

Jürgen Moltman n

OUTUBRO

DE

1974

Mons. Méndez Arceo

ANO

XXI V Cr$ 3,00


Plinio Corrêa de Oliveira

''De~t ent e ... ''

ROPORCIONO HOJE aos leitores mais alguns documentos próprios a conservá-los na posição de Resistência à distensão de Sua Santidade o Papa Paulo VI com os regimes comunistas. Cito aqui um trecho de ilustre Arcebispo, já então com um passado intimamente ligado ao mais alto governo da Igreja Universal. Discorrendo sobre a oposição desenvolvida pelos católicos contra o comunismo atds da cortina de ferro, teve ele as seguintes expressões: ''E se os opressores [comunistas] encontram na

recentemente promovido de Encarregado de Negócios a Núncio pelo Papa Paulo VI. O Prelado' cubano respondeu nos seguintes termos: ;'Não compartilho ,, atítr,de de MônJ._ Cest1re Zacchi, Encarrtgmlo da Nunciatura em Havana, por ser uma atitude de defesa do regime e de com.prómisso com. o mesmo. Hoje que a Igreja quer em toda parte ter as mãos livres para cumprir a sua 111issão sem liames lrnrn.anos, é irzexplicável esse compromisso corn u,n regime violador de todos os direitos e opressor da Pessoa humana".

Se bem que as palavras de S. Excia. Sê referissem exclusivamente à atitude do Núncio Apostólico, é impossível não ver que os conceitos nelas contidos se relacionam com o próprio Vaticano, de cujas diretrizes Mons. Zacchi é - P.Cla natureza do seu cargo um executor.

• • •

presença organizada da lgre;a Cat6/ica, um obstáculo i11ve11cível à afirmação absoluta de suas idéias, não é. porque a Igreja seja inimiga do ho1nem e da sociedade e nociva ao verdadeiro progresso e ao bem comum, mas porque o s,io as idéias ,teles [isto é, dos opressores).

O drama parece tão i/6gico e tão grande, que alguma outra misteriosa causa está em jogo: o

"poder tias trevas" [, .. ). Compete-nos recordar este dran,a [da perSêguição religiosa atrás da cortina de ferro), que está tendo um terrível desenvolvimento. · Nosso tempo apenas o vislumbrá,· não é propenso a participar de sua paixiío,. não gosta de prommciar~se por demais abertamente e,n favor das vítinras, nem de fixar a opinião pâblica na tonificante recorda-

ção dele". ,Quão verdadeiras, quão impressionantes, quão atuá.is são estas palavras! . Entretanto, datam elas de 1959. Seu autor é Mons. João Batista Montini, então Arcebispo de Milão ("La gloria dei martírio", alocução na Igreja dos Santos Apóstolos e de São Nazário, Milão, em 29 de junho). - Que modiíicação terá ocorrido atrás da cortina de ferro para que a linha de Paulo VI em relação aos regimes comunistas destoe tanto da de Mons. Montini? Não o sabemos. Ninguém o .sabe. Enigma ...

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Já tive ocasião de me refcrjr, nesta coluna, a S. Excia. Mons. Bo-4a Masvidal, o valoroso Bispo cubano expulso de seu país sob a ameaça de metralhadoras, e residente hoje na Venezuela. O Prelado concedeu uma importante entrevista a "Catolicismo", publicada na edição de' agosto último deste mensário de cultura. Nessa entrevista, de uma atualidade flagrante, Mons. Boza Masvidal descreve de um modo impressionante todo o martírio que vai ~ofrendo a Igreja em sua pobre pátria. Em dado momento, o representa.a te de "Catolicismo" lhe perguntou como considera a política de conciliação com o regime comunista cubano, levada a efeito pelo Exmo. Moos. Cesarc Zacchi,

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Muito importante é uma carta enviada ao Santo Padre e publicada a 8 de maio passado pela agência noticiosa FC! de Londres. O autor da missiva é o Sacerdote Jesef Novotny, encarregado da Missão católica livre de Viena. Através de canais subterrâneos. recebeu ele um relatório sobre os fatos que conduziram ao falecimento repentino do Cardeal Trochta, Arcebispo de Praga. O Purpurado se achava em delicadas condiçõês de saúde. E disto sabia o Secretário para As· suntos Religiosos do governo comunista tchecoslovaco. Apesar disto, ou por isto, o funcionário se apresentou na residência cardinalícia e exigiu ser recebido imediatamente pelo ilustre enfermo. Entre este último e seu "visitante", que estava bêbado e falava aos gritos, engajou-se uma conversa que teve a duração de seis horas. No decurso dela, o Secretário para Assuntos Religiosos sujeitou o Cardeal a severo interrogatório, e a processos de tortura psicológica. Na manhã seguinte, o Purpurado sofreu um ataque de apoplexia, e à tarde faleceu. O fato criminoso, próprio a suscitar a indignação universal, passou cm surdina. "Dét en t e" ...

Sobre Cuba

UMA APRECIAÇÃO imparcial da atitude do Governo brasileiro ante a suspensão das sanções contra Cuba leva a aplaudir alguns aspectos da atuação do ltamaraty realmente dignos de nota. Foi prestigioso para nós que Kissinger tenha enviado o Secretário-Assistente H. Schaundeman cm missão reservada, para tratar do assunto com o Chanceler Azcredo da Silveira. Acresce notar que a modificação à proposta da Venezuela, Colômbia e Costa Rica, sugerida pelo

Brasil, foi objeto de uma acolhida geral muito favorável. E isto constitui mais um marco de prestígio para o País. Como todos sabem, o Chanceler Azcredo da Silveira propôs que, antes de ser suspenso o embargo contra Cuba, fosse elaborado um relatório sobre eventuais garantias a serem dadas por Fidel Castro, de que respeitará daqui ,por diante o princípio da não.intervenção, e cessará de dissemjnar a subversão na América Latina. Era altamente estranhável a omissão desta cautela elementar, na proposta da Venezuela, Colômbia e Costa Rica. A sugestão brasileira veio remediar a lacuna. E teve outra vantagem. Enquanto esse relatório se elaborar, ficará adiada a suspensão do embargo: primeiro passo, talvez, ,para sua definitiva rejeição. - Tal efeito protelatório terá sido a meta capital do Itamaràty? - Espero-o. E comigo incontáveis outros brasileiros. Pois, a meu ver, acerca do congraçamento com Cuba cabem as mais graves objeções, quer do ponto de vista doutrinário, quer prático,

••• Alegra-me conjecturar que tenha sido por motivos de mera estratégia diplomática que nossa Chancelaria tenha alegado contra a suspensão do embargo o mero princípio da não-intervenção. Quando as negociações estiverem mais adiantadas, o llamaraty - assim espero - deixará ver que, em uníssono com todos os verdadeiros brasileiros, se move sob a inspiração de outros princípios também. Pois a não-intervenção, erigida como máxima única no caso cubano, redundaria num egoísmo uà outrance'', no qual não te-conheceria a próp!ia face o povo brasileiro, cristão, bom e profu1\damente amigo dos imiãos latino-americanos. Procurarei explicar-me em · poucas palavras. Li na imprensa cotidiana o caso de um prisioneiro de La Cabo,io que em virtude de explosão ocorrida quando desembarcava na Ilha, ficou cego e privado d~ um braço. Este infeliz recusa-se a sair da prisão cnquan10 lá reste um só companheiro de infortúnio, ainda não libertado. O gesto inspira respeito e admiração. Revela um homem que não pensa só em si, porém ta.mbém nos outros. Sentimento bem diverso despertaria a política que, olvidada dos outros - do povo cubano empobrecido, torturado, martirizado - cogitasse tão s6 do intcresSê próprio, .por mais legítimo que seja. Exclusivismo nacionalista tão ferrenho seria, aliás, absolutamente anacrônico, numa época em que as atenções se voltam cada vez mais para o bem comum do gênero humano e - na linguagem laica da ONU e de documentos pontificios pós-conciliares - para os direitos do homem. Não posso crer que o Itamaraty venha a adotar conduta tão discrepante do que pensa, quer e espera o povo brasileiro .

• • • O ponto central de todo o tema está cm que suspender o embargo contra Cuba importa cm fa. cilitar a sobrevivência do regime marxista na Ilha. COl'ICl.UI ~A P.(CtNA ?


X

z •

Pe. Miguel Poradowski

e

OM DOR PROFUNDA e até com espanto observamos como atualmente as idéias errôneas· e hostis ao Cristianismo penetram no ambiente católico e até são assimiladas pela Teologia. Parece que em nossos dias o marxismo é a mais bem sucedida dentre elas. Com surpresa, e quase de repente, constatamos que uma considerável ,porcentagem do Clero e do laicato pensa segundo as categorias do marxismo, e que essa ideologia introduziu-se na Igreja, envenenando seu pensamento, a Teologia, e seu sentir, a Liturgia. No presente artigo vamo-nos ocupar, de modo muito sumário, unicamente da influência do marxismo sobre a Teologia contemporânea, limitando-nos tão só a apontar o fato mesmo, isto é, a constatar onde e como tal influência se manifesta, sem nenhuma pretensão de fazer uma análise teológica da mesma, pois isto já seria assunto para outro tipo de trabalho, que não cabe em um ensaio de caráter exclusivamente informativo. Essa influência, coisa curiosa, manifesta-se quase exclusivamente nos países Jivre,s, ainda não dominados pelos marxistas, com exceção da Tchecoslováquia, onde ela também é muito forte, especialmente entre os teólogos protesh,ntes, dos quais passa aos católicos. Mas para as idéias, teorias, doutrinas e pensamentos não existem fronteiras nem cortinas de ferro, e ,l que hoje pulula nos países livres pode amanhã com facilidade penetrar também nos países escravizados pelo marxismo, tanto mais se as autoridades políticas desses países assim o desejarem. É algo incrível que uma influência dessas possa cxislir, mas. Jamcntavc1mente, os fatos o confirmam. A influência do marxismo sobre o pensamento cristão é dupla, teórica e prática, sobre a Teologia ( 1 ) e sobre a Pastoral, pois esta última se funda na primeira. Trata-sC de uma iníluência muito forte (talvez, porém, de pouca duração); não se trata de um fenômeno marginal, mas, ao contrário, de um fenômeno típico. Em toda a América Latina é um fenômeno dominante: nos Estados Unidos e no Canadá

t)

Não se 1ral:l. aqui soanente d!l Tcolog.ia. no

sc111ido estrito da palavra, ç como esta ciência se apresenta ao JongÓ da História, pois sob o nome de ''tcoiogia'' publicam-se h oje cm dia muitissimos tra•

é bastante forte; na Europa, varia segundo o país: na França é muito dinâmico, mas pouco evident~. pois perde-se no caos geral que hoje ~aracteri-za ali o pensamento cristão; na Esp;inha (2) é muito perigoso, mas jil provocou uma vigorosa e saudável reação ( a qual não se nota cm outros palses); na Itália é muito débil e quase marginal; na Alemanha manifesta-se cm várias publicações e tem muitos partidários entre os professores das Faculdades d~ Teologia, mas passa para um segundo plano diante de outros problemas de maior interesse para os alemães ( dos quais se ocupa o Cardeal Joseph Hõffncr em seu folheto "Der Priester in der permissiven Gesellschaft" ("Os Padres na sociedade permissivista"I, Colônia, 1971). Em quase todos os trabalhos dessa corrente nota-se o mesmo método: procura-se identificar o "socialismo" com o "Reino de Deus na terra". Põe-se empenho cm convencer os criMãos de que eles e os marxistas busca.m a mesma coisa, pois uns e outros têm a mesma Cinalidadc: construir uma nova sociedade ideal do fmu,·o, uma sociedade fundada na igualdade, na jusiiça, na fraternidade e na solidarie<lade. Os primeiros, os cristãos, chamamna o ''Reino de Deus na terra'', enquanto os outros, os marxistas, chamam-na de ''sociedade socialista". E se cristãos e marxistas têm o mesmo fim, devem trabalhar juntos para alcançá-lo. Ademais, os marxistas proouraru convencer os cristãos de que o único cam_ioho que leva a este fim é a revolução marxista. De onde vem a conclusão de que os cristãos devem comprometer-se com essa revolução. Que a "sociedade socialista" é a única sqlução para todos os problemas humanos, os marxistas o sustentam há muito tempo, e sobre esse tema existe uma abundante literatura. A novidade está cm que agora se procura convencer os cristãos de que o Cristianismo tem como único fim a construção do " Reino de Deus sobre a terra", e de que esse "'Reino de Deus" é quase o mesmo que a futura "sociedade ideal socialista". E este é o conteúdo principal da teologia marxista elaborada pelos teólogos-marxistas de nossos dias (3). Mas como se pôde chegar a esta posição? De que modo se pôde impor a uma porcentagem tão grande de teólogos uma posição tão materialista e mesmo atéia? Como se exp1ica que até a maioria ( em muitos casos) dos professores de Teologia nas Universidades Católicas na América Latinª-, e parte considerável deles nas da' Europa, sejam marxistas . por convicção, e às vezes até fanáticos? A resposta é bastante simples: os marxistas

Um:\ grande porccnta.gcm dos S3cerdotes que saem da Espanha para a América Latino é constituída '2)

logia 1rndicional, não pas:sando, na maioria dos. c.as.oS,

per fanáticos m:trxistas-leninist:.'ls. A um congresso destes Padres m:uxist:.ts, que. teve lugar cm M:,;drid (no Escorfal ), e1n junho de J97'2t compareceram mais de quatrocentos delegados dos pa,ses lacino-americanos.

ele ensaios jornalisticos superficiais ou dcclarnçõcs de c.a.ráter político. Exemplo disso t o grosso volume de Giuscppc Vacç.3ri, "Teologia della Rivoluzionc", Í>u• blicado cm 1971 pela cditorn comunlst.t Fcltrinclli.

Há também virios estudos "teológicos'', escritos por membros d~ Partidos Comu.nist3S, como, por exemplo, o trabalho do comunista su{ço Konrad Far-

balhos que pouco ou nada têm que ver com a Teo-

J)

aplicaram um método profundamente psicológico (e muito eficaz), o método da gra- . duação. Primeiro, por uma propaganda adequada (durante os retiros espirituais, "jornadas", ''encontros". "congressos''. etc., e cm artigos de publicações teológicas) efetuou-se uma "lavagem cerebral": destà maneira foi "lavada" da mentalidade de uma parte do Clero a formação e a educação recebidas nos Seminários e nas Universidades Católicas; depois, pôde-se, com toda a facilidade, inocular em pequenas doses a cosmovisão marxista, c especialmente o conceito marxista do Cristianismo. O processo de marxistização da Teologia caminhava a princípio muito lenta e gradualmente, mas nos últimos anos acelerou-se bastante, penetrando não s6 o pensamento teológico, mas também a mentalidade de grande pl rte do Clero. Adiante vamos apontar alguns "graus" ou "etapas" que se podem detectar neste processo de marxistização do pensamento cristão, que vão desde o que poderíamos chamar de "saduceísmo", até o "ateísmo cristão''. isto é, o Cristianismo concebido de maneira marxista.

AS ETAPAS DO PROCESSO DE MARX.ISTIZAÇÃO DA TEOLOGIA O fato de que as correntes do pensamento teológico mencionadas a seguir têm o caráter de "graus" ou "etapas" do processo de marxistização da Teologia não exclui a possibilidade da existência de correntes simultâneas d paralelas que não tenham nada que ver com .!sse processo. Por exemplo, há hoje muitos teólogos (sobretudo protestantes) partidários de um Cristianismo concebido exclusivamente como fé (sem religião) e os abundantes estudos deles não contêm nada de marxismo, mas tal maneira de conceber o Cristianismo coincide com o ponto de vista marxista e, em conseqüência, tais opiniões e opções facilitam a difusão e a aceitação da posição marxista. Ade· mais, ao lado dessa corrente independente de qualquer influência do marxismo (pode-se apontar como exemplo muitas opiniões teológicas protestantes antigas, isto é, apresentadas nos séculos anteriores a Marx), existem outras que são de uma evidente inspiração marxista.

1 • O saduceísmo

do século XX É sabido que nos tempos de Cristo uma das

scit:.s de maior importância entre os judeus era a dos saduceus. Os partidários dessa seita não

ncr. editado sob o 1ítulo ' 1Theolog.ic dcs Kommunismu..~1", Ed. Stimmc. Frank.Cun/M,, 1969, 362 p&ginas. N::ida neste livro justifica o título de ' 11cologia". 4)

O primeiro (cro11ologica01entc)c o mais imp<>r-

rn.ntc trabalho b.1.sico sobre o ::issunto é o artigo de Karl Marx, "Zur Judenfrage·• ("Sobre :\ questão judaica"). public.,.do cm ··Oeutseb-frnniOsicheô Jahrbllchcr" ("Anais írnneo-a1cmàes") 1 em fevereiro de 1844. Ne:sle arligo, Mau: polcnüza com o Ponto de

acreditavam na ressurreição (o que não implica ne.:essariamente na falta de fé na vida depois da morte e na imortalidade da alma). A vida religiosa dos saduceus limitava-se quase que exclusivamente a implorar a Deus sua bênção e proteção para assegurar a felicidade na vida terrena, deste mundo visível, temporal. Pois bem, atualmente constatamos a presença encre os cristãos de uma corrente muito semc~ lhante à da seita dos saduceus·, de uma evidente e detectável influência marxista. Não se nega nenhum dos dõgmas da Fé, nenhuma das práticas da Religião cristã, mas poo-se a tônica exclusivamente sobre o temporal, sobre os assuntos. deste mundo, silenciando tudo o que se refere à vida eterna. Mais ainda, existe também uma corrente já claramente "saducéia'\ isto é, uma corrente que nega abertamente a existênc.i a da vida eterna, depois da morte. t-lão nega a existência de Deus; pelo contrário, reconhece-O como Criador e Senhor do universo e do homem. Reconhece que o homem deveria adorar o seu Criador e implorar sua proteção e sua bênção para garantir uma vida feliz na terra; mas concebe a vida humana como a vida dos animaisJ para os quais tudo termina com ·a morte. Esta corrente é muito antiga entre os cristãos e é provavelmente de inspiração judaica, pois entre os judeus sempre foi muito influente ( os saduceus) e persiste até hoje. Os cristãos marxistas jntroduzem oficialmente essa corrente na Igreja, tanto na Teologia, como na Pastoral e na Liturgia, pois esta maneira de conceber a vida religiosa constitui uma excelente prep:iração para as etapas posteriores da marxistização do Cristianismo. Procura-se acostumar os cristãos a concentrarem toda a sua vida exclusivamente sobre o temporal, sobre os assuntos deste mundo, sobre os problemas concretos da vida diária, e desta maneira aproximar os cristãos dos marxistas. l:: sabido que o marxismo dá muita importância ao que ele chama de caráter alienante da religião, especialmente no que toca ao papel da fé na existência do Céu, do Além, da vida depois da morte, da fé na felicidade eterna. O marxismo considera ( 4) que os homens preocupados com o assunto de sua salvação eterna - uma salvação concebida como uma foliei, dade perfeita depois da morte, e que consiste na gloriosa convivência eterna com · Deus estão "alienados", e que esta alienação debilita a sua preocupação pelos assuntos deste mundo, o qual para os marxistas é o único mundo real.

vis1:i. de Bruno B:iuer, autor de dois ttabalhos sobre a ••questão judaica'· (o primeiro intitulo.do •·Der Ju. dcnfrngc" - "A questão judaica" - Braunschwcig, 1843; o scaundo, publicado na revisto. suíça "Einundi• wantig 8odcn au....-; der Sc:hwci1.", 1841, pp. S6-71, ~ob o 1ítulo de "Dic Fahigkcit der hcuügcn Juden und Christcn, frei iu werdcn" - "A capacidade dos ju. deus e dos cri~ãos hodiernos de chcgorcm !l ser livres"). B precisamente ne~te trab.ilho de Motx ctue se enco ntra a primeira exposição do que denominamos ºmarxismo''.

3


O ''saduceismo'' está muito difundido na . Igreja, com numerosos adeptos entre os Sacerdotes jovens Neste sentido, Marx fala da religião como "o 6pio do povo". Os cristãos-saduceus - quero dizer os cristãos que crêem em Dcus, amam-nO, adoramnO e O servem, mas não pensam no Céu, na vida depois da morte - estão mais próximos dos marxistas, são pessoas com. as quais os marxistas podem entender-se O\ais facilmente do que com os outros cristãos: os marxistas podem colaborar com eles e até convidá-los a entrarem no partido e, pouco a pouco, compro·

meterem-se com . a própria revoluçijo . . marxista. O saduceísmo está bastante difundido atualmente na Igreja Católica: teO\ muitos adeptos entre os Sacerdotes jovens, que concentram seu zelo pastoral sobre o homem e não sobre Deus. O saduceísmo constitu.i a base para as correntes das quais falaremos a seguir; ele é uma etapa de preparação, educação e formação. A maior parte da assim chamada "teologia da morte de Deus" é saducéia, pois - apesar de não negar a existência de Deus - na prática não admite Deus como Céu, como recompensa eterna, como felicidade depois da morte, isto é, como finalidade da vida humana, como objeto do amor eterno. O "saduceísmo" (5) tem poucás obras teológicas próprias; J1e se manifesta sobretudo em publicações sobre P11storal e Liturgia (por exemplo nos textos das orações antes do Ofertório). l?. bem freqüente nas obras dos teólogos protestantes e delas passa para a Teologia católica. O saduceísmo nota-se no pensamento de Dietrich Bonhocffer, Paul van Buren, J. A. T. Robinson, Harvey Cox, E. L. Mascall, autores protestantes, e, entre os católicos, nos livros do Jesuíta Robert L. Richard e, sobretudo, nos

escritos do ex•Domioicano norte-americano, o . apóstata Jordan Bishop McClave (6).

2. O " Reino de Deus na terra11 A adaptação do Cristianismo às exigências do marxismo é muito patente na escatologia (6A). B. sabido que essa é a parte menos precisa da Teologia. A imagem do "Reino de Deus na terra" (outros tópicos da escatologia não nos interessam aqui) que a escatologia nos proporciona é muito nebulosa. Quando vai chegar esse "Reino de Deus na terra"? Antes ou depois do dia da Ressurreição e do Juízo Universal? Esse "Reino de Deus na terra" será ainda neste mundo, ou quiçá em a.lgum "novo" mundo? Todas estas são perguntas sem resposta clara e precisa, pois se encontramos algumas respostas tanto nas Sagradas Escrituras, como nos trabalhos de teólogos que gozam de autoridade, elas são nebulosas. imprecisas, e se prestam às mais vari3das interpretações. Sem entrarmos aqui em uma polêmica sobre estes temas, convém constatar que é precisamente a escatologia, a atual, que constitui o .p onto de ,p artida do que poderíamos chamar uma "teologia marxista,,, como também é a escatologia que mais se -p resta a interpretações marxistas.

••• Um dos primeiros teólogos que começaram a construir pontes entre o Cristianismo e o marxismo foi o teólogo protestante Karl Barth, de grande influência sobre os demais.

S)

Do ponto de vista soçiotógico, o saduccismo reduz a religião à magia. Na rcligi:io, a rclnção homem-Deus cxpte.w -sc na atitude de serviço: o t\omcm serve a Deus. Na mag.i:a, ao conttirio, o homem se serve de Deu~ (do mundo invisível). A magia se apresenta como a instrumcn1aJiução de Deus. Assim \!'l.mbém no "s,aduccbmoº o homem se serve de Deus: suas prátiças rcUgiosas. devoções, êtc. têm p,or finalidade conseguir a bênção · de Deus. isto E, s5o " meios'', 1 ' ins1rumentos" e por intermédio deles o saduccu subordina (ou pretende subordinar) o mundo sobrenatural (Deus. NO$sa Senhora, oS Anjos, os Santos) a seus fins, O saduceu, J)Or~nto, não serve a De~ mas se serve dE.le. 6) Oictrich Bonhooflc.r, ..Reslstancc et soum.ission. Lcttrcs ct notes de cap1tvi1~". Génhc, 1964 (espe· c.i:tlmc-nte a ca.rta de 30 de abril de 1944); Paul van Buren, "The secular mea.ning of lhe Gospel'', New York, 1963; 1. A. T. Robinson, '"Honest to God", Westminster Prcss, 1963; Harvcy Cox, •~nc secular city'\ M-'emillan Company, 1963: Eric L. Masc.oU, ··Cristianismo scculariudo", Barcelona, 1970; Robcr1 1... Richard, "Sccularization Thcoloay", Ncw York,

4

Karl Barth foi um dos que primeiramente desenvolvei:am a tese de que o Cristianismo e o marxismo têm ~ mesma finalidade: a construção de uma nova sociedade do futuro. Os cristãos concebem essa sociedade como o º Reino de Deus na terraº; os marxistas, como o "so-c ialismo" ou o ''comunismo". Barth pretendia aproximar estas duns visões do futuro feliz na lerra. Porém procurava mais ainda aproximar os cristãos dos marxistas. Ele era membro de um ,partido marxista-socialista e muito pomprometido nas atividades de sindicatos dominados pelos marxistas. Suas simpatias para com o marxismo e o socialismo são muito evidentes e se manifeslam na sua maneira de enfocar os problemas teológicos. Seu discípulo e gra11dc admirador, o teólogo protestante simpatizante do marxismo, Helmut Gollwitzcr, escreve: "Como Bartlr não pôde compreender o Evangelho sem influência sobre " vida, isto é, sem ética, do mesmo modo ,u1o podia compree11c/ê../o sem inclinações para o socialismo" (7). Barth comprometeu-se com o socialismo-marxista imediatamente depois da primeira Guerra Mundial. Segundo Marquardt, o caminho de Barth vai desde um ''socialismo religioso, através da de,nocracia socialista s~m admiração pela Revolução Russa. e através de sua crítica anarquista da aurori<lade, até o "Reino de Deus" (8) . Marquardt destaca o caráter marxista do socialismo de Barth, afirmando que ele é "eher Marxist ais Ontologe" ("mais marxista do que ontologista") (9), apesar de o próprio Barth afirmar que seu socialismo é antes exterior ("exoterisch") (10). Quando Adolf Hitler chegou ao poder na Alemanha, Karl. Barth estreitou seus vínculos com a organização "Freies Deutschland", na qual entrou em contacto direto com os comunistas e caíu sob sua influê ncia ( 11 ) . As diferentes correntes de marxistização da Teologia saem precisamente da teologia de Karl Barth (12) e, entre elas, em primeiro lugar, a corrente marxistizante escatológica do "Reino de Deus na terra". Barth como socialista-marxista - vê na luta por uma nova sociedade do futuro o primeiro e mais importante dever religioso do cristão. Para ele, o ensinamento cristão sobre o ' 1Reino de Deus na lerra'' identifica-se com o programa mar.. xista relativo ao futuro da sociedade ideal. Mais ainda, os partidários de Barth encontram em sua teologia a justificação da opinião de que o marxismo - a seu m6do, ateísta e materialista - luta pela realização da tarefa, omitida e esquecida pelos cristãos, de conslruir o ºReino de. Deus na terra". Há pontos em que a posição de Barth é quase idêntica à de Marx. Por exemplo, ambos sustentam a mesma coisa com respeito ao '"desaparecimento" da instituição do Estado, precedendo a realização completa de uma sociedade ideal do futuro. l?. sabido que este ponto é de muila importância no marxismo de Marx (os outros "marxismos" ,não insistem tanto sobre este ponto). Segundo Marx, o fato de que a instituição do Estado comece a desaparecer é uma característica essencial da sociedade comunista; se em unla sociedade marxis1a a instituição do Estado se mantém firme, essa sociedade não é ainda ,;comunista", mas "socialista" ( 13). O mesmo sustenta Barth ( que é

1967; Jordan Bishop MaçCJave, "Cristianismo radiCI\I y marxismo", M6xico, 1970.

Por eSCIJl<>logiâ entende-se o estudo dos últimos-' fins do lndivfduo e do universo criado. Divide-se cm rscatoloaia itidlvldual e ucatôlo,ia gual, unl,•~tsal ou cV1mica, A primeira ocupa-se da sorte final de çada vinda do Salvador, d11 ressurreição dos mortos e do Purgatório. do CW, e do inferno: o escatologia geral, que compreende todos os :ioontcci.mentos futuros do fim dos tcmJ)Os, trnta do 6.m do mundo e da segunda vinda do Sa.lvo:dor, da res:surrcjção dos mortos e do Juízo univeml (N. do T.).

:mies um anarquista) , segundo stia teologia, no hRe.ino de Deus na terra", ná "nova Jerusalém", não haverá lugar nem para a Igreja, nem para o Estado, nem mesmo para qualquer tipo de "Ordnung", pois tanto a Igreja como o Estado caracterizaO\ o período do "caminho" até a "visio'" ( 14). Ver na construção do "Reino de Deus na terra" o primeiro e o mais im,porta_ntc dever do. cris1ão, e, mais ainda, identificar esse hRcino·· CÓII) a escatologia marxista, isto ê. COO\ o conceito marxista de uma sociedade perfeita do futuro, assim como sustentar, como conclusão, que os cristãos deveriam colaborar com os marxistas para, juntos, alcançarem o mesmo fim, - aí está a medula da " teologia marxista", construída sobre o pensamento de Barth por seus discípulos. Barth já os tinha numerosos, antes da S<!· gunda Guerra Mundial, especialmente entre os teólogos protestantes, dos quais suas idéias passaram para os teólogos católicos. Uma dessas "escolas" teológicas marxistas, fundadas' sobre o pensamento de Barth - talvez a de maior peso e importância - é a que se desenvolveu na Tchecoslováquia, representada por Hrornadka, Gardavski e Machovec ( 15). As princ ipais obras destes escritores estão traduzidas em vários idiomas e, por essa razão, são bem conhecidas e comentadas. Esta é a assim chamada " teologia dialética'', iniciada por Barth, mas que seus discípulos subordinaram complernmente ao pensamento marxista. Os meneio· nados escritores tchecos, .todos teólogos protestantes, enfocam estes problemas não tanto do ponto de vista teológico, como do ético. Se os escritos de Barth são estritamente teológicos, os desses pastores protestantes são antes ensaios éticos, muito superficiais e profundamente penetrados de marxismo.

••• O problema do "Reino de Deus" recebeu um novo enfoque e um novo impulso na obra de Jürgen M91tmann, "A Teologia da Esperança" ( 16). Talvez pela coincidência de . sua obra ter aparecido imediatamente depois do li Concílio do Vaticano e num antbiente de "diálogo" e de "ecumenismo", como também pela circunstância de os leitores de seus livros já estarem preparados pela teologia de Barth sobre o "Reino de Deus na terra" e pelo estudo de Ernst Bloch (17). Na realidade, tanto Bloch como Moltmann ocupam-se do mesmo problema de que se ocupava anteriormente Barth, mas enfocam-no de outro ponto de vista, majs atraente, a saber, tomam em conta a esperança como o motor da vida humana, con10 um elemento dinâmico, como fonte de otimismo e catalisador das energias humanas, dirigidas a um fim concreto, temporal, terreno, prático: a construção de um porvir melhor; a esperança como conJi. ança, quase certeza, de que o homem pode, aqui, na terra, conslruir uma sociedade ideal· do futuro, que será uma realização tanto do conceilo cristão do .. Reino de Deus na terra", como também do conceito marxista de uma sociedade marxista. Assim são compreendidas e interpretadas as idêias tanto de Bloch c.omo de Moltmann, pela pseudo-teologia dos Sacerdotes marxistas, professores das Universidades Católicas (1-8).

Wilhclm M:uquardt, ~ um dos mais (crvorosos SC· guidorC$ de Bar1h nà cmptesa de marxistizaç:iio da teologia.

6AJ

7) Na introdução da. obra de Friedrich·Wilhelm Marquardc, º'Thcolog;ic und Soc:ia1ismus. D3s Beispicl K-arl Barths", Kaiser-Grüncwald, MUnchen•M3inz, 1972, p. 374 e p. 9. A obra de Marqunrdt ó um tra· balho com o qual optou pelo cargo de proícS$0r e que (oi rcjc,itndo pelo Instituto Ec1esiaJ protestante de Berlim. A rcjctÇã.o dess:i. obra provocou a imediata renúncia, cm sin3.I de protesto, do Pro(. Gollwitur. A obra. de Mnrquardt 6, rnlvct., o mais ~rio trabalho sobre a teologia de Bartb, no que diz respeito a des· u1car nela a inOuSncia m3rxisu1. O autor, Fri~drich·

8)

Op. ci1. p . 168.

9)

Op. cõ1., p. 325.

Por onde .!)e vê que,. principalmente através da protestantização, a Teologia católica sofreu um procC$io · de marxistii:ação.

••• Um grupo à parte é constituído pelos escritores comunistas (marxislas· lcninistas), membros dos Partidos Comunistas, que convidam os· marxistas e os cristãos para co1aborarcm na construção da sociedade ideal do futuro. Além de Roger Garaudy, um dos mais destacados intelectuais comunistas da França, que há mais de quinze anos se dedica principalmente a essa tarefa de promover a aproximação e a colaboração cnlrc marxistas e cristãos, merece uma especial atenção o suíço Konrad Famer. Este vai tão longe, que afirma que o comunismo (como uma sociedade ideal do futu ro e não como a doutrina do marxismo-leninismo) -'mio é um.a alternativa em. face do crístianismo, mas uma possibilidade e talvet a ,~n,"ca possibilitia,le" ( 19). A respeito da esperança de Moltmann e de oulros, escreve: "A Teologia da esperança deveria desenvolver-se em uma te<r /ogia do comunismo. pois o comu11is1no é a única e total espera11ça do homem" (20). E, em outro lugar de seu livro, adver te: "Sem comu11i.Smo não haverá no futuro cristianismo <1/gum" (21). Farner não vê nenhum futuro para o marxismo ou para o Cristianismo, sem o comunismo . (concebido como um regime), e por esta razão faz um apelo a uns e a outros, marxistas e cristãos. para que se unam e colaborem (22) . Ele chega à conclusão de que o futuro não pode ser edificado nem contra os crentes, nem sem a participação deles. como também não pode ser construído nem contra o marxismo, nem sem ele (23) . O fato de um dos capítulos de seu livro levar o título de "Agradecimento dos marxistas a Karl Barth" mostra até que ponto Farner se encontra sob a influência desse teólogo protestante marxista (24). Famer lamenta que o marxismo, apesar· de construir uma nova sociedade na Rússia, não tenha podido formar um " homem novo'', e adverte que, se o homem permanece o mesmo, h:I perigo de uma volta à antiga sociedade ( 25). Desta maneira, prevê um malogro inevitável do marxismo, o qual não poderia ser evitado senão pela colaboração dos marxislas com os cristãos. Esta colaboração se justifica pelo fato de que estes també.m estão comprometidos na constn1ção de uma sociedade ideal do futu ro, a que- chamam o ºReino de Ocos na terra". COO\o Barth, Faroer salienta que não se trata de uma colaboração ditada por exigências táticas ou estratégicas da revolução marxista, ma.s sim de uma colaboração sincera, honesta e duradoura. Deste modo, os teólogos e os escritores comunistas elaboraram as bases para uma sólida e fraternal colaboração dos cristãos com os comunistas. Fala-se de uma colaboração para construirem juntos uma sociedade ideal do fu turo, mas, na prática, tudo se reduz a um compromisso com a revolução marxista que já está em marcha.

3 . O cristianismo horizontal A Cruz é o símbolo da Teologia tradicional : seu lronco, isto é, a direção vertical, simboliza

reu complcu,mcnte"; Milovnn Machovcc, ''Marx.ismo

e tc.ologia d.ialéticn"; •·voin Sinn dc:s mcnscbtichen lcbens", Vcrla,g Rcmb:ich, Ftciburg, 1971. Jürgcn Moltma:nn, "Theolog,ic der Hotfnung". Chr. Kaiscr Vcrla8, MiJnctien, 1964. 16)

17) Erncst Bloch, uoas Priru.ip Hoffnung'\ Suhr Kamp, 1959.A respeito da relação entre a "Teologia dn c1perança" de Moltmann e o ''princípio da espe. rança" de Blocb, vejn·se o estudo de Mohmann: "Das Primip llô//mmg und dic Theõlogie d~r Ho/J· mmg'\ in "Evangclisehe tt,cologic", n.0 23, 1963, pp. S31· SS1; apnrccc 1amb6m como a,pêndice da s.~ edição do livro db Moltmann. "Thcolog.ic der Hoífnung", de 1969 (a prin1e.ir:1. edição 6 de 1964). 0

10)

Op. eõt, p. 42.

tt)

Op. cõ1., p. 52.

12) Por esta ratão, tcrtmos que voltnr a ele ainda várfas vezes, mais adiante. 13) Vide Ouo V. Kuusincn e outros, ºManual dc.J Marxismo-Leninismo'\ M0$1COU, 19S9. Estamos (i1ando a edição cm espanhol, eapftulo 2 t : "O período de cransiç:io do socialismo ao comuni$.1Tlo".

é de 1948.

18) Pertence a este gr-upo it;ualmenle o teólogo católico Hans Kiing, como se vê pelo trabalho intitulado "Em qut çonsiste a mensagem cristã", Leia· se: a re..~ito do anigo do Pe. A. Richard, ''Une réponsc de Hans KOng", na revista "L'Hommc Nouvcau", n.0 60S, de 2 de sc1cmbro de 1973.

IS) J~( Hromadka, "EI Evangelio para los ateos", Montcvideo. 1970; Gardavsky, "Deus não mor-

mus?''. Ed. S1õmme, 1969, p. 184•

14)

Marquardt, op. ÇÍI,, p. 31 t. O lCXIO de Btuth

..

19)

Konrad Farner, "Theologie dcs Kommunis-


O ''cristianismo horizontal'' constitui a causa principal da apostasia de muitos Padres e Religiosos o àmor do homem a Deus e o amor de Deus ao homem, enquanto seus braços, isto é, a direção horizontal, indicam as conseqüências desse amor: sua projeção até o próximo. · O essencial no Cristianismo é o amor de Deus, mas sua conseqüência se expressa no amor do pr6ximo - amar a Deus no pr6ximo. Pois bem, a ºnova teologia" silencia o aspecto vcrlícal, pois está concentrada totalmente sobre o homem, sobre o horizontal. A Teologia tradicional é teocêntrica, enquanto a ''nova teologia" é antropocêntrica. A corrente 1eol6gica concenlrada sobre o homem tem atualmente muitos representantes, mas do ponto ' de vista do problema que nos interessa neste trabalho, a saber, a influência do pensamento marxista sobre a Teologia contemporânea, talvez o mais importante deles seja Dictrich Bonhoeffer (26). Sua teologia contribuiu não somente i'ara a elaboração das bases para o ºsaduceísmo", como já vimos, mas ta.mbém para o "cristianismo horizontal'\ que é o cristianismo que se esquece de Deus, pois se ocupa exclusivamente do homem, do próximo.

O "cristianismo horizontal" parle da premissa - aparentemente verdadeira e justiíicada - de que cada cristão· deveria imitar a vida de Jesus de Nazaré (nunca dizem Jesus Cristo). E cm que consistiu - segundo eles - a vida de Jesus (quase sempre escrevem ..Jcsua" ou "Jeschua")? Para o ..cristianismo horizontal", Jesus foi um homem que sacrificou completamente sua vida pelos demais; veio para servir e não para que O servissem. Em seu amor pelo próximo, chegou até a oferecer a vida. Assim, a Cruz é o símbolo do sacrifício, do a.m or ao pr6ximo. Ser cristão quer dizer viver como Jesus, servir aos demais, "ser para os outros", até o sacri .. fício de sua própria vida, viver para os outros (27). Na prática, para o "cristianismo horizontal" Deus não existe, pois tudo se reduz ao "viver para os outros". Todavia, esta maneira de ·'viver para os outros" nada tem de comum com a antiga caridade, praticada com zelo durante to~a a hist6ría do Cristianismo. Não se trata, pois, de obras de caridade inspiradas pelo amor de Deus, mas antes uma atividade desenvolvida por . motivos puramente humanos ' sentimentais, posto que, apesar de baseada na imitação da vida de Jesus, Ele mesmo é apresentado como um homem que sacrificou sua vida pelos demais por motivos puramente humanos, como expressão da solidatiedade humana. Ao passo que tudo o que é o essencial do Cristianismo, o sobrenatural, a divindade de Cristo, seu amor a Deus Padre e seu amor divino. ao homem, que O leva até a Paixão para realizar a Redenção, ludo isso é silenciado. Fala-se de Jesus como de um homem excecional, ideal, perfeito, como de um exemplo, um modelo de vida para os demais, e sua perfeição - segundo o "cristianismo horizontal" consiste exclusivainente no fato de que era um homem a serviço dos demais. Daí o comparáLo - de modo blasfemo e sacrílego - a "Chc'' Guevara e outros. Concebido desta maneira laica e secular, o "cristianismo horizontal" é hoje, lamentavelmente, muito comum entre grande parte. do Clero, especialmente na América Latina. Muitas Congregações Religiosas, tanro de homens .

10)

Op. ci1., p. llO.

li) Op. ci1., p. 8. '22) Lendo o trabalho de Farnct, tem.se a imJ>rt.5· s!io de que 3 su.a principal preocupação 6 o futur~ do comunismo1 o q_ual o autor considera muito o.mea• çndo e inccno, caso n5o haja uma colaboração CS· trciHt e sincera entre marxistas e cristãos:. Em outras p3lavras, s6 os: cristãos podem s:ilvar o comunismo.

13)

Op. ci1., p. 190.

como de mulheres, assimilaram-no c9mpletamente (28). O ''cristianismo horizontal" apresenta uma excelente ocasião para a penetração de idéias e opiniões marxistas, como também para a colaboraç,ão com diferentes .. obras" marxistas e até para os contactos diretos com os partidos políticos marxistas, o que quase sempre termina em compromisso com a pr6pria revolução marxista. Os numerosos Sacerdotes marxistas, membros dos Partidos Comunistas e até freqüentemente seus representantes nos Parlàmentos, como deputados ou senadores, encontram no "cristianismo horizontalº um ambiente em que se sentem à vontade. Em suas homilias tocam quase exclusivamente em temas econômico-sociais: as funções litúrgicas são por eles transformadas em cerimônias laicas, sem nenhum sentido sobrenatural, mas sim com muito sentido sociológico, das quais se servem para reforçar os vfoculos sociais e para os contactos com os grupos marxistas. Desta · maneira toda especial, o "cristianismo horizontal" manifesta-se nas orações e cânticos litúr.gícos, compostos para a circunstância. As igrejas são transformadas em "casas do povo". Até a Santa Missa fica reduzida a uma assembléia do povo, freqüentemente com a partícípa~ão ativa de pessoas atéias, indiferentes, agn6sticas e não batizadas. Nas cerimônias públicas "penitenciais", c9m as quais se pretende substituir a confissão auricular, ou s~ja, o Sacramento da Penitência, as pessoas são eosinadas a acusarse unicamente do "pecado social" (os demais pecados não existem para o ºcristianis_mo horizontal") , o qual se reduz apenas ao "pecado estrurural", isto é, o pr6prio regime capitalista, qualificado como ..estruturas de opressão o exploração". {J.ma grande parte dos catecismos editados nos últimos anos já está penetrada pelo "crís, !ianismo horizontal". Jesus Cristo ' a Santíssima . Virgem, os Ap6stolos e os Santos são apresentados como cristãos exemplares, modelos de vida cristã, pois foram pessoas que dedicaram sua vida ao serviço da comunidade (bem entendido, tais catecismos não empregam nomes tão ..rançosos'' e antiquados; fala-se de Jesus, o Carpinteiro; de Miriam, a Mãe de Jesus, etc.); de Deus não se fala, nem sequer dEle se faz menção. Este "cristianismo horizontal" const1tu1 a causa principal da apostasia de tantos Padres, Religiosos e Religiosas, pois não encontram nele nenhum alimento espiritual sobrenatural para suas almas; exige..se deles unicamente "viver para os demais''. o que se pode fazer sem o celibato e levando a vida de qualquer leigo. Esta corrente manifesta-se principalmente nas obras pseudoteológicas da assim chamada "teologia da secularização". Seus representantes mais coohecidos são Paul van Buren, J. A. T. Robinson, Robert L. Richard, Harvey Cox, E. L. Mascall, já mencionados anreríormente (vide a nota 6). ,

4 . Fé sem religião O marx.ísmo sempre combateu a religião, considerando-a como o uópio do povo'\ segundo a expressão de Marx. Claro está que quando os marxistas falam de "religião", abarcam com este termo também a fé. Mas ultimamente presenciamos uma mudança de tática

mesmo, é um Stn•lço exctltntr, t tssenclalme,rte tspi· ritual. t muito 11tcessdrlo rtC()fdar Isto, hofe, comra as miíltipla.t uudl11cias dt: St'C11larl1.1Jr o st:rviçc, sact:r· do1al, rtd11t)ndo-o a mna Junção prtvt1/enttmtnlt JI· hmtróplca t. socJol. Na drea das almas. de sua rttlaçiio com Deus, e de suas relaçõu i'nterioru com os se• melhafll~s. i qu~ se dt:/int: a Junção esptcf/lca do Sa«rdott: ca/61.Jco" (Paufq VI, Discurso no Co1~gi,o Gc-rmano+Húngaro de Rom:,, cm 10 de outubro de J973, in "Osservato re Romano". edl,ção seman:,I em

espanhol, de li de ou1ubro de 1973). 2.4) Trat:J·se de um artigo c$crito pOr ocasião do oc1og&ima aniverúrio de Barth. e incorporado depois 3 seu livro.

ci1., p. 136.

1S)

Qp.

26)

Veja.se, a nota 6.

27) ''Hojt: sal~nla.se tamb,m, com força, qut: a -..ida dt> SaurdoJt: I vida dt: suviço, a t:xt:mplo dt Cristo, "homtm•para•M•outror", segundo uma Jt:llt. t: conhecida rxp~tssão. Importa, porlm, prt:clsor que () st:rviço do Sacerdote que quer n,anter.se J~I a si

Uma interessantfss.ima document.aç3o a esse respeito 6 représc.nlada pelas :tlu dos C'.lphutos (anuais) dessas Congregações; pOr elas se constata at~ que ponto algumas Congregações assimilaram por com. plcto o "cristianismo horizont3.1" e, às .,-eze.s, 1amW.m o "crisliani.smo ateu", e como o tra~lho desses Religiosos. por muito sacrificado que seja, está. . cone<:n· trado exclusivamente em um serviço laico e temporal. Na realidade, tais Congregações transformaram.se cm associações laicas de beneficência e r:nuito freqüente·

28)

da parle dos marxistas: combatem apenas a religião, mostrando-se dispostos a tolerar a " fé". Evidentemente trata-se de mera manobra tática, pois na realidade combatem tanto a religião ( o culto) como a fé na existência de Deus. Mas esta tática é-lhes necessária no momento, pois dão-se conta da necessidade de conquistar as grandes massas, crentes em Deus, para poderem fazer a revolução. Precisam da colaboração dos cristãos, e por esta razão, por motivos táticos, fazem esra dísl(nção entre a religião e a fé. Dizem aos cristãos: "Limpai vosso cristianismo dos elementos de religião e sereis dignos de tomar parte na revolução marxista e na construção de uma nova sociedade ideal do futuro". Mas, para facilitar ainda aos cristãos esta "operação limpeza", isto é, a depuração do Cristianismo dos elementos de religião, pretendem convencê-los de que desta maneira voltam a um "verdadeiro Cristianismo", a um Cristianismo puro, não manchado pela religião. Nos últimos anos apareceram muitos "estudos" que tratam deste Cristianismo "puro" e que pretendem convencer os cristãos (antes de tudo os que tanto a11elam colaborar com os marxistas) de que o Cristianismo primitivo, o de Jesus e de seus Ap6stolos, este Cristianismo "verdadeiro", era a-religioso, era somente uma ºfé" e s6 depois, quando se propagou entre os gregos, pelo contacto com as religiões pagãs, assimilou muitos "mitos" e tomou um caráter de religião. A Igreja Cat61ica, .porém, não pode de forma alguma compartilhar a posição de algumas seitas protestantes que combatem a religião como tal, pois o Cristianismo, do ponto de vista cat6Jico, é essencialmente tanto 11 fé" como ..religião". O cúlto a Deus - realizado de uma maneira perfeita pelo Sumo Sacerdote Jesus Cristo, o qual Se serve dos Sacerdotes, participantes de seu Sacerd6cio, pela Santa Missa, que é uma contíoua renovação do Sacrifício do Calvário e da última Ceia - é um elemento essencial do Catolicismo. De onde, o Sacerd6cio e o culto - isto é, a religião são essenciais no Cristianismo, da mesma maneira que a fé, isto é, a totalidade do ensinamento de Cristo (Depcsitum Fidei). A aceitação das posições e opiniões protestantes por muitos te61ogos cat61icos - o que lamentavelmente ocorre hoje expressa-se amiúde no desleixo e negligência no que diz , respeito ao culto, dando-se importâ11cia exclusivamente ao príoclpío de "yiver a fé" (a qual, em muitos casos, é ·Cada dia menos cat61íca e mais pr6xíma da protestante) . A tática astuta dos marxistas aproveita-se dessa situação. Os te61ogos marxistas protestantes facilitam as bases teo16gícas desta ação. -e o caso de Karl Barth e Díetrích Bonhoeffer, seguidos por seus admiradores, especialmente os partidários do "cristianismo desmítologizado", como também pelos pseudote61ogos marxistas declarados, como Hromadka (29) e seu fiel discípulo Júlio Santa Ana (30). ,Os te61ogos marxistas-cat6licos, apesar de aceitarem completamente esta posição dos te6• logos marxistas-protestantes, consideram que - por razões de tática - é preciso tolerar por algum tempo a religião, pois a grande massa dos fiéis está acostumada ao culto. Mas levam também a cabo uma luta constante e contínua contra tudo o que expressa a religião na vida cristã, e o fazem principalmente pela "cons-

mente estão comprometid3s em atividades subversivas. colaborando ativamente com os movimentos marxis1as revolucionários.

29) ''0 que cl1omo.r,un d~ rdiglão l a t:Xpr~ssúo da.t 1reu.tsid.ades h1m1anas, da lmagi11açãc milol6gica e das .mpustiç,~s'', diz um discípulo de Fcucrbach, Hromadka (op. cit., p. 66). "0.r cristãos e suas igrejas organizadas siio rtsponsdvt:ls. por di..,usas ralihs, pelo maf c11tt:ndido que Jaz com q11c a religião cristã st/a 11ma rclfquia da an1l1a mllofogia, com m . a itlc<>logia e u11s inttusscs po/ltic<>·sociais da, classes dominant<s'º (ibid., p. 67). 30) Julio Santa Ana, ºCriscfanismo sin reHgión", Montcvidco, 1969. Segundo o autor, a ''f~" ~ um cristianismo d8$ pçssoas adultas, maduras, cnqua.n to a "religião" 6 um c,istinnismo infantil.

cicntiz.ação''. aproveitando para este fim a pas• torai e a catequese. Combatem, pois, todas as formas de culto; daí sua lula: contra o culto mariano ( o rosário, as procissões, o mês de Maria, ele.) e todo t_ípo de devoções (ao. Sagrado Coração, etc.). No Chile chegaram a fundar uma instituição para tal finalidade, chamada Fundação Manuel Larraín (31), a qual publica "estudos" que combatem a religião, predominando en1re eles trabalhos de professores marxistas da Faculdade de Teologia da Universidade Cat61íca de Santiago. Tirar ao Cristianismo seu caráter de religião é - segundo os marxistas - a condição prévia para a sua completa marxisfrzaçâo.

5 . Cristianismo sem mitologio Não há dúvida de que no decorrer dos séculos alguns elementos mí1ol6gicos de diferentes religiões pagãs penetraram em práticas religiosas do Cristianismo.. Não poderiam penetrar na Fé (no Depositum Fidei), mas poderiam fazê-lo, e efetivamente o fizeram, em algumas práticas do culto, apesar da severa e estrita vigilância das autoridades eclcsí:isticas (32). Por esta razão, uma preocupação em descobrir esses elementos e práticas é justificada. Contudo, a alual corrente do ·'cristianismo sem mitofog.ia" nada tem que ver com essa preocupação, pois ela não é inspirada pela preocupação com a íntegridade e pureza da Fé (do Depositum Fidti), mas antes pelo afã de destruir a Fé, reduzindo todos os dogmas à categoria de "mitos". Os te61ogos (?) marxistas sustentam atualmente que o dogma Ja Santíssima Trindade é um mito, que o são também os Anjos, a Anunciação, tal como a Encarnação, a Redenção. pois considera-se mi• to tudo o que se relaciona com o pecado original e com o Paraíso. A categoria de mito se reduzem igualmente o Céu e o inferno, etc. Todos os dogmas do Cristianismo, enfim, são reduzidos a mitos. Das crença1 cristãs fica s6 um faro híst6rico, a pessoa de Jesus de Nazaré, que, segundo os marxistas, foi um homtm excecional, fundador de um movimento político-social de lllta para liberrar o homem da escravidão e da exploração por um regime de opressão da época, tal como o foi Espártaco, também ele crucificado (33). Esse esforço dos marxsta~ coincide com outra corrente, a de diferentes doutrinas atuais dos teólogos protestantes, que pretendem desmítolog~ar o Cristianismo ("Entmythologisieruog"). Na prática, estas correntes se confundem e se apoiam mutuamente. Não há dúvida de que m\Jítos 1rabalhos de autênticos te61ogos protestantes sobre este tema são aproveitados pelos marxistas e facilitam ao marxismo a destruição da Fé cristã. O mais doloroso é que o "cristianismo sem mitologia" penetra atualmente na Igreja. O vandalismo iconoclasta de nossos dias é, cm muitos casos, de inspiração marxista e se apresenta como assimilação da posição desmítologizante. O mais grave ocorre nas traduções tende_ncíosas das Sagradas Escrituras. Abundam hoje as edições dos Evangelhos e de outras partes do Novo Testamento nas quais se aplica rigo-

32) Atualmente estas inOuênciM são especialmonte perigosas na Afriea.

33) Rcn6 Andr-ieu, diretor do órgão oficial do Pa.rlido Comuojsla F r:.ln~s. "L'Humanil6", e membro do Comit6 Central do PCF. escreve: ''Jt:ms Cristo , para mim um homt:m qut: fotou ptlo homt:m e11tre os ltomt:11s.. Nada mals - porlm, na minha opinião. lssô Já , muito - e nado mefl().r. De stu tnslnamtnto. 10I como foi trammiJülq pt:la prtgoção dos prlmtiros Jt:mpos do Cri.rtlanlsmo. tu tscofho o que ela tem de tsptclalmtnlt: hunumo, a ltlber, o reclamaçJo ,la igualdade e da paternldadt:, no momento em que a rtbe/160 de Espdrtoco - ramb4m cruclJ(cado - I aJogada ~m sangue, e quando os escravos criem t:n· contrar na mensagem cristã a proma.sa de suo libtr• tação" ( "Pour vous, qui est J6sus·Ohrist?", Ed. du Ccrf, Paris, 1970, citado em "Lumiêrc et Vie", n.0

t tl, p. 1). 31) Desta maneira 3busa-se do nome de um Bispo chileno jli faJccido, Mons. Manuel L3rrafn. qoc não compar-tiJhnva os pontos de vista do montismo.

34) 1971.

Porfirio Miranda, ''Marx y la Biblin". Mixico,


. . . ''Para ser um bom cristão, e preciso . ser pr1me1ramente um .,,.

verdadeiro marxista-leninista'' rosamente o critério desmitologiumte. Desta maneira, desaparecem dos Evangelhos os Anjos, pois a palavra " Anjo" é traduzida por

"jovem", etc. O pior é que, assim tendenciosamente traduzidos, os textos da Bíblia passam para a Liturgia, como leitura bíblica durante a Santa Missa (a "liturgia da palavra"). Os teólogos-marxistas já anunciam que dentro de pouco tempo vão publicar uma nova edição da Bíblia, traduzida de tal forma que nãp fique nela nada da " mitologia",' e que se aplique uma terminologia marxista. A obra do Jesuíta-marxista mexicano Porfirio Miranda é também um esforço para apresentar a Bíblia de um ponto de vista marxista e em terminologia marxista (34). Também muitos novos catecismos pretendem apresentar a Fé cristã sem "mitologia" (35). "Nossa vigilante alenção será dirigida, por isso, a não ceder às insinuações e arbitr6riar ideologias daqueles que pretendenr dar ao Cristianismo uma nova interpretaçlio do ensiname1110 da tradição, e da teologia ela Igreja, interpretação que forçosamente está orientada para a desvalodz.ação da realidade religiosa ele nossa Fé. Desta maneira, saberemos vigiar judiciOS(IJnente as. correntes que, penetradas de um abusivo espírito critico, preconcebido e negativo, trata,n de dessacraUz.ar ou de cltsmitizar a Religião Cat61ica; logo ficaria, assim, profanada não s6 nossa fisiononria espiritual e criJ'lií, 11u1s também hwnaná' (Paulo VI~ Discurso de 18 de julho de 1973, in "Osservatore Romano", edição cm espanhol de 22 de julho de 1973, p. 3). '

um conceito criado pelo homem primitivo, para explicar os fenômenos que, em sua ignorância e baixa cultura, não era capaz de explicar de outra maneira. Seguindo a Feuerbach (36), os marxistas sustentam que, na realidade, não é Deus o criador do homem, mas o homem é o criador de Deus e da re-

ligião. Cristo tampouco era um homem piedooo, religioso; esta imagem de um Cristo adorador de Deus e fundador de uma religião (a cristã) é produto de uma lenda (37). Como defensor dos oprimidos, Cristo foi precursor de Marx e de Lenine, lutava pela libertação do homem de um. regime sócio-econômico opressor e · explorador, e por uma nova sociedade mais justa, m ais humana (38) . Assim, em poucas palavras, apresenta-se o ºevangelho" do "cristianismo ateuº. proclamado pelo marxismo. O doloroso é que esta apresentação do· Cristianismo é objeto de admiração por parte de um grupo do Clero progressista. Na realidade, esta maneira laica C· mater·ia .. lista de conceber o Cristianismo não é nova, mas no passado não gozava de popularidade. Apenas a partir do momento em que os mar-

xistas a captaram e a reelaboraram} apresentando-a de uma maneira nova e atraente, é que começou a penetrar na Teologia contemporânea, fazer adeptos entre os Sacerdotes

jovens, vinculados a movimentos subversivos. A profunda crise pela qual passa a Igreja facilitou a pululação de toda sorte de erros na Teologia, e. entre eles, também o deste "cris1ianismo ateu". Com estupor, vemo-lo propa-

gado por muitas revistas teológicas, em arti-

6. O "cristianismo ateu" O "cristianismo ateu" está representado por várias correntes distintas. Aqu.i vamo-nos ocupar apenas da corrente marxista. Segundo' ela, o Cristianismo primitivo, do primctro século, nada tem. 9ue ver nem com a religião, nem com a fé, pois é somente um movimento laico revolucionário. Tanto Moisés como Jesus foram grandes líderes políticos; o primeiro livrou o povo judeu da escravidão do Egito. J:5us, po~ém, segundo os ma_rxistas, pretendia nao s6 hvrar o povo judeu da dependência romana, mas também livrar cada homem da

opressão e exploração das estruturas capitalistas. T udo o mais no Cristianismo são elemen· tos acrescentados ao longo dos séculos por gente que não compreendeu qual era o· papel essencial do Carpinteiro de Nazaré (como

costumam os marxistas chamar a Nosso Senhor) na história da humanidade. E.,;sa gente transformou o Cristianismo cm uma religião e cm uma fé, incorporando ao ensinamento de Jesus os mitos das religiões pagãs, especialmente das antigas culturas grega e latina. Jesus de Nazaré não é um Deus feito homem, e não o pode ser, pois Deus não existe. O conceito de Deus - segundo os marxistas - é

gos de professores dos Seminários e das Faculdades de Teologia das Universidades Católicas. e este "cristianismo ateu" que constitui o pensamento teológico (?) de muitos Sacerdotes comprometidos com a revolução marxista, membros ativos dos partidos comunistas e ,pró-comunistas (39). Um dos fervorosos apóstolos do "cristianismo ateu" na América Latina é Jordan Bishop McClave, Padre e Religioso Dominicano, formado n~ Universidade de Roma! onde recebeu a !áurea de doutor em Teologia; é autor de vários livros e artigos em revistas européias e norte-americanas, e professor universitário. Há pouco, como muitos outros Padres revolucionários marxistas, apostatou. Seus principais trabalhos, publicou-os, contudo, antes da apostasia, e neles já expunha o ºcristianismo ateuº, que ele considera como o "verdatleiro cristitc11ismo" ( 40) .

7. O "cristianismo marxista" Jn~ulando seu veneno gradualmente, o marxismo pretende adaptar o Cristianismo às exigências de sua filosofia atéia e materialista. Poucos poderiam aceitar o conceito de "cris-

.,.

BALDEAÇÃO IDEOLOGICA INADVERTIDA E DIÁLOGO Plínio Corrêa. de Oliveira Denuncia o ,nais rece111e es1rarage1na co,nunisra pt1ra conquistar a opinião ,nundial, arravés de urn pro~esso d_e persuasão ideológica subconscienle (5.ª edição; 1974) . Torai das edições em porruguês: 45 m.il exe,nplares. Teve tarnbém edições em alemão, espanhol e iralia,w, so,nando 22 mil exe,nplares.

Preço do exemplar: Cr$ 15,00 EDITORA VERA CRUZ LTDA. R. Dr. Martinico Prado; 246 01224 - São Paulo, SP

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tianismo marxista", na fonna coroo foi aprcse<1tado por Engels,. sem uma preparação prévia, através das etapas anteriormente analisadas. Se hoje tantos católicos, leigos ·e eclesiásticos, e entre estes até Bispos, aceitam o conceito marxista de Cristianismo, ao que parece sem maiores problemas de conscrência, isso se deve, talvez, à prévia preparação, ao prévio ºtratamento". Quem aceitou o "sadu· ccísmo" está disposto, depois de algum tempo, a aceitar também o convite dos marxistas para. participar na construção, conduzida por eles, de uma sociedade ideal socialista do futuro, apresentada como algo de muito semelhante e muito próximo ao conceilo do "Reino de Deus na terra", Quem assimila isto já está preparado para dar um passo a mais, rumo ao marxismo. aceitando o "cristianismo horizon .. tal", que, por sua vez, vai levá-lo até o Cristianismo concebido como "uma fé sem religião", E seguindo este " tratamento", ou seja, esta "lavagem cerebral", pouco a pouco se aproxima do '*cristianismo desmitolog.iz.ado" e, através dele, do "cristianismo ateu". Assim, por graus e etapas, sem maiores dificuldades, chegará ao ''cristianismo marxista". De que isto é assim, temos uma prova evidente: em abril de 1972 teve lugar em Santiago do Chile, d urante uma semana, o Congresso Latino-Americano de "Cristãos para o Socialismo", durante o qual todos os participantes (cm grande parte clérigos) aceitaram e frleram seu o conceito marxista de Cristianismo, tal como o expõe Engels. Mas, antes de citar o texto rC-~pectivo, con-

vém recordar alguns pormenores relativos ao mencionado Congresso. Quem são os ºCristãos para o Socialismo"? 8 um vasto movimento internacional marxi.s ta. com ramificações em todos os continentes. Em 1972 celebrou seu congres.~o em Madrid,

no Escorial, com a participação de cerca de quinhentas pessoas, cm sua maioria Padres, entre os quais quase quatrocentos vindos da América Latina, muitos deles professores de Teologia nas Universidades Católicas . e nos Seminários. O Congresso dos " Cristãos para o Socialismo" celebrado cm Santiago reuniu também cerca de quinhentos par1icipantes, com delegações de vários países, entre os quais a do México, encabeçada pelo bem conhecido Bispo marxista de Cucrnavaca, Mons. $crgio

Méndez Arceo. O Congresso de Santiago foi preparado pelo Secretariado dirigido pelo Padre jesuita Gonzalo Arroyo e con\Posto por um numeroso grupo de Sacerdotes-marxistas de destacada

militância política, em sua maioria professores de Teologia nas Universidades Católicas do Chile. Foi precisamente esse Secretariado que elaborou as conclusões e declarações do Congresso, integrantes do documento final intitulado "A amizade estratégica entre cristãos e marxistas", em cujo parágrafo 6.5 lemos o seguinte: "Há quase cxatame111e /600 a11os, lltutlva 110 Jmpério .Romano um perigoso partido da subversão. Esse parlidô minava a religião e todo.r Ol' fundamentos ,to Esuulo; negava de plm,o que a vontade do I m11erador fosse li .suprema lei: era um partitlo sem 11á1ria, i11ter11acio1u1I, qu~ se estendia por todo o território tio Império, desde a Gália até a ÁJ·fr1, e i" ainda além ,Jai fronteiras imperials. Vinl,a há 11mitos anos ,lcscnvo/ventlo um trabalho ele sopa. s uhterránta, ocultamente, mas fazia bosttmte tempo que :te consielerava iá com força ,fu/iciente /Mra sair à luz 1/0 dia. Esse pt,rtitlo da revolta, que er1, conhecitlo ,,elo 110,.. me de "os cris1ãos", tinha também uma forte represe,uaçiío no exérclto: legiões inteiras crmn câstãs. Quando era,u enviados aos J·acri/íciOJ' rituais ,it, igreja nacional ,,ag,1, para prestarem l,onraJ·, eStt!s soldados da subversão levavam seu atrevimento ao ponto ele o:rtcntar em seus ,·apacetes distintivos especiais - cruz.es - cm sinal de proiesto .. . O Imperador Dioc/ecia110 baixou uma lei contra os s<>cit1/istas, digo. os cristãos. Foi--11,es \lei.lado terem locais de rewriiio. foram proibitlos seus ,\Ímbolos cruzes - como outrora na Saxônia os lenços , 1ermelhos. Os crist<ÍOJ' foram ,Jcclarado.r ;ucapa1,es pt1ra o descmve11ho tle cargo.r público.t, não pode,ulo sequer chegai a cabo . . . Diz-,se até que puseram fogo 110 palácio do Imperador em Nicomédia, csta,ulo ele dentro. Então, Diocleciemo vingou-se com a grande perseguição tios cri~·tãos 110 m,o 303 de nossa era. Foi a última do gênero. E ,leu teío boni resulta,lo que dezessete anos depoiJ· o exérdto estava composto predominantemente por cristlios, e o mttocrata .reguinte do /Jnp(:rio Romano, Co,u·· tantino, a que o Clero clwma "o Grande". proclamou o Cristianismo religião ,lo Estado" (F. 1::11gels, Lontlrcs, 6 de março de 1895. i11-

,,.r

troclução à obra de Karl Marx ..A luta ele classes na F_rança de 1848 a /850.. ) (41). De onde se depreende que os cristãos participantes do Congresso "Cristãos para o Socialismo" - por razões de estratégia ( como eles mesmos as definem) , ou seja, para obterem as condições ótimas para' a união entre os marxistas e os crjstãos, com a finalidade de conduzirem juntos a revolução marxi-st:. aceitaram o conceito marxista do Cristianismo,' segundo o qual este, até a época do Imperador Co9siantino, teve exclusivamente o caráter de partido político, e tinha um papel igual ao que desempenha em nossa época o Partido Comunista. Impõe-se, então, como conclusão, que cada verdadeiro cristão de hoje deveria entrar no Partido Comunista. Parece que assim o entendeu ao menos um desses HCristãos para o Socialismo", o Padre-marxista-.. bippy" nicaragüense Ernesto Cardenal, que declarou à televisão em Santiago: ,.Para ser um bom cristão é preciso ser primeiramente um verdadeiro marxista-lenim'sta". Outros Padres-marxistas, apesar de não fazerem declarações desse tipo, assumem plenamente essa atitude, pois muitíssimos deles pertencem aos partidos políticos marxistas ( 42). Vemos assi.m que o ml:todo da "dosificação gradual" na marxistização da Teologia tem grande êxito, pois transforma os clérigos em agentes da revolução marxi~ta.

35) Vejnm-sc 3. rcsJ)Cito os :1r1igos publicAdos nos n.o:l SSO e SSt dn revista francesa "L'Hommc Nouvenu". 36) Vide L. fcucrbach, "Dns \Vese-n dcs C brislcntums... A ''teologia" do Mnrx. exJ)OSta principalmente cm seu "Zur Judenfragc" ('1Sobrc A questão judaica"), :t obra polêmica contra ns id~ias de Bruno 81rncr. publicada cm "Deutsch-Franzõsiehe Jahrbuc.hcr" (''Anais Fr:.\nco-Alcmães"), de feve reiro de 1844, estii bascad:t no pensamento de .F cuerbach. M;'lrX cmpreg-a ::i palnvra •·teologia" virias vezes no texto. 37) Como o Prof. Jcanson, liv,c-pensador e ntcu, expôs em sua :mia inaugural da Semana dos 1ntc· lcctuais Cntó licos, cm Paris, cm 1971. 38) Es1a ~ a id~ia mcdufar do 1>eosamento de Roger Oarnudy sobre o Cristianismo: o mais rc1>rescnt:itivo 1>ensador m:mtista frnncês a expõe cm qu:tsc todos os seus trabalhos sobre o Cristfon.ismo.

39) S aS$0mbroso que tantos Bispos tolerem o fato de que S3«-rdotcs sejam membros dos partidos mnr xistas. inclusive do partido comunista., apesar de todas flS disPosições d:t S.1nt3 Sé vigentes a rc.-.pcito. 4

40)

Seus p rineípais livros são: ºLlltin America :t,nd 1965: "Les 1h6ologiens: d e la

rcvoh.ition", London,

morl do Oicu'', Paris, 1967: ucristianismo rndic!ll y marxismo", México, 1970.

41) ""CristúOS para o Socialismo", l Encon1ro l~tino-Americano. Texto d:\ Edição lntcrnacionnl. Santíogo, 1972, pp. 258-239. No que toca. no coso chileno, n rcvistn Mt'lr"P'astor31 Popular" (n.0 1'32, pp. 12p28) . cm nr1igo escrito por um dos Sncerdotcs-mnrxistt'IS sobre os Pndrcs-Qpcrários de $3,ntiago, informa. com org:utho que todos eles, os vinte, pcrtcnécm aos diferentes par· tidos marxis1ns. inclusive o Panido Comunista. 42)

xis.1a

(IAfOlLECISMO MENSÁRIO com ::iprova~io tcles:i~1k:1 CAMPOS -

f:ST. DO lllO

DIRBTOR

Jos~ CAR.1.os CAsrn.uo 1>1!. ANi>ttAos

Dlrclorlu: Av. 7 de Setembro '247, c.:iixn posto! 333, 28100 C•mpos, RJ. Adminlslrntáo: R. Dr. Mar1inico Prndo 27J, Ot224 S. P:tulo.

ComPQSIO e impresso na C ia. Lithogcttphictt Yr,ir.ing:i, Ru~ Cadete 209, $. P!lulo. A.sslnatur~ n.nual: oomum C r$ lS,00; coC r$ 140,00; grande benfeitor CrS 280,00; seminririslas e estudantes CrS 2.S,00; An,érk:t do Sul e Central: via de sopcrHcic- USS 5,50: · via aérc3 USS 1.2s: América do Norlc, Portugal, Espnnh:-1, Ptovíncias ullramnrina.s e Col6ni:\S: via de suptr!ície US$ S,SO; vfo nérc:t US$ 8,75: o utros prtíses: via d e S\I· pcrficic USS 6,50. vfo. nérca USS 11,1S. Venda flvul~: CrS 3.00. Os pog::1mentos, sempre cm nome de Ed(. torn P:1drc Brkhior de Pontr~~ S/C, Po· dcr:\o S(r enc:tminh3dos à Admioistrnção. Par:) mudança de endereço de assinantes, é necessário n,cncionar também o endereço antigo. A eorre9Pondência relativa :.\ :usint1.1uras e vendn avulsa deve ser enviada à

operndor CrS 70,00; benfeitor

Adminlslrnç:io: R. D r. Mnrtinlco Prado 271 01224 S. Paulo


TFP: derrota do divórcio depende do Episcopado

A oração que hoje apresentamos nesta secção é a Ladainha ,da humildade, do Servo de Deus Cardeal Rafael Merry dei Vai, fidelíssimo colaborador de São Pio X.

LADAINHA DA HUMILDADE ,,,.

o

JESUS, manso e humilde de coração, ouvi-me. · Do desejo de ser estimado, livraime, ó Jesus. Do desejo de ser amado, livrai-me, ó Jesus. Do desejo de ser conhecido, livrai-me, ó Jesus. Do desejo de ser honrado, livrai-me, ó Je-

sus. Do desejo de ser louvado, livrai-me, ó Je.

sus. Do desejo de ser preferido. livrai-me, ó Je. sus. Do desejo de ser con.s ultado, livrai-me, ó Jesus. . Do desejo de ser aprovado, livrai-me, ó Je-

sus.

Do receio de ser humilhado, Jesus. Do receio de ser desprezado, Jesus. Do receio de sofrer repulsas, Jesus. Do receio de ser caluniado, Jesus. Do receio de ser esquecido, Jesus.

livrai-me. ó livrai-me, 6 livrai-me, ó livrai-me, 6 livrai-me, ó

Do receio de ser ridicularizado, livrai-me, ó Jesus. Do receio de ser infamado, livrai-me, ó Jesus. Do receio de ser objeto de suspeita, livraime, 6 Jesus. Que os outros sejam amados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo. Que os outros sejam estimados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo. Que os outros possam elevar-se na opinião do mundo, e que eu .possa ser diminuido, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo. Que os outros possam ser escolhidos e eu posto de lado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo. Que os outros possam ser louvados e eu desprezado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo. Que os outros possam ser preferidos a mim em todas as Coisas, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo. Que os outros possam ser mais santos do que eu, embora me torne santo quanto me fôr possível, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

Conclusão da pág. 2

Comentando

"O FRACASSO da ofensiva divorcista no Brasil depende inteiramente da Sagrada Hierarqui((' afirmou à imprensa o Prof. Plínio CorrSa de Oli· veira, Presidtncc do Conselho Nacional da Socic,.

dade Brasileira de Defesa da Tradição, Famlliá e Propriedade. Lembrando que a recente proclamação divorcis-

ta da Conferência Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil deve ser tomada como um sinal de alarme, o entrevistado dirigiu um apelo aos

Srs. Cardeais, Arcebispos e Bispos do Brasil: ''Ergam--se, ensinem, proclamem, se ntct.ssário fulminem as 1tntari11as de (mplontação do div6rcio. Caso o façam dtsdt logo, o d,'v6rcio não passará. - Que a/egrl'a, que gl6ria para a Igreja, que o façam o quanto anttsl"

O ensinamento do Magistério "O Mag,'stirio Supremo da Igreja :,_ prosseguiu o Prof. PHnio Corri:a de Oliveira - rejeita catego• ricamente o divdrcio". B apresentou à consideração dos leitores três documentos, selecionados entre muitos outros. que exprimem de modo iniludível essa rejeição: - "SI!. alguém disser que o vínculo do matri• mônio pode ser dissolvido pelo cô11j11ge por mo• ti~·ó de heresia•. de molesta clJQbitação ou de abandono do lar - seja excomungado'' (Concmo de

Trento). - "Se alguém disser que a Igreja erra quando c11sinou e, et1sirm, segundo a doutrina evangélica e apostd/ica (Marc. LO; 1 Cor, 7), que o vinculo do matrimônio mio pode ser dissolvido por cause, ,te adultério de um dót cônjuges e qut ntnlrnm dos dois, nem mesmo o i11oct111e que não deu motivo a() adultlrio, pode co111rair outro matrimônio em vida do outro c8njuge1 e que comete adÚltbio tanto aquele que, repudia,la a adúltera, casa com outra. ,·omo aquele que, abaridónado o marido. casa com outro - seja excómungado'' (Concílio

de Trento).

E isto acarretaria o sacrifício do povo cuba· no, em troca de termos um pouco mais de sossego em casa. - Ora, uma n,ação da importância do Brasil, com um regime dotado de 1odos os meios para reprimir o terrorismo, e ao qual toca a glória de o haver efetiva.m ente extcrm.inado, precisaria imolar os direitos do povo cubano, para conseguir que aquela pequena Ilha não pusesse em .polvorosa nosso imenso território? Objetará alguém que meu argumento é vão, pois de fato a polvorosa aqui existiu precisa· mente a partir de Cuba. Na realidade, governos culpados pern1itiram que da Rússia, como da China e de Cuba, a subversão se introduzisse entre nós. Mas, à custa de enormes sacrifícios, foi esta eliminada gradualmente, depois de 64. - Será que, dez anos depois, é preciso suplicar a Cuba que não intervenha no Brasil, e abandonar para isto à sua triste sorte o povo cubano? Outra razão que leva a supor um caráter meramente protelatório, na judiciosa e oportu· na "démarche" do Itamaraty, é que esta pede a constituição de uma comissão para elaborar um relatório sobre se há em Cuba condiçõ,:s que garantam a não-intervenção. · Ora, isto é apurar o óbvio. Pois óbvio é que Cuba vive sob um regime tirânico, de intervenção agressiva e total na vida privada dos próprios súditos. - Como .pode esse regime, agressivo uad intra'\ não ser visceralmcntc agressivo uad extra"? Em relação ao nazismo, sempre se entendeu que seu cunho tirânico tinha como corolário necessário uma política imperialista. Por que a mesma lógica não valeria •agora para o caso de Cuba? Visou, portanto, mais do que isto, a sugestão de nossa Chancelaria.

••• Objetar-se-ia que a dúvida brasileira sobre a prática da não-intervenção por parte de Cuba carece de base. porque as condições internacionais mudaram graças à "détcnte" em que Nixon deitou toda a sua confiança. E que, portanto, os comunistas de Moscou, patrões dos de Cuba, já não são imperialistas. A meu ver, ao ver de todos os brasileiros, a capacidade diplomática do ltamaraty está incomensuravelmente acima da do malogrado Nixon, cuja persi:malidade não fez autoridade entre nós. A " déten-

te" é hoje fortemente questionada até nos países cujos governos a praticaram mais marcadamente (Alemanha, EUA). No Brasil, só a toma a sério a faixa da opinião que vai do esquerdismo católico até o esquerdismo ateu. Do ate[smo . . . católico até o ateísmo. . . ateu, sou tentado a dizer. Ora, esta faixã constitui uma minoria quase

circunscrita a certos salões de usnobs" e a certas sacristias ávidas de ·b rilharctos demagógicos. Aceitar a " détente" como um fundo de quadro inquestionável para justificar a suspensão do embargo de Cuba, é pois coisa que nossa brilhante Chancelaria tem toda a razão de não aceitar.

• • • Para encerrar, proponho a nosso ilustre e valoroso Chanceler que a comissão a s~r constituída para averiguar as disposições de Cuba peça, como único meio idôneo, a realização de eleições livres, sob as vistas de observadores internacionais, entre os quais do Brasil. Seria dado aos cubanos exilados o direito de regressar para votar. E seria concedida, durante quinze

dias - só isso já bastaria - liberdade para que a oposição dissesse o que entendesse em Cuba. Feita a apuração dos votos, prevaleceria o que a Cuba autêntica pensa e quer. O governo daí nascido, este sim, teria condições de governar sem agressão interna nem externa, e de praticar uma autêntica não-intervenção. - Aceitará isto Fidel Castro? Se não aceitar, oferece ele realmente condições para que se creia oa sinceridade de seu espírito não agressivo?

E m tal caso, a admissão de Cuba no concerto das nações latino-americanas trará a outorga de um lugar para a Rússia, nas assembléias do Hemisfério. Pois se Fidel Castro não tem apoio interno, só pode viver de apoio externo. E esse apoio só lhe poderá vir da Rússia. Assim, muito paradoxalmente, a suspensão do embargo terá dado à Rússia um meio diplomático cômodo, de praticar a intervenção em todos os assuntos do continente. A suspensão do embargo, anunciada sob o signo da não.. intervenção. acarretaria como con. seqiiência, .. a intervenção sistemática e oficial. J; o que o Jtamaraty deve a todo o custo

evitar.

- "O vinculo do Sacramtmo do Matr,'môrifo é i1tdissolli.,,el, e embora por adultlrio, hcusia ou outra..s càusas possam o.r cônjuges proceder à separaçiio de corpos, niío lhes é lfôto comrair outro matrlmôriio'' (Bento XIV). Em seguida indagou: "Teriam querido impu~· nar explicilam~nre esse ensinamento os advogados

- catd/icos tm sua maioria - que ua rece1Jte Con/erinciâ Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil pediram, numa proclamação, a implantação do div6rcio emre nds? - Nao o creio".

Fumaça de Satanás Visando explicar a

11

ins6lita deliberação" da

ConJcrancia Nacional da OAB, o Prof. Plínio Correa de Oliveira ponderou: "Em nos..r.a gloriosa e pobre Igreja, a fumaça de Sa1a,1ds vai penetrando sempre mais. E muitas prssoos já não sabtm, mesmo em pontos muito essenciais como o dfrdrcio, qual o autêntico tnsi• 11l1me11to da Igreja. A buroduçao do div6rcio na Itália impressionou o· mundô inteiro. Houve clérigos e figuras destacadas do /aicato que se maniftstaram pubU· cameme favóráveis ao dfv6rcio. Os poucos que foram repreendidas, o foram t m geral moleme111e. Em lugar de mobilizar na luta todat as suas f.orças e seu prcsr(gio, dir-se-la que a H;erarqula Sllgrada se limitou ao mírrlmo imposto pela de· c;ncill. Se tanto. E isto crióll no pflb/ico a im• pressão de que a Igreja yai operando unu, disttn· sio com o divôrcismo. O que não pode espantar, p0,'s ele presencia a progressiva distensão do Va· ticano cóm o comu11ismo. Ora, o divórcio é ape11as um dos pontos do programa cómunista. E quem entra t m distensão com o todo, bem pode e11trar em tlisrerrsão com o parte. Esta trágica confus.ão, que explica a deplordvel atitude da OAB. pOde facilme11te reproduzir-se em muitos outros setores dll oplnião nacional, também iludidos sobre a legitimidatie d e uma "détente'' católicll com o divorc;smo, Assim, a fumaça ,le Sata116s, a confusã1J dou· trinária que lavra na Igreja. confere ao d,"vorcismo pOssibUidades ,le vitdria que, em circunstlincios normais, tstt: 11utica teria 110 Brasil''. Recordando que a TFP recolheu em 1966, cm apenas c-inqüenta dias. mais de um milhão de assinaturas contra o divórcio, o Prof. PJinio Cor. ~rêa de Oliveira concluiu: "A tradição a11tidiv1Jr~ cista t1i11da é tão viva em nosso povo. que bastará um sério emperrho da Hierarquia cm6lica nacional para dissipar, nesta matéria, a fumaÇ(l de Satanás, e impedir q"e o divdrcio seja aprowzdo".

Romênia: t.rinta anos de opressão. m.arxista A COMUNIDADE ROMENA de Siio Paulo realizou no auditório do Othon Palace Hotel, no dia 23 de agosto p.p., uma sessão civica de pro· testo contra a implantaç.ito do regime comunista na Romênia, há trinta anos. 110 dia fatídico de 23 de agosto de 1944 marcou o cómtÇO da mais Jombria era na H;stória bimilenar de nosso povo: a erâ da escravidão comunista'' - ressaltou o Sr. Nicolas Jancu Pa1tioisanu, Presidente da Socie·

dadc Romeno-Brasileira. Discursaram ainda na ocasião a deputada esta-

dual Dulce Salles Cunha Braga, o Sr. José Lúcio de Araújo Corria, repre.sentando a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Proprie-

memoráveis q,ue a TFP vem desenvolvendo, há anos, cm defesa da civilização cristã no Brasil. Lembrou particularmente a chama de fé viva que a TFP irra.dia através das preces coqtínuas no ora· tório instalado cm sua sc<lc da Rua Martim Francisco, n.0 669. ' Denunciou depois a indústria do turismo pcl3 qual o governo comunista da Romênia au(cre-

grandes somas de dólares.

Lembrando que o

comunismo não cessa de enviar seus agentes aos paísc-s livres, a parlamentar paulista concitou os presentes a uma vjgilância incessante contra as manobras de Moscou e de Pequim.

dade, o Coronel·Aviador Tomasz Rzyski, Ministro de Assuntos Sociais do Oovêmo Polonês no ExUio,

Processo multissecular

o Sr. O.n Boghiu, Presidente da Sociedade Santa

O Sr. José Lúcío de Araújo Corrêa exprimiu a solidariedade da Tl'P à causa da libertação das naçi\és cativas. O jovem orador perguntou como foi possível

Tri.odadc, e o jornalista Mário :Ousch. Estavam presentes, a16m da comuoidade rome· na, delegações de alemães, chineses, croatas, húngaros, poloncscs, sérvios e ucranianos, reprcscn1ando as ntt.ções cativas, bem como chilenos, bolivianos e grande n6mcro de militantes da Tradição, Família e Propriedade, envergando suas .c apas rubras,

Co rto do Atlântico O Sr. Nicolas tancu Paltinisanu, manifestando

o luto de todos os sc'u,S compatriotas, salientou que o povo romeno esperava que as potências ocidentais, assim como esmagaram outrora o nazjs. mo, haveriam de intervir. para fazer cessar o ge· nocídio de povos inteiros. Mas há trinta anos vem sendo negado à Romênia e às demais nações cativas o direito, assegurado pela Carta do Atllntico, de e1c8cr Jivrcn,entc a forma de governo sob a qual querc.m viver. Protestando contra o regime de neocolonialismo em que é mantido o povo romeno concluiu: "Exigimos que seja reconhecido d noção rómeno o direit() sacrôssaruo de vivtr em liberdade e in· dl!.pendência, sob um regime político de s11a prdpria e livre escólha'".

A deputada Dulce Salles Cunha Braga iniciou seu discurso homenageando o Prof. Pli.oio Corrêa de Oliveira, como grande lutador contra o comunismo e formador de legiões de jovens abnegados. Declarou ser testemunha ocular das campanhas

uma nação profundamen1e religiosa e sadiamente nacionalista como a Romênia c.a ir sob o regime comunista. ''O grande problema - explicou - foi a tra1·· ção das cúpulas dirigemes, ajudadas per ôpOr· ttmistas e infiltrados, Foi o que 1Jcorreu em Ya/ra e outras re,mU}es tristemente cilebres. A queda de tamas nações sob o jugo comunista J conseqüência de um processo multisstcular de corrupção e destruição da civiUz.ação cristã, ma· gistralmeme descrito pelo ·Prof. Plin(IJ Corrêa de Ofü1eira em sua. obra "Revolução e Contra•Rcvo• /11çiio", A gra11de tragédia do slculo XX estd no afastamento do mumlo cristão dos valorts e ideais (Ju e o formaram". O Ministro de Assu.ntos Sociais do Governo Po-

lonês no Exílio, Sr. Tomasz J. Rzyski, solidariZ0\1-s.c: com a "luta por uma Romênia l{vre e SO• berana, como /ói esse q"trido povo, viz.in/ro t . ,, anugo . O Ministro p0Jonês- rcferiu•se, tamWm, ao papel da TFP como baluarte- da civilização: ''Garan. 10 - disse - que, se as nações do Ocidente tívtssem mais sociedades como a TFP, com o es· pír,'to de luta desro entidade. o comunismo não teria nenhuma import6rrda, e não havt,,.a tntraves para salvar mttade da Europa subjugada pe· los carrascos bolclrevisra('.

7


*

ONDE FOI PARAR A LIBERDADE PROMETIDA EM 1789? OSTRA PIERRE Gaxotte, nhecer os mais sofisticados aparelhos em seu livro sobre a Re- de investigação da vida privada, que volução Francesa, o abismo permitem hoje, não só ao Estado, que vai entre o respeito às mas a qualquer pessoa ou organizalegítimas liberdades individuais e fa- ção, saber o quo alguém conve~a miliares vigente no Anden Régime, com seus amigos e familiares, ao tee a disposição de inlroinetcr-se o lefone ou em seu g~binete de trabalho Estado na vida íntima de seus cida- ou em seu próprio quarto de dormir. dãos, surgida com a instauração do Gaxotte referia-se ao Estado libeliberalismo. ral. Depois do liberalismo, nós C<'· Lembra que, enquanto o homem nhecemos seu filho legflimo, o Esta· anterior ao século XIX vivia livre em do totalitário. Qualquer que seja a sua intimidade e no seu meio fami- sua cor, fascista ou comunista, o liar, constituindo-se em objeto de in- objetivo do totalitarismo é pôr em vestigações somente no caso de ser prática o socialismo que, sendo conum criminoso ou um perigo para as trário à natureza humana, somente instituições, ou, pelo menos, de tor.. encontra seu habitat sob a opressão nar-se fortemente suspeito de crime, policial, com sacrifício do indivíduo heresia ou conspiração, o cidadão do e da ramília às necessidades do parEstado liberal é sempre tratado como tido. um suspeito, mesmo a.n tes da prática Mesmo onde não se i11s1aurar6m de qualquer ação perigosa. regimes totalitários, as conseC(üências Ele é medido, pesado e catalogado da Revolução Francesa levaram à pelos agentes do poder público. Sua implantação de sociedades de tendênfic.h a figura nas mais diversas repar- cia totalitária mais ou m euos acentições. Se\ls dados pessoais e os de tuada, se não impostas por algum sua família são arquivados, compara.. partido messiânico, determinadas pela dos, examinados. O Estado quer sa- idolatria da técnica. ber quais as suas idéias, quanto gaQuando a técnica substitui a moral nha, se tem automóvel, se possui e quando a sociedade se emancipa imóveis, onde aplica seu dinheiro, da tutela maternal da Igreja, defiquais os seus hábitos. nham as legítimas liberdades indiviMas Pierre Gaxotte escreveu há duais e familiares. A sociedade 101aalgumas décadas e não chegou a co- li1ária, quer imposta pelo Eslado, ou pela técnica, é a madrasta do homem emancipado do século XX.

M

munistas ,como ditatoriais e corrup· tos. Por q,ue silen~iam, em· geral, sobre os crimes dos. governos da Rússia, da China, de Cuba? Por que se clama por eleições livres em qualquer canto do Ocidente e não se reclamam eleições na Rússia, na China ou em Cuba?

Entre microfones e m'icrogrovodores Mas a técnica apartada da moral cria uma vida insuportável para o

De passagem pelo Brasil - de regresso da '.Argentina - esteve em v,sifa à T,FP em São Paulo e no Rio de Janeiro, nos dil\,S' 19 e 2 1 de agosto últim_o, !! Exmo. R:evmo. Mons. ll{arcel Ufcbvre, Bispo ,,resignatârio de Tlllle (França), antigo Arcebisp,o Dacar, e,-,-Superior 6eral da Congregação do Espírito S.ànto e E>iretof de ;Seminários, ,Em São 'Paulo, o ilustre Prelado - que foj um dos lideres da correo1e conservado(a oo (;oocílio - celebron Missa na sede llo Conselho l\lacional da ~ e (ez uma conferência no auditó(~O provJs6rio da entidade, sobre sua Qbr& de formação de Sacerdot~. Mon~. Lefebvre proferiu igualmente uma pale,; tra na sede da Sec~o da Guanabara ila TP.P., on.de tambéin celebrou o Sa11to Sacrificio. S . Excia. Revma. aproveitou a estadia em lluc11os Aires para visitar a sede da TFPa argentina, tendo na ocasião dirigido a palavra aos sócios, militantes e ,convidados. -fNa (010, Mons. Marcel . .Lefebvle e l!>. l\liton(o de east(o Mayer qllin,do · abençoavam os presel\tes ao térinino da, coo(erência do &mo. AfCC· Bispo-Bispo, e,m São Paulo.

ae

homem até nos seus refúgios mais íntimos. Com o aperfeiçoamento dos • aparelhos de transmissão e de gravação, ninguém hoje pode ler certeza de não estar sendo ouvido à distância e de sua cõnversa não estar sendo gravada. A interceptação de comunicações telefônicas sempre foi relativamente fá~il. A colocação de uma bobina de indução próxima a um fio de teleO PROF. PLINIO Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional · fone, antes que ele se misture com da TFP, telegrafou ao Ministro da Saúde, Sr. Paulo de Almeida Machado, os demais, permite a audição ou a sugerindo uma consu11a pública ao Episcopado Nacional, antes da eventual gravação das conversas sem necessi- liberalização da venda de anticoncepcionais, para tvitar um conflito entre dade de ligação direta ao aparelho ou a lei e a consciência popular, "pro/1mdm11en te católica" no Brasil. Eis a íntegra do telegrama: seus fios. As bobinas podem também ser utilizadas como intercepladores "1'endo V. Excia. ,nanifestado, segundo notícia de um vespertino carioportáteis, colocadas em um bolso, por ca, opiniiio favorável à liberalização da venda de anticoncepcionais, sugerimos a Y. Excia., antes de tomar qualquer medida, investigar â eventual exemplo. reação de nossa população profundamente católica. Com este recurso, é possível ouvir Para tal e/eíto aventamos, por exemplo, consulta pública oficial de V . e gravar conversas telefônicas em loExcia. à CNBB. Assim procedendo, V. Excia. evitará para nosso Pais o cais contiguos ao do aparelho inves/ato sumamentt doloroso e prejudicial a qualquer nação, isto l, o conflito tigado. Uma sala de espera, um corPoluição mentol entre a lei e a consciência popular. Atenciosos c1unprimentoS-._ redor ou um quano de hotel podem A idolatria da técnica criou para o servir de base para a escuta. Também as conversas não tra.nsmihomem uma vida insuportável. "Catolicismo", nas décadas de 50 e 60, tid?S por telefone estão sujeitas a sechamou várias vezes a atenção de rem controladas. Microfones do taverdades esquecidas seus leitores para o que hoje se con- manho de uma cabeça de fósforo vencionou chamar de poluição am- podem alcançar vozes l)Um raio de biental. Agora está na moda falar 400 metros. Microfones direcionais contra a fumaça, o ruído dos moto- podem captar conversas através de res~ a devastação das matas, o trân· uma janela aberta. Um prego posto numa parede ou em baixo de um mósilo enlouquecido. . O comunismo internacional, que vel pode ser o disfarce de um mi• • crofone. no tempo de Lenine e de Stalin queCom teleobjetivas de 20 centímeria a construção do homem máquina, tros de tamanho é fácil fotografar autômato servidor da ditadura do uma página datilografada, a 100 meproletariado, prega hoje contra a po· tros de distância. Da Encíclica "Divini lllius Magistri", de 31 de dezembro de 1929: luição do meio ambiente pela indósEstes são apenas alguns exemplos. tria, quando isto lhe serve para jus- Há uma tecnologia avançadíssima E MODO semellumte, trrôneo e pernicioso à educação cristã tificar a decadência econômica dos nesse particular, especialmente nos é o chamado método da "co-educação", baseado também para países socialistas ou para enfraquecer Estados Unidos. A tal ponto, que a muitos no naturalismo negador do pecado original, e ainda, o potencial econômico e militar do Câmara de Comércio soviética naquepara todos os defensores deste método, sobre uma deplorável confusão Ocidente. le país convidou diversas empresas de idéias que confunde a legítima convivência humana com a proE. líquido que a poluição ambien- nortc•amcricanas a lhe exibirem os miscuidade e igualdade niveladora. O Criador ordenou e dispôs a contal é um mal, mas é preciso olho vivo produtos mais modernos da tecnolovivência perfeita dos dois sexos somente na unidade do matrintônio sobre aqueles que a combalem. E gia anticrime, como detectores de e gradualnienre dist,'nta na iamília e n'3 sociedade. Além disso, não hd sobcetudo é necessário combater uma mentira, máquinas de identificação na pr6pria natureza, que os faz:. diversos no organismo, nas inclinaoutra poluição muito mais perniciosa, pela voz, etc. A revista ''Time" coções e nas aptidões, nenhum argumento de onde se deduza que possa sobre a qual a inteligentúa esquerdis- menta que o mais provável freguês ou deva haver promiscuidade,· e muito menos igualdade na formação ta não se manifesta. desses produtos será a KGB. dos dois sexos. Estes, segu11do os admiráveis dedgnios do Criador, a poluição moral e mental a que Na Grã-Bretanha surgiu um movisão destinados a cotnpletar-se mutuamente na família e na sociedade, é sujeito o indivíduo por parte da mento em defesa da inviolabilidade precisamente pela sua d,'versidade, a qual, portanto, deve ser mantida propaganda onipresente, da arte mo- da vida individual. Segundo relata e favorecida na formação ed'!cativa) com a necessária distinção e corderna que deforma os espíritos, dos Richard Edr no "New York Times", respondente separação, proporcionada às diversas ,'dades e circunstânchamados meios de comu~cação de o próprio dogma liberal da irrestrita cias. .A.p/ique,n-se ~stes princípios no Umpo e lugar oport1mos, segiinmassa, quando querem pensar pela liberdade de imprensa está sendo posdo as normas da prudência cristã, em todas as escolas, nomeadamenle pessoa, criar-lhe hábitos, desagregar- to em xeque entre os britânicos. Ele; no período mais delicado e decisivo da formação, qual é o da adolesquerem ver-se livres das perguntas lhe a família pela agressão sexual. cência,· e nos exercícios gin6sticos e desportivos, com particular refe· Quem consegue hoje tranqüilidade indiscretas dos repórteres. Assim, pois, a liberdade sem limie discernimento para pensar sobre os rência à modefstia cristã na juventude feminina, à qual fica muito mal tes, qoo serviu de preteiúo para a acontecimentos que se atropelam? toda a exibição e publicidade. Em matéria de política internacional, derrubada do Ancie11 Régime e 'para Recordando as tremendas palavras do Divino Mestre: "Ai do por exemplo, não se sente o homem a emancipação da tutela da Igreja, inundo por causa dos escândalos!" (Mar. 18, 7), exortamos vivamente do século XX apatetado ante uma está hoje inteiramente frustrada. a vossa solicitude e vigilância, Veneráveis Irmãos, sobre estes perniciocarga diária de notícias desconcertan- Nunca o gênero humano conheceu .sfssimos erros, que largamente se vão d,'fundindo entre o povo cristão tes e sem lógica? tirania tão opressora e minuCiosa com imenso dano da juventude. - [Encíclica "Divini lllius Mn.gistri" Apenas para examinar um entre como a que lhe proporcionou, em - Editora Vozes Ltda., Petrópolis, 1946, pp. 28-29]. mil embustes, que lhe são impingidos nome da conquista da liberdade, a diariamente: os tais meios de comu· Revolução Francesa. PIO PP. XI nicação de massa apresentam todos os governos militantcmante ant~coH. 8.

Anticoncepcionais : TFP sugere consultar o Episcopado

A coeducação é errônea e pern1c1osa

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Este rel6gio de pulso aparentemente comum contém um minúsculo rádio transmissor e uma antena telescópfca.


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General Souza Mello • inaugura auditório da TFP A TFP IN,1.UGUROU no ,lia 12 de oiitubro seu no-

por ac1uele Governo. Eni seguida, a TFP ofereceii

vo auditório eni São Paulo e ho,nenageo,i o General

urn cock-uiil ao Ge,wral Huniberto d e Souza Mello,

Hu,nberto de Souza Jlello, ex-Ministro Chefe do Es-

e,n s1ui sede central. Na próxinia edição, publicare-

uido-Maior das Forças Armadas. O Ex,no. Bispo de

1nos a,nvui reportageni sobre o aco1Ueci1nento. No

C,unpos, D. Anto,iio de Castro Mayer, procedeu à

cliché, a rnesa que presidi1t a sessão; da esquerda

bênção do local, após haver ali celebrado o Santo

J)(trcc a direita: Dese,nbargador Gentil do Car,no Pin-

"º ato inaug1tral

to, Presidente do Tribztnal de Justiça do Estado; Sr.

altas a1ttoridades civis e 1niliUires, b ern conio sócios

To,nasz Rzyski, Ministro do Governo Polonês no Exí-

e 1nilitantes da TFP, vi,tdos de todo o Brasil, e 1i1n

lio ; General Hu,nberto de Souza Mello; Prof. Plínio

grande 1uí.1nero de conv idados. Na ocasião, o Minis-

Corrêa de Oliveira; D. Antonio de Castro Mciyer; Bis-

tro do Governo Polonês no Exílio, Sr. To,nasz R zys-

po de Ca11i1>os; Prof. Miguel Colc,suonno, Prefeito

ki, entrego,i ao General Souza Mello a Grã-Cruz da

de São Pcmto, e Sr. Paulo Mc1cedo de So,iza, repre-

Ordeni da Polónia R estituta, que lhe foi outorgada

sentc1nte do Gover1u1dor Laudo Nc1tel.

.

Sacrifício da Missa. ConiJJ<trecerani

N.º

287

NOVEMBRO

.

DE

19 7 4

ANO

XXIV CrS 3,00


Lições da Revolução Francesa

NADA COMO SER COMEDIDO, SENSATO E PRUDENTE ... REVOLUÇÃO Francesa foi íci1a pelo povo". . . "Foi o povo enfurecido que dcs1ruiu a Baslilha, odioso símbolo da tirania".. . '"Foram as mulheres de Paris, desesperadas pela falta de pão, que lideraram as jornadas de outubro". . . "Foi atendendo ao clamor inconteoível do povo francês, cânsado de tanta injustiça, escravidão e miséria, q ue os deputados decretaram a morte do Rei, e anun· ci~1ram o nascimento de uma nova era de jus.. liça, liberdade e abundância". . . · Esses são alguns dos mais surrados e conhecidos chavões sobre a Revolução Francesa, ainda espor adicamente encontradiços nos lábios e na pena de pessoas que se supõem conhecedoras do assunio. Chavões que oão lêm base em nenhum hisioriador sério, que vão conlra a verdade histórica, e que conlradizem até mesmo o que os revolucionários pensavam do povo: La Fayelte não dissimulava seu desprezo pela "i11so/ê11cid' do povo de Paris, Mably se referia ao povo como "esse "mo11toado de /Jomen.r rotos. est,lpidos. ridículos e furiosos" (J , Caslelnau, .:Le Club des Jacobins", Hachelte, p. 24). Voltaire afirmava que "o povo não é digno de ser instruído" {Oroethuysen, "La Philosophie de la Révolutio,1 Française", p. 167), e Mirabcau, o famoso Mirabcau, assim se expressa numa carta a Chamford: "De,•emos temer a oposição de, maioria tia nação, que não conhece nossos projetos e não está ,lisposta a nos prestar o seu concurso. t:°llrtmos com que ela o queira. e obriga-ta. -emo.r a tlizer o que ja11rais pensou. A nação é um grande rebanho que não sonha senão t m pastar, e que com bons cães os pastoreJ· le,•am até onde lhes aprál-:" ( Cunha Alvarenga, ''Catolicismo", n. 0 59). 1Para um homem cuja frase mais famosa é a que ele falava ''pela vontade do />Ovo, e só .se caloria pela força dn,f baione1as'', não está nada mal cm matéria de coerência. Mas a Revolução é pródiga em mentiras, e n6s já sabemos qual será a resposta a esses argumentos; não ser..í naturalmente uma refutação (rcfular, seus asseclas não refutam n\mca), mas uma escapada: ''Talvez seja verdade que a Revolução F rancesa não foi fcila inleiramcnle pelo povo. Mas é absolutamenle incontestável que este a aprovou a posterjori, e que foi o povo quem mais usufruiu de seus benefícios: ele não mais se viu esmagado por exigências absurdas ou por privilégios odiosos; não teve mais um déspola quase onipo1en1e a sufocar suas mais lcgílimas aspirações. Agona todos eram iguais". Eis aí uma mentira um pouco mais refinada, mas nem por isso menos mcntiros,1. A esse re.~pcito. qucrc1nos conlar uma hislória, um fato real dessa época Ião con1cn1ada mas ião pouco conhecida. O historiador cm que nos baseamos é G. Lenotrc, na obra, ··sous le bonnet rougc··, Editions Bernard Grassei, pp. 107 e seguintes.

A

Corhoix, "copito! do Alto Cornuolho" Carhaix era um. burgo situado no cc::ntro da península da Bretanha. Nos fins do século XVIII, essa cidadezinha se orgulhava de seus 3 mil habitanles, e de seu 1ítulo de "capital da A lia Cormtalha''. Uma bela Caledral, uma grande praça do mercado, algumas ruas calçadas de pedras, Carhaix estava h:I séculos encarapitada sobre os penhascos da Bretanha, sem se incomodar muito com o progresso. Em suma, Carhaix era u1na cidadezinha tranqiii· la. . . Até que começou a revolução que deveria trazer a paz e a tranqüilidade. As primeiras eleições de 1789 já 1rouxeram o descontentamento : as "pessoas de bem" do lugar ficaram sabendo que de acordo com as decisões !ornadas lã longe, cm Paris, pela nova As'SCmbléia Consliluinle, a França havia sido geometricamente divjdida cm ºregiões territoriais''. Pela nova divisão, Carhaix não era mais a "capital da Alta Cor11uallw". E novas leis de 1cor ainda pior se anunciavam. D\.:siludidas, as " pessoas de bem·· come:1cram um erro trágico. Embora percebessem os 2

perigos que se aproximavam, decidiram não fazer nada. Lutar era incômodo, e elas não queriam incomodar-se. De pacluar com o mal, elas não tinham coragem. Então, como as avestruzes, resolveram enfiar a cabeça na areia, e esperar que o perigo passasse: tomaram a ''sábia" decisão de se absler. A desgraça é que outras pessoas, das quais não se pode dizer que fossem udc bem.. , a pro· vcilaram essa abstenç.10 para usurpar o poder e preencher o vácuo criado. Surgiu então uma horda de marginais arrogan1es, q ue dian1e ela alonia e do silêncio dos que deveriam exercer a liderança, passou a dirigir os acontecimentos. E o que ocorreu nessa cidadezinha da Bre1anha não foi um foto isolado: cm 1793, quase todas as aldeias da França sofreram, co mo Crirhaix. uma Revolução F rancesa cm miniatura. Assim, o estudo desses falos l~ais é de um enorme interesse para q uem quiser csiudar o método dessa Revolução q ue alé hoje influencia o mundo. Em Carhaix, o primeiro a se aprovci1ar do "silêncio prudente" foi um certo Blanchard. Antes ele era recebedor do distrito., funcionário pouco estimado e várias vezes preso e processado por fraude. Agora. repentinamcn· te, alguém o tinha nomeado oficial superior da g uarda nacional, e nesse novo cargo ele a-ndava para cima e para baixo~ penacho no chapéu, duas pistolas à cinta e arrastando alrás de si um grande sabre de cavalaria. Carhaix estava surpreendida com a súbita ascensão daquele homem sabidamenle desonesto e incapaz. Era. rcalmcntc.t algo singular. O principal comparsa de Blanchard era um forasteiro chamado Valclle, que toda cidade sabia ser um pequeno caixciro~viajante mo. deslamentc instalado no albergue do casal Mauvicl. Com a Revolução os caixciros-viajan1es ficaram desempregados, e Valeuc misteriosamente se tornou capitão da mcs1na guarda a que pertencia Blanchard, guarda essa cm fra nca hostilidade com o prefcilo e a adminislração do distrilo. As "pessoas de bem" estavam um pouco espanladas. mas pcrsis1iram em sua "sábia decisão''. Achavam q ue tudo aquilo era uma farsa que não poderia durar mui10. Logo tudo terminará, pensavnm, e n6s poderemos vollar à boa vidinha de antes. A1 é que as "pessoas de bc1n" se enganar am.

O "Comité dos Seis" eleito pelo povo Blanchard e Valeue pcrlenciam a uma sociedade secreta, e eram: dirigidos por um "irmão" apelidado ºo Piolhento", chefe da Revolução cm Landernau. Por ordcrn dele, os dois vão a Paris apresentar-se aos Jacobinos e à Convenção Nacional. Certamente levaram a reco1nendação de alguém importante, pois fora m recebidos. ouvidos e ac l:imados como arden1es palriotas. Retornaram triunfantes a Carhaix, com ates• tados de civismo devidamenle carimbados, e de posse de plenos poderes. E assim, ·•em nome do povo'", os dois aventureiros se ror· narnm senhores absolulos de lodo o burgo. Agindo de acordo com inslruçõcs recebidas. eles se declararam "comissão de vigilância"'. e convocaram uma reunião pública na prcíeilura. Blanchard sobe à lribuna, com seu grande sabre de cavalaria, e suas duas pistolas à ci111a. Toma a palavra e propõe que os cidadãos ali reunidos elejam imediatamente um com ité de seis membros, encarregado de

adminislrar a cidade. Os habifan1es ouvem pasmados. . . mas sem protes1ar. Alguns. mais medrosos, fazem q ue sim com a cabeça. Blanchard, após sacudir sua cimitarra, anun· eia q ue ele mesmo irá propor os nomes:-Chama sucessivamente : seu irmão, "reconhecido patriota"; o bravo cidadão Valeuc; lrês ou1ros membros de seu bando. . . e os eleilos já são cinco. Então ele acrescenta modestamco·

1c: "E eu". E batendo o punho do sabre na tribuna, declara encerrada a sessão. Foi assim que o "povo de Carhaix" elegeu o Comilê dos Seis, que deveria agora, sem rcslrição alguma, dispor da sorle e da vida dos cidadãos. A assembléia se dispersou cm silêncio. As ·'pessoas de bem" já não riam mais.

A "lei dos suspeitos'' e suo aplicoção em Corhoix A aplicação da " lei dos suspc,1os" ·c m Carhaix teve conseqUências muito mais desastrosas do que cm Paris. Numa cidade g rande, onde todos são mais ou menos anônimos, ainda era possível a algum "suspeilo" escapar à vigilância, à denúncia e à prisão. Mas. como calcular o efci10 de uma tal lei numa cidadezinha de 3 mil habilantcs? Ai ninguém ignora a opinião de ninguém: uma palavra, um olhar. um cn· colher de ombros até, motivam comentários. Se a pessoa se fecha cm casa, é suspeita: ' ·Que faz ela em casa?" Se sai, é suspeita 1ambém: "Aonde ela vai?" Também não é possível fugir, pois sua ausência logo seria nolacla. preciso ficar, fingir-se satisfeilo, e cumprimentar respeitosamente os novos se· nhores. Mas os novos senhores não se iludem. Eles conheccrn os sentimentos íncimos de cada um, e sabem que rodos fingem respeilo apenas por medo. Assim, para eslarem certos do respeito, eles precisam aumenlnr o medo. Repetimos: isso não se dava somente em Carhaix, mas acontecia por toda a França. Calcula-se que havia 20 m il desses comités de província, que em nome da liberdade, igualdade e fra1crnidadc, implanlaram na França a mais absurda tirania que seu povo jamais suporiou. Em Carhaix, como cm toda parte, as prisões logo ficam repletas de ''suspeitos", amon· toados em celas infectas, sem que ninguém esleja encarregado de alimentá-los. Mui1os são encarcerados sem saber o motivo. Um deles, depois de um ano de calabouço, não pôde ser liberlado, porque oficialmenle não estava preso: ninguém havia registrado o seu nome ou o motivo da prisão. Alravés da cobrança de ··impostos" e •·1axas", e de puro e simples roubo, Blanchard - para falar só dele - auferiu uma renda de 20 mil libras. Essa quantia era o equiva. lcnle à pensão de um bispo juramen1ado (Pierre Gaxouc, "A Revolução Francesa", lradução por111guesa da Livraria T. Martins p. 138) . De onde se conclui q ue para a Revolução 1inha01 o mesmo valor um bispo juramentado e um saqueador. Em algo ela estava

e

cerca ... Valcllc. ao que parece, não pensava nos ''lucros". Sua idéia era "passear por toda a cidade ns cabeços dos presos~ espellldas nil ponta d e lanças'·'.

Umo dissidêncio: o "Comité dos .Ooxe" Graças ao ardor de seus jacobinos, Carhaix teve anles de oulras cidades o privilégio de possuir sua própria guilholina. Depois disso, todas as reuniões do Com itê se passavam cm elaborar listas de suspdlos. Por 1odos os lados corria uma o nda de calúnias e dcnllneias. As únicas pessoas da cidade que não temiam ser presas de urna hora para outra eram os membros do lodo poderoso Comité. Mas alé a 1ranqiiilidade deles logo terminaria. Havia outras pessoas interessadas n.,s 20 mil libras do cidadão Blanchard, e bem depressa. em face dos Seis. surgiu outro comi1é r ival, e também legalmente conslilUído, o Comilé dos Doze, formado por dissidenlcs. Os Seis imediatamente denunciaran\ os Doze como ·1conspiradores'1 e ·',.estos do feudalis,no impuro", dignos de todo o rigor da lei. Os Doze respondem afi rmando que os Seis são "traidores hip6crüas", "0</iosos cúmplices da 1ir,mia e do <lespotismo".

O debate se iornou aceso e sua solução foi submelid;,, ao convenciom,l BriardJ que se encon1rava cm missão na cidade de Brest. Durante essa luta encarniçada, o pobre povo de Curhaix, que absoluiamcnte não co mpreendia que ludo aquilo era feito em seu nome e em prol de sua liberdade, pôde ao menos respirar um pouco. enquanto seus carrascos se entredevornvam.

Um problemo espinhoso C:1bia, pois, ao convencional Briard resol· ·v er ;1 querela. Mas ele também linha medo, porquanto se sentia vigiado por superiores ocullos. A q ucs1ão era espinhosa. Se ele favorecesse os Seis, poderia ser denunciado pelos Doze, e vice-versa. Se se abstivesse, os cspiôcs poderiam denunciá-lo à Convenção como ' 1tíbio", o que teria conseqüências igualmente funestas. Assim. Briard preferiu usar a política mais segura: o terror. Destituiu lodos os membros dos dois comités, e lançou sobre a infeliz cidade lrês de seus inumeráveis comissários, encarregados de "restabelecer a ordem". "Eram 1m1 biibado chamado Dagorne. um velho /tmcionário que atendia pelo nome de le Nôtre, e 11111 s11boficial, Roxlo. Qll(mdo eles chegaram. Carhaix quase sentiu s<uuladt:J' doJ· Seis e tios Doze: eram profana .. çÕeJ' ,te objetos religiosos, Jarlitululas sacrílegas pelas ruas, pilhagens de igrejas, ameaças, ba .. u,llws, ,w,ques, roubos ,l ,mio ,1rm"t1da. . . Os comis.wírios .\·e comportt1vtm1 como bárbaros 11ttmt1 dtltule conquis/atla, Roxlo cobrava 300 libra..- de c,ula 1,risio11eiro pelo trabalho tle o ter encarcerado: le Nôtre esvasiava-lhe os bolsos a golpes tle sabre. e se servia dos vasos sagrados tia Catctlra/ como s ua baixela parricu/ar". Dagorne não os imitava, por estar sempre bêbado. As raras horas de lucidez, ele as passava redigindo denúncias ao lribunal revolucionário. . . Os ··homens de bem" de Carhaix acreditavam 1cr chegado o fim. do

mundo. Subitàmenic, 1udo lerminou. De um dia para outro, todos os comissários, guardas. vigilantes, enfim, todos os ··roprcsentantes do povo.. desapareceram, e a cidadezinha devaslada percebeu que começava uma 1régua. Era o 9 Termidor. Em Paris. o 1irano-maior, Robespierre, havia sido preso e guilholinado, logo depois que falhou sua lenlativa de se fa. zer ador:-ir como deus. Em conseqUência, por Iodas as Carhaix da França, os "dcusinhos" menores rnmbém se eclipsaram.

Preporondo-se poro novos "prudências" No meio da fuligem e do sangue, entre as cinzas do burgo semidestruído, as poucas "pessoas de bem.'' q ue ainda viviam foram lcn• tamen1e tirando a cabeça da areia. Piscando os olhos e se apalpando, não perceberam nenhum ferimento, e sorriram : nada como ser comedido, sensato e prudente! Os exageros da Revolução linham ido embora! ~ verdade que as leis revolucioniirias continuavam, e que seria preciso fazer concessões enormes n das . .. Mas, não era melhor fazer logo essas concessões, e comprar. assim, urna vida sem honra, é verdade, mas pelo menos um potico tranqtiila? Se não, oh horror! os Seis e os Do7.c poderiam voltar! A prudência (sempre a "prudência'!) aconselhava a ceder um pouc.o - apenas ufn pouco - para não perder rudo. , . Essa foi sempre a a1i1ude de cerlos ..homens de bc,n". Oulro não é, dianie do perigo comunista, o compor1amcnto de muitos habitan1es d~ia imensa Carhaix hodiern:1 , q ue é o mundo ocidental. No fundo de seus on1ros, um grupo de conspiradores, olhando para as .. pessoas de bem" ele Carhaix, esfregava as mãos, salisfei10: o jogo havia sido bem conduzido, e mais um passo estava dado.

Evondro Faustino


Plinio Corrêa d e Ol ive i ra Pensavam os "generosos" que, a piorar o curso das coisas, a personalidade cio General Spínola e o peso incontrastável da grande maioria conscr• vadora haveriam de frear os acontecimentos.

Mais uma dos iludidos generosos

As coisas pioraram, e Spínola 1en1ou coligar a grande maioria silenciosa. Foi cm vão. O gene-

ral teve que reconhecer que, com ou sem perso. nalidadc, o vazio se fizera cm torno dele nas Forças Armadas. E !\ maioria silenciosa, intimidada por agiladorcs de rua e por uma facção de militares-, teve que voltar a seu silêncio.

ARECE-ME CHEGADO o momcn10 de comentar o caso de Portugal. Pois 1odM as ilusões a que o golpe de 25 de abril deu curso, se esvaziaram. deiX3ndo ver a nua realidade. Por1ugal eslava cm ordem, pelo menos relalivamcntc. Contra essa ordem levantou-se um mo .. vin,ento que prometia melhorar as coisas. afiançando que continuaria tt manter a ordem e, de

acréscimo, daria lambém a liberdade. Um scmeslrc decorrido, o epílogo aí eslá: os revolucionários começaram por reduzir a frangalhos a ordem, e agora eliminam o que havia ele liberdade. Saldo lodo negativo, portanlo. Afastados do poder os "moderados", à lesla. do país s6 permanecem as esquerdas coligadas. Ou seja. os comunistas argulos e disciplinados, disfarçados dc1rás de uns socialis1as complaccn1cs, moles e dcsor.ganiz\dos. Em meio a tudo isso. o império colonial por..

luguês se esboroou, a segurança das populações brancas e dM maiorias negras ela África lusa cstií gravcmcnlc ameaçada por punhados de agilado. rcs, bafejados por Moscou.

cm conseqüência, ele se deixasse anular inteira-

mente, enquanto paladino da reação católica con-

•••

tra o comunismo.

:e

Fala-se, é verdade, ele eleições. óbvio que, se elas se rcaliz:,rcm corretamente, a derrota das esquerdas ser-á espetacular. Pergunto-me. porém, se haverá eleições e, cm caso afirmativo. se serão corretas. - Com a imprensa garroteada, os oposicionis-

las alerraclos pelo despotismo policialesco, os chefes polílicos encarcerados ou refugiados no Extcdor_. como poderá haver eleições corretas? Portugal entrou, talvez, num ocaso mclanc61ico como o da Tchecoslováquia) Hungria e Polônia.

- Os grandes culpados? - Os homens das "gc. ncrosas ilusões", do estilo ele Kercnsky e Frei. que abrem as portas a.o comunismo. - Mas os homens d:1s "generosas ilusões" não

são amigos dos an1itomunis1as? -

Se o fossem,

ma-se uma verdadeira calamidade in1ernacionaJ.

•••

cumulado de honras - de um tépido e ameno rim de vida, cm Roma ou alhures. Depois de várias recusas tão cocrenlcs quan10 cristalinas, Mons. Mindszcnty chegou, por f im, e muito a contragosto, a uma combinação que lhe

pareceu ser o máximo do que poderia acci1ar sem fcrfr sua consciência. Deixou então a. embaixada nor1c-amcrieana a 29 de setembro de 1971. Ao sair do edifício, abençoou, num grande gcst'o pa-

1crnal e 1rágico, sua Diocese e sua Pátria. E acompanhado do Núncio Apostólico de Viena, transpôs a fronleira com a Áustria. De passagem por Viena, recebeu as homenagens de Moos. Casaroli. Este o acolheu com o mesmo sorriso que mais tarde traria nos lábios ao tratar com Fidel Castro. A alegria do Kissinger vaticano se explica: estava

De,u·. ,tos meus amlgos, que ,los meus tl1lmigoJ livro-me cu'\

lestav:i os chefes ateus e igualitários da Hungria

'

atual.

iminência de se implanlar no Tejo, c ós EUA scn1em um calafrio alllc a possibilidade de os acroporlos de Portugal conlincntal e insular paS· Em sumo, à co1ás1rofc inlcrna de Porlugal so-

Em compensação, gozaria ele -

cumprido o primeiro pon10 do programa do governo de Budapcs,. O Cardeal-Primaz já não mo-

cu faria meu o gemido de Voltaire: ''Livrai.. me,

A Europa cstrcmctc de ver o comunismo na

s:ucm para o serviço da 3viação militar russa.

de se refugiara. Ao mesmo 1cmpo, Paulo Vl delegava jun1·0 a ele um Prelado para inciu\.Io a sair da Hungria. Não disponho de espaço para resumir aqui as múlliplas e sinuosas propostas que o Valicano fez a Moos. Mindsienty. Todas elas deixavam transparecer o desejo da Santa Sé de atender a três desiderato essenciais de Budapest: 1) que o Cardeal deixasse a Hungria; 2) que, fora da Hungria, ele se abs1ivesse de qualquer ação própria a desagradar o ,governo húngaro: 3) que,

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Ternuras que arrancariam lágrimas

A boa acolhida de Mons. Casaroli não foi senão um prenúncio de melhor acolhida ainda da parle de Paulo VJ. Os jornais do 1cmpo publica. r;1m largamen1e iodas as honrarias e alcnçõcs do Sumo l'on1íficc para com o crucificado Cardeal. Mas, ainda mesmo antes diSto, começaram as

"Esses comunist~\S . .. " rabujará algum simpáti .. co leilor an1i-soviê1ico. Na realidade, os grandes culpados por Ioda ess<1 derrocada não foram entretanto os comunistas, mas os ditos moderados.

Sim, sempre eles a abrirem, por Ioda parle, as port:1.s ao comunismo. Na Itália como no Chile. Em Portugal comç no Brasil. Na gênese dos inforlúnios de Por_lugal, 1alvez seja o caso de colocar antes de ludo certos 1>0Ií1i·cos e intclecluais "generosos" da era Marccllo Caelano, os quais - iludidos pela falaciosa dislinção cnlre o PC dito pacífico e i_ntclcclual, e a rermcntação revolucionária promovida pelos mais jovens do Partido - continuaram a apoiar a repressão policial contra estes, mas promoveram

1

a cnlrcga de certas ·1>osições aos primeiros. O resullado a( está. Na hora do alaque, uns comunistas e outros se uniram contra o regime. A . ilusão dos "generosos" desfechou na mais amar:3 ga das decepções. . . . ~ Subindo ao poder, o governo ecléuco pres,d,do ~ pelo General Splnola acenluou, aliás cm ou1ro ~ estilo, a política das ''generosas ilusões". ~ ~

d_

Muitos

conservadores, julgando possivel uma contemporização com as. esquerdas, se acercaram do g~· ver~lo, ajudando-o a implantar-se e a dar os pri-

; me,ros passos. :

O processo de descolonização, que veio brutal,

o caudaloso e dcslruidor, quando os moderados o ; esperavam rcflc1ido, lcllto e habilidoso, não bas. z tou para que essas ''generosas ilusões" se dcsfizesscm.

t

"OS DOIS GRANDES ro,·me11tos do l'relado: cruci/lctulc pelo Cremlin e tr,1ído pelo Vmicano11 •

Com essas palavras. '"fhc Sundoy Tclegraph", de Londres, iniciou no dia 15 de setembro p.p. a

1ranscrição das 1ão esperadas · memórias do Cardeal Mindszcnty. Quanto à gloriosa crucifixão do Prelado húngaro, já é muilo conhecida. - Terá havido realmente uma "traição'' do Vaticano cm relação a Moos. Mindszcnty? No 1ex10 dos memórias, noto que o Purpurado não usou essa dura

e atrevida palavra. A manche1c de "The Sunday Telegraph" a1 ribui portanto ao Cardeal mais do que ele quis dizer. Mas nem por is10 deixam de arrepiar os fatos por ele narrados. A jogada do Va1icano - conlo o grande Cardeal - começou cm 197 1. Tinha início, então, o 1errívcl drama da "détente'' com o comunismo,

acionado a qualro mãos - do lado do Ocidcn1e - por Nixon e Paulo VI. Um dos efei1os quase imedia1os desse processo de autodemolição da Cristandade - pois objetivamente outra coisa não é a ·'détcnlc" - foi que o Vigário de Jesus Cris10 e o en1ão Prcsidcn1e dos EUA começaram a pressionar o Cardeal húngaro, por manifesta impo. sição do governo de Budapcsl. Eslc último nada

surpresas. Chegando a Roma, Moos. Mindszcn1y lomou conhecimcnlo de que o órgão oficioso do Vaticano. já no dia 28 de setembro, se referia à saída dele como a remoção de um estorvo para as boas relações entre a Igreja e o governo húngaro. ''Para mim - comenta o Cardeal - foi a primeira cxperiê11cit1 tunarga, pois cOmJJrce11di que o V,11ica110 não estava 1l<mdo 11e11lwma 'lllcnçilo aos termos esped/kos que cu Ju,vlt, formulado

cnr Budapesr". - Não causa arrepio? Fatos posteriores vieram confirmar a estranheza de Mons. Mindszenty. Havia ficado combinado que, depois de uma csiadia em Roma, o Cardeal residiria no Seminário húngaro de Viena. O çorolário dessa obrigação assumida pela Santa Sé era que esta úllima oblivcssc o "agrccment" prévio do governo aus. tríaco. Con,cnla o Cardeal que, segundo parece, o Vaticano não tomou essa Providência. Pois quando, após três semanas de estadia em Roma, ele quis ,partir para Viena, o embaixador austrfa.

co junto à Sanla Sé se pôs a levantar dificuldades. O indômito Cardeal :1J)lainou as barreiras e a

desejav:t mais ardentemente do que ver Mons.

pari ida foi decidida. O aio cm que Mons. Minds2en1y se despediu de Paulo VI ficará para sempre na história da Igreja, quer pelo que então sucedeu, quer pelo que veio depois. O Papa da "dé1ente.. 1evc para

Mindszcnty fora do território húngaro. E assim.

com o herói do anticomunismo ternuras que ar·

o Purpurado começou a sentir que já não era pcrsona grata na embaixada norte ..amcricana., on~

rancariam lágrimas. - E depois ... Depois veio o pior. CON CL!.JI NA

l'ÁCINA

6

3


CARTA DA TFP URUGUAIA AO PRESIDENTE BORDABERRY CONFORME NOTICIAMOS na ocasião, no dia 7 de maio p.p. o Presidente do Uruguai, Sr. Juan Maria Bordaberry, promulgou uma resolução proibindo a atuação púbUca da So· ciedade Uruguaia de Defesa da Tradição, Fa· mília e P ropriedade. Em nosso número de Junho estampa.m os um comunicado da TFP brasileira esclarecendo o que ocorrera tom sua congênere oriental. É o seguinte o texto da resoluçlio em apreço: "Tendo cm vista que a associação denominada Tradição, Família e Proeriedade (TFP), na difusão de suas idéias, realiza uma atividade pública inclinada a· gerar incidentes e alterar a ordem pública; Sendo certo que a ideologia preconizada pela referida associação se caracteriza por uma posição radical e extremisla, manifestando-se não só cm sua formulação, mas também no modo como a exlerioriza para sua difusão e propa· ganda; Considerando que o governo da República Tealiza os maiores esforços para ~?nseguir no país um clima de paz e tranqüilidade, necessário para seu desenvolvimenlo e especialmente para assegu rar a unidade de todos os cidadãos cm 1orno dos problemas fu ndamenlais que aferam o país, conspirando todo extremismo con1ra es1c propósito; Alendendo ao exposto e ao que dispõem os incisos 1.0 e 17 do arligo 168 da Constituição da República, O Prcsidenlc da República resolve: 1.o Declara-se que as manifestações públicas que realiza a associação denominada Tradição, Familia e Propriedade estão compreendidas nas normas do decreto n.0 466/973, de 27 de junho de 1973, pelo qual se limitou o direito de reunião. 2.o - O Ministério do I nterion disporá, com base nas Medidas Prontas de Segurança, em caso de violação da presen1e resolução, a detenção dos integrantes da aludida associação. 3.º - Dê-se conla ao Conselho de Eslado, comunique-se, etc." .

enviara ao Presidente Bordaberry n respeito desse decreto. O texto da carta veio acompanhado pela seguinte nota da entidade:

flHá mais de quMro meses, mais precisamente no dia 7 de maio p.p., o Poder Executivo resolveu suspender as a1ividades públicas da TFP. Durante esse largo período, de uma inércia que 1anto pesa a jovens como nós, e.~peramos dia a dia que um novo ato do Sr. Presidente da República revogasse aquela medida governamental, restituindo assim à população de Montevideu e dos demais Departamentos a oportunidade de presenciar nossas campanhas pacíficas, tão apreciadas pelo público. Emude· ceram nas ruas do Uruguai as vozes valentes e abnegadas que, representando autenticamente o Urugwai cristão, proclamavam com jovialidade e ufania o desejo comum de repelir o perigo comunista. Ao longo desse 1empo, privados dos meios de difundir em larga esc:aJa nossa revista "Le,. panto", preferimos calar, permanecendo irredu· tíveis na esperança, e dando, com nosso inteiro acalamento à referida resolução, a prova de toda a nossa obediência à lei. Desde hã quatro meses continuamos esperando. Todavia, já não podemos guardar silêncio. Começa este a parecer um ato de conformidade com acusações que não poâemos aceitar. Assim, damos a público a carta que dirigimos ao ilustre Chefe de Es1ado no dia 10 de maio p.p. Contém ela tudo quanlo temos para dizer a nossos compatriotas sobre este assunto, a bem da reputação da TFP e dos que a constituem. Ao tomar esta iniciativa convidamos todos, a que se una1n a nós cm uma oração à Virgem San1íssima, a fim de que Ela aplaine na concórdia e na paz as vias dos que não têm oulra in1enção senão a de abnegadamenle servi-La".

No dia 16 de setembro p. findo, a TFP uruguaia publicou na imprensa diMin de Montevideu a carta que, em data de 10 dt> maio,

CONGRATULAÇOES DA ASSEMBLÉIA DA GUANABARA A ASSE MO LtlA Legislativa da Guanabara aprovou um voto de congratulações ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira pelo lançamenlo da S. 3 edição do ens.1io "Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo". Nesse livro, o Presidcnle do Conselho Nacional da TFP denuncia o mais recente estra·

cagerna comunista para conquistar a opinião mundial: a bolchevização inadvertida de incontáveis anticomunistas, por meio das "pala~ vros-talismã·" ..

J ustificativa A moção foi aprescrHada pela Deputada Lygia Lessa Bastos, que ressallou a par1icular importância da obra para a elucidação da juventude. Em sua juslificação, a parlamentar lembrou ainda que o livro do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira foi edi1ado cm alemão, espanhol e italiano, havendo sido cranscrito imegralmcnle cm publicações argentinas e chilenas. 4

• 3 - Vista assim a ques1ão, em seu verdadeiro aspecto, trata-se de saber se: a) a doutrina oxposla pela TFP é ortodoxa; b) se a doulrina ortodoxa é cxlremista. Pedimos empenhadamente a Vossa Excelên·tia, Senhor Presidenle, que- nos perdoe se, com respcilosa franqueza. solicitamos sua atenção para a posição muito incômoda que seus informantes o levaram a tomar diante do País e diante da História, quando lhe sugeriram que qualificasse de exrremisla nossa dou1rina 1ão equilibrada. Vossa Excelência, Senhor Presidente, Chefe de um Es1ado leigo, foi induzido a 1omar uma posição essencialrnenle religiosa. definindo como extremista, e portanto anticatólica, uma corrente católica contra a qual nenhum documen10 da Igreja ousou lançar essa acusação. Diriamos que o Senhor Presidenle repele as jnterfc.rências césaro-papistas. de tão má memória, dos Imperadores de Bizâncio, os quais julgavam o Eslado habilitado a decidir problemas doutrinárjos de ordem religiosa.

Quanto à afirmação contida na resolução do Senhor Presidenle, de que o modo pelo qual fazemos nossa propaganda é excremista, pedimos aulorização para ponderar que: a) se islo se refere. à linguagem de nossas obras, deve-se indicar-nos o que ela tem de cxlremisla. Es1amos certos de que. cm um diálogo livre, demonslraremos que nada se pode provar a esse respeito; b) se se refere a nossas insígnias, deve-se dizer-nos em que elas são provocadoras. O leão é um símbolo comum da heráldica: a Escritura chama Nosso Senhor Jesus Cris10 de "Lelo de Judá". O vermelho não pode ser lido como cor proibida. Seria desconcertante que no momenlo em que a Igreja suprime o "lndex" dos livros proibidos, um govo(no estabeleça um "1 ndex" de cores proibidas; e) se nos acusam de havermos praticado alguma agressão em praça pública, não chegam05 a compreender porque os informantes do Senhor Presidenle não nos ouviram antes de dar como certas essas acusações. Estamos dispostos, a qualquer momenlo, a um diálogo a esse respeito, e sustentamos com hombridade que nada poderá ser provado conlra nós. •

A carto ao Presidente da Repúbl ica

't do seguinte teor

a carta da SUDTFP ao

Presidente da República: "Montevideu, 1O de maio de 1974

Uma nota da TFP uruguaia

que linha, se onconlCA a doutrina por eles argüida de exlremista. E temos a mais absolu1a e 1ranqüila certez., de que esses informantes nada teriam que indicar. • 2 - Com efeito, Senhor Presidente, Ioda a doutrina contida nessa~ publicações não é senão a doutrina tradicional da Sanla Igreja Calólica, Apostólica e Romana. Bem entendido, se seus informantes pergun1arem a Sacerdotes imbuídos de espírito progrC$ista se nossa doutrina é ortodoxa., eles dirão que não o é. Mas lemos a prova da identidade de nossa doutrina com a da Santa Igreja: essa prova consiste cm que nenhum desses Padres jamais teve, nem jamais lerá coragem de sair a público, por escrito, para apontar concretamente um erro em nossa dou1rina.

Senhor Juan María Bordaberry Presidenle da _República Oriental do Uruguai Excelen1íssimo Senhor Presidente Com nossos mais respeitosos e cordiais cumprimentos, pedimos vênia para apresentar ao Senhor Presidenle algumas reflexões sugeridas pela resolução com que Vossa Excelência atingiu a Sociedade Uruguaia de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). Fazemo.lo cm nome da Sociedade, mas antes de entrar no assunlo queremos apresentar-nos a Vossa Excelência. Somos jovens, extremamente jovens, como quase todos os componen1es da TFP, e na maioria seguimos o curso universitário. · Por idealismo, todo o lempo disponível que temos nós o consagramos a contribuir para a defesa de nosso glorioso País contra a guerra psicológica desencadeada pela Rússia e por Cuba com a intenção de suprimir a independência nacional e sujeitar-nos a uma tirania à nt icristã. Estamos certos de que, neste momento h islórico em que todos os governos do mundo preslam especial a1enção à voz dos jovens, o Senhor Presiden1c não haverá de constituir ex• ceção, e condescenderá em examinar com atenção o que passamos a expor: • 1 - Deploramos profundamente, Senhor Presidente, que informanles seus lbe tenham dito que a ideologia que difundimos é exlremista. Temos a penosa sensação de havermos sido condenados por esses informantes, sem termos sido ouvidos previamente, apesar de vivermos na época em que o diálogo é geralmente admitido como uma condição de toda relação verdadeiramen1e humana. Se livésscmos sido ouvidos, poderíamos ter apresentado Iodas as nossas publicações, perguntando aos seus in[orman1es em que obra, em que página, em

4-

Reslaria ainda uma objeção. Se cnlendemos bem a resolução do Senhor ·Presidenle, e.la se formularia nestes termos: nossa campanha anticomunista ex.acerba os comunis,. ias. impedindo a reconciliação nacional. Uma vez mais devemos pedir perdão ao Senhor Presidenle, se fazemos uso respeitoso da franqueza que todos os governos modernos toleram aos jovens, alé quando não a usam respeitosamente. · Os informanles do Senhor Presidente talvez lhe hajam assegurado que. cessou a campanha comunis1â no Uruguai. Só assim se explica que eles tenham querido silenciar nossa campanha anticomunista. De fato, a campanha comunista contjnua, e silenciar a contracampanha significa derrubar os obsláculos que essa campanha enconlra diante de si. Como isso é diverso das intenções do Chefe de Es1ado que o Uruguai anlicomunista elevou ao poder para eliminar o comunismo em nosso País! • 5 -

Diria 1ambém Vossa Excelência que o simples uso da força armada basta para garanlir a Pátria contra o comunismo? Não o crernos. Pois es1amos seguros de que Vossa Excelência não quer !ratar a opinião pública do Uruguai como a de um país conquistado, para o qual o único argumenlo é o da força. Esla 1em, por certo. um papel importante na repressão, mas não é um papel único. Todos os regimes que 1entaram combacer idéias unicamente pela força fracass.1ram. De que valeu a mera força, no mundo antigo, durante as perseguições aos cristãos? A resolução do Senhor Presidente pretende promover a reconciliação nacional, silenciando as campanhas da TFP. Como os únicos visados por essas campanhas são os comunistas, parece lógico deduzir que é com eles que se quer fazer essa reconciliação. Sacrificar a legítima liberdade de movimentos de uma organização anticomunista, para atrair as boas graç.:'l.s dos comunistas, implica, em nosso entender, em tornar os c·o munistas não mais mansos e cordatos, senão mais arrogantes e agressivos. Se um anlicomunista já não pode propagar suas convicções nas ruas do Uruguai, eslas ficam entregues à propaganda comunisla. A hislória do comu nismo, desde Kcrensky até nossos dias, prova que as concessões feitas a ele servem apenas para favorecer sua asccnção ao poder.

•• • Todas estas considerações, Senbot Presidente, conduzem-nos a solicitar-lhe que, pelas formas que cm sua sabedoria Vossa Excelência julgar mais adequadas, nos seja rcstiluída a necessária liberdade de ação. Para exercê-la a bem de nosso País, não pedimos senão a garantia de não sermos objeto de novas medidas governamentais sem sermos ouvidos previamen. te. Menos não poderíamos pedir. E o que pede qualquer cidadão honeslo para o livre exercício de uma alividade úlil ao bem comum. Esta carta, Senhor Presiden1e, foi cscrila no exercício do mais elementar dos direitos, que é o de "legítima defesa". Nossa repulação está sendo piso1eada livremente por órgãos da imprcns., de nosso País, sem que lenhamos culpa alguma, e sem que tenhamos sequer a oporlunidadc de nos defendermos publicamente. Esperamos que Vossa Excelência, cm seu senso de jusliça e na bondade de seu coração de uruguaio, compreenda a situação aflitiva cm que nos encontramos. Situação 1an10 mais difícil de suportar quanto cm nós ferve o ardor da juvenlude. E assim pedimos ao Senhor Presidcn1c que, reslituindo-nos a liberdade de ação, dê explícita ou implici1amente por aceitas as considerações des1a caria. Juntamos à presente um número da rl!visra "Lepanto", cuja difusão foi interrompida pela recente resolução. Verá Vossa Excelência que se traia de uma reportagem que, em termos muito corteses e elevados, mostra a miséria no Chile de Allende. Es1a publicação eslá sendo feita pelas congêneres da TFP uruguaia em toda a América, com a maior liberdade, sem provocar incidentes de nenhuma espécie, por parte dos comunistas. Apenas no Uruguai é que cs1es, segundo os informantes do Senhor Presidente, levariam a suceptibilidade ao extremo de não lolerar linguagem Ião corlês. Res1a-nos apenas agradecer, desde já, ao Senhor Presidente o haver concedido uma parle de seu valioso 1empo para a leitura desta missiva, e pela benevolência com que acolherá esle pedido. Receba Vossa Excelência nossos votos ma is sinceros de que Deus o recompense, concedendo a seu Governo paz, prosperidade e êxilo, e à sua Pessoa, bem como à sua Família, as melhores graças. Com nossa mais alta consideração, cumprlmeocamos o Senhor P residenle muilo atencio, samentc. aa) Juan A. Schlief / Enriquc J . Elchevcrs / Rubens E. Riotorto / Guslavo Szwedowski / Raúl de Corra!".


Spínola

- o Kerensky português

- cumpriu inteiramente seu papel

e

A!U SEM GLÓRIA o General Spínola. A 25 de abril tinha a liderança do movimento que derrubou Marceifo Caetano. Alçado à presidência da república, entregou-se nos braços dos socialistas e comunistas, que naqueles dias distribuíam cravos vermelhos pelas ruas e deliciavam-se cm cantar fados proibidos pela censura cactanista. A 30 de setembro renunciava melaocolicamcntc ante as exigências de uma esquerda cnda vez mnis dura, que já não distribuía cravos e já não cantava fados, mas promovia expurgos e greves e declarava que "não saira do caetanismo para cair no spinolismo''.

lória comunista nas eleições, ele respondeu muito simplesmente: "Se o PC ga11har, 116s seremos · as Forças Armadas ,le um governo CO· muni.ria" . . . . E acrescentou: "Nada tem'os COII· tra um comunismo que não sejtt U>talitário''. Constituído o

O General, de modos aristocráticos, mon6·

culo e brilhante folha de serviços no Ultramar, fizera bem o papel de Kcrensky português. Alcxandcr Kcrcnsky subiu ao poder, na Rússia. quando, em março de 1917, o Czar abdicou. Ficou conhecido na H istória por sua fraqueu ante a agitação bolchçvista. Governando em nome da democracia e da liberdade, não auscultou, cm um só momento, as

tendências porfundas de seu .povo. Não garantiu a ordem nem criou o clima de serenidade necessário à prometida eleição da Constituinte. Pelo contrário, dominado sempre pela minoria de agitadores, cuja liberdade - esta sim - ele sempre assegurou, pcm1itiu a dissolução da disciplina e a subversão da hierarquia. Formou vários governos, tendo sempre o apoio de todos os partidos antimonárquicos, com exceção dos bolchevistas. Mas, de fraque-

za ~m fraque·za, de omissão cm omissão, sui· cidou-sc politicamente e entregou sua pátria a Lenine, que meses antes não tinha qualquer oportunidade de vir a dominar o pais. Os Kerenskys nrnltiplicaram-sc através destes últimos cinqüenta anos. Entregaram a .Austria a H itler, em I 938, assim como entregaram o Leste europeu aos comunistas, logo após a segunda Guerra Mundial. Fábio Xavier da Silveira estigmatizou Eduardo Frei como o Kcrensky chileno e assim ele ficará conhecido para sem()re. Agora, o General Spínola aceita o me~mo papel em sua pátria. Segundo ele mesmo declarou, sua revolução foi feita com "a esperança na cons1rução de um país novo, 011de os portugueses pudes-

0 GENERAL Rabin é o Primeiro• Ministro de Israel. Sua autoridade se estende por todos os países do mundo? Pelo menos esrc é o desejo de outro militar israelense, o General Sharon. Segundo o "Washington Observer Ncwsleller", é este o pensamento de Sharon sobre as funções do governo de TelAviv: 0 governo aqui tc1n um du plo papel. Porém eu gostaria de ver o governo de l.rra"el assumir mais a direção ,los judeus no Exten'or. ·De certa forma, este governo é realmente o governo ele todos os judeus do mundo inteiro". 11

Assentou bem no General Splnola o uniforme de Keren sky? •

novo governo, intensificà-

ram-sc os expurgos, as prisões, o controle da imprensa. A revisto. n<;>r~e·americana_ "Newsweck" noticiou um donativo de 35 milhões de dólares da Rússia aos comunislas portugueses. Não admira pois. que estes tenham declarado que o gove/no de Vasco Gonçalves "constit,!i uma ocasi<ío rínica e histórica para gdrmll,r ent P,<Jl'tugal um regime democrálico estável, eleito pelo pOvt>". A democracia. que eles desejam. todos já a conhecem, pela triste_experiência da Polônia, da Tchecoslo'Váqu,a, da Hungria. . • . . Em artigo publicado nesta ed,çao, Phn,o Corrêa de Oliveira nota que, antes de 25 de abril, Portugal estava. em ordem, pelo men~s relativamente. O movimento do General Sp,nola prometia manter a ordem e, de acréscimo, dar a liberdade. Um semestre decorrido - conclui o Presidente do Conselho Nacional da TFP - vê-se que os revolucionários começaram ,por reduzir a frangalhos a ordem e agora climin:un o que havia de Ji .. berdade. e o caminho de todos os Kcrenskys. Spínola, porém, foi mais longe que seu modelo russo. Este, cm 19 l 7, foi um fraco ante os bolchevistas, mas não chegou a convidá-los para 0 governo. Spin<>la, entrctanro, escolheu os comunislaS para parceiros desde o inicio de seu governo.

General Augusto Pinochet Ugarte

e ocioso

informar que os governos desafiados não tomaram conbeciment'o da proposta. E não se falou mais nisso.

O ca,ato gregori,a,ao atrai a jua,e,at,,,le A imprensa de dive.sos países registra um crescente interesse, especialmente na juventu. de, pelo canto gregoriano. Desterrado das igrejas pelo progressismo, o canto tradicional e oficial da Igreja refugiou-se em alguns mos: tciros europeus, como a Abadia de Solesmcs, a Abadia de Notre Dame d'Argencan e o Mosteiro carmelita de Londres. Recentemente, as grandes empresas de gravação, verificando o interesse geral despertado pelo cantochão,

sem viver em pclt wna vida digna, livre. com mais justiça soc,'al traduzida numa nwis equitativ,, distribuiç(lo da riqueza. para que a /e· Por que nii.o se licidade não fosse apenas privilégio ,le c,/guns, antes entrasse livremente em todos os lares''. a.ce ita. a. propo.<ita Mas os fatos obrigaram-no a confessar: "Não é esse, infclitmente, o caminho que está a ser de Pinochet? seguido. Chegou a altura de saber separar o tl'lgo do joio". passaram a incluí-lo em seus catálogos. Lamentavelmente, o General não soube seASSIM COMO já se espalhou uma camA venda desses discos não desanimou os 1parar o trigo do joio, se é que ainda havia panha ·mundial pela -libertação de 'Presos poedilores. Surgiram, cnlão, grandes séries de mú· lrigo entre os que o cercavam. Sua atuação líticos brasileiros, contra torturas que eles so-sica gregoriana gravadas na França, na Alefavoreceu, dia a dia, as exigências das esfreriam, e até contra o pretenso extermínio de manha, na Inglaterra. A Decca tem uma CO· querdas. nossos indígenas, tornou:se moda protcslar leção de cerca de cinqüenta LPs gravados pe· Bem cedo foram consideradas ulcrapassadas contra as prisões, no Chile, de remanescentes los Beneditinos de Solesmes e de Argentan. A as idéias de federação e de comunidade lusodo gover-no de Allende. Hispano-vox e a -Erato estão produzindo, em -africana, expostas cm seu livro " Portugal e O curioso, entretanto, é que essa claque colaboração, uma Antologia da Música Medieo Fuluro". A independência da Guiné foi connunca se lembra dos presos torlurados, assaval Espanhola, gravada pelos Monges de São siderada fato consumado, entregando-se o gossinados, ou internados nalgum sanatório da Domingos de Silos. verno da província a um bando de terroristas. Rússia, da China, de Cuba ou de tantos outros Dos mosteiros, o canto gregoriano passou Da mesma forma, Moçan1bique foi entrepaíses submetidos à tirania comunista. para os conjuntos corais leigos e para as Unigue aos 1erroristas da FRELlMO, armados, Foi uma lufada de ar fresco nesse ambiente versidades. No Brasil, o interesse por ele matreinados e financiados pelo comunismo e pelo pestilento o discurso do General Pinochct, a nifesta-se cm muitos ambientes universitários progressismo intcrnacion31. 11 de setembro último. Ele prometeu libertar e nos festivais de coros. O Coro São Pio X , O governo de Lisboa não explicou os moos presos políticos qo Chile e permitir que da TFP, dirigido pelo Maestro Miguel Arquetivos pelos quais passou a considerar a FREabandonem o pais, - desde que a Rússia e rons, vem cultivando o gregoriano hã mais de LIMO como representante do povo moçamCuba libertem igual número de prisioneiros, dez anos. bicano. Não · se falou em plebiscito, nem na sob a supervisão da Cruz Vermelha Internaconvocação de eleições. Pelo contrário, Joacional. Ç ONCWI SA PÁO INA 6 H omero Borrados quim Chissano, um dos líderes do terrorismo, declarou que um só partido político - a F RELl MO - representará o povo moçambicano. · Singular democracia, essa, da Junta de Lisboa. Com relação a AJtgola, comentou-se cm Lisboa que Spínola foi aos Açores, conversar com Nixon, a fim de pedir-lhe que interferisse junto ao "movimento de libertação" de Holden Roberto, no sentido de conseguir um acordo como o negociado com a FRELJMO. Holden Roberto - que é norte-americano, e não angolano - tem o apoio da China e de organizações ºyankees" . .. Na política interna da metrópole, Spínola patrocinou 11m expurgo nos Conselhos Municipais., que só ajudou aos comunistas. E m substituição aos conselhos, foram organizadas comissões adm inistrativas com larga influência esquerdista. Mas a sor1e do General, e talvez a de seu pais, foi selada cm julho, quando o Presidente do Conselho, Antonio de Palma Carlos, renunciou ao posto. Para subslilui-lo, Spínola consentiu na nomeação do Coronel Vasco Gonçalves, que formou um gabinete praticamente esquerdista. Aliás, o próprio Vasco Gonçalves é apontado como tendo sido comunista militante, em sua juventude. Como num palco de opereta, o Major Otelo 'Saraiva de Carvalho foi promovido direta• .J'J mente a Brigadeiro, salto sem precedentes nos exércitos de nações civilizadas. AconJece que (/ ,. o novo Brigadeiro é o homem de confiança do novo Presidente do Conselho. A um jornao canto gregoriano nunca morreu, tendo-se conservado nos mosteiros. No clilista que lhe fo rmulou a hipótese de uma viché, meninos cantores da Real Colegiada de Roncesvalles, Espanha.

·'·J

-

5


Conclusão da pág. 5

Apresenta1nos hoje nesta secção estas três orações recoibidas nos "Solilóquios" de Santo Agostinho, nas quais o Bispo de Hipona expande sua grande aln1a.

30 dias em revista 'A impl'cnsa nolicia o interesse ,pelo grcgo-

ri:1110· também na Austrália, na Nova Zelândia, no Japão e em alguns lugar<:-~ da Africa. Hã um cerro 10m de surpresa no no1iciário internacional sobre o ressurgimento do gregoriano. Mas nada hã que justifique tal estranheza. O gregoriano nunca morreu; o interesse por ele não diminuiu espontanc:'.\mcn-

tc. Sua ausência nas igrejas deve-se lilcrnlmcntc ao boicote progressista, a pretexto de atrair, com cânticos de sabor protestante ou com música de boite, 3S massas populares e- a juventude. Mas o que se deu roi o inverso: o

sublime can10 oficial da Igreja renasceu nos meios artisticos de alto nível e está provocando grande interesse na juvcnludc e no público

cm geral. Ao contrário_, as músicos jovens vão contribuindo decisivamente para um esvaziamento das igrejas. _,

Mas para o progressismo suas idéias são dogmas, contra os quais não valem nem os fatos, nem os argumentos. Ante o fracasso tias músicas irreverentes e de mau gosto que hoje se ouvem cm tantas igrejas, ele procura qualq uer saída, desde que não seja a volta à tradição católica. o que se conclui, diante das rcccnles notícias de que algumas Auloridadcs oclesiáslicas buscarão nos batuques da umbanda ou do candomblé um meio para povoar suas igrejas, esvaziadas pel:l degradação das íunçõcs sagradas.

e

E ,,,. ,~ l esa ,le P,i r i .ç Os arranha-céus estão acabando com Paris. Os monstros de cimento e vidro estão dcsfigu-

r1,ndo a paisagem amena e repousante, cm ai-

guns lugares. e ccrtamcnlc .gloriosa em oulros, da cidade q ue foi o coração da cultura ocidenl.11 e cristã. Arranha-céus -plantados no meio do l'aubourg Saint Honoré chocam pelo contraste entre a relíquia histórica e a ·constru· ção massificante. Os protes1os não deixaram de aparecer. Alé mesmo o Prcsiden1e Giscard d'Estaing parece preocupado com o problema. Mas a Condessa Marth~ de Rohan-Chabol, jovem senhora pertcncenrc a uma das mais ilustres famí. lias. francesas, tem sido a líder daqueles que não se conformam com a catástrofe. Ela ~ secretária geral de uma sociedade destinada a salvar os velhos edifícios ameaçados. A popularidade da. campanha ele protcslos é tamanha, que o Partido Comunista, sempre cx1>edito em penetrar nos movimentos de opi· nião pública, resolveu organizar uma campanha particular suo, com a finalidade · de ... defender a tradição!

Walter Levy Jr., brilhanle dirclor do Institulo de Parapsicologia de Ourham, Carolina do Norte, renunciou ao cargo depois de con. rcssar que haviã falsificado dados cxpcrimcn .. 1ais. O Dr. Joseph Rhinc, fundador do Instituto, declarou que o caso constitui uin severo golpe para toda a parapsicologia. Mas certamente as conscqiíências não serão tão graves, pois a .parapsicologia, como o evo.. Jucionismo, é um dos dogmas do século contra os quais os argumentos não contam. 'E. a velha hist6rin: se os argumentos provam o contr:írio, pior para eles.

Conclusão da pág. 8

TRÊS ORA CÕES , DE SANTO AGOSTINHO ATO D E ADO RAÇÃO

,

O

SANTO dos santos, ó Deus de incompreensível majcsrnde, Deus dos deuses e Senhor dos senhores! admirável, .inefável, insondcivel, ante Quem lrcmcm no c'éu as ~otcstades. ,mgélicas e tis Virtudes, a Quem adoNHn ns Dominações: e os Tronos; CuJa sabedoria e poder não conhece limilcs; que do nada criastes um mundo e. cncern1stes no abismo, como ~n! um odr~, a imensidade do oceano; Deus onipo~ tcnt<;_, santo e forte, .D~us do csp1rito que anima toda a carne, a cuja visão eclipsa.se o Ccu_? a terra, a CUJO aceno obedecem lodos os elementos: adorem.vos, ó Deus, e glorif,qucm ..Vos todas as vossas criaturas!

PARA PEDIR A S ALVA ÇÃO . SOCORREI-ME. Senhor e vida minh,1, a fim de que não venha a morrer n:, minha m~1ldade. Se não me criásseis. não ex istiria: criastes-me passei a existir: se não me <lirigirdcsi cessarei de existir. ' Não foram encantos ou méritos meus que Vos compeliram a ck\r.. me o ser senão a vos..c;a infinita munificência. ' St!plico-Vos, pois, q u_e aquele mesmo amor que Vos compeliu à minha criação, possa igualmente compelir-Vos :i. reger-me; porquanto, que aproveita haver-Vos o vosso amor compelido n criar-me, se cu morrer na minha rniséria1 privado da direção de vossa de-~tra? Obriguc..Vos. Senhor. a salvar.me c..~sa mesma clemência que Vos levou a tirar do nada o q ue ja_zia no nada; vença-Vos em liberlar-mc a caridade que Vos venceu cm criar-me, pois não é hoje menor este vosso atributo do que era então. A caridade sois Vós mesmo, que sempre sois e não mudais. Não se Vos encurtou a mão, que niío possais salvar.me: nem se Vos endureceu o ouvido, que não 1nais Vos seja dado ouvir-me.

JUSTO UKON TAI(AYAMA

A TO D E HUMILDAD E ó Deus de min ha sc1lvação, que outrora esperei nas minhas forças próprias que não crnm rorças, e quando quis correr nos vossos caminhos, tanto mais escorregava e caía quanto mais julgava q ue permaneceria de pé, inabalável. Retrocedi cm vez de progredir, e perdi totalmente o que errndarnentc imaginava conseguir. (; assim que me provais as forças . Iluminado por Vós, conheço agora que q uando mais: julgava poder sem Vós. rncnos podia. JÁ VOS confessei,

ccstaçã,,, e não tardou cm desencadear uma terrível ~rseguição sobre aquela Crislandadc nascente. Como reagiu ela? O Mis..~al Rornano nô-lo responde: no Suplemento que con1én1 o própr io das festas da Com,panhia de Jesus fi. guram os

nomes de inúmeros mártires japone-

ses bealificados e de outros que poderão vir " sê-lo no fu1 1.1ro.

O Shogum Hideyoshi , <1ue de início 1ivcra cerca benevolência para com o Crislirtnismo.

mudou radicalmente de posição, por i nstigação de conselheiros budislas e pela in1crferência de comerciantes cu ropeus protcsrnntes. Em 1587 expulsou todos os Sacerdo1es e p~oibiu a prá1ica da Religião em todo o país. Cariazcs anunciando essas medidas foram :,fixados cm

todos os caminhos e os. suspeitos de serem ca16licos eram submetidos :1 uma iprova pública diante das autoridades: ,inharn que calcar :,os pés as sagradas imagens de Jesus Crucificado e do Maria Santíssima, gr:.tvadas cm chnpas m etálicas .cham!._das " fumi.'ê ". Os que se rc.. cusavam a pisar o "íumi-4.!" eram presos e cruelmente torturados até apostah,rcm. ou

morrerem.

({IAfOJLICl§MO MENSÁRIO com

apro"rit~o cc:kslásllçn CA~1POS -

I,ST. 1)0 RIO

DIRETOR

José e.ou.os

C ASTILHO

ni;

ANO"RADR

Ulrctorla: Av. 7 de Setembro '247, c:iix:\ PO)ltll 3)3. 28100 Ca.mpos, RJ. Admhtls•

trn(fio: R. Dr. M:irlinico Prn.do 271 , 0 1224

S. P:-iulo.

Composto e impresso n:\ Cja. Lithogra])hic-a Ypir:ing:1, Ru~ C:idcte 209, S. P:1ulo, Asslnnturn :muni: comum Cr$ 35,00; cO· operador Cr$ 70,00; bcníei1or CrS 140.00: srnnde l>cníei1or CrS '280,00; scminarislas e es1udan1es CrS 25,00: América do Sul o Cenlral: "fa de su~rrfcic USS S,SO; via aérea USS 7.2S; América do Norte, Po r1u.sal, E.sp:i.nl1a, Provinci3S ullram:uinas e Colónias: via de superfície USS S,SO; via aére.a USS 8, 75: ou1ros país,C$: via de SU· pcrtície USS 6.50. vfo aérea USS J J .75. Vendo avulsa: CrS 3,00.

Os pagamentos, sempre cm nome de Edl· torn Plldrc Bckhlor de Pontt.s SIC, Po· dcr:io ser encaminhados ~ Administração. Para mudança de endereço de assinantes, 6 11eccssfü·io mencionar tan1bém o e-ndcreço antigo. A corrcwondêncfo rtlativt't a assi· n:ituras e venda avulsa deve ser enviada :\ Admínistraçio: R. Dr. Martlnko Prado 271 01224 S. P:iuto

6

Em Shimnbara, florescente m1ssao, cercá de dez mil católicos foram mortos, depois de vários nnos de heróica resistênckt. Em Nagasaki, íoram crucificados sete missionários europeus e dezenove fiéis japoneses, que Pio JX elevou às honras dos aliares cm 1862. MuilOs oulros exemplos de heroísmo e de glória poderiam ser aponlados.

Conclusão da pág. 3

Justo Ukon é ba nido O decreto proibindo o Cristianismo obrigou Jus10 Ukon, deslituído de seus direi1os, :i transferir-se para Kiushu, num como que exílio. Mais tarde foi coníinado com a famíli.a cm Knnasawa. onde permaneceu durante 26 :mos como scmiprisionciro. A grande perseguição de 1614 acabou por desterrá.lo do Japão, punição que na época era considerada, especialmente para um nobre, mais infamante do que a própria pena de morre. Justo Ukon Takayama, já sexagenário e alquebrado pelo peso das lulas e perseguições, dirigiu-se para as Filipinas, dornínio da Coroa espanhola, onde o Cristianismo florescia de modo admirável. A foma de suas virtudes ha· via-o precedido, e seu nome já era conhecido de lodos. Recebeu cm Manilha uma acolhida apoteótica, com a população toda indo csper.í-lo no porto. A tropa formada pres1ou-lhe homenagem c9m uma salva de tiros, seguin· do•se um solene JJcum na Catedral. O Governador ofereceu-lhe uma recepção no palácio. onde todos queriam conhecer e cum· primcnlar o Insigne confessor da Fé. Às acomodações conforlávcis que puseram à sua disposição, ele preferiu uma casa modes1a jun10 ao Colégio dos Jesuítas, onde terminaria seus di:,s. Justo Ukon Takayama, o senhor fe udal santo, entregou sua alma a Deus no :tno seguinte, acabrunhado pelos sofrimcn· 10s e perseguições dos ca1ólicos no país do Sol nascente, que ele desejava todo para Cristo.

re

• • • . A His16ria da Igreja no Oricnle é, como vemos, rica ern exemplos de heroísmo e santida· de. Ouiros, porém, são os heróis can1ados neste confuso e dramático fim de século, onde o chamado progressismo católico prcícrc inspirar-se não nos exemplos de São Francisco Xavicr1 ou de Justo Ukon Takayama, mas nos de Mao Tsé,tung, ou do Dalai Lama .. . Estamos confiantes, entretanto. ele que o Orien1e, e de modo especial o Japão, regado pelo sangue de 1antos mártires e ilus1rado pelas viriudes de 1antos confessores, hão de vollar.se para a Igreja de Cristo, passada a tor1nenta dos dias presentes e os castigos anunciados cm 'Fátima, depois dos quais se dará lambém ali o 1riunfo do Imaculado Coração de Maria.

Comentando

Conforme quer Budapest PROSSIGAMOS NESTA narrativa tão acabrunhador~ para q uem, como cu, ama o Vatica· no até o mais fundo da alma. Quis Paulo VI que o Cardeal Mindszenty, antes de seguir para Viena, concelebrasse com ele a Missa.. Ao firn dcsrn. dcu·lhe, ..como símbolo de (llnor e respeito", a capa cardinalícia

que usava antes de ser Papa. Prometeu-lhe apoio, dizendo cm latim: ''l::s e co111ilwas ,, s<'r Arceblspó de Esziergom e Primaz da 1-Jungrfo. Prossegue frabt1/hando. e o·e tens dificuldade volln.fe sen,pre con/la111em cnte para Nós". Depois ... Depois correu tudo cm rumo oposlo. En, Viena. Mons. Mindszcnly começou suas atividades normais, que o Purpurado assim resume : " Pas1oreor centenas ,Je mi/lwres de luín.. garos no exíHo; 11d\ler1ir o ptíbllco mruulia/ sobre os 1>crigos do l,olchevismo, pela pubNcação

,Je minhaJ· m emóriaJ\ e, ,WNnpre que pos.rh1e/, imeres.rar-m e ,,essoalmen1e pela trágica sorte tio u"çiío luíngara''. Começou então a pcrse,. guição: 1 - Mons. Mindszen1y pediu que lhe fosso:: devolvida a faculdade de indicar Padres para ns comunidades húngaras no estrangeiro. Amarga decepção: o pedido foi recusado pelo Vat icano - comenta. o Cardeal - para não " i11comod11r o regime ,Je Budape.·u ".

2 - Co1n o mesrno fiin de não "inc<>motfor o regime de Btulape.tl'', a Santa Sé foi :wante, e cstatuiu q ue 1odas :,s dc-clarações públicas do grande Prelado fossem submetidas a um conselheiro indicado por Roma. Mons. Mindszcnty retrucou que as submetcri:1. ..só ,,o Sm,10 Pa,J,.e, quando ele expllci1amente o pedisse".

3 - Facili1ando o jogo de Ro ma, os llispos magiares nomeados por P:u.110 Vl, mas

inteii-am-entc suJe1tos ao governo húngaro, começaram II mullipl icar junto à Santa Sé protestos contra as ~lividadcs anticomunistas de Mons. Mindszcnty. Estourou então uma surpresa-bomba. Com efeito, a Nunciatura em Viena infor. mou Mons. Mindszcnty de que a Sanla Sé dera garantias ao governo húngaro, durante a.s trat:llivas em 1971, de que, uma vez pos10 cm liberdade, o P urpurado nada diria que pudc.s sc contrariar as conveniências de 8udapest. Esta garantia, dada às ocultas do Cardeal, violav:l o m:\iS essencial do acordo que estava sendo negociado entre cs1c e o Vaticano. Mediante ial concessão ao governo húng:1· ro, Paulo vr empregou a :iu1oridade conferida por Nosso Senhor Jesus Cristo a São Pedro, a fim de forçar o Cardeal a não contrariar os planos do imperialismo comunista. As chaves de Pedro funcionando segundo os desejos de ateus perseguidores implacáveis d.:1 Religião : o que é isto senão uma bomba, ptovavelmen1e a maior bomba na 'História da Igreja, de Pcn1ecos1cs a1é hoje? Logo depois, as di rctl'izcs do governo húngaro comcç:1r:~m a se fazer sentir :\través do Vaticano. Es1ava sendo impresso cm Portugal um discurso para o Cardeal ler cm Fá· tima. Emiss;írios da Nunciatura de Lisboa intervieram na tip0graíia para - a não sabcn· das do Purpurado - suprimir um trecho cm que este alerlava os calólicos do mundo côntrn a política de sorrisos dos comunistas. 4 -

5 - O pior eslava vor vir. Algum tempo depois, Paulo VI C$Crcvcu a Mons. Mindszcnly pedindo que renunciasse à Arquidiocese. O C,1rdcal recusou. Paulo VJ dcsti1uíu-o, então. Travo particularmente amargo: " cart~\ íoi cn· trcguc ão Cardeal prccisamenfo na dat:1 em que corncmOn\va o 25.0 aniversário de seu glorioso cncarcc.1·:uncnto pelos co munistns. ~1avn terminado o drama. Ao longo dele, de comc~o a fim. a condL~!a do Vigário de Cristo foi a que desejava o imperialismo comunista, isto é, o Anticristo. Comcnlário? - Para quê? Apen~s uma pergunta. Já que, cn, su,·1 CS· sência, é assim a ºdétente" de Paulo V J, obviamente hã de ser a mesma nos outros p:1í.. ses, no mundo -inteiro, . . . no Brasil. - PMa onde nos levar:\ isso?


C~llcem ,: A TOTALI DADE do• hl,toriodotts e,stá dt ;\Wrdo sobre a imPortânda de Cluny na fonn:.ição d:a Idade Médffl, o tn('m10 não acontece qu:u1do tstud:un :, e:msa ou :;as c:nu~5 do qut poderfamos chrm.111r o ftnômt:no (lunlac-tMt. Os Monge.s de Cluny con• sagravam à vida à glorUlcaçáo de Dtus. VM,m

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rtlirado, do mundo, r«lusos cm sous moslclros, cumprindo rlgoros.uu.tntc um "Ordo.. mluuelosissi.nu>., que deles ulgl2 dnco horas dlirfas dcdleadns ao

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1 1 é::

I.N.R.I.

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ELOGIO DE S. GREGÓRIO VII AOS RELIGIOSOS DE CLUNY

ofício divino. Ernm contemplativos cuja prlncíp:1I obrigação era louvar a Deus s>«tncrnentc. E stWi mosCtlros :atingiram aUo grau de santidade, louvado pelos próprios mcdltv:ds, tão exigentes ~ nutfria. O cronl5;tit, Rao-JI Clab~. rillás ele mesmo cJunfa• cen~, p.rodama: HSaibam todos que t ~ convento n:io é Igualado por ntnhunl outro no mundo romano, f)riJl<'ipntmentt p;,lrQ llbt.rtllr as aln:us que e:af.r:un sob o senhorio do demanlo" (apud G. Ou.b)', 44 AdoleS(.~n« de i:i ChrH~nté OC'tldcnt:lfe"'\ p. 135). E Jacquts de Vor.1Rlne, eorrobonindo Raoul Glabrc, conta a c,tebrc,, vl~o do Ab:ide São Hugo, a quem n:, vfsptrn do Nàl:al a SSm:a. Vireem ap.: ueceu, com seu filho nos .br.u;os. dizendo: ' 1El, que virá o dia em que v:io $t.r renovado$ ' os oráculos dos Pro• feULi. Onde cscli o Inimigo QUc ntf oStona pre":i.lec:1~, conl'r ,. os homens?" Ao ouvir c)18.-. p·ruavr'.is. rcln· th·as nos Monges de Cluny, o dcm.ônlo saiu do fundo da ttrm p.irn dcsruenUr a :ifinutlç:io de Nossa Stnhora1 mas stu1 lnlqüld11de na&. co~tu, por, que de nnda lhe adiantou percorrer todo o moSC~lro: nenhum Monge se deixou tnpn.ar, nenhum se de.~ viou dos ~U$ de\'etts na Ci.lpdo, no rt-fclcório, no dormitório ou rui sal:a do Cnpftulo. E Jacques de Voraglnc complefa a vlsão citnndo a "ers:iio do Mon3,t' Ptdro de Cluny, segundo a. quol o Menino ttr'io ptrguntado à ~ll M:ic: "Onde e.stli agor::i o poder do demónio'?" Ao que o Mnl{R:no teria rc~'))Ondido: ''Não pude, com tfelto, ptne1n:ú- na C.npcla, onde se cantam os teu.-. louvort.s, m:\.t o C.-ipítulo, o dom1i• tórJo, o ntrelt6rlo tstiío aberJos!" Oni, eis que :, portia do Ca,phulo t'ra dtmasbt.do cstrtfta para etc entrar, n do dom11t6rio demasiado baixa, a do rdtl• lórlo obstruída por tnlJmcros 0~1,c-ulos, - tais cr:1m a uridode dos Monge.~ 11 atc.ntiio à tciturn diárl:i e n sobriedade no comer e no ~bcr (Jacq_ue.~ dt Vora.glne., ' 1 (.::1 LeR,cndc Oorée", Camicr-Flsimmnrion, P:1rts, voJ. 1, p. 59).

Complet11remos esse:. dog,los com mnls: um documtnto medltv1d, «::lhtdo por H. t .J. Cowdrey: Clun:,y crn n fonte, reza C$$ie documt:nto, ºa Que- 1ot10 o mundo praUcame:nte r«orrill, como a um santuário dn Rellgl:'io, parn o rev1gornmcnto c.spiritual de su:L.<t obràS. Os dunlactnscs sustenrarnm um c:001b:1te t:)pirUual tonstnnte para subJugarcm n tamc ao espírilo; no verdade, co1110 d.tt o Apóstolo, pru-:l viverem como Crl«o e para momrem a fim de ~·enc,e rcm. Mat v.&rios dele.,; foram chamados e mesmo ohrl-

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CELSO FURTADO: DESENVOLVIMENTO DO MITO

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&x-MIN1Sl'80 de Jango e .,.enfanl i:1té'1 da c-.squtrda de sal;ão, Celso F urtado, voltou à rib~lltu, l:1nç::mdo o livro "0 Mito do De.scn• wohlmento EconômJco" (Edit. Paz e:, 1'trrn S.A., Rio, julho de J974). ~ tnlere.ss::mte considerar o método uHliwdo ptlos editores para impressionar o leitor. A contra-tu)):l aprcStnta Celso Furtado da segulnte mnncir:1: "(• ••) Depois de 1964 foi succ.ssivamente professor d:.1$ Uni"cr$idades de Yulc e Harv:ird, nos F.stados Unidos, Sorbonnc, na França, e C:uubtidge, na l uglntcrra, onde supervisionou e ex:iminou de1..cnas dt' leses de doutOt'.imenfo". Além do mais, é um dos maiores ~1>celall~ns mundiais tm problcn,~ s6cio• tconômlcos da Amérka l,,.:Jtin:a, continua :t aprcs:entaçiio. Portanto, o cven1u:al ltitor E <"Olocado dl.:antc de um sernffm do empfrco dos «onomíSlàS. A conlrn-capu quase convid:i. :a uma :atitude rcv<'rcndnl. Oe p~gcm, <'Onvi:m notar :1 tspech'!Hd:idc do :i.utor - nss.u gtnéricn: lod:i a <"conomla e: u sock-dad~ de um dos tontlncntes nH1ls dh·ersífk1,dos do pb, nel.1, C uriosamenle, Celso Furt~ldo, "ªi :1bàndonar esses pá.rumos mundiais par.a. lccion:l.r na Pontifícia U niversidade Cat6llc-a de Siio P:aulo. t•or ldt-ttlbnu>, tcrtamentc. A tese principal do livro, tm re.$1.lmidas conl:..s, (: ;1 scg.ulntc: - O dtsenvolvimenlo ct-onóruko f invi.:h·el, pois ~ tor pofSfvel coloenr todo o mundo c.npllaUsta no nfnl das n3(ÕC'S ricas, havera o dcs::apartclmcnto de vários recursos naturais não rtno"ávcls, umn degradntüo Insuportável do meio :unblcnte e tensões sociais que provocarão o eslrn('a• Jhimtcnto da soclcd::idc. Ademats. n própria t~1rutur:l interna. do t:1pi(ulb1no atual lmptde o desenvolvimento de todos, porque provoc:~ o numenlo do fosso cxb1ente cnlrc a.~ nações lndustrl:dlzad:l.~ e as sul>-dcsc1woJvJdns. N:t eMnomfa intenta das naç-õcs pobres el:.i Jnduz à conee:nrra('âo cre$('enlc da rtndn n:is m ãos de um:1 minoria prlvllealado, O lllUtOr ocui,-,1.sc, t.m se~uidn, da :1("~0 da.~ gr:111dts empresas intcmuclonals, nflm1:mdO que wneaçam a soberania dns natões onde alut,m e impõem pndrõc.s de consumo unlfkfals e ncta.-.ros ~ sodedadt'. Re.«rvn, por fim, temida artilharia ao modtlo br:isUelro de destnvolvlmen10, e no úllimo capítulo dlsconc .sobre o que vê de irrtal nos indicadores ccouôruieos eomumente: uHUz"dos. N:.io ~ nosso objelivo e ntrnr no m érilo dt " td:, prop0.siç;io do lh·ro. Isso cxorbltarfa cnomiemttlle dos Hmltcs de um Mllgo curto, que rein n pre1cns:io de ser fllcUmente compreendido se:m. ter o leflor que frantlr as sobrnneelhas p:lm entcndcr n cab;.11ístko llnguagtm c-conômk" hodier na, - o qual, p:1rn dl:ter que P<'dro ficou pobre, aflm1a: "Pc-dro condicionou

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O LIVRO DE

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5t:1dos :i contribuir parn a corni1rut5o. quer como l'ap.as ou Cardeais, quer como Bl,o;poJ. Abadei ou P::astorcs. Qu:rndo o bilsamo de ~as \lirtudcs cspi, rituais ~ difundiu ampl:uncnte, todn a tc-m, wmo se fos.~e uma s6 CQSQ, fkou impregnada de stu perfume~ e o fcn<ot da rcllgl:'.io mooásli('n, q.ie pOueo ;a pouco aum«1t2r.1, liC lnO:lPlOU cocn o zelo cxem· piar dcssts homem,"' (''VIia Sauctl Mor:mdi Confessor-is", npud H. E. J. Cowdrcy, "11te Cluni.nct und lhe Grcgorl.un Rcfomt''. Oxford, 1970, p. 163), M:l.'i os clunhaccniCS infiuir:mt dclivn.mcntc t.Jn toda ;\ vida mcdlcvnl. Ora. como é que, vivendo enlngue$ con1p-lctan1cn1c à ornç-.:io, t.sscs mtsmos horutm, qu.1ndo sof:im do mosteiro, resolviam r6pida e brilbnntemeutc as questões m:als dcHead.ns, JnOufutn podtrosnmente- cm toda :i. vida tt'ropor:il, cobr b,m o nrnndo de obr.tS de arte inc:omparlivcts e, coruo se nada tivt~m feito, vo1tavnm depOl~ par::i. su:i., t>elas e nelns tttom.avom a contei:npl11('ão se.m n ~nenor dlnculdadc, conscn·i:ando,.se .scml)t'C prontos :1 voll::ir :;a ati\lldades prodigiosa.~, con, a mesma p:tz de. :dm11 (luC' nmnlinhn.m no mosteiro? Como e quillndo se prcparavn.m cle-s para essa ntuoção? A c.ss.-i pergunta nenhuma rtSJ)O)'hl Slltisf.\tórla foi dud.a nt~ hoje · pelos hlstorl.:tdorcs. Nenhum deles con, segue :Uin:.ir com o segredo qut' nnim.ava tssics Monges fão ntivos c no mtt,mo fcmpo tiio contemplativos, sempfC serenos e sem ntnhum;i ~glta.ç~o, ativos n.:1 contemph.t(':io e contemplativos na :itão. D. KQSS"lus H:allingcr, a utor da monumc.nlA.I blstórl-11 d:, reforma monástica na AH:1 Idade Média, ..Cor-te - J<lunt''. ttntou uma rtSl)()Sfa num artigo írupor1nnte pub1kado na ''O culStlte Archlv fur trforschung des Mltfelnltcrs'', rCS1in1ido t publicado tm inglb, com o título dc ''Thc splrifual lifc of Cluny ln lhe cnrt, dQ,)'t.'', n:1 toletão de mer.n6rias sobre Clun,y selecionadas por Norttn Hunt (> rtunidas no Uno ''Cluniac Monastklsm ln tJ1d Ctntr,d Middle Ai;:t,'' (Ma.e Mlllan, 1~0). ·Antts de dar sua pr6pri.a oplrüão, D. JCa.ss'lus HnlUngtr classifica cm d nco ~:andes grupos M várbu explic~1çõcs propos1.1s. Srt0 elas o ~"Pfrito Utúrgico ch'I Abadia, :a ubcrtul'll p:u11 o mundo, a fu~a do mundo, n orgnnl:,.nção feudal de Cluny, e .u raf.«.s moná.~licas cspcclnls qut eamctc.riz.'\va.m o mosteiro. Pelá simplc.~ enumeraç:io se vê a op0$1çiio flagrante qut' há~ por c~emplo, e.ntrc :a sett,undn e o tetteir::a posit5o, nmbos defendidas por gr.mdes hlstorlndorc.'i. O folo é que- nt'nhumn dela~ S."lllsf:\7,. ~ , dh·e rgtncla de opinlÕt's E um.n díLf maiores dificuld:tdcs pàrn o bom conhc<lmt'nto de Cluny, i;crando mt.>1110 confu.sôt:s lamentí,,,·ei.s. Ncsse mesmo :1rUgo de O. _Kns.sius l{áUfngtr ltft uma. nmostn\ curio.s::, d,w c:onJusio, Cor-1,e é o moi:.1clro mal-; c:arncterís1ico da rdomu, monástit-CI inlelnda na J.orcn;i. no mcsmo tcmpo que n de CJuny. F. Wclgle viu no livro "Cor,~ - Kluny•• uma eert:1 Ol)Osiçúo cnCrc cssts dol.s movimentos de- rdonna. Orn, D. K:i.,;..-d~ :,fl.rm;i. no artigo que o.,ç vnlores monásricos d~ Ctun_y "n:io s6 m-Ofd:ua.m um grnndt' número de Monics do século X e Xt, como t:uubém cstcndcmm :, suá influência n1ém dos mos1eiros e se fàcrnm ~1:'nlir no pr6prio mundo steular de sua fpocn". E,

......}.(: .~ . . . '

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J)O(lllt-11 13Jl3eRUNT. em nota, rdoto\ F. Wcigte: "O bito do movlmento de rcfomia de que Cluny teve :a lider:m('a1 dk etc, só pode s,cr explicado pelos valores monásticos de: Cluny. ·Esse fato foi m encio02do várias vcus cm ''GorLe Klu,ny" [ . .. ], A dc-~l)CIIO de tal$ afi.r• mações, F. Wclgle p&dt' falar de um11 descri('ão contrnsf!lWl com Gorze ("Dcutsd1e Archiv1 \ 91 585); ele. não cnténdel.. :1bs0lutnmente o ponto principal do Hwron. Por tudo Isso procur:irtmos. nesta série de arthcO$ que pretendemos estro·cr sobre Clun.1, pôr um _poÜto de ordtm cm todns essas que~1ÕCs. De untem.ão pt· dlmos dtsc:ulpas nos nossos lc-i10rcs: pelo grande número de cit:t('ões que seremos obrlg3dos n fazer. t que C luny foi tüo gr:inde, que suo. llls16ria írcqücntemente parece inncrcdittívd~ se. niío for corrohor.tda J)C'la nulorldndc de e>J)«lallsta.s, por v~cs n tm St• quer c-ut6llcos, ruas que não ckixnm de:- st: tmPolgar ptlos feitos de .seus Mongt,.

Antes de temlinar e~-:.i. blfroduç:io, qucrc-mos r~ prodailr o maior dos elogios qut' Cluny rccebtu cm tod:.1 n sua hlstórh,. t dt São Gregório VII, no :1brir a 7 de murço ide 1080 o ContOio Ronmno quC rcnll:lnvn nnu:dntcnlé~ f; bom notar que esse clogio foi pronunclado dois anos depois de o lmpc• rndor H,nrlquc IV ter ido n Canossa pedir pcrdiio uo P::i,p~t, episódio C'DI que ruulros procur.un ver uma oposiçao séria entre o gr1mde Papá e S:io .Hugo, c ntiio Abade de, Cluo,y. "Sobci, meus lnn1'i0$ no s::aecrdócio, disse Siio Cre, g6rlo VII, rodos que vos reuni$ n~1n So.utn A.sscmbltla, que entre todos os nobres mosteiros fundados :-além dos montes pnra à g16ri3 de Deus on ipotenlt' e. dos Bc.m-uvenh,m1dos Apó~'tolos Pedro e Paulo. cxlsle urn que f propricd1lde pnrticul:ir de São Pcdro, u nido à Igreja de Roma por u:ru pacto e:\l)C"daJ. E.~ mosteiro f Clun,y. Votado, dtsdt o fundutão, princip:11m<'nfe à honr.a e defesa da Sé Aposlólic,1, pela gr:1('a e clc.mênci:1 divínn e sob :1 dlrc(:-ão de s-·mtos Abades chexou 11 unm lat 1:tmndc•zn e i.1 um:, tul .s.-inlklade, que ultr::1passn todos os mosteiros de :lltm do~ mon, tcs no scnlço de Deus e: no fervor e.$pirHunl. Nenhum o uiro o 1$:u.lla, 1:10Co qu~rnto se pos..'i:.t jul~::ir, emOOra b;1j.i unl ~r:111de número de mo~1t'iros mnis anlbtos do que c:lc. ·Não ho1n·c en1 Cluny um só Ab::ide que não tosse s:mro. Monge.'> e Ab:,dts nunca fnltnr.:uu a esta S:101a Igreja, M:ie de todos elC$. N1io do• broram o joelho dh.tntc de ·a :,al nun dlmue dos ídolos de Jcrobo:io. T onu-.ndo por modelo n liberdndc e :1 dignidade drt Santa Sé de Romtt, nobremente conS(!rv:1ram n 11urorldade conq,11istad:- por seu, antep:t.SSados, e nunca se curv::iram sob o doruinlo dos príncipes dtsle n10ndo, continuando n ser ot deFcnsorcs comjosos c submissos unkamcnre de S5o Pedro e de- su:, Igreja.. (apud O. Ufflt<'r 6erll~re1 "L'Ordre Mon:.1.stiquc''. p , 219).

Fernando Furquim de Almeida

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dcscensiom1lmcntc su:ts expe:tl:lliv:L'> fotur.L" de con)Umo''. O primeiro reparo, nntcrior à análise do conteúdo, é à es1r:111hc-m que c:msa o Jivro ao t:rnfar do mito do dc-.:,~m·olvlmenlo econômico só no mundo copit~1lb1:a. Pois, se f objetivo tonfcss:,do tanto do capir;;.illsmo q u.1u1.10 do comu nl$mo, promovcr o desen volvimento, o n:l1ur:il seria que :.e enfocasse o problemn nos dois mundos. Ttmos o ouvido cheio de dcelnrn('Qcs de potentados comunl«a.s cn::iUC"cendo o prqJ,U"csso c-conümko das sociedades 1>or eles dlrigid:is. Por qur o Sr. Celso Furfado niio trahl do lenu, noi; p:,f.ses de alé.m cortina de Cerro? l~nignm. Uma re$]k)sfa de~1,rcoc:up:ada e truculent:1 diria que, l'omo os comunlst:tS foU1onun em promover o dcs~n· volvimc-nto, j1\ que o comuni.~rno hl.storlcomente trouxe s6 miséri.a onde foi Implantado, ~ scria, como dii o scrt::inejo, procurar chifre cm c::a.bc(':1 de cavalo. M:ts, sendo Celso f'.urlãdo um professor, deveria dl.sculir u questão pelo mtnos en1 fc-;sc, A inclusão do ttnm, na )'.ógka do cnsn.io, a obris,.t6rt:a. A qutsf:io :1 ser rtS),ondld:1 é: sc,n'i o comunismo (am. bém iuvHivct, já que toloc:i :.~ ftlkid:1de da ·sociedade m, c<mlínuo aumcnlo de btn.s ni:i.ttriais? Ou seja, à mcdld:, que conseguisse elevar o nivel de vid:1 da~ J>ô1>ulriçõc.·s p0sfas sob seu domínio, ele deixaria de nr ;1plid,·el pc-los 1nesmos motivos olcgados no :11nque t,o cnpitaUsmo? O áulOr, Polílico csqucrdi.~la m::ill'('lro, p::tS.•m em silêncio o probk.ni,a, poli s:1bc que :a difus.io do seu livro, d~\ mn11cirn como está redigido, ::ijudará o m.irxb"mo. A eomplementn.çflo dà tese prineip:al strio de 1110Jdc .- prejudicá-to. Mas $C o :mror se esquct'c dos russo~ não delx:. dt· mendon:-ir os d1inescs. Nas páJ:inas 91-91 :1firm:1 ciue "três sóh.t(Ões princlp:ii.s (pum,-.) têm ~ido tcnl~d::lS 11(} correr_dos (JIHmos ànos''. A primdm con· ~,src no <'btu11ado ''niodelo brasildro", que ele dc,.s. c-mt;i ;:10 Jon~o de todo o livro, c:-spcci.almentc no c:1píruto Ili, Que IC'lll por título: "O modelo bra~ilelro de ~ubdtscnvolvlmcnto". A scs:und:1, o chamado "modelo dt' 1-l ong-Kon.:'', ni:o pode ser :,plieada scn:io nas c-ondlçõt'S muito c.si:1cd;li.~ d:tqucle eodavc brH:'i.nico. A rcr('('im fómrnl:t, o ''modelo thln~·, ••c4n.,;i~te t m rtc'ondic:ionar progre~ivnmente O$ pa~ drõcs dt cora.rumo'' para conseguir um dcscnvoh•i, menlo rt:111.s:ta (cm lug:ir d e d i1.cr ºncostumar o povo i1 1ub~rl;1 n-lnanle na Chín:1''. o professor u:,":l. o eufcml.)1110 jeitoso). Como Celso F11rt~1do n;io fàz nenhum:a crílka ::10 modtlo chinês e desc.irta todos os outros, o leitor flc,1 com a iuiptt~'i.S:io de q ue ~• única opç-:io viável é ::, m.:.1oísr:1. Oc:,'1:.\ m:incirn, par.-. quem pense que l:inlo o tapih1fü.m o priw:.1do éomo o de t.-:srn.do1 nrs:io sovlélic2, levam o um beco stm snfd:1 1 ttmos a altntador:1 t6r-

bn1sileir.l", Ji"ome ecrtamcn(c ba.,·trá, m;LS poderemo$ esquecer :is cxigência.s do i:-stôm:..,go lendo o liwrinho vcrroel.l10. E, nCSS:l épou, Celw f.urt:1do de-cerco nos dlrá que não há fome, mas q{l:afqut'r tols:.1 como " uma provi$óri.::i mOdlflcação de priorldádts t5tratfgieos alocando p ara :a lndustrlali· zaçrau de, :'írc:t.-.· prioritúri:ts reeursos a nteriomtente destinados a manler n tap,1cid2dc. huruan:i. de tr:.balho cm nível 6Umo. confonne a diretrb.cs bái,icns do Vl:1110 Nacional Diretor Exetutivo (PNDE)". J.n.1:1, Rlnem a tonsolatão de ouvir e.~~ 11ch:arnbln." qu:.mdo Ch·trmos vontade de vcr peta frente um bift. Eneerrnndo o comentário, c1ucremos deixar eo11, ~jgn:1do nosso pro1e.sto conlr.t ~1 atusfio lrttvcrcnte do autor no. m istério da Snntíssloia Trindade. Na página JJS, C'S-c rcvc Cdso Furt.1do: ' 1Pa.sslm1os ?! Oul'r:i ,•:1en s:1gr.tda dos economistas: o Produto Interno Bruto (PIB). Esse cootelto ambfgao, ::imálg::uua con, ~idcrávcl de defini('Õe.s mnis ou m enos ;Írbilrári:,if, tnmsfonnou-sc. em algo tão real para o hontcm d:1 rua wmo e, foi o mistério dá S:.tnt.i~ima trindade p:tt;1 os camponeses dtl ldnde Média n:1 Europa"". Com1,razc1110-nos em 11crcscentar <1ue, qu:.mdo 011 «'Onombt:1.'i N1t(,Ucos rrndld<1n:als dh iam qu<" dever, se-i:1 lcnder p:,r.1 o fonnaç:io de uma soclcdade ori:íinka dc b~lSC :1,1:trkol:t, onde a indu.stri;alf~çfio lena, l:mlo qu11nto pos.,;:fvel, fun damento tamiHar e seri:, ccntrud:1 11:, vroduç-:1o de bcrL" dur:1douros e de boa qualidndl·, eram qu:alifk:i.dos por muitos d<" vbion:írios românlkos. O dc~-vnrio «onômko ~\lu:il está-se e nc~1rrc-g.1ndo de lhes dor fulgur.mle r:1i:io. &çnomlsl!l.S do estilo Cdso Furtudo su«cntav:ani ser nC'ctss!'ítio acabar com os ºpn-coneelto.s mtdicvnis'' p:1r.1 lomar po~ível entrar de thtio m\ er.1 do desenvoh·imento conlí11uo e rápido, qut' prcss, . giuv:1 foturo e p~ . Ago,.,., dão volla íl casata e :1íirm;1m, com rod:, :i $Cnt-Cerimôni:a, que c-ste p roctsso lh·acl n 1erl$Õcs hi:;uport:h·el..- e: à mbi:i:.ria. O dtsc-nvolvimcuro dclxou de ~ r nome parn :1 p:u:, p-t"lo mcno.'i segundo os «ono1.nist.:'1$ d:l rib:tlla. A1;tom, uponH,m -:.un novo mito: o comunbluo chlni~. S:t o, no fundo, mitomanfoeos ol>re<"ádos pelo rimidbmo igualit::í.rJo s;tr:uJor do c:101;, da mlséri;1 t do nleísmo. V:1o pufando de miro em mllo, m:L'f nunca ab:mdon:uu ::i :írvort do l~u:11U:i.r~mu icvoJu. cJonlirfo. Por lss:o o livro deveria ler por cílulo: ºO Oescnvolviinento do Milo", ou "M:ils um Milo". f.:nquanfo 0$ homcns não se vollflrcm p:ara Aqut le (Ju e f o Caminl10, ."'I Vtrdt1dc e :, Vld:1, ser:io tenlados :t d:1r :llent:io áOs fobrktmtcs de mitos, cad.a vei m:iis dc.-.-um;inos e dt;~;p6ticos. O dcsuortcnme11to e :1 mud:)11(':.l contínu:1 dJ1 rola só tcmlin::ar:i.o quando a hum:uiid:adc se fl:r.tr d6cil i, vo1. dú S:tnt:a lgrej;1 C:it6lie::i Apo~1ólic:1 Rom:in:a., Me.~m da VcrdOdt' t Miic <'t>mp:iss-lv:1, 11tul;1 ..t\1.lo :\

Péricles Capanema 7


·Af01ECESMO----- *

JUSTO UKON TAKAYAMA, SENHOR FEUDAL, GUERREIRO E SANTO

Q

UEM, NO INVERNO de 1551, viaj~ssc pelos caminhos que conduziam a Kyo10, a capital imperial do Japão, lalvez encontrasse um personagem singular, jornadcando sem se deixar abater pelo cansaço, pela neve, ou pela precariedade da estrada. Dos que o

viram, alguns o terão tomado por um mendigo; todos terão passado ao largo, com desprezo. . . Ninguém imaginava estar diante do Apóstolo do Oriente. São Francisco Xavier havia desembarcado em Kagoshima, · :Capital de uma das províncias nipônicas, acompanhado de Yagiro, japonês que balizara em Goa e que, entusiasmado com a Fé católica, q,1cria levá.la ao país do Sol nascente, n:'I certeza de que seus patrícios a abra-

çariam sem reservas, como ele pró.. prio fizera.

As coisas, entretanto, não corrc-ram de modo tão simples, e os obstáculos foram nuincrosos: a frie-L<'\ dê muitos senhores feudais, que não permitiam o contacto com o povo; as inlrigas fomentadas pelos bonios budistas; a impossibil idade de conseguir do Imperador a licença que asscgurnria um a completa liberdade de ação. A difícil viagem a Kyoto foi· aparentemente sem resultado: o 1mperador encontrava-se longe, refugiado em virtude de guerras interm1s. Ao deixar Kyoto, dirigiu-se o !Pa-

dre Xavier a Yamaguchi, uma pro· víncia próxima, cm cuja capilal, re-

vestido de suas roupas mais solenes, entrevistou-se com o Senhor local, obtendo pron!amcntc dele a licença para pregar o Cristianismo, bem como a cessão de um templo budista abandonado, para sua residência. Era um início promissor, e os frutos não tardaram a aparecer.

Perspectivas an.imadoras ' No :mo seguinte, cm carta a Santo Inácio de Loyola, o Apóstolo do Oriente solicitava o envio de mais missionários, e expunha as dificuldades dos trabalhos, como também as boas perspectivas que vislumbrava: "Scr,lo [os missionários] mais per.. .regu;dos do que julgam,- importuná-

../oJ··iio com visitas e perguntas, a todaJ' UJ' horaJ· do tlia e parte da noite; serão chanuulos a casas de pessoas importante~·, se111 se ,,odere,n excusar. Há de faltar-lhes tempo para orar, meditar e con{e1nplar, ou para qualquer outro recolhimento espiritual. Niío Jl.óde,n dit.er Missa. pelo ,ne• uos no começo, ocupantlo--se, conti11uame11te. en1 respouder às perguntas. Faltar-lhes-d rempó para rei.ar ó breviárió e, até, para comer e tlormir. P,1ra responder às perguntas são precisos bons estudos, sobretudo bons estudantes de filosofia. ES/es Qoutos ficam muito e11vergó11hados quaudo os Oflanltam em co11tradição ou quando ,ulo sabem re.rponder. Visto a terra <!o Japão ter boa disposiÇão para se perpetuar nela a Cristaudade, /icmn bem empregados todos os trabalhos que suportamos. E, assim, vivo muito esperançado e,n que vossa santa caridade mandará, da1, pessoas santas para o Japão" ("Cartas e Escritos Seletos de São Francisco Xavier", Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1952, p. 147). No mesmo ano, o Santo dirigia outra cana, <lesta vez ao Padre Simão Rodrigues, recomendando-lhe que

prestasse toda a assistência a dois neocristãos que iam conhecer pessoalmente a sede da Cristandade: "Lá vão Mateus e Bernartlo, japões de nação, os quais vieram. comigo"' cio Jaf}<io ti 1,ulia, com intenção de ir ,, Portugal e a Roma, a ver a Cristandade, para clepois, tor11a1ulo a .tuas terras, dar fé tio que viram aos ja.pões" (op .. cit., p. 151 ). Teriam eles oportunidade de conhecer o Papa, o Santo Geral da Companhia de Jesus, as grandes Basílicas, os túmulos dos Mártires. · Em 1552 São Francisco Xavier entregava sua alma a Deus, vitima .. do por uma epidemia na il ha de San-Chan, no Mar da China. ·Sua morte contudo não interrompeu a expansão missionária. Ao contrário, as conversões, os batb~.ados, continuaram aumentando notavetmcnte, de modo tal que um· levantamento fei10 em 1579 pelo Padre Callian revelava o 1otal aproximado de 107 mil cristãos, distribuídos pelas pro· víncias de Kinki, Tyogoku e Kiushu, especialmente.

"t impossível imitar Ukon" A história da região de Takatsuki, nessa época, registra os fatos altamente edificantes da vida de seu SC· nhor feudal, Justo Ukon Takayama, que deu exemplo de grande abnegação e fonaleia para permanecer fiel à Igreja. O Pc. Pedro Katsumi Miya. moto, zeloso Capelão dos japoneses católicos de Londrina, tomou-o como Patrono de sua obra, e publicou uma biogf.afia resumida do santo nobre , nipônico, que seguiremos neste relato (Pe. Pedro Katsumi t,jiyamoto, ··Senhor Feudal Santo. l usto Ukon Takayama", Osaka Kyokasho Printing Co., Osaka, 1969, edição bilingüe japonês-português). Ukon Takayama recebeu o Batismo em 1564, juntamente con\ seus pais, adotando enJão o nome de Jus10. Seu castelo; situado numa colina em Takatsuki, ainda hoje se conserva, permit indo ao visitante imaginá-lo sitiado pelo exército inimigo, como ocorreu em 1578, ocasião em que brilharam uma vez mais os do· tes militares de Ukon Takayama na defesa de sua imponente fortaleza. Takatsuki, sob o governo ·de Justo Ukon Takayama, teve as leis e os costumes pagãos gradativamente suàvizaélos e modelados pelo Cristianismo; em tudo o santo Senhor procurava favoroccr a prática da virtude. Um desses usos gentílicos q'brigava os súditos a fitarem o chão, de joelhos cm terra, quando seu Senhor passava ; quem não procedesse assim podia ser punido até com a morte. Justo Ukon substituiu esse costume por uma saudação respeitosa mas afável, que ressaltava o caráter pa-. terna! do Príncipe cristão. Outro costume pagão, a cremação de cadáveres, usada cm alguns casos, foi abolida completamente, sendo substituída pelo funeral católico, que salienta a esperança da ressurreição final. No cortejo fúnebre eram levados solene· mente estandartes com o Santíssimo Nome de Jesus e a imagem de Nossa Senhora, bordados cm ouro. O Padre Fróis, jesuíta por1uguês que percorreu o Japão na época, tendo visitado alguns senhores feudais, relata ter ouvido de um deles uma declaração que constitui um alto elo-

gio das virtudes de Justo Ukon Takayama : "S'e não houvesse o Se.rto Mtmtltm,ento, poclerí"mos ser batiz.a.. tios, poré11i imitar Uk<>n é iJnpossívef'.

o

Sr. Bispo Diocesano preside a sessão de encerramento do Encontro; a seu lado, os Srs. Antonio Rodrigues Ferreira e Milton de sanes Mourão. Diretores da Secção mineira da TFP.

CORRESPONDENTES DA TFP REUNEM-SE EM CAMPOS

Renúnc·ia heróica Dir-se-ia que a vida do Senhor de Takatsukl transcorria de maneira austera, mas tranqüila. Para seus amigos mais íntimos, entretanto, Nosso Senhor não oferece uma coroa de rosas, mas de espinhos; nâo os convida a vivcrcn1 no Tabor, mas a freqüentarem também o Calvário. A primeira grande provação veio por obra de alguns senhores feudais pagãos os quais envolveram Ukoo cm uma. intrincada trama política que colocava cm conflito seus deveres de samurai e sua consciência de católico. · Tendo-se revoltado contra o Shogm11 (espécie ,d e primeiro-ministro e chefe militar, que exercia o poder sobre todo o Japão cm nome do Imperador), Araki, a quem Ukon Takayanrn estava subordinado enquanto samurai, exigiu que este não permitisse que as tropas do Shogum passassem por suas terras, único caminho que tinham para atacare.rn o feudo de Araki. · O Senhor de Takatsuki ficava assim posto num dilema, pois se devia fidelidade a Araki enquanto samurai, devia-a também ao Shogum Nobunaga, de quem seu pai recebera o castelo e o território de Takatsuki. Ukon procurou ganhar tempo, enquanto buscava uma solução pára o difícil problema. Surgiu então Nobunaga, acompanhado de oito poderosos Senhores com seus exércitos. Pararam diante das muralhas de Takatsuki, _não podendo ir além, pois o castelo era inexpusnável. Depois de várias investidas em vão, o Shogun1 resolveu adotar um recurso extremo: mandou um mensageiro a Ukon ameaçando proibir o Cristianismo cm todo o Império e crucificar os Padres e .os fiéis à sua vista, se ele não entregasse. a cidadela não lhe prestasse obediência. Compreendeu o valoroso senhor feudal que a sorte da Igreja no Japão estava em suas mãos, e que não· havia outro caminho senão sacrificar sua honra de samurai aos inte.. resses católicos. Para pasmo de cristãos e pagãos, decidiu s ubmeter-se ao Shogum e c1itrcgar-lbe a fortaleza; ao mesmo tempo. para não faltar ao dever de fidelidade, renunciou ao seu feudo e às dignidades de que estava inv~tido, bci'n como à carreira miJitar, resolvendo retirar•se do mundo para cuidar unicamente da salvação de sua alma. Essa atitude acresceu muito o prestígio do santo Senhor. Mais tarde, o Shogum Hideyoshi, que era pagão, c-o nfiou-lhe o comando militar da importante província de Akashi. U kon leve então alguns anos de relativa 1ranqüilidade, favorecendo de todos os modos a expansão do Catolicismo.

e

Começa a persegu,çao aos católicos O espírito das trevas, entretanto, não podia s,iportar por mais tempo o progresso da Cru1, cm regiões onde até então havia reinado sem con~ CONCI.Vl

NA r,(ÇJSA 6

C. C. Nunes Pires

REALIZOU-SE EM Campos no dia 8 de setembro p.p. o l Encontro Regional d.e Correspondentes da Sociedade Brasileira de Defesa d,, Tradição, Farnília e ·P ropriedade, com a parlicipação de cerca de duzentos correspondentes de quinze cidades do Norte do Estado do Rio, Zona da Mata dç Minas Gerais e Sul do Espírito Santo. O ccr.1an1e constou de palestras, debates e projcç.ã o de audiovisuais, e teve por objetivo o estudo dos meios de ação para a difusão dos ideais da entidade. A sessão de encerramento foi presidida pelo Exmo. Sr. D. Antonio de Castro Maycr e teve lugar no prestigioso auditório da Associação Comercial Campista. Dirigindo-se aos congressistas, S. Excia. Rcvma. denunciou as manobr:1s solcrtcs do comunismo. especialmente do ucomunismo ,li/uso", que se insinua em p;ilavras, modas e costumes aparentemente inócuos-. mas aptos a introduzir nos espíritos uma mentalidade materialista e igualilária. Acentuou a eficácia da ação dos correspondentes e amigos da TFP para neutralizar o "comunismo difuso". Falando a seguir, o Sr. Milton de Salles Mourão, Vice-Presidente da Secção de Minas Gerais da TFP, apontou no progressismo dito católico o mais atuante inim.igo da civilização cristã em nossos dias. E concitou os participantes do Encontro a trabalharem intensivamente no sentido de des(azcr a campanha difamatória que parte dos -arraiais comuno-progrcssistas contra a crescente influê,ncia da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. No final da sessãot os participantes aprovaram por unanimidade uma moção de aplauso ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, "por tudo quanto tem feito em prol da ci1•ilitnção crütã., tão abalada em nossos dias, CJ'pecialmente pelo progressismo e ptlo comtmismo".

TFP FAZ PEREGRINAÇÃO A ·A PARECIDA DUZENTOS SÓCIOS e militantes da TFP de São Paulo rcali,.aram no dia 15 de setembro último uma peregrinação à Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, para rezar pela derrota do comunismo e pdo incremento no Brasil dos valores fundamentais da civilização cristã, a tradição, a família e a propriedade. Parte do .percurso - 40 quilômetros - foi feita a pé, seguindo os sócios e militantes pela Via Outra, com suas capas e estandartes rubros, Je.vando em andor uma imagem de Nossa Senhora de · Fátima. Durante a caminhada, rezaram o terço, coloaram cânticos religiosos, especialmente hinos marianos e o tradicional "Queremos Deus!", atribuído a São Luís Maria Grignion de Montfort, apóstO· lo máximo da devoção à Santíssima Virgem. De tempos em tempos fa. ziam ouvir rambém o brado de campanha: Pelo Brasil: Tradição! Familia! Prop'dedade! - Brasil! Brdsil! Brasil! Partindo de São Paulo à I h30 do domingo, 120 sócios e militantes da TFP dirigiram-se em ônibus especiais até as proximidades de Taubaté, onde teve início a caminhada rumo a Apa.. recida. À altura de Moreira César (posto de pedágio), os peregrinos fizeram alto para um pequeno lanche, depois de terem percorrido 25 quilômetros. Nesse iponto vieram juntar-se a eles outros oitenta sócios e militanlcs, que partiram de São Paulo em horário diferente, para juntos percorrerem os restantes J5 quilômetros. Os· du.zentos peregrinos chegaram à Cidade-Santuário precisamente ao meio-dia e se dirigiram à Basílica no· va, o~de rezaram diante da Imagem milagrosa. De lá, através da colossal

passarela que liga as duas esplanadas, rumaram até a antiga e venerável Basílica, cm cuja ·praça desfilaram com orações, cânticos e brados de campanha. A peregrinação da TFP despertou vivas simpatias entre os 80 mil romeiros que nesse dia se encontravam em Aparecida. Foi encabeçada pelos Srs. Plínio Vidigal Xavier da Silveira, luiz Nazareno Teixeira de Assumpção Filho, Eduardo de Barros Brotcro, João Sampaio Neto e Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho, membros do Conselho Nacional da entidade.

A chegada dos peregrinos


DDU!T01t: Josá CAa~os CAsTu..110 oe Al'IOk>.nt:

BUSCA O SENHOR MAIS RICO A MOR P·OBREZA Dos céus à terra desce a mor Beleza, Une-Se à 110ssa carne e fá-la nobre; E sendo a hu,nanidade dcmtes pobre, Hoje subida fica à mor alteza. Busca o Senhor mais rico a mor pobreza, Que ao rnun'do o seu anior descobre, De palh<ts vis o corpo tenro cobre, E por el<ts o ,nes,no Céu despreza. Conio? Deus em pobreza à terra desce; O que é mais pobre tanto Lhe cpntenta, Que este soniente rico Lhe parece . Pobreza este Presépio representa; Mas t<tnto por ser pobre já nierece, Que quanto niais o é, ,nais Lhe conte~. Luís de Camões ( 1525-1580)

Adoração dos Magos, por Juan M artinez Montai'íés (1568-1650) retábulo no Mosteiro dos Jerônimos de San Isidoro dei Campo, Santiponce, Província de Sevilha, Espanha.

,

N.º

288

DEZEMBRO

DE

1974

ANO

XXIV Cr$ 3,00


Quinto centenário de Juan Diego, confidente da Virgem de Guadalupe N

ESTE ANO DE 1974, os povos la1ino-americanos comemoram o quinto centenário do nascimento de Juan

Diego, o fndfo m_ exicano que se tornou, cm 1531, porta-voz da Virgem de Guadalupe, encarregado de difundir- sua mensagem de predileção pelas nações de nosso continente. Nossa Senhora de Guadalupe foi solenemente proclamada Padroeira da América Latina, em agosto de 1910, por São Pio X, então reinante. Jgnora-se o dia do nascimento de Juan Diego, mas as melhores pesquisas históricas dão como certo ter ele nascido cm 1474, no povoado asteca de Cuauhtitlán, ao norte da cn1ão Tlaltelolco. que veio a ser, mais tarde, a Cidade do México. As comemorações de seu quinto centenário concootraram-se, oeste ano, durante o mês de junho, mês de sua morte, em 1548, e durante o mês de dezembro, por ocasião da festa de Nossa Senhora de Guadalupe.

Instrumento do Providência

e notável a importância da devoção guadalupana na atual crise da civilização cristã, sendo a Virgem de Guadalupe, c-0mo é, a Rainha, oficialmente proclamada, das nações lati no.americanas.

·

Se olharmos o panorama internacional na perspectiva da mensagem de Fátima, tornarse-nos-á evidente que um papel de importância especial está reservado à América Latina. Deus tem seu modo de agir na liistória. Se, . por um lado, dâ a todos a graça suficiente para se salvarem, quer, por outro lado, que todos se salvem livrcmcnre, isto é, permite que escolham por si o caminho da salvação ou da perdição. Assim fambém age com as nações. Dá-lhes os meios para se tornarem grandes pelo brilho da Fé, mas permite que decaiam e se corrompam pela infidelidade. Entretanto, nas horas extremas da perdição humana, sói haver alguma intervenção de Deus advertência, milagre ou castigo - capaz de reconduzir os povos à antiga fidelidade. Nessas horas, a Providência oostwna agir por meio de instrumentos seus, carentes dos meios humanos e dos l'ecursos materiais pro porcionados à força dos agentes do mal. Espanha e Portugal formaram-se na luta árdua cm defesa da Fé católica contta a invasãó muçulmana. No século XVI, enquanto o re~t<>, da Europa se afundava no protestantis1riô ou se consumia nas lulas religiosas, os países ibéricos, preservados da heresia por uma graça especialíssima, formavam. no ullra· 4

mar, novas nações pan a Igreja. Mas também portugueses e espanhóis tiveram suas ir>fidclidades e, por <:ausa de seus· pi!cados, a Providência permitiu que se armasse a trama internacional que acabou por marginalizá-los dos centros decisivos da política mundial.

Juan Diego pormenor de pintura mural muito antiga, conservada na Basílica de Guadalupe. Está revestido de traje'> próprios à nobreza, que o pintor lhe atribuiu por ser o Vidente. 2

Enquanto a Espanha e Portugal decaíam. outras nações cre.~ciam em prestígio e riqueza. Os povos ibéricos e seu prolongamento na América passaram a ser encarados com des· prezo. Apesar de tudo, o espírito católico permaneceu mais vivo entre nós. Hoje. em plena crise, quando as rédeas da política internacional escapam das mãos dos Estados que eram até há pouco poderosos, Portugal, Espanha e América Latina mantêm o dom precioso da Fé e conservam entre seus povos uma so1ida· riedade sem sí.mile na h_ist6ria moderna. Estas circunstâncias nos levam a crer que nossas nações terão uma missão especial na hora da intervenção de Deus no mundo de· cadente e materializado. E não é por outra razão que vemos nascer e florescer entre nós movimentos de defesa dos princípios da civilização cristã, como as diversas TFPs. Pareceria natural que movimentos como esses ti• vcsscm surgido nas nações de longa e brilhante tradição católica, ou naquelas que até agora dirigiam os destinos do mundo. Mas Deus quis olhar para os pequenos.

As predileções do Virgem Por outro lado, o; evidente a predileção maniícstada pela Vügcm San1íssinia para com a Diante deste quadro de José !barra ("o América Latina. Murillo mexicano"}, as Autoridades eclesiástícas e civis proclamaram Nossa Sob este aspecto, Guadalupe figura como a Senhora de Guadalupe Padroeira da Noprimeira e das mais significativas intcrve-nções va Espanha, em 1746. de Nossa Senhora junto aos povos desta parte do mundo. . O tom do diálogo por Ela mantido con\ Juan A condição social de Juan Diego, que perDiego revela uma extraordinária misericórdia tencia à classe mais obscura entre os astecas, e uma ternura comovente. os maze/males, lembra muito apropriadamenle Na primeira aparição, a Senhora chama o aquelas nações que seriam chamadas, nos orguíndio, que então já C(a viúvo e tinha perto lhosos paises industrializados, de republiquetas de sessenta anos, de - ''luanlto, Junn Di"e· latino-americanas . .. gullo". . . E o continuou chamando de ••e1 má:.f A crise do mundo contcn1porâneo, qt1c, ori• pequeiio de mis hljos". ginando-sc no fim da ldad<: Média, chega hoje Logo de inicio foi manifestando suas intenao seu auge, na pertinaz perseguição do objeções misericordiosas, com palavras de carinho 1ivo final de seus fautores, que é a extinção como talvez não ,haja outro cx.emplo na hisda civilização cristã, tem como mola propultória da Igreja: ''Deseo vivamente que J'e me sora duas paixões que devoram o homem con· erijt1 aquí un templo, para en él mostrar y dar temporânco - o orgulho· e a sensual.idade. ·tt'/do mi amor, compa.ri6n, auxilio )' dc/en.,a. O orgulho que não suporta qualquer hiepues yo J'OY vuestra piadosa 111adre, a tí, a ' rarquia e por isso mesmo se revolta contra a todos w>.fotros juntos los moradores de esta ordem instituída por Deus e busca a igualdade ~ierra y a los demás amadores míos que me mais rasa na Igreja, na sociedade civil e até mvoque11 y e,1 mí con/íen; oir allí sus /ame11nos grupos naturais, como a família e a escola. tos Y remediar to<las sus miserias, penas y 1/0A sensualidade que rejeita qualquer freio e loref' . não se satisfará a não ser na Iibcrtinagem mais Essas palavras maternais aplicam-se perfeicrassa, e conseqüente . animalização do homem tamente a povos que seriam desprezados pelos ( cf. Plínio Corrêa de Oliveira, "Revolução e orgulhosos da terra e que gemeriam sob o Contra-Revolução", São Paulo, 1959). peso de seus pecados. Conseqüentemente, as virtudes mais fundaE as manifestações de misericórdia matcr,na mentais e mais atavas no homem que procura para com as nações latino-americanas se proo restabelecimento da Ordem e a instauração longaram através dos séculos. A invocação de da Cidade de Deus devem ser a humildade e Nossa . . Senhora de Coromoto, na Venezuela a castidade. originou-se crn faros que mostram também Juan Diego, na obscuridade de seu povoado uma iiltenção misericordiosa que, dir-se-ia, indígena do início do século XV.J, foi um mopassa dos limites. A Virgem quase que Juta delo de humildade e de castidade. com o ·índio a quem aparece, para conseguir Sua humildade estava principalmente no reconvertê-lo. E ele chega ao extremo de invesconhecimento sincero de sua debilidade. Diantir fi_sicamente contra a Apariç,ã o. Mas a Mãe te da missão altíssima que lhe confiou Nossa de Misericórdia consegue salvá-lo. Senhora, rogou-lhe que a confiasse a outro, de Igualmente cheias de significação nesse senmaior posiç-ã o: "Te ruego encarecidamente, tido são as devoções a Nossa Senhora do 8-0mSeiiora y Niiia mía, que a alguno de los pri11· succsso, no Equador; de Nossa Senhora de cipales. conocido. ,espetado y eJ·timado, le en·· Chiquinquirá, na Colômbia; de Nossa Senhora cargue:r que /leve tu mensaje, para que le crean; de . Copacabana, na Bolíviã, e tantas outras. porque yo soy un hombrccillo, soy un cordel, No Brasil, Nossa Senhora transforma-se cm soy una ecllleri//a de rablas, soy cola, soy ltoja. guerreira, como cm Lcpanto, para ajudar os soy gente mcnuda, y t1í1 NUía ,nía, la más pe• pernambucanos a expulsar o calvinista holnnqul!,ía de mis hijas, Seiíora, 1ne envías a ,u n dês. . lug<,r por do,uJe·110 anelo y donde 110 me paro". Sua castidade foi surpreendente, se consiPré-figura dos noções derarmos o meio e a é·p oca em que viveu. O latino-americanas sábio historiador Fernando de Alba lxtlilxóchitl resume cm poucas linhas o programa de Como escolhido da Virgem Santissima para vida de Juan Diego e sua mulher: "Ambos rcecbcr sua mensagem, Juan Diego é uma Prévivieron ca-;tamcnte: su mujcr muri6 vfrgcn: figura das nações às quais Ela queria manifesé/ tambié11 vivi6 virgen: nunca conoci6 mujer. tar sua predileção. E assim como a América Porque oycron cierta vez la prcdicaci6n. de L,tina, apesar de tudo. permaneceria uma faFray 1"oribio Motolinía, ,mo de los doce /r11imília de nações profundamente marianas, Juan les de San Francisco que habian /legado poco Diego foi um modelo de devoção marial até anteJ·, sobre que. la cnstldad era 1nuy grata a o fim de sua vida. Dios e a su Madre Santísima" (apud Manuel logo no primeiro momento em que viu e Garibi Tortolero, "Juan Diego, el cmbajador ouviu Aquela que seria proclamada a Rainha inmortal'' - "EI Eco Guadalupano", Guada· de nosso continente, ele A saudou como "Selajara, junho-agosto de 1972). ;lorn y Niiia mía", isto é, minha Soberana e São Luís Maria Grignion de Montfort enmenina dos meus olhos. e dificil encontrar sina que, assim como foi por intermédio da familiaridade mais bela. Menina dos meus Santíssima Virgem que Jesus Cristo veio ao olhos: centro das minhas atenções, objeto das mundo, é também por meio dEla que Ele deve minhas preocupações, chama do meu entusiasreina'r no mundo. Na mensagem de Fátima, mo, ale.i:ria dos meus dias. Nossa Seohora nicsma proclamou que, após a

.

luta titânica do que estamos participando, na qual inimigos externos e internos se uoem para extinguir a Cristandade, e que culmina.r ã com o aniquilamento de várias nações, o seu lma. culado Coração triunfará. Se na crise atual cabe a Ela o comando das operações contra o inimigo e se Ela manifesta assim sua predileção pelos descendentes daqueles que heroicamente empreenderam a epopéia da Reconquista, é porque E la reserva para esses seus filhos um papel especial na nova Re conquista. 4

Guada lupe - sina l de contradição "Eis aqui está posto este Menino pal'a ruína e p11ra salvação de muitos em Israel e para ser o alvo a que se atire a contradição" disse de Nosso Senhor o velho Simeão (Luc. 2, 34) . E assim continuou sendo por toda a história da Cristandade; nunca houve movi· mcnto vitorioso sobre o infe~no que não tenha sido sinal de cont-radição. A devoção guadalupana tem sido também um sinal de contradição. Uma devoção que encontra apoio tão seguro na mais autêntica doutrina da Santa Igreja, que foi confirmada em seus primeiros dias por milagres Cl{traordinários e que teve como fruto imediato a conversão de milhares de indígenas que, vencidos pelas armas, olhavam com desconfiança a Fé que lhes ensinavam os espanhóis, era para ter tido sempre o mais incondicional incentivo das Autoridades eclesiásticas. Entretanto, muitas delas, no passado influenciadas pelo jansenismo, ~oje contaminadas pelo progressismo, se têm mostrado indiferentes e frias. Quando, cm 191 O, o Arcebispo do México, D. José Mora y dei Rio, expediu a todos os Bispos da América uma circular pedindo o seu apoio para a proclamação da Virgem de Guadalupe como Padroeira de todo o continente, não poucos deixaram de responder ou responderam decla( ando oão achar oportuna tal proclamação . .. Entretanto, contando com forte apoio dos Prelados mais tradicionalistas, o pedido foi encaminhado ao Papa. Sã-0 Pio X, que então reinava, vendo faltar na lisla de adesões a maior parte do Episcopado Norte-americano, atendeu o pedido apenas com referência à América Latina. Assim1, os Estados Unidos e o Canadá ficaram priyaijos do glorioso patrocínio, gua<lalupano. ·· · Mas a primitiva indiferença não tardou cm 1r ansformar-se em ódio por parte de muitos. E hoje assistimos, estarrecidos, a pregação de eclesiásticos e até Bispos contra a devoção guadalupana, dentro da própria Basílica de Guadalupe. Ainda mais; com a conivência do seu próprio Clero, aquele Santuário glorioso foi ultrajado cm 1972, por ocasião da tomada de cenas, no seu átrio, de um filme imoral e satânico (e(. "Catolicismo.., n.0 268, de abril de 1973). -Por outro lado, a devoç.'ío a Nossa Senhora de Guadalupe vai cre.,cendo sempre mais nos meios fiéis à tradição católica. Poucos anos depois das aparições a Juan Diego, uma rep(odução da Imagem milagrosa, doada ao Almirante Andrca Doria por Filipe li, esteve presente na batalha de Lcpanro, onde, pelo mérito da recitação do rosário, Nossa Senhora dignou-se exterminar a frota.turca que ameaçava o Ocidente. Esta circunstância liga especialmente a devoção guadalupana à devoção do rosário. A festa litúrgica de Nossa Senhora do Rosário, instituída pelo Papa G regório XIIL cm 1.0 de abril de 1573, foi fixada cm 7 de out\1bro, dia da batalha de u:panto, cm agradecimento pela vitória das armas católicas. Em 1973, por ocasião do quarto ccntonário dessa vitória , foi comemorado no mundo inteiro o Ano Guadalupano do Rosário, assinalando o entrelaçamento das duas dl!voções marianas. A glória guadalupana culmina com a proclamação do reinado de Nossa Senhora de Guadalupe sobre a América Latina, pelo Papa santo de nosso século, São Pio X. Ne.,tc centenário de Juan Diego, encontramos agrupados cm 'torno da Padroeira da América Latina aqueles que estão dispostos a de· fender a sua honra e tornar efetivo o seu Reinado. Este será, por certo, entre -OS muitos tíiulos de .glória que adornam a história de Guadalupe, um dos mais relevantes.

Homero Barrodos


Plinio Cor-r êa de Oliveira po~er. E-agora, decorridos anos, volta /, carsa, sempre com as mesmas acusaçõe.s sem prov;\s,

Sobre a TFP

• • • Afüís. as imprecisões nociwls à TFP são íreqiicnt~ na en1revis1a do Prelado. Esta por cxen1plo. Como já vimos, declara ele: "pt1ra mim a TFP é herética mesmo". Trata-se de uma opi-

'

E UMA E NTREVISTA de D. Ivo Lorscheitcr ao 6rsão o!icioso da

nião pessoal dele, note-se. E mais adiante a.firma, também sobre a TFP: "Dizemos: i:r.ro niio é posição cdstã. herética''.

A pergunta se impõe : se há mais de uma pes-

do Paraná" (6/ 12 de outubro p.p.),

soa que pensa corno O. Lorschcitcr, quem é? Já que S. E:,xcia. é Secretário-Geral da CNBB, per-

d<1 </UCSl<Ío'', A fé é a mais preciosa das vir1ud~s, pois é a

raiz de toda~ as demais. Assim, para um católico não há p~cado maior que o de cair em heresia. A acusação que nos dirige o Prelado não poderia. pois. ser mais violenta. Em matéria de .. antitc. íepismo" é tudo quanto há de mais radical. Or-a, o valor de uma acusação reside antes de

tudo na veracidade dos fatos nos quais ela se baseia. - No caso concreto, que fatos são estes? Já em agosto de 1968, D. Lorschéiter. então BisJ)o Auxiliar de 'Porto A legre, assacou contra a TFP a mesma acusação. Pedi, nessa ocasião,

a S. Excia., através das prestigiosas páginas de "Catolicismo" (n.0 212/214, de agosto-outubro de 1968). que citasse "em qual dos 110$$0$ prollllllCiamentos ou dos Uvrcs que difundirnos, e11co11tr<1 base par{l sua gravíssima ncu,saçiio". O

Prelado se calou. E fez bem, pois outra saída não há para quem não tem o que responder. ~assaram-se os anos, e D. Lorscheiter volta agora à carga com a mesma acusação. Dói-me reduzir mais uma vez ao .silêncio um Bispo da

Santa Igreja. Mas, que remédio? - Pergunto, pois, a S. Excia., se durante todo esse lempo em que, quer a TFP., quer cu pessoalmente, não temos cessado de nos pronunciar sobre os problemas atuais, encontrou S. Excia. algo que alegar no sentido de q\Je somos hcreses. Prognostico que S. Excia. se manterá calado. e pelo menos o que lhe aconselho, cm nome da prudência.

gunta-se se é a CNBB. Ele não o diz. A confusão fica no ar. E nociva à TFP. Tal confusão é alimentada, ademais, por e.ste outro tópico do Q. Lorschciler: "A questão ,la 'fFP foi tratada 11a tHtima assembléia . geral da CN 88, há <fois nno.t . E foi ,/iro mais uma vez que totl<ls lls posições radicais não ,,odem ,ter numtid,,s dentro tia qutdi/icação tle cristão". -

Foi dito? Dito por qucrn? O leitor desprevenido pensa que pela CNBB. Ora, esta absolutamente não disse taJ. º'Foi dito'\ talvez, por alguérn cm

O fogoso Secretário-Geral da CN 88, ao afirzer que ela o é no sentido próprio e rigoroso do termo, isto é, no sentido técnico e específico do Direito Canônico. Loso depois, porém, ao indi-

~

l1,

Mesmo assim, não me é fácil expiicar como,

tendo cu, também em 1968; feito notar a S. Ex-

; eia., que J)3ra a TFP não vale apenas "a tradição, ~ o antigo'', já que apoiamos várias reformas novas, g contanto que não sejam eivadas de comunismo ~ (cí. "Reforma Agrária - · Qucsião de Consciên-

" eia", pp. 9 e sess., e ioda a Declaração do Morro

~ Alto), S. Excia. nada tenha encontrado que rcs-

Isso não obstante, o quadro da Conferência não deixa de apresentar sombras. Antes de ludo, cum•

pre lembrar que o assunto ora debatido em Quito já esteve na pauta da conferência intcrameri-

cana de lima .em 1972. Naquela ocasião, a margem dos que votaram contra e a favor de Fidcl Castro íoi bem maior: 13 a 7, respectivamente. E só houve três abstenções. Ademais, ficou proibida a suspensão do bloqueio feita em sepamdo por qualquer n'ação. Pelo contrário, agora ficou permitido às nações que o desejarem. reatar as relações diplomáticas ou comerciais com a nação comunista.

Em síntçse, na Conferência de Quilo, Cuba não derrubou a rnuralha inteira, mas boa parte dela. Para diminuir ainda mais o alcance do resultado obtido na capital equatoriana, é preciso accn: tuar que os CJ,ancelcres br-asilciro e uruguaio as-

• • •

scvcraral'n que na reunião de Buenos Aires, em mi'.lrço de 75, ou mais tarde-, o assunto poderá

Não é que eu esteja cm desacordo com tudo quanto S. Excia. afirmou na entrevista. Nela leio

ainda receber outra solução. Por enquanto, ele entrará cm fase de maturação, segundo se expressou o Sr. Azeredo da Silveira. Como se vê, debaixo de vários pontos de vis-

um princípio . genérico de uma veracidade 6bvia 1 mas que nem por isto deixa de ser de ouro: "O cristc1o não pode ser rndical, no sentido da into~ ler<111cia1 do unilateralismo, assim por diante".

Que bom seria se o vibrante Secretário-Geral da CNBB quisesse fazer um exame de consciência a respeito de sua entrevista, a fim de verificar se ela não é radical, incolerante, unilateral; se ela não peca pela mesma "mdicalidadeº que imputa à TFP. Estou certo de que sua consciência lhe dirá que sim. - Se ele quiser uma prova, bastar_á que examine sua entrevista, e as reflexões que aqui deixo

consisnadas.

Cuba: suspendendo , o veu ...

car no que consiste nossa "heresia"; aponta -algo

de tão vago e confuso, que nenhum canonista mediano ousaria chamar isso dê heresia. Com efeito, segundo ele, "110 ca.,o da TFP .,6 vale a tradição~ o antigo. Isso é heresia, é ver um só lado da questão". Dir-se-ia que S. Excia., querendo fazer-nos passar por hereges aos olhos dos leitores da "Vo1.. do Paraná". porém não scnli-ndo base para isto, lançou a acusação, m·as ato contínuo lhe diluiu , o efeito. ~ Essa hipótese não é airosa para um Bispo. Pre~ firo imaginar que tenha sido irreflexão, confusão .~ de conceitos e termos, pro~ocada quiçá pela tur"' bação de seu espírito ao falar da TFP. - Radit calidade . ..

• • •

nome próprio, durante os debates. Porém, essa coisa dita não f igura no comunicado divulgado pela CNBB através da imprensa. Como se vê, ·o Sr. D. Lorschciter foi cooíuso. E essa con!usão foi toda el.a nociva à TFP.

• • • mar que a TFP .é "herética mesmo", parece di-

formidade com as melhores tradições do llama· ra1y. E que sua abstenç,ão redundasse, aíin:11, numa firme recusa da suspensão do bloqueio.

e

Arquidiocese de Curitiba, a "Voz

destaco uma afirmação. Oi~ o -Prclado: ''Para mim, ,, TFP é herética meJ·mo. A /te. resia significa paN, 111im selecionar um aspecto da mensagem c,·ü•tã. No c<,s<> tia 1'FP só ,1ale a. tra· diçiío, o a,uigo. Isso é heresia, é ver um só lado

Consigno aqui a alegria que todos os brasllel·ros explicavelmentc sentiram diante do papel relevante do llamaraty no ícli;, desfecho do caso. O silêncio mal-humorado - e, mais do que isto, enigmático - dos EUA, deixou campo largo para que o Sr. Azcredo da Silveira evoluísse na con-

SEGUNDO AS AGBNCIAS telegráficas, a Conferência de Quito concernente à suspcnsãó do bloqueio da Cuba caslrista se inausurou em clima de curofia, pela sencralizada convicção de que a suspensão .seria aprovada. Con1udo. mais ou menos do meio para o fim, a atmosfera se modi-

ficou inesperadamente. Com efeito, depois das provas dadas pelo Chile e Uruguai, do intervencionismo fidclcastrista. Hai-

ti e Guatemala, que haviam deliberado votar pelo reatamento, declararam sua intenção de abster-se. Ao mesmo tcll)po, " atitude abstencionista já anteriormente a~umida pelo Brasil, EUA, Bolívia e Nicarágua, 'foi tomando um colorido nitidamente propenso à manutenção do bloqueio. Esta-

ta, Cuba ganhou terreno ...

• • • (\ esta altura, levanto a ponta do véu. · A reviravolta ocorrida na Con(erência de Quito é atribuída pelos jomais ao impacto das prevas aduzidas pelo Chi le e pelo Uruguai, do carátér' intervencionista do regime de Castro. - Duvido da objetividade dessa informação. Todas as nações latino.americanas sentiram na própria' carne a subversão russa e chinesa propagada através de Cuba. Não é crível que os depoimentos chileno e uruguaio lhes tenham trazido algo de tão novo; que cbegasse a mudar-lhes a orientação. Também não podia causar surpresa a nenhuma .nação a observação do Sr. Azcredo da Silveira, de que a ausência de representantes de . Fidel Castro cm Quilo tornava impossível a obtenção de garantias de não intervenção por parte deste. Isto já era óbvio desde o início da Conferência. Aliás, cumpre acrescentar que as garantias de Fidel Castro nenhum valor efetivo podem ter. Como se sabe, a Cuba castrista é uma colônia sino-russa, sem poder de deliberação próprio. Só leria va.lor efetivo a presença cm Quito de representantes diretamente credenciados por Moscou e Pequim . . . e ainda assim! Foi, pois, outra a causa que mudou felizmente o rumo da Conferência. - Qual? Eu me pergunto, de outro lado, no que pode consistir a tal "maturação" ·do assunto. preconi-

nizada pelo Brasil e pelo Uruguai. A começar por ai: uma vez que cm nossa atitude nada há

de imaturo, a maturação sõ pode dar-se em Cuba, Moscou ou Pequim. - O que parecem pressagiar as chancelarias do Brasil e do Uruguai nesta matéria? Aqui íicam duas perguntas básicas. Levantar a ponta do véu não é correr o véu inteiro. Form.ulo

as perguntas, pocém não tenho os d_ados da res-

va assim virtu3lmente derrotada a moção pró• ..castrista da Venezuela. Colômbia e Costa Rica. Esses os ' fatos essenciais. Em torno deles. al-

posfa. Pondero apenas que,

guns comentários podem ser bordados.

coisa . ..

cm matérias como

essa, levantar a ponta do véu . já não é pouca


Com grande solenidade, a TFP inaugura seu novo auditório NO DIA 12 DE OUTUBRO p.p. a TFP inaugucou seu novo auditório em São Paulo, na R. Dr. Mactinico Pcado, n.0 246, com a presença do General Humberto de Souza Mello, ex-Ministro Cbefe do Estado-Maior das Forças Armadas e ex-Comandante do lI Exército, sediado na Capital paul ista. Compareceram ao ato inaugural altas autoridades eclesiásticas, civis e militares, ,p ersonalidades de destaque na vida pública e social paulista, além de numeroso público e de sócios e militantes da TFP vindos de todo o Brasil, bem como de representantes d as sociedades co-irmãs de vácios países americanos. Em seguida, o Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da T radição, Família e Propriedade homenageou o General com um cocktail. O General Souza Mello chegou ao local às 17h, recebendo as homenagens da Banda de Música do Regimento "Raposo T~varcs•', do U Exército, sob aplausos dos sócios e militantes da TFP e, do público que o aguardava. Conduzido a uma das salas do edifício, recebeu os cumprimentos do Conscl.ho Nacional da TFP e das autoridades convidadas. Teve então início a cerimônia inaugural. Conforme o programa estabelecido, o rompimento da fita simbólica devia ser ícito pelo General Souza Mcllo, o qual convidou p ara participarem do ato o Exmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer, o Prefeito Miguel

Colasuonno e o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Logo depois o Sr. Bispo de Campos celebrou a Santa Missa e procedeu à bênção do a uditório, que recebeu o nome de São Miguel. Começou, cm seguida, a sessão cívica no decorrer da qual o Coronel Tomasz Rzyski, Ministro de Assuntos Sociais do Governo Polonês no Exíl io, impôs ao General Souza M:e llo a Grã-Cruz ela Ordem da Polonia Restituta, a mais alta condecoração daquele Governo. Paladino cont ra a subversão Falou prime iramente o Prof. Plinio Corrêa de Oliveica, que (ez o elogio do Genen1I Humberto ele Souza Mello e do Sr. Bispo de Campos, saudando fambém as demais autoridades presentes. O Pro(. Plínio ·Couêa de Oliveira começou por enaltecer a figura do General Souza Mello:

"Expansivo cot110 verdadeiro nordestino, discreto co1110 um home,n de Estado awêntico, começou ele a atuar entre nós de tal maneira que, aos poucos, a subversão m(iterial foi regredindo e São Pa11lo pôde voltar à ordem. Co11t11do, se11 olhar atento e vigilante não se restringi11 a essa esfera. Soube ele discernir a ação de sapa das ideologias nefastas

e, sempre dentro das suas atribuições, como Comandante do li Exército, soube criar 11111 ambiente infenso ao pior aspecto da atrocidade subversiva: a do ideólogo revolucionário sern coragem nenr lealdade, que insufla a revolta em aulas, en1 cursos e conferências e depois se deixa ficar comodamente na penumbra e .na retaguarda, enquanto o.r jovens ()Or ele persuadidos arriscan, a. vida. E ,uio só o General Souza Mel/o opôs diques à sub'>lf.:são nas mentes, mas soube também distinguir o joio do trigo, ver onde es1avan1 os verdadeiros amigos da ordem. Assim 1101011 desde logo, e com simpatia, a prese11ça da TFP no ce116rio paulist" e 11acional, nascendo d(ú uma amizade que é vara 116s 11111 florão de glória e ti uma /embr(mça cheia de honra e de saudade".

O General Humberto de Souza Mello, o Prefeito,

de Castro Mayer desatam a fita s imbólica inaup •

Um verdadeiro Bispo

E prosseguiu o Presidente do Conselho Nacional da TFP:

"Eu trairia 111e11 propósito de ser breve se dissesse tudo q11a11to penso acerca de outra perso11a/ida,ie que enche com o esple11dor da dignidade episcopal este auditório, S. Excia. R evma. D. A111011io de Castro Mayer, Bispo de Ca111pos. Há quarenta a11os é ele um dos ,nais insignes batalhadores co111ra a subversão que (Jrimeiro se esgueirou na Igreja, pas-

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coxcL\11 NA PÁ011'iA 6

Discurso· do General Souza Mello ESTAS FORAM as palavras do General Souw Mello: " Jlustrc,s e dignos membros componentes desta Mesa, que dirige esta solenjdade, Au,, toridadcs civis, militares e cclesiástkas, senhoras e senhore,s, colônia polonesa aqui presente. f: motivo de especial satisfação eti ser distinguido pelo ilustre Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasíleira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, Prof. Dr. Plínio Corrêa de Oliveira, com um convite p ara participar desta cerimônia da inauguração do auditório de tão importante e conhecida entidade. Confesso que, ao penetrar nesta colmeia de obreiros do Cristianismo, na fidelidade aos seus ideais, com decisivo propósito de lutar com destemor, fé e entu'Siasmo, na preservação dos sagrados fundamentos que sustentam a eµilicação da Pátria, senti o ritmo emocionado do meu coração, de intenso civismo na vibração harmônica com o coração da juventude e intelectuais alistados espontaneamente. e por convicção, nesta Sociedade, para empenhar-se, de corpo e alma, na luta bendita sob o signo da Cruz, que resplandece da forma incandesce,n te sobre os destinos gloriosos da humanidade cristã. t pois com justificado sentime.oto de grandeza cristã e de fortes anseios e esperanças de maior grandew das conquistas morais, das tradíções nacionais, e da valori7.ação da familia, que dou por inaugurado este magnífico aúditório! Na posição de simples cidadão, neste ato de condecoração, mais se engrandece o meu espírito quando elevo o pensamento na si.mples con dição humana para reconhecer a grande7.a do gesto de homens lutadores pela liberdade contra o comunismo inte.rnacional 4

que domina pela força para destruir a integridade, a soberania e a independência de sua pátria - a Polônia. t pois no reconhecimento ao p assado de uma vida de, autêntico e constante combatente em defesa da civiliwção do n1u)td·o ocidental, cristã e democrática, na preservação dos valores culturais e tradicioruii5 de. uma sociedllde multissecular, que o Presidente dos 111ilhõe,s de poloneses livres emigrantes políticos nos países ocidentais, Conde Julius Sokolniki, resolveu outorgar-nu! no seu mais elevado grau a Grã-Cruz da Ordem da' "Polonia Restituta", ínstituída no ano de 1921 para rememorar a bravura do povo polonês tendo à frente das suas tropas aguerridas o ínclito Marechal J osé Clemente Pilsudski, que derrotou os exércitos comunistas, alcançando memorável e inédita vitória na guerra de 1918-1920. f: pois com imensa satisfação, e. até mesmo orgulho, que recebo f;io alta dist.inção, ao alinhar-me en tre singulares vultos projetados na História mundial: o Duq ue de Kent, Lord Mountbatten, General Montgomery, Marechal Foch, General de Gaulle, General Eisenhower, e entre oútros o ardoroso e teruiz anticomunista Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, aqui presente. Não po· derei deixar de assinalar que. portar esta condecoração iden·tifica os seus recipiendários, nos anseios e, aspirações convosco, na evocação das glórias polonesas por vós nl8n· tidas para exalla9io do passado, emulação das ge,rações contemporâneas e o despertar das vindouras. Ainda mais me sen~'ibili7.a esta cerimônia receber a vênera das mãos de una ex-comb atente da segunda Guerra Mundial, Coronel Aviador Tomasz Rzyski, que coma ndou o famoso Grupo de, Caça 303 das F orças Aéreas Polonesas jPllfo à RAF,

e ser realíwda cm salão suntuoso e sóbrio da intimorata organli.ação Sociedade Brasi· leira de Defesa da Tradição, Fanúlia e Propriedade, verdadeira fortaleza a resisti.r . às investidas ideológicas, sob diversificadas fórmas de penetração e de proselitismo, que o movimento comunista internacional util.i7.a como forte. instrumento de ação no quadro da sua guerra única e permanente para conquistar e escraviwr os povos livres. Concla· mo a todos os cidadãos brasileiros, particularmente a juventude pátria, aqui represen· tada na juventude da TFP, e demais patriotas de todas as naçôc,ç do numdo, que se firmem· na fé do Cristianismo e se fortaleçant nas tradições da formação histórica de liberdade e independência de suas nacionalidades, para enf.re,ntar com determinação a luta ao marxismo-leninismo, dando continuidade às ações ena vigilância e nos combates. Sr. Presidente Plinio Corrêa de Oliveira, Sr. Coronel Tomasz, as palavra.~ dos díscursos de V. Excias. muito me d~vanecerrun com os honrosos conceitos emitidos pela fidalga generosidade. E quis V. Excia., Sr. Coronel, integrar-me no forte espírito de seus compatriotas, no sofrimento deste tran· se duro e penoso, a exigir sacrilicio de toda naturew e grande esforço para sobreviver. Creio que bem comprc!lJldi o apaixonado drama que vivem os milhões de poloneses no exíJjo. Resta a todos orannos a Deus, rogando pela sua divina justiça que poderá tardar e jamais falhará. Ao renovar os mew agradecimentos, nestas poucas palavras, o faço no penhor da minha sati5fação e por sentir-me honrado em ser incluído na dignificante Ordem da

"Polonia Restituta". Muito obrigado".

'

O Sr. Bispo de Campos celebra a Santa Miss, Corrêa de Brito Filho e Luiz Nazareno Teixei,

O público presente ao ato lotou completamente ração, que a liou o conforto moderno com motivo~


Antes da cerimônia inaugural: Prof. Flinio Corrêa de O liveira , D. Antonio de Castro Mayer, Desembargador Gentil do Carmo Pinto, General Humberto de Souza Mello, Sr. Paulo Macedo de Souza, Prefeito Miguel Colasuonno, 0eputado Januário Mantelli Neto e Coronel Tomasz Rzyski.

Miguel Colasuonno, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e ural.

b.

Antonio

No " cocktail" oferecido ao Gen. Souza Mello: S r. Alvaro Amaral, Des. e Sra. Gentil do Carmo Pinto, D.º Beatriz Barros de Ulhôa Cintra. Prefeito Miguel Colasuonno e Gen. Franco Pontes.

s no novo Auditório, tendo como acólitos os Srs. Prof. Paulo Araujo ,a de Assumpção Filho, Diretores da TFP.

Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, o Encarregado de Negócios do Vietnã do Sul Sr. Nguyen Van Ngoc, Príncipe D . Bertrand de Orleans e Bragança, S r. Caio Vidigal Xàvier da Silveira.

o Auditório São Miguel, como se vê neste aspecto parcial . A decoinspiração medieval, é do Eng.0 Adolpho Llndenberg.

1 de

O Presidente do Tribunal de Justiça Militar de São 'Paulo e Sra. .Gualter Godinho, General Humberto de Souza Mello. Coronel e Sra. Mário Castro Pinto, D." Marília Souza Mello.


Conclusão da pág. 4

A TFP inaugura seu novo auditório sou depois pelo Estado e chegou a levar o Brasil, e o Brasil católico, à situação calamitosa que hoje conhecemos. Para elogiar D. Antonio de Castro Mayer e celebrar nossa alegria de o ter11ros entre nós, bastaria dizer: ele é 11111 Bispo q11e não cede, que não se omite, que não recua. (!, um verdadeiro Pastor q11e 11d hora da luta se põe à frente dos se11s fiéis. Honra dos católicos do Brasil que querem unt Pastor q11e lhes aponte onde está o lobo e os dirija na luta co111ra ele".

Referindo-se à Polônia, ressaltou o Prof. Plínio Corrêa de 01.iveira: "Neste nosso século e111 que a derrocada ineludível do Ocidente multiplica os estigmas de desagregação e de desonra 110 111w1do co11te1nporOneo, um grande valor moral permanece, dia11te do qual todos os homens se curvam com respeito e veneração. B a Polônia d(! silêndo, a Polônü, 1nártir. Olha ela para o Ocidente co11, a face digna e altiwi, de pé, na sua força e na sua deliberação de resistir. Essa Polónia, represe11tada aqui pelo Coronel-Aviador To111asz Rzyski, Ministro dos Assuntos Sociais do Gover110 Polo11ês no Exílio, um dos pilotos da RAF que constituir<1111 a equipe da qual disse Churchi/1: "Nunca ta111os devera,,, ta11to a tão poucol''. O Prof. Plínio Corrêa. de Oliveira se referiu ainda a "essa outra Polônia do Orie11te", o Vietnã do Sul, ali representado por seu Encarregado de Negócios no Brasil, Sr. Nguyen Van Ngoc.

Óesenvolvcndo em seu discurso o tema "Os perigos do comunismo", o Sr. Rzyski denunciou a infiltração vermelha no Ocidente. Lembrou o covarde massacre de Katyn, onde 15 mil oficiais e intelectuais poloneses, a elite da nação, foram assassinados pelos soviéticos, um a um, com tiros na nuca. "Este bárbaro ge11ocidio constitui uma grave advertência <ws qul(, por ig11ortJncia, ingenuidade 0 11 oportunismo, julgam possível estabelecer um "mOdus vivendi" com aqueles assassinos friol''.

Imposição do comendo O Ministro Tomasi Rzyski impôs cotão ao General Humberto de Souza Mello a Grã-Cruz da Ordem da Po/onia Restituta, que lhe fora- outorgada pelo Presidente do Governo Polonês no Exílio, Conde Julius Sokolniki. Essa condecoração, a mais alta daquele Governo, foi instituída em 1921 para rememorar a vitória do Marechal Pilsudski, que, derrotando os exércitos soviéticos na guerra de 1918-1920, permitiu a restauração do Estado polonês. Após a implantação do regime marxista na Polônia ao término da segunda Guerra Mundial, os poloneses livres passaram a atribuí-la às personalidades do mundo ocidental que se destacam na luta contra o comunismo. O General Souza Mello agradeceu as homenagens pronunciando o vibrante discurso que publicamos na íntegra em outro local desta edição.

Perigos do comunismo A seguir, tomou a palavra o Sr. Tomasz Rsyski, que se congratulou com o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, com os membros do Conselho Nacional da TFP, sócios e militantes da entidade, pela abertura desse auditório que se transformará "e111 novo e importante baluarte antico1nu11ista".

Cocktail Encerrada a solenidade inaugural, os convidados dirigiram-se ·para a sede do Conselho Nacional da TFP, à Rua Máranhão, onde teve lugar o cocktail em homenagem ao General Souza Mello, que se prolongou, em ambiente de grande cordialidade, até as 24h.

Conclusão da pág. 8

QUANDO AS OVELHAS SABIAM os 3.600 habitantes do lugar: homens rud~s, vestindo coletes de pele de cabra, e com longas foices na mão. Mulheres ·empunhando vassouras. Velhos apoiados a grossas bengalas nodosas. Crianças de todas as idades e tamanhos, com as mãos cheias de pedras. Ostentando o seu melhor sorriso, o cidadão Payré avançou para o meio de seus novos fiéis. Imediatamente, estes o cercaram. As crianças faziam · um alarido tremendo, chamando-o de herege, intruso, ladrão de paróquias e de Sacramentos. As mulheres brandiam as vassouras, e os homens as foices. Alegando um compromisso urgente, o juiz de paz se despediu apressado, e deixou o cidadão Payré sozinho no meio da multidão. Foi com dificuldade que ele chegou até a igreja e entrou. Todo o burgo ficou {ora, esperando. Quando ele saiu, persignando-se, duas mulheres pegaram a pia de água benta que ele tinha usado, deitaram fora seu conteúdo, lavaram-na e tornaram a pô-la em seu lugar. Os habitantes aprovaram silenciosamente essa purificação, acenando com a cabeça. O cidadão Payré encaminhou-se para a casa paroquial, vizinha à igreja, com a intenção de descansar e co1ner al-g uma coisa. Mal ele entrou, recomeçaram os brados das crianças. Uma ped.r a atravessou a vidraça, e logo se ·seguiram outras, vindo de todas as janelas, e do· tel))ado. O cidadão Payré resolve -bater cm retirada, e. saiu sob uma chuva de pedras. ~ ele próprio que conta isso, e conclui: "Urna pedra me pegou no ombro, outra na perna. Meu cavalo tropeçou e cafu comigo, depois de ·outra pedrada. E111 111e salvei fugindo a toda brida, perseguido por aquele bando de doidos" (G. Lenoti"c e A. Castelot - op. cit., ibid.) . Depois disso, não temos mais nenhuma 6

.

notícia sobre o que aconteceu ao cidadão Payré. Mas, baseados no que se deu com alguns de seus colegas, podemos formular várias hipóteses. Talvez ele tenha imitado o vigário de Fontevrault, superior de um "seminário constitucim,al", o qual anunciou que iria 'to111ar uma conipanhia", pata •'partilhar co111 ela seus dias de velhice, sob os auspícios da ReplÍblica". Ou talvez tenha feito como Hughes Pelletier, bispo de Angers, que apostatou definitivamente, declarando: "Eu me l,011ro de, sobre o altar da Pátria, sacrificar à Razão todos os meus títulos de cônego regular, d~ padre, de cura e de bispo,, para ter somente o de puro e simples cidadão". ·o u, ainda, ele pode ter imitado os exemplos do cura de Nantes, ou dos padres-funcionários de Montoire e de Valet. O primeiro foi condenado a dois anos de prisão por trapaça, e dos dois últimos os livros de História nos contam que "amavam demasiadamente o vinho da região". 1

Que tortuosos caminhos terá tomado o cidadão Payré depois de sua fuga precipitada pelo caminho que vai de Nantes a La R0<:hcile, de batina rasgada e sangrando, encarapitad·o sobre um cavalo manco? Não sabemos. Mas, naqueles bons tempos em que as ovelhas sabiam reconhecer, sob o disfarce de pastor, o lobo condenado pela Jgreja, e sabiam contra ele reagir, estamos certos de que o cidadão Payré não voltou à Vendéia, "terra de campo11eses rudes e ignorantes", terra habitada por "11111 bando de doidol'', a que111:: a pregação de um certo Luís Grignion de Montfort havia dado mais bom senso e sabedoria do que possuíam todos os padres "jurões" da França intei.r a.

Numa das salas do edifício estava instalada uma exposição das atividades da TFP, a qual despertou vivo interesse dos visitantes.

Autoridades presentes Dentre as numerosas autoridades e personalidades que compareceram à cerimônia de inauguração do novo auditório da TFP, destacamos o Prof. Miguel Colasuonno, Prefeito de São Paulo; Sr. Paulo Macedo de Souza, representante do Governador Laudo Natel; Desembargador Gentil do Carmo Pinto, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado; Deputado Januário Mantelli Neto, Vice-Presidente da Assembléia Legislativa, representando o Deputado Salvador Julianelli, Presidente do Legislativo paulista; Sr. N-guyen Van Ngoc, Encarregado de Negócios do Vietnã do Sul no Brasil (que viajou de Brasília especialmente para o ato); Sr. Gualter Godinho, Presidente do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo; Sr. Homero Diniz Gonçalves, Presidente do Tribunal Regional do Trabalho; Juiz halo Galli, do Tribunal de Alçada Criminal; Coronel Ivan da Costa Ramos, representante do Comandante do 11 Exército, General Ednardo D'Avila Mello; Coronel Enio Monteiro de Lima, representante do Secretário da Segurança Pública, Coronel A.n tooio E rasmo. Dias; Sr. Luiz Mendonça de Freitas, Secretário Municip.al dos Negócios Extraordinários; Deputada Dulce Salles Cunha Braga; Émbaixador Roberto Antonio Arruda Botelho; Sr. Silvio Costa e Silva, Cônsul de Mônaco e Secretário Geral da Sociedade Consular; Sr. Ferdinand Saukas, Cônsul da Estônia livre; Sr. Geraldo Lobo, representante do Conselheiro Onadyr Marcondes, Presidente do Tribunal de Contas do Estado; Prof. Ernesto de Moraes Leme, Presidente da Academia Paulista de Letras; General João Fránco Pontes; Tenente-Coronel Josué de Figueiredo Evangelista, Subcomandante do CPOR; Sr. Lisandro Bártolo, Delegado de Ordem Social do DEOPS; Sr. Durval Moura de Araújo, Procurador da Justiça Militar; o representante do Sr. Paulo Maluf, Secretário dos Transportes; o representante do Desembargador Tacito Morbach de Goes Nobre; Sr. Álvaro do Amaral, representando o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; Sr. Augusto Galvão Bueno, Presidente do Instituto Genealógico e Heráldico Brasileiro; Prof. Adib Casscb, representando a revista "Hora Presente"; Pe. Orlando Garcia da Silveira; Da. Arisia Teixeira, representante da Liga das Senhoras Católicas; Da. Maria José Rangel Salgado, Presidente das Damas de Caridade de São Vicente de Paulo da Cidade de São Paulo; Da. Ida Ognibene, representante da Liga do Professorado Católico; Sr. Sin Mo Cha, Presidente da Associação Brasileira de Coreanos; Sr. Károly Voros, Presidente da Associação • Cultural da Sociedade e Ordem de São Ladislau; Sr. Nicolas Iancu Pallinisanu, Presidente da Sociedade Romcno-Brasilei.r a; delegações das colônias das seguintes nações sob o jugo comunista: Chi.na, Croácia, !Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Macedônia, Polônia, Romênia, Tchecoslováquia e Ucrânia.

Roberto A. Carrão de Andrade, Comandante do IV Comando Aéreo Regional; General Ariel Pacca da Fonseca, Comandante da 2. • Região Militar; Coronel Décio Luiz Fleury Channillot, Chefe_da 5.ª Circunscrição do Serviço Militar (Ribeirão Preto); Juiz J. R. Prestes Barra, Presidente do Tribunal de Alçada Criminal do Estado; Prof. Lucas Nogueira Garcez; Deputado federal Sergio Cardoso de Almeida; Deputado estadual Roberto Gebara; Vereador João Brasil Vita, Presidente da Câmara Municipal de São Paulo; Srs. Roberto Ferreira do Amaral e Henrique Gamba, Secretários de Educação e Cultura e do Bem Estar Social do Município; Sr. Rui Mazzei de: Alencar, Coordenador das Administrações Regionais da Prefeitura de São Paulo; Sr. Rubens Cardozo de Meno Tucunduva, Delegado titular da Seccional de Polícia do ABCD; Pe. Benigno Brito Costa; Cônego José Luiz Villac; Sr. Mieczyslaw Iwanczak, de Pretória, África do Sul, Ministro do Governo Polonês no Exílio.

FRELIMO teme os africanos '"A FRELfMO será o braço exl!Cutivo da

vontade popular

e

oric11tará Moçambique

para

o socialismo, que se converterá cm. base revO·

lucio11ária na Â/rkxt'. Estas são palavras de Samora lyfachel, líder da FRELJMO, a organização guerrilheira que assumiu o poder oo

antigo território luso. Pouco antes, Samora -afirmava que a. Ale·

manha Orienta.!, a Romênia, a China e Cuba são outros exemplos de governos socialistas populares ... O governo recém-empossado não esconde seus objetivos de encampar as empresas estrangeiras, acabar co_m a iniciativa privada e,

numa terceira fase, abolir a propriedade particular. Denominando-se "'popular e libertadora do povo", não obstante a FRELI MO não admitirá o funcionamento de nenhuma outra organização política. Ao mesmo tempo, Samora Machel declara que teme a oposição das camadas mais simples da população africana, organizadas cm tribos, contando com cerca de cinco milhões de negros. Talvc1. pouca gente no Brasil saiba que grande parte da população moçambicana, especialmente a etnia dos Macuas, simpática aos portugueses, sempre mostrou acirrada oposição aos guerrilheiros da FRELIMO. Que espécie de governo popular, então, acaba de tomar posse cm Moçambique? Segundo o próprio Machel, é cm tudo semelhante ao da Alemanha Oriental, atrás da cortina de ferro, ao da China, além da cortina de bambu, e ao de Cuba, com as masmorras de La Cabana... (ABIM Agência Boa Imprensa).

~AtotncnsMo MENSÁRIO . «>m

Cartas, o fícios, tel eg ramas Chegaram ~o Conscll}o Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Fam.ília e Propriedade · nun1erosas cartas, ofícios e telegramas de ,autoridades e personalidades que, não -tendo podido comparecer à solenidade no Auditório São Miguel, agradeciam o convite e felicitavam a entidade pelo ato inaugural. Destre estas, destacamos o Vice-Governador do Estado, Sr. Antonio José Rodrigues Filho; o Vice-Governador eleito, Prof. Manoel Gonçalves Ferreira Filho; D. Elias Coueter, Bispo E parca dos Melquil!}s no Brasil, e seu Clero; D. Ernesto de Paula, Bispo -titular de Gerocesaréa; Príncipe D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança; os seguintes Secretários de :Estado: Prof. Carlos Antonio Rocca, da Fazenda; Sr. Henri Couri A.idar, Chefe d_a Casa Civil; Sr. Getúlio Lima Júnior, daJ Saúde; Sr. Pedro de Magalhães Padilha, da Cultura, Esportes e Turismo; Sr. Paulo Salim Maluf, dos Transportes; Sr. Rubens Araújo Dias, da Agricultura, e Sr. José Meiches, dos Serviços e Obras Públicas; Major-Brigadeiro do Ar

:.,provação tdeslástka CAMPOS -

EST. DO RIO

0Ut.BTOR

José: Cu.LOS CASTILHO 1)8 AH:OAAOB

Dlretoria: Av, 1 de Setembro 247, caixa POSl31 333. 28100 Campos, RJ. AdJnlnJs. lratão: R. Dr. Martinico Prado 271, 01224 S. Paulo.

Composto e impresso na Cia. Lithogrnphic-a Ypiranga, Rui C3dcte 209, S. Paulo.

Assinatura anual: ·comum Cr$ 35,00; cooper-ador CrS 10,00; beníeitor Cr$ 140,00; grande benfeitor CtS 280,00; seminaris tas

e estudantes Cr$ 2S,OO; Am6rica do Sul o Central: via de superffcie USS S,SO; via a~re3 USS 7,2S; Am6rka do Norte-, Porlugal, Espanha, Províncias ultra.marinas e Colónias: via de superfícje US$ S,SO; via aérea USS 8,7.S; oucros p.-.íses: vi:a de supcrífc;c USS 6,SO. via ofrca USS 11.7S. Vf:nda :n·ulsa: Cr$ l,00. Os pagamentos, sempre cm nome de Ectf,. tora Padre Belchior de Ponta S/C, poderão ser encaminhados à Admini.straçio. Para. mud:\nç.a de endereço de- assinantes, 6 ncce~ário mencionar também o endereço antigo. A correspondência rela.tiva a asslnaturns e venda avulsa deve ser enviada à Aclmlnls1r.lção:

R. Dr. Monlnko Prado 171 01224 S. Pauto


Nl'F.S OE PROSSEGUIRMOS no

O Bc-m,aventun:tdo 8cmon foi um dcsst~, Monges pr«urSOres do gn.nde rtformn· monástica. Sobrinho do Rei da Franta, Luls o Cago, ele entrara no mosteiro de São Mártlnho de Autun. Dcpol, de ali pennnnecer por algum tempo, pnt'ebeu que, 1,or malort-$ que fosstm os tsforços de seu Abadt para rcform:u os Monge.li, todos os stu.~ t$FOrtos se ptr· dfnm com ,, h1tro~o de outras autorid:uks n.:, vida lnlrtnll do mosttlro. Bt:mon resolveu, então, fundar um mo$lelro. numa das proprledadc.'i de ~a famUln. J'.'ol assJm que nasceu o nt().',ttiro de Glgny. Os bons resultados obtkios em Cigny fornm logo conhecidos nos arrtdorts. O Rei d.o. Bor,:onh.á, Ro-· dolfo 1, :iprtdando o trabntho de Buno-n , tntregoulhe o mostelro de Baume para ser refonnndo. E com ' b:1.se nesses d<>li mosteiros, o Bcm-nvcnfurndo pôde rcolfiar a obra que projetntll. Nessa tp0c.q 1 Santo Odon, que seria o priruelro dos quatro grandes Abadc-s santos· de C luny, em um Jovem con.stlhelro qut Strvin na cortt do Conde Foulques de AnJou, vatst1.lo do Ouc,ue da Aquitânia, Cuilhenuc o Piedoso. Era Olho único de umn no-brc e rica ramnta do Malne. Seu pai, Abon, o ttnba

doado a São Martinho de Tours Jogo após seu n~ dme.nto, ma.i o fiun às c9Condidas de ~-ua mulhtr e de ~,m f:unília, nada contando a ninguém. Vendo o tntnino crcsctr multo bem dotado, urrcpcndtu-st d.a dcm('ão que fturn t, manttndo o segredo, t .ncan\inholt--O para o strviço do Conde de Anjou. Santo Odón dli'Ungulu--se nessa corte e prorucH:i str um gnnde cavaleiro. Percebeu, no tnta.nto, que n:'io tr.a usa :a vida que Deus dtse:java que ele levasst'. Recorreu a No~-:a Stnhora ~d.indo que o esclarece.~ e ~ vtr qonli tnun OJ desfgnlos de Deus sobre tlc. J'loi logo acometido por umA violenta dor de cnbcça que o lmpedln de se deslncum· bir dirtito de suas obrlgn('õc.ç_ Durantt três ;mos tss:, dor de c:i.beça não o abandonou. A princípio, tentou continuar na COr1t, cumprindo rigorosamente os scus dcnrtS, mas logo teve de rcconhtctr que não poderia all se manter. Voltou para a ca..ça paterna, onde Abon usou de todos os recursos pos, s-ivtls para curá-lo. Tudo foi lnútll~ O pai teve de se rtnder ~ evidência: São MarHnho de TOUI'$ cobrava a dO:t('ão que tle fi:ccra. Abon contou ·rudo o Snnto Oclon. "Niio tinha, dizJn o Santo quando conf3va a sua vida nos Monges, outra .s2td:1 stn:l~ nfuginr-me Junto de São Martjnho, rectbt:r a tonsum, e de bom gndo ,·otar-me no 9:u .scoJto, pois n ele ror:a doJ1do sem o mtu consenllmcnto". A dor de cabeça cessou imediat:amentc. S::mto Odon foi para o Cabido dn l1treja de São P.farllnho d~ Tours. Ounmtc u sua pcnnnnênda cnlre os Cônegos, leu :1 Ri:g:ra de São Bento e ficou tncantndo com ~, vldn momUtka, nias n;i.o via cm ntnhum mostttro qut conhtcla a obstrvllnda dess.-i Regra qut 1anto o nt.rní:I. Por outro lado, os Cônci:tos dt Siio (\,Jartlnho de Tours vlvlom tamblm cm dtsordcm e não sul)Ortnvàm n prettnta de Odon, pois a vida virtuO$.'l que C."itt ltva\la os incomodava. O s~mto rellrou-se para uma cnsa próxima d:t igreja t all dlvldlo o ~-cu tempo entre o cumprimento de suas obrlt:u;õu de Cônego e Q vida de tremila. Um de seus amigos na corte do Conde de Anjou dcseja\lll tntrar no estado rtllgloso. 1-·01 procurar Odon tm Tours, Depois de vJvtrcm juntos dunintt algum tempo, s:níram os dois cm peregn)laçiio, procurando um mosteiro verdadtlramtnte observante da Regra. Viajaram multo tempo t não o cncontmnun. Santo Odon voltou pnrn Tours e seu companheiro - Santo Adgrlm - dlrlglu-se a Roma, a fim de. pedir aos Apóstolos São Pedro t São Paulo as luus ntces..úrlas para seguir n sun vocação. A camínho de Rom:a, passou pela abadia de Baume e, nilo pôde conter a sun sorprua encontnmdo um mosteiro observante. AvlsOu Santo Odon, que lhe foi no encontro, e 11111bos pediram ao Bem-avenh1• rudo Bcmon que os rt«bcsse tnlrc os seus MongcS". For.t.m logo 3cdtos e i.nlclaram em Bnumc o vida monásiica que Umto desejavn11L Santo Adgrim não chtgou Q fazer o. prof~o monástica. Retlrou-tt p:1m uma caverna próxima do mostdro e (ol ere-mltu até o flm de sua vida. morando ~e.mpre rm lugares pr6:dmos dos mosteiros onde estava Snnto Odon. Este permaneccu algum tcmPo e:m Baumt: e depol-t tm Glgro-, apesar d.a vloltota opoilçiío <1:Ut lhe mO\li:I o Monge Guy, sobrinho do Btm-avtntu· rndo Bemon. O Duque. CuUhcmit d:a Aquitfa.nia teve tonbcd~ mento dn v'ld.u regular que b:i.vl!1 cm Baume e e,n1 CJ3ny. Hii multo tempo tle desejava fundar um mosteiro cn1 suos terras parn reparar um crime que cometera na mocidade. 1'1andou tbamar ik':moo.

M 1917, NOSSA SENHORA opar<«u • IT<s pa.~orlnbos na Cova d.a Iria. Durante mffl de cinqüc.nta a.no.~ o mundo ouviu falll.r da.,,: J>l'O· feclas de F,tim2. NC$SC melo século, u Jg:rtja ptr• mitiu e Incentivou a dcvot:i.o a Noss::1. Senhom de F,tbna. lmag,cns pcrtgrlnos, partindo do Sant·u,rio d.a Serra do Altt, percc>tf'ffam e. percorrem o mundo. Pode,.sc, :úinn.ar qut nenhuma lnvoeaç.ão de Nossa Senhora I mnlt conhcclcfa do que ffS:l 11., Cristandade. , Ja:clnla e Fruncl'ko Já IUOl'Ttrrun. Os sinais d.a s:mtld.:tdc de ':irnbos são por todoS conhecidos. Lúcia vive encerrada nwn Ci:anntlo, em Col.mbrn, tes1cmunh11 viva da nuttntlc-ldade da mensagtm, 1C1,H1tdli dJi terceln1 pmc do stitedo de F4tt.ma: a pr6prb Virgem lhe conrerlu essa mls$1o: ºTu rk:is d m.:ais :algum ftmpo. Jesu.i quer servir-Se de U para. Me f:12.er conhtctr e atn.'lr, }7.Jc qutr ,.&tabeleccr no mundo a devoção ao meu Imaculado Coratão''. Nossa Senborn d.m:cra aos vldentc-s: "A Rússia esP:'.llbar-4 seus erros pe.lo mundo. promovendo ,:tucrr.t.S e pert.tgu~õts à lgre-j;l .. . " Jacinta, jti no bo~U:il onde morreria a 20 de fe vereiro de 1920, :advertiu: "Nosso Senhor th11i p,o. fundamente Indignado com os pttàdoS e crim~ que se comecem cm PoriugaJ. l>or Isso um tcrr(vtl ça. t::acllsma de ordtm ~-odal 11meaç:,i o nosso pais e principalmente, a cidade de l..bboa. DtStneàdtnr..~e-á, segundo p:ll'cce, Un\3 guerra clvll de caráter anor• qulstn ou comunista, acompanhoda de saques, mortkfnlO$, incêndios e dcv::astflçõcs de toda ~t.lt. A e::a,plfal convcrtc.r-.se-, numn vtrdadtl.r a lma,tem de> lnícmo. Na ocasião t.m que n OivlntL Ju~lçta fnfll. xlr tão p:l\lOro.so c11stlgo1 aquc.lt-s que o pudcrtm fujam dt$$a cidade. F4"5e cnstla:o agorn predito convlm que srja nnunclado pouco 3 pollco e com n devida dlscrlç.ão" (d. De MarchJ. p. 255. \Vnlst,, pp. 160l&J). Durante 48 imos o rea,lme safru.ari.Sta dirlalu os d~1inos lusos. Dir,se--W qÚc as profedas de Fi:iHm.a vaU:am so~nte para fora das fronteiros por1ugutsa.t. U dentro, wn govtmo antícomunlsta, que para alguns la parttcndo eterno, imp,edh\ o avanço nuar· xlsta, Rtpenllnamentt, estoura a rh'Olut.ão de 25 de Pbrll e os comunlstu fogo se aboletam no g;ablne,tc. C,mhal~ secrtü.rio--g-ernl do PC, 6 por muitos con• siderado o Primeiro-Ministro de blo. 1 O fcma Fátima, de um momcnlo para ou1ro, $.illa para o centro ncvrtlR]co da p0lhka lusa. Pois, se i vtrdadé que No$$3 Senhora na Covn

d:i. lri:\ apontou o comunismo co1110 um Oagtlo que assolaria o mundo p3.ra c~ltto doi pec:ados que a hum:inldade comcUa, e se Jacinta previu a rcvolu('âo comunl!.i.a tm Portuglll, o nlllural 6 perguntar se b:i rel:açi'io entre o 25 de abril e as profecias de F,t~. Slgnlfkatlvamcntc, o novo aovcrno partuguês, ptla prlmtira Vt'I. cm muitos anos, ~o partklpou '®s comemorações do último 13 de m:llo. S«tl, c-onfor, me db o nd410 popular, ' 1íalar de corda cm casa de eofort'1do". Ourante 57 anos Podupl deu a~ntJmento a F'-Hma.• ,As manU'tstaç&s p0pulnrts no Santuário várias vtzes cbeg.arnm à cua de um milhão de pes. sons. 2 narb:slmo um português que niio te.nha ouvido falar de Fátinltl, m sull.'i promcw.s t de- su:u profedas. Sendo assim, não 6 cabivel que o povo ponugués não esteja pcDSllndo nt&hls questões: t.•) Str4 essa a ttvolução prevista por JS11clnta? o~ cravos, súnbolo do 2S de abril, serão urtigas? '?.ª) Se: é o cumptimt:nto da profecia, e.nt:io pro• vavelmcnte chegou a •hora de a Jnruí Lúcia falar :i Pon·ugat e :\O lhundo. ~ palaVTl.\ - L1o abalizada e destinada :a prodU2lr t:tnb.i repcrcUSWe.s, l)01' vlt de uma rtprc.'i'entante d.a própr!A Rainha dos Anjos - nlio podendo ser senão de. censum e advcrtên.cla, que tftitos ttrá? Que pn.ssõts e~~ acl sofrendo essa Jm1:i eam1ellta para qut não fale? 3.ª) &e é assim, vb'tO que F6tima, j ' teve vtirl::as profocla..i cumpridas ("A Rú.sfla c.spalban\ stus trros- pelo mundo", a s~oda Guerra Mundlal, tfc.), niio ttd eheJtado o tempo dos c.atacllsruas dt várias ordtns? Niio · estará chtga.ndo o tempo do cumprimtnto d:a proíeti.à: ''Por fim , o meu lm11cuhido Coru('lio frlunfarli't? Essn.~ perguntas serlnm n.1turnis numa si1uaçiio dCS· SllS. Entrtt:rnto, não nos chtga nenhum tto de que estcj:un $Cndo feitas. Que estará :tconteccndo na mu;ão hL~? Poli se ~ d1tgado o momento c1u que :. l.nni Uda nl falnr, as rcpcrcu.ssõcs po~tvel..- disSo s:iio tão pro• fundas, que o resto da 5Jtuaç:.ão lntema portuauie~ passa II segundo plano. A poJhku lntemaelonal pro,.. vnvelmcnte g_lrad tm como dt$$C acontecimento, pt-• la.li con.scqütnclas de n:i.furcu k1col6glca que proch.rzirli no mundo e:at6Uco, alndn hoje a portiío mais Influente do Oddentc. Então, pOr que não se scntt que as perguntas estejam sendo fclta.<,-? Será que o governo de Usbo:i, sentindo o prtjuizo qut elM lhe trarão, e~i.6 lmpcdindo, pOr mdos não

t $tudo dn.s e::iusas do g:rnnde 9Jct.<-so de Cluny, convém recordarmos (

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rnpldamente o hisc6rico de sua fun-

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A lcg.lsla.,t;io montisUca. promulgada pura todo o

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STO. ODON E AS ORIGENS DO MOS'I'EIRO DE CLUNY

fmpédo Por Carlos Magno e Luls o Piedoso txltc.in que todos os mosteiros adotamn, a regn de São Bento. Assim se11do. a pnrtlr do skulo IX. havia só mosteiros bt-ntdltlnos no Ocidente. Mns, de acordo com :1 regr., de São Bento, e~es mo1'tciros eram autônomos, .$-tm nenhuma vtnculaçíio juridlca entre t'lts. Niio havia propriamente umn Ordem rcliglo5'1, Percebendo os: perigos dessa ,xtttma d~«c1llr:lll'.ut· tão, S:io Bc·oto <fe Anlant, o toMelhcito moni)1Jco d1: C:irlos Magno e de Luis: o Piedoso, tentou dar uma dlreç:io única i\s abadias do Império, mas sua olJrn não sobreviveu i\ su11 morte. Oru, as lutas entre os dtsctndentts de Carlos Mngno, ttndo tnfraqucc:ido o lmpério, p(•rmilirnm que novns lnvasões blU'b:ua$ - nommndos, esJa,·os, etc. - penct~ m a fundo no Ocidente. Ess:i.s ln·r nsões lev:ar:\rn a desordem e a destrui('fio por onde passaram, t todas as grundts inslHuitões e:aro, líuglr1s sofreram os conseqüências disso. De toda.:-. das foi ratvez. o r.non.aQu~o a n1n.lS aHngidn. 0$ mos1ti.ros, des::m1parndos, foram pilh~1dos, outro$ v irom6Sc obrigados a pem1itir, tn1 troca de 1m1a pro• tetão, a Ingerência desmedkla dos senhores tempo,. rnls em seus :t.fi.Stmtos internos, e todoi caJrnm num relaxamento que conduziu à inobservàncin dn Regra e à con.seqüentc d!Molu('ão dos costumes. No infcio do $éculo X . esboçou-se uma reação contra tsse tst::ido de coisas. Algum; Monges sonto.s. como por txtmpto São Gemido de Brogne na l..o, rcn::i, tentaram rtt:rgutr ~-uas abadlas, levando-as novnmente à rltl observância d:a Rtgra. E para qut mais amplamente se tstendesse n Otão, c-ostu• 111..avam reunir sob um a.baclato únko os mosteiros que, dtsejando· reformar-.se, st vllrtga\'am à sun direção.

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PORTUGAL: AS PERGUNTAS QUE FÁTIMA COLOCA

Ambos se enconfrarnm num local con_h eckfo por Cluny, onde Cuilhenne trelnan os seus cãts dt C!IS1L DtPois de expo«- os seus projetos, o Duque ptrguntou ao Abade se 3Ctitav:a fuodar t.ssc mos-tclro. Dfante da r~1)0~1a :aritmaUva, pcdlu-lbe que escolhesse, ele mesmo, as terras que destjava tm seus Imensos domínios. - Escolho .tst3S, re~'J)Ondcu o Abade. - Mas, objetou o Duqut,, tst11s niío pos.ço dar, pois nelas tenho o melhor c:impo de h'einamtnto de meus cães de ca('a. - Senhor Duque-, disse o Abadt, bem si1beis que :as preces dos Mougt.i vos :iervl.r;ío mais diante de Deus do que os latldO$ dos dit.s; tXpul~I os cãts e reccbtl os Monges. E o Duque nnda teve para rt-sp,ondcr. Em 910, na cidi,dc. de Oourgc.s, GuUbcmtc o Pie• doso entregou solenemente ao Bem-aventurado Bcr~ non as terras de ClullY_ , n:t prcstnç2 da Duqucsn e de toda l!1Jl'l ramma. Ass.Lstiram ao ato vários scnho,. r~ feud;ils, muitos Blspos e Clérigos, e vários Mon• ge~ entre os qunls S:rnto Odo11. Num documtoto :,s:srnado por fodos os prtsentts, o Duque da Aqui· târda Isentou Clun.y de c1unlquer inger~ncla sua, dando nos Apósrolos São Pedro e Sâo Paulo as tcrTOS e o mostttro que ali se con$fruirfot e cobrindo de anátemas todos Aqueles que, scu.ç parcntt."i ou não, 110 presente ou no futuro, tent.a ssem delas se :ipodc:rt1r ou lnterviesstm, sob q1r.1lquer pretexto, ma vida lnttma do mo~1elro. O Papa, como Suc,e.ssor dos Apóstolos, deveria zelar pelo mosteiro, 3 ele lncumblndo ::i defesa des.se patrimônio enh'ttcue à guarda do Bem-1wenturado Bernon e da S:mta ~O próprio Duque da Aquitiirila. foi a Roma. parn obter :i rntiflcatiio do documento e pagar as pri• mclr.1$ dou pt('M de ouro parn manutentão da lu• mlnária dn Igreja dos Apóstolos, como Cluny de• veria íàztr todos- os anos, de acordo com o direito feudal.

Santo Odon foi para Cluny com outros Mongts de Baume t Cigny. Ao qut parece, o q ue levo·u· o Btm-avcnlurado Bemon 11 envlái,-lo pan o novo mo.sttlro foi u hosllUdndc de Cuy. Ao morrer, cm 926, Bcmon deixou a est<t úlllmo, por ttsfamcnto, .tlguns dos mosteiros que dlrlgin, entre tlcs Baume e. C(Rny. e outros a Santo Odon., t.ntre os quais Cluny. Como Cluny cru o ma.ls pobre dos mo,Sceiros t ,stavn nlnda cm construção, o Bcm-a.vcnturado Bernon tirou dt Glgny o domínio de A.larmcta e o entregou a Santo Odon, pnm com dt manter Ouro-, Guy Impugnou a doação t, à força, se apoderou de Atarrneta. Santo Odon recorreu à S:1nta Sé e o Papa lhe deu ganho de causo cnquan• to os Monges de Gtgny vlvcsstm no mosteiro de

Cluor,

Santo Odon .pôdt, então, ,ntregar-s.c U'vrcmcnte à forni::1.ção de seus Mongey t tmprtt.ndtr a re:rorma moru;stlca <,,ut estc..t reallu1rfum com tanto brilho nn Fran('a, na 11.álltt e até na Esp:mha. Os ctunia~ ccnscs o consideravam o stu vtrdndclro fondndor e foi rcalmttttt ele que lntrodm.tu no mostt:lro t'$" c.s:pfrito, essa alma que modelou a Idade Midla.

Fernando Furquim de Almeida

dúdu.-. a público, que tlM aparc(am. no tabuleiro SÓ· cto-potftko luso? Scni que estamos ::a.ssisli.ndo a (enônttno :máloxo :ao tdgJco e. najt..if~ Sllêndo du ruatureza, <1:ue precede as g,andts tcm~1ad~"? O dn1m11 português 6 um dos mais shnb6llcos e poéticos de todo o 5tculo XX. Com deito, que pais teve três pastOrC$ de. ovelha..', vivendo uma dc.','J)rc:o-cup:1d.a vida c.run~1rt: numa pitoresca aldc.lu.lnlua, IAntado~ às prlmelns p~lnas da grande imprensa t ao centro do$ fatos do Cat0Uch1no contemporineo? 1"rés pastorczlnhos, ratando um.a linguagem cheia de autoridade, d~ura e ~veridade, advertlnm o mu:ndo. Foi tal o Interesse e tntustasano dc.sper1ados, qut mc:snio povos não cat6Ucos tiveram ~-u:t aten(áo atr111íd:i. À aulsa de txcmplo, ltmbrcmo$ que a lmn, gtm pc:rtgrlna, qua.ndo percorreu os palses árabes e a 1ndla, teve apoteótica rectP(ão. Duas dt,SSaS crianças prt.vir11m n própria morte: (Ja. dnta e Francisco), oconida :únda na i.nfânda, e da última rol anund:ado que fkarb nn terra como testemunha da mensagem. Hoje. vive cnetrrada no Carmelo de Coimbra a lmt.í Maria Lúda do Coraç:ão l m:.\Culado. com quase setenta anos de ldadt, a, últl.m::a e ptlncipal vldtntt de Fátima. De uma humilde Frtir.l talvez dcpendn a sor1.c de: Portugal e mes1no do mundo. Ela pode ter sobre os aconttclmcntog um.a lnfluê:nc.ht nwito mais dtclsiv:a do qut Xlssingcr, Ford 011 Brtt.hncv. N~ momerlto cm que- o lnttre....-k pelas ::ap:lri(:ÕCJ de F,til1U1 dc,·tria. tstàl' no clínuu devklo à Ttvoluçiio de 25 dt ::ahrn, partce que quase ninguém fa:i conjec~ luras sobre o que elas desvtnd::tnun do futuro da n.à ('ão lusa e do mundo. lln1imaticamcn1c, atf em PortUR,al uma modoma pesada palra sobre as rc:velaçõe.~ e sobre: a lm1ii Lúcia. Só se sabe que Vários líderes comunlsta$ por1u· gut.{ôes j~ nuinUc.s.1:Qtrun o ~estJo de destruir tudo o que se relacione com Fátim:i. Nada m:ús lóUico. Stntem nesses tplsódlos um bn1do ptmumcnk dt JICU$8(':iO.

A lnu:i Lúcia. por r.rtões dtsconh«ldas, perma~ ntcc calad11. E ll naç.ã o portuguesa c-hoca-$e contra uma dJla, ccranlt ptnl)Cctlva: acelblr dellva1nentc F,1hn.11, rcd.lmlr-se e salvar..,i;e, ou csquecS-13 e talvez <k•· p:uecer, trnpda pelos turacões dn Hlst6rla 1 dtstD·• cade:ados pela Just~a Divina.

Péricles Capanema 7


IJAfo1ncnsMo

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QUANDO AS OVELHAS SABIAM DISTINGUIR O LOBO DO PASTOR • • • O motivo da parada foi uma Sacerdote que houvesse jurado se S DOIS CAVALEIROS se detiveram um instante. De- ligeira surpresa: depois de unta cur- retratasse dentro de quarenta dias, pois de terem perc~rrido va da estrada, eles podiam ver por sob pena de excomunhão. O padre quase toda a estrada que vai de cima das árvores e recortado contra Payré h'esitara: Roma lhe exigia a Nantes a La Rochelle, haviam en- ·o céu azul, o campanário da peque- fidelidade, e lhe -prometia a honra, trado à direita, penetrando nessa na aldeia de Saint Michel du May, Paris queria que ele se vendesse, e estranha planície coberta de árvores que era o seu destino. M. Thurbct, ameaçava com a prisão. Era precibaixas e copadas, q1.1e em ligeiro o novo juiz de paz nomeado pela so escolher entre a honra ou a pendeclive se desenrola até o litoral. Assembléia Legislativa, olhou de Apesar' de o 1empo estar agradá- soslaio para o homem que 1inha ao são de 1200 libras oferecida pela vel, a estrada parecia estranhamen- lado, o qual suava um pouco, e se- Assembléia Lcgislátiva, que garante deserta. Era quase meio dia e gurava nervoso as rédeâs de seu tia uma vidinha em pecado mortal ,, desde a manhã cavalgavam, sem no cavalo. O seu companheiro de via- é verdade, mas bem arrumadinha. entanto terem encontrado nenhum gem era M. Payré, padre juramen- O ·padre Payré escolhera de acordo lNACJGCJRAÇAO.DO A CJDIT ORIO D A TFP ' camp0nês. S verdade que os dois tado que, também cm nome da As- com seu coração: enviara à Assemt inham a impressão de estarem sen- sembléia Legislativa, era o novo bléia um requerimento renovando do observados, e por duas vezes ao vigário da cidadezinha que tinham sua fidelidade à nova Constituição, A TFP inaugurou seu novo Auditório em São Paulo, com a prcsenç.a menos julgaram o'Uvir ruídos na à frente. Naquele dia, ele deveria e solicitando uma paróquia e a res- do General Humbcr!O de Souza Mello e de altas autoridades eclesiásticas, floresta que os cercava, ruídos que assumir suas novas funções. pectiva pensão. A resposta, num civis e militares. Na ocasião, o General roi condecorado pelo Ministro cessavam repentinamente quando Os dois continuaram cavalgando, papel Lin1brado com o barrete frí- dos Assuntos Sociais do Governo Polonês no Exílio. - Nas fotos: Pror. os cavalos chegavam perto. Os dois e o padre Payré teve al,g um tempo gio, viera logo: o cidadão Payré era Plinio Corrêa de Oliveira, o Bispo de Campos, D. Antonio de Castro cavaleiros estavam ligeiramente in- ·para se recordar das estranhas nomeado vigário do burgo de Saint Maycr, Qa. Marília Souza Mello e General Humberto de Sol.!za Mello. quietos. Era o ano de 1792, e eles transformações pelas quais vinha Michel du May, agora simplesmen- Em baixo: o momento da condecoração; compunham a mesa o Desemestavan1 sozinhos no centro da passando a Igreja Católica na Fran- te burgo du May, e deveria assumir bargador Gentil do Ca~mo Pinto, Presidente do Tribunal de Justiça de Vendéia. ça naqueles t!)mpos. imediatamente as suas funções. Ne- São Paulo; Ministro Tomasz Rzyski; General Sou1.a Mello; Prof. Plinio nhuma palavra a respeito da pen- Corrêa de Oliveira; D. Antonio de Castro Mayer; Prof. Miguel ColaOs pregadores folavam de economia e ag ricultura são. suonoo, Prefeito de São Paulo; Sr. Paulo Macedo de Souza, represenNão se pode dizer que a leitura A confusão já vinha de bem lon- mesmo a maçonaria era condenada tante do Governador Laudo Natel (páginas 4-5). desse papel tivess~ agradado o cige. No século anterior houvera o agora! Pois não era verdade que em jansenis'mo. Essa seita, fundada por Bethiene vários Padres faziam par- dadão Payré. Além do lapso relativo à pensão, havia o ,problema do un1 Bispo, queria fazer estranhas te da loja? Não é certo que em lugar: a cidade ficava na zona mais reformas na Igreja. Segundo ela, o Arras o oratoriano Padre Spitalier atrasada da França, numa região altar deveria ter forma de n1esa. era um alto dignitário maçon? E o Verdad es esquecida s muito influenciada por um certo Não seria nunca dada a comunhão Arcebispo de Tours não havia deLuís de Montfon, Padre missionáfora da Missa, e esta deveria sem- fendido os maçons em carta que rio que a havia percorrido cem anos pre ser celebrada na língua do povo todos conheciam, dirigida ao Arceantes. Era incrível a ignorância dae não em latim. Era necessário que bispo de Sens? queles camponeses, dos quais se o cânon fosse rezado em voz alta. Um coelho assustado atravessou comentava que nunca tinham ouviA liturgia seria despida de qualquer a estrada, e ligeiro sobressalto todo falar de Voltaire ou de Rouspompa; as imagens dos Santos de- mou os viajantes. De novo o messeau! Esses atrasadõcs ainda re,.averian1 ser retiradas de seus altares, mo ruído no meio da floresta, se- vam o terço, usavam o escapulário etc. Ao mesmo tempo que se di- guido do mais completo silêncio. da Virgem, e praticavam a anacrôziam antitradicionalistas, os janse- O sol estava a pino. Os cavaleiros nica devoção ao Coração de Jesus! nistas afirmavam também que pre- prosseguiam, e o padre Payré vol- Como eram possíveis tais infantilitendiam voltar às práticas primiti- tou às suas reflexões. dades, em pleno século das luzes! vas da Igreja. Mas não eram esses os boatos Da Constituição Apostólica "Umbratilem", de aprovação dos .8 verdade que esses e os demais Payré tinha boas razões que mais inquietavam o cidadão Estatutos da Ordem dos Cartuxos, révistos segundo as prescrições erros jansenistas haviam sido con- para estar inquieto . Payré, e sim aqueles que diziam do Código de Direito Canônico: denados pelo Papa. Mas, apesar de respeito à recepção que outros patudo, eles tinham permanecido larQUELES. QUE, afastados do bulício e ,las l<>ucuras do munSim, a Igreja havia mudado bas- dres juramentados haviam tido na vados, e aos pouco,; foram produ- . lante. Depois viera a Revolução, e do, de tal modo professan1 a vida contemplativa, q11e não só região. O novo sacerdote de Sables zindo todas essas "singularidades" con1 ela, a Const-ituição Civil do havia sido chamado de "grande se ap/ica111 a considerar co,11 roda a atenção (como sua próreligiosas que recheiam o século Clero, pela qual os "representantes pria profissão o pede) os divinos 111istérios e as verdades eternas, porco" pelos camponeses, o de XVOI: Padres ateus, como o Cura do povo francês" se arvoravam em e a suplicar contínua e ins1a11temente a Deus que prospere e dilate Maisdon-la-Riviêre, de "cão raivoso Guillaume e o Abbé Conet; ou co- novos organ izadores e dirigentes da cada dia ,nais seu Reino, senão que, ademais disso, purga,11 e exe celerado", e ambos haviam sido munistas, como o Padre Morely; Igreja. A França havia sido dividida piam com penitências corporais, s~ja111 voluntárias ou impostas pela corridos de suas paróquias (G. Leou igualitários, como o Padre Veri; em departamentos, e a caila uma Regr", não tanto as próprias c11lpas, co1110 (IS alheias, - os que ral notre e A. Castelot - "Les granou apenas conciliadores do bem dessas porções deveria caber um vida professam, com justa razão deve-se dizer deles que escolhedes heures de la Révolution Francom o mal, como o Padre Yvon Bispo, com destituição pura e simram, à imitação de M/ll'ia de Betânia, a ,nelhor parte. [ ... ]. çaise", tomo 111, p. 23). Ao que ( Daniel Mornet - "Les origines ples dos que sobrassem. Os memQuiçá alguns imaginem q11e as virtudes injustamente· chamadas parece, havia outras notícias ainda intelectuelles de la Révolution Fran. bros da Hierarquia eclesiástica não passivas renham caído já em des11so há 11111i10 tempo, e que se mais inquietantes, mas ninguém çaise", Librairie Armand Colin, pp. seriam mais nomeados pelo Papa, deva substituir a antiga disciplina dos c/a11stros pelo exercício mais gostava de as comentar. 242 e 403 ). amplo e libera/ das virtudes ativas. Semelhante opinião, refutada e mas eleitos pelo povo, podendo voAssim, não se pode negar que Nos sermões não se falava mais tar inclusive os hereges, os livrecondenada por Nosso Antecessor Leão Xl/1 na sua Carta "Testem havia motivos de sobra para o cide moral, mas de economia e agri- pensadores e os judeus. Todos os Benevo/entiae", de 22 de janeiro de 1899, bem se nota quanto é dadão Payré estar preocupado cultura. No lugar da vida eterna Padres, Bispos e Arcebispos seriam injuriosa à doutrina católica e à prática dll perfeição cristti. Por quando, acompanhado pelo novo pregava-se a ciência e o progresso. funcionários pagos pelo Estado, e outra parte, facilmente se compreende que contribue111 111uito 111ais juiz de paz, ele chegou às primeiras Estranha época em que os teólogos só a este deveriam obedecer. E em pdra o incremento da igreja é a salvação do gênero h11mano os escreviam obras sobre as batatas e 27 de novembro de 1790 a Assem- casas çtaquele pequeno burgo da que assiduamente cumprem cd111 seu ofício de orar e mortific1Jr-se, a doença das videiras, em que os bléia Nacional exigira que todos os Vendéia. do que aqueles que co,n. seus suores e fadigas cultivam o campo pregadores falavam do "Ser Supre- clérigos jurassem obediência a essa do Senhor; pois se os prilneiros não atraísse111 do Céu a abundânmo" e não de Deus, e trocavam o Constituição, sob pena de perder "Perseguido por cia das graças divinas para regar o ca111po, mais escasso, certamenSantíssimo Nome de Jesus pelo de os seus cargos. Qualquer resistên- aquele bando de doidos" t,r, seria o fruto do labor dos operários evangélicos. - [Constituição "Legislador dos Cristãos" (Pierre cia seria punida com a prisão. Apostólica "Umbratilem", de 8 de julho de 1924, apud Antonio Entraram na rua principal em de La Gorce - "Histoire religieuse O padre Payré não queria ser Ortiz Muiíoz, "Los CabaUcros Encerrados / Monjes Jerónimos", de la Révolution Française", !.º preso, e prestara o juramento, meio de um gr-ande silêncio. Apesar Ediciooes Studium, Madrid, 1961, pp. 64-65]. vol., p. 61) ! Os protestantes não acompanhando quase metade do disso, puderam verificar que ao eram mais chamados de hereges, Clero francês. Depois, ele ~oubera longo dela, formando olas, estavam PIO p p. XI 00NQ.IJI NA. ~ÁOINA. 6 mas de "irmãos que é preciso do Breve do Papa condenando a amar", ou uirmãos errantes". Nem Constituição, e ordenando que tod? Evandro Faustino

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QUEM MAIS CONTRIBUI PARA SALVAR AS ALMAS SAO OS QUE ORAM ESE MORTIFICAM

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José

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DIOCESE DE CAMPOS teve no cinqüentenário. de sua instalação a mais fecunda das Mi! sões ali ;amais realizadas, pregada pelo mais eloqüente dos Missionários: a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que a percorre~ nos meses de iulho,_ agosto e setembro, derramando graças abundantes e especialíssimas. Foram dias de extraordinário afervoramento, de verdadeira conversão, como o atestam o número de confissões e comunhões bem como o entusiasmo com que a Virgem foi acolhida pelas populações. Nos clichés, o povo de Cambuci recebe em triunfo a celeste Visitante; o Sr. Bispo Diocesano prega aos fiéis que foram venerar a milagrosa lma~em na Catedral-Basílica do Santíssimo Salvado~; a monumental Matriz de São Fidélis foi pequena para conter os fiéis que foram despedir-se da Senhora· na última etapa de sua peregrinação pela Diocese (P ÃGINA 7).

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TRIUNFAL ACOLHIDA DA DIOCESE À IMAGEM .PEREGRINA .

N.º

289

JANEIRO

DE

1975

ANO

XXV CrS 3,00


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Plinio Corrêa de Oliveira

Resistência Ta.rancón, e Casaroli RESISTBNCIA levantada pela TFP 1, "Ostpolitik" vaticana se vai estendendo com êxito, das duas Américas para a Êoropti. Assim, a Sociedade Cultural Covadonga, da Espanha, já distribuiu pelas ruas de Madrid e de outras cidades mais de cem mil exemplares da Declaração de Resistência das TFPs deste continente. Ao mesmo tempo, a "Hoja dei Luncs", da capital espanhola, publicou no dia 11 de novembro p. p. o texto integral desse documento. Dado que esse é o único periódico a ser publicado em Madrid às segundas-feiras, pode-se facilmente avaliar a larga difusão que assirn teve a Dccla· ração. Como seria <lc prever, o resultado dessa difu. são é duplo: aplausos e críticas. Estas últimas, furibundas e muito raras. Os aplausos, numerosos e não menos fogosos. Os telefonemas se multiplicaram surpreendentemente ao longo destes dias de campanha, na sede da Sociedade Cultural Covadonga. As cartas vêm afluindo em número impressionante. Sobretudo é animador o número de Sacerdotes do Clero secular e regular que exprimem sua adesão. Um catedrático de conhecida Universidade mandou espontaneamente unt extenso parecer justificando a Declaração do ponto de vista teológico e moral.

••

A vista desse quadro, a Democracia-Cristã não poderia ficar calada. Controla ela o diário madrilcnho "Ya", o qual se saiu - à maneira de revide - com uma nota cheia de acidez e evasivas. Não espanta, pois este é o conteúdo inevi• tável das réplicas publicadas por quem não tem como defender-se, e ao mesmo tempo não se resigna a (icar num desairoso silêncio. A Sociedade Cultural Covadonga, baseada na lei de imprensa, pediu a ""Yaº a publicação da adequada tréplica. Em princípio, "Ya" é favorável ao diálogo. E.<pcravam, pois, os valorosos jovens de Covadon• ga, que o diário pcdecista lhes atendesse a fundada solicitação. Não se lembraram de que o diálogo democrata-cristão tem mão, e não contra-mão. Como é mundialmente sabido, ele é todo voltado para a esquerda. Para a direita, a Democracia-Cristã s6 tem acidez e brutalidade. Os círculos anticomunistas da Espanha estão na expcctaliva, aguardando como a SCC agirá em face da situação criada pela recusa de HYa".

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Tudo leva a crer que o Emmo. Cardeal Tarancón , Arc_ebispo de Madrid, sentiu a ineficácia da furibunda réplica de "Ya',•. Pois, cerca de dez dias depois de haver-se manifestado esse jornal, o Pu_rpurado ,mirou cm liça- publicando uni pronunc,amenlo contra a Declaração de Resistência. Ao que nos consta, cm seu documento o ilustre Prelado reconhece expressamente assistir a um bom calólico o direito de discordar da política de Paulo VI. !I>orém considera que o exercício desse direito imporia cm deslealdade para com a Santa Sé. O direito de ser desleal. , . Tem graça! Como o relato sobre a atitude do Cardeal Taranc6n só me chegou verbalmente, fico na csperança de que a informação não seja bem certa, e Sua Eminência tenha encontrado algo de mais

substancioso a alegar. Oportun.tn,ente darc, conhecimento dos di1.cres de Sua Eminência aos leitores.

••• 8cm mais solerte é Mons. Casaroli, Secretário

do Conselho para os Assuntos Públicos do Vaticano. S. Exci:t. só fez uma superficial e fugidia refu1ação da Declaração de Resistência. E depois calou-se por largo tempo. O desenvolvimento internacional da Resistência induziu, por fim. o ilustre Prelado - tão merecidamenlc intitulado o Kissinger vaticano - a romper, mais uma vez, o silêncio. Por isto de·

clarou, há pouco, à agência "Europa Press.. : "A Santa Sé coopera com todos os homens (Jue te. . 11ham opções ,íteis para " paz [ ... ]. Embora alguns acusem a Santa Sé de desequilibrio nesta busca, o V att'cano ;amais esqueceu ó sentido da justiça social ou itrtetnacional.

Por isto. a Santa

Sé não se

també.Jn se e,npc-

li111ita ao ensino, mas

nha em ações concretas, em casos de injustiça, ainda que, em alguns momentos, esses tenhmn sido esq11ecidos". Como vê o leitor, trata-se de um confuso amálgama de subentendidos e evasivas. A "Europa Prcss" prossegue: "Pelo q11e se refere à "Ostpolitik" vaticana, Mons. Casaro/i fez ver que este ponto de vista não é seu, mas de Paulo VI". - O "ponto de vista'' é o texto brumoso que acabamos de citar. Continua o despacho- da "Europa Press": Mons. Casaroli "disse

que é doloroso para o Santo Pt1dre ser atacado e não poder dejenderrse publicamente, ao ver algumas de s uas ações criticadas por uma parte ou por outra". De, São 'Pedro a1é nossos dias, os Papas babitualmcnle timbraram cm defender-se. - Razões superconfidcnciais? Por que, então, ao imolar o

Cardeal Mindszenty, Paulo VJ deixa a grande e gloriosa vítima numa completa ignorãncia dos altíssimos motivos que o teriam levado a desfechar esse golpe? Será que nem o Cardeal-Mártir merece confiança para conhecer o segredo partilhado entre Sua San1idade, Mons. Casaroli e o governo comunista de Budapest? São perplexidades a que, por certo, Mons. Casaroli não responderá, nem mesmo nesta época de diálogo pós-conciliar.

''Détentes'' geminadas A "DlrrENTE" da Casa Branca e do Vaticano (e digo intencionalmente "a détentc" e não "as détcnlcs". porque se 1rata, obviamente, de uma mesma distensão, com objetivos. métodos e resultados perfeitamente análogos) se vai desdobrando por toda a terra cm acontecimentos lamentáveis. Um destes foi a visiia de Ford a Vladivostok . Os debates nos EUA vão pondo merecidamente cm realce quanto ali se fez de vantajoso para a Rússia e de nocivo para a América do Norte. Enquanto is\o se passa, oulros fatos se vão rcgislrando em surdina, sem que os advirta a opinião internacional. Um destes é o recente abandono da Ilha de Formosa à sanha de Pequim. Depois de ignobilmente expulso das Nações Unidas, o grande reduto anticomunista, que é Formosa, acaba pe sofrer outro golpe. O Presidente Ford assinou decreto pondo fim ao compromisso norte-americano de defender a Ilha contra ataques comunistas. Justiça, direito, solidariedade

humana, estas são grandes fórmulas sonoras que funcionam, hoje dia, quando se trata de fundamentar o apoio dado pelo imperialismo russo ou pelo chinês a qualquer "nação oprimida". Porém, nada significam quando se trata de defender qualquer povo pequeno contra as arremetidas de Moscou ou Pequim. A isto nos conduziu a "détente" norte-americana. Até onde mais nos levará?

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• •• Pergunto-o a propósi10 do Vietnã do Sul. v,,n Thieu declarou recentemente (cf. "The Revicw of the News" de 16-10-74) que o Congresso americano reduziu a ajuda militar a Saigon de 1,2 bilhões pa.r a 700 milhões de dólares, e é de se prever uma redução da ajuda econômica norte-americana para o Vietnã do Sul de 750 milhões de dólares ,para 400 milhões. Pari pass11, os soviéticos vão ajudando cada vez mais a investida . comunista. Segundo observou - com melancólico laconismo o Presidente Thicu, tal fato só pode encorajar os vermelhos a invadir o Vietnã do Sul. - "Détente·· americana .. . A esta parece juntar-se, cm estreita colaboração, sua sósia, a "détente" vaticana. Os católicos, que constituem, no Vietnã do Sul, uma dinâmica e organizada minoria - 2 milhões, numa população de 19 milhões de habitantes vên1 sendo um fator decisivo da luta anticomunis• ta no País. Entrelanto, com grande alegria - note-se o pormenor - para a esquerda católica, c-omeçou a abrir-se uma frincha entre o Episcopado e o Governo em sclembro de 1973, quando foi publicada uma Pas1oral cole1iva contra a corrupção do poder. Em junho deste ano, 301 Sacerdotes divulgaram um manifesto ainda mais violento, no mesmo sentido. E a 8 de setembro, um Padre outrora conservador, Tran Huu Tranch, lançou com um grupo de amigos um "Ato de Acusaçãd" que enuncia seis escândalos financeiros nos quais cs1ariam implicados o Chefe de Estado vietnamita, sua esposa, e parentes próximos ( cf. artigo de Jean-Claude Pomonti, de "Le Monde", publicado na "Folha de São Paulo" de 28-10-74). Não conheço os argumentos dos acusadores, nem a réplica do Presidente Thicu. Entrelanto, os fatos assim ~presentados me deixam cheio de suspeitas. Com efeito, o Sr. l'omonti acrescenta que o Pc. Tran l-fuu Tranch aceita hoje - embora com pesar - a coexistência pacífica com o comunis• mo. - Estranho essa mudança. Pois não compreendo como possa esse Sacerdole, sob o pretexto de derrubar um governo cujo grande pecado seria de roubar alguns bens de algumas pessoas, apoiar a coexistência com um governo que confisca todos os bens de todas as pessoas. Suspeito, assim, do Pe. Tranch. Tanto mais quanto a acusação de corrupto é freqüentemente lançada pelos comunistas contra todos os que se lhes opõem. Contra o grande Cardeal Mindszenty, por exemplo. Formulada essa suspeita, é impossível aceitar, sem mais, a objetividade das acusações de corrupção lançadas pelo Episcopado contra o Governo Thieu. Ainda mais quando essas ncu.saç6es alegram a esquerda católica e os comunistas. Pois nada do que alegra à esquerda católica se produz sem a instigação e o apoio dos comunistas. - Até que ponto a "détcnte·· vaticana se relaciona com tudo isto? - l:'. impossível dizê-lo. Mas uma coisa é certa: sem a "détente.. as coisas não se passariam assim. O comunismo jã não luta isolado, contra o Governo Thicu, pois conta com a colaboração maciça e incontcnivel da "détcnte" geminada ya11kee•vaticana.


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FIDELIDADE AO PROGRAMA TR _ADO NICIADA SUA .PUBLICAÇÃO ao se encerrar o Ano · Santo de 1950, "Catolicismo" considera especial bênção divina registrar, no seu primeiro número deste ano que começa, as indulgências jubilares com que o Santo Padre impulsiona os fiéis no afervoramento da vida cristã no atual Jubileu de 1975. Implorando, pois, as graças de Deus para nosso mensário, seu Diretor, colaboradores e todos quantos participam desta obra apostólica, convidamos toda a família de almas de "Catolicismo" a agradecer à misericordiosa Munificência divina os benefícios com que tornou· possível manter vivo e florescente nosso periódico. De fato, com prazer, podemos registrar a fidelidade de "Catolicfsmo" ao progra1na que se propôs, de propugnar 'Pelo revigoramento da mentalidade católica num mundo que se laiciza de modo impressionante. No centro desse movimento descristianizador - como al1na que o anima - situa-se o comunismo düuso, cuja visão da vida e do universo se opõe diametrahnente ao espírito de Jesus Cristo. O ano de 1974 marcou de um lado a arnpliação da ação comunista no mundo; e de outro, como complemento tão eficaz dessa n1esma ação, a desoladora inércia da atividade anticomunista. Eis que "Catolicisn10" esteve sempre a postos para alertar seus leitores contra o grande inimigo da civilização cristã.

+ Antonio,

A Resistência .

ESTA REPERCUTINDO intensamente na Espanha a declaração de Resistência das TFPs race à política do Vaticano de aproximação com os regimes comunistas. Publicada inicial-

mente em abril do ano findo, nos principais jornais do Brasil, pela Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (ver "Catolicismo", n.0 280, de abril), o referido documento foi la.nçado na Argentina, Chile, Uruguai, Venezuela, Colômbia, Equador e Estados Unidos, pelas T FPs locais, alcan-

ça_ndo nesses países enorme repercussão.

Aproveitou as datas relativas ao grande Papa São Pio X e seu emérito Sucessor Pio XI para reavivar a doutrina da Igreja sobre a hierarquia social, ponto da doutrina católica que o igualitarismo marxista pretende destruir. Mostrou a estratégia comunista no Extren10 Oriente, a ameaça de con1unistização da América que seria a readmissão de Cuba na OEA, bem como a autodemolição em marcha na atitude enigmática tomada por dirigentes dos países do Ocidente. No campo eclesiástico, salientou a infiltração comunistizante nas publicações de vários teólogos da nova geração, bem como na posição assumida por elementos do Clero. No mesmo sentido de um reafervoramento da mentalidade católica, "Catolicismo", por ocasião do sétimo centenário da morte de São Tomás de Aquino, enalteceu a Filosofia perene do Doutor Comum, esteio de qualquer ação séria contra o comunismo, bem como deu largo destaque à visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátin1a, e ,p erfeita cobertura às atividades da benemérita TFP - Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade.

*** Por todos os favores do Céu que significa semelhante trabalho, rendemos _graças a Deus, de quem suplicamos, pelas mãos maternais de Maria Santíssima, as melhores bênçãds sobre o Diretor e demais colaboradores de nosso men, . sano.

Bispo de Campos

TFP estende-se a Espanha

Piõar, e a "Hoja dei Lunes", jornal de grande tiragem, o único que se public;, em Madrid às segundas-feiras. O resultado dessa difusão tem sido duplo: aplausos e críticas. Estas últimas, violentas e muito raras. Os aplausos, numerosos e não menos fogosos.

Um problema espa nhol O texto divulgado na Espanha pela Sociedade Cultural Covadonga é análogo ao que as TFPs lançaram nas duas Américas, com as necessárias adaptações. Assim, a entidade ma-

Há cerca de dois meses a Sociedade Cultural Covadonga, entidade cívica de Madrid, lançou o manifesto do Resistência na Espanha, desenvolvendo também larga campanha de difusão do mesmo por todo o país. Ma.is de cem mil exemplares do documento já foram

drilenha explica as razões que levaram seus

distribuídos nas ruas das principais cidades

distensão do Vaticano com os regimes comu-

espanholas. O seu texto integral foi publicado por dois órgãos innuentes: a conhecida revista "Fuerza Nueva", dirigida pelo Deputado Blaz

nistas. Ressalta que esta tomada de posição se tornou necessária e reveste-se do caráter de legítima defesa das consciências dos signatá-

sócios - católicos e espanhóis - a expor publicamente sua posição em face da política de

'

rios - católicos e anticomunistas - ante um sistema diplomático que lhes tornava irrespirável o ar e os apresentava como inexplicáveis perante a opinião pública. "A Espanha - afirmam os diretores da entidade sempre 1eve um papel relevante em todos OJ' ,1contecime111os nos quais a defesa da Igreja exigia sacrifícios. privações e lutas. Foi ass;m contra os muçulmanos durante os oito séculos da Recortquista; varões amenticamente espanhóis e cristãos, suscitados pela Providência, promovera,n, a Contra-Reforma,· ,, Espanha venceu Napoleão, e com ele as idéias anticristãs da Revolução Francesa; a mais recente epopéia de nosse1 história é a Juta contra o comunismo, derrotado pelo "A/zamiento" dos cat6/icos espa11/z6is. Dentre todos estas atitudes destacou-se a Espa11/ra na defesa do Papado, a ta/ ponto que a fidelidade ao Papa se tornou a prova de sua fidelidade <l / gre;a. Por isso, no momento em· que se leva a

efeito esta politica de distensão, o problemll de1 missão da Espanha /icei mais claro do que mmca. E um país que tem como missão lute,r contra os inimigos da civilização cristã. E esta fidelidade st. traduz t.m nossos dias no desen,,olvime11to ele uma ação anticomunista. Assim, pois. ante ei distensão, que atitude vão tomar os cauJlicOJ' espanhóis? Deixar ele lutar contra o comrmiJ·mo e aceitar a vit6ria do inimigo mortal da Igreja, que é o resultado da distensão? Ou,. pelo contrário, co11ti11unrão lutando em defesa dos interesses da Jgrêja contra a política de distensão do Vaticano? Não irá maior ato de fidelidade à Jgre;a que o de conservar para Ela aJ· alnws que o adver.. sário U ,e quer roubar. Por isto é preciso cortar valorosamente o passo ao com,mismo e resistir às seduçOes da J;stensão, pois este é o meio de evitar que o hlim;go vermelho separe da Igreja e do Papado inumeráveis almas e nações inteiras''. 3


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Lições da Revolução Francesa

figura Philippe Egalité~ que niuito atual N

A MANHÃ do dia 18 de novembro de 1785, uma carruagem corria a roda ·brida pela magnífica alameda que, saindo de Paris e atravessando por duas vezes os meandros do Sena, passa ao lado dos castelos de Saint Cloud, Bcllevue e Chaville, indo depois desembocar, larga e triunfante, na Praça das Armas, defronte das grades de ferro dourado que fecham a entrad.~ do Palácio de Versalhes. Atravessados os portões e percorrido o grande pátio, a carruagem se deteve cm frente ao palácio. Dois lacaios acorreram pressurosos, para receber o Duque de Chartres, que vinha comunicar ao Rei l:-uís XVI a morte de seu velho pai, o Duque de Orléaos. O Rei, segundo a etiqueta, respondeu~lhe: "Senhor Duque de Orléans, sinto-me extremamente penalizado pela m orte tio Príncipe, vosso Pai" (Castelo!, p. 135). O visitante inclinou-se e saiu. A guarda do palácio apresentou-lhe armas, pois a partir daquele inslanie ele deixava de ser o Duque de

Chartres para se-tornar Sua Alte1.a Sereni'ssi.ma o Duque de Orléans, primeiro ,Príncipe do sangue de França. Luís XVI, através dos cristais de sua janela, contemplava preocupado a carruagem que se ia afastando, e que reto. mava o caminho de Paris. Havia razões para a preocupação do Rei. O título de Duque de Orléans era reservado para o chefe dessa família que descendia do segundo filho de Luís XIII e dera um Regente à França, essa f amília que constituía uma das mais altas expressões da nobceza do país que era então o mais nobre, refinado e brilhante país do mundo. Agora, o título de Duque de Orléans passava para esse Príncipe que ia na carr11agem: um

homem que ainda não tinha quarenta anos, mas que já estava consumido pelo vício, ao qual desde os vinte se entregara desenfreadamente; um homem em que "o espírito e tl vaidade fatimn as vezes ,Je inteligê11cia11, em que "o amor das novidades ,iissimulav<, a ignorô11cia", e em que ºa gabo/ice escondia uma perigosa covardia" (Castelo!, p. 135). Alto e um pouco gordo, rosto vermelho e carnudo com olhos azuis

e uma boca ligeiramente sensual, assim era o novo Duque de Orléans, que iria se tornar tristemente famoso na História como símbolo do homem que, pela ordem natural das coisas, deveria ser contra-revolucioná.rio. mas que, por ambição e por mau espírito, fioancia, ajuda e incÍcmenta a rcv,9lução que depois o irá destruir. A atualidade de sua vida é muito grande, porque é muito grande a atualilade da Revolução Francesa, e é enorme a atualidade dos "sapos" e dos traidores, que, de alguma forma, são muito semelhantes a Luís Filipe José, Duque de Orlé.1ns. A marcha pelas vias da iniqiiidade começou cedo para ele. Alérn de se entregar à sensua-

lidade, foi também muito jovem que entrou na maçonaria, essa sociedade secreta que já então infestava a França, e à qual pertenceram praticamente todos os pr6ccres da Revolução Francesa mencionados nos livros de História (qaxotte, p. 60; Castelo!, p. 150). Em suas lojas se tramou cada .passo da Revolução inaugurada 'em 1789; foi lá que se decidiu a morte do Rei; foi lá que se planejou a destruição da Igreja Católica e a implantação do culto da "deusaº Razão; lá, cada profanação era estu• dada em todos os seus requintes; e foi nesse lugar que o jovem Príncipe ouviu pela primeira

OBRAS CITADA~ CASTELOT, Andrê - "Philippe Egalité, le Prince Rouge", Editions Sfelt, 1950. DELASSUS, Henri - "La Conjuration Antichréticnne". Desclée, de Brouwc-r ct Cie.

GAX01TE, Pierre - "A Revolução Francesa'', tradução da Livraria Tavares Martins, Porto, 1962. "MONITEUR 'IJolver.,el, Le" ou "Ga,,ettc Na!ional~" - Reimpressão de Plon FrCres, 'Paris, 1854. MONTPENSIER, Louis Au!oiuc Philippe d'Or• lfans, Duc de - "Mémoires"; Baudouin Frêrcs. Paris, 1824.

VILLAT, Lout, - "la Révolution el L'Empire", Presscs Univcrsitaircs de Francc, 1940.

\V:EISS, J . B. - "Historia l.Jnivcrsal", versão da 5,:l edição alemã, Tipografia la Educación, Barcelona. 1931. 4

vez as palavras mágicas: liberdade, igualdade e fraternidade (Delassus, p. 112) . . .

Depois de sua entrada na maçonaria, o Du· que começou subitamente a ficar conhecido: em todos os lugares se falava de suas "virtu-

des'\ de sua ºvalentia,,, Suas obras de beneficência eram logo comentadas e proclamadas. Ele tornou-se uma pessoa "popular".

" Pa ra quebrar a monoto nia da vida" A família de Orléans possuía desde há muito um palácio no centro de Paris, a que davam o nome de Palais Royal. Para aumentar sua popularidade, o Duque foi aconselhado a alugar a parte térrea do edifício, formada de jardins e de grandes pátios, para a instalação de cafés, casas de jogo, pequenos teatros, etc. Ao que parece, essa "locação" era gratuita. Em pouco tempo, o Palais Royal tornou-se o centro de irradiação de todas as notícias e de todas as novidades. Em seus pátios se amontoava

uma multidão de Jibelistas, conversadores, desocupados, desertores, exploradores de botequins, agiotas, jogadores, enfim toda essa escória de uma grande cidade, que fQima o me- · thor caldo de cultura para qualquer boato ou d ifamação. E difamações e boatos não faltavam. Nos últimos anos antes da Revolução, Paris foi inundada por uma avalanche de panfletos contendo as maiores infâmias contra o Rei e a Rainha.

Eram poesias, erant contos, eram cantigas, eram "depoimentos". Qualquer coisa servia, qualquer mentira era aceita. qualquer .hist§ria, por mais absurda e contraditória ·~ue fosse, era avidamente consumida e propagada. E a origem des• ses panfletos, desses pedaços de papel que fizeram n-iais mal à França do que, todos o~ canhões de seus inimigos, a fonte de toda essa moledicência era o Pal11is Royal, e era o próprio Duque, pois é sabido que esses fol hetos eram sempre financiados por ele, e distribuídos gratuitamente. Não é certo que Filipe gostasse de ver diariamente toda essa turba a se acotovelar debaixo de suas janelas. Mas lhe haviam dito que isso o tornava popular, e sua vaidade fez o resto. Quanto a financior os panOctos, ele mesmo afirmou que não o foz.ia em defesa de um povo "que desprezava", mas unic.a mcntc porque o Rei algumas vezes "o ltm1ia tratado com i11solê11cia" (Castelot, p. 144). E de novo a sua vaidade fez o resto. O Duque votava uma antipatia pessoal ao Rei, e não percebia,

ou não queria perceber, que outras pessoas se aproveitavam disso para destruir na -França a civilização cristã. Essa é bem uma característica do "sapoº: não importa o que vai acontecer ao mundo, mas sim o que se passa com etc. Ele é o centro de tudo, e nada mais interessa. Não há homem de visão mais curta que o "sapo", e assim era o Duque de Orléans. Guiado por seus "amigos", foi das pessoas que mais insistiram para a convocação dos Estados Gerais. Alguns previram que aquilo desencadearia uma revolução. 'Para o Duque, era apenas uma maneira de "quebrar a mOJJOtonia tia vida", e também de contestar um pouco a autoridade do Rei. Com um sorriso superior, negou que aquilo pudesse degenerar cm algo mais sério. Chegou a apostar cem luíses cm que os Estados Gerais não ousariam nem mesmo abolir as "lettres de cachet" ... E, firnie nessa convicção, provocava a agitação popular, dando dinheiro para os assaltantes das carroças de trigo destinadas a Paris, e ,p ara financiar os ''cadernos de queixas·' ', que continham as mais absurdas idéias revolucionárias e que muito historiador moderno ainda a·firma serem a mais pura expressão dos anseios do povo da época. . f; interessante lembrar que o modelo para esses cadernos foi escrito pelo então Padre Siéyes (depois apóstata) , o qual era radicalmente contra a nobreza, e diz.ia: "Se retirarmos " ch,sse privilegiada, a nação não será algo me-. 110s, mas algo mais" (Villat, vol. I, p. 11 ). Mas, para o Duque de Orléans, financiar o padre Siéyês era apenas ''quebrar a ~nono-

tonia da vida... ..

O deputado do vila re jo de Crcpy-en-Valois A 5 de maio de 1789 teve lugar a cerimônia de abertura dos Estados Gerais, em Versalhes. Uma imensa procissão saiu da Igreja de Notre

Dame cm direção :'í Catedral de São Luís. A frente., iam os deputa!los do Terceiro Estado, vestidos de longos trajes de lã negra. Depois vinha a nobreza, deslumbrante cm suas capas espanholas bordadas a ouro e com seus chapéus de plumos brancas. Seguiam-se os Bispos e os demais representantes do Clero, e o Santíssimo Sacramento, levado pelas mãos do Arcebispo de ·Paris, e acompanhado pelo Rei e a Rainha. E havia os Príncipes de sangue, havia os nobres da corte, havia os representantes das Ordens de cavalaria e das Ordens mendicantes, havia os músicos da capeta real, havia os valeis, os lacaios, os falcoeiros com seus falcões. E em

volta, nas janelas das casas, nas ruas, nns árvores, havia o povo que aplaudia; entusiosmado com a nobreza, a graça e a majestade da França que passava. Foi as.sim o início da Revolução. ·O Duque de Orléans, que como Príncipe de sangue deveria desfilar ao lado do Rei, preferia no entanto ocompanhar os membros do Terceiro Estado. Quando Luís XVI mandou pedir-lhe que ocupasse o lugar que lhe cabia, Filipe apenas aceitou recuar até as fileiras dos deputados da pequena nobreza: é que, por demagogia, ele se havia feito eleger rep,resentante de Crepy-en-Valois, uma aldeola a 70 quilômetros de Paris, e era na qualidade de deputado desse lugarejo que o Príncipe desejava participar dos Estados Gerais... Era uma aberta contestação à autoridade real, e os revolucionários não perderam tempo para divulgá-la: no mesmo dia toda ·Paris sabia do fato e a "popularidade" do Duque aumentou ainda mais; ficou claro que sua fama cresceria na medida cm que erescc.sse o seu ardor . pel:t Revolução. Nessa noite, tendo :iinda nos ouvidos o eco dos aplausos do populacho, o Duque pôs-se a

cismar: ele poderia ser ainda mais famoso. respeitado, querido. . . Quem sabe? Poderia talvez até chegar a se sentar no trono. . . Alguns dias antes, em companhia de uin feiticeiro, Filipe havia invocado os demônios, e estes lhe haviam dito que, se sua dedicação revolucionária fosse completa, ele poderia es,. . . . .. , (W' pcrar " o maxamo c1ss, vo.IXV , p. 434) . E qual poderia ser esse máximo, senão o trono? Segurando o amuleto que os espíritos lhe haviam dado, o Duque acabou por se decidir: sua dedicação seria total.

Um perfeito "cidadão" Seu palácio passou a ser o centro dos conciliábulos da Revolução. Nos Estados Gerais, foi o primeiro a abandonar â nobreza e passar para o Terceiro Estado; aprovou entusiasmado que os deputados se declarassem Assembléia Constituinte; votava sempre com a esquerda; na noite de 4 de agosto, foi o nobre que mais aplaudiu a abolição dos direitos feudais; entusiasmou-se com o ardor de seu filho Luís Filipe, o qual não prevendo que seria Rei um dia, pedia a forca para todos os nobres de direita; quando, em out-ubro, os revolucio-nários planejaram e organizaram a marcha "espontânea" do ··povo·· sobre Versalhes, não teve d6vidas em financiar tudo, e no Palácio não hesitou cm apontar aos assassinos qual era o quarto da Rainha. A Revolução crescia e ululava, e o Duque de Orléans a aplaudia. Abandonou o !Ílulo de Duque, e passou a chamar-se Luís Filipe José de França; prestou na Assembléia o juramen10 cívico, 11que J,á muito te,npo já levava no coração antes que sua boca o pronunciasse" (Moniteur, vol. V, p. 103). O senhor Luís Filipe José de França, bailio da aldeia de Crcpy-en-Valois, tornava-se assim, para alegria de todos os que o dirigiam, um perfeito cidadão. Mas, apesar de tudo, ele ainda estava preocupado. Via o rumo que as coisa.s estavam tomando: a Revolução odiava a nobre,.a porque esta é, na ordem temporal, um reflexo de Deus, e ele ainda era um nobre. Para manter a popularidade, era preciso rebaixar-se ainda mais. Quando a Assembléia declàrou que toda condecoração representava um privilégio odioso, foi o primeiro a renunciar 'à Ordem de São Luís, que ,por direito possuia. Quando o nome do Palais Royal tornou-se demasiadamente chocante aos ouvidos revolucionários, imediat.amente mudou-o para Palais Orlétms. Quando, cm sua tentativa

de fuga, o Rei foi preso em Varennes, e fa. lou-se em nomear Filipe Regente, ele se apressou a recusar, declarando que "preferia muito mais ficar como puro e sinrples cfrlatião" ( Cas!elot, p. 204). O Club dos Jacobinos era então ·o mais radical, e o Duque empregava nele su3. atividade e sua fortuna. Mas, coisa curiosa! Apesar de todo o seu ardor, o cidadão Luís Filipe José de França não podia deixar de perceber que sua popularidade aos poucos ia diminuindo, ia murchando, ia-se transformando em apatia por parte do povo, e até mesmo, em alguns pontos, num início de franca hostilidade.. . Ele não compreendia porque isso acontecia, mas resolveu ceder ainda mais. O antigo Duque, que antes se rebaix.ava para. ser popular, agora continuava a se rebaixar apenas para sobreviver. No dizer de Tallcyrand, "a corrente o arrastava", e ele. que de início a seguia esperando que ela o elevasse, agora a acompanhava para não se afogar.

Apesar de t udo, a ameaça de exílio A França entra em guerra com a Auslria, e, embora fosse Almirante, Filipe se alista como voluntário e parte no meio dos soldados, imitando-os até mesmo no estilo do bigode; quando se começa a falar cm rep6blica, ele logo se declara republicano, para, segundo suas próprias palavras, "aconrpanlrar c, corrente" (Castclot, p. 212), O Rei e sua Família são encarcerados no Templo: F ilipe apóia. A república é proclamada: ele aplaude. Chegam os massacres de setembro: a. horda r evolucionária invade as prisões, matando e esquartejando. Cadáveres sem cabeça são arrastados pelas ruas; bebe-se sangue humano e come-se carne humana· a Princesa de Lamballe, concunhada do Duque, é morto a golpes de machado e horrivelmente esquartejada. Sua cabeça, espetada na ponta de uma lança, é levada em triunfo ao Palais Royal e colocada à frente da janela de Filipe. Pálido, ele vai à sacada e acena para a multidão ... E le quer candidatar-se a deputado à Convenção, mas percebe que seu nome, Orléans, não é político. Assim, protestando o seu "amor à igualdade", pede à Comuna o "favor' de lhe dar outro nome. Pas.~a. então a ser chamado de Filipe Igualdade, e seu palácio passa a ser o Jardim da Revolução. Imperturbável, agradece, afirmando que "não se poderia escolher nome mais conforme às suas opiniõeJ'', e proíbe que qualquer pessoa o chame de outra forma. O ex-Duque é eleito. Na Convenção, senta-se na extrema CS· querda, junto com os deputados da Montanha. Temendo que alguém ainda o julgue com qualquer pretensão aristocrática, ele, sem que ninguém o peça, escreve uma carta à Convenção em que "renuncia cxpressanre11te aos direitoJ· de membro tia dinastia". Declara ainda que seus filhos ''estão dispostos a assinar essa m esma ren,íncia conr. ser, sangueº ( Castelot, p. 224; Moniteur, de 11 -12-1792). Um desse.• filhos, como dissemos, era o futuro Rei Luís Filipe. A torrente continua. Apesar de todas as suas renúncias, apesar de todas as su~s provas de adesão aos novos tempos, Philippe Egalilé não se sente seguro. f; apresentada na Convenção uma propositura afirmando que todos os membros da antiga Família Real constituem um perigo para a nação. O projeto ·pede que todos eles inclusive o outrora Duque de Orléans - sejam banidos para sempre do território francês. O cidadão Egalilé protesta. Renova suas juras de dedicação, reafirma sua repulsa à monarquia e à nobreza. Enfim, invoca sua condição de convencional. Os deputados hesitam, discutem, e o ex-Príncipe aguarda, apavorado com a idéia do exílio. Deixar Paris! Nada lhe parecia mais horroroso do que isso. Quando seu filho ponderou que talvez fosse mais prudente ir para a América, ele respondeu: "E viver com os negros? Oh não! A ·Ópera está aqui. em Paris!" (Castelo!, p. 220) . Assim, é com temor crcscenle que ele at:om'pdnha o dc.s enrolar dos debates na Con-

.

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COXCLU1 ?-IA PÁCIMA

6

Evondro Faustino


DESCOLONIZAÇÃO: QUEM LUCRA COM ELA?

E

M JULHO .deste ano o governo de Lisboa concederá independência total às ilhas africanas de São Tomé e P ríncipe, unidas a Portugal desde o século XV. As negociações foram· conduzidas por funcionários lusos e representantes do Movimento de Libertação das Ilhas de São Tomé e Príncipe. Nem se cogita de perguntar às populações desse território, por meio de um plebiscito, se desejam separar-se de Lisboa. Elas recebem de cima para baixo um "di)(tat". O mesmo sucedeu com a Guiné e com Moçambique. ~ de se prever que tal processo repetir-se-á em Angola. A grande voga de descolonização jã dura quase trinta anos. Após tanto tempo, constatase o imenso prejuízo sofrido pelos povos africanos "libertados". Entre outras razões, porque: 1 - Os beneficiários do novo status têm sido, em geral, camarilhas que se entredestroem de tempos em tempos na disputa das vantagens do poder; 2 - Surgiram numerosas ditaduras brutais; 3 - O continente_, em vastas regiões, está reimergindo na barbárie. As lutas tribais, os morticínios pavorosos são parte do acontecer habitual de muitas populações. A guisa de ' exemplo, o "lnternational Herald Tribune" de 6 de maio de 1974 noticia que os esbirros da ditadura vigente em Uganda já assassinaram 90 mil compatriotas; 4 - ''l-ast but not least": o comunismo internacional, versão russa ou chinesa, obteve

vantagens enormes, alastrando-se pela África como uma lepra.

••• Muitas e graves falhas podem ser imputadas à colonização européia, frutos da Revolução que domina as metrópoles. Mas, feitas todas as contas e ponderados todos os fatores, ninguém, de boa fé, pode hoje negar que a África foi a grande perdedora do processo de descolonização. Sujeitos à autoridade de regimes brutais e com aspectos de verdadeiro primarismo, empurrados de volla ao paganismo e à barbárie, os pobres africanos vivem em condições incomparavelmente piores em relação à época em que estavam unidos a países europeus. Alguns fatos, tirados da avalanche deles que a imprensa diária relata, ilustram isso:

• A República Centro-Africana do Chade implantou oficialmente o paganismo. Assassina-se ali com requintes de crueldade aqueles que se recusam a mudar de religião. Inúmeros crislãos foram levados para o deserto, enter• rados até o peito perto de formigueiros, e lá abandonados à ii1clemência do sol e à voragem dos terríveis insetos. Pelo menos 120 Padres, pastores protestantes e líderes muçulma-

que, por cau.ra de sua resistência e vontade de. vencer, irá de luta enr luta, deixando um

rastro ,le fogo". Como parte de seu programa, proibiu os nomes cristãos, substituiu a . salva

tradicional de 21 tiros de canhão em homenagem a Chefes de Estado, pelo tam-tam dos tambores africanos, e declarou-se Presidente vitalício. • Segundo a revista "Time" de 11 de novembro 1O mil pessoas estão mllrrendo de fome diariamente na África. Vastas regiões do continente encontram-se ameaçadas de falia crônica de alimentos. . • O ditador de Uganda, o ex-sargento-pug,. lista General Amin, pediu à Rainha Elizabeth a mão da Princesa Anne, degolou um Mi-

.

nistro numa reunião de Gabinete, propôs ao

Sccretário-Géral da ONU, Kurt Waldheim, a mudança da sede da organização para a capital de seu pars. • A edição de 9 de setembro de 1972 do "Centrafric-Press", órgão do Serviço de Informação da República Centro-Africana, trouxe a seguinte nota: "O Magistrado Supremo da Nação, General ele Exército Jea11-Bedel Boukassa, garantidor ela segurança nacional, cliri- .

giu uma operação ,le bastonadas. O encontro entre o Exército e os ladrões teve lugar 11a prisão ,/e Ngaragba, 11a presença de muitas pessoas e de unra multidão' de curiosos que assistirani ao espetáculo. Unra chuva ele bastonadas e de pontapés desabou sobre o exército dos ladrões, que foi prontame nte reduzítlo li ti1npotência. Resultado: vários mortos 110 campo inimigo". Pormenor insignificante, que a gazeta oficial,

naturalmente, não se sentiu na obrigação de mencionar. é que o "exército ele ladrões" (um grupo de 46 detentos, condenados por roubo) havia sido previamente manietado, para faci-

litar a "operação" dirigida pelo Chefe de Estado, em pessoa . . . • Além de Presidente-vitalício ( autonomeado) da República Centro-Africana, esse exsargento das tropas coloniais francesas acumula seis das quinze pastas de seu Gabinete. Sua fortuna pessoal é incalculável, sabendo-se que cm 1973 ele encomendou, de uma vez., cinco Rolls-Royce; já tinha, enlão, um a MercedesBenz 600, um avião ,D C-4 e um "Mystõre 20", além de três residências na França: "El Pátio", mansão na Côte d'Azur, "Bel Air", perto de Romoranlin, e o castelo de Villemorant, no Departamento de Loir-et-Cher ... •

-agosto de 1971 (vol. XIV, n.0 7), dá algumas cifras eleitorais: na Costa do Marfim, Houp· houet-Boigny obteve no último pleito 99,97% dos votos; o Níger reelegeu Hamani Diori com 99,98%; mas o recorde ficou com o sargento-General Mobutu, eleito Presidente do Zaire (ex-Congo Belga), em 1970, com 101% dos votos válidos! Houve 158 votos além do u6mero de eleitores registrados.

nos já foram assassinados.

• Mobutu, ditador do Zaire, onde governa 23 milhões de súditos, faz-se chamar de "o C/arividenteu, "o Redentor'', e ultimamente

Distensão . . . 'tensiw,

No centenário de WINSTON CHURCHILL HÁ UM SllCULO, no dia 30 de novembro de 1874, no palácio dos Duques de Marlbo· rough nascia Winston Leonard Spencer Churchill, filho de Sir Randolph e de Lat!y Jenny

Jcrome. Extraordinariamente dotado, foi esse menino que setenta 3nos depois abateu a fúria na· 1.is1a e afirmou·se perante seus contemp0râneos como o maior inglês de seu século.

Já há dei anos tal es1tela •fastou-se do horizonte da vida pública inglesa. Curiosamente, no entanto, sua luz ainda brilha. Enquanto

autodenominou.se "o 1odo.poderoso guerreiro Continua a ''détcnte'\ não mais no clima

eufórico de 1972. mas num 1>asso tardo e claudicante.

Na primeira fase d:1 política de Kissinger, tínhamos a distensão despreocupada. Proclamava-se a plenos pulmões a superação da guerra fria. Anunciava-se o fim da paz armada. O itinerante profes~or de Harward havia substituído a paz armada pela paz obtida através de negociações, feitas no pressuposto de que o colosso vermelho havia desistido de todo expansionismo e nada mais desejava senão tri-

go, créditos e " know-how" tecnológico. Entretanto, a f umaça que vel~va mal as intenções soviéticas foi-se dissipando. O apoio de Moscou à chantage do petróleo e sua escalada armamentista em rilmo nunca visto colo-

caram interrogações mesmo na mente dos mais furibundos pàci{istas. Dias atrás, os conheci-

dos Senadores Bird e Buckley, em caria a Ford, afirmaram que o Congresso norte-americano fora enganado sobre o poderio militar da Rússia. Os sovjéticos, afirmam os dois parlamentares, estão fazendo rábula rasa dos acordos SALT e querem atingir rapidamente a supremacia nuclear. Nas entrelinhas da carta, vinha a ameaça de processar Kissinger por perHenry Kissínger, ameaçado de processo pelos Senadores B ird e Buckley .

Churchill, um homem "legendizável"

A revista "American Opinion•t, de julho.

CONCLU I NA VÁGft,IA

6

• lembrança dos outros personagens que ocuparam junto com ele a primeira . plana da poli· 1ica de seu tempo, se dilui cm corredores m;~I iluminados da· l11st6ria, a legenda ·de ChurchiU continua viva na memória dos Povos. Às vczes 1 tem-se a impressão de que as emissoras de rádio inglesas ainda transmitem orações como estas: - "A Batalha ,Ja França está terminada. A Batalha da Jnglatcrta ~tá prestts â começar. Delt1 dtpcmle o 11ouo modo e/e vicia . . . R,u.. 11amos coragem para cunrprir nosso dever e comportemo·nOs de modo que, se o lmpbio BritBnico e a ··commo11weal1I,'' durarem mil anos, os homtns ai,ulâ assim p<>ssam diur: "Este /o; seu momemo de g/6ria'1 • - ''Nunca, na hist6ria dos co11/U1os hu· manos. tantos dtveram tanto a tão poucos". "Lutaremos nos mares e nos oceanos, lwar~mc.r co11r cresce111e Confiança e força crt.sce11te no ar, defenderemos nossa J/f,a a qualquer cusro, /moremos nas praias, lutaremos nos drtus de desembarque, lutaremos nos cam· pos e nas ruas, lutaremos 11as colinas - í«ma;s nos remitremos''.

O tonitroar de sun voz.. o ''.charme" de sua personalidade talvanizaram os britânicos e 1evaram•nos a derrotar as hordas nazistas.

Nos anos que precederam a Segunda Gucr-

ra Mundial, Churchill foi a voz previdente e profética que pressagiava a hecatombe e tcn.. tava despertar a adormecida consciência mun· dial. Acolheu o triunfante Cbamberlain, que chegava de Munique, após a assinatura do tra-tado que - diziam os otimistas - ia esta• bcJcccr a paz permanente na Europa, com CS· tas palavras: "Tínlte;s a escolhtr entre a ver.

ganha e a guerra. tereis a guerra".

Escolhestes a verRonl,a e

Estadista, político, e9Critor, historiador, pintor e até pedreiro nas horas de lazer, foi um rcnasce.ntista perdido no século XX. Entretanto, mais que essa superabundância de potencialidades, o que verdadeiramente cont.ribuiu para a persistência de sua fama foi sua capacidade de 1ransformar·se em legenda. Os homens não 1'legendizávcis" cedo desaparecem

da memória dos p0vos. O estadista pode ser obje10 de graves reservas por várias de suas idéias e atitudes. Mas sua nomeada não nasceu dos aspectos censu· ráveis de sua vida. Prov~m de aJgo difuso, mas muito relevante nele, por onde se inseria no espírito da cavalaria medieval. Prov~m de um conjunto ordenado de atributos. cm que se salientavam a grande1.a afável e paternal,

• combatividade levada aos extremos do he-

roísmo, o desinteresse no serviço de um ideal,

a conservação dos melhores aspectos do esp(rito infantil deotro da seriedade. e gravidade

próprias • um estadista ba1a.lhador.

Foi isso

q_ue impressionou a imaginação das multidões. Nesse particular ele foi o contrário de Stalin e Hitler, que entraram na História Pot encarnarem o despotismo antinatural_, o orgulho bru1al e satânico. Churchill é passivei de inspirar um persona .. gem de literatura infantil. E quem não chega a esse extremo de perfeição não pode perten.. ccr à galeria mais nobre da História. Aí só

ficanJ os heróis e os Saotos.

Péricles Coponemo 5


Conclusão da pág. 4

Lições da Revolução Francesa

venção. Não sendo bom orador, paga outros deputados para que o defendam. A questão se arrasta. Enfim, quando a decisão parece próxima, tudo é suspenso e adiado: a.ntes de decidir qualquer coisa, os deputados irão julgar o antigo Rei. E o cidadão •Egalité, como deputado, deverá julgá-lo também.

Um Príncipe reg icido O Rei !oi interrogado. Mais de um mês depois do primeiro interrogatório, a Convenção foi chamada a votar sobre três questões. A primeira, votada a IS de janeiro, rezava: ''Luís Capelo, antes Rei da França, é culpado de conspiração contra a liberdade, e de atenta-do contra a segurança geral do Estado?" Não havia a menor prova cm que tal acusação se baseasse, mas isso não era óbice para a Revolução. Como dizia Coulhon, "todo 1111111do está persuadido da culpabilidade ele luis" (Weiss, vol. XVII, p. 49). Isso já é mais do que suficiente para um assassino. Philippe Egalité havia prometido a várias pessoas que não votaria pela culpabilidade. Ninguém estraohariaJ pois o Rei era seu primo. Porém, na manhã do dia IS, ele foi visitado por dois amigos que avisaram: "Se não vo. u,res pela culpabilidade, ou se não compareceres, corres o perigo de ser exilado". E ele não hesitou. Quando subiu à tribuna, disse uma só palavra: "Sim". O primeiro passo eslava dado. Ou Ira questão veio em seguida: "O resultado cio julgamento de luís será submetido à ratificação do povo?" O povo, na Revolução Francesa, era o "soberano" . . . ,Era em seu nome que tudo se fazia. . . Mas o povo era capaz de salvar o Rei. Assim, ''demo.craticamente", a maioria dos ·deputados, e com ela Philippe Egalité, votou; '·Não". O povo n~o deveria ser consul~ lado. No dia subseqüente devia ser proposla a 1erccira e mais terrível questão : "Que pena se deve infligir a luís?" Filipe chegou à Convenção às sete horas da manhã. Desde a noite anlcrior uma mullidão de vagabundos e agitadores ocupava a sala, a galeria desti.n ada ao público, os salões de entrada, o pátio. Os deputados, para enirar, deviam atravessar esse magma ululanle. Gritos de morle ameaçavam os da direita; aplausos saudavam os da esquerda. Dentro, nas galerias, uma chusma de mulheres da ralé que gritavam, riam, comiam e bebiam. Durante todo o dia se discutiram q uestões secundárias. Só quando caiu a noite é q ue Danton pediu que se fizesse a votação. Parece que eles precisavam das trevas para perpe-

trar seu crime. As oilo horas começou a chamada nominal. Os deputados, um á um, subiam à tribuna e

pronunciava:"\ em voz alta o seu voto: "Que seja 11wru>'' . .. ; ··sej« banido" . .. ; "Prisão perpétua" . .. ; "Sej" condenado, mas não e:recutad<>" . .. ; "A morte pura e simples... .. Alguns jus1ificavam suas opiniões com longas arengas. Outros votavam com apenas uma palavra. Muitos, a1emorizados pelos g rilos do populacho e pela pressão dos colegas, mudavam de opinião na última hora, e pediam a morte do soberano. A votação prosseguiu madrugada a dentro. Alguns deputados contavam os volos; oulroo dormiam sobre os bancos. Nas galerias e lá fora a aguardente circulava livremente. Havia gargalhadas, imprecações, blasfêmias (Castclot, p. 234). Chegou a vez de votarem os representantes de Paris. Em teoria, todos os deputados são iguais. Na prática, os de Par is mandam e os outros obedecem. Por isso, a opinião desse grupo desper1ava grande interesse. E eles foram implacáveis (Moniteur de 20-11793): Robespierre: - "Não gosto de grandes discursos" (segue-se um discurso enorme) ... .. Voto pela morte''. Oanton: - ".~. Voto pela morte do tirano''. Collot-d'Herbois: - " .. . Fiel à minha co,isciência, {... ] voto pela morte". Manuel: "legisladores, t 11 não so11 ;uit . .." ( e julga que o melhor é a deportação). Billaud-Varennes (que era um ex-Padre oratoriano): - "A morre em vinte e quatro horas". Lavicontcrie: - "Enquanto o tirano respirar, a liberdac/e estará em perig_o [ ... ]. Voto pela morte". Beuvais: - "A morte''. E assim se seguiram na 1ribuna todos os represenlantes de Paris, em meio aos aplausos da galeria que chei,rava a aguardente e a suor. Finalmente, só faltava um. "l'hilippe Egaliré!" grila o funcionário que faz.ia a chamada. Repentinamente o silêncio é completo. Lentamente, o ci-dtva11t Principe sobe os degraus da tribuna, com todos os olhares cravados nele. Até mesmo as mulheres da ralé se calaram, e estavam inclinadas para a frente, ansiosas. O primo do Rei não levanta os olhos. Tira do bolso um pedaço de papel amarrotado, e lê: - ''Unicamente ocupado de m eu dever, convencido ele que todos aqueles que atentaram ou atentarão contra a soberania do povo ., merecem a morre, eu voto pe1a mort e. . Ainda houve um instante de silêncio opressivo. Depois, "alguns murmúrios se elevaram, numa parte ela sala". E foi tudo. Até mesmo o relatório oficial da sessão se calou. Uma circunstância iria tomar a infâmia ainda mais alroz: quando se fez a apuração, veri0

Conclusão da pág. 5

30 dias em revista júrio comelido cm declarações que prestou à Câmara Alta do Legislalivo "yankee". O malogro da Conferência Européia sobre Cooperação e Desenvolvimento provocou outra trinca na "délente". A recusa soviética de permitir o livre trânsito de pessoas e idéias entre os dois mundos pós a nu as reais intenções comunistas, mostrando qu'e o expansionismo continua presente como sefllpre na mente dos senhores do Cremlin. Essa atiludc provocou o impasse na conferência. O conhecido aforisma "o meu é meu, o seu é negociável", constilui pedra angular da d.iplomacia marxista. A paz, de armada que era durante a g uerra fria, transformou-se cm envergonhada e temerosa. Envergonhada, porque a trapaça russa está patente, e os capilais doados, as posições entregues, quer polÍlicas, quer psicológicas, quer militares, de nada serviram. Temerosa, porque já se prevê que, alcançada a superioridade nuclear, os potentados do Cremlin imporão um "diktat" ao Ocidente.

.Fi,n ,la e ra

,f.e prosperidade P O Ocidente industrializado está a apagar as luzes do feslival de prosperidade sob o qual viveu nos úllimos 2S anos. Calculou-se que 25% dos operários da in6

dús1ria automobilística norte-americana iam passar o Natal desempregados. O Prefeito de Dclroit, capital do automóvel, declarou que tal atividade es1á à beira do colapso. Em alguns aspectos, já se chega a extremos alé hã pouco inimagináveis. O "Jornal do Brasil" de 29 de outubro p.p. informa que os funcionários da alfândega britânica constataram que pra1icamene todos os turistas que voltam do continen1e trazem escondidos, nos sapa1os ou na roupa, pacotinhos de açúcar. A mesma edição do matutino carioca noticia que o Primciro-Minislro canadense Truddcau, na sua úllima visila a Paris, foi recebido para janlar, no Palácio presidencial do Eliseu, na sala de reuniões do Gabinete, por ser a única dependência do edifício onde o aquecimento é permilido. Muitos funcionários passam a noite em cima das mesas do salão ministerial, já que nos apartamcnlos particulares o frio torna impossível o sono. Os sinos dobram a finados pela prooperidade do Ocidente, até há pouco alegre, pictórico e despreocupado. Asfixiado por torniquetes e.n tre os quais avulta o da chantage do petróleo, o Ocidcnle cam inha para sua própria destruição econômica com uma submissão e uma conformidade de pasmar. Tem vaslas reservas energéticas de toda erdem, facilmente exploráveis. Enigmaticamente, jazem inaproveitadas. Nenhuma coordenação de esforços, nenhum sobressalto redentor. Tudo se passa como se um misterioso analgésico es1ivesse circulando nas veias esclerosadas do mundo não comunisla.

ficou-se que, de 721 dcpu1ados presentes, 361 haviam votado pela morte, sem condições. Assim, o Rei fora condenado exalamcnte pela diferença de ttm voto, o voto do seu primo, que fora o último a vo1ar. Philippe Egali1é era um assassino. Mas havia uma razão para isso: afinal de contas, a ópera eslava em Paris!

Como um limã o espremido Luís XVI foi guilhotinado. As discussões dos depulados a respeilo da sorle do antigo Duque de Orléans podiam recomeçar. Logo ficou claro que seu voto regicida não ia salvá~lo. Os discursos continuavam exigindo que rodo,· os parentes do Rei fossem banidos. Filipe se desespera. muito pesado ler sido Príncipe um dia! Querem expulsar todos os parenles do Rei? Pois bem, ele, que já negou ludo, negará lambém a sua família. Num discurso no Club Jacobino, declara friamente que não é filho do "falecido Duque de Or/éans", mas sim, do "cocheiro Le/ranc, amante de sua mãe" (Caslelot, p. 240) ! Danton, ao ouvir isso. exclamou: "Esse mie seráve/ me dá nojo!" (Castelo!, ibid.). E Danton não era propriamente um modelo de virlude ... Todos o abandonaram. Filipe tornou-se como um leproso, um pária a quem ninguém fala, um fanlasma vagando entre o •Palais Royal e a Convenção. Logo sua prisão prevenliva foi decretada. Ele seria provisoriamente enviado a Marselha, onde ficaria preso com toda sua família. Ao receber essa notícia, o cidadão Egalilé encontrava-se janlando em companhia de um de seus úllimos amigos, um certo Monville. O antigo Duque ficou perplexo: - "Será possivei? Depois de t,mtas provas de patriotismo que dei, depois de tantos sacrifícios que fiz. atingirem-me com um tal decreto! Que achas, Monville?" Monville conti.nuava sentado à mesa. Espremendo um limão sobre um filé de peixe, ele respondeu: "E espantoso, senhor, mas não poderia ser de outra fprma. Eles fizeram com Vossa Alteza Ilido o que quiseram. Agora que Vossa Alleza já não /heJ' pode servír para m-ais nada, /a1.en1 o que eu /aço com este Umao depoi.r de o espremei'. E jogou as duas metades do limão na lareira, observando que "o li11guaclo deve ser comido bem quente" (Castelo!, p. 251).

e.

A o bstino çéio no fundo do colobo uço Alguns m inutos mais tarde, os guardas vieram buscar o regicida. Ele ainda tentou alcaar seu privilégio de membro da Convenção, mas, afinal, não ficava bem a uma pessoa chamada Igualdade estar invocando privilégios. Assim, sem maiores cerimônias, Filipe foi preso e enviado a Marselha, juntamente com seu fil ho mais moço, um velho primo, e uma parenta que "não compreendia como se podia se tratar tão n1al a pessoas que 1,m,iam servido tanto à Revolução". Sabemos dos delalhes de sua prisão em Marselha graças ao relalo que o Duque de Montpensier, seu outro fi lho também lá preso, fez mais tarde cm suas memórias. Aquele que havia sido o primeiro Príncipe do sangue de França foi encerrado num calabouço de paredes de pedra, negras como fuligem. Não lhe era permitido fazer qualquer excrcicio, ou respirar outro ar que não fosse o de sua cela, infectado pelo cheiro das sentinas. Na porta, uma grade de ferro o fazia alvo da contínua curiosidade dos guardas, que não hesitavam em trazer seus parentes e- amigos para observarc1n esse eslranho personagem que havia sido quase Rei e que agora era pouco mais do que um animal enjaulado. Mas a obstinação no mal chega a extremos inconcebíveis. Um desses curiosos conta que, quando visilou a prisão, as roupas do Duque estavam cobertas de uma sujeira indescritível, e que sua barba era velha de pelo menos oito dias. Não obstante, Filipe o cumprimentou efusivamente, numa "avalanche de civismo", chamando-o de "cidadão" quatro ou cinco vezes na mesma frase {Castelo!, p. 261 ). Apesar de sujo e maltratado, apesar de não poder quase se mover, apesar do cheiro repugnanle do ambiente, apesar de tudo, o ex-'Príncipe ainda se mostrava patriota, e do fundo de seu calabouço ainda usava o jargão da Revolução que o encarcerava ...

Em pouco tempo, a propaganda o havia transformado no homem mais odiado de toda a França. Panfletos saídos (é claro!) do antigo Palais lloya/ o acusavam de lodos os crimes possíveis. E assim, quando os girondinos são presos e vão a julgamento, os revolucionários não têm o menor pejo de incluir o nome do antigo Duque entre os nomes desses homens que sempre tinham sido seus inimigos figadais. Acusado de cumplicidade com os girondinos, ele foi levado a Paris para ser condce nado. Dizemos "para ser condenado" porque seu julgamcnlo foi uma mera formalidade: o Duque de Montpcnsier declara que uma vez ouviu os guardas dizerem : "Q ex-Duque niio ficará aqui po,· ,nuito tentpo. E preciso que sua cabeça cai<," ( Montpensier, p. 111). E bem an1es do julgamento, o acusador público Fouquier..Tinville anunciou a uma pessoa : 11 0rléans morrerá no ,lia 6, quarta-feira" (Weiss, vol. XVII, p . 687; Cas1elo1, p. 270). Assim, o interrogatório foi rápido, e o juri. presidido por um antigo amigo do Duque, o as.5íduo frequentador do Pulais Royal, levou apeitas alguns minutos para lcazer o seu veredito : "O cicladão Louis Philippe Joseph Egalité, outrora Duque de Orléa11s 1. , .], ex-cleputado à Convenção Nacional. é reconhecido culpado de ser o autor ou o cúmplice ,la conspiração que houve contra a unidade e a indivisibiliti'1de da repllblica, contra a libertlade e ti segurança tio povo /ranc2s. O trlbmrnl cone deiw o clito Egalité à pe,w de morte" ( Castelo!, p. 269). Em seguida, Fouquicr-Tinville escreveu a ordem para a execução imediala . Enganandose no nome, ordena que se execute o ..cidadão Legalité". Assim, esse infeliz personagem, após· ter sido c hamado sucessivamente de Duque de Mon1pensicr, Duque de Chartrcs, Duque de Orléans, Louis Philippe Joseph e Philippe Egalilé, vai morrer com um nome que não era seu: ºLêgalité". Enquanto se ullimam os preparativos, ele é colocado numa cela juntamenle com um bêbado. lns1an1es depois a poria se abre, dando entrada a um padre juramentado. Esse padre, assim como o carrasco e o coveiro, já haviam sido prevenidos algumas horas antes, quando o julgamento ainda não se havia iniciado. Proezas da eficiência revolucionária. O condenado faz uma confissão geral. Depois pede para comer alguma coisa. Mas o cantineiro do Tribunal se recusa a servi-lo, porque "não sabe a quem deve depois mandar a conta". Às q uatro e meia da tarde, Filipe e mais quatro condenados sobem na sinistra carroça que os deverá levar à guilho1ina. O populacho insulta e escarnece. O cortejo segue pela antiga rua Sainl Honoré, e de1ém-sc um instanle diante de um belo edifício: o Palúcio da llevolução, antes Palácio de Qrléans, e anlcs ainda Palais lloyal. Na frente, uma placa anuncia: "Propriedade nacional". Depois. a a carroça continuou. . . Alguns degraus, um baque seco, e o cai-rasco. segurando uma_ cabeça, mostrou-a à mullidão que ovacionava. O populacho de P aris de' novo aplaudia o Duque de Orléans.

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MENSARIO com :1pro'":1çio ecltsiá.sUc;e

CAMPOS -

"Orléans mo rrerá no dia 6

Mas o cárcere 1ambém não poderia durar muilo tempo. Mais que inútil, Filipe de Orléans era agora um incômodo para a Revolução : era preciS(\ atirar logo o limão ao fogo.

EST. DO RIO

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Jost e.ou.os

CASTILHO OE At-.DRAl)H

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OJrctorla: Av. 7 de Stlcmbro 247, caixa pos1al 333, 28100 Ca,mpos, RJ. Admlnb· ffflção: R. Or. Marlinico Prndo 271, 01224

S. Paulo.

Composto e impresso na Cia. Lithog.raphic.a Ypirang:a, R m1 Cadete 209, S. Paulo. Asslnt1tura " nu::tl: coinum Cr$ 35,00: coo perador Cr$ 70,00; bcnfcilor Cr$ 140.00; srnnde bcnfoi1or Cr$ 280,00; scmin:uistas e csludanles Cr$ 25,00; An1'érica do Sul e Ccntrnl: via de supcrrícic OS$ S,SO: via aérea USS 7,25: Amlrica do N orte, Por. tu,gal, Espanha, Provfncias ultramt1rinas e Colónias: vin de superfície USS S,50; via aérea USS S,75~ ouiros p::iises: vfo de SU· pcrííci< USS 6,SO, via aétea USS 11,75.

Vt.nda avulsa: Cr$ 3,00, Os p:1gan,en1os, sempre. cm nome de E:dlrora Padre Btkhlor dt Pontes SIC, po· deri\o ser encaminhados à Administração. Para mudança de endcrcç0 de :issinantcs,

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AÍOJLIC!§MO

ncetsSário mencionar também o endereço

antigo. A correspondênc.i:1 relativa a :i.ssinalurns e venda avulsa <leve ser enviada à

Adrninlb1ração: R. Dr. MartJnko Prado 271

01224 S. Paulo


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A VIRGEM PEREGRINA DE FAT.IMA PERCORRE EM TRIUNFO A DIOCESE A DIOCESE. DE CAMPOS viveu nos meses de julho, agosto e setembro a mais intensa e fecunda das Missões aqui jamais realizadas. e, que ela foi pregada pelo mais zeloso e eloqüente dos Missionários: a Imagem 1Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, a Imagem milagrosa que verteu lágrimas em Nova Orlcans. Foram dias de graças superabundantes e especialíssimas, dias de extraordinário afervoramenlo, dias de verdadeira conversão. Há tempos não se viam igrejas tão repletas, filas ião extensas junto aos confessionários, tão grande número de .comunhões; casais regularizaram suas uniões; ,pessoas de há muito afastadas voltaram a freqüentar os Sacramentos; ateus notoriamente hostis <l. Igreja dobraram-se à Verdade.

No 50.0 a niversário do Diocese Tendo presente o extraordinário fruto espiritual que em 1973 proporcionou aos seus diocesanos a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, o E,mo. Rcvmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer empenhou-se em obter a sua volta, por motivo do cinqüenlenário da instalação da Diocese de Campos, que ocorria em 1974. Conseguiu S. Excia, Revma. que a milagrosa Imagem pudesse percorrer várias paróquias da Diocese nos meses de julho, agosto e setembro, em três fases distintas. No mês de julho, ela visitou os Municípios de Santo Antônio de Pádua e Miracema; cm agosto, esteve em Itaperuana, Laje do Muriaé, Porciúncula, Natividade, São Sebastião do Varre-Sai; o m~s de setembro foi dedicado às Paróquias de Bom Jesus de Jtabapoana (com seu Curato de Santa Maria) , Cardoso Moreira, llalva, São João da Barra. Dores de Macabu, Campos, Cambuci e São Fidélis; nesta última par6quia encerrouse a visita da Imagem Peregrina, comemorativa do 50.0 aniversário da instalação da Diocese de Campos.

As homenagens do Clero, autoridades e f iéis Todos os 'Párocos esforçaram-se por dar à presença da sagrada Imagem um grande deSlaquc, para que os fiéis se compenetrassem da graça especial que recebiam c-0m essa visila, e assim Hrassem dela o maior proveito. O Sr. Bispo Diocesano conduziu pessoalmente a Imagem Peregrina a cada uma das paróquias e capelas visitadas, pregando sempre à multidão dos fiéis. Em geral, os Párocos e Vigários prepararan! carros-andores, servindo.se de um veículo sobre o qual dispunham adornos alegóricos: uma grande coroa ou um tronco de azinheira, sobre os quais ia a Imagem. ou arranjos semelhantes, sem nunca faltarem três crianças que, vestidas a caráter, lembravam Lúci.a. Francisco e Jacinta a venerarem a Virgem que tiveram a ventura de ver com os próprios olhos. A entrada nas paróquias fazia-se processionahnen1c, com um cortejo de automóveis cujo número variava entre duzentos e quinhentos veículos, cifra bastante elevada para localidades com cinco mil a quinze mil habitantes. Toda a cidade acorria a venerar a Virgem. Os Prefeitos dos vários Municlpios, em cerimônia na porta da Matriz, vinham depositar aos pés da Imagem Peregrina a chave simbólica da cidade, indicando que a Mãe de Deus seria a Soberana do Município nos abençoados dias em que sua Imagem ali se encontrasse. Jamais faltou a tocante procissão luminosa, feira à noite, em que o povo, num desfile interminável, com suas velas acesas, ia homenagear Aquela que é o guia das almas nas trevas, nas sombras ameaçadoras dos dias de hoje. Durante a estadia da milagrosa Imagem na paróquia, os fiéis revezavam-se na igreja noite e dia, rezando continuamente o rosário, aten· dendo assim à recomendação de Nossa Senhora na Cova da Iria. A piedade do povo era alimentada com pregações várias durante o dia. e encerrava.se a visita com a consagração da paióquia, das famílias, dos indivíduos aos Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria.

Frutos excelentes e a bundantes -Para avaliar os frutos espirituais dessa abençoada visita deve-se salientar o número de confissões, que atingiu a çasa das oito mil, entre as quais inúmeros foram-os casos de verdadeiras conversões. Para atender à grande afluência dos fiéis, os Vigários das paróquias vizinhas aux.iliaram•se mu1uamente, de maneira que ha·

via sempre quatro a cinco Sacerdotes para atender o povo. A benignidade de Nossa Senhora manifestouse também com benefícios de ordem temporal, aliviando muitas dores, consolando afütos e mesmo restituindo a saúde a muitos enfermos. O povo manifestou seu agradecimento à bon. dade da Mãe celeste com presentes de toda ordem, sobretudo flores em abundância, flores que adornaram todo o tempo a Imagem da Virgem. Vários casais ofereceram à Imagem suas alianças, muitas pessoas doaram jóias que possuíam. Em São João da Barra os operários da fábrica de conhaque de alcatrão ofertaram-lhe uma coroa de prata lavrada. Em Santo Amaro do Grussaí, Capela de São João da Barra, uma senhora deu o terço de cristal que a acompanhava desde seu casamento. Em São Fidélis o povo reuniu· em objetos preciosos, 1.200 gramas de ouro, para com ele se confeccionar uma coroa a ser ofertada à Virgem Peregrina.

Ho o rdenação de cinco neo-Socerdotes Quis o E.xo,o. Sr. Bispo Diocesano que a Imagem Peregrina estivesse de volta à Cidade episcopal para abençoar a ordenação sacerdotal que conferiu no dia 8 de dezembro, festa da Imaculada Conceição, na Catedral-BasHica, a cinco levitas, os Revdos. Diáconos José Eduardo Pereira, Antonio Paulo da Silva, David Francisquini, Fernando Arêas Rifan e Elcior Muricci.

A visita triunfal da Imagem Peregrina à Diocese de Campos começou em P6dua

Consagração oos Sa gra dos Corações Por ocasião da visita da Imagem de Nossa Senhora de Fátima as par6quias e a própria Diocese se consagraram ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Ma.ria. A fóm1ula ut ilizada foi esta : "Virgem Santíssima do Rosário de Fátima, 110 vossa inefável bondade e maternal piedade - tão bem espelhadas vossa lmage,n, f.eregri11a - viestes visitar vossos humildes fill,os desta paróquia e desta Diocese de Campos. Em Fátima, a materna solicitude com. que velais pelos vossos filhos aqui da terra V os levou a tlar./hes mensage,n de ..ralvação. Pedistes que rexássemos sempre o santo rosário. essa arma que afugenta as potestades infernais, pediste$ que vi\,êssemos em, espírito de penitência, no cumprimento exato de nossos deveres. e na, fuga da vida fácil, cuidando de não servirmos de escândalo para nossos se1nelhantes, e jamais· pro,;rovendo diversões sensuais ou pecaminosas.

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como jamais tomando parte naquelas que a

Em Porciúncula, como nas· demais cidades, densa multidão acolheu a Virgem

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séria huma11a ve11ha a organizar. Ouvimos também, 6 Mãe querida, a angústia que V os causa a condenação eterna de tantps pecadores, surdo;· ao apelo tia vossa miseric6rtlia. E acolhemos_, com imensa alegria. vosso pedido dt que uos consagrdssemos ao vosso Coração /maculado. Gratos pelo vosso amoroso apelo, aqui vie• mos para nos consagrar ao vosso Coração /ma. cu/ado e Misericordioso. N6s, toda esta par6quia [Diocese de Campos); seu Vigµrio [seu Pastor) e os Sacerdotes que nela traba//1a111, suas ovelhas, todos quere,nos s.e r totalmente ~ossos. 6 Mãe de amor. N6s Vos damos tudo que é nosso, os bens tia al,~101 os bens do corpo e os bens da fortuna. N6s Vos e,rtrega,nos nosso corpo, nosst1 alma, nossas atividades, e que· reúws viver parcimoniosamente. administrando os bens que eventualmente nos der a Provi• dência, de acordo com vossos desejos. Pedimos. Mãe querida, que esta nossa total consagração a entregueis ao Coração d e vosso Divino Filho. Pois, assim consagrados ao Sagrado Coração de Jesus, vosso Fillro, e ao vosso Coração Imaculado, queremos viver e morrer. Purificai--nos, Mãe anzabilíssima, para que nos tornemos ,lignos de vosso Unigênito. Conservai-nos, Virgem fiel, a fidelidade à Doutri11a e à Moral que vosso Filho nos trouxe para a glória de Deus e a nossa salvaç(io. Afastai da par6quia [da Diocese) a superstição, o espiritismo, todas as demais heresias, e, de modo especial, os erros do progressismo que per<ie,i, tantas almas! Afastai de n9tsa Pátria o espirito materialista, o 6dio de classes, o comu· nismo difuso - esse ardil satânico que anima as tendências igualitárias de nosso orgulho, que inclina o ltome,n para a sensualidade, e inocula nas almas o i11difere11tismo religioso, afogando nos corações a esperança cristã do vida- eterna. Fazei, Mãe celeste. que nosro pensamento esteja sempre elevado ao Céu, como pede o Apóstolo, para que, vivendo debaixo de vosso olhar materno, amemos setnpre mais a Deus e melhor O sirvamos. Amém. Assim seja·".

D. Antonio p rega aos fiéis Que lotaram a Matriz de São José, em ltaperuna

V a rre-Sai: impressionante procissão luminosa, de mais de três Quilômetros

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SARK, O. ÚLTIMO REDUTO DO FEUDALISMO NO SÉCULO XX O Auditório São Miguel repleto no encerramento da SEFAC •

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ROFUNDAMENTE conster. nados, os 560 habitantes da Ilha de Sark conduziram à sepultura, em julho últ.imo, Dame Sibyl Mary Collings Beaumont Hathaway, falecida aos noventa anos, que os havia governado durante quase meio século.

Uma relíquia do feudalismo Conquanto não goze de soberania ( e muito menos faça parte da ONU . .. ) ; Sark - com seus doze quilômetros quadrados goza de uma completa independência legislativa, sendo govemada pelos seus seculares usos e costumes. que essa pequena ilha do arquipélago anglo-normando (as chamadas Ilhas do Canal) constitui, desde 1565, um feudo dependendo diretamente dos Reis da Inglaterra - considerados na sua qualidade de sucessores dos Duques da Normandia - numa relação de vassalo a suserano, "pour /e vi11gtllme d'u11 fie/ d'haubert". Existem no Reino Unido numerosos pequenos territórios que se beneficiam de estatutos particulares, como Jersey, Guemesey, Anglesey, Hem,, etc., mas a Ilha de Sark é talvez o único lugar do mundo (salvÓ Andorra, em alguma medida) onde, neste crepúsculo do século XX, ·se exercem direitos senhoriais, no bom 'estilo do feudalismo medieval. e. curioso que o Senhor de Sark não tem outro titulo além desse Seigneur ou Dame, cm francês como no tempo dos Duques da Normandia. Apesar de seus poderes quase régios, não ostenta o título de Duque, Marquês ou Conde, nem mesmo o de

e.

Barão, e seu nome nem sequer figura no "Burke's •Peerage", o famoso catálogo da nobreza britânica.

O 21 .0 "Seigneur of Sark" Sibyl Mary Collings Beaumont H'athaway, 21.º Seign,ur o/ Sarl<, referia-se com ufania à sua ilha como "o último reduto do feudalismo 110 mrmdo moderno''. B, nas cinco décadas em que exerceu o poder, lutou com todas as forças par11 -preservar seus domínios das devastações do pseudoprogresso mecanicista. O modo de vida que "era bom e suficiente para Guilherme, o Conquistador, é bom e suficit1lte para nós' - era seu grito de desafio ao nosso século. Graças aos esforços da grande Dame - como era chamada - os felizes habitantes da minúscula Sark vivem livres da poluição atmosférica e sonora dos automóveis, dos rádios transistorizados, das fábricas, e do fantasma que hoje aterroriza os demais súditos de Sua Majestade Britânica: o desemprego. Como também dos conflitos sindicais, das greves, do terrorismo e de outros tantos flagelos que castigam a velha Inglaterra. Eles também estão isentos dos pesados impostos, taxas e tarifas que acabrunham o cidadão médio inglês. Os tributos que, como vassalos, pagam ao Senhor feudal de Sark. são irrisórios, tendo alguns deles valor quase simbólico: o dízimo dos cereais e. . . um frango por chaminé de cozinha, por ano . . . Dame Sibyl queixava-se de vez em quando, c~m uma pontinha de rabugice, mas nao talvez sem alguma razão: "Eles sempre me dão o frango mais velho e mais magro . .. ,.

Um conflito provocado por cadelas e ovelhas Apesar disso as relações entre a boa Senhora e seus queridos vassalos sempre foram muito amenas e repassadas de respeito, de parte a parte. Ela os conhecia pessoalmente e cumprimcntav~ cada um pelo nome quando iam visitá-ta ou quando se encontrava com eles nos freqüentes passeios que fazia pelos seus domínios numa pitoresca viatura movida a bateria elétrica, que não fazia o menor ruído. Os vassalos, por seu lado, tinham para com a grande Dame um respeito e uma admiração que tocava na veneração. Um dos raros conflitos de seu longo "reinado" (não desprovido de pitoresco) foi a apreensão por ordem sua no exercício de um antigo privilégio senhorial - de todas as cadelas da ilha, para evitar que uma excessiva proliferação canina pusesse cm rir.co as ovelhas ali criadac::. Chegou-se (ao que parece sem grandes dificuldades) a uma fórmula conciliatória: os vassalos podiam manter suas cadelas, desde que cuidassem para que não houvesse um,:> mulHplicação excessiva da populaçao canma .

ao lado de seus súditos "para manter o moral'' e para "olhar por eles'. Essa atitude incluía uma altiva recusa de acatar as ordens dos invasores (alguns dos quais, aliás, não tardaram cm ser cativados por seu "charme" irresistível) . A guerra não deixou, contudo, de trazer vicissiludes à Senhora de Sark e a seus f iéis vassalos. "Estivemos perto da miséria", comentou ela mais tarde ao referir-se à ocupação nazista. "Era o isolamento completo, salvo alguma mensagem ocasional da Cruz Vermelha, ou as emissões da BBC, de resto bastante deprimentes. Contudo, jamais duvidei de que vencerfa. mos!"

Vida real e não folclore, nem museu

Se a grande Dame lutou obstinadamcnle para manter suas prerrogativas senhoriais e as tradições, usos e costumes seculares de seu minúsculo feudo, bem como para impedir que os inconvenientes da técnica viessem roubar a paz e á tranqüilidade dos habitantes de Sark, ela soube aproveitar o que o progresso podia ofereDesafiando os nazistas, no cer-lhes em utilidade e conforto. defeso dos vossoli>s Assim, telefone, eletricidade e tratores foram admitidos na ilha. Não A .~en~ora de Sark tinha plena conse,enc,a de que um dos principais porém automóveis e caminhões, condeveres do suserano, no regime feu- siderados desnecessários pela diminudal, ê a proteção de seus vassalos ta extensão do território, e por serem sobretudo nas horas de maior pe'. agentes de poluição, com seus moto•rcs, buzinas e escapamentos. Para a rigo. Demonstrou-o a Dame de modo he- locomoção e o transporte bastavam róico quando os nazistas ocuparam os coches e carroças, alguns dos quais as Ilhas do Canal, durante a Segun- com mais de cem anos de u,o. . . :e. da Guerra Mundial. Ela permaneceu verdade que se tornava cada vez mais

difícil obter bons cavalos, mas valia a pena. "Sark rtão é uma espécie de encenação feudal para entreter os vfa·itantts", escreveu e-m sua autobiografia Dame Sibyl. Para ela ( como também para seus vassalos) a manutenção do feudalismo na ilha não era a manifestação de um imobilismo histórico ou do apego a um passado já morro, conservado à maneira de cadáver embalsamado. Pelo contrário, o regime feudal era rea.lidade viva, era uma mentalidade, um modo de ser e de conceber as relações humanas, inteiramente válido para nossa época, como o fora para os dias de Guilherme, o Conquistador, que o transportara do continente para as Ilhas Britânicas. Sark "é uma comunidaile viva, de

pessoas felizt.s de manlere1n sua antiga forma ,le governo, e que têni uma profunda noção da própria dignidade, nascida de muitos a11os de independência, trabalho honrado e ve//Ji. ce satisfeita", escreveu a Senhora. "E11qua11to viver, prossegue, /i,tarti com todas as forças para manter ,s. te pequeno paraíso feudal, com suas

tradições, leis e costumes, como um oásis de tranqiiilidc<le e de repouso".

Uma herança pesado ,Esse oásis de tranqüilidade e repouso, com tradições, leis e c-ostumes, era procurado anualmente por cerca de 50 mil turistas, ávidos de conhecer e viver um pouco do ambiente medieval, longe do ruído e da poluição dos veículos e das fábricas. Mas não era, nem de longe, com.o vimos, o desejo de atrair turistas que levava Dame Sibyl a manter o feudalismo vivo cm sua ilha. Tampouco o mero diletantismo: era a convicção profunda de que essa era a melhor forma de vida para ela e pará seus quinhentos e poucos vassalos. E essa é a pesada herança que ela deixou a seu neto e sucessor, Michael Beaumont ( ela era viúva duas vC?:es e seu filho primogênito morrera na Segunda Guerra Mundial). Michael Beaumont um engenheiro aeronáutico de 46 anos parece disposto a recolher a herança de sua grande avó e seguir - como 22.0 Seigneur oi Sark - o programa por ela traçado: "Procurarei manter a 1/ha em sua paz e tranqiiilidadc'', declarou. Quanto a deixar seu emprego de projetista de mísseis dirigíveis, Michael não tem a menor dúvida: ..Considero infinitamente mais compensadora a vicia de "Seigneur· que a de produtor de engenlio.r bé-

licos". Ainda qua.n do não fosse senão para desfrutar da paz e tranqüilidade de sua ilha, ou para receber o dízlmo dos cereais e um frango magro por ano, e ter o direilo de apreender as cadelas existentes em seu minúsculo domínio, sempre que elas venham a constituir un\a ameaça para os pací. ficos cordeiros de seus não menos pacíficos, tranqüilos e felizes vas~ · salos ... E sobreludo se for para continuar a lançar ao mundo de hoje o altaneiro desafio de Sibyl Mary Collings Beaumont Hathaway: o feudalismo "que era bom para Guilherme, o Conqui$tador, é bom para Sark", porque nascido sob o influxo dos princípios imutáveis da Santa Igreja, que modelaram a civilização cristã, como a Europa a conheceu na Idade Média, a "doce Primavera da Fé".

Gustavo Antonio Solimeo

TFP REALIZA MAIS UMA SEMANA ANTICOMUNISTA REALIZOU-SE em São Paulo a

XXIII Semana Especializada para a Fomtação Anticomunista, que reu. niu nas sedes . da TFP, de 14 a 17 de novembro, 220 jovens procedentes de 15 Unidades da Federação: Amazonas, 'Pará, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Distrito Federal, Rio de J aneiro, Guanabara, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na . sessão solene de encerramento' realizada no Auditório São Miguel da TFP (recentemente inaugurado), o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira desenvolveu o tema "A juventude moderna à procura de um ideal". O Presidente do Conselho Nacional da TFP exortou os scmanista.s a servirem cm seus respectivos ambientes os sagrados princípios da tradição, família e propriedade, fatores básicos da civilização cristã. O Exmo. Revmo. Sr. Bispo de Campos, D. Antonio de Castro Mayer - que ocupou a presidência de honra da sessão - estimulou os jovens a perseverarem na fidelidade aos

ideais conhecidos e admirados na SEFAC, e alertou-os contra os perigos do progressismo, que se infiltrou nos ambienles católicos em nossos dias.

Lembrança Foram distribuídos aos semaoistas, como lcmbra11ça da XXII! SEFAC, exemplares_da I O.ª edição do ensaio "Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou autodcmoliçãq?", do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Essa obra foi objeto de uma carta i]e louvor da Sagrada Congregação dos Seminários e Universidades, subscrita pelo Emmo. Cardeal Pizzardo, e pelo hoje Cardeal Dino Staffa. Publicada originariamente sob o título "A liberdade da Igreja no Estado comunista'•, constitui ela verdadeiro "best-seller", pois já tem impressos 160 mil exemplares, em oito línguas: português, francês, inglês, italiano, espanhol, polonês, alemão e húngaro. Encontra-se no prelo uma edição em ucraniano.

Verdades esquecidas

AI DE QUEM CALA QUANDO PECAM AS ALMAS QUE LHE FORAM CONFIADAS Da Carta ao Clero :

H

Á MUITOS PASTORES que se manifestam santos dianté tios

homens, e, contudo, e,n seu interior não se ruborizam de pa~ecer manchados ante o juiz interno. Chegard, logo chegará· aquele_ dia tm que aparecerá o PaJ·tor dos Pastores, e rornard públicas

fl! açoes de cada um; e Aquele que agora castiga por meio dos Prela-

dos as culpas doJ· SiÍtlitos, castigará entQo por Si mesmo as culpas dos Pre!ados. O Senhor, ao entrar ,io Templo, ft.z., por Si mesmo, um t1ço1te com, cordas, e, lanç(lndo fora. da Casa de Deus os maus me~cadores, pôs por terra a~ bancas dos que vendiam' pombas (lo. 14, 16), porque

o Senhor castiga os pecados dos slÍtlitos por meio dos

Pastores,· mas castiga por Si mesmo os pecados dos fastores. Na vida presente pode-se ocultar aos homens aquilo que se faz interiormente · mar virá certt1111e11te o Juiz a quem nada se poderá ocultar, silencian,lo: 11em enganar, negando. . Há. outra coisa na vitla dos Pastores, Irmãos caríssimos, que contr,sta _111111/r'! _al1~1a; ,nas, para que talvez não pareça a alguns que o que digo é-111Jur,oso. eu também. m.e acuso a 1nirm mes,no [ ... ]. Aba11~onamos o ministério da pregação; e nos intitulamos Bispos para casflgo 11<>;_sso, .re;undo vejo, já_ que possuímos o nome dessa dignidade, ,nas _nao pra/lcamos as /unçoes próprias dela. Aqueles que nos /oram conj,ados abando!,am a _Deus, e, contudo, calamo~nos. Prossegue,n 11as suas más açoes, e nao lhes damos a menor ajuda para se ementlarem. Vemos conth,uamente que perecena por suas pr6prias ma/da· tles, e os olhamos com indiferença a caminhflrem para o inferno. Como ,·am?s. corrigir a vida aos · demais, quando não nos importamos tle ~orr,g~r ~, nos!a? <:cupados 110s assuntos tem.parais, fazemo-nos mais wsens1ve1s no mter,or, quanto maior é IIOSJ'O afã pelas coisas exteriores. Pelo trato /reqiien~e das coisas d~ terra a alma se faz surtia ao desejo do .Céu; e à medida que se va, endurecendo com suas ações, custa ma,s a abrandar-se para as coisas que t ocam ao amor de Deus. Por i.u o diz bem a Santa Igreja de seus membros enfermos: "Puseram.me como. gu~rda 110 vinha, mas não guardei a minha vinha" (Cant. J, 5). - [Sig_fndo Huber; "Los Santos Padres / Sinopsis desde tos tiempos apostólicos hasta el siglo sexto'', Edicioncs Desclée de Brouwer Buenos Aires, 1946, tomo II, pp. 373-374). ' '

SÃO GREGÓRIO MAGNO


Ouu,rOSt: JOSê C.t.ai,os C1,s T11,.uo t>E Awoll.Arm

A Universidade Gregor iana. Monumento de Gregório XIII.

NASCIDA DO COLÉGIO Romono, fundado por Santo Inácio de Loyola em 1551, a Gregoriano -

assim chamada pelo gra~e impulso que lhe deu Gregório XIII -

desenvol·

veu-se à sombra da c6pulo de São Pedro, sendo considerada por Pio XI a verdadeira e própria Universidade do Papo. Sev escopo sempre foi o de formar, sob os auspícios do Romano Pontífice, uma autêntico elite eclesióslico, no pureza da doutrino católico; coroclerística de seu espírito foi sempre o "sentire cum Ecelesio". Seu Grão-Chanceler é o próprio Cordeai Prefeito da Sagrada Congregação para a Educação Ca/6/ica, e sua di·

r~ão esteve desde o inkio nos mãos dos RR. PP. Jesuítas. Entre seus mostres confam•se figuras eminentes pelo saber e pelo virtude, e de seus bt,ncos saíram Santos, Bem-aventurados, Papos, Cardeais, Arcebispos e Bispos, Superiores de

Famílias religiosos, pregodore$, missionários, professores de seminário, que fi;cerom e fazem chegar por todo porte a influência do Universidade Gregoriano no formação do Clero católico. lnfGlizmentê,~ também essa glorioso instituição foi atingido pelo miderioso p ro(esso de outodemoliçõo do Igreja, a que alude Paulo VI, e em .suas saio$, onde outrora ressoou

o voz dos Bttllorminos, dos Su6rez, dos Cornélios o Lapide, e de tantos outros vorÕe$ de doutrino ilíbado, baluarte$ do ortodoxio, nesta triste época p6s-concitior $e pôde ouvir um mestre do erro e do mentira como o Jesuíta José Morfo Díez·Alegrío, cujos escondo·

lo$OS leses mor.xistos vão opresentodos no artigo da página 2.

A cúpula d a Basilica Vaticana.

Jesuíta professor da Gregoriana

DEFENDE TESES MARXISTAS

N.º

290

FEVEREIRO

DE

197 5

ANO

XXV Cr$ 3,00


Escandalosa profissão.de fé marxista de um Jesuíta, professor na Gregoriana

•••

' ~ MIM, HEGEL aj11do11-mc " com. 1>reentler Mt1r.r. Mar:i: le,10u·mc li

re<le~·cobrit Jesus Cristo e o sentitlo de sutl m enJ·agen1-. Je.ms e sua m ensagem fiz.e. ram com que eu me ,lesse conta de que os' cristãos ncío somos cristcío.r. de que a Igreja Católi-

ca existente na Hlst6ria tem. pouco de cristão. Com isto, J'into·me cluwuulo a penltêncill. me~ um6ia, ,.econst1uç,id

Constantino Koser, que declarou estarem seus Religiosos dispostos a colaborar com os marxistas (cf. ucatolicismo", n.0 265. de j:rnciro de 1973, p . 8). O escândalo está também no fato de que $Ó depois de publicado o seu livro tenha sido o Jesuíla espanhol afas1ado de sua cátedra na Pontifícia Univcrsi,fadc Gregoriana.

1

Eis o itinl!rário q ue o Jesuíta espanhol Pc. José María Uíc1.-Alcgría percorreu à procura de um credo que desse um sentido à sua vida de ca1ólico. de Religioso e de Saccrdo1e. Não sabemos que sentido linha essa vida antes da leitura de Hegel e de Marx. Seria ele supor-se que ela tivesse algum sentido, talvez aquele que

normalmente tem a vida de todos os católicos, de lodos os Religiosos e de lodos os Sacerdo1cs. Seu credo. o sexagenário Jesuíta, ex-professor da Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma. apresentou~o ao grande público cm um volume que 1cm por título "Yo creo cn la csperanw ... !", lançado pela Edito rial Espaiiola Ocscléc De 8rouwer (Bilbao, 1972 ), na coleção "ÊI Credo que ha dado scnlido a mi v ida". Esse ·'credo", veremos, não é o C redo que desde sempre deu sentido à vida de lodos os q ue cremos na Igreja U n a. Santa, Cnt61ica e Apostólica, e que professaram 1odos aqueles que nos precederam marcados com o sinal da Fé.

O "escândalo Díex-Alegría" Com a publicação (sem o ;,Nihil obstar· dos Superiores, nem o ºJmprimatur" da Autoridade Diocesana) de " Yo creo en la cs_peranza ... !", es1ourou, cm fins de 1972, o "escândalo Díez-Alegría ., . Os jornais da ÊSpanha, de Roma e do mundo inteiro ocuparam-se do ..caso" em largas manchetes. O Provincial dos Jesuítas na Espanha apressou-se a esclarecer) numa carta enviada a todos os Bispos do país, que a Companhia "não p0tle assumir institucionnlmente responsabilitlade alguma, ne,tt para o bem, nem. para o mal. pelo Jato do aparecim ento deste livro, ttem pelo seu co111eúdo" (apud "Qué pasa?'', Madrid, n.O 525, de 19 de janeiro de 1974, p. 7). 8 verdade que à época da publicação do livro o Pc. Díez-Alegría vivia afas1ado de /ato da Companhia de Jesus, exclausrrado por dois anos, por vontade própria e com o conscntimenlo d o M. R. Padre Geral. Mas não é menos verdade que continuava a pertencer juritlicamentc à Ordem ( como, d e resto. pertence: até hoje). En1rc1ar110. o escândalo maior (se há ainda quem se escandalize nesta era "p6s.-eonciliar") não cslá no fato da publicação do livro nem no seu corucúdo ( de cuja responsabilidade procura por.. se a salvo o cauto Provincial jesuí• là da Espanha. , . ) . O maior escândalo, o escândalo máx.imo cst:í - isto sim! - no fa to de o Rcvmo. Pe. José María Díez-Alcgría, S. J., ter podido ensinar durante pelo menos dez anos ( como ele mesmo o declara), dentro e fora da Gregoriana, com o tríplice prestígio de Saccrdo1e, Jesuí1a e pr'ofessor da famosa Universidade romana, as mesmíssimas doutrinas contidas crn seu 1ivro. sem se.r perturb3do, c11 lo más mínimo, por seus Superiores religiosos, por nenhum Bispo, nem tampouco por qualquer das autoridades a quem compete vigiar o que se ensina nos Seminários e nas U niversidades Católicas (sobrcwdo as de Roma ... ) . Ê, m ais ainda, que haja e continue a haver legiões de Díez· Alegría, cncarapitados cm c,ltcdras dos Se1nfoários e das Universidades, e em pos1os de mando não só da Companhia (como o filocomunisla Pe. Manuel Segura, Provincial do Chile que deu iodo apoio a Allende), mas rnmbém (ora dela, em ou1ras Ordens e Congregações, como o Minis1ro Geral dos Franciscanos, o brasileiro Frei

"A necessidade de opor- me .• •" Já cm 1947. quando começou a ensinar 81ica 11:1 f'ac ulcladc de Filosofia da Companhia de Jesus cm Madrid, o l'c. Díc-1.-Alegría - apesar do que ele chama de "co,ulicionomentos·• de sua origem <:s-panhola ~ burguesa, e de sua fornH1ç?io católica e jesuítica - era levada a interpretar "em semido re/ati,•amente llber10'' as 1cscs "<la chamada 1/outrina soci(l/ católica

( Enâc/icas de Lcüo X 111 e Pio XI e discursos de Pio XII)" (obr;i cit., p. 27; os dcslaqucs :.::m versalelc. nas t ranscrições, serão sempre nossos). Essas interpretações, d iz cl.c, i.tinlwm que ,·,nulutir-me ,, uma atitude t·rític,, e, de tmu, foruw ou de outr11, milit,mle, em relação à soâedade c:apitalista t' <l signi/icaç,to histórka te,,c e contimw a ter " Igreja Ct1t6lic<l,, /Ulrli<.'ttlarmente nos últimos cento e ci11qiienta tmol' ( id .. ibid.). Foi porém depois de urna viagem à A lcmanh:t , cm 1955, que nasceu nele "u ne<:e.•;sidade de consciência de "opor-me'' dentro ,la lgn'!jll a t/11 sociedtule a que 11eru.mda' 1 ( 1>. 28). O es1udo de Hegel e Marx levaria, afinal, o Religioso inaciano (?) a encontrar o "credo" q ue ia dar um sentido à sua vida ...

,,m:

"Par'CI mim, Hegel foi um sábio; Marx, um profeta" ,M.r posições co11tr1111ostos de ffegel e ,te Marx, escreve Dícz.Alcgría, repensei o <1ue .te pode chamar a ·eJ·sê.ncla ,lo cl'istianismo como vida vivl<la. ,w lfis1órla e 11a :rocicdmle "À /11z

hu111a11as. Mas isto levou-me ,, consuaar (Jl,e o cristia11i$mO como vida vivida eSTÁ INÉDITO. Que os crisNíos existe11res ,w H ist61'ia mio vivcJlt o eris· tianismo. E <1ue a mtá/ise que Karl Mal'x Jaz ,la religiiio co,110 "ópio tio povo", obstáculo esrrurural à libertação do ho,nem , "ideologi<l' susten1tult1 e suste,uantc (/e uma .rituaçiio social ,le opressão e lnjustiça estruturt,is (de Jorre dimensão econômk,,), vale, em uma enorme proporçiio (digamos oitenta por ce11to), <la religião que ôj· cristãos vivemos como cl'Ístianismo. e qi ,c é na realidade bem 0111ras coisas" (p. 40). Ê pouco adiante:

com1>ree11são de que é preciso dizer ''não" ti exploração e às estruturas ,le e.tf'IOração. Desta compreensão sou devedor a Marx. Porque a mentalidade católict, dos anos 50. 11u,is do que ajudar-me a chegar a essa com· /lree,u·ão, J·erviu•me de forte obstáculo a ela. Ha-ve,ulo compreendido que é preciso diter ''não" à exploração, não apenas, naturalmente, com palavras, mas também com. a ação mUitante, a re/lexiio cristã fez-me avançar por um cwninho novo, Surgiu diame de mim, em ter· mos i11suspeitados. o problema de religião verdadeim e falsa" (p. 47). Ein ou1ra página, mais à frente. o Pc. Oíez-Alegría acrescenta: ''A mim, 11 egel ajudo11•me a compreender Marx. Marx le,•ou-me a redescobrir Jesus Cristo e o senlido ,Je sua mensagem. Jesus e l"ua mensagem /izerani com que cu me desse conta tle que os cristãos ,uio somos cristãos, de que A IGREJA CATÓLICA exis1ente 11a Hist6ria TEM roU'Co oe CRISTÃO. Com lsto .dnt<>·me chamado a peniténcüt, meum6ia, reconstruçiiO. Para mim, 11 egc/ foi 11111 sábio. 1'1llvez rmr neto 1le Loméc (e/. G~11. 4, 23-24). Marx. 11111 profeta, um rebento sui generis de A mós, de Jerem;a~· I! de Sofonias, o 11rofeu1 messiânico da "o·ociedade sem c/11,~·e" ,(So/. 3, 1 I - 13)" (p. 53). ''[ ••• ] li

À procura da "religião verdadeiro"

Estribado na sabedoria de Hegel e na ins· piração profé1ica de Marx. o Jesuíia chegou a ''ver onde e.ruí a diferença entre religião falsa

e religiüo vertladeir(I" (p. 56). Citemos suas palavras: "Se a religião ver<la· e/eira não é, nem pode ser. in.rlt·umemo tlll injus1iça no mundo, e, po,· outra parte, a religião tios crisuíos (conc1·etame11te <los cat6licos) tem sido e conrirwa n ser (em conjull/0 , prevalen· temente) fator de conservação tle esrr,au,.a.r tle

opre.rs,ío e injustiÇfl. e11t,io o resultado é, inexoravelmente, que a re/igiiio que vi\lem os católicos 1uio é 11 rcligi,ío verd,,deirr," (.pp. 59-60). A pergunta se impõe: qual é, pois, a Religião vc.-dadeira? A resposta 1ambém se impõe: é a que promove a derrubada das "esrr,auras <le opress.(io e injusti(.'<í", segundo o jargão mar· x i~la d o sexagenário Sacerdote, tão no estilo do Pe. Comblin, dos clérigos j'tcrc-errnundistas' ' :i rgcnlinos e dos ucristãos para o socialismo'' do Chile ( os quais a1é hoje choram a n1or1e, não de Allcnde, mas da "experiência chilena") . Todavia, é preciso dar uma explicação ''cicn1ííica" àqueles que se chocam com a bru1alidade da conclusão, is10 é, os "moderados",

Ontológico-c ultualista ou ético-profética? Vejamos como é que o doulo sociólogo da Pontifícia Universidade Gregoriana elucubra sua teoria. Há dois aipos ,possíveis de religião, a ·-'onto. lógico-cultualista" e a "ético ..pro/éticll". A religião de 1ipo ontológico-cultualisla ílo· resceu no mundo greco-asiático d a época hclc· nístico-romana; compreende a His1ória como um ciclo, que se repete como as estações do ano, e no qual o homem acha-se preso, não tendo outra saíd~\ que :1 "identificação cultuai com 11111 Deus" (p, 60) , rcali1.ada através da litu rsia, ..que represcma a AVENTlJ RA MÍTICA DESSE DEUS, POR E XEMPLO U MA MORTE E UMA

A idéifl mítica de morte e rps.. s w·reição vem sugeritla pela sucessão das e.tia· ,·ões e pelo ciclo 11aturol tia v;,1a ,,egetnl. espe· ci11/me,11e" ( p. 61 ). A salvação oferecida por este tipo de religião - scmerc segundo nosso sociólogo - é individual e mcta•hist6rica, ou seja, dá~sc fora do tempo, numa o utra vida. Os indivíduos po~ dem salvar•se pela via mistérico-litúrgica. ºMas (J Históda , A AVENTURA HUMANA COt.êilVA/ é ir'redimfvel" {ibid.) . Conhece o leitor alguma relig;ão que cultive a ''idéia m1rica" da morte e rêssurreição de Deus) que procure uma "i<lemi/icação cu/· tufll" com Ele através da liturgia e espere urna salvação "individual", numa outrn vida? Não pairem dúvidas! O noss~ Padre-sociólogo quer fazer-se erllcnder e por isso é explícilo : " A religião tios c,.istãos (Concretamente oos CATÓ1..1· COS) é hoje prevt,le,uemente U MA RELlOIÃO ON' l'OLÓGICO·CVLTV,"-1, ISTA" (p. 62) ; "o cristia1tismo vi~1ido pelo3· cristllos (diferentem ente do cristianismo de Paulo ou dos Evangelhos) /: uma re/ig;ão onto/6glco~cultualisra e, COMO TAL, U MA RELIGIÃO FALSA, ju.trame1tte tlemm• d ada pôr· Marx (o Profe1a!J como algo que é ttecessâdo supert1r" ( p. 63). Ao contrário, ·'o tipo de religião ético-profética corrcspo11de ti re/igiüo bfblica do amigo RESSURREIÇÃO.

/Jr(lt:/ e à religfrio de /eJ·w · e ,los primeiros cri.r11/0.\0, tal co1110 se upre.renlll ou se reflete uo Novo 1'eswmcmto. é'J·ta relighio tem uma conce,,ç,lo linear aberu, (,ligamos ,·etilínea) do tempo histórlco. Deus é /ibertatlor. e a libetf(l,Çt1o <JUC Deus promete e qu e o cf'ente espera ú 111S1'Ó1UCA. Tl'<lftl •J'e de REALIZAR NA HUMANJOA08 HISTÓ· RlCA A l.lBC.RTAÇÂO l)A

ov,~essÃo, o

REINO OA

J IJS'l'lÇA, A PLBNITUOI! OA F'RA'rERNll)ADE E DO

(p. 61). Em outras palavras, a religião "éti<.:o--prt>· /ética" do l'e. José María D íez-A lcgrfo quer cst:\bdc<:CI' :1 nova socied:1.dc do íuturo, que os "cris1iios" identificam com o ''Reino de Ocu.r "" ternt" e os marxistas com o comunismo o u o socialismo, segundo a "csciltologia" d:i ''teologi<l da llberwç,io", da "teologia ''" cspermtçll" ("Yo creo en la espera.nza .. , !" é o títu lo ele seu livro) , e de o utras rnntas vertentes da "teologia marxista", ião bem descrita e analisada pelo crudilo 1c6logo polonês residente no C hile, o Revmo. Pc. Miguel Po. radowski. no documentado ensaio ''A grndual marxisti:,. ação da TcoJogia' '. que "Catolicismo" apresentou em seu número de outubro último. AMO~"

Um ogitador político condenado pelas romanos Quem é. então, para o Jesuíta. esse "Jesus" que M :ux o ajudou a ''redescobl'lr'"?

"'Jesus - escreve o Sacerdote - /oi um r>ro/ew lpara ele, Marx também o foi .. . 1, situado '"' Unha tios pro/ettt.-r de Jsrael !_Marx também: Amós, Jeremias, Sofonias ... ]. 110 femido de sua denúncia sem compromisso tia i11justiça ,los poderosos. Jesus átUttematizou tl acwm,lapío ,le rlqueu,s, fruto e. bt,sc do egoísmo dos "ricosº . e Jato,· de injusw opressão dos desajo,·twza<los. Jesus extremou ao 1náximo :mo solidarict!atlc com os humifdes, com O.f opri· midos, com. os pobres. Por tudo isto~ Jesus foi co,u/enado à morte, como agirador flólíth.·o, fJOr um tribunal romtmo. Um /mor importante para chegar a este resultado, foi o conflito de Jesus com uma casta sacenlótal privilegiada. politicame e anli11rofé1ica'' (p. 64). (Procure o lei1or com cuidado nas páginas d o livro alguma expressão que deixe entrever a crença do Padre na divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Yo creo en cl HOMBRE Jesus, nwl y concreto COMO vo" . . . , e outras fúrmulações do gênero, - é só o que encontrará). Ora, "a religião dos crisrãos (concrc.tamem e tios c,uólicos) é hoje prevalentemem e uma religião 0111ol6gico-culruallsw, 1'ámbém a 11ção do ,;aparelho" eclesiástico está orienltlda. em ,íltimo termo, à conservação ,le uma religlt1o 011tológico-cult11aUsta, co11rra o.-r germes. que :ie mtmi/esram na lgrej", órienwdos na di1·eç,io de uma recon<Jtâsta plena d<i religiosi,l<ule ético-profética" (p. 62). Leia-se: assim como Jesus foi perseguido e cn1regue à mo rte pela ·'cast" sacerdotal ,,o .. liricallle e <.m tipro/ética", acumpliciada com os '·romanos" (isto é, os poderosos, os " impc· ria listas" da época). assim 1ambém os que hoje <Juerem "libertar'' a l,greja da "opress,1o dos po,lero.ro.t'' (as "estruluras capitalis1as"') são perseguidos pelo ·'ar>llrell,o" eclcsiáslico .. . (são devNas?).

Por que permanecer na Igreja? Não. O nosso sociólogo não esquece um só :1rtigo em seu antiC redo. ''Credo in Unllm Smtctam Catholicam et Apostolkam Ecclc.riam" - diz o Símbolo Niceno-Constan-

Gustavo Antonio Solimeo CONC:-llJI N A PÂGl:-tA 6

2


Plinio Corrêa de Oliveira

Quem ainda é católico na Igreja Católica? M UMA SALA junto à Igreja da Piedade, cm Salvador, Religiosos capuchinhos permitiram que se instalasse uma ''boultquc". na qual se vendem objetos "unissex'', entre os quais biquinis, Como bem se pode imaginar, a iniciativa causou escândalo a muitos freqüentadores do templo. Frei Benjamin Capelli explicou que o aluguel da loja garantirá maior disponibilidade de renda para as obras assistenciais da paróquia. Sentindo ialvez a inconsistência da alegação pois a imoralidade do meio não se justifica pela liccidade do fim - Frei Bruno Rossi aduziu outro argumento: ·'S6 lamento - disse· ele - que alguns tios nossos irmãor, certamente firmes e. ,a .. dicados na fé. se escondali1.em com umta facilidade e alimentem prt<:onceitos tão pue'ris. E interessame e·. J'intomático que Frades tradicionalme,,rc austeros como os Capuchinhos não tenham percebido a inconveniência ,lo 11.eg6cio. Será que não chegou " hora de derrubar falsos preco11ceitos?" Esses dados são extraídos de uma notícia do "Jornal do l3rasil", de 5 de dezembro passado. Ou seja, de exatamente há dois rncses.

••• Que cu saiba, a inforrnaç,ão não teve desmentido. Sentir-me-ei muito alegre se alguém me escrever que o fato noticiado é inverídico. Com-

muitos diretores espirituais que concedam absolvição a pessoas que, por seu modo de trajar, não poderiam recebê-la. A eles, também, a pergunta deve ser feita. - Se acreditam que a Moral da Igreja mudou, como ainda se dizem católicos? E se permitem às suas penitentes que usem biquíni, com que direito se inculcam como Padres católicos?

pode ser encontrada facilmente na sua melhor fonte, o "Traité de la vraie dévolion à la Sainte Vicrge" de São Luís Mnria Orignion de Montfort, livro aprovado pela Igreja Católica e tido geral-

Obviamente, a pergunta vai ainda mais longe. Das pessoas de sexo feminino que participám da agressão sexuál, inúmeras aprenderam, no Catecismo, que a Moral cat61ica não muda. - Se elas acham que mudou, como podem adm.itir a infalibilidade e a divindade da lgreja? - E se acham que não mudou, como querem ser tomadas como · católicas?

•• •

••• Mas - dirá alguém - usar biquíni é pecado contra o 6.0 ou 9.0 Mandamento, conforme o caso. Cont11do, uma pessoa não peca contra a Fé por violar um desses Mandamentos. Logo, minha argumentação é &em base. Evidentemente, não digo que quem fabrica ou ,vende biquínis, ou os usa, peca contra a Fé. Mas quem afirma, implícita ou explicitamente, que a Moral da Igreja mudou, este sim, peca contra a Fé.

••• E daí uma pergunta que, também a propósito da conduta fac.e. ao comunismo e de diversos outros assuntos, pode ser feita: quem ainda é católico apostólico romano dentro desse imenso magma de 600 milhões de pessoas - Cardeais, l3ispos, Sacerdotes, Religiosos e leigos - habitualmente tidos como membros da única e impcrecivel lgreja de Deus?

prometo-me desde já a inteirar do desmentido os

Duvido, porém, de que ele venha. E assim Quando, há alguns meses airás, publiquei uma notícia de um convento de Religiosas da Espanha que fabricava biquinis, causei entre os 1eitores explicável sensação. E, se bem que ninguém ousasse desmcnti.r tão ins61ita notícia, não faltou quem a julgasse duvidosa: tanto escândalo não podia acontecer . .. Agora caso análogo estoura cm Salvador. Pois não há tanta diferença entre fabricar biquínis e vendê-los. Contudo, nem do caso espanhol, nem do baiano, a imensa maioria das pessoas tira as conclusões devidas. Uma destas, entretanto, salta aos olhos. Se desde sua fundação até nossos dias, a Igreja considerou com horror o nudismo - do qual o biquini é uma das manifestações mais agressivas - e se, em nossos dias, entidades eclesiásticas fabricam e vendem biquínis, de duas uma:

1-

ou a Moral católica mudou totalmente,

e então a Igreja não é infalível nem divina;

2 - ou essas entidades eclesiásticas ao ~-tfirmarcm. implícita mas ostensivamente, a legi~ timidadc do biquini adulteram o ensino da 5 Igreja, e por si mesmas se c_xcluem desta . . :. Ora, como a primeira hipótese é de rodo em "' todo inaceitável, a segunda se impõe.

.~

Ao

Consagração, liberdade suprema ESCREVE-ME UM leitor: ''E111re outros tíwlos de g/6ria, o Sr. lllribuiu a Frei Galvão, em artigo rece11te, o de ''escravo de Maria", O /lltO me choca. Este título 11ão traz. gl6ria nem 11ara Frei Galvão 11em para Maria. A escravidiio é " sujeição de um ente a outro, pela força. Ela resulta de que o mais forte te11ha roubado ao mais fraco (pela superioridade física ou pela pressão eco11Ô· mica~ pouco importa) o atrib11to essencial da dignidade pessoal, isto é, o direito ele cada um a dispor <le s i J'f!gt111do seu exclusivo ente11dimento e i11teres,te. A palavra "escravidiid' lembro o chicote, o açoite, as algemas, a subnwriçãn e as perseguições poUciais. Como pode ter escravos Maria, a quem os católicos cultuam como rainha de, bo11dade? E como pode alguém ter por honra J·cr escravo, ainda que seja de Maria? Conve11ltamos, tudo isto é absurclo". Tal estilo de relacionamento entre Maria e um seu devoto seria efetivan1entc absurdo. Ora, sem-

pre que uma pessoa sensata faz algo que parece absurdo, deve-se logicamente procurar para seu

Nâo 'tenhamos medo de ver a verdade de frente.

ato uma interpretação que o faça ver em seu verdadeiro aspecto, explicável e sensato. Se o grande

Este tema do nudismo - levanta uma pergunra que vai muito além do caso dos dois con~ ventos ''biquinistas". É absolutamente impossível que o uso do bi:.:~ ~ quini e de outras formas de rombuda agressão

Frei Galvão, tão obviamente sensato e virtuoso, 1ulgou honrar seu burel de Franciscano e seu sa· cerd6cio fazendo-se escravo de Mari3, ao mis.s-ivista tocaria o dever de presumir que há para isto

sexual se tenha generalizado tanto, sem que haja

urna explicação razoável e elevada. Tal explicação

~

5

fO

Mariologia . Tentarei explicar aqui, com vistas ao leitor, o

que é essa escravidão marial, à qual São L11is Maria chama "esclavage d'amour" e - note-se não da força bruta, da coerção.

Ainda não há muitos anos, um dos mais belos elogios que se poderia fazer de alguém - Chefe de Estado, pai de família, Sacerdote, magistrado ou militar - era qualificá-lo de "escravo do deverº. Afirmava-se, assim, que ele era capaz de ' . . arcar com quaisquer riscos ou preJu1zos para nao transgredir os deveres increntes a seu cargo. Ou, até, para fazer tudo quanto fosse simplesmente aconselhável no sentido do mais esmerado cum-

-

-

primento de sua missão.

Análógo sigoificado tinha a afirmação de que um Chefe de Estado ou de família, um magistrado ou militar fazia de sua missão "um verdadeiro

sacerdócio". A palavra "escravoº tinha pois, aí. um sentido

absolutamente distinto do mencionado pelo leitor. Qualificava alguém que, livremente persuadido da nobreza e elevação de .-cus deveres e de sua missão, resolvera, também livremente, imolar, a bem dela, se íossc o e.aso, até mesmo seus legítimos di reitos e seus mais caros interesses. Nessa ··escravidão'' cheia de amor ao dever. ao ideal, ;, missão, o homem nem de longe é escravo à maneira dos prisioneiros de guerra romanos

ou dos negros embarcados à fo rça para o Brasil. Pelo contrário, ele exerce racionalmente, e no

mais alto grau, a sua liberdade, e faz um uso absolutamente lúcido e nobililante, de si e de tudo quanto é seu. Assim é o sentido que São Luís Grignion de Montforl dá à consagração de alguém como "es· cravo de Maria". ~ escravo de amor, de Maria Santíssima, quem,

foi tores.

vou adiantando meu comentário.

mente como uma das obras mais eminentes da

persuadido sem qualquer coação, da, prerrogativas excelsas que a Ela tocam cómo Mãe de Deus. e das perfeições morais de que Ela é modelo, a Ela consagra livremente e por amor "seu corpo e sua alma, seus bens i11teriores e exteriores, e ati o valor de suas obras boas f)assadas, presentes e futuras, deixando a Ela o direito pleno e iuteiro de dispor de si e de tudo o que lhe pertence, sem exceção, segundo o gosto dEla, para a maior gl6rit1 de Deus, no tem{JO e na eternidade": as palavras são do Santo. E cm troca dessa lúcida e libérrima consagração, Maria, Mãe de miseri-

córdia, não trata seu escravo nem de longe com o egoísmo baixo e violento do romano ou do negreiro, mas com o amor materno, cheio de afeto e considctação, da mais generosa, afável e indulgente das mães.

E passo aqui a outra analogia elucidativa. Essa posição do "esclave d'amour" de Nossa Se11hora - considerada eoquanto abnegada imolação dos direitos e interesses de alguém, cm benefício de um ideal sacrossanto, como é o serviço da Virgem-Jv1ãe - tem muito de comum com o ato pe!o qual um Frade ou uma Freira se integra cm uma Ordem religiosa. renunciando, num gesto supremamente lúcido e livre, à disposição de si e ao próprio patrimônio, pelos voios de obediência,

pobreza e castidade. · Só que quem se consagra como escravo de Maria, sob certo aspecto ainda

é mais livre, pois ao

contrário do Frade ou da Freira, não faz votos. e as.sim conserva a faculdade de desligar-se, a

qualquer momento, dessa sublime consagração. Em todos os países da terra, a faculdade de agir assim se considera liberdade. Exceto. é claro, nos paíse.s comunistas. Mas nestes, o que é ser livre? - É ser escravo, ao pé da letra. - E por sinal: o autor da caria é anticomu·

nista?

3


,

,

INDICES DOS NUMEROS 277 A 288 ·ANO XXIV · 1974 OS ALGARISMOS INDICAM O NúMERO DO JORNAL. - EXPLICAÇÃO DAS ABREVIATURAS: C - "COMENTANDO"; "CALICEM OOM INI BIBERUNT"; NV - "NOVA ET VETERA"; COR] - ORAÇÕES; RF - "LIÇõES DA REVOLUÇÃO FRANCESA"· 30 D - "30 DIAS EM REVISTA"; VE - "VERDADES ESQUEC IDAS" OU " VIRTUDES ESQU ECIDAS". '

CDB ~

I N DI C E

DO S

VIDA DA IGREJA (Vct

can\bém:

SE(..'ÇÕl!S /

EtUlOS 6 OF.$V10$ DO MUNOô .,101,~R.NO: ,1

O sl:culo de Paulo VI - Plínio Corrê;i de Oliveira: 277 S<Jbrt o Atto Sa11to / Circular ,to 1:.·.,:111(}. R~vmo. S'r. l/ispo Dioct!stmo: 277 R~ti/lcoml<> rcportag<'m tendencioso / ÍQl'C'.IIS ucrc,,.-111 a jornal carioca: 211 /1/, J.5 m,os morria Q P1111t1 XI: a g}6rü, ,lo '',riío'?: 278 Nt>s.w Si.•nhor<,. única tspc·r,u,ç(r ,to Vlt:rnú - F l:\vio Oras;t'I : 219 A 110/itlrn ,{(' iUstt·ns,io tio Vfllic,mo com 01 go,·cmos com1111isl(ts / raro ,, TFP: omitir.st•? 011 rt·slstir?: 280 O Crud/iX<1 11uc so11gn>11 / l;m PortQ Caixas,

E'.stmlo do Rio -

fl::i.vio Omga: 230

,1<,,

1'f' P de furo p,:lt, mon~ da R,•wlfl. M"'lre M11r,'11 LC'licltt: 281 C"rtlt•ttl Mimls'l,t'III)' rt•ct·hc m ensagem ,las 1'f"Ps: 281 MQns. c,,snroli dt!tt 11ow> Jmul1u11~1111) d f/ccforaçiio

der 1'FP: 282 N. $t!11'1ora tlc: Fállma 11(1 lmUa e t>m 8anglt,desh: 2S2 Cre.t u ,m Po/611111 a "j(Jme ,te Dem": 282 ..A R1íssü1 promoverá guurns e pnscgulções U /grei": wírias ncrç,it:s sutil) tmiquU,uflJ.t': '283 l·ltnnc.mt1gcm/(J t•m S,io Paulo Q Exmo. Sr. Bispo D;licesano; 283 116 .,.-S1c111a 11110..: a Jguj" pc11flt, $,io No X: 284 No Jubil<-tt ,fe our(J dt1 Diouse, ,, v;si1t1 da lmág~m l'crcgriná: 284 Atitude (011trodi16ria do /;pisc:011<ulo Norrc.,w,ericam) / Par,, as tirtmias comunistas. Otimismo e co,,. /,'áttça: para os go~·unos amico,mmi.rtas, .l'1upi· cdcia i11<1uisitorial e fer<n:.: 285 A111t• a prrs(!guiç,io con11111l.sta. o licroísmo cat6/ico - Rober10 Guimar;it$: 285 Quinto ctuum,írio de Juan Diego, co11/ülc11te ''" Virgem ,it· Gu<ulttlup,· Homero Oarrndas: 28S

TEMAS DE ESPIRITUALIDADE E DOUTRINA CATÓLICA (Ver rnmbém: $t!CÇÕES / CoM@NTANl)O, lOuçôBS]. Vl?llDAOgs llSQUECIOA$ ou VtRT'UDE$ BSQUl!CIDAS)

Juízo tt·m~f'úrlo - (Plinio Corrê:i. de Oli~·cira]: 278 /ti,• ,, Tom(,s - Pio PP. XI: 219 O império e ó pocl.-r foram póslos sobre o,, seus ombros - [f'rci Francisco de Monte Alvcrnel : 280 S i: a ct1dtladt• numtlt, """'' ó.r Jlt!t:adous - (Plinió Corrêa de Oliveiral: 2,82 Di" 29 tlc: junho, /t•sra de S,io fttlro e São Pmtlo: 282 "A Rtí#Ítl promm•uá guerras e pusegttiç/ít's ,l /grt'in; ~·drifls 11açlj~.~ serli<> a11il1uiladas''; 283 811.tt..·11 o Senhor mais r ico " mor />Obu :a - Luís de de C::tmVes: 288

ERROS E DESVIOS NO MUNDO MODERNO ( V er 1::imbém: 0 CôMUNISMO NO DRASI L B NO MUNDO,' S€CÇÕF.S / CoM~NTANl)() e NOVA .,.,. VBT13R4)

ô tlio ,I ,.;,/u humann, a 110111 comum ,Je tantas ,,ber• m çi>,·s - Gu.s13;vo Antonio Solimco: 219 A g,wlual marxisa w çiio da T rol<>git, Pe. Miguel Poradow~k i: 236 1'FP: 1/trrolil ,lo dfrórcio dcprmh• tio J:;'pis co1"1tlo: 286 011dt' /oi 1H1ror " libt•rtlml(· prOm4'tith1 t!m 1789? -

H. il.: 2S6

Amicom:e1J<·iom1ü: TFP s11g,•rt! c(msultar plltlO: 286

o E11iscc>-

O COMUNISMO NO BRASIL E NO MUNDO 6JtM.OS E l)ÉS'\'IOS

St!CÇÕl!S / COll-1.ÉNTANOO) Co11/" rbu:it1 do Enct1rrtg11do de

''º

00 MUNI)()

M()OE,ltNO:

Nt:gócios do Vinmi

$11!: 277

Í N DI CE

D OS

1 ANTON IO, BISPO DE CAMPOS N() limiar de um 110,·o

(1110 :

Formosa 110,l< rtsiçtir - Hornero Oarmdn.s : 279 estra1tgiá cc11w1ti.fltt das ctaptís t· " liç,1o ,to

A11<,u rr <lt isoltu/11,

Cot.n?NTANOO)

(Ver também :

A SS U N TO S Vit•ftuí: 2.SO Di,h•11s1io. 11

"º''"

e imt·11S11 Mtwiquc ( Pétic:les C."!panema e Miguel IJeçcar Varela} : '281 AutOllemoliç,"io ,lo Ocidvnte (Péricles Cap:rncma e Miguel O~c:i.r V:ucla]: "281 7 ,·11igmt1s [Périclcs Capttnem:, e Miguel Ucccar Varela(: 281 O comunismo 11rC"cisu ,lo es1,ulo ''" l sr11~I 1um1 i11/luir 110 Oriente -

ti.fPéric les Capancma 1: 284 Re11pro:'(i1110rú1J com Cuba, ,:olpc de morte nas c-spcTllllÇIIS 1/e um po,•o fPéricles Capanemo): 284 Apt!sar 1/11 opr,~sJ·,;o. el~., co11timum1 apoiwulo Fie/d

Um" 1,ist<iria

Castro - (Périélcs Ca!Xl,ncrnal : 284 Bispo cubtmo e.xil,ulo rcpudi11 a r<'t1/1roxin111ç1iô com o c,utri.uno [Pedro Momv~ni Bosçheui e. Francisco Javier Tost Torresl: "284 Nossr1s hom,:m1ge11s e 110JSO l'<"/Jú1litJ fPéricles Cnpancmt'I): 284 O qut! IJS soi•iérico.~ mais nmbiciomwt IPériclcs Capa· ncm3): 284 PC francis cxperimen/11 11111 noi·o JigutilllJ - \Valter Obnc:llano.: 285 Um cot6lictJ e11trt!g11 seu Juiis aos cMm:ses de M110 Hamilton d ' Áviln: 28S Rc>mi 11ifJ: trinta anos út: opr,:.ssíio ,mu.tlsta: '286 FRELIMO l(•mc> os africano.e 28S

PRONUNCIAMENTOS E A TU,AÇÃO DAS TFPs

c. c. NUNES Pm ES D. A. C. ''Guta

lttá uon lamltmtur'' / No cruu•11ário ,!ti p,islio ,/e D . Vill1I; 280

EVAN DRO FAUsrtN O Nada c,,mo .'ít!r comNlido, sensato e prudr11le-:..:.,, IRF(: 287 Qmuulo 11.,f o,·,·lhas sohitm, dlstingulr o lobo ,lo pastor . . , íRPJ: 288

FERNANDO FURQUIM DE ALMEIDA O ,;tamle pt1prl 1/e Cltmy "'' fomwç,io ,la / , Mldia IC Dfll : 2SS 1;,.·1oglo ,fo S. Cre,:6rio VII ,,o.r RcllgitJsos ,h· f:lw1)' (CDU): 287 Sro. Odo11 e as origtns ,lo Mosteiro tlc Clm,,, (CDIJI: 288

FLÁVIO BRAGA Nossa Scnhortf, lÍuica t!.sprronro dtJ Victmi: '219

O Cruâjixo qm: sangrou I Em Porto das f.Suulo ,to Rio: '2$0

C1lixas,

FRANCISCO JA VIER TOST TORRES

CIIIUfW

s,•u

l)OÍS tlOS

cl,im:St'S ,le

IIÔ Orit!IIIC: 282 0111/c foi (1 Ul>ert/Ollt!

prometida cm 1789?: 286

HERNÁN MARTfNEZ Dt•stfo li R.11it1lw Vil6rir1, (NV(; 28S

111111<:t r

tlCQntecc mu(a •••

HOME RO BARRADAS O/t!1,siva 1/11:r t!s1111ertlt1~· vam tt /(:g11lit11<~lio ,lo 11borto (30 D]: 271 Crt•.,ce II ameaftt tios urrQr/sta,f sobre todo o Ocidct1tt! 1)0 D}: 278 A11t:S'1t' d.: ,'soltJ,ltJ. Formo.ra 11od,: rt:,1istír: 219 A rc/lu1 Ettropt1, um contlnc111e ,h• 111uies po/Uicos: 280 Os /(l(Ot co111r11di;.cm M1111se11l1or Co..wrQ/i (JO l)J; 282 O poro t1lcmiio repudia tt "Os11,0U1ik•1 e ' q soci11/ismo [JQ DI: 28l Nixou remmcin, mtt.t Kissiugu d mmtti(/IJ (JO Dl: 285 Splnola - o J<ert>n.sky portugm:s - cumpriu inlc~irtl• m e111c sru p11pr l (JO O] : '287 Quinto ct11tt•11ário de Jua11 Dit!gtJ, coufiilentc ria Virtt m dt" Guatlalu/e: 28S

MAN OEL BERNAROFS, Padre

t:•mhros: 280

GUSTAVO AN TONIO SOLIMEO óditJ à i•idll lwma1u1, a ,tola couwm d..- ta111t1s 111,rrraçiJes: 279

HAMILTON D'AVILA Eslándartt!s {/a TFP dirmtr d o CnpitdlitJ de Wasl1i11• gron: '219

4

Mtl():

n.

FRANCISCO DE MONT E ALVERNE, Frei ,,osto.r sobrf! os sl'11$

OIAS EM IWYlSTA)

tmitlas contra " obra cfriliu,dor11 e misJiO• uúrü, 1/e Po,11,g,,J 110 Â/rict1 - H. 8.: '278 A i·t/Jia &mop(I, 11111 t:Q11tim:11te ,lt (111/j,•,t J'IJlilicos Homero Oarrld:ts: 280

éitttterth1s

" CATOLICISMO" ESCRBVUM os LtilTORES)

No limím tle um 110~·0 ,mo - + Antonio, Bispo de C:1m1>0S: 211 lmlicu <itJs mímerQs 165 a 276 Att() XXII/ 1973; 278

DIVERSOS A ti,·tio ,lo i11caramM -

1:rí11ta r oito filhos -

E.rcTf::i't·m os /d1on•.c '211 Escrn,·m os lcitQrts: 280 /:.'sc, t:i-em os l1Jitous: 282 , ~scrf:~·~m h,t lcritnrt•s: '28S

LIÇõ E.S DA RE VOLUÇÃO FRANCESA como St'r' C(lmc,lido, st11s11to c prt1de11tc ••• Evnndro F:tu~tino: '287 Quando as o,·tllllls sabittm 1/istinguir II lobo do pt,stor .. . - Evnndro r-nus1ino: 288 Nutla

NOVA ET VETERA Drstle ,, R(l;nl,a Vltúrio. 11wtCú tlCOI/ICCt 11(1(1(1 . • • Hernán Martint-z: 285 O ti. ro tlt! Ccl:ro Fmuu/Q; dest!11vôfrim t!11to 1/0 mito Péricles Capa nem:,; 287 Po,wgal: 11.r 1u·r~1muu qut! Ft,1;111á coloca - Péricles C3panema: 288 1

Su,. Tuesh1l11c 211 l.ouwuulo a Virg<"m por suas er1uufr1.0s - (Srrnto Antonio Maria Clart.tl: 278 '' Dies ;rt1e" : 280 Pt/11 Crisumtla,le ptr.stguitl,;: 282 lm•ocmulo o Espfrito S"11to e Süo M igttt!l: 283 Omçtio dos l'SC:rovos ,le Maria - (São Luís Maria Gci&nion de Mon1fon): 28S Lllllai11J1a tlt, Jwmiltl,ul« - (C:1rdC:::ll Rafael Mc:rr-y dei Vai(: 286 Tri:S cm1çli<-s tle Stmtt> 11gosri11!10 - (S.\oto Agostinho): 287

0111ç,í1J ,, 81881\UNT

tio "11<io": 278 "Ge.st11 tua uou /111ulan111r" / No c«111e11árlo dl1 prisii" ,1, D. Yüal - D. A. C.: 280 Justo Uko11 T,,k,,yama, st~nhor femfol. guerreiro t uwltJ - C. C. Nunes Pires: "237

( Vt:r também: SecçõBS /

ESOR.EVEM OS LE ITORES

[ORAÇõFSJ

ESTUDOS HISTÓRICOS

º"

E.,quu,lt11 1111idas comrt, ,, obra cfr;Jiyu/ora ,• missio11úrit1 dr Portugt,t m, Ãjrict,: 278 O comunismo wtcist1 do l::Stmlo ti(! lsrt1el /HU(I ln/luir

r.uts DE

IJ 1>odc•r /oram

(Ver t:, mbém: O COMUNISMO NO 8kASI L E NO MUl'fOO; Sl!CCÕl!S / COMllNT.\NOO, NOVA bT V ETl!R.\ e 30

N,io CQ11.tt•gui111os comwe,.,,der: 28S /958-1974: r1uc rt•sultado.-tl : 28S "Dh,:ute •• , ·•: 286 Sobre Cub<,: 286 M11i:t m,w tios ilmlitlos gcueroJOs: 237 'l'C'murt,~· <fll<f 11rr1111cnrit111, 1/,gdma.l': 287 Co11/01111t• t1utr /JutloJJtl l: 287 Sobu u TFP: 288 Ç tt/!(l: sus11nult"11do tJ ,·~u .. ,: 288

Mi1rio A Corrê.:1 : 279 Silv:i Mcirn: 279

SECÇ ÕES CALICEM DOMINI BmERUNT

30 DIAS EM RE VL~'A Homero Oarr-adas ,l,u l!squtm/<1,'í pard 11 /cgt1li)!.açiio ,lo obortn: 277 , CrfSCe ,, t1m~flfll dos tt•rroristas .1ol>rc 10,ltJ fJ Ocide111,·: 278 f<ltOI' contmditcm Momenh or C(1J't1roli: 282 O po110 alem,io r~pudit1 a ·•os1pol11ik.1' e o socioli.smo: 283 Nixo11 n ~mmcit1, mll,t Ki.1Ji11ger é mantido: 285 S1;i11olt1 - " K c,·emky 11nrwg11f..t - c umpriu intc,'m , meut~ .~"" /Utpt l: '281 por

O/e11:rfr<1

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VERDADES ESQUECIDAS ou VIRT UDES ESQUECIDAS

por f'ern;:indo Furquim de A lmeid:l O gnuulr p11prl de Cltm}' na /ormnrtfo da /, Médit,; 28S l::Jogio de S. Grt•g6r;(J VII aQ:, Rc/igi'().ros 1/e Clum•: 2S7 s,o. Odo11 " M origens do Mostl'íro ,h• Cbm,•; 288

O liert"g<' é

COMENTANDO

t "'' jm~11111de (Jut:

por Plínio Corrêa de Oliveira O tftltr (, 11 m()(/tmlrltrtl~: '278 · Tm1que,f ,•a l,io.t, cabt!ças wn.ios : 278 PrQ\'ttittJSIJ para brtfsileirOJ dr escol: 219 A s cinco teses do 0111ico11umi.1mo restrito: 219 Com o jú dhüz Maquia vel .•. : 279 A hulis1,l'usá,·cl rl'sis1811ciá: 281 Resistindo • •. ; '28J VQZ tios ,1uç se- calam t1'·<tbrtmhtu1"s: '28J M11i,t 11111 Cordc11t 1:m Yl's ú·tt'ncia : 2S2 O "sim" é "mio·· - Q "1uio" 1 "sim.. : 282 Rt•sis1imlo t! op/amlimlo: 282 "A o~·tpoUtik ,lo Vaticano fm·orect• Moscou" : 283 C11.1<uoli; "focor11omtão 110 co111ex10··: 283

0 1·<"llm "" l ,i, rt1pos11 nas <"11lra11Jws e lobo na., oJ,ros - Padre Manoel Bernardes: 277 Fugir ,lo ht'rt·gt• como St' foge da 11tsl(' - Padre M~,-

noel lkrn::irdes: 278 g~ralmf'nU: ,\·e ,foc ltle o tlt•:tliuo ,lo homem - S:io J oão Bo::co: 279

Igreja 1/crt! mi() s6 bnsimzr 11 1'l'rtltttltt, mat um,t,(,m d t!nuucitu· tJ erro - Pio PI,, XI e l>io J'>J'>, XII: 280 Crurlgar o crlm,· rambl.m p11rt1 escormrnto llos maus A

-

S5o Bernardo: 282

,, F~ ~m alg11111 11ouro é dt:Jtrttí•lft 10,la Padre Monocl Ocrnardes: 283 A coragem tle /M,er 1m1 juí:.o .se,·~rtJ StJlm• o próximo - P:t.dre Manoel Bernardes: 284 C 11m111·(• extinguir 11 /agulha llllft's que o inctin,lio .tr: arei!! - São 1·omris de Aquino: '285 A cor,/u(t~f1.io é rnô11N1 ,. 11uniciost1 Pio PP. XI: Oft 1tdu

2S6 Q11,•m ttwis t·o111n'lmi 11<1rt1 st,1'-ar as ,,Imos siio Qs q ue omm ,. se mortijitnm - Pio PP. Xl: 288

A UTOR E S

BisptJ c11btmo (').'il<1do rep11di<1 " reaprQximllç,"io com o castrismo: 284

O ;mpbio e

PROBLEMAS POLiTICOS, ECONÔMICOS E SOCIAIS

e Lições Rnvo1.uçAo FA>-NCESA) 1/ú JS anos morrlt1 o Papa Pio XI: a g/6rla

,to Sul: 277 TFP n•uez,,da,u, influi ,tecisb•tm1rrtte ttll ,lerrota ,lt, DC: 277 Tf,'P rctÍue em Süo Puulo jm·ms .wt-americtmos: 218 XXI St•ma,w Es11ecialiu ul11 para<a Formaç,io Anticomunista: '219 E.mm,larrts d11 TFP 1/iánte dtJ Capü6lio de WásMn• grtJn Hnmillon d'Avila: "27!> Tl-'P dmllga pelo Btt,sll " reportag,:m s obrt! o C hile: 279 A estratlgia com1111isw tias ttU1pas t! n Uç,W ,ro Vitt11ii: 180 A 1101í1i,~a tlt> dlrtrusti<> ,lo Vatíc:Oit(I com IJS go11emos a,m,mi,rm.f / Para a TFP: omilir•S<? Otl rr;ri.\'lir?: 280 Dip/OmMtt ,•ie111tm1ilt1 ,•/.Jittt a 1'FP: 280 TFP reiubifo-se .- 0 111 li() /0. 0 attfrt•fsário ,fo Re,'l>· l11ç17o 1/t' Mnrçô: 280 PoM11i11 lfrrt condrcom o Prof. PlinitJ Corria de O/freira Com a Grti-Crw;, tia Ord.-m ,lt, "PoJonia Rt*stiwta", t ntus:ue /lt!.lo Ministro R:yski: 2S1 TF/> ,le luto pt l11 1m)rtc 1/n Re,·tlu, Madu Mmir, '-ctícia: 281 Carrftal MindJttmy rectbc mcm-agcm das TFP.s: 281 Móm·. Cttu110/i ,leu 11oi·o J1mtl,mie1110 (; 1lt:C'lart1ftío ,la TFP: 282 li TFP ,lrs/M,. co11jimio " rf!spci10 tio Urug11ai: '282 f'ow111r,10 para op,•rdrios em $,ío Poulo t lJt"IO Norí:,tJnr.-: 282 IJOm(!11agu1.do rm Stiu l'twlo o E,'(mO. Sr. OiJ/10 Diousano: '283 Preito à m ,•m tirür tio J:,,g,0 A tt>rt•tlo SmuoJ·: 283 Tl-~P c:omle11a lil),:r1,ç,iq ,Jc a,11iconccpcio11ais: 283 Colt•t/,nt'lr da TFP ctlit1ult1 1111 1t6/ü1; '283 TF/> 1/t•/c ,u/e 11Mri111ô11io 11rtfstico ,te Prtmca; 183 TFP condcm, Ubcraç,io dr muico11cepcio1wis: 2$4 Atiwdt: co11trt1tfit6ria do Episccpodo Nortc--a,m•rican<,

H.

Justo Ukon Taka>·o ma, u ul,or /cm/ai, guerreiro e santo: 281

186 Ca,ta da TFP 1trug1u,ia tló Prr.sitfeute /Jor,/ab,:rry : 281 Co,,gmtulaçi;e,-t rir, A ssemb/éit, tf<r Gut111nbara: '287 Correspomfe11trs tlll TFP r~wtem-$e cm Campos: 281 TFP Jnt. pu~grinoçúo a A1it1recith1: '287 Com grande ~-olt!11ltlad11, " TFP immgura :eu 1101·0 auditório ; 288 D i.sc11rsô do (i~11ert1/ So111.a h1t'llo: '288

{Ver t:tmbém: SECÇÕES / C AI.ICEM DoMINI

(Ver rnmbém: Secções / Co~utNTANDO) TFP promow: Missa l! ma11l/C's1ttç,io (ívicd em Stio Paulo / Rr,·t•re11cfru11/o a m emória ú11s víliuws da stilt1 co,mmi.rta: 211 ConJu;ucia ,lo é'm:mregrrdo tle Nt•g6tios ,lo Vi<'fmi

Um c,,1,Slico 28S

277

H . 1).: 282 rmbust,· t i·iol€11cia -

/ P11ra as tira11i11,t com1111istas, otimiJmu e conJi1111"11; JJ(1rt1 o.r go,•tmos nuticom,mlsta.r, suspi• cúcia iuquisitoriul e /ao,:,: 28S TPPs crl11m cm Pt1ris um ucrir6rio ptua II Europa: 28S Tf'P lt111çt1 livro na S,·nuuu, Antlcomurtisto: '285 Cru cimcmo ,lcmográJ;co: TFP JeUcita ,Jcputado: 285 TFP: dc,ro111 tio tllvérci<> tl.:1u•mle ,fo Episcopa,lo: 286 Autlccmcepcio11t1is: 1'FP sugue co11s11ltt1r o t:piscoptfdo:

CAMõFS

/lusta o Se11hor mnis rico a mor pobrez.a: 288

O h1trc•gt i

01•t!llu1 ,ta 1111s obras (VE):

/ti, rtlPIJJ/J m,~· e111,a11l1dt e lobo

'2.11

Fugir do hrr(lge como :t(' foge tia pt•.,·te tVEJ: 27$ 0/e,u/,:r ,, F~ cm algum ponto é dcstruí-111 toda (VE'); 283 A eoragt1m tlt! J11~cr um jufao s«vem sobre• o próximQ (VEJ: 284

MÁRIO A. CORMA A lir,io ,lo jacurtmd6: 219

MIGUEL BECCAR VARELA /)i.Ju:nsão. ,, 110,•u t' imcu.w M1111iquc: 28 1 Autodcmoliç,io do OcMt:nte: 28 1 7 t'lligmos: 281

MIGUEL PORADO\ YSKJ, Pe. A gradm,I marxistit.t1('ri<> d t, Tc:ologill: 286

PEDRO MORAZZANJ BOSCHE1TJ fJispo c11bn110 cxi/111/0 repmli,, a rt•oproxí11wfáO cmn o ,·,,strismo: 2-84

P~ RICL FS CAPANEMA Distt us,io , a noi·11 e l111é'11Sa Mm,iqut•: 281 A11t01h•1m>liç ,io ,to Ocith:11u:: 281

7 enigmas: 281 Umh lu'stl,rit, dt! t mbusle t violE11cia: 2-84 Rf!aprQximnç,io cQm C uba, gol11e tle morlt' m,.t t·spe• ronç,,s ,lt! um sm,•o : 284

Ap,..tt1r ,fo Cmtrc> :

O/ll't'StiÍIJ,

des c:0111i111um1 a11oi11111/o Fidel

284

Noss,,,,. homt uagc•11s e nosso repúdio: 284 O ,,ue os so,•iéticos nl(liS t1ml>icio11am: '284 O livro d ~ Cdso Furtrulo: 1fucm,ot,,ime1110 ,lo 11dtt:1 [NV I: 287 Porwgol: oJ· perg1111tC1S que F6tima coloc11 (NV): '288

rm.ios, cabt \11:t WJt it,s (C): 278 para brtuildros de escol (C): 279 .-1.r r-i11t:fJ tt·,t ~.t dl) amicmmmlsmo rutdto (CI: '279 Como j6 tiit,i(, M1,quim•el, .. {CI: 219 A 1'mli.r11t•11s6,•el rcsist211cht lC]: 281 Resistimio , • . I.C): 281 Vo ;: dos <1ue s,: t·alom 11c,1br,m/1tulos (C): 281 Se u c,,ritl,idt: m(md(l 11mar os /1t!Ctulore$: 282 Müls 11111 C,rrtltml <m rc•sistb,cit, (C): '282 O " ,fim" J "mí<>'1 - f> ''11úo1• é "J.•im" lCI: 282 Rt•siçlimlo e t111l111ulhulo [C); 282 ''A Ostpolitík tio Vátic,1110 /11vorec< Moscou'' ICJ: 28l c,,s,,roll: •'i11corporáÇ1ÍIJ "º Ctillltxto" IC): 283 N,io cc>11,çeg11i1110:t com1u-e,:mler ICI: 285 /9,58./974: que rc:mltado.'í? {C): 285 .. Dhei11, .. . .. (CI: 286 Sobre Cuba {CI: 286 Mtds umn dos iludidos tt•11crr1sos IC): 287 Tt•nwras que arrtmcuriam lútrimt,>' (CI: 287 Con/orme q11cr Jlutlapest !CJ: '287 Sobre " TFP ICJ: 288 Cuba: su.spcudeutlo o ,·éu,. , (Cl: '288 1'mu1ues

P ro,·eitQSIJ

ROBE RTO GUIMARÃES A111,~ ,, pt•1'S<'f;t1iç ,11J t;01111mis111, o heroísmu cutólico: 28S

PIO XI, Papa

SÃO BERNARDO

Ide a 1'o mds : 219

C11stigar o c,ime toml;l m ,,ara t!scarmc"11l0 ,los 111,ms (VEI: 282

l,;refll ,lc,·e nôo s6 cnsim,r ,, r(:r(ltulc-, uu,s tnmbém ,lc•mmci,,r IJ err(I ( VEI: 280 A cot•ducafâ(J é errlh1ct1 t· 11er11iciosn I VE); '286 Q,u•m mais contribui 1wrt1 salw,r 11s almM s,ío os (J11~ oram r .'íl! 11w,1i/lcam (VEJ: '288

SÃO JOÃO BOSCO g "'' i1ll'f.'tlltule que guolmt!11te

PIO XU, Papa

C m111,re

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A /grt!jo ,h·,·e uiio ,t6 cnsinar u rutladc:, mas também 1/emmciar o erro IVE): 280

PLTNIO CORMA DE OLIVEIRA O .slc11lo de Plfulo VI: '211 Juho temerário: 278 O que é a modernidatlt (C): 278

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tfc•cü/1• Q tl~ifino tio

h ómcm JVJ.f l : 219

SÃO TOMÁS DE AQUIN O e,\'li11guir " / 11gu/Jw (mie~· que tJ i11cêm/io ateie (VE): 285

SILVA MEffiA Trinta e oifo filhos: 279

WALT ER BJANCALANA PC

Jro11c{,s experimento um 110,·o figmiuo: 2SS

Je


A CNB'B distribui a' imprensa a intervenção do Exmo. Sr. Bispo de Lins na Assembléia Geral de It.aici

Contra o CELIBATO ECLESIÁSTICO CELIBATO sacerdotal pertence ao patrimônio, dos mais nobres e venerandos, da Igreja Latina. Conhecido desde os primeiros séculos, estriba-se na palavra do Espírito Santo, por boca do Apóstolo na 1.• Epístola aos Coríntios, cap. 7, vcrs. 32 ss., onde se aprende que o cuidado das coi~-:is de Deus pede não haja preocupação com es-

Ü· posa.

No século XVI, os protestantes, entre os dogmas e costumes da Igreja, rejeitaram tanlbém o celibato obrigatório, imposto aos Sacerdotes do rito latino. Julgavam exigência descabida -

aliás de uma coisa impossível -

impor ao3

Sacerdotes, que não fossem agraciados com o dom i nefável da castidade, o celibato por toda a vida. A fim de opor uma barreira à infiltração herética nos meios eat61icos, o Concílio de Trento

definiu taxativa e claramente a verdade revelada que ern negada ou distorcida pelos pseudo-reformadores do século XVI, corno reivindicou solenemente as tradições milenares da Igreja. Sobre o celibato sacerdotal teve esta definiç,7o explícita: "Quen1 1/isscr que [ ... ) poden~ contrair matrimônio os que uão se sentem possufrlos tio ,10111. ,la castida,Je, abula mesmo que li esta se tenham obrigatlo por voto, seja anátc· ma. Pois Deus não nega o dom. ,la castillatle aos que Lhe rogam devidamente, a/ént de que ruio permite sejamos tentados acima 1/e nossas forças (J Cor. 10. /3)" (Ses. XXIV, cân. 9). E. prosseguindo na tradição já anterior ao Concilio de Trento, a Igreja sempre exigiu do Sacerdote, na Igreja. Latina, estrita continência. total fidelidade ao ccliboto.

Uma vaio estrondoso (tois processos se usavam) Não obstante, nesta era pós-conciliar tem h;wido muitas tentativas (com largas e dolorosas repercussões no afrouxamento da vida cristã) de abalar a Igreja tradicional, tanto no Dogma e na Moral como na disciplina. Entre semelhantes mazelas cslá a ogerisa ao celibato sacerdotal. Lembremos alguns fatos. Há anos atrás, saíu em noticiário de jornais o resultado de um encontro de Padres que, dizia-se, eram do lcstc-1 da CNBB, e que se 1inham reunido para estudos sobre o celibato sacerdotal. Semelhante resultado não alinava lá muito bem, ou mcJhor, destoava do que pouco antes declarara o Santo Padre com relação i1 sacros.~anla lei do celibato sacerdotal. Diz.ia-se. entretanto, que o citado encontro se fizera sob os auspícios de um elemento entrosado na direção da CNBB. Em defesa da tradição disciplinar da Igreja. solenemente confirmada pelo Concílio de Trento, e para desfazer a estranheza que o ta.1 resultado causara no público fiel, nosso Bispo, D. Antonio, escreveu um arligo para o rnatulino paulisrnno "Folha de São Paulo". Nele, para ressalvar o nome da Conferência Episcopal, adiantava S. Excia. Rev1n:l. que, :l ser verdade o que se propalava sobre a participação de um elemento engajado num dos Secretariados da CNBB, es1a certamente já teria adotado as medidos oportunas requeridas pelo caso. Observação de simples bom senso. Jamais poderia alvoroçar ioda a entidade representativa do Episcopado Nacional. Pois comoveu toda a Conferência. O momento pareceu-lhe propício. Realizava ela uma assembléia geral. No conclave, julgou a direção da entidade coisa inaudita que alguém viesse a público levantar suspcit:t, por menor que fosse, quanto à amorosa adesão do organismo à tradição eclcsiás1ica. Levou-se o protesto ao ponto de tentar com uma estrondosa vaia - que tais processos eram então admitidos - se1>t1ltar as pretensões do Prelado que ingenuamente ainda pensava que dois mais dois são qualro.

Anos depois, o Sr. Bispo de Lins Passam-se os anos. Novamente se reúne a assembléia geral da CNBB. Novamente se trata dos Padres que se divorciaram dos compromissos solenemente assumidos na ordenação sacerdo1al, de viverem castamente por todo o sempre. Fala-se, discute-SI?, esluda-sc. Afinal resolve-se que cada caso seja caridosa e cautelosamente estudado pelo Bispo cm cuja Diocese se cnconlrc o Padre relapso. Vem agora a CNBB e, juntamente com seu boletim ..No1ícias", manda aos jornais, para ser publicada, a intervenção que o Sr. Bispo de Lins, o holandês D. Pedro Paulo Koop, pronunciou na assembléia de Jtaici. ~ ela derramadamcnte favorável à reintegração total dos ex-Pàdrc.s. Não sem uma severa censura à milenar disciplina da Igreja Latina . Com efeito, começa S. Excia. declarando "passado deficiente" a formação para o Presbiterato no celibato. deficiência que " veio clamorosamente à tona durante o Concílio Yaticarro li" (poderia acrescentar que os "clamo-

res" contra o celibato fora.m, no li Concilio do Vaticano, levan1ados somente por ele mesmo, D. Pedro Paulo Koop). E encerra sua intervenção afirmando que os Sacerdotes "agracitulos com o raríssimo tlom ,lo ccliblll<> [ , .. ] COlllinuar,io sendo COMO SEMl~Re FORAM uma minoria de elite, INSUF!CIENTE pam <ltender às necessidlllles espirituais ,lo povo" (grifos nossos). Em oulras palavras, julgou o Sr. D. Pedro Paulo Koop que a Santa Igreja teria falhado, ao impor a lei do celibato sacerdotal, porquanto esta lei impediu que E la cuidasse suficientemente das necessidades espirituais cio povo, zelo esse que é sua razão de ser.

Surgem eJ·flulol' sobre a situaç,ío destes nossos patlres - o que esrãó sentindo, o que coutimm a siguiji,·m· a nova vida deles pt1rt, a a1i,1itltule pastoral, quai.y lls sm,s tlfivitlatle.,· e aspirações. Surgem e:i'lwlos afrultt J'<>bre como coloctÍ-los - recoloct.í•IOJ' - (l tlisposiçiio ,Jo Senhor tia Igreja, Jcsu:r. o Bom e Supremo P,u·ror. é"u apelo parti nosso senso de responsabilidade: que a e.rperiêucia de uosJ·os pa,Jres (:omo s11ct·rtlotes, assim como sua nova experiência como chefes tle fmnília, sejam, de motlo atlequado e dentro de.,se novo e.rtilo tfe vida, colocadas t, serviço ""·\· ,·omunitladcs. igrejas doméstic<u· e tle base, facili101u/o•lhe.r inclusiw: ti celcbr'1f<ÍO dt1 missa. Faço minha.,· as palavras do 1íltimo Sinotfo sobre os agentes de p'1storal: .,o problema 110 diminuição 1/0 mímero de sacertlotes, seja p0,· cm,s,, tftl e.s-cassez de vocações, sei(, por ctmst1 tias des;stiincias, im.põe encontrar 11ovlls formas tle ministérios" - pre.sbiteriais inclusive, acres· cento eu. Néio cedam, m eus frmiiós, 110 rereio ti~ que isso vá tentar os padres celibmtÍrios, a remmciar a este ,·arfa·ma tão eminente. Os <1ue são ver<lculeiramente agrtu:iatlos com. o rarí,fsimo dom ,lo <:eliboto c.tlllfllO por si mesmos ao t1bri,:o dessa solicitaçlio e conti11u'1rão sendo co1no sempre foranr, uma minorla ,Je elite, insuficie111e para htetuler tis necessidades espirituais do povo. Que parta desta Assembléia um apelo ,,igo• roso tlós (/ue tletêm o poder tle decis,io, Jacu/. tc·Se a reinclusão dos. ,lcsnecess<Íria e, às veze.r> 1/escaritlosamenrc excluítlos das fileims tio clero. Que essa reiuclustlo J·e faç,, pl'i11cipalmente a nt vc/ das comunidades de bt,se ou no e.rercício de outros m;nistérios p,·esbiterais.

O Sr. Bispo de Campos tinha razão Como se vê. não era destiluída de fundamen10 a hipótese levantada pelo arügo de D. Antonio, de que na própria CNBB haveria interessados na eliminação do celibato saccrdolal. A distribuição aos jornais pela própria Sccrc1aria da CNBB, do pronunciamento do Sr. Bispo de Lins é disso prova. Para se convencer, basta tomar coni1ecimcnto dos termos da inter· vcnção do Sr. D. Pedro Paulo Koop. que 1>assamos a transcrever, no texto enviado pela Secretaria da CNBB: "PADRES FORA DO MINJSTfüHO êCLESIÁSTl· CO / INTERVENÇÃO OI! DOM PEORO PAULO

KooP, 81s•o oe LfNS, SP. Um passai/o deficiente quanto ii formaçlío pt,ra o Presbiterato 110 celibato veio clamorosamente à 1011a durante o Concílio Vaticano li e depois dele. No Brasil. mllis de 2.000 1uu/res se vêem excluídos ,/e qut1lq11er min;stério eclesiástico, e, s6 110 ano de /973. 223 pçdimm dispensa do celibato. Calc11la-se q11e em 1974 se desligaram llproximadanrente 300. O r,,ímero tios patlres que morrem ou se casam .rt1pct'l1, tle modo cada vez mais acentuado, Q d/lquclcs que são ordenados. A Igreja tio Brasil, cada vei mais carente tle 1>adrt:J', ,,ermite•se excluir os tJue se casam, como se pecado· re:i.· fossern e pecadores contimwssem. Os padres as.rim. excluítlos., continuam nossos sacerdotes "in aetenwm'1 , Na cidade tio Rio 1Je Janeiro vivem J.000 (mil) deles, e outros tau .. tos eu, São Paulo, 1Jevcndo lun,er 200 em Bn,.i1/ia. Muitos se estão organitando em grupoJ·. A maioria continua a interessar--.t c vivamente por tudo o que se passa 11a Igreja. Alg1111s pedem insistenteme11te que posstmJ participar do convívio e das reuniões presbiteriais. E hoje, a 116s bispos rc1111idos nesta XIV Assembléia, pedem que os incluamos em. nossas soliciwdes paJ·torais e que venhamos ao encontro tle suas aspirações - avoliando srw experiência com as "alegrias e esperanças, as tristezas e as 011gâ,·tias dos homens de hoic". Ultimt1me11tc, cntrt' nós, bispos do Brasil, cresce o interesse pcl" situação dos pôdres que se afastam. e foram afaJ·tados do mimº.,·térlo eclesiástico. Entre e/eJ'., surgen, movimentos de encontros e tle solidariedatle. A ume,uam também seus contactos co11osco. seus bispos, cm vista de uma possível reinte,eração ito pastoreio, rnesmo presbiteral.

ltaici, X l '/1 Assembléia Geral da CNBB, 26 de ,wvembro de /974.

08S.: Publique-se esta tlocumentaçlio a pedido de Dom Pedro Paulo Koop, Bispo dioceSlmo tle Li11s, SP".

Curioso voto~ão

Poucos dias após o en<.:erramcnto da assen1bléia da CNBB cm Jtaici, o ex-Padre João Tortaca enviou aos jornais o resultado da votação ali realizada sobre os "Padres fora do Minis• tério··. Já é estranho tenha tão depressa esse ex-Padre tomado conhecimento do resultado da votação. Teria ele algum representante na assembléia da CNBB de Itaici? - Ignoramos. Pela folha de votação que nos enviou o Sr. João Torraca, vê-se que maioria de doi.s terços dos votantes - note-se, não do Episcopado, como pede o documento da Santa Sé parn a aprovação de decisões das Conferências Epis• copais (cf. Decreto "Christus Dominus", n.0 38,4) - foi favorável a que "seja solicitada a tle:;centrt1lizt1f<ÍO dos processo.r de "laic,'u1ção" (e o processo se faça 110 Brasil e ncio em Roma como 11tmd11umte)'', Quan<lo, porém, .se tratou de estabelecer se o processo deveria ser feito ~m nível nacional, diocc.~ano ou regional, ne,.. nhuma das alternativas conseguiu dois terços dos vot:lntcs. Quer dizer que o tribunal dcvcní ser no ·e rasil, porém, cm nenhum nível elesiás1ico! Desde que rejeitam Roma no caso, qucrc· riam os Bispos íavor;)vcis à descemralização confiar a decisão a algum tribunal leigo. não cclcsiás1ico? OiílCil conjcctur:ir.

Comissão médica da TFP contra o ''Diu'' A COMISSÃO Médica da Sociedade Brasileira de Deresa da Tradição, Família e Propried:..de enviou aos Ministros da Saúde, da Educação e da Justiça, Srs. Paulo de Almeida Machado, Ney Braga e Armando Falcão, ofício no qu:ll apóia recente memorial de médicos fluminenses contra a utilii..nção do instrumento abortivo conhecido pela sigla DIU. O ofício é assin;ido pelos Srs. Dr. Antonio Rodrigues Ferreira. de Belo Horizonte. Prof. Jorge Haddad. de São Paulo. e Dr. Murillo Maranhão Galliez, do Rio, respectivamente Presidente, 1.0 e 2.0 Secretários da Comissão Médica da TFP. O texto do documento é o seguinte: "A Comissão Médica da Socie1Jade Bn,silciro

de Defesa d" Tr"dição, Família e Propriedade. terulo ,malisado detidamente o Memorit1I tle Médicos Fluminenses sob,•e o tema ''DIU: arte• Jato abortivtl', t•1n1ituló « Vossa Excelénâa, 1/0 qu11/ tomou conhecime1110. ~·ente-se 110 dever <lc se prommciar sobre ,, uwtéria. O altulido memorial. bt,seado 110 que há de m,iis s6litlo em pesquisas cie111ífic1,s recente,\·, como wmbém 110 Cótligo Pe,wl Brasileiro. tlemmcia, em mome11muito opQrt,mo, manobra auti1><rtriótica. Com e/eito, segundo observam, judiciosamente IJs C<r legas flumin enses, ''t, institucionalitaçií.o do anticoncepcio1u,/ismo e de métodos criptoaborti· vos constitui ft1lst1 e contraditória tentativa ,/e rolucionm· os grnves problemas l11111umos. pois consiste enr. prátict1s que, por sua 1wturcu1, são contrádas ii ordetn mort,I, [, .. ) diminuem o vt,lo,· da vitlt, lrnmam, e 1lesfiguram " família, e se constituem em fatores de corrupção e degradaç,io da societla,I(• que O.\· i11.\•1iwcionaliza'". A den,aij·, também. "POiálnos o mcncionudo memorial porque, 1 atualitlode, não é mtlis desconhecido o efeito deletério do DIU .,obre o novo ser humano em seus primeiros dias de existência, ou seja, não se ignora, hoje em tlfr,, a ,,ç,io abortiva pl'ecoce tlesse 111·te/ato". Estarreceu-nos, por outro lado, a 1/emíncia 1/e que este aparelho abortivo vem sendo u,rndo livremente, tm caráter experimental, nas CÚ·

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nicas universitárias. Desttt forma, parece-nos nccesstírio enca,·ccc,., com os Coleg'1s f/umi11e11ses, que, ··,,os efeitos nefastos jtÍ t:iuulos, somam•se a corrupç<iO e o pés.simo exemplo para li fonnaçiio ética tle jovens esrudantes que se preparam para exercer a mais nobre tias pró· fissões". Rcs..ra/varuJo-se, como é óbvlo, o uso do referido aparelho, rcstriugitlo a pesquisl1,f em auimâiJ' de laboratório ou à wiliz.ação em clínicas veterinárias, jamais se justificaria li aplicnçiío desta prática, infelizmente atlottula por no.rsos esru,Jon1es de metlicina, ao ser /111mauo, "incli,umdtros tló cr,·o gravls.fimo 1/e ,·e1JliZt1rem experiência in anima nobili"., e ''intlutindo-os ,, traírem, por antecipação, o juramento que irão /'11..er·. Além disso, medi'1ntc a aplict1ç,io tio DIU,. fica a mulher brasileira ti mercê de cerras cam• pau/wy antlpatrióticas cm que lhe siio so11egada.r, inclusive, as informações indispensáveis qutmlo aos efeitos uoclvos parti J·eu organismo. produiitlos por este arte/aro abortivo. E, ,leste motlo, ela ntlo chega a ter ,·ouhecimenro tio pe· rigo ti que está sujeita. Já em 19 de julho tlc /972 rcve " Comissão Médicll da TFP a S'1tisfação ele envit,r ao cntiio Ministro tlt, lu~·tiça, Excelentíssimo Senhor Doutor Alfredo Buza;d, memorial 11 respeito do aborto, demonstrando a nocNidade ,la t1ceiw ção de prátic,, t,io criminosa, tendo .pos1eriorme111e 11 ,,Jegria de ver ainda nwis reslringi<.la, em nosso novo C6digo Perwl, a permissão legal da prática da interrupção voluntárü, e artificial tia gravidez. Pedindo, pois, 11ue leve na mais alta consideraç,ío r,ío oportuno documento, esperamos. confiados 110 e.tpírito 1>atriótico de Vossa Excelênda. que mcditlas saneatlora.~· cortem pelt, ralz. l!Ste grave mal, que vem ating,',ulo a famÍ · lia brasileim. Certos de que nossa soliciwção encomrarú Jt,vorúvel acolhida, aprovet'tamos o ensejo para manifesta,· a Vossa Excelência nossos protestos de elevada consideração". 5


Conclusão da pág. 2

''EU CREIO... EM MARX'' tinopolitano, isto é, o Credo que o Celebrante reza na Missa desde o século IV (ou antes, rezllva, até 1969). "Crecr só/o en Jesucristo" - é o que pro~ fossa o ex-lente da Gregoriana {já vimos quem é "Jesus" para ele). ...A lgw1s jovens an-rigos, quantlo lhes e:cpo-

nho o sentitlo de minha fé. me ditem: -

Tell

mo,lo ele viver e conceber (l fé en1 Jesus Cristo parece-nos de iodo positivo. Mas, se esta é ,1

rua fé, como podes permanecer na Igreja Cat6/ica?" - escreve o fPe, Dícz-Alegrfa (p. 141). Pergunta mais do que lógica, que o Padre responde de modo dialético (no sentido hegeliano e marxista do termo) : "A expressão "permanecer na l grej<t' 1cm uma certa ambigüidadc, porque a pr6pria pal.t1vrt1

Igreja

lem

tuna

1>olivalê11cia dialética

(pfJ<lerfomos dizer), . que faz com q11e os cott-

rornos tle sua significação se revelem neccssal'iamente algo /lui<los. Posso até <lizer isto: eu permaneço na Igreja permanecendo na Igreja Católica Romana. mas isto não signifi· ca que as expressões ºpermanecer rra Igreja>• e ,•'pernranecer na ]grela Cat6/ica R.omàna'' scjllln e.tirita e adequadame111e inrcrcambiâveis. A lgre;a de Cristo é mais tio que a lgre;a Católica Romatta. E " lgre;a Católica Romana não é eni tudo e p,1rtl todo o sempre lgreia ele Cristo.

· (, .. ] a pequen,1 comrmidade t1posr6/ic(I de Jerusalém, no 1/ia de Pentecostes, era a lgreia de Cristo. Mas

"ª

li

lgre;a Católica Roma-

arual, ,1s Igrejas ortotloxaJ· orientais separai/as de Ronra e as Igrejas protestantes (umas mais, oulras n1e11os, mn<1s de um modo, outra.t ,Je outro, Cristo o julgará 110 seu dia) esteio <1rwfi1ativa1ne11te muito longe daquela primígc· na comunitlatle apostólic'1. Por isso. 101/as elas (em diversos m0tlos) "SÃO" e .,NÃO SÃO" lgrC· ja de Cdsto. E pertencer a uma delas não é, s6 por isso, pertencer ,l lgre;a ele Cristo" (pp. 141 -142) . ,.Pois bem, se a lgrejt, visível é e NÃO ê a verdtuleirt1 Igreja de Cristo (ã e NÃO é, AO MP.SMO Tl!MPO).

e se deve (li cada it1slat1te),

chegar a sê-lo. mas não o conseguirá com pie· nitude até a parusia. parece•1ne que o que Cristo pede a totlos os que crêem. nE/e são duas coislls: permanecer na Igreja visível (enquanto depender de C(l{ft1 um). 11Uls pcrnUl· nência ativa e crítica (tmtocrítica e ec/ésio-crr.. lica), con,. uma liberdade cristã irrenw,ciâvel de consciência e 1le expressão: tle "tliâfogo" (pp. 145-146). Mas, ".refor tlado ,; <1/guém escolher entre renunciar ii "alitudc ativa" [ . .. ] ou ser excluí• tio tia Igreja Ca1ólict1 por um mecanismo jurídico de excomunhão a,ratemática [ . .. ], esse alguém, se crê em Jesus Cristo com fé genuína. tem que escolher a "atitude ativa'' [ ... ]. A respo11sabilitlatle ele sua exclusão ela Igreja Católica .reria e/aqueles que o excluem. Não ele/e'' (p. 142). (Note-se nas entrelinhas a ameaça à Autoridade de "entregá-la às feras" se ela quiser tomar alguma atitude ... ) . Nas (1ltimas páginas do livro o Padre explicita mais claramente o porquê de sua permanência na Igreja Católica: contribuir "co,n minha ativitlade de professor [da Universidade Gregoriana, não esqueçamos!] • cottferencista, para POR EM MARCHA UMA Rl!VOLUÇÃO CULTURAL NA fCRE.JA , a fim de <Jue o cristianismo dos cristãos se converta em ético-profético, e sua atitude em face do proces.to revolucionárió de libertação dos oprimillos chegue a l'er um tliá a que corresponderia a uma genuína fé em l es11s Cristo" (p. 195). Permanecer na Igreja, para transformá-La de dentro dEla. Não é essa a estratégia do IDOC e dos "grupos proféticos", para transformar a S~nta Igreja cm uma Igreja-Nova panteísta, desmitificada, dtssacrali.zada, desalienada e igualitária, a serviço do comunismo? (Ver "Catolicismo", n.0 220-221, de abril-maio de 1969).

O "pecado social" da Igreja No afã de pôr cm marcha a sua "revofu .. rüo c11lt11r(I/" dentro da Igreja, o sociólogo da Universidade Gregoriana não se cansa de

acusá-la. Em conferência pronunciada cm Oviedo, cm 1970, afirmou : "A Igreja cometeu um grande pecai/o social e hist6rico nos últimos dois séculos. A aceiwção acrítica e ll cO• faboraÇ<ÍO co1J1 referência tio sistemtl ct1pitalista moderno, que corresponde a wnll concepção tmticristií do homem e da sociedade, e que 6

eriou uma societlatie 1lc11wsia1/o injusta, peran· le a qual a Igreja tem sitio e é demasitulo co11servadort1" (p. 56). E mais além: ''O pectulo hi.ttórico do cristianismo do século XIX foi o tle ter aceito a filosofia econômica e soctfll tio capitalismo (aceitóu·a de Jato), ao mesmo 1empo <1ue r~· jeitava os tlSpectos positivos do liberali.srno pol'itico. Esta aceitação tios 1>rel·suposto1; do capira/ismo acentuou-se ,, partir de J848, pela l'cação 1owlmc111c 11cgativt1 tios t·ristãos tia épo-Cll (com poucm; exceções) perante a revolução so<:inlista. A oposição demasiado monolítict, e acrítica ao fenômeno histórico cio socialismo moderno é outra face tio pecado histórico e soci<ll tia Igreja no século XIX, que C1intla hoje constiwi uma pesada hipoteca" (p. 58). Em suma, o grande pecado da Igreja foi opor-Se ao socialismo. ao invés de colaborar com ele, como quer t.> Pe. Díez.Alcgría, e com ele o IDOC e os "grupos proféticos", os "Padres do Terceiro-Mundo", os ºcristãos para o socialismo''.

" Profeta" da sociedade se m classes Linhas acima, vimos como o Pe. Dícz.-Alcgría se refere a Sofonias como o "profeta me.rsilini<:o tia "societlade sem classes". Não sabemos em que o douto Jesuíta baseia essa qualificação. Se algum qualificativo cabe a Sofonias, este será, parece-nos. o de Profeta do Dies irlle (cf. Sof. 1, 15-16). Na realidade, já o sabemos, o mestre do nosso Padre não é Sofonias, mas Karl Marx. este sim, "profeta' ' da sociedade sem classes. Seguindo s-eus passos, o ex-professor da Gregoriana considera um "tremendo equívoco" aprcscnrar como ideal <:ristão a colaboração das classes. "A colabor11ção das classes escreve - supõe " aceitação <le um sistema ,te classes fortenrente discriminatórias. Não. O IDEAL CRlSTÃO Ú O DE UMA SOCIEDADE SEM

,Jtmçt, revolucio11ári<1 tic estruturas. Este fato brt1t<1/, <lese/e João XXII/ e tio Concilio Vatit·mu> 11 estâ ,.:omeçando ,, perder o seu monolitismo·• (ibid.).

Abolição da prop riedade privada "A teoria ,·onumisttt pode ser resumida

em um sim11le~· princípio: aboliç,io tia J>rOprietlatle privllda", reza o Manifesto Comunista, de Marx e Engels. •• Não há cristianismo .rem com,midtulc de corllçiies. e não Irá co11umitltuie de cor<1ções sem l!FETIVA COMUNIOAOU oe OENS", proclama o Pe. Dfoz-Alcgría numa conferência pronun .. cinda cm Assis, a 30 de dezembro de 1967 (p. 93). Se cm 1947 o Padre-soci61ogo, em suas aulas na Faculdade de Filosofia dos Jesuitas crn Madrid. já interpretava em sentido "relmi.. vamente t1berto" as teses da ''chamada tloutri.. na social da Igreja'' (p. 27), suas "reservttr" quanto à doutrina a respeito do direito de propriedade inclusive a propriedade dos meios de produção - como sendo de direito natura), vinham de bem antes, do tempo em que cursava Filosofia, nos anos de 1936-1937. "Havit1 em mim - escreve ele - já tles,Je e1tl(ÍO, uma confusa inwição de lJtte li ,lowri· ,w tio Magistério .robre t, 1,roprietltule priv(l(i,1 cios meios tlc produç,ío ligava poderosamente a Igreja ao c11pitalismo, opwrlra-,, ratlicalmen-te <lO socialismo (sobre um tema que. nad" ti· 11/w que ver com a fé), e ft1zi<z a lgrcjt1 servir i'í ctwsa do conservtmtismo socit,I, levmulo-" ,Je encontro aos anseios de libertação dos oprim idos" (p. 88) . O Pe. Díez-Alegría descreve como procurou livrar..s-c "tia tremenda lripoteca que pa. m minha consciência tle clllÓlico re1,re,re11ww1 a ,,firm<1ção do magistério dos Papas de que a propriedade privada tios meios ele produção é "direito naturaf'. Uma afinnação <Jue PROCE-

(p. 50). Em lugar destas, deve haver tão só "grupos so<:iais funcionais''. cujas diferenças não são ''tliscriminat6rias'' nem basCâ· das nos "privilégios", mantendo-se numa ''/inira horfr.onwl". Ora, 1'a aceitação deste itleal orientador supõe uma rcvohtçlio tlc estruturas cm nossas sociedades capitalistas burguesas''. verdade que "nas societlades socialistas podem .turgir novas contnuliçõe.t 1/e ºclasse.,, que será preciso esforçar-se por superllr. M ,,s. tle ft1to, COM

e não ,Ju genuín" tr",Jição cristã. Unw afirma• çiio, em ríltima tmálise, e falando .,·em eufemismo, "FALSA" (pp. 101-102) . Nem mais, nem menos: para o Padre, é falsa a doutrina dos Papas a respeito da propriedade privada, que para ele nada tem que haver com a Fé (como se não tivesse muito que ver com a Moral, já que existem o 7.0 e o 10.0 Mandarnento.s: Não roubarás e Não cobiçarás as coi1ras alheias). Mais ainda:· essa j(cioutrina do

RELAÇÃO AO 1-.RODLEMA DA ELIMINAÇÃO OE OIS·

Mllgistério sobre a propriedade />rivatla [ .. . )

CLASSES"

e.

CRIM INAÇÕES OI! CLAS.~6, a OAOllS

SOCIAl, ISTAS

meu ver.

MARCAM

UM

DIA 00 Lf8ERALISMO BURGUÊS 00 SéCULO XIX,

AS SOClE-

e .mll atitude "" ,lia/ética histórica entre capi-

PROGRESSO

wlismtJ e socialismo, comparadC1s com os vil.. fores evangélicos referentes aos bens deste mtmt/0, SÃO UMA DEGENERAÇÃO" (pp. 105-106).

(p. 50). A,gora, se é necessário procurar passar de nossa sociedade (liberal, burguesa, capitalista) p~ra uma sociedade que se aproxime do ideal da sociedade sem classes (socialista), "potler-se~á e/regar a is.ro sem lwa, não NECESSARIA· MENTE armada?" pergunta o Pc. Dícz-Alegría (p. 51). "é se esta luta é NECESSÁ.RIA, com que fatores sociais da realidatle podemo.f contar para ela? Com as classes privilegiadas e superiores ou con, as classes inferiores <1ue sofre1n discriminação?" - torna a perguntar o Jesuíta. E resJ)Onde: ' 1Evidentemente, em seu conjunto, uma luta como esta, quando tonwda a sério, ,,presenta--se como luta das cfasse.t explorotlas e tlominatlas (com totios os que se somam à .r:ua lura) conlra llS elas.ses privilegia, das, que, em conjunto. defendem seus privifé.. gios (com qwm1a força e violência, 1emo-lo ,fiante dos olhos)''. Por isso. "seja,n benvintlo.t todos os que quc,'ram somar-se. na luta por uma sociedade sem classes" - exclama ele (ibid.). Na referência a tal luta, cnão nccessaria.. mente armtult,", não há um convite implícito à guerrilha e ao terrorismo? "Na situação atual do n1111ulo, está ,,contccendo que um mlmcl'O crescente d(? CTÍ$tãos chegom à con vicção tlc que 1êm o dever t!e fazer causa comum com quantos se compl'ómetem na causa revolucio116ria pelo socialismo" ( p. 54). Portanto, também com os guerrilheiros e terroristas. EFE1'1VO"

1

,;As cmuliçQc.,· objetivt1s da sociecltulc bis..

t6rica são tais - prossegue - que seria um grave pecado contrn o E,1a11gelho lentar impedir esses cristãos ,te fazerem a.r su'1S opçl;es, nestê ponto . .reguindo liv1·c11rente o ditame de su<1 consciência. Hâ duzentos anos a comunidtule cat6lico e stws · estruturas de poder e de cultura querem opor-se, em nome da fé, a qualquer nw•

Socialismo, o única opção evangélico

que quero dizer é que não sou um "her6i" da castitlade. [ ... ] mio tem muito sentido, pelo menos Jala,ulo em geral, am "heroísmo" tia castitlotle" ( p. 166). Quanto à "moral sexrwl ensinada oficial• mente na Igreja.. , csl a moral, "eM st MllSMA e ,u, maneirt, como ,·oncreu,mente tem sido ente1ulidt1 e 11rmicadll, condut a indescritíveis torturtis de escrlÍf1ulos, a inibições insanas, a tensões inJ·upor1áveiJ·. Isto vi os outros sofrerem. e eu mesmo sofri, 111é que consegui /ivnlrwme de certos enfoques e de certos aspec• 10.r da moral lradicior,a/, [ ... ] aquelas normas contlicionadas pela ftils,, idéi<t de que o $exo, /ora do ,mttl'imlh,io e, ,,lém disso, de t1lguma forma de or<le,wçiio ii procriação, é mau em todo o ,1mbito ele s11lls m<mifestações" (p. 170). Santo Agostinho "em sua concepç,io do sexo 11u11ca chegou a livra,...se vitalmente tio maniquefa·mo e exerceu um. i11/l11xo muito ne.glllivo na teologfo moral cristii p. t 78). "Mesmo São Paulo f ... 1 parece ter uma vis,io tilgo parcial e negativa do nwrrimônio" (p. 182). 11

(

••• Acha·sc reun.ida cm .Roma, desde o Primeiro Domingo do Advento ( 1.0 de dezembro), a XXXII Congregação Geral da Companhia de Jesus. Acontecimento de si notável, que se reveste agora de especial importância, cntrc omrtt$ ctmsas pelo momento lristórt'co que atravesJ·am a Igreja e o mundd\ conforme observou o M. R. Geral, Padre Pedro Arrupe, na carta de convocação da assembléia, datada de 8 de setembro de 1973. Importante também porque essa Congregação, ao reexaminar o serviço apostólico da Companhia ( um dos objetivos que lhe foram mais claramente traçados) , deverá concentrar sua atcnç.ão sobre qual íoi o cumprimento dado i, missão especial que Paulo VI confiou aos Jesuítas, na alocução aos Eleitores da Congregação Geral anterior, a 7 de maio de 1965: opor uma frente à invasão do ateísmo (cf. "Jesuítas / Anuário da Companhia de Jesus / 1974-1975", Edições da Cúria Generalícia, p. 130). Ora, a invasão do ateísmo, cm nossos dias, dá·se sobretudo através da influência mar· xista sobre o pensamento e a atuação dos católicos, inclusive Padres e Bispos, coroo bem o demonstrou o Pe. Poradowski, no seu trabalho anteriormente referido. Assim, é de se esperar que a Congregação Geral, ao ocupar-se do desempenho dado ao encargo recebido de Paulo VI. cxan'linc a invasão do ateísmo. através do marxismo, no seio da própria Companhia de Jesus. E que elimine todos os Dícz-Alegría que a infiltram. Esse é o "postulatum" (pedido) que, despretensiosamente, queremos somar aos 934 outros já submetidos à .apreciação dos RR. PP. Jesuítas, reunidos na sua XXXII Congregação Geral. 1

'

"A promulgação pelo Co11ci/io Vlltica110 l/ ela Co11stit11ição Pastoral Gaudium et Spes, 11a qual (finalmente!) se abandonava a JNPELIZ Al'JRMAÇAO OI! QUE A PROPRIEDADE 00S MEIOS OE PRODUÇÃO SEJA

PRIVADA

OE "OIRl!JTO

(p. 102), permitiu-lhe ir mais longe nas suas conclusões.

iJAfOlLICISMO

"No presente momento de evolução tia His1ória., a ''via para o socialismo'' í . . . ] reprc.. sentt1 ,una possibilidade ,le organizar a ''cidade humana" tle maneira que não esteja em contradiçâo com os grandes vulore.s evangélicos [ . .. 1. O capitalismo [ .. . ] 11ão dá 11111a tal possibilidade" ( p. 103). Por isso, "é preciso co11vir em que A nSTRVTURA DA SOCIEDADE DEVI! SER FUNDAMltN1'ALMENTE SOCIALISTA, nO SCll· tido explicado de um .rocialismo "tle face J,u. mmw". ( ... ] Creio que um cristão sincero l , . , l está muito tlisponl ve/ para uma guinatla p<tra o socialismo" ( p. 105) .

MENSARIO <Om :1provação t:cltslá.sUca

NATURAL"

Apenas paro "completar a ficha" Não pretendemos transcrever aqui tudo o que o Padre di:,, sobre o celibato e o sexo (como também não o fizemos com relação aos demais pontos por ele abordados). Apresentaremos algumas amostras, apenas - como ele escreveu - Hpara completar .trw ficha''. "Vou /ater 61 anos e não live nenhuma aventura de amor. Digo-o sem nenlwma vai.. dcule [ . .. J. Completarei mi11lw "ficha'' tlize11do que, .re ,uio me equivoco, sou nitidamente

heterossexual. E imeirameutc o comrârio ,ie 11111 misóge110" (p. 165). "A 1irimeira coisa

CAMPOS -

EST. DO RIO

DIRl!TOR

Josl!. CARi.OS C.AST1u10 1>8 ANo,i.,.01~ Dlrch>rl.l: Av. 7 de Setembro 247, caixa

postnl 333. 28)00 Compos, RJ. Admtnl$c.mç~o: R. Dr. Martinico Prndo 271, 01224 S. Paulo. ' Composto e impresso 1la Cia. Lithographica YP'ir~ng:1, Ru~ Cadete 209. S. P:\ulo. A!>Shmturn mrn:1I: oomurn Cr$ 3S,00; coope1:1dor Cr$ 70,00: benfeitor CrS 140 100: grandt: benícito r CrS 280,00; scmin:iristas e estudantes Cr$ 2S,00: Amé.ric:\ do Sul e Ccntr:iJ: via de :,,uperfície USS 5.50; vfa ~térc:\ US$ 7 ,2S; Amtrica do Norte, Por· tu_g:ãl, Esp:mh:1, Provfoeias ullrnmarin:ts e Coló1lias: vii\ dç SUJ>críície US$ S,SO; via :,t~rea USS 8,75; 0\1tros pàÍ$C'$: vi:t de SU· pcrlkic US$ 6.50, vi, oérta US$ 1 t,75. Vcnd:1 :tvuls..."l: CrS 3,00. Os 1>agamcntos. sempre cm nome de Edi. cor:i P:,dre! Brkhior de 1-.ontcs SIC, J>O· dc.r:io s.er e.nc:iminhados à Adminisfr.tçãQ, Pam mud:111ç:t de endereço de nssin:tntcs, é nccC$sário mcncion:ir lt\mbém o endereço :;'lntigo. A corre!,pondência rtla tiv:i a 3S$i· n:ituras e vcnd:l avulsa deve ser envi:ida. à Admin~irn.tiio:

R. 01'. M:irUnico Prado 271 01224 S. Paulo


FIM DE EVITAR confusões fucuras, é convc.nicute explicar desde

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I. N.R~-~I·'-..A::-.==i;;

ABADES SANTOS GOVERNAM CLUNY QUASE 200 ANOS

j-á que a palavra Cluuy tem, em gemi, dois siguifkados. Um dtles dix respeiCo à Abadia de Cluny, fundada cm 910 pelo Bem- . -aventurado Bemon, e '1,.UC de.snpareceu na Re.. volução Fru.ucesa, quando seus (1Uin1os Monges pereceram nas mãos dos revoludonárlos. Sua igreja, a célcgrc Igreja de São Pedro de Cluny, foi n maior do mw1do até ,a construção da Basílica de São Pedro do Vaticano, edificada propositadanicnfe com 31.gtJus metros a mais do <1uc. a Abacial de Clu~. Adornado de riquezas 1U'lir Hcas sem número, esse monumento de nrte e resumo de. um glorioso passado de vários séculos foi dinamitado 1>cla prefeitura da pcc1uen:-1 cidade de Cluny, no 1cmpo de Napoleão. E,çse crime tão patente forçou n Revolução n inventar uma· lenda <1uc pelo menos cxduíssc Bonaparte desse vergonhoso cpis6d.io. Rc;(a tSSà lenda <1ue certo dia cm <1uc dava nudiência às prcfcitura.t; de 'VÓ.• rias dditdcs, no ser ununcindn n delegação de Cluny, o lmperador voltou-lhe as eo"1as, dizendo que nfto rccebin bárbaros. O outro sigui.ficado corresponde ao que poderiumo.s chamar de Congregaç.io de Cluny, emboru esse nome não seja completamente i1da1,híve1 à realidade bis16ricn. Ele designa o c::oojunto de moS1eiros govcmados pelo Abade de Cluny e <1ue seguiam o mes mo "Ordo", ou seja, Uobam os m e.imos usos e co~1umes . Esse couju11to cons1itufa como que umtt única Abadia beneditina, e linba por t ~beça o mosteiro íuudndo pelo 8e:\to Ocmon. Ser<. ncs ce último scnc.ido <1uc usaremos n pnlavra C lu.ny. Quando tivermos <1ue nos referir /1 Abadia propriamente dita, declará-lo-e mos expli• citnmente.

f-f~í uma diferença enorme entre a Cluny dos dois primeiros séculos e n dos te:mtlOS posteríor-c.s. Foi nesses J)rimeiros duzentos ~mos que Cluny chegou à perl'cição que tanto entush1s nm os que c~1udnrn n sua hi.~tória. Neles é <1ue. a gt:.ln· de Abridfa foi .a luz do mundo, 11 scgu.1Hla Roma, 1,r-ocurada pelos peregrinos de toda 'a Cri...-rnnda.. de c1uando ::is guerras e epidemias ntio lhes permitiam ir 11 Cid:-.de EtemA. Atingindo um alto J,:.r.m de snbcdoria e snntidade, CJuny foi então não só o modelo do mona.rato e de todi, a Cristandade, como o modcludor da alma da ldnde Média. Nesse período, os seus Monges e Abades·

A

NO BANCO DOS RÉUS, A SOCIEDADE DE CONSUMO

INOA HA POUCOS ANOS a clvll.lzação de consumo impe.rava em escala planetária. As contestações a tal modo de Yiver e de str provinham de círculos mln~ ritários, 4,.-0rl.)1ituídos po.r r:u-.ôes opostM 1>0r movimentos trndic:ionalibffiS católicos ou por cen..1.culos da esquerda intc1cdu.'llit.ada. Os idólatras da sociedade de ·c onsumo não se sentiam incomodados por essas dis(repâncias. Em prun<iro lugar, porque eram id«lfobos. O !dolo prescrevia-lhes li.li fobia como um ato de tulfo. Em segundo lugar a sodcd.a dc de c.-on.sumo mo$t.rava-sc tão saudável, tão pujante, tão cheia de recun-os, que fatalmente absorveria os germes de deS1n1ição porven.t ur.1 existentes cru seu seio. Os adoradores do ídolo Unham na ponta da lín&ua a resposta para qualquer obj<çiio. Se se acenava -com o problema: do "hippismoº, cU:zla.m: '"Fcnôrncno fruto da abundância. Os ''hippitS'' nunca constituirão uma epidemia social, J)Oi.t, ns responsabilidades da idade madura e as condiçócs aliciantes da vida moderna farifo a maior parte deles entrar 11os eixos. Os restantes não pMSa.rão de minoria i.o e~re.~siva". E voltavam a ()<nsar no último mod<lo de aulomóvel. Quando os inconvenientes dll poluiçio ambiental se íazian1 sentir, a resposta saltava: "Os féc~ nkos já estão estudando o 8"Stanlo. Nos &1ados Unidos surgirão Jogo novos filtros que, coloca• dos como carapuças nos eseapamentos de gás e nas chaminés, acabarão com o problema". Se alguém arrisca.~ uma palavra sobre as doen~ psíquicas gera.dai, pela tiviliza(lio tonte:r:nporânea, rctruca..,am: " Males !)SSSageiros. Jtí há estudos e ,PtSquJ.s;,s • rtspeilo. No torai, a vida pacata també01 é insupor1ável". Se o inttrJocutor, já intimidado, tentasse colocar o tcn1a da corrupção moral, alentada e pro• movida por tal sociedade, receberia como rcs· posta uma estrepitosa gargalhada. En.fím, o niito infantil da redenÇ'ãO ptla técnica don1lnava como senhor absoluto. Acreditava-se piamente que o pc()WCSSO econômico iu<fe ..

cmm venerados pelo povo fiel, que neles v:in o exemplo que deveria ioútar. Estavam eles por toda parte. N06 mosteiros, CD.nta"Vrun os louvores de Deus cm horas dcte.nninadas, na medida do poss·(vel as mesmas para todos, pan, <tuc todos juntos, até os que estivessem viajando, pudessem partícípar das mc~mas ornçóes, de modo ,,ue todo o imenso império de Cluny se prosternava :'tO mesmo tc-1npo, parft adomr o Criàdor de todas ns coisus. E todo o mundo sabia que onque.. las horas podia co1dar com as preces dos cluniaccnscs e tomar parte nestas, a eles se assoc::iando na adornção e uns súplic:.1s a Dcu.ç. Era também nos mo"1eiros que C$CS filhos de Siio Btuto s e prep:trnvam por-a fomrnrem a sociedade medieval, s~lcrnlizando todas as instiC'uiçôes humanas, todas ~,s :1tlvidndes do homem, procurando a per· feição cm tudo, para que 1udo fosse perl'e.ito e belo, - pois não <."ompreendiam nada do ((UC íazinm ~-cm n beleza, porque Deus t:: belo em ludo o que frut. Quando se í::11:t de Cluny entc11de-se c-sse período de tal forma grandioso, que ofusc-a todo o resto da história cluninccns e. Não ê que Cluny tenha dcix.ndo de ser grnnde. Pelo coutr(ltio, por muito mais tempo ainda, não só na Idade Média, mas tnesn10 no inicio da Idade Moderna, a Abi.t· dia e:ouservou o seu prestígio. Foi pouco n pouco que el:1 decaíu. O brilho que mnoteve ainda de· pois desses dois séculos deixa·sc ver nitidamente pela condição social de muitos de seus Abades : vúrios Prin:cipcs d a caça de Lorena e inuitos grandes nobres dl:\ F.nmçn e t.la lnglaternJ, No fim do século XVI, porfm, a A badia já não crt, senão uma s ombra do que fota. O âbãciàto cair,, sob o fat1ll rcg.imc da comenda. M:·,s ern tüo glorioso o 1,>assitdo de Cluny, <1ue uind:t nessas t.ristc.~ condições Ricbt lieu e Maz:uino quisennn ser seus Abades, por<1uc o título de Abade de Cluny acre.scentnva :l l,brumn coisa ao prestígio rlcssc.s homens postos uo 1>int1t ufo de todi-.s as i;:,n:mdez.as humanas . D• 910 • 1109, Clony leve stis Abrules: o Bcm-avenlurado Brmon (910-926), Sanlo Oclon (926-944), Aymard (944-954), Siio Maieul (954-994), Santo Odilon (994-1049) • São Hugo ( 1049-1109). Os próprios duniacen.scs consideravam Santo Odo1,1 como o verdadclro fundador da Abadia e-, realmente, foi ele que deu a Cluny a sun fisionomia definitiva. Além disso, logo de· pois d1-1 fund11('ão Santo Odon foi nu:dlfar direto do Bem·a,'ent'u rado Bcmon e pôde já des de o início trab!llhar ncSSll grnnde: obra. O terceiro Abade, Aymard, governou muito pouco tempo, porque ficou logo cego e passou a direção efctiv:1 a São Ma'ieul, seu Coadjutor. Na realidade,

nc.$SeS duztntos nnos Cluny foi govcmud:i pelos quacaro Abades Santos: Santo Odon, Sáo M.aieul, S•nto Odilon e São Hugo. ~~s Prelados e.ram varões extraordinários. Todos refle1fam no exterior a luz peculiar da fommção du.niacense. O homem mcdicv-id snbh, reconhecer o nrnmvilboso e ver a 'Ocu.ç en1 seus eleitos, de modo que á mera preseuça dos Aba· dcs de Clu.uy provocava entu.,'iasmo, conve~-õe...'l súbitas e desejo de cohtbontr com eles. e o caso. por exemplo, de um bandido italiano que à simples ,·ista de Si:mto Odon 1>cdiu para entrar em Cluny, e lá morreu pouco dep<tis em odor de s::mtidade. Ou o de Hugo de Arles, Rei da lt6.Ha, que nada rttus:1vt1 aos Monges porque co11becern S:-m to Odon. Não era só n presença de ulgum dos Abades dunincenses que provoc-a"Vn movimentos de 1>ie-dade popular. Muitas vctic.1 o povo queria ao menos ver nlgo que os tivesse tOC':ldO, Our:mte uma visita de Santo Odilon :1 Pavi:t, onde fora eneonf.rnr-se com o l mper:1dor, as cid:1dcs vizinhas o obrigarn.m a m:mdar o seu ta· valo 1>crcorrê-l:1.~, paro que vissem pelo mcn6s :i monUtria usado pelo Santo Prelado. Os c1uatro Abades tinh:.:m1 es.\' t fund o c.om um duni.úccnsc. reconhecido nlé pelo povo, cmborn fossem muito diferentes entre si. t esse fundo <.-omum Q\1e é o «me da p<:rsonolidnde de C:tdâ um deles. Foi o CJUC viu muito bem O. Jacques Hourlier cm seu escudo s obre S:mto Odiloo: "o <1ue hú de mais notável ua blstóri.a de. Cluny [é que] sempre re,·el:1nrnt em ~1ms :1titudes a ptrm:mência de ''alguma coisa'' próJ>ria de Cluny : uma unidade de pensamento, de orientação, de estilo, aJlCS'.:tr d:1 evidente di\'crs ichtde de c.'nrncteres e temperamentos, apcsa1· das mois Jlroíundfts fnl nsfonn::irõcs da sotiednde" (D. Jacques Hourlier, "S:1int Odilon, Abbé de Cluny' ', p. 50, 8ibliotbCquc de l'Univcrsité, l.om·ain).

tinido e os níveis do consumo e.ada vez m~ altos levariam os homens a um ostado cdênic-o. Em 1972, o Club de Roma, entidade formada por imJ)Om\Jltes homens de negócios e cientisfa.ç, publicou o conhecido relatório "Crescimento Zero", no qual advertia o mundo sobre os perigos do crescimento cwnôm.ico dcsordcn.ado. Daí para frente, u moré montante das acusações cont.rn a sociedade de cons umo àctJtrou·sé. Os problemas da destruição da ((ualid:1de da vida tornaram atuaHdade. À noção de produção con· trapôs-se a de feUcld:ide. Ati então, andavam sempre de mãos dadas, numa união idílica. Entre-tanto, o debate não ganhava o grande público por um:1 razão "'imples: a sociedade de consumo ainda era saudável - ao menos n:.t apar(n~ia no que tinha de mais tangível,

da a propósito da economla brasileira - pas• sou-seJ a respeito, do uotirnismo csfusblntc" par-a o "realismo agastante''. E o .,·re.alismo agastante" indica que a Rússia não vai liberalizar-se, não freará a corrida arnrnmenti~a e não permitirá a livre circulação de bome.us e. idéiilS Qtnwés da t'.Ortina de ferro. Em sum~, a paz "klssingeriana'"' não pa)'S3 de unta ilusão. O Club do Rorua voltou à carga (Om outro ci,1udo iutitub,do " MaUkind a1 the l'unling Point", ::tpreseutado cm Berlim no dia 10 de outubro, 1m conve11ç:ão anual d.a enfidade. A tese é a mesm:1: nos padrões atuái.s, :1 sociedade de <.-ons umo tomou.se. invi~vel. Premido pelos seus próprios apertos fiun11cci ros, bombardeado pelas notícias de crise e1,.-onômic:t do Ocidente, o adorador da sociedHde de consumo vê seu ídolo ser submetido ao fogo cerrado dn crítica. De uma ipartc-, fulntinanMtO os tradicioualis-tas, que nune:a 1mctunrnm com ele, porque sem1>rc defenderam os ideal$ da civilização cristã. De outra, os cstruturalb1as e afins, que desejam a volta ao período ueoHtico e u sub"1ítu.i('iio d:1 cultum base-ada na razão. pela magia. Do me.srno Indo esquerdo situam-se os que desejam a :J('âo nufo ritárfa de um organismo 01un• dial, criado pam impedir a C'8táscrofe. "Aulremtnt dit", desejam dar um gmndc passo m\ dircçko da república univet$31 socialista. T:unb6m 1\esse campo, há os refardat.irios: os 1>rogrcssistos. Até bii pouco partidários fervorosos do progre-~ t(()ntc-m)>OrânN>, vÃrn.nm1.lhe :1s coi,'1:t.s tão logo pcr~bcram Que o ídolo racham. O j,íri começou. Curiosamente-, há vá.rios promotores, muitos deles adverS'llrios irrtco11cilíávei.-., entre si. Durante as sessões, os espectado• rcs na sala cada vez mais- cheia observam aturdidos o progressivo des.falecimento do réu - a t.'Ociedade de consumo.

a economia. Para o homem prático, v.olupfuosamente assoberbado de preocupações ·na proc.ura de riquezas e delkia.~, as discussões asscmclhavam-St a clue:ubraçõe.ç de diktan(cs. Além do mnis, no ccn~rio internacional irrompia a "détente", prometendo o fim das tensõe.s1 o desarmitmento, a pa.7...

Repcn1inamente, porém, o sol da prosperida• de econônlicn toldou-se. Personage11s aindn um fanfo imersos na atmosfcl':l das MIi t uma uoi• te.s fecharam a tomeirn do petTóleo e depois ele.varam desmedidamente os preços do produto. A convulsão foi geral. A depressão econômi ca aparectu no horizonte, a perspectiva de um "crnck" passou n sc.r frnncamente admitíd:.-.. Concomitantemente, a "détentc" começou a 4

fa:r...er ~gua. Seus propugnadores colocavam-na como ele• me.nto axial da liberalização interna da Rússia e do desarmame.o to. Utilizando a pitoresca ex• pr~o do Embaixador Rober1o Campos - usa-

E.,;sa ":.ll~uum (·oisa'' (lOde-se encontrar no pensamento, nos pr-indpios que orientaram os ,1un• t.ro Santos Abades na formarão de Cluny. 2 o cruc fo:t.em os historiadores ao 1>csquisar os poucos documentos que chegaram :ltê nós, sobretudo as obras de Santo Odon e Santo Odilou. Resumindo as conclusões a que chegaram, acreditamos poder dar aos nossos leitores uma idéia clnrn de quai.~ foram o.s princípios que nortearam os <1u:1tro Abf-ades <tUl' construíram Cluny.

Fernando Furquim de Almeida

4

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Péricles Caponema 7


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TFP NORTE-AMERICANA DIRIGE-SE DE NOVO AO EPISCOPADO

·"'- '

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Jovens mexicanos sobem o Monte Cubilete, proclamando a realeza de Cristo e recordando os mártires da Religião e da Pátria

MÉXICO: JOVENS PROCLAMAM EM C ARTA ao Presidente da SNADTFP, Sr. Philip 8. Calder, a Conícrêncía Episcopal norte-americana. através da OiviS<1.o de Justiça e Paz de seu órgão exec utivo, a Confe rência Católica dos EU A, deixou entrever a intenção de permanecer numa atitude de distensão com o comunismo.

Conforme not1ciamos cm nossa edição de setembro p. p., o órgão executivo da Conferência Episcopal norte-:1mericana propôs, em fevereiro, o estabelecimento de um boicote econômico condicional contra o Brasil e o Chile, alegando violações dos direitos humanos nos dois palses. Dois anos antes, em 1972, o mesmo Episcopado havia solicitado ao seu governo a cessação do bloqueio econômico de Cuba. Ao propor esta última medida, os Bispos Norte-Americanos não exigiram de Castro nenhuma modificação de sua tirania totalitária. Diante disso, a TFP dos Estados Unidos dirigiu, em julho do ano findo, uma incisiva mensagem ao órgão executivo da Conferência Episcopal de seu país) manifestando estranheza ante a poHtica de dois pesos e duas medidas adotada por aquele alto organismo eclesiástico: ataque injusto ao Brasil e ao Chile, e apoio infundado à Cuba fidel-castrista. Lembrando que todos os seus membros são católicos em resistência à política de distensão do Vaticano com os regimes comunistas, a Sociedade Norte-Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade via 11a atitude contraditória da Conferência Episcopal mais um lance da referida distensão. A mensagem da TFP concitava os Bispos de seu pais a darem maior objetividade à sua posição e a incluircm cm seu programa a denúncia dos semeadores do ateísmo e da miséria. como uma das mais louváveis tarefas a serem empreendidas cm favor dos pobres. O alto órgão episcopal nor1e-americano respondeu a essa mensagem com uma carta na qual nega que os Bispos dos Estados Unidos tenham em · alguma ocasião pedido a suspensão do bloqueio a Cuba. Dianu, dessa atitude que contraria frontalmente os fatos, a SN ADT FP enviou nova carta à Conferência Episcopal. Transcrevemos abaixo, na íntegra, os dois documentos. 0

A resposta do Conferência Episcopal Com data de 1.0 de agosto p.p., a Divisão de Justiça e Paz da Conferência Católica dos Estados Unidos, órgão executivo da Conferência Episcopal daquele país, enviou ao Sr. Philip B. Calder, Presidente da Sociedade Norte-Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, a seguinte carta:

"Sua rece111e carta foi encaminh~ da a este departamento. Sua correspondência, inclusive o que se contém no mímero de junho de 1974 de " Ver . . . Julgar . . . para Agir", foi recebida e tomada em consideração. Com relação à fonte de sua perplexidadt, é fato sabido que os Bispos 11orte-amerlcanos nunca pediram que o bloqueio dos EUA contra Cuba fosse levantado, a despeito do faro de que os Bispos cat61icos de

Cuba fizerem publicame111e tal pedi.. ,lo. O Sr. talvez eJ'teja bttt:rt·ss(ulo em saber <1ue o Comité para o Desen· volvime11to Social e a Paz Mwuliaf, da Conferência Católica dos Esuulos Unitlos, em sua rece11te teu11ião estabeleceu um comité ""ti hoc" .\·obre a,· relaçõe., EUA-Cu ba, Em ,mexo segu e c6pia tle artigo do Serviço Noticioso N C informmulo J'obre a açiío do Comité. Sinceramente seu, / JameJ· R . Jen· ,dngs. Diretor Associado".

Nova. mensagem do TFP Em resposta. a TFP nortc-ameri, cana enviou à Conferência dos Bispos esta segunda carta:

"Excelências Agradecemos si11cerwne11te " resposta enviada por esJ·e alio órgão edesiático ,l carta ,1,, Sociedade Nor· te-A m eric1ma ele Defesa ela T radição, Familia e Propriedade. Temos o pesar de <lizer, entretanto, que ela <rnmen· tou 11i11tla mais no,f.ra perp/exid111/e e desconcerto. Com efeito. em no.rsa c1,rta manifestávamos surpresa cm vlsta tle tet a Co11feri11cia Car6/ica dos Estados Unidos, órgão da Conferênda de Bispos, dado a público, em J3 de fevereiro tio corrente ano; um documento Jortenwnte contrário aos atuais governos do Brasil e do C/rile, acusados de violarem os direitos J,u. manos. chegando mesmo a propor um bloqueio econômico-financeiro contra essas duas nações. Nossa surpresa era agravada pelo fato de rer a mesma Conferência Episcopal pedido o término do blo· queio eco11ô mico a Cuba (cf . "Jnformations CathoUques /11ternatio11ales'', l 5-7-1972). Nada em troca era pedido ao ditãdor vermelho, 110 que diz respeito a liberdades para a Santa Igreja (de culto, de ensino, erc. ) ou aos direitos naturais das pessoas (à vida. à família, à propriedade, ao trabalho, etc.). Cllocava•nos a manifesta adoção, pelo nosso Venerando Episcopado, de dois peso., e duas medidas diversos para julgar faros ocorridos 11a América Latina, e pergumávamos por· que tanta susplcácla e atitude inqui· sitorial t m relação aos dois governos anticomunistas e, para o governo CO· munista de Fidel Castro, tanto fa vorecimento t confiança. Víamos nessa atitudr. um favorecimento aos adeptos de ateísmo, do ,Jespotismo e da miséria. DitemOj miséria, pois em Cuba, como em todos os outros países conrunistas, a aplicação do regime marxista s6 produ1. miséria. Terminávamos pedindo filia /mente e com profundo respeito, a esse alto órgão eclesiástico. uma retificação de rumos que fizesse cessar o escândalo produt)do por tal atitude em milhões de católicos norte-americanos. Esperávamos que, 'desta forma, cessasse a situaçao de descrédito em que a Conferência Episcopal se havia co-/ocado junto à opinlão p,íblica dos &todos U11idos da América. Pedimos vênia para afirmar, com profunda dor, que nosso pedido foi ignorado.

carta-resposta da Co11/erê1tdtt Episcopal nega a existência tio doeu• menro 110 qual t'J'J'e órgão episcop11/ pe<lia o término tio bloqueio a Cub11. embora 11/irme que tal metlida foi advog{l(/a pelos Bispos de Cuba. De passagem, assinalamos com trlstew a deplorável tllitutle ,Je apoio e servi/is,no que o Episcopado Cuba· 110 mantém em relação ao tirano. Por várias vezes, (ite11de,ulo ao ma11i/es10 interesse do governo comu. nista, já pediu ti .riu·pensão do bloqueio econômico a Cuba. Recentem ente. por ocasião da visi1t1 tle Mons. Casaroli ,i 1/lta. a Co11ferê11cia Epi.r· copa/ Cubana petliu aos católico.r <1ue renham uma partlcipação aava na construção do "contexto social cuba· 1 no". atuando como um ' elerne1J10 eficaz e benéfico tle fraler11idade·". Terminando. os Bispos agradecem ao governo ,, corditll ,,colhfrla reser, vada ao diplomata vatica110 (cf. " L,1 Croix" , 26-6-1974). (:; <lifícil 11iio ver aí um ·claro deseio ,Je que os catóUcos apolem o regime cóm11nista de Castro. Voltamos ao assw110. A afirmativa de que o doc11me11to pôr nós citado não existe de fato, impõe-nos wn incômodo dever. Lamentamos dlz.ê-lo, mas tal asserção não corresponde 1i realitlade. A lém de mio ter ha vido, por parte da Co11ferê11cia Episcopal, nenhum tlesmentitlo à notícla public,ula em ''lr1/ormatio11s Catho/iques Jn1er110tio1u1lts", outra conceitcuulo re. vista, "La Clliesa nel Montlo" , ,, estampou na íntegra em sua edição de 2 de agosto de l 972. GosUzrfomos de atribuir (I incorreção da cana-resposta a wn lapso aUás nada pequeno - dos Serviços de documemaçiio do Órgão má.xlmo de 11osso Episcopt1do. 011 talvez ci má memória. Asslm, ,,ensamos ser úteis à Conferê,1cia Episcopfll informando que o documento pedi,ulo a suspensão tio bloqueio econonuco co11tra C11ba foi tlado a p,íblico no ,lia 7 de junho de 1972, em Washi11g. to11, D. C. ("La Chiesa 11el Mondo",

A REALEZA DE CRISTO

A

2-8-1972, ,,. 25).

Desse modo, todas as ponderações contidas em nossa carta de 25 de j11lho ficam de pé. Conforme diz.famOJ' 11aquela missiva, somos c(ll6/lcos apost6/icos romanos em estado de reslstência oflcial à p0/itica de. distensão do Vaticano com os regimes comunistas. E víamos. 110 arir11de da Egrégia Co11ferê11cia Episcopal dos EUA. mais um lance dessa política. Por isso. pedíamos a retlficação de rumos, na esperança de que nossos Pastores fariam cessar o escândalo e o descrédito provocado por essa tomada de posição. Agora, reSla·nOs esperar que o Ve11eranda Conferê11cia Episcopal retifique pelo menos em parte o "que !tá de incoerente na sua conduta$ opo11do-se agora à cessação do bloqueio de Cuba, de modo enlrgico, oficial e público. N essa esperança e cheio.r da con. fiança de que o futuro reserva inu.. meráveis êxitos para o Episcopado Car6lico Norte-An1erica110. especialmente na lutá contra o comunismo, inimigo máximo da l gre;a e d,, civilização cristã, reafirnu,mos o nosso respeito e despedimo..nos solicltando /ilia/mente sm, bênção''. Seguem-se as assinaturas.

NO DJA 23 de novembro último. Ourante toda a caminhada de 14 dando vivas a Cristo. Rei, a Santa km, na mais perfeita ordem, os jo. Maria de G uadalupe e ao México vens rezaram o rosário e entoaram cristão, 23 mil jovens católicos, pro- cânticos marianos. Aos pés do mocedentes de 84 cidades mexicanas, numento a Cristo- Rei, no alto do Cusubiram o Monte Cubiktc, centro es- bilctc, foi prestada homenagem aos piritual e geográfico do México, onde mártires da perseguição religiosa. À menção de seus nomes a multidão se ergue uma imponente estátua. de aclamava: "Morreu por .Deus e pefo Nosso Senhor Jesus Cristo Rei. Pátria". Organizada pela ACJ M AS· sociação Católica da Juventude Mexicana, entidade que se imortalizou Rosas verme lhas na resistência à perseguição religiosa Em seguida foi celebrada a Santa do governo Calles há 48 anos, a mar- Missa, tendo sido depositadas no alcha constituiu um tc.stemunho de tar rosas vermelhas : rosas, ''para re· que os jovens mexicanos autênticos córdar ó milc,gre ele 1'epeyac, no estão cansados dos mitos que repre- tJual se ma11ife..stou o amor da SantÍS· sentam falsas soluções, e dos falsos sima Virgem de Guadalupe ti nação mestres que ensinam apenas "hippis, mexicana"; vermelhas, como "símbomo", libertinagem e desagregação. lo tio heroísmo da juventude, e p0rSão seus verdadeiros anelos a Ver- que. é ti cor do sangue dos mártirts''. Após a Missa, na qual comungadade, a Justiça e a Religião. ram mais de 5 mil jovens, falou o Mons. Antonio Funes y Ramirez, Pároco do lugar, abençoou a peregri- Presidente Nacional da ACJM, Pablo nação em seu início, recordando que Castellanos: ·'Crisro-R ei é no.rra forproclamou. Cremos que em a ACJ M, ao longo dos seus 6 1 anos çt, Cristo e nos ensinamentos tia Igreja de existência, forjou ''sold(l{/os tle Cristo que con tribuem para o seu está a solução poro os problemas da juventude e 1/a Pátria". reinado sociaf', e acrescentando que Por fim, o Presidente do Comité "em 1974. tempo de modernismo~r e Organizador, Sr. Jorge Ramirez Esdesvios doutrinários, a marcha é um parza, dirigiu a consagração dos jotestemunho magnífico de fé, e:rper,m- vens presentes a Jesus Cristo (A81M Çt1 e amor 11 Cristo". - Agência lloa Imprensa).

Vírtudes esquecidas

RIDICULARIZAR OS QUE ENSINAM ERRONEAMENTE AS ESCRITURAS De uma carta a São Paulino de Nola:

N

OS A TOS DOS Ap6stolos (A,. 8, 27), o sa11to E rmuco ou, melhor di'(.e11do 1 varão (porque com esu, de.signação o dlstingue a Escritura) foi perguntado por Stio Filipe, enquanto lia o Profeta Jsaía.r: "Porventura entendes o que lês?" E ele respondeu: "Corno hei de entender j·e ninguém m e ensina?'' . .. Mas hoje qualquer um pensa conhecer a arte de entende,. as Escritura~·. E: como dlsse o poeta: ''Os doutos e OJ' tolos. a ca<la passo fa iem os poesia" (Horácio. Epist., Jl, I, I 15). A velha palradora e o velho caduco. o so/isw charlatão e todo o mundo prcswne,n entender a Escritura, a esmiúçam, e até a ensl· 1wm antes de a entt.nder. Há alguns que organizam círculos tle mulhericas, franzem o sobrecenho, soltam gr<mdes palavras e tratam dos Sagrados Escrituras como filósofos. Owros ltá que - oh vergonha! - aprendem de nw· lheres o que hão de ensinar a homens e, para que isto não pareça pouco, explicam a outros o que eles m esmos não entendem. Não quero falar de meu,f semelhantes que, se por acaso p11ssam das letras profanas ao eswdo daJ· Sagradas Escrituras$ compõem gran• tlcs tliscursos /Nlrá agrc)dar o povo. e q,111/quer coisinha que diga,n têm-na por Lei de Deus. N ão se dignam saber o que na verdade sentiram os Profetas ou os A p6stolos1 semio que adaptam ao seu 1,r6prio entender, à força. tesremrmhos que não se encaix<1m um com o outro. Corno se isto fosse uma grande coisa, t não, antes, uma maneira viciosís,rinu, de ensinar, depravar al' sentenças e caprichosamente torcer as Escrituras [ . , . ). Mas estas são coisas de crianças e semelhantes aos lruques dos clrarlatães de feira: ensinar o que não sabem ou, para ditê*lv mais cruamente. nem sequer saber o que é q"e não sabem. - [Sigfrido Hu· ber, '"Los Santos Padres / Sinopsis desde los tien,pos apostólicos hasta el siglo sexto", Ediciones Desclée, De Brouwer, .Buenos Aires, 1946, tomo li, pp. 131-132, carta Llll].

SÃO JERÔNIMO


Do Livro da Sabedoria (2, 12-20) : FAÇAMOS CAIR O JUSTO nos nossos ú1ços, porquanto nos é ,nolesto, e é contrá,-io às nossas obras, e nos ú11tça e,n rosto as transgressões da lei, e contra <1 1tossa reputação publica as faltas elo nosso procedintento. Ele assegura que te,n a ciência de Deus, e Se chama <L Si Filho de Deus. Te,n-se feito o censor dos rwssos pe,isa,nentos. Ainda só o vê-Lo nos é insuportável, porque a sua viela não é semelhante à dos outros, e seus caminhos são be,n diferentes. So,nos avaliados por Ele como pessoas vãs, e se abstérn dos nossos cantinhos co11io de imundície&, e prefere o fi,n dos justos, e Se gloria de qne tern a Deus por Pai.

rrejamos

pois se os seus discursos são verdadeiros, e exl'eri,nentemos o que Lhe há de acontecer, e saberenios qual será o sen f irn. Porque, ,se é verdadeiro Filho de Deus, Ele O <11nJJarará e O livrará <Üts ,nãos dos contrários. Ponlwmo-Lo à prova por rneio de ultrajes e tor,nerttos, para que saibarnos o seu acat<nnento e provemos ct smi paciencw. o A

Condene,no-Lo a uma ,norte a mais infame, porque segu1tdo as suas pc1lavras haverá dele consicleração.

N.º

2 91

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'

Mf,&El}Rte m~m~m*1~·~11@:: i:flai:1»,hf-7:t O Calvário, entre a Igreja e a S inagoga, o Rei Carlos V da França e sua esposa, a Rainha Joana de B ourbon Paran,ento em seda pintada, do século XIV Museu do Louvre, Paris

OS INÍQUOS O ODIARAM PORQUE NAO SEGUIA OS SEUS CAMINHOS

MARÇO

DE

1975

ANO

XXV Cr$ 3,00


Lições da Revolução Francesa

O Tribunal de Fouquier-Tinville M.AGlNEMOS QUE o leitor fosse um viajante estrangeiro que estivesse chegando a Paris durante o ano de 1785. Imagine-

reira de mármore havia sido demolida. juntamente co1n seus baixo•rclevos; as tapeçarias de flores de lis haviam sido arrancadas. e

mos ainda que, sendo essa a sua primeira vi-

apenas a cal cobria as paredes; o teto de ogi .. vas de ouro estava coberto com estopa, e o

I

sita à cidade, quisesse inicialmente ter uma vista geral dela, e para isso tivesse sabiamen• te decidido atrave.ssá-ta descendo o Sena, num dos inúmeros barcos que então coalhavam a superffcie do rio. Depois de algum tempo de percurso fluvial, talvez o leitor estivesse um pouco con-

quadro da Crucifixão cedera lugar a dois papéis pintados com a Declaração cios Oirei10s do Homen, e com a Constituição da República Francesa. Na parede ainda, abaixo desses papéis, três pedestais de gesso suportavam os bustos de Marat, Brutus e Lepelle-

fuso com o vai--e--vem incessante de embar-

tier. O gesso imitava o rl'lármore, a CStopa

cações de todos os tamanhos e tipos, carregadas de trigo e de carvão, de frutas e de batatas, de sedas e de lãs. TalvC'l. estivesse também um pouco atordoado com o movimento ruidoso que· se notava nas margens: carregadores que suspendiam cestas, homens que rolavam tonéis, gritos que partiam de todos os lados, ordens que vibravam no ar, refrões que se cantavam em todos os tons ... O Sena era a artéria de Paris, e Paris era o coração da França. Lentamente, o barco chegaria ao centro da cidade. Aí, o rio se divide em dois braços, envolvendo três pequenas ilhas muito conhecidas. Entrando pelo braço esquerdo, logo o leitor se esqueceria de tudo e se sentiria maravilhado: sobre a terceira ilha, à sua direita, quase ao alcance de sua mão, ele veria o vulto imponente, altaneiro, majestoso, da Catedral de Notre Dame, a rainha de todas as igrejas góticas da França e do mundo. Conforme a embarcação fosse deslizando, o leitor veria a catedral girar lentamente, como que para mostrar toda sua beleza: primeiro a leveza dos arcobotantes que envolvem a ábside, depois a majestade da rosácea do lado sul do transepto, e finalmente, pouco antes de a em-

expulsara o carvalho, Marat e Brutus tinham desalojado Carlos Magno e São Luís, os "Direitos do Homem" substituíam a Cruz: a Revolução havia dominado a França.

barcação entrar sob os arcos de uma ponte, o esplendor da legendária fachada, dourada pelos raios do sol poente. O barco, chegando até a extremidade da ilha, faria uma curva e subiria o rio pelo outro lado. Então o leitor, sempre olhando à direita, teria nova surpre,Sa: siz.udas. hier-áticas, severas, quatro torres tão velhas como Notre Dame apareceriam alinhadas ao·· _longo da margem do rio. Interligando essas torres, uma confusão de muralhas, de colunas, de chaminés, de telhados e de mansardas. Atrás de tudo, como um mastro rendilhado de ouro, . a agulha da Sainte Chapei/e, a pequena igreja de luz e de cor que São . Luís IX mandara construir para guardar.· alguns', dôs , Espinhos da Coroa de Nosso Senhor Jesus Cristo. O leitor se cncontrariâ então ao . Jado do Pa. lácio da Jutiça de Paris. Desembarcando ali mesmo, no "Cais do Relógio", teria oportunidade de conhecer melhor o venerável edifício. Uma escada de quase vinte metros de largura o conduziria até o interior. Lá, seguindo à direita, iria <lesem. bocar no coração do Velho Palácio: a grande sala dos Passos Perdidos. Num dos ângulos desse salão enorme, entre as estátuas de Carlos Magno e de São Luís. havia uma pequena capela sob a invocação de São Nicolau, onde há mais de cinco séculos nunca se deixara de celebrar Missa diariamente. Na outra ex· tremidade da sala, duas portas davam acesso à Grande Câmara do Parlamento, um lugar célebre no mundo inteiro pela majestade de sua história, e pela riqueza de sua decoração: piso de quadrados pretos e brancos de mármore; paredes cobertas de tapeçaria de veludo azul bordado com flores de lis de ouro; e o teto - a maior maravilha do Palácio - formado por ogivas de carvalho esculpido e coberto de azul e ouro. No fundo, um quadro da Crucifixão, ora atribuldo a Oürer, ora a Van Eick. De um lado, uma lareira muilo alta, decor ada com um baixo-relevo representando "Luís XV entre a Verdade e a Justiça". Tudo isso dava ao ambiente tanta grandeza, tanta solenidade, tanta pompa, que um Rei, contemplando essa sala. afirmou: "Vendo.se tais coisas, fica-se o,·gulho,'io de ser o R ei ,la 4

F1·011ça"• •

No Palácio do Parlamento, o Tribu no! Revolucionário fmagincmos agora que o leitor voltasse a esse mesmo Palácio alguns anos mais tarde. Mais precisamente, imaginemos sua chegada na primavera do ano de 1794. Logo à entrada do edifício, notaria a ausência da flecha da Sai111e Chapei/e. A Revolução a havia derru· bado por ser "aristocrática". A Sala dos Passos Perdidos não mais abrigava a capela de São Nicolau, nem as estátuas de São Luís e de Carlos Magno. Na Grande Cãmara, o choque seria ainda maior : a monumental la2

Nessa época espantosa não se falava mais cm "Palácio da Justiça". Os palácios lembravam a nobreza, e por isso tinham sido proscritos. A justiça, pura e simplesmente, havia deixado de existir. Se o leitor duvida, ou acha exagero em nossa afirmação, convidamolo a examinar conosco o que se fazia cm no· me da justiça nesse lugar que então era simplesmente chamado "o Tribuoal". Já que o leitor está na época, talvez seja melhor continuar nela ... fsso! Continue aí. em Paris, nesse ano de 1794. Vendo com seus próprios olhos, em nada nos poderá acusar de exagero.

Nada mais fác il do que ser "suspeito" Dissemos · 1continue em \Paris". Mas temos receio de ter dado um mau conselho. Como o leitor é novo na cidade, é muito provável que alguém o venha a considerar "'suspeito". Há uma lei cm vigor, para esse efeito. Segundo essa lei, suspeitos são ·'rodos aqueles que, ou por sua conduta, ou por suas relações, ou por seus ditos, se ,nostram inimigos da liber.. dade" ou aioda, Htodos aqueles que foram nobres, ou aqueles a quem foi negado um certificado de civismo". Na prática, era SUS· peito todo aquele a quem a polícia quisesse prender. Não eram necessárias provas de nenhuma espécie para se encarcerar uma pessoa. Eram suspeitas as trinta e cinco moças francesas que, dois anos antes, haviam oferecido confeitos ao Rei da Prússia que visitava sua região; suspeito um soldado que, estando bêbado, ousara elogiar Luís XVI; suspeito quem não usava na cabeça a ' 4COC:3r· de" nacional ; suspeito um certo Roland de Montjourdain, que uma vez fora visto jogando bola com o Delfin,, o herdeiro do trono; suspeito o Marquês de Apehon porque possuía uma carta do Arcebispo de Paris, datada de três anos antes, e na qual se falava da ceie. bração de uma Missa; era ainda suspeita aquela velha de 77 anos que alojara duas Religiosas em sua casa, e q ue, segundo o relatório da polícia, possuía ''ornamentos de igreja e outros instrumentos do fanatismo". Todas essas pessoas foram acusadas, presas e conde· nada.s à morte. Sim, caro leitor, começamos a nos a1·repcnder do conselho q ue lhe demos. -e. quase certo que o senhor acabe detido também. Talvez esteja usando uma medalha piedosa no pescoço. talvez tenha chamado alguém de ··senhor·· em vez de "cidadão"; o fato é que, não estando habituado aos usos e costumes impostos pela Revolução, é quase certo que o leitor, bastante perplexo, venha passar sua primeira noite em Paris enfiado num calabouço, entre os muros de alguma prisão.

Dezenas de prisões substituem a Bastilha Havia. na Paris de então, numerosas pri~ sões. Cinco anos antes, a Revolução havia derrubado a Bastilha, "s;mbolo da tirania e da npr<:l.rtio". Agora, css:, mesma Revolução criava dezenas de prisões mil vezes piores, certamente símbolos da liberdade e da justiça ... Havia a prisão de São Lázaro, ''verdadeiro inferno, onde os funcionários fatiam de tutlo para mahmtar, oprimir, injuriar e roubar os pdsioueiros"; havia a prisão de Bl~tre. "um lug<tr ignóbil, uma espécie de úlcera terrível e asquerosa, impossível de se ve,-, e cujo cheiro envenena.\1a o ar a 700 metros de distância"; havia a Conciergerie. a famosa Conciergerie dos carcereiros sempre bêbados e sempre seguidos de cães ferozes; e havia a Abadia, havia La Force, havia o Luxemburgo, havia Santa Pelágia, havia o Chârelet, havia os Oiseaux. e havia ainda uma enorme quanti• dade de casas particulares, antigas mansões agora transformadas em cadeias. E nesses lugares, amontoados sem quaisquer condições de higiene, estavam os suspeitos: criminosos

comuns e pessoas honestas, meninos de quinze anos e velhos de oitenta, homens e nualhercs. todos vivendo na mais horrivel pro. m iscuidade, dormindo dois ou três sobre a mesma enxerga, o u simplesmente deitando-se sobre o chão duro. As prisões nunca ficavam demasiadarnente cheias, porque havia um meio fácil e rápido de as esvaziar: inventava-se uma ·'conspira· ção'" entre os presos, e mandavam-se vinte, trinta, cinqüenta deles para a guilhotina. de orna só vez. Em Bicêtrc, por exemplo, cm dois dias foram condenados e executados 98 detidos, acusados de "terem o intento tle llpri· sionm• os guardas da prisão e forç<1r suas portas, para depois irem apunha/t,r os represe11 .. umtes do povo membros dos Comitês ,le Sa/.. vação Pública e de Seg111·a11çt1 Gert1/, da Co11venção, pretendendo ainda arrtmct,r-/hes os corâçõeJ·, grelhá-los e comê·los, e fazendo morrer OJ' membros mais destacados <!entro

<lc um barril guarnecido ,te pontas''. ,Este é o próprio texto da ata de acusação. Não encontramos comentários para tal absurdo. Outra maneira de esvaz.iar as prisões era permitir que um bando de assassinos as in. vadisse ..cm nome do povo··, e massacrasse q uantos prisioneiros quisesse. Em setembro de 1792 esses massacres se deram em quase todas as prisões de Paris, com um total de. vítimas estipulado entre 1. 100 e 1.400, inclusive 66 meninos e moços de doze a vinte anos, 37 mulheres e 223 Padres. A respeito das abominações então cometidas. basta citar o insuspci· tíssimo testemunho de Madame Roland, ardente revolucionária, em carta a um amigo: ''Se conhecesses os horríveis detalhes <lessas mawnças.1 r... J Os imestinos G'Ortados e usados como fitas, OJ' pedaços <le carne Jumuuw t/ue enm, comi<los s<mgrmulo! Conheces o meu emusi(lsmo pela Revolução. Pois bem. Nesse <lia, tive vergonha ,lei<,/''

"Tomo tua passagem". "Aqui está teu atestado de óbito". Mas o leitor foi aprisionado depois desses massacres. e portanto não tem nada a temer deles. Terá pois a oportunidade de ser julgado pela famosa justiça revolucionária, criada para acabar com os •'abusos" e "absurdos" judi .. ciais de antes da Revolução. Antes, porém, há algumas preliminares. Se o leitor estivesse noutra prisão, seria primeiro transferido para a Conciergerie, sintomatica. mente chamada de "a11tec<imar<1 da morre". Lá, deveria ficar algum tempo, 1, espera. Horas, dias, meses, ninguém podia prever. Todas as tardes os presos se reuniriam no pátio, para ouvir a chamada dos que iam ser julgados no dia seguinte. Quem ouvisse o seu nome devia aproximar•se e receber umâ folha de papel, que continha a cópia da ata de acusação. 0$ guardas a costumavam entregar acompanhada de alguma pilhéria sinistra : ''toma tua passage,n'' ou "eis teu Mestado de óbiro". Um dia o leitor será chamado também. Então, e só então, terá a oportunidade de, lendo a ata, saber o de que é acusado. Mas, por maiores que sejam os absurdos registrados nessa ata, por mais certeza que tenha o leitor de que facilmente poderá provar a sua inocência, cu o aviso: não sorria! Não faça como alguns prisioneiros que, ao verem as tolices de que eram acusados, se moslravam. confiantes e comentavam com os companheiros de cela que "facilmente emb<,· raçariam os juízes" o u que ªo direito romano estava a seu fa vor". Infelizes! Eles ignoravam que não teriam o direito de alegar coisa alguma; não sabiam que o carrasco e as carroças que os deveriam levar à guilhotina já estavam preparados antes mesmo de começar o julgamento! Enfim, não conheciam ainda a famosa "'justiça" do Tribunal Revolucionário.

Promotor? ju ízes? Não: meros ca rrascos Raia enfim, caro leitor, o dia da execução. Mas antes, vamos à formalidade do julgamento. Os guardas o escoltam, juntamente com outros quarenta ·'suspeitos'' até a Grande Câmara, aquela rnesma sala q ue tanto o havia encantado em sua primeira visita a Paris. S6 que, com a Revolução. o seu nome mudou. Talvez o console saber que agora ela se chama ··Sala da ·Liberdade'". Não estranhe o ruído dessa massa de pessoas que se amontoa no local, gritando palavrões, cantando e bebendo. ~ o "'povo", caro leitor. É o "povo'' que é pago para assistir os julgamentos, e para pressionar os juízes e jurados, caso algum deles tenha qualquer veleidade de pensar em coisas antiquadas como ··provas''. "justiça". etc. Falamos em juízes. l,; bom que o senhor os conheça. São aqueles que estão sobre o estrado no fundo da sala, brincando com as pistolas q ue sempre conservam sobre a mesa. Um deles denunciou como suspeitos o próprio pai e o próprio irmão, e outro aceitou sua nomeação para o cargo dizendo: ··t preciso sangue! O povo deseja o sangue!" Bem à sua frente, do outro lado da sala, vê-se o corpo de jurados. Um deles, chamado Brochet, é o autor da oração infame: "Ó Sa-

grado Coração de Jesus. 6 sagrado coração de Marat'>: outro, Prieur. se diverte durante os debates fazendo a caricatura dos acusados; um terceiro, Rcnaudin, se vangloriará de nunca ter absolvido ninguém: outro ainda, Fillion, tendo-se oferecido para ser carrasco em Lion e não tendo sido aceito, foi ser jurado cm Paris; outro, Chãtelet, dizia que era preciso derrubar 80 mil cabeças; outro, Vi-

latte, é um ex-Padre que uma vez interrompeu um julgamento gritando ao presidente que era hora de jantar, e que declarava os acusn• dos duplamente culpados, uma vez que conspiravam também contra seu ventre; fi nalmcn· te, há um que, em homenagem à Revolução, mudou o próprio nome para "Dez de Agosto". Apesar de ser jurado. este é completamente surdo ... Mas esses não são os piores. Há um outro hornem na sala do qual todo esse bando tem medo. S: aquele que está sentado à mesa abaixo da dos juízes, ao lado desse secretário de olho de vidro e aspecto sinistro. Certamente, em suas conversas na prisão, o leitor terá ouvido seus companheiros de cela pronun· ciarern o nome desse homem, amedrontados como quem pronuncia o nome do demônio. S: o acusador público Antoine-Quentin Fouquicr-Tinvillc, o homem que não dorme, que passa os dias ;nteiros enviando pessoas à morte, e passa as noites fazendo a lista das pessoas que enviará à morte no dia seguinte~ é o homem que assina as ordens de execução antes do início do julgamento; é ele que ameaça de morte os jurados que pensam em absolver os presos; é ele que exige pelo me. nos trezentas execuções por scl'nana, sempre afirmando que o ideal seriam cem por dia; é ele que está em todos os lugares do edifício do tribunal, vigiando, advertindo, incitando, ameaçando, e exigindo cada vez mais sangue, cada vez mais mortes, aos gritos de "vamos seus patifes! é preciso que ;sso a,ule!" E a coisa andava. Em um dia, 54 pessoas condenadas sem que se lhes perguntasse nada além de seus noines; noutro dia, mais 60, inclusive uma cujo nome nem mesmo se encontrava na lista dos acusados, mas que foi executada da mesma forma. Os jurados jâ nem se retiravam para dcliberat. Alguns nc1n mesmo assistiam à audiência : quando a acusa.. ção terminava, eles eram chamados, votavam pela morte. e depois iam para casa. Às vezes se convocava uma ou outra teste· munha. Uma delas, num caso de pretensa conspiração. afirmou que não sabia de nada, e foi imediatamente presa, acusada de falso testemunho. Outra foi advertida pelo juiz: "Niio fole nada. a nüo ser que seja confr{l o acusado''. Fazia-se também uma espécie de humor sinistro. No fim de um julgamento, q uatro jurados foram ao gabinete de Fouquier-Tinville e contaram que tinham acabado de enviar um numeroso grupo para a gujlhotina. O acusador público, rindo, perguntou de q ue aquelas pessoas eram culpadas. Os jurados. com cara de espanto, responderam: ''Não .sa.. hemos de nad<1. Mas se truisere.s saber, potleJ· correr m rÓJ' tlll carroça que os leva. e per• grmtor''.

O Tribunal sa bia ser benigno. . . com os monstros Em vista de tudo isso, o leitor pode perder as esperanças. O Tribunal acaba de julgá-lo, e a pena é uma só. O leitor será guilhotinado, como guilhotinada foi aquela mulher que ousou lamentar a sorte de um condenado; ou como aquela pobre costureira que cometeu o crime de vender algumas imagens de Nossa Senhora; ou como Durand Puy de Verine, um velho de 75 anos, semiparalítico e cego, preso porque possuía algumas cartas de baralho com a figura de um rei. Sua mulher, que tentou responder por ele, foi guilhotinada também. CONCLUI tU, l'ÁOINA

6

Evondro Faustino


Plinio Corrêa de Oliveira

• A Espanha na maior das perseguições

CONHECIDA REVISTA madrilenha '· F'uer,a Nueva" ( 3) -8-1974) publica um importante carteio entre o

Emmo. Cardeal Tarancón, Arcebispo da Capital espanhola, e o Revmo. Pe. José Bachs Cortina. Esse preclaro Sacerdote assina suas cartas na qualidade de presidente da Associação de Sánto Antônio Maria Claret, fi qual estão filia-

dos mais de dois mil sócios do Clero secular e regular. Uma organização, como se vê, de grande importância na vida religiosa hispânica. Das canas do Pe. Bachs destaco alguns textos que merecem a atenção dos cat6licos do mundo jnteiro. Possivelmente eu tratarei, em próximo artigo,

'"t111todemolição tia Igreja'' e da "f,mwça ,/e Satanás'' no lnterior da mesma". E, mais adiante, o porta-voz dos dois mil Sacerdotes da Confraria de Santo António Maria Clarct conclui de modo impressionante: "Esw é ll Igreja a que Vosst, Eminência p,·csitle, fo.i·timavelmcnte nwis derrou,da tio que e,n nenhuma outra siuwç,io hi.rt6rica de nossa pátria, inclusi\le nas maiores perseguições, já <1ue ent,7o os márti~ res se cq111t1vam aos milhares. e11t1mmto hoje ,,.rsim se contam llS t1posMsias''. Elll outro trecho, o corajoso Sacerdote desvenda · todo um mundo de perseguições e misérias que deson ram os que as movem, e honram os que as sofrem: "Pedimos também, ,, legitima libenltule tlaJ· irmandades e "ssociações st1cerdol<lis. hoje

oprimitlas por pressões e c,m,ptmhas dij,mwt6rias. proibições de reuniões. bem como as injustiças tle que são objeto, cujos l'espingos alcançam também a Prelados titulares ,figuíssimos, vítimas do 6tlio sectário". E conclui: "[ ... ) só Deus pode saber a sonc que caberâ, 11(1 eternid,ule, aos Prelados que. por aç<io ou omiss,1o, permitem este C{ltaclismo espitua/"'.

Começo por este trecho impressionante do Pe. Bachs: "A carência da formação filosófica tomista, apontada por São Pio X como fundamental para os Sacerdotes que devem dedicar-se à ação .rocia/1 se manifeJ·ta atualmente na proliferaçcío de tlocumentos. inclusive episcopais, ,le revistas clw-

ma,las católicas, homilias, esc,.itos ,Je vários gêneros, os quais demo11str111n uma total ignorância da ,Joutri11a socitll car6/ica, em oposição ao.f ensinamentos do Magistério pontifício, inclusive de Paulo VI, e .re professa,n enganosamente socialistas". Segue-se este trecho de capital importância. '8 impossível lê-lo sem pensar nos efeitos ruidosos da "Ostpolitik" vaticana em relação aos países comunistas:

"Não há quen, ignore que ti máquina marxista possu{ltoje, na Igreja espanhola, ideólogos e ativistas que predominam em meios de comunicação social, ,nanipulam. as raquíticas organizações que

ainda restam do que foi a Açiio Católica, Co11gregações Marianas e outras associaçQes piedo.. sa,· e apostólicas. f:: significativo o silêncio ,la Con/érência Episcopal perante este fenômeno, ,,pesar das reiteradas e legítimas vozes (/ue se levamam pedindo esclarecimentos''.

••• Não menos grave é este outro texto: ~

"Consi{ierando os acontecimentos com fé sobre; natural, a tragédia é espantosa quando se con~ templam os estragos decorre!1tes da falta de pre~ gaçiio, da negação dos Sacramentos, dos militares ; e milhares de Crianças sem batismo, do proselitismo das seitas maçônicas e marxistas, assim como das ati,•idades comercialmente multiplicadas f da COTl}'PÇâo moral em tanro.r centros nos quais ~ hoje se destroem a p11re1.a da infância_ , a juven0 rude e a família. , ••;f' O silêncio hierárquico ante todos esses aconte~ cimentos é verdadeiramente pavoroso. S6 assim se

â

t entende

que Paulo VI tenha podido falar da

••• -

ela envolve, cm seu conjunto, ocidental, e assim repercute a inteiro. A crise árabc~israclcnsc, ;impla, 1rnnsc:cndc de muito a

toda a economia fundo no mundo de área aliás bem respectiva esfera

geográfica. pois afeta as ·'diásporas" judaica e arábica no mundo inteiro. Acima de tudo, porém,

nota-se um desgaste nas relações dos dois supergrandcs, o autêntico (Estados Unidos) e o mí.. tico (R(,ssia). Em termos mais precisos, os adversários da "détentc" aq11ém e além da cortina de (erro deixam ver sua repulsa clara às tcntativàs de paz de Kissinger e de Brczhnev. Entre "pombos" e .. falcões" há. no plano suprrmacional , um tal desgaste, que uma guerra pode explodir de um momento para outro. Este perigo de gucrrà vem sendo. aliás, reconhecido explicitamente por v:trias íigura$ do cenário internacional. De sorte que, nas próximas semanas. o que se vni discutir - e talvez decidir - é a própria sobrevivência do mundo atual. - Como tudo isto sobrepuja cm gravidade e extensão o arrufo Kcnncdy-

Kruchev!

• ••

da resposta do insigne Purpurado.

• ••

mo de comparação com o lance cubano de 1962:

Meu comentário acerca da situação n.ssim

descrita? que está abaixo de qualquer comentário ...

a

A julgar pelo noticiário dos jornais, nesta tcrrlvcl encruzilhada. o destino do mundo pode depender de concessões ou endurecimentos em pontos que, nessa perspecliva, parecem secundários. Urn pouco mais ou um pouco menos,

cm torno de uma linha-limite do preço do petróleo, ou igualmente cm uma linha-limite no

Portugal, o descolonizador colonizado

Golan ou no Sinai, e pode produzir-se a guerra . E o mundo todo acompanha assim, entre displicente e bonachão, engajado e apavorado, uma partida tremendamente séria, que talvez chegue agora a seu lance decisivo. - Terrível, pungente, dramático, não é? - Sim, mas com aspectos de uma atroz palhaçada.

••• O NOTICIÁ RIO internacional das 61timas semanas dá azo a que meçamos até suas últimas profundidades a crise espiritual contemporânea. De tão profundo, o mal espiritual acabou por atingir as próprias raízes da agilidade de espírito das massas, man ipuladas pelos assim chamados ·•meios de comunicação social".

Se não, vejamos.

Com efeito. enquanto a diplomacia do Ocidente se apresta a discutir milímetros de terreno ou punhados de dólares com árabes, judeus e russos, e estes jogam a panida com todas as aparências de uma absoluta serfodadc, a Rússia vai pura e simplesmente escamoteando Portugal. Cada dia que passa afirma novos progressos na caminhada dos comunistas para o controle

•••

completo do poder cm Lisboa. A respeito disso, ninguém se preocupa, ninguém discute, ninguém briga, na esfera internacional.

Desde o término da Segunda G uerra Mundial, não me lembro de uma só situação cm que o mundo estivesse ião pró~mo de outro conflito. Alegar-se-á, talvez, contra o que afirmo, a crise cubana de outubro de 1962. A admitir que tenha sido autêntica e não mero "show" político intercalado adrede na pré-"détentc" KennedyKruchev - ela pós em risco grave a pa.z, em uma áre.a circwiscrita, e à vista de um problema também circunscrito. Assim, resolvida a ~ituação aguda, a paz tinha indefinidas possibilidades de durar. Tanto e que durou. A crise cubana foi álgo como uma gravíssima crise de. apendicite num organismo normal. Resolvida tal cri,e, as possibilidades de sobrevida são indefinidas. Pelo contrário, hoje é todo o organismo das relações in\çmacionais que se mostra estafado, desgastado, gravemente doente. A crise entre consumidores e produtores de petróleo tem . obviamente uma amplitude que não compon~· ter-

O disparate é tão grande, que se pergunta onde está o lucidez política dos que conduum o Ocidente. Mas é preciso ampliar a pergunta. Esta aberração, as multidões também a vêem, e con· tudo parecem não incomodar-se com ela. Adormecidas pela fruição de um conforto aliás cada vez mais precário, voltadas apenas para seu inte· rcsse mais imediato, dominadas. pois, por uma crise espiritual sem precedentes, elas toleram tudo, contanto que o seu dia a dia não seja perturbado. E assim vai sumindo aos poucos o glorioso e pequenino Ponugal, colonizado pelo pior dos imperialismos, no momento cm que -

outro

paradoxo - ele libera suas próprias colônias. E não há quem proteste co.ntra essa arbitrária e louca separação que se faz entre o caso portu. guês e a situação internacional.

Sirva pelo menos de protesto o presente anigo.

3


A MISSA A NGL I CANA "homens virtuosos e eruditos'' e "por gente bo,; e e:rce/e,1te, antes <le que Wiclef se encar· regasse ,!e tratlutf../a tfe novo com um prop6siro perverso". E Mon1s insistia cm que não havia razão parn que ''fosse prejudicial t1·{l,Juzir a Bíblia em /i11gua inglesa, pois niío hâ• via 110 êscritur,, passo tão difícil que um Iro• 111em ou, uma mulher bons e virtuosos não prulessem nele achar algo que os tleleitasse e lhes amne11rasse a tlevoç,io't. O que se deveria repelir, era a Bíbli~ deliberadam~nte ma~ traduzida, "com 1>ropós1tos perversos', e aqui

está o segredo das insistentes petições anticatólicas do uso da língua vernácula, durante o século XVI (4). A tradução feita por William Tyndale, um dos colaboradores de Cranmer, (oi queimada pelas autoridades católicas. Quando perguntaram a São Tomás Monis o que pensava do

Thomas Cranmer

foto respondeu.:

ELA PROPRIA natureza das coisas, as mudanças litúrgicas devem parecer sus. peitas a todo historiador in.glês. Sabe ele que em seu país tudo isso já ocorreu em outra ocasião, e que as conseqüências de tais mudanças transtornaram-lhe toda a vida religiosa. Contudo nem sempre reflete que apenas uns poucos se interessam por um tema tão restrito, e que a aceitação geral de certas iniciativas - ao que parece - não é filha da má fé, e sim da ignorância. e meu propósito descre ver, simplesmente, o método pelo qual foi destruída a Fé na ln_glaterra cabendo a Thomas Cranmer, Arcebispo de Canterbury, onipotente cm matéria religiosa nos anos de 1547 a 1553, a .principal responsabilidade pelas medidas adotadas. Era ele bastante leal quanto às suas intenções, e não se esforçou cm nada -para dissimular sua opinião de que o poder "da grande meretriz, isto é, da pestffera Sé de Roma", se baseia na "doutrina papista da transubnanciaçüo, da presença real do carne e do sangi,e de Cristo

P

no sacramento do altar (como o chamam) e

do sacrifício e oblação de Cristo feiros pelo sacerdote para a salvação dos vivos e tios mor. tos" (1) .

Era isto o que se tratava de destruir. O povo deveria aprender que Cristo não estava no Sacramento. mas tão somente nos

que recebessem dignamente o Sacramento. "O comer e beber a carne e o sangue de Cristo não deve tomaY..se em seu significado comum,

de comer coin a boca e os dentes uma coisa m e• Presente' e sim no sentido de assimilar, . diante uma fé viva, com o coraçao e a m ente, uma coisa ausente" (2). O novo rito que Cranmer idealizou para dar corpo n esta crença, "a celebração da Santa Ceia", não deveria conter nada que pudesse ser ''desfigura,lo". de maneira a parccer--5,e com a "nunca demais execrada Missa". Que na Missa "se ofereui a Deus um sacrifício. isto é, o Corpo e Sangue de Nosso Senhor, verdadeira e realmente, para obter o per(Jiio dos pecados e a salvação tomo dos mortos como tios vivos" ( 3) foi definido como heresia digna de pena de morte. Isto, quanto ao objetivo de Cranmer. Os três principais meios com que o conse~u1t_1, foram o uso da língua vernácula, a subst1tu1- · ção do altar por uma "sa.nta mesa" .e as mudanças introduzidas no Cânon da Missa.

A LINGUA VERN.ACULA

11

Cousa-me grande maravilha que ~qualquer bom cristão, com um pingo tle juízo na cabeça. se está a par do assunto, estranhe ou /dmente a queúna deste livro. Pois os que o chamam de Novo Testamento se equivocam, já que deveriam chamá-lo o Tes-

tame1110 de Tyndale ou de Lurero. Porquo1110 'l'yndale, segun,lo ,o conselho de Lwero, o corrompeu. e converteu em suas pr6prias diab6-licas heresias a boa e salutar doutrina de Cris-

to, de modo que o resultado fo! algo torolm e11te difere11re". Como lhe pedissem exemplos, escolheu três palavras: "Uma é a palavra "Sacerdote"; a outra, "lgrejá'; a terceira, "c_a· ri<lade". Em vez de Sarcedotes, sempre dl't.: anciãos; à Igreja chama sempre comunidade,· e à carldade chama-a amor. Pois bem, estas pa/avrc1s nlio exprimem, em nossa língua ingleso, OJ' coisas que aqueles termos q_uerem dizer na Escritura, De onde. se se co,istderatn bem as circ,msrâncias, conclui-se que houvt uma intenção perversa na tradução" ( 5).

Tyndale encheu sua tradução de notas, no estilo de que a Missa era uma questão de "dor cabeçadas, fazer sinais e miar, como se fora um jogo de monos". Os que ainda mantinham a fé e as práticas trad icionais eram "bcsros sem o selo do Espírito divino, e sim marcadas com o sinal da Besta e consciênclas corrompidas".

Porém, muito mais prejudiciais do que os comentários eram - como observa Morus as traduções deliberadamente errôneas que fez Tyndale ( e Cranmer imitou-o em uma versão publicada seis anos mais tarde ) para suprimir a doutrina tradicional católica. Traduziu a palavra "ídolos" por "imagens", forjando assim um instrumento útil contra o culto dos

Santos e da Sagrada Humanidade de Cristo. "Confessar", que sugeria o Sacramento da Penitência, ver1eu-se como "reconhecer". As

grandes palavras-chave do Evangelho, "graça" e ..salvação", se converteram em ''favor'' e "saúdc11 , A palavra .. Sacerdote.. se traduz.ia

por "mais velho", e "Igreja" por "comunidade", com :1 seguinte nota: "p0r sacerdote não se entende, pois, no Novo Testamento, outra coisa senão o velho que ensina a outro mais

jovem". Explicou também que os Sacramentos instituídos i>Or Jesus Cristo eram o Batismo e a Santa Comunhão, os quais "outra coisa não eram senão pregações das promessas de Crisw

Tomemos como exemplo o conselho apostólico na Epístola de São T iago: "Há algum enfermo entre vós? Chamai os Sacerdotes tia

10' '.

Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com

A tradução da Bíblia em língua vernácula .existia na Inglaterra desde os tempos dos saxões. Muito antes que Wiclef fizesse sua "tradução" em 1380, houve, como salienta São Tomás Morus, traduções em in,glês feitas por

Hug\l Ross Wllllamson, tUho de um·· "mt. dei-àaor" dos <ongregscloilblas •~~ e ele próprlo ministro ~gH<an<1 dU1'11!11• ~,, rios anos em Londres, <0nverteu-se ao C•· tollcislnO em 19'5S. lt uma ·aoto~ em "™ólia rdlglósa da ~ erra séculos XVI e XVD,· 0, ,presente 'artiao, esmto · m ' 1971, co~a ·toda ."'!ª atua!l4,ade. A ·tra· duçio . fol tómacla das teristas- 'Mlslón ..Bí· blka", ao M, .ico (maló de 1972),. e "lw la.zloid" de ' ' d& ·Roma, (sotembrO-outubro ,. , . 197.4).

nos

óleo em nome do Senhor' (Tiago 5, 14) , que, com sua rcfer~ncia óbvia ao Sacramento da Unção, não podia permanecer assim. Mesmo Wiclef, na sua tradução anterior, não o havia modificado, e o havia t.raduzido corretamente, "sac'!rdotes da igreja". Porém, nas traduções de lyodale e Cranmer se convertem em "aflciiios da comunidade".

Podiam, desse modo, apelar os protestantes para a Bíblia em língua vulgar, com·o testemunho de que o Novo Testamento não continha referências que justificassem a doutrina catóüca contemporânea e &cus costumes, postos em discussão. E quando tais traduções da Bíblia fo ram confiscadas e supressas, com car. rad11_s de razão, pelas autoridades católicas, foram os católicos acusados de mais o crime de intentar impedir que o povo lesse a Bíblia. Tudo tão simples! E a eficácia da dupla mentira era tão perfeita, que ainda hoje se ouvem seus ecos.

Mas a alma propriarncnte de uma M issa cm vernáculo é a leitura em língua vulgar da instituição da Eucaristia. N ão se trata apenas de abandonar o Cânon silencioso, costume que

vem do século V 111, mas especialmente querse que se ouça "distintamente" em inglês as palavras "/atei isto em minha mcm6ria". A palavra grega ··anamnesis'", traduz.ida por ''em memória de", não reproduz exatamente o sen .. tido original. Palavras como ''recordação", ''mcrnória'*, ''memorial" implicam a existência de algo ause.ntc, ao passo que ''anamnesis" tem o sentido de tornar a apresentar um acon-

tecimento passado de tal modo que se faça ativamente presente. Este sentido oão se alcança nem sequer com a palavra latina "memóriaº. A palavra inglesa ''representar'', mesmo escrevendo-a "re-prese1\tar''. não basta, sem exp1icações suplementares; e •·re.cordaçãoh, "memória''. "memorial", por causa de seu

emprego convencional e significado corrente, na realidade enganam. "A compreensão da Eucaristia como "a anamnesis minha", ,·omo a "represenltlÇtío" ,fiante de Deus do único sacrifício de Cristq em t0<la sua plenitude real e efetiva, tle maneira que está aqui e agora operante pelos seus efeitos, permanece - como disse um teólogo claramente dernonstratla em todas as tra-

dições da Igreja primitiva". Ouçamos São João Crisóstomo: ''Oferecemos também agora o que foi oferecido então, o que não pode ser esgo1t1do. Isto se faz me<liante uma ··a,wmnesis" tio q11e foi enrüo feiro, porqi,e Ele disse: ''lt1· tei isto em "anamnesis" de Mim". Não oferecemos um J·acrifício diferente do que oferece o grande ·sacerdote; oferecemos o mesmo. Em termos melhores: oferecemos a 1"anamne-

sis" do Sacrifício" ( 6). Craomer, que desejava desarraigar toda a idéia da Missa como sacrifício e substituí-la pela teoria de uma mera refeição comemora-

tiva na qual Cristo não estava presente, a não ser nos corações dos fiéis, não poderia encontrar uma arma mais poderosa do que o abandono do Cânon silencioso cm favor da nar-

rativa da instituição em inglês e em voz alta, com seu reiterado "/atei isto em m;nha memóriaº. No grande silêncio, o fiel comum,

instruído sobre o que significava a Missa, sabia, ainda que o não soubesse formular, o que estava ocorrendo. Porém, agora, podia ele mesmo ouvir que, até onde a1cançava compr~crn~ der, era apenas um banquete comemorativo.

Dizia-o a Bíblia. Comparecia ele para recordar um fato que tinha acontecido num longínquo passado. E semelhante interpretaçã? se sublinhava mediante as -palavras pronunciadas pelo ministro ao dar-lhe a comunhão: "Toma e come isto em recordação de que Cristo morreu por ti. e nutre-te em teu coração me<liantc

o fé, com ação de graças". A imposição ao país do novo 'IPraye~ Book" em língua vernácula se deu no donungo de Pentecostes, 9 de junho de 1549. Em 10 d_e junho, um grupo de camponeses_ de De~onsh1re tendo assistido ao novo serviço, obngou o pároco a restaurar a Missa. Em dez dias, um exército popular, ~~ssivelmcnte de ~n~as 6 mil pessoas - é d1f1c1l dar com cxalldao os

João, Paulo", tomasscn\ a liberdade de por em d(,vida sua teologia. Escreveu-lhes: ;•o homens ignorantes tle Devonslrire e Cornwall, riio logo me inteirei tle vossat>' f)elições. pensei que havíeis sido enga,wdo.r por t1lgu11s <IStutos papistas parti Jazer-,1os pedir o que m1o em eu.defr. Manifestais qual o espírito que os guia· vll, quando vos persuatliram de que " Puluvra de Deus é somente uma charada ,le Nawl. ê ma;s wna. clwr<ultl e um jogo louco ouvir o sacer<lote /tilar ao povo em latim em voz ,,lia. No serviço em inglês l,á somente ,, Palavra eterna de Deus. Se V0$ parece apenas uma charada de Natal, penso que " culpa não é tanto vossa, quanto dos J'acerdoteJ· papfaws que abusa,.am tlc vossa boa fé . Preferis ser como pegas ou papagt1ios, que aprendem a /lllar ~·em cornpreender uma palavra tio que dizem, em vez tle ~;e rdes verdadeiros cristãos que oram a D eus com fé?" (8) .

Os rebeldes, na sua fé simples, não fizeram caso do erudito Arcebispo. Cranmer teve que recorrer ao braço secular. Pela primeira vez, depois de trezentos anos. mercenários estran-

geiros, sobretudo luteranos alemães, fo ram empregados em terra inglesa, e o último baluarte da Fé foi destruído em campo de batalha.

11

A >natança foi indiscriminatla -

são

palavras memoráveis de Hilaire Belloc -

qua-

tro mil haviam sido fusilados, ou pisoteados pelos cavalos, ou enforcados, antes que os homens tle Devon aceita.rsem sem entusiasmo <1 prosa esquisita de Cra11mer' (9). Consta que os aventureiros italianos e espanhóis. que ti-

nham servido de reforço aos alemães, quando souberam de que se Lratava, foram ao Núncio

imperial para que os absolvesse do que tinham feito. Quando chegou a Londres a notícia da vi-

tória do vernáculo, Cranmer "fez uma ação de graças pela vitória. no coro de Sllo Paulo'', e no sermão diante do Lord M<ryor e dos conselheiros municipais, o Arcebispo advertiu os ouvintes, dizendo que 1'a · praga da divisão e11• tre nós mesmos, tal como n,io se vira seme· 1/umte tlesdé a Paixão de Cristo, nos sobreveio por instigação do Demônio, porque não temos sido diligentes em ouvir a Palavra de Deu: e .reus ·verdadeiroJ· prega,lores, e J'im nos deixamos extrt1viar por sacerdotes pt1pistas".

Desde logo era falso que o povo não entendesse a Missa latina. A circulação de devocionários e livros de iostrução entre uma população de três milhões de almas, pode avaliarse à vista do fato de que oo holocausto da doutrina e piedade católicas - que fazia parte Ja política protestante - se destruíram um quarto de milhão de livros lit(irgicos: nada menos. No ano subseqüente à imposição do primeiro " Prayer Book" - 1550 - Cranmer enviou comissários às universidades. E m Ox-

ford, destruíram-se milhares de li vros. Cambridge sofreu uma espoliação mais lenta, porém mais drástica, pois ali se contavam, no

começo do reinado da Rainha Elizabeth, unican1ente

J 77

volumes ''recortados e estropfo-

dos". O resultado era inevitável. Um pregador protestante, em um sem1ão d.iante do Rei, em

1552, não teve escrúpulo de afirmar: "Está entrando na Inglaterra uma ignorância, supers-

tinha tomado Cred1ton e estava

t%,ão e infidelidade mais cega do que o que

ameaçando Exeter. Suas solicitações eram s imples e diretas e se relacionavam somente c_om a Fé. Pediam que se restabelecesse a Missa

iamais tenha existido ~·ob os bispos romanos. Vosso reino (lamento diz,ê.lo) j·e tornará ,nais

números -

..como antes" e que o Santíssim.o Sacramento Se tornasse a guardar, como antes, ~m um lugar eminente. "Não queremos - disseram - receber o novo serviço. pois é como wna charada de Natal; queremos nossas velhas fun. ções de Matbzas, Missa, Vésperas e procissão

(as Ladainhas de Nossa Senhora) em latim, e queremos que todo pregador, no seu sermão, e rodo Sacerdore em sua Missa peçam pelas

almas do Purgatório como fizeram nossos antepassados". ·Deveria batizar-se "tanto duran!e a semana como nos dias festivos". Oever-se•aa

voltar a benzer os objetos, a distribuir palmas e cinzas nos tempos habituais, com todas 1'as velhas cerimônias tradicionai$ usadas parti este

fim por nossa Míie, o Santo Igreja" (cois~s que Cranmer tinha abolido como "superstições) (7 ) . Cranmer estava exasperado, não somente pelas solicitações em si, como mais ainda pelo

fato de que uns camponeses ignoran1es, "José,

bárbaro do que a Círia" (10). Outro, deplorando a multiplicidade de seitas, que era a seqüela inevitável da política de Cranmer, se lamentava: "Há arianos, marcionitas. libertinos, davidistas e monstruosidades se,nelhantes em grande quantidade; precisamos de aux(Uo contra os sectários e epicuristas e pseudo-evangelistas que começam a agitar nossas igrejas com mais violência do que nunca" ( 11) .

Uma das razões da mutilação dos livros era o decreto publicado por Cranmer. Nele se dizia que ..corriam rwnores de que o povo desejava outra vez seu antigo serviço em /a .. tim, e urgia empenhar-se por que se depusesJ·e toda essa vá e$perança de volver ll ter o ser viço divino público a adm;,,istraçiío tios S,,cramentos em língua latina". Cranmcr, nesse

documento mandava entregar todos os livros de serviço '1atino às autoridades, a fim de que "fossem desfigurados e tlestruidos de tal mod? que depois não pudeJ·s cm servir mmca n_101s para a finalidade para a qual eram dest11u1·

1) Veja-se Cranmcr: D~/tsa. 2) lb. JJJ. 3) Re/o,11wtlo. 4) H~xapla ;nglesa, publicado. cm 1805. Slo seis versõc< en, inglês (de 1380, JS34, 1S39, ISS7, IS82 e 1611) , tsto.mpa.das cm volumes p!talelos. Trata-se das

4

traduções de \Viclcr, Tyndale e Cranmcr. A J>OSSibi1id3de de comparó.,13.s 6 de incstimãvcl valor. 5) A contrové.rsia de Morus com Tyndale inclui o Diálogo conctmtmt ds htrt-sia.t, de 1529 - de onde. é o trecho citado - e a Rr/utaçã<> da rt.sposra de Tyndalc. de IS32-1533. 6) Grcgory Dix, A forma da Liturgia, 1944, J). 243:

São João Crisóscomo é cicado na S\l'a 1/om. itt H4!b. XVII, 3. 7) Os ((uim.c arcigos dos rebeldes encontram-se: cm Strype: Crom11tr. Ap. XI. Ex.istcm outras versões, mas os nrtigos por nós citados são comuns ft todas. Toda. a controvérsia em F. Rose-Troupc : A ubeliiiq nq Oeste, de JS49.

8) A longa e a,.cda C.lrla de onde 1iromos o trecho acha-se na íntegra em Jcnkyn. Lembranças dt! Tom6s Cranmer, vol. IJ. Dteve resumo em Mason, Cronmer. 9) 1/istória da /nglaterrtt, vol. IV, 10) SemlÕt,S de Bernard Gilpin. ciiado por F.O.\V. Havei, Ce11as da Re/orma ilullr'1do,t por exemplos ,lo pregaç,io cclllempordnea.


cios". Punha-se uma só e~ceção: permitiam-se cópias em latim ou inglês do " Primcr" de Hen. rique VIII, desde que fosse eliminada toda

menção dos Santos. Pois Cramncr odi,ava os Santos como a Missa, e uma das vantagens da língua vernácula era que poderia publicar uma nova ladainha, na qual se omitiriam todos os nomes dos Santos - como também o da SSma. Virgem inserindo no entanto a seguinte petição: "Da riranfri tio Bispo tie Roma e ele todas as suas ,letesráveis monstruosidades, livrai-uos, Se11/wr", que poderia ser facilmente ..compree11,Ji<la pelo povo.. , pois se repetia toda quarta e sexta-feira.

A "SANTA MESA" Um ano depois da subida de Cranmer ao pleno poder cclesiistico, um dos protestantes estrangeiros da Inglaterra escreveu exultante a Bullingcr, sucessor de Zwinglio cm Zurich: "Arae factae su11t harae" ( 12). Naquela ocasião, não era de todo certo. porquanto em vários lugares os altares tinham sido conserva-

dos por Sacerdotes piedosos e por comunidades. Porém, em novembro de 1550, Cranmer, por meio do Conselho Privado, publicou um edito, ordenando que se destruíssem todos os altares do reino. No futuro, onde quer que se celebrasse o rito da Santa Eucaristia, deveria usar..se uma mesa de madeira. A ordem foi acompanhada de uma explicação de Cranmer, que, segundo Philip Hughes, na sua obra decisiva sobre a Reforma na Inglaterra, ''não deixa lugar a drl.vidas de que unta religião estava sendo substituída por outra". As "certain consideralions" assinalavam: "A forma ele mesa afastará os simples ela idé'ia J·upersticiosa da Missa papista. encaminlrandoos ao reto uso ela Ceia do Se11hor. Pois a finalidade de um altar R nele oferecer sacrifícios,· a finalidade de uma mesa é J·ervir nela

a comida aos homens. Se vimos para nutrir.. nos dE/e, para comer espiritualmente seu Corpo e espiritualme11te beber seu Sangue, que é a verdadeira fi11alidade ela Ceia cio Senhor, então ninguém pode negar que a forma de mesa está mais indicada para a Ceia do Senhor do que a de altar". Cranmer explicou que, onde havia conser. vado a palavra "alta,.. no seu novo "Prayer Book" significava ..a mesa onde se distribm' a Santa Comunhão", e que podia chamar.se um altar, pois ali se oferecia ''nosso sacrifício ele louvor e ação ele graças". O edito foi imposto com severidade. Um Bispo que se negava a suprimir os altares cm sua Diocese foi encarcerado e privado de sua sede ( 13). Em Londres, as trocas foram imediatas e espetaculares. O Bi.s po, que tinha sido um dos capelães de Cranmer decidiu, dentro do .possível, tomar a nova mesa inaccessível aos que não comungavam. Uma crônica con· temporânea ( 14) conta-nos que na catedral de São Paulo ele "colocou a mesa no ce11rro do coro superior~ na direção de oeJ·te a leste. oculranclo-a depois tio Credo com uma cortina, para que niío pudesse ser vista a niio ser pelos que iriam comungar>· e fechou com alve. naria as grades de ferro ao norte e ao sul para que ninguém perrnanecesse dentro do coro". Já que não havia Presença real, nem Sacrifício, era muito lógico que se afastassem os que não comungassem na ação eucarística, e Cranmcr decretou "que não deveria celebrar· ·Se o Ceia do Senhor se não houvesse um bom nlÍmero de pessoas que comungassem com o sacerdote, segundo o critério deste último; e .~e houvesse menos ,le vi111e pessoas em uma par6quia, não deveria haver comunhão, a não ser que qua1ro ou três con-rungassem com o sacerdote. E para desarraigar a J·uperstição que alguns têm ou p0<Jem ter, com relação ao pão e ao vinho, o pão será como o que se com e comumen1e à mesa com cs demais manjares; no entan10, .reja ele do melhor e mais puro lrigo que se possa encontrar. Se algo sobrar deste pão ou deste vinho, o pároco poderá empregá-lo no seu uso" ( 15). Na frase de Pbil.ip Hughes, "a 1íltim<1 pedro posta sobre a tumba em que se havia e11cerrado a an1iga fé na Santa Eucaristia, era o ataque à comunhão ele joelhos. Que era isto senão uma idolatria?" Inseriu-se rapidamente uma rubrica no novo .. Prayer Book .., explicando ''que nenhuma adoração era devida ou devia /01.er..se ao pão ou ao vinho sacramental que se recebia corporalmente, nem a nenhuma presença real 011 essencial da corue e do J·angue natural de Cristo". Com o correr dos tempos, a mesa era cada ve-z. mais mesa, e se deslocava. como qualquer mesa, para usos diversos. Publicaram-se instruções explícitas indicando que "a sa,11a mesa devia colocar•se, em cada igreja, onde havia estado o altar, exceto quando se distribuía o Sacramenlo da Comunhão; duranle esJ·e tempo, devia ela ser posta no coro de tal modo que o ministro pudesse ser melhor seguido pelos comunga,ues na sua oraçiío e ritos. e

"ª

l l) Cartns originais relalivru à reforma l11gla, te"ª· vol. 11, Mi.crónius a Bullingcr, maio de 1S50.

Jl) João de Ulmis a Bullinger, tm Corro.s Qr;ginais. 13) Georges Oay de Chichcs1cr. p. ex.

14) Crônica de \Vriothesley.

que os co,mmgontes pudessem comrmgar com mais comodidade e em maior número com o me.rmo minisiro. E depois d,, comunhão de· via <1 mesa vollar para o lugar onde estava ,mies". No século seguinte, os puritanos levaram a obra de Cranmcr à sua conclusão lógica, e nã'o somente comungavam sentados, senão que utilizavam a mesa como lugar próprio para nele deixarem os chapéus.

O CÂNON DA MISSA A língua vernácula e a "santa mesa" eram os instrumentos 1>ráticos de que se valia Cran-

mer para habituar o povo simples da Inglaterra às novas doutrinas. Podia este, agora, compreender sensivelmente que uma simples refeição não era um sacrifício - o Sac.rifício - e que não envolvia outra coisa que não fosse comer o pão ordinário e o vinho ordinário; e podiam ouvir que isto se fazia meramente como recordação de algo acontecido há muito tempo. Porque semelhante costume era para os teologicamente ignorantes mais poderoso do que qualquer cnsioamcnto doutrinário, é que, no breve lustro do reinado de Maria, a Católica, quando a Inglaterra voltou pela última vez à Fé, o Cardeal Polc insistia em restaurar não somente os altares e a Missa, como 1ambém as simples cerimônias que Cranmer havia abolido - água benta, cinzas e palmas - "em cuja observ/incia começa a verdadeira eclucaç,,o dos filhos de Deus" e em cuja abolição os hereges "viam o primeiro escalão" para destruir a Igreja (16). Porém o fulcro da obra de Cranmer era, evidentemente, exprjmir as novas crenças cm forma litúrgica. Sua versão final do que havia sido a Missa não era - como sub1inhou Gregory Dix um atentado desordenado contra um rito católico, senão q,1e o único intento que realmente se propôs era o de dar uma expressão litúrgica à doutrina da "justificação só pela fé'' ( 17). E considerando a ação de Cranmer deste ponto de vista, 6 ela uma obra prima. A conseqüência lógica da doutrina protestante fundamental da "fé some11te" era - e continua a ser - a abolição dos Sacramentos. e óbvio que ações externas não podem ser aceitas como causas no reino da graça. Lutero deu-se conta logo desse fato, e por isso, desde o começo, suprimiu os cinco Sacramentos "1ne11ores", ao mesmo tempo que atacava a comunhão sob uma · só espécie, a transubstanciação e a doutrina da Eucaristia como sacrifício. Era uma primeira etapa de desvalorização do que não podia negar, jã que tanto o Batismo como a Santa Comunhão foram por demais claramente instituídos no Evangelho. Sendo impossível espoliar a Cristandade destes atos externos do Batismo e da Eucaristia, o essencial era esvaziá-los de todo significado. Sobre ostc ponto, todas as seitas protestantes estavam de acordo, tanto os zwinglianos e calvinistas> como os luteranos. Cranmer tinha. forçosamente, que estar de acordo com Zwjnglio em que "a domrina "sola /ides iustificat" é uma base e princ1pio para negar a prese11ça real cio Corpo ele Cristo no Sacramento'' (18), e, como vi.mos, atacou por tal motivo a Missa com a mosma veemência que Lutero no seu famoso: "Declaro que tocios os bordéis (embora Deul· os reprove seve• ramente), todos os homicídios, assassina1os, rouboy e atlultérios causa,.am ,nenos mal do que a abomi11ação da Missa papista" ( 19) . O substitutivo de Cranmer para a Missa se encontra nos dois "Prayer Books" de 1549 e 1552. Como outros inovadores mais recentes, preferiu fazer a mudança gradualmente, para não provocar uma oposição imediata; não ca. be, no entanto, dúvida de que a versão de 1552 estava na sua mente desde o principio, e como ' 1J 552 nos dá a comple1a eslrutura da liturgia [anglicana) atual e u11s 95 por cento de seu 1ex10", ocupar•nos-emos exclusivamente do rito de 1552 (20). O cânon se dividiu em três partes e se converteu na Oração pela Igreja Milita11te, na Oração da consagração e na chamada Sâplica ela oblação. A primeira corresponde ma.is ou menos ao Tt igitur, Memen10 Domine e Com. municames; a segunda ao Hanc igiwr, Quam oblationem e Qui pridie; e a terceira a Unde e1 memores, Supra quae e Supplices te roga. mus. Não há o que corresponda a Memento eiiam, Nobis quoque peccatoribui· ou Per quem. Para avaliarmos com exatidão o que fez Cranmer, devemos examinar detidamente esta.s três partes. o)

A "Oração pela Igreja Militante"

A On,ção pela Igreja Militante soa como segue: "Todo poderoso e sempi1er110 Deu.t, que meditm1e o santo Apóstolo nos ensinastes a Jazer orações e súplicas e a dor graças

tS) Rubrica frnal do Uvrô 1/a Ora(iíó de IS52, rilo dtt Comunhão. l6) Veja.·sc o célebre sttm.'1.o de Polc na fosco de $:lnto Andté de ISS7, retomado com elegância por PhiliJ>J)C Hu&hc- cm A Reforma na /11glatnra, voJ. 11, p, 246·2S3. 17) Gregory Oix, A forma da Liturg;a, p. 672.

por todos os homens, lrnmildemente vos rogll• mos que aceitcü· benig11ame111e nossaJ· esmolas e recebeis es1as noSSllS orações t/Ué oferecemos a V6s1 divina Majestade, rog<mdo·vOs que inspireis co111i1wamc11te a Igreja universal com o e.rpírilo de verdade, unidade e concór· tlia. E co11cetlei que t0<los os que confessam vosso Sanlo Nome adiram ,4 verdade tle vossa sa,ua palavra e vivam cm 1midatle e tlivino amor. Rogamos.vos, outrossim, que s<1lveis e ,iefe,ulais todos os R eis, Príncipes e governa,r. le.r cristãos e especialmenle vosso J'ervo Eduar. ,lo, nosso Rei, pare, que sob seu reino sejamos governados com paz e pietlade; e concedei que todo seu Conselho e rodos o;· que esteja11• clebt,ixo de suas ordens admint's1rem sincera e imparci<,lmente a justiça, para castigo "" ;,,;. qiiidade e do vício e para sustentáculo da vertladeira religião e /ortalez,, ele Deus. Dt,i l{rt1ça, ó Pt,i celesrial, a tot!os os Bispos, Pastores e Curas para que ensinem ta1110 por sua vida como por sua ,Joulrina vossa palavra ver</a. deir<t e viva e cu/mi11is1rem devidamente vossos santos sacramentos; e a iodo vosso povo tfai.lhe vossa graça celeJ·Iial, especialme111e a eslll comunidade (UJtli prese,ue, part1 que, com coração humilde e tt devidt1 reverência, escute e receba vossa sarlla palavra1 servindo--vos fielmente em sa11tidi1de e retidão totlos os dio.s de sua vitla. E suplicamos lmmildeme111e vossa bondade, 6 Senhor, para consolar e socor· rer a todos os que nes1a vida trtinsit6ria tenham aflições, penas, necessidatles, doenças ou qualquer ou1ra atlversidatle. Concedei isto, 6 Pai, por amor de Jesus Crisro, nosso único mediador e advogado. Amém". A mudança não podia ser mais significativa. Além da omissão do Papa e dos Santos, que em última análise era de se esperar, o que desapareceu é toda menção às oblações: Haec dona, ltaec munera, haec soneta sacri/icia i/Ubata, que são uma parte tão essencial do 1'e igitur. Na antiga liturgia da Igreja, sempre se havia tributado grande honra ao oferecimento do pão e do vinho. A eles se refere a immaculatam lrosliam, o calicem sallllaris das orações do Ofertório, assim como o louvor por excelência no Te igilur, a fim de apresentálos a Deus, com a súplica de fazê-los i11 omnibus benedictam, acceptatn, ralam, rationabi· Jem, acceptabilemque hostiam, em vista do milagre pró,dmo da transubstanciação. E como demonstrou Jungmann, "sempre é a idéia de sua imine111e transubs1anciação que condi· ciona a irisistência em sua santidade'' (21). Isto só já era anátema para Cranmer. Como Lutero, ele julgava que toda forma de Ofertório "treJ·andava a oblação". Portanto, suprimiu todas as orações do Ofertório, inclusive a que muitos consideram a mais bela de todas, Deus qui lwmanae, e toda menção de oblação do pão e do vinho (22). A dificuldade para Cranmer era que a colocação do .pão e do vinho cm cima do altar pareci", para o povo, o que o Ofçrtório havia sido sempre. Se se havia de ensinar ao povo uma doutrina inteiramente. nova, era neces· sária alguma coisa mais. Cranmer resolveu o problema, ordenando que os sacristães fizessem nesse momento uma cole1a de dinheiro, e mencionando unicamente as "esmolas'' na oração. Uma vez que as esmolas não se ofe. reciam, nem as tocava o ministro, não havia perigo de que se confundissem com uma obla. ção no sentido antigo. Enquanto peça engenhosa de habilidade litúrgica merece realmente admiração. como disse Grcgory Dix. Como era de esperar, a referência a "esmo· las" era a única coisa que ouvia e comprecn· dia a comunidade. Pois era essencial para a "reforma" que o Cânon silencioso. en1 uso desde o século Vlll (23), ficasse abolido, de maneira que o novo, em língua vernácula, pudesse realizar seu efeito oportuno sobre o povo. As mudanças feitas por omissão, Cranmer juntou uma mudança positiva importante, incluindo o nome do Soberano em vez do nome do Papa. Deu:sseis anos antes, o Rei Henrique VIII havia imposto "rogações" em língua vemãcula, sob forma de petições cuidadosamente redigidas .p ara conduzjr os pensamentos do povo por canais política e teologicamente adequados. Antes de mais nada, devia o povo convencer-se de que o Rei era a cabeça suprema da Igreja da Inglaterra. Se se mencionava o Papa, deveria ser com desprezo. As "rogações" eram um instrumento utilíssimo para comentar diversos aspectos da vida contemporânea, porém o motivo de. sua introdu· ção e o pivot de sua utilidade era a ênfase sobre o Soberano. Cranmer, apesar de suprimi-las, conservou e sublinhou este ponto, pondo a oração pelo Rei e o Estado (formando a Igreja apenas parte deste último), no Te igitur, no lugar do Papa e da Igreja. Certamente, as rogações inseridas recentemente na Missa surtiram o mesmo efeito, ao menos na Inglaterra. Tnv_a-

18) Estêvão G:1tdiner. Bispo católico de \Vinches· ter, preso Por Cranmcr Por(luc dcfcndctn a Eucaristfo, cita

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opinião do Zwjnglio

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oontrovtrsia oom

Cmnmer. Vcj:un•sc as Cartas de S. Gardinu, p. 277. 19) Obro,, ed. Weimar, 1888, vol. XV. p. 773. 20) Gregory Oix, op. cil., p. 669. 21) Jungmann, Mi.ssa Sol~m11is, 111, p, 62, n .o 19.

riavelmcntc, a primeira súplica é uma oração pela Rainha e a Família Real: portanto, pelo seu lugar na Missa, têm, ao menos cronologiéamentc, preferência sobre o Papa. Desse modo a Or,,çtío pefo Igreja Militante, com a omissão de qualquer referência às oblações, à Virgem e aos Santos, ao Papa e à Igreja Católica, e com a inclusão do Chefe do Estado e da Igreja, preparava o caminho para o que se chamava a consagração das cspocies.

b) A "Oração da Consagração" No livro de 1549, Cranmcr fizera preceder as Palavras ela Inslitui~'\o por estas outras: "Ouvi•nOs, 6 Pa; misericordioso, como vos ro· gamos; e com vosso Santo Espirito e Palavra, ma11dai abençoar e santificar esles vossos tlous e criaturas de ptlo e vinho, pc,ra que possam ser pa,·a 116s o corpo e sangue <le vosso amatiíssimo Filho Jesus Cri.sto''. Foi esta fórmula atacada sob pretexto de q ue poderia ser interpretada como produzindo a transubstanciação. Ao que Cranmer replicou indignado: ''Absolutamente não 11edimos que o pão e o vinho se convertam 110 corpo e sangue tle Cds101 ,nas apenas q1te o sejmn de falo ~ARA NÓS nesie mistério: quer ,iiz,er, que os recebamos tão ,Jignamente. que participe· mos do corpo e sangue de Cristo, e que, por· 101110, tleles nos alimentemos espiritualmente em espírito e verdade" (24). Não obstante, apesar desta fórmula exprimir exatamente o s ignificado zwingliano do rito - isto é, a contínua " recordação" mental da paixão e morte de Cristo, que constitui •'o comer a carne e beber o sangue", e o oferecimento de nossas almas e corpos a Cristo, que constitui o único ''sacrifício" - Cranmer de· cidiu eliminar no seguodo livro toda possibilidade de um mal-entendido. Mas, antes de comentá-lo, impõe-se uma digressão sobre coisas de agora. absolutamente exato que a palavra 11obis existe no Quam oblatio11er11 do Câoon romano: "Quam oblationeni tu, De_us,._ i11 onmibus, quoesumus, be11edic1am> adsCriptmn, ratam, ralio· nabilem, acceptabilemque facere tligneris: ut nobis CorpUJ' et Sanguis fiar dilectissimi Filii rui . . . " Mas acontece que aqui o seotido é inequívoco, pois a transubstanciação foi preparada pelos magníficos 1"e igitur, Memento Domine e Hanc igilur, oode se mencionam os J'<mcta sacrifício illiba1a em termos que encaminham a traosfonnação fu.tura do Corpl> e San.gue, dos quais somos os indignos beneficiários. A omissão feita por Craomer de tais referências e qualificações das oblações é o que justifica sua autodefesa de que não podia haver confusão entre sua fórmula e a transubstanciação. Pedia ele tã.o somente um alimento "para 116.r-' 1 nas nossas mentes, não ob· jetivamcntc. O Cânon alternativo, a Anáfora 11, imposta agora à Igreja, imita com exatidão a Cranmer. Para a consagração, não há preparação alguma. Depois do Benedicrus, o Celebrante diz simplesmente : uSois verdadeiramente San10, Senhor, a fo,ue de toda sanlidade". e imediatamente depois roga que estes dons se façam para 116s o Corpo e o Sangue. No Cânon romano é ímpossívcl entender nobis no sentido cranmeriano; na Anáfora J1 é quase in1possível entendê-lo de outro modo. O pior é que a Instrução do Consilium era que este Cânon, Anáfora li, deveria ser o que se empregasse ordinariamente e que se utilizasse, aléni disso, na instrução catequética das crianças sobre a essência da Oração eucarística. Em julho de 1968, sabendo que muitos que conheciam a obra de Cranmcr ·e stavam profundamente perturbados pela possibilidade de que a Anáfora li tivesse sido redigida com a finalidade de utilizá-la para uma falsa "uitidade .. com os protestantes, fiz no "Catholic Hcrald .. um apelo à Hierarquia Inglesa ( que conhece toda a história de Cranmer tão bem como cu) para que pedisse ao Co11siliwn, como prova de boa fé, que eliminasse o nobis. Nada se fez, e lembramos com pesar que a Reforma inglesa se realizou através da apostasia de todos os Bispos, exceto São João Fischer. Volvamos, porém, a Cranmer e à sua eliminação de qualquer possível interpretação errônea ou ambígua da oração. Na versão de 1552, é ela como segue: "Ouvi-11os, ó Pai misericordioso, como vos suplicamos, e concedei-nos que, recebendo estas vcssas crialuras de pão e de vinho, de acordo com a santa ins· tituiçiio de vosso Filho, nosso Salvador Jesus Cristo, como lembrança de sua morte e paixão, sejamos participantes de seu rnuilo bendito corpo e ,\·angutl'. Por omissão de "com vosso San10 Espírito e Palavra, para abençoar e sanrificar estes vos.. sos dons e criaturaJ· de pão e de vinho, ti fim

e

COl"CLUI

1'14 PÁ(ilr,/A 6

Hugh Ross Williamson 22) Grcgor-y 0jx, op. cit, p, 661. 23) O Ordo preS<:rcvia que. ··Po11ri/t:i.: 111cire i11lratln Catz<>1tem", cmbol'a não se interpretasse en\ toda p3r· 1c, ri,gorosamente, c-omo de m3neiro inteiramente )m. perceptível (Jungmann, op. cit, p. 9). 24) Cranmcr, Obras. ed . . Jenkyns, OI, 146. e Par. ken Society, 1, 19.

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Conclusão da pág. 2

Conclusão da pág. 5

A MISSA ANGLICANA de qu,e possam ser para n6s o corpo e sangue de vosso amadíssimo Filho Jesus Cristoº, Ctanmer destruíu toda implicação de que o dom do Corpo e do Sangue esteja em conexão com o pão e o vinho, e de que "santificar" prometa, em certo sentido, santidade. A Oração da consagração de 1552 começa: "Deus 10,io poderoso, Pai celestial nosso, que em vossa terna miseric6rdla destes vosso único Filho Jesus Cristo para que sofresse morte na cr11z por nossa redenção, o qual ali fez (pela sua 1l11ica oblaÇ<ío de si 1ntsmo, oferecida uma

vez) um sacrifício pleno, perfeito e suficiente, oblação e satisfação pelos pecados do mundo i11teiro, e instiluíu e nos ,nandou, no seu santo Evangelho, continuar a lembrança perpétua desta sua preciosa morte, até que venha outra

vez·•.

Neste ponto, Orcgory Dix chama a atenção sobre a inconfundível ênfase, de "sua única oblação ,Je si mesmo oferecida uma vez''. "um sacrifício pleno, perfeito e suficiente, oblação e satisfação pelos pecados do mu11do inteirou, feita há muito tempo - no Calvário - e a redução da Eucaristia a uma comemoração perpétua - palavra habilmente escolhida "tlesta sua preciosa morte, até que venha 0111ra véz" ( onde "0111~a vez" - que não consta de São Paulo - acentua que, assim como a Paixão se acha no passado. a "vl-n da" está no futuro e não na Eucaristia} (25) . e)

A "Oração da Oblação"

Dita pelo povo imediatamente antes da Comunhão. é como segue : "ó Senhor. Pai celestial, nós, vossos humiltles servos, dese;amos plenamente que vossa bondade paternal aceite com miseric6rditt este nosso sacrifício de louvor e aç,io de graças. suplicando-vos muito lwmUdemente nos concedais, pelos merecimentos e morte de vo.rso Filho. Jesus Cristo, e mediante a /é em seu sangue, que n6s e toda vossa Jgreja possamos obter a remiss,1o de nossos pecados e todos os demais beneficias tle sua Pai:rão. E aqui vos oferecemos e apresentamos. 6 Senhor, ,, nós mesmos, nossas almas e corpos. para sermos para V6s unt sacrifício racional,· santo e vivo, rogando..vos lmmildemente que todos os que participamos desta sa111a comunhão seja,nos cumulados ,lc vossa graça e biuç,io celestial. E embora sejamos indignol por nossos muitos pecados de oferecer--.1os qualquer sacrifício, rogamos.. vos, não obstante, aceiteis eJ'ta nossa oblação e serviço que vos são devidos, não pesando nossos mérito$, e sim perdomuJo nossas ofensas por meio de Cristo Nosso Senhor,· por quem e co,n quem, na unidade do Espirita Santo, seja dada toda honra e gldria a V 6s, 6 Pai todo poderoso, pelos .<é· culos dos séculos. Amém". Observamos que Cranmcr não deixa lugar a dúvidas sobre sua nova interpretação do rito e que, pelo tríplice emprego da palavra "sacrifício", confunde o povo simples que escuta a língua vernácula e que está disposto a supor que há continuidade entre a nova Missa e a antiga. doutrina católica que Cristo oferece a perfeita oblação de Si mesmo ao Padre e que a Igreja terrena, como Corpo seu, participa deste eterno ato sacerdotal, através da Eucaristia. Cranmer a substituiu deliberadamente pela doutrina de que n6s oferecemos a Deus a 116s mesmos, nossas almas e corpos. Assim igualmente. o "por que,n e com quem, em unidade do Espirito Santp, roda honra e glória Vos sejam dadas, 6 Pai todo poderoso, pelos slculos dos séculos. Amém", tencionava dar a impressão da doxologia - a maior da liturgia - do Per lps111n, dando-lhe, no entanto, significação totalmente diversa. Aqui, o quíntuplo sinal da cruz, seguido da elevação da Hóstia e do Cálice conjuntamente, com um gesto de oferecimento (um resíduo da antiga cerimônia na qual o Celebrante levantava o Pão consagrado e o Diácono, o grande Cálice, tocando um no outro), era o sinal externo e visível do oferecimento do Sacrifício aceitável a Deus. A elevação, coincidindo com as palavras omnis honor et gloria, fundia o simbo· lismo da linguagem e da ação, e se convertia numa lição litúrgica do significado da Missa.

e

,

Cranmer proibiu as cruzes e a elevação, conservando, porém, uma aproximação das palavras, que significavam agora algo totalmente diferente, para simular uma aparência de continuidade. Deste modo, o novo rito se, plasmou para dar corpo à crença da justificação somente pela fé, uma crença na qual não havia lugar para os Sacramentos, no sentido que sempre tiveram.

A QUESTÃO DA JUSTIFICAÇÃO E A MISSA TRIDENTINA A questão da justificação era a que se acha·va no fundo de todas as demais matérias para cuja solução fora convocado o ConcHio de Trento. E esquece-se, muito freqüentemente, que o Concilio tinha sido ~eunido para compor as diferenças entre católicos e protestantes, mas que teve de confessar, ao termo de intensíssimos debates, que duraram um total de dezoito anos, que tais diferenças eram irreconciliáveis. Entre a doutrina católica, baseada na &critura, por exemplo em São Tiago ( 11, 24-26): "'Compree11tles que é pelas obras que o homem se juJ·tifica, e ,uio somente pela fé? A fé sem obras é morta", e a doutrina de Lutero da necessidade somente da fé, não poderia haver nenhuma forma de compromisso. .Em Trento, foi promulgada em 1547 esta definição: "Se alguém tlisser que o homem pecador fica justifictulo somente pela /é. quere11tlo dizer que não se requer outra colaboração para obter a graça da justi/icaçt1o, e que não é preciso preparar-se e dispor-se, metliante um ato da vontade, seja anátema''. Terminado o Concílio de Trento, enquanto, à imitação de Cranmer, os protestantes iam fabricando por toda parte ritos novos que dessem corpo à heresia.. "a grande necessidade cat6/ica era a de unir e cerrar fileira.f contra a-s novas negações. Por isso, a velha liturgia, pró• mmciatla em 10,la parte na mesma lingua, era 11111- instrumento demasiado valioso para se deixt1r perder. O resultado foi o Missal Roma110 reformado por São Pio V , imposto a toda a obetliência roma,w por um ,uo legislativo sem precede11tes tlt1 Autoridade central"' (26) . Esta Missa tridentina foi decretada por São Pio V, através da Bula "Quo Primum"', cm 19 de julho de 1570. Declara o Papa que "'por este Decreto Nosso, válido perpetuamente, determinamos e ordenamos que nunca nada deve .rei' acrescentado, omitido ou mudado nestt Missal". Para obrigar a postePidade, ordenou que "nunca no futuro um, Sacerdote secular ou regular possa ser forçado a empregar outro modo ,Je dizer a Missa. E para eliminar de uma vez por todas todo escrúpulo de consciência e temor de penas e censuras eclesiásticas. declaramos que é em virtude de Nossa Autoridade A post6licn que decretamos e determi1wmos que Nossa presente ordem e edito deve permanecer perpetuamente e que nunca poderá ser revogada ou emendada /egoln1ente, em uma data futura". Uma vez que esta redação se fez três séculos antes da definição da Infalibilidade, parece-nos inútil discutir até que ponto obriga, embora o "em virlllde da Nossa Autoridade Apostólica" sugira bastante severidade. E, certamente, a importância que o mesmo São Pio V lhe atribuia se pode avaliar pelo "se alguém. 11ão obstante, se atrever a intentar qualquer ação contrária a esta ordem Nossa, dada para sempre, saiba que incorreu na ira de Deus todo poderoso e dos Santos Ap6stolos Pedro e Paulo". Foram estas proibições e censuras de São Pio V que o Papa atual afastou com sua Constituição "Missale Romanum", de 3 de abril de 1969, decretando as novas formas de Missa: "Desejamos que estes decretos e prescrições Nossas perma11eçam firmes e eficazes agora e 110 futuro, e r'sto, se for necessário, sem levar em conta as Constituições A.post6/icas e Decretos de Nossos Predecessores" (27). A Missa tridentina, forjada como uma arma sempiterna contra as heresias, será abandonada por uma nova forma, infelizmente demasiado campatível com as heresias de Cranmer e seus êmulos (28) . Alguns se perguntam: por que?

Lições da Revolução Francesa Há ainda o caso da Religiosa que, vendo condenarem o irmão, gritou "Viva o Rei!''. e foi imediatamente arrastada à morte junto com ele; há Saint-Perne, um jovem dé dezessete anos, levado por engano ao tribunal. mas também guilhotinado; há aquele oiilro jovem que na prisão se recusou a come'r" o peixe deteriorado que lhe trouxeram, e o atirou na cara do carcereiro. Quando disseram que ele linha apenas dezesseis anos, o juiz replicou: "Para o crime, tem oitenta". e o enviou à morte sem mais ... Mas não se pense que esse tribunal era apenas uma máquina para executar inocentes. A bem da verdade, é preciso que se diga que ele julgou também muitos verdadeiros assassinos. AS-~im, por exemplo, há o caso dos responsáveis pelos terdveis afogamentos de Nantes. Esses celerados, achando que a guilhotina era demasiado lenta para eliminar os "suspeitos" de sua cidade, resolveram simples• mente afogar a todos, atirando-os amarrados nas águas do rio Loire. São milhares os vendea.nos e os Sacerdotes fiéis à Igreja que foram mortos dessa maneira. Esses assassinos não hesitavam nem em despojar completamente suas vítimas, nem em tentar abusar das mulheres que em seguida seriam afogadas, nem cm atacar a golpes de sabre algum infeliz que porventura escapasse de suas cordas e tentasse salvar-se a nado. Aliás, um dos principais responsáveis por esses afogamentos sempre dizia que •'s6 se ,Jevcriam admitir 110s comilés· de execução patriotas com coragem parti beber um copo ,ie sangue humano'', Como afirmava a ata de acusação. esses monstros eram "exemplo <le tudo o que a crueldade tem de mais bárbaro, de tudo o que o crime possui de mais pérfido, de tudo o que a imoralidade tem de mais revoltante". A acusação foi implacável. Porém, o juri, depois de profunda .deliberação, concluiu que os acusados ''não tiveram uma intenção maliciosa ou contra-revolucionária", e imediatamente mandou por lodos em liberdade. Um dia antes esse mesmo tribunal havia julgado um subtenente da guarda nacional acusado de "'ter beijado II mão da antiga Rai11ha". Como era evidente a intenção dolosa do gesto, ele foi imediatamente executado. A justiça nunca foi tão cega ...

Forma-se o horrendo cortejo Eis pois o meu leitor condenado à morte! Assim que termina o julgamento, todos os condenados são levados a uma· sala próxima da saída. 8 o momento em que os ajudantes do carrasco preparam suas vítimas, amarrando-lhes as mãos, despojando.as cinicamente de todos os objetos de valor que porventura tragam cons·igo, e, finalmente. cortando seus cabelos bem rente, com grandes tesouradas. Qual terá sido sua sensação, caro leit~ao sentir o aço frio da tesoura passando-lhe pela nuca? Mas não há tempo para divagações. e hora de subir numa das carroças que esperam, estacionadas na praça fronteira. O cortejo se forma. Três, quatro, cinco carroças, cada uma com dez ou doze condenados, escoltadas pelos guardas do Tribunal, e precedidas pelo carrasco. Em volta, uma turba - que, como os próprios registros do Tribunal atestam, era paga para isso - grita palavrões e motejos. O caminho é longo. Fouquicr:Tinville queria que ele fosse o mais longo posslvel, a fim de que mais gente se pudesse aproveitar do "exemplo". As vezes, as carroças chegavam a levar três horas para completar o trajeto até o local de execução. &se local variou durante a Revolução, mas no instante cm que falamos a máquina sinistra estava instalada na "Praça do Trono Derrubado", um descampado situado pouco além da Praça da Antiga Bastilha, praticamente já fora da cidade. Ao lado da guilhotina, uma série de carroças vermelhas, manchadas de sangue coagulado, horríveis, esperam.

Os cães vêm lamber o sangue 2S) Gregory Dix, op. cit., p. 664. 26) Gregory Dix, op. cil .• p. 619. Cito de preferência uma fonte anglicana, porque assim se te-s~h.-. o fato, re<:onhecido por teólogos e histori.-.dotcs, de que a posiç3o e· a imponAncfa do Concílio de Thento s!o slngu1al't$. Absolutamente n3o 6 ele um Concílio Ecumenico como outro qualquer. Sublinhei algumas

passagens.. 27) Stm o d~er claramente,, o autor parece querer deduzir da (órmuls final da Quo Primum um caráter definidor especial des1a Bulo. De fato, semelhante fórmula se encontra cm numer os.as Bulas e foi emprC· gada no ~culo XVI para Decretos de muito menor importância. Se o MUsolt Romammt de São Pio V tem sido a norma. praticamente não variada, p11.re a celebração da Miss3. de rito latino, não o deve ~ fórmulo fi'nol da Bula de promulgação, e sim ao f:uo de que exprimia em forma perfeita a doutrina eternamente obrigatória do Concílio Tridentino, corres• ponde.n.d o, de modo singular, 1'.ínico, ao princípio lu

6

oroud;, ltx credeudi,

(NOTA OA UVJSTA "MTSIÓN B(,

8LICA'' ).

28) Diz o autor que o otual Pap3. dcscarlou :.s proi· biçõcs e censurns de São Pio V. 2 preciso n ão o toma.r no sentido de que Paulo Vt tenha Bb-rogado a Missa trklentina. Esta continua legal, como antes, por vários motivos: a - Reproduz um costume. muilo mais que cen1e~ n5rio. De onde pnra ser ab-rogoda, deveria $é·IO CX· plic-itamenlc, nominalmente. Não o foi na Constilui• ção MWOI~ Roma,wm, nem por ouiro Documento

pontifício (cí. c!n. 30 do C.D.C.); b - Explicirnme1ne declarou Pauto VI ao Ca.rdeal Heen3m que " nlí<> trfl sua Jnttnção proibir absQlula~ mt nlt a Mlsro 1,id,.m1lnaº, Semelhante declaração consta de uma carta escrita pelo Emmo. Cardce.l Heenam ao Presidente da. Láti11 Mass Society, da Jngl3le.rra. Ora, segundo o cAn. 2.39. n.0 17, a palavrt do um Cardeal autentica um3. de.ela.ração. mesmo oral, do Papa (NOTA. DS "CATOLICISMO"),

Os condenados deverão descer dos carros, e serão alinhados na praça, com as costas para a guilhotina. O carrasco fará uma última vistoria em todo o mecanismo, e depois mandará seus ajudantes buscarem as vítimas. Uma a uma, estas serão levadas escada aci_m a. e deitadas sobre uma prancha. Em seguida, sua cabeça será presa por uma tábua, chamada luneta, o depois .. . O carrasco puxará uma alavanca, e um baque surdo se ouvirá por toda a praça. &sa operação leva aproximadamente dois minutos. Se o leitor estiver no fim da fila, não é de espantar que fique quase duas horas esp-0rando a sua vez. Duas horas com as mãos amarradas, de frente para o populacho, e ou-

vindo atrás de si aquelas três pancadas seguidas: prancha, luneta, lâmina; prancha, lune!a, lâmina . . . As vezes, algum rcvolucioná~io mais ousado molhará um ramo de alguma planta no sangue que jorra, e aspergirá a mü1_; tidão. Quando tudo acabar, todos os corpos e todas as cabeças estarão jogados dentro das carroças vermelhas. O chão estará cheio de poças de sangt1e que a terra, de tão empapada., não consegue mais absorver. Há uma carta do procurador-geral da Comuna de Paris referindo-se ao fato de que "'o sa11gue dos co11denados permanece 11a praça. e os cães o vêm lamber", ..

"Com a firmeza que convém a homens livres" Talvez o leitor se interesse em saber qual era o destino dos corpos. Depois de carregadas, as carroças vermelhas seguiam para o jardim de um antigo convento confiscado, a quinhentos ou seiscentos metros de distância. Embora não fosse muito longe, o caminho era péssimo, e sempre coberto de um barro viscoso que fazia as carroças encalharem . Era somente à noite que elas conseguiam chegar ao destino. A luz de tochas, os corpos eram despojados de suas roupas, e arrumados dentro de duas fossas, uma de oito, outra de dez metros de comprimento. Esse l rabalho horrível durava quase toda a noite. Quando terminava, as fossas não eram fechadas, porque no dia seguinte viriam mais cadáveres ... Apenas uma leve camada de terra cobria os corpos ali empilhados. O mau cheiro era tanto, que os moradores das proximidades fizeram um abaixo•assina.do reclamando e "testemunhando. com a Jirmeta que convém aos homens livres, co1t1ra esses aristocratas defuntos. que, tlepois ,/e se terem declarado inimigos ,lo povo du.. rante a vida, o assassinam depois de sua morte" . . .

Assim terminamos essa malfadada viagem pela Paris de 1794. Agora, caro leitor que teve a paciência de nos seguir até aqui, que consentiu em ser preso, "julgado" e levado até a guilhotina, que provavelmente está _horrorizado com tudo o que leu; caro e paciente leitor, p-0rmita-nos uma pergunta: por que esses fatos não são mais comentados? Por que os mesmos livros didáticos que se mostram tão escandalizados com os autos da fé da Inquisição ou com as execuções ordenadas por Maria Tudor, que chamam ºa Sanguinária"'. por que esses mesmos livros não têm a mínima exclamação de horror, a menor manifestação de espanto diante de todas essas monstruosidades que ninguém ou,ará negar? Quem está tão interessado em escamotear assim os fatos? A quem aproveita o fazer crer que a Revolução Francesa não foi senão um conjunto de maravilhas? O que está por trás de tudo isso. caro leitor?

@JAtoLncnsMo MENSÁRIO com nprovaçiio tclesi'5tleD

CAMPOS -

EST. DO RIO

OtlU!TOR

Josá

CARL.OS CA.STU.HO 1)2 ANDJI.A.D8

Dlrttoru\: Av. 7 de· Setembro 147, caixa postal 333, 28100 Campos, RJ. Admtnlstração: R. Dr. Martinico Prado 211, 01224 S. Paulo. Composto e impresso na Cfa. Lithographica Ypiranga, Rua Cadete 209, S. Paulo.

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ROCURANDO slst•watl:car um pouco a Imensa riqueza de aspectos pelos quais podemos a.bordar o estudo dos princlpios que guia.mm os cluoiaccnses em sua obra gigantesca, escolhemos para nos scn-ir de referência o zelo pela tradição, que esses Monges dcixaram impresso indel\!velroeofe cm tudo que realizaram.

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ZELO PELA TRADIÇÃO NA ARQUITETURA DE CLUNY

Na escolha dos meios para atingirem os fins q·uc dcscjavan1, era a tradição o farol que os guiava. Estudavam o passado com os olhos voltados para o futuro para conSCtuí.rtrn o presente, a fim de que este fosse o mais forte cio entre aquelas duas épocas e imprimisse à humanidade de seu tempo o maior progresso poss.ivet. Este ,cio p•la tradição é Incontestável. Ninguém o põe em dúvida, Poderíamos escolher qualquer atividade humana para mostrar como a tradição presidiu às obras que realtl.aram essu dls<:ípulos de São Bento. Escolhtmos a arquitetura.

Abadia. Seus trabalhos contlnuam ainda boje

A MAÇONARIA E A

''QUESTAO

RELIGIOSA''

e,

graços sobretudo a Kennetb John Conant, que os lidera, conseguiu levantar dos escombros que rcS1am a reconstituição arqueológica de todos os cdifkios bi construídos pelos cluniacense.s. Viollet-le-Due foi reablUtado pela missão norteamerlcana. Dele diz Connnt que '*foi o primeiro nos ter:npos modernos a ter a Intuição do que tinha sido Cluny. Distinguindo-se entre os mais qualificados arq·uitctos que conheceram o fundo · e a técnica da arquitetura da Idade Média na França, estava bem preparado parn compreender os cluniaccnscs, cujo e.spírito falava nos seus monumentos com uma eloqüência particular" (K. J. Conant, "Cluny - L,s Eitliscs et la Maison du Chef d'Ordre", Mâcoo, 1968). E m•is adiante, depois de mostrar a tradição sempre pre.~nte nas construções cluniacenscs, volta a tratar do assunto: "(••• ] vê-se. além dls.so, o que havia de arl>ltrário nos contradítores de VfoJJet•fe-Duc, que não compreenderam

H

D. VITAL

cm que sentido houve, realmente, uma escola cluniacense".

desse gnlllde período, com um cdlflcio ricamente dotado pelo passado, em progresso sobre o

Como a Igreja Abacial de Cluny foi a obra

Stu tempo e antecipando ousadamente o futuro"

prima do estilo cluniacense, a mais bela, a mais rlcs e., na época, a m.aior do mundo (com poucos metros a menos, como dissemos, do que a

("Díctionnalre d'Hlstolre et de Géograpble EccléOrdre". por Ph. Scbmítz, cols. 1161 e 1162 do vol. VII). Essa deserlçíio põe cm relevo como Clu(lJ' procurava a beleza no passado para que suas realizações fos.çem cada vez mais be.lns. E é n beleu outro aspecto caracteristlco de Cluny, o que bem exprimia Santo Odon dizendo que "a

atual Basllica de São Pedro do Vaticano), vamos ainda citar uma breve descriç-ão desse tCJD· pio, que dclx.a be.m patente com.o os cluniacen• ses m.artavam de tradição S'Uas construções: 0 0 próprio edifício, por Stu estilo, por seus clcmentOSt rdembrava perfeitamente a extensão impe-

rial da Congregação de Cluny. Um Monge vindo de qualquer lugar encontrava ali alguma rol• SR que lhe rctordavn a arte da região de onde viera. Cluny agregava mosteiros de toda parte e colhla também em toda parte elementos para a sua arte. Algumas notas farão compreender

a natureza dessa síntese su.btll. O plano em c.r ux ar-q uicpistopal exprimia um cdlfído que era uma

combinatiio multo bãbil do plano central da Basílica romana de duplo transepto com o plano bas:Ukal ordinário. A ele se: acres«tdnva um deambulatório com capelas fom1ando raios. O aspecto interior, se bem que fosse uma das mais allas naves- abobadadas até então construídas,

Já no século passado, EugCoe-Emmnoucl Viollet-tc-Duc, estudando a arquitetura dos mosteiros de Cluny, mostrou a existência de uma arquitetura própria clunlaceosc, q:ue levou à perfeição o estilo romântico. Sua tese foi duramente criticada e até mesmo ridiculariza.da por algullS, Neste século a "Medieval Acadcmy of Amcrlcan" enviou a Cluny uma missão arqueo16gkn para estudar as construções da «lebre

Á

Cl!M ANOS, cm s,tcmbro

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187S, o eo-

vcrno lmpcri:11 brasUclro an1$Uava o Blspo de Olinda d o Bispo do Paii, Pondo flm à mais grnvo qucstao públJca do SC'gundo Rdnndo, a Quts• tifo Rcllak>A D. Vlt.11 nasceu filho de sicnhons de cna:enho. a 27 de novembro de 1844, na Jocàl_ldadc pmuunbu· t1-na (hoje paraibana) de Pedras de Fogo. Pifort.scame-ntc GUbcrto Fn!b'n:: comenta: ' 1T::.n10 tinh::t dt Pedra como de Fogo. ( .. . ) ptdra n::i vontade e fogo nn aç.ã o'' (apud Antonio Carlos vmara, "História dn Qucstflo Rcllgiosa", 1974), Compldou atus estudos na Frnnça, onde profC$$0u na Ordtm dos Capuchinhos. Inv•nldo dJI dlpldade (t)ls<opnl aos 26 anos, estava destinado a Str um dos malott5 BbJ>OS da História do Brasil, Sete anos dcPols .rcctbcria no Cfu o prêmio de seu dcsas.sombro e nlentl3. D. Frei Vlfal Marta Gonçalves de Oliveira foi como um mc-tcoro fulgu1antc no horizonte do Catolkbmo do Br:1sll, Suâ luz e,ntttt.a.nto n ão k apa. gou. Contínun a brflba.r, ork ntando os pa.~s: da. qutlcs Qtre lutam pela causa da c.lvlllxaçiio cristã. D. Vital tomou po$$e da DJoct.sie de Olinda e Rcc.lfc tm 14 de maJo de 1871. no Vnflcano, Pio lX comand::iva encf31camente a lut::i conlm a Revo. lut:io unlver$$1l, que se aprtsentnYa prlnC'ipnlmentc sob :u fotm2$ do llbc.mllsmo rcl.lgloso e político. Um:.1. avalanche de Encfclkas, decretos, cxorto('õe.t e cxcomunbôts confrnpunha-se aos Jntcntos reYoluc.to. n4rlos. Como parte lmp,or1:antc da batalha, Pio IX adv«tla cocitl"A os objcUvos da nlllçonarb., excomun• gllndo quem dela fom membro. No BrasU, o &fado e.ra unido à Igreja, no rcglme do P;.1.droado. Os laços que oi uniam, desdnados n favor«cr a atá.o da (gftJa, tomaram-se por nus IL1mc.t" de I\Jtela. Um dos abusos do Estado ma a pretcnsio de iÓ con~idtrar l-'11:Hdos para o Pais os atos ponti/klo~ que tlvCS$UD o "pla.«-1" do governo Imperial. Pcln doutrina católlcn. tal pttlensio f J112dmlssfvcl, como ~ cvkknte. O Impfrlo não havia dado o ••pfacct" aos Dcc-rctos e EndcUcas c:onfru a matonarfa. Os Bbl>(>s femlnm agir contra ela, p0rquc a sella dctlnha COtl.$fderávc,I lnfluê:nda na vida. púbUca. v,. rios Sa«rdotes eram notoriamente maçons. O. 'Vital seria a voi: de Pio JX no BrasU. Com vigor e lacto $0brcnntu.ral5.. aplicou os decntos pon. tlfklos, expulsou oi; ma(ons das organha(õts rcUglosa.t., o•nou ao$' Sacerdotes que abJura~m • selt:J. ~'U.$J)Cndcu de ordcn$ os rtcaldtnntes. A hl· dra atlngida contra-atacou. Contra o Jovem Blspo voltmlm·5e :a Iras do Ministério (ptt$1:dJdo p,tlo Vlwonde do Rio Branco, tlc mc.smo Grio-M~1rt de: um dos Grandes OrienttS do BrasU), aJ Inver-

J)O(OJf'IJ 13JBeJ~tJNT.

slastiqueº, verb. ' 1Bénédktin -

arte é a antecâmara. do Céu". O historiador Guy de Valous vai mais: al~m. "Em Cluny, diz ele, a vida espiritual tem necessidade da beleza para desabrochar; é um dos lnços dominantes da tradição ctuniacense, lnn• to na arte espiritual como nas artes plásticns, na fom1ação das a lmas como na do mosteiro. Os Monges não eram estetas. Eram artistas peritos em irem ao encontro de Deus por rnmi· nhos de suma beleza, e preti.samos nos lcmbl'llr de que eles não separavam o bom do belo» (Guy de Vatous, ºLe Monacblsme Clunisien dcs Origú1e.s au xv~ SiCcle", vot. 1, Jntrodudion, p . IV).

fazia preva.leeer a longa linha horb:ontal amada pelos meridionais. enquanto que as torres levantadas sobre os fraoseptos forneciam as massas pam a Interpretação e as linhas montantes tão caras aos bizantinos e aos setentrionais. A decoração era feíta tom pinturas de ín$piraç.ão bfzantlnn e escultums - centenas de capitéis esculturadC>s, um pórtico not6vel - que são os marcos da reconquista da arte de faztr esculturas em pedra. Numerosos capitéis relembram muito o coríntio antigo, mas mu.itos deles tinham o estilo novo .que a arquitetura soubera dar a

todo o edifício. A arte que produziu esse edifício cm visivelmente uma arte especial e de elite. (•.. ] Só uma tal Congregação e um tal Abade (São Hugo] poderiam exctutar um tal

projeto. (• • •] Temos o direito, creio, de qualificar de escola clunlaeense a obra dessa plêiad.e de Cluny. ~e maravilhoso florão não é, na verdade, arquitetura românica da Borgonha. De um lado ultrapassa as fronteiras da Borgonha; de outro, tirando·se Cluny da Borgonha, fica uma arquitetum regional, borgulnbona. A arqui• tetura de Cluoy ~ uma à1.1ma da arquitetura ro• miinica e de $Wl$ fontes de inspiração, obra es·

pedal feita cm Cluny, pelo Instituto beneditino de Cluny, sob a prcsídênda de um Abade de Cluny e por Monges de CluA)'. Concebida em 1088 e terminada cm 1109, Cluny tem o direito

de ocupar o primeiro lugar como a maior obra

tlvns c-alunlo,5:lS' de quase toda a lmprcma, o pala• vr6rlo agrc.ssJvo de certos membros do. Câmara e do Senado. Ao Vaticano foi enviada a Mtss.iio Penedo com o fi(o de lntrig4-lo Junto ao Papa. fu. cassou, Poucos tiveram a coragem de apoiar de pú,. bllco o Bbpo do Olinda. Ele pcrmnn«eu »en:no, firme. combativo. Não cederia. TamW,n , o Mlnh1ério niio cedeu. Levou-o a Jul• pmcnto. Signmcatlwo é A ordem enviada a Reem~. Dctcnnlnava a prlsiio, mas o Bbl>o deverla dc-1.xar a cidade- "muito cedo ou à noite'\ Temiam que o povo n:io dehc.assc partir o Pastor, tal o prestíg'lo que este llnft-atlara. A soclc'Clade local ficou tnaumatWlda com o ato de vJolêoda do governo, pois comprccndern que a razúo cs.1ava com o Prt·la6o. GIiberto Frtyrc tJla um fl'C<'ho de uma ltstemunh.a otuJar, Antônio 1osi da Costa Rlbttro: ''Certa lante, vollaram mtU.$ pais do PAMclo da Soltdadc, onde fora mlnba Míie ser madrinha de trisma de uma senhorn sua pártnla t a.mlgs:i. E. 110 Jantar, narraram seu encanto pelo Blspo D. VHal, que DS cumullkl'Q. de r.lcnQÕt$ e gentUcus. No dia scg,ulnte, porém, voltava meu pai do CS(-ritórlo, triste t surpreendido, com um offdo d.a Irmandade do Sacrr.mc-nto de Santo Antônio, datado da véspt.ra., cm quo ordenava ,sua cxpul$ão dn mtsmn Irmandade pôr ter mA(on. E dl1.la meu pnl h.aver J' respondido à frma ndade p3rn que dcUbcrnssc conforme entcodC$St st:r do seu dever". n nha Antonio

José um lfo Padre, C6ncgo João José d• Cosm RI·

beiro, suspenso de ordens por D. Vital: "Meu velho Oo-Padrt corttU a ~ir consie.lho a meu paL Este ponderou ser seu dever obcdtcer ao Bispo". No Rio, pana onde o prltjonelro fot lendo, a repercuss.ío fam.bém fo1 srandc. M:ichado de Assis estava cm frente do tribunal, quando o vJu. Relata nssfm o encontro: 14Nenbum lutador mais Impetuoso. mais ftnll:Z e, mais capaz que D. Vtt.at, BbJ,o de OJlnda. e a 1mpm.-ção que tstc me deixou foi extraordl°'rht. Vl-o uma só vez, à porta do Tribunal, no dla cm que teve: de responder no processo de dcsobedlfncla. A Ogun do írndc, rom aquela barba <-errada e negra. os olhos vM10s e plácktos, tara cbcln, mota e- bela, dtsteu da ~e .. , com um grande ar de dcsd-Em e superioridade, alguma tolsa que o faria contar como nada tudo que se la pas- · .sar pcnntc os homens" ("A Semana'\ de 24 de ja.

nolzo de 1897).

'

O. Vital não reconhecia compclêncla ao tribunal para Ju1,P.1o. 101.ftarla Nosso Stnhor cm tt-laçáo a Pilatos. Não s:t defenderia, portanto. Quando lhe deram o6pla d• 11eu,cão e o prazo de oito dias v.,n ddt:ndt,-..sc, cst'.ftvtu: "Juus auttm tacet>at (Mat. 26,

Ao encerramos este artigo, oão podemos deixar de trsnscrever as palavras final$ do cífado livro de K.. J. Cooa.nt. Ele foi publicado em 1968 peta "Medieval Acadcroy of America", em francês e inglês. Contém tudo o que se conhece até boje sobre s 'Igreja e a Abadia de Cluuy. Como se sabe, o vand.alísmo da Revolução Francesa inkfou a destruição slstcm'-tica de Abadia. No tempo de Napoleão • maravllha da arquitetura de Cluny, a Igreja de São Pedro, foi dinamitada. A Restauração não impediu que a destruição prosseguisse. Até 1823 o arrnsnme.n to continuou, deixando lnlactas apenas algumas pedras. Foi a partir delas que a reconstrução arqueológica pôde ser feita. Depois de expor os resultados obtidos, C-0nan1 termina com as seguintes palavras-: "Mas, se a beleza pode perctcr, suu lembrança sobrevive. Na medida que nos foi po~vcl, trouxemos a uma nova vida a Cl:uny de out.rora. Não teríamos estado à altura da tarefa se-, no decurso de nosso trabalho, a bele-.a material e, espiritual que- deu rom1a a essas ped.ras. não tivesse voltado algumas vezH de seu exílio para nos unlr intimamente ao es• pírito cluniacense" (obra citada. p. 134).

Fernando Furquim de Almeida

63), Em mJnbm prlsio, no Antnal du Marinha do RJo de Janeiro. i' Frei 'Vital". Dois Se1Jadorcs, os Conselhttros Zae:arlas de Cóls e Vascon«lo.s e CfindJdo Mendc.s de Almtidat aprt.S('nlaram-$C' volunlAtlameule como advogados d.a dde$:I, O BrasU lnlclro, de alto a babo, dncllu-.se cm ae:aloradas cll5cus.sõtt. Na própria Fnmflla Imperial produi:lu•sc a dM.s:lo. A Princesa l.$&bcl censurava o pai pela ndtudc Indigna frente a D. VUal. A figura do Bkpo. nobre, varonil, sobrancdra, rertna, lnlNplda, !mpresstonava o povo. Ti:imonho foi o Impacto que, afnda hoje, quase um século de,. pois de ~'UA morte, é o mais conhecldo, admlrndo mulW vczts odJado - dos Prelados brasileiros. Em Zl de tcvettiro de 1874 o tribunal condenou-o n qu.atTO :inos de t,nabalhos forçados. D. Pcd,ro n comutou n pen.a cm pris,.;o s5mplcs.. Em 17 de se.. tem.bro de 187S. prmddo pelas prcssóes do Papn - Pio IX chegou a mandar uma carta ao Impera. dor, que continha a frase: '''M eta ln Uberlà i Vtscovl e ponp flne a qucsta storia dolorosa" - de membros da Hltr8J'quia e d.à opinl:"io pública, o anblnctc Caxias MlstJou.o. Com D. Vital cm llbc-rfndo tamMm D. Antônio de Macedo Costa, que o se·

guim na luta. Pio IX mnls tarde consaiuou a atitude do Bb'po de Olinda, na EndcJlc:i "E~ortac in lsla Dltlone'' dirigida ao Epl$copado Bras:llelr<). D. Vital partht para :. Europa, onde foi talorosa.. mente recebido pelo Papa. De Roma, vo1tou ao Brasil, pemumccc.ndo ffl1 sua Dloct"tt atf abril de 1877. Regrtssou ao Velho Mlffldo, onde ndoeccu, morrendo e.mi cl~un.s1ândas ainda não Jntcl.rt1menft explicadas, n 4 de Julho de 1878, com 33 anos de Idade. . Escttvendo sobre a QutsCão Religiosa, o Ptt.lndo de OUndn comcntav:.: uA q-ucslão despertou o sentimento católico no Brasll''. t o melhor resumo do cp1s6dlo hls'tórico. A modo1Ta c,om relaçáo à Fé bn· via sido rompida. D. VJtnl mo~fflra que :a c:iiusa cat61kA 6 colsA alta e e:rnvc. Pttg:.u11. por Stu exemplo vivo que o J •4 Manda:ml!Dto é o mAlor de todo1. Ele brilha .aos olhos dos flé.ts como o Bispo perfeito. vlgllnnlc, maJe-stoso, nobre, af6vcl, intreplda. mente tntranslgcnte na de-fcsn tnlevada dos direitos dJI Igreja e do Papado. O Brnsll se sendrla d'3nlficado se o Vlg:áriÕ de Crttco o ete-V"asse M honras dos altares. Sc:ria o pd· mi:lro Santo nascldo no Brasil. InauRUrarla " llsCa 1 que deteJamos extensa, com letras de o uro.

Péricles Capanema 7


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A ATUALIDADE DA MISSAO DE SANTA JOANA D'ARC

J

OANA D'ARC ,é certamente o personagem nrnis conhecido do século XV, gr:,ças à quantidade imJ)Oncntc de documentos que p0ssuí· mos sobre ela. H6. seu processo de condenação ( 1431), recentemente reedita· do pela Sociedade de História da Fran• ça. seu processo de reabilitação, instaurado pôr rescrito pontifício ( 1456) , no qual se p0den\ ler as decl:lfaçõts de 114 testemunhas de sua vida, de sua obra, de seu mardrio. As crônicas, estudos, correspondências da éPoca, vêm-se jun• tar os trabalhos históricos, os quais, a partir de Quicherat ( l84-3 ), utilizam todas essas riquezas, sem contar os vo. lumosos processos de beatificação (Siio Pio X, 1909) e de canoniwçào (Bento XV, 1921 ). E, contudo, ao lado das obras de historiadores de m~rito. apareceram nestes últimos anos escritos de autore., sem qualificação. mas impelidos pelo incentivo de um sucesso comercial fá· cil, explorando o insólito e o scnsacio~ nal, e cúmplices, também, sem dúvida nenhuma, de mal disfarçados encoraja• mentos a desnaturnr a fisionomia da Sanca e a fa lsear sua história. Por que esses ataques? Níío é precisamente p0rquc a missão política e a snntidndc da Pucelle. cm OPQsição absoluta com as subversões modernas, são agora de uma poderosa e severn atualidade? Joana d'Arc tornou·SC dc.masiado alU:.'ll para que sejam tolera• dos seu cxc;rnplo e seu ensinamento!

• • • A Sant;\ que se achou cm seu tempO diante de problemas p0lhicos scmelhl\n• tes aos que nos preocupam hoje, deulhes soluções que o ateísmo mO<lcrno rejeitn. m:\S que representariam a salvaçã.o. O simples conhecimento de sua cur1a história desvenda j á. uma a uma, as profundidades de seu mistério. A infância, a adolescência daquela a quem chamavam J~m111et1c cm Dom~my. sua aldeia natal, sua elevação nas vias da santidade pelo Arcanjo e pelas Santas que lhe apareciam, revelam a inspiração divina d:• extraordiná.ria vocação que a fez libertar a França invadidn pelos ingleses, Orlcans, Beaugency, Patay, Jargeau são outras tantas vitórias íul• gurnstes que abrenl a c,s.,;;a don1..eta de dezessete anos um caminho triunfal para Reims, a cidade da Sagraç&o. onde ela fari coroar o Rei Carlos VJI. E depois E a vez de suas prisões. sua paixão, s ua virginal imolaçâo na fogueira de Rouen. Tudo isso confere à sua missão um ca· ráter de epopéia sobrenatural marcada pelo milagre, e a sublimidade de uma mística. que lcv,uom a comparar sua breve cxistênein ?L vida de Cristo. Guardadas as propOrções. a compa· ração é impressionante; mas o que não o é menos 6 a semelhança das desor· dens de seu tempo com as de hoje: Joana esteve às voltas com à RevoJu. ção. resolveu um importante problema internacional e afrontou, ao preço de sua vida, a crise que lavrava então na Igreja.

• • • Na éJ)O<:a de Joana, a Revolução está por toda parte. Está na Inglaterra, cm Flandres, n.1 França, explorada por teóricos do comunismo (já!), ou por políticos sem escrúpulos como Wat Tyler em Londres, Caboche, Cauchon, o futuro Bispo, em Paris. A guerra selvagem dos hussi1as sacode a Alemanha . Guerras intestinas dividem as Espanhas. Na J1ália. Venci.a e Gênova, F lorença. e Roma se dilaceram. Na França, uma rivalidade sangrenta se desencadeia entre ~rmagnacs e borguilJlões. O Duque da Borgonha acaricia. o sonho de cons· tituir para si um reino com as provín· cias francesas arrebatadas a seu Rei, a quem irai aliando·se aos ingleses. A Re· volução é. oligárquica, com Príncipes e nobres: ela lé legal, mas não legítima, quando os grandes Corp0s do Estado trabalham para o Rei c.strangciro; ela ~ intelectual. quando os Mestres das Universidades lançam a desordem nos espíritos, para o triunfo de uma dcma• gogia da qual esperam tomar•se os re-

aent...

Joana rcstabtleecu n ordem. a unUio,

a pai, scn\ violência, no entuSiasmo, na venernção, no reconhecimento, no des· pcr1ar de um sentimento nacional ar<len· te e puro das rivnlidadcs, e dos princí• pios subversivos que hoje tanto conhecemos. Ela tem, pOrtanto, bem o direito de nos pedir, agora, contas de uma longa revolução, começada cm sua épO· ca e - in.felizmente - apesar da uni• versalidade de sua mensagem, continua· da na Igreja, dep0is no Estado cm l 789~ dep0is en1 toda a sociedade, em 1917! A Pucelle nâo admite jamais o jogo dos antagonismos. das oscilações. das idas e vindas dos partidos e dos clãs no .E.scado. Ela rcpu<lin o ateísmo social, p0rque, se recoloca a autoridade cm seu lugar, o primeiro lugar, como fator de- paz e de união, nem por isso proclama menos alto a subordinação de toda política em relação a Deus. em Chinon que e la pede a Carlos que entregue, sob a forma de contralo de vas· salagcm, seu reino a Deus, · e é em Reims. na sagração, q_ue faz coroar o Rei sob seu estandarte, que representa Cristo-Rei. Profetisa de nossos destinos, ela nos ensina que a salvaç,ã o das n.l· ç.õcs cristãs não está tm lutas por inte· rcsses mesquinhos, mas na a.firmaçio pública e na observSncin da Fé religiosa e nacional.

e.

• • • Pio Xll dizia que a vocação de Joana d'Arc a havia levado a envolver-se nos problemas: internacionais. Era exatamente essa a opinião dos contemp0râ· neos da Puce/fc. As estruturas da Cris· tandade ameaçavam. então> ceder o lugar a uma nova Europa, diícrente ao mesmo tempo daquela que a havia precedido e daquela que a devia seguir, a Europa das nações. Após a anexação do velho reino capctín,gio à coroa da Inglaterra, era de se prever uma redi,s,. tribuição das nações, imposta pela força. A Inglaterra era o agente principal dessa futura mutáção. Suas vitórias na França durante a Gucrrn dos Cem Anos haviam-lhe assegurado o acordo sub• misso das principais p01ências do continente, noiadamente Por uma série de pactos · firmados em l416. O Monarca inglês, que já era chamado Rei da Fran· ça e da Inglaterra, acrescentava a suas ambições a conquist.a da Baviera, do Reino de Nápoles e dos mercados do Oriente Próximo, e sonhava com trê.s capitais: Londre.~. Paris e JernsaJém. Foi então que o milagre de Orleans doitou par terra_. de repente, esses pro· jctos. Sem Joana d'Arc, teríamos visto instaurar-se desde o século XV uma ordem internacional fundada na vont:t· de de poder e nô primado da economia, sobre um fundo de quadro poHtico-re• ligioso cujo futuro próximo 1eria excluído o Catolicismo e era comparável, de certos pontos de vista, ao mundialismo rumo ao qoal somos arrastados hoje. Forças que niio têm nem f6 nem pátria, doutrinam os homens segundo um credo humanitário, mas fautor de guerras e de genocídios ao cabo dos quais o mundo se tornaria uma espécie de cris.tan· dade voltada aos caprichos de uma contra-Igreja que estenderá seu magistério sobre povos planificados. Joana d'Arc, salvando sua pátria, preservou ao me-Smo tempo o Ocidente de uma ameaça insup0rtável. Mas se ela Ç um modelo de patriotismo, não é menos unitária. Também ela cogita de uma internacional, mas cm função óa existência de Deus. t. nas pcrspectâvas de uma união fraterna das nações que Joana projeta a Realeza universal de Jesus Cristo. Em Reims a Filie de Dieu conclamou todos · os povos a se unirem debaixo do nome e do Reinado do "Rei do C4u que é Rei de todo o mundo''. "ê preciso qut sejas aprisionada" repetiam·lhe suas Vous sob as mura· lhas de Mclun. Palavras estranhas, cheias de uma significação imperiosa. Sua pai· xão em Rouen é, ao mesmo tempc_. testemunho da veracidade de sua missão e coroa de sua obra p01ítica, pelo sn· crifício de fidelidade à Igreja então di· lacerada per um:'k gmve crise. O Grande Cisma do Oddente ma) havia ter• minado, mas já o Concílio de Constan• ç.a tentara fazer prevalecer a suprema•

e ia do Conc.ílio sobre o Papa, c o Con· cílio de Basiléia, que o seguiu, se dis• solveu na rebelião. Foram homens desses dois Concílios, os quais, além dis· so, cm política declaravam-se do partido antifrancês, que fizeram o processo da Pucelle. Conhecemos as altivas res· postas de Joana, sobretudo aquela, re· petida três vezes a esse,s edesiásticos orgulhosos de sua ciência. que ousavam chamar de cisma a fidelidade da Santa: ''Dieu prémier scn1i!" ainda a eles, que tentavam induzi-la cm erro sobre a Igreja triunfante. e a Igreja militante, pretendendo serem ·eles a Igreja, que Joana resistiu tão magnificamente, opondo-lhes uma bthl e total visão da lgre· ja, isto é, a do Alto com a dn terra. Ela via os Anjos, via as Santas, isto é, a Igreja do Céu. Para ela, uma e outra não pediam deixar de ser a mes· ma Isrejo pela f,é, pela doutrina, pela graça, pelo fim: a do Alto. de ontem. e de hoje ainda, com todos nós, na uni· dade do Corpo Místico de Cristo: "De Notre Seigneur et de fEglise c'tsr rout rm. Pour quoi cu fairc dilficulté?" Bela lição para nosso século!

D. MAYER: QUEM AINDA É CATÓLICO NA IGREJA CATÓLICA? O BJSPO DIOCESANO, Sr. O. An· tônio de Castro Mayer, concedeu en· 1revista à imprensa, aprovando inteira• mcnle us considerações do Prof. Plínio Corrêr:i de Oliveira. no ar1igo ''Quem ainda é cat61ico na Igreja Católic:a?", publicado num mahllino paulista. e reproduzido no úhimo número desta folha. Nesse ortigo, o Presidente do Conselho Nacional da TFP sustenta qt1e já não podem ser consideradas católicas llS. pessoas que julgam ter a Moral da Igreja mudado a respeito do uso do biquini e de outras formas de flagrante agressão scxunl .

" Achei inteiramente ortodoxo"

Sobre aquele artigo, :iíirmou o Exmo. Bispo de Campos, D. Antônio de Castro Mayer: "Li e o achei i11tl!il'amet1te Crlodoxo. De fato, de ,tuas ma11tira.\' po,lc a pcssoll dtsviar·st d" Fé, e tomar o C<l· minho da hertJia: ou neganclo perti,razmentc (1/guma ver,lade revelada e proposta pela Igreja como ,a/, txigimlo o asselllimtnto dos fiéis,· ou. mravt's do o. Antonio de Castro Mayer modo ele proceder, dando a entender que, ,lc f(l(O, 11iio aceita como válidll e <lqude.J que aprovam, c,imla que taciobrigàt6rill alguma nôrma imposu, wmente. semcllumte proctdimc,tto. pela lgreja. Desta forma, a peisoa pode Tudo isso justifica a indagação /eira aderir ,> heresia também pela linha ge· pelo Prof. Plinio Corria de Oliveir11, ,, ,ai de sua aw,1çtio. S(lber: qul!m hoje. na Igreja de Deus, ti Com este critério inteirament, realmente cat6lico? Parece-me que, o raciocínio ,lo Presican811ico - o Prof. Plinio Corria ,le Oliveira aprecia o pr0&edimc1110 de deme do Conselho Naciom,I tia TFP gra11de ntímero de /Uis, sem e:i:cluir os parte dOJ' mais límpidos princípios C<l· membros da Hiuarquia e das classes 16/icos e observa rigorosamente ,,s leis da lógica", dirigentes. • • '!:: realme11te doloroso verificar a ap,,. Joana não pertence somente à França. tia, quando mio simpatia aberra. diante O artigo O mundo, impressionado pelas dimen- de posições co,ulenadas pela Igreja, co· sões de seu drnma, apoderou-se dela, mo o socialismo, o comm,ismo, um Comentando duas notícias - a pcrmis· como de uma criatura superior à hu· ripo de pan-relig;;io .te111ime11tal, que .s<! são dada por Religiosos capuchinhos par~, manidade comum, que deixa atrás de si procuro inculcar como a supremo <1ti- que se ins1alasse em uma sala junto à uma tal esteira de luz., que ela vivo tudc religiosa, t! que pairaria acim" (/e• Igreja da Piedade, cm Salvador, uma a inda no meio de nós em sua obra que todos os credos. inclusive ,lo 1í11icc ver- "boutique'' na qual se vendem objetos se apodera de nosso presente, como ela dadeiro - o cat6lico. ••uni~ x", entre os quais biquinis; e <t própria havia tomado passe de seu s6de um convento de Religios:.s da Espa• Recente exemplo de uma 10,mula ,/e culo. Quando se abriam os Tempos Mo· posiçúo scmellumw t a do Pe. Dfn.· nha. que fabrica biquinis - o Presidente demos, ter reparado os desastres de Alegria, S. J., cx.proftssor ,la Univer- do Conselho Nacional da TFP 1irou a umâ guerra de ccnt anos, salvado o seguinte conclusão: ''Se desde sua fmulapensamento católico e latino, erguido .sidadc Gre$ori1111a de Roma. Em .tt11tt çlio até nos.tos dias, a Igreja considerou uma muralha contrn Lu1ero, ter encar- livro ''Yo crco eu la espera111.a . .. , com horror o nudismo - do qual o nado para sentpre os valores mais altos, afiruw este Sacerdote que ''à Igreja Ca- biquini é 11111(1 ,las manifestações mais ter mantido a Europa, entretanto infiel tólica, existente na H ist6ria1 tem pouco agressfras - e se, cm nossos ,lias, enli· ~l mensagem da Puctlle. com suas na. de câsltio". &ta ttse e11voh1e a 11e1:aç,io dt,des eclesiós1icns fabricam e vendem bi· çõc.s e o gênio próprio destas. não é ,la " ssistt'ucia com que o Espírito Stmto quinis, de duas uma: I) 011 á Mota! estar presente a nosso tempo? Não é. governa a Igreja e A toma imutável na cm61ica mudou totalmente. e então a convencer.nos de que sem ela não se· fi<lelidade a seu Fundaclor. Ora, o Pa• Igreja não é in/alf11cl nem divina; 2) ou dre Dfe.z.-A legrfa não mitiga a escan- essas enti<lades eclesiásric,1s - ao a/irríamos o que somos? Afirmar tudô i~ (e como seria pos· dalosa afiruwç<IO que aqui citamos, Sé· martm, implidta mas ostensivamente, a sível negá·Jo?) não é ao mesmo temp0 ,uío empenha.se em torná-la mais pon• legitimida<le do biquíni - adulteram o reconhecer e confess:.lr o conteúdo di- 1eaguda, no decurso de toda a sua tX• t 11si110 da Igreja, e Por si mt.rntas se exvino da História? E is, p0is, Joan:\ que posição. cluem dEsu,. Ora, como a primeira I,;. reaparece agora quando tudo ainda. subPede.se cou.ritlemr ainda cat6/ico esse p6ttse é de todo em todo inaceitável, a metido a uma subvel'Si1o que desenvolve Jesuíta? segunda $e impéíe1 '. seus efeitos, chega ao extremo perigo. E quem, devendo censurá-lo, não o O articulista estende essa conc1usíío a E la s urge agora, flor mística e virgem fa• - e, pois. tacitomemt aprova essa guerreira, com a força de uma extraor- maneira dt pensar do Religioso tspa• todas as pessoas que aderiram ao uso do biquini e de outras formas de rom• dinária Inspirada, uma dos maiores que 11/tol p<Jde ainda conservar legi1imâ· buda agres.são sexual: caso achem que a conhecemos, integrando toda polí1ica mente o título de catdlico? Pode.se duMoral da Igreja mudou , pecam contra a na unidade da mensagem cristã. Essa Fé e já não podem ser consideradas cató· é sua missão própria. Arauto de Cristo• vidar. Considero o Prof. Plinio Corrêa de Jicas. Rei, e la proclama o seu Reinado diante E termina o anigo com uma pergunta dos povos e . das facções. Nenhuma ou- OUveira, especialmelllt, a inegável fO· lerância positiva tm refoção d ogressi• que pode ser foit.a também a propósito 1.rn Santa elevou tão alto nos fatos, não somente a doutrina dessa Realeza, mas vidade sexual provocante, que se mani· da condula face ao comunismo e- de di· ao mesmo tempo o seu culto vivo. mís• festa no modo indecoroJ·o dos trajes. versos outros assuntos: "q11em <1indo é 1ico. eucar1stico, cheio de amor. Nüo há dúvida 1/e que esta maneira ,/e cat61t'co apostólico romano ,/entro desse se trajar está em frar,ca opos;ção às nor- imenso magma ,le 600 milhões de p~s.. mas tradicionalmente dados pela lgr~ja. soas Ca"leaiJ-, Bispos. Sacerdotes, Deus fez dela a gmnde Santa polí1ica E pois o caso de perguntar se a pessoa RcligioJ·os e leigoJ· - habitualmeme lidos para a "1época das nações". Não perma- que assim se aprestma ainda é cat6Uca. com o membros da única e imperecível neçamos insensíveis à atualidade, ao A mesma pergunta cabe com, relação lgrcj" ,le Deus?" valor presente de sua mensagem, que um grande soldado, de nossos dias, guar· dou sempre no fundo do coração. O General Weygand. que tantas ve1.cs no decorrer de sua longa carreira foi envolvido, nos campos de batalha, nos ' desastrosos connitos do Ocidente, quis presidir, e presidiu at6 sua morte-, a Associação Universal dos Amigos de ](>(Jna ,l1Arc, sen1pre viva e ativa, acO· lhcndo e contando entre seus membros numerosos fiéis de todos os países (1) . Ainda o ouço dizer-me uma noite: PARA FAZER UM curso de refutação do comunismo e analisar a aÇão da ucreio no prescn,ca 11eces.r6ria de Joana Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, reunirarn·se d'Arc. Ela camiflho u onte (/;as sem r11f- nesta Capital, durante dez dias~ 6S jovens de sete países hispano-americanos: Argend1> olé CMnon, para levar a salvacão. tina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai. Ela caminha ainda OJ:Ora tlesperctbida Na sessão de encerramento, realizada no Auditório S.'\o Miguel, da TFP, o dt todos. mas dia virá em qut, p~la Prof. Plínio Corrê• de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da entidade anfi, forço dos coisas, invocaremos sua pre· 1dã, conclamou os jovens a servirem, cm seus rcspeciivos ambientes. os sagrados se11ça e11trt 116.f''. princfpios da 1radi.ção, da família e da propriedade, fatores básicos da ·civilização cristã. As conferências e. círculos de estudos foram realizados numa atmosfera de Pierre Virion aplicação e entusismo, destacando-se cnlre os conferencistas os diretores da TFP PRESIDENTE 00S brasileira Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho e, Sr. Plinio Vidigal Xavier da Silveira1 AMIS D'E JEAl<NE D'AR.C os dlrcrores da TFP argentina Srs. Miguel Ueecar Va_rela e Jorge M . Storni, e os (!;retores da TFP chilena Srs. Patrício Amunátegui Monckberg e Gonzalo Larrafn

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TFP REÚNE JOVENS HISPANO-AMERICANOS

1) Pnrà m:ti<>res iMormaç&s sobre, a A,1~

tltHlon Unfru.ulte du Amlt de Jtanne d·Are. b:uia escrever a :icu Presidente: M, Picnc Vi. ti<>n. 6 ruc L.t1rribc, 7SOOS P:'lrts, Fu.nç11.

O certame constituiu a XXIV SEFAC mação Anticomunist3.

Semana Especial iwda para a For-


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F 1v. ANCF.LICO ( s fcuto XV)

ESTRANHA APROVACÃO DA CNBB. .)

PARA UMA BÍBLIA ''DESMITIFICADA'' O suave e poético relato que faz São Lucas da Anunciação a MC1ria e da Encarnação do Verbo teni enlevC1do os fiéis de todos os te,npos e inspirado a C1rte cristã. Circula em meios católicos do Brasü uma "Bíblia na linguagem de hoje", eivada de (lmbigüidades e inexatidões, a qual, sob pretexto de empregar a lingu(lgem "que o povo fala", tir" todo o caráter elevado e sacral da Escritura, e procura "desmitificar" os santos Personagens, apresentando-os como pessoas vulgares, aos quais dá, até, o tratamento de.,"você", quer se refira "ºs Apóstolos, a Nossa Senl~ra, ou ao próprio Nosso Senhor Jesus .Cristo. Nessa tradução "TW linguagem de hoje", o relato da AnunCÍC1ção aparece cheio de insinuações malévolas para com a Virgem Santíssima, para com São José, e, mC1is ainda, para com o Verbo Encarnado. Nossa honra de c<Itólicos nos impõe um ato de desagravo a Nosso Senhor, a sua Mãe Santíssima e ,, seu Pai nutrício, seguido de alguns reparos que a seriedade do assunto requer. () que se tor,u1 ainda mais necessário, visto esta infeliz tradução contar com a ap_rovação d<i Co,nissão de Pastoral da Conferência Nacio,uil dos Bispos do Brasil. (PÁGINA 2).

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Alguns reparos a uma tradução da Bíblia que a CNBB aprovou E TODAS as passagens dos Santos Evangelhos, poucas haverá que tenham desper~ado maior enlevo nos fiéis de todos os tempos do que o suave e poético relato que faz São Lucas da Anunciação a Maria e da Encarnação do Verbo, narração impregnada de um aroma delicadamente virginal. A propósito dele, comenta o douto exegeta FilJion: "Há duas maneiras de relatar as gra,uJcs coisas. A primeira consiste em elevar-se o quanto pos·sível à sua altura, em adotar um gênero imponente e sublime. A segunda, que é com. freqüência a melhor quando se trata dos divinos mistérios, contenra--se com uma exposição muito simples dos faros. aos quais deixa o cuidado de se fazerem valer por si. O Ewmgeli.tta adotou aqui a última /6rmula. Nada de mais simples, mas nada tambéni de mais suave, de mais vi,.. ginal, cio t1ue seu relato da Encar1wção do Verbo'' (L. CI. Fillion, "Vie de N.-S. Jésus-Christ - Exposé historiquc, critique et apologétique", Librairie Letouzey et Ané, 1922, p. 235). Releiamos essa passagem evangélica em uma tradução portuguesa corrente, a do Pe. Matos Soares, em edição recente (Edições Paulinas, São Paulo, 27.ª edição, 1971):

D

"E, (esta11do Isabel) 110 sexto mês, /oi e11viado por Deus o Anjo Gabriel a uma cidade da Galiléia, cluunada Nazaré, a uma Virgem desposada com um. varão, que se chamava

José, da casa de Davi, e <J nome da Virgem era M<lria. E, entrando o Anjq onde Ela es· lava, clisse-Llie: Deus Te salve, cheia de graça, o S(!nhor é conTigo; bendita és Tu entre as nwlheres. E Ela, tendo ouvido eJ'WJ' coü·aJ·, turbou•Se com as pa/(lvr,u·, e discorria pensativa que sau-

dação seria esta. E o A11;0 disse-Llte: Não temas, Maria , pois achaste graça diante de

Deu.s: eis que conceberás no teu ventre, e tlC1rás ,l /11z wn /illto, e por-Llte-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será e/tomado Filho do Altissimo, e o Se11hor De11s Lhe dorá o trono de seu pai Davi/ e reinará eternamente na casa _de Jac6,· e seu reino não terá fim, E Maria disse ao A11io: Como se fará isso, ,,ois eu não conheço varão? E, respondendo o An;o, clisse-Lhe: O Esplrito Sa11ro descerá o·obre Ti, e .a virtude do Altíssimo Te cobrirá co,n a sua sombra. E, por isso mesmo, o Sa,uo que há de 11ascer de Ti, será chamado Filho de De11s. Eis que rambém Isabel, 111a ,,arenta, concebeu um Ji/1,o 11a sua velhice; e este é o .rexto mês ela que se diz estéril; porque a Deus nada é impossível. Então disse Maria: Eis aqui a escrava do Se11hor, faça-se em Mim segundo a tua palavra. E o Anjo afastou-se dEld' (Luc. 1, 26-38).

A Anunciação "na linguagem de hoje" Anda por aí uma "Bíblia na linguagem de hoje / O Novo Testamento' ' (Rio de Janeiro, 1973). O volume uaz uma carta assinada pelo Exmo. Bispo D. Mário Teixeira Gurgel, S.D.S., Responsável pe)o Setor de Diálogo Religioso da CNBB, aprovando, em nome da Comissão de Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, "o uso da mesma por rodos os católicos de líng11a porr11guesa" (cremos ter havido um cochilo da parte de S. Excia., uma vez que nem "todos os ca16/ico.f de língua portuguesa'' se encontram no Brasil, mas também os há, como é óbvio, em ·Portugal, Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, Timor, Goa, Macau, .. . além das centenas de milhares deles espalhados por países que não são de língua portuguesa ... ). Pois bem, leiamos agora a mesma passagem de São Lucas nessa Bíblia "aggior11arra" que o órgão episcopal nos oferece : "No sexto mês da grm,idez de Isabel, Deus

mandou o anjo Gabriel a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré. O anjo tinha um recado ,,ara uma virgem que ia se casar com certo homem chamado José, descendente do rei 2

Davi. A virgern se chamava Maria. Então o anjo veio, e disse: - Alegre-J·e, Maria! Você recebeu WYb grande favor ele Deus/ O Se11hor esrá com você! Maria ficou seni saber o que Jazer por c,wsa da sauc/açtio cio 011;0. E, admirado, ficou pensando no que ele queria d;zer. Então o anjo continuou: - Não tenha medo, Maria. Deus eJ·tá contente com você. V õeê vai ficar grávida, dará à luz um filho e vai chamá-lo de Jesus. Ele vai ser grande homem. e será chamado o Fi· lho do Deus Altíssimo. O Se11hor De11s vai /atê-lo rei, co,no foi o seu antepassado Davi. Será para sempre rei dos descendentes f1e Jac6, e o R.eino dele nunca se o'c_abará. ' Enttio Maria ,lisse ao ,mjo: \ - Eu ainda sou virgem. Como será' possível ;sso? O tmjo respondeu:. - O Espírito Sanro virá sobre você, e o poder de De11s estará em você. Por isso, o sanro menino será chamado o Filho de De11s. Lembre-se de sua parente Isabel. Diziam que ela não podia ter /li/tos. Porém agora está grávida de seis m eses, embora seja táo idosa. Porque para Deus nada é impossível. Maria retpondeu: - Sou a o·erva do Senhor. Que aconteça comigo o que o senhor disse. E o on;o /oi embora". Poderia ser maior o prosaísmo, a falta de elevação e de respeito desse relato do "recado" que o Anjo - qual mero "office-boy" foi levar à virgem que "ia se casar com certo homem chamado José"? E o pior é que um texto tão cheio de ambigüidades e inexatidões não traz nenhuma nota esclarecedora (o vocabulário que encerra o livro são apenas explicações - aliás nem sempre corretas - de algumas palavras que ocorrem no texto). Há nele certas coisas que um católico não pode deixar passar sem, pelo menos, um reparo. Onde está o

Saudação Angélica? Antes de tudo, cumpre observar que a saudação ··Deus Te salve" foi supressa no ure· cada" do Anjo a Nossa Senhora. Esta também deixa de ser apresentada como a "cheia de graçaº, ºbendita entre as mulheres'', aparecendo apenas como alguém com quen1 "o Senhor esrá" e que "recebeu um grande favor de Deus". A respeito da saudação do Arcanjo, comenta Fillion: "Com algumas palavras de uma força sing11lar, ele [o Anjo] indica a que ponto a augusta virgem iá havia sido favorecida por Deus: (Tu és) e/reia de graça, o Senhor é Co11Tigo, be11dita és Tu entre as mulheres" (op. cit., p. 237) ( 1). Justamente as expressões omitidas pela tradução "11a li11g11agem de /roie" e que - junto com as palavras de Santa Isabel - constituem a primeira parte da Ave Maria, a mais popular e querida das orações a Nossa Senhora, e também a oração que Lhe é mais grata, segundo Ela tem manifestado em inúmeras revelações particulares!

Maria, "noivo de José"? Entretanto, o que mais choca oo texto bíblico aprovado pela CNBB são as palavras que os tradutores colocam nos lábios puríssimos de Maria: "E11 AINDA sou virgem"/ Ou seja: º Por enquanto, sou virgem'\ sugerindo que deixaria de sê-lo no (uturo. Por outro lado, essa traduçãQ "na linguagem de hoie" apresenta Nossa Sê~hora como quem "ia se casar' com São José. E isso também,, no relato do nascimento de Nosso Senhor. Nesta última passagem, diz o tradutor

1) FHlion registra em nota que •'11âo é scgu. ro qu~ esta â/lima e:i:press<io ["bendita és Tu entre as mulheres"] seja autémica neste t,,gar, pois é omithla em importamcs manuscritos gregos. Ela parece ter sido tomada tle Luc. 1, 42" (a $3.uda-

ção de Santa Isabel). Aparece, entretanto, na Vulgata latina.

que, atendendo à ordem do governador romano. José "foi se registrar com Maria? sua 11oiva. Ela estava grávida" (Luc. 2, 5) ! Igualmente na tradução do Evangelho de São Mateus lemos: uo nascirnento de Jesus Cristo /oi ass;m: Maria, sua mãe. IA SE CASAR com José. Mas ANT2S 00 CASAMENTO ELA PICOU ORÁVIOA pelo Espírito ·santo. José, com quem Maria IA SE CASAR, era homem que sempre agia com honestidade. Ele não queria difamar Maria publicamente. Por isso resolveu DES· MANCHAR o NOIVADO sen, ninguém sabei'. Segue-se o relato da aparição do Anjo a São José, em sonho, e depois: "Quando acordou. José fez o que o anio do Senhor /ravia ma11tlatlo, e CASOU COM MARIA" (Mal. 1, 18-19 e 24). Tudo isso é sumamente injurioso para com a Santíssima Virgem, para com São José, e, mais ainda, para com o Verbo Encarnado. Pois que, se Nossa Senhora "estava grávida" (expressão chocante para se referir à virginal concepção . do Salvador) e era apenas a "11oiva" de José, que juízo fariam seus contemporâneos, da honestidade de Maria (e também da de José)? E o bendito Fruto daquelas puríssimas entranhas não apareceria aos olhos dos judeus como fruto do pecado? - Essa malévola apresentação aparece sem nenhuma nota explicativa, que seria de se esperar de uma Bíblia aprovada pela Comissão de Pastoral da CNBB. Essa explicação, vamo-la dar nós, depois de um ato interno de desagravo a Nosso Senhor, a sua Mãe e a São José, que a honra de católicos nos impõe.

Esponso is e núpcias, entre os judeus Maria já era a verdadeica e legítima esposa de São José no momento da Encarnação. Essa a opinião aceita pacificamente entre os comentadores católicos. Ela se explica pelos costumes judaicos quanto à celebração do casamento. Vejamos o que a respeito escreve o erudito Dominicano espanhol, Fr. Bonifácio Llamera, em sua "Teologia de San José" (Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1958):

do Salvador. Elas são perfeitamente adequadas, ao passo que as empregadas pelos tradutores da Bíblia aprovada por D. Mário Gurgel, além de injuriosas para com os santos Personagens - como já salientamos - atentam clamorosamente contra a verdade histórica.

Dessac ralizar, "desmitifica r'', eis o objetivo Os tradutores afirmam à página IV: "A linguagen, é. tanto quanto possível, a que o povo fala. Por isso pode-se afirmar q11e esta rraduçüo l na ling11age1n de ho;e. Ela procurou J'er fiel à língua (lo povo, e mais do que isso: ao sentido do texto original. Traduz fielmente o sentido, e mlo somente as palavras. 8 realniente uma nova tradução, que se esforça para co,nunicar a mensage,n de Deus de tal maneira que todos os leitores entenda,n". Não, a verdade não é essa. Se o objetivo fosse apenas apresentar um texto "que todos entendam'', que necessidade haveria, por exemplo, de traduzir a já consagrada expressão "Sermão da Montanha", inteligível por ºtodos os cat6/icos de fingua portuguesa'\ por "Sermão do Monte"? Basta folhear o volume para ver que o objetivo dos tradutores foi tirar iodo o caráter elevado, sacra.!, da linguagem bíblica, e "desmitificar" os santos Personagens, apresentando-os como pessoas vulgares, - Nossa Senhora, por exemplo, como uma Maria qualquer, "que ia se casar com certo homem chamado José''. ~ ·só ver como o tratamento "você" é aplicado indiscriminadamente à Santíssima Virgem. a São Jos~, São João Batista, os Apóstolos e ,todos os mais. Sob pretexto de usar a "linguagem tio povo". tira-se dessa porção tão querida do rebánho de Cristo a oportunidade de elevar-se, de livrar-se da vulgaridade, do prosaísmo - em que a existência pardacenta deste fim de civilização a vai imergindo - pela leitura de um texto a um tempo singelo e excelso, despretensioso e sublime, como são os Evangelhos, cujo verdadeiro Autor é o Divino Espírito Santo!

"Os exegetas a/irmane tmaniniemente que a

celebração do matrimônio entre os israelitas co11stava de dois aros pri11cipais, q11e podemos chamar e,n nossa Unguagem, se bem que co,n significados diferentes, "esponsais" e "mípcias''. Entre n6s os esponsais são uma promessa de 1natri111ônio futuro. As núpcias são a celebraç,io do contrato ,natrimonial. Em troca, para os judeus, os esponsais tinham um valor muito diferente, pois constituíam verdadeiro contrato matrimonial, cujo complemento se realizava mais tarde com a celebração do que cltamamcs ,uípcias, ~ que para eles era a condução sole11e da esposa à casa do esposo, em meio de gra11tles feste;os e de singular regozijo".

Mais adiante mostra o n1esmo autof, ao co~ montar um texto de um filósofo judeu contemporâneo de Nosso Senhor, Filón de Alexandria, ·que os esponsais tinham "valor de verdadeiro contrato matrimonial, de ,nodo que o pecado tia mull,er desposada é verdadeiro e estn"to adultério". O mesmo judeu "chama aos desposados, como o faz São Mateus no Evangelho, varão e mulher, ou melhor, marido e esposa". Acrescenta o Pe. Llamera: " Não enumderen1os o relato evangélico se es· quecermos que os csponsais ou os despos6rios entre os hebreus erartt wna pro,nessa nratrimonial de presente, que constituía a essência do vínculo do matrimônio; que, portanto, tirava a liberdade tia esposa, e que só podia ser rompida pela morte de um dos desposado.f ou pelo libelo de 1·cpâtfio. Em 11ma palavra, os esponsais heb,.eus e<Juivaliam a nos.ro motrimô11io rato, não consumado" (op. cit. pp. 39, 42 e 43). "€. por essa e outras razões que as traduções

Fidelidade oo original grego? '

Nem a fidelidade ao original grego pode ser alegada pelos tradutores como fundamento para o emprego das expressões chocantes e irreverentes que assinalamos. Pois, nas três versõe.~ do grego que tivemos à mão - uma para o português, outra para o espanhol, e a terceira para o francês (2) - o relato da Anunciação corresponde quase literalmente ao da Vulgata, que apresentamos de início na tradução do Pe. Matos Soares. Apenas o texto francês emprega as expressões "fiancée", "fian-

ce"''i mas esclarece em nota que o noivo·' era 11

já considerado "esposo", não podendo romper o vínculo sem o libelo de repúdio, como ficou explicado acima. Uma palavra quanto à Vulgata. Está muito em moda rejeitar o seu texto para recorrer·unicamente ao original hebraico, grego ou aramaico. Não nos devemos esquecer, contudo, de que (de acordo com o estabelecido no Concílio de Trento) a Vulgata é à única versão considerada como autêntica para uso público da Escritura na Igreja Latina. Isso não quer dizer que não tenham valor ou utilidade as traduções feitas sobre os texCO.'l'C:Lt.11 ~A l'Á,QINA

6

Gustavo Antonio Solimeo 2) "Bíblia Sagrada I Tradução dos originais hebraico, aramaico e grego. mediante a versão francesa dos Monges :Beneditinos de Maredsous

não ·'aggiomatc" da Escritura selllpre empre-gavam as expressões "desposada", ucasada·',

(Btlgica), pelo Centro Bíblico de São Paulo", 16.ª ·edição, revista pOr Frei João José Pedreira de Castro, OFM. e pela equipe auxiliar da E<l(tora, Editora .. Ave Maria", São Paulo, 19·71. "81bl.ia Comentada", por Professores de Salamanca, vol. VI, Biblioteca. de Autores Cristianos, Madnd, 1965. "la Saiote Biblc (Bible de Jérusalem) I

para designar o estado da Santíssima Virgem por ocasião da Anunciação e do Nascimento

Paris, 1959.

Traduite en français sous la dircction de l'Ecolc Biblique de Jerusalém", Lo, Editions du Cérf.


Lições da Revolução Francesa

BECO MULTIDÃO de insurrectos avança para Versalhes, clamando por pão ... O povo revoltado marcha sobre a Bastilha. . . Por toda parte os franceses se levantam contra a opressão que os esmaga . . . Qualquer leitor dirá que essas são cenas da Revolução Francesa. -e. o que ele - como nós - aprendeu no ginásio: o povo revoltado, a opressão, a fome, a Bastilha, etc. . .. Mas desde já o prevenimos de que está enganado. As cenas a que aludimos, embora rea.1.mente tenham acontecido, não são de 1789 e muito menos foram obra do povo. Elas datam de l 775, catorze anos antes da queda da Bastilha, e fazem parte de um ensaio da Revolução Francesa, ou, como alguns autores ousam dizer, de um ute.ftt de f<>rçal', muito bem preparado.

A

Por que não? "Ensaio'', "teste de forças", eis palavras pouco comuns nas páginas dos livros didáticos que di1..em contar a História! Realmente, para quem quer impingir a idéia de que a Revolução Francesa foi um movimento cspon· tâneo da massa popular, essas palavras são deveras incômodas. No entanto, para quem sabe que essa revolução foi cuidadosamen.te planejada em todos os seus detalhes, o que pode parecer mais natural do que um ensaio? Não é assim que se faz no teatro? tí. peça

não é primeiro escrita e depois revisada? Não se contratam os atores principais e os secundários? Não há urn contra-regra encarregado de- certos efeitos especiais? Não há um ro• réiro a seguir e uma marcação a fazer, a fim de que os atores saibam exatamente quando entrar e sair, e onde ficar? Não há o "ponto" que lhes assopra o que deven1 dizer e fazer? Não há a claque espalhada no meio da platéia para provocar as palmas ou as vaias, confor· me o caso? Qualquer ~soa sabe que as coisas são assim. Ninguém assiste a uma pe· ça acreditando que tudo o que se passa no palco é espontâneo, sem nenhum planejamento. -e. evidente. Agora nós perguntamos: por que isso não se daria também em certos episódios da História? · Por que pensar que ninguém está intere..~sado cm se aproveitar dos acontecimentos? Se um homem sem escrúpulos e sem moral é capaz de matar um outro por algum interesse, o que o impede de matar mais dez para conseguir uma vantagen1 maior? E se ele dispõe de poder para isso, o que o impede de matar mil? E se for suficientemente inteligente, o que o inibirá de organizar uma manobra escusa, mas que lhe traga lucros, ou propague suas idéias? E se esse homem se reunir a outros igualmente péssimos e hábeis, por que não haverão de influir sobre um país ou sobre o mundo. de modo que os povos acabem pensando o que eles querem que pen, sem, e fazendo o que eles desejam que façam? Por que não? Essas perguntas não são pelo menos lógicas? Por que então rejeitá-las a priori, por mais que seja incômodo pensar assim? Por que não ter a honestidade de es· pírito de estudar História com essas questões cm vista, pelo menos por curiosidade, somen· te para ver se as peças do "puu.lcn se encaixa~,? Temos certeza de que, fazendo isso, muitas pessoas ficarão surpresas com o que descobrirão. E acabarão exc1amando o que ouvimos uma vez numa peça de teatro: "Ora, ora, queni diria!" A Revolução Francesa foi também ela uma peça, uma trágica farsa que mudou a face do mundo. E, como toda peça, ela foi muito bem ensaiada.

O SEE TRAGÉDIA gava a ser ,trágico, mas íoi suficiente. para proporcionar uma boa base de operações para os agitadores. Em várias parles do país começou simultaneamente um murmúrio contra os "açambarcadore., que exploravam a miséria do povo''. Em abril de 1775 - ''como que obedecendo a uma p,,lavra de ordern", diz um autor - bandos de saqueadores apareceram na Borgonha, na Turenne, no Languedoe, na Normandia, na Ille de France; em cidades e burgos, a revolta era sempre a mesma: pilhavam-se os moinhos, celeiros e padarias; o trigo pilhado não era consumido, mas atirado aos rios; os saqueadores gritavam em todos os lugares os mesmo slogans, como "O pão a dois soldosr.' e outros. Mas, embora pedissem um preço mais baixo, não pareciam pobres : os que a polícia prendia · traziam, invariavelmente, bastante dinheiro consigo. Tudo isso era muito estranho. O governo, prevendo a falta de trigo, havia importado o cercai da Inglaterra. A distribuição se faria, como era lógico, através do Sena. Mas foi precisamente ao longo desse rio que os revoltosos concentraram sua agitação, de for.ma a impedir que o produto fosse distribuído. As barcas eram assaltadas e o trigo atirado fora. Atitudes singularmente estranhas para bandos de pessoas que estavam morrendo de fome! Atitudes muito lógicas da parte de quem estivesse interessado em promover a desordem por todo o país! A 1.0 de maio de 1775 a principal dessas colunas de saqueadores, vindo de Pontoisc, chegou a Versalhes. O Rei Luís XVI tomou pessoalmente o comando da polícia, e na tarde do dia 2 os "famintos" foram dispersados, não sem antes anunciarem que no dia seguinte estariam em ll'aris.

Que tinha a Bastilha o ver com o pão? A polícia da capital não era bastante numerosa para poder tomar conta de todos os bairros. Qual seria o ponto da cidade visado por um bando de pessoas que clamavan1 por

pão? Os esp,oes da polícia confirmavam aquilo que a mais elementar lógica indicava: o mercado central. Foi lá que a polícia montou o seu dispositivo de segurança. Mas não! No dia 3 de maio, quando a coluna ululanle chegou a Paris, foi diretamente à Bastilha que ela se, dirigiu. Ora, todos sabiam que a Bastilha, além de estar bem longe do mercado, era uma prjsão, e não entende· ram porque pessoas que se diziam com fome teimavam em se dirigir para lá. Se soubessem o que iria acontecer catorze anos depois, não achariam a coisa tão jlógica assim. Depois de fazer um tumulto diat1te da velha fortaleza, dura.nte todo o dia o bando passeou impunemente pelas ruas da capital, assaltando as padarias e atirando o pão aos passantes. Gritavam furiosos, e em suas mãos crispadas mostravam pedaços de pão esverdeados pelo moro, "pór(1ue os padeiros, não querendo ve11der o pão a preço baixo. preferiam deixá-lo estragar-se, enquanto que <> pOY<> morria de fome". O povo, bem nutrido e espantado, olhava para aqueles agitadores, sem entender nada. Depois que todo o pão foi pilhado, os insurrectos foram dormir, anunciando que voltariam à carga no dia seguinte. ·Realmente, logo pela manhã as desordens recomeçaram. Mas desta vez a coisa foi diferente. A polícia, tendo recebido reforços e estando com a paciência' esgotada, resolveu agir, e em dois tempos dissolveu a manifestação, prendendo todo o mundo. Vá rias su rpresos

Ora, quem diria! Várias surpresas tiveram então as autoridades. Viram que todos os revoltosos estavam armados de sólidos cacetes. Revistados, muitos ''pobres famintos" levavam consigo grossas somas cm dinhe.iro. Interrogados, apurou-se que todos sabiam exat'amente aonde deviam jr, possuíam senhas, tinham pontos de encontro bem determinados. O pão cmbolorado que eles brandiam com tanta indignação, era na re_a lidade pão bem fresco, pintado de verde .. .

Mas o mais interessante apareceu quando. depois de feita uma triagem, se apurou a identidade dos líderes daquela "revolta de camponeses e pobres homens do povo". Era uma lista realmente edificante: um membro do parlamento, um administrador de província, um professor de universidade, um cônsul aposentado, um funcionário da Repartição de Cereais, e (ora, ora!) nove eclesiásticos, entre seculares e monges. O povo "faminto e oprimido" estava esplendidamente representado!

E assim, com um completo fiasco, terminou o primeiro ensaio da farsa. Os uatorcs" foram encarcerados e não se falou mais de nenhum deles. Mas o fracasso não incomodou muito os autores da peça. Se~ se preocuparem, unt segundo que fosse, com os pobres diabos que tinham sido presos, começaram imediatamente a procurar outros fantoches para que a peça pudesse verdadeiramente ser representada. Nesse mesmo mês de maio de 1775, um jovem de 26 anos, chamado Mirabeau, se encontrava preso por crimes de adultério e perturbação da ordem pública. Um certo Dantoo morava em Troyes, e se preparav:.'t, no cncusiasmo de seus 16 anos, para fazer a pé os 158 quilômetros que o separavam de Reims, onde, no mês seguinte, assistida à sagração d~ Rei. Marat, não tendo ainda um ano de maçonaria,. estava na Inglaterra, onde fazia planos pai:a "conseguir sem exames'' um di· ploma de médico. E Hnalmente, na m.inúscula cidade de Arras. um menino fran1Jno, Maximilien Robespierre, estudava num colégio de Padres, e chorava inconsolável ao saber da mor{e de um de seus pombinhos de estimação. . . Logo eles seriam descobertos, cultivados, instruídos e ensaiados, desta vez com mais prudência e m.c lhor método. Havia tempo de sobra para tudo. Faltavam ainda catorce anos para o pano subir, e, brilhantemente iluminada, a tragédia começar.

Evondro Faustino

Uma estra nho uniformidade O ano de 1774 foi assinalado na França por colheitas de trigo inferiores às normais. A conseqüência não chegou a ser a fom.c , mas uma alta no preço do pão. O caso não chc-

A tomada da Bastilha , em 14 de julho de 1789 -

gravura a lemã da época :3


''Un Evêque parle'': dez anos de pronunciamentos de Mons. Marcel Lefebvre

'' ONS. MARCEL Lefcbvre, Superior Geral . da Fra1er11ité Sacerdotale Saint Pie X, Diretor do Seminário de Ecônc da mesma entidade, mis.,ionário durante mais de quarenta anos, por três lustros Arcebispo de Dacar e por onze anos Delegado Apostólico na África Francesa, ex-Superior Geral da Congregação dos Padres do Espírito Santo, membro da Comissão Central Antepreparatória do li Concílio do Vaticano, é, por todos esse.• títulos, pessoa capaz de uma visão exata dos problemas da lgreja de ontem, e dotada de um critério objetivo para julgar a crise por que passa a Igreja de hoje.

M

Juntem-se a esses -títulos, seu amor à Igreja, seu zelo pela salvação das almas, a moderação e a prudência próprias de um Superior Geral de uma Congregação internacional nos seus membros e universal em sua atividade missionária, e a serenidade de seu julgamento, e ter-se-á caracterizado uma testemunha fiel. Fiel pela verdade objetiva que atesta, fiel pelo tesremunho da Fé que professa. Nesse duplo sentido é o Exmo. Revmo. Mons. Marcel Lefebvre, Arcebispo-Bispo resignatário de Tulle, o ·'testis fidelis'' que a sociedade tanto pede nos dias que correm.

Uma coletânea de esc ritos e alocuções feitas de 1963 a 1973 Pois, foi unia série de depoimentos dessa testemunha fiel que a Dominique Martin Morin Editeurs publicou, aumentando o rico acervo das obras de apostolado que já deu a lume. "Un Evêquc parle" é uma coletânea de escritos e alocuções de Mons. Marcel Lefebvre que se escalonam pelos anoo de 1963 a 1973, dez anos que assistiram a transformações profundas na Igreja, as quais ocasionaram o aparecimento do que se costumou chamar Nova l8refa ou Nova Religião. A leitura de "Un Evêque parle" nos faz acompanhar a evolução que as transformações nos meios eclesiásticos realizam na Igreja, e que Paulo VI caracterizou como autodemolição desta. De fato, tais transformações estão longe de ser um desenvolvimento orgânico próprio do todo ser vivo. E las impulsionam uma total subversão que conduz a que da obra instituída por Jesus Cristo fique a aparência, quando isso. Se não na intenção de seus autores, na realidade objetiva visam semelhantes transformações a con&tituição de uma nova Igreja, adaptada à mentalidade modernista do mundo atual.

O valor de um testemu nho O testemunho do insigne Prelado é tanto mais insuspeito, quanto ele, no começo, se mostrava otimi&ta, certo como estava de que a Sagrada Hierarquia dissiparia todos os seus temores. O correr dos anos é qu-e o convenceu, infelizmente, de que as primeiras mudanças não eram superficiais. Pelo contrário, já atingiam substancialmente a Igreja criada por Jesus Cristo para a glória de Deus· e a salvação das almas. O abandono da bati na

Começa Mons. Lefebvrc denunciando o que há de secularizante e subversivo da sociedade cristã na troca do hábito talar dos eclesiásticos pela ves(e comum dos demais homens. O hábito talar dá um testemunho. Realiza a P'\· lavra de Jesus Cristo, "v6s sereis meus 1estemu11hos''. De fato, o traje religioso afirma publicamente que é natural haja na sociedade homens consagrados exclusivamente ao serviço de Deus. porquanto o culto que se presta a Deus obriga também o corpo social, como um todo orgânico que é. A ausência de um modo de trajar peculiar ao Sacerdote é uma aceitação implícita de que o mundo pode

existir e constituir-se, de modo conveniente e mesmo perfeito, sem Religião. Em outras palavras, a Religião é coisa particular da consciência de cada um: tese do liberalismo maçônico, cujo fim é o agnosticismo, quando não o ateísmo do Estado. O abandono da batina representa, portanto, a abertura do caminho para o ateísmo da sociedade.

O Concilio Entretanto realizava-se o li Concílio do Vaticano. Seu anúncio. foi recebido por muitos como uma aurora de novo florescimento católico. Em breve arriou-se es.,a bandeira de esperança risonha. Assim, encerrado o gran• de conclave, e foito o balanço das conseqüências que o seguiram, o próprio Papa Paulo VI se entristece ao ver frustrada a esperança de

paz, harmonia e florescimento cristão. 4

'

Em

vez desses frutos do Espírito Santo, registra o Papa dúvidas, ambigü.idades, debilitação da Fé. Mons. Lefebvre não teme afirmar: "é impossível explicar a situação na qual nos encon1,-amos sem remontar ao Concflio" (p. 154). E dá a razão: "No Concílio jantais se quis dar defi11içiies exaras dos assuntos sobre que se discutid' (p. 155). Com isso, ficava-se em descrições imprecisas, sujeitas a diversas interpretações, quando não se falseavam definições tradicionais.

O casamento E S. Excia. Revma. exemplifica. O matrimônio, segundo ·a doutrina tradicional de que o C6digo de Direito Canônico é eco, tem como fim primário a procriação e a educação da prole. O Concílio, sob alegação de que era pastoral e não dogmático, recusou-se a repetir a expressão clara e insofismável da razão por que fez Deus o homem e a mulher e os uniu numa sociedade indissolúvel. Recusou-

se, e passou a enaltecer o amor conjugal, re· duzido depois, diz o ilustre Arcebispo, a mera sexualidade. Daí as deletérias conseqüências que boje lamentamos: os anticoncepcionais, o aborto, o divórcio, as experiências pré-matrimoniais e a seqüela de vícios desse gênero, q~ fazem lembrar as cidades malditas de Sodoma e Gomorra.

A Igreja •

Talvez em nenhum ponto como no Documento sobre a Igreja, transpareça mais o empenho dos Padres Concil.iares progressistas em impor suas teses. Chegamos à situação singular na História, em que um Concílio se sente na obrigação de compor um dicionário para ser entendido pelos fiéis que a ele de-vem recorrer. Pois foi o que se deu com a Constituição sobre a Igreja. Visando impedir interpretações falaciosas do que se continha no texto, apresentado à votação dos Padres Conciliares, a Comissão Conciliar de Teologia fez, por ordem do •Papa, uma nota, explanando o sentido do Documento, e, para que não houvesse dúvida no futuro, declarou que a nota fazia parte do Concílio. Apesar de semelhante providência com relação à Constituição sobre a Igreja, nota Mons. Marcel Lef-ebvre no Concilio, em expressões

sobre o mesmo assunto, a mesma imprecisão observada sobre o matrimônio. Com isso, obscureceu-se - para não dizer ma.is - a doutrina dogmática sobre a Igreja como meio necessário, indispensável, para a salvação. Passou E la a ser vista por muitos como um meio úti l, conveniente, não porém · imprcscindivel. E essa a mentalidade que está subjacente nos atuais movimentos ecumênicos, na proscrição do proselitismo (que torna incompreensíveis as Missões), na colaboração fraterna entre todas as religiões, mesmo em atos religiosos, chegando-se até a adminis1ração dos Santos Sacramentos sem levar · em conta a divergência de fé. Quanto à estrutura monárquica da Igreja, como a quis seu Fundador, Jesus Cristo, sofreu ela abalo não pequeno, devido à falta de precisão ao se conceituar a assembléia episcopal. Com isso extenuou-se a autoridade do Bispo na sua Diocese, e mesmo a autoridade pontifícia não .deixou de sofrer os abalos ates-

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lados pelos movimentos de insubordin~ção. como a recusa por grupos, até de Bispos, da definição da "Humanae Vitae", a divulgação do Catecismo holandês, etc.

Falta de filosofia São Pio X, na Enciclica "Pascendi", contra os modernistas, dá como uma das causas desse movimento herético a ausência nos seus fautores, de conhecimento da filosofia escolástica, nomeadamente a tomista. Mons. Lefebvre assinala a mesma origem para as deficiências dos Documentos conciliares: "Creio si11ceramente que [... ] boa parte dos Bispos, sobretudo daqueles que foram eleitos como membros dos Comissões, eram pessoas que se formara1p numa filosofia existehcialista, que , não fizeram curso de filosofia tomista, e que, por conseqüência, não sabiam o que era uma definição. ' Para eles, não há essência: não se . tle/ine nada; e:xpn'me-se, descreve-se uma coisa, não se define. [... ] Daí termos uni Concílio cheio de eqtúvocos, de sentimento vago, de coisas que evidentemente permitem hoje todas &· interpretações, e que deixam todas as portas abertas'' (p. 161).

A Santo Misso Com toda razão, dá Moos. Marcel Lefebvre singular importância à questão da Missa. Não sem motivo afirmava Lutero que, liquidada a Missa, ruiriam o Papado e a Igreja Romana. Na coletâne_a que percorremos, além de referências e observações, em quase todos os capítulos, sobre· o Santo Sacrifício da Missa e seu correlato, o Sacerdote ministerial, bá três alocuções que versam s6 sobre este assunto. E é natural . Há uma correlação íntima entre a oração oficial e a Fé. A lei de crer se conhece na lei de orar, "/ex credendi lex ora11di". Se modificado substancialmente o Sacrifício da Missa, centro da vida sobrenatural da Igreja, automaticamente muda-se a Fé. Já não se professam as verdades reveladas por Deus. Extravia-se o homem do caminho da salvação, pois sem· Fé é impossível agradar a Deus (Hebr. 11, 6).

Padre e fiel A insistência sobre a igualdade fu ndamental de todos os fiéis, enquanto regenerados pela graça santificante, acabou aproximando o Catolicismo do protestantismo. "A Revelaçã.o foi substituída pela consciência que, sob o i,rfluxo do Espírito, se exprime pelo profetismo. Este profetismo pertence a todo o povo de Deus'' (p. 122) . Dilui-se assim no povo, o Magistério hierárquico. O mesmo se dá com o ministério sacerdotal, que também passa para o povo. "E e11i virtude tleste mi11isférío que o Povo de Deus constitui a Assembléia Eucarística e executa o culto comunitárlo do qual o Sacerdote é o presidente e ern breve o delegado eleito. Seu caráter sacerdotal e seu celibato não têttt mais ra,zão de ser. Não se pode negar que as reforrnas litúrgicas se

tantes ou não, que negam que a Missa seja verdadeiro sacrifício, não satisfaz ao Concilio de Trento, o qual definiu que na Missa se oferece um verdadeiro sacrifício. Com efeito, uma só razão justifica a aceitação por parte dos protestantes de semelhante Ordenação: não conter ela nada que, insofismavelmente, afirme o dogma do Sacrifício da Missa. -.

O Seminário de Ecône Por último, reproduz Mons. Marcel Lefebvre a conferência em que conta a origem e a situação canônica da Frater11ité Sacerdotale Saint Pie X , que o tem como fundador, e bem assim a fundação e funcionamento regular do Seminário que ela mantém ·em Ecône, na Suíça. Semelhante conferência, além da utilidade natural que há no conhecimento de uma obra da Igreja, colimou outrossim responder a alusões aleivosas publicadas na França contra esse Seminário "selvagem". A conferência de S. Excia. Revma., pronunciada em Paris em 1973, por iniciativa da União dos Intelectuais Independentes· e do Clube de Cultura Francesa, nos informa que a Frater11ité Sacerdotale Saint Pie X, cuja fi. nalidade é congregar Padres e seminaristas, foi canonicamente erigida na Diocese de Friburgo por Mons. Charri~re, em t.0 de novembro de 1970. ~ portanto um Instituto religioso de direito diocesano, fundado inteiramente de acordo com o Código de Direito Canônico, como, aliás, quase todas as Congregações religiosas, que primeiro se coosti.tuí.ram como instiiuições de direito diocesano. Tratando-se d~ um institulo clerical, era natural que se orientasse no sentido de arregimentar vocações e dar a e.<tas a formação sacerdotal oportuna. Consultado o Cardeal Prefeito da Congregação para a Educação Cristã, este declarou apenas que, no tocante à erecção do Seminário, Mons. Lefebvrc dependia dos Bispos de- Sion e de Friburgo, na Suíça; quan_to à orientação do estabelecimento, que seguisse a "Ratio Fundamentalis" dada pela Congregação a todos os Seminários do mundo. Ouvido o Sr. Cardeal Joumet, sobre a conveniência de mandar ou .n ão os estudantes freqüentarem a Universidade de Friburgo (não sobre a fundação do Seminário, como se propalou), Sua Eminência foi de opinião que todos não deveriam freqüentar a Unive.rsidade. Obtida a autorização de Mons. Adam, Bispo de Sion, alugou Mons. Lefebvre um imóvel que pertenceu aos Cônegos do Grande São Bernardo durante 666 anos. E aí em Ecône, com um ano de espiritualidade, como pede a •1Ratio Fundamentalis". e na orientação tomista, ainda de acordo com a "Ratio Fundamentalis", 140 alunos se preparam para o sacerdócio na Igreja de Deus. São de todas as partes do mundo, às quais irão depois beneficiar com a irradiação da boa doutrina e do bom espírito hauridos em Ecône.

prestarn a esta ·orientação. Todos os comentários destas refortnas se cxprimc,n à maneira protestante, minimizando o papel do Padre. a realidade do Sacrifício e a prese11ça real e permanente de Nosso Senhor na Eucaristia" (p. 123).

Missa e dogma Extenuado o caráJer sacerdotal do Padre, solapa-se na mesma proporção o caráter sa-criíical da Missa. Há uma correlação entre esses dois tem1os. O Padre é feito para a Missa. E le é o sacrificador, o que tem poderes para oferecer a Deus o Sacrificio. Igualmente, a Missa sem o Padre é ininteligível, a não ser que se úre da Missa seu caráter sacrifical Deixa ela de ser sacrifício verda· deiro, real, no significado pleno da palavra pp. 129 e scgs.). A conseqüência é que, tuma Ordenação da Missa que possa ser aceità por seitas, proles-

Se desejássemos aduzir todas as ricas observações que se aeham no livro "Un Evêque parle". deveríamos reproduzi-lo todo. Esta nota é feita apenas para mostrar a boa obra que fez a casa Dominique Martin Morin Editeurs publicando a coletânea de escritos e conferências do Arcebispo Mons. Marcel Lefebvre, Superior Geral da Fraten,it~ Sacerdotale Saint Pie X. A i;oletânea d05 escritos do egrégio Antístite tem a utilidade de um documento histórico sério que nos introduz numa época atormentada da Igreja. Vale, no entanto_, e muito mais, como estímulo à fidelidade à mesma Igreja de sempre, Que reproduz na terra a perenidade de seu Divino Fundador, Nosso Senhor Jesus Cristo, Que é de ontem, como de hoje, e de todo~ os sécu!os, "C/rrisrus heri er hddie, ipse et i11 saecu1it.' ( Hebr. 13, ll.).


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UM KERENSKY T AMBEM PARA A ESPANHA?

A

O A'PROXIMAR-SE o primeiro aniversário do golpe que colocou Portugal it mercê de algumas dezenas de oficiais esquerdistas, sente-se também na Espanha a fermentação que costuma preparar esse tipo de golpes. O processo é típico e já se torna cansativo descrevê-lo. Com pequenas variantes, conduziu à instauração do comuois· mo na Rússia ou na Tchecoslováquia; estava em andamento no Chile, cujas Forças Armadas conseguiram detê-lo a tempo. É o processo que estamos vendo desenrolar-se na pátria da Irmã Lúcia. Na primeira fase, criam-se as condições para levar ao poder um político moderado, disposto a ceder à esquerda quanto ela pedir. Ao mesmo tempo, por ser moderado, ele infunde

confiança aos democratas centristas. Mas inicia uma perseguição aos fanáticos antico,nunistas. A estes não se permite invocar em seu

próprio favor as liberdades democráticas largamente prometidas a todos. A segunda fase é a da instalação do motle· ratlo no poder. Ele poderá ser imposto por um golpe, como Spínola, ou eleito, como Eduardo Frei. Depende das possibilidades que se têm à mão. Mas seu papel será sempre o mesmo, cujo protótipo foi o de Kcrcnsky, .na Rússia: dar liberdade à esquerda e reprimir qualquer reação anticomunista.

o kerenskismo seria inviável e, portanto, o se..

ria o comunismo. Mas aí é que reside o problema. Influenciados pelo esquerdismo difllso, ou pelo gozo da vida, ou pela autodcmolição da Igreja, esses líderes, quando não se omitem, dão a cobertura de que necessitam os agitadores. Ao Padre de passeata, o BiSpo apoia com uma declaração de solidariedade, ou, pelo menos, deixando de puni-lo. Ao in~uflador de greves, sustenta o dinheiro do industrial "sapo". Ao capitão esquerdista, ajuda o general que não vê perigo no seu idealismo ;uvenil. Ao estudante arruaceiro, socorre o catedrático com declarações vagas sobre a liberdade de pensamento. E sobretudo certas Conferências Episcopais ajudam a todos, sempre reclamando amor, compreensão, anistia. A esta altura, o país estará maduro para a instalação do Kere11sky no poder. Ele poderá ser um militar prestigiado, um democratacristão incensado, ou outro que indiquem as circunstâncias do momento. Façamos votos de que o Príncipe O. Juan Carlos não se preste a esse triste papel.

Na terceira fase o Kerensky é derrubado e a esquerda moderada ou o próprio comunismo se instalam no poder. E daí não saem. É claro que estas fases fundamentais comportam fases intermediárias. A política é a ar.te do possível.

(i .'JO ,nil h ões «le ct•tólic o s. apesar ,,,., a u t o«t.e,,,o l i~,w

Na primeira fase, ou preparatória, os re~ cursos usados são diversos: greves~ indisciplina militar, agitações estudantis, contestação.

• SEGUNDO ESTATlSTICAS recentes, existem atualmente no mundo cerca de 659 milhões de católicos. Na Europa eles são 279 milhões, representando 40% da população. Em

É a rase pela qual passa a Espanha.

Nesse período entram cm cena três grupos de protagonistas: autoridades naturais, isto é, pessoas de influência, entre as quais, e princi·

paimente, os eclesiásticos; autoridades politicas; e os contestadores. Comecemos pelos últimos. Os contestadores podem ter ou não razões para reclamar, mas todos são manobrados pela esquerda. As vezes lhes assiste alguma razão cm seus protestos. Em alguns casos, salários muito baixos~ noutros, autonomias regionais preteridas;

freqüentememc, excessos policiais. Mas todos colocam suas razões acima do bem comum e se entregam à agitação violenta, cujos cordéis

são manobrados pelos esquerdistas. Amiúde não têm razão alguma. Suas recla-

números absolutos, a América Latina aparece

cm segundo lugar, com 275 milhões de católicos, mas a porcentagem é a mais alta do globo, pois esse total constitui 96%da população. A América do Norte, excluido o México, tem 30% de católicos, que ali ascendem a 57 milhões. A Oceania conta com 4,S milhões de fiéis, os quais representam 22,6% da população. A Africa é o penúltimo continente em porcentagem, com 11 % e um total de 37 milhões de católicos. A Asia tem apenas 2,4% de católicos, que somam 48 milhões de almas. A estatística refere-se ao número de batizados, não havendo dados disponíveis sobre a

proporção daqueles que efetivamente praticam a Religião. De qualquer forma, esses números dão bem idéia da força espiritual que a Igreja representa, apesar do processo de autode· molição que A vem corroendo internamente, e que foi denunciado, não há muito, por Paulo VI. As nações européias e da América do Norte são as que mais têm sofrido com o processo de autodernolição. A América Latina, apesar de suas dificuldades peculiares e das influências estranhas que atuam sobre seus povos, é o continente onde as populações mais têm preservado a Fé e, em grande parte ainda, os bons costumes católicos, recebidos de seus ~n-

Emmo. Carde.ai William Conway, Arcebispo de Armagh e Primaz da Irlanda. Na Irlanda do Sul, 9S% da população é católica e a influência da Igreja se faz sentir em todos os setores da vida nacional.

••Ant icleriealis, ,, o •• à ,lireita •

"O ANTICLERICALISMO, hoje, passou para a direita beata. Dai é que vêm os tiros", - afirma o cônego espanhol Gonzá. lez Ruiz, membro do Comité .Executivo do cestrais. l"DOC. E continua: "Injuria-se e calunia-se Curioso é o fato de que este continente, o com uma facilidade i11co11cebivel. E; verdade mais católico do mundo, e que mais tem resisque com. um nervosismo notório: é como se tido à influência do progressismo, é onde há, no subconsciente estivessem convencidos de proporcionalmente, menor número de Padres .J"ua derrota e não tivessem outra tlejesa senão e de Religiosos. Há alguns meses, a Rádio Vaticana informava que existem na América La- ttspernea,... Talvez fosse o caso de se perguntar ao Retina somente 47 mil Sacerdotes, isto é, 10% verendo Cônego se o que realmente aconteceu do total de todo o mundo, ou um Padre para não foi o contrário: isto é, que boa parte do S mil católicos, proporção bem inferior à dos Clero, passando para a esquerda, tornou-se países da Europa e da América do Norte. alvo natural do que ele chama de direita beaSe desmembrarmos a Espanha e Portugal ta, e que se pode presumir serem os meios trado item referente à Europa, e as Filipina~ do dicionalistas e antiprogressistas da Igreja (os conjunto dos paises asiáticos, juntando-os à quais, aliás, não ºcolrmitmt" nem "injuriam'\ América Latina, teremos a maior força cató· mas denunciam, no interesse das almas, fatos lica do mundo, mais da metade do total dos que, nem por serem escandalosos, são menos católicos, com 3S0 milhões de pessoas. É o verdadeiros) . fruto das navegações dos portugueses e espa!'! o próprio Cônego que dá motivo a esta interrogação, pois, tendo participado de uma nhóis do século XVI e das missões disseminareunião de CrisléíoJ· para o Socialismo, assim das por todos o~ países onde eles se estaberelata os resultados do conciliábulo: "Nós, os leceram. cristãos, nos voltamos para os movimentos soSeria ainda mais significativo este total se cialistas de inspiração marxista e pudemos a ele somássemos os 8 milhões de católicos da !ndia, quase todos descendentes de portugueses comprovar que nossa fé, longe de sair diminuída, J·ai c rescida e reforçada. ela que nos ou de autóctones por eles evangelizados. O estimula e nos levou a comprornetermo-nos mesmo acontece com boa parte dos 37 minesses movimentos. Bem sabc,nos, naturalmenlhões de católicos africanos. le, que o socialisn10 cristão não existe, mas

e

tambént sabemos que, como cristão.r, devemos buscar a libertação do homem# e aprendemos que esta libertação hoje se /a1. mediante uma operação socialista que chega a adotar, até, os rnétodos marxislns".

l rla,a«la c o n tra o ,li1,.,.;rcio • "SE HOUVESSE amanhã um plebiscito sobre o div6rcio, o povo irlandês, em sua imensa maioria, votaria unão", ainda que a lgre;a não tomasse. posição''. - declarou o

Não será por causa de posições como esta que agora é da direita que partem os "tiros" contra certos setores do Clero? O que, de resto, não se confunde com o anticlericalismo.

Homero Borrados

mações não se fundamentam em direitos lesa-

dos, mas em pretensões descabidas. Numa e noutra hipótese, os protestos são feitos sem respeito algum à autoridade.

Instaurada a cri.,e, o segundo grupo, que é o das autoridades civis, já então enfraquecido por deficiência de convicções vigorosas e de orientação ideológica segura, age com pouquíssima habilidade, ou com inabilidade completa. Toma medidas repressivas desproporcionadas aos pequenos incidentes, mas, ·por outro

lado, numa pertinaz política chamada de libe, ralizaç.ão, vai abrindo as portas à propaganda esquerdista e à organização de núcleos de resistência dirigidos pela esquerda. As liberdades autênticas, que podem e devem ser asseguradas, são negadas. E fazcm ..se

vistas grossas aos verdadeiros focos de agitação. Já aí entra o isolamento dos núc.leos anticomunislas. Na Espanha, ainda há pouco, o Primeiro.Ministro Arfas Navarro denunciou com estardalhaço prcssõe,s da extrema direita,

dentro do gabinete, contra seu processo de liberalização. Fica, assim, a opinião pública prevenida contra os indesejáveis extremistas, que estariam sabotando a natural evolução das instituições. Na mesma ocasião, entrou para o gabinete

o Sr. José Luís Cecon Ayuso, chamado o Kissinger c.~panhol, pelo papel que representou no reatamento das relações comerciais com vários

pa,íses da Europa Oriental e no restabelecimento pleno de relações com a China comunista.

Por último, o papel dos líderes naturais. Se estes, que estão ligados ao povo e sobre ele exercem verdadeira influênc.ia por sua posição na sociedade, nas classes empresariais, nas

Forças Armadas e, principalmente, na Igreja. (ormasscin uma sólida barreira antiesquerdista,

o

Escorial, símbolo da. g randeza da Espanha católica 5


Conclusão da pág. 2

Alguns reparos.

Revmo. Pe. Daniel Ambrósio, Jtaperuna (RJ): "Minha apreciação sobre o grande periódico CATOLICISMO é esplêndida e faço votos pela sua perenidade". Revda.ç. Irmãs Concepcionistas, Uberaba (MG): "P-recioso periódico que é o CATOLICISMO". Sr. José Bento V.ianna, Ponte Nova (MG): "Gosto muito do CATOLICISMO". Revda. I rmã õdila Maro_ía, Bom J ardín, (PE): "A publicação de CATOLICISMO é de grande jornal. Embora estranhemos alguma recimentos oportunissimos. Deus queira abençoar todos os que fazem CATOLICISMO".

o.•

Maria Aparedda Masagão Carvalhaes, São Paulo (SP): "CATOLICISMO é hoje um grande jornal. Embora estranhemos alguma atitude do Vaticano, convém mais rez.1r e calar, que comentar".

D.ª Cecília Brandão ela Cosia, São Paulo (SP): "o excelente jornal CATOLICISMO" . Sr. Jáder de Alemão Cysneiros, Recife (PE):

"Reiteramos a ,nossa adesão ·âOS princípios cristãos, sérios, do CATOLICISMO". Sr. Antônio Frandsco da Silva, Juiz de Fora (MG): "CATOLICJSMO, cuja leitura muito tenho apreciado".

"e

Sr. l rineu Shintani, l_'aranavaí (PR): uma satisfação -para 'llós, saber que há pessoas que lutam pelas sagradas tradiçôes, num mundo impiedoso e cor~upto. Formulamos votos de que o êxito que vêm alcançando seja crescente",

Revmo. Pe. }Ienrique Conrado Fischer, Campos (RJ): "Felicitações pela publicação muitíssimo oportuna e esclarecedora do artigo "A

gradual marxistiz.,ção da Teologia", de Pe. Miguel Poradowski, no ,n(1mero 286".

Revmo. Pe. Davino Ferrclra, Macaparana

D." Maria Therczinha de Godoy, Amparo

(PE): ''Leio CATOLICISMO, imediatamente, e antes de mais nada. Ele me conforta porquo é, verdadeiramente, um pábulo espiritual para toda aJma sequiosa da verdade, fé e amor".

(SP): "Ao jornal CATOLICISMO, envio pa· rabéns pelo oportuno artigo " A gradual mar-

Revdó. II. João Carlos Cabral Mendonça, O. Cist., São Fidélis (RJ): "Aproveito a ocasiãó de manifestar meu profundo apreço pelo vosso esplêndido jornal, louvável sob todos os aspectos, e verdadeiramente digno do nome que tem". Revmo. Pe. Jooé Trombert, Serro (MG): "Gostaria de estar em condições de contribuir melhor para a prosperidade do movimento mantido pelo grupo CATOLICISMO. Com minhas santas Missas supro o que materialmente não posso dar. Desejo aos esforçados mifüantes de Cristó sempre maior êxito!"

Desembarg;idor Cristovam Breiner, Rio de Janeiro (RJ): "Queira receber minhas mais efusivas congratulações pelo magnifico CATOLI· CISMO sempre firme na defesa da Fé e da Verdade Católica. Leio, guardo e coleciono o grande jornal, que é sem dúvida a melhor das publicações católicas, sem desfazer do meu pequeno mas também· batalhador incansável dos mesmos princípios, "O A·rquidiocesanoº de Mariana, Minas". Sr. Antônio P. R. Veiga, Ribeirão Preto (SP): "Tenho imensa satisfação ao escrever novamente à Redação de CATOLICISMO para, uma vez mais, dar sinceros e calorosos aplau .. sos à sua iniciativa verdadeiramente católica de alertar a opinião pública brasileira sobre a realidade tão amarga de nossos sofridos dias. [...) é com alegria que percebo que CATOLICISMO está cada vez melhor, na sua apresentação e no seu conteúdo, que, aliás, sempre foi excelente, especialmente os artigos escritos pelo insigne Prof. Dr. Plínio Corrêa de Oliveira. Artigos estes, que têm sido um verdadeiro consolo e ~mparo aos católicos de

xistização dà Teologia,._ Esse artigo devia ser distribuído entre os ca-

tólicos, como um alerta ,para muitos influenciados pelas idéias comunistas''. Sr. P. Almeida, Fortaleza (CE): "Interessará por certo a essa redação saber que o artigo "A gradual marxistiz.,ção da Teologia", do Pe. Miguei Poradowski, publicado no número 286 de CATOLICISMO, acaba de ser editado por um grupo de intelectuais católicos cearenses, em formato de- pequena brochura, com uma apresentação do Prof. Denizard Macêdo". Sr. Arlindo Yoshiharu Rakuc, Blumenau (SC): "Sempre leio o jornal CATOLICISMO, que considero um dos melhore~ jornais para a formação moral da juventude atual, e no mês de novembro, n.0 287, li um artigo que muito me interessou "Justo Ukon Takayama, Senhor feudal e santo". Sr. Lúcio Savaris, Joaçaba (SC): '"Acredi10me católico convicto. Procuro seguir os ensinamentos da Bíblia, das encíclicas, e estou completamente favorável à atual política adotada pelo Vaticano. Já está na encíclica "Divini Redemptoris" que "o caminho do mal é imenso, é preciso arrebanhar as ovelhas perdidas a qualquer preço". Diante do exposto, embora tendo já pago a assinatura do jor-nal CATOLICISMO, solicito que o mesmo -não me seja mais enviado por não pactuar com as idéias contidas no •mesmo". Sr. Robert J. Nesnick, Casa de Jacinta Mar.

to, Moita-Redonda, Cova da lria (Portugal):

nossos dias, tão sedentos da genuína doutrina".

"Please reprint Lhe Novena, ask every one who reads your paper to invoke her. Please ask ali lhe children who suffer or are ili to offer the.ir pain for the prompl early, spcedy Beatification and Canonization of Jacinta. Yes ali Lhe children -at home and in hospitais".

Sr. Francisco de Gomis, Barcelona (Espanha): "Recibo ahora puntualmen1e su revista CATOLICISMO lo que me producc una gran satisfacción por lo mucho que aprecio -la labor que es1an Uds. realizando, y en este momento de confusión y de tinieblas para el mundo, infunden esperanza y alegria con islotes de luz que permilen todavía evitar naufragios y que actuan como fermentos dei bien esperando el momento propicio de las miscricordias dei Seõor. .EI estilo de su revista es form idable porque es· orientadora y educativa, con gran altura pero evitando todo fárrago esterilizante en el _que tan facilmente se abunda ·e ntre personas de pensamiento afin ai nuestro; su revista cs de afirmación- y de síntesis y estoy persuadido de que tendrán buenos y abundantes frutos, como yo les deseo de -iodo corazon".

• E. o seguinte o texto da novena para pedir a ·beatificação de Jacinta Marto, ao qual se refere o Sr. Robert J. Nesnick: "Santíssima Trindade, Padre, Filho e Espír ito Santo, adoro-Vos profundamente e, com todo o afeto da minha alma, Vos agradeço as aparições da Santíssima Virgem cm Fátima para manifestar ao mundo as riquezas do seu Coração Imaculado. Pelos méritos infinitos do Santíssimo Coração de Jesus e por intercessão do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos que, se for para vossa maior glória e bem das nossas almas, Vos digneis glorificar diante da Santa Igreja, Jacinta, a Pastorinha de Fátima, concedcndonos, por ~ua intercessão, a graça que Vos pedimos. Assim seja. P.N .. A.M. e Glória'".

o.• Jan<eyra Pamplona de

Oliveíra, São Paulo (SP): "Tenho gostado bastante [de CATO· LICISMOJ, continuem assim que merecerão as bênçãos do Céu".

.

Sr. Mardônio Ferreíra Lopes, Fortaleza (CE): "O jor-nal CATOLICISMO continua ólimo. E sugiro que csle jor,nal continue lutando para um mundo mais católico". · Sr. José Luiz Borges, Bom Jesus do Jtaba.poana (RJ): "CATOLICISMO pode-se dizer que é o principal jornal de divulgação anticomunista da América do Sul. E é com imensa satisfação que renovo minha assinatura ... Sr. Antôn.io Carlos D omingos, São João Nepomuceno (MG): "Aguardo sem)>re com "nsiedade a vinda do CATOLICISMO, principal-mente porque propaga as tradições da Igreja Romana e não compactua com o comunismo".

Sr. J osé Carlos J abour de Rezeode, Vitória (ES): "Aprecio muitíssimo o jornal CATOLICISMO, pelos ~us ensinamentos e pela ardorosa luta contra o progressismo o mais cruel dos inimigos da Igreja. Rezo a Nossa Senhora Aparecida que dê êxito à luta empenhada pelos Srs. e pela internacional TFP, que está marcando época na História mundial".

-Sr. Salvador Jorge Pes.sanha, Campos (RJ): "8 com a maior alegria que leio, assiduamen· te, esse mensário. De suas páginas se aprende a preciosa Doutrina tradicional da Igreja. Nesta época dominada pelas heresias do li· beralismo, do progressismo e do socialismo, CATOLICISMO se torna um farol a espancar as trevas de erros e de vícios em qut jaz, tristemente, o século XXº. Sr. Raimundo da ,Costa Machado, Oeiras (PI): "Sou assinante-cooperador de CATOLICISMO, cuja leitura me tem sido deleite, progresso espiritual e conseqüente estímulo para a pc.rseverança na fé, neste~ dias de tantas e ião diversas provações para a Igreja." Além de CATOLICISMO recebo .o Boletim Informativo TFP. Durante 1974 me vieram também artigos selecionados da Agência Boa Imprensa - estes, a meu pedido, para a biblioteca do Instituto Histórico de Oeiras, de que logro a honra de ser Presidente. Meus votos a Deus para que neste Ano Sanlo 1975, CATOLICISMO continue cristãmente sua clara missão de Imprensa Santa! Glória a Deus nas alturas e ·paz na terra entre os homens de Fé!"

10s originais; pretendê-lo seria negar aquilo que Pio XII expressamente afirmou cm sua Encíclica "Divino Afflante Spiritu". O que queremos salientar é o que o mesmo Pontlficc reconhece no referido Documento: ºAssim, pois, esta privilegiada autoridade ou, como tli· i;em, autenticidade da Vulgata não foi estabelecida pelo Conálio [de Trento) prit1cipalmet1te por razões críticas, senão ante.r pelo seu uso legítimo naJ· igrejas durante tantos séculos; com o que certamente se tlemonstra que <1 mesma está em absoluto imune <le todo erro em matéria tle fé e de costumes; tle modo que• conforme <> testemunhc e c<>nfirmaçã<> da pró· pria / grejtl, pode·se apresentá·/« com segurtm· ça e seu, perigo de errar, nas disputas, lições e pregações·· (Enciclica "D ivino Afflantc Spiritu'", de 30 de setembro de 1943, n.0 11). Ora, nenhum ·outro texto, grego, hebraico ou aramaico, por mais antigo e venerável que seja, goza de semelhante garantia de autenticidade.

A ch ove q ue tudo e scla rece Deixamos para o fim uma observação que talvez devêramos ter feito logo no início: é que esta tradução que vimos comentando, aprovada pela CNBB para "todos os católicos de língua portuguesa", é uma tradução prepa· rada pela Sociedade Bíblica do Brasil, entidade protestante! S. de admirar, à vista disso, toda essa lin.. guagem irreverente, injuriosa, cheia de insi nuaçõcs malévolas para com Nossa Senhora? Partindo de protestantes, não! O que é incompreensível é que semelhante Biblia tenha obtido a aprovação da Comissão de Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O fato causou tanta estranhez.,, que o próprio Sr. D. Mário Gurgel, tempos depois de publicada a referida edição, extenuou a sua aprovação, informando que havia confiado demais na opinião dos biblistas aos quais encarregara do exame do 1cx10. No entanto, 200 mil exemplares já haviam sido impressos e continuam a ser largamente distribuídos em meios católi· cos (encontram-se à venda, por exemplo, nas livrarias "Vozes"). Segundo pudemos constatar, uma nova tiragem de 28 mil exemplares veio a lume em dezem.bro de 1974, e a carta de D. Mário Gurgél aí figura ainda. E ao órgão da CNBB, ao colocar o volume nas mãos "de todos os católicos de língua porrug11esa", não ocorreu preveni-los de que se tratava de uma tradução protestante! A advertência poderia chocar os "irmãos separados"... Essa é a conseqüência do ecumenismo pósconciliar, o qual contribui poderosamente para o que Paulo VI chamou a a111odemolição da Igreja. 4

V,,· Desde o ~la 1'.~.·n~os . da tabeta aball<'o., "' r

Jornalista Evandro Campos, Taubaté (SP): " Aos bravos colegas de CATOLICISMO, que têm sustentado lutas gloriosas em favor das tradições e da perenidade de nossa Igreja, envio este modesto _1,rabalho".

• Nesta época em que tanto respeito humano se tem de tfalar em "caridade", pobreº, "esmola", e !antas outras palavras sublimes que o progressismo quer banidas do vocabulário católico, como indignas e infamantes, é muito oportuna a "plaquelte" do Sr. Evandro Campos sobre as "Origens da Obra Vicentina cm Taubaté" (Taubaté, J974). O veterano jornalista do Vale do Paraiba soube recol.her das páginas amareladas e rendi.lhadas dos livros antigos informações interessantes, fatos pitorescos, episódios edificantes da vida vicenti11a em Taubaté, desde o longínquo 'ano de J885, quando surgiu " primeira Conferência, até nossos dias. Foi-nos gralo encontrar mencionados nessas páginas os nomes de duas figuras ilustres da História Eclesiástica brasileira recente, o do venerando Bispo D. Epaminondas, grande ,1migo e incentivador do in;;ignc Trapista D. Chau1ard, o célebre autor de "A Alma de todo o Apostolado", livro sempre alua!, e de Mons. Ascãnio Brandão, o valoroso polemista de "Pregando e martelando", secção do antigo "Legionário'", então dirigido por Plínio Corrêa de Oliveira, e antecessor desta folha.

MENSÁRIO com :1prov:1tão ttlt.tláslic::a

11

CAMPOS -

EST. DO RIO

D 1R.1?Ti:)k

Jost

CARi.OS CASTILHO Dt ANDRADE

Dfrtlorl.a: Av. 7 d e Setembro 247, caixn postal 333, 28100 Campos, RJ. Adniinb1rn· s-ão: R. Or. Mar1inico Prado 271, 01224 S. P.-iulo. Composto e impresso n.-i Cia. Li1hogrnphic:t Ypir-:1ng,a. Ru::i. Cadele 209, S. Pàulo. Assi.nnlura anual: comum CrS 50,00; co--

ópcr•dor CrS 100,00: benfeitor CrS 200,00: grande benfeitor CrS 400,00; scmiiHtrist::i.s e e$tud::i.ntcs Cr$ 35.00: América do Sul

e Central: via de superfície USS 6,so. vi3 aére.1 US$ 8.00; América do Norlc:. Por· LUgal, Espanha, Províncias ultramarinas e Colóni:l.s: via de su1>erffcic USS 6,SO. via aérea US$ 9,SO; outros países: vfa de superlície US$ 7,SO, vi• aérea USS 13,00. Venda avul~: Cr$ 4,00. Os p3,samentos. s~mprc cm nome de Editoro P;1d.rc Btlchlor ele Pontes SJC, poderfio ser encaminhados à Adminislrnçfio. Para mudança de endereço de as.sinnnlcs. é ncccss&rio mencionar lambém o e,ndcrtçO antito. A correspondência rclath·~ ~ assi~ natura.s t'I venda avuls3 deve s.e.r cnvmd:i. à Adminb:lrnçâo:

R. Dr. Martinko Prado 271 01224 S. Paulo

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EM CLUNY, HISTÓRIA COMO ALIMENTO PARA AS ALMAS

AS PESQUISAS arqueológitas que estão sendo feitas cm Cluny, uni dos critérios b~ iros que orientam o;, esfudk>sos da i;rande Abadia é o r<,sÍ><ito u tradlçíio que os clwtlncenses se-m pre obscrvarn1n em suas obr-JS. O cm_p enho que tinham esses Monges cm serem os continuo.dores de ~lL'- maio. rcs ~nq,lifica muit$· vezes o trnbalbo dos pes· quisa.dores. Quando as ruínas em que trabalham n:1o Jhes fornecem ele.meatos suficien1e.s para uma reconstituição, recorrem eles ao passado, pro· curando uma abadln ou igrej,1 de anteriores épo. e-as que tenha s ido c<>1l.Servada atê hoje, para conseguirem, por com_ p aração, completar os da· dos que pudernm collgir nos restos do n1onu. me,nto que. tstão rccomtituindo. Em ludo, os ctwüaoe~ tinluun como gula a trudiç;ío. Eles eram cinioentemente conserva• dores, no \'crdodelro sentido da palavra_ isto é. ~1udavam, coDServnvam e desenvolviam o que o passado realizara de bom, •belo e verdodeiro - sem prejuízo de inovações prudentes e fecun.. das - para que a humanidade não se d~-viasse do rtto cantinho em seu progre.sso pa...ra a dernidadr.

~

cuidado com a trad.iç-ão ex.igia deles uru bom conhecimento da História, estudada à lut dn doutrina católica, para poderem dísccnir nos acontecimentos passados n mão de Deus que conduz a bumar.üdade e a obra dos home.ns que tentam opor-se à Providência. Divina. Esse estu· do, asshn feJto, nüo só lhes pcnnilía construir o presente com segurança, como alimentava n pró pria vid.a espiritual dos Monges. E, de falo, vê,.se em listas de volumes retirados da biblioteca de Chmy para a hora desUnada pela Re, gra à leitura espiritual, vJirios Hvros históricos, tanto oonsidc..ravam os dunlacenses a Hl~tória como um alimento da vida dt suas almas. Por outro lado, e.l es deviam também delxar registrados os arontecimtntos qu,c se passavam sob seus olhos. Dai o cuidado que llverani os abades, desde Santo Odon,, rom os arquivos da Abndla. M~ doqüente ainda 6 a deliberação de Santo Odilon, m4ndando Raoul Glabre escre• ver o cronl<a de s,u tempo, para ·que a PoSI•· ridade conhecesse as uGesta Der' no mut1do durante a épOca e:m que viviam. Devemos ter sempre presente esse respeito pela trad~ão, se quisermos conhe«r bem o pen•

.· .',·~·:.'

A

O MUNDO OCIDENTAL DE VOLTA À BARBÁRIE PAGÃ

snmento que prcsitliu à fonnação dos Monges de Cluny, tanto mais que ele é sempre o mC$mo, sem solução de rontinujdade, por parte dos Abades e de lodos os Religiosos, durante os c:bnmad-0s tempos bcrói,.:os da Abadia, que podemos Limitar aos anos do governo de Santo Odon, São Maieul, Santo Odilon e São Hugo. Não quer i..~ d.i.ur que esse pensanu:nto tenha ficado imóvel durante todo es.çc período. Pelo c:ontnirio, ele foi sendo ~x:plkitlldo sempre mais, ~las sucessivas gerações de monges que nio só o desenvolveram, como o aplicaram u.a vida que levavam no mosteiro e fora dele. E como ess~ quatro Abades são os arquétipos da vida nion{,stica que lnslitufram, 6 analisando St'u ~usruneuto que. podeccmos melhor ~onhecer o pensamento de Cluny. ffOlllCUS e«C'raordlnários, como já dl~cmos, com qualidades humanas excecion.ais e sobrenaturalii.ados pcln "me1:a116in" exigida pelo voto de rdorma dos rostumes que. a Regra de São Bento lhes pedia ao entrarem no mosteiro, souberam clcs pô-las no serviço do fdeol dunia• ccnsc . que cooce~ram . Cada ur:n deles deu n sua contribuirão para a formação desse ptll· sa111ento comum destinado a con.sttulr, ao longo de dU2'ntos anos, •sss Chmy primitiva, a verdadeira Cluny, tão admirada por quem quer que conheça a sua história. ·'· Iofellmtente. os escritos que se conhecem de$scs quatro Sant06 Abades são raros. o que difi~ eulta muito o trabalho dos historiadores. Alhls, 11 pobreu de documentos de que se rcSS,Cnfe. a Hh16ria medieval é notória, e muito explicável. Além de serem defic-fontcs os meios materiais de que dlspunham os n1edievais para detxnrem obrns escritas para a posteridade, n Revoluç3o enranegou-se de desttuir uma boa parte do que poderia ter chegado até nós. A dif~o de seu, erros só seria possívtl com a slstelllllllca destrul· çiio de tudo que revela.ççe a grandC2J1 de·s sa era glorios,t que foi a Idade Média. Cluny, parti• cularmente, sofreu muito com as pilhagens, devaslll.çõu, lndndlos de igrejas e mooteiros, com quc o ódio rcvoludonário perseguiu sua me , mórla. Existem, entretanto, algumas obras de Santo Odoo, e outras, em menor nún1cro, de Santo Odllon e Siío Hugo. Curiosamente não chegou at6 nós nada tserilo por São Mnieul. Entretanto, os Wstoriadores souberam aproveitar esse mllterial existente e dar dele uma boa visão de conjunto. o que nos permitirá tentar um estudo do p<nsamenlo dunlacense. O verdadelro fundador de Cluny, o Abade

SSISTIMOS A VOLTA de velhas abominaçõts que os séculos de clvill2ação

cristã havt.m emidieado. A ação clvlllzgdora da 1.grcja aboliu o div6rcfo, o aborto, a eutanMia, o assassinato de crianças, velhos e dcmentts, a CSICl'avi.dão. nos lugatt:S onde Ela Implantou a Cruz. Substituiu-os por costumes inspirados no respeito à dignidade humana, advinda do fato de ter o homem uma alma espiritual, ttmlda pelo Sangue Predosfssimo de NoSISO Senhor Jesus Cristo. Contrariando os e,·oluclonlsjas obsllnados, porém, o "sol-dlsaoe• progres.w, nos aspectos mais fundamenta.is. faz retro<eder<m os relógios da História. O Ocldeote crlstiio vai, desde o fim da l dade Médfa1 descendo as entOSfa.s escarpadas de um vale em cujas J)l'O(undezas o aguarda a barbúit pagã, nos seus mais cruéis aspectos. Não se POde,negar. Hoje em dia muitas abém,ções pró, prias às .sodtdad~ primitivas vão·se reimplantando velozmente. Á guisa de e1emplo, o satanismo e o nudismo estão de \'olta para qualquer um ver. As correntes de pemamento "na onda'' são a.s cstruturallstas, que defendem pura • simples, mente o retr<>rtsso à sodedade tribal. Nessa perspectiva aparect como supermoderoo. não o FIRSb Cordoo da "sclence fJctlon", mas o plg· meu semlnu, com um osso bum.a.no "omamcn· t.ando•, a cabeleira enquanto sancotela em torno de um tambor. Nos pai- que formavam a Cristandade, o divórcio é geralmente apUeado, HJI forte eam• panha pelo aborto e até pela eutanásia. Numa <lave mais dlsc:reta, om·àn-~ vous ravonlvcis à ellmlnaçio de loucos lneunlvels, de crianças <om defeitos eongEnltos graves e de velbos Incômodos. A lógica de tal 'cadela de horrores é perfeita. Erigido o be.donlsmo cm nonna máxima, a,ç abe.rrações referidas acima são eo~eqüênclas forçosas. Ninguém seriamente acha 9ue o foto não é um ser humano. Todos sabem que o é. Mas sendo o praur o critério prim<iro, nio hJI <O·

...

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mo recu.s:a_r o lnfanticídJo sempre que a gestante o deseje. O ma.1:satre ordenado por Herodes pare~ um brinquedo de crianças se comparado com n atual matança de l.noccntes. O estranho f que, geralmente, as pessoas lnsenslvels e até simpáticas ao ~ass{nJo de nasclturos, erl~m-se ao ouvirem falar de .pena de morte, mesmo se apUcada aos pfore.s facl_n oras. A Incoerência torna•se berrante ao constalar. mos que ts:Sas me.smas pessoas sio, o mais das veus, multo semívels à m1cldadc contra os anl· mais. Têm mals antipalia aos caçadores do que a mfdkos que realizam wcessivas operações de aborto. Voltemo9 ao fio do radocínlo.

Admitido o aborto, o respeito à vida humana delxa de ser norma assente dos povos dvlllza. dos. Então, por que não eliminar os loucos Jn. eunlvels? E as crianças portadoras de deformaçõts congênitas graves? E por qut não os ao• clãos? São um fardo e - oh abuso! niio contribuem para a produção. Os Idos tempos da doce dvillzação erl$tã os consideravam ••· nerávels e ornamento da família. Mas estamos agora na rola do progresso, não é? A abolição de nda Instituirão ou rostum• sadio obede<e à mesma titica: a do salame. O salame, do qual se tira, de cada vez, apenas uma tênue fatia, - e que por fun acaba. O caso do divórcio é elucidallvo. No lnlelo a lei contém numerosas restrições, que acalmam os "moderados". Eles dlz<.m: "Ah! Não é tão fác:U assim divorciar-se e casar de novo! São tais os obstáculos, que a famílla. não seri. se· riamente abalada.,, No fim do caminho eshi o amor livre. As uniões poderio ser desfeitas até por comunicação postal. A marcha cm direção à barbúic plena t fadlltada pela «guelra dos "moderados", que tei• mam em nio querer vtr, nessa ID8l'cba, um pro·

que deu o e,,pirito à Abadia, foi Santo Odon. Antes de se empenhar nessa obra, ele meditou profundamente $Obre n formação a dar a seus Monges, sobre n história do mundo e sobre o estado em que e.~ e se encontrava na sua éJ>O· ca. Era u:ma época de trevas, da mai'i completa deeadência. Desmoronara o Império católico do Carlos Mag:no, rufam as iosti(uições, e a cor· rupçíio de costumes lnvadlra todas as camadas da sociedade, atingindo nt6 n vida reUgiosa e a própria Santa Só, Ora, Santo Odon queria que os seus Monges fOSSt:01 o sal da terra, que rege,. nerarla os bomeJLS, as instituições e toda a sociedade, tlrando,a do caos cm que se eo-cOn• trava. Meditou com todo o <ui.d ado as causas dessa decadência e escolheu os remédios neces· sários e suficientes para rcnova.r o mundo. As conclusões a que chegou ele as exl,)Ôs numa obra, a "Occupntio", escrita em versos, que é fundamental pam compreendermos o pensamento de Cluny. lnfell2:me111c, não conhecemos seu tc~to (do qual A. Sv9boda publicou uma edição <ntlca em 1900), mas tantos são os trabslhos publkados sobre ela, .que as suas linhas fundfl111cnestão bem definjdas para nós.

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Santo Odon ldenlifieava sua época como o li, mlar dos lJUimos tempos. E · a "'O<:cupatio'' é ••1udo teológico da Hisiórin desde a criação e a queda dos Anjos até esse limiar dos úUi:mos lempos, o que lhe pem.dtiu conceber to.m o deveria ser o Monge clunlaecnse para combater cficnmcote os mnks da humanidade nos lempos em que vivia, e para ronstru.ix esses úUimos tempos que viriam. A importAocia desse estudo é enorme. Suas conclusões o.ão valem s6 para os Monges que o autor destjava formar, sendo dlldas, pelo menos em suas Unhas gerais, pam qualquer homem. l>. l(asstus Hnlllnger observa com muira razão que, nela, Santo Odon cn·· sina o leitor a uevlfar os caminhos ex1raordi11á,. rios de sua própria fanta.1ia e, ainda mais, a encoot·r ar a segurança no idcntificar~se com os acontecimentos hist6rkos co·n cretos" (K. Hallínger, ''Thc Spiritual Life of Clun,y". editado por Noreeo Hunt em seu "Cluniac Mon.a.s11clsm in The Central Mlddlc Age", p. 33). essa obra fundamental que nos servirá de ponto de 1>nrtlda para o tsfudo que pretenden,os fazer.

e

Fernando Furquim de Almeida

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cesso. Fingem acreditar que o passo que Jm.Jnente será o último e que depois virá a cstabi1Jd11de. Querem crer que. após mais csss couccWo, o corpo social ,·oltará à modon-a pa. cbo1ttnta na qual; tanto se ron1prazem. A decadênda onlmoda a que assistimos ;-ó é possível porque se estiolou nas almas o senso ca, 1611<0 e, com ele, a alia n~o da dignidade pr6priA a um filho de Deus, remido por Jesu.s Cristo e chamado à feUddade eterna. Não nos Iludamos. Em seguida à, vclhelras detesfávels que estão res,rurglndo, teremos a •'retnfr-ie'' da escravidão. O neopaganlStDo arvo, rará mais essa bandeira de abominação. E a lógka do retrocesso. Por enquanto, ainda não se fala no tem., porque o público reagiria bor· rorizado. Mas as condições <Sião postas. Se se nega ao homem a condição de ser espiritual, niío bJI como sustentar que a Uberdade convém à sua natureza. Se ele i um bicho ovoluldo, sem dts· lino eterno, as leis que lhe são aplicáveis são, cm essência, as mesmas que \'alem para um bicho. , , há ln<oolivels seres humanos, aliás, cm estado de tseravidão. Nos rcgb:nes marxistas, o deposllúio de todos os direitos é o Estado, qu• o.ão os distribui senão em regime de concessão. Tira-os quando bem entende. A opllllio pública <ntrevê, mais ou menos <-onfusame.nte, o termo final do processo. f\,fas, aturdida pela enxurrada de Informações e lma, gcns que lbt entram ouvidos e olhos a dentro, atravls do ri.dlo, da tt.l tvisão. do cinema, dos jornais e revistas, não tem tempo nem calma para digeri-las adequadllmeot;,, e não tira as eoos,qilêodas que se acham !mplldtas (ou ati explicltas) em todas essas '\mensagens". Por out'r o lado, de medo de perder a falsa comodidade da lnfrcla, não reage. O horror ao sa.crifie:lo, por menor que seja, que uma reação Jbe ex1g1rfa. a Inibe e a leva, meio abobada, a acompanhar, dt costas, os passos daqueles que a conduzem para o abismo.

Péricles Capanema 7


·~ 1-AfOiwliC]SMO-----

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*

UM TEMA ATUAL_: ODIAR O ERRO, MAS AMAR OS QUE ERRA]Jf Como já temos feito, é nossa inten,. ção, quando houver espaço-disponível,

píriro do apóstolo, ou este ódio ou este amor, e ele deixará de ser um apóstolo autêntico.

im1os reproduzindo importantes traba-

Entretanto, esta frase pi:ecisa ser

lhos - que co=rvam toda a atualidade - publicados no "Legionário",

bem entendida. Devemos certamente amar os que erram, e isto ainda

o intrépido antecessor de "Catolicis-

mesmo quando no paroxismo de seu ódio à verdade eles nos causam os

mo". Tal é o caso -dos dois artigos

maiores prejuízos e nos infligem as

que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira

escreveu para as edições de 14 e 21 de setembro de 1941 do semanário paulopolitano - então sob sua dfreção - sobre o tema do ódio ao erro e do amor aos que erram. Apresenta-

mos hoje o primeiro desses artigos, deixando o outro para o próximo número. Nossos Jeitorcs verão como,

passados 34 anos, as observações do nutor continuain intcirrunente atuais e oportunas:

M NOSSO último artigo, iraramos da verdadeira inlerpreração a ser dada à íamosa afirmação de que "a caridade não

E

conhece

linútes". Bem entendido, ral principio é tão verdadeiro que não há a menor dúvida de que aq11e-

les que o contestassem teriam perdido inteiramente o senso católico. Com efeito, a caiidade de Nosso Senhor Jesus Cristo nos urge a que fa. çamos bem a lodos, e ainda mesmo aos inimig-OS. Parentes ou estranhos, amigos ou inimigos, correligionários ou adversários, patrícios ou estrangeiros, hereges ou pagãos, a todos se deve estender a caridade do verdadeiro católico. Assim, nem as diferenças de raça, nem as de língua, nem ainda as de religião são suficientes para deter o curso da caridade cristã. E, como esta não se de.lém anle qualquer baneira, bem se pode dizer dela que não tem limites. Mas se se entende pela afirmação de que a "caridade não conhece limites" que ela impõe obrigações iguais para com os parentes e os estranhos, os patrícios e os estrangeiros, e sobretudo os que são católicos e os hereges, pagãos, ou sectários de filosofias e sistemas polilicos condenados, há nisto um erro gravíssimo.

Nem nossos deveres são os mesmos para com Iodas estas classes de pessoas, nem eles obrigam do mesmo modo. E, por isto, pretender que temos a& mesmas obrigações, sempre igualmente fortes, e em todos os casos e circunstâncias, para com os bons filhos da Santa Igreja e os que professam doutrinas condenadas, é gravíssimo erro que não se pode nem deve suportar.

mais tremendas afrontas. Mas como devemos amá-los? Em outros termos, no que deve consistir concretamente esse amor? Em que senlimenlos, em que ações se deve ele traduzir? A pergunta não é ociosa. Deus, que é infinitamente sábio, não julgou suficiente recomendar-nos que ''O amássemos sobre todas as coisas e ao pr6ximo como a n6s mesmos, por /llnor a Ele"; pelo contrário, julgou o Criador necessário promulgar dez rnandarnenlos cm que esse pre,. ceito do amor ficasso bem definido, · perfeilamenle explicitado, e as obrigações da( decorrentes concrelamenle discriminadas. E a Santa Igreja ainda julgou dever acrescentar cinco mandamentos aos dez que Deus promulgara nos primeiros tempos: l11do isto só para que o cumprimento do preceito do amor não ficasse entregue aos caprichos do sentimentalismo, mas se efetuasse conforme a vontade de Deus. Assim, pois, não é supérflua a questão. Amemos os que erram. Ai dos que não amam os pecadores· e os hereges! São eles próprios hereges e pecadores. Mas como se devem amar os hereges e pecadores? Por exemplo, é contrário ao preceito da caridade, como o define a Igreja, combater-se e desautorizar-se a pessoa de quem sustenta e propala o erro, para assim melhor combater o próprio erro? :e uma interessante questão, que muito de perto diz respeito' ao "Legionário", o qual tantas vezes 1cm sido atacado como mau intérprete do pensamento católico, porque ao mesmo tempo que denuncia as grandes heresias políticas de nossos tempos, não poupa censuras a seus fautores. Age o "Legionário" contra o que a doutrina católica preceitua sobre a caridade? Vamos aos argumentos. Gostaríamos de saber em que contrariamos a doutrina católica ou o espirito do Evangelho com o que abaixo se segue.

Ainda mesmo que se combata o erro, sérá legítimo atacar -encarniçadamente as pessoas que o sustentam? A isto respondemos que muitissimas vezes esta prática é conveniente, e Procuraremos, hoje, analisar outra não só conveniente, senão indispenquestão importantíssima. Cosluma- sável e meritória· perante Deus e a so dizer que "devemos odiar o erro sociedade. e amar os que erram". Quen1 ousaCom e.feito, não é pouco Cl'C<jüentc . ria negar o sublime principio que es- a acusação que se faz ao ap_ologista sa frase define? Do que se a.limen- católico, de lidar sempre com os aslou o. zelo de todos os apóstolos que pectos pessoais das questões. B quan. desde os primórdios da Igreja até ho- do se lançou . em rosto, a um dos je;, çm linha ininterrupta, têm com- nossos, que aiacou uma personali<;tabalido o erro procurando salvar das de, parece aos liberais e aos que têm garras dele os que erram? Exata- ressaibos de liberalismo, que não há mente de um ódio ao erro e de um mais o que dizer para o condenar. nrnor ao pecador. Diminua-se no esE não obstante não têm razão.

A Díretoria do Pro-Líbertate: Srs. Bernardo G tovacki, Atgirdas Sliesoraits, Caio Xavier da Silveira e Manomi Souza Pinto

Não, não a têm. As idéias más devem ser combalidas e desautorizadas, deve-se tomá-las aborrecíveis e desprezíveis, e detestáveis à multidão, à qual lentam arrastar e seduzir. Além do mais, pelo princípio de causalidade as idéias não se sustentam por si próprias no ar, nem por si próprias se difunden1 e propagam, nem por si próprias causam lodo o prejuizo à sociedade. São como as flechas e balas, que a ninguém feririam se não houvesse q11em as disparasse com o arco e o fuzil. Ao arqueiro PARA LUTAR contra a "i11/lut11- continuam sujeitos os povos escravie aõ fuzileiro se devem dirigir, pois, cia tieletéria dos princípios sociali$- z,ados pelo comrmismo e as gl6ria.r da ' em primeiro lugar os tiros de quem tas e comunistas, bern como esclare• Igreja cio Silê11cio". cer ci opinião pública sobre a real deseje ferir sua mortal pontaria, e situação em tJue se encontram as na- Diretoria qualquer outro modo de guerrear, ções subjugadas pelo comunismo", poderia ser muito conforme aos prinacaba de ser fundado em São Paulo O Pro-Libertale congrega represcncípios liberais. rnas não teria o sen• o Comité Pró Liberdade das Nações lanles de doze nações total ou parcialtido comum, nem de longe. Os aumente subjugadas pelo comunismo Cativas - Pro-Libcrtále. tores ou propagandistas de doutrinas Aluando sempre no terreno legal, Nbâriia, Bielo-Rússia, China, Cori!ia, heréticas são soldados com armas enpacífico e civic-0-ideológico, o. Comité Croácia, Estónia, Hungria, Letônia, venenadas; suas arn1as são o livro, o procurará - segundo nota distribui- Li111ân'ia, Polônia, Tchecoslováquia e periódico, a arenga pública, a influênda à imprensa - estender sua ação Ucrânia - bem ~omo brasileiros e cia pessoal. Não basta, pois, recuar por todo o mundo livre, "alertando elementos de outras nacionalidades, para evitar o tiro; o que em primeicontra as falaciosas promessas de paz solidáríos com os objetivos da entiro lugar ~ deve fazer, por ser mais com que acenam Moscou e Pequim. dade. eficaz, é por fora de combate o atiNa primeira assembléia geral, reaas quais não passar,r. de numobra parador. Assim, convém desautorizar e ra gradualmente ir sujeitando o ,mm- lizada em São Paulo, no Auditório desacreditar em alguns casos sua pesSão Miguel, da TFP, à Rua Dr. Mar'do inteiro ao credo vermelho''. soa. Sim, sua pessoa, pois que este A novel entidade salientará também tinico Prado, n.0 246, foram eleitos é o elemento. principal do combate, - acrescenta a nota - que a dis- os membros do Conselho Diretor e da tensão, "ao contrário do que pensam Diretoria Executiva; esta última ficou como o artilheiro é o elemento prinmuitos ocidentais. não trouxe nenhum assim co11s1i1uída: Presidente - Sr. cipal da artilharia, e não a bomba, benefício aos povos opressos, mas cOn• Caio Vidigal Xavier da Silveira (Branem a pólvora, nem o canhão. Em certos casos, pois, é legítimo publicar . iribuiu apenas para consolidar 110 sil); Vice-Presidente - Sr. Algirdas poder os carrascos vermelhos". Slicsoraits (Lituânia); Secretário suas infâmias, ridicularizar seus cosSr. Manomi Souza Pinto (Brasil) ; Através de conferêncjas e come· tumes, cobrir de ignon1inia seu nome morações ao longo do ano, o Comitê Tesoureiro - Sr. Bernardo Glovaeki e apelido. Sim, e isto se pode 'fazer procurará mostrar uo martírio a que (Polônia). em prosa ou em verso, com gravidade ou com chiste, por meio da impressão e por todos os meios que ai.oda se venham a inventar. Só é necessário que a mentira n.ão seja posVerdades esquecidas ta a serviço da justiça. Isso não; ninguém tem o direito d& se distanciar da verdade por pouco que seja, mas nos lírnites desta não deve ser esquecida aquela frase de Crelineau.J oly: "a verdade é a única caridade permitida à Hist6ria" e, poder-se-ia acrescentar, "também à defesa da , Religião e da sociedade". O hábito dos Saotos Padres prova esta tese. Ainda mesmo os títulos de suas obras dizem claramente que, ao combater as heresias. procuravam desferir o primeiro tiro contra os heresiarcas: Contra Fortunato maniqueu; Contra Adamanclox ; Contra Das "Catequeses" : Felix; Contra Seeundino; Quem foi Petiliano; Dos gestos de Pelagio; M DOS artífícios de que usa o demônio é o de Quem íoi Juliano, ele. De sorle que quase toda a polêmica do grande transformar-se em anjo de luz .(2 Cor. 11, 14 ), não Agostinho foi pessoal, agressiva, biopara voltar ao estado glorioso de que caíu, mas para gráfica, por assim dizer, tanto quanto surpreender os homen~; e, obstinado em sua rebelião condoutrinária; corpo a corpo com o he,. rege tanto quanto com a heresia. E tra o Senhor, une-se com os que levam uma vida angélica, o mesmo poderíamos dizê-lo de 10a fim de precipitá-los em seu castigo. É semelhante à cidos os Santos Padres. De onde tiraram, pois, os liberais zânia que se esforça em parecer, bom grão e aparenta ser a estranha novidade de que, ao comtrigo, inas da qual se 'conhece imediatamente, pelo gosto, bater os erros, se deve prescindir das que não tem do trigo mais que a aparência. - [Sigfrido pessoas, e a1é inesmo afagá-las e acariciá-las?' Atenhamo-nos ao que soH~ber, "Los Santos Padres / Sino}:fSis desde los tiempos bre islo ensina a tradição cristã, e apostólicos basta el siglo sexto", Ediciones Desclée, de defendamos nós, ultramontanos, a Fé como sempre ela foi defendida na Brouwer, Buenos Aires, 1946, tomo I, p. 423). Igreja de Deus. Fira, pois, a espada do polemista católico, fira e vá direiSÃO CIRILO DE JERUSALÉM to ao coração; pois que esta é a única maneira verdadeira de combater.

FUNDADO EM S. PAULO O COMITÉ PRÓ LIBERDADE DAS NAÇÕES CATIVAS

.O. DEMÔNIO C.OSTUMA D.ISFARCAR-SE EM ANJO. DE LUZ

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1 •

Ll O Bispo de Campos lança brado contra o divórcio

O.ANTONIO O( CASTROMAY(R· BISPO OE CAMPOS

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PELO · . CASAMENTO INDISSOLUVEL

"PELO CASAMENTO indissolúvel / O divórcio em face da Reve.lação, do Magistério da Igreja e do Direito Canônico" - é o título da Carta Pastoral do Exrno. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer, que nos honramos em reproduzir neste número. O oportuníssirno documento - que se caracteriza por grcmde riqueza de doutrina e docurneritação - está destinado a causar forte im1,acto no público católico brasileiro. Com base nas Sagradas Escrituras, nos Santos Padres e Doutores, nos Papas e Concílios, o insigne Prelado de1no1istra o caráter indissolúvel do casa,nento, e adverte com energia que ci Igreja nega o título de católico a quem, conscientemente, aceitei a tese do divórcio, defendendo-o, propugnando-o ou empenhando-se pela sua adoção. O fiel qrte o fizer, incide em heresia e incorre nas sançõe.s qrte punem os hereges, entre as quais a exco,nunhão. Assinala ainda S. Excia. Revma. qrte o católico divorciado e "recasado", ou que não tem o firme propósito de jamais se divorciar, está e,n pecado mortal, não podendo, se,n sacrüégio, freqüentar os Sacramentos. D. Antonio de Castro Mayer, em sua Carta Pastoral, frisa que, ao acenar com as penas canônicas e outros males de ordem espiritual que atinge,n os partidários do divórcio, não o ,noveu nenhuma aniniosidade contra estes últimos, mas tão somente o amor paternal e o desvelo do Pastor que a todos procura ajudar. Divrtlgando a doutrina católica sobre a indissolubilidade do vínculo, visou preservar a f a,nília brasileira da inst<tbilidade e conseqiie.nte desagregação, bem como afc,star do Brasil os inales imprevisíveis q'ue são a seqüela natural da introdução do divórcio. (PÁGINA 2).

CARTA PASTORAL

A bela capa da nova Pastoral de D. Antonio de Castro Mayer

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CARTA · PASTORAL

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lll isso úve O divórcio em face da Revelação, do Magistério da Igreja e do Direito Canônico

D. Antonio de Castro Mayer I po1· mercê de Deus ~ da Santa Sé Apostólica, Bispo Diocesano de Campos I Ao Revmo. Clero secular e regular, às Revdas. Religiosas, à Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do ,Monte Carmelo, às Associações de piedade e apostolado, e aos fiéis em geral da Diocese de Campos / Saudação, paz e bênçãos em Nosso Senhor Jesus Cristo.

Zelosos cooperadores e amadds filhos

N

A EXORTAÇÃO que enviou aos Bispos do mundo inteiro por ocasião da passagem do primeiro lustro do recente Concílio do Vaticano, lembra o Santo Padre. Paulo VI que lhes incumbe o dever e o direito inalienável de conduzir suas ovelhas pelo caminho da Fé ortodoxa (AAS 43, p. 103). Em todos os tempos há, não obstante, ocasiões em que esta obrigação urge mais a consciência do Pastor. Estamos numa de semelhantes ocasiões. Pois há um empenho solerte e tenaz, no nosso colendo Congresso Nacional, de obter a aprovação de emendas constitucionais que visam destruir a família brasileira tradicional, fundada no casamento n1onogâmico e indissolúvel ( 1). Em tal conjuntura, ven10-Nos no grave dever de consciência de recordar a sadia doutrina da Fé, não venham NO'ssos amados filhos padecer dano ém ponto essencial para a salvação, uma vez que sem Fé é impossível agradar a Deus (Hebr. 11, 6). Trata-se, com efeito, de matéria essencialmente religiosa. Pois, não fora o caráter sagrado do casamento, seria inexplicável que, desde a remota antiguidade, povos os mais diversos quanto à origem, aos costumes e crenças, tenham considerado o casamento intimamente relacionado com a religião.

Sempre um ato religioso devia presidir à sua realização. O motivo é que, pelo casamento, q homem e a 1nulher são por Deus adnútidos co,no seus cooperadores na transmissão da vida. Cooperadores responsáveis, que devem agir com pleno conhecimento da razão de ser de sua união, para ato tão transcendente, compreendendo, portanto, que, no casamento, estão às ordens de Deus, criador da vida. Em conseqüência, perceberão que sua sociedade conjugal não pode ficar ao ·s abor das paixões; e, pelo contrário, deve conformar-se à ordenação que lhe deu o Senhor da natureza. Eis o que ensina Pio XI, na Encíclica "Casti Connubii": "O casamento não foi instituído ou restaurado pelos homens; mas por Deus [ ... ), que o cercou de leis por Ele outorgadas". Para . que se mantenhan1 entre os homens os desígniO's de Deus sobre o casan1ento, a Igreja, fiel ao mandato recebido ele seu Divino Fundador, jamais deixou de incutir nos seus filhos a convicção do caráter sagrado que é inerente ao matrimônio mesmo antes da vinda de Jesus Cristo à terra. Assim procedendo, exerce a Santa Igreja sua rojssão maternal junto aos ho,nens. Feitos estes para a verdade e o bem, a Igreja, como mãe solícita, empenha-Se por que eles não aviltem

sua dignidade, aderindo ao erro, ou praticando o mal. -Esta é a fin!llidade da ação da Igreja. Quando ensina, exorta ou condena, é sen1pre levada pelo generoso desígnio materno de ver seus filhos felizes na dignidade que lhes faculta a fuga do erro e do mal, e a vida segundo a Verdade. Em outras pa~avras, quer a Igreja que eles 1nantenbarn sua excelsa dignidade de filhos de Deus. Levados por este princípio, amados filhos, diante da campanha em favor do divórcio que se vem levantando no País, manifestastes o desejo de obter de vosso Bispo uma orientação que vos facilitasse o julgamento de problema tão fundamental para a família e a sociedade. É·Nos, aliás, sumamente agradável atender a tão justo desejo, pois que a Igreja é uma sociedade hierárquica, em que as ovelhas agen1 segundo a vontade de Deus quando formam sua opinião e pautam sua açãó pelos en·sinamentos da Sagrada Hierarquia en1 matéria de Fé e costumes. Tanto no modo como os partidários do divórcio apresentam a questão, quanto na 1naneira pela qual adversários dele o repelem, o ângulo sob o qual habitualmente vê111 focalizando o problema é o do be1n-estar e progresso da sociedade temporal, ou o da felici-

dade terrena do's cônjuges. É legítimo encarar q problema sob esse ponto de vista, e sem dúvida, se assim o considerarmos, teren1os já elementos suficientes para opinar pela indissolubilidade do casamento, contra o divórcio. Sobretudo se, sob esta perspectiva, considerarmos um aspecto ao qual, co,n freqüência, os que têm tratado da questão, quer pró quer contra o divórcio, dão menor realce do que seria desejável: os legítimos interesses dos filhos e sua educação. Entretanto, eleva-se mais alto o horizonte do católico. Ele cuhnina na ordem sobrenatural. O fiel vive neste mundo, mas com os olhos voltados para Deus, seu Senhor, do qual é fiel servidor. O católico sabe que a Moral pode ser conhecida pelo estudo da orde1n natural; a Revelação, por~m, lhe ensina que o homem, en1 virtude do pecado original, está sujeito não somente a desviO's da vontade, como a erros da inteligência. A Revelação deve, tambén1, confirmá-lo na verdade de ordem natural. A possibilidade de errar estende-se mesmo à. interpretação dos dados revelados. Eis porque Nosso Senhor Jesus Cristo, ao instituir a Igreja, fê-La indefectível, para que difundisse fielmente a Revelação e a interpretasse de modo autêntico e infalível.

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Em todos os séculos, os católicos reconheceram nesse dom da infalibilidade uma das mais suaves e preciosas manifestações da Bondade divina, pois nada é mais dignificante e benfazejo, do que conhecer a verdade e segui-la. A vrsta destes princípios, que vos recordamos para nosso comum conforto, toma-se natural vosso desejo de ouvir a palavra autorizada de vosso Pastor. Seria até incompreensível que vos desinteressásseis de saber o que a Igreja ensina sobre essa importantíssima matéria, pois é um ensinamento que não vos hu.milha; antes, é através de semelhante orientação que vos sentis suavemente .apoiados, como. a ovelha segue tranqüila nos ombros do Bom Pastor. Como sabeis, amados filhds, generalizou-se uma polêmica sobre o divórcio, na qual não raras vezes, até em n1eios católicos, ao lado de afirmações verdadeiramente elogiáveis pela clareza e pela coragem, encontram-se outras ecléticas, como joio no trigo. Em semelhante ambiente, julgamos pois prestar serviço aO"s Nossos amados filhos tratando, nesta Carta Pastoral, do divórcio em face da Revelação, do Magistério da Igreja e do Direito Canônico. Destina-se ela especialn1en-

te. a elucidar o católico na confrontação de sua Fé com as teses divorcistas. Se Nossa Carta Pastoral chegar às mãos de não católicos, e, pela .ação da graça, fizer a eles algum bem, alegramo-Nos desde já no Senhor, porque, como Bispo, amamos ardenternente as ovelhas que ainda não se encontram no aprisco do Bom Pastor. Entretanto, Nós especialmente Nos dirigimos às N6ssas ovelhas, os católicos da Diocese de Campos, para responder à pergunta que Nos fazem: como católicos, que nos é ensinado e como nos é preceituado agir em face do divórcio? Está, pois, fora de Nossa intenção cogitar, neste documento, dos que não são católicos. E ninguém procure estender as expressões empregadas por Nossa Carta PastQral sobre os católicos que incorrem em infidelidade em matéria de divórcio, aos não católicos; com os quais não pretendemos aqui polemizar, e menos ainda fazer-lhes increpações. Pelo contrário, como Bispo da Santa Igreja, alimentamos ânimo de pai também para com os que não comungam coNósco na mesma Fé, e só desejamos atraí-los todos à plenitude da Verdade e ao Sagrado Coraçãó de Jesus.

explícito, na Epístola aos Romanos: "A mulher casada está sujeita ao marido pela lei [do casan1ento] enquanto ele viver; se, porém, o marido morrer, fica desobrigada da lei qu·e a ligava ao marido. Mas, se enquanto viver o marido, ela se tornar ,nulher de outro homem, será chamada adúltera. Morrendo, porénz, o marido, fica desligada. da lei, de maneira que não é adúltera se então se casar com outro homem" (7, 2-5).

2. Os Padres e escritores antigos Se da Sagrada Escritura passamos para os escritores dos primeiros séculos da Igreja, encontramos unanimemente a mesma doutrina: o casamento é uno e indissolúvel. De onde, mesmo que os cônjuges se separem por c·u lpa grave de uma das partes, nenhuma, nem a parte inocente, pode contrair novas núpcias. Está ela ligada pela indissolubilidade do vínculo que a uniu ao outro cônjuge. É o que diz explicitamente o Pastor de Hermas, da primeira metade do se-

gundo século· (Mand. 4, 1). Orígenes (ln Math. 14, 4) e Clemente Alexandrino (Stromata 2, 23), ambos do início do século II, comentando os textos do Evangelho acima citados, su blinham a permanência do vínculo matrimonial mesmo quando se dá a separação dos corpos. Ao ten1po de Santo An1brósio e São Jerônimo ( século IV) , o império ro. mano ainda conservava algumas leis divorcistas. Longe de pactuarem con1 elas, estes Santos Padres ensinam explicitamente que acima das leis romanas está a lei divina. Por máis viciado que seja o homem, e por isso mesmo abandonado pela mulher, não deixa de ser seu marido, "não sendo lícito à n1ulher receber outro marido" (São Jerônimo - Carta a Amando 13,51). Pouco posterior a Santo Ambrósio é Santo Agostinho, o grande luminar da Igreja de todos os tempos. Pois, 'sobre a indissolubilidade do vínculo conjugal, a doutrina do Doutor da Graça é a mesma de tóda a Antiguidade, de toda a Tradição. Comentando o trecho de São Paulo aos Romanos (7, 3), no qual o Apóstolo declara qual

I A doutrina ensinada por Deus 1. A Sagrada Escritura BRAMOS o primeiro livro da Bíblia. Lá já se encontra a ordenação divina sobre a sociedade conjugal. De fato, depois de formar a primeira mulh.er, levou-a Deus para junto de Adão. Vendo-a, exclamou este: "Eis aqui o osso de meus ossos e a carne de minha carne. [ ... ] Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, e serão os dois uma só carne" ( Gên. 2, 23-25). Uma só carne, isto é, uma só vida, de maneira que marido e mulher são já inseparáveis. A palavra que a Vulgata traduz por "unir", os setenta intérpretes da Bíblia vertem por "aglutinar'', para indicar a indi'ssolubilidade do casamento, que reduz os dois cônjuges a uma unidade das mais intensas, qual a do mesmo ser. Como se não bastasse o termo "unir'', "aglutinar'', o autor sagrado explana seu pensamento com expressão ainda mais forte: serão dois numa só carne. Em outras palavras, a unidade causada pelo matrimônio é tão grande, que funde as duas vidas numa ·só. Esta convicção da indissolubilidade do matrimônio tinham-na também os pagãos que não se deixavam levar por paixões ignominiosas. Teógena, n1ulher de Agátocles, Rei da Sicília, jamais consentiu em se separar do marido enfern10. Dizia: "Ao casar, constituí uma sociedade não somente para os dias prósperos, mas para toda eventualidade". E, advertida do perigo a que se expunha, não atendeu ao conselho, pois cumpria-lhe acolher os últi-

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mos suspir6s de seu marido (cf. Cornélio a Lapide, in Gen.). Exemplos como este·citam-se muitos, o que bem mostra como nos homens de intenção reta permaneceu viva a lei fundamental do casamento dada por Deus no começo do gênero humano. Para nós, no entanto, amados filhos, fala mais alto o testemunho do próprio Filho de Deus. Aos fariseus, que tentaram pô-Lo à prova perguntando se ao homem é lícito repudiar sua n1ulher, respondeu Jesus: "Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne? Assim - comenta o Divino Mestre - eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu" (Mat. 19, 4-6). O mesmo ensinamento pode ver-se em São Marcos ( 10, 4-9) e em São Lucas (16, 18), onde Jesus declara adúltera a mulher repudiada que se casa com outro, e adúltero o que, rejeitada a própria mulher, se une a outra. A Igreja, fiel guardiã da Palavra revelada, recebeu com amor e transmitiu com exatidão o ensinamento do seu Divino Fundador. São Paulo, cuja vigilância pela integridade da Fé é singular, escrevendo aos coríntios, faz a seguinte advertência: "Aos casados ,nando, não eu, mas o Senhor, que a ,nulher não se separe do marido. E se ela estiver separada, que fique sem casar, ou que se reconcilie co,n seu marido. Igualmente o ,narido não deixe sua esposa" ( 1 Cor. 7, 10-1 1). Mais

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PELO CASAMENTO INDISSOLÚVEL

perdeu o afeto ao legítinlo esposo, seja excomungada ( Carta a Nicetas, Bispo de Aquiléia).

b) a lei do casan1ento estabelecida por Deusr afirma o Bispo de Hipona: "Estds palavras, tantas vezes repetidas, tantas vezes inculcadas, são verdadeiras, são vivas, são salutares, são pe1jeitas. Nenhuma esposa pode tornar-se mulher de outro homem, enquanto o primeiro marido viver. Deixará de ser mulher do primeiro ,narido se este morrer; não, porém, apenas porque prevaricou. É lícito despedir a 1nulher por causa do adultério; permanece 110 entanto o vínculo, de maneira que se torna réu de adultério o que receber a ,nulher despedida mesmo por causa da fornicação" (Sobre os casamentos adulterinos, L. 2, c. 4, n. 4). Como vedes, amados filhos, o fato de ter havido traição por parte de um dos cônjuges, não justifica o divórcio, contra o que pensam e divulgam muitos hoje em dia. De acordo com o ensinamento de J esu·s Cristo, não pode o homem romper o que uniu a lei divina. Traem, pois, a Doutrina Católica os que afirmam que -o adultério de uma das partes liberta a outra do vínculo conjugal. A indissolubilidade do vínculo matrimonial é, pois, ponto pacífico na doutrina da Igreja. Como a Sagrada Escritura é explícita em afirmá-lo pois mais claras não poderian1 ser as palavras de Jesus Cristo condenando o divórcio - é natural que a Tradição eclesiã"stica, que nos transmite a Palavra Divina, seja também clara e sem ambigüidades quando nos testemunha que a Verdade está com a indissolubilidade do vínculo conjugal, e que, portanto, o divórcio contraria a lei de Deus imposta ao casamento desde o começo.

3.

O Magistério da Igreja

a)

Na Antiguidade

Eis porque, amados filhos, também o Magistério da Igreja, através dos Concílios e Documentos papais, é uníssono em proclamar a indissolubilidade do casamento. Na Antiguidade, o Concílio de Elvira (ano 300) vedava a comunhão ao marido e à mulher que desfaziam o lar para iniciar outro. O Concílio de Cartago ( 407) , seguindo a disciplina evangélica e apostólica, proíbe aos casais separados novas núpcias. Devem permanecer sós ou se reconciliarem. São Leão Magno ("século V) considera o caso especial de uma mulher cujo marido partiu para a guerra, não voltou e dele não se tem notícia. Pode essa mulher supor, com razões bem ponderáveis, que está viúva. Nessa persuasão, casa-se con1 outro. Acontece que vem a saber que seu primeiro marido vive. Diz o Papa que ela deve deixar o segundo, e recon1por o lar d~feito. E se o não fizer porque

O Concílio de Trento: o proêmio

A mesma doutrina nos Papas medievais e nos Concílios da época. Mais pormenorizadamente tratou da matéria o Concílio de Trento ( século XVI) na sua Sessão XXIV. No capítulo que precede os cânones sobre o ca·samento, ensina o Concilio que a indissolubilidade do vínculo matrimonial data dos primórdios da humanidade, pois se encontra nas palavras que Adão, inspirado pelo Espírito Santo, pronunciou ao receber sua mulher Eva : "Deixará o homem seu pai e sua mãe e se unirá à sua esposa e serão dois numa só carne" ( 2) . Como sabeis, amados filhos, o caráter sacramental dã ao matrimônio entre batizados novo título de sua indissolubilidade. No entanto, percebeis que o Concílio de Trento cuidadosamente salienta que a indissolubilidade é de tal maneira inerente ao casamento, que mesmo antes da elevação deste à dignidade sacramental, jã estava em pleno vigor. Ela procede de uma lei divina anterior à constituição da Igreja, pois data do primeiro casamento que se realizou na terra. Portanto, a Igreja no Concílio de Trento não restringe a indissolubilidade apenas ao casamento-Sacramento, como pensam alguns. Ela reconhece na indissolubilidade a lei primitiva fi. x-ada por Deus para o regin1e da sociedade conjugal.

c)

O Concílio de Trento-: o cânon 5. 0

E à luz de tal afirmação inequívoca que se percebe todo o alcance do cânon 5.0 , cânon es·se de máxima atualidade na discussão que se abriu no Congresso Nacional a propósito do divórcio. Pois o cânon 5. 0 declara anatematizado, isto é, fora da Igreja, aquele que afinnar que o vínculo matrimonial pode dissolver-se pela heresia, molesta coabitação ou propositada ausência de um cônjuge. Como vedes, amados filho's, esta definição do Concílio de Trento é frontalmente contrariada pelas emendas divorcistas apresentadas ao Congresso Nacional e jã em estudo na Comissão para isso nomeada. Porquanto, quer a proposta na C·âmara, quer a apresentada ao Senado, justificam o divórcio quando hã separação de algun"s anos; ora, o Concílio entende por "ausência propositada" precisarnente a separação (no latim, "affectata!', verbo que indica uma ação feita .deliberadamente ) (3).

d)

O Concíli,o de Trento: o cânon 7.0

O outro cânon do Concílio de Trento que versa sobre o assunto de que Nos ocupam0s nesta Pastoral é o 7. 0 •

Nele se declara anátema quem ousa afirmar que a Igreja errou e erra, quando ensinou e ensina, de acordo aliás com a doutrina evangélica e apostólica, que o vínculo conjugal não se pode dissolver pelo adultério de um dos cônjuges, e que, portanto, comete adultério mesn10 o c9njuge inocente que se unir a outra· pessoa ( 4). Sobre esta definição, comenta autenticamente Pio XI: "Do fato de a Igreja não ter errado nesta doutrina, e por isso mesmo que é absolutamente certo que o vínculo matrimonial não pode ser dissolvido nem mesmo pelo adultério, segue-se com evidência que muito menos valor têm as outras razões, aliás mais fracas, que costumam apresentar-se a favor do divórcio, as quais, por conseguinte, não devem ter-se em cont(l alguma" (AAS 32, p. 574).

e)

O "Syllabus" de Pio IX ( 8 de dezembro de 1864) condena aqueles que afirmam que o vínculo matrimonial não é indissolúvel, e que, portanto, em vários casos a autoridade civil pode instituir o divórcio no sentido pleno (prop. 67) (5). Leão XIII, na Encíclica "Arcanum Divinae Sapientiae" ( 1O de fevereiro de 1880) sobre o casamento, sublinha que desde os primórdios foi o matrimônio indissolúvel. Os documentos do Magistério Eclesiástico que citamos, como os textos da Sagrada Escritura e dos Santos Padres que aduzimos, são de tal maneira explícitos, que nas vossas mentes, arnados filhos, nenhuma dúvida poderã pairar quanto à· doutrina católica relativa à indissolubilidade do vínculo conjugal, e conseqüentemente, quanto à imoralidade do divórcio, esse câncer das civili.zações neopagãs que se alastram pela terra.

Em nossos tempos

f) Pelo trecho que citamos de Pio XI, vêem Nossos amados filhos que a Igreja continua e continuará sempre a ensinar a mesma verdade. Aliás, a verdade revelada não é relativa, hoje com um sentido, arnanhã com outro. Tal é o caudal de documentos do Magistério eclesiástico dos últimos séculos que reafirmam a doutrina da indissolubilidade do vínculo conjugal, que não é possível no espaço de uma Carta Pastoral citá-los todds. Destaquemos aqui alguns pontos. Pio VI não cedeu um ãtin10 na doutrina da indissolubilidade do casamento, apesar das perseguições que teve de suportar da parte da Revolução Francesa e de Napoleão. Suas palavras são, aliás, de u~a clareza meridiana. Afirma ele, com toda a Tradição, que qualquer casamento, mesmo não sacramental, é indissolúvel, uma vez que a lei do matrimônio foi estabelecida por Deus nos primórdios da humanidade, quando, portanto, não se tratava ainda da constituição da Igreja. Eis suas palavras: "É manifesto que o matrimônio, mesmo 110 estado de pura 11atureza e certamente muito antes de que fosse elevado à dignidade de Sacrame11to, foi divina1nente instituído co,n vínculo perpétuo e indissolúvel, que, por isso mesmo, 11enhuma lei civil pode dissolver" (Rescrito de 11 de julho de 1789).

Conseqüências canônicas

Juntamds, para confirmar essa convicção, as ponderações seguintes. Conforme o cânon 1325, § 2. 0 , do Código de Direito Canônico, é herege todo aquele que, depois de recebido o Batismo, pertinazmente nega uma verdade revelada e proposta pela Igreja, ou dela duvida, igualmente com pertinácia (6). Aliás, o Código não faz mais do que aplicar a definição do I Concílio do Vaticano (7) , segundo a qual todo fiel deve, para sua salvação, aceitar todas as verdades de Fé propostas pela Igreja, quer no Magistério solene, quer no ordinário e univer-c;al º(Ses. III, c. 3, De Fide). Ora, os documentos por Nós aduzidos mostram à evidência que a Igreja tem ensinado ininterruptamente que todo casamento é indissolúvel. Assim, não pode fugir ao qualificativo de herege o católico que propugna o divórcio. Se considerarn1os que, como n1ostramos acima, as emendas apresentadas ao Congresso Nacional se opõem frontalmente a semelhante ensino do Magistério ordinário e universal, Nossa conclusão adquire flagrante atualidade. De fato - dizemo-lo com paternal solicitude e afeto por suas almas - é atingido pelas penas que ferem os hereges, todo católico que propugna o triunfo das emendas divorcistas.

II Conclusões pastorais 1. Princípios diretivos ENHAMOS, pois, às conclusões pastorais que afervorem vossa fé e vos mantenham longe dos erros e vícios que vos cercam como inimigo feroz e devorador.

V

1 - A indissolubilidade do vínculo conjugal é de ordenação divina, fi.xa-

da jã nos primórdios da humanidade. De onde, qualquer divórcio, mesmo de um casamento meramente civil, se opõe à lei de Deus. 2 - Não é, pois, lícito ao Estado violar a lei divina, instituindo o divórcio. Caso o faça, expõe-se à justiça de Deus.

=--..,-aa~_,.__._,..-:o-.-_..-~~..ooôc 4


PELO CASAMENTO INDISSOLÚVEL 3 - Como o Magistério ordinário e universal ensina que o matrimônio natural é indissolúvel, por vontade divina, como consta do Gênesis, não é membro da Igreja Católica quem conscientemente ( "scienter et volenter") admite a tese do divórcio, propugnando-o, defendendo-o, ou empenhandose para que ele se instale no País. De acordo com o Código de Direito Canônico ( cân. 1325, § 2. 0 ), o católico que age dessa maneira é herege e está sujeito às penas eclesiásticas que punem os hereges ( excomunhão, etc.). O parlamentar que der seu voto favorável às emendas divorci'stas, peca gravemente. Como pratica uni ato público, de si deve, p)lra obter o perdão junto a Deus Nosso Senhor, reparar o escândalo dado, e se esfor çar por desfazer o mal praticado. No caso, mediante retratação pública e lutando lealmente por que seja anulada a lei iníqua para cuja vitória concorreu con1 seu voto. 4-

5 - Participa da rebeldia contra a lei divina quem, com pleno -conhecimento de causa, sufragar candidatos divorcistas ao Congres'so Nacional. Pede a Moral que também esta falta grave seja reparada en1 toda a 1nedida do possível, por exemplo atuando com empenho junto aos parlamentares conhecidos, no sentido de que s~ abstenham de qualquer pronunciamento a favor do divórcio e lutem positivamen-

de contra estes últimos. Pelo contrário, é o a1nor paternal e o desvelo de Pastor também para com eles que Nos 6 - Acha-se em estado de pecado ditou toda esta Carta Pastoral. Ao coração de Bispo, ser-Nos-ia mortal, não pode receber os Sacramento's e cometerá sacrilégio se o fi- muito mais agradável entretermo-Nos zer, o católico divorciado "recasado", convosco, diletos filhos, sobre assunou o que não tem firme propósito de tos amáveis e distensivos. Não é sem grande sacrifício que vimos vos· torjamais se divorciar. nar presentes deveres e penalidades que talvez vos sobressaltem. É que, 2. Oração e sacrifício como Pastor de vossas almas, cumpre-Nos ter presente, a todo momento, Descemos a exemplos concretos, o exemplo do Divino Mestre. Ora, se embora de maneira sucinta, para que abrimos os Evangelhos, vemos Nosso sintais, amados filhos, o golpe profun- Senhor Jesus Cristo a insistir, com do que as e1nendas divorcistas pode- amorosa e paternal freqüência, nas rão dar na nossa civilização que ·se penas - e pena·s infernais - dos orgulha de ser cristã. Percebeis, carís- transgressores dos Mandamentos de simos diocesanos, como tais emendas Deus. Há nessa insistência urna manipoderão mudar a face de nosso País, festação genuína de seu desejo salvíque passará a ter apenas a aparência fico, inefavelrnente doce ( cf. Mat. 3, 12; 5, 22; 11, 23-24; 13, 42-50; 18, de uma nação cristã. Por isso mesmo, exortamos-vos, do 8-9; 22, 13; 24, 51; 25, 30-41, e lufundo de Nossa alma, a que redobreis gares paralelos dos outros Evangelisvossas orações e sacrifícios no sentido tas) . Aliás, de modo geral, aconselha a Escrit~ra que tenhamos sempre à de alcançar de Deus Nosso Senhor a vista nossos novíssimos - morte, juímisericórdia que afaste semelhante zo, inferno, Paraíso - para não· peflagelo de nosSa querida Pátria. Inter- carmos: "em todas as tuas obras leniponde, de rnoc!o perseverante e con- bra-te de teus novíssimos e jamais pefiante, a materna intercessão de Nos- carás" ( Ecli. 7, 40) . sa Senhora da Conceição Aparecida, Por que? Padroeira do Brasil, pois que sabeis Porque o pai, ao advertir seus filhos que Jesus Cristo nada nega à sua Mãe sobre os tristes resultados de uma ação amabilíssima. Nesse sentido, em Cir- . perversa a que estão expostos, age por cu lar anterior, mandamos que se fi- amor; não o inspira o desejo de ver zesse semanalmente uma Hora Santa os fi lhos incidirem nas conseqüências em todas as igrejas, com assistência desastrosas do ato n1au. Pelo contráhabitual de Sacerdote. Renovan1os rio, a advertência tem um só fim: eviesse Mandamento, aconselhando que tar q~e os filhos pratiquem o ato mau, diante do Santíssimo Sacramento vindo a terminar nas desgraças que ·semelhante ação acarre_ta. Repetimos: exposto, se recitem o terço de Nossa há nisso um ato de amor da parte do Senhora e a-s ladainhas lauretanas. pai, an1or temeroso, e por isso mesmo mais desinteressado, mais generoso. Bem sabemos, an1ados filhos, que a linguagem que o afeto paterno Nos inspirou, grave e franca, e que seria inteira1nente compreendida em épocas nonnais da' Igreja, pode causar estranheza em muitos ambientes da socienão somente a vida cristã, como tam- dade n1oderoa, contaminados a fundo bém a própria integridade da fé. O pelo mais radical Jiberalisn10 religioso que mais ainda vos dificultaria a sal- e moral. Não -podíamos, em consciênvação eterna, uma vez que a fé é o cia, recuar diante desta eventualidade. fundamento indispensável para .agra- Desde já depositamos nas mãos de dar· â ~us. Ora, a salvação eterna ·é Maria Santíssima os dissabores que as a ventura da intimidade con1 Deus, incompreensões e críticas suscitadas numa visão face a face, que Nosso Se- por Nosso ato, Nos vierem a causar. nhor Jesus Cristo, por seu amor infi- E pedimos a essa Mãe amorosíssima nito, com sofrimentos redentores ine- que os ofereça ao seu Divino Filho, narráveis, nos mereceu. A perda da nosso Redentor, em benefício daquesalvação eterna equivale às tremendas les mesmos que Nô-los tenham causadesventuras do inferno, onde "o ver- do. Esperamos que o amor de Deus, rne não morre e o fogo não se extin- ardente e virginal, que inflama o Coração de Maria, dê algum merecimengue" (Marc. 9, 43). Foi com o paterno intuito de vos to à Nossa miséria, de maneira que ajudar, filhos bem-amados, a evitar Nossos eventuais dissabores venham a tão grande e irreparável calamidade, redundar em bem espiritual de Nossos e para induzir-vos a lutar contra o di- caríssimos diocesanos, e sobretudo vórcio, que, de outro lado, puse,nos contribuam para obter da Misericórem realce as penas canônicas e outros dia divina não permita se implante o mal~s de ordem espiritual que atin- divórcio no nosso querido Brasil. gem os partidários do divórcio. Aos Nossos caríssimos cooperadoNão Nos move nenhuma animosida- res e amados filhos, enviamos cordial te pela indissolubilidade do vínculo conjugal.

III Palavra final Zelosos cooperadores e amados filhos

e

HEGAMOS assim ao termo desta Nossa Carta Pastoral. Nela ouvimos o ensinamento da Igreja, segundo o qual a santidade e sublimidade do -casamento exige sua indissolubilidade. O casamento é a base da família, e a familia é a célula da sociedade. Divulgando, pois, a doutrina católica -sobre a indi.ssolubilidade do vínculo conjugal, visa1nos preservar a familia brasileira da instabilidade e conseqüente desagregação, e por isso visamos, outrossim, preservar nosso caro · Brasil dos males imprevisíveis que são a seqüela natural da legaliza, ção do divórcio. Mais- ainda. Con10 Bispo da Santa Igreja, visamos, sobretudo, preservar as vossas altnas ameaçadas. Porquanto uma vez introduzido, o instituto do divórcio seria um poderoso convite, urna forte tentação a que abandoneis

bênção pastoral, em nome do Patdre, e do Fitlho e do EspíritotSanto. Amém. Dada e passada em Nossa episcopal cidade de Campos, aos 23 de março· de 1975, Domingo de Ran1os. t Antonio, Bispo de Campos

Mandamento EJA ESTA Nossa Carta Pastoral lida ao povo à estação da Missa dominical, um exemplar da mesma seja conservado no arquivo da igreja, e ponham-se em prática os exercícios piedosos nela prescritos.

S

Campos, 23 de março de 1975

t. Antonio, Bispo de Campos

Notas 1.

O parágrafo 1.0 do art. 175 da Constituição tem atualmente o seguinte teor: "O

casa111e1110 é indissolúvel".

Segundo a emenda proposta pelo Senador Nelson Carneiro, esse parágrafo passaria a ser: "O casamento so1ne11te pode ser dissolvido ap6s cinco anos de separação legal ou sete de separação de fato, se111 que tenha havido reconciliação do casal".

A emenda apresentada na Câmara pelo Deputado Rubem Dourado é a seguinte: "O casa111ento é indissolúvel, exceto nos casos de separação dos cônjuges por mais de cinco anos 011 ap6s dois anos do desquite".

2•

"Matrimonii perpetuum indissolubilemque 11ex111n ,,rim11s hu111a11i generis pa,. rens divini Spiritus insti11ct11 pronuntiavit, cu,11 dixit; "Hoc 11unc os ex ossibus meis, et caro de carne mea. Quamobre11, re/i11quet homo patre11, suw11 et 111atre1n, et adhaerebit uxori suae, et erwu duo in carne una" ( Gn 2, 23 s.; cf. Eph 5, 31). Hoc auten, vinculo duos 1a11111m111odo copulari et co11i1111gi, Christus D011ú1111s apertius docuit, cun, postrema· ilia verba, 1amq11an1 a Deo pro/ata, refere11s dixit: "/taque ian1 swu duo, sed 11na caro" (Mt 19, 6) , statin,que ei11sdem nexus firmitate111, ab Adamo tanto ante pron1111tiatar11, his verbis co11/irmavit; "Quod ergo Deus coniunxit, ho,110 11011 separei" (Mt 19, 6; Me 10, 9). Gratiam vera, quae natura/em i//11111 amore111 perficeret, et indissolubilem unitaten1 co11fir111aret, co11i11gesq11e sa11ctificaret, ipse Christus, ve11erabilit1111 sacra111e11tor11111 i11stitutor atque perfectoí-, sua nobis passione promeruit. Q11od Pa11/11s Apostolus ilmuit, dicens: " Viri, diligite uxores vestras, sic11t Christus dilexit Ecclesia,,., et se ipswn tradidit pro ea" (Eph 5, 25) , 11wx s11bi1111ge11s: "Sacr(llnen/11111 hoc magnum est; ego autem dico, in Christo et in Ecclesia" (Eph 5, 32)"

"º"

(Concílio de Trento, Sessão XXIV, Denz.Sch. 1797-1799).

3•

"Ca11. 5 - Si quis dixerit, propter ha~resim, a11t molestar11 cohabitatio11em, aut affectatan, absentiam a coniuge dissolvi posse 111atrimo11ii vi11culw11: an. s." (Concílio de Trento, Sessão XXIV, Dcbz.-Sch.

1805).

4•

"Can. 7 - Si quis dixerit, Ecclesia,11 errare, cu111. doc11it et docet, iuxta eva11gelic<>:-1c Lo , NA rS.Oll'IA 6

_.,..,..,..,..,..,..,..,,.,,..,..-_,..,..,.~---------_,..,..,..,..,....,.__..,,.,,..,..,.~_......__..,..,.__.__.__..,,.,,..,..,..,..,..-.,..,..,..,..,...,.._.,.__..,..,..,...,.._.,..,..,..,..,.__ 5


PELO CASAMENTO INDISSOLÚVEL

Conclusão da pág. 5

Nesta secção que visa comunicar aos leitores orações menos conhecidas, mas úteis se oportunas, apresentamos hoje três pequenas preces, a primeira das quais ensinada pela própria Mãe de Deus.

Pela conversão dos pecadores Ja.,ulat:ôria de Na. Sra. de Fâtinaa

na plenitude de vossa força. na perfeição de vossas via9, na verdade de vossas vi"udes, na comunhão de vossos mistérios, dominai sobre todas as potências inimigas, em vosso espírito, para glória do Pai. Amém.

Em sua terceira aparição, NOS11a Senhora de Fátima recomendou aos videntes: - Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, e cm especial sempre que fizerd~ algum sacrifício: JESUS, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria. ,,,,.

O

AspirOf!Ões de Santa Teresa de Jesus ADA TE perturbe, Nada te espante, Tudo passa, Só Deus não muda. A paciência tudo alcança, Quem tem a Deus, nada lhe {alta. Só Deus basta.

N

A Jesus .,;.,endo ena Mario

,,

o

JESUS que viveis em Maria, vinde e- vivei em vossos servos, no C\lpírito de vossa santidade,

cam et aposto/ica,n doctrinant ( e/. Me 1O; J Cor 7), propter adulteriu111 alterius coniug11111 matrimo,úi vinculum 11011 posse dissolvi, et 11trumq11e, vel e/iam innocentem, qui causatn adulterio 11011 dedit, 11011 posse, altero cotúi,ge vivente, aliud matrimo11ium co111rahere, n1oecharique eum, qui dimissa adultera alian1 duxerit, et ea,n, quae d/misso adultero alii nupserit: a11. s." (Concilio de Trento, Sessão XXIV, Denz.-Sch. 1807).

5•

"Jure lllllurae nu1trinwnii v1nculu1n 1zon est indissolubile, et in variis casibus ·divortium proprie dictun1 auctoritate civili sa11ciri potest'' ("Syllabus" de Pio IX, proposição 67, Denz.-Sch. 2967).

A PROPóSITO de notícia inseria na revista "Cadernos Germano-Brasileiros", o Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer enviou, em data d& 11 de abril p.p., esta carta ão Sr. Hermann Goergen, diretor daquela publlcaçio:

"Dr. Hermano Goergen, / DO. Diretor de "Cadernos Germano-Brasileiros / LatinamerikaZentrum / Bono - Alemanha Ocidental. Prezado Ami.go

atual, serena e objetiva, ela se constitui num

SE A CHAGA PRECISA DE CAUTÉRIO, NÃO BASTA PÔR-LHE BÁLSAMO De uma carta ao Papa Urbano VI :

E

NA VERDADE, Santíssimo Padre, s6 aq11ele q11e está f1111dado 11a caridade é que se dispõe a mbrrer por amor de Deus e salvaçiú,. das almas, porq11e está livre do amor pr6prio. Aq11ele que descansa no amor pr6prio, nãb se dispõe

a dar a vida,· e nOÕ s6 a vida., mas nenhuma pena insignificante parece querer Supor·

tar, pois teme por si, isto é; perder a vida corporal e as co11Solações de que goza. De onde aquilo que /01., o faz. imperfeito e corrompido, porque corrompido está o principal afeto com que obra. Em qualquer estado, escassa sua virtude, seja Po.rtor ou s,ídito.

e

Mas o Pastor que está f1111dado na verdadeira caridade não procede assim, se11ão que todas as suas operações sõo .boas e perfeitas, porque seu afeto está u11ido e ligado na perfeição da caridade. Este não teme neni o demônio nem, a criatura1 mas apenas o seu Criador; e não cuida das detraçõcs do m.,undo, nem dos opr6brios, nem dos escárnios, ne,n das vilanias, nem do escândalo, nem das ,nur,nurações dos siíditos, os quais se escandalizam e põem-se a murmurar quando são repreendidos por seu

Prelado; mas este, como homem viril e revestido da fortaleza da caridade, não os atende. Nem por üso diminui nele o fogo do santo desejo e não aparta de si a pérola da justiça, que /eva ao peito, relu1.cnte e unida à misericórdia. fois se houvesse iustiça seni misericórdia, estaria nas irevas da crueldade, e seria antes injustiça do que justiça. E misericórdia seni. justiça seria para o slÍdito como o ungüento sobre a chaga que deve ser cauterit.ada: porque, se-se lhe põe s6 ungüento, sen1· queimá./a, ela antes se corron1pe do que sara. Mas, unidas uma à outra., dão vida ao Prelado em quem resplandecem e saúde ao súdito, sempre que este não for já membro do dentônio, que de ,nodo algum se quer corrigir. Ainda que, se por mil vozes o súdito não se corrigisse, não deve por isso o Prelado deixar de corrigi·lo; e não será menor a virtude deste porque aquele i11íq110 não .-eceba seu fr11to. ( .. . ) E por issq Vos é

de gra11díssima necessidade estar fu11dado na caridade perfeita, com a pérola da justiça, do modo como se dlsse. Não cuideis do mundo, nem dos miseráveis endure· cidos no mal, nem de nenhuma de suas inf4mias; senão que, conlô verdadeiro cavaleiro e justo Pasrof, corrigi virilmente, desarraigando o vício e plantando as virtudes, dispondo-Vos a dar a vida, se for necessário. - ["Santa Catalina de Siena / 60 Car~as Políticas", Traduceión, notas y prólogo de Giselda Zani, Editorial Losada, Buenos Aires, 1950, pp. 187-191, carta CCXCI).

SANTA CATARINA DE SIENA 6

"Post receptum bap1ismun1 si quis, 11omen retinens christia11um, pertinaciter aliqua111 ex veritatibus /ide divina et catlw/ica credendis denegai aut de ea dubitat, haereticus; si a /ide christiana totaliter recedit, apostata; si denique subesse re11ui1 Summo Ponti/ici aut cu,n ,nembris Ecclesiae ei subiectis communicare recusai, schismaticus est" (cânon !325, § 2).

7•

"Porra /ide divina et catho/ica ea 0111nia credenda sunt, quae i11 verbo Dei scripto vel tradito co11tine11tur et ab Ecclesia sive solemni iudicio sive ordinario et 11niversali magisterio 1a111qua,n divinitus revelata credenda propon11ntur" (I Concílio do Vaticano, Sessão III, Denz.-Sch. 3011) .

Esclarecendo equivoco de revista alemã

Recebo sempre com agrado sua ótima re_vista "'Cadernos Germano-Brasileiros". Com excelente apresentação, substanciosà matéria,

Verdades esquecidas

..6•

elo precioso de relacionamento entre as duas nações amigas, sua pátria, a Alemanha, e o nosso Brasil, nosso porque, em ce.rto sentido, é também seu, pois o Dr. Goergen conhece e estima este torrão abençoado. ' 0 Tenho sob os olhos o n. 6 do ano XIII, correspondente a novembro-dezembro de 1974. Como sempre, muito rico.. Os artigos sobre filosofia alemã no Brasil e sobre Curt Lange, o descobridor da música barroca nacional, são felizes amostras do intercâmbio cultural entre a Alemanha e o Brnsil. Os sobre economia salientam a harmoniosa cooperação entre os dois povos, o alemão e o brasileiro. No noticiário, Dr. Goergen, teria alguns reparos a fazer. Aliás, explicãveis, uma vez que depende ele dos informantC9, nem sempre atentos a todos os matizes da realidade social. Assim, à pág. 426, sobre a assembléia geral da CNBB em Haici, em novembro do ano passado, o informante declara: "O Episcopado demonstrou unanimidade, tendo participado também o Bispo de Campos, D. Castro Mayer, conhecido pela sua decisiva tomada de posição a favor da teologia conservadora". Certamente o responsável pela notícia não percebeu que, com tais expressões, estava ele levando os leitor'IS a pensar que, 'Oas decisões de ltaici, houve unanimidade. O que não é objetivo, pois as coisas não se passara.m bem assim. O Comunicado Mensal, órgão oficial da Conferência Episcopal Brasileira, no número de dezembro de 1974 dºá a relação pormenorizada de 1odas as votações. Pode dizer-se que em nenhuma houve unanimidade. Igualmente, a referência ao Bispo de Campos afasta-se um tanto do que realmente se deu. J; certo que ele compareceu à Assembléia, e mesmo prestou sua colaboração, externa.ndo seu parecer sobre vários assuntos. Não quer

+

dizer que tenha votado pelas soluções adotadas. Não só no ponto relativo à integração dos padres apóstatas, como também em outros assuntos, manifestou ele publicamente seu ponto de vista divergente, como pode ver-se nas atas da Assembl~ia. Também a redação do tópico pode levar algum leitor a julgar que o Bispo de Campos teria abandonado "sua decisiva tomada de posição a favor da teologia conservadora". O Dr. Goergen aceitaria essa hipótese? Como o prezado Amigo vê. são pequenas observações que desaparecem na densa e s~lida matéria que sua revista oferece aos leitores. Com votos de saúde e bem..:star, renovo a expressão de minha estima e 01ta consideração, com que sou / seu servo em Jesus Cristo, / t Antonio, Bispo de Campos".

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"Catolicismo" convida seus leitores e amigos para 85-$islirem à Santa Missa de 30.0 d.ia que fará rezar por alma do

SR. JULIO MIRQUES Pai de seu colaborador Dr. Edwaldo Marques. O a1o religioso será celebrado pelo Exmo. Bispo Diocesano, no dia 10 ~ maio, às 7 horas, na Capela do Palácio Episcopal.


Lições da Revolução Francesa

.. ,, . zao revo uczonarza

UAIS SERIAM os jogos infantis cm voga na França no final do século XVIII? Mais precisamente, como lirincariam as crianças de Paris -por volta de 1785? As gravuras da época, geralmente pródigas em detalhes, são no entanto bastante avaras a esse respeito. Preocupadoo em retratar os grandes acontecimentos, os " íotógrafos" da época não poderiam imaginar que no século XX haveria quem se interessasse em conhecer esses aspectos miúdos da vida cotidiana de Paris .. . Assim, é somente depois de alguma procu.r a que en· contramos, perdido no canto de algum quadro, um menino que brinca com uma bola, faz rodar um aro, ou se entretém com um cachorrinho. Havia também os papagaios de papel ( têmse noticias deles há mais de mil anos atrás), e havia, é claro, as bolinhas de gude, as inevitáveis correrias, os jogos de "pegador" e de "cabra--cega" . .. Nessa época não faltava espaço para as crianças brincarem: os jardins públicos eram amplos e bem cuidados, as ruas, pouco movimentadas. As mães podiam ficar tranqüilas quanto à segurança de seus filhos: sabia o leitor que - como refere o historiador H. de Montbas - durante os quarenta anos imediatamente anteriores à Revolução, somente se registraram dois homicídios em toda a cidade de

Q

- E a rege11er"çúo dos franceses, .começad" ,w dia /4 de julho de 1789., e logo apoiada por totla a nação francesa". - ''Que é a con/ir,nação?

- E o apelo à formação de uma Conve11ç,io Nacional que ( ... J aboliu a monarquia_. e a substituiu por um regime republicano". - "Que é a penitência? - E, hoje en) dia.' ll vidtMerrante dos traidores de sua pátria:" . ..

Paris?

-

O Bruxo!

Assim, as crianças parisienses de 1785 tinham suas brincadeiras, tinham onde brincar, e brincavam despreocupadas. . . Isto é, todas, menos as que moravam na pequena Rua Saint Claude. Estas, quando jogavam bola, ou corriam, ou faziam qualquer espécie de brincadeira, tinham sempre uma parte da atenção voltada para os dois extremos da rua. E quando uma delas, mais esperta ou mais atenta, percebia um determinado vulto que se aproximava, dava o alarme: - O Bruxo! E no

instante seguinte a rua estava tão vazia como se ninguém morasse nela. Então, se o leitor estivesse lá, poderia ver

aproximar.se um personagem grotesco, amortalhado numa roupa de tafetá azul, agaloada em todas as costuras; os cabelos arranjados em longas tranças empoadas; meias multicores, sapatos de veludo, com fivelas de pedraria; anéis em todos os dedos. Tudo coberto por um grande manto de pele de raposa, com uma carapuça também de ,pele. Era Cagliostro, o foiliceiro. Não é de espantar que as crianças fugissem. Cagliostro era talvez a figura mais comentada na Paris de então. Os boatos a seu respeito pululavam: dizia-se que tinha mais de mil anos; que previa o íuturo; que lia os pensamentos; que conhecia o segredo de fa. bricar diamantes, etc. Falava-se muito de suas invocações dos espíritos, e das freqüentes visi tas (três ou quatro por semana) que lhe fazia o Cardeal de Rohan, para juntos se dedicarem a práticas de magia negra; comentava-se o luxo de sua habitação, os estranhos móveis e dísticos que nela havia. As vezes, alguém criava coragem para repetir uma oração que o íei1iceiro tinha gravada em letras de ouro sobre

BIBLIOGRAFIA AULARO, A. -

"Lc culle de la Raison et le cullc

de l'Etre Suprê01e", E. Félix Akan, Paris, 1892, pp. 107, 120, 110. BARRUEL, J\bl>< Auguslin - "Mémoires pour servir à l'histoiro du jacobinisme'\ reedição da

E<j. Dilfusion de la Pensée Française, Chiré-e1t•Montrcuil, 1973, p. 65. BRINTON, Cranc - "Los Jacobinos", Ed. Hucmul, Buenos Aires, 1962. pp. 229, 243, 252, 214, 216, 217.

LEMAITRE, Jules - •1Jc,an-Jacques Rousseau''_, F.d. Calman-Lévy, Paris, p. 49. LENOTRE, G. - "La Guillotine", Ed. Pcrrin, Paris, 1922, p. 132. LENOTRE, G. "Vicilles maisons, vieux p>· piers", Libr. Acad. Pcrrin, 1947. vol. 1, pp. 163 ss., 162, 164. MONTBRAS, Hugucs de - "La Police parisicnne sous Louis XVI''. Hacheuc, Paris, 1949, p. 221.

A ladainha b lasfema da guilhotina: "Máquina amável, tende piedade de nós"

mármore negro, na parede de uma de suas salas. Era uma oração estranha e blasfema, que razia as pessoas de bom espírito se persignarem horrorizadas. Essas pessoas não faziam idéia de que, em menos de nove anos, por ,toda a F rança, muita gente e talvez elas próprias estariam rezando e cantando essa oração nas praças públicas e nas igrejas, por ocasião das ceri. mônias do que se chamaria ºa nova religião revolucionãr'ia''. Talvez haja quem se espante ao ler isso. Mas, embora os historiadores não comentem quase nada a esse respeito, a verdade é que a Revolução Francesa fundou uma religião nova, com dogmas, cerimônias e orações próprias. O assunto é vasto demais para ser tratado em apenas um artigo, razão por que nos permitiremos voltar a ele outras vcz.es. Desde já pedimos desculpas ao leitor •pelas blasfêmias que seremos obrigados a colocar diante de seus olhos. Este assunto é um dos aspectos mais chocantes da Revolução Francesa, mas, exatamente por isso, analisá.~lo é um dever para

quem deseja a destruição do mito que se criou em torno dela .

"Cat ecismo" e "sacramentos" revolucionários Uma das mai~ signiíic:ltivas obras escritas duraqte a Revolução é um pequeno livro de 36 páginas, intitulado "Catecismo republicano, seguido de máximas de moral republicana, próprio para a educação das crianças de um e de outro sexo". Sim, é exatamente isso. A prática da Religião Católica estava proibida, o Clero proscrito e ameaçado de morte; guilhotinavam-se pessoas porque possuíam um terço, ou levavam ao pescoço uma medalha da Santíssima Virgem~ na Vendéia, massacravam-se aldeias inteiras, homens. muJhercs e crianças, porque queriam continuar fiéis ao Deus de seus pais. E eis que) no meio de tudo isso, surge esse "catecismo" que é divulgado por toda a França com evidente apoio das autoridades! Que poderia conter esse livrinho? A epígraíe inscrita na capa já dá urna idéia do conteúdo: "O inferno vótnita os reis. A Razão os- tlestrói". Há um capítulo intitulado "Sacramentos republicanos''. A ma.ocira de expor a doutrioa, em .perguntas e respostas, é a usual dos catecismos: -

''Que é o batismo?

Imagine o leitor um menino de oito ou nove anos de idade, sentado em seu banquinho e decorando essa lição para depois repeti-la na "escola dominical''.. . Porque havia "escolas dominicais" revolucionárias-, e "missas''. e tudo o màis. Mas isso já é tema para outro artigo. Voltemos ao catecismo. Quanto ao "sacramento da penitência", parecia haver alguma divergência entre os "doutores" da nova religião, pois enquanto o "Catecismo" ensinava o que se viu acima, havia outros que o entendiam como uma verdadeira "confissão republicana", precedida de verdadeiro exame de consciência: ºQue crt1 você ·a11tes de 1789?"; ·'Que fez até agora pela Revolução?": "Pertenceu a algum clube monarquista?". Até os pecados por pensamento eram lembrados: "Desde qua11do você perdeu a co11/iança e ,n Marat e 11a Montanha?" Não pense o leitor que se tratava de uma "confissão:· sigilosa. As atas dos clubes jacobinos registram várias dessas "confissões públicas e gerais" (essa a expressão empregada), a que seus membros estavam obrigados periodicamente, com a expulsão automática dos considerados •'impuros", ainda que fosse apc.· nas pelo consentimento dado a alguma dúvida a respeito dos dogmas revolucionários! E ao mesmo tempo se proscrevia a Santa Igreja como incentivadora da superstição e do fanatismo ...

Hinos sacros poro os n ovos santos Havia igualmente "ma,mais de piedade" revoJucionários con1cndo "hfoos sacros'' (repetimos que são essas as expressões empregadas), a serem cantados durante os "cultos decadários'' (a semana fora substituída por "décadas" e o domingo pelo ''déeadi"L "cerimônias de transladação de relíquias''. ;•procissões" e outras coisas do gênero. Vejamos, .por exemplo, este "Hino aos grandes homens", cantado na inauguração do "Templo da Razão", em Tours, no "décadi, 20 frimaire, an li ele la R épublique Pra11çai.re": ''Não queremos mais os velhos santos, Esses santos não valem os nossos, Marat, Peletier e Brutus, Eis nossos verdadeiros apóstolos. . .... . . . . . . . . .. .... .. . .. ... Convenhamos, m eus bons a,nig~s: Rousseau vale mais do que São Pedro. Elogillvanr-,1os muito São Denis: Quem é ele perto ele Voltaire? Amigos. não creiamos nos .rantos Dos q,wis nos fala a lenda. Perto de nOJ'SOJ' dois republicanos E les não são 11iais que contraba1Jdó.

.. .

vore da liberdade". Em certo sentido ele é ainda mais revelador: "A úrvore pla111ada· sobre o Calvário E para os cristãos o sinal salatar Que promete nos-céus uma alegria eternal árvore que vás plantais neste dia solene ~, para os cidadãos.,que a razão tSclarece, "O bendito si11al da ftlicidade sobre a terra!"

.1

..

"O bendito sinal da felicidade sobre a terra!'', eis af o ponto. Eis aí o dogma íundameotal da Revolução Francesa: nada de Céu! o importante é ser ícliz aqui, neste mundo! Convc,. nhamos em que essa maneira de pensar e de viver não está tão fora de moda hoje cm dia ...

"Santa Guilhotino, rogai por nós" Mas, se não existe nem Deus nem Céu, a quem então se dirigiam as orações compostas pelos ·revolucionários? ·Porque orações as havia, e muitas: havia uma blasfema paródia do sinal da Cruz: ''Em 11ome de Marat, Lepeletier,. liberdade ou morte!'': havia um Credo, composto e divulgado por um padre apóstata : "Creio 11a Todo-poderosa Assembléia Nacio11al, criadora do bem e da liberdatle . .. "; havia um infame arremedo da Ave Maria, que não ousamos reproduzir inteiro: "Eu vos satído, "SansCulottides' [ ... ],virtudes, gê11io, trabalho, opinião, recompe11sa, eu vos :;mítlo ... " Havia uma paráfrase do Salmo 109, em que so dizia: "Estabelecerei tun tribunal revolucioncírio em t<>-dc,s as nações; arruinarei todos os poderes que se oponham ao senso comum,· e a guilhotina fará rolar pela terra a cabeça dos i11se11satos . . . " E havia, ainda, uma "Ladainha da Guilhotina'', cujo 1ex10 dispensa comentários: "Sallla Guilhotina_, protetora dos patriotas.

rogai por 116.r''.

''Santa Guil!iotina, terror dos aristocratas, protegei-nos''. "Máquina amáv~I. tende piedade de 116s'. "Máquina admirável. tende piedade de n6s". "Santa Guilhotina, livrai-nos de nossos inimigos'~.

Tudo isso não dá o que pensar? Como encaixar, por exemplo, a "L1.dainha da GuHhotina" na concepção corrente da Revolução Francesa como um mero moviment9 poHtico? Será temerário afirmar que houve um substrato religioso em toda essa revolução? Será temerário di1,.er que havia uma dotrina esotérica subjacente a todos esses acontecimentos? E por que essa doutrina permanece desconhecida do gran- · de público? Se Deus quiser, voltaremos ao assunto.

Evondro Faustino

Bm·ta dos velhos santos! Nada ,Je trégua, nada de clemência: A Razão os aboliu a todos E quer que todo francês prefira, A esse monte tle hipócritas e de tolos, M"bly, Jea11-Jacq11es e Voltaire".

Rousseau, que abaodooara na roda dos expostos seus cinco filhos, logo após o nascimento (Lemaitre); Voltaire, cujo .lema era " fpraser J'in/âme (''esmagar o infame") , rcrc~· rindo-se a Nosso Senhor ou à Igreja, e que considcrav;\ os Apóstolos como "doze pmifel'.. (Barruel) - eis os '·santos\' q_ u e muitos franceses passaram a venerar quando despre1,aram a Deus! Vejamos agora este outro hino, cantado -pelo clube jacobino do Béamais ao plantar sua "ár-

"Terror dos a ristocratas, protegei-nos" 7


,~r ·'.; AfOI0liCESMO * SÃO CEGOS QUE CONDUZEM OUTROS CEGOS PARA O ABISMO

Conforme anunciamos em nosso úl-

timo número, lranS<,revemos boje o segundo ar1Jgo do Prof. P linio Corrêa de Oliveira sobre o tema "Odiai o erro, amai porém os que erram", publicado na edição de 21 de setembro de 1941 do "Legionário", jornal do qual ele era

que falta à caridade se proceder conforme o que na segunda parte de nosso artigo ficou dito.

••• Mas porque não mencionamos em nossa úllima edição o verdadeiro autor daquelas linhas, e a magnífica aprovaçijo que lhes deu a Santa Sé?

•••

então Diretor: 0B ESTE TITULO, publica· mos em nossa última edição um arligo que constitui a justificação completa do "Legionário" contra os ataques que lhe são freqiicnteme~le dirigidos por certos católicos, -~rus ciosos de pouparem •~ susceptib1hda· des dos adversários da Jgrcja do que de reivindicar os direitos desta contra as incessantes violações que sofrem. Como vivemos num século ainda encharcado de liberalismo filosófico e religioso, não é de cspanlar 9u~ o nosso lrabalho lenha causado irntação em certos espíritos eminent~mente liberais. Perdoem-nos estes leitores se lhes revelamos hoje um importante segredo. A doutrina que anunciamos não tem o simples valor de modesta

S

opinião de seu autor. Oivide..se o ar-

ligo em duas partes, claramente separadas por asterisco. A primeira parte é realmenle de nossa exclusiva autoria; a segunda, porém, é tradução fiel do que se encontra à página 80 e seguintes da obra "EI liberalismo cs pecado", da autoria de um dos m.aiores publicistas católicos do século passado, o Pe. Félix Sardá y Salvany, publicada no sexto tomo da coleção "Propaganda Calólica"'. Este magnífico trabalho do grande polemisla espanhol fora denunciado à Sagrada Congregação do Jndex, que, o tendo examinado, enviou a 1O de janeiro de 1877 ao então Bispo de Barcelona, Exmo. Rcvmo. Sr. D. Tiago Ca1alá, um rescrito em q ue declarou que "a dita Congregação pesou com ,naduro exame aquele opúsculo, com as observações contra ele feitas". Como resultado desie exame declarn a Sagrada Congregação que "nada nele encontrou contra a sã doutrina, e, pelo contrário, seu autOJ',

Pe. Félix Sardá

y

Salvany, )11erece

louvor porque, cont argumenlos sóli-

dos, clara e ordenadamente expostos. propõe e defende a sã doutrina na . matéria que trata, e isto sem ofensa

para ,,;,,gué,n". E, depois de algumas considerações, o rescrito se encerra com as seguintes palavras: º'Ao comrmicar-vos isto de ordem da Sag,,;tUla

Congregação do lndex, a fim de que o posJ·ais comunicar a vosso preclaro

diocesano Sr. Sardá para quietude de ~·eu ,1nimo, peço a Deus que vos dê totia prosperidade e ventura, e, coni a expressão ele rodo o meu respeito; me declaro de \IOSSa excelência devotadíssimo .rcrvidor. Frei Jerônimo Pio

Saccheri, O. P., Secretário da Sagrada Congregação do lndex".

• •• Jamais seria suficiente encarecer a importância deste documento. Nele, a Santa Sé desarma quanlos pretendam, cm nome da doutrina católica e dos ensinamentos de caridade que ela pre-

ga, atacar os conceitos que transcre. vemos. Erra, rebela•se conlra a Santa Sé quem ousar afirmar que colide com a doutrina católica qualquer das afirmações contidas na segunda parte daquele artigo. Assim, não possui o espírito da Igreja o jornalista que imaginar

Todas as heresias deixam at«ls de si semi .. hercsias, ou melhor heresias diluídas: arianismo e semi.. arianismo. pelagianismo e scmipelagianismo, baianismo e semibaianismo. No século passado, foram muito frcqlientes os hereges que .pretenderam escolher livremenic dentro da douirina católica o que lhes agradasse, rejeitando o demais, cont ·evidente desprezo para a autoridade da Santa Sé. Em nosso século, esla caça de víboras não se extinguiu. Há muiias pessoas que presumem ler senso católico simplesmenle porque estudaram superfici~lmcntc e a seu modo, a doutrina da lgreja, de tal maneira que, supondo conhecê-la toda e professá-la integralmente, em uma multidão de circunstâncias agem, sentem e pensam como pagãos. E de tal maneira estão elas embotadas em -sua ignorante presunção, que não há argumentos que as convençam de erro senão o da autoridade da Santa Sé. Como é lamentável que cm ques1ões candentes certos católicos sejam ião cegos que, incapazes de raciocinar sadia e seguramente, tomando por base os princípios de sua fé, sentem uma atração quase ínvcncívcl pelo erro, que abraçam com ardor e sofreguidão, dele só consentindo em se separar quando premidos pelo co· sinamento explícito e insofismável da Igreja.

••• Compreendam 1ais católicos a a.nomalia da situação espiritual em q ue jazem. Certamente é nobre renunciar ao erro para obedecer à Santa Sé. Mas quão lamentável é que a todo momento uma alma católica assimile idéias erradas, man ifestando muito mais avidez do erro que da verdade, do mal que do bem! Os católicos que discordaram daquele nosso artjgo pertencem a esta classe. E quão doloroso é que na sua arrogância se arvorem eles mesmos em guias das massas, sem mandato da Igreja, cegos que conduzem outros cegos ao abismo! Foi para que eles melhor compreendessem essa funestíssima orientação de seu espírito, que lhes am,amos essa pequena e inofensiva cilada.

• •• Para completar o exame de consciência a que esia surpresa os deve conduzir, ,transcrevo da mesma obra o seguinte 1recho, também ele acobertado pela alta aulorid.ade:

"Co11ltece-se o católico que tenha laivos ,ie liberalismo, por isso que, sendo homeni de bem e de prátiêas sinceramente religiosas, não obstallle, quando fala oi,. escreve, manifesta um

sabor liberal. Poderia dizer a seri ri10do. como Madame de Sevig11é: "Não sou a rosa. porén1 e.rtive perto dela, e tomei alguma coisa de seu perfume". O /tomem de bem liberalizado dis-

corre e /ai" e age como wn. verda· deiro libera/1 sem que elê mesmo, c'Ôi· tado. o perceba. Seu forte é " :cori• ,fatie: este hon1em. é a caridade • mes· ma. Como ele aborrece os exageros! Como aborrece ele os exageros da imprensa ultramontana! Chama,..se mau a um homem que difunde idéias más, parece a este si11g11lar teólogo, pecado contra o Espírito Santo. Para ele não há senão extraviados. Não ·se deve re· sistir nem. combater; o que se deve procurar sempre é atrair. "Afogar <> mal com a abundância do beni": é esta sua fórmula favorita . que leu. 11111 dia ~,n Balmes. e foi a rínica coisa do filósofo catalão que lhe ficou na memórià. Do Ev<mgelho aduz apenas os textos que sabe,n a mel e almiscar. As invectivas espantosas contra o fari· saísmo, dir·J'e•ia que as tctn por intem· peranças do Divino Salvtulor. Be,n que saibt1 usá-las muito desembaraçatla1nente contra os irritantes ultra,non• tanos <1ue, com seus exageros. com~ prometem cada dia ,, causa de uma Religiiio que é tod<1 pat e amor. Co11· tra estes mostrC1-se exacerbado e daro o homem de be11, liberalfr.ado, contra estes é <lZCdo seu zelo e acre saa polê· mica e agressiva sua caridade. Por isso exclamou o Pe. Félix em um discurso célebre, a propósito das acusações de que era objeto a pessoa do grande Yeuillor: "Senhores, amemos e res· peitemos até os nossos .amig~s1'. M~s 0 bom com laivos de hberalismo nuo f<1Z asJ·im: guarda todos os seus te· sow·os de tolerância e de caridade fi. bera/ ptira os inimigos jurados de .ma fé. E claro. pois como poderia o· infeliz. ntraí•los? Em troca, não re,n senão o sarcasmo e a intolerâ11cia cruel para seus mais heróicos defensores. Em suma: ao hometn de beni libera. lizado, aquilo da OflOSição per diam.etrum d e Santo Inácio em seus Exer· dcios Espirituais, nunca lhe pôde e,r .. rr,,r. Não conhece outra tática. seniío atacar pelos flancos, o que en1 matéria religiosa costuma ser o processo mais cómodo, não porém o mais de·· cisivo. Bem quereria ele vencer, mas sob condição de não ferir o inimigo, neui ,le lhe causar mortificação ou enfado. O homem de g11erra lhe põe em polvorosa os nervos; mais lhe agrada a pacífica disc11ssão. Está pelos círculos liberais em que se perora e delibera. mlo porém pelas associaçOes ultramontanas em. que se dogrnatiz,a e increpa. Em uma palavra., se por seus frutos se conhece o _liberal J)etulante e o liberal manso, o que tem _laivos de liberalismo se distingue por silOs a/ei· ções. Por estes traços mal perfilados, que não chegam a parecei' esboÇOJ', e muito menos verdadefros e perfeitos retratos. sel'á fácil conhecer desde logo qualquer dos tipos da família em suas di,,ersas gradações. Resumindo em poucas palavras o traço mais car<fc· terístico de sua respectiva fisionomia, diremos que o liberal petulante ruce seu Uberolismo; <> liberal manso o pe· rora; aquele que tem, simples· laivos de liberalismo o suspira e choraminga. Todos são pioreJ·, como diz.ia de seu pai e sua mãe aquele patife. tia fábula; ,nas ao primeiro paralisa mui· tas ,,ezes seu próprio furor; ao ter· ceiro, sua condição híbritla, por si mesma. infecunda e estéril. O segundo é o tipo satânico por excelência, e o que em nossos tempos produz o ver· dadeiro csirago liberal". Nos iempos do autor, 1alvez. Mas hoje em dia é o liberalismo "choramingado e suspirado" dos da terceira categoria, que constitui um dôs maiores tropeços da Igreja.

Pastoral: 30 mil exemplares em doze dias •

' VEM AI.CANQ~OO grande êxito a campanha da TFP para difusão da <JaP." Pastoral de D. Antonio de Castro Mayer, "Pelo casamento índissoJíível": Lançada em, Campos,no dia 13 de abril p.p., e togo a segui.r em Sao Paulo, a campanha da ~FP contra o divórcio recebeu desae o loício a mais favprável acolhlda po~ .parte ao p6blico, sendo que na capital paulista , oram vendidos 30 mil exemplares do clocumento em apenas doze dias. No momento em que encerrávamos a presente edisfio, eslava quase esgo{ada a primeira tiragem ele 50 mil exemplares da Pastoral do Sr. Bispo D iocesano, Em próximo n6mero, apre.s<int.a remos com pléfa ~eporfagem sobre o Msenr:olar da campanha. - Nos cUdiés, dois aspectos ·da atuação da TFP. em São Paulo: no Viaduto do Chá, e num bai.r ro popular.

TFP DE LUTO PELA QUEDA DO CAMBODGE POR OCASIÃO da queda de Phnom P ebn em poder dos comunistas a Sociedade Brasileira de Defesa da' T radíti\o, Famllla e Propriedade di~ribuiu à ímprensa o seguinte comuni<:ado:

"O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, determinou que, no dia 17 de abril, fosse hasteado a meio pau o est~ndarte da entidade em todas as suas sedes, cm sinal de luto e protesto pela queda do Cambodge rob a dominação comunista. Esses senlimentos são partilhados pela quase totalidade dos b<asileiros. Junto ao cadáver do Cambodge trucidado, a TFP faz reflexões que justificam sua manifestação de dor. De si, a subjugação de qualquer país por outro constitui uma violação da moral, praticada em nível internacion<1I, e própria, portanto, ·a difundir o escândalo cm todas as regiões e por t odos os setores da opi· nião p6blica. No caso concreto, sobreleva notar a circunstância particularmente calamitosa de que se trata de um país não comunist~ que passa a ser escravizado pelo comunismo internacional, e sujeilo assim a um regime que é precisamente o contrário da civilização baseada no Evangelho.

Fa rrapos de •papel &sas considerações, q ue justificam de robcjo o luto e a indignação da TFP, de nenhum modo se igualam em gravidade a uma outra, a qual afeta o futuro do mundo inteiro. A queda do Cambodge e os dias trágicos que, vizinho a este, está vivendo.· o glorioso povo vietnamita, provam à evidência o que há de ilu-

sório na filosofia de otimismo e pacifismo "ecumênicos", nos quais se funda a distensão com os regimes comunistas. Passou para a H istória a frase do Kaiser Guilherme 11 - cuja autenticidade é. a liás. fortemente controver1ida em nossos dias - de q ue os tratados são meros farrapos de papel. A vista do que sucedeu no Cambodge e do que corre gravíssimos riscos de suceder no Vietnã do Sul, está provado que os ,tratados com comunista, não passam, estes sim, de ml· scros "farrapos de papel", lacer-ados e pisados tão logo a Moscou e a Pequim convenha. Levando cm conta que, a exemplo dos EUA, quase todas as nações do Ocidente se vão deixando seduzir pelos mitos inspiradores da "détcntc", o caso trágico do Cambodge deve servir de argumento decisivo para se aca. bar de vez com ~quela política. Esperamos que a hecatombe do Cambodge abra os olhos de muitos. Sem embargo, a psicologia da pessoa embaída pela "détcnte'' é ·tal, que não remos a esperança de que a terrível experiência <1provei1e ~os líderes que a promovem no mundo inteiro.

Protesto Assim, seja o hastcamcnto a meio pau do estandarte da TFP o testemunho público de nossa indignação e nosso protesto pelo que a "détente"' tem acarretado no mundo inteiro. Nosso protesto, igualmente, pela per1inácia em continuar fiel a ela contra a mais elementar evidência dos fatos que os .. irredutíveis'' da "détente'", em todos os países oão comunistas, continuarão a mostrar mesmo depois da catástrofe do Cambodgc".


OPINIÃO pública brasileira, de modo geral, sabe o que pensar do possante e bem organizado estrondo publicitário que se desencoJeou contra a TFP, sobretudo a partir do Rio Grande do Sul, no momento preciso em que a entidade levava a efeito mais uma vitoriosa campanha contra o divórcio, difundindo a Carta Pastoral de D. Antonio de Castro Mayer, "Pelo casamento indissolúvel". Pessoas ·há, entretanto, que poderiam deixar-se impressionar com o noticiário sensacionalista e faccioso, formando uma idéia distorcida da realidade. Daí ver-se a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade obrigada a sair em defesa,de seu bom nome, estampando em seção livre de órgãos das principais cidades do País dois comunicados nos quais propõe aos seus detratores que substituam a invectiva apaixonada por um elevado e cordial diálogo.

A TFB EM LEGÍTIMA DEFESA ,

No primeiro comunicado, datado de 21 de maiç p.p., a TFP critica a lógica fundamentalmente falsa dos seus caluniadores. O comunicado n. º 2, de 29 de maio, analisa, uma por uma, as insistentes objeções veiculadas de certas tribunas e jornais. Ao mesmo tempo, dirige uma palavra "à opinião pública brasileira, que não crê no estrondo publicitário, nem por ele se interessa", denunciando o objetivo que está por trás das acusações e suspeitas levantadas contra a TFP: inutilizar para o futuro a ação da Sociedade. "Com quanta alegria e com que proveito para os comunistas e esquerdistas de todo naipe, já tão notavelmente reativados nos dias que correm, nem é preciso dizê-lo!" Os corifeus da campanha difamatória - até o momento de encerrarmos esta edição - pura e simplesmente ignoraram os documentos lúcidos, serenos e objetivos da TFP, e recusaram seu pedido de diálogo, continuando a agir como se tais documentos não existissem, repetindo as mesmas acusações vaga s e suspeitas tão injuriosas quão infundadas.

À vista desse alarido, o Exmo. Revmo. Sr. Bispo Diocesano dirigiu carta ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Na cional da TFP, hipotecando o sua irrestrita solidariedade e invocando a Deus por testemunha de que ela estava sendo caluniada. O Exmo. Sr. Arcebispo de Cuiabá, D. Orlando Chaves, emitiu uma corajosa declaração em defesa da Sociedade, mostrando que são as forças ocultas do comunismo os promotores da "rude campanh~"- Igual. mente o Eparca dos ucranianos católicos, o Exmo. Bispo D. José Romão Martenetz, em caria ao Exmo. D. Antonio de Castro Mayer, defendeu o TFP das fantasiosos acusações de que é alvo, salientando que e las provêm de sua eficaz atuação contra o divórcio. O Exmo. Revmo. Sr, D. Antonio de Almeida Morais Junior, Arcebispo Metropolitano de Niterói, felicitou o Sr. Bispo Diocesano por sua Carta Pastoral contra o divórcio, cuja divulgação pelos militantes da TFP atrai sobre esta o ódio dos inimigos da Igreja.

Ao reproduzir estes documentos, "Catolicismo" se ufana de reiterar

a sua irrestrita solidariedade à benemérita e desassombrada Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade.

'N,º

2 9 4

JUNHO

D E

1 9 7 5

ANO

XXV Cr$ 4,00


Ante uma agressão polêmica apaixonada, p roposta de sereno diálogo

1.

STÃ CONCLU(DA cm várias de nossas principais cidades do Brasil a difusão da Carta Pastoral P elo casamento indissolúvel, do grande Bispo de Campos, D. Antonio de Castro Mayer. O documento, vasado em linguagem clara e serena, se cinge a expor a doutrina católica sobre a importante matéria. Não contém ele qualquer alusão a problemas políticos ou político-socjais contemporâneos. Numa atuação pública que, segundo a mais límpida evidência dos fatos - pois a presen-

como instrumentos de escol do estrondo publicitário em curso. A par desse apaixonado modo de proceder, as acusações feitas contra a TFP pelos referidos parlamentares se caracterizaram por uma desembaraçada falta de provas. E sobretudo por uma oarência de conteúdo, da qual mais especialmente passaremos a tratar hoje.

ciaram incontáveis brasileiros de várias de nos-

manter-se tes à sua derante a mida, e a

E

sas principais cidades -

foi invariavelmente

pacífica e cortês, a TFP efetuou a venda de 73.399 exemplares dessa Pastoral em 35 dias.

••• Em todo trabalho polêmico que q ueira fiel às exigências intelectuais ineren-

própria natureza, têm papel preponexposição, se bem que talvez resurefutação conscienciosa e respeitosa,

pulação, à doutrina antidivorcista contida no documento.

do per.$amento da outra parte. Prezam-se de agir assim os polemistas ou dialogantes de todos os centros cultos modernos da Europa e da América, exceção feita, é

A vista destes fatos seda natural que a campanha fosse cercada de simpatia e conside-

claro, dos países comunistas. Nestes, a regra da discussão é a invectiva brutal, e ,a ameaça

ração. até mesmo dos divorcistas que, coeren-

tes com o espírito liberal, do qual habitual-

da chibata, q uando não da perseguição policialesca.

mente se gloriam. respeitassem nos outros a li-

A-ssimJ um polemista cioso de si deve co-

berdade de deles divergir. Infelizmente, pelo contrário, há cerca de q uinze dias. e à medida cm que o êxito de

meçar por mostrar que conhece c:x,austivamcn· te os livros, artigos de revista e de jo rnal, cm

exilo que constitui expressivo sintoma da sim-

patia dispensada pela maior parte de nossa po-

nossa ação antídivorcista se afirmava. vem-se

delineando contra a TFP, e ganhando proporções, urn estrondo publicitário, que vai cobrin ..

do aos poucos, de modo sistemático e cadenciado, todo o território nacional. Como cm ocasiões anteriores. a TFP tinha a intenção de deixar sem revide esta ofensi-

va: não há utilidade em desmentir imputações obviamente carentes de consistência e plausibilidade, às q uais nosso público, atilado e sensato, jamais deu importância. No presente estrondo publicitário, contudo, fizeram-se ouvir contra a TFP, deputados federais e membros da Assembléia Legislativa do Rio G rande do Sul. Por respeito ao mandato de que estão eles investidos, bem como ao alto recinto cm que alguns fizeram seus pronunciamentos, a TFP rompe desta vez o

q ue o adversário exprimiu seu pen.samcmo. E cm seguida deve provar para o público que rnl pensamento é eivado de erro. Sem esta preliminar, não há invectiva po· lêmica tida por válida nos grandes centros ocidentais. A TFP lamenta ter de registrar que -

a julgar pelas noticias de imprensa - até o momento os deputados que a ela se opõem pro-

cederam ao claro arrepio destas regras da boa polêmica.

C-0nsideradas em conjunto as suas declarações, causa estranheza ver que, em vez. de analisar nossas doutrinas e citar nossas obras, eles se resl ringem a acusações vagas e imprecisas.

Outra q ualidade do dialogante ou do polemista moderno -

não formado em univer-

s idades de além cortina de ferro - é a preocupação de se mostrar imparcial. Muitos se considerariam desdourados se não reconhecessem no adversário. mesmo o mais censurado e execrando, pelo menoo alguma qualidade. Impressiona-nos a inteira ausência dessa

preocupação, nos pronunciamentos dos depu-

E deixam decepcionado o leitor imparcial, a cujo espírito ocorre naturalmente a pergunta:

então, a TFP não tem nada, absolutamente nada de bom em sua doutrina, seus métodos

e sua atuação pública? Seus jovens m ilitantes, considerados como um todo, não se distinguem por ncnh'um predicado especial dela recebido? Não haverá na unilateralidade de que assim deram mostras esses deputados, um assomo do fanatismo que tanto parece assustá-

·los quando julgam vê-lo na TFP?

••

Esta reflexão nos leva a outro traço acentuado do estrondo publicitário presente, inclu~ive nos discursos e declarações à imprensa dos parlamentares que nos atacaram. E a obstinada ausência de serenidade e objetividade na apreciação dos fatos q ue alegam. S. Excias. levantam, por exemplo, o espectro, aliás tão digno de execração, dos tolali1arisn1os ditos de direita. E, considerando na TFI' este ou aquele aspecto fugaz e secundário, forçam a nota e procurarp ver no referido as..

pccto uma analogia com o espectro. Afirmada gratuitamente es.~, analogia, partem desde logo para a conclusão apavorante: a TFP é na.zista! Como se vê, o pânico. conjugado com a ânsia de nos denegrir, leva assim a conclu·

ao trabalho de ler, sequer, nossas publicações, nem de refletir seriamente sobre nosso pensamento.

quer entidade pode ser acusada rnais ou me-

silêncio, e procede à apreciação pública das

Entretanto, o material publicado por nós é

nos de qualquer coisa. ê bem evidente que,

considerações por eles fo rmuladas. A análise dos pronunciamentos daqueles deputados federais e estaduais pode ser feita por nós num só documento, tanto porque uns

copioso, claro, e largamente difundido. Não s6 atingiram vários de nossos livros dezenas de milhares de exemplares, mas, até centenas de.

com tais' catactcrísticas, as acusações de S.

e outros mais ou menos coincidem e se com·

plotam, quanto porque o método de argumentação neles con1ido é impressionantemcnte o mesmo.

••• Comecemos pelo método, pois é ele a raiz mesma da argumentação.

Esse método impressiona pelo que tem de anacrônico. Faz. lembrar os extremos de ar.. dor polêmico. caractcrís1icos de tantas contro-

vérsias políticas do século XIX. E destoa singularmente das qualidades que todo polemista

m ilhares. Despertaram a atenção do público culto de várias nações das Américas e da Europa, onde foram traduzidos e editados. Têm sido objeto de apreciações em revistas intclec• tuais importantes.

Porém nossos ilustres opositores parecem ter se esquivado desembar·a çadamente de ler esse tão informativo material.

Compreende-se que, não fosse sua q ualidade de representantes do povo, e a dignidade das tribunas das quais alguns falaram.

•••

tados que nos atacam. Limitam ..se à invectiva.

sões totalmente alheias à rc.ilidadc e que não resistem 3 uma análise crítica feita com seriedade, friez., e objetividade. Com este método, qualquer pessoa ou qual·

Tem-se a impressão de que não se deram eles

Julgar uma entidade, ignorando os seus escritos e baseando-se tão somente na impressão fugaz q ue se teve passando rápido por um lugar onde ela estava cm ação. ou dando crédito ao episódio despido de provas que contou tal ou tal conhecido, não é abaixar o ataq ue a um nível que é impossível não quali ficar de deplorável?

Excias., devidamente analisadas por qualquer leitor medfano, ficam suspensas no ar, gua de fundamentos.

à mín-

A este propósito gostaríamos de perguntar se nossos opositores parlamentares conhecem algo da pregação cívica e da atuação pública

da TFP e de seus dirigentes, contra o totalitarismo de direita. Trata-se, no entanto, de uma fonte informativa abundan1e 1 quase diríamos torrencial. Preferimos admitir que S. Excias. ignoram esse material. Nesse caso, porém, não compreendemos como se sentem no direito de discorrer e lcv-antar acusações sobre o assunto. E voltamos assim às considerações inicfais

Estas são as ponderações preliminares que a TFP formula cm face das acusações dos referidos deputados. Em rigor de lógica, já bastariam elas para evidenciar it inconsistência ele tais acusações. Desejamos, cm próximo pronunciamento,

analisar um por um os fatos concretos alegados por aqueles deputados como fundamento de suas vácuas acusações, e mostrar até que

ponto a tais fatos falta realidade precisamente cm razão dos defeitos da metodologia acima indicada. Não queremos, entretanto, encerrar as presentes considerações sem uma última observa.

ção.

Nosso modo de ver os referidos depu-

tados nós não o ciframos no que nos. sugeri· ria a aprcdação des.sa sua atitude cm relação à TFP. Deputados que são, têm eles direito a que se lhes atribuam a priori as qualidades inerentes à sua alta investidura. Se, num hia· to de paixão, tiveram uma atitude que merece

os reparos que aqui fazemos em legítima defesa, cremo-los desde logo aptos e propensos a um diálogo cordia-1 e construtivo, escoimado das parcialidades e das demasias a que tão facilmente conduzem as polêmicas. A tal diálogo os convidamos com a cordialidade que todos os bons brasileiros são sempre sequiosos de introduzir cm suas mú-

cuas relações.

••• Eslava

concluído

este

pronunci3mento

quando um órgão de imprensa paulista publicou ainda outras decl~lrnções de vários depu-

tados, contrárias à TFP. Como -a respeito delas cabe dizer cm linhas gerais o mesmo que acabamos de afirmar relat ivamente às decla-

rações dos deputados acima já mencionados. nada temos a acrescentar ao que aqui rica dito.

São Paulo. 21 de maio de 1975 O CONSELHO NACIONAL DA TFP PLIN IO CORRÊ.A OB OLIVEIRA

Presidente FURNANOO FURQUIM Otl ALMEJt)A

suas apreciações não despertariam qualquer interesse em leitores verdadeiramente imp3rciais

sobre a importância absolutamente óbvia de

Vicc· Prcsidentc P AULO C-ORRÊA ou 8 111To Fu.110

e cultos.

não se atacar aquilo que não se conhece bem.

Secretário

moderno timbra cm os-tentar em suas atitudes.

Há atualmente, de modo geral e bem ao contrário do q ue acontecia no século passado, certa incompreensão para com a polêmica. O

2.

diálogo é hoje em dia o meio largamente preferido para dirimir as pendências. E, mesmo

-

Ante uma agressão polêmica apaixonada, elementos para u,n sereno diálogo

quando surge alguma polêmica, esta procura assumir quanto possível as notas de objetivi• dade e serenidade que devem distinguir o diálogo. Isto não se nota no caso presente. Os pro• nunciamcntos dos vários deputados contra a TFP não fora m precedidos dá parte deles de qualquer demarchc elucidativa e cordial junto aos dirigentes da entidade. Esta se viu agredida de súbito, através da imprensa ou do alto

E

da 1ribuna, pelas mais variadas acusações, as

tra ela têm feito invectivas.

No segundo caso. incluímos crilic.as con· trárias a toda verossimilhança, que a mais li·

quais uma elucidação prévia poderia ter facilmente evitado. Ditas acusações, dogmaticamente afirmarivas e formuladas cm tom de invectiva, foram

Para 1al efeito. analisou globalmente, cm nível de diálogo, a lguns aspectos das referidas

geira indagação - un, telefonema à TFP. por exemplo - teria elucidado de modo simples

Claro cs~á que, à vista do enxame de objeções que contra nós vem lançando o estro ndo

críticas. Hoje, e sempre rumo ao diálogo, analisará em concreto dezessete dessas invectivas,

e imediato. Críticas indicativasJ pois, de um

estado de espírito efervescente. no qual o

d0-~de logo aproveitadas por certa imprensa.

merecedoras de especial atenção. ou pelo as-

boato calunioso, mistcriosamen!e pos,to em cir•

publicitário, é impossível abordar todos os assuntos neste suscitados, pelo que a escolha dos temas aqui tratados é algum tanto arbitrária.

2

M COMUN ICADO anterior, publicado no dia 21 do corrente, a TFP propôs um sereno e cordial diálogo a personalidades que, ultimamente, con-

sunto tratado, ou pelo que deixam transparecer

colação, facilmente se propagc, e chega a con·

quanto ao clima psicológic-0 no qual nasceram e tiveram curso.

vencer pessoas dignas ele respeito. E isto a tal ponto que, aparentemente sem maior análise. «ais pessoas as levam, oralmente ou por escrito,

ao conhecimento do grande público.

'


ÍNDICE DA MATÉRIA Não raras vezes as questões pessoais são as que mais apaixona.m. Para evitar que o prc. sente comunicado desperte suseeptibilidades aptas a entravar o diálogo, replicaremos, pois, às objeç~ sem mencionar o nome dos objetantes. As acusações de que· somos nazistas ou na. zi-fascistas têm sido veiculadas com um a tão completa carência de provas, que, para enta· bular diálogo a tal respeito, tivemos de tentar uma concatenação interpretativa das vaguíssimas indicações de que elas se fazem acorn panhar. Esta concatenação tem, pois, algo de hipotético, que poderá ser objeto de análise no diá· logo.

N .0

1 . A TFP n ão é de extremo direito

N .º

2 . A TFP não é nozi-foscisto 3 . A TFP não é subve rs ivo

N .0 N.º

4 . A oçõo públ ico e os insignios do TFP nodo têm de nozisto

N.0 N.º

5 . A TFP não é fonótico 6 . Suo otuoção não p rovoco

4

1.

0.8JEÇÃ0 -

A TFI', corno organização de extrema direita que é., e o Par

7

N .º

8. A TFP não exerce otividades mono rquistos

N.º

9 . Os e lementos do TFP não se

N.0 13 . A TFP nõo invode o esfera de o çõo dos JXl rtidos 14 . A s rela ções do TFP com os congêneres do Exterior nodo têm de iIícito

0

N.

N.0 1 S . Os elementos do TFP não ocotom openos o lgrejo do ldode Médio, mos o lgrejo de sempre 0

N.

16 . A TFP não ofende a liber-

subtraem oo dever de votor

4

tido Comunista constituem os dois extremos do horizonte ideológico brasileiro. Logo, assim como se reprime um extr emo. a coerência manda que se coíba o o utro.

c resc imento do esque rdo A TFP não pretende o m onopólio do o nticomunism o

N.

0

N. 0 1 1 . A TFP não é u m o entidode poro m ilito r N .0 12 . A TFP não procu ro coagi r os setores de decisão nocional

N.º 1O. O finonciomento d o T FP no-

dode individuo!

N.0 17 . O recruto m e nto do TFP no-

do tem de m isterioso

do tem de est ilo noz isto

RESPOSTA -

A objeção prescinde de qualquer conceito moral. Com efeito. não é conforme l, moral cristã afirmar quej q uando duas doutrinas discordam inteiramente uma da o utra, nenhuma delas é boa. Boa é a q ue contém a verdade. Má é a que contêm o erro. E. quando a verdade e o erro entram em polêmica, é injusto condenar a um tempo aquela e este. Objetará alguém q ue em tal injustiça cs1á o único meio de abafar as contendas e implantar a paz. Deve-se responder. com Santo Agostinho, que a paz é a tranqüilidade da ordein. e não a estagnação dos pântanos. E não h~\ ordem onde a injustiça impera. Vejamos uma aplicação prática destes princípios. A doutrina católica foi ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo e pelos Apóstolos no início de nossa era. A Igreja Católica vem continuan• do essa pregação até nossos dias, e continuará a fazê-lo até o íim do mundo. A ninguém passa pela cabeça de considerar a Igreja Católica como extremista, pois Ela é a Mestra infalível da Verdade, a continuadora fidelissima clAquele que disse: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo. 14, 6). Ao longo dessa trajetória de já vinte séculos. um incidente se produziu. Karl Marx enunciou uma doutrina q ue é o extremo oposto da católica. Na lógica do r.osso objetante, ipso facto a doutrina católica teria passado a ser extremista. E a Igreja de Deus deveria ser tão reprimida quanto o Partido Comunista. E isto - note-se bem - não porque tenha havido qualq uer modificação intrínseca na Igreja, mas tão somente porque, em dado momento, alguém resolveu proclamar o extremo oposto do que Ela ensina!

OBJEÇÃO -

.Como em nosso século • o extrem o oposto do comunismo foi o oaziasm o, a posição absolutamente contrária ao comunit;mO ton1a a T F P ipso facto suspeita de nazista.

2

RESPOSTA -

Muitos críticos perspicazes do nazismo puseram em evidência que. a despeito de seus estrondosos entrechoques com a Rússia, ele não foi o cont rário do comunismo. Na direção dos assuntos internos da Alemanha, pol.íticos, sociais e econômicos, o na· zismo - que se in1i1uJava, oficialmente, socia lis1a - apresentava muitas carac1erísticas que o assemelhavam com o comunismo. E é lícito conjccturar que, se tivesse vencido a Segunda G uerra Mundial, Hitler teria arrastodo a Alemanha, e depois a Europat para formas comunistas de Estado, sociedade e economia. Assim , nazismo e comunismo absolutamente não constituíra_m, no plano doutrinário, extremos opostos. E não faz sentido suspeitar a TFP de nazista com base no fato de que ela é inteiramente anticomunista. 4

Em eonseqiiêneia, a TFP pode a priori ser considerada nazista, o u pelo menos na?lstóidc. P elo q ue, é obviamente uma sociedade subversiva.

3.

OBJEÇÃO -

RESPOSTA - Objeção refutada no item anterior. Acresce que, antes da Segunda Guerra Mundial e ao longo dela, quando ainda não existia a TFP, os veteranos dentre os dirigentes desta, os qua is já tinham idade para tanto, conslituíram dentro dos meios católicos, trabalhados pela infiltração nazi-fascista, um dos núcleos de reação mais deddidos e corajosos. Pelas páginas do " Legionário", órgão católico de São Paulo que dirigiam, conduziram durante cerca de 'd ez anos uma luta inflexível contra o nazismo e o fascismo. Posteriormente, através do mensário de cultura "Catolicismo.., da Diocese de Campos. continuaram na mesma luta até o dia de hoje. Esse mensário é dirigido, e difundido cm todo o País, por sóciot e m ilitantes da TFP.

Não sendo fácil encontrar em bibliotecas públicas as coleções desses órgãos, esta Sociedade se dispõe de bom grado a facilitar aos interessados a consulta deles, em suas sedes. Acusar a TFP de nazi-fascista é, como se vê, flagrantemente contrário à realidade histórica.

OBJEÇÃO - Por seus esJa ndartes e 4. pela açãc, pública de seus grupos de jovens, a TFP liemb.ra o movimento naz.tsta

nascente:. Não é cabivel suspeitar esta Sociedade de nazista, única e exclusivamente porque exerce sua . ação pública atrav~s de grupos de jovens e usa estandartes. No seculo passado e neste século, incontáveis mov1mc~tos de índole religiosa, social, política ou cantativa têm utilizado jovens para propaganda cm vias públicas e têm desfraldado ~standartes. Para demonstrar que nossos Jovens e nossos estandartes têm algo de naz.ista, seria pre~ ciso indicar aspectos de uma concreta e ponderável afinidade dcl0-• com formações de juventude e estandartes nazistas. Tais aspectos, ninguém os mencionou. E não existem: Esc.larcceremos de bom grado alguém q ue ,magme vê-los na atuação de nossos jovens ou em nos· sos estandartes.

RESPOSTA -

5.

OBJEÇÃO -

Os elementos da "lFP silo

fanáticos.

RESPOSTA - Que sejam entusiásticos é óbvio. - E que há de mais louvável do que entusiasmar-se alguém pela defesa da tradição, da familia e da propriedade, ameaçadas por tantos fatore$ na sociedade contemporânea? Não confundamos. porém, entusiasmo com fanatismo. Ai das civilizações que menosprezam o entusiasmo e dele desconfiam! Sua alma se estiola e elas tendem ao declinio. Entusiasmo é o amor ardente por ide.ai~ verd'.1dciros e elevados. Ele inspira dcsprendimcnio, dedicação, operosidade. Fanatismo. é adesão ardente a objetivos falsos. Ele inspira crueldade, íalsidade, desordem. Se alguém imagina ver na TFP algum traço de fanatismo, cumpre que o a-ponte cm con.. ereto e circunslanciadamente. Estamos certos de lhe poder for necer elucidações inteiramente tranqüiliza.doras a l'espcito.

6•

OBJEÇÃO -

"A existência de urn organismo anticomunísta com o a TFP po-

derá ensejar o pretexto para que se forme u.ma organização de extrema esquerda como reação".

RESPOSTA - Singular objeção, a qual parece pressupor que no Brasil jamais houve, nem há, organizações de ex1rema esquer_da_. e que a TFP, a q ual seria de extrema direita, cria. por isso mesmo. o risco de que elas apareçam. A ver dade histórica óbvia é q ue o aparecimento das primtiras organizações comunistas no Brasi.l não foi provocado pela existência de q ualquer organização de direita, já q u_e e2as começaram a se forma r e a provocar a~otaçoes pouco depois da Grande Guerra, ou sCJ3, quarenta anos antes de ser fundada a TFP. E de J9 J8 para cá o comunismo, muito desenvolvido, não tem ' cessado de atuar em nosso Paí~. Segundo a objeção, o número das organizações comunis1as crescerá se crescer o número das organizações anticomunistas. Daí se concluiria que o melhor meio de combater o marxismo está cm não constituir associações que o combatam. - Isso não será, pelo contrário, um exce lente meio para retirar obstáculos no caminho dele? 4

OBJEÇÃO - "A TFP é um órgão civil q ue se arroga o privilégio da salvação nacional das insütuíções da famílía, p~tria e

7•

tradição, Ex.istc estr uturn administrativa legal para prover à preservação dessas instituições".

=RESPOSTA -

A TFP se vota à deresa da tradição, da família e da propriedade. Nunca, porém. se arrogou o privilégio - ou seja, .ª atribuição exclusiva para si mesma - de agir a bem desses nobres ideais. Jamais se poderá apontar qualquer prova que esteie tal acusação contra esta Sociedade. Seria, aliás, o maior dos a~surdos que ela se julgasse em condições de levar a cabo sua tarefa, prescindindo das Forças Armadas, de todo o aparelho polítieo.-administrativo do Estndo, da Igreja, da família, etc. Segundo a doutrina católica, fielmente seguida pela TFP. a defesa e o incremento da tradição, da famílk1 e da propriedade tocam, nas respectivas esferas, e de modo absolutamente primordial , à própria família, à Igreja e ao Estado. As entidades privadas, das q uais a TFP é uma, podem e devem colaborar nessa missão. Mas obviamente em ntvel subordinado e secund;í.rio.

8.

OBJEÇÃO -

A Tf'P atua cm prol da r estauração da monarquia no Brasil.

RESPOSTA -

Como 6 sabido, as formas de govern~ são três: democracia 1 aristocracia e monarquia. Consideradas no plano meramente doutrinário, isto é, da filosofia e da Revelação, ns rrês fo rmas estão de acordo com a moral e a ordem natural das coisas. 1:. o que ensinam São Tomás de Aquino e os Papas, notadamcnte Lelio XIII. Os católicos, neste plano, são portanto livres de optar entre elas. Para tal opção, contudo, não basta ficar neste plano. Também é preciso levar em conta as condições culturais, históricas, sócio-e~onômicas e políticas, essencialmente mutáveis segundo os países e os tempos. Na avaliação de todas essas circunstâncias, ;t Igreja não inter· vém. e cada carólico deve fo rmar suas convicções pessoais. Isto posto, e tomando cm consideraçã? as circuns,âncias do Brasil hodierno, a TFP afirma q ue a restauração da forma de governo monárquica não é desejável, nem praticável, na presente era histórica. Em consonância, esta entidade jamais agiu no sentido de influenciar o ,público para mudar a forma de governo vigente. E ninguém poderá apontar um fato que desminta essa asserção.

9.

OBJEÇÃO - Sendo monarquistas, os elementos da TFP se abStêm sistematicamente de exercer o direito de voto, e preferem pagar, em conseqüência. a m ulta cor.. respo ndente.

RllSPOSTA - Os elementos da TFP exercem sistematicamente seu direito de voto. do que facilmente se pode certificar q ualquer objetante, indo às nossas sedes, e rogando que se lhe mostrem os títulos de eleitor competentes. Exceto num clima de excitação psicológica cxtraor,d inária, não é possível compreender como boatos tão inverossímeis quanto este podem circular e ganhar a confiança de pessoas respeitáveis. Esta objeç~o caracteriza com eloqüência a atmosfera psicológica criada pela efervescência da campanha de boatos contra a TFP.

1O•

OBJEÇÃO - A TFP é f ínanciada por orgitnizaçõcs econômicas cujos objeti. vos ni,nda não é po~ível identificar.

RESPOSTA -

A vida econômica e fi nanceira da TFP nada tem de enigmático, pois ela publica semestralmente seu balanço (com a respectiva demonstração da despesa e d~ receila) no Diário Oficial e na Imprensa quoto-

diana, e n'iio tem dúvida cm fornecer sobre essa matéria as iníormações pedidas por quem, com idoneidade e .serenidade, q ueira conhecêlas. de espantar que com esses balanços à mão e com a possibilidade de nos pedir os por~enores competentes, algum objetante levante gratuitamente tal suspeila.

e

11 •

OBJEÇÃO -

A TFP promove treina-

mento paramilitar, provoca agitatão e conflito nas ruas. Seus elementos, não raras vezes, andam com metralhadoras.

RESPOSTA - A acusação de paramilitar contra a TFP é insisten!e. Absolutamente tão insistente qua1\to é o vezo, nos que a veiculam, de não mencionar em abono dela nenhuma prova, ou mesmo indício digno de no1a . A esta acusação, a TFP responde categoricamente: não! E solicita aos acusadores que exijam provas. ou pelo menos indícios sérios, das pessoas que lhes tenham levado tal informação. A partir de 1969, quando os terroristas fizeram explodir uma bomba cm nossa sede da Rua Martim Francisco, cm São Paulo, e provocadores comunistas começaram a agredir fisicamente os nossos elementos empenhados cm cnmpanhas, estes iniciaram curso de De· {esa Pessoal, esporte absol.utamente legal, praticado igualmente em todo o Brasil por m ilhares de jovens alheios à nossa entidade. Nossos elementos adquiri ram, também. a parlir daquela ocnsião. armas legais, obtendo sempre o respectivo ,porte de arma. Especial mente visados pelos comunistas, era natural que assim procedessem, imitando, também neste caso, milhares de outros brasileiros. Num e outro ponto, uma imaginação normal não poderia ver qualquer prova de militarização. Quanto ao suposto uso de metralhadoras por nossos elementos, circulam à,s vezes acusa• ções, sempre absolutamente destituídas de provas. Na reo.,lidadc, a TFP jamais teve, nem tem em seu poder, nem metralhadoras, nem quaisq uer outras armas ilegais. Quanto à acusação de q ue provoca desordens e agressões, a TFP só tem uma resposta: provem-nos nossos acusadores que o fizemos pelo menos uma vez. 4

12•

O BJEÇÃO - A TFI' procura coagir os setores de dedsiio nacional.

RESPOSTA - Ainda neste caso, só num clima de excitação febril pode alguém imaginar-nos dotados de recursos para tentar. sequer, tal operação. Também aqui, a acusação ci rcula desacompanhada de provas. A TFP lhe responde com um categórico: não! OBJEÇÃO - A TFP exerce atividades 13 • privativas dos partidos políticos. E, como tal, infringe a lei.

RESPOSTA - Em termos tão vagos e genéricos esta objeção não pode ser respondida. ' .. - A objeção inclui todas as nossas at1v1dades? Só algumas? Neste caso quais? No que invadiriam elas a esfera privativa dos par~ tidos políticos? Sem especificações a esse respeito, não é possível dialogar. OBJEÇÃO " I ndiscutivelmente a 14• TFP já tem ramificações inter nacionais, como no Chíle e na Argentina (AAA)",

RESPOSTA -

Muitas das obras emanadas da TFP brasileira repercutiram na~ três Américas e na Europa, sendo em conseqiiência traduzidas e editadas em vários países de ambos os contii\entes. Despertaram elas interesse, sobreludo em jovens. Daí nasceram contactos, visitas à TFP brasileira e posteriormente a formação de TFPs em diversos países. Estas últimas constituem entidades autônomasj ligadas entre si e com a TFP brasileira pelos vínculos de uma frater na união de ideais, e pela colaboração em diversos pontos, como a participação em Semanas E.spccializadas de ~ormação Anticomunista, permuta de pubhcaçocs, etc. Tudo isto é perfei tamente legal e normal, máximc em nossa época, na qual as entidades congêneres de toda e.spécie, religiosas, cu_llurai~, científicas, esportivas, etc., procuram .mtens1· ficar e aprimorar sua ação cm plano internacional. Desta colaboração entre as TFPs, jamais foz mistério a TFP brasileira, que até, pelo contrário, a 1em noticiado em suas publicações. e injusta e ofensiva a adjunção, ao texto da objeção, da sigla AAA, que designa uma organização terrorista d~ direita da Argentina. Se o objetanle teve o mtmto de insinuar por aí que a TFP brasileira tem q ualquer fo rma de relação com aquela organização! está no dever de o afirmar claramente, aduzindo as provas competentes. 3


Conclusão da p ág. 3

A TFP EM LEGÍTIMA DEFESA Est...s n unca serão exibidas, pela simples razão é.e q ue a TFP brasileira (e também a TFP argentina, disto estamos seguramente informados) não tem o menor contacto com a AAA, da qual discrepa obviamente, do modo mais categórico.

15 •

OBJ EÇÃO -

A TFP constitui u~a

tentativa ridJcula de restaurar nos d,as atuais a Igreja medieval e o mundo medieval.

RESPOSTA -

Quanto à Igreja, Ela é una, desde Nosso Senhor Jesus Cristo até nossos d ias e de nossos dias até o fi m dos tempos. Nãd 1cm sent ido restaurnr uma Igreja medieval , como se t ivesse morrido e agora pudesse renascer. substituindo o que se chamaria a Igre ja

contemporânea, Quanto à restauração do mundo medieval. q ue sentido tem essa expressão? Tratar-se-ia, por exemplo, de retroceder do sistema viário ou hospitalar de nossos dias para os daquela época? Q uem pode pensar nisto? í:. verdade q ue a Idade Média teve lados admiráveis, que leão XIII assim descreve: "Tempo houve cm que a filosofia cio Evangelho governava os Estados. Nessa época, a influência da sabedoria cristã e a sua virtude

divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações ela sociedade civil. Então a Religião instilUída por Jesus Cristo, solidamente esta. belccida no grau de dignidade q ue lhe é devido, em toda pnrte era florescente, graças ao favor dos Principes e à proteção legítima dos Magistrados. Então o Sacerdócio e o Império estavam ligados entre si por uma feliz concórdia c pela permuta amistosa de bons ofícios. Organizada assim u sociedade civil deu fru tos superiores a tod~ expectativa, cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está cm inúmeros docurncntos q ue artifício algum dos adversários 1>odcrá corromper ou obscurecer" (Encíclica "lmmorrnle Dei", de 1. 0 de novembro de l 885 - "Bonne Presse". Paris, vol. li, p. 39). f bem evidente que m uitos dos traços deste quadro foram tragados pela imensa Revolução iniciada com o Humanismo, a Renascença e o Protestantismo, a qual em nossos dias des.. rccha no comunismo. no c.struturalismo, no marcus:ianismo, etc.

O ra, tais traços, que brilharam ria Idade Média com fulgor especial , conti nuam a constituir um ideal permanente da Igreja e de todo coração católico, pois correspondem aos ensina.. men1os do Evangelho, à o rdem natural das coisas, ao normal relacionamento entre as sociedades espiritual e temporal. A TFP de fato deseja a restauração destes valores perenes. Tem sido muito alegado cozno indício de nosso pretenso fanatismo medievalista, o uso, em ação pública, das conhecidas capas rubras. Ora, é óbvio que estas nada têm de definidamen1c medieval, ;tpresentando semelhança tam. bém com trajes de o utras épocas. Mais ainda , tem sido aponrndo como indício de medievalismo fanático (e por que fon5tico?) o nosso estandarte rubro. timbrado pelo heráld ico leão rompante. Aqui, sem dúvida, é possível notar analogias co m a Idade Média. O leão rompante, por exemplo, é um símbolo da heráldica medieval. Mas cs1~1 última é um valor da cullura do Ocidente, e como Lal continua. aceilo pelas nações mais modernas. Por esta forma. grande. número, e talvez até a acentuada maioria, do$ mu nicípios do Brasil republicano escolheram brasões inspirados na heráldica medieval. O da progressista

e superindustrializada São Paulo, por exemplo. Em nossos dias, o gosto pelas coisas me· d-ieva is renasce, aliás, nos mais variados países da Europa e da América, inspirando a rea lização de torneios, festas folclóricas. encontros sociais cm estilo medieval, d iscos de música medieva l, etc .. . Esta revivescência~ que não tem vinculação com q ualquer grupo ou corrente doutrinária, vem sendo largamente no ticiada por m últiplos ó rgãos de imprensa. U m dos países em q ue esse novo surto mais se tem acentuado são os moderníssimos Estados Unidos. Talvez esses dados ajudem alguns de nossos críticos a ver nosso estandarte sem os ar· repios que, provavelmente, não sentem diante de fotografias de certos estruturalistas contemporâneos, os quais advogam a voltâ ao período da pedra lascada. . . e se "vestem" ''en conséquence". OBJEÇÃO Os, membros da T F f 16• "ofendem os mais elementares pr inc,pios da liberdade indívidual. São espíritos perversos, nostálgicos da Idade Média e da Inquisição".

Damos assim por co ncluída a exposição e análise de muitas das acusações e suspeitas lançadas contra a TFP ao longo do bem articulado e possante estrondo publicitário que cozncçou imediatamente após a campanha por nós promovida coi,tra o d ivórcio. Como o leitor poderá verificar em nosso anterior comunicado e no q ue hoje publicamos, este estrondo vem criando ambiente. cm certos setores, não para uma análise serena e imparcial dos fatos. mas para uma crítica de suspicácia febricitante e agitada, pronta a dar o u• vidos aos boatos, paixões e dcmasias mais va.. r iados. Quanto à acusação lançada sem provas. os mais comezinhos princípios de justiça a condenam. Nosso povo sabe perfeitamente o que pensar a propósito. Dela, portanto, nada mais d iremos. Porém, a par de acusações, fomos também vítimas de suspeitas. Digamos uma palavra a respeito, pois a fermen tação das suspeitas é eíicacíssima em estrondos publicitários como este . Num clima normal a suspeita só nasce q uando há para isso indícios tangíveis e proporcionados. Respeitando o direito de todo homem à sua própria d ignidade e reputação, a suspeita ponderada analisa d iscreta e atentamente os raios, antes de tomar corpo. Tomando corpo, ela procura o diálogo cordial e se· reno com o interessado, antes de passar a outras providências. No campo das providên· cias. a suspeita serena procura como primeiro passo :1 autoridade compelente, a quem comunica sempre discretamente suas apreensões. E só mais tarde, cm circunstâncias excecionais, passa a dirigir-se ao público. í:. q ue a pessoa de csp!rito sereno, respeitosa dos direitos de oulrem, sabe que a suspei1a. por sua própria natureza, talvez vise pe$$0a inocente. E que da suspeita trombeteada para o público se pode d izer o que Voltaire dizia da mentira: "Mcn· 1i, menti, qualquer coisa ficará sempre". Assim se pode afirmar rnmbém: " Divulgai,

-

DEVEM SER AFASTADAS DA COMUNHAO AS PESSOAS IMODESTAMENTE VESTIDAS Da Instrução da Sagrada Congregação do Concílio contra a imoralidade das modas feminim,s:

S MENI NAS , e .renhor,u· que _se apre:·enttu·e,!'. imo<lesum~ente vestid?s, sejam (1/astadas da Sagrada Comunlwo, e na<> admwdas a servir de ,nadrmha~· 110.r St,crame,uos tio Batismo e dt1 Con/irmaçlío. e, sendo caso disso, ;mpeça-se-lltes a enrrtula 110 l<miplo. - !,Inst rução da Sagrada Congregação do Concílio contra à imoralidade das modas fe m ininas. de 12 de janeiro de 1930, apud D. José Alves Mattoso. Bispo da G uarda. "Os Sacramentos em conformidade com o Cód igo de D ireito C•· nônico", Casa Editora - União Gráfica, Lisboa. 2.3 edição, 1936, p. 86).

4

postura do que a uma discussão

autêntica.

Exemplo característico de um gênero que não encontra lugar num diálogo elevado e conforme os padrões hodiernos.

17.,

OBJEÇÃO -

A TFP adota uma forma

de recn1tnr P. de aliciar jovens que demonstra fana tismo.

RESPOSTA -

O objetante não menciona qual seja esta forma, oem o que nela haja de fanático. Na realidade, não adotamos fo rma específica de recrutamento. A exposição franca e cordial de nossas doutrim,s, feita pelos sócios ou militantes nos respectivos ambientes, atrai certo número de jovens para se aprofundarem no assu nto, ouvindo conferências cm nossas sedes e participando de nossas semanas de estudos. Também a larga difusão de nossos livros é própria a atrair novos elementos. Como se vê. nada há de mais corrente e até de mais convencional do que nosso processo de recrutamento.

Palavrt.s ,. 011i1aiiú> piil,lica l1ra.sileira.,. que ,aiio c rê ,ao <.u,;tro,a,lo 111,blicitário 1ae11a 11or el-e se interetJstl(

Verdades esquecidas

A

RESPOSTA - Modelo de acusação vaga, confusa. muito mais própria a uma dcscom·

divulgai vossas suspeitas. qualquer coisa ficará sempre''. O atual estrondo publicitário percorreu caminho exatamente oposto ao da suspeita sei:ena. Ele começou da tribuna, cxpandiu..se com surpreendente celeridade nas páginas mais destacadas de cerra imprensa, no rádio e na televisão, e criou e vem mantendo um fervil har incessante das imaginações, próprio a dar corpo a novas suspeitas ainda mais inverossímeis. No momento ele procura lançar uma espécie de moda pela qual seja propagandístico, sobre· tudo para certos políticos desejosos de popularidade junto a um eleitorado que imaginam esquerdista. ostentar suspeitas contra uma en• tidade anticomunista como a TFP, e, em conseqüência, pedir contra esta uma investigação. Abramos um parêntesis para fazer notar aqui q ue, do estado de espírito - o q ual diríamos desvairado - que nasce desses mane·jos, dá bem idéia este fato. Enquanto diversos pedem contra a TFP uma investigação infundada e de insultantes conotações, outros vão mais longe. E exprimem p ublicamente o desejo de q ue, antes mesmo· de iniciada a hwestigação ped ida pelos primeiros, o Sr. Governador de São Paulo revogue o decreto estadual de 1965 que declaro u a TFP de utilidade pública. Ou seja, o usam pedir ao primeiro Magistrado paulista que reprima o que não está provado, e repreenda quem não foi ju~gado. Poucos lances manifestam melhor a psicologia despótica e apaixonada do estrondo publicitário que se vem atirando contra esta Sociedade. Fechado o parêntesis, voltemos à iiwestigação de âmbito [cderal q ue o estrondo publicitário uiv:, por abrir contra a TFP. DcscnvoJ. vendo-se num clima psicológico influenciado por esse processo de preparação da opinião pública, seria tal investigação acompanhada passo a passo pelo crescer do estrondo, cada vez mais apto a obliterar os critérios de julgamento da opinião pública. Tudo con1 o evidente fr uto de inutilizar para o futuro a ação desta Sociedade. Com quanta alegri a e com que proveito para os comunistas e e.s qucrdistas de todo o naipe, já tão notavelmente reativados nos d ias que correm, nem é preciso dizê-lo! Em C{)ntrastc com esses aspectos característicos do estrondo publicitário, a TFP encerra seus comunicados, deixando aqui os elementos para um diálogo sereno, ao longo do q ual as Suspeitas contra ela levantadas reíluam, do acuai ex,--avazamento, para o terreno do bom senso e dos bons métodos, o ·p or fi m para a elucidação. Não sabemos se este comunicado terá junto aos corifeus da suspeita , o mesmo resultado

q ue o primeiro: o de ser pura e simplesmente ignorado. De qualquer rorma ficam eles pu· blicados, e passarão para a história de toda esta seqiiência de fatos. Só o diálogo pode conduzir ao curso razoável das coisas. E, a esta altura dos acontecimentos, .só o diálogo escrito: "scripta manent .. . ••• o que está escrito permanece. Na era de o nipotência da propaganda que é nosso desvairado fi m de século, o processo cscolhido 1 de espalhar propagandisticamentc a suspeita e subtrair-se ao d iálogo, deixa prever a futura argumentação de nossos contendores: depois de generalizada anificialmcnte a suspeita, afirmar que ela se tornou geral e por isto se justifica por si mesma. Isto é, a di fa mação procurando ganhar consistência não por argumentos, mas pela generalização vitoriosa do boato. • _ _ Entidade privada que é, a TFP nao d1spoe dos recursos materiais para opo r à detração. ao boato e à suspeita, uma contrapropaganda que acompanhe as proporções em que aqueles vão crescendo. Esta Sociedade dirige aqui uma palavra de alerta aos espíritos sensatos e justos. Queira Deus q ue esses saibam suspeita~ .. . da objetividade dessa campanha de suspeitas. Há motivos para esperá-lo à vista da total falta de assentimento, da indiferença evidente com que, exceção feita de certos círc~lo! pol_fticos e propagandísticos restritos, a opm,ao publica nacional vem presenciando c,ssa singular sara• banda da detração e do boato. . . Esperamos vivamente que o povo brns1le1ro, subtil, perspicaz, fundamentalmente mode rado, continue, como até aqui, lucidamente 1nfenso ao estrondo que se propaga. São Paulo, 29 de maio de 1975 O CONSELHO NACIONAL DA TFP PLtNIO (.'()RRÊA DE OLIVEIRA

Presidente FERNANDO FURQUIM OE ALMEIDA

Vice-Presidente PAULO CORRÊA DE BRITO FILHO

Secre1ário

Por motivos técnicos, este número de "Catolicismo" está sendo publi· cado com atraso. . .

MENSÁRIO tom :i;pron(;ãO cde~i:lslic:.1

CAMPOS -

ES'I', 00 RIO

01RITTÔR

Josli

CARi.OS CAS'TIUI(> DB ANORAl>E

Oirctori.t: Av. 7 de Setembro 247, C:.lix:i. poornl 333. 28 100 C:\mJ)ôs., RJ. Adminl.strn('iiO;

R. Dr. M.ininico Prado 271, 01224

S. J):mlo.

Composto e imprc.sso na Cfo. lithogtaphica Ypir'.i11ga, Ru.i C:,de1e 209, S. Paulo. Assinatura :inual: connun CrS 50,00; coopcr;1dor CrS 100,00; ~nfe itor CrS. '2~.00; grande bcnfci1or CrS 400,00: semmarJ!>tas e ~tud:\ntes CrS 35,00: América do S~I e Central: via de ~uperíície USS 6.SO,)v1:, ttérea USS 8,00; América do Nortç: l ortugàl, Espa!lha, PrO\'Ínc!a~ ullram:.lnnas .e Colóni;.ls: via de supcrf,c,e USS _6,Sô, via :iérca USS 9.SO; outros países: via de su• perfkie USS 7.SO, .,.fo a~rc:i USS 13,00. Venda :wulS:.'1: CrS 4,00.

Os pagamentos. sempre cm nome: de Editoro Padre Bclchlor de Pontes S/ C, PO· derão ser cncami11hados à Admini~trnção. Pnm mudnn(.i d e endereço de assinttntes, é nccess.4rio mcncio11:1r também !> cndcreç~ antigo. A corre5pondéncia rcl:'llt\'3 ~ ass1· nàturas a ,,enda avulsa deve ser enviada ;\ Adminfs1r:1çrio: R. Or. M:trtlnico Prado 171

01?24 S. l'»uto

" Catolicismo" convida seus leitores e amigos para assislirem à Santa l\1issa que fará re1,ar por alma de seu colaborador

Prof. JORGE HADDAD .O ato religioso será celebrado pelo Exmo. Bisp<) Dfocesano, n.o dia 26 de junho, às 9 ho ras, na Capela do Palácio Episcopal.


Prelados de todo o Brasil felicitam D. Mayer pela P,astoral contra o divórcio A PR OPôSITO da publicação de sua Carta l'astoral "Pelo casamento indissolúvel", o Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer recebeu expressivas mensagens de congratulações de ilustres Arce,bispos e Bispos brasileiros. Reproduzimos abaixo o teor das cartas e cartões enviados à S. Excia. Revma.: Emmo. Rcvmo. Sr. Cardeal D. Vicente Scherer, Arcebispo de Porto Alegre: "Cordialmente agradeço a V. Excia. a amável remessa da Carta Pastoral cm que expõe lucidamcnte a doutrina católica a favor da indissolubi lidade do casamento. Os princípios, evidentemente, são claros e certos aos católicos fiéis à sua fé e coerentes com ela em quaisquer circunstâncias da vida. Os chefes divorcistas, no entanto, não os aceitarão, pois bem prevêem que numerosos casais católicos se aproveitarão, apesar de tudo, da possibilidade de rompimento do vínculo conjugal e procurarão novos· amores. Meus parabéns pelo trabalho ao q uai auguro ótimos !'rotos". Exmo. Revmo. Sr. D. Afonso Nichues, Arcebispo de Florianópolis: "Cumprimenta e agradece ao prezado D. Antonio de Castro Mayer pela publicação da Carta Pastoral " Pelo casamento indissolúvel", clara, sólida e oportuna. Deus proteja a família cristã!" Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio Ferreira de Macedo, Arcebispo Coadjutor de Apare.cida: " Recebi o exemplar de sua feliz e bem inspirada Ca rta Pastoral sobre a ind issolubilidade do matrimônio. Aceite os meus cumprimentos pela idéia de fazer essa publicação justamente na ocasião em que se debatia a questão no Congresso com o propósito de favorecer a proposta do Senador Nelson Carneiro para introduzir o divórcio na Constituição brasileira. Felizmente a tese do dito Senador não passou, inclusive a tese do Deputado Ai,·on Rios. Mas, resta ainda a tese do Deputado Dourado. Provàvelmente não alcançará o número de dois terços, a não ser que haja alguma traição, quod Deus avertat. Além da boa doutrinação, temos que rezar muito, porque o demônio parece que está solto!" Ex.mo. Revmo. Sr. D. Antonio Maria Alve,s de Siqueira, Arcebispo de Campinas: "Com imenso agrado recebi a Pastoral de V . Excia. contra o divórcio. Venho agradecer-lha. Possa ela, com efeito, constituir poderosa defesa da Família Brasileira, tão comprometida em sua integridade. Pedindo a Deus que recompense e frutifique sempre mais o zelo pastoral de V. .Excia., aqui fica o amigo e irmão em Cristo'', Exmo. Revmo. Sr. D. Geraldo Fernandes, Arcebispo de Londrina, Vice-Pre,sidenlc da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil: "Cumprimenta com respeito e abraça com carinho, agradecendo sua Carta Pastoral que li com atenção º inquisidora,, face à acusação de alguns que provavelmente a critica m sem ter lido (não leram, mas, não gostaram . .. ). Só não acho muito "católica" a página 17 que poderia dar impressão de que o divórcio poderia ser defendido e praticado pelos não católicos (mesmo cristãos separados) ... Seu trabalho é excelente, sereno, objetivo, claro, caridoso!" Exmo. Revmo. Sr. D. Geraldo de Proença Sigaud, Arcebispo de Diamantina: "T ive a grata satisfação de receber o exemplar "Pelo Sacramento indissolúvel" - que V. Excia. teve a gentileza de me enviar. Agradecendo-lhe este gesto de atenção

para comigo, felicito-o vivamente pelo seu valioso trabalho. Faço votos a Nosso Senhor de que o mesmo alcance resultados positivos em nossas comunidades, que no momento, se acham tão necessitadas de apoio e orientação com a campanha divorcista q ue ameaça o nosso país".

Exmo. Revmo. Sr. D. Fr. Anselmo Pietrulla, Bispo de T ubarão: "Devido a prolongadas· visitas pastorais apenas hoje está em condições de agradecer ao Exmo. Senhor D. Antonio de Castro Mayer a vigorosa e atualíssima Carta Pastoral sobre e "Pelo casamento indissolúvel ", apresentando sinceras felicitações" .

Exmo. Revmo. Sr. O. Hugo Bressane de Araújo, Arcebispo-Bispo resignatário de Matília: "Rogando as santas orações e bênçãos do Ex.mo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer, apostólico Bispo de Campos, agradeço a oportuna e 'Preciosa Pastoral "Pelo casamento indissolúvel".

Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio Soares Cosia, Bispo Auxiliar de Natal: " Agradece ao prezado irmão a remessa de sua Carta Pastoral e o felicita por este seu trabalho pastoral''.

Exmo. Revmo. Sr. O. J osé Newton de, Almeida Batista, Arcebispo de Brasília: "Saúda fraternalmente o Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer, apostólico Bispo de Campos, e pede licença para felicitá-lo pela Pastoral "Pelo casamento indissolúvel", em cujas linhas aparece nítida a figura do Pastor - Pai e Mestre - sempre vigilante e opor-

Exmo. Revmo. Sr. O. Bernardo J. Nolker, C. SS. R., Bispo de Paraoaguá: "Venho por meio desta agradecer e dar os meus pa rabéns pela sua Carta Pastoral "Pelo casamento indissolúvel", exposição lúcida e completa do angustiante problema do divórcio. Que Deus e Maria Santíssima protejam esta grande nação deste flagelo, é também a nossa prece contínua".

tuno,..

Exmo. Revmo. Sr. D. Orlando Chaves, Arcebispo de Cuiabá: "Estou recebendo o inestimável presente de sua Carta Pastoral "Pelo casamento indissolúvel". V. Excia. continua sendo a sentinela sempre vigilante pelo bem da Igreja, da Pátria e da Família. Só Deus poderá recompensar o bem que V. Excia. vem fazendo. Hoje é o dia da votação na Câmara. Rezamos na Santa Missa para que Deus nos assista iluminando os Deputados. O mu ndo caminha rapidamente para a ruína total. Depois da Ásia o comunismo quererá dominar a E uropa e a América. Que Nosso Senhor nos livre de tamanha desgraça. Agradecendo o precioso documento de V. Excia., peço que me abençoe" . Exmo. Revmo. Sr. D. Agostinho José Sarlori, Bispo de Palmas: "Tenho em mãos a Carta Pastoral, tão oportu namente publicada por V. Excia., no momento em q ue representantes do Povo, assim ditos, tentam minar pela raiz a Inst ituição Familiar Sagrado Patrimônio da humanidade, nascida de Deus, sobre a qual os homens usurpam o direi to de legislar. Congratulo-me com V . Excia. pela so lidez e clareza da doutrina, como pela atitude franca e desassombrada com que aborda o problema e pela coragem com que defende a perene doutrina da Santa Igreja, no que se refere ao matrimônio. Pedindo a Deus que conserve V . Excia. por longos anos e continue a caracteri1.ar seu ministério apostólico com a coragem que sempre o distinguiu, subscrevo-me como humi lde co-irmão". Exmo. Revmo. Sr. O. Aldo Gerna, Bispo de São Mateus: "Acabo de receber a Carta Pastoral "Pelo casamento indisso lúvel", de V . Excia. Revma. Ao lhe agradecer, faço vo tos q ue repercuta em sentido favorável não só na Diocese de V. Excia. Revma . como crn todo o país, para que Deus salve o Brasil dessa "peste" que é o divórcio". Exmo. Revmo. Sr. O. Altivo Pacheco Ribeirc>, BiSl>O Al4'<iliar de Juiz de Fora: "Profundamente sensibilizado, agradeço a Carta Pastoral que em boa hora, V. Excia. colocou cm minhas mãos. Foi uma ótima contribuição para o meu trabalho jun to ao povo, como junto aos meus seminaristas maiores. 1::: um documento oportuno, caddoso e perfeito para o esclarecimento dos menos instruídos a respeito da indissolubilidade do matrimônio. O zelo apostól ico de V . Excia. demonstra com precisão a insensatei dos dcstruidol'CS da família brasileira" .

Ex.mo. Revmo. Sr. D. Camilo Faresin, S. O. B., Bispo-Prelado de Gui.ralinga: "Agradeço sinceramente sua Carta Pastoral " Pelo casamento indissolúvel": li-a com muito interesse. Agora devemos rezar". E:ano. Revmo. Sr. O. Frei Candido Maria Bampi, Bispo Auxiliar de Caxias do Sul: "Acabo de receber a sua preciosa Carta Pastoral sobre o casamento indissolúvel: Carta muito oportuna para tantos bons leigos, e útil também para Sacerdotes, principalmente jovens, pouco esclarecidos sobre o Sacramento cristão do Matrimônio. Bons seculares, funcionários públicos, vieram ainda ontem de tarde me perguntar qual o meu parecer sobre o divórcio. Farei o possível para q uc ao menos trechos da sua Cana sejam publicados e divulgados pela Rádio Miriam, do Santu,írio de Caravaggio. Excia. Revma., muito obrigado. Desejaria tanto in1itá-lo, mas minha pobre vista não mo permite. Desde o último ano tio Concílio Ecumênico Vaticano minha visão foi diminuindo, e hoje para ler alguma linha me custa imensamente. Bons confrades me leram a sua Carta e me ajudam em o ut ras leituras. O Divino Espírito de verdade, Excia. Rcvma., nos ilumine e fortaleça no caminho de um santo apostolado".

Exmo. Revmo. Sr. D. Frei Daniel TomaseUa, O. F. M. Cap., Bispo de Marílía: "So u grato pela remessa da sua preciosa Carta Pastoral " Pelo casamento indissolúvel''. Deus lhe retribua a gentileza". Exmo. Revmo. Sr. D. Delfim Ribeiro Guedes, Bispo de, São João dei Rei: " Recebi, com o maior apreço, a belíssima e oportuna Pastoral de V. Excia. intitulada "Pelo casamento indissolúvel". Ao ap,·esentar a V. Excia. as minhas calorosas felicitações pelo magnífico trabalho de V, Excia., que contém os mais inspirados ensinamentos sobre a indissolubilidade do matrimônio, rogo a Deus Nosso Senbor que recompense V . Excia . por esse seu esforço em fazer com que a sagrada doutrina da Igreja seja d ivulgada, respeitada e amada, sobretudo nesta hora conturbada em que vi-

vemos". Exmo. Revmo. Sr. D. Diógenes Silva Matlhes, Bispo de .Franca: "De todo coraçãÕ e mui fraternalmente q uero agradecer-lhe a gentileza de me ter enviado a preciosa Carta Pastoral sobre o Sagrado Matrimônio. D. Antonio, gostei sinceramente, sentindo apenas não trazer nadinha de Documentos recentes da Santa Sé e de nossa CNBB".

Exmo. Revmo. Sr. D. Eduardo Koaik, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro: "Agradeço o envio de sua Carta Pastoral de condenação ao divórcio em linguagem simples, direta e corajosa e fiel à doutrina tradicional da Igreja. Receba assim meus cumprimentos" .

Exmo. Revmo. Sr. O. Eslanislau Amadeu Kre ulz, Bispo de Sanlo Angelo: "Com respeitosas saudações agradeço o gentil envio de sua Carta Pasto ral: "Pelo casamento indissolúvel". É toda vazada em argumentos perenes e se acrescidos dos ensinamentos do Vaticano ll e dos magníficos docu mentos da Doutrina social da Igreja se enriquecem e 10rnam acessíveis ao homem de hoje. Aqui coincidem nossos pontos de vista quanto ao "id quod", embora quanto ao " modus quo" nossos caminhos se dividam". Exnto. Revmo. Sr. D. Expedito Eduardo d~ Oliveira, Bispo de Patos: " Venho acusar o recebimento de sua oportun a Carta Pastoral sobre o divórcio. e escusado d izer que, como-sempre, está vazada no melhor estilo e fundamentada nas melhores bases. Não sei se essa Curia Diocesana de Campos dispõe de mais exemplares que nos pudesse remeter. Sei que, tratando-se de um documento do Bispo aos seus d iocesanos, não é instrumento q ue se ponha à venda. Entretanto, como nos seria útil obter, de qualquer maneira, mais exemplares! Fique V. Excia. certo de que, cm tempo, fez ouvir sua autorizada voz, cm defesa da família brasileira e cristã. O lembrete da responsabilidade de um católico-divorcista perante a fé é dos mais oportunos. Daqui por diante, será necessário clamar, na linha de um São Paulo, contra tanta con(usão ou ignorância, senão má fé, de muitos católicos. Queira receber, a par de meus parahéns, os agradecimentos sinceros, pela oferta destinada a este humilde amigo e servidor em Cristo e cm Maria". Ex.mo. Revmo. Sr. D. Francisco Auslregési.l o de Mesquita, Bispo de Afogados da Ingazeira: "Queira receber, com os meus agradecimentos pelo exemplar de sua Carta Pasto,·al " Pelo casamento indissolúvel", que me enviou, igualmente meus parabéns por sua oportuna publicação que, por certo, muito bem irá fazer à Igreja e à Pátria, nesta hora decisiva para a permanência da família brasilei ra" . Exmo. Revmo. Sr. D. Francisco Borja do Amaral, Bisvo de Taubaté: "Pedindo a preciosa bênção do prc1~1do D. Antonio de Castro Mayer, venho agradecer o envio da bela Carta Pastoral sobre a indissolubilidade do matrimônio, e dou meus parabéns pélo intel igente trabalho cm defesa de nossas famílias. Li a Carta, quando estava cm Visita à Paróquia de São Bento do Sapucaí, e apreciei a argumentação e toda a orientação. Certamente, há de fazer grande bem à nossa P,ítria, que h,\ de ser sempre a Terra de Santa Cruz e posse da Virgem Santíssima". Exmo. Revmo. Sr. D. Frederico Didonet, Bispo de Rio Grande: "G rato pela gentileza da oferta de sua Carta Pastoral. Meus cumprimentos pelo conteúdo claro e corajoso e pelo zelo pastoral que dele transpiratt. Exmo. Rcvmo. Sr. O. Gilberto Pereira Lopes,. Bispo de lpameri: "Agradeço, cordial e fraternalmente, a Carta Pastoral " Pelo casamento indissolúvel" que me fez chegar /1s mãos. Desejo destacar a clareza do brado de alerta. Bem assim, a oportunidade da publicação, em um momento de suma gra-

5


Conclusão

da pág. 5

Prelados de todo o Brasil vidad~ pelas conseqüências nefastas de uma possível implantação do divórcio cm nosso País". Exmo. Revmo. Sr.· O. Jaime Luiz Coelho, Bispo de Maringá: "Com fraterno abraço, agradeço o exemplar da sua Carta Pastoral "Pelo casamento indissolúvel", felicitando-o pela ajuda q ue presta 11 lgreja e it Pátria". Exmo. Revmo. Sr. D. José Antonio do Couto, S. C. J., Bispo Coadjutor de T aubaté: "Recebi a Carta Pastoral de V. Excia. ''Pelo casamento indissolúvel". O documento de V. Excia., além de sua doutrina sólida e clara, aparece num momento muito oportuno, isto é, quando está acesa a polêmica sobre a indissolubilidade do matrimônio, e no Congresso Nacional vota-se a lei q ue introduz o divórcio civil no Brasil. Muito obrigado pelo precioso presente". Exmo. Re,vmo. Sr. O. José Gonçalves da Costa, C. SS. R., Bispo de Presidente Prudente: " Agradeço a remessa da Carta Pastoral sobre o div.órcio, que, aliás, já tinha eu, comprado na rua, em São Paulo. Com essa doutrina do Magistério não concorda o Pe. Jaime Snoek, no último ( 1.0 deste ano) número da REB . . . Ele sabe melhor que a Igreja e o Papa ... " · Exmo. Revmo. Sr. O. José Lázaro Ne.ves, C. M., Bispo de Assis: "Rece bi e venho agradecer -sul\ Carta Pastoral, sólida e substanciosa, sobre o divórcio; creio que terá ampla repercussão. Na Diocese de Assi.s, sob a direção do .Exmo. Administrador Apostólico D. Antonio de Sousa, também se fez um bo m movimento no mesmo sentido. E estamos rezando para que esta praga não entre em nossa Pátria". Exmo. Revmo. Sr. D. José Nicomedes Grossi, Bispo de Bom Jesus da Lapa: " Acuso o recebimento da Carta Pastoral de V. Excia. "Pelo casamento indissolúvel". Li-a de um só fôlego. Gostei muito. Por coincidência, achava-se aqui de passagem para Brasília, o Deputado Federal, Vasco Neto, excelente católico e defensor

<lo vínculo indissolúvel do matrimônio, na Câmara Federal. Dei-lhe o exemplar da Carta Pastoral. Julguei opo rtuna a ocasião para ajudá-lo nos debates, em defesa da causa da Igreja. Gostaria, porém, de ter em minha biblioteca um exemplar da mesma. Se for possível a V. Excia. enviar-me mais um exemplar, ficaria muito agradecido. Com meus agradecimentos pela gentileza da remessa, subscrevo-me am igo e admirador". Exmo. Revmo. Sr. D. Manuel Pedro da Cunha Cintra, Bispo de Petrópolis: "Escrevo-lhe para cumprimentá-lo pela Carta Pastoral "Pelo casamento indissolúvel". Como outras, esta também firme e sólida. Em que a gente se pode apoiar. Parabéns. Deus louvado! Infelizmente nossa vitória contra o divórcio foi melancólica ... Também pudera! .. . "

Revda. l rmií Olga Ferraz ele Campos Sales, Pacoti (CE): "[ ... J o tão apreciado CATO· L.lCISMO".

Da. Amélia Mendonça Wilmers, São Paul.o (SP): "CATOLICISMO para mim está perfeito - nada tenho a sugerir".

Prof. David Piussi, Passo Fundo (RS): "O jornal é um '·guia" para todos os católicos que

Revmo. Frei Alcide.~ Lauvir Secco, Marneaja (SC): "Quanto a mim. não me interesso

ainda c-onservam a tradicional orientação da

Igreja".

católico··.

Capitão PM Ralph Rosario Solimeo, São Paulo (SP): "O CATOLICISMO é um jornal necessário para aqueles que se querem manter

aos nove números recebidos, pelo seu primo.. roso conteúdo instrutivo e profundamente es-

Sr. Manoel Francisco Conceição Jardim, Rio de Janeiro (RJ): "[ ... 1 digo com muita

clarecedor".

satisfação que a matéria contida no jornal é o máximo em conteúdo. Que Deus abençoe

"O jornal continua bom! Gostaria que os senhores. ao fazerem citações -em língua cstran ..

seus redatores e colaboradores". Sr. Francisco Borgia de Carvalho Pinto, Santo Amaro (BA): "Continuamos a apreciar nosso querido mensário que muita falta nos

Ex.mo. Revmo. Sr. D. Paulo Rolim Loureiro, Bispo de Mogi das Cruzes: "Agradeço, vivamente, o exemplar da sua Carta Pastoral em defesa da família contra o projeto de lei que pretende implantar no Brasil a peste do divórcio. Meus parabéns pelo precioso documento pastoral".

do tão excele,1te órgão de apostoládo".

Exmo. Revn10. Sr. D. Tomás Vaquero, Bispo de São João da Bo(l Vista: "Recebi e ag.radeço a remessa da Carta Pastoral sobre o divórcio. Li e gostei. Penso que tenha dado seu contributo para q ue o divórcio não tenha passado nas Câmaras. Precisamos dar prioridade t, Pastoral da Família. Tudo e todos conjuram contra ela" .

fez dur.uuc o período que passamos em Por·

tugal -

de abril a dezembro ele 74. Renova-

mos a assinatura e muito de coração. com os

votos que formulamos aos SSmos. Corações de Jesus e Maria para que continuem abençoan·

Da. Elisa Yoshie Nishida, Si\o Bernardo do Campo (SP): "Aprecio ·muito o jornal CATOLICISMO, e gostaria de apresentar algumas sugestões para melhorá-lo ainda mais: J.º) Menos fotografias e mais conteúdo: 2.") Continuação da secção "Ambientes, Costumes, Civilizações": 3.•) Substituição dos artigos publicados na "Folha de São Paulo" por outros de assuntos diversos, pois os mesmos já foram lidos por grande número do leitores. Sr. Gerson Souza -Ca.rvalho, Fo.rtaleza (CE):

"Na edição de dezembro, de CATOL.lCISMO, foi transcrito um soneto de Camões com uma rima entre palavras iguais ºcontenta". Como leigo no assunto permitam.me consul-

tá-los se não houve, por acaso, lapso na trans· crição~ visto tratar-se dum autor da mais alla categoria, o u seja. trocada o utra palavra que rima com contenta". • A transcrição está corret.a . Pedimos per-

missão para observar que os dois versos terminados por "contenta" rimam com o que está c1ltrc eles e termina por "representa".

VIETNÃ CATÓLICO IMPLORA NOSSA AJUDA ESPIRITUAL OE BANGCOC, Tailândia, escreveu-nos em 17 de abril p.p. o Revmo. Pe. Generoso Bogo, missionário brasileiro, há muitos anos no Vietnã, que presenciou a recente invasão desse país pelas tropas comunistas. Seu depoimento se re veste de grande interesse, razão pela qual o reproduzi mos aqui na íntegra:

SIMPLES RELAT O DO QUE SE PASSOU EM F ATIMA QUANDO NOSSA SENHORA APARECEU Narraç,io complcra das mani/esrações

tio Anjo de Portugal e das aparições . tle Nossa Senhora em Fátima, :regui· dt1 dtls revelações particulares de Lti~

eia e de Jaci111a / 64 páginas. Preço do exemplar: CrS 5,00 Pedidos à Editora Vera CJ'Uz Rua Dr. Martiníco Prado 246 01224 - São Paulo 6

"Prezado Diretor, Por estas duas linha; agradeço-lhe <1 genti/ezt1 de 111c ter envit1do pt1ra Danang ( Vietnã) alguns 111ímeros de "Ct1tolicismo". Peço susve11der a remessa. Deixei Da11a11g 11a Qui11ta-feira Sa11ta. N,, sábado a cidade já caia sob os com1111ista.•. Eu fora e11viado para Saigo11 e111 busca de tra11sporte para duzentas Irmãs, 950 órfãos e 250 aspira11tes (111e11i11as), mas os aviões não vuderam mais aterrisar e111 Dtmtmg. - Conheci a divisão do pais e o êxodo de /954. Conheci os ataques do A110 Novo (1'êt) de 1968, as ofensivas de I 972, mas o que vi em Da11a11g há três sema11as é do domínio da ficção que passou à realidade. Da11tesco. Apocalitico. Nada. de literatura nestas li11has. Os termos que evocam a mais odiosa e ' por si mesmos. O pagã tira11ia dizem tudo Vietnã traído e massacrado. Traído pelo mu11do livre. A bando11ado por um cristia11is1no em ple11a decadê11cia. Esquecido e desprezado pela passividade da co11sciê11cia universal adon11ecida. "Os foguetes soviéticos disporiam de uma carga de justiça superior tl dos america11os?" - Vinte divisões

Sr. Joaquim Simas Sobrinho, Serrinha (BA): ,;Cabe-me dizer da minha satisfação quanto

atualizados dentro da Santa Doutrina".

Exmo. Revmo. Sr. D. Othon Moita, Bispo de Campanha: "Com muito agrado recebi a sua Carta Pastoral sobre o casamento indissolúvel. Dou-lhe os parabéns pela doutrina sólida e pela oportunidade. Que Deus nos livre deste mal!"

Exn10. R~vmo. Sr. O. Quirino A. Sclunitz, Bispo de Teóülo Otoni: "Obrigado pela bela c~rta Pastoral , que acaba de me mandar. Gostei principalmente da parte histórica, assunto que me será de utilidade cm pregações e alocuções pelo rádio. Dou-lhe, com alegria, os meus parabéns".

cm assiná-lo, isto porque, cm minha opinião, um jornal que critica o Papa, não pode dizer-se

de .,o/dados reg11/(lres co1111u1isw,· 1>e11etrara111 110 Vietnã do S111 apoiadas fJOr milhares de tanques russos, em flagrante negação de todos os acordos de paz. Quem protestou? E como pode ser que ainda. haja cristãos e católicos que acreditem 110 111arxismo e o apoiem? E quando eu volto ao Ocidente e ouço muitos imbecis falarem das vantagens do conwnisnro, pergunto-,ne a ,niln 1nes1no se eu 1nesmo não fiquei louco. E possível nesse caso aceitar a idéia de 111n cristão autêntico que procura a colaboração com o marxismo? - E coisa certa e e11si11ada vela Igreja que não poderá jamais existir um "modus vivendi", 11111a aco,nodaçâo entre o Eve11gelho e o comu11ismo. 011de o comunismo se instala a Religião de~e ,norrer. E o sa11gue dos 111ártires dessa .opressão total e desumana deixa de ser· 'sefne11te de novos cristãos. A Igreja desar1àrece se111 11e11h11111a esperança de ress(1rreição. O Vietnã cristão e livre foi demolia.Ó ·.pela i111prensa dita católica. Qua11do nili que vivemos muitos anos 110 Vietnã refutávamos todos os artigos tendenciosos e contra a verdade dos fatos, seus diretores 11ão respo11diam às nossas cartas o u. o que é o pior, limitavam-se a resr,011der que 116s não estávamos "por dentro" dos fa tos! . .. Rezemos pelo Vietnã e pelos imbecis e covardes que, pelas suas mentiras, o traíram, o sub111ergiram na tragédia. Os cristãos do Vietnã, envolvidos no sistema. -diabólico e cruel do desprezo total do ho111em e do pap.anismo, mendigam 11ossa ajuda espiritual".

Sr. Aécio Speck Neves, Florianópolis (SC): gcira, colocassem a tradução após; as citações e referências bibliogr.lficas são boas. Uma análise sobre a situ ação em Portugal seria interessante".

Rcvmo. Pe. José 'Egberto .Pereira, Cuiabá (MT): "TFP: é uma organização de moços cheios ele ideal cristão. E les amam a pureza de maneira muito extraordinária, digna de ser imituda. As, acusaçõe.s levantadas contra eles não têm

fundamento in re. Deve ser entendido como afirmações g ratuitas, sem base, somente por haver antipatia contra o movimento de moços sérios. Existe apenas uma irnplicância contra

eles, de má fé ou de má informação. Posso afirn,ar com segurança que são moços ben, intc11cionados. dignos. merecedores de apoio. Digo mais: aqueles q ue são contra, devem pôr cm c-o nfronto com as próprias consciências para examin:u os próprios interiores, a fim de fazer o juízo, ver q uem está errado, ou certo. Quem se opuser contra estes jovens, está

contra a Ft e contra a PÁTRIA. Eles trabalham a bem da p<1Z universal por meio da Fé cristã".

Revmo. Prof. Pe. Pedro Teixeira Pereira, S. 1) . .Jl., Belo Hori>,onte (MG): "Somos anti-

gos admiradores do periódico CATOLICISMO. Mas as circunstâncias de viagens, m u· danças de residência e de trabalho na Congre-

gação Salesiana me deixaram de lado dos estudos e lucubr;ições do grándc CATOLICISMO. A revista é um tratado mensal profundo que faz pensar e muito me ajudou na catequese para Cursos Ginasial e Científico. Na longín ..

qüa Missão ,Salesiana do Maturacá, ao lado dos indígenas Gu:1i:-1kás achávamos tempo para nossos estudos no texto CATOLICISMO is.so quase :\ sombra do Pico da Neblina, do lado de c-á da Venezuela, na Amazônia bra~ silcira.

Agora, transferido para os trabalhos de Clubes vocacionais nos col égios salesianos.

com sede em Belo Horizonte, [ . .. J venho pedir informaç,ões como se faz a assinatura [ ... ]. São Francisco de Sales os mantenha sempre ágeis na pena, fiéis na doutrina e terníssimos fi lhos de Maria SSma. que com t:lnto carii'lho dizemos Auxiliadora dos cristãos".

Da. Antonieta Gomes Machado, Campos (RJ): "Venho através desta manifestar-lhe meu apoio e admiração pelo jornal CATOLICISMO. Tern realmente a matéria e os assuntos para iluminar e dirigir os católicos nestes cempos

de confusão e provação, ao contrário de certas publicações que se d izem católicas [ ... ). Aproveito a oportunidade para íirmar meu protesto contra a campanha difamatória que se vem fazendo por todo território nacional contra a benemérita TFP. Depois de uma brilhante e vitoriosa campanha contra a praga do divórcio, iniciou·SC uma de injúrias contra esta

orquestrada campanha patriótica entidade.

Das várias acusações que se vem fazendb

contra a entidade, há uma que julgo de direi• to responder. Diz-se que a TFP defende a fa. mília mas que separa os filhos dos pais. Isto é a mais absurda das calúnias! Como mãe de um participante da TFP I e como Conscthcira

da Associação das Mães Cristãs, tenho a declarar que só tenho a elogiar a formação que a TFP dá aos rapazes. o que a acusação que a TFP separa os filhos dos pais é uma aberrante calúnia . Aqui ficam meus scntirnentos de estima e

admiração pelo CATOLICISMO e aos seus propagandistas, os heróicos rapazes da TFP. Pedindo a Nossa Senhora Aparecida que abençoe ao presidente da entidade, o Prof. Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, por tão meritória

obra, bem como aos demais, despeço-me oferecendo-lhes minhas orações".


BISPO DE CAMPOS TOMA A DEUS POR TESTEMUNHA: A TFP ESTÁ SENDO CALUNIADA O EXMO. REYMO. SR. D. Antonio de Castro Maycr escreveu ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasilei.r a de Defesa da Tradição, Família t Propriedade, uma carta relativa ao estrondo publicitário de que está sendo alvo n entidade. Dessa missiva, datada de 31 de ma.io, publicamos abaixo os principais tópicos, acrescentando-lhes subtltulos: "Em silêncio, mas constrangido. presenciei à expansão da campanha, há dias desencadeada pela imprensa e outros meios de comunicação,

contra a benemérita associação. que se gloria de tê-lo corno Presidente. Considerando a ausência de fundamento, esperava eu que essa campanha n'ão passaria

de uma explosão efêmera, destinada a murchar. se por si mesma e a desaparecer. Uma vez que ela continua, não pos-so, em consciência, manter meu silêncio.

Noto, aliás. que. de modo geral , a população não se está deixando impressionar pelo alarido suscitado pelos inimigos dos ideais da TFP, de maneira que fica ele circunscrito a determinados grupos. redul'-idos. mas dotados de singular poder publicitário. Protesto

Eis, no entanto, que essa campanha veicula tais injustiças, que não p0$SO abster-me de contra ela formular meu protesto. Protesto que, no meu caso, é tanto mai~ imperioso quanto~ tornando em consideraçlio minhas relações com a TFP, a campanha me atinge na minha honra de Bispo da Santa Igreja. Com efeito. orientei e acompanhei a atua-

ção da TFP, diríamos, desde antes de ela nascer. Pois fui colaborador assíduo do .. Legionário", participando :uivamente das reuniões de seus diretores, desde 1936. E os responsáveis por aquele semanário católico eram precisamente os que hoje são os veteranos da TFP. O convívio e a cooperação com esse grupo de apóstolos leigos se estendeu pelos anos afora, até a fundação da entidade cívica de ínspiração católica que é a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, e continuou até o presente. Se, pois, a TFP fosse subversiva, na:ti·

dos pais, o que dizer de um Bisp0 que mantém

tário veio. e vai-se estendendo além de toda

o mais contínuo c.ontacto cvm essa Sociedade,

mc<lida imag1návcl.

que a conhece em todos os aspectos de suas atividades, e aceita, de bom grado, o ofereci· rnento da mesma para difundir sua Pastoral, em que, contra o divórcio, reivindica os di·

reitos de Deus sobre a socieoade humana? Ele seria cúmplice e até mesmo conivente. Por isso, como Bispo da Santa Igreja, torno

a Deus como testemunha de que essas. acus.i:--i.. çõcs contra a TFP são falsas. e que portanto mantenho ilesa minha honra de Bispo.

Testemunho De modo especial, devo protestar contra a acusação de que a TFP desenvolve atividades monarquistas. bem corno de que tem caráter nazi-facista. ou renha organização paramilitar. Sociedade cultu ral, devotada à defesa dos idea.is consubstanciados na trilogia de seu nome, sem-

Dignidade Censurável embora, em toda linha, ele me dá a grande satisfação de poder felicitar as vítimas desse estrondo, pela dignidade, elevação e galhardia com que se defendem. Sejalhes de conforto a bênçãô contida na bemaventurança proclamada por Nosso Senhor Jesus Cristo: '"Felizes os que são perseguidos por amor da Justiça, que defês é o Reino dos Céus'" (S. Mat. 5, 10). Que Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil, ajude a TFP na sua atuação em defesa da civilização. cristã. Queira, Sr. Dr. Plínio, aceitar a expressão de minha admiração e grande estima em Nosso Senhor".

pre agiu, e, por princípio, sempre age, dentro

da Ordem legal, fora de qualquer competição partidária, empenhando-se apenas pelo triunfo dos princlpios da civilização cristã, de que são fundamentos basilares a Tradição, a Famrna e a Propriedade. Externo•lhe, pois, Dr. Plinio, meus senti· mentos de pesar por e.ssa campanha destituída de qualquer conteúqo objetivo, injusta, pois. e densa de aversão emocional, e desejo que este testemunho chegue a todo o público brasileiro, ,e possa animar a todos os s6cios, militantes e correspondentes da TFP. Possa ele ser ouvido, outrossim, das nossas mais altas auto~

A,·cebispo ,le c,.iabá: i'Orçt&.~ ocultas desencadeia••• estron,losa ca,npanh,, S. EXCJA. REYMA. D. Orlando Chaves, Arcebispo Metropolitano de Cuiabá, deu a público, em data de 3 de junho, o seguinte texto:

deixarão impressionar por uma propaganda que, cessada a campanha, deixará, pela sua i nconsistência, confundidos até mesmo muitos

dos que nela cooperaram. Já antes do movimento empreendido para

no Brasil.

obviar a aprovaç-ão das. emendas constitucionais divorcistas, os que acompanham as atividade.s da TFP já sabiam que o êxito do empreendi-

mento, bem acolhido por todo o Brasil - os exemplares da Pastoral vendidos em pouco mais de trinta dias superam a casa dos 70 mil - suscitaria contra a Sociedade ódios e mesmo um estrondo publicitário. Estávamos, porém, igualmente convencidos de que a TFP não

facista, perturbadora da ordem pública, se ela

temeria correr o risco, por amor à instituição

separasse, contra a ordem natural , os filhos

da Familia. Na realidade, o estrondo publici-

está sofrendo uma rude campanha por forças ocultas. que deseocadcaram uma estrondosa propaganda publicitária de norte a sul do Brasil contra ela. 1, necessário que nossas· Autoridades estejam de sobreaviso perante esta campanha tão amplamente urdida pelas hostes do mal. Quem está lucrando com tudo isso é o com.unismo que tenta todos os meios para a

conquista de nossa ' Pái\ia cristã. 3. Felizmente, ·as acusações que fazem contra a TFP não iêrn íundamento e cairão por si.

4. Cumpre-me incentivar esta intemerata

Sociedade a pugnar em defesa dos valores básicos de nossa civilização cristã -

Tradição,

Família. Propriedade. 5. Termino fazendo um pedido à TFP: que no calor de sua luta, aliás digna de cncômio, contra o comuni$mO, não leve a mal o esforço que a Santa Sé está ta,.endo para dialogar com os governos comunistas, com o fim de minorar a perseguição atéia, sistemática, que fazem contra os católicos remanescentes

nos poises além da cortina de ferro. A ação da Santa Sé em favor deles merece o máximo louvor e admiração, por parte de todos os católicos. Trato-se de salvar nossos irmãos na fé que

'"I. A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, TFP, mer,e.. ce todo aplauso das forças sadias da Pátria brasileir:a, pela sua atitude destemida com que

ridades. Estou. aliás, certo de que elas não se

da e efica.z conlra o divórcio e sobretudo con• tra o comunismo internacional, ateu, que ela

vem lutando contra a introdução do divórcio

Em campanha anterior colheu em toda a

nação J.600.000 assinaturas contra o dlvórcio, prova de que nosso povo cristão não quer este câncer da sociedade moderna. Agora, na última batalha divorcista, foi uma das forças mais

atuantes para a derrota dos inimigos da família. espalhando pelo Brasil inteiro a Carta Pastor,il do apostólico Bispo de Campos contra o divórcio. Foram divulgad.o s quase 100 mil exemplares do substancioso documento. 2. Certamente é por sua atitude destemi·

padecem os horrores da mais cruel perseguição. Isto é genuína caridade cristã para com os que sofrem. Cuiabã. 3 de junho de 1975

t Orlando Chaves, Arcebispo de Cuiabá...

Bispo ucraniano apóia TFP O EXMO. BISPO D. J osé Romão Martenetz, O. S. B. M., Eparca ucraniano no Brasíl a maior autoridade do rito ucraniano cat6J.ico em nosso Pais dirigiu carta ao Ex.mo. Revmo. Sr. O. Antonio de Castro Mayer, na qual externa seu pleno apolo à atuação da TFP. Eis a íntegra do documento, datado de Curitiba, em 6 de junho: .. Excelentíssimo Sr. Bispo,

A QUEDA DO VIETNÃ, FRUTO AMARGO DA ''DÉTENTE'' A EXEMPLO do que ocorrera por ocasião da entrada dos comunistas na capital do Cambodgc. cm todas as sedes da TFP o cstandurte social foi hasteado a meio pau, e tar-

jado de negro, durante três dias, a partir de 30 de abril último, data cm que a cidade de Saigon foi dominada pelos vermelhos. Ao mesmo tempo, a entidade promoveu um trí-

duo de preces no oratório de Nossa Senhora da Conceição, instalado cm sua sede da Rua Martim Francisco, na Capital paulista. por intenção de todos os que tombaram na defesa do Vietnã, e para obter da Mãe de Deus graças especiais para os católicos sul-víelnamitas, postos agora sob a bárbara tirania comunista. Na ocasião, a TFP distribuiu o seguinte comunicado à imprensa:

"Em sinal de luto pela que,Ja ,lo v;ewã do Sul J'Ob o jugo comrmista, a Sociedade BraJ·i·

leira de Defesa da Tradição, Família e Proprt'edade hasteou em todas as suas sedes, tariado de negro, seu estandarte rubro marcado pelo Jelio dourado. Por três dias consecutivos, às /9 horas, a 1'FP promoveu no oratório instalado em sua sede da Rua Martim Francisco, 11.0 669, em São Paulo, a recitação de um terço nas inte11• ções ,Je 10</os os heróis que tombaram na luta co111,,, o comunismo, em dejesa do Vie111ã. As

orações tiveram também por obietivo obter de Nossc, Senhora da Conceição auxílio especial para os sul-vietnamitas. que penetram agora nas trevas profundas dó regime vermelho. Esta Sociedade - já de há m11ito, a organização civil anticomunista mais importante cio Brasil - não podia ficar indiferente à tragédia que se abateu sobre um pais maciçamente

tmticomuni.rta, do qual Jaz ,,arte considerável número de cotólicoS'.

Prossegue o comunicado da TFP:

"O tratado de Paris de 1973, que i11stau1·ou o ·'détente" entre nações comunistas e a,i~ ticonumistOj' a propósito do Vietnã, continua a produzir sut1s vítimas. Onte,n tombav'1, ao cabo de uma luta nobre e árdua, o cadáver do Cambodge. Sobre ele ct1i hoje, ao final de longa e heróica epopéia, o cadtlver glorioso do Vietnã. A dip/omacfo ,Jo.r EUA, e com ela a de quase todos os pafa·cs ocidcmais, deu crédito à pCllbvra das ,wçõeJ· comunistas, e1t1pcnhada 110 Tratado de P11ris. Depois de dois anos de violações contínuas por parte dos vermelhos, bem como de ingenuitlades, concessões e recuos igualmente contínuos da diplomacia norte-americana, os comunistas acabam de se assenhorear escandalosamente da região que haviam pactuado não invadir. Contra estes fatos protesta a 1·pp.; em nome dos princípios de moralidade que constUuem a base do convívio internacional. Tal proles· to assume, em um de seus aspccios. uota es· pecialmente dolorida. A maior solidariedade que possa unir criaturas lwnumas é a que vincula. na ordem sob,•enalural, um católico a outro. No Vietnã do Sul, passam a esta,· Su· jeiros li sanha anticristã dos comwzistas doi.r milhões de católicos, que lutaram como heróis contra a escravização de seu país pelo moder• no Anticristo. Entre esseJ· herófa· sobressaíram--s e dois Pre· lodos. O primeiro deles, Mons. Pierre Nguyen Huy Mai. Bispo ,te Ban Mê Thuôt. cidade localizada 160 km no norte de Sai11011. foi

assassinado recentemente com <fois Padres ,!e .m a Dlocese, ocupada agora pelos norte-vietnamitas. O ,·ecundo é o Bispo da nova Diocese de Phan 1'hiet, executado juntamente com .tett. Sacerdotes. 110 dia S de abril. Circula tambCm a notícia tle que, nas re• giões dominadas pelos comunistas mais ao norte do país, estão ocorrendo, diariamente, milhares de execuções. A TFP protesta com energia não menor con1ra a, indiferença sonolenta. e egoísta com " qual incontáveis cat6lico.t presenciam, 110 Ocid(mte. esta imensa tragédia. Tal atitude é tan• 10 mais reprovável quanto abre caminho ,,ara erro ainda maior: a indiferença diante do prOS· seguimento da ''dére,ue", inspiraclora do Tra• tado de Paris e que se eJ·tetule hoje, de uma forma ou de outra, por quase todo o âmbito das relações entre o bloco comunista e o an· ticomunista. O rranse em que assim .re encontra o mun· do não comporta. uma sonolência hedonística e materialista. Ele exige oração, vigilância, ação contínua. 1'Vigilale et orate", preceitua o Evangelho. O protesto da TFP não se reduz a um vão gesto de inconformidade. Ele importt1. num apelo à luta e à oração. dirigido a todos. Sem isto não afastaremos de nosso Pú,s catástrofes como a que ensangüentou o Vietnã e o Cambodgc. Ou como a que está amea. çando prostrar por terra nosso querido e glorioso Portugal. E um dos mcim· mais eficientes para rea· /ir.ar os propósitos de oração. vigilância e aç{í.o consiste em que cada qual, implorando a .'(fD· ça divina; combata em si e em torno de si o espírito da "deténte".

Com satisfação li a carta de V. Excia .• dirigida ao Exmo. Sr. Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, em defesa da Sociedade TFP. Verdadeiramente, a campanha desencadeada pelos meios de comunicação contra a TFP teve sua origem na atuação que a Sociedade desenvolveu em prol da família brasileira. Outro motivo não pode haver, p0is é notório que a Sociedade acata as autoridades constituídas. não

perturba a ordem, não assalta bancos, não seqüestra pessoas, nem aviões nem tampouco

organiza guerrilhas, não trama a subversão. Sendo assim, único motivo da campanha contra a TFP pode ser o fato de que ela lutou frontal e publicamente contm o divórcio, conseguindo seu intento. Por isto está de parabéns. Com fraternais e cordiais saudações, Irmão em Jesus Cristo D. José R. Martenetz, O. S. B. M."

Arcebispo de Niterói: incitan,, ódi.o dos ini,nigos da Igreja O E XMO. REYMO. SR. D. Antonio de Almeida Morais J únior, Arcebispo Metropolitano de Niterói, afirmou em carta ao Sr. Bispo Dii,cesano, datada de 12 de junho: "A "3ltura em que V. Excia. se coloca no

desempenho de sua sagrada missão episcopal, a publicação e distribuição aos milhares, de sua bela Carta Pastoral sobre o divórcio, a missão em que os moços da TFP dão realce aos méritos de V. Excia. e incitam o ódio dos inimigos da Igreja, tudo lhe dá admirável sin, gi,laridade. Envio a V. Excia. os meus aplausos e peço a Deus lhe conceda muita vida e saúde...

7


* •

FALECEU JORGE HADDAD, MILITANTE DA TFP, ESPOSO E PAI MODELAR "ESPOSO E PAI modelar, i11,pirado em sut1 vlda ,te /amílfr1. como em su,, bri/}umte ccirreiru profissional., pelos mais acendrados prindpios ( 7Cl· 16/icos". Essas poucas palavras, do comunicado de imprensa da TFP, re-

sumem a personalidade e a vida do Prof. Jorge Haddad, m ilitante da Trad ição. Família e 'P ropriedade, que Nossa Senhora chamou a Si no dia 7 de maio último. Seu desaparecimento prematuro. aos 46 anos, encheu de consternação não só os familiares. os irmãos de ideal d,\ TFP e o vasto circulo de suas amiz.adcs, como também os meios nlédicos e un ivcrsitários ele São Paulo. À notícia ele sua morte~ a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, de cuja disciplina de Clínica Cirúrgica era Jivre~doccntc, suspendeu imediatamente as aulas. Desde há algum tempo o D r. Jorge Haddad havia-se afastado parcialmente de suas acividadcs docentes e

profissionais. para tratamento de saúde. Nenhum sintoma, porém, inspirava maiores receios, e julgava-se que com algum repouso e tratamento adequado logo poderia retomar vida nor .. mal. Um súbito agravamento de seu c.stado levou-o a fazer-se internar no Hospital Sírio-Libanês. na manhã do dia 6 de maio. Sentindo-se piorar, e constatada a necessidade de uma intervenção cirúrgica delicada, o Prof. Jorge H,iddad quis ,preparar-se para ela por melo de uma confissão geral. Atendeu-o o Revmo. Cônego José Luiz Villac, que. a pedido do enfermo, m inistrou-lhe ademais o Sagrado Viálico e a Extrema-Unção. Por volla das 16h30 foi conduzido à mesa de operações. A intervenção íoi rápida e teve como único resultado a certeza de que o fim era inelutável e próximo. Pouco depois das 22 horas, passado o efeito da anestesia, o Dr. Haddad recobrou a consciência no momento em que, junto dele, o Revmo. Cônego Villac recitava o Exorcismo de Leão XIII; ele quis acompanhar a oração e procurou fazer os d iversos sinais da Cruz. que constam do ritual, no q ue foi ajudado por um dos presentes. O sinal da Cruz foi seu último aco consciente, uma vez que instantes depois entraria cm coma. Ourante t.oda a noite que se seguiu. permaneceram junto de seu leito a esposa, Da. Laurice, o Revmo. Cônego Villac e o Dr. Edwaldo Marques, médico e sócio da TFP. As 6h30 do dia 7, Jorge Haddad exala· va o último suspiro.

Os fun e rais Por desejo expresso da Exma. Viúva, o corpo foi conduzido para a sede do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Famíli" e Propriedade, que oferecera seu oratório para servir de câmara ardente. Também a Direção da Faculdade de Medicina da USP manifestou o desejo de que o velório tivesse lugar cm seu cdifíc.io. Dentre as inúmeras pessoas que afluíram à sede da TFP, destacavam•se os seus colegas de Medicina, pelos seus trajes brancos, e os irmãos de ideal da TFP, pelas suas capas vermelhas de campanha. As 15h30 foi celebrada Missa de corpo presente pelo Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer. q ue se dirigiu para São Paulo tão logo

recebeu a notícia do passamen to ele seu médico e amigo. As 16h30, findas as exéquias oficiadas pelo Exmo. Bispo de Campos. o fé retro deixou a sede do Conselho Nacional da TFP, sendo o esquife conduzido por familiares, dirigentes da entidade e colegas de profoc,ão. Um enorme cortejo de automóveis seguiu até o Cemitério São Paulo. onde o corpo foi inumado no jazigo da família.

Missas de Requiem A Missa de 7. 0 dia teve lugar às 9 horas do dia 14, na Igreja de Nos.<a Senhora do Paraíso. sendo cclebrnnte o Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer. Cantou o Coro São Pio X, da TFP. Compareceram todo o Conselho Nacional da TFP. representantes das d iversas Secções da entidade e de suas congêneres argentina, chilena, colombiana. equatoriana e uruguaia, além de inúmeros amigos, clientes e pessoas de destaque nos meios médicos e universitários de São Paulo. Outras Missas fo ram mandadas ce• lebrar nas respectivas cidades pelas Secções da TFP.

Brilhante carreira profissiona l F ilho do Sr. Amin Haddad e de Da. Ossana Manughian Haddad, já falecidos, o Dr. Jorge Haddad nasceu cm São Paulo aos 12 de janeiro de 1929. Casado com Da. Laurice Massade Haddad , deixa os filhos Sucly, Leonardo, Cláudio, Lucília, Maria do Carmo e Maria da Conceição, menores. Era irmão de Da. Alice Haddad Aschar. casada com o Sr. Nadim Aschar. e de Da. Emília Haddad Siufi, casada com o Sr. Alfredo Siufi. Genro do Sr. Caram Massacl e de Da. Munira Jacob Massad, já falecida, foram seus cunhados Da. Marina Massad Casscb. casada com o Prof. Adib Casseb, Diretor de "Hora Presente", Da. Ncyde Massad Abuassi, casada com o Sr. Suei Abuassi, Sr. José Massad Cury, casado com Da. Diana Bucha la Massad Cury, e Eng.o William Caram Massad, militante da TFP. Após concluir seus estudos secundários no Liceu Pasteur, ingressou_, cm 1948. na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Durante o curso médico, além das atividades curriculares, freqüentou cursos e estágios do aperfeiçoamento. e participou ativamente de programações do Depar1amen10 Científico do Centro Acadêmico Osvaldo Cruz. Colando grau a 22 de dezembro de 1953, iniciou o Dr. Jorge Haddad uma brilhante carreira profissional e docen te. Como médico, exerceu vários cargos e funções no Hospital das Clínicas d a Faculdade de Medicina da USP e no Hospital do Servidor Público Municipal. onde ocupava ullimamcnte a Chefia da Clínica Proclo· lógica. Ciru rgião de renome. linha uma clínica particular muito concorrida. Desde 1958 até sua morie, desempen hou funções docentes na mencionada Faculdade, tendo ministrado aulas teóricas, teórico-práticas e práticas, em curso$ tanto regulares, como de aperfeiçoamento e pós-graduação. Lecionou, ainda, cm cursos oficiais de outros estabelecimenios universitá-

rios. Participou também , cm suas ativi·

dadcs docentes. na formação de médicos internos e residentes que estagiaram no Hospital das Clínicas da USP e no Hospital do Servidor M unicipal. Deu aulas cm cursos promovidos por diversas Associações médicas. Desenvolveu o D r. Jorge Haddad, por outro lado, intensa atividade cien.. tífica de pesquisa e divulgação, tendo participado como organizador ou relator em n umerosas reuniões de Serviços e de Associações médicas. congressos regionais, nacionais e internõ'lcionais de Medicina. bem como colaborado cm imporlantcs revistas cien~ tíficas nacionais e estrangeiras: foi também autor de caoítulos de livros científicos ou d idáticÕs. Em 1967 conquistou brilhan1emen1e o título de Doutor. median te tese apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, tendo obtido o grau IO. com d istinção. Seus trabalhos d!! pesquisa e suas conclusões foram acatados por cientistas de renome mund ial, e mereceram figu rar cm revistas médicas de caráter internacional, como também em livros e tratados de Cirurgia. editados tanto no Brasil como no Ex· terior. Merece desiaquc especial seu estudo sobre o perigo das pílulas an ticonccpcionais, enquanto capazes de cau· sar câncer. Esse trabalho foi publicado em várias revistas científicas nacionais e estrangeiras; "Catolicismo·• estampou importante artigo seu sobre o mesmo assunto, no n.0 228. de dezembro de 1969. O Prof. Jorge Haddad pertencia a diversas sociedades médicas~ entre as quais destacamos: Associação Paulista de Medicina; Associação Médica Brasi leira; Colégio Brasileiro de {'irurgiões; Amcrican College of Surgeons; Collegium lnlernalionale Chirurgiae Oigcstivae.

Esposo e pai modelar; ade riu com e ntusia smo à TFP O perfil de Jorge Haddad ficar ia incomplelo se não fossem postas em realce as suas qualidades de esposo e pai modelar. De seu feliz consórcio com Da. Lauricc Massade Haddad nasceram seis filhos, aos quais dedicava um grande carinho e por cuja educação e formação católica velava atentamente. Não podemos deixar de destacar o entusiasmo com que Jorge Haddad abraçou os ideais da TFP assim que os conheceu de peno. Apesar de suas absor ventes responsabilidades profissionais e encargos familiares,. partici• pava ele ativamente das atividades da associação, empenhando..se cm oão perder uma reunião, não faltar a uma exposição doutrinária. a um debate. aos quais trazia sempre uma colaboração valiosa, mercê de sua inteligência lúcida e penetrante observação dos faios. De trato afável e cavalheiresco, a par de uma generosa solicitude, era m uito benquisto por todos os sócios e militantes da TFP. a muitos dos quais, aliás, prestou assistência médi· ca, com notável dedicação e competência. Apesar de já enferm o, o Prof. Jorge Haddad acompanhou com grande in teresse a campanha da TFP contra o divórcio, através da divulgação da Pastoral de O. Antonio de Castro Mayer, bem como os debates sobre a questão no Congresso e na imprensa.

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O Prof. Jorge Haddad, com a capa de militante da TFP

TFP exprime sua •

profunda consternação A TFP d ivulgou cm São ·Paulo, no dia 7 de maio, o seguinlc comu• nicado de imprensa sobre :1 morte de Jorge H addad:

"A 1'FP exprime su" pro/1111da ço,uternaçâ<> pelo f<1lecimentc do Prof. _Jorge Haddad. Esposo e pai modelar. inspirado em sua vida de família como em sua brilhante carreira profissional pelo.r mais ace,ulrados princípios católicos, Jorge Haddad era há cerc11 de dez anos miliumte da Trculiçcio, Famflia e Propriedade. Teve ele oportunidade de prestar assinalados serviços à TFP. des1t1cando-J'C principalmente pela asl'istênci" médicll dispensada com r<,ra dedica· ção e competência aos s6cios e mi• Htantes desta cntidtule.

Pela s,w fé ,,cri.solmla. e pela prá• tica a.rsi<lu" <i<>s Sacrmnentos e da moral cat6/ica. o Prof. Jorge Hatldad era dos elementos mais desu,cado.r e be11quis10.r ,la 1'FP. 1'endo recebido 1>s últimos St,cramento.r. e se preparado pt1ra <1 mOl'te com espírito -.robrent1turt1l e reJ·igna· i·,io edificantes, seu passamemo ocor· reu às 6h30 ,Je hoje. O corpo do Prof. Jorge Haddod esteve exposto no oratório tfo .re,ie do Conselho Nacional ti<, TFP. à Rua Mt1l't1nhâo, n.0 341, ,te onde o féretro partiu às 16h30 para o jazigo da família no Cemitério São Paulo. acompanhado de por,e 11res. colegas. pelos Diretore.,· do TFP e por grande núm ero tle sócios e miUtante.r da entidade".

Cardeal Mindszenty, símbolo da •

resistência ao comunismo POR MOTIVO do falecimento de Sua Eminência o Cardeal Jósz.cf Mindszcn ty, a TFP distribuiu ir imprensa, cm São Paulo, no dia 7 de maio p.p ., o seguinte comunicado: "Há dias atrás, os estandartes da TFP se ·tarjavam de negro pelo tlt.!Sll· parecime11to, tio cenário i11ternacio11al, ,te dulls nações que lutaram .c:lorinsamente contra o comun;smo. Hoje oJ· mesmos esumdarres mai.\· uma vez :re cobrem de luto para a.u·;11alar o desaparecimento, do rol dos vivos, de um v<1riio cuja figur<, teve, na luta contra o comunismo. a influência e a gl6ria de uma ,wção. 'fodos os que conservam o senso da honra e da dignillade, e repudiam come uma covardia a flexão sistemática diante de um c1dversário agressor, tiveram nos feitos que a H ist6ria Contemporána atribui ao Carcleal Jósz.ef M i11dsr.e11ty um exemplo assinalado. Mais· tspccia/Jnenre a figura impá· vida do im ortal Purpurado animou (!

estimulou Qj' católicos, provados em nossos tlias por ttmtos /atores de confusão, de dcsc111im<> e de tierrota. G randc pela dig11idade de A rcebispo-Príncipe de Esztergom. f/ue possuiu quase até o fim da vida, pelo esplendor da P,írpura romano, grande ,w prisiío padecida sob o domínio tios comunistas, no ostracismo e no siléncio da embaixada norte-americt1· na em Bll{/apesl. na luta que, 1Jepois <ie "libertado", soube. co,Hinuar com denotlo em Viena como em Fátima, na América do Norte, na Venezuelo ou na Colômbia. o Cardeal Mimlszenty, ontem falecido em Viena, consti• tui para os católicos verdadefros um título de ufania do qual jcm1{Jis se olvidarão.

Espiritualmente pl'esente junto aos despojos ,nortais do ilustre Prelado. a TFP ora por ,rua alma. rogtmdo que, pelt, intercessão de Maria Ssma., ela receba com a mais generosa abundância a paga de todo o bem que fez, sobl'e u terra" .


0J flno,t:

J()."lf!

('Al t.05 CASTILHO OS J\NOR.AOtl

A RECENTE PUBLICAÇÃO dos manuscrifos e das carias da Irmã Lúcia é do maior interesse para fodos os católicos que compreendem a i17Jportância do assunfo Fófima. Muitos livros, esfudos e artigos haviam sido dedicados às aparições da Sanfíssima Virgem aos três pequenos pasfores na Cova da Iria, em 1917. Embora concordes, fundamentalmente, quanto ao alcance e significado das aparições e da mensagem de Fátima, verificavam-se mesmo entre os melhores autores certas discrepâncias, que só a consulta aos escritos - até há pouco inéditos da única dos três videntes ainda viva poderia dirimir. Em maio de 1967, por ocas,ao do cinqüentenário das manifestações de Nossa Senhora em Fátima, oferecemos aos nossos leitores um relafo completo, baseado nas melhores fontes então disponíveis, de fudo o que se passou enfre a Virgem ou o Anjo de Porfugal - e os três videntes, deixando de lado os múltiplos fatos edificantes e pitorescos que entremeiam a história de Fátima. Era um texfo de grande utilidade, qu~ permifia defer mais especialmente a atenção no confeúdo mesmo das aparições, e penetrar mais a fundo no sentido da mensagem de Nossa Senhora, de modo a poder atender-Lhe os pedid~s. Esse esfudo foi . republicado em nossa edição de outubro de 1972. Para satisfazer o desejo de inúmeros leifores, de uma maior autenticidade quanto ao conteúdo da mensagem de Fátima, reapresentamos agora o referido estudo, revisto e consideravelmente ampliado com base nos manuscritos e cartas da Irmã Lúcia. Oferecendo ao público brasileiro o presenfe frabalho de nosso colaborador Antonio Augusto Bo relli Machado, almejamos contribuir para que a mensagem de Nossa Senhora de Fátima seja cada vez mais conhecida, amada e acatada. Assim contamos obter da Mãe de Deus graças especiais para os dias sombrios que se delineiam no horizonte mundial.

No c liché, a Imagem Peregrina que chorou em Nova Orleans

As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia N.º

2 9 5

..J U L H O

D E

1 9 7 5

ANO

XXV Cr$ 4,00


Edição revista e ampliada com base nos manuscritos da Irmã Lúcia

SIMPLES RELATO DO QUE SE PASSO·U EM FÁTIMA QUANDO NOSSA SENHO·R A APARECEU ACRESCIDO DOS FATOS SUBSEQUENTES

Antonio Augusto Borelli Machado

OS LIVROS que tratam dos acontecimentos de Fáti.ma, a descrição das aparições e os colóquios de Nossa Senhora com os videntes aparecem insertos numa seqüência de fatos que englobam as repercussões locais que as aparições provocaram, os interrogatórios dos videntes e das testemunhas, as curas e conversões extraordinárias que se seguiram, os por.menores tão atraentes da ascensão espiritual das privilegiadas crianças, e numerosos episódios conexos. Nada mais lógico e compreensível, por certo. Lidos os livros, porém, surge em muitos espíritos o desejo de dispor de um texto que lhes facilite deter-se mais especialmente sobre o conteúdo mesmo das aparições, no empenho de penetrar sempre mais o sentido da mensagem que Nossa Senhora veio comunicar aos homens, de modo a poder atender-lhe às prescrições. No intuito de. satisfazer a esse anelo tão legítimo, compusemos um relato circunscrito ao que se passou entre a Virgem, o Anjo de Portugal, e os videntes, isto é, un1 relato

N

no qual todos os outros fatos, edificantes ou pitorescos, que entremeiam a história de Fátima, foram deixados de lado com vistas a fixar a atenção sobre o essencial. À relação das manifestações do .Anjo em 1916 e de Nossa Senhora cm 1917 segue-se a das revelações particulares recebidas por um ou outro dos videntes isoladamente ( em especial as da Irmã Lúcia) . Constituindo um complemento das aparições da Cova da Iria, não poderiam elas faltar aqui.

••• Na primeira redação deste trabalho, havíamos nos baseado principalmente em duas obras muito conhecidas, que recomendamos aos leitores desejosos de possuir uma história completa de Fátima. A primeira delas a do escritor católico norte-americano William Thomas Walsh, "Our Lady of Fatima", corn tradução cm português editada no Brasil e intitulada "Nossa Senhora de Fátima". A segunda obra é a do Pe. João de Marchi,

e

OBRAS C ITADAS ''Memórias e Cartas da IRMÃ LúCIA" Introdução e notas pelo Pe. Dr. Antonio Maria

Martins, S. J. -

Composição e impressão de Simão Guimarães, F ilhos, Ltda. - Depositária: L E. - Porto, l 973. - Edição em fac-símile dos manuscritos da Irmã Lúcia. Contém, al~m disso, o te-xto cm p0rtugu6s composto cm caracteres tipográficos, e as correspondentes traduções para

o francês e o inglês. Do texto em português fo. ram feitas duas outras edições, uma no Brasil ("O Segredo de Fátima nas memórias e cartas

Pe. João M. DE MARCHI 1. M.

c. -

1) "Era

uma Senhora mais brilhante que o sol . ..... Se-

minário das Missões de Na. Sa. da Fátima, Cova da lria, 3.• edição; 2) tradução em inglês sob o título de "The Crusade of Fatima - The Lady more brilliant than the sun", adaptada pelos PP. Asdrubal Castello Branco e Philip C. M. l<elly, C. S. C., P. J. l<cnedy & Sons, New York, 3rd printing, 1948. Salv~ indicação em contrário, nossas referências dizco, respeito à edição cm por-

Fatima", The Macmillan Company, Ncw York,

tuguês. Pe. Lui,; ~ozaga AYR.ES DA FONSECA, S J . - "Nossa Senhora da Fátima''. Editora Vozes, Petrópolis, s.• edição, 19S4. Cônego José GALAMBA DE OLIVEIRA "História das Aparições" in "Fátima, Altar do Mundo", Ocidental Editora, Porto, 1954. vol. rr, pp. 21-160. Pe, Antonio de Almeida FAZENDA S. J. -

4th printing, 1947; 2) tradução cm português, sob o titulo de "Nossa Senhora de Fátima", Edições Melhoramentos, São Paulo, 2.• edição, 1949. Sal-

''Meditações dos primeiros sábados''. Mensageiro

do Coração de Jesus, Braga, 2.• edição, 19S3. Seba,tião Martins dos REIS - "A Vidente de

vo indicação em contrário, nossas referências di•

Fát ima dialoga e 1:cspondc pelas Aparições", Tip. Editorial Franciscana, Braga. 1970.

da Irmã Lúcia", Edições L<>yola, São Paulo, 1974) e em Portugal ("O Segredo de Fátima e o futuro de Portugal nos escritos da Innã Lúcia" -

Propriedade de L. E. -

Porto, l 974). Salvo indi-

cação em contrário, nossas referências dizem rcs·

peito à edição fac,.similar. William Thomas \VALSH -

1) "Our Lady of

zem respeito à edição cm português.

I. M. C., sob o título de "Era uma Senhora mais brilhante que o sol. .. " O Pe. De Marcbi passou três anos em Fátima interrogando as principais testemunhas dos acontecimentos e anotando cuidadosamente seus depoimentos. Entrevistou a Irmã Lúcia e pôde compulsar os manuscritos da vidente, dos quais falaremos adiante. William Thomas Walsh esteve em Portugal em 1946 realizando inquéritos e entrevistas. Falou com a Irmã Lúcia e baseou seu livro, de modo especial, nas quatro Memórias por ela escritas. As obras do Pe. De Marchi e de Walsh são bastante fidedignas, e concordam, fundamentalmente, entre si.' Entretanto, para maior segurança, confrontamo-las com outros autores, que completam certos fatos e esclarecem alguns pormenores. Eles vão citados nos lugares correspondentes. Não nos tinha sido dado, entretanto, recorrer diretamente à fonte mais autorizada, que são, sen1 dúvida, os manuscritos da Irmã Lúcia. Com efeito, permanecian1 eles, até então, inéditos, salvo uni ou outro fragmento reproduzido pelos autores que tinham podido examiná-los. Por ocasião do cinqücntenário das aparições, quando este nosso trabalho foi publicado pela primeira vez, formulamos o voto, que era o de toda a família de almas que se reúne em torno de "Catolicismo", de que fosse dado a lume o texto integral desses preciosos manuscritos, para edificação de todos os devotos de Nossa Senhora de Fátima. Cabe-nos registrar com alegria que tal voto foi felizmente realizado. Com efeito, cm 1973 foran1 por fim publicadas as "Me,. mórias e Cartas da Irmã Lúcia", pelo Pe. Dr. Antonio Maria M.artins, S. J. (ver "Obras citadas" no fim deste volume). A bem cuidada edição traz o fac-símile dos manuscritos da Irmã Lúcia e, lado a lado, o seu texto composto em caracteres tipográficos, com as correspondentes traduções para o francês e o inglês. ' Permitimo-nos, não obstante, expressar o desejo de que venha a ser feita, no futuro,

uma edição crítica completa, contendo além das Memórias e cartas já publicadas, os interrogatórios vários a que a Irmã Lúcia foi submetida ( 1 ) , as diversas peças do processo canônico ( 2 ) e toda a correspondência da vidente que se consiga ainda reunir (3). A importância do assunto Fátima certamente comporta que se faça tão meritório esforço.

ao Dr. Goulven, outra ficou cm poder da vidente, e a terceira foi mandada arquivar pelo Bispo de Leiria junto com o original. O autor não escla-

tero de Figueiredo,

* * • Os diversos relatos redigidos pela lrn1ã Lúcia são habitualmente designados como Memórias I, ll, III e IV. O primeiro, escrito nuu1 caderno pautado comum, é um repositório de memórias pessoais para a biografia de Jacinta. No dia 12 de setembro de 1935, ao ser feita a exumação dos restos mortais da pequena vidente de Fátima falecida em 1920, verificou-se que seu rosto se mantinha incorrupto. O Bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, enviou à Irmã Lúcia uma fotografia que nessa ocasião se tirou, e ela, ao agradecer, referiu-se às vi.nudes da prima. O Prelado ordenou, então, à Irmã, que escrevesse tudo o que sabia da vida de Jacinta, daí resultando o primeiro manuscrito, que ficou pronto por volta do Natal de 1935. Em abril de 1937, o Pe. Ayres da Fonseca ponderou ao Bispo de Leiria que o prirneiro relato da Irmã Lúcia permitia supor a existência de outros dados interessantes relativos às aparições e que permaneciam desconhecidos. A Irmã Lúcia pôs-se então a escrever, entre os dias 7 e 21 de novembro daquele ano - após nova ordem de D. José Alves Correia da Silva - a história de sua vida. Nesse segundo escrito, falá também, embora muito sumariamente, das aparições de Nossa Senhora, e relata, pela primeira vez publicamente, as aparições do Anjo. Diversas razões levaram-na a silenciar, até então, a respeito: um conselho do Arcipreste do Olival, Pe. Faustino José Jacinto Ferreira - a quem narrara as aparições - reforçado, mais tarde, por uma recomendação idên-

• 1) O Pc. Seb;,stião Martins dos Reis, ein seu livro "A Vidente de Fátima dia1oga e responde pelas Aparições", traz os seguintes documentos: a) Interrogatórios sucessivos feitos aos viden· tes, ao tempo das apa.rições, pelo Visconde de

Montelo (pseudônimo do Cônego Dr. Manuel Nunes Formigão, da Sé Patriarcal de Lisboa); b) Interrogatório fei to pelo Pc. H. l. longen, Montforti_no holandês, que esteve com a Irmã Lú·

eia nos dias 3 e 4 de kverciro de 1946, publicando o relato dessas entrevistas nos números de

2

maio, julho e outubro do mesmo ano da revista

bimensal "Médiatricc et Reine":

e) Identificação dos lugares históricos de Fátima, fe.ita pela própria vidente no dia 20 de maio

de 1946; d) Interrogatório do Dr. J. J. Goulven, respondido Pot escrito pela Irm5. Lúcia cm 30 de

junho de 1946 (o Pe. Sebastião Martins dos Reis informa que a Irmã Lúcia enviou o manuscrito ao Biss,o de Leiria, que o mandou datilografar cm três vias, as quais, depOis de assinadas pela vidente, tiveram o seguinte destino: uma foi rcmelida

rece se foi do manuscrito ou de uma eópia que transcreveu o documento};

e) Interrogatório do Pe. José Pedro da Silva (mais tarde Bispo de Viseu), respondido pela vi~ dente em 1.0 de agosto de 1947. Além destes depoimentos, e das já mcneionadas entrevistas ao J>c. De Marchi e a Walsh, a Irmã Lúcia concedeu uma outra, ao longo de cinco dias (de 16 a 20 de setembro de 193S), ao escritor An-

a qu:tl a vidente comenta em

suas Memórias (IV, pp. 368 a 376), 2) O processo canônico, que se prolongou por oito anos, durante os quais a Irmã Lúcia foi inter• rogada várias vezes, eoncluiu favoravelmente às

aparições. O Bispo de Leiria, D. José Alves Cor· reia da Silva, em Carta Pastoral do dia 13 de outubro de 1930, assim se expressa: "Em virtude tias considerações expo~·tos e outras que omitimos por brevidade, invocando humilde· mc11te o Divino Espírito Santo e coujt'odos na pro•·


(

tica do Bispo de Leiria; por outro lado, as críticas e zombarias surgidas a propósito do relato das primeiras aparições do Anjo na primavera e verão de 1915, e as repreensões severas de sua mãe, induziram-na sempre a uma grande cautela e discrição. Aliás, chama a atenção, nas Memórias da Irmã Lúcia, a sua grande relutância em falar de si mesma e, por via de conseqüência, das aparições. Em 1941, o Bispo de Leiria ordenou à vidente que escrevesse tudo o mais de que pudesse ainda lembrar-se a respeito da vida de sua prima, com vistas a uma nova edição do livro sobre Jacinta que o Cônego Galamba de Oliveira queria mandar imprimir. "Esta ordem - escreve a Irmã Lúcia - cai11-me no f1111do da alma co1no um. raio de luz, dizendo-me q11e era chegado o 11to1ne11to de revelar as duas primeiras partes do segredo" (cf. "Memórias . e Cartas da Irmã Lúcia", p. 444). Assim, a Irmã Lúcia inicia o seu terceiro manuscrito revelando as partes atualmente conhecidas do Segredo de Fátima . Em seguida, registra as impres.~ões que elas causaram sobre o espírito de Jacinta. O relato é datado de 31 de agosto de 1941. Surpreendido com tais revelações, o Cônego Galamba de Oliveira concluiu que a Irmã Lúcia não havia dito tudo nos documentos anteriores, e instou o Bispo de Leiria a que lhe ordenasse escrever um histórico completo das aparições: "Mande-lhe, Se11/wr Bispo, ( . .. ] que escreva TUOO. Mas 'l'UOO. Que há de dar m11itas voltas 110 P11rgatório por ter calado tanta coisa". A Irmã Lúcia se desculpa dizendo que agiu sempre por obediência. O Cônego Galamba insiste com o Bispo que lhe ordene "q11e diga TUDO,

Jacinta, Francisco e l-úcia, os pastorezinhos a quem Nossa Senhora apareceu

Tuoo; que não oc11/te nada" (com o que aludia, ao que parece, também à terceira parte do Segredo). O Bispo, entretanto, prefere não se envolver: "Isso não mando.

Em assuntos de segredos não me meto". E ordena simplesmente, à vidente, que faça uma narração completa das aparições ( cf. · Memórias IV, pp. 3 l 4 e 316 - os grifos são da própria Irmã Lúcia). Foi então redigido o quarto manuscrito, que leva a data de 8 de dezembro de 1941. Nele, a Irmã Lúcia faz pela primeira vez um relato sistemático e ordenado das aparições, declarando, por fim, que "advertid01ne11te" nada omitiu de quanto podia ainda se lembrar, salvo, evidentemente, a terceira parte do Segredo, que não tinha até então ordem de revelar ( cf. Memórias IV, p. 352).

••• Na primeira versão deste trabalho procuramos reconstituir com a maior fidelidade possível, com base nas principais fontes bibliográficas e ntão disponíveis, o transcorrer das aparições. Infelizmente, verificavam-se discrepâncias entre os melhores autores. Com a publicação dos manuscritos da Irmã

Lúcia, muitas dúvidas puderam ser dirimidas. Algumas, porém, ainda subsistem. Continua, pois, oportuna uma consulta à própria vidente ainda viva, para que ela mesma, na medida do possível, as venha a esclarecer. Para satisfazer o desejo dos leitores de uma maior autenticidade quanto ao conteúdo da mensagem de Fátima, revimos a versão anterior deste trabalho, com base nos manuscritos da Irmã Lúcia ora publicados. Retocamos a pontuação, que apresenta certa imperfeição, e alguns lapsos de redação, bem como substituímos um ou outro lusitanismo que poderia parecer estranlio a ouvidos brasileiros. Quanto ao mais, o relato dos colóquios reproduz inteiramente as próprias palavras da Irmã Lúcia. Aliás, cumpre observar que nada de substancial foi alterado em relação à nossa versão anterior, revelando-se, os autores 'por nós cons ultados, de um modo geral bastante próximos do texto original. Oferecendo ao público brasileiro o presente trabalho, almejamos contribuir para que a mensagem de Nossa Senhora de Fátima seja cada vez mais conhecida, amada e acatada.

I Aparições do Anjo de Portugal •

NTES DAS aparições de Nossa . Senhora, Lúcia, Francisco e Jacinta - Lúcia de Jesus dos Santos, e seus primos Francisco e Jacinta Marto, todos residentes na aldeia de Aljustrel, freguesia de Fátima - tiveram três visões do Anjo de Portugal, ou da Paz.

A

-

"Não te111ais. Sou o Anjo da Paz.

Orai co,nigo".

"Alguns momentos havia que jogávamos, e eis q11e wn vento forte sacode as árvores e faz-nos levantar a vista para ver o q11e se passava, pois o dia estava sereno. Então co1neça1nos a ver, a alguma dist/lncia, sobre as árvores que se estendia,11 em direção ao ºnascente, uma luz mais branca que a neve, com a forma de 11111 jove111 transpare11te, mais brilhante que uni cristal atravessado pelos raios do sol. Â medida que se aproximava, íamos-lhe distinguindo as feições: w11 jove111 dos seus J4 a 15 anos, de 111110 grande beleza. Estávanws surpreendidos e meio absortos. Não diz/amos palavra. Ao chegar junto de nós, disse:

E ajoelhando e111 terra, curvou a fronte até o chão. Levt1dos por wn movime11to sobrenatural, imitamo-lo e repetimos as palavras que fite ouvimos pro11111iciar: - "Meu De11s! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que 11ão crêem, não adoram,, não esveram e V os não anuun.". Depois de repetir isto três vezes, erg11e11se e disse: - "Orai assim. Os Corações de Jes11s e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas". E desaparece11. A atmosfera do sobrenatural, que nos envolveu, era tão intensa, que. quase não nos dávamos êonta da própria existência, por 11m grande espaço de tempo, permanecendo na posição e,n q11e nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus se11Jia-se tão intensa e intinw, que neni m.esmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, se111ía111os o espírito ainda envolvido por essa atmosfera, que só m11ito lentamente foi desaparecendo. Nesta aparição, nenhum pensou e,n falar, nem e,11 recomendar o segredo. Ela de si o impôs. Era tão Intima, que não era fácil pron1111ciar sobre ela a menor palavra. Fez-

teção de Marfo Sá11tf.ssima, ,Jepois ,lc ouvirmos os

3) Na ediçiío e.las "Memórias e Cart.ts da Irmã

Primeira aparição do Anjo A primeira aparição do Anjo deu-se na primavera ou no verão de l 91 6, numa loca ( ou gruta) do outeiro do Cabeço, perto de Aljustrel, e desenrolou-se da seguinte maneira, conforme narra a Irmã Lúcia:

Rt~'. Consultotes destll nossa Diocese: Havemos por bem: 0

J . - declarar como ,Jignlls de crhUto as ~·isiJcs ,las crianças na Cova da Iria, freguesia de Fáthtw. desta Dioct:se. nos dias IJ de. maio a outubro; 2.0 - permitir o/icialmenté o culto de Nossa Senhora ,te Fátima" (cf. "A consagração pela Jgrcja

do culto de Nossa Senhora de Fátima", Por D. Frei Francisco Rendeiro, O. P. 1 in ºFátima, altar do mundo", vol. li, pp. 179 é 180).

Lúcia", o Pc. Antonio Maria Manins, S.J., insere. entre outras, 3l1;unrns cartas da vidente ao seu confessor Pc, José Bernardo Gonçalves, S. J., e faz notar que foi este quem uprovocou mais wrtle a 11wi.t valiosa c<>rrcspomlincia ,la Vfrleme. A

ma;o,i" dessas

c<lrf(IS

tratam de wr.mmos de conJ'-

c;;,,cia, pelo que não podem ser publicad,,s 11goro''

(op. cil., p. 399). No prefácio do mesmo livro (p, XX), o Pe. Martins diz que os escritos da

vidente, al~m das Memórias, ''incluem millrarf?s

nos talvez t01nbé11t 111aior i111pres,rão, por ser a primeira assim manifesta". (Cf. Memórias U, pp. 114 pp. 318 e 320; De Marchi, Walsh, pp. 39-40; Ayres da 121 ; Galamba de Oliveira, pp.

e J 16; IV, pp. 51-52; Fonseca, p. 52-57).

Segunda aparição do Anjo A segunda aparição deu-se no verão de 191 6, sobre o poço da casa dos pais de Lúcia, junto ao qual as crianças brincavam. Assim narra a Irmã Lúcia o que o Anjo lhes disse - a ela e aos primos - então:

- "Q11c fazeis? Orai! Orai muito! Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm, sobre vós desígnios de 111isericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios".

-

"Como nos havenws de sacrificar?" - perg1111tei. - " De tudo ·q ue p11derdes, dferecei a Deus 11n, sacrifício eni ato de reparação pelos pecados co,11 que Ele é ofendido e de súplica pela co!1.versão dos pecadores. A trai <tssi,n sobre a vossa pátria " paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobret11do aceitai e suportai con, submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar". E desaparece11.

,Jc curu,s, a mal()ri(1 dcfos re,Jigidas após o seu ingresso 110 Carm elo de Soma Teresa, t!m Coim• bra, a 25 de março de 1948v. A propósito de sua correspondência com o Pc. Gonçalves, ;l Irmã Lúcia alude. em determinada passagem, à censura a que era submetida e que lhe impedia ou dificultava tratar assuntos de consc iê-ncia com ele. São suas palavras, em carta a esse mesmo Padre ('21 de janeiro de 1940): "Hó muiro que eu também dtsejava escrever a V. Reveia.. mas ,•ário.r motlvos mo 1ém impe,Hdo.

Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito, co1110 uma luz q11e nos fazia compreender que111 era Deus; como nos t1mavt1 e queri(, ser a,nado; o valor do sacrifício, e como ele Lhe era agradável; como, por atençiio a ele, convertia os pecadores". (Cf. Memórias U, p. 116; !V, pp. 320 e 322; De Marchi, p. 53; Walsh, p. 42; Ayres da Fonseca, pp. 121-122; Galamba de Oliveira, pp. 57-58).

Terceira aparição do Anjo A terceira aparição ocorreu no fim do verão ou princípio do outono de 1916, novamente na Loca do Cabeço, e decorreu da seguinte forma, sempre de acordo com a descrição da Irmã Lúcia:

"Logo que aí chegamos, de joelhos, co111 os rostos eni terra, co,neça,nos a repetir a oração do Anjo: "Meu De11s! Eu creio,.adoro, espero e anto-Vos, etc." Não sei quan.ws vezes 1í11ha111os repetido esta oração, q11ando ve,nos que sobre nós brilha 11111a luz desco11hecida. Erguemo-nos para ver o que se passava, e vemos o Anjo traze11do na mão esquerda 11111 cálice e s11spe11sa sobre ele 11111a Hóstia, da q11al caiani dentro do cálice algumas goras de Sa11g11e. Deixando o cálice e ci flóstia suspe11sos 110 ar, prostrou-se em terra j1111to de nós e repetiu três vezes a oração: - "Sa11tíssi111a Trindade, Padre, Filho, espírito Santo, adoro-Vos profu11cla111e11te e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sa11g11e, Alma e Divindade de Jes11s Cristo, presente e111 todos os sacrários da terra, e,11 reparação dos ultrajes, sacrilégios e bulifere11ças co111 que Ele mesmo é ofendido. E pelos 111éritos infinitos elo seu Somíssimo Coraçcío e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores". Depois, leva11tando-se, 10111011 de novo 11a ,não o cálice e a flóstia, e de11-111e a Hóstia a mim e o que continha o cálice de11-o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo ao mesmo tempo: - "To,nai e bebei o Corpo e o Sa11gue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado veios homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso De11s". De IIOVO se prostro11 em terra e repetiu co1;1osco 111ais três vezes a mesma oração: "Santissima Trindade. . . etc." e tlesapateceu. Levados pela força do sobre11at11ral, que nos envolvia, imitávamos o Anjo em tudo, isto é, prostrando-nos como ele e repetindo as orações q11e ele dizia . .A força da prese11çt1 de Deus era tão intensa, q11e nos absorvia e aniquilava quase por completo. Parecia privar-nos até do uso dos sentidos corporais por 11111 grande espaço de tempo. Nesses dias lavamos as ações 111areriais co1110 que levados por esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos ilnpelia. A paz e a felicidade que sentíamos era grande, ,nas só í11tima, co,nplet0111e11te co11ce11trada a alma em Deus. O abatimento fisico que nos vrostrava também era grande. Não sei porque, as aparições de Nossa Senhora prod11zia111 e 111 nós efeitos be111 diferentes, A mesma alegria íntbna, a mesma paz e felicidade. Mas, e111 vez desse abatime11to físico, uma certa agilidade expansiva; em vez desse a11iq11ilame1110 na Divina Presença, um, exultar de alegria; en, vez dessa dificuldade 110 falar, wn certo entusiasmo conumicativo. Mas, apesar destes sentimentos, se11ti" a inspiração para calar, sobret11do algumas coisas. Nos interrogatórios, sen-

O principal tem sido

II

censura. Escrever e não

,Jiur o que precisava, parecia-me rcubor-lltc tem. po: escrcv2-lo com a censum, impossh,e/. A necessidad~. por vetes, m"io tem s ido pouco. mas paciência. Tudo tem passado, t o 11Qs.ro bom Deus ,1 tud~ tem valido; co11forme tem mandado a ferhl", a..ss,m a tem curado. Ele bem sabe que é o tíriico

mldko 110 terra. Na verdade, eu o confesso. também dU\•idava se V. Rew;ia. ('Staria dispo.tio a gnsurr tempo comigo. Por isso agradeço ime,,so a carta de V. Reveia .. e a ta.rido.d e qu~ usou comigo em me abrir cami11/ro. Nosso Stnhor rccompcnst:


SIMPLES RELATO tia a inspiração íntiJna que 111e indicava as respostas que, sen, faltar à verdade, não

.descobrissem o que devia por então ocultar''. (Cf. Memórias Jl, p. 118; !V, pp. 322 a 326; De Marchi, pp. 54-55; Walsh, pp. 43-44; Ayres da Fonseca, pp. 122-123; Galamba de Oliveira, pp. 58-59).

• As aparições do Anjo, em 1916, (oram precedidas por três outras visões, de abril a outubro de 1915, nas quais Lúcia e outras três pastorin.has, Maria Rosa Matias, Teresa Matias e Maria Justino, viram, também no outeiro do Cabeço, suspensa no ar sobre o arvoredo do vale, "u111a co1110 que 11uve111 111ais branca que a neve, algo trans-

parente, co,n forma humana". Era "wna figura con10 se fosse uma estátua de neve, que o~· raios do sol tornpvan1 algo transparente". A descrição é da própria Irmã Lúcia (ct Memórias II, p. 11 O; J:V, pp. 316 e 318; De Marchi, pp. 50-51 ; Walsh, pp. 27-28; Ayres da Fonseca, p. 119; Galamba de Oliveira, p. 51 ) .

II

Q

Primeira aparição: 13 de maio de 1917 Brincavam os tcês videntes na Cova da Iria quando observaram dois ·clarões como de relâmpagos, após os quais viram a Mãe de Deus sobre a azinheira. Era "uma Senhora vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que wn copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente", descreve Lúcia. Sua face, indescritivelmentc bela, não era "nenr triste, nem alegre, mas séria", com ar de suave censura. As mãos juntas, como a rezar, apoiad as no peito e voltadas para cima. Da mão direita pendia um rosário. As vestes pareciam feitas só de luz. A túnica era branca, e branco o manto, orlado de ouro, que cobria a cabeça da Virgem e L he descia aos pés. Não se Lhe viam os cabelos e as orelhas. Os traços da fisionomfa, Lúcia nunca pôde descrevê-los, pois foi-lhe impossí-

V. Reveio." ("Memóriãs e CariâS dà lrmã túcia'·. p. 418). ; 4) Respondendo a umâ pergunta de ,Watsh, na e1urevista que a ele co11cedcu, sobre se, ao relatar :'IS palavras do Anjo e de Nossa Senhora, repetir-a ::is palavras exatas que ouvira, ou apenas dera o scnlido geral, a Irmã Lúcia declarou: - "As palavras do Anjo tinham ttmá propde·

dade t'ntc11s,1 I! dominadora, uma realidade sobre·

nmural, de modo que não podiam ser esqueddas. pareciam gravar-se exara e i,1delevclmcme na minlw m em6ria. Com as paldvras de Nossa Senhora

cru difcrc111e. Eu mio podia estar stgura de que cada polavra era exara. Foi antes o sentido que eu (lprce11di, e pus em palavras o que t ntcndi. Não R fácil explicar isso'' (\Valsh, cd. cm inglês, p. 224). Diante dessa dificuldade, de traduzir cm palavras humanas o que ouvira de Nossa Senhora como é comum cm certos fenômenos místicos a lm1ií Lúcia sempre pôs, entreta nto, todo o empenho em reproduzir palavra pOr palavra o que a San1íssima Virgem lhe comunicou: Isto se torna claro no interrogatório a que a submctc,1 o Pe. Jonsen,. e que n seguir reproduzimos: - "Quis limitar-se, pergunta o Pc. Iongen, revdm,Jo o segrc,lo, a dar a significação do que a Santa Virgem lhe disse, ou citou as .m as palavro.f Utcralmentt?'' - /(Quando falo das aparições Umifo•me à sig. ni/icação das palavras: quando tscrevo, faço diligência, a() conrr&rio, ,Je citar literalmtnte. Eu quis, portanto, escrever o segredo palavra por palavra''. - "E,.stá certa de ter conservado tudo na me• m6ria?'' - "Penso que .sim'', - ;'As palavras do segredo foram portamo rc~·eladas pela ordem em que lhe foram comunica• das?'' - "Sim'' (De Marchi, pp. 308-309) . 5) Os vidente!. Sémpre entenderam que a última 4

vel fitar o rosto celestial, que ofuscava. Os videntes estavam tão perto de Nossa Senhora - a um metro e meio de distância, mais ou menos - que ficavam dentro da luz que A cercava, ou que Ela espargia. O colóquio desenvolveu-se da seguinte maneira ('): NOSSA SENHORA: "Não tenhais medo, Er, não vos faço mal". • LÚCIA: "Donde é Vossemecê?" NOSSA SENHORA: "Sou do Céu" (e Nossa Senhora ergueu a mão para apontar o céu). • LÚCIA: "E que é que Vossemecê 111e quer?n NOSSA SENHORA: "Vin, p<1ra vos r>edir que venhais aqui seis 111eses seguidos ( $), no di<1 I 3, a esta 111esma hora. Depois vos direi que111 sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez". L ÚCIA: "E eu ta,nbén, vou para o Céu?" NOSSA S ENHORA: "Sbn, vais''. LÚCIA: "E a Jacinta?" NOSSA SENHORA: "Também.'', LÚCIA: "E o Francisco?" NOSSA SENHORA: "Ta,nbé111, mas te,n q11e rel.(JJ· 11111i1os terços". LÚCIA: "A Maria_ das Neves já está 110 Cé11?" NoSSA SéNHORA: "SiJn, está". LÚCIA: "E a A 111é/ia?" NOSSA SENHORA: "Estará 110 P11rgat6rio até o fi1n do 111undo. Quereis oferecer•vos a Deus para suportar todos os so/ri111e111os que Ele quiser enviar-vos, en, ato de reparação pelos pecados co,n que Ele é ofendido e de súplica pé/a conversão dos pecadores?" LÚCIA: :.Si,n, querernos".

apariçao $Cria e m oulubro, o que aliás lhes foi explicitamente d ito na aparição de a.gosto, Os "stis meses seguidos"' incluem, portanto, a primeira aparição. A sétima, d:i qual se fala adiante, está fo~ da série. 6) Scntprc se entendeu que a ordem de apren• der a ler era apenas paro Lúcia, uma vez que os outros videntes iriam ser levados cm breve para o Céu, conforme promess.'l de N ossa Senhora nesta mesma aparição. Entretanto, a Irmã Lúcia es• ereve no plural: ·•e que aprendam a ler'' (come· 1endo, aliás, um pequeno lapso de redação, pois pa.ssa da segunda para a terceira pessoa do plural, na mesma {rase). 7) o s· videntes guardaram a mais estrita reser· va sobre o que lhes foi dito na aparição do mCs de junho, acerca da devoção ao Imaculado Coraç.lo de Maria, chegando mesmo a declarar que; Nossa Senhora lhes tinha revelado um segredo. Em suas Memóriast a Irmã Lúcia explica que a San1íssima Virgem não lhes . pediu propriamente segredo sobre esse ponto. "Mos sentiamos que Deus ,, lsso 110s mo~iid', acrescenlou a vidente (Memórias IV, p. 336). 8) Os autores fornecem alguns detalhes s,o bre as graças aqui pedidas por Lúcia a Nossa Senhora. Uma delas foi a cura do filho parnlítico de Maria Carreira. Nossa Senhora respondeu que não o curaria nem o tiraria de sua pobreza, mas que rezasse o terço todos os dias em família e dar. -lhe-ia os meios de ganhar a vida (ef. Oe Marehi, p. 9 1, e Ayrcs da Fonseca, p. 42). Outro enfermo pedia para ir em breve para o Céu. Nossa · Senho-rn resp0ndeu que não tivesse pressa, que bem sabia quando o havia de vir buscar (cf. Oe Marchi, p. 91 ) . Walsh (p. 86) refere que "Jacinta falou l• seus pais] no desejo dtr Nossa Senhora que fosse Q ter• ço rer.ado, todos os dias, t m cada família". En trelànto, a única referência que encontramos a essa piedosa prá1iea, nos relatos das aparições, é o conselho que acabamos de referir, dado ao filho dt Ma ria Carreira,

"Vossenreca q11e 111e quer?" NOSSA SENHORA: ''Quero q11e venhais aqui nó dia l 3 do mês que vem, que rezeis <1 terço todos os dias, e que aprendais a /e,. ( 6 ). Dep0is direi o que quero". Lúcia pediu a cura de uma pessoa doente. NOSSA S ENHORA: "Se se converter, c11l'arse-á d11ra111e o ano". LÚCIA: "Q11eria pedir-Lhe vara nos levai' para o Céu". NOSSA SE!"HORA~ "Si111, à Jacinta e ao Francisco levo-os em breve. Mas 111 ficas cá nrais alg111n tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no 11111ntlo a devoção ao 111e11 l maculado Coração. A que,11 a abraçar, prometo a salvação; e serão queridas de Deus estas almas. como. flores postas por LÚCIA:

Aparições da Santíssima Virgem UANDO DAS apariçõe-5 de Nossa Senhora. Lúcia de Jesus, Francisco e Jacinta Marto tinham 10, 9 e 7 anos de idade, respectivamente, tendo nascido em 22 de março de t 907, 11 de junho de 1908 e 11 de março de 1910. As três crianças moravam, como dissemos, cm Aljustrel, lugarejo da freguesia de Fátima. As aparições se deran1 numa pequena propriedade dos pais de Lúcia, chamada Cova da Iria, a doi's quilômetros e meio de Fátima, pela estrada de Leiria. Nossa Senhora aparecia sobre uma azinheira, ou carrasqueira, de um metro ou pouco mais de altura. Francisco apenas via Nossa Senhora, e não A ouvia. Jacinta via e ouvia. Lúcia via, ouvia, e falava com a Santíssima Vi,-gem. As apadções ocorriam por volta do meiodia.

que se aproximava. Alguns dos espectadores, que em número de aproximadamente cinqüenta tinham acorrido ao local, notaram que a luz do sol se obscureceu durante os minutos que se seguiram ao início do colóquio. Outros disseram que o topo da azinheira; coberto de brotos, pareceu curvar-se como sob um peso, um momento antes de Lúcia falar. Durante o colóquio de Nossa Senhora com os videntes, alguns ouviran, um sussurro como se fosse o zumbidc de uma abelha.

NOSSA SENHORA: "l,les, p0is, ter 11111ito que sofrer, 111as a gr<1ça de Deus será o vosso conforto". Foi ao pronunciar estas tÍ/ti111as palavras ( a graça de Deus, etc.) , que abriu pela primeira vez as mãos co111u11ica11do-11os - é a Irmã L úcia quem escreve - u111a luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que penetrando-nos no peito e 110 111ais íntiJ110 da alma, Jazia-nos ver a 116s 111es1110~· e111 Deus, que era essa luz, 111ais clara111e111e Mbn a adornar o seu trono" . do que nos ve111os no n1elhor dos espelhos. LÚCIA: "Fico cá sozinha?" Então, por wn i111pulso íntinw també111 coNOSSA SENHORA: "Não, filha. E Ili sofres municado, caímos de joelhos e repetimos 111uito? Não desa11ünes. E11 nunca te deixai11tinra111e11te: "ó Santíssi111a Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, 111eu Deus, eu Vos . rei. O meu /111ac11/atlo Coração será o teu refúgio e o ca,ninho que te conduzirá até a1110 no Santíssbno Sacraniento". Deus". Passados os primeiros momentos, Nossa Foi no 1110111ento que disse estas IÍ/timas Senhora acresce11tou: palav,.as - conta a Irmã Lúcia - que - "Rezen, o terço tO<los os dias para abriu. as 111ãos e nos co111unico11 pela segun11/ca11çaren1 a paz para o 1111111do e o fim da vez o reflexo dessa luz ünensa. Nela nos da guerra". -·· via1110s co,no que submergidos e111 Deus. A Eni seguida -! descreve a lrmã Lúcia Jacinta e o Francisco parecia,n estar na parcomeçou a e/evar~~e serenamente, subindo te dessa /11z que se elevava para o Céu e eu en, direção ao nascente, até desaparecer na na que se espargia sobre a terra. Â frente da palma da 111ão direita de Nossa Senhora imensidade da distância. A luz que A cirestava wn Coração cercado de espinhos que c1111dava ia co111o_ que abrindo 11111. caminho pareciant estar nele cravados. Compreendeno cerrado <los astros". mos q11e era o /111aculado Coração de Ma' (Cf. Memórias II, p. 126; IV, pp. ~30 ria, ultrajado pelos pecados da humanidae 336; De Marchi, pp. 58-60; Walsh, pp. de, que queria reparação" ('). 52-53; Ayres da Fonseca, pp. 23-26; GaQuando se desvaneceu esta visão, a Selamba de Oliveira, pp. 63-64). nhora, envolta ainda na luz que dEla irradiava, elevou-Se da arvorezinha sem esforSegunda aparição: ço, suavemente, na direção do leste, até desaparecer de todo. Algumas pessoas mais 13 de junho de 1917 próximas notaram que os brotos do topo da Antes da segunda aparição, os videntes azinheira estavam tombados na mesma dinotaram novamente um clarão, a que chareção, como se as vestes da Senhora os timavam relâmpago, mas que não era provessem arrastado. Só algumas horas mais priamente tal, e sim o reflexo de uma luz · tarde retomaram a posição natural.

9) Nas declarações prestadas cm fevereiro de

1946 ao Montforiino holandês Pe. longen, a Irmã Ltícia confirmou ter ouvido Nossa Senhora pronunciar o no,nc de Pio Xl, não sabendo, na oca· sião, se se. tratava de um Papa ou de um Rei. Para a Jrmã Lúcia não representa maior difi· culdade o fa to de se entender habitualmente que a guerra começou somente sob o pontificado de Pio XII. Observa ela que a anexação da Áusuia - e. poderíamos. acrescentar. vários outros acon• 1ccimentos ))()líticos do fim do reinado de Pio Xl - constituem autênticos prolegômenos da confia~ grnção, a qual se configuraria inteiramente como tal algum 1emp0 depois (ef. entrevista ao Pe. Iongen, cm Oe Marchi, p. 309). 10) Lúci" julgou ver "o grande sinal" na luz extraordinária - que os astrônomos to maram como uma aurora boreal - que iluminou os céus da Europ:ii na noi1e de 25 para 26 de janeiro de 1938 (das 20h45 até 1h15, com breves intermi, tências). Convencida de que a guerra mund ial que 1'/"'via tle ser horrtv~I, horrh1e/11 - ia deflagrar, redobrou de esforços para obter que se atenctcssc aos pedidos que - como se verá na parte lV - lhe tinham sido comunicados. .Escreveu uma carta diretamente no Papa Pio XI, nesse sentido. (Cí. de Marchi, p, 92; Walsh, pp. 179-181; Ayres da Fonseca, p. 4S). 11) A visão do inferno e o anúncio de coisas futuras que se lhe segue constituem as duas partes conhecidas do segredo de Fátimn, comunicado aos videntes durante a aparição de julho. No prefácio da edição brasileira dos escritos da Irmã Lúcia. o Pe. Antonio Maria Martins., S. J ., afirma, de n1odo categórico. que a terceira parte do Segredo. "cuio texto não foi ainda ,livulgtulo, trota apenas da chumadt, "Crise da lgre;a·· (op. cit., p. XVlll). O nutor não explica como soube disso nem dá maiores e-sclarecimentos sobre o assunto. De qualquer modo, a informação é tãc plaus.íve1. que quase se deveria di7..er que o Segredo não pOdia deixar de versar essa gravíssima matéria. Isto explicaria, quiçá, p0rque C$Sa parte

da Mensagem não foi ninda divulgada, apesar da enorme expectativa existente cm todo o mundo. t interessante notar que cm Memórias HJ, a Irmã Lúcia termina o relato da segunda parte do Segredo com as palavras: ''e será concedido oo mundo algum tempo de pat.'1 • Em Memórias IV, ela acrescenta imediatamente em seguida, à maneira de conclusão: ''Em Portugal st: conservará sempre o Doguu, da F'é, etc.". De onde pareee lógico deduzir-se que o Dogma da Fé se perderá numa. e xtensão tão grande do mundo, que é digno de menção especial o fato de ele se conservar em Portugal. Mas o que significa propriamente. conservar-se ou não conservar-se o Dogma da Fé em determinado país? ~ difícil precisar. Entretanto, qualquer que seja o alcance que se dê a essa ex· pressão, é evidente que eJn se refere a uma crise da Fé. E assim desembocamos novamente, de cheio, no gr.:1víssimo tema da presente c rise na Igreja, posto que a crise da Fé é a raiz mesma dessa crise. Por oulro lado, o ''ele.'' com que a lrmã Lúcia conclui a narração, sugere a idéia de que a terceira parte do Segredo se insere justamente neste pOnto do relato e faz nexo com a frase que vem de ser dita. Ora, esta permite inferir, como acabamos de ver, a ocorrência de uma crise- da Fé católica no n\undo inteiro. Assim, a conjectura de que a crise na Igreja seja o tema da terceira parte do Segredo g:'lnha mui10 em vcros$imilhança. • Entretanto, se deixamos de lado o cerre.no das conjecturas - a liás plausíveis - e atentamos par<1a realidade. llm dos aspectos mais espantosos da crise na l greja é justamente o da infiltração esquerdista em meios eat61icos. Esse aspecto da crise já era tão alarmante cm 1968; que nesse ano 1.600.000 brasileiros, 280 mil argentinos, 105 mil chilenos e 25 mil uruguaios subscreveram .uma mensogem a Sua Santidade o Papa Paulo VI pedindo urgentes medidas para conter tal in(iltração (os memoráveis abaixo-assinados foram pron,ovi-


(Cf. Men1órias II, p. 130; IV, pp. 334 e 336; p. 400; De Marchi, pp. 76-78; Walsh, pp. 65-66; Ayres da Fonseca, pp. 34-36; Galamba de Oliveira, p. 70).

Terceira aparição: 13 de julho de 1917 Ao dar-se a terceira aparição, uma nuvenzin.ha acinzentada pa.i rou sobre a azinheira, o sol se ofuscou, uma aragem fresca soprou sobre ·a serra, apesar de se estar no pino do verão. O Sr. Marto, pai de Jacinta e Francisco, que :,ssim o refere, diz que ouviu também um sussurro como o de nioscas num cântaro vazio. Os videntes viran1 o reflexo da costumada luz e, cm seguida, Nossa .Senhora sobre a carrasqueira.

LúcJA: "Vosse,necê que me quer?" "Quero que venlwm ,u111i 110 ,lia J3 do mês que ve111, que continue,,, a rezar o terçó todos os dias e,n honra de Nossa Senhora do Rosário para obter a paz do 11umdo e o fi11_1 da guerrà, porque s6 Ela lhes poderá valer". LÚCIA: "Queria pedir-Lhe para nos dizer q11e111 é, e para fazer 11111 milagre coni q11e todos acredi1e111 que Vossemecê nos apaNOSSA SeNHORA:

rece". "Co11ti11ue1n li vir aqui todos os 111eses. E111 outubro direi que111 sou, o que quero, e farei 11111 111i(agre que todos Irão de ver para acreditare11i!'. NOSSA SENHORA:

Lúcia apresenta então uma série de pedidos de conversões, curas e outras graças. Nossa Senhora responde recomendando sempre a prática do terço, que assim alcançariam as graças durante o ano ( 8 ). Depois prosseguiu: "Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei n1uitas vezes e e111 especial se111pre que fizerdes <tlg11111 sacrifício: ó J esus, é por vosso amor, pela co11verj·ão dos pecadores e e 111 reparação pelos pecados cometidos contra ó Imaculado Coração de Maria".

Primeira parte do Segredo: a visão do inferno A.o dizer estas últimas palavras - narra a Irmã Lúcia - abriu de novo as 111ãos con10 nos dois meses passados. O reflexo [de luz que elas exped iam] pareceu penetrar a terra e vimos como que um grande mar de fogo e mergulhados nesse fogo os de111ô11ios e as alnws co1110 se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, co111 for111a h111na11tJ, que flutuavam. 110 incêndio levadas pelas chamas que delas mesmas saía111 juntamente co1n nuvens de fumo, caindo para todos os lados - semelhante ao

dos pelas Sociedades de Defesa da Tradição, Fa· nlília e Propriedade dos respcclivos países). Ora, o comunismo é exatamente o flagelo com que Deus quer punir o mundo de seus crimes. Nossa Senhora diz, na segunda parle do Segredo, que "a Rússia êSpalhará os seus erros pelo ,mm~ ,lo". Quando vemos que esses erros atingiram a nau sacrossanta da Jgreja 01tóliea - Paulo VI afirma. mesmo ter a sensação de que "a fumaça de Satan~s haja entrado por alguma fissura no templo de Deus" (Sermiio de 29 de junhn de 1972) - não p0demos dei.,ar de pensar que haveria uma grande congruência entre a segunda e a tcrceint parte do Segredo, se cs1a tratasse, cfe1ivamcnle, da crise na Igreja. Por fim, a Irmã Lúcia frisa que "<> Segredo consta ·de três coisas DISTINTAS" (cf. Memórias IH, p. 218) . A primeira é a visão do inferno; a segunda, o anúncio do Castigo e dos meios de cv.i,1á-lo; a terceira diria respeito - conforme a asserção do Pe. Antonio J\{aria Martins, S. J., e as conjecturas que acabamos de fa7...er - à crise na Jg.rej:i, fator de condenação ao inferno de um n(1mero incontável de a lmas (primeira parte do Segredo) e uma das eausas do Castigo que se abalerá sobre o mundo (segunda parle do Segredo). 12) Circulam: formulações um tanto diversas desta jaculatória. Pequenas variantes aparecem até mesmo nos manuscritos e entrevistas da Irmã Lúcio. A formulação que registramos encontra-se em Memórias lV, pp. 340 e 342, e foi confirmada pela vidente na entrevista a \Valsh (p, 197). Em Memórias 11J, p. 220, cm vez de "aquelas", aparece "asn: o mesmo ela consigna em carta ao Pe. José Bernardo Gonçalves, S. J, (cf. "Memórias e Carias da Jrmã Lúcia'', p. 442) . Na respostai ao inter~ rog:u6rio do Dr. Goulven, entretanto, a frase final tem a seguinte redação: "~ socorrei principalmente as que mais precisartm" (cf. Sebastião Marlins dos Reis, p. 39). Como se vê, esta última formulação ê a que mais se afasta das outras; mas é também aquela em que a vidente menos insiste, cons-

Após a última apan çao, em outubro, a pequena Jacinta é levada ao colo por um popular, entre o carinho e a curiosidade devota da multidão

cair das fagulhas nos grandes incêndios se111 peso 11e111 eq11ilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizavam e fazia111 cs11·e,necer de pavor. Os de111ônlos disti11guiam se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões e,n brasa''. 0

A visão demorou apenas um momento, durante o qual Lúcia soltou um "ai!", E la comenta que, se não fosse a promessa de Nossa Senho(a de os levar para o Céu, os videntes teriam morrido de susto e pavor.

se converterá, e será concedido ao 1111111<10 alg111n te111po de paz. E111 Portugal se conservará sempre o Dogma da Fé, etc. Isto nao o digais a 11i11gué111. Ao Francisco, sim, podeis dizê-lo" ( 11 ). Passados instantes: "Quando rezais o terço, dizei depois de cada mistério: ó 111e11 Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo Jo inferno, levai as alml11/ms todas para o Céu, principalmente aquelas que 11rais precisarem" ( 12 ). LVCI.A: " Vossemecê não me que; 111ais

nada?"

Segunda parte do Segredo: o anúncio do Castigo e dos meios de evitá-lo Assustados, pois, e como que a pedir socorro, os videntes levantaram os o lhos para Nossa Senhora, que lhes disse com bondade e tristeza:

inferno, pa,·a onde vão as al11ws dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer 110 mwulo a devoção ao 111eu l 111aculado . Coração. Se fizere111 o q11e Eu vos disser, sa/varse-ão 11111it<1s almas e terão paz. A ,.guerra vai acabar, 11ws se não deixare111 de ofender a De11s, 110 reinado de Pio X l co111eçará outra pior (º). Quando virdes uma noite alu111iada por 11111a luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o 1111111do de seus critnes, por meio da guerra, da fo111e e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre ('º). Para tJ i111pedir, virei pedir a consagração da Rússia ao 111eu Imaculado Coração e a co1111111hão reparadora nos pri111eiros sábados. Se atenc/ere,n a 111e11s pedidos, a Rríssia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo 11111ndo, pro11rovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas; por fim, o meu Imaculado Coração triw1fará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que NOSSA SENHORA:"Vistes O

t:rndo de apenas um documento. Aliás não se sabe se o Pe. Sebastião Martins dos Reis, que o publicou. transcreveu-o dire1amcntc do manuscrito ou de uma cópia datilografada; nesta últ ima h ipótese. .seria interessante confrontar o manuscrito e a cópia dacilog.r afada do citado interrogatório, para se constatar se não houve algum erro de transcrição. O certo é que os videntes, ao rezarem a jacula· t6ria, entendiam-na aplicada às almas que se cn· contram em maior perigo de condenação, e não às almas do Purgatório. Afirma-o expressamente n Irmã Lúcia em c.ana de 18 de niaio de 1941 . ao Pe. Gonçalves: "Tradu;Jram-110 (a jaculatória] /at.tndo a tíltima slÍplica pelas almas do Purgmório. porqm! diziam 1180 cntcmlcr o .s·t.mtido dos ú/. limas palavras; mas cu creio que Nossa Senhor(l se refcr;a às e1lmas que se encontram cm maicr perigo de co11dt 11ac,io. Foi esra a impresscio qu~ me ficou, e wlvez a V. R eveia. lhe pareça o mesmo ,Jepois de ter lido a parte que escrevi do Segre,io. e sabendo qi,e nó-la ens;nou o seguir. na 3." {aparição, em] julho" (cf. "Memórias e C'\rtas da Irmã Lúcia", p. 442) . Por isso, a fórmula "ó meu Je~ .ms, perdoai-nos, livrai-nos do /ógo do inferno., oli~·iai as almas do Purga16rio. espcciofmc111e os mllis ubandon,,das'', é cer1amente incorreta. O emprego do diminutivo "alminhas" é um pro~ vincianismo pOrluguês, razão pela qual se costuma recitar a jaculatória usando eSS..'\ palavra na form~ nornfal.

13) Assaltados, após esta aparição, J)Or perguntas sobre o que Nossa Senhora teria dito, os videntes Anunciaram: que se 1ratava de segredo. "Bom ou mau?", inSistiram os interlocutores. " Bom para uns, mau para omros'', responderam as crianças (cf. De Marchi. p. 94; \Valsh, cd. cm inglês, p, 84: a ed. em p0rtuguês omitiu este diá· logo). Ante-S da última aparição, interrogados Francisco e Jacinta pelo Cônego Dr. Manuel Nunes For• migão, sobre se "o ,>ovo ficava triste se soubesse

NOSSA SENHORA:

"Não, hoje

/UIO

te que-

ro mais nad<e". E, co1110 de costume, começou a elevar-Se en, direçl1o ao nascente, até desap,,recer na imensa distância do firmamento". Ouviu-se então uma espécie de trovão indicando que a aparição cessara ( 13) . (Cf. Memórias Ir, p. 138; n1, pp. 218 c 220; IV, pp. 336 a 342; De Marchi, pp. 90-93; Walsh, pp. 75-77; Ayrcs da Fonseca, pp. 41-46; Galarnba de Oliveira, pp. 72-78 e 146-147).

Quarta aparição: 15 de agosto de 1917 No dia 13 de agosto, cm que deveria darse a quarta aparição, os videntes não puderam comparecer à Cova da Iria, pois foram raptados pelo Administrador de Ourém, que à força quis arrancar-lhes o segredo. As crianças permaneceram firmes. Na hora costumeira, na Cova da Iria, ouviu-se um trovão, ao qual se seguiu o relâmpago, tendo os espectadores notado uma pequena nuvem branca que pairou alguns minutos sobre a azinheira. Observaram-se também fenômenos de coloração, de diversas cores, do rosto das pessoas, das roupas, das árvores, do chão. Nossa Senhora certamente tinha vindo, mas não encontrara os videntes. No d ia 15 de agosto ( 14), Lúcia estava com Francisco e mais um primo no local chamado Valinhos, uma propriedade de um

resp0ndcram: - "Ficava" (cf. De Marehi, pp. 151-152; Walsh, p, 121). O castigo predito na aparição de julho teria consis1ido na guerra de 1939-1945? A an:\lisc do texto parece levar à conclusão de que 3 segunda guerra mundial não foi senão o início ou vestíbulo do grande castigo. . De fato, Nossa Senhora anuncia que ''várias na· ções serão aniquiladas". Ora, vá.rias nações foran, duramente punidas durante a guerra e depois dela, mas não se pode dizer que tenham sido aniqui, !adas. Por outro lado, a Irmã Lúcia, em entrevista que concedeu a Walsh, já. depois de terminada a conflagração (IS de julho de 1946), observou: "Se. isto for f eilo [a consagrnção da RIJssia], Ela (a Santíssima Virgem] converterá a Rússla, e J,a. ,,erá pai. Se niiô, os erros da Rtíssia se propagarei<> por todos os paíst!s tio mundo". · - ''No sua cpin;ão, perguntou Walsb, isto sig11ifica que todos os pllf.res, sem exceção, scnio conquistlldos pelo comunismo?'' - "Sim'', respondeu a vidente (Walsh, ed. cm inglês, p. 226). Ora, a expansão do comunismo e a sua difusão ideológica pôr todo o mundo começaram mais definidamcntc com o fim da guerra. Assim, deve-se pensar que o castigo anunc.iad'o pela Mãe de Deus está justamente cm curso. F inalme.nte, se o castigo já tivesse passado, dever-se-ia também 1er cun~prido a parte da 1nensagem que fala da vitória de Maria Santíssima e da instauração de seu Reino, claramente indicadas pelas palavras: "Por fim, o m eu Imaculado Cortlçiio rriu11/m·II'. Ora, isto é justamente o que menos se p0dc di1..cr que- tenha ocorrido. Por tudo isto. pa rece-nos que os terríveis sofrimentos da segunda guerra mundial não devem ser considerados se.n ão como prolegômcnos dos castigos anunciados p0r Nossa Senhora e que ainda estão por se complelar. IJ J'ct;r edo">

de seus tios, quando, pelas 4 horas da tarde, começaram a se produzir as a lterações atmosféricas que precediam as aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria: um súbito refrescar da temperatura e um desm.aiar do sol. Lúcia, sentindo que alguma coisa de sobrenatural se aproximava e os envolvia, mandou chamar its pressas Jacinta, a qual chegou cm tempo para ver Nossa Senhora que - anunciada, como das outras vezes, por um reflexo de luz - aparecera sobre uma azinheira, ou carrasqueira, um pouco maior que a da Cova da Iria.

"Que é que Vosse111ecU me quer?" NOSSA SENHORA: "Quero que co11ti1111eis a ir à Cova da Iria 110 ,lia 13 e que co11ti1111eis a rezar o terço todos os dias. No último 111ês farei o 111i/agre para que todos acredite111" ("). LÚCIA: "Que é que Vosse111ecê quer que se faça do din~eiro que o povo deixa 11a Cova da Iria?" NOSSA SENHORA: "Façam dois a11dores; u111 leva-o 111 co,n a Jacint<e e mais duas n1e11inas vestidas de brm,co, o outro, que o leve o Francisco co111 mais três 111eni11os. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário, e o que sobrar é para a ajuda de u111a capela que !tão de mandar fazer" ( 10). LÚCIA: "Queria pedir-Lhe a cura de alguns doentes". NOSSA SENHORA: "Si111, alguns curarei d11rante o ano". E tomando um aspecto mais triste, recomendou-lhes de novo a prática da mortificação, dizendo, no fim de tudo: "Rezai, rezai 11111i10 e fazei sacrifícios pelos pecadores, q11e vão muitas alnws para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas". como de cost11111e, começou a elevarSe e111 direção ao nascente". LÚCIA :

e,

Os videntes cortaram ramos da árvore sobre a qual Nossa Senhora lhes tinha aparecido, e levaram-nos para casa. Os ramos exalavam um perfume singularmente suave. (Cf. Memórias II, p. 150; IV, pp. 342 e 344; De Marchi, pp. 127-129; Walsh, pp. 109-110; Ayres da Fonseca, pp. 61-62; Galamba de Oliveira, p. 89).

Quinta aparição: 13 de setembro de 1917 Como das outras vezes, uma série de fenômenos atmosféricos foram observados pelos circunstantes, cujo número foi calculado entre 15 e 20 mil pessoas, ou talvez mais : o súbito refrescar da atmosfe(a, o empalidecer do sol até ao ponto de se verem as estrelas, uma espécie de chuva como que de pétalas irisadas ou flocos de neve, que desaparecia m a ntes de pousarem na

14) H;I alguma dúvida sobre esla data. A própria Irmã Lúcia não se lembra ao ecrto: nas Memórias II e lV d iz. que íoi neste dia; mas na respOsta .ao Dr. Goulven opta pelo d ia 19, escrevendo à margem : "E ao que eu mai.r me inclino, por· qu~ pàrD .'ier no dia 15, tcrlnmos estado s6 um dla irrteiro nu prisão; e recordo que esti\,cmos mail' (Sebastião Martins dos Reis, p. 43 ). No inquérito canônico do dia 8 de julho de 1924, Lúcia ía.z um rela to c ircunstanciado, dia p-0r dia, de sua priSc1o ( juntamente com os outros videntes). e diz que os três voltaram de Ourém no dia 16, Assim, a maioria dos autores dá como certa a data de 19 de agosto, corresp0ndcnte ao do· mingo subseqüente, pois a vidente se recorda que a aparição se deu num dia de preceito. Ora, tanto cm suas Memórias J( e lV, como no inquérito canônico, Lúcia aíirm::a _peremptoriamcnre que a aparição dos Valinhos ocorreu no mesmo dia de sua volta de Vila Nova de Ourém. Como as cda.nças foram raptadas no d ia J 3, a 1cr-sc dado a apariç..1.o no dia 19, <:las teriam ficado prc.. sas seis dias, o que também parece excessivo. Assim, Galamba de Olivcim (p. 83) opta pelo dia JS, ponderando que pode ter havido um erro de· contagem de uma noite e um dia, na narrativa feita por Lúcia perante a comissão canônica, cm 1924. 15) Ncsic ponto, De Marchi acrescenta às palavras de Nossa Senhora: uiio \•Os tivessem levado à ,,Ideia (termo corrente na região para designar Vila Nova de Ourém, outrora aldeia), o milagre sed" mais gr(lm/ioso"·. Nenhum outro au~ tor registra essa frase, que também não aparece nas Memórias da Irmã Lúcia.

··s~

16) Pelo relatório que Lúcia fez desta aparição ao Prior d:. fregues ia de Fátimâ no dia 2 l .d e agosto de 1917, con firmado pelas rcspOstas ao inquérilo canônico do dia 8 de julho de 1924, esta última frase não teria sido dita na quarta, mas na quinta aparição, onde De Marchi a coloca (et. De Marchi, p. 127). 5


SI.MPLES RELATO terra. Em, parlicular foi notado, desta vez, um globo luminoso que se movia tenta e majestosamente pelo céu, do nascente para o poente, e, no final da aparição, em sentido contrário. Os videntes notaram, com<Y de costume, o reflexo de uma luz e, a seguir, Nossa Senhora sobre a azinheira: "Co11ti11uen1 a rezar o terço para alca11çare111 o fi111 da guerra. E11, outubro virá ta111bé11r Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José co,n o Menino Jesus, para abe11çoare1n o 1111111do. Deus está conte11te coni os vossos sacrifícios, 111as 11ão quer que dur111ais com a corda, trazei-a s6 durante o dia" ( 17 ). NOSSA SENHORA:

LÚCIA: "Tém.- me pedido para Lhe pedir

muitas coisas: cura de alguns doentes, de uni surdo--1nudo". NOSSA SENHORA: "Sim, alguns curarei, outros não (' 3). Em outubro farei um· milagre para que todos acrediten1" ( 19 ). "E co,neçando a elevar-Se, desapareceu corno de costu,ne".

(Cf. Memórias II, p. 156; IV, pp. 346 e 348; De Marchi, pp. 138-139; Walsh, pp. 115-116; Ayres da Fonseca, pp. 70-71; Galamba de Oliveira, p. 93).

Sexta e última aparição: 13 de outubro de 1917 Como das outras vezes, os videntes notaram o reflexo de uma luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira: LÚCIA: "Que é que Vosse111ecê me quer?"

"Quero dit.er-te que façan, aqui 11111a capela e,n minha honra, que sou a Se11hora do Rosário, que co11tinuem se111pre ,, rezar o terço todos os dias. .A guerra vai acabar e os militares voltarão e111 breve para suas casas". NOSSA SENHORA:

LÚCIA: "Eu tinha 111ui1t1s coisas para Lhe

pedir. Se curava 1111s doe11tes e se convertia uns pecadores, .. " NOSSA SENHORA: "Uns sin1, outros não (~º). 6. preciso que se eme11de1n, que peça,n perdão dos seus pecados". E tomando um aspecto mais triste: "Não ofendam 111ais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofe11dido" (Z').

Em seguida, abrindo as mãos, Nossa Senhora fê-las refletir no sol, e enquanto Se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projetar-se no sol. Lúcia, nesse momento, exclamou: "Olheni para o sol!" Desaparecida Nossa Senhora na imensa distância do firmamento, desenrolaram-se aos olhos dos videntes, três quadros, sucessivamente, simbolizando primeiro os mistérios gozosos do rosário, depois os dolorosos e por fim os gloriosos ( apenas Lúcia viu os três quadros; Francisco e Jacinta viram apenas o primeiro): Apareceram, ao lado do sol, São José com o Menino Jesus, e Nossa Senhora do Rosário. Era a Sagrada Família. A Virgem estava vestida de branco, com um manto azul. São José também se vestia de branco e o Menino Jesus de vermelho claro. São JÕsé abençoou a multidão, traçando três vezes o sinal da Cruz. O Menino Jesus fez o mesmo. Seguiu-se a visão de Nossa Senhora das Dores e de Nosso Senhor acabrunhado de dor no caminho do Calvário. Nosso Senhor traçou um s.inal da Cruz para abençoar o povo. Nossa Senhora não tinha a espada no peito, Lúcia via apenas a parte superior do Corpo de Nosso Senhor. Finalmente apareceu, numa visão gloriosa, Nossa Senhora do Carmo, coroada Rainha di:> Céu e da terra, com o Menino Jesus ao colo.

Enquanto estas cenas se desenrolavan1 aos olhos dos videntes, a grande multidão de 50 a 70 mil espectadores assistia ao milagre do sol. Chovera durante toda a aparição. Ao encerrar-se o colóquio de Lúcia com Nossa Senhora, no momento em que a Santíssima Virgem Se elevava e que Lúcia gritava "Olheni para o sol!", as nuvens se entreabriram, deixando ver o sol como um imenso disco de prata. Brilhava com intensidade jamais vista, mas não cegava. Isto durou apenas um instante. A imensa bola começou a "bailar". Qual gigantesca roda de fogo, o sol girava rapidamente. Parou por certo tempo, para recomeçar, cm seguida, a girar sobre si mesmo, vertiginosamente. Depois seus bordos tornaram-se escarlates e deslizou no céu, como um redemoínho, espargindo chamas vermelhas de fogo. Essa luz refletia-se. no solo, nas árvores, nos arbustos, nas próprias faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e diferentes cores. Animado três vezes de um movimento ,louco, o globo de fogo pareceu tremer, sacudirse e precipitar-se em ziguezague sobre a multidão aterrori.zada. Durou tudo uns dez minutos. Finalmente o sol voltou em ziguezague para o ponto de onde se tinha precipitado, ficando novamente tranqüilo e brilhante, com o mesmo [ulgor de todos os dias. O ciclo das aparições havia terminado. Muitas pessoas notarari1 que suas roupas, ensopadas pela chuva, tinham secado subitamente. O milagre do sol foi observado também por numerosas testemunhas situadas fora do local das aparições, até a 40 quilômetros de d istância. ( Cf. Memórias li, p. 162; IV, pp. 348 e 350; De Marchi, pp: 165-166; Walsh, pp. 129-131; Ayres da Fonseca, pp. 91-93; GalaÍnba de Oliveira, pp. 95-97).

III Algumas visões particulares

Ducantc a doença dos dois videntes, Lúcia visitava-os freqüentemente. Conversavam então longamente sobre os acontecimentos de que tinham sido protagonistas. Transcrevemos algumas observações de Jacinta: - "Já 111e falta pouco para ir para o Céu. Tu ficas cá para dizeres que Deus quer estabelecer 110 mundo a devoção ao [maculado Coração de Maria. Quando for para dizeres isso, não te escondas, dize a toda a gente que Deus nos concede as graças por ,neio do Coração Imaculado de Maria, que Lha~· peç,111, a Ela, que o Coração de Jesus quer que, a seu lado, se ve11ere o Coraç,io Imaculado de Maria. Que peçan, a paz ao Imaculado Coração de Maria, que Deus Lha e11tregou a Ela. Se eu pudesse 111eter 110 coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito a queimar-me e a fazer-me gostar ta1110 do Coração de Jesus e do Coração de Maria!" (cf. Memórias III, p. 234; De Marchi, p. 244; Walsh, p. 156). - "Olha, sabes? Nosso Senhor está triste porque Nossa Senhora disse-nos para não O ofendere,n ,nais, que já estava muito ofendido e 11i11g11é,,. fez caso; co11ti11ua111 a fazer os mesmos pecados" ( cf, Memórias III, p. 236; De Marchi, p. 243; Walsh, p. 157). Em fins de dezembro de 1919, Nossa Senhora apareceu novamente à Jacinta, que assim relatou o fato à prima: - "Disse-me que vou para Lisboa, para outro hospital (21 ); que não te tor110 a ver, nem a meus pais; que depois de sofrer muito, morro sozi11ha; mas que não tenh" medo, que 111e vai lâ Ela a buscar para o Cé1t' ( cf. Memórias I, pp. 74 e 76; De Marchi, p. 245; Walsh, p. 157; Ayres da Fonseca, p. 162),

"Quem te ensinou tantas coisas?" Transportada para Lisboa, Jacinta ficou primeiramente num orfanato contíguo à Igreja de Nossa Senhora dos Milagres, sendo depois levada para o Hospital Dona Estefânia. No primeiro destes estabelecimentos foi assistida pela Madre Maria da Purificação Godinho, que tomou nota - embora nem sempre literalmente - de suas últimas palavras. Reproduzimos abaixo algumas delas, repassadas de tom profético e cheias de unção e ensinamentos. De Marchi publica-as agrupadas por assunto.

a O POUCO tempo que pàssaram na terra depois das aparições, e mesmo no período abrangido por estas, Francisco e Jacinta, mas sobretudo esta última, tiveram isoladamente diversas visões. Relataremos aqui as principais, que são de Jacinta.

N

"Eu vi o Santo Padre . " Numa ocasião, aproximadamente ao meiodia, junto ao poço da casa dos pais de Lúcia, Jacinta perguntou a Lúcia: "Não viste o Salllo Padre?" - "Não''. - "Não sei como foi, eu vi o Sa11to Padre numa casa muito grande, de joelhos diante de uma 111esa, con, as 111ãos 110 rosto a chorar; fora da casa estava muita gente e uns atiravam,-lhe pedras, outros rogavamlhe pragas e diziam-lhe 11111itas palavras feias. Coitadi11ho do Santo Padre, temos que pedir 111Uito por ele!" ( cf. Memórias ITI, p. 228; De Marchi, pp. ·98-99; Walsh, p. 85; Ayres da Fonseca, p. 136).

.17) As crianças tinham passado a usar como cilício um pedaço de corda grossa, que não !iravam nem para dormir, Isto lhes impedia muitas vezes o sono, e passavam noites jnteir:is cm claro. Daí o elogio ~ a recomendação de Nossa Se· nhora.

18) De Marchi con1inua a frase de Nossa &,. nhora: "porque. Nosso Senhor não stt fia 11elc&''. Nas respostas ao Dr. Goulvtn, a lrmã Lúcia diz que não se recorda de ter referido esta frase (e(. Sebastião Mar1ins dos Reis, p. 45). De Marchi coloca, neste ponto, ainda o seguinte pedido de Lúcia a Nossa Senhora: ''Há multos que J;zcm (Jue eu sou uma intrujo11a, que merecia ser enforcada ou queimada. Faça um mita,grt pl1T<I que todos creiam''.

Numa \arde de agosto de 1917, estando os videntes sentados nos rochedos do outeiro do Cabeço, Jacinta pôs-se subitamente a rezar a oração que o Anjo lhes ensinara, e depois de um profundo silêncio disse à prima: - "Não vês tanta estrada., ta111os caminhos e campos cheios de gente a chorar co11, fo,ne e não tê11, nada para comer? E o Santo Padre 1111111a igreja diante do Imaculado Coração de Maria a rezar? E tanta ge11te a rezar com ele?" (cf. Memórias III, p. 228; De Marchi, p. 99; Walsh , p. 84; Ayres da Fonseca, p. 137),

foge para lá também" ( cf. Memórias III, p. 228; De Marchi, p. 238; Walsh, p. 85; Ayres da Fonseca, pp. 161-162).

últimas visões de Jacinta

- "Na guerra que há de vir. Há de 111orrer tanta ge111e/ E vai quase toda para o inferno! Hão de ser arrasadas ,mútas casas e 1nor1os 11111itos Padres. Olha, eu vou para o Céu, e 111 qua11do vires de noite essa luz que aquela Senhora disse que vem antes,

Nenhuma dessas frnses aparece nas Mem6ri:\S da Irmã Lúcia. 19) De Marchi acrescenla o seguin1e diálogo: LÍICIA: "Umas pessoos e/eram-me duas cartas para Vosscmtcê t um frasco tle água tlc colô11ia". NOSSA SF.NHORA: "Isso ,le nada strve para o Cé,I'. Em resposta ao interrogatório do Pc. José Pedro da Silva, a Jrmã Lúcia diz que não se lembra de ter oferecido "água de cheiro" a NOS$:) Senhora '( cf, Sebas1iiio Marlins dos Reis, p. 63). Eslc colóquio rarhbém não aparece nas Memórias da vidente. 20) Em caria de 18 de maio de 1941 ao Pe.

José Bernardo Gonçalves, S. J., a Irmã Lúcia esclarece que, neste ponto, Nossa. Senhora disse que concederia algumas- dessas graças dentro de um ano, e outras nã:o (cf. ''Mcmóri::-.s e Cartas d::t Irmã Lúcia .., p. 442). 21) De Marcbi conclui csla aparição da Sé· guintc maneira: LÚCJA: "Não quer mais mula de mim?'' NOSSA Sl!NHORA: ..Não qutro mai~ nada''. Lócu: ..E t u tamblm não qucto mai.-. 11adtl'. Esse pitoresco colóquio nfio aparece nas Mem6· rias da Irmã Lúcia. 22) Em julho de 1919, Jacinta fora levada para o Hospital de Vila Nova de Ourém, ficando ali , dois rncse,.

-

" Jacinta, que estás a pensar?"

6 •

"Nossa Se11hora disse que 110 1111111<10 há 1111,itas guerras e disc6rdias. .As guerras não são senão castigos pelos pecados do 1111111do. Nossa Se11hora já não pode suster o braço do seu amado Filho sobre o m1111do,

Em fins de outubro de 1918, Francisco e Jacinta adoeceram, quase ao mesmo tempo. Indo visitá-los, Lúcia encontrou Jacinta no auge da alegria. Esta explicou-lhe a causa: - "Nossa Senhora veio-11os ver, e disse que vem buscar o Francisco 11111ito breve para o Céu. E a ,nim perguntou-me se quel'ia ai111la converter mais pecadores. Disse-lhe que si,11. Disse-me que ia para 11111 hospital, que lá sofreria muito. Que sofresse pela conversão dos pecadores, e11i reparação dos pecados co111ra o Imaculado Coração dê Maria, e por a,nor de Jesus. Pergu11tei se 111 ias co1nigo. Disse que não. Isto é o que me custa 1nais. Disse que ia 1ni11ha mãe levarme, e, depois, fico lá sozi11ha!" ( cf. Memórias J, p. 70; De Marchi, p. 227; Walsh, p. 146; Ayres da Fonseca, p. 153 ).

Um dia, em casa de Jacinta, Lúcia encontrou-a muito pensativa e interrogou-a:

SOBRE A GUERRA

MENSARIO <ODI

CAMPOS -

EST. DO RIO

0UlETÓR

JOSÉ CARt.ÕS CASTILHO DB ANDRADE

Diretoria: Av. 7 de Setembro 247, e3i;,c:1 posi•I 333, 28 100 c,mJlóS. RJ, Administra.-

tão: R. Dr. Mnr1inico Prado 271, 01224

S. Poulo, Composto e impresso na Cia. Lithographica Ypiranga, Rua Cadete 209, S. Paulo. Assl:oncum anual: comum Cr$ 50,00; cooperador CrS 100,00; benfeitor Cr$ 200,00: grande benfeitor Cr$ 400,00; stsmioaristas e es1udon1es Cr$ 3S,OO: América do Sul e Central: via de superfície USS 6,50, vi:1 aérea US$ 8,00; América do Norte-. Por1Ug.al, Espanhn, Pro\'fnGias ultrn.marinas e Colónias: vin de superfície USS 6,SO, via aé,rea USS 9,SO; outros pa.fsc"5: vitl de su· pcrlície lJSS 7,50, vi, aére• USS 13,00. VV1dn 2vulsa: Cr$ 4,00.

Os pag:'lmentos. sempre cm nome de Edi-

tora P:ulre Belchior de PorHts SIC, l)O· der-do ser c.ncaminb:i.dos à Administr:,;çáo. Parn muda.nçá de endereço de as,sinnntcs, é neC(:SSário rncncion3t tambtm o endereço :m1jgo. A corrcspond~1,eü1 relativ:i. a 3SSi· muuras a venda 3vulsn deve ser cnvindo ~ Adminlstrnçi'io:

R. Dr. M"'1lnl<o Prudo 271 01224 S.

Pauto


SIMPLES· RELATO t:: preciso fazer penitência. Se a gente se e111endar, ainda Nosso Senhor valerá ao inundo,- ,nas, se não se e1ne11dar, virá o castigo. Nosso Senhor está profundamente i11dig11ado com os pecados e crimes que se co,netem em Port11gal. Por isto, 11111 terrível catadismo de ordem social ameaça o nosso País e. principalmente a cidade de Lisboa. Desencadear-se-á, seg11ndo parece, uma g11erra civil de caráter anarquista 011 comunista, acompanhada de saques, 111orticínios, incêndios e devastações de toda espécie. A capital co11verter-se-á numa verdadeira image11, do inferno. Na ocasião e11~ que a Divina J11stiça ofendida infligir tão pavoroso castigo, todos aqueles que o pudere,n fazer fujam dessa cidade. Este castigo agora predito convém que seja anunciado pouco a pouco e con1 a devida discrição" ·( cf. De Marchi, p. 255; Walsh, pp. 160-1'61). "Se os ho,nens não se e,11endare111, Nossa Senhora enviará ao mundo um castigo co1110 não se vi11 igual, e, antes dos 011tros paises, à Espanha" (De Marchi, p. 92). Jacinta falava também de "grandes aco11tecime11tos mimdiais q11e se deviam realizar por volta d e 1940" (De Marchi, p. 92). •

SOBRE OS NANTES

SACERDOTES E OS

GOVER·

" Minha madri11ha, peça ,nuito pelos pecadores! Peça muito pelos Padres! Peça muito pelos Religiosos! Os Padres só deviam. ocupar-se das coi. sas da l greja. Os Padres deven1 ser puros, muito p11ros. A desobediência dos Padres e dos Religiosos aos seus Superiores e ao Samo Padre ofende muito a Nosso Senhor. Minha ,nadrinha, peça 11111ito pelos governos.'

Ai dos que persegue,n a Religião de Nosso Senhor! Se o governo deixasse en,, paz a Igreja e desse a liberdade à Santa Religião, era abençoado por Deus" (De Marchi, pp. 255-256; Walsh, p. 161 ). •

SOBRE O PECADO

..Os pecados q11e levam mais almas para o inferno são os pecados da carne.

lião de vir umas modas que hão de ofender 11Í11ito a Nosso Senhor. As pessoas que serven, a Deus não deve,n andar co111 a moda. A Jgreja não tem modas. Nosso Senhor é se111pre o mesmo. Os pecados do mundo são muito grandes. Se os homens soubessem o q11e é a eternidade, faziam tudo para tntular d e vida. Os homens perdem-se porque não pensam na morte de Nosso Senhor e não fazen, penitência. Muitos matrimônios não são bons, não agrada111 a Nosso Senhor e não são de De11s". ' . •

SOBRE AS VIRTUDES CRISTÃS

''Minha madrinha, não ànde 110 meio do luxo; fuja das riquezas. Seja muito a111iga da santa pobreza e do ' silêncio. Tenha muita caridade, mesmo com quem é 111011. Não fale mal de 11i11gué1n e fuja de quem diz 111al. Tenha 11111ita paciência, porque a paciência leva-nos para o Céu. A mortificação e os sacrificios agradam muito a Nosso Senhor. A Confissão é um sacramento de misericórdia. Por isso é preciso aproximarem-se do confessionário com confiança e alegria. Sem confissão não há salvação. A Mãe de Deus q11er mais almas virgens, que se liguem a Ela pelo voto de castidade. Para ser Religiosa é preciso ser 1nllito pura na ahna e 110 corpo". - "E sabes 111 o que quer dizer ser 1>11ra?'. ' pergunta a Madre Godinho. - "Sei, sei. Ser pura 110 corpo é gltardar a castidade; e ser pura 11a alma é não fazer pecados; não olhar para o que não se deve ver, não roubar, não 111e11tir nllnca, 1/izer sempre a verdade ainda que nos custe . .. " "Q11e11, não cumpre as promessas que faz a Nossa Senhora nunca terá felicidade nas suas coisas.

Os médicos não tê111 luz para curar bem os doentes, porqlle não tê111 amor de Deus". - "Q11em foi q11e te ensinou tantas coisaj·?" pergunta a Madre Godinho. - "Foi Nossa Senhora; mas algumas r,enso-as eu. Gosto muito de pensai'' (De

Marchi, pp. 254-256; Walsh, pp. 161-162). Notando que muitas visitas conversavam e riam na capela do orfanato, Jacinta pediu à Madre Godinho que as advertisse da falta de respeito que isso constituía para com a Presença real. Não dando tal medida resultados satisfatórios, pedia que comunicasse isso ao Cardeal; "Nossa Senhora não quer qlle a gente fale 1111 igreja" (De Marchi, p. 252; Walsh, p. 160). ··

ú ltimos dias de Jacinta Durante a sua curta permanência no hospital, Jacinta foi favorecida com novas visitas de Nossa Senhora, que lhe anunciou o dia e a hora em que haveria de morrer. Quatro dias antes de a levar para o Céu, a Santíssima Virgem tirou-lhe todas as dores. Nas. vésperas de sua morte, alguém perguntou-lhe se queria ver a mãe. Jacinta respondeu: ., - " A ,ninha família durará pouco te,npo e em breve se e11co11trarão 110 Céu . . , Nossa Senhora aparecerá outra vez, mas não a mi11i, porq11e com certeza 111orro, como Ela me disse ... " (De Marchi, p. 262).

Nossa Senhora veio buscar J aciata no dia 20 de fevereiro de l 920. Francisco entregara sua alma a Deus no dia 4 de abril do ano anterior. Jacinta foi sepultada no cemitério de Vila Nova de Ourém. Francisco o fôra, anteriormente, no cemitério de Fátima. Em 12 de setembro de 1935, os restos mortais de Jacinta foram transladados para o cemitério de Fátima, onde foram depositados num jazigo novo especialmente construído para ela e seu irmão. Na lápide, uma inscrição singela ·dizia: "Aqui repo11sa1n os restos ,nortais de Francisco e Jacinta, a que,n Nossa Senhora apareceu". Mais tarde (em 1951 e 1952, respectivamente), os preciosos despojos foram levados para a cripta da Basílica de Fátima, onde se encontram. Os processos canônicos preparatórios para a beatificação dos dois videntes de Fátima foram oficialmente iniciados em 1949. A comunicação das graças obtidas por intercessão dos Servos de Deus Francisco e Jacinta deve ser feita ao Vice-postulador da Causa (Paço Episcopal, Leiria, Portugal).

IV A missão da Irmã Lúcia UANDO DA segunda aparição, ao pedido de Lúcia para que a levasse para o Céu juntamente com seus primos, Nossa Senhora lhe respondeu, como vimos:

Q

Assim sendo, caso esta sétima aparição não se tenha dado secretamente, representa ela uma das grandes expectativas do assunto Fátima,

- "Sim., à Jacinta e ao Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais alg11111 tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer 110 mundo a devoção ao meu Jmaculado Co-

O itinerário de Lúcia

ração". Estas palavras indicam claramente que Lúcia, além de depositária dos segredos revelados por Nossa Senhora, ficava nesta terra para desempenhar uma determinada missão. Cabe lembrar, ainda, que Jogo na primeira aparição, no dia 13 de maio, Nossa Senhora anunciara: - "Viln para vos pedir que venha;s aqui seis meses seguidos, 110 dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o q11e quero. Depois voltarei ainda aqui uma séti,na vez". Devia, portanto, dar-se uma sétima aparição de Nossa Senhora, na Cova da Iria. Quando? O que Nossa Senhora queria comunicar ou manifestar nela aos homens? Seja o que for, parece normal admitir que à Irmã Lúcia caberia ser, ainda uma vez, a confidente de Nossa Senhora na Cova da Iria.

A 1.7 de junho de 1921, Lúcia partiu de Aljustrel para o Porto, e foi recebida como aluna interna no Colégio das Irmãs Dorotéias, em Vilar, subúrbio desta última cidade. Em 24 de outubro de 1925 ingressa no Instituto de Santa Dorotéia, sendo então admitida como postulante no convento dessa Congregação em Tuy, na Espanha, junto da fronteira com Portugal. A 2 de outubro de 1926 é noviça. A 3 de outubro de 1928 pronuncia seus primeiros votos como Irmã conversa. Seis anos depois, no mesmo dia de outubro, emite os votos perpétuos. Toma o nome de religião de Irmã Maria das Dores. Por ocasião da revolução comunista na Espanha, é transferida, por motivos de segurança, para o Colégio do Sardão, em Vila Nova de Gaia, onde permanece durante algum tempo. Mais tarde, no dia 20 de r11aio de 1946, a Irmã Lúcia pôde rever o local das aparições, tendo estado na Cova da Iria, na gruta do Cabeço e no sítio dos Valinhos. Posteriormente, em 25 de março de 1948, deixou o Instituto de Santa Dorotéia para

ingressar no Carmelo de São José, em Coimbra, com o nome de frmã Maria Lúcia do Coração Imaculado ( 23 ) , A 13 de maio do mesmo ano vestiu o hábito de Santa Teresa, e no dia 31 de maio de 1949 professou como Carmelita descalça.

As revelações posteriores a 1917; os cinco primeiros sábados No segredo de julho, Nossa Senhora d issera: - "Virei pedir a consagração da Rússia ao ,neu Imaculado Coração e a com,mhão reparadora nos primeiros sábados". A mensagem de Fátima não estava, pois,

definitivamente encerrada con1 o ciclo de aparições .da Cova da Iria, em 1917. No dia 10 de dezembro de 1925, a Santfssima Virgem, tendo ao lado o Menino Jesus sobre uma nuvem luminosa, apareceu à irmã Lúcia, em sua cela, na Casa das Dorotéias, em Pontevedra. Pondo-lhe uma das mãos ao ombro, mostrou-lhe um Coração rodeado de espinhos, que tinha na outra mão. O Menino Jesus, apontando para ele, exortou a vidente com as seguintes palavras: " Tem pena do Coração de t11a Santis~3) Alguns autori; d ium apenas Irmã Maria do Coração Imaculado.

sima Mãe, qu" está coberto ele espinhos q116 ps homens íngratos a todos os momentos Lhe cravam, sem haver queni faça 11111 ato ele reparação para os tirai''. A Santíssima Virgem acrescentou: "Olha, minha filha, o meu coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os ?110tnentos Me cravam co111 blasfê111ias e ingratidões. Tu, menos, vê de Me consolar, e dize que todos aq11eles que dura11te cinco 111eses, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um terço e Me fizeren1 q11inze mi1111tos de companhia meditando nos quinze 1nistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu pro111eto assisti-los na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas" (cf. "Memórias e Cartas da lrmã Lúcia", p. 400; Ayres da Fonseca, pp. 350-351; Walsh, p.' 1-96; De Marchi, ed. em inglês, pp. 152-15~; ·Fazenda, pp. X-Xl). No dia 1.5 de fe_vereiro de 1926, o Menino Jesus torna a aparecer à Irmã Lúcia, em Pontevedra, perguntando-lhe se já havia divulgado a devoção à sua Santíssima Mãe. A vidente dá conta de dificuldades· apresentadas pelo confessor, e explica que a Superiora estava pronta a propagá-la, mas que aquele Sacerdote havia dito que sozinha a Madre nada podia. Jesus respondeu: - "li. verdade que a t11a Superiora só nada pode, mas co,11 a ,ninha graça pode tudo". A Irmã Lúcia expôs a dificuldade de algumas pes, soas de se confessarem no sábado, e pediu para ser válida a confissão de oito dias. Jesus respondeu; - "Sim, pode ser de muitos mais dias ainda, contanto que, quando Me recebere111, estejam em graça e te11ha1n a intenção de desagrawtr o lmac11lado Coração de Maria", A Irmã Lúcia ainda levantou a hipótese de alguém esquecer de formar a intenção ao confessar-se, ao que Nosso Senhor respondeu: - "Pode111 formá-la na outra confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião q11e tivere111 de se confessar" (cf. "Memórias e Cartas da Irmã Lúcia", p. 400; Fazenda, pp. XI-XII; Ayres da Fonseca, p. 351; De Marchi, ed. em inglês, p. l53). Na vigília de 29 para 30 de maio de 1930, Nosso Senhor, falando interiormente à Irmã Lúcia, resolveu ainda outra dificuldade: "Será igualmente aceita a prática desta devoção no domingo seguinte ao prin1eiro sábado, quando os 111e11s Sacerdotes, por justos motivos, assim o concederem às al,nas" (cf. "Memórias e Cartas da Irmã Lúcia", p. 410) .

"º

A divulgação dos segredos A J 7 de dezembro de 1927 Lúcia foi para junto do sacrário, na Capela da Casa das Dorotéias em Tuy, perguntar a Nosso Senhor como satisfaria a ordem do confessor de pôr por escrito algumas graças recebidas de Deus, se nelas estava encerrado o segredo que a Santíssima Virgem lhe tinha confiado. Jesus, com voz clara, fez-lhe ouvir estas palavras: - "Minha filha, escreve o que te pedem; e tudo o que te reve/011 a Santíssima V irge,n na aparição em que fa1011 desta devoção (ao Imaculado Coração de Maria) escreve-o também. Quanto ao resto do segredo, continua o silêncio" (cf. "Memórias e Cartas da Irmã Lúcia", p. 400; Ayres da Fonseca, p. 34) . Em conseqüência da ordem assim recebida, Lúcia revelou o que se passara na aparição de. junho, Mais tarde, em 1941 , quando o Bispo de Leiria lhe ordenou que recordasse tudo o mais que pudesse interessar à história da vida .de Jacinta, para uma nova edição que queriam mandar imprimir, a vidente, obtida licença do Céu, revelou duas das três partes do segredo de julho. São suas palavras: - "O segredo consta de três coisas distintas, duas das quais vou revelar. A primeira foi, pois, a vista do inferno". E segue-se a narração das duas partes do segredo, conforme a reproduzimos no devido lugar, ao relatar a aparição de julho ( cf. Memórias 111, pp. 216 a 220; Ayres da Fonseca, pp. 43-44; Galamba de Oliveira, p. 146). Quanto à outra parte do segredo ("') , a vidente escreveu-a entre 22 de dezembro de 1943 e 9 de janeiro de 1944, sob forma de 24) Ver

nqta 11. 7


SIMPLES RELATO carta, encaminhando-a, por meio do Bispo titular de Gurza, D. Manuel Maria Ferreira da Silva, seu antigo confessor no Porto, ao Bispo de Leiria, qoe era então D. José Alves Correia da Silva. O documento, que segundo de<:larações da Irmã Lúcia não devia ser tornado público antes de 1960 (.. . ), foi levado por D. João Pereira Venâncio, quando ainda Bispo auxiliar de Leiria, para a Nunciatura Apostólica em Lisboa. Dali, o então Núncio em Lisboa, depois Cardeal Fernando Cento, levou-o, entre outubro de 1958 e fevereiro de 1959, para Roma, onde foi lido pelo PaJ?a João XXIII e pelo Cardeal Alfredo Ottaviani, na ocasião Prefeito da Sagrada Congregação do Santo Ofício. Em seguida, o documento foi encaminhado aos Arquivos secretos do Vaticano (cf. Sebastião Martins dos Reis, "Síntese crítica de Fátima", p. 69, e "A Vidente de Fátima dialoga e responde pelas Aparições", p. 70). Sabe-se de fonte segura que a Irmã Lúcia escreveu esta parte do segredo, a instâncias do Bispo de Leiria, por ocasião de uma grave enfermidade por que passou ( cf. Walsh, pp. ·185-186) .

A consagração da Rússia ao Coração de Maria No dia 13 de junho de 1929, a Irmã Lúcia teve uma esplêndida visão da Santíssi.ma T rindade e do Imaculado Coração de Maria, du.rante a qual Nossa Senhora lhe comunicou que "era chegado o momento em que queria participasse à Santa Igreja o seu desejo da consagração da Rússia, e a sua pron,essa de a converter". ~ a própria Irmã Lúcia quen1 escreve: "Eu tinha pedido e obtido licença das mi11has superioras e do confessor para fazer a Hora Santa das onze à meia-noite, de quintas para sextas-feiras. Estando uma noite s6, ajoe/hei-111e entre a balaustrada, no meio da capela, a rezar prostrada as orações do Anjo . . SentindO,//te cansada, ergui-1/te e continuei a rezá-las com os braços em cruz. A única luz era a da 11/,npada . .De repente iluminou-se toda a capela cont uma luz sobrenatural, e sobre o altar apareceu wna Cruz de luz que chegava até o teto. Numa luz ntais clara, via-se na parte superior da Cruz, 11111a face de ho,nem com corpo até à cintura [o Padre Eterno], sobre o peito uma pomba de luz [o Divino &pírito Santo], e pregado na Cruz o corpo de outro homen1 [Nosso Senhor Jesus Cristo). Um pouco abaixo da cintura, suspenso no ar, via-se um cálice e uma H6stia grande, sobre a qual caía111 algumas gotas de sangue que corriam pelas faces do Crucificado e de uma ferida do peito. Escorregando pela H6stia, essas gotas caíam dentro do cálice. Sob o braço direito da Cruz estava Nossa Senhora (era Nossa Senhora de Fátima com o seu Imaculado Coração na mão esquerda, seni espada ne111 rosas, mas com uma coroa de espinhos e chamas) . .. Sob o braço esquerdo [da Cruz], u,nas letras grandes, co,no se fosse,n de água cristalina que corresse para ci,na do altar, formava,n -estas palavras: "Graça e Miseric6rdia". Co,npreendi qlie me era mostrado o M istério da Santíssi111a Trindade, e recebi luzes sobre este Mistério que não me é permitido revelar. Depois Nossa Senhora .disse-//1e: "E; cltegadÔ o momento em ·que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os Bispos do mundo, a consagração da Rússia

2S) Cí. Sebastião Martins dos Reis, p. 82, in• 1erroga1ório do Pe. Iongen. 26) Ap0n1arnenlos do Pe. José Bernardo Gonç:llvcs. S. I., copiados de um manuscrito da Irmã Lúcia que, segundo parect, não existe mais (cf. edições brasileira e rortug1.1csa. das Memórias da Irmã Lúcia, p. 193) . 27) Alusão à promessa de Nosso Senhor a Luis XlV, por intcrmE<lio de Santa Margarida Maria Alacoque, de dar.lhe a vida da graça e a glória eterna. bem como a vitória sobre todos os inimi· gos, se o Rei se consagrosse ao Sagrado Coraçâo

e O fizesse rei.nar cm seu palácio, pintar cm seus estandartes e gravar cm suas armas. O pedido que o Senhor assim formul:lra ainda não fora atendido quando, cm )792, prisioneiro na Torre do Templo, Luís XVI fez o voto de consagrar solenemente ao Coração de Jesus S\1a própria pessoa, sua Família e seu Reino, se recobrasse . a liberdade, a Coroa e o poder real. Já era tardé: o Rei só saiu da pdsão para o patíbulo.

ao ,neu !11wc11lado Coração, prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a Justiça de Deus co,ulena por pecados contra Mi,n contetidos, que venho pedir reparação: sacrifica-te por esta intenção e ora" (cí. " Memórias e Cartas da Irmã Lúcia", pp. 462 e 464) (26 ).

Através de seus confessores e do Bispo de Leiria, a vidente fez com que o pedido de Nossa Senhora chegasse, ainda naquele ano, ao conhecimento do Papa Pio XI, o qual prometeu tomá-lo em consideração (cf. De Marchi, p. 311; Walsh, p. 198). Em carta de 29 de maio de 1930 ao seu confessor Pe. José Bernardo Gonçalves, S. J ., a Irmã Lúcia relata que Nosso Senhor, tendo-lhe feito sentir no fundo do coração a sua Divina Presença, instou-lhe a pedir ao Santo Padre a aprovação da devoção reparado_ra dos ~rimeiros Sábados. São palavras da vidente: Se me não engano, o bom Deus pro,nete terminar a perseguição na Rússia se o Samo Padre se dignar Jazer, e mandar que o 1açam igualmente os Bispos do mundo cat61ico, 111n solene e público ato de reparação e consagração da Rússia aos Santíssimos Corações. de Jesus e Maria, pro,netendo, Sua Santidade, mediante o fitn desta perseguição, aprovar ~ recomendar a práti~a da já_ indicada devoção reparadora" ( cf. Memórias e Cartas da Ir.mã Lúcia" p 404). , ' . Mais tarde, por meio de outra comunicação íntima, Nosso Senhor queixou-Se à Irmã_ Lú_cia de que a consagração da Rúss,a nao tmha sido feita : "Não quisera,n atender ao meu pe~/ido. Como o Rei de França, arrepender-se-ao, e fá-la-ão, mas será tarde 27 ( ). A Rússia terá já espalhado os setLV erro~ P_elo ,numd?, provocando g11erras, perseg111çoes a lgre1a: o Santo Padre terá muito que sofrer" ( cf. Memórias e Cartas da Irmã Lúcia", p. 464 ) . Em 21 de janeiro de 1935, em carta ao Pe. José Bernardo Gonçalves, S. J., a Irmã Lúcia declara que "Nosso Senhor estava bastante descontente por 11ão se realizar o seu pedido" ( cf. "Memórias e Cartas da Irmã Lúcia", p. 412). Em _carta ao mesmo Pe. Gonçalves, de 18 de maio de 1936, a Irmã Lúcia esclarece: "Quanto à outra pergunta: .re será conveni~nt! insistir para obter a consagração da Russ,a, - respondo quase o mesmo que das 011tras vezes tenho dito. Sinto q11e não se tenl~a já Jeito; nias o mesn10 Deus que a pedu,, é q11e assi,n o permitiu. [ ... J Se é conveniente insistir? Não sei. Parece-,ne que, se o Santo Padre agora a fizesse, Nosso Senhor a aceitava e cuntpria a sua promessa; e, sem dúvida, seria 11111 gosto que dava a Nosso Senhor e ao Imaculado Coração de Maria. Intimamente, tenho falado a Nosso Senhor do assunto; e há pouco perguntava-Lhe por que não convertia a Rússia se111 que Sua Santidade fizesse essa consagração. "Porque quero que toda a n,inha Igreja reconheça essa consagração como um. triu11fo do Coração Imaculado de Maria, para depois este11, der o seu culto e pôr, ao lado da devoção do meu Divino Coração, a devoção deste Imaculado Coração". Mas, 11,eu Deus, o Santo Padre não me há-de crer, se V 6s mes1no o não moveis co111 uma inspiração especial. "O Sa11to Padre! Ora muito pelo Santo Padre. Ele há-de fazê-la, mas será tarde. No entanto, o !maculado Coração de Maria há-de salvar a Rússia. Está-Lhe co11Jiada" (cf. "Memórias e Cartas da Irmã Lúcia", pp. 412 e 414).

28) Como se vê, a Irmã Lúcia acompanha de perto o que se p3ssa no mundo relativamente aos pedidos de Nosso Senhor e de Nossa Senhora. Mas nem sempre toma conhecimento dos fatos pelas vias de informação normais. D iz ela ao Pe. Gonçalves, cm carta de 2l de janeiro de 1940:

"Coisas desse gênerQ [alguns artigos de revista que queriam que ela visse], só costumo ler o que 01 Supcrforcs dc1crminadame11tt: me mandam.

f .. .]

De res10. as mi'nltas Superioro.r it(>Sttun que me conserve em ig,wrância do que se vai passtmtlo, e cu sou contente; mio renho curiosidade. Qmmdo Nosso Senhor quer t/Ue saiba lllguma coisa, cncar· rega-Se de mo f(1ter conhecer. Tem para isso 1011los meios.''' ( cf. "Memórias-' e Cartas da Jrmâ Lúcia", p. 420). 29) Na sogunda parle do Segredo, Nossa Senhora anunciou o lriunfo de- seu Imaculado Cora• ç..io, a concretizar-se após o Castigo com que Deus punirá o ~mndo pelos seus crimes. Neste documento, a Irmã Lúcia alude a "um" volta mais comp/,ta" do mundo a Deus Nosso Senhor. Tudo islo

.

Ainda para o Pe. Gonçalves, ela escreve a 24 de abril de l 940: "Ele [Nosso Senhor], se quiser, pode fazer que a causa ande depressa. Mas, para castigo do mundo, deixará que vá devagar. A sua Justiça, provocada pelos nossos pecados, assi11• o exige. Desgosta-se, às vezes, não s6 pelos grandes pecados, ,nas tambbn pela nossa frouxidão e negligência eni atender aos seus pedidos. [ . . . ) São muitos os crimes, mas, sobretudo, é muito maior agora a negligência das al//1as de quem Ele esperava ardor no se11 serviço. e muito limitado o ntímero daquelas co111 queJ11 Ele Se encontra" (cf. "Memórias e Cartas da Irmã Lúcia", pp. 420 e 422 (2A) . A Irmã Lúcia volta aos mesmos pensamentos em carta de 18 de agosto de 1940, sempre ao Pe. Gonçalves: "Suponho que é do agrado de Nosso Senhor que haja quen• se vá interessando, j1111to do seu Vigário na terra, pela reali:wção dos seus desejos. Mas o Salllo Padre não o fará já. Duvida da realidade, e tem razão. O nosso bo,n Deus podia, por meio de algu111 prodígio, mostrar claro que é Ele que o pe· de; mas aproveita-se deste tempo para, co1'.1 a sua Justiça, punir o mu,ulo de tan!OS c~,mes, e prepará-lo para 11ma volta mais completa para Si ("") . A prova <1ue nos concede é a proteção especial do ltnaculado Coração de Maria, sobre Portugal, em vista da consagração que lhe fizeram (3 º). Essa gente, de que me fala, ten, razão 1e estar assustada. Tudo isso nos acontecerw, se os nossos Prelados não tivessem atendido aos pedidos do nosso bo111 Deus, e implorado tanto de coração a sua Miseric6rdia e a proteção do I mac11lado Coração da nossa boa Mãe do Céu. Mas na nossa Pátria' !tá ttittda //lllitos crimes e pecados; e como agora é a hora da J11stiça de Deus sobre o mundo, é r,reciso que se contin11e a orar. Por isso, eu achava be,11 que incutissem nas pessoas, a par duma grande confiança na Miseric6rdia do nosso bom. Deus e 1w proteção do Imaculado Coração de Maria, a necessidade da oração, acompanhada do sacrifício, sobretudo daquele que é preciso fazer para evitar o pecado" (cf. "Mem.órias e Cartas da Irmã Lúcia", p. 426).

Em carta datada de 2 de dezembro de 1940, a Irmã Lúcia dirigiu-se diretamente ao Papa Pio XH, por ordem de seus diretores espirituais, pedindo. que Sua Santidade se dignasse abençoar a devoção dos Primeiros Sábados e estendê-la por todo o mundo, acrescentando: "E111 1929, Nossa Senhora, por meio de outra aparição, pediu a consagração da Rússia a seu Imaculado Coração, prometendo, por este meio, impedir a propagação de seus erros, e a sua conversão. [ ... J EJ11 várias comunicações íntimas Nosso Senhor não te,n deixado de insistir neste pedido, prometendo ultimamente, se Vossa Santidade se digna fazer a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, con, menção especial pela Rússia, e ordenar que, e111 união com Vossa Santidade e ao //tesmo tempo, a façani também todos os Bispos do mundo, abreviar os dias de tribulação com que tem detenninado punir as nações de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de várias perseguições à Santa Igreja e a Vossa Santidade" (cf. "Memórias e Cartas da Irmã Lúcia", p. 436; De Marchi, p. 312; Galamba de Oliveira, p. 153) .

se compagina admiravelmente com o Rei.no de Maria _profetizado pOr São Luís Maria Grignion de Montfort em seu célebre *'Tratado da verdadeira devoção ;, Santíssima Virgemº e cm sua não menos famosa "Oração :ibrns:tda''. No Reino de Maria - segundo esse Santo - Nossa Senhora ocupará um papel centr:tlíssimo cm toda a vid:l das sociedades religiosa e temporal, exercendo um império especial sobre as :limas; assim verificar. "'5C•á um esplêndido reflorescimento da Santa Igreja e da c ivili1.ação cristã. A mensagem de Fátin1a é uma magnaica promessa de realização dessa visão profética ainda. cm nossos dias. 30) Em maio de 1936, o Episcopado 1'or1ugués reunido cm Fátim:k fez o voto de voltar lá cm assernbJ~ia plenária, se o seu país ficas.se Jivre do perigo vermelho tão temerosamente pr6ximo (a revolução comunista na Espanha poderia. facilmente alastrar-se pa,ra o paJs vit inbo) . Conjurado inesperadamente esse perigo, os Bisp0s: de Portugal voltam à Cova da Iria no dia 13 de maio de 1938 e cumprem a sua pron1cssa, realizando uma solene cerimônia de aç,ão de graças Por aquilo que

No dia 31 de outubro de 1942, em Radiomensagem a Portugal por ocasião do encerramento cio ao.o jubilar das apatições de Fátima, Pio XU consagrou a Igreja e o gênero humano ao Imaculado Coração de Maria. Em 1943, a Irmã Lúcia teve' outra revelação de Nosso Senhor, que ela assim relata em carta ao Pe. Gonçalves, no dia 4 de maio daquele ano: "Tive, por ordem de Sua Exâa. Revma. [o Bispo titular de Gurza, D. Manuel Maria Ferreira da Silva], que manifestar, ao Sr. Arcebispo de Valladolid, um recado de Nosso Senhor para os Senhores Bispos câ de Espanha, e outro ctos de Portugal. Deus queira que todos óuça,n a voz do bo111 Deus. Deseja que os de Espanha se re1í1uun e,n retiro e detennine,n ,una

reforma no povo, clero e ordens religiosas; que alguns conventos!. . . e ,nuitos membros de outros!. . . entende? Deseja que se faça compreender às almas que a verdadeirtt r>enitência que Ele agora quer e exige consiste, antes de tudo, no sacrifício que cada 11111 te111 de se impor para cwnprir coni os próprios ·deveres religiosos e //Wteriais. Pro,nete o fi111 da guerra para breve, em atençtío ao ato que se dignou fazer Sua Santidade. Mas co,no ele foi incompleto, fica a conversão da Rtissia para mais adiante. Se os Srs. Bispos da Espanha não atenderen, aos seus desejos, ela será ,nais uma vez ainda o açoite co111 que Deus os pune" ( cf. "Memórias e Cartas da Irmã Lúcia", p. 446). · Em 1952, por meio de um.a Carta Apostólica, Pio XH consagrou os povos da Rússia ao Puríssimo Coração de Maria (ver o texto em "Catolicismo", n.0 21, de setembro de 1952). Por ocasião do l[ Concílio Ecumênico do Vaticano, 510 Arcebispos e Bispos de 78 países subscreveram uma petição na qual rogam ao Vinário de Cristo que consagre ao Imaculado Coração o mundo todo, e de modo especial e explícito a Rússia e as demais nações dominadas pelo comunismo, ordenando que, em união com ele e no n1esmo dia, o façam todos os Bispos do orbe católico. O documento foi apresentado pessoalmente ao Santo Padre Paulo VI, pelo Exmo. Revmo. Sr. Arcebispo de Diamantina, D. Geraldo de Proença Sigaud, em audiência particular de 3 de fevereiro de 1964. A iniciativa da histórica petição fora daquele Prelado juntamente com S. Excia. Revma. o Sr. D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos ( ver a íntegra do documento no n.0 159 de "Catolicismo", de março de 1964). Muitas outras comunicações celestes tem tido a Irmã Lúcia, como se depreende da leitura de suas cartas já publicadas. Afirma-o também expressamente o Pe. Ayres da Fonseca em seu livro, à p. 350. Cabe-nos rezar com con(iança para que, sem mais demora, as partes ainda desconhecidas da Mensagem confiada aos videntes possam ser comunicadas ao povo fiel, para maior bem das almas, para a derrota da Revolução igualitária e gnóstica e para a glorificação de Maria Santíssima.

e:xplici1an1ente reconheciam corno miraculosa proteção da Santíssima Virgem à sua pátria. Na mesma oc.asião renovaram a consagração da naçáo

portuguesa ao Imaculado Coraç.ão de Maria~ feita sele :inos antes (cí. "As grandes jomadas de Fátima", Pe. Moreira das Neves, in "Fátima. altar do mundo", vol. li, pp. 249-2S7 ). Em atenção a essa consagração, Nosso Senhor prometeu uma proteção especial a Portugal durante a Segunda Guerra Mundial, acrcscent:'lndo que esta proteção seria a prova das graças Q\IC concederia à.s outr:ls nações se, como Portugal, Jhe tive-.ssem sido consagradas (cí...Memór·ias e Car· ias da Irmã Lúcia", pp. 436 e 438). Estas graças concedidas a Potugal nas décadas de 30 e 40 não significavam, entretaoto, que o perigo vermelho e o castigo das guerrns estivessem definitivamente afastados desse país, como aliás se deprceode do que cm seguida se lê na carta de 18 de agosto de 1940 ao Pe. Gonçalves, e em ou• Iras que se encontram no Hvro "Memórias e Cartas da Irmã Lúcia" (cí. pp. 438, 440 e 442). bem como das vjsões de Jacinta que relatamos na Parle III deste trabalho.


1 '

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O QUE PENSAR DO PENTECOSTALISMO ''CATÓLICO''? A chamada ''Renovação

· Carismática'' O MOVIMENTO é controvertido. Surgiu em seitas protestantes dos Estados Unidos e foi introduzido na lgreia por cur· silhistas. Sua figura de proa é o Cardeal Suenens, chefe de filo dos progressistas no Concílio. No centro de suas práticas está o "batismo no Espírito pela imposi • ção das mãos", que conferiria "carismas" como o "dom das línguas", o "dom de profecia", o "dom de curo". Lêem a Bíblia, "profetizam", "celebram a Eucaristia" em meio a cantos, danças ao som de música "rock" e gritos como "Ale• 111 , º AIa b ore. 'l" , 0 Espir1 ' ·to vem.I" . / u,o. Bispos e estudiosos têm apontado desvios doutrinários, criticado o inforc:>nfessionolismo do movimento e denunciado perigosos manifestações de histeria, semelhantes às que ocorrem por vezes em estádios de futebol e programas de auditório. No amplo e documentado estudo que hoie apresentamos, o leitor encontrará elementos poro o indispensável análise e para responder à grave pergunta: o que pensar do pentetostalismo "católico" - o chamado "Renovação Carismática"? (p. 8). 11

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N.º

296/298

PORTUGAL: UMAOPÇÃO DECISIVA PARAAEUROPA

ARELIGIÃO COMUNO-PROGRESSISTA DE GARAUDY

Comunismo violento e imediato à Cunhal, ou comunismo brando e a largo prazo à Soares. Fugirão os portugueses a essa falsa alternativa? Da atitude do maioria católico luso pode depender o futuro do Europa. Ou será o país arrastado à guerra civil? (p.3 ).

Roger Goraudy (teórico marxista francês, amigo de D. Helder e de outros corifeus do progressismo) apresenta o aniquilamento do indivíduo como o ponto de encontro entre cristãos e comunistas. Há progressistas que concordam com esla posição (p. 4).

AGOSTO/OUTUBRO

DE

1975

ANO

XXV

Edição de 16 ,páginas CrS 8,00


Paulo Freire: educação como prática da ''libertação'' .

FESTEJADO Paulo Freire, após d irigir uni programa de alfabetização no Brasil durante o período janguista, exilou-se no Chile depois de Março de 64. sendo no pais andino encarregado pela administração democrata-cristã do PlaT10 de Educação em Massa. Dali passou-se à Europa, onde preside o INOD EP (/11sti111to Ecumênico para o Dese11volvime11to dos Povos), que tem sedes em Paris e Genebra, e é mantido .pelo Conselho Ecumênico das Igrejas, organismo notoriamente esquerdista. Sua notoriedade veio do método de alfabetização que idealizou pelos anos 1961-1962, e que foi largamente difundido por obra ,: graça das esquerdas d itas católicas. Agora a Editora Paz e Terra, do Rio de Janeiro, acaba de reeditar suas obras princi• pais: Educação como Prática da Liberdade, Pedagogia do Oprimido, Extensão e Con·w nica· ç<io ( est.c último aparece com o prefácio da edição original chilena, escrito por Jacques Chonchol, então Ministro da Agricultura de Frei, e executor de sua reforma agrária socializante - como o havia sido da reforma agrária de Fidel Castro).

O

idéias sobre a educação. Na realidade ele foi criado por uma equipe de pl'ofessores cio Instituto Superior de Estudos do Brasil por volta de 64. [ .. . ] Ao ouvir pela primeira vez a palavra conscientiwçã.o, dei-me conta imediatamente da profundidade de seu significado[ .. . ). Desde entiio, esta palavra passou a for,nar parte de meu vocab11lário. Mas foi Helder Camara q11em se encarrego11 de difrmdi-la e de traduzi-la para o inglês e o francês" (pág. 35). u A conscientização convida-nos a assumir uma posiçcio utópica perante o mundo, posição que converte o conscientil,ado em ../mor ut6· pico". Para mim[ ... ] a utopia[ . .. ]"é a dialetização tios atos de demmciar e anunciar, o ato de DENUNCIAR A ESTRUTURA DESUMANIZAN·

TE

e

ANUNCIAR A ESTRUTURA HUMANJ:ZANT'E.

O que P. Freire tem em vista

Por esta raWo ,, u topia é compromisso histórico [ .. . ]. Por esta razão some11te os 111ópicos podem ser PROF!T1cos e portadores de espera1tça. Somente podem ser proféticos os que ammciam e denunciam, co~ PROMETIDOS PER· MANENTEMENTE NUM PROCESSO R/.OICAL oe TRANSFO.RMAÇÃO DO MUNDO para que os homens possam ser ,nais. Os homens reacioná. rios, os homens opressores não podem ser r116picos. N<io podem ser proféticos e, por1a11to, 11ão podem ter espera11ça·· (pp. 37-38) (destaques nossos).

Paulo Freire pr,:tende com seu método destruir a educação tradicional, que, segundo ele. "domestica", ºaliena", fazendo do educando ob;eto e não su;eito da ação educativa. Assiro, ele procura "tlesalienar", "ativar" o alfabetizando, tornandO·o uma pessoa crítica da sociedade. Considera que sem a "co11scienlização", a alfabetização é até prejudicial, por ligar ainda mais o indivíduo à "sociedade

l>ara o nde a "conscientitação" nos levará? Evidentemente, para a denúncia da uestrutura desumanizante'' e o anúncio da "estrutura lrnmanizante". Qual será essa •• estrut ura humani· za1tte"? Paulo Freire nô-lo indica : "Com exceção da CUBA PÓS-REVOLUCIONÁRIA, essas sociedades [latino-americanas] são ai11da fechadas; são sociedades depe11de111es·· (p. 9 l) ( destaques nossos} . Ou seja, desumanizantes.

opressora''.

E aqui chegamos à idéia-chave do método Paulo Freire: "'co,u·dentização"; palavra que de si pode não querer dizer nada, mas que também pode significar muita coisa. Será interessante conhecer o que P. Freire entende a respeito.

Uma palavra que diz muita coisa No livro EI Me11saje de Pa11lo Freire Teoria y Práctica de la Liberació11 (Editorial Marsieg·a, Madrid, 1973) - que reúne vários escritos do professor pernambucano - podemos ler: "Crê-se geralmente que sou o autor desse estranho l'Ocábulo consci.cn1iz.ação, pelo faro de ele .rer o conceito central de minhas

A mecânica do método Vistas cm seu ia(rcleo as idéias educacionais de Paulo Freire, passemos ao método. Temos à vista o livro Educação como Prática da Liberdade (Paz e Terra, 5.3 ed., 1975) e um número de JDOC internacional (n. 0 29, IS de A,gosto-t.0 de Setembro 1970) - revista do organismo interconfessional de mesmo nome, promotor da subversão eclesiástica por toda parte. Uma vez que Paulo Freire utiliza uma "linguagem difícil en, seus escritos'' - como reconhecem seus discípulos do MIRJAC Movimento Internacional da Juventude Agrícola e Rural Cristã (IDOC i11ter11acio11al, p. 32) - é preciso traduzi-la em termos mais simples.

'"Círculo de cultura funcionando'", ilustração para a 5 . 8 edição do livro "Educação como prática da Liberdade" Apresentamos a seguir outras palavras geradoras, selecionadas para o Estado do Rio e Guanabara, e os respectivos temas de debate: Palavra geradora CHUVA

ARADO

Uma "escola" sem professores nem alunos, sem classes nem aulas No método Paulo Freire, não há professor, aluno, classe ou aula. O que ,:xiste é coord enador de debates, partici11ante de grdpo, cfrculo de cultura e diálogo (ou debate). O coorde11ador é o elemento adrede preparado para levar adiante o processo de alíabe1i1,ação. Cabe a ele co11scie11tizar, alfabetizando. O método consla de duas etapas, uma de elaboração, outra de execução prática. Ambas comportam várias fases, que resumiremos:

I.ª - LEVANTAMENTO 00 UNIVERSO VOCA· BULAR: A equipe de coordenadores conversa informalmente com os moradores da área visada, para conhecer o vocabulário de uso co· mum, regislrando as palavras mais empregadas. 2. 3 - EsCOLIIA DAS '"PALAVRAS OER/.OORAS'º ("'Palavras geradoras - explica Paulo Freire - são aquelas que, decompostas em seus e/(•. mentos silábicos, propici(lln, {)ela combinação desses elementos, a criação !fe novas palavras'" - ob. cit. p. 112, nota 13). Três critérios pre,. &idem a escolha dessas palavras: "a) o da riqueza /onêmica; b) o das dificuldades fonéticas; l . .. ) e) o ele teor pragm6tico da palc1v1·t1, que implica numa maior plurt1li<lade de ENGAJAMEN· TO OA PALAVRA NUMA DA.DA lU!Al.lOAOl! -SOCIAL,

CUI.TURAt.., POr..íTJCA, etc." (id. pp. 113-114) (destaques nossos).

3.3

0EOATE EM TORNO OA "'rAt..AVRA GI!· Projeta-se numa tela um slide, ou se apresenta uma gravura relacionada com a palavra em discussão. As situações que tal pa· lavra evoca são exaustivamente debatidas entre os coordenadores e os alfabc1izandos. RAOORA":

4.à -

DeCOMPOSJÇÃo OA

0

J)ALAVRA GERA·

ooiv.": A palavra geradora é decomposta em

2

sílabas; formam-se novas sílabas, mudando-se as vogais.

5. 3

FORMAÇÃO DE NOVAS PAL.AVR/.S A A partir dos grupos silábicos já obtidos, forma m-se novas palavras, juntando.se as diferentes sílabas.

Aspectos para a discussão Influência do meio-ambiente na vida humana. O fator climático na economia de subsistência. De~cquilíbrios regionais do Brasil. Valorizaç.ã o do trabalho humano. O homem ,: a técnica: processo de transformação da natureza . O trabalho e o capital. Reforma agrária.

TERRENO

Dominação econômica. Latifúndio. I rrigação. Riquezas naturais. Defesa do patrimônio nacional.

COMlrlA

Subnutrição. Fome - do plano local ao nacional. Mortalidade infantil e doenças derivadas.

BATUQUE

Cultura do povo. Folclore. Cultura ,:rudita. Alienação cultural.

PROFISSÃO

Plano social. O problema da empresa. Classes sociais e mobilidade social. Sindicalismo. Greve.

ENOENHO

Formação econômica do Brasil. Monocultura. Latifúndio. Reforma agrária.

RIQUEZA

O Brasil e a dimensão universal. Confronto da situação de riqueza e pobre,.a. O homem rico x o homem pobre. Nações ricas x nações pobres. Países dominantes e dominados. Países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Emancipação nacional. Ajudas efetivas ,:ntre as nações e a Paz Mundial.

-

PARTIR OA " PALAVRA GERADORA":

Exaurjda â primeira palt,vra gerador,,, passa-se à seguinte. O método pode ser aplicado, indistintamenle, a adultos, adolescentes e crianças.

Exemplificação Tomemos um exemplo do próprio Freire. Digamos que a palavra geradora escolhida seja FAVELA. Projeta-se um slide ou apresenta-se uma gravura representando aspecto de 'uma favela. Debate~sc, então, a "situação existencial" que a favela a.presenta, isto é, os seus problemas: habitaç.ã o, alimentação, vestuário, saúde, educação, etc. Descob.erla a favela como uma «situação problemárica", passa•se à visualização da palavra pela projeção de um slide: FAVELA Depois outros, sucessivamente: FA-VE-LA FA-FE-Ft-FO-FU VA-VE-Vl-VO-VU LA-LE-Ll-LO-LU Nesta fase, o grupo aprendiz é auxiliado ou o faz por conta própria - a formar palavras, tais como FILA, FIVELA, VELA, etc. Com tal sistema, segundo Paulo Freire, é possível alfabetizar cm 45 dias.

Umo "educação libertadora" Conforme seus propugnadores, o método propicia uma "e<lucaçcio libertadora", pois destrói no educando as noções an1igas e introduz

ai a de,,·a/ie11açúo, Jibertando~o de preconceitos daninhos, como as noções de propriedade, hierarquia, concórdia de classes, etc. A verdade é que o método Paulo Freire é adequado a levar os alunos a aceitar a idéia da luta de classes, ao desejo de destruir as es1ru1uras tradicionais, à rejeição das legítimas desigualdades. Basta observar os temas propostos ao diálogo, para notar o quanto são susceptíveis de exploração comuoista, desde que bem manipulados pelos coorde11adorcs.

Análise do método Paulo Freire O método utiliza o contacto entre professor e aluno como instrumento de vila! importância para o rápido aprendizado. A motivação do aluno é provocada pela participação no diálogo e pelo desejo de formar novas palavras. O interesse despertado pela discussão propicia uma alfabetização fluida e rápida. A idéia de interes~ar os alunos por meio de uma maior comunicação com o professor nada apresenta de novo, tendo sido largamente utiJi:,ada cm épocas anteriores. En1retan10, o ensino de épocas passadas conservava e cultivava as distinções entre n\CS· tre e discípulo. O mestre era cercado de respeito e procurava-se transpor para o campo educacional o 1ipo de relações existentes entre pai e filho. Almejava-se um ensino paternal. Paulo Freire preconiza o igualitarismo. a camaradagem cntl'.'e professores e a,1!,lnos. Aliás. como vimos. os termos professor e aluno, que contêm a idCia de um que ensina e outro que aprende, são cvi1ados. O mé1odo explora o justo anelo do analfabeto de sair do seu estado, para introduzir idéias marxistas, através da análise orientada dos temas, habilmente lançados para discussão. Aqui, pela conscientiz.ação o educando torna-se paciente de u1na perigosíssima manobra de baldeação ideológica inadvertida. Paulo Freire utiliza um linguajar pedante e complicado. Assim, atinge duplo objetivo. Primeiro, faz-se entender pelos leitores que têm as chaves da interpretação. Em segundo lugar, el.e pode passar junto ao público até como teórico moderado, por não pregar abertamente a revolução comunista. Sua doutrinação é criplográfica. Com um çouco de esforço. o sentido real salla inequivoco. E o que sai é a pura teoria marxista da ação. Os lados positivos do método tornam-no mais nocivo, assim como um -bom fuzil nas mãos de um mal intencionado fá-lo mais temível do que se ele tivesse apenas um trabuco enferrujado.

P. Ferreira e Mello


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0

..

O pro.cesso .português, seus enigmas e suas repercusso~s na Europa e no Ocidente P

ORTUGAL ESTAVA sendo governado até 25 de abril de 1974 por um sistema

.cm deterioração que - com ou sem razão - era símbolo de regimes anticomunistas para uma boa pane da opinião pública mundial. Ao mesmo tempo, com seus tcrrit6-

rics ultramarinos, a pequena e gloriosa nação ibérica constituía um dique difícil de transpor para o processo de comunização da África. Sendo isso assim, o golpe sobre a resistência anticomunista em Portugal haveria ele render copiosos frutos à seita comunista, tanto no que se refere ao desalento de muitos anticomunis-

tas no mundo inteiro, como à desarticulação das nações ainda não comunizadas do contlncnte africano e, desde logo, lhe abriria para

sofrido no Chile e da posterior derrota da Esquerda Unida nas eleições presidenciais francesas, as esperanças comunistas de se mostrarem como força ideológica que convence as

maiorias ficaram muito minguadas. O modo pelo qual Portugal entrou no processo de comunização indica que, à falta de melhor, os comunistas decidiram empregar a estratégia muito audaz e brutal do fato consumado nãoideoi6gico. Por que? Perderam realmente os comunistas as esperanças de se revestirem das aparências de força popular majoritária democrática e pacífica, tão -necess'árias para se fazerem aceitar pelo Ocidente? o que pretendemos analisar neste comentário.

e

a Europa Ocidental uma tribuna de grande importância . ..

Isto era parte do statlU questionis antes do golpe militar de 25 de abril. Não é nossa intenção aqui analisar o mérito ou demérito do governo Salazar e seu continuador Marcelo Caetano; somente nos interessa para a temática

do presente comentário, assinalar de passagem o que era notório e evidente; o sistema c.stava

desgastado e carcomido de modo suficien\e para que uma revolução contra ele pudesse ser feita com êxito.

A mitologia revolucionária ont·igo Outrora, quando a Rússia trabalhava pela esquerdiz_ação de um país não comunista seus agentes procuravam dar a impressão de que um

levante popular, de claro conteúdo ideológico esquerdista, exigia, de modo incontenivel, a marcha ela nação pelas vias do marxismo. Chegaram até a tentar a subida ao poder por meio de eleições em que os comunisias se apresentavam dentro de uma coalizão de aJ)arência de-

mocrática com partidos não-mar~istas, em seu afã de se mostrar como uma força popular majoritária. Para os dirigentes vermelhos era, na reali-

dade, de uma importância vital desfazer anr.e a opinião pública a impressão de que o comunismo era apenas uma seita que dominava os povos pela violência e se manteria no poder somen1e graças ao aparato de p.erseguição,

campos de concentração, fechamento de fro nreiras etc.

Oir-sc-ia que depois do estrondoso fracasso

Rapidamente, os marxistas minoritá-

rios lransformam-se no elemento mais arivo e dinâmico da coalizão. São os únicos previamen-

te organizados. Como se sabe, esta corrente se decompõe em dois partidos, que já estavam prontos para entrar em cena: um oficialmente

comunista, liderado por Álvaro Cunhal, e outro socialista-marxista, liderado por Mário Soares, ambos com posições-chave no Ministério de Spínola. As reais diferenças ideológicas entre os dois partidos, não se -sabe bem claramente quais são no fundo, mas consta, mais ou menos difusamente, que o sociaJismo-marxisra é mais lento e moderado que o comunismo oficial na aplicação do sistema colet ivista. 2. -

A partir desse dispositivo, os. marxis-

tas, até então unidos, começam a atemorizar e

pôr de lado a maioria inerte democrático-liberal desorganizada e com líderes sempre dispostos a util izar frente à esquerda, a fórmula de todas as capitulaõçcs: ceder para não perder .. ,

De outro lado, a minoria marxista tem a seu favor o sopro dos foles dai propaganda, cujo controle lhes é deixado pelo governo provisório. Não falta nesta etapa - na qual se via claro o papel principal dos marxistas -

a omissão

ou apoio de industriais de vanguarda, que aplaudem estranhamente sua própria demoli-

Os acontecimentos em Portugal apre, ' sentam-se ck tal forma conturbados que não pern,Uem qualquer previsão segura. Entretanto, a Unba geral do processo permanece i.nalterável. Por esta razão, -consideramos que a presente análise, felta em meados de agosto, continua inteiramente, válida, qualquer que seja o desfecho do drama português.•.

ções não c.omunistas.

• Membros do Governo declaram publicamente que não respeitariam o resultado das eleições, se este viesse a ser antiesquerdista. e E-ntre a maioria anticomunista do p~.ís corre. habilmente, a palavra. de ordc.m de que

a única maneira eficaz de se opor a Cunhal, era votar nos soclalistas-marx.istas de Mário Soares .. . o qual, para esse efeito, havia afetado distanciamento em relação ao chefe comunisla.

Como sobe ao poder a minoria marxista

• Um grande número de candidatos do Centro Democrático Social - CDS - de linha

Ex,,mincmos, ainda que sumariamente, o es-

liberal-centrista renuncia a sua candidatura.

quema dos acontecimeotos portugueses em relação ao golpe de 25 de abril.

por terem sido ameaçados de morte: o próprio presidente desse partido declara que estudav:1 a r.etirada de sua agremiação do pleito cleiloral, por falta de condições mínimas para de-

1. - Uma oposição vinha sendo elaborada contra o sistema autoritário vigente, pedindo liberdade, reformas e respeito aos direitos humanos, sendo amparada pela imprensa es· qucrdista mundial. Essa oposição reunia um conglomerado relativaf!.1cnte nu'meroso, mas pouco organizado, de centro-esquerda, ao qual se somava o apoio de uma minoria mais organizada de marxistas. Nessas circunstâncias, estala uma rebelião militar, que Jevanta a ban-

deira libcra(..democrática contra um regime como dissemos - já gasto, cujo timão pareceu não estar muito firmemente seguro pelas mãos

do professor Caetano. Começam então as surpresas c fatos consu• rnados para Portugal e o mundo .. .

2. - Numa primeira etapa, a corren te marxista minorilária· (sem demonstrar qua.lquer apoio popular ponderável e sem que ninguém lhe pedisse ess-l demonstração) consegue se instalar num governo provis6rio de coal.izão,

dentro do qual também, a princípio, constituía minoria. O general Spínola, antigo ·líder an1icomunista - que lutara contra ~ guerrilha no Ultramar - é o Chefe do Governo, e o públi· co, entre desconcertado e aturdido pela troca de sistema, vê-se tranqüilizado em seus eventuais temores por esse dirigente.

Os marxistas minoritários assumem o controle do g,pverno 1. -

de portugueses (os jornais falaram em 800 mil) que poderiam presumivelmente votar contra a esquerda. • Desenvolve-se uma campanha por parte de grupos exaltados - de violência fisi· ca e moral contra personalidades e organiza-

senvolver livremcnt.e sua propaganda.

• Finalmente, acontece o fato insólito e inexplicado de que o número de eleitores registrados dificilmente pode corresponder à proporção real de portugueses em idade eleitoral : 6 milhões para uma população de pouco mais de 9,5 milhões! a este respeito houve denúncias no sentido de que comunistas e socialistas - mais bem organizados e controlando o sistema de alistamento eleitoral - tinham recorrido ao sistema de inscreverem seus partidários duas ou mais vezes, cm distritos diferen .. tes. Manobra que, pela lei eleitoral aprovada, era muito fácil de ser efetuada pelos partidos que dispusessem de organização ágil e disciplinada, como eram no caso os marxistas. O resultado obtido com tanto csfor· ço veio indicar, apesar de tudo, que o comunismo, quando se apresenta sem disfarce, é 3. -

repudiado pelas maiorias. Por sua vez o par~

O terceiro ato: eleições com cortas marcadas

conira o comunismo extremado de Cunhal; ao mesmo tempo, uma versão da linha marxista

moderada de Soares tomava força no âmbito militar, com o famoso manifesto Melo Antunes (ele mesmo outrora um radical. . . ).

A maior força de Portugal não encontra ainda condutores para uma vitória autêntica A esta altura dos acontecimentos os Bispos decidem r.eunir em Fátima ( uma das expressões mais ricas de simbolismo cat61ico anticomunista) os fiéis para uma demonstracão de

força. De todos os cantos de Portugal, com onomle sacrifício e no meio da violenta ten·

são reinante, mais de 500 mil pessoas se reúnem, no dia 13 de agosto último, no lugar cm que Nossa Senhorn apareceu aos três pastori-

nhos e se operaram os grandes mila,gres de 1917. Todos os observador.es - mesmo esquerdistas - o reconheceram: o catolicismo é a maior força de Portugal. Força enom,e, de· cisiva, absolutamente majoritária - dizemos n6s - que está ~-endo preterida, enganada e desviada de seu pensamento autenticamente católico (isto é, contrário ao comunismo, seja

Patricio Amunátegui

ta. . . Em todo caso, não é demais recordar aqui que o Partido Popular Democrático PPD - o único não-marxista da coligação e o CDS obtêm em conj unto, somados seus votos, 35% dos sufrágios nas condições adversas j á descritas. O Partido Comunista de Cunha.! consegue apenas uns minguados 15o/<>, Outros grupúsculos que não mencionamos ob· tiveram percentagens insignificantes.

Adornado assim, o regime com esse verniz eleitoral, Cunhal e seus am igos radicais do

1 . - O misterioso Movimento das Forças Armadas - MFA - que não inclui todos os oficiais portugueses (cerca de quatro mil}, mas apenas 240, é o encarregado de garanti r os fatos consumados; isto é, de impedir que o povo se manifeste com autêntica liberdade. Comcça-s'c a saber a esta altura que há comunis, tas de partido entre esses duzentos oficiais. Há também sintomas evidentes de descontentamento popular generalizado, especialmente no Nor· 1e do país.

ticas eclesiásticas. Por sua vez. Soares passou também a organizar ruidosas maniJestaçõcs

desejam o socialismo~marxis-

como era previsível que aconteceria -

O processo continua sua marcha:

e representantes de Hierarquia passaram a criticar duramence o caráter ditatorial que Cunhal queria impor ao governo, apesar de seu fracasso eleitoral, Mas - dado significativo - o socialismo-marxista de Mário Soares foi poupado pela quase totalidade dessas crí·

e Joquazmente pela propaganda esquerdista em Portugal e no mundo para sustentar a afirmação de que os portugueses - se repudiam o

Provococões de Cunhal favorecé m Soares

ram finalmente o caminho do exílio, depois da esiranha e mal organizada intentona de 11 de março de 1975. Até agora não foi bem esclarecida a origem desse episódio.

O descontentamento popular anti-comunista começou a responder às provocações, primeiramente nas pequenas cidades do Norte, descendo depois em ritmo crescente em direção ao Sul, alcançando os grandes centros urbanos como Coimbra e Lisboa. Certos Pad res

naturalmente, começa a ser utili1.ado imediata

Vem depois o terceiro ato do drama: Spínola e seus liberalizantes, excluídos do poder sem maior resistência cm 28 de setembro toma-

estalinista.

lido de Mário Soares, ainda que ma.rxista, capifali7,a para si, uma boa parte do andcomunismo, dadas as condições eleitorais montadas previamente, conseguindo 37% dos votos. Isto,

comunismo -

ção, confundindo assim mais ainda o português comum da rua. Tampouco está ausente a soli· dariedadc de certas figuras representativas da Hierarquia eclesiástica com o processo de libertação de Portugal e suas colônias • , .

teor totalitário e ameaçador, no típico estilo

Mll'A mostraram-se, contudo, dispostos a continuar o processo de comuni.zação em marcha

forçada, ignorando ostensivamente o resultado do ~leito.

Praticaram inclusive curiosos atos

provocadores, como a encampação da Rádio católica Renascença e fizeram declarações de

2. - Os dirigentes do processo revolucionário português, sentindo talvez o an ificial da situação, pois os partidos no governo são meros

rótulos de manobra, sem nenhuma raiz popular verdadeira. decidem depois de muitas vacilações - permitir que se realizem as elei-

ções para uma Assembléia Constituinte, que haviam sido prometidas no comeÇo da re, volução. Naturalmente, são tomadas medidas de pre. caução para evirar a votação majoritariamente

antimarxista do povo português: e Havia sido aprovada uma lei eleitoral que deixava à margen, centenas de milhares

É

preciso fugir à falsa a lternativa: comunismo brando à Soares ou façanhudo à Cunhal e seus amigos do MFA 3


Onde progressistas e marxistas se encontram

A RELIGIÃO COMUNO-PROGRESSISTA DE GARAUDY dar é ,,ue se proclame publicmnente que mio é o socialism o, mos sim o capitalismo que é ..i11tri11secllme11te perverso", e que o socialismo não é co11de116vel senão em suas perversões. E para V., Roger, o próximo passo a dar é ,nostrar que a revolução não est6 ligada por um vínculo eJ·sencial, mas somente histórico, com o materialismo filosófico e o ateísmo, e que ela é_, pelo contrário, consubstancial ao cristian;smo". Dom Helder abriu-me este ·pro· grama há .reis anos e não cessou ,Je ajudar-me t1 cumpri-lo" ( p. 118).

Igualitarismo radical que detesto o nação de individualidade

STA CIRCULANDO em Paris o mais recente livro de Roger Garaudy, Parole d'Homme (Palavra de Homem) , editado por Robert Laffoot. Nela, o conhecido teórico comunista afirma ter encontrado o ponto

E

de união do comunis010 com o cristianismo.

Bem entendido, co m o progressismo mais avan~ çado. Intercalando episódios de sua vida com as teses que estes lhe inspiraram, o autor traça sua fisionomia moral, especialmente no autoretrato que corresponde ao primeiro capítulo da obra. Militante comunista d.esde sua juven1udc,

passou três anos preso na Africa, durante a Segunda Guerra Mundial. Terminada a guerra, foi libertado e retornou à militância política, não sem problemas coro a polícia. Isso não impediu que, de simples f uncionário burocrático, chegasse a ideólogo oficial do Partido Comunista Francês. Sua vida, porém, não se limitava à ação partidária. Era também nudista, vangloriandO·SC de "uma experiência ,ie um quarto de século" nos campos naturistas ( p. 4 1) . Inspirado pela revolução da Sorbonne de 1968. e em nome da ortodoxia marxista, Ro· ger Garaudy lançaria suas novas teorias du· rantc o XIX Congresso do PCF, cm fev.erciro de 1970. Sua propagandística expulsão do PC francês, um ano depois, em vez de sepultá.lo no esquecimento, foi ocasião para lhe grangear m aior renome. Todos os grandes meios de informação passarao1 a focalizar a sua figura e as editoras a disputar suas obras. Garaudy estava no centro das atenções. Após seu distanciamento do PCF, Rogcr Garaudy foi à África fazer filmes, nos quais exprimiria suas concepções sobre as relações do homem com a natureza, so b inspiração das tribos africanas.

A influência de eclesiásticos no pensamento de um marxista Ao longo de seu livro. R. Garaudy reflete o desejo que, segundo ele, sempre o moveu: procurar o ponto de encontro entre o comunismo e o cristianismo, entendido à sua maneira, é claro, o que equivale ao progressismo que hoje devasta a Igreja. Na busca de uma justiíicação para essa síntese, Garaudy descreve a profunda influên· eia q ue sobre ele exerceram personalidades religiosas como o Cardeal Ouva!, Arcebispo de Argel, o Cardeal Kõnig, Arcebispo de Viena, Dom Heldcr Câmara, o Pc. Teilhard de Chard in, o Pe. Karl Rahner, o Pe. Leclerc ( que o ensinou a ··amar um Cristo poeta, suhversivo e militante"), os Padres operários e. por fim, a urologia da libertação, do Pe. Gutiérrez. E is um exemplo do estreitamento dessas rc. lações: "Meus encontros com Dom Helder Câmar", A,.cebispo de Olinda e R ecife, e suas cartas fraternais, forllm pllra mim um fermento indispensávél para superar meus dogmatismos e meus sectarismos antigos, especialm ente quando ele m e pôs este problema fu11dome11 ~ tal: .. PClra n6s cristãos, o próximo passo ti 4

Garaudy parle da noção do q ue chama "transcendência" ou "1,lma", significando com isso um movimento que obrigaria todo o uni• verso a transformar--se. Seria uma imensa massa amorfa sem individualidades e em con· tínua convulsão. Desse modo os seres individuais - e portanto o homem - não existem enquanto tais: "N6J· não formllmos mais que um s6 hom em , que ,uio morre ,·onosco. A natureza inteira é meu cor1>0" (p. 58). Mas o homem nasce carregado da noção de sua própria individualidade. Por isso, Garaudy considera que o homem nasce velho e pode chegar a ser jovem, ou seja, pode conseguir aniquilar a noção de sua própria individualidade, renunciando passo a passo à noção de possuir: "A vida se desenvolve 110 sentido i,1verso dc1quele que se acredita comum ente: nós nascemos muito vellroJ· e nos acontece por ve· zes conquistar. de despojamento em despojamento, um.a verdadeira juventude ( . .. ). Como é velha essa crlança que nasce: madura como um belo fruto de mUhõl!s de anos de hist6ria ela terra e do homem , ela leva cm si todo o passado da vida e da espécie. Do ventre materno ao ve,uloval da natureza, seus i11sti111os, reflexos, <ilegrfos ou c6ieras foram

formados /ora ,/ela e sem el<,, vitulos <ie nmi· to alto e de muito longe [ ... ]. Como era velho aquele eJ'COlar (Jue fui: exemplar, razoável, preso daí em di<mte não mais nas redes da natureza, ma.r da cultura, educado segundo sua família, su<l raça, sua cltisse. mais ainda qu,mdo entra na engrenagem da escola, essn máquina de nos tornar velhos" (pp. 12-13). A renúncia paulatina à noção do possuir é um processo de despojamento q ue chega a sua culminância com a morte ( o u dissolução aparente, segundo Garaudy). O teórico comunista francê.s deixa bem claro que essa renúncia ao possuir não é só uma renúncia à propriedade privada, mas muito mais que isso: é a renúncia à noção de individualidade, ao eu. Esse conceito assim explicitado, considerando a influência que personalidades progressistas exerceram sobr.e o pensamento de Garaudy, levanta uma pergunta: até que ponto os teólogos progressistas compartilham essa concepção quando falam do homem riovo e do lromem velho? O fim do processo d'c autodcspojamento encontra-s.c na morte, a qual, na doutrina de Garaudy, representa uma simples mudança de cslado aparente, dentro de um enorme magma panteísta. Mais ainda. Deve.se aspirar à mor~ te, considerando a. como "a plenitude do ho· mem", ou seja, a fórmula última de aniquila. ção. Por isso, Garaudy não só considera desejável dar a mais completa liberdade de se aplicarem quaisquer métodos de controle da natalidade, como também de praticar a eutanásia. Diz textualmente: "E perfeitamente justo dar liberdade para a aplicação de todos os métodos de controle tia nawlid<lde, a fim de que o dar <1 viela seja um ato consciente, livre, verdadeiramente criador. Mas é tam· bém justo dar a cada um, <liante de uma de• cadência irremediável, o direito à morte, escolhida, voluntária, propriamente l11una1w" (pp. 59-60). 4

Acelerar a desintegração do homem: o "teotog·ia" da ódio ao ser individual Garaudy dedica numerosas páginas ao q ue chama amor. que o utra coisa não é senão o desejo que impulsionaria o homem à autodestruição, movido por um ódio contra si mesmo. O ato sexual seria o modo pelo qual dentro dessa concepção - o homem entraria em contacto com o pan coletivo, destruindo a noção de ser individual. O amor nos levaria por esse rneio a "identi/icar1no-11os com os demais". Negar-se a esse amor seri:a o inferno, pois impediria a comunicação cósmica de todos, fonte de todo prazer: "o i11fer110 é fechar-se ao outro" (p. 143). A esta altura, as concepções do escritor comunista atingem o seu auge. Utilizando uma linguagem quase idêntica ao palavreado progressista, R. Garaudy afirma que a missão da fé é provocar CS.<i:a revolução interior do amor. que colocará os homens autoaniquilados em uma comunhão gnóstica com o magma universal.

Comunidades de base, fator de aceleração do processo de autodestruição As comunidades de base, os grupos proféticol·, são, segundo o autor, células que, ace. lerando em si mesmas esse procc.sso de autodestruição interior. convertem -se cm sinlll de m,ulança, num apelo à superação que indica o rumo da lgreja . Surge aqui um conceito de ReJ'Surreição, que nada tem que ver com esse mistério da Fé católica. Ele não é - para Garaudy um milagre, ne.m sequer um fato histórico e científico, mas sim a pr.esença de Crlsto cm todas as coisas, depois de sua dissolução no mag ma universal. Cristo estaria presente cm tudo e tudo estaria em c-0munhão contínua com ele. E. entrando em comunhão com esse todo. o homem s.c divinizaria. t a isso que o autor chama Ressurreição, a qual considera da m ais alia importância (pp. 242 ss.).

Soc ialismo marxista, dimensão político-social do progressismo relig·ioso Se o papel dessa fé ou dessa Igreja Nova. como se queira chamá-la, é fazer eclodir essa revolução interior, O' papel do comunismo não é outro senão o prolongamento da mencionada revolução interior no campo político-social: "A. revolução e a fé podem operar sua junção, depois de séculos de antagonismo.. (.p. 241 ) . Assim, o comunismo e o c ristianismo seriam rcvcrsívcis um no outro.

,;O problema daJ' relaçiieJ' entre a. fé e o so· ciaUsmo - escreve Garaudy - é ,1n, proble• ma de fecundação recíproca: a fé f ornecendo ao socialismo sua dimens,io transcendente, pro/ética, impedindo-o de fechar-se 11a sttfi· ciência t abrindo-lhe um fuwro de renovação J·em fim; o socialismo fornecendo à fé sua di· mensão hist6rica. militame. impedindo~ de evadir-J·e do mundo das luras lrnmanas e obri· gm,do•a a encarnar nele sua promessa, sua esperança, a /im de não ser o ópio maJ· o fer• mento. ( ... ] libertaçiio interior do 1>ecado e ..salvaç,ío", libertação hist6rica e política, são <1s11,•e1os de um mesmo combate que deve ser conduz.ido ao m esmo tempo em to,ios os pia· nos, para .rer e/ica1,,. e vitorioso [ ... ]. Essa fé que é um 01ltro nome da liber<lade, do {llnOr, da criação. Essa fé eu mio a possuo: ela ,ne poss ui. [ . . . J Sou cristão? Eu jd reconhecia que minha esperança tle militante [comunista] não leria fundamento sem essa fé (... J" (pp. 254-255) . ··Minlta vida de homem começou quando eu me tornei militante revolucionário para realitar <is exigências de minha fé de crisuio. M inha vida 1omou todo seu sentitlo quando eu descobrl na minha fé o fundamento de minha açlio revolucionária. Esta fé não consiste em aderir a um catálogo d e verdades pré.fa. bricadas, mas em se abrir ll uma criaÇ<iO, a engajar sua existência num estilo de vida. A fé é aquilo qué nos põe em marcha.. (p. 225). Desta maneira, a revolução comunista, em· bora atuando no campo social, rem, para o autor, o mesmo rumo e meta que o cristianis. mo: a liber1ação que colocaria o homem na posição de identificação com o todo coleti vo. Todas as táticas e doutrinas marxistas têm esse objetivo: a luta de classes, a ruptura histórica, etc. São um processo de destruição de toda hierarquia e desigualdade, de toda manifestação de determinação e individualidade .estampada na natureza dos diversos seres existentes, vindos "de muito alto" para serem transformados cm um pan coletivo. Q uer dizer, regredindo a um estado de diluição e de indeterminação.

Onde apareoe a arte moderna A ação criadora do homem ocupa um papel de relevância no C01\junto das doutrinas de Garaudy; porém - já se vê - não se trata de um criar afirmativo, que manifeste ou insinue aspectos determinantes ou caracterí'S· ticos dos seres e realidades, mas de um cria,

autoaniquilanlc cm que o homcn1 entra cm contacto com algo à maneira de um ente coletivo e noturno. . . Assim, para o autor, a ação artística ou criadora exi,gc, para a sua realização, não que o homem afirme ou defina, mas q~e renuncie, pelo menos cm algo. a sua noção de poJ·s,lir ou de ego, que é o inimigo a ser destruído. Um pintor que pintasse um quadro irracional estaria nesse caso, pois mutilaria sua razão, e portanto avançaria em seu processo de libertação e despojamento, ou seja, de destruição de sua própria individualidade. Scguodo essa concepção, todas as ciências clássicas foram completament.e inúteis ao homem (elas falam de leis, raciocínios. definições, classificações) pois não foram orientada~ para estimular a ação criadora. . . Isso não impede que possa existir uma cibernética avançadíssima.

"Cada vez que .romos t:<l/Ulte.t de rom,,er com nossas rotiu"s, uossaJ' res;g,wçéies, nossas complacências, nossas aUenações com relação li ordem e.u abelecitla ou 11oss" iudividuaUdadc estreita, e que: a partlr tlesta ruptura cumprimos um ato criador nas artes, nas ciênc,'as, na revolução ou 110 amor, cada vet que 116s trazemos qualquer coisa de novo ,l forma lrnma11a, o Cristo éJ'tá vivo, a criaçiio continua em 116s, para 116s, por m eio de 116s" (p. 247). "Eu me 11proximo assim da afirmação central de minha vida: a política (revolução mar· xista], a criação artística e a fé são uma só coisa.. (p. 259 - grifo do autor).

O modelo ideal para a união cristã-marxista: comunidades africanas primitivas Roger Garaudy não se contenta em exprimir sua doutrina cm termos meramente eSpe· culativos e 1em um modelo surpreendente para oferecer à humanidade cm seu atual estado de evolução coletivista: ''Torna-se cada vez mais claro que os fins de nossa sociedade não podem mais J'er procurmlos no interior de nosso sistema oddenral, m(!J· no exterior" (p. 227 - grifo do autor). "Desse modo foi•me revelada uma relaçiio possfve/ e, Pª'" mim ocidental, maravilhosa· mente 110,,a, com a ,wturez.a, com o outro homem, com o sagrado" (p. 26). A revolução mágico-comuno-progressista de Garaudy nos conduz à tribo africana pela regressão autodestruídora: "Na refeição da noite, 1111111« verdadeira comunhão eucarfstica. nessas choças onde descobri uwtos irmãos depois de quatro m eses, nós compClrtimos o mi• lho e vivemos uma relação com o pr6.timo que há mufro tempo havíamos perdido na E11ropa: para além da selva indlvid,wUsra e da turba totalitária <le trabalhadores forçados, aí está a comunidade [ ... ]. 1'odas estas tUmensõcs pe"Jidas do homem branco eu as reencontro ,,inda a milhares de quilômetros, num país gouro, na Costa do Marfirn , onde eu aprendo a desconcertante liç,io da máscara esculpida. É coisa bem diferente de uma obra de arte : um condensador de energia. O escultor anô· nimo, como se trabalhasse com rodas as mãos de sua aldeia, concentra ,w máscara '1S energias da terra e da vegetaçüo, dos ancestrais e de seus deuses; e quando o dançarino. vestitlo de fibras e com o rosto sob a máJ·cara. fat vibrar o so/<1, debaixo de seus pés nus que parecem voar na poeira, ele irradia na comunidade todas essas /orças q1ie re1íne em si. O gesto dt- cada mão se torna mais poss<mte, como se ele fosse habitado por um deus. 1'al é a lei da máscara, que ordena e harmoniz.a a vida de todos" (pp . 26-27) . No momento cm que estranhos rituais pe11tecostalistns estão na moda entre os progressistas, quando aparecem cm certos meios Ca· 16/icos tendências para a indigenitaçáo da Igreja e de convergência com o comunismo, o livro de Garaudy é um sinistro convite para a formação de uma Igreja Nova sem estruturas nem hierarquias, sem dogmas nem verda· dcira vida sobrenatural, sem sacralidadc e, por fim. sem um Deus pessoal e transcendente. infinitamente superior a todas as criaturas. Um convüe, cm meio à tremenda c rise cOn· ternporânea, para a destruição final dos res· tos de Civilização Cristã e a entrada na noite de uma religião mágico-comuno-panteísta que venha a insurgir-se, num supremo ato de degradação e de sober-ba, após haver destruído as hierarquias religiosas, políticas e sociais, e aniquilado toda forma de propriedade, contrariando a própria ordem da C riação cm seu conjunto.

Luís Dufaur


Teni a Igreja o

que aprender coni Lutero~ NO DE 1967. Es1ávamos já na época do d iálogo e do ecumenismo. Centená rio da Faculdade de Teologia da Igreja Melodista do Brasil, cm Santo André. São Paulo. Os 2 1 inlegrantes da nova turma de pastores tinham que escolher um paraninro para sua rormatura que simbolizasse bem a nova maneira de encarar a. religião e. a so~ ciedadc temporal. Não íoi difícil encontrar o homem adequado, então sempre nas primeiras páginas dos jornais, famoso, viajado, controvertido. Seu nome? D. Helder Câmara, Arcebispo de Olinda e Recife. Os pastores o elegeram por unanimidade, a fim de expressar o verdadeiro ecumenismo e "a perfeita identi/icaçtio dos protestantes com os católicos

A

11a nOVll maneira 1/e encarnr a missão social

dos religiosos'' . No dia da cerimônia D. Hcldcr iniciou seu discurso com a seguinte oração:

"Be,ulito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai dt, Misericórdfo e Deus de totl<, consolação. Bendito seja, pel<, alegria desta noite impensável para vós e para 116s,

,mos atrá.t'. O Arcebispo vermelho finalizou seu discurso dizendo : "Se Deus permitisl·e que Lutero nos aparecesse agora e nos falasse, certame11tl! nos diria que part1 ser dig,w de Cristo, ptlrll viver ,, responsabilidade e a alegria tie ser cristã, e poder efetivam en te ajudar a Humanit/a.. tle, a Igreja precisa não "penas de uma Reforma, realizada de uma vez e pt,ra semp1·c, mas tle uma R eforma permanente, de totlos os dias, todas tis hort,s e todos os instantes'' (cf. "O Estado de S. Paulo" de 12 de dezembro de 1967 ). Lutero, apóstata e herege, aconselhando a Igreja infalível ! ,P alavras eslranhas nos lábios de um Bispo católico e, realmente impensáve is para nós, anos atrás! ... De onde essa mudan .. ça? Teria. a Igreja errado ao condenar Lutero?

- ''Sim, dirá um progressista, errou. Ela não soube co11q1âstar os re/ornuulores, pois só sabia condenar e e:ccomungar. E Lutero. no fwulo, er<, um bom homem, bem i11te11cionado e humilde, que se escandalizar,, com o triunfu ~ /ismo da lgre;a e com os abusos do Clero dll época. R es11ltado: foi mal compree11dido. Se houve$$e naqueles tem pos homens como D. H eltler, arej,idos, evoluítlos, abertos ao ,iiálogo, ralvez tudo tivesse sitio diferente. Mas agora, o que fazer? Nada. A não ,s er a Igreja se ,,enitcnciar de sua. intolerância, rc1.ar Misst1 por Luteroi como fizeram vários Bispos, por ocasião tio 450." aniversário de1 eclosão da Reforma e admitir os valores do pro1esta111ismo''. "'A /grejll errou" ; '"Lutero erà um homem bem intencionado". Consultemos a História, vejamos os documentos . Leiamos as próprias palavras do reformador. Julgue o leitor depois se, como diz D. Hclder, o Corpo Mistico de Cristo necessita aprender algo com o irriquieto ex-Monge de Wittenberg.

Um juízo humilde sobte sí mesmo - ''Desde há milhares de anos, diz Lutero, Deus llâo ,teu a nenhum biJ·po t1tributos ulo grandes quanto a mim. N<lo nos devemos sentir felizes com os favores de De11s? Tt1111bém cu próprio me de1esto por não ter extraído de t11cio isso grande alegria" (FB 241 ) ( •).

- "Muito embo", a Igreja, Agostinho e os outros doulores, Pedro e Apoló e até um tmjo ,lo Céu ensinem o contrtírio, minha doutrina é tal que só ela engrandece a graça e a glória ele Deus e co,ulena a justiça <le todos os homens 11t1 sua sabedoria" (LF 179). - "Quem não crê como eu é destinado ao inferno. Minha doutrina e ll doutrina de Deus são a mesma coisa. Meu juízo é o juíu, de Deus". "Tenho certeza 1/e que meus dogm,u· vêm do cé11" (LF 179). Livre exame, sem dúvida . ..

Sê pecador e peca firmemente Para Lutero, os Mandamentos eram inúteis para a salvação. Podiam ser até nocivos: "A lei não pode dar senão a morte. Ela não é boa nem títi/, mc,s simplesmente nociva [ . . . ]. No f11ndo, ela não é senão morte e ve11et10" (DTC 1242). "A lei foi {lb-rogad11 ( ... 1 porq11e, mesmo não cumprida, ela não condena'' ( OTC 1249). Por sua negação da Lei. o reformador dizia de Moisés: "Quanto a Moisés. tende-o por s11s• peito. como o pior dos heréticos, um homem e:ccomugado e danado. que é pior aindll que o Papa e pior que o próprio diabo; é o inimi· go tio Senhor Jes11s Cristo" (Rohr. 147). "Niio aceitamos Moisés, ele só é bom para os judeu.r; não 110.r foi enviado por De11.1'' (FB 190). E ainda: "Se te falam de Moisés parti te constranger a aceiwr../he os ma1ulamentos, res· ponde-lhe atrevidamente:

- Vlli falar de leu Moisés aos judeus! Niio so11 j11deu, deixa-me em paz!" (FB 190). Compreend e-se assim a vida dissoluta que o ex-Monge <\gOstiniano levava. bem c-omo os conselhos que dava. Jerônimo' Wcller, seu amigo, era vítima de freq üentes ataques de melancolia. Em julho de 1530, recebeu do Dr. Lutero uma receita 1 ' medicinal e espiritttaf' :

- Quando o ,iiabo te vexar com estes pt:11smne,uos, conversa com os amigos, bebe mais ltlrgamente, joga, brinca, ou ocupa-te em tilguma ,·oisa. De qmmdo em quando se deve beber com mais ,,bu11d(incia, ;ogar, divertir-se, e mesmo /ater algum pecado em. 6dio e acinte ao diabo para não lhe dannos at o de pertura consciência com ninharias. . . Qua,ulo te disser o diiibo: não bebas, responde-lhe: por isso mesmo que me proíbes, hei de beber e em nome de Jesus Crlsto beberei mais cop;oS<lmente . .. Por que pensas que eu bebo, as· sim, com mais h,rguez.a, cm1aqueio com mais liberdade e banqueteitrme com mais freqiiência, senão para vexar e ridiculariza,· o demônio que me que,· vexar e ridiculariuu· a mim? . .. Todo o decálogo se 110s deve apagar dos olhos e da alma: a 116s. tão perJ·eguitlos e molestados />elo diabo" (LF 187).

b,,,

Veja-se ainda esta carta a Melanch1on, de t.0 de agosto de 1521: - "Sê pecador e peca ffrmemente, mas com mais firmeza llinda crê e alegra-te em Cristo, vencedor do pecado, tia morre e tio mundo. Durante a vid<l devemos pecar bastante. Basta que pela misericórtlia tle Deus conheçamos <J cordeiro que lira os pecados do mwulo. Dele nlto 110s há ele J'eparar o pecado, abula qfle, em um dill, cometêssemos mU fornicações e mil homicidios" (DTC 1247).

Um homem de boa-fé , . e coerenc1a

OBRAS C ITADAS ( • ) As letras indicam o Autor; o número indica a página citada. l'l'l) -

Funck Brcnfano -

"Martim Lutero", Ca-

sa Editora Vecchi, Rio de Janeiro, 3.ª edição. 1968. L I,. - Pt. Leonel Franca, $ .J. - ..A Jgrej3, a Reíormn e a Civilização'', Editora Agir. Rio de Janeiro, 1.• edição, 1958.

OTC - "Dic1ionnairc de Thcologie Ca1holique··. Librairic Paris. 1926, verbete "Lutero". Robr -

Abbé Robrbacbcr -

" Histoirc Univcrscl-

lc de L'Eg.lise Câtholiquc'", Gaumc Frêrcs e1

J. Duprey, Editcurs, Paris, Tomo XII , 4.6 edição, 1866. E.~asa -

··Enciclopédia Universal Ilustrada ~ -

pa.sa-Calpe", Madri-Barcclona 1 verbclclt "Lu-

tero" e "Socialismo".

8Arbicr - Abbé Emmanuel Barbicr - '"H istoirc Popt1lairc de L'Eglise'\ Librairic P. Lcthiellcux., Edilcur, Paris, UI parlic, 1922.

Após

à

fomosa quesião das indulgências, cm

1S17, Lutero, ainda não excomungado, conti .. nuava protestando sua fidelidade à Igreja. Em 15 19 escreve:

- "Confesso p/e11w11e11te o .rupremo poder da Igreja Romana: fora de Jesus Cristo, Senhor Nosso, nada no céu e na terra se lhe deve preferir'. "e a predileto de Deus; lltÍO pode haver ratão alguma. por mais gn1vc, que áutorit.e o quem quer que seja apartar-se dela e, com o cisma. separar•se tfo sua unidade'' (LF 181 ). Porém, no ano seguinte, dirá que 3. Igreja é ''uma licenciosa espelrmca de la<lrões, o mais impudente do,· lupanare~·, o reiria do pecado, dll morte e tio inferno" (LF 181 ). Lutero e mais alguns reformadores - Me.. lanchton e Bucer - pcrmiliram a bigamia ao Landgrave Filipe de Hesse, desde que o segundo casameo10 ficasse cm segredo. Quando o caso se propagou o Landgrave quis publicar o documento de autorização do matrimônio; Lutero tentou impedir a todo transe a publicação, alegando ter sido um "conselho de co11-

fissão". Beiclttrar; por sua própria natureza , o documento devia pcrmanec,e r secreto. Ameaçou o Landgrave, lembrando-lhe os edi1os imperiais contra os bígamos. - "Q1um10 ti mim, Sllberei tirar-me tio em • baraço - Deus virá em meu tmxílio - dei• xmulo Vossll Graça se (l!O/cir''. Filipe, amedrontado (a bigamia era punida com a morte) , achou por bem gu:trdar o "con· sell,o de confiss(lo". que não virá à luz senão um século mais tarde. Aos Ílllimos Lutero dirá gracejando:

"Bah! <1ue Jaz.em os papistas? Matam ,,s pessoas; nós criamos vida despo.rando eluas 11m· lhere.r de 11ma só vez" (FB 214). Afinal, "que mal hilveria em um homem, para levar ,, cabo coisas boas e para o bem da Igreja cristã [leia..se protestante], diter uma boa e grossa mentira?" (i!:spas11, Lutero, 875). Vemos também a honestidade de Lule ro na sua tradução da Bíblia. São Paulo escreve:

- "Nós. os justos, somos justlficados pela Fé" . Na tradução o refonna,lor acrescentou a palavra ..s6". o qi.1c imp1icava na não neces· sidade das boas obras. Como seus amigos se mostras..~em admirados, pois essa palavra não se enconlra nem no texto latino, nem no grego, Lutero escreveu a um deles: - "Parece que v6s estáveis surpresos tle que eu tenha ,Uto que nós somo.t juJ·tlfica,los pel<t fé só, já que essa palavr,, não se acha 110 texto tio apóstolo. Se vosso papista vos chicana por causa dessa palavra, dizei a ele que um papis.. 1a e um asno .riio uma .ró coisa. Toda" nn.iío 11ue tenho a dar desta adiç,7o. é que eu quero que a palavra "$6" a1 esteja; eu o ortleno. mi• nha vontade deve servir de razão" (Rohr 146· 147) . ' E as mutilações e deturpações da Bíblia não

foram poucas. Assim o queria o Dr. Lutero .. .

Colóquios com o diabo As m:111iícstações d iabólicas de Wurtburgo ficaram célebres na vida do ex .. Mongc agos1iniano. mas não eram novidade. Ele mcsrno d izia: '"Con/reço o diabo a funtlo, tle pens(lmento e ,te aspecto, rendo comido em sua companhia mais de unu, pipa de sol". Em seus últimos anos irá declar ar: "O diabo tlormiu ao m eu lado, em minha cama, mais vezes tio que minha m11lhe,·" (FB 117). ''Âs vezes escreve o historiador protes· Lante Funck·Brentano - o reformador tinha

com o Espírito do Mal longas co1n1ersas; tlava-11,e ouvidos oos argumentos. Aconteceu clei· xar•.re cornicncer por eles. Por sua r1r6pria confissão, este, e aquela parte de sua ,toutrina, nascem des.rt,s infenwis discussões" (FB 123). Nicola anotou, cm suas Prevenções legítimas co1111·a os calvinistas: ''Nunca houve 11i11guém, a mio se,· Lutero, que se tl,,esse gabculo, numa obra impressa,. de ter tido uma longa 1.:011/etêncill com o e/ilibo; que se tinira conven~ cido de s1ws ratões de que as missas privadal' eram um abllSO, e que era esse e motivo que o tinha levado n aboli-las" ( FB 124).

Naturalmente, o papa de Wiuenberg restabeleceu • excomunhão. Quanto aos obs!inados, d iz Lutero, ' 'que vão para o diabo". De· pois de mortos serão jogados no monturo. Aqueles mesmos que não têm fé devem ser obrigados a assistir aos sermões. Monges, curas e rodos os tonsurados devem ser degolados: "Eu mesmo me ocup(,rei da missão, bmulos de pt,tifes. que 11,ío são bo,u· se,uío desaparecer'. Lutero chegou a instituir visitadores, inquisidores que penetravam n~,s famílias a fim de se informar se 1udo se passava conforme suas prescrições (FB 204) .

P""''

- "Senu,.,e, pois, no trono pontifício!" grita-lhe um desses dissidentes, chamado Jcketsamer - "tu que não <1ueres ouvir cantor se~ nlio rua própria canção!" Ao que Lutero res· pondia: "Nós reivindicamos o governo ,tas co,u·ciências e não queremos ,leixar-nos espoliai'' (FB 205). "Não se deve obrigar ninguém ,, crer" . .. "Cristo s6 t1uer servos benévolos" . . .

,,Amo r" aos camponeses Na Europa, a Igreja desempenhou um árduo 1rabalho de formação, que Lhe exigiu o sangue de inúmeros mártires, dulcificando os costumes, aproveitando as qualidades d os bárbaros e dos romanos, e extirpando os defeitos de ambos. Nascia assim a Tdade Média, que Mon1alembcrt chamou ''<, ,loce primavera dll Fé". Foi na Europa medieval que se conheceu, pela primeira vez na H istória, u1n continente inteiro sem escravidão. Com a Pseudo,.Reforma e a Renascença, ensinou-se que o povo era sacerdote, que o homem era o centro de ludo. A Revolução nascente promclia liberdade. Conrudo, como já vimos, o q ue se íez foi destruí-la e restaurar a barbárie do paganismo. A este respeito Lutero dirá : -

''A servidiio eleve J'ér eJ·tabelecidll tal

com o exlstfo entre os judcu.l"', "Eu sou o maior inimigo de todos os ctmt1>011eses"1 ''e/és são brutos'', ' 1e1pena.1 a miséria pode im1,edi.. los de se co11du1.irem como an;mais Jcroze.t" (FB 164). D. Heldcr aceitaria este co11sellio para o Nordcs1c? Quando Tomás Munzer - que, co nseqüente com as doutrinas lutertmas, pregava um comunismo religioso - agitou o povo no cam. po, Lulero ficou indignado. A 6 de maio de 1525 publico u seu terrível panfleto "contra as hordas homicidas e bandoleirlls dos cmnponeses".

"Vamos! mãos à obra.' Matar um ,·e,,olwdo não é. come1er um ,issassínio, mas ajudt1r " extinguir um lncêndio. Tambén1 não se trata de ir de mãos vllzias. Esmagai! Degolai! 1'respa.t· sai tle todo moe/o! Matar um revoltoso é llba· ter um ciio danado". E cm o utra ocasião: ''Também em circ1mstâ11cias semcllumtes não é

Valter de Oliveira

Liberdade, libe rdade . .. Costuma-se dizer que um dos bens q ue • Refprma trouxe, roi - g raças ao princípio do livre exame - a 1olcrância. Por esta razão, LutCro, se indignara contra a Inquisição, exclamando: ''Queima,· os hereges é co11tro li von}ade tio Espírito Santo". ' 1N,ío se deve obdgar ninguéni a crer, escrevia em 1527, nem expl,lsá-lo pela incredulidade, por lei 'ou constrm1gime1110,- Cristo s6 quer servos benévolo.(' (FB 203 e 206}. Mais uma ve·z, consultemos a História. Carlstad! - herege e apóstata, ex-Arcediago na colegiada de Wittenberg - que divergia, de Lu1ero na questão da Eucaristia, foi perseguido e expulso da Saxônia por decreto oblido pelo reformador de Wittenbcrg. Não o readmitiu senão com a promessa de não de· fende r cm público, por palavras ou por escri to, suas opiniões. Por não cumprir a palavra, Cartstad! íoi de novo perseguido e rugiu. Lutero Jamentou a misericó rdia dos príncipes nessa ocasião: j'Em outros reinos ele evitou promow!r disttírbio.r com suas impertinências. p'oü poderiam fazer~lhe darrç,,r " c<1beça1 como a.t tie seus discípulos, com uma clara lâmina de aço. Os príncipes de Saxe /oram demasla• do pacientes com esse miolo virado. Se tivessem sabitlo mcmei(,r nwis pron1ame111e o gládio, o espfrito ,ie Deus .rerrtir-se-ia m elhor" (FB 206).

Lutero em 1530. por Lucas Cranach 5


Conclusão da pág. 3

Conclusão da pág. 5

O processo portugu~s

Aprender com Lutero? o pr6prio Deus que. por ,wsst,s m ãos. enforca. tortura, /ulmi,u, e ,lecapiuz?'' (FB L62). Lutero costumava conversar à mesa com seus amigos que anotavam frases como estas: O/Um camponês cristão não é mais do que wna ferradura de madeira". Um camponês é um porco, pois quando se mata um porco ele ficll morto" (FB 165). ''Grande bênçcio de Deus, dizia contemplando o filho, esses brutos camponeses não são dignos disso. não lhes deviam nascer semio porcos" (FB 'J65) .

Isto pode ser amor a Deus? Seria apenas para os pequenos, para o povo, ou para quem quer que não pensasse como ele, que L utero tinha palavras tão duras? Nos lábios de Lutero encontramos palavras que s6 se pode transcrever razendo ao mesmo tempo um ato de reparação a Deus Nosso Senhor e aos seus Santos. São blasfêmias que dispensam qualquer comentário. Fiel à sua fórmula tão abominável quan-

to famosa: ucrede /irmiter, et

pecca fortiler, peccandum est quandium vivimus''. diz: "Umt1 prostituta será mais facilmente Slllva que um santo, porque ô santo é impedido por suas obras de ter o deseio tia graça". Considera que "São 1'omás não é senão um aborto teológico COmO /Q/1/0S 01/lrOS. ê /1/tl POÇO de erros, um •'pot·pourri" de mentiras e de htrC· sias que aniquilam o tvangell,o''; os santos .,,una raça de porcos de Epícuro, bêbados Ji.. bertinos, cães que afundam seus pés no stm· g11e"; os pregadores católicos "uma raça de Íflsetos no;e111os" (Barbier 14-15). Contra a Igreja a linguagem é simplesmente obscena. Sobre religião d.i:t: "Embora nenlwma seja mais extravagante do que a religião cristã, creio

e111 um J'Ó judeu, em Jesus Cristo. filho de

Deu$" (FO 189).

Mas é exatamente do Homem-Deus que Lutero diz blasfêmias tão abomináveis que não as podemos reproduzir (cf. FB 169 e 186).

O pai do comunismo Estes são apenas alguns traços do caráter do ex-Monge apóstata que procurou dilacerar a túnica inconsútil da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana. O veneno de suas doutrinas penetrou em tudo : política, economia, moral, filosofia, arte. A cultura decaiu, os costumes se corromperam, a Cristandade se dividiu. Depois, outros homens iluminados por Deus, levaram mais lon· gc os princípios de Lutero: comunismo aparece com toda sua força e co1n um caráter prático e associacionista na seitt1 ,los anabatistas. derivada dos princípios expostos por Lutero; de modo que se pode ditcr que o protestantismo foi o pai do conrnnismo" (Esposa, Socialismo, 1123). No seio da Igreja, o protestantismo tentou penetrar vári as vezes. Primeiro com o janse· nismo, depois, condenado este, com o ameri· canismo e o modernismo. E o progressismo de hoje, especialmente em seu aspecto teológico e litúrgico, está profundam~nte influenciado pelo protestantismo. Em suma, os dois maiores erros de nossos dias, a seita p rogressista e sua irmã siamesa no campo temporal, a doutrina marxista, são as últimas fases do processo revolucionário que começou com Martinho Lutero. Talvez assim o leitor compreenda o porquê de certos elogios ao incompreenditlo monge alemão do século XV!. que o semelhante agrada o semelhante.

··o

e

este moderado ou extremado) pelo sinuoso pro· cesso revolucionário português. &te imenso caudal humano poderá ser levado a apoiar o socía.lislll-marx.ista SoaJ'eS, se não encontrar coo· dutores autênticos. Entre estes não se pode in· eluir obviamente, o General Antonio de Spínola, que foi quem abriu as portas ao processo de comunização de Portugal. Seria um escárnio para a sofrida nação lusa, que Spinoln se apresentasse agora como salvador, para que todo o drama começasse novamente, apenas sob formas mais subtis.

Futuro inc.erto O que acontecerá em Portugal nos próximos dias, semanas ou meses? Chegará o pa.is à completa comunização, seja pela via rápida de Cunhal, ou pela mais lenta e cuidadosa de Mário Soares? A resposta, par~-nos depende da solução do seguinte problema: conquistar o poder, pode ser fácil para o comunismo, em determinadas circunstâncias; o difícil é manter-se nele, ainda que sob uma fórmula mais moderada. O exemplo do Chile demonstrou-o cabalmente, há apenas dois anos. Caso se produza uma resistência poderosa e o rganizada dessa esmagadora maioria catÓ· lica anticomunista portuguesa; caso se tenha a lucidez e a coragem de afastar tanto a via lenta de Soares, quanto a rápida de Cunhal; caso se isole Spínola, o "Kerensky português", Portugal talvez possa escapar à triste perspectiva que t.em diante de si. Caso contrário, com estas ou aquelas alter· nativas. seja através de um aparente predomÍ· nio socialista-marxista estilo Soares, ou através da ditadura pura e simples dos comunistas de Cunhal e dos radicais do MFA, a infeliz nação seguirá rumo ao abismo onde se encontram tantos outros povos subjugados pela seita vermelha, no meio da displicente e culpável sonolência geral. Não se pode excluir também ,a hipótese de uma guerra civil entro as várias facções que se digladiam em Portugal.

Repercussão no Ocidente

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Da. Maria EUsa M.achado de Toledo, Campinas (SP): "Sou assinante desse jornal que muito admiro, mas peço licença para fazer um reparo: Acho que noticias escandalosas como aquela referente ao. incrível comércio dos frades, na Baía e das freiras na Espanha, não deviam ser veicu• !adas por jornal católico. Isso era tarefa da lm· prensa inimiga da Igreja. A Imprensa católica limitava-se a doutrinar. propagar a f é e combater a imoralidade cm todas as suas manifestações. Fiz un\ teste: mostrei o referido artigo a pcs· soas jovens e também atgun's adultos e, com raras exceções, eis o que ouvi: "está vendo? isso de falar mal de modas é prá cafonas. . . Até os padres e as freiras estão pl'á írcntex e assim é que é certo, a religião agora é outra coisa, a gcn1e faz caridade, o que é que tem mostrar o corpo que (oi Deus que fez, o que é que tem a gente se di· vcttir nas "boatinhas", ver fiJmes pornográficos, dar ao namorado o máximo de liberdade? Os tempos mudaram, a religião é mais "humana", só gente despeitada e maliciosa que vive se incomo~ dando com coisinhas . . . " Mais ou menos isso e assim por diante. E não me admira que a mentalidade dominante seja essa, pois quem é que doutrina mals agora? Não é a televisão, essa Mobral do dial>o. que penetra nos lares, ensinando, pervertendo, escandali. sando? As novelas são completas: propaganda do divórcio, trates escandalosos, cenas de amor libér. rimas e como se isso não bastasse, agora vão muito devagarinho introduzindo o baixo calão e personagens religiosas desmoralisadas como solteironas hipócritas, sacristão sataftãrio, padre simplório. A propaganda, salvo raras e honrosas ex· ceçõe.s, é de uma indecência incrível. Entretanto, se alguém se decidisse a liderar um movimento de reação conlra essa imundície, talvez fosse possível algum rcsuH~do posilivo. Por exemplo: .se os ca• tólicos que ainda o são de fato iniciassem um mo· vimc-n to de boicote contra lOdos os produtos anun. ciados por noveJas, propaganda, programas humo. rísticos da pior qualidade? Se esse jornal liderasse um movimento assim? Quanto a esses escândalos dados por religiosos, não seria mais prudente um protesto junto às au· toridades eclesiásticas, sem tornar público o mau exemplo? Pedindo desculpar.me pela liberdade que tomei, subscrevo-me".

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• Agradecemos a respeitosa carta de nossa as, sinante, o.• M:a ria Elisa Machado de Toledo, de Campinas. Esta carta, dolorosamente, confirn\a o que há tanto temp0 denunciamos: uma crosccnte descristianização da sociedade que, nos tempos atuais, pede meças às épocas de maior decadência dos costumes na Roma pagã. Se as mcssalinas jã se não van,gloriam de ter os nomes inscritos nas listas oficiais das mulheres públicas, é porque não há hoje semelhante c-xigência. Os recantos de vias públicas bastam para n pouca ou nenhuma ver• g.onha dos jovens pares invejosos da liberdade dos irracionais. Nossa amável leitora amargura-se com ião aviltante decadência de um pqvo de tradição católica. E sugere que CATOLICISMO encabece uma re. sistência contra a brutal sensualidade reinante. Com franqueza, dizemos que, enquanto houver Frades com boutique de artigos unissex e Freiras poluindl'f suas mãos na feitura de biquinis, nenhu. rna resistência surtirá efeito. A moralidade d3 SO· cicdade romana, fê-la a Igreja, isto é, as classes dirigentes da Igreja e o povo que íieJmentc seguia seus orientadores. E sem uma análoga ação da Igreja em nossos tempos. não haverá rcgene1-ação possível. Deus colocou a Ig.reja no mundo, como ~ai da 1erra. da sociedade. Se o sal se tomar in· sípido, c.omo se salgará? - pergunta o mesmo Senhor. Eis que CATOLICISMO denuncia os desman• dos de gente da Igreja, escandalosos e de repercus. são pública. num esforço no sentido de que não se prescreva, entre o povo, o conceito de Moral cristii, e de que as almas boas ainda se sintam encorajadas a continuar no caminho certo do rc· cato, da modéstia, da virtude. É o conselho de São Francisco de Sales, quando manda que denunciemos a presença do lobo no meio do rebanho. Está, graças a Deus, longe da intenção dos rcd•torcs de CATOLICISMO o espirito com que certa tmprcnsa sente prazer cm comentar escândalos dados - ou atribuídos - por elementos eclesiásticos. S6 os move o princípio de São Francisco de Sales acima recordado. Não quer dizer que seja suficienlc para converter todo o mundo, como prova o tcsce de nossa amável leitora. Algum bem rará, pois, do contrário, não o teria recomendado un, Doutor do Igreja como o Santo BisPo de Genebra. Gratos pela simpatia de nossa assinante, pedi. mos a Nossa Senhora que a faça (eliz na fidclida· de à Igreja de sempre.

Cabe faze.r notar, por outro lado, que os comunistas ocidentais, especialmente espanhóis e italianos, estão procurando tirar da atual situação portuguesa um proveito considerável: Com efeito, eles - que não poderiam chegar ao poder sem convencer seus respectivos povos de que rcspeitariío a democracia antes, durante e depois de chegar a um eventual futuro governo de coalwío - estão agora dan· do a entender publicamente que não fazem sua a posição extremada de Cunhal e que não queríam um comunismo d~ estilo para seus respectivos países •.• Os comunistas espanhóis e italianos usam assim um inesperado e poderoso recurso psicológico para fazer-se aceitar (cm combinação com outras forças de centro-esquerda) como comunistas convertidos ao sistema democrático e um tanto independentes de Moscou. Aceitarão os espanhóis e italianos, e com eles os europeus em geral, a imagem propagandística. e mortalmente enganosa de um

neo•comuttisrno, supostamente democrático, pa· círico e adocicado? Se a aceitarem, a Rússia terá obtido um avanço enorme na conquista da Europa e do Ocidente, sem armas nem guerras, apenas por um sensacional show muito bc-m orquestrado.

A espectativa dos anticomunistas autênticos À vista de todos os antecedentes considerados nesta análise, e à guisa de conclusão resu• mitiva, cr...cmos ser importante assinalar que os desígnios de Moscou a respeito do processo de comunização que sustenta cm Portugal, comportam uma alternativa:

1. - A definitiva, drástica e imediata Implantação do comunismo. E. evidente. que. se isso fosse viáv.el, seria uma opção desejável para os dirigentes do Cremlin. Mas, como vimos, essa viabilidade nem de longe está demonstrada. Pelo contrário, os resultados eleitorais, as manifestações de indignação popular e, sobretudo, a gigan· tesca afluência de fiéis a Fátima no dia 13 de agosto - provando que o contingente de ca· t61icos anticomunistas é muito maior do que o dos socialistas·marxistas e comunistas~marxistas juntos indicam que a implantação violenta de um tegime de tipo russo traria incontáveis riscos para o comunismo. •,. 2. - t fácil perceber que, falhando a primeira opção, a Rússia tentará tirar proveito do p,oce.sso revol ucionário português. Tal proveito conslste na encenação do mlto de um comunismo aggiornato, fundamenl!llmente democnlllco e anll-estallnista. Este é realmente o ún.ieo modo pelo qual a Europa poderá nonnalmente chegar ao comunismo, exceto a hipótese de uma conquista militar pela Rússia. Esse mito tomaria extraordinária força e conseguiria adormecer a desconfiança de muitos europeus ocidentais, vendo a corrente de Mário Soares instalar-se definitivamente no poder e, em nome do neo-coniunlsmo buman.itário, e sorridente, cxpu~r ou is9lar o comunismo estalinista de Cunhal. Essa incompatibilidade entre os dois matlus do comunlsmo pareceria inteiramente autêntica e Wll para os Ingênuos: ou seja, para a grande maioria, cm Portugal, e fora dele. O exemplo português poderia ser assim um fator propagandlstico de primeira ordem para a vitória comunista na Europa Ocidental.

• * • 1:. por todas essas razões que as pessoas realmente empenhadas na luta contra o comunismo e na preservação da Civili.zação Cristã devem observar certamente com muita preo• cupação a hipótese de que os comunistas de Cunhal e os radicais do MFA consigam assumir inteiramente o poder. Mas devem também considerar a hipótese do controle da situação por parte dos marxistas de Mário Soares, como um dos perigo~ mais temíveis da história de Portugal contemporâneo. Nem os Cunhais, nem os Soares, 1nas a vitória dos católicos e anticomunistas verdadeiros é o que devemos desejar para o bem de Portu,gal, da Europa e do mundo.

- de dois profetas, A contricão nas oracoes , >

>

exemplo para nossa epoca

A

GORA, SENHOR todo poderoso, Deus de Israel, uma alma angustiada e um espírito aflito clama a Vós. Ouvi, Senhor, tende compaixão, porque sois um Deus misericordioso; compadecei-Vos de nós, porque pecamos na vossa presença. Porque Vós permaneceis eternamente, nós, então, havemos de perecer para sempre? Senhor todo poderoso, Deus de Israel, ouvi agora a oração dos mortos de Israel, e a dos filhos daquel.es que pecaram diante de Vós, e não ouviram a voz do Senhor seu Deus, por cujo motivo se nos pegaram estes males. Não Vos lembreis das iniqüidades dos nossos pais; lembrai-Vos sim, nesta ocasião, do vosso poder e do vosso nome, porqu.c Vós sois o Senhor nosso Deus, e nós, Senhor, Vos louvaremos; porque é por isto que pusestes o vosso temor em nossos corações, a fim de que invoquemos o vosso nome, e Vos louvemos no nosso cativeiro, afastando-nos da maldade de nossos pais, que pecaram diante de Vós. BARUC 3, J-7 DIGNAI-VOS ouvir-me, ó Senhor Deus grande e terrível, que guardais a vossa aliaoça e a vossa misericórdia para com os que Vos amam e q ue observam os vossos mandamentos. Nós pecamos, cometemos a iniqüidadc, procedemos impiamente, apostatamos e afastamo-nos dos vossos preceitos e das vossas leis. Mas de Vós, ó Senhor nosso Deus, é própria a misericórdia e a propiciação; porque nos retiramos de Vós, e não ouvimos a voz do Senhor nosso Deus. A tendei, pois, agora, Deus nosso, à oração do vosso servo, e às suas preces; e sobre o vosso santuário, que está deserto, fazei brilhar a vossa face, por amor de Vós mesmo. Inclinai~ Deus meu, o vosso ouvido, e ouvi; abri os vossos olhos e vede a nossa desolação, e a da cidade, na qual s.e invocava o vosso nome; porque nós, pros· trando-nos em terra diante da vossa face, não fazemos estas súplicas fundados rm alguns mcrcc1mcntos da nossa justiça, mas sim na muhidão das vossas misericórdias. Ouvi, Senhor, af)lacai-Vos, Senhor; atendei-nos e ponde mãos à obra; não dilateis mais, Deus meu, por amor de Vós mesmo, porque esta cidade e este vosso povo tem a glória de se chamarem do vosso nome. DANIEL 9, 4-5, 9-10, 17-19


As falsas conclusões • de um apressado americano sobre a TFP

N

OS COMEÇOS de 1974, as Edições Loyola, dos Padres Jesuítas, de São Paulo, lançaram um livro sobre O

Catolicismo Brasileiro em i:poca de. Transiç,io,

de um autor americano, Thomas C. Bruneau. editado simultaneamente em inglai nos Estados Unidos pela Cambridge University Prcss, de Londres/Nova York. O autor, que ciJSina atualmente no Canadá, esteve por duas vezes no Brasil, cm 196711968 e em 1970, ocasiões em que recolheu dados e depoimentos pessoais para seu livro (que apresenta extensa bibliografia em inglês e portuguai) , no qual pretende abranger a vida da Igreja no Brasil desde a época colonial até o fim do governo Costa e Silva. Ao abordar esta última fase, na parte mais importante de seu livro, o autor procura ana.lisar a ação da TFP, presumindo fazê-lo sufi· cientemente em apenas três páginas (mais uma referência de passagem em uma outra página). Entretanto não poderia ele, evidentemente, nesse espaço, sequer descrever a ação desenvolvida pela maior organização civil anticomunista do país, ao longo de seus IS anos de

existência. Tese apriorístico Na realidade o A. não está preocupado em analisar com objetividade e imparcialidade toda a importância da ação dessa entidade. E menos ainda a atuação que seu fu ndador, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, vem exercendo - especialmente dentro do campo católico - nos últimos 40 anos da vida nacional. E isto porque ele não ,procura ater-se à realidade dos fatos, mas adaptá-los à tese que q uer de• monstrar, ou seja, que ºhoje, 110 Brasil, a Igreja é a única ins1i11dção em oposição ao governo e o NÚMERO DE BISPOS, PADRES, RE· l.lCJOSOS E LEIGoS PERSEGUIDOS POR SUAS CON• VICÇÕES E t'OR SUAS AÇÕES, t ENORME" (p, 7,

destaque nosso) . Perseguição que a Igreja sofre - segundo o autor - j'por causa de sua compreensão da me11sagem do Evangelho" (p. 9) . O que o obrigaria a ser extremamente cauto, ao referir-se aos seus in.formantes brasileiros, pois "devido à prese111e situação polftica 110 Brasil, quem quer que fosse mencionado aqtâ [isto é, no seu livro] poderia despertar a atenção d" poücia'\ unta vez que, ''das quarenta pessoas que entrevistei formalm ente eni junlurjulho de 1970, pelo menos vime ti11hau1 estado na p,;. são uma ou mais vezes ou tinham um parente

preso na ocasião''. Pessoas, pois, altamente qualificadas para informar a um es1rangeiro sobre o que se passa em nosso país ...

Um pouco mais de objetividade Com tais conselheiros e com uma tal arriere pe11sée, não é de estranhar que nosso autor não goste da TFP. Nem se compreenderia o contrário. Poder-se-ia, entretanto, esperar de um pesquisador esforçado, um pouco mais de objetividade, sobretudo tendo-se em conta que a versão original do trabalho foi apresentada como tese de Doutoramento em Filosofia (P/tD) no Departamento de Ciências Políticas da Universidade da Califórnia, Berkeley, Não foi o que se deu, infelizmente. O A., que gosta de mostrar-se muito bem documentado (no, aliás louvável, estilo universitário norte-americano) dispensou-se de compulsar Ioda a bibliografia direta da TFP (citando apenas de passagem o livro Reforma Agrária - Questão de Co11sciê11cia) - o extenso trabalho jornalístico de seus membros mais destacados, através das páginas de Catolicismo ( cuja existência não ignora, pois que o menciona à p. 396) e, principalmente, os trezentos e tantos artigos publicados nos últimos anos (a partir de 1968), na grande imprensa, pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Não levou ele em conta, também, todos os comunicados que a entidade fez publicar na imprensa diária para desmentir as calúnias tão numerosas q ue certos jornais e revistas têm assacado contra a TFIP, como aconteceu durante a campanha de 1968, referente à infiltração comunista nos meios católicos. Lacuna tanto mais censurável quanto ele se baseia especialmente em ditas calúnias (cfr. em particular à p. 3W.

Conclusão cerebrino Assim não lhe foi difícil chegar à conclusão cerebrina de que o progresso da TFP se deveria sobretudo a um apoio recebido do governo originado do "golpe" de 1964, que precisava de aplausos nos meios católicos em fa. vor do que ele qualifica de política de perse· guição à Igreja. Assevera o Sr. Thomas Bruneau gravemente : "Desde a sua fu11dação, em 1960, a TFP sempre divergiu da corrente principal da Igreja que, 11a ocasião, era defi11ida pela CNBB [ •.. ). Depois do golpe e sul>seqüe11te elimi11ação da CNBB. a importã11cia da TFP cresceu [., ,).

De modo que, a despeito do Conc'ilio, que niio era aceito por eles, a TFP adquiriu mais força 11a Igreja e 11a socieci<1de em geral" (p. 396). Infelizmente para o autor, a realidade dos fatos não se coaduna com esta montagem intelectual. Deixamos de analisar aqui várias afirmaç~s injustas do A. contra a política religiosa do Mal. Costa e Silva. Estão elas à margem de nosso tema específico, que é o que ele diz da TFP.

P,esq uisodor qu e nado viu Qualquer observador atento da realidade brasileira, sabe que o prestigio da TFP lhe adveio, entre outros fatores, de sua capacidade de interpretar os sentimentos de largo setor da opinião pública (qtte no Brasil ainda é predominantemente católica) e de lhe dar um meio de se manifestar, junto quer às autoridades civis, quer às eclesiásticas. l?. a esta conclusão fácil que o A. poderia ter chegado, se tivesse tido o trabalho de analisar as campanhas promovidas pela TFP. Eni J966, por exemplo, o Governo apresentou ao Congresso um projeto de Código Civil com disposições divorc istas. A TFP saiu às ruas e conclamou o povo a que pedisse que o Episcopado "fizesse ouvir sua gra11de e poderosa voz" , para impedir que tal atentado à família brasileira se consumasse. O entusiasmo da população provou que a TFP soubera discernir seus sentimentos profundos, apesar da ,p ropaganda artificial dos meios de comunicação. Em pouco tempo, mais de um milhão de pessoas de todas as classes sociais, assinaram as listas apresentadas pelos jovens cooperadores da TFP nas praças públicas. O Presidente Castelo Branco teve o judicioso gesto de retirar o projeto impopular. Em 1968, após o escândalo provocado pelo conhecido documento do IP e. Comblin (a que. como a todos os congêneres, o autor defende) ·_ propondo como solução dos problemas do Brasil e da América Latina a extinção das Forças Armadas, dos tribunais togados, que seriam substiluídos por tribunals popu/areJ· rcvo· lucionários e a adoção de '•alianças .rujas", que "sujassem as m,1os", com as esquerdas - a TFP lançou mais uma campanha de abaixo-assinado. Era um apelo a ser encaminhado (como realmente o foi) a Paulo VI, pedindo urgentes e adequadas providências contra a crescente infiltração comunista nos meios católicos. Ao contrário do que imaginaria o pesquisador norte-americano que nada viu, mais de um milhão e seiscentos mil brasileiros estavam convencidos da realidade dessa infiltração e subscreveram o apelo da TFP.

A "eliminação" do CNBB

Verdades esquecidas

NENHUM PODER NA TERRA PODE DISSOLVER OVÍNCULO DO MATRIMÔNIO CRISTÃO

N

A UNIDADE DO "í11culo l'ê-se impresso o ,·elo da indissolul>iliclade. E, sim. um vinculo ao qtia/ a nalurez.a inclina, porém não causado neccssariamentt pelos princípios da natureza, pois se executa mediante o Uvre arbÍ· trio: mas a simples vontade dos contraentes. se o pode contrt,ir, não o pode dissolver. Isto vale não somente para as núpcias cristãs, mtu· em geral para todo matrt'mônio válido que tenha st'do contraído sobre a terra pelo consenso m,ítuo dos' cônjuges. Mas .re a vontade tios esposos não pode ma,'s dissolver o víncul<Jc do matrt'mônio, poderá u,lvc.r, /a'l.ê-lo a mttort'dadc. superior aos cônjuges, e.ffabeledda por Crt'sto para a \1ida religiosa dos homens? O vínculo tio marrt'mônio cristão é tão forte que. se já atingiu a sua plena estabilidade com o uso dos direitos conjugail, nenhum poder no mundo, nem mesmo o Nosso, o de Vigárl~ tle Crlsto, pode rescir1/li-lo. 1:: verdade qrie Nós podemos reconhecer e declarar que um matrimônio, contraído como válido, em realidade é nulo, por causa tle algum impedlmento dlrlmente ou por vício essencial do consenso ou defeito de forma substtmcial. Podemos também em determinados casos, por g,.aves motivos, d;,uolver matrimônios prlvados do caráter J·acramental. Podemôs até, se há wna justa e proporclonada caust,, dissolver o vínculo de esposos cdstãos, o .rlm por eleJ· pronunciado diante tio alrar. quando conste que não tenha chegado ao .reu cumprimento com o rea/lzação da convlvência matrimonial. Mas. uma vez que lsto acontece11. aquele víncu,Jo permanece subtroído a qualquer lngerêncla humana. Não reconduziu porventura Cristo a comunhiío matrimonial àquela funda. mental ,lignidade que o Criador ,,a numhã paradisíaca do gênero humano lhe havia dado, a dignt'dadc inviolável do matrim/Jnio uno e indissoltí"el? - [Discurso ao~ es· posos, de 21 de abril de 1942, apud Michael Chinigo, "Pio XII e os Problemas do Mundo Moderno", tradução do Pe. José Marins, E dições Melhoramentos, São Paulo. 1959, pp. 189-190).

PIO PP. XII

Quanto à tal "eliminação" (?} da CNBB, a que atrás se refere o autor, a única de que se poderia falar, seria o que chamaríamos "omissão" do seu órgão de cúpula, em várias ocasiões, pois é o de que se queixam católicos quando dela esperam alguma medida eficaz em prol de sua causa. Foi o que ocorreu no caso da infiltração comunista nos meios clericais. Aí realmente ela se cala e parece não existir. Ou (como na mais recente inves· tid~ divorcista) age com tal cautela, com tal comedimento que é quase como se não agisse. Que, em tais ocasiões, este órgão colegiado represente verdadeiramente o pensamento da maibria dos Bispos do Brasil, é coisa muito disct tível.

Afi moções vogas e infundados

1

Pf r aceitar cegamente informações duvidosas jPela sua própria origem (partida de ,\dversários notórios) e obcecado pela sua tese apriorística (da perseguição religiosa), que ele quer provar a todo custo, o A. repete afirmações vagas e totalmente infundadas, de que a TFP redeberia orientação e dinheiro do governo. que ele aduz como prova o fato de que ""(," deles [membros da TFPJ e11con1ro11-se com residente para tratar de questões politicas e m ou,,.o recebeu a " Grií-Crr,z da Ordem , ·,a,. do Mérito" das mãos do Ministro do E xército". (O scltolc,r estadunidense julga-se dispensado de fornecer pormenores insignificantes como nomes e datas), Além do que (e isto para ele é conclusivo) .• "os membros da 11r·P foram várias vezes elogiados por altas a ,roridades Militares'' ... (p, 398). Ora, nenhum dirigente da TFP jamais foi recebido em audiência pelo falecido Presidente Costa e Silva para tratar de questões polítidas, ou quaisquer out ras, como, pelo contexto,

A4

parece afirmar o A. A menos que ele tenha querido referir-se à audiência que o <Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e demais membros do Conselho Nacional da TFP tiveram com o Mal. Castelo Branco, no Palácio dos Campos E líseos, a convite do Chefe de Estado, por ocasião de uma visita deste a São Paulo, quando recebeu outras personalidades. Tampouco nessa oportunidade foram tratados temas po· líticos, tendo o falecido presidente agradecido à TFP suas críticas corteses e construtivas a um projeto de lei de iniciativa do Executivo. Nem qualquer dos membros da TFP recebeu jamais alguma condecoração do Governo. E alguns elogios de autoridades militares anticomunistas à maior sociedade civil anticomunista do pais - tão naturais - absolutamente não provam, só por si, as assertivas do professor ya11kee.

Mal informado, por vontade próprio Mais digna de protesto é o utra acusação que ele lança contra a TFP. Não podemos deixar de crer que os ignotos informantes do Sr. Bruneau quiseram, a tal respeito, abusar de sua ignorância religiosa. Diz ele com toda a candura: "Muitos dos meus informa11tes com· pararam a ltleologia da organiiação com um Jonseni.smo de nossos dias, que coloca os seus principios acima mesmo do Papa" (p, 396). Mal informado (por desejo próprio, é preciso esclarecer, pois a TFP sempre manteve suas portas abertas a pesquisadores credenciados, inclusive a v,rios conterrâneos de Mr. Bruoeau), afirma ele que os vários Bispos que têm se manifestado simpáticos à TFP, especialmente D. Antonio de Castro Mayer (e, no passado, D. Geraldo Sigaud), pertencem à entidade. Como todos sabem, ela é uma sociedade cívica ( embora formada por católicos e baseando-se na doutrina católica) e oão tem em seus quadros a nenhum Prelado.

Críticos que o nodo conduzem IP ara terminar, algumas considerações que se aplicam não só ao A. analisado, mas a certo gênero de críticas que se costuma lançar contra a TFP. Para que uma crítica seja válida necessita ela de pelo menos dois elementos fundamentais: ser formulada com inteira clareza e objetividade, e apresentar provas sólidas do alegado. Ou pelo meoos uma série de indícios que, de modo veemente conduzam o espírito a aceitar tais críticas como sumamente verQssímeis. Exemplificando um pouco, foi dito que a TFP se baseia nos princípios da doutrina católica. Para se criticá-la do ponto de vista religioso, várias afirmações genéricas feitas pelo A. - como as de que a TFP está "co111ra qualquer muda11ça" (p. 396) o u que é uma espécie de "la11senism o de nossos diai' (id.), etc. - não conduzem a nada. O que importa é mostrar que ela contrariou tal ou tal princípio da doutrina católica, foi contra tal ou tal ponto do di.reito canônico, ou algo de bem preciso neste gênero.

Uma crítico, ou um elogio? Como ficou visto · por esta apreciação da posição do pesquisador ame.ricano sobre a TFP, infelizmente suas críticas se baseiam inteiramente cm impressões, e em acusações gratuitas, cuja única comprovação seria a mera afimrnção, lançada no ar, de algum jornal ou revista hostil à TFP. E formulações tão genéricas. ou críticas tão vácuas como esta, q ue tomamos como um elogio, mais do que como uma crítica: "A orga11ização (isto é, a TFPJ se inspfra muna ideologia "integrista" que ani· ma uma militância ativa em defesa do catolicismo tradicional. A TFP defende um moraHsmo extremo, é contra o div6rcio, contra o comu11ismo [ ,. ,)" (pp. 395-396). Para encerrar este comentário, folgamos em regis1rar três afirmações do :Prof. Thomas C. Bruneau que correspondem à realidade: 1.3 ) ·~a TFP é uma organização viávtf'. 2.ª é "bem organizadaº e 3.:i é "extremamente t,tiva na co11secução dos seus objeti vo.t" (pp. 395 e 396).

Luiz Sergio Solimeo 7


Pentecostalismo ''católico'': perplexidades, apreensoes e · suspeitas ,..,

A chamada ''Renovação Caris,nática ''

o Congresso Mundial dos pentecostalistas teve lugar na própria Roma, centro da Cristandade. O grande número de participantes e os prestigiosos apoios que receberam, fazem pensar que esse ainda mal conhecido movimento tenha alcançado já proporções consideráveis. Apesar do grande número de livros e artigos publicados a respeito, a confusão e as controvérsias em torno dele não têm senãó crescido. Assim é importante que os católicos desejosos de permanecer fiéis à doutrina tradicional da Igreja analisem com cuidado e atenção esse novo fenômeno. O presente trabalho tem como objetivo contribuir para essa indispensável análise.

E

STE ANO

Origens protesta ntes do pentecostalismo Vejamos, em suas grandes linhas gerais, as origens do movimento. O assim chamado ,,entecostalismo clássico surgiu no século passado, nos Estados Unidos. Em 1892, dois pastores protestantes, W. F. Bryant (metodista) e R. G. Spurling (batista) fundaram uma nova seita na Carolina do Norte, a igreja pentecostal. A concepção protestante de que "só a Bíblia é suficiente", os dois pastores acrescentaram a sua própria doutrina da necessidade de um "batismo no Espírito pela imposição das mãos", cuja eficácia seria atestada pelos carismas, como o dom das linguas, o dom de profecia, o dom de cura. O movimento expandiu-se rapidamente pelos Estados Unidos, tanto mais quanto pretendiam pregar uma religião viva, em contraste com as religiões institucionalizadas. A partir de 1900, um jovem pastor metodista, Charles Parham, deu novo impulso ao pentecostalismo, através de experiências com os alunos de sua escola bíblica de Topeka (Kansas) . Um pastor negro de nome Seymour levou o movimento para Los Angeles, onde surgiram explosivamente várias comunidades. Tendo havido alguns excessos de exaltação religiosa, as igrejas batistas e metodistas afastaram-se do movimento. Os que haviam aceitado o espírito penfecosta/, vendo-se excomungados de suas igrejas, reuniram-se cm novas comunidades denominadas genericamente pentecostais. Atualmente contam-se mos Estados Unidos 55 confissões com esse título. A maior das federações é a chamada Assembléia de Deus. A partir de fins da Segunda Guerra, uma nova onda de movimentos com as mesmas 8

características, saídos das seitas protestantes, deu origem ao neo-pentecostalls1110, que se desenvolveu na década de 50. ~ significativo, entre estes grupos, a associação de homens de negócio Fui/ Cospe/ Businessme11 Fe//owship. Cursilhistas fundam o "pentecostahsmo católico" Em fins de 1966, depois de um Congresso Mundial de Cursilhos de Cristandade, cm Duquesne, Pittsburg, alguns participantes encontraram - segundo consta, por acaso - dois livros pentecostalistas: The Cross and the Switchblade (A Cruz e o Punhal) - no qual o pastor D. Wilkerson narra o seu apostolado entre os jovens marginais de Nova York, dados à droga, ao furto e à prostituição - e They speak with other tongues (Eles falam em outras línguas), onde o jornalista J. SheriU apresenta, de modo fascinante, os progressos das comunidades pentecostais nos Estados Unidos(') . Entusiasmaram-se desde logo com os livros, julgando terem encontrado neles aquele algo ,nais que lhes parecia faltar ao Cursilbo. Puseram-se em contacto com um pastor da igreja episcopal, o qual os apresentou a uma senhora pentecostalista episcopaliana. Esta, por sua vez, convidou-os a uma .reunião no dia 13 de janeiro de 1967, sob a presidência de Florence Dodge, pentecostalista presbiteriana. Numa segunda reunião presidida por Mrs. Dodge, dois cursilhjstas - Patrick Bourgeois e Ralph Keifer - receberam o batismo do Espírito. Nascia assim o chamado pentecostalismo catblico ou Renovação Carismática. De Duquesne, o movimento passou rapidamente para a Universidade Notre Da,ne, em South Bcnd, onde se fundou um grupo, cuja primeira sede foi - segundo a revista canadense Michae/( 2 ) - a casa de um capelão local do Opus Dei, Pe. Robert Connor. O grupo de Notre Da,ne foi o propulsor e o núcleo de expansão do movimento. Em março de 1967 ele se uniu ao grupo protestante Fui/ Cospe/ Busi11essn1en Fellowship, já mencionado. Se em 1967 o movimento começara com cerca de 90 pessoas, no ano seguinte já eram cinco mil nos Estados Unidos. Sua expansão pelo mundo foi rápida, dos Estados Unidos à Europa, à Asia, à América do Sul e à África. Um boletim da Renovação Carismática brasileira vangloria-se de

que um livro-chave do movimento já foi traduzido até para o sotho, língua dos bantus africanos. Crise interna? Os dados referentes ao número de adeptos variam enormemente, de acordo com a fonte. Enquanto algumas publicações dizem que só no Brasil havia; em 1971, 4 milhões de adeptos, outros atribuíam um total de apenas 600 mil para o mundo inteiro, em 1975 . . . Outras, ainda, falam de um total mundial de 15 a 33 milhões. Como se vê, a confusão é total a respeito, e os dados tão disparatados entre si, que nem os próprios pentecostalistas sabem avaliar, nem aproximadamente, quantos são na realidade. O Pe. Antonio Barruffo, S.J., .p rocura explicar essa divergência _e fornece dados bem mais modestos: "Por se tratar antes de uma "corrente espiritual" com forte dinamismo de ctescimento, diffcil se torna fornecer dados numéricos exatos sobre o número dos que participam dela efetivamente. Há q11en1 calcula que, nos Esiados Unidos, sejam de 60.000 a 120.000 e, 110 11111ndo inteiro, entre 200.000 e 300.000"( 3 ). Decadência confessada da maneira mais penosa O movimento atravessaria no momento uma etapa difícil, a crermos no Pe. Edward O'Connor, uma das suas mais importantes figuras. Ele revela que o número dos desertores é crescente, assim como o dos grupos que se dissolvem . Diz que o movimento perdeu o entusiasmo inicial e que, literalmente, corre o risco de se evaporar. Se-

riam muitas as "rivalidades pessoais" e as "dolorosas divisões" em seu seio. Afirma ainda qu.e, neste momento, os esforços do pentecosta/ismo católico para continuar avançando, são "co,no os cosméticos con1 que uma n,ulher de idade tenta· agarrar-se às aparências de sua juventude desvanecida"(•) . Tudo isto lhes teria impedido de levar ·adiante uma ação social mais significativa. Uma doutrina de preknsões universais '

A doutrina desse movimento resume-se no pedido e obtenção de um Segundo Pentecostes, com as características de interconfessionalidade, comprovação de seus efeitos · pelo dom das línguas e outros carismas, tudo o que, deve produzi, uma conversão e uma renovação de peculiaridades espec.iais. Assim, segundo eles, esta renovação deve transformar primeiramente os indivíduos, depois as igrejas institucionais. Por fi.m .- como veremos em interessantes documentos - esperam levar a cabo a reforma da sociedade humana e das estruturas sociais e estatais, através de uma ação social inspirada diretamente pelo Espírito Santo. As pretensões universais desta renovação tanto espiritual, como social, não podiam deixar de suscitar apreensões, apesar de sua relativamente discreta organização, e do grande empenho de seus líderes em que suas características mais preocupantes não apareçam claramente. Os líderes agem com grande precaução neste sentido. O que não impediu certa inquietação entre membros do Episcopado.

.1 . - Repercussões mundiais Com efeito, ,na medida mesma em que o movimento ganhava proporções mundiais, vozes episcopais foram-se fazendo ouvir, denunciando abusos, alertando quanto a perigosos desvios contra a fé e o modo de entender a vida cristã, bem como o caráter exclusivista c até sectário do .pentecostalismo dito católico, mais conhecido como Renovação Carismática. Também Teólogos, Moralistas e outros especialistas nas Ciências Sagradas, têm externado suas preocu-

pações com relação a certos aspectos do movimento, quando não ao seu todo. Apreensões da Hierarquia Em 1971 , Moos. Timothy Manniog, Arcebispo de Los Angeles, hoje Cardeal que não pode ser apontado como tradicionalista - publicou uma Carta Pastoral de advertência aos fiéis católicos, assinalando que "o excessivo emociona/ismo, credulidade e pretensiosos espetáculos carismáticos,


q11cstio11a11, a autenticidade da {l(ividade do Espírito". E alertou especialmente quanto ao aspecto sacramental do movimento( 5 ). Mons. Robert J. Dwyer, Arcebispo de Portland, Oregon - cm um artigo muito difundido, considera o pentccostal ismo "uma das mais perigosas tendências na Igreja e,11 nossos dias, estreita111e11te /ig,ui,, em espírito a outros 111ovi111e11tos desagregadores e divisionistas, ameaçando gra11de dano à 1111i<lade da Igreja e prejuízo para incontáveis almas. E 116s não somos, de forina alg11mC1, o 1í11ico dentre os Bispos " pensar t1ssin1". O Prelado compara o movimento de Renovação Carismática com o brahamanismo, os gnósticos, quietistas, cátaros e montanistas, nos quais vê características idênticas e os mesmos "começos i11oce11tes". Afirma que esse movimento produz "curto-circuitos" na Igreja e opera com substitutos dos Sacramentos(11). Até o liberal Episcopado canadense, numa recente apreciação - aliás bastante moderada - do pentecostalismo, apontou o excessivo relevo dado à sensibilidade, a escassa reílexão bíblica e doutrinária, e a evasão da realidade('). O Arcebispo Mons. Marcel Lefebvrc, respondendo através de uma revista canadense sobre o que se deve pensar do pen,tecostalismo católico, afirmou que ele representa "neni 111ais neni n1enos que 111na volta ao protestantis,no", e que udeven,os estar atentos a esws coisas e rejeitá-las absoluta111e11te"(*). Os Cursilhos, como vimos, aparecem significativamente nas origens do chamado pentecoswlis1110 católico, e a doutrina carismática não é senão a exacerbação dos pontos de partida cursilhislas, pelo que é oportuníssimo transcrever algumas -passagens da famosa Carta Pastoral sobre Cursilhos de Cristandade, do insigne Bispo de Campos, D. Antonio de Castro Mayer, a esse respeito: "Co111 efeito, mais do que sobre o papel do co11heci111ento intelectual da Revelação, i11siste11, eles [os cursilhistas) sobre a 41 VtVêNCIA", ou seja, a experiência, o contacto vivo, a atração entusiasta". "Se yê que Cursilhos procuran, a converstÍo, 111edia11te uma via predominantemente al6gica, que chamam de "v1vl!NCIA". "Nossa apreenstÍo aumenta, amados filhos, pelo fato de que a minimalizaçtÍO do papel da inteligéncia, na co11versão do individuo, ve,n acompanlwda de muita ênfase dada ao f{l(Or emotivo". "A i111portâ11cia que Cursi/hos dão às emoções e impressões levou ,nuitos a aproximarent o triduo cursilhista de uma lavage,n de cérebro" ( &) . E o Boletim Diocesano, publicado er1 Campos sob a égide de D. Antonio de Castro Mayer, cm dois números sucessivos, mostra as reservas que o movimento inspira, e aproxima a ideologia carismática das concepções modernistas sobre a fé, como se verá adiante('º) .

" Males graves que afetam a fé catól ica" O Pe. John A. Hardon, S.J. - Professor de História das Religiões no Bellarmine School of Theology, de Chicago - em conferência durante a reunião anual do Clero de Nova York, assinalou que o pentecostalismo segue "o mesmo curso do g11osticis1110, do 111011ta11ismo e do ilu111i11isn10", e o qualifica como a "erupção de males novos e graves que afetam a fé católica". Observa ainda que tudo se baseia em uma pretensão e convicção de "obter pessoal111e11te uma infusão preternatural", e que constitui uma ideologia que não se identifica com o catolicismo tradicional. Cita trechos dos próprios pentccostalistas, nos quais estes atacam a Teologia mística tradicional dos Doutores da Igreja(").

nata a grande analogia com movimentos heréticos do passado, especialmente com o de Montano, que se dizia "porta-voz do Espírito Santo". Salienta que é significativo o cuidado dos pentecostalistas católicos cm chocar o menos possível o pensamento católico local, o que explicaria a mul1iformidade desses grupos, conforme as circunstâncias. E finaliza: "Como todas as formas de p11ro deleite sensorial, esta excitação emocional pode descer fácil e rapidamente ao plano sensual" ( 1~). 'fl, aliás, o que tem acontecido, como veremos.

"Uma experiência religiosa subjetiva" Já o Pe. Leslie Rumble, M.S.C. - doutorado pela Universidade Ange/icum, de Roma, e autor de cinqüenta estudos sobre religião comparada - afirma que os pentccostalistas alteram a liturgia católica com interjeições descabidas, e qualifica suas manifestações de "experiência religiosa subjetiva, acrítica e ne'O-romântica". Baseou seu estudo, entre outras coisas, no testemunho de "muitos desiludidos". Encontra graves erros contra a fé nos diversos aspectos da assim chamada teologia carismática( 13 ). Por sua vez, o Pe. Augustine Serafini considera também o pentccostalismo como uma "experiência ,nuito subjetivd'; aponta muitas doutrinas erradas no movimento, e dá muita importância à conclusão teológica tradicional de que é necessária a primazia da inteligência como requisito de catolicidade das proposições espirituais, o que falta fundamentalmente no .pentecostalismo(14). Em Le Pentecôtisme, Eflusion de l'Esprit Saint 011 Sacrement du Diable? o teólogo francês Pe. Noel Barbara relaciona claramente esse movimento com a diabólica operação de destruição da Igreja, que está sendo realizada pelos progressistas; o Pe. Barbara cita uma famosa sentença de Santo Agostinho: "Na medida em que se esteja 111,;do à Igreja, se possui o Espírito San~ to"("). O que é justamente o contrário da orientação carismática.

Fator de exaustão emocional Muitos outros Bispos, teólogos e especialistas, de uma forma ou de ourra, vêm manifestando suas preocupações. Há um grande número de estudos e artigos na tônica dos já citados. Além de tratarem diretamente de questões doutrinárias ou históricas, alguns autores apontam o perigo que esse movimento representa para a vida religiosa, pois o pentecostalismo ataca os três votos tradicionais, a saber, de pobreza, de obediência e de castidade. De outi·o ponto de vista, o sociólogo Pe. Andrew Grecley, por exemplo, considera-o como um fator a mais de "exaustão emocional" no cenário norte-americano: "Estamos cansados da ininterrupta corrente de d RESPOS'fAS MAGICAS que veni ca a ano: cw·si/1,os, sensitivity, c,11eq11ese q11erig111ática, r>e111ecosu1/is1110" ( 1•) ( destaque nosso). J; interessante a observação do psicólogo italiano Pe. Rosario Mocciaro, que compara as formas de oração carismáticCI com a "exaltação dos torcedores 110 estádio de futebol" ( 17 ). Em outra linha de manifestações, há Sacerdotes que se declaram simpatiza ntes do movimento, mas q ue apontam nele erros cumo "paraclericalis,110"1 "fundan,entalismo". "par6dia dos Sacramentos", "aberrações", etc. Entre estes encontram-se o Pe. Robert Wild, o Pe. Anselm Walkcr e o Pe. Tugwell, O.P. ,

"arrogância espiritual" e de "espírito de secuirismo protestante"( 18 ). Mais ainda, é digno de nota o depoimento de William Storcy, Professor de Liturgia e de História da Igreja na Universidade Notre Dame, e um dos fundadores do movimento, pois estivera no grupo inicial de Duquesne, em 1967. Em larga entrevista, alerta contra os "gravíssimos perigos, erros teo lógicos, e modelos de resposta inco,npatíveis coin as tradições católicas autênticas"; posposição da Igreja em favor das relações com pentecostalistas protestantes, bem como um "f1111dame11ta/is1110 r<1dical", que é "inconsistente e inaceitável pela co1111111idade católica". Denunciou ainda "11111 certo autoriwrismo" e uma forma "das mais duvidosas" de psicanálise de amador e de lavagem cerebral.

Abusos e violências

A suas críticas somaram-se as de outros dissidentes, dirigidas especialmente à con.ve11a11ted com1111111ity ( comunidade na qual membros são vinculados por uma espécie de contrato) True House, de Notre Dame,

2. - O Pentecostalismo na corda

bamba da ariálise A seguir procuraremos fazer um resumo das objeções levantadas ao pentecoslalismo dito católico. Os ,intentos de legitimar esse movimento como católico e verdadeiramente espiritual não conseguiram transpor a corda bamba que a análise estende no caminho da Renovação Carismática. Essa corda tem três fios fundamentais, que retomaremos juntos, depois de segu ilos separadamente. São eles o aspecto J,fa·t6rico, o aspecto ascético e o aspecto prof}riamente doutrinário.

A. • O extra.,agant,e cortejo das pré•fig,iras . Já é um lugar comum comparar o pentccostalismo com diversas seitas da Histól'ia das religiões. Como carecem de maior interesse, apenas as enumeraremos sumariamente. Segundo os historiadores e teólogos, quase todas elas apresentam os mesmos súbitos fenômenos de dom das línguas. do111 de profecia e convulsões eJ·pirituais. Para maior comodidade, dividimo-las cm três grupos: os 11ão-cris1ãos, os grupos protestantes e heresias antigas e os grupos progressistas.

A

Excitação sensorial e emocional

A inconformidade das pentecostalistas da primeira hora

D. Petcr Flood, O.S.B. - autoridade cm assuntos médico-morais - analisa cientificamente o fenômeno de falàr eni línguas ou glossolalia, e outras manifestações no movimento carismático. Compara a excitação sensorial das reuniões de grupo com a produzida em ratos ao serem-lhes aplicados elétrodos nos centros hipotalâmicos. Assi-

São inumeráveis as pessoas que, depois de haverem participado ativamente desses grupos, separaram-se deles cm determinado momento, e passaram a criticá-los. J; especialmente significativo o ataque da Ora. Josephine Ford, outrora uma das principais líderes carisnuíticas nos Estados Unidos, que acusa agora o pentccostalismo de

onde se praticaria a "integração forçada" ( breakthrough ,ninistry), técnica empregada para remediar as dificuldades de certos neófitos de se integrarem à vida comunitária. Francis Hittinger, ex-membro da comunidade, que era o encarregado dessas sessões, recebia de um dos di.r[gentcs todo um dossier com informações sobre o ,passado pessoal e familiar do membro "que estava causando problenw", bem como de suas fraquezas psicológicas, etc. Uma noite, sem aviso prévio, o indivíduo em questão era arrancado da cama pelo "coorde11ador" e devia-lhe fazer uma confissão geral desde a infância e reconhecer os seus erros. O coordenador o exorcisava e às vezes queimava seus livros e suas roupas, depois de lhe extorqu ir promessas humilhantes (como a re núncia aos títulos universitários) e de fazê.lo jurar que jamais contaria a um Sacerdote o que acabava de ser feito com ele. Os defensores dos ctirismáticos, como o Pe. John Reedy alegam que abusos desses limitaram-se a algumas comunidades, n1as que não afetam o movimento pentecostalista em seu conjunto( 10).

• Entre as manifestações não-cristãs, citam-se os ele11si11os. dos q uais Plutarco

escreve que, em meio a exaltações indecentes, tinham o dom ,ICls lín,guas; as danças frígias, referidas por São Jerônimo, com características semelllan1es; os derviches; vários conglomerados de seguidores de gurus hinduístas; os budistas zen; os zoroastristas, especialmente em suas origens; certos setores yogas; os cabalistas; os idealistas do pseudo-absoluto de Schelling; os espíritas e algumas das vertentes mais avançadas do hippismo e do estruturalismo. • Na segunda classificação apontam-se os mo111m1istas; os pelagianos; os illuminati; os alumbrados do tempo de Santa Teresa; os anabatistas; os trembleurs e quakers; alguns 1116r,11011s dissidentes; os ja11se11lstas; os quietistas; os exaltados Great Awake11i11gs do século XVJJI; os ct1111p meetings e Revivais do século XLX ,nos Estados Unidos; os holy ro/lers; o Evangelho integral, e outros muitos. Os próprios pcntecostalistas reconhecem como precursores, de modo especial, os movimentos norte-americanos acima citados. • Encontra111•se também inserlos na tormenta progressista que aflige a Sanla Igreja, com suas características comuns de deLrimcnto da fé cm favor da sensibilidade, super-ecumenismo, antiinslitucionalismo, etc. Foi exata mente o que o grande Pontífice <ie nosso século, São Pio X, condenou

Constantino Oi Pietro

"Carismáticos" no Congresso Internacional de Roma no Ultimo Pentecostes

Explodem ..aclamações de louvor": "Aleluia!" , "Atabaré!"...o Espíri to vem!" 9


P.e ntec.o stalismo '~católico'':

na inspirada Encíclica Pascendi, contra os modernistas. Mons. Críspulo Benítez, Arcebispo de .Barquisimeto e Presidente da Conferência Episcopal da Venezuela, - a liás simpatizante do movimento - vincula o pentecostalismo à grande corre nte do progressismo, desde suas origens: "Creio - disse, ele - q11e a renovação caris111ática é <1 conseqüência do Cursi/110, (J11e, por s11a vez, vinha do 111ovime11to de açiío católica"( 2º). Já vimos aliás, no início do presente trabalho como cursilhistas estiveram entre os fundadores, propulsores e primeiros prosélitos do movimento. Veremos adiante semelhança entre os cal'is111áticos e os gr11pos proféticos, sobre cujo perigo as TFPs alertaram a opi11ião pública latino-americana em memoráveis campanhas, e de que Catolicismo se ocupou largamente cm se:u número 219-220, de abrilmaio de 1969, Convém recordar, a esse propósito a definição que de grupos proféticos dá M. Bernardo: é a " tomada de co11sciência, pór parte dos leigos. dos carismas espirituais de que gozam ,,elo fato de serem batizados e de tere111 o do111 do Espirito Santo" ( 21 ). Convém salientar ainda a relação entre o fenômeno da Renovação Caris111ática e as co1111111idades de base, as quais deveriam receber daquele urna "injeção de alma, de espirito", na expressão de um alto personagem eclesiástico que visitou os participantes do Encontro N(lcio11al de R. C. Católica, em ltaici, em janeiro deste ano(22 ). Por outro lado, o !DOC a superpotência publicitária e nquistada nos meios católicos, a serviço da subversão progressista - tem dedicado ao pentecostal ismo toda a publicidade que sua imensa rede lhe permite(2 3). Aliás, a revista New Catho/ic Wor/d, notória propagandista da renovação carismática, é editada pela Paulist Press, de Nova York, que é vinculada ao IDOC, como se pode ver no acima citado número de Catolicismo.

B. - O siste,,r.a espirit,,al ••caris,nútico~· Será suficiente vermos este assunto apenas em sua base. Seguiremos sobretudo o livro The Pentecostal Move111ent i11 tire Cat/rolic C/111rc/r, do Pe. Edward D. O'Connor C.S.C., principal apologista da legitimidade da espiritualidade carismática. Tal espiritualidade consiste sobretudo nas reuniões de oração (prayer 111eetings) , nas quais se .procura obter o batismo do Espirita Santo fenômeno do qual não se cnconti·a urna definição ao largo de toda a bibliogr~fia, e no qual o -próprio Pe. O'Connor considera "bastante difícil deter111inar o que é exata111ente essencial". Tal fenômeno se manifesta através dos carismas, que caracterizam e dão nome a esta espiritualidade. Assina la o mesmo autor: "O que marca a tlifere11ça e11tre as reuniões de oração pentecostalistas e as reu11iões de oração de outros tipos é principalmente o exercicio dos carisnras" (24 ). Trata-se de saber se isto é compatível com os fundamentos da espiritualidade da

Santa fgreja Católica Apostólica Romana, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo para durar até o fim dos tempos.

O intuito de legitimar este sistema . . . Vejamos como o Pe. O'Connor coloca o problema. Sob o aspecto teórico, admite, os cllris111as no pentécostalisrno seguem a de- · finição tomista, clássica; o mesmo já não ocorre no nível prático: "No nível prático - escreve e le - a doutri11a clássica sobre carismas foi formulada por São João da Cruz, principalmente. ( ... ] A razão, o Evllngelho e a Lei b(1sta111 para dar-nos o guia de que necessitamos e Deus prefere q11e ca111inhemos por eles (Subida do Monte Car111elo, livro 11, cap. 19). Se há 11111 lugar em que a espiritualidade pentecosta/isra parece entrar em conflito co,n a clássica~ é aqui11 • Em outras palavras, como expõe muito bem o Pe. O'Connor, a espiritu~lidade católica fundamenta-se na fé e na prudência, virtudes próprias da inteligência. A isto objetam os pentecostalistas q ue a espiritualidade tradicional não dava ênfasé aos carismas, limitando-se à fé pura. Seria, dizem, um grande bem acrescentar todo o dinamismo dos carismas para elevar o nível espiritual: "E111 suma - ,prossegue o Pe. O'Connor - pode111os dizer que, 110 11ível teórico, a doutrina espiritual clássica sobre os carismas harmoniza-se ,nuito bem con, t1 espiritualidade pe11tecostalista 111uito melhor do que com a experiência não-carismática da vida cristã usual e111 nossos dias. No nível prático, e11tretanto, a doutrina clássica não é adequada para a vida plena dos carismas, embora seja correta até onde chega, e pode ainda ensinar muita coisa útil ao 111ovimento peutecostalisu/'( 20 ).

... aproveitando confusões gravíssimas Na realidade tudo seria muito simples se não fosse o fato de que os caris111as e dons do Espírito Santo nunca se manifestam CONTRA a FÉ e a PRUD~NCJA.

A espiritualidade pentecostalista aproveita-se dessa confusão para dar-se credenciais. Segundo eles, na espiritualidade clássica dava-se maior ênfase à fé pura e à razão, enquanto em seu movimento a ênfase é ,posta nos carismas. O ponto sério está em que estes últimos, os carismas, estão, na espiritualidade pentecostalista, cÓNTRA a fé e a vrudência, e não A PAR delas. Isto é gravíssimo, porque a fé é a primeira das virtudes teologais e a prudência a primeira d as cardiais. Ambas ilustram a razão e sem elas não podem existir as demais, posto que são conseqüência delas.

A espiritua lidade carismática renuncio à fé

ê muito fácil demonstrar que esta oposição e xiste oa espiritualidade carismática, pois os testemunhos dos próprios peotecostalistas são abundantes, e nenhum deles se refere a um ato da inteligência que assente à verdade revelada, mas apenas a uma experiência vivencial.

"Todos se fu11de111 co,npletamente no grupo, APESAR da grande divergência de vistas teológic(ls e pollticas", escreve o Pe. O'Connor, a respeito das reuniões carismáticas. E cm outro lugar: "Eventualmente membros das denonlinações protestantes estabeleci<las corneçaranr. a comparecer a essas reuniões ,de oração. Vieram 11111itos l11tera11os, bom 111í111ero de episcopalianos, presbiterianos, batistas e outros. A com1111idatle conservou seu caráter pre<lo111i11anteme11te católico, mas os membros de outras denominações fora111 cordialmente recebidos. Desde q11e as sessões dedica111-se tl oração e ao culto e não às discussões teológicas, a diversidade não criou 11enhum problema sério, mas trouxe WIUI BÍ)NÇÃO F,SP ECJAL, fazendo as pessoas mais cô11scias da frater11idade em Cristo que os reúne a todos POR BAIXO de suas diferenças do11tri11árias. [ ... ) Ele (o Espírito Santo] não anula suas divergências doatrinárias, ,nas tor11a capazes de vere11, ALÉM [beyond] destas últimas e de se abraçare111 uns aos 011tros 110 a111or, enquanto espera111 confia11temente o dia em que os MAL- ENTENDIDOS existentes entre eles serão removidos pela própria luz de Cristo" (28 ). Esse "f1111dir-se 110 grupo, APESAR das divergências teológicas'', esse "reunirem-se todos POR DEBAIXO das diferenças doutrinárias", e esse "abraçar-se no antoY' vendo " AL~M das divergências doutrinárias" significa superar a fé, portanto ir CONTRA a fé.

E repudia a inteligência O raciocínio é combatido pelos pentecostalistas: "Não há lugar para discussões depois das lições'', revela a pentecostalista Terry Malone( 2' ). Ora, a inteligência é feita para conhecer a verdade e entendê-la, e dispõe, com a virtudé da prudência, os atos humanos. ê a raiz das virtudes cardiais e morais. As diversas formas da prudência - a circuospecção, o raciocínio, a constância, etc. - estão completamente ausentes da espiritualidade pentecostalista. Tudo se faz sem medida, sein conselho, com precipitação e indiscrição. Esta é a raiz da vida espiritual pentecostal ista: um Espírito sem fé e sem raz.'ío.

P,ecado contra o Espírito Santo Ainda mais. Um dos pecados que na teologia católica chamam-se explicitamente pecados contra o Espírito Santo é 11egar a verdade conhecida como tal. Os caris111áticos, pretendendo unir-se aos não católicos "vendo além", da verdade conhecida como tal por excelência, que é a fé, negam essa verdade. Conquanto o grau de consciência seja diverso segundo a i11iciação de cada pessoa no pentecostalismo, este acaba levando a urna violenta apostasia da fé.

Desprezo e injúria à Santíssima Virgem A espiritualidade carismática prima ainda pela ausência total de penitência, Ora, está escrito: "Se não fizerdes ve11itência, perecereis todos,,. Não podíamos deixar de mencionar, com especial relevância, a abstração ou menosprezo da devoção à Mãe de Deus e Medianeira de todas as graças. Quando não são preconceitos dignos do mais ingrato calvinismo, são burlas comunitárias contra Nossa Senhora de Lourdcs('8 ) e a qualificação do Rosário de oração "111ecâ11ica"(20 ) . O pior é quando se dão à Virgem Santíssima qualificativos felonamente ambíguos, como o de "f)ri111eira C(lris111ática". Por todos esses dados, fica claro corno o pentecostalismo situa-se fora da Igreja.

C. - A ideolot1i•1, ,,e,r.tecostalista

"Reunião de oração" de pentecostalistas "eat6iicos" nos EUA

Uma festa onde todos riem, cantam e dançam ao ritmo de música "rock" 10

No item anterior vimos que o movimento pcntecostalista carece do ato tle fé, que é o fundamento da espiritualidade católica. Aqui veremos que a matéria tlti fé - a respeito da qual se faz o ato - está também ausente. Evidentemente, uma vez que o ato de fé não se produz, não é estritamente necessário demonstrar que a doutrina pente-

costalista é contrária à católica; mas os meandros da sutileza carismática, assim como a necessidade de fazer um esclarecimento definitivo a respeito, tornam sumamente útil esta confrontação. Cumpre observar desde já que quando na bibliografia pcntecostalista se lê a expressão "ato. de fé", entende-se que este se faz com relação à cxperiê11cit1 pentecostalista, e não às verdades ensinadas pela Santa lgreja( 3º) . Como d izia o Pe. John A. Hardon, S.J., o pentecostalismo constitui uma ideologia peculiar, descrita na primeira parte deste art igo. Para de monstrar que em sua raiz constitui uma ideologia distinta e oposta à doutrina católica, nada é mais conveniente do qu,e ver como a base doutrinária da R e110v(lção Carismática se distingue dela e a ela se opõe.

Ataques à Igreja Em primeiro lugar, o livre ext1111e - um dos principais pontos de divisão entre católicos e protestantes - é largamente propiciado. Por outro lado, líderes ,peotecostalistas atacaram furiosamente a E ncíclica l{11ma11ae Vitae, que, entretanto, expõe uma doutrina tão ttadicional e tão fundamental da Igreja . Entre estes encontramos Kevin Ranaghan, autor, com sua mulher, de Le Reto11r de l' Esprit, um dos clássicos do rnovimeoto. O pentecostalismo acusa a Igreja de haver "desviado os dons" durante dezenove séculos, dons que, segundo eles, floreciam em diversas seitas, e que, também segundo eles, renascem a parti,· dos grupos pentecostalistas protestantes, para tomar conta do mundo através de um Segundo Pentecostes. Isto, pelo menos afeta a credibilidade da Igreja Catól ica como a única verdadeira e imortal Igreja de Cristo. Assim escreve uma publicação carismática: "U111a i11stituição sagrada comporta 11111 verigo, o de isolar o ho111e111 1111111 recanto vara tratar co,n Deus. A instituição tende a interf)Or-se entre o ho,nem e Deus"( 3 1 ) . A Instituição sagrada por excelência, à qual todos os inimigos, com tanta má fé, fazem essa acusação, não precisamos dizer qual é. Prossegue a revista : "Reza111os mal f)Orque fugimos da dúvida". Recordemos que a dúvida voluntária é, segundo a doutrina católica, pecado mortal contra a fé. E assim entramos no conteúdo dessa ideologia, q ue constitui um sistema das assim chamadas idéias-força, algo intermediário entre uma pura teoria e u ma pura praxis. O movimento carismático é "o" movimento ecumênico

"O movb11ento carismático é o 111ovi111ento ec11mê11ico", declarou um destacado pentecostalista episcopaliano(32 ). · E o Pe. O'Connor afirma que "do ponto de vista histórico e fenomenológico, é tão somente um ramo mais a111plo de wn 111ovimento que atinge A 'fODAS AS IGREJAS CRISTÃS())) (destaque nosso). O super-ecumenismo propugnado pelos pcntecostalistas leva à formação de uma super-igreja não i11stit11cio11a/izada, que incluiria cm si todas as igrejas e seitas fundidas em virtude do fogo do super-sacramento não defi nido do batis,110 do Espírito Santo. Todas seriam fundidas num só todo, depois que "a própria luz de Cristo" remover os "111al entendidos'' existentes entre elas, "alé111 das divergências'', como espera o Pe. O'Connor. Isso contraria a verdadeira orientação católica, que é unir em Roma a todos os innãos .reparados, justamente ,para que deixem de ser separados. Então, é essencial nessa ideologia um imperativo de totalidade, que abarca.r ia igualmente as divei·sas culturas, como se lê cm um boletim da Renovação Carismática no Brasi1( 3·1). Adiante veremos as implicações político-sociais disso. Messianismo milenarista e panteísta Não faltam igualmente ao pentecostalisrno pretensões messiânicas: "Caris111áticos são aqueles que "experimentaram o poder


p_erplexidades, apreensões e suspeitas

da era que virá", inerente à qual está a pro111essa segura da realização ,la Jerusalém celeste que já está se /orma11do", escreve o freqüentemente citado Pe. Edward O'Connor(3•). A Sra. Agnes Sanford, espécie de gra11de iniciada do pentecostalismo, é mais clara a respeito: "E11qua11to esperamos ,, vi11da do Senhor, é possível que Ele este;a espera11. do que 116s co11struamos a base de seu Rei110" ( ... ). "Quem' sabe qua11do estarão suficie11teme11te colocadas as bases e 11osso Senhor, que é o â11ico juiz voltará para 1ermi11ar a sua obra?"( 3•). Outro autor, James Jones, vai mais longe: "O clímax desta renovação, co,ttudo, não é o indivíduo 11em a igreja, mas que "TODA CRIAÇÃO SERÁ o COl!,PO DE CRISTO CHEIO·DO-EsPÍR!T0"( 37 ) ( destaque nosso). Aqui já nos encontramos diante do ve,. lho erro, fundo de quadro de tantas heresias, que é o imanentismo gnóstico, apontado também por São Pio X como o erro fundamental do modernismo. Este Espírito se,. ria a gra11de alma do mundo; o un.iverso se restauraria em uma unidade divina perdida. "Rezemos para que toda a unidade se;a 11111 dia restaurada", diz um hino pentecostalista. "O Senhor voltará"; "Caminharei até Ele, tocarei sua face, Ele me sorrirá, 1ne tomará pela mão e ire111os para casa", são frases de outros cânticos. São inúmeras as manifestações nesse tom. Tudo vai em direção a um clí.max que é a imanência de Deus que se vai restaurando em tudo através do batismo pentecostalista, até que a vinda de um Messias a sele. Como o resumem o casal Kevin e Dorothy Ranaghan: "O Pe111ecostes, COMO ATUALIZAÇÃO 0A RESSURREIÇÃO NO CORPO TERRESTRE OI! CRISTO, é uma realidade PERMANENTE e DINÂMICA pela qual o Reino é estabelecido e preparado para A VOLTA GLORIOSA DO SENHOR"($$) (destaques nossos). "Jesus está chegando", lia-.s e no cartaz que presidia o congresso pentecostalista de 1971. 0

Afã totolixodor Evidente não é essa a doutrina que se ensina aos neófitos. Ela começa a ser insinuada aos que demonstram aproveitamento. Aparece muito viva quando se explicam aos entusiastas as últimas consequências lógicas do afã totalizador. O batismo do Espírito Santo, que não se define, iria sendo re. velado em um sentido esotérico. As diversas sínteses preconizadas de orante com orante, igrejas com igrejas, culturas com cul1uras, orientam-se rumo ao "toda 1111idade restaurada" dos hi11os pentecostalistas. O Estado, veremos, seria também absorvido, mais tarde, nessa "unidade restaurada". Chegamos, assim, ao fundo da ideologia pentecostalista.

D. • Onde os três fios se entrelaçan1, O que deixa ainda mais claro o panteísmo da Renovação Carismática, é o entrelaçamento dos três fios - histórico, ascético e doutrinário - que, como dissemos, constituem os três aspectos da corda bamba pela qual a ortodoxia deste movimento não é capaz de passar. Esse messianismo, e essa "tomada de consciê11cia" · da unidade panteísta são comuns aos antecedentes históricos que tão freqüentemente são atribuídos ao pentecostalismo.

O mesmo erro com diversos nomes Este antigo erro da "unidade restaurada", com efeito, toma diversos nomes nos tais antecedentes históricos: nirvana, no budismo zen; Uno, nos eleusinos; Brahma, entre os hinduístas; 111onismo, nos gnósticos e panteístas filosóficos; fundo divino da alma reunida, em Eckhardt e pseudomísticos diversos; coincidentia opositon11n e complicatio onmium, em Giordano Bruno; processo dialético, no idealismo alemão (que foi o ponto de partida do marxismo); pansatanis1110, como foi chan1ado, em Schopenhauer, etc.

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OE COMUNHÃO AU'fÊN'J'ICA COM DEUS PAI [ ... ) deixar que Deus ,nanifeste NA PRÓ· PRIA EXIS'rÊNCIA E NA 00S OUTROS [ .. . ] proc/an,ar o domínio de Cristo ressuscitado sobre si e à volta de si, acolher os do11s do Espírito, empenhando-se na EDIFICAÇÃO DA ICREJA. Esta EX PEI.\IÊNCIA OE FÉ atua-se na docilidade ao Espírito Santo"('º) (destaques nossos). , ..é exatamente o que São Pio X condenou

Agora compare-se isso com o que escreveu São Pio X na Encíclica Pascendi:

Petencoatallsta. norte-americano

Braços elevados , rosto t ransfigurado

No pentecostalismo, a unidade restaurada toma, abusivamente, o nome de Novo Pentecostes. (Alguns autores pentecostalistas insinuam algumas vezes que suas pretensões caris111áticas têm fundamento nas tradições espirituais e nos ritos orientais católicos. O escritor de rito bizantino-(:atólico Helle Georgiadis contesta essa alegação: "Do ponto de vista da espiritualidade oriental, o movi1ne11to pentecostalista atual aparece como 11111 ambiente positivamente alheio para o crescimento 11a vida do Espírito") ( 3º). Por outro lado, o atentado contra a inteligência que está na ra.i z da espiritualidade desse movimento é exatamente o pressuposto psicológico do pantefsmo gnóstico.

O que dixem os pentecostolistos . .. Permita-nos o leitor transcrever uma passagem um tanto longa de um boletim da Renovação Carismática no Brasil. Deixando "de parte os problemas teológicos que tal 1novime11to suscita e, também, certas perplexidades que poden, surgir em seus confrontos", o Pe. Antonio Barruffo, S.J., procura "colher os elementos essenciais que o configurem":

"A Renovação Carismática é substancialmente um movimento de oração. Trata-se geral111ente de crentes de diversas idades e condições sociais que ( . .. ] num clima de simplicidade, alegria e paz, entoam hinos de louvor ou invocação ao Pai, a Cristo Senhor, ao Espirito Santo, lêem trechos da Escritura, escolhidos por cada qual ao sabor da inspiração ou da situação espiritual pessoal e comunitária, co,nentando esses trechos, confessando a própria fé no Senhor ressuscitado, troca11, entre si testemunhos simples de v1vêNCI.A em que experimentara111 ,nais de perto a presença operante de Deus, reza,n por diversas i11te11ções. Qual é, poré111. a característica funda,nental desta oração co111unitária? A espontaneidade. Não há ritual, ne,11 fórmulas fixas, 11em mesmo ao recitar o "Pai nosso" ou outras preces e hinos usados na liturgia. A atmosfera de espontaneidade facilita a expressão do louvor e amor de Deus. Favorece tambén, a comrmicaçiio de experiências religiosas í11tim'as e pessoais [ ... ). Não raro a oração ve111 aco111pa11hada da atitude orante dos braços. [ ... ]. Em geral a Eucaristia não se celebra durante essas reuniões. (?) Por vezes, a celebração Eucarística conclui esse tipo de oração. [ ... ]. Destarte, a R enovação Carismática apresenta-se como uma experiência de fé (sublinhado no original), com acentuado caráter eclesial. ( ... ]. Mas os grupos de oração, 110s quais se traduz o movi111ento carismático, têm em mira 111na EXPERJ!NCJA

"[Os modernistas) caem 11a opinião dos protestantes e dos pseudo-místicos. Eis como eles o declaram: no sentimento religioso deve reconhecer-se uma espécie de intuição do coração, que pôs o ho111en, em contacto imediato com a própria realidade de Deus e lhe Infunde tal persuação da existência dE/e e da sua ação, tanto dentro como fora do honrem, que excede a força de qualquer persuasão, que a ciência possa adquirir. Afirman,, portanto, uma verdadeira experiência, capaz de vencer qualquer experiência racio11al ( ... ]. Ora, tal experiência é a que faz própria e verdadeiran1ente crente a todo aquele que a receber. Quanto vai dessa à doutrina católica! Já vimos essas idéias conde11adas pelo [Primeiro) Concílio Vaticano. Veremos ainda como, com semelhantes teorias, uni,las a outros erros já niencionados, se abre cami11ho para o ateísmo. Cumpre, entretanto, desde já notar que, posta esta doutrina da experiência, unida à outra do simbolismo, toda religião, 11ão excetuada sequer a dos id6/atras, deve ser tida por verdadeira. [ ... J E os modernistas de fato não negam, ao contrário, concede,n, 1111s confusa e outros 11ia-

nifestamente, que todas as religiões são v~rdadeiras"('') (destaques do original).

.€ surpreendente como os diversos erros assinalados no modernismo aplicam-se ao movimento que nos ocupa: subjetivismo, imanênci(i viu,I, experienticismo, ignorância, curiosidade, soberba. . . O sistema ideológico pentecostalista apenas vem com uma nova roupagem de exaltação prcternatural.

Um sonho em que se desfiguro e aniquilo o Deus O absurdo panteísta, que, ao ,postular um deus imanente, atribui a ele todas as imperfeições naturais e, pior ainda, todos os males morais, é algo assim como um sonho cm que se desfigura e aniquila a Deus. Tal é o .ponto final deste singular Novo Pe11tecostes. Aqui se vê em seu ponto mais profundo e simples o absoluto contraste com a doutrina católica. E por ser profundo e sim.pies é o que menos ressalta. Deus, onipotente e infinito, inteiramente distinto do mundo, criou o universo com aspectos desiguais para que represente suas divinas perfeições. A Segunda Pessoa da Santíssima Trindade encarnou-Se para re. dimir o homem do pecado original e fundou Sua Igreja, Una, Santa, Católica, Apostólica, Romana, que durará até o fim dos séculos, a qual gerou a Civilização Cristã. Um processo revolucionário, cujos motores são a sensualidade e o igualitarismo, intenta destruir a Igreja e a Civi.lização CTistã, como o descreve magistralmente o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro Revolução e Contra /!.evolução. No panorama atual, não se pode deixar de situar o pente,. costalismo entre as forças de vanguarda desse projeto destrutor, cuja cautela o faz ainda mais perigoso.

3. - Os frutos da árvore pentecostalista As obras de Deus espalham "o bom odor de Cristo". "Faça-se tudo com decoro e ordem" - indicava São Paulo aos primeiros cristãos que exerciam carismas autênticos. Vejamos se os carismáticos de nossos dias seguem o conselho do Apóstolo das Gentes e se suas obras espalham "o bom odor de Cristo", para avaliarmos a autenticidade de seus carismas. Devemos partir do fato de que os grupos de oração e as comunidades que deles resultam são as manifestações mais características dos pentecostalistas - como o afirma o Pe. O'Connor. Portanto, é onde devem surgir os primeiros e mais autênticos frutos. Veremos primeiramente os frutos imedia-

tos para, posteriormente, examinar os frutos ainda imaturos do movimento, segundo confissão de seus membros.

A. • Fr,,tos i,,,.e ,liatos O escritor e celebrado líder pentecosta.lista Ralph Martin ·queixa-se de que as sessões de oração descem mui rápida e facilmente do sobrenatural ao na1.ural. E daí ao sensual: "From agape to eros", diz. E critica severamente as relações de intimidade que se estabelecem entre Padres e Freiras nos grupos de oração(' 2 ) . Não se esconde o uso de hot pa11ts nas reuniões('") e se insiste muitíssimo nos contínuos abraços totais. Afirmam que os católicos são pouco propensos ao bei;o da paz, quando deveriam

Missa na comunidade "carlsmétlca" de Ann Arbor, Michigan, EUA

Os corpos " se abandonam" à posição mais propícia e há um tom de grande "intimidade" 11


Pentecostalismo ''católico'': hippy e dos vagab1111dos das ruas" em relação aos "valores dll cultura capita/is/li ,1111ericana" ( ••). Essa grande Babel - que é o movimento pentecostalista - parece, entretanto estar perfeitamente ordenada, calculada e dirigida para produzir os frutos acima mencionados.

óbvio planejamento e divisão de trabalho

Outra " reunião de oração" petencostalista ••católica"

"Na liturgia todos devem participar: não há lugar para espectadores"

"dar de si mesmos, especial111e11te seus corpos à liturgia"("). Em novembro de 1972, a Na1io11al Educatio,i TV Network, apresentou um filme documentário sobre uma cerimônia pentecostalista celebrada em um convento de Three Rivers, Michigan. Durante a sessão, " 11111 jovem obviamente perturbado chora, agarra 111na Freira, coni'o 11111 primata em pfinico e joga-se 110 chão; os outros impõem as 111ãos sobre ele, oram e sussuram com gosto e depois o abraçam"(••) . Não publicamos as fotografias mais chocantes que existem sobre essas reuniões de oração ("prayer meetings") , nem referimos mais diretamente muitos fatos, por não o permitir a decência. Por outro lado, insiste-se muito, na metodologia dessas reuniões de oração, em que não haja espectadores, nem curiosos, mas apenas participantes que fiquem comprometidos: "f; desnecessário insistir que na liturgia todos deve,n participar co111 gosto; 11ão há lugar para espectadores", declara um ,,entecostalista católico('º). Esse sistema ele segredo é semelhante ao dos Cursilhos e cios grupos proféticos.

As -estra nhas "comunidades de convivência"

A partir desses grupos, vão-se formando co1111midades de convivência, onde se pratica a comunidade de bens. Algo vagamente semelhante a um convento de Ordem Religiosa, com a diferença - quão importante! - de que são mistas. Terry Malone - uma jornalista carismática que viveu três anos em uma dessas comunidades e é ativa militante - revela que as residências compreendem de duas a doze pessoas, na maioria homens e mulheres solteiros, embora algumas combinem casais com pessoas solteiras("). Um exemplo curioso de fmnilia espiritual -pentecostalista é a do líder carismático católico Leo Kortenkamp - ex-cursilhista - , que reúne sua esposa, Ginny, os três filhos do casal e uma ex-aluna sua no colégio, Kris Hullinger, de 21 anos(•S). O Pe. William Most revelou que algu'!lªS senhoras casadas queixam-se de que algumas das Fre.iras do movimento gastam mais em roupas do que elas .. . Extravagâncias litúrgicas: superstição e ofensa o Deus

Vejamos algo mais de sua peculiar liturg!_a, _se é que se pode chamar de liturgia tais práticas. Nelas os corpos "se abandonam à posição mais propícia", há um tom de i11timis1no muito grande e dança-se ao som de música popular latino-americana e rocka11d-roll, produzindo-se convulsões cm massa (49). Num grande encontro, 700 Sacerdotes concelebraram; um indivíduo, ao microfone, incitava: "Grite111 glória! a plenos pulnwes!"( Gº) . Nesse ambiente as partículas eucarísticas circulavam de mão em mão. Para evitar que o ambiente "esque111e muito e que as pessoas se deixem levar pelos excessos da da11ça", os dirigentes são obrigados às vezes a impor silêncio(º'). Uma prática consider11da prestigiosa ao seio do movimento é o manuseio de serpen12

tcs durante as cerimônias, a exemplo de seitas protestantes reviva/istas do Sul dos Estados Unidos, que pretendem realizar o que está em São Marcos (16, 17-lS). Há catól icos carismáticos que tomam a maior parte de suas decisões - como, por exemplo, mudar de cidade - em função do que estiver indicado em uma página da Bíblia, advinatodamente aberta("'). O grotesco capítulo das curas

Outra manifestação dos ctirisnias que se verificaria nas sessões pentecostalistas são as curas. Mrs. Barbara Sheldon (reputada como extraordinariamente dotada do do,n de cura) gritava à multidão reunida no estádio da Universidade Notre Dame - por ocasião de um congresso de pentecostalistas católicos, presente o Cardeal Suenens - que muitas pessoas haviam sido curadas, ali e em outros lugares, de doenças como câncer, leucemia e epilepsia. Enquanto outros curadores tocavam em seu ombro, ela declarava que alguém - que anteriormente havia recebido um exame de sangue com resultado desfavorável - estava naquele momento recebendo "uma transfusão espiritual" do Preciosíssimo Sangue do Senhor! Um locutor, através do alto-falante anunciava os diversos prodígios, como a cura de um nascituro, no ventre materno, de um sério problema do fator RH. Entre os gritos que ensurdeciam, ouviam-se: "O Senhor curou de artrite uma senhora de blusa verde!" - "Uma mulher de jaqueta vennelha foi curada de um cfincer no peito!", etc. Frei Francis McNutt, 0.P. - ele mesmo considerado um grande curador - admite que a maior parte das curas anunciadas foram provavelmente psico-somáticas(º3 ). Em todo caso, não temos notícia de testemu nhos médicos, como ocorre em Lourdes, que eles tanto rid icularizam. Assim há mui.tos fatos grotescos que apresentamos apenas porque dão consistência às graves preocupações de quantos acompanham o fenômeno t)Cntecostalista. O ativista carismático brasileiro Peter Orglmeistcr reconhece que várias das manifestações pentecostalistas são observadas também nas sessões espíritas: "Na R e110vllção Carismática ouvimos a observação que a cura física e rezar em línguas estra11has é prllticada também e e111 proporções be,n maiores, pelos espíritas. Isso é verdade"(º') .

Os autores pentecostal istas insistem muito em que não constituem um movimento, no sentido de uma organização institucionalizada. O Pe. Barruffo observa a esse respeito: "Empregamos este termo "111ovhnenlo" em sentido lato, já que a Renovação carismática não se acha insti111cio11a/izada em quadros de organização e estrutura precisa co,no outros 111ovin-1entos, nenz surgiu com fins e 111étodos específicos. Pretende antes ser 11111 ,nodo de viver, profunda e seriamente, li vida cristã na co1n1111idade eclesial. Poder-se-ia falar e111 "movime1110" 110 sentido de que ele "consiste 11111na 111111tidão de gente que se 111ove numa 111es111ll direção geral e mutuame111e se influencia" (E. D. O'Connor, The Pe111ecos1al Movement in the Catho/ic C/wrch, Notre Dame Indiana, V ed., 1973, 33)"(º'). No mesmo sentido escreve o Cônego Caffarel, comparando-o com o francisca nisn,o, que é um "modo de viver o Evangelho", sem se confundir, necessariamente, com a Ordem. Fra11cisca11a(•8 ) . Entretanto o sociólogo anteriormente citado, Pe. Fichter, observou no movimento " 11111 óbvio planejamento e divisão de trabalho"(•º ). Disciplina rígida, inspirada pelo Espírito

O regime de disciplina interna não é exatamente o da mansidão evangélica. Como vimos, é proibido discutir e raciocinar, para

não quebrar o ambiente especial de suas reuniões e mesmo este é dirigido por líderes férreos que ordenam a saída cios curiosos e não-iniciados, e moderam o fervor dos mais exaltados. Às vezes o Espírito inspira diretamente quem deve ser o líder. Mas às vezes é preciso usar a força (já vimos o que são as sessões de integração forçada ou breakthrough 111i11istry . .. ) . e verdade que nem todos conseguem ouvir o Espírito: "Se você prestar atenção, você acabará ouvi11do. Se ousa não escutar tome maior cuidlldo" . .. , adverte a Irmã Maura, S.S.N.D.(ºº) . Uma rede bem controlada

Em 1970 estabeleceu-se um governo visível para os pentecostalistas católicos norte-americanos - Service Commillee - que exerceu grande influência sobre os grupos do Exterior. Segundo o Pc. O'Connor, esse "Comité de Serviço foi i11stituído para dar um instr11111e11 to de coorde11ação das atividades ao movimento pemecostal católico" ( º').

No ano passado constituíu-se nos Estados Unidos o lnter1u11io11al Co11ii11u11ications Office, com sede em Ann Arbor, Michigan, para garantir o contacto entre os grupos de oração de todo o mundo. Foi mandado um questionário aos grupos de que já tinham notícia, com base no qual elaborou-se um Directory of Catho/ic Prayer Gro11ps. Esse Diretório traz os seguintes dados: país, cidade, nome do grupo de oração ( quando tem), dia e hora da reunião semanal, nome da pessoa encarregada do contacto, telefone dessa pessoa, número de participantes e porcentagem de católicos e, por fim, a língua usada. Um organismo especial para os grupos do Canadá e dos Estados Unidos - Co111munication Center - foi estabelecido em Notre Dame. Do Brasil, o Diretório registra 56 grupos de oração, cm 4 1 cidades diferente.~. trazcn-

"Círculo de cura"

Dentre seus_ "carismas", os pentecostalistas ressaltam o das curas. Contudo, nao há testemunhos médicos idônec~ que as conf irmem.

B. - Os frutos oin,h1, i,,,.aturos : no ,reore~ão. aparece a retle subversivo De onde saem os novos elementos do pentecostalismo? Em livro dedicado ao assunto, um dos mais importantes adeptos do movimento, David Willkerson, afirma que eles são recrutados "particular,nente entre os viciados e111 drogas, os bandos das ruas [streetgangs) e os se11i espera11ça"( 60 ). O sociólogo Jesuíta Pe. Joseph H. Ficbter encontra grandes analogias entre o comportamento dos católicos peatecostalistas em re.lação aos "padrões religiosos do catolicismo co11ve11cio11al" e o dos "jovens de tipo

A "imposição das mãos" na comunidade de Ann Arbor

Com esse estranho r ito, pretende-se conferir o "batismo no Esplrito"


perplexidades, apreensões e suspeitas

do são ses as

os dados respectivos. No mundo todo J700 cidades regi.stradas, de S8 paídiferentes(02 ). A isto devemos somar ce11trais de Renovaçüo C<irismáticu ( Equipes de Serviço) - como as qu~;~iS· tem no Brasil, no plano nacional, regional e local - com seus boletins, livros, encontros, congressos, etc.; o que representa uma colossal máquina de articulação, informação e difusão. Assim, temos um órgão diretivo internacional a serviço da construção da superIgreja mundial, que vimos ser uma das metas do pentecostalismo.

<lomínio social e político"(4'>). E um boletim da Renovaçüo C<1rismática

do Brasil afirma que o pcntecostalismo constitui uma "injeção de alma" nas chamadas co1111111idades de base, para ajudá-las a perseverar(°"). Ma rxismo e pentecostalismo, o mesmo fundo de quadro

Vemos aqui como se confirma a análise, feita acima, da ideologia pcntecostalista. Com efeito, o panteísmo tem como conseqüência lógica, no terreno temporal, o socialismo, o igualitarismo. Devemos recordar que os chamados socialistas utópicos, como Fourier e Saint-Simon, eram panteístas, e que o marxismo deriva seu monismo materialista do monismo idealista e panteísta do idealismo alemão. Engels diz sem rodeios que "os socialistas ale111ães nos sentbnos org11lhosos de proceder não somente de Sai111-Si111011, Fourier e Owe11, ,nas também de Ka11t, Fichte e Hegel"(º'). Não é neces-

sário determo-nos em anteriores concepções pante(stico-socialistas, por carecerem de aluai idade. E também o mesmo ponto final

B comum também com estas ideologias o sent ido do ponto final - um céu na terra - para o qual caminha o comunismo, mgando a natureza humana. Vejamos como isso coincide perfeitamente com o pcntecostalismo, repetindo citação do Pe. O'Connor: "Carismáticos são aq11eles que "8XPERIMJ;NTARAM O PODER DA ERA QUE VIRÁ", inerente à qual está a p,'omessa certa da realização da JERUSALÉM CELESTE q11e já ESTÁ SE FORMAND0"( 48 ) (destaques nossos). O Cardeal Suenens explica nesse mesmo senúdo a ideologia panteísta, messiânica e socialista do pentecostalismo. Diz ele que este sing11lar .,Espírito criador está prcse11te 110 seio de tod(l a criação. Porque ELE NÃO É SOMENTE A ALMA DA IGREJA, MAS É A ALMA 00 MUNDO, !!Ili atividade, 1111m esforço de renovação do mwulo". Quanto a nós, "de,,e111os trabalhar para antecipar o rei110 de De11s. [ ... ) "Se este esforço para TRANSI'ORMAl\ (IS me11ta/idades, os compor-

ESTRUTURAS DA SOCIEDADE QUE OS OPRI· MEM HOJ e. Quando as I grejas, e por fim a ÚNICA IGREJA, DEPOIS DE NOS TERMOS UNI· oos TODOS, este11da11, a mão 110 amor e no

e111 11,11 t11bo vazio, escovado e li111po, através do qual o ve11to do Espírito pode sopr<tr" (83) .

nosso). O Pe. Cohen não podia ser mais explícito. Afinidade com a ",novo face" do comunismo

Isto fica mais claro quando vemos que o Pastor Walter Hollenwcger - autor de The lhor introdução ao seu movimento, e especialista em história e práticas pentecostalistas - é igualmente o Secretário da Divisão de Missão Mundial e Evangelização do Conselho .Mundial das Igrejas(G3 ). Em outra linha, está a declaração do dirigente •pcntecostalista protestante brasileiro Manuel de Mello, na Assembléia de Upsala do Conselho Ecumênico das Igrejas, segundo a qual o C. E. I. tem ~cessidade do choque de uma liturgia carismática espontânea e o movimento pentecostalista tem necessidade da orientação social e política do C. E. 1.(01 ). O mesmo Walter Hollenweger informa que o movimento pentecostalista atingiu a própria Rússia e tem diante de si aberta a via de ''um(I Igreja realmente proletária", com "11111 progr<1ma social e político nãoburguês", fazendo "aparecer os carismas 110

Monja C<lrismática: "N6s nos co11verte111os

poder do Espírito à h11111a11idade, e111ão o domillio de Jes11s será restaurado verd(ldeiramente no mwulo inteiro"(") (destaque

Ligação com organismos notoriomentie infiltrados

Pe11iecoswls: The Clwrisnwtic Moveme11t in the Churches, que eles consideram a me-

1wssas ir1nlis, e flEr:ORMARMOS AQUELAS

Cardeal Suenens, Arcebispo de Bruxelas

Pediu para ser "batizado no Espírito"

tame11tos e AS ESTRUTURAS expressa efetivamente os fr11tos do Espírito Santo, 11üo tem outra fo11te 11e111 se11tido que o próprio Espírito Santo". [ .. . ] "Cada esforço de promoção h11111a11a tem seu preço e é desde iá como uma antecipação "desses NOVOS céus e dessa NOVA TERRA" que se prepara"(69) (destaques nossos). À espera da

oportunidade, cavam-se as bases em segredo

Mas os pentecostalistas não consideram ainda maduro o fruto da ação subversiva no campo político-social. A "vl11du do Senhor" para "i11su111rar o Se11 Rei110", é clara. "Como pode111os realizá-las?" pergunta Agncs Saoford. "A única forma é passo a passo. Primeiramente CAVAMOS AS llASIIS NO MAIOR SEGREDO"('º) (destaque nosso) . O Jesuíta Pe. Harold Cohen - membro do comité dirigente norte-americano - diz. nos: "A renovaçüo carismática ,w Jgre;a Católica está na sua i11f011cia. Na medida em que cresçamos em 111at11ridade, sinto que o Espírito 110s guiará ( a seu modo e a se11 1em110) até alca11çarmos nossos irmãos e

Tudo isso está cm perfeita consonância com o novo cris1ia11is1110 que, segundo o teórico comunista francês Roger Garaudy, se identificaria no fim com o novo com1111is1110, no espírito de amor("). Mais ainda, se relaciona com os movimentos de extrema-esquerda que se manifestaram em maio de 1968 em Paris, pois, como estes, é característica a -sua fobia de toda instituição e de toda institucionalização. Como observa o sociólogo Fichter, o pentecostalismo postula uma contra-c11ltura dos marginais('3 ). O Espírito conduzindo a agitação

Para o líder carismático Larry Christenson autor do livro A Charismatic Approach 10 Social Actio11 (Uma aproximação carismática para a ação social) o ativista político-social pentccostalista será o mais perfeito, pois o próprio Espírito o guiará pessoalmente, de modo que ele servirá no lugar que lhe tiver sido indicado(H) . O pentecostalismo ( que parece dispor de recursos financeiros astronômicos) está deixando amadurecer seu braço secular para ser baixado com sua força de.struidora diretamente guiada pelo Es1>íri10 - sobre a sociedade civil. E o Sr. Peter Orglmcister, em um boletim da Renovação C<1rismática no Brasil adverte seus membros de que não devem deixar de pensar na "l11ta pela justiça social", por medo de serem tachados de comun .,stas... ('• ) .

4. - O grande dilema pentecostalista

A Dra. Josephinc Ford - que acabou por afastar-se do movimento - afirma que " m11ifos falam de 11111a unção do Senhor. Isto parece signific(lr uma certa se11saçüo e111 seu interi<>r. Alguns sentem unw queimação nas müos 011 (linda 11111a sensação entre os 0111bros"( 8·1). Para o líder c<irismático F. A. Sullivan "o fator comwn dessas mudanças é talvez ,nelhor descrito C0/110 um NOVO PODER QUE A

PESSOA SABE QUE ANTtS NÃO TINHA"("") ( destaques nossos). " Um cheiro de enxofre fervente ..."

James Cavnar - ativista do Newr11a11 Center, de Ann Arbor - conta o que se passou por ocasião de seu batis1110 110 Espírito. Um ativista carismático, professor em Duquesne, era quem oficiav,1 o ato: "Ele pllrou diante de n1i111 um, instante e, en, nome de Cristo, exp11lso11 enteio Satanás. Desde que ele falou, tive /1 co11sci/J11âa de q11e 11111 de111ô11io me deixav(l. SENTI-ME TREMER

E RECONHECI CLARA E DISTINTAMENTE OM: CHEIRO DE ENXOFRE FERVENTE, que o laboratório de química 111e per111ite conhecer bem" ( 8º) (destaques nossos).

A prát ica descontrolada e ilícita do exorcismo é, aliás, freqiientc entre os pentccostalistas, tanto católicos, quanto protestantes, como vimos atrás. Loucura, assassinato ,e violência

A esse respeito a imprensa veiculou urn caso impressionante e trágico ocorrido na 1nglaterra, em outubro do ano passado. Michael e Christi ne Taylor, de 31 e 29 anos, respectivamente, com cinco filhos, eram membros de 1101a comunidade caris11,ática, da qual um membro seria satanista. Apresentando Michael sintomas de desequilíbrio, falou-se em feitiço e pensou-se em proceder a um exorcismo. Foram chamados um pastor anglicano, Peter Vincent e urn metodista, Raymond Smith. A cerimônia teve lugar na noite de 5 de outubro, durando da meia-noite às 6 da manhã seguinte. Segundo a mulher do pastor Vincent, foram expulsos "cerca da 40 demônios, 111as não os da loucura, do 111orticí11io e da violência".

Um dos aspectos mais característicos e mais controvertidos do pentecostalismo, tanto católico quanto protestante, é o falar e111 líng11as ou o dom das li11g11as. " E,11 q11e co11siste o dom das lí11g11as? pergunta o Pe. Barruffo. B essencialmente 11m do,11 de oraç<ío, 11111<1 oração que brota do 11,ais recôndito da pesso<1. S111/iva11 assim escreve: ''Emissão, 1w oração e 11a adoração, de so11s linguísticos q11e exprimem 11111a emoção profunda, 11ão 11ecessariame11te de 11a111reza estática. Em ·todos os casos, é 11111 teste1111111ho da açüo do Espírito Santo 110 mais 11rofundo da pessoa, 011 110 meio da comunidade. Sua formulação pode incluir o 11so duma língua desconhecida de q11em a pro111111cia". EH. Calfarel explica: "Aqueles que recebem este do111 sentem que pode111, com isso, orar a Deus e cantar suas mar<1vilhas de 111a11eira adeq11ada. T<tlvez se trt1te, passando 11ela voz h11ma11a, daqueles ge,nidos inefáveis (Ro111. 8, 26) co111 que o Espírito Sa1110 supre à 11ossa fraqueza e incapacidade de rezar como se deve"('º).

Uso incontrolado do poder de vocalização?

Dom Petcr Flood, 0.S.B. - que, como já vimos, é grande autoridade cm assuntos médico-morais - analisa o dom das lí11g11as ou glossolalia. Baseado - entre ou• tras coisas - cm gravações magnéticas, chega à conclusão de que o fenômeno não passa de um "mero palavreado, carente da estrut11ra filológica de qualquer língua", o qual seria produzido pelo "uso incontrolado do

poder de voça/izaçüo; co1110 nos <1cessos de histeria e 11a irritação das crianci11has ainda incapazes de 11111a fala sustentuda( 11 ).

Assinala ainda que todas as emoções experimentadas nas sessões pentecostalistas não passam de excitação sensorial, porque certos centros inferiores do cérebro estão estimulados e fora de controle dos mecanismos superiores. Esta análise parece-nos sensata.

Algumas horas depois da sessão, a polícia encontrou Michael Taylor vagando pela rua completamente nu e manchado de sangue. Ele acabava de matar sua mulher, " para exp11/sar del<1 11111 espírito malig110", conforme declarou. O caso provocou uma grande celeuma na

Há quem julgue ter sentido algo extraordiná rio

Contudo há quem julgue ter sentido algo realmente extraordinário. O Pe. O'Connor, por exemplo, dizia, já cm 1967, que o pcntccostalista "fala seg11ndo uma força interior, q11e 11ão vem dele mesm'o "( 18 ). Para Kaven Wullenweber essa língua estranha se compararia a um "cantarolar de indios"( 10 ). Segundo outros evocaria uma língua semítica ou oriental(..). Wulleowcber afirma que algum participante das sessões às vezes tem o dom de interpretação dessa língua, q11e geralmente ninguém compreende( 8'). Segundo outras testemunhas, haveria ainda manifestações interiores e exteriores mais raras e extremamente fortes. Há um caso citado pelo casal Ranaghan, de uma pessoa que, duranle uma sessiio, "se estendeu no chão~ e r epe111iname11te co,neçou a respirar co111 força, como se 11111 poder desco11hecido lhe i,rsu/lasse o peito"( 82 ). Em casos como

esse, confessa a Irmã Cecília Polt, O.S.B.,

Josephine Ford, ex.Jider "carismática"

"Uma queimação nas mãos . . . uma sensação entre os ombros ... "

13


A chamada ''Renovação Carismática''

opinião pública, tendo o advogado de defesa lançado um vibrante libelo contra os dois pastores e contra o grupo carismático: "Que se apresentem aqueles que são realmente os culpados. Achamos que Taylor não é senão um instrumento. Os verdadeiros culpados esltio em outro lugar. A religião é que está em ,·ausfl'. As autoridades anglicanas resolveram instituir, em virtude desse caso, uma comissão para estudar os problemas provocados pelos exorcismos, notadamente na sua prática pelos grupos carismáticos( 81 ).

Um ponto da doutrina católica Não pensamos que se deva ser infantilmente crédulo ante todos os fenômenos q ue se diz ocorrerem nas sessões pentecostalistas. Antes, e decididamente, não o somos. Contudo, apenas para não parecermos omissos, devemos recordar um ponto da doutrina católica. Santo Agostinho sintetiza muito bem o pensamento católico sobre a ação do Espírito Santo, quando d iz: "Somente a Igreja · é o Corpo de Cristo, ,la qual Ele é ,, Cabeça e Sal,,ddor (Efésios 5, 23). Fora desse Corpo, o Espírito Santo não vivifica nin•guém. N<io participa da caridade divina aquele que é hostil à unidade desse Corpo. Não 1êm o Espíríto Santo os que estão fora da Igreja; aquele que deseja ter o Espíri/0 Santo, vigie bem para não ficar fora da Igreja" (Carta 185 e Tratado sobre São João). Por outro lado, o Ritual Romano indica-nos que o sinal principal da possessão diabólica é falar línguas desconhecidas ou compreender línguas desconhecidas utilizadas por outros. Como também a sensação de uma força extraordinária em si mesmo, é

1) Cf. Pe. Antonio Barruffo, $.J., A Rcnova~ão Carismática na Igreja Católica, in Civlllil Callótíca, abril de 1974, transcrito no Boletim Informativo da Renovação Carism.hit.a no Brasil, 1974, n,0 ·9, p. 2. 2) l'>Uchael, Rougemont, Canadá, n.0 27, de abril-maio-junho de 1975, p. 28. 3) Barrufío, nrt. cit., p. 1. 4) Edward D. O'Connor, C.S.C., Wheo the Cloud of Glory Dissípatcs, in Ncw Catholic World, New York, November-Oecembcr 1974, n.0 1301, pp. 271ss. 5) Cf. James Likoudis., Tbe Pentccostallsm Controvcrsy, Conter 8ureau Press, St, Louis, Mo., 1973, p. 14. 6) Archbishop Robert J. Dwyer, Peolecoslalism: A Bictcr Cup of Tea, in CbrisHao Order, London. vol. 16, n.0 5, May 1975, pp. 265ss. 7) Cf. La Cbiesa ncl Mondo, Napoli, n. 22 dei 28 maggio 1975, p, IS (379). 8) Vcrs Oemain, Rougcmont, Canadá, Mars-Avril t974, p, 17. 9) O. Antonio de Castro Mayer, Carta Pru.1oral sobre Cursilhos de Cri.stnndadc, Editora Vera Cruz, São Paulo, 2.• edição, 1972, pp. 39-40, 44-45, 46 e 50. JO) Boletim Diocesano, Campos, Ano IV. n,os 44 e 45, de agosto e setembro de 1975. J 1) John A. Har<lon, S.J., Lc Pcntccôli.srnc Com,1atations et J ugcmcnt, &litions Saint•RaphaCI, Sherbrookc, Canadá, (1971), pp. 8-9, 15-16. 12) Dom Petcr Flood, O.S.B., Peutecostnlism / Monta nism: the: Forenmocr, in Christian Ordcr, London, vol. 16, n.0 S, May 1975, pp. 260ss. 13) Rcv. Dr. Leslie Rumble M.S.C., Pentecostallsm • nd C•t.bolics, Approacbes supplement, Radio Rtplies Press Society, St. Paul, Minnesota, 1973. pp, 1-2, 16. 14) Fr. Augustine Seraíini, Pncunrntic Anfü:s, Community of Our Lady, Oshkosh, Wisconsin, s. d .. pp, S, 3.

IS) Abbé Noel Barbara, Le Pentccôlisme, Effusíon de l'Esprit Saint ou Sacre:nicn( du diablc?, in Fort.• dans lo Foi supplément au n.º 36, Bleré, France.

16) Cf. Rumble, op. cit., p. 24. 17) Cf. La Cbicsa nel Mondo, Napoli, n.0 22 dei 28 maggio 1975, p, 10 (374). 18) Cf. Likoudis, op. cit,.- p. 20. 19) L<, renouvcau cbarismatlque eatbolique sévercmcnt crUíqué par uu de ses fondatcu rs in ln[or.. malions Catholiques l otcmatlonales, n.0 482, 15 juin 1975, pp. 28-29; Gary McEoin,. Les métbodcs du groupes e:barisrnatiqucs américa"tus vivemcnl criliquées, in J.C,I. 489 - 1-10-75, pp, 22-24. 20) Entrevista • Monscnor Benilcz, por Héctor y Alicia Lavcrgne, in Alabaré - Revlll1a de· fa Renovadóo Carism1hka Católica, Aguas Buenas. Puerto Rico, n,0 J 1, abril-mayo 1974, p. 31. 21) M. Bernardo, Pequeno Dicionário, in Mirlan,,

14

outro sinal de ·possessão demoníaca. A possessão pode dar-se sem nenhum dos sinais ,principais; sempre, contudo, manifesta-se exteriormente de algum modo, o principal dos quais é o das línguas desconhecidas.

Supersti ção, uma dos principais causas da possessão

e oportuno

ressaltar, que uma das principais causas da possessão demoníaca é a superstição. Ensina São Tomás de Aquino: "A superstiçiío opõe-se por excesso à virtude da religi<"ío, não por oferecer a Deus 11111 culto mais digno da verdadeira Religião, mas porque ,Já tal culto a quem não deve ou o dá de modo ilícito"( 88 ). Sobre o culto supersticioso, diz o Doutor Angélico que será falsário "aquele que oferece a Deus um culto, da parte da Igreja, fotalme11te co11trário às ·formas instituídas por Ela em virtude de Sua autoridade divina, ou contrário aos costumes seguidos pela mesnia lgreja"( 89 ). Não há aqui algo que lembre o que vimos sobre os prayer meeti11gs pentecostalistas e sua peculiar liturgia?

O grande dilema Não nos cremos, entretanto, com dados suficientes para resolver o grande dilema pentecostalista. Pelo que vimos, podemos concluir que, ou se trata de uma grande manifestação de histeria, ou será uma obra do demônio, o qual s~ria o Espírito que os guia e o Senhor a quem esperam. Por isso deixamos ao leitor formular seu próprio juízo sobre alternativa tão inexorável quão terrível.

n.0 219/220, Agost/Sct. 1972 (número dedicado às Comunidades de Base), Porto, p. 6. 22) Boletim Informativo da Renovação Cari~1t1álica no Brnsil, 1974, n.0 9, p. 1. 23) Cf. BarrufJo, nota 21. 24) Edward O. O'Connor, C.S.C., l õe Pentccos191 Movtmtnt ln lhe Catbollc Cburcb, A vc Maria PrC$$, Notre Dame, Indiana, 1973, pp. 132 e 121. 251 ••• ibld. p.p. 210-211, 2 13-214, 26) Cf. I.C.I. 298 - 15-10-67, p, 4; op. cit., pp. 82-83. 27) Tcrty Malone, Jgna1ius House: An Expcriment ln Pentcc:ostal Communit,y, in N cw Catbollc: ivorld, New York, Nov./Dec. 1974, n.0 1301 , p. 269. 28) cr. T he Rcnm:mt, St. Paul, Minnesot,,, vo1. 7, n .0 13, July 4, 1974, p. JS. 29) Le rcnouvcau c:barisrnafique, une nouvelle Pentccôte?, I.C.I. 448 - 15-1-74, p. 18. 30) Cf. James l)yrnc, Thrcshold of God's promise - An infroduction to tbc Catholic Penfecostal Movcnitnt, Charismatic. Rcncwal Books, Ave Maria Press, Notre Dame, Indiana, 3rd edition, 1971, passim. 31) J-lopc'69 in lmmediate Rctrosped> apud Hardon, op. cil. p. J5. 32) Cf. Ncw Catbolic World, n.0 1301, p. 281. 33) op. eit., p. 28. 34) Renovação Carismáti<:'d. - Uolcrim Informa• Hvo, Rio de Janeiro, 1975, _n .º 4, pp. J-4. 35) art. cit. in New Catholic World, n.0 1301 , pp. 272-273. 36) Agnes San{ord, Aspirando â los C:ui.snu•s Superiores, in Alabaré, Aguas Buenas, Puerto Rico, n.0 11. abril-mayo 1974, p. I S. 37) Cf. New Catbolic World, n. 0 1301, p. 282. 38 ) Kevin ct Dorothy Ranaghan, Lc Retour de l'&pril - Le Pentccôtlsmc <•tboJjque aux EtatsUnis, Les l::ditions du Cerf, Paris. 1973, p. 94. 39) L ikoudis, op. cit. pp. 23-24. 40) BarruCfo, pp. 3-4, 41) Encíclica Pa~~ndi Dominki Gregis. de 8 de setembro de 1907. Editora Vozes, Petrópolis, 3.A- edição, 1959, n. 0 14. 42) Cf. Rumbte, p. 21. 43) Cf. N .C.R. documculation - Speciat ,upplemcnt to tbc National Catbolic Reporter, Kans.as City, Mo., July 16, 1971, p. 7-B. 44) James L. Empcrcur, Need for a ChAri~-n1tUic Liturgy, in Ncw Catholic: World, n.0 1301 , pp. 285-286. 45) Scrafini, p. 8. 46) James L. Em1>ereur, Need íor a Cbarismaflc Lilurgy, in New Catholic \Vorld, n.º 1301. p, 285. 47 ) art. cit. 48) N.C.R. documcntation, July 16, 1971 , p. 7-B. 49) Lcs "cbarlsmatiqu,s" à Rome: Une grande kem1essc de la prihe, 481 - 1-6-75, p. 4.

1.c.,.

Alguém poderia objetar que o fato de eles procederem a exorcismos, expulsando demônios, como nos dois casos antes narrados, invalida a alternativa. Pensamos que não, pois os fatos aludidos, e outros do gênero, não parecem conclus~vos, nem de um lado, nem do outro. Portanto a alternativa con-

Para terminar, invocamos· a Mãe de Deus, Maria Santíssima, que apareceu em Fátima para predizer as grandes tribulações por que passariam a Igreja e a Civilização Cristã, e que uma vez mais esmagará a cabeça daquele que é o pai de todas as heresias: "lpsa conterer caput tuum!"

tinua.

• • • Ao concluirmos o presente estudo, queremos deixar bem claro, em primeiro lugar, que compreendemos que pode haver pessoas mais ou menos ingênuas que tenham acreditado ver algo de bom na Renovação Carismálica, pois esse movimento age cautelosamente, procurando não revelar suas últimas conseqüências lógicas. Como também, já o dissemos, ocupamo-nos apenas do essencial a respeito do assunto, não crendo ser necessário expraiar-nos mais sobre seus aspectos acidentais. Não podemos deixar de ressaltar que .a visão clara do pentecostalismo leva-nos a julgar que não se trata de um perigo qualquer. t, uma ideologia que procura fundir e assimilar as religiões cristãs. Estão trabalhando nisso, ainda que, como confessam, "é verdade que todos os nossos sonhos para a Igreja, como 11111 dia será, não se realizam"("°). Daí pretenderem fundir as diversas cult uras e eliminar as instituições e as estruturas sociais. Tudo em aras de um estranho messianismo panteísta. Ademais dessa visão clara, a análise do pentecostalismo faz-nos ver que em um aspecto fundamental ele tem uma opção clara: suas manifestações prodigiosas ou são uma grande col)lédia, ou, sendo verdadeiras, são fruto da histeria ou obra do demônio, que é o pai da mentira.

50) 'l'he H<mnant, July 4, 197•1, vol. 7, n,• 13, p. 15. 51) I.C.I. 48 1 - 1-6-75, p, 4. 52) N.C.R. documentation, July 16, t?7l, p. 7-ll. 53) T bc Rc:mnaot, n.0 cit. 54) Peter Orglmcislcr, Queremos rcclmuur o <1uc é nOS)-o, in Renovação Carismfltica - Boletim [n. formalivo, 1975, n.0 2 1 Rio de Janeiro, p. 3. 55) Cf. General Catalogue, June 1974, Communication Centcr of Thc Charismalic Rcnewal Ser· vices, Notre Dame. Jndfann. 56) Joseph H. Fichier, S.J., How it looks to n ~·oc:inl sc:icntú1, in Ncw CathoUc \Vorld, n,0 130 J. pp. 245-246. 57) Barruffo, p. 9, nota 11. 58) Chanoine Henri Caffarel, "Pcntecôtí~111c rn• fholít1ue"? ... ou rcdfcouvtrt(' de ln priCre, in v. Hommc Nouveau, 17 fevereiro 1974, p. 4. 59) art. cit., p. 248. 60) Tongucs, in New Catbollc \Vorld, n.º 1301,

Reunião "carlsmâtlca" no, EUA

Manifestações "entu siásticas" como ,em programas de auditório

77) FlooJ, nrt, cit., p. 262-2'63. 78) O'Connor, "Ccux quí 1c pcuvcnt parlent cn lungues'', in I.C.I. 298 - 15-10-67. p. S. 79) Korcn Wullenweber, C,,,tbol)e Pentecostals, i1• St. Anfbony Mcssengcr, Cincinnati, Ohio, vol. 76. n. 0 8, January, 1969, p, 21. 80) Cf. 1.c.1. 448 - 15-1-74, p. 18. 81) art . . cit., p. 25. 82) Ranaghan, op. cit. p. 36. 83) Sistcr Cceilia Polt, O.S.B., \Vbat it ,'icaos to Be a Cbarismatlc, in Ltguorinn, Liguori. Missouri, May 1974, vol. 62. n.0 S, p, 19. 84) Cf. Likoudis, p. 18. 85) Cf. Likoudis, p. 14. 86) Ranaghan, p. 62. 87) I.C.I. 478 - 15-4-75, p. 30, 88) Sun1ma T heologica 2-2, q. 92a. 1. 89) Summa Theologica, 2-2, q. 93a. 1. 90) Pe. Vcssels, art. cil., p. l.

p. 282.

61) op. c it., pp. 101-102. 62) Dírce:tory Catbolic Cluuisnrntic l'rnycr Groups, June 1974., Chatism:uic Rcncwal Services, Notre Dame, Jndiana, 1974. 63) Cf. Ncw Catbolie World, n. 0 1301, p, 28 l. 64) Cf. Walter J. Hollenwcgcr, Lc pentccôtisme ct Jc 'fiers Monde. Problimes t.héologiqucs d'unc tglise proletariênn•, in Ranaghan, op. cit., p, 7127. 65) ,d., lbid., pp. 226, 227 e 235. 66) Pe. Jack Vessels, $.1., A contribuição da Rcnovatão Carismática, in Renovação Cari$m1hka Boletim lnfonnativo, Rio de Janeiro, 1975, n.º 2, p. 1. 67) Friedrich Engels, Die Entwicklung des Socialismus von der Utopie zur , vi,çscnschaft, Pró· logo da 1.• edição, Berlim, 1881, apud Enclclopedla Univ<rsal llustnlda Espasn,Calp•, MadridBarcclona, 1. 19, p, 1356. 68) o·connor, art. cit. in Ncw C:uholic: World 1 n.0 1301, pp. 272-273. 69) Cardinal L. J. Suenens, Une Nouvelle Pcnfe• cóte?, Oesclée De 8rouwcr, 1974, pp. 196-197, 201, 205. 70) Agne.s S1rnford, art. cil. in Alabarê, p. IS. 71) Harold F. Cohen, S.J ., R e,1oriog Thc Lordship Of Jesus, i1i Ncw Catholk \Vorld. n.º 1301 , p, 264. 72) Roger Garaudy, Parole d'hommc, Robert Lafíont, Pari.s, 1975. Este é o mais recente livro do ex-dirigente do Partido Comunista Francês; as mesmas idéias já aparecem cm obras anteriores . 73) fichter, art. cit. in Ncw Catbolic World, n.0 1301, p, 245. 74) Cf. New Catholic World, n.0 1301, p. 282. 75) t1r1. cit ., p. 3 (ver nota 54). 76) Barrufío, p. S.

MENSÁRIO

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01224 S. P•ulo


HELSIN UE: A CAPITULACAO J

COMITt Pr6 Liberdade das Nações Cativas (PRO LIBERTAT E), que reúne. repre,,-cntantes de 12 nações subjugadas pelo comunismo, lançou manifesto no qual condena a política de détente como sendo uma ''traJção'', e denuncia a capitulação do Ocidente em Helsinque. O documento também lembra as vílimas de acordos firmados com 05 comunistas: 05 povoo da Europa Centro-Oriental e da Indochina. Eis a íntegra do manifesto:

O

"1 . Um império que escravizo metojle do Terra A mais negra escravidão da História não está perdida na noite dos séculos. Ela existe em nossos dias. Não é a escravidão de bárbaros, nem a de uma só classe ou só um po· vo. A ditadura comunista conseguiu estabelecer o maior império da terra, espraiando-se desde as margens do Elba e do Mar Báltico, envolvendo o Danúbio e atravessando a Sibéria, até encontrar o Pacífico do outro lado da Terra. Tal é a ei<tensão do globo domi"ada pelos ditadores do Cremlin, sem considerar seus enclaves na: África e na América. A isto se soma o mundo amarelo dominado pela foice e o martelo, das montanhas do Tibet à Coréia do Norte, da Mongólia ao Vietnã, cn,zando o imenso território da China. Falamos em escravidão. Que outro nome se poderia dar ao domínio despótico que pesa sobre cerca da metade da população da terra, que vive atrás das cortinas de ferro e de

.

'

DO OCIDENTE '

bambu? Seita filosófica 11téia e materialista, o comunismo não permite que ali se pense, s~ diga e se faça o contrário do que prega o catecismo de Marx, Lenine e Mao. Provam.no as {ugas constantes e tantas vezes dramáticas desse imenso campo de cooccntração.

2. A ca pitulação do Ocidente em Helsinque Foi a liberdade desse mundo escravizado que os lideres ocidentais negociaram na Conferência de Helsinque, No entanto, o que se passou na capital da Finlândia? Vozes das mais prestigiosas da imprensa mundial o disseram com uma clareza desconcerlantc: os governos das mais poderosas nações do Ocidente capitularam solenemc1\te diante dos tiranos do Cremlin. Ao imperioso dever de recobrar a independência das n':lções subjugadas pelo comunismo, se sobrepôs um ato de fraqueza inconcebível: a confirmação de direito das fronteiras q11e peta fraude e pela força a Rússia conquistou na Segunda Guerra Mundial, Esse é o fruto podre da détentc, talvez dos piores, mas não o único. Pretende•se uma convergência aos dois mundos: o comunista e o não comunista. Tal convergência não é possível sem antes equilibrar os pratos da balança. pois, de um lado. temos uma certa fartura e liberdade, do out,ro, miséria e tirania. Nessas condições, a polltica de distensão com os

,,

Enquanto falam de paz em Helsinque, os russos continuam intensamente a se armar países comunistas impõe que se canalize para seus cofres e ccwiros rios de dinheiro, tecnologia, cercais e toda espécie de recursos e alimentos. Isto ocorre no momento mesmo cm que as metralhadoras comunistas continuam derrubando vítimas que tentam fugir para o Ocidente; cm que a subversão vermelha continua em plena atividade nos países livres, equipada com os melhores armamentos de fabricação soviética: em que as sofisticadas bases militares da Rússia vão consl ituindo uma

.

No 19.º anzversarzo da Revolução Húngara OR OCASIÃO do transcurso do 19. 0 a.w versúio do início do levante anticom unista húngaro de 1956 - esmagado pelos tanques soviéticos - o PRO LIBERTA· T E distribuiu à Imprensa de São Paulo o se• guintc comunicado: "No dia 23 de outubro, os húngaros comemoram no mundo inteiro o início do heróico levante de 1956 co11tra a dominação comunista de seu país. Associando-se aos sentimentos de milhares de húngaros radicados no Brasil que não se conformam com a brutal invasão de seu país pelas tropas vcrm,c lhas, o Comitê Pró Liberdade das Nações Cativas (PRO LIBERTATE) julga oportuno, nesta época cm que se pratica uma falaciosa distensão com o c.o munismo, recordar esse acontecimento marcante na História do século XX.

P

O leva nte Ao fim da li Guerra Mundial, num,\ cínica violação dos armistícios e acordos assinados, os títeres de Moscou, apoiados pelo exército de ocupação, assumem o poder na Hungria, iniciando no país o clássico processo de bolchevização. · Para quebrar as resistências, desencadeia-se, cm 1946, uma violenta perseguição, na qual

todos os líderes não comunistas são mortos, presos ou exilados. Em pouco tempo, a nobre nação magiar é totalmente subjugada, implantando-se a ('ditadura do proletariado". Mas, do fundo de seu sofrimento, o martirizado povo aguardava o

momento adequado para manifestar toda a sua aversão ao novo rcg.imc. Essa oportunidade foi o levante deflagrado pela juventude universitária de Budapeste, a 23 de outubro de 1956. Nesse dia, uma multidão de de-i mil pessoas, na sua maioria jovens estudantes, concentra-se diante do Ministério do Interior. Os manifestantes portam

bandeiras húngaras tradicionais, animando..os um profundo sentimento anticomunista e um anseio de liberdade. Posteriormente, a multidão dirige-se à estação de rádio para pedir a divulgação de uma reivindicação constituída de 16 pontos. Contra a pacífica manifestação, a temível polícia ,política - AVO - abre fogo, desencadeando uma luta sangrenta e desigual. Mas, ao final da nojtc, a emissora cai em mãos dos insurretos e, durante quatro dias, Budapeste transforma-se num campo de batalha, A juventude magiar, adestrada pelos soviéticos para a guerra de guerrilhas, dá uma lição bélica a seus antigos mestres. O E xército húngaro adere à revolução e distribui grande quantidade de armas à população. Por toda parte ouve-se o ruido sinistro dos tanques russos, que atiram .,desvairadamcnte sobre os .edifícios onde os patriotas magiares lhes opõem heróica e indomável resistência. O "coquetel molotov'' transforma-se na melhor e mais freqüente arma utilizada pelos rebeldes contra os tanques. A derrota soviética foi fragorosa, atestando bem quanto pode a coragem de um povo pro-

Os tanques russos esmagaram a patriótica insurreição húngara

fundamente anticomunista e çat6lico, arraigado a suas gloriosas tradições, Em meio aos destroços de prédios que obstruem as ruas de Budapc,ste, dezenas ll,e tanques soviéticos jazem calcinados, Os invaso,es se retiram, tendo perdido 860 tanques, peças de artilharia e carros blindados. A cúpula do governo comunista húngaro é mudada , subindo lmre Nagy. A Hungria coloca-se sob a proteção da ONU . Os soviéticos parecem dispostos a iniciar negociações.

Cordea i Minds:a:enty Depois de um processo m,quo e de oito anos de prisão, durante os q uais recebeu um tratamento cruel, o Cardeal Jószcf Mindszcnty é libertado por oficiais do Exército húngaro e levado triunfalmente para Budapeste. No dia 3 de novembro, o Cardeal-Primaz dirige-se a toda nação pelo rádio, Pede a todos trabalho e coesão. E alerta para o fato de que g randes contingentes de tanques russos ostão cruzando a fronteira do pais. Com efeito, transcorridos apenas 11 dias desde sua retirada da capital, os soviéticos voltam à carga, Pois, através do famigerado "telefone vermelho", Kruschev assegura-se de que os EUA respeitarão as "cláusulas'' do Tratado de Yalta. . . Imediatamente, quatro mil tanques soviéticos, formando nove tentáculos·, penetram pelas fronteiras com 260 mil homens do Exército vermelho, em direção a Budapeste. A c apital transforma-se novamente .em campo de batalha. Os tanques circulam, em grande número, através das ruas. A luta é encarniçada e os incêndios se erguem por toda parle. A Rádio "Hungria l.i vre" lança veementes apelos de socorro ao Ocidente, Mas nem a ONU, nem as potências do mundo livre se movem para ajudar de modo eficaz a inf':!}z nação, deixando passar assim uma oportunidade única de libertar a Hungria e as demais nações s ubjugadas. A heróica resistência húngara é finalmente sufocada em sangue, devido à superioridade quantitativa dos armamenros soviéticos. Mas a lição do levante húngaro, bem como a trágica situação de todos os países subjugados pelo comunismo, mediante a fraude ou através da força, não poderá jamais ser csque. cida. Pois o esquecimento é o primeiro passo para a desmobilização suicida dos espíritos e a falta de vigilância em face das táticas, cada vez mais requintadas da guerra psicológica, empregada pelos marxistas cm nossos dias".

rede cada vez mais ameaçadora à segurança do mundo livre. O que ofereceram cm compensação os russos em Helsinque? Simples promessas de maior intercâmbio de homens e idéias. Ou seja, nada.

3 . Os tratados, meros "farrapos de papel" A própria substância da política de aproximação com os comunistas está na esperança de uma suposta mudança de mentalidade dos dirigentes soviéticos, mudança esta que os fatos têm desmentido categoricamente. Com efeito, é público e notório que para os comunistas os tratados são meros "(arrapos de papel" , para utilizarmos uma expressão atribuída ao Kaiscr Guilherme li. E nem podia ser de outro modo, pois a quem afirma, com Lenine, que a base da moral está "na luta para consolidar e aperfeiçoar o comunismo", não custa n1entir, sempre que a mentira seja útil às suas conveniências. ,Donde se conclui que os <icordos com os vermelhos são forçosamente um embuste, porque da parte deles resulta sempre em falsidade.

4 : Dois exemplos: os povos do Europa Centro-Oriental e o Vietnã Os povos da Europa Centro-Oriental e da Indochina sentiram na própria carne o resultado dos acordos com os comunistas. Apesar de solenes pactos de não-agressão firmados com o Cremlin, a Polônia, a Estônia, a Letônia, e a Lituânia foram brutalmente invadi· das e esmagadas pelas tropas soviéticas, abrindo assim o rol sangrento das nações subjugadas. Na Checoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, Iugoslávia, Albania, Alemanha Oriental, títeres de Moscou assumiram o poder, sob a "proteção" do Exército Vermelho, ao fim da Segunda Guerra, numa cínica violação dos armislícios e acordos assinados. Em 1973, depois de reunir-se inúmeras vezes na Conferência de Paris, os Estados Unidos e o Vietnã do Sul assinaram com os comunis· tas do Vietnã do Norte e do Vietcong um tratado de paz. Contrastando com o habitual otimismo de Henry Kissingcr, principal artífice do acordo, o representante sulvietnamita .exprimiu sua contrariedade atirando ao chão a canet a com a qual acabava de assinar o documento. Pouco depois, as forças comunistas prosseguiam sua inexorável marcha rumo a Saigon. A guerra s6 terminou com a vitória da foice e o martelo no Vietnã, levando de roldão tsmhém <> Cambodge e o Laos. O tratado de nada valera, a não ser facilitar a conquista vermelha, pois determinou a retirada total das tropas norte-americanas da região. Apesar disso, o clima de euforia cm torno da détente continuou, merecendo-lhe o 11ome com que muitos a distinguem: traição.

5. Conclusão Apesar do terrível cat1v.c1ro comunista, a que estão submetidos tantos gloriosos países, o Comitê Pró Liberdade das Nações Cativas PRO LIBERTATE confia na Providência Divina e tem firme esperança de que um dia raiará o sol da justiça e da liberdade. E nessa data gloriosa, brilharão com mais fulgor as nobres tradições dos povos que hoje sofrem sob o jugo da escravidão vermelha, mas que ainda luram heroicamente por sua libertação. Que Deus, das alturas de Sua Majestade Divina, proteja o Brasil da seita marxista e aprcS· se esse almejado dia da libertação das nações cativas". 15


AfOJLRCESMO----- *

UM VENTO DE PERVERSO OTIMISMO ESTÁ SOPRANDO NO OCIDENTE

Livro do. Pro,f. Plínio' Corrêa de Oliv.eira lancado em P,atis , 1

SOB o 1ítulo 1./ÊgliJ'<i el rEuu comm1111is1e: lt1 coexis1cnce impossible. as édltions "Trudl1lon-Famille-Proprlété.", de Paris, acabam de Jançar a versão franccs.'\ do cns.aio do Prof. Plinio Cor· rêa de Oliveira, Acordo com o rcglmc · com1111ls1a: purtl u lgrt·ja, espera11ç<1 ou

,mrodemoliç,1o? O estudo do destacado pensador e H. der católico - publicado originalmente cm ClltOHcl.rmo com o título de A Uberdculc d<1 lgrej(I uo Estado comtwlsta -

e

HURCHILL, EM SEU livro The Seco11d World War/1'he Ga1heri11g Storm, no qual retrata e analisa o período entre deu.<

obrigatória, formou u ma poderosa força aérea, ocupou a zona do Reno sob administração franc,esa, conse-

guerres, e.screve que, .em março de 1939, "uma onda de perverso otimismo varreu o cenário briuinico". Seis

lhe permitiu colocar nos mares uma

meses antes da eclosão das hostilidades, e apesar de Hitler já haver dado sinais inequívocos de querer dominar a Europa, o governo e a opinião pública da Inglaterra ainda encontrava.m pretextos para se sentirem otimistas! Esse otimismo renitent.e de seus adversários é que permitiu ao ditador alemão preparar o conflito durante quase sete anos.

guiu um tratado com a Inglaterra que forte marinha de guerra. Além disso, tomou a região dos sudetos e anexou a Áustria. Pouco depois, invadiu a Tchecoslováquia. Assin, conseguiu chegar a t 939 com um poderio terrível. A f raqueza dos adversários permitiu que 6.750.000 austríacos e 3.500.000 sudetos fossem jogados para seu lado. Juntou ele ainda à máquina de guerra alemã o desenvolvido parque industrial tcheco. Muitos alin1cntavam, naqueles idos,

a esperança de que a Rússia otereccsse uma barreira às intenções belicistas do Fuehrer, já que o ava!'ço dele

"Um armísticio por vinte anos"

na Europa a ameaçava, especialmente

se tomasse a direção do leste. O pac-

era análoga à do ex-Premie, britânico? Ou o ex-Presidente yankee não sabia que a expressão já havia sido usada? Talvez um dia documentos ou memórias esclareçam o enigma. A História se estará repetindo? Em 1945, o mundo anticomunista tinha uma superioridade esmagadora cm relação ao comunismo. Em 1950, já havia perdido o Leste eu ropeu e a China. Logo depois, os marxistas fizeram importantes conquistas na Indochina e na Coréia. Na década de

60, avançaram pela África, estabele-

mo tempo que minam as resiStências

do mundo livre pela corrupção moral e por táticas psico-sociais. Nesse quadro, a déte11re kíssínge-

çõcs pacíficas dos déspotas do Crcmlin. Ou, como se diz.ia, no seu pragmatismo. E nquanto isso, a Rússia armou-se en\ ritmo nunca visto.

Como fugir ao dilema Muitos ainda não se deram conta de que as tropas comunistas poderão até não ser usadas. Métodos subtis, mais eficazes, não menos implacáveis,

estão cm voga. Veja-se Portugal. O triste d ilema volta a tomar nitidez:

a

zer que um vento de perverso otimis-

alertou

opinião pública do Reino Unido sobre o perigo nazista e a ameaça de guerra.

Henry Kissinger

Ril>bentrop-Molotov pôs fim às ilusões. Os dois gigantes entraram em acordo, e repartiram entre si a débil 10

mo está soprando. E assim se fecham os o lhos para o fato evidente de que s6 a superioridade incontrastável, tanto política quanto militar, aliada a uma vontade de resistir decidida e

O pacifismo obstinado, decidido a fechar os olhos /1 evidência, permitiu ao Fuchrcr percorrer um longo cam inho antes de deparar com a reação aliada. Hitler inovou a técnica de conquis-

Na madrugada do d ia de setembro de 1939 os exércitos nazistas transpuseram a fronteira polonesa. A Segunda Guerra Mundial começara.

ta, ao utili1..ar em larga escala os

atuante, pode evitar a conquista do mundo pelo marxismo e retomar todas as posições já perdidas. Só isso nos afastará do dilema: capitulação ou guerra. A capitulação virá se o Oci-

Os canhões não se calariam senão em

dente continuar retra indo-se. A guer·

1945.

ra pode ser evitada se a desproporção de forças fôr c-~magadoramente

quinta-colunas. Recorrendo a cfica1.es técnicas de propaganda, sob pre-

Polônia. 1.0

texto de raça ou ideologia, conseguiu

poderosos aliados nos países que re-

favo rável ao mundo não..comunista e

este souber usar dela.

"Paz com honra"

solvia anexar, por exemplo na Tche-

Péricles Capanema

coslováquia e na Áustria. A aparên-

Cia a nt icomunista qlle o nazismo ostentava angariou-lhe inumeráveis simpatir.antes, e ntre os quais havia, pelo menos no início, muitos de inquestio•

nável boa-fé.

castério Romano. A propósito dessa obm, o Autor re· cebeu aindn imímeras cartas de felicitações, como as do falecido Cardeal Eug,~nc Tissernnt, Decano do Sacro Colégio; do Cardeal Alfredo Ottavii.\ni, cntâo Secretário da S\1prcma Sagrada Con-

gregação do Santo Ofício; do Cardeal Norman Thomas Gilroy, Arcebisp0 de Sidney (Austrá lia) , de Sua Beatitude Paul JI Cheicko. P~triarca de Babilônia Traduzido cm 8 línguas (francês, alemão, inglês, espanhol, húngaro, it:llia• no, polonês e ucrnninno), o importante estudo do Presidente do COn$clho Nacional da Sociedade Brasileiro de Defesa da Tradição, F,;1mília e Propriedade já teve 33 cdiçõe~. num total de- 160 mil exemplares. Foi ainda reproduzido cm mais de 30 jomai.s de- J I países diferentes, entre os qua is li 1'c mp<>. o maior di;írio de Roma. Como é do conhecimento de nossos leitores, a presente obra trnnspôs ,, cortina de ferro, sendo viva.men1e Cl'iticada por (lemcn1os da As-soch,ç,lo PAX, or- · ganizaç.ão de católicos col:1boracionistas d:i Polônia. A presente edição de L'P.glise ,1 /' êtat communlste: la cocxüu:ncc lm11C,t· s;blt aparece cm excelente a1>rescn1açiío gráfica, enriquecida de abundante <locumentação fotográfica.

mas 11a E uropa". S6 o lúcido estadista britânico, junto com um grupo de compatriotas,

no Slalfa (ho~ Cardeal), respectivamente Prefeito e Secretário d:\quelc Oi-

Agora ocuparam o Cambodge, o Vietnã do Sul e o Laos e prCJ>aram-se para liquidar o que resta de não comunista no Sudeste asiático, ao mes-

capitulação completa, ou guerra. E a Conferência de Helsinquc tem sido comparada à reunião de Munique. Repetindo Churchill, podemos di-

precavidos

G iuseppe Pizzardo e pelo Arcebispo Oi-

dos Caldeus.

o Ocidente abaixou as barreiras anticomunistas, acreditando nas inten·

e os ouvidos aos inquietantes sinto-

Sagrada Congregação dos Seminários e das Universidades, assinada pelo Cardeal

ceram seu domínio cm Cuba.

riana tem seu papel. Durant.e anos. Logo após o término da Primeira Guerra Mundial, s6 um ou outro ob~ scrvador via os perigos da situação. Entre eles, estava o próprio comandante-chefe dos exércitos vencedores, o Marechal Foch, que, ao toniar conhecimento do Tratado de Versalhes, comentou : "Isto não é paz.. ê um nrmi.rrício por vinte 0110.f''. Quando Hitler subiu ao poder, bas1aria ter lido o Mein Kllmpf para ver que umá nova guerra era inevitável. Se ela não viesse, teria que vir a capitulação total ante o nacional-socialismo. Não pensaram assim os líderes ocidentais. No livro já citado, Churchill observa que o gov.crno inglês "fechou ,eso/11,amenre os olhos

foi objeto de uma carta de louvor da

último encontro do

Cordeai Mindszenty com os Tf Ps em Corocas e Bogotá DIAS antes de seu rcpcotino e doJo.. roso falecimento cm Vien:'I, no dia 6 de m;;1io, o Cardenl Jószef Mindszcnty v1si1ou :, América Latina. O eminente Purpurado. símbolo da íidclidadc heróica da Igreja cm resis• tência contra a perseguição comunista, recebeu em Caracas numeroso grupo de sócios e cooperadores da TFP vene• zuelana. Com palavras de caloroso afeto exortou a entidade a continuar com ânimo a lut.1 ideológica contra o comu~ nismo. O pranteado mártir da causa ''"· ticomunista, em sua estadi;t cm Bogotá, quis rnmbém reunir-se com a TFP colombiana, onde renovou sua admira• ção e apoio ao trabalho desenvolvido

pelas TFPs.

"Fre i, o Ke rensky chile no" repercute na lt6lío TRADUZIDO pelo diniimico e brílhnnte líder Ctllólíeo iu,liano Giovanni C-antoni, cm colaboração com Cario Emmanoele Manfrcdi, vem despertando

vivo intere,sse na Itália o best..rcllcr Frel. () J<erens/,,J• chUe110. de :,utoria de nosso Jaudoso coh1borador Fábio Vidigal xa. vier da S ilveira, Lançado pekL &litora Cdsti<mità, de Piacenza, o livro aparece com cartas de

elogio de S. Excias. Revmas. Mons. Alfonso Maria Buteler, Arcebisp0 de Mendoza (Argentina). Mons. Antonio

Corso, Bispo de Maldonado-Punta dei Esie (Uruguai), e D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Cnmp0s. O prefácio é do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Como se recorda, a obra agora com 17 edições em seis países prognosticara a queda do Chile nas garras do marxismo, pela cumplicidade de um governo democrata-cristão. e:- explicável o interesse dos católicos italianos em conhecer o processo pelo qual a Democracia Cristã conduziu o Chile. à trágica experiência n1arxisto, pois :\ situnção pOlítica na Península evolui rapidamente no sentido de uma eventual participação dos comunistas no governo. por meio do chnmado compromisso ldstúrlco, que reuniria marxistas e dernocrntàS·crisli'ios.

" Indoc hi na, a "detente" e o futuro do Chile" A TFP CHILENA lançou um opúsculo in1itulado lndod,lna, f(l Dereme y el f111ut() ele CJ,Ue, no qual analisa a desastrosa política de di.rtcn.r,io promovida pelo Secretário de Es1ado norte· americano Henry ,Kissingcr. O opúsculo mostra que a po1itict, se baseia cm uma credulidnde sem fundan1en10 na l>oa fé dos líderes comunistas, e destaca como a trngédia do Sudeste Asiático comprova dram.1ticamcnte o erro de se crer na sup0sta mud:u1ça de menrnlidi.lde dos scnhorns do Crcrnlin . A TFP chilena assínall.1 também nessa obra que em sua Pátria " q clero 11rogre.rsisu, e os demot:raws crú·tiios re.prcst•nt11m esta me11wllt/lldc ''klssingeri<ma'', feita de um oli• mlsmo emre.guisw face às manobras ,·omwlll'tt,S'. Concl:una seu povo à vigilftncia, para evit~1r que essa me:n1aH-

dade se difunda no Chile de hoje, trazendo como conseqüência a repe1ição da desas1ros.1 experiência m:'l.fxista vivid a pelo p3ÍS irm;io. A campanha de difusão plíblica, que se estendeu por todo o país, cncon1rou

c.;,lorosa acolhida p0r pane da p0putaçtlo, tcndo·se esgotado rapidamenle duas edições, num total de 15.000 cxcmpl;.1rcs. A TFP andina recebeu do presidente chileno, General Augusto Pinochc11 uma carta de agradecimento pela impOrtantc obra.

TFP sa i às ruas no Uruguai OS JOVENS da Sociedade Urusuaia de Defesa da Tradição, Família e Pro. priedadc vêm percorrendo as ruas de Montcvidéu e das principais c id~des. do Interior, na divulgJtção do opúsculo SimplC!i relllW do que llCOntectu cm

Ftítlma qutilulo Nosst1 Senhora t,porc• ccu. Tem sido de gr:1ndc simpatia a acolhid;, por parte da população uruguai:, aos jovens da TFP. A obra ora divulgada já foi publicada cm espanhol, português, francês, e inglês, com edições em vários países da América Latina, Es1::i.dos Unidos, Canadá e Espanha, numa. tiragem que já ultrapassa os 250 mil exemplares.

Poucos ,ncses antes, Chamberlain regressara de Munique afirmando que havia assinado a paz ''parti nosso época". Para defini-la utilizou a expressão "11a1. com honra". Terminou

desonrado, transmudado · em símbolo da capitulação indigna. E a guerra

Víoloção dos trotados A Alemanha. sob a férula nazista, violou continuamente os tratados e as convenções internacionais que a impediam de voltar a ser uma gran· de potência m ilitar. Cada arremetida

d.e Hitler provocava um sobressalto das outras nações, ao qual se seguia, depois de uma garantia cínica de mo·

dcração da parte de Berlim, uma vol· ta à modorra. Sem nenhuma reaç-ão séria, Hitler decretou a coascrição

veio. Estranha coincidência!

"Paz com

ho11ra" foi a expressão utilizada por Nixon para definir a política norte-americana no Vietnã. Tal política culminou nos acordos d.e Paris, os q uais grangcaram aos dois principais

negociadores, Kissiager e Le Duc Tho, o Prêmio Nobel da Paz. Utilizando repelidas vezes a mesma expressão, estigmatizada desde 1938

com a marca indelével da capitulação qu.c conduz à guerra, quis Nixon debicar da opinião pública? Ou desejou dar a entender que sua política

Diferentes aspectos da atual campanha da TFP nas ruas da capital uruguaia


Sócios e cooperadores da TFP, depois de assinar no monumento do lpiranga, comemorativo da Independência do Brasil, uma prece coletiva a Nossa Senhora Aparecida. O zelo pela independência nacional é indissociável, hoje mais do que nunca, de uma vigilância contínua contra o comunismo, inimigo máximo da Pátria e da Cristandade. Na prece, a TFP implorava à Padroeira do Brasil que conservasse em nossa Pátria valores básicos da civilização cristã, livrando-a de seus inimigos:

"Preservai e incrementai, Senhora, a Tradição santa que recebemos de nossos maiores. Mantende pujante o instituto da propriedade, no exercício largo e ufano de sua função social, para a grandeza do homem. E sobretudo, ó Rainha onipotente, o que hoje especialmente Vos pedimos é que jamais o divórcio se implante - explícita ou sorrateiramente - na Pátria brasileira." (Na página 3, a mais recente atitude da TFP face às incompreensões que a repressão contra o comunismo tem encontrado).

ESPANHA: A TENTAÇÃO DISTENSIONISTA

A COMUNHÃO NA MÃO

O sorriso da distensão conseguiu fender a muralha do anticomunismo na Espanha. Em 1936, o comunismo violento e sanguinário foi enfrentado sem hesitação pelos representantes da Espanha autêntica. Hoje as principais facções que Vftnceram a Guerra Civil estão minadas e divididas diante da nova tática adotada pelo mesmo inimigo de outrora. Vozes altamente colocadas aconselham a acreditar no sorriso frio que parte de Moscou. Nessas circunstâncias, sobe ao trono Don Juan Carlos I. O jovem rei parece inclinar-se a . uma política liberalizante. O sorriso distensionista é a grande tentação para a Espanha na encruzilhada em que se encontra. Conseguirá o sorriso o que não conseguiu a força das armas?

Em circular dirigida ao Clero e fiéis da diocese de Campos, D. Antonio de Castro Mayer, invocando conhecido texto de S. Tomás sob_re a mudança de uma lei, aponta os perigos da nova prática litúrgica de se receber a Partícula' do Pão consagrado na mão. Lembrando que este recente modo de comungar mais ocasiona que evita "irreverências, ultrajes e sacrilégios contra o Santíssimo Sacramento", determina o Bispo Diocesano que se conserve, em sua diocese, a maneira tradicional de se colocar a Hóstia Consagrada diretamente na língua dos fiéis.

(pagino 3 )

(pógino 5)

N.º

299/300

NOV EMBRO/DEZEMBRO

DE

197 5

ANO

XXV

Edição de 12 páginas Cr$ 6,00


,

A FUMAÇA DE SATANÁS NO TEMPLO DE DEUS (Paulo VI -

Sermão de 29 de junho de 1972)

-nia se desenrola do seguinte modo: o

"Credo sem fé, fé sem Credo" O Pe. Kamp, da arquidiocese de Bruxelas, diz cm seu livro "'Credo sem fé, fé sem Credo", que o sobrenatural e a Revelação são supérfluos no cristianis,uo. Ele define Deus como o "sentido imanente da evolução da hist6ria humana". A religião ,,_ a política têm o fim exclusivo de instaurar "a fraternidade entre os homens'. Concebe a Igreja como "a consciência do mutulô''. "O protestantismo niio é provavelme111c m enos verdadeiro do que o catolicismo" (l.'Homme Nouvear,, Paris, 5 de janeiro de 1975, p. 10). A

casal é abençoado sem o conse11time11• to mcítuo, e essa bênçcio é cuidadosa-

mente consignada num registro. E pronto". A diocese de Autun não é a única que patrocina o "casamento de experiêncic,''. A revista jesuíta Etucles de ago-set. traz as seguintes declarações: o.E urgente que a Igreja inven1e um comportamento que resolva o gravct problema dos dese11te11dimentos conjugais nos países do "Ocidente". O casamento de experiência é uma de.~sas invenções: '' Esta /orrna tle celebração não st,cramental é praticada freqiientem e11te com a aprovação tá-

Ct>tllimwm a servir-se da moralitlatle como de ,ona etiqueta. A obrigaç,ío de confessar-se, em caso de pecado mortal, para poder comungar, obrigação essa que tem pesado nas consciênCias cristãs por tanto tempo, não será um l'inal, talvez:., ,/essa concepção moralizante dos $tlCramentos? [ .. . ] . Quantas caricaturas! Um .ró pect,do mortal faz a graça desaparecer! Uma absolvição a fa z reaparecer! A graça é, portanto, uma mercadoria deteriorável e renovável!" ( Cltiesa Vivct, Br:cscia, n.O 40, março/75, p. 7; CIO, Madrid, 29 de março de 1975, p. 8).

Na mesma coluna, o jornalista A. C. .observa : ''Não estou longe de atlivi11/tar o pensamento de Don Sca,w: Seriam prevalenteme,ue democristãos esses católicos, SfJbrctudo os responstíveis pela politica derno-cristã? Se nssim for, concordo, em parte. Isto é, que " Democracitl Cristã é resvqnsável pelo avanço do comrmismo, mas 1uio a primeira responsável. ( ... ) Para mim, a causa principal [do

avanço comunista] é a lgrejc: iwliamr, <:onsiderodo na srw cúpula. Porque a DC, afi,wl, nestes ;íltimos quinze anos - que correspon,Jem mais ou menos ao governo tle centro-esquertlu - bem ou mal, pelo menos continuou a falar em comunismo. A Igreja itaJi,ma /ll/011, algumas vetes, brandamcn· te, em marxismo nesses anos. mas mmca ,/e co,mmismo" (Realtà-Polí1 ica, Roma, 19-26 de julho de 1975).

cita de· certo míinero de Bispos. Se,.;a

vivam e11te desejável que ela fosse oficialiwda" (ICJ, Paris, n.0 480, 15 -5-75, pp. 17-18; Rivarol, Paris, n.0 1237, 26-9-74; p. 6) .

equipe de lugny, promotora dos "casamentos de experiência" em Màcon,

França. Mons. Le Bourgeols, Bispo de Autun, que autorizou tais "experiências".

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Poro o Pe. Marciano o divórcio é imoral . .. mas deve ser oprovado O Redentorista Pc. Marciano Vida! - que se intitula teólogo e moralista '. - sustenta na revista do Arcebispado, Jglesia e11 Madrid, que o cristão pode, tranqüilamente, advogar um estatuto jurídico civil que legalize o divórcio, o qual, mesmo sendo sempre imoral, não tem por que ser proibido (CIO, Madrid, n.0 195, 18 de janeiro de 1975, pp. 15-16). fL

"O clamor de Sodoma e de Gomorra aumentou, e o seu pecado agravou-se extraordinariamente'' (Gen. 18, 20)

Bispos franceses pot:rocinam "casamentos de experiência" Um pouco por toda a F rança, Sacerdotes vêm celebrando - alguns já há cerca de oito anos - os chamados •·casamentos de experiência", "não sacramentais'', chegando a desaconse.. Jhar o casamento religioso. Segundo a orientação de tais Sac.erdotes, os noivos podem escolher entre três formas de casamento: o casamento sacramenta), o casamento civil ou o "acolhimento pela Igreja". O caso mais conheci.d o é o da equipe de Lugny, composca por irês Sacerdotes, qu,,, contam com o placet de seu Bispo, Mons. I.e Bourgeois, da diocese de Autun. Em dois anos de atividades na região de Mâcon, eles oficiaram 140 casamentos, dos quais, 80 "de experiincia'\ ",uío sacramentais". A respeito de.-;sa equipe o semanário Paris Matei, de 14-9-74 relata: "Os ptulres de uma paróquia perto de M/lcon /oram aruoriu,dos por Mons. Le Bourgeois, Bispo ,le A utun , a fazer a experiência do casamento religioso por etapas; eles p0derão efetuar casamentos sem conferir o sacramento indissoMvel. A regularização ulterior serd /aculrat;va". A colunista Edith Delamare, do Rivarol, assim descreve o ·'acolhittJen.me1110 pela Igreja" celebrado pelos padres de Lugny: "'A peque11a cerimô2

Confessar o pecado mortal, questão de etiqueta?

"Quest, grupo extra-oficial de homos:rexuais católicos, tem agora cem membros e acaba de publicar se,J pri~ meiro boletim como parte de wn,, campanha para reconciliar sua sexualidade e seu catolicismo. ( . . . ) As Igrejas e podres cat6 /icos têm mtmi/e.rtado crescente inleresse com relaç,io aos problemas pastorais do homossexual cristão ( .. . ) º . Respondendo à carta de um pervertido, Fr.ei Bonaventurc Hinwood, fra nciscano, "começa pelo exame tio sentido dt, condenação 'dos homossexuais por S,1o Paulo em s ua primeira Epístola llOS Coríntios e conclui <111c ela não signiflca necessariamellfe, como .sugeria ·o consulente, que os homossexuais nunca poderiam herdar o Rei110 doa· Cóus" (Catholic Herald, Londres, 24 de ou1ubro de 1975).

• • •

Mic!,iga11 Carlto/ic, órgão da ArO Centro Pastoral Jean-Bart, que quidiocese de Detroit, Estados Unifunciona na sede do Arcebispado de dos, abri u suas colunas durante quaParis, publicou um livro intitulado tro anos ao presidente da Dig11iry (or"De que Deus são sinais os sacramcn- ganização católica de homossexuais!), 10s?'', no qual se lê: que, em junho de 1974, escrevia: ''A Igreja não pode ser um sinal "Ser ftomo.r.rexual não é mais anormal universal de salvaçiio a menos que do que ser canhoto. Declarar isso n{io morra a ,·i mesma {sic), a"/im de que é pecado nwis grave do que escrever o e~·pírito viva nela {. .. ). O que sig- com a mão esquertla" (CJCES, Paris, 15 de janeiro de 1975, p. 5). nifica, para a Igreja, morrer a si m esma? Significa relativizar fJs meios co/oc(l(lós em ação para tmw ,ciar o salvação; isto é, aceifár ,Jesaparecer, co~ Hierarquio é mo se vê tlesa,u,recer o grão de trigo responsobili:i:ada pelo ovanço na terrn; J'ig11i/ic11 reconhecer que as comunista na Itália instituições que tiveram .1·rw Jwrt, tor• 11aram-se caducas,· l'igni/ica admitir uma fo,·mulaç,io doutduária remane"Se em 15 de junho último o co• jada para ser melhor compreenditla numismo t,v,mçou perigosameme, papelas gerações que nuulartm1 tle lin- ra mim a causa principal é uma só: g,wgem. · a traiÇ<1o ,los católicosº, escreveu o Os sacramentos parecem /citfJs pa- Pe. Luigi Scanu, no semanário Realtà ta pes:;oas tlevotá.f, inofensivas, que Política, de Roma, comentando as não têm urnito o <1uc Ja1..er f . .. ]. eleições regionais da Itália em 1975.

Africanização da liturgia -

Na nussao de Djinglya, no Camerum, os missionários introduziram - com a aprovação do Bispo local - a ·Missa dançada. Durante a ceri.mônia ao ar livre, os nativos, reuni-

dos em semi-circulo em torno do altar, marcam corn suas danças e com o tan1-tam dos tambores as principais passagens da celebração. Foto: vestidos de branco, os catequistas marcam o ritmo com seu bastão de dança tribal.

Catequese africana à maneira de iniciação na vida tribal Mons. I. Bakole, Arcebispo de Kananga. Zaire, a.firma. que a supressão dos cursos de religião ( ordenada pelo govl!rno de seu país) deve mover (os católicos) a encontrar outras formas mais vivas para conhecer a fundo a fé e "ptlra transmitir nossa fé cm Jesus Cris10 de modo mais autenticamente africano'\ no c,stilo das narrações sobre a vida do clã e seus grandes expoentes e feitos, ,,_ à maneira da iniciação na vida do clã (FIDES, Roma, n.0 2660, de 7 de maio de 1975, pp. 295 ss.).

" se ver 110 mundo contemf)orâneo. que as socledades humanas estão ,rc abrindo para aqueles valores lJUe sempre foram os dos índios, como o espírito comunit6rio, a SQ/idariedade e o respeito pelo próximo". "Quanto mais procuramos respeitar, defender e preservar física, cultural e até ecologicamente a ide11ridade dos povos indígenas, mais chance reremos também ,/e nos salvarmos e nos encontrarmos a nós mesmos, superando a alienação em que o ritmo de vida ,Je nossa sociedade civilizadora nos submerge" (0 Est. ele S. Paulo, 29 de novembro de 1975, p. 14).

W. G. S.

Novo catequese: os índios ensinam os missionários O Pe. Egydio··Schwade, assessor do Conselho lndigenista Missionário C IMI - . cm declarações à imprensa brasileira, afirmou que nossos índios "têm umt1 /Jistória tão digna e sagrada quanto a história sagratla do p0\10 de Deus, ,-everenciada por judem; e crisuio.t'. Disse ainda o Pe. Schwadc: ''A no:,sa civilização é q1te está falida, condenada, e não a do índioº. ''Con/ro11tando os \/O/ores da sociedade indígena ,:om os tle nossa sociedade, diu, ciw'litada. vemos que só TEMOS A APRENDER COM ELES. A marcha da /Jist6ria, que é ir,-cvcrsível, apontn. em 1tmtos exemplos que já começam

Nada temos a ensinar a este lndio waurâ, do alto Xingo?


Mensagem da TFP ao Emmo. Cardeal Arns •

ão se ·1 u $EN UOR

A

_m1nenc1a

CAROllA~,

D!STRIBUlDO nas igrejas do Estado de São Paulo, no último domingo, um documento subscrito em ltai. ci por todos os Srs. Bispos das Dioceses paulistas, intitulado NÃO OPRI· MAS TEU I RMÃO, numerosas pessoas que. acompanham com patriótica vi• gilância a escalada comunista e as ini·

ciativas de repúdio que contra esta se descnvolv.cm, desejaram saber qual era, sobre o reforido documento, o pensamento da TFP. Não poderíamos, pois, continuar em silêncio. O estudo daquele texto episcopal produziu cm nosso espírito um profu11do desconcerto, que pensávamos levar com respeito o franqueza ao

conhecimento de Vossa Eminência. Data vênia, fazêmo-lo de -público, respondendo asssim, ao mesmo tempo, aos que sobre a matéria nos inter-

rogam. Começamos por ressaltar que no documento hi aspectos bons. Pecaríamos contra a justiça se nos omitís-

semos de os louvar, e nos cingíssemos à crítica. Por certo, os Pastores deste Estado cumprem a missão sobrenatural que

lhes incumbe. ao manifestarem todo o seu zelo por que sejam integralmente respeitados, entre nós, os direitos nal\1rais da criatura humana, defini-

dos nos Dez Mandamentos da Lei de Deus. Esta aíirmação contém, na ~ingeleza de seus termos, 11m dos mais lídimos elogios que, de um documento eclesiástico, se pode fazer. Convém que tal elogio fique ins.. crito logo no início da presente mensagem, para a omissão dele não ser lida como sintoma de paixão, unilateralidade e injustiça . E tanto mais convém, Emit\ência, quanto é precisamente uma omi.ssão desse gênero o grande defeito que deixa perplexa a TFP. no tocante ao recente documento episcopal de Itaici.

tar? As Forças Armadas e o Episcopado. Em face da subversão, vemos que se erguem com destemor patriótico as Forças Armadas, baluarte inesti· mávcl do País contra a violência, a corrupção " a miséria que infelicitaram ontem o Chile, infelicitam hoje Portugal, e mantêm há décadas sob suas garras os povos de além da cortina de ferro e da cortina de bambu. - E que faz, por sua vez, o Vencra.ndo Episcopado Nacional? Exceção feita de egrégias, mas poucas vozes, cnla-se. E, enquanto a Nação toda fica à ,espera de um grande pronunciamento coletivo de seus Pastores em defesa da Civilização Cristã ameaçada pela subversão comunista, só romperam por meio de um pronunciamento conjunto o longo silêncio os Srs. Bispos de São Paulo. - De que modo o fizeram? Se o Episcopado paulista se nrnntivcssc cm posição imparcial, encareceria sobretudo o sentido profundamente cristão e patriótico da repressão ao comunismo, a necessidade e a urgência dela. Apontaria depois as falhas que cm tal r.eprcssão encontrasse.

Muito ao contrário, o que fizeram Vossa Eminência e os Srs. Bispos reunidos em Jtaici? Deram a público um documento, calvez o mais enérgico da história eclesiástica brasileira (preferiríamos ant.cs dizer o único documento violento da história eclesiástica brasileira), para, de começo a fim, criticar as Forças Armadas e ~ repressão que estas fazem ao fascismo vermelho. - Por que, Eminência, esta unilateralidade, .esta incompreensível in 4

versão de valores? Se a repressão, como vem sendo

sia e a China empreendem, cm nossos

dias, um esforço gigantesco de conquista ideológica, política e, por fim, militar, de todas as nações. O exemplo de Portugal, bem à vista de nossos olhos, impede, mesmo aos brasi-

leiros mais desatentos. que esqueçam essa verdade. Além disso, recentes declarações das mais altas autoridades do Pais denunciaram a presença deS$C perigo dentro de nossas próprias fronteiras. Em seu discurso de 1•0 de âgosto p.p., o Exmo, Sr. Presidente da Repú6iicã, General Ernesto Geisel, aludia à infiltraç.'ío do comun ismo nos partidos políticos. Depois dele, o ilustre e honrado General Ednardo D'Avila Mello, Comandante do li Exército, por ocas ião das comemorações do Dia do Aviador, cm São Paulo, cm 23 de outubro último, e o nobre Ge,ieral Oscar Luís da Silva, Comandante do III Exército, na abertura do 11 Ciclo de Palestras .promovido pela Ação Democrát ica Renovadora, em Porto Alegre, no din 5 do corrente, alertaram o povo para o mesmo perigo. Por sua vez, o preclaro General Fritz Azevedo Manso, Chefe do EstadoMaior do Exército, discursando na 11.3 Conferência dos Exércitos Americanos, realizada cm Montevidéu no mês passado, denunciou a conjuração comunista em nível não s6 na-

cional, mas até continental. Estamos, pois, cm face de um pC· rigo que nenhum espírito lúcido e desapaixonado pode pôr em dúvida. Diante dele corre risco nossa própria

condição de nação independente, Em sen\elhantc conjuntura quais as duas grandes instituições com cujo apoio as autoridades podem e devem con.

vantaram c-ontra tais ataques. Ora, à vista desta campanha, e

desta triste sucessão de omissões no tocante às Forças Armadas, o do· cumento de ltaici que atitude toma? Faz causa comum com as invectivas da subversão.

brasileira, facilmente podem aproveitar-se do documento de llaici para reavivar sua orquestração nociva ao renome do Brasil.

Eminência: estamos perplexos. Por que tais atitudes? Temos razão para recear que esta pergunta, que não é apenas nossa,

Esta constatação estarrecedora ainda mais clara se torna à vista do mo-

do por que o documento episcopal se refere aos alegados abusos da repressão anticomunista. Abusos, sempre os houve na História. E até na História da própria Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Cumpre denunciá-los e coibi-los. Mas, ao fazê-lo, importa sobretudo não condenar as instituições ou as atividades meritórias nas quais eles possam surgir. No entanto, a tendência a dramatizar tais abusos da repressão ao comunismo se nota nas próprias referências que o documento de Jtaici a eles faz. Tendo por fundo d.e quadro o contexto omisso e marcadamente unilateral da mensagem de Jtaici, essas graves acusações que efeito produzem sobre o público? (ver nesta mesma página o texto integral desse documento). Consiste ela obviamente em favorecer as mais graves calúnias contra as Forças Armadas e até mesmo contra as mais ilibadas e respeitáveis autoridades destas, que os meios subversivos põem em curso para impressionar o País! E oxalá fosse só o País. Todos sabemos que a mesma máquina de propaganda internacional responsável pela repercussão de declaraçêr.s de certos Prelados, contrárias à situação

mas de milhões de paulistas, fique sem resposta. Não se iluda, porém, Eminência. Nosso povo continua a encher as igr.ejas e a freqüentar os Sacramentos. Disto não deduza Vossa Eminê1tcia, entretanto, que ele abdicou das convicções e dos ideais que o inspiraram na gloriosa epopéia de 1964. Atitudes como a, dos signatários do documento de ltaici vão abrindo um fosso cada vez maior, não entre a Religião e o povo, mas entr.c o Episcopado paulista e o povo. A Hierarquia Eclesiástica, na própria medida cm que se omite no combate à subversão comunista, vai se isolando no contexto nacional. E nos parece indispensável que alguém lhe tJiga que a subversão é profunda e inalteravclntcnte impopular entre nós, e que a Hierarquia paulista tanto menos venerada e querida vai ficando, quanto mais bafeja a subversão.

Católicos apostólicos romanos, desejamos tornar essa situação bem clara a Vossa Eminência. Pref.crimos que Vossa Eminência dela se inteire hoje por intermédio de filhos cristãmente írancos e profundamente respeitosos, a que a conheça amanhã através da evidência dos fatos, 011 da gargalhada satânica dos subversivos. A seu lcmpo, esta gargalhada se

fará ouvir, ecoando por todo o Brasil, sardônica e vitorjosamente, se l)Ossas Autoridades civis e eclesiásticas, nossas Forças Armadas, e com elas todo o Pais, não cortarem defin_itivamentc o passo à subversão. Como poderão não rir os agentes do demônio, v.endo que conseguiram transformar em instrumentos da ex· pansão con1unista, precisamente Pastores instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo para esmagar o poder das trevas? Como católicos desejamos ardentemente que tal não suceda. E .este desejo, respeitoso e filial até mesmo na expressão franca de nossas perplexidades e nossas aprecnSôcs, motivou a pres.en1e mensagem. Encerrando-a, osculamos com veneração a sagrada púrpura.

ln Christo lesu, São Paulo, 13 de novembro de 1975 Ü CONSELHO NACtONA~ DA SoCIEOA02 BRASILEI.RA OE D EFESA

OA TRADlÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEOADE

f>li11io Corrêll de Oliveir11

Presidente Fernando Furqulm de Almeida

Vice-Presidente Paulo Corrêa de Briro Filho

Secr.etário A do/pito Li11,le11berg Alberto Luiz Du Plessis Anwldo Vidigal Xavier da Silveir'<1 Caio Vidigal Xavier d11 Silveirll Eduardo de 811rros Brotero João Sampaio Neuo José C"r/os C11srilho ele A,ulrcide José Fernando tle Cmnargo José Gonzaga de Arruda Luiz N,u.,areno de Assumpção Filho Paulo Bauos de Ull16a Ci11rra Pliuit> Vi<liga/ Xavier da Silveira

feila, tem dado ocasião a erros e

excessos esporádicos, por que o documen10 coloca cm máximo realce o

aspecto esporádico, e omite o que é fundamental?

Todo o povo brasileiro, intuitivo e lúcido, está consciente de que a Rlls•

cos, nas fileiras eclesiásticas, se le-

''NÃO OPRIMAS TEU IRMÃO''

O que é fundamental, Eminência,

em matéria de comunismo, é que agentes subversivos estrangeiros articula1n brasileiros transviados. para impor ao País o regime marxista, negador de todos os direitos humanos. - Por que os signatários do documen10 de ltaici parecem não ver isso, l! seu zelo se volta todo, não para a Pátria arncaçada, mas para a

defesa dos direitos humanos de agentes da subversão, ou de pessoas suspeitas de tal? a desconcertante tão espantosa omissão cm Pastores de almas. A estes cab.e certamente serem ciosos dos direitos individuais de suas ovelhas, ainda que se trate de subversivos, ou s,1speitos de subversão. Porém, muito mais lhes cabe o desvelo por todo o rebanho, isto é, a população ordeira e laboriosa que os subv.ersivos querem atirar na desgraça .

Isto constatado, a natural sucessão

das idéias nos leva a considerar outro ponto. Concerne este, não mais o que a mensagem de ltaíci omite, mas o que ela diz. A subversão tenta obviamente des-

truir todos os obstáculos que contra ela s.e levantam. Nos dias que c-0rrem, sua anna mais usada é a difamação, é a calúnia. Há meses vem sendo metralhada pela calúnia a maior e mais atuante organização civil anticomunista bra-

sileira, a TFP. Poucas vozes se ergueram nas fileiras do Episcopado para defendê-la. De tempos para cá, uma campanha, ora surda, ora violenta. vem igualmen1e sendo desferida contra

nossas glol'iosas Forças Armadas, envolvendo até a ação valorosa e equilibrada de vários de seus chefes. Pou-

Documento do Assembléia Geral do Comissão Episcopal Regional Sul I do CNBB 1-:m nome do Evaugcl110 de Jesus Crllito qut- no$ manda anunciar 11 aos cnlivos a redtn~ão, ,,os oprímldos a Uberdadt- e pu.

blfcar o 1.inO <l:.t tn'l(á do Senhor'' (Lc. 4, 19), nós, Bb-µos d:i Igreja neste fA'fíldo de São Paulo, reunidos cm Asstmblfia, ui unl:io ,com todo o povo de Oeus, erguemos nossa voz diante da onda de violência orluoda de toda~ ns p:irtts e que se patentei.:i por atentados- à vida, sequestros, áSSaltos, e dlnnte, sobretudo, dos l,.'Tavc-,s tu::ontccimeutos que vêm c.«arrttcndo e inqulctandÕ a popufoçiio de São Paufo. Asslstimos, de fo to, a nag,:inteS desrespeitos à pessoa huni:ma, Imagem. de Oeus Criador, rarílctcrizados por prisões arbitrárias que tomúm, gernlmentt:, a forma de ,·crda.tltirof .s:tque«ros; ptlo rc<'rudeschncnto das torturas. acompanhadas nté de mortcs1 aliumas das qunls tbegaru ao tonhC· clmcoto público; por arocnças públicas e particulares, partindo Inclusive de autoridades . O mal-. ,trnve (; que muitos destes atos, que levam a um clima de lnsegurt1nça1 s:io pr.Ulcados sob pretexto de ddendcr e nmn. ter a paz e 2 tranquilidade da sociedade, a~gando seus patrodnadorcs csHtrtm aJi. terçados cm print.fplos cristãos. Ao me.b,nO tempo cm que nos solldariuunos com os sofrimentos d-as vítimas das prisões e torturas e partit-lpamos da :mgú$tla dt- seus parentes e amigos, rc.llcramos as tm,·c.s advcrt~nclas contidas em nossn mcn:Sngem .de Brodosqul (SP), •"Tcsttmun,ho de P.u'', de junho dt 1972: '"Fulbarfamos a um impcr:ilivo dt: con.S·

dénci.i st n:io retomWcmos a p:.Javra dtJoão Bmi,1n, diz<'ndo como o profeta: "Não I< é lídlo" (Mt. 6, .13). ••N:io ~ lfcito efeluar pri..Õt:$ dn fortn!I como freqüentemente cst:io sendo ftlta.1 cn• tre nós: sem idenUftcatão da autoridadc coatora nem dos :1gc:ntes qut- a uecotam, sc-m comunlcatâo ao Jul7, compelente denlro do prazo lc-gat. . ." (Cf. Con.rtitulção - 1969 - Ar1. 153, § 13). ""Não 6 lkllo uUU.iar no lnlerrogntório de pcssoas suspeitas.. ,, métodos de tortura física, psíquica ou moral, sobretudo quando loados até à l'..~ulila(liO, à quebra da sa6dc e nté à morte como 1cm acontecido"... (Cí. Con.!J1Jlulçlio, Al1. 153, § 14).

Níío é HcUo priv:.1r os acusados de sca direito de ampla dde-sa ou prejudidé-Ja mediante ameaças nem preJulgar o acusado como rEu, .lntes de julStrado, nem pro1elàr, por tempo indctcrmiu.1.do o processo Ngo· lar, quando nOS$:k Cnrto. Mago:, cxpres--;!•· mente de-termina que "a lei assegurará .-ios :.ituSl}dos a ampla defesa com os recursos a cla inertntcs". (Art. 1531 § 15). '·Niío f lícito :, qualquer oulrn 11utorid:ade sobrepor st à t:onsciêncla dos jufics ou crinr hnpedlmtntos ao livre exercício de sun função". •

0

4

"l.amentnmos, também, de modo cspccfa1, a ,uspensão da plena ·ga.rantla do habeas-corpus. Colocamos-nos 1.10 lado dos ql!c pleltehtm o retorno total des5a garanlla. 2 exatamente sua falia que contribui n:io pouco a criar t a manter um <'lima de hi.segurnnça social. Insegurança de pcssoa.f que so sentem ameaçadas ·de prisão t- maus tr:l· tos :Ué sob mtras .-:uspetta... 011 por engano. ti,:isci;:urança de fa:mfüas lnttlras, impossl• bilihtdas de obter dur:1ntc m('.$('$ notfclM de membros seus, presos. ln.scsu1rança n:a própria sociedade Incapacitada ·de confiar naquc1ts que têm a rt:rpoosabJUdAdC" dC' ~,"'

prott-(iíO".

E.«ru; no~as adve.rtt:ndas brotam do niats profundo da con5lelêncla humana., txprcs:sa na Oed:ir.ttão Universal dos Otreitos do Homem. «o dlreto da palavra de Deus, ''Não m:it2r6s' 1 (€x. 20, 13): '"Todo homem tt.m direito ~ vida, à Hberdadc t- ll St{turançQ pes.~oal" (Ar1. J,º). ..Nhiguém será submetido à tortura nem n tralamcnto ou cnscJgo cniel, desumano. ou de~radante-" (Art. S.0 ) .

Esta. nOS,'fi :'ltitudc de reprovaç:"tô a csscs e a outros :itt.ntados conl:ra o homem n5o nos exime de reconhecer a partt de respon• s.abllidnde que nos cabe ptl:i sHuuç:io por que pa.&$.'lmos e pelos sofrlmtntos de nos• s<>S inníios; J)Or causa das nos.ças omls:sõ« na defes:i permanente. dos dirtilo.s da pc.s• soa lmm:rna. Como o publicano do Evan,:elho, ~11pli<':1mos também: "Tende plcdadc de nós, pe<"ador~"· (l.c. 18, 13). Isto no.s leva a propor ,1lguns gtstos concretos: 1. Ma.nlre.-,tamos nosso desejo de colourmo-nos sempre: no Jri:do dos que estão SO · frendo t- de cnmil)harmos junlos com todos

O$ grupos e Jn.)lltuições: que Wtam pl!lo respeito d:t pessoa humana cm nosso pais: Igrejas e C-0níissóts Religiosas, Pontfflcla Condssão ''JusCi(a e Pat'', Slndk;-itos, lm• prtllSII, U niversidades, Ordem dos Ad,·o· gados do B'rasil, Corponu;ões Profissionais e Estudantis, Movimentos de. N:io-Vfolfncla, e com todos :aqueles que nos Poderes Constituídos, nas Forças Armadas c na sociedade cm j,tCral se sentem feridos cm sua cQnsclênC'la de homens, por e.-,'t.a sllu:i(iio.

2. Conclamaruos o Povo de Deus a comparecer no dia l de- no·,e:mbro nas Cate• draJs das Dioceses, à Missa vtsptrtlna. por lntençiio dos desap;1rtddos, dos que so(ttm nos drcert-S, t: por alma dos que mo"cram vfllmas de qualquer tipo de vlolêncln. Eni todas :lS Mlms do dia 2 ou 9 de nOví.lm• bro, nas Paróqufa.s de nOSS:às Dioceses, f:t. ç-n-se ::i Jcltura deste documento. 3. Como cxprcss.:iio de ptnitênda e sú• plica do povo e dos Bispos do Esto.do de São Pauto, wnvldamos a todos pnra um dia de or:içtio e jejum na sexla-(dra, 14 de no,·e.mbro, pedíndo n J)eus: pela Paz e pela JU.bii(a cm nossa Pátrl.11.

4. Convidamos nossos Irmãos de outras Confissões que se unam a n6s cm .-,11:'ls 1>rt:ces, pelas intenç~ expostas. Oirigimo-nos aos que detêm m.uior parcela de rcspons.'lbJlldade por C$la sJhmç5o, instando t-m nome de Deus, a quem os ptnsruucntos t intenções dos homens não são ocultos e que a cad;, um h:'i de jul~Ulr se,:nmdo ns suas obras (d. 1 Cor. 4, 5; Tg. 2)1 pa.ra que ~ c-oloqueru., com ::tios e pa. lavras, cm ra,•o r da dcfes11 e afltmllt:iO' dos Oireilos Hum:mos, tanto no Judklllrio C'Omo no LeJd.SlaHvo e ~ xt-cuth·o. Tcrminllndo es1a meru,ag(':m, lembramos .1os opressores a Palavra da Escritura : i•JUs que- a vot do s.1.n~ue dC" teu lmiiio clama por mim desde :i ttrra11 (Gên. 4, 10). ''N:io mata.r:is'' (Ex. 20, 13). "Não oprimaç teu Irmão" ( U'v. 15, 14). Certos <lc que ''a trtbul:~áo prodttz a cons:tilncia. e csla, .- e~'J')ernnça" (ltom. 5, 3-4), confiamos que os homens de boa vonlndt c.tt-utcm nos...,a Pafavr.1 de Pastort.s.

lh1id , 30 de outubro de 1975.

3


Lições da Revolução Francesa

·

Nos salões, o sofisma e a frivolidade preparam o terror

VOLTAUtl!

Busto por Houdon, Museu do Louvre ARIS. 30 DE março de 1778. Desde as primeiras horas da manhã, magotes de pessoas das mais divérsas categorias, idades e situações - povo simples, conierciantes abastados, aristocratas, clérigos, homens, mulheres e até crianças reunidos cá e lá conversam em tom respeitoso, mais sussuram do que conversam, sobre o assunto do dia: a chegada de um personagem quase mítico, que arrebata todas as atenções. Uma atmosfera quase religiosa reina em toda a cidade. As pessoas não ousam quebrá-la e quando alguém se

P

aproxima de uma das rodas, os outros informam pressurosos : "Ele chegou. , , Já o viste? Passará por aqui. Paris inteira o receberá". E, de gru. po em grupo, a conversa pouco varia, As horas passam e os grupos aumentam. Pouco a pouco vai-se aglomerando uma verdadeira multidão. As janelas do alto das casas se abrem e olhares ansiosos dirigem-se para as extremidades da rua. A multidão forma como que um gigantesco ente, animado por um só sentimento, uma só expectativa, t como um animal enorme, que arfa, tenso, à espera de um acontecimento extraordinário e cuja ondulação dorsal é o efeito da movimentação de mil células constituídas pelos mil indivíduos que se movem . Paris se agita desde que ele chegou, já há alguns dias. Nas ruas, nos cafés, nos salões só se fala d.ele, Até mesmo as costumeiras intrigas são esquecidas. Seu nome é aclamado sem cessar nos espetáculos, nas praças, oa Academia.

• • • Ele se hospedara no palacete de Madame Villette, na Rue de Beaume. Nesses dias, Madame não teve sos-

sego. Visitas e mais visitas. Madmue de Polignac, M"dame de Necker, uma embaixada da Academia, a Comédie Française1 Ministros do Reino, estrangeiros importantes como Benjamin Franklin lotam a casa para homena• gear o hóspede ilustre. Sua volta do exílio fora apoteótica. O iriunfo começara já no início da viagem. A sua passagem, os aldeões choravam. Em Gourg, a multidão o reconheceu e deu-lhe os melhores ca· valos; ,em Dijon, foram os jovens da cidade que lhe prestaram serviço como criados. . O auge de sua glória será nesse 30 de març<>, cm que o povo o espera como um messias. Embora estivesse na cidade há vários dias, uma forto indisposição o impedira de sair. Ele chegara até a pedir um confessor. . . Hoje sua saúde havia melhorado e ele resolveu sair a. qualquer custo, pnra ir ao teatro. Saiu, e Paris inteira o seguiu. O movimento mais intenso começou no extremo da Rua de Beaume, crescendo à .medida que sua carruagem avançava. A multidão não se continha. Paris enlouquecera. Brados de "Viva!" .. 016ria, gi6ria ao homem

universal" ecoam por onde ele passa. Das janelas, caem flores. De um convento, Religiosas olham o cortejo com indisfarçável admiração. Alguns chegam a oscular os cavalos de sua carruagem. Uma ala se abre entre a multidão compacta e delirante. A carruagem azul, semeada de estrelas douradas, se aproxima e pára; todos se comprimem para ver descer o esperado personagem: um velho .esquelético de 84 anos, vestido de veludo, e com uma pequena bengala . E le sorri, os olhos faiscam de prazer. Na Comédie, toda a Academia o espera. Guardas cercam o carro t! acompanhan, o velho até o camarote. A sua entrada, todos se levantam. Novos vivas, novos delírios, novos aplausos. O público exige que ele seja coroado. No palco, sua estáma é coroada de louros, ,enquanto os espectadores, de pé, bradam voltados para ele: "E o povo que te coroa!" No final, a chuS• ma o leva em triunfo até o palacete de Villette. As mulheres quase o carregam nos braços.

• • • Quem era o aplaudido personagem? Um soberano visitando sua cidade · e sendo homenageado por seu povo? Com efeito, um Rei não teria melhor acolhida, Seria um velho general que voltava do campo de batalha, após hrilhantc vitória?

Não. Não era um personagem régio. Tampouco um guerreiro. Era considerado /i16sofo - na realidade,

era um sofista - e no entanto reinava. Não era general, e comandava. Reinava sobre os espíritos e dominava as tendências, subjugando as vontades. Era um fi/6sofo que Paris recebia quase idolatricamcnte naquele ano de 1778. Um daqueles fi/6sofos dos quais dizia o Ministro Malesherbes que ºpareciam ser os verdadeiro.r reis do século XVIII". Paris, a capital da

filha primogênita da lgreja, coroava naquel.e 30 de março o rei cios filósofos, François-Marie Arouet, aliás Voltaire, o ímpio. E le regre-ssnva à ca,pital, ap6s longo exilio a que fora condenado por suas idéias revolucionárias, cos1umes licenciosos e impiedade irreverente. Luís XV jamais p.ermitira sua volta. Desta vez, porém, o partido ellciclopcdista trabalhara ativamente, e o jovem Rei Luís XVI não teve coragem de se opor, O pretexto para o retorno era a estréia de sua última tragédia Irene. destinada à Comédie Française, cuja representação estava ameaçada de não ser permitida pelas autoridades. Voltaire contava infJuir com sua presença para que a proibição não se efetivasse. A doença o impedira de assistir ao lançamento da peça, que ele só pôde ver no sexto dia de apresentação. Na realidade, Voltaire era um símbolo das novas idéias, e sua presença cm Paris contribuiria possaotementc para a difusão destas. Daí a encenação imensa (cita pelos enciclopedistas em torno de sua viagem de regresso e a triunfal acolhida pelo po,•o da capital francesa . ..

Não, não era a Paris de São Luís IX que assim idolatrava esse inimigo encarniçado da Igreja e da civilização cristã. Era a Paris do Abismo, a Paris do reinado de uma pratcnsa filosofia. Foram os filósofos que conduziram a opinião pública e os indivíduos no sentido da impiedade crescente, que culminaria onze anos mais tarde na Revolução. E os fil6sofos, "verdadeiros reis do século XV/li'\ ti_nham seu trono nos salões. Foi dali que Voltaire conquistou Paris. Como todo filósofo, Voltaire fre• qüentara, durante anos, inúmeros sa• Iões da capital e das Províncias, nos quaii. se tornara o ídolo, o oráculo por todos acatado e venerado. Espirituo· so e anti-religioso, ele fora educado

por um Sacerdote libertino, o Abbé de Chateauneuf. No Colégio dos Jesuítas, onde estudou a partir dos dez anos. era admirado por sua precocidade. Voltaire era o símbolo de uma época, e a época o aclmnava. Mas urge deixar de lado o símbolo para falar da época e dos salões. Falar das cidadelas de onde partia a guerra tendenciosa e ideológica contra o que restava da Cristandade no Ancien Régime. ''A R evoluçtio Fl'ancesa começou

opinião púl,/ica do séc11lo XVIII: ela co,neçou nos sali}es", escrevem os irmãos Goncourt. Dos salões, continuam os Ooncourt, partia para toda a França "um exército de i<Jéias, a /i· losofia, f, . . ] conq11ista11do OS inteli• gências para as "ovidades~ Jam iliari1.mulo os povos com o futuro".

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• • • Foi no século XVU que o salão adquiriu sua fisionomia definitiva e no XVIII que atingiu seu apogeu. Nesses salões comia.se, bebia.se, fazia-se poesia, tocava-se música, dançava-se. Sobretudo, cultivava-se a arte, de bem conversar. Essa Arte que exigia polidez. cultura. espírito, acrescida de um qul! indefinível capaz de tornar as reuniões mundanas vcrdadeirame1\te encantadoras. E o encanto emanado dessas reuniões era poderoso atrativo. "Nada é compará\tel. dizia Voltaire, fl doce vi<la que a'Í se leva, no stio das artes e ,le uma voluptuosidatle 11·,mqiUla e de licada l- .. J O coração of se amolece e se dissolve. como substâncias aromáticas se fundem docemente cm um Jogo ,w:Nlerado e exalam pe,·fumcs deliciosos". O grande pra1..cr consistia cm estar na companhia de .pes-

soas perfeitamente polidas. Assim descreve Madame d.e Oberkirch o charme dessas reuniões: "Sem qspíri;o, .rem elegância, sem a ciência do mundo, 11s anedows, os mU r;adas que compõem as novidades, 1u1o se pode sequer pensar em sei' admitido nessas reuniões cheitls de encanto. Ali somente se conversa. Fala-se sobre os assuntos mais Uv,·es. E uma verdadeira espuma que se evapora e que não ,Jeixa n<1da depois de si., mas cujo sabor é cheio ele agrado. Quan• do alguém o d egusta uma vez, tudo o mals parece insípido''.

O mundo que se fabricava nos sa· Iões e que se derrarnava para fora era de um atrativo extremo C· exercia um verdadeiro império sobre as pessoas.

• • • Por influência dos salões, a vida conjugal tinha decaído muito. O mundo exigia muito da mulher para que houvesse lugar para a intimidade conjugal. "Em um s<,llío1 escreve H. Taine, a mu/i,er com que

Um ano antes do triunfo de Voltaire, morria Madame GeoffrinJ pe· queno-burguesa com algum esp[rito, que reinara sobre os /il6sofos durante quarenta anos. Ela foi ex.cmplo da capacidade de que tinha, mesmo a burguesia, de formar círculos espiri· tuosos como os dos aristocratas. Apesar da formação rudimentar de M adllme Geoffrin, seu salão da R11e Sllint fl<moré foi um dos mais farno· sos do tempo. Madcmoiselle Rodet tomara-se aos quatorze anos, MadC1me Geoffrin, ao se casar com o bom burguês François Geoffrin, o qual juntara pequena fortuna, fabricando espelhos . Monsieur Oeoffrin era espesso de espírito e amant.e da vida pacata. Enquanto a mulher brilhava nas rodas, ele administrava a casa. ·i ; verdade que ele comparecia às reuniões, mas mantinha-se Ião inexpressivo que, quando morreu, alguém perguntou à dona da casa qllem era aquele senhor que se sentava. sempre no mesmo lugar1 sem nunca abíir a boca, e o que lhe havia ac-0ntecido. Ma,Jame Geoffrin respondeu que era seu marido e que havia niorrido; e, sem n,aior pesar, mudou de ?.ssunto.

• • • Isso dito, entremos no salão dessa famosa senhora. A sala é ampla, con\ paredes ornadM de quadros variados. Lá estão obras de Manetti, Vanloo, Boucher e outros. Vêem-se espelhos, lustres, tapetes, cortina.s, candelabros, cadeiras de veludo. Convidados distribuem-se pela sala, alguns sentados, outros de pé, Um personagem lê sua 6ltima obra para os presentes. Outros conversam. Lá estão Rousseau) Montesqui.cu, Diderot, Buffon, Turgot e outros literatos, economistas, enciclopedistas e fil6sofos. Todos são assíduos à Rue Saint Honoré, Madame Geoffrin está sen• tada à direita, e, como quase todas as rainhas d e sal,10, dirige a conver~ sação., harmonizando os .espíritos mais opostos, levando--os para um centro comum. Voltaire, presente em sua estátua, parece a tudo presidir. Nas reuniões de Madame Geoffrin. que preferia a literatura !! a filosofia, o espírito de divertimento nãO' ocupava o maior papel.

• • • Já sua filha, viúva do Marquês de la Ferté-lmbault, era diferente. E la sim, era toda dada aos divertimentos mundanos e não tolerava os fil6so/os. Dizia•s.e que, pela. sua verve, pela sua .exuberância hilariante, ela fazia até dançarem os cardeais .. . A França, como Madame de la Ferté, cada vez se divertia mais. Por todo lado eram bailes, mascaradas e teatros que contagiavam a todos como

Afonso Josefovich

um homem menos se ocupava era a .ma''. Entre marido e mulher estabe·

lccia·se uma verdadeira s~paração. Cada qual tinha sua casa, ou pelo menos aposentos próprios; tinha sua criadagem, seus amigos, suas recep· ções, suas próprias relações. Era de bom tom não viverem juntos. tolcrarcm-s.e mutuamente tudo e serem inteiramente do mundo. ''Entre vl11t<: senhores da Corre, escreve um autor, havia quinze que não viviam com suas SpOsas. Ntula era mais comum e,n P11ris1 e ntl'e particulares". Esta ~ra a

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moral difundida pela -vida de salão - ,;o grantle poder ,la época, que de· via termim1r por aniquilar Versalhes'',

no dizer de Edmond e Jules Goncourt. Penetremos, pois, J,? m alguns desses cenáculos para melhor conhecer-lhes o feitio, e o dos personagens que aí se moviam, bem como as tendências e as idéias que dali emanavam para o "imenso salão, l,a!Jitado por homens ele salão", que era a França pré-revo-

O salão de Madame Geoffrln 4

lucionária.

00/'0'CI.UI NA l'A(IINA

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OBRAS C ITA D AS OONCOURT, e,11110111/ et Jules- "H i.. toire de la société franç.aise pcndànt

la Révolution··. Ed. Flam.1rion, Paris.,

1864. OONCOURT, Edmond ., Jules - "La fcmme au dix-huitiCme siCcle", BibtiotCque Charpenticr, Paris, 1896, pp. 60

ss.

.. Lcs origines in· tclectuclles de la RévoJution Françai• so", Armand Colin, Paris_ , p. 58. A1AUROIS, André - "Voltaire"'. Ed. Pongetti, Rio de Janeiro, pp. 22 ss. A10NORCDIEN, O«>rg,s - "La vic de société aux XVII• et XV!ll• sieclc'', Ed. Hachcttc, Paris. 1950, pp. 288, MA RNET, D(lltiel -

237, 294, 301. TA / NE, Hippolite -

"Les origines de la France contemporainc", Ed. Hachcttc, Paris, 1894, pp, 810, 170, 174, 172, 20 1, 203.


Circular ao Revmo. Clero Secular e Regular e aos fiéis da Diocese de Campos

a comun ao na mao e

OMO N01'IC1ARAM os jor-

nais, a Santa Sé, a pedido de nossa Conferência Episcopal, em rescrito de 5 de março deste ano de 1975, concedeu aos Bispos do Brasil a íaculdade de adotarem, também, a maneira de os fiéis comun·ga.. rem, comumentc chamada Comunhiio ,ta mão, segundo a qual, a pessoa, em pé, recebe na mão a Partícula do Pão consagrado, que, depois, ela mesma Jeva à boca, para então comungar. Semelhante modo de r.eceber a Sagrada Comunhão foi usual nos primeiros sC-culos da Igreja. Já nesse tempo, entretanto, se distinguia do modo profano com que se entregam e recebem na mão ccnos alimentos, como o pão, a fruta, etc. Com e.feito,

Instrução que tal maneira d.e cornun· gar "/01. pllrle ,lat1uela p,eparaçtio que se requer para que ó Corpo tio Senhor .reja recebido com o máximo fruto''

(A.A.S. ib.).

clara quais as hipóteses cm que se vcrifica a com pcnsnção requerida pe· lo bem comum, como condição que legitima a mudança legal. " Isso se ,lá - continua o .D outor Angélico Q11 quando o novo estatuto importa

A norma para a Diocese e

A vista de toda essa argumentação, bem ponderadas, coram Dom;110,

as condições de Nossa Diocese, achamos que, cm consciência, não pode· mos adotar na Nossa circunscrição eclesiástica, a maneira de os fiéis co~ mungarem, chamada Comunhão ,w mtio, e que consiste em o fiel receber na mão a Hóstia consagrada que lhe apresenta o Ministro da Eucaristia.

11u11u1 gra,ule e evidentíssinu, mi/idade llO bem comum, ou quando há uma gra,ule n ecessidade tle mudar, seja pQrque a lei costumeira contém m>w injustiça mtmifesta , seja porque sua observância é sobremodo noclva" .

.Ora, qualquer de Nossos caríssimos diocesanos vê que nenhuma dessas hipóteses ocorre na Diocese, no que respeita à maneira de os fiés com,mgar.em. Pois, o novo modo de comungar não é portador de um grande e

o fiel não estendia. a mão e apanhava com os dedos a Partícula consagrada que lhe oferecia o Ministro da SSma. Eucaristia, à maneira como faria na ação ordinária de receber qualquer coisa de outra pessoa. Segundo o testemunho dos Padres da Igreja, São Cirilo de Jerusalém, por exemplo, do século quarto, o fiel devia apresentar a mão direita aberta cm forma de concha, sustentada por baixo pela mão esquerda. Na mão, que assint tomava a forma de pequena salva, o Sacerdote, ou diácono depositava à Sagrada Hóstia. As mulheres, por seu turno, deviam cobrir a mão com um pequeno pano de linho. Como s.e vê, revestido destes sinais de reverência, semelhante modo de comungar é, cm si, perfeitamente legítimo.

cias ele pão e de vinho. Por tudo isso, exige a concessão da Santa Sé que quem desejar introduzir o novo rito de comungar, faça antes cuidadosa preparaç.ão, e não faculte o novo modo de comungar, a não ser aos poucos. começando por pequenos grupos. Não é necessária grande perspicácia para perceber como, perante a tendência, hoje gcncrnliz...:"lda, de rclaxor tudo quanto demanda algum esfo rço por parte do homem, tais prc• cauções ou não serão tomadas, ou, cm breve. serão olvidadas. Mas, ainda que todos esses cuida· dos sejam tomados, só o fato de a Santa Sé os julgar necessários mostra como o novo modo de comungai'.' não favorece a Fé na Presença Real e Substancial do Deus Vivo e Vcrdadeiro sob as espécies de pão e vinho. Ao passo que a Comunhão recebida de acordo com o modo tradicionaJ, de joelhos, com as mãos postas, cm ,ititude humilde de oração, e recebendo a Sagrada Hóstia diretamente na 1íngua, por si mesmo, desperta no que comunga a rc:.,lidade sobrenatural diante da qual está, convenccndo..o de que não toma parle numa refeição · como outras e sim, que participa da Comunhão de vida com o Senhor de seus dias. a cujo nome, dobram.se os joelhos no Céu, na Terra e nos Infernos (Fil . 2, 10) . '"l"odas estas considerações urgem· Nos a consciênci a a que conservemos na Diocese, cxclusiv.lmcntc, a manei·

que nosso), cresce e progl'lde''. A condição de semelhante florescimento é que não prejudique a integridade ela doutrina. Dentro dessa norma, "or ritos lit,írgicos maiJ' motlernos também s,io rcJ·peirúveis, pois surgiram .sob o influxo do Espírito Santo, que está na / grejt1 até a conswnaç,1o dos séculos (Mt . 28, 20), e seio m eios de que se serve a íudita Esposa de Jesus C risto 111,ru estimular (! procur<1r " santidade do.r /,Qme11s1 '. E Pio X li

aduz a analogin entre a Fé e a disciplina: ••.l'tssim cfJm o ne11Jwm clll6U· co, diz ele, pode, para voltar tls velhas fórmu las usadas pelos primeirfJs con· cílios, rejeitar a formrdt1çáo dll dou· trina, compfJSW e decretada com grande va,11agem, em época po.r terior, pela / grejcl, sfJb a ;nspiraç,io t/Q Espírito Santo, ou reputliar t,s /e;s vigentes para retornar às pre,ycriçóes dllS cm/iw gas fontes do Dfreiro Ctmônico, assim, tr<1/ando--se da Sairatltr Liturgia., não eJ·tarit, ,yrimado de zelo reto e ;,,,e/igente, ,1quele que <1uisesJ·e voltar aos tmtigos ritos e uJ'OS, rep,tdltmdo aS novas formas inlrotlazitlas por dispo-sição da Divi,w Provitlênc,'a" (A.A.S.

39, 545). No mesn,o sentido, lemos oa Cons· tituição sobr.: n Sagrada Liturgia do li Concíl io do Vaticano: "As i11ovações não se i11rrodu1.em tl não ser que uma ve rdadeira e certa neceJ·sitlade da Igreja o exija, e scj,,m feitas com precaução, " fim <lc que as no,•as formas procedam, como <JW! orgm1ica-

A Comunhão na língua Não obstante, com o evolver dos tempos, sob a suave, mas vigorosa ação do Divino Espirito Santo, foi n Igreja explicitando sua fé nos Augustos M istérios do Altar. Aprofundou a reflexão sobre o Dogma eucarístico, sua natureza, sua virtude, e especialmente a Presença Real e Substancial de Jesus Cristo sob as espécies de pão e de vinho. Assim, cerimônias e práticas externas, cada vez mais ricas e apropriadas, foram dando expressão ao sentimento de suma reverência que se deve ao Santíssimo Sacramento, bem como ao sentimento de profunda humildade com que há de o fiel se aproximar da Sagrada Comunhão. Como conseqüência dessa vitalidade da Casta Esposa de Jesus Cristo, introduziu-se o costume de os fiéis, de joelhos e com as mãos postas, receberem diretamente na língua a Hóstia consagrada. É o que declara a Sagrada Congregação para o Culto Divino na Instrução Memoria/e Domin; de 29 de maio de 1969 (A.A.S. 61, p. 543).

Com relação à Conumlu1o na m ão, segundo a Sagrada Congregação Romana, a Comunhão recebida de joelhos e na língua representa, pois, um enriquecimento da vida eucarística. Acrescenta o documento que ·'considirrada, d e modo geral, a situação atual, esse modo de conumgar OEVn

SER CONSERVADO" (destaque nosso). Em apoio dessa conclusão, apresenta a Santa Sé duas razões : a prin1eira, "porque

se funda num costum e tra-

dicio,wl de muitos século~"; a segun• da, mais congcnte, "sobretutlo porque s ignifica a reverência dos fié;s cristãos para co1n a SSma. Eucaristia''. O de· scjo de Roma de que se conserve esse modo de os fiéis comungarem é su· bl inhado por uma resposta antecipada a uma eventual objeção, levantada em nome da dignidade humana, que hoje tanto se apregoa. Pois acrescenta a Instrução Memorlale Dom;ni: ''Aliás, tal maneira tle cótmmgar. em nada diminui a dignidt1de da pessoa naqueles que se. aprox;ma,n de tão

grande Sacramento''. Enfim, como razão última e definitiva, declara a

Portanto, como deixa a Santa Sé à responsabilidade de cada Bispo a adoção ou não do novo modo de co· mungar - recebendo o fiel na mão a Sagrada Hóstia - , após madura consideração, resolvemos estabelecer, na Diocese, como de foto estabelecemos, que a Sagrada Comunhão seja distribuída aos fiéis somente segundo o modo tradicional, a saber, ao fiel, de joelhos e com as mãos postas, o Ministro da SSma. Eucaristia lhe deposite dirctament.e na Jíngua a Par·

notório prov.cito espiritual para o fiel. ou de um evidente benefício para .-,

Santa Igreja cm Campos. De outro lado seria sumamente falso afirniar que a Comunhão, recebida pelo fiel de joelhos e sobre a língua, como se faz na Diocese, envolve uma injustlça manifesta, ou então seja sumamente

nociva. Ocorre. cm segundo lugar, que " própria Santa Sé manifesta seus temores e suas reservas, quanto à CO· munhão na mão, e isso no mesmo instante cm que outorga a faculdade tícula consagrada. aos Bispos de permitirem a Sagrada Comunhão na mão. Razões desta deliberação Com eícito; primeiro, Roma não quer que se imponha o novo modo Além dos motivos expostos na !nsde comungar. Antes, asscguni, cxpli· 1rução Memoria/e Domi11i, julgamos citamen1.c a todo fiel o direito de oportuno apresentar aos nossos carís· exigir que1 o Ministro da SSma. Eu· simos diocesanos, outras considera-- caristia, por mais categorizado que ções que Nos confirmam na Nossa seja, lhe deposite na língua, a Sagradecisão de manter na Diocese, exclu· da Hóstia, de acordo com a maneira slvamente, a maneira tradicional d'! tradicional. - Depois, Roma manda os fiéis comungarem, isto é, receben- que, onde íôr introduzida a nova mado, de joelhos e de mãos postas, di- neira de comungar, não o seja, sem l'Ctamente na língua, a Hóstia con- mais, por um simples decreto. l, presagrada. ciso, diz o documento, que se faça A primeira destas rtLZôes nos é da· uma preparação proporcionada aos da por Santo Tomás de Aquino, perigos, a que o novo modo de coquando tratá da mtidança da lei hu· mungar dá ocasião. Entre as coisas mana, na Suma Teológica, J .a da 2.ª deploráveis que são de temer, o doparte, qu.estão 97, art . 2. Diz o Santo cumento indica a possibilidade de irDoutor: "A m erti mudança de uma rcv.erências à SSma. Eucaristia, o que lei já é, em si, prejud;c,'al ao he m se dá cm vári.ls eventuais profanacomum. Porque fJ costume, fJ hábito ções: mãos sujas. falta de cuidado d e agir ,Je determinada maneira, au- com os fragmentos, distribuição das .-cilia o cumprimento da lei; de manei- Sagradas Partículas como quando se ra que, ainda quando se trate de coi- repartem balas às crianças, entregar sa em si le ,,e. considera-se grave -o as Partículas rnolhadas no Santíssimo que se estabelece contra o costume. Sangue; da parte do fiel, também sair E is que, quando se modifica uma lei. com a Sag.r ada Hóstia na mão, cm extenua-se J·eu poder coercitivo, na vez de consumi.Ja imediatamente, m edida em que scmellumtc mru/ança diante do Ministro sagrado, antes de e.xlinguc o costume. De onde, não se retirar ao seu lugar. etc. Maior se modifique a lei /,ummw a não ser inconvenientcl lembrado pela Sagrada que a mudm,ça compen.re o bem co- Congregação, é a din,inuição da Fé mum do prejuízo que lhe causa a pr6- nos Augustos Mistérios do Altar, espria mudança da lei". Pormenorizan- pecialmente na Pr.csença Real e Subsdo seu pensamento, Santo Tomás de· tancial de Jesus Cristo sob as aparên-

ra tradicionaJ de- distribuir aos fiéis a Sagrada Comunhão: a J?Stes, de joelhos e com as mãos postas, lhes deposite o Ministro da SSma. Eucaristia, dirctamenlc na língua a Hóstia con .. sagrada. Tanto m:,is. quando se vão multiplicando as irreverência. ultrajes e sacrilégios contra o Santíssimo Sacramento do Altar, fatos dolorosos que o novo modo de comungar, segundo o próprio rescrito da Santa Sé, mais ocasiona do que evita, e traz o conseqüente aumento de indiferença com relação ao inefável Mistério do Amor de nosso Deus.

lgrejo, organismo vivo Juntamos, sobre as mudanças na Sagrada Liturgia, e, cm geral, nos costumes de Santa Igreja, as justas ponderações de Pio XII, na sua célebre encíclica Mediator Dei, d.e 20 de novembro de 1947. "A Igreja, diz o Santo. Padre, é um Ol'gan;smo vivo,

..

e por ,sso mesmo. 110 <1ue resf)ella a Sagrada L iturgi<1 e SEM PREJUÍZO OA

INTEGRIDADE DE seu ENSINO (desta-

m e nte, ,lus formas já existentes'• (23).

Na Diocese, não vemos uma necessidade verdadeira e certa que exija a mudança na maneira de os fiéis com ungarem, deixando de receber, de joelhos e mãos postas, a Sagrada Hóstia sobre a lingua, para retornar ao sistema ant igo, recebendo a Sagrada Partícula na mão. Seja esta Nossa circular lidá aos fiéis à estação da Missa em dia de domingo e registrada no Livro do Tombo. Providenciem, outrossim, os Revmos. Párocos, Vigários e Reitores de Igreja, a que, em lugar bem visível, se afixe um cartaz declarando que na Diocese NÃO foi adotada a Comunhão na mão; e que devem, poisJ todos os fiéis comungar de joelhos, com as mãos postas, recebendo a Sagrada Hóstia diretamente sobre a língua. Campos, 1.0 de nov.cmbro de 1975, festa de Todos os Santos

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ANTONIO, Bispo e/e Campos Pe, Henrique Conrado Fischer, Secretário <lo Bispado 5


EUROCOMUNISMO: novo rótulo, velho conteúdo .

EMANAS ATRAS, Enrico Berlinguer, o alardeado secretário-geral do Partido Comunista italiano, e Georges Marchais, seu colega do PC francês, emi1iram declaração conjunta. Pouco depois, o mesmo Berlinguer e Santiago Carrillo, secretário-geral do clandestino PC espanhol, repetiram a exibição. Portanto, três vedetes do comunismo in· tcrnacional encenaram um s/iaw dcslinado a produzir &terminado efeito na opinião públ)ca ocidental. Qual é esse efeito? f: o que pretendemos mostrar no presente ar1igo.

S

A imprensa internacional dedicou largas colunas aos dois fatos. Em geral, os comentaristas afirmaram estar surgindo um novo comunismo, de feitio ocidental e democrático, reticente em relação a Moscou, dissociado dos objetivos do Cremlin. A nova criatura recebeu o prestigioso nome de eurccomunismo. Na essência, os dois comunicados dizem o mesmo. Prometem respeitar as liberdades d.e pensamento e expressão, de imprensa, de reunião e associação, de manifestação, a livre circulação das pessoas dentro e fora do país, a inviolabilidade da vida privada, a liberdade religiosa e a concessão de fatia não &terminada da vida econômica à iniciativa privada. Os eflúvios emanados do novo r6mlo, largamente propagado, · preten· dem sugestionar as pessoas no sentido de que essa nova modalidade marxista, nascida no seio da Europa Ocidental culta e ci.vilizada, recebeu dela influências benéficas. Não é mais a imporlação pura e simples do modelo russo, brutal e sanguinário, mas um estilo risonho e acci1ável desse monstro que o espreita do Leste. Os dois comunicados são um passo mais de já antiga tática comunista.

Enrico BERLINGUER. -

53 anos.

Pertence o uma fom1lio de propriet6rios rurais de origem cotolõ do

Sardenha. Filho de um deputado $Ocialista, tornou-$e marxista fan6tico ainda muito ;ovem, lutando ,X,· lo legalização do Partido Comunisto em S6ssari, o'nd!t 1>1ivia. Atraiu o atenção do então chefe do Porlido Comunista /lalíono, Palmira To-

Sob diversos nomes, mais idênticos no essencial, os estrategistas do Cremlin tentam levar adiante a fa_lácia do chamado comunismo democrático. Desde os tempos de Stalin - mes-

mo com Lenine -

Georges MARCHAIS. - 55 anos. Militonteyuni,to desde a iuvenlude, passou o ocupar o cargo de se<:retório-gerol do PC franc6s, em 1972. Suo grande preocupação tem sido unir os e,querdos e obter o apoio dos católicos progre$$islos. Ne$$e sentido, merecem menção seus conchavos com o chefe do Partido Social/da, François Millerond, e suo ,preseriça no encontro nacional do JOC {Juventude Ope· · raria Cat6/ica) france,o, realizado em 1974. Embora o PCF iomois lenha negado sua aprovação às vfolências cometidas pelo seu cong6nere português - no que discrepo do PC. italiano - o recente encontro entre Marchois Berlin-

essa manobra vem

sendo utilizada. Mais recentemente, a malograda tentativa do comunismé à chilena do suicida Allende representou mais um exemplo. A malsinada revolução do cra.vo e tio fuzil em Portugal tentou repetir a ulopia. Na Itália, a política do compromisso /Jist6rico, baseada na aliança de católi- · cos e comunistas, supõe a adoçãÓ de métodos democráticos da parte dos comunistas. Carrillo a propõe para a Espanha. E Mário Soares confessa-se partidário dela. Por que tanta insistência? Nunca o comunismo conseguiu su· bir ao poder por voto majoritário em eleições livres. Alguém dirá: " Sim, em 1970, no Chile". Não é verdade. Allende foi candidato da coligação partidária Unidade Popular, que in· cluía -p artidos não-marxistas. Além disso, só obteve 36% dos votos.

bra no ,enlido i/e aparentar ao, olhos do público um di,tonciomento d~ Moscou, para inaugurar na Europa um comunismo "diferente".

mundo

Como lranspô-la? Minando as resistências em três pontos:

gliotti, que '! nomeou membro da Comiuão ..Central, quando contava apenas 23 anos. Encarregado de organizar, a ;uv.entude comunista em 1946, subiu rapidamente na hierarquia marxista, tendo sido durante tr&s anos · presidente da Federação Mundial do Juventude Democr61ico, entidade controlado pelos comunistas. Escolado com todo esmero po· ro agir num país maciçamente ca16/ico, onde se encontro o sede do Papado, Berlinguer preferiu sempre o tático do envolvimento e dos alianças, especialmente com os setores co16/icos progressistas ou democrato$-cristãos. Casado com uma cot6Uco praticante, segundo se diz, apresento-se como pai de fomílío exemplar. É chamado "il morchese" C'o morqu&sº), em alusão o suo ascendência familiar aparer,temente tradicional. E$$o política rendeu frutos consider6veis. Em 1968, foi eleito deputodo com 151 mi/ votos, o maior resultado já oDtido por um candidato comunista em todos os eleições porlomentores italianas. Em 1972, tornou-se secretório-geral do PC/, cuio face passou o ser opre~entodo como sorridente e original pelo, tubos de publicidade mundial.

não-comunista

a

adotarem

atitudes próprias a desarmar os espíritos. As viagens aos países comunistas e os contactos cada vez mais freqüentes muito .contrib11iram para tal. O homem simples imagina ser inconcebível que homens representativos do mundo ocidental, seja no campo po-

lítico, seja no econômico, seja no in· telectual ou até no religioso, tratem tão amigavelmente com funcionários de um regime inimigo per diametrum dos seus interesses e ideais. Daí crê que provav.elmente algo está se modificando para melhor atrás da cortina de ferro.

e Em segundo lugar, a modificação da fachada dos PCs ocidentais, especialmenle em dois pontos que aterrorizam os olhares fixos nas cortinas de ferro e de bambu : tirania e fome. O fracasso comunista em organizar e aumentar a produção, bem como o regime 1otalilário e policialcsco espantam. Daí, as promessas feitas pelos PCs de conceder liberdades e uma fatia da atividade econô-mica à empresa privada. Tendem elas a produz.ir a sensação aliviante de que no Ocidente algo de liberdade e da . farturo ainda continuarão após o triunfo comunista.

o eurocomunismo estará, portanto, apostando no futuro e trabalhando pela paz.

Para colocar esses partidos no governo, os estrategistas do Cremlin contam com o silêncio da Hierarquia católic.a. Esperam centrar a discussão na concessão das liberdades e da porcentagem de participação da iniciativa privada. Entretanto, ,para a dou· trina católica, o comunismo é rcjei1ável não apenas porque tiraniza e espalha miséria , fruto de seu sistema econômico, mas por negar in totum

e Em terceiro lugar, a ·propagação do comunismo difuso. A introdução do progressismo, da contestação, da agressão sexual, do dcmocristianismo, do socialismo prepara as tendências e predispõe os espíritos para a acei-tação da pregação marxista. Exageraria quem afirmasse que cada componente dessas correntes é um comunista no sentido próprio e estrito do vocábulo. Mas ai está pr.ccisamcntc o que a técnica comunista tem de extremamente hábil. E la m.o biliza, nesses movimentos; uma imensa mole de pessoas heterogêneas, das quais só algumas são efetivamente com\tnistas.

Concomitantemente à difusão de doutrinas filocomunistas, a propaganda vermelha difunde a idéia de estar o mundo caminhando para a convergência dos dois sistemas, de cuja fusão resultará um socialismo avançado, construído sobre a renúncia de

todas as ideologias, doulrinas e sistemas. Se tal niíll se der, afirma a pro6

fluência da Igreja é decisiva no Ocidente. Se não, Ela se torna cúmplice da investida marxista. Com dor profunda, milhões de católicos constatarão que os Pastores abriram o aprisco aos lobos. Também um grande movimento internacional de denúncia da manobra do eurocomunismo, articulado pelas lideranças naturais do Ocidente, talvez possa salvá-lo. Quem viver, verá.

gver parece indicar alguma mano-

uma polílica que leva os líderes do

comunismo uma barreira de horror.

mo, a manobra sucumbe, pois a in-

e

e Em primeiro lugar, promovendo paganda, virá a guerra. Quem apoiar

Ora, por toda parte a grande maioria das massas eleitorais é constitulda de trabalhadores. E o que leva esses trabalhadores a rejeitar o comunismo não são complicadas razões econômicas ou sociais, que mal conhecem e cujo enunciado os deixa indiferentes. f: a percepção ao mesmo tempo possante e implícita, de que um mundo constituído de negação dos ideais da Religião, família, p ropriedade e pátria constitui o auge da desordem e do infortúnio. Essa percepção levanta contra o

a Lei Eterna e a Lei Natural. Não bastam as citadas promessas para o fruto deixar de ser envenenado. Se a Hierarquia católica levantar o problema cm sua profundidade e totalidade, atacando com vigor o marxis-

SontiQgo CARRILL0. - 60 anos. Filho de um dirigeple ,ocialida, obróçou bem cedo, os idéias marxistas. Foi se<:relório-gerál do Juventude Socialí,ta olé a fusão desta com o Juvenfude Comunista, em 19 36, do quol resultou o Juventude Socialista Unificado, cuia d;reção assumiu. Durante o Guerra Civil espanholo, foi membro do Junta de Defei!J de Madrid, denito do qual dirigiu o Conselho da Ordem Pú-

Alguént poderia dizer: "No desenvolvimento do tema não foram consideradas as divisões no movimento comunista. Os Parlidos Comunistas italiano, francês e espanhol estão rompidos com Moscou. Não há, portanto, perigo tão grande como o pretenso risco de galgarem o poder. São partidos como quaisquer outros". Pr.ecisamente ai reside a pcriculo· sidade. Se esses três part idos se apresentassem unidos a Moscou, desper· ta.riam vivas reações. A ruptura é de molde a tranqüilizar. Como necessitam acalmar a opinião pública, concluímos que provavelmente essa fissura c-0nstitui mera tática. Mesmo que ela fosse real, o perigo continuaria inteiramente de pê,, Pois o comunismo nos palses ocidentais não é mau principalmente por ser dirigido por Moscou, mas sim por csposa_r uma dou• trina atéia, antinatura), que anima um gl'Upo fanatizado, disposto a impô-la à sociedade a todo custo, pela utilização de quaisquer meios, mesmo os mais censuráveis.

Péricles Capanema

b/ico. Nessa quolidoêle, desen,olveu operações sohgrentas, organizando as terr1veis 11checo1" ,(comi$sÕes de 11 ju/gomento11 e eliminação dos prisioneiros). Assim, entre novembro e dezembro de 1936, de nove o onze mil e,panh6i, foram assassinados, de acordo com os instruções de Santiago <z:arrillo. Em 1937, tornou-se membro da €omissão Centro/ do Partido Comunisto Espanhol. Em 1939,, fugiu poro o México; cinco anos mais tarde instalou•se no França, onde montou o máqui~ no subversiva do Partido. Foi adquirindo preponderéJncía sobre O$ demais chefes comvnislo$ esponh6is; no período 1948-1951, desencadeou violenta peruguição dentro do pr6prio PCE. Ap6s o exp,,rgo, disputou a chefia do Partido, saindo vilorio,o em 1956. Durante o VI Congresso do Pli:E, realizado em Praga, assumiu definitivamente o liderança, sub,tituindo Dolores lbarruri ("La P.osionoria'1) no se· c_relario-gerol do partido. As mãos tinias de sangue de Sontiogo Carril/o não 1/,e favorecem a representação do papel que lhe cobe no comédia do ºneocomunismo" euro• peu. É poulvel gue os eslrotegislas vermelhos esleiam à procuro de outro Berlínguer poro o Espanha.


Plinio Corrêa de Oliveira ÁVll,J, -

A MUlll,ALII.A Ml!DltYAL

o sorriso que fendeu a muralha ELA SEGUNDA vez. neste século, a Espanha se encontra numa encruzilhada . E desta vez as condições cm que a gloriosa nação é chamada a optar são consideravelmente mais trágicas. A afirmação pode chocar. Durante a Guerra Civil, o vento de todas as tragédias soprou implacavelnlente sobre o território hispânico. E ·não foi senão à custa de sacrifícios incalculáveis, que a Espanha sadia e majoritária consegu iu impor-se à outra parte da população, gangrenada pelo comunismo. Agora, pelo contrário, sobe· tranqiiilamcote ao trono um jovem Rei, sob cujo sorriso a nação parece iluminar-se. É bem verdade que há agitações no país. - Ma$ o que são elas em confronto com as convulsões da Guerra Civil? Entretanto, para um observador ponderado, é bem certo que a atual conjuntura espanhola é mais trágica. E isto porque o trágico de uma opção consiste muito menos no vulto dos sacrifícios q ue . possam ser necessários para se optar pelo bem; o mais trágico consiste na indecisão quanto à escolha do caminho verdadeiro. De 1936 a 1939, a grande maioria dos espanhóis não hesitava. Através da luta heróica, pagava o tributo necessário para seguir o rumo que ela reconhecia como indubitavelmente verdadeiro. E a Espanha de 1975' hesita . . .

-

Era assim que o comunismo tentava progredir: a artilha. ria comunista s ubmete o Alcácer de Toledo - glorioso e simbólico baluarte do anticomunismo espanhol - a dois meses de inexorável bombard eio.

1936

• *

Não queremos com isso d izer que a ma,ona dos espanhóis esteja indecisa sobre se deve, ou não, seguir os rumos apontados pelo comunismo. Ela rejeita claramente esse rumo. Mas a indecisão é outra. Até o fi m da ll Guerra Mundial, o comunismo ostentava brutalmente sua mentalidade agressiva e obstinada. S'ua escalada ao poder se definia sempre como uma luta. E sua vitória importava invariavelmente cm uma hecatombe para os vencidos. Aos poucos, CS\'la atilude foi mudando. De aggior11a11,e1110 cm aggior11a111e1110, de dé1e111e em déte11te, o mundo foi acrcditnndo cada vez mais e m um neocomunismo sorridente, afável, quase se diria liberal. E esse new-look comunista foi induzindo um número cada vez maior de _pessoas não-comunistas a adotar perante o adversário uma tática também risonha. As ilusões americanas sobre o acerto de uma distensão com Cuba, alimentadas pela esperança de um acordo com um Fidcl Caslro adoçado, bem demonstram cm que rumo a política do sorriso pode arrastar nã<H:omunistas declarados. Na França, jamais o PC teria ai. cançado tão importante votação sç não tivesse obtido, por razões circunstanciais, a adesão de }ião-comunistas iludidos. Na Itália, os progressos do comunismo se devem muito menos à expansão do PC do que às ·facilidades que os candidatos comunistas, l1abilíssi111os na propaganda, encontraram em eleitores não-comunistas. Para não argumentar mais, lembremos o caso de Portugal. Esse nobre país não teria rolado pelo dcspcnlladeiro, se não fosse a ilusão dos centristas de q ue, a liados aos socialistas e aos comunistas, poderiam resolver os problemas lusos. Ora, a Espanha centrista está dividida . Parte dela crê na eficácia das táticas conciliatórias, e até da colaboração com o comunismo. Há mais. Essas ilusões ~obre o procedimento a assumir face ao comunismo pe netraram até nos círculos outrora mais acentuadamente direitistas. O carli~mo e.st,\ dividido, e o príncipe Sixto de Borbón Parma lançou público ·protesto contra a política pró-esquerdista de seu irmão príncipe Hugo Carlos, pretendente carlista ao trono da Espanha. Ninguém veja nessa profunda dissensão entre espa11hó~ não-comunistas um mero problema de tática. - Na realidade, existe uma questão de tática. Mas esta é meramente subsidiária do grande problema de fundo: o que é o comunismo em 1975? O mesmo urso das estepes, faminto, implacável, de há q uarenta anos atrás? Ou um urso domesticado, que se pode fazer dançar à vo ntade dando-lhe um pouco de açúcar e tocando-lhe um pouco de música . . . ou seja, cativando-o pelas do. ç uras e pelas harmonias da distensão? Diante desta pergunta, os não-comunistas se dividem por toda parte. São como uma muralha fendida . E tanto mais grave é esta fissura, quantQ para ela concorre a trágica polêmica na Igreja. Uns querem manter a política anticomunista segu ida por todo~ os Papas até Pio XII. E outros optam pela Ostpolitik vaticana, inaugurada por João XXIII e levada por Paulo VI ao extremo que nossos ol hos fitam estarrecidos. Na Espanha, dois dos setores o utrora mais dinâmicos durante o A lu1111ie11to - católicos o requetés carlistas - hoje estão enfraquecidos pela d ivisão. Os católicos, em razão de um Pontífice déte111ista; e os carlistas por um pretendente do mesmo jaez. A muralha se fendeu ... - Sim, e daí?

• • • Não disponho de espaço para responder à pergunta: para onde caminhará a Espanha? Mas, pelo menos, posso dizer por onde tentará avançar a Rússia. Obviamente, pela brecha que seu sorri60 abriu na muralha do adversário. Sorrindo, o Cremlin conseguiu vantagens maiores do que alcançara com as violências mais desabridas. E já, que isto é assim, quem pode duvidar da sinceridade de sorriso taticamente tão bem suced ido? Por detrás da máscara risonha, a Rússia não mudou. - Tcr,í mudado a Espanha? Esta se encontrn , no momento, sob a pressão da maior tentação de sua His. tória. Um Papa, um pretendente carlista aconselham :, abraçar o urso que vem cm direção dela, risonho, e de garras encolhidas. O jovem rei concede a nistia a alguns maus espanhóis, agentes da Rússia. Rezemos pela Espanha, nesta grave encruzilhada, ou melhor, nesta suprema tentação. Nossa Senhora do Pilar poderá atender nossas orações, e as de tantos espanhóis cautos, lúcidos e cheios de fé vigorosa.

-

39 anos depois, a tática mudou completamente: com proveito para Moscou, o anticomunismo é a tacado pelo "centrismo moderado" que visa isolá-lo, enfraquecê-lo e inutili.i á.Io. A far:lndola dos inocentes úteis, dos "Kcr',!'skys", dos colaboracionistas de todo o naipe e matiz. Mas, se a tática mudou, a essência da luta é a mesma: o extermínio do que resta de c.ivili1.ação cristã e de ordem natural. Embaixo, duas figuras da Espanha contemporânea - uma pertencente ao clero e outra ao laicato - que simbolizam bem o novo p erigo a que está exposta a nobre nação ibérica.

J9 7,5

Cordeai Vicente ENRIQUE y TARAN-

Jooquín RUIZ-GIMÉNEZ. -

CÓN. - Nasceu em Burriono, Diocese de To,tcso, .,., 1907; foi ordenado Sacerdote em 1929 e elevado p Bispo de Se/sono em 1945. Em 1964 foi

figura de projeção nos drculos do es-

Jurista e

querdo católico espanholo. Elo de ligação entre o oposição leigo e ede-

sióstico ao regime. Participou do re· transferido para Oviedo, .sendo pro- cenfe Congresso internodonol do Demovido poro Toledo, Sede Primacial, mocracia Cristã, a cuia ala esquerdo em 1969, ano em que recebeu o Púr- perlence. É presidente do "Comissão pura cardinalício. Em 1971 foi trans- Justiço e Paz" de seu país e Membro ferido poro o Arquidiocese de Ma- do Conselho de leigos do Yoticono. drid. É presidente do Conferência Epi,. Duas frases suas o definem bom: copo/ Espanholo. Aparentemente é o "Qualquer grupo políico deve poder /fder do alo reformista "moderado", organizar•se associativamente sem demos no verdade acoberto com sua ou- claração ide-ol6gico prévio alguma". toâdade e o prestígfo do cargo que "Seria conveniente aprovar um estaocvpo ações claramente subversivos, tuto de partidos políticos, mos sem como o recente Assembléia de Yolle- discriminação ideológica". Em outros cas, proibido pelo poltcio. Além disso, termos, deve-se conceder liberdade dev apoio o Mons. Afioveros, Bispo de ao PC. fsso f( se se coaduna com Bilb-001 quando este desafiou o Gove r- o de Santiago Carril/o, dirigente do no através de uma pastoral, incenti- PC espanhol (clandestino), do necessivando o separatismo basco, o qual, dade de uma co/oboroçõo católico-cono verdade, é manobrado pelos CO· munista na Espanha, como único saiu. , munistos. çao para o pa ,s. 7


Relatório confidencial do Departamento de Defesa dos Estados Unidos

A détente na estratégia soviética TEM-SE INTENSIFICADO nestes últi. mos meses, nos Estados Unidos, o debate público en, torno da política de détente levada a efeito pelo Secretário de Estado norte.americano Henry Kissinger. V07.CS cada vez mais numerosas e autorizadas têm-se erguido para denunciá-la como suicida, face à des1:nfreada corrida armamentista dos russos. George Meany - presidente da AFLCIO, a maior confederação sindical do mundo - afirmou recentemente que a política de distensão com os países comunistas "está baseada na fraqueza norte-americana, na intensificação da guerra ideológica, na corrosão da NATO e na superioridade soviética sobre o Ocidente, bem como no reconhecimen.to por parte deste da propriedade russa sobre a Europa Oriental". Em longa audiência com o presidente Gerald Ford, o líder sindical externou-lhe as preocupações do operariado norte-americano com relação à détente. Na mesma linha vão as afirmações do cientista Edward TeUer - o pai da bomba de hidrogênio - aparecidas na revista Survive, segundo as qua.is, graças à política de distensão com os países _comunistas, os Estados Unidos passaram do primeiro para o segundo lugar em força núlitar e "a Rússia ganhou a guerra". Para o Prof. Teller, a détemc é o meio relativamente inofensivo de reconhecer essa derrota. Mas a divergência mais grave ocorreu no seio do próprio governo yankee. Especialistas da Defense Intelligcnce Agcncy, (Agência de Informações sobre a Defesa), do Departamento de Defesa (Pentágono), prepararam um relatório resumindo as conseqüências desastrosas dessa política em relação ao bloco comunista. Esse documento foi dassüicado como "confidencial e para uso das Forças Armadas", numa tentativ,a de ocu.lrar as sérias divergências existentes entre o Secretário de Estado Henry Kissinger e setores do Pentágono. Algumas semanas mais tarde o relatório acabou saindo a público. Sua publicação teria sido, segundo observadores políticos norte-americanos, a causa da rumorosa demissão de James Schlesinge.r do cargo de Secretário da Defesa. Não deixa, aliás, de ser significativo que~ logo após essa divulgação, o Diretor do De-fensc lntclligence Agcncy, General Daniel Graham - responsável pelo relatório tenha igualmente pedido demissão de seu cargo. Embora dirigido a especialistas, o documento apresenta elementos que justiJicam plenamente as apreensões de incontáveis observadores sobre os riscos da détente e seu significado, pelo que constitui matéria de interesse geral. Apresentamos a tradução integral do texto inglês publicado na edição de outubro último do Washington Report - órgão do Conselho de Segurança Americano - com o

r:ir as crises na consecução de seus objetivos.

chegando até aos limites <la reação norte-americana de, se necessário for, fazer ameaças de intervenção militar.

g) Apesar de haver diferenças a respeito de alguns aspectos especíricos da déte111e, há um consenso a111plo a respeito da efetividade dessa estratégia na liderança soviética. Não obstante esse consenso e as conseqüências favoráveis dessa política até a data presente, a estratégia soviética de dé1e111c pode mudar. Se os ganhos

que eles prevêem obter às expensas do Ocidente por outros meios lhes parecerem suficientemente atrativos, Moscou poderá comprometer a détc111e. ou simplesmente pôr de lado essa pol(tica e adotar outro curso. Além disso, sua po-

litica de déte111e pode mudar com a queda de Brezhncv e a emergência de uma nova lide-

O Pentágono, em Washington Sede do Departamento de Delesa e do Estado-Maior Combinado das Forças Armadas título Relatório Copfidencial do Departamento de Defesa Americano / A "Détentc" na Estratégia Soviética. O documento veio acompanhado da seguinte Nota do Editor: "Este artigo é reprodução de um Relatório feito pela Agência de Informações sobre a Defesa, do Departamento de Defesa. Este levantamento foi classificado como confidencial, mas acat;a de ser retirado dessa categoria". (Tradução de José Lúcio de Araújo Corrêa)

déte,ue, isolar a China, deixando pendente as

possíveis oportunidades para os soviéticos explorarem, quando os atuais líderes chineses deix.arcm o cenário. A détente também serve à necessidade soviética de evitar uma coníron-

tação simultânea nas frentes Leste e Oeste. e) De acordo com o ponto de vista soviético, a déteme os está colocando mais próximos dos objetivos táticos e estratégicos. Eles têm razões para acreditar que os seguintes fa-

a colocarão de lado por pequenos motivos. Portanto, quando a URSS estiver comprometida com a détente. os EUA podem ,exigir mais em suas negocia~ com os soviéticos. E não

devem hesitar cm pedir preços cada vez mais altos por toda pequena concessão que o Ocidente deseje fazer.

.

Argumentação

a continua modificação na correlação de

forças a seu favor . .cm todo o mundo;

e

PARA OS SO V t E:tJCOS. a déte111e visa facilitar a con~ução de seu objetivo último: a dominação total do Ocidente. Este relatório

examina os progressos feitos pelos soviéticos ru..

mo a s.eus objetivos táticos e estratégicos sobre tt

h) Até aqui a déte111e tem servido aos objetivos soviéticos muito bem. Por essa r:.11.ão, não

tores estão a seu favor:

* • •

rança.

dére11re1 e emite alguns juízos, bem como faz

algumas previsões para o futuro.

a postura estratégica comunista com re-

lação aos EUA diminui a possibil idade de uma guerra nuclear geral. maS ao mesmo tempo, mantém a possibilidade de significativas vitórias políticas sovié1icas;

• o crescente desenvolvimento da capacidade milicar convcncionat'da URSS, que ocorri! ao mesmo tempo em que há umtl tendência no Ocidcn1c para reduzir suas forças militares;

A estrutégia J • Como já vimos. a détentc implica num relaxamento de tensões, e nurn processo pelo qual o clima de distensão é cada v~z mais re-

rorçado. Mas, enquanto para os EUA a dé-

• o ambiente -político no qual eles podem conseguir concessões substanciais do Ocidente nas várias negociações entre o Leste e o Oeste. a respeito do controle de armas e da segurança;

Sumário

o reconhecimento das vitórias soviéticas

na li Guerra Mundial na Europi,; • a) A détente impJica nurn r~laxa1nc11to de

tensões e num processo por onde o clima de distensão é cada vez mais reforçado. Mas, enquanto nos Estados Unidos há uma tendência para se ver a tlétente como um fim cm si mcs· mo, na União Soviética ela é vista apenas co-

os crescentes problemas e a desunião dos

paises ocidentais com relação à sua própria polílica inlcrnacional e aos assuntos de segurança; • uma certa liberdade de movimentos para

poder tratar o seu "'problema chinê$"; •

um ac.csso cada vez. maior ao comércio

mo estratégia para a consecução de objetivos

e à tecnologia ocidentais.

comunistas bem mais amplos, bem como de· senvolvcr manobras táticas sem causar o tipo

í) A interpretação soviética da dé1e,11e, requer que o Ocidente continue a aceitar certas

de preocupação que poderia galvanizar o Ocidente e levá-lo a uma séria reação. De acordo com os soviéticos, a dérente - ou. como eles a chamam, a ''coexistência pacífica" -

tornou.

se possível porque o Ocidente foi compelido a reconhecer a mudança que está havendo na correlação de forças entre os dois blocos, e. como conseqüência, ele está procurando se acomodar ao crescente poderio da URSS. b) Os objetivos estratégicos a longo prazo

condições: não pode interf.erir nos Estados comunistas e cm outras regiões onde a posição

politica da URSS sobrepuja a do Ocidente. Na terminologia soviética, não pode haver expor-

tação de contra-revolução. Eles esperam que o Ocidente atue cada vez com maior prudência, cm qualquer crise que possa levar a uma confrontação entre as superpotências. Contu-

do, os soviéticos estão preparados para expio-

dos sovié1icos, que a détente visa levar a cabo.

podem ser resumidos genericamente pela pa1:ivra "dominação'', e incluem: a quebra das

alianças entre os ocidentais; a expulsão da presença n,i)ila.r norte-americana da Europa. ;1 conquista completa da Europa Ocidental e o

-

-" ' _, 1 J

1

cstab.elecimento de uma super-unidade soviéticrt mundial, conseguida atrav6s da influência

política, militar, tecnológica e econômica. Por outro lado, a dt!1e111e tem facilitado a expansão nuclear estratégica dos soviéticos e o desapareci:-ncnto da superioridade norte-americana cm todos os campos militares, sem que isso

esteja provocando reações no Ocidente. c) Um ponto básico da <létente soviética é evitar a guerra nuclear. Apesar de esse ponto se constituir num i.mpcrativo apenas quando os EUA tinham superioridade nuclear, os SO· víéticos elevaram esse princípio como um guia

para as relações entre as superpotências. Ao mesmo tempo, eles visam neutralizar as áreas em que a tecnologia superior norte-americana

Henry Kisslnger

Seu jogo distensionista agrada aos russos 8

coloca a URSS cm desvantagem. . d) Os objetivos táticos de Moscou com " estratégia da détente incluem a mudança das balanças de poder regionais cm favor dos vermelhos. A URSS visa, também através da

A demissão de

James Schlesinger (alto) revela divergências em por Oonald Rumsfeld (à direita. na toto grande. em conf'eréncia

torno da détente. Foi substiluldo noturna com o Presidente

Ford).


... • tente é vista como um fim cm si mesmo, na URSS ela é vis1a apenas como ~stralégia pa~a

a consecução de objelivos comun1s1as bem mais amplos, bem como do desenvolvimento de manobras láticas sem causar o 1ipo de preocupação que poderia galvanizar o Ocidenle e leválo a uma séria reação. 2. A ulilização da clf tet11c co~o estratégia não é nova nas relações dos sov1éltcos com o Ocidente. Lenine, Slalin e Kruchcv entremearam períodos de hostilidade mililante conlra o mundo capitalisla com períodos de clérente, ou, para utilizarmos o termo soviéti~o preferido ''coexistência pacíficaº. Eles assim

agiram n~ defesa de seus_ ~ais a~os int~resses. A presenle liderança sov1é11ca nao havia adolado a ,lé1e11te como sua es1ratégia principal quando ela subiu ao poder em 1964. A cle1e111e foi uma estratégia cuidadosamente calculada, que evoluiu gradualmenic e que recebe'.' o seu imprlmatllr apenas no congresso do Partido Comunisia em 1971. Essa estratégia refle1ia as necessidades soviéticas de fazer frente à coofroniação com os EUA c séus aliados e com a China, simultaneamente; legitimar sua

posição na E uropa Oriental; re~olver yr_oblemas de crescimento da economia sovtét1ca e

do de~envolvimento de sua tecnologia pobre. Ao mesmo tempo, essa estratégia refletia seus esforços no sentido de tirar vantagens da unidade, cada vez mais fraca de pontos de vista; entre os EUA e a Europa Ocidental, bem como de promover os interesses e objc1ivos da URSS no chamado Terceiro Mundo. 3. Existe amplo consenso na mais alia camada da liderança soviélica de que a dé1e11re tem sido um grande sucesso. Ai>esar de haver divergências em Moscou a respeito de alguns aspectos especiíicos de como implementar a détente tais divergências existem apenas com relação, a assuntos secundários, e a doutrina política da clé1e'.1te é apoiada J>Or todos. Atém disso a necessidade que e, s1s1cma sovu!tico cem 'de controlar absolutamente toda a política doméstica e exierior a partir de sua pequena cúpula, permite que não haja nenhum desvio dos rumos básicos iraçados por essa mesma liderança. Além disso, é preciso considerar que Brczhnev colocou todo o seu prestígio a favor da estratégia da cléte111e. 4 . Conforme

por1a-vozes soviéticos têm continuamente enfatizado, a coexistlnâa p<l· e/fica em sua definição mais básica significa o reconhecimento e o ajuste pelo Ocidente, da ·'mudança na correlação de forças'' no mundo.

,\1ais diretamente ela significa a acomodação ao crescente poderio da URSS. Os russos não acreditam que a acomodação do Ocidente será voluntária. Nas palavras dos analisias polí1icos sovié1icos, a própria mudança na correlação de forças, a proliferação de sintomas da esperada "crise do capitalismo'', e "a crise permanente da NATO e das demais alianças imperialistas"' estão forçando as nações ocidentais a reavaliar

sua poli1ica com relação à URSS. Porém, o grau de adesão do Ocidente a essa polí1ica é difícil de ser avaliado pelos soviétie-0s. Do ponto de vista deles, o principal perigo é que o Ocidente, apesar de estar sucumbindo às suas "contradiçóes intrínsecas'', reagirá em deses·

pero - "uma reação que virá das profundidades do capilalismo" . De ae-0rdo com as resoluções do XXIV Congresso do Partido, esse perigo é muito n1aio(' no seio do imperialismo norte.. americano1 o qual representa ainda º:i maior ameaça à independência dos povos e à paz mundial", sendo também o principal obstáculo ao "progresso social". Mais recentemente, essa ameaça à détente tem sido caracterizada pela

imprensa comunista con10

um renascimento das forças do fascismo, no momen10 em que a futa de classes no Ocidente se intensifica e chega ao seu auge. 5. Além desse perigo, os soviéticos lêm dado ênfase a outro obs1áculo ao progresso de sua estratégia de '1cocxistência pacífica": a ne .. cessidade de evitar uma guerra nuclear estratégica. Essa necessidade era uma caracleríslica permanente da poJítica soviética muito antes, da acuai era de déteme. Evidentcmenie ela era muito mais imperativa quando os EUA possuíam uma superioridade nuclear clara so· bre os russos. Apesar das modificações ocorridas na balança de forças mundial, os soviétlcos continuam mantendo esse princípio como guia para as relações entre as sup.erpotências, buscando ao mesmo tempo neutralizar as áreas de competição militar onde a tecnologia supe,rior dos EUA coloca a URSS em desvantagem. A mais notável dessas áreas de competição é a dos ars.enais nucleares em geral' e a dos foguetes ABM em parl_icular. Ass~, os soviéticos procuram reduzir ou neutralizar a pos.sível utilização das armas nucleares norte-a_mericanas. De acordo com o ponto de vista so· viético, o melhor meio de se garantir contrn tal uso eventual é o seguinle:

e

Armazenar um suficiente número de ar• mas nucleares estratégicas, a fim de convencer

os EUA de que qualquer ataque contra a URSS não poderá impedir uma resposta devastadora desta~

e

evitar sempre uma confrontação direta com os EUA, que poderia provocar uma ameaça nuclear;

e

e manter uma guerra de palavras que dê ênfase à probabilidade de que qualquer con-

Dob,ynln, embaixador russo. (centro), assiste lançamento da . Acesso cada vez maior à avançada tecnologia ,norte-amencana

A "coexistência pacífica" não significa uma

do Ocidente é que ela poderia ter instituído

injunção contra todas as formas. de c~nf_lito armado. De acordo com a doutrina soviética,

reformas bá;icas internas, incluindo modific.a·

a ºcoexistência pacífica" "promove a intensificação d.e todas as correntes do processo revolucionário". E o desenvolvimento de "formas pacíficas e não pacíficas de luta pelo poder". O significado de formas não pacíficas é deixado vago nos pronunciamentos soviéticos provavelmente eles não explicam o significado disso deliberadamente. dada a necessidade de evitar uma confrontação militar direta com os

EUA. Mas esse conceito inclui expressamente o apoio às lutas "de libertação nacional"'. E a jul,g ar pela política soviética passada e presente no Oliente Médio. na Indochina, no Subcontinente Indiano, e na África, ela implica cm apoio ativo ·às nações e aos grupos que estão em vias de passar à sua órbita. Em resumo, a tlé1e11te não significa a aceitação do atual status quo intemaciooal, nem que os soviéticos não u1ilizarão a força cm conflitos locais ou r.egionais.

Não obstante sua convicção a respeito da "necessária" mudança global de poder a seu favor, da queda próxima do sistema capitalista e do "inexorável processo da história", os líderes soviéticos estão perfeitamente ci.enles dos problemas domésticos e in1ernacionais que têm que enfrentar. Os próximos anos são vistos como um período de transição no qual poderão melhorar a situação interna e diminuir t>S receios que eles mesmos causam no exterior enquanto, ao mesmo tempo, poderão continuar

cessidad.e de racionalizar e de modernizar sua economia com largas infusões de crédito, tec·

nologia e comércio do Ocidente. Esse imperativo emergiu não apenas dos repelidos fiascos da economia socialis1a russa. mas também reflete os postulados ideológicos do comunismo e as necessidades prementes de um controle absoluto de ordem política e social. Após o fracasso de Kruchev em superar o atraso da economia, os russos tinham várias

opções para melhorar sua siiuação. Eles poderiam aumentar a produlividade dos lrabalhadorcs e melhorar a utilização de seu capital, ou poderiam se concentrar no desenvolvimento da

tccoologia. Se eles investissem maciçamente no aumento da produção indus1rial, isso 1eria requerjgo_uma diminuição dos investimentos e da força de irabalho da agricult11ra - o que é impossível dado o estado marginal de crise permanenie desse setor. Se apenas aumentassem os investimentos de capital na in~ústria, isso teria requerido cortes significativos na ex·

pansão mil itar - o que é igualmente indesejável. Essas soluções, por outro lado, não lhes dariam o avanço tecnológico que o Ocidente e especialmente os EUA já tinham obtido. Outra hipótese para aumentar a produ1ivida<ll! e reduzir o abismo tecnológico que separa a URSS

capital e da tecnologia ocidentais - especialmente da avançada tecnologia 11ortc-amcricana -

não apenas por razões econômicas. Eles

dão grande valor 11 for~• _.econômica prin;ipalmente por sua contribu1çao ao poder nuhlar e político. Assim, a política de déte111e procura facilitar a <:<1ns1rução de uma poderosa base operacional, a partir da qual os objetivos da política exterior soviética possam ser alcan•

çados. A política de déte111e também foi elaborada para a consecução de certos objetivos (undameo1ais ela URSS de longo e de cu rio alcance. Os soviéticos nã~ entendem a superioridade apenas em termos militares simplísticos; seu

conceito também abarca a superioridade polí1ica, tecnológica e econômica. que possa ser

Objetivos estratégicos gerais da URSS

vivência soviética. Os russos vêm o Ocidente

capitalista-imperialisia como sendo empurrado inexoravelmente contrà a par.edc. Eles prevêem

uma possibil idade cada vez maior, de que o Ocidente reaja descspe.-adamente contra a URSS em sua agonia mortal. Se o maior perigo que os soviéticos prevêem é essa reação deses. perada do imperialismo, então a melhor manei· ra de enfrentar o risco é uma clara e reconhe· cida superioridade soviética. Não é provável que exista em Moscou um proje10 detalhado para a conquista mundial. Entretanto, os soviélicos possuem, isso sim,

noções básicas a respeito da estratégia da déten1e, que é desenvolvida, nas várias regiões do globo por meio de fases inter-relacionadas, mas aplicadas desigualmente. Essa tática do tléte11te, esperam eles, lcvá-los-á, eventualmente, à vitória. Enfim, eles buscam conseguir o seguinte: 1.0 - A re1irada da força e da influência residual norte~amcricana na Europa e sua subs1ituição pela dominação soviética; 2.0 -

Erosão da coesão das alianças ocidentais;

3.º - Superioridade qualita1iva no campo nuclear, uma vez que eles já obtiveram a paridade numérica; 4.0 - Aumento da influência soviética no Terceiro Mundo e a sujcição desses países ao poderio soviético; s.0 - O isolamento <I• China no mundo.

Do,niru1ção soviética da Europa Ocidenu,l Enquanto o objelivo a longo prazo dos soviét icos é obter a vitória em todas as frentes, seu obje1ivo-chave atual continua sendo a Europa Ocidental. A est.ratégia de clé1e11te russa procura legitimar a posição soviética como árbitro na Europa Oriental. Na Europa Ociden1al, a estratégia russa procura .enfraquecer regimes tradicionais, encorajar regimes "progres· sistas'' e, ao mesmo tempo, provocar uma erosão no poder e na influência norte-ameri-

cana na região. Mas a URSS tem sido, pelo menos na superfície, circunspecta ao explorar as dificuldades econômicas e as divisões políticas existentes na Europa Ocidental, e entre

ela e os EUA. Talvez isso se dê para que não provoque reaçõ.~s das parles envolvidas. Os soviéticos chegaram mesmo a salvar a Casa Branca de forces pressões do Congresso para efetuar cortes substanciais nas tropas a1nerica. nas na Europa. (A 14 de maio de 1971, quando o Senado americano debatia a emenda Mansíi.eld. para rcdu.zir as tropas norte-americanas na Europa, Brczhnev, de repente, declarou-se disposto a iniciar conversações prelimi-

nares a respeilo do controle dos foguetes M BFR. Esse passo sovié1ico fortaleceu os es· forços do governo norte-americano para derrotar a emenda Mansfield). Por trás desse Ford e Brejnev em Moscou: apesar dos sorrisos, pairam as ameaças. Oestroiers russos no MedilerrAneo: poderio militar para apoiar "ofensivas de paz".

nas nações ocidentais. Os soviéticos necessitavam do comércio, do

Os objetivos estratégicos de longo alcance da URSS podem ser resumidos sob o 1í1ulo geral de ''dominação". Tal ';dominação" não é meramen1e o rcsullado de um processo inexorável da His1ória, predito pelo marxismo-leninismo. Ela surge como uma necessidade para a sobre-

Um dos objetivos iniciais que levou a URSS a o.dotar a atual estratégia de tlétente foi a nc·

comunista.

Além disso, os crédi1os, o comércio e a tecnologia do Ocidente não apenas prometiam o necessário empurrão para a modernização do país, mas tantbém ofcrcc~~m aos sovi~ti~os a alavanca econômica e pohtica para se 1nf1ltrar

a supremacia soviética será conquistada.

maciça mundial; e o evitar a guerra nuclear não implica cm armislício em outras áreas de conflito.

exorlado a liderança do PC a estar preparada para confrontações ideológicas cada vez mais agudas cnlre os sistemas. Os (artigos?) soviéticos que se destinam aos quadros do Pa.rtido expl icam a coexlstência pad/ica sob esse ponto de visla. Do contexto dessa "'confrontação entre os sistemas", o conceito soviético de luta ideológica se refere a algo bem mais imporlante do que apenas a um debate (ilosófico. Ele claramenle inclui a lula política, a qual é entendida por Moscou como abrangendo a conquista política, militar e econômica, tendo como fundo de quadro, sempre, a ideologia

podem levar ao colapso os controles comunistas. A alternativa. portanto, era a de buscar assistência econômica e tecnológica no exterior.

claramente reconhecida em todo o mundo.

Os objetivos

e de paz, Brczhnev, cm algumas ocasiões, tem

trou quão facilmente as reformas econômicas

obtendo vantagens progressivas por todo o mundo às custas do Ocidente. Essa percepção ajuda a esclarecer as observações de Brezhnev aos líder.es da Europa Oriental no início de 1973, quando explicou que a <léte111e representa um intervalo de 10 a IS anos, no qual

flito nuclear regional entre as sup-::rpotências poderia caminhar rapidamente para uma guerra

A clétentc de modo algum estancou a lula ideológica. Poucas noções ocideniais levantam maior ira na liderança soviética do que a teoria de que os dois sistemas estão convergindo e que a ideologia comunista está se desvanecendo. É preciso nos lembrarmos de que a ideologia é o guia supremo e é o que legitima o regime sovié1ico. A ideologia pode moldar para se adaptar a considerações pragmáticas de ordem política, mas ,ela permanece sempre como quadro deniro do qual a esiratégia soviética é planejada. A liderança soviética tem repelidamente dado ênfase à impossibilidade de qualquer relaxamento na luta ideológica. Esquecendo suas 1radicionais profissões d.e amor

ções do centralismo burocrático. Se essa opção chegou n ser seriamente considerada em Moscou' ela foi rapidamenle abandonada após a . crise checoslovaca de 1968. Essa cnse dcnions-

passo, escondia-se o medo de que uma retirada

precipilada das forças norie-americanas pode-

ria incitar os europeus ocidentais a uma ação unida para enfrentar os objetivos soviéticos.

Os russos sentem claramente que o tempo e as tendências irabalham a seu favor. E les podem continuar com sua estratégia gradual ,:; de

progresso por meio de fases, com um risco mínimo. Por isso, não há rar.ões para se acre-

di1ar que haja mudanças nos objetivos últimos sovié1icos na Europa: a expulsão do poderio militar norte~americano e a dominação da Eu. ropa Ocidental.

D eterioração dt1s alúinças ocidenu,is Os soviéticos co1npreenderam que a crise na NATO e nas demais alianças dos EUA é permanente. Pronunciamentos oficiais russos identificam essa crise como sendo uma conquista ta,1gívcl da ·•coexistência pacífica". Fica impJí. ci10 o reconhecimento sovié1ico de que a clé1e11te derruba a barreira do horror, que foi o

principal cio de união dos países ocidentais no ap6s-guerra. Os soviéticos acreditam que. esse processo pode ser acelerado por uma estratégia circunspe,cta que se abstenha de açõ.:::s militares, as quais poderiam galvaniz.~r os aliados norte-

,.

9

5


J'

Outra condição que os soviécicos .esperam que o Ocidente aceile, é a abstenção de qual-

Conclusão da pág. 4

Revolução Francesa

quer interferência militar direta nas suas esferas de influência. como a Europa Oriental.

'

O submarino Gato, que allngfu um submarino russo em missão de espionagem Moscou não desiste de seu objetivo: a conquista do mundo livre

americanos num esforço concentrado para fortificar suas defesas. Assim, a URSS procura evitar rodo e qualquer alo aberro que direlamente .explore crescentes fissuras nas alianças ocidentais.

corrüúc C1rnu1mentisUt

À

Muicos líderes govcrnamenlais de países do Ocidence escão preocupados com o uso soviético da dé1ente para diminuir os programas mi• litarcs ocidentais. particularmente o melhora-

mento e ampliação dos armamentos estratégicos norte-americanos.

A dé1e111e fez com que se diminuísse os programas militares ocidentais, que os soviécicos não esperavam poder ultrapassar. A déte11te, portanto, ajuda, os soviéticos a ajustar os seus programas mililares às suas prioridade.~ econômicas .e doméscicas. Assim, a tléte11te permite aos soviéticos não apenas conciliar os objeltvos políticos, domésticos e externos, mas também os coloca numa posição de onde eles podem, bem mais efetivamente, influenciar o ritmo da corrida armamentista a seu favor. Se os soviécicos traduzem a superioridade em números precisos e cm combinações e sistemas

de armamentos específicos, é duvidoso. Porém, o lema da superioridade eslá sempre prCS'!nte na busca contínua por mais e melhores vanta. gcns na esfera nuclear. Em matéria de arma· mencos estracégicos, a ,polícica de distensão soviética criou o clima que facil itou os acordos de limitação de annas escratégicas, no qual os EUA concordaram em congelar o seu nível de forças, mas permitiu aos soviéticos continuarem

se expandindo até acingirem a paridade numérica. A expansão da capacidade escratégica so-

bém utilizam a assistência econômica e mili-

tar para criar relações de clientela com alguns países selecionados. A sombra do poder milicar ou através da utilização de sua ajuda econômica e militar, a

URSS espera: 1.0

Cavar ponlos de influência que permitam uma expansão subseqüente~ 2.0 - Obler alavancas dir.etas para atuar en1 conflitos locais ou para influir cm seus r.csultados; 3.0 - Estabelecer assento para a URSS à mesa de todos os graJ1dcs conclaves internacionais que tratem de problemas regionais e -

visem resolver conflitos.

lsola,nento cw China A China provoca uma grande sombra na

estratégia soviética de détente, tanto a curto

quanlp a longo prazo .. A détente serve, de um lado, à necessidade de reduzir as possibilidades de uma confrontação simullânea em duas frcnles; mas por outro lado, .ela visa suslentar (na medida em que isso for praticável nas relaçõ-'.s soviético-norte-americanas) o relativo isolamento da China, deixando pendentes possíveis oportunidades que os soviécicos possam explorar com a morre d.e Mao-Tse-tung e do Primeiro Ministro Chu-En-lai.

A avC1liação soviéticCI Do ponto de visla de Moscou, a détente cslá claramente lrabalhando em seu proveico. Os problemas energécicos e as demais desgraças econômicas que afligem o Ocidente, a instabilidade que reina no flanco sul da Europa, as pressões cxis1en1es em \Vashington para a recirada das tropas norce-americanas do exterior e a oposição a qualquer envolvimento fora do país, combinaram•se para criar um clima no qual os esforços dos soviécicos podem desenvolver-se sem tropeços. Os russos sabem perf.cicamente que o impaclo causado no Ocidence por suas posições militares menos ameaçadoras têm ajudado a desagregar a coesão da NATO e a minar a base racional com que os povos 10

ção soviética de evitar uma confrontação milicar enl re as superpotências r.encce o medo ele um.a escalada: essa preocupação· inibe suas ati.. vidades de risco. Entretanto, o.a busca da con-

viécica, combinada com o valor limitado que os estrategiscas ocidenlais geralmenr.e dão às

secução de seus objecivos, os soviécicos escão

pequenas vantagens nucleares, permitiu aos russos obter estatura em sua força nuclear que

plenamente preparados para ex.piorar crises e situações de conflito - e ameaçar com inter-

elimina a superioridade numérica dos ÉUA, mancida de longa data. A quanlidade considerável. de programas soviéticos de desenvolvimento e armamentos nucleares tem por objetivo conseguir uma vanta,· gem cscratégica que seja poli1icamen1e significativa. A esse rcsp.eito. o desenvolvimento da capacidade soviécica de conslruir uma força similar aos fogueies norce-americanos ICBM causa especial preocupação. Essa possibilidade, cntretanlo, depende.da existência de um período de distensão prolongado e cuidadosamente levado a cabo que iniba o desenvolvimenco normal da tecnologia estratégica norte-americana. A déte11te, ao permitir a expansão nuclear da URSS sem provocar maiores reações ocidcncais, deu ênfase ao progresso soviético no c.tmpo acômico. Isso é muito significativo lendo em vista a doutrina militar russa, que concinua baseada na possibilidade d.e guerra nuclear. O progresso nuclear soviético também permite à URSS explorar os secorcs convencionais de suas forças militares que já são superiores às dos EUA. Os soviécicos exp~ndiran\ não só seu arsenal nuclear; suas forças convencionai~ beneficiaram-se, do n,esmo modo, da tléte111e. Por todos os secores de suas Forç.1s Armadas há uma evidente modernização e me1horias contínuas, juntamente com um programa vigoroso de pesquisas e desenvolvimento militar. O resullado é que as forças soviéticas hoje têm uma capacidade, versacilidade, ucilidade e visibilidade que provocam um impacto cada vez maior de sua política na diplomacia mundial.

Mucwnça no equüíbrio de forças regional Oucro objetivo do esforço soviécico para conseguir a dominação mundial é produz.ir muilanças tangíveis no equilfbrio regional de poder nos países do Terceiro Mundo, a favor da URSS. Os soviéticos têm procurado causar tais modificações pela expansão de sua capacidade militar, notadamente a da Marinha, para estender seus tenláculos por todo o mundo. Tam-

Para Moscou, a crise checoslovaca de 1968 confirmou o ap0io norte-americano a esse princípio. Os soviéticos lambém declaram que não pode haver esforços norlc-americanos para modificar a correlação de forças em áreas onde a posição polílica soviética sobrepuja a dos EUA. Para usar a sua fraseologia, não pode haver a exporcação de contra-revolução. Eles esperam, por exemplo, que os EUA atuem com prudência> abstendo-se de intervenção armada, se uma crise de sucessão su(gir na Jugoslávia. De modo genérico, esperam qu.e a tldte11te faça com que os EUA atuem com prudência cm qualquer crise que possa levar a uma con· frontação enlre as superpotências. A preocupa-

ocidentais aceitam a sustentação dos atuais

níveis dos orçamentos de defesa. Apesar de alguns insucessos limilados (como por exemplo, a emenda Jackson a respeico do comércio sovié1ico-norte.amcricano, os acordos de comércio da URSS com os EUA, com a Europa Ocidental e com o Japão têm-se expandido conlinuamente. A URSS ganhou créditos a longo prazo do Ocidente, a juros que são subscancialmentc menores que os oferecidos aos clientes ocidentais. A tecnologia do Ocidencc está sendo introduzida na economia soviécica, trazendo como conseqüência uma inevi1ável cascata de ulilidades para o setor militar sovit!tico. Nas negociações Lc.sle-Oeste, os soviélicos cêm feito poucas concessões; eles esperam ·beneficiar-se de pressões geradas no Ocidente para produzir resultados. Deixando as aparências de lado, não é provável que a URSS adote uma atitude mais flexível nas fuluras conferências de Segurança E uropéia, em problemas capilais como por exemplo a liberdade de movimento de pessoas e idéi as. Contudo, a posição soviética s6 teve o que ganhar na úlcima reunião de cúpula européia. a qual, no mínimo, legitimou a divisão ·polícica e ideológica do

venção milicar, se for necessário. Na guerra do Orienle Médio de 1973, por exemplo, .:les ameaçaram inter(erir. Acreditamos que nun,a crise futura do Orience Médio, os soviécicos estariam inclinados a testar, de modo semelhante, os limiles da tléte111e.

O futuro Segundo os soviéticos, é " fraqueza do Ocidente que tem tomado a détente uma alternaciva vi/ivel à sua polícica de hostilidade aberta dos anos da guerra fria . Visca por Moscou, a distensão acelerou clarament,e· a mudança da correlação de forças mundiais em favor do bloco comunisca. Os líderes soviélicos procuram aumencar a impressão geral de que os EUA ac-eitaram a .. coexistência pacífica'' e que repudiaram o uso da força porque não mais podem negociar a parlir de uma posição de poderio mililar. De acordo com o ponto de visla soviélico, o futuro da détente depende, então, dct crcs• cenle acomodação do Ocidence à mudança da relação de poder. A ..coexistência pacífica", como eles a vêem, tornou-se uma perspcctiv,t realista, porque o Ocidente tem aceitado tacitarnenle o status quo do pós~gucrra da Europa Oriental e Central. como tem reconhecido a

superioridade do poderio mililar soviético, conforme se vê, por exemplo, nos acordos SALT. Ainda segundo os soviécicos, o desengajamento nortc·-ame.ricano da Indochina aumentou as perspectivas da "coex istência pacífica", e fez com que urna intervenção dos EUA contra

íorças revolucionárias, bafejadas pelos soviécicos, se tornasse rn,enos provável. Na medida cm que a distensão sirva para trazer cada vez maiores vantagens para os soviéticos, ela continuará. Mas ela não es1á entroni1...ada num altar permanente em M.oscou. A atual lideranç., poderá concluir qllc, il luz de novas oporlunidades, uma mudança na déte/1/e poderia fazer com que os· objetivos soviélicos fossem acingidos mais rapidamente. Além disso, a política soviética de distensão poderia mudar com a perda do poder de Brezhnev e com o aparecimento de uma nova liderança. Também é posslvel, sob o ponto de visca so-

viético, que o objelivo úllimo da détente seja atillgido nos próximos 10 a 15 anos. N.csse caso, um novo estágio na política soviética SI? desenvolveria para adaplar-se a nova situação

de fo rças. Alé aqui, a déte11te tem servido aos objetivos soviéticos muito bem. Por essa ra7.áo, eles não se descartarão dela po( peqllenos mocivos. Em conseqüência, enquanto a URSS esciver engajada na cléte11te, os EUA podem escalar suas ex_igências nas negOéiações com os soviétic·os e não devem h.csitar em exigir um preço claramente comparável para cada concessão que escejam preparados a fazer,

tio. Não se compreendia a vida senão com o dis/drce, as metamorfoses, as exibições e os succ.rsos do histrião". Divertimento atrai divertimento, num processo de intensificação crescen~. Pelo fim do século XVIII, as diversões se cransformaram em molecagem. Madame de Genlis conca que cm 1782, numa festa no salão de Matlame Clarence a ceia foi seguida de •'um,, molecagem geral''. com os móveis desordenados, garrafas d'água espalhadas pelo chão. Ela saiu do salão à uma e meia da madrugada, exausta. A aníilriã, M,ulame Clarcncc. ficou sem voz.. com a roupa rasgada cm mil pedaços, esfoladura no braço e contusão na cabeça, mas feliz por hav.cr proporcionado ceia tão alegrei e orgulhosa de que sua festa seria o assunlo do dia seguinte ... Eis até que ponlo as pessoas foram levadas pela frivolidade. Um século que começava com a suavidade dos quadros de Wacteau e do minueto, terminaria na violência da Revo.. lução e do Terror, de que a festa de Madame Clarcnc,e era um prelúdio.

• • • Enquanco o $alão de Mlldame de La FercéImbaull apresentava um dos aspeclos do século XVIII - a frivolidade sensual - o de sua mãe oferecia a oulra face da medalha - o gosco pelas discussões filosó ficas, cheias de sofismas. Enlre Matlame Geoffrin e os fi/6so/os hnvia a melhor troca de bons ofícios. Eles se deixavam dominar por ela, que, cm compensação, dava.lhes subsídios para a con·

clusão da E nciclopédia. Era por isso chamad.t a mãe dos fi/6sofos. Apesar de conservar certa ·aparência d.e re· ligiosidade, M,,dame Gcoffrin contribuiu para que a incredulidade se propagasse pela França e pel.t Europa. Por obra dos filósofos impios e de salões como o de Matlame Geoffrin, foi possível dizer que, nos dias que anceccderam a Revolução, "o ,,teísmo estava u11iversa/.. me111e dij1ilulido no que se chamava a a/Ul sociedade" (Mamei). "Essas idéias, escreve Mongrédien. logo iriam s ubverter tótlt, a sociedade arü·tocrática e mundana. a qual, por umn estrtmha aberraçiío. se cmusiasmava por cltts''.

Assim, pudemos ver resumido nesses dois salões - o de Mar/ame de La Ferté-Jmbaull e o de Matltt111<• Geoffrin - todo o século XVIII. No salão de Mme. Geoffrin .escavam " Razão, a Filosofia e as idéias novas; no de sua fil ha, Mme. de La Fercé-l mbault, encontramos a sátira, a irreverência, a írivolidadc.

• • • Em suma, nos salões estava Voltaire, em es1á1ua e em espírilo. "Lá - comenta o Marquês de Ségur - eram agilados rodos os problemas, eram abaladas todas as crenças. Lá a Revolução próxima se afirmava em teoria. antes de eclodir nos falos''. A superficialidade e o desejo irnoderado de prazer aplaudiam o

sofisma. O salão transformara-se na antecâmara do clube jacobino. Robespierre batia à porta. ·Da janela já se podia divisar ao longe a guilhotina.

~1ENSARIO

com aprovntão tdcs:lásllc:i

CAMPOS -

continente europ.eu, e reconhcc,eu a domina-

ção soviética sobre a parle orienlal. Qualquer que seja o resultado das negociações MBFR,

ESf. DO RIO

DJRJITb R JOSÍS C.01.<)$ CASTIU10 OE ANDRADE

acreditamos que os soviéticos continuarão a

!)lrttorlu: Av. 7 de Setembro 247, caixa postal 333, 28100 Campcs, RJ. Admlnlst,atiio: R. Dr. Martinico Prado 2.11, 01224, S. Pnulo. Composto e imprcsso na Cia. Lithographica

melhorar a sua capacidade de operação no 1ea1ro europ.e u, bem como continuarão a desenvolver o seu arsenal escratégico. Esses aspcclós da détente, que diminuem te,nsões e promovem comércio e trocas com o Ocidente, inevitavelmente trazem consigo aspi-

Ypir:rnga, Ru:i C:tdtte 209, S. P3ulo.

Afflnatura noual: comum CI'$ 50,00; coopcrndor CrS 100,00; benfeitor Cr$ 200,00; grande bcnfoitor Cr$ 400,00; seminnristo.s e eshldantcs Cr$ 3S,OO: América do Sul e Ccntra1: via de- superfície USS 6,501 via nérea USS 8,00; América do Norte, Portugal, E.$panha, Províncias ullramarinas e Colónias: via de superfície USS 6.SO, via :.lérca USS 9,50~ outros países: via de su· perllcie USS 7,50, vi• aérea USS 13,00. Venda avulsa: Cr$ 4,00.

rações para uma maior liberdade na Europa Oriental e na própria Rússia. Os soviécicos vêem .essas aspirações como ameaças fundamentais à URSS, que precisam ser enfrentadas; daí sua rejeição, na Conferência de Segurança Européia, dos esforços ocidencais para facilitar o livre trânsito de pessoas e idéias através das fronteiras. O repúdio soviécico ao acordo de comércio de J972, depois que o Senado

Os pagamentos, sempre cm nome de Editora P:i.dtt Belchior de Ponlts SJC, poderão ser encaminhados à Administração. P:ira mudança de endereço de aSóinanles, é necessário mcncion:u· também o endereço :rntigo, A corrcspOndêncin rclativ:i a .1ssi-

norte. americano aprovou concessões comerciais, mas limitou a concessão de créditos, de·

pendendo da liberalização das leis soviéticas de emigração, cambém devem ser viscos sob essa luz. Não obstante o fato de os soviécicos

natur::,s e venda

interferirem nos assuntos de outras potências~

a URSS denunciou violentamenle os pedidos norte-americanos de liberalização como inaceitáveis, declarando que nenhuma potência pode inlerferir em seus assuntos doméslicos.

uma febre. "Em pouco tempo, como em Veuezn, - cscr.eve Taine - s6 se S(lÍa mascara•

:l\'\11.c;n

deve $cr enviada à

Adminlstrat~o: Desespero ante a re11rada americana do Vietnã

Terã a Europa Ocidenlat o mesmo destino?

R. Dr. Ma"1nlco Prndo 271 01224 S. Paulo


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/';'! !IA . NA Q UE LA mesma regmo ha via w1 s p(l:r/QN'S (JW! velavam u

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faz iam de noite a guar,la ao seu rebanho. E eis que aparece" ;,m1,. 1/c•l 1.:s um anjo do Senhor. e a ela· ridtu/(, ,ie Deus os cercou. e tiveram grmule u•m or. Porém . o anjo tlisse-lhes: Não

tenmis: ,,orq,u., e,'.,· <Jrw vos mumcio uma Jtrtuule alegâa. <1ue tertí todo o povo. Nas• ceu-vos ,w citü1de de Davi um Salvador, (flU! 1- () Cristo S'cnl,o,-. r:: eis o (<1ue vo.i· J'ervirú 1/e) si,wl: l~'11co111rareis um Menino envolto t•m ptmos. e tli.!l'tado mim<1 man;edoura. E subitamente apareceu co,11 o anjo 1mw mu/ ..

1idào da milicia celeste louvando a Deus, e ,lite1ulo: Glória " Deus no mais ,,!to tios céus ..- paz ,u, terra llOs homens, (objeto) dá boa vo11tade (de D eus)" (Lc. 2. 8-14). Uma suave unção sobrenatural, uma santa alegria difunde-se pela terra inteira na noile do Nalal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pois ' 11uio é permitido haver ttisteza, qmmdo nasce a Vida, a q1Ull, ,,cabando com o lemor da morte, nos in/untle a alegria com a promessa tia é terniclade" (S. Leão Mngno, 1.0 Sermão do Natal) . T<>dos os homens têm igual motivo para se alegrnrem. porque - acrescenta o Santo Pontífice - ' 1Nosso Senhor, destruidor do pecado e da morte, assiln como não encontrou 11;,1guém llvre de culpa. do m esmo mo-

'"' veio â u,dos libertar. Exulte o Santo porque se apro.rima o triunfo; alegre-se o pecador porque é convitltulo ao pertliío; te• nha ânimo o gentio, porque é clumuulo pa· rt, a vida" . f para cs.sa ocasião, na qual as graças de Deus descem abundantes sobre a terra, que oferecemos a nossos leilorcs - católicos que desejam ser coerentes com sua Fé e tirar dela todas as conseqüências para o seu procedirncnlo - dois tipos de meditação sobre o Natal. Há múhiplos modos de se meditar sobre este sublim.c terna. Man1cndo-sc nos limites da Revelação e da Teologia. nosso espírito pode voar ele diversos modos nos mais altos horizontes da doulrina católica. de acordo com o movimento da graça no interior d a alma. A tradição cristã, fundamentalmente com os mesmos elementos, tem representado dci modo mais variegado o Presépio de Nosso Senhor, ressaltando ora sua humilde simplicidade, ora sua sublime majestade. Qualquer que t.cnha sido a realidade histórica, o Presépio espelha as infinitas perfeições do Jesus Menino. Assim, contemplando-o podemos alimentar todas as impressões legíti~ mas, santas e sadias e, com estas, compor o ambiente do Sagrado local do nascimento do Deus humanado. Essa composição não será jamais mera fantasia, pois refletirá, de algum modo, as perfoições espirituais de que era portador o Menino Deus.

I Três lições do Presépio

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Convidamos o Jeitor a se colocar conosco, em espírito, diante do Pr.:sépio, a fim de meditar sobre a lição que Jesus quis nos ensinar, vindo à terra naquelas condições, como faz Santo Inácio de Loyola em seus Excrckios Espirituais, Baseia-se o fundador da Companhia de Jesus num raciocínio simples, claro, límpido, que conclui com uma lógica luminosa, a qual arrai poderosamente sem deixar margem a sofismas. Ensina Santo Inácio que Nosso Senhor Jesus Cristo, em seu nascimento, quis dar uma lição aos homens, O mundo, no scnlido moral. compõe-se de pecadores, ou seja, criaturas .cgoistas, que vivem não para Deus mas para si mesmos, e conslitu:m a imensa maioria da humanidade, sobretudo nas épocas de decadência, corno foi a de Nosso Senhor e é a nossa. Buscam os homens, primordialmente, um dos três objelivos dos quais fala São João: o amor desordenado das riquezas, o das delícias e o das honras, Por riquezas entende-se a simples posse do dinheiro. Ê a avareza dos que o procuram por mania, para se sentirem donos de uma grande fortuna. São pessoas de cal modo apegadas ao vil metal que, na maioria das vezes, nem sequer tiram todo o proveito do que possuem, vivendo de modo obscuro, apagado, banal, quiçá miserável. Chamam-se delícias rodos os prazeres que os senlidos podem proporcionar. São, antes de tudo, os prazeres sensuais; depois os prazeres do paladar, da vista, do olfato, da audição. Enfim, tudo quanto uma vida d e luxo poderia proporcionar de agradável e gostoso. Enlendc-se por honras a busca da consideraç.'io dos ou:ros, ser objc10 de grandes homenagens, grandes arenções. cm urna palavra, ter prestígio.

to das pedras nos levasse a figurnr va.gan1en te as abóbadas de uma igreja magnífica, maravilhosa. O berço de Jesus Menino, colocado sob o ponto de c.o nvergência das várias nave..~ imaginárias, modeladas pela natureza. E uma luz oelcste-. toda de ouro. a pairar sobre Ele. O Anjo Gabriel, .lO anunciar a Maria o nascimento de Jesus, dissern: ''Este .rerá grmule, e serú ,:hamado Filho tio Altfs.rimo. O S enhor Deus lhe tlt,rá o trono tle Davi, seu pai. Reinará eternamente sobre a. cm·a de Jacó , e o seu reino não terá fim" (Lc. 1, 32-33), Jaz naquele presépio, pois, frágil criança de régia majestade, verdadeiramente o Rei de toda grandeza e de toda glória, Criador do Céu e da Terra, Deus encarnado feito Homem. Desde o primeiro instante de seu ser, e portanto já no claustro materno, teve mais maje.~tade e grandeza, maior força e poder do que lodos os homens que existiram e haverão de existir. lncomparavclmcn1e mais poderoso do que Alexandre, Carlos Magno ou Napoleão. Conhecedor de todas as coisc1s, infinitamente mais sábio do que São Tomás de Aquino e os maiores gênios humanos. Menino, sim, porém. Sua fisionomia, sempre variável, estampava a majesiade divina, na qual estavam presen· tcs santidade, sabêdoria, ciência ,:. poder suJ)remos. Consideremos enlcvados essas várias perreições misteriosamente expressas no sem· blan1e inefável do M.enino Jesus, Num momento, ao mover.Se, revela sua majestade d ivinamente régia. Ao abrir os olhos, transluz um fulgor de cal profundidade que faz sentir n'Elc o supremo sábio. Cerca-se de uma atmosíera tal, que nimba de santidade lodos os q ue d'Ele se aproximam. lnspira aos que se avizinham profunda contrição de seus pecados, mas, ao mesmo tempo, atrai e santifica. A mística alemã do século passado, Ana Catarina Emmcrich, assim descreve uma vi· são que teve da maravilhosa e.ena natalina: "Vi IIOS,'iô St1lvador qual criancinha pel/Ue11i11a, resplandescente, cujo brilho excediCl a toda luz. na gruta, clcitatlo 11<> tapeie, tliante tlo.s joelhos tle Mt,ria. Parecia..me <Jue ertl muito pe<1wmo e crescia cadt, vez mais, tlicmte tios meus olhos. [ ... ] Então vi e,n redor Anjos em /orm(l l,umana, prostrados em adort1ç,ío clicmte do Menino" (''Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus", Liv. Ed. " Lar Católico", Juiz de Fora, 3.• edição, 1960, p. 42). Contemplemos, pois, aos pés do MeninoJcsus, Nossa Senhora, também Ela verdadeira Rainha, cuja dignidade, majestade e imponência dispensavam trajes nobres e acavios para fazer-se reconhecer. Conta-se que Sanca Tcrcsinha, ainda menina, tinha porte tão imponente que seu pai a chàmava ••minha pequena rainha''. Após a morte da santa de Lisieux, o jardineiro do Carmelo contou, no processo de canonização, que viu certa vez uma freira de costas, trabaJhando, e reconheceu nela a Irmã Teresa do Menino J.csus, Interrogado sobre como pôde identificá-la pelas costas, afirmou que pela majestade: nenhuma freira era Ião majestosa como ela. · Se assim foi Santa Tcresinha, o que di· zer Ue Nossa Senhora?! Imaginemos, pois, a Santíss.ima Virgem - a obra prima da Criação - majestosíssima, transcendente, purfasima, re·zando ao Divino Jnfante. E os anjos, invisivelmente ou talvez em forma visível, a entoar hinos de glorificação. Reinava assim na santa gruca cal a1mosfcra que, pode-se di7.er, ,cm meio àquela pobreza o ambiente era da mais requintada Corte, que nenhum rei terreno jamais conseguiu, nem conseguirá igualar. Ao nos aproximarmos, com suma rcve. rência, de cena ião sagrada, sentimos a g rande-,a do Menino Deus, adorando n'Elc tudo quan10 é nobre, belo, santo. E prosternamo..nos diante da Divina Majestade, modelo supremo de todas as, grandezas e rnajcstadc.ç criadas, simples reflexos d'Aquela Majcs1adc que a Irai lodos as formas de santidade, cnquanro repele para longe de si o pecado, o erro, a desordem, o caos. No encanto, não afugenta o pecador contri10 .e humilde. Grandeza divina que levou os poderosos Reis do Oriente a errar pelos desertos, seguindo a misteriosa csirela de Belém, para depois colocarem aos pés do Sublime Menino suas rique1.as espirituais e materiais. Mas lá também estavam os simples pastores a parl icipar da me-sma 3legria que atraiu os Reis Magos. A grandeza e a majestade de Jesus é acessível a todo<. Só não descansam à sombra da gruta de Belém aqueles que, como Herodes c os fariseus da sinagoga, negavam a verdade que conheciam como tal.

Harmonias e contrastes do Santo Natal O egoísmo humano tende necessariamente para um destes crês polos. Alguém pode, em determinada faSe. correr atrás das três coisas riquezas, delícias e honras mas, depois de ter experimentado todas, acaba se fixando ent uma delas e fazendo desla a finalidade d e sua vida. Pois há no homem uma unidade ontológica que se traduz numa unidade de objetivo. E quando ele não procura a Deus, elege um desses três prazeres como seu fim último. Ora, Nosso Senhor v.cio ao mundo cm circunstâncias tais., a rim de manifestar aos homens que os referidos prazeres nada são comparados aos bens sobrenaturais, à bem• avcnturanç:l .eterna e à grandeza do Criador.

O nada das riquezas Esse Deus infinitamente rico quis vir à terra 5>0bremente. Em seu Presépio, Nosso Senhor Jesus Cris10, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Criador do Céu e da terra juncamente com., Padre Et.erno e o Espírito Santo, Senhor Onipotente de ludo, ensina de modo eloqüente o nada das riquezas, das delícias e das honras. Escolheu para nasC\lr o lugar mais pobre que se possa imaginar: uma manjedoura, sendo revestido p.clas roupinhas que Nossa Senhora lhe preparou, aquecido pelo baío de alguns animais e abrigando-se em uma moradia que não era de homens, mas de animais. Nasce1\do em tais circunstâncias, o Verbo de Deus Quis patentear aos homens quanto devem eles ser indiferentes às riquezas. Se estas, retamente usadas, podem trazer alguma felicidade temporária e imperfei1a, com freqüência são causa de muito sofrimento, angúsl ias e até tragédias . A Sagrada Família sempre procurou, cm primeiro lugar, observar cm tudo a vontade divina, recebendo o cêntuplo já nesta terra, conforme a previsão do Evangelho (Mt. 19, 29). A vida virtuosa causa no ho1ncrn uma felicidade sobrenatural e, mui· tas vezes, lambém natural, Felicidade cão i ncomensuravelmente mais valiosa do que as riquezas terrenas, que levava S. Francisco d e Assis a assim falar, sobre a pobreza, a Frei Masseo: "Companheiro carísslmo, vamos ci S . Pe· tiro e S. Paul<>, e roguemos-lheJ' que nos

ensinem e nos ajudem a possuir o desmesurado tesouro da salllíssima pobreza; pôr· que ela é tesouro tão digníssimo e tii<> di· vino que mio sont<>s dignos de possrú-lo cm nossos vilíssimos vasos; atendem/o <1ue ela é a virtude celeste, pela qual todas as coisas terrena.,· e transitórias são calcadt1l' aos pés e pela qual todo ob., táculo se afasta dia11re tia alma, Cl fim ,le que ela se possa livre·

mcn:e unir cem o Deus eterno. li ela esta vinude, a qual Jaz a alma presa à terra conversar 110 céu com os anjos. Esta é aquela virtude que acompanhou Cristo na crr,1., com Cristo foi sepultada, com Cristo ressuscitou. com Cristo .mbiu céu. e a qual. ainda nesta vida, concede às (dmas que ele·

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lt1 se enamoram agilid<ule para voar ao céu; pt1t'1 o que ela aintla gm1rda as armas tia ,·erdadâra l111mildade e da cáritlatlc" (1 Fioreui, Vozes, Petrópolis, 1964, pp. 32-33).

O nada das delícias Nosso Senhor Jesus Cristo poderia 1er ordenado aos anjos que adornassem seu Presépio com as mais delicadas sedas, os mais agradáveis perfumes, as mais deleitáveis músicas. Poderia ter-se compraz.ido com iodas as delícias materiais legítimas, logo no primeiro momento de Sua vida terrena. Entretanto, para nos dar uma lição, fez exatamente o contrário. D.esejou nascer sobre a palha, material cujo contato áspero nenhum regalo concede ao corpo. Quis es· rar em uma manjedoura, n qual, por mais que Nossa Senhora e São José tenham limpo, pode-se supor que não devia .exalar odor agradável. Não receou tiritar de frio, escolhendo para nascer à meia-noite de um mês de inverno. Como música. escolheu o simples mugido dos animais. Mostrou assim aos homens quanto é loucura fazer das delicias a principal finalidade da vida. Pelo conrrãrio, ensinou como devemos renunciar a elas, desde que seja para a glória de Deus e bem das almas, e na medida em que as mesmas delícias nos dc.<viem de nosso fim último. ainda que isso custe muito sacrifício.

O nada das honras Em Belém, Nosso Senhor quis abslcr-sc de tudo que pudesse ser símbolo da vaidade e do prestígio mundano. É b.crn verdade que Jesus nasceu Príncipe da Casa Real de Davi. Porém, naquc:la época essa Casa tinha perdido seu poder politico, seu prestígio social, suas riquezas, e não era absolutamente nada segundo os critérios do mundo. Mais ainda. Teve o Salvador a intenção rf.,. n--~c~ .. cornn 1101 oária, fora da cidade, porque nela ninguém deu acolhida a São .1v .... ..; ~. f\lOSS,l :-;enhora. Estes bateram de porta cm porta, pedindo hospedagem, mas foram rechaçados, Quis assim o Menino Deus deixar palcntc a loucura dos que, em lugar de servir à causa católica. procuram apena·s aparecer aos olhos do mundo, fazendo dessa vaidade o fim último de sua vida.

II

Grandeza, majestade, acessibilidade Outro modo de considerar o Natal é contemplar a grandeza e a majestade do Menino 'D eus e de sua Mãe Santíssima, aliadas à acessibilidade . Imaginemos a gru1a de Belém. alia e espaçosa corno uma catedral, scl'n arquitetura <lcfinida, evidcntcmt:ntc, na qual o movimcn~

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IIAf01liC]SMO

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TFP norte-americana forma • Jovens no anticom.unismo NOVA YORK O rápido desenvolvimento da Sociedade Americana de Defesa da Tradiçfto, Família e Propriedade - TFP vem exigindo a realização frcqiiente de Semanas de Formação Anticomunista - SEFACs. Nessas reuniões, os participantes dedicam-se a conferências. debates e círculos dé estudos. an1enizados pela apresentação de projeções audiovi-

suais e rcpre..~entações cêr~icas, elaboradas de acordo com modernas téc·

nicas, no gênero. Em fins de julho de 1975, a TFP dos Estados Unidos reuniu mais ele 60 jovens da Costa do Pacífico, cm Bakersficld, Califórnia, para a V SEFAC. Em outubro, novo encontro foi realizado no Estado-de Pennsylvania. no recém-inaugurado centro de conferências da entidade. localizado em um encantador vale, próximo de Shamokin. A VI SEFAC norte-americana estiveram presentes 62 participantes dos Estados de Nova York, Texas, Flórida, Alabama, Connecticut, Massachussets, Pennsylvania, Ohio, Ncw J ersey e Kansas, além de uma delegação do Canadá. Foi analisada a crise do mundo ocidental, com especial enfoque sobre o campo religioso, despertando notável interesse nos jovens que. cm sua maioria, pela pri· rneira vez participavam de um congresso da TFP. O entusiasmo despertado pela SEFAC foi geral, tanto no tocante aos princípios quanto aos métodos de ação - pacífica e legal propostos pela entidade para a solução dos problemas hodiernos.

"C.ovodonga"" encerro componho

MADRID Encerrou-se, na EspanhaJ a canlpanha que a Socic• dad Cultural Covadongn . promoveu, distribuindo 250 mil exemplares da declar-ação intitulada A política de distensão do Vaticano com os governos comuni~1as, também publicada cm outros dez. países da América e da Europa. O documento justifica a legitimidade, para os católicos, de

uma posição de resistência cm face da atual política do Vaticano de aproximação com os regimes comunistas, ?-O mesmo tempo que reafir-

ma "obediência irre~t;trita e amorosa não só à I greja como ao Papa, nos termos pre« ituados pela doutrina católícau.

Universidade norte-americana adota livra da TFP PROVIDENCE O ensaio !Revolução e Contra-Revolução, de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira, foi adotado como livro de texto em uma das ca-

deiras da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Providence, caJ)ital do Estado de Rhode lsland, Estados Unidos. A obra analisa o secular processo revoluciom\rio que vem destruindo a civilização cristã.

como também os princípios e métodos de uma autêntica aç.ão contra.revolucionária. Além da edição original brasileira, lançada em 1959, Revolução e Contra-Revolução foi publicada em francês, espanhol (Madrid, Buenos Aires e Santiago), italiano (Turim e P iacenza) e inglês (Fullerton, EUA).

EUA, TFP visita refugiados do Vietnã

LOS ANGELES Em setembro último, uma delegação de membrÕS da TFP norte-americana fez várias visitas aos refugiados do Vietnã do Sul que se enco ntram em Camp Pcndlcton, Cali fórnia - homens, mulheres e crianças que abandonaram teu país cm d ramáticas condições. Os jovens da TFP distribuíram Rosários e dirigiram palavras de solidariedade e estímulo aos infelizes sul-

victnamitas, que os receberam com cmoçrto e simpatia.

Jovens Canadenses pe la Civilização Cristã MONTREAL Jovens canadense.~ acabam de fundar :\ associa .. ção Jeunes Canadiens pour une Civilization Chrétien.ne, que se propõe a desenvolver ampla atuação no sentido de defender e valorizar o riquíssimo patrimônio destilado pela Civilização Cdstã em seu J>aís.

''Alleanza Cattolica'' ao Cardeal Poletti: virão ·medidas concretas contra o comunismo? EM MEIO AO caos político, desânimo e desorientação que a longa atuação da Democracia Cristã e do C lero progressista vai fazendo imergir a Há.lia, um grupo valoroso e bem orientado de · jovens católicos vem se jcstacando desde há alguns anos em defe.sa da Fé e das verdadeiras tradições peninsulares. Trata-se da i\LLEANZA CATI'OLl CA. o movimento - que conta com núc1eos nas principais cidades do país tem em seu ativo brilhantes campanhas pú· blicas ...:. como a empreendida contra o divórcio nos anos 1972/73 bem como a divulgaç.ã o de livros de orientação doutrinária, promoção de palestras, encontros e reuniões de formação . para jovens. Publica ainda uma combativa revista. CI\IS'l'IANITÀ. Já eslava encerrada a presente edição quando nos chegou ao conhecimento a carta aberta ao Vigário de Roma. Cardeal Ugo Poleui, datada

"CATOLICISMO" chega, ~0111 a presente edição, ao seu nú,nero 300. Dedicaren,os nossa próxi,na edição à evocação dos principais lances e111 que "Catolicismo" foi o paladino das verdades esquecidas, o baluarte na luta contra o progressis1110 e o con111nisnío,

de 4 de novembro e assinada J)elo jovem e dinâmico intelectual Giovanni Cantoni, dirigente da entidade. Não quisemos, en1rernn10. deixar de dar pelo menos notícia d-e la aos nossos leitores. reservando para o próximo número um resumo substancioso e os trechos principais do denso documenlo. Comentando alocução do Cardeal-Vigário de Sua Santidade, em reunião com os Párocos da Ciuá a ALLEANU CAT1'0t.1CA externa a alegria dos c:1. eólicos verdadeiros ante um pronunciamento claro e enérgico contra o co,nunismo, partido de Roma. O Cardeal Poletti havia nessa alocução alertado contra o perigo de a admin istração municipaJ de Roma vir a eair nas mãos dos cornµnistas e afirmara: "O comunü·mo é ainda hoje - como stm,pre o foi e sertí - o uuuerialismo marxista l- . .] quererd sempre um(I Cidade sem Deus.'' Como o Purpurado havia acres.. c-.entado que .. ,a/vez." fosse "nossa·· a c ulpa por essa. situação tão dramática, a AU.êANZA CATrOLICA, cm linguagem cortês e respcitOS<!, pergunta: uCómO lar aquele ,tnossa'"l Plural magestático. m{lis que legítimo em um Príncipe da Igreja e "º Vigário-Ger11/ da Cid,ule de Roma? Referfncia, (I 10,Jos os presentes. ou entlio ,,os católicos. pelo menos os italianos?" E toma a liberdade de lernbrar q ue '' numa sociedade hlerárquica como a Igreja, sem em nada tolher às responsablli1Jades tios m inores e e:UllmOs prontos a confessar desde logo t1 110.t.ta por cérlô cabe nos maiore-s o 1/cver

de respo,uler em grau eminente, nos St,cerclotes maiJ· tlô que aos fiéis. aos que 1êm n plenlttule ,lo Sacer<lócio ma;s ,lo que aos simple.t Padres. e tusim por diante''. A caria aberta. recorda a seguir que a úllima tomada de atitude significativamente anticomunista do Episcopado italiano datava de 1963. E que a ,p artir de e ntão, se houve alguns pronunciamentos isolados e esporá~ dicos nesse sentido, não faltaram, so• bretudo nos últimos tempos, declarações de Prelados nit idamente a fa. vor do comunismo. Entre estes, o Cardeal Michele Pellegrino, Arcebispo de Turim, os Bispos de Gubbio e de Piacenz:,. Orn, "com t>,f fiéis tleformatlos po, pregações desse ripo. como esperar tulministradorc~· que lutem contra a instauraçiio da Cidade sem Deus? pergunta a ALLEANZA. Pedindo perdão pela "audácla'', o documento da Al.LEANZA CATrOI.ICA pondera que. para qu·~ as declarações de anticomunistas não sejam senão veleidade, é necessário que se traduzam cm uma Pastoral ~rnticomunista globalmente articulada, q ue empenhe antes de tudo os Párocos e os 1>re,gadorcs1 para àssim interessar a todo o povo católico. Ao pronunciamento do Vigário-Geral de Roma se seguirão 1ais me· didas reais e concretas? o que auguram de todo coração os membros de Al.,Llt ANZA CA1'i'OLICA. E para essa obra de defesa da. Itália e da Fé, oferecem os ~nodados membros dessa associação. sua colaboração desinteressada.

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O estandarte da Tradição-Familia-Propriedade é hasteado na abertura da VI SEFAC, na Pennsylvanla. CoopeJadore-s da TFP norte-americana levam .conforto espiritual e moral aos refugiados vietnamitas em Camp Peddteton, Calífornia.

ANTICOMUNISTAS DO CONTINENTE REUNEM-SE EM WASHINGTON DUZENTOS E CINQÜENTA delegados de 15 paises reuniram-se no Slatler Hilton Hotel, em Washington. de 25 a 28 de setembro p.p., para a 1 Conferência Jnteramericana pela Liberdade e Segurança, patrocinada pelo Conselho Americano pela Liberdade Mundial (American Council for World Freedom - ACWF). Personalidades de relevo das três Américas ocuparam a tribuna para ressaltar os perigo.~ da détenle - política de distensão com o comunismo - q ue ameaçam o Hemisfério. Entre elas, o almirante J obn McCain, o presidente da Syprema Corte do Chile, Dr. Enrique Urrutia, o presidente da Convenção Constitucional de Cuba em 1940, Dr. Carlos Marquei Sterling, dezenas de senadores e deputados do Congresso norte-americano, além de figuras de destaque no mundo intelectual, como professores de importantes universidades americanas. Constituíam a delegação do Bras il a deputada estadual Dulce $alies Cunha Braga (Arena-SP) ac-011Jpanhada de seu marido, Dr. Roberto Braga, da Associação Comercial de São Paulo, e o advogado José Lócio de Araujo Corrêa, destacado cooperador da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade.

Em vibrante discurso, a deputada paulista denunciou ·a infiltração comunista na grande imprensa, um dos aspectos da ofensiva vermelha em nosso país. Em nome das TFPs da América do Sul, o Sr. José Lúcio de Araújo Corrêa discorreu sobre o tema Revolução e Contra-Revolução, ressaltando a eficácia dos princípios e métodos enunciados na obra que leva esse título - de autoria do Professor Plinio Corrêa de Oliveira, Présidente do Conselho Nacional da TFP - no combate doutrinário à ação revolucionária em nosso Continente. No comunicado final, a Conferência Interamcricana pela Liberdade e Segurança denunciou o perigo do reconhecimento diplomático de Cuba, que teria como conseqüência o favorecin1ento da subversão e da infil• tração marxista na América Latina, a partir da infeliz ilha do Caribe. Alertou também para os inconvenientes que adviriam da entrega do Canal do Panamá ao governo desse pequeno país, incapacitado de defender, por si, a soberania da estratégica passagem. O comunicado terminava com um brado de alerta à opinião pública q uanto à crescente infiltração marxista na Igreja e na imprensa.


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Abrindo uma nova era na História do Brasil católico Q

UANDO Ca1ollcismo surgiu no cenário brasileiro -

há precisamente um

quarto de século - os observadores mais a1en1os da realidade viram no fato algo mais do que o simples aparecimento de um novo jornal calólico. Deram-se conla desde

logo de que era toda uma corrente de opinião que voltava a se afirmar. Que corrente era essa? O que representava?

Quem a liderava? 8 o que pre1endemos responder neste pequeno re1rospecto. no qual o leilor verá como, de fato, o lançamen10 de Catolicismo constituiu um marco importante na história do Brâ·

sil católico.

• • • Foi só por volta de 1964 que a grande maioria dos brasileiros se deu conta da exis1ência de uma crise na Igreja, em virtude da atitude assumida por figuras do Clero e do laicato católico face à política esquerdiumtc do ex-presidente João Goulart. A partir de então os sintomas dessa crise tornaram-se tão alarmantes, que o próprio Paulo VI reconheceu que a Igreja sofre um pr<X:esso de "autodemolição" e que a "fumaça de Satanás" penetrou no lugar sagrado. Como pôde a Santa Igreja - edifício eminco.tcmcnte espiritual, sobrenatural, como tam·

bém imortal por desfgnio e promessa de Deus - chegar tão rapidamente a esse estado, que muitos consideram a m3.is grave crise de sua

História, maior talvez do que a do arianismo e a do pro1estan1ismo? - Na realidade. o incêndio da Igreja no Brasil e no mundo começou bem antes de 1964. Alguns fogachos já se podiam notar nos primeiros anos do pontificado de Pio Xll, ou antes até. nos últimos

do de Pio XI.

desse semanário um grupo de anugos,. todos congregados marianos, que se dedicavam in·

teiramcnle ao jornalismo católico e à direção

grupo do Ugionário sabiam que esse passo poderia acarretar a liquidação do progressismo nascente, mas poderia trazer também à sua

ca16lica paulista. Entre outras figuras de valor pouco comum. destacava-se entre os colaboradores do J,egionário, o Assistente Eclesiástico do jornal, Mons. Antonio de Castro Maycr, Cônego ca1edrático do Cabido Metropolilano, Doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, professor no Seminário Central da Ar· quidiocese e mais tarde da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica. e Vigário-Geral para a Ação Católica. Foi esse grupo de batalhadores que veio a constituir a equipe de Catol.icismo - sob a égide de D. Mayer, feito Bispo de Campos -

própria liquidação. No entanto, era preciso dálo. E . ele foi dado. Consistiu na publicação cm junho de 1943 - do livro Em defesa da Ação Cat6Uca, escrito pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Diretor do Ugionllrio e presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo. A obra aparecia com uma honrosa carta-prefácio do então Núncio Apostólico no Brasil, depois Cardeal Bento Aloisi Masella e o lmprimatur de Mons. Antonio de Castro Mayer, por comissão do Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Em D efesa dn Ação Católica constituía uma bomba de que o grande público pouco

núcleo que mais tarde fundaria a Sotiedade

soube. mas que repercutiu intensamente nos

Brasilei.ra de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade. Procedente de vários focos da Europa, começou a infiltrar-se cm setores religiosos do Brasil, a partir de 1937, aproximadamente, uma mentalidade dominada pela obsessão de conciliar a Igreja com os erros do mundo moderno, mediante a reinterpre1ação dos dogmas, a reforma das leis eclesiásticas, da lilurgia, do modo de ser, enfim, da Igreja . Esse prurido de "modernização" (que apresentava algo de bom, de mistura com algumas coisas discutíveis e com outras péssimas), começou a manifestar-se principalmente em dois movimentos, aliás, de si mesmos excelentes: o movimento lit6rgico e a Ação Católica. Deixando de lado certos fenômenos concomilantes,

gressismo católico.

das entidades ma.is marcantes da juventude

como o maritainismo e outros muito amplos ou complexos, vejamos o que havia, em ger• mem. de pé$Simo nos dois movimentos apon· tados.

• Movimento litúrgico: tendência ao iguali·

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/

meios católicos, provocando aplausos de uns, a irritação furibunda de outros e uma eslranheza profunda da imensa maioria. Nele, Plínio Corrêa de Oliveira denunciava os erros infiltrados na Ação Católica e no movimento litúrgico, mostrando sua semelhança com o modernismo condenado por São Pio X, o qual constitui uma forma ancestral do atual pro,.

As conseqüências - previstas e de antemão aceitas - do arrojado passo dos colaboradores

do Legionário não tardaram em desabar sobre eles. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, que escrevera o livro, perdeu seu cargo na Junta

Arquidiocesana da Ação Católica e a direção do semanário. Mons. Antonio de Castro Mayer - que dera o imprimatur e se solida·

rizara com a obra - passou de Vigário-Geral da Arquidi<X:ese, para simples Vigário-ecônomo da Paróquia do Belcnzinho. Os demais redato-

Legionário, precursor de

Catolicismo

poucas consolações. E como penhor de que assim seja, te concede a Benção Apostólica·•. Esses dois gestos de Pio XII - a elevação ao Episcopado do Cônego Mayer e a carta de louvor ao livro que denunciara os erros do progressismo incipiente - indicavam inequi•

vocamente que o grupo do Legionário gozava da confiança do Papa.

• ••

res perderam igualmente seus cargos no mo-

vimento católico. Sobre todo o grupo baixou a noite densa de um ostracismo pesado, intérmino

Mais ou menos por essa época as fileiras

1arismo religioso pelo solapamento do Sacerdócio hierárquico. identificando e nivelando. de algum modo, nos atos litúrgicos o Celebranle com os fiéis; hostilidade às formas de

envolvendo a todos ainda na flor da idade. pois o mais velho deles tinha 40 anos e o mais novo 25.

do antigo grupo do Legionário eram ampliadas com a adesão de um valoroso contingente

Naqueles anos, o movimento cat6Hco afí.r·

piedade trndfoionais, como a devoção ao Sa·

mava-se em toda a sua pujança e esplendor. Essa expressão genérica designava o conjuuto das associações religiosas e de apostolado -

grado Coração de Jesus, a Nossa Senhora, aos Santos, às imagens sagradas, ao Rosário, à Via Sacra, à espiritualidade de Santo Inácio de Loyola, de Santo Afonso de Ligório, etc.

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Colégio São Luís, de São Paulo. Assim, quando em janeiro de 1951, O. Antonio do Caslro Mayer fundou Catolicismo, era um grupo aguerrido, coeso e ampliado

Mas, de seu lado, o progressismo nascente recebera um golpe do qual até agora não se

que levantava de novo o pendão da luta contra o prog(essismo. Era uma nova era que se abria

refez. Se ele não passa hoje, no Brasil, de uma algazarra infernal produzida por uma minoria atuante e com grande cobertura publicitária, a quem o grosso dos fiéis não acompanha, isso se deve, em larga medida, ao brado de alerta de Em defesa da Ação Católica.

na Hislória do Brasil católico.

• • •

antigas e novas, inertes umas, extraordinaria• mente atuantes outras - que cam.inhava unido

filialmenle a um Clero e a um episcopado coesos e profundamente venerados, onde eram numerosas as personalidades de valor e preslígio. Dentro desse conjunto deslacavam•se as· Congregações Marianas, as quais prestaram à Igreja o incomparável serviço de atrair para a prática religiosa e para as atividades apostólicas legiões inteiras de jovens de todas as classes sociais, quebrando assim o mito de que a Reli.g ião era coisa para mulheres e velhos. Inúmeros episódios da vida nacional deram ocasião a que se afirmasse a fo rça do movimento católico. Em 1933, o já então influente líder católico Plinio Corrêa de Oliveira, com , seus 24 anos. foi o depulado mais votado à Conslituinte Federal (com 24 mil votos, quando bastavam 12 mil para eleger-se), graças

- tudo cm favor de uma piedade mais ºcomunitária*'·

• Ação Católica: tendência a solapar o princípio de autoridade, tornando os leigos virtualmente independentes do Clero; freqüentação habitual de lugares perigosos, sob pretexto de ali levar "o Cristo"; negação da desigualdade harmônica entre as classes sociais;

favorecimento da lula de classes. O recuo do tempo permitc--nos ver como

dessas raízes péssimas brotaram o progressismo e o esquerdismo dilos "católicos", que hoje devaslam largas fileiras do laicato. do Cler<' e até mesmo do Episcopado.

•••

unicamente ao apoio das entidades católicas

de São Paulo. como candidato da Liga Eleitoral Católica - LEC. Todas as reivindicações apresentadas pela LEC foram inscritas na Constituição promul· gada em nome de Deus a 16 de julho de 1934: reslabelccimento do ensino religioso obriga16rio nas escolas públicas, proibição do divórcio, reconhecin1ento de efeitos civis ao

casamento religioso, assistência religiosa às Forças Armadas e presídios, através de capelanias.

• •

Dentro do movimento católico destacava-se em São Paulo o Legionário, primeiramente órgão da Congregação Mariana da Paróquia de Santa Cecília, e mais tarde semanário oficioso da Arquidiocese. O Legionário não era um jornal destinado

ao grande público, mas quase que exclusivamente dirigido a esse mundo um lanto fechado, mas imenso -

que constituía o movi•

mento católico. Nesse meio sua influência era enorme, não se restringindo a São Paulo, pois atingia todo o país, como representante do pensamen10 das forças mais jovens e dinâmicas.

Sob a liderança de Plínio Corrêa de Oliveira, formou-se gradualmenle no quadro redatorial 2

Não podia ser maior a opos,çao entre a~

duas men1alidadcs a que acabamos de descrever. e a representada pelo grupo do Uglonário. E o entrechoque não demorou em se produzir. O embate não se deu desde logo em campo aberto e de viseira erguida. Os erros incubados em setores da Ação Católica e do movimento Ut6rglco vinham sendo espalhados de forma muito hábil, ora mais cxpHcita, ora mais velada. Seus fautores conslituíam uma poderosa contextura, cm nível nacional e internacional,

de solidariedades e cumplicidades mais ou menos ocultas, mas poderosamenle influente. O Legionário foi sutilmenle atacado por ser o porta-voz de uma mentalidade que a trama progressista queria extirpar, para inlroduzir na Igreja o que hoje vemos. Ao mesmo 1empo procurava-se minar as posições de ínfluência que seus redatores, ocupavam no rno-

vimen10 católico.

• • •

Valera a pena o sacrifício.

••

Privado de sua iribuna, alijado das pos,çoes apostólicas, ficava o grupo do Legionário sem os meios de contaclo com o publico católico. Entretanto, o pugilo não se dispersou: alugou

de jovens congregados marianos, egressos do

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O primeiro grande lance do contra-ataque íoi a publicação, por D. Antonio de Caslr,, Maycr, de sua em pouco tempo famosa Ca.rto Pastoral sobre pr{\blemas do apostolado moderno/Contendo um C,atecisrno de verdades oportunas que se opõem a erros contemporâneos. Nesse documento, largamente difundido pelos colaboradores de Catolici~mo, o 1>rogressismo era pulverizado. Assim, com Catolicismo e a Pasloral de D.

uma pequena sede, onde se reunia todas as

Mayer teve início uma nova etapa da Juta

noites, sem exceção, num convívio fraterno e cordial, cm que, a par das orações cm co~ mum. empreendia estudos doutrinários 'e a análise dos acontCcirncntos. à espera da hora da Providência.

contra o progressismo. A familia de almas reunida cm torno de nosso mensário - sob a égide do Sr. Bispo de Call)pos e a liderança do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira - ia crescendo, paulatina e firmemente, com a adesão

Esta tardou quatro longos anos, mas chegou

de novos elementos, recrutados em todas as classes sociais e em todos os rincões do país. Para mais se afervorarem e coordenarem

de modo surpreendente e inesperado: érn maio

de 1948, o Cônego Mayer era nomeado Bispo· Coadjutor, com direito à sucessão, do venerando Arcebispo-Bispo de Campos, D. Otaviano Pereira de Albuquerque. Pouco depois, chegava de Roma ao Prof. Plínio Corrêa d~ Oliveira a seguinte caria oficial, em latim, assinada por Mons. João Batista Montini, hoje Paulo VI, então à tesla da Secre1aria de Estado da Santa Sé: HPalácio do Vaticano, 26 de fevereiro de

esforços, reali>.aram os colaboradores e propagandistas de Catolicismo Semanas de Es· 1udos anuais, tendo sido a primeira cm 1953, com apenas 40 par1icípantes. O último desses encontros, em janeiro de 196 1, foi de tal porte que levou o título de Congresso Lalino-Amcricano de Catolicismo, contando com 400 participantes de todo o Brasil, além de 20 representantes da Argentina. Chile, Colômbia e Peru.

1949. / Preclaro Senhor, / Levado por tua dedicação e piedade filial, ofereceste ao Santo Padre o livro "Em Defesa da Ação Católica", cm cujo trabalho revelaste aprimorado cuidado e olurada diligência. Sua Sanlldade regozija-se conligo porque explanaste e defendeste com penetração e clareza a Ação Católica, da qual possuis um

congregado na Sociedade Brasileira de Defesa da . Tradição, Familia e P ropriedade - TFP, 1odos os amigos que o idealismo, a desventura e a fidelidade dos dias passados 1inham inteiramente fundido cm uma só alma. Estavam lan-

conhecimento completo, e a qual tens em

estendcría também ao campo especificamente

grande apreço, de lal modo que se tornou claro para todos quão ioiporiante é estudar

Pouco tempo antes, cm 1960. haviam-se

çadas assim as bases para o empreendimento de uma açao de natureza mais ampla, que se

cívico e cultural. Por tudo isso se vê como tinham razão os observadores que consideraran1 o aparecimento

Estava em germinaç.ão a maior heresia do século, talve1. até uma das maiores da H is-

e promo,•er tal forma auxilio.r do apostolado hierárquico.

tória. Era imperioso dar, em meio à despre•venção geral, um brado de alarma, que chamasse a atenção de todos. Os membros do

O Augusto Pontífice de todo o coração faz votos que deste teu trabalho resultem ricos e

do primeiro número de Catolicismo - no já remoto mês de janeiro de 1951 - um marco importante na história do Brasil contempo-

sazori:'ldOS fru1os, e colhas não pequenas nem

rân.eo.


Mensagem do Sr. Bispo Diocesano no jubileu de prata de ''Catolicismo'' lNTE e cinco anos! Graças a Deus! Nosso primeiro pensamento, ao findar este quarto de século de existência de nosso mensário, volta-se para o Altíssimo, de onde procede "toda dádiva ótima, todo dom perfeito", num ato de gratidão profunda. Sabemos que CATOLICISMO não teria feito todo o be.m que fêz ao longo destes cinco lustros sem o especial auxílio divino, e a proteção de Maria Santíssima, Senhora Nossa. De maneira que, co1n razão e alma agradecida, nele vemos uma parcela do "datum optirnum et donu,n perfectum", com que o "Pater luminu,n" misericordiosamente abençoa seus filhos que, por sua glória, 1nourejamos neste vale de lágrimas. Vinte e cinco anos! Graças a Deus! Iniciamos nosso n1ensário, ainda sob os eflúvios do Jubileu máximo, publicado por Pio XII, en1 1950. Atendendo ao convite do grande Papa, engaj~o-nos no esforço pelo "grande retorno" do homem à submissão alegre às vistas de Deus sobre a História e o gênero humano.

+

No evolver vertiginoso dos fatos, que se atropelam numa era de angústia, em que o homem se desnorteia em muitas e variadas direções, acompanhou CATOLICISMO as mudanças, mesn10 imprevistas, empenhando-se se1upre por elucidar seus leitores, focalizando os eventos sob a luz da Fé e da Tradição católicas. Em semelhante ação esclarecedora, desenvolvida por nosso mensário neste quarto de século, destaquemos um ou outro ponto mais saliente, pelo i1npacto que tiveram na mentalidade e na ação de muitos fiéis. Assim, merecen1 especial menção as publicações que fizemos dos magníficos estudos do Prof. Dr. Plinio Corrêa de Oliveira: REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO - sobre a marcha da Revolução anticristã; A LIBERDADE DA lGRE· JA NO EsTADO COMUNISTA - sobre a impossibilidade de a Igreja coexistir com um

regime que suprima a propriedade privada; BALDEAÇÃO IDEOLÓGICA INADVERTIDA E DIÁ· LOGO - aguda e sagaz análise da tática para levar, insensivelmente, os católicos a iludir-se com as imagens socialistas. Visando mais diretamente a ordem prática, no momento gravemente ameaçada, CATOLI· CISMO deu pleno apoio à campanha contra a Reforma agrária socialista e confiscatória, que teve, como base, o estudo REFORMA AGRÁRIA - QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA, no qual colaboramos juntamente com o Exmo. Sr. Arcebispo de Diamantina, D. Geraldo de Proença Sigaud, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e o Economista Luiz Mendonça de Freitas. Tal campanh_a muito contribuiu para animar o n1ovimento vitorioso que, em 1964, apoiado pelas Forças Armadas, afastou do Brasil a implantação de um regime comunista.

+

No ca,npo n1ais ~stritamente religioso, CATOLICISMO 1nanteve seus leitores ao par dos trabalhos do II Concílio do Vaticano, e seguiu, - corno ainda hoje segue - a crise que, segundo o testemunho de Paulo VI, atormenta a Igreja, nestes anos posteriores à realização daquele sínodo. Tem, assim, nosso mensário proporcionado a seus leitores os elementos que esclarecem o caminho a tornar, em meio às obscuridades da "fumaça de Satanás", que infesta os meios católicos. Demos, pois, graças a Deus, por isso que CATOLICISMO se manteve, com grande galhardia, fiel cruzado do século XX, na defesa da civilização cristã contra a invasão sutil da ação e do espírito desagregadores da ideologia comunista. Por tudo, dan1os graças a Deus. E também pela generosa colaboração da equipe incansável que, nestes vinte e cinco anos, tornara1n uma realidade nosso mensário, Diretores, colaboradores, funcionários da Redação e da Administração. Bem como pelo valioso apoio de seus assinantes e leitores. Que todo esse trabalho é também uma graça de Deus que, todos, temos que agradecer.

'

Neste marco de existência de nosso jornal, circunstâncias especiais levam-nos, num espírito de j ustiça, a salientar alguns nomes. Em pri1neiro lugar, somos devedores ao Revmo. Pe. Antonio Ribeiro do Rosário, que, por mais de 20 anos, foi o Diretor de CATOLICISMO, ao qual emprestou, além das luzes de seu talento, seu zelo apostólico e o prestígio de sua pessoa. Quando, após o II Concilio do Vaticano, foram os leigos convocados mais especialmente para as tarefas apostólicas que lhes competen1, - uma delas, o apostolado da imprensa - o Revmo. Pe. Antonio Ribeiro do Rosário, de 01uito bon1 grado, cedeu seu lugar ao leigo católico, Dr. José Carlos Castilho de Andrade, a quem aqui prestamos merecida homenagem pela tenacidade, esclarecida dedicação e singular competência com que manteve CATOLICISMO no alto nível intelectual e gráfico com que nossos leitores se acostumaram a admirá-lo.

+

Este jubileu de prata pede-nos, outrossin1, tenhamos uma sentida 1nemória: de nossos inestimáveis colaboradores que Nosso Senhor chamou à recompensa eterna: Fábio Vidigal Xavier da Silveira, cujo ensaio, mundialmente célebre, FREI, o KERENSKY CHILENO, teve sua primeira publicidade nas pág\nas de nosso jornal; Eng.º José de Azeredo Santos, cuja contribuição intelectual assídua valorizou, praticamente, todos os números de CATOLI· CISMO, .durante mais de duas décadas. En1 ambos, teve nosso jornal uma dedicação decidida, inquebrantável e ardorosa. Nossa Senhora tê-la-á apresentado a seu Divino Filho para a recompensa eterna. Concentrando agora, na pessoa do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, alma de nosso jornal, os agradecirnentos a quantos dão a CATOLICISMO a preciosíssima contribuição de sua inteligência, i1nplorarnos de Maria Santíssima as bênçãos e graças para nosso n1ensário e para todos os que contribuem para a sua realização intelectual e material. Que Ela lhes conceda a perseverança no ca1ninho e na orientação iniciada há 25 anos.

'

••at:an:t•~·--·- - - . . . . - - · · · · - ~ - ·

3


ORTODOXIA E BELEZA A SERVI ~o DA CAUSA CATOLICA -..5"

.,,,,.

O

PRÓPRIO da lr;re;a é de 1>rod11tir 11m11 cultura e uma civiliz.11ção eristú. f:; d,,

fundidade as obras e situações mais diversa~. Interrompida nos últimos anos por motivos circunstanciais. CATOLlC.ISMO espera poder restaurar AMBIENTES, COSTUMES, CIVI LIZAÇÕES,

pro,luzir tótios os frutos mu,w atmos~ /era social plenamcntc cat6lica. O cat6/i<:o deve aspir(,r " 1111w ch,ifizaç,io c:at6lica t:omo o homem e11ct,rcerotlo num subterrlb1eo o m livre e o 1Xlsl'llro aprisio,uulo tmscit, por ,,.• cuperar os espaços in/iniros do céu.

atendendo às solici1ações de leitores dos mais variados pontos do território nacional. Junlamente com as máximas de VERDADF-S EsQueCIOAs, essa secção foi o que de melhor esta folha pôde apresentar para o combate à mental idade relativista e aos mitos igualitários que a Revolução universal foz peneirar em todos os domioios.

B esw nossa /ilwlitl<Ule, 110.rJ·o gramlc ideal.

Caminhamos para a civilhaçcio cm6lict1 que poderá nascer tios escombros tio 11uaulQ ,te hoje, como dos escombros tio mrmclo roma110 nasceu a civilii.açiio me,lic"al. Caminlwmo.t para '! co,uJuisu, desse ideal, con, n coragem. o perseverança, a resolução de en/relllar e

l:On,bate à ••tereeir,e-iorça ••

vencer todos os obstáculos. com que o.r cru· tatlo.r 11u1rclwrw11 pt,ra Jert1l'além. Porque. se nossos maiores soubermn morrer para reconquisrar o Sepulcro de Cristo, cômO mio tJue~ remOJ' nós - filho.f ,la lgrejo como i:leJ· lutar e morrer pt1r11 res((mrar algo ,iue V(1/e infinitamente nwis do que o preciosíssimo Sepulcro do Salvador,. isto é, Seu reinado sobre as almas e as societladeJ·. que Ele crióu e salvou para O <111wre111 etenwmente?" (CATOLICIS· Mo, n.0 1. janeiro de 1951).

Tanto se escreveu nas páginas deste jornal contra o socialismo é o comunismo, que acre·

ditamos poder nos dispensar de maiores explicações sobre esse aspecto de CATOLICISMO. Há, no entanto, mais un,1 inimigo que merece destaque.

Trata-se de uma verdadeira

família de almas. Podemos chamá-la terceira·/orça; sua doutrina é o relativismo e sua expressão política mais característica é a Demo-

•• •

cracia Cristã. A terceira-força encontra seus adeptos co-

Essas linhas conlidas: no primeiro artigo de CATOLICISMO indicam o rumo que o jornal deveria seguir ao longo de 25 anos de luta cm busca do ideal da civilização crislã ,mriliberaJ, anti-igualitária, hierárquica e sacral. Esta é a meta, Juminosa c-omo a estrela de Belém que guiou os Reis Magos. tl'ara ela conrinuaremos a caminhar, ainda q ue se anrcponham os maiores obsráculos, como para os Santos Reis foram obstáculos as tramas de Herodes e dos dourorcs da Sinagoga.

tre aqueles que, por comodismo, por má formação ou por má fé, defendem uma pem1ancn1c composição, muitas vezes camuflada,

entre verdade e erro, bem e mal. Em nossos dias, ela visa especialmente uma conciliação da doutrina católica com a comunismo. A terceira-força, por ser

relativista, vive da in-

definição, acendendo uma vela a Deus e ouIra ao demónio. CATOLICISMO mosrrou à saciedade como essa posição tem desviado paulatinamente blocos inteiros de católicos incau-

Ortodoxi,• e co,nbativi,lade Em função da mera, CATOLICISMO e~labeleceu seu programa: defesa intrépida da Fé, visão objcriva da gravidade da crise em que vive o homem contemporâneo. Tivemos o intuito de oferecer aos -católicos brasileiros um jornal que timbrasse cm ser de uma ortodoxia ilibada na defesa da dourrina católica e de uma combatividade ardorosa contra os

A devoção mariana é a fonte na qual todo católico n1ilitante deve haurir forças e energias para poder travar o bom combate. Filhos da Virgem Imaculada, os rcda_torcs e colaboradores de "Catolicismo" registram aqui sua gratidão Aquela que é forte como um "exército em ordem de batalha" e que, sozinha, esmagou e esmagar á todas as heresias. Quadro n1ilagroso de Nossa Senhora do Bom Conselho, que se venera em Gennazzano, nas cercanias de Roma. Reprod_uzimos a história dessa imagem em número especial (N.o 208-209, Abril-Maio de 1968).

desejam discernir a verdade do erro, o bem do mal. o belo do reio. Contra éle, VERDA· DES ESQUECIDAS apresenta a doulrina absolut;1, clara e cristalina da Santa Igreja.

erros que nos ameaçam. Que erros? Genericamente, os erros declarados que pululam no mundo hodierno: o socialismo, o comunismo e lantos outros ismos. Especificamente, nosso mensário coloca parlicuhu empenho cm denunciar os erros incubados no movimento católico, os quais não são outra coisa que a metamorfose atual dos erros condenados por São Pio X sob o nome de modernismo. Tais erros, que caracterizam hoje o movimento progressista, foram tomando coloridos cambiantes ao longo dos anos. O progressismo católico foi cada vez mais se bifurcando: no campo teológico vai se disseminando pelos erros em matéria de moral, liturgia, disciplina, ecumenismo, etc.; no campo politico-social. prega claramenre a subversão da sociedade atual pela execução de reformas de cunho marxista. Em poucas palavras, poder-se-ia dizer que o progressismo é a expressão do comunismo na esfera religiosa, e

esre a expressão daquele no campo poH1ico·-SOCi al. CATOLICISMO desmascarou o progressismo, sempre que pôde, em rodos os campos e sob toda, as camuflagens.

4

Desde seus primeiros números, este jornal deparou com um grande obstáculo, prof\indo e universal , por isso mesmo o mais nocivo: a formação liberal e igualitária das mass;is contemporâneas. Falsas noções de moral e um temperamento cordato por natureza tornavam o católico brasileiro pouco propenso à vigilância e à luta. CATOLICISMO devia, pois, fornecer elementos para corrigir esse desvio tão freqüen1e na formação religiosa de nosso povo. A secção VI.RTUDES EsQUECIDAS ou VERDA· DES EsQUECJOAS nasceu com esse objerivo. Trecbos de Santos, Doutores, Padres da Igrc· ja e Pontífices são nela publicados, recordando princípios da doutrina católica relegados ao esquecimento, quando não desprezados e até combatidos pelos adeptos do liberalismo religioso. O relativismo impregna a mentalidade de um número incontável de pessoas que não

Anibie,ates. Co.'jtr,.,ne.~. Civilit:Saf!Õe.~ AM lllENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕlôS [oi

ros rumo à esquerda. A rerceim-força democristã, principal agenle da baldeação ideológica inadverlida para o comunismo, foi freqüentemente desmascarada em

A llevolucào, ,leno,,,iná,wr co,,.u,,, ,w to,los O!!i erros Na realidade, liberalismo, igualitarismo, relativismo, socialismo, comunismo e tantos erros modernos têm um denominador co-

mum: a Revolução, como a define o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu ens.aio RE· VOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO. I'. a Revolução, pois. a obra de des1ruição

da civilização cristã, des'truição esta inspirada pelo demô"nio, contra a qual oosso mensário 1cm combarido e, com " proreção e ajuda de Nossa Senhora, combalcrá sem cessar até a vitória final.

certamente a secção mais original e mais apre·

ciada desre jornal. Nela ulilizam,se métodos de análise variados. Assim, estabeleccm•se comparações enlre valores da lrndição católica - expressos nas mais diversas manifesta-

ções da atividad_c humana, como ambientes. cos1umes, culturas. arres -

e deformações re-

volucionárias nesses mesmos campos, infelizmente tão freqüentes hoje cm dia. Part indo do princípio de que no universo tod:.\S as coisas par1icipam do sublime e conduzem a D~us.

ou parricipam do hediondo e afastam dEle, a secção d iscernia com lucidez. clarez.1 e pro-

suas tramas

por esta fol ha.

••

Ou1ras secções enriquecem de modo procminen 1e a figura deste jornal. Ao lado das colunas perenes, outras de duração episódica tiveram seu lugar, quando assuntos de atualidade momentânea o exigiram. Assim, por exemplo. quando em 1959 foi lançado REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO. obra rund:omental do pugilo de caióiicos que gravitava

cm torno de REVOLUÇÃO

CATOLlCJSMO.

surgiu a secção

E CONTRA-REVOLUÇÃO EM

30

ilustrando a nova temática com fatos atuais. Mais tarde, cm 1961 . quando o livro

DIAS,


Li,ehtis ·básicas de · no.fsa espiritr,alidade Convictos da validade dos princípios pregados pelo grande abade trapista francês D. Chautard, cm seu livro A ALMA Oll TODO APOSTOLADO, sabemos q11e nenhum fruto podem prod11zir nossos esforços sem a graça de Deus. Sem verdadeira vida de piedade, toda ação apostólica é estéril. Não es1aria completo o esboço que tentamos aprescnlar aqui de CATOLICISMO, se não tratássemos da espiri1ualidade que orienta esta folha. Este jornal é a expressão de uma família de almas. Enquanto tal, reflete um matiz da espiritualidade católica, a exemplo do que freqüentemente ocorre ao longo da História da Igreja. na qual vemos inúmeras famílias es· .p irituais - Ordens Religiosas ou movimentos de leigos - voltadas legitimamente para um aposlolado específico ou para determinados aspectos do inesgotável lesouro da Igreja. Não pretendemos apresentar aqui todos os traços da espiritualidade da família de almas que se congrega em torno desta folha. Alinhamos a seguir apenas alguns, que julgamos

da maior importância.

REFORMA AGRÁRIA - QVESTÃO PE CoNSCltNCIA suscitou polêmicas em todo o Brasil a propósito da controvérsia agro-r.:formisla, RE· FORMA AGRÁRIA - QUESTÃO PE CONClilNCIA EM 30 PIAS teve o mesmo objelivo.

Nova et; Vetera Estudos doutrinários sobre os mais variados assuntos da atualidade foram apresentados na secção NovA ET VETERA, habitualmente a cargo de nosso saudoso colaborador José de Azercdo Santos, que anles a ,m antinha no semanário da Arquidiocese de São Paulo. LEOIONÁRIO, precursor de CATOI.ICISMO.

llist:ória, ,ncstra da vida

rc.s..~altamos no início deste artigo, tomamos a ortodoxia c,itólica como um apanágio de glória.

Caberia, pois, ressaltar aqui outros aspcC· tos do programa de Pio XI aos jornalislas ca1ólicos. O alto padrão redacional e a elevação de linguagem de CATOLlCtSMO dis1inguem-no como um órgão de elile dentro da imprensa brasileira. Procuramos sempre imprimir-lhe feição atraente, elaborando cuidadosamente suas páginas a fim de impressionar agradavelmente o leitor pela beleza e harmonia dos clichls e do aspec10 gráfico cm geral. Esse esmero, têm-no reconhecido mesmo aquelc~ que discordam radicalmeole de nossa orientação.

!Fato inêdito no jornalis,,eo brasileiro CATOLICISMO conseguiu realizar uma façanha inédita na história do jornalismo brasi-

leiro: durante seus 25 anos de existência, jamais recorreu à publicidade comercial. O que só (oi possível graças à generosidade de nossos benfeitores, assinanles, colaboradores e propagandistas. A todos, registramos aqui nosso agradecimento.

coo\ o seu valioso e indispensável apoio. Aos colaboradores e redatores, porque sem

o concurso sério e desinteressado que prcsiaram, o jornal não poderia man1er o mesmo padrão elevado ao longo de tantos anos. Aos propagandislas; porque são os responsáveis pela difusão desta folha em todos os quadrantes de nosso imenso terri1ório. Merece especial destaque a dedicação abnegada, o arrojo, o entusiasmo e - quem o negará? -

o heroísmo com que os sócios e cooperadores da TFP empreenderam a difusão de CA· TOLICISMO cm caravanas, · a parlir de 1969. Esses jovens, calcando aos pés o respeito humano, já percorreram 400 mil quilômelros, tendo por leio as estrelas, por residência esle país-continenle, por sustento, o que a generosidade do povo brasileiro nunca lhes negou e o resultado de suas vendas. As caravanas

de sócios e cooperadores da TFP tornaram eslc mensário conhecido do Acre a Pernambuco, do Pará ao Rio Grande do Sul. Esse meio de difusão também é inédilo na história do jornalismo brasileiro. A soma desses fatores explica a regularidade com a qual pudemos publicar o jornal, durante 25 anos ininterruptos, sem o concurso da publicidade comerei.a i. Explica também vitáveis. Que Nossa Senhora, Mãe da Sabedoria Eterna e Encarnada, e nesta medida, lambém da Divina Providência, abcnçôe e recóinpênse com o cêntuplo ainda nesla terra a lodos aqueles · que, por amor a Ela, sustentaram a

seu modo este jornal, consagrado inteiramente ao serviço e à causa dEla.

1\ 1\11 IJ IENTES. CllSTU~1 ES, CI V11.IZAÇÜ ES

Decoração Esplrltuallsta - Decoracão Materialista ,

tíssima, a mais perfeita criatura do universo. Ora, o coração é o símbolo da mentalidade. Assim, a devoção ao Sacra1íssimo Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria figuram como outro ponto fundamental da espiritualidade que CATOLICISMO procura transmitir a seus lcilores. Grande apóstolo dessa devoção foi São João Eudes. Inculcar uma devoçiiô ardorosa e filial ao Papado é ou1ro ponto capital do programa desle mensário. A secção VERBA TUA MANENT IN AETERNUM, contendo tCXIOS proeminentes da doutrina tradicional dos !Papas, procura difundir os ensinamentos da Igreja de sempre.

Aos benfeitores, porque testemunharam com sua contribuição financeira, a solidariedade que os animava em relação a nossa obra. Aos assinantes, porque nos sustentaram

a ocorrência de atrasos ocasionais que a so~ brecarga de ocupações, por vezes, tornou ine-

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A TFP divulga "Calolicismo" no viadulo do Chá, coraçAo de SAo Paulo

Desejamos, antes de tudo, ser filhos devolíssimos da Virgem Santíssima. Aproximar os fiéis do canal de todas ·as graças é vibrar contra a Revolução goóstica e igualitária o mais duro dos golpes. :Por isso, ao longo destes 25 .anos, a preocupação de difundir a devoção mariana sempre se fez notar nas páginas de CATOLICISMO. No . entaolo, seria pouco dizer que desejamos ser devolos da Mãe de Deus. Procuramos praticar e .propagar uma devoção, certamente das mais perfeitas e mais completas a Nossa Senhora, que é a sagrada escravidão pregada pelo grande doutor marial, São Luis Maria Grignion de Montfort, no TRA· TADO DA VERDAPEIRA DEVOÇÃO À SANTiSSIMA VIRGEM. "A<l Jesrmt per Mariam.. a devoção a Maria conduz a seu Filho. O cullo a Jesus presente no Santíssimo Sacramento, a Comunhão freqüeqtc, e até diária, não podia deixar de ocupar papel de primeiríssima plana em nossa espi.r itualidadc. Mas, como Maria é insondável e Deus é infinito, devemos procurar sempre novos progressos rumo à perfeição. Un\ aprofundamento natural de uma séria devoção mariana e eucaríslica consiste em procurar compreender a própria mentalidade do Deus humanado e de sua Mãe San-

Fiel aos ensinamentos do pranteado Pontífice, CATOLICISMO procurou esmerar-se em todos esses aspectos, colocando a serviço de um pensamen10 tradicional os lesouros da arle antiga e os reeursos gráficos do presente. Em 25 anos de lula, nos q uais não faltaram polêmicas c.,lorosas, csle mensário teve a glória de jamais ter sido impugnado com jusliça por um só dcslisc doutrinário. Como

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Calicene Doneini biberu,e-ti Sobre História da Igreja, particularmente, foralll allamenlc apreciadas as séries de artigos sobre os movimentos católicos francês, irlandês e inglês do século XIX, de autoria do Prof. Fernando Furquim de Almeida, que nos primeiros números escrevia sob o pseudônimo de Bertrand de Pouleogy. CALICEM Do-

rica em ensinamentos e apli· cações das vidas dos santos ou de movimentos contra-revolucionários do passado, foi a nova secção d<:sse nosso colaborador. MlNI BIBERUNT,

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A História tem sido uma conspiração contra a verdade, escreveu Leão XIII. Retificar as mentiras da História revolucionária é contribuir eficazmente para a formação religiosa e cultural dos leitores. Nesse sentido, CATO· LICISMO tem publicado inúmeros trabalhos, especialmente sobre fatos históricos parabólicos, dos quais é tão rica a Revolução Francesa.

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Ao estabelecer São Francisco de Sales como patrono dos escritores católicos; Pio XI indicou o seguinle programa a todos aqueles que se entregam à missão de propagar ou defender a dou1rina da Igreja:

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"O exemplo tio Sd1110 Dowor lhes traçtt claramente sua /inlw de conduta: estutlar com o maior cuidado a doutrina católica e possuí/a na medida das próprias forças. Evit<ir, seja alterar a verdade, seja atenuá-la ou dissimulá-la. sob pretexto dt! ,uío ferir os hdver.,·ário.,._. cuidar da forma e ela beleza do estilo. realçar e or1wr as idéias c:om o brilho tia Ji11gua.. gem. de modo a IOTfl<1r a verclade atraente ao leitor: saber, quando um ataque se impóe, refutar os erros e se opor à malicia ,los artf/;ceJ' do mal, de maneira " sempre mostrt,r que se está animado de intenções retlls e que .re age antes de rudo em um sentimento de <:a • ridade'' (Encíclica RERUM OMNIUM, de 26 de janeiro de 1923).

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"Catolicismo" n. 0 17, de maío de 1952

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visto por seus Contribu ição à i,itelectualidade católica Ex.mo. Revmo. Sr. D. Helvécio Gomes de Oliveira, Arcebispo de Mariana (M G ): "A ilustrada redação de CATOLICIS MO [ . . . J o paladino periódico que tão fir memente trabaJha pro suis ct facis e tamanha conlribuição regularmente traz à intelectualidade católica, de uma e de outras Dioceses de nossa Pátri;, ... " (1953).

'Vibrante ortodoxu1, esp iritualidade sã e viril Rcvmo. Pc, Francisco José, S.C.J., Ta ubaté (S P): "Fel icitando pelo brilhante jornal CATOLICISMO, que nos presenteia sempre com maravilhosos artigos, e prima pcl.a vi· brante ortodoxia, e consola pela retidão da espiri111alidade sã e viril. levo-lhes os meus votos por um futuro vi torioso"

(1 953).

Bandeira g loriosa do Cruz<1do contra <t foice e o 1nartelo Emmo. Revmo. Sr. O. Tcódosio Clemente de Gouveia, Cardeal-Arcebispo de Lourenço M arques (Moçambique): "CATOLICISMO é a bandeira da inteligência moça br asileira na defesa do Catolicismo integral. Afinal a bandeira gloriosa do Cruzado da Crista ndade, quer contra a meia-lua turco muçulmana na Idade Média, q uer contra a Coice e o martelo do comunismo em nossos dias . Para se vencer. porém. na batalha travada à sombra dessa bandeira, as únicas armas verdadeiramente eficazes são as ver&1des do Catolicisn, o vivo e operante, tanto no campo das co nsciências e da família. como no da ação social e política. Realizar, pois, este programa integralmente, é manter o Brasil no seu rumo histórico de País Católico ao serviço de Deus e da Civilização latina no grande Continentc americano. Que CATOLICISMO seja o brilhante e intcmerato soldado desta Cruzada" (1954).

Le it1i r11 sadia, o rientação segur<1, defesa contra t<mtos erros Revmo. Pe. Ar lindo Vieíra, S. J., Rio de J aneiro (GB): "( , . . ] CATOLICISMO que sempre leio, da primeira à última página, com o mais vivo interesse. A quem deseja uma leitura sadia, uma orientação segura, uma defesa contra tantos erros que serpeiam em nossos dias e chegam a iludir não poucos católicos, aconselho a ler assiduamente CATOLICISMO" (1955).

Elev<tdo nível e v alor cultur<1l Revm o. Pe. Godofredo Schimieder, S. J ., São Leopoldo (RS): "Com a nsiedade sempre espero CATOLICISMO, um

dos poucos periódicos que sempre agradam pelo seu elevado nivel e valor cultural, e que, apesar de meus m uitos afazeres. nunca deixo de ler do início até o fi m . Com os meus melhores votos para o fulllro" (1956).

R etidão e v<1len.t ia de critério, cl<trezC1 de exposição Revmo. Pe. Rafael Valdés, S. J., Arequipa (Peru):"[ . .. ) esta publicação me agrada m uito pela retidão e valentia de seu critério, pela clareza de exposição e pelas interessantes matérias que escolhe" (1958).

Grande ar<1uto da v erdade Revmo. Cônego T arcisio de Castr o Moura, Taubnté (SP): "Tecnicamente perfeito, doutd nariamente sadio, literariamente agradável, grande arauto da verdade, constante na luta pela causa de Deus, CATOLICISMO é um jornal para nossos dias" (1960).

Beleza cú,s ilustrações, ,nodelo no gênero Sr. Paulo Poitcvi.n, Cbato u (França): "l'.-se tocado pela beleza das ilustrações e o accrtadíssimo gosto com que elas são aprC$entadas; fazem de CATOLICISMO, sob esse pomo de vista, um modelo no gênero. A secção Ambientes, Costurnes, CjvJlizaçõcs, como os artigos sobre arquitetura. são do mais alto interesse" ( 1960).

Encantadora devoção à Virge1n S<1ntíssi11ui e à Euc<tri.st ia Prof. Adelino J . da Silvo d' A,.evedo, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo: "O uso julgar q ue a retíssima linha da ortodoxia do CATOLICISMO, sem concessões à direita o u à esquerda. nasce, não apenas da luz d um pensamento fiel à Igreja e Evangelho de Cristo. mas ainda da intensa vida inter ior da sua Direção, singularmente da encant;1dor.i devoção à Virgem Santíssima e á Eucaristia ( 1964) .

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eitores "O f/tte ,nel.hor conhece ,nos escrito e ,n. língua po rtuguesa"

O .s emanário "'Agora'', de Lisboa, publicou em seu n.0 195 so b o título de uuma revista de informação e cultura autenticamente católicas : CATOLTCJSMO" - uma nota da q ual transcrevemos e~'tcs tópicos: "Pela apresentação escor· reira, pela atilude de~--assombrada e espírito combativo perante a torrente subversiva que pretende desintegrar a Igreja, é o que melho r conhecemos escrito cm língua portuguesa. [• . . J O altíssimo nível intelectual e cultural dos seus colaboradores. coloca esta revista na vanguarda da bon im· prensa e na primein1. linha da grande batalha q ue no Brasil (e cm todo o mundo, aliás) se está travnndo cont ra o imundo satanismo q ue cm todos os tempos, mas hoje mais raivosa e descaradamente que cm outra qualquc(' época da Hiscórin, pretende fazer entrar na Igreja , pela porrn das ''aberturas" , as d úvidas. instabilidades e contradições que m,wcmotam o mundo, e não a espalhar no inundo as ccrte?.as espirituais. as verdades eternas do Evangelho. [. •• J CATOLICfSMO. como sempre repleto de estudos profundos e irrcfutáveis. mormente no que concerne às insidiosas. ~,s pertinazes infiltrações marxistas q ue. ora sornamcnte. ora com descaro e inaudita dcsfaçt1tcz. se estão tentando por toda a parte" (1965).

Co,n co rage11i e segur111tça, doutrina e ,wrteia Exmo. Revmo. Sr. Bispo O. A ntonio Mazzarotto, P onta Grossa, em carta ao Exmo. Revmo. Sr. Bispo Diocesano: .. Já mais de uma vez, lendo o magnífico CATOLICISMO, pediu· me o coraçã o manifestasse a V. Ex.eia. os meus sentimentos de admiração e de lo uvor pclà atitude q ue. na propagação e defesa do Catolicismo. assumiu e sempre conservou css':'l fol ha, de q ue certamente é V. Excia. gui:i e mentor. Um órgão da imprensa assim . como esse, q ue. com coragem e segurança, doutr ina e norleia, é prc-Cioso, cm especial neste nosso -tempo, em que há tantos que procuram acomodar e adaptar ao m undo a doutrina e a prática da Santa Igreja, rejeitando certas tradições proveitosas consagradas pelos séculos e pretendendo introduzir inovações, que não condizem com o ensino da Santa Igre ja" (1966).

Ortodoxo e inti1nor<1to d e fensor da v e rd,,deira causa c ristã Ex mo. Revmo. Sr. D. Felipe Conduru P acheco, Bispo titu.lar de Decoriana, São Luís (MA): "Ao eruditíssimo, ortodoxo e intimorato CATOLICISMO - defensor da verdadeira causa cristã - pela sua utilíssima existência. votos ao Pai das Luzes" (1969).

Luz no 11ie.io cú1 escuridão D a. Guilhermina de Azeredo, P orto (P ortugal): "CAT OLíCISMO é uma luz que se ergue no meio da escuridão em que vivemos. Mesmo aqui no Porto a Jgreja atravessa tempestade" (1970).

Lzit<1. invicta e gloriosa e,n favor CÚt Igre ja Sr. João Neves Carneiro, Silo Carlos (SP): "Cumpro o dever de trazer a CATOLICISMO [ . .. ] minha absoluta solidariedade pelo edificante e constante trabalho q ue vêm desenvolvendo, numa luta ínvicta e gloriosa em favor da lgre j:i Católica e dos seus eternos princípios, bem como pelos incansáveis esforços que vêm empreendendo pela preservação da fé, da moral e dos costumes cristãos, hoje seriamente ameaçados, numa sociedade materialista que se afasta de Cristo, marchando, nos países do Ocidente, incooscicntc e alegre· mente para o suicídio, com a conivência de muitos daq ueles que têm a obrigação de advertir, dos púlpitos. sobre os graves perigos dos tempos atuais" (1972).

N" Franç<t, não há eq u ivalente Prof. Paul Lesourd, professor honorário da Universidade Católica de Paris (França): ,;Vossa revista CATOLICISMO é muito interessante e cu vos felicito por poder publicar uma revista assim no Brasil. Na F rança, não temos equivalente" (1973).

R evista de "f irm<1ção e de síntese Pr of. F r ancisco de Gomis, Barcelona (Espanha): ' 'O estilo de sua revista é fo rmidável porque é orientadora e ed ucativa, com g rande elevação, mas evitando toda m iscell nea esterilizante [ . . . ); sua revista é de afirmação e de síntese e C$tOu persuadido de que terão bons e abundantes frutos" ( 1975).


omenagem a coa ora ores •

znszgnes -e amzgos Santos, sem as deturpações infelizmente habituais de uma hagiografia mal oriéntada.

José de Azeredo Santos Jornalista profundo e brilhante, José de Azeredo Santos foi, na força do termo, um polemista. E,. nérgico, corajoso, lúcido e perspicaz cm descobrir o inimigo e denunciar o erro, soube manter o nível e levado de suas polêmicas, que conduzia de modo verdadeiramente cavalheiresco. Colaborador desta folha desde seu primeiro nµmcro, tornou-se logo um dos seus esteios até o dia 10 de julho de 1973, quando Nossa Senhora o chamou para receber o prêmio pelo bom combate que travou durante toda sua vida de católico exemplar. Responsável habitual pela secção Nova et Vctera, escreveu também artigos memoráveis sob o pseudônimo de Cunha Alvarenga. Catolicismo recorda com afeto e saudade esse valoroso companheiro de luta.

José Carlos Castilho de Andrade

Prof. Fernando Furquim de Almeida

Fábio Vidigal Xavier da Silveira A S. Excia. R evma. D. Antonio de Castro Mayer, sob cuja égide prestigiosa e segura orientação esta folha levou avante sua luta d outrinária de 25 anos, a homenagem do afeto filial, profundo respeito e gratidão de quantos labutam em "Catolicismo". CUMPRINDO com alegria indizível um dever de grat idão e justiça, devemos registrar aqui os nomes daqueles a quem Catolicismo deve, de modo especial, sua própria existência. Cabo também uma palavra de saudade àqueles a quem a Providência já chamou a Si.

Prof Plínio Corrêa de Oliveira Antes de tudo, cabe realçar quem é muito mais do que um simples colaborador, é a alma deste jornal, segundo as expressivas palavras do Exmo. Sr. Bispo Diocesano, cm sua mensagem estampada nesta edição. Catolicismo (oi concebido e moldado pelo espírito íntegro e batalhador de Plínio Corrêa de Oliveira. Sobre ele, não necessitamos escrever muito. Sua existência inteira consagrada ao triunfo da Santa Igreja e da civilização cristã sobre a 'Rc• volução gnóstica e igualitária fala por si. Sua luta, o Brasil inteiro a conhece, como líder católico desde a juventude, como escritor, jornalista e professor universitário, ou como fundador e dirigente máximo da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Catolicismo se orgulha de tê-lo como seu inspirador e orientador.

José Carlos Castilho de Andrade No entanto, Catolicismo provavelmente não teria podido subsistir sem a orientação jornalística cheia de zelo meticuloso, acurado e despretensioso de José Carlos Castilho de Andrade. Falamos em outro local do esmero com o qual cada página deste jornal é elaborada. Se pudemos oferecer uma apresentação gráfica original e primorosa durante 25 anos, foi graças à dedicação constante de nosso Dr. Castilho. Não

sem grandes sacrifícios de sua parte, note-se bem. Denuo da sobrecarga de suas ocupações profissionais como advogado exímio, sempre encontrou tempo para dedicar atenção e estudos com vistas ao aprimoramento desta folha, sacrificando horas de descanso e lazer. Outros interesses da causa católica obrigaram-no a interromper sua atividade jornalística decisiva, exercida com brilho durante mais de um quarto de século no Legionário e em Catolicismo. Seu trabalho como orientador em. jornalismo, no qual sobressai o bom gosto, o talento e a ortodoxia, está a merecer justa homenagem que aqui prestamos. Ao Dr. José Carlos Castilho de Andrade, nossa profunda gratidão e reconhecimento p elo seu legado de uma verdadeira escola de jornalismo, sem a qual não poderíamos manter o tonus de distinção e nobreza que ele soube imprimir a e.s ta folha, empregando ao mesmo tempo os recursos gráficos mais atualizados.

Prof Fernandu Furqui,n de Almeida Foi um dos colaboradores que mais contribuíram para enriquecer as páginas deste mensário. Catedrático de Matemática na Universidade de São Paulo e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é exímio conhecedor de História. Pelos exemplos de Santos e pt ssoas virtuosas, tirados da História da Igreja, suas colunas Católicos franceses, irlandeses, ingleses no século XIX e Calicem Oomirú bibcrunt ilustram de fom1a palpável que o modo de Catolicismo combater os erros que circulam nos m eios católicos de nossa época está inteiramente conforme à mais genuína tradição católica. Graças a seus estudos, pudemos conhecer de perto a verdadeira imagem do católico e dos

No dia 28 de dezembro ele 197 1, outro colaborndor insigne de Catolicismo fora chamado por Deus: Fábio Vidigal Xavier da Silveira. Propagandista entusiasta, antes de ser colaborador desta (olha, tornou-se célebre por sua obra Frei, o Kerensky chileno, publicada cm primeira mão cm nosso n. 0 198199. Inteligente, culto, sagaz, sabia transmitir em seus csc,·itos sua vivacidade extraordinária e sua vcrve jovial. No Céu, temos certeza de que ele intercede por todos nós, colaboradores, propagandistas e leitores de CatoUcismo. Dentre todos os colaboradores de nosso mensário, alguns acompanharam seu longo e glorioso percurso de 25 anos. Outros, por razões diversas, e entre elas muitas vezes a disponibilidade com que se colocaram em outros campos de apostolado no correr dos anos, não nos puderam fornecer uma colaboração contínua. Há ainda aqueles que se foram agregando ao corpo d!!> colaboradores de Catolicismo, muitos, aliás, das geraçõe.5 mais recentes. Para fazer justiça a todos, publicamos cm outro local a relação completa dos colaboradores desta folha, ao longo destes 25 anos.

Prt>t. Plinío Corréa de Oliveira

Eng.• José de Azeredo Santos

Fábio Vldlgal Xavier da Slvelra

••• Para finalizar, uma palavra de saudade e gratidão cm relação a dois grandes amigos de Catolicismo: Dr. Antonio Ablas Filho e Prof. Jorge Haddad, ambos competentes profissionais na carreira médica . O primeiro, que desde os primórdios desta folha até render sua alma ao Criador, exerceu com dedicação exemplar o cargo de Agente de Catolicismo para os Estados do Sul do país, foi chamado por Deus, cm Julho de 1960. O segundo, que se destacou principalmente pela assistência médica dispensada com dedicação e proficiência aos componentes da família de almas de Catolicismo, recebeu do Justo Juiz a recompensa eterna a 7 de maio de 1975. 7


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supremo Revolução e Contra-Revolução

.,,,. A MAIS importanle obra do Prof. Plin io Corrêa de Oliveira, contendô uma exposição das concepções religiosas, fi . losófic.as e sociais e dos princí pios de ação que inspiram a Sociedade , Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) e cnlidades afins exis1cn1es cm quase

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todo o continente americano e em

nações da Europa. Na primeira parte dessa obra, o Aulor indica as causas últiruàs da crise atual do Ocidenle cristão, através de uma análise concisa e profunda da H istória. Considera essa crise da Humanidade como fnno de uma explosão de o rgulho e sensua• !idade, que começou a dominar o homem cristão a parlir do fim da Idade Média. Al'rastado por essas

paixões desregradas. o hometn se rebela con1ra Ioda au1oridade e lei moral, dando origem, assim, às crês grande.~ revoluções do Ociden1c: o Protestan1ismo, a Revolução Francesa. e Revolução Comunista. Em seguida, analisa a fundo o processo revolucionário cm sua essência. cau• sas e efeitos. Na segunda parte do estudo, o Autor assinala os princípios que de· vem nortear a luta doutrinária con .. tra o processo revolucionári_ o. com

vistas a restaurar a Ordem, "(I paz, de C risro 110 Reino tle Ctisto. ou seja, a Civiliiaçâo Cristã". REVOLUÇÃO E CoNi"RA-REVOLUÇÃO repercutiu amp1amentc cm altos cír~ culos religiosos, sociais e intelectuais do Brasil, da Europa -e de outras par· lcs do mundo. Foi objeto de carias de louvor, entre muitas outras, do falecido Cardeal Eugi:l\e Tisseranl, do Cardeal Thomas Ticn, SVD, Arcebispo de Pequim, no exílio, de

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Mons. Antonio Piolanti, Reitor da Ponlifícia Universidade Latcranense, de Roma, de personalidades do Clero. da nobreza européia e da intclcc1Ualidadc calólica. • Esse estudo foi publicado primeiramente em "CATOtiCISM.0 '' n.0 100. de abril de 1959. Em 1960, foi divulgado em separata pelas Edições CAi"OLICtSMO, cm português e em francês, esta com prefácio de S. A. 1. R. o >Príncipe D . Pedro Henrique de Orleans e Bragança. Teve ainda quatro edições em espanhol (Espanha, Argentina e Chile), duas em i1aliano (Itália) e uma cm inglês (Es1ados Unidos). num 101al de 51 mil exemplares.

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Acordo com o regime comunista: para a lgrejo, esperansa ou autodemolíçõo? STUDO de auloria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, pu· blicado em primeira mão por CATOUCISMO (n.0 152, agos10 de 1963), s&b o tílUlo A LIBEI\DAOE DA IGREJA No ESTAllO COMUNISi"A. De· nuncia a manobra desenvolvida pelo comunismo internacional no sentido de embair os ca1ólicos, criando a ilusão de que podem viver de cons·

E BALDEAÇÃO IDEOLÓGICA INADVERTIDA E

DIÁLOGO Plínio Corrêa de Oliveira • A nova tática comunista: ação persuasiva no subconsciente A ação psicológica inadvertida, exercida sobre a mentalidade dos povos não comunistas, tornou-se condição essencial para a conquista do mundo pelo comunismo internacional.

• A baldeação ideológica inadvertida

Um dos meios mais importantes para o comunismo obter o êxito da ação persuasiva no subconsciente é a baldeação ideológica inadvertida. •

A palavra-talismã, estratagema da baldeação ideológica

inadvertida

O emprego de palavras dotadas de força talism ânica é um estratagema muito subtil e muito eficiente para operar a baldeação ideológica inadvertida.

Um exemplo de palavra-talismã: "diálogo"

A palavra ''diálogo", em seus vários sentidos talismânicos, origina sucessivamente o desejo da coexistência a todo preço e a aceitação do relativismo hegeliano. • Conclusão A baldeação ideológica inadvertida e a palavra-talismã "diálogo", analisadas enquanto novos instrumentos do comunismo para o êx.ito de sua ação persuasiva universal. A possibilidade de "exorcizar" a palavra-talismã "diálogo", inutilizando assim o estratagema. comunista. Cinco edições em ponuguês I\Um total de 45 mil exemplares, além de uma Edição em CATOLlC(SMO, de 11 mil exemplares. t:J.ma edição em alemão, três cm CSJ?anhol e uma cm it-aliano, num total de 2-2 mil exemplares. 1, Transcrição integral cm ci,Ílco jornais, ou revistas da Espanha, ,Argentina e Chile.

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ciênciu tranqüila num regime conn,. nista que, suprimindo a propriedade

privada e desfigurando o instituto da família, ao mesmo tempo concedes· se à Igreja a liberdade de culto. A pedido de várias personalidades, o .Autor ampliou alguns pontos de seu esludo. Bm maio de 1964, esta folha publicava a segunda versão ampliada de A L18EI\.OADE DA IGRE· JA NO E$TA00 COMUNISTA.

Sua enorme difusão, sob a forma de livro, e a repercussão que alcançou nos mnis altos círculos eclesiás1icos e na inlelcctualidade católica, bem provam a tr anscendência do tema nele versado. A parlir da 10.ª edição brasileira, o Autor ,nudou-lhe o IÍlulo para ACORDO COM o Ri!Gt· ME COMUNIS1"A: PARA A !Glt.i!JA, l;S· !'E.RANÇA OU AV1'00EMOLIÇÂO? A obra foi dislribuída a 1odos os Bispos presentes à segunda e à terceira sessões do Concílio Ecumêni• co. A propósito dela, o P rof. Plínio Corrêa de Oliveira recebeu cartas alentadoras. dos Eminentíssimos Cardeais Eugene Tisseranl, já falecido, Alfredo Ottaviani , então secretário da Suprem.a Congregação do San10 Ofício, Norman Thomas Gilroy, Arcebispo resignatário de Sidney (Auslrália), de Sua Beatitude Paul II Chcicko. Patriarca da Babilônia dos Caldeus e de numerosos ou1ros Prelados, bem como personalidades de todo o mundo. Entre todas, ocupa lugar de destaque a carta altamente elogiosa que a respeito desse ensaio foi dirigida a D. Antonio de Castro Mayer pela Sagrada Congregação dos Seminários e Universidades, assinada pelo Cardeal Giuseppe P iz.zardo e pelo Ar· cebispo Dino Staffa (hoje Cardeal), respectivamente Prefeilo e Sccre1ário daquele Dicastério Romano. A caria augura .. a mais larga difusiw ao de11so opúsculo, que é um eco fidelíssimo dos Docwnentos do supremo Magistério da Igreja". A obra lranspôs a corri11a de ferro, sendo vivamente criticada por elementos da Associação Pax, organização de católicos colaboracionis1as com o regime comunista da Polônia. A polêmica internacional que daí surgiu está regislrada nas pági-

nas de CATOLICISMO ao longo do ao.o de 1964. O Sr. Zbigniew Czajkowski, membro destacado daquele movimento, publicou na primeira página do semanário KreRUNKJ, de Yars6\1ia, e no mensário Zvcre I MYSL, uma extensa Carla Aberta 110 Prof. Pli11io Cnrrêa de Oliveira. O Prof. ·Plínio Corrêa de Oliveira respondeu através de CAi"OLtCIS• MO e o Sr. Zbigniew Czajkowski treplicou por meio de nova carta abcrlá publicada nos mesmos periódicos. E ainda acrescentou: "Nossa discussão susdtou grande intetcsse na Polônia, como teJ·temrmltam, entre outras, as notícias e in/onnaçôes publicadas a 1cspcito em. outros peti6dicos poloncses. que aliás tomam ti mesma atitude que eu com referêncitt às .mas tcse.r". O debale entre o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e o jornalista polonês reperculiu cm Paris, tendo nele intervindo, do lado do Autor deste ensaio, o Sr. Henri Carton, de L"HOMME NouvEAV, e, do lado do Sr. z. Czajkowski, o Sr. A. V., de TÉMOIGNAGE CHR!Íi"IEN, o ulrO imporlanle· órgão ··progr~'Sista··. Por sua vez, o Sr. Tadcusz Masowiecki, rcda1or-chefe do mensário Wmz e deputado do grupo católico Z11ak à Dieta polonesa, publicou em sua revista, cm colaboração com o Sr. A. Wiclowicyski, um artigo que . procura ser uma réptica ao presente estudo. Essa polêmica deixou patente o quanto a repercussão de A LIBERDADE DA IGREJA NO ESTADO COMVNJSTA além cortina de [erro incomoaa às auloridades comunis1as e aos católicos colaboracionistas com o regime comunista da Polônia. A polêmica internacional que daí surgiu está registrada nas páginas de CATOLICISMO ao longo do ano de 1964. - Recentemente, o trabalho foi publicado na França pelas &iitio11s

1·r<1dUión-Famil/e-Propriélé,

de Paris, 0

sob o lítulo: L' l?.GLISE Ci" L 1!1"Ai" COM MUNISTE: LA COCXISTENC~ IM l'OSSIOLE. Sem incluir as d11as edições de CAi"OLICISMO (23 mil exemplares), o ensaio teve mais 1O edições em português, n11m tola! de 100 mil exemplares; uma edição en1 alemão. oozc cm espa.nho) , três cm francês. uma em húngaro, quatro cm inglês, duas em italiano e uma em -polonês, num total de 60 mil exemplares. Além disso, a transcrição integral em mais de 30 jon,ais ou revisrns de doze diferenies países, entre os quais TL TeMro, o maior diário de Roma.

Boldeaçõo ideológica inadvertido e diálÕgo

.

PERIGO comunista sempre foi apontado por este mensário como sendo de natureza principalmente ideológica e mo· ral. Em nosso número de oulubro-novembro de 1965, eslampamos o magistral lrabalho do Prof. _Plínio Corrêa de Oliveira, BAI.OEAÇÃO IDEO· LÓGICA INADVERTIDA E DIÁLOGO ensaio origi.nal e profundo sobre o atualíssimo processo de persuasão ideológica subconsciente, adotado pela propaganda comunista, a qual vai assim conseguindo atrair inadvertidamente para o marxismo uma quan1idadc cada ve~ maior de pessoas, no mundo inteiro. Esse es1udo teve enorme repercussão nacional e internacional. Também 1ranspôs ~ corti11a de ferro. No já ci1ado semanário "ca1ólíco" -comunista polonês KlERUNKt o mesmo Sr. z. Czajkowski te1llou refutá-lo, adulterando-lhe palenlcmente o texto. Era mais uma obra que causava profundos incômodos aos ideólogos do marx..ismo internacional.

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. • ra etor1a um1nosa ,,

ocumentos e atitu Q

UANDO SE ESCREVER a história religiosa do Brasil no século XX, será indispensável estudar em conjunto a obra doutrinária e a atuação apostólica de O. Antonio de Castro Mayer. A inteligência e a cultura do Exmo. Bispo de Campos, seu arrojo em circunstâncias difíceis da vida da Igreja, tornaram-no célebre não só dentro de nossas fronteiras, mas muito além delas, nas duas Américas e na Europa. Teólogo eximio e zele>so Pastor, não há problema importante de nossa época - aliás, tão cheia de problemas - em que D. Antonio não tomasse atitude. E não houve uma só tomada de atitude sua que não marc.asse a fundo o suceder vário e polimórfico dos acontecimentos. As Cartas Pastorais e outros documentos que publicou para a formação e a direção de seus diocesanos constituem um repositório de doutrina sólida e orientação segura. Catolicismo se ufana de estar intimamente associado a essa trajetória luminosa de documentos e atitudes, quer como veículo através do qual chegaram ao conhecimento do grande público, quer recolhendo em suas páginas a repercussão de lances que passaram para a História. Em 1971, sob o expressivo título de Por um Cristianismo autêntico, a Editora Vera Cruz. de São Paulo, reuniu numa bela brochura de 382 páginas de texto, com um índice analítico e remissivo de assuntos e oomes1 os principais documentos até então dados a lume por S. Excia. São quase cinco lustros de História da Igreja que desfilam sob nossos olhos através dos temas inteligentemente tratados por esses documentos.

Toda a obra do grande .Prelado .Pastorais, Circulares e outros do. cumentos de caráter eclesiástico, a par de artigos para a imprensa religiosa e profana - é voltada a premunir seus fiéis contra os erros do progressismo e de seus congêneres no campo temporal, isto é, do esquer-

o Sr. Bispo Diocesano, na larga e opulenta diversidade dos temas que aborda, sabe realçar sempre os princípios católicos fundamentais que Ctl,

o progressismo e seus congêneres

negam. Vista, assim, em seu conjunto, a linha mestra da obra doutrinária de

dismo demo-cristão, do socialismo.

do comunismo. Todos esses erros, na sua grande variedade de form ulações, têm entre si uma possante uni• dade de princípios fundamentais. Dando-lhes a contra-partida católi-

D. Antonio de Castro Mayer, queremos destacar alguns de seus documentos mais intimamente ligados

a este quarto de século de história de Catolicismo.

Problemas do Apostolado moderno

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MBORA não estampada em nossas págislas, a Carta Pastoral sobre problemas do Apostolado moderno .foi dada a lume pela Editora Boa Imprensa, que editava Catolic.ismo, e marcou o início da contra-ofensiva antiprogressista, do pugilo unido em torno desta folha. O alcance do brilhante documento transcendeu o âmbito da Diocese de Campos, para se transformar num dos acontecimentos religiosos de maior repercussão nacional daqueles anm. • O entusiasmo da acolhida à .Pastoral, procedente de eminentes personalidades, atingiu logo as principais capitais de nosso país. Não houve setor da vida religiosa em que a Pas· torai não repercutisse. Como conseqüência, en1 três meses se esgotavam os quatro mil exemplares da primeira edição, seguida imediatamente de uma segunda, enriquecida de novas citações. Foi logo editada na França, na ftália (duas edições), na Espanha, na Argentina e no Canadá.

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um conjunto de diretrizes práticas para o Clero.

Ardis do seita comunista

• A indissolubilidade do matrimônio vem afirmada pelo próprio Deus no primeiro livro da Escritura (Gênesis, 2, 23-25).

Cursilhos de Cristondade

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r,,s.~11r.rro INO!.~U'°i,,

PELO CASAMENTO INDISSOLÚVEL O divórcio e,n face da Revelação, do Magistério da Igreja e do Direito Conônico

• Padres, Doutores da Igreja, Papas e Concílios deram continuidade à doutdna do casamento indissolúvel. • Não é mem_bro da Igreja Católica aquele que, conscientemente, admite o divórcio, propugnando-o, defendendo-o ou empenhando-se para que ele entre no país. O católico que adm.i te o divórcio incorre em heresia e está sujeito às penas previstas no Direito Canônico (excomunhão. etc.) ·

Além da publicação e,01 Catolicismo (n. 0 '293 - Maio de 1975), foram lançadas duas edições em português pela EditQra Vera C.ruz, num \Otal de 100 mil eJ1:emplarcs.

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sas que se lhe opõem; e a terceira,

D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos

PASTORAL

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O documento tratava com extra~ ordinária precisão e profundeza de vistas todos os problemas que ocasie>navam as discussões e polêmica,s nos meios católicos daqueles dias. A Pastoral se compunha de três panes: uma substanciosa introdução, na qual se ressaltava a atualidade- e importância dos problemas tratados; outra, um catálogo de teses verdadeir;,s e das proposiçoos erradas ou perigo-

ROGRESSISMO religioso e comt1nismo dão-se- as mãos e assumem a forma de Lcviatã que ameaça trazer toda a humanidade sob as cadeias do seu jugo. O problema não poderia ficar alheio à perspicácia e ao zelo pastoral do Sr. Bispo de Campos. Sendo o totalitarismo do Estado arma eficaz usada pelos inimigos de Deus para escravizar a Santa Igreja. sua pior expressão n0-, dias de boje, que é o comunismo, constitu.i o objeto da Carta Pastoral cujo texto apresentamos na íntegra em nossa edição de julho de 1961. A perseguição comunista dá-se no plano religioso e no plano social. Mostra a Carta Pastoral prevenindo os diocesanos contra os-ardis da seita comunista como o desvirtuamento dos Documentos pontifícios aproveita aos comunistas. dando como exemplo o alarido que se faz em torno da co..gestão e da participação nos lucros das empresas. Além do cuidado em não cair nos ardis do adversário, da luta ideoló· gica vigoros~, da recusa de qualquer cooperação com os movimento$ que favorecem as idéias marxistas, são indicados o desapego dos bens terrenos, o desejo dos bens celestes, o espírito hierárquico, a renovação da vida cristã e o atendimento da mensagem de Fátima, como meios aptos a livrar a humanidade desse terrível flagelo que ameaça espraiar-se para além das coninas de ferro e de bambu.

CARTA

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bem e de mal, de verdade e ele erro.

Para atalhar o mal. pela raiz, es-

Era preciso, entretanto, que um teó-

creveu D. Antonio de Castro Mayer a Jócida, vigorosa e oportuna Carta Pastoral Pelo Casamento Indissolúvel, cujo texto Catolici.smo estampou em sua edição de maio. Com base nas Sagradas Escrituras, nos Santos Padres e Doutores, nos Papas e Concílios, o Prelado campista demonstra em 1975 o caráter indissohlvel do casamento. Adverte com energia que a Igreja nega o título de católico a quem, conscientemente, aceita a tese do divórcio, empenhando-se pela sua adoção. O fiel que o fizer, incide em heresia e incorre nas sanções que punem os hereges, entre as quais a excomu· nhão. Assinala ainda S. Excia. que o católico divorciado e "recasado". ou que não tem o firme propósito de jamais se divorciar., está em estado de pecado mortal, não podendo, sem sacrilégio, freqüentar os sacramentos. Também desta vez a benemérita TFP-' se encarregou da propagação do oportuníssimo documento por todo • o país, com o êxito que se conhece. Os fatos estão ainda presentes na memória de todos para que seja preciso recordá-los. Além dos documentos dirigidos aos seus diocesanm, é D. Antonio de Castro Mayer co-autor do besl-seUcr contra o agro-reformismo confiscatório e socializante, Re(ormn Agrária Questão de Consc.lência, como também da Declaração do Morro Alto, programa de política agrária segundo m princípios de RA-QC, dos quais nos ocuparemos em outro local desta edição.

logo eminente, afeito à pesquisa e à reflexão, e ao mesmo tempo um Pastor cheio de disccrnirncnto. que se desse ao trabalho de ir às fontes as próprias publicações oficiais cursilb.istas - para elucidar o que de certo e errado havia no movi .. mento. Daí resultou a já histórica Carta

.Pastoral sobre Cursilhos de Cristandade, que estampamos em nossa edição de dezembro de i 972. O documento lançou luzes sobre o movimento, mostrando desvios nele que nem mesmo os que nutriain descon-

fiança a respeito chegavam a imaginar que pudessem chegar até à subversão pró-comunista. Isto a par ele erras em matéria teológica e de um exagerado papel atribuído à sensibilidade e à emoção no tríduo cursilhista. Por suas implicações no âmbito clvico e social, a TFP emprestou seu apoio à divulgação da Pastoral sobre os Cursilhos por todo o território nacional. Daquela nossa edição contendo o documento, escoaram-se quatro tiragens sucessivas, totalizan .. do 72 mil exemplares. Editada em forma de livro pela Editora Vera Cruz, teve a Pastoral igualmente esgotadas duas edições, perfazendo outros 20 mil exemplares. Assim, perto de 100 mil Pastorais foram repanidas por todo o país, com as conseqüências que se pode imaginar. Mas a repercussão do documento não se cingiu às nossas fronteiras. pois foi traduzido para o inglês e publicado nos Estados Unidos, onde o

D

ANDO um salto no tempo, passamos a outro documento

movimento

apresentava

desvios

análogos aos observados aqui.

•••

da maior transcendência e re-

percussão na vida religiosn nacional.

Pelo Cosomento Indissolúvel ·

Praticamente· incontrovcrtidos, os

Cursilhos passavam aos olhos do grande público como um movimento que produzia conversoos inesperadas - marcado por algumas singularidades - mas, em todo caso, uma obra meritória . Observadores mais atentos - não deixavam, entretanto, de apontar no movimento uma singular mistura de

SSlSTIMOS oo ano que findou a uma das maiores ofensivas do divorcismo em nossa pátria. As tubas da propaga-nda alardeavam inclusive pronunciamentos de eclesiásticos que insinuavam ter mudado a posição da Igreja face à indissolubilidade do matrimônio.

A

Não podemos encerrar estas notas sem um agradecimento a Deus Nosso Senhor e a Sua Mãe Santíssima por esta série de luminosos documentos com os quais D. Antonio de Castro Mayer marcou a fundo a vida religiosa do pnis, atalhando a tantos males. E queremos externar nosso júbilo por termos estado tão intimamente associados a estes vinte e cinco anos de lutas e de vitórias.

9


Apresentamos neste quadro a relasão de todos os col~rodores de "Cato/i<ismo" desde o suo fundação . (O ano indica a data da primeira coloboraçõo). A todos, nossa homenagem e nossa gratidão.- Aos falecidos, nossa prece comovida e nossa saudade.

Plinio Cor.rêa de Oliveira (1961) Fernando Fui::quim de Almeida (1951) j. B. Pacheco Salles (1951) Adolpho Lindenberg (1951) J. de Azeredo Santos (1951) fosé Carlos Castilho de Andrade (1951) Luiz_ Mendonça dé Freitas (1951) Ct1nha Alvarenga ~1951) Julia de Freitas Guimarães Ablas (1951) Mariano Costa (1951) O. Geraldo de Proensa Sigaud S. V. D. (195.l) Joi::dão E,nerenciano (1951) Costa Pinto (195~) D. Antonio de Castro Mayer (1952) C. A. de Araujo Viana (1952) Cados Alberto de S& Moreira (1953) J. Nev.e z (1953) Mons. Ascanio Brandão (1953) A,ln:úrante Penna Botto (1954) Paulo Corr~ de Brito Filho ( 1954) Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira (1955) Celso da Costa Carvalho Vidigal (1956) Rafael Gan1bra (1957) Fernando de MeUo Gomide (1958) Plinio ~idigal Xavier da Silveira (1958) Giocondo Mario 'Vita (1958) Sergio Brotero Lef1>vre (1958) At anasio Aubertin (1958) Pe. Victor Sa,at, G. P. C. l,l. (1959) Otla11do Fedeli (;1959) Jorge 1-lubner Galo (1960) Eduardo de Barros Brotei:o (1960) João Sampai_o Neto (1960) D. L1.lÍS de Orleans e Bragança (,1961) Gonsalves Monteiro (1961) B. A. Santamaria (1961) Fabió W. <)a Motta (196\) Frederi_có de Sá Perry V,idal (1961) Homero Barradas ( 1961) Gustavo Antonio Solimeo (1961) .\nto,n'io Ceron Neto (1961) Pe. Ralfy Mendes, S. D. B. (1961) Pe. Sales Brasll (1961) Fabio Vidigal Xavier da Silveira ( 1962) Jea11 Ousset (1962) José Agustin de la Puente (1962) José Pequito Rebello ( 1962) Luc J. Lefevre ( 1962) Roger Btien (1962) Santiago de Estrada ~1962) Go11zague de Reynolds ( 1962) Luiz Naza11eno de Assuuipção Filho (1963) Murillo M. Gallie·z (1963) Alberto Luiz Du lllessis (1963) A. /1.. Borelli Machado (1963) Antonio Can,dido de Lara Duca (1963) Eduargo Antonio Vieira Aye,- (1963) El6i de Magalhães Taveiro (1963) Jorge. Pereda (1963) Ós\val<io Leh1naí1 (l963) Antonio Delfim Netto (1964) Henrique Barbosa Chaves (1964) Cai,los Alberto §oa'rés Corrêa (1965) &hvaldo Marques (1965) Tosé Martini (1965) Luíz M,. Dunca n (1965) Aloizio Augusto Barbosa Torres (1966) A'ntonio Rodrigues Ferreira (1966) Marcos Ribeiro Dantas (1966) M. Afonso Xavier da Silveira Jr. (1966) Luiz Sérgio Solin1eo (1967) Cônego Bueno de Sequeira (1968), Francisco Leoncio Cerqueira (1968) 0iovan Tiuelli Di Olivano (1968) Jo.rge de eastro HoJa,nda (1968) Jo,rge Haddad (1969) João Batista da Rocha (l.970) Pe. Frei Teodoi:o de A. Chaves (}970) Pe. J oão Mai,ia Barcelonne ( 1970) Gregório Vivanc.o Lopes (1nl) J osé Lúcio Aràújo Corrêa (1971) Louis Even (1971) ~ernán Martínez ~1972) John Russel Spann (1972) D. Pedro Henriq"e de Orleans e Bragança ( 1912) Caio Vidigal Xavier da Silveira (1973) C. C. Nunes Pi~cs· (1974) EYa11ru:o Faustino (1974) Francisco Javier Tost To.rres (1974) Miguel Becca~ Varela (1974) Pe. Miguel Poradowski (1974) Pedro Morazzani Boschetti (1974) Péricles Capanema (1974) P~erre Virion (1975) P. Ferreira e Mello (.1975) Patrício Amunátegui (19;5) Luís Dufaur (1975) Valter de Oliveira (1975) €o.u.stantino Oi Pietro i 1975) Afo,nso Josefovich (191S)

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''Best-sellers '' que fizeram história Reforma Agrária - Questão de Consciência O MOMENTO cm que a propaganda subversiva preparava para o Brasil o mesmo destino da Cuba de Fidcl Castro, Refonna Agrária - Questão de Consciência foi o best·seller que alertou o povo brasileiro contra o perigo de uma reforma agrária socialista e anticristã. Baseado nos princípios da doutrina católica, em considerações históricas e cm abundantes estatísticas, o livro provocou enorme polêmica em todo o Brasil, concorrendo para a criação de um clima propício à formação de uma autêntica reação contra a ameaça socialista que pairava sobre o País. Estreitamente vinculado ao livro e com ele solidário, Catolicismo deu-lhe extensa divulgação cm suas páginas, publicando um estudo de autoria do Professor Plinio Corrêa de Oliveira sobre a oportunidade da obra, bem como os principais lances da polêmica que ela suscitou (resumidos ·em outro local desta edição). De autoria de D. Antonio de Castro Maycr, Bispo de Campos, D. Geraldo Sigaud, Arcebispo de Diamamina, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e Economista Luiz Mendonça de Freitas, o livro teve quatro edições no Brasil, num total de . 30 mil exemplares, além de edições na Argentina, Espan ha e Colômbia, que alcançaram 9 mil exemplares.

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PUJANT E corrente de opinião que se constituiu e1n torno de RA-QC pedia, além de formulações doutrinárias claras e profundas, aplicações con· eretas, práticas e coerentes. Para satisfazer esse anelo, os Autores de RA-OC deram a lume a Declaração do Morro Allo, programa positivo de política agrária conforme os princípios daquele livro (Catolicismo, n. 0 157, de novembro de 1964). A Declaração leva o nome da fazenda em que foi assinada pelos Autores e agricultores paulistas e mineiros que colaboraram em sua elaboração com sua valiosa experiência e conheci.mentos técnicos. Além da publicação nesta folha, o documento teve mais duas edições, num total de 22.200 exemplares. A segunda parte, intitulada Programa, foi reproduzida como apêndice na edição espanhola de Re(onna Agrária Questão de Consciência.

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I\ NO XIV • N , • 10,

NOVEMBRO 190•

Frei, o Kerensky chileno M DOS GRANDES marcos na história de Catolicismo foi a publicação, em junho-julho de 1967. da brilhante reportagem de Fábio Vidigal Xavier da Silveira, Frei, o Kerensky chileno. Nela, nosso colaborador - hoje desaparecido - mostrava como o presidente democrata-cristão Eduardo Frei estava abrindo o caminho para o comunismo no Chile, através de suas reformas socializantes. À época de seu lançamento, o trabalho provocou uma grande comoção em toda a América Latina. O então presidente Eduardo Frei, incomodado com a alcunha que lhe havia sido imposta, e não tendo meios de desmenti-la, proibiu a circulação da obra no Chile. Frej, o Kerensky chileno adquiriu nova celebridade eni 1970, quando suas previsões se cumpriram, com a eleição presidencial do marxista Salvador Allende. Um jornalista brasileiro chegou a dizer que o livro, escrito três anos antes, mais parecia tê-lo sido post factum, tal a justeza de suas previsões. Tão grande foi o interesse que a obra readquiriu então, que esta folha foi solicitada a republicá-lo em seu número 238, de outubro de 1970. Nossas duas edições atingiram 46 mil exemplares; o trabalho teve ainda duas edições cm forma de livro, promovidas pela Editora Ver.i Cruz, num total de 10 mil exemplares. Fora de nossas fronteiras, alcançou sete edições em espanhol (Argentina, Venezuela, Equador e Colômbia) e uma em; italiano, além de U:r sido transcrito integralmente em revistas argentinas e venezuelanas.

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'' so combate contra o modernismo, heresia que grassava nas fileiras católicas naquela época.

INTE e cinco anos de fidelidade a uma doutrina e a uma conduta de ação. Não são necessários argumentos para provar essa fidelidade. Ela está expressa e deve ser vista nas próprias páginas de CATOLICISMO. Rememorando o caminho percorrido a partir do primeiro número, queremos, antes de tudo, oferecer a Deus e a sua Mãe Santíssima o resultado de nossas lutas, nossas vigílias, nossos sacrifícios, na certeza de que, se algum fruto adveio de tudo isso, devemo-lo exclusivamente à bondade do Altíssimo, segundo a expressão de Santa Joana d'Arc: "Os guerreiros combaterão e Deus lhes dará a vitória". No presente número comemorativo, in· dicaremos os marcos mais importantes que balizaram o percurso nestes 25 anos da Cruzada do século XX. Aí estão, à maneira de flashes, os principais lances dessa luta, para dar ao leitor uma visão global da epopéia de CATOLICISMO.

V

"Roso dos Ventos: História das variações do Sr. Tristão de Ataíde"

"A Cruzada do Século XX"

Esse o título de nosso editorial-programa, estampado na primeira página do n.0 1 de CATOLICISMO. Apontando desde o início o caráter militante do novo mensário, afirmávamos nossa disposição de lutar até o último alento pela restauração da Civilização Cristã, assim como os cruzados o tinham feito pela reconquista do Santo Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo. Luta incruenta, doutrinária, mas não menos árdua que a dos guerreiros da epopéia das Cruzadas. Esse o nosso objetivo, o nosso programa.

s. Pio X combateu

energicamente o modernismo

Orienre a11tiocide11tal perturbaria em larga medida a indústria européia baseada 110 fornecimento de petróleo e matérias primas vindas do Oriente; 3) 11111 Oriente antiocide11tal tenderia a 11egor bases militares e cooperação bélica 011 eco11ômica ao Ocide11te contra a Rtíssia; 4) os governos antiocidentais do Orie11te só poderiam nranter-se apoiados no prestígio inrernacio11al da URSS".

Apontando desvios nas fileiras do laicato

Progressismo, inimigo da primeira hora

Fiel a seu objetivo de ser um verdadeiro órgão de orientação da elite católica, esta folha, desde os seus primeiros números, apontou os erros que min.avam as fileiras do apostolado leigo, sobretudo da Ação Católica. Assim, cm nosso n. 0 6, de julho de 1951, transcrevíamos as diretrizes de Pio XII aos dirigentes da AC italiana, na qual o Papa apontava esses desvios.

Uma série de artigos, publicada em J 953, analisava a doutrina e os l))étodos da cbal))ada esquerda carólica que concentrava em estado de exacerbação todos os erros que hoje se aninharam na Igreja. Outro conjunto de artigos sobre os Padres-operários, apontava os efeitos nocivos da seculaózação dos Sacerdotes e mostrava como a atitude dos Padres-operários franceses (muito apreciados em certos círculos católicos brasileiros) era fruto ele um delírio igualitário, de visível tendência marxista, que penetrara em muitos ambientes católicos, arrancando ao então Cardeal-Arcebispo de Toulouse, Mons. Saliêge, as seguintes palavras: "Tudo se passa como se houvesse uma ação orquestrada por cerra imprensa nrais ou menos periódica, por certas reuniões mais 011 menos secretas, tendente a preparar 110 seio do Catolicismo 11m movimento de acolhida ao comunismo" (cf. CATOLICISMO, n. 0 40, abril de 1954). Já se vê q ue era o progressismo nascente o grande denunciado.

Prevendo por o nde avançaria o comun ismo

CATOLICISMO, sempre vigilante contra a investida comunista e socialista, especialmente no Ocidente cóstão, procurou acompanhar e analisar o processo político-social que se desenrolava no mundo, com o intuito de apresentar a seus leitores uma bandeira de orientação. Nessa análise, nossos colaboradores prcvira.m de modo surpreendente várias das ameaças que hoje deixam aturdidos os países do Ocidente não comunista. Cumpre lembrar, à maneira de exemplo, o artigo REVOLUÇÃO BOLCHEVIZANTE NA ÜENTILI• DADE ORIENTAL, publicado cm maio de 1952, que previa acontecimentos que mais tarde se desenrolaóam no Oriente Médio, cóando para todo o mundo um grave clima de tensão. Desse artigo, da pena do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, extraímos o seguinte tópico: "Caso os revolucionários vencessem, a URSS auferiria com isto vantagens inapreciáveis: 1) 11m Oriente plasmado segundo os gostos dos revolucionários, reria uma ordem social e econômica muito próxima do comunismo, e, pois, faci/menre s11sceptivel de ser bole/levizada; 2) 11m

Canonizado o imortal Pontífice que condenou o modern·ismo

Se por um lado o panoran1a político em 1954 fora sombrio, por outro, trouxera algumas alegrias e esperanças aos católicos . Uma delas foi a elevação à honra dos altares do grande Pontífice Pio X. Ao registrar o acontecimento, CATOLICISMO salientou como, em sua vida, São Pio X soubera aliar uma admirável bondade a uma firmeza inilexível. Destacamos em seu pontificado, a instituição da Sagrada Comunhão para as crianças, as diretrizes pata a música sacra e o vitoóo-

Da longa atividade de José de Azeredo Santos como polemista católico, desde as páginas do LEGIONÁRIO, destacamos um artigo, célebre pelas repercussões alcançadas, publicado em nossa edição de julho de 1954, sob o pseudônimo de Cunha A lvarenga. o título fala por si : ROSA DOS VENTOS / HISTÓRIA DAS VARIAÇÕES DO SR. TRISTÃO oe ATAÍDe . Variações que transformaram o Sr. Tristão de Ataíde (Alceu de Amoroso Lima) de líder do Jaicato católico brasileiro, em defensor inveterado dos erros maritainistas. O tempo mostrou quanta razão tinha o nosso saudoso colaborador ao apontar então os desvios do hoje debandado esquerdista católico Alceu de Amoroso Lima. Doutor, Profeta e Apóstolo na Crise Contemporânea

·'Se alg11é1n me pedisse para indicar 11m apóstolo-ripo para nossos tem pos, eu responderia sem vacilação, mencionando o nome de um missionário. . . falecido Irá precisamenre 239 anos! E, dando tão desco11cerran1e resposta, reria a sensação de estar fazendo algo de perfeitamente natural. Pois certos homens, colocados na linha tio profético, estão acima das circunsttincias rem,,orais". Estas palavras abrem um artigo publicado cm maio de 1955. Elas se referem a São Luís Maria Grignion de Montfort e caracterizam num só lance a figura e a missão de Apóstolo dos ú ltimos Tempos. - para empregar a terminologia do grande Santo - autor do TRATADO DA VERDADEIRA DEVOÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM, obra da mais alta mariologia. A Democracia Cristã na encruzilhada

nista, denunciara suas láticas e pusera a nu a vastidão de sua conspiração. Se São Pio X não tivesse fulminado o modernismo, dizia nosso colaborador, o mundo teria entrado rapidamente em marcha rumo ao panteísmo e ateísmo. E, con· cluía: toda a ação comunista sobre a face da terra não teria encontrado diante de si os enormes obstáculos que lhe tolheram os passos. Marco fundamental na história de "Catolicismo"

O número l 00 de nosso mensário, de abril de 1959, foi assinalado com a edição de um trabalho no qual o Prof. Plinio Corréa de Oliveira expõe as teses que explicam em profundidade o espírito deste jornal e sua luta. J:: uma de nossas maiores glórias termos publicado em primeira mão REVOLUÇÃO E CoNTRA-RljVOLUÇÃO, principal obra do eminente pensador católico. Pela sua importância, danios a ela destaque especial em outro local desta edição. Desmasca rando a Revolução cubana

Em J959, Fidel Castro subia ao poder na antiga Pérola das Antilhas. Não sem antes ter tomado ares de apóstolo da paz, durante a Revolução cubana. Os católicos de Cuba, como a opinião pública mundial, saudaram o advento do novo governo, esquecidos talvez da pouca confiança que Castro inspirava pelo seu passado. CATOLICISMO, recordando alguns "fatos esquecidos" do esquerdismo de Fidel e seus comparsas, alertava os católicos, através dos artigos lúcidos e clarividentes de Sérgio Brotero Lefevre. Obra providencial com que "Catol icismo" se sol ida ri:i:a

A imprensa das principais cidades do país anunciara o aparecimento de REFOR· MA AGRÁRIA - QUESTÃO DE CONSCI~N-

Já nos idos de fevereiro e março de 1957, dois luminosos artigos de Cunha Alvarenga apontavam as atitudes ambíguas da Democracia Cóstã diante do co. munismo. Com base em fatos, cloqüenten1entc exemplificativos, analisava o articulista os desvios de importantes setores dos Partidos Democratas-Cristãos da Europa. Julgava ainda oportuno apontar as causa~ profundas desses desvios doutrinários e disciplinares. A encruzilhada, para a Democracia Cristã, caracteózava-se então pelo dilema que sempre a acompanharia: em relação ao socialismo, colaboração ou luta? No cinqüentená rio da "Pascendi"

Transcorria no mês de setembro de J95 7 o quinquagésimo aniversário da Encíclica PASCENDI, na qual São Pio X fulminou as doutrinas dos modernistas. Nenhum modo de comemorar a data seria melhor do que publicar um resumo da linha mestra do grande documento. CATOLICISMO salientou como São Pio X não combatera apenas no campo das idéias, mas desmascarara os próprios fautores do erro, traçara o lamentável perfil moral do moder-

·~ Antes de tomar o poder. Fidel Castro e seus se·

quazes usavam terços e medalhas para iludir os católicos. "Catolicismo" denunciou, logo de Inicio, a farsa da Revolução cubana.

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A EPOPÉIA DE ''CATOLICISMO'' CIA. Era natural que esta folha se ocupasse largamente da obra, escrita por colaboradores seus. A nosso pedido, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu um estudo sobre a oportunidade de REFORMA AGRÁRIA QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA, na conjuntura nacional, que publicamos cm outubro de 1960. Sem dúvida, o lançamento do livro constituía o golpe mais forte que o agro-reformismo socialista e anticristão recebia no País. Comentava-se que RA-QC poderia eventu.almente atalhar no Brasil a marcha do triste -processo que levou Cuba ao marxismo. Estávamos certos, qe antemão, que o livro sofreria muitas críticas. Julgávamos que, dentre elas, algumas pelo menos, seriam substanciosas, destras, corteses. CATOLICISMO já prelibava os prazeres intelectuais rijos, inerentes às lutas ideológicas, travadas segundo as normas do cavalheirismo e da lógica. A reação prevista veio de fato, mas quão diferente do que esperávamos! Pequenas notas de imprensa pulularam, carregadas de invectivas pessoais, de afirmações gratuitas, que por sua inteira inconsistência não mereciam qualquer réplica. Saíran1, por fim, três artigos pela imprensa diária nós quais o Sr. Gustavo Corção não escondia a irritação que lhe causara RA-QC, não apresentando, porém, qualquer verdadeiro argumento contra a obra. Também o Sr. Alceu de A. Lima bradou indignado, que soment~ os reacionários, católicos ou não, é que se atreviam a ir contra a "Reforma Agrária". O Prof. Plin.io Corrêa de Oliveira redar,guiu às críticas do Sr. Gustavo Corção, através do DI.ÁRIO OE SÃO PAULO, onde encerrava o assunto. Esta resposta, pnblicada em CATOLICISMO, continha de um modo ou de outro, implícita ou explicitamente, as respostas às principais invectivas da imprensa, a que ainda acima aludimos. Em fevereiro de 1961 o Sr. Arcebispo de Goiânia, D. Fernando Gomes, levanta-

va, na sua REVISTA DA ARQUIDIOCESE, objeções a RA-QC. Tal artigo foi objeto de uma análise espçcial, feita por D. Antonio de Castro Mayer. O estudo do Bispo de Campos, demonstrando não serem convincentes as objeções aventadas, elucidava uma questão de alcance social e religioso imenso .

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Encíclicas mal inte ri>retada s Nas sete longas e tormentosas décadas que transcorreram desde a promulgação da Encíclica RERUM NOVARUM, de Leão XIII, procurava-se, não raro, apresentá-la como instrun1ento da luta de classes. Para colaborar na eliminação desse equívoco, CATOl.tCISMO publicou, no 70. 0 aniversário da Encíclica, artigo analisando esse documento tão mal interpretado. · Nessa ocasião, começaram a surgir na imprensa notícias sobre a Encíclica MATER ET MAGISTRA, de João XXIII. Jam-se difundindo traduções que não tinham caráter oficial. Em certos setores começava a ferver a exploração: João XXTII teria preconi.zado a "socialização" e teria pactuado com o socialismo, pelo menos, nas suas formas mais moderadas. CATOLICISMO, publicou então uma tradução escrupulosamente conforme ao texto oficial latino, pondo em evidência que na Encíclica não figurava o termo "socialização". Lances decisivos pora grandes acontecimentos nacionais Em 1963, a Civilização Cristã, em nosso país, bordejava abismos, sem contudo cair neles. Nem mesmo a esquerda cat6lica, favorecendo às escâncaras a extrema esquerda, conseguia afastar o Brasil das normas sagradas da Civilização Cristã. CATOLICISMO registrou lances confortadores, naquela ocasião. Um deles foi a visita que três dos Autores de RA-QC, D. Antonio de Castro Maycr, D. Geraldo Sigaud e o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, !ir.eram ao Congresso Nacional, onde entregaram ao Poder Le-

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' t',..,...~~-~ Missa pelas vitimas do comunismo na Catedral de São Paulo, novembro de 1971.

gislativo, a 18 de julho de 1963, manifesto com 27 mil assinaturas, de agricultores solidários com o livro. Esse documento preconizava uma política agrária que não atentasse contra o direito de propriedade e nossas tradições cristãs. " Em defesa da Ação Católica", 20 anos depois Quis CATOLICISMO consagrar todo o número de junho de 1963 ao vigésimo aniversário do livro do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, EM OEFESA DA AÇÃO CATÓLICA. E nesse nú mero reproduziu, com natural realce, a calorosa carta de louvor à obra, escrita em nome de Pio XII, pelo então substituto da Secretaria de Estado da Santa Sé, Mons. Montini, hoje Paulo VI. O livro, prefaciado pelo Cardeal Bento Aloisi Masella, então Núncio Apostólico no Brasil, constituía uma aguda análise dos primórdios da infiltração progressista na Ação Católica. Vários dos erros por ele assinalados são hoje levados às últimas conseqüências pelo progressismo católico. Suas páginas constituirão aos olhos da História elemento de inigualável valor para estudo da gênese e desenvolvimento daquilo que Paulo vr chamou a "autodemolição da Igreja". Lutando pelo Brasil em 1964 O ano de 1964 começou no auge da agitação esquerdista. As páginas de CATOLIc1sMo foram reflexo fiel das apreensões, esperanças e lutas de milhões de brasileiros, inconformados com o rumo dos acontecimentos, e dos quais este mensário era o porta-voz. Na luta contra o comuno-janguismo, esta folha deu ampla cobertura a episódios que tiveram papel determinante na criação do clima· ideológico e psicológico do qual resultou o Movimento de 31 de março que então livrou o País do precipício comunista. "Nãof" à comunistização do campo

Conceni,aç~ de Liga• camponeaas -

conflscalóna e anticristã. -

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fator da agllaçjlo Iangulsfil pró "Refonna Agr6rla"

Foto publicada em nosaa edição de fevereiro de 1982.

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Em torno de RA-QC consolidou-se uma imensa e pujante corrente de opinião. Registramos em nossas páginas, lance por lance, escritos, aplausos, ataques e polêmicas que se travaram em torno desse livro. REFORMA AGRÁRIA QUESTÃO DE C0Nsc1@NCIA foi, segundo comentadores políticos, o responsável pelo malogro dos intuitos agro-reformistas socialistas e confiscatórios do governo Goulart. Em novembro, C,1TOl.lCISMO lançava a DECI.ARAÇÃO DO MORRO ALTO. Nesta obra, os autores de RA-QC, com a colaboração de uma equipe de agricultores de São Paulo e Minas Gerais, apresentavam um programa positivo de política agrária, com vistas a proteger e estimular a produção, beneficiando assim os proprietários e trabalhadores do campo, e, em geral, toda a Nação. DECLARAÇÃO DO MORRO ALTO, complemento de RA-QC, foi recebido com admiração e entusiasmo por incontáveis brasileiros que pediam formulações doutrinárias claras e profundas, aplicações concretas, práticas e coerentes, para a solução da questão rural brasileira ( ver em outro local desta edição outros dados sobre a 'DE-

CLARAÇÃO e as repercussões que alcançou no cenário nacional) . Os autores de RA-QC !publicaram na grande imprensa nacional um importante e substancioso estudo - transcrito na edição de CATOLICISMO de dezembro deste mes.1no ano - no qual faziam reparos sobre a emenda constitucional n.0 5/64 e sobre o projeto do BsTATUTO DA TERRA, transformado em lei, na enorme maioria de seus dispositivos, naquele mesmo mês. Arrancando a másca ra do esquerdismo camuflado Os atuais dirigentes da TFP, na vanguarda da luta contra o agro-reformismo de Goulart, desenvolveram também oportuna atuação, consignada em nossas páginas, contra tomadas de atitudes da esquerda "católica". Cumpre-nos ressaltar dessa atuação, a interpelação à Ação Católica de Belo Horizonte que, dizendo-se nem comunista nem capitalista, assumia uma posição de clara conivência com o governo comunislizante do Presidente Goulart. Pressionada para que definisse claramente sua linha ideológica, por um abaixo-assinado de 209 mil assinaturas, a Ação Católica da capital mineira nada pôde responder. Também registramos em ampla reportagem uma tomada de posição de estudantes universitários, na qual a influência da TFP se (ez sentir. Essa manifestação, cm fevereiro de 1964, concorreu poderosamente para in1pedir, que se reunisse em Belo Horizonte, o congresso comw1ista da CUTAL - Central única de Trabalhadores da América Latina. Foram coletadas, em apenas dois dias, 30 mil assinaturas de belo-horizontinos para. um memorial contra a realização desse congresso, naquela cidade ou em "qualquer recanto do Brasil". No Rio de Janeiro e em Curitiba, foram coletadas, respectivamente, 12 e 20 m.il assinaturas para um manifesto idêntico ao de Belo Horizonte. Para entregar esse manifesto ao Presidente da República, foi organizada uma caravana de autom6ve.is da capital montanhesa para Brasília, levando uma Imagem da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Essa in.iciativa de colaboradores e propagandistas deste mensário teve enorme repercussão em todo o país, sendo amplamente noticiada pela imprensa. Três documentos providencia'is Três grandes documentos apresentados ao público brasileiro pelas páginas de CATOLICISMO constituem importantes acontecimentos na História da Igreja em nosso sécu lo. Sua importância e alcance histórico é hoje evidente, pois vai ficando cada ve1, mais patente o desacerto da política de distensão do Vaticano com os governos comunistas. A vista de ta(s desacertos e das verdadeiras catástrofes deles decorrentes, julguem nossos leitores o alto significado providencial dos referidos documentos. -

FÁTIMA: PETIÇÃO DE 510 BISPOS

Referimo-nos, primeiramente, à petição feita a Paulo VI por 51 O Arcebispos e Bispos - a terça parte dos existentes em 1964, ano cm que foi formulada. Os Prelados suplicavam que, consoante o pedido feito por Nossa Senhora de Fáti-


ma, Paulo VI, em união com todo Episcopado católico, consagrasse o mundo, espccialn1ente a Rússia e os demais países sob jugo comunista, ao Imaculado Coração de Maria. D. Antonio de Castro Mayer esteve à frente dessa iniciativa juntamente com D . Geraldo Sigaud. -

CONDENAÇÃO DO COMUNISMO SOLICITADA NO CONCÍLIO

Foi também de in.iciativa dos dois Prelados a petição em que 213 Padres conciliares, de 54 países diferentes, pediram a condenação do comunismo e do socialismo, pelo II Concílio Ecumênico do Vaticano. S digno de nota - observávamos em janeiro de 1964 - a grave af_irmaç_ão contida no documento, de que stmpat1as pelo socialismo e pelo comunismo se infiltraram nos meios católicos: "Serpeiam entre ca-

tólicos numerosos erros e estados de espirita que [ ... ] tornam os espiritos propensos a aceitar as doutrinas niarxistas e a estrutura social e econ6mica do comunismo. Enredados por tais idéias, muitos católicos consideram com simpatia o comunismo ( .•. ]. Tais erros são difundidos por muitos ,nestres pertencentes às fileiras do Clero". -

ÜM "BEST·SELLER" ANTICOMUNISTA INTERNACIONAL

Intima relação com os dois documentos antes mencionados apresenta o ensaio A LIBERDADE DA JOREJA NO EsrADO COMU• NISTA, lançado ao público brasileiro por CATOLICISMO, cm agosto de 1963. Dos trabalhos do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira publicados nesta folha, este foi o que maior difusão e repercussão obteve no mundo inteiro. Em outro local fornecemos mais dados sobre esse estudo.

Alertando contra certos "elites" católicos

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ELITES CATÓl. lCAS PROMOVEM SENSUA• LIDADE, LU rA DE CLASSES E SUBVERSÃO SO· CIAL - Sob esse título nosso colaborador Cunha Alvarenga fez lúcida análise do papel das elites católicas que prestam pernicioso concurso à causa da corrupção e da subversão social. Citava, entre outros exemplos, dois romances do Pe. João Mohana - O OUTRO CAMINHO e MARIA TEMPESTADE, amostras típicas de literatura Místico-sensual - e um relatório da Delegacia de Ordem Política e Social do Rio Grande do Sul. Esse documento policial mostrava as relações entre ponderáveis setores da JUC e da J EC, órgãos da Ação Católica, e movimentos político-estudantis esquerdistas como Ação 0

Popular (AP) e Grupão. O artigo suscitou nos meios católicos repercussões e controvérsias. D. Vicente Scherer, Arcebispo de Porto Alegre, escrc-

veu carta a este jornal na qual protestava contra certas afirmações nele contidas. Publicamos, em j ulho de 1965, a carta de S. Excelência. . . e nossa devida resposta!

"Ação Católico" e "Ação Popular"

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Há trinta anos, o livro EM DEFESA DA AÇÃO CATÓLICA alertava o Brasil con\ra os erros que se infiltravam na Ação Católica, fazendo-a correr o risco de se voltar contra suas próprias finalidades. AÇÃO POPULAR, CAPÍTULO DEPLORÁVEi. NA HISTÓRIA 00 BRASIL CATÓLICO foi um documentadíssimo artigo de Aloizio A. Barbosa Torres sobre a Ação Popular, movimento subversivo, q\le teve por préhistória a atividade política desenvolvida por mi.litantes da JEC e da JUC. . Nele o articulista mostrava: quem visse antes cÍe 31 de março de 1964, militantes da JEC ou da JUC defender a revolução cubana ou, de mãos dadas com comunis1 tas professos, ' lutar pe1as "ref onnas <,e base" mais descabeladas, ou a desenvolver, na direção da UNE (União Nacional dos Estudantes), ou através da Ação Popular, uma agitação pré-revolucionária em todo país, não poderia deixar de lembrar-se do previdente brado de alerta do EM DEFESA DA AÇÃO CATÓLICA.

Contra livro escandaloso de um Sacerdote CATOLICISMO, de dezembro de 1966, publicou um amplo estudo do conhecido médico endocrinologista de Belo Horizonte, Dr. Antonio Rodr igues Ferreira, sobre o controle da natalidade, intitulado EM DEFESA DA FAMÍLIA BRASILEIRA CONTRA ,\S INVESTIDAS DE UM SACERDOTE, a propósito do liv·ro LIMITAÇÃO DOS NASCIMENTOS, de autoria do Pe. Paul-Eugine Charbonneau. O Sacerdote canadense, em sua obra, abria as portas, de modo escandaloso, para o uso das pílulas anticonccpcionais e chegava ao absurdo de aprovar a esterilização cirúrgica. Refutando esse livro, o Dr. Antonio Rodrigues Ferreira, presidente da secção mineira da TFP, mostrava que ele estava em aberrante oposição a toda a tradição da Igreja e aos mais recentes ensinamentos pontifícios.

Diálogo: o novo tático comunista Um sutilíssimo estratagema adotado pela propaganda comunista i~temacio!1al para a conquista das mentes foi denunciado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no profundo ensaio BALDEAÇÃO IDEOLÓGICA lNAD· VERTIDA E DIÁLOGO. Essa obra, que publicamos cm primeira mão no mês de novembro de 1965, tem uma' súmula de suas teses e um histórico de sua difusão estampadas em outro local deste número comemorativo.

Em defeso do Família brasi leira contra o investido divorcista

"Revolução e Contra-Revolução", marco fundamental da história desta folha.

Um dos mais importantes acontecimentos de 1966, registrado em todos os lances pelas páginas deste mensário, foi a vitoriosa campanha que a TFP promoveu em 142 cidades do Brasil, coletando, em 50 dias, l.042.359 assinaturas para uma mensagem às autoridades civis e eclesiásticas, contra a aprovação do projeto de Código Civil que pretendia introduzir sorrateiramente o divórcio em nossa legislação. Era o maior abaixo-assinado feito no Brasil até aquela data. Figuras de relevo no cenário nacional subscreveram a mensagem antidivorcista. O apelo foi atendido pelo governo federal, com a retirada do projeto, que tramitava na Câmara dos Deputados. - Quando a campanha da T FP já se afirmava vitoriosa pela retirada do projeto de Código Civil divorcista, a entidade recebeu um ataque de onde menos podia esperar qu~ viesse. Com efeito, no dia 17 de junho de 1966, a Comissão Central da CNBB publicou três comunicados, sendo um contra a TFP, outro defendendo o Movimento de Educação de Base (MEB) da acusação de subversivo ou comunista, e um terceiro que, por incrível que pareça, manifestava cálida simpatia pelo projeto de novo Código Civil!

Fátima no cinqüenlenârio das aparições.

A TFP emitiu, então, um longo documento intitulado A TFP AO PÚBLlCO RESPEITOSA DEl'ESA EM FACE DE UM CO· MUNICADO DA VENERANDA COMISSÃO CENTRAL DA CONFERilNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. FILIAL CONVITE AO DIÁLOGO, em que mostrava o absurdo da atitude da CC da CNBB. CATOLICISMO publicou o referido documento em seu número 188, de agosto âe 1966. Era a primeira vez que o grande público, estarrecido, se dava conta da extensão da chaga progressista no próprio seio do Episcopado.

A verdadeiro face de 50 anos de comu n·ismo Ocorreram, em 1967 ,. o centenário da publicação de O CAPITAL de Marx e o cinqüentenário da revolução bolchevista_ na Rússia. Tais aniversários, que devenam ser comemorados "in cinere et cilfcio", foram ao contrário, motivo para se alardeàrer:i supostas vantagens do regime coletivista. · Em face a esse inqualificável procedimento, CATOLICISMO cncàrregou-se de relembrar o que há de intrinsecamente mau na ideologia comunista, bem como as atro-

cidades que em seu nome foram cometidas durante 50 anos. Entre os artigos dados então a lume, cumpre ressaltar o de D. Antonio de Castro Mayer, ..... A RÚSSIA ESPALHARÁ SEUS ERROS", assinalando o avanço do comunismo pelo não cumprimento dos pedidos feitos por Nossa Senhora cm Fátima. Transcrevemos também o manifesto da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade (TFP), sob o título No 50.º ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO BOLCHllVISTA. Era uma tomada de posição lúcida e corajosa contra a atmosfera feita de derrotismo, apatia e laivos de simpatia pelo comunismo, preponderante nos comentários que os grandes meios de publicidade consagravam ao cinqüentenário da Revolução bolchevista. - Missa pelas vítimas do comunismo. CATOLICISMO abriu igualmente suas páginas para noticiar as Missas que a TFP fez celebrar por ocasião desse triste cinqüentenário. Os sentimentos anticomunistas do povo brasileiro e sua simpatia para com a TFP manifestaram-se uma vez mais pelo comparecimento maciço às Missas, celebradas nas diversas cidades onde a entidade deitou raízes. Em todas elas, a acolhida das autoridades civis e militares foi das mais expressivas. Aqueles atos litúrgicos tinham por in1enções a libertação dos povos subjugados pela tirania vermelha,_ a preservaç~o do Brasil contra o comumsmo, o sufrágio das ví1imas do bolchevismo em todo o mundo e especialmente, os brasileiros que tombaram cm atentados terroristas. Nas mesmas intenções foram mandadas rezar Missas também nos anos de 1969, 1970 e 1973 sempre com grande a(luência popular e das autoridades, como se pode comprovar nas coleções deste jornal.

Cinqüentená rio das aparições de Fátima O ano de 1967 comemorou igualmente dois outros aniversários: o 50.0 das aparições de Nossa Senhora cm Fátima, e o 250.º do milagroso encontro da imagem da Padroeira do Brasil, a Senhora Aparecid a, nas águas do Rio Paraíba. Demos então a lume a CARTA PASTORAL SOBRE A PRE· SERVAÇÃO DA FÉ E DOS BONS COSTUMES, que o Sr. Bispo Diocesano escreveu a propósito desses dois eventos. Oferecemos ainda a nossos leitores, em maio daquele ano, o relato completo - de autoria de A. A. Borelli Machado - de tudo o que se passou em Fátima entre a Virgem e os três videntes. Esse texto é de grande utilidade para se penetrar a fundo o sentido da mensagem de Nossa Senhora e poder atender-lhe os pedidos. SIMPLES RELATO DO QUE SE PASSOU EM FÁTIMA QUANDO NOSSA SENHORA APARECEU, devido ao enorme interesse que sus-

''DIA LOGOS SOCIAIS" A pr<>senwçã<> rt!sumicla e substanciosa de vários tema.,· da pro• blt:mática commrismo-a111icom111úsmo largamente 1·ersndos 110 ptíb/ico, apresenu,dos na ,.,usma lingu~gem de que e:;tes costmnam se revestir na., conw!r.,;as caseiras e nos t 11co111ros de rua. Colocam ao C1fca11ct do grande público argumentos qu<podem premunir as pessoas reta.:,· contra ,, insidfosa propaganda do socialí.t mo t do comunismo.

1 • A propriedade privada é um roubo? A propriedade privada: direito sagtado ou pn· vilégio odioso? - "Ca1ol ocismo'" n.0 207. de março de l 96~.

2 •

Devemos trabalhar só para o Estado? A propriedade prh,ada : como pode servir ao bc_m comuní'l Qunl a sua função social? -

··Catolicis-

mo" n,o 210 de junho de 196~.

3 . É anti-social economizar para os f ilhos? ~

Propriedade privada e classes sociais, servidora:-. ou inimigas da família? - ..Catolicismo" n.0 21 t. de julho de 1968.

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A EPOPÉIA DE ''CATOLICISMO'' ticomunismo. Estes três D!ÁLOOOS SOCIAIS, que também tratavam da sutil propaganda socialista exercida no público, foram posteriormente, publicados em forma de opúsculos, tendo alcançado enorme repercussão em todo o território brasileiro. Caravanas da TFP difundiram 100 mil exemplares de cada um desses folhetos, durante 15 meses de campanha. 2.040.368 auinaturos contra minoria católico subversivo

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N.• 220-22 J

AURII.. • MAIO OE I OGO

ANO XIX

Com este número sobre o IOOC e os Grupos Proféticos, "Catolicismo" alcançou a sua maior tiragem: 165 mll exemplares.

citou, foi reapresentado em nossa edição de outubro de 1972. Revisto e consideravelmente ampliado com base nos manuscritos e cartas da Irmã Lúcia, até há pouco inéditos, foi republicado na edição de julho do ano passado. Desse trabalho, divulgado cm forma de livro, escoaram-se 200 mil exemplares, de 7 edições, em português. Foram publicadas também seis edições ele opúsculo na Espanha, Chile, Uruguai, Argentina e Venezuela num total de 56 mil exemplares. Foi, outrossim, transcrito na revista CRUZADA, de Buenos Aires e CRUSAOt FOR A CHRISTIAN CVILIZATION, de Nova York. Com as edições cm CATOUCJSMO, esse trabalho alcançou a tiragem de 320 mil exemplares. Frei: um sofismo o e ncobrir uma traição

Quando em julho de 1967, CATOLICISMO deu a lume o trabalho de nosso saudoso colaborador, Fábio Vidigal Xavier da Silveira, a ninguém ocorrera ainda chamar Frei de " Kerensky chileno". Essa obra brilhante e, poder-se-ia dizer, profética, hoje um best-seller latino-americano, merece destaque especial neste número. Em março, junho e julho de 1968, esta folha publicou os DIÁLOGOS SOCIAIS, que apresentam de modo resumido, ameno e popular temas da questão comunismo e an-

Um documento altamente subversivo do Pc. Joseph Comblin, professor do Instituto Teológico de Recife, comprovava de maneira insofismável a articulação comunoprogressista para a derrocada de nossas instituições. Publicamos em julho de l 968 a carta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a D. Heider Câmara pedindo a expulsão do cargo que ocupava esse Sacerdote belga o qual apunhalava a Igreja e promovia o comunismo. Um pesado silêncio foi a resposta a essa missiva ... O Conselho Nacional da TFP publicou então uma RtVtRENTt E FILIAI. MtNSAGEM A PAULO vr pedindo medidas enérgicas contra a infiltração esquerdista em meios católicos. Em apenas 58 dias, essa mensagem obteve a adesão de 1.600.368 brasileiros de 229 localidades em 21 unidades da Federação, entre os quais altas autoridades eclesiásticas, civis e militares. Foi o maior abaixo-assinado da H istória do Brasil. As TFPs da Argentina, Chile e Uruguai, entidades autônomas, porém co-irmãs da TFP brasileira, também promoveram campanhas com o mesmo objetivo. Assim somou-se um total de 2.040.368 assinaturas. Não poderíamos deixar de registrar, no entanto, uma palavra sem amargura, mas cheia de dor. Microfilmes dos abaixo-assinados foram entregues no Vaticano no dia 7 de novembro de 1969. Que ' resposta foi dada a essa súplica filial, respeitosa, submissa, angustiada e ardente de 2.040.368 católicos sulamericanos? Até hoje, o silêncio ... De lá para cá continuou a crescer a infiltração comunista nos meios católicos. E com que catastróficas conseqüências! Denunciado tramo

secreto poro revolucionar o Igreja

Uma bomba de alto poder explosivo foi colocada por terroristas, em S. Paulo, no prédio da Presidência do Conselllo Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, a qual se havia incumbido da difusão do número especial de CATOLICISMO sobre o IDOC e os Grupos Proféticos. Esse ,1úmero de CATOLICISMO (abril / maio de 1969) baseou-se em dois documentos sensacionais sobre a crise da Igreja. Um deles, o boletim católico AP-

O Cardeal SIiva Henrlquez em amistosa conversa com Allende, durante comício comunista Várias vezes esta folha denunciou o conluio entre o clero progressista e marxistas

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, o fim do regime allendista: bombardeio do palácio presidencial

PROACHES, de Londres, intitulado DOSSIER A RESPEITO DO IDOC. o outro, sob o título Os PllQUENOS GRUPOS E A CORRtNTt PROFÉTICA, da revista ECCLESIA, de ,Madrid, orgão da A. C. espanhola. Cada um dos documentos veio precédido de um estudo de apresentação elaborado pela redação desta folha. Além disso, publicamos resumos analíticos dos dois artigos, sobre os quais o Prof. Plinio Corrêa de Olivei.ra desenvolveu um estudo de aprofundamento, conjugando-os. O documento de APPROACHES descrevia uma gigantesca máquina de propaganda o IDOC, ou seja, Centro /111er11acional de /11formação e Documentação relativo a Igreja Conciliar. Essa máquina é destinada

a inocular nos meios católicos, mais ou menos veladamente, através da imprensa, rádio, televisão e de conferências, uma doutrina oposta à religião católica. O documento faz ver que essa máquina atinge a Europa e os Estados Unidos, com ramificações na América do Sul e outras regiões do mundo, controlando a maioria dos órgãos de publicidade católicos. O artigo de ECCLESIA mostrava como os Grupos Proféticos constituem um movimento formado por miríades de grupelhos esparsos, mas com extraordinária unidade de doutrina, objetivos e métodos. Tais grupos colaboram entre si, sem direção central aparente; são células de ativistas que se incrustam nos mais diversos organismo católicos, para aí propagarem e, mais ou menos veladamen.te, difundirem seu sistema ideológico. Com requintados meios de ação sobre a opinião pública, formam dentro da Igreja uma imensa rede semiclandestina de propaganda anticatólica, feita sobretudo verbalmente, de pessoa a pessoa. São grupos ocultos na Igreja a serviço do comunismo. A unidade existente entre o / DOC e os Grupos Proféticos foi demonstrada pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Eles têm uma identidade doutrinária. Como os modernistas, pretendem uma nova religião, a religião do homem, que se endeusa e prescinde do Criador. Como i11fra-estrt11ura, para sustentar e disseminar a doutrina dos Grupos Proféticos, existe o / DOC, com sua superpotência publicitária. É a ascensão triunfal da heresia modernista na sua n~va roupagem, como afirmou D. Antonio de Castro Mayer, em artigo que publicamos naquela mesma edição. Com denodo e eficácia, as honras da di namite - colocada na sede da TFP três dias antes do início da campanJ,a - e entusiasmo redobrado, os sócios e cooperadores ôa TFP difundiram cm 70 . dias a edição recorde deste jornal. Tpl foi o interesse despertado no público de 5 l4 localidades, que se escoaram os l 65 mil exemplares de cinco tiragens sucessivas. O brado contra os profetas do ateísmo ultrapassou nossas fronteiras, com a reprodução da matéria em revistas das TFPs e entidades afins da América do Sul e da Península

Ibérica. Esse foi sem dúvida um dos maiores serviços que CATOWCISMO prestou à causa da Igreja e da Civilização Cristã. Santos e doutores apresentam o verdadeiro alcance dos documentos do Magistério

Fundamentando-se em cerca de 200 documentos de Santos, Doutores, Pontífices, Concílios e Teólogos de renome, nosso colaborador Arnaldo V idigal Xavier da Silveira escreveu uma série de artigos sobre o verdadeiro alcance dos ensinamentos do Magistério da Igreja: QUAL A AUTOR IDADt DOUTRINÁRIA DOS DOCUMENTOS PONTIFÍCIOS t CONCILIARES (n.0 202, outubro de 1967); NÃO só A HERéSIA PODE SER CONDtNADA PELA AUTORIDADt ECLtSIÁSTICA (n. 0 203, novembro de 1967) ; ATOS, GESTOS, ATITUDES E OMISSÕES PODEM CARACTERIZAR O HEREGE (n.0 204, dezembro de 1967); RtSPONDtNoo A OBJtÇÕES Dt UM IMAGINÁYl!L LEITOR PROORESSISTA (n. 0 206, fevereiro de 1968); PODE UM CATÓLICO REJEITAR A "HUMANAi! VITAt"? (n. 0 s 212-214, agostooutubro de 1968) ; PODE HAVER ERROS NOS DOCUMENTOS DO MAGISTÉRIO? (n .o 223, julho de 1969); R ESISTÊNCIA PÚBLICA ÀS DtCISÕES DA AUTORIDAOt ECLESIÁSTICA n.o 224, agosto de 1969).

MENSÁRIO com

aprovação cclt~iástk::t

CAMPOS -

EST. DO

RIO

D lRETÕR PAUi.O

Cout\

1)8 81UTC) F I LHO

Oirttorla: Av. 7 de Setembro 247, caixa l)«i13.l 333, 28JOO Campos, RJ. Admlni.slrn· tiio: ,R. Dr. M:irtinico Prnclo 271. 01224 S. Pnulo. Composlo e impresso na Cfo. Lilbogrnphic.a Ypirans:i., Rua C:i.dcte 209, S. Paulo. Ass:lnaturn ,:muni: comum Cr$ S0,00; coop-crndor CrS 100,00: benfeitor Cr$ 200,00; grnnde benfeitor Cr$ 400,00; serninariSlá!li e estudantes CrS 35,00; América do Sul e Central: vi3 de superfície USS 6,SO, vi:i :t~rca USS 8,00; Am6rica do Norte, PmlUgnl, EsJ)anha, Ptovfncias ultramarinas o Côlóni:\s: vi:-. de superfície USS 6, SO, , i~, aére~ USS 9,SO; outros países: via de Su· períícic USS 7,SO, via ;i.érea USS 13.00. Venda :wu.lsfi: Cr$ 4,00.

Os p:tgame1Hos, sempre cm nome de Edl. toro Padre B~khlor de Pontes S/ C, IJO· dcriio ser encaminhados à Administraçr.o. P::irn mudança de endereço de assinantes. é nec~sMio mencionar também o endereço :-tnligo. A cortcspondência relativa a assi· nahtl'nS e venda ,w utsa deve ser c.nviada à Adminish·atão: R. Dr. M>rtinlco l'rodo 271 01224 S. Paulo


O trabalho sério e penetrante de A.rnaldo Vidigal Xavier da Silveira serviu para dirimir dúvidas e confusões que a ambigüidade progressista fez aparecer em ambientes católicos nos últimos anos, a respeito do verdadeiro alcance dos documentos pontifícios e conciliares.

Campos fundaram CATOLICISMO. Seu nome está para sempre ligado à história desta folha, a qual valorizou com cerca de trezentos artigos, ao longo de vinte e três anos. Sua memória foi por nós reverenciada na edição de agosto daquele ano. A via chilena poro o miséria

No Chile, uma falso vitó ria e leitoral

Causou consternação geral na opinião brasileira e sul-americana a ascensão do marxista Allende à presidência do Chile. CATOLICISMO reproduziu na ocasião, uma análise serena e objetiva das eleições no país andino em 1970, quando venceu o candidato da Unidade Popular, contida no artigo-manifesto A POSIÇÃO OA TFP ANTE A VITÓRIA MARXISTA NO CHILE. A vitória de Salvador Allçnde, dizia o documento da TFP, encheu de euforia a todos os comunistas e seus congêneres. E não sem razão, pois em mais de cem anos de intensa pregação ideológica, esta foi a primeira vez que um candidato oficialmente marxista chegava ao poder pelas urnas. A ascensão de Allende confirmou ao pé da letra as previsões contidas no best-seller de Fábio Vidigal Xavier da Silveira, FREI, o KERENSKY CH!l.ENO - escrita três anos antes - segundo as quais o resultado da atuação de Frei seria a vitória da minoria mar_xista. A posição esquerdista do Episcopado e da Democracia Cristã chilena foram os verdadeiros responsáveis pela ascensão marxista no país andino. A pedido da TFP, o Sr. Bispo de Campos celebrou Missa !Jelo Chile, em São Paulo, dando i.nício à campanha de difusão do número 238 deste mensário, com a reedição de FREI, o KERl!NSKY CHILENO e o manifesto da entidade. "Catolic ismo" perde destaca dos colabo radores

A notícia da morte de nosso colaborador Fábio Vidigal Xavier da Silveira, em dezembro de 1971, causou profundo pezar em amplos e influentes setores da opinião católica e anticomunista do Brasil e outros países ibero-americanos, nos quais era largamente conhecido e estimado. Prestamos, na ocasião, a homenagem de nossa saudade ao companheiro desaparecido. Em julho de 1973 Nossa Senhora chamou à eterna recompensa José de Azeredo Santos, um dos nove veteranos do LEGIONÁRIO que - sob a égide do Sr. Bispo de

NEM ARMAS, NEM BARBAS, MAS TRAPA· ÇAS: A VIA CHILENA é o título de um documento da Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, que CATOLICISMO transcreveu em abril de 1972, mostrando como o governo marxista andino, apesar de repudiado pela maioria, mantinha-se no poder empregando o binômio medo-otimismo. Com esse processo, os vermelhos conseguiram neutralizar a reatividade anticomunista do povo chileno. Externamos nosso júbilo pela queda de A!lende, após o 11 de setembro. Em colaboração com as revistas divulgadas pelas TFPs e entidades afins das Américas, CATOLICISMO estampou no número de outubro-dezembro de 1973 ampla reportagem mostrando o panorama de injustiça, m.iséria e sangue da experiência chilena. Escrita pouco depois do golpe militar que pôs fim à opressão marxista, essa reportagem foi mais tarde editada em forma de livro e lançada com pleno êxito em Paris pelo BUREAU TRAOIT(ON, FAMIL· LE, PROPRIÉTÉ. Cursilhos, um temo ca ndente

A Carta Pastoral de D. Antonio de Castro Mayer so&re os Cursilhos de Cristandade causou prolongada efervescência nos meios religiosos e leigos do País. Em outro local desta edição nossos leitores encontrarão um resumo das principais teses e informações sobre a grande divulgação que teve essa oportuníssima Pastoral, estampada cm nosso número de dezembro de 1972. Um jubileu insigne

As comemorações do jubileu de prata episcopal de S. Excia. Revma. D. Antonio de Castro Mayer, cm maio de 1973, CATO· L!CISMO associou-se festivamente. O preito de homenagem prestado pelo Clero, autoridades e fiéis de Campos, não se circunscreveu aos limites da Diocese, mas teve repercussão nacional. E nem poderia ser de outra forma, sendo, como é, o Sr. Bispo de Campos uma personali-

Missa na comunidade pentecostalisla "católica" de Ann Aroor, Michigan, EUA

dadc que se destaca no cenário brasileiro e internacional, por sua firmeza na de(esa da Fé e da doutrina tradicional da Igreja. Distensão do vaticano com os governos comunistas

Sob o título A POLÍTICA OE OlST.ENSÃO VATICANO COM OS GOVERNOS COMUNIS· TAS/ PARA A TFP: OMITIR-SE? OU RESISTIR? - ·íoi publicado no nú.mero de abril de 1974 deste mensário o texto integral do importante manifesto da TFP. Em resumo, a entidade expressa nesse documento, de autoria do Pro(. Plínio Corrêa de Oliveira, "as perplexidades, as angústias, os trau,nas" de inumeráveis católicos ante a política de distensão do Vaticano com os governos comunistas. Externando sua "obediência irrestrita e amorosa não s6 à Santa Igreja como ao Papa, em todos os terrnos preceituados pela doutrina católica", os membros do Conselho Nacional da TFP, na qualidade de filhos amorosos da Igreja, afirmam seu direito de resistir à orientação éliplomática do Vaticano, quando esta discrepa da doutrina perene do Magistério eclesiástico, como São Paulo resistiu a São Pedro (cf. Gál. 2, 11 ). O documento foi publicado também nos principais jornais das capitais brasileiras e sul-americanas, bem como nos Estados-Unidos e na Europa, tendo encontrado manifestações das mais favoráveis por parte do grande público e movimentos anticomunistas.

que ocorren1 por vezes em estádios de futebol e shows de rádio e televisão. CATOlI· CISMO apresentou amplo e documentado artigo em seu número de agosto-outubro de 1975, oferecendo aos leitores elementos para análise e resposta à grave pergunta: o que pensar do pentecostalismo "católico" - a chamada renovação carismática'

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Bispo de Campos lanço brado contra o divórcio

PELO CASAMENTO INDISSOLÚVEL / 0 DIVÓRCIO EM FACE DA IGREJA .E DO ÜJREITO CANÔNICO, é o título da Carta Pastoral de D. Antonio de Castro Mayer, que apresentamos em maio do ano passado. O brado de alerta aos católicos dado pela Pastoral e sua enorme repercussão nacional contribuíram decisivamente para a rejeição das duas emendas constitucionais divorcistas que tramitavam no Congresso Nacional. Outros elementos sobre a Carta Pastoral de Dom Mayer contra o divórcio, amplamente dilundida pela TFP, figuram com destaque em outro local desta edição.

A e popéia do fidelidade

Um quarto de século de autêntico jornalismo católico íoi completado com o número 300 de CATOLICISMO. Suas páginas sustentaram, desde o nascedouro, o ideal a que se havia proposto. E com isto nossa folha realizou uma epopéia. Sim, uma epopéia, porque a Revolução gnóstica e igualitária foi, ao longo desse quarto de século, desarmando, repudiando, liqüidando todas as resistências. Diante do sopro da corrupção, do igualitarismo, do progressismo, do comunismo e de tantos outros sistemas errôneos, a maioria de nossos con1emporãneos não fez senão vergar a cabeça. Esse enorme processo revolucionário universal, como maior não houve na história, CATOllCISMO enfrentou em toda linha, em toda medida e de ponta a ponta, animado cm sua coragem e cm sua intrepidez pela confiança sem limites no auxílio de Maria Santíssima. Na mais grave crise da Igreja - Paulo VI chegou a reconhecer que se trata de uma "autodemolição" e que "a fumaça de Satanás penetrou 110 templo de Deus" nessa crise, CATOLICISMO foi o baluarte antiprogressista, o paladino das verdades esquecidas, o defensor intrépido da plena ortodoxia; numa palavra, CATOLICISMO representou a FIDELIDADE. Paladino do anticomunismo, alertou os católicos tanto contra o comunismo clássico, quanto co11tra o comunismo camuflado em roupagem democrática. A epopéia de sua fidelidade doutrinária e das inúmeras lutas que empreendeu expressa na diversidade dos temas tratados em suas páginas - foram colocados por inteiro a serviço de uma causa santa, sublime e maravilhosa: a deresa da Santa Igreja Católica Apostólica Romana e sua expressão tempo ral, a Civilização C1·istã. Esta é a única glória que CATOLICISMO chama a s, neste quarto de século de crnzada .

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A cha moda " re novação carismático"

Episódio da polilíca de distensão vaticana: Paulo VI recebe POdgorny

O Pentecostalismo ..católico" é um movimento controvertido. Surgiu em seitas protestantes dos EUA e íoi introduzido na Igreja por cursilhistas. Sua atual figura de proa é o Cardeal Suenens, prócer do progressismo. No centro de suas práticas pode-se indicar o batismo 110 Espíriro pela imposição das mãos, que conferiria carismas como o dom das lí11g11as, o dom da profecia, o dom da., c11rt1s. Lêem a Bíblia, profetizam, celebram t1 Eucaristia em meio a cantos, danças ao som de música rock e grilos como " Aleluia", "Alabaré", "o Espirita vem!" Bispos e estudiosos têm apontado desvios doutrinários, criticado o interconfessionalismo do movimento e denunciado perigosas manifestações de histeria, semelhantes às

Qual o futuro desta Cr11zada do Século XX?

Não são róseas as nuvens que temos diante de nós. Aproxima-se rapidamente, ao que tudo indica, o momento em que se concretizarão as advenências de Nossa Senhora em Fátima sobre o castigo que virá parn a humanidade, caso esta não se volte para a penitência e oração. Contudo, uma ceneza inabalável anima a todos que fazem parte da grande famílja de almas de CATOCtSMO: não só a Igreja não desaparecerá, em virtude da promessa divina, mas alcançará cm nossos dias o triunfo mais esplendoroso de sua História, quando se cumprir o que prometeu Nossa Senhora em Fátima: .. POR FIM MEU IMACUI.AOO CORAÇÃO TRIUNFARÁ!"

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I_JAfOJLXCESMO-------

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Carta aberta ao Cardeal Poletti

DESPERTAR ANTICOMUNISTA EM DEFESA DA FÉ E DA ITÁLIA E

M ALOCUÇÃO aos Párocos de Roma no dia 19 de outubro, o Cardeal . Ugo Poletti, Vigário-Geral da Diocese, manifestou a sua preocupação ante a iminência de a administração da Cidade Eterna cair nas mãos dos comunistas. A esse propósito, ALLEANZA CAT· TOLICA - o pujante movimento contra-revolucionário italiano liderado por Giovanni Cantoni - dirigiu uma carta-aberta ao Cardeal-Vigário, pedindo esclarecimentos sobre alguns pontos de seu discurso, e i.ndagando quais as medidas concretas e reais que se seguiriam a tão importante pronunciamento. Pelo seu alcance e atualidade, julgamos oportuno apresentar aos nossos leitores as passagens principais do substancioso documento, publicado na edição de novembro-dezembro p.p. de CRtSTtANI· TÀ, órgão oficial do movimento.

A CARTA·ABER1"A Ao CARDEAL PoLErr1 começa por manifestar quan-

to era grata a todos os católicos justamente preocupados pelas tcrrtveis perspectivas que se entrevêem no fu turo próximo da Itália e do mundo - aquela palavra, "há muito tempo não ouvida", que chegava de Roma, advertindo do perigo comunista. A seguir, o documento da ALLEANZA transcreve os trechos principais da alocução do Cardeal-Vigário, sobre os quais interpelará S. Eminência. Havia o Cardeal Poleni ao llllalisar as perspectivas para o ano pastoral que se iniciava - a(irmado que estas se apresentavam melancólicas, pois teriam reflexos não só sobre Roma, mas sobre toda a Igreja: "Dentro de alguns meses -

to examina alguns episódios recentes e a situação atual descrita pelo Vigário-Geral de Roma. A situação é a seguinte: um povo. que na sua maioria é tradicionalmente católico, elege representantes que, no entanto, são inimigos do nome cristão. Como1 então, pondera a carta, uão atribuir grande parle da responsabilidade pela situação àqueles a quem incumbe a m issão apostólica junto a esse povo?

"Logo -

pergunta o documento

- , como não dar um sentido ma;..; preciso, menos esfurnaçado, li ex• pressüo ''nossa responsabilidade"?

Se a consideração anterior tem sentido, é i11sz1J·tentável a pretensão de não 110.r t.11co11trarmos na ,;itua• çiio na qu(d " dent ro de alguns meses" estaremos. te,ulo presente a situaç,io na qual nos encontramos Jul alguns anos, parti niio irmos mais longe, e para fixarmos um limite, por exemplo, desde t1 Pastoral do Episcopado Jtoliano, de 1963. O que recordar, depois dess" data, de significativamente anticomunista, ao menos no plano tias afirmações, além de re• /erências ocasionais e tias meramente retóricas? Queremos imputar a falta de resposta à nossa má mem6ria, nws os repert6rios tampouco ajudam. Procuramos 110 passado pr6ximo, se,n sucesso apreciável, e não podemos 11(10 perguntar como é licito esperar uma socied,ule civil que pro·

jamais pactu:,r, porque o contraste é direto, claro, explícito. Ora, o gran· de equívoco de nosso tempo é que o marxismo tem uma ideologia pró· pria, mas é também um instrumcn· to de análise da realidade social, econômica, polílica: o marxismo se traduz depois em um sistema de governo, de ação político•econômica. Ora. enquanto ideologia, é claro que a oposição é radical. Quanto ao resto, cm tudo o que serve à promoção humana, a colaboração é, não digo legitima, mas um dever: é preciso trabalhar para isso, mas qualquer concessão ao pensamento, à ideologia atéia e materialista é in· compatível com a íé cristã'·',

E possível exprwur·se em termos mais equívocos? Como se pode ima· ginar " co!Qboraçiio, declará-la assim "um dever'•, com uma praxis que deriva de uma ideologia, com t, <1ual a oposição é radical, e que. entre outras coisas. se tlef,'ne a si m esma como uma praxis? Onde encontrar cat6licos que vo· tetn em cat6licos, que lutem quando estão e,n jogo a Fé e «s «/mas. se a pregt1çiio é desse tipo? Tem ainda sentitlo falar de uma responsabilida,le condicionada a nm .. talvez"?

mo. Mons. Enrico Manfredini, Bispo de Piacenza, cm um sermão comentando a execução, em setembro, de cinco terroristas espanhóis, teve a seguinte exclamação: ''E.stamo.i· oter· roriztulos ao S(1ber que ,,tgumas pes· soas foram fuziladas wricmnente por· que o seu penmmento político não é o do regime!".

"As ,,firmações - comenta a car. ta-aberta ao Cardeal Polctti - as,·im cruas e notoriamente contrárias aqs fatos, são verdadeirmnente aterroriza· doras. E ntão, matar trt1içoeiramente policiais. quiçá as.mlumdo bancos. é expresslio de tlivergência itleol6gica? Depois tristemente ftmrosa ''leO• 1ogia da revolução''· ,,ue produziu tmuo luto na América lt1ti11a. estará se p,·eparando uma macabra ''teolo· gia do terrorismo", expressiío legíti· ma da discordtincia? Nenhuma ptrlavra tle condenação ao terrorismo; nenhuma t,preciação do fato de que o próprio pedido de clemência feito pelo Sumo Pontífice junto às autoridades espanholas competentes era predsamenttt um apelo tl clemência, e ,u1o à justi~a; nenhum aceno aos órfãos, aos familiares das vítimas tio ódio terrorista. Antes, esc/1.ndalo ain• (la maior. na mesmll homilia Mo11s. Mwi/redini coloca em igual p/a,io os terroristas espanhóis justiçados pelo gove,-no e o Padre ucraniano Miguel Luckj, asst,ssiruulo pda polícia soviética "porque rezava a Missa, cnsimlva o catecismo e administrava os

,t,,

Organo u fficiale d i All eanza Catt o lica

disse o Cardeal - , ral, ez. por nossa 1

responsabilidacie, a Cidade de Roma p<>derd ser irresponsavelmente e ntre·

gue a uma administtaçiio marxisw, con, rodas as conseqüências que daí derivam''. Uma dessas conseqüên. cias seria o " inevitável confronto que surgirá entre a Cidade de Deus, que é a Igreja, e a Cidade sem Deus, que envolverá no materialismo marxista a sorte espiritual de muitos fiéis". O Purpurado observara aindà que "o comunismo é ainda hoje como sempre o foi e será - o materialis· mo marxista: taticamente pode buscar outras expressões de 10/erância, mas, na sua essência, na sua substância, é e continua materialista e (Ileu. 1'alvez, por oportunismo não se

colocará de repente co,ura Deus, mas quererá sempre uma Cidade sem Deus". A ALLEANZA CA"fTOLICA chama a atenção para um ponto da passagem antes transcrita, na qual o Cardeal-Vigário afirmara que o terríveJ confronto entre a Cidade de Deus e a Cidade sem Deus se daria "talvez por nossa responsabilidade'', Pergunta o documento: "Como ler aquele "110.rsa "? Plural mojestático, mais do q1H· legítimo em mn. Príncip<t da l grejt1 e 110 Vigário-Geral d" Cidade ci,• Roma? R eferência a rodos os presentes, ou, então, aos católicos, pelo menos os italianos?" . E observa: "Em uma sociedade hierárquica como ,, Igreja, sem nada tolher à ,-espons,ibilidacie dos minores - e esromos prontó.t o reconhecer desde logo n nossa - 1 por certo cabe ,tos maiores. o tlever de rc.,·pomler em grau emi11e,11e: aos Sacerdotes, mais ,lo que aos fiéis, aõs que têm ti pl<'rii• tude do Sacerdócio, mais do que aos simples Padres, e a.ssim por diante". l?. nessa perspectiva que o documen-

reja contra cletermimu/(1 doença J'O-cial, de um povo ao qual não se en.. sina, hcí anos, que J'e trata ele uma tloe11ça J'Ocial. Desde quantlo quem semeia vemos colhe Qlllra coisa se· niío tempestades? Em uma nota anônima tio Osser· vatorc Romano na qual t1parece a txorraçiío tle Vossa Eminência, /ê..se: "A linha da Igreja face ao comunismo é notória e não mudou". Lemos com alegria a declaraçiio a respeito da imutabi/ida,le, mas 110s per· mitimos contestar que seja notória. A par,it ,to quê se deveria conhecê/a, Eminêncit,? Do discurso de V OJ'· sa Eminência, do'l.e anOJº depoü de 1963? E <lepois, igualmente, outros fllfos maiJ· conhecidos, tleixam grandes tliívidas, não sobre a imutabilidade da <loutrina - pelo menos em nós maJ' sobre " notoriedade ,!essa imutabilitladt~.

f;; J'empre penoso fazer com,,arações, m as como não sermos tentados a pôr em co11/ron10 as decforações de Vossa E minência com as recente· mente proferí<las pelo Cardeal de Turim. Mons. Miche/e Pellegrino? No transcurso de um encontro diocesano sobre o tema " Evangelização e promoção humana", realizado em fins de agosto em Sant'1gnazin, localidade pr6xima a Lanz.o Torinese. Mons. Pellegrino disse, entre outras coisas: "l ... ] devo ser muito claro. Há doutrinas, há ideologias com as q uais o cristão não poderá

Alguém podel'ia objetar que, ,w tentativa de e11co11trt1r expressões equívocaJ·, citamos afirmações de Mons. Pellegrino, que é um caso isolado, etc. etc. E11tre1a11to não é assim. O que di~ zer da recentíssima carta pastoral de M ons. Cesare Pt1go11i, Bispo de Cirrà di Casrello e ele G ubbio, com o título atraentíssimo e prometedor de Nós cristãos e a "questão comunista'', na qual se declara preventivamente que ºeste Partido Comunista, hoje, com as experiências que vai concretamente fazendo, não pode ainda estar de acordo com a fé crislã"? Não se trata claramente de J6rmu· las que objetivamente favorecem a colaboração com o Partido Comunis· ta de ' 'hoje,., naquilo cm que ele é de ·•amanhã'', na esperança tle fazê.· lo concordar Cóm a fé crisul, com a qual - t verdadt.• - não está "ain. da" de acordo, maJ· com a qual poderia e poderá vir a concordar? Como .tão ,/i,,er.ras. Eminência, as expressões de su11 e:cortaçãó, " o comunismo é ainda hoje - con)O sempre o foi e será - o materialismo marxista etc.", onde nassatlo, presente e futuro não servem para atenuar o contraste radical, mas. antes, paro reforçá-lo'"

A seguir, a carta-aberta da At..· LEANZA CATTOLICA cita outro exemplo de declarações que objetivamente favorcc·e m não só o comunismo, mas as formas mais audaciosas da p,-a.ri.r comunista, como o tcrroris·

Sacramentos". Como esquecer assim abertamente que "martyres 11011 facir poena sed causa'' (Santo Agostinho, Enarrationes in '!'salmos 34, 13)? E111ão. assassinar policiais, celebrar a Missa, ensinar c<1tecismo e adminiS· trar os Sacramentos são coisas equi· paráveis? Esramos bem lembrados da liceidatle moral da resistência à lei injusta, em casos gravíssimos até à insurreição. nws tlaí não decorre absolutamente a legitimidade ,lo terrorismo, expressão. entre outrt,s coi· sas, de covardia. m esmo em um pia· no puramente humano. Mas, <ie fiéis deformados por uma pregação desse tipo, como esperar administradores que lutem contra a butauraç,io tia Cidtult• s,•m Deus?''

Depois de tecer comentários sobre o afastamento, não soJicitado, ºem ra'l,áo da awmçada idade", de Mons. Antonio Santin, Arcebispo-Bispo de Trieste e Capodist.ria, a carta•aberta pondera quais os efeitos das declarações e atitudes antes apresentadas sobre os italianos, concluindo que em muitos terá provocado aversão aos homens da Igreja, e cm outros ceticismo ante a contradição entre tais atitudes e declarações como as do Cardeal-Vigário. "êm ourros, enfim, terá alimentado .a convicção tle uma marcha irreversível, em cuja direção talvez. valha 11 pena pôr-se na vanguarda'', Mais adiante, a carta ao Cardeal Poletti considera que as palavras pronunciadas por Sua Eminência vão além das fórmulas protocolares.

ºMas devemos perguntar.nos: o anticommliSnto radical, sério, fundo· mcntado, doutrinário e não visceral, que resulta de quanto Vossa Em inência disse, é realidade ou veleidade? [ . . . ) Veleidade é querer o fim, mas não querer com a corresponden· te, a indispensável energia, os meios. Ora, Vossa Eminência enunciou ela· remente o fim, a oportunidade ina• diável e inderrogávcl de um despertar anticomunista para impedir a instauração da Cidade sem Deus, a de· fesa da Fé e das almas. Esperamos com ânsia os meios.

Sim, Eminência, depc,is da..f pala. vras temos o direito d e esperar os /aios, isto é, ainda mais concreta· m ente, óS meios de pass,,r /t11os. Para que as tleclarações tle (Ili· ticomunismo não sejam veleitlatle, é necessdrio que se traduzam em mm, 11as tora/ anticomunista orgânica e objetivt, que incumba antes de tudo aos párocos e aos pregadores, para, 1/aí, i11teressar a todo o povo católico. global e ârticuladtune11te".

"º''

Descendo mais ao plano das medidas concretas, n Atl..EANZA CATTO· LtCA assinala que é bom recordar o aspecto de violência contra as pCS· soas e. as massas, bem como o ma• logro econômico do comunismo, mas que, sobretudo, importa salientar o caráter antinatural do regime comu. nista. Como também não basta criticar a demagogia comunista, sendo necessário apresentar a doutrina social da Jgreja, que ensina ser indispensável a rcfomia dos costumes e das mentalidades, sem o que não adianta pensar em soluções aos 1>roblemas técnicos.

"Sua e.rortaç,io. Eminência Reverentlís.tima, tleve ser interptel<ula · como um primeiro pas.fo e/este or· tle.mulo ,tespl'rt'1r a111icomu11istt1? E a denância ,1,,s iminentes conseqiiên. cias. trágicas paro R oma, para a /tá· lia e para o mwulo inteiro, dos J'ilêncio.r culpáveis, indica uma pre,·i· sa vontade de agir sobre as causas? I; Q que (mguramO.f de todo Cô~ raç<io. ainda que. por exemplo. a nota intro,lut6ria ,la Redaçüo do Osservatorc delta Domenica à publicaçtio tias palavr<1.t tle Vossa Emi· néncia tenha·nós prtwocaclo um /ré~ mito, ao deixar e11temler bastante claramente que elas se tornaram dt> domtnic, piíhlico '' por um simples acaso''. Depois de rccortfor docume.n tos pontifícios e conciliares que louvam a formação de grupos de leigos par;, o debate das questões ligadas aos destinos do homem e da sociedade, à A"l.LEANZA CATTOLICA declina a sua qualidade de "agrupt1ção cí,,icO• •cultura/ livre, con,rtituítla de pessoas que se honram da profissão pública dt1 Fé car6/ica", e se coloca à disposição do Vigário-Geral de Roma. caso Sua Eminência queira passnr das palavras às medidas pastorais precisas, como "ope,-ários <lll restauração .rocia/", na expressão de São Pio X. Caso contrário - observa a carta· ·aberta - . estamos no direito ,lc.· concluir 1lal' pa/t,vn;s tia Voss,, Emi• nência que vivemos em uma 1/aque· las regiões do mundo ·•nas quais a liberdade da Igreja é gravemente impedida". Se ,Jepois tle Srws palav,-as, Emi11ência. não se seguirem os fatos. com o uão duvitlar seriamente de. que ,, Igreja esteja "impe1Ji1lt,''? finaliza o documento.


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Perigo potencial para o Brasil: de Angola os foguetes russos podem atingir nossas cidades em poucos minutos Na-tal

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Depois da conquista de Angola, todos se perguntam para onde irão os tanques russos ( foto) e os soldados cubanos. Rodésia e África do Sul são os alvos imediatos da ofensiva comunista. Também em nosso Continente, a Rússia já estabeleceu pontos de apoio e fixou áreas para a ação armada. A Guiana abriu seu aeroporto aos aviões russos que transportaram as tropas cubanas para Angola. A ex-colônia inglesa, ao servir de trampolim às forças comunistas, causa justificadas apreensões a seus vizinhos. Colômbia, Panamá e Porto Rico são apontados como os próximos focos de subversão /atino-americanos. E Cuba proclama que intervirá em qualquer nação do mundo para apoiar os movimentos revolucionários locais. O Brasil fica assim exposto a uma dupla ameaça: cruzando o Atlântico, em poucos minutos os foguetes russos podem atingir nossas grandes cidades (mapa), enquanto do Caribe Fidel Castro es· palha a subversão bem junto de nossas fronteiras (página 2) .

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Luanda - Brazzaville - 528 km Luanda - Gaborone - 1.116 km

Luanda - Windhoek - 1.560 km Luanda - Salisbury - 1.790 km

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A Igreja do Sil.êncio no Chile -

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TFP

chilena acaba de lançar um livro destinado a ser um "best-se//er" nacional e internacional de repercussão igual, ou talvez Qinda maior do que "Frei, o Kerensky chileno", de autoria de nosso inesquecível colaborador Fábio Vidigal Xavier ~a Silveira. A obra, cujo título é "LA IGLESIA DEL SILENCIO EN CHILE - La TFP proclama la verdad enJera", baseada em mais de 220 documentos, denuncia, com o devido respeito, mas também com impressionante clareza, a atuação do Cardeal Silva Henríquez, Arcebispo de Sonfiago, do Episcopado chileno e de grande parte do Clero, em favor da implanfaçõo do marxismo no Chile. Passando pela etapa demo-cristã, a açõo daqueles eclesiásticos culminou com a vitória eleitoral e a posse de A//ende, importou no apoio contínuo ao Presidente marxista, e hoje consiste em salvar e aglutinar para uma reconquista .do poder os restos do comunisf!IO chileno. A TFP faz, na conclusão, um apelo aos Sacerdotes e teólogos anticomunistas para que se pronunciem sobre a te má.tica da obra. Tendo a TFP chilena feito a sua congênere brasileira a graciosa oferta de limitado número de exemplares deste livro, podem eles ser obtidos pelos interessados na sede da entidade, em Sõo Paulo, à R. Martinico Prado, 246 (última página).

N. º

303

MARÇO

DE

O que é u,n antico,nunist,.t? Até o tratado de Yalta (foto), era quem se opunha à filosofia marxista, bem como ao programa político, social e econômico decorrente dela. Depois a tônica foi deslocada, reco· indo apenas sobre o caráter totalitário do comunismo. Isso favorece os PCs dilos democráticos como os da França e do Itália. Esse tema é desenvolvido na página 3. Na mesma página estampamos o comunicado "Sobre o anticomunismo-surpresa de a/los Prelados/ Reflexões da TFP".

1976

ANO

X X V 1 CrS 4,00


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Angola foi conquistada. Para onde irão os cubanos?

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TRÁGICO abandono de antigas Províncias uttramarinas e outros territórios, por parte do governo português. que havia sido iniciado pelo general Antonio de Spínola, cncerrou·sc em lO de novembro de 1975 com a entrega de Angola a três movimentos gue.rrilheiros. Aquele território transformou-se no pesadelo da diplomacia ocidental pela acentuada modificação da situação estratégica que sua tomada pelos soviéticos acar-

O reta.

A maciça ajuda de Moscou, efetuada através de milhares de soldados cubanos sob orientação de centenas de técnicos russos, além de moder-

russa possa estabelecer uma base militar na Tanic~nia, de onde ameaçaria o regime de Salisbury, "A tÍ/timtt possibiUtla,Je de um acordo pacífico Vt'ri/icoa-se durmue a Conferência tf,, Victoria Falis. A solução .sairá agora do tambor dos armas de fogo". declnrou Silhole. Com apoio em Moçambique, Tanzânia i: Angola, a conflagração do co,1c Sul do continente e o consc.:iücntc desafio à África do Sul, Rodésia e Zãmbia eliminará a presença ocidental naquela região, substituindo..a pela foice e o martelo, caso não haja uma reação, cada vez mais in,provávcl.

níssimo armamento. esmagou n rcsis· tência dos dois movimentos pró-ocidentais, FNLA e UNITA. Os últimos e dramáticos acontecimentos verificados em Angola, sugerem algumas graves reflexões que julgamos indispensável apresentar a nossos leitores.

Intenção russo de bolchevizar ropidomente o sul do África Concomitante à ajuda ao MPLA, vários acontecimentos nos países vizinhos indicam a determinação do Cremlin de inclinar a seu favor o precário equilibrio político e militar na região. Zâmbia depende da boa-vontade de Angola para vender seu cobre, fator dctermfoantc de 90% das exportações daquele país. A paralização da ferrovia que liga o porto atlântico de Lobito às minas de cobre estrangulará a economia zambiana e desempregará sessenta mil operários, caldo de cultura para futuras agitações. Em Lusaka, capital do pais, recrudesce a subversão nos meios intelectuais e estudantis. John Vorstcr, primeiro-ministro da África do Sul, prepara-se para enfrentar ~ ameaça insurrecional no Sudoeste Africano, ou Namíbia, território administrado pelo governo de Pretór ia. Terminada a guerra angolana, as tropas da SWAPO movimento guerrilheiro operando na região deverão intensificar suas incursões bélica.s, apoiando-se no MPLA, para

arrancar a ex-colónia alemã de mãos sul-africanas.

lan Smith, primciro-ministro'õa Rodésia, teme a efetivação da antiga ameaça comunista de derrocar seu governo pela força. Robert Mugube, chefe guerrilheiro, ex-secretário-geral da União Nacional Zimbawe (ZANU) , declarou haver vinte mil voluntários nas fronteiras da Rodésia, prontos a invadi-la. Ndabaningi Sithole, outro dirigente guerrilheiro, está sendo treinado em

Moscou e espera-se que com ajuda

O C E A N 0

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ATLAN T ICO

OCEANO PAC I FICO

As rotos do petróleo ameoçodas A maior parte das exportações de óleo cru dos países do Golfo Pérsico para a Europa transita pelo sul da África. Por al circula também o in• tensíssimo comércio japonês com a costa leste americana e com os pafscs atlânticos da América do Sul. As vias principais de suprimento dos países não-comunistas estarão sujeitas a chantagens, geradores de polpudos dividendos políticos, tão logo a presença russa prepondere· na área. O chefe do governo sul-africano, John Vorstcr, chamou a rota do Cabo da Boa Esperança de "salvt1-vidas da Europtl'.

Ameaça à Américo Latino A arremetida russa contra Angola foi articulada tendo como base soldados cubanos. Na África, Moscou encontrou facilidades na Nigéria, Guiné e Congo-Brazzaville para ajudar o MPLA. Cuba utilizou o aeroporto da exGuiana inglesa para reabastecimento de seus aviões mil itares destinados a Luanda. Por ai se percebe com que bons olhos o governo de Georgctown considera as conquistas russas na África. Configura-se, dessa maneira, um clima de tempestade. Do outro lado do Atlântico, instala-se uma potência comunista bem de frente ao litoral brasileiro. Ao norte, dois Estados, um insular, Cuba, e outro continental, a Guiana, deixam transparecer. embora em graus diversos, suas intenções sub. versivas. . Analistas de política internacional acreditam estar a Rússia, neste momento, determinada a conquistar a América Latina por meio do regime de Havana, insuflando movimentos nativos, numa reedição da estratégia utilizada na África. A atitude do Congresso norte-americano de negar crédito às facções pró-ocidentais de Angola abriu grave

BRASIL

precedente. Já se consiôcra bastante provável que, no caso de uma agres· são russo-cubana a algum pais sulamcrieano, encapuçada sob a forma de auxílio a movimentos nacionais, os Estados Unidos repetirão a atitude, desinteressando-se da sor\e do aliado da véspera. A pertinácia de Kissinger mantendo a détcmc, apesar das recentes conquistas militares comu• nistas no Sudeste Asiático e na África, não é de molde a tranqiiilizar os aliados de Washington. Nas situações internas dos países latino-americanos. há inúmeros pontos facilmente exploráveis para a sistemática tentativa do Cremlin de ·'cubanizar'' ou - para empregar um termo mais recente "angolizar" esta parte do globo. Em recentes declarações, Fidcl Castro manifestou a intenção de ajudar os chamados nacionalistas de Porto Rico a promoverem seu desligamento de Witshington, mc-smo que tal atitude destrua a política cubana de aproximação con1 os Estados Unidos. O governo esquerdista do Panamá já advertiu que o recurso à luta armada será a opção que lhe restará, caso os nortC·· amcricanos não atendam suas reivindicações na questão do Canal. Havana já prometeu seu apoio às reivindicações panamenhas. A instabilidade política da Venezuela e da Colômbia, de onde chegam notícias do reacender de guerrilhas, forneceria pretextos fáceis ao governo castrista para interferir nesses dois países. Recentemente, um matuiído paulista, citando textualmente um delegado latino-americano na ONU, escrevia : ''Caso os cubanos tenham êxito em Angola, as mesma,s táticas e tropar poderão ser u., adas 11a América Latino, Creio que a Colômbia será o prt'meiro alvo para um ataque guerrt'lheiro tle surprcssa". E um membro do próprio governo cubano, o ministro da Indústria, Uster Rodriguez, declarou que as tropas de seu país irão a qualquer parte do mundo para defender regimes revolucionários do que cha,m a de "agressão imperialista". Rodriguez. acrescenta ainda: "Cuba cumprirá de qualquer maneira seu dever intenwct'onaJ;sul"· No Brasil, os movimentos criptocomunistas, a infiltração vermelha cm alguns setores da população, denunciada por autoridades civis e militares, bem como a perigosa vizinhança da Guiana, constituem fatores que, utilizados astutamente por Mos• cou, prócluziriam condições favoráveis à subversão interna.

Soldado cubano (à esquerda) preso em Angola " Cuba cumprirá de qualquer maneira seu dever in1ernacionalista··

No terreno especificamente militar, a instalação de bases para as forças armadas russas cm Angola ameaçaria

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ESTADOS U-"IDOS

Bases militares russos em Angola

2

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as rcg1ocs limítrofes, bem como o Brasil, o Uruguai, e a Argentina. Além de tornar mais ágeis as ações russas, com tropas, navios e aviões, prontos a intervir nos países vizinhos de Angola, perdu ra ainda a ameaça de longo alcance: os foguetes, Estabelecidas rampas cm Angola, todas as capitais africanas mais ou menos próximas estariam sujeitas a um bomdardeio convencional ou nuclear. Alguns submarinos soviéticos são dotados de mísseis de 6. 700 kms. de alcance. De Angola poderiam atingir o Nordeste b rasileiro. Se considerar· mos a possibilidade de movimentação desses submarinos, todas :is grandes cidades de nossa Pátria, transformam-se em alvos potenciais (ver mapa na página 1, cuja reprodução foi gentilmente au1ori1-~da pela revista ''Visão").

Razões contra um fócil otimismo "Os russos não ousarão desafiar ó JJOtleri<> americano em áreti tradicionalmente ocidemal, instalando bases militares em nosso Continenttl', po· deria alguém objetar. O argumento tem pouco alcance. Vejamos duas razões que o destroem: a primeira baseia-se na posição do Congresso norte-americano, sempre irriradiço quando se lhe apresenta a necessidade de fazer frente ao avanço soviético. E como o Capitólio tem o pode,· - e atualmente o hábito de obstar ações defensivas dos Estados Un idos. é de se temer que também no caso de uma agressão russa à América do Sul fará o mesmo. Em segundo lugar, o Atlântico Sul nunca foi área de influência soviética. A ousada ação comunista de envia.r tropas para Angola, disputando militarmente territórios nessa área, é um indício inegável de que a fraqueza norte-americana açulou os anseios de conquista russos. Quem dá um passo, por que não dará dois?

Na pi,ralisia e desconcerto dos anticomunistas reside o fato r cssenciv l da rnonabra comunista. Estes. constituindo esmagadora ma1or,a. caso estejam bem organizados e disponham de lideres autênticos e eficazes. podem frust rar decisivamente os intentos do Cremlin. Porém, se t\1oscou conseguir eliminar nos anticomunistas a vontade de lutar, a 1\mérica Latina estará perdida. Para determinar essa paralisia dos bons. a :njcção do "curáre" psicológico fica a cargo das fo rças ditas moderadas, que procurarão induzir a opinião pública a tentativas de acordo com os marxistas, Após alcançar este objetivo, os vermelhos, cm etapa posterior, tentarão inculcar a idéia de que tudo está perdido e. portanto, não resta oul ra coisa senão ceder. Contra o binômio moderação otimista-ptinico entreguista há que precaver-se muito. O exemplo ,·eccntc do Vietnã nô-lo atesta. O Pc. Gen~ roso Bot;o, missionário brasileiro que exerceu sua tarefa apostólica no Vietnã, de 1951 a 1975, numa concorrida conferência pronunciada recentemente cm Belo Horizonte, afirmou : 1 ' Além ,/e ,,,m,,rem todo um ,Jispositivo de guerra p,,icol6gica, tle subversão e terrorismo, os co1nu11istas, t1poiatlos por rodos os pt1ci/istas. 11e11tralistas e certos setores tio "Clero engajado" tio mundo inteiro, lançartun uma campanha de limbito t'11ter11acional para ,lespresligiar o governo do Sul, a Igreja tio Vietnã , a presença dos amcricm,osn. 'E indagou o rnissionário: "Por que católicos e revistas ditas caróliclls contribuem para ti vitória do ateísmo militante?" Instalado o comunismo, chegaramnos tr istes notícias de que o Arcebispo de Saigon elogiou várias atitudes do novo governo. O pastor abre assim, o aprisco aos lobos, âO invés de resistir. Será que fatos análogos se passarão aqui? A pergunta é dolorosa. Mas faltaríamos à objcti\lidadc se a deix,íssemos de lado. Na América Latina, os 1novimcntos de matiz socialista, dos quais um flagrante exemplo é a Democracia Cristã, executarão o mesmo papel de seus congêneres cio Vietnã, abatendo as barreiras para facilitar a investida comunista?

Péricles Capanema

Fatores de desagregação interna Configurados os perigos próximos - que de um momento par;1 outro podem transformar-se em lnlgicas realidades - vale a pena enumerar rapidamente os elementos constitutivos da base de sustentação política com a qual Moscou poderá contar cm sua investida sobre a América Lacina. Antes de tudo, o Partido Comunista, espalhado por todo o corpo social, com estrutura rígida e flexibilidade felina de movimentos, apto a desempenhaY um papel decisivo na articulação das forças de quinta-coluna e na desarticulação e confusão dos setores anticomunistas.

Combatence do MPLA em 1relnamento


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Plínio Corrêa de Oliveira A essa altura, o conceito de anti<:umwlist<t continuava claro. Quem haveria de dizer que a propaganda comunista ceria a diabólica habilidade de ti.r ar daí uma ocasião para barâ· lhar a mente de incontáveis anticomunistas, dando o primeiro passo numa longa caminhada de ambigUinão compreendermos esses matizes, dadcs, a qual nos eonduziría A misenada compreenderemos da polftica rável sih1ação em que nos encontra. internacional. Pior ainda, dcixar-nosmos? Entretanto, foi o que se deu. cmos enr<'lar pelo comunismo. O que vem acontecendo 1\ incontáveis conAté este momento, caso se perguntemporâneos nossos. tas.se a um anticomunista se ele era anti-czarista, muito possivelmente ele f:., pois, indispcns..:ivcl que saibnmos como responder a questão. responderia que não. Se respondesse que sim, acentuaria que não era enquanto anticomunista que ele se opu• • nha ao czarismo. mas enquanto democrata. Havia anticomunistas demoO Tratado de Yalta, imediatamencratas e não-democratas. Essa prote subseqüente à Segunda Guerra funda diferença de opinião não Mundial, foi tido a justo título como impedia a uns nem a outros de serem urna aberração por todos os anticoanticomunistas. munistas. Ele consagrou <lt facto a 8cm entendido, para os democraexpansão imperialista da Rússia tas anticomunistas, o caráter despó· expansão esta que algumas décadas rico do regime soviético constituirá depois o infeliz Tratado de Hclsinquc um dos argumentos preferidos de sua haveria de consagrar de jure. dialética antivermelha. E perfeitaAté Yalta, um anticomunista se demente compreensível que esse argufinia como um opositor da filosofia mento tenha alcançado grande êxito marxista, bem como do programa político, social e ccooômico decor- tático nas nações do Ocidente, pro. rente desta. E, dado que Moscou era fundamente embebidas do espírito democrático. a Meca vermelha da qual se estenEste êxito propagand[stico levou diam para o mundo inteiro os tentánumerosas personalidades do Ocidenculos da propaganda comun.i.sta, os te a insistirem cada vez mais na ale· opositores do comunismo eram tamgação democrática contra o comunisbém adversários de Moscou. mo, cm entrevistas e declarações para Yalta levou os anticomunistas a a imprensa, rádio e televisão. Impor• somarem a essas razões de serem ami tantes organizações anticomunistas mais algumas outras. Por c,c rto o doprocedcrom de igual n,aneira. E ' aos mínio russo sobre a Europa Oriental} . acarretando a implantaç.ã o do regime poucos, a imensa atoarda anticomucomunista nas nações satélites, s6 po- ~ista que se generalizava pelo mundo, dia ser visto com execração pelos 1a mudando seus leit-motivs. A defesa da tradição, da família e da proprieanticomunistas. Mas o delito perpedade, esmagadas pelos comunistas trado por Moscou contra a Europa ficava cada ve.z mais num segund~ Oriental apresentava também outros plano. E a razão principal - graaspectos. Nações soberanas passaram dualmente a razão única - da grana ser escravizadas pelo imperialismo de ofensiva anticomunista passava a russo. Precisamente pela mesma razão consistir cm que o regime comunista que levou os europeus dos séculos é antidemocrático. XVIII e XIX a se indignar contra a Essa cisão entre as duas dialéticas partilha da Polônia entre as coroas anticomunistas, isto é, a antiga, baaustríaca, russa e prussiana, e o esseada na tradição, na família e na magamento das posteriores tentativas propriedade, e a nova, baseada apeautonomistas efetuadas pelos polone· ses contra a Rússia, os anticomunistas nas nos princípios democráticos era cont raditórja e perfeitamente arde pós-Yalta se puseram a viluperar tificial. No sentido de que qualquer a conquista da Europa Oriental pelos democrata contrário à tradição, 0 farussos. Este novo motivo do vitupério vorável à abolição da fa mília e da nada tinha a ver com o comunismo propriedade, afundaria no mais compropriamente dito. Inspiravam-no o plet? totalitarismo. Ou seja, no condireito das gentes, como já inspirara tráno do que ele entende por demoanáloga atitude contra a Rússia czacn,cia. rista. Entr~tanto, . csla nova concepção Se pelo menos os povos subjugados tivessem sido consultados em toda a do antrcomurusmo teve uma como que glorificação mundial quando o honestidade e liberdade, segundo as falecido Presidente Kennedy, discurformas plebiscitárias geralmente adsando cm Berlim, proclamou que só mitidas, sobre se aceitavam a dominação russa. . . e se tivessem res~ era contrário ao comuinsmo porque na Rússia e nos países satélites o rcpondido favoravelmente! Porém hag_imc não era consagrado por eleições viam sido subjugados à força e era ltvrcs. O chefe da maior potência pela força que continuavam subjugatemporal do Ocidente consagrava, cm dos. con~eqüência, um novo sentido, um Não há dúvida, concluíam os antisent,do vácuo, do anticomunismo. comunistas mais fogosos do que Fiel à doutrina pagã da soberania nunca. com o comunismo não há absoluta do povo, ensinada por Rouscomposição possível. Em face dele s6 ' seau, Kennedy admitia implicitamente existem du as atih.1des: lutar ou enque as maiorias podem praticar con.. tregar-se. De onde a luta retomava tra as minorias todos os abusos, nemais afincadêi do que nunca. gar-lhes todos os direitos naturais inclusive impor-lhes o mais despótic~ e injusto dos regimes. Não disponho de provas documenlárias absolutamente irretorquíveis para afirmar que esta gradual modificação na mentalidade política de tantos anticomunistas tenha resultado - de um ou de outro modo - da política comunista. Entretanto o comunismo lucro\.1 tão prodigiosamente com isso que, quanto a mim. não 1cnho dúvida qe que ele está na raiz dessa transforfnação. Pois nCSS'amatéria vale o princípio de que tudo quanto di vantagem para o con-1u .. nismo foi presumível ou certamente Kennedy e Kruchev - O apeno d• levado a cabo por ele. mão que desarmou os anticomunistas QUE 1:, precisamente um anticomunista? A pergunta parece tão simples de responder, que dá a impressão de roçar pela tolice. En.t retanto, ela recebe respostas diversas. E entre as duas mais correntes, se contém um universo de matizes ele capital importância. Se

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C hegamos, no decurso das décadas,

ao último lance do dl·ama. Depois de ter intoxicado largamente os meios anticomunistas com o princípio d-.! que não são senão democratas à Rousseau, os comunistas estão jogàn· do sua grande cariada decisiva para a conquista da Europa Ocidental. Os dois principais partidos comunistas de aquém-cortina de (c,·ro são o francês e o ital iano. Ora, uin e outro estão desenvoJ .. vendo uma política no sentido de persuadir a opinião não.comunista de que são genuinamente democráticos. E com isto esperam obter o beneplácito dos partidos democráticos centristas, para a ,formação de minist(\. rios de coalizão cm que algumas pastas sejam dadas a comunistas. Como bem sabemos, a partir do momento cm que algumas pastas são concedidas a comunistas, estes passam a ser os homens fortes do governo, e a conquista lotai do poder pelos comunistas se torna irreversível.

• • • Leiam-se os jornais de nossos dias. Ê passada na França uma película descrevendo os campos de concentração soviéticos. Os PCs de ambas as nações protestam, alegando que são contrários a .,,se método de rcpres-

são di1a1orial. Um e outro PC repudiam ostensivamente a conquista do poder pela força e deixam bem cl:tro que só esperam de eleições livres o almejado triunfo. Ambos vitu peram o domínio exercido pela Rússia sobre os países satélites, e proclamam seu prop6sito de manter intacta a soberania nacional caso galguem o poder. Isto posto, que razão tem um anticomunista rousse(msfrmo para se opor à ascensão de tão ro usseausitmo.t comunistas ao poder? Nenhuma. Assim, a gradual evolução do qualificativo anricomrmülá do seu pri· mitivo sentido substancioso e definido, para seu sentido atualmente tantas vezes aceito, está cm vias de proporcionar aos comunistas vantagens táticas. talvez decisivas para a conquista da Europa Ocidental.

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• • • Inúmeros anticomunistas europeus autênticos se deixaram assim iludir por uma ágil manobra propagandís1ica que os transformou. de anticomunista~ militantes cm não-comunis. tas tolos e inofensivos. Montado neles, os PCs da França e da Itália esperam agora conquistar o poder. "Bobo é cavalo do ,lemônio". diz un, velho provérbio em curso no Brasil. E com quanta razão!

Stalinismo, o ônico mal do comunismo?

Sobrie o ant·ico:munismo-surpresa d\e .altos Prelad·os Reflexões da TFP O ambiente que, de 1960 até hoje, os comunistas mais têm procurado infiltrar, no Brasil, é o ambiente católico: Seminários, Novi. ciados, Universidades e colégios católicos. associações religiosas, meios de comunicação social etc. Segundo o consenso geral, os rcsoltados obtidos pelo comunismo neste campo v~m sendo impres.~ionnntcs, e não raras vezes até espetaculares. Ainda segundo o consenso geral, isto não teria chegado a ser assim se não fosse a colaboração pública e ativa de bom número de eclesiásticos. a colaboração discreta e sa· biamcnte dosada de um número maior deles, e a abstenção corno· dista da maioria. Estas considerações levam a TFP a tomar atitude diante de numerosas declarações de importantes Prelados vindas a público simu ltaneamente e com grande destaque, nos últimos dias. Esta Sociedade se abstém, no momento, de comentar as declarações feitas pelo Cardeal D. Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de São Paulo. sobre o comunismo e sua expansão no Brasil. São elas no .. espírito da recente e desconcertante "Declaração de ltaici" dos Bispos deste Estado.

Apresentam matiz diverso, e merecem ser comentados à parte pela TFP os recentes pronunciamentos de D. Aloisio Lorschcidcr, Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e do Conselho Episcopal Latino-americano, do Cardeal D. Eugênio Sales, Arcepispo do ,Rio de Janeiro, do Cardeal D. Avelar Brandão Vilela, Arcebispo da Bahia, do Cardeal D. Vicente Scherer, Arcebispo de Porto Alegre, e de outras altas figuras do Episcopado, sobre o comunismo enquanto perigo para o Brasil ("O Estado de S. Paulo" de 4, 5 e 6 do corrente). A propósito a TFP se sente na obrigação de aíirmar que a imensa maioria dos católicos brasileiros não dá impor• tãncia a tais pronunciamentos. Surgem eles juntos e de súbito, não se sabe porque neste momcntO, depois de tantos anos de expansão do mal, impune de sanção eclesiásiica, e só agora, quando ele já vai ião alto. E o público católico. por isto, não sabe como cxplicá·IOS. Carece de seriedade que esses pronuncia mentos. reconhecendo a pcriculosidade do comunismo, (i. quem em generalidades, e que um deles. de D. A loisio Lorschcider. crn face do incêndio que lavra um pouco por toda parte, mencione

tão· somente, como exemplo da gravidade do mal, o contágio aliás real que se estende no setor das Comunicações Sociais e nos meios universitários. Não, Eminências. Não, Excelências. Isso '1ão basta. Os católicos só tomarão a sério pronunciamcn1os anticomunistas de fonte ecle• siástica que dêem especialíssimo relevo à denúncia do perigo que avulta de modo escandaloso no campo imediatamente confiado à vigilância e à ação defensiva dos Bispos, isto é, no campo católico. Descrevam os Prelados cm ioda a .sua extensão o perigo comunista que se alastra claramente nos meios católicos. Expliquem ao Brasil desconcertado e apreensivo quais as causas que conduz.iram à atual situação e 4uais os meios para conter a ação destas causas. Tranquilizem o pllblico anuncian. do-lhe um plano amplo e eficaz de erradicação do mal. E sobrclu· do anunciem que já teve inkio a execução desse plano. Então, e só então, o rebanho de Nosso Senhor Jesus Cristo reconhecerá no que diga1n tais pronunciamentos, ..i autêntica voz. do Pastor. São Paulo, 7 de março Je 1976 Pli,1io Corrêa tle 0/iveirCl Presidente do Conselho Nacional

Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade

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e dilacerante tragédia.

Apesar de sua doença, cavalgava como um homem de armas, empunhando exímia-

mente a lança. Nenhum de seus predecessores teve tão cedo semelhante noção da dignidade real de que estava investido e de sua própria utilidade. Percebendo bem as rivalidades existentes entre os seus, ele compreendeu quão necessária era sua presença à.. testa dos exércitos católicos. Mas que calvário deveria ser o seu! Aos sofrimentos fisicos juntava-se a angústia moral: seu estado o impedia de se casar, de ter uni descendente. Ele não era

pirndor c.ht idéia, não há dúvida quanto n

importância estratégica de Gué-de-Jacob. Em 1179 Saladino invadiu a Galiléia. Baldufno foi a seu encontro tentando surpycendê-lo, como tinha feito em Montgisard. Mas como os muçulmanos não se deixaram surpreender, o jovem Rei foi cercado. Muitos foram mortos e presos nesse dia. Pouco tempo depois, Saladiho tomou Gué-<le-J acob e mandou executar todos os cavaleiros do Templo que a defendiam .

senão um morto-vivo, um morto coroado

cujas chagas purulentas se disfarçavam sob o ferro e as sedas, mas que se mantinha de pé, que se lançava à ação, movido não se sabe por que sopro milagroso, por que alta e devoradora chama de sacrifício!

YBlLLA, irmã do Rei, acabava de se casar contrariamente aos intc--

DESTINO sorria à stm infância. Robusto e belo. ele era dotado d:t inteligência aguçada de sua raça angcvina (de Anjou ). T inha-lhe sido dado por preceptor Guilherme de Tiro, cujo espírito se deixou possuir por "grande preocupação e dedicação, como é conveniente a um filho de Rei". O pequeno Baldulno " tinha muito boa memória, conhecia suficientemente as letms, retinha muitas histórias e as contava com prazer". Um dia em que brincava de bata lha com os filhos dos barões de Jerusalém, descobriu-se que tinha os membros insensíveis: uos oulros meninos gritavam quando eram feridos; Balduíno porém não dizia palavra. Esse fato se repetiu cm mui· tas ocasiões, a tal ponto que seu mestre, o , Arquidi:lcono Guilherme se alarmou. Primeiro pensou que o menino fazia uma proe.

za desprezando queixar-se de si. Então, dirigindo-lhe a palavra, perguntou por que sofria aqueles ferimentos sem se queixar. O pequeno respondeu que as. crianças -não o feriamJ que ele não sentia os arranhões. Examinando o mestre seu braço e sua mão, certificou-se de que estavam adorme-

cidos .. . " E ra o sinal evidente da leprn, doença terrívd e incurável naquele tempo! Os médicos aos quais foi confiado não podiam sustar a infecção, nem mesmo ; e-

tardar a lenta decomposição que afetaria suas carnes. Toda sua vida não foi senão uma luta contra o mal irremissível, e mt\is ainda, muito mais: foi testemunha do ch,mínio de um homem sobre si mesmo_, e a

encarnação assombrosa dos mais altos deveres. Balduíno IV foi um Rei digno de São Luís, um santo, um homem enfim e é isso sobretudo que importa à nossa admiração sem reticências - a quem ne-

nhuma desgraça chego,i a destruí, o vigor de alma, as convicções, as qualidades de coração, o senso das responsabilidades, dos quais ele hauria o rcvigoramento da cora• gcm.

M NOVO cruzado, Filipe de Alsácia, Conde de Flandres e parente de Baldulno IV, acabava de desembarcar cm Jerusalém. O pequeno Rei esperava muito desse apoio. Estava claro que era necessário ferir Saladino no coração de seu poderio, isto é, no Egito, se se quisesse abalar a unidade muçulmana. Era isso precisamente o que propunha o Basileus (Imperador de Bizâncio). Uma vez conquistado o Egito, Damasco não poderia deixar de se subtrair ao poder cambaleante de Saladino. Mas Filipe de Als.'ícia opinava de outra forma. Ninguém lhe poderia impedir de ir guerrear na Sfria do Norte e, o que era mais grave, de levar consigo parte do exército franco. Saladino respondeu invadindo a Sfria do Sul. Balduino reuniu o que lhe restava das tropas, desguarneceu audaciosamente J erusalém e partiu para Ascalon, onde Saladino atacava. Este, logo que foi informado, subestimou seu adversário. Acreditava que a queda de Ascalon era uma questão de dias e marchou sobre Jerusalém com o grosso

de ·seu exército. 8a1dllíno compreendeu suas intenções. Saiu de Ascalon, fez um longo périplo e caiu repentinamente sobre as colunas de Saladioo, cm Montgisard. O efeito da surpresa não compensou a desproporção dos efetivos em luta. Balduíno sentiu a hesitação dos seus. Desceu então do cavalo. prosternou-se com o rosto na areia diante do madeiro da Verdadeira Cruz, que era levado pelo Bispo de Belém, e orou com a voz embargada pelas lágrimas. Com o coração contrito, seus soldados juraran, não recuar e cons.i dcrar lraidor quem voltasse atrás. Rodeando o Santo Lenho, o esquadrão de trezentos cavaleiros lançou~se impetuosamente: ºO vale entulhava-se com a bagagem do exército de Saladino, diz o Livre 4es Deux Jardin s, os

cavaleiros francos surgiam ágeis como lobos. a ladrar como cães; atacavam cm massa, ardentes como uma chama". E puseram em fuga o invencível Saladino que, se pôde salvar a pele, foi graças à rapidez de seu cavalo e ao devotamento de sua

M FINS de 1174, Saladino, Senhor do Egito e de Damasco, íoi sitiar Alepo. Os descendentes de Nur-ed-Di n pediram

guarda. O sultão retornou ao Egito abandonando milhares de prisioneiros. Balduíno logrou uma vitória sem precedentes.

dição. T inha nessa ocasião apenas quinze anos.

4

mão de Lusignan, comentando o casamen-

to, disse: "Se Guy for Rei, eu deveria ser deus". De tal maneira os seus o julgavam medíocre.

O ANO seguinte, Baldulno edificou o Gué·de-J acob, fortaleza destinada a defender a Gali.léia dos ataques de Damasco. Guilherme de Tiro admite que tenha sido construída pe-

las prementes solicitações de Odon de Saint-Amand, Grão Mestre do Templo. Em todo caso, qualquer que tenha sido o ins-

de Lusignan na t·egência do Reino. No primeiro encontro com Saladino, Lu::;ign~n deixou o exército franco ser massacrado. Recusou com altiVC'l prestar contas a Balduíno IV, que o destituiu de seu cargo e. para evitar que pela complacência de Sybilla, Lusignan se tornasse Rei de Jerusalém após sua morte, designou seu sucessor o pequeno Balduíno V, filho de G uilherme "Longuc E pée" (Espada longa). Como a situação da Terra Santa estivesse desc">pcradora, enviou uma embaixada ao Ocidc-n.. te, composta pelo Palriarca de Jerusalém, pelo G rão-Mestre da Ordem dos Hospitalários e pelo Grão-Mestre da Ordem <los TcmpJários, o velho Arnaud de Torr:\gc.

Renaud de Châtillon, que indiretamente tinha ajudado o Rei a se desembaraçar de Lusignan, julgou-se autorizado a retomar suas pilhagens. mas agora, então, na mais alta escala. Armou uma frota que foi transportada ao Mar Vemielho, em dorso de camelo. Essa frota, devastando portos, interceptando comboios, ameaçou por algum tempo o qaminho para Meca. Saladino, exaltado até o cúmulo do furor, destruiu os navios de Renaud e depois sitiou-o cm sua própria fortaleza, o Krae de Moab. Balduíno IV apareceu, agonizando em sua Hteir,,, para lhe fazer frente. Saladi no, talvc.z po( respeito, retirou-se.

Sua mãe - que por certo não era muito virtuosa - e a roda dos cortesãos ambiciosos e imorais manobravam para envo1ver e

ludibriar tanto o Rei, quanto Raimundo de T ripoli, o único homem capaz de o aconselhar sabiamente. Nesse

1non1cnto reapareceu,

libertado

dos cárceres muçulmanos, o antigo príncipe de Antioquia, Renaud de Châtillon. [ ... J, Este logo começou suas aventuras, assaltando uma importante caravana de peregrinos com destino a Meca. Tal ato rompia a trégua assinada por Balduíno IV e Saladino, ofendia as convicções religiosas

dos muçulmanos, a cujos olhos o atentado afigurava-se monstruoso. lptimado pelo Rei a devolver os prisioneiros e o produto da pilhagem, o príncipe recusou-se com arro~ gância, tornando assim evidente a incapacidade do doente de se fazer obedecer. 1mediatamente Saladino acorreu do Egito, invadiu a Galil~ia incendiando e devastando as colheitas. capturando rebanhos e semeando pânico por toda parte. l{cr.aud de Châtillon suplicou ao Rei que salvasse seus feudos. Balduíno acedeu, vencendo Sa1,,dino em julho de 1182. Em agosto, porém, o infatigável maomerano tentou tomar Beirute por um:i ;,ção combinada por terra e m:>r. U ma vez mais

Balduíno afastou o perigo. Impediu Saladino de se apoderar de Alepo e conduúu uma expedição até os subúrbios de Damasco. Assim, por toda parte, graças à su:l. én~r· gia sobre-humana e, ainda que daí cm <lian• te ele se fiz~sse carregar em liteira P''° as batalhas, o heróico leproso levava v:mt(lgcm

sobre o genial muçulmano. Balduíno começava entretanto ;1 perder a vista, a não poder mais se servir de seus

mcmbrôs. Os que lhe eram mais chegados o pressionavam a abandonar os negócios do Reino ou pelo menos passar parte de suas responsabilidades a Guy e.e Lusignan. Pode-se bem imaginar o drama interior dc.<se Rei de 22 ·a nos corroído por úlceras. semi-paralisado e quase cego, cercado pelas sombras da desconfiança e dos maus: pressentimentos, atormentado entre as insinua..

socorro aos francos. Rai-

mundo de Tripoli atacou a praça forte de Homs. Baldufoo lV empreendeu uma investida vitoriosa sobre Damasco. Essas iniciativas fizeram com que Saladino abandonasse seu desejo inicial. Em 1 176, o Sultão voltou à carga e a mesma manobra frustrou seus planos. Baldulno derrotou seu exército de Damasco cm Andjar e trouxe um belo troféu da expe-

resses do Estado - com Guy de Lusignan, homem de beleza discutível, sem fortuna e sem talento. Balduíno, pressionado pelos seus, minado pela doença, havia consentido nessa união e doado a Lusignan os condados de J affa e Ascalon. Tão logo se manifc~tou a insignificância do marido de Sybilla, aguçaram-se as cobiças dos senhores feudais. Conta-se que ·o ir-

Foi num desses períodos que ele co1\.St::l• 1iu. embora a contra.gosto, cm inve~tir Guy

ções e sugestões pérfidas dos que o cercavam, de um lado, e a alta idéia que ele fazia de sua missão de Rei, de outro. Apesar de enfraq uecido pela lepra, ele - que não podia ter esperanças de se cun\r sempre encontrava novas forças e resistia

da melhor forma às ciladas da camarilha. Como â doença. entrasse numa fase cvoJu.. tiva, ele devia lutar contra a mesma e, prin-

cipalmente, contra a tentação de abandonar tudo para morrer em paz.

ÚLTIMO ato de Balduíno JV foi o de reunir em São João d' Acre o

Parlamento de seus barões. Guy de Lusignan, incapaz e rebelde, foi então oficialmente arastado do trono e a regência foi confiada a Raimundo de Tripoli. Mais tarde. a 16 de março de 11 85, com 24 anos, o mártir rendeu a alina a D~n,;, crn. presença de seus vassalos, dign:l.t:írios

• bons companheiros de guerra. Até os infiéis lhe tributaram homenagens. G. Bordonovc ( '"LI?$ TOM1'1,1!1tS" -

FAYAU, PAUS,

(AP,

XII)


Na China de Mao, o ''Reino de Deus''? OR OCASIÃO da morte de Chu En-lai, o Bispo marxista de Cucrnavaca, Mons. Sérgio Mendez Arceo, declarou não estranhar que o dirigente comunista chinês fosse canonizado. A primeira vista ( para quem não conhece o Prelado, que há anos vem pregando - sem ser incomodado a revolução marxista, não só em sua Diocese, mas um pouco pelo mundo inteiro), poderia parecer que ele não se tenha expressado bem. Na realidade o Bisp~-vermclho mexicano apenas exprimiu o que os adeptos da Igreja-Nova ,progressista realmente pensam a respeito do comunismo chinês (ou russo) . Isto ficou patente no colóquio ecumênico realizado em Louvain, em fins de l 974, sobre "a fé cristã e a experiência chinesa". Nele, Bispos, Padres, Freiras e pastores protestantes reconheceram em Mao Tse-tung um novo Moisés, que retirou seu país da opressão do feudalismo e do capitalismo, como outrora o povo eleito foi retirado do cativeiro -ão Egito . . . Esse encontro foi promovido pelo centro católico internacional de pesquisa e informação Pro M1mdi Vitn , de Bruxelas e pelo Departamento de Estudos da Federação Luterana Mundial, com sede em Genebra. Recebeu a colaboração da Act/011 Populaire (dos Jesuítas de Paris) e do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs, organização · protestante dos Estados Unidos. Participaram 97 pessoas ( a metade das quais católicas) - teólogos, sociólogos, sinólogos, antigos missionários, Prelados, Padres e Freiras, pastores protestantes, historiadores, jornalistas, ••marxistas cristão$" e ativis• tas de esquerda convidados de acordo com sua experiência a respeito da China comunista e de seus conhecimentos de teologia e marxismo, como nos informa tvfarlêne Tui .. ninga, repórter das "lnformations Catholiques !ntcrnationales", que esteve presente ao colóquio. Presti,g iaram a assembléia com sua presença duas vedeues do progressismo mundial, o Cardeal Lco Sucnens, Arcebispo de Bruxelas, e Mons. Ângelo Fernandes, Arcebispo de Nova Dclhi. Tomaram parte nos trabalhos Mons. Bernard Jacqueline, vice-secretário do Secretariado para os Não Crentes (ateus), do Vaticano, e os Bispos Mons. Charles Joseph van Melckebeke, Visitador Apostólico para os chineses que estão (ora da cortina. de bambu e Mons. Paul Tep·

P

.J m Sotha Samath, Prelado no Cam-

bodge. A finalidade do encontro em segundo seus organizadores - ''ex.. 1>lorar () significado tia experiência chinesa para a teologia cristã e a vid/1 da lgreia" (cf. "Christian Failh and lhe Chinese expcrience - Papcrs and Reports from an Ecumenical Colloquium held in Louvain, 8elgium, Scptember 9 to 14, 1974" - Lutheran World Federation/Pro Mundi Vila, Gcneva and Brussels,

1974) . Conquanto estivessem todos unidos numa mesma fé em Marx e num mesmo entusiasmo pela China de Mao, os participantes não quiseram comprometer-se com um texto preciso e preferiram não votar uma moção final. Por isso, baseamos nossos comentários nos textos submetidos à apreciação dos congressistas e nos relatórios das comissões de trabalho, reunidos no volume anterior• mente citado.

Se a realidade é dife re nte, pior pa ra ela Costuma-se atribuir a Lenine uma frase (que, se ele não a proferiu, na verdade define bem a mentalidade comunista) que é mais ou menos assim: "Se os fatos não correspondem à teoria. timto pior para os Jatos". Da mesmâ forma os progressistas costumam votar um desprezo completo à realidade. Vivem num contím10 raciocinar abstrato, que nunca dc,sce aos fatos concretos. Pelo contrário, procuram adaptar a realidade a suas teorias pré-concebidas. Não é só a realidade cotidiana que sofre essa deformação cerebrina, mas a própria Sagrada Escritura perde sua significação natural para ser interpretada conforme lhes convém e a História é reescrita "ad 11s11m Delvhini''. Assim, os teólogos intc.rconfessio.. nais do Colóquio de Louvain deformaram inteiramente a História atual e recente da China para adaptá-la a seus desígnios. Mini,'!alizando os massacres, as "sc-ssões de reeducação", a colctivizaç.ã o brutal, que conduziram o país à miséria, à opressão e ao infame dirigismo estatal ( que chega ao ponto de controlar o número de filhos que um casal pode ter), esses "peritos" apresentam a Revolução chinesa como uma admiráve1 epopéia durante a qual - como disse o Pc. Jo.1chim Pillai - Mao Tse-tung, "como um novo Moisés, libertou seu povo ,ia escravi<lão, do arcaísmo, do imperialismo. dó feudalismo e ,lo ca..

f)itulismo" (p. 82). E uma das eo• missõc.s de trabalho chega a dizer: ''A t1·(lnsformaç,io política e social levti• da a efeito na Chi11a pela avlicaç,1o do pe11same11to tle Mao 1'se•trmg. unificou e consolidou um quarto <la populaçcío ,lo mundo tmma /prma de sociedatle e num estilo tle vida imediatamente relacionados ' a algumas tias ct,racrerísticas do Reino de Deus, mesmo rejeitando conscientemente Deus como fo11te da real esperançâ e força tio homem" (anexo, p. 20). A perseguição aos missionários e a destruição da florescente Igreja chinesa, é também explicada de modo singular por esses ºespecialistas'': os missionários não foram - tomados em seu conjunto e até que â atual crise dominasse a lgrcja - aqueles abnegados Religiosos e Religiosas que abandonavam tudo, família, pá· tria, conforto, movidos unicamente pelo zelo das almas, pela glória de Deus. mas antes pessoas que iam praticar i1ma ºagressão cultural'' con~ tra os nativos e impor-lhes a "domirwçcio caf)italista". Essa falta de lacto, fruto de um" modelo errado de Cristianismo, teria levado os m issio~ nários a se identificarem com Chang Cai-chec cm sua luta contra os CO· munistas de Mao. De onde se seguiu a perseguição, após a tomada do poder pelos comunistas, pois a intransigência dos missionários "forçou a mão" do r~gimc para oprimir os cristãos. Tanto mais que "sob a press<io ela Guerra Fria, - afirma o trabalho do Pro M1mdi Vila - o Cristianismo anlw toda a e11Mré11cfr1 de cristali1.ar..se numa ideologia, fJTOcurmulo, pelo menos temporm·iamente, defesa no campo dos capirnUstas e impérialistas" (p. 23).

"Justiç" no Mmulo''? As cri<mças chinesa:; esteio sendo hoje ensinadas a ter um .reuso de respo11sabi/i<latle pc,.. ra com a comunidade. Mas niio é t:.rmmnente isso o que o Segundo Conc'ilio do v,aicauo tem pe,li<lo tão insi.ttenteme11te do Povo de Deus?" (pp. 29-30).

Aprender com a China de Mao

Cardeal Suenens e Mons. Angelo Fer· nandes no Colóquio de Louvain

reieição do próprio Cristo. [ ... 1 Pureceria que ,, China [ .. . ] aceitou o espírito tle Cristo de outra fonte [ . . . 1. ou seja. tio 11wr.r:ismo. [ ... ] Se os chineses tivessem, de Jato, criado uma l·ocied,ule com mais fé. mai.s esperança e mais amor do tiue o Oci· tlente ''crist<Ío'', elel· mereceriam não apenas ate11çeío, mos / fr/clid<1dc. Com<> os A pôstolos de Cristo. prcâsamos 1;eguir para onde o espfrito sopra". ''A sociedade chir,es/1 de hoje( ... ] está, ,,enso eu, ma;s adiantada tio que a nossa 110 cam;11l,o para o verdade.ira sociedade. Jucmtma, o R eino de Deus. Destruir um se quiserem. Acre,lito que t, Chim1 pseudo-Cristianismo para é a ,ínica nação verdadeiramente crisedificar o "Reino de Deus" tü no mundo cm nossos dia.t. não obstante s ua rejeição dbJ·oluta de rotlc, Mas a destruição da obra dos misreligião L- . , I Or,dc 1>roc111·ar Cristo? sionários não é considerada pelos tec- [.. .J Onde estão os bor,s e or,de são nocratas teológicos de Pro Mwuli Vita feitas as coisas boas. [ ... ] Quer como um mal. Pelo contrário, acham ,liz,er, ve11do <> e1uc estâ acontecenelo eles que, destruindo o que consi- na China nos tlia.r <le hoje''. deravam. um pscudo-Cris1ianismo, a Nada mais lógico, entãot do que China construiu o verdadeiro Reino buscar na China de Mao o fermento de Deus! o que está afirmado textualmente cm duas citações, endossa- para a rc,,ovação do Cristianismo. O das pelo relatório apresentado no co- relatório do Pro Mmuli Vila cita a lóquio de Louvain. A primeira é de esse propósito :i seguinte passagem de um discurso de Paulo Vf, pro· um jovem católico australiano. pro~ nunciado em 1967 ( durante a "Revofessor durante um ano na China colução Cultural" chinesa), bem como munista, e a segunda de um historia- um despacho da Agência Fitlc.r da dor: Congregação para a Evangelização "A rejeiçiio de um p.teudo-Cristici- dos Povos (antiga Congregação De nismo 11áo. é necessariame11te uma PrOf)/lgar,do Fidc). Eis as palavras de Paulo VI: ''A l grcjt1 reconhece e favorece a justa expressão tia atual fase históric,1 ,la C/rina e a trans/ormaçlio tle mlli· gas formas de cultura estática em 11ovt1s formas ine,1itáveis que surgem da.r estruturas· socü,/ e üulustrial ti<, "ida moderna. ( ... J Gostaríamos de tomar contacto novamente com et China, a /im de manifestar cóm que interesse e com que simpatia ~1emOJ' seus atuais e entusiásticos esforços pelos ideais de vida diligente, plena e pacffica".

A partir de outra ordem de idéias, o Assistente do Geral da Companhia de Jesus para o Leste da Asia, Pe. Herbert Oargan, S. J. chega à mesma conclusão de que a Igreja tem que se adaptar ao comunismo chinês e aprender com ele. Contrariando <> mandamento de Nosso Senhor - "li/e por todo o ,muulo. pregai o /::vangelho a to<l<1 a criatttra. O t1ue crer e for b<rtii.ado será salvo; o que ,uio crer será condenado" (Marc. 16, 15-16) - acha o Pe. Dargan, que para três quartos da humanidade a salvação não exige o batismo nem o pertencer à lgreja. Ao contrário. a Igreja deverá ser sempre composta de uma pequena minoria, de um ''pe<1r1e110 rebanho". Vejamos suas palavras: "O Segundo Concílio do Vaticm10 lançou as sementes ,le rmu, rica idéia que pode tirar-nos ,Jo APARENTE IMPASSE Cflll• Slltlo pele, presençtl de um governo f<)talitário 1u, China. Ele nos llpresen.. 1011 11 Igreja como um sacramento rmiversal tle s(,l"<1çtio, idéia es:m que, penso. nele:> /oi iihula <ieâ/l'adil até suas última.r couseqüência.r. '/'rau,-.w: tlt: tuna idéia que tirt, a tliscussüo dos limites ela "filiação'' à Tgreja Católica Romana, para ti área ~,wis ampla cio papel da Igreja na salvação univer.ml. Pl'ccisamo.r começur a aceirt11· qul'! ti lgreia Ct1t6/ica l?ommw pl'Qvavelmente .rerá sempre uma minoria. um "pequeno rebanho" e que, TALVEZ PARA TRê-5 QUARTOS llA RAÇA IIUMANA,

a

Jovens chinesas em oxerciclo mllltar na praia Elas "estão sendo hoje ensinadas a ter um senso de responsabilidade para com a comunidade"?

Pe. Herbert Dargan S.J . \•

A OÁOIVA l)A G~AÇA NÃ(> flNVOLVA UM C UAMAOO PARA E XPLJC ITAR A Pé: C RIS•

..rÃ, Olf f•ARA 'TORNAR·SE MEMUROS 'OA

IGRl~JA (•ELO OA'flSMO. Esta idéia t. sem elúvi<lit. uma itléia /ec,mdo. 1>rc>vavelme11te muitos de n6s, edu· cm/os na teologit1 do Vt1tic,mo /. bosemuos nosso apostolado 1w convicçüo tle <1ue o que Deus deseja mais 1u1r<1 o povo chiuêf é a existêncicl ele uma in.ttituiçáo hierárquica ativa em ~ o seguinte o despacho da Agênseu meio; de que Ele quer Núncios, cia F idcs, de 4 <lc abril de 1973: Dispos. MISSAS 1>0M INICA1S. cascu11en .. ''Através do Marxismo, chegaram tos católicos, etc., de que Ele quer à Chilt(1 as idéin.t c1·istãJ·. que eram Dioceses e Parôquim· bem orgauiza.. uovlls para ela. t .. .] Uma mística de d<1s e tudo o que vai ,w mesma Jiuha. 1rnba/lto desinteressado ,, serviço elos Se eslCI é ,te fato ,, vontade salvífica outros; uma n.fpfraç,ío para a justiça; dt.· D<•us, então <1 perspectiva para a o e).'altaç,ío ,Je uma l'idt1 simples e Chi11a - como para o maioria das frugal,· 11 elevação das massas campo• grcmtlcs náÇÓes da à sla - está banesas e o desaparecimento d<1s classes nluult, 11as trevas do 1::s1igc" (o Estige sociais - ((IÜ .tifo os ideais para os quais a Clti11tl de hoje está orientada. era o rio que atrnvcs~:wa o Inferno. MaJ' não seio esses os ideais incompaM na mitologia grega) (p. 128, desta"'"e/mente expressos nas Encfclicas que nosso). "Pacem in Terris" e "l'opulorum Progressio" ~ no documento sinodal Luiz Sergio Solimeo

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Conclusão

da pág. 8

NA CHINA DE MAO LAÇÃO É A HISTÓRICA, 0 co11j1111to da hist6ria do povo judeu, TODA A HJse, mais perto de nosso época, a ê11/ase colocada pela Constit11iç<io J>astoral Ga11di11m et Spes (Vaticano TI) sobre os "sinais tios tempos", nos ensilw que, ,Je acordo com a tradição da Igreja, DEUS REVELA-SE NA HIS1'ÓRIA, QUE os FATOS DA litSTÓRIA, e11qu11nto litlO,f pelos J'eres humanos. SÃO o ÚNICO LVOAR ONl)E DEUS APARECE, FALA I? DESAFIA [ .. ,] N e.rte r.ol6quio o que estamos procurando, em conseqüência, é, de un~ modo ou tle outro, "ler" a gesta De, pef Sinenses, as obras de Deus realizadas por meio ,10 povo chi11ês. E.r· u,mos procurando, embora de um modo provisório, chegar ao significado crist<io e ,l.r implicações teol6gicas do aco11tedme11ro chinês e atlmitimos bem explicitamente que NOSSA Fé CRISTÃ ESTÁ realmente SENDO O'ESA· FIAOA PELA EXPEl\têNCIA CHINESA, 11/iO s6 no que dii respeito a seu compro• metfrnento, mas também a SEU CONTEÚDO" (p. 165, destaques nossos). "Gesta Del per Sinense.r',, a gesta, a epopéia de Deus realizada pelos comunistas chineses! Esta é a apheação que faz o Pe. Kerkhofs da fa. mosa frase histórica "Gesta Dei per Francos", com que os autores dcsig· nam o importante papel desempenhado pelos francos na cristianização da Europa. Então, os histéricos declamadores do pensamento de Mao se. riam como novos francos, campeões e defensores da fé! O que pensar desta concepção inimaginável? E o Pe. Kerkhofs não recua 'diante das conseqüências de seu pensamento progressista. Se a Revelação é "um Jato contínuo'', algo inacaba· do então não é possível haver um co;po de doutrina, uma Igreja dogmática que obrigue os fiéis a crerem em determinadas verdades imutáveis. Por isso, o Cristianismo não é senão uma "herm enêutica·•, uma intcrpretaç<io, diz ele, da hist6ria do Velho e do Novo Testamento, e, por essll razão, de toda a Hist6ria , partindo . do FENÔMENO HISTÓRICO DE JESUS, V/StO à /11z da fé 110 ressurreição". Agora, raciocina o Jesuíta, "assim como há tuna interpretação judaica, uma leitura nlio-cristã desse acontecimento continuo e acima tlc tudo do fenômeno (sic) de Jesus. ,amhém há uma leitura marxista do mesmo aconteci• mento . . . ,. Portanto, "para ser lw11uma e honesta, essa leitura cristã (isto é a interpretação dos fatos que para os progressistas substitui o DogmaJ precisa manter constante· m ente o dUilogo com as outras inter11retações [ .. , ]. Sendo 111110 "hermenêutica", o crisaanismo não é r1.ma ''gnosis'' [conhecimento] uma dout:_ina te6rka de salvaçiio: o CRl!OO NAO TÓRlA

para fanatizar os marxistas chineses

"Livro vermelho ,• de Mao: nova "blbl'1a

Sendo assim, para a Igreja não há outra alternativa senão adaptar-se ao comunismo e aprender com ele: "Permitam•me porramo sugerir que formulemos a quesrão de matteira ,Ji. verra. EM VE.Z DE PllROUNTAR QUAN·

DO, A JOREJA l\ETOl\NARÁ À CHINA, DEVEl\ÍAMOS DIZER: COMO PODE A lOREJA CONTEMPORÂNEA, COM O RI!· NOVADO CONHECIMENTO DE Sl MESM~, ENCONTRAR A CHINA CONTEMPORA·

.

Têm elas algwna aspiraç,lo em . ' comum? Quais? O que as montem separadas? O que podem ela., APREN· DER UMA COM A OUTRA? Há alguma possibilidade de coexistê11cia, até m esmo de m,ltito respeito? Houve algum êxito na superação da aliena~ ç<io existe11te?" (p, 129, destaque Nl?A?

nosso) ,

O fio do meado Permita.nos o leitor que, antes de passar a outras considerações, façamos um pequeno parênteses, para explicitar o erro teológico que constitui a explicação última dessa visão dos fatos. São Pio X, na Encíclica Pasce11di Dominici Gregis, na qual condena a heresia modernista, no começo do século, apresenta como seu prin~ipal erro, de onde derivam os dema.1s, a falsa concepção de Deus. Ao contrário do Deus pessoal e transcendente, io.finit.amcnte superior a toda criatu• ra, que a Filosofia e a Teologia católicas nos ensinam, apresentam os modernistas um ''deus" panteísta, que se confunde com o mundo, imanente, preso na trama h.ist6rica, e que vai-se revelando através dos fatos. Esse udeus" está continuamente se "revelando" porque também está se transformando de modo contínuo. De onde deduziram eles que não há verdade fixa e que o Dogma deve evoluir e a Igreja transformar-se sempre. Como se sabe, pelo contrário, a Revelação divina foi comunicada por Deus aos Patriarcas (de Adão a Abraão), ao povo judeu, cuh~inando com Nosso Senhor Jesus Cristo e encerrando-se com a morte do último Apóstolo. A tese de que a Revelação oficial (oi encerrada com os Apóstolos exprime o ensinamento tradicional da Igreja e foi confirmada de modo

8 .

particular com a c~n?ena~.ão do ffi:?.· dernismo na Enc1chca Pascend, . Entre os adversários da tese encontram-se os modernistas que admitem um ºdesenvolvimento" da Revelação. Ora o Pe, Dargan afirma, de mo' do diverso, que "Deus se reve/a a sr mesmo na história"; e põe•sc uma pergunta que, admitida a falsa premissa, não podia deixar de ser feita. Essa pergunta nos con~uz ao_ c~rn~ da explicação da ' opçao soc,ahsta feita pelos novos clêrigos: se Deus se revela na história da human1· dadc em geral, que sentido faz. d_istinguir entre a história do povo eleito (os judeus do Antigo Testamento) e a da China Comunista? Se esta re, velação é contínua, porque ela não se dá também por meio dos povos que vivem sob o comunismo, ou seja, porque ela não se efetua por meio d~ comunismo? A resposta, para eles, e afirmativa: Eis porque chamam Marx de "Profeta" e Mao de o "novo Moisés''. Deixemos falar o neo-Je-

.

1

suita:

"Deus, diz ele, revela-se a s; mes· mo na História. Isto nos conduz a águas teol6gicas mais pro/mulas, uma vez que nos obriga a perguntar qual é a distinção entre revelação blblica e revelaçtio hisr6rica, e que sentido /01. chamar os judeus de povo esco· /hido, com o privilégio tspecial da revelação de Deus [. , . ). O bom se11• so torna muUo di/ícU aceitar que Deus esteve ausenle da his16ria nlio judeu.cristã e não esteve atuando nela [ .. ,] a China, por exemplo, testemunhou no último século uma ex· traortlinár;a transição tle um sistema fechado, desigual, corrupto, "feudalista'', nwn ,Unân.,;co e.r/orço para transformar o homem e a sociedade, para criar o que Mao chama tle "o novo homem .rocit,Jista". Um fenômeno desta ordem parece pedir da Igreja algum critério pelo qual possamo.r ver se a miio de Deus está aí e como" (p. 131 ).

Terminemos esta nossa análise do pensamento progressista, tal corno foi aptesentado no Colóquio de Louvain, com uma citação, embora longa, do Pe. Jan Kerkhofs, S. J., o qual resume o que acabamos de ver: "Não obs,antc quando se é cristão, não se pode fugir ao tlever de se ver Deus na Hist6ria, pois A ÚNICA REVE•

AfOJLICISMO MENSÁRIO <Om ;1.prov:1('iio ttle)i~1:ic:t

CAMPOS -

ESTADO DO RIO

011\RTôJt PAULO CORR@A DE BRITO F1t,HO

Diretoria: Av. 7 de Setembro 241, caixa J)OSlal 333, 28100 C3mpo,. RJ. AdrolnJstrntão: lt, Dr. Mnrlinico Pr-ado 271 , 01224 S. Pm1Jo. ComJ)Os.to e impresso na Cia, Uthogrnphica Ypirang.a, ltua C:tdete 209. S. P•uto. . Ass!n.1tura :mu.1I: comum Cr$ 50,00; coopcra~or . CrS 100,00~ benfeitor Cr$ 200,00; grnndt benfeitor Cr$ 400,00; scmm:ir1stas e csluda~tes CrS 35,00; América do Sul e Central: via de superfície U~S .6,50, via a~rca USS 8,00; A.mtricn do ~~tlc, Portugal, ·_Es.panha, Provinc1~9 ultmmanna! e Colónias: via de supcrf1c1e USS 6,SO. via nérca USS 9,SO, outro~ pa,5($. vi:t de superfície USS 7,SO, ,•ia aércn US$ 13,00. Vcnd.a avulsa: Cr$ 4,00. Os pasamcntos, 5<:rnpre cm nome ~e. Edit~ Padre Bck.bior de Pontes SIC: poderão str cncaminh:idos à Adm1n15traçao. P:ira mudanç31 de endereço de assinantes, 6 nccess..4.rio mencionar t:1mbém o endereço :1n1~go. A c-0rrcspondênci:i rclntiv3 a assin:i.turo.s e vcnd:'l :wut~ deve ser cnv1nda à Admlnh1rnç-lo: R. Ot. M.vtinlco Pr.1do 27 t 0127.4 S.

6

J>oulo

DO

MVNOO c ruSTÃO

A IGREJA NA CHINA EM 1948 Total de fiéis .. , ... , . , . , .. .... . .. . .. . . . .. .. , . ... . 3.469.452 Bispos ............... . ..... . . .. . . .... . , ....• · · · 146 chineses .. ... . .•. . . . • ... 35 estrangeiros .... . , . . , . , .. 111 Padre.< . .. ... .... .. . . . . . . . . . . . .. .. .. .. . 4. 788 chineses . . . . . . . . . . . . . 2. 698 cstrungciros . . . . . . . . . . 2 . 090 Religiosas . .. .. ... ... ..... . . . . .. . . . ... 7.463 chinesas . . . . . . . . . . . 5. 11 2 cstran,gciras . . . . . . . . . 2.351 Seminaristas maiores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 924 Universidades (4.'596 es1Udantes)3 Escolas . . . . . . . . . . • . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 . 437 (567. 732 estudantes) Orfanatos . .... • ....... • . .. . • ... , . · , · · .. · · · . · · · , 254 Hospitais . . .. . ... .. ....... • .. • ..... . .. · ... ... .. . 2 16 Dispensários .. •. .... . .. .. . , , .. . , .. .. .... . .. • . · · 78 1 .LeproS:.írios . ... • . ... • · ·. · · · · • ·· · · · · · · • · · · · · · • · · · 6 Jornais ..... .. . .. .. • ... . . .... . • .. .. • . . • ... .• . .. 55 Revistas ..... . ... • .. • ... .. .. • .. , . . • • . ....... • . .. 29

. .. .

.. ..

. .. . .. . . .. . . .. . . ... .

.... .

. .

..

0

...

VITIMAS DO COMUNISMO NA CHINA Primeira guerra civil ( 1927-36) ..... .... .. . .. . 2. Durante a guerra sino-japoné$a - combales entre comunistas e anticomunistas chineses ( 1937-45) .. 3. Segunda guerra civil ( 1945-49) ... .... ... . .. . . 4. Reforma Agrá ria (antes de 1949) .. ...... .... . 5. Campanhas políticas de liquidação ( 1949-58) 6 . Guerra da Coréia .... ...... , .. . ...... , . .... . 7. ''Grande salto para a fre111e" (campanha forçada de aumento da produção e coletiviz.ação) . .... , 8. Lutas contra minorias étnicas (inclusive Tibet) 9. " Revolução Cultural" e suas seqüelas ( 1965-70) . 1O. Morros em campos de trabalhos forçados e nas fronteiras . .. ...... . ........ . .. ... . .. , . , , , , 1.

Total de monos . .. .. .. .. .. .. .. .. • .. .. . .. Fonie Nota:

500.000 50.000 1.250.000 1 . 000.000 30.000.000 1. 232.000 2.000.000 1.000.000

500 .000 25 . 000.000 62.532 .000

"EST & OU E~1"; 1/15-2-72 As estimativas fornecidas por estudiosos de Formosa indicam um to1al de 66.040.000 mottos entre 1949 e 1968.

fNDICE DE PRODUÇÃO COMPARADA DE VIV ERES ( 1952-1 956 = 100) Ano

China

Formosa

Comunista 1952 t97 1 Fonte:

93 148

100 193

Coréia do Sul

Filipinas

115 t96

100 193

América Latina

87 165

"EST & OUEST'; 16/3 1-11-1973

É MAIS QUE UM MOMENTO DE JlXPJ..J· CITAÇÃO NUM CR.lS"J"ÃO, UMA PRAXJS

SACRAMENTAI." (p. 167, destaque nosso). Vê-se bem como progressismo e co;nunismo se completam na lógica do erro. Por onde se percebe que os clérigos ou Bispos que - como Mons. Mendez Arceo - fazem propaganda velada ou declarada da revolução igualitária comunista, não estão simplesmente enganados no campo político-social, nem - segundo tudo indica - tiveram sua boa fé surpreendida. Na verdade, parecenos que é por terem sido conduzidos tt heresia modernista, mediante u m longo trabalho subreptício realizado cm Seminários, Universidades e m<?· vin1entos católicos, que eles chegaram ao fanatismo que os têm levado, algumas vezes. até à ~uerrilha urb~,. na ou rural. Mas, curiosamente, nao são os mestres que ensinam cs.~3S rnonstruosas doulrinas, divulgadas cm colóquios internr..cionais como c~tc analisado por nós. que sofrem as conseqüências, mas apenas o cxalt~do que passa à. prática desses ensinamentos.

E as autoridades eclesi:1$t icas. por que não agem? Era preciso chegar a este estado de "tmtotlemolfr;lio" da Igreja - para empregar a expressão de Paulo VI - • fim de que. na Santa Igreja de Deus, tais erros 1ivcs• sem livre circulação. O que faz lembrar a lamentação do Profeta Jere1nias: as pedras do Santuário estão dispersas e o inimigo penetra pela sua porca (Lam, 4, 1 e 12) !

ProgreS$latas consideram Mao autêntico profeta da éJ><?ca atu~.1. ..Como um novo Moisés, libertou seu povo da escravidão . ..


Padres fluminenses contra o comunismo TRINTA E OlTO Sacerdotes do Estado do Rio de Janeiro lançaram em Sio F idelis 1101 corajoso manifesto no q ual afim, am seu repú· dio ao comunismo e soHcitam ao Episcopado nac.ional medidas adequadas para sustar a infiltração marxista nos m eios católicos. Eis n integra do documento, djstribuído il imprema com o título de "Contra o comunlsmo": "O COMUNISMO é o erro mais monstruoso jamais engendrado pelo espírito das trevas. Onde quer que se tenha implantado, para se conservar no poder e manter sob a garra da opressão os povos subjugados, usa de todas as formas de violência, desde aquela que implica na coação física e moral, até o assassinato. A maior prova do repúdio desses povos oprimidos ao regime comunista é a fuga. Ai estão diante de nossos olhos os refugiados vietnamitas, angolanos e portugueses. Mil vezes melhor a morte ou o exílio do que a escravidão, ainda que dentro dos limites da própria pátria. Para impedir a fuga - que o desmoraliza diante das nações livres - o conn1nismo precisou construir muros e fronteiras fortificadas em torno dos países dominados. Nos últimos tempos, o esforço do comunisn,o internacional por conquistar as nações ainda livres é um fato tão evidente que nenhum observador atento pode negar. Para conseguir tal objetivo, procura destruir todas as barreiras que se lhe opõem e suas armas preferidas são o terrorismo, a difamação, a calúnia. Recentemente, vozes autorizadas do País têm denunciado a infiltração comunista em nossa Pátria e, de vez em quando. jornnis vei· c,ilam notícias da repressão de focos subversivos por parte das autoridades competentes. E. malgrado a orquestração de calún ias contra o Brasil que - como faz contra o Chile a propaganda comunista internacional promovo, a ação vigilante e patriótica de nossas gloriosas Forças Armadas tem conjurado o perigo

contunista em nosso País e assegurado aos brasileiros a paz e a ordem que os subversivos tentam perturbar. Ainda há pouco, os comentários tendenciosos de alguns jornais acerca do suicídio de um jornalista comunista preso em São Paulo pelas autoridades do II Exército, deram-nos a impressão exata da profundidade atingida pela infiltração comunista cm certos órgãos da im· prensa e outros meios de comun_icação do

País. Tal impressão se acentuou com aquele culto ecumênico realizado na Catedral de São Paulo, culto de caráter político, seguido de greves estudantis e de man ifestações contra o regime ahlal.

Mas o que nos estarreceu e deixou perplexos foi o documento da Assembléia Geral da Comissão Episcopal Regional Sul I da CNBB. Com todo o respeito que merecem os Exmos. Srs. signatários do referido documento, pedimos vênia para mostrar nossa cstra.. nhcza pela omissão injustificável de uma palavra de apoio às autoridades na repressão ao comunismo. O perigo comunista não é evidente e não põe cnt risco a civilização cristã, a familia brasileira, nossas tradições, nossa Fé e nossa própria condição de país livre? Não é necessário e urgente, digno de todos os aplausos, o combate vigoroso a qualquer surto de subversão que venha ameaçar a segurança da Pátria? Não é dever dos Pastores velar pela preservação de todo o rebanho quando assaltado por lobos vorazes? Contudo, cm nenhuma linha do documento episcopal, nem a menor sombra de alusão ao perigo comunista: nem a mais leve censura às injustiças e perseguições que os comunistas infligem às suas vítimas; nem a t'ncnor referência. ainda que parcimoniosa, ao zelo de nossas autoridades na defesa das instituições! Mas há abusos na repressão anticomunista... Concedemos q ue possa haver. Onde não os há cm instituições falíveis e efêmeras, como as humanas? Que se denunciassem os abusos concretos, ocasionais. Mas, sobretudo, que se defendessem as instituições ameaçadas, a civilização cristã em perigo, o bem de todo um povo. E que se apoiasse decidjdamcnte a atividade patriótica do Governo na luta contra a subversão. O documento, neste ponto, é totalmente omisso. Há mais solicitude em socorrer o lobo ferido do que em proteger o rebanho que escapou às suas garras. Ao tomar conhecimento destes fatos pela imprensa, leigos confiados aos nossos cuidados pastorais, cm reuniões de associações, em conversas e através de cartas, mostraram seu cs~ lllrrecimento e solicitaram que manifcstásse-

mos nosso pensamento. A isto nos instaram, outrossim, cartas que temos recebido de católicos de outros Estados, principalmente do Estado de São Paulo, pedindo um pronunciamento dos Padres, uma vez que leigos já se manifestaram, como fizeram os da Sociedade Brãsileira de Defesa da Tradição, Família e P ropriedade, cm pronunciamento respeitoso e firme. Eis porque, face aos acontecimentos mundiais e nacionais da hora atual, que se revestem de tanta gravidade, damos, como _Sacerdotes católicos, o testemunho de nossa Fé, e, como brasileiros, o testemunho de nosso patriotismo. Repudiamos o comunismo, que é uma ver. são terrena da rebelião de Lúcifer e de seus anjos, expressão requintada do orgulho e da sensualidade do homem; repudiamos o comu• nismo, tantas vezes condenado pela Igreja como intrinsecamente mau, ateu, perseguidor da Religião, negador de todos os Mandamentos da Lei de Deus, violador de todos os direitos humanos, opressor de todas as liberdades e da própria pessoa humana. Pedimos aos Exmos. Srs. Bispos que, diante da crescente influência do marxismo sobre o pensamento e a atuação de católicos, diante da infiltração de idéias e práticas comunistas em setores e movimentos do apostolado, er· gam sua voz de Pastores para condenar o comunismo, e apliquem medidas adequadas que a gravidade do perigo está a exigir, para sustar a inoculação do veneno marxista cm meios católicos. Apoiamos e aplaudimos a ação corajosa e o zelo intimorato de nossas autoridades na repressão ao comunismo. Imploramos as bênçãos de Deus sobre elas, para que não esmoreçam nesse combate que deve ser feito com justiça, mas sem tréguas. Evocamos, comovidos, a figura e o exemplo do Eminentíssimo Cardeal Jószef Mindszenty, símbolo de fidelidade à Igreja e de resistência ao comunismo, e desejamos na sua pessoa reverencial' a memória de todos os Bispos, Padres e Religiosos vítimas da opressão marxista em várias partes do mundo. Solidarizamo-nos com todas as outras víti-

mas do comunismo, cspcCialmcntc com nossos i.rmãos na Fé, os catóHcos, que sofrem nos campos de concentração, nas prisões, nos tra· balhos forçados, nos hospitais psiquiátricos, onde são cientificamente despersonali1..ados e servem de cobaia a todas as experiências; que são impedidos de praticar a Religião e proícssar sua Fé; que se vêem expulsos de sua

J>,\tria ou coagidos a, abandoná-la para fugir ao terror vermelho e t·razcm na face e no coração as marcas dos horrores que presenciaram. A todos esses perseguidos, oprimidos e íugitivos expressamos nossa comunhão na caridade e, edificados pelo seu exemplo, acenamos para o prêmio das tribulações com as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Bcm·avcnturados sereis, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem contra vós toda espécie de mal, por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque grande é a vossa recompensa no Céu" (S. Mateus, 5, 11-12). Manifestamos, enfim, nossa esperança e ce11cza na vitória da Santa Igreja sobre o co-

munismo, firmados na promessa de Nossa Senhora de Fátima: " Por fim. o meu I maculado Coração triunfará". São Fidélis (RJ), dezembro de 1975. aa) Pe. Emanuel José Possidente / Pe. Licínio Rangel / Pe. José Olavo Pires Trindade / Pc. Eduardo Athayde / Mons. Ovídio Simón / Côn. Ludovico Rosano / Pe. Benigno de Britto Costa / Pe. Francisco Apoliano / Pc. Othon Dcodato de Souza / Pe. José M. F. Collaço / Moos. Francisco Assis Santos / Moos. Antonio de F reitas / Côn. Luiz Gonzaga de Castro Azevedo / Pc. José Nicodcp1os dos Santos, Ten.-Cel. Capelão da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (R) / Pe. Lauro Fraga / Pe. José Moacir Pessanha / Pe. Roberto Gomes Guimarã~ / Pe. Lamar Barreto Calzolari / Pe. Daniel Martins Ambrósio / Pc. João Bermudcz Perez / Pc. Henrique Conrado F ischer / Pe. Gervásio Gobato / Pe. Antônio Alves de Siqueira / Pe. Fernando Arêa Rifan / Pc. Edmundo G. Delgado / Pe. Manoel Henrique Ferreira Lima / Pe. Alfredo Oelkers / Côn. Oto Mütting / Pe. Abaeté Cordeiro / Pe. Antonio Paulo da Silva / Pc. David Francisquini / Pe. José Eduardo Pereira / Pe. José Gualandi / Pe. Êlcio Murucci / Pe. Olivácio Nogueira Martins / Pe. Pedro Javé Casas / Pe. José Hélio Ramos / Pe. Emílio Soares da Silva. •

Emissoras de Moscou defe.n dem os Bispos verm.elhos do Chile Con1u11icado da TFP chilena, a propósito de duas notícias transn1itidas pela Rádio M4?scou e pela Rádio "Paz e Progresso", ari1bas da capital soviética (os subtítulos são do original castelhano): "A viva repcrcus$ãO que vem alcançando em toda a extensão do país o livro recentemente lançado pela Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, "LA IGLE-

SIA DEL SILENCIO EN CHILE - La TFP proclama la verdad entera", é claro sinal da angústia cm que se encontra submersa a consciência de incontáveis católicos chilenos, devido à atuação de numerosos eclesiásticos esq uerdistas. Para os católicos que o lêem, o livro representa um fator de esclarecimento que lhes ilumina o caminho a ser seguido, sentindo eles, na proclamação da TFP, um desafogo daquilo que os inquieta no fundo de suas almas. A reação comunista Como é natural. o comunismo acusa o golpe que prejudica o mais medular de seus planos subversivos, plano este q ue vem se aplicando cíctivamentc, g raças à cobertura e colaboração de importantes setores eclesiásticos chilenos, ou seja, do Cardeal Arcebispo de Santiago, Mons. Raul Silva Henríquez, grande pane do Episcopado e do Clero. Para prejuízo das forças subversivas fica posta em evidência, e portanto inutilizada, através do livro lançado pela TFP a ação que os vermelhos vêm desenvobendo por meio desta ponta de

lança. da investida comunista no Chile, em que se têm constituído os "e<:lesiásticos demo-

1.idores''. A s orie ntações de Moscou T udo parece indicar que os comunistas chilenos, gravemente desorientados pelo sério golpe que lhes infligiram, informaram prontamente os russos, pedindo orientação a seus guias e mentores do Cremlin. Desde que suas bases c.atólicas - arrastadas de modo enganoso pelo Clero esquerdista - não atendam à voz comunista ofici31, emitidn diretamente de Moscou, é de se presumir também que a ação subterrânea dos russos no âmbito nacional se tor• ne ineficaz ante o impacto do livro. Com efeito, a reação de Moscou frente ao livro º'LA IGLESIA DEL SILENCIO EN CHILE - l.a TFP proclama la verdad cntcra" foi tão imediata, que pode presumir•se que um dos primeiros exemplares postos à venda lhe foi remetido por um meio extraordinariamente rápido. Moscou, para responder, tardou apenas o tempo suficiente, requerido para um estudo meticuloso da matéria contida na obra e para uma imediata reflexão sobre como proceder. O fruto dessa reflexão corresponde a uma diretriz. emitida pelo,;: russos aos comunistas chilenos e aos católicos, eclesiMticos e leigos, tão vastamente influenciados pelos m3rxistas de nossa pátria. Tal diretriz foi comunicada em língua castelhana por locutores de indisfarçável acento chileno, nas transn'lissões fei tas pela Rádio li-foscou, cm sell programa "Escucha Clúle", no dia 23 de fevereiro, e pela Rádio "Paz e P·rogr r$o" no dia seguinte, também da capital sovié.tica, e cuja gravação magnética, captada pela TFP, se encontra à disposição das emissoras chilenas nos escritórios da entidade.

O Cremli n de fe nde prerrogativas da Hierarquia e unídade dos católiêos!

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parafraseando o mesmo: "dize-m e q ue defensores se levantavarn a teu favor, que te direi a que causa serves".

A indignada grita ria c remlin iana Em seu programa do dia 23 de fevereiro e dando prova de sua profund:t preocupação pelos efeitos que o livro vem causando em setores católicos, muitas vezes desprevenidamente arrastados ao comunismo por membros do Episcopado e do Clero a Rádio de Moscou procura desde o início falsear a realidade, apresentando a referida obra como um ataque à Igreja: "No va onda de ataques contra a Igreja Católica", assinala. E acrescenta: "os facisfa.s chilenos abriram uma nova

frente de ataque contra a Igreja Católica e o Cardeal Raul S ilva Hcnríquez, com um lançam ento bombástico, editado pela chamada Sociedade de Defesa da Tradição, da Família e da Propriedade"". Manifestando, de início. minuciosa informa· ção acerca da TFP chilena, e deformando os (atos para negar a autonomia local desta Sociedade, acusando-a de pertencer a uma rede internacional, acrescenta: .. Esta sociedade é cor.. rentemente conhecida no Chile pelo nome de "Fiducia", pois assim se chaUlava sua revista, editada anos atrás. A Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, da Famíl ia e da Propriedade, Fiducia, faz parte de uma cadeia internacíonal de organizações do mesmo nome existentes no Brasil, Colô mbia, Argentina e cm outros países, porta-estandarte do mais ultrapa-ssado fanatismo religioso de ultradireita' '· Depois de vociferar contra os "aristocráticos fiducíanos". estudantes da Universidad..:! Católica e de colégios confessionais, e de impugná-los em virtude da distribuição que fizeram no Chile do livro "Frei, o Kerensky chílcno", a transmissão de Moscou volta a revelar a preocupação de q uem fala a uni povo católico ludibriado por um Clero esquerdista, levantando-se em defesa da ortodoxia tcológi..:a e do Cardeal: "0 novo livro, colocado em circulação pelos fiducianos no Chile - continua - dedica suas 468 páginas a atacar com a lbiguagem mais sibilina, encoberta por um pretenso conteúdo cristão e teol6gico - as autoridades cccsiásHcas. As investidas são dirigidas especiahncntc confra ô Cardeal Raul Silva Henríquez, o qual aparece na capa do livro em uma fotografia junto ao assassinado presidente constitucional Salvador Allendc'' , Acrescentando outras considerações "teoló· gicas", sempre com o mesmo propósito acima assinalado, a emissora do Cremlin impugna a TFP, com manifesta falsidade, de pronunciarse º violentamente contra a Igreja por suas ações em defesa dos direitos humanos". Por fim, a Rádic Moscou, como também a emissão da Rádio "Paz e Progresso", proclama farisaicamentc sua preocupação pela possível divisão da Igreja que o lançamento do livro da TFP acarretaria. E lança logo - com indisfarçáveis intuitos a respeito desta sociedade, que todo Chile conhece como entidade privada - o falso rumor de atuar na dependência do Executivo chileno. Nem esta afirmação é verdadeira, nem tampouco a de que a sede da TFP e nossas oficinas gráficas tenham sido doadas por qualquer entidade estatal ou para-estatal chilena.

A ordem emitida por Moscou consiste em

assumir a defesa dos propugnadores do comunismo. fsto é, defender aqueles que os deícndem, ou seja, o Cardeal Sílva Hcnríquez e grande parte do Episcopado e do Clero. M ais ainda, para manter atada espiritualmente aos referidos Bispos a desditosa Igreja do Silêncio chilena, Moscou chega a erigir-se não só em defensora da unidade dos católicos como também das prerr9gativas da Hierarquia!

" Dize-me com q ue m ondas e d ir-t e -êi que m és" A partir deste fato e lembrando o velho provérbio que afirma "dize-me com quem andas e dir..te..ei q uem és", pode concluir-se,

Gra ve e rro tático Em ambas transmissões de Moscou, nota-se

a ausência completa dos pressupostos doutrinários comunistas, da dialética e da linguagem tão características dos vermelhos. Isto constitui uma prova de que não era para co~ munistas que Moscou falava. O Crcmlin sabe que exerce influência sobre amplas massas católicas, e foi para influenciá-las em favor do Purpurado e dos Bispos chilenos que as transmissões foram concebidas. Erro tático grosseiro, pois bem confirma o pacto com uno-"'c atólico" :>pontado no livro da TFP. Vejamos~ nas próximas irradiações o mesmo erro con· tinua e se os lobos continuarão uivando em defesa dos pastores•·. 7


AfOJLJC]SMO - - - - - - - - - - - - --

- - - - - - - - - - - - - - - - - -*

LIVRO REVELA DRAMA DA IGREJA NO CHILE SOCIEDADE· cbilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - que há oito anos lançou no Chile o livro profético ''Frei, o Kerensky chileno" do advogado e escritor brasileiro Fábio Vidigal Xavier da Silveir\l, denunciando a gestação do regime comunista nas entranhas da Democracia Cristã do país andino e a responsabilidade que teve nisto o então presidente Eduardo Frei - acaba de publicar uma obra destinada a ter repercussão nacional e internacional ainda maior. Intitula-se "LA IGLESIA DEL SILENCIO EN CHILE - La TFP proclama la verdad entera". O autor, desta vez, é a própria TFP chi.lena e a obra foi impressa nas oficinas gráficas da entidade. Em seus primeiros dias de circulação o livro já vem despertando o maior interesse nas diversas catego-

A

rias sociais e especialmente nos meios católicos, não só em Santiago mas em todas as províncias do pais.

O drama relig ioso do Chile atual O trabalho lançado pela TFP chilena tem como tema próximo a conjuntura histórica do dramático momento ideológico e religioso presente. Mostra que a imensa maioria dos católicos do país encontra-se reduzida a uma sit uàção espiritual de autêntica Je,reja do Silêncio, confundida e atemorizada pelo procedimento e pelo peder canônico em que se apóiam Bispos e Sacerdotes, empenhados em fazer renascer as possibilidades de êxito para uma revolução super•in· tensa. Considerado em seu conjunto, o Episcopado do país andino, sob a liderança do Cardeal Silva Henríquez, constitui aos olhos de todos os chilenos nostálgicos do regime marxista deposto, a grande esperança para a restauração desse regime em sua pátria. Atitudes desconcertantes tomadas pela maioria dos Prelados - ou por seu órgão representativo oficial depois da queda e suicídio do Presidente marxista Allende, servem de fu ndamento para essas esperanças. Esperanças da esquerda; apreensões e perplex idades de consciência dos ca-

tólico$ que se opõem, nos outros se.• tores políticos, ao retorno da sinistra aventura marxista sob qualquer moda· tidade. Com efeito, tal situação cria para esses católicos uma dramática questão de consciência que se apresenta como um angustioso "suspense": - Têm eles, como católicos, o dever de seguir a esses Pastores numa marcha rumo à autodemolição d'lf Igreja e à ruína da pátria? Com o objetivo de responder a essa delicada questão a obra da TFP chilena volta sua atenção pa(a todo o quadro histórico que antecedeu à atual situação.

Processo perfeitamente lóg ico e estruturado O livro, q ue se baseia em mais de 220 documentos, relata assim a ação do Cardeal Silva Henríquez, da quase totalidade do Episcopado e de uma parte decisiva do Clero em favor da implantação do regime marxista que assolou o Chile. Abarcando quinze anos de história eclesiástica e civil chilena, o trabalho mostra que os fatos que deram lugar à vitória marxista de Allende, com decisivo apoio eclesiástico, se desenvolveram à maneira de um processo perfeitamente coerente e estruturado.

Tudo começou com a Democracia Cristã A elapa inicial da larga marcha

preparavam o caminho para a chega• da do marxismo ao poder. Durante esse período, os Bispos e Padres liderados pelo Cardeal Silva Henríquez adotaram - em diversos graus de radicalidade - todas as medidas necess./4.rias para destruir os focos de. resistência ideológica anticomunista, tais como a Universidade Católica de Santiago; combateram quanto lhes foi possível a ação pública dos católicos anticomunistas que denunciavam o trág,ico rumo dos acontecimentos; convocaram especialmente em San• tiago a um sínodo pastoral no qual Clérigos e leigos partidários de uma colaboração mais declarada com o marxismo, tiveram na prática toda.s as possibilidades para envenenar as estruturas eclesiásticas, Congregações Religiosas, organizações apostólicas, etc. Finalmente, depois de radicalizado o processo de esquerdizaçüo do Chile, estes Pastores prestaram seu apoio decisivo para a vitória final do marxista•leninista Allende.

A fase Allendista Depois disto, os Bispos e Padres propulsores deste processo revolucionário passaram, numa terceira etapa. a transformar-se cm um dos sustentáculos mais fu ndamentais do regime marxista no poder, enquanto este aplicava seu sinistro plano de comunistização gradual do Chile. Insensíveis aos clamores de protesto ocasionados pela ruína moral e a miséria que indignava especialmente à classe popular chilena, estes Prelados e Sacerdotes continuaram a apoiar Allende até o último momento em que este - não podendo executar o premeditado banho de sangue sobre a nação - desertou da vida .

rumo ao triunfo da esquerda marxista, foi a formação e lançamento da DC corn seu programa liberal·permissivista no campo político, e socialista e confiscatório no cconômi· co-social. rParalelamcnte se deu o isolamento e desprestígio lançado pelos Pastores comprometidos neste pro- Ponta de lança cesso contra os católicos tradicionais. Finalmente o livro passa a consiEsta etapa inicial culminou com a derar a quarta etapa deste processo condução ao poder do démocrata· revolucionário, após a derrocada do -<:ristão Eduardo Frei em 1964. regime allendista. O trabalho demonsA segunda etapa, conseguida a instra qu<:_ nesta fase a maioria do Epistalação do governo kerenskinno de copado e a parte do Clero que o seFrei, consistiu no apoio a suas refor· gue. se transformaram, atualmente, mas socialistas e confiscatórias que na ponta de lança da esquerda derrotada, para uma ofensiva de conquista das mentalidades que permita a esta última vo1tar ao poder naquela nação. Considerando por alto as alternativas do processo, a obra destaca que durante esse..~ quinze anos - apesar de retrocessos estratégicos - os referidos Prelados mantiveram inflexível seu apoio a un1 regime socialista e confiscatório) contrário aos princípios cristãos, não sendo possível distingui .. lo do socialismo-marxista, no estilo do que propõe o comunista Berlinguer na Itália, e agora, seu colega Marchais na França. Ou seja, um socialismo· marxista q ue para fazer-se aceitar pelas maiorias não comunistas, se apresenta, cm sua primeira fosc, depurado dos aspectos abertamente persecutórios e sangrentos, e de seu ate.ísmo militante.

Como se formou o Igreja do Silêncio no Chile

Cardeal Silva Henriquez entrega uma Blblia a Fidel Castro O Prelado nunca escondeu sua simpatia para com os marxistas

Foi assim que. nestes qui nzc anos, surgiu uma imensa categoria de católicos fiéis, perplexos e silenciosos na Tgreja chilena, manietados pelas cruéis algemas espirituais da confusão eclesiástica e do temor das sanções canônicas por parte dos Pastores revolucionários. São estes incontáveis fiéis chilenos que, premidos pela dramática realidade descrita, a qual dilacera suas consciências, encontram-se sen1 saber que caminho adotar ante a obra de-

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nción al Sr. Diretor de la So -

ciedad CI · ena de Defensa de la Tradición • Familia y ropiedad, don ALF EDO MAC HALE ES PINOSA, y e complace en acusar recibo de un ejemplar

el libro "La I glesia del Silencio

en Chile", editado por Fiducia, y que tuviera a bien enviarle en fecha reciente . El General MENDOZA, junto con agradecerle muy de veras st, gent i leza, y de feli citarlo cordialmente por la publicación de esta obra que utiliza la critica como un fac: tor de unidad y de aimonización entre la grey cristiana, se vale de la oporttmiclad para rP. nov,..,.,.1 P

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ración. SANTIAGO, 17 de febre r o de 1976

rnolidora dos tais Pastores e Sacerdotes. Daí nasce então no espírito dos católicos a pergunta sobre se existe o dever de seguir a esses eclesiásticos. O livro, em sua conclusão, constata que à luz da Teologia e da legislação canônica, não há para os católicos o dever de seguir a o rientação errônea de tais Bispos e Sacerdotes. Isto conduz inevitavelmente à fornuilã ção de outras graves questões: qual é então a posição que se deve assumir diante de Pastores, que de tal rnaneir:l. se afastaram de sua missão e de seu rebanho, ao ponto de este ter o dever de não segui-los? Qual é a situação dos referidos Pastores? O livro não recua diante dessas perguntas que incontáveis católicos chilenos se formulam silenciosamente. Recorre à História da Igreja e ao Direito Canônico, e os interroga sobre a resposta que têm a dar. E essa resposta é simples: um Bispo pode incorrer em cisma não só por ruptura com o Romano Pontífice~ mas tam* bém pelo abandono dos deveres essenciais de seus sagrados cargos. E é o que, infelizmente, se constata ter acontecido com os Prelados chilenos que colaboraram na implantação do regi1ne marxista chileno e hoje ten~ dem, adaptados às novas circunstâncias, a facilitar sua restauração. Ao mesmo tempo, a obra registra que o favorecimento sistemático da heresia cria, segundo o Direito Canônico, suspeita de heresia. que, conforme a gravidade gera, por sua vez, a incursão cm heresia propriamente dita.

Dromático apelo aos eclesiósticos fiéis A csla altu ra o livro executa um lance de grande significação: convoca com respeito e instância os eclesiás· ticos e teólogos chilenos que manifestamente não tenham aplaudido este processo demolidor da Igreja e da pátria, mas que até agora tenham

mantido relativo silêncio, a que deponham sobre a delicada matéria. Conclama-os a que se pronunciem publicamente sobre os aspectos morais e canônicos deste caso delicado que o livro deixa exposto, limitando-se seus autores, em sua condição de leigos católicos, a comparar os fatos públicos com a doutrina conhecida.

O que deve faxer um bom católico? Finalmente, a obra passa a responder à seguinte pergunta: o que deve fazer cm circunstâncias tão graves um bom católico da Igreja do Silêncio chilena? O livro responde que a este assiste o direito de resistir; isto é, de não obedecer às ordens e ditames dados ,pelos Pastores, no sentido de promover a causa marxista. Resistir ati• vamcnte, ou seja opor-se, por todos os meios lícitos que a moral e o direito oferecem, a que os Pastores e Sacer• dotes demolidores continuem usando o prestígio que lhes vem dos cargos cm que ainda se apóiam, para fazer todo o mal descrito no livro. No que se refere à situação religiosa dos católicos da Igreja do Silêncio no Chile, a obra constata que já não existem mais condições para continuar a convivê:1cia eclesiástica obrigatória e habitual com os Pastores e Sacerdotes demolidores, cuja conduta no plano objetivo dos fatos - o livro não vê como deixar de qualificar de cismática e favorecedora da heresia. Ao final, é explicado que a obra foi escrita para que a imensa maioria dos católicos chilenos, encarcerados nessa situação espiritual de Igreja do Silêncio, saibam exatamente qual é sua realidade, conheçam os direitos sagrados que os assistem. não tomem atitudes desesperadas e possam permanecer firmemente unidos à Igreja Católica, Apostólica, Romana e intransigentemente defensores da verdadeira. Fé e da pátria ameaçada. (Ver também a página 7)


1•

ll .. :· ,

Ante o atrevimento cubano o ocidente dorme Absolvido pela OEA, que pôs fim ao . bloqueio a Cuba, Fidel Castro continua a espalhar a subversão e a guerrilha não só em nosso continente, mas também na África. No entanto, não faltam no Ocidente almas "confiantes" como o senador norte-americano McGovern (ao lado de Fidel Castro, em sua viagem a Cuba), sempre dispostas a tragar um pouco da fumaça entorpecedora e imbecilizante da propaganda marxista. É o mistério que envolve a família de "almas-esfinge" a serviço da comunistização do mundo (página 3).

O ''Congresso da Seducão'' ~

No XXV Congresso. do Partido Comunista russo, o secretário -geral Leonid Breinev (ao microfone) fingiu não ouvir o brado contestatário dos partidos comunistas da ltálio, França, Romênia e outros com eles solidários, os quais se dizem defensores de uma linha independente em relação a Moscou. Enquanto essa manobra se desenvolve para levar o chamado "eurocomunismo" ao poder, especialmente em Ramo e Paris por meio de coligações, prossegue a ofensiva armado cubano-soviética, apertando o cerco contra a Rodésia e a África do $ui (página 2) .

Isolamento crescente de maus Pastores Freiras católicas desfilam em Saigon, levando flores, nas comemorações do 30. • aniversário da República Democrática do Vietnã (comunista). Preside o desfile o retrato de Ho Chi Minh, que estabeleceu o regime vermelho de Ha nói, em 1945 (Foto do Religious News Service). Prelados católicos colocaram-se a serviço do marxismo, no Vietnã, na Hungria e no Chile. Tal atitude está afastando os fiéis desses maus Pastores (página 5).

N.º

304

ABRIL

DE

1976

o

ANO

X X V 1


NA EUROPA, O ''SHO ''· ' NA ÁFRJCA, A AGRESSÃO EMANAS ATRÃS. realizou-se em Moscou o 25.° Congresso do Partido Comunista da União Soviética, assistido por 103 delegações de 96 países. Concorrer:1111 ao

S

encontro Jíderc..~ comunistas do mun-

do inteiro, entre os quais :.1s ,1edt~11es Álvaro Cunhal, secretário-geral do PC português, F idel Castro. o tirnno d-e Cuba e Agostinho Neto. o diri gente marxista de Angola. Durante os dias d,, reunião uma impressionante seqüência de i1rt igos e telegramas apareceu na grande imprensa internacional versando sobre os temas debatidos na capital russa. Pari icularmente notada foi a ausência dos secretários-gerais dos partidos comunistas da França e da .Espanha. respectivamente George Marchais e Santiago Carrillo. Comentários dos mais diferentes setores ideológicos

atribuíram tal ausência às discrepâncias que teriam os dois líderes com o Cremlin. Eles próprios fizeram questão de externar suas opiniões contrárias às vigentes em Moscou. O che(e do Partido Comunista italiano, EnricO Berlinguer, discursou perante os delegados, defendendo seus pontos·de-vista, coincidentes com os de seus parceiros francês e espanhol. A intensa propaganda de tal evento no Ocidente, especialmente na Europa, denotava clara intenção de im- . pressionar a opinião pública do n1un· do livre a fim de conduzi-la em determinada direção. Qua1 seria? €. o que pretendemos mostrar através da análise do acontecimento. As notícias vindas de Mosço\l acentuavam uma luta ideológica enlre dois blocos. De um lado, Brejnev dirigia um bem concertado coro de delegações. Teses desse grupo: comunismo clássico, reafirmação da ditadura do proletariado, centralismo democrático (enienda-se sujeição a Moscou). Contra esse bloco perfilavam-se as dcleg-.ições francesa, italiana e espanhola. Suas teses, constitutivas do c hamado eurocomrmiJ'mO são: pluralismo democrático (vários partidos de ideologias diferentes, alternando-se no poder conforme a preferência popular), autonomia nacional ( cada partido capaz de ditar sua própria política), respeito aos direitos hu-

manos. A desproporção dos contendores era flagrante. De uma parte, o PC russo, senhor de uma superpotência militar e dono de várias nações saté· lites, além de partidos espalhados pelo mundo. De outro lado, três parti-

dos políticos, minoritários cm seus próprios países, um dos quais - o espanhol - considerado ilegal. A expectativa natural era de que

o urso soviéaico, incomodado e impa· ciente, esmagaria os rebeldes. Surpreendentemente, não houve o confronto. A Rússia, demonstrando fraqueza, engoliu as reprimendas cm seco, soltando apenas dois ou três resmungos protocolares.

NATO: futuro incerto O presidente Ford e o secretário de Estado Kissinger, em recentes pro-

nunciamentos, reiteraram a intenção

Berlinguer, chefe do PC italiano, defende, no XXV Congresso do PCUS, a pretensa autonomia dos- PCs ocidenlais. O "eurocomunismo" joga sua cartada

nortc-amcric,,na de não permitir que

ministros comunistas participem de reuniões da NATO. Afirmações óbvias. Contudo, por que contribuíram tanto para dern1bar a barreira tle horror em relação ao comunismo?

Por que tantos abraços, sorrisos diri· gidos aos russos, além da oferta de tecnologia e trigo? Se realmente não desejam a ascensão do comunismo na

Europa, tomem então, uma posição energicamente contrária aos desígnios expansionistas soviéticos, denunciando-lhes as tramas e fazendo frente à agressão armada. Aí sim, os euro• peus. sentindo um aliado seguro e leal, não serão tentados a entrar em composição com os marxistas.

Repercussões no Europa Analis:.m do as reações do paciente - o público europeu - chegaremos às intenções do agente. O comunismo, nas atuais condições do Velho Continente, só ascenderá ao poder pela via das coligações. Dois fatores se contrapõem a seus anseios: a bem merecida reputação de um regime ditatorial e a subserviência a Moscou, penhor de condições análogas às vigentes atrás da Cortina de Ferro. A impressão incutida pelo Cong.rcsso solapa precisamente esses dois pontos. A pergunta salta, i.nevitável : não a terá desejado o comunismo? Racjocincmos com o europeu médio, vítima de toda esta manobra: "Se a, Rússia não reagiu ao desafio. foi por impossibilidade. Isto prova estar ela corroída internamente pelo mesmo germe libcrnli7,sntc dos PCs ocidentais. Se não houve o golpe, é porque uma força interna, partidária das teses democráticas, o impediu. 1?. uma garantia o falo de não terem os russos podido esmagar partidos fora do poder. Quando estes estiverem ,;ovcrnando, muito menos ousarão os soviéticos. Além disso, as divergências intestinas terminarão por amolecer o comunismo, tornando-o mais risonho e compreensivo. Aliás, algo já acontece neste sentido. Ceauscescu, presidente comunista da Romênia, reafirmou pubJicamente cm Moscou a aU· tonomia do P C de seu Pais cm relação ao Cremlin e nada lhe aconteceu".

PCs europeus no co minho do poder

Rodeslanos patrulham a fronteira A agressão vem de Moçambique '

2

Este jogo poHlico. permanecendo encoberto, !em tudo para desobstruir o caminho do chamado eurocomrmis· mo ao poder. O XXV Congresso podc(ia muito bem ser cognominado O Congresso d,, Seduç,1o, como um francês denominou certa reunião de socialistas em Paris. Paralelamencc a NATO decompor-se-á, pois é inadm issível a presença vermelha num organismo criado para enfrentar e combater precisamente o poderio bélico do bloco comunista. O apego desmedido à tranqüilidade. se não for vencido. prolongará

no Ocidente ,, inação dcrrolista, terreno propício às manobras de sedução. O comunismo, desistindo de con· vencer. volta.se principalmente para as táticas psico. políticas. Só o comba· te inteligente no terreno ideológico pode, na presente etapa, derrotá-lo. Uma sociedade está divinamente mol• dada para tal : a Igreja Católica. Poder-se-ia dizer que a Europa. q ual novo centurião. voltandO·Se para. Roma, exclama : "Dieci uma só palavra e o continente será salvo·•. Será elita essa palavra salvadora? Com o coração partido de dor. mas olhando a situação de frente, deve,nos rcconhe· cer que, prova vclmentc, ela não será proferida. A heresia comuno-progressista impedirá que a mesma seja pronunciada.

No poder, o comunismo é semP,re ditotoriol A História recente nos fornece provas abundantes da insinceridade comunista. As propaladas disputas dos partidos comunistas no poder nunca se estendem a.o plano dos d ireitos civis e políticos das populações. China, Albânia e Romênia proclamam·SC adversárias de Moscou, mas m antêm controle férreo sobre o povo. O comunismo, sendo a negaç-Jo da ordem natural, não se conjuga, por certo, com a liberdade. Concedida <?$la, o regime se destrói. Os •J)'àrlidos comunistas "democráticosº só podem ex istir onde oão governam. Diria alguém: ''Há uma exceção. a Jugoslávia . Lá, existem, pelo menos, fiapos de liberdade". O ''cisma titois1a·· é, contudo, de fácil explicação. O terror que o monolitismo comunista provocava foi minorado. E isso trouxe vantagens ao comunismo. Além disso, o abundante ouro americano disfarçou as agruras do regime. perm.itindo sua duração até . .. não se sabe quando. Na rea· lidado, os exilados iugoslavos são unânimes em afirmar ser o regime tão desumano quanto qualquer o utro atrás da cort ina de ícrro.

do~ mot.lcrados. sofre :,gora .- cisão do fogoso discípulo. É forçada a deix,u a.giro lirano barbudo. Entretanto. sendo seu proicgido, que ninguém to<JUC em Cuba. Com essa mis1ifieação. a aproximação do mundo ocidental com Moscou continua. Não se sabe, ,10 certo. se tt Rússia deseja t, exptmsão pela via militar, argumentam os "mitólogos". Logo, o melhor - asscvcr:1m eles - será manter a déteme. A América Latina c o Sul da AfriC,l:1 que. se cuidem. Os chamados movimentos. nacionalistas pedem ajuda ao " libertador" marxista, ávido de concedê-la. A máscara de rompimen .. to com Moscou é cão mal afivclad~,, q ue o auxílio cubano chega com ar.. mas. l'nuniçõcs e técnicos soviéticos .. . Ou seja, o regime do Crcmlin não faz. muita questão de esconder seu caráter de agressor. Ele parece seguro de q ue a farsa trágica não será interrompida pela reação das potências ocidentais. A ousadht vai tão longe, que chegam a circular rumores na Guiana de estarem .russos ou cuba .. nos interessados na implantação de uma base militar a1i. a fim de contrabalançar as bases americanas do Canal do Panamá e de Guantanamo.

••• Atinge às raias do inco_ncebível as possibilidades táticas decorrentes das "manobras de sedução'', como tambén, da agressão militar dos vermelhos. Parece que estamos assistindo à rcpclição, cm escala planetária e com requintes de perfeição, dos trágicos momentos que antecederam a li Grande Guerra. O "perverso otimismo" de Chamberlain e de outros líderes permitia. naquela época, a con• comitante agressão e as promessas de paz hitleri.s tas. Churchill, encarnando o ve1ho leão britânico, increpou Chamberlain, quando este voltou de Munique: .,·TínlteiJ· " eJ·collter entre t, vergonha e ti guerra. Pre/erfa·res o ver-

gonha e tereis a guerra". Haverá alguém que reedite a corajosa atitude de C hurchill, viiuperando o C hamberlain atual - o incorrigível ..distensionista" Kissingcr? O comunismo mostra cada vez mais possuir corpo de urso e cabeça de raposa. Os Estados Unidos, contudo estão metamorfoseando sua águia cm avestruz ...

No Africo, assédio à Rodésia; no Américo do Sul, Guiono couso preocupação Analisado o quadro mais geral. no qual vai o comunismo conjugando manobras psicológicas com avanço militar escancarado, encontrando pe.. la fre nte a Europa narcotizad,i, os Estados Unidos debilitados e profundamcnle omissos quanto n seus deveres no ,plano internacional, uma grave questão se apresenta às naçõe.~ lal i..

no-amcnc:,nas: o que fazer, th.:ss:,s circunstâncias trágicas, cm que os poderosos aliados d:, véspera sofrem un, entorpccirnento, calve.z fa tal? Além disso* na carnatura do Novo Mundo cncontram•se cravados dois pregos envenenados: Cuba e Guiana, O primeiro-ministro cubano ,1mcaça incendiar vários pontos cio mundo. Seu animus l,eligenuu/i foi comprovado em Angola e agorn a Rodésia scnle a pólvora <jueimar-lhe os pés. Ela já sofre sérios ataques de gu~rrilhei ros comunistas in.s talados cm ~·lo· çambiquc. Samora Machel, presidente marxista daquele antigo território português, declarou seu país cm "es. uu/o ti:? gue.rrll" em relação à Rodé. sia. Comenta-se que tanques russos e tropas cubanas já desembarcaram no porto de Beira. ran Smith, primeiroministro rodcsfano, entrou em negociações com lideres guerrilheiros, na esperança de encontrar uma saída para a situação. Joshua Nkomo, o mais conhecido dele.~, afirmou que as 1ratativas não excluem a luta armada. A Guiana, por outro lado. cspa1hõi uma cortina de fumaça. acerca de sua real situação e de suas intenções• ..'\li· mcntando ainda mais a inquietação de seus vizinhos no continente sul.ame· ricano. Se fosse límpida a situação naquele país, bastaria o regime ele Gcorgctown franquear inteiramente seu terrilório à visita de turistas e de correspondentes da imprensa internacional para ludo voltar à normalida· de. Se não o faz, preforindo nebulosos desmentidos por via diplomática. bem pode ser - como diria o matuto - que haja "coelho nesse mato". O Brasil poderá perder sua 1rnnqüilidade. tendo cm frente uma An· gola sovictizada e ao norte. encosta• da cm seu território, uina Guiana marxisla, eventualmente repleta de "assessores", ''diplomalas'' e "técnicos··, sejam cubanos. russos ou chi· nescs. A aceleração das conquistas soviéticas ·torna viável o estabelecimento de uma base agressora, junto a nossas fron teiras selentdonais. Tal ace· lcração, ou defronta•se corn uma vigilância ativa, ou não cessa rá. E não cessar significa co1ocar ern xeque a soberania das nações sul.americanas e ameaçar nosso modo de vida. As nuvens sombrias, carregadas de catástrofes, já não são características só do Hemisfério Norte. Agrupam-se, agora, no horizonte do outrora seguro Hemisfério Sul. Voltando os olhos i, Rainha dos céus e da terra - que mostrou especial predileção por nosso Continente, especialmente em sua aparição de Guadalupe - , peçamos-lhe que con· ceda às úaçõcs da América Latina as únicas armas capazes de vencer o imperialismo comunista: fé redobrada. vigilancia contínua e disposição inque· brantável de resistir e de vencer.

Péricles Capanema

" Mitolog'ia" conveniente ao Cre mlin A disseminação da "mitologia" das cisões permite aos potentados do C!'cmlin rnatar "dois C<Jelhos ,·om uma só cajadada". Seduzem a Europ.t e mantêm a agressão m ilicar. Esta. porém, é c~ercida por outro ''rebelde": Fidcl Castro. Pintado pelas lubas da propaganda como revolucionário ardente, desejoso de vingar os fracassos sofridos na década de 60 na América Latina, e, por causa disso. enfa,11 terrible. hoje descolado dos tutores ... A 1roikt1 dirigcn1c moscovica dese• jaria - assevera o "mito•· - moderá-lo para salvar a déte11te a qual lhe rendeu tão copiosos frutos. Mas não consegue. Enfraquecida pelas cisões

Angolanos togem dos "libertadores" comunistas rumo à Africa do Sul A intervenção russo-cubana comprova a farsa marxista e a paralisia ocidental

,1.. •


as-es zn~ e Plínio Corrêa de Oliveira

1-

N

FJO.F.L CASTRO, IMPl1l,lUA1J1STA

q.,cceu de que, há anos atrás, a Cubo

A'VEN1rUREIRO

a) F..xpodou a guexrilha para toda a América Latino, E&sa aventura imperiallsta fracas· sou por causa da at_ergia de nossas populações rul'!lis e urba· nas ao comullisll!O, b) Apesar disso, as nasõe.í 1u)J,ericanas )ltlmitiram sua volta : em 19:i'S, fim .do b)oqu.ejo a Cuba. Agora só falta ser ailmiHif'a como membro da 0,EA, e) Enlretanto, Cuba continua scnclo uma espinha enven4'iUl·

cravada no flanco dos EU~, qua Mostou poderá re-

. da,

volver a qualquer mon1ento.

d) 6uerrilheiros cubanos a servlso da Rússia agita"' a África e a ~la Menor,

ll -

ENHUM latino-americano e creio que também nenhum americano do norte - s~ C-$-

COM.O FOJ l'QSSfV•E L lU:lN'ttG>llAA CUBA NA COl\l~~GIA

l'ACJF(CA DAS

NAÇ&.ES? a) A:lm&S" "confiantes" cc&,I\ que, co,n_o os da R6ssia e da

castrista exportou a guerrilha para iodo o sul de nosso Continente. Ê que. se não fosse a alergia ao comunismo. da quase un..tnim idadc das po-

pulações rurais ~ d<1 grande maiori~, elas massas urbanas, todas as vastidões cn1rc o Caribc e o Polo Sul, entre o Paçífico e o Atlântico, teri am sido dominadas pel o marxismo.

A despeito deste empreendimento - que pode ser qualificado de uma das mais tlpicas aventu ras imperialis-

tas do pós-guerra - na l 5.:t reunião de consulta da OÊA realizada em Quilo, cm 1974 . a Ilha quase foi absolvida dos pecados de seus dirigentes comunistas. anistiada de todos os bloqueios e sanções a que estava sujeita, e reintroduzida com todas as honras e vantagens no concerto das nações americanas. Dizer simplesmente que Cuba esteve a um passo de obter esta lucraliva e estrondosa vitória política é ficar aquém da realidade. Votaram a favor da admissão de Cuba nada menos do que doze nações. Contra a ad1nissão,

China, os COl!IUnlstas de €oba não são mais os façanhudos de ouírora.• . b} O ocorrido no Cambod· gc, Y.ietnii e Poffi,gal. é uma

pronunciaram-se apenas três. Manti• vcram..se neutras seis. Na atmosfera de relaxamento e imediatismo em que vive o mundo não comunista, é bem de ver que a "derrota" de Cuba na conferência de Quito foi rcahnen-

categórica

tc um meio êxi to, o qual deixou tudo

tefutoçiío

dessa

fc,çe.

c) Mas as almas "conflant<>S" dão um segundo sorrlw: a co.nvemio dos comunistas ao l!3d· flSmo é um fafo intuitivo, niio precisa de provas. , . Ili -

CONTRADIÇÕES

E M.IS'ttRIOS a) Como é possí.-el co.11tlnuai' acredl(llndo :nesse padfi.$1110, diante da rec.ente intervenção cubana em Ang9la? li) Mistério, para cilja quali· flcação a palavr;a "escândalo!' é desbotada e Insuficiente. e) ~ J>tCClso um supi:emo es(orço para desmascarar essa fa• mílla de almas-esfinge que fa1, o jogo do comunismo lntefnaclonal.

preparado para uma vitória complc1a quando de outra reunião da OEA. Esta veio por fim na 16. 3 reunião de consulta da OEA, realizada cm julho de 1975, na Costa Rica, quan .. do, por dezesseis votos a três, com duas abstenções, o bloqueio foi efelivamentc suspenso, cada país ficando livre para reatar relações diplomálicas e econômicas com Cuba. Agora não falta senão reintegrar Cuba como membro da OÊA. Um passo, ap-enas, mera conseqüência automática dos êxitos anteriores.

• •• Vai nisto uma contradição sim· plesmente espantosa. Dessas contradições escancaradas e grotcsc:1s. que íarão do Ocidente contemporâneo o objeto das gargalhadas da Hisl6ria enquanto o mundo for mundo. Na realidade, a "ficha" de Cuba casrrista, instrumento ora de Pequim ora de Moscou, não se limitava à di· fusão das guerrilhas nas imensidades sul-americanas. Em 1962, a Ilha serviu, na mão da Rússia, como o rastilho de pólvora que quase ateou íogo no mundo inteiro. E continua uma e.~pinha envenenada, cravada nos fla ncos da superpotência norle· americana. Essa espinha - e aludimos dessa forma a todas as vanta• gcns lálicas e logislicas proporcionadas pela situação geográfica cubana - poderá ser revolvida a qualquer momento por Moscou na carnatura do litoral Sul dos EUA. Como se tudo isto não hasiasse. Fidel Castro e seus asseclas devem ser mencionados como os responsáveis pelas agitações que vêm revolvendo, de dez anos a esta parte, quase ioda a Africa. Na Argélia, Congo, Guiné. Guiné·l3issau, Somália, Zaire, a ação dos guerrilheiros cubanos. apoiados por técnicos e ar• mamentos russos. disseminou revoluç&?s comunisLas ou pára-comunistas. Isto para não íalar do )c men, lemen

do Sul. Omã e Síria. -

Alberto Cruz, agente cubano, encabe_

ça passeata em Santiago Ourante o regime de Allende, Castro enviou muitos "assessores·· 'ao Chile"

Diante desta enormidade de ,,çõcs que constilucn'I outras tantas 1ransg,ressões das normas mais bási· cas do convívio internacional. como foi possível que Cuba fosse reintc-

Em Havana, filas para obte, alimentos racionados

Este é o produto sistemático dos regimes socialistas .. .

,grada na conv1vencia pacífic~l. de tantas nações deste Continente? Sendo dentre as nações americanas, a mais descaradamente agressiva, como pôde mesmo acontecer q ue ela quase tivesse sido convidada a S\!ntar-sc com honra e conforto entre as suas co-irmãs pacíficas?

••• Para responder a essa pergunta, s<:ria ocioso recorrer aos arquivos secretos das chancelarias. Bt\sta que cada amcl'icano, do Alasca ;l Patagônia , olhe um pouco cm torno de si. que encontrará adeptos da readmissão de Cuba na OEA. Se a qualquer desses adeplos se perguntar como pode sustent ar posição tão imensamente contraditória. a resposta será sempre a mc-s ma: um sorriso vago e um jargão cujo palavreado confuso insjnuará não serem ma is os comunistas de hoje o que haviam sido outrora. Nos presentes idos. eles se tornaram cordatos e obscr.. vantcs das boas nornias inlcrnacionais. Podc~sc, pois, conviver em paz com eles. Esta afirmação genérica va le tanto para a Rússia. como ''para a China e para Cuba. Bem entendido, o ocorrido no Cambodge, no Vietnã e cm Ponug"I fornece matéria para a mais c.ateg~rica rc(utação desta tese. Se 011"1 d,· nós. anticomunista . .-legar estes trê~ escandalosos lances do imperialismo vermelho para silenciar os que contam otimisticamcntc com a conver-

as aberrações costumeiras do espírito humano. que chega a ter u m caráter de mistério. Mistét-io mais profundo e mais denso que o das esfinges egípcias. -

Por que ar1ifícios de propagan· da conseguiu o comunismo imsc:ita, esta inexplicável família de almas dos ··confiantes" na inocência dele?

• •• A pergu,,ta não pára aqui. Os que, cm 1974. confiavam gratuita e obstinadamente na conversão dos comunistas ao pacííisrno, têm hoje cm dia novo cscãndalo diante dos olhos. ê a intervenção das tropa$ cubanas cm Angola. Intervenção esta talvez seguida, dentro cm b(evc, de outras na Rodésia ou na Africa do Sul. Dianlc deste fato. para cuja qualificação a pal:wra ºcscândalt'\.. pare-

cc desbotada e insu ficicntc, h.í ainda os que continuam a "intuir"', sorrir e ' 'confiar... A tal ponto que não me espantará que a próxima conferência da OEA aceite Cuba. Possivelmente, no tempo que até lá decorre,·, Fidel Castro lerá tentado ampliar .su:, ação no Panamá. cm Porto Rico, na Colômbia ou na Vc.. ne7.uch1. l'•h&ôa disto acordará de sua sonâmbula ''intu ição''. de sua obstinada "confiança", os sorridentes amigos da Cuba castrisca. E o mistério aqui fica. a dcsaíi ar os homens de hoje. a desconcertar os anticomunistas débeis. e a cslimular os anticomunistas autênticos a um supremo esforço para desmascarar aos olhos do Ocidente adormecido e i mbcci l i1.ado essa íamília de alma$csringc a serviço da comuni~ti1.ação do m undo.

são dos comunistas para o pacifismo. receberá como resposta um segundo sorriso. Um segundo sorriso já agora ligeiramente desdenhoso, que nos insinuará ser a conversão dos seguidores de Marx para o pacifismo fato inruirivo. ao alcance apenas dos mai:-. inteligentes. O que equivale a cncc,.

rar a discussão chamando-nos de idiotas. Forma de argumentar muito pouco pacífica, usada pelos que crê.c m a todo cuslo no t1tual pacifismo comunisla.

• • • Nfio escrevo o prcscnlc artigo para acumular acusações sobre a cabeça de Fidel Castro. Essas acusaçõe, pesam tão notoriamente sobre ela. que o trabalho seria supérfluo. Quero. aqui. analisar a mentalidade dcs:conccrtanlc dos que desejam que se trate como nação pacífic:1. cm plano diplorná1ico. :\ CubH comunista. E. se lembrei codos os empreendimentos desta última. n:io íoi 5cnfio para pôr cm realce a cnor~ midade da contrad ição cm que caem os que $C manifest ain a favor de um trato desprevenido e confiante

em relação a Cuba. Con1radição ião imensa, 1ão desproporcionada com

Cubano em Angola

castro continua a espalhar a subversão e a guerrilha na África e na América mas há quem prefere acreditar que o comunismo mudou. 3


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T

EM-SE A ..:nsação <lc que º a fumaça de Satanás Ju1jh entrado por uma fisJ·11ra 1u> templo de Deus" (Sermão de 29 de junho de 1972). A dura realidade reconhecida por Paulo VI no pronunciamcr\lo citado, é cada vez mais pa· tente aos olhos de todos. De alguns anos a c,srn parte, constatamos ~cr acelerada :, autodemolição da Sania Igreja Católica, Apostólica, Romana. Autodemolição no campo teológico, no campo moral, no campo po(í.. tico~social. Vimos nasc:cr e adquirir foros de cidadania a chamada "teologia da libertação", a justificar a sub· versão e a revolução social. Os erros modernistas, condenados por São Pio X, campeiam por toda parte. A " moral nova" preparou o terreno para o permissivismo atual. Os confessio nários, a confissão auricular e com eles o próprio Sacramento da Penitência estão desaparecendo. De Mestra Infalível, a lgrcja passa a mendigar a amizade de protestantes, budistas, judeus, cismáticos e mesmo ateus. Acresce que a fumaça de Satanás começou a sufocar os bons. E m determinados países - sem falar nos infelizes territórios além das cortinas de forro e de bambu - os verdadeiros católicos, fiéis à doutrina tradicional, fora m sendo relegados à condição de autêntica "Igreja do Silêncio... É o q ue ocorre no Chile, por exemplo. É missão da imprensa católica orientar os fiéis para a verdade e o bem, alertar e combater o mal. Mas, como fazê-lo, quando a iniqüidade se encontra nos lugares santos e muitos Pastores entregam suas ovelhas aos lobos? Se o mal progrediu tanto, foi certamente graças à colaboração póblica e at iva de bom número de eclesiásticos, à colaboração discreta e sabiamente dosada de um número maior deles, e a abstenção comodista da maioria. Como haveria então de omi· tir-se um órgão católico como esta folha, que desde sua fundação foi um paladino das verdades esquecidas ou rejeitadas? Assim sendo, o principal objetivo desta secção é chamar a atenção dos fiéis sobre esta realidade gravíssima, enunciada por Paulo VI : a autodemolição da Santa Madre J.greja executada pelas mãos de seus próprios filhos, se é que assim ainda se pode chamar os demolidores. Trata-se, portanto, de considerar as chagas do Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo e acompanhar com espírito de oração compung.ida esta verdadeira Paixão da Jgrcja cm nossos dias.

Messera, comuniSta uruguaio. por quem o secretário da Nunciatura Intercedeu

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to cm Jesus Cristo" : só lhe interesso o Deus que fizer reinar .i justiça sobre n terra. Na rcalick\dC. o culto do homem, oposto ao culto de Deus., como e1e cxpri1ne cm sua obra, median .. te uma fó rmula. no mi.nimo bastante ousada: .. Deus ao tliabo. se dev,•m m orrer os home,u''. O Pe. Cardonnel nulre particular simpatia pela Chin,1 comunista (cf. L'Ordre Provençal, ~farsclha, abril de 1975). Em nossa época, na quar se muhi• plicam as contradições clamorosas, ~,bundante ,cm bur;g ucses comuni~'l1'1tcs. não faltam também os ·•teólogos :1lcus...

Educação sexual: escolas católicas promovem a corrupção SAINT PAUL, Minnesota - No artigo " Achieving Sexual Maturity", para o jornal "Thc Wandcrer", o Pe. Robert E. Durns, C.S.P., escreveu: "Tenho recebi<Jo tantas informaçiJeJ· sobre Uvros de u•xto para escolas sec,mdária.r quê est,êo satura,Jos tle ex11ressões cruas sobre o sexo e tia e/ramada ;'moralidade" contrária direta1nc111e aos ensinamentos tia Igreja. que <:,:riamente eu não poderill escrever e com entar todas. Escol/ti pm'll analisar um livro chamatlo "Achievi11g Sex,wl Mt1t11rity" (Alc,mça11do Ma11,ridt1de Se.t11t1I), com li epígra/1! "Um guia tle moralidade cristã para os jo· vens". O livro contém "lmprimatur'', cois,1 que me teria impressionado tri111a anos atrás, mas que ltoje segurllm ente não me impre.t sio,w nwiJ·. Esse livro é escrito pelo Pe. 'Ro11ald A. Sarns, S.I.. Antigamente, llS letraJ· S.J. eram st1gradas para mim. Elas indicavam que a pess{)(l <111e a.r usava era um disdpulo de Santo Inácio. [ . .. ] Nem quero imaginar o (Jue o bom Santo l nácio pe11S<1ria de.,·se livro. A obra é publicatla - ltimentaveJ.. mente, cu o digo. mas não surpreendentemente - pela Paulist Press".

Jovens maoistas fanatizados pam a guerrilha Terá a Rádio Vaticano considerado também este aspecto do "modelo chinês"?

te junto aos Grupos de Reflexão (católicos), (>Or considerá-los "verdadeiro palco de debates ideológicos. Par a isso, deveria desenvolver-se uma ação "no movimento sindical e junto à., famílias dos presos'' ( O Globo, Rio de Janeiro, 25-1-76). O diplomata eclesiástico teria se lembrado de visitar também as familias das vítimas do terrorismo?

Rádio Vaticano elog ia Chu En-loi e considera " uma alternativa" o modelo comunista chinês

O Pe. Bums esclarece que "Alcançando Maturidade Sexual" é usado em um colégio católico de Pittsburg, que ironicamente leva o nome de Nossa Senhora. E acrescenta : "Não posso transcrever os detalhes íntimos C[DADE DO VATICANO de conduta sexual como estão repro.. A Rádio Vaticano elogiou o falecido du1Jdos nesse livro, usa,lo em classes primeiro-ministro chinês Chu En-lai, mistas". destacando seu papel de defensor do O Pe. Burns cita alguns trechos do diálogo com o mundo ocidental . "Â livro do Pe. Sarns: "A salvação pes- sua tenacidade e audácia ,te revo/u.. soal vem da preocupação amorosa donár.io, ele acresce11rou um sentido (loving concern) de Cristo pela con- de.! prudência é diplonwcia'', comen~ dição humana. Você não é l'alvo por- tou a emissora, acrescentando: ºClw que obedece a lei; você é .ral,,o pOr· foi um convicto defensor do diálogo 9ue Cristo o ama a ponto de morrer elllre ,, realidade chinesa e o mwulo por você" [ .. . ). A co11sciê11cia moral capitalista, .)'(!ntlo um dos homens tio indivíduo julga se se aplica ou mio nwis renomados da Chilla co11tempoa determinada situação a lei do amor''. râ11e<1" (O Globo, Rio de Janeiro, O Pc. Burns conclui : ''Isto não é 11 -1-76) . mor<1I católicd'. E que apesar das Segundo a emissora da Santa Sé, condenações oficiais, "esta infame o desaparecimento do primeiro~minisimoralidade está sendo propagada em tro chinês ' 1l<1va o mundo ,, voltar o larga escala em nosJ·as escolas c,,tó· olltar pllra um país imenso tlc antiga ficas. Como ,,dmirar que tantos jO· cil'Uização, onde se realiu, um tipo vens católicos tenham deixado a lgre.. de desl!nvolvimento e de orgauiw ç,io ja?" (Tlte Wa11derer, Saint Paul, EUA, que .te aprl•senw como uma ,,tterm,. 29-5-75; p. 2) . . tü,a, cada vez mais acentuada, ao tradicional modelo comunista sovié· tico, aJ)esar de ser também funtlamen~ t.almente iusen.sível à liberdade tia Secretário da Nunciatura pessoa" (Jornal ,lo Brasil, Rio de em Montevidéu Janeiro, 11-1 -76) . intercede pela chefe O que terão pensado, dentre os do Partido Comunista m·ilhões de chineses perseguidos pelo uruguaio comunismo. aqueles que eventualrncnte ouviram es.~a notícia? Entre eles, muitos são cat61icos que persc· MONTEVIDl?.U Mons. Guy veram heroicamente na Fé. Ninguém de Saint Hillaire, secretário da se surpreenderia que as palavras da Nunciatura Apostólica, pediu uma Rádio Vaticano pudessem causar neles como cm outros incontáveis audiência ao Ministro da Defesa, Walter Ravcna, para informar-se da cat61icos anlicomunistas pers.cguidos situação do secretário do proscrito - o efeito de uma punhalada desfePartido Comunista do Uruguai, José chada pela m ão que lhe.• deveria Luís Messera, preso .pelas forças de o f erecer amparo e conforto. segurança juntamente com outros comunistas (Jonwf do Brasil. Rio de Janeiro, 27-1-76). No templo sagrado, O jornal " El País" , de Monteviprojeções de nud;smo! déu, publicou parte de um documento encontrado cm poder de Mcsscra, no qual este lamentava o pouco conPAR.IS - Paul Guth esercveu, no tato mantido com a Igreja e afirmava que esta ..cada tlill mais acentttawz jornal francês "Midi L ibre": Os scn1inários se esvaziam. Os Pa~ sua oposição ao governo". O secretário do PC uruguaio frisava ser pre- dres: não usam nem mesmo o colari. ciso "generalizar o trabalho e esque- nho eclesiástico e a pequena cruz. matizar a · experiência, principalmen- Disfarçam-se cm civis. As religiosas

Comun-isto enaltece ajuda do Clero progressista

jogaram fora suas toucas e encurta• r~m ~.s saias. Vestem·Se como enfcr. Em 14 de dezembro de 1975, celemeiras. brou-se um ato público no Palácio de .Em certas igrejas, como St-GcrDesportes de Roma Ol'ganlzado main de Vitry-sur-Seinc (diocese de pelo Partido Comunista italiano Crétcil), substitufram o Ofício pelo con, o fim de homenagear Dolores cinema. Em três telas pendendo sobre o altar, na Missa de meia.noite lbarruri (La Pasionaria) pela passaforam projetadas cenas de nudismo e . gem de seu ootagésimo aniversário. Eis alguns t6picos do discurso proda guerra do Vietnã (L'Homme Nouve"''• Paris, J-6-75, p. 11: CIO, Ma- nunciado pela nomenageada nesta ocasião, o q ual torna patente a prodrid, n.0 519, 5-6-75) . funda deterioração de setore., do A Casa de Deus transformada cm Clero e.~panhol. devido 1, ação do casa d e perdição! progressismo : "A tua/mente. 11<1 lura pela democracia. encontramos fraterna tljuda "" Padre Cardonnel: Igreja espanhola, nos convemos e nos "Deus ao diabo, se devem Úu>sleiros de nosl·o pllís. nos quais, morrer os h omens" com freqüência, encontram r~f,ígio nossos camaradas. [ . . . ]. Como di.r• se o Cardelll 1'al'lmc611, em :mâ hoPARIS - Durante a Semana San- milill de 27 ,/e novem bro. pllra que a ta de 1975, num programa de televi- Espanha avance pelo seu caminho são, o Pe. Cardonnel foi indagado: será preciso a coopcrt1çiio ,Je todos - ''Credes em Deus?" 110 respeito a todos" (Fuerztl Nueva. 0 - "Niío", respondeu o Sacerdote, Madrid, 17 de Janeiro de l 976, n. explicando a seguir o que ele desen- 471. p. 29). W. G. S. volveu cm seu livro "Deus está mor,

munist,;,, na reg1ao norte do pofi.

Apostatou da verdadeiro fé e sulntituiu wc,, antiga devoção à Nosso Senhora: da Begoõa P<?' um fanático dev.oJamenfo a Mor~ e à causa comunista. Deppfa#a Pftlo Frente Popular em 1936, Nos Cortes, so· breuaiu como o figura mois d.estaéada do l'orliélo Comunista na Espanha. Em suas arengos incitava - gritando como possesµ, - os baixos inifintos da massa ~uerdista. Ardo;osa pcsrliélário do amor livre. Durante a Guerra <!:wil espollholo, pronu11<:iou violentos discursos, nos quais figuram fr,ases como esta: "N6o pode hov.er Mm piedade, Mm compaixão". No VI Congresso do PGE, realizado em Praga, foi substitvldo par Santiago Carril/o no ...,,,etorio,getol e 1/derança do, partido. seu o/uai pre' mente, tendo o.eomponhado o dolegogõo espanhola no X-XV Ca.ngresso do Parlido <!:omuni,to soviético, ,ealizado no m&s de fevereiro tÍ/titlto, em Moscou. Junto-menta com fiide/ €asfra, Ál,aro €t1J11iol, chefe do Porlido Comunista: porfugu'ês, e Sor.rila, llder comunida chileno, fo• "la•PasioJ>or/a" um dos representont~ mais o,ocio• nado-r na aherlura d9 €ongreuo.

t

DOLORES IBARRURI - 80 ano,. <!:omunisla espon&ola, "pe,;v,ersa e cruelJ espJrito ,t1ngu;n8rio11 - se· gundo a exprll#Õo e/o escrito~ LoP/lz-Sanr - conhecida como "ta Posionario''. Uniu ..$8 com u,m mineJ· ro da, Ashíria•, o qrHJI é considerado do, fundadores do 1/arlido €o-


as a astam-se maus astores T

ORNOU-SE BANAL em nossos dias afirmar que vivemos numa situação de caos.

de confusão generalizada. O fato de si é grave, pois a característica de ban<,I está a indicar ou uma conformação com a situação caótica, o que seria

monstruoso, ou um desânimo de vencer um problema cuja solução pede um esforço sobre-huma.no. Mais uma razão para refletir sobre o fato, não nos ven.h a a acontecer nem a conformação com o irracional, nem a . capitulação não menos desastrosa ante o mal. Tanto mais quanto a confusão se generalizou nas idéias e nos costumes,

especialmente éntrc os católicos, isto é, atingiu a patte mais vital da sociedade. Urge, pois, a um mensário ca16lico analisar os fatos visando oferecer meios que possam auxiliar nossos irmãos na fé a caminhar no emaranhado que tais eventos lhes criam. Tomemos três exemplos, o primei ro vindo do longínquo Vietnã, o segundo de nosso irmão latino-americano, o Chile, e, por fim, outro da martirizada Hungria, e vejamos quais os problemas que eles criam para uma consciência católica.

No Vietnã: os católicos ante uma grave opção Notícias provenientes de Saigon e distribuídas pela agência UPI informam que os dois milh~ de católicos vietnamitas serão obrigados a assistir a "cursos de reeducação política'' ministrados nas próprias igrejas. Esses cursos "refletem a preocupação não s6 <lo governo como do Episcopado", devido à existência

de movimentos rebeldes constituídos por católicos. E é o próprio Arccbis· po de Saigon, Mons. Nguycn Van Binh quem promove a "reeducação'' para "ensittar aos católicos seus tleveres na atual situação", pois "a lgre· ja nlio pode tle maneira tllgumà apoiar, incentivar ou "provar as or· ganizações ou ações contrárias 110 atual governo, em nome da religiiio"(I).

Estamos diante de um governo comunista, isto é, cuja finalidade é imp.or uma estrutura político-socialeconômica contrária ao direito natural e à doutrina católica, como evidenciou luminosamente Pio XI na Encíclica Divini Redemptoris. Semelhante regime foi imposto pela força das armas estrangeiras. Contra ele lutou heroicamente o povo anos a fio, só cedendo à superioridade bélica do invasor. Uma centelha, porém, restou. Em muitos dos que haviam recebido o batismo de Cristo o heroísmo não morreu e continuaram a resistência ao regime opressor, antinatural e anticristão. S para vencer esta última resistência: que o governo comunista de Saigon pede o auxílio do Episcopado. E o Arcebispo de Saigon, não se contenta com o silêncio, talvez imposto temporariamente pela situação. Ele positivamente nega aos católicos o direito de resistir, em nome da religião, a um regime condenado pela Igreja como "intrinsecamente mau"Cl). E como se não bastasse, manda que suas ovelhas se deixem envenenar com doutrinas condenadas pela Igreja e isso dentro dos templos sagrados. Que dfria Mons. Van Binh aos cristãos que recusavam sacrificar aos ídolos do paganismo? Talvez encontrasse a possibilidade de uma distinção pela qual o cristão pudesse aderir ao erro desde que não impli-

casse em "conflito com

a

Devem os católicos vietnamitas temer mais a excomunhão lançada por Pio XJI contra os que estendem a mão ao comunismo - a qual continua vigente, pois o documento não foi revogado ou a pressão de Mons. Van Binh contra os que se negam a fazê-lo? Devem seguir o ensinamento tradicional da Igreja que, pelo seu Magistério ordinário, consagrou como dogma "o.t pontos f1mdtmientais da doutrina ela propriedade privada"<•> consubstanciados no 7.0 e 10.0 Mandamentos da Lei de Deus ou, pelo contrário, devem colaborar para que se mantenha um regime social, ba· scado sobre a negação daqueles Mandamentos divinos, uma vez que a tanto os impelem seus Pastores? Parece-nos opottuno aduzir aqui o texto de um conceituado ecólogo sobre a temática acima exposta: "Embora o Magistério ordi11ário do Pontífice Romano ,uio seja por si infalível, se entretanto ensina constantemente e por longo tempo uma certa doutrina a • toda a lgre;a [ . . . J deve-.e absolutamente admitir .rua infalibilidade,· e-uso contrário, induziria a Igreja em erro"($>. E, neste sentido, é impressionante o número de documentos pootif!cios que, ininterruptamente, no decorrer de século e meio, ensinaram q ue a propriedade privada é de direito na-

tural e condenaram o socialismo, tendo ampla ressonância em toda a Igreja. O que bem configura um dogma pela continuidade do Magistério ordinário.

vorecimcnto do comunjsmo por ccle· siásticos e o drama de consciência que isso cria para os fiéis.

Chile e Hungria: a mesma questão de consciência

Passemos agora à Hungria. Ponhase o leitor no lugar de um católico húngaro, fiel a sua religião, o qual sofreu os horrores da invasão soviética, e assistiu com entusiasmo e veneração a oposição oferecida pelo Cardeal Mindszenty ao comunismo: sua prisão, as torturas que padeceu, seu exílio, tudo para permanecer fiel à doutrina de Jesus Cristo. Pois bem, esse mesmo católico vê agora .instalado no sólio Primacial de sua Pátria, digniíicado até há pouco pela presença do heróico Purpurado, um novo Arcebispo, desta vez com aprovação do governo marxista: Mons. Lazlo Lekai. Saudado pelas autoridades títeres de Moscou, o novo Arcebispo de Esztergom respondeu dizendo que sua posse é um ""contecimento 101,gamertte esperado, <1ue encerra uma época e abre novas perspectivas para o desenvolvimento das boas relações emre a Igreja Ct116/ica e o Estado". Ou seja. seu programa é levar a Igreja a colaborar com o governo de Budapeste, sem que da parte deste se enuncie uma só palavra no sentido de cessar a opressão que faz sobre um povo eminentemente católico. O novo Arcebispo vai ainda mais longe, e proclama seu respeito ( !) pelo marxismo ateu: ''Os crentes católicos respeitamos plenamente as idéias de nosso.r ir,nãos húngaros não crentes"<6>. Mais uma vez, o angustiante problema para os autênticos católicos: ser fiéis ao espfrito de fé e de luta legado pelo Cardeal Mindszenty e por toda a tradição católica, ou renegar suas convicções e seguir o novo Arcebispo? Aliás, não é só Mons. Lekai que assumiu esta atitude. sabido que o Episcopado húngaro jurou fidelidade · à Constituição comunista do país, e que há toda uma corrente clerical-comunista que cufemisticamente se denomina Padres ela Paz. O secretário da Conferência Episcopal Húngara e Bispo de Pecs, Mons. Joszef Cscrhati, escrevendo na revista Vigília, declarou que cristãos e marxistas "têm que aceit(lr-se ,m,. tuamente e conviver 1/t m odo fr,11ífero"(1>. Vietnã, C hile, Hungria, três nações completamente diferentes quanto a tradições, costumes, língua, raça e mesmo condições atuais. Entretanto, é impossível não ver que uma nota comum marca a fu ndo a s ituação dos católicos nesses três países, a ponto de neles gerar idênticos problemas de consciência. Numa análise mais cuidadosa dessa nota comum. dois fatos emergem incontestáveis.

Idêntico problema se pôs para os católicos chilenos, obrigados a optar entre seguir um Episcopado que se tornou a ponta de lança do comunismo cm seu país, ou manterem-se fiéis à Igreja. O livro "LA JGLESIA DEl SILENCIO EN CHI LE La TFP proclama la ver,Jad cntera", recém editado pela Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, veio resolver esse problema no pafs irmão. O Cardeal Silva Henríquez, a maioria do Episcopado e do Clero chileno favoreceram a ascensão do marxista Salvador Allende ao poder, sustentaram-no durante seu governo, e agora estão aluando para conseguir o retorno do regime socialista no Chile. Diante deste doloroso quadro, a obra, baseada cm sólida argumentação e 220 documentos, evidencia o direito, e mesmo o dever, que têm os católicos de resistir aos maus pastores, e, conforme o caso, cessar com eles a convivência. A solução apresentada foi tão prejudicial para os vermel.hos, que duas emissoras de Moscou, sentindo a profundidade do golpe lançado contra a causa comunista, não hesitaram cm apresentar descarada defesa do Cardeal Silva Henr!quez e do Episcopado chileno. Mas, ao que nos conste, o livro ainda não chegou ao Vietnã. De modo que o problema crucial, cuja solução foi claramente apresentada aos católicos chilenos - colocar-se ao lado da doutrina católica tradicional e resistir à espúria aliança "católico" ·Comunista - permanece agudo para um fiel vietnamita. De qualquer forma, é impossível não constatar a jmpressionaote similitude de situações nos dois países, quanto a dois pontos de vista: o fa-

e

Bispos progressistas: vang uarda do comunismo

ética

cristã"!

•• • Não é preciso sublinhar o proble-

ma de consciência em que ficam submersos os dois milhões de católicos vietnamitas: se quiserem seguir seus Pastores, deverão trair sua consciência e pôr-se a serviço do comunismo! Convenhamos que o dilema é atroz. De um lado, consideram eles a exortação de Pio Xl que, ao falar do "estado de coisas" criado pela "im· piedade e i11iq11idade do comw,ismo". censura sobremaneira "a inérciq tiaqueles que não tratam de suprimir 0 11 m11dar" esse estado de coisas(3). E, de outro lado, situa-se a posição do Arcebispo de Saigon e dos Bispos que o seguem, obrigando os fiéi~ a colaborarem com o regime marxista.

•••

A Catedral de Salgon aervlr6 agora para

0 1 curcos de "reeducaçlo" marxista, por ordem do Arceblepo, Mona. Van Blnh.

Primeiro fato: o progressismo católico representado por membros do Clero, desde altos Prelados, Arcebispos, Bispos, até simples Sacerdotes - transformou-se, nesses países, numa força de vanguarda do comunismo internacional. B notório que a g(ande força de oposição à reimplantação do (egime econômico-social marxista no Chile, bem como a sua sustentação no Vietnã e na Hungria, são os verdadeiros católicos. Devido a seus princípios, sua formação e, sobretudo, à graça de Deus que os anima. constituem eles o obstáculo natural à revolução marxista. Ora, é de observação corrente que, onde se encontra o maior obstáculo, aí costuma atuar a força 1na_is dinâmica, mais empreendedora e mais capaz de vencê-lo. De onde, a ação do progressismo, que procura neutralizar os católicos ou mesmo

Igreja destruída pelos comunistas. em

Safgon, durante a guerra. - Só assim escapou de ser transformada em es·

cora de marxismo .. .

canalizá.. Jos para o comunismi>, tende a situar--se no Jront mais av:mçado do comunismo. Mas isto que em teoria é claro, na prática. passa a verificar-se com clareza esfuziante. Os falos que acima citamos somam-se a inúmeros outros q ue .consistem em atitudes, declarações e omissões - todas na mesma direção - que os jornais e revistas diariamente reproduzem. Não se trata mais de algumas .. freiras de passeata". ou deste ou daquele Prelado considerado "ovelha negra'\ mas são Episcopados inleiros, ou quase tanto, que atua.m em prol de Moscou ou de Pequim, fazendo cm favor do marxismo aquilo que os partidos comunistas jamais teriam força e prestígio suficientes para rca· lizar .. . E. no entanto, o comunismo é o avesso da Religião Católica. Aos documentos que citamos, mostrando semelhante incompatibilidade entre catol icismo e comunismo, acrcsccn· taremos mais alguns que confirmam o ·que Pio lX chamava ''os frme.rtÍ.r· .rimos erros do comuni~·mo e do .rocialismo''<S>, Leão XIII: .. A teoria socialista da propriedade coletÍl'a deve absolutamente tepud,'ar-se como /JrejudiciaJ llqueles mesmos que se (1uer socorrer, contrária aos direitos nawrais dos indivíduos. como des11at11ranclo as funções do Estado e perturbmulo a trtmqiiilidnde pública"(9). Pio XI: ''O comunismo mtmife.flótt-se no começo tal qual erll em toda sua ,,erversid_nde. mas logo percebeu que as.rim afastava de si os povo~·; mudou então de tática. e procura ardilosamente t1trair as multidões, ocultando Ol' pr6prios ,',,tuitos atrás de idéias, em si boa,r e atraentes. Destarte, vendo o desejo comum tle paz., os chefes do comu• nismo fingem ser os mais tclosos fautore.f e propagandistas do mo-

Gregorio Yivanco Lopes 5


vime11to pela paz mundial [ .. . J. A.ssim, sob tlenominações várias, que ne111 sequer fazem alusão ao comrmi.smo, fundam assopiações

e periódicos, que, na ver<lade, servem só para fazer peneirar

suas idéias etn meios que, ,le outra forma, lhes seriam menos

acessíveis;

PROCURAM ATé INFlL• TRAR-SE. JNSIOJ,0$AMENTE EM AS~ SOCIAÇÓI!S CATÓLICAS E RELIOIOSAS, ASSIM , EM ALO UNS LUOARE$1 MANTl!NOO-SE FIRMES EM SEUS PERVERSOS PRINCÍPIOS, CONVIDAM OS CATÓLICOS A CO~ABOI\AR COM

1iu?S, no chamado campo huma-

11irário e caritativo, propondo por vezes coisas em tudo até co11/ormes ao espírito cristllo e à doutrina da Igreja. Em outras partes, SUA Hl· POCIUSIA VAI AO PONTO OE FAZER ACREOl'rAR QUE o COMUNISMO, em

metidos no processo de marxistização do país a que se pronunciem publicamente com a autoridade que lhes é própria. Enquanto isso não se dá, declara lícito aos fiéis resistir aos maus Pastores e ao Clero que os segue. E a obra explicita cm que consiste este rcsisHr: "DECLARAR E PROCLAMAR tmte o Chile e o mundo, por todos os m eios lícitos a que nos ,turorittm, Q direito natural e a lei positiva, seja canônica Oll civil, NO QUE CONSIS'fE A CONOU·

E oPORMO-NOs, em toda medida que nos sejt, permitido pela Moral e o direito. A Q UE TAIS HtERARCAS E SA-

fé ou de malor

TOMARÁ FEIÇÃO MAIS BRANOA, NÃO IMPEDIRÁ O CULTO REl,1010$0 l! RESPllJTARÁ A LIBEROAOE OE CONSCIÊNCIA, [ . .. ) Ve-

prestígio que se torna, assim. con fruto usitrpatlo aos sagrados cargos qtuai11da lllilitam"<14> (destaques do original).

cultura.

/ai, Yeneráveis irmãos, por que SE NÃO DEIXEM U.UDIR OS FIÉIS, IN• TRINSECAMENTI, MAU É O COMUNISMO, E NÃO SE PODE ADMITIR, EM CAMPO ALGUM, A COLABORAÇÃO RECÍPROCA, POR PARTll OE QUEM QUER QUE PRETENDA SAl,VAR A CIVILIZAÇÃO CRISTÃ"( IO)

( destaque nosso). Tudo na Igreja proclama uma posição anticomunista. E, no entanto, o .progressismo aí está, como ímpio desafio, a negar o próprio Evangelho de Jesus Cristo, a Tradição e a doutrina dos Papas, pondo-se a serviço do Anli-Cristo de nossos dias, o monstro vermelho.

Favorecimento de cismo e de heresia Que. conseqüência traz isto para a Igreja e para os fiéis? Esta pergunta - da maior importância e atualidade - está respondida, no que se refere ao progressismo chileno, no livro "LA !GLESIA DEL SILENCIO EN CHILE - La TFP proclama la vcrdad entera". Acontece que a alitude de Mons. Van Binh e dos Bispos que o seguem no Vietnã, bem como a de Mons. Lekai e do Episcopado h6ngaro, são por demais semelhantes à do Cardeal Silva Heoríquez e da maioria dos Bispos chilenos para que não se aplique à situação do Vietnã e da Hungria o que foi escrito tendo em vista o Chile. Transcrevemos, pois, alguns dos trechos mais significativos da obra em questão. Referindo-se às escandalosas atitudes assumidas ·pela grande maioria do Clero andino em favor do comunismo, diz a TFP chilena;

"E impossível anoUsar estes fatos à luz da Doutrina Católica, sem pensar nas figuras canônicas de cisma, favorecimento de heresia e suspeita tlc heresia; quando não. de heresia propriamente dita•10 I)_

E mais adiante: .. . . . na ortlem concreta, a conduta dos Bispos e Sa• cerdotes revolucionários referida ucste livro redundou no /llvorccimcnto do cisnw e da hercsia"(l2), e invocada a autoridade de S. Tomás de Aquino, que, comentando o famoso episódio no qual S. Paulo "resistiu em face'' a S. Pedro, afir• ma: "Havendo perigo pr6ximo para a Fé, os Prelados devem ser argiiidos, inclusive publicamente pelo.r sâditos"(l3).

Nessa parte final, a obra faz um apelo aos eclesiásticos não compro-

E, por fim, o livro lembra o direi· to, e conforme o caso, o dever que todo fiel ,em de cessar a convivência eclesiástica com tais Pastores e Sacerdotes, mesmo no que se refere a receber deles os ensinamentos da Igreja e os Sacramentos. Omitimos aqui a farta documentação e a extensa argumentação teológico-canônica apresentadas no referido trabalho, por excederem os limites de um artigo. Que fatos semelhantes ocorram' cm nações tão diversas, com Hicrarcas de tal importância - é um enigma que não é fácil decifrar.

O cometo qua se sem cauda O segundo fato pode ser sintetizado simbolicamente pelo subtítulo acima. Senão, vejamos. A Providência porém, benigna e misericordiosa, infinitamente supe· rior a toda cogitação feita pelo homem, preparava nos arcanos insondáveis da Divindade seu sagrado revide. E isto de tal modo, que um segundo grande fato marca a Igreja nos mencionados países. Evento de caráter providencial, humanamente ainda mais inesperado do que a passagem de Episcopados inteiros para as hostes do maior inimigo da Igreja, em nossos dias. Qual é esse fato? Ainda no reinado de Pio Xll, a Esposa de Cristo oferecia aos olhos do mundo um espetáculo admirável. Era a impressionante coesão existente entre os fiéis e seus Pastores. Jamais houve na face da terra súditos que aderissem tão completamente a seus governantes, soldados que seguissem tão inteiramente a seus generais, alunos que tivessem tanta ale· gria cm obedecer seus mestres. O corpo dos fiéis vivia cor unum et anima una com seus Pastores. Mui• tas vezes, nem era necessária uma ordem. Bastava um aceno, um mo. vjmento, um desejo do Bispo, para que os católicos o seguissem. E seguiam com naturalidade, com respei· to, até com veneração. O tempo passou. O progressismo, semelhante a um cometa indesejável, irrompeu nos céus calmos e serenos da Igreja, como um signo de maldição. As potestades do céu foram abaladas, nuvens de tempestade e . confusão toldaram a atmosfera religiosa. Como outrora Satanás arrastou com sua cauda maldita grande número dM "estrelas do céu", isto é, dos anjos, assim o progressismo atraiu e eletrizou grande número de

= -----

Bispos húngaros prestam juramento de lldelldade ao 9overno comunista Até que ponto o fiel deve seguir a Pastores que entregam o rebanho ao lobo? 6

Conclusão; problema e reflexão

TA OOS HIERARCAS E SACEROOTES 1)1!MOLIDORES, ll ESCLARECER QUAL É SUA GRAVIDAOE EM VISTA DO PREJUÍZO QUE ELA CAUSA À IGREJA ll À CIVILIZAÇÃO Ô\JSTÃ EM NOSSA PÁTRIA,

CERDOTES USEM DE SEU PRESTÍCIO PARA FAZER O MAL QUE OS FATOS RELATADOS NES'rAs PÁGINAS TNOICAM -

países de maior

Episcopado progressista cvnscrva, (!nquanto os fiéis não se dão inteiramente conta do logro de que estão sendo vítimas. é enorme. Basta observar as devastações que o progressismo tem levado a cabo no seio da catolicidade. Daí1 o enorme serviço que prestam à Igreja os que denunciam esses lobos, não mais vestidos de ovelha, mas de Pastor!

!

O Cardeal reduziu à

Pastores. A medida que o cometa prosseguia seu aziago, curso, seu n\lcleo polarizava cada vez mais cm torno de si figuras prestigiosas e influentes do firmamento eclesiástico, convulsionando tudo a sua passagem. Dir-sc-ia tudo perdido. Chegamos a 1976. Encontramonos num auge de confusão. Mas, de outro lado, as primeiras grandes linhas da situação começam a dcfinirsc, como no clímax de uma tempestade marítima já se pode avaliar a possibilidade de resistência de determinado navio. Em meio ao caos, um fato vai-se tornando notório. Embora o cometa tenha arrastado grande parte das estrelas, estas não trouxeram atrás de si, a não ser cm pequena escala. os respectivos sistemas planetários. A medida que elas se desvairavam, perdiam seu poder de influência. E o cometa J)rosseguc seu curso. mas quase sem causa. Em termos mais concretos, a adesão de inúmeras cúpulas eclesiásticas ao progressismo não arrastou, em sua grande maioria, os ,fiéis. Aquilo que até o Reinado de Pio Xll parecia impossível se operou: um form1 .. dável descolamento entre a maior parte do Episcopado e os fiéis. Mesmo sem contar os que assumem uma posição corajosa e aguerridamente antiprog·re,S:Sista. vemos a massa dos católicos, em dioceses ou paróquias progressis~a~, contin~ar, cm muitos casos. ass1strndo à M 1ssa e freqüentando os Sacramentos; mas, ao mesmo tempo, não se deixa mais influenciar pelas pregações, publica• ções e atitudes de muitos Pastores e Párocos, agora transformados cm lobos. Um muro invislvel se ergueu entre estes e seus rebanhos, feito de indiferença e desconfiança, quando não de um incipiente desprezo e hos· 1ilidade. Aí está o Vietnã, onde uma longa ação eclesiástica preparatória, cm parte noticiada pela imprens~, não conseguiu impedir a formaçao de grupos católicos resistentes ao comunismo. Aí está a Hungria, nação de maioria católica, que há muito tempo vem sendo trabalhada pelo progre.ssismo abertamente pró-comunista. EntrcÍanto, continua a ser dominada pela força das armas soviéticas, porque os Padres da Paz e os Bispos que prestaram juramento de fidelidade ao regime comunista, não log:raram convencer a maior parte dos fiéis. Aí está por fim o Chile. onde apesar dos ingentes esforços do Cardeal Silva Henríqucz e da maior parle do Episcopado para sustentar o regime do marxista Salvador Allende, este foi rejeitado pela esmagadora maioria do país. A tal ponto que hoje cm dia o Cardeal, sempre fiel a sua ação pró-comunista, é uma dM figuras mais impopulares daquela nação maciçamente católica. Tmpopu-

laridade que ele só disputa com o expresidente democrata-cristão Eduardo Frei. o Kerensky chileno. Outro sintoma, pt:qucno mas significativo, do descolamento que se vem produzindo entre o Episcopado progressista e suas bases constitui a revelação feita por Mons. Nguycn Van Binh de que vai modificar a "estrutura e o pessolll ,la Ar<111i<Jio.. cese"(IS>. Por que mudar o ''pessoal"? Parece que o Arcebispo está encontrando dificuldades cm fazê-lo 1raba· lhar nas novas "estruturlls" e irá recorre( aos- préstimos de ou1ra equipe mais "reeducada". Aliás, poderá o leito r notar em torno de si, obser• vando os Bispos ou Padre., progressistas que conhece, como costumam "modificm· o pessoal'' que os. rodeia. Não são mais os antigos fiéis de sacristia, votados fundamcntalmêõte para ·o culto sagrado, mas são verdadeiras células esquerdistas que se vão formando, com uma preocupação político-social quase exclusiva e de matiz marxista.

••• Do que íoi visto, resulta que o poder de influência do Clero, tão grande e decisivo para o bem, tem-se revelado débil quando se trata de conduzir ao mal. Fica pois evidente que esse poder de influência é de ordem sobrenatural. 1?. dado por Deus para um uso sagrado, e perde o me· lhor de sua eficácia quando desviado de seu fim. Antigamente quem se opunha à ação do Cle(o era, a justo título, considerado inimigo da Igreja. Hoje em dia, quem se opõe à ação pró-comunista de Bispos e Padres, cresce no conceito dos cat6· licos. Porém, n_ã o exageremos. Embora enfraquecida. a influência que um

En1retanto, há um problema latente, que paulatinamente vai se pondo: o que acontecerá quando ficar inequivocamente claro para a grande massa dos católicos que ela foi enganada pelas cúpulas progressistas e <1rrastada para onde não queria? Oeixar.se-á levar, já então com pleno conhecimento e portanto com inteira culpa - pelas vias tor1uosas do comunismo. ou resistinl à maneira de alguém que acorda de um longo sono e começa a lutar par:. defender sua fé? Além disso, não terá todo este assunto uma íntima ligação com as prc-visões de Nossa Senhora cm Fátima sobre a expansão do comunismo pelo mundo. o castigo, a vitória e o Rei11ado de Seu Imaculado Coração que virá? Os castigos e as graças que se derramarão sobre a humanidade terão relação com a posição que cada um tomar agora em face do drama de consciência que se apresenta cm nos....os dias? O segredo de Fátima, que a1é o momento não foi revelado. 1ratará desse assunto? São perguntas ele difícil resposta, mas que não é ocioso levantar. Deixamo-las aqui, no fim destas coosideraçõcs, para reflexão dos leitores. O livro "LA IGLESIA DEL SILENCIO l!.'N CHILE - ú, TFP procltmw lt, verdlld e11terll 01 poderá fornecer subsídios irnportantcs para essa reflexão. Dele extraímos algumas idéias fundamentais para este artigo. Que Nossa Senhora de Fátima faça cessar, quanto antes, o estado de Paixão, este processo de verdadeira autodemolição cm que se encontra a Esposa de Cristo. e livre a todos os católicos das malhas do progressismo.

NOTAS ( 1) Des1>acho da UPI J>ub1k.adu n~ jo rno,, de 20 e 21 / 2/76. (2) Pio XI, Endclic:3 "Divini R«ternplOris". Vo1.C$, Petrópolis.. 1963. (3) Pjo XI. Encíc.Jic:i "Quadr3,gesimo Anno", V01.es, Pctrópofü, 1962. (4) AmaJdo Vidigol Xavier da. Silvcirn. º'Qual :i nu1oridade dou1rin(iri:1. d os doeumc.ntos J)()ntifíc.ios e conciliares?" - in "Catolicismo" n.0 202, ou1Ubro

de 1967.

(.S) Jose:J)hus A. de Aldnma -

"M3rjo..

logia" in "Sacrae Theologfa.c Sum• mà'', B.A.C., Madrid, 1961, vol. TIi, ,,. 418.

.

(6) "O Est;odo de São Paulo", 25/ 2/76, (7) '"Heraldo de Arag6n", Zaragoza. 6/12/75. (8) l>io IX, Eneiclica ··Qu:cint:t C ura", Voze.~. Pc1róp0Jis, 1959. (9) Lc:io Xlll, Encíclica "Reruin Nova. rum", V01,es., Pctrór><>lis, 1961. (10) Pio XI, EncicJica ··Oivini Redcm1>loris", Vo:teS, Pctr61>0lis.., 1963. ( 11) ,\La Jglesin dei Sile11cio cn Chile t..a TFP procl:,ma la vcrdnd cntc.ra",

San1;•go. l 976, (12) Idem, p, 390.

p.

389.

(13) Idem, p. 392 (d. Suma Teot63ic::1. 11.11, 33, 4-2). (14) Idem, p. 391. (JS) Despacho d:l UPI, public.àdO n;i im-

J)rCn$0 do~ dfas

Dffi!J>, o dl~ 1.0

io

e 21 / 2/76.

IÍ!),8-

11reçoa

silo Cf• da tabela ~~lil.o.

(1At~~!~]SMO 1 com aprovas-ão cclcslá-.tlc•t CAMPOS - ESTADO DO RIO DIR~l)R: PAULO CORR.ê>. DE BRITO fu.HO

Dlrttorl,1: Av. 1 de Sctt.inbro 247, caixa postal 33), 28100 ~mpoi,, RJ. Admlnlstraç!i<>: Jt Dr. Martinico Prado 271, 01224 S. Paulo. Compos10 e impresso na Cin. L.ithographic::i Ypirangn, .Run Cndcle 209. S. Paulo. Assina lura anu.-1: comum CrS 70,00; cooperador CrS 150,00; b-cnícitor Cr·S 300,00; gtnndc benfoitot Cr$ 600,00; scininnristM e e.studMtcs CrS 50,00; Amérie., do Sul e Central: via de s:uperfície USS 8,50, via aérea lJSS 10,SO; Amé<ica do Norte, Portugal, Espanha, Províncias ultra.marinas e Colóni3s: via de superfície USS 8,SO. vià aérea USS 12,SO: outros países: ,•in de superíkic USS J0,00, via :lérca USS 17,00. Vtoda nvulsa: Cr$ 6,00. Os pag.;mcnlos, sempre em nome de EdJh>rá Padre Btlc:hlor de Poncts SIC, podcr.'io ser encaminhados à AdminiSlrnção. Para mud:rnç,a de endereço de ~ssin,rntes, 6. neccss..1.rio meneion:ir também o c1,dercço antigo. A correspOn· dêncin relativa a nssim'llurM e vcndn avulsa deve ser c:1w iadà à Admlnl$traçáo: R. Dr. MArtlnlco Prado 271 01224 S. Pauto


Conclusão da pág. 8

CHILE: a Nunciatura e o Episcopado reagem ..

'

.

~ A íF,P a,te a t:/h:inctéttuuí'a Ap0stôl iea

391 e 393), afirmamos que, quando

a alma. Contudo, segundo as doutri-

fundiu amplamente ontem uma nota

o Pastor se separa de sua mis.são en·

a respeito do livro "LA TGLESIA DEL Sll.'ENCIO EN CH ILE - La TFP proclama la verdad cntera". Dada a alta respeitabilidade da Nunciatura Apostólica enquanto representante da Santa Sé perante o pais. dirigimos sem demora a S. Excia. Revma. Mons. Sotcro Sanz Villalba, Núncio Apostólico - que firma a referida nota - as explicações que esta exige de nossa parte. Antes ele fozê-lo, proclamamos, cm toda a medida estabelecida pela doutrina e pelas leis da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, nossa inteira e amorosa obediência ao Soberano Pontífice, bem como nosso profundo acatamento a quem exerce sua representação entre nós.

sinanclo ou ordenando o contrário do que a Jgreja ensina e ordena, a obediência à Santa Igreja consiste em não seguir o Pastor desobediente. Por que não tratou desse ponto o comunicado do Senhor Núncio, quando é precisamente este o ponto em que baseamos nossa atitude? Perplexos, devemos dizer que não encontramos resposta para essa pergunta, a qual aqui depositamos cn, mãos de S. Excia.

nas e leis da Igreja, esta não chega ao ponto de poder impor aos fiéis a aceitação dessa autoridade naquilo que é contrário à evidência dos fatos.

••• O respeito à autoridade é um dever. Também o é, máximc em circunstâncias como a presente, a franqueza cm relação à mesma autoridade. Começamos, pois, por exprimir quanto nos dói que, sem ouvir.nos,

sem

admoestarorflOS

previamente,

Mons. Sotero Sanz saia a público para expor de modo tão categórico melhor ainda diríamos rude - sua "rejeição com toda energia" e sua condenação ao "inadmissível convite" a resistir a autoridades eclesiásticas favorecedoras do comunismo, contida cm nosso livro. As ponas da Nunciatura Apostólica, que recentemente se abriram com tanto desvelo e cordialidade para asilar elementos miristas ( ' ), estiveram fechadas para nós. Uma vez mais o deploramos.

••• Passemos agora aos fatos. O Senhor Núncio Apostólico ocupa quase toda a extensão de seu comunicado em afirmar um principio que não negamos. mas que. pelo contrário, amamos entranhadamente. .e. o da obediência dos f iéis aos Pastores da Santa Jgreja. Entretanto, $. Excia . pa~a em silêncio um ponto nevrálgico do livro. Citando São Tomás de Aquino, Doutores e canonistas de grande peso ("A Igreja do Silêncio no Chile", pp. 386,

••• Continuamos. Os Srs. Arcebispos e Bispos chilenos em sua quase total idade e o Clero em sua grande maioria, agiram em ~-entido oposto a sua sublime missão, favorecendo a ascensão do presidente marxista, a aplicação dos falsos post1.1lados marxistas na vida ,política, social e econômica do pais e prestigiando os restos destroçados do comunismo chileno? Para afirmá-lo publicamos um cuidadoso estudo de cerca de SOO páginas, baseado em 220 documentos e escrito cm linguagem clara e respeitosa. Para explicar ao público chileno o porquê de sua dura rejeição, o Senhor Núncio Apostólico contenta-se em afirmar que esse considerável e atento estudo se reduz a "versões parciais de doeumentos e de posturas". .E omite dizer oo que são '•parciais" essas "versões de documentos e pos· turas". Permita-nos S. Excia. que lhe perguntemos: imagina talvez que com tão suscinto· comentário satisfará as legítimas exigências intelectuais de um povo inteligente como o nosso? Sobretudo, imagina S. Excia. co~vcncer, simplesmente com isso, os milhares de leitores que avidamente estão adquirindo a obra nas livrarias? Julga S. Excia. que bastam essas suas palavras para ·mudar a convicção dos milhões de chilenos que presenciaram, imersos na ang·úslia, na dor e na fome, o caminhar de tantos de seus Pastores rumo ao marxismo? A autoridade moral e jurídica de um Núncio Apostólico é, por certo, muito grande. Respeitamo-la de toda

Ponderamos isto respeitosamente.

• •• Afirma o Senhor Núncio Apostólico que sua "rejeição com toda energia" é fcitn "como representante do Papa neste pais''. Estamos certos de que a totalidade dos chilenos desejaria ter um esclarecimento a esse respeito. Sua Excelência ma-nifesta aqui sua opinião pessoal, fazendo uso para tal das faculdades inerentes ordinariament.c a um Núncio Apostólico? Ou, mais do que isto. expressa o próprio pensamento do Santo Padre Paulo V 1 a respeito dos fatos ocorridos no Chile e n:lrrados cm nosso livro? Mais exatamente, é a imensa maioria dos católicos chilenos que desejaria saber se é em nome próprio ou exprimindo oficialmente o pensamento do Santo Padre que S. Excia. afirmou de modo explícito ou implícito: a) Que os Bispos e Padres apontados em nosso livro não assumiram as atitudes nele mencionadas. b) Que tais atitudes, evidentemente cão favorecedoras do marxismo, não constituíram nem constituem um avanço em sentido manifestamente oposto à missão pastoral a eles confiada. A existir uma expressão do augusto pensamento do Soberano Pontífice. consta ela cm documento oficial da Santa Igreja? Essa é outra importantlssima questão, à qual vem juntar-se. por fim, mais uma: Se tal documento existe, versando sobre uma apreciação de fato, con, eretos. em que medida essa apfeciação se impõe à consciência dos católicos, segundo as doutrinas e leis da Igreja? Bem sabemos que, de si, um Núncio Apostólico não tem obrigação, por sua alia missão, de pronunciar.se publicamente sobre esses delicados temas. Não obstante, como S. Excia. saiu a público ,para exprimir seu pensamento e atitude diante do livro da TFP, parece-nos que está na ordem natural das coisas desejar, de nossa parte, conhecer cm toda sua extensão tal pensamento e tal atitude. Tanto mais que estes dizem respeito de mo~ do tão drástico a nossos próprios pc.nsamcntos e a nossas próprias atitudes.

••• O Senhor Núncio Apostólico conclui sua declaração fazendo votos à Virgem Maria para que nos "faça ver ,,osso erro e nos reconciliemos assim prontamente com as legltlmas autoridades da Igreja de Deus''. Agradecendo a boa intenção de tais orações, no que nos diz respeito, pedimos

à Santíssima Virgem que nos

conceda a graça de- s-crrnos sempre fiéis à legitima autoridade. isto é, àquela que- não encaminha nem a Marx nem a Brejnev. Santiago, 12 de março de 1976 Pelo Conselho Nacional da Sociedade Chilena de Defesa da Tradição. F:unília e Propriedade Alfredo MacHale. presidente / José Antonio Ureia Zafütrtu / Luis Montes Bezanilla. diretores.

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t<rrorlsraJ Ug,,do# H.tvolm;lom1rla (MIR ). - Na ugi.,nd,, q11l,,:;tna de oi1111tuo. " S forras de sc>1tur1u1ra éliltrnas doborQta,om ;mPorumtes el/ltlos do MIR. n<JS orrtd()rrs dt Stmtingo, te11 do /t rido, na ()(Miáo, o d lrlgtrr• te m lrista Ndson G"llur:t:,, qut, no tntonto. ,·vr1se1ofo r«apa,. A partir tlttt t' epls6dlo, 111110 txtrnu, rtde. ,te llg(l,ÇÕC'I t,llrt rlenrtnlOJ ,lo MTR, Podra ,: R ellgiosas, foi ~roduolmtn• te Jrndq u,·dtula. Ap6s sc> rrfugiar, fumanQ

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,,or Mons. Yillalbn Sat11:, N ,h,ei<> Ap0st6U((J no Chllt, Eurs fatos for<Jm r('Kllfmdos prlo

lmpr,nsa ,lltJ,;a de Stmtiato.

·

Mons. Carlos Camus, secretário da Conferência Episcopal do Chile. conhecido por suas idéias esquerdistas. é um dos signatários da Declaração dos Bispos conlra a TFP chilena.

JJécl:araçãõ · lv .Comttl' Permctntfílte do ;Epise@pado Oe 31.gum tempo pnra d tem havido diverS:3-s tendências ncs1e ou naq1,.1elc scn1ido de consti1uir na Jgreja Ca.tólica Chilen3 um m:lgistErio p:m~lclo. A última cxprcss5o concreta dis.so vemos no livro "A lgrejà do Silêncio no Chile" editado pela assim çhamadt1 Socicdnde Chilena de Oefe93 <la Tr:tdiç5o, Família e Propriedade. S3bemos que fomos J>OStos s>elo Espírito Snnto parn governar a )greja de Deus (Atos, 20-28). E estamos cm profunda comunhão com o Sanlo Padre P:iulo VI, que stmprc nos acompnnhou cm nossas decisões com enorme cfa.rcza e cMinho. Recordnmos as palavras de Jesus C risto: "Quem 11 Vós ouve n mim ouve e quem a Vós dcsprw. 1t mim <k-spreu" (Lc.. 10-16) e nos vemos no dever de expressar publicamcn1e: J) Ai PC$SOns que colaboraram com CS$.C"S tscritos e nessa co.mpanh:i.. $Cjn e$crevendo, (."<litando ou diíundindo essa publicação, marginali1.."lram-sc por sua pró-

prfa ntuaçào dn J&,rcja C:11ólica. c-ujo (:)5p(rito é. nbsolu1nmcn1c oposto no que fa1.e.n1. 2) Pedimos aos calólicos que c.~1cj:1m conscientes que a Igreja se constrói sobre Jesus Cristo cm comunhiio com o Santo Padre e os Bispos legí1imos. Aquefo que não aceita esla dot11rina nâo pertence l'1

Igreja Católjc:1.

3) Parece-nos estranho que na 3lual :,:icuaç!ío se permita :1 publicação de um .irn.que scmclh:inte e que em um regime de auto • ridndc que prochm,a a orientação crjslâ d<: seu.s prindpios se autori1.e a pcsso:is que Ji.,.rcmcntc ofendem des.sa maneira o Sant:1 Madre Jgrcja e- convidem à desobediência n scu9 Pastores legítimos.. Snnti.-igo, 9 de março dé 1976. Juan Francisco Frcsno. Arcebispo de l:1 Serena e Prcsidcnlc d:1 Conft:rêncio. Episcopal do Chile / Carlos Co.mus L:.1.rent1, Bispo, SccretMio dn Conferência Episcopal do Chile,

€c1mumcad@ da Nunciatu,r~

Apostótie(;[ no Chile O livro in1i1ulado "A lgrcju do Silêncio cuja publiçação se res,pon. sabiliza ~l "Sociedade Chile.na de Odes.,. d:1 ír:i.diç1fo, Família e Propriedade". cons1ilui um:'.I acuso.ç.ã o grave co,Hra :\ hierarquia EJ)iscopa,I desce País e contra ,, maior parte dos Padres e lt.di3ioso5 que são nos:90$ c..-olnboro.dorcs n:is tarefas pr6J)r1:ts a seu ministério. Além de uma oíens.:t é um :1pclo a resistir a seus c.1\sinamc.ntos e dcçisõc..-s segundo se entende c.xplicitamcnte nai p3gina9 dessa publicação. Como representante do Pap:i. ncs1e pais não f)OSSo fazer menos que rejeitar com tod:1 energia tão dolorosa 3ClJSação e condenar Ião inadmissível convi1c. Ao longo de mais de cinco anos de permanência no Chile pude admirar a gene• rosid:tdc e altura com qoe 09 Pnsiorcs da Igreja CàtólkA, mesmo em situações nada fáceis, CQ!ocaram acima de qualquer opção partidária os inccreSSC$ do Evangelho e do Reino de Deus. N:t exortação que à 8 de dezembro de 1974 o S:into Padre diritiu ao Episcopado, ao Clero e aos fiéis de todo o mundo sobre a reconciliação dcniro da Igreja, lé-se estas palavras: "A aulorid:,dc c~m qut 110 Chile", por

c.les (os 1>as1oresl o prOJ)õtm lo Ev~1ngclhoJ é vlneulantt, nio devido à aceitação por pa.rtc dos homens, mas porque Cristo a coníuiu. Por con$Cgulntc.. dado que quem os ouve QU d~ru.n ouve ou dcsprez:1 u Cristo e AQutlc que O enviou, 6 dever de obtdiência dos fiils à nulorid::adc dos Paç. torts. é cxlgf:ncia ontolóa:ka do próprio sc-r crl5t::io... Niio 6 igualmenle outro o dever incu1ca• do já aoteriormcnle pelo Concílio V:i.1icano JI: "Os flé.ls_ por sua vt'l. devem. ts1ru- unidos a $CU Bispo como a lgrtja a Jesus Cristo e c-o mo Jesus Cristo aO P:1drc para que tod.11s as colsu se h~mlOnb:cm na unidudt e crt~am p:l.rn a glórb de Deus"• Com toda a alma deploro a atilude- de quem, mediante versões parcfajs de do, cumento, e de posturas, pretendem scp3. rar os fiéis da comunhão com scuS Bispos e Sacerdotes: a Virsem Maria os foç.a "ver $CU erro p:1r3 que,:. se reconciliem prontamente com as kg.í1imns auto ridades d~, Igreja de Deus. Santiago, 10 de março de 1976. Sotcro Sanz V. Nóncio Apo9161ico

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CHILE: a Nunciatura e o .E piscopado reagem --

A TFP responde com dignidade e firmez,-,. . _ Baseado em 220 documentos, o livro LA lGLESIA DBL SILENCIO EN CHILE - La TFP proclama la verdad entera demonstra q ue a m aioria do Episcopado e do Clero daquele país colocou-se a serviço do m arxism o. A obra foi r ecebida com calor oso interesse

pelo público, ocupando o 2.0 lugar entre as obras mais vendidas uUim am enle, supla ntado apenas por Frei, o Kercnsky chileno, de nossso saudoso colaborador, Fábio Vidigal X avier da Silveira. Autoridades eclesiásticas, porém, saíram a público condenando a

obra. A T FP chilena replicou tais pronunciam entos, reduzindo ao silêncio seus impugnadores. O assunto é da maior importância, e por isso CATOLICISMO publica, na integra, os documentos dessa ~ignif.ica tiva polêmica.

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A f álta dé argumentos: sanções e ameaças

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A ifFP c01111enta a Declaração 00 Comitê Permanelilte do E~isc01:>ado

Assinado por Moos. Juan Francisco Fresno e Moos. Carlos Camus Larena, respectivamente presidente e &"CCrctário da Conferência Episcopal do Chile, foi dado a público no dia 9 do corrente uma declaração do Comitê Permanente do Episcopado a respeito do livro "LA IGLESIA DEL SILENCIO EN CHILE - La TFP proclama Ia verdad cntera", escrito e editado por esta Sociedade. .A referida declaração apresenta múltiplos pontos que de si despertam estranheza e inclusive protesto. Para maior brevidade, destacamos apenas alguns deles: I. No aludido livro a TFP afirma - com base cm 220 documentos que a quase totalidade do Episcopado chileno e grãnde parte do Clero afastaram-se da missão que lhes foi confiada pelo Espírito Santo, de "reger a Igreja de Deus, e empenharam toda sua autoridade e preS1fgio em promover a ascensão ·30 poder e a

manutenção neste. do falecido presidehte marxiS1a Salvador Allende. Fortalecido por esse apoio o então presidente da República e seus colaboradores aplicaram no Chile, cm toda a medida que lhes foi possível, os princípios gravemente anti~ristãos. injustos e tirânicos do comunismo. Uma das conseqüências disso foi a miséria que se propagou sobre nosso país. Os próprios Srs. Bis·pos e Padres, longe de lutar pela Jgreja, pela civilização cristã e pelo povo faminto, apoiaram Allende até o último instante, e derrubado este, empenham-se em, reerguer o poderio marxista que os chilenos derrubaram.

2. Qualquer juízo que for emitido sobre a conduta da TFP e dos que com ela colaboram imprimindo o u difundindo o referido livro, só pode ser considerado como sério e eficaz sob condição de responder clara e

categoricamente guntas:

às

seguintes

per-

a) Os fatos expostos no livro da TFP estiio bem documentados?

b) São verídicos? e) São analisados objetivamente?

3. Se se responde afim,ativamcnle

a cSSas perguntas, a conclusão forço~ sa é que tais Prelados e Sacerdotes encontram-se em estado de cisma e de suspeita de heresia, conforme o Direito Canônico ("A Igreja do Silêncio no Chile", conclusão. itens I e II, pp. 377-390). Em conseqüência, carecem, assim. do poder para declarar cismát icos e suspeitos de heresia os fiéis que tenham denunciado sua conduta gravemente irregular e tenham tirado dessa conduta as conclusões que a cada fiel lhe é lícilo tirar cm circunstâncias como a presente. Em vez de dar uma resposta clara ils perguntas acima enunciadas, pelo contrário, os reprcsentantc.s do Episcopado, nas declarações que deram a público, evitam cautelosamente o diálogo sobre a matéria. Nào é proporcionado aos fiéis - os quais estão comprando o livro com tanto interesse e simp'atia, que se pode dizer que equivale a uma ovação - a me· nor explicação sobre os motivos pelos quais [os Prelados) consideram infundadas as afirmações da TFP. 4 . Os Srs. Bispos, tão zelosos cm ser ··aggiornati", respondem, pelo contrário, apenas com o argumento de autoridade. A razão alegada para provar que não se afastaram do cumprimento de ~"tia missão é sua própria palavra: 1'Hoc voto, sic jube-o ; sit pro rationc voluntas" (''Assim cu quero, assim cu maodo: m inha vontade sir• va-mc de razão" - Juvenal, Sat. VI), S • Os autores da declaração constatando, naturalm.ence, a óbvia falta de base de seus argumentos, que se contorcem num círculo vicioso, apc·

Iam para a autoridade suprema -aJe.

A polémica sobre "A Igreja do Silêncio no Chile" repercutiu intensam~nte na imprensa do país e do exterior.

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gando que seu lamentável procedimenco não é cismático nem suspeito de heresia porque teria sido aprovado por Paulo V1. Tratando o assunto com n veneração sem limites que professamos para com a Cátedra de Pedro, lembramos apenas de passagem que o público chileno não conhece um só · documento no qual o Soberano Pontífice lenha expressado oficialmcnle sua aprovação ao con~ junto de atiludes do Episcopado, narradas no livro da TFP. Por o ulro lado, sublinhamos. de modo ainda mais sumário. que a declaração do Comitê Permanente do Episcopado não toma em consideração os prind~ pios contidos na Revelação e cuidadosamente estudados por teólogos, canonistas e moralistas, a rc.speito da

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Nossa Senhora do Carmo. Rainha e Padroeira do Chile - que o salvou do precípfcio marxista - cuja imagem é venerada na localidade de Maipu. a 30 kms. de Santiago. distinção existente entre OSI doeumen• tos doutrinários do Magistério Supremo e a conduta dos Papas, considerada enquanto normativa do pensamento e da ação dos fiéis. Seria indispensável fazer cs,,a distinçã.o antes de os S·rs. Bispos nos declararem - com o propósito de resolver a difícil situação que criaram para si mesmos - como que demissionários da Igreja. Ta1 atitude, canonicamente infun .. dada, apresenta um caráter sumário que discrepa do respeito e da caridade, que, de acordo com uma tradição proveniente das origens da l'greja, os Soberanos Pontífices e Bispos do mundo inteiro sempre honraram cm mos· trar no trato com suas ovelhas.

Diante dessas atiludes do Comitê Permanente do Episcopado a Sociedade Chilena de Defesa da Tradição. Família e Propriedade manifesta com pesar seu profundo desacordo. Santiago. 11 de março de 1976 Pelo Conselho Nacional <la Sociedade Chilena de Deres"' da Tradição. Família e Propriedade Alfredo MacHale, presidente / Jo. sé Antonio Urcta Zallartu / Luis Mo ntes Bezanilla, diretores. (Ver também a página 7)

6 . Uma serena análise da decla· ração exige. ainda. outra observação de nossa parte. O sentimento amplamente ecumênico do Sr. Cardeal e de outros eclesiásticos de nosso país, maniíc~1ou-se em várias ocasiões importantes. Uma delas foi a presença ofi· cial de rabinos e pastores protestant~s no Te Deum cantado na catedral por ocasião da transmissão do mando ao Presidente Allende. O press\lposto de tais atitudes é, obviamente, a aceita· ção da mais ampla liberdade religiosa. Em vista disso, não compreende· mos. como pedem ou, mais ainda. exigem os firmantes da declaração, que o poder temporal descarregue sua força sobre nós, católicos, apostólicos e romanos, que não fazemos outra coisa no livro "A Igreja do Silêncio no Chile" senão avaliar, em linguagem respeitosa , a atitude dos Prelados, cumprindo, de acordo com a lei da Igreja, um dever de nossa fé. Agimos, também nisso, dentro da liberdade que o Estado chileno reconhece a todos os que, como nós, se situam no campo essencialmente religioso. 7. Repressão eclesiástica enfática . ofctando não só a TFP como a todos os que com ela colabor arem na confecção e difusão do livro. Ameaça de eventual repressão policial. Com medidas destas, nunca, absolutamente nunca adotadas por ninguém do atual Episcopado chileno contra o comunismo, o Comitê Permanente do Episcopado procura atemorizar e reduzir os fiéis ao silêncio. Se outras razões não houvesse, esta já bastaria para demonstrar que existe efetivamente uma Jgrej~ do Silêncio no Chile, como o afirma nosso livro ...

... Campanhas da TFP chilena denunciaram a infiltração comunista na Igreja.


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maio de 1976

ano XXV I

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

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GUERRA PSICOLOGICA E DEFESA DO ATLANTICO SUL

Em importantes países da Europa Ocidental, marxistas man ipulam crises político-sociais e apresentam novas e capciosas fórmu las, visando a conquista, pacífica e sem resistências, do poder. Ante essa manobra da "guerra

PORTUGAL:

A FACE OCULTADA

''A tentação totalitária''

OBRA

DA ESQUERDA NAF . . . ÇA

psicológica", setores do mundo livre assumem uma atitude de apatia ou mesmo de cumplicidade. Enquan to isso, russos e cubanos vão dominando o contin~nte africano. Aviões, submarinos e navios de guerra

soviéticos já operam no Atlântico Sul, colocando em risco a segurança das nações sul-americanas. Nas fotos acima, o Mig-25, um dos 41 submarinos atômicos russos e um destróier da classe Kashin (páginas 4 e 5).

O que se passa no Portugal de hoje? Um observador lúcido, am igo desta folha, enviou impressionante e atualizado relato sobre a situação real da nação lusa. CATOLICISMO oferece a seus leitores essa matéria pouco conhecida porque silenciada, de modo geral, por grandes órgãos da imprensa. O autor refere-se a um dos frutos da malograda "revolução dos cravos", que foi a entrega dos antigos territórios africanos de Portugal aos marxistas. Em consequência, os refugiados apinharam-se durante meses no aeroporto de Lisboa (foto) para depois serem abandonados à miséria moral e materia l (página 2).

Jean-François Revel, escritor vanguardista da esquerda francesa, confessa que sem a ajuda capitalista o socialismo não teria subsistido atrás da cortina de ferro. Para ele, o mal do comunismo consiste em ser este totalitário. Brejnev, chefe do PCUS, e Mitterrand (foto), chefe do PSF - "finlandizado" pelo Cremlin - deveriam, segundo o autor, dar uma feição "humana" ao socialismo. Um embrião deste seria a social-democracia (atualmente no poder na Alemanha Ocidental). Sua missão consistiria em aliar-se ao capitalismo para depois conduzi-lo gradualmente ao nivelamento das rendas e riquezas. Em outros termos, à autodestruição. O capitalismo chegaria ao mesmo fim do comunismo, mas por meios diversos . .É o veneno sutil contido em "La tentation totalitaire". O objetivo imediato da obra parece ser o de influ enciar, de modo ardiloso, o centro decisivo francês para obter a ascensão dos marxistas ao poder (página 3).


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EPOIS DA REVOLUÇÃO de 25 bras de resistência que se lhe podiam simplesmente alarmante a prostituide abril de 1974, vimos Portu- opor. ção em Portugal. Esse fenômeno se gal obscurecer-se à sombra da Os subtítulos inseridos na carta verifica, segundo nos informaram, sobretudo no seio dos refugiados (os foice e do martelo. A confusão e a de- são da Redação. portugueses dizem retornados) dos andordem passaram a reinar, e com elas tigos territórios ultramarinos. a degradação do povo. Sobre a pornografia, não há o que Em dois anos, os territórios do Ultramar foram desligados da Metrópole, 44 ORTUGAL É HOJE como dizer. O descaramento chegou a um passando a gravitar na órbita russa ou um homem que foi espanca- estado absolutamente insuportável, dechinesa, enquanto aquela se contorcia do, roubado, enlameado, em gradante, infame. em sucessivas crises. estado de embriaguez. Neste ano, porém, tudo parece ter Um ar pesado parece envolver o Os meios de comunicação voltado à calmaria no território por- país. Em todos os rincões, vê-se car- estão a serviço do comunismo tuguês da Europa. tazes de partidos políticos, especialContrariamente ao que se diz fora Atualmente, o que se passa, de fato, mente dos esquerdistas. O punho fenaquele país? chado e a foice com o martelo encon- de Portugal, pode-se afirmar, sem pe"Tudo como danies 110 quartel de tram-se em todos os recantos: muros, rigo de engano, que praticamente toAbrantes" - diria à primeira vista, um paredes, ruas (pintados no asfalto), dos os grandes jorn2is do país estão leitor pouco atento, lembrando o ve- pedras, postes, árvores, cafés, bares, em mãos comunistas. Só há um grande lho adágio luso. E acrescentaria que, restaurantes, fachadas de Igrejas, en- diário - Comércio, do Porto - que se apresenta como mais ou menos indesem dúvida, Portugal ficou mais es- fim, por toda a parte. Na fachada principal do Carmelo pendente. Os demais - salvo algumas querdista e sofreu uma grave desorganização econômica e social. Porém, de Coimbra há uma grande inscrição excessões, no que diz respeito a jornais tudo se arranjará. Esses inconvenien- que diz: "A RELIGIA-0 É O ÓPIO de província ou a pequenas revistas tes são o preço da necessária "demo- DO POVO" - MARX. Há quase dois se não são diretamente comunistas, cratização" do país, hoje colocado em anos esta inscrição está lá, sem que estão dominados ideológicamente por ninguém se atreva a apagá-la. mãos de governantes moderados ... eles. O mesmo acontece com a televiTanto em Lisboa como no Porto, são e emissoras de rádio do pais, tamPerigo comunista? - Nem faleem Coimbra, Braga ou Setúbal, pos- bém com raríssimas excessões. mos dele. suem os comunistas grandes livrarias, Algumas revistas, como Resistência, • • • onde ostensivamente se acha perma- ou jornais católicos, como A Ordem, nentemente hasteada a bandeira ver- do Porto, falam abertamente contra o Essa impressão poderia, quiçá, in· melha com a foice e o martelo. comunismo e o estado caótico do sinuar-se no espírito de incontáveis país. Mas esses órgãos têm pouca pebrasileiros, traídos pela imagem dis- Prostituição e pornografia netração. Praticamente não alcançam torcida de uma nação portuguesa, da o grande público. qual o espectro marxista quase teria Outro elemento que certamente tem Não há nenhuma repressão ao codesaparecido. um grande papel dentro desse contex- munismo, nas suas diversas manifestaCom efeito, essa é a idéia que agên- to é a prostituição e a pornografia. t ções. O que existe é o contrário: há cias noticiosas e grandes 6rgãos da imprensa ocidental procuram inculcar, sem se importarem com a clamorosa decalagem entre a realidade dos fatos e o noticiário que apresen·tarn. Decalagem, aliás, cada vez mais generalizada, notória, de um modo especial, no caso português. Providenc.ialmente, recebemos de um observador lúcido e atilado, amigo de "Catolicismo". uma carta que fornece um retrato vivo da situ3ção portuguesa. A carta foi escrita antes das eleições de 2S de abril último. mas conserva perfeita atualidade, porque analisa os problemas lusos, de um ân· guio mais profundo do que aquele que se manifesta através de contingências políticas e superficiais. uma análise Os professores são obrigados à "reciclagem". despretenciosa. inédita e objetiva de Em livros escolares. textos de Fidel Castro substituem Camões. aspectos dos mais in1portantes da atualidade portuguesa, geralmente omiti- um verdadeiro pânico de ser conside- psicológico, um misto de ód io, de ridos pelos grandes órgãos de imprensa. rado como reacionário ou fascista. Os dículo e de mentira atirado à face Não publicamos o nome do autor da dois conceitos vão juntos na aprecia- da Igreja. missiva por motivos compreensíveis, ção geral. levando-se em conta a atual situação A televisão portuguesa, que é es- Nas escolas, Fidel Castro política de Portugal. tatal, faz propaganda aberta do comu- substitui Camões Através dessa carta, o leitor poderá nismo. Mas não é só. Também divulga As universidades são praticamente constatar como, infelizmente, o espec- tudo que predispõe as almas para a tro marxista continua omnipresente aceitação do ateísmo. Por exemplo, o todas controladas pelos comun.istas. na pátria de Camões, especialmente aborto. A televisão ensinou recente- Algumas estão nas mãos de elementos nos campos da cultura, do ensino e mente como provocá-lo e como rea- da ultra-esquerda (MRPP, MES, etc.) dos meios de comunicação social. lizá-lo. No dia 4 de fevere iro último, e outras são manipuladas pela juvent indispensável que os brasileiros a TV lransmitiu, dire tamente, a rea- tude do PC. São eles os árbitros das estejam infom1ados e mantenham uma lização de um aborto, tendo o fato grandes e pequenas questões que suratitude de vigilância em relação ao pro• repugnante provocado uma certa in- gem no can1po universitário. Oficialcesso revolucionário luso. A marcha dignação popular. Outro fato que 1an1- mente, algumas universidades são doda comunistiZação de Portugal não só bçm provocou indignação geral foi uma minadas pelos socialistas. t o caso, por está prosseguindo, mas também tem transmissão de Bernardo Santareno, exemplo, da Universidade d~ Coimbra. O quadro de professores não sofreu co11seguido aniquilar importantes fi. considerada um verdadeiro massacre nenhuma modificação substancial, depois do movin1ento de 2S de NovemPichamento no Carmelo de Coimbra, onde se encontra a Irmã Lúcia vidente bro último, que conduziu ao poder o de Fátima. - Até inscrições satanistas começaram a aparecer em m'uros das gabinete Pinl1eiro de Azevedo. São os cercanias do Estoril, após o 25 de abril. alunos que mandam. Os professores não comunistas obedecem às decisões das assembléias dos alunos. O centro universitário de Coimbra é oficialmente constituído por socialistas. Em pleno cen Iro da cidade, na facháda principal da Casa do Estudante, está o símbolo dos comunistas, pintado na própria parede do edifício. CVLT0 AO DIA Bo! Há dois anos que as principais Faculdades não aceitam alunos para o 1!l O f'OOGII li) ff/Í(VQftC#lSTir:VAS! A.i..t

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ano. Esses alunos estão fazendo "serviço cívico" obrigatório, até que haja lugar para todos. No ano de 1974 ficaram sem estudar 60 mil alunos. No ano de 197S esse número aumentou para 100 mil. Como não há lugar para todos, ninguém estuda. A seleção é uma " invenção capitalista" para favorecer uma classe! Portanto, enquanto não houver lugar para todos, ninguém estuda ... No campo do ensino primário ou médio, os detentores do poder fizeram e estão fazendo barbaridaâes. O ensino ministrado nos colégios, mesmo particulares, é de índole inteiramente marxista. Contou-me um senhor de Lisboa que, inclusive nos colégios particulares e religiosos, o que se ensina é marxismo puro. Foi aprovada uma lei pela qual o ensino particular será tolerado somente enquanto não houver escola pública para todos. Está, pois, legalmente proibido o ensino particular em Portugal. Alguns jornais de pequena monta falan1 abertamente da marxistização do ensino. As crianças recebem textos de doutriJla marxista. Em alguns livros de textos para crianças, há prosa de Fidel Castro e outros "literatos" do gênero. O mais espantoso é que os pais, sabendo de tudo isto, continuam mandando seus filhos às escolas, quando é público e notório que o que aprendem lá atualmente é marxismo aberto! A demolição marxista da autêntica cultura lusa Um setor do Ministério da Educação e Investigação e Cu!tura, a Direção Geral de Educação Pem1anente, através da carta-circular n!l 1/75, com data de 26 de março de 1975, ordenou o saneamento - entenda-se queima - de uma série de obras das bibliotecas públicas do pais. Entre as obras "saneadas" encontran1-se as seguintes: Santos de Portugal: Santo Antonio, Santa Isabel, São João de Deus, São João de Brito, Beato Nuno;Santo Antonio; O Natal em Portugal; Vidas Heróict!s (Afonso Henriques, Nuno Álvares, Infante Dom Henrique, Vasco da Carna, Camões, Cago Coutinho, etc.); História de Portugal; Exposição Hen· riquina; Os Grandes Escritores; Honra de ser Português; Os Navios que descobriram o Mundo; Forças Armadas Portuguesas; Serões Rurais; A Gente conta 11a Aldeia; Riquezas da Tella Por· tug11esa; Mesteirais que ajudaram a fa zer Portugal; O livro da Cortesia; Coleção Educativa (são muitos livros). Isso e muito mais que consta da lista A e B anexa à primeira circular. Além do mais, anuncia-se para uma segunda oportun idade a lista C, de obras a "destn,ir ,wma segunda fase". Esses dados foram publ icados na revista Resistência, de 1S de dezembro de 1975. Um país dom inado pelo medo Quem anda pelas ruas das cidades de Portugal nota que há uma retração notável das pessoas de bem e das elites. As caras são outras! Parece que o país é constituído só de elementos vulgares; as pessoas estão meio embrutecidas. Os cafés e restaurantes mait comuns estão geralmente sujos, com grandes cartazes, não raro in1orais, e freqüentados pelo pior tipo de gente. O mais triste de tudo isto é que a população está se acostumando a conviver com essa categoria de pessoas, num ambiente reles e baixo. Segundo informações fidedignas. praticamente não há detentos na famosa prisão política de Caxias. t

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0telo Saraiva, ao regressar de Cuba:

"(Eu) podia ter sido o Fidel Castto •da Europa". preciso notar que a grande maioria dos portugueses de uma certa expressão nacional encontra-se fora do país. Os assaltos e roubos crescem em , . . numero e começam a 1nqu1etar os portugueses. São muitas as pessoas que se sentem obrigadas a andar armadas, senão com revólver, pelo menos com cassetete. Os assaltos dão-se em pleno dia e são cada vez mais freqüentes. Foram distribuídas mais de 200 mil armas a civis esquerdistas. Isto é público e notório. Essas armas desapa· recerarn de um quartel. Indagado sobre o assunto quando ainda estava no poder, Otelo Sáraiva de Carvalho respondeu que não sabia onde estavam tais armas. mas linha conl1ecin1ento de que se achavam em boas mãos... No tempo de Otelo, hotéis e pensões eram freqüentemente visitados, durante a noite, e os quartos vasculhados pelas tropas do Copcom (Corpo de Operações do Continente), a fim de descobri.r "contra-revolucionários". Isso provocou verdadeiro pânico num certo setor da população, pânico este que perdura até hoje, apesar do afastamento dos elementos mais exaltados do atual governo. Na verdade, contrariamente ao que os jornais dizem, ainda hoje não se pode entrar nem sair de Portugal sem ser acompanhado pela sombra do terror. O ambiente que domina o pais é acentuadamente de temor, apesar da distensão artificial provocada pelo movimen 10 de 25 de Novembro, que depós os elementos mais radicais. O jogo dos partidos mantém n o poder os comunistas Quem conversa com os portugueses nota urna coisa muito curiosa. Há, de um modo geral, urna repulsa ao comunismo. Apesar disso, os comunistas pratican1ente dominam o ambiente ge. ral e ninguém se atreve a tirá-los. ao menos por enquanto, do poleiro. Eles fizeram tais e tantas que se tem a impressão que seu objetivo é paralisar qualquer reação anticomuni;ta. Stgue

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página 6 -••~


''A tentação totalitária''

ALGUMAS VERDADES COM DOSES DE VENENO .

. - !NEXA TO QUE o capitalismo tenha poluído todo o planeta. Eu seria quase tentado a dizer: infelizmente paro o 1111111do não é

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publicitários da estrondosa Hconvcrsão à democracia., dos partidos comunistas da Europa Ocidental. Quanto ao Partido Socialista francês, chefiado por François Mittcrrand, Revcl o considera irremediavelmente "finlandizado", isto é, submisso a Moscou, como se tornou a finlândia após a Segunda Guerra Mundial, conservando apenas aparências de independência. Chama-se a atenção do leitor para um ponto. Os comunistas ac~bam cedendo à " tentação totalitária": "Tor· 1111r-se senhores desse ;oguete que é o Estado-nação é talvez suficiente para fazer brotar dos 11111is puros corações todas as imundicies de 11111 despotismo mais ou 11:enos bem disfarçado em república, e que 11111 socialismo de fo· cilada vem, por acréscimo, imunizar co11tra as criticas da opinião 1111111diol'·. "A ilusão dos pró-co11111nistos liberais de esquerda co11siste em pensar que existe outro co1111111is1110 alem do estalinismo. Oro. o astali11ismo é a

Jean François Revel, situado na vanguarda dos intelectuais de esquerda franceses da nova geração, utiliza, de modo 1>aradoxal, esse e outros argu· mentos análogos - surpreendentes na pena de um esquerdista - para apresentar uma nova receita que, de forma sutil, visa auxiliar a ascensão dos socialistas e comunistas ao poder na frança. Essa fórmula está esboçada em seu livro IA te11tatio11 totalitoire ("A tentação totalitária", Ed. R. Laffont, Paris, 1976), lançado na capital francesa com todo sensacionalismo: um mil.hão de exemplares da revista l 'Express (n!> 1279, 12-18 de janeiro de 1976), de tendência esquerdista, foram publicados, contendo como matéria quase exclusiva um resumo redigido pelo autor, da tese central da obra. IÕ baseada nesta síntese que foi elaborada a essência do comunismo". presente análise crítica. Outras imporAfirmando que a essência deste retantes revistas também registraram o lançamento de la 1e111atio11 totalitaire. side na violência cstaliJlista, e não cm Esta tese, segundo l 'Express. "situo- seu materialismo ateu igualitário e desse precisamente 110 coração do deb11te truidor da familia e da propriedade, Revel deforma profundamente a reauniversal''. lidade. Mediante esse sofisma procurase alcançar dois objetivos. Um é o de Aliança poder comodamente se afirmar que o capitalismo-socialismo socialismo enquanto não estalinista é Qual é a novidade que o autor so- essencialmente distindo do comunis, mo, desam1ando assim muitas e jusli· cialista apresenta ao público? O capitalismo é o único sistema ficadas apreensões do público anlicoeconõniíco que na prática se mostrou mun.ista. A outra finalidade que se vieficaz, e seria estupidez pretender li- sa é atrair a simpatia desse público, aquidá-lo para impor um sistema econô- tacando o comunismo cm seu aspecto mico socialista insofismavelmente ine- violento sem se apresentar a necessidade de combatê-lo enquanto antinaficaz e ruinoso, Por isso, propõe uma aliança entre o tural. capitalismo e o socialismo, para fazer "O que vario - continua o artigo frente ao comunismo estalinista, que não é o sistema estolinista, é o rigor escravizou as nações onde conseguiu 11111ior 011 menor com o qual ele é apliimplantar-se ao longo dos últimos ses- cado. Não se pode fuzilar ou i11ter11ar senta anos. O fato de o estalinismo es- todo mundo o tempo i11teiro". tar preparando a consumação de seus Toda a propaganda que o comunissonhos de dominação mundial torna mo russo fez e faz em torno de urna urgente essa aliança capitalismo-socia- pretensa liberalização do regime não é lismo. A ausência de reação do mundo senão uma farsa. A "desestalinização'' democrático - acentua a síntese redi- pretendida por Kruchev em 19 56 não gida pelo autor do livro - cria condi- se deu: "Seis meses depois de seu relações ideais para a conquista estalinista. tório [ anunciando a "desestalinizaSegundo ele, "o questão é saber se ção"J, Kruchev [... ) e11viava tanques os socialistas co11seguirão eliminar os para atirar nos húngaros suble,•ados dois obstáculos essenciais que impe· contra o estalinismo ". dcm o co11stn,ção de um mundo socia· E prossegue o resumo da obra de lista: o Estado e o comunismo". Revel: Os socialistas liberais erram porque A "conversão" dos "se obstiJ1an1 em ver os primeiros si11· neocomunistas: uma farsa tomas de uma democratização futura Depois de condenar violentamente nisso que niio é se11ão uma dos fases os abusos do comunismo russo, o re- clássicas da tática comunista: o do sumo de Revel denuncia os fins mera- Frente Popular ou U11ião das esquerdas". Esta fase tática tem como fim contemporizar quando os comunistas se sentem débeis diante de uma reação da opinião pública, bem como dividir os socialistas em radicais - que se aliam ao PC - e moderados, que se diluem nos partidos liberais. "No aliança entre comunistas e socialistas, estes são os perdedores morais''. afirma Rcvel. E numa aliança entre capitalismo e socialismo quem é o perdedor? per· guntamos nós. Obviamente é o capi· talismo, que deve entrar com a produção e o dinheiro e renunciar aos princípios, como veremos. Fundados em razões de superfície, os argumentos de Jean-François Revel estão encharcados de sarcasmo sem compromisso· doutrinário. EntreJean François Revel faz criticas seve- tanto, continuam presentes cm suas ras ao PCF ... mas lê com satisfação palavras os princípios que fazem dosocialismo uma forma velada, mas não seu órgão oficial.

menos antinatural de comunismo, co- /ismo não <J vidvel, esrd em ''crise" per· mo mais adiante veremos. 1111111e11te (. .. 1. A outra, moral: o copiSaberá o homem comum, nem sem- t11lis1110 li a exploração do homem pelo pre disposto a levar seu anticomunis- home111 ... O espasmo final do capitalismo, mo ao campo dos princípios, discernir o verdadeiro conteúdo deste "antico- previsto durante mais de um século munismo" e a hábil manobra que o li- pelos socialistas, não se deu. E diante vro de Revel, muito provavelmente, te- da crcscen te prosperidade da massa nos ve em vista realizar em favor dos socia- anos 50 e 60, o argumento teve que listas, especialmente os que se apre- ser discretamente posto de lado. para ser novamente tirado do baú, durante sentam como "moderados"? a crise do petróleo. Objetivo social-democrata: ..Ao 111es1110 tempo. e precisamente. sem d1i1•ida, porque viam chegar o ti/tornar igualitário timo hor" de seu velho inimigo, os dio capitalismo n'gcntes n,ssos apressaram-se em tirar O semanário esquerdista julga que partido dos últimos sobressaltos de 1•i· um social ista sincero deve desejar um talidade que da,,a mostras o 11go11iza11· socialismo "de face humana•·. Este te. Em 19 72 e em 1975 eles, inicialexistiria cm fonna embrionária. Seria mente compraram de sua fecundidade a social-democracia, atualmcn te no po- expirante. por meio de créditos 11io der na Alemanha Ociden1al e nos países fa1·orá1•cis, que quase equivaliam a subnórdicos. Esse sistema, no entanto venções. Párias <lezenas de milhões de e Rcvel considera isto um paradoxo - tona/adas de trigo, para remediar a peé rejeitado e condenado com veemên- miria de gêneros alimenticios na cia pelos socialistas. Tal recusa deve-se URSS, Em seguida. concluiram preci- acentua - a que "do ponto de visco pitadamente com toda espécie de fir· O livro de Revel ajuda a baldear os de um marxista ortodoxo, a social-de- mas 111ultinacio11ais capitalistas contra- eleitores de Giscard (em primeiro pia· mocracia é a "colaboração de classe". tos de longa duração [... J ao termo no) para o socialista Mitterrand. Elo tem por vocaç,i'o não abolir o ca- dos quais essas mazelas extenuados pitalismo, ,nas di11idir 111ais equitativa· [as multinacionais! lhes levavam sua americano, após os nacionalizações de mente os seus fnaos; não "destruir o tecnologia, seu "know-how ·· e até seus Allende. [... 1. sistema" [capitalista), mas h11ma11i- ,-apitais" [... 1. "Em visto de suas dificuldades, em zti-lo, atrai-lo para 111110 maior igualda· Cabe perguntar-se: o que seria do s1111111, o Chile de Aliende obteve. em de. Um capitalismo "de face humana" socialismo, se o capitalismo não esti- íaneiro de 1972, não somente novas lidesmobiliza a classe operário, instala· vesse lá para o sustentar? nhas de crédito para repor os antigas. ,(/ em sua situação de classe exploramas sobretudo, em abril de J972, 111110 da''. moratório de excepcional benevolênO socialismo - continua o resumo O lançamento de uma cia, que suspe11de11 suas obrigações de - tem por vocação colocar a economia isca capciosa pagoment.:,. Com efeito, o acordo fira serviço do homem, enquanto os désmado nessa dato entre o Chile e seus Na prática, o capitalismo funciona credores reunidos 110 que se chamou potas totalitãrios a colocam a serviço do armamentismo e do prestígio do Es- e é absurdo que os socialistas U1e opo· Clube de Paris (Estados U11idos, Co1111tado-nação no Exterior, em detrimento nham as vantagens de um sistema eco- dá, Japão e Europa Ocidental}, previa nônúco utópico e relegado a um futuro o adiome1110 para 1975, do prazo para do bem-estar dos indivíduos. incerto, afirma Revel. Trata-se, por- o acerto dos titulos não pagos em 19 "Se, pois, a social-democracia está tanto, de discutir no que o capitalis- de 11ovembro de 1971 , como também excomungado como reacionário; se. de mo pode ser melhorado. E, para isso, daqueles que ve11cerio111 em 31 de de· outro lodo, os socialistas liberais (... 1 aí está a social-democracia. ''Com efei- zembro do ano em curso, 1972. Ta11to recusam em teoria o burocratismo esto, - continua - é perigoso afirmar à foi assim, que, em 30 de agosto de tali11isto, o que resta? •· Não será o opinião pública que se dispõe de 11111 1973, o/g1111s dias antes de ser dem, sistema iugoslavo da chamada auto"modelo" suficienteme111e preparado lxrdo, Allende dispunha, 110 mercado gestão - conclui o periódico - , citanparo autorizar a destruição completa fi11011ceiro i11ter11acio11al, de créditos o do o estudo de Albert Meister, soció- do sistema económico em vigor". curto prazo superiores aos que tinha logo da Escola prática de altos estudos, E mais adiante, acrescenta: "Não em 1970". de Paris, Embora tenha estudado com parece provado que o capitalismo seio toda simpatia o socialismo iugoslavo, totalmente i11apto paro o vida econó· O que pensar dessa colaboração? Meister reconhece que "vinte anos de mica, de um ponto de vista puramente Coloquemos a pergunta de modo mais autogestão fizeram do Iugoslávia 11111 técnico [... J. É a civilização capita/isca, vivo: o que pensariam as donas de casa cemitério de regras ü111plicodos ". com seus componentes políticos e cul- chilenas nas ruas de Santiago, com suas Após analisar a inviabilidade do sis- turais [. .. J são seus valores, em última panelas vazias, ou os motoristas de catema iugoslavo, o autor conclui que análise, que são condenados, e não os minhão em seus acampamentos de pro"não há, para se opor ao capitalismo , insucessos práticos de um sistema de testo, enfrentando os terroristas do neste estágio de sua história, senão produção" (destaque nosso). MlR, se soubessem que os Estados dois sistemas comprovados: a socialAnalisando-se estas considerações, Unidos e a Europa Ocidental susten-democracia e o comunismo". entrevê-se que o capitalismo em rela- tavam com créditos o regime pró-MosVemos então que o objetivo da so- ção ao qual é proposta a aliança com cou que atirava o Chile na miséria? c-ial-democracia apresentado no artigo, essa nova forma de socialismo consiste, não é a destruição do capitalismo pela na realidade, num capitalismo massifi- A parcialidade violência, mas conduzi-lo gradualmen- cante, no qual a propriedade privada dos "formadores da te à própria autodemolição por um se dilui a ponto de quase desaparecer. opinião pública" nivelamento antinatural e massificante. Entretanto, o anzol foi lançado e Ou seja, os princípios da livre iniciativa pode-se temer que os indivíduos meNenhum recurso é desprezado no e da propriedade privada - enquanto nos atilados e mais desejosos de "ceder intento de desarmar a desconfiança geradores de legítimas desigualdades - para não perder", que constituem a do público em relação ao comunismo. deixariam de marcar a fisionomia do massa centrista, mordam a isca. Nesse Para isso, o zelo anti-estalinista manisistema capitalista. caso, o centro se deslocará para a es- festado pelo escritor francês leva o querda e, desse ,modo, /,11 te11totio11 to· mesmo a denunciar a parcialidade cada "O que seria do tolitaire terá contribuído para a ascen- vez mais cínica de grandes órgãos da socialismo, se o capitalismo ção desta ao poder. imprensa ocidental, Com efeito, por não o sustentasse?" que se fala tão pouco dos crimes do Um exemplo pungente comunismo e se faz tanto estrondo em O resumo de la tentotion totalitorno dos "monstruosos ataques aos toire contém esta confissão, impressioA publicação francesa mostra com di.reitos humanos" de governos como o nante pelo reconhecimento de uma o exemplo do Clúle de Allende como dos coronéis gregos ou de Pinochet? realidade, em geral, encoberta pelos se dá essa colaboração de certos setoE acrescenta: esquerdistas: res capitalistas para salvar o mito da "Os formadores da opinião pública irreversibilidade do socialismo de um "O capitalismo li1d11strial foi declados pafses ocide11tais inclinam-se, aliás, vergonhoso desmentido: rado incurável desde seu nascimento. o vituperar 1nais severame111e a repres"É falso que o desmoronomento da Ne11hum siste11111 económico foi tão são dos regimes fascistas do que a dos economia chilena se;a devido, em escriticado, durante 101110 tempo. E con· Segue na página 6 -••~ tima, a ser, por meio de duas acusações sência, o 11111 "bloco invisível" orgoni· MIGUEL BECCAR VARELLA principais. Uma eco11ó111ico: o copito· zado em represália pelo capitalismo 3

3


PÚBLICO ocidental vem sendo informado, nas últimas semanas. através de um noticiário intenso e movediço . caudalosamente veiculado pela grande imprensa, sobre acontecimentos que paradoxalmente não de, tem1inam, o mais das vezes, mudanças significativas no panorama político. Esta característica levanta uma incóg· nita, a qual está desafiando a perspicácia e argúcia do observador... Entretanto, na Alemanha, ocorreu um fato imenso, que passou desapercebido e os jornais quase nada falaram a respeito dele. E na Itália, aconteci· mcntos como a renúncia do 1!> ministro Aldo Moro, a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições gerais para o dia 20 de junho, po· derão propiciar a ascensão dos comunistas ao poder, o que trará, certa· mente, conseqüências graves para toda a Europa. Enquanto isso, a presença russocubana continua se disseminando pela África como uma mancha de azeite, constituindo também uma ameaça para a América do Sul. Isto sem falar na crescente influência soviética sobre os países da Europa ocidental, e mais diretamente sobre a Itália.

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comunistas, que se apressant em colher os frutos de tal situação. A Democracia Cristã, cuj a sistemática linha de conduta foi sempre a aliança com a esquerda, sob pretexto de dividi-la e enfraquecê-la, por força dessa política encontra-se, ela própria, dividida em face de uma esquerda fortalecida. O Partido Socialista, seu a.liado da véspera, ex ige agora a dissolução do Parlamento e a convocação antecipada das eleições. O Partido Comunista italiano (PCI) reclan1a sua participação num governo de unidade nacional o chamado "compromisso histórico". A Democracia Cristã, debatendo-se em divisões in ternas, apresenta - fiel a sua trajetória ideológica - mais uma vez a fónnula de conciliação concessiva à esquerda: um acordo en tre todos os partidos democráticos, incluindo o PC!, cm tomo de um plano econômico de emergência, que sa tisfizesse a esquerda, com o qual tentaria evitar as eleições antecipadas e a presença dos comunistas no governo. Volta à cena o Partido Socialista, desta vez para rejeitar o plano. Completam o confuso e inconseqüente quadro político, a crise econômica e financeira como também as

Crise italiana favorece a propaganda comunista O governo minoritário democratacristão da Itália perde o efêmero apoio dos socialistas e imerge em mais uma crise, tornando-se assim alvo fácil dos

greves. deflagradas pelos sindicatos soh inspiração comunista. O eleitor italiano fica assim mergulhado 1111111 labirinto de problemas, diante do qual o PCI procura se apresentar como único partido capaz de conduzir o país à normalidade.

A UGT reuniu-se na Espanha com licença do governo, após 40 anos.

Os partiêipantes do congresso entoam a " Internacional" comunista Aproveitando a esplêndida oportu• nidade propagandística que lhe é ofe. recida, o secretário-geral dessa agremiação política, Enrico Berlinguer, multi· plica declarações de autonomia de seu partido em relação a Moscou , e promete, caso os comunistas suban1 ao poder, respeitar as liberdades, os processos democráticos e os compromissos internacionais assumidos pela Itália, especialmente com a Aliança Atlântica. Essa manobra poderá levar numerosos católicos anticomunistas incautos, a votar nos comunistas, criando assin1 a perigosa ilusão da popularidade do PCJ. E é neste clima de confusão e entreguismo que se verifica a demissão 4

do J!> ministro Aldo Moro, a dissolução do Pa.rlamento e a convocação de eleições gerais para 20 de junho próximo. Quanto a este pleito, os observadores prevêem uma vitória dos comunistas e possível participação dos mesmos no próximo governo. Entretanto, apenas uma força poderia, com a maior facilidade, pulveri1,ar os recursos da propaganda vennelha. A l lierarquia Católica. Uma só palavra clara e corajosa proclamada nos sermões, comunicada nos confessionários, e nas sacristias, afixada nos tapa-ventos das igrejas, encontraria, ávidos de esclarecimento, os corações de milhões de fiéis italianos. Se esta palavra salvadora não for

dita, as mais funestas conseqüências poderão advir para a Itália e para o mundo ...

anos de clandestinidade, realiza, com autorização do governo, seu primeiro congresso. Neste, cantou-se o l1ino da internacional comunista e o secretáEurocomunismo à francesa rio-geral da UGT, Nicolas Redondo, atacou a monarquia vigente, adiantanA França vem sendo sacudida por do que sua organização adotará prinag.itações universitárias nas quais se cípios revolucionários, baseados na lumesclam ativistas de esquerda e estu- ta de classes. Ao mesmo tempo, o godantes descontentes com a reforma verno anunciava o reatamento de relauniversitária anunciada pelo governo. ções diplomáticas com a Rússia. Os comunistas franceses esmeram-se Enquanto a Espanha parece estar na arte de mudar de face. O leitor que, sendo, assun, conduzida rapidamente ao ouvir falar cm manifestações comu- para a esquerda, seus innãos ibéricos, nistas pensar cm passeatas com punhos os portugueses, apesar da relativa e cerrados, proclamações e brados. enga- aparente calmaria, são vítimas de um na-se. O Partido Comunista francês, poderoso processo marxista de agressão através de seu órgão oficial, L'Huma- psicológica e moral, como o leitor nité, promove agora alegres e inofen- poderá ler em outro local desta edisivas quermesses. O jornal La Croix ção. relata o ambiente reinante nessas festas: "É um gra11de mome11to na vida Estados Unidos rumo do PCF. É uma festa grandiosa que ao isolamento; desarticulação provoca vertigem e tra11sforma as ca- na defesa européia beças: quantas pessoas, stands, soli· citações. etc. ft1ilitantes. simpatiza11tes Nos Estados Unidos, o secretário e curiosos felizes: eles podem degustar de Estado Henry Kissinger anuncia que os prazeres da salsicha frita e os e11ca11- o pais retirará suas tropas acantona1os d" música --pop" ou clássica... " das na Europa Ocidental se os comuMas. o "simpático" PCF foi ainda nistas assumirem o poder ou dele par· mais longe: decidiu abolir o símbolo ticiparem, em países membros da da foice e martelo criado por Lenine NATO. Acrescenta que tal eventualie Trotsky. substituindo-o por um pon- dade representará a destruição da Alito verde ; e seu candidato Vincent La- ança Atlántica e do atual relacionabcspic pretende basear campanha elei- mento dos .EUA com a Europa. Fica toral que fará não em pregações de assim posto aos olhos do público ociluta de classes, ou na conquista dopo- dental .essa ameaçadora perspectiva: der, mas em temas ecológicos... países europeus trabalhados por denO secretário-geral do PCF, Georges tro por governos comunistas ou de Marchais, a exemplo do italiano Ber- coligações em que participarão os verlinguer, não se cansa de proclaniar a meUios, desarticulados na sua defesa, autonomi a de seu partido em rel ação desprotegidos pelos norte-an1ericanos ao Cremli n. Agora Marchais procura e à mercê do poderio russo, que a cativar os católicos, declarando, ainda qualquer momento poderia intervir, inconfomie o jornal La Croix: ..Este11do vocando qualquer pretexto. Por exema mão aos cristãos. E11tre eles há plo, impor obediência aos PCs locais exploradores e explorados. A estes rebeldes. digo: podemos e devemos atuar j1111tos C()11tra as injusriças, pelas liberdades e O que mudou? pela paz .._ A polêmico e11tre os PCs --rebeldes" Entretanto, o que realmente desae o PC nisso, rão do agrado de Mar· chais e dos comu11istas metamorfosea· bou nesse panorama europeu? Dir-sedos ou "convertidos ... é alimentada ia que nenhum novo país caiu sob dopelas i11si.1te11tes invectivas do Pravda contra os PCs "dissidentes" e pelos debates no XV Congresso do PC checoslovaco. Assim, a questão volta a ocupar as primeiras páginas dos jornais. O governo espanhol dá passos perigosos Transpondo os Pirineus encontramos a Espanha conturbada por desordens e agitações. Com o anunciado intuito de ''liberalização", o governo vem favorecendo largamente a atuação da esquerda, através de medidas políticas e legais. Para fazer frente às desordens daí resultantes, maior rigor na rep'ressão. Mas isso não é suficiente. Apenas contribui para criar a impressão de um governo impotente diante de uma oposição vigorosa e organizada. Ao lado disso, os partidos de orientação democrata-cristã decidem unir-se numa frente de esquerda denominada "Movimento Democrata-Cristão", inclu indo os comunistas. E a União Geral dos Trabalhadores (UGT), após 40

mínio comun ista, nenhuma instituição vigente foi derrubada, nenhum governo de coligação se introduziu e, no entanto, é impossível que o leitor não pressinta nisso tudo um in1enso afundamento. De que natureza é esse afundamento? Onde se produziu ele? Convidamos o leitor a considerar um aspecto pouco divulgado dos problemas atuais. Especialistas políticos têm afirmado que o aspecto central da luta de nossos dias entre o comunismo e o anticomunismo não se decide pelas :umas, mas sim pela conquista das mentalidades. Yves Cuau escreve na revista francesa L'Express: "O protetorado soviético começo sempre na mente, antes de se co11cre1izar na prática". Ronald Butt, do Times, de Londres, diz: "...o receio de provocar este poder [militar russo). a esperança de uma vida mais calma e o falta de co11fia11ça em 11ossos valores, que estão todo o tempo sob pressão psicológica, poderão levar-11os a uma pos,çao i11<1e1e11 · sdi1el ". Esses jornalistas exprimem em termos contemporâ.neos o que já dissera o famoso teórico de guerra alemão, Von Clauzewitz: a melhor maneira de vencer a guerra é tirar ao adveri;ário a vontade de lutar. a guérra psicológica.

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O que a imprensa pouco divulgou Não faltou entretanto um grande desabamento nas instituições. Este se deu na Alemanha Ocidental e passou quase despercebido ao público não ale· mão, pois que os jornais dele pouco falaram. O Parlamento de Bonn aprovou, por grande maioria, projeto de lei que esta· belece a participação, com direitos iguais, do trabalhador e seus sindica· tos na admin.istração e direção da grande empresa. Isto significa que, nas assembléias gerais, representantes da classe patrO· na! e dos trabalhadores terão igual número de votos. O voto decisivo caberá ao patrão. Mas, sabe.se perfeitamente como este pode ser pressionado pelos sindicatos, através das greves. A liberdade do pa· trão é aoenas teórica; na realidade é o poder dos sindicatos que sai altamen• te fortalecido, e por trás dos sindica· tos, o poder d~ esquerda que se avoluma. Quando os comunJstas franceses "renunciam" à "ditadura do proletaria· do", é ntmo a ela que sorrateiramente se encaminha a Alemanha. Essa lei, que golpeia a fundo a ini· ciativa privada e a propriedade particular naquele país, fundou·se num en· tendimento dos partidos governamen· tais SociaJ.Oemocrata (SPD) e Liberal (FDP), mas obteve também o apoio da maioria da oposição democrata· cristã (CDU·CSU), o que Ute valeu a aprovação pela elevada cifra de 409 .votos contra apenas 22. Sem alarde, é ferido o instituto da propriedade - fundamento da civili· zação cristã - e o governo que assim estrangula a livre empresa, expõe·se, ele próprio, ao estrangulamento. Com

efeito, as conseqüências não se farão sentir apenas na administração e produção industrial, mas ainda são possí· veis os reflexos disso sobre a própria segurança da Alemanha Ocidental. Sentindo na própria carne a garra do gigante russo, cravada na parte oricn. tal, a República Federal alemã vê·se agora atingida internamente. A lei so· cialista e confiscatória áa cogestão, ao golpear a instituição da propriedade, abaia a poderosa indústria germânica ocidental. Em conseqüência, podem ficar reduzidas e comprometidas gra• vemente as condições de defesa do país ante uma eventual agressão mili· tar soviética. A medida produziu alguns sobres· saltos no setor empresarial alemão que, com justa razão,.considerou.a uma "ex·

A crescente presença russo-cubana em zonas altamente estratégicas da Á.sia e Á.frica tem sido objeto de comen tários e advertências de observado· res militares europeus e norte·arnerica· nos. Especialistas ingleses têm denunciado a concentração dessas forças cm áreas do Mediterrâneo, Mar VcrmeUto e Golfo Pérsico, com as quais os SO· viéticos podem facilmente bloquear as rotas do petróleo destinado ao Oci· dente. Também na Somália, lêmen do Sul, ilha Socotra e mar de Omã a presença russa se faz sentir sempre mais. Segundo fontes inglesas, 650 solda· dos cubanos foram transportados para a Somália onde já operam mais de 2.500 "consultores" soviéticos. Guerrilheiros afric.anos, também a. A marinha argentina também está atenta à ameaça poiados pela Rússia, Cuba e por nume· soviética e patru lha seus mares rosos países africanos, prosseguem sua atividade visando a conquista de novas posições, intensificando a atuação subversiva no Sul da Á.frica. - - - - - - - - - -- - - -- · cupadamente, este fato enorme: a poO jornal Washington Post afirma Como Moscou 1/tica que modificou e continua a moque tropas cu banas estão preparadas interpreta a détente dificar a face do mundo, do ponto de para ajudar o grupo guerrilheiro Orga· vista diplomático, político e militar, nização Popular da Á.frica do Sudoesnasceu de um fundamental erro de Por outro lado, nos Estados Unidos te - SW APO - que combate a admi· exegese. especula•se sobre a interpretação dada nistração sul.africana na Namíbia. Enquanto essa questão não se re· à política de détente ou distensão entre solve, os russos continuam acionando Fontes dos serviços secretos norte- o Ocidente e o mundo comunista. seus dispositivos de conquista, devoamericanos informaram que Cuba cn· O jornalista David Shipler, do New ranclo nações, regiões e até continen• viou instrutores militares a Moçambi· York Times, aponta com naturalidade que para treinar guerrilheiros rodesia· a idéia de que russos e americanos tes quase inteiros. Para um observador não deglutido nos, enquanto chefes militares de Mo- atribuem interpretações diversas à dé· çambique, Tanzânia e Zâmbia reunem• tente. Para os soviéticos, a distensão pela voragem do ilogismo de nossos se em Lourenço Marques, a fun de não supõe a cessação de suas ativida· dias, como exprimir em termos claros <tiscutir a cooperação militar eara a des de conquista, mas um compro· a détente, senão como a decisão de "l ibertação" de todo o Sul da Africa. misso pelo qual as duas superpotências Moscou de conquistar o mundo com a garantia dos Estados Unidos de que Diante dessa situação, líderes da não chegariam ao "holocausto nu· não levarão sua oposição além de certo Á.frica do Sul, manifestando·se desilu· clear". Para os norte.americanos, en· limite, sobretudo, que não passarão das didos com a política norte·americana tretanto, détente significaria a cessação palavras aos atos? Isso, para não ex· em relação à guerra civil de Angola das hostilidades e das incursões po r por o mundo ao risco de um con· que consideram uma traição - procu· parte de ambas as superpotências nas Oito nuclear.. . ram outros " amigos". Mas onde os áreas de influência recíprocas. encontrarão? Admite.se assim, serena e despreo· Em pauta a defesa do Atlântico Sul

proprioção disfarçada". Este foi, talvez, o acontecimento mais grave do mês e representa um marco trágico na História germânica deste agitado século XX. Em sentido contrário - e também este um fato de enorme alcance manifostou•se o povo suíço. Chamado a pronunciar•se mediante um plebis· cito, sobre dois projetos de lei que previam a participação dos trabaU1ado· res na gestão das empresas - um mais ousado, de origem sindical, e outro considerado brando, elaborado pelo Parlamento - o eleitorado rejeitou en. faticarnente o primeiro, por 60% dos votos, e o segundo, por 69%. J, ao próprio povo helvético - com· posto em sua grande )llaiOria não de empresários, mas de trabaUiadores que medidas socialistas como essa de· sagradam. Prossegue a expansão soviética Voltemos nossos oUtos para os con· tinentes asiático, africano e sul.americano.

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A situação africana que vimos des· crcvendo apresen ta um quadro de es· pecial gravidade para o continente sul· americano, e de modo particular para o Brasil e a Argentina. Possuidores dos maiores litorais atlânticos do conti· nente, as duas nações fican1 assim expostas à ameaça de russos e cubanos, agora comodamente instalados do Ou· tro lado do Oceano. A imensa costa brasileira é, cviden· temente, a mais vulnerável. A prcocu· pação crescente em largos setores da vida nacional, já manifestada através de porta-vozes autorizados, encontrou eco e expressão significativa na visita que o Ministro da Marinha brasileira, AJmirante Geraldo Azevedo Henning, efetuou à Argentina. Segundo informou a imprensa, a viagem do Ministro de nossas forças navais - retribuindo a do Almirante argentino Massera - teve por objetivo estudar com a MarinJ1a platina um pia· no de defesa continental, em vista da conquista de Angola pelo MPLA, com apoio soviético e cubano, e .do crescen· te poderio comunista na Africa. Nosso país certan1enle sentiu•se bem interpretado ao conhecer a inten· ção do governo de, através do Ministro da Marinha, estreitar em todos os pia· nos os laços que nos unem àquele pais vizinho. A defesa do Atlântico Sul é também objeto da preocupação dos chefes de Estado do Chile e Uruguai. No recente encontro entre o gene· ral Pinochet, Presidente da Junta de Governo chilena, e o Presidente Bor· daberry, do Uruguai, ambos manifes. taram de público a intenção de estudar o grave assunto. Ante um quadro tão generalizado de enfraquecimento das defesas do mundo ocidental, como vimos, tais iniciativas, se levadas a cabo seriamen· te, dígnifica,n a família de nações sul· americanas e projetarão nosso conti· nente na primeira plana da resistência ao comunismo, no mundo de hoje.

ARNÔBIO GLAVAN 5


Conclusão cio página 2

PORTUGAL Depois do "25 de Novembro", seguiu-se um período em q11e as pessoas depositavam uma tal ou qual confiança no primeiro ministro Pinheiro de Azevedo. Pouco a pouco, ele foi tirando a máscara. Recentemente chegou a declarar pela televisão que é um homem das esquerdas. Na realidade, Pinheiro de Azevedo nunca deixou de ser marxista. Com a proximidade das eleições [já realizadas em 25 ele abril último), começa novamente a se apoderar de um setor ponderável da população o pânico da guerra civil. Em detcnninados ambientes, o que mais se teme é a guerra H{, pessoas dispostas a entre· gar tudo, desde que ela seja evitada. Por outro lado. muitos afirmam estarem convictos de que, sem muito sangue, não seria possível resolver o problema de Portugal. A grande esperança dos ingênuos - e não são poucos! - está nas 1 ximas eleições. Há cm Portugal quat. partidos principais. O Partido Popular l)cmocrático (PPD), o Centro Democnítico Social (CDS), o Partido Socialista (PS) e o Partido Comunista (PCP). O primeiro é centrista, mas como é freqiiente no caso do centrismo, favorece a manutenção da esquerda no poder, tendo aprovado as leis marxistas vigentes no país, promulgadas com a nova Constituição. O CDS tende um pouco mais à direita mas. na prática, está atrelado ao PPD. Tais partidos, cujo eleitorado é nitidamen te anticomunista, não se incomodam cm participar do governo ao lado dos comu, nistas e socialistas que constituem, de fato, os elementos dinâmicos e decisórios. ll ilustrativa a resposta do Galvão

de Melo, quando perguntado, recente- dcnado para ajudarem e treinarem mente, por que se candidatou pelo terroristas. CDS: "Foi o primeiro partido que me Há um certo pâ,lico de guerra bem convidou... " generalizado, o que faz levantar a susOra, julgam muitos que, se o CDS peita de que se trata de outra manoe o PPD vence rem, estará tudo resol- bra psicológica com o objetivo de obvido! Não importa que o ensino seja ter a vitória de um socialismo ou de comunista, que as universidades, TVs, comunismo dito moderado, consolirádios, etc., sejam dominados pelos dando assin1, as conquistas anteriores, adeptos do credo vermelho; que as impostas pela violência. leis sejam de inspiração, quando não Joga a favor dessa hipótese o fato inteiramente marxistas; que os hábitos de as invasões de sedes do PC, efetuae costumes dos portugueses estejam das há meses atrás, de que tanto fala· completamente marxistizados; que a ram os jornais, terern sido executadas, pilhagem, o roubo, o assassinato, a de um modo geral, por elementos soprostituição, e, sobretudo, a heresia cialistas ou por comunistas da ex tremacomuno-progressista, cstcjan1 dominan- esqucrda, como os elementos do do. Para certa mentalidade estreita, MRPP. A pa1ticipação do povo se dava, tudo isto é secundário ... A esperança geralmente, a posteriori. Essas invaestá no CDS e no PPD e, para certos sões ocorreran1 cm aldeias ou pequenas setores, u,mbém no Partido Socialista. cidades. Naturz.lmemc. houve casos de Tolerarão os comunistas uma der- invasão realizada pelo próprio povo. rota eleitoral? O sentimento anticonm:1ista no campo Mas, como falar em derrota de é crrtamente muito mais vivo do que quem, na prátíca, já domina o ambien, nas cidades. En tretanto, nos grandes te, apesar da oposição real do povo? centros nada sucedeu aos vermeU1os. Se continuarern como estão, com po- Ai eles dominam e falam de cátedra. der efetivo nos postos-chaves do país. sem que ning11ém os moleste. os vermelhos acabarão conquistando Em Braga, algumas bombas coloca, mais facilmente todo o poder político, das cm carros ou propriedades (uma do que se consinuassem no ritmo desgastante , an terior a 25 de 1'!ovcmbro. livraria, no caso) pertcnccn tes a coAssim. não lcvan tam tanta suspeita e munistas, assustaram muito os habi· 1an tes da cidade. Em alguns casos, fi. avançarão com maior segurança_. até cou inteiramente comprovado que foi que as circunstâncias inte rnacionais obra dos próprios marxistas. lhes permitam um passo n,ais... Manobra psicológica Comenta-se publicamente que há mais de 30 mil cubanos ao sul do Tejo. Es~es cubanos. dizem, estão instalados cm cooperativas agrícolas e em creches. Fala-se ainda que a Rússia está descarregando armas ao norte do país. Também se diz que h5 cm Portugal muitos checos. espanhóis, chi· lcnos e uruguaios, ganhando bom or-

Entre os refugiados - ou retornados, como se diz em Portugal - há de tudo. Trata-se de uma enorme massa de gente, quase sem nenhuma convicção séria. que facilmente se deL~a conduzir por meia dúzia de promessas vagas. Só de Angola. há na Metrópole mais de 420 mil africanos, sem falar nos retornados dos demais territórios ultramarinos. Praticamente, todos os hotéis e pensões do país estão ocu pados por esses rcfugiarlos. Em Lisboa, não se cncon-

shos. Esse ícnómeno é velho como a T:ilvez esses ·'[or11111<lo res da opiniti(J própria humanidade e Volwire - que. piil1/ica ·· que controlam órgãos da embora fosse ímpio e ··filósofo" sogrande imprensa prefiram coloc,ir :1 fista era obsc rvador s<rgaz - dizia que bandcir;1 do anticomu nismo nas mãos ns prínc ipes governam o p:rís e a opi· de um soci,ll ista como Rcvel. do que ni5o pública governa os príncipes. O centro é, portanto. d<'cisiro. correr o risco de vê-1 3 cair cm mãos ele Nos países católicos. a iníluência da líderes anticomunistas au tên ticos. De outro modo, seria quase incomprcen· Igreja sobre esse cen tro decisivo é sível p,issarem desapercebidas acusa- enorme. não só cm r3zão do número ções tão graves - e quào verdadeiras ! de fiéis, mas fundamentalmente por - especialmente contra a grande im- motivos 1cológicos. sociais, culturais. de tradição. etc. Tal iníluência se exerprensa. ce mesmo cm países nos quais a Reliregimes estaliuistas. (... 1 A repressão gião católica não é majoritária. Nesse fascista não mais deveria servir para Centro decisivo sentido,é ilustra tiva a carta que Rooseescusar ou minimizar a repressão esta· e opinião católica vel t enviou ao Papa Pio XII , pouco anliuista. o que ocorre freqiíc11teme11te ·· Nos Estados Unidos. chama-se ce11- tes de os Estados Unidos entrarem na (... ) (destaque nosso). 1ro decisivo a grande massa que cons- guerra contra o EL,o, pedindo que o "ftfas tudo se passa. ao contrário, titui a opinião pública de um país. O Episcopado norte-americano exercesse como se a consciência moral entre os termo é sumamente expressivo e reílc- sua iníluência junto à opinião pública defensores ocidentais ela democracia só 1c com exatidão a realidade politico- do país. a fim de facilitar uma decisão dispusesse de 111110 dose fixa de i111/ig- ·Social dos tempos modernos, quer de do govcmo de Washington. 11ação. deixando de exercê-la contra o um país, quer do Ocidente cm geral. Os exemplos poderiam multiplicarC.lfalinismo. desde que soasse o 111i'ni· -se: '"Estendo a mão ,,os cristãos - deEssa grande massa nunca está imó1110 alerta contra os fascistas: para não vel. As minorias que exercem liderança clarou o sccrctãrio-ger;iJ do Partido dizer que essa i11dig111Jção quase nunca atuam sobre ela com o objetivo de Comunista francês. Ceorges Marchais, se exerce contra o estalinismo ··. atraí-la para seu lado. seja para o bem. na festa anual do órgão do Partido, Em um mundo tão pouco coerente seja para o mal. A maioria cost uma L. 'l/11111a11ité - . E:111rc eles há exploracomo este em que vivemos certamente reagir, mobili.zando-se ora num senti· dores e explorados. A estes digo: podepor ação dos mesmos ·tormadores de do. ora noutro, de acordo com a maior mos e devemos atuar juntos t'Ontra as opinião pública" denunciados no arti- ou menor eficácia dos polos de atra· ;11ju stiças. pelas liberdades e pela paz" go. declarações desse tipo são suficien- çào e com seus próprios pendores. que, (La Croix. 16-9-75). tes para trnnsíormar um Revel cm ver- cm certos casos, não passam de capri· O fim da manobra: marxistas no poder Marchais e Mitterrand - a aliança entre o PCF e o PSF tem sido uma constante. Os comunistas poderão subir ao ooder no estribo do carro socialista. Sistema capitalista e propriedade privada, cm geral. confundem-se na cabeça do homem comum. Segundo a doutrina social católica. o reconhecimento e defesa da propriedade privada é uma das condições básicas que fazem do capitalismo um sistema. em princípio, não oposto à doutrina da Igreja - embora, na ordem prática, com eventuais lacunas e abusos. Por isso, compreende-se que , para o homem comum, cm larga medida ambos os conceitos (capitalismo e propriedade privada) se identifiquem, embora não se confundam segundo a doutrina católica. <ladeiro campeão do ~nu icomunismo.

Conclrwio ,/11 pdgino J

''A tentação totalitária' '

1

Antico'Tlunistas depr~dam a sede do PC em Alcobaça tra um só lugar em ta.is estabelecimentos. Diante da opressão marxista, os Pastores se calam O marxismo penet ra em todos os campos, mas a infil tração é particularmente grave no meio eclesiástico. Na revista A Voz de ftitima figura o Menino Jesus num berço, cujo dcse,J10 1cm a aparência de urna foice e um martelo, sem faltar a estrela vermelha. O Episcopado está praticamente calado. Numa ou noutra ocasião, fez algum pronunciament0 - colflo no caso do aborto - destituído totalmente de significado prático, uma vez que não foi seguido de nenhuma medida concreta. Enquanto Portugal afunda nesse triste pã11tano. a única preocupação dos Pastores parece ser a de pregar a co11vi>'é11cia entre lodos os portugueses". •

Essa face ocultada de Portugal, tão bem descrita pela carta acima. cons· titui a negação de todos os valores

Percebe-se que para Revel estes conceitos estão dissociados completamente, porque o principio da propriedade privada - tão protubcrantementc contrário à doutrina dos socialistas - é "esquecido", minimalizado e colocado na penumbra. Esta posição, entrctan· to. procura ele evitar que se torne pa· tente para o leit,0r do artigo, criando uma ambigüidade em torno do assunto. Assim. a razão desta ambigüidadc parece-nos ser a seguin te : extinguir a prevenção com que o eleitorado católico encara a violação a.ntinatural do principio da propriedade privada praticada pelos socialistas e comunistas. La tc11tatio11 totaliraire procura atrair para o socialismo o voto dos católicos do centro decisivo. 1: na tural que os entusiastas dessa nova forma de socialismo desejem apoiá-la com seu voto. Nada mais lógico, pois, que votem no Partido Socialista francês. Entretanto, um detalhe que, para mais de um admirador do socialismo certamente passará desapercebido é que o " finlandizado" chefe do PSF, Mitterrand, será quem principalmente capitalizará esses votos. Mais. Mit terrand declarou. diversas vezes, que sua aliança com o Partido Comunista francês deverá permanecer intocável, pois considera este uma força que não pode ser ignorada. Dessa fonna, os comunistas chegariam ao poder. mais cedo ou mais tarde. montados no estribo do carro social ista. As eleições cantonais da França, realizadas em março último. revelaram um considerável aumento de votos. beneficiando o partido de Mitterrand, que alcançou 26,5 por cento dos sufrágios. Não terão iníluido nesse resultado manobras su tis como a do livro de Revel? Mesmo admitindo-se que a manobra de /.,a tenrarion totaliraire favorecesse eleitoralmente apenas os dissidentes socialistas de Jean-Jacques Scrvan Schrciber {diretor da revista L "Ex-

que fizeram sua grandeza. Ela constitui também uma afronta a Nossa Senhora de Fátima, que se dignou a aparecer em terras lusas e de lá transtn.ilir ao mundo a maior mensagem mariana de nosso século. Nela, a Santíssima Virgem pedia aos homens que orassem e fizessem penitência para afastar os castigos divinos. Infelizmente, o espetáculo que Portugal oferece al\lalmente ao mundo constitui o oposto desses pedidos de Nossa Senhora. Mas. poder-se-ia perg1111tar: não terão os portugueses saudades dos tempos de outrora? Não terão saudades dos guerreiros da gloriosa Reconquista contra os maometanos, dos intré· pidos navegadores, da epopéia criatia· nizadora que levaram a cabo cm terras longínquas? Filho dessa epopéia, o Brasil católico vela para que Nossa. Seniu>Fa de Fátima afaste do querido povo luso as trevas que hoje o envolvem. E roga para que se cumpra. quantt' antes em Portugal e em todo o mundo. a grande promessa feita pela Mãe de Deus. em 1917. na Cova da Iria: ·'Por fi111. 111e11 h11ac11l(lc/O Coração tri1111farâ ··1

press, encarregada de promover o livro de Jean François Revel, colaborador da mesma), é inegável que. no plano psicológico, todos os marxistas "mode rados" se beneficiam. Assim. obras como a de Rcvcl favorecem a ascensão ao poder de socialista.~ deste matiz, em prazo mais ou menos longo. Em suma. L.t, te111atio11 toralitairc con"tém algumas verdades OJ>Ortunas. Mas são ditas a serviço dessa grande mentira que é o socialismo ateu e anticristão.

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Lições da Revolução Francesa

Minoria intitulada ''povo'' chacinou a Princesa de Lamballe O "JULGAMENTO" e a chacina de Madame de Lamballe, durante os massacres de setembro de 1792, em Paris, constituem episódios simbólicos e ilustrativos que revelam os desvarios de uma pequena minoria revolucionária, apresentada como o "povo" que, segundo Robespierre, . . é. ')Jor . demais

..

111s10 para a/acar a 111oce11c10 . • •

MA TURBA vociferante e ululante cercava a prisão da Abadia, em Paris, naquele dia 3 de setembro de 1792. Berros, gritos estridentes, entremeados de obcenidades e apelos de "Mata1 Mata!", tornavam aquele conjunto de pessoas um monstro ameaçador e terrível. Como que animado por uma só vontade, aqueles indivíduos tinham um único objetivo: matar. E era a morte que se pedia em altos brados para uma prisioneira, que estava sendo '1ulgada" pelo "tribunal revolucionário". Era ela a Princesa de Lamballe, antiga superintendente da Casa da Rainha. Induzida pela imensa estima que devotava à soberana, llfadame de Lamballe regressara da Inglaterra, onde realizava um tratamento de saúde, para juntar-se à sua Rainha. Ela que, como dama de com,a,1hia, acompanhara Maria Antonieta na glória ele Versalhes, quis participar também de seu calvário. Sabia que estava arriscando a cabeça. Entretanto, mesmo assim, veio, e ei-la agora diante do "tribunal popular". Madame de Lamballc, jun1an1entc com outras damas da Corte, fora recolhida à prisão de La Force, acusada de estar envolvida em uma conspiração a favor da Família Real, supostamente conluiada com os austríacos e prussianos, que ameaçavam invadir a França. A conspiração leria sido a 10 de agosto, dia em que o populacho invadiu as Tulherias e levou prisioneiros o Rei, a Rainha e seus filhos. A princesa havia "atentado c-ontra o povo" e o "povo" lá estava, vociferando e insultando, prelibando a próxiJna orgia de sangue. Na realidade, a orgia começara já na véspi:ra e passaria para a História sob a denominação de "massacres de

U

Se1embro ".

A febre revolucionária estava alta e a turba - exasperada pela comuna robespierrista e pelos Comitês de Vigilância, de Marat - ansiava por mais sangue. • •

$<) fora da Abadia o clima era esse, dentro, na sala do "tribunal", ele não era mais tranqüilizado,. O que ali se via era espantoso: homens e mulheres, bêbados em grande parte, as mãos sujas de sangue. vociferavani, berravam, e seus gritos se misturavam aos genúdos das vítimas agonizantes. O cheiro de álcool, de fumo e de sangue empestava o ar. Era nessa atmosfera tenebrosa que se julgavam os prisioneiros.

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Realmente, lande çar a todo um poLamballe desmaiara ao entrar na savo a responsabilidade de atos cola e ver o aspecto metidos por alferoz dos "juízes". O arremedo de guns poucos é não tribunal iniciou o querer encarar a interrogatório asverdade dos fatos. sim que a Princesa Testemunhas da voltou a si. A inépoca relatam que feliz negou haver os massacres da tomado parte na Revolução foram suposta conspiralevados a cabo por ção de IOde agosum punhado de to e se recusou a indivíduos. jura r ódio ao Rei "L 'Ami des Pae à Realeza. triotes" aíirmava, Diante da atiem 1? de janeiro tude da acusada, o de 1791, que um "tribunal'' a conmilhar de pessoas denou sumariaimpunha sua vonmente e a lançou tade a cinqüenta às mãos do "poou sessenta mil vo". Aliás, sua outras, as quais, sorte já estava dedurante os morticínios, pem1anecidida antes mesciam trancadas em mo de ela ser trazida da prisão de suas oficinas, cm suas lojas, em seus IA Force. onde estivera até aquela escritórios. O insuspeito André manhã. Chenier, poeta rePouco antes do Marie-Thérêse·Louise de Savoie-Carignan, casada com o volucionário, esinício do julgaPrlncipe de Lamballe, e seu sogro, o Duque de Bourbon-Penth iêvre. crevia, na mesma mento, o "tribuépoca, que não nal " havia enviado mensageiros à Co1111111a para pedir entrar no pátio e passar a cabeça da concebia como outorgar os nomes instruções sobre o que fazer com a in- Princesa diante da ja,1ela da Rainha. augustos e sagrados de .. povo" e "naNão parou ai o sinistro "passeio". ção" a um vil amontoado de desorfeliz. Tendo-os ouvido, o prefeito Pétion expediu agentes para o me io da A história registra ainda o Pulais Royal. deiros que não representavam sequer turba com o fim de espaU1ar boatos as TuUierias e um convento como ten- a centésima parte da população. E sobre a pretensa participação da Prin- do sido visitados pela turba nesse dia. Madame Roland - a fanática gironcesa no caso da imaginária conspiração A trágica folia perdurou até às sete dina - deixou consignado em suas meda Corte. Assin1 é que, pelas 11 horas, horas da noite. Finalmente, abando- mórias: "As jornadas de Setembro fo isto é, uma hora antes do início da naram o corpo em um depósito de ram obra de um 1J11nhado de "1igres" sessão,já se ouviam gritos de "La Lam- material de construção; a cabeça foi embriagados ". balle! La Lamballe!", partidos da mul- levada para a secção Qui11ze-Vi11g1s. • • • t.idão. desaparecendo depois. Dias mais tarde, um grupo de massacradores foi à caixa Quem eram esses " 1igres embria• • do Comité de fiscalização da Comuna gados"? receber o pagamento prometido. Arthur Young - um inglês que À saída da Abadia, alguns massacraEis ai brevemente relatado o massa- viajou pela França durante a Revoludores, tendo visto Madame de Lam- cre de /11adame de Lamballe. Como balle, reconheceram-na como sendo a este, houve muitos outros na França ção - notava que a " 1•a11g11arda das insurreições era co11s1ir11ida por ladrões. cunhada do "rei dos assassinos", o Du- da Revolução. conde110dos a 1rabalhos forçados. gen· que de Orleans, alcunhado "Philipe te má de ioda espécie", Egalité". Este queria que ela morresse, • • • Segundo Le Bon, quem tinha um pois assim ele se tomaria o único herA história comum costuma lançar papel preponderante nas turbulâncias deiro da imensa fortuna do Duque de ao povo a autoria desses atos inqualifiera "um resíduo social sub••ersivo, doBourbon-Penthievre, sogro de ambos. Um dos assassinos fê-la voltar-se e, cáveis. A verdade é realmente esta, ou mi11ado por uma me111alidade crimicolocando-lhe a mão sobre a cabeça, será apenas mais um mito criado pela nosa; degenerados de Ioda espécie, alcoólatras. ladrões, mendigos, vagagritou aos demais: "Camaradas, es1a Revolução? Vejamos. bundos, desempregados", a muitos dos pelo1a precisa ser dil•idida ", Outro, O médico de /Yladame de Lamballe, quais ··o 1emor impede de serem cridos homens que a cercava (um barbeiro, tanibém tocador de tambor), Dr. Seiffert, tentou salvá-la, procuran- minosos en1 tempos normnis. ,nas que feriu a Princesa pouco abaixo do olho, do Robespierre. Este. cm resposta ao passam a pra1icar o crime logo que ao tentar tirar-lhe o chapéu com a pon- pedido de intercessão, disse que "o podem satisfazer sem perigo seus maus ta do sabre. O sangue jorrou. Dois povo é por demais jus10 para a1acar a instintos·: Era, enfim, escreve d'Almeras, o indiv íduos a seguraram pelos braços e i11océ11cia " . Seiffert dirigiu-se então à a obrigaram a andar sobre os cadá- Prefeitura. Pétion, o Prefeito. respon- populacho "invejoso. 11ivelador e a11àrveres das vítimas anteriormente "jul- deu que nada podia fazer, pois quem q11ico, des1r11idor das 1110is legi1imas. gadas" e '1ustiçadas". Um homem saiu administrava a justiça era o povo de das mais necessários superioridades". Como em toda revolução - diz do meio da turba ululante e tentou Paris e ele, Pétion, era seu prisioneiro. $<)iffert replicou que "alguns habi· Tainc - era a escória da sociedade defender a vítinia. Foi despedaçado. /llnles da Capital não era111 toda Paris!" que subia à superfície: "Nunca são Outros tiveran1 o mesmo fini. Desfecharani-lhe, então, por trás, O argumento não pesou no trágico vis1os: como os esquilos da [lores1a violenta paulada. Um jovem açouguei- desfecho, mas serviu para demonstrar 011 os ralos dos esgo1os, eles per111011ecem em suas tocas. Dai saem de ro cortou-lhe a cabeça com seu cutelo. uma situação. repen1e e, cm Paris, que f'w,ras! De Era por volta do meio-dia. onde saira111? Quem os !irou de seus A chusma revolucionária desfila com redulos 1enebrosos? Estrangeiros de • • • a cabeça de Madame de Lamballc, vários 110cio nalidades, ar1110dos de paus, O cadáver foi entregue, por duas depois de esquartejar seu corpo (Deta- esfallapados... 1111s quase 1111s, 0111ros horas, aos mais infames insultos do lhe de a!'ltiga gravura holandesa). bizarrame111e ves1idos... eis os chefes populacho. A finura e a distinção exou comparsas da rebelião, atrás dos cepcionais da vítima revoltavam o poquais o povo vai marchar". pulacho que assim se vingava. SeguiO povo, mas que povo? ram-se horrores inenarráveis. AbriramAos elementos recrutados nas calhe o ventre, arrancaram-lhe o coração, madas mais baixas da população espetaram a cabeça na ponta de uma assinala Le Bon - vêm juntar-se-, por lança. Alguém gritou: "Ao Templo!" via do contágio, uma multidão de ocioA chusma pôs-se, então, em marsos, de indiferentes, arrastados pelo mocha, alegre como se fosse carnaval, vimento. Vociferam e se insurgem, porpelas ruas da cidade, levando a cabeça que ali todos vociferam e todos se inde Madame de Lamballe na ponta da su.rgem. Não têm idéia do porquê dalança e arrastando seu corpo pelo chão. quilo. Envolvidos na turba, seu objeO exaltado cortejo dirigiu-se à prilivo é pilhar, massacrar, incendiar. são do Tem·pJo, onde queriam obrigar Sua indiferença pelos princípios e teoa Rainha Maria Antonieta - ali pririas é completa. sioneira - a oscular a cabeça ensanA essa turba sinistra são devidas as chacinas que ensangüentaram togüentada da aniiga. Após alguma discussão com os guardas, uma dúzia das as revoluções. Nos "massacres de '-etembro ", essa multidão de matade arruaceiros recebeu permissão para Madame

dores não contava mais de trezentas pessoas, havendo um certo número de malfeitores profissionais e o resto constituído por lojistas e artífices: sapateiros, serralheiros, ba,rbeiros, pe· drciros, etc...

t

essa a multidão, que - guiada pelos agitadores dos clubes e comilês revolucionários - invadia as assembléias e fazia as arruaças. Esse é o "povo soberano" das revoluções; o povo "demasiado j11s10 para a1acar 11 i11océ11cia ... de que falava Robespierre: o povo que 11ad1ni11istra 11a a justiça em Paris", contra o qual nada podia o

prefeito Pétion. • •

- E a grande maioria da população, o que fazia, então• Nada de especial. Procurava levar a vida de todos os dias. Algumas vezes assistia aos massacres; outras, nem sequer tomava conhecimento deles. Com efeito, a alguns quarteirões do local das chacinas ignorava-se tudo, como se se estivesse cm outra cidade. Madame de La Vignc Dampierre escrevia a 5 de setembro de 1792 - ou seja, no auge dos "massacres de Sc1c111/Jro .. que toda Paris, exceto na vizinhança das prisões, permanecia na maior tranqüilidade durante os massacres; as fi. sionomias não demonstravam emoção

alguma. Assim reagiam os espíritos durante os morticínios. Logo todos se acostumarani com os cor1ejos de condenados e as execuções em massa. Mesmo sob o Terror, algum tempo mais tarde, a vida continuava. apesar de tudo. Uma cidade de 800 mil habitantes não renuncia assim facilmente a seus hábitos! No dia seguinte às catástrofes, nada impedia os trabalhadores de irem a seu trabalho, os co· merciantcs a suas lojas, os cafés de reabrirem suas portas, as mulheres de saírem com suas 1oilc11es e os homens de IJ1es fazerem a corte... E tudo retomava seu curso normal. Afinal, - pensavam os homens CO· muns, para os quais os princípios pouco significavam na vida quotidiana, e que constituíam a maioria da população - a existência privada de cada um linha lã suas exigências! Não bastava já preocupar-se com a escassez do pão, o preço da manteiga, a saúde dos fi. lhos. o casamento das frlhas... ? Era preciso ainda preocupar-se com a "política"? - Pobre Madamc de Lamballc! terão murmurado alguns. Uma barbaridade o que fizeram com ela! - terão susurrado outros. Mas, convinham LO· dos, é preciso cada um cuidar de sua vida e, sobre1udo, evitar encrencas... •

Assim, enquanto a "11wioria silen· ciosa" - para usar uma expressão con-

temporânea - levava "sua vidaº , os "ligres embriagados" - açulados pelos agitadores dos clubes e dos comilês revolucionários - arrastavam a França para o abismo ... - Curioso: a História parece às vezes repetir-se ...

AFONSO JOSEFOVICl'f 7


Notídas das TFPs e entidades afins

A CONFUSA ATUALIDADE COLOMB..&...,L A Para 011de vai a Colômbia? é o título de um importante manifesto que a Sociedade Colombiana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade divulgou recentemente na valorosa nação innã. A respeito desse documento, esta folha entrevistou os Srs. Gilberto Posada e Antonio Borda, cooperadores da TFP colombiana, que estiveram de visita ao Brasil. Os dois jovens colombianos explicaram, inicialmente, o motivo da publicação do documento, bem como os objetivos visados:

"O manifesto desti11a-se a esclarecer a situação pofftico de nossa pátria afirmam os entrevistados. Nele a TFP demonstra que a Colômbia se e11contra, 11este momento. diante de um plano em vias de execução. que visa transfornu,r. simultânea e radicalme11te, quase todos os aspectos de sua esmaura jurídico-social. Ao lado desse plano e do alarido aturdidor de mudanças, reformas, etc., que se vêm fazendo, si111omas de desagregação moral e pofftica 110s fazem temer pelo futuro. A sanha cruel e amedrontadora das gue"ilhas comunistas voltou a se intensificar. A violé11cia e a delinqüência proliferam nos centros urbanos do pat's. De outro lado, o comunismo tem recebido facilidades para agir 110 esfera sindical ao ser reco11hecida oficialmente pelo atual governo a organização C.S. T. C., que é abertamente comunista e já começou seu trabalho de agitação. Se a tudo isto somamos os gravt'ssimos atentados contra a fam,1ia praticados com a apliCiJÇiÍO da lei do divórcio - que viola a lei divina e o direito 1u,t1iral - é de temer que, em futuro próximo e de maneira repe11tino, a fisionomia da Colômbia seja outra. Contudo, o que a TFP colombia1u, nu,is lamenta é que setores que tradicio11alme11te defenderam pri11ct'pios de ordem, 1u, Colômbia, se calam misteriosamente hoje em face desse processo de demolição que 11ossa pátria está sofrendo". Prosseguindo, os cooperadores da TFP colombiana assim descrevem a atitude da opinião pública de seu país diante do panorama descrito:

cujos acabamentos seus moradores gostariam de melhorar: 11t1UI janela aqui, unu, porta ali, um co"edor acolá... Mas quando se iniciam os trabalhos, o plallO de obras posto em execução parece conduzir, mais que a uma simples refonna, à destnlição do edifício existente, para substitui-lo por outro, sem que isto possa ser percebido claramente pelos moradores, em meio à poeira e ao banilho iniciais". Finalizando, os Srs. Gilberto Posada e Antonio Borda informam sobre a repercussão alcançada pelo documento:

"O manifesto foi publicado 110s oito jonu,is 11Uiis importantes do pat's com repercu.,sões em outros diários locais. Ainda hoje co11ti11ua111os recebendo inúmeras cartas e c/u,11u,das telefônia,s de pessoas interessadas em conhecer t1Uiis de perto nossa posição. Todas elas, bem como a opinião pública colombia1u, em geral, têm recebido de nossa parte a afirmação de que a Colômbia deve e pode conciliar com sabedoria, firmeza de rnmos e audácia de perspectivas, a tradição e o progresso, nas vias benditas da Civilização Cristã".

"Covadonga" em ação na Espanha A Sociedade Cultural Covadonga encerrou a 18 de abril sua V Semana Especializada para a Formação Anticomunista - SEFAC - com a participação de jovens colaboradores de Madrid, Zaragoza, Salamanca e Barcelona. O encontro realizou-se no histórico castelo de Guadamur (século XIV), nas cercanias de Toledo. As conferências versaram sobre a ameaça comunista que atualmente pesa sobre a Europa e outros assuntos ligados ao tema geral: "Espanha, o passado da Cristan-

dade espera teu heroísmo cristão''. Fundada em Madrid, em 1971, por um grupo de universitários, a Sociedade Cultural Covadonga vem encontrando notável repercussão e receptividade no público espanhol, de modo particular na juventude. Na qualidade de "defensora dos

pri11cipios imutáveis da civilização cristã e das tradições hispânicas contra o trabalho co"osivo do socialismo e a investida bnual do comunismo", a ensistem geralmente na difusão de publicações doutrinárias, em contato direto com o público, bem como através de pronunciamentos pela imprensa. Constituída de jovens e preocupada com os problemas da juventude, "Covado11ga" lançou, cm 1973, uma campanha de esclarecimento anti-hippie, demonstrando que o permissivismo moral degrada o povo e serve de caldo de cultura para o comunismo. Alcançou grande repercussão a carta aberta que a Sociedade Cultural Covadonga enviou ao Emmo. Sr. Cardeal D. Vicente Enrique y Tarancón, Presidente da Conferência Episcopal Espanhola, em 1974. Em vista de declarações da Presidente da Ação Católica Espanhola que admitiu a possibilidade de socialistas ingressarem nessa associação, "Covodonga" pediu ao Cardeal de Madrid explicações so-

No centro de Toledo, sócios e cooperadores da Sociedade Cultural Covadonga divulgam obras anticomunistas.

face à polt'tica do Vaticano de apro- opúsculo "Breve relato do que se pasximação com os pot'ses comtmistos: re- sou em Fátima quando Nossa Se11horr. sistir 011 omitir-se?" O documento apareceu", tendo, para isto, as caraobteve calorosa acoU1ida não só por parte do público madrilenho, como também das populações de províncias. Esgotaram-se sucessivan1ente 26 edições desse manifesto, num total de 300 mil exemplares, além de sua transcrição em importantes órgãos da imprensa, cm todo o país. Recentemente, ··covadonga" divulgou mais de 25 mil exemplares do

vanas de cooperadores viajado tan1bém por diversas provfncias espanholas. A crescente iníluência da Sociedade Cultural Covadonga mostra que a Espanha, apesar dos conturbados dias que atravessa atualmente, ainda conserva filões preciosos e cheios de vitalidade dos santos e heróis da Reconquista, enfun, dos verdadeiros católicos, que fizeram a grandeza do país.

PRO LIBERTATE: VIA SACRA PELAS NACÕES CATIVAS • "O COMUNISMO É, para as nações dois turiferários e 14 cooperadores da que domina, um açoite terrivel que as TFP com os estandartes da entidade flagela. Para as nações livres. co11;·tirui tarjados de roxo. Após reverenciar o Crucificado, pronunciavant as orações vez 11u,is agressiva, de tal modo que próprias da estação da Via Sacra que não há pais 110 mundo de hoje que se contemplavam. O Coro São Pio X, da TFP, entoou possa dizer afastado do perigo co111i,11ista" - afirmou o Sr. Caio Vidigal peças sacras próprias da Semana San ta, Xavier da Silveira, Presidente do Comi- e um clarim da Polícia Militar executê Pró Liberdade das Nações Cativas tou o toque de silêncio, após a 12~ Es(PRO LIBERTATE), no encerramento tação, na qual se medita a morte de da Via Sacro rezada no auditório da Nosso Senhor Jesus Cristo na Cruz. Após a Via Sacra, o Presidente do TFP, à rua Martinico Prado n? 246,. pelos representantes dos povos sub- PRO LIBERTATE, Sr. Caio Vidigal Xavier da Silveira, dirigiu a palavra aos jugados. Com suas bandeiras nacionais tarja- presentes, frisando a gravidade do modas de roxo, e trajes típicos, estavam mento presente. "Não sera fácil presentes representantes da Albânia, disse - o caminho dos que verdadeiAngola, Bielorrússia , China, Coréia, ramente querem e11fre11tar os dias do Croácia, Estônia, Hungria, Letônia, Li- futuro próximo. Também agora, como tuânia, Polônia, Rússia, Tchecoslová- 110s tempos da li Guerra 1H1111dial, sangue, suor e lágrimas é o que aguarda quia e Ucrânia. As orações de cada estação da Via os que resistem à vaga totalitária que Sacra foram recitadas no próprio idio- nUJis uma vez tenta avassalar a Civima, por uma delegação de cada uma lização Cristã. das nações cativas, contendo urna súQue o Sangue preciost'ssimo de Nosplica para que cesse, na face da terra, a escravidão comunista. Foram lembradas as invocações marianas trad icionais naqueles povos, bem como os heróis nacionais que se distinguiram na luta contra o comunismo. Os russos suplicaram a intercessão de Nossa Senhora de Wladmir; os polonescs, de Nossa Senhora de Chestochowa; os lituanos, de Nossa Senhora da Porta da Aurora; os angolanos, de Nossa Senhora das Dores. Os húngaros, lembrando a devoção milenar de seu povo à Santíssima Virgem, suplicaram que o sacrifício do Cardeal Mindszenty constitua

uma ameaça sempre crescente e cada

"Para ilustrar a situação psicológica em que se encontram milhões de colombianos, poder-se-ia dizer que nos- tidade realizou diversas campanhas de sa pátria se parece com um edifício,. âmbito nacional. Tais campanhas con-

Gilberto Posada e Antonio Borda falam sobre o incisivo e oportuno manifesto da TFP colombiana.

bre o assunto. Tendo cm vista a evasiva resposta enviada pelo alto Prelado, a entidade remeteu nova carta aberta a todo o Episcopado, pedindo um urgente: esclarecimento sobre o problema, que estava trazendo profunda confusão na consciência dos fiéis. Infelizmente, esta solicitação da entidade fi. cou sem resposta, mas teve o mérito de alertar os espíritos para o perigo de uma infiltração socialista em associações religiosas. Em virtude dessa atuação, a Sociedade Culiural Covadonga recebeu grande número de manifestações de apoio tanto do Clero, quanto do laicato católico. A campanha de maior amplitude da entidade desenvolveu-se em 1974, quando seus colaboradores organizaram-se em caravanas de férias, a fim de percorrer quase todas as regiões da Espanha, divulgando o manifesto: "Em

so Senhor Jesus Cristo, de"amado desde o /iorro das Oliveiras até o alto da Cruz, e as lágrimas de Maria, 110s movam a aceitar co,110 heróis a luta que nos é imposta", concluiu. A deputada estadual Dulce Salles Cunha Braga, convidada a dizer algumas palavras de encerramento, acentuou a beleza da ··significativa e oport111u," cerimônia promovida pelo PRO LIBERTATE, bem como o fato de todas as orações a Jesus Crucificado serem feitas através de Maria S«ntissima; Medianeira de todas as graças. Lembrou a existência do Oratório da Imaculada Conceição, vítima dos terroristas, que a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade (TFP) possui à rua Martim Francisco n? 665, fris:mdo a coragem dos membros dessa entidade. Concluutdo, voltou-se para a in1agem de Nosso Senhor Crucificado, a Quem dirigiu uma ardorosa oração pedindo a libertação de todas as nações escravizadas pelo comunismo internacional.

"unu, fonte de alento, força e esperança invenct'vel" para a Hungria e as demais nações cativas. Os croatas, que contemplaram a quin ta estação, na qual Simão Cireneu ajuda Nosso Senhor a carregar a Cruz, lembraram o Cardeal Stepinac e pediram forças "pa-

ro lutar até a vitória do Imaculado Coração de Maria 110 Croácia e em todo o m1111do''.

Sangue, suor e lágrimas As delegações das nações cativas aproximavam-se, em ordem alfabética, de um grande crucifixo ladeado por

Representantes das nações cativas rezaram uma oração em cada Estação da Via Sacra. Na loto, os checos.


NP 306 - junho de 1976 -

ano XXVl

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

''A RÚSSIA ESPAL SEUS ERROS PELO MUNDO ... '' 27 Estados sob notóri a

influência marxista: EUROPA

EUROPA

Albânia Alemanha Oriental Bulgária Hungria

Áustria Finlândia Portugal Suécia

Iugoslávia (compreende 6 Nações)

ÁSIA Afganistão Bangladesh Iraque Sri Lanka (Ceilão)

Polõnia Romênia

T checoslov áQu ia (compreendt 2 Nações) OCEM<O

URSS (compreende 15 Nações da Europa e da Ásia)

ÁFRICA Argélia Benin (Daomé) Cabo Verde (ilhas) Congo Guiné-Bissau Guiné Equatorial Líbia Madagáscar Mali Nigéria

ÁSIA Cambodge China [compreende 4 Nações) Coréia do Norte lêmen do Sul Laos Mongolia V ietnã do Norte Vietnã do Sul

República Centro-Africana São Tomé e Príncipe (ilhas)

ÁFRICA Angola Guiné Moçambique Somália

.:~•.•:·;-~···· --~ •: ;:: :.-:!. , ...·;: ..... '..~--·.·.,..:··

AMl:RICAS

• Em1do,,. ~ not--0:ri, 1nflu6nçf~ n'Ul{xi11;,

Serra Leoa Sudão Tanzânia Uganda Zâmbia AMl:RICAS Guiana Panamá

Cuba

O comunismo domina 45 nações, onde vivem um bilhão e 500 milhões de pessoas - mais de um terço da população da terra - e uma área de cerca de 40 milhões de quilômetros quadrados, correspondente a quase cinco vezes o território brasi leiro. Outros 27 Estados estão sob notória influência marxista. Como foi possível aos vermelhos obter esse resu ltado) Eles atraem pela persuasão ou escravizam as multidões?

O leitor não terá dificuldade em formar um ju ízo a respeito, ao ler o breve histórico do modo pelo qual o comunismo se implantou e se manteve na Rússia até hoje (página 4, 5 e 6). A avalanche·marxista desaba sobre o globo. Cumpre-se assim a primeira parte da mensagem de Fátima: "A Rússia espa lhará seus erros pelo mundo... " Isto não quer dizer que fatalmente todas as nações serão conquistadas pelo comunismo, sendo, portanto,

inútil resistir-lhe. Pelo contrár[o, sempre que se lhe opõe uma resistência séria e bem dirigida, o comunismo sai derrotado. A História nos oferece três exemplos bem significativos: Espanha (1936-39), Brasil (1964) e Chile ( 1973). Ademais, como católicos, devemos enfrentar o inimi· go com a certeza da vitória, confiantes no cumprimento da promessa de Nossa Senhora, em Fátima: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!"

DEMOCRACIA CRISTA Milagre de São Januário eterremoto na Itália

Soterrada durante 56 horas, esta mulher (foto) ainda foi encontrada com vida em Gemona, Udine, região norte da Itália, abalada por forte terremoto. Menos de uma semana antes, em Nápoles, o milagre do sangue de São Januário não se realizou, o que é aviso de calamidades próx imas. · Terá sido o terremoto o desastre prenunciado? Ou sobrevirá tragédia maior para a península itál ica? Na página 7, o leitor encontrará o relato do martírio do Padroeiro de Nápoles e da milagrosa liqüefação de seu sangue, bem éomo possíveis correlações com o abàlo sísmico de maio.

A maior tolice ? ou a maior traição da História? Em junho, todas as atenções vo ltaram-se para a Itália: ela rolaria ou não para o abismo comun ista? O perigo vermelho cresceu a tal ponto que a possibilidade de os comun istas participarem do gover!).0 tornou-se a grande preocupação dos católicos de todo o mundo. Como pode isso acontecer num país cató· l ico que abriga a sede do Papado? Que julgamento fazer dos pronunciamentos eclesiásticos anteriores às eleições? A Democracia Cristã - cujo fracasso no combate ao comunismo ficou patente - foi a maior tolice da História? Ou a maior traição? Na página 3, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira discorre sobre o assunto, com sua habitual penetração e clarividência. Ao lado, foto de recente comício do PC italiano.


Centrismo faccioso

e ''distensão'' agressiva .

Q

UANDO O PRESENTE número de "Catolicismo" estiver circulando, já serão conhecidos os resultados das eleições italianas. e já estarão ao ai· cance do público os elementos para responder à5 perguntas suscitadas pela grande espectativa criada em tomo do assunto. Tal espectativa de sobejo se justifica: as circuns tâncias presentes da política internacional conferem aos acontecimentos italianos um destaque a uma imporÍância tais, que seus resultados podem pesar consideravelmente - e nosso povo inteligente e perspicaz tem disso clara noção - sobre o futuro de nos...a civilização: no continente europeu, m~is imediatamente, mas também em todo o mundo livre. Em que sentido esses acontecimentos nos afetam? Como podem eles ser interpretados à vista dos antecedentes que os condicionam, dos fatos que os caracterizam e das perspectivas que começam a se abrir - por vezes de modo velado ao longo do debate político e da campanha eleitoral? Como pode o observador desembaraçar-se dos aspectos propagandísticos e desnorteantes do noticiário para julgar em profundidade os acontecimentos?· IÔ do que pretendemos tratar neste artigo com o intuito de oferecer aos leitores algumas reflexões que lhes possam ser (1teis para fazerem o próprio juízo sobre os fatos que presenciam. A atenção do público ocidental dirige-se - com justa razão - para o resultado numérico do pleito. Ele tem, em si mesmo, enorme significado: uma eventual vitória do Partido Comunista italiano poderia trazer. a breve prazo, as mais trágicas conseqüências para a Itália e para a Europa. Entretanto, ainda que o PCI. sofra um revés nas umas, se forem permitidas à esquerda determinadas manobras políticas, o mesmo desastre poderia produzir-se em prazo um pouco maior. Merecem também menção, neste panorãmico retrospecto da política internacional, o papel desempenhado pela política de "moderação" ou de centrismo faccioso aplicada em Portugal e na Espanha. E, finalmente, o conce ito de "distensão", como ele é entendido pela mentalidade despótica dos chefes soviéticos.

nista? A famosa política de "abertura à esquerda" criada pela DC não se fun· da neste pressuposto? Então como pode esta agremiação política fazer tais A análise do panorama pré-eleitoral afirmações sem romper com seu desasitaliano nos fornece interessantes elo- troso passado, ele próprio responsável mentos para uma reflexão sobre ·esse pela situação que agora lamenta? tema. · Há ainda outro aspecto da questão, Aberta a campanha eleitoral, fomos de enorme importância, a considerar: surpreen~idos por súbita, inesperada e, bastou uma leve freiada da Democrapof muitos lados, ambígua rotação da cia Cristã, discreta e confúsa, para que DC italiana. Este partido, que de há o panorama político italiano apresente muito vinha assumindo uma posição de sinais de rotação desfavoráveis à escentro-esquerda, cujos hábitos foram querda. A vitória comunista admitida invariavelmente de buscar alianças com como probabilíssima - senão certa, a ~squerda, denuncia agora, sem rene- segundo alguns observadores - corrogar seu passado, a il)lpossibi.Jidade des- borada por pesquisas de opinião, cose conlui.o meçou a ser desmentida. Novas "pesO secretário-geral do PC! propusera quisas" já apontam resultados desfavoaos demais partidos a fom1ação de uma ráveis aos comunistas e vozes autorizacoligação de emergência com a parti- das começan1 a soprar na mesma direcipação dos comunistas para governar ção. a ltálfa, apôs o pleito eleitoral. A resA serem objetivas tais informações, posta da DC apresentada por seu secre- o fato é altamente significativo porque tário-geral Benigno Zaccagnini, assegu- esclarece um traço obscuro do quadro rava que o partido nunca aceitará fazer político-ideológico da Itália. Muitos parte de um governo de coligação, co- observadores consideram que o PCI mo o proposto pelos comunistas, qual- conta com um eleitorado relativamente quer que seja o resultado das eleições. pequeno, mas que o número decisivo O que mais surpreende porém, são de votos lhes vem de católicos, cuja as razões apresentadas: Zaccagnini re- orientação democrata-cristã, bafejada conhece como inconcebível, que o PC pelo Clero progressista, os leva a votar se desvie de um caminho traçado pelo no comunismo. Isso explicaria como, marxismo-leninismo, o qual, continua mesmo. através de advertências, parecia a ser a base de sua ideologia. Esta ati - estar subtraindo eleitores ao PCí. tude importa numa negação da trajetória histórica da Democracia Cristã, pois o pressuposto de sua política sem- O papel da Hierarquia pre foi, como bem mostra o Prof. Pli · Católica italiana nio Corrêa de Oliveira no artigo Não se Também inesperados foran1 os proconverteram, avançaram, publicado nesta edição - de acreditar que por nunciamentos eclesiásticos. Por ocasião da )UI Assembléia Geforça de um trato amigável a esquerda ral da Conferência Episcopal Italiana, se abrandaria, sendo possível estabelecer um acordo com ela. Se isto vale seu presidente, o Cardeal Antonio Pompara a esquerda de matiz socialista, por rna declarou: "Os católicos que dispu· que não valeria para a de matiz comu- tarem as próximas eleições parlame11-

Serão realmente comunistas os eleitores do PCI?

Fanfani e Zaccagnini Dois atores que desempenham seu papel dentro da DC italiana : o da "direita" e o da esquerda

tares italia11as em chapas do PC correm o risco de serem excomu11gados''. Paulo VI, segunêlo notícias da imprensa, dirigindo-se cm 2 1 de maio a 230 Bispos italianos, na sala do Sínodo, só indiretamente exortou:os católicos a não votar no comunismo, limitando-se a fazer uma referência a ele como ''movin1e11to co,n unta constan·

te a11tireligioso que acaba por ser anti· humano''. Como observa, no artigo acima referido, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, parece não se encontrar em toda a história do comunismo "uma só atitude

do Magistério eclesiástico tão pouco categórica e eficiente em relação a este supremo i11imigo da Igreja': Arias Navarro discursa perante as Cortes E a afinnação de que "pecam mor- O 19 Ministro espanhol é um dos homens-símbolo do centrismo faccioso talmente os católicos que votam em chapas do Partido Comunista" - a qual • os fmtos de sua política "independen-

apenas constata um fato evidente não consta cte um ato do Magistério eclesiástico, mas figu ra apenas num jornal, que nem constitui órgão oficial do Vaticano, mas é apenas oficioso o Osservatore dei/a Dome11ica - em sua edição de 30 de maio. Por que tal atitude não foi tomada, mediante pronuncian1ento oficial da Hierarquia, ou melhor ainda, algum documento do Magistério eclesiástico? Como se vê, não se depreende das atitudes assumidas pelas autoridades eclesiásticas a disposição de empreender uma campanha organizada,· sistemática e eficaz contra o comunismo. Esta campanha se desenvolveria princi· paimente através da denúncia, clara e categórica-, do verdadeiro mal - mais perigoso porque disfarçado - e enquanto tal impune: o progressismo católico e as correntes ditas centristas ou "moderadas'' que, na realidade, fa. zem o jogo da esquerda. Se isso não se fizer, mesmo que o PCI saia derrotado nas umas, a pol ítica do colaboracionismo centrista ou do cen Irismo faccioso - que, de um modo sutil, conduz o carro político sempr~ mais à esquerda - poderá conduzir a Itália para o abismo.

A política da "moderação" serve à esquerda, em Portugal e Espanha As reflexões que aqui vimos fazendo, tomam maior significado e atualidade tendo em vista que a política de moderação centrista vem obtendo bons resultados em favor da esquerda em outras nações européias. As ele ições legislativas portuguesas, realizadas no dia 25 de abril, apresentaran1 resultado favorável ao Partido Socialista de Mário Soares. O PS obteve 34,97% dos votos, vindo .em segundo lugar o Partido Popular (PPD) com 24,05%, o Centro Democrático Social (CDS) com I S,91%, o Partido Comunista Português (PCP) com 14,56% e a União Democrática Popular (UDP) com 1,69%. Os demais partidos não alcançaram 1%. O partido de Mário Soares, para estas eleições não descurou de apresentar-se como an ticomunista e centrar nisso sua propaganda, embora se confesse abertamente "de inspiração mar-

xista·'.

prirniu sua confiança cm Mário Soares admitindo que, se eleito, o designará para o cargo de primeiro-ministro. Enquanto vai sendo montada assim, ao que parece. a encenação da 3a. força moderada para a marcha "progressiva" do comunismo em Portugal, vão se definindo as demais candidaturas e abre-se a campanl,a eleitoral. Mário Soares, por ou tro lado, adota o leit-motiv do comunismo italiano, tipo llcrlinguer: defende uma linha independente para Portugal, assegura o "tradicional rela·

cio11amento cem os Estados Unidos" e expõe-se às invc~tivas do descabelado líder comunista Alvaro Cunhal, o que vem reforçar sua falsa imagem de anti· comunista. Essa pirue ta do centrismo cm Portugal parece entusiasmar os centristas espanhóis, que respiraram aliviados com o resultado do pleito português de 25 de abril: Tomaram-no como se ele os vacinasse contra a ameaça comunista. no momento em que se ati·

ran1 no perigoso caminJ10 das reformas, dentre as quais figura a concessão de ampla liberdade para a atuação das esquerd.as. Tais refonnas foran1 anunciadas pelo primeiro-minis tro Arias Navarro, cujo pronunciamento foi considera.d o "moderado" e tranqüilizou muitos centristas, que viram na orquestrada indignação dos esquerdistas uma razão a mais para a confiança. Na França, o Partido Comunista Francês (PCF) prepara-se para coU,er

'

último não ocorreu o milagre de São Januário. Por que?, , apresentado neste número de Catolicismo.

A agressiva "distensão" soviética Um outro aspecto da ofensiva co, munis ta l)lundial merece nossa especial atenção: Considere agora, o leitor, a notícia abaixo publicada num matutino paulista de larga difusão:

Podgorny

incentiva lutas na África

Podgorny

Machcl

"A luta am1ada pela libertação não é incompatível com a política de suavizar as tensões [. .. ) Não ocultcri1os o fato de que vemos a distensão como uma fonna de criar condições favoráveis para a construção pacífica do comunismo e do socialismo". Foi o que declarou ontem o presidente Nikolai Podgomy durante coquetel oferecido ao presidente San1ora Machel de Moçambique [... ) Podgomy disse ainda que o movimento de libertação nacional na África obteve vitórias, mas que a luta ainda não terminou. "A ajuda a essa luta é um dos princípios básicos da política externa da União Soviética. Associe o leitor esta notícia à declaração feita pouco depois pelo Secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger em Oslo., onde se reuniram representantes das nações-membros da NATO: "O poderio militar soviético é muito superior às necessidades de defesa". Kissinger admitiu ainda o perigo de a Rússia sentir-se "tentada a fazer uso de seu poderio militar para dominar o mundo", mas reafirn1ou que a política de distensão entre.os dois blocos deve ser mantida (sic) (destaque nosso).

Para concorrer às eleições presidenciais do próximo dia 27 de j unho; o PPD, partido considerado antimarxista, apresentou seu candidato - o general RamaUio Eanes, chefe do Estado-Maior do Exército, que logo obteve o apoio do Partido Socialista, e do Centro Democrático Social (CDS). Soares - que estã sendo visto por muitos como um possível Salvador Esta declaração deixa entrever o poAUende português - apressou-se · em declarar que o gene ral Eanes, apesar der norte-an1cricano vacilando ante de sua reputação de conservador, "i11· uma Rússia sempre mais annada e terpreta a nova Co11stituição do pais, agressiva e que não mais oculta seus promovendo o socialismo e o poder desígnios. Esta situação, entretanto, operário (poder-se-ia ler ditadura do já não encontra a inconformidade e a proletariado) de maneira progressiva ''. indignação que seriam de se esperar, Por sua vez, o candidato do PPD ex-

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te", acentuando a P.ropaganda no estilo Berli~gucr.. O sccretãrio do PCF, George Marclíais, passa agora a defender farisaican1cnte teses caras até aos tradicionalistas e anticomunistas, renovando as críticas ao PC russo. Diante do quadro descrito, terá grande influência o rumo que tomarem os acontecimentos.políticos italianos. Conforme o caso, a civilização ocidental poderá tremer, como tremeu a terra nas vésperas dessas eleições, atra, vés de sucessivos abalos sísmicos, cujo epicen tro foi precisamente o território italiano. Há quem veja nisso um aviso da Providência ou um castigo de Deus. O fato reveste-se de especial significado, em vista do milagre do sangue de São Januário que, no último mês de maio, não se liquefez. O leitor encontrará preciosa matéria para reflexão sobre este te~1a no artigo Em maio

ante a gravidade da ameaça que pesa sobre nossas cabeças. É neste fundo de quadro que se inserem os acontecimentos que se desenrolam na Itália e nos demais países da Europa Ocidental.

ARNÓBIO GLAVAN


ão se converteram, avançaram Plinio Corrêa de Oliveira •

· 1 - INTR_ODUÇÃO • • 1) Próx,imas eleições na Itália: grave risco · de os comunistas ascenderem ao

poder.

2) Co,rn.o pôde a gloriosa península chegar a tal 'situação? . 3) Cansa mais atuante e pro(unda: a Democracia-Gristã,

li -<~UPOSTOS IJ>A DC 1) O nazi.fascismo excedeu•se na re. pteSSio ao comunismo. Vencido o Eixo, $11~·-a solução "sagaz" da DC. · · 2) Os comunistas erani agressivos só por auto-.defesa.

111 -A TÁTICA' DA DC . · 1) Desmobilizar psicologicamente os i:omuri.istas, com so,risos e concessôes, tanto no •campo intemactonal, como in· . lé;namente, nas naç.õe~ capjtalistas. i), A "politique de la, main tendtre": - liberdade le_w ·para os PCs; - eliminação elo anticomunismo mil~ t~e; . . f - polêmica, não; diálogo, sim. 3) A prosperidade econõmíca faria o resto.~ · 4) O pess~mo a·serv\ço do comunisDl.Ol initar os comunistas, ,resistindo-lhes, seria provocar a guerra , tetmo-nuclear.

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IV - OS RESULTADOS Após 30,an.os de concessões dem0:eristàs, 'feitas para comover os comunistas. es• ,tes re-~ponderam cóm ameaças, agressões, ávan'ços e conquis!as: a) na Ásia, o Eixo l'iloscou-Pequim•domina; 6) a Oce_ania periga; e) na Europ,a, Portugal, Frànça e ítáfia i;õrrem sério risco; d) a África quase toda já caiu; e) na ~niérjca Latin~; fentat)vas de dominação por ·t!>da à parte; '!} na lgreja Católica, infl.ltração &!lneralizadà; nas putns,igrejas, nem se fala.

V - JIJtZ-0 A· RE$PEIT0 DA DC A maior tolice da l;list6ria? ou a n;iaior traição?

O PRÓXIMO Mês de junho, a llália terá eleições gerais, nas quais serão contendores, com perspectivas de êxito talve·z iguais ou quase iguais, a Democracia-Cristã e o Partido Comunista. Isto importa em dizer que, não obstante os pronunciamentos do Cardeal Pomma, Presidente da Conferência Episcopal Italiana, da própria' CEI, e até mesmo de Paulo VI,. possivelmente terá acesso ao governo italiano uma equipe po1/tica da qual os comunistas participem. E como é sumamente difícil e arriscado desalojar do poder governantes comunistas, sem o emprego da força - o recente exemplo de Portugal que o diga - a conseqüência é que se a Itália não aceitar de sucumbir definilivamente no comunismo, poderá se encontrar, dentro de algum tempo, diante da eventualidade·de uma guerra civil de fundo ideológico: comunistas de um lado, anticomunistas de outro. Das duas perspectivas, não é esta a pior. Pois mais terrível ainda será os comunistas se apoderarem de uma ve1, por todas do governo italiano, sem que nem sequer a força consiga extirpá-los. Nesta última hipótese, teremos o ocaso da Itália, com tudo quanto isto representa aos olhos dos homens para os quais Fé, cultura e civilização não são palavras vãs. Antes de e·ntrar na análise do quadro que assim se abre aos nossos olhos, não posso deixar de acrescentar uma palavra sobre os pronuncia, mentos das altas autoridades eclesiásticas a que .me referi pouco acima.

N

Creio não haver em toda a história do comunismo uma só atitude do Magistério eclesiástico tão pouco categórica e eficiente em relação a este supremo inimigo da Igreja. De sorte que, se o comunismo for derrotado nas próximas eleições italianas, será uma prova do prestígio da lgreja. Mas, neste caso, se deverá dizer que a derrota só não terá sido muito maior em razão do uso desconcertantemente parcimonioso que o Vaticano e o Episcopado italiano terão feito desse prestígio. E se o comunismo sair vito, rioso, poder-se-á apontar nessa mesma parcimônia a desconcertante causa da vitória dos vermelhos.

- Como pôde chegar a tal situação a gloriosa península? A pergunta não tem um mero interesse histórico. Para todos os países que se encontrem em tal contingência, ela imporia nesta outra: o que fazer, e o que evitar para não nos acharmos em tão trágica situação' O tema é vasto. E sobretudo é complexo. Tentarei lraçar-lhe as linhas gerais.

A causa mais aruante e profunda desse mal está na Democracia-Cristã, considerada enquanto foco de ce rto espírito, defensora de certo programa e preconizadora de certas técnicas, fa, ce a seu adversário. Esse adversário é precisamente o comunismo. Contra ele, a Alemanha nazista e a Itália fascis· ta haviam organizado repressões que, especialmente a primeira, tinha levado a um auge verdadeiramente condenável. Vencidas as potências do Eixo, punha-se para a Europa Ocidental um problema: sem cair em tais excessos, como combater os Partidos Comunistas, tomados mais audaciosos do que nunca com o imenso avanço obtido pela Rússia na Europa Oriental? Dividiran1-se as opiniões. E enquanto alguns consideravam que era preciso opor ameaça a ameaça, e eventual.mente força a força, ou tros tendian1 para uma solução que apregoavam como original, sagaz e humana. Nascia assin1 a Democracia-Cristã. O pressuposto mais fundamental do espirito demo-cristão é que só os nazistas e eis fascistas foram concebidos no pecado original. Portanto, só contra eles se justifica o emprego de todas as severidades, quando não de todas as violências. O restante da humanidade lhes parece concebido sem pecado original. Inclusive os comunistas. Diante desse fundo de quadro surgia, logo no apôs-guerra, uma qu~stão. - Como podian1 estes últimos ser tão despóticos, tão cruéis, tão agressivos? Para esta pergunta, saltava, rápida e desinibida, a resposta da Democracia-Cristã nascente. !, que os comunistas haviam sido maltratados pelas nações do Ocidente. Ressentidos, sobressaltados, eles se preparavam para a vindita Para manter a paz do mundo, a cond.ição primordial sem a qual nenhuma outra seria verdadeiramente eficaz, era a desmobilização ,psicológica de russos e chineses, por meio de provas de cordura, generosidade e até confiança. Essa máxima se desêlobrava em conseqüências, tanto no campo da política internacional, como no das relações com os partidos comunistas, legal ou clandestinamente existentes nas nações capitalistas. Como se vê, o estado de espírito democrata-cristão era fundamentalmente pacifista, seu programa era conquistár o adversário por meio de concessões. Sua política habitual consistia em acumular umas concessões sobre as outras, até que chegasse um momento em que os comunistas, emocionados, contritos, enternecidos, se atirassem aos braços dos não-comunistas, num grande an1plexo de paz.

Na política interna das nações não-comunistas, era preci~o eliminar inteiramente o anticomunismo militante. Comunistas e não-comunistas passariam a viver então em regime de coexistência pacíficà, sob o signo da "politiquc de la main tendue". As diferenças de doutrina entre uns e outros já não seriam tratadas cm tennos de polêmica, mas de diálogo. A fim de não endurecer os comunistas em suas velhas posições combativas, cumpria dar-lhes toda a liberdade legal. O ímpeto' comunista, tomado menos fu. rioso por esse tratamento cordial, morreria aos poucos sob o influxo da prosperidade econômica obtida no após-guerra. Pois ao otimismo demo-cristão parecia indiscutível que o comunismo era mero fruto da pobreza. Eliminada esta, ele expiraria por falta de ambiente propício.

VOTAÇÃO COMUNISTA NAS ELEIÇÕES REGIONAIS DE JUNHO DE 1975

e digno de nota como o otin1ismo domina todas essas concepções. Porém, não era só de otimismo que consistia a mentalidade demo-cristã. Tinha ela tan1bém, e paradoxalmente, um aspecto profundamente pessimista, que se revelava no tocante ao perigo da guerra termo-nuclear. Os democrata-cristãos só viam o perigo atô· mico nas suas cores mais sinistras, quando não ·novelescas. A tragédia atômica se lhes afigurava iminente a todo momento. E qualquer resistência· aos comunistas, causa direta de guerra mundial.

Como se vê, nada de mais vantajoso para os comunistas. Pois nenhuma barreira mais se lhes antepunha, postos os demo-cristãos no poder. Todas as vantagens lhes eram oferecidas com um amável sorriso. E, por fim, todos os instrumentos de progresso eram deixados absolutamente ao seu alcance. - À vista da estratégia demo-cristã, o que fariam os comunistas? Converter-se-iam emocionados_, ou avançarian1 cinicamente rumo ao poder? Após trinta anos de provas de confiança, gentilezas e concessões demo-cristãs, aí estão os comunistas italianos prontos a iniciar o. assalto direto para a conquista de postos no governo. Em outros termos, eles não se converteram. Avançaram.

Também no campo internacional, foi o que eles fizeram. Hoje são eles, na Ásia, a grande força dominante. Dizemos "a grande força", e não "as grandes forças", porque nos recusamos categoricamente a crer na autenticidade da contenda Moscou-Pequin1. A Oceania estremece inteira diante da :jlneaça comunista, longínqua em 1945, e fão próxima em 1976. A África

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está quase toda dominada pelos comunistas. E, no momento presente, disputam acirradamentc o poder em Portugal, na França e na Itália. A vez das demais nações poderá chegar logo. Na América Latina, tentaram os comunistas implantar-se quase por toda a parte, alcançando resultados impressionantes no Chile, na Bolívia e no Peru. Na Igreja Católica, infiltraram-se os comunistas de modo generalizado. Nas outras igrejas, nem se fala. Em última análise, ao programa demo-cristão de concessões para comover, os comunistas responderam com ameaças, agressões, avanços e conquistas em escala mundial. A esta altura, que ju/zo fazer da Democracia.Cristã? Alguns se perguntam se ela constituiu a maior tolice ou a maior traição da História. Abs· tenho-me de entrar no assunto. Resposta a pergunta tão grave excederia às dimensões de um artigo. O leitor que decida.

Dissensão durante o congresso democristão de Roma, em março último O PDC italiano aparenta estar dividido em várias alas

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Pela força, o comunismo implantou-se e se mantém na Rússia COMUNISMO, em menos de 60 anos, escravizou uma quan· · tidade de homens que nenhum império até hoje submeteu, cobrindo a maior extensão de terra que poder algum jamais conquistou. O futuro grandioso reservado ao Brasil está cm risco. O perigo vcnnc· U10 não vem só de fora, mas se cs· gueira também por dentro. Estarão os brasileiros conscientes do perigo? A vigilância de nossas Forças Am1a· das, interpre tando o sentimento religioso e anticomunista do povo brasileiro, salvou o Pais em 1964 . Entretanto, ilustres autoridades militares e civis não cessam de advertir, em nossos dias, que o perigo não se afastou. As circunstâncias da moderna guerra psicológica tornam evidente que a colaboração vigilante dos setores civis constítui um fator importante para fazer frente às novas táticas de conquista dos vermelhos. Neste sentido, é impe· rioso ressaltar a importância da ação desenvolvida pela Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade (TFP), a maior e a mais atu· ante entidade cívica anticomunista do Pais. Na realidade, o tufão comunista não fustiga só com armas. Ele hoje atua sobretudo nas mentes. Diante da ameaça comunista, afinna Yves Cuau, da revista francesa L 'Express. ''é mais dificil avaliar a vontade de lhe resis· tir do que o número de megatons (/tte lhe serão opostos. Mas llqttela vontade é o· essencial. O protetorado soviético começa sempre na mente antes de se

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concretizar

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prtitica".

O comunismo possui uma meta: implantar no mundo uma sociedade atéia, igualitária (sem classes) e mate· rialista. Para alcançar esse objetivo ele não se deteve nem se deterá. Prova-o sua expansão durante aproximadamen· te os últimos 60 anos, à custa de massacres, perseguições e toda a sorte de meios imorais.

A resistência à investida vcrmcll1a impõe-se a todos nós como gravíssimo dever de consciência. Está cm jogo a ci· vilização cristã, sem a qual o Brasil não seria Brasil. Estão em jogo nossos prin· e/pios, nossas tradições, as sagradas instituições da famíl ia e da proprieda· de privada, principais alvos da sanha demolidora marxista. Para resistir ao inimigo, é preciso conhecê-lo em seus princípios, seus métodos de ação e suas arliinanhas táticas. este é o objetivo do breve hiS· tórico da implantação do comunismo na Rússia, que apresentamos a seguir. As fraquezas, conivências e traições da Revolução bolchevista se repetiram cm todos os países onde, como na Rús· sia, os comunistas não encontraram pe· la frente resistência autêntica e decidi· da. Nossos lei tores terão, assim, a oca· sião de premunir-se contra erros que lançaram tantas nações nas garras da minoria marxista. Não vigiar, não combater é preparar o banho de sangue das perseguições que já cobre de luto mais de um terço da humanidade. Aceitar a bolchevização é viver numa "terra devastada e sem honra", sem família, sem pátria, sem Religi:io, sem Deus. A 13 de juUio de 1917, quando os bolchevistas .ainda não haviam arrebatado o poder na terra dos Tsares, Nossa Senhora apareceu em Fátima. prevendo que, se os Seus pedidos de ora• ção e penitência não fossem atendidos, a Rússia espalharia seus erros pelo mundo, várias nações seriam aniquila· das. Mas, aqueles que perma,1ecerem fiéis e vinculados à Santíssima Vir; em e atenderem a seus pedidos, já tém dEla a promessa certa da vitória: "Por fim, o meu Imaculado Coração triw1fará!" Nicolau li, o último Tsar

Durante três séculos, a dinastia dos Romanov dirigiu os destinos da Rússia, 4

transformando-a no mais extenso império do mundo. Em 1894.

subia ao trono o último Tsar: Nicolau. fiU10 de Alexandre Ili. Casado com Alexandra Fcodo· rovna, princesa alemã da Casa de Messe-Dam1S· tadt, neta da rainha Vitória da Inglaterra. Ni· colau 1( era respeitado pela nobreza e pela burguesia, enquanto o povo o venerava. Os mujiks (can1poneses) o chamavam de "nosso paizinho, o Imperador''. A religião cisrnãtica, conhecida como "ortO· doxa", era oficial; o

Tsar, seu chefe supremo. O cisma em relação à verdadeira Igreja - a Católica Apostóli· ca, Romana - consuma·

do no ano 1054,c cons· tituiu um dos princi· pais fatores de deterioração de certos aspec· tos da sociedade russa na época tsarista. (O Pa. triarcado de Moscou só foi criado cm 1589. Antes, o clero russo de· pendia de Constantino• pia). Tsar São Petersburgo e Moscou eram os dois grandes centros urbanos. O primeiro. residência do tsar, constituía uma cidade cosmopolita, de traçado plane. jado. Considerava-se Moscou a ·autên· tica metrópole russa. Ambas se apre· sentavam como polos da vida religiosa, social, cultural e política do pais. Em 1904, o trono imperial come· ça a tremer. Os japoneses atacam navios russos em Port Artltur. É a gueua que eclode. A Rússia sofre derrotas fragorosas. O prestigio do Tsar cai. A hora é própria para a atuação dos agitadores. Onde estão eles? Por toda parte. Nesse povo individualista e cheio de imaginação explosiva, os anarquistas nunca forrun raros. Um de seus atenta· dos tirou a vida de Alexandre li. Em 1905, porém, a agitação tomou um caráter bem diverso das ações isoladas de indivíduos ou de pequenos grupos. Tratava-se de um movimento organizado e dirigido com vistas a mo· ver toda a opinião pública. Vejamos quem são os revolucionários russos do começo do século. Um agitador de batina Em 1903, reunia-se em Bruxelas e Londres o li Congresso do Partido Social Democrata dos Trabalhadores. Declaradamente marxista, a agremiaç.ão

' Camponeses russos (mujiks) no tempo do último Tsar

menor intcnsidaoc e re- deiras, sua corte de mulheres. contriprimidos pelas tropas buíam poderosamente para a demoliimperiais. A Duma é ção da au toridade imperial. O Príncipe sucessivamente dissolvi- Felix Yussupoff resolveu pôr tem10 a da e reeleita. O primei- essa situação e plru1cjou cuidadosamenro-ministro Stolypin e- te a morte de Raspulin. O "venerável" xecuta uma política de resistiu espantosamen te às doses de incentivo aos pequenos envenenamento e às balas. Por fim, propric Uirios. osKu/aks, Yussupoff conseguiu eliminar o "monnova classe surgida após ge libertino". a emaocipação dos camO Príncipe e seus colaboradores fo. poneses, cm 1861. A ram aclamados pela morte de Raspu· produção aumenta, as tin. mas os bcneíiciários Jela foram os greves diminuem, os a- inimigos do regime. com o qual o narquistas são contidos. "monge" foi identificado durrullc lonNão obstante o sucesso go tempo, por sua notória inllucncia de sua pol itica (ou tal· sobre a Corte e os políticos. Começava vez por isso), Stolypin a 3gonia da Rússia tsarista. O invemo foi assassinado num tea· de 1916-17 viria dar-lhe o golpe de mi· tro, na presença da fa. se ricórd ia. milia impcriai em 1911. No ano seguinte, elege· A estrela se apaga -se a 4a. Duma Os assassinatos pol, .,sns che· As agitações e greves recomeçaram garam a duas centenas. com novo vigor, sempre acionadas pC· Os resultados da po· los dispositivos rcvolucion;írios e sovié· lítica rural de Stolypin tcs instalados nas fábricas e quartéis. foram dos me lhores. Os Nos meios políticos, começa a desta· anos de 19 13-14 regis.· car-se um jovem advogado do Partido traram recordes agríco- Socialista: Alexandre Kerenski. Em las que permaneceriam fevereiro de 191 7, começam os rumoinigua.lados durante várias décadas. O pais se res sobre a falta de abastecimento. se· enriquece, a população guindo-se o racionamento do pão. No cresce, atingindo 160 dia 23, o "Dia Internacional das Mulhc· milhões de habitantes. ref· d:'i ocasião a novos wmultos, ha· (Em 1903 era de 129 bitualmente dirigidos por lideres anó· milhões). Quatro mi- nimos. No dia 25, a greve é geral. Nicolau 11 e Tsarina Alexandra Feodorovna lhões de crunponeses Rodzianko, presidente da 01111111, assim saiu desse congresso dividida em boi· transpõem os Urais em busca de novas descreve a situação: "A 11arq11ia 1111 capital. O go1•en10 es· chevi.itas e menchevistas. Os primeiros riquezas na Sibéria. exigiam um partido disciplinado e forApesar disso, os revolucionários con• tá páralisado. Cresce o desco111e1111,. te, capaz de tomar o poder e utilizar a tinuam agindo, as greves aumentan1 menro geral. Nos ruas. atira-se cm de· força do Estado para a implantação do bruscamente em 19 12. Em 1914, atin· sordem. Cenas tropas se alvejam 11111· comunismo. Os segundos preferiam a gem nova,nentc as proporções de 1905. tuamente com 1,r11111s de fogo. 1"' necessário confiar imedit11ame11te a 111110 revolução por etapas, que devia pass>r pessoa goumdo <la co11fiu11ça dopa is~ necessariamente pela fase de colabora. O "acelerador da /Ore/a de formar um novo governo. 1:.· ção com a burguesia liberal. Os bolche· impossii1el co111emporizar. Qualquer vistas cran1, port3Jtl0, o polo duro. História" delonga será monal" (2). Onde há um polo duro e outro mole , A simplicidade, a cortesia e finura o mais radical acaba sempre vencendo. No dia 27, trnpas de confiança do de Nicolau li cran1 notáveis e rcconhc· Entre os bolchevistas, um nome se desTsar começam a passar para us rcvo, tacava: Len ine. Vladimir llich Ulianov cidas. Não se podia dizer o mesmo de lucionários. O brasão imperial é quei- era esse seu verdadeiro nome - vivia sua sagacidade política ou militar e de mado e a bandeira vermelha hasteada em Genebra, onde dirigia o jornal CO· sua energia na direção do Império. no Palácio de Inverno ao som da "M ar· monista lskra, ao lado do fundador Acrescenta-se a isto o isola,ncnto taci· selhesa", fatos significativos e que indi· do movimento marxista russo, Plckha- turno para o qual a famil ia imperial cam como a revolução russa é lilha da nov. Na Suíça, recebia os agitadores foi sendo habilidosamente conduzida. Revolução Francesa. Kcrenski e outros que viviam na Rússia. Entre eles, fi. A Revolução comunista encontrava, deputados esquerdistas dirigem suas gurava o pope Gapone (padre da Igreja assim, condições propícias. A I Guerra arengas ã turba. Na Suíça, Lenine e Mundial vinha preparar ainda mais in· outros marxistas não estão aU,eios aos cismática russa). O descontentamento gerado pela tensamente tais condições. O conílito acontecimentos, e negociam com os guerra russo-japonesa apresentava oca- bélico - este incomparável "acelerador alemães o retomo à Rússia. Em Petrogrado, formam-se comissião propícia aos revolucionários. A 9 do Nis1ória ", no dizer do sinist ro Lenine foi desastroso para a Rússia impc· sões provisórias de governo e o soviete de janeiro de 1905 (1), pope Gapone rial. Em 1915, os alemães penetraram dita os primeiros decretos. encontrava-se cm São Petersburgo à pela Rússia llranca e países bálticos, 3. A 2 de março. os revolucionários frente de urna passeata de operários meaçando São Petersburgo, cujo nome cuidam da formação de um governo grevistas, ru1110 ao Palácio de Inverno, os russos mudara,n para J'ctrogrado, provisório e da abdicação do Tsar. Ni· sede do governo. A guarda do palácio por sua consonância gennãnica. As concolau li já pensava na renúncia. Esperaenfrenta os manifestantes. Estes não se dições do exército russo eram deplorá· va-se que o fizesse em favor do Tsare· dispersam, os soldados disparam, tom· veis: armamento obsole to e insuf1cicnvitch, sob a regência do grão-duque Mi· bando na ocasião algumas centenas de te, falta de munição, equipamento inaguel Alexandrovitch, irmão de Nicolau mortos. Os revolucionários obtêm asdequado, abastccimeriio ex trernamen• sim os seus "mártires''. As greves multiplica,11-se, atingindo te moroso e falho. Os sovietes agiam, outras regiões. Em Odessa, amotinam· o exército se democratizava e as tropas -se os marinheiros do cournçado l'o· se desmoralizavam. Nos três últimos de 19 16, os desertore~ chegaram 1e11ki11 ( 19 de junho). Em outubro, o ameses atingir a cifra de 11111 milllão. número de grevistas era cal culado em um miU1ão, espalhados por todo o im· Um "místico" charlatão pério. Nicolau li cede, prometendo liberdades cívicas e um parlamento Enquanto os agitadores aliciavam eletivo, a Du111t1. Ao mesmo tempo, os os operários, um " monge" hipnotizava mcnchcvistas criavrun em São Peters• a familia imperi:il e parte da corte com burgo o primeiro sovie1e (conselho) de sua mística satânica. Seu nome indica operários. Entre os eleitos do primeiro quem era: Rasputin, que, no jargão soviete russo figurJva um lilho de is· camponês, significava "libertino", "de· raelitas chamado Lcv Davidovitch vasso", "debochado" . No entanto, era Bronstein, cujo pseudônimo era teon chamado t3Jn bém s1aretz : "venenível", Trotsk-y. Partidário da internacio,tali· "homem samo". Grigori Rasputin foi zação do marxismo, foi ele o criador aproximado da corte a fim de curar o do Exército Vermelho. herdeiro do trono imperial, o Tsare• Lenine entra no país mas vê-se for• vitch Alex is Nicolaievitch, portador çado a fugir cm 1906. Em 1908, os de hernolilia. A Tsarina Alexandra Feobolchevistas instalavam seu centro de dorovna, levada pelo desejo de curar atividades cm Paris. seu 11lho da doenç:i que ela lhe transmitiu pel;i heredi1ariedade, deixou-se Abundância. indesejada envolver pelas promessas de Rasputin. Os focos de agitação continuam O aspecto amedrontador do swre1z, Pope GaPone, o agitador de 1905, atuando nos anos segu intes, mas com sua vulgaridade e boemia, suas bebe· com o prefeito de São Petersburgo


Tsarev,tch Alex is

l l. No cn tmno. o amor ao filho e as condições de saúde deste levaram o Tsar a abdicar dire1amcn1e em favor do irmão. Contudo, o Príncipe Lvov e o deputado Rodzianko obtiveram igualmente do Grão-Duque sua abdicação, redigida pelo próprio Lvov, Kercnski e Chulguin. Assim desaparecia a estrela dos Romanov, que durante três séculos guiara a Rússia. " Uma revol ução sem guil hotina ..." O primeiro governo provisório, chefiado pelo Príncipe Lvov, abriu as comportas das chamadas "liberdades cívicas e políticas". Foi decre1adã a anistia geral e iniciada a preparação de uma nova constituição. Alguns fatores, no entanto, reduziriam a existência desse governo a dois meses. Os sovietes cresciam em poder. Com licença e _apoio do alto-comando alemão, Lenine e outros bolchevistas, que viviam em Zurique. regressaram à Rússia num vagão lacrado. Os presos políticos chegavam de todos os lados. esvaziando os cárceres da Sibéria. Lenine difunde o slogan rodo po'der aos sovietes, despertando a oposição dos menchevistas, que viam na revolução "democrático-burguesa" de fevere iro uma etapa necessária. O V Congresso dos Bolchevistas russos ( 24 -29 de abril) adota as 1eses leninistas: repúbl i· ca de sovietes, con1rolc da produção, reconstituição do Komirllcrn (In1erna, cional Comunista), doutrinm11ento das massas. Os bolchevistas negam seu apoio ao primeiro governo provisório e combalem a parlicipação russa na guerra.

O segundo governo provisório não é menos efêmero. Lvov continua seu chefe, Kerenski é o ministro da guerra. Os socialis1as dos sovietes governam cm coligação com os constitucionais democratas (chamados cadetes, de K. D.), menos avançados. Am1>lia-se o dcba1e.en1re as várias facções. Um dos problemas. mais candentes consiste na opção: a Rússia deve ou não continuar a guerra contra os alemães? A 24 de julho, sobe o terceiro governo provisório, desta vez chefiado por Kercnski, que afirma desejar uma "revolução sem g11ilhori110 .. e impor-se como "árbitro 11acio11af''. Na verdade, o governo Kerenski é impolente e suicida. Em breve, os sovietes se transformam num poder paralelo, enqu:u110 ponderáveis setores da nação começam a se aglutinar cm torno do general cossaco Lavr Gcorgcvilch Komilov. Nesse clima, fracassa a Conferência de Estado promovida pelo govemo cm Moscou ( 11- 15 de agos10). O general Kornilov, que comandara a1é maio a região militar de Pctrogrado, foi escolhido por Kcrcnski para dirigir a ofensiva do 89 Exército na Galicia (Ucr:inia). Repentinamente, a publicidade fez de Komilov o "salvador da P:í1tif' como porta-voz da oficialidade do Exército e representante da antiga ordem. Kom ilov denuncia as ligações de Lenine com os akmãcs. Os partidários do general desenvolvem uma verdadeira campanha cm seu fa. vor. A 21 de agosto, Komilov tomou Riga, causando pânico ao governo de Pc1rogrado e alimentando as esperan· ças dos monarquistas. Mas, surprcen,

desân imo cm todos os que nele espera- guns pontos delicados. Um dos decrevam. Mais uma vez, os maiores bene- tos, por exemplo, dizia: "A grande ficiados da situação eram os bolchc- propriedode agrícola fico abolida ime· vislas. diata111e11te. sen, nenhuma indeniza. ção... " Abolida cm favor de quem? Do Estado? Dos camponeses? A ambigüi· "Todo o poder aos dadc parece 1cr sido proposilal , pois os sovietes" bolchevistas não controlavam ainda as massas rurais, que constituíam 80 por No auge da ameaça de Kornilov, o gabinete havia pedido demissão. Kc· cento da população russa e estava harcnski organiza cnlão o úllimo governo bituada ao regime patriarcal dos Tsares. O radicalismo da revolução de ou, provisório e a repressão dos kornilovis· tas. O novo governo não durará mais de tubro deixou alónitos o funcionalismo. a administração, os técnicos, o Exérci· um mês e não fará outra coisa senão assistir aos preparativos para a revolu- 10. Todos recusam obediência ao novo A "con1ra-revolução" começa ção bolchevista. Com efeito, o peque- aregime. lcv:u1tar a cabeça cm Moscou. Keno grupo de agitadores de Lenine passa rcnski 1en1a salvar o defunto governo a dominar os sovietes, 1radicionalmen- provisório, e consegue reunir um cor, 1e mcnchcvistas. Lenine . conclama à po de cavalaria. Os bolchevistas se orinsurreição: "Detendo a maioria... nos ganizam e vencem as forças opositoras sovietes das cl11as capitais, os bolche· vistas pode1n e deve111 tô111ar em suas em l'\Jlkovo. Esta vitória foi para os o que a batalha decisiva de mãos o poder do Estado" (3). No dia soviéticos Vahny representou para os revolucio11 de ou 1ubro, a insurreição está deci- nários franceses do século XVII 1. As dida, o Comitê Militar Revolucionário de opinião pública ganhaformado, a Guarda Vermelha recons1i- manobras rm11 a população de Pe1rogrado. A 2 de 1uída. Trotsky é delegado para obter a novembro, a resistência de Moscou adesão da forraleza de São Pedro e São ,ambém está liquidada, os sovietes loPaulo, posição mili lar decisiva. A 19 cais agem com rapidez e, em pouco de outubro, o forte passa para os boltempo, as principais cidades reconhechevistas e distribui armas aos guardas cem o poder soviético. Em quase todos vermelhos. No dia 22, o cruzador Aurora na,•ega pelo rio Neva e aponta os lugares, apenas algumas unidades seus canhões para o Palácio de Inverno. radicais do Exércilo apoiavan1 os re, A maioria limi1ava-se a Todas as ações do govcmo provisório volucionários. uma neutralidade indolente, á espera haviam conduzido o curso dos aconte· da paz que a guerra U1es tirara, há uês cimenlos para esse desfecho. Só restava anós. entrego, rodo o poder aos so,,ietes. Logo nos primeiros dias de governo, conforn1c o slogan lançado por Lenine. os bolchevistas começaram a rnanifcsDe fa10, Kerenski não dispunha, pa· ra defender seu governo fantasma, se- 1ar suas contradições. A greve parali· não de 1.300 junkers - alunos da esco- sou a capital. O novo governo lançou la de oficiais - e um batalhão femin i- mão de um decreto, baixado em 7 de proibindo a greve - quali· no. O Aurora deu alguns tiros, a resis- novembro, ficada de "crime contra o povo'' - e tência do Palácio de Inverno não du- ioda oposição às medidas tomadas rou. Kerenski fugiu pelos fundos. O pelo Estado. A 16 de novembro, a Duma de Pelrogrado era dissolvida e o pão, racionado.

25 de outubro de 1917

Soldados instigados por bolchevistas tomam de assalto o Palácio de Inverno e o poder. O povo está ausente. Na ocasião, foram tomadas out1as iniciativas pela revolução bolchevista: supressão dos graus e insígnias nas forças armadas e criação da terrível polícia política, conhecida como a Tcheka. Dzcrjinski, seu organizador. frio e sanguinário, afirma que "o terror vermelho não é outra coiso que 11 expressão da vontade i11flexivel da classe camponesa mois pobre e tio proleroriado. de aniquilar 11 menor te111ariv11 de sublevação contr/1 nós". À Tcheka de Moscou els ordena: '!'Fuzilar. conforme as listas todos o cadetes. gend/lrmes. represenfa11tes do antigo regime e não importa que prii,cipes e condes que se encontrem em todas 11s cosas de detenção de Moscou, em rodas as prisões e campos" (5).

Brest -Lito vsk: o "diktat " do Kaiser e o "diktat " de Len ine O diktat do Kaiser apressa a fonnação do Exército Vcm1elho. É Trotsky quem o organiZa. A 15 de janeiro de 1918, sua constituição é decretada. A 3 de março, os soviéticos assinam o tratado de paz com os alemães em Brcst-Lit0vsk. Desse modo, os comunistas afastam o inimigo cx1erno. para dedicar-se à impl:u11ação cabal da ditadura do proletariado que, na realidade, é a do Partido. A 7 de março de 1918, no VII Concia e iniciaram a invasão, ocupando gresso do Partido, os bolchevistas ado, parte da Rússia Branca e os países bál- Iam o nome comunisrase ratificam o lratado de Brest-Litovsk. A 14 de marticos. Lenine argumenta: "Convidam-uos a fazer poses e be- ço, o governo instala-se em Moscou. los gestos. Olhemos antes o que somos, Em julho, cria-se a República Soviética cm que estado nos e11co111ramos. O Federativa Socialista da Rússia, cuja Alemão (O Kaiser Guilherme III nos a· Consliluição baseia-se no sistema dos garro pela garganta. coloca o joelho sovietes e na diiadura do proletariado. sobre nosso peito e tem seu re1•ólver A lerra e a indústria são eslalizadas. apontado para a nossa têmpora. Onde está a mão do proletariado inrer11acio· Muitos·generais, 110/ que nos de,,e livrar? Eu não a ve- nenhuma vitó ria. jo. Dêe,11-me um exército de 100 mil homens, forre, disc1jJli1111do, que não Em maio de 19 18, começam os letremerei diante do inimigo e não assi· vantes dos brancos, isto é, de forças 1/brei a paz. (... ). Sim, é uma paz salga· anticomunistas. É o começo da guerra da, 111110 paz infame, 11/bS deveis assi, civi.l. O almirante Koltchak coloca-se nó-la em nome da revolução. Ah! J>en· à frente de soldados tchecos entre os sais que o camiuho da re,,olução é se- Urais e o Volga. Os generais Denikin, meado de rosos? .. (6). Krasnov e Wrangcl atacam pelo sul; o Mais uma vez, Lenine se impõe. Os general Yudcn ilch, a partir da Estônia; alemães exigem independência da Ucrâ- e o general Miller pelo norte. Para salnia, Finlândia, Estónia, Letônia, Geór, vaguarda.r seus interesses (dívidas congia, Armênia, Azerbaijão e o Trans- traídas pelo governo tsarista) e impecáucaso. Além disso, a Polônia, a Lituâ· dir a fixação dos bolchevistas no ponia e pa1tc da Rússia Branca íicari.011 der, tropas inglesas, francesas, norlesob controle alemão. ·americanas e japonesas desembarcam em Vladivostok, MurmansK,- Jtrl(J1angelsk, Odessa, Sebastopol e Novosibirsk. O ataque simultâneo dos brancos e dos Aliados parecia estar prestes a destroçar os soviéticos. No cn1an10, não foi o que se deu. O Presiden1c dos Estados Unidos, Woodrow Winson, propôs uma conferência com a parli· cipação de todos os partidos russos. Os brancos rejeitam. Seria o rcconhc· cimento da legitimidade dos marxistas. O marechal Foch, que acabava de levar os Aliados à vitória contra os alemães, propõe urna cruzada anticomunista para salvar a Rússia. Seu pl:u10 é inexplicavelmcnle rejeitado pelo Grande Conselho dos Aliados. Pelo contrário, cm seguida são emiti, das ordens para a retirada das forças francesas. inglesas, norte-americanas e japonesas do 1crri1ório russo, assim defini1ivamcn1e entregue aos comunistas. Causa perplexidade a aliludc das potências ocidenlais e do Japão. 1: es1ra, Alesandre Kerenski Sua "moderação" entregu isla preparou nha também a completa falia de coor·denação entre os vários generais br1111-· a ascensão dos bolchevis1as Restava o problema da guerra. Lenine desejava a paz com os alemães a qualquer preço, considerando que era mais importante consolidar a revolução bolchevista. Bukharin, ao contrário, desejava o levante das massas para mover uma guerra revolucionária. Trotsky t:u11bém não se conforn1ava cm acatar o ullimatum germânico. A len lidão com a qual os russos desenvolviam as negociações irri tava os alemães. Por fim, eles perderam a paciên-

Grigor'i Rasputin1 o mistificador satâ-

nico - Fator de demolição da auto· ridade imperial assalto começou no dia 25. Na mad,rugada do dia 26 de oulubro, o poder era assumido pelos bolchevistas (a denominação ,,omw,istas sõ seria adotada em março de 1918). Em algumas horas, um punhado de agitadores profissionais, apoiados por alguns miU1ares de marinheiros e de guardas vermelhos. puseram fim ao govemo provisório. No mesmo dia 25 de outubro, o li Congresso dos Sovietes in iciava suas sessões e baixava decretos, num tempo recorde de 33 horas. Lenine é nomeado prcsiden 1e do "Conselho de Comiss1irios do Po110 ". Trotsky torna-se o encarregado das relações exteriores. No "Apelo aos operários, soldados e camponeses da Rússia", lemos a ral i· ficação da insurreição pelo Congresso, que fazia seus os objetivos bolchevistas: .....O governo provisório está deposto; a maior parte de seus membros estão presos. O poder soi•iético proponi uma paz tlen1ocr(i1ico imediato a todas

os nações. Procederá a de,,olução aos comitês camponeses dos bens dos pro· prietdrios rurais. da coroa e da Igreja... ló'srabeleccrd o co111role operário do proll11ção. assegurará a todas as nacio· no/idades que vivem na Rússia o direito obso/1110 de disporem de si mesmos" (4).

"Paz democrática", confisco das propriedades, controle da produção, poder soviélico, exército revolucioná, rio. direito dos povos de disporem de si mesmos... Os anos vindouros iriam mostrar como os bolchevistas entendentemente, não comandou suas me· diam esse programa. U1ores tropas con tra a capi1al, cn1rcg:1n· do a legião sell•agem dos cossacos i, che- Fica abolida a grande fia do Cener:,I K,ymov. Kercnski dcsti· propriedade agrícola luiu Kornilov: a tornada de Pc1rogrado não se deu. Uma semana depois, o geOs novos senhores da situação 10· neral é preso, causando frustração e maram o cuidado de não esclarece r ai,

cos. que dirigiam a ofensiva contra o novo regin1e de Moscou. Em conse, qüência, o recém-organizado Exército Vern1clho não teve dificuldades de i· niciar uma contra-ofensiva vitoriosa. re-

conquistando paulatinamen te o terril6,rio perdido, inclusive a maior parle dos países que havian1 adquirido sua indopendência pelo tra1ado de llrest-Li· tovsk. Massacre da família imperial No começo da guerra civil, a família imperial eslava presa em Ekaterinburg, onde o Tsar, a Tsarina e suas fill1as recebiam o 1ra1amento mais humilhante possível. No dia 16 de julho de 1918, o Tsar e sua fm11ília são acordados à meia-noite. Urna hora depois, a familia imperial é chacinada e jaz alirada ao chão numa poça de sangue. O Tsarevitch ainda geme. Dois tiros de misericórdia o liquidam. Lenine não quer deixar a seus ad· versários uma bandeira viva, nem o que

Lenine, fundador do Estado totalitârio soviético

poderia significar como que uma relíquia para o povo. Trots.ky explica a razão da chacina, encarada sob o pris· ma brutal e facinoroso dos bolchcvis, las: "A execução da fami'lia imperiíll era necessária não somente para assus· rar, golpear de estupor. privar de esperança o inimigo, nlhS também para sacudir os nossos. mostrar-lhes que não há recuo possível, que o que os espera· va era 11 vitória rotai ou a derrota tO· tal. Nos meios i111clectuais do Partido, é ,,e,oss1inil que houvesse dúvidas e menear de cabeças. Mas as nlbssas de trabalhadores e de soldados não tive· ram um minuto de dúl'ida: elos não tC· riam cumprido e admitido nenhuma outra decisão. É isso que Lenine sen· tia bem: era-lhe própria, 110 mais alto grau. a faculdade de penso, e de sentir pela mosso e com a nlbssa. sobretudo 1/bS grandes viradas políticos... " (7). Fome, miséria e sangue A socialiZação dos meios de produção e a planificação centralizada do re· girnc soviético levou, em pouco 1cmpo, o país à miséria mais negra. A desordem penetrou 110 ·cm11po e na in· dústria. A produção de 1920 não che· gava a 18% da de 1913. Em fevereiro t:onclut' tto página 6 -••~

WI LSON G. DA SILVA 5


r ..-C, 1

Leonid Brejnev, atual secretário-geral do partido, obtendo novas vantagens para o comunismo nos dias de hoje.

í

Co11c/11são da pág. 7

A Igreja dos perseguidos e a seita dos perseguidores A perseguição religiosa atrás da cortina de ferro deixou de ser novidade, desde a implantação do regime soviético. Os fluxos e refluxos de perseguições, ora mais ora menos violentas, Su· cederam-se de acordo com as dificuldades internas do Estado ateu. Nos últimos anos, porém, a propaganda marxista vem procurando fazer acreditar que a perseguição religiosa cessou. Como sempre. essa mentira encon tra espíritos crédulos, ávidos de soluções simplistas. São os partidários da clére,ue e da ostpolirik.

' Fome. filas. desordens: os primeiros frutos da Revolução comunista

Co11c/11siio da pág. 5

de 1921, os mesmos.operários grevistas da São Petersburgo tsarista, agora entravam em greve na Leningrado comunista. Os mesmos marinheiros de Kronstadt, que agiram a favor da revolução bolchevista em 25 de outubro de 1917, em março de 1921 rebelavam-se contra as penúrias impostas pelo comunismo. No entanto, o novo regime não estava disposto à menor .contemporização. Todas as revoltas foram sufocadas em sangue. Especialmente atingidos pela fome, os camponeses também se levantaram em diversas regiões. Os kulaks - camponeses que haviam se transfonnado em pequenos proprietários no tempo do império tsarista - viam suas lerras confiscadas pelo Estado. · Era o primeiro desastre econômico produzido pelo socialismo. Ao longo dos anos, outras catástrofes se repetiriam em todos os lugares onde ele seria implantado. Em março de 1921, o X Congresso do Partido retrocede. Lenine adota sua Nova Pol(tica Econômica (NEP), concedendo liberdade de salários e de comércio interno, autoriza o funciona· mento de empresas particulares e a en· Irada de capitais estrangeiros. O Estado continua, no entanto, tendo sob seu controle o comércio exterior,.a grande indústria e a construção. A ditadura do Partido Comunista consolida-se tan1bém em 1921. É prOi· bido fazer oposição. No ano seguinte, a Tcheka muda de nome, passando a intitular-se GPU, posteriormente NK VD e, em nossos dias, KGB. Joseph Djugachvili Stalin sobe, à sombra de Lenine. Nomeado secretário.geral do Partido, recebe a missão de nele fazer um expurgo.

NOTAS (t)

A1é fevereiro de 1918, :is d3tas men-

cionadas neste trabalho estão de acor· do com o cfilend:írio j uliano, 3dota·

to pelos russos, 13 dias atrasado cm rclaçà'o ao nosso calendário gregoria·

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(4) (S) (6)

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6

no. Este cnuou em vigor na Rússia cm 1918, subs1icuindo-se o dia 19 de fevereiro pelo dia 14. François-Xavict C09uin, Lo Rb'0/11, rion Russe, coleçao Que sais-je?, Prcsscs Univcrsitaires de Francc. Pa· ós, 1967. p. 3S. Frédéríe Rossif e M3dcleinc O••P· sal, R~1,olurio11 d'Octcbre, Hachcltc,

Pari$, 1967. p. 68. Coquin, ibidem. p. 10S.

Em dezembro de 1922, forma-se a União das Repúblicas Socialistas Sovié· ticas, constituída inicialmente pela Rússia, Rússia Branca (ou Biclorússia), Ucrânia e Transcáucaso (ou Geórgia). Posteriormente, mais onze nações se· riam anexadas à assim chamada União Soviética, a saber: cm 1925, Uzbekistão. Turkmenistão; em 1929, Tadjikistão; em 1936, Armênia. AFleibaidjão, Kazakstão, Kirghizia; em 1940, Estô· nia, Le tônia, Lituânia e Moldávia. Em 1923, estão assentados todos os organismos e dispositivos "jurídicos" do império comunista. A obra nefasta empreendida por Lenine está conclu í· da. Em janeiro de 1924, morre o anti· go chefe bolchevista que se tomara o ditador da Rússia vermelha. Stalin é seu sucessor.

Stalin, o flagelo dos povos

A verdade é bem diversa. Boletins, provenientes da Ucrânia, Lituânia, Po, lônia. Tchecoslováquia e de outras partes do mundo comunista, continuam a chegar clandestiname nte ao Q. cidentc, repletos de noticias sobre pcr,seguição religiosa. Noticias que, diga! -se de passagem, são cuidadosamente sabotadas ou dosadas por órgãos da grande imprensa, onde elementos cs· querdistas exercem uma já notória for. ma de censura, filtrando as infonna· ções. Depois de mais de meio século de doutrinação atéia, o comunismo não conseguiu extirpar o sentimento religioso dos povos que subjugou. A Igreja do Silêncio continua uma realidade na Europa Oriental. Mais. Os fiéis não enfrentam só a perseguição cruenta do regime, mas também o assédio da sei· ta cismática de Moscou. A chamada "Igreja Ortodoxa", - 1.0. - em sua completa subserviência ao Partido Co, munista, constitui a rampa escorregadia e ardilosa que visa levar o mundo oriental à irreligião.

A ditadura de Stalin começou pela destituição de Trotsky como comissá· rio de guerra e por sua deportação. Os principais fundadores do Estado sovié tico seriam paulatinamente afastados do governo e do Partido e, mais tarde, condenados à morte. O próprio Trotsky, refugiado no México. não escapou do assassínio, perpetrado em 1940. Em 1928, Stalin iniciou a coletivização da agricultura, criando os kol· khozes (cooperalivas coletivas) e os sovkhozes (granjas estatais). Em 1936, 96% das fazendas já estavam coletivi, zadas. Foi necessário assassinar 5.500.000 camponeses, entre 1926 e 1934, para .obrigar a classe rural a ceder suas colheiras e terras e a conlilluar trabalhando (8). Dezenas de milhões de pessoas foram mortas e deportadas, durante o período estalinista (9). A Ucrânia foi especialmente cast igada. Apesar do terror, a refonna agrária redundou em fracasso. O regime comunista foi obrigado a ceder a cada família de camponeses dos kolkhozes um pedaço de terra minúsculo - um terço ou um quarto de hectare - para cultivo particular. Em 1959, tais áreas constituíam 2,8% das terras cultivadas da URSS. No entanto, esses 2,8% produziam as seguintes porcentagens, de acordo com relatório da FAO ( 10):

Milagre de SãoJanuário

Em nossos dias, há quem se obstine Esse conjunto admirável de fatos pede de nós· a prática da virtude teoloem explicar gratuitamente a liqüefação como fenômeno natural. Segundo os gal da Fé, a exemplo do cego miracucé ticos atuais, ela seria efeito de um lado do Evangelho: "Creio. Senhor. E fator foto-higroscópico, resultante da pros1ra11do-se O adorou" (Jo. 9, 38). repentina· passagem da relíqu ia da obs- Convida-nos também a incrementar curidade da Capela do Tesouro para o ein nós a devoção aos san·1os e, espeambiente muito aquecido e iluminado cialmente, à Rainha de lodos os Sa11da Catedral, em razão de grande núme- ros. a Virgem Mãe de Deus. Em seus ro de velas acesas e da presença da santuários (Lourdes, Fátima, Salette. multidão de fiéis ... etc.) operam-se milagres que C0!1Sti, Ora, se fosse devida a um fator fí, tuem sinais claros da presença de sico, a liqiiefação deveria normalmen- Deus na Santa Igreja Católica, Aposte perpetuar-se. Não obstante, o san- tólica, Romana, fundada por Nosso gue se endurece. Para essa coagulação Senhor Jesus Cristo; na expressão da não é apresentada nenhumaexplicação Escritura ·•sem maneira 11em ruga, sa11· natural. Aqueles que "explican1'' a la e i111aculada .. (Ef. 5, 27), "col11i10 passagem do sangue de São Januário e s11ste11tác11l0 ela Verdade" (1 Tm. 3, do estado sólido ao líquido, silenciam, 15). entretanto, quando ocorre o processo inverso ... Acresce-se a isso que tentativas para Terremoto ou comunismo, repetir a liqüefação resultaram in tei- qual o pior? ramente infrutíferas (10).

Antes de concluir, consideremos dois outros fatos miraculosos (J l). • A famílía Ferrara, residente à Via Vecchia Capodimonte, nP 45, em Nápoles, possui coágulos do sangue de São Januário, conservados em pequenina ampola. Simultaneamente ao milagre da liqüefaçãó na Catedral, ocorre um vivo avermelhamento e escorrem traços de sangue dentro dessa pequena an1pola! • No dia 6 de maio de 1889, depois de as ampolas terem sido melhor acomodadas, a teca foi novamente fechada com o uso de solda e maçarico. Toda a peça ficou, em conseqüência, fortemen te aquecida. O sangue, contudo, pem1aneceu endurecido. Meia hora depois, quando o ostensório, inteiramente esfriado, já havia sido recolocado em seu nicho na Capela do Te· souro, o sangue, então, se liqüefez instantâneamente...

"Creio, Senhor. E prostrando-se O adorou" · Do que acabamos de narrar, con· olui-se com toda a segurança: 19 · 'A conservação do sangue de São Januário é milagre realizado por Deus, pois datando de mais de 1600 anos, o sangue do Bispo-mártir torna-se fresco e vivo, durante a liqücfação. 29 · A liqüefação desse sangue constitui milagre ainda maior. 39 · A variação de volume e peso do sangue liqüefeito é um terceiro mi, !agre.

,·erduras: 409' de toda a colheita do país

ovos:

80% de toda a produçõo do país

carne:

4 7% de toda a produção do país $0% de toda a produção do país

leite:

Os dodos acima são tão significaij. vos que falam por si, dispensando qual· quer comentârio ...

Entre 1936 e 1938, Stalin promoveu novas depurações no Partido, manRichard Kohn, La Rb'Qluticn Russc. dando executar 16 altos membros, 3 Ed. Rcné Julliard, P,ris, 1963, p.328. marechais, 13 generais e 62 oficiais. Gératd W:lltcr, linine impose lo paix Durante a li Guerra Mundial, anexou dt Brtst-lltowsk, in Historia n!l 136, novos territórios à Rússia e dilatou março de 19S8, p. 248. consideravelmente a área de influência Kohn, ibidem, p. 4 22. comunista, como veremos em próximo Discurso de Molorov no VJJ Congres• artigo. so dos So',liftts, apud Pe. Jorge Lo· Com a morte de Stalin, em março j3cono, SJ .• O Marxismo, cóleç3o de 1953,subiu ao poder Malenkov. Em Temas de Pregação dos Padre$ Oomi· nkanos, n9 2.S, Ed. P3u1in~. São Pau- setembro do mesmo ano, Nikita Kru, chev foi nomeado secretário-geral do lo. 1968, p. 122. · Ci,1/tâ Co110/ico, novembro de 1962, PCUS. Em breve seria ele, e não o pre, apud Pc. Lojacono, S.J ., ibidem, pp. sidente do Conselho de Ministros, o 122-1 23. verdadeiro detentor do poder. Kru· chev colocou em prática nova tática: Rc,•/sra Sovlhico, março de 1961. p. 64, apud . Pe. Lojacono, S.J., ibidem a "coexistência pacífica". Desgastada p. 119. essa fórmula, a déte111e ou distensão Pe. Lojacono. S.J., ibidem, p. 119. veio substituí-la durante o mando de

.

(IAfOJLECil§MO MENSÁRIO CAMPOS - ESTADO 00 RIO Oi,ctor

NOTAS

P3ulo Corria de Brilo Filho

1) Pe. Bernardino Llorca, S.J., "História dt

batatas: 60% de toda a colheita do país

O milagre de São Januário não ocor· reu em maio último. De acordo com a tradição - confinnada pelos fatos isso representa o aviso de tristes acon· tecimentos vindouros. • O terremoto que abalou o norte da ltãlia poderia ser a catástrofe prenunciada. Sem descartar essa interpretação, observadores assinalam que a não liqü<> fação do sangue do Padroeiro de Nápoles poderia prenunciar para a península itãlica um desastre muito maior: após as eleições do dia 20 de junho, a eventual participação dos comunistas no poder. De fato, o' bem das almas é superior ao bem dos corpos. O que é, pois, um tremor de terra, comparado ao desabamento das instituições da Civilização Cristã, que o comunismo acarreta? O terremoto ocasiona mortes e destrói riquezas materiais. O comunismo, além de empobrecer as nações e eliminar, muitíssimas vezes, existências humanas, procura extinguir no homem o que ele possui de mais sagrado: a vida sobrenatural. No regime marxista, o homem é reduzido à condição de mero anin1al produtivo, peça anônima do Estado opressor, a serviço de uma seita, cujas raízes teológicas e filosóficas rcmontan1, cm última análise, ao primeiro brado de rebelião proferido por uma criatura - o "Não servirei!" - lançado por Lúcifer contra Deus.

lo lg/esla", Editora

O "Patriarca" Pimen de Moscou Lobo vermelho sob a pele de impo·

nentes paramentos eclesiásticos.

tomo 1, p. 297.

B.A.C., M•drid, 1964,

Ed. Maison de · la Bonne Prcsse, Paris, Vol. V, p. 979.

2) "Vfes dts Sai111s ".

3) São Tomás de Aquino, "Sumo Teol6gi• • , ca", 1.. q.10S, a.7, e. dos . 4) Idem, "Sumo Teológica" li , li, q. J78,

Tudo isso transfonnou a vida verdadeiros católicos de além cortina a. t 1• ad 3um e 111 • , q. 113, a. 10. e. de ferro num autêntico calvário. Sobre- s) "Enclclopddfa Cartolica", Vol. 6, p.9 e ludo quando, ao olhar para o Ociden, ss., Vaticano, 1949, citando G. de Bla· te, eles vêem tantas defccções e ruínas. siis. "Cliron;co,, Siculum incerti auctoAssim, devem ter assistido estupefatos ris ris ab a. 1340 ada. /396", Ed. Nápoà destituição do heróico Cardeal Minds· les, 1887, p.8S. zenty, do Arcebispado de Esztergom, 6) "Biblioteca Soncronim", Vol. VI, Roma, Sede Primacial da Hungria. <.:om sua 1966, colunas 13S, 148, reproduzido • b l d em brochura pela Tipografia Laurenziamorte, d esaparcceu um stm o o a Iu, na, Nápoles. 1967: "Ccnni Srorici sr, s.

Diretoria: Av. 7 de Setembro 247, caixa postal 333, 28100 Campos, RI. Administração: R. Dr: Mutinico Pra•

do 271, 01224 S. Paulo, SP.

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50,00; América do Sul e Cen· via de superfície USS 8,SO, via aérea USS 10,S0; América do Nor·

Cr$

trai :

te, Portugal, Espanh;i.. Províncias ul-

tramarinas e Colônias: via de super·

ta anticomunista. Quem servirá de con-

Gennaro e compagm"', do Pe. O. Ambra·

fícic USS 8,50, vio aéreo US S 12,50;

forto agora a esses infelizes católicos perseguidos? Não esperariam eles de nós incentivo e conforto? Nossa melhor atitude ·deve ser uma vigilância constante e repúdio total à ameaça comunista, em todos os seus aspectos: ateísmo, materialismo, totalitarismo, dissolução dos costumes, etc. Peçamos à Consoladora dos Aflitos e Auxiliadora dos Cristãos que ap~esse a conversão da Rússia, prometida em Fátima, e preserve o Brasil da barbárie vennelha.

si.

outros países: via de supcríícic USS

7) "Enciclopedio Ca11clica", citando o Jt.

vro de P. Silva "ll miracoto di S. Gennaro. Note scienti/iche", 4a. cd. Roma,

1916.

8) "Lútcicloptdia Universal Ilustrado Europeo Americona", Ed. Espasa-Calpc, Ma·

drid, 1936, Vol.11, p.1346.

9) "Campania". · Ed. C.C.San$Oni 1 Fircnzc.

Vol. l, p. 274.

IO)"Enciclopedi.a Co110Uca", ibider.-e.

! !)Prof. G.B.Alfano e A.Amitrano,

"la

srorio e il miracclo di S. Ge,moro - ccnfmozione d/ un recente opuscofÔ dei Signo, G.A.Rlcc,", Nápoles, 19S2, p.12.

10,00, via aéreo USS 17,00. Venda avulS3: Cr S 6,00. Os pagamen tos, sempre cm nome

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EMMAIO,OCOST

IRO MILAGRE DE ,!'li.

SÃO JANUÁRIO NÃO·oco

U. POR QUE? .

A REG IÃO DA Campânia, recorta, da pelos golfos de Gacta, Nápoles e Salc rmo, foi o cenário dos episódios da vida de São Januário. O Uispo-m,irlir nasceu em Ne:ípolis, hoje Nápoles, no ano 270 D.C. Ordenado Sacerdote cm 302, logo depois foi indicado para ocupar a sede cpisco, pai de llcnevcn to.

ra através do Mediterrâneo, a qual chegou a atingir a Grécia. a Turquia, a Espanha e o Marrocos (9). As Cerimônias: magníf icas manifestações de fé ~s datas da liqüefação do sangue de São Januário são celebradas sempre com grande brilho e esplendor, atraindo, por isso mesmo, multidões de fiéis, apesar da tendência progressista de simplificar, quando não eliminar, a pompa <!•s cerimõnias religiosas. Em maio, realizam-se duas solenes procissões. Uma transporta as relíquias do Márl ir e oulra as imagens de vários santos, cuja veneração é popu· lar na cidade. Em razão de exuberantes arranjos norais, essas procissões rcccbcran1 a denominação de "Jnghir-

"Não posso imolar aos demôni os ..." Em março de 304, o Imperador romano L>cocleciano, através de seu quarto Edito Geral, estendia a todos os cristãos a obrigação de oferecer sacrifícios às divindades pagãs. Os católicos, dos Bispos aos simples fiéis. viram-se diante da dupla opção; apostatar ou sofrer morte cruel. Foi grande o número de márti, rcs que afrontaram o suplício, nessa ocasiào, entre os quais se destacaram Santa Inês e São Sebastião, cm Roma; Santa Justina, em Pádua e Santa Luzia, na Sici1ia ( 1). Dc.11cmidamen1e, São Januário prega. exorta e obtém conversões, sem descanso, percorrendo as cidades e arredores de 13cncvcn to, Nápoles, Cumes e Putcoli. Porém, não tarda cm ser preso, por ordem de Dracôncio, governador da Campânia. Levado diante do tribunal, São Januário é reprovado por Timóteo. Pro·

cônsul, que lhe apresenta a alternativa; "Ou ofereces incenso aos deuses. 011 renuncias à vida". "Não posso in,olar aos demônios respondeu com sobranceria o santo 8ispo - pois te11ho o ho11ra de sacrifi· t"flf toe/os os dias ao l 1ercladciro /)eus ·· (2). Referia-se ele ã celebração da Santa Missa. Desta forma São Januário e seis outros cristãos 'ror,un condenados â morte e conduzidos a Putcoli (hoje Pozzuoli). O povo lotou o aníi lcatro da cidade. No centro da arena. São Januário

landati".

O Cardea: de Nápoles ostenta as ampolas com o sangue liqüefeito de São Januário

Neste busto de prata (1306), encontra-se a cabeça do Bispo-mártir. Vesta forma. deíinc-se Nlilagre con11> um fato sensível, externo, pro~uzido por Deus no mundo, forn do modo de agir de toda a naturc-za criada. Ou seja. ft1ilagre não é qualquer fenômeno extraordinário que, J>Or um mot ivo desconhecido, escapa ao curso habi1ual da natureza, mas sim, um fato cxtraor· dinário, que conslilui um sinal de

De11s. Em outros lermos, 1) Só Deus pode realizá-lo, como Causa primeira e principal, pois unica-

mente Ele é o Criador e Senhor absoluto do Universo e das leis que o regem, e somente Ele pode passar por cima delas. 2) Nossa Senhora, os Anjos, o.s San, tos da Igreja 1>odem operar milagres co mo causas inslrurnentais.

3) Os demônios, fci1icciros,c1c. não possuem poderes para realizar verda,

e os companheiros oravam arden te· mente. As foras famintas, libertadas dciros milagres, mas, no máximo, O· das j3uh1s. precipitaram-se furiosamen- brns prodigiosas, as quais são improte contra o indefeso grupo de vítimas. priamente denominadas milagres. Po rém. cs1:1c.;1m e, como pacíficos cães, essas preliminares, va, pro.~traram-se diante daqueles que de- mosColocad:,s agora examinar o que ocorre cm veriam estraçalhar... /1 massa dos ,,agãos, m,iravilhada, N:ípoles com o sangue de São Janu,irio. A no1 ícia escrita m~1is anliga e se· irrompeu cm aplausos e pedidos de clemência. Não obstante. o Procônsul, gura do milagre consta de uma crônicego cm seu ódio contrn o Cristianis- ca do século XI V: "No dia seguinte mo. ordenou que os réus fossem mor· [1 7 de agosto de 1391). realizou-se 1111u1 grande procisSllo por causa do 111itos à cs1>ada. Conduzidos :, praça Vulcânia. fo- lagre do sangue de Siio Januário, que ram ali decapitados a 19 de setembro estava em ampolas. e então se liqüefez, de 305. Terminada a ímpia execução. como se neste 1ncsmo dia rivesse sido um fmpo de cristãos tomou posse dos extm{do ,10 corpo de São Ja11111irio" corpos dos mártires, a fim de sepultá- (S). Esse documento é tanto mais im-los, ocasião cm que - segundo relaportante, pois refere que o milagre otam as crônicas - uma piedosa mulher recolheu cm duas ampolas o sangue correu fora das dalas previstas, afasque escorria do corpo de São Ja,m!trio. tando, portanto, qualquer possibilidaOs restos mort ais do Bispo martiri- de de explicação por cspccta tiva ou zado foram trasladados para Nápoles sugestão popular. Desde 1659, es1:io rigorosamente cm 432; depois. no ano 820, parn Bcncvcn to. Finalmente, em 1497 retor- anotadas todas as liqüefaçõcs, que já nam a Ni,poles, e repousam até hoje, perfazem mais de dez mil! sangue de São Januário cst.i con cm majestosa Catedral gótica. onde se tidoOcm duas ampolas de vidro, hem1éreali1.am, cm cenas datas do ano, as ticamcn1c dispostas cm um milagrosas liqüefaçõcs de seu sangue. os1ensó1 io fechadas, circular de 1110131 (teca cm italiano), de 12 cm de diámeiro, proMilagre: sinal de Deus tegido por duas lâminas de cristal /lntcs de analisarmos a prO<Jigiosa transparente. A ampola maior, semelhante a uma liqücfação e coagulação do sangue de pera achatada, possui sessenta centímeSão Januário, ou San Ccnnaro para os italianos, vejamos o que, de acordo tros cúbicos de volume; a menor, de com a Teologia Católica, deve-se enten- forma cilíndrica, tem capacidade de 25 cm cúbicos. Em geral, o sangue ender por Milagre. São Tomás de /\quino, com inigua- durecido ocupa atê a metade da ampolável clareza, define Milagre como a la maior: na menor, encontra-se dispcr· maravilho que o fato incomum dcspcr- so cm fragmentos. la por ser excepcional e inexplicável, O milagre renova-se segundo a ordem normal e natural das em datas fixas coisas (3), Milagre, para o Doutor Angélico, é também prod{gio pela sua exOs dias prcdetcm1inados para a reacelência e sinal porque manifesta algo lizaçffo do prodígio são; o sábado prede sobrenatural (4). cedente ao primeiro domingo de maio

(aniversário da primeira trasladação das relíquias do Mártir. de sua sepultu-

vulcão, mas não causou vítimas ou danos à cidade de Nápoles. O sangue

ra para as catacumbas de Capodimon-

pennaneceu liqüefeito durante um mês

tc em Nápoles). e nos oi\o dias seguin- inteiro. tes: e a 19 de setembro (comemoração Além dessas datas fixas, a liqiiefação do marHrio, ocorrido no ano 305), e se repete com freqüência por ocasião como também nos oito dias seguin tes. de calamidades públicas ou de visitas Rarameme se renova a 16 de dezem- de personalidades iluslrcs à Capela do bro, Festa do Patrocínio. Nessa data, Tesouro. De 1489 a 1859, considcranem 1631. uma terrível erupção do ·do-se o total de se tenta visitas imporVesúvio provocou a morte de quatro tantes, somente cm cator1.c delas não mil pessoas cm lugarejos próximos ao ocorreu o milagre (6). São Januário desconcerta os céticos, e maravilha os fiéis ...

Mais solene ainda é a celebração da festa de 19 de setembro, realizada na própria Catedral gótica de Nápoles. Nessa data é retirada da Capela do Tesouro urn buslo de prata dourada. contendo a cabeça de São Januário. Colocam-no i, direita do altar-mor, após ser reveslido de preciosos paramentos episcopais (foto nesta página). De outro compartimento, retira-se a custódia com as ampolas. Se a liqücfação não ocorre imediatamente, inician1-se as preces coletivas: o Credo, invocações à SSma. Trindade, a Nossa Senhora, ladainhas e cânticos. Se o milagré tarda, os fiéis estão compenetrados de que a demora se deve a seus pecados. Assim, com grande humildade. rezam o "rniserere", salmo penitencial composto pelo Santo Rei Davi. Quando o milagre da liqüefação ocorre, o cabido metropolitano entoa

solene Te Ocum, a multid ão irrompe /1 liqiiefação do sangtte produz-se espontâneamente, sob as mais variadas circunstâncias: 1) Ocorre - opondo-se às leis da

física - cm ambiente de lcmperaturas diversas; e mesmo sob uma mesma tcmpe(atura, varia o tempo para a fusão. Em 1602, a fusão ocorreu tão logo o ostensório foi colocado sobre o altar-mor. Em 1794, o matemático N. Fcrgola verificou que a liq üefação se deu à temperatura de 19,4 graus centígrados cm maio, e de 25,6 graus centígrados em setembro. O Prof. De Luca. cm 1879. observou que a liqücfação, com a temperatura ambiente de 30 grnus centígrados adveio após duas horas, no dia 19 de se tembro, cnquan, to a 25 do mesmo mês, ocorreu a 2S graus. após trinta minutos... (7). 2) Varia de volume, o que é uma decorrência natural da fusão. Conludo, algumas vezes o volume diminui e OU· tras vezes aumenla até o dobro, Este aumento não é, de modo algum , proporcional à dilatação natural devida ao

qüefai-se instantânea e inteiramente, ou por vc1..cs, pcn11anece um denso coãgulo em meio ao resto liqüefeito. AIlera-se o colorido: desde o vennelho mais escuro até om bro mais vivo. Não poucas vezes surgem bolhas e o sangue fresco e espumante sobe rapidamente até o 1opo da an1pola maior. 5) Trata-se verdadeiramente de sangue humano, A análise cspectroscópica, realizada em setembro de 1902 e repetida cm 1904. constatou "as faixas de linha, 1·aractcri'sticos da lte11wglobina, entre as D e E d e Fraunhofer 110 região amarelo-verde" (8), São J anuário acalma o Vesúvio

em vivas, o som majestoso do órgão

enche as naves do templo, repicam os sinos. A cidade toda se rejubila. O oficiante, cm geral o Cardeal de Nápoles, sobe ao último degrau do altar-mor, elevando o relicário para que todos possam consta tar que o sanb'llC se encontra liqüefeito (foto nesta página). Em seguida , os fiéis, um por um, têm a grata felicidade de oscular o rc, licário, numa cerimônia que se estende

por horas. Tentativas de explicação natural do milagre Não causa estranheza que o milagre de São Januário tenha encontrado, ao longo dos séculos, adversários iJn, placávc is e irredutíveis.

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Os restos mortais de São Januário estão conservados na magnííica capela e-011clui na pôgino 6 da cripta da Catedral de Nápoles. No A LVARO OR T IZ mesmo templo, existe outra capela atrás do altar-mor, denominada Capelo do Tesouro, onde são guardadas as preciosas relíquias. sangue! O povo napolitano construiu essa 3) Varia quanto à 1111,ssa e portanto capela especial cm agradecimento por ao pew ! (Define-se massa de um corpo como sendo a quantidade de matéria se ter livrado de uma peste cm 1529, por intercessão do santo padroci~o. que o constitui). Milagre idêntico ocorreu a 13 de Jª· Em janeiro de 1911, o Prof. G. neiro de 1497, quando as relíqu ias de Sperindeo utili1.ando-se, com o máxi- São Januário chegaram a Nápoles: nesmo cuidado, de aparelhos de alta se mesmo dia, a cidade se viu livre de precisão, encontrou uma variação de uma peste. cerca de 25 gramas. O peso aumentaSão J anuário sempre se mostrou ''ª enquanto o volume diminuía. Esse pródigo em proteger sua cidade natal, acréscimo de peso contraria frontal- especialmen te con1ra as erupções do mente o princípio de conservação da Vesúvio. O vulcão si tua-se a apenas Oi· massa (uma das leis fundamentais da to quilôrne1ros a sudeste de Nápoles. Física) e é absolutamente inexplicá· Por ocasião de uma erupção cm vcl, pois as ampolas encontram-se her, 1707, as ampolas foram levadas cm meticamente fechadas. sem possibili- procissão até o sopé do Vesúvio: imedade de receber acréscimo de substân- diatamente a erupção cessou! cia do exterior. As erupções mais célebres, pelo seu 4) Outras formas de variação; inde- caráter destruidor e tcrrificanlc, foran1 pendcn1eme111c da temperatura ou do as de 1631, 1832, 1872, 1906, 1924 e movimento. o sangue passa do estado 1944, Nesla última, o vulcão expeliu pastoso ao íluído e, até, ílui,díssimo, lava, cinzas, pedras e uma poeira escu- A última erupção do Vesúvio, em 1944 assemelhando-se ao álcool. A liqüefa- ra e arenosa, fom1ando uma densa nu- Em 1707, por intercessão de São Jação ocorre da periferia para o centro e vem, que alcançou grande altura (foto nuário, uma erupção do Vesúvio ces· vice-versa. Algumas vezes, o sangue li- ncsla página). O vento levou essa poei- sou instantaneamente 7

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O Vaticano intervém na

polêmica suscitada pelo '' best-seller'' da TFP chilena O VATICANO interveio na polêmica suscitada em torno do livro A /greia do Siléncio 110 Chile - A TFP proclama a verdade inteira, através de uma carta do Cardeal Villot, Prefeito do Conselho para os Assuntos públicos do Vaticano. aos Bispos chilenos. Baseada em 220 documentos, a obra da TFP chilena analisa o papel do Epis· copado e do Clero na conquista e manutenção do poder pelos marxistas em seu país. O 1.ivro prova que, dern1bado o regime de Allende, os mesmos eclesiásticos continuaram agindo a favor da volta dos marxistas ao governo.

!! o seguinte· o texto

do e seus colaboradores imediatos. motivo pelo qual deseia que chegue a tÓdos Vós a segurança de seu particular afeto e de sua plena conr/011• ço. A manifesta cegueira 'dos culposos, a enormidade . mesma das ca· /únias que se atreveram a urdir e o convite à re· Villot beliiio contra a legft i1110 Autoridade da Jgreia, deixam bem claro o censarável de tais atitudes e faros''. Jt/011 Fra11cisco Fresno larrain, Ar· cebispo de la Serena e Presidente da Conferéncia Episcopal do Chile; Caries Camus larena, Bispo Secretário da Conferência Episcopal do Chile / Santiago. 10 de itmho de 1976".

que usemos aqui de todos os direitos que a lei natural, a lei canônica e a lei civil conferem aos caluniados. Quando se acusa alguém de caiu· niador, manda a justiça que se lhe <li· ga no que consiste a calúnia, e com que fundamento se afirma que é calú· nia. Nada disso se encon tra na pena do Cardeal Villot. Ainda uma vez, o argu· mento é o do leão da fábula. E nada mais. Assim se tratam filhos da Igreja, numa época em que o Vaticano se extre· ma ecumenicamente na abertura para todas as seitas heréticas, cismáticas e até pagãs. Bem como na distensão com Moscou ...

atribuído ao Cardeal Villot, divulgado pelo Centro Nacional de Comunicação Social do E, • * • piscopado chileno, con· forme reproduziu a im· Tudo quanto nosso livro alega e do· prensa andina: cumenta con tra a conduta do Episco· "Dia11re dos reiterapado chileno diante da escalada mardos ataques de Fiducia xista, a implantação do regime comu· · contra a Jgreia, e da pu· nista no Chile e as presentes tentativas Cardeal blicaçiio e difusão de de o restaurar, a carta do Cardeal novos folhetos que po· Villot qualifica sumariamente de "gra· dem confundir os católicos. itdgamos ves e i11ad111issfveis acusações". necessário dar a conhecer à opinião Que as acusações são graves, é bem pública o apoio da Santa Sé aos·Bispos certo. Que sejam inadmiss íveis, eis a do Chile. asserção a ser provada. O Episcopado cltileno recebeu uma - Inadmissíveis por que? - Razões, carta do Cardeal Vi/101, Prefeito do o Purpurado não as dá. Parece que ele Conselho para os Assuntos Ptíblicos as considera inadmissíveis pelo simples da lgreia, que 110 parte relativa ao livro fato de serem graves. Como se considede Fiducia diz o seguinte: O Cardeal· rasse absurdo que a uni Episcopado se -Prefeito da a conhecer "a profunda fizessem fundadamente acusações gra· dor com que o Santo Padre viu as A Sociedade Chilena de Defesa·da ves. graves e inadmissfveis acusações di,i- Tr~dição, Família e Propriedade rep);. Ora, susten tamos como católicos, gidas contra seus irmãos 110 Episcopa· cou com o seguinte comunicado: apos1olicos, romanos, que a um Epis· copado se podem fazer, com toda a justiça, acusações graves. E como prova disso não necessitamos outro argumen.to senão os divel'$OS pedidos de Considerações da T FP chilena perdão dirigidos por Paulo VI, em nO· sobre recente comunicado dos Bispos de seu país me da única Igreja verdadeira de Nosso Senhor Jesus Cristo, a todas as Igrejas "COMO CATÓLICOS, quiséramos com um dado fundamental da situa-. heréticas e cismáticas;pelas injustiças que PS altos interesses da Pátria e da ção. Tudo quanto lhe imputá ramos, o que dEla teriam recebido ao longo dos Civilização Cristã não nos tivessem O· Chile inteiro o presenciou, e está regis· séculos. Pedidos de perdão estes que, brigado a publicar o livro "la Iglesia trado em todos os jornais. De sorte ao que parece, ins11iraram ao mesmo dei Silencio e11 Chile - la TFP procla· que, cessados na indiferença geral os Paulo VI um lance da mais alta dran1ama la verdad enrera". Entretanto, a ecos do rugido, o leão se deu conta de ticidade: o ósculo que - em cerimôconsciência do dever cumprido com· que não impressionara ninguém - fo. nia na Capela Sixtina, no dia 15 de pensa de sobejo, em nosso íntimo, a ra, bem entendido, da área allendista, dezembro do ano passado - , ajoetristeza sentida pelo lance que tivemos mirista e demo-cristã. Dentro do Chile, lhando·se em terra, ele depôs nos pés de dar. Compensa-nos também o apoio não havia remédio para a má situação do Bispo cismático Meliton da Calce· insofismável da grande maioria dos em que ele se lançara. dônia. Como exprimir com mais ênchilenos, expresso não só pelas numeCumpria-U1e, pois, procurar apoio fase que essas atitudes, o fa to de altas rosas manifestações de solidariedade fora do país, isto é, na grande propa, autoridades da Santa Igreja terem, por que recebemos - entre elas, a mensavezes, procedido outrora muito mal em ganda internacional. gem escrita de trinta e três valorosos relação a comunidades dEla separadas A tarefa era difícil, pois a própria pelo cisma ou pela heresia? Sacerdotes - como pela saída cauda, losa de nosso livro em Santiago e em Rádio Moscou, pelo menos através de A nosso ver, bem considerado tudo quatro de seus programas em idioma todo o resto do país. quanto se passou antes, durante e deSintoma expressivo desse apoio é o castelhano, irradi~dos a partir de 23 pois de Allende, o Episcopado chileno caráter contrafeito da reação do Comi- de fevereiro, já se precipitara com deveria ter imitado, em relação ao tê Permanente do Episcopado e de vá- invectivas contra nosso livro, em pres- país, o gesto de Paulo VI em relação ao rios Prelados chllenos. Em seus pronun- surosa defesa do Episcopado chileno. cismático Meliton de Calcedônia. E ciamentos públicos, não deram provas Foi tudo em vão. Paulo VI deveria ter abençoado, en· Nossos Bispos dão,nos a impressão ternecido, esse pedido de perdão. para contestar um só fato nem para re· bater um só argumento. Sua reação de haver pedido então o apoio cifrou-se em afirmar simplesmente que do Vaticano em arrimo à sieles não tinhan1 as culpas apontadas em tuação deles, como parecem nosso livro, e a dar como prova o argu: confessar ingenuamente no mento de autoridade: são Bispos, e por comunicado do dia IP do cor· isso está provado automaticamente tu- rente. do quanto afirman1. A réplica episco, Esse apoio não lhes faltou. pai lembra o dito do le ão na fábula de Segundo informam no mesmo Fedro: tenho razão "quia 11omi11or comunicado, o Cardeal Villot, leo" - "porque sou o leão". Prefeito do Conselho para os Ante a recente resposta da TFP, Assuntos Públicos do Vaticafranca mas respeitosa, mantiveram por no, escreveu-lhes uma carta fU'll o silêncio. - Que interesse tinha sobre o livro da TFP. Essa carta nos acusa de o leão em prolongar· um debate que ele esperava ter encerrado com seu ru- "enormes caluniadores". E gido? nessa acusação nos sentimos pesadamente caluniados. AsAcontece que o leão não contara sim, ninguém se espa,1tará A iF P chilena sai às ruas em Santiago

''Quia norrúnor leo''

Imagem Peregrina de Fátima na Diocese de Campos Nossa Senhora do Rosário de Fd1ima. Reprodução em cedro brasileiro, feita sob a indicação da lnnâ Lúcia da figura da Virgem Santíssima, como apareceu cm 1917 em Portugal. Esta imagem verteu lágrimas milagrosamente, em Nova Orleans (EUA), no ano de 1972. Ela percorre atualmente a Diocese, numa verdadeira Missão. No mês de maio esteve em ltaperuna. Natividade, Varre Sae, Pádua. Miracema e Lage do Muriaé. Por toda parte atraiu multidões. tocando profunda· mente as almas. Pois o número de pessoas, afastadas dos Sacramentos que retornaram ao Confessionário e à Mesa da Sagrada Comunhão é incontável. Nas três primeiras paróquias, registraram-se mais de cinco mil confissões e perto de doze mil comunhões. Não chegou ainda a nosso corlheeimento o relato das outras paró· quias percorridas. Mas o movimento de confissões superou a capacidade dos Sacerdotes (quatro, por vezes cinco) para atender os fiéis. Queira a Virgem Mãe completar Sua obra, afervorando toda a Dio, cese no amor e fidelidade a Nosso Senhor Jesus Cristo.

O Chile inteiro teria, então, estremecido de júbilo, e sua reconciliação com os Pastores teria sido unânime e profunda. Teríamos vivido um dos lances mais emocionan tes da História Nacional. Pelo contrário, o que a Nação, sem· pre fiel, sempre respeitosa, mas pro· fundamente entristecida, ouve descer sobre ela das sagradas alturas do Vati· cano, é o mesmo ..quia nomiuor leo .,_ Imaginará realmente o Cardeal Vi~ lot que, por esta forma, sustenta aos olhos do público chileno - que tudo leu, tudo ouviu, tudo presenciou - a posição de nosso Episcopado? Mas - dirá alguém - com que di· reito os membros da TFP, que dizem honrar·se de ser católicos, afirmam tão perer.-iptoriamen te discordar da apreciação de Paulo Vl a respeito dos fatos concretos da vida política chi· lena, narrados e qualificados no livro que publicaran1? Todos os católicos sabem que, sem prejuízo da obediência devida ao Ma· gistério Supremo, lhes é 1/cito discordar, até profundamente, de atitudes concretas tomadas pela Autoridade eclesiást ica, por mais alta que esta seja. Basta que o. fiel tenha para tal argumentos suficientes. Na declaração "A polirica de dis· tensão do Vaticano com os go,•ernos com1mistas - Para a TFP: omitir,se? ou resistir? ", publicado em abril de 1974, em que a TFP se afirmou oficialmente em estado de resistência à "Ostpolitik" vatica,1a, tivemos ocasião de desenvolver toda a argumentação a este respeito. Por amor à brevidade, não a reproduzimos aqui. Tão evidente é que estávamos com razão, que nossa declaração não recebeu então a menor répliéa das mesmas Autoridades eclesiásticas. No livro "la Iglesia dei Silencio e11 Chile - la TFP proclama la verdad entera ", não fizemos senão transpor para a prática aqueles princípios que, ao longo dos dois anos que des. de então se escoaram, ninguém nos censurou por pro, fossarmos. - Por que, pois, se nos acusa agora, e tão duramente?

fes111 cegueira dos culposos, a enormidade mesma das calti11it1s que se atreveram a ur<lir. e (J t:o111 ite à rebelião contra a legitima autoridade". Já falamos das calúnias. Por fim, uma palavra sobre a rebelião. Nosso procedimento publicando o mencionado livro inpira,se em escri· tos de Santos, bem como de numeros9s Doutores, canonistas e moralistas célebres. Para não alongar demais, ci· temos simplesmente um Prelado de tão alta confiança de Paulo VI, que este o elevou ao cardinalato. Já estava escrita a obra "L 'Église (/11 Verbe l11car· nê", e já a conhecia portanto o Vatica• no. quando Moos. Joumet recebeu a púrpura roma,rn. Leia-se na referida obra (Desclée , 3a. ed. , 1962), as págs. 215, 222, 533-539, 547,548, 625-627 do vol. 1, e as págs. 839, 1063· 1065 do vol. li , e se verá que, em princípio, o Cardeal Joumet admite a legitimidade de atitudes que vão consideravelmente além das que tomamos. 1

•• * Tudo isto dito, fica provado que estamos muito longe de ser os "enOr· mes caluniadores", de que fala o Cardeal Villot. Do que se infere. data venia, <tue fomos enormeme nte caluniados. E o que, em defesa de nossa própria honra e em defesa da verdade, nos compete afirmar perante Deus e os homens. Fazêmo-lo cumprindo um dever. Mas esse dever, cumprimo·IO com a maior tristeza. Tristeza filha do amor indizível, da veneração sem nome que professamos para com a Santa Igreja Ca tólica Apostóliça Romana e especiaJ. mente para -com a Sagrada C~tedra de Pedro. Sejam as nossas úl timas palavras, portanto, a afirmação de toda a nossa fidelidade à Igreja e à Santa Sé. Não foi apesar· dessa fidelidade, mas para nos mantermos dentro dela, que escrevemos qu:;nto acima ficou dito. Santiago, 5 de junho de 1976

• * * Aludindo ainda aos autores do livro "la lglesia dei Silencio en Chile - La TFP proclama la r•erdad entera", a carta do Cardeal Vil· lot protliga "a ma11i-

SOCIEDADE CHILENA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, FAM(LIA E PROPRIEDADE


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lL N!> 307 - julho de 1.976 - ano XXVI

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

A IGREJA E O PERIGO COMUNISTA NO BRASIL Qual a posição da Hierarquia eclesiástica brasileira diante do problema comunista? Para ajudar os leitores a encontrar uma resposta a essa pergunta, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu Brasil-1976: A Igreja ante a escalada da ameaça comunista - Apelo aos Bispos Silenciosos. A obra apresenta uma visão panorâmica da infiltração vermelha nos meios

catól icos brasileiros a partir dos anos 40, e de suas implicações com a Revolução de 64. As conclusões desse estudo vêm ilustradas pelo resumo do "best-seller" A Igreja do Silêncio no Chile - A TFP andina proclama a verdade inteira. O ensaio de transcedental importância escrito pelo pensador brasileiro e a luminosa obra da TFP chilena constituem peças fundamêntais no debate

de um dos mais graves problemas da atualidade latinoamericana: o apoio de influentes setores católicos à "~uerra psicológica" movida pelo imperialismo com\l·

n,m.

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O resumo do estudo referente ao s·rasil encon.tra-se nas páginas 3 e 6; as repercussões e novas edições de A Igreja do Silêncio no Chile, na página 8.

EUROCOMUNISMO: CAMUFLAGENS E ESTRATAGEMAS Prolonga-se a indefinição na política italiana quanto ao ponto central: os comunistas participarão diretamente ou não do governo? Ou atuarão através de um "sottogoverno"? Sabe-se que eles temem governar sozinhos, pois seu eleitorado é constituído por católicos, em sua maioria, e qualquer passo em falso poderia ocasionar

uma reviravolta, como aconteceu no Chile. Conhecendo esse perigo, os vermelhos requintaram seu jogo político, mediante manobras sutis. O Partido Socialista transforma-se de repente em ardoroso defensor da participação comunista no governo italiano e faz com que tudo volte à estaca zero. Em Portugal, o PCP perdeu terreno, mas os

socialistas, que dominam o ministério, executarão um programa marxista, com o apoio do novo presidente da República. Para confundir ainda mais a opinião pública e atingir seus objetivos, Moscou organizou um "show" encenado em Berlim Oriental, onde os PCs europeus se proclamaram "independentes" (foto) · página 2 .

OMAIS BRUTAL IMPERIALISMO DA HISTÓRIA Como avançou? Como resistir-lhe? ;,/

Berlim, 2 de maio de 1945 - Soldados russos hasteiam a bandeira soviética no alto do Reichstag, sede do governo alemão (f.oto). A vitória dos Aliados sobre o nazismo neo-pagão e totalitário deu à Rússia a possibilidade de ocupar a Europa Oriental. Quando o mundo entróu na década de 50, o império comunista havia adquirido proporções co lossais, expandindo-se para a China, Coréia e Indochina. Posteriormente, apesar de não conseguir persuad ir as massas, consolidou suas conquistas e ampliou sua área de domínio na África e América. Que fatores possibil itaram à minoria marxista subir e manter-se no poder em tantos países? A questão é de capital importância para os brasileiros. Moscou e Pequim têm em mira nosso Continente. Importa, pois, saber como avançaram os vermelhos para lhes oferecer uma resistência séria e eficaz. Nas páginas ·4, 5 e 6 o leitor encontrará uma visão sucinta da expansão comunista mundial, as resistências que se lhe opuseram, bem como as origens, doutrina e tática da seita marxista. Alguns aspectos dessa importante temática foram especialmente ressaltados. São lições da História ou erros que o Brasil deve evitar.


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Pseudo .. !.i beralização do comunismo, uma fórmula contagiosa l

General Ramalho Eanes O que escondem essas lentes escuras?

H

Á EXATAMENTE 1500 anos,

em 4 76, o jovem Rômulo Augusto, último Imperador romano do Ocidente, era derrotado e enviado ao exllio por Odoacro, chefe bárbaro da tribo dos hérulos. Doze séculos haviam passado desde a fundação de Roma e era crença geral que doze abutres apareceram a Rômulo, simbolizando a duração do Império que fundara. Por isso, já com muita antecedência, se clizia: "Aproxima-se o vôo

do duodécimo abutre; Roma, já conheces teu destino".

A derrocada se efetivou quando o povo que havia conquistado a parte mais importante do mundo já não ti· nha forças morais para defender sua própria soberania e tentava sobreviver pelo recurso a aliarixas com os próprios bárbaros, dest~idores do [m. . ', pé no. Hoje, de algum modo, a História se repete, e há quem imagine a salvação da Itália consistir em uma aliança com um inimigo mil vezes pior que o bárbaro Odoacro.

* • * As eleições italianas de 20 de junho eram esperadas com apreensão. A im· prensa apresentava como possível um triunfo comunista. Depois houve um suspiro de alívio que durou apenas um momento, pois tudo continuou na mesma: o país igualmente ingovernável e os comunis· tas sorridentes como dantes. Porém, estes cada vez mais ameaçadores, alegando serem os verdadeiros triunfadores no pleito. A Democracia Cristã afirma a esquerda de todos os matizes - manteve penosamente sua porcentagem tradicional à força de esv'aZiar o eleitorado dos pequenos partidos. Os comunistas, pelo contrário, crescem continuamente porque - dizem os esquerdistas - são uma força disciplinada, não comprometida com os fracassos de 30 anos de corrupção democristã.

Os campos se dividem No caos da situação política italiana os dados mais elementares facilmente se confundem. Portanto não será demais recordar que as eleições foram antecipadas como meio de o país sair do impasse provocado pelo Partido Socialista. Este negou-se a continuar apoiando o gabinete de centro-esquerda e passou a exigir a entrada dos comunistas no governo. Impossibilitada de governar, a Democracia Cristã convocou eleições a procura de uma solução. O resultado foi que a situação em vez de melho-

Desmentindo-se, Revel incentiva o "compromisso histórico" Jean François Revel, propugnador de uma aliança entre o capitalismo e o chtlll\lldo sociammo democrático ou social-democracia, denunciava indignado, há apenas alguns meses, a falsidade oportunista da J. F. "conversão" dos co'munistas europeus ào "eurocomu11ismo" e sua rejeição a certos dogmas marxistas-leninistas como a luta de classes, a ditadura do proletariado, etc. Conforme "Catolicismo" já previa, ao contrário do que afirmavam alguns observadores políticos, Revel, em seu livro "La tentatwn rota-

a um rápido desenlace. A natureza humana não consegue se manter prolongadamente em estado de crise. t do conhecimento geral que a dor aguda ou o terror intenso, por exemplo, pro· longando,se em demasia levam facilmente ao desespero e à tentativa de suicício. Especialmente nos indivíduos cuja Fé não é firme. No caso italiano, em que a crise se prolonga às raias do absurdo, não há maneira de fugir à suspeita de que se trata de uma situação cujas causas são artificiais e os objetivos, bem definidos. Essa artificialidade reside fundamentalmente na sistemática indefinição dos partidos em sua verdadeirâ relação de forças entre si e facilmente se comprova no terreno político e religioso. No primeiro, basta assinalar a natu· ral incompatibilidade dos italianos em relação ao comunismo. Individualista, profundamente zeloso de sua independencia, o povo teria reagido muito mais defmidamente a favor de uma e-

litaire", comentado em nossa edição de maio, tentava realizar urna •• manobra velada e sutil em favor da esquerda. Logo apôs as eleições italíanas, o autor da re: ferida obra tirou inteira· mente a máscara, quali· t'!evel ficando o chefe comunista ital.íano Berlinguer como um social-democrata. E afirmou que só a colaboração entre a DC e os comunistas poderá conjurar a atual crise da política italiana. R~tomamos assim ao chamado "compromisso histórico", a projetada aliança de comunistas, sociamtas e demo-cristãos.

nérgica campanha de esclarecimento para patentear ;r escravidão moral e física à qual o comunismo reduz os países que conquista. E m vez de os partidos não comunistas se lançarem a uma campanha de denúncias da falsidade da "conversão" do Partido Comunista italiano, em vez de se unirem ante o inimigo comum, deram o lamentável espetáculo de desunião, de confusão, de ambigüidade, de lutas in, temas. E, sobretudo, de um de~astroso vazio doutrinário que caracterizou a campanha eleitoral dos não comunistas. Se, de outro lado, se levar em conta que o povo italiano é maciçaniente católico, parece evidente que o Clero estava em condições de dissuadir a um grande número de inocentes-úteis que, embora católicos, votaram nos candidatos marxistas. Infelizmente, as atitudes tímidas e pouco eficazes tomadas por Paulo VI, pela Comissão Episcopal Italiana e por alguns Cardeais contra o comunismo, não tiveram grande repercussão na ltá-

rar, se agravou. O horizonte apresenta-se carregado de ameaças sombrias e a Itália toma consciência de estar profundamente dividida entre comunistas e não comunistas (intencionalmente não dizemos anticomunistas). Nessa divisão de campos, o Partido Socialista passa com armas e bagagens ao can1po comunista. lrredutfvel em sua eltigência de que seja realizado o chamado "compromisso histórico", nega-se a apoiar o partido democrata cristã6 e outros partidos menores com os quais poderia constituir uma cômoda maioria sem necessidade dos comunistas. A afirmação de_que os socialistas eram pr~comunistas· na Itália, . até as eleições de junho, era considerada quase uma "blasfêmia". Hoje, os fatos a confirmam de maneira incontestável.

Conseqüências de uma crise artificial Colocam-se assim frente a frente CO· munistas e n[o comunistas. Recomeçam as greves de clara significação política, a tensão cresce, a crise continua. O conceito de crise implica a idéia de uma situação insustentável que leva

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Manifes1ação comunista diante da catedral de Milão A Itália inautêntica dos vermelhos em co·ntraste com um slmbolo da verdadeira Itália, católica e tradicional

lia. O exato alcance e a debilidade des- talvez, até mesmo com o apoio dos sas condenações, bem como seu refie. comunistas. xo nas eleições da península. foram Desta forma, embora a maioria da bem analisadas pelo Prof. Plínio Corrêa população portuguesa seja católica e de Oliveira no artigo "Não se co11verte· antimarxista - como também a italiaram, ava11çaram ", publicado em "Cato- na - vai ela sendo empurrada quase licismo" de junho último. Ademais, iJisensívelmente, âtravés de hábeis maesses pronunciamentos, que ocuparam nejos políticos, para o precipício SO· enormes manchetes em diários de todo cialista... o mundo apenas foram brevemente coNa França, o chefe comunista Marmentados cm artigos de fundo de a). chais se projeta, cada vez mais, como guns jornais italianos. Qual seria, então, o objetivo de pro- elemento praticamente indispensável longar indefinidamente a situação ar- para a formação de qualquer governo tificial, criada na Itália? É difícil não que aspire certa estabilidade e um pensar em uma polílica de desgaste pa· pseudo-equilíbrio democrático. ra que o setor da população mais resisO processo de "liberalização" da tente ao comunismo desanime e desis- Espanha vai concedendo gradativamenta de encontrai uma solução conforme te à esquerda mais atuação na vida seus princípios e acabe aceitando uma política. E isto se passa sem que se saída de compromisso. possa saber, na realidade, qual a verdadeira opinião dos espanhóis a resUm "sottogoverno" comunista? peito do assunto. Assim, a fórmula italiana está se reJá eltistem até mesmo fórmulas di.s· velando altamente contagiosa. cu tidas, mais ou menos claramente, para permitir, da maneira mais suave possível, uma participação comunista no governo ital.iano. De. acordo com uma delas, os vermelhos exerceriam uma espéci~ de "souogoverno" (governo camuflado). Fórmula esta, aliás, que apresenta analogias com a atuação dos socialisfas antes das eleições. Mesmo sem contar com ministros no gabinete, os comunistas seriam consultados nos assuntos de importância. E que assunto não é importante nos dias em que vivemos? Em poucos mese.s de "sot1ogover110", o Partido Comunista poderia aumentar consideravelmente seu prestígio mediante manobras bem sucedidas. Além disso, através ,d e um acordo estabelecido entre a Democracia Cristã, o Partido Comunista e alguns partidos menores, a presidência da Câmara é exercida por um comunista, Pietro lngrao, enquanto o presidente do Senado t um democristão, Am.intore Fanfani. Assim, desde já, os vermelhos assumiram a direção de uma casa do Legislativo italiano. Ficarão só nisto? Importantes razões de ordem estratégica talvez os levem a temer colocar-se muito em evidência. A esse propósito, Renzo Trivelli, encarregado do setor de imprensa e propaganda do Partido Comunista Italiano, em entrevista ao jornal alemão Die Welt, afirma: "Temos medo da possibilidade de un111 e-

O "show" em Berlim Oriental

Essa capacidade de contágio pode aumentar, graças às perspectivas que se abriram, apôs o show oferecido ao mundo, pelo congresso dos partidos comunistas europeus. Essa reunião, longament~ preparada, realizou-se nos primeiros dias de julho em Berlim Oriental, alcançando resultados realmente surpreendentes. Brejnev. que há anos vinha exigindo a submissão dos comunistas europeus a Moscou, cedeu inopinadamente aos partidos que se proclaman1 "autônomos" da influência soviética. Durante o congresso, manifestaram-se as "divergências": comunistas húngaros, búlgaros e tchecoslovacos condenaram as teses defendidas especialmente pelos PCs da Itália e da França, que se declaravam "independentes". Entretanto, no momento de votar a documento final, verificou-se súbita e inexplicável unanimidade. Os ~articipantes do congresso decidiram 'preservar estritamente a igualdade e independência de cada partido". Contudo, as conclusões do encontro reconhecem que não existem senão "vias diversas para o socialismo". Por· tanto, os caminhos - ao menos no papel - podem ser diferentes, mas o fim é o mesmo! Observadores políticos mais lúcidos, volução como 110 Chile. Por isso, da- analisando todos esses dados, são levamos o maior valor a um gover110 de co- dos a admitir que em Berlim apenas ligação cornos democratas-cristãos e os se encenou um grande "show" para socialistas". iludir ingênuos e i110cer11es-úteis, espe· A tragédia de Allende mostrou, se- cialmente da Europa Ocidental. gundo Trivelli, que os comunistas não Com efeito, essa hábil manobra papodem governar contra a metade da rece ser de molde a iludir toda sorte população. O Chile foi, durante a crise, de incautos, que se deixam impressiodividido exatamente ao meio. Em vis- nar por essas "vias diversas para o sota disso, os dois maiores grupos - a cialismo ", propugnadas pelo "eurocoDemocracia Cristã e a Unidade Popu- munismo". E agora, estranha e suslar - saíram perdendo. peitamente chanceladas por Brejnev e pelos chtfe.s "duros", de tendência estalinista, como o tchecoslovaco GusUma fórmula contagiosa tav Husak e o búlgaro Todor Zhikoy. Trata-se ainda de saber se, atingida Os portugueses elegeram no dia 27 a meta - que é a conquista do poder de junho - pouco depois das eleições pelos comunistas da Europa Ocidental italianas - o general Antonio RamaCremlin permitirá a "diversibilidalho Eanes para a presidência da Repú- -de ode fins", isto é, de aplicação dos blica. princípios marxistas-leninistas na direEste candidato venceu o pleito com ção dos Estados socialistas. E, na hip~ 61 ,5% dos votos, tendo sido apoiado tese, praticamente impossível, de um por dois partidos não marxistas e pelo desses eventuais regimes desejar afasPartido .Socialista, defensor de um tar•se da órbita soviética, a Rússia, programa abertamente marxista. segundo a concepção do Cremlin, não Mesmo antes do pleito, o general i11tervirill inten1ame11te em outra naEanes anunciara que, caso vencesse, ção. Ela apenas concederia "ajuda fraconvocaria o chefe socialista Mário terna a um país socialista irmão", que Soares para formar o gabinete. Após a não foi prevista e muito menos proibi· eleição, o novo presidente defendeu a da no recente documento de Berlim i.rreversibilídade da revolução portu- Oriental. E até hoje, é com essa expressão eufcmística que os soviéticos quaguesa. Depois de indicado para o cargo lificam a brutal intervenção dos tande primeiro-ministro, Mário Soares ma- ques russos na Hungria, em 1956, e na nifestou-se a favor de um governo for· Tchecoslováquia, em 1968... mado exclusivamente por socialistas e, MIGUEL BECCAR VARE LLA


Brasil - 1976:

AIGREIAANTEA_ESC DA AMEAÇA CO ISTA ~..&.

Apelo aos Bispos Silenciosos OM PEDRO CASALDÁLIGA, Bispo de São Fél.i.x do Araguaia, Mato Grosso, é autor de poemas nos quais maldiz as propriedades privadas, como neste verso: "Malditas se;am todas as cercas/ Malditas todas as propriedades privadas que ,ws privam de viver e de amar! Malditas sejam todas as leis, compostas habilmente por umas poucas mãos para amparar cercas e bois". D. Casaldáliga, "colhendo o dos posseiros de Santa Teresinha, perseguidos pelo Governo e pelo Latiftindio ", escreve em louvor de si mesmo: "Cem um calo por anel, mo11Jenhor cortava arroz. Monsenhor "martelo e foiceº? Chamar-me-ão subveisivo. E lhes direi: eu o sou. Por meu povo em luta, vivo. Cem meu povo em marcha, vou. Tenho fé de guerrilheiro e amor de revolução". • Não espanta, pois, as seguintes estrofes de saudades pelo guerrilheiro comunista "Che" Guevara tristemente célebre: "Lembrarão que sou um padre

D

ª"ºz

te a escalada da ameaça comunista Apelo aos Bispos Silenciosos''. Provavelmente ó este o primeiro estudo a apresentar a nosso público tão largo panorama da grande peleja doutrinária que surgiu há mais de trinta anos em pequenos núcleos católicos e foi ganhando processivamente todo o Brasil - isto é, o país de maior população católica do mundo.

* • • A anájise do que ocorreu no Chile,

uma nação próxima à nossa, irmã pela raça e pela Fé, oferece importantes elementos para ilustrar a gravidade dessa grande crise. E para. pôr em realce, ademais, quanto é necessário que os católicos brasileiros tenham o espírito alertado para o perigo que constitui, em nosso país, a subversão enquanto ignorada ou subestimada. Quanto à atuação de D. Casaldáliga, é oportuno lembrar que ela tem sido até mesmo patrocinada por influentes elementos da. Hierarquia eclesiãstica.

"novo".

Pouco me importa! Somos amigos e falo contigo agora [... ) querido "Che Guevara" (*) As poesias suburbanas de D. Casaldáliga são desconcertantes. No entanto, depois de se declarar marxista, o Bispo de São Féli.x do Araguaia faz esta afirmação ainda mais desconcertante: "Posso e de_vo ir mais longe que o comunismo".

• * • Como pôde um Bispo da Santa Igreja chegar a tais atitudes? Mais ainda: como pÕde um clérigo com tais opiniões chegar a Bispo da Igreja de Deus? Estas perguntas conduzem naturalmente a outras: como reage a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) diante dessa escandalosa explosão do espírito subversivo na pena de um Bispo católico? - Não consta que a CNBB tenha desautorado publicamente, por qualquer forma, essas poesias. Pelo contrário, na tensão que se desenvolveu entre D. Casaldáliga e o Governo Federal, numerosos Prelados, alguns da maior projeção, levantaram decididamente sua voz em favor do Bispo de São Félix. Qual é, pois, a posição da Hierarquia eclesiãstica brasileira ante a subversão?

• • * Perguntas como as que acabamos de registrar fazem-nas - quase sempre de si para si, em desconcertado e respeitoso silêncio - um número já grande e sempre crescente de católicos brasileiros. Deseja a TFP auxiliá-los a encontrar para essas ansiosas perguntas uma resposta consoante aos princípios católicos, bem como à verdade lústón.ca. Para esse efeito, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, presidente do Conselho Nacional da TFP, com a competência de intelectual católico de renome internacional, e com a autoridade de quem vem desempenhando desd"e os anos 40 papel de inconfundível importância na luta contra a infiltração comunista nos meios católicos, elaborou o trabalho "Brasil- J'l.76: A Igreja an· (*) rsTlerra Nuesrra, liberta.d",

Editorial

Guadalupe, Buenos Aires (Argentina), 1974.

~

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Dom Pedro Casaldáliga "Monsenhor martelo e foice"

.

Tendo a TFP chilena lançado, em fevereiro deste ano, o livro "La lglesia dei Silencio e11 Chile - La TFP proclama la verdad entera ", impunha« que o público brasileiro conhecesse o momentoso trabalho. Pareceu à TFP brasileira mais indicado apresentar o tema chileno e o nacional em um só volume, publicando um resumo da obra de sua co-irmã sob o título "A Igreja do Silêncio no Chile - a TFP a11di11a proclama a verdade inteira". Já demos a conhecer a nossos leitores o conteúdo da obra chilena ("Qz. tolicismo" n9 303, de junho de 1976). Mais interessante, pois, será resumir aqui o conteúdo da parte nacional, inédita. Nela, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira apresenta uma vista panorâmica do que possa interessar ao nosso público sobre o símile brasileiro do problema chileno: a amplitude atual da penetração do pensamento e das tendências comunistas no anibiente religioso brasileiro, a gênese dessa penetração, sua relação com a Revolução de 64 e com os fatos que se lhe seguiram. E, por fim, a indagação sobre os meios para que a Igreja evite, para si mesma e para o Pafs, uma catãstrofe como a do Chile. Esta última indagação conduziu a um apelo da TFP àqueles cm cujas mãos ainda está, na Igreja, o poder de tudo salvar: os Bispos Silenciosos.

A infiltração esq ue rdista no Brasil católico Àté cerca de 1948 a atitude da Hierarquia eclesiãstica e dos fiéis foi norteada por dois princípios: 19) O comunismo é adversário da Igreja, pois faz parte de sua meta tentar des-

truí-la; 29) f também o comunismo inimigo de todas as pátrias, pois visa a absorção de todas elas numa só república universal utópica. A partir de 1948, a situação começa a mudar. O comunismo passa do ataque aberto à infiltração discreta na Igreja. A então chamada "politÜJue de la main tendue" (" política da mão estendida") procurava tomar os católicos em aliados do comunismo para diziam eles - combater o capitalismo, apontado como responsável pela situação dura e imerecida em que se encontravam as massas operárias das nações ocidentais. Acenando para esse "inimigo comum" foi fácil aos comunistas estabelecer contactos cordiais com os católicos e obter até algumas "conversões". Os que se converteram completamente, passaram-se ao comunismo. Os senú-conversos ficaram na Igreja como úteis cabeças-de-ponte para o adversário. Além dessa vantagem tática, o comunismo obteve outra maior, dividindo os meios católicos. O que era um só "front" fragmentou-se: de um lado os que permanecerani fiéis à Igreja; de outro, os que ajudavam o jogo comunista. No centro, desnorteada, a imensa maioria católica. Isto se fez no Brasil, sobretudo através dos Centros Dom Vital influenciados por Tristão de Alhayde, e de quistos esquerdistas na Ação Católica. Em diversas capitais houve, porém, reações. Em São Paulo, foi ela d.irigida pelo próprio Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em tomo do semanário católico "Legionário''. E como presidente da Junta Arquidiocesana da Acão Católica publicou "Em Defesa da Ação Ôl· tólica ", que denunciava a manobra. Desmascarado, o adversário apelou para três recursos: 1) fugir ao debate e ao diálogo; 2) difamação e campanh.a de silêncio; 3) ir pa.ra frente como se nada tivesse havido. Nos anos SO, vários fatos foram aproveitados pelos "esquerdistas católicos". Afirma o deputado cassado Márcio Moreira Alves, em recente livro publicado em Portugal, que o então Núncio Apostólico, D. Armando Lombardi, almoçava semanalmente com D. Helder Câniara, cujo grupo procurava sempre apoiar. E "como durante o . tempo em que esteve ,w Rio de Ja11eiro foram criadas 109 novas dioceses e 24 arquidioceses, o que praticamente dobrou o número de Bispos brasileiros, D. Lombardi teve grande influência, através da indicação de muitos Padres progressistas para essas vagas, na alteração do composição poUtica da Hierarquia". Em 19S2, constituiu-se a CNBB. Dom Helder, como seu primeiro secretário-geral, favoreceu a corrente esquerdista, ora aberta, ora veladamente. Os frutos dessa orientação foram os "Padres de passeata", as "freiras de mini-saia" e líderes esquerdistas que apoiaram as agitações comuno-janguistas. Por outro lado, começa o lento asfixiar das Congregações Marianas e outras associações religiosas consideradas "ultrapassadas" pelos "progressistas". A era janguista: situação altamente perigosa nos arraiais católicos

Na era janguista, o Brasil parecia mudado. O ambiente católico passara de centrista a centroesquerdista, tendo à frente D. Helder, elevado a Arcebispo de Olinda e Recife. Procurava-se dar a impressão de que o Brasil estava a incendiar-se. O sangue começava a correr nos campos ... O Brasil é uma nação visceralmente católica, e a qualquer inimigo da Igreja, desde que seja assim combatido por ela, é dificílimo conquista.r o poder no país, e impossível manter-se estavelmente nele. Caso a CNBB se tivesse compenetrado desse fato, quanto san-

gue derramado tecia ela poupado ao Brasil! Ao mesmo tempo que a CNBB assim desolava a opinião católica, mais ou menos pelo Brasil todo, pers9nalidades católicas se iam articulando com os mU.itares e os civis que trabalhavam patrioticamente pela salvação do País. Não ficou inerte, n~ssa conjuntura, o ''Grupo do Legionário", que em 19S 1 lançara "Catolicismo", sob a prestigiosa égide de D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos (RJ). Em 1960, constituiu-se a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Fam11ia e Propriedade (TFP), que teve como fundadores membros do corpo redatorial ou fervorosos amigos de "Qz. tolicismo ". Tiveram eles nos acontecimentos narrados e nos subseqüentes, uma considerável influência. No best-seller "Reforma-Agrdria Questão de Consciência" denunciaram o caráter socialista das reformas janguistas; e inspiraram o abaixo-assinado de 210 mil brasileiros interpelando a Ação Católica de Belo Horizonte para que se definisse a respeito do comu-

Desse benefício priva o Brasil a esquerdização dos meios católicos. Não só priva da prosperidade, mas abre as portas para a ação de Moscou. Oue resta a fazer?

O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ressalta que, se faz tal enumeração de fatos confrangedores, busca apenas uma sofução. Que resta aos católicos fazer? Poderia ser facilmente incompreendida por certo número de católicos a intervenção dos Poderes Públicos, punindo Padres e até Bispos como D. Casaldáliga. ll, pois, dos próprios meios católicos que deve surgir o remédio. Caberia à CNBB denunciar os culpados. Ela, porém, se onúte e favorece a "esquerda católica". A Hierarquia eclesiãstica, na própria medida em que se onúte no combate à subversão comunista, vai se isolando no contexto nacional. Para onde caminhará essa imensa grei que a ação desastrada de tantos pastores vai afastando deles? nismo. De nenhum modo se receia dela Todos os esforços dos católicos an-· uma revolta contra a Igreja. Poi_s é preticomunistas, dentro ou fora da TFP, contribuíram em alto grau para pôr cisamente pelo espírito de hierarquia, diques à subversão janguista e, ipso pelo amor à disciplina religiosa, que facto, para a vitória da ínclita Revo- essa grei discerne quanto se vão afaslução de 1964, brilhantemente alcan- tando da nússão que a Igreja lhes conçada pelas nossas gloriosas Forças Ar- fiou, os Pastores transviados nas sendas madas. Pois foi em conseqüência de da esquerda. Mas o normal para o conjunto dos tais esforços que o grande público se pôde dar conta de que sua fidelidade à fiéis é viver sob a influência e o mando Igreja não lhe pedia que apoiasse a sub- de seus Pastores. Entretanto, nas fileiversão, mas que, pelo contr~o, a vis- ras do Episcopado e do Clero, das Orse com maus olhos, a reie1tasse, a dens e das instituições religiosas, há combatesse. tantas vozes que se calam! Às personalidades assim postas em silêncio, não faltariam louvores e vanDerrotado, o co munismo tagens de toda ordem, caso resolvessem contra-ataca falar em favor da esquerdização da Igreja e do País. Derrotados, os comunistas comeSe não o faum, resistem presumiçaram UJ!l sutil contra-ataque: 19) Desvelmente a pressões enigmáticas e petruir as leis e os organismos que os reprimiam; 29) expandir-se, aproveitan- nosas de enfrentar. E sofrem no silêndo o otimismo gerado pela vitória an- cio. ticomunista. Nesta situação aflitiva para a Igreja A falsa idéia de que é possível uma e para o País, rezarão e gemerão aos distensão com os comunistas, era apre- pés do altar esses "Silenciosos", que goada, entre outros, por Nixon, Willy lembram a "Igreja do Silêncio" do Brandt e pelo Vaticano, com suas res- Chile? 1l de se presumir que sim. pectivas "Ostpolitiks". A eles a TFP dedica especialmente Internamente, perigos se avoluma- o resumo do livro chileno. vam, levando o presidente Geisel a deNa mão dos Silenciosos, pôs Deus nunciar a infiltração nos pa.rtidos po- todos os meios que ainda podem remelíticos. Luís Carlos Prestes a confirma- diar a situação: são eles numerosos, va logo a segui.r. Os comunistas pro- dispõem de prestígio, de posições e de curaram obter o apoio dos católicos cargos. para destroçar as leis e organismos reconclui na pág. 6 -••~ pressivos da subversão. CNBB, Clero e laicato ante o novo jogo do comunismo

Tendo em vista a nússão suprema e fundamentalmente anticomunista da Igreja, a pergunta natural é: o que, à vista disso, fazia a CNBB, o Clero e o laicato católico? Há, nesta matéria, uma afirmação dolorosa e grave a fazer. Enquanto, depois de 64, todas as esferas da vida brasileira realizaram operações internas de saneamento e de depuração da infiltração comunista, na lg.reja todas as figuras que se destacaram durante o período janguista permaneceram incólumes. Dentro das áreas dominadas pela CNBB, não foi permitido que entrasse o sopro regenerador da Revolução de 64. Esse sopro mudou o Brasil inteiro. Os meios católicos, não. No Brasil, mesmo sobre os católicos que vivem afastados dos Sacramentos, a voz da Igreja é influente. Bastaria ao Episcopado levantar-se à uma contra o comunismo e conquistaria a opinião pública. A ação dos Poderes Públicos se exerceria então desembaraçadamente contra os focos de comunismo. Eliminados estes, poder-se-ia trabalhar fraternalmente pela prosperidade do País.

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Cruxifixo encontrado em 1969 num "aparelho" comunista do Rio de Janeiro- Misturar o martelo e a foice com

símbolos religiosos é a tática agressiva do comunismo modernizado.

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ansão do imperialism< Com a cumplicidade e a traição de muitos, o império vermelho estendeu-se p_ela Europa Oriental, Cb~ Coréia do Norte, Indochina, África e· América. Como se deu tal expansão? to que oferecemos ao leitor neste número. Em destaque, wna vista sucinta sobre as origens e a doutiina do comunismo. __

ça), deixando a Europa Oriental livre à ação do Exército Vennelho. Mais uma vez, Roosevelt jogou do lado de Stalin. 1'

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A porur de Brandenburgo {Berlim)

A EXPANSÃO COMUNISTA da Rússia para outras nações foi precedida de algumas tentativas fracassadas. Em 1919, os comunistas alemães, aproveitando a proclamação da República apôs a abdicação de Guilherme 11, · tentaram a conquista do poder pela violência. Forças do Exército e volu.ntários monarquistas impediram o êxito da rebelião. Os dirigentes comunistas Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo foram mortos. No mesmo ano, Bela Kun tentava implantar o comunismo na Hungria, fracassando igualmente. Em 1920, a Internacional Comu• nista (Komintem) planejava agir na clandestinidade ao lado das atividades legais dos PC~ dentro dos sindicatos e dos movimentos operários. Quatro anos mais tarde forma-se a aliança SO· cialista-comunista e uma organização sindical internacional. Através dos sindicatos, a influência vennelha começa a penetrar nos países do Ocidente. Os limites de um artigo não pennitem relatar com ponneoores a ascen· são comunista_ em todas as nações do mundo. Por isso, descreveremos sumariamente a expansão internacional do bolchevismo. O leitor poderã notar que quase sempre tal expansão se deveu mais à omissão ou cumplicidade das potências ocidentais do que à capacidade de persuasão do comunismo.

O pacto dos celerados A entrega da Europa Oriental à Rússia começou em 23 de agosto de 1939, com a assinatura do pacto germano-soviético Ribbentrop-Molotov. A 28 de setembro do mesmo ano, era finnado novo pacto, passando os países bálticos à órbita soviética. Em 30 de ntr vembro, a Rússia atacou a Finlândia, que resistiu durante três meses, im· pondo derrotas vergonhosas aos soviéticos. Por fim, estes conseguiram rom-

Os levantes esmagados Budapeste, 1956 - O povo húngaro ergue-se contra a opressão comunista (foto). Os poloneses seguem o exemplo. Mas a intervenção brutal dos tanques soviéticos esmaga a Hungria e silencia a Polônia, como em 1953 fizera com análoga reação em Berlim. Em 1968, a história se repete na T checoslováquia. Em 1970, é sufocada a revolta das cidades bálticas da Polônia. Em todos os casos, os dramáticos apelos daqueles povos não foram ouvidos pelos países do mun· do livre.

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per a linha de defesa do general Mannerheirn. Para evitar a intervenção angl1rfrancesa, a Rússia suspendeu a ofensiva, contentandtrse em abocanhar alguns territórios finlandeses. Era a primeira conquista de uma série. Em junho de 1940, o Exército Vennelho ocupou a Lituânia, a Letônia e a Es· tônia. No mês seguinte, invadiu a Bes· sarábia e a Bucovina do Norte, após apresentar um ultimatum à Romênia, à qual pertenciam esses territórios. Hitler, preocupado com suas baixas reservas de trigo e de petróleo, decidiu invadir a Rússia. A 22 de junho de 1941, a ofensiva é desencadeada, levando as divisões blindadas alemãs às portas de Moscou. A Rússia procura a aliança da Inglaterra e do governo polonês no.exílio. Os Estados Unidos ofe. recem ajuda militar aos comunistas, com a qual estes se colocam em condições de iniciar a contra-ofensiva no inverno de 1941. A partir da batalha de Stalingrado Oaneiro-fevereiro de 1945), a vitória da guerra.inclina'se em favor dos russos. Nos países ocupados pelos alemães, inclusive a França, os comunistas organizaram movimentos locais de resistência. Eram os partisans. Graças à alian.ça dos Estados Unidos e Inglaterra, os russos, que em 1940 não conseguiram vencer a contento o pequenino exército finlandês, em 1944 esta. vam em condições de se lançarem sobre a Europa Oriental, ocupada pelo Ili Reich.

Roosevelt divide o bolo Como foi possível essa mudança de situação? Um documento secreto do Presidente norte-americano Franklin Roosevelt parece fornecer elementos para a explicação do assunto. Trata-se de uma carta que Roosevelt dirigiu, a 20 de fevereiro de 1943, a um certo Sr. Zabruski, agente de ligação entre ele e Stalin. Eis alguns trechos significativos desse documento:

"Os Estados Unidos da América e a Grã-Bretanha estão dispostos - sem nenhuma resITição mental - a dar paridade absoluta e direito de voto à URSS, 110 reorganização do mundo de após,gue"a (... ]. Concederemos à URSS um acesso ao Mediterrâneo, atenderemos a seus desejos M que concerne à Finlândia e (JI) Báltico, e exigiremos da Polónia uma judiciosa atitude de compreensão e compromisso; Stalin conservará um vasto campo de expansão nos i11co11S· cientes paisinhos eur.opeus do Leste tudo levando em conta os direitos que são devidos à fidelidade da Iugoslávia e da Tchecoslováquia - e ele recupe· rará totalmente os territórios que fo· ram temporariamente ª"ebatados à Grande Rússia [... ]. A Ásia: de acordo com seus pe· didos (de Stalin], salvo complicações posteriores. Quanto à Á[n'ca: o que querem? É preciso enITegar qualquer coisa à França ~ mesmo compensar suas perdas na Asia" (1). Assim o chefe de Estado norte-americano repartia o mundo como um bolo de an.iversãrio. E os melhores bocados estavam destinados à Rússia comunista. Dois anos antes da conferência de Yalta, a entrega da Europa Oriental aos soviéticos jã estava decidida. Na Conferência de Teerã{28 de novembro-19 de dezembro de 1943), Churchill propunha o desembarque das tropas aliadas no sul da Europa, ocupando os Balcãs e atacando a Alemanha na frente sul-oriental. Desse modo, os russos seriam contidos em suas fronteiras naturais. O plano de Stalin era outro: os aliados deveriam desembarcar na frente ocidental (Fran-

Europa Oriental: uma conquista fácil Tendo Hitler engajado todas as suas forças na frente ocidental (Nonnandia) as tropas soviéticas puderam iniciar sua ofensiva nos Cárpatos, em março de 1944. Em abril, cruzavam as fronteiras tchecas e romenas. Em junho, entravam na Polônia e na Prússia Oriental. Derrotada a resistência anti-russa, um governo organizado por Moscou instalou-se em Varsóvia. Dezesseis líderes do governo polonês no exílio ftr ram convidados a participar de conver• sações francas sobre problemas da Polônia. 'Mas não houve conversações. Os poloneses foram levados a Moscou, onde treze foram condenados à morte e três a prisão perpétua... Em setembro, a Rússia invadia a Bulgãria e em seguida a Estônia, Letônia e Hungria. Em fevereiro de 194S, os russos estavam às margens do Oder. Em abril, tomavam Viena e começava a ofensiva contra Berlim. Hitler desa· pareceu, e a antiga capital do Reich capitulou a 2 de maio. Seis dias mais tarde, deu-se a rendição geral das forças alemãs ém Reims. Um mês depois, Bulgária, Hungria, Romênia, Tchecoslováquia e lugoslãvia estavam acorrentadas à URSS por meio de uma "aliança militar", embrião do Pacto de Varsóvia. Com todos esses trunfos, Stalin compareceu à abertura da Conferência de Potsdam ( l 7 de julho de 1945), a qual ratificou todas as conquistas soviéticas. Como alguns meses antes, na Conferência de Yalta ( 19-11 de fevereiro), o Presidente dos Estados Uni· dos, embora possuísse em suas mãos o maior poderio militar do mundo ( 11 milhões de homens), apresentou-se timidamente diante de Stalin, que ditou as regras do jogo. Os ocidentais ce· deram aos comunistas toda a área que haviam ocupado além do rio Elba, os Sudetos, a Boêmia e até o acesso a Berlim. Alemanha Oriental, Polônia, Lituânia, Letônia, Estônia, Tchecoslováquia, Hungria, lugoslãvia, Romênia, Bulgária, estavam transfonnados em nove$ satélites russos. Quanto à Finlândia, trêmula e obediente, daria origem a um novo vocábulo que exprime sua condição: fi11landizada. Estava terminada a conquista da Europa Oriental. A Rússia podia entáo voltar suas annas para o Oriente.

••• Uma das concessões feitas pelos Estados Unidos e Inglaterra à Rússia em Potsdam, foi a manutenção do status quo (ocupação, no caso) na Mongólia Exterior, direitos sobre a Mongólia Interior e portos do Pacífico, ocupação das ilhas Kurilas e. da parte sul da ilha Sakalina. Dois dias após a bomba atômica de Hiroshima e uma semana antes da capitulação dos japoneses, a Rússia lhes declarou guerra. Era o meio de pO· der tirar proveito dos despojos.

"Alguns traíram" Em seu livro "How the Far East was lost", Anthony Kubek, Professor de História da Universidade de Dallas, apresenta este preâmbulo altamente significativo a respeito da expansão CO· munista na Ásia: •

"Em 19 de julho de 1935, o em· baixado, dos Estados Unidos em Moscou, William C. Bullitt, enviou 11m despacho ao Secretário de Estado Cordel/ Hui/. Nele estava i11clu(da esta observação P.rofética: ''é... a mais profu11da espera11ça do governo soviético, que os Estados Unidos se envolvam na guerra com o Japão... Pe11sar na União Soviética como um poss(vel aliado dos Estados Unidos em caso de gue"a com o Japão, é admitir a vontade de ser o autor da idéia. A União Soviética certame11te tentaria

evitar ror11ar-se aliado até que o Japão estivesse completame11te de"otado e e11tão simplesmente aproveitaria a oport1111idade para obter a Mandchúria e sovietizar a China. Assim foi planejado. E assim deve· ria ser. Os /(deres soviéticos planejaram ainda estabelecer um governo no Japão de"otado. Mas isso niio seria realizado. Seus agentes 110 gover110 11orte-america• no, Harry Dexter White e sua coorte, trabalharam de modo brilhante para assegurar esse objetivo. Eles 1úío contaram com um grande talento de i11corruptivel i11tegridaâe. O conquistador do Japão tomou-se o seu salvador - general de Exército Douglas MacArthur. Não ho11ve ninguém P!!"ª salvar a China. Alguns trairam" (2). i-;.

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Vietnã: Esta mulher chora sobre os restos mort~is do marido, massacrado pe· los comunistas do Vietcong em Hué.

Entre Mao e Chang, os russos Mao Tse-tung foi o organizador do primeiro círculo marxista ria China, em 1919. Sun Ya~sen, fundador da república chinesa e !{der do Kuomintang (Partido Nacional do Povo), lutava pe· la hegemonia do poder. Em 1921 , fundava-se oPartidoComunista. Em 1923, Sun Yat-sen aceitava a colaboração CO· munista. Dois russos, Borodi.n e Blucher, organizaram segundo o modelo soviético, o Partido e o Exército chi· nês. Os comunistas foram então admitidos no Kuomintang. Sun morreu em 1925. No ano seguinte Chang Cai-chec era o comandante do exército. Em sua campanha contra os chefes militares do Norte e Centro da China, não submetidos ao Kuomintang, Chang conquistou várias cidades importantes. Os comunistas estavam a seu lado e tentavam aumentar sua influência. Em 1927, Chang rompeu a aliança com o PC e passou a persegui-lo. No ano seguinte, a China inteira estava sob a hegemonia do Kuomintang e Mao organizava o Exército Vennelho. A guerra com o Japão obrigou os exércitos de Mao e de Chang a uma trégua. Na luta contra os japoneses, Chang foi reconhecido como único chefe nacional, reiniciandtrse a colaboração entre o Kuomintang e o Partido Comunista. Ao fim da li Guerra Mundial, Estados Unidos e Rússia envidaram todos os esforços para estabelecer na China um governo de coligação. Após o fracasso das conversações nes• se sentido, os soviéticos ocuparam a Mongólia e a Mandchúria. Era o momento de os Estados Unidos sustentarem o regime nacionalista contra o invasor e o PC chinês. O gal. MacArthur sustenta que assim teria agido, para evitar a expansão comunista. Mas MacArthur não era o governo dos Estados Unidos. A ajuda norte-americana aos chineses durante a guerra redundou em alto benefício para os comunistas, pelo modo como foi ministrada. O Presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, desejava um. governo

com participação comunista e a fusão dos exércitos de Mao com os de Chang. Este dizia que aceitaria os comunistas no governo quando estes depusessem suas annas. Mas a diretriz do general .norte-americano George Marshall era o contrário: coloque primeiro os comunistas no governo e então eles deporão suas armas. Graças a Marshall, o Exército Vermelho pôde desencadear a grande ofensiva contra os nacionalistas. Mao recebeu da Rússia toda ajuda que precisou. Os Estados Unidos não a forneceram a Chang. Em 1949, a China foi conquistada pelos comunistas, enquanto dois mi· !hões de chineses fugiam para F ormtr sa. Erguia-se assim a cortina de bambu.

A guerra que não se quis vencer Um dos despojos japoneses entregues à Rússia pelos Aliados no fim da ll Guerra Mundial foi a Coréia, ocupada ao norte do paralelo 38 pelos soviéticos e ao sul pelos norte-amedcanos. Em 1947, a ONU era impedida de entrar na Coréia do Norte para controlar as eleições. Em fevereiro de 1948, os russos estabeleciam um "tratado de amiZade" com os chineses de Mao. No mesmo ano, realizavam-se eleições na Coréia do Sul, determinando a saída dos soldados norte-americanos. Logo depois, a rádio de Pyongyang, sede do quartel-general soviético, anunciava a proclamação da "República Popular da Coréia". Na madrugada de 25 de junho de 1950, começava a invasão maciça do Sul pelos comunistas. O presidente Truman manifestou-se então "preocupado, mas não alarmado"'. O otinúsmo inculcado pelos norte-americanos custou caro aos sulcoreanos. A "surpresa" da invasão não lhes pennítiu reagir. A população foi esmagada. Em pouco tempo, somentê um pequeno território em tomo de Pusan, a sudeste da península coreana, não estava ocupada pelos comunistas. A ONU decidiu intervir com tropas de J 5 nações, comandadas pelo general DouS)as MacArthur. Em setembro, os comunistas eram obrigados a recuar até a fron leira da China. Em novem· bro, os chineses intervinham maciça· mente do lado comunista, forçando novo retrocesso das tropas da ONU ( o primeiro deu-se logo no início da guerra). Em 19S1, MacArthur plane· java liquidar a intervenção dos chineses, destruindo suas bases aéreas e de abastecimento. Mais uma vez o presidente Truman agiu em favor dos CO· munistas: MacArthur foi destituído. O armistício de Panmunjon, assinado em 1953, estabilizou a linha de fronteira ao longo do paralelo 38. Rússia e China cuidaram, então, de reconstruir a Coréia do Norte, defmitivamente entregue ao domínio ver· melho.

Indoch ina: muitos acordos, nenhuma paz Em 1933, um indivíduo chamado Nguyen Ai-quoc encontrava-se na Rússia, a fim de receber sua fonnação de agitador. Algum tempo depois, ele está em Cantão, ao lado de Borodin, "conselheiro" soviético de Chang Cai-chec e organizador do PC chinês. t nessa cidade da China que Ai-quoc cria e organiza o PC indochinês. Posteriormente Ai-quoc mudaria de noine duas vezes: Song J.fan-tcho e fmalmente Ho Chi-Minh. Durante a li Guerra Mundial, o Japão ocupou a Indochina francesa, fa. vorecendo sua independêncía. O Viet· nã era então governado pelo Imperador Bao Dai, que mantinha boas rela· ções com os franceses. A capitulação dos japoneses deu-se a 16 de agosto de 1945. No dia seguinte, um governo "nacionalista" tomava o poder em Hanói e exercia seu controle sobre quase todo o Vietnã,


A SEITA COMUNISTA, SUA ORIGEM E SUA DOUTRINA

) comunista no mundo

O comunismo é uma seita filosófica que pretende conquistar o mundo para sua manei!3 de pensar, de querer e de ser. Para a consecução desse objetivo os comunistas se congregam em partidos polfticos e organizações internacionais. Tal caráter de seita do comunismo foi apontado já pelos Papas Pio IX e Leão XIII, no século passado. O que anima a ação da seita comunista e lhe dá energia, coesão intenta e clareza de fins é sua ideologia. Precursores .'

constítuído pelo Tonquim (norte), Anam (centro) e Cochinchina (sul). Seu chefe, Ho Chi-Minh, é o presidente de uma "frente nacional" - Vietminh controlada pelos comunistas, já se vê. No dia 18, Bao Dai abdica, contenl3Jldo-se com o cargo de conselheiro junto ao governo de Ho Chi-M.inh. Diante disso, a Grã-Bretanha decidiu ocupar a Cochinchina. Ho Chi·Minh preferiu negociar a volta dos franceses ao Tonquim, desde que reconhecessem a "República Democrática do Vietnã". Os franceses voltaran1. Porém, não para sustentar o novo regime vietnamita. Os ingleses se foram. A guerra da Indochina começou entre a França e o Vietminh. Este recebeu logo o apoio diplomático e militar da China e da Rússia. Em 1954, os franceses capitularam, após heróica resistência cm Dicn Bien Phu. No mesmo ano, reuniu-se a Conferência de Genebra, cujas resoluções de-, terminaram a divisão da Indochina em três países independentes: Vietnã, Laos e Cambodge. Era o fim do protetorado francês ... e o início do protetorado russo-chinês. Os comunistas infiltraram-se por toda parte, formando "exércitos de libertação nacional": Pathet Lao, no Laos; Victco11g, no Vietnã do Sul; Khmer Rouge, no Cambodge. Em 1955, foi destítuído o imperador Bao Dai, que nominalmente ainda conservava a chefia do Estado no Sul. Ngo Dinh Diem, católico pratiC3Jlte, tomou-se primeiro-ministro com o apoio dos Estados Unidos. O Vietcong iniciou então a guerra de guerrilhas. Em 1961, Diem havia logrado estabelecer um eficiente sistema de autodefe.sa das aldeias contra os ataques comunistas. Quando a luta obtinha os melhores resultados, eclodiu um golpe militar esquerdista, apoiado pelos Estados Unidos. Ngo Dinh Diem foi barbaramente assassinado ao procurar refúgio numa igreja. Um de seus irmãos, governador de Hué, foi entregue pela embaixada norte-americana aos comunistas, que o executaram em praça pública. A partir de então, os Estados Unidos entraram maciçamente na guerra. Não para vencer os comunistas, mas para chegar à "paz" do Acordo de Paris (1973), promovida pelo secretário de Estado Henry K.issinger. Um ano depois, o mundo inteiro viu - na indiferença e na letargia - o Vietnã ser inteiramente abandonado à sanita mar· xista.

No Cambodge e no Laos, a história se repetiu. Ainda em nossos dias chegam até o mundo ocidental, entorpecido pela propaganda distensionista, notícias dos gemidos daqueles povos, deportados em !f1assa para o trabalho forçado no campo. Em seus últimos estertores, o Vietnã recebeu um rude golpe: o Arcebispo de Saigon, Dom Nguyen Van Binh, colocou-se ao lado dos "libertadores", transformando os templos de Deus em centros de "reeducação" marxista. Esses fatos impressionantes, os jornais os puderan1 publicar todos, sem que se tenha levantado um só protesto condigno e proporcionado das potências ocidentais a favor dos povos da Indochina. Até esse extremo a r,ropaganda comunista anestesiou-as. ' Catolicismc" não poderia deixar passar esse_infausto acontecimento sem manifostar sua profunda reprovação, associando-se ao calvário da Igreja do Silêncio no Vietnã. Assim, em seu n9 304, Gregório Vivanco Lopes abordou o assunto no artigo "Ovelhas afastam-se de ,naus Pastores".

A descolonização colonialista A influência comunista na África começou com a chamada "descolonização", acelerada na década de 60. O colonialismo europeu - imperfeito, talvez; civilizante, certamente - deu lugar ao neocolonialismo massificante da Rússia e da Chi.na. Os últimos territórios "descolonizados" foram os de Portugal. Moçambique, Angola, Guiné-Bissau são hoje focos de subversão no continente africano. Na Somália e na Guiné, a Rússia possui bases militares das quais pode controlar o Índico e o Atlântico. Na Tanzânia, os chineses organizam e dominam setores vitais do país, como os transportes. Nos demais países africanos, poucos se subtraem à influência russa ou chinesa. A Rodésia, ao lado de uma África do Sul cambaleante, destaca-se como o derradeiro bastião anticomunista daquele continente. No mundo islâmico, pelo menos um país passou inteiramente para a órbita comunista: a República Popular do lêmen do Sul.

No Ocidente, a ofensiva sutil O Velho Continente, berço da civilização ocidental e cristã (melhor diríamos ex-civilização ex-cristã), vai sendo inexoravelmente devorado por um processo de comunistização gradual. Em muitos países nórdicos e anglo-saxões, governam os socialistas, precursores da via comunista. O ''Eurocomunismo" vai lentamente destruindo as resistências de uma população que já não manife.sta disposição de resistir. A NATO torna-se dia a dia mais débil ante as forças do Pacto de Varsóvia. Como e com a Europa, os I?stados Unidos submergem no ocaso de seu poderio. A política kissingeriana leva os norte-americanos a se fecharem num isolacionismo que deixa à mercê de Moscou seus antigos aliados. Se examinássemos esse panorama do ponto de vista meramente humano, seria fçrço~o considerar a América Latina gravemente ameaçada. Cuba vai adquirindo todos os direitos de cidadania na famt1ia interamericana, da qual foi expulsa por se ter transformado na ponta-de-lança cta subversão vermelha em nosso hemisfério. Mais eficaz que as armas atômicas Este rápido sumário da expansão comunista mundial - omisso em muitos pontos, por brevidade - não poderia deixar de registrar, ainda que de passagem, os meios mais modernos de conquista utilizados pela seita marxista. Quando os soviéticos ocuparam a Alemanha. em 1945, ali enoontraram fabulosa indústria bélica, abandonada intacta pelos norte-americanos. Os 5 mil cientistas que ali trabalhavam par os nazistas foram transportados, com suas usinas e laboratórios, para território russo. Lá, seriam construfdos os modernos foguetes balísticos (3). Hoje, os comunistas possuem não só especialistas em armamentos. Eles contam com o maior poderio publicitário da História, a serviço da ciência d"e manipular, deteriorar e conquistar as mentes. A guerra psicológica dá maiores resultados do que uma guerra atômica. Foi pela guerra psicológica que o comunismo tirou do Ocidente a vontade de lutar.

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Na guerra civil espanhola (1936· 1939), os comunistas chacinaram milhares de Padres, freiras e leigos. Venceu.porém o ardor e o heroísmo dos católicos espanhbis. Em março de 1964, o Brasil le· vantou-se para extirpar a agitação comuno-janguista. As "Marchas da Família com Deus, pela Liberda· de" em São Paulo, Rio de J aneiro e Belo Horizonte levaram ãs ruas centenas de milhares de brasileiros que desejavam exprimir seu repúdio ao credo vermelho. O consenso anticomÜnista nas Forças Armadas evitou o derramamento de sangue. No Chile, a 1P de setembro de 1973, a ação eficaz das Forças Armadas varreu do palácio presidencial de La Moneda (foto) os governantes marxistas que subjugaram o pars durante três anos. Manifostações de protesto de todos os setores da população - destacando-se os "camioneros" com seus acampa~

As resistências vitoriosas Espanha, Brasil e Chile servem de lição ã Histbria, pela resistência que opuseram à investida comunista.

mentos e as donas de casa com suas "marchas das panelas vazias" - precederam a derrocada final do regime de Allende. Nas três resistências vitoriosas o

fator religioso teve um papel deci· sivo. Nem sempre os Pastores esti· veram ao lado de suas ovelhas para as alentar na luta contra o lobo vermelho.

Em artigos para a imprensa paulista. o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, presidente do Conselho Nacional da TFP, alertou repetidas vezes para esse novo tipo de ação que o falecido general Humberto de Souza Mello chamou de revolução comunista invisível. Esta se opera "1111 utilizlição dos nossos

meios de difusão: jornais, revistas, cinema, teatro, rádio e televisão; ou ainda através das artes e da literatura das coleções populares de grandes escritores socialistas". Como vê o leitor,

trata-se de uma propaganda feita com ardil, pelo largo uso de meios tons, de afirmações apenas discreta e implicitaniente comunistas, pela difusão de doutrinas ou progran1as para-comunistas, capazes de evoluir, aos poucos para posições pré-comunistas e, por fim, comunistas. O general aponta outros elementos dessa ação solerte: sexualismo despudorado, uso de tóxicos e todo o imenso processo de deterioração moral,. religiosa e cultural que vai devastando sempre mais nossa juventude. E conclui: ··a revolução comunista invisível [é]tão importante, ou talvez mais, do que a pregada por Fidel Castro" (4). O Serviço de Arquivos do Col\gresconc/11/ "" pág.

*"'II

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Marxismo-leninismo EVOLUCIONISMO MATERIALISTA. - A base de toda a concepção marxista do mundo é o evolucionismo materialista: no universo só existe a matéria; ela~ etc.ma, nçcessária. Uma fôrça· misteriosa'e cega impele .a matéria nmn processo de desenvolvimento irreprimível, numa evolução irrefreável, a partir da forma mineral e Íl\orgânica, rumo a formas mais perfeitas. Da matéria bruta emanou a vida, da planta nasceu o al)imal; entre os animais houve um aperfeiçoa.mento até aparecer o animál atual.mente Jl\8ÍS perfeito, o homem. <!:om o tempo, o mesmo processo levará o homem atual a um desenvolvimento que produzirá um homem novo, o qual está para·o homem atual assim como este está para o macaco. · · MATERIALISMO DtALITlC:O. - A força metafísica que impele o universo para essa evolução é ~ luta entre os opostos. Essa luta perpétua é a essência do "kósmos". · Para explicar essa luta, o marxismo aílota a concepçã_o do filósofo alemão Hegel (t1831): num primeiro momento a maféria parece em repouso;· é a tese. Aos poucos, a contradição que nela existe (a11títese) começa a aparecer e a entrar em choque com a tese. Desse ch.oque resulta um novo estado que parece definitivo: a síntese. Mas esse estado, que vem a ser uma nova tese, traz em si sua própria contradição, isto é, a antítese; surge então um novo conflito, e daí nova síntese; e a história recome_ça. Esta série interminável de conflitos leva - segundo os marxistas - a matéria a uma perfeição cada vez maio~, mas sempre relativa e instâvel. ATEÍSMO. - Nessa concepção, como se ~ê claramente, não há tuw para a idéia de Deus, não há difere1\ça entre espírito.e matéria, entre alma e cotpo; não existe sobrevivência da alma depois da morte, nem há portanto, vida eterna, céu, nem inferno. Nada existe de fixo e pennanente; tudo está em contínua mudança. RELATMS!'.,o. - De onde se ,segue que não existe verdade objetiva, nem morál. O q_ue é verdade para um, não o será para outro "menos evoluído'~ Então, não existe igualmente bem nem mal: bom é o que ajuda a Revolução; mau o que a prejudica. "Há uma moral comu11/sta? - pergunta Lenine. Certa-

me11te sim... E mora/, o que contribui para a destruição da antiga sociedade dé exploradores'(

LUTA DE CLASSES. - O princípio do co11flito entre os opqstos que, segundo o sistema comwtista, rege a matéria e o universo, dirige também a sociedade humana. As desigualdades existentes na sociedade gerariam co~tos 119 fim dos quais SU'8Ífia uma síntese; depois do que haveria novos conflitos até chegar à sociedade sem classes, sem desigualdades. Este processo - dizem os marxistas - pode ser acelerado por meio de uma técnica: a luta de classes. Descobrindo QS opostos, atiça-se a luta entre eles, lançando um contra o outro. Assim, um processo que naturalmente levaria século,; pode desenvolver-se em poucos anos. A istó os marxistas chamam "dialética". IGUALITARISMO. - O objetivo final dos sectários de Marx é, portanto, o nivelamento total, a abolição das classes, o igualitarismo; pois, segundo eles, é a · desigualclade entre os homens (de fortuna, de tale;,to~ de cultura, de virtude, etc) que iml).Cde a evolução rumo à sociedade perfeita. preciso então acabar com elas. Esse iguolitarismc é essencial ao comunismo: é por ser igualitário que ele destrói e suprime o direito de herança, a família, a propriedade privada, as elites sociais e culturais, a tradição.

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Comu nismo difuso e revolução invisível

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O socialism_o atual teve precursores em movimentos heréticos da Idade Média e em seitas prote.stantes da época da Pseudo-Refonna: 00Albi11genses (século· Xlll), na :França; os Irmãos morávios (século. XV), na Cbecoslo.vãquia; os A11abatistas (século ·XVl) 1 na Alemanha, Suíça e Holanda, etc. Também em algumas manifestações extremistas durante a Revolução Francesa, como a Co11spiração dos Iguais, de Babeuf (t 1797). Nos séculos XVI e X:VU apareceram alguns romances polfticos e füosófioos de caráter comunista, como a "Utopia" e a "Civitas Solis". Os séculoo e XJX viram surgir as escolas socialistas ou comunistas chamadas utópicas, repre·sentadas por Sai11t-Simo11 (t 182S), Fourier (t 1873), Louis Bldnc (t 1882), etc. O comunismo moderno; dito científico, tem sua origem em Karl Marx·(t8181883), que escreveu algumas de suas obras em colaboração com Friedrich Engels (1820-1895). Sua doutrina, continuada, por Engels e desenvolvida por Le11/11e (1870-1924), forma o sistema que hoje se de,iomina marxismo-le11iniS1110, que além dos aspectos político, social e econômico, possui uma fundamentação filosôfi.ca inteiramente falsa. ·

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WI LSON G. DA SILVA

A:BOL(ÇÃO DA PROP.RIBDADE PRlVADA. - A propriedade privada é especialmente combatida, por ser foJ1te de desigualdades: "A doutrina dos comunistas pode ser resumida numa única frase: a abolição da propriedade privada" - escreveram Marx e Engels. E o socialista francês Proudhon (t 186S) ex.clamava: "A propriedade é" o roubo!" PRIMAZIA DO ECO.NÔMICO. - Uma vez que para os marxistas Q homem não é senão matéria, as necessidades materiais dele devem Ol:upar o prúneiro lugar. Daí o papel primordial do econômico no sistema de Marx. O homem, nessa concepção, não passa de um animal produtor que, pelo trabalho, transforma o mundo. Mais: pelo trabalho o homem transforma a si mesmo. A História humana é a história da ação produtora do ,homem. Cada época · histórica - na visão marxista - defme-se pela luta entre os homens tangidos pelas forças da produção em choque. REVOLUÇÃO "REDENTORA''. - Essa luta não tem fim. Por isso a Revolução marxista nã.o tem meta fl)(a. Realizado o programa negativo de destruição das "alie111Jçces" (tudo aquilo que, na concepção marxista, limita a liberdade do homem e impede a evolução como Religião, família, tradição, cultura, etc.), abre-se para o homem uma perspectiva infinita. A Revolução é para os marxistas

a redenção e a criação.

Socialismo "moderado" Ao lado do marxismo, que é a fonna mais radical do socialismo, há varian1es que procuram implantar uma sociedade igualitária e materialista sem lançar mão dos recursos brutais usados por ele. Essas variantes ~referem os meios legais, as transformações menos radicais das instituições para chegar a umJ sociedade sem classes, igualitária, em que o Estado domina, tudo provê e providencia. Não' há, portanto, diferença de doutrina e de meta final entre o comunismo e o socialismo, mas apenas de métodos. Por onde se vê que ele prepara o caminho ao comunismo, debilitando as instituições que este quer destruir. por tudo isso que Pio XI declarou, na Encíclica "Divini Redemptoris", o comunismo "i11rri11secame11te perverso" e in.compatívcl com a doutrina católica.

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conclusão da pág.

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A IGREJA ANTE A ESCALADA DA AMEAÇA COMUNISTA E Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil. lhes prepara so"idente o cênmos. Falem, ensinem, lutem. O Anjo tupjo prometido já nesta terra aos que protetor de nossa Pátria os espera para abandonam tudo por amor ao Reino os confortar ao longo dos prélios. dos Céus". O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira conclui: "Atuem. Nós lho implora-

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Um flagrante da África marxista: militantes do MPLA comemoram a instalação do novo governo de Luanda.

Que "paz" é esta? Por trás dela está a tragédia da perda dos valores da civilização cristã. E a ironia da mais vergonhosa entrega do mundo a um imperialismo nunca visto ou imaginado em tempos passados. Perguntamo-nos. Diante da escalada vennelha internacional, qual é a atitude do Ocidente em 1976? . Quando cá e acolá vozes alertam o mundo de que somente uma política de confrontações enérgicas e irredutíveis é capaz de impedir que o regi.me comunista se instale no mundo inteiro•.

desviaremos nossa atenção à procura da paz trágica e irônica que nos ameaça? Quando ouvi.remos os gemidos e os gótos de socorro que partem dos países subjugados? Estas são as grandes perguntas dos dias de hoje. Quem lhes dará as devidas respostas? 9 Ocidente herdou a civilização cris,. tã fundamentada na filosofia do Evangelho. Esta governou os Estados e deu frutos superiores a toda expectativa cujos testemunhos estão consignados em inúmeros documentos e na alma de seus povos. Leis, instituições, costumes, harmo, nia das classes sociais pautavam-se nos princípios imortais que moveram a civilização de outrora. Perecerá tudo isso diante do neo-bárbaro ateu e totalitário? Acordará o Ocidente da letargia em que se deixou abater, apesar de seus povos serem anticomunistas em sua grande maioria? Neste Continente, especialmente amado ·por Nossa Senhora, filhos dEla levantaram-se para· proclamar: Não! A civilização cristã não morrerá, apesar de as maiores traições se urdirem em seu próprio selo. . ·. A Rússia continua espalhando seus erros pelo mundo. Cumpriu-se, em parte, a mensagem de Fátima. Caso não se converta, o mundo será castigado, mas, por fim, após a conversão da Rússia, o_ Imaculado Coração de Maria triunfará. O triunfo de Maria Santíssima será o triunfo da Igreja. O triunfo da Igreja representará também a vitória da civilização cristã. E seu triunfo é cer,to, pois sua filosofia é eterna. Parece não tardar o dia em que serão justificados os poucos que, na noite dos séculos, souberam ser fiéis e confiante.s. Por isso, dão ao mundo a possibilidade de repetir o dito de Churchill: ''Nunca tantos deveram ta11to a tão poucos". E estes responderiam: "Nunca tão poucos deveram tanto a Uma só, cujo nome reboa no céu e faz estremecer as estrelas: Maria".

NOTAS

(4)a. discurso do general Humberto de

conclusão da pág. S

so dos Estados Unidos publicou, em 1963, uma lista de objetivos e planos comunistas de 45 pontos, elaborado por N. Skousen, Diretor de Operações do Conselho de Segurança Americano. Esses pontos confl.n nam de modo im· pressionante o comunismo difuso ou a revolução comunista invisível denunciados pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e pelo general Souza Mello. Eis alguns deles: J. "Degradar todas as formas de ex-

pressão artística"; 2- "Eliminar dos parques e edifí· cios toda boa escultura e substituí-la por conf,gurações informes, sem graça e sem significação"; 3- "Fazer desaparecer todas as leis que refreiam a obscenidade [... ) nos li- . vros, jornais ilustrados, cinema, rádio e TV"·• 4· "Infiltrar as Igrejas e substituir a Religião revelada por uma religião social"·• S- "Desacreditara famf/ia como instituição, favorecendo o amor livre e o divórcio fácil" (5). Basta que o leitor abra os olhos cm tomo de si, para ver até que ponto há, por todos os lados, uma pressão discreta mas incessante, para introduzir tudo isso nos costumes e nas leis.

A Resistência indispensável Fala-se tanto· em "distensão", em

"pazº com os comunistas.

(1) Léon

Souza Mello na Semana de Tarnandaré de 1971. apud Plin.io Correa de Oliveira,

de Poncis, Top Secret - Diffu·

sion de la Pensée Française1 Vouill6. 1972, pp. 129 S$, (2) Anthony Kubtk, How the For Ea,t was

lost - Twin Circle Publishing Co., Inc., New York, 1972, p. XVUJ. (3) cr. Michel Bar-Schar, "1.es agents se· crets preparent 11tistoire: S.000 savants allcmands pour Staline" in Historia, n? 229, agosto do 1965.

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Os campos de concentração Mais de cinco milhões de presos pol/ticos gemem nos campos de concentração e nas prisões da URSS. Muitos lá estão por motivos religiosos. Os condenados constituem a maior força de trabalho nas minas, na construção de estradas de ferro e de rodagem e no corte de madeira. A cidade de Norilsk foi inteiramente construida pelo trabalho escravo (6). No mapa, os campos de concentração conhecidos e as áreas onde provavel· mente se encontram outros. Ladeando a ferrovia que liga Potma a Barashevo entre Moscou e Kuybishev, encontra-se o chamado complexo de campos d; Mord6via, um dos maiores da Rússia.

6

1976: A Igreja ante a escalada da amea-

ça comu11ista - Apelo aos Bispos Silenciosos", quando chegou às mãos do Autor um pronunciamento intitulado

''.A Igreja do Vietnã está disposta a SO· breviver", publicado pela Regional Sul U, setor oficial da CNBB, composto por dois Arcebispos e dezessete Bispos do Estado do Paraná {cfr. "Voz do Pa· raná", de 25-4 a 19-5 de 1976). Evidencia ele com uma tal exuberância a que ponto chegou a esquerdização em meios católicos do País, que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira decidiu ampliar seu trabalho, redigindo um apêndice sobre esse documento episcopal. Resumimos a seguir os principais comentários do Autor.

•••

des em matéria religiosa, se parece de modo chocante com a surrada cantilena do esquerdismo brasileiro: as estruturas aqui vigentes, apoiadas até há pouco por um Clero rançoso, exploram o povo. Haverá vantagem em que elas sejam derrubadas, ainda que com a colaboração dos comunistas, e mediante a aceitação da vitória destes. O que as cantilenas esquerdistas têm omitido de prever, no Brasil, é o resultado dessa conduta para a Igreja, e a atitude que deverá tomar a Hierarquia ante esse resultado. O documento da Regional Sul II da CNBB - um verdadeiro manifesto explica que o resultado será a chibata e a perseguição religiosa, o dever consistirá ·na passividade colaboradora e benévola, e a esperança parece residir no surgimento de uma Igreja profética e carismática, eventualmente sem estruturas nem necessidades econômicas,

O GRP (Governo Revolucionário do Povo, do Vietnã do Sul) e o Vietnã do Norte desencadearam, no início de 1975, a ofensiva frnal, a operação Ho Chi Minh. "O fato de eles chama-

rem esta operação pelo nome do profeta, do Pai da Revolução, é significa· tivo da certeza que eles tinham da vitória" - pondera a.Regional Sul li. B passa a reproduzir entre aspas (sem lhe mencionar, aliás, o autor), os seguintes tópicos: "Que imporia que o

regime expulse os missionários estrangeiros se temos nosso próprio clero fonnado, maduro, e perfeitame11te in· regrado com seu povo? E no fundo , os missionários e as Igrejas 11ão eram, eles também, o s(mbolo da miséria e da dominação de nosso povo? (... ). O regime que "libertou" nosso povo, pode agora escravizar nossa Igreja [. .. ). Mas o que importa a Igreja ir às catacumbas se o povo - que é sua missão primeira e única - este vive fmalmente em paz, tem t.rabalho, e sobretudo dignidade?" (o destaque em negrito é nosso). E a Regional Sul li comenta entusiasmada: "Está a( um dos maiores

exemplos da história recente da Igreja em que ela aceita se auto-sacrificar (se imolar) pelo bem do povo que elo serve

11.

A frase faz lembrar o misterioso processo de "autodemolição" na Igreja cheia da "fumaça de SatalltÍs ", a que aludiu Paulo VI (Alocução ao Seminário Lombarda de 7 de dezembro de 1968 e Sennão de 29 de junho de 1972). O documento da Regional Sul II termina com considerações a respeito da Carta Pastoral do Arcebispo de Saigon, Dom Nguyen Van Binh, elogiando-o porque, apesar de ele conhecer a chibata dos comunistas, tem a "cora· gem" de colaborar com eles, e de aceitar "com alegria todos os valores da revolução" (comunista). Fica assim apresentado pela Regional Sul li da CNBB, para os nove milhões de habitantes do Paraná, o "modelo" de Bispo colaboracionista do dia de amanhã. Tão longe nem D. Helder chegou, sequer. A Regional Sul li da CNBB aposta cor.rida com D. P. Casaldáliga. ta "nova vaga" de 1976 tão mais desinibida do que a que nos estarrecia nos dias O jovem no patíbulo foi condenado por um "tribunal popular" em Saigon, longínquos e gloriosos de 1964. após a invasão comunista. - O Episcopado vietnamita recomenda aos católicos uma submissa aceitação do regime vermelho. E a Regional Sul li da CNBB aplaude aquele Episcopado.

O objetivo da Regional Sul II da CNBB consiste em mostrar que o Epis-

copado e os fiéis brasileiros devem se inspirar na conduta da fgreja vietnamita, caso lhes sucedam catástrofes análogas à que desabou sobre o Vietnã, ou seja, caso o comunismo tome conta do Brasil. Diz a Regional Sul II: "Essa Igreja dos confins da Ásia nos

Lições da Hierarquia vietnamita aos católicos

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Estava concluído o estudo "Brasil-

dará o primeiro exemplo de como a Igreja pode existir e agir eficazmente 11a sua missão salvadora, sob um regime de "ditadura do proletariado".

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a. Plinio Correa de Oliveira. "Rapazolas e mo~oilas cm risco" in "Folha de São Paulo ·, ,de 2/4/72. (6)Cí. Yu.ri R. Shinko, For this /wa,bom,

A Regional Sul li da CNBB já tem um modelo

participar de um novo governo constitu(do para a reconciliação nacional''.

(5)

COHCEHTRAÇAO

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"Revolução comunista invisível" in "Fo· lha de São Paulo", de 9/1/72.

SE O COMUNISMO TOMAR CONTA DO BRASIL, COMO DEVEM AG IR OS BISPOS?

lembramos) llão tivessem o direito de·

Quais as lições que o exemplo da Hierarquia vietnamita ministra a nosso povo? Segundo a Regional Sul 11, diante da instauração do regime comunista com sua seqüela de cruéis decepções e de atos brutalmente ditatoriais no campo religioso e civil, a atitude da Hierarquia deve ser da mais inteira passividade. Permita-se a destruição de toda a estru· tura eclesiástica: o mal é compensado pela supressão do abominável regime anterior. Pois o mal feito pelo comunismo é menor que o mal anterior que ele faz cessar. Tal passividade, que é exemplo e diretriz para o Clero e para os fiéis, importa em uma verdadeira colaboração com o comunismo, pois tende a sufocar qualquer reação religiosa, transfonnando os católicos em robôs do regime vennelho. Esse esquema, todo feito de falsidades históricas, de erros e meias verd•-

adaptada ao clima do regime vitorioso. A colaboração com o comunismo não terá, aliás, somente o caráter de pregação da submissão passiva. Importará na exortação ao trabalho "quotidiano" em prol da ''Pátria que, a Igreja espera, sera justa e sadia"... sob regime comunista.

••• Tudo isso parece uma enormidade inacreditável. Terá descido tão baixo, o órgão representativo dos Srs. Arcebispos e Bispos do Paraná? Os textos do documento aqui analisado n ão deixam margem a d6vida. Ei-los: A Regional Sul ll da CNBB, num longo histórico, apresenta Ho Chi Minh não como o guerrilheiro comunista que quer implantar o marxismo no país, mas como o patriota her6i que numa

"escalada lenta mas implacável", "luta pela independência" contra os dominadores estrangeiros, os franceses primeiro, os americanos depois.

"A Igreja llão podia mais ignorar a presença demolidora dos estrangeiros". E em tudo isso tinham muita culpa os católicos. O organismo episcopal paranaense explica que a Hierarquia mudou então oficialmente de posição. Condenou os bombardeios contra o Norte, passou a pedir a retirada dos americanos e a trabalhar pelo afastamento de TI1ieu, a frnt de alcançar a "prioridade das prioridades, o fim da gue"ª· a volta da paz''. Mas isto não seria possível "enquanto os revolucionários do Sul (isto é, os comunistas do GRP e da FLN,

MENSÁRIO com aprovação eclé$ii_stica

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Ao cair da tarde, sua grande rosácea, atrás da qual o sol se põe, parece ser o próprio sol prestes a desaparecer na fímbria de uma floresta maravilhosa. Mas é um mundo transfigu rado no qual a luz é mais brilhante do que a da realidade, onde as· sombras são mais misteriosas. Sentimo-nos já no seio da Jerusalém celeste, da cidade futura. Degustamos sua paz profunda; o tumulto da vida quebra-se aos muros do santuário e se reduz a um rumor longínquo: eis a arca indestrutível, contra a qual não prevalecerão as tempestades. Nenhum lugar do mundo encheu os homens de um sentimento de confiança tão profundo. Símbolo da fé, a catedra l foi também símbolo de amor. Todos nela trabalharam. O povo ofereceu o que possu /a: seus braços

NA CATEDRAL inteira, sente-se a certeza e a fé, em nenhuma parte a dúvida. Ainda hoje a catedral nos dá essa impressão de serenidade, por pouco que lhe prestemos atenção. Esqueçamos por "Seau Dieu" d'Amiens uma hora nossas inquietações, nossos sistemas. Vamos até ela. De longe, com seus transeptos, suas flexas e suas torres, ela parece como uma poderosa nau de par tida para uma longa viagem. Toda a cidade pode embarcar sem. temor em seus robustos flancos. Aprox imemo-nos. No pórtico, deparamos em primeiro lugar com Nosso Senhor Jesus Cristo, como O encontra todo homem que vem a este mundo. E Ele a chave do enigma da vida. Em seu redor está escrita a resposta a todas as nossas perguntas. Aprendemos como o mundo começou e como acabará; as imagens, cada uma delas simbol izando uma era do mundo, nos dão a medida de sua duração. Temos diante dos olhos todos os homens cuja

Existe aqui lugar para dúvida, ou simplesmente para inquietação de espírito? Penetremos na catedral. A subl imidade de suas grandes linhas verticais age logo sobre a alma. É impossível entrar na grande na-

robustos. Atrelou-se aos carros, carregou as pedras sobre os ombros. Ele teve a boa vontade do gigante São Cristóvão. O burguês deu seu dinheiro, o barão sua·terra, o artista seu gênio. Ourante mais de dois séculos, todas as forças vivas da França colaboraram: daí a vida possante que se irradia dessas obras eternas. Mesmo os mortos se associaram aos vivos; a catedral era pavimentada de lápides sepu lcrais; as antigas gerações, de mãos juntas sobre suas lajes fúnebres, continuaram a orar na velha igreja. Nela, o passado e o presente se uniam em um mesmo sentimento de amor. Ela era a consciência da cidade.

Nave Central de Amien,

h istória importa conhecer: aqueles que, sob a Antiga ou sob a Nova Lei, foram f iguras de Jesus Cristo; porque os homens não existem senão enquanto partícipes da natureza do Salvador. Os outros - reis, conquistadores, filósofos - não são mais que nomes, sombras vãs. Assim se nos tornam claros o mundo e sua h istória. Mas nossa própria h istória está escrita junto à desse vasto universo. · Nela aprendemos que nossa vida deve ser um combate: luta contra a natureza a cada estação do ano, luta contra nós mesmos a todo instante. Do alto do Céu, os Anjos estendem coroas àqueles que travaram o bom combate.

EMI LE MALE "L'art rel igieux du x 111e siécle en Franoe", Tome li, conclusion, Lib(airio Armand Colin, Paris, 1969. Gisante do oondestável OuguescHn, na abadia real de Saint-Denis, Paris Rosácea setentrional de Notre. Damo do Paris

vede Amiens sem se sentir purificado. Só por sua beleza, a igreja atua como um sacramento. Ainda aqui reencontramos uma imagem do universo. A catedral, como a planície, como a floresta, tem sua atmosfera, seu perfume, sua luz, seu claro-escuro, suas sombras. 7


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-~ADO SILÊNCIO NO CHILE'' repercussão internacional •

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No Liederkranz, em Manhattan, o Sr. John Parrot apresenta aos novaiorquinos a Lumen Mariae Publications.

TANTO O \VATIÇANO quanto emissoras de Moscou pronunciaram-se sobre o livro da TFP chilena - "La lglesia dei Silencio en Chile - La TFP proclama la verdad entera"; centenas de órgãos de imprensa em todo o mundo o noticiam e .comentam; novas edições aparecem em vários países nas duas Américas e na Europa. Sua repercussão fulgurante o coloca entre os mais importantes que já se publicaram na América Latina, pela magrútude dos problemas que levanta. Verdadeiro estudo histórico baseado em ampla e segura documentação, o livro da TFP chilena mostra como a quase totalidade do Episcopado e uma impressíonante parte do Clero daquele país coadjuvaram de modo decisivo a pol(tica do governo manc.ista de Salvador Allendc. A reação de Moscou foi imediata. Através de pelo menos quatro transmissões radiofônicas em espanhol, precipitou-se com vitupérios contra a obra, em pressurosa defesa do Episcopado chileno. Este também não se · inanteve calado, atacando o livro, através de pronunciamentos coletivos. Não obtendo o resultado que desejavam, os Bispos foram buscar em Roma o apoio que lhes faltava no Chile. O Cardeal Villot, Secretário para Assuntos Públicos do Vaticano, acorreu em socorro deles, com uma carta em que sem desmentir um sô dos 220 documentos citados no livro - manifesta sua solidariedade ao Episcopado chileno (ver "Catolicismo", n!l 306, de junho p.p. com a respectiva réplica da TFP chilena). Por outro lado, compensa esses ataques o apoio insofismável da grande maioria de chilenos, expresso não sô pelas numerosas manifestações de solidariedade enviadas à TFP andina - entre elas, a mensagem escrita de 32 valorosos Sacerdotes católicos, publicada em outro local desta edíção - como pela saída caudalosa do livro em todo o país. Tal receptividade levou a TFP chilena a lançar três edições, num total de 1O mil exemplares, em apenas dois meses. Agências noticiosas internacionals e jornais do mundo inteiro têm divulgado notícias e comentários a respeito do assunto. O jornal esquerdista francês "le Monde''; "L 'Unità ", órgão do Partido Comunista Italiano; a revista

"Ecclesia" de Madrid; a Agência NC, do Episcopado norte-americano, entre muitos outros, dedicam amplo espaço sobre o livro. Analogias do caso chileno com a Si· tuação religiosa de outros países determinaram o interesse de·algumas TFPs em publicar o livro.

Da Argentina à Colômbia "A Igreja do Silêncio no Chile - um tema de meditação para os católicos argentinos" é o Htulo dado em Buenos Aires à edição local do "best-seller" chileno, precedido de um penetrante e substancioso prefácio de Cosme Beccar Varela Hijo.

No centro de Buenos Aires, a TFP argentina em ação

Tais analogias existem, infelizmente, também em outros países, como a Cclômbia, onde a TFP local publicou ',! Igreja do Silêncio no Chile" acrescida do subHtulo "Um tema de medita· ção para os católicos latino-america·

nos". Envergando suas conhecidas capas rubras e desfraldando o conhecido estandarte com o leão dourado, os cooperadores da TFP colombiana vêm promovendo a difusão da obra em campanhas públicas nas principais cidades do país. Nos días seguintes ao lançamento, a repercussão foi notável nos grandes diários da capital e interior do país. Os estoques do "best-se//er" esgotaram-se rapidamente em várias das principais livrarias de Bogotá, Medellin, Cali e Bucararnanga. Pessoas de todas as classes sociais e ramos de atividades, dirigiram-se à TFP menifestando seu apoio, pedindo exemplares do livro ou ressaltando a oportunidade do tema para a Colômbia. Com igual êxito e interesse do público, a edíção colombiana está sendo divulgada também no Equador e na Venezuela. Quer divulgada pelos cooperadores da TFP equatoriana, quer pelas livrarias, a obra vem se escoando rapidamente. A imprensa tem ded.icado comentários ao fato, chegando mesmo a publicar a carta de apoio do Cardeal Villot ao Episcopado chileno, atacando a obra sem entretanto refutá-la.

Editada nos EUA Pastoral de D. Mayer sobre os Cursilhos Numeroso p6blico compareceu à recepção oferecida nos elegantes salões do liederkranz - tradicional centro cultural alemão da cidade de Nova York - para assistir ao lançamento da Carta Pastoral scbre Cursilhos de Cristandade, de D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos. A obra foi recebida com grande interesse, pela atualidade d.o tema nos Estados Unidos. Como se recorda, o livro denuncía graves erros, largamente difundidos pelo movimento cuisilhista em seus livros e re\istas. A edição em inglês da Pastoral de D. Mayer é a primeira publicação da editora Lumen Mariae publications, apresentada na ocasião aos novaiorquinos pelo presidente da TFP nort~americana Sr. John Parrot. A nova editora deverá dedicar-se especialmente à divulgação de obras religiosas e anticomunistas visando a salvaguarda dos valores básicos da civilização cristã. O coquetel servido após o discurso de apresentação foi abrilhantado por um concerto de cravo exinúamente executado pelo m6sico Philip Calder, membro da TFP daquele país. Os convidados permaneceram durante horas em animada conversa, examinando a exposição de obras e atividades da TFP dos Estados Unidos e de suas congéneres da América do Sul e da Europa. A atuação pujante dessas entidades vem impressionando de maneira profunda e crescente os meios intelectuais, políticos e religiosos da América do Norte.

32 Padres chilenos

declaram: a TFP tem razão

Este põe em realce a utilidade da obra para o esclarecimento da parte de responsabilidade do Episcopado argen- Estados Unidos e Europa tino no caos em que se debate a nação irmã. A repercussão de "A Igreja do SiLogo apôs a publicação, os princi- lêncio no Chile" chegou aos Estados pals jornais de Buenos Aires ("La Na- Unidos, onde a respectiva TFP traduEM DECLARAÇÃO que consideram "ato de justiça", 32 Padres exprimiram ción u, "La Prensa", "La Opinión" e ziu o livro para o inglês. outros) e das principals cidades do Em brilhantes e concorridas con- seu "apoio e aplauso" à Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Familia e país deram ampla divulgação ao assun- ferências, o Sr. Cosme Beccar Varela Propriedade, pela publicação do livro "A Igreja do Silênciq no Chile - a TFP to. As emissoras de rádio e televisão (Hijo), presidente da TFP argentin.a, proclama a verdade inteira". O documento foi divulgado no dia 9 de junho 61timo. pela imprensa diária também teceram comentários ao livro. apresentou "A Igreja do Silê11cio 110 de Santíago e está redigido nos seguintes termos: Ora aplaudido, ora atacado, o livro Oiile" ao público norte-americano. As espalhou,.se rapidamente por toda a Ar- conferências tiveram lugar nas sedes da gentina. Em Buenos Aires, Córdoba, TFP de Nova York, Cleveland e Los "Os abaixo-assinados, Sacerdotes Por isso, cremos efetuar um ato de Angeles; no Boston College, importancatólícos, lemos· com toda atenção o Mendoza, Tucuman, Rosário e outras justiça ao formular esta declaração de importantes capitals de província, as te centro de ensino da capital do livro "A Igreja do Silêncio no Chile", apoio e aplauso à obra "A Igreja do livrarias o expõem com destaque e Massachussets; em Kansas City, Ba- escrito e editado pelos membros da Silêncio no Chile" e a seus autores. vendem em abundância. keisicld (Califórnia) e Hunstille (Ala- Sociedade Chilena de Defesa da Tradi- Fazendo-o agora, esclarecemos que a isso não nos move nenhum propósito Cooperadores da TFP platina per- barna), organizadas pelos núcleos lo- ção, Família e Propriedade. declarar com franqueza de suscitar polêmica e, menos aJ.nda, correm as principais cidades difundin- cais da TFP; e cm Fort Worth, Texas. queDevemos uma análise detida do mesmo nos faltar com o respeito devido às autodo a obra, à venda também nas bancas O Sr. Cosme Beccar Varela foi ouvido permite afirmar, publicamente e sem ridades. de jornais. com particular interesse pelos catôli- temor de sermos desmentidos, que se No Uruguai "A Igreja do Silê11cio cos norte-americanos, pois também lá trata de uma obra que não tem nada Afectissimos in Christo ,w 01ile" vem alcançando idêntica re- ·eles presenciam, silenciosos e perple- de objetável. Em outras palavras, todos Pe. Ernesto Alcayaga / Pe. Luis percussão. Os cooperadores da TFP xos, os desatinos do Clero progressista. os fatos narrados em suas páginas estão Alva,ado / Pe. Raimundo Arancibia / uruguala estão difundindo, em MonteNa Espa11ha, a Scciedad Cultural solidamente documentados e a douto- Pe. Alfonso Araya / Pe. Alberto Chanvidéu e no interior do país, a edição Ccvado11ga acaba de lançar sua primei- na da Santa Igreja Católica se encontra dia / Pe. Estanislao Domenech / R.P. Alfonso Donoso / Pe. Manuel Escanele perfeitamente bem exposta. argentina com um prôlogo especial, ra edição européia. Em tals con<jições, não resta outra lona/ Fr. Damasceno Espinosa, OFM / adaptado às circunstâncias urugualas. Ao mesmo tempo, nosso público coisa senão aplaudir a integridade de Pe. Luis Gutiérrez / Pe. Hugo Herrera São inúmeros os pedidos de exem- vai tomando conhecimento da obra, fé e denodo que moveram os jovens M. / R.P. José Arúbal Iluffi, CSR / Pe. plares por telefone ou por carta às se- através de uma síntese da mesma, edi- da TFP a publicar "A Igreja do Silên- Tadeo· Lagoiski / Pe. Luis Lineros / des da TFP. As livrarias expõem o li- tada pela TFP brasileira, publicação cio no Chile". R.P. Francisco Llerena / Pr. Jaime vro nas principals vilrines. A imprensa que complementa substancioso estudo Consideramos, entretanto, que a Manrique, OP / Pe. Francisco Martinez diária tem publicado comentários e no- panorârn.ico elaborado pelo Prof. Plínio controvéisia suscitada pelo livro exige de Qui.ntana / Pe. Francisco Martinez tas sobre a obra. Os principais canais Corrêa de Oliveira: "Brasil- 1976: A de nossa parte não só uma voz de Ortiz / Pe. Guillermo Mateluna / Pe. de telcvisã(\ e emissoras de Montevidéu Igreja ante a esca'hida da ameaça comu- aplauso, como também uma expressão José Gregôrio Mesa / Pe. Humberto têm feito eco à receptividade que o li- nista - Apelo aos Bispos Silenciosos", de tristeza. Com efeito, lamentamos Moatt / Pe. Humberto Montes / Fr. Milton Pino, OP / R.P. Estanislao vro vem obtendo junto ao público. cujo resumo reproduzimos nas pp. 3 e que, por um equívoco - perfeitamen- Ramos, CMP / Pe. Edmundo Rivera / te atribuível ao influxo que as paixões 6. . De onde vem tal interesse? humanas exercem em tempos de crise Pe. Pedro Ruiz / Pe. Francisco SlagaTal amplitude de repercussão mos- - autoridades eclesiásticas tenham a- do / R.P. Luis Santamaria, CMP / Pe. Como ressaltam os respectivos prólogos, há analogias entre o apoio dado tra a atualidade do tema e dos proble- dotado cm relação à mencionada obra Domingo Soto / Pe. Manuel Valderrade consciência de importância uma atitude de repulsa, que ela de ma / Pe. Guilermo Varas A. / Pe. Jor·o Sr. ,Cosme Beccar Varela Hijo fala pelo Episcopado chileno ao comunis- mas ge Wilde". sobre "A Igreja do Silêncio no Chile" mo e as alitu$1es esquerdizantes de par- transcendental tratados em "La lglesia nenhum modo merece. na sede principal da TFP norte ame- te do Episcopado quer argentino quer dei Si/e,1cio e11 Oiile - la TFP procla· ricana em Nova York. ma la verdad entera ". uruguaio.


N9 308 - agosto de 1976 - ano XXVI

Oitetor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Janízaros de Moscou, na África .·

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''Cristãos pelo Socialismo'', ponta de lança da subversão

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Os soldados cubanos assumem no século XX um papel semelhante ao • que outrora exerciam os janízaros ~ ,.. , . - tropas dos antigos sultões turcos, til /4 conhecida por sua ferocidade e pel~iM.Í z .•. fanatismo islâmico. 'f!'lJ, 1"'• Certa propaganda procurou justi· ~ ficar a intervenção russo-cuban Africa tentando criar uma legenda de idealismo desinteressado em tor· no dos homens de Fidel Castro. O pretexto para a ocupação de Ango· la foi a "descolonização". No entanto, terminada a guerra de "liber· tação", os cubanos continuam soli damente instalados na Africa. Afi nal, quem são os colonialistas?- Na foto, cubanos fazem treinamento em Angola. Página 2.

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O agitador que sobressai nesta manifestação de esquerdistas a 1 P de maio, em Madrid, é o Padre-operário Francisco Garcia Salve. Eleito recentemente membro da Comissão Central do Partido Comunista Espanhol, ele aceitou o cargo. "Sou aindJl um Sacerdote e muitíssimos Padres espanhóis militam em organizações de esquerda. No Partido Comunista há mais de vinte", declarou o Pe. Garcia Salve ao semanário italiano "Panorama". A análise de documentos sobre os chamados Cristãos pelo Socialismo, que publicamos à página 5, mostra que toda uma corrente marxista se constituiu nas fileiras do Clero e do laicato católicos, em muitos países. Por vezes com o beneplácito da Hierarquia, os Cristãos pelo Socialismo caminham na direção do Pe. Garcia Salve. Pregadores da revolução social, eles representam uma ponta de lança da subversão no Ocidente.

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Colonialismo russo-cubano com dólares e água benta ... Á ALGUM tempo circulou a notícia de que, em carta partí· cular ao primeiro-ministro sue· co, Olaf Palme, Fidel Castro anunciava sua intenção de retirar as tropas cubanas aquarteladas em Angola. Conforme noticiaram os jornais, o simples anúncio da existência dessa missiva - cujo conteúdo nem sequer chegou ao conhecimento público suscitou eufórica confiança do Secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger quanto às boas intenções do ditador cubano. Também respiraram aliviados incontáveis otimistas, imagi· nando encerrada a perturbadora experiência angolana e desfeito o pesadelo de sua reedição em algum outro país, quiçá do continente sul-americano. Festejou em vão Kissinger a referida notícia! lludiram-se mais uma vez os otimistas! Os cubanos estão mais presentes do que nunca na sofrida nação angolana. Fidel Castro declarou recentemente que os militares de seu regime permanecerão em Angola "o tempo necessário para que sejam organizadas, treinadas e equipadas as forças armadas do pais", ou seja, o tempo que o títere soviético no Caribe julgar conveniente ... Além disso, Castro anunciou que enviará ao antigo território português dois mil técnicos civis "para ajudarem na economia de Angola' . Como se sabe, o termo "técnico.$'', na linguagem comunista, significa antes de tudo

H

"'agentes". Tais declarações foram prestadas em Havana, na presença de Agostinho Neto, que ostenta o título de chefe do novo governo angolano. Este, como reação às palavras do tirano da antiga "Pérola das Antillias", entoou loas a Fidcl, enaltecendo a "união" entre Cuba e Angola "por sua ideologia

AGOSTlNHO NETO, 44 anos, filho de um pastor metodista, nasceu em Angola. Estudou medicina em Portugal, onde foi preso diversas vezes. Tendo completado seus estudos em 1958, no ano seguinte estabeleceu~se em Luanda, passando a fazer parte da direção do Movimento Popu· lar de Libertação de Angola (MPLA), de orientação marxista. Preso novamente em 1960, foi deportado para Lisboa e Cabo Verde, de onde fugiu para o Marrocos. Em 1962, Agostinho Neto assumiu a presidência do MPLA. Com ajuda soviética e cubana, sua organização assumiu o poder, estabelecendo o novo governo em Luanda. As chacinas provocadas pelo movimento guerrilheiro determinaram fugas em massa de angolanos para a África do Sul.

comum". O fato cresce em significado quando se conhece a realidade - aliás pouco divulgada e comentada - a respeito da situação angolana. Importantes informações nos apresenta o bem documentado semanário alemão-ocidental

Der Spiegel. Fruto da " Independência":

o caos Com a "independência" conquistada, e expulsa do pais a classe dirigente luso-angolana, unida à terra e à raça africana por séculos de convivência fraterna e civilizadora, a Angola "libertada" mergulhou no càos: a agricultura

retomou a feição que tinha na época do tribalismo prim.itivo. De quarto produtor mundial de café, Angola passou a colher apenas o que a natureza oferece. A indústria nacional desapareceu, os serviços públ.icos e a assistência social, educacional e médica foram paralizadas. A vida da nação, enfim, entrou cm desagregação. O vácuo deixado pelos portugueses preencheram-no os novos e prepotentes se.nhores: os comunistas cubanos. Os "instrutores" de Castro, além de dirigirem as forças armadas, controlam também as decisões do regime de Luanda, detendo, por trás dos títeres ali colocados, as verdadeiras rédeas do

poder. Até mesmo uma reforma do sistema penal angolano foi elaborada pelos agentes castristas. Recentemente, cinco mercenários acusados de intervir no plano político de uma nação estrangeira, foram friamente fuzilados pelas autoridades angolanas. Condenados por "inspiração'' de quem? Dos interventores cubanos ... Fato clamoroso que não teve, entretanto, o condão de despertar a menor compaixão dos povos. Como essa compaixão se exacerbou quando os executados foram cinco terroristas comunistas espanhóis! Tudo se passa como se um misterioso omniarca movesse a seu bel-prazer e em proveito próprio os ventos da piedade universal. Eles sopram apenas numa direção... Fica aqui uma interrogação à margem, apresentada à consideração do leitor. Também um "serviço de segurança", ou seja, uma po1icia política, uma "Pide" vermelha, está sendo organizada pelos "instrutores" cubanos em Angola. Parece desnecessário dizer quem a "KGB angolana" irá perseguir. A influência dos agentes comunistas se faz presente em todo o país, estrategicamente colocados nos mais variados setores da vida nacional: na agricultura, o governo do MPLA é "assessorado" pelos agrônomos de Castro; duzentos a trezentos médicos cubanos substituíram os que fugiram e engenheiros castristas constroem as estradas em Angola.

Dólares e água benta Saíram os portugueses, entraram os cubas,os. O que houve em Angola: independência? Na realidade, a ao tiga província ultramarina lusa trasisformou-se em satélite de Cuba. De Cuba? Mas de que potência Cuba é satélite, por sua vez? Emerge assim o neocolonialismo russo imposto a mais uma nação dosolo africano. Mas além dos executores cubanos, os russos podem contar com outros colaboradores em Angola: poderosas empresas ocidentais oferecem ajuda econômica ao novo Estado. A Gulf-Oil norte-americana fornece copiosas subvenções ao governo de Agostinho Neto pela extração do petróleo em Cabinda. E a Boeing, também norte-americana, treina pessoal de vôo angolano, além de fornecer aviões. A companhia sul-africana Diamang, cm colaboração com o regime de Luanda, continua operando no pais a fim de evitar o crescimento do índice de desempregos. Com isso, proporciona po~ pudas rendas ao MPLA. Não podia faltar o apoio militante do Clero progressista, incansável em condenar o pretenso colonialismo português, mas satisfeito e conivente com o neocolonial.ismo russo-cubano. A Rádio Ecclesia, de Luanda, de eropriedade da Arquidiocese, ao lado de transmissões das Missas dominicais e de cantos sacros, leva ao ar a /11ter110· cional comunista e se denomina "Voz da Igreja a serviço do Povo". Católicos inconformados com o comunismo encontram na "Voz da Igreja" a serviço de Moscou e Havana a palavra que a· dormecc os descontentamentos e desestimula a resistência à seita vermelha que oprime o país.

••• Poder russo, executores cuban!)S, dólares e água benta são os ingredientes desse novo colonialismo em terras africanas... Cubanos controlam as forças armadas de Angola

ARNÔBIO GLAVAN

Q}EM ENTREVISTA ao jornal Die Zeit, da Alemanha Ocidental, o secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger ressaltou, entre outras coisas: "Creio que os momentos mais dramáticos (de minha carreira] ocorreram quando me reuni pela primeira vez com Chu En-lai, ou no momento em que Le Duc Tho (representante do Vietnã do Norte] entregou as propostas que permitiram à estrutura do governo existente em Hanói sobreviver". Aí está confessado pela boca de Kissinger por que vias o regime tirânico norte-vietnamita Henry Ki,.inger pôde sobreviver. E agora que os dois Vietnãs estão ''unificados" sob um regime no qual o Vietnã do Sul desapareceu como nação livre e independente. Kissinger deve estar satisfeito, pois com o·Acordo de Paris de 1973, Hanói não só pôde sobreviver como subjugou o Vietnã do Sul.

QIEM JANEIRO deste ano, o redator-chefe do semanário alemão-ocidental Neues Bildpost entrevistou a última sobrevivente das aparições de Nossa Se· nhora em Fátima, Irmã Lúcia, em seu convento carmelita de Coimbra. Na autorização que o Vaticano forneceu para a realização da entrevista constava a proibição expressa de fazer qualquer pergunta a respeito das apa· rições da Sant/ssima Virgem!

Õ;lO MORNING STAR é órgão oficial do Partido Comunista inglês. Pelo menos um terço da edição do diário vermelho britânico está sendo remetido regularmente a países da cortina de ferro, numa tentativa extrema de assegurar a sobrevivência do jornal. O Moming Star está muito abalado financeiramente uma vez que os membros do PC britânico, seus habituais leitores, estão em constante diminuição. Da edição de 40.000 exemplares diários, cerca de 14.000 são enviados para ~ Rússia e países satélites onde o jornal é adquirido ·c omo forma de "ajuda fraterna dos PCs irmãos do Leste europeu" ...

Q} ·:EIS O QUE quero dizer a meu povo e aos húngaros espalhad.os por todo o mundo: aqueles que afirmam que o povo húngaro é hoje feliz, vos enganam". Essa declaração consta do testamento deixado pelo Cardeal Mindszenty, falecido no ano passado em Viena. A última mensagem do Prelado húngaro, símbolo da resistência ao regime vermelho, está impregnada de fortes acentos religiosos. Pensando em seu funeral, o Cardeal Mindszenty escreveu: Cordeol Mindszentv "Enterrem-me aqui [... ) em Viena e qúando chegar o dia em que a estrela do ateísmo moscovita não projete mais luz sobre a terra da Mãe de Deus e de Santo Estêvão [a Hungria) desejo que meu corpo seja enterrado em Esztergom, na cripta da Catedral". Q,UM CONSÓRCIO formado pela Krupp, Korf, Salzgitter e Siemens vai construir na região de Kursk, junto ao rio Volga, a 600 km de Moscou, uma das maiores e mais modernas siderúrgicas do mundo. Para isso, cerca de 3 mil técnicos alemães ocidentais estão de mudança para a Rússia, com suas respectivas faniílias. Para a instalação de tão grande contingente humano está sendo construída uma cidade completa, que possui escolas e hotéis. Entretanto ésses alemães não poderão gozar da natural liberdade de movimentação ... considerada um "execrável preconceito burguês" pelo Cremlin! Quem desejar ir além de 2 km da nova cidade deverá munir-se de autoriza· ção escrita da po1icia soviética. Para "facilitar" a locomoção, uma agência da empresa estatal Intourist organizará excursões em grupos às velhas igrejas ou aos kolkhozes (granjas coletivizadas). Q)O ABANDONO progressivo do canto gregoriano nas igrejas católicas, vem suscitando certo número de iniciativas por parte de setores leigos em vários países. A recuperação do gregoriano é hoje uma realidade, pelo menos no campo cultural. O tradicional canto, ·que data dos primeiros séculos da Igreja, desperta cada vez maior interesse. Um termômetro constata o fato: a crescente produção de discos com gravação de m6sica gregoriana, em alta-fidelidade, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. Na França, o Ministro de Assuntos Culturais está procurando salvaguardar o gregoriano, considerado uma das riquezas do patrimônio cultural frances. Na Inglaterra, fun<!ou-se a

Schola Gregoriana de Cambridge.

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Ofício gregoriano nvm mos1eiro espanhol


TFP: um dia de campanha vista por dentro Reportagem de Luís Carlos Pássero 1 11

EM NOSSA edição anterior, noticiamos a publicação do livro A Igreja ante a esc,a/ada da ameaça comunista - Apelo aos Bispos Silenciosos, do Prof. Plinio Conêa de Oliveira. A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade incumbiu-se da divulgação direta~ente ao grande público: Catolic,~mo publica alguns flashes da campanha realaada no centro da capital pauhsta, no dia 23 de julho último. Nosso repórter esteve nos próprios locais da campanha ouvindo propagandistas e pessoas do público, a fim de melhor sentir a reação popular ao lançamento do livro. As i.nformações aqui registradas contêm, além disso, elementos que re~ pondem à curiosidade do leitor desejoso de conhecer como se desenrola uma grande campanha da TFP em uma metrópole.

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- Êxito de venda no Viaduto do Chá

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Q

UEM NA MANHÃ esplendorosa de 23 de julho de 1976, andasse distraído pelo centro de São Paulo, ao entrar na Praça do Patriarca, ou passar pelo Viaduto do Chá e rua Barão de ltapetininga, poderia ser surpreendido por uma proclamação compassada e em alta voi:

"O Bispo de Araguaia diz: "Quero ir além do comunismo". Que Bispos, que Padres reagem contra esse absurdo? Leiam A Igreja ante a escalada da ameaça comunista, de Plinio Gorrêa de Oliveira ". Logo, vêem-se os estandartes .:'ermeU1os flutuando ao sol, com o leao eletras douradas reluzentes. A TFP está em campanha. Como esta começa? Em poucos instantes, sócios e cooperadores da entidade colocam suas capas vermelhas c se reúnem em torno do estandarte; rezam três Ave-Marias e,

com o brado "Pelo Brasil: Tradição/ Familia! Propriedade! Brasil! Brasil/ Brasil!'', caminhan1 em direção da massa humana que flui pelo centro da cidade. Grupos de propagandistas colocam-se nos quatro cantos do Viaduto do Chá e nos pontos de maior movimento. Com a cortesia que os distingue, abordam os transeuntes, explicando-U1es a tese da obra que ora divulgam. O paulistano normalmente detém o passo para melhor ouvir a explicação. O entusiasmo contagia

que O comrmisnzo é O pior i11imigo do Brasil, da Religião. Agora... " O propagandista insiste: - "É justamente esse o problema tratado 110 livro. Dr. Plinio relata os últimos 40 a11os da crise que ve111 mi11011do a Igreja Católica 110 Brasil. Aqui o Sr. e11co11· trará a explic,ação para sua perplexidade. Tenho certeza que o Sr. passará a e11te11der o que se passa·; - "Bem, seu e11a,siasmo me convenceu a comprar o livro. Que Deus o mantenha 110 fé que, infelizmente,. estou perdendo... Quanto custa o volume? Em frente ao Teatro Municipal, uma senhora conversava animadamente com um cooperador da TFP. Em sua bolsa via-se o livro do Prof. Plínio. O repórter pôde registrar apenas a d~spedida: - "Vocês são a esperal(ça da juventude brasileira! Co11ri11uem assim, o futuro /Ires dará raziio!" - "É uma professora de História, preocupada com a decadência dos costumes na juventude de hoie". informou o propagandista que com ela conversara. Mais tarde, passava apressada em direção à Praça do Patriarca outra senhora - talvez jovem avó - puxando pelo braço um menino que se obstinava em 0U1ar a campanha. Munnurava ela: "Is//0 é coisa do passado. Imagi11e/ Padres · 1... 1magma. ·1 ... "P ara seu comunistas. dissabor, o menino encantado com os estandartes, foi repetindo um dos slogan~, enquanto a mulher o arrastava pelo braço... Homens e mulheres com ar de superioridade fingiam nada ouvir nem ver. - "A estes chamamos sapos. São os esquerdistas de salão". explicou Lu/s Antônio, 21 anos, 2P ano de Medicina. Outros, pelo contrário, apoiavan1 calorosamente: - "Em 64, diante do perigo comunista que batia às portas, eu me fiz um com a TFP. Era preciso e11fre11tar o i11imigo comum. Não concordo inteiramenre com todas as teses que a TFP defende, mas o perigo está de novo imi11e11te e é preciso nos unirmos. Passem lá 110 escritório um dia com mais c,alma para conversannos. Felicida·

- "O Sr. tem acompanhado a esc,alada comunista no Brasil, não tem? Veja como o comunismo tem procurado penetrar até nos meios católicos, que deveriam ser os primeiros a combatê-lo". - '"Como?" - responde um homem que passava apressado pela Rua 7 de Abril, em direção à Praça da República. - "Sim, o comunismo está se infil· rrando na Igreja, veja estas poesias de D. Casaldáliga, Bispo ·de Araguaia, ,zo · Mato Grosso: ele diz que tem "fé de guerrilheiro", uamor de revolução" e se auto-intitula "Monsenhor martelo e foice". Não é um absurdo? - "Não entendo mais nada. Desde meus tempos de Catecismo aprendi des!"

Provocadores, anônimos..• e não anônimos

Na confluência das ruas Barão de 1tapetininga com Marconi, ocorreram cenas particularmente interessantes. De uma casa comercial jogaram alguns sacos plásticos cheios d'água. - "Isso é coisa de esquerdistas incomodados". dizia um orador de improviso ao grupo de curiosos que observava a campanha. - "Eles pensam que 110s assustam com isso, pelo contrário, é um incenti•'O a mais para nosso trabalho. Só se atiram pedras e111 ári•ores que dilo fru-

tos".

No público alguns concordavam com um sorriso, outros, com gestos de indignação contra os provocadores anónimos. Na Praça João Mendes, devido à proximidade do Forum, era grande o número de advogados abordados: - "Fui alu110 do Dr. Plinio, é um grande homem", dizia u.m. - "Ele é um reacionário, não quero nada com ele!'Se D. Casa/dáliga preci· sar de advogado, estou aqui!" dizia 011tro,que, prudentemente, atravessou logo a rua. O repórter observava a campanha no Largo São Bento, junto à saída do Metró, quando uma voz irritada cortou o rumor da multidão: - "Não quero! Vocês são opressores do povo!u Tratava-se de um estranho grupo: um homem vestindo calça e jaqueta pretas, três moças em calça de brim desbotado e dois rapazes barbudos, vestidos do mesmo modo. O indivíduo de preto no qual se distinguia uma pequena cruz na lapela continuava: - "O capitalismo é anticristão, é i11tri11sec,ame11te perverso, enquanto o socialismo não, é libertador!'' - "Pio Xi exatamente diz o contrário 11a Encíclica... " - respondia o propagandista da TFP, quando foi interrompido com violência: - "Você quer me ensinar? Sou Pa· drel Só o socialismo e o comunismo proporcionam dignidade ao homem. D. Casaldáliga tem razão, eu também sou subversivo! Não quero nada com vocês! Fascistas!" O homem de preto só acalmou-se quando percebeu a existência de policiais que passavam nas imediações ... Enquanto isso, um grupo de cooperadores da TFP conversavam com outros elementos do grupo e tiveram mais uma surpresa: as moças de calças "Lee" eram Freiras, os rapazes, semi· naristas, e o homem de preto de fato era Padre. Todos vinham de uma importante capital do Nordeste e passavam férias em São Paulo.

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rumo ao Viaduto do Chá, partindo da zona bancária. O dia de carnpanlla ia encerrar-se em breve. Pontualmente, às J 8:15 h todos os grupos de sócios e cooperadores já estavam concentrados em frente ao antigo c~ifício Mattarazzo, h?je BANESPA. A medida que confluram, entrelaçavam-se estrofes do Queremos Deus, logo seguidas de Viva a Mãe de Deus e Nossa. Pouco depois, aproxima-se um auto-. móvel azul claro, é o Bispo de Campos, D. Antonio de Castro Mayer e o Prof. Ptinio Corrêa de Oliveira que chegam para o encerramento da campanl1a. Um popular, reconlicccndo-os, dá início a uma salva de palmas. Outro, pede autógrafo. - "Infelizmente não é possível atender a todos, pois a campanha precisa ser encerrada 110 tempo

previsto", dizia um auxiliar do Prof. Plínio ao ajuntamento que começava a se fonnar. Às J8:30 h, D. Antonio de Castro Mayer reza as 3 Ave-Marias e o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira puxa o mesmo brado que iniciou o radioso dia. A campanha neste dia está encerrada. Os jovens retiram capas, os estandartes são recolhidos. Sócios e cooperadores da TFP conversam anin1adamente, trocando impressões e se dispersam em pequenos grupos. Todos deixam transparecer na face a alegria do dever cumprido. Foi um dia de batalha com a massa humana (por vezes desumana) da megalópolis.

• * • Cremos, assim, ter atendido à justa curiosidade dos leitores de Catolicismo os quais, muitas vezes, encontram grupos de jovens sócios ou ·cooperadores da TFP vendendo um livro, coletando assinaturas ou simplesmente recebendo donativos para o Natal dos pobres. Imagine o leitor mil fatos como os aqui narrados acontecendo simul taneamente, e terá uma idéia do clima de uma campanha da TFP.

COM A COORDENAÇÃO GERAL DA CAMPANHA

Fernando F11rqui11r de Almeida Filho é o coordenador-geral da campanha. Muito gentilmente ele se dispôs a fornecer alguns dados sobre o traballio realizado. • Como está organizada a campanha? • São 15 ou mais grupos de 25 a 50 pessoas fixas~ outro tanto de participantes esporádicos, que aproveitam um intervalo do trabalho ou qualquer sobra de tempo. Para percorrer detenninado bairro, geralmen te esse grupo - que chamamos banca - divide-se em dois ou três, de ac<?_rdo c?m as circunstâncias. .É tudo muito maleável. Não há uma estruturaçao rígida. Uma banc,a encarrega-se das comunicações com os dema.is, de marcar os locais par-a os próxin1os dias, de preparar os lancl1es para o almoço e coisas do gênero, de modo a assegurar o máximo rendimento para os que estão na rua. Há, por fim, uma Coordenação Geral 9ue se encarrega da aplicação das orientações emanadas do ConseUlo Nacronal da TFP. Trata-se portanto da direção dos mil aspectos práticos de uma grande campanha como esta. • Por que chama Banc,a? ·• O nome remonta às primeiras can1panhas. Por ocas1ao da Marcha da Fam,1ia com Deus pela liberdade, a 19 de março de 1964, u.tilizamos várias bancas - mesas de madeira portáteis - para coletar assrnaturas para um manifesto que interpelava a Ação Católica de Belo Horizonte sobre as refonnas de base. Por extensão, o nome passou a designar cada grupo encarregado de uma banca e se manteve pelo costume. • Como vai a difusão do Livro? Onde foi a melhor venda, no centro ou nos bairros? • No Brasil, considera-se best-seller o livro doutrinário com tiragem de três mil exemplares vendidos. Em apenas 30 dias já ven.demos 11.660. Como o Sr. vê, o resultado é excelente, especralmente considerando-se a elevação do tema. • . . No centro, foram vendidos 682 exemplares no unrco dia de campanl1a. Nos bairros escoaram-se 2.992 exemplares. Percorremos áreas de todos os níveis. .É interessante notar que o número de exemplares vendidos mais ou menos se equivalem, em média. A título de exempl~ fome~o alguns resultados por bairro: Jardim América: 42; Santana: 47; Vila Mana: 65; Vila Carrão: 21; Freguesia do ó: 87. Indiscutivelmente o público que freqüenta as missas dominicais foi o mais receptivo como, aliás, era esperado. A média de livros vendido~ nas imediações das igrejas (levando-se em conta as horas de trabalho e o numero de propagandistas) foi melhor que no centro. Isto prova o_quanto as teses do livro interessam ao público ma.is especificamente católico. • A campanha é só em São Paulo? . . • Não. Quase simultaneamente, está sendo feria no Rro, em B~lo_Horizonte e Recife. Se Deus quiser a campanha deverá passar das pnncrpa,s cidades brasileiras para nosso vasto "hlnterland".

Dever cumprido

No centro de São Paulo, brado de alerta contra a infiltração comunista na Igreja.

Eram quase 18:00 h. Grandes éstandartes encabeçando grupos de propagandistas começaram a se movimentar

Os pedidos de "A Igreja ante a escala~ da Jllll~ªça.comurústa - Apeli> aos, Bispos Silenciosos" podem ser encanunhad~s a Editora Vera Cruz,Ltda, .,. RuaDr. Martinico Prado, 246, 01'224 São Paulo, SP.

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O Calvário da Igreja na Lituânia dar também a vida pela causa da justi- 110 momento n111is difícil de sua vida: A GRANDE FARSA de nossos dias - a política de distensão com os governos ça. E conclui: 110 hora da ,norte. E. como bandidos, comunistas - constitui uma aberta e sardônica contradição com a lógica e a evi"Porra1110 , não necessito de um ,·ocês submetem a milhares de fiéis ao dência dos fatos. Um destes é a continuação da cruenta repressão anti-religiosa llge11re de defesa. Falarei eu mesn111 em 11wis doloroso roubo moral. bssa é a que oprime os povos que gemem sob o jugo comunista. ética e a moralidade com1111isra!" Na Lituânia floresce ainda com tenacidade, sob as cinzas de uma nação marti· seu lugar". Com estes exemplos recentes, tão rizada_. o herofsmo cristão, fruto da Fé ~ da graça. vivos ~ impressionantes pela sua tragi\;eJamos um caso recent~ •. revelador dessa sobrenatural fortaleza. Seu pro ta· O regime soviético cidade, fica posta a nu a farsa que gorusta é uma fervorosa catohca, que afrontou, com o escudo da verdade, o gi· tem horror ao espelho ... constitui a nova roupagem "risonha" gantesc_o e monstruoso aparelho de perseguição soviética. Por isso, foi condenae "democrática" com a qual o comuNum dos lances de sua defesa, Nijoda a Ires anos de trabalhos forçados nos campos da Mordóvia. le atirou no rosto de seus juízes esta nismo procura atualmente embair a o·•verdade amarga": "Como um espelho pinião pública, para mais facilmente ITUADA NAS orlas do Báltico en- . Foi através dessa Crónica que se - afirma - a Crônica da Igreja Católi- conquistá-la. Pois o ódio anti-religioso tre a Prússia, a Polônia e a Rússia, soube, por exemplo, da deliberação de ca na Lituânia mostra os crimes dos sempre esteve e estará na medula da a Lituânia constitui um bastião ca- um comitê comunista, no ano passad'o, ateus contra os fiéis. Como a maldade seita marxista. Confirma-se uma vez tólico enclavado entre o Oriente e o O- ordenando a demolição de cruzes eri- niio admira sua própria feiura . ho"O· mais a oportunidade do ensaio do riza-se com sua própria i11111gem no es- Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: Acordo cidente. Converteu-se à Fé católica du- gidas por humildes camponeses. pelho. É por esse motivo que vocês com o regime comrmisra - Para a Igrerante a Idade Média e teve assinalado odeiam rodos aqueles que lhes arran- ja. esperança ou aurodemolição? O papel na História ao deter o passo do cam o véu de 111e111iras e de hipocrisias. comunismo é intrinsecamente perverinvasor tártaro. No século XV, 0 Prín- Nijole Sadunaite Mas isso 1150 tira o valor do espelho'" so. A coexistência é impossível. cipe Vitãutas estendeu suas fron teiras Nijole Sadunaitê é o nome da prota''O ladrão rouba dinheiro, más 1,0até o Mar Negro. Sua paisagem constiLixo da História tui um conjunto maravilhoso de bos- gonista do caso que vamos relatar. As cês roubam do povo, priJ,ando-o daquiques e lagos entremeados de cruzes informações chegaram ao Quais novos Judas, há plantadas com a singeleza e a graça Ocidente através da Crónica da Igreja Católica 110 também na Lituânia Padres populares. lituânia , n9 17, divulgacolaboracionistas do regiVilnius é a capital _da Fé desse pais me ateu. Os fiéis sofrem católico. Aí se encontra o grande san- da pelo bole tim Elta-Press pe,seguições. Sobre essa atuário nacional consagrado a Nossa Se- n9 12, editado em Roma. Nijole nasceu no ano de terradora realidade - uma . i,J1ora da Porta da Aurora, onde é vene1938 cm Dotnuva. Seu pai constante em todo o orrado o quaélro milagroso da Mãe de era professor na Academia be - pergunta Nijolc: Misericórdia. de Agricultura. Desde sua "Quem conferiu aos ateus Povo muito devoto, o lituano é tamo direito de dar ordens. bém -cavalheiro. Nos anais de sua his- 'infância a jovem demonstrou ser católica intrépida, aos reitores e dizer-lhes tória destacam-se as façanhas da cavamesmo duran te a perseguiquais os Padres que têm laria; e até hoje, apesar do comunismo, permissão para convidar que tudo vem destruindo, o entrete- ção comunista. P,estou valioso auxílio a Padres catóaos retiros religiosos e fesnimento mais apreciado é a equita1ivais, e quais Padres niio ção. O escudo nacional reproduz um licos perseguidos por sua estão autorizados?" guerreiro com armadura sobre um co,- fidelidade à Religião, como por exemplo, ao Pe. AntaDiante desse quadro, cel b,anco, brandindo sua espada. não se sabe o que dizer da Açoitado pela dominação nazista e nas Seskevicius, feito prisioneiro por ensinar catedeclaração de l)om C. Kriem seguida pela comunista, a tragédia vaitis, admin istrador da Ardesse país é longa e profunda. O co- cismo às crianças. No dia 24 de agosto de quidiocese de Vilna, feita munismo privou-o dos fiUtos mais ca1974, Nijole foi detida nudurante uma conferência pazes e do normal desenvolvimento de nos Estados Unidos, no sua cultuia, e afundou-o finalmente na ma residência onde estava sendo impresso o n!> 11 da ano passado: "Na f,illlânia. indigência. ' Crônica. Levada a um tria lgre;a Carólic,1 fw1cio1v, bunal comunista, negou-se normalmente ·~.. O ódio à cruz a fazer revelações. Foi en"Esres e outras cente1ws de fatos - prossegue Foi essa nação privada, sobretudo, tão enviada a um hospital psiqu iátrico em Vilna. Em Nijole - mostram que o do direito, sagrado entre todos, de se março de 1975 o tribunal obje1ivo ateu de transfor· manifestar católica. Há poucos anos, a mt1r todos e cada um em Nossa Senhora da Porta da Aurora, Padroeira da Lituânia grande revolta popular anticomunista pediu à Clínica informações sobre seus antecedenseus escravos espirituais na Lituânia mobilizou a imprensa ociAo pé da página, o escudo nacional da Lituânia tes psiquiát ricos: não os justifica qualquer meio: a dental. O poder soviético, para sufocáhavia. calúnia, as mentiras. o ter-la, teve de recorrer a seu exército de Em junho começou o julgamento. lo que lhe é mais precioso: fidelidade o ror! I:: vocês se regozijam com sua mongóis, com receio de que os soldaSeis testemunhas ouvidas. entre as suas próprias cre11ças e a possibilidade 11itória? Sobre o que esrà pos10 seu dos russos se negassem a atuar. quais pa,entes e an1igos da acusada, fo- ~e transmitir seu resouro aos filhos, triunfo e sua vitória? Sobre ru ziws moiam retiradas do tribunal logo depois as gerações mais jo,,ens". Nijole Sadu- rais. sobre milhões de crianças ainda do depoimento, para que não se in te i- naitê explicou então vários casos da não nascidas, sobre a rapilw da dignirassem do andamento do processo. ação anticristã do socialismo, especial- dade humana, sobre mesquinhos e veChegou a vez de Nijole. O Tribunal mente na educação, que di funde o lhacos homúnculos, infectados com o permitiu que se apresentasse acompa- ateísmo marxista oficial, deturpando a pa,,or e com o veneno das nwis baixas nhada apenas do im1ão e de onze a- História com mentiras e deformações. paJxões da vida. Bem dizia Nosso Senhor Jesus Cristo: "Por seus frutos os gentes do regime. conhecereis". Os crimes que vocés esNão há legalidade tão cometendo os estão empurrando "Os crim inosos são vocês" Expôs também o mecanismo do sis- cada vez mais velozmente para o lixo tema de ameaças psiquiátricas que os da llisrória ''. As declarações de Nijole Sadunaité comunistas usan1 contra os que se "Bem-aventurados perante o Tribunal foram compiladas opõem à mentira oficial. e difundidas pela Crônica em seu n!> Existem na Rússia muitos dispositi- aqueles que têm sede 17: vos "legais''. Na " República soviética de justiça..." da Lituânia" há também códigos civil, "U11111 vez que não eu, mas vocês, Graças a Deus, nem tudo o mundo siio os criminosos [... 1, e posto que penal, etc. Mas não são outra coisa que prega11r a me,rrira, a coação e a violên- o reflexo do pensamento materialista e esrá perdido. Não temos apoio quanricia; porque depois de terem vocês ca- persecutório do regime. Para a organi- 1ari1,o da sociedade, 1,ws a qualidade eshmiado inocentes, torturando-os 11as zação repressiva não há limi tes de ne- tá de nosso lado". acrescentou Nijole. Depois afirmou: "Alegro-me pelo fa· prisões e nos campos, 11110 responderei nhuma espécie. Tudo isso foi dito aberta e corajosa10 de me terem concedido a honra de a 11enhu11w das perguntas do tri/;111111/ mente por Nijole Sadunaite ao tribunal sofrer 11111 pouco devido à Crônica da Niíole Sadunaitê - como fiz durante o i,rre"ogatório marxista. heroína da Igreja do Silêncio Igreja Católica na Lituânia, de cuja reem sinal de protesto contra este proA acusada relatou ainda a persegui- tidão e necessidade estou convencida. cesso". Ultiman1cnte, pari passu com os ção contra a prática regular da religião, Permanecerei fiel a isto até meu último Lembra ter sido presa anteriormenprogressos da dérente, recrudesceu a que os comunistas dizem respeitar. E hausto. Portanto, que continuem a puferoz vigilância marxista. São numero- te por tentar conseguir um advogado que até em situações extremas, como blicar suas leis, quantas lhes aprouver, sos os casos em que a espionagem e a para o Pe. Seskevicius, e por esta mes- a dos agonizantes, "recusaram-se (os mas guardem-,ws para l'Ocês mesmos. repressão se manifestam, talvez mais ma razão - para não comprometer comunistas) o permitir que pacientes De,,emos distinguir entre o que foi esviolentas do que nunca. O que não tem pessoas an ticomunistas - recusa um moribundos conseguissem assistência crito pelo homem e o que Deus manreligiosa de um Sacerdote, apesar dos dou". obstado que a resistência católica ca- defensor: ,;Este é um lado da meda/Ira diz tacumba! se artícule e edite boletins pedidos ran10 dos próprios f)ácientes Finalizando sua defesa, Nijole reaque transpõem a cortina de · ferro e - porque o outro é simplesme,11e que como de seus parentes. A ré os criminO· firmou sua altivez católica: ,;Este é o cheguem até o Ocidente! Tal é o caso a verdade 1160 necessita de nenhu11w sos têm seu ú/1imo desejo atendido. dia 11wis feliz de minha vida; esrou senda Crónica da Igreja Católica 110 Lituâ· defesa. porque ela é onipore11re e i11- Vocês, contudo. ousam escarnecer das do processada por causa da Crônica da nia. venci'vel!" E declara a disposição de convicções mais sagradas do homem Igreja Católica na Lituânia, que com-

S

bate a tirania f1sica e espiritual do homem. (... ). Meu castigo será meu triunfo!" E acrescentou: "Hoje 11u: aprese11ro diante da erer,w Verdade - Jesus Cri~ ro - e solicito sua quarta bem-aventu· rança: "Bem-aventurados aqueles que têm sede de justiça, porque eles serão saciados". Como poderia deixar de me regozijar. quando Deus Onipo1e111e assegurou que a luz conquistará as tre,,as e que a verdade triwrfarà sobre as vis mentiras e o engano! Estou disposta não somente a pennancccr na prisão. como também a morrer. pdra acelerar a ~1itula desse dia':

Depois, com grande espírito de fé, encarou o tribunal : "Quanto a vocês, quero lembrar-lhes as palal'ras do poe· ta lermo11rov: "Entretanto existe, existe um justo tribunal de Deus! Que Deus assegure que o veredicto desse tribunal seja favorável a todos nós". Nijole Sadunaite foi condenada a três anos de prisão, sob "regime duro" de trabalhos forçados e uês anos de ex,1io, o que ela considerou uma sentença suave. Atualmente, cumpre a primeira parte da pena num campo de concentração da Mordóvia.

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Deus Nosso Senhor não julgará somente os tiranos e seus sequazes. A falia de solidariedade do mundo ocidental, adormecido por um estúpido torpor, constitui uma grande culpa. Enquanto isso âcontece, enquanto a perseguição é o pão de cada dia dos católicos da Lituânia e, de modo geral, dos que gemem detrás da cortina de ferro, ao mesmo tempo cm que seres humanos são vítimas da rapina socialista, do ponto de vista moral e físico, nas mais diversas partes do globo, o Ocidente alimenta o regime moscovi ta e seus satélites! Segundo informa a Crónica, na Lituânia os comunistas fecharam incon~ táveis igrejas católicas, ou as converteram em armazéns, fábricas, cen tros militares de saúde, museus de ateísmo, galerias esportivas, cinemas, laborató· rios, clubes, etc. Quando não, as destruíram até os fundamentos. Em Vilnius resta somente uma capela, que- por um resto de temor do povo, ainda não arrasaram: a Mãe de Deus da Porta da Aurora. Aí está a belíssima imagem da Padroeira da Lituâ-

A igreja de São Casimiro, em Vilnius, foi transformada em exposição de materiais sanitários. nia. No Arco da Capela pode-se ler uma jaculatória muito apropriada para os lituanos que hoje sofrem, como para todos os católicos fiéis, nestes dias de provação e de dor: Marer misericordiae, sub tuum praesidium confugimus (Mãe de.Misericórdia, sob a Vossa proteção nos colocamos). Na ce,teza de que não tardará o dia de Vosso Reino!

CONSTAN TI NO DI PIETRO

4 •


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''CRISTAOS PELO SOCIALISMO'' USAM . A /GIIBJA PARA PIIBGAR A SUBVERSAO

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ARXJSTAS, "comprometidos com o processo revolucioná· rio", pregoeiros da "ditaduca do proletariado" e da rebelião armada, seguidores de Mao Tse·lung, "Che" Guevara, Fidel Castro, Camilo Torres e outros ... Comunistas, dizem-se, entretanto, "cristãos., e até "católicosn! De· nominam-se Cristãos pelo Socialismo. Apareceram eles com esta designação no Chile, a partir de um grupo de Padres revolucionários - o grupo dos oitenta - à sombra do governo ma0<is· la de Salvador Allende. Difundiram-se logo pela Espanha, Itália, Portugal, Es· tados Unidos, Canadá e se dizem hoje espalhados pelos cinco continentes. Organizam-se e agem nas chamadas "comunidades de base", contam em suas fileiras com grande número de Pa· dr~s e Religiosos, recebem o apoio claro ou velado de diversas figuras do Episcopado. Realizam congressos nacionais e internacionais, nos quais são proclama· dos seus ideais marxistas de "libertação do proletariado", " luta de classes" e construção de uma sociedade igualitária. Agem sob as vistas das autoridades eclesiásticas numa quase total impunidade. O público católico, estarrecido, que espera de seus Pastores medidas enér· gicas para pór fim ao escândalo, constata, no entanto, desconcertan te silên· cio, quando muito entrecortado por tímidos e inócuos pronunciamentos. Escritos de mentores desse movi· menlo e propaganda de suas atividades vêm encontrando guarida em editoras e publicações católicas. Citemos como exemplo a Editorial Verbo Divino na Espanha, a revista Ecc/esia, de Madrid, órgão da Ação Católica Espanhola e o documentário SEDOC, publicado pela Editora Vozes (Petrópolis) dos Padres franciscanos. Conferências, ensaios, textos bâsicos para estudos e documentos finais de congressos dos Cristãos pelo Socialismo foran, reunidos nwna brochura de 498 páginas, divulgada no início do ano passado pela Editorial Verbo Divino (1). Nessa obra baseamo-nos especialmente para a elaboração do presente trabalho (2).

M

Professam declaradamente o marxismo Em seus escritos os Cristãos pelo Socialismo declaram abertamente pro· fossar o marxismo. É esta doutrina o sistema filosófico do comunismo, que reúne unia seqüela de erros, condenados incessantemente, há mais de um século, por numerosos Papas. Tais

erros se apresentam, no marxismo,

(2)

O Bispo de Cuernavaca (México) D. Méndez Arceo, preside uma reunião de "Cristãos pelo Socialismo" no Chile.

só cabe uma atitude: lutar utilizando todos os recursos lícitos, certos de que a morte é preferível a qualquer concessão ã sei ta vermelha. É essa seita, porém, que numerosos Sacerdotes e leigos católicos - e enquanto católicos (4) - abraçam eufori· camente, e com ela procuram conciliar um arremedo charlatanesco da Religião Católica. A pergunta se impõe: qual o interesse desses marxistas em cola.r na própria fronte o rótulo de católicos?

A "prax is" da luta de cla sses e a " mística " marxista igua litária Os Cristãos pelo Socialismo adotam integralmente a visualização ma0<ista de que a realidade mais profunda de nosso tempo é a existência das .. massas oprimidas" em estado de luta, nem sempre declarada, com a "estrutura dominante". Trata-se - dizem eles de levar essas "massas" à revolta, desa• !ando assim a Revolução. In terpretam dialeticamente (5) a história da humanidade e da Igreja. Esta, estaria por força das circunstâncias históricas, a serviço da classe dominante e do capitalismo. Seriani, portanto, as relações econômicas que explica· riam a missão divina da Santa Igreja Católica, para esses Sacerdotes de Nosso Senhor Jesus Cristo ... ou de Marx! Ouçan1os as palavras de um dos membros do movimento, Juan Garcia· Nieto, sobre o papel da " luta de classes" para a construção da "nova ordem" que deve ser instaurada:

"O que o movimento operário en· te11deu sempre por luta de classes não é nem mais nem menos do que a concretização da "praxis" revolucio11ária neste momento histórico. Supõe portanto um confronto irrevers/vcl entre a classe do1nina111e (o capital em suas distintas fases de expressão e dese11volvime1110) e as classes exploradas (trabalho assalariado, industrial e ca111po· 11és)" (6) (destaque nosso).

Alfredo Fierro Bardaji e Rcyes Ma te

Rupcre-t - Cristionos por el Sociolismo, Editorial Verbo Divino. Estella (Navarra), 1975. AJém da publicação eirada foi consultado o ~eguinte material: Cristianos

loti11oamerico11os y scâoUsmo. CE..

OIAL (Centro de estudios para cl de· sarollo e integ1ación de America l.iti-

do espiritual" é concebida como uma força material imanente no homem, concepção esta que parece estabelecer a identidade panteísta entre matéria e espírito. Em outro documen to pode-se ler:

É a indagação que a todo instante aflora a quem, lendo tais documentos, procura traçar definidamente a identidade e os objetivos desses grupos. Sobre o referido tema eslender-nos.emos em próximo artigo.

Impossível não perceber que se tra· ta aqui de apresentar um veio "mísli· co" panteísta do marx ismo, aberto à idéia de "religião". De que "religião" se trataria?

Com o co nciliar o ate is m o co m a religião?

Cristãos pelo Social ism o

lista e só ela permitirá discernir e identificar o que ltoje é cristão" (13}. No documento final do li E11co11tro dos Cristãos pelo Socialismo encon Iramos a seguinte frase: "A teologia se faz verdade nos fatos. 110 prática revo- "Se a consciência de determinadas ilucionária" ( 14). déias inten•ém 1w produção de um re· Como o leitor bem vê, estamos cm sultado concreto - uma teoria ou ação presença de autênticos marxistas, e determinada - nada impede ao ,natemais uma vez, a perg11n1a se coloca: rialismo marxista de reconltecer uma Por que tanto empenho cm se apre- força "espiritual" como peça material sentarem como cristãos ou católicos? desse resultado" ( 17),

num sistema que constitui a mais comEsse confronto geraria o mundo nopleta e radical negação da doutrina ca· vo comunista igualitário, anárquico, de tólica. Sobre a doutrina marx ista o leitor amanhã: "(... ) Uma sociedade na qual encontrará claro e sucinto estudo na estejam superadas as classes e seja posedição de julho de Catolicismo (3), on- sivel 111110 ordem social radicalmente dide poderá constatar a afirmação que ferente da capitalista". O texto do referido autor apresenta fazemos. a seguir, alguns traços do que seria esta É o comunismo, na verdade, a SU· "nova ordem" igualitária, entre os prema afronta contra o Criador, pois quais figura "11111 novo projeto de civi· pretende organizar um mundo não ape- lização" nascido de uma "revolução nas sem Deus mas contra Ele, anteci- cultural" nos moldes de Lenine e Mao pando desta forma o inferno na terra. Tse- tung (7). Disso, nos oferecem eloqüentes exemEsses grupos marxisrns consideram. plos os crimes atrozes que se pralicani na Rússia, China, Cuba e demais paí- seu "cristia.nismo", na verdade, wna ses comunistas. Mais recentemente, e "praxis''. uma ação po1ítica e não a como tais mais vivos na memória do Religião. Mas, por política entendem público. estão os acontecimentos no "o moderno proce;so de emancipaCambodge, Vietnã, Laos e Angola. ção" (8), ou seja, a revolução comunisDiante do comunismo, ao católico ta internacional. Dizem eles: "O cristão

( 1)

E mais adiante: "A "praxis" socia-

(3)

na), Bogotá (Colombia); t:cclesw, órgano de la Acción Catolica Espailola, n9s 1786, 1788, t789, 1791, Madrid (Espanha); St:DOC (Scmço de doeumcntação), Editora Vozes, Pctr6&4 lis, vol. g, serembro de 1975, p. . "A seita comunista, sua oriR:cm e s-ua doutrina", in Ctuolicismo. n9 307, julho de 1976, p. S.

e o cristianismo se identificam hoje em relação ao politico e à "praxis" (9). O que significa "praxis" na doutri· na marxista? É a prática revolucionária. O conjunto de ações que, na concepção dialética, iria gerando a "nova ordem", o mundo igualitário comunista. Assim, a pregação subversiva, a guena revolucionária, o terrorismo, são exemplos de "praxis". Também para os marxistas, somente essa "praxis" ou prática revolucionária indica o que é "verdadeiro" e "bom". Para um católico ma0<ista, uma determinada ação ou doutrina é

Grupos Proféticos e

Esta concepção panteísta de "cons· Para marxistas tão zelosos da dou· ciência CS,Piri tual '; seria a base de uma trina de Ma0< e de manterem a máscara "religião', nova, imanente, sem dogde membros da Igreja de Nosso Senhor mas nem leis ( 18), admitindo uma IgreJesus Cristo, apresenta-se o problema: ja indefinida, destituída de autoridade como justificar tal máscara? Como ex- e de estruturas; um conglomerado a· plicar essa dupla identidade àqueles morfo, fragmentado em grupelhos, moque formulem para si a mesma indaga- vidos todos por um mesrno impulso ç_ão que aqui fazemos? Como conci- interior misterioso. Tal visualização encontra-se em nuliar um pretenso cns1tan1smo com a luta de classes e o materialismo hisló· merosos documentos dos Cristãos pelo Socialismo. Em fins de 1973, apareceu rico? em Madrid um material "catequéti~o" do referido movimento no qual se descrevia a unova visão do cristianis· mo", para cuja realização eram necessárias duas e tapas:

. a primeira, seria .. denunciar" a

Igreja Católica na sua doutrina, sacramentos, estrutura e instituição como instrumento da "ideologia burguesa dominante". . a segunda procuraria alcançar "fomias novas de expressão e comunicação entre os crentes", "novos símbolos", "nova linguagem", uma "nova Igre·a". Como seriam estas novas fonnas? Respondem os mesmos Cristãos pelo

Missa numa residência de Filadélfia (EUA) "Novos símbolos" " nova linguagem"

legitima desde que seja exercida ou aceita por muitos, num sentido revO· lucionário. A Verdade, a Moral, não seriam valores absolutos imutáveis como ensina a doutri.na católica, mas opiniões relativas, mutáveis segundo as circunstâncias de momento; ou seja, Verdade e Moral não existem. Esta posição relativista é mais uma conseqüência da ideologia marxista ( 1O). !! por isso que na pena do Pc. José M. Diez Alegria, jesuíta, encontramos a seguinte formulação: "A mim, parece que se algué,11 cré realmente em Jesus, é cristão, e se

tem, de fato, e conseqiie111eme,11e to· dos esses desejos (de construir uma sociedade sem classes) está dentro da "praxis" ,narxista. E não há mais problema de incompatibilidade" (11). Posto diant.e do problema do repúdio da Igreja ao marxismo, outro "cris· tão pelo socialismo", Alfredo Fierro, apresenta como solução: O movimento de cristãos que passam para o socialismo é crescente, e não se verifica o movimento em senti· do inverso. Isso ·'permite arrnnar que

a lógica da tradição cristã comporta aqui e agora afinidades com o socialis· mo. distanciamento do capitalismo e franca repulsa das manifestações im· perialistas e autoridades deste" (12).

(4)

Fierro-Mate - Cdstionos por el soclolism<>. p. 188.

(S)

cr.

(6)

f'icrro-Matc - Crislianos por e/ sodatismo, p. 90.

(7)

artigo citado in Catolicismo,

n9 307,

Ibidem, pp. 91 ·92.

Árdua tarefa! Mas nada detém os

Cristãos pelo Socialismo, que lançam mão de quaisquer meios para lograr seus intentos. Em seus lábios, os cnsi· namentos do Evangelho tomam um significado revolucionário e o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo é apresen tado como agitador comunista ( 15). Como conciliar porém o materialismo histórico com a religião? Também diante do mencionado problema, os Cristãos pelo Socialismo não hesitam e apresentam uma confusa, sibilina e engenhosa saída. Marx - dizem eles - não concebeu um materialismo nos te rmos em que o apresentavam certos filósofos do século XVIII , ou Feuerbach. Nem mesmo como aspirava Lenine, um materialismo histórico rígido e dogmático, em que a "consciência" do homem era apresentada como mera máquina de registrar dados vindos do exterior. Ma0< e Engels admitiriam movimentos interiores no homem, forças subjetivas que condicionarian1 o conhecimento da verdade objetiva. Uma dessas forças seria a uconsciência espiritual". Ter/amos, assim, um materialismo que admite o "espiritual " em contraposição ao materialismo chamado "fisicalista" de Lenine (16). Bem se vê que a citada "consciência

Ibidem, p. 180. (9) Ibidem, p. 35. (10) Cf. Artigo citado iil Catolicismo. n9 307. (11) F'ierro-M:ite - Ois1ianos por cl soda· /ismo. p. 72. ( 12) Ibidem, p, 65, (8)

Socialismo: ''Temos que andar com cuidado. Não as podemos tirar da cartola, mas da luta, da ·praxis ". Essa obra deve ser nossa escola de teolo· gia':

"Como essa experiência estd ainda muito 110 começo, será necessário caminhar às apalpadelas, pouco a pouco. li predso i11clusi1•e aceitar um tempo de "noite escura". um tempo 110 qual, embon, saibamos o que queremos, [... ) ,tão somos ainda capazes de exprimi-lo positivamente. [... ) Esta CO·

..

HENRIQUE GUIMARÃES

Pe. José M. Diez-Alegria, S.J., um "cristão-marxista"

(13) (14)

(IS) (16)

() 7) (18)

Ibidem. p. 68, SJ:.'DOC. vol. 8, setl197S, col. 173. Ficrro-Matc - Cristionos por cl Sociolism<>, pp. 101. 106,108, tbidcm, p. 123 a 129. Ibidem, p. t 27. SF.DOC. Col. 173.

5


.. munidade [a comunidade em luta) tem que tomar a sério sua missão "pro/ética" [... ] e compreender que o carisma está por cima da instituiçáo. (... ) O profetismo e o carisma posto em marcha a partir da luta, pode lograr a reci1· peração do caráter conflitivo, esperançado, da mensagem cristã" ( 19). O leitor encontrará dificuldade em compreender o significado dessas pala· vras,. pois a linguagem marxista e pro· gress1sta é confusa, obscura e pouco in· teligível aos não iniciados. Não será difícil! porém, ver nessas formulações, inteiramente embebidas da dialética marxista, enorme semelhança com as dos organismos semi-clandestinos o I.DO.c e os grupos proféticos. ' Tais organismos que tramam a sub· versão na Igreja foram denunciados por Catolicismo cm seu n9 de abriJ. -maio de 1969. Sucessivas edições deste mensário foram divulgadas por todo o Brasil pelas caravanas da TFP. Traduzido para o castelhano esse estudo foi amplamente difundido por nações da América Latina e pela Espanha, devido à iniciativa das TFPs locais ou de sociedades afins nesses países. Baseado em artigos aparecidos nas revistas Approches, de Londres e Ecclesia, de Madrid, Catolicismo desvendou o objetivo do IDO-C e dosgn,pos proféticos. Trata-se da transformação da Igreja Católica na Igreja-Nova panteísta, "desmitificada", dessacralizada, "desalienada", igualitária e posta ao serviço do comunismo, exatamente como a querem os Cristãos pelo Socialis-

Imagem Peregrina coroada na Diocese de Campos MAIS DE 20 mil fiéis concentraram-se em São Fidelis (RJ), no dia 18 de julho úllimo, para a coroação SO· Iene da Imagem Peregrina lntemacional de Nossa Senhora de Fátima, que verteu lágrimas milagrosamente em Nova Orleans, Estados Unidos, em 1972. A 1.magem foi coroada por D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, que na ocasião foi objeto de calorosa e espontânea manifestação de gratidão por parte de seus diocesanos. A coroação da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima encerrou as missões na diocese de Campos. Os fiéis de São Fidelis .ofereceram à Sagrada Imagem artística coroa de ouro rncrustrada de pedras preciosas. Outr::1s jóias de valor foram doadas à Imagem pela populaçao católica de outras paróquias da diocese, representadas na cerimônia.

' Sr. Natal Zanclti, Santo Angelo (RS):

..Minho prece a Dem pela sempu mais crescente difusaõ de$se rão útil e ,•alen1e mt tt· sário".

O. Ma.ria Amelia de Souza Ramos. La· ges (SC): "Não preciso dizer quanto aprecio o leitura sempre t.sclorecida deste foma/, Que o suo luto o foi,'()r do Igreja e contra o

commtismo, se1à abençoado, com o graça de Deus, por todas os pessoas dignas t ,·oro/O· sos. Seus colal>crodorts o merecem ··.

Deputado Arlindo Kunzlcr, Brasília (OF):

"Cu'!'primt11to (Cf\TOLICISMO eclos) bor1s serviços prestados aos católicos ta ptirrio ...

.

Homenagem a D. Mayer

Ao exprimir sua gratidão à Santíssima Virgem pelas marcantes graças recebidas, durante a peregrinação da Imagem, os diocesanos quiseram homenagear também seu Bispo. D. Antonio de Castro Mayer foi aclamado entusiasticamente. Dirigindo-lhe uma saudação de improviso, o Pe. Eduardo Athayde, vigário de Santo Antonio de Pádua enalteceu o fecundo apostolado de S. Excia. Revma.'. marcado pela fidelidade à Igreja de sempre. "O convívio alllável de D. Moyer - disse o Pe. Athayde - atrai-lhe o

afeto e a confiança de seus Padres e fiéis ''.

Mons. Ovídio Simón, vigário de São Fidelis, propôs um programa comemorativo do ano jubilar do Exmo. Sr.

D. Maria Cecília Bispo Brune ui, Hu (SP): "CA TOLIC!S'MO Côntbmo sendo o arauto fiel dos ltgt'rimos mensagens de Cristo ao mundo. tJtrovts do peno brUlta111e de seus colaboradores. que não temtm proctomor a verdade. doo o quem doer ".

• O Sr. Bispo diocesano coroa a Imagem Peregrina, em São Fidelis (RJ) Bispo diocesano, que a 30 de outubro de 1977 completará SO anos de sacerdócio. Uma salva de palmas ratificou a proposta. Cada paróquia da diocese promoverá orações especiais na intenção de D. Antonio de Castro Mayer.

mo. Para a tarefa de construção dessa lgreja·Nova, os "cristãos" marxistas, por sua vez, salientan1 a colaboração do chama~o progress.ismo "católico", nele depositando toda a confiança e as mais entusiásticas esperanças. Eis alguns trechos significativos que comprovam nossa asserção:

"São setores que têm consciência do injustiça social, setores que, graças à i· deologia e o comportamento socialcristão vão se despertando. São gn1pos que poderiam avançar mais, mas estão freiados por sua posição de classe ou por bloqueios ideológicos. [...) É possível que <1$ cristãos progressistas dêe passos adiante'' (20).

• l.mpressiona a intimidade com que

tais ''.cristãos" marxistas tratam os progressistas e como se julgam identifica· dos com eles nos mesmos objetivos:

"São irmãos nossos, que conseguem que as instituições cristãs não se voltem, de n.1odo unânime, contra o pro· cesso revolucionário nesta conjuntura histórico (... ) Eles podem colaborar, e de foto alguns o estão fazendo, em vinc«Jar.o pregação, os sncramentos, os co· mumdodes, o tarefas gerais de liberto· ção (...)" (21). A julgar por essas palavras, os Cris· rãos pelo Socialismo não vêem nos pro· gressistas senão fiéis e dóceis servidores ... Nesse momento em que o incêndio progressista se alastra impunemente por toda parte, cm seu seio proliferam grupos com uno-"cristãos" e "proféti· cos" com~ os que analisamos, cujas vo. zes anunciam claramente um verdadeiro programa de demolição das instituições católicas (22). E o plano aqui descrito, vai configurando a imensa crise que assola a Santa Igreja Católica e o que ainda sobrevive da Civilização Cristã em nossos dias.

Fierro-Male - O#tianos por el Socia, /ismo, p. 176. (20) Ibidem, p. 458. (21) Ibidem, p. 459. (19)

(22)

No rn3teria1 compulsado encontra·

mw impressionante uniformidade de

pensamento nos documentos dos Cristãos pelo Soda/ismo. E possível. entretanto, que uns e outros dentre eles não swtentcm inteiramente as

posições que aqui des<:revcmos sem que isso invalide cm nada nossa'apre• clação. Os Cristãos pelo Sociàlis.mo sao u~ movimento ainda indefinido,

que .v~1 aos poucos passando da clandest1mdadc ou da semi-clandestinida· de para a luz. do dia. Seus escritos

são fragmentários, freqüentemente desconexos e até contraditórios. mas contém uma linha mestra de pensa• menfo. mais clara aqui, menos aJi que se vai dcfini.ndo como a doutri:

flª

,e ! ~ctodol?gia desses grupos de cns1aos •-ma.rxtStas. E taJ doutrina como também o referido método de ação que denun· ciamos ao público católico brasileiro.

6

Quando os azulejos refulgiam ... · SÃO PAULO, I 728. pre o primcirô a anunciar a chegada de ilustres visitantes Tranqüila e pequenina, ou autoridades, especialmente presidentes da Província a cidade restringia-se a e Bispos que vinham tomar posse de seus cargos. uma :lrea delimitada peAo repique do sino da Boa Morte soavam os campanálos rios Tamanduateí e rios dos demais templos paulistanos: Catedral, convento Anhangabaú. do Carmo, dos Franciscanos, igreja de São Pedro (demo' •• Igreja de N, Sra. da Boa Morie Construídos sobre lida) na atual praça da'Sé, igreja de Santo Antonio mosco.linas, os templos de teiro de São Bento, igrcj.a d~ Misericórdia (demolid~), no quatro ordens religiosas enfeitavam com suas torres e lar~o de m_esmo nome, 1greJa de Santa Efigênia, do Rofac~adas o burgo paulista: igreja e colégio dos Jesuítas, sáno, de Sao Gonçalo, etc., até o então afastado conven1greJa e convento de São Francisco, igreja e mostei.ro de to da Luz. Em J 871, não só a torre como algumas partes do São Bento e igreja e convento do Cam10. templo. foram (eformadas. Em tomo da pequenina igreja, Naquele ano de 1728, foi fundada na igreja dos Jesu(tas a 1rmandade da Boa !1orte. Uma de suas princi- o casano crescia aos poucos. Lá em baixo: na várzea, as lavadeiras estendiam suas pais finalidades era a adoraçao do San tíssimo Sacranien· roupas às margens do límpido e modorrento Tamanduato. A diretoria da Irmandade distribuía aos membros um biU1etinho indicando o mês, dia e hora em que deve- teí, que fornecia muito peixe à população ... riam estar presentes diante da Sagrada Hóstia. C?m a expulsão dos JesuHas da cidade, poucos anos Igreja relegada depois, a Irmandade sofreu um processo de investi- numa cidade jã diferente gação. Contudo, as autoridades nada encontraram em . A capital paulista cresceu desmesuradamente. O pr6desabono da associação. Provavelmente, ierá sido conseqüência desse processo pno Tamanduateí sofreu longo processo de retificação a transferência da Irmandade para o Convento do Carmo. num.a tentativa, até hoje infrutífera, de conter suas pe'. Construído em I S94 e ampliado em 1766, o conven- riódicas cheias. São Paulo mudou até mesmo quanto à to do Carmo erguia·se majestoso em vasta chácara na denominação de suas ruas. A rua do Carmo chama.se hoje Roberto Simonsen. confluência da atual praça Cl6vis Bevilacqua com a Av. E a antiga rua da Boa Morte é agora a rua do Carmo. Rangel Pestana e Rua do Carmo. Os Padres carmelitas realizavam com excepcional bri- A rua Casa Santa chama-se hoje Riachuelo. A rua do Rolho as cerimônias da Semana Santa, atraindo, assim, sário, depois da Imperatriz, é a atual 15 de Novembro. A mu!tidões de fiéis: A procissão do Enterro era sempre a rua da Princesa mudou para Benjam in Constant. A rua mais sol.ene. Jasnuns, magnólias, pétalas de rosas ran1os da .santa Cruz. ~reta, depois rua do Príncipe, é a atual de alecrim juncavam o leito das ruas. Nas casas, ~olchas Qumtmo Bocaiuva. A rua Libero Badar6 chamava.se Ou· São José ... de f,no damasco e renda pendiam das janelas e balcões. trora Neste mês de agosto de 1976, transcorridos 166 anos A sombra acolhedora do Carmo viveu a Irmandade da consagração da igreja da Boa Morte o que resla desse Boa Morte dezenas de anos até que, em princípios de da marco de tão saudosas evocações? ' .18~, requereu permissão episcopal para construir uma Melancólica, não escondendo um ar de abandono' a . . 1greJa. 1greJa ~rmanece ainda de pé, escondida e emO terreno que recebeu aprovação de O. Mateus de pequena po~11ada em meio à vida enervante e agitada da megal6Abreu Pereira, Bispo de São l'aulo, fazia esquina com a pohs. rua que "vinha do Quartel de Voluntários Reais" atual O~ paulistai1os já não possuem a fé de outrora. Es· Rua Tabatinguera. ' cas5!!1.~ os devotos da Senhora da Boa Morte. O viço da Durante oito anos, os abnegados membros da Irman- Rehgiao encontra.se obscuretido como os azulejos que dade entregaram-se à difícil tarefa de erguer sua igreja. recobrem a torre do histórico templo. Em meio à iJ1difePor ·fim, a 14 de agosto de 181 O, na festividade de Nossa rença geral , terá essa igreja perdido sua razão de existir Senhora da Boa Morte, véspera da Assunção, o pequeno na cidade tentacular, materializada e desumana? templo recebeu a bênção solene. Quem rezará, em meio ao corre-corre contemporâneo As paredes são de taipa de pilão. No interior muito do S.antíssin10 Sacramento? Quem se lembrará sombrio, sobressaem as imagens de Nossa Senhora das diante dos fiéis defuntos e ainda pedirá a graça de uma boa Lágrimas, Nosso Senhor flagelado, Nossa Senhofa das Dores e numa uma mortuária, Nossa Senhora em sua morte? ... "dormitio". No altar-mor, uma preciosa imagem de Nos· ALVARO ORTIZ sa Senhora da Assunção está ladeada por Sant'Ana e São Joaquim. Ali conHnuaram os confrades a realizar a adoração ao SanHss1mo, a rezar pelos mortos e a pedir especialmente a graça ine.stimável da perseverança final, ou seja, uma boa morte. · Construída a cavaleiro do morro do Tabatinguera, de sua torre descort,nava-se amplo panorama. A vista alcançava. facilmente tanto o quadrante do lpiranga, onde term,nava a estrada de Santos quanto o distante morro da Penha, onde findava a estrada do Rio de Janeiro. Uma pessça colocada na torre do novo templo possuía um invejável e seguro ponto de observação. Não admira, pois, que o sino da igreja da Boa Morte fosse semUrna de Nossa Senhora da Boa Morte

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Escrevem os leitores

Pc. Renato van Gessei, Curvelo (MC): " O ,reo-modernismo criou uma grande co11/usoO

e perplexidade não só no povo mos tamblm no Clero. O que 1100 permltfu que ~u me

abalasse foi. aba;xo de Deus e de Nosso Se11/rora, • te/111ro do r1osro CATOLICISMO • Outras revistas Côm a mesma ttndCn<:io. Pelo que vão aqui meus profundos e eternos ogradecimemos!" D. Terc-sa Sou.sa Nogueira, For taleza

(CE): "CATOLICISMO é um jornal multo

bem elaborado. seus artigos são de oito gabarito. (... 1. Acho-os contudo muito longos, o que dificulta a leiwra das pessoas qut dispõem dt pouco tempo".

Sr. Josl, Domingues Rodrí&ues. Santa Bárbara d'Oestc (SP): "CATOLICISMO sem•

pre foi o jomal de minha maior preferência em tudo. por tlldO ". •

Sr. Antonio Américo Damásio, Viana do Ca~telo (Portugal): "Custo-me a /t.r o '"'OS· sa rev1s10. porque custa o ouvir o •,:erdade e 4 por isso que gosto de vosso re.,is10 e admiro a i'Ossa abnegação pelo mundo. dedicando· -se somente ó verdade". D . Maria da Conceição Belchior Melícias Duarte Silva, Lisboa (Portugal): "'Numa altura de confusão e condescendéncios incompreenslveis de uma porte do Igreja. Cit TOJ,/. CJS!,10, é luz cfa,o sem mislllrQ de cores ...

Sr. Santo Bertoli, Oli"mpi3 (SP): ··venho 1••.) [e/leitor o me111drio CA TOLICISMO, pelos 25 anos de relevantes serviços prestados em favor dos bonf costumes, da Igreja Católico, Apostólico. Romano e de seus eternos princlpios".

Sr. Pedro C<>ndim Comes de Matos., Senhor do Bonfim (BA): "CATOLICISMO: reação decidida comro o mal comaglostssimo do anottmotizodo modernismo que só noõ de,·oro a Igreja porque Cristo não A fim. dou paro ser tragado pelo diabo. A/irrnaçõo rcso/1110 do Verdade com o sinceridade de todas os suas co11seq,1éncios. contra todos os CllOS",

tjAnOJL]CD§MO MENSÁRIO com aprovação eclt-si.ástic2 CAMPOS - ESTADO DO RIO Dueto, Paulo Coma de Brito

Filho

Dlreloria: Av. 7 de Setembro 247, caixa postal 333, 28100 Campos, RJ. AdrnlnillrlÇio: R. Dr. M.artinioo Pra· do 271, 01224 S. Paulo, SP. Composto e impresso na Artpress Papéis e Artes Cráficu Ltda., R.

Dr. Martinioo Prado 234, Sio Paulo, SP. Assinatura anual:oomum CrS 70,00; cooperador CrS 150,00; benfeitor CrS 300,00; grande benfeitor CrS 600,00; seminaristas e estudantes Cr$ 50,00; América do Sul e Central: via de superfície USS 8,50, via aérea USS 10,50; América do NorJe, Portugal, Espanha, Província, ui· tramarinas e Colônias: via de su~r·

fície USS 8,50, via aérea USS 12,50; outros paí.scs: via de superfície USS 10,00, via aérea USS,17,00. Venda avulsa: CrS 6,00. 0$ pagamentos, sempre cm nome de Editora Padré Belchior de Pontes S/C, poderão ser encaminhados à Administração. Para mudança de en-

de a.1sinan1es, é ncCC$sário mencionar tamWm o cndcr'*' antí&o.

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A correspondência relativa a assinaturas e venda avulsa deve ser enviada à AdminiJtraçio:

R. Dr. Mutinioo Prado 271 01224 S. Paulo, SP


VIlltUD€S DH filffiff €SPHim01H ll€FL€CIDHS nn Hll®ItetUM € IlH PlllCUIUI .

LCÁCER é a denominação dos palácios construídos pêlos · mouros, nas cidades espanholas de Toledo, Sevilha, CórdO· ba e Segóvia. O início da construção do Alcácer dessa última localidade data do século XI, quando o Califa de Córdoba edificou lá uma fortaleza. O rei cristão Afonso de Leão refonnou e ; ordenou a disposição interna do forte, que foi aumentado ;,: por alguns de seus sucessores, já então segundo o estilo gó. tico da época. O edifício, destruído por um incêndio em 1862, foi restaurado em sua maior parte. A foto ao lado apresenta uma visão admirável do castelo e do quadro natural em que está situado, muito beni descrito pelos autores espanhóis AzofÍ!I e Salaverria (1). Depois d_e c?,mpara!, com propriedade, o Alcácer de Segóvia a uma afilada proa de nav,o, marae1lhosame11te pla11tada em seu pedestal de rocha" os referidos escritores acrescentam:

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"Velhos álamos 11egros e afilados choupos. sombreando as ladeiras da colina e toda a tella de uma cor ocre callegada. Poema de formas e cores i11compará· vel, em que a obra do home,11 rima com a maravilha da 11atureza ". "Os rios Eresma e Clamores unem-se diante das rochas em que se asse11ta o gótico Alcácer. Quando o sol, já próximo do ocaso, ilumi11a os altos tolleões Ido castelo J, desde s11as arestas no lado poente, pode-se contemplar uma portentosa paisagem, a partir dos montes que domi11am a Fue11cisla, quando as primeiras 11eves coroam a se"a vizinha [de Guadarrama) e os choupos com um forre tom amarelo emergem luminosos do fu11do obscuro do vale". A foto realça a parte do castelo que é comparada à proa de navio, os choupos nas ladeiras da colina, em baixo, bem como a majestosa serra de Guadar· rama, ao fundo. Quem, ao contemplar este conjunto, não sente, de fato, a obra arquitetôn.ica casar-se com a magnífica natureza - obra do Criador - que a rodeia? . Mas, como as obras de arte e a própria natureza material refletem perfeições divinas e valores espirituais, o Alcácer de Segóvia espelha virtudes da alma espanhola,.assim como, de modo menos definido, a grandiosidade da serra de Guadarrama manifesta algo da majestade existente na Espanha, enquanto nação. ' Dentre as várias virtudes que o Alcácer de Segóvia evoca, podem-se destacar três muito características da alma do verdadeiro espanhol: a fortaleza, o heroísmo e a sobranceria. Compreende-se que se tenha comparado este ângulo do castelo à proa de um navio, forte e rígida, apta a quebrar o ímpeto das ondas do mar. Fortaleza que tem como símile humano almas de têmpera forte e heróica de um Dom Pelaio ou de um São Fernando de Castela, figuras proeminentes da Cruzada de oito séculos que reconquistou do poder muçulmano a penlnsula ibérica. Não é, porém, uma fortaleza qualquer, mas ela é dotada de heroísmo - virtude pela qual um homem distingue-se dos demais por ações extraordinárias ou pela grandeza de sua alma. Mas, além de manifestar essas duas virtudes, a mole do castelo-fortaleza lembra outra qualidade típica do autêntico ibérico: a sobranceria. Sim, esse imponente conjunto arquitetônico parece desafiar com altivez todos os ini· migos que tentan1 mover-lhe um cerco, todos os elementos da natureza que o assolam. Virtude muito freqüente entre os compatriotas de Santa Teresa e que lhes possibilita conservar a superioridade de alma diante do sofrimento e até do trágico. Elementos estes que, para um verdadeiro católico, ocorrem, às vezes até com freqüência, e não constituem surpresa neste vale de l:igrimas. Sobranceria que o espanhol, sustentado pela Fé, costuma manter na hora derradeira, na suprema tragédia do ponto qe vista meramente humano: a morte. Valor moral que levou alguém, manifestando este genuíno espírito hispânico, a exclan1ar, certa vez: "Nós espa11hóis fizemos um pacto com a morte!" (1) Azorin e Salaverria, "E,po!To - Pueblos y polsojes", Tomo li, La Editorial Viscaina,

4a. edição, Bilbao, 19SO.

O Alcá cet de Segóvia e a Serta de Guadairama

RANCJSCO DE ZURBARÁN (1598-1664), um dos maiores gênios da pintura espanhola, deu preferência a temas religiosos em sua fecunda produção artística. Escolhemos para ser apreciado aqui um dos famosos quadros do mestre ibé· rico, que aborda este gênero de assunto: "Visão de São

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Pedro No/asco".

Extraímos alguns dos principais tópicos de significativo comentário que o autor francês M. Armand Dayot (2) tece a respeito dessa obra prima, a qual também espelha nobres características da mentalidade hispânica:

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' EI Cid (Burgos)

"O SANTO adormeceu rezando em sua cela. Ainda de joelhos, o co1ovelo apoiado sobre a mesa de madeira rosco, ele repousa do labor da pregação e do apostolado. E, duran· te o sono, 11111 sonho vem visitá-lo; pois trata-se bem de um sonho, e não de uma visão, como indica o tr'tulo do quadro. O religioso não vê: ele sonha. Mas, que sonho! A seu lado, um jovem Anjo, todo nimbado de uma luz fulgurante, coloca-se de pé e, com a miio direita leeantada, 11wstra ao santo f1111dador da Ordem das Mercés a Jerusalém celeste. que resplandesce na glória e abre suas portas aos justos eleitos de Deus. Este mag11i[ico quadro fazia parte de uma série de sete pinturas encomendadas a Zurbarán pelo conve11to da Merced Calzada e destinados a glorificar o fundador da Ordem: Tais pinturas deviam decorar e decoraram durante muito tempo o contorno do claustr<J. As impressões fortes - que a pint11ra de Zurbarán sempre produz - têm sua fonte na emoçiio do pintor, pelo me,ws. 1a11to quanto 110 bravura incomparável de seu pi11cel, para ,ws servirmos da expressão de Céan de Bermudez: la valencia de su pincel. O sentimento nele é tão profundo, que a execução é valente, de sorte que o pintor, cativando-nos ao mesmo tempo os olhos e o coração, nos deslumbra e toca com igual poder. Também niio é preciso es· pantar-se .com a preeminência que em poucos anos Zurbará11 adquire e11J Sevilha e logo em toda a Espa11ha. Com efeito, nenhum pintor - sem excetuar o próprio M11rillo - exprimiu tão be111 dois aspectos do caráter espanhol: a paixiio da realidade e a aspiração vol1ada para o ideal, caráter raro de um po· vo que as cores vivas da 1natéria seduzem e que, portanto, se deixa levar 1ão garbosamente ó espiritualidade mais subtil e gra11diosa. Embora conciso e profundo, o estilo de Z11rbarán era simples, amplo e ágil; ele só se preocupava em acentuar as coisas essenciais. as grandes dobras indicativas dos movimentos do corpo, as articulações dos pés e das miios, os planos mais proeminentes da vista. Tal estilo se presta,·a maravilhosamente à execução de numerosas pinturas encomendadas a Zurbarán pelos mosteiros de Sevilha. Cada comunidade queria ter pintada a história de seu fundador, a glorificaçiio do santo que a havia edificado por s11os austeridades ou ilustrado por seu martírio. Os Carmelitas de Sáo.Romano, os Trinitários descalços ea Merced Calzada, a paróquia de Santo Estevão, a igreja de Sáo Boaventura, as Cartuchas de Santa Maria das Covas, etc., disputavam entre si as obras do rude mestre''.

(2) M. Annand Oayot, Let gronds musles du mondt illustris en coulturt - IA Prado de Madrid - Editions Pierre Lafitte, Paris, 19 14, tome premie,, pp. 111·113.

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IIATOlLIC]SMO- - --

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Drama da Igreja do Silêncio no Chile atinge católicos espanhóis

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A tPOCA atual, em que as comunicações se intensificam e as distâncias se encurtam, é natural que fatos importantes ocorridos num país repercutam rapidamente em outros. Entretanto, supera todas as expectativas o modo como vem ecoando em nações das duas Américas e da Europa o recente best-seller da TFP chilena A Igreja do Silêncio no Chile. Conforme publicamos em nossas últimas edições, ,a obra denuncia a dramática situaçã'p dos "católicos silenciosos" chilenos. Na Argentina, Colômbia, Estados Unidos e Espanha as edições locais do livro interessaram profundamente às elites e ao público católico. Na Espanha, A Igreja do Silêncio 110 Chile foi publicada pela Editora Fernando Ili, el Santo. Divulgado pela Sociedade Cultural Covadonga, o livro vem encontrando grande ressonância em largos setores da nação, inclusive no Clero. niío progressista. Mil e duzentos exemplares escoaram-se em menos de um mês. Na imprensa e no rádio, A Igreja do Silêncio no Chile é notícia. · Precedida de uma análise introdutória contendo analogias com a situação espanhola, a obra lança luz sobre a atual crise religiosa da Espanha. Ademais, tal análise contém aspectos de capital importância para o leitor brasileiro que deseje formar um juízo claro sobre o avanço comunista na Europa. g a principal razão que nos leva a resumir aqui o estudo da Sociedade Cu/tu· ral Covadonga.

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vida agradável, pouco se importando com o futuro político e ideológico da nação. Exerce um efeito aliciante sobre essa maioria o neo-comunismo, também denominado eurocomunismo, pregado pelos chefl:s comunistas Berlinguer, na Itália e Marchais, na F'rança. Nessa comédia, com o claro intuito de engana., os incautos do Ocidente, o comunismo internacional procura apresentar-secomo transformado; toma ares de "democrático", antiditatorial e independente de Moscou. A maioria a-ideológica encontra nesse comunismo de máscara sorridente um pretexto para não lutar, e preservar sua vida cômoda. b) Minorias influenciáveis pelo CO· munis mo, constituída sobretudo por intelectuais, jornalistas, ecl~siásticos e leigos de esquerda. Partem os integrantes dessa corrente da idéia kissingeriana de que o sorriso obtém a confiança dos comunistas e que o lema "ceder para não perder" seria a melhor tática. A' propaganda que prepara essa ati, tude entreguista é efetuada por órgãos de in1prensa e especialmente por certos púlpitos e confessionários. Influenciados por estes, tendem a constituir-se frentes comuns, integradas por católicos, liberais, socialistas e comunistas.

licos e pela opinião pública espanhola, poderâ desenrolar-se um drama análo: go ao do Chile. · Nesse sentido, alguns fatos aduzidos e documentados pela Sociedade Cu/tu· ral Covadonga são bastante significativos. Em 1972, Pad.res de Vizcaya concederam ostensivo apoio a seqüestradores e terroristas de orientação marxista. Apesar do escândalo, o Episcopado não aplicou contra eles sanções canõ'. nicas, continuando aqueles Sacerdotes a exercer suas funções.

• * •

Obtida a formação dessas frentes comuns, os comunistas, apoiados pela Capa da edição espanhola do livro Um jogo para m.inoria influenciável, atuam procuran· do despertar simpatias na maioria não mudar mentalidades recém-nomeada presidente da Acomunista em relação ao comunismo çãoACatólica Espanhola fez, em 1974, "sorridente" dos PCs francês e italiano. declarações mediante as quais admitia A partir de 1960 - historia a SocieAo lado desse fator simpatia, a presa possibilidade de socialistas ingressadade Cultural Covadonga - fez-se sen, são psicológica da ameaça militar russa rem naquela associação religiosa. O tir na Espanha a ação discreta, porém proporciona o fator medo. Medo cauCardeal Tarancón, Arcebispo de Maeficaz, de elementos do Clero ou de sado, de um lado, pelo crescente podedrid e presidente da Conferência EpiS· políticos confessionais no sentido de rio soviético; de outra parte, pelo recopa! ·Espanhola, esquivou-se de escladesviar a posição anticomunista dos caceio do abandono da Europa pelas trorecer a opinião católica a respeito do tólicos espanhóis. pas norte-americanas, cada vez mais rumoroso caso. Interpelado publicaempenhados em isolar-se e deixar o mente pela própria Sociedade Cultural mundo entregue às feras. Covadonga para que esclarecesse a posiEsse duplo fator medo-simpatia cria ção da presidente da Ação Católica, o na maioria não comunista da popula- Cardeal Taranc6n enviou àquela entição hispânica uma atitude nitidamente dade uma resposta evasiva. Tendo a rederrotista: "Se vencermos no campo ferida Sociedade insistido junto ao Purinterno - sofismam muitos desses es- purado para que elucill'\SSC a questão panhóis - a ameaça russa nos esmaga; para a tranqüilidade de consciência dos para que então resistir? Seria melhor a- católicos espanhóis, S. Emcia. manteceitarmos, desde logo, um governo com ve-se em silêncio, deixando perplexos participação comunista". os membros da organização e grande A Sociedade Cultural Covadonga número de fiéis. ressalta o papel determinante dos ecleOs Bispos participantes da XX Assiásticos nesse jogo: impulsionam as sembléia Plenária do Episcopado Espa· simpatias em relação ao comunismo, nhol, solicitados através de cartas indiadormecem os que ousam reagir e re- viduais, a se pronunciarem sobre o cacrutam membros para a Democracia so, também se calaram. Cristã, o inveterado cavalo de Tróia do comunismo. Dentre os jovens, dependentes do Clero esquerdista, vão sur- "Um católico gindo levas de ativistas de esquerda, in- pode ser socialista" clusive terroristas. No campo religioso, esses mesmos D. Elias Yanes, Bispo-Auxiliar de eclesiásticos impulsionam o tristemen- Oviedo e secretário da Conferência te famoso processo de "autodemoli- Episcopal Espanhola, também se manção" da Igreja. teve silencioso quando solicitado, atraEnquanto no Chile a grande maio- vés da únprensa, a esclarecer que tipo ria do Clero, tendo o Cardeal Silva de socialismo era esse, com o qual se Henríquez à frente, levou a cabo esse podia colaborar. Mais recentemente, maquiavélico plano, na Espanha ecle· em abril último, o mesmo Prelado deCardeal Tarancón, Arcebispo de Madrid siásticos começam a trilhar roteiro i- clarou: "No meu entender, é separável dêntico. o projeto socialista em matéria econômica e social de ideologias rnaterialis. tas e atéias. Neste caso, um católico Agora, aproveitando os acontecipode ser socialista [... )"(cf. Vida Nu~ mentos do vizinho Portugal, após are- O perigo da subversão ,•a, Madrid, 3 de abril de 1976). Assim, volução de 25 de abril de 1974, aque: eclesiástica · dois anos após o embaraçoso e perpleles setores procuraram criar a impresxitante silêncio a respeito das declarasão da inevitabilidade do advento do No Chile, a maior parte dos Bispos ções de que socialistas podiam pertensocialismo, na Espanha. Delineou-se, assim, diante da amea- e Sacerdotes preparou a ascensão do cer à Ação Católica, um Bispo chega a ça vermelha na Espanha, duas catego- marxista Allende ao poder e nele o sus- declarar abertamente que os católicos rias de pessoas, que podem também tentou. Derrubado Allende, essa estru- podem ser socialistas. Em fevereiro último, a XXIV As· ser observadas em outros países da Eu- tura eclesiástica trabalha com afã pelo retomo do regime marxista. sembléia Plenária dos Bispos Esparopa ocidental: Embora na Espanha tal processo es- nhóis, divulgou uma nota que, referina) Maioria não comunista e a-ideo· teja em estado embrionário, se não for do-se ao marxismo, afirma: "Ainda lógica. Conhecida como maioria silenciosa, preocupada apenas cm levar uma detido a tempo pelos verdadeiros cató- que se possa admitir alguns efeitos po-

sitivos no campo econômico e social, . Estandartes de "Covadonga" tremulam a filosofia marxista nunca serâ admis- numa torre do Castelo de Manzanares · sível': EI Real (Espanha). Quais seriam esses efeitos positivos no can1po econômico? Os Prelados hispânicos parecem esquecer o crônico sível catástrofe a desabar futuramente fracasso econômico dos países comu- sobre a Espanha, semelhante ao drama nistas, a começar pela Rússia, susten- ocorrido no país andino. Essa colaboração com o jogo comutada em boa medida pela ajuda nortenista implicará necessariamente na rearnericana. A miséria vigente no Chile allendista também parece ter sido es, dução ao silêncio daqueles que, por fidelidade à Igreja, se opuserem. Estaquecida... No mesmo documento, os Bispos rá, assi.m, nascendo na Espanha uma. espanhóis referem-se a um "socialismo Igreja do Silêncio, formada por católin.io nwrxista", aumentando assim a cos perplexos em face da escalada do progressismo no país. confusão na consciência dos fiéis. A análise introdutória da Sociedade Outra atitude lamentável e tendenCultural Covadonga termina com uma te a predispor os espíritos para a colaboração com o marxismo é a posição súplica a Nossa Senhora de Covadonga: do Episcopado daquela nação em face que Ela preserve a Espanha do flagelo do movimento Cristãos pelo Socialis· progressista. mo. Tal movimento, integrado por Padres e leigos que se declaram cristãos e Atentados na ABI e OAB católicos, com ponderável atuação na Espanha, proclama-se marxista. (Ver Sobre as bombas colocadas artigo Quem são os Cristãos pelo Sonas sedes da ABl e da 0AB, no cialisrno? , em outro local dessa edidia 19 do corrente mês, o Prof. ção). Apesar de uma tão aberrante disPlinio Corrêa de Oliveira, Presi· crepância com a doutrina católica e de dente da Sociedade Brasileira de uma tal conspurcação de sua vocação Defesa da Tradiçã'o, Família e de Sacerdotes e de leigos católicos, os Propriedade (TFP), fez à im· membros do movimento Cristãos pelo prensa as seguintes declarações: Socialismo até agora têm agido impunemente, sem receberem uma sanção "Esses atentados constituem explícita e oficial do Episcopado. um crime e uma asneira. Um Aliás, cumpre lembrar que tal movicrime por motivos 6bvios. Uma mento surgiu e floresceu no Cl)ile de asneira porque se a tal Aliança AUende com o apoio de membros proAnticomunista Brasileira deixou eminentes ·da Hierarquia chilena. no local declarações escritas em que se responsabilizava por tais * * * atos, atrairia forçosamente sobre si a . merecida execração do pafs Padres que acobertam ~rrilheiros; inteiro. A tal ponto que se pode Bispos e Hderes "católicos" que perguntar se esse bilhete-asneira apoian,, uns mais, outros menos velae esse crime não são de autoria damente, o socialismo e a colaboração de alguma corrente empenhada entre católicos e marxistas; um movicm tornar impopular o anticomento de cunho "católico"-marxista, munismo". os Cristãos pelo Socialismo: Tais são primeiras linhas do esboço de uma pos-

Encerramento da 28a. SEFAC da TFP em São Paulo

TFP reúne jovens de onze Estados UMA CENTENA de jovens de onze Estados da Federação compareceram à XXVIU Semana Especializada para a Formação Anticomunista SEF AC - promovida ~la Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Famt1ia e Propriedade (TFP), em São Paulo, de 22 a 25 de julho p.p . O encontro reuniu delegações do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Cata.rina e Rio Grande do Sul. As conferências e círculos de estudos foram realizados na atmosfera de entusiasmo, fé e cordialidade que caracterizam as reuniões da TFP. Os temas versaram sobre aspectos da doutrina e da ação anticomunista, considerados à luz dos princípios cat61icos, para a formação da juventude em nossos dias. Na sessão de encerramento, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, desenvolveu o tema "Atualidade do anticomunismo 110 mundo moderno", conclamando os jovens a servirem em seus respectivos ambientes os sagrados princípios da tradição, família e propriedade, valores básicos da civilização cristã.


N!l 309 - s~tembro de 1976 - ano XXVI

Ante vazios ataques episcopais .,, TFP AGUARDA DIA.L OGO "NA MÃO DOS Silenciosos, pôs Deus todos os meios que ainda podem remediar a situação: são eles numerosos, dispõem de posições, de prestígio e de cargos. "Atuem. Nós lho imploramos. Falem, ensinem, lutem. O Anjo protetor de nossa Pátria os espera para os confortar ao longo dos prélios. "E Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil, lhes prepara sorridente o cêntuplo prometido já nesta terra aos que abando· nam tudo por amor ao Reino dos Céus". Esta exortação aos Silenciosos encerra a recente obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, A Igreja ante a escalada da ameaça comunista, amplamente divulgada em todo o Brasil. Ouem são os Silenciosos? Bispos, Padres, Religiosos e Religiosas que se calam diante da voragem esquerdizante que devasta os meios católicos. Oue resposta ofereceram eles a esse apelo dramático, partido do fundo de um coração catblico? Até o momento, os Silenciosos...

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

tra a veracidade dos fatos e documentos apontados no estudo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Nem de esclarecer se concordam ou não, com a posição marxista cantada em prosa e verso pelo já citado O. Pedro Casaldáliga. Ou com o pronunciamento da Regional Sul li da CNBB {que congrega os Bispos do Paraná) sobre o " modelo" que eles propõem para o Brasil, isto é a Igreja no Vietnã, entreguista e colaboracionista em relação ao comunismo. E, sobretu · do, se tais posições estão de acordo com a doutrina católica. A TFP respondeu ao Sr. Cardeal-Arcebispo e a seus oito Auxiliares com tespei· toso pedido de esclarecimento, na esperança de que não lhe sejam recusadas es· sas informações, indispensáveis não só para ela como para o público.

• • • Falou também D. Hei der Ca· mara, o "Arcebispo vermelho" de 0 1inda e Recife, através lle sua Cúria Metropolitana. Se a Cúria de São Paulo foi esquiva em emitir ju/zo sobre o estudo do presiden. te do Conselho Nacional da TFP, a de Recife foi mais além ao lançar acusações gratuitas. Sempre em tom respeitoso e elevado, a TFP rebateu a O. Helder com algumas reflexões e perguntas incômodas (ver página 3). •

continuam em silêncio.

• • •

• •

O terce iro pronunciamento episcopal contra A Igreja ante a escalada da ameaça comunista é do Bispo de Santa Maria {RS), D. Ivo Lorscheiter, que também ocupa o cargo de secretário-geral da CNBB. O Secretariado dirigido por O. Ivo teve o açodamento de se solidarizar com a declaração do Cardeal de São Paulo - envolvendo assim todo o Episcopado - sem antes ouvir a TFP, como manda a justiça. Na página 3 o leitor encontrará a análise das de· clarações do Prelado, bem como a resposta da TFP à acusação de que seus membros seriam "impermeáveis ao diálogo". O. Ivo, de extrema loquacidade em seus frequentes ataque~ à TFP, sempre deixou cair no silêncio os pedidos de esclarecimento que a entidade lhe dirigiu a cada crítica que dele recebeu. As tentativas da TFP de entabolar o diálogo até aqui resu ltaram, pois, infru tíferas. Em suma, alguns Bispos falaram, mas nada disseram. A não ser ataques velados ou ela· . ros à T FP. A coerência estâ a pedir deles um pronunciamento sério, sereno, desapaixonado, atonente ao tema do livro A Igreja ante a escalada da ameaça comunista - Apelo aos BispÓs Silen· ciosos. Este é o problema que aflige a milhões de brasileiros: setores ponderáveis do Clero e até do Episcopado transformaram-se em inocentes úteis. companheiros de viagem ou até - conforme o caso - em colaboradores ativos da investida de Moscou contra a civilização cristã e a soberania nacional.

Outros, porém, falaram. E

seus pronunciamentos representam, de certo modo, uma defesa do Prelado que se auto· . •intitula MONSENHOR MARTELO E FOICE, D. Pedro Casal· dáliga, Bispo de São Félix do Ara· guaia (MT), cujas poesias e reflexões são criticadas no livro do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. O primeiro a se pronunciar foi Sua Emcia. o Cardeal-Arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns, acompanhado de seus Bispos Auxiliares no imponente número de oito. Como o leitor poderá verificar pela leitura do pronunciamento, aliás breve, que reproduzimos à página 3, Sua E meia. e seus oito Auxiliares não se deram ao trabalho de exibir um só argumento con·

.ados para a invasão © Qerigp de uma invasão soviética da Europa não é mais uma quimera. Es~cialistas em assuntos militares advertem t:1ue em 48 horas os tanqu·es c;to l?acto de Varsóvia (foto) poderião crufªr o r.io Reno, ocupando a Alemanha, a, Áustria e logo depois a França. Para obter vitória o poderio comunista, além da suerio~iclade -iocura sqbretudo desa psicológica"4,CIQdições, C:O!Pl contra os

·-

A IGREJA E OPROCESSO DE ''AUTODEMOLIÇÃO'' Os Santos são objeto de escárneo, Bispos e Padres defendem o homossexual ismo, jornais catól icos ensinam erros em matéria de dou trina e costumes. Em Saigon, uma loja de objetos religiosos expõe o retrato do chefe comunista Ho Chi M inh ao lado de estátuas do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora (foto). Eis um triste elenco de fatos recentes que atestam o doloroso processo de "auto· demolição" da Santa Igreja aludido por Paulo VI (Página 4).


Belicismo russo e Cham·berlains modernos

As primeiras pedras do muro de Berlim foram colocadas na noite de 12 para 13 de agosto de 1961, por unidades do exército e da polícia popular (Vopos) da Alemanha Oriental. Dividindo a cidade em duas partes, o muro possui 3,5 11) de altura, 50 cm de largura e cerca de 50 km de comprimento. De fato, há dois muros: o pri· meiro sobre a linha fronteiriça e outro, cem metros antes, sobre o setor oriental. O espaço intennediário, minado, é a zona da morte. Com a construção do muro, Berlim Ocidental transformou-se num enclave, dentro da Alemanha comunista, intei.ramente circunda-

13 de agosto de 1961: ergue-se OCIDENTE de 1976, em face o Muro ele Berlim. do comunismo, encoótra-se em situação análoga à da Europa de 1938. Antes da guerra, os regimes totalitários alemão e italiano ambicionavam fortalecer-se mediante conquistas. A Alemanha, tendo anexado o território do Ruhr e a Áustria, aspirava apossar-se dos Sudetos e do corredor polonês de Dantzig (atual Gdansk). A hegemonia sobre a orla do Mediterrâda por· uma fronteira de ferro. com holofotes e metralhadoras neo preenchia o objetivo expansionista Mais de 20 mil soldados comu- completam o esquema de vigilância de Mussolini. Alimentado por tais anistas montam guarda, dia e noite, montado pelos vermelhos. vanços, o plano de Hitler era cair sobre junto ao muro e à linha divisória. Nos últimos IS anos, 26.000 a Inglaterra e a França, destroçando-as. Fossos, campos minados, cercas alemães-orientais fugiram . para o A Europa, por fim, tombaria subjugaeletrificadas, obstáculos anticarros, mundo 1.ivre, arriscando a vida. Até da aos desígnios nazi-fascistas. 21 O barreiras com cães policiais, 1973, 69 pessoas encontraram a .Em Munique, Chamberlain e Dala144 casamatas e 245 torres de vigia morte, junto ao muro. L. e. a. dier sacrificaram a Tchecoslováquia ante a promessa do Fueher de não inTanques anfíbios russos em manobra vadir ' as regiões alemãs da Polônia. O. Pacto de Varsóvia possui 51.400 blindados Contavam, assim, saciar a sede de domínio e acalmar o belicismo agressivo mento causou apreensões em círculos • mas os coloca em movim.en to. Na esdo nazismo. "A luta contra esse pessimismo gramilitares norte-americanos e europeus. fera naval, informações recentes indi· Resistir - inútil tuito deve ser um dos empenhos mais Entre a vergonha e a guerra - no cam a presença comunista no Atlânti- ou indispensável? contínuos dos que reagem contra o dizer de ChurchiU - eles escolheram a co. comunismo" ( Folha de São Paulo, Defesa passiva ... e ativa yergonha e tiveram a guerra ... Sabe-se que a Organização do Tra· 10/9/1969). O problema do belicismo comunistado do Atlântico Norte (NATO), para A semelhança de 1938, o mundo liConfirmação recente do pensamenta não é novo. Como enfrentá-lo? O to do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira vre se defronta com o totalitarismo de Os russos, a par da perigosa am- enfrentar qualquer ataque soviético na Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, com Europa continental, necessita do apoio de que é falso atribui r aos comunistas nossos dias, o comunismo. Após ter pliação do arsenal nuclear ao longo conquistado países de vários con ti- da fronteira, estariam ainda trabalhan- dos efetivos americanos e britânicos. sua observação penetrante e equilibra- superioridade no campo militar (pois nentes, a Rússia dispõe-se a desferir do há anos, sem pausa, na criação de Para atingir esse ponto fraco, a Rússia da, j ã em 1969 dizia no artigo "Ani- no econômico o fracasso deles é patente) foi estampado na revista alemã o golpe decisivo sobre as nações pode- um sistema de defesa passiva anti-nu- mantém grande frota na base de Mur- mar, esse dever urge11te": "Na form idável luta e11gajada em Der Spiegel (16-8-1976). Estudps do rosas do ocidente. Para isso, espreita clear de eficácia e dimensões incompa- mansk, a leste da Noruega. Confonne o momento em que os novos Cham, ráveis. Consiste o sistema na constru· fontes da NATO, essa frota pos,-uiria nossos dias entre o comu11ismo e apre- general Robert Closc, ex-professor do berlains e as novas Muniques estabele- ção de imensos abrigos, na proteção cerca de 200 submarinos, dos quais 90 sente ordem de coisas, a força não está Nato Defense College e hoje comançam a hegemonia soviética. (Não é impecável dos silos de foguetes nuclea- atômicos, e disporia ainda de quase 110 campo dos vermelhos. Não acredito dante da 16a. divisão belga na AlernaKissinger um Chamberlain? Não foi res e na dispersão do potencial de inHelsinque uma Munique?). No atual dústrias. Esse sistema modificaria o compasso de espera, a Rússia se prepa, quadro estratégico do mundo. A Rúsra através de esforço bélico sem prece- sia, cm tal situação, estaria cm condidentes. ções de resistir a um ataque inesperado do Ocidente e poderia lançar o ataque I preventivo, na certeza de que a defesa ocidental seria impotcn te para conFoguetes nucleares tê-lo. contra a Europa De acordo com um boletim francês, a cada seis semanas as fábricas russas produzem entre 800 e 900 carros de Com efeito, segundo relatório da A- combate, ou seja, a totalidade do que gência para o Desannamento e Contro- possuem as Forças Annadas francesas le de Armamento (ACDA), dos Esta- em tanques AMXJO. Dos 51.400 blindos Unidos, a Rússia está instalando dados do Pacto de Varsóvia, 60% estão em suas fronteiras ocidentais 600 fo- estacionados na Europa, 16% no Exguetes nucleares de médio alcance. Al- tremo Oriente, 24% perto do Oriente tamente sofisticados, os SSX20 são Próximo. As 160 divisões das forças móveis e dotados de ogivas múltiplas, annadas russas podem alinhar, cada Soviéticos apontam seus la;iça-foguetes. Contra quem? equipadas com piloto automático, ca· uma, 300 tanques ou blindados de a• 63% dos aviões de combate do bloco comunista visam a Europa Ocidental. paz.es de destruir qualquer cidade da companhamento. Os MIG-25 saem das fábricas ·ao Europa Ocidental. Os russos mantém os mísseis na categoria de alcance mé- ritmo de 6 a 8 unidades por mês. Esse 100 outras unidades navais na área. nem na superioridade 1nilitar, 11e111 eco· nha, levam à conclusão de que as forças voa a baixa altitude ou a 27 mil Através da referida frota, a Rússia 11ómica, nem em outra qualquer. do do Pacto de Varsóvia 2oderian1 cruzar dio (até 5500 km), para contentar os avião metros e atravessa o território alemão tentaria impedir que os esforços da bloco comunista sobre o nosso. Não o Reno e dominar a Europa cm ape. norte-americanos que ainda se lem- orien la! em 7 minutos. América cruzassem o Atlântico, en- acredito, rambém, 110 possibilidade, nas 48 horas. Não pela superioridade bram do acordo de Vladivostok, assi· O Pacto de Varsóvia dispõe de quanto forças terrestres comunistas de- para qualquer Partido Comunista do militar comuni§ta, mas pela dcsprevennado por Ford e Brejnev, em 1974. 11. 500 aviões de combate, sendo que Na verdade, tais foguetes poderão ser 63% têm base na Europa, 21% no vastariam as defesas ocidentais da Eu- Ocidente, de co11{/11istar, pela persua- ção do Ocidente. De fato, embora os são, a maioria da opinião pública. A· russos mantenham superioridade nufacilmente transfonnados cm mísseis Extremo Oriente e 16% no Oriente ropa. No Mediterrâneo, os soviéticos incredito, isto sim, 110 gravidade do pe- mérica, estão longe de igualar as annas intercontinentais, mediante simples a- Próximo. troduziram o porta-aviões Kiev, de 40 rigo com,mista. Mas tal gravidade de· ocidentais em qualidade. O problema dição de um terceiro estágio. Isto lhes mil toneladas, fazendo-o passar pelo Para missões longínquas, os russos co"e do contraste entre, de um lado, do perigo comunista lransfere.se, pois, daria condições de atingir os Estados poderão utilizar o Bockfire, corresponestreito do Bósforo. Além de violar, a mcleza e a in1previdência de incon- ao campo da guerra psicológica. Unidos, o Brasil, como qualquer outro nesse ato, a convenção de Montreux, a dente ao B-1, o mais moderno bombartáveis anticomunistas de cúpula e de pars. deiro norte-americano. marinha russa reclamou o direito de base, e do outro lado, o fanatismo, a A informação da Agência para o A Rússia, entretanto, não se restrin- enviar ao Mediterrâneo qualquer tipo sagacidade, a agilidade e a requintada Tolher caminho aos Desannamento e Con lrole de Arma- ge à produção dos meios de dominação de barco. técnica de manipular a opinião públi- Chamberlains ca, das 1ni11orias autenticamente comunistas. • "i'{ão me farto de i11sistir sobre a Deixar-se abater pela ação psicolóinsensibilidade da opinião pública à gica, involucrada na propaganda comupropaganda comw1is'ta. De Marx a nossos dias, os comunistas só conquista- nista de que é incontenível o avanço ram o poder ·e só se mantiveram nele dos vennelhos seria abrir passo à capi· pela força. Jamais pela persuasão. tulação, à entrega pacífica ao comuQuanto mais estendem seu poder, ran· nismo. Aceitar como irremediável que os to mais se lhes torna difícil manter sob jugo o crescente número de suas vfti· russos se apoderem de novas posições mas. Uni colosso assim estruturado estratégicas no Ocidente e ceder semtem evidentemente pés de ba"º· E pre dian te deles, corresponderia a pre· q1t011to mais cresce, mais está prestes tender saciar a onça dando-Ulc sangue a cair. Por isto mesmo, considero uma para beber... Em suma, criar estado de vigilância obra-prima da propaganda comunista, que ele tenha conseguido desviar des- contínua contra a mentalidade distente ponto capital a atenção de numero- sionista que recua, cede, capitula ante sos anticomunistas, a ponto de os per- as arrogâncias do adversário, eis a musuadir de que dianre do poderio venne- ralha da resistência anticomunista. lho a resistência anticomunista se tor11011 inútil. PEDRO IVO DE OLIVE IRA Porta-aviões "Kiev" - As intenções russas vão muito além da simples defesa. ·

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MURO DE BERLIM: 15 ANOS

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BISPOS LANÇAM ATAQ_[-!ES VAZIOS TFP REBATE E PEDE CLAREZA na! Sul li da CNBB, citados no mesmo tal acusação, queira a Cúria Metropo- considera, por exemplo, '·injusto" pelivro. litana retratá-la, cumprindo assim um dir que os Prelados silenciosos se dessolidarizem da atitude subversiva tomaAs incômodas perguntas muito ex- elementar dever de justiça. Dada em Nosso Cúria Meuopolirana o plicavclmente ficaram sem resposta. A '.fFP se permite dirigir, por cima da em prosa e verso por D. Pedro CaAuxiliares d~tribuíram a seguinte nota: 29 de fulho dt 1976. Sabia disto a Cúria Metropolitana de da Cúria Metropolitana, essas reflexões saldãliga, Bispo de São Félix do Ara"Em desagra'i,-'C às afírmaç6es a respei· guaia? Ou do entreguismo - face ao Paulo Evarüto Cordeai Arm·. Arcebispo Olinda e Recife? Se o sabia, por que e perguntas ao Sr. Arcebispo D. Helder to de vários irrruros Nossos 110 episcopado feitas e recentemente reno~·adas pela TFP Metropolitano / José Tlwrfer /Bentdito de não o mencionou em seu comunicado? Camara. Com efeito, o envolvimento eventual vencedor comunista - que a (Tradição, Famflia e Propriedade), decla- lllhóa Vieira / Franct'sco Manoel Vi.eira / Se não o sabia, aqui está a informação. do Prelado em problemas como os !ra- Regional Sul li da CNBB ( órgão que ramos aos f,é,'s católicos de Nossa Arqm', Joel Ivo Cotopan / A11gé/ic<> S. Bernardino / congrega os Srs. Bispos do Paraná) diocese de Saõ Paulo qut seme/Jumres colo- Mouro Morem / Anton;o Celso Queiroz / Faça a Cúria Metropolitana uso dela, lados em nosso livro tem sido tão frepreconiza de antemão para todo o cações são injustas. precedem de entidade Luciano Pedro M. de Almeida. Bispos Au, explicando ao público recifense por qüente, que a própria lemática deste ci1lil sem 11utorldad1 para se pronuncl4r cm Episcopado brasileiro? xiliares. que motivo ficaram cm silêncio os Pre- comunicado está a pedir um pronunNormalmente, todos os Bispos prociamento pessoal dele. · lados paulistanos. A TFP REBATE AUTORIDADES S) "Falar em nome da Igreja" é fa. A TFP redigiu o presente texto, fessam a mesma doutrina. E por isto o lar como autoridade investida, por inspirada pelo preceito do Evangelho: público tem o direito de os considerar ECLESIÃSTICAS PEDIND0 CLAREZA Nosso Senhor Jesus Cristo ou pelo Di- "Seja vossa linguagem: sim, sim; não, solidários uns com os outros, em tudo reito Canônico, dos poderes necessá- não" (S. Mateus S,37). E não pede em quanto ensinam. Se, pois, um Bispo EM COMUNICADO dado a públi· ponto de vista da doutrina católica as rios para tal. Queira a C6ria Metropo- resposta senão a clareza do sim e do diz aos olhos de todo o País algo de co e assinado pelo Emmo. Cardeal-Ar- poesias e as reflexões de D. Pedro Ca- litana informar em que página do contrário à doutrina, normal é que o cebispo e pelos oito Srs. Bispos-Auxi- saldáliga citadas naquele estudo do mencionado livro a TFP se arroga in· não. Recife, 14 de agosto de 1976. público julgue solidários com ele todos liares de São Paulo, encontram-se di- Prof. Plinio Corrêa de Oliveira; debitamente de assim proceder. Se naSociedade Brasileira de Defesa da os outros Bispos, enquanto não se des. versas críticas ao estudo difundido 2. Se consideram irrepreensíveis do da encontrar no livro que justifique Tradição, solidariZarem publicamente do erro do Família é Propriedade. pela TFP, A Igreja ante a escalada da ponto de vista da doutrina católica os colega, por palavras ou por atos. Ora, ameaça comunista - Apelo aos Bispos textos do pronunciamento da RegioD. Ivo Lorscheiter não só se omite desAS ACUSAÇÕES DO Silenciosos, do Prof. Plinio Cortêa de nal Sul li da CNBB, citados no mesmo se dever mas ainda considera "injusto" livro; Oliveira. SECRE:Y-ARIO-GERAL DA CNBB que estranhemos o mutismo dos PrelaNeste estudo ocupam papel de sa3. Caso julguem que nas citações dos "silenciosos''. Permitimo-nos perPOR FIM, D. Ivo Lorschciter. secretário· a preocupação de agradar ao, homens, de liência obras de D. Pedro Casaldáliga, mencionadas nos nPs I e 2 acima haja da CNBB e Bispo de San la Maria (RS), allebator ou chocar, nem por originaUdade guntar: onde está a injustiça? Em nós? Bispo de São Félix do Araguaia (MT), qualquer coisa de censurável debaixo -geral programa radiofônico "Palavra do Pas· ou desejo de dar na v#ta. Enquanto Pastores Ou no Sr. Bispo de Santa Maria? e um pronunciamento da Regional Sul do ponto de vista da doutrina católica, no tor· . irradiado naquela cidade (cf. A Razão. do pol-VJ fitl. o nosw serviço pastoral obri, Por fim, de que adianta fazer "neli da CNBB, organismo que congrega queiram o Sr. Cardeal-Arcebispo os Santa Maria (RS), l l de agosto de 1976), ga-nos a preser.,,ar, defender e comunicar a cessárias condenações" ao ,comunisos Bispos do Paraná. oito Srs. Bispos Auxiliares de São Pau- também fe-t referências ao citado livro e à verdade, sem olhar SflCrif(ciot''. Nesta missão de expor e interpretar a mo, e omitir-se de qualquer repulsa A fim de proporcionar à TFP os lo dizer o que repulam censurável e TFP. Publicamos a seguir a integra da aloeu• ç-ão do Prelado: ~·erdade, os Bispos se.rã<> humildes mos tam- a pronunciamentos como o do Prelado elementos necessários para uma ele- por que. b~m. porque ossiuido$ pelos luzes do Espf. espanhol de Mato Grosso, ou do flexío comentário de hoje, completam- rito vada e serena tomada de atitude ante Santo, de acordo com a promes:sa de A TFP manifesta a sua esperança de ·St "Com dois anos de existência deste programa Cristo. Isto não os disptnsa dt ptsqu,'sar, vel órgão episcopal do Paraná, copiosaa nota das autoridades eclesiãsticas que não lhe sejam recusadas e·ssas in- semanal com os ouvintes da Rddio Mediilmente citados aquele e este no Jivro paulopolitanas, pede ela aos reveren- formações, indispensáveis não só para neira e com os ltltores do jornal A .Ràzão. dt consultar t de ouvir os suges1õe$ de ou- do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira? tras pessoas. Contudo, tais nunca poderâ<> dos signatários desse documento que ela como para o público paulista, no Quando ele /oi lnciado. no dla 6 de agosto preten der constituir-se em critédo paro a Aí estão muitas matérias para odiáesclareçam do modo mais expresso e qual o estudo do Prof. Plinio Corrêa de /974. procurei dt/inir assim os seus Ob· pregação e os pronunc;amentos do Hierar- logo. Não é, pois, por falta de tema /etlros: "Possa esta Palavra do Pastor ser definido: de Oliveira vem encontrando tão gran- ins trumt mo humano de aproximação e ins, quia da lgrbja. Entriste.ce,me. por isso, ver que este não se realizará. como grup0s radicais de esquerda e de di1. Se consideram irrepreensíveis do de s.iída e tão viva ressonância. trumento di,;,ino capaz de suscitar ou forA TFP garante a D. Ivo Lorscheiter reit.2 reclamam do Episcopado Brasileiro que talecer a Fé, de provocar boas atitudes e de fale disso ou daquilo, que fale dessa ou da· que o Brasil inteiro prestará ater\ção assegurar a unidade da nossa Fom11ia Dio- quela maneira. embora tais manifestações cesana ... Sem poder e sem pretender medir e aíticas sempre nos sejam úteis em nosso ao que ele disser sobre esses assuntos. A POSIÇÃO 0A CÚRIA DE RECIFE Se o diálogo não for aceito, será, os res"ltados concretos desta mensagem se• exame de ocuuciência. Certamente não é mono/, proponho.me comlnu4-lo com o ~ cristão o modo como a TFP (Sociedade pt· pois, tão só porque o Prelado não o mes mo amor e zelo que inspirou o seu ra a defesa da Tradição, da Fam11ia e da quer. POR SUA VEZ, a Cúria de Recife, atra· si~s e atit"des dtste gmpo suficie.nttmen, começo. Propriedade) se est<i dingindo aos que ela E aqui a TFP apresenta a O. Ivo

à publicoção do livro A

matéria religiosa, deformam a consciência dos /Mis e colocam os que as fazem em - Ap t lo a<ls BlsP<>S Sile11closos, o Cardeal· flagrante discordáncla cem o magistério da -A,cebispo de S:io Paulo e seus oito Bispos Igre/à em São Paulo. REAGINDO

Igreja airte a escalada da ameaça comunista

l~";\

~

e

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vés do Boletim ArquidioCC$:BnO, distribuiu

a seguinte nota a respeito de A Igreja ante a escoUldo da ameaço comunista - Apelo aos Bispos Silenciosos: "O pessoal da TFP tstá l-'Oltando às roos do Recife. Os mesmos nretodos, a mesma en· cenoção, a costumeira atitude de coni'estO· dores da otual renovação da Igrejo. 'Voltamos a advtrtir o povo cristão sobre os po.

te desoutori:ado pela Conferéncla Nadonol dos Bispos do Brasil: eles não têm dlreito de falar em nome do Igreja. ESt0$ atitudes t po. siÇ(Jes Jém sido reprovadas e condenadas por bom n(mu:ro de membros do tpiscopado brasileiro. como aconteceu, recentememe, em pronu11ciamento do episcopado paulista. l!•pena que se ga.stem tanto tempo e dinJ:ei• rt> e se faça desperdfcio dt ranto esforço hunumo em faVôr de uma causa tão lngrata':

A CLAREZA DO "SIM" E DO "NÃ0" EM RECrFE, segundo foi noticiado pela in1prensa diária, em meados de agosto, a Cúria Metropolitana publicou no Boletim Arquidiocesano uma nota sobre a campanha que a TFP então fazia, em vias públicas daquela capital, para a venda do livro A Igreja ante a escalada da ameaça comunista, de autoria ·do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Em síntese, a nota acusa a TFP ou sua presente campanha: 1) de estar assumindo "atitude con-

testadora da atual renovação da lgre

0

jaº;

2) de haverem sido as "posições e atitudes" da TFP "suficientemente desautorizadas pela CNBB", bem como

"reprovadas e condenadas por bom número de membros do Episcopado brasileiro, como aconteceu, recentemente, em pronunciamento do Episcopado paulista"; 3) de falar a TFP "em nome da Igreja" sem ter direito para tal. A respeito dessas acusações, a TFP redargue: J) A nota da C6ria Metropolitana de Recife, vazada al.iás em lamentável português, é absolutamente esquiva quanto ao ponto essencial da matéria por ela tratada. A atual campanha da TFP é feita para difusão de um livro. A Cúria Metropolitana esquiva-se cautelosa.mente de emitir qualquer juízo sobre o livro, e faz apenas ataques vagos à campanha. Esta omissão tira à nota qualquer seriedade. E confere à TFP o direito de pedir à Cúria Metro_politana que declare, do modo mai~ explícito, se no livro encontra algo de reprovável. Caso o encontre, por que não o diz? Caso não o encontre, por oue ataca a campanha?

E nem poderia ser diversamente. visto que afndo llo/e votem poro n6s Bispot 01 candentes palavras dirigidas por São Paulo ao Bispo Timótto: "/;'u rc conjuro em prt.senFo de Deus e de Jesus Cristo: Prega a Palavra, m, s,Ste oportuna e importunamente, repreende. ameaça e exorta com toda paciência e empenho de lmm,ir" (2 Tim. 4. 1-2/. Ao meditar esta forre interpelação. af. gutm poderd. sem grande dlflculdade. clu:. gar o penS/lr que o Igreja noõ fala com o su/i· ciente vigor. Por ou1ro lado, não falta quem julgue e diga que a Igreja fala dem~, espc· clalmcnte sobre as exígênciu sociais do Evangelho. Esta dific,,ldade. t estas posições cont10ditório,s não poderão perturbar o disclpulo de Cn'sto. que não procura o louvor dos homens. mos o serviço /lei da vtrdade; e Isto lht d.ará aquela pacíêncio, coragem e constãnâa, que jd Soõ Paulo recomendava a Ti• môteo. Neste sentido, oomo são oportunos os palavras do Popa Po"lo VI na i rande e recentt Exortação Apostôlica Eva.ngelii Nuntiandi: "Espera-se de todo evangelizador que ele ttnho o culto da l-'erdode. Ele Jamais poderá trair ou dissimular o verdade, nem com

chama ""Bisp0s Silenciosos", pretendendo deles não só a necessária condenação do comunismo, mas ainda a injwta acusação de ~ssoas e instituições. Nem ~ cristão o modo como outros querem conseguir da Hieror. quia da Igreja a legWmaçõo e o apoio às próprios opções políticos e Ideológicos. Ajude-no( Deut o sermos. nesta Diocese. .sempre mais irmanados naquilo que nos dtve unir: '"Não 4 preciso qut /oltmos todos a mesma lfnguagem. Não t possfvel, nem bom, que sobre todos os assuntos pensemos da mesma /Orma. Porém, nos pontos fundamentais e M S opções práticos adota, das >ieste B&pado, deveremos chegar a uma coesão e unidade adulta e alegre".

mais uma pergunta. Afirmou ele certa vez ("O Estado de S. Paulo", 16:2-73) que "o mais grave" nos elementos da TFP que eles são impermeáveis ao

"e

diálogo". Até aqui, a cada crítica de D. Ivo, esta Sociedade tem respondido com esclarecimentos que ele deixa cair invariavelmente no silêncio. Será que "o mais grave" dos defeitos que ele aponta em nós, não é, nele também, pelo menos uma lacuna? Sirva esta pergunta para estimulá-lo a aceitar desta vez o diálogo. D. Ivo Lorscheiter é também secretário-geral da CNBB. No bolelim semanal desta última entidade, intitulado Noticias (13-8-76), é transcrita a declaração do Cardeal-Arcebispo D. Paulo Evaristo Ams e de seus oito Bispos Auxiliares contra a mesma obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Logo em seguida lêem-se estas palavras :

2) Muito especialmente, esta Sociedade pergunta à Cúria MetropoliRezemos, pOis com /4 e confiança: "Je. sus, Vós sois a Pola~,a Rel-•eladora do Pai tana se considera conforme ao ensinae dissestes aos homens palo1 ros de Vida mento da Igreja e à "atual renovaEterna. Ajudai.nos a colher t por tm prática ção" desta, a doutri.na contida tanto o que nos ensinais. E faul que os palavras no livro Yo creo en la /usticia y en por nós pronunciadas sejam espelho das Vo.ssas e possom edificar e não escandalizar la esperanza! quanto nas poesias do orientar e não petturbar. encorajar t na-Ô Bispo D. Pedro Casaldáliga, e qualificaofender. congrego, e MÕ dividir. Amém ". da de subversiva no livro difundido pe(destaque nosso). la TFP. A mesma pergunta faz a TFP com relação ao documento da Regional Sul O REVERSO DA MEDALHA "O Secretário Geral da CNBB acaba li da CNBB ( órgão que congrega os de receber e, divulgando faz suo, essa Srs. Bispos do Paraná), documento Declaração''. Parece-nos parcial que o esse igualmente qualificado de subver"O ESTADO de S. Paulo" do dia mos a nos sentir inteiramente à vonta- Secretariado (dirigido pelo secretáriosivo por aquele livro. 11 do corrente publicou declaração de, chamando-os de silenciosos, mes- -geral, cf. art. 22 dos estatutos da. 3) Quanto a atitudes da CNBB de- concernente à TFP, feita por D. Ivo mo... CNBB) se tenha açodado em apoiar 2. "A necessária condenação do envolvendo todo o Episcopado - dita s.iutorando a TFP, queira a Cúria Me- Lorscheiter em Santa Maria (RS), atratropolitana declarar quais foram e vés de seu programa radiofônico se- comunismo"; se essa condenação é Declaração, sem ouvir a outra parte: quando ocorreram. A TFP dirá em manal. Referindo-se obviamente ao "necessária", pedimos a D. Ivo que "audiatur et altera pars", preceitua o seguida o que tem a informar sobre o livro A Igreja ante a escalada da amea· nos diga como qualifica o silêncio dos Direito Rom.ano. Pelo correio, a TFP ça comunista - Apelo aos Bispos Si- que não a fizeram? E que nos expli- está enviando ao Sr. Bispo-secretárioassunto. que, ademais, por que ele se irrita, não 4) Sobre o "pronunciamento do lenciosos, da autoria do Presidente do com a grave omissão deles, mas com a -geral da CNBB a publicação em que Episcopado paulista", começamos por: Conselho Nacional desta entidade, franqueza de que fizemos uso quando ela se defendeu contra as censuras do notar que a referência da Cúria Metro- Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, disse os qualificamos de omissos. De nossa Purpurado de São Paulo .e de seus oito politana é errada. Por "Episcopado notadamente o Prelado: "Certome11te parte, julgamos cumprir assim o p re- Bispos Auxiliare.s. Em tal publicação, esta Sociedade também faz perguntas paulista" entende-se o conjunto dos não é cristão o modo como a TFP es· Srs. -6.rcebispos e Bispos do Estado de tá se dirigindo aos que ela cha,na de ceito de Nosso Senhor Jesus Cristo: à Autoridade Eclesiãstica paulopolitaSão Paulo; na realidade, o pronuncia- "Bispos silenciosos", pretendendo de- "Seja vossa linguagem: sim, sim; não, na, as quais caíram no silêncio. mento foi tão só do Cardeal-Arcebispo les 11ão só a 11ecessária conde11ação do lliío" (S. Mateus S, 37). E é a TFP - e só a TFP - que D. 3. O próprio D. Ivo Lorscheiter, Ivo Lorscheiter acusa de ter por deda Capital paulista e de seus Bispos comunismo, mas ai11da a injusta acusa· que desde 1968 tantas vezes tem ata- feito a "impermeabilidade ao diálogo''! Auxiliares. Versou esta sobre o mesmo ção de pessoas e instituições". cado esta Sociedade pela imprensa ( a Sobre este comentário, a TFP ofelivro ora difundido no Recife pela O que nos diz disso o Sr. Bispo de TFP. Em resposta, esta Sociedade per- rece ao Prelado um diálogo. E em tal TFP possui a esse propósito nutrido Santa Maria? guntou pela imprensa ao Emmo. Car- perspectiva lhe apresenta as seguintes dossier), condenou alguma vez o coMais um tema para diálcgo ... munismo, como afirma ser "necessádeal-Arcebispo e aos Srs. Bispos Auxi- perguntas: Para terminar, repetimos que, se D. J. D. Ivo Lorscheiter estranha o rio"? Queira informar-nos a esse resliares paulistanos: Ivo aceitar o diálogo, todo o Brasil capeito, desculpando desde já a nossa igqualificativo de "sile11ciosos ". Parecea) se consideram irrepreensíveis do -nos incompreensfvel a estranheza. "Si- norância. Santa Maria fica tão longe tólico prestará atenção. Mas, se não o ponto de vista da doutri.n a católica as lencioso" aceitar, a recusa também terá sido feié quem não fala, não se pro- de São Paulo... poesias e as reflexões de D. Pedro Ca- nuncia, guarda o silêncio. Sabe D. Ivo, 4. Quais são, segundo D. Ivo Lors- ta à vista do Brasil católico inteiro ... saldáliga .citadas naquele estudo do da parte de algum dos Bispos "chama- cheiter, as "pessoas e instituições" pali o reverso da medalha. Prof. Plínio Corrêa de 01.iveira; São Paulo, 31 de agosto de 1976. dos silenciosos" pela TFP, de algum ra as quais é pedida, na obra do Prof. • b) se consideram irrepreensíveis do claro e valente pronunciamento contra Plínio Corrêa de Oliveira, uma "injus- SOCIEDADE BRASILEIRA DE DEponto de vista da doutrina católica os o comunismo? Caso saiba, pedimos to acu54ção" da parte dos Bispos silen- _FESA DA TRADIÇÃO, FAMÍLIA E textos do pronunciamento da Regio- que o cite. Caso não saiba, continua- ciosos? O Sr. Bispo de Santa Maria PROPRIEDADE 1

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DURA R.EALJDADE reconhecida por Paulo VI de que "a fumaça de Satanás entrou por uma fissura no templo de Deus" (sennão de 29 de junho de 1972), é cada vez mais patente aos olhos de todos. De alguns anos para cá, vemos acelerar-se o processo de autodemol.ição da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana. A autodemolição no campo teológico, moral e político. Vimos nascer e adquitir foros de cidadania a chamada "teologia da libertação", a justificar a subversão e a revolução social. Os erros modernistas, condenados por São Pio X, campeiam por toda parte. A "moral nova" preparou o terreno para o permissivismo atual. Se o mal progrediu tanto, foi certamente graças à colaboração pública e

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O Arcebispo de Saigon, fiel colaborador da opressão comunista A implantação do regime comunista no Vietnã do Sul foi recebida com medo, apreensão e desconfiança pela população que não conseguiu fugir. Cerca de dez por cento dos vietnamitas são católicos. Entre estes se encontram os mais sérios adversários do regime vermelho. Núcleos de resistência fonnaram-se nas p.rovfneias montanhosas de Kontum, Pleiku, Ban Me Tuoth e Tuyen Oue. Cercá de 300 mil homens resistem em vários pontos do país, sob o comando de antigos oficiais do governo deposto de Saigon. Nenhum apoio Utes chega do exterior.

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ativa de bom número de eclesiásticos, à colaboração discreta e sabiamente dosada de um número maior deles, e a abstenção comodista da maioria. Como haveria então de omitir-se um ór_gão católico como esta folha. Que desde sua fundação foi um paladino das verdades esquecidas ou rejeitadas? Assim sendo, o principal objetivo desta secção é chamar a atenção dos fiéis sobre esta _realidade gravíssima, enunciada por Paulo VI : a autodemolição da Santa Madre Igreja executada pelas mãos de seus próprios filhos, se é que assim ainda se pode chamar os demolidores. Trata-se, portanto, de considerar as chagas do Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo e acompanhar com espírito de oração compungida esta verdadeira Paixão da Igreja em nossos dias.

solidariedade, promovido pelas autoridades comunistas. Quanto à resistência anticomunista e à perseguição movida pelos vermelhos, o Arcebispo as vê como "i11ci· de11tes ,lame11tâveis do po11to de rista religioso", devidos "à sobrevivê11cia de preco11ceitos''. "Eu gostaria que vós todos compreendessem, meus irmãos - diz D. Van Binh - que IIOSSIJ Igreja está decidida a não ser a Igreja do Si· lê11cio, mas a igreja missionária, a Igreja que proclama o Boa Novo 110 situação histórica presente de 11osso povo". Em entrevista transmitida pela televisão francesa, O. -Van Binh declarou: "Minha convicção é que, 11um pais que marcha paro o socialismo, se os cris· tãos quiserem testemu11har o Evangelho, deverão saber assumir os valores

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O Arcebispo de Saigon conversa com autoridades comunistas, às quais ofereceu as igrejás e escolas católicas para a "reeducação" marxista. Na luta entre resistentes e invasores, de um mundo cético - se11ão hostil anticomunistas e comunistas, católi- adotando seus modos de pe11same11to e cos e ateus, o zelo de D. Nguyen Van de vida, seus "ritos", poderio se dizer, Binh, Arcebispo de Saigon, cabeça do em tudo aquilo que não co11trodiz à Episcopado sulvietnamita, colocou-se me11S1Jgem evo11gélica". do lado dos invasores, comunistas e aSegundo o Arcebispo de Saigon, os teus. Declarações do Prelado, repro- objetivos dos comunistas do Vietnã duzidas na revista francesa IC/ (julho "não estão em co11tradição com o de 1976, pp. 16 e ss.), demonstram espírito evangélico". E conclama os como ele se encarrega de desannar a católicos a respeitar as autoridades hostilidade do povo em relação aos marxistas. norte,-vietnamitas e de prestar a estes a Como a docilidade do Arcebispo mais ampla colaboração. Por isso colo- de Saigon em relação ao regime de cou à disposição dos comunistas as Hanói é diferente da guerra sem tréescolas católicas e as igrejas, onde são guas que certos eclesiásticos latino-aministrados cursos de "reeducação" mericanos desenvolvem con Ira govermarxista. Os seminaristas e noviços nos anticomunistas. Lá, é preciso ser de congregações religiosas con tribucm dócil e submeter-se como cordeiro. com o trabalho manual na "reconstru- Aqui, é preciso pegar em armas e reforção" do Vietnã socialista. O próprio mar com urgência todas as estruturas. D. Van Binh comparece alguns dias Como é contraditório o "evangelho" por semana ao trabalho coletivo de ""1os Bispos progressistas! 4

Certo ou hrrado. Escreve e edita, há 24 anos, uma publicação para Religiosos intitulada O Padre. Ourante três ensinou na Universidade S t. CharPadres e "especialistas" discutiram anos les e no Seminário San ta Maria, de em Paris opiniões que não muito tem- Baltimore. Foi censor oficial de livros po -atrás teriam feito estremecer um da Diocese de Pittsburgh. auditório católico. Nos debates do Atualmente, o Pc. Ginder advoga a "Colóquio sobre as Visões Místicas", aprovação do homossexualismo. Aprerealizado pelo Insti tuto Católico da sentando-se cm progran1a da cade.ia capital francesa, os participantes eclede televisão a 21-1-76, a entrevissiásticos e leigos, chegaram ao absurdo NBC tadora Pia Lindstrom interrogou-o a de levantar questões como estas: da posição do Bispo a quem Santa Margarida-Maria Alacocque orespeito Sacerdote deve obediência, sobre a (que recebeu as revelações sobre o Sagrado Coração de Jesus) teria sido obra deste. Pe. Ginder respondeu: "O Bispo leo11ard de Pittsburgh declarou uma neurótica histérica? que não impediria a publicação do li· Santa.Bemadette Soubirous, viden··. te de Lourdes, um caso patológico? vroEm outra entrevista na WMAQ-TV, Santa Teresa de Ávila, uma mitoma- no dia 20 de janeiro p.p., Pe. Ginder niaca? declarou sorrindo: "Bem, eu sou hoTais interrogações, feitas "com to· mossexual '~ da tra11qüilidade" pelo Pe. Marc OraiO P_e. Richard Cinder foi preso duas son, revelam o ambiente em que pre· vezes por corrupção de menores, em tensos especialistas e Sacerdotes católicos não só colocam em dúvida a san- juUlo passado. ( The Hera/d of Freetidade, mas procuram lançar sobre dom, Zarephat, J.J., EUA, 12-3-1976). os Santos o insulto, o sarcasmo e o descrédito. Padre acha que leigo pode Sem aduzir nenhuma prova, o Pe. absolver pecados Oraison afim1a que as aparições "silo todas falsas, porque subjetivas" (Alain Woodrow; de le Monde in Folho de Interpretando de modo insólito a São Paulo, 31-3-1976). doutrina sobre a Confissão, o Pe. Como explicar, o subjetivismo, por Maucyr Cibin, do setor de liturgia da exemplo, de 70 mil pessoas que viran1 Conferência Nacional dos Bispos do o sol bailar não só em Fátima, mas Brasil (CNBB), afirma que são "úteis em toda região vizinha? Como expli- e válidas" as absolvições dadas por um car as milhares de curas milagrosas con- simples leigo, por exemplo, em caso tinuamente operadas em Lourdes, re- de acidente ou em qualquer circunsconhecidas e documentadas até por tância onde o Padre não pode estar médicos ateus? presente (Jornal do Brasil), Rio de Janeiro, J64-1976). Como se sabe, só o Teólogo quer Bispo ou Padre têm o poder de pereliminar o exorcismo doar os pecados, uma vez que.esta fa. culdade supõe a recepção do Sacra"É preciso que se deixe de acreditar mento da Ordem a quem a exerce. 110 diabo", declarou o professor de Donde, a posição do Pe. Cibin constiTeologia Católica da Universidade de tui uma aberração em relação à douTubinga (Alemanha Ocidental), Har- tru1a católica. bert Haag. Disse o professor que os O encarregado do setor de LiturBispos não deveriam dar mais autori, gia da CNBB afinna ainda: "Toda co11zação para o exorcismo, o que seria [issiio comunitária - qualquer que seo primeiro passo para superar a cren- ja a modalidade puro a acusação dos ça no espírito do mal. (.Jor11al do Bra· pecados, mesmo aquela em que só um si/, Rio de Janeiro, 4-8-1976). gesto silencioso é dela testemunha A quem aproveita a posição do termillO sempre com o absolvição, teólogo de Tubinga? Os demônios mesmo quando não há Padre" (destaficariam satisfeitos de se verem livres que nosso). A doutrina da IgreJa ensina do exorcismo e de poder agir à vonta- outra coisa: Deus só perdoa diretan1ende sobre quem neles não acredita. te o fiel, sem a absolvição sacerdotal, quando o penitente não tem possibiliNa televisão, Padre dade de se confessar e faz um ato de declara-se homossexual contrição perfeita, ,sto é, arrepende-se de seus pecados por amor de Deus e O Pe. Richaid Ginder é autor de não por medo do inferno ou qualquer um livro intitulado Bindi11g with Briars outra razão. Fora dessa condição, só - Sex a11d Sin in Catholic Church ("A· existe perdão com a absolvição sacermarrando roseira brava - Sexo e Pe- dotal, conferida mediante a confissão cado na Igreja Católica"). Editór asso- auricular, ou, em casos extraordinários ciado do jornal Our S1mday Visitor como calamidades, guerra, acidentes, (EUA), o Pe. Ginder escreve a colun2 pela sin1ples absolvição sub co11ditio-

Padres chamam Santos de doentes mentais

ne. supondo-se que o penitente, impossibilitado ile se confessar, está arrependido de seus pecados.

A apologia de Havana

e Moscou pelo "Bispo vermelho" do México Em sua homilia de 7-12-1975, D. Sérgio Méndez Arceo, o "Bispo vermelho" de Cuemavaca, México, declarou: "Quero falar a Vocês sobre alguns aspectos de minhas recentes anda11ças pela Europa, nas quais e1fl parte e com diversas i11terprerações 111e acompa11ha· ram daqui, graças aos meios de comunicação. A fim de participar da Conferência lnternaciOIIOI de Solidariedade ao Povo do Chile, em Atenas (1316 de novembro). passei por Hdvona. lá, pude ver como si11al muito visivel dos êxitos 110 sentido do bem-estar do povo cubano, a renovação dos edi· fícios em preparação paro o grande co11gresso do Partido Comunista. "Meu convite i11cluía a viagem pela Aeroflot, cujos ~'Óos se iniciam todos em Moscou. Tive assim a oportunidade de conhecer bem de perto essa cidade ordenada, limpa, sem mendigos... Ao meio-dia, presenciei o rito de troca da guarda 110 túmulo de Lenine. É impressio11011te esse ritual do poderio e do tra11sfon11oção operado na União Soviêtica, ponto de apoio de muitas descolonizações e de muitos libertações; mas não suficiente sinal de esperança para toda forma de liberta· ção" (Publicaciones dei F.P.A.C.M. de Oivulgación Histórica, Orientación y Propaganda, México, D.F., fevereiro de 1976, pp. l 5-1 6).

W. G. S.

D. Mêndez Arceo elogia

Havana e Moscoú. - Também ele foi preso no Equador


Pastor em pele de ovelha. • • lobo em pele de Pastor O diretor da usina metalúrgica de Lorient, na Bretanha, f icou satisfeito quando soube que entre seus operários havia um Padre. Não tardou, porém, a desilusão: o pastor semeava a discórdia entre as ovelhas. E os trabalhadores começaram a reclamar a expulsão do lobo intruso disfarçado em pastor. Tarefa difícil. Por t rás do Padre estava a poderosa CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), cujos vínculos com o Partido Comunista são notórios. A luta irritante dos operários de Lorient.contra o Sacerdote e o sindicato to rnou-se famosa na França. Sobre o caso, o próprio diretor da usina escreveu um livro , cujas passagens mais interessantes condensamos nesta pági na. dar uma secção sindical CGT na em- prensa noticiando que 75% do pessoal pres{ A idéia veio da base, afirmou exige a retirada do Padre-operário, é dirigido. um pedido ao Bispo do Morlogo o Pe. Guillaume. No dia seguinte, uma carta do se- bihan (região da Bretanha onde se situa cretário geral da União local -CGT, a- Lorient): "Monsenhor, em nome da nuncia ao Sr. Le Beon não apenas a paz que Cristo nos deixou, nós Vos nomeação pela· CGT de um delegado conjuramos, pela autoridade que Vos sindical na empresa, mas também o é conferida, a rogar ao Padre-opero.rio desígnio de nela fazer eleger delegados cegetista Michel Guillaume, que deixe do pessoal pelo mesmo sindicato. Na nossa usina, pois sua presença não caucabeçalho da carta estava a sigla FSM sa senão discórdia onde antes reinava (Federação Sindical Mundial), cuja se- a paz". de é em Praga, Tchecoslováquia. • Na segunda-feira seguinte, as oficiDoente dos nervos, o Padre-operánas estavam em efervescência, a grande rio repelido pelos trabalhadores obtém maioria dos operários manifestava-se licença por uma semana. Os sindi, contra a CGT e o Pe. Guillaume. catos políticos CGT e CFDT organiChamado pelo Sr. Le Beon, o Padre declarou suas posições marxistas. zam uma manifestação diante da usi, A única solução era despedí-lo. Mas na, com cerca de cento e cinqüenta ona tarde desse mesmo dia, uma nova perários, vindos de outras metalúrgicarta do secretário geral da CGT local cas. Um diário regional pretende que a indica seis candidatos para as eleições manifestação teve como objetivo imde delegado de pessoal, entre os quais por a liberdade sindical nas oficinas o Pe. Guillaume. Estranhamente, a lei Lc Beon. Na realidade tratava-se de imfrancesa protege contra a demissão um por a CGT a operários que a recusasimples candidato a delegado do pes- vam. Dois dos operários que haviam soal. E quem indica tais candidatos não permanecido na usina deserta, ao sair é o pessoal, mas o secretário geral do passaram pelos manifestantes e explisindicato, segundo o arbítrio que U1e caram a situação. A reação de muitos é confe rido pela lei! foi de perplexidade: julgavam que os No dia seguinte a desordem aumen- operários da usina estavam a favor do ta. As manobras de alguns simpatizan- Padre e da CGT. A verdade era exatates da CGT não obtêm sucesso. A mente o contrário. Entre outras coisas maioria dos operários decide a consti- viram que os operários do Sr. Le Beon tuição in1ediata de um sindicato au- eram os mais bem pagos da região. No dia 4 de outubro de 1974, a tônomo, para assim se livrarem da CGT: os operários levantam-se contra CGT lança um comunicado convocan, do os trabalhadores da usina Le Beon, o Padre-operário.

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Roger Le Beon: o empresãrio que derrotou. a poderosa CGT.

OGER LE BEON é diretor-presidente e acionista majoritário de uma usina metalúrgica que emprega cerca de cem operários na cidade de !'..orient, na Bretanha. Sua empresa sempre fora um modelo de entendimento e coesão entre a direção e o corpo de empregados. Até que um dia a tempestade se abateu sobre ela, na forma de um Padre-operário! A tempestade passou. Os operários se encarregaram de rebater o Padre-operário. E quem levou a pior foi a poderosa CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) francesa, instn> mento confessado do partido comunista. Vitorioso na defesa, o Sr. Le Beon passou ao ataque lançando o livro le Syndicalisme Politique en Acaisatio11, no qual demonstra fartamente que os dois maiores sindicatos franceses, a ConfédéraHon Générale du Travai!, CGT, e a Confédération Française Démocratique du Travai!, CFDT, não são organizações feitas para servirem os operários. Pelo contrário, servem-se dos operários a fim de levar o comunismo ao poder. A CGT enquanto força propulsora, a CFDT enquanto poderosa força auxiliar. Em nosso país não há um problema sindical de ma.ior monta. Há sim, lamentave.lrnentc, uma ação perigosamente subversiva de ativa minoria do Clero, sob pretexto de defender os direitos humanos, a dignidade e a liberdade dos humildes. i; enquanto indicativo do que essa classe de Sacerdotes progressistas en- Dirigentes sindicais da CGT e CFOT cerram fileiras ao lado dos chefes socia· tende por "direitos", por "dignidade" lista (Miterrand) e comunista (Marchais) numa passeata. e por "liberdade" dos humildes, que ao leicor brasileiro mais especialmente inNo dia 26, cinco dos seis candida- a comparecer à bolsa do Trabalho, às teressa o livro do Sr. Le Beon. tos propostos pela CGT, percebendo 18,45 hs. Na hora marcada, só o dele• • • que esta era um tentáculo do partido gado sindical da CGT estava presente. No mesmo dia, o Bispo respondeu Foi cm agosto de 1973, que um in- comunista, abandonam a candidatura. divíduo aparentemente tímido, cha, A CGT podia contar apenas com o à carta aberta dos trabalhadores afirmando "11ão poder impor a 11111 Padremado Miehel Guillaume, começou a Pe. GuWaume. Mas o Padre-Qperário tem idéia-fi, -operário a conduta a tomar em caso trabalhar como operário na usina Le Beon. E só em maio de 1974 o Sr. Le xa. Quer "redimir" o operariado ainda de conflito trabalhista devido à opinião Beon soube, com surpresa, que Gui, que este não queira. E a agitação con- de outros cristãos da usina, quer sejam patrões ou opero.rios. tinua. llaume era Padre. No dia seguinte, .o inspetor do traCorno resultado, a greve estoura. Interpelado, Guillaume assegurou ao balJ10 comunicava que o Pe. GuillauSr. Le Bcon que não fazia senão cuidar A maioria dos operários suspende o das almas; nada de sindicalismo políti· trabalho e envia à imprensa o se- rne não poderia ser despedido. E em co. Católico praticante, o Sr. Le Bcon, guinte comunicado: "O corpo dopes- seguida apela a uma manifestação para satisfei to por ter um Padre entre o seu soal da Sociedade le Beon cessou o anular a denússão! Ora, a França não pessoal, recomendou•lhe que, caso en- trabalho 11a 6a. feira, 27 de setembro, é uma democracia popular, por um contrasse algum problema na usina, de 15,30 às 17 hs para exigir da dire· lado; por outro, corno pretender anu, fosse procurá-lo. Assim, juntos busca- ção a demissão imediata do Padr.e-ope- lar uma denússão inexistente? rário Michel Guillaume, que pela sua No dia 7, o Pe. Guillaume tomou riam a solução. Mas que problemas, se a usina Le presença torna impossil•el a vida 11as a aparecer para trabalhar. Mas a maioria dos operários fez entender a ele que Bcon pagava os melhores salários da oficinas". Mas a demi$SãO acarretaria pesadas sua presença se tomara absolutamente região? Se nela, quando algum operário tinha algum caso a resolver, o ia sanções. Todo um conjunto de leis pro- intolerável. Alguns deixam claro estatratar com o patrão num contato pes- tege os mercenários dos sindicatos po- rem dispostos a empregar argumentos soal que fazia da empresa uma grande líticos, mesmo con tra a vontade da mais convincentes ... Outros, mais ponmaioria dos operários. derados levaram o Pe. GuWaumc ao fan1ilia? Na segunda-feira, 30 de setembro escritório do Sr. Le Beon; onde estaria À falta de problemas, o Pe. GuWauos operários perdem a paciência. As mais seguro. me resolveu criá-los. 13,00 horas eles organizam unia votaPor fim, na presença do inspetor do ••• ção:. por 64 votos contra 21, eles deci- lraballlo que ali acorrera, o Sr. Le Se1<ta,feira, 20 de setembro de dem a greve ilimitada para exigir o Beon propõe que o Pe. Guillaume re1974, vinte dos operários, entre os afastamento do Pe. Guillaume. ceba um salário·sem nada fazer. O Pe. quais o Pe. Guillaume, decidem funAlém de novo comunicado à im- GuWaume sai das dependências da

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empresa a fim de consultar o secretário geral da CGT local , que dirigia, do lado de fora, uma manifestação de cerca de 400 operários. Era o que a ÇGT conseguira depois de uma tonitruante conclamação a todos os operários de Lorient. Dez minutos depois o Pe. Guillaume voltava diZendo aceitar a proposta. O Padre-operário sai da usina rece, bendo um salário... para não trabalJ1ar. A CGT local considerou isso uma vitória. Mas na massa dos manifestantes a reação foi desfavorável. Começa· ram a perceber que não eram senão instrumentos da CGT para provocar agitação e revolta. E não para defenderem os legítimos i.nteresses da classe operária. Esse salário do sossego aumentou ainda mais o desprezo dos trabalhadores da usina pelo Padre-vermelho. Por 75 assinaturas a favor e 15 abstenções, eles subscreveram nova petição para a demissão definitiva do agitador. O caso provocou grande alarido. Em carta aberta ao Padre-operário, outro Sacerdote escreveu: "Dissestes que queríeis sujar as mãos (no sentido de trabalho manual).No momento elas IIÕO estão muito sujas já que lliio trabalhais e que continuais a receber salário (... ] Quem sabe se não é esse dinheiro impuro que vos suja as mãos? (... ] Na realidade o Sr. se torrwu um Padre que vive de rendas''. Característica foi a atitude do Bis, po de Morbihan, D. Broussard. Até então insensível aos apelos da maioria dos operários para que restabelecesse a paz na usina, ele se precipitou em socorro da CGT, já em má situação. Com frases como "meu silêncio se· ria uma desaprovação", e ··quem cala consente", D. Broussard deu ocasião a que no dia seguinte "L'Humanité", o órgão oficial do partido comunista, publicasse a seguinte manchete: "Bispo apóia o Padre-operário demitido por atividade sindical"! No dia 8 de outubro, foi assinado acordo entre a direção da empresa e a inspetoria do trabalho, fixando para 23 de outubro as eleições para delegados do pessoal. No dia 15 de outubro, a CGT escoll\eu os seus dois candidatos: o Pe. GuWaume e o delegado sindical ria empresa. Pormenor humorístico: o delegado sindical serve de suplente ao Padre-operário, e o Padre-operário de suplente ao delegado sindical; assim, dois fazem o papel de quatro!

* • * Até o dia das eleições, o Padre-operário descansa ... Dia 28, eleições. Pela lei francesa, no 1!> escrutínio só concorrem os sindicatos ditos representativos, mas que não representam mais de 22% da população assalariada. Se no 1!> escrutínio nenhum sindicato "representativo" obtiver mais de 50% dos votos, então os sindicatos autônomos poderão concorrer no 2!> escrulfnio. Na usina Le Beon, o único sindica-

to "representaHvo" e portanto o concorrente único, era o da vermelha CGT. Mas a CGT foi arrasada, apenas 12 votos a favor,65 contra. No dia seguinte o delegado sindical da .CGT na empresa pedia demissão do seu cargo. O Padre-operário, entretanto, obstinou-se em concorrer como candidato da CGT contra o sindicato autônomo, no 2!> escrutínio. Este realizou-se no dia 6 de novembro de 1974, marcando a vitória completa do sindicato autônomo, que preencheu as três cadeiras titulares e as três cadeiras suplentes. O Pe. GuiUaume não obteve senão 6 votos, incluindo o seu. No dia 7, um grupo de Padres do Morbihan enviou uma carta de apoio aos eleitos pelo sindicato autônomo, e de completa reprovação iio Pe. Guillaume, acusando-o de "utilização inad· missivel do Sacerdócio para fins parridtírics ·; e considerando-o transviado por teorias contrárias à doutrina da Igreja. Logo depois os trabalhadores recorriam ao inspetor do trabalho, exigindo a demissão do indesejável. Mas, como ex-candidato, embora derrotado, o Pe. Guillaume gozava da proteção legal por três meses após a data das eleições!

• • • Mas isso para a CGT não bastava. Para inocular definitivamente o Padre·Operário na usina Le Beon, a CGT nomeou-o delegado sindical, assegurando-lhe assim a proteção permanente. Com base num vício de forma, o Sr. Le Beon tornou a pedir a demissão do Pe. Guillaurne, ao mesmo tempo que ameaçava com nova greve, catastrófica para a empresa, para ele e para os operários, caso não fosse atendido. No dia 8 de novembro, os operários apelaram novamente ao Bispo, anunciando nova greve, e se necessário uma passeata à sede episcopal a fim de forçar o Prelado a uma decisão. No dia 12, o Pe. Guillaume, já sabendo que sua demissão não fora concedida, apresentou-se na entrada da usina acompanhado de um oficial de justiça. O Sr. Le Beon. não se opôs, mas os operários barraram a entrada ao Padre-agitador. Nos dias 13 e seguintes, o Pe. Guillaume não apareceu, violando a convenção da Metalurgia de Morbihan. Isto significava a ruptura do contrato de trabalho do Pe. Guillaume. Finalmente, no dia 2 de dezembro, o tribunal de Instância de Lorient anulou a nomeaçio do Pe. Guillaume como delegado sindical CGT junto às oficinas Le Beon. Assim terminou a batalha entre a pequena empresa e a poderosa CGT. O desfecho deste conturbado episódio da vida sindical francesa representou a vitória do espírito tradicional bretão e do bom senso francês contra a aliança espúria do Clero progressista com o sindicalismo vermelho.

RODRIGO GUERREIRO DANTAS

Manifestação sindical por ocasião da greve na Renault Os sindicatos franceses de esquerda exercem verdadeira tirania sobre os operários

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Comungar na mão é contrário à Tradição boletim de informação religiosa Mysterium Fidei, editado em Bruxelas por Alfredo DenoyeUe, traz um estudo sobre a Tradição relativa à maneira de o fiel receber a Sagrada Comunhão. Como se sabe, os inovadores que pretendem impôr a nova maneira de comungar, recebendo o fiel na mão a Sagrada Partícula, apelam para a Tradição. Nos primeiros dez séculos de Cristianismo, afirmam, era assim que se comungava. E citam sobretudo a V Catequese Mistagógica de São Cirilo de Jerusalém (313-386). Mysterium Fidei desfez esse equívoco à vista de vários documentos que atestam como usual, mesmo antigamente, os fiéis receberem na língua a Partícula consagrada, bem como através de uma análise do texto de São Cirilo de Jerusalém aduzido como prova a Tradição favorável à Comunhão nâ mão. Expressão inadequada, diga-se de passagem, pois que a Comunhão está na deglutição da Partícula consagrada. De onde, "Comunhão na mão" é comunhão que o fiel se dá a si mesmo, dispensando o papel do Sacerdote como ministro, em sentido estrito, desse grande Sacramento.

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O uso-tra.diciona,I v~ .. • ' ~

O hábito de receberem na língua a Sagrada Partícula é atestado por São Leão 1, Papa (440-461), pois, comen· tando as palavras do Senhor, relatadas no capftulo V1 de São João, vers. 54, fala São Leão Magno, como de uso corrente, em se receber a Comunhão na boca: "Recebe-se na boca o que se a· credita pela Fé - Hoc enirn ore sumitur quod fide creditur" (Serm. 91, 3). Note-se que a maneira de expressar-se de São Leão Magno não é a de quem introduz uma novidade e sim de quem registra um fato comum, ordinário no uso habitual da Igreja. Semelhante uso é confirmado com o testemunho e o exemplo de São Greg6rio Magno, Papa de 590 a 604. Conta ele, nos seus Diálogos (Ili, c..3) como o Papa Santo Agapito operou um milagre, durante a Missa, depois de ter introduzido o Corpo do Senhor na boca da pessoa. E João Diácono, na vida do mesmo Santo Papa; nos assegura que desta maneira distribuía ele a Comunhão aos fiéis. São testemunhos do século V e Vl. Como. se pode afirmar que a Comunhão na mão foi a maneira oficial de comungarem os fiéis até o século X? A exceção i

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De fato, nos primeiros séculos, apenas excepcionalmente, quando um motivo grave deixava o fiel na alternativa de ou não comungar, ou comungar por si mesmo, permitia-se a Comunhão na mão. São Basílio (330 • 379) diz claramente que comungar com a pr6pria mão s6 é pemlitido em tempo de perseguição, ou - como acontecia com os monjes do deserto - quando não havia Padre ou Diácono para administrála: "não é preciso mostrar que 11ão co11slitui falta grave a pessoa comu11· gar com suas próprias mãos, em tempo de perseguição, qua11do não há Sacerdote ou Diácono" (Carta 93, grifo nosso). E o santo baseava sua opinião no costume que têm os monjes que vivem na solidão onde não há Padre, de conservarem cm casa a Comunhão que tomam com suas próprias mãos. Este trecho de São Basílio conside-

(•) Mistagogia é a instrução sobre os

lérios da Religião.

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mis·

ra tão irregular a Comunhão na mão,

que não duvida considerá-la "falta grave", quando não há circunstâncias excepcionais que a justifiquem. Leclerq (Dict. d'Archéologie chrétienne, verb. Communion) declara que, com a paz concedida à Igreja por Constantino, foi cessando o uso da Comunhão na mão, confirmando a afirmação de São Basílio que as perseguições criavam a alternativa de ou não comungar, ou comungar com as pr6prias mãos.

A sobrevivência daquele hábito em alguns lugares foi considerada abuso, e em desarmonia com o costume dos Apóstolos. Provam-no ·as medidas tomadas em várias regiões para coibi-la. Assim, diz o Concílio de Ruão, reunido por volta de 6S0: "A ne11h11m leigo ou mulher se lhe ponha a Eucaristia na mão, mas somente 110 boca". Semelhante medida tomou também o Concílio de Constantinopla (692), conhecido como i11 trullo, proibindo os fiéis de se comungarem a si mesmos (o que se dá quando a Sagrada Partícula é colocada na mão do comungante), e pune com excomunhão durante uma semana, os que o fizerem, estando presente um Bispo, um Padre ou um Diá· cono.

Resumindo esta imemorial tradição, o Catecismo de São Pio X dá a seguin· te norma para o fiel comungar: "No momento de receber a Santa Comunhão, é preciso estar de joelhos, ter a cabeça um pouco levantada, os o/Jros modestamente voltados para a Sagrada Hóstia, a boca suficie11temente aberta e a ll11gua um pouco fora pousa11do sobre o lábio inferior... E pre· ciso haver uma toalha ou pate11a de maneira que receba a Sagrada Hóstia, caso ela ve11ha a cair... Se a Sagrada Hóstia se prende ao paladar, é preciso desprendê-la com a /1i,gua, e jamais com o dedo" (P. IV, c. IV,§ 40). I

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Origem do abúso: · ôrar,ilinismb ; , .. •

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Bispos e P(;tdres belgas de11t-111c·;c,m: t1otícitts sobre lJ Chile st10 111a11ipuladas MUITO TtM QUE lutar os setores sadios na nação chilena a fim de manter o país afastado das influências esquerdizantes que sopram dos mais variados setores. l:Jma campanha internacionàl transfonnou•o Cb'.lle, de vedete •que era no tempo de Sálvador Allende, em "ovelha negra" da comurudade das naç~. durante o atual regime. 0 documento que transcrevemos a seguir testemunha de modo patente a exjstêncja dessa campanha contra o Chile anticomunista, através dá manipulação, falseamento ou omissão de noticias sobre aquele país. "NOS, í1.BAfXO ASSINAl!)OS, Bispos e Padres belgas traba/harfdo há muitos anos em div"trsas partes do <Jhlle, .após curta estadia na Bélgica desefamos declarar à opi11iiio pú/ilica o seguinte: , ~) Láme11ta111os vivamente que nossos compatriotas níio tenham uma idéia exata a respeito da atual ·situação do C!hile, nem das circunstitncias que deram origem a essa situaç,ío. 2) (:lue as 11oticias sobre o Chile silo sistemaf/(fQmente false11das ou manipuiadas 1endenciosa111ente para fins políticos, e que elas não dão em nada uma Imagem cor/forme à verdade objetiva. JJ {21,e lame11tamos vivame11te que os profetas de ajuda e ile coiaboraçiio com o Chile tenham sido anulados. 4) Que somos testemunhas do espYrito, cristão e do desejo sincero de JJ(iZ e de colaboração da parte do governo e das autoridades, que se vlem colocadas diante /Je enormes prob/e~s ecollÕmicos e sociais pelos qua/J eles não são os verdadeiros responsáveis. 'Peãimos Igualmente a nossos compátriotas que não façam um fu/gamerito temerário quanto à slttúição do Chile, que não creiam em todds ds 110.t(Cia$ sem di$cernimento, pois muito freqüentemente elas são manipuladas JJ(ira fins polfticos. Mas procurem, antes de túdo, romresp(ríto cristão e imparcial, a verdade sobré a sifuaçã6 do Oiile. 0 povo chileno, qu_e procura sua via dê libertação pr6pria, tem direito d isso. (aa) Pe. Candido Van Noppen (Caimanes), Raul de Bonte (La Serena), Pe. remando 'Terweduwe. (Vigário de Salamanca), ~\lan Breezen (H\lÍJl· til), Poljdoor Van Vlierberghe (.Bispo de lllapel)". (Transcrito. de La Nation Belge, 10-12-1915).

Não obstante, a documentação conciliar dos séculos passados, ao coibir a Comunhão na mão, atesta que semelhante maneira de comungar se tinha infiltrado em vários lugares. De onde veio o abuso, se não tem origem apostólica? Observa Mysterium Fidei: "Os ú11icos a comungar sempre de pé e com a mão foram, desde o começo, os aria· 110s que negavam obsti11adame111e a Di- se devem tocar os olhos com a Sagrada H6stia: "Santifica teus olhos pelo co11· tacto do Santo Corpo", e, depois, com os dedos umedecidos no SS. Sangue, passá-fos nos olhos, na fronte e nos outros sentidos para santificã-los: "Quan· do teus lábios estiverem ainda moll1ados [apôs tomarem o SS. Sangue), to· ca-os com tuas mãos e passa sobre teus olhos, tua fronte e todos os outros sentidos, para santificá-los". 2P - À vista de uma liberdade inédita e incompatível com toda a reverência devida às Sagradas Espécies, os entendidos pensam numa interpolação, ao menos, do texto de São Cirilo de Jerusalém. Alguns (Scherman, Exans, Richard, Teifer) atribuem o texto ao sucessor de São Cirilo; outros (Cross) pensam num texto primitivo de São Cirilo, retocado pelo sucessor. Como há códices que o atribuem a São Cirilo e ao seu sucessor, pode-se pensar numa acomodação feita pelo Patriarca João, sucessor de São Ciàlo em Jerusalém. Ora, esse Patriarca João, segundo Numa local idade holandesa: cada assistente comunga um pedaço de biscoito. correspondência de São Epiianio, São Jerônimo e Santo Agostinho, é de ortodoxia suspeita. Mysterium Fidei Já no século 111, São Eutiquiano, vindade de Nosso Se11hor Jesus Cristo, chama-o de cripto-ariano. Papa_~e 275-283, adverte severamen- e que não podiam ver 11a SS. Eucaristia 3P - Já o editor - Migne - das te os Padres, exortando-os a levarem mais do que um simples símbolo de Catequeses Mistagógicas de São Cirilo, eles mesmos a Comunhão aos doen- u11ião, podendo ser tomado e ma11ipu- advertia, no prefácio, que sob o ponto tes, e a não confiarem este mister a lado à vo111ade". de vista litúrgico, elas têm muito de um leigo ou mulher: "Nullus praesu- t comum com as Co11stituições Apos" • mat tradere commuruonem laico vel A V C!)tequese de S,. (?irilo tólicas. Acontece que as Constituições faminae ad deferendum infirmo" Apostólicas estão infiltradas de erros, (P.L.V., col. 163-168). i; neste contexto que se insere a V devidos ao seu autor, um sírio semiCatequese Mistagógica de São Cirilo de -ariano. O mesmo se deve dizer dos Santo Tomás de Aquino (S.T. 3 a. Jerusalém, testemunho a que ape82, a. 3) dá-nos a razão: "A adminis· lam os progressistas para imporem, co- Cânones Apostólicos que são a última tração do Corpo de Cristo compete ao mo mais apost61ico, o hãbito de co- parte das Co11stituições. Por isso, foram eles rejeitados pelo Concílio de Padre por três motivos... Em terceiro mungar na mão. Roma, de 494, sob o Papa São Gelálugar pelo respeito que se deve a este D. Henríque Leclerq (Dict. citado) Sacramento, não é Ele tocado por 110- a resume assim: "São Cirilo de Jen,sa- sio 1 (492-496). Recolocadas nesse contexto hist6da que não seja co11sagrado. Eis o mo- lém recome11dava aos fiéis que ao se tivo porque o corporal e o cálice são aprese111arem para comungar, tivessem rico, vê-se que as Catequeses Mistagó de São Cirilo não podem, elas s6, consagrados, e semelhanteme111e, as a mão direita estendida, com os dedos gicas serem propostas como testemunho aumãos do Sacerdote são co11sagradas pa- juntos, sustentada pela ,não eSQuerda, dos usos tradicionais da Igreja. ra toC11r este Sacramento. Assim, 11e- e com a palma um pouco c611cava; 110 têntico No caso da Comunhão na mão, elas 11huma outra pessoa tem o direito de momento em que nela se depositava o o uso atestado por autotocá-lo a não ser em caio de 11ecessida· Corpo de Cristo. o comungante dizia: contradizem res sobre os quais não paira nenhuma de, por exemplo, se o Sacrame1110 cai Amen'~ suspeita. 110 chão, ou em necessidade semelhan- Que dizer deste texto? te". ·'~ 1 ~,,( !!> - Tomando-o no contexto, ele (@iiclu~ •1L·· "' • ~ O Concílio de Trento declarou que se toma suspeito. Pois, fala de um cosAs observações acima mostram coo costume de somente os Sacerdotes tume estranho, inteiramente alheio à comungarem eles mesmos com as pró- veneração suma, em que os fiéis tive- mo se distanciam da verdade histórica prias mãos é de tradição apostólica ram sempre o SS. 5acramento da Eu- os progressistas que pretendem justifi(s. 13, c.8). caristia. Diz, de fato, a catequese que car a comunhão na mão por isso que

teria sido a maneira comum de comungar nos dez primeiros séculos de Cristianismo. Como foram os arianos que se empenharam por introduzir ritos li«irgicos minimalizantes do caráter sagrado e divino da SS. Eucaristia, assim mostram hoje um obscurecimento da Fé na Presença real aqueles que alegremente se adaptam às inovações, como a Comunhão na mão, apesar da palavra da Santa Sé afirmar que a maneira tradicional de coinungar indica maior reverência do comungante para com a SS. Eucaristia, e faça parte daquela preparação que se requer para que o Corpo e o Sangue do Senhor sejam recebidos com o máximo fruto (cfr. Memoria/e Domini). D. A. C.

.AfOJLiCE§MO MENSÁRIO com aprovação eclesiástiça CAMPOS - ESTADO 00 RIO Dln,tor

Paulo Coma de Brito Fllllo Din>torla: Av. 7 de Setembro 247, caixa postal 333, 28100 Campos, RI. Admlnl,traçio: R. Dr. Martinico Pra· do 271, 01224 S. Paulo, SP. Composto e lmpre!SO na Artpress Papéis e Artes Gtillcas Ltda., R. Dr. Martinico Prado 234, Sio Pau· lo, SP. Aaainatura anual; comum CrS 70,00; ooope,ador OS 150,00; benfeitor OS 300,00; grande benfeitor OS 600,00; semin.arisw e ..tudantes CrS 50,00; América do Sul • Cen· tnl: via de superf/eio USS 8,50, via a6rea USS 10,50; América do Norte, Portugal, Espanha, Provlncias ultramarinas e Colônias: via de super· f/cie USS 8,50, via aérea USS t2,50; outros paúes: v;. de su~rfície USS 10,00, via aérea USS 17,00. Venda avulaa: CrS 6,00.

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Lições da Revolução Francesa

C lima pré-revolucionário: impiedade nos salões e ação de agitadores Enquanto nos salões a impiedade e o filosofismo conompiam os espíritos, prepanmdo-os para aceitar os sofismas da Revolução e aplaudir ou conformar-se com suas injustiças e crueldades, os agitadores atuavam junto ao povo simples, procurando despertar nele o espírito de revolta e conduzi-lo à sublevação. Tomou-se famoso o Palais Royal do futU10 "Philippe egalité" como um dos principais focos de agilação popular e da prática de v/cios, em toda a França, numa fase pouco anterior à R evolução e nas primeiras etapas de sua história.

A HARPE, literato francês, con- sabeis que eu sou um pouco profeta; temporâneo e antigo partidário pois eu vos repito, vós a vereis... Sabeis da Revolução, conta em suas o- onde irá parar essa rewlução, e o que bras um fato que se teria dado em uma acontecerá para todos que estais aqui? das muitas reuniões mundanas na Fran - "Ah! vejamos - diz Co11dorcet ça pré-revolucionária. Embora não fi- com seu ar e seu riso dissimulado e gure o nome do anfitrião, no texto do simplório; um filósofo não se za,iga referido autor, que abaixo transcreve- por encontrar um profeta". mos, sabe-se que era o Duque de Niver- "Vós, Monsieur de Condorcet, nais {!). expirareis estendido no chão de uma "Parece-me - narra La Harpe - que cela; morrereis pelo veneno que to,na-

L

foi ontem, e e11treta11to foi no começo de J 788. Está1umos à mesa de um de 11ossos confrades da Academia, grand seigneur e homem de espírito. O grupo era numeroso e de todas as classes, cortesãos, literatos, magistrados, acadêmicos. Havia-se comido soberbame11te, como de costume. À sobremesa, os vinhos de Malvoisie e de Consta11ce ajuntavam à alegria da companhia amável esta espécie de liberdade da qual nem sempre se ma11tinha o tom. A vida mundana tinha chegado a um ponto 011de tudo era permitido para fazer rir. C/111mpfort havia-nos lido seus co11tos ímoios e libertinos. e as se11horas ouviam sem mesmo velar o rosto com seus leques. Veio depois um dilúvio de pilhérias sobre a Religião; um recitava uma passagem de Joa11a d'Arc; outro recordava algu11s versos filosóficos de Diderot... E a tudó se aplaudia... Logo a co11versa tor11ou-se mais séria; todos admiravam a rewlução feita por Voltaire e co11cordavam em que ai estava o primeiro título de sua glória. "Ele deu o tom a seu século, e foi lido ta11to 110s co"edores como 110 salão". - Um dos co11vivas, ,is garga/J111das, co11rou o que um cabeleireiro lhe havia dito, enqua11to o empoa,•a: "Vede, Senhor, emborá eu seja apenas um miserável aprendiz, te11ho tão pouca religião como qualquer outro". - Cl1egaram rodos à co11c/usão de que a Revolução 11ão tardaria em se co11su11111r, que era preciso absolutamente que a superstição e o_fa11a· tismo cedessem lugar à Filosofia, e puseram-se a calcular a época e,n que provavelme11te isso se·daria e quem daquele circulo veria o reino da Razão. - Os mais velhos lame11tavam não poder acariciar tal desejo; os jove11s se rejubila11/1m com uma espera11ça verossímil de verem esse dia; e todos felicitavam principalmente a Academia por haver preparado a gra11de obra e por l111ver sido a sede, o ce111ro, o móvel da liberdade de pensame11to. Só um dos convivas lllio tillha, absolutamente, tomado parte em toda aquela alegre conversa... e esse era Qzzotte, homem amável e original, mas i11felizmf11te, e11fatuado pelos so11hos dos ilumü111dos. Ele tomou a palavra e, em tom muito sério disse: "Sellhores, alegrai-ws; vós todos vereis essa grande revolução que ta11to desejais. Vós OBRAS CITADAS BARRUEL, Abbé Augwtín - "Mémoite pcur servir à l'Histoire du Jacobinisme", Diffusion de la Pensée Françaíse, 1973, tome 1, p. 50. GAXOTTE, Pierre - "l.3 Révolution Françaisc''. Librarie Arthêmc Fayard, Paris 1962, p. 122. MARNET, Daniel - "Les origines intelc~ rueUes de la Révolution Française", Armand Colin, Paris, p. 337. TAINE, Híppolyte - "Les orígines de La r'rance contemJ)oraine - L'Ancicn Régi· me", l.ibraitie Hachette, Paris, 19eme. édition, 1894, pp. 524-528, 372 e $$., 377· 378, e 382. (l)Cf. artigo de G. lmann-Gígandet, "Le. Souper de Cazotte., in "H,'storio", n9

174, maio de 1961. (2)Ver Catolicismo, n9 299/300, novembro/dezembro de 1975, "Nos S3lões, ô sofisma e a frivolidade preparam o ter· ror' '.

reis para escapar ao carrasco, pelo ~eneno ·que a felicidade daqueles tem: pos vos forçará a levar sempre convos-

co·:

Grande espanto i11icial, depois todos rie?t• gostosamente. O que tudo isto pode ter de comum com a Filosofia e o reino da Razão? - "/! precisamente o que vos digo. Será em nome da Filosofia, da Huma11idade, da Liberdade, será sob o reino da Razão que assiin vos sucederá. E isto será bem o reino da Razão, porque ela 1e;á templos, e até 11ão haverá, então outros templos que 11ão os da Razão... Vós, Monsieur de Champfort. vos cortareis as veias com vinte e dois golpes de 1111vall111, e entretanto não morrereis senão algu11s me· ses 1nais tarde. Vós, senhor Vicq-d'Azyr, lllio vos abrireis as próprias veias, n111s as fareis abrir seis vezes em um dia, 110 meio de um acesso de gota,

res poro isso". - "Vosso sexo, Senhoras, não vos defenderá desta vez... Sereis tratadas como os homens, sem nenhuma diferença... Vós, Senhora Duquesa, sereis conduzida ao cadafalso, vós e muitos outros damas co11eosco, na carroço e com as mãos atadas às costas". - "Ah! espero que nesse caso terei ao menos uma ca"oça reeestida de. tecido 11egro" - "Não. Madame/ Sellho.ras maiores que vós irão como vós na carreta e com as ,nãos amarradas como vós". - "Senhoras mais elevadas? O quê? Pri11cesas de sa11gue?" - "Maiores ainda... " Começaram todos o achar que a bri11cadeiro era forte demais. Madame de Gramo11t, para dissipar a névoa, lllio insistiu sobre esta última resposta e se conte11tou em dizer num tom gracioso: - "Vereis que não me sobrará se.quer um confessor". - ''Não, Madame; não o tereis, nem "'s, nem ninguém. O último supliciado que, por misericórdia terá um, será ... " Ele se deteve um mome11to. - "Bem, qual é, portanto o feliz mortal que terá esta prerrogativa?" - "E serti a única que lhe restarà - esse será o Rei" (Taine).

"as cem mil pessoas que não têm nada. para fazer a não ser jogar e se divertir" - como as qualifica aquele historiador - Ela é a pedagoga mais desagradável, sempre rabujenta, hostil ao prazer sens/vel,hostil ao livre pensamentç. queimando os livros que se queriam ler, impondo dogmas que não se en tendiam. Era, a bem dizer, uma espécie de "desmancha prazeres" e quem a atacasse era benvindo. Outra cadeia indesejável para aqueles espíritos levianos eia a moral do sexo. Ela parecia muito pesada aos homens sequiosos de prazer..., a todo um mundo galante e libertino, para o qual a vida irregular se tornara regra. . Muitas pessoas de alta categoria social adotaram sem dificuldade uma teoria que justificava seu modo de viver. Ficaram satisfeitas ao aprender a máxima /mpia e libertina de que o casamento é uma convenção e um preconceito.

Cazotte, o "profeta" ocultista mágicas cuja exacerbação chegava ao delírio. Os chamados "filósofos", que manejavam esses instrumentos, tornaram-se os chefes do partido revolucionário. "Os filósofos eram os heróis do dia;

se bem que suas doutrü111s não tivessem pe11errado 110 povo simples - 11a aristocracia, 1111 magistratura, ,w classe média rica e ·no mundo das letras, eram eles, em larga medida, os selll10res. A ré certos Prelados, co11fraten1izavam com eles... Num salão da época o "filósofo" era considerado tão necessário quanto os lustres para ilumi11or o reci11to. Come11ta Tai11e que estes prere11sos pensadores faziam parte do luxo de e11tão, convidados pelos próprios Soberanos para freqijentar . as Cortes, a fim de propiciar aos convivas um pouco de conversaçiio livre". Em virtude do filosofismo, a deca-

Mas havia também locais em que·as camadas populares seguiam o mau exemplo dos representantes ímpios e ''Profecian de um uiluminado" a libertinos das classes superiores:· O respeito do qual já se disse que tinha mais famoso desses ambientes em Paparte com o demônio? Ficção? Arran- ris, pouco antes da Revolução Francejos posteriores feitos por La Harpe? sa era o Palais-Royal do Duque de Não é o caso de discutir aqui a ques- O;léans, posteriormente conhecido tão. O importante para nós é que esse com a famigerada alcunha de "Phirelato condensa uma situação, um es- lippe egalité". Um lústoriador consa- . dência religiosa já grande, acentuar-setado de esp/rito reinante na França grado comenta que "desde mallhii ia por uma nova tirania: a da moda. pré-revolucionária e descreve fatos que até à noite, seis mil pessoas gritam realmente se deram, na época da reu- neste recinto. Ameaças, are,igas, falsas nião promovida pelo Duque de Niver- notícias, pan[leros, moções incendiá- A tirania da moda nais, e outros que iriam se realizar rias, incitações ao assassínio, tudo ali contra a Religião se espa/1111 e repercute. "As paixões com uma precisão impressionante. Anelar por uma ordem de coisas

estão dese11cadeadas ", diz un111 testemunha" (Pierre Gaxotte).

O mesmo Walpole notava que o ateísmo se tomara moda. Embora muitos não fossem ateus por convicção, eram-no, entretanto, por snobismo ou por receio de se oporem à onda.

"'Hà dez anos - dizia Mercier em 1783 - a alto sociedade não vai n111is à Missa, a 11ão ser aos Domi11gos, paro lllio escandalizar os lacaios; e estes sabem que aí se vai somente por causa deles''. A impenitência final também se alastrava. O Duque de Coigriy (para citarmos um exemplo entre tantos) impediu que o filho recebesse os últi mos Sacramentos e ele mesmo, na hora da morte , recusou-os. Se assim era a terra - lembrando a expressão simbólica empregada nos Evangelhos - o sal dela não era melhor... Para Mercier, a classe que tinha menos "preco11ceitos" era o Clero. Rivarol - ele mesmo um cético - comentava que, às vésperas da Revolução, "as

luzes do Clero se igualavam às dos fi· lósofos". E um observador arguto, em-

paixões

para estar 1nais seguro de morrer, e mo"ereis durante a 11oite. Vós, Monsieur de Nico/ai, no cadafalso... Vós, se11hor B!zilly, 110 cadafalso. Vós,'.Monsieur de Malesherbes, 110 cadafalso. .. Vós, selll,or Rouc/1er, também 110 cadafalso". - "Mas, seremos e11tão subjugados pelos turcos e pelos tártaros?" - "Absolutamente. Eu vos disse: sereis então governados ape1111s pela filosofia e pela razão. Aqueles que assim vos tratarão serão todos filósofos, terão a todo mome11to à boca as frases que vós recitais há uma hora, repetirão todas as máxin111s, citarão como vós os versos de Diderot e de Joana d'Arc". - "E qua11do tudo isto se dará?" - "Seis anos não se passarão sem que tudo o que eu vos disse se te11ha cumprido". - "Eis aí ta11tos milagres, diz La Harpe, e vós nada dissestes a meu respeito''. - "Também convosco acontecerá um milagre extraordinário: vós sereis cristão". - "Ah! retoma Ozampfort, e11tão estou tranqüilo. Se devemos morrer some11te qua11do La Harpe for cristão, então somos imortais!" - "E nós mulheres, diz então a Duquesa de Gramo11t, somos muito felizes por não estarmos metidas em rewluções, pois lllio se tomam mu/he-

contrária à existente e menosprezar a verdadeira religião, tomou-se lugar comum nas camadas mais altas da soei<> dade. Esperava-se uma revolução que, para a vaporosa sociedade do tempo ~eria a realização de sofismas que estavam na ordem do dia. Mas, certos esp/ritos menos superficiais viam nessá revolução uma catástrofe. Ela representaria o desfecho cruento daquilo que vinha se deteriorando desde há muito. E o que se deteriorava era a própria alma da França.

O papel d o "filosofismo"

Essa impiedade encontrava-se muito disseminada ria cabeça do corpo social:

em Príncipes, nobres, magistrados, bur-

bora fosse um ímpio - o literato Champfort, aludidp no início deste artigo - estabelecia algumas distinções, segundo a hierarquia eclesiástica: "O simple_s Padre, o Cura, deve

crer um pouco, senão o julgarão hipó crita; ,nas ele não deve ser muito seguro de sua verdade, senão o acl111rão intolerante. Ao contrário, o Vigário Geral pode sorrir de um dito contra a Religião, o Bispo rirá com gosto e o Cordeai acrescentará ao dito, a sua palavri11ho... " (Taine).

gueses ricos, literatos e, até, membros do Clero. Em suma, pessoas importantes especialmente da Capital. O povo miúdo conservava ainda, em grande medida, a Religião, principalmente nas províncias, já que o de Paris estava mais sujeito à influência deletéria desse tipo de cúpulas deterioradas. Aliança do $0f isma, Tal era, em breves traços, o espíriTal estado de espírito hostil à Relito antireligioso que predominava em do vício e da agitação gião era exacerbado pelo filosofismo, largos setores da população francesa, revolucionária que era a filosofia de todos aqueles especialmente nos círculos da elite soque desejavam viver segundo o mundo. cial e intelectual, pouco antes de 1789. "O filosofismo .em geral é o erro de Para a mentalidade risonha do sécu- todo homem que, reduzindo tudo à Grande repúdio pelos preciosos valores transmitidos por seus maiores e lo XVIII, que transformara o pais em Slla própria ra'lâo, refeita, em 11111téria um entusiasmo febril pelas máximas um imenso salão de festas (2), o anti- de religião, qualquer autoridade que dos novos "profetas". Voltaire, Didego edifício que simb(?lizava a França não a das luzes 1111/luais; é o erro de rot, Rousseau, eram os principais conde São L11ís IX e Santa Joana d'Arc - qualquer homem que recusa assim to- dutores daquele povo para ~ abismo. austero, dig,:io, nobre - era antipático. do mistério i1111tit,gível pela razão; de E não havia uma voz de porte que se Era o edifício da França católica e tra- todo homem que, rejeitando o Reve- levantasse sem "clam:u no dçserto": dicional. Quando as pessoas estão num lação, subverte até às bases a Religião A França havia se transformado em "teatro, querem se divertir e não gos- cristã, sob pretexto de ma11ter a liber- um terreno árido para a boa semente: tam de ser incomodadas", observa dade, os direitos da razão e a igualda- Nela só medravam sementes de temTaine. E quantas coisas incomodavam de desses direitos em cada ·homem" pestade, e foi o que ela colheu ... os sequiosos de divertimento! Em pri- (Abbé Barruel). meiro lugar a Religião. Para os amáveis "Liberdade,,, Hlgualdade,,, "Ra· "ociosos", que Voltaire descreve, para zão", passaram a ser, então, palavras A FONSO JOSEFOVICH

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NOSSA SENHORA DE COROMOTO -

História de uma predileção Sanchez esteve retido, o pequeno e/rio ardeu miraculosamente, consumindo-se apenas no terceiro dia.

EVADOS POR ardente desejo apostólico, Portugal e Espanha dos descobrimentos "dilataram a Fé e o império" por terras americanas. A Cruz de Cristo nas velas das naus, as "primeiras MiSSllS ", a élenominação religiosa dos pontos geográficos ou dos lugares conquistados constituem um atestado vivo dessa chama sobrenatural que alimentava os navegadores. A Providência, ainda nos primórdios da colonização, deu a nossos antepassados incontáveis provas de Seu beneplácito. No Brasil, inúmeras devoções originam-se de fatos históricos nos quais a Mãe de Deus quis mostrar sua predileção por nossa terra. As demais nações latino-americanas, filhas do mesmo desejo apostólico, também foram distinguidas com admiráveis provas da maternal proteção da Santíssima Virgem pelo nosso Continente. Os fatos que passamos a narrar o atestan1. Na pessoa de um índio, Nossa Senhora quis mostrar sua predileção por estas terras que.; graças às suas bênçãos, constituem o maior bloco católico da terra.

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Conversão do Cacique Enquanto isso, a ira do cacique o levou a fa. zcr que todos os índios abandonassem a aldeia e fugissem para longe dos brancos. Apenas adentrado poucos passos no bosque, uma cobra venenosa picou-o. Tocado pela graça e já às portas da morte o cacique arrependeu-se. Pediu então para receber "água sobre a cabeça e assin1 poder ir para o Céu" como lhe dissera a "Bela Mulher" sobre as águas do rio. Um mestiço católico batizou-o. Após receber o Sacramento, com palavras decididas, recomendou aos demais rn·dios que permanecessem com os brancos como queria a Senhora. Logo depois, expirou. A casa de Juan Sanchez veio a ser o primeiro santuário. Algum tempo depois :i preciosa pedra foi trasladada solenemente para a cidade de Guanare. Dois séculos mais tarde, a Basílica de Nossa Senhora de Coromoto, cm Guanare, continua a ser objeto de sucessivas peregrinações de venezuelanos de todos os rincões, que vão agradecer à Santíssima Virgem Sua proteção. Em 1942,o Episcopado venezuelano proclamou Nossa Senhora de Coromoto Padroeira principal da Venezuela. O Papa Pio XII confirmou o título e em 1949 fez coroar a imagem. Elevou, a seguir, o Santuário à categoria de Basílica, instiiuiu Missa própria e concedeu indulgência aos peregrinos.

As aparições de Nossa Senhora de Coromoto Venezuela, meados de 1652. Próximo ao lo-

cal que depois veio a chamar-se Coromoto, Juan Sanchez, colono espanhol, surpreendeu-se com o que lhe contou o índio surgido em seu caminho. Esse indígena, cacique da tribo dos Coromotos, narrou-lhe como pouco antes a Santíssima Virgem lhe aparecera. Fazia pouco tempo o cacique e sua mullter dirigiam-se a uma plantação nas montanhas próximas, junto ao Rio Guanare, quando em uma curva do caminho viram uma fonnosíssima Senhora que andava sobre as águas, trazendo nos braços um resplandecente Menino. Atraído pela formosura da Mãe e do Filho e pelo prodigioso do fato, o casal de índios teve a alegria ainda maior quando a bela Senhora Utcs dirigiu a palavra. Falando no idioma do cacique, a Santíssima Virgem ordenou-U,e sair do bosque, procurar os brancos, "receber água sobre a cabeça e assim

Por que tanta insistência?

poder ir ao Céu''.

A unção persuasiva das palavras e o aspecto amável da Senhora criaram no cacique o desejo de cumprir o que a radiosa visão lhe pedia. Partiu, pois, em busca da ajuda de Juan Sanchez. Deslocou-se o cacique e toda sua tribo a uma região próxima à vila de Guanarc. Ali fixaran1 moradia e passaram a receber de Juan Sanchez o ensinamento da Doutrina Católica. Aos poucos, vários índios já instruídos foram batizados.

Imagem de Nossa Senhora de Coromoto que se venera na sede do Conselho Nacional da TFP, em São Paulo Enquanto isso, o cacique foi inexplicavelmente se desgostando. Deixou -de ir às lições de catecismo que Juan Sanchez dava aos seus. Na tarde de 8 de setembro de 1652 deveria realizar-se no povoado uma ceri.mônia religiosa. Convidado pelos espanhóis, o cacique negou-se asperamente e com visível ira afastou-se em direção a sua choça. Nela trabalhavam em afazeres domésticos sua mulher e a irmã desta , i~bel. A um canto brincava o fill10 de Isabel, um menino de doze anos. Já havia escurecido quando o cacique, contrariado e triste, entrou e, sem dizer uma palavra, atirou-se sobre a cama de juncos. Pouco tempo se passou até aparecer, na porta da choça, a formosa Senhora que ele vira resplandecente sobre as águas. Os raios de luz que desprendiam da Virgem "eram como os do sol do meio dia", afirmou a índia Isabel no processo que depois foi instaurado para apurar a veracidade das aparições. As duas índias e o menino ficaran1 deslumbrados com a visão. Passaram-se alguns instantes, e o cacique, irado, disse à San tíssin1a Virgem: "Até quando luís de perseguir-me? Podes voltar pois não farei o que pedes".

A mulher do cacique repreende-o amargurada: ''Não fales assim com a Bela Mulher; não tenhas tão mau coração".

No relicário, conservado na Basílica de Guanare, encontra-se a pedra nà qual está milagrosamente estampada a efígie de Nossa Senhora de Coromoto.

Furioso, o cacique apode'ra-se do arco e tenta alvejar a "Bela ft1ulher", a qual se aproximou. O cacique sentindo-se impotente para usar o arco, joga-o no chão. Violentamente, avança contra a Virgem e tenta agredi-la. Esta sorri. Ao tentar agarrá-La, a visão desaparece dcixan-

do a choça entregue à fraca luz do fogão e o cacique senú-paralisado e perplexo. Ficou longo tempo na posição em que tentara atacar a visão e depois rompeu o silêncio. Dizia ter preso a Senhora em uma das mãos. "Mostra-nos" - disseram as índias. Ele aproximou-se do fogo e, abriu a mão. Nela havia uma pedra. Na pedra estava a "Bela Mulher" nillagrosamente gravada, sentada num trono e tendo ao colo o Menino. A Virgem Santíssima 0U1a finne e serena para a frente enquanto o Menino Jesus abençoa com a mão direita; na esquerda sustém um s)obo encimado.pela cruz. Mistério de maldade: a ira do cacique prossegue. Envolve ele a pedra numa folha e a esconde no teto de palha dizendo que tencionava queimá-la. Perplexo com a atitude do cacique ·seu tio, o pequeno índio resolve salvar a pedra maravilhosa. À noite, sai furtivamente e depois de longa caminhada chega ao povoado dos espanhóis. Juan Sanchez deu pouco crédito à criança, mas após muita insistência resolveu-se a ir à aldeia indígena. Lá chegando, enquanto ele e os companheiios ficavam escondidos, o indiozinho entrou na choça vazia, apoderou-se da pedra e voltou. Maravilhado, Juan Sanchez não teve dificuldade cm identificar na pequena pedra a imagem da Mãe de Deus. Voltando ao povoado colocou a preciosa relíquia sobre um altar da casa e acendeu-lhe um círio. Devido às chuvas que fizeram o rio Guanarc transbordar, não pôde comunicar o ocorrido ao Vigário. Durante os três dias que Juan

Foi espantosa a pertinacia do cacique em resistir à graça. Mais espantosa ainda é a "perseguição" que U1e fez a Santíssima Virgem até obter-lhe a conversão. Em Coromoto, Nossa Senhora insiste maternalmente. No México, na pupila da imagem milagrosa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina, está impressa a iJnagem de outro índio, a quem Ela apareceu .. A América Latina está na pupila dos olhos da Mãe de Deus. Na pessoa do cacique Coromoto, nosso Continente é objeto de uma "perseguição" que obtém afinal a conversão. Peçamos a Nossa Senhora de Coromoto, que nesta hora de tão graves crises - religiosas, morais, sociais e polfticas - lance um olhar sobre estas terras pelas quais manifestou tanta predileção. ALBERTO DIAS

Santuário de Nossa Senhora de Coromoto, em Caracas.


Diretor: Paulo Cortêa de Brito Filho

N9 310 - outubro de 1976 - ano XXVI

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Multidões ac<,lhem a Imagem que chorou "Senhora, não nos abandoneis. Não Vos esqueçais desta Paraíba pequenina que tanto precisa de Vós. Voltai logo, Senhora, não nos abandoneis". Súplicas comoventes como essa, externada por respeitável figura de João Pessoa, estiveram nos corações de quantos puderam sentir a presença sobrenatural ciue emana da Imagem Peregrina de Nossa Senhora · de Fátima, a mesma que em 1972 verteu lágrimas milagrosamente em Nova Orleans, Estados Unidos. Extensas filas, por vezes de vários quarteirões, formavam-se em frente aos locais onde a Virgem era venerada, como ocorreu em Buenos Aires (foto), sob o intenso frio de julho. Enviados especiais de CATOLJ'CISMO, que acompanharam a lma· gem em sua peregrinação por diversos países da América Latina e pelo Nordeste, r.elatam nas PAGINAS 4 e 5 eenas comoventes, graças extraordinárias e até prodígios alcançados pelos devotos de Nossa Senhora de Fátima. Na foto à direita, a Imagem .Peregrina, revestida com o hábito do Carmo, lembra a aparição de 13 de outubro de 1917. Os três pastorinhos viram, na Cova da Iria, Nossa Senhora do Carmo, durante o milagre em que o sol "bailou" .aos olhos de 70 mil pessoas.

S·eita marxista enquistada na Igreja

''OS VENTOS SOPRAM PARA A DIREITA''

"Houve homens heróicos como Camilo Torres, Che Guevara, Nestor Paz e muitos outros. Com sua revolução, Cuba rompeu as cadeias do socialismo. A América Latina tem de novo uma tarefa comum: a lil>E:rtação de todos os pafses". Esse característico jargão subversivo é do I Encontro Latino-americano de Cristãos pelo Socialismo. O elogio de guerrilheiros comunistas e de Cuba encontra-se nos documentos desse movimento, constituído por considerável número de eclesiásticos e também por leigos. Em congresso recente, os Cristãos pelo Socialismo chegaram ao extremo de qualificar Nosso Senhor Jesus Cristo como "o subversivo de Nazaré". O histórico dessa verdadeira seita marxista enquistada na Igreja - o qual está baseado em seus próprios documentos - encontra-se na PAGINA 3.

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A Suécia foi o único lu·

"Os ventos sopram agora para a direita no mundo".

Com essa expressão, o chefe do Partido Comunista sueco, Lars Werner, tentou justificar a derrota do socjalismo em seu pais, nas eleições de setem,

gar do mundo onde os marxistas conseguiram implantar o que denominam "socialismo em liberdade". Mas, em vez da felicidade prometida, veio a frustração. E .o "paraíso" sueco sedesvaneceu. Agora, a nação procura reencontrar o caminho da autenticidade, perdido há 44 anos.

ra. A opinião pública parece ir desper· tando de um sono profundo, de uma anestesia misteriosa que permitiu aos Nessa procura, os suecos não estão marxistas progredir em várias nações sós. Também às eleições germânicas de do mundo livre; levando até seus res· 3 de outubro revelaram tanto um acen- pectivos governos a impressionantes tuado retrocesso do poder político da concessões políticas e econômicas à coligàção de tendência socialista, que Rússia. Atrás da ''cortina de bambu", no atualmente governa a Alemanha Oci • dental, quanto uma categórica rejeição Vietnã e no Cambodge, também se podo comunismo. O mesmo fenômeno, de constatar sintomas de um movisegundo parece, _começa a se esboçar mento análogo: em várias regiões está em outras regiões da Europa e do recrudescendo a resistência contra a globo, como por exemolo, na lnglater· barbárie vermelha ,(PÁGINA 2).


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1nternac1on cialista, exaltado no mundo inteiro pelas tubas da propaganda. Durante esses 44 anos, o socialismo proporcionou aos suecos tudo o que considera de melhor: previdência social, liberdade para tudo, inclusive para homossexuais. O Estado cuidava de todas as preocupações do individuo. Eis que agora os suecos rejeitam o prato de lentilhas que o socialismo lhes preparou com tanto carinho. Por que? Certamente porque não se sentem felizes no regime antinatural, em que as pessoas são quase transformadas em meras máquinas. A experiência do chamado modelo socialista sueco recebeu seu toque de finados. Resta agora enterrar o cadáver.

Em termos comparativos, a votaSchmidt só conseguiu manter-se no ção obtida pela oposição, de índole poder graças ao apoio do Partido Lianti-socialista, subiu 3,7 por cento em beral. A oposição, chefiada por Helr~lação ao pleito de 1972, quando ob- mut Kohl, empreendeu vigorosa camteve 44,9 por cento. A coligação gover- panha anti-socialista· e saiu do pleito namental obteve 252 cadeiras e a opo- como a maior agremiação polltica do sição anti-socialista alcançou 244 ca- pais. Em sua propaganda eleitoral, deiras. Assim, a diferença dos represen- Kohl havia afirmado que os alemães tantes rio Bundestag (Parlamento fede- deveriam rejeitar o socialismo do Parral) a favor dos partidos que apoiam tido Social Democrata e optar pela Helmut Schmídt é de apenas oito ca- liberdade. deiras. Anteriormente, sociais-demo" Vamos agir como os suecos", disse cratas e liberais contavam com maio- Kohl logo após a derrota do governo ria de 44 cadeiras. Social Democrata da Suécia, frisando que suecos e alemães ocidentais poHelmut Kohl, quase chanceler, pela deriam estabelecer uma linha política campanha anticomunista correta para a Europa. Segundo observadores pol/ticos, o próximo governo enfrentará um período dif/cil. Isto porque a maioria de oito cadeiras não é suficiente para permitir que a coligação governamental desenvolva seu programa socializante, hoje em dia já bastante mítigado, devido ao grande movimento de opinião pública anti-socialista que se manifesta na Alemanha, especialmente no eleitorado jovem.

Socialismo alemão perto do fracasso

Modelo sueco: ponto f inal Os esquerdistas de todo o mundo choramingaram e remoeram longamente a derrota do socialismo na Suécia, ocorrida nas eleições de 19 de setembro. O novo governo será formado pelos partidos Conservador, Liberal e do Centro. Thorbjorn Falldin é o novo chefe de governo, O Partido Social Democrata subiu ao poder em 1932, tendo transformado a Suécia nwn pretenso paraíso so-

Duas semanas após a queda do governo socialista na Suécia, fato análogo quase veio a repetir-se nas eleições do dia 3 de outubro, na Alemanha 0 .cidental. A coalizão governamental do chanceler Helmut Schmidt, de orientação socialista, integrada pelos partidos Social Democrata (SPD) e Liberal (FDP) mal conseguiu manter a maioria, com 50,5 por cento dos votos, enquanto a oposição, formada pela União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU), obteve 48,6 por cento.

E tal onda parece não se restringir à Suécia e à Alemanha, mas está se difundindo pelo continente europeu. Jogo cruzado

NOTÍCÍAS QUE A "CENSURA" ESQUERDISTA AG ILMENTE PROCURA OCULTAR Paris a Frente Unificada dae Forças PaSão elas, pelo menos, em número de ___ trióticas do Vietnã do Sul. 40 e se dedicam especialmente ao co0 mércio. 1 ============== Resistência no Cambodge A Nafta B, estabelecida na Bélgica, ============== com 60% de capital russo, distribui o O problema mais grave da resistên- gãs siberiano ria Europa Ocidental; a ' eia cambodgeana é assegurar aos seus Ferchimex, também operando na Bél135 mil combatentes wna base log/s- gica, é uma das principais fontes de tica em país antigo ou neutro. divisas da URSS: vende produtos qu/' A recente mudança de governo na mícos na Europa. E assim muitas ouTailândia provavelmente será de gran- tras. RESISTENCIA de valia aos anticomunistas cambodOutra instituição capitalista, trataANTICOMUNISTA geanos. .da com carinho pelos comunistas, é a NO VIETNÃ 00 SUL O Coronel Souvatthana, chefe do bancária. Já em 1919 estabeleceram governo nacional do Khmer no exílio, em Londres o Moscow Narodny Bank, com sede na França, afirmou que tem que hoje se estende por Paris, Teerã, ~ Attl6ft ONI• ' o apoio de personalidades de influên- Zurich, Frankfurt, Viena e Luxem"'' loco-. ff , ..i.t &Mu eia pol/tica no Japão, Austrália, Fili- burgo. A central de Singapura, por pinas, Formosa, Coréia do Sul, Tailân- meio das empresas chinesas Hongkong dia e Malãsia. Vamos ver se essa sus- Asia Lands e Mosbert Holdings, pro,. tentação não fica só em palavras. porciona créditos e procura intercâmbio comercial com empresas de Hong Kong. ,,y As multinacionais do rublo No ramo dos transportes marítimos, Um diãrio especializado alemão rea- há empresas estabelecidas em Tóquio, lizou um pequeno levantamento das Vancouver, Londres e Singapura. Os multinacionais soviéticas, assunto que convênios de pesca com Singapura dão os nacionalistas da esquerda preferem à indústria pesqueira soviética wna es1--=---'---"'--_;__ _:__ _..2..c...J não tocar. pécie de monopólio , • região.

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Resistência vietnamita

No delta do Rio Mekong a bandeira nacional vietnamita ainda flutua cm váriàs regiões, onde se agruparam forças católicas, anticomunistas não cató- . licos, a 21a. e a 7a. divisões do Exérci- · to. A 18a. divisão, as forças especiais ~ e os rangers operam na 3a. rcgiãQ, nos arredores de Saigon. A estes juntaram. -se também forças católicas e outros anticomunistas. Em várias outras prov/nicas, indicadas no mapa, também prossegue a luta anticomunista. Na província de Tuyen Duc a resistência é dirigida pelo Coronel Nham Minh Trang, antigo deputado, que se tomou conhecido por capturar um comboio comunista com 60 caminhões carregados de presos pol/ticos, os quais foram imediatamente libertados e aderiram à resistência. A 17 de fevereiro deste ano, 1/deres sul-·.'ietnamitas no exílio criaram em 2

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Prisioneiros anticomunistas na caminhada fatal em Saigon. Em várias províncias, seus companheiros resistem à tirania vermelha.

Jimmy Carte, foi apontado, sem mais aquela, como o mais esquerdista dos candidatos democratas até agora concorrentes à hospedagem na Casa Branca. Em uma série de reportagens, John Dillin apresenta opiniões das mais variadas personalidades americanas sobre o candidato democrata. Consultando um senhor que atende ' pelo nome de Lexter Maddox, o repórter dele ouviu que "Carter está bem mais à esquerda do que Ken11edy, Johnson e Roosevelt; e creio que está mesmo mais à esquerda que Ma'c Go-

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O esguerdista Carter receberá votos da direita <jecepcionada com Ford.

ver,,". Ora, isso é o que literalmente se poderia chamar de esquerdista. Mas fica a observação por conta de Mr. Maddox. Acontece que também ao repórter Pierre Salinger, de l 'Express, Carter afirma várias· idéias que o colocam bem mais a leste de Greenwich na topografia política internacional. Por exemplo, sobre o desejo de independência dos países da Europa Oriental, diz piamente que acredita numa evolução pacifica. Evolução esta que já era esperada pelos liberais americanos desde os tempos de Roose-velt ... Fala ainda em diminuir as tensões, onde elas existam. Seria diminuir as tensões entre os oprimidos e seus opressores? Em que daria isso? Apenas na continuação da opressão. No entanto, Carter faz criticas à détente kissingeriana. E o presidente Ford, continuador da política de apio!(imação com os comunistas, se desprestigia diante do eleitorado anticomunista. Em com/cio na Universidade de Michigan, Ford foi vaiado por seus próprios partidários toda vez que tentou justificar a déte11te de Kissinger. No segundo debate que manteve com Carte,, pela televisão, realizado em San Francisco, Ford fez esta afirmação que provocou chistes, indignação e protestos entre os eleitores anticomunistas: "E114ua11to eu for Preside11te - disse ele - a União Soviética não dominará os países do leste Europeu''. Diante desse jogo cruzado, o eleitor americano fica mais uma vez no falso dilema que já vai se tomando fastidioso: preso por ter cão e preso por não ter cão...

Socialismo afu nda a Inglaterra

O caminho das estatizações escolhido pelo Partido Trabalhista está conduzindo a Grã-Bretanha ao abismo. O déficit com o exterior aumenta, os prefOS sobem, a libra cai. Quando foram nacionalizadas as in· dústrias de construção naval e aeronáutica, no ano passado, a opinião pública reagiu, obrigando o então primeiro-ministro Harold Wilson a demitir-se. James Callaghan substituiu-o, mas sua política wn pouco mais moderada niio foi suficiente para equilibrar a economía do país. Só o recente empréstimo de 3,9 bilhões de dólares (mais de 45 bilhões de cruzeiros) obtido no Fundo Monetário Internacional impediu ocolapso da moeda inglesa. O âmago do problema foi apontado pela Sra. Margareth Tatcher, líder do Partido Conservador, da oposição: "Vamos falar claro - disse ela. A linha divisória entre · comunismo e o programa do Partido Trabalhista é cada vez menos n(tida. Em relação a muitos pontos, o programa trabalhista é mais radical do que os de vários partidos comunistas da Europa Ocidental". O chamado "contrato social" entre o governo trabalhlsta e os sindicatos foi classificado pela Sra. Tatêber de "simples disfarce a fim de permitir que os sindicatos ditem a política do governo. E digo aos sindicatos; com to· do o respeito, que o assu11to níio é da conta deles''. Os sindicatos britânicos são em geral dirigidos por comunistas. Na conferência anual do Partido Trabalhista, Callaghan P!!diu "sacrifícios". Mas talvez os britânicos não estejam dispostos a isso, e obriguem o governo a convocar novas eleições gerais antecipadas ainda este ano.

Tatcher fala claro: trabalhistas con· fundem-se com comunistas. Exercício antiguerri lha Uma força-tarefa combinada, das marinhas de guerra argentina, e paraguaia, realizou amplo exerclcio antiguerrilha, tendo como teatro de operações a prov/ncia argentina de Formosa e parte do território Paraguaio. A Aviação Naval Argentina, auxiliada por aviões paraguaios, incumbiu-se de efetuar o reconhecimento da região. A interpretação das fotografias permitiu a localização de quatro acampamentos do grupo subversivo. Desembarcados no melhor estilo, inclusive com helicópteros, os fuzileiros navais argentinos receberam ordem de cercar os gue"ilheiros, a fun de impedir-lhes a retirada para o interior paraguaio. Segundo a avaliação do Coma.o.do, a operação teve pleno êxito.


Cristãos pelo ·Socialismo: ve lha aliança, nova estratégia

Camilo Torres, Pedre-guerrllhelro

um "santo " dos "c<istão~"-marxistas

E

M ARTIGO anterior, - Cris-

tãos pelo Socialismo usam a Igreja para pregar a subversão

- comprovamos o sentido estritamente marxista da doutrina e dos métodos desse movimento. Apresentamos também ao leitor a semelhança de tal movimento com outros organismos semi·Clandestinos - o 1D0-C e os ''grupos proféticos" - incrustrados nos meios católicos para realizar a transformação da Igreja Católica na "Igreja Nova", igualitária, "desalienada", "dessacraJi, zada", a serviço do comunismo. Para a realização de seu programa, os Cristãos pelo Socialismo afirmam contar com a colaboração dos progressistas. Manifestam em relação a estes a mais calorosa simpatia e as mais entusiásticas esperanças. Vejamos agora um breve histórico dessas "comunidades" de "cristãos" marxistas e mais alguns traços de sua mentalidade, doutrinas e atuação.

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Nasce no Chile e expande-se pela América Latina e Europa

Dois meses depois, um grupo de 12 com fit1alidade econórnica social, cu/· Padres ligados ao Secretariado de Cris- tural ou política" (8). tãos pelo Socialismo visitava Cuba a Este princípio teria constituído o convite de Castro. Da ilha-prisão do ponto de partida para a futura abertuCaribe divulgaram um manifesto pre- ra da Igreja ao Socialismo e propiciado gando a "libertação" da América La- o desenvolvimento da corrente progrestina, a aliança entre cristãos e marxis- sista marxista, cuja expressão mais retas para a implantação do socialismo cente e extremada seriam precisamenno Continente e o estímulo à ''violên- te os Cristãos pelo Socialismo. Estes consideram também a publicia revolucionária" (3). Em abril de 1972, realiza-se o 1 En- cação da mesma Encíclica como causa contro Latino-americano do movimen- de diver$os contatos que, a partir da, to, com a presença de 400 participan· quela ocasião, começaram a se desentes de 26 países da América Latina, volver entre católicos e marxistas. Na América do Norte, Europa Ocidental ltãlia, os "diãlogos" tiveram em Floe Oriental. Na reunião inaugural foi rença o cenário principal e resultaram orador D. Sérgio Méndez Arceo, Bispo na publicação do livroDialogo alfa pro· va (9). De 1964 a 1968, os encontros de Cuemavaca, México. Ao final do encontro foi divulgado multiplicaram-se na França, Alemanha, um manifesto mediante o qual se tor- Áustria e Tchecoslováquia. Na América Latina, situam sua orinou p6blica e oficial a constituição do movimento Cristãos pelo Socialisrno. gem remota na Conferência do ConseO documento atacava duramente a I- lho Episcopal Latino Americano (CEgreja Católica na sua doutrina, leis, ins- LAM), em 1955. tituições e hierarquia (4). Nesse histórico acontecimento, o Isso não impediu que os delegados Episcopado latino-americano teria lando movimento fossem objeto de cor- çado a fórmula da "social-democracia"

incompletamente, pelo público católi· co (10).

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_n_v_e_r_sã_o_d_e_co _ n_c_e_i-to_s_ _ _

Diz o documento final do li Encontro dos Cristãos pelo Socialismo: "U-

ma reflexão sobre a fé, a partir da pra· xis histórica será uma teologia ligada à luta dos explorados por sua libertação" (11).

se revelaram sedentas de revolução como esperavam os teórlcos do marxismo. No Chile, por exemplo, nem a ação demolidora da quase totalidade do Episcopado e de impressionante número de Sacerdotes, nem a máquina administrativa governamental, nem o silêncio inexplicável de alguns setores da alta burguesia conseguiram impedir o movimento popular que minou a sustentação do regime, acabando por derrubá-lo. Por essa razão os marxistas "cristãos" julgam necessário inocular no povo o germe da revolta. Encontra-se com freqüência nos do. cumentos dos Cristãos pelo Socialismo o incitamento à rebelião e à subversão armada. O "cristão"-marxista Pe. Diez Alegria, Jesuíta, no afã de promover a violência, lança-se à tarefa de abafar as consciências paia que os católicos se engagem no terrorismo. Ouçamo-lo:

Quais são os "explorados"? Quem esses "cristãos" desejam libertar? Estariam eles pensando nos oprimidos atrás da cortina de ferro ou de bambu? Nos famintos operários poloneses de Gdansk e Gdynia, esmagados pelo despotismo policialesco do regime comunista, em 1970? Ou nos infelizes vietnamitas e cambodgeanos submetidos à tirania vermelha, milhares dos quais "No que diz respeito ao amor do foram chacinados, pelos regimes de Hapróximo, é totalmente falacioso dedu· nói e Phnom-Penh? A resposta dos Cristãos pelo Socia- zir para o cristão a in1possibilidade de luta de classes que ademais pode ou lismo é espantosa! não ~er armada" (16). · Formulando a pergunta, se "a luta

de classes conduz inevitavelmente ao confronto físico e à violência·: os Cristãos pelo Socialismo aproveitam para lançar novo convite à violência.

Já antes de 1970, mas sobretudo depois de eleito o presidente marxista Salvador Allende, numerosos Padres de diversas regiões do Chile passaram a se reunir freqüentemente com o fim de articular a subversão clerical no país e apoiar o recém instalado governo marxista. Os referidos encontros denominaram-se Jornadas sobre a participação dos cristãos na construção do socialis·

mo no Chile.

Disfarçam-no sob palavreado demagógico e sofístico, com intuito de evitar o choque das consciências não inteira-. mente adormecidas. Afirmam que a "violência instalada", - expressão usada pelos Bispos Latino-americanos em Medellin - ou seja, a atual "ordem e legalidade, devem ser destruídas''. "Os

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Uma dessas reuniões, realizada em abril de 1971, contou com a presença de cerca de 80 Sacerdotes e resultou na criação de um comitê coordenador do grupo. O documento emitido na ocasião passou a ser conhecido como a lj·o declaração dos oitenta. Pregava o fun Não. Não é um, trÍbunai revolucionário. São os Padres Esteban Gumucio, lgnacio Pujadas, Alfonso Baeza, Gonzalo das "desco11rwnças entre cristãos e Arroyo, Santia:;o Thijssen e Sergio Torres dirigindo o I Encontro dos Cristãos pelo Socialismo. marxistas e a colaboração entre eles t1a . luta revoluciotlária" (1). dia! acollúda pelo Cardeal Silva Hen- como "alternativa para o comunismo Segundo eles, os movimentos "liberPouco tempo depois, inspi.rados pe· riquez acompanhado de D. Carlos no Continente". Nascia assim o progratadores" "'vão co1iquista11do êxitos im· lo referido grupo, reuni.ram-se em San- Oviedo. ma social "reformista" do qual iria se pressio1w11tes, em primeiro lugar 110 tiago 200 Padres com·o objetivo de reAo final do encontro realizado no digir um documento a ser apresentado auditório da Caritas.do Chile, o Purpu· desprender o movimento dos Cristãos Vietnã, mas também no Cambodge, Socialismo. A força poHtica que Guiné-Bissau, Moçambique, Angola e pelos. Bispos chilenos no próximo Sí- rado divulgou uma declaração susten- pelo incarnou aqueles ideais nascentes foi a Palestit,a" (12). nodo episcopal em Roma. A comissão tando que a Igreja não se oporia ao Democracia Cristã. Saindo a lume em Os "oprinúdos" são, portanto, os de redação eleita pelos 209 compunha- socialismo no Chile. Admitia a valida- 1963, a citada Encíclica de João XXlll -se de 5 membros, todos eles perten- de de "alguns elementos" marxistas teria corroborado a tendência incuba- povos livres, e as populações que agocentes ao Grupo dos oi.tenta. para a "análise da Sociedade", e asse- da nos partidos democrata-cristãos chi- ra gemem e sofrem sob o regime vermelho seriam os "felizes libertados" ... Sobre o texto elaborado na ocasião, verava que a Igreja não aprova, mas leno e brasileiro já então criados. Em Bolonha, dois mil Cristãos pelo assim se pronunciou em carta circular sobretudo não desaprova o movimenEntre outros, apresentam os seguinàs conferências episcopais latino.ameri· to dos Cristãos pelo Socialismo cujos tes passos dessa trajetória: em -1967, Socialismo reunidos em setembro de canas D. Carlos Oviedo Cavada, então encontros "proporcior,am à Hierarquia um grupo de Bispos do chamado "Ter- 1973, divulgaram declaração na qual material de estudo e reflexão muito apontam a "luta anti-imperialista" no secretário da Conferência Episcopal · ,útil" (5). ceiro Mundo", quase todos latino-ame- Cambodge, Vietnã, Angola e Chile (de chilena: "A reflexão que resultou dessa ricanos, emitia uma condenação do ca- Allende) como "exemplo" aos italiaA partir do Chile os Cristãos pelo pitalismo; em 1968, realizava-se a II nos (13). reunião tinha elementos valorosos que Socialismo expandiran1-se rapidamenConferência geral do CELAM, em Meo Episcopado chileno acolheu [...) e te por vários países europeus. RealizaO secretário-geral dos 'Cristãos pelo dellin, que tomava p6blico um docuapresentou no Sínodo dos Bispos" (2). ram congressos em Ávila, Espanha mento adotando uma nova ideologia Socialismo no Chile, o Padre Gon.zalo Ao "comitê coordenador" foram ( 1973), com cerca de 200 participan- de "libertação". Ele conteria uma for- Anoyo, Jesuíta, escreveu: incorporados leigos, reli,giosas e pasto- tes, em Perpignan, França (1974), mulação fragmentária e inicial do que "Em Cuba, hoje em dia, processares protestantes, e o movimento se a- com 250 assistentes (6); e outros dois depois se desen~olverià com o nome ·Se un,a revolução t1a qual há-justiça e presentou como partidário da chama- na Itália, em Bolonha (1973) e em de "teologia da -libertação". Nesse mesigualdade para muitos, o que a11tes não da "Teologia da Libertação". Nápoles (1974). Disseminaram-se tam- mo ano, constituíam-se várias organi- J,avia. Não se ehan,am cristãos los proEsse grupo passou então a estabele- bém na França e em Portugal. zações de Padres revolucionários: os motores da revolução cubana) mas ai cer contatos e promover encontros Em abril p.p., realizou-se em Que- chamados Sacerdotes do Terceiro Mun- está a libertação de Cristo" ( 14). O fa. com organizações afins da América La- bec, no Canadá, o li Encontro de Cris- do, na Argentina, agrupando de trezentina. Pouco depois decidiu-se formar tãos pelo Socialismo, com a participa- t9s a quatrocentos clérigos;, Oficir,a tídico paredón, La Cabaiía, e os demais o Secretariado Sacerdotal dos Cristãos ção de representantes da América La- Nacional de lnformació11 Social (O· cárceres cubanos seriam expressões da pelo Socialismo conferindo-se assim tina, América do Norte, Europa, Ásia NIS), no Peru, constituído por uma liberdade trazida por Nosso Senhor Jeum nome ao movimento de Padres e África (7). centena de padres, e o movimento Igre- sus Cristo ao. mwido ... marxistas. A designação sacerdotal foi ja Jovem, no Chile. Com a mesma O· logo abolida, restando simplesmente rientação apareceram os Padres de Ditadura do proletariado Secretariado dos Cristãos pelo SociaDo reformismo democristão Golco11da, na .Colômbia. e violência lismo. ao "cristianismo" marxista A vitória do marxismo no Chile teNa ocasião, novembro de 1971, Fidel Castro chegava ao Chile para uma ria, então, estimulado os adeptos da "A classe oprimida" deve tomar O movimento atribui-se uma pré- "teologia da libertação" a constituir o ''consciência" da "opressãoº. Eis o visita de um mês. Nesse período reali·ZOU várias reuniões com membros da- -história. Sustenta que a posição da J. movimento Cri_stãos pelo Socialismo. º dogma" marxista. Encontra-se com freqüência, em quela organização. No decorrer de U· greja em face do comunismo, desde Os Cristãos·pelo Socialismo pregam ma dessas reuniões, decidiu-se a efeti- Pio IX a Pio Xll, foi substancialmente escritos dessa organização, a afinna- · a ditadura do proletariado e a conquisvação do / Encontro Latino-<1mericano a mesma: repulsa frontal, categórica e ção de que o Concílio Vatic3l)O II de- ta do poder por via da força se necessáde Cri.stãos pelo Socialismo. Estiveram total. A l!ncíclica Pacem i11 te"is do terminou um movimento de "renova- rio for. Consideram - como Ma.rx e presentes com Fidel Castro, nessa oca- Papa João XXIII viria entretanto mo- ção t~ológica" e institucional, muito Lenine - a ditadura do proletariado sião, 120 Sacerdotes, entre os quais dificar a situação ao estabelecer a dis- auspicioso para os que desejam a "con- necessidade histórica, etapa de transirepresentantes .da Argentina, Brasil, tinção entre "falsas teorias sobre a 11a· ciliação" da Igreja com o marxismo. ção no·· processo de "conscienti.zação Bolívia, Colômbia, Peru e Rep6blica tureza, a origem e o fim do mundo e Lamentam entretanto que tal renova- das massas" ( 15). Dominicana. do honrem, e movimentos históricos ção concilíar não seja aceita, ou o seja As "massas" oprimidas, porém, não

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verdadeiros termos da opção são vio· lêr1cia instalada versus luta de classes. E esta última será ou não sangrenta" (17).

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Os " cristãos" -marxistas têm seus. "santos"

Na jomad_a nacional dos Cristãos pelo ,Socialismo no Chile, foi apresentado um texto de autoria de Diego lrarrazaval C. intitulado Cristãos no processo socialista, no qual se convida os católicos chilenos a aderirem ao MIR (Oriianização terrorista daquele país) (18). No mesmo documento encontra-se:

"aprendemos a viver a fé na luta de classes. orientada para a tomada do poder pelo proletariado [... )" ( 19). O documento fmal do li Encontro de Oistãos pelo Socialismo, recentemente realizado no Canadá, chega a usar a expressão blasfema "o subversivo de Nazaré" pá.ra designar Nosso Senhor Jesus Cristo! (20). A religião marxista-"cristã" também tem seus "santos". Conheçamo-los: "Che Guemra e Camilo To"es (... )

deram a rnais sublime prova de amor: entregaram suas vidas pela causa dos pobres" (21). A missão desses "santos" seria ~ no-

va "libertação". No documento fmal do I Encontro Latino-<1merica110 dos Cristãos pelo Socialismo encontramos:

. "Na América Latina está em gesta· ção um processo de libertação comum, na linha de Bolivar, Sa11 Martin, O'Hi· ggins, Hidalgo, José Marti, Sandino, Camilo Torres, Che Guevara, Nestor Paz e outros[ ... ). "Nota-se em todo o Continente nu· merosas tentatiw,s de liberta,ção, especialmente depois ,da revolução cubana" (22). E mais adiante: "Houve homens heróicos como Camilo To"es, Che Gue· vara, Nestor Paz e muitos outros. Com sua revolução, 0,ba rompeu as cadeias Conclui na pdgina 6 -••~

HENRIQUE GUIMARÃES 3


Imagem milagro na

ORAÇÃO A

NOSSA SENHORA OE FÁTIMA distribuída durante a peregrinação de sua Imagem milagrosa pela América Latina O Rainha de Fàtima. nesta hora do tan· tos p,or'igos para nOS$O Pafs o paro todas as naçõe.s

d8 América Latin&, afastei deles o f la-

gelo do comunismo ateu. Não permitais que eon.siga irutaurar-$0, em

t~ntos pafses nascidos e formados sob o in• flu x o sagrado da civilização cristã, o rogt<

me comunista, que nega todos os Manda· mentos da Lei do Deus. Pata isso. b Senhora, mantendo viva

o incremontai a repul.sa que o comunis· mo tem cncontrodo em todas as e las· sociais da Am6rica Latina, Ajudai-nos a ter sempro pro.sento quõ: e) o Dedlogo nos mande "amar 8 Dous sobre todas es coisa.s". "não tomar seu Santo Nomo em vão" o "guardar domin9os o festas do pro· ceito". E o c-o munismo ateu tudo fu para e x tinguir a Flt, lovar os ho· mons à blasfêmia e criar obst6culos à normal e pacffica celebração do s01

culto; b) o Decálogo manda "honrer pei e mãe". "Não pecar contra a castidade" e "não desojer a mu· lher do prbximo". Ora, o comu• n•smo nega o valor da virgindede e ensina que o casa.m ento podo sor dissolvido por qualquer moti· vo, pela mero vontade dos con• jugos; e) o Oecâlogo manda "não rou· bar'' o "nõo cobiçar os bens a,. lheios". E o comuni.smo nega a propriedado privado o sue tio ímporttrnto função social; d) o Ooc!logo manda "não matar": E o comunismo em· prega a guerra de conquisui como meio de sua expansão i• deolbgica e promove rovoluçõos o crimes em todo o mundo; ,,. e} o Decfllogo manda "não levantar falso testemunho". O comunismo use sistem,tica· mente e montira como arma do propaganda; Fazei, que, fechando reso· lutamento as portas à penetraçiio comunista, nossa Pà· tria e todas as nações irmãs da América Latina pos.sam cont ribuir para quo so eproxime o dia ~lorioso de vit6· ria que prodis.seste·s em Fà· time com estes palavras têo cheias de esperança e do--

ç·ura: "Por fim, meu lmec:uledo Coração triunfar6".

N

A MANHÃ OE 2 de janeiro do corrente ano, a milagrosa Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima partia do aeroporto de Viracopos, em São Paulo, rumo a Santiago do Chile, para iniciar sua pere grinação pela América Hispânica. Ourante sete meses, centenas de milhares de pessoas desfilaram diante da Imagem, no Chile, Argentina, Uruguai , Bolívia, Equador, Colómbia e Venezuela. Em muitos lugares o público esperou durante mais de uma hora, em filas que rodeavam vários qua.rteirões para poder contemplar por um instante o olha.r da Imagem que atrai multidões. A imagem da presença sacrossanta Sob a orientação direta da Irmã Lúcia - única sobrevivente das três crianças às quais apareceu Nossa Senhora cm Fátima, e hoje religiosa carmelita em Coin1bra - um artista português esculpiu quatro imagens, em cedro brasileiro, que correspondem, do modo mais fiel possível, aos traços fi. sionômicos com que a Santíssima Virgem se apresentou aos videntes, em 1917. Essas inlagens, denominadas peregrinas, percorreram o mundo inteiro, nas décadas de 40 e 50. Uma delas, 4

estando em Nova Orleans, Estados Unidos, em 1972, verteu lágrimas milagrosamente, na presença de jomalistas, fotógrafos e numerosas pessoas afastadas da Religião Católica. Desde então, notou-se uma inten- . síssima ação de presença dessa Sagrada Imagem sobre as almas, que se faz sentir em seu indescritível olhar, o qual penetra até o mãis Intimo dos corações, convidando maternalmente à conversão. Foi, por certo, tal olhar tão expressivo e essa presença sobrenatural que atraíram centenas de mW1arês de pessoas de todas as condições sociais e de todas as idades. Houve cenas verdadeiramente emocionantes, que nos permitem tirar uma conclu. são: um misteóoso e maternal intercâmbio se estabelecia entre a Rainha dos corações e cada um daqueles filhos seus, que ante Ela se ajoell1avam para expor-Lhe seus rogos, angústias e agradecimentos.

gem nessa mesma cidade, afirmou coni entusiasmo: "Estive ,,a Europa, onde

à Soberana Rainha do Universo que protegesse o soldado boliviano.

pude admirar todo tipo de imagens e obras de arte sacra. Mas confesso que não encontrei ,,ada de similar a esta".

Repicar de sinos em Santa Cruz

Contudo, talvez a cena mais comovedora que presencian1os, du·rante a longa peregrinação pela América do Sul, tenha sido a que ocorreu em Mérida, pequena capital do Oeste da Venezuela. Um homem, que há 40 anos não se confessava, depois de contemplar aquele olhar triste, mas ten10 e maternal, profeóu com firme decisão palavras consoladoras: "Este olhar me con-

verteu. Vou co11fessar-n1e''. Em Mcdellin, capital de uma das re· giões consideradas mais católicas da Colômbia, um pai aflitíssimo trouxe nos braços o cadáver da filha que acabava de môrrer, num hospital ao lado da residência onde se venerava a Imagem. Em prantos, ele pedia à Consoladora dos Aflitos que lhe desse ânimo para suportar aquele sofrimento. Saiu resignado e agradecendo cm alta voz aos cooperadores da TFP que levaram a Peregrina àquela cidade. Finalmente, poderíamos ainda citar o sign ificativo fato ocoródo no aeroporto de Palo negro, em Oucaramanga. A Sagrada Imagem chegava de Medellin para permanecer apenas dois dias naquela cidade do norte da Colômbia. Ao cruzar com a Régia Visitante, um homem que se afirma ateu, emocionou-se de tal maneira que não conteve as lágrimas, Tudo isso nos permite afirmar que, durante esta peregrinação, Nossa Senhora de Fátima prodigalizou um verdadeiro mar de graças e bênçãos a todos aqueles que A veneraram. Grandes e pequenos se ajoel ham ante a Mãe de Deus Na Bolívia, a Peregrina permaneceu apenas uma semana, em sua pómeira estadia, tendo visitado La Paz e Santa Cruz. de la Sierra. Ao chegar à capital mais alta do mundo, a Imagem foi entusiasticamente recebida pelos jovens colaboradores da revista Oistiandad, sendo transportada à sede do Grupo dos Jovens 0-istãos Bolivianos pró Civilização Cristã, no Rolls-Royce do embaixador inglês. Logo no início de sua estadia, a J. magem começou a atrair a atenção dos católicos bolivianos. No terceiro dia de permanência em La Paz, houve fila ininterrupta das 1S às 22 horas. Era comovedor constatar a fé e a confiança fúial que demonstrava aquele povo ao expor à Mãe de Deus seus problemas mais angustiantes. A pedido da primeira dama do país, a Imagem Peregrina visitou a residência do Presidente da República. Após a recitação do rosáóo, diógido pela senhora Oanzer, o Comandante-em-chefe do Exército, visivelmente emocionado, improvisou uma oração, na qual pedia

De La Paz, a Imagem seguiu para Santa Cruz de la Sierra, sendo sua chegada anunciada pelo repicar festivo dos sinos da Catedral. Trata-se de sinos preciosos, cujo som majestoso só se faz ouvir em circunstâncias especiais. Assim, eles repicaram por ocasião da vitóóa alcançada pela população católica, em 1971, contra os que tencionavam implantar o comunismo no país. No último dia que a Imagem permaneceu em Santa Cruz, tão grande era a ftla dos que aguardavam na rua a graça de contemplar sua fisionomia sobrenatural e expressiva, que foi necessárío prolongar o horário para a veneração pública até às 23 horas. Ao despedir-se daquela cidade, a Celeste Visitante passou pela sede do governo provincial, onde, na presença do governador, o pároco da Catedral rezou um rosáóo, acompanhado por numeroso público. Equador: médicos e motoristas

Da Bolívia seguiu a Imagem para o Equador, a convite da TFP local, tendo permanecido dez dias no país de Garcia Moreno. Em Guayaquil, durante cinco dias, a sede da TFP esteve literalmente lotada pela enorme multidão de devotos que afluíram dos mais distintos pontos da cidade. Apesar das violentas tempestades que fustigavam diaóa.rnente aquela localidade costeira, as extensas füas se desfaziam apenas por volta das 22 horas. Chamou a atenção o grande número de médicos que, aproveitando o pequeno espaço livre de tempo de que dispunham, compareciam com seu traje característico, acompanhados de seus familiares. E freqüentemente tiveram os cooperadores da TFP equatoriana o prazer . de abrir as portas de sua sede para que a Imagem recebesse a veneração noturna de pessoas para as quais era impossível fazê-lo durante o dia, como ocorreu com um grupo de motoristas de caminhão da cidade de Babahoyo.

mais portentoso! Meu filho está falando", O mudo adiantou-se então até sua

Celeste Benfeitora para agradecer-Lhe, com voz alta, em meio à alegria comovida dos numerosos assistentes. E ao sair, aquele predileto da Virgem Santíssima não cessava de exclamar com júbilo: "Muito obrigado, Sant(ssima

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"Que milagre mais portentoso!"

Em Quito, a Imagem dAqucla 9ue grandes teólogos denominaram a '011ipotê11cin suplicante", mostrou-se verdadeiramente pródiga em conceder suas bênçãos e favores aos conterrâneos de Garcia Moreno. Angustiada por ter sido abandonada pelo marido, que há muito levava vida escandalosa, uma aflita e.sposa foi expor à Consolatrix Aflictorum o dra.rna que a dilacerava. A solução não se fez esperar. No dia seguinte, apareceu a confiante devota, radiante de alegria,

A Imagem Peregrina exposta em

Virgem!" Esse fato ocorreu no último dia em que a Imagem foi venerada em Quito. · Era cerca das 24 horas, quando os últimos devotos puderam penetrar no a.rnplo salão onde se encontrava a Peregrina. A veneração pública havia começado às 9 horas da manhã e, durante o dia inteiro, a Imagem esteve rodeada por uma verdadeira multidão que cantava e rezava recolhida. Vendo aquela cena consoladora, mais uma vez tomava-se patente para nós a veracidade da profecia enunciada pela Virgem em N::zaré, no Magnificar: "Todas as gerações me chamarão bem-aventurada''. No aeroporto de Eldorado: " Viva a Rainha e Padroeira da Colômbia!

"Este ol har me converteu" Em Buenos Aires, uma senh_ora CO· mentava: ''Parece uma pessoa viva/" Outra afirmava: "0-eio que nunca po-,

derei me esquecer do olhar desta Imagem". Em Cali, na Colômbia, uma pessoa comovida exclamou: "E uma soberanin celestinlr· E uma devota da !ma-

com a auspiciosa notícia de que o maódo, completamente transformado, retomara ao lar. Muito comovedora foi outra cena que os cooperadores da TFP e grande número de fiéis puderam presenciar na capital equatoriana. Acompanhado da mãe e da esposa, determinado senhor que, há seis meses, sofrera uma trombose, foi levado à presença da Imagem. Estava mudo. Os médicos afirmavam que jamais voltaria a falar. A esposa, entre soluços, diógia preces à Mãe de Deus, pedindo-Lhe que curasse o marido, pois a família tinha necessidade do trab~lho de seu chefe para subsistir. Terminado o rosário retiraram-se aqueles devotos sem que, aparentemente, nada tivessem obtido. No dia seguinte, voltaram as duas senhoras, arrastando o infortunado doente, su plicando o favor de que ele pudesse permanecer meia hora diante da Imagem. Milhares de pessoas agua.rdavam pacientemente na rua, em filas intermináveis, o momento em que pudessem contemplar a Virgem de Fátima. Permitiu-se, contudo, àquela infeliz farru1ia que permanecesse diante da Imagem, rezando o rosário. Ao cabo de uns 20 minutos, levantou-se a mãe do doente e exclamou entre lágrimas de alegóa: "Que milagre

A Peregrina milagrosa chega ao aeroporto de Mérida (Venezuela}

Durante a curta permanência da Imagem na Colômbia, cerca de cento e cinqüenta mil pessoas compareceram às sedes da TFP local para venerá-La. nas cidades de Bogotá, MedeUin, Cali, Bucaramanga e Pasto. No aeroporto de Eldorado, em Bogotá, a recepção foi verdadeiramente tóunfal. Grande número de sócios e cooperadores da TFP colombiana estava presente. Suas capas vermelhas com


~ ·sa de Fátima atrai multidões América Latina o leão dourado brilhavam ao sol. Muí· tos populares uniram-se ao cortejo, cantaram hinos de louvor a Maria, exclamando com entusiasmo: "Viva a Rainha e Padroeira da Colômbia! O embaixador da Bolívia em Bogotá ofereceu-se para transportar a venerável imagem em seu Mercedes, afirmando que ele mesmo conduziria o carro, pois "diante da Virgem o embaixador é o ti/timo dos homens''. Tão grande foi o número de pessoas que acorreu à sede da TFP em Bogotá para venerar a Imagem, que foi necessário construir um grande oratório de madeira, no jardim da casa, a fim de facilitar o acesso dos devotos e proteger a preciosa Visitante contra as intempéries, num mês em que a cidade é assolada por fortes tempestades. No último domingo, uma fila ininterrupta desfilou ante a Peregrina até às 20:4S horas. A partir das 21 horas, ela era levada a conventos de clausura para que as Religiosas pudessem venerá-La.

pulação de oitenta nú! habitantes, a Sagrada Imagem pennaneceu apenas 2 dias. No segundo dia, visitaram-Na onze mil pessoas, tendo sido necessário prolongar até às 23:30 horas o horário para a veneração pública. Chamou-nos ainda a atenção, em quase todos os lugares por onde Ela passou, o grande número de alunos de colégios que compareciam envergando

,seus unifonnes. Muitas vezes, levavam flores para adornar a imagem, q_ue estava se.mpre rodeada por belos ornamentos florais.

Na Argent ina, a homenagem de dois mil cadetes Da Venezuela, seguiu a Peregrina de Fátima para a Argentina e o Uruguai. •

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"Guardarei esse carro co mo relíquia" Em Medellin, a segunda cidade da Colômbia, um número incontável de Freiras aguardava a lrnagem no aeroporto. A televi~o filmou sua chegada, tendo Ela sido conduzida ao local On· de deveria ser venerada no luxuoso carro ,de um senhor, há muito afastado da prática dos Sacramentos: Ele quis ter a honra de transportá-La. Posteriormente afinnou que nunca mais usaria aquele veículo, pois pensava guardá-lo como relíquia.

Devotos dirigem preces à Virgem de Fátima em Medellin (Colômbia)

frente à sede da TFP em Cara<:ai

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No terceiro e último dia que a Imagem pennaneceu na capital da Província, considerada a mais católica da Colômbia, uma multidão de aproximadamente vinte nú! pessoas concentrou-se c;m frente à casa, impedindo a circulação de automóveis. Foi considerá· vel o esforço realizado pelos cooperadores da TFP daquela cidade para cruzar tal·multidão e chegar à estrada que conduzia ao aeroporto. Ali, muita gente já aguardava a Peregrina para rezar d.iante dEla o último rosário. Em Cali, Pasto e Buca.ramanga notava-se <i mesmo fervor por parte das dezenas de núlhares de católicos.

Na Venezuela, multidões cantam e rezam Da Colômbia a Imagem seguiu para a Venezuela, onde foi venerada em Caracas, Mérida e Maracaibo. No último domingo, na capital venezuelana, uma ·multidão calculada em sessenta mil pessoas desfilou diante ôa Celeste Visitante. Milhare:., de portugueses,.residen tes na Venezuela, rezavam e en: toavam cânticos, suplicando à Nossa Senhora de Fátima que salvasse sua Pátria, ameaçada pelo flagelo comunista. Em Mérida, cidade venezuelana localizada a oeste do pais, com urna po-

••• Durante toda a peregrinação pela América Hispânica, as viagens se reali· zaram sempre de avião, sendo notável o interesse dos funcionários das companhias aéreas em poder desfrutar da honra de transportar a Virgem de Fátima Era muito freqüente observar tripulantes e passageiros em atitude de oração. Na viagem de La Paz a Santa Cruz de la Sierra, urna senhora ajoelhou-se

ante a Peregrina, no corredor do avião, intei.ramente indiferente ao que pudessem pensar os circunstantes sobre aquela desassombrada manifestação de piedade. Particulannente comovedora era a despedida dispensada à Sagrada Imagem nas numerosas cidades por onde passou, durari te os sete meses de peregrinação. Além dos sócios e cooperadores da TFP, quase sempre acorria · aos aeroportos nutrida multidão de pessoas que desejavam contemplar pela última vez a Visitante. Percebia-se nEla, com freqüência, terna expressão fisionômica, cuja contemplação constituirá, no Céu, um dos elementos da felicidade eterna de seus filhos. Que esse olhar nos acompanhe ate à hora da morte para que, contemplando-o no Paraíso celeste, possamos compreender melhor, através do /umen Mariae, as insondáveis belezas da essência divina. E que a Virgem de Fátima livre o Brasil e todas as nações irmãs da América Latina da ameaça comunista. C. A. SOA RES CORREA

A famo·sa peregrina visita o nordeste brasileiro .- "Como é bonita minha Mãe ! Foi esta a melhor maneira que um expansivo pernambucano encontrou para expressar o que lhe passou pela alma quando viu a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Era o primeiro dia de maio deste ano - mês de Maria - e Ela acabava de chegar ao Recife para ser venerada por seus filhos nordestinos.

- "Moço, o senhor é de Nossa Senhora?" - "t... eu acompanho a Imagem. - "É verdade que Ela foi embora e nós não podemos vé-La?" - "Náõ. Ela apenas saiu. Foi visitar uma usina e um Mosteiro, talvez vá a um hospital também". Foi' sempre assim. Pela manhã a Imagem saía. Ia fazer visitas.

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Esteve em Buenos Aires, Salta, Tucumán, Córdoba, Mendo-a e Montevidéo. No aeroporto da capital platina , urna quantidade considerável de pessoas aguardava sua chegada, que foi filmada por canais de televisão e divulgada por órgãos de imprensa. Em Mendoza, dois mil cadetes do Liceu Militar General Espejo desfila· ram diante dEla. Era notável a atitude de> profundo respeito e recolhimento dos que ingressavam nas sedes da TFP para a veneração. Tal atitude não apresentava nada de artificial. Ao contrário, era sumamente natural ~m sua manifestação ,e cuja causa era sobrenatural.

- "t e/a mesmo, eu a vi qU11ndo esteve aqui antes. Viva Nossa Senhora de Fátima! il°13 urna senhora de meia idade que bradava o primeiro viva, logo seguido por cânticos, palmas e muitos outros vivas das centenas de pessoas que estavam no Aeroporto de Guararapes. Dali a Imagem seguiu para a sede da TFP em Recife, a fim de ser venerada no dia seguinte publicamente por seus devotos. - ''Mas eu já·estou aqui com minha esposa e meus filhos... Não dd para vermos a lma_gem hoje mesmo? Amanhã vamos viajar". . - "Só amanhã que começa a visi· ração pública, mas como o senhor veio de longe e vai viajar, pode entrar':. Era a primeira família que visitava a Peregrina. Atrás dela, com argumentos diversos, outras 300 pessoas ainda foram rezar diante da Imagem e só bem tarde da noite iriam embora.

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A reportagem que a televisão fez no

próprio aeroporto e os comunicados ·nçs jornais atrafram no domingo cerca de três mil pessoas à sede da TFP local. - "Como? Não é nos Montes Guararapes que está a Imagem de Fátima? Mas eu ouvi no rádio que Ela estaria aqui'~

Era um deputado pernambucano que queria visitar a Virgem Peregrina com a família e alguns amigos. Como o deputado, in6meras outras pessoas tinham ido alugares diferentes daquele onde verdadeiramente se encontrav.a Nossa Senhora de Fátima Isto porque urna rádio de Olinda, ligada ao Arcebispado, anunciara a ch_egada da lrnagem, mas dera o endereço errado...

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No Palácio das Princesas, em Recife, pernambucanos homenageiam a Virgem Nas usinas, o ambiente era de festa. Rojões, sinos e apitos das caldeiras anunciavam a chegada da ilustre Visitante. A capela já estava cheia é ainda havia muita gente para entrar. Então era organizado um cortejo. Homens, mulheres e crianças todos estavam ali. Os meninos e meninas vestiam o uniforme do grupo ou do colégio da própria usina Os homens, na quase totalidade operários, tiravam respeitosamente o chapéu e também respondiam às Ave Marias. As mulheres, mais piedosas, ·can lavam ou rezavam o rosário constantemente. - "A Visitante é muito importante, Mandei parar a usina para que todos pudessem vir~ afinnava o usinei~o que, com seu terno branco, ficou o tempo todo ao lado do altar.

As súplicas piedosas pequena multidão já a esperava junto aos portões da Rua D. Manuel Pereira, n9 252.

O rapaz com uma Jaqueta bem composta, caminhando pela calçada, com alguns folhetos na mão, foi abordado por urna senhora já de certa idade:

'

Viagem a João Pessoa

A Imagem voltava da visita e uma

Ela ta mbém foi às usinas de' açúcar

zes da TFP que estava fazendo guarda de hon·ra junto da Imagem. - "Tqque esta flor 'na santinha que eu quero levar para minha mãe que não póde vir", pedia um rapaz com seus livros debaixo do braço. - "Sonhei com a Imagem e não é possível que não vá me atender", dizia urna senhora com olhos rasos d'á· gua - "Senhora, cure meu filho, ele está ficando cego... " - era o pedido de um pai aflito. - "Encoste nossas alianças na Imagem, queremos que. Ela abençoe a nós e a nossos filhos", exclamava um casal que tinha vindo do interior. Já eran1 21 horas, e a fila para ver a lrnagem estava bem longa, chegando a alcançar três quadras. Ninguém reclamava. Pelo contrário, harmonicamente os grupinhos iam se fonnando: uns estavam em silêncio, outros rezavam o terço em conjunto, outros cantavam. Os cânticos tradicionais nunca ces. savam de ser entoados. No final da noite, oito nú! pessoas tinham passado diante da sagrada Imagem.

Era então que se notava a espontânea e pitoresca expansividade do nordestino. - "Reze J>(Jr mim", era uma frase

dirigida, muitas vezes, a um dos rapa-

Em um dos dias, a Celeste Peregrina foi a João Pessoa. Repetiram-se ali as manifestações de carinho e especial· mente de piedade. As impressionantes mudanças de ft. sionornia constituíam o tema da maioria dos comentários. E não houve ninguém - dos quase quatro mil visitantes que lá estiveram - que voltasse para casa sem um conforto e uma esperança. . Da capital paraibana Ela deveria voltar para o Recife. Foi então que um alto representante da cidade distinguiu-se de dentro da multidão e fez um pedido: - "Não nos abandoneis, Senhora, Voltai Esta Paraíba peqf!enina e sofre· dora cabe também em Vosso coração. Nós Vos pedimos: não nos abando neis. Voltai, Senhora. voltai''.

" ...a Religião q ue minha mãe me ensinou" A Imagem ficaria mais um dia no Recife, onde novamente receberia as preces, os pedidos e os louvores de seus filhos. Mais de oito mil deles, nesta nova estadia, vieram para junto dEla. Era o último dia.. Ela deveria, a pedido da esposa do Sr. governador de Pernambuco, visitar o majestoso Palácio das Princesas e ali ser recebida pelas mais ilustres autoridades pernambucanas. Do Palácio, a Peregrina dirigiu-se para o aeróporto, precedida por vários batedores. No aeroporto, o avião já estava à espera dos passageiros; nele embarcariam a Imagem e seus acompanhantes. Guardas da Polícia Militar de Pernambuco respeitosamente abriam caminho para que a Virgem de F~,!ima pudesse passar. O povo ainda cantava nos intervalos do terço que um coope, rador da TFP, em voz alta rezava, calmamente, sem nenhum respeito humano. Olhei para tudo aquilo e lembrei-me de outra cena que ocorrera no dia anterior. O proprietário de uma das usinas visitadas pediu para agradecer a visita. Gomeçou a falar e chorou sem nenhum constrangimento: as lágrimas falaram e agradeceram por ele. Depois o usineiro quis explicar seu pranto comovedor. - "Chorei porque, ao ouvir as orações e os cantos que dirigiam à imagem, eu via em vocês a Religião que minha mãe me eiisinouº! Não sei porque, mas aquela cena do aeroporto me fez recordar a da usina. Então, eu fiz minhas as palavras daquele piedoso homem ... JOÃO SERGIO GUIMARÃES

Nordeste: multidões desfilaram continuamente diante da Imagem Peregrina

-


estudados, vê que são integralmente volucionárid integral, a revolução lati· marxistas, e não outra coisa senão isso. 11o-americana será invencível" (34). O Pe. Giulio Girardi, SOB, de naciona"Al ian~ estratégica" lidade italiana - tido como uma das figuras mais representativas dó movidemolidora mento - fazendo uma aproximação entre a conferência de Medellin e o Diante desse quadro, a atuação dos Congresso de Cristãos pelo Socialismo na capital chilena, afirma:" [O Congres, grupos marxistas-"cristãos" se explica: Na Espanha, por ocasião do I En- so de) Santiago não tem 11enhuma solu- trata-se de "criar um fato público" contro celebrado em Ávila, os Cristãos ção cristã para propor (... ). Considera (35). Apresentarem-se· aos olhos dos pelo Socialismo enviaram carta de a- que os cristãos têm que comprometer· fiéis como marxistas ostentando ao · presentação à Conferência Episcopal -se como os demais militantes [marxis, mesmo tempo o título de cristãos. Espanhola. Nesse documento fazem, tas) [. ..] (30). Conviver prolongadamente com o púem espírito de "diálogo" e "colaboraO empenho desses marxistas em se blico católíco, usando a influência nação", uma autêntica profissão de fé afirmarem tais, só é comparável ao em- tural e simbólica do Sacerdote (36) pa· marxista. Eis suas palavras: penho com que pretendem passar por ra çperar naquele uma transformação "A partir de João XXlíl a Igreja recomenda o estudo do marxismo. Ente11demos que não o fez com i11tuito condenatório". "Alguns Episcopados, como o fra11cês, ma11tim posições respeitosas para com o fenómeno da militância.marxista dos cristãos, e conhecemos Bispos que pessoalme11te manifestam simpatia e. até adesão ao socialismo marxista" (27). São muitos os teólogos e pensadores cristãos que, com senso crítico, incorporam as teses marxistas a suas obras e reflexões. E acrescenta: "Cada vez somos mais, os cristãos que nos sabemos e confessamos marxistas' (28). Como reagiu o Episcopado espanhol ante esta inaceitável ousadia? A Conferência Episcopal re6ne-se, e a. matéria é apresentada aos Bispos para ulterior estudo! Até agora, passaêlos qua: se três anos, nenhuma condenação oficial e formal nos consta que tenha sido emitida. Sob o título Ministério Pascal e A1 Encontro Latino-americano dos "cristãos"-marxistas, em Santiago ção libertadora, a Conferência Episcopal espanhola divulgou um documento cristãos e até católicos. Qual a razão de mentalídade. Atuar sobre as consem que se limitava a censurar generica- disso? A pergunta não pode deixar de ciências de maneira a fazê-las esquecer mente a vinculação de católicos aos assomar ao espírito, e a resposta apre- a doutrina e a moral católicas tradiciopartidos revolucionârios marxistas, tais senta óbvio interesse; esta se despren- nais- - o que os Oistãos pelo Socialiscomo os Cristãos pelo Socialismo. Mas de da leitura cuidadosa de seus doeu: mo chamam "religiosidade êtico.qfetiao mesmo tempo emitia categórica mentos. va" - intoxicando-as, aos poucos, com condenação do capitalismo, exatamente O grande obstâculo para a expansão a mentalidade marxista (37). Vejamos como a querem esses "cristãos"-mar- do comunismo - confessam os I pró- como o Pe. Gonzalo Arroyo apresenta prios Cristãos pelo Socialismo - encon- a questão: tra-se sobretudo nas camadas popula"O campo que, a luta doutrinária res, nas quais mais se tem manifestado nos reserva hoje é o campo das co11sa recusa à pregação vermelha. ciências, sobretudo as cristãs [... ]. No documento em que analisa o pa"Trata-se de um dever espécíjico pel_ dos· Cristãos pelo Socialismo no 11osso, criar nova consciência, desblo· Chile, o Pe. Gonzalo Arroyo, S.J., la- quear aquelas consciências atadas ao mentava a falta de apoio popular ao afetivo, ao ético de posições cristãs programa esquerdista: "Sabemos que a tradicionais" (38). co"elação de forças não 110s é totalCom esse fun, os Cnstãos pelo So· mente favorável Temos de aumentar o cialismo procuram uma "aliança estra11úmero daqueles que se i11screvem 110 tégica" ...:. expressão criada por Fidel socialismo. (... ) A revolução 11iio se Castro (39) - do marxismo com o impõe por grupos, tem que surgir das catolicismo. Que aliança'/' e que estramassas" (31). tégia? Vejamo-las. Ainda no documento apresentado à "Se nos afastarmos da prática relijornada nacional do Chile, de autoria giosa do povo - afirma o texto da de Diego lrarrazaval C., encontramos a Jornada Nacional de Cristãos pelo Soafirmação de que reside sobretudo na cialismo no Chile - chegarão forças pequena e média burguesia o grande cristãs que ma11tém o desejo e a práobstâculo à revolução. tica da libertação em moldes reacioOs Cristãos pelo Socialismo con- 11ários. [... ] Então às vezes assumimos fessam - não obstante o palavrório de- as formas religiosas (40), porque cremagógico em. sentido contrârio - a e- mos que podem ser purificadas ou ao xistência de um "bloqueio" à revolu- rnenos se pode evitar que ·caiam em ção, determinado pela presença da ver- mãos de forfOS religiosas que desviam Pe. Giulio Girardi, S.D.B., um dos prin· dadeira doutrina católica, autêntica e o povo" (41). cipais ideólogos do movimento. tradicional, ainda viva na alma popular. Mais adiante: "Outra altenuitiva xistas. Mais adiante afirmava: "Não e"Muitos cristãos por exemplo, esdia11te das ações religiosas do povo é xiste incompâtibilidade entre o Evan- tão bloqueados para assumir a praxis gelho e um sistema político e econômi- social da luta de classes por senti-la e rejeitá-las de fre11te. Alguém terá tomaco do tipo marxista, e11qua11to respeite entendê-la como contrária aos valores do esse cami11ho, e não se importa com os direitos fundamentais da pessoa" evangélicos de unidade, paz e fraterni- a religião popular. Não se metem 11em (29) ( destaque nosso). dade" (32). ''.A religiosidade p_opular se fomentam comu11idades no povo, [...) sustenta fortemente o conservado- não realizam sacramentos, etc. ... Mas rismo" diz ainda outro documento pode o processo revolucionário atual Por que se dizem católicos (33). niio passar pelo âmbito religioso? esses marxistas? Numerosos depoimentos encontra"Qual das alternativas é mais cone· mos nesse sentido. O próprio Che ta? E dificil dizê-lo. Há muito que Um observador atento, que vã to- Guevara afirmava: "Quando os cristãos mesclamos as duas vias. Tentamos semando conhecimento dos grupos aqui se atreverem a dar um testemunho re- guir ambas" (42).

CRISTÃOS PELO SOCIALISMO do socialismo. A América latina tem de novo uma tarefa comum: a liberta· ção de todos os países, a libertação de todos os oprimidos" (23).

l

~om relação à l'lierarquia

católica:,censura e esperança

A doutrina igualitária dos Cristãos pelo Socialismo leva-os a se colocarem numa posição de hostilidade em relação à Hierarquia eclesiástica, o que não os impede entretanto de r~ceber significativos e por vezes calorosos apoios de elementos ou setores da mesma Hierarquia. No texto publicado na jornada nacional dos Oistãos pelo Socialismo no Chile, durante o governo de Salvador Allende, encontramos: "Uma das "súrpresas" do processo chileno para o Socialismo é o apare11te apoio das Igrejas cristãs. A través de vários gestos públicos das hierarquias, elas aparecem a[>0ia11do o governo e algumas 'de suas medidas revolucionárias" (24). O documento apresenta a seguir algumas das conhecidas atitudes do Episcopado e do Cardeal Silva Henríquez, de apoio ao regime .marxista de Allende. Mas a "generosidade" do Episcopado chileno não satisfaz os marxistas·"cristãos". Dizem eles: "Seria ingênuo esperar que as ·autoridades de nossas J. grejas se po11ham a favor do processo revolucio11ário. As bases cristãs, majoritariame11te reformistas e tradicionalistas não deixam liberdade de movimento às hierarquias. Como representantes dessas bases, não podem assumir postura co11trária a elas" (25). Os mesmos lábios que derram.am prolixos jargões sobre a revolta das massas operârias, confessam agora desinibidamente que as bases cristãs não querem a Revolução. Chegam a apresentá-las como empecilho a uma posição ainda mais esquerdista da Hierarquia! Vejamos o que diz ainda a esse respeito o mesmo documento: (. ..] "Freqüenteme11te tem havido curto-circuitos, choques e desentendime11tos .[com a Hierarquia) mas em geral não foi rompida a comunhão eclesial. Elas [as autoridades eclesiásticas chilenas) têm evoluido para uma aceitação de nossa liberdade para realizar 11ossos compromissos, e 11ós evoluimos para a aceita· ção das condições ·em que se realiza seu serviço" (26). Estranha convergência esta! Como se sentem à vontade esses marxistas lado a lado com a Hierarquia católíca chilena, e que esperanças de relações fraternas ainda mais intensas!

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Dois pesos, duas médidas

O que o Episcopado chileno não

fez contra os Oistãos pelo Socialismo,

o fez contra a Sociedade Chilena de De. fesa da Tradição, Familia e l'ropriedade. Condenou-a sumariamente, sem ouvi-la e sem apresentar razões, pela publicação do best-seller A Igreja do Silê11cio no Chile - A TFP proclama a verdade i11teira. Na sua obra a TFP andina denuncia a colabçração de quase todo o Episcopado e da maior parte do Clero no processo de comunistização do País:

1

l

E continua: "Se se passa através das formas religiosas para chegar a um compromisso eficaz com a causa revolucionária, então se terá superado o religioso. Se 11ão se passa pelas formas religiosas, e .elas se mostram supérfluas e irrelevantes, e11tão se vai superando o religioso" (43). Não se sabe o que mais aturde nesse impressionante depoimento: se o maquiavelismo do plano, a frieza ou o .oportunismo da formulação ... Trata-se de "assumir formas" da Religião verdadeira, da verdadeira Igreja Católica, Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, para transformâ·la na "Igreja popular" atéia, instru· mento do comunismo internacional, como o querem os "grupos proféticos". Ouçamos ainda mais estas palavras, do mesmo documento: "A .relig_iãç, é

submissão a um poder alheio e alie11011· te, e a revolução é a tomada do poder por parte dos oprimidos e sua força histórica. Portanto a religião é superada mediari te a revolução''. E conclui: "Assim, a tarefa revolucionária é anti· -religiosa. Quando o povo tomar o poder[ ... ) a prática religiosa será s11perada" (44).

..!

Conclusão

Os Cristãos pelo Socialismo disseminam-se hoje um pouco por toda parte, proclamando-se tais em alguns lugares, mas espalham de um modo ou de outro, a doutrina, a espírito e os métodos enunciados em setores muito mais amplos da vida católica. Em seu livro A Igreja ante a escalada da ameaça comu11ista o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira - estudando, desde as origens, o esquerdismo católíco no Brasil - analisa os escritos subversivos ~e D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia (MT). Na pregação revolucionária de D. Casaldâliga juigamos ouvir o eco dos Cristão$ pelo Socialismo. Ecos tais, ouvidos atentos perceberão muito· mais freqüentes do que à primeira vista pareceriam... Perplexo, o público católico presencia a proliferação de Padres e leigos comunistas agindo perigosa e im· punemente entre os fiéis. Seus olhos voltam-se naturalmente para seus Pastores, a quem compete a guarda do rebanho de Nosso Senhor Jesus Cristo, à espera de um brado de alerta,. de uma atitude corajosa que ponha fun ao escândalo. Palavras ambíguas ou inexplí· cável e persistente silêncio é o que encontram quando não a clara simpatia para com o inimigo sorrateiro. A Nossa Senhora de Fátima dirigimos nossas orações no final deste artigo, para que· proteja a Santa Igreja na terrível tormenta em que se encontra e realize, quanto antes, o triunfo de Seu Imaculado Coração.

(8Ato1ncnsMo MENSÁRIO com aprovaçio ecte:siistiu CAMPOS - ESTADO DO RIO

.

l>iretx>r Paulo Corria de Brito Pilho Diretoria: Av. 7 de Setembro 247, caixa postll 333, 28100 Campos, RJ. Adminlstnçlo: R. Dr. Martinieo Prado 271, 01224 S. Paulo, SP. Composto e lmpte$SO na Artpiess -

Papéis e Al10$ Gráficas Lida., R. Dr. Martinioo Prado 234, Sio Pau· lo, SP.

1.-

Pabto Richard, "Crlstilmos por e/ Socialismo - historia y documenta· ciôn" - Edicioncs Sfgueme, 1976, Sa• lamanca (Espanha) p. 212.

2,- Omtro dé estudios para el desarollo e íntcg:raeión de America Latina (CEDIAL}. "Oistümos IA#noamericanos y socialismo", l 972, Bogoti (Colômbia) p. 202.

3.-

Pablo Richard, "Cristiano, por e/ sociâlismo - história y documtn ta· ciôn" - pp. 81 e 242.

4.- CEDIAL, "Crlstlanos Lotúz()(Jmerlconos y -socialismo", p. 274. 5.- Ibidem, p. 244. 6. -

Avila e "Perpignan" são nomes de código.

7.- Serviço de documentação SEDOC, 8.-

6

9.-

"Dialogo alio provo", florença, 1964; outras edições do mesmo livro:

14.IS.-

ºL 'Hora dei Di4/ogo", Barcelona, 1967, "E/ Diálogo iJe la ipoca, catô· llcos y m1Uxis1as", Buenos Aires, 1965. Fierro Mate "Cristianos por et scciallsmo", Editorial Verbo Divino, Estella (Navarra), 1975, p. 402. • SEDOC, vol. 8, setembro 1975, p. 173. Ibidem, p. 171. Fierro Mate, "Cristianos por e/ SO· cio/Ismo", p. 327. Ibidem, p. 385. Ibidem, p. 81.

16.-

Ibidem, p. 82.

17.18.-

Ibidem, p. 278. • Ibidem, p. 428.

10.-

11.12.13.-

21.-

Fier;o Mate, "Oistiom)I por ti socia.-

Pablo Richard, "Crlstlanos por e/ SO· e/a/Ismo", pp. 203 e 276.

37.-

F ierro Mate, "Cristümos por el soei.a-

lismo ", p. 281.

22.- Ibidem, p. 291. 23.- Ibidem, p. 312. 24.- Ibidem, p. 455. 25.-

26.- Ibidem, p. 457 . 27.- Ibidem, p. 155. 28.29.30.31.-

32.-

38.-

Ibidem, p. 457.

39.40.-

Ibidem, p. 155.

"Ecclesia" (Madrid), n9 1786, p. 17. CEDIAL, "Cristianos Lotinoamericanos y socialismo", p. 287.

/ismo ", pp. 254 e 293. Ibidem, g. 381. Vide também CE-

Por "formas religiosas" ou ; •f( ideologiulda", os Cristiios pelo Socialis· mo designam as estruturas da Igreja Católica: sua doutrina, seus aogmas e leis, seu Magistério, sua Litwgia e constituição hien!rquiea. A elas

tramarinas e Colônía$: via de suprerfíeie US $ 8,SO, via ai~a US$ 12,50; outros países: via de supod(cie USS 10,00, via airu US$ 17,00. Venda avllha: Cr$ 6,00. Os pagamentoi , sempre em nome de Editora Podre Belchior de Pontes S/C, poderio ser encaminhados à A,dministração. Para mudança de en-dereço de assinantes, 6 necessário mencionar tam~m o endereço antigo. A conespondência relativa a assina-

DIAL, ' "Cri11ianos latlnoamericonos y soçialismo ", p. · 246. Pablo Richard, "Cristianos por e/.,,. cúzlismo". p. 65.

opõem uma ufé" sem estruturas ideo-

16gicasJ indefinida, em puro movi-

Ibidem, p. 409.

tual".

mento interior de natureza ..espiri·

Fierro Mate, "Cristitmos por et socia•11smo", p. 466. 42.- Ibidem, p. 467. 4J.- Ibidem, p. 468. 44.- Ibidem, p. 469.

41.-

Aalnatura anual: comum Cr$ 70,00; coopon,dor Cr$ 150,00; benfeitor Cr$ 300,00; ·grande benfeitor Cr$ 600,00; seminaristas e estudantes Cr$ 50,00; América do Sul e Cen· tnl: via de supodíeie US$ 8,50, via aérea US$ 10,S0; América do Norte, Portugal, Espanha, Províncias ui·

Ficrro Mate, "OistitJnos por ti W· clatisf!IO", pp. 374 e 375.

33.- CEDIAL, "Cristianos LotúzoamerlooE<lítora Vous, 'Petrópolis, voL 8, nos y socialismo". p. 246. setembro de 1975, p. 169. 19.- Ibidem, p. 476 -34.- Fierro Mate. "Cristianos por el sociaFierro Mate, "Cristianos por e/ s:olismo", p.489. clalismo" - Editorial Verbo Divino, · 20.- SEDOC, vol. 8, setembro 1975, p. Estella (Navarra), 1975, pp. 17 e 18. 174. 35.- Ibidem, p. 188.

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36.-

turas e venda avulsa deve ser enviada à Adm~: R. Dr. Martlnlco Prado 271 01224 S. Paulo, SP


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Há 750 ano_s, morreu·São Fra0cisco de Assis., ,

·sustentáculo da Ctistanda

l

Viua panorâmica de A$$iS

NOME DE São Francisco de Assis encheu o século em que viveu, perpetuou-se nesses 7S0 anos que nos separam de sua morte, ocorrida em 4 de outubro de 1226. Nossa intenção ao apresentar este artigo, consiste em ressaltar alguns aspectos sublimes que, no entanto são pouco comentados, da vida do Poverello de Assis. Julgamos ser esta a homenagem mais apropriada que "Catolicismo" poderia prestar àquele que reanimou em sua época a chama do amor de Deus e desposou a "dama pobreza". Sua atitude de completo desapego em relação aos bens terrenos lhe proporcionou intensa felicidade, ao contrário da existência angustiada do bilionário J. Paul Getty, recentemente falecido. (Página 8 desta edição).

O

- "'FRANCISCO, NÃO vês que a minha casa está cai11do em ru111as? Vai, pois, e le>'llt~ ta-a".

- "De boa vontade o farei Se11hor' ,.respondeu Francisco, surpreendido e maravilhado, àquela voz que partira do crucifixo diante do qual ele rezava. Julgava entretanto, que o Senhor se referia à pequena Igreja de São Damião, já muito velha e prestes a cair, dentro da qual ele se encontrava. Francisco reconstruiu a igrejinha, julgando com isso cumprir a ordem que recebera. Mas não era apenas aquele modesto templo a "casa que está caindo em ruínas". Quando ele, acompanhado de seus onze primeiros seguidores foi a Roma submeter a Regra de sua Ordem ao Papa Inocêncio III, este relutou de início em aprová-la. Parecia-lhe excessiva a severidade e austeridade da Regra. Poucos dias antes, o Papa havia tido em sonhos uma revelação, na qual vira que a Basílica de São João de Latrão ameaçava desmoronar. Vira também que um varão religioso, humilde e cheio de espírito de cruz, a sustentava em seus ombros. Ora, .a Basílica de Latrão era, na época, sede do Papado. Considerando a sabedoria daquela Regra, as necessidades pelas quais passava a Igreja naqueles tempos, e vendo a santidade de São Francisco, Inocêncio 111 afirmou: "Em verdade, este é o varão religioso e santo que apoiava e sustentava a Igreja de Deus''. 0

se vão torruzndo mais freqüentes e mais suntuo· sas. Os homens se preocupam sempre mais com elas. Nos trajes, ruzs maneiras, ruz lingi{agem, ruz literatura e ,uz arte o anelo crescente por u,ruz vida cheia de deleites da fantasia e dos senti dos vai produzindo progressivas manifestações de sensualidade e moleza. Há um paulatino de· perecimento da seriedade e da austeridade dos antigos tempos. Tudo tende ao risonho, ao gracioso, ao festivo. Os corações se desprendem gradualmente do amor ao sacrif{cio, da verdadeira devoção à 0-uz, e das aspirações de santidade e vida eter· ruz. A Cavalaria, outrora uma das 11U1is altas expressões da austeridade cristã, se torruz amorosa e sentimental, a literatura de amor invade todos os pa{ses, os excessos do luxo e a conseqüerite avidez de lucros se estendem por todas as classes sociai Tal clima moral, penetrando MS esferas intelectuais, peoduziu claras manifestações de orgulho" (Plinio Corrêa de Oliveira), raiz do espírito de revolta, do ódio a toespírito de revolta, do ódio a todas as superioridades e das heresias. O orgulho é a sensualidade estão na raiz da crise que culminou na explosão protestante do século XVI, cindindo tragicamente a Europa católica.

A missão grandiosa de São Francisco A cidade de Deus tem por base o amor de Deus levado até o esquecimento de si próprio, e a cidade do demônio tem por base o amor de si, até o esquecimento do Criador, ensina Sãnto Agostinho. No século XIII, os homens começavam a se esquecer de Deus, porque levados pelo amor de si - orgulho e sensualidade - procuravam o gozo desordenado dos bens da terra. Satanás, o príncipe deste mundo, procurava por esse modo destruír a cidade de Deus. A Providência suscitou então São Francisco para salvar a Cristandade. Deveria ele praticar em grau heróico as virtudes opostas aos v{cios geradores da crise: a humildade e a pobre·za, a pureza e o amor à Cruz. Era ele o Santo do sobrenatural, o Santo do milagre. Tudo nele remetia para Deus e despertava o desejo do Céu. ln6meros exemplos de sua vida o·demonstram. Lembremos alguns.

* * •

Visão do Inocêncio 111, por Giotto (1226-13371 - No centro da página, o crucifixo que felou a Sio Francisco

A Cristandade rn,edieval do século XJII, apesar de esplendorosa sob vários ângulos, era contudo a "casa que-ameaçava cair em rur,uzs". São Francisco foi suscitado por Deus para sustentá-la. Tendo morrido em 1226, com 43 anos de idade, toda sua atividade apostólica se desenvolveu no primeiro quarto daquele século. Para melhor compreender a missão realizada pelo extraordinário Santo de Assis é necessário descrever como a civilização cristã entrou em decadência nos séculos posteriores àquele nc qual viveu o Santo. Este edifício magn{fico da Cristandade medieval foi se desagregando porque não apareceram mais tarde outros São Franciscos. ""' ,,

~ncJ~.'éfà 1.dàde;Média

"No século XIV começa a observar-se, ruz Europa cristã, uma transformação de menta/ida· de que ao longo do século XV cresce cada vez mais em nitidez. O apetite dos prazeres terr~ nos·se vai transformando em ânsia. As diversões

Na quaresma de 1224, estando São Francisco fisicamente muito debilitado pela grande abstinência e pelas batalhas contra o demônio, começou a pensar na desmesurada glória e gáudio que os bem-aventu.rados desfrutam na vida e tema; e por isso pediu a Deus que experimentasse um pouco daquele gáudio. Subitamente lhe apareceu um Anjo com um violino na mão esquerda e o arco na direita. Estando São Francisco todo estupefato, o Anjo passou uma vez o arco sobre o violino. E tanta foi a suavidade experimentada pela alma do Santo que - ele não duvidava - se o Anjo puxasse o arco para baixo, devido àquela extrema doçura sua alma separar-se-ia do corpo.

•••

Em outra ocasião, foi São Francisco com um de seus frades a uma cidade dizendo que iria pregar. Percorreu a cidade sem dizer uma só palavra e se retirou. Interrogado por seu companheiro por que não havia pregado, respondeu-lhe que não eram necessárias as palavras, pois a presença de ambos já falara das bem-aventuranças celestes a todos que os viram. O desapego e o amor à cruz eram em São Francisco o "sal da terra, a luz do mu11do" para seu século.

• •• Pregando no castelo de Savumiano, o Poverello de Assis primeiramente ordenou às andorinhas, que cessassem seu canto até que ele tivesse pregado; e as andorinhas obedeceram. Pregou ali com tal fervor sobre o desapego do mundo, que todos os homens e mulheres daquele castelo, por devoção, queriam segui-lo e abandonar sua morada. Mas 'São Francisco não permitiu, dizendo-lhes: "Não partais. Ordenarei

o que deveis fazer para a salvação de vossas almas". Pensou então em criar a Ordem Terceira. E assim despediu-se deles deixando-os muito consolados e bem dispostos à penitência.

••• O próprio demônio, falando pela boca de uma possessa, reconheceu a santidade do grande Santo. Essa mulher vivia no castelo de um nobre cavaleiro da Massa de São Pedro, chamado Landolfo, o qual era devotíssimo de São Francisco. Conjurado, em nome de Deus, a dizer o que havia de verdade na santidade de São Francisco, o qual já havia morrido, respondeu o demônio: "Dir-te-ei, quer queira quer não, o que é verdade. Deus Pai estava indigllado contro os pecados do mundo. Mas O-isto, suplicando pelos pecadores, prometeu. renovar Sua Vida e Sua Pai· xão em um homem, isto é, São Francisco, por cuja existência e doutriruz Ele conduziria muitos-de todo o mundo, ao caminho da verdade e da penitência. Por isso Ele quis que os estigmas de SuaPaixão fossem impressos em seu corpo''. "A Mãe de Cristo - continuou o de· mônio - prometeu renovar sua pureza virgiruzl e sua humildade em uma mulher, Santa Clara, [fundadora do ramo feminino da Ordem de São Francisco) para com seu exemplo arrancar milhares de almas de nossas mãos. E assim, por essas prõmessas, Deus Pai apazi· guado, deferiu Sua sentença contro o mundo".

Audáci.a e zelo apostólico do Santo Entre a IV e a V Cruzadas houve algumas expedições militares contra os sarracenos. De uma delas, que aportou no Egito, participou São Francisco. Acompanhado apenas por doze de seus frades, o Santo transpôs as fileiras do exército ini· migo e conseguiu chegar até a presença do príncipe do lslam, Melek el Kamil. São Francisco praticou o ato de "audácia de se fazer conduzir à presença do Sultão, tendo somente sua fé por salvaguarda. O Sultão escutou-e com a maior atenção, como que subjugado. Tendo o bem-aventurado Francisco começado a pregar, ofereceu-se para entrar no fogo juntamente com um sacerdote sa" aceno, para assim provar ao Sultão que a Lei de Cristo. era verdadeira. Mas o Sultão respondeu: "lnnão, eu não creio que-algum sacerdote sarraceno queira entrar no fogo por sua fé" (G. Bordonove). Compraz-nos imaginar esses cruzados qu,e partem cheios de ar~or. Entre eles vai um homem que pareceria o contrário do espírito guerreiro que os animava: São Francisco de Assis. O Santo da doçura, da bondade, aquele que pregou aos pássaros tratando-os de irmãos... parte em um navio de cruzados. · Após um primeiro milagre, ele consegue chegar diante do Sultão, com vida... Este, soberano oriental, cercado de luxo enorme: tecidos fUl{ssirnos, tapetes magnfficos, palácios suntuosos. e um mundo de sonhos. Desfruta de tudo o que os prazeres dos sentidos podem proporcionar de lícito e de illcito. Podemos imaginá-lo forte, truculento, autoritário, afeito às guerras sanguinárias como aos haréns. Agora, o Sultão tinha diante de si uma pe&soa que era a sfntese do contrário de tudo quanto ele esperava da vida. Era o Santo que renunciou a todos os bens terrenos, o Santo do desapego, do jejum, da penitência. o homem que considera sua felicidade não possuir nada daquilo em que o Sultão julga~a encontrar a sua. Vestido com seu simples burel com sandálias ou talvez descalço, São Francisco posta-se diante do Sultão. A cena configurava uma das maiores antíteses não só daquele tempo, mas de toda a História da Igreja! . O Santo fala. O Sultão escuta-o "como que subjugado"'. Os homens que concedem tudo às apetências dos sentidos corporais acabam ficando com as faculdades da alma definhadas. Por isso, aquele soberano não encontrava a paz, a tranqüilidade, a alegria, a sensação de ordem

e

interior que as virtudes heróicas faziam transparecer no Poverello de Assis. O Sultão começa a sentir essa paz que nunca experimentara. Percebe que São Francisco tinha no olhar um sentimento que ele nunca despertara em ninguém: o afeto desinteressado. Começa a se comover diante das provas que lhe são apresentadas. O Santo oferece-lhe então o milagre: entrar no fogo. Argumento .que não poderia ser mais convincente para aquele homem tão preocupado com os sentidos do corpo. O muçulmano não duvida que São Francisco operará o prodígio, e reconhece, implicitamente, a superioridade da fé verdadeira. Mas, curvar-se-á diante dela? "Depois, temendo que alguns dos de seu exército, pela eficácia da palavra de São Fran· cisco, fossem convertidos para o Senhor, e para que não passassem ao exército dos cristãos, o Sultão o fez. conduzir, com toda sorte de comi· derações e em perfeita segurança, ao campo dos nossos, dizendo-lhe por despedida: "Reze por mim, para que Deus se digne de me revelar a lei e a fé que mais Lhe agrada" (Ibidem). O Espírito Santo, que conduziu São Francisco até o território dos infiéis, deve ter dispensado graças enormes para que o sarraceno se convertesse. Ele, entretanto, recusou-as. O Sultão temeu essa presença. São Francisco despreendia de si um clima tão sobrenatural, era tal o brilho de verdade que suas palavras manifestavam, que outros poderiam ser menos duros. E, se mui. i tos se convertessem, o Sul, tão perderia seus soldados. Pede-lhe ainda orações para que conheça a fé verdadeira. Pede o que já lhe tinha sido dado. Recusa-se a seguir a · Fé católica, mas não renuncia para sempre a ela. Contam algumas lendas medievais que esse soberano se converteu na hora da morte. São Francisco, já na glória celeste, apareceu a dois frades de sua Ordem, mandando-lhes viajar ae> Egito para converterem e batizarem o Sultão enfermo, e que logo depois morreria. Expulsando o zeloso mis. sionário, o Sultão afastara a admirável possibilidade de conversão do Oriente à Fé católica. "Queima o que.adoraste e adora o que queimaste''. ~ disse São Remígio a Clóvis, rei dos francos, quando o. batizou. Convertendo-se este, converteram-se os francos. Nasceu assim a França, São Francisç0 de Assis, a filha primogénita da Igre- por Fro Angélioo (1400-14551 ja. Qual teria sido a história do Egito como a de todo o Oriente, se aquele muçulmano tivesse "queimado o que adorava e adorado o que queimava"? A história do mundo poderla ter sido outra. Naquele momento ela dependeu, até certo ponto, da alma de um infiel que iinha diante de si um dos maiores Santos de todos os tempos. CAIO DE ASS IS FONSECA

OBRAS CITADAS BORDONOVE, G. - "'Les Templiers'", O,roniquc d"Ellemoyina, Arthome-Fayard, Paris, p. IS!. CANEDO, OFM, Fny Uno Gómes, e LEGISIMA, OFM, Fray Juan R. de - '"San Francisco de Asís", BAC, Madrid. 3a. edição, 19S6, pp. 804., 824. CORMA OE OLIVEIRA, Plínio - "Revolução e ContJa-RevoJução'\ Parte 1, S, Ed. "'Catolicismo'\

C,mpos,

19S9.

HAUSER, OFM, Walter - "Francisco de Assis'", Oes• clée de Brouwcr, Brugis (Bétgjca), 19S3, pp. S3, 89,

167.

1 FIORE'ITI -

Vozes, Petrópolis.

pp. 38, S2, S3, 122, 123, 148.

4a. edição, 1964, 7


TFP REPUDIA SEQUESTRO E ATEN'J:ADOS

Em defesa da família TFP norte-americana condena projeto co~etivizante A TFP norte-americana

leva ao Capitólio sua carta-aberta em defesa da família

AGINDO EM defesa da família, a TFP norte-americana publicou uma Carta Aberta QQS Congressistas dos Estados Unidos, fazendo uma análise serena e acurada de um projeto de lei que, se aprovado, minaria a instituição da família, pelo estabelecimento de uma rede estatal de jardins da infância. Num ato simbólico, a TFP levou sua Carta Aberta ao edifício do Capitólio, em Washington, a 31 de maio último. Logo depois, a campanha era lançada em Nova York. O projeto de lei denunciado pela TFP é patrocinado por Walter F. Mondale, no ~nado, e por John Brade. mas, na Câmara dos Representantes.

A análise da TFP norte-americana mostra que, se o projeto Mondale-Brademas for aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos, enfocará na ilegalidade a instrução religiosa, proibindo-a dentro do currículo estabelecido pelo governo. A educação. das crfanças se· rá entregue a ateus e aos chamados "especialistas". Além disso, arrebatará da família o controle de seus filhos, pelo estabelecimento de uma sociedade entre os pais ·e o Estado, na qual este será o sócio dominante. A TFP denuncia ainda que o documento impugnado iria encorajar a indiferença moral entre os pais e, em conseqüência, provocar um aumento da criminalidade juvenil.

Por fim, a Carta Aberta adverte que o espantado: "Ê intrfvel! Tradição, Faprojeto Mondale, se aprovado, exerce- mi1ia, Propriedade aqui também! Grande porcentagem da população rá Uffi? influência coletivizante que conduzirá à estatização e ao avanço do negra de Nova York demonstrou sua comunismo. simpatia pelo caráter anticomunista da campanha. Nas ruas de Nova York · Um funcionário católico da cadeia de rádio e televisão NBC manifestouDistribuindo seu manifesto contra -se satisfeito com a campanha, corno' o projeto à média de mil por hora, a também uma mulher que fugiu da TFP iniciou campanha na área central Europa Oriental. Numerosas pessoas de Nova York. As capas e estandartes de todas as idades e condições encoravermelhos com o leão rompante cons- javam os colaboradores da,TFP nortetituíram especial atrativo para o pú- americana e pediam cópias para d_isblico norte-americano. Slogans sobre tribuir em seus ambientes. Outros paa campanha eram proclamados contJ. ravam para conversar e certificar-se dos nuamente na Sa. Avenida argumentos da TFP. Muitos perguntaConsiderávél número de homens de vam o que fazer para impedir a aprovaneg6cios, em impecáveis trajes moder- ção da lei, no que eram prontamente nos, paravam a fim de observar a cam- convidados a uma série de providên · r,anha e ler com atenção o manifesto. cias: escrever aos senadores e deputa'Que bom vé-les sair às ruas! Conti • dos, escrever aos jornais, ampliar a nuem seu ótimo trabalho",. disse um campanha entre seus parentes e amigos. senhor. Um jovem executivo comen. tou: Estou realmente satisfeito que Interpelação aos alguém faça alguma coisa assim". Uma Bispos de Minnesota senhora de origem irlandesa: "Excelente. Continuem". E sua acompaEm junho, a TFP norte-americana nhante completa: "Já era lf!mpo de al- publicou nova carta aberta, desta vez guém fazer algo ~m defesa da fam(/ia'~ aós Bispos do .Estado de Minnesota. Urna senhora sexagenária, depois Em nome destes, ·o Arcebispo John de observar a campanha, pediu cópias Roach escreveu ao senador Walter adicionais para distribuir entre suas a- Mondale oferecendo inteiro apoio ao migas e na igreja que freqüenta. Casos projeto de lei que ameaça destruir a semelhantes se repetiram com freqüên- educação cristã dos filhos. A TFP procia. Muitos paravam e liam detidamen- testa contra tal apoio, manifesta sua te as palavras douradas escritas no es- estranheza pelo fato de Bispos católitandarte: Tradition, Family, Property. cos apoiarem uma medida que proí,Um brasileiro que passava por lá ficou be o ensino da Religião católica, e pe-

O Servi~o de Imprensa da Sociedade Brasileira de Defesa da :r.radição, Fàrníl.la e Propriedade (TFP) distribuiu a seguinte· nota a respeito ~e recef\!es ações terroristas: "A TFP manifesta a sua mais categórica repulsa aos atos de terrolftsmo praticados contra a · pe'ssoa do Sr. Bispo de Nova /. guqçµ, D. Adriano Mandarino Hipólito e a CNBB, bem como contra a residência do fornalista Roberfo Marinlio. "Entilfaile cívica inspirada em seu pe.nsamento e sua ação pela doutrina católica, a WFP repudia cem especial energia a viol€ncia - merecidamente qualificada ccmo sacrt1ega pelo Direito Canônico - ciJntra a pessoa sagra/la de um 'Bispo da Santa Igreja. E verb~ra igualmente as ações deli~osas de que foram vítimas um parente de Suq Excia. e um empregado domestico do Sr. Roberto Marinho. "Na presente conjuntura, a TFP recomenda a todos os·seus sócios, cooperadores, cc"espondentes e simpatizantes uma atitude de serenidade vigilante e.de prece pela boii ordem em nosso País. E reccmenda coef,ança na ação do l?oder Público, ~mpenha·dó. em punir tais áçl?es e prevenir que outras do mesmo género venbam a oco"er:'. de ao Episcopado de Minnesota que reconsidere sua posição, denunciando o projeto de lei. · .A íntegra dos docurnenios da TFP norte-americana e as repercussões de sua campanha foram divulgadas no número de maio-junho da revista Ousade for a Christian Civilizatio11, órgão daquela entidade; editado em Nova York. •

Jean Paul .Getty, ou como ser infeliz .- "VOCe QUER ficar milionário?" - "Que pergunta ... e claro! Esse diáfogo imaginário não é menos real. Prova-o o extraordinário movimento da Loteria Esportiva Até o presente, foram perfurados mais de dois bilhões de cartões de apostas e movimentados nada menos que treze bilhões de cruzeiros! O dinheiro traz a felicidade?

• * • O castelo de Surrey, em Sutton Place situa-se nas cercanias de Londres. Construído no século XVI, foi transformado desde 1959 numa mansão-museu. O portão d.e ferro é controlado por um circuito fechado de televisão. A noite, potentes holofotes iluminam os muros de pedra rosada do castelo. Se algum intruso penetra no parque, será imediatamente detectado. A trás de pesadas portas e de janelas protegidas por grades, guardas armados e cães policiais vigiam dia e noite as cinqüenta salas do palácio. Mais de vinte sofisticad9s alarmes eletrôncios completam o sistema de vigilância. Quem reside em Surrey? Jean Paul Getty. Aliás, residia, pois ali faleceu em março último, aos · 83 anos de idade. Ele superyisionou até aos mínimos detalhes a instalação de seu museu . O rico acervo de estátuas e quadros ocupa 38 galerias. Dessa mansão, o multimilionário fiscalizava com olho de lince a complicada administração de seu fabuloso império econômico, baseado no petróleo. Sua fortuna, calculada em dois bilhões de dólares (cerca de 23 bilhões de cruzeiros) proporcionou-lhe uma vida de nababo. Contudo, Getty morreu solitário e infeliz ... Divorciado quatro vezes, ele mostrou-se tão apegado ao dinheiro que mandou in.stalar no castelo de Surrey telefones que só funcionavam com

Getty: riqulssimo, mas solitário

moedas... a fun de evitar despesas! Tantos dólares não lhe trouxeram a tão almejada felicidade. Getty chegou a declarar: "Há muitas coisas que o dinheiro 11ão pode comprar: 'nem sa_úde, nem carinho, nem sequer uma boa digestão. De fato, o dinheiro pode chegar a ser um estorvo"

• •• A riqueza traz felicidade? A vida de Paul Getty parece indicar que não. E também seria oportuno lembrar que o Evangelho recomenda o desapego dos bens terrenos (Lc. 14, 33). Entretanto, ..esse desapego não significa que o homem deve evitar o uso deles, mas ape,,as que os deve usar com superioridade e fO!fª de alma, e também cóm temperança cristã, em Ju. gar de se deixar escravizar por eles.

Quando o homem não .procede assim e faz mau uso desses bens, o.mal-não está nos bens, mas· nele", lemos em Reforma Agrária - Questão de Consciê11cia (Ed. Vera Cruz, São Paulo, 1962, 4a. ed., p. 83). A mesma obra - autêntico best· -se/ler difundido no Brasil nae época da agitação janguista - esclarece ainda: "No universo, tudo foi admirávelmente disposto por Deus, e nada há que não tenha sua razão de ser. Seria inconcebfvel que o ouro, as pedrarias, a matéria prima de tecidos preciosos, etc., abrissem exceção à regra. Eles existem por des(gnio da bondade di· vi11a para um justo deleite dos sentidos, ta1110 q111111to um belo panorama, o ar puro, as flores, etc. E além disso são meios para adornar e elevar a existência .quotidiana dos homens, aprimorá-los na cultura, e fazê-les conhecer a grandeza, a sabedoria e o amor de Deus" (p. 84). ''Não foram muitos os Santos que para se santificarem, 'deixaram os bens terre11os? "Por certo, a Igreja tem recomendado aos home11s a abstenção, a tftule de . pe11it€ncia, de bens deste mundo. A necessidade de pe11itência não resulta de qualquer mal existe,1te nesses ·be11s, porém do desregramento' da natureza humana em conseqüência do pecado original e dos pecados atuais( ... ). "Muitos são os caminhos que levam ao Céu. Alguns são excepcionais e impressionam muito: o do abandono de todas as riquezas, por exemple. Outros são para a maioria, e impressionam menos: o do bom uso das riquezas é um deles. Mas tanto uns quanto outros conduzem a Deus, e foram tri.lhados por Santos" (p. 87). "Mas, dirá alguém, a parábola de Lázaro e do mau rico (Lc. 16, 19-33) não prova precisamente que a opulência leva à perdição? "Este texto eva11gélico é frisante para mostrar como absolutamente não é todo homem opulento que se con dena, mas apel1(1S o que é mau. A parábola nos mostra o rico ,nau no in-

ferno, Lázaro, o pobre bom, vai para o seio de Abraão. Ora quem era Abraão? Era um homem que viveu na opulência (Gen. 13,2)" (p. 90). Portanto o que se exige do homem é que procure a Deus. Ou abstendo-se das criaturas, ou utilizando-se delas. E não há contradição entre os dois modos de santificação, como ficou acima explicado.

••• O universo inteiro foi criado para glória de Deus. Glória é o conhecimento de algo excelente que brilha cm uma pessoa e excita a admiração e louvor de quantos :a conhecem. Em t.odas as criaturas resplandecem as perfeições de Deus: a onipotência, a sabedoria, a santidade, a bondade, a providência, etc., d~ môdo que todas as criaturas se assemelham, de certo modo, a Deus. "Os céu~ pregam a glória de Deus e o firrnamento anuncia a obradeSuasmàos"(Salmo 18, 1). O homem deve encarar a obra da criação corno trampolim que o remete para o Criador. Desta forma, passa a admirar a sabedoria, a reverenciar a A

majestade, a amar a bondade, a imitar a santidade e a cantar a glória de Deus. Como vivemos numa época materialista, os bens terrenos são geralmente encarados corno meios de fruição. Assim, o homem do século XX abusa dos bens materiais, fá-los reverter egoisticamente para si e não remete sua vista para o alto,. vendo Deus espelhar-se nas criaturas. Compreende-se, pois, porque Jean Paul Getty foi sovina. A experiência e o bom senso atestam: quando alguém leva urna vida de prazeres, costuma tomar-se avarento quando atinge idade avançada. Incapaz de gozar atr!lvés dos sentidos, o ancião apega-se, com freqüência, ao dinheiro. · O multimilionário acostu.mou-se a viver, desde a mocidade até chegar à vellúcc, corno um homem que satisfaz todas as suas aspirações terrenas. Em seu esplêndido palácio inglês, Getty, no entanto, Vivia acabrunhado e infeliz. Não se utilizou das riquezas para elevar-se até Deus, embora estives· se cercado ·de um ambiente de dignidade, compostura e brilho. Fez.se prisioneiro de seu próprio egoísmo.

AL VARO ORTIZ

mansão de Paul Getty em Sutton Place


N!> 311 - novembro de 1976 - ano XXVI

Diretor: Paul~ Corrêa de Brito Filho

EURO-ANTICOMUNISMO: tendência em ascensão POR QUE o eleitorado sueco rejeitou o chamado "paraíso do bem-estar"? Por que o socialismo sofre erosão na Alemanha Ocidental, na Finlândia, na Holanda e na Inglaterra? Puro jogo de circunstâncias? Por t rás dos fatos, um dos mais p rofundos problemas de alma do mundo contemporâneo (página 2). Na foto, o ex-primeiro ministro sueco, Olof Palme ainda na época do "paraíso socialista", festivamente recebido em Havana, onde foi levar o apoio financeiro de seu governo ao ditador barbudo.

Como se fez de um tirano uma ''celebridade'' Na China comunista, as crianças devem aprender a falar balbuciando "presidente Mao"' em vez de "papai" e "mamãe". Os agentes comunistas ensinam também que o livro dos pensamentos de Mao contém propriedades mágicas. Assim, para se evitar catástrofes como terremotos, fome, etc., ou para conseguir, por _ exemplo, que as vacas produzam mais leite... O leitor talvez se espante com tais asneiras. Entretanto, setores da imprensa e personalidades de relevo da atual idade, mesmo no mundo livre, parecem ter · aderi· do, de certo modo, ao culto da personalidade que os maoístas da China tributam a seu defunto

chefe. Importantes jornais e revistas do Ocidente dedicaram-lhe páginas _e mais páginas de nutrida publ icidade. Para combater a estranha amnésia aos atos tirânicos de Mao, relembramos sumariamente sua sinistra herança (página 7). Na página 8, o leitor encontra a comparação eloqüente entre a China vermelha e a ·China livre (Formosa). Na foto, agricu ltores condenados por um "tribunal popular", pouco antes de serem executa· dos, durante a campanha da san.grenta reforma agrária implantada por Mao. O crime deles foi o de serem proprietários.


EURO-ANTICOMUNISMO

a antimo BSERVADORES POLITICOS internacionais e categorizados in~titutos de opinião pública vêm salientando ultimamente o aparecimento de uma tendência anti-socialist.a em grandes nações do mundo oci· dental. Alguns a comparam com uma vaga que começa a se desenvolver e ganhar consistência em zonas econômicamente das mais desenvolvidas do mundo. Há algu ns meses tivemos o resultado - para muitos surpreendente - das eleições suecas, considerado o mais importante sinal, e até mesmo marco histórico, dos novos rumos da opinião pública européia. O revés sofrido pelos sociais-democratas em favor dos partidos não socialistas na Suécia foi, até certo ponto, repetido . 15 dias depois na República Federal Alemã quando o Partido Social-democrata deixou de ser a maio,r agremiação política germânica, embora permaneça no poder, devido a sua alia~ça com o Partido Liberal. Mais recentemente outros indícios vieram corroborar a existência desse profundo movimento de opi.nião·registrado na régião norte da Europa e que tende a alastrar-se para outras nações do Ocidente.

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O mito sueco correu o mundo A Suécia, governada nos últimos 44 anos pelos sociais-democratas, de O· rientação socialista, logrou alcançar alto nível de desenvolvimento econômico: o maior índice de PNB ( produto nacional bruto) da Europa - apenas superado pelo dos Estados Unidos - e uni elevado padrão de vida. A média dos salários é a mais alta do continente, e a população não conhece o dcscnlprcgo. Há no país um automóvel para cada quatro habitantes. O número de telcfo. ncs por pessoa está na proporção de wn para dois, e o de televisores, de um para três. Ao lado de um regime intensamente dirigista que levou a colctivização da sociedade a extremos jamais verificados cm países não comunistas, a propriedade privada, entretanto, foi cm grande medida conservada. 90% da produção das indústrias encontra-se nas mãos de particulares e as cooperativas e empresas públicas são rcsponsá, veis somente por cerca de 5% cada; apenas I dos 14 bancos existentes no país pertence ao governo. Poupando o instituto da propriedade particular ao contrário do que acontece nos países comunistas - o regime socialista sueco conseguiu manter sólida a economia nacional. Em todos os outros campos, entretanto, o dirigismo coletivista marcava profunda e progressivamente a vida da nação. Em 1975, o ex-primeiro ministro Oiof Palme visitou Cuba a convite de Fidcl Castro - cujo regime a Suécia subvenciona com generosas verbas. Em Havana. Palme fez aproximações entre o socialismo sueco e o cubano, que foram calorosamente aplaudidas pelo ti· rano vermelho do Caribc. Em quase meio século de governo, os sociais-democratas executaram um programa claramente socialista. A medicina está completamente estatizada. A assi~tência médica, dentária, e até hospitalar é praticamente gratuita. O ensino está a cargo· unicamente do Es, tado e a lei estabelece nQve anos de escola obrigatórios. Os estudantes diS· põem de subvenções do governo para as despesas escolares até alcançarem a Universi.dade. As mães gozam de longos períodos de licença por ocasião do nascimento dos fUhos. Em nome da igualdade entre os sexos, esses períodos podem ser divididos com os pais, ·de maneira que pais e mães se alteram entre o trabalho e o cuidado das crianças recém-nascidas. A educação dos filhos cm idade pré-escolar dá-se geralmente cm creches e institutos análogos sendo que, em muitos casos, as crianças são 2

retiradas do lar, por determinação do governo contra a vontade dos pais. A família sueca é minúscula. Uma sociedade predon1inantcmentc agrária com famílias numerosas e estáveis ·reduziu-se em menos de 2 gerações, a pe· quenas células familiares de apenas 1,7 ftlhos por casal, conforme estatísticas fornecidas pelos institutos suecos de propaganda. Um complexo sistema de seguros sociais obrigatórios pretende garantir a estabilidade completa dos cidadãos: seguros de doença, de acidentes de traba· lho e de'.velhice, bem como abonos de família e subsídios escolares. Os veU,os recebem aposentadoria aos 65 anos percebendo 70% dos salários dos últi· mos 15 anos. Beneficiam-se, além disso, de mo/adias fornecidas pelo governo, compléto serviço doméstico gratui· to e até taxas mensais para viagens e corridas de táxi. O seguro de desemprego é a única fonna de seguro social não obrigatório. O governo social-democrata vangloriava-se de ter alcançado um elevado grau de igualdade social. Os pesados impostos favorecem o nivclamen to das

se-ia o pleno êxito de uma corrente política, com o aplauso e a felicidade do povo. Assi.m, o fazia crer a propaganda, que era aceita por incontáveis multi, dões. Mas esse povo era realmente fe. liz?

O eleitorado rejeita quem lhes dá os bens da matéria mas lhes rouba os do espírito Realizaram-se eleições na Suécia e o partido artífice do "socialismo na fartura" foi derrotado. Os comentaristas são unânimes em afinnar que foi rejei· tado o socialismo sueco. A Suécia do mito se desfez. Apareceu a da realida, de' A corrente política até há pouco l l O poder, levou a um ápice os serviços SO· ciais, na esperança de, atendendo ao maior número possível de interesses, conquistar o eleitorado. Para isso, des, prezou quase completamente o papel das ideologias e das aspirações de cará· ter espiritual. O eleitorado, tendo para cscoU1er de um lado o interesse e de outro as aspiraçõe-s de alma, em nome destas repudiou aquele. As estatísticas são eloqüentes: das 349 cadeiras do Riksdag (Parlamento) os não socialistas obtiveram 180, os sociais-democratas 152 e os comunistas apenas 17. Seis milhões de eleitores, num país de 8 miU1õcs de habitantes compareceram às urnas, entre .o s quais 500 mil pessoas voiaram pela primeira vez cm razão de uma lei reduzindo de 20 para 18 anos a idade hábil do eleitor. Os jovens engrossaram as fileiras dos mnservadores ... A amarga herança do paraíso igualitário

Em Kasset. Alomonho Ocidental, a bandeira da A lemanh• comunista 6 rasgada. A juven·

1ude engrossou as fíleiras aniíoomunistas nM recentes eleiÇQes germânicas.

fortunas e as mulheres desempenham quase as mesmas atividades que os homens. Vemo-las trabalhando nas fábricas ou nos estaleiros. Jovens, de ambos os sexos, ainda solteiros, abandonam em grande número a casa paterna, para se estabelecerem cm residências 1iró· prias. O concubinato é prática habitual, equiparado para efeitos legais, ao casamento legítimo. Da Suécia chamada "sociedade democrática do bem estar" ou do "meio

termo" ou ainda "país do compromisso" formou-se um mito, e o mito correu o mundo. O "modelo sueco" foi aclamado, invejado por toda parte como um verdadeiro paraíso na terra. Esse "paraíso" foi obra de um partido com um programa·soc,alista de inspira, ção marxista: o Social-Democrata, Dir·

Riquezas e atributos da técnica - i· nimagináveis por nossos avós - estavam ao alcance do cidadão sueco. A planificação estatal o levava a gozar numerosas vantagens e benefícios exatamente como milhões de outros compatriotas seus, marcando-os, a todos, com a mesma vida e, quase diríamos, com a mesma morte. Assim tratado, esse povo não se manifestou satisfeito e feliz, mas descontente e com desejo de mu· dar. Foi um traço fundamental da alma humana, comprimido e asfixiado a um estado quase insuportável que levou os suecos a desejarem desmantelar o ··earaíso". Qual é esse traço? Por muito tempo ele permaneceu na sombra sem que nenhuma voz ousasse trazê-lo à consideração de nos· so século, adorador das "conquistas sociais": a criatividade humana natural que distingue e caracteriza uma personalidade. Há em todo homem um pro· fundo desejo de criar algo de próprio ·no qual ele se exprima, não apenas naquilo em que é análogo, mas sobretudo no que é diferente dos outros, deixando assim a marca individual inconfun-

dível de sua passagem pela vida, q11içã pela História. Essa aspiração, como to· dos os demais impulsos retos naturais do homem, pode chegar a resultados péssimos se não for realizada segundo a moral católica. Mas, de si, ela é uma aspiração legítima e necessária, ligada ao plano de Deus para cada criatura nesta terra. Foi o desejo de ver esse anseio de alma realizado que produziu o movimento do eleitorado sueco no sentido de derrubar o regime social-democrata. O dirigismo totalitário impera - nas suas extremas aplicações - nos países comunistas. Nestes, a eliminação da propriedade privada e da livre iniciativa produziram a miséria conhecida por todos. Ecos frequentemente ouvidos das sombrias regiões de além cortina de ferro ou de bambú nos revelam os clamores de povos profundamente sofredores. Qual o pior mal que eles sofrem? A fome física ou essa asfixia do espírito, brutalmente afogada nas pri· vações materiais e na terrível luta pela subsi.stência? De formas e graus diversos, o diri, gismo coletivista, a padronização da vida e o igualitarismo vão ganhando corpo na sociedade ocidental. Não estaria aqui a causa profunda de tantos malestares indefinidos, ansiedades, inconformidades, mais ou menos sepultados nas zonas profundas da alma de nossos contemporâneos? Novas tendências, novos rumos •.. O chamado curocomunismo - enge· nhosa fóm1ula criada pelo italiano Bcrlingüer e seus congêneres - ao que tudo indica , tomou-se já anacrônico e desacreditado, enquanto outras tendências bem diversas parecem caracterizar o futuro. As recentes eleições municipais na Finlândia assinalaram um decréscimo de popularidade dos sociais-democratas de 2,2% e um aumento de 3% em favor dos conservadores. O fato cresce cm significado quando se recorda que esse país sofre poderosa influêrfcia da Rússia devido à proximidade geográfica com esta. Generalizou-se o termo "finlandização" para qualificar a limi· tação de autonomia advinda, para certos países, de pressões psicológicas dos soviéticos. No mesmo sentido, manifestaram· se as pesquisas de opinião realizadas há pouco na Inglaterra e diVlllgadas pelo jornal Evening Standart. De acordo com tais inquéritos, se agora fossem realizadas eleições, os conserv~dorcs venceriam facilmente com 4 7% dos votos contra apenas 30% que seriam concedidos aos trabaUlistas.

Estarão esses indícios de reação vi· va da opinião pública européia ao socialismo marcando novos rumos e novas metas para o futuro de nossa civi· lização?

" Uma antimoda que está na moda" O exemplo do povo sueco transpôs as fronteiías e preocupou as esquerdas européias. Socialistas franceses apres· saram-se em descobrir razões para explicar o revés sofrido por seus companheiros suecos. O ex-chanceler alemão ocidental Willy Brandt declarou-se sur· preso. L 'Unità, órgão do PC italiano, lamentou "o imprevisível e dramático resultado eleitoral" e o chefe socialista peninsular Ricardo Lombardi, afirmou: "As esquerdas estão derrotadas". Assustados também ficaram os so·. eia.is-democratas alemães. E com razão' Encontravam-se às vésperas das eleições. O pleito veio confinnar a vaga anti-socialista. O Partido Social Democrata alemão-ocidental (SPD) cujo progra, ma é também socialista, embora me· nos notório que o de seu congênere

sueco, sofreu, mesmo assim, significa· tivo retrocesso nas urnas. Alcançou somente 42,6% dos votos, enquanto a u. nião Cristã Democrática (CDU) e sua filial bávara, a União Social Cristã. (CSU) - partidos de tendência conservadora - obtiveran1 48,6%. O atual governo social-democrata de Helmut Schmidt ·só se manteve no poder graças à colaboração do Partido Liberal (FDP), .:.; tendência centrista. O professor Max Kaire, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Man nhein, pesquisando em profundi· dadc a realidade sócio-política alemã de nossos dias concluiu: os operários católicos que cm 1972 votaram nossociais-democratas, nestas eleições apoiaram os conservadores; o SPD também perdeu votos femininos, e não conseguiu arrebanhar os eleitores jovens que, em sua maioria, votaram na CDU. Não parece ter restado nenhum setor do público para os sociais-democratas... A tendência anti-socialista já vinha sendo percebida na Alemanha há alguns meses pelos mais argutos observadores, e se manifestava mediante um gradativo, mas incessante deslocamento dos jovens para as organizações conservadoras. Este fenômeno levou o Ministro da Defesa alemão ocidental Gcorg Leber, do Partido Liberal, a -definir a situação como uma "antimoda qi,e está 110 1noda".

Decididamente, os ventos da moder· nidade não sopram para o lado dos socialistas...

ARNÔBIO GLAVAM


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AULO VI LAMENTOU as ambigüidades que surgiram, na Igreja, após o Concílio, perturbando a consciência de muitos fiéis e extenuando o vigor da Fé. Podemos ver nessa constatação um efeito da ''fumaça de Sa· ta11ás", que poluiu os ambientes eclesiásticos, e um dos meios de autodemolição da Igreja, ou seja, de uma destruição por elementos que nEla se encontram instalados. Uma das maneiras de alimentar as ambigüidades nefastas entre os fiéis é à imprecisão com que se exprimem, hoje, certos dogmas da Fé. Ora diminuindo-os no vigor, ora exagerando-os, ora conceituando-os em termos elásticos, a conseqüência é sempre o desassossego causado pela ' insegurança doutrinária. · Entre os dogmas, cuja imprecisão na terminologia maior confusão e intranqüilidade causa, está o da Infalibilidade pontifícia. Alguns o ampliam, atribuindo inerrância a qualquer pronun- , ciamento do Papa, chegando alguns a confundir :infalibilidade com impecabilidade, como se o Romano Pontífice, pelo fato de ser Papa, fosse incapaz de falhar na prática da virtude cristã. Outros há que restringem em demasia o âmbito da infalibilidade, questionando até verdades já definidas por todo o sempre, como acontece com vários pontos do ensinamento ·católico fi. xados pelo Concílio de Trento. Para esclarecimento de nossos leitores sobre a matéria, resumimos aqui um substancioso artigo da revista belga Myst~rium Fidei (n9 33 de julho deste ano).

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A Infalibilidade Na alocução de 18 de setembro de 1968, por ocasião da audiência geral de Castelgandolfo, P.aulo VI insistia sobre o cuidado em procurar a informação exata e completa. Tal recomendação aplica-se também às definições da Santa Igreja. E indispensável conhecer todo o alcance do ensinamento do Magistério, dentro, porém, sempre do âmbito delimitado pelo mesmo Magistério. Semelhante cuidado se impõe também quando se trata da infalibilidade pontif/cia. - E exato que o Papa é sempre infalível? L 'Homme nouveau, periódico francés, responde, em sua edição de 6 de' junho deste ano:

"CollW rodo homem, pode o Papa pecar. Mas, como rodos os seus predecessores, ele é i11fali· vel para manter a Fé e os Costumes". Jean Madiran em lti11éiaires Gulho/agosto 1976),aocomentar a afirmação imprecisa de L 'Homme 11ouveau, salienta que o tratar-se de Fé ou Costumes é uma condição necessária para que o ensinamento possa envolver infalibilidade, mas não é suficiente.

O texto da definição · Com efeito, o texto da definição deste dogma de nossa Fé não pede que o objeto do en, sinamento seja assunto de Fé ou Costumes. Impõe a.inda outras condições. Ei-lo na sua clareza e precisão: "O Romano Po11ti[ice, quando fala ex cathedra, isto é, quando. 110 desempenho de

sua função de Pastor e Doutor de rodos os cristãos, define. em virtude de sua suprema autoridade apostólica, que uma do111ri11a concer11e11te à Fé' ou aos Costumes deve ser aceita por toda a lgreia. goza, graças à assistência divina, a ele prometida 110 pessoa de São Pedro. daquela i11· falibilidade da qual ·quis o Divino Redentor fosse dotada a sua lgreio ao definir uma doutriw sobre a Fé ou os Costumes; assim, tais defini· ções são por si mesmas irreformáveis, e não pelo consentime11ro da lgreio ·• ( 1) (destaque nos so). Magistério extraordinário

Semelhantes atos pontifícios constituem a expressão do seu "Magistério extraordinário" (ou solene), isto é de sua Autoridade docente de Príncipe dos Apóstolos, excepcionalmente afirmada sobre toda a Igreja, dentro das condições de sua estrita competência, com termos de uma precisão canônica, impondo-se à consciência católica e excluindo toda possibilidade de ulterior mudança.

O modo de definir A garantia de autenticidade destes atos solenes não reside no luxo do aparato exterior. Para uma definição, o Papa poderia utilizar igualmente uma Encíclica, uma Rádio-mensagem, como um Breve ou uma Constituição Apostólica. Ele permanece livre de escolher o modo de expressão que julgar mais oportuno (2). Porquanto. basta - mas é absol11tamc111e necessário - que o Papa proceda conforme as condições requeridas. dogmaticamente definidas,

para· que um ato ex cathedra tenha sua exis· tência objetivamente comprovada como infalível, sem lugar a dúvidas.

"Como o uso constante da lgreia e dos So· bera11os Pont ifices consagra cerras fórmulas, para assinalar sem possibilidade de dúvida, a to· da a Cristandade, o iulgamento supremo definitivo (... ). segue-se que, se o Papa negligencia tais fórmulas e não exprime claramente que. a· pesar desta omissão, e11te1ule ele e deseia defi· 11ir como iuiz supremo da Fé, deve-se pensar que não exprimiu seu iulgamento como infalível" (3) (destaque nosso).

ena Vâle dizer que eles qu iseram, assim, sublinha', uma fidelidade pastoral e doutrinária, da qual depende o valor da inerrância do julgan1ento presente, proceda ele do Magisté rio solene ou do ordinário. Com efeito, o Espírito Santo não foi prometido aos sucessores de São Pedro para Uies p~rmitir publicar uma doutrina nova, sob sua inspiração; mas, para guardar de modo estrito, e expor fielmente com sua assistência, a Revela· ção transmitida pelos Apóstolos, isto é, o Depó~to da _Fé (8) . São Vicente de Lcrins resumiu muito bem o critério na matéria: "Na Igrep Cà·

tólica deve-se ter o máximo empenho em pr.ofessarmos aquilo que, em rodo o lugar, sempre e por todos foi cri · do" (9).

"De si e não pelo consentimento da Igreja"

E preciso evitar o pensa-

Fora deste conjunto e desmento de que o carisma da ta ' continuidade, que são os infalibilidade é totalmente indois aspectos da Tradição, e dependente da Igreja. Pessoal fora da assistência divina proembora, e possuindo um vametida ao Magistério, agindo lor independente do consenem sua ordem e de acordo timento da Igreja, não está com o costume, não há espéele desvinculado da Igreja, cie alguma de garantia foruma vez que o Romano Ponmal, para o exercício correto tífice o possui precisamente do cargo supremo na Igreja, enquanto éhefe da Igreja e na e, portanto, nenhum dever de sua função de doutor e pas· obediência incondicional. Astor dessa Igreja. Recusandosim, é necessário, portanto, se a ver no consentimento da para nossa salvação, que a virIgreja, a fonte da infalibilida-t tude da obediência comporte de pontifícia, o Concílio do .,• ~ · esforços de discernime11to, \,'aticano, absolutamente não Pio I X, proclamador que sejam a contrapartida mequis dizer que o Papa - aliás, da Infal ibilidade Pontifícia ritória do Dom do Conselho. órgão da Tradição - deveria no exercício do seu Magistério infalível prescindir do contato estreito com Alguns exemplos h istóricos o sensus Ecc/esiae (4).

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Magistério Ordi nário

Além do Magistério extraordinário, solene, exerce o Papa um Magistério ordinário. · Sem dúvida, distintos, seria erro grave opor Magistério solene e ordinário, segundo as categorias muito sin1plistas de infalível e falível (5), uma vez que, seja qual for a via pela qual nos chega a Doutrina, esta é sempre infalivelmente verdadeira, quando certamente ensinada pela Igreja inteira, ou somente pelo seu Chefe. Contudo, enquanto no Magistério solene a garantia pode nos ser dada pelo julgamento de um só, tomado à parte, no ensinamento ordinário ela só pode provir de uma continuidade e de um conjunto. Fora dos julgamentos solenes, a autoridade das diversas expressões do ensinamento pontifício comporta· degraus e matizes. Todos, não obstante, se integram autenticamente nessa Tradição contínua e sempre viva, cujo conteúdo não poderia estar sujeito a erro sem que periclitassem as promessas de Jesus Cristo, e a própria economia da instituição da Igreja (6). O _Magistério e a T radição

Assim, o critério para se avaliar um ensinamento isolado, é relacioná-lo com o ensinan1ento, continuado através dos séculos, verificado em toda a Igreja. Continuidade. - Ensina Pio XII: "Desde os

tempos mais remotos. enco111ram-se diversos testemunhos. indices ou vestigios que ma11ifes· tom a Fé comum tia !greia 110 decurso tios sé,·ulos" (7). A mesma conclusão emerge do costume habitual dos Papas, pois, percorrendo as Atas dos Pontífices Romanos, pode-se perceber o. cuidado que tiveram eles em c itar, a propósito de cada problema, as decisões de seus prede_cessores e de se situar. através de suas múltiplas referências, no conjunto da Tradição.

Bem examinada a definição da infalibilidade, proclamada no I Concílio do Vatiçano, vê-se que o exercício do magistério pessoal infalível, considerando-se seu campo e suas condições, não atinge todos os atos pontifícios, como também se evidencia que "não será preciso crer que a infalibilidade abarca todos os domínios da atividade pontifícia". E isso de tal modo verdadeiro, que os teólogos estudam o caso de um Papa escandaloso, de um Papa herético, de um Papa cismático ... Resulta, aliás, que os casos nos quais a infalibilidade pessoal do Papa está engajada são marcadamente raros. Quanto ao Concilio Vaticano li, Paulo Vl, formalmente, excluiu-o do magistério infalível. Eis suas palavars: "Dado

seu caráter pastoral, o co11cflio evitou pronunciar, de maneira extraordilllÍria. dogmas dotados de nora da i11falibilidade" ( 1O). Alguns exemplos históricos ilustram a doutrina exposta.

João XXII e Bento XII Em três sermões, pronunciados respeclivamen te em 19 de novembro de 1331, 15 de dezembro de 1331 e 5 de janeiro de 1332, o Papa João XXII expôs suas opiniões singulares, sobre a sorte dos homens depois da morte. Ele ensinava, especialmente, que as almas dos eleitos deviam aguardar a ressurreição da carne e o Juízo final, antes de poderem gozar da visão beatífica de Deus, e que, de maneira semeUiante, nem os demônios nem os homens condenados não iam para a pena eterna antes desse dia. Tal opinião parecia ter algum fundamento em certas passagens da Sagrada Escritura; mas o conjunto da Tradição Ule era contrária, embora naquela época todas as verdades reveladas, concernentes a este assunto', n'ão tivessem ainda sido definidas. Estribado, no entanto, em certos teólogos e em suas interpretações dos Doutores da Igrej a, o

Proclamaç.io do dogma da Infalibilidade Papal, no Concílio Vaticano 1

rea ,Soberano Pontífice persistia na sua opinião, pu- . blicando mesmo, em 1333, um libelo para sustentá-la. A oposição dos fiéis ameaçava ser violenta. A pedido do Rei da França, as sumidades da Universidade de Paris e das Ordens religiosas estudaram o assunto e chegaram a uma conclusão contrária à opinião do Papa. Este, no Consistó· rio de 3 de janeiro de 1334, declarou-se disposto a retratar-se, se se verificasse .que seu pensamento se opunha à Doutrina comum ... E o fez realmente. Em 3 de dezembro de 1334, na véspera de sua morte, assinou a BulaNe super his, pela qual , ria presença do colégio dos Cardeais, revogava solenemente a doutrina ~ ue ensinara. Seu sucessor, Bento XII, publicou a Bula da retratação, e alguns anos mais tarde, definiu, solenemen te, como verdade de Fé, a opinião contrária à de João XXII. O fato histórico torna patente que o Papa não é infalível em todos os seus ensinamentos (11).

Clemente VII No século XVI, tentou-se um conúbio entre o Paganismo da Renascença e a Igreja. Daí o fato de homens da Igreja se proporem a celebrar as festas cristãs, valendo-se .de odes clássicas, ao sabor da Antigüidade pagã. Tratava-se de "adaptar" os textos litúrgicos às necessidades da époéa! Nos hinos, reformados pelos cui dados do Cardeal humanista Zacarias Ferreri (12), a Virgem Maria é, muitas. vezes, designada como "felix dea. deorw11 maxima, nympha ca11didissima ·: A Santíssi.ma Trindade é chamada "trifonne m1me11 Olympi''. Personagens da mitologia pagã, como Baco e Venus, foram também introduzidos na Liturgia. · Apesar do que há de profanação das coisas sagradas em todo esse delírio ren~centista, em 11 de dezembro de 1525, o resultado dessas "experiências" foi aprovado pelo Papa Cle. mente VII em um Breve. Neste, após um elogio entusiasta das inovações, lêem-se estas palavras:

"... por determinação própria e de nossa ciê11cia certa, Nós concedemos e mandamos com autoridade _apostólica, pelo teor das·prese11tes letras, que todo o fiel, mesmo Padre, possa usar estes hinos, mesmo nos Ofreios divinos" (destaque nosso). Compreende-se que São Pio·V, ao coibir os abusos que se filtravam na celebração da Santa Missa e dos Of{cios litúrgicos, nem se refira a tio inaudito documento pontíficio. Considerouo como não existente. Não obstante, naquele tempo, encontraramse pessoas que pensavam cumprir seu dever, vagando à deriva do sentimento, do mimetismo, da estultície e tibieza. Possa o exemplo servir para orientar a legítima obediência aos superiores, de acordo com o pensamento de Santo To- . más de Aquino: "Non i11 omnibus praelatis est

oboediendum" ("Não é preciso obedecer em tudo aos Prelados") (13).

Estêvão V I e Sérgio 111 Com a finalidade de fazê-lo passar por um simulacro de processo, Estêvão Vl mandou desen • terrar o corpo do Papa Form·oso, f~lecido nove meses antes. Fê-lo revestir dos ornamentos pontifícios, colocá-lo num trono e submetê-lo a um interrogatório cerrado, no qual, um diácono, ao lado do cadáver, se encarregava de responder pe· lo defunto. Em seguida, o Papa insultou, numa alocução, os restos de Formos1i, cuja eleição contestava. Declarou ,invâlidas todas as suas sa&Jações de Bispos e fez cortarem-lhe os dedos que estendia quando abençoava. Toda a "cerimônia" se processou em Sínodo, com Prelados assistindo o Papa e cohonestando sua ação. Enfun, !lespojaram o cadãver de suas vestes, não conseguindo a.rrancar o cilício, inCl'\JSlado já na carne, e deram-lhe uma Extrema-Unção. (Como se vê, para esse Papa, não contava nem o respeito dos Santos Sacran1entos, nem o dogma sobre o valor dos Sacramentos administrados por pecadores, infiéis ou·heteges). Um tremor de terra, que abalou a Basíli, ca de Latrão, passou despercebido pelos autores do ignominioso processo, ·conhecido na História, como "S(nodo Cadavérico''. O povo, profund'amente indignado, alguns meses depois prendeu Estêvão VI, vestiu-o de monge e estrangulou-o na prisão. Os sucessor.es de Estêvão Y.I repararam as injúrias feitas a Formoso pelo tristemente célebre "Sli1odo Càdavérico". Entretanto, Sérgio Ili (Papa de 904-911), homem cruel, mundano e de maus costumes - o qual inaugurou a "pomocracia" em Roma - novamente reeditou as medidas contra as ordena{i>cs de Formoso, obrigando os Bispos Sagrados a serem novamente sagrados e os Padrcs.ordenaConclul no pdgino (i

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SÃO TIAGO MAIOR, ANTIAGO DE COMPOSTELA, a imponente cidade-santuário, onde repousam as relíquias do Apóstolo São Tiago Maior, encerrará oficialmente o 1140 Ano Santo compostelano no próximo dia 31 de dezembro, com o fechamento da Porta Santa. Há mais de onze séculos Compostela polariza as atenções da Cristandade. O Papa Pio XJI, cm alocução de I 940, afirmou que, "depois do taber11á~ulo, onde vive realmente presente. ainda que i11visfvel, Nosso Senhor Jesus Cristo: depois da Palestina, que co11serm, além do Santo Sepulcro., os vestfgios de Sua passagem pela re"a; depois de Roma, que guarda o túmulo gloriosc do Prf11cipe dos Apóstolos, 11/ío ll(Í porventura lugar ao qual te11ha acudido através dos séculos um número tão grata de de devotos e peregrinos, como a capital histórica da Galfcia, Santiago de Compostela''. Cerca de 80 Papas, em mais de 300 documentos, prestigiaram calorosamente as peregrinações a Santiago a única Basílica apostólica do Ocidente, depois de Roma.

S

Europa, de tal modo se identificavam com a Via Láctea, que até hoje nossa galãxia é chamada o "caminho de Santiago''. Podiam ser contadas, nos bons tempos da Idade Média, quinhentas mil pessoas cm peregrinação contínua. Antes de partir, os grupos reuniamse nas igrejas de suas cidades de origem para receber os símbolos dessa can1inhada .p~nitencial: o cajado, a escarcela (mochila de couro) e as conchas, as quais eram consideradas símbolos da peregrinação. O peregrino medieval característico .. '

quis que somente os três assistissem a; ressurreição da CiUta de Jairo. A eles loi concedido o privilégio de testemunltar a gloriosa transfiguração do Tabor, bem como a terrível agonia no Horto das Oliveiras. Os três, que sempre revelaram maior apetência em conhecer o pensamento do Filho de Deus, especialmente no que se referia aos castigos futuros e ao fim do mundo, rccebcran1 mais este si- . nal de distinção: somente a eles Nosso Senhor impõs um nome novo. Simão· • foi cognominado Céphas, que quer di·

São Tiago, no Porcal da Glória

APOSTOLO D) ardente de lutar pela implantação do Reino de Deus na terra, até à efusão do próprio sangue, seria cada vez maior nos dois privilegiados irmãos. Apóstolo da Espanha

Após o martírio de Santo Estêvão, como registra São Lucas, os Apóstolos resolveram dispersar-se. São Tiago escolheu para evangelitar as terras do extremo Ocidente, de onde os fü.hos de Tiro e Sidônia extraíam ouro. Foi assim que rumou para a Espanha, percorrendo-a em todos os sentidos. Ana Catarina Emmerich, a mística alemã do século XJX, afirma que ele esteve na Península Ibérica durante quatro anos. Mas há quem sustente que esteve por oito anos, ou mais. Segundo a maioria

O "caminho de Santiago"

As peregrinações a Santiago, que se iniciaram com a descoberta do túmulo do Apóstolo, no ano 816, constituíram impressionante manifestação da unidade cristã em face do perigo muçulmano. O primeiro personagem de relevo a tomar o bordão de peregrino, que a História registra, foi o Bispo de Puy (França), Godescalco, seguido logo por numerosos Bispos e Arcebispos, como o de Mogúncia (Mainz). Reis e Príncipes, senhores feudais e vassalos, homens e mulheres de todas as categorias sociais, povoaran1 de tal maneira os numerosos "caminhos de Santiago", que um emissário árabe do séc. XI, registrou este testemunho: "Quem é esse perso1111gem tão grande e tão ilustre que os cristãos vém para rezar junto a ele d'além Pirineus e de mais longe ainda? Tão gra11de é a multidão dos que vêm e vão que mal deixa livre a passagem nas estradas até o Ocide11te". Os movímentados caminhos que conduziam ao extremo Ocidental da

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dos autores, aquela terra foi inicialmente, muito ingrata, e resistiu à voz de São Tiago, que não teria convertido . senão alguns J?Oucos discípulos. Maria de Agreda, a famosa vidente espanhola do século XVII, com a autoridade inegável das revelações que teve, desmente formalmente essa versão. Afirma categoricamente que o Santo Apóstolo, custodiado por cem Anjos especialmente designado. por Nossa Senhora, percorreu toda a Espanha "com mais segurança que os israelitas pelo deserto", deixando solidamente plantada a Fé por todos os lugares, sagrando Bispos "para o governo dos fi· lhos que e11ge11drara em Cristo" ("Mística Ciudad de Dios", Madrid, 1970, livro VII, cap. 16). - Historiadores· fan1osos como Flavio

O peregrino inoc,

Faeh&da da Catedral do Santiego do Compostela. No alto da p6gina. São Tiago. o "Mata,mou~ ros", porque liquidou 70 mil muçulmanos quando interveio mílegro"'monto om uma batalha. durante I RoconquiS1a.

di{igia-se primeiro à Abadia de São Miguel, na Normandia, para implorar a proteção de "Sai11t·Michel du féril". Aí ele recebia de mãos sacerdotais os SÍmbolos da peregrinação; depois ia a Santiago, em seguida a Roma e, por fim, a Jerusalém. Os hábitos de outrora -peregrinar à pé ou a cavalo - ainda hoje se conservam, sendo particularmente notável o número crescente de fiéis que, renunciando às comodidades modernas, vão procurar conforto espiritual junto às relíquias do grande Apóstolo. O Ano Santo de 1971, que contou com dois milhões de peregrinos, superou o de 1965. Calcula-se que, no corrente ano, a aJluência de peregrinos chegará a três milhões. Esse auspicioso movimento espiritual, similar ao que ocorre no Brasil 1600 mil fiéis participaram da procissão do Círio de Nazaré no último dia 1O de outubro, em Belém, considerada a maior do mundo, enquanto cm Aparecida do Norte o número de romeiros vem aumentando, em média, 20% cada ano, segundo as autoridades locais Jparece denotar a ação do Divino Espírito Santo sobre as almas frustradas com os desatinos de nosso século. A voz do trovão

No parecer de Santo Epifânio, São Tiago foi aquele discípulo de João Batista designado para interrogar o Salvador sobre sua divina missão. 1, fora de dúvida, entretanto, que tão logo Nosso Senhor .começou a vida pública, os dois filhos de Zebedeu, Tiago e João. apressaran1-se a ouvi-ló e, quando receberam a vocação, não vacilaram um instante em abandonar tudo para seguir o Divino Mestre. O que certamente contribuiu para serem distinguidos com a predileção especial que Nosso Senhor sempre lhes dispe_nsou. Com efeito, São Tiago, juntamente com São Pedro e São João, presenciou quase todos os milãgres. Nosso Senhor

zer Pedro, os dois irmãos foran1 chamados . Boanerges, isto é, Filhos do Tro1tio. O que deve ser atribuído ao zelo fulminante, à impetuosidade de caráter e à voz tonitroan tc dos fühos de Zebedeu. Seis meses antes da Paix~o, sentin· do profundamente a injúria que os samaritanos faziam a Nosso Senhor ao recusarem recebê-Lo, os dois filhos do Trovão, ávidos de fulminar a iniquidade, ofereceram-se para fazer descer fogo do céu e consumir a Samaria. O que outrora foi dado ao profeta Elias fazer contra as tropas insolentes do rei Acab, São Tiago, conforme veremos, realizaria mais tarde, e bem mais tarde, a seu modo, mas de maneira não menos admirável, em terras hispânicas. A bondade e especial familiaridade que Nosso Senhor condescendia em manter com os dois irmãos provavelmente inspiraram neles o desejo e a esperança de uma distinção ainda maior: serem os primeiros, por toda eternidade, ao lado de Cristo-Rei, um à direita, outro à esquerda. Tiveram a habilidade de apresentar o pedido através da mãe, Salomé, que o fez com toda confiança, como alguém que estava habituada a ser atendida. A Nosso Senhor não passou despercebido que os dois falavam pelos lábios da mãe, por isso respondeu a eles diretamente : "Não sabeis o que pedis''. E acrcsccn tou esta pergunta incisiva: "Podeis beber o cálice que eu hei de beber? " Como a lhes dizer: vós quereis a glória, mas não cogitais no que a precede, as amarguras e os sofrimentos. Os Boanerges compreenderan1 perfeitamente e não vacilaram: "Podemos". declararam peremptoriamente. Nosso Senhor, a Quem nada era O· culto, confirmou que efetivamente beberiam o Seu cálice, mas, quanto à glória. não disse nem sim nem não, reser~ vando a decisão ·aos decretos do Padre Eterno. A parlir desse momento, o desci?

A LEGENDA é a flor da admiração que um povo oferece ao sublime. J; uma das expressões mais delicadas da lite.ratura popular. O mundo, nas legendas, foge da vulgaridade cotidiana para embelezar a prosa da vida com wna visão id~alizada. Não é, entretan· to, pura invenção, nem mero passa· tempo literário, mas uma criação da imaginação popular, que a partir de fatos reais e históricos, sublima-os e os transfere para o mundo do maravilhoso. A legenda não é, pois, C(!ntrária f realidade que sempre lhe serve de fwidamento. Em certo sentido, é um aspecto mais profwipo desta. Nesta perspectiva, julgamos ilustrativo apresentar a nossos leitores esta legenda sobre um peregrino milagrosamente salvo da morte injusta pela intercessão de Nossa Senhora e de São Tiago. NOS CONFINS da França habitava um piedoso casal de grandes virtudes e , profunda religiosidade, sendo an1bos muito devotos da · Santíssima Virgem. Havia quinze anos que estavam casados e não tinham filhos. Por isso, embora fossem felizes em seu casamento, seu desejo constante era ter um filho e oontinuan1ente o imploravam a Deus e a sua Mãe divina, sem que até então tivessem conseguido o sonho de sua vida. Contudo, não havian1 perdido a esperança de tê-lo e continuavan1 pedindo a Deus encarecidamente. Uma noite, quando dormiam, apareceu-lhes cm sonhos Ma.ria Santíssima. anunciandolhes que Deus lhes concederia um fi. lho, mas sob condição de que o levassem, quando fosse maior, cm peregrinação ao sepulcro do Após tolo São Tiago. Ao despertar, os dois se comunicacam os respectivos sonl1os, convencendo-se, ao ver que ambos tiveram amesma revelação, de que era uma comwiicação divina. E juntos foram dar graças por isso à Mãe de Deus. Passados alguns meses, a muUter deu à luz um filho varão ao qual puseram o nome de Tiago, por devoção ao Apóstolo, considerando-se o casal mais ditoso do mundo com aquele filho que Deus lhes havia concedido.

 MEDIDA em que o menino ia crescendo formoso e esbelto, sua grande · inteligência e sua bondade iam se manifestando, fazendo dele um conjunto de perfeições que constituía o orgulho de seus pais e o encanto de quantos o viam. Quando ele completou quinze anos, os pais decidiram cumprir o mandato divino e empreenderam com seu füho a peregrinação a Santiago de Galícia, para se prostrarem diante do sepulcro do Apóstolo e dar-lhe graças por sua mercê. Na metade do caminho, em Nájera, alojaram-se em uma hospedaria de peregrinos para passar a noite. Atendeuos uma filha do hospedeiro,:muito jovem, que ficou tomada pela beleza do rapaz e o assediou descobrindo-lhe seus sentímentos. Mas ele a desprezou. Ela, cheia de ressentimento, ao ver-se rejeitada sentiu desejos de vingança e concebeu uma diabólica idéia. Esperou que o rapaz dormisse, entrou em seu aposento sem fazer ruído e escondeu cm sua mochila de viagem, entre suas roupas, um precioso cálice de ouro lavrado por um famoso ourives e adornado com pérolas e pedras preciosas de incalculável valor.

AO AMANHECER do dia seguinte, os peregrinos tomaram novamente sua rota, rezando ao Apóstolo. Quando já haviam percorrido cerca de cinco quilômetros, foram alcançados peio hospedeiro, sua ftlha e alguns acompanl1antes, que os acusaram de haver roubado o cálice. Os peregrinos o negaram rotundamente, jurando pelo mais sagrado que nada haviam apanhado. Mas a filha do hospedeiro afim1ava que haviam sido eles, pois foram os últimos a beber no cálice, que desapareceu de seu lugar no momento de sua partida. E propôs que, para tirar a dúvida, se revistassem os sacos de roupas dos peregrinos. Ao abrir a mochila do rapaz, encontra.ram o cálice, com grande surpresa para os peregrinos. Estes foram então conduzidos às autoridades e o jovem denunciado como lad.rão.

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VOZ DO TROVAO,

~ESPE Dextro e os bolandistas mencionam o concílio nacional realizado em Penlúscola, no ano 60, que reuniu dez dos Bispos sagrados por São Tiago: Eugênio, Bispo de Valência; Basílio, Bispo de Cartagena; Pio, primeiro discípulo do Apóstolo, llispo de Sevilha; Agat6rio, de Tarragona; Helpídio, de Toledo; Aetório, de Barcelona; Capito, de Lugo; Efrém, de Astorga; Hector, de Palência e Arcádio, de Logronho. Por um edito de Nero, alcançaram todos a palma do martírio. Nossa Senhora, que vivia em Jerusalém, foi em pessoa à Espanha duas vezes: uma, a Granada, para salvar São Tiago de uma situação aflitíssima; e outra, a Zaragoza, para confinnar o sucesso da cristianização daquele país, assegurando-lhe Sua proteção.

Esta segunda visita é célebre no mundo inteiro, pois deu origem à devoção a Nossa Senhora do Pilar.

convocado pelos interesses da Igreja, convertendo pelo seu zelo grande número de pe-ssoas. Os judeus, irritados com tal êxito, organizaram um tumulto, fazendo prender São Tiago como " perturbador da ordem pública". Herodes Agripa, interessado em agradar aos judeus, não hesitou em mandar decapitar o fogoso Apóstolo. São Tiago tomou-se assim o primeiro mártir do Colégio Apostólico. Dois de seus discípulos espanhóis que o haviant acompanhado - Atanásio e Teodoro - transladaram seu corpo para a Galícia, depositando-o numa cripta aberta na rocha, dentro ~e 1;1m,

Este oráculo - sustenta Dom Guéranger - verificou-se literalmente com nosso Santo. Embora São Tiago jamais tenha sido olvidado pelos espanhóis (há significativos testemunhos históricos nesse sentido], século e meio após a domina ção muçulmana havia se perdido a me_móri~ da localização do túmulo do A :

.a.

A Virgem do Pilar Na cidade de Zaragoza, São Tiago pregava durante o dia e, à noite, costumava rezar, juntamente com seus discípulos mais fervorosos, às margens do rio Ebro. Foi aí que lhe apareceu a Mãe de Deus, sentada sobre um pilar de jaspe, transportada pelos Anjos. Por indicação da Virgem, o·Apóstolo erigiu a! uma capela - a primeira do mundo em honra ae Nossa Senhora onde se encOf\tra hoje o majestoso santuário. Pouco depois, o Apóstolo da Espanha voltou a Jerusalém, certamente

cebeu como uma hóstia de holocausto; reaparecerão a seu tempo; brilharão e respla11decerão como ce11telhas que correm por um ca11avia/; julgarão as 11ações e dominarão os povos: e por eles rei11ará etername11te" (Sap.3, 6-8).

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Ao amanhecer, o jovem, com grande paz e serenidade de esp!rito, aceitando a vontade divina, foi conduzido entre os alguacis ao patíbulo, situado nos arredores da cidade, e ali cumpriuse a sentença. OS PAIS, sentindo-se sem forças para presenciar a execução de seu filho inocente, continuaram sua peregrinação a Santiago, enchendo os vales com seus tristes lamentos e regando o caminho com suas lágrimas amargas, sem encontrar consolo em sua dor. Durante cinco dias e cinco noites, caminharam sem descanso, vergados pela angústia e queixando-se ao Céu que llles ordenou empreender aquela peregrinação na qual perderam o sol de seus olhos e o alento de suas vidas, condenando-os a sofrer aquela tortura durante o tempo que lhes restava de vida. Esmagados pelo sofrimento, não haviam pensado antes em dar sepultura sagrada aos restos de seu filho. E então decidiram tomar o caminho de volta e pedir o cadáver para o enterrarem piedosamente. Ao se aproximarem da cidade, o pai ia se queixando a grandes brados de que Deus não lhe houvesse enviado a morte em vez de ao filho; e quando já estavam perto, viram de longe que o corpo de seu filho continuava pendurado no patíbulo; ansiosos, aproximaram-se dele e ouviram a voz do jovem, que os repreendia por suas queixas e sua pouca resignação ante os desígnios divinos. Maravill1ados ao ouvi-lo, correram a abraçar seu filho, e este lhes relatou como lhe havia aparecido uma esplendorosa Senhora, que era a Virgem Maria, cheia de glória e majestade, com vestimentas resplandecentes e acompanhada de um venerável ancião que lhe disse ser o Apóstolo São Tiago; os dois seguraram-no pelos braços para Uvrá-lo da morte e assim não sofreu o menor dano. Alimentararn-n_o

º·o

durante cinco dias, prodigalizando-lhe toda espéçie de consolos .e ternuras:

OS PAIS, radiantes de júbilo, correram à autoridade suprema do lugar para lhe dar conta do milagre. Porém, o perso. nagem, que se achava à mesa tomando refeição, negou-se a acreditar que o jovem estivesse vivo depois de cinco dias na forca e lhes disse, apontando-lhes um frango assado sobre a mesa: "É tão impossrvel que.

vosso filho viva, como que este frango ressuscite". No mesmo instante, à sua vista, o frango levantou-se da panela e batendo as asas voou dizendo: "Prodigioso é o

Se11hor em seus Sa11tos''. Atônitos, transladaram-se todos imediatamente para o lugar onde estava o enforcado e o encontraram com vida, e tirando-o da forca, entregaramno a seus pais. Diante daquele milagre, revelador da inocência do jovem, o juiz reviu o processo e interrogou a filha do hospedeiro, a qual, acossada pelas perguntas do tribunal, confessou seu crime, sendo eJa condenada à morte na forca. Mas os pais do jovem, não querendo ofuscar com nenhuma morte a prodigiosa salvação de seu ·filho, acudiram a suplicar ao tribunal o indulto à moça, conseguindo por sua intercessão que fosse comutada a pena. Em vez de enforcá-la, cortaram-lhe o cabelo e vestiram-na com hábito de freira. E assim pennaneceu ela toda sua vida, fazendo penitência para conseguir o perdão de seu delito. QUANTO AO jovem, o Bispo tomou-o sob sua proteção, e com ele e seus pais chegarani ao túmulo do Apóstolo São Tiago e deram graças ao Santo pela proteção que lhes dispensara. E ali o jovem se fez Sacerdote e viveu santamente. glorificando a Deus até o fim de seus dias. V. G:ucfo de Diego, da Real A<;ademia Espa· nhola - Antología de lc)·cndas de 1:1. Litera-

tura Universal. Ed. Labor S.A .. Madrid, 1953, pp. 227-229.

sepulcro coJJstru!do em estilo rOJ!ll\!lO, sobre o qual erigiram uma pequena capela. Dir-se-ia que terrrunava aqui o que poderíamos chamar a carreira apostólica de São Tiago. A missão contida no 11ovo 11ome que o Senhor lhe deu, teria se esgotado em· sua curta existência, sem se desabrochar por inteiro. São Pedro tomou-se, efetivamente, a pedra fundamental da Igreja, até a consumação dos séculos. São João realizou sua missão na IU,a de Palmos, ao escrever o Apocalipse entre relâmpagos e trovões. E São Tiago? 11 certo que alcançou êxito na Espanha, pois os hlstoriadores registram, já no começo do século U, multidões de espanhóis que marchavam com en tusiasmo para o martírio. Mas aos romanos idólatras sucederam os bárbaros arianos. No século VIII hordas muçulmanas ainda mais temíveis devastaram a Península quase por completo, exceptuado um pequeno reduto ao Norte, nas Astúrias, defendido pelo intrépido Dom·Pelayo. Uma espessa noite espiritual parecia ter se apoderado definitivamente do território tão zelosamente percorrido pelo Apóstolo. E sobre seu túmulo, o pó do esquecimento...

A Epopéia de São Tiago Dom Prosper Guéranger, fan1oso abade beneditino do século passado, em sua admirável obra "/,'A11née Liturgique ", desenvolve a respeito do aparente fracasso de São Tiago uma doutrina belíssima. O nome novo (Apoc. 2, 17) outorgado pelo Homem-Deus - afirma o douto Abade de Solesmes - foi profecia e não um vão título. A espada de um Herodes qualquer não poderia jamais atrapalhar os planos do Altíssimo em relação aos homens de Sua destra. A vida dos Santos não é jamais truncada; sua morte, sempre preciosa (Sl.114, 15). o é ainda mais quando é oferecida por amor de Deus, de .tal fomia que ela parece chegar antes da hora. Neste caso pode-se a!irmar, com mais forte razão. que. verdadeiramente, "as suas .obras os seguem" (Apoc.14. 13). Deus mesmo tomou como um ponto de honra que nada falte a sua plenitude. A!im1a o Espírito Santo que o Senhor "os re-

póstolo. Muitos se empenhavam em reencontrá-lo. Em 816 - dois anos após a morte de Carlos Magno - um milagre veio marcar o início de uma nova era na História da Espanha. Uma estrela muito luminosa, como que destacada do céu, com seus fulgores revelou o paradeiro das sagradas rejíquias do Apóstolo. Desde então, aquele obscuro local do Finisterra_europeu passou a ser conhecido como o <:ampo da estrela -" <:ampus stellae, hoje Compostela - atraindo primeiro a multidão dos espanhé\is, e depois de todos os povos da terra, Uma crônica do inicio do século XII registra a presença em Santiago de incontáveis peregrinos de 58 nações de todos os quadrantes então conhecidos da terra (Europa, Ásia e África). A epopéia de São Tiago apenas começava ... A Espanha estava em plena guerra de reconquista. Lu tando com um heroísmo inquebrantável, os pequenos exércitos cristãos estavam, entretanto, esgotados d.iante da imensa tropa moura, sempre renovada. Tudo parecia perdido quando, no ano de 834, o rei Dom Ramiro foi derrotado pelo Crescente. Mas na noite que se seguiu à batalha. brilhou o sol da esperança, que mudaria irreversivelmente o rumo dos acontecimentos. Estando o piedoso e valente guerreiro em oração, triste e desolado, apareceu-lhe São Tiago, que o confortou dizendo: "Que teus soldados se co11-

1 I

'Eu julgo que em 11ada tenho sido inferior aos maiores Apóstolos (li Cor . li, 5); pela graça de Deus; trabalhei mais que tO<los eles" (1 Cor.15, 10). Apóstolo da esperança .

••• Rotas subslílidr/as

ente, condenado Rapidamente se deu andamento à causa. Aplicando-se a lei vigente no país para os bandoleiros, o rapaz foi condenado à forca por roubo, sem que de nada valessem seus protestos de inocência, nem as súplicas de seus pais aflitos.

tólicos seriant os porta-estandart~s de São Tiago, e, bradando o nome invicto do Apóstolo - que voltou a aparecer várias vezes - liber1arian1 todo o território da catolic!ssima Espanha. A partir da queda de Granada, o famoso "mata-mouros'/ depõe sua brilhante armadura, e retoma sua barca de pescador de homens: através de seus filhos espanhóis, navegando por mares desconhecidos, conquistará messe abundantíssima para o Reino de Cristo. Contemplando o conjunto da obra de São Tiago, Dom Guéranger observa quanto erraria quem acreditasse que aquele apostolado ílorescente, sem terse desabrochado inteiramente, fora quebrado por Herodes Agripa. E conclui colocando, com muita propriedade, -nos lábios do Evangelizador da Esv,anha a célebre proclamação paulina:

Os três Apóstolos privilegiados São Pedro, São Tiago e São João desempenhavam junto de !ilosso Senhor um papel altamente simbólico, representando as três virtudes teologais. São. Pedro simbolizava a Fé, São Tiago, a Esperança, e São João, a Caridade. A esperança é o sinal característico das grandes almas, tão raras nestes dias de desfalecimento geral. Supliquemos a São Tiago forti!ique em nossos corações· a bela virtude da qual ele é o símbolo. Que a firme esperança dos bens eternos nos console nas amarguras atuais, e nos dê força e coragem para o combate. Mas esta graça, como todas as ouuas, não se alcança sem oração e sem a intercessão de N.ossa Senhora. Rezemos, pois, com insistência, especialmente nas festas do Apóstolo (a 30 de' dezembro será a próxima): "São Tiago,

aproximai-nos de Maria Sant(ssima. São Tiago, Padroeiro da espera11ça, rogai por nós" M. SOUZA PINTO Fi6i~ à uadição secular, a prímoir-a eois.a que fazem os peregrinos ao chegar ao santuàrio

·" podir graças junto ao Portal da Glória.

fessem e comu11guem, e, ama11hã. ataque os mouros itn1ocando o nome de

Nosso Senhor e o meu. Eu marcharei à frente do exército. montado sobre um corcel bra11co, estandarte branco á mão. e os infiéis serão ve11cidos' '. Deu,se então a memorável baralha de Clavijo. Rápido como o relâmpago, brandindo numa das mãos o branco estandarte marcado por uma cruz vermelha, e na outra uma longa espada, São Tiago desfere um golpe decisivo no ini, migo, matando 70 mil mouro~. A partir de então - ~m que o primogênito dos filho_s do tro,oão desceu do céu como um fo.ito devastador sobre os novos samaritanos - tornar-se-á o chefe da guerra santa, da gloriosa Reconquis!a, que libertaria do jugo infiel a Península Ibérica. Nos seis séculos e meio que a Reconquista ainda iria durar, os Reis Ca-

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Contlusâo da página 3

dos por esses Bispos a serem novamente ordenados, sob pena de exílio, prisão ou mesmo excomunhão ( l 4). Inocêncio IV Roberto Grosseteste (Bispo.de Lincoln, na Inglaterra, .de 1235-1253), erudito, piedoso e cheio de zelo, cuidou da reforma do seu Clero, voltando ~ua atenção especialmente contra os abusos dos prebendados que não cumpriam seus deveres. O Papa Inocêncio IV, no entanto não hesitou em nomear seu sobrinho para o C;bido de Lincoln, impondo ao Bispo que o empossasse sem delongas. Como se tratava de uma pessoa que não merecia a dignidade a que era elevada, Roberto respondeu tranqüilamente ao Papa: "Precisamente por causa da obediência que me liga e do meu amor de união à Santa Sé, 110 Corpo de Cristo, como filho obediente eu Vos desobedeço, eu Vos contradigo, eu me rebelo. E Vós não podeis tentar 11ada contra mim, porque minhas palavras e meu ato não são uma rebelião, mas o afeto filial exigido pelo Mandame,1to de Deus a pai e miie. E assim que o digo, a S~ Apostólica, na sua santidade, não pode destruir, mas uizicamente consrn,ir. Eis o que significa a plenitude do poder: pode-se fazer tudo, com vistas à edificação. Mas, as prebendas em pauta não edificam. Elas destróem. Elas não podem, pois, ser obra da Sé Apostólica" ( 1S). S_ob o impulso da cólera, Inocêncio IV quis punir Roberto Grosseteste, mas seus conselheiros o dissuadiram: seria um escândalo para toda a Cristandade. Conclusão Como se viu, é na medida de sua confonnidade com a Tradição católica que transmite o Depósito da Fé, que os atos do Magistério da lgreJa podem ter um valor de inerrância, quer se trate do Magistério supremo, solene, quer do Magistério ordinário. Os casos aduzidos mostram bem que, embora Soberano Pontífice, o Papa, _não é impecável, nem pode erigir-se em propnetário supremo da Religião. Ele é um administrador (16), que há de se ater a detenninâdas normas no exercício de seu mandato. São Paulo as aponta: - "Guardar o Depósito da Fé"(I Tim. 6 20)· - "Transmitir, antes de tudo, o que .rece-' beu" (1 Cor. 15,3); ::Edificar e não "destruir". (2 Cor. 10,8); - Guardar as Tradições" (2 Tes. 2,14); - "Manter-se afastado de todo irmão que vive na desordem sem seguir a tradição recebida" (2 Tes. 3,6); - "Mostrar-se fiel" (1 ·cor. 4,1-2). A razão é que os Bi!pos e o Papa, sucessores dos Apóstolos e do Pr/ncipe dos Apóstolos, São Pedro, têm urna missão dctenninada pela constHuição divina, da Igreja. Pois esta deve conduzir os homens_a Deus, a fim de que .eles se entregue_m a~ Cr1ador sem ~eservas ... A Igreja não pode 1ama1~ perder de vista esta finalidade estritamente religiosa, sobrenatural (17), E a maneira como a Igreja realiza esta sua finalidade sobrenatural é indicada pela mesma Revelação, Da/ a obri!!ação de seguir a Tradição, segundo a frase de Sao Paulo aos Gálatas, aplicada aos Bispos por Paulo VI: "Se' eu ou um anjo do Céu vos evangelizar diversamente do que vos foi evangelizado, que seja anátema (1,8)" (18). NOT AS 1.- Vaticano 1, Const. Pastor Atuernus. 2.- São Pio X, Consl, Apost. Promulgondi, de 29 de setembro de 1908. 3.- Gregório XVI, li tr/onfo dei/o Somo Sede Veneza, 1838. ' 4.- R, Auberl, Vo. 1, ool. His1. des Concilies Do· cum. n!> 12, Paris, 1964, pp, 292-298. ' S. - D. Nau, OSB, L~ Maglstêre pontifical ordittoire lieu th4ologique. Solcsmes, 1956, Oub du vre Civique, 1962.

Regensburger Domspatzen um coro de mil anos ,

S MARGENS DO Jengendário Danúbio, entre a noresta e os campos da Baviera, encontra-se a milenar cidade de Rcgensburg. Antiga capital bávara, mais tarde cidade imperial livre, Regensburg é uma relíquia da Idade Média, cu.idadosamente conservada pelos alemães. Sua catedral conta nada menos que sete séculos. • O encanto dos bosques, o mistério das escarpas que ladeian1 o Danúbio, a formosura da natureza, deslumbram os habitantes do Sul da Alemanha. Eles souberam compreender e interpretar em mW1ares de cançõés a beleza da vida simples e amena. Desse ambiente emanam as notas ham1oniosas do Coro da Catedral de São Pedro de Regensburg, que-em 1976 comemora seus mil anos de existência.

A

No ano da graça de 770, quando o Imperador Ca.rlos Magno civilizava a Europa segundo o espírito da Santa Igreja Catôlica, o Sínodo de Neuching promulgou a mais antiga lei de ensino da Baviera, ordenando aos Bispos que erigissem uma escola junto às catedrais. Com a decadência do Império carolíngio, após a morte de Carlos Magno, foi só no ano de 975 que um Santo, o Bispo-Abade Wolfgang, criou uma escola junto à Catedral de São Pedro, na cidade de Regensburg ou Ratisbona. Nasceu então, com a escola, o Coro da Catedral, constituído por rapazes e meninos, conhecidos hoje como os "Pardais da Catedral de Regensburg" - Rege11sburger Domspa1ze11. Ut omnia glorifice11tur Deo - "para que totias as coisas glorifiquem a Deus" - é o lema da ~rde~ monástica de São Bento, à qual pertencia Sao Wolfgang. Foi-para glorificar a Deus que o Bispo.Santo de Regensburg fundou o Coro da Catedral, hoje um dos melhores do mundo no . ' genero. Elaboração secular

Em seus mil anos de his lbria, o Coro de Regensburg passou p,or transfonnações, dificuldades, períodos áureos como de decadência. Em todo caso, sempre se encontra, ao longo dos séculos, alguma menção a suas atividades, embora a documentação seja parca e escassa. Em 1249, por exemplo, o Coro é mencionado em uma Bula do Papa Inocêncio IV. Em 1541, as crônicas citam sua participação na procissão de Corpus Christi, que se realizou na presença do Imperador Carlos V. Ainda no século XVI, registra-se uma decadéncia moral e disciplinar na escola da Catedral, decorrente da situação política e religiosa agitada de Regensburg, Para restabelecer t ordem, o Bispo D. David Kolderer ( 1567 - 1579) propôs o estabelecimento de um internato submisso às normas do Concílio de Trento. Na escola da Catedral os alunos seriam selecionados e admitidos apenas os de boa índole e de capacidade satisfatôria,

Ibidem. Cons1. Apos1, Magnificenli.ssimus, A,A,S. 42,

1950, p. 7S7, 8.- ,Vaticano 1, Const. Dogm. Pastor Aerernus. 18 de Julho de t 870. 9.- São Vicente de Lérins, "Commonitorium 2 .S" in Kirch, "l:.~nchiridion Fontlwn llis1oriae'Eêc1e: siasticoe Antiquoe", 742. 10.- ~Jarq_uês de 13 Franq_uerie, L 'infoll(blfit~ pontificale. te Syllobus, 14 condamnotion du Mo , ~ernisme er _la crise actue/le de 1'6gliu, Ollré..,n-Monueuil, 1973, p. 3S. 11.- Dcnzigucr-Schmctzer, Enchiridlon Symbotorum et De/initionum, n9 980. 12.- Ludovico Pastor, Jstoria dei Papi, Descl6e de Brouwer, vol. rv. p. 418. 13.- Suma Teolôgica, 2.2, q. 104, a.5. 14.- Mangenot Vaccant e ~tichel Amant - Dictiotmairc de Th4ologie Cotholiquc, voJ. 14, coluna 1918ess. IS, - Christian O[.der, vol. J6. n9 12. dezembro de 197S, ar1. Roberl Grossc1es1e: Pma, of the Papacy", colunas 722-723. 16.- Tit. 1, 7-9. 17.- Pio XII, ,Alocução de 6 de ma1ço de 19S6, 18.- Exor13ção por ocasião do primeiro lus1ro após o encerramento do Concílio.

6

1ne11to?

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u:

6.7.-

Agora, pois. meus irmãos, boa noite! O Senhor vele por nós 110 alto dos céus. Na sua bondade, Ele está 11a intenção de nos proteger''. Outra canção infantil se exprime assim: ''Sabes quantas estrelinhas existem 110 firma-

anos do civilização cristã dOJtilaram um dos melhol'OS corais da Europa

que fossem católicos e tivessem alegria em servir a Igreja. Em 1592, o número de alunos foi fll<ado em 36 para os maiores e 12 para os menores. No século XVIII, o Coro da Catedrál renoresceu com a introdução da música instrumental. Em 181 O, quando Regensburg foi incorporada ao Reino da Baviera, o Estado passou a contribuir com dois terços das despesas de manutenção do Coro, antes sustentado inteiramente pelo Bispo da cidade. Em 1856, o mestre de capela Joseph Schrems realizou uma refom1a, a pedido do Bispo: a música sacra acompanhada de inslrumcnlos deu lugar à música á cappella (sô vozes humanas), quando muito acompanhada de órgão. O número de alunos menores da escola da Catedral foi elevado a 24. O gregoriano e a música vocal clássica de mestres dos séculos XV e XVI formaran1, a partir de então, o estiÍo que se tornou tradicional em Regensburg.

* * * Hoje, grande parte do Tepertbrio dos Rege11sburger Domspatzen (Pardais da Catedral) constitui-se de canções populares alemãs, ao lado da música sacra. O Coro de meninos renova-se quase inteiramente a cada dois anos, o que representa um prodígio cm matéria de forrnaçã9 musical. Ecos da civil ização cristã Enquanto um povo não se exprime em hinos e canções, ele ainda está por formar sua própria cultura. Um povo verdadeiramente civilizado can ta, e canta o que de melhor lhe vai na alma, Nesse sentido, a Alemanha fornece um exemplo palpável do que produziu a civilização cristã, Em nossos dias, a preferência do alemão comum - o camponês ou a dona de casa - recai sobre as canções tradicionais, em geral seculares, colocando de lado a música moderna. Fenómeno, aliás, q.ue tem seus sími)es cm outros países europeus, especialmente a Austria e a França. As mais famosas canções alemãs fazem parte do repertório dos Regensburger Domspatzen. O que narram elas? O leitor brasileiro talvez se espante: nada de sensacional, nada de espetacular. Eles cantam simplesmente a inocência da infância, a formosura da natureza, o encanto dos bosques, a alegria dos pássaros, o mundo maravilhoso das almas que sabem encontrar nas cenas domésticas a felicidade relativa que é possível atingir nesta terra pelo homem concebido no pecado original.

* * *

O Coro do Rogensburg apresente-ie regularmenio na catodral de cid&de

Vejamos alguns exemplos de tais canções: "Não há paisagem mais bela do que esta em ' que 110s e11co11tramos, de/>0ixo tias árvores, ao cair da tarde. Aqui estivemos tantas vezes, sentados em rodas alegres, cantando, e as canções ressoavam pelo vale dos cara,alhos. , • . Que neste vale 110s encontremos ainda muitas vezes, que Deus o propicie, pois Ele tem a graça para dá-la.

Sabes quantas nuvens flutuam sobre o numdo lo11gli1quo' •. Deus, o Senhor. as contou. sem que lhe faltasse uma, em sua imensa quantidade. Sabes quantas crianças se levantam de manhã cedo para viver um dia alegre e despreocupado? Deus, 110 céu, se compraz com elas. Também a ti ele conhece e ama''. Nada mais pitoresco que "A festa das aves", ao cantar o casamento de um passarinho na verde noresta: "A cotovia levava a noiva à igreja. O galo silvestre era o digntssimo senhor páro· co. A senhora mãe era a coruja, que se despediu em prantos. O galo cantou "boa noite" e então as luzes se apagarani .. " O moinho a matraquear, a raposa que roubou o ganso, o inverno que acaba, a primavera que traz a alegria aos campos e bosques, as flores que ornam a vida, são outros temas cheios de candura que divertem não só as crianças, mas também aqueles que, tendo ultrapassado a fase da infância, soniaram a ela as qualiµades do adulto, sem perder os valores inocentes da meninice.

* ,. * Algum leitor · poderia objetar: "coisas de criança diminuen;i e enfraquecem o homem", A tal objetante hipotético caberia antes demonstrar onde está a suposta fraqueza e inferiori_dade dos alemães, cujo ânimo guerreiro, varonil e empreendedor constitui um predicado que se tornou patente desde os primbrdios da civilização ocidental. O milênio do Coro da Catedral de Regensburg nos oferece uma lição: a civilização cristã a tradição católica, produzçm maravilhas. Par; compreender tais maravilhas seria preciso ouvir as canções que mencionamos. O leitor compreenderia então corno nos engana o mundo moderno ao impingir-nos o fascínio pelas cidades frenéticas, pelas babéis excitantes, cacofónicas, poluídas. · Pelo contrário, como é possível encontrar paz de alma e bem estar na ~implicidade d_o campo, como na suntuosidade de um palácio! O ponto chave é encarar a vida com olhos verdadeiramente católicos: praticar a virtude e odiar o pecado. ' W, G. S.

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mérica do Norte, Portugal. Espanha, Pro~fn~ias utuamarinas e Colônias: via de superfície US$ 8.50. via aérea US $ 12,SO; outros países: via de 5'1perffcie US$ 10.00, via aérea US$ 17,00. Vencia avulsa: Cr$ 6,00. 03 pagamentos, sempre em nome de Editora

Padre Belchior de Ponle.s S/C, poderão ser en-

c:aminhados à Administração. Para mudança de endereço de assinantes, é necessário mencionar também o endereço antigo. A correspondência relativa :'.l 3S.sinaturas e v~ndt1 avulsa deve ser enviada à Administração R. Dr. Marti.nioo Prado 271 0·1224 S. Paulo. SP


~Ontem, tirano hoje, ''celebridade'' ORREU MAO Tse-tung, o responsãvel pela implantação de um dos regimes mais radicalmente despóticos que a História conhece. Verdade incontestável, mas que em muitos espíritos parece ter passado, nos últimos meses, por misterioso eclipse. Corramos os olhos pela história do comunismo chinês refrescando nossa memória. Em 1919, tendo organizapo o primeiro círculo marxista na China, o fa. lecido tirano fundou, dois anos mais tarde, o Partido Comunista chinês. Pouco depois o instaurador da República Chinesa, Sun Yat-sen, iniciava tratativa com os vermelhos, admitindo-os no Partido Nacional do Povo ou Kuomintang. Sun morreu em 1925, e o comandante do exército chinês, Chang Cai-Chec, às voltas com a insubordinação dos chefos militares . do Norte e Centro do País, rebeldes à orientação do Kuomintang, cometeu o mesmo lamentável equívoco de aceitar a colaboração dos comunistas. Em 1927, porém, Chang rompia a aliança com o PC e passava a persegui-lo. Mao procurou organizar então o Exército Vermelho e, durante 4 anos, assolou o território chinês, tomando de assalto cidades, promovendo saques, morticínios, espoliações e pregação subversiva. Não duvidou mesmo, para sufocar uma revolta de seus próprios subordinados, em mandar execu tat mais de dois mil oficiais e soldados.

M

ram o erro de abrir uma segunda frente de batalha, aliados aos comunistas. Ao cabo da li Guerra Mundial Mao· Tse-tung comandava um poderoso exército de um milhão de homens dominando uma área de 100 milhões de habitantes. Marshall favorece os planos de Mao A pofítica dos Estados Unidos nessa ocasião também favoreceu as pretensões comunistas de se aliarem aos nacionalistas e fonnarem com estes um governo de coligação - composições aliás, das quais só os vennelhos tiram proveito. Mao cortejava Washington com os olhos postos nos polpudos recursos financeiros, que durante a guerra ·não Uie faltaram, sob pretexto de combate aos japoneses.

Dirigismo, opressão e fanatismo: a herança

Um lance de guerra psicológica Combatidos incessantemente pelas tropas de Chang Cai-Chec, os comunistas perdiani terreno até 1934, quando um cerco dos nacionalistas quase os ditiniou. Com os remanescentes dessa campanha, Mao Tse-tung iniciou a chamada "longa marcha" pela qual procurava retomar a ofensiva. O estratagema então utilizado foi habilíssimo. Mao, percebendo a impopularidade do marxismo-leninismo cm seu país, transfonnou-se subitamente em porta-bandeira da reação popular contra os japoneses, que em 193 1 invadiram a Mandchúria ( 1). Capitalizou assim para a causa comunista o descontentamento do povo chinês, lesado na sua integridade territorial. Desta fonna Mao Tse-tung conseguiu organizar um forte ·exército e preparava o futuro golpe. Enquanto as forças nacionalistas de Chang Cai-Chec se debatiam eom a ameaça interna representada pelos comunistas, estes metamorfoseavam-se em defensores da pátria e venciam a primeira grande batall1a - com um lance de guerra psicológica, diríamos hoje. Em 1937 arrebentava a guerra total contra os japoneses. Em 1938, os nacionalistas anticomunistas, desconcertados com a situação equívoca assim criada, e pressionados por hábeis recursos da parte dos comunistas, comete-

OBRAS CONSULTADAS (1) CHASSIN, L. M., Gal. - " /,a co11q11ista de lo Chino por Mao Tse-umg", "Biblio1ec3 dei oficial", Buenos Aires (A~gcntina),

1962, pp. 31 a 36. (2) KUBEK, Anthony - "How the For East was lost ", T-win Ctrclc Pubtishing Co. lnc.,

Ncw York, (F.UA), 1972. pp. 3 17 a 343. Sobre o mesmo :.ssu,Ho ver: CHASSIN, L M .• Cal. - ' "la c<>nquista de lo China por Mao Tse-nmg", pp. 95 a l 18. (3) ..T,ue t'acts of maoiscy 1yr.1nny", l'u· blicalions of 1.h e APACL, Republic ofChina,

novcmber. 1971. pp. 2 a S. (4) Sobre :i1itudes de cclcsiá~ticos face ao regime maoís1a ver ..Na Chino de Moo o

"R~ino de Dt•us"? ", Catolicismo. n9 303, morço de 1976.

Entre os anos de 1958 e 1960, o regime chinês lançou a campanha de extinção das chamadas "cinco categorias negras": os proprietários, os camponeses ricos, os reacionários, os bandidos e os direitistas. O resultado dessa campanha foi a eliminação de 6 milhões e 700 mil de pessoas. A implantação das reformas comunistas levou a China à miséria, e 9 milhões e 800 mil pessoas morrera.m de fome ou de exaustão nos campos de trabalhos forçados. Em 1966, Mao Tse-tung lançou outro grande movjmento conhecido como a "revolução cultural", em que centenas de milhares de jovens - os guardas vermelhos - foram recrutados para inundar a China com outro rio de sangue: mais 18 milhões e lOOmilchineses perderam a vida nos morticínios urbanos c nas masmorras (3). Mao plasmava assim, pelo terror e pelo despotismo, um povo psicologicamente submisso, massificado e obediente ao todo poderoso partido comunista.

-

A China comunista obriga as erianç.a$ e par·· tieiparem dos oxorefcios militares e a prostar culto a Mao.

Em novembro de 1945, o general George Marshall visiJou a China como enviado especial do presidente Harry Truman com o intuito de pressionar os anticomunislas a aceitarem uma coligação governamental com os comun.istas. No curso do ano seguin te irrompeu a guerra civil e as intenções de Mao Tse-tung e seus adeptos, que Washington insistiu em ignorar, tornaramse patentes aos olhos do mundo (2). O auxílio norre-americano aos anticomunistas chineses não foi su ficien-te. Os dois anos de luta culm,naram com a vitória das forças comu•1:s'tas e a proclamação da "República l'vpular da China". Aniquilação psicológica e política

Começou assim a longa traje tória da aniquilação psicológica e política de um povo. Nos primeiros anos da década de 50, Mao mergulhou o país num banho de sangue. Seu programa de refonna agrária foi responsável pela matança de cinco milhões de chineses. O regime impós a coletivização total da área rural e criou as "comunas populares" com as quais o Partido Comunista mantém rígido e total controle do país. O chefe da revolução chinesa acreditou ler subjugado para sempre os inconfonnados. Preparou então um teste: em 1955, anunciou uma burla de liberalização conhecida pelo nome de "política das cem Oores". A ilusão durou pouco! O tímido afrouxiunento do regime foi suficiente para fazer emergir das entranhas da nação escravizada uma onda de desconten tamentos e reações. À efêmera "política das cem Oores" sucedeu o chamado "grande salto para frente": perseguição religiosa, eliminação dos contra-revolucionários e destruição radical das estruturas familiares, com o que pereceram 18 milhões de pessoas.

Em nossos dias, milhões de familias chinesas vivem promíscuamente em simples quartos ou pequenos apartamentos - estes, sempre raros. Um armãrio para roupas, outro para louças e uma pequena mesa com quatro cadeiras compõem todo o mobiliário. Os banheiros e cozinhas são quase sempre coletivos. Em cada andar há um comitê do Partido Comunista incumbido de fiscaUzar minuciosamente a vida diária dos cidadãos, d.esde os trabalhos até os as, pcctos mais íntimos da existência humana, como a vida conjugal. Esses comitês se repetem cm cada edifício, cada quarteirão, bairro ou cidade. Cada familia tem " direito" a apenas cinco quilos de carne por mês. Culto idolátrico a Mao Os 800 milhões de chineses devem prestar verdadeiro culto idolátrico ao falecido tirano: "O f)ensome11to de Moo é o sol de nossos corações. o princif)iO de nossos vidas e o fonte de toda o nosso forço" can cavam os "guardas vermelhos" que fizeram a "revolução cultural". As crianças devem aprender a falar balbuciando ''pre-

imprensa tão sensíveis ao que qualificam de violações dos "direitos humanos" cm países do mundo livre, não se lembrem de mencioná-los? Invisível e poderoso cavalo. de Tróia

O c-0nsenso dos povos costuma sepultar numa zona pudicamente sombria da memória pública, figuras tristemente célebres pelos maleflcios inOigidos à humanidade. Delas, pouco se fala, e quando são lembradas, o são com manifestações de horror e execração. Entre os personagens assim situados no espírito púbUco estão Hitler, Stalin e tantos outros, para só falar da História contemporânea. Nesta lamentável galeria deveria entrar agora o fa. lecido chefe do Partido Comunista chinês. Mas ... vivemos na época das contradições claniorosas! Por isso o mundo teve que presenciar, surpreso e perplexo, 11m vendaval propagandístico espalhar louvores ao velho déspota por todos os quadrantes da terra. Estamos também na era da guerra psicológica e o modo como foram apresentados os acontecimentos da China - por muitos considerados com naturjilidade e displicência - tem grande alcance no contexto da imensa luta ql\b se trava na época atual entre a ne'obarbárie comunista e os restos de ci{,iJização ocidental e cristã. As grandes conquistas, hoje cm dia, não se empreendem tanto pela força das armas quanto por jogos de iníluência sobre as mentalidades. Um fatoressencial para a entrega do Vietnã e do Cambodge às fauces do comunismo foi a propaganda sistemática e insistente do pacifismo e do espírito de détente. pelas composições ecléticas de natureza .. terceira.força", em nome da "moderação", que Portugal vai deslizando para o abismo. I! ainda através do sulil e manhoso eurocomunismo que a ~ússia pretende conquistar a Europa inteira. O que se passou a propósito da morte de Mao Tse-tung? Qual seu efeito no panorama hodierno de guerra psicológica?

e

• •• Tão logo a agência Nova China deu a conhecer ao mundo o falecimento do chefe do comunismo chinês, vagas de

manifestações de pesar provenientes de quase todas as nações do Ocidente, se ergueram para tributar-lhe honras. Em nome do povo norte-americano, o presidente Ford declarou: "O f)res~ dente Moo foi uma figura gigantesca na história moderna da Chino (. ..] Tenho esperanças de que a tendência de melhora nas relações entre a Ref)üblica Popular da China e os Estados Unidos, que o presidente Moo ajudou a criar, continue contribuindo ()Oro a estabilidade e a f}(IZ mundiais". O governante francês Giscard D'Estaing afinnou: "Apagou-se um farol do pensamento mundial''. Em Madrid, o chanceler Marcelino Oreja Aguirre assim se exprimiu: "PosStJ dizer que se trato de uma perStJnalidade de extraordinária imporláncia e relevo em nossa época''. Segundo informou a grande imprensa diária, o órgão oficioso do Vaticano, l'Osservatore Romó,10, embora lamentando as violências praticadas, faz alusão às "conquistas sociais e econômicas do China". E a Rádio Vaticana, mencionando também os "lados negativos", afirma: "Se os êxitos fossem o 1ínico critério para julgar o significado de uma vida e uma obra, a "longa marcha" seria uma dos ,naiores ef)opéias da humanidade" (4). Os grandes órgãos de imprensa de todo o mundo não pouparam prestigiosas reportagens de capa e elogios ao desaparecido chefe revolucionário e, jeitosamente, a propaganda vai introduzindo Mao Tse-tung na ca tegoria das "grandes figuras da humanidade". Como que por um toque de m~gica a lembrança de um passado assustador e ainda recente apagou-se. Tudo ocorre como se entrasse em ação um sagaz e misterioso "batedor" - não de carteiras, mas de memórias - que produzisse inesperadas e súbitas amnésias coletivas. · Assim, junto com a figura de Mao, essa sutil manobra de guerra psicológica vai introduzindo sorrateiramente a condescendência e depois a simpatia para com o comunismo chinês, ou seja, para com a mais despótica aplicação histórica do marxismo. A lembrança de Mao entra para o terreno histórico como cavalo de Tróia da guerra psicológica, habilmente manobrado pelos fautores do comunismo internacional.

HENRIQUE GUIMARÃES

sidente Mao'_'. em vez de "papain e

"mamãe". Seus primeiros gestos devem s<'r para saudar uma foto do chefe revolucionário, invariavelmente presente em todas as casas e todos os quartos. Os agentes eomunistascnsinam também que o livro dos pensamentos de Mao contém propriedades mágicas. Assim, para se evitar catástrofes como terremotos, fome, etc.• ou para alcançar, por exemplo, que as vacas produzam mais leite ... Para favorecer o domínio despótico, o regime mantém severo sistema de infomiaçõcs pelo qual só chega ao povo aquilo que convém ao Partido Comunista. ·

Até há pouco, ignorava-se na China a ida do homem à lua. Também não se anuncia o número de mortos nos recentes e devastadores terremolos regi~trados no continente chinês. Mais poderosa do que a velha muralha c)iinesa. é a muralha de terror com que 800 milhões de pessoas' são escravizadas por um dos mais brutais regimes colet ivistas que a História já conheceu e submetidos ao culto fanático do tirano.

•• • Como ex plicar que tais fatos tenham subitamente desaparecido da memória de tantos de nossos contemporâneos e que numerosos órgãos de

Noste onaao, O. Alfonso Ferroni, O. F. M., Bispo do L.aohokow, chegou .a Hong Kong, tondo conseguido deixar a China vermelha, depois de longo cativeiro.

7 •


A TFP ARGENTINA LEVA SUA EPOPÉIA AO EXTREMO SUL Correspondentes e esclarocedores da TFP em visita à sedo do Conselho Nacional da ont.ctede.

EPOIS DE PROMOVER com sucesso a divulgação da obra A Igreja do Silencio 110 Chile Um tema de meditação para os católicos argentinos, a TFP da nação vizinha decidiu levar até o extremo su.1do continente sua campanha de esclarecimento da opinião pública. E ~ sim uma caravana de jovens cooperadores da entidade atravessou a Patagôn.ia e atingiu a cidade mais austral do mundo, ao sul da T~rra do Fogo. No regresso, a caravana veio percorrendo cidades da Cordillleira dos Andes, sempre acolhida com grande simpatia pelas populações da região. Nossa reportagem entrevistou a esse respeito o Sr. José Antonio Tost Torres, que dirigiu pessoalmente essa verdadeira epopéia realizada pela TFP argentina. P - Quais foram as atividades mais recentes desenvolvidas pela TFP platina? R - Há aproximadamente três meses lançamos uma edição de três mil e· xemplares do livro A Igreja do Silêncio no Chile - Um tema de meditação para os católicos argentinos. de 468 páginas. Desse livro, quase toda a primeira edição foi vendida em livrarias e bancas de jornáis. Pensando também no grande público - que, atarefado pelas atividades do mundo moderno teria falta de tempo para ler um livro de tantas páginas - lançamos a primeira edi· ção de um resumo especial da referida obra, que contém aruah'ssimo prólogo, apresentando analogias da situação chilena com as de nossa pátria.

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P - Além da venda em livrarias, a TFP argentina desenvolveu outras atividade.s para difusão desse livro? R·_ Comesse resumo, as secções da TFP de Córdoba, Mendoza e Tucumá11 realizaram campa11has de rua, e11co11trando esplêndida acolhida. Esgotou-se assim a primeira edição de três mil exemplares. P - Poderia descrever a campanha? Que métodos a TFP de sua Pátria empregou para atingir o. grande público? R - Procuramos tomar contato direto com a população. Para isso nossos cooperadores sairam às ruas com suas capas e esta11dartes rubros, 11as quais figura o leão rompa11re dourado. Com seus megafones e alto-fala11tes, os cooperadores da TFP bradavam sloga11s como estes: "O,rólicos! Não permitais que o comunismo continue a crescer 11a Argentina". - "Seja vossa lingua · gem sim, sim; não, não, diz Nosso Senhor Jesus Cristo ". - "Dizei não ao

comunismo e sim a Jesus Cristo:'. "O,tólicos! Evitai todas as posições de confusão,ambigiiidade e recuo dian· te do adversário comunista". - "A principal arma de conquista do comu· 11is11w é a gue"a psicológica". - "Vigilância, firmeza, argume11tação clara, são a grande defesa da Argentina cató·· fica contra a guerra psicológica. A guerra psicológica é para Moscou um dos pri11cipais meios de conquista da Argentina ".

P - Em quantas cidades foi efetuado esse esforço patriótico de esclareci,

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mento? Qual a receptividade do público? R - Uma caravana de cooperadores da TFP iniciou em Bahia Bianca uma campanha que se estendeu depois até o extrenw sul do pais, ve11de11do a segrmda edição do resumo. Visitamos l 2 cidades em 21 dias, percorrendo 9 mil /<111. Chegamos à cidade mais austral do mundo, a mais próxirna do polo: Ushuaia. Em certas localidades a tem· peratura oscilava entre três e oito graus C abaixo de zero, com fort es ve11ros. No enta11ro, isto niio foi obstáculo pa· ra que os jovens cara1'f111istas tomassem contato com o público e este pu· desse manifestar sua calorosa acolhida. "Não podemos permitir que o comunismo continue avançando no país", diziam alguns. "Felicito-lhes, porque são valentes"; "0 comunismo infiltrouse no seio da Igreja Católica", acrescen· tavam outros. A simpática receptividade se exter· nava não só através da grande venda do livro, como também 110 oferecimento de refeições e alojamento, além de outras atitudes de apoio. Isso tornou evidente a simpatia que despertam os princípios defe11didos em 11ossas publi· cações.

"A Igreja ante a HC.alada de ameaça comunista".

Sucesso na difusão de livro da TFP brasileira: 25 mil exemplares, 328 cidades, 14 Estados Esgotou-se em 100 dias a 1? edição de 25 mil exemplares da mais recente obra do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira: "A fgreja a11te a escalada da ameaça comunis· ta - Apelo aos Bispos Silenciosos" (Editora Vera Cruz, R. Dr. Martinico Prado, 246, 012 24 São Paulo). Lançada em São Paulo no dia 19 de julho último, a campanha de divulgação da obra estendeu-se para outras 328 cidades de 14 Estados e as seguintes capi· tais: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Aracaju, Maceió, Re-cife, João Pessoa, Natal, Fortaleza, Teresina, São Luís e Goiânia. Com o lança.mento de 2? edição da obra, sbcios e cooperadores da Tradição, Família e Propriedade continuam sua divulgação em outras regiões brasileiras.

EMOS A CONVICÇÃO de que o que há de mais importante 110 mundo não é a lura entre as correntes políticas, nem as questões económicas e sociais que movem em supremo grau os homens, mas é a luta entre nrentalidades, entre ideologias. entre doutrinas. Os problemas econômicos sociais e politicos estão lo11ge de nos desinteressar. E11treta11to, eles 110s interessam sobretudo, em seus aspectos doutri11ários. Os homens, aó>longo de toda História, se dividem, no fundo , em campos doutrinários. Eles combaterão ou se reconciliarão pri11cipal· mente à luz de suas próprias convicções". Com estas palavras, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira iniciou a conferência que proferiu no último dia 2, no auditório São Miguel da TFP, em São Paulo, para Correspondentes e Esclarecedores da entidade. A palestra do Presidente do Conselho Nacional da TFP versou sobre as possibilidade de ação dos Correspondentes e Esclarecedores em prol dos objetivos daquela Sociedade. A conferência complementou o "I Ciclo de Conferências de Formação Doutrinária", promovido pela Secção da TFP de Minas Gerais para 6S Correspondentes e Esclarecedores da capital mineira. As conferências, em núme, rode oito, proferidas anteriormente em Belo Horizonte, versaram sobre temas de formação e atualidade.

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Coquetel Após a conferência do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, houve um coquetel oferecido aos Correspondentes e Esclarecedores de Belo Horizonte e São Paulo, tendo a ele comparecido·também diretores e sócios da TFP paulista.

Oimpressionante contraste entre as duas Chinas Na foto ao lado, a infeliz criança vegeta em meio à sujeira que a miséria lhe impos. Seus pais foram mortos. Ela é escrava do Estado. Esta imagem reflete a China comunista. À direita, um supermercado de Taipé, capital da outra China. J; a população chinesa livre, refugi~da na ilha de Formosa. De um lado, o totaliiarismo. Do outro, a iruciativa privada em liberdade, a abundância. Depois de' comparar as duas Chutas, o leitor poderá rememorar as perseguições exercidas por Mao Tsé-tung, lendo a 1>ágina 7 desta edição.

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OM BAS E EM in fornrnçõcs

fornecidas principalmente pe· la Agência Noticjosa Chung flwa, de Formosa, o Comité J>i:ó·l.,i· berdade das Nações O,tivas (PRO LIBERTATE), que congrega representantes de 14 nações subjugadas pelo comunismo, inclusive a China continental, julga de grande interesse levar ao conhecimento do público brasileiro alguns dados comparativos entre a China lívre e a China vermellla. Dessa forma, será possível a análise fria e desapaixonada de uma realidade que cada vez mais se torna irrefutável: em qual· quer parte onde se instaure, o regime comunista traz inevitavelmente a supressão da liberdade, a injustiça e, é claro, muita miséria.

• •• No' centro (!o Recife, dianto da Matriz de Santo Antonio~ a TFP difundiu com Axito ·o livfo

TFP realiza curso para seus correspondentes e escla~ecedores

O leitor sabia que a República da China (China anticomunista), situada na ilha de Formosa, é a 2a. potência industrial da Ásia Oriental, superada apenas pelo Japão? E que, com apenas 36.000 km2 e 16 milhões de habitantes, seja como exportadora seja como importadora, Formosa supera a China vermelha, com seus 9.612.000 km2 e 800 milhões de habitantes? Apesar de sua pequena extensão territorial, da qual apenas 24 por cento se prestam à agricultura, e de enfrentar a escassez de recursos natu.rais, Formosa conseguiu realizar um "milagre" de recuperação econômica e social, a partir de 1949,

quando ,se estabeleceram na ilha os chineses anticomunistas que conseguiram escapar à dominação vermelha. Atualmente, o comércio da China l.ivre chega ao nivel de 15 bilhões de dólares por ano. Excluindo o Japão, esse índice excede o de todos os demais países da Ásia Oriental, o de todas as nações latino-americanas, exceto o Brasil, e de bom número de européias. Em Fonnosa, os veículos motorizados (incluindo motocicletas) aproximam-se da cifra de 3 milllões, em · uma população de 16 milhões de habitantes. Em contrapartida, no continente ocupado pelos comunistas não existem automóveis de propriedade particular e as motocicletas são apenas uma para cada dois mil habitantes. O grande meio de locomoção é a bicicleta! Até o fim deste ano, Formosa também chamada Taiwan - deverá receber um milhão de turistas. O que há de especial nessa ilha que os navegadores portugueses chamaram Formosa? Poder-se-ia dizer que Taiwan representa atualmente a verdadeira China - uma China livre e acessível - onde se pode adm.irar a

antiga cultura e as tradições daquela nação cinco vezes milenar. Não há controles, nem limitações, ou proibições para o grande número de es· trangeiros que a desejam conhecer. Na capital. Taipé, encontra-se, por exemplo, o Museu Nacional dô Pa, lácio, que contém 250 mil tesouros artísticos das dinastias chinesas de mais de três mil anos. E o que dizer da China vennelha? Como resposta, seria oportuno lembrar uma frase, repetida muitas vezes por fugitivos: "Não tenho nada a perder. Não há·grande dlferen· ça entre ficar lá ou morrer'', Frases como esta são freqüentes nos lábios de chineses que atravessam a nado a baía de Hong Kong, quando alguém lltes pergunta por que arriscaram a vida. Calcula-se em 33 mil o número dos que consegu.iram eva· dir-se da Clúna comunista, só no ano passado. Se dúvida pudesse haver sobre as trágicas conseqüências que o regime comunista acarreta para um povo, o contraste clamoroso entre a situação da Clúna vermelha e de Formosa pode ser invocado como um fato bastante significativo e concludente!


1 •

Ll NO 312 -

dezembro de 1976 -

ano XXVI

Diretor: Paulo Corrêa de Brito FiU\o

O Brasil católico na orfandade A "Comunicação Pastoral" da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) traumatizou o País pelo incita · mente à luta de classes, tentando insuf lar pobres contra ricos. Ao mesmo tempo, o livro A fgreja ante a escalada da ameaça comunista, do Prof. Plínio Co rrêa de Oliveira, apresenta provas irrefutáveis de influência comunista na Hierarquia eclesiást ica. Trinta e cinco mil exemplares da obra já foram vendidos, sem que ninguém te· nha encontrado argumentos para refutá-la. Existe ou não existe comunismo no Clero? Se existe, por que não é punido? Se não existe - e as acusações levantadas são fal sas - por que não exigem, os que estariam sendo as-

sim caluniados, as provas do que acerca deles se afirma? Sobre tais questões, que atormentam a consciência católica da Nação, faz-se uma conspiração de silêncio. Aquele que é, talvez, o mais sagrado dos direitos do catól ico - o de confiar em qualquer Sacerdote pa ra fazer a acusação de suas faltas ou pedir um conselho - esse direito f ica dessa maneira lesado. O povo brasileiro, continua a ter Fé. Não porém naqueles que pregam o evangelho de Marx, de Lenine ou de Brejnev. O Brasil continua católico, como sempre. Mas uma imensa sensação de orfandade se vai estendendo sobre ele. Estes temas de capital importância são trata· dos pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira na pág ina 3. l

O cr·i ador do presépi_o Movido pelo amor de Deus, São Francisco de Assis idealizou o primeiro presépio da História. Apesar da tendência "progressista" de alijã-lo das igrejas e lares, ou de introduzi r deformações monstruosas, o presépio continua sendo até hoje o símbolo . per excelência do Natal católico. Na página 7, oferecemos à admiração dos leitores algumas belas figuras expostas no Museu do Presépio, em São Paulo, como este exemp\ar italiano do século XVI li (foto).

ETAPAS NA ''LÓGICA DA MORTE'' Ouom 4 o sup,omo senhor da vida? E: lícito impedir a ooncepção dos "filhos indesejados"? Ou suprimir a vida em sua fase inicial do dasenvolvimento. pelo ab0r10? Pode-se matar $8res humanos considetados "inC.ucis", ou que conniwom um ..estorvo onc,oso'"? Leia na página 4 a uejetori..- sinistra da "lógica da morte", que lev1 as J>EIS$O<.IS a admi• tirem crimes: cada vez mais gravtts. Na

fo10, crianças ingl8S3s manifestam-se contra o abono: "Deixem as crianças viver" .

Esquerdismo católico no Uruguai

NOVA RELIGIÃO? •

Fundamentado em mais de 300 documentos, acaba de ser lançado no Uruguai o livro Esquer· dismo na Igreja: companheiro de viagem do comunismo em sua longa aventura de fracassos e meta·

LIVE

màrfoses. Escrita pela TF P uruguaia, a obra revela a conivência da quase totalidade do Episcopado e de parte impressionante do Clero com os terroristas tupamaros, naquele país. Quando o comunismo foi derrotado e o movimento tupamaro se encolheu, os mesmos Bispos e Padres demoli· dores também se metamorfosearam em sua ação, sem retificar o triste rumo adotado. As implicações teológicas e os problemas de consciência que res· saltam da objetividade dos fatos levaram a TFP do Uruguai a suscitar em seu livro esta questão gravíssima: não estaremos em presença de uma nova religião. que tenta medrar nas próprias cstru· turas da Igreja, para substituir a única Religião verdadeira? Leia, na pâgina 2, o comunicado dis· tribuído pela TFP no Uruguai.


TFP uruguai.a: esquerdismo católico, cú1n.plice dos tupamaros STÁ DESTINADO a repercutir tuação insurrecional $upostamente maintensamente em todo o Uruguai, ciça, capaz de conduzir à derrubada de modo especial nos meios ca- das instituições nacionais. Nesse clima tólicos, o livro "Esquerdismo 11a Igreja: se promoveria a ascensão ao poder de companheir o ele viagem do comunismo um regime esquerdista mais ou menos em sua longa aventura de fracassos e pró-comun ista., preâmbulo de postemetamorfoses". publicado pela Socie- rior bolchevização integral. dade Uruguaia de Defesa da Tradição, Visando tais objetivos, desencadeouFamília e Propriedade (TFP). se sobre o Uruguai a.agressão comunista internacional, com toda a seqfiela de A mitra, a estrela atentados, roubos, crimes e perturbae o incêndio ções sociais, que já fazem parte da História. Com 380 páginas, ilustrado por numerosas fotografias e fundamentado Companheiros de viagem cm mais de 300 documentos, o livro na longa aventura de fracassos da TFP uruguaia analisa a crise reli- e metamorfoses gioso-ideológica que vem assolando seu país nos últimos dez anos, em função O livro da TFP destaca que, ante o das violentas tensões desatadas pelo desenvolvimento dessa ofensiva marcomunismo. Entre os fatores de tensão xista, os uruguaios esperavam que o coloca, naturalmente, o fenômeno tu- Episcopado e o Clero católicos - de pamaro, enquanto constituindo o ins- acordo com a própria missão da Hie-

Com tudo isso, criam condições O livro assinala que os sócios e coo- eclesiásticos, fundamenta-se em novas propícias para que o poder marxista peradores da TFP uruguaia, enquanto concepções teológicas sobre o Cato· se vá reorganizando e recobrando, católicos recorrem .,.. para· detern1inar licismo e suas relações com a ordem pouco a pouco, possibilidades de ação s11a conduta em face da ação dos Bis- temporal que, por sua vez, redundam no Uruguai. pos e Padres demolidores - à doutrina em novas concepções de moral indi· abundantemente exposta por Pon tí- vidual e social. Cisma e favorecimento fices, Padres da Igreja, Dou tores, teóDai ser ·normal que muitos fiéis de heresia logos e canonistas, muitos deles San- se perguntem: considera,1do-se essa noNa análise dessa dramática realida- tos, sobre o direito que assiste, incl_usi- va teologia, que origina também nova de, o livro av,,nça resolutamente, mas vc a simples fiéis, de resistir a decisões moral, não estaremos em presença de com os cuidados que a gravidade do da au toridade êclesiáslica objctivamen- uma nova religião, que tenta medrar lema ex ige. Um simples fiel não é le erri)ncas, perigosas para a Fé ou lesi- nas próprias estruturas internas da autoridade com petente para julgar os vas aos superiores interesses da nação. Igreja para substituir a ún ica Religião Prelados ou superiores eclesiásticos. Tal direito é considerado pelos só- verdadeira' mas pode, sem dúvida. constatar obje- cios e cooperadores da TFP corno um Visto que os indícios sobre a exis1ivamen1e conflitos existentes ent re o dever de consciência do qual não lhes tência dessa nova religião são veemenprocedimento eclesiástico público - é líci to esquivar-se. dada a gravidade tes. a TFP uruguaia julgou preferível, como o relatado no estudo - e a do desvio manifestado pelos Bispos depois de longa e cuidadosa análise, doutrina católica. e Padres demolidores. levantar o problema, dar ocasião a que Em busca de uma solução, o texto Por isso. através das páginas do se estabeleça uma discussão esclareceremonta à doutrina ca tólica sobre as livro, proclamam, com linguagem e dora sobre ele. exigências 1eológico-canõnicas da mis- atitude sem pre respeitosa porém firPorque de duas uma: ou estamos são sacerdo 1al e episcopal. me, que passarão a exercer ativamente em presença de unia nova religião, esse direito de legitima resistência à ou não estamos. Se se trata de nova orientação demolidora de tais Bispos religião - como o sugerem fortemente ' -~ , e Sacerdotes, dentro dos · limites da os trágicos acontecimentos analisados Moral e dos Direitos Canônico e Civil. nas páginas do livro da TFP - é preciso Constatam, ao mesmo tempo, que denunciá-la; caso contrário, como a dada a extensão e envergadura atingida suspeita de uma nova religião é grave e pela conduta eclesiástica demolidora, fundamentada, torna-se nccessãrio dar não existem, ante os referidos llispos e aos eclesiásticos em questão oportuniSacerdotes, as cond ições mínimas de dade para que tranquilizem os fiéis, confiança mútua para sustentação da provando cabalmente o infundado desrelação Pastor-ovelha. sa dramá tica hipótese. torna-se, deste modo, impossível • • • a convivência eclesiástica habitual com semelhantes Pastores. Tal convivência A Conferência Episcopal Uruguaia não as.sumiu atitude devida em relação ao comunismo. seia p0r açõo, seja por omissão O livro dirige-se finalmen te aos acarretaria perigo próximo para a Fé e Bispos e Padres cuja conduta se objeta, escândalo para os bons, razões pelas pedindo-lhes que em face de tão grave Teólogos de grande relevo, cm todas quais a TFP inclui em sua legítima trumento central da agressão marxista rarquia eclesiástica - se colocassem as épocas da Igreja. já haviam forne- resistência a cessação dessa convivência questão de Fé, como a colocada pelo contra o Uruguai. na vanguarda da lula espiritual contra Esquerdismo na Igreja, companheiro o inimigo comum da Igreja e do país, cido os elementos para analisar situa- eclesiástica habitual com os Bispos e procedimento de que deram mostras, não se rccolltam a silêncio cômodo de viagem do comunismo traz em sua empenhando nisso suas melhores forças ção tão grave como a criada pelo pro- Padres demolidores. nem apelem para o uso lacônico do cedimento eclesiástico demolidor. capa, sobre fundo azul escuro, um su- e iníluências. A TFP se declara consciente de que argumento de autoridade, o qual, no Assim. o estudo da TFP não foge 1al atitude nada tem em comum com a gestivo desenho no qual aparecem uma Mas, o que acon teceu realmente? presente caso, não basta para resolver a mitra episcopal e :, estrela, símbolo do O estudo registra o procedimento das conclusões. contestação revolucionária. Pelo con, questão. Tan to mais se se considera o Segundo o ensinamento dos teólo- trârio, é fruto do amor e da fidelidade movimento terrorista tupamaro, po- eclesiástico a esse respeito em linguadendo-se n~scrvar por dctrãs o crepi- gem franca, porém, serena e elevada, gos, um Bispo pode incid ir em cisma ao princípio de autoridade e ao Magis- caráter objetivo, como tan1bém concrerecorrendo a fatos objc tivos e docu- não só por se separar do Romano tério eclesiástico tradicional, do qual tamente cismático e favorecedor de tar das d :.~:ias de um incêndio. mentos válidos considerados à luz dos Pontífice, mas também pode incorrer se afastaram os Bispos e Sacerdotes heresia, de que se reveste a conduta eclesiást ica objetada, e a dúvida graprinc ípios católicos e situados no res- nele, entre outras causas, por recusar favorecedores do marxismo. Sangrenta encenação a seu rebanho a orientação espiritual pectivo contexto nacional. de um mito revolucionário A legítima resistência em nada al- vemente fundada de ter.em sua origem Verifica assim que, nessa hora deci- a que este 1e111 direito, por se voltar tera a inabalável adesão dos sócios e uma nova concepção religiosa, conO estudo mostra que o comunismo, siva da história uruguaia, a quase tota- contra os deveres de seu cargo. coopêradorcs da TFP à Santa Igreja Lrária à doutrina tradicional e imutável da Igreja. , Por outro lado. é doutrin a comum Católica, Apos16lica, Romana. no Uruguai, embora dispusesse, duran- lidade dos Bispos e parte impressioA TFP uruguaia assinala, por fim, te muitos anos, de entrada livre na nante do Clero abandonaram o povo entre teólogos e canonistas que o faesperar que os Prelados e Sacerdotes política, universidades e sindicatos, não cristão agredido, omit indo o cumpri- vorecin1cn to de heresia não se confi. Pergunta final: impugnados não fujam ao debate douconseguia sair do isolamento próprio mento do dever incrente a seus sagra- gura só através de palavras, mas tam- o esquerdismo na Igreja, lrinário, neste adotando, em relação de uma minoria fanatizada, est ranha à dos ministérios. Pior que isso, a grande bém de atitudes ou omissões que di- uma nova religião? a católicos fiéis à doutrina tradicional maioria desses Prelad os e o Clero q11e reta ou indiretamente favoreçam a índole do país. da Igreja, pelo menos a atitude de aberSua pregação rcvolucion ,\ria choca- os secunda procederam de modo ten- difusão de erros cm ma téria de Fé: e Finalmente, a quantidade imprcstura que os mesmos eclesiásticos asva-se contra uma nação estável, tradi- dente a perturbar as reações salvado- incluem nisto atitudes que, não descio,1al, com classes sociais diversifica- ras, semear a confusão e o relativismo providas de ambigüidadcs em seu con- sionan te de an tcccden les reunidos no sumem cm relação a pessoas situadas das mas permeáveis entre si e coexis- moral entre o rebanho e favorecer sob junto e na ordem concreta dos fa tos. livro mostra que a nova atit1_1de favo- fora da Igreja, como os membros de tentes cm uma atmosfera da harmonia. formas mais diretas a ca11sa revolucio- redundam na ação de insuílar a ex- rl'ccdorn do avanço marxista de _tan tos outras religiões. inclusive não cristãos. nária marxista, que tinham obrigação pansão de desvios contrários à Fé. Ora. :unenidade e bom senso. Ao começar a década de 60, os de combater. Não vacilaram inclusi- o favorecimento de heresia, por força efeitos do lento declínio econômico ve em extrapolar dos limites das pró- das disposições do Direito Canónico. que se foi operando no Uruguai a par- prias funções eclesiâsticas, intervindo tem efeitos definidos. Segundo o canon tir da Segunda Guerra mundial, pro- de maneira abusiva - sem dados certos 23 16, "e suspeito de heresia aquel<' jetavam uma sombra sobre o panorama e de modo geral e vago - com aprecia- que espontânea e conscie111ente111e 11j11, uruguaio. Tal circunstância, aliada à ções sobre a real idade sócio-econômica da de qualquer 1110</o a J>rOJ)agaçõo da esperança de que a agitação subversiva uruguaia. Assim . esta conslituiria uma heresia", Tal suspeita admite graus que -:;. ;:.~ impulsionada por Cuba cm vários paí- situação de violência institucional cuja podem lransformã-la cm certeza. .. -61, :.=:-Diante da condu ta cclesi,istica de.., . -:,.·· ses latino-americanos influ íssc, por uma manutenção justificaria cm alguma me.. ~ . dida, ou, pelo menos, explicaria a molidora assinala o estudo da TFI' espécie de mimetismo, na si tuação . uruguaia - ·é impossível deixar de ideológica do Uruguai, parece ter leva- rebelião violenta. -e\ Quando o comunismo, derrotado recordar as figuras canônicas de cisma do o comunismo a se lançar à aventura primeiro nas urnas e depois pela pa- e favorecimento de heresia. quando da conquista do poder. \ Foi então que irrompeu abrupta- triótica reação das Força.~ Armadas - , não, cm certos casos. de heresia pro· mente o movimento guerrilheiro tupa- e11colheu suas garras, os mesmos Bispos prian1en te dita. maro, para dar aos uruguaios atônitos e Sacerdotes demolidores que o haviam um espetáculo de violência e sangue. auxiliado durante o assalto ao Uruguai Apelo aos eclesiásticos Espetáculo este destinado a produzir tradicional também se metamorfosea- não comprometidos uma sensação de crise social aguda e ram em sua atu ação, sem retificar o O livro faz então um ardoroso generalizada, levando a opinião públi- triste rumo adotado. aos eclesiásticos não comproA Conferência Episcopal Uruguaia apelo ca pelo desgaste, temor e cansaço a metidos no processo demolidor da a:dcr ante a implantação de um regime (CEU) continuou apresentando implí- Igreja e do Pais, para que acorram cita ou explicitamente as violentas mais ou menos marxisla. com seu zelo e cultura nesta hora. O Uruguai 11assou a cenário de tensões passaaas como mero problema e se pronunciem sobre a matéria. perigosa e bem · montada o peração de local, fru to das injustiças institucio, Os au tores da obra limitam-se a • guerra revolucionária moderna, com nais, silenciando o papel fundamental assinalar que, na ordem concreta dos todos os seus artifícios psico-políticos. que nelas teve o comunismo internacio- fatos, não vêel)I como deixar de admi\ Os tupamaros foram apresentados nal, sua agressão e seus desígnios inal- tir que a conduta dos Bispos e Padres por seus promotores como jovens idea- terados de conquista. Entreta.nto, pas- que têm atuado como COIIIJJOnhciros listas que constituíam apenas a mani- sou agora a promover um clima de de villgem do marxismo no Umguai, festação ex trema de um suposto des- distensão ilusória e anestesiante, hos- redunda e111 cisma e favorecimcn to contentamento popular ·muito mais til ao anticomunismo. e a pregar uma de heresia. vasto. No choque violento da guerrilha reconciliação relativista fovor{1vcl ao com as forças da ordem, exacerbara,ii- retomo da es(1uerda. Paralelamente, Resistência e cessação se as tensões, amplamente insufladas os Bispos e Padres demolidores permi- da convivência nos planos político, sindical e uni- tem que as tendências e idéias revo- eclesiástica habitual silário pelos agitadores comunistas. lucionárias continuem sendo fomen taA subversão esperava assim montar das nos meandros discretos de organiDiante dessa realidade objetiva. que um grande show, encenando uma si- zações apostólicas. atitude tomar? O t:mvotv,mcnw de t'?Cltts,~st,cos cm ~uos .subversivos 8 at~ terroristas IOt público e notório

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CNBBEL

ADE CLASSES O. Pedro Casaldáliga

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ill1. FASCÍCULO de vinte páginas, a

CNBB teve a pésslma iniciativa de publi· car, como separata do "Comunicado Men, sal" de outubro p.p., um documento de autoria de sua "Comissão Representativa". A tal documento, a Comissão - constitu!da por Bispos dá o Htulo de "Comunicação Pastoral ao Povo de Deus". E dele declara que, quando o redigiram, pensaram "e1n vocês, gente simples,

gente religiosa, gente das comunidades de base e dos grupos de reflexão, e lhes oferecemos esta reflexão pastoral" (pág. 3). A "reflexão" oferecida a "grupos de reflexão" surpreende pela redundância. Mas passemos adiante. Pois o português do documento é primário. A título de exemplo, registre-se esta frase:

''Embora as diferenças econômicas não sejam pecado em si mesmas, é (sic) pecado as in· justiças que as tiverem provocado" (pág. 16). Tal é o n/vel. Porém, deixemos isto de lado. Dentro dos limites de um artigo de jornal, não nos podemos alongar em questões de forma, uma vez que as de fundo pululam nas vinte páginas do folheto (por distração, íamos escrevendo panfleto). E mesmo para comentar estas, o espaço é muito insuficiente. •

• •

Como se sabe, a luta de classes é um dogma

do marxismo. Deseja o leitor um exemplo do estímulo que a Comunicação Pastoral dá a essa luta? Leia a seguinte descrição em que ai, guns fragmentos de verdade vêm apresentados de cambulhada com as generalizações, as unilateralidades e os exageros mais graves e evidentes: "São os pobres, os indefesos que en·

chem as cadeias. as delegacias, onde as torturas são freqüentes em vitimas que ai se encontram sob a acusação de não trazerem documentos de identidade, ou presos durante o "arrastão" das batidas policiais. So111ente pobres siio acusados e presos por vadiagem" (p~. 9). Obviamente,

a "gente simples", lendo isto, fica com a impressão difusa de que o Brasil contemporâneo é o inferno dos pobres hones·tos ... E que, além disso, é o paraíso dos ricos, os quais podem cometer crimes à vontade: "Para os poderosos, a situação é bem diferente. Há crimi.nosos que não são punidos, porque protegidos pelo poder do dinheiro, pelo prestígio e pela influência na sociedade que acoberta e, portan to, é cúmplice deste tipo de injustiça" (págs. 9 e 10). - Que sociedade? - Evidente· mente, a dos ricos, apontados assin1 à execração dos pobres. · Para acentuar essa execração, vem o fecho: "Esse duplo tratamento (para ricos e para po, bresl parece sugerir que, enr nossa sociedade.

só, ou acima de tudo, o dinheiro, e não o ser gente, é fonte de direito" (pág. 1O). •

• •

Esta apresentação, clan1orosamente distorcida, do atual quadro brasileiro, por enquanto arrancou um só protesto de fon te eclesiástica. Não me refiro aqui à grande figura deste Bispo - D. Antonio de Ca~tro Mayer - cuja simples presença nas fileiras do Episcopado nacional vale por um permanente protesto contra esta e

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Sob a presidência de O. Aloisio l orscheider, a CN88 vem assumindo posições t3da vez mais esquerdist&$

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BEM VERDADE o que, em entrevista a um jornal do Pará, disse o Pe. Maboni sobre o sentido subversivo da orientação recebida de seu Bispo, D. Estevão Cardoso de Avelar, e da cúpula da CNBB? O problema interessa, sem dúvida, à defesa dos direitos, reais ou não (exprimo-me assim porque não dispus de um só n1inuto para estudar o mérito do rumoroso caso), dos ocupantes das terras da região em lit!gio. - Mas, interessa s6 a eles? Para a quase total idade dos brasileiros, o ponto mais vivo, o que mais imediatamente se relaciona com sua existência cotidiana, está em saber se o Bispo de Conceição do Araguaia e a própria cúpula da CNBB têm realmente tendências, idéias ou atividades esquerdistas e subversivas. Os brasileiros, que na imensa maio, ria dos casos rejeitam formalmente o comurúsmo - se sentem ameaçados em uma segurança inestimável, que fazem questão de ter continuamente ao seu alcance. a certeza de poder, a qualquer momento, ajoelharem-se jw1to a qualquer confessionário e exporem a qualquer Padre, sem reservas nem restrições, todos os problemas que lhes atormentam a alma. Se um certo número de missionários do Pará, os Bispos sob cuja égide trabalhàm, e a "' própria cúpula da CNBB estão infiltrados de S comunismo, uma dúvida assalta no mais fundo .::: todo católico desejoso de abrir sua alma a um ::. Sacerdote. Se, por miséria humana as condições ., da Igreja hoje são tais que comunistas ou co:: munistóides podem ser ordenados Padres, ou 1:: Padres podem ser pervertidos pela doutrina {l comunista, e um ou outro pode ser mandado pa· 11 ra " evangelizar" não sei que pobres colonos em '8 não sei que rincões deste imenso Brasil... qual 'ij a garantia de que o Sacerdote da igreja mais .. próxima, a quem quero abrir-me, não seja um s• subversivo também? • :, Aquele que é, talvez, o mais sagrado dos

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;!!~~i~~~;!t~u! unn~ -o conselho, esse direito fica dessa maneira lesado. ~ Por mais que eu me condoa das injustiças ;_ eventualmente sofridas pelos colonos de Con, ·., ceição do Araguaia, uma coisa é bem certa. Con" dói-me incomparavelmente mais a situação de § alma dos milhões de católitos brasileiros assim lesados. Primeiro, porque os bens do Céu e da l alma valem mais que os do corpo e da vida ter, .:C rena. Em segundo lugar, porque o número de

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tantas outras enormidades. O Sr. Cardeal Vicente, Scherer declarou à imprensa que "a situaçiiq

descrita no documenro e as conclusões que dele se tiram não me parecem corresponder à realidade global do Pais, nem. principalmente, verificar-se 110 Rio Grande do Sul". "Não me parecem" - diz t/mida e inde, cisamente o Purpurado - quando dele se espe· raria uma contestação categórica e corajosa de tantas enormidades. Mas, enfim, é metllor do que nada. Causa-me su rpresa que, havendo três coti· dianos de boa circulação em São Paulo publi· cado o texto quase integral da infeliz Comunicação Pastoral, uma saraivada de p rotestos não se ter1ha erguido contra esta. Pois é conside· rável o número de pessoas que ela fere dessa maneira. - Fere? - Esta é a questão. Pois, pelo menos em princípio, se ferisse haveria reações. Mas se não fere, como ca.iu baixo o prestí, gio da CNBB, a ponto de as mais graves acusações, quando dela partidas, deixarem indi· ferentes os acusados! Como também, aliás, deixaram insensível a ''gente simples" que anda a/ pelas ruas, simpática e pacata, sem se deixar picar pela mosca da demagogia episcopal.

• • • Não podemos deixar de transcrever mais um trecho típico desse demagogismo. Parece ele calculado expressamente para fazer ranger de ódio os que têm menos, contra os que têm mais: "Por que - perguntam os bispos - só ai·

• •

- Mas - redarguir-me-á pressuroso algum leitor progressista - a culpa dessa desconfiança em relação a Sacerdotes progressistas ou comurústas cabe sobretudo às autoridades militares ou policiais que os denunciam, e aos senhores da TFP, como a outros católicos, que continuamente estão a apontar, aqui e ali, sintomas de subversão nas fileiras eclesiásticas. Se tantos acusadores se calassem, dr. Plínio, o público ignoraria a subversão no Clero, e se confes, saria tranqüilamente a qualquer Padre. É - responderíamos. O público confiaria em todo e qualquer Padre. Inclusive nos que são comunistas ou criptocomunistas. E sorve, ria assim, a largos haustos, o veneno que estes difundem sempre ql/e podem. Segundo o nosso objetante, o remédio para o mal não consiste em . prevenir contra ele o público, e em bradar aos responsáveis para que o erradiquem. Consiste simplesmente em es· condê-lo. Ainda que com a certeza de que ele assim se propagará impunemente ...

• • • A grande responsável pela terrível insegurança espiritual que o comunismo, e pior que ele, o criptocomunismo religioso vai espalhando pe· lo Brasil, é precisamente a grande maioria das autoridades eclesiásticas. Com efeito, ou o comun ismo existe nas fileiras do Clero, nas obras e associações cató· licas, ou não existe. Se existe, por que tantos Bispos - entre outros, ainda há meses atrás, o Cardeal D. Scherer, Arcebispo de Porto Alegre - timbram cm dizer que não há comunismo no Clero brasileiro? Por que tantos outros ficam cala· dos, diante do incêndio esquerdista que aos oll1os de todos os fiéis vai ganhando aqui e acolá o vasto e venerável edifício eclesiástico? Como explicará a História a ausência de qual, quer investigação, de qualquer punição canônica eficaz contra os culpados•

(pág. 18). Sempre o mesmo amálgama de alguns fragmentos de verdade com unilateralidades e exageros ou falsidades que constituem, em seu conjunto, uma clan1orosa injustiça. Esta, por sua vez, que efeito produz senão o ódio de classes? • • • Mas, para que falar de injustiça a respeito de um documento episcopal que, proclamando o Brasil uma terra em que os ricos torturam os pobres e protegem os criminosos endinheirados, afirma implicitamente que todo o nosso ~parelho judiciário é lotado por cúmplices ou asseclas dessa opressão monstruosa? Esta reflexão nos foz - lembrar o famoso documento Combli.n, do ano de 1968, em que o Sacerdote belga, assessor e amigo de D. Hei· der, pedia a derrocada do nosso sistema judi· ciário. . Mas isto, por sua vez, nos faz pensar no que a Comunicação Pastoral diz do seu. muito que, rido e admirado D. Heider, bem como dos Bispos acusados de comunismo, e dos respectivos acusadores. Mas já vai longe o artigo. Deixemos para outra vez essas misérias.

gwrs podem comer do bo111 e do melhor, e a maioria re11r que dormir com fome? 1... 1Por que uns ganhàm 30, 50, 100 mil cruzeiros por mês, e tantos não fazem mais do que o saltirio minimo? [... } Por que alguns podem ir passear e conhecer o mundo todo, e a maiori,;

IMENSA ORFANDADE SOBRE O BRASIL brasileiros lesados cm seus direitos espirituais é incomparavelmente maior que o dos pobres e. simpáticos patr/cios nossos da Prelazia de Conceição do Araguaia, possivelmente lesados em seus direitos a bens materiais.

11ão pode tirar uma semana de férias e sair com afamilia?"(pág. 16). E daí o documento se põe a clamar contra "o sistema sócio-politico e eco, 1rômico" vigente, que gera "uma ordem social marcada por injustiças e propicia à violência"

Se, pelo contrário, o incêndio é irreal, e são alguns intrigantes que caluniam tantos eclesiásticos aos olhos do povo de Deus, por que razão os que sofrem esta injustiça não defendem a própria reputação, não exigem as provas do que acerca deles se afirma, e não pulverizam as calúnias que estariam a sofrer? •

Volto ao caso. No Pará, um obscuro Pe. Máboni acusa seu Bispo de tê-lo induzido a atividades subversivas. Eis que no Brasil inteiro os íllamentos da contextura progressista se contorcem de indignação. "Não pode ser" zumbe ou exclama a furiosa grei. "É absurdo que um Bispo seja comunista. O depoiJnento do Pe. Maboni só tem uma explicação. O Sacer, dote está sendo torturado" ... Se causa 1an 10 incômodo à grei progressista que se diga que o Bispo do Pc. Maboni, e por cima dele a cúpula da CNBB, é criptocomu, nista, então deve causar-U1e um incômodo ainda maior um Uvro que está circulando em todo o Brasil (•) e cuja tiragem já anda pelos 35 mil exemplares. Transcreve ele poesias escandalosamente pró-comunistas de outro Bispo, D. Pedro Casaldáliga, Prelado de São Félix do Araguaia. Entretanto, por que essa acusação superdocumentada circula no silêncio geral da grei progressista; que fmgc não ter dela tido conhecimento? O mesmo livro transcreve um documento cm que a Regional Sul II da CNBB, constitu/da por Dispos paranaenses, já antevê a tomada do Brasil pelos comunistas, e recomenda a seus colegas a capitulação e até a colaboração com o invasor. O que é o modesto Pe. Maboni em comparação com um órgão episcopal da importância da Regional Sul li da CNBB? E por que, se em todo o Brasil os progressistas estremecem diante das afirmações do Pe. Maboni, e formulam contra as autoridades policiais as mais graves acusações, se calam diante do documento mais do que comprometedor daqueles Bispos do Paraná'/ •

• •

Mais ainda. Se molesta tanto a certos setores católicos que se diga quanto vai longe o incên, dio esquerdista na Igreja, por que, sem o menor protesto deles, circula pelo Brasil a "Comu11i·

Plinio Corrêa de Oliveira

O Cardeal Vicente Scherer, oposar de existirem fatos notórios em sentido cônt,.ário. diz qllc não há infiltrac.ão comunista no Clero l)rasilciro

cação Pastoral ao Povo de Deus". emitida pela Comissão Representativa da CNBB, da qual publicamos sábado passado alguns trechos? Não percebem esses círculos progressistas que o Brasil inteiro está traumatizado com o documento? • • • Estas são perguntas que o procedin1ento si.nuoso e enigmático de numerosos eclesiásticos esquerdistas ou progressistas necessariamente impõe. E enquanto assim eles devastam as imensas extensões que Nosso Senhor Jesus Cristo confiou aos seus cuidados pastorais, eles parecem só ter alma e coração para alguns colonos, filhos de Deus por certo, mas enfim alguns colonos que não é razoável tratar como se fossem os únicos fitllos de Deus deste imenso País. •

Não se espantem, Srs. Cardeais, Srs. Arcebispos, Srs. Bispos, Monsenhores, Srs. Cônegos e Srs. Sacerdotes, que se mantêm em silêncio ou em meio silêncio diante de tantas aberrações. Dizemos "meio silêncio" intencionalmente. Depois de ter asseverado, meses atrás, que não existem padres comunistas no Brasil, o Cardeal Scherer sai agora a público para afirmar que o panorama brasileiro, como está descrito no recente documento da CNBB, está distorcido. .É bem verdade. E aplaudimos o Prelado pela coragem da afirmação. Mas por que fica ele nessa meia afirmação·! Por que não indaga a causa dessa distorção, que seria in1possfvel sem a ação de eclesiásticos infiltrados? O povo brasileiro continua a ter Fé. Não porém naqueles que pregam o evangetllo de Marx, de Lenine ou de Brejnev. E também não nos que se calam ante a pregação ' 'marxista· cristã". O Brasil continua católico apostólico rO· mano, como sempre. Mas uma imensa sensação de orfandade espiritual se vai estendendo sobre ele. Pedin1os a Maria Sant!ssima, Rainha do Brasi.l, Mãe de todos os brasileiros, que vele por nós, os brasileiros de todas as latitudes. Os colonos, por certo. Mas também os não-colo· nos ... (*) Cfr. · 'A 1gre1a · ame a tscoloda do <1meaça com1misto - Apelo aos Bispos Siltmciosos", que publiquei cm julho e que já se encontra em 2.a edição

(Editora Vera Cruz, $ão Paulo, 224 piginas).

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Três etapas de um processo de morte:

Contracepção, aborto, eutanásia MURILLO M. GALL IEZ {Secretário da Comissão Médica da TFP)

//DOao CONTROLE da 11atalidade co11trole dos falecime11tos,

impedir, até por meios antinaturais, a concepção de "filhos não desejados", dos nascimentos pla11ejados facilmente será levado a considerar aos falecimentos planejados, parece legítimo o aborto, caso falhem os rehaver em tudo um processo lógico; cursos anticoncepcionais. E o d.inamas é uma lógica de morte e não de mismo interno desse egoísmo acabará, vida". · cedo ou tarde, por arrastar os homens Essas palavras dos Bispos irlande- à outra extremidade desse tenebroso ses nos convidam à reflexão. Não corredor: se se pode impedir ou supretendemos apresentar aqui toda a primir o filho que se julga não estar argumentação doutrinária da Igreja no em condições de sustentar, ou que que se refere à contracepção, ao abor- poderia trazer problemas para o conto e à eutanásia. Visamos apenas mos- vívio familiar, porque aturar, então, o trar a mentalidade que está por trás velho avô ou o parente portador de desse processo e alguns fatos que ilus- joença incurável ou incapacitante, que tram essa terrível "lógica de morte". se tornaram causa de excessivos trabaA crescente paganização da socie- lhos e despesas? A mesma " lógica de dade vai reintroduzindo, de modo cada vez menos ·...:.. ~ _, !""Mir."'s que os séculos de civilização cristã haviam feito desaparecer por completo do mundo ocidental. Mais particularmente, é no que se refere à vida humana em sua dignidade, em seus direitos e na condição única .do homem na escala da criação, como ser dotado de alma imortal, além do corpo, que tais práticas se vêm manifestando e que uma nova mentalidade começa a se generalizar. Tal mentalidade - que tem suas causas profundas numa concepção igualitária e materialista da vida procura vencer as resistências que a Religião, a Moral e a simples retidão natural opõem, através da difusão de conceitos ambíguos sobre o bem e o mal, a verdade e o erro, a virtude e o vício. A propaganda vai, por todos os meios, incutindo sem cessar a apetência pelo gozo da vida, a qual gera uma atitude egoísta em face de inú.meras situações; tudo aliado a boa dose de sentimentalismo romântico e de ·perrrussivismo no campo dos costumes, vai movendo as tendências da opinião pública no sentido de aceitar aquilo mesmo que até há pouco rejeitava com horror, como 11berrações de barbárie pagã ou manifestações doentias de mentes pervertidas. Refe- Manifestação pró-aborto na Itália. E sign,. rimo-nos à contracepção por métodos ficatívo o fato da que o cartaz da foto artificiais, ao aborto e à eutanásia. reproduz um pcns.imento do Mao Tsé-tung Lógica de morte

Realmente, contracepção, aborto e eutanásia são manifestações concretas de uma só mentalidade, de uma mesma tomada de posição doutrinária e prática em face da vida humana, sua origem, sua dignidade, seus fins: Deus já não seria o Criador e supremo Senhor da vida, desde suas fontes até seu termo, mas caberia ao homem determinar quem deve nascer, quem deve sobreviver e quem deve morrer. Teria ele a faculdade de impedir artificialmente que a vida humana seja o resultado natural de um ato a isso destinado, bem como o direito de suprinú-la em qualquer fase de seu desenvolvimento,. quer antes do nascimento (aborto), quer depois (eutanásia), como antes mesmo de se ter iniciado (contracepção). B esse novo supremo senhor da vida e da morte não estaria sujeito a outra lei que a de seus interesses, suas conveniências, seu egoísmo. Não importam leis divinas ou humanas, eclesiásticas ou civis; nem mesmo a lei natural, impressa indelevelmente em seu ser por Aquele que o criou à Sua imagem e semelhança. O que vale são apenas razões de ordem material, aquilo que ele considera necessário ao bem-estar físico, mental e econômico de uma pessoa, de uma família, ou da população de um país. Ou simplesmente para satisfazer a alguém que não quer arcar com as conseqüências dos próprios atos. Há quem ainda se horroriza com a eutanásia, e a considera, a justo título, como homicídio voluntário. Entretanto admite o controle da natalidade por meios artificiais. Não vê que uma coisa é conseqüência da outra, frutos ambas da mesma mentalidade "contra a vida". Pois quem ad.mite ser lícito 4

morte" levará ao desejo de lhes abreviar os dias. E a hipocrisia assassina encontrará logo justificativa "piedosa": "Coitado! já sofreu demais" ... Vem a propósito citar aqui as palavras do Prof. Charles E. Rice, da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, comentando a a,npliação de casos de abortos permitidos pela legislação de seu pais: "Se um ser humano inocente pode ser morto porque é jovem demais, isto é, não viveu ainda nove meses desde sua co11cepçíío, não há motivo, em principio, para que ele não posso ser eliminado porque é velho demais. Ou retardado demais. Ou escuro demais. Ú!I politicame111e i11desejável demais. E a filosofia da Alemanha nazista que esta nação está adotando" (1 ).

Novos Herodes {de avental branco) A generalização da prática do aborto sob amparo legal vai tomando hoje aspectos alannantes. Um número crescente de países vêm liberaliZando suas legislações para facilítar essa conduta homicida. Pois a interrupção provocada, deliberada e consentida da gravidez configura plenan1ente o homicídio voluntário. Amparando essa prática criminosa com suas leis, esses governos se toman1 cúmplices, em grau mais ou menos amplo, do assassínio de milhões de seres humanos, reeditando, em larga escala, com requintes de Jécnica e de hipocrisia, a bárbara car, nificina dos Santos Inocentes, perpetrada por Herodes. E as conseqüências, como é natural, são as mais funestas. Para citar apenas o exemplo da Inglaterra, cm 1967, através do "Abortion Act", o governo ampliou consi-

dcravclmente os casos legais de aborto provocado. Desde então, o número de abortos notificados vem aumentando a cada ano, passaitdo de 2 5 mil cm 1968 para 170 mil em 1973. Calculase que até o final de 1976 cerca de um milhão de crianças por nascer já tenham sido sacrificadas. A facilidade para essa prática na Inglaterra atrai grande número de mulheres de outros países. Só da Irlanda, mais de 2.200 estão oficialmente registradas como tendo viajado à Inglaterra com essa finalidade. Isto sem contar as outras talvez mais numerosas - que não indicaram o objetivo criminoso de sua viagem. A situação na Grã-Bretanha chegou a tal descalabro que provocou reação popular. Fundou-se ali, há alguns anos, a Sociedade para a Proteção das Crianças por 11ascer (Thc Society for lhe Protection of Unborn Children SPUC). Ela organiZa manifestações públicas, passeatas, lança declarações, edita boletins, envia memoriais aos parlamentares, visando combater essa prilt.ica criminosa e abusiva. Nos Estados Unidos, antes de 1973, doze Estados já havian1 liberal.izado ao extremo suas legislações sobre a matéria. Naquele. ano, uma decisão da Suprema Corte pennitiu, em todo o país, o aborto provocado, por solicitação da mãe, até o terceiro mês de gestação. Em dezembro de 1975, o Ministério de Saúde, Educação e BemEstar anunciou a política de proporcionar condições vantajosas para sua prática ~m todos os serviços médicos sob sua jurisdição.

Anti concepcionais fazem diminuir abortos? A situação também suscitou reação popular e adquiriu carãter polêmico a ponto de se tornar um dos principais temas da recente ca,npanha presidencial. O prcsiden te Ford, derrotado nas últimas eleições, manifestou-se contra o aborto a pedido, mas favorável à sua realização em casos de violação ou perigo para a vida da mãe; é contrãrio :l emenda constitucional que proíbe o aborto ·cm todo o país, mas favorável a outra que pennita a cada Estado legislar livremente sobre o assunto; tal emenda, entretanto, dificilmente seria transforn1ada em lei, pois necessita o quorum de dois terços dos congressistas, além da aprovação por três quartos dos Estados. O Presidente eleito, Jimmy Carter, manifestou-se pessoalmente contrário ao aborto, ao uso de verba federal para, sua realização e a qualquer emenda constitucional sobre o assunto. Mas, paradoxalmente, declarou-se favorável a um aumento dos programas federais de controle da natalidade, "para combater o aborto". A posição de Carte,, tão ao gosto daqueles que difundem os métodos artificiais de contracepção, é especialmente digna de reparos. Como bem salienta uma oportuna Carta Pastoral do Episcopado da Irlanda sobre o caráter sagrado da vida humana, lançada cm 1975 (2), é significativo que um número crescente e assustador de abortos ocorra exatamente em países onde existe amplo acesso ao uso de contraceptivos. Autores favoráveis ao aborto, citados na Pastoral, confessam que o problema dos "fühos indesejados" vai-se tornando cada vez pior, apesar do fácil acesso aos anticoncepcionais; e reconhecem que "o aborto a pedido é a co11seqüência lógica da co11tracepção a pedido". Portanto, a acessibilidade à contracepção artificial não irá diminuir o recurso ao aborto; pelo contrário, apenas difundirá ainda mais a mentalidade e o estilo de vida que produzem a solicitação para essa prática criminosa. Pois, como observam os Bispos irlandeses, a liberdade sexual tornou-se uma tal obsessão na sociedade moder-

na, que ela sacrificará qualquer valor, mesmo a vida de crianças por nascer, para satisfazer esse novo ídolo. Depois do aborto, a eutanásia Em relação à eutanásia, antes de citar alguns fatos que indican1 sua progressiva difusão, é importante lembrar que os argumentos invocados em seu favor são análogos àqueles invocados para o aborto. Donde se conclui que uma sociedade que aceite o aborto legalizado toma-se lógica e moralmente impossibilitada de se opor à eutanásia. Também os métodos usados para sua aprovação são semelhantes. Na Inglaterra, por exemplo, a mesma marcha cautelosa usada para a aprovação do aborto vem sendo empregada no campo da eutanásia (3). Naquele país as primeiras tentativas para aprovar a eutanásia na esfera legislativa, já se fizeram sentir. A Câmara dos Lords, em sessão realizada no dia 12 de fevereiro de 1976, votou um projeto de lei sobre os pacientes incuráveis, apresentado pela Baronesa Wooton, que permitiria aos pacientes incuráveis assi.nar uma declaração testemunhada, manifestando o desejo de não ter a sua vida prolongada. O projeto foi rejeitado por 85 votos contra 23, mas deixou a porta aberta para novas investidas (4). :segundo recente reportagem (5), também nos círculos hospitalares britânicos a eutanásia vai ganhando terreno, sendo aceita tacitamente por médicos e pacientes desenganados. Calcula-se que 20% dos médicos ingleses que trabalham em hospitais do govemo respondem afinnativamente ao pedido de pacientes considerados incuráveis e cujo desejo seria o de morrer o mais cedo possível. O livro "Diário de um Cin,,giíío" escritQ por um médico escocês, George Mair, revela como e quando pacientes e médicos entram em acordo para uma "morte caridosa" ("mcrcy killing"). Duas condições são exigidas: 1) dois especialistas devem emitir um diagnós, tico que confinne a irrecuperabilidade clínica do doente; 2) o pedido de eutanásia deve ser feito espontânea e pessoalmente pel·o doente. Explica Mair que, em situações assin1, o méd ico cuida pessoalmente do caso. O doente é levado algumas horas antes do ato final a um quarto afastado do hospital. Logo depois, chega o médico, com quem ele conversa e toma chá. Em seguida, quase de surpresa, o médico injeta em seu braço a dose mortífera de um medican1ento que provoca, em poucos minutos, um sono doce e depois a morte. ' , Na i nglaterra, o Código Penal prevê a intervenção da Justiça, em atos semelhantes, só em caso de denúncia. Até agora poucos médicos subiram à barra dos tribunais para responder por homicídio voluntário. Mair julga a eutanásia uma necessidade, uma "obra de caridade", mesmo estando essa prática, no momento, fora da Lei e da ética comum. Em suas "Confissões", revela ter ele mesmo concedido a morte a um número de doentes que não soube precisar. Também em outros países, principalmente na Suécia e na Dinamarca, não faltam médicos de renome que propugnam a necessidade de se fundarem clínicas para aqueles que desejam "matar-se suavemente". Na Suécia, já se fabrica tíma pílula que pemúte ao paciente morrer i.nconscientemente durante o sono (6).

explicitamente pelo próprio paciente. Porém os defensores dessa prática, que de início a propugnam apenas nessas condições, fatalmente evoluirão para a eutanásia compulsória, ou seja, aquela em que a pessoa a ser eliminada não pede sua própria morte nem é capaz de se defender contra ela, por impossibilidade física ou psíquica. Em janeiro de 1973, registrou-se na Holanda um rumoroso caso de eutanásia. A Ora. Geertruida Postma van Boven aplicou uma dose mortífera de morfinu sua mãe, d~ 78 anos, que se achava gravemente enfenna e padecia fortes dores. Acusada de homicídio, a médica confessou o ,fato, obtendo numerosos testemunhos de simpatia e solidariedade, inclusive o de 27 médicos, dos quais 17 confessaram que já haviam praticado a eutanásia em ·certas ocasiões (7). No mesmo a,10, em sua edição de 25 de outubro, oNew E11gland Journal of Medicine, publicou artigo dos médicos Raymond S. Duff e A. G. M. Campben confessando que 43 crianças disformes foram abandonadas à morte, com o consentimento de seus pais, na Ala Infantil do Hospital de New Haven, para impedir que levassem uma vida carente de "significado humano". Ainda nos Estados Unidos, crescem os pronunciamentos favoráveis à eutanásia a tal pQnto que se pode prever, para futuro próximo, a possibilidade da legaliZação da "morte caridosa" dos incuráveis. Estratégia cuidadosamente planejada Particulannente digna de nota foi a divulgação de um documento, comentado pelo jornal católico norte-americano 77,e Jlla11derer, em sua edição de 20 de fevereiro de 1975. Trata-se de um plano de dez anos P?ra in1por gradativamente a eutanásia nos Estados Unidos até 1983. O documento foi redigido em 1974, por um grupo que se auto-intitulou Task Force 011 Death and Dying, e descreve a estratégia e a tática de um plano para ação a longo prazo, no sentido de ir fonnando na opinião pública uma mentalidade que encare a morte - e conseqüentemente

Serão os velhos "estorvo oneroso", devondo ~r eliminados desta vida?

a eutanásia - com naturalidade. O resultado final seria a aprovação de leis em níveis federal, estadual e municipal, favorecendo a eutanásia sem qualquer espécie de reação. O plano está sendo colocado em prática pelo Alethea Center 011 Death a11d Dying que, para isso, conta com to~os os ingredientes para um êxito provável: dinheiro, organização, pessoal, rccrutan1ento, estratégia e coordenação. O método a ser uti.lizado é um intenso "sistema de educação" de massas para conquistar as mentalidades de profissionais liberais e estudantes, esDa eutanásia voluntária colas públicas e particulares, universià compulsória · dades, associações de classe, conselhos nu1nicipais de toda a população Até agora os calos citados se referem em geral. O tenno "eutanásia" nunca apenas à eutànásia voluntária, ou seja, aquela em que a morte é solicitada <.:cnclui na página 6 "


SANTA CATARINA LABOURÉ

Nossa Senhora

A noviça que viu

Antonio Augusto Borelli Machado OCORRENDO neste mês o centenário do falecimento de Santa Catarina Labouré, a gra.nde alma que recebeu de Maria Santíssima a extraordinária revelação da MedaU,a Milagrosa, Catolicismo não poderia deixar de comemorar essa data com todo o calor de sua devoção marial. Não sendo possível, nos estreitos limites de um artigo, percorrer a vida edificante e cheia de maravilhas dessa extraordinária Santa.julgamos que não poderíamos prestar melhor homenagem a ela do que divulgar as singularíssimas visões que teve da Mãe do Céu, e as inefáveis promessas que dEla recebeu, para si e para todos os homens, em 1830, na Rue du Bac, em Paris.

T

RANSCORRIA O M&i de dezembro de 1876. A Irmã Catarina Labouré, embora muito debilitada. continuava com vida, a despeito de sua profecia de que não veria o ano seguinte. Se alguém lho fazia notar, ela retrucava: "Ntio, não, cu não verei o próximo ano". No dia 31 de dezembro, pela manhã, ela sofre vários desmaios. Administram-lhe a Extrema-Unção. A Irmã se mantém numa serenidade perfeita. Recuperando-se um pouco, levanta-se e, como de costume, instala-se em sua poltrona. Suas sobrinhas vêm visitá-la, acompanhadas da mãe. A Irmã Labouré dá-lhes santinhos, bombons e medallias. Ourante todo o dia, prepara pacotinhos com medalhas para a distribuição pelas Irmãs. Pelo meio dia, o Diretor das Filhas da Caridade vem dar-lhe a bênção e lhe fala das peregrinações a Lourdes. Ela observa: "Na capela dll Comunidade é que a Santi'ssimo Virgem quer ser honrada pelos Irmãs. t.' lá que deve ser!! verdadeiro peregrinação•·.

As quatro horas da tarde, novo desfalecimento. A superiora, lmiã Dufes, acorre. A lm1ã Labouré, porém, ainda uma vez consegue recuperar-se. "Vós estoi.ç me pregando susros. minha boa Irmã" - lhe diz a superiora. Ela replica: "Minha lr11uJ, eu não q11ereria q11e vos incomodassem. A inda não é

o fitn ;,.

• •

No momento atual, cm que nuigem todos os gonzos da política internacional e o estado moral e religioso da humanidade atinge um ponto assustadoramente baixo, é licito considerar a possibilidade da iminência do cumprimento pleno das 1erriveis profecias de Noss~ Senhora em Fátima, caso os homens não rezassem e fizessem penitência. Em tais cond ições, parece oportuno recordar também a primeira grande Aparição de Nossa Senhora no século passado, que abriu o ex traordinário ciclo das aparições mariais: Ruc du 8ac(l830), LaSalcllc ( 1846), Lourdcs (1858), Fátima ( l 917), são os pontos refulgentes dessa trajetória lu· minosa. Se os homens tivessem sido fi~is às graças derramadas a partir da Medalha Milagrosa, o pavoroso castigo do comunismo, detalhadamente descrito em Fát ima e embrionariamen te anunciado na Ruc du l3ac, teria sido desviado do mundo pel~ " cc onipotente da Mãe de Deus. De qualquer modo, a recordação das graças do marco histórico de 1830 pode s~r ainda uma OJ)Ortunidade de renovação dessas mesmas graças, pelo menos para aqueles que quiserem pele· Jar por Nossa Senhorn durante a grande tormenta que, ao que tudo indica, se aproxima. Tudo leva a crer que as graças oferecidas por Nossa Senhora na Ruc du llac permanecem em aberto. e aqueles que franquearem os corações h sua influência, poderão vir ~, ser pedras vivas do Reino do Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, a ser i11s1aurado, sobre a face da terra, segundo as previsões do grande teólogo mariano e mission ário fnmcês do século XVIII, São Luís Maria Grignion de Montfort. Razões análogas às aduzidas sobre a possibil idade da realização iminente das promessas de Nossa Scn.hora cm Fátima - que assegurou a vitória final de seu Imaculado Coração - poderiam ser invocadas para afimiar que esse Reinado de Maria deveria se efetuar ainda cm nossos dias.

Pelas seis horas, os sinos tocam. A Irmã Labouré definha cada vez mais. As Imiãs se reúnem em seu quarto para a oração dos agonizantes, a ladainha de Nossa Senhora e a Ladainha da Imaculada Conceição. O caso singular Uma das Irmãs descreveu a cena: da noviça que queria ver "Cercamos o seu leira até o co111eço da noire. Às serc horas. elo pareceu Nossa Senhora adormecer mais profu11dame11te. e sem a menor agonio. sem o menor sinal de sofrimenro, exalou seu úlrimo suspiro. Mui pudemos perceber que tinha cessado de viver. Jo1110is vi morre tão calmo e tão doce".

- E quem, mesmo sem conhecer ao presbiré:rio. ao lodo tia cadeir a de esses milagres, mas simplesmente pos- braço., do Sr. Diretor ( 4 ). A li me suindo o espírito católico, poderia pôr a;oelltei, e o m enino permaneceu de cm dúvida a realidade da descrição pé todo o tempo. E11 acltav" o t empo que passanios a aprcscn tar, repassada romprido. e olham para ver se as vi_da inocência prim:1veril de uma alma gilantes não p<1ssav11111 pel" rrib11110. onde as graças do batismo nunca se "Por fim , chegou a hora. O menino mo preveniu, Ele 111c disse: "lfis a fanaram"! - O lcilor julgue por si

Cumpria-se, assim, com prcc1sao. a profecia de Santa Catarina Labouré: 46 anos depois de ter visto a Santíssima Virgem na terra ia vê-1A agora novamente no céu.

Quando uma comissão teológica examina a autenticidade de fcnôrnc.

nos sobrenaturais, cos1uma perqu irir se o pretendido vidente não teria sido influenciado por narrações congêneres,

Por onde a vidente e seu Anjo da Guarda passam as luzes se acendem

Santa Catarina Labouré aos 26 anos

as quais poderiam ter-lhe perturbado

a mente. fim nossos dias, por exemplo, há várias pseudo-aparições, evidentemente decalcadas em Fátima, e que não oferecem a mínima garantia de autenticidade. Antes pelo contrário, aquele que possui o senso das coisas católicas, logo discerne nelas o mau odor das contrafações do demônio, onde o prosaísmo, o ridículo e a mais grosseira sandice acabam aparecendo clara ou veladamcnle. Não estranha, pois,que a Santa Igreja sempre tenha posto o máximo empenho cm estudar adequ adamente a autcnlicidade de anunciadas revelações sobrenaturais. Dever-se-ia, talvez, fazer wn pequeno reparo ao ceticismo desproporcionado que homens de pouct1 fé, que conduziram certos processos e.:111ônicos, demonstraram nesta ou na. quela ocasião. I! fruto desse cuidado, por exemplo, que a Jnnã Lúcia - a mais importante das videntes d<! l",í.ima - tenha sido minuciosamente in1crrogada sobre a possível influência que as Aparições de Lourdcs pudessem haver exercido sobre o que ela mesma leve ocasião de Rresenciar. Com as Aparições de Nossa Senhora na Capela das Filhas da Caridade de São Vi?enic de Paulo, na Ruc du Bac, cm Paris, no ano de l 830, estamos, en- · lretanto, diante de um caso singu lar. Porque Nossa Senhora aparece a uma jovem noviça que ardia cm desejos de ver a Mãe do Céu, - e que na oração da noite pedira ao Anjo da Guarda e a São Vicente de l':rulo que lhe obtivessem a graça de ter uma visão da Santíssima Virgem - adon11cceu na ccr1cz:1 de que A veria naquela mesma noite!

No dia l 9 de julho celebra-se com particular solenidade. entre as Filhas da Caridade, a festa de São Vicente de Paulo. É a própria lm1ã Ca tarina Labourê quem escreve o que enlão se passou (1): " Depois veio a f esru de São Vicente. 1V11 11ésperu, nossa boa 1\1adre Mana

apreseruou ..,u>s uma i11...1ruç1io Sôbre ti devoção à San11:,xima Virgem. o que me deu o desejo de vê-IA . Deirei-me, pois, com o pe11.'it11nento de que na·

qucltt noite mesmo cu ,,e.ria minha boa 1\fãe : lwvia t111110 1empo jti 1111e e11 deseja,,a ,,ê-lA! "//a,•iam-nos disrribu frio ( :ls noviças) um pedaço do roq11ete de linho de S,ío Vicente. l:.'11 cortei II metade e 11 engoli, adormece11do com o pe11.'it1111e11to de t1uc S,io Vice111e me obt eria a gmÇt1 ele 11cr" S111111ssima Virgem. "Enj,m. ás 011ze e meia tia 11oire. 011vi me chamarem pelo 110111e: " Irmã l.abouré! Irmã l//ho11ré!., "A cord1J11do , olhei para o direção ele QJl(/C vi11lt" 11 l'OZ, que era do lado do passsgem (2). Corro ti cor ri11a e vejo 11111 menino ele quatro a t:inco anos que me diz: "Vi11de ti ú1p.e/11: a San-

ti$:.imo Virgen, ,,os espero ·: .. l,ogo me ,•eio o pens,,menro: ·· Vão 1ne perceber". O menino me· respou~ deu: "Ficai trauqiiila: sâv' onze e meia do rwire. e todo o 1111111tlo estú dormindo. Vinde, eu )'OS espero·:

.. Vesri-mc depressa e me dirigi para o lado do menino. /;~fie rinlw permanecido de pé, sem t1ra111ar além da cobeceirll ele minha C(IIIW. Ele me

seguiu, ou ,nelhor. cu o segui. sempre

à minha esquenta. Por toe/os os /11g11· res 01u{e J)(lssOvamos. ,,s luzes e.tU1l'an1 acesos (3), o que me odmiravt1 1m1i10. l'oré111. muiro mais s11rpr eso fiq uei quando entrei 1111 Capela: a porta se abriu JJUII o menino ,, 10,:.011 com a po111a do dedo. E minha surpresa fo i

11inda 111ais complet" quando

todas as velas e castiçais acesos. o que me rccordm,·a 11 missa de 1neia•noi1c. J;i

Hoje, passados 146 anos dessas Depois de tantas maravilhas, maravilhosas Aparições, ninguém pode a Santí~sima Virgem pôr em dúvida sua m11enticidade. Milagres estrondosos as comprovaram. se faz esperar ... Ademais, a vidente foi canonizada pela "E111re1a1t10, 1111d11 ,,cjo d11 Santf., , Santa Igreja. simo Virgen,. O menino ,nc couduziu

"Eu ouvi como 11111 ·trou-frou" de vesrido <le seda, que 1•inlw do lado du tribuno, p erto do quadro de São José, e que po11savt1 sobre os tlegmus do altar, do lado cio E1•a11ge/ho. sobre uma cadeira igual ti de Sant'A11a (5). "Eu esttll'll em dúvida se serio a Sanrr'ssima Virgem. Nesse preciso mo·

menta, o 1nenino, que estava ali, me disse: "Eis o Su11tissim11 Virgem''. ''Ser-me-ia impossível d i zer o que

senti nesse 1no111en10. o que se passava dcruro de mim: parecia-me que eu 11ão 11ia ti

Santíssima ViTgem.

Então o ,nenino ,ne falou ,uio 11u1is como un,a criança, mos co,no un, 1

'

homem dos mai., fortes, e com tis P"· la,,ras mais fortes.

"Com as mãos apoiadas sobre os joelbos da Santíssima V irgem ..." "Nes.,c momento, olhando p(lra a S1J11túsim" Virgem. dei 11111 solto pt,ro j111110 tlE/a. pondo-me de joelhos sobre os degraus do altar e com as 11uio., apoiadas sobre os j oelhos da S11ntissi11111 Virgem..... ( 6). ' "Ali se posso11 o momento m<li.f

du<.:e de ,ninha 11i<la. Ser·me-ia impvs· sivel dizer tuclo o t1ue senti. Ela me disse como e11 devia me cond11zir em ref(lção ao 111e11 diretor espiriruol, e ,úrias coisas q11c eu não devo dizer; o

ma11e ir11 de me conduzir e111 n1cus so· frimentos: vir lançar-me <10 pé do (1//0r (e me mostraw1 com a mão esq11erda o p é do altar) e ali ef1111dir o meu coração. Ai eu receberia rodas 11s co11soloções tle que cu rivesse necessidade. . "Então lhe pergwuei o q11e sig11if,cava111 rodlJ., as roi.'i(ts que eu tinha ,,isro (7), e Ela m e explicou tudo..... "Fiquei não sei quanto tempo. T11clo o q11e sei é que, quando 1:,1a pari iu, não percebi sen.io que alg11mo coisa se ex/ inguia; enfim, mais 1111111 sombra que se d irigia poro o lado dl1 tribuno, pelo mesmo caminho pelo qual Ela 1i11/u, cltcg"do. "J,evm11ei-me dos degraus tio oirar e percebi o menino onde o r irú,a deixado. Ele me disse: "'Elo se rerirou".

"Nós retoma111os o mesmo c0111i· 11//0, sempre rodo i/11mi1111do. O mcni110 eslava sempre à minha CS(lucrda.

··Creio que este menino era meu Anjo da Guardo, que se ha vú1 rornado Conclui na página 6 -••~

bi11!rio, do lado do Evangelho, isto é, :'1 csqu:::rda: No 1C'!1Pº. destas rcvelaçô~~ a

(1) Extraímos os dados par:i este :1rtigo

dos seguintes livros:

Pe. Henrique Machodo, "A Medalha Milagros.a, sua história. simbolismo e lições". Tip. Fonseca. Porto, 1930. Coleue Yvtr, "1..3 vie secrC1c de Cathi> tine l.abouré", Edition..t Spes, P:1ris, 40c. millc, 1935. Edmond Crnpez, "L.e Mcssage du Coeur de Marie à S3inte Calherinc L11.>ouré''.

C:1pcla nao cst:,va 1ntc1ramen1c constru1d3, e terminava onde estão .1tu:i.Jmente 3~ colunas. N:io h:wi:l ainda :, cúpufo. Do lado direito UàdQ dr. f.pístolà), hàvi:1 umà lribtan3 com bmlcos par:i .:! oração.construída s:obrc ~ cor· redor que se estendia, no andar térreo do lado de fora, ao longo da p3tcdc da C:1pel:1. J>cl:i 1ribuna p3i;savam as vig1lan1es quando. por vezes, foziam :1 ronda no edifício. dur:rntc :, noite.

Edieion.~ Sr,0-s. Pasis. 194 7.

M. - 'n,. 1.oms•l.c./êbvrc. "Le silcncc de C11hcrine t..1bouré". OcsclCc De Brouwer,

2e, ed .. 1955.

(S) Segundo u111:1 descrição recolhida do~ l:'tbios da Sant:1 alguns meses :mtcs de sua morte, ela viu uma grande Dama que, descendo do lldO da tribuna, prostcrnou·se di~nte do Tabcrn:iculo e sentou-se n3 cadc1rn do Pe. Richcnct, então <li.rotor das Filhas da Caridade.

(2) O dom1itório das noviç..'ls cm um;a grande safa eomurn. Segundo o costume do 1cmpo, os leito$ eram gu:'l.rnccidos por urna corlin:-L A S,m1a se refere a esla na rrase segui~tc. A "f)ossogtm " era o C$paço compree.nd1do entre o seu leito e o leito vizinho, ou entre- o leito e a parede 0011· forme o sentido cm que :L~ c:unas cs1i;essem dis-p0$l3;$.

(6) Em ~ us n1:1nuscritos, a Sanlt'I ir\• lc~rompc o pensamento com 1,&. ci11co, seis, sete l?Ontinhos. e,n \'C.7. das convencio· na.is . reticencias. Colocamos sempre cinco pontinhos.. uma vci que 3$ reticencias (... ) muila$ ver.es podem ter uma conot;'IÇ~io diversa da inlenção da viden1c.

(3) Segundo outro rel:.uo. o me11ino "despedia raios da claridade puro por onde ele pasJovo ,_. {cr. Colei te Yvcr, op. cil.,

p. 109).

(7) l\ntes dcsto /\parição de Nossa Se·

O dormitório se encontrava então cm

cima d:i saeris1ia. Bastava descer uma escada ~ passar _por um corredor 1_)3.T3 chegar até a Capela. fodos os lugares se 1luminav;un por onde a Santa e seu Anjo passavam. (4) A r,.3dcirn de br:'IÇOS do Diretor da.-. FiU1as d:i ündade 11cava ooloead:l no pre$·

.)(Ili/1'.çsima Virgem: ci-lA •·.

mesmo.

NctSt:a capota. San13 Catarina L;1bouré conversou com a Rainha dos ~us

nhora, Sa.nta Catarina L'lbouré linh:t 1ido visõe._.. de São Vicente de Paulo (25 de abril :1 2 de maio de 1830) e de Nosso Senhor Jesus Cristo no Santíssimo S:1cr::1mento (durante. lodo o período de seu no• vfofod<>, parricul::mncnle no dia 6 de j u11ho do 1830).

s


-••~ Conclusão da página 5 visivel para me fazer ver a San/ lssima Virgen1, porque eu havia rezado muito a ele para que me obtivesse esse favor. Estava vestido de branco, trazendo consigo uma luz miraculosa, isto é, ele era resplandescente de luz. Tinha a idade de mais ou menos quatro a cinco anos. "De volta ao meu leito, eram duas horas da manhã, pois ouvi cocar as horas. Não ton1ei mais a donnir''. "Não tornei mais a dormir"... Seria impossível passannos adiante sem nos detennos um instante sobre o que possa ter sido essa noite na qual a Santa "não voltou mais a dormir". - E como poderia realmente voltar a dormir? Não queremos porém misto· rar nossos comentá rios às palavras tão cheias de encanto e de inocência da vidente. "Hic taceat omnis fingl!IJ"· Cada um que imagine - como soubcr e como puder, ou melllor, conforme as graças com que Nossa Senhora lhe iluminar a alma - o que foi essa noite cm que a Santa passou rememorando, com enlevo. veneração e ternura,.tudo o que tinha visto e ouvido: o Anjo da Guarda, um menino respl~descente; Nossa Senhora, a grande Dama sobre cujos joelhos a vidente repousa, cheia de filial confiança, as niãos; a voz maravilho<> ele Nossa Senhora soando-lhe deliciosamente aos ouvidos; os conselllos, as promessas, as advertências tocando-lhe profundamente na alma. Tudo isso foi a meditação de uma hora, o momento mais delicioso de uma vida!

"O mundo i nteiro será transtornado por males de toda ordem" O confessor da Santa, Pe. Aladel, muito cioso de resguardar a humildade de sua dirigida espiritual, levou os seus cuidados a ponto de destruir, antes de morrer, todos os papéis onde tinha anotado os relatos que ouviu diretamente da vidente, sobre as Aparições. Ele pretendia expressamente que não se conhecesse a freira favç,recida com as revelações ... De qualquer modo, escaparam à atenção do zeloso diretor espiritual alguns preciosos manuscritos da Santa, para gáudio geral dos historiadores e regozijo das almas fiéis. Assim ficou para a História um segundo manuscrito de Santa Catarina Labouré relatando esta primeira Aparição de Nossa Senhora. Apresentamos o texto na sua sim,

ça. O tro110 será dern,bado. O 1111111do i11teiro será transtornado por males de toda ordem. (Ao dizer isto, a Santíssima Virgem ti11ha um ar muito pe1111lizado). Mas vinde ao pé deste altar: ai as graças serão derramadas..... sobre todas as pessoas que as· pedirem. "Minha filha. e11 gosto de derramar graças sobre a com1111idade em parti· c11lar. E11 a aprecio muito. Sofro por· q11e há grandes abusos sobre a regula· ridade. As Regras não são observadas. Há gra11de relaxame1110 nas duas co· munidades (9). Dizei-o àquele que está encarregado de uma ma11eira particular da co1111111idade. Ele -deve fazer tudo o que lhe for poss,.vel para repor a regra em vigor. Dizei-lhe de 111i11ha parte. de vigiar sobre as más leituras. as perdas de tempo e as visitas..... "A co11111nidade gozará de uma gra11· de paz. Ela se tornará gra11de. ..... Mome,110 virá en1 que o perigo será grande. Acreditar-se-á tudo perdido. E11 estarei convosco. Tende confia11ça. Conhecereis minha visita e a proteção de Deus sobre a co1111111idade. Mas não se dará o mesmo com as outras co1111111idades. Haverá vitimas (ao di· zer isto, a Santissima Virgem tinha lágrimas nos olhos). Para o Clero de Paris haver<i vitimas: Monsenhor o Ar· cebispo (a esta palavra, lágriJnas de novo) ( 10). "Mi11ha filha, a Cruz será desprezada e derrubada por terra. O sang11e correní. Abrir-se-á de 110,,0 o lado de Nosso Senhor. As ruas estarão cheias de sangue. /vfonse11hor o Arcebispo será despojad_o de suas vestes (aqui a A Rue du Sac, n? 140. onde Sant,.ssi11111 Virgem não podia mais Nossa Senhora aparectu falar; o sofrime1110 escava estampado sobre a sua face). Minha filha - me plicidade ao mesmo tempo majestosa dizia ela (11) - o 111u11do todo estará e encantadora: IIO tristeza. A estas palavras, pensei "1830. - Julho. Colóquio com a qua11do isto se daria. Eu compree11di Sant issima Virgem, dia 18, das 11 ho- muito bem: quare11tt1 anos''. ras e meia da noite até a J hora e meia • • • da manhã do dia 19, dia de São Vicente (8). "Os tempos são muito maus... O "Minha filha, o bom Deus quer mundo i11teiro será tra11storr111do por encarregar-vos de uma missão. Tereis males de toda ordem... A 0-uz será desmuitos sofrimentos. mas superareis es- prezada e derrubada por terra... Abrir· tes sofrimentos pe11sa11do que o fareis se-à de 11ovo o lado de Nosso Senhor... para a glória do bom Deus. Co11heceruas estarão ,cheias de sangue... O reis o que é do bom Deus: sereis As mundo todo estará 1111 tristeza"... atorme11tada até que o tenhais dito Assim, na primeira Aparição de àquele que é encarregado de vos co11duzir. Sereis co11traditada, mas tereis Nossa Senhora em 1830, que inaugura a graça: não temais. Dizei. com co11- o ciclo das grandes Aparições mariais f11111ça, t11do o que se passa em vós; do século passado, já se ouvem os cladizei-o com simplicidade. Te11de con- mores de Nossa Senhora pela apostasia fiança; 11ão temais. da humanidade, que comportava a "Vereis certas coisas. Prestai conta rejeição e até o sacrílego tripúdio do que virdes e Óuvirdes. Sereis inspira- dos homens à Cruz de Nosso Senhor da em vossa oração. Prestai co11ta do Jesus Cristo. Em conseqüência, toda que virdes em vossas orações. espécie de males desabarão sobre o "Os tempos são muito 11111us, os mu11do inteiro. Para evitar isso, Nossa males virão precipitar-se sobre a Fran- Senhora faz um convite premente a

que os homens abram seus corações às graças que Ela lhes que, dar: "Vinde

ao pé desce altar: ai as graças serão derramadas..... sobre todas as pessoas que as pedirem". . - A palavra "derramadas" indica de modo mequívoco a superabundância de graças que seriam postas à disposição dos homens. Este aspecto das revelações da Rue du Bac fica ainda mais patente nas Aparições posteriores. - Como os homens corresponderam a esse convi te maternal do.Coração Sapiencial e Imaculado de Maria? E inútil nos estendennos sobre este ponto no momento mesmo em que o comunismo deita as suas garras de ferro sobre grandes extensões do globo, e a Santa Igreja Católica Apostólica Romana pa· dcce o miste,rioso processo que se assemelharia a uma autodemolição, praticada por um impressionante número de maus filhos, que assim a atraiçoam. Entretanto, em 1830, Nossa Senhora ainda oferecia aos homens a possibilidade do retorno ao seio bendito da plena ortodoxia católica, pela completa rejeição do processo revolucionário que, a partir da Pseudo-reforma protestante, passando pela Revolução Francesa, prosseguia sua marcha inexorável rumo ao comunismo (12). Ouvindo o relato da Aparição, o Pe. Aladel, sempre preocupad9 com o futuro de sua dirigida espiritual - e um pouco também consigo mesmo, por que não? - perguntou à Santa se ela e ele estariam presentes aos acontecimentos cuja ocorrência Nossa Senhora acabava de profetizar para 1870. Santa Catarina Labouré, porém, sempre mais preocupada com a glória de Deus do que consigo mesma, deu a resposta que cabia, e na qual se nota o característico espírito francês, penetrante como farpa: "Outros lá estarão

se nós não estivermos'~ Com a Aparição que acabamos de descrever, Nossa Senhora preparava a alma da corajosa e inocente noviça para as estupendas revelações que se seguiriam. Nestas últimas seria concedido ao mundo o precioso dom da Medalha Milagrosa. • •

Porém, não dispomos mais de espa· ço para esta narrativa. Fica para outra

Escrevem os leitores ' Pe. Emílio Soares da Silva, Italva (RJ}: "Aprecio CATOLICISMO sumamente. Faço votos que continuem a aprofundar". D. Anastácia Farion, Ponta Grossa (PR): "Estou satisfeita, fico conhe. cendo muitas coisas que ignorava a respeito da Igreja e do comunismo". D. Helena Neves da Silva, Lavras (MG): "Considero o útúco jornal verdadeiro e puramente católico, apOS· tólioo, romanoº. Sr. José Riovaldo de Oliveira, ltabuna (BA): "Tenho grande adnúração por esse joma!, inforn1ativo, combativo e orientador, que devia figurar em todos os lares". Pe. José Gumercindo Santos, Tucano (BA): "Para mim, CATOLICISMO é a mellior defesa da Verdadeira Fé católica, é o maior brado de alerta, é a maior caridade que um cristão faz a uma multidão de inconscientes, sem pastor, nos caminJ1osescabrosos da fé". Sr. Alcides Esteves dos Reis, Juiz de Fora (MG): "Sou vicentino há 60 anos, portanto católico praticante. Sigo as encíclicas dos grandes papas, como Leão XIII, Pio XII e o autêntico Evangelllo de Jesus. Logo, aprovo in· tegralmente o baluarte da sã religião, o CATOLICISMO". D. Seto Wong Lei Hwa, São .Paulo (SP): "Acho ótimo o jornal, mas gostaria que trouxesse mais a vida dos Santos". Pe. Maucyr Gibin, SS, Assessor de Litu,gia da CNBB - O Pe. Gibin pede·

nos que reti[iqul/JIIOS uma 11oticia SO· bre sua posição em relação à absolviocasião. Do ai to do Céu, onde comemora o ção sacramental no novo Rico da Peni· centésimo aniversário de sua gloriosa tência {CATOLICISMO, n° 309, se· entrada, Santa Catarina Laboµré obte- tembro de 1976. secção "A fumaça nha para aqueles que, resistindo a todas de sata11ás no templo de Deus"). Não as pressões do mundo moderno, per- teria dito S. Revma. que o leigo pode manecem inarredáveis no desejo de ' absolver, mas apenas, 1111 ausência de serem fiéis a Nossa Senhora, lls graças Sacerdote, "dirigir a celebração com11que os outros, desdenhosa e temcranitária" da penitência. sem dar, porém, riarnentet recusaram. 110 fim a absolvição. O con1e11tário publicado em nossa fo/1111 baseava-se numa entrevista publicada no Jornal do Brasil, do Rio de vanas tratativas, tendo 1l1icrs se recusado filhas da Caridade. Para se e xprimir por (8) Pelo relato anterior, a Santa di.t (9) A dos Padres da ~fissão e das Filhas • executado alguns prisioneiros e.çcrito. ela usa uma transcrição mais ou Janeiro, de I6-4-1976, órgão ordi110· que ouviu bater as duas horas. No mesmo d3 Caridade de São Vicente de Paulo, co· a so 1• riamente bem informado. relato diz que o Anjo a chamou às onze e mumente conhecidos no Brasil respectiv3-. da Co111un;i. em represália os rebeldes ruzi- menos fonéríe:a. De onde a dificuldade d_c meia e ela teve que esperar muito aré que

rntn1e l)Or "lazaristas" e "vicentinas" ou ''ltmãs de Caridade".

antes da meia-noite até mais ou menos

(10) Mons. Ccorges Darboy, Arcebispo

Nossa Senhora aparecc.sse. Assim é razoável supor que o dulcíssimo colóquio com a Virgem Santíssima tramcorrcu de pouco uma e meia da m3nhã, ou seja, pouco mais de uma hora e meia.

hu3m os reféns, cm l87 l,

(l 1) No original: "ne dldoit-ellt.''. Santa

de Paris. foi preso como rcrém pela Comuna, junto com outros Sacerdotes. Depois <le

interpretação registrada nesta nota, aHas

3 única nesse sentido.

Catarina L1bouré "$11bio ler e cscrei;er paro si mesmo", diz uma apreciação sobre ela conservada nos arquivos do noviciado das

(12) Cf. Plínio Corrêa de Oliveira. "Revolução e Cotttro-Rei'(Jluçaõ". Parte I O,p. 111, 3, D. MENSÁRIO com aprovação eclesiástica CAMPOS - ESTADO DO RtO Diretor Paulo Corria do Brito Filho

-•.,~ 0-,nclusão da ptigi,111 4

rado como eutanásia pela doutrina da Igreja}. aparece no documento, pois seus auto2) Abstenção de recursos a meios res o consideram "sujo" ("diny word"). Uma cuidadosa leitura do ordinários para tentar salvar ou promesmo, entretanto, não deixa dúvida longar vida de crianças portadoras de alguma de que a eutanásia, ativa ou defeitos congênitos, deformidades grapassiva, é precisamente o que está ves, ou ainda, de doentes incuráveis sendo planejado. Entendemos por eu- cm fase terminal. 3) Intervir ativan1cnte para eliminar tanásia ativa aquela em que se provoca a vida daqueles doentes incuráveis que diretamente o falecimento, mediante a aplicação de um meio mortífero. A o solicitem. eutanásia passiva é aquela em que se 4) Eliminação compulsória de todos deixa de aplicar os meios ordinários aqueles que constituem carga para a Que normalmente prolongarian1 a vida. sociedade. A divulgação desse documento reTodas essas etapas deverão ser amservado causou grandes embaraços a paradas em legislação específica. seus autores, que procuram, de todas as maneiras, negar sua finalidade úl• • • tima. Manejando slogans como "morte Vão assim os inimigos da vida hucaridosa ' ou "morte com dignidade", mana espalhando o pânico e a insegu-. os propugnadores da eutanásia procu- rança entre aqueles infelizes que, por ram introduzi-la por meio de etapas disposição da Providência, estão descuidadosamente dosadas: tinados a viver dos cuidados e da pro1) Defender sempre a abstenção teção do próximo. Invocando hipode recursos a meios realmente extra- critamente motivos sentimentais, cariordinários, segundo as circunstâncias dosos, sociais ou econômicos, esses de pessoas, lugares, épocas e culturas, agentes da morte tiram a u11s a poscomo por exemplo o transporte do sibilidade de praticar a virtude, de doente para ser operado em outro confonnidade com a vontade de Deus, país. (Este caso, aliás, não é conside- e a outros a oportunidade de exercer

6

a verd'adeira caridade cristã. Porque; 110 fundo, o que existe é a frieza, o egoísmo e a crueldade de uma concepção materialista e neo-pagã do homem e do universo, que nega implícita ou explicitamente a existência de Deus, do plano sobrenatural e da alma imortal e que, por ódio revolucionário contra a obra da Criação, quer destruí-la em tudo que estiver a seu alcance. A mentalidade contraceptiva gera facilmente a mentalidade próaborto e esta, a aceitação da eutanásia.

pecar contra a castidade"(inteiramente relacionado ao anterior nos casos da contracepção e do aborto). Tudo isso constitui, na ordem das leis e dos costumes, um pecado público, sem pre. cedentes 11a· História, que indubitavelmente clama aos céus e pede a Deus por vingança.

(1) Oiorlcs E. Ricc, apud Oinrles Sccrest, The future mofders, n9 24.

"Do controle da natalidade ao con· (2) Human li/e ,'$ sacred, Carta Pastora) trole dos falecimentos, dos nascimen· Coletiva do Episcopado Irlandês, Veritas tos pla11éjados aos falecimentos plane- Publications, Dublin, 1975. jados, parece haver em tudo um pro· (3) Idem, itens 49 e 52. cesso lógico; mas é uma lógica de morte e não de vida" (8). (4) Cf. 77,e Daily Telegraph de 13-2-76. • • • Uma última consideração. Tais prátitas, determinadas por leis humanas, fazendo parte, em grau maior ou menor, da legislação de grande número de pafses do mundo, não levam na mínima consideração a lei moral natural in1posta por Oeus, e que decorre da Lei Eterna. O que representa grande desprezo pelo Primeiro Mandamento do Decálogo, como também pelo Quinto, '·não motor", e pelo Sexto, "não

(5) Jomal do cad. B, p. 2.

Brasil, edição de 2·10-76,

(6) Sobre o assunto, ver artigo de Gust.wo Antonio SoUmco ''Ódio à vida humana.

a nota comum de tantas aberrações" in 0110/icismo, n9 279, de março de 1974.

(7) Pergunte e Responderemos, n9 170, Fevereiro de 1974, Editora Laudes, Rio de Ja.nciro, p. 21.

(8) Human li/e is sacred, Casca PascoraJ Coletivo do Episcopado Irlandês, Veriias Pub1ications1 Dublin, 1975,,n9 79.

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Numa tentativa louvável de preparar o espírito público para o verdadeiro Natal, não comercializado, o Museu do Presépio do parque lbirapuera, pertencente ao Museu de Arte Sacra, na capital paulista, exibe 50 presépios nacionais e estran-

geiros, de diversos séculos. Por uma gentil con· cessão da direção ,daquele Museu, "Catolicismo" apresenta nesta página figuras significativas da exposição, que refletem o espírito religioso de . , varias epocas.

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{Fotos de Fernando Furquim de Almeida Filho)

Uma candura grac,osa sobressai nes1a escuuuro portuguesa do M enino Jesus (século XVIIH

Presépio, símbolo do Natal católico C

ORRIA O ANO de 1223. São Francisco de Assis passou por Roma e obteve do Papa

Honório UI autorização para celebrar o Santo Natal de maneira até então inédita. Escolheu ele um bosque nas cercanias da aldeia de Greccio, região da Úmbria, não muito distante de Roma. Residia naquele lugar um nobre, Giovanni Velita, a quem São Francisco devotava especial amizade. Cerca de quinze dias antes do Natal, disse-lhe o ''Poverello": "Se desejas que celebremos em Greccio a próxima festa do nascimen to divino, apressa-te e prepara com diligência o que vou indicar. Para que lembremos com toda adequação do Divino Infante e das incomodidades que sofreu ao ser reclinado no presépio, sobre a palha, junto ao boi e ao burro, eu quisera ter isso de maneira palpável e como se o visse com meus próprios 0U1os". Para aquela comemoração especial foram oonvidados religiosos de várias partes, habi· lantes de Greccio e arredores. Um pouco antes da meia-noite de 24 de dezembro de 1223, os frades franciscanos dirigiram-se em cortejo ao local, entoando em coro as antífonas do Advento, acompanhados pelos aldeões que portavam tochas acesas. O vento soprava forte e a luz das lochas projetava sombras trêmulas no denso arvoredo. Porém, na clareira do bosque onde fora armado o presépio, rei.nava um ambiente de sacralidade e paz. Apenas o frio incomodava. Quando o sino da igreja de Greccio anunciou a meia-noite, um Padre começou a celebração da Santa Missa. O altar fora posto diante da manjedoura, ladeada pelo boi e o burro. Bela

Este famoso presépio napolíiano do s11culo XVIII possui 1500 peças. Suas figuro:s 1êm uma expressividade comunicativa e calorosa. E: o maior e mais fico oonjun10 do M usou do Presépio

O presõpio osponhol ~ sóbrio e piedoso (século XVI II)

imagem do Menino Jesus, em tamanho nattir.ll, pousava sobre a palha. Como se sabe, o fundador da Ordem franciscana nunca permitiu ser ordenado Sacerdote. Desta forma, coube-lhe, como diácono, ca,l!ar solenemente em latim o texto do Evangelho da Missa de Natal, segundo São Lucas. Termmada a leitura do Evangelho. todos puseram-se atentamente a ouvir o sermão que o próprio São Francisco proferiu a respeito · das grandezas e misericórdias do Salvador da humanidade, O qual naquela noite " se fez carne e habitou entre nós". De seus lábios brotaram palavras de unção sobrenatur.ll a respeito da pobreza em que nasceu o Homem-Deus e sobre a insignificante cidade de Belém. Quem poderá imaginar o acendrado amor que aquela voz doce, clara e sonora provocou nos corações da assistência privilegiada que a ouvia? Findo o inspirado sermão, São f'ra,1cisco debruçou-se para oscular a imagem do Divino Infante. Nesse momento, operou-se um milagre que somente ele e Giovanni Velita notaram: a imagem traruforma-se no próprio Menino Jesus que, ao ser osculado, como que desperta de profundo sono e sorri comprazido para o "Poverello" de Assis. À hora da consagração, em que o pão. e o vinho sobre o altar transubstanciam-se real e verdadeiramente no Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Sãó Francisco pôde contemplar o Messias duplamen1e: sob as espécies eucarísticas e rcclmado na palha da manjedoura... Ao término da solene Missa do Galo e após incensar o presépio, os frades retornam a Greccio e os aldeões a suas moradias, todos com a alma tra,1sborda,1te de unção sobrenatural. A devota e inédita instituição foi acolhida com entusiasmo pelos fiéis. Santa Clara de Assis, discípula do Santo, estabeleceu-a em seus conventos. Ela mesma, cada ano armava o presépio com suas próprias mãos. Igualmente os frades franciscanos espalharam esse costume por todas as regiões do mundo. De peças toscas ou artisticamente lavradas, de barro, porcelana ou madeira, o presépio transformou-se no próprio símbolo do Natal católico. Da majes tosa catedral_até a simples capela rqral, do palácio ou mansão até a mais pobre morada, os católicos do mundo inteiro, desde aquela época, adquiriram o piedoso costume de montar seus presépios, repetindo, assim, o ges to que a Providência inspirou ao Seráfico São Francisco de Assis, no longínquo ano de 1223 ... 7


A TFP ARGENTINA LEVA SUA EPOPÉIA AO EXTREMO SUL Correspondentes e esclarocedores da TFP em visita à sedo do Conselho Nacional da entidade.

EPOIS DE PROMOVER com sucesso a divulgação da obra A Igreja do Sile11cio 110 Chile Um tema de meditação para os católicos argenti11os, a TFP da nação vizinha decidiu levar até o extremo su.1do continente sua campanha de esclarecimento da opinião pública. E ~sim uma caravana de jovens cooperadores da entidade atravessou a Patagôn.ia e atingiu a cidade mais austral do mundo, ao sul da T~rra do Fogo. No regresso, a caravana veio percorrendo cidades da Cordilheira dos Andes, sempre acolhida com grande simpatia pelas populações da região. Nossa reportagem entrevistou a esse respeito o Sr. José Antonio Tost Torres, que dirigiu pessoalmente essa verdadeira epopéia realizada pela TFP argentina. P - Quais foram as atividades mais recentes desenvolvidas pela TFP platina? R - Há aproximadamente três meses la11çamos uma edição de três mil e· xemplares do livro A Igreja do Silêncio no Chile - Um tema de meditação para os católicos argentinos. de 468 páginas. Desse livro, quase toda a primeira edição foi vendida em livrarias e bancas de jornáis. Pe11sa11do também 110 gra11de público - que, atarefado pelas atividades do mundo moderno teria falta de tempo para ler um livro de tantas pági11as - /a11çamos a primeira edi· ção de um resumo especial da referida obra, que contém atuah'ssimo prólogo, apresenta11do a11alogias da situação chilena com as de nossa pátria.

D

P - Além da venda em livrarias, a TFP argentina desenvolveu outras atividade.s para difusão desse livro? R·_ Comesse resumo, as secções da TFP de Córdoba, Me11doza e Tucumá11 realizaram campa11has de rua, e11co11tra11do esplê11dida acolhida. Esgotou-se assim a primeira edição de três mil exemplares. P - Poderia descrever a campanha? Que métodos a TFP de sua Pátria empregou para atingir o. grande público? R - Procuramos tomar co11tato direto com a população. Para isso 11ossos cooperadores sairam às ruas com suas capas e estandartes rubros, 11as quais figura o leão rompa11te dourado. Com seus megafo11es e alto-fala11tes, os cooperadores da TFP bradavam slogans como estes: "O,tólicos! Não permitais que o comunismo continue a crescer 110 Argentina". - "Seja vossa li11gua · gem sim, sim; não, não, diz Nosso Senhor Jesus Cristo". - HDizei não ao comu11ismo e sim a Jesus Cristo:'. "Católicos! Evitai todas as posições de co11fusão,ambigiiidade e recuo diante do adversário comunista". - "A principal arma de conquista do comu11is11w ê a gue"a psicológica". - "Vigilância, firmeza, argumentação clara, são a gra11de defesa da Argenti11a cató·· fica contra a gue"a psicológica. A guerra psicológica é para Moscou um dos pri11cipais meios de COllf/Uista da Argentina". P - Em quantas cidades foi efetuado esse esforço patriótico de esclareci-

,r-

.i

mento? Qual a receptividade do público? R - Uma caravana de cooperadores da TFP iniciou em Bahia Bianca uma campanha que se estendeu depois até o extrenw sul do pais, vende11do a segrmda edição do resumo. Visitamos l 2 cidades em 21 dias, percorre11do 9 mil /<111. Chegamos à cidade mais austral do mundo, a mais próxirna do polo: Ushuaia. Em certas localidades a temperatura oscilava entre três e oito graus C abaixo de zero, com fortes venros. No enta11to, isto 11.io foi obstáculo para que os jovens cara1'011istas tomassem contato com o público e este pudesse ma11ifestar sua calorosa acolhida. "Não podemos permitir que o comunismo continue avançando no país", diziam alguns. "Felicito-Utes, porque são valentes"; "0 comunismo infiltrouse no seio da Igreja Católica", acrescentavam outros. A simpática receptividade se exter· nava 11.io só através da grande ve11da do livro, como tan1bém 110 dferecimenro de refeições e alojamento, além de outras atitudes de apoio. Isso tornou evidente a simpatia que despertam os pri11cípios defendidos em nossas publi· cações.

Esgotou-se em 100 dias a 1? edição de 25 mil exemplares da mais recente obra do Prof. Plínio Comia de Oliveira: "A fgreja ante a escalada da ameaça comunista - Apelo aos Bispos Silenciosos" (Editora Vera Cruz, R. Dr. Martinico Prado, 246, 01224 São Paulo). Lançada em São Paulo no dia 19 de julho último, a campanha de divulgação da obra estendeu-se para outras 328 cidades de 14 Estados e as seguintes capitais: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Aracaju, Maceió, Re-cife, João Pessoa, Natal, Fortaleza, Teresina, São Luís e Goiânia. Com o lançamento de 2? edição da obra, s<>cios e cooperadores da Tradição, Família e Propriedade continuam sua divulgação em outras regiões brasileiras.

Coquetel

Apôs a conferência do Prof. P!inio Corrêa de Olivei.ra, houve um coquetel oferecido aos Correspondentes e Esclarecedores de Belo Horizonte e São Paulo, tendo a ele comparecido·também diretores e sócios da TFP paulista.

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Sucesso na difusão de livro da TFP brasileira: 25 mil exemplares, 328 cidades, 14 Estados

T

Na foto ao lado, a infeliz criança vegeta em meio à sujeira que a miséria lhe impos. Seus pais foram mortos. Ela é escrava do Estado. Esta imagem reflete a China comunista. À direita, um supermercado de Taipé, capital da outra China. t a população chinesa livre, refugiªda na ilha de Formosa. De um lado, o totaliiarismo. Do outro, a iruciativa privada em liberdade, a abundância. Depois de' comparar as duas Chutas, o leitor poderá rememorar as perseguições exercidas por Mao Tsé-tung, lendo a t>ágina 7 desta edição .

C

"A Igreja ante e HC.alada de ameaça comunista".

EMOS A CONVICÇÃO de que o que há de mais i111porta11te 110 mundo não é a lura e11tre as correntes políticas, nem as questões eco11ómicas e sociais que movem em supremo grau os home11s, mas é a luta e11tre n1e11talidades, entre ideologias, e11tre do11tri11as. Os problemas económicos sociais e politicos estão longe de 110s desi11teressar. E11treta11to, eles 110s i11reressam sobretudo, em seus aspectos do11tri11ários. Os homens, aó>longo de toda História, se dividem, 110 f1111do , em campos doutrinários. Eles combaterão ou se reco11ciliarão pri11cipal· mente à luz de suas próprias co11vicções". Com estas palavras, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira iniciou a conferência que proferiu no último dia 2, no auditório São Miguel da TFP, em São Paulo, para Correspondentes e Esclarecedores da entidade. A palestra do Presidente do Conselho Nacional da TFP versou sobre as possibilidade de ação dos Correspondentes e Esclarecedores em prol dos objetivos daquela Sociedade. A conferência complementou o "I Ciclo de Conferências de Formação Doutrinária", promovido pela Secção da TFP de Minas Gerais para 6S Correspondentes e Esclarecedores da capital mineira. As conferências, em número de oito, proferidas anteriormente em Belo Horizonte, versaram sobre temas de formação e atualidade.

Oimpressionante contraste entre as duas Chinas

OM BAS E EM informações fornecidas principalmente pc· la Agência Noticjosa Chu11g flwa, de Formosa, o Comité J>i:ó-1.,iberdade das Nações Cativas (PRO LIBERTATE), que congrega repre· sentantes de 14 nações subjugadas pelo comunismo, inclusive a China continental, julga de grande interesse levar ao conhecimento do público brasileiro alguns dados comparativos en tre a China livre e a China vermellla. Dessa forma, será possível a análise fria e desapaixonada de uma realidade que cada vez mais se torna irrefutável: em qual· quer parte onde se instaure, o regime comunista traz inevitavelmente a supressão da liberdade, a injustiça e, é claro, muita miséria.

No' centro (!o Recife, diante da Matriz de Santo Antonio~ a TFP d ifund iu com Axito ·o livfo

TFP realiza curso para seus correspondentes e escla~ecedores

O leitor sabia que a República da China (China anticomunista), situada na ilha de Formosa, é a 2a. potência industrial da Ásia Oriental, superada apenas pelo Japão? E que, com apenas 36.000 km2 e 16 milhões de habitantes, seja como exportadora seja como importadora, Formosa supera a China vermelha, com seus 9.612.000 km2 e 800 milhões de habitantes? Apesar de sua pequena extensão territorial, da qual apenas 24 por cento se prestam à agricultura, e de enfrentar a escassez de recursos natu.rais, Formosa conseguiu realizar um "milagre" de recuperação econômica e social, a partir de 1949,

quando .se estabeleceram na ilha os chineses anticomunistas que conseguiram escapar à dominação vermelha. Atualmente, o comércio da China l.ivre chega ao nivel de 15 bilhões de dólares por ano. Excluindo o Japão, esse índice excede o de todos os demais países da Ásia Oriental, o de todas as naçeíes latino-americanas, exceto o Brasil, e de bom número de européias. Em Fonnosa, os veículos motorizados (incluindo motocicletas) aproximam-se da cifra de 3 milhões, em · uma população de 16 milhões de habitantes. Em contrapartida, no continente ocupado pelos comunistas não existem automóveis de propriedade particular e as motocicletas são apenas uma pa.ra cada dois mil habitantes. O grande meio de locomoção é a bicicleta! Até o fim deste ano, Formosa também chamada Taiwan - deverá receber um milhão de turistas. O que há de especial nessa ilha que os navegadores portugueses chamaram Fonnosa? Poder-se-ia dizer que Taiwan representa atualmente a verdadeira China - uma China livre e acessível - onde se pode admirar a

antiga cultura e as tradições daquela nação cinco vezes milenar. Não há controles, nem limitações, ou proibições para o grande número de es· trangeiros que a desejam conhecer. Na capital. Taipé, encontra-se, por exemplo, o Museu Nacional dô Palácio, que contém 250 mil tesouros artísticos das dinastias chinesas de mais de três mil anos. E o que dizer da China vennelha? Como resposta, seria oportuno lembrar uma frase, repetida muitas vezes por fugitivos: "Não tenho nada a perder. Não há·grande diferença entre ficar lã ou morrer'', Frases como esta são freqüentes nos lábios de chineses que atravessam a nado a bafa de Hong Kong, quando alguém IJ1es pergunta por que arriscaram a vida. Calcula-se em 33 mil o número dos que consegu.iram evadir-se da Clúna comunista, só no ano passado. Se dúvida pudesse haver sobre as trâgicas conseqüências que o regime comunista acarreta para um povo, o contraste clamoroso entre a situação da China vermelha e de Formosa pode ser invocado como um fato bastante significativo e concludente!



''REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO'' 20 ANOS DEPOIS (Parte Ili)

I'

Plinio · Corrêa de Oliveira

Capítulo I •

A.Revolução~ um processo em transformação contínua Aqui terminava, em suas anteriores edições, o ensaio "Revolução e Contra-Revolução··; seguiam-se apenas as rápidas palavras de piedade e entusiasmo que constituíam a "Co11c/usiio··. Transcorrido tão largo tempo desde a primeira edição, caberia perguntar se, sobre as matérias de que o ensaio trata, haveria algo mais a dizer hoje. Interrogado a esse respeito pelos promotores da presente edição italiana, os valorosos amigos de "'A lleanza Cauolica ", pareceu-nos bem intercalar aqui, antes da ··conclusão" de 1959, algumas considerações. 1. "REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO" E TFPs: VINTE A'NOS DE AÇÃO E DE LUTA

... "Vinte a11os depois": o título do romance de Alexandre Dumas - tão apreciado pelos adolescentes do Brasil até o momento, já distante, em que profundas transformações psicológicas destrulran1 o gosto por esse gênero literário - uma associação de imagens o traz a nosso espírito quando começamos a escrever estas notas. Voltamo-nos, hã pouco, ao ano de 1959. E,stamos terminando o ano de 1976. Já não está longe, pois, o fim da segunda década em que este livro circula. - Vinte anos ... Neste período, as edições deste ensaio se têm multiplicado (!). "Revolução e Co11tra-Re· volução ": não tivemos o intuito de fazer dele um mero estudo. Escrevemo-lo tan1bém com a·intenção de que fosse um livro de cabeceira para cerca de uma centena de jovens brasileiros que nos pediram que lhes orientássemos e coordenássemos os esforços com vistas aos problemas e aos deveres com que então se defrontavam. Esse pugilo inicial - semente da futura TFP - se estendeu em seguida pelo território .brasileiro, de dimensões continentais. Circunstâncias propícias favoreceram, pari passu, a formação e o desenvolvimento de entidades análogas e autônomas por toda 2

a América do Sul. O mesmo foi acontecendo, depois, nos Estados Unidos, Canadá, Espanha e França. Afinid~des de pensamento e relações cordiais promissoras vêm começando a ligar, mais recentemente, essa extensa família de entidades, a personalidades e associações de ,outros pa/ses da Europa. O "Bureou Traditio11, Familie, Propriété", fundado em Paris no ano de 1973, se vem dedicando a fomentar quanto possível os contatos e aproximações daí decorrentes (2). Estes vinte anos foram, pois, de expansão. De expansão, sim, mas também de intensa luta contra-revolucionária. Os resultados por essa fom1a alcançadós contra a Revolução vêm sendo consideráveis. Não é este o momento de os enumerar todos. Cingimo-nos a dizer que, em cada um dos países onde existe uma TFP ou organização afun, vem esta combatendo sem tréguas a Revolução, ou seja, mais especialmente no campo espiritual,

o progressismo; e no temporal, o comunismo. Incluímos corno genuíno combate ao comunismo a luta contra as várias modalidades de socialismo, pois estas são apenas etapas preparatórias ou rormas larvadas daquele. Tal combate tem-se desenvolvido sempre segundo os princípios, as metas e as normas da Parte II deste estudo. Os frutos assim obtidos bem demonstram o acerto do que, sobre os temas indissociáveis da Revolução e da Contra-Revolução, está dito na presente obra. 2. EM UM MUNDO QUE SE TRANSFORMA, CONTINUA ATUAL "REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO? - RESPOSTA AFIRMATIVA Ao mesmo tempo que se mui tiplicavam na América e na Europa as edições e os frutos de

CAAIAOA A\IIIISCAll'AOlllfl ~ ..._ OV'Jl.&IIYION CMllt.tff./li'-1

Oceano At lãntleo

'"Revolução e Contra-Revolução", o mundo impel ido pelo processo revolucionário que há quatro séculos o vem sujeitando - passou por Ião rápi,das e profundas transformações que, ao lançar esta nova edição, cabe perguntar, conforme já consignamos, se em função delas deveria ser retificado ou acrescentado algo em re· lação ao que foi por nós escrito em 1959. "Revolução e Contra-Revolução.. se situa ora no campo teórico, ora em um can1po teórico-prãtico muito próximo da pura teoria. Assim, não é de surpreender se, a nosso juízo, nenhum fato sobreveio de molde a alterar o que no estudo se contém. Por certo, muitos métodos e estilos de ação usados pela TFP brasileira, entidade cm vias de se constituir em 1959 - e por suas co-irmãs - foram substitu/dos, ou adaptados a circunstâncias novas. E outros foram inovados. Mas eles se situam, todos, num campo inferior, executivo e prático. Deles não trata, portanto, "Revolução e Contra-Revolução ". De onde não haver modificações a introduzir na obra. Sem embargo de tudo isto, muito. haveria a acrescentar se quiséssemos relacionar "Revolução e Contra· -Revolução" com os novos horizontes que a História vem abrindo. Tal não caberia neste simples aditamento. Pensamos, contudo, que uma resenha do que fez a Revolução nestes vinte anos, uma "mise au point" do pa,1orama mundial transformado por ela pode ser útil para que o leitor relacione fãcil e comodamente o conteúdo do livro com a realidade presente. o que passaremos a faze,.

e

( 1) Além de duas tiragens cm "Catolicismo 11, onde foi publi~ do originaJmcntc, ''Re110/uçõo t

Comra-Rev<>luçõo" teve em for~ mato de- livro uma cdij:50 em

português, duas em íloJían<> (em

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'~Qut Pasa?"de Madrid e "Fidu, eia" de S:mtiago. ENs diversas

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Turim e Piaccnza),quatro clll es,. panhol (uma em Baroclona, uma cm Santiago e duas cm s·ucnos Aires), uma em francês (no Bra· sil) e uma cm inglês (cm Fu.Ue.r· ton, C3.lifornia). Foi, outrossim, transcrito na ínrcgrB nà$ revistas

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edições ultrapassam a c:isa dos 60 mil exemplares. (2) ·-rradftion, Fomille, Propriéré - Bureau pour l'Europe"

está instalado no n9 16, Rue ·a iarles Lafitte - 92200 Ncuilly~ur.Seine (Paris), frança.


Capít~lo II

Apogeu e cri-s e da 3. ª Revolução 1. APOGEU DA I li REVOLUÇÃO

Como vimos (cfr. Introdução e Parre 1 Cap. 111, 3, A a O). rrês grandes revoluções constituíram as etapas capitais do processo de demolição da Igreja e da civilização crisrã: no século XVI, o Hum.mismo, a Renascença e o protcstanrismo(I Rç1,ol11çiio}; no século XVIII, a Revolução Francesa (li Re,,oh(Çlio }; e na segunda década dcsre século. o Comunismo (Ili Re,,oluçlio}. Essas rrés revoluções só se compreendem

Com efeito, se o emprego con1ínuo dos métodos clássicos levou o comunismo ao atual fastígio de poder sem expor o processo revolucionário senão a riscos cuidadosamente cir, cunscritos e calculados, é explicável que os guias da Revolução mundial esperem_:!lcançar a cabal dominação do mundo sem suie1 lar sua obra ao risco de catástrofes irremediáveis, inerente a toda grande aventura.

Outubro. 1961 - Tanques

soviê:ticos ocupam Berlim Oriental. O belicismo rus·

so é foior de insegurança e desunião enue as nações não comunistas.

Por motivos que seria longo enumerar, cm

B. Aventura, nas próximas etapas da 111 Revolução? Ora, o sucesso dos costumeiros mêrodos da Ili l<e,,oluçiio es1á comprome tido pelo surgiAgosto, 1968 - Os Sôviãticos esmagam rebelião anticomu· nista na Tcheeoslo·

váquia. Quem pode garantir que. de repen1c, o comunismo

nõo se lnnce à co1\· quis1a total do mun,

do/

quase todo o Ocidente e em largo~ setores da opinião pública, as condições se tornaram hoje, em muito ponderável med ida, infensas a tal doutrinação. Decresceu visivehnente o poder persuasivo da dialética e da propaganda comunista doutrinária in regral e ostensiva. Assim se explica que, em nossos dias, a propaganda comunista procure cada vez mais fazer·se de modo camuílado, suave e lento. Tal camuílagem se faz ora difundindo os princípios marxistas . esparsos e velados, na literatura soci:llista, ora insi.nuando na própria cultu ra que chamaríamos "centrista" princí·

pios que, à maneira de germens, frutifican1 levando os centris1as à inadvertida e gradual aceitação da doutrina comunista inte.ira.

Não nos alongamos aqui na explicação das complexas causas do fato. Limitamo.nos a notar que , como resultado, a violência foi dando aos comunistas vantagens cada vez menores no decurso destes vinle anos. Para prová·IO, bnsra lembrar o malogro invariável das guerrilhas e do terrorismo disseminados por Cuba cm toda a América Larina. ll bem verdade que. na À frica, a violência vem arrastando quase todo o Con línente cm direção ao com1111ismo. Mas esse fato muito pouco diz a respci10 das tendências d?. opinião pú blica no resro do m111td0. l'üis o primi tivismo da maior p:1rtc dt,s ahorigenes da,

l'"J"II;,,,,.,,

• B. Declínio do poder de liderança revolucionária À diminuição do poder persuasivo direto do

credo vermelho sobre as multidões, que o recurso n esses meios obliquos, lentos e trabalhosos denota, jun ta-se um correlato declínio no poder de liderança revolucionária do comunismo.

.

como parrcs de um imenso rodo, isto é, a Re110 /11ção. Sendo a Revolução um processo, obviamente. de 1917 para cá, a Ili Revolução continuou sua canunhada. Encon tra-se ela, no momento, em um verdadeiro apogeu. Considerados os territórios e as populações- sujeitos a regimes comunistas, dispõe ela de um império mundial sem precedentes na História. Este império é fator continuo de insegurança e de ·desunião en rre as maiores nações não-comunistas. De outro lado, estão nas mãos dos líderes da Ili Revol11ção os·cordéis que movimentam, cm toto o mundo não-comunista, os partidos declaradamente comunistas e a imensa rede de criptocomunistas, para-comunistas, inocentes, ·úteis, inííltrados não só nos partidos não-comunisl3s, socialistas e ou tros, como ainda nas igrc· jas ( 1), nas organ izações profissionais e cultu, rais, nos Bancos. na imprensa, na televisão, no rádio. 110 cinema, etc. E, como se tudo isto não bastasse. a Ili Revolução maneja com terrível eficácia as táticas de conqu isia psicológica de que adian re ·falaremos. Por meio destas. o comunismo vem consc1?,uinclo reduz.ir a um tor· por displicente e abobado imensas parcelas não·comunisras ua opinião pública. Tais táticas per, mitcm :l Ili Rerol11çâo esperar, nesre terreno, sucessos ainda mais Ílteis para ela. e desconcertan tes para os observadores que analisam os fat0s de fora dela. A inércia. quando não a ostensiva e substanciosa colaboração de tantos governos burgueses do Ocidente com o comunismo assim poderoso. configura um terrível quad ro de conjunto. Nestas condições, se o curso do processo

Examinemos como se manifestam esses fc. nômenos correlatos e quais os frutos deles . mento de circunstâncias psicológicas dcsfavoni, veis, as quais se acentuaram fortemente ao longo dos liltimos vinte anos. - Tais circunstâncias forçarão o comunismo a oplàr, daqui por dianre, pela aventuro?

2. OBSTÁCULOS IN ESPERADOS PARA A APLICAÇÃO DOS MÉTODOS CLÁSSICOS DA Ili REVOLUÇÃO A. Declínio do poder persuasivo Examinemos antes de tudo essas circunstâncias. A primeira delas é o declínio do poder per, suasório do proselitismo comunista. Tempo houve em que a doutrinação explíci1a e ca1cgórica foi, para o comunismo internacional, o principal meio de recrutamenro de adeptos.

- Odio. luta de classes, Revolução

Essencialmente, o movimento comunista é e se considera uma revoluçã9 nascida do ódio de classes. A violência é o método mais coerente com ela. ê o método dire to e fulminante, do qual os mentores do comunismo esperavam, com o mínimo de riscos, o máximo de iesuJ. tados, no m(nimo de tempo. O pressuposto deste método é. a capacidade de liderança dos vários PCs, pela qual lhes era dado criar descontentamentos, transforn1ar estes descontentamentos em ódios, articular estes ódios numa imensa conjuração, e levar assim a cabo, com a força "atômica" do ímpeto desses ódios, a demolição da ordem atual e a implantação do comun ismo. - Declínio da liderança do ódio, e do uso da violência Ora, também esta liderança do ódio vai escapando das mãos dos comunistas. Abril, 1975 - No Viotnã do Sul, comuni.st&$ to· mam o palácio

presidencial.

3a.

A

Revoluç$o

dispõe de um im, pério mundial

sem preccdemcs

na His-t6r'ia.

revolucion;'1rio con1inuar como até aqui, é humanamente inevitável <JUC o lriunfo geral da

Ili Rc,'Ol11ção acabe se impondo ao munuo in, tciro. - Dentro de quanto tempo? Mui ros se assustarão caso. a título de mera hipótese, sugiramos mais vin te anos. Parcccr-lhes-á surpreenden temente exíguo o prazo. Na realidade, quem poderá sarantir que esse desenlace não sobrevenha denrro de dez ou cinco anos, ou antes ainda• · A proximidade, a even rual iminência dcsra grande hecatombe é sem dúvida uma das notas que, comparados os horizon tes de 1959 e 1976, indicam maior transformação na conjun tura mundial.

.\l'J O fim de Che Guevara na Bolívia, em 1967, acentuou o fracasso das guerrilhas na Amllrica Latin:i.

quele Contincn1e as coloca cm c-,ndições peculiares e inconfundíveis. E a violência ali não tem obtido adc1>tos por motivações principal· mente ideológicas, mas por ressentimentos anticolonialisras, dos quais a propaganda comunista soube valer-se com sua costumeira astúcia. - Fruto e prova desse decl in,o: a 11 1 Revolução se metamorfoseia em revol ução risonha A prova mais clara de que a Ili Re,-olução vem perdendo 110s últimos vinte ou trinta anos sua capacidade de criar e liderar o ôdi~ re~olucionário é a metamorfose ·que· ela se unpos. Quando do degelo pós-staliniano, a Ili Revo· lução afivclot1 uma sorriden te rn~ísc3ra, simulou estar mudando de men talidade e de temperamento, e se abriu 1.>ara toda cs1.>êcie de colaborações com os adversários que an tes tentava esmagar pela violência. Na esfera internacional, a Re1•olução passou a~sim. sucessivamente~ d~1 guerra fria P,ara a

Fuzilamonto na· Angola marxitta. A

A. Na rota do apogeu, a 111 Revolução evitou com cu idada as aventuras totais e inúteis Se bem que esteja nas mãos dos mentores da Ili Revolução lançar.se. de um momen to para outro, numa aventura para a conquista completa do mundo por uma série de guerr:,~, de cartadas políticas, de crises econôm icas e de revoluções sangrentas, é bem de ver que tal avcnlura apresenta consideráveis riscos. Os mentores d:i Ili R evolução sõ aceitarão ue os correr caso isto lhes pareça indispensável.

violênci;, vem arrMtando quase tOdo o continente africano rumo ao co,

munismo.

( 1) l·\1lamos na infil tração do comunismo oas v~ria,; itrcjas. I! indispensável registrar que tal infil· 1r:1ç:io <:on~titui um perigo $uprcmo para o mundo,

es,x:dficamc,Hc enquanto lc va~a a cabo na Santa, Jgrcj:1 C:,tólic.a Apostólica Ro1ana. [)ois esta não é :1J)CO:l.~ uma C~J'>éCiC 110 gênéJO " igrejas".

e

!\ Única lgn.:j:1 viva e verdadeira do Deus vivo e \'Crdadciro, a úni· ca Esp0-',;1de Nosso ~nhor Je.,:;us Cristo, a qual não está pàr:1 as outr:,s~ igrejas como um brilhante maior e mais nítilo cm rcla~io :1 brilh:tntc.,:; n1cnorc~ e menos rútilos.

M:.i:-. como o único bril hante i.·erdadciro c m relação a

"congêneres" feitos lle vidro ...

3


3

A revolução om sorrisos: 0) John Konnody foi ótimo parceiro nas m~

A. As duas grandes metas da guerra

nobres de Kruchev. {2) A Ostpoli• tik inaugurada por Wllly Brandt obteve resultados inapreçiãveis para

psicológica revolucionária Dadas as atuais dificuldades do recrutamento ideológico da li/ R evolução, o mais útil de suas atividades se exerce, não sobre os amigos e simpatizan tes, mas sobre os neutros irredutíveis e sobre os adversários: a) iludir e adormecer paulatinamente os neulros irredutíveis; b) dividir a cada passo, desarticular, isolar, aterrorizar, difamar, perseguir e bloquear os adversários; - essas são, a nosso ver, as duas grandes metas da guerra psicológica revolucionária Desta maneira, a Ili RevolufãO torna-se capaz de vencer, porém mais pelo aniquilamcn10 do adversário do que pela multiplicação dos amigos. Obviamente, para conduzir esta guerra, mobiliza o comunismo todos os meios de ação com que conta, nos países ocidentais, graças ao apogeu em que nestes se acha a ofensiva da

os planos de Brejnev. (3) N ixon der-

rubou as barroiraS idoolôgicas o • briu a conspurceda era da détente. ao visitar Pequim, em 1972. (4) Kissinger não poupou esforços em boneffcio do b loco comunista. CS)

E o Ocidente cobriu-se de vergonha na Conferência do Holsinquo (1975), &O reconhecer as consquistas sovi6ticas do pôs-guerra no Les· te europeu.

necessário ru1alisarmos em seu conjunto a grande esperança atual do comunismo, que é a guerra revoluçionária psicológica. Embora nascido necessariamente do ódio, e voltado por sua própria lógica in terna para o úso da violência exercida por. meio de guerras e revoluções, o comunismo internacional se viu compelido por Ili Revolução. . grandes modificações de proB. A guerra psicológica fmididade na opinião pública, a dissimular seu rancor, bem . revolucionária total, uma resultante corno a fingir ter desistido do apogeu da 11 1 Revolução e dos guerras e das revoluções. embaraços por que esta passa 1 Jdas à o dissemos. Ora, se cais desistências A guerra psicológica revolucionária total é, fossem sinccrás, de tal maneiporcanto, uma resultante da composição dos ra ele se desmentiria a si pródois fatores contraditórios que já mencionan,os: prio, que se autodemoli ria. o auge de iníluência do comunismo sobre quase Longe disto, usa ele o sorlodos os pontos-chaves da grande máquina que riso tão somente como arma é a sociedade ociden tal, e de outro lado o declínio da capacidade de persuasão e de liderança de agressão.e de guerra, e não . extingue a· violência, mas a dele sobre as camadas profundas da opinião pública do Ocidente. cransfcre do campo de operação do físico e palpável, para o das acuações psicológicas impalpáveis. Seu objetivo: al4. A OFENSIVA PSICOLÓG ICA cançar, no interior das almas, DA Ili REVO LUÇÃO, NA IGREJA por etapas e invisivelmen te, a vitória que certas circunstânNão seria possível descrever esta guerra cias U1c cstavan1 impedindo psicológica sem tratar acuradantcnte do seu conquistar de modo drástico dc!enrolar naquilo que é a própria aln1a do e visível, segundo os métodos Ocidente, o u seja, o cristianismo, e mais preclássicos. cisamente a Religião Católica, que é o cristiaBem entendido, não se tranismo em sua plenitude absoluta e em sua ta aqui de efetuar, no campo autenticidade única. do espirico, algumas operações esparsas e esporád icas. A. O Concílio Vaticano li Trata-se, pelo contrário, de urna verdadeira guerra de conquista - psicológica, sim, mas total Dentro da perspectiva de "Revolução e visando o homem todo. e todos os homens em Co111ra,Revoluçiio", o êxilo dos êxi tos alcançatodos os países. do pelo comunismo pós-staliniano sorridente Insistimos neste conceito de guerra revolu- foi o silêncio enigmático, desconcertante e espantoso, apocalipticarncnte trágico do Co11cionária psicológica total. cflio Vaticano 11 a respeito do comunismo. Com efeito, a guerra psicológica visa a psique Este Concílio se quis pastoral e não dogrnãroda do homem, isco é, "1raball1a-o" nas várias governo comunista polonê$ hospedou D. C8$8· potências de sua alma, e cm todas as fibras de o roli. o ..Kissinger Vaticano". sua mentalidade.

-

estas são lentas, graduais, e subordinadas, cm sua frutificação, a mil fatores variáveis. No auge de seu poder. a Ili Revolução deixou de ameaçar e agredir, e passou a sorrir e pedir. Ela deixou de avançar cm cadência militar e usando bota de cossaco, para progredir lentamente, com passo discreto: Ela abandonou o canlinho reto - sempre o mais curto - e escolheu um ziguezague no decurso do qual não faltam incertezas. - Que enom1e 1ransfom1ação cm vinte anos!

C. Objeção: os sucessos comunistas na Itália e na França Mas - dirâ alguém - os sucessos alcm,çados por esta tática quer na Itália quer na França, não pem1item afinnar que o comuniSr)lO esteja em retrocesso no mundo livre. Ou que, pelo menos, seu progresso seja ma.is lento do que o do carrancudo comunismo das eras de Lenine e de Stalin. Antes de tudo, a tal objeção deve-se responder que as recentes eleições gerais na Suécia, coexistência pacífica, depois para a "queda das ba"ciras ideológicas", e por lim para a franca colaboração com as potências capitaliscas, ro, tulada, no linguajar publicitário, de "Ostpolitik " ou de "détenre·: Na esfera in cerna 'dos vários países do Ocidente, a "politique de la mai11 1e11due", que fora, na era de Stalin, um mero artifício para ernbair pequenas minorias católicas esquerdistas, transfom1ou-se numa verdadeira "détente" entre comunistas e pró-capitalistas, meio ideal usado pelos vcnnclhos para cntabolar relações cordiais e aproximações dolosas com todos os seus adversários, quer pcrtençan1 estes à esfera espiritual, quer à temporal. Veio daí uma série de táticas "an1istosas", como a dos companheiros de viagem, a do curocornunisrno legalista, afável e prevenido contra Moscou, a do compromisso histórico, etc. Como já dissemos, todos estes estratagemas apresentam vantagens para a Ili Revolução. Mas

(2) Essa tão vasta S:3turaç.ão anti~ocialista na Europa ocidental, se bem que seja fundamcnt;\Jmcntc um

revigoramcnto do oentro e não da direita, tem um alcance indiscutível na luta entre a Revolução e a Contn-Revolução. Pois na mcdjda em que o socialis-

mo europeu sentir que vai perdendo as suas bases, seus

chefC$ terão de ostentar d1stancJarnento e até desconfiança em relação ao comunismo. Por sua vez, as correntes cenuistas, para não se oonfundi.rem, perante os

seus próprios eleitorados, com os socialistas, terão que manifestar uma posição anticomunista ainda mais acentuada que a destes últimos. E :is alas direitas dos pa.rtidos centristas ter5o de se declarar até militante-mente anti-socialislàs. Em outros termos, passar-sc~á oom as correntes esquerdistas e centristas favoráveis 3 col::i.bor3.ção com o comunismo, o mesnto que ocorre oom, um trem quando a locomotiva é freada de modo brusco. O vagão imediatamente seguinte a esta recebe o choque

na Alemanha Oci(\cntal e na Finlândia, bem como as eleições regionais e a atual instabilidade do gabinete trabalhista na Inglaterra falam bem da inapetência das grandes massas em relação aos "paraísosº socialist3s, à violência comunisca, etc. (2). Há expressivos sintomas de que o exemplo desses países já começou a rcpcfculir naquelas duas grandes nações católicas e latinas da Europa 0cidcncal, prejudicando ass.irn os progressos comunistas. M.rs, a nosso ver, é preciso sobretudo pôr em dúvida a au tenticidade comunista das crescentes vocações obtidas pelo PC italiano ou pelo PS francês (e falamos do PS, já que o PC francês se acha estagnado). Que r um quer outro partido es tá longe de se ter beneficiado apenas do voto de seu próprio eleitorado. Apoios católicos certamente consideráveis - e cuja amplitude real só a História revelará um dia em Ioda a extensão - têm criado cm torno do PC italiano cumplicidades. ilusões, fraquezas, atonias inteiramente excecionais. A projeção eleitoral dessas circunslâncias espantosas e arcificiais explica, em larga medida, o crescimento do número de votantes pró-PC, muicos dos quais não são de nenhum modo eleitores comunistas. E cumpre não esquecer, na mesma ordem de fatos, a iníluência na vocação, direta ou indireta, de cercos Cresos, cuja ac icude francamence colaboracionisca cm relação ao comun ismo dã ocasião a manobra$ eleitorais das quais a Ili Revolução tira óbvio proveico. Análogas observações podem ser feitas relacivamencc ao PS francês.

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Ela visa todos os hornens, isto é, tanto partidários ou simpatiZantcs da Ili Revolução, quanto neutros ou até adversários. Ela lança mão de todos os meios, a cada passo é-lhe necessário dispor de um fator espe· cífico para levar insensivelmente e.ada grupo social e acé cada homem a se aproximar do comunismo, por pouco que seja. E isto em qualquer terreno: nas convicções religiosas, políticas, sociais e econômicas, nas irnpostaçõcs culturais, nas preferências artísticas, nos modos de ser e de agir em famíli_a, na profissão, na sociedade. Um episbdio de Ostpolitik vaticana: a Guarda Suiç-ll presta honras ao chanceler .soviético Gromiko, quo dçlxa o Vaticano após ser recebido por Paulo VI.

3. O ÓDIO E A VIOLÊNC IA, METAMORFOSEADOS, GERAM A GUERRA PSICOLÓGICA REVOLUCIONARIA TOTAL Para rncU1or aprccndermc~ o alcance dessas imensas transformações ocorridas no quadro da Ili Revolução nos últimos vinte anos, será

e é projetado cm direção opost::i :10 rumo que vin.~~: SC!,,'\lindo, E por sua vez esse primeiro v3.g:io oomunkr1 o choque, com :.\n5logo cfci10, sobre o segu ndo w1g5"o. E assim por diante até o fim do comboio. - A presente accntuaç5o da alergfa :1nti·socfali~1:a

scd apenas a primeira manife.~tação de um fenômeno profundo, chamado a depauperar duravelmente o processo revolucion;Írio? Ou será um simples espasmo ambíguo e passageiro do bom sc1t(O, dentro do c:io,

€ o que os fatos acé aqui ocorridos niio nos pcrmi1cm ainda dizer.

contemporâneo? -

(3) Sobre as calamidade.~ na fase pÔs•concHiar d:i Igreja é de fund:i:mcnt:il import5ncfa o depoimenhl his16rico de P;tulo VI no sermão de 29 de junho d~ 1972.

(4) Cfr. scrmõo de Pauto VI no dio 29 de íu1~10 de 1972. •

4


calamidades. E cor.sutuem outros tantos êxitos da ofensiva psicológica da Ili Revolução contra a Igreja. B. A Igreja, moderno centro de embate entre a Revolução e a Contra-Revolução

Em 1959, data cm que escrevemos "Re>'Oluçiio e Contra-Revolução ", a Igreja era tida como i

Nem os traje,; elegantes de Marchais (acima). nem a, t6tiees maquiavélicas de BerHn~er (à direita) obti•

verem o sucesso eiperado para o eurocomunitmo. Os

PC$ da llália e da França crêSceram principalmente gl'aça.s a apoios, claros ou velad<>s. de ca161 icos pro,

grossistas.

apenas o silêncio e a inação. Foi também quanto nos dói dizê-lo - um conjunto de atos que se vêm sucedendo até hoje, os quais dotan1 de prestígio e de facilidade de ação a muitos propulsores do esquerdismo católico. Diante desta maré mon tante da infiltração comunista na Santa Igreja, as TFPs e entidades afins não desanimaram. E, cm 1974, cada unia delas publicou uma declaração (7) na qual exprimiam a sua inconformidade com a "Ost· politik'' vaticana e seu propósito de "resistir-lhe em face" (GaL 2, 11). Uma frase da declaração, relativa a Paulo VI, exprime o esp írito do documento: "E de joelhos. fitando com veneração a figura de S.S. o Papa Paulo VI. nós lhe manifestamos tocla a nossa fidelidade. Neste ato filial, dizemos ao Pastor dos Pastores: Nossa alma e Vossa, nossa vida é Vossa. Mandai-nos o que quiserdes. Só não mandeis que·cruzemos os braços diante do lobo vermelho que investe. A isto nossa consciência se opõe". Não satisfeitas com esses lances, as TFPs e entidades afins promove ram nos respectivos países, no decurso deste ano, nove edições do "best-sellcr" da TFP andina, "A Igreja do Silêncio 110 Chile - A TFP proclama a verdade inteira" (8). · Em quase todos esses países, a respectiva edição foi precedida de um prólogo descrevendo múltiplos· e impressionan tes fatos locais con, soantes oom o que ocorrera no Chile. A acolhida desse grande esforço publicitário já se pode dizer vitoriosa: ao todo foram impressos - e estão escoando rapidamente - 56 mil exemplares, só na América do Sul, onde, nos países mais populosos, a edição de um livro dessa natureza, quando boa, costuma consíst;· cm cinco mil exemplares. Na Espanha, foi efetuado um impressionante abaixo-assinado de mais de mil sacerdotes seculares e regulares de todas as regiões do país manifestando à Sociedade Cultural Covado11ga

lucionária das TFPs, inspirada em "Revolução e Contra-Revolução"? Denunci~do à opinião católica o perigo da infütração comunista, elas lhe têm aberto os olhos para as urdiduras dos Pastores infiéis. O resultado é que estes vão levando cada véz menos ovelhas nos caminhos da perdição em que se embrenharam. !Ô o que uma observação dos . fatos, ainda que sumária, pem1ite constatar. Não é isto, só por si, uma vitória. Mas é uma preciosa e indispensável condição para ela. As TFPs dão graças a Nossa Senhora por estarem prestando, desta maneira, dentro do espírito e dos métodos da segunda parte de "Revolução e Co111ra-Revoluçiio ", o seu contributo para a grande luta em que também outras forças sadias - uma ou outra de grande envergadura e capacidade de ação - se encontram empenhadas. • • •

A justiça manda dizer que, embora sejam as TFPs entidades constituídas por leigos católicos, sua obra não teria chegado ao que é, se não fosse a figura de um Bispo que elas se ufanam de ter por amigo firm1ssimo: D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, o qual com suas Pastorais (9) constitui um dos ilustres fanais que ainda brilham para os católicos do No".O e do Velho Mundo.

5. BALANÇO DE V INTE ANOS tico. Alcance dogmático ele realmente não o . a grande força espiritual con tra a expansão DE Ili REVOLUÇÃO, SEGUNDO teve. Além disto, sua omissão sobre o comumundial da seita comunista. Em 1976, inconOS CRITÉR IOS· DE "REVOLUÇÃO nismo pode fazê.-lo passar para a História como táveis eclesiásticos, inclusive Bispos, figuram E CONTRA-REVOLUÇÃO" o Concílio a-pastoral. como cúmplices por omissão, colaboradores e Explicamos o sentido especial em que toaté propulsores da Ili Revolução. O progressismamos esta afirmação. mo, instalado eor quase toda parte, vai conFica assim delineada a situação da Ili RevoFigure-se o leitor um imenso rebanho enlanvertendo em lenha facilmente incendiável peto lução e da Contra-Revolução, como elas se comunismo a floresta outrora verdejante da guescendo em campos pobres e áridos, atacado de todas as partes por enxames de abelhas, vesIgreja Católica. pas, aves de rapina. Em uma palavra, o alcance desta transforOs pastores se põem a regar a pradaria caa mação é tal, que não hesitan1os cm afirmar afastar os enxames. - Esta atividade pode ser que o centro, o ponto mais sens ível e mais qualificada de pastoral? - Em tese, por certo. verdadeiramente decisivo da luta entre a RevoPorém, na hipótese de que, ao mesmo tempo, o lução e a Contra-Revolução se deslocou da reban.ho estivesse sendo atacado por matilhas sociedade temporal para a espiritual, e passou a de lobos vorazes, muitos deles com peles de se r a Santa Igreja, na qual, de um lado, proovelha, e os pastores se omitis'sem completagressistas, criptocomunistas e pró-comun istas, e mente de desmascarar ou de afugentar os lobos, de outro lado, antiprogressistas e anticomunistas enquanto lutavam contra insetos e aves, sua se confrontam (6). obra poderia ser considerada pastoral, ou seja, própria de bons e fiéis pastores? Em outros termos. atuaran1 como verdadeiC. Reações baseadas em ros Pastores aqueles que, no Conci'lio Vaticano "Revolução e Contra-Revolução" II, quiseran1 espantar os adversários "minores", e impuseram livre curso - pelo silêncio - a favor À vista de tantas transfom1ações, a eficácia do adversário "maior"? de "Revolução e Contra-Revolttção" ficou anuCom táticas "aggiornate" - das quais, aliás, lada? - Pelo contrário. o mínimo que se pode dizer é que são conEm 1968, as TFPs até então existentes na testáveis no plano teórico e se vêm mostrando América do Sul, inspiradas na Parte li deste o ruinosas na prática - o Concilio Vaticano li _, ensaio - "A CoJ1tra-Revolução" - organizaran1 w tentou afugentar, digamos, abelhas, vespas e um conjunto de abaixo-assinados a Paulo VI, u. aves de rapina. Seu silêncio sobre o comunismo pedindo providências contra a infütração esO profoito comunísta de Roma. Car'lo Gíulio Argan. elogiou o "ospfrito aberto" do Paulo VI, quo o recebeu deixou aos lobos toda a liberdade. A obra desse . em audiência especial e 2 da Janeiro de 1977. querdista no Clero e no laicato católico da Concílio não pode estar inscrita, enquanto América do Sul. efetivamente pastoral, nem na História, nem no No seu total, esses abaixo-assinados alcanUvro da Vida. seu decidido apoio ao corajoso prólogo da ediapresentam pouco antes do vigésimo aniversáçaram durante o período de 58 dias, no Brasil, ção espanhola. rio da publicação d? livro. !Ô duro dizê-lo. Mas a evidência dos fatos ,Argentina, Chile e Uruguai, 2.060.368 assinaaponta, neste sentido, o Concilio Vaticano II tluas. Foi, até aqui, ao que nos conste, o único De um lado, o apogeu da Ili Revolução D. Útilidade da atuação das TFPs e como uma das maiores calamidades, se não a abaixo-assinado de massa que - sobre qualquer toma mais difícil do que nunca um êxito, a entidades afins, ' inspirada maior, da História da Igreja (3). A partir dele tema - tenha englobado fiU1os de quatro. nações breve prazo, da Co11tra·Revolução. · da América do Sul. E em cada um dos países penetrou na Igreja, em proporções impensáveis, em "Revolução e Contra-Revolução" a "fumaça de Satanás" (4), que se vai dilatando nos quais ele se realizou, foi - também ao que De outro lado, a mesma alergia anti-socialista, dia a d.ia mais, com a terrível força de expansão nos conste - o maior abaixo-assinado da respecQue utilidade prática tem tido, neste campo que constitui presentemente grave óbice para dos gases. Para escândalo de incontáveis almas. tiva História. A resposta de Paulo Vi não foi tspccífico da batalha. a atividade contra-revo-a vitória do comunismo, cria a médio prazo, pao Corpo Místico de Cristo entrou no sinistro ~ ra a Contra-Revolução, condições acentuadaprocesso da como que autodemolição. mente propícias. Cabe aos vários grupos contraN:, se.de do PC uruguaio4 D. Partoli~ Ar· rcvolucionãrios esparsos pelo mundo a nobre A História narra os inúmeros dramas que a cobispo de Monteviresponsabilidade histórica de as aproveitar. As Igreja sofreu nos vinte séculos de sua existência. déu (o torcoi ro ocleTFPs têm procurado realizar sua parte do Oposições que germinaram fora dela, e de fora siàstic·o da &squorde esforço comum, difundindo-se ao longo destes mesmo tentaram destruí-la. Tumores formados para , diroíta), pr&s· tigia com mais dois quase vinte anos pela América, com uma nóvel dentro dela, por ela cortados, e que já então Bispos o vel6rio de TFP na França, suscitando uma dinâmica orgade fora para dentro tentam destruí-la com milit-antes comunisferocidade. nização afim na península ibérica e projetando tas elimin3dO$ om seu nome e seus contatos cm outros países choque com as for- Quando, porém, viu a História, antes de cas da ordem. do Velho Mundo, com vivos anseios de colabonossos dias, uma tentativa de demolição da Grande númoro do ração voltados para todos os grupos contraIgreja, já não mais feita por um adversário. eclesiásticos figuram ·revolucionãrios que nele pelejam - entre os mas qualificada de ''a111odemolição" em altíscomo cümplice:s. se· quais distinguem, com especial admirafãO e i,l, por omissão, seja simo pronunciamento de repercussão mundial? simpatia, a brilhante "Alleanza Ca110/ica'. enquanto colabOra· (5). dores e até propulso• res da 3a. Revolução.

Daí resultou para a Igreja e para o que ainda resta de civilizaçãp cristã, uma imensa derrocada. A "Ostpolitik •· vaticana, por exemplo, e a infütração gigantesca do comunismo nos meios católicos, são efeitos de todas esrns

(S) Cfr. olocução de Paulo VI ao Seminirio Lomba/do, em 7 de de2embro de 1968.

de batalh3 é legitimo que os soldados do bem se dig3m uns aos ourros: "quam bonum er quam jucu11dum hobirore frorres in unum" (SI. 132. l).

(6) Desde os anos 30, com o grupo que mais carde fundou a TFP br3SilcU'a_,· empregamos o melhor de nosso tempo e de nossas possibilidades de ação e de luta. nas · batalhas precwsoras do grande prélio interior d~ Igreja (ver o recente estudo de nossa autoria

(7) Sob o título ':A polltica dt distensão do Va-

.

·~ Igreja ame o escalada da ameaca comun;s1a - Apelo aos Bispos Silenciosos ", ..Editora Vera Cruz, São Paulo, 1976, pág$. 37 a S3).

Hoje, decorridos mais de 9,uarcnta anos, a luta está no clímax de sua intcns1d3dc, e deixa prever desdobramentos de amplitude e intensidade difíceis de medir. Nesta luta sentim.os com aJcgrfa 3 presença, nos quadros da TFP e entidades aflns., de tantos novos irmãos de ideal, de catorze países. Também no campo

ticano com os governos comunistas - Poro a TFP: omitir-se ou reslsrir' 1 (as entidades afins. em lugar da si,B:la TFP, coloc:iram o próprio nome), essa declara• çao - verdadeiro maniíesto - foi public~1d3 sucessivamente cm S7 diários de onze países: nn Argentina em "la Naâón" de Buenos Aires e "I.a Voz dei lttU!· rio," de Córdoba; no Olilc. cm "La ·Tertcra" de Santiago, ··Ef Sur" de Conocpción, "EI Diario Austral" de Te.muco, "lo Pre,rsa" de Osorno; no Uruguai cm "EI Pais" de Montevideo; na Bolívia em "E/ Diorio" de L1. Pat; no Equador em "E/ Con1ercio'' de Quito; na Colômbia cm "E/ Tiempoº e "E/ Espectador" de Bo~otá; na Venezuela em "/:.~/ Uni~·cr-sol". º'E/ Nocio110/ ', "Ultimas Noticias'', "E/ Mundo" e ''2001'' de

Vinte anos depois do lançamento de "Revolução. e Contra-Revolução", as TFPs e entida, des afins se acham ombro a ombro com as organizações de primeira fila, na luta contra·revolucionãria.

Caracas; nos Kc.tados Unidos em "The Notlonal Educator" de Fullcrton, California; no C.3.nadá cm "Speak Up" de Toronto; na E$panh3 cm "Hojo dei /,unes" "Puerza ·Nueva" de Madrid e "Reglón"' de Qvjcdo; no Brasil. cm 36 jornais dos mais divCJ'$OS pontos do País. Divulgaram-na, também, além de ''Catolidsmo", os jornais e rcvist3S das diversas TPPs e entidades afins: "Trodiâón, Familia, Propledod" d3 Argentina; "Flducia" do Chile; "Crisliandad'º da BoHviai "Reconquista'" do Equador: ·:Cruzada" da Colombia; "Co•·adonga·· da Venezuela e "Ouso.de for a Chrisrian Clvilizarion" dos Estados Unidos.

colabora9:io decisiva do Partido Democrata Cristão do país andtno, e do líder pedecista Eduardo Frc~ Presi· dcnt<: da República, para a preparação da vitória ma.r)(j,Sta. O livro _teve dezessete edições, superando a casa dos cem md exemplare-s, nos seguintes países: Brasil, Argentina, F.quador, Colômbia, Vcne-t uela e Itália.

(8) Esta obra monumcntàl por sua documentação, por sua argumentação e pelas teses 9 uc defende, teve

propósiro da aplicação dos Documentos promulgados

uma precursora, e verdadcirrunente cpica, antes ainda da insra.laçâo do comunismo no O,ilc. Trata-se do livro de Fábio Vidigal xavier da Sl.lveíra; ··Pui. o Ke.ren$ky d úleno "', que denunciou a

(9) Veja-se especialmente: "Carta Pastoral sobre problemas do apostolado mod,rno" (19S3}; "Carta

Pa11oral prevenindo os diocesanos centra os ardis da seita comunista" (196 l); "/nstn,ção Pasroral sobre a Igreja" (1965); "Carta Pastoral - Có11sidtrações a

pelo Concllio Ecumê11ico Vaticano li" (1966); "Corta

Pastoro/ sobre o oreservação da Fé e dos bons costumes" (1967); "Corta Posroral sobre Cunilhos de Cristandade" 0972); "Pelo casamento indissolúvel" (1915).

5


Capítulo III

A4.ª Re·v olução que nasce livre exame. peío cartesianismo, etc., divinizada pela Revolução Francesa, utilizada até o mais franco abuso cm toda escola de pensamento comunista, e agora, por fim, atrofiada e tornada escrava a serviço do totemismo transpsicológico e parapsicológico... .

Paris, maio de 1968 - A revolução da Sorbonno foi

o ponto do partida para a 4a. Revolução, estrutura· lists.

A. IV Revolução e preternatural

O panorama que assim se apresenta não seria completo se negligenciássemos uma trans· formação interna na Ili Revolução. É a IV Revolução que dela vai nascendo. Nascendo, sim, à maneira de requinte ma• tricida. Quàndo a // Revolução nasceu, requintou (cfr. Parte I - Cap. VI, 3), venceu e golpeou de morte a primeira. O mesmo ocorreu quando, por processo análogo, a III Revolução brotou da segunda. Tudo indica ser chegado agora para a Ili Revolução o momento, ao mesmo tempo pinacular e fatal, cm que ela gera a IV Revolução, e por esta se expõe a ser morta. - No entrechoque entre a Ili Revolução e a Co11tra-Re>-olução, haverá tempo para que o processo gerador da IV Revolução se desenvolva por inteiro? Está última abrirá efetivamente uma etapa nova na lúst6ria da Revolução? Ou será simplesmente um fenômeno abortivo, a surgir e desaparecer sem influência capital, no entrechoque entre a /// Revolução e a Contra-Revolução? O maior ou menor espaço a ser reservado para a / V Revolução nascente, nestas notas tão apressadas e sumárias, esta.ria na dependência , da resposta a essa pergunta. Resposta essa, áli,ás, que, de modo cabal, ·só o futuro poderá dar. · Ao que é incerto, não convém tratar como se tivesse uma importância certa. Consagremos aqui, pois, um espaço muito limitado ao que parece ser a IV Revolução.

1. A IV REVOLUÇÃO "PROFETIZADA" PELOS AUTORES DA Il i REVO LUÇÃO Como é bem sabido, nem Marx, nem a generaUdade de seus mais notórios sequazes, tanto

"Onmes dii ge,uiwn daen1011ia ", diz a Escritura (SI. 95, 5). Nesta perspectiva estruluralista. em que a magia é apresentada como forma de conhecimento, até que ponto é dado ao católico divisar as fulgurações enganosas, o cântico a um

cientificista e cooperativista, no qual - dizem os comunistas - o homem terá alcançado um grau de liberdade, igualdade e fraternidade até aqui insuspeitável.

2. IV REVO.LUÇÃO E TRIBALISMO: UMA EVENTUALIDADE - Como? - É impossível não perguntar se a sociedade tribal sonhada pelas atuais correntes estrutural istas não dá uma resposta a esta indagação. O estruturalismo vê na vida tribal uma síntese ilusória entre o auge da liberdade individual e do coletivismo consentido, na qual este último acaba por devorar a liberdade. Em tal coletivismo, os vários "cus" ou as pessoas individuais, com o seu pensamento, sua vontade e seus modos de ser, característicos e conflitantes, se fundem e se dissolvem - segun· do eles - na personalidade coletiva da tribo geradora de um pensar, de um querer, de um estilo de ser densamente comuns. Bem entendido, o caminho rumo a este estado de coisas tem de passar pela extinção dos velhos padrões de reflexão, volição e sensibilidade individuais, gradualmente substituídos por formas de sensibilidade, pcnsamen· to e deliberação cada vez mais coletivos. É, ~qrtanto, neste campo, que principalmente a transformação se deve dar. - De que fom1a? - Nas tribos, a coesão entre os membros é assegurada sobretudo por um comum sentir, do qual decorrem hábitos comuns e um comum querer. A razão individual, nelas, fica circunscrita a quase nada, isto é, aos prin1eiros e mais elementares movimentos que seu estado atrofiado lhe consente. "Pe11same11to se!,,agem,. (!), pensamento que não pensa e se volta apenas para o concreto.

Charles Manson, chefe bando hippie que

do

cometeu assa.ss(ni0$ mo·

cabros e requintados, reprosenta um ostâgio avançado da 4a. Revo-

lução... ... e abre caminho para o culto p6blico ao de-

mônio. como Jà o foz a igreja satinic:t1 de An· ton La Vey (de chifres}, om San FraQcisco. Califbrnia.

tempo sinistro e atraente, emoliente e delirante, ateu e fetichisticamente crédulo com que, do fundo dos abismos em que eternamente jaz, o príncipe das trevas atrai os homens que negaram a Igreja de Cristo? E uma pergunta sobre a qual podem e devem discutir os teólogos. Digo os teólogos verdadeiros, ou seja, os poucos que ainda crêem na existência do demônio. Especialmente os poucos, dentre esses poucos, que têm a coragem de . enfrentar os escámios e as· perseguições publi· citárias, e de falar.

B. Estruturalismo Tendências pré-tribais

-1".

1, .....

'

'\

Terroristas agem em Milio. Etapa transitória no processo revolucionário. visando estabelecer a socied3de utópica.

"ortodoxos'\ como ºheterodoxos", vfram na ditadura do proletariado o lance terminal do processo revolucionário·. Esta não é, segundo eles, senão o aspecto mais quintessenssiado, dinâmico, da Revolução universal. E, na mitologia evolucionista inerente ao pensamento de Marx e de seus seguidores, assim como a evolução se desenvolverá ao inf)nito no suceder dos séculos, assim também a Revolução não terá termo. Da/ Revolução já nasceram duas outras. A terceira, por sua vez, gerará mais uma. E daí por diante ... É impossível prever, dentro da perspectiva marxista, como seria uma Revolução nP XX ou L. Não é impossível, entretanto, prever como será a IV Revolução. Essa previsão, os próprios marxistas já a fizeram. Ela deverá ser a derrocada da ditadúra do proletariado em consequência de uma nova crise, por força da qual o Estado hipertrofiado será vítima de sua própria hipertrofia. E desaparecerá, dando origem a um estado de coisas

Tal é o preço da fusão coletivista tribal. Ao pajé incumbe manter esta vida psíquica coletiva, por meio -0e cultos totêmicos carregados de "mensagens" confusas, mas "ricas" dos fogos fátuos ou até mesmo das fulgurações provenientes do misterioso mundo da transpsicologia ou da parapsicologia. É pela aquisição (jessas " riquezas' que o homem çompensaria a atrofia da razão. Va razão, sim, outrorá hipertrofiada pelo

Seja como for, na medida em que se veja no movimento estruturalista uma figura mais 011 menos exata, mas cm todo caso precursora da IV Revolução, determinados fenômenos afins com ele, que se generalizaram nos últimos dez ou vinte anos, devem ser vistos. por sua vez, como preparatórios e propulsore.s do ímpeto estruturalista. Assim, a derrocada das tradições indumentárias do Ocidente, corro/das cada vez mais pelo nudismo, tende obviamente para o aparecimento 011 consolidação de hábitos nos quais se tolerará, quando muito, a cintura de penas de ave de certas tribos, alternada, onde o frio o exija, com coberturas mais ou menos à maneira das usadas pelos lapões.. O desaparecimento rápido das fóm,ulas de cortesia só pode ter como ponto final a simplicidade absoluta (para empregar só esse qualificativo) do trato tribal. A crescente ojeriza a tudo quanto é racioci• nado, estruturado e metodizado só pode conduzir, em seus últimos paroxismos, à perpétua e fantasiosa vagabundagem da vida das selvas, alternada, também ela, com o desempenho instintivo e quase mecânico de algumas atividades absolutamente indispensáveis à vida. A aversão ao esforço inteleciual, à abstração, à teorização, à doutrina, só pode induzir, em fim de linha, a uma hipertrofia dos sentidos e da imaginação, a essa "civilização da imagem" para a qual Paulo Vl julgou dever advertir a humanidade (2). São sintomáticos também os idílicos elogios, sempre mais freqüentes, a um tipo de "revolu, ção cultural" geradora de uma sociedade nova pós-industrial, ainda mal definida, e da qual

Professores e funcionârios da Universidad e de Pequim c3rrogam pedr.as. O trabalho servil obrigatório para 10, dos -

inclusive mulheres - é ospecialidade do comunismo chinês. Apesar do elevado número de fuga$ da Chino

vermelha, elogios ã '"tevolução cultural" estruturalista ainda são freqüentes no mundo ociden1al".

o comunismo chinês seria - como por vezes é apresentado - um primeiro lampejo.

C. Despretensioso contributo Bem sabemos quanto são passíveis de obje· ções, em muitos de seus aspectos, os quadros panorâmicos, por sua natureza· vastos e sumários como este. Necc~ariamente abreviado pelas delimitações de espaço do presente capítulo, este quadro oferece seu despretensioso contributo para as elucubrações dos espíritos dotados daquela ousada e peculiar finura de observação e análise que, em todas as épocas, proporciona a alguns homens prever o dia de amanhã.

D. A oposição dos banais Os outros farão, a esse propósito, o que em todas as épocas fizeram os espíritos banais e sem ousadia. Sorrirão e tacharão de impossíveis tais transformações, porque são de molde a alterar seus hábitos mentais. Porque elas aberram do bom senso, e aos homens banais, o bom senso parece a única Via normal da História. Sorrirão incrédulos e otimistas ante essas perspectivas, como Leão X sorriu a propósito .da trivial "querela de frades", que foi só o que soube discernir na I Revolução nascente. Ou como o feneloniano Luís XVI sorriu ante as

@sAfOlLICISMO MENSÁRIO com •piovação eclesiá,tlca CAMPOS - ESTADO DO RIO Diretor Paulo Coma de Brito Filho Dlrolorla: Av. 7 de Setembro 247, caixa postal 333 . 28100 Campos. RJ. Adnllnl,tnçio: R. Dr. M01tinico Prado 271, 01224 Silo Pauto. SP. Composto e impresso na Artpress - Papéis e Artes Gráficas Ltda .• R, Dr. Martinico Prado 234, Silo Pauto. SP.

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Administrtçlo fl. Dr. Martinico Prado 271 (1) Cfr. Claude Lévy-Strauss, "lo peusée saw•a,:c·'. Plon, Paris, t 969.

6

01224 s. Paulo. sr


primeiras efervescências da /1 Revolução, as quais se Uie apresentavam em esplêndidos salões palacianos, embaladas por vezes ao som argênteo do cravo, ou luzindo discretamente nos ambientes e nas cenas bucólicas à maneira do "Hameau" de sua esposa. Como sorriem, ainda hoje, otimistas, céticos, ante ·os manejos do risonho comunismo pós-staliniano, ou as convulsões que prenunciam a IV Revolução, muitos representantes altos, e até dos mais altos, da Igreja e do poder temporal no Ocidente. Se algum d.ia a/// ou a IV Revolução tomarem conta da vida temporal da humanidade, acolitadas na esfera espiritual pelo progressismo ecumênico, deve-lo-ão mais à incúria e colaboração destes risonhos e otimistas profetas do "bom senso". do que a tç,da a sanha das hos.tes e dos serviços de propaganda revolucionários.

E. Tribal ismo eclesiástico -

Pentecostalismo Falemos da esfera espiritual. Bem entendido, também a ela a IV Revolurão quer reduzir ao tribalismo. E o modo de o fazer já se pode bem notar nas correntes de teólogos e canonistas

talistas, congêneres, eles mesmos, dos pajés do estruturalismo, com cujas figuras acabarão por se confundir. Como também com a tribo-célula estruturalista se confundirá, necessariamente, a paróquia ou a diocese progressista-pentecostalista.

3. DEVER DOS CONTRAREVOLUCIONÁRIOS ANTE A IV REVOLUÇÃO NASCEl'JTE Quando incontáveis fatos se apresentam suscetíveis de serem alinhados de maneira a sugeri.r hipóteses como a do nascimento da IV Revolu· ção, o que resta ao contra-revolucionário fazer? Na perspectiva de "Revolução e Contra-Revolução ", toca-lhe, antes de tudo, acentuar a preponderante importância que no processo gerador desta IV Revolução, e no mundo dela nascido, cabe à Revolução nas tendêné'ias (cfr. Parte l - Cap. V, 1 a 3). E preparar-se para lutar, não só no intuito de alertar os homens contra esta preponderância das tendências fundamentalmente subversiva da boa ordem humana - a que assim se vai procedendo, como a usar, no plano tendencial, de todos os recursos legítimos e cabíveis para combater essa mesma Revolução nas tendências. Cabe-Uie também observar, analisar, prever os novos passos do processo, para ir opondo, tão cedo quanto possível , todos os obstáculos contra a suprema forma de guerra psicológica revolucionária, que é a / V Revolução nascente. Se a / V Revolução tiver tempo para desenvolver-se antes que a Ili Revolução tente sua grande aventura, talvez a luta contra ela exija a elaboração de mais um capítulo de "Revolução e Contra-Revolução", e talvez esse capítulo ocupe por si só um volume igual ao aqui consagrado às três revoluções anteriores. Com efeito, é próprio aos processos de decadência complicar tudo, quase ao infinito. E por isso cada etapa da Revolução é mais complicada que a anterior, obrigando a Contra· -Revolução a esforços paralelamente mais pormenorizados e complexos.

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As tendências tribais da 4a. Revolução manifostam-so também na Igreja. Este totem foi impre5So no missal composto om Ottawa. no ano de 1976, peh• Confe--

..-õncia dos '9ispos canadenses, p.ara sor venerado como

crucifixo.

que visam transfom1ar a nobre e óssea rigiélez da eS(rutura eclesiástica, como Nosso Senhor Jesus Cristo a instituiu e vinte séculos de vida religiosa a modelaram magnificamente, num tecido cartilaginoso, mole e amorfo, de dioceses e paróquias sem território, de grupos reli· giosos cm que a finne autoridade canônica vai sendo substituída gradualmente pelo ascendente dos "profetas" mais ou menos pentccosO Arcebispo do Ml11· ne6poH, (EUA), D.

Nessas perspectivas sobre a Revolução e a Contra-Revolução, e sobre o futuro deste trabalho em face de uma e de outra, encerramos as presentes considerações. Incertos, como todo o mundo, sobre o dia de amanhã, erguemos em atitude de prece os nossos olhos até o trono de Maria, Rainha do Universo. Enquanto nos sobem aos lábios, adaptadas a Ela, as palavras do Salmista dirigidas ao Senhor:

..Ad te ·levavi oculos meos. qui habitas i11 toe/is. Ecce sicur oculi servorum in manibus dominorum suorum. sicut oculi ancillae in 11u111ibus dominae suae; ira oculi nostri ad Dominam Matre111 nosrram donec 111isereatur nosrri" (cfr. SI. 122, 1 e 2).

o . Antonio de Castro Mayor. Bispo de Campos, "comtitui um dos ilustre$ fanais que ainda b11lham

Sim, voltamos nossos olhos para a Senhora de Fátima, pedindo-Lhe quanto antes os grandes perdões e as grandes vi tórias que importarão na implantação do Reino dEla. Ainda que para isso a Igreja e o gênero humano tenham de passar pelos castig~s apocalípticos - mas quão justiceiros, regeneradores e misericordiosos por Ela previstos em 1917 na Cova da Iria.

Conclusão Interrompemos a parte final de "Revolução e Co111ra-Re1>0lução", edição brasileira de 1959 e edição italiana de 1972, para atuali.zar, nas páginas ,que precedem, o texto original.

r--~~""'...,.._.

.k>hn Roach. para-

menta-se com orna· mantos indígenes P8· ra celebrar a Missa.

ls'to feito, perguntamo-nos se a pequena Conclusão do texto original de 1959 e das edições posteriores ainda merece ser mantida, ou se compor1a, pelo menos, alguma modificação. Relemo-la com cuidado. E chegamos à persuasão de que não hã motivo para não mantê-la, bem como não há razão para alterá-la no que quer que· seja .

A nobre estrutura e·

clesiástica

vai

pira os c-atóticos do Novo e do Velho Mundo"

se

transformando em tecido mole, amorfo, de grupos r'Oligio,

$OS indefinidos, guia, dos não por Pasto· res autênticos, l"'nas Por pajês do e-stru·

A mediação universal e onipotente da Mãe de Deus é a maior razão de esperança dos co11rra·revoluciondrios. E em Fdtima Ela jd lhes deu a certeza da vitória. quando anunciou que, ainda mesmo depois de um eventual surto do comunismo 110 mundo inteiro, " por fim seu Imaculado Coração triunfará".

Aceite a Vi,gem, pois. esta hqmenagem fi· lia/, tributo de amor e expressão de confiança absoluta em seu triunfo.

Não quereriamos dar por ence"ado o presen· te artigo, sem um preito de filial devotamento e • obediência irrestrita ao "doce Cristo na terra", Oi1.emos, hoje, como dissemos então: coluna · e ·fundamento infalível da Verdade, "Na realidade. por tudo quanto aqui se Sua Santidade o Papa João XXII/. disse. para uma mentalidade posta na lógica "Ubi Ecclcsia ibi Christus, ubi Petrus ibi dos princípios co111ra-re1>0lucionlirios, o quadro Ecclesia". É pois para o Santo Padre que se de nossos dias é muito claro. Estamos nos lances POlta todo o nosso amor, todo o nosso entusiassupremos de uma luta. que chamaríamos de mo, roda o nossa dedicação. É com estes sentimorre se 11111 dos contendores não fosse imor· 111e11tos, que a11imom todas as pági11as de "Catal, entre a lgre;a e a Revolução. Filhos da tolicismo" desde suo fundação, que 110s abalan/gre;a..lutadores nas lides da Contra-Re1>0/ução, çamos também a publicar este trabalho. natural é que. ao cabo deste trabalho. o conSobre cada uma das teses que o constituem, sagremos [ilialme11te. a Nossa Senhora. não temos em nosso coração a me,wr dúvida. A primeira, a grande. a eterna re,-olucio11d- Sujeitamo-las rodas, porém, i"estritamente ao ria, inspiradora e [autora suprema desta Re1>0· iuizo do Vigdrio de :Jesus Cristo, dispostos o lução. como das que a precederam e lhe sucede- renunciar de pronto a qualquer delas, desde que rem, é a Serpente. ·cu;a cabeça foi esmagada pe· se distancie, ai11da que de leve, do e11si11amento la Vi,gem Imaculada. Maria é. pois, a Padroeira da Santa Igreja, nossa Mãe, Arca da Salvação e Porra do Céu". de quantos lutam contra a Re110/ução.

turatismo.. ,

\

... ou por seus con--

gênores1 os "prof• tas" do pentecost&fismo. Na foto, re:u·

niio de pcntooos-ta• listes "católicos" nos EUA.

7


COMUNISMO-ANTICOMUNISMO /\

ROMPEM O SILENCIO Sbcios, c:ooperndorcs e amigos de Covadongu em peregrináção ao san,uãtio de San, iilgo dt' Compostcli,. no Ano Santo dê 1971.

<·om;id,•rm,1os que u <·omunismu. com .w:us luthftuais d1)·po.,·i1fros de cripto· <YJJmmistas.. iluu·,·111e.,; úteis. ··compa·

1':os pri111eiros dias de 1976, sai:l 11!,eiros de l'iagem ·· <: outn1s cspl!cic:;, a público cm San tiago do Chile um li- e.'iíti lt:ntmu/o tirar pro1·cilu c/11 Jituaçãu vro que cm pouco 1em1>0 se convcric- atual para subjug"r uma a,ez 1nais 110.,·· ri:t cm autêntico bc.\l•sdler internacio- so /'átrio. H e1u1ur11uo nos anos .16 a nal: A Igreja d{) Silr:11cio nu Chile - u Jy os 1en11elhos - ,lerruuulo.-. em terTFP /Jrod1111111 a ,·,·rdacfe inteira. Edims hispàuicas arrarés de w1w glorio:«1 .1:ido na J\rgen1in:i. ('olômbi:i. Fr;rnça. C'ruzacla 11ado11al - se defronrnram Es1ados Unidos e Brasil (resumo incluído na obrn 11 Igreja 11111e a es,·uludu com um Clero que. c111 sua hi1ensa d11 11111eaça 1r,,m111i.<1a. do Prof. Plínio Corréa de Olivcir:i). o livro foi divulgado 1ambém na Esp:111h:1. por iniciativa da Soâedacf C11/111rt1/ Col'l1dn11ga. 1

DEC L ARAÇÃO

Os siguouirios da presente Dcch1· ração co11sidera111 de alia opor11111id11dc

o

la11çomc1110 do c,fição esp"11hola cio /i,,ro "J\ Igreja do Silêncio no Chile -

J\ TFP 1,roclama a verdade inteira'',

cfc111"tfo 11cla Sociedade Cultural Co, vadonga, e,11 c1J/11boraçã" ,·0111 a l.:di, tora l"emando Ili o S:mto, ccfiçào esta em <1ue. alê111 daquele , i11tlo prin• c1/Jal. t1pres<!1Ua <·,mw subt indo: .. Um rema de mcdi1:.1ç5o para os c:11ólicos

espanhóis".

.. Colaboração com comunistas divide cidadela católica Absie11du,11us. 1u.:,,;1c documento, de fazei' qual<1uer prommcit1111c1110 !;ohre

ou. pdu m< nos. li seus métodos. sem.lo muitos os qw: julgam vussivel uma colaboração <·om <:ssex inilnigos da /gre;a. quer" prazo mab; ,·urto. ou a nwis longo. 1

MBORA O COMUN ISMO seja o pior inimigo da Igreja em nossos dias. o Episco1>ado espanhol vem se inibindo nos llltimos anos de defendê-li\ com toda a eficácia necess:\ria e de fazer. para é.sse fim, uso integral do tríplice poder de magis1ério, governo e saluificaçiio que Nosso Senhor Jesus Cristo lhe conferiu. Com efei to. esta ou aquela declaração de rejeição ao comunismo, s.1ída de fontes e1>iscopais, contém, cm geral, omissões. ambigiiid::tde.~ ou atenuaç<1e.~ c,tj o efeito é antes adormecer a fibra anticomunista de nosso povo do que cstirnul:í-la ao indispel'<:\vel combate. T:iis declarações não co1~~:tiluc111, por· lanto . defesa proporcionada e efetiva

E

conlra um adversário que ataca co11---

tinuamente, de todos os modos imagináveis. direlos ou indiretos. a Igreja e a Civilização Cri.s t:i. Tanto mais que e.sse adversário dis• l)ÔC. a nível inrcmacional e nacional . do cnud:•losc> :mxilio. claro ou vch1do,

de múltiplos meios de comunieaç:io social,

li

Alem do ataque de fora p:ir:i de111ro. desfech:ido pelo comunismo contr:l a Igreja e :, Civilização Crist:i, 110r:1-sc t:unbém. contr:, uma e outrJ. o ataque frr1udulen10. e muito mais des• rnHh·o. da infiltração comunista nos meios c.atólicos. Tal infiltração, que se verific:i em todo o orbe ca tólico. 11:io 1>odia deixar de realizar-se também na Esp:u1ha. E o vem sendo. Sua forma mais freqüenlc é a disse1ninação de idcologi:ls ou mo· vimcnlos p:lracomunistas ou cri1Hocomunis1:1s com rótulo soci:llisla. Ou .

d11 Unidade Popular. A inda hoje essa di1•isão é fo111e co11tín11a de inquiela· çio naq11ele país hispano-americano.

Sólida documentação

'[11/ t:i.wio 1111.< filcims da Igreja C11, tôlictl acarrcf<Jll

No Chi le, Bispos e Padres levam o marxismo ao poder

C(JIJIO ( '(Jll.';f!{JUéllcia.

(.7,il<:. a a.w:euSt.io clu Partido Cotmmisw ao go11cr110, alimlo ao Partido 11()

Ess,, divisão se efc/11/1 /Hccis,1111e111,· CQ/11 relação 1:s li/CIO$ tios l'OllllllliStaS

Sorialisu, de Alfcml~. e a 11w11u1e11çiro,

dun1111e tri:s ano:;, do rc:gime 11uu·xis1t1

''Covadon ga'', ao público

Esta 1>rcparou uma Autilist: /11truc/utú· ria, na qual mostra expressivas an:ilo•

gias entre o ocorrido no Chile e a situação cs1>anhola dos últi111os anos. (Ver CATOLIC ISMO 119 303, de março de 1976. sobre "A lgrej11 do Silé11cio 110 Chile" e n9 308. de :,gos10 de 1976, sobre a All/ilise l111rod111oria da S. C. Covadong:i). In iciada sua difusão na Península Ibérica, o livro desr~nou imcdi:1tamente grande interesse n;1o só no campo civico-cultur::tl, como lambérn nos meios eclesi:is1icos. · Por iniciativa de alguns Sacerdotes. a Socie,latf Cultural Ci1 1·atfo11ga viu-se favorecida pela L>cclaração de apoio ao livro e i, J\n:ilise Introdu tória. subscrirnda por 1,06 1 Padres seculares e Religiosos. de todas as regiões espanholas. O documcn10. que publicamos a seguir. l'ol recen1e111c111e reproduzido por órgãos dos mais rcpresc111a1ivos da imprensa espanhola : 1IIJC. de Madrid: l,0 Ya11gu,11·di11 l:,'sp111iolu, de IJ:,rcclona; /..os Pro11i11âas. de Valência ; ABC. de Sevillw; Correo l:'spa1iol- l;'I Pucblo V"sco. de ll ilbao; {{oj" de /,1111e.,, de Madrid: Ideal, de Gran:1da ; Alerw. de Santander: Cordolx,: 1~·1 Nor1e de Castilla. de Valladolid: Nwtr{I l:,'spo1ia, de Oviedo: Diarío ele Ctidi:: S11r. de Mála·· ga; E/ Diodo Vasco. de San Sebastian: l;'f Adel111110. de Sal:unanca; l.a ft1a1ia, '"'· de Lérida: EI Faro de Vigo: 1/oy, de Badajoz; t:I l'e11sa111ie1110 N111'{(rro. de Pamplona : lleralcfo tfc Aragi,11, de Zaragoza: l ,a Vo: ele Galida, de La Con11ia; 8ale"rcs. de Palma de M:illorc:i.

maioria. c,~rrou fileiras tt faror da Igreja e das mais queridas tradi~·jjes ele nossa pátria. hvje enco111nun úi11idid11 u âdacfefa ca1úfica. o q11e é 11111 fa to grav/ssimo.

Na defesa da Igreja co111ra o adver- . combate do comunismo e do !íOCias.-\rio interno - obrigaç:io <1 ue é de lismo,julga um dever dirigi-la - com o especial responsabilidade - o Episco- devido rc.<peito aos senhores Bispos pado espanhol incorre exatamente na.;,; e ao reverendo Clero secular e regular mesmas omissões acima indic.adas di:m- - com fraterno amor :i grande multi· te do comunismo. e nos mesmos graus dão de católicos. da qual os membros e formas. de nos.<a Sociedade se honram em fazer parte. 111

Por fim. a essas graves omissões é preciso acrescentar um número não desprezível de declarações e a1itudes de personalidades do Episcopado. do Clero e do laic:ito c:>1úlico, c1 uc entram em posi1iva eons-011:incia com doutri· nas e atividades cs<1ucrdist:,s ou csquer· dizantcs.

IV

No Chile - e cm outros paises nos quais a infiltraç..io comunista nos meios católicos cliegou :, verdadeiro auge ou quase tanto - o fenômeno começou metodicamente com um quadro idêniico ao descrito mais :,cima. 11 im1>ossível , 1>orta11to, não suspci· tar que o comunismo esteja começando a aplicar o mesmo métod o em 1iossa P:itria. por meio da mentira aos ingê· uuos, do apoio dos simpatizantes e explorando a impression:ibilidade dos sentimentais.

Não se poderia escolher melhor momento ,,uc este. no qual a Sociedade Cu/t11r11I Co1,ado11ga !orna pública a irn1nessionante Declar:,ção de apoio de mais de 1.000 Sacerdotes de todas as regiões da Espanha, recebida a propósito da publicaç:io do livro ",1 Igreja do Silê11c;o 110 Chile ". e, mais especialmente , das pal:ivras da análise introdutória: "A11alogias com 11 situa· ('ão espa11hola ", A imporrnnte declaração des tes mil Padres mostra alé 1.1ue ponto ns omis·

sões do Episco1,ado espanh ol. a infillraç,io comunist~l cm nossos meios católicos e o 10111 esquerdisrn o u CS· querdizante de certas declarações de personalidades eclesiás ticas e de figuras do laicato católico. impressionam e preocupam, pelo menos, a amplos e ponderáveis setores do Clero de nossa . Pátria.

{;sse fa10. demonstra-o sólida e doc11111e111ada111e111e a obra "A Igreja do Silencio no Chile - A TFP proclama a verdade inteira", na qual se prova que gra11de número de Bispos e Padres colaborou para a instauração do regime m1Jrxista 110 Poder. s11ste11· 1e111011-o e agora se transformou no r ed1110 de oposição mais poderoso e eficaz. fJ{lfll a r esuwr açõo do marxismo, E essa atuação demolidora se desen· 1'0il1e 11 tal po1110 que os Sacerdotes bons e os católicos fieis se11te111-se reduzidos à simoção de uma Igreja do Sili:11do.

Covadonga quer evitar análoga tragédia na Espanha A Sociedade Cul 1ural Covadonga

quis ,r sua meritória contrjbuição ()111·0 l!,,itar que onáloga 1ragêdia possa protluzir·se 110 Espanha. Por isso, e11· COl'l'egou-se d11 edição espa11/tola da referida obro. faze11do-a prece,ler de uma análise introdutória ltícida e valorosa, Nes1a procura-se chamt1r a ate11· ção da opinião ptíbfico espanhola so· bre o perigo que rcprese111oria a repelição tio drama chile110 e111re nós. A /(tu/o de cxemplo, j11/gamosopor 1u110 ocen/1/ar 11111 fato 11111i10 corac1eris1icn nesse sentido, aduzido pelo 1111tilisi! i11trodu1óril1, que estabelece "a11alogias com a situação espanhola ··: Tui fa10. que causa perplexidade. con· sis1c 110 imp1111idade de 111110 corre11re

que se diz cauilica - o qual assumiu c,n terras hispânicas. /ui wírios anos, uma (J()siçõo abertame111e 111arxis10 - e que não foi ai11da co11de11ada oficialme111e pela Conferência Episcopal l':spa11hola. Tmta·se do 1no11ime,uo "Cristãos para o Socin.lismo'', que 1e171 realizado vários encontros en, ll<•.;.-;o território e ,v,uillua tfif1111di11do-sc perigos,1111,•11te

certos ambientes que seaprcsc11tam como carôli,vs.

cu1

Entre os ! .061 signat:irios desta Decfaraçõu, pc,iencen tc.< a todas as re,

Lucidez, objetividade giões espanholas. figurnm 125 cônegos, 39 beneficiados. 198 p:írocos e 40 co- e oportunidade adjutores. Ent re os sign:Hários religio, do estudo introdutório V sos h:í dez Bened itinos. um Cistercien· Fefici111111os. pois, a Sociedade Cul11 a hora, mais do que ,wnca, de se~ seis Agos1inianos, três Escolápios. uma vigorosa palavra de alerta aos qualro C:1rmcli1as. cinco Dominicanos. tural Covadonga pela /11cidez. objel i, ,13 Franciscanos. 14 Capuchinhos, um vidade e ulia opnr11111idade 111a11i[es1ac:11ólicos espanhóis. Servita. 31 Jc.,uít:L~. 20 Lazaris tas, 2 1 das nesse doc11111e11to i111rod111ór io. E Permanecendo cm silê ncio ran1as n:itur:tlmcntc, taml>ém com rótulo ca- outras associações. a Sociedade C11l1u· Clarctianos. do is Salesianos. um Passio,. peditnos à Dh1hu1 Pro11idência que aju• tólico-comunista. c:Húlico•socialista ou mi Cu,,11t1011ga. e111 idade cívica de ins- nista e três Redentoris tas. além de 14 de a difusão do lil'ro A Igreja do va~amen tr· cat ólico-csq ucrdist :l . piração católica, 11uc se consagra ao Religiosos de oulras Congregações. Silêncio no Chile - Um tema de meditação para os católicos espanhóis 11es· SOCIEDAD CU LTURAL COVADONGA 10s 1erras que foram abençoadas pela l agasca, 127, 1P derecha - Madrid JOSE MARIA RIVOIR GOMEZ Preside111e

JOSE LUIS DE ZAYAS Y ARANCIBIA Secretário

a 11111a/ .,i111oç1io pofíli~a ,la t:spanlta.

11ir111de de w11 São Fernando de Cas1elo e de uma Sa111a Teresa de Jesus.

(Os subtílulos não ílguram na decla, ração o riginal).

Numerosos Padtcs leram é assinaram a Oecl.1r3ção de apoio ao livro A l!JrCJ3 do Silóncio no Chile t à Análise l n1rodut6ria de Covadônga. na reunião nacional da Horm andad So<:erdotal Espaiiola, rcal itada em Santiago de Compostela. em setembro d e 1976. Entre os signauhios onc:ontram,so f igur-.'ls do dostaquo do Clero espanhol.

~-

i:f.ll.·~': t ~-<;t,.....


NP 314 - fevereiro de 1977 - ano XXVII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

A REALEZA UNIVERSAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO CARTA P ASTORAL DE D. A NTONIO DE CASTRO MAYER

"Cris10 rode•do de 3Jlj<>s" de Hons Mcmling (1433-1494), Museu de Anvcrs (BélgiC3),

Em nossos dias, o problema das relações entre Igreja e Estado é um dos que se encontram no centro dos acontecimentos. Mas qual deve ser, segundo a doutrina cató· lica, esse relacionamento? Qual é seu ponto central? O que dizem os Padres da Igreja, Doutores e Pontíf ices a respeito das relações entre o poder espiritual e o poder temporal? Que responsabil idades têm eles entre si e os fiéis em relação a ambos? Quais as conseqüências que acarretam o indiferentismo e a. neutralidade do Estado em face da Religião católica, única verdadeira, e das fal· sas confissões religiosas? O laicismo da sociedade atual constitui um dos fatores mais importantes

para a desagregação da civilização contemporânea? A chave dessa candente temática resolve-se na doutrina da Realeza efetiva de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre o un iverso esp iritual e material. Todas as desigualdades harmônicas que Deus ama e deseja que exlstam na criação para refletir Sua imagem, formam como q ue uma imensa pirâmide, no topo da qual encontra-se a obra-prima de Deus, a ma is perfeita criatura: Maria Santíssima. E acima dEla, o Verbo Divino Encarnado, Nosso Senhor Jesus Cristo - Rei do Universo. Esse conjunto de assuntos - de máxima atualidade é desenvolvido com profundidade e erudição por um

teólogo reconhecido como dos maiores do Brasil: D. Antonio de Castro Mayer. Pastor vigi lante, lutador incansável contra os erros que ameaçam seu rebanho, o Bispo de Campos recorda a doutrina social da Igreja atinente a esses temas, focalizando especialmente concepções errôneas que hoje grassam entre os fiéis e não raro entre eclesiásticos. Pela sua elevação e atualidade, esta Carta Pastoral do Bispo de Campos interessará não só a seus diocesanos - · aos quais ele se dirige - mas a todo o católico desejoso de conhecer os importantes princípios que devem reger uma ordem social verdadeiramente catól ica.


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D. A ,,to,,io rle Castr o Mager. / por ,nercê 1le De,,s e tia Sant'a Sé Apostólica. Bi.~po l)ioce,"1111,0 ,le Ca,,,po .._. / Ao B evnso. Cler.o Sec11,lar e lletful,,r. ''·"' Rev,l,,.~. Beligi os1,s. ,', Ve,,erável (Jr1le111 Ter cei ra ,te Noss,, Se,,:h.o ra 1l0 M,)nte Car ,,,elo. ii,'I As.,;ociri!Jõe.<J ·,le 11ie1l,,,le e a 11oslol a ,lo. e a os fiéi s e ,,, gera l da Diocese ,lc e,,,,~pos. ·; Sa,11l111,:ão. _11a!JS e bê••ftios e,,, J\ 7osso · Se1, h o,,1· Jesus Cristo.

Caríssimos cooperadores e amados fillios . Ao encerrar-se o Ano San to de 1925, o San10 Padre Pio XI instituiu a festa de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei. Fixo·u, como seu dia próprio, o último domingo de outubro, o que precede a festa de TO<los os Santos. O novo calendário transferiu-a para o derradeiro domingo do Ano Litúrgico, que incide na última década de novembro. Com a nova festa litúrgica, dedicada a solenizar especialmente a Realeza universal de Nosso Senhor Jesus Cristo, visava o Papa opor um remédio eficaz ao Laicismo, à peste que corrói a sociedade humana, "peste de nossos tempos", diz o Papa. Justificando sua expressão e extemando sua esperança nos frutos que a nova solenidade litúrgica iria produzir, escreveu Pio XI amemorável Encíclica "Quas primas", de 11 de dezembro daquele Ano Santo de 1925. Passados cinqüenta anos, conserva seu ensinamento toda oportunidade, uma vez que os castigos desabados sobre a Humanidade, especialmente com a grande guerra de 1939 a l 945, não demoveram os homens de sua, impiedade. Ainda os que professam fé religiosa, em boa parte, continuan1 a viver corno se Deus não existisse. lê,, portanto, útil, e mesmo necessário inculcar novamente, e sempre, nos fiéis, a in1portância da festa de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei, a fim de movê-los a afl/alizar na vida privada, bem como na familiar e social, a vassalagem devida ao Soberano do Universo, evitando- que se frustrem as esperanças dos frutos que essa festividade está destinada a operar nas almas. Eis a razão deste colóquio convosco, amados cooperadores e diletos filhos, com que confiamos excitar-nos mutuamente ao zelo pela glória de Deus e salvação das almas.

1 - SOBERANIA D IVINA ,-vivemos, primeiramente, nossa fé na Realeza universal de nosso Divino Salvador. lê, Ele verdadeiramente Rei universal, isto é, tem soberania absoluta sobre todo o Gênero Humano, sobre os homens todos, mesmo aqueles que se acham fora de seu redil, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. 2

Pois, realmente, toda pessoa é criatura de Deus. Deve-Lhe todo o ser, quer na unidade da natureza, como em cada urna das partes de que ela se -compõe: corpo, alma, faculdades, inteligência, vontade, sensibilidade; mes,no os atos dessas faculdades, bem como de todos os ói:t;ãos, são dádivas de Deus, cujo domínio se estende até aos bens da fortuna, frutos que são de sua inefável liberalidade. A simples consideração de. que ninguém escolhe ou pode escoU1er a familia a que irá pertencer na terra, com a respectivá posição social na sociedade, basta para nos convencer desta verdade fundamental em nossa existência. De onde; Deus Nosso Senhor é o Soberano Senhor de todos os .homens, tanto individualmente considerados, como em grupos sociais, wna vez que, ao constituir as várias comunidades,- não perdem eles sua condição de criatura. Sendo que a existência da própria sociedade civil obedece aos desígnios de Deus, que fez social a natureza do homem. TO<los os povos, portanto, . tO<las as nações, desde as mais prin1itivas até as mais civilizadas, desde as menores até as superpotências, todas estão sujeitas à Soberania Divina, e, de si, têm obrigação de recon.hecer esta suave dominação celeste. Realeza de Jesus Cristo Ora, esta soberania, confiou-a Deus ao seu Filho Unigênito, como atestem freqüentemente as Sagradas Escrituras. São Paulo, de modo geral, declara que Deus ..constituiu a seu Filho h erdeiro 1111i11ersal" (Heb. 1, 2). São João, de sua parte, corrobora o pensamento do Apóstolo dos gentios em mui tos passos de seu Evangelho. Por exemplo, quando lembra que "o Pai não íulga a ninguém, pois. todo o íttlgamento entregou ao Filho" (Jo. 5, 22). Pois, a prerrogativa de distribuir a justiça compete ao Rei; Quem a pOS· sui, é porque está revestido de poder soberano. Esta realeza uv.iversal que herdou ao Pai, não deve entender-se apenas como a herança eterna, pela qual, com a natureza divina, rcce· beu o FiU10 lodos os atribu tos que O fazem igual e consubstancial à Primeira Pessoa da SSma. Trindade, na unidade da Essência Divina. Ela é especial.mente atribuída a Jesus Cristo como Homem, Mediador entre o Céu e a Terra. Porquanto a missão do Verbo Encarnado foi precisamente esta, instaurar na terra o Reino de Oeus. Eis que as expressões da Sagrada Escri-

tura relativas â realeza de Jesus Cristo, referem- • . Pede nossa Fé, no entanto, que conheçamos -se, sem sombra de dúvida, à sua condição de bem o alcance e o sentido da realeza do Divino homem. Redentor. Pio xr exclui, desde logo, o sentido Corno filho de Davi Rei, é Ele ·apresentado metafórico, com o qual chaman1os Rei e real ao mundo, aonde vem a herdar o trono paterno, o que há de mais excelente nu.ma maneira de ser extenso como os extremos da terra, e eterno, ou agir humano, como quando falamos na raisem cômputo de anos. Foi corno o Arcanjo nha da bondade, no rei dos poetas, etc. Gabriel anunciou a dignidade do Filho de Maria: Não. Jesus Cristo não é rei nesse significado "Darás à luz um Filho. ao qual -imporás o nome transposto. Ele é Rei no sentido próprio da de Jesus. Ele será grande, e chamar-se-á Filho palavra. lê, exercendo prerrogativas reais de do Alt/ssimo. Dar-lhe-<i o Senhor o trono de governo soberano, ditando leis e cominando Davi seu pai, e reinará eternamente na casa de penas contra os transgressores, que Ele aparece Jacó, e seu reino não terá fim" (lc. I , 31-33). na Sagiada Escri tura. No célebre "Sermão da É, outrossim, como Rei que O buscam os Magos montanha" (MI. 5, 4 ss.) pode dizer-se que o vindos do Oriente a adorá-Lo: " - Onde nasceu Salvador promulgou o Código do seu Rei.no. o Rei dos Judeus ?" - perguntam a HerO<les, ao Como verdadeiro soberano, exige obediência chegarem a Jerusalêm (Mal. 2, 2). A missão, às suas leis sob pena nada menos do que da pois, que confiou o Padre Eterno ao Filho, ao condenação eterna.· if mesmo com a cena do fazê-lo Homem, foi instalar na terra um reino, julgamento, quando o Filho de Deus vier, para distribuição de sua justiça aos vivos e aos moro Reino dos Céus. t mediante a implantação tos, que Ele anuncia o fim do mundo: •· Virá deste Reino que vai concretizar-se aquela ineentão o Filho do Homem na sua maíestade... fável caridade com que Deus, desde toda a e separará os homens_. como o pastor separa as eternidade amou aos homens e os atraiu misericordiosamente a si: "Dilexi te et atraxi te ovelhas dos cabritos... e dirá aos que estiveren1 à direita: Vinde, benditos de meu Pai... e aos miserans tui" (Jer. 31, 3). do esquerda: Ide, malditos, para o fogo -eterno... Eis que Jesus consagra sua vida pública ao E estes irão para o suplicio eterno, e os justos anúncio e instalação deste seu Reino, ora apontado c_omo Reino de Deus, ora, como Reino para a vida . eterna" (MI. 24, 31 ss.). Dulcíssima e tremenda sentença. Dulcíssima dos Céus. A moda oriental, serve-se de encantadoras parábolas, para inculcar a idéia e a naturepara os bons, pela excelência sem par do prêmio que os aguarda. Tremenda e pavorosa para os 1,a desse Reino que veio fundar. E seus milagres visam convencer o povo de que seu Reino maus, pelo alucinante castigo a que são eternahavia chegado, estava no meio do povo. "Si in mente remetidos. · digito Dei ciicio daemonia, profectu pervenit in Basta semelhante consideração para avaliar-se >l?S Regnum Dei" - "Se expulso os demônios a importância suma que hã para os homens, em cm nome de Deus. é sinal de que, sem dú11ida bem discernir onde se encontra aqui na terra possfvel. chegou até vós o Reino de Deus" o Reino de Jesus Cristo, pois pertencer-lhe ou (Lc. 11, 20). não, é decisivo de sua sorte eterna. Dizemos A constituição deste seu Reino absorveu ''aqui na Terra", uma vez que é neste mundo de tal maneira sua atividade que a apostasia juque o homem merece o prêmio ou o castigo de daica aproveitou a idéia para justificar a acusaalém túmulo. Na Terra, pois, hão de os homens ção contra Ele levantada no tribunal de Pilatos: se integrar nesse inefável Reino de Deus, tern"Si lume dimillis, 11011 es amicus Coesari" 1>0ral e eterno, pois fom,a-se no mundo e "Se o absolves. não és amigo de César", vocifeOoresoe no Céu. ravam ao Procõnsul, "pois todo o que se faz rei, se opõe a César" (Jo. 19, J2). Corroborando a opinião de seus inimigos, confirma Jesus A Igreja Católica, o Reino de Deus Cristo ao Procurador romano que Ele é realmente, Rei: "Tu dizes. eu sou Rei" (Jo. 18, 37). A mesma Sagrada Escritura que nos levou ao conhecin1ento da Realeza de Jesus Cristo nos Rei no sentido próprio diz quais são, no mundo atual, como continuadores da missão do Divino Mestre, os chefes auEis que não é possível pôr em dúvida o tênticos· de seu Reino. Condutores credenciados caráter real da obra de Jesus Cristo. Ele é Rei. do rebanho de Cristo são os legítimos sucessores


dos Apóstolos; pois, foi sobre os Apóstolos que o Salvador edificou sua Igreja, ou seja, seu Reino, em cujo seio encaminham-se os homens para o Céu. Aos Apóstolos, com efeito, confiou Jesus seu poder, e para eles exigiu a mesma obediência que Lhe era. a Ele, devida: "Quem V0$ ouve a Mim ouve··, disse-lhes o Divino Mestre, ..quem vos reieila a Mim re;eita .. (Lc. 10, 16). E noutro lugar. caracterizando o poder de governar, dirigir sua sociedade, a Igreja, declarou-lhes: "Tudo quanto ligardes na tena, será ligado 110 Céu, tudo quanto desligardes na terra serti <lesligado 110 Céu'' (Mt. 18, 18). Depois de sua Ressurreição, espee, fica o poder soberano concedido aos Apóstolos, dizendo que atinge mesmo o perdão dos pecados, prerrogativa exclusiva de Deus: "A quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados. e a quem os retiverdes ser-lhe-ãoretidos"(Jo. 20, 22). Depois de ter, durante sua vida, com várias expressões, significado que seu poder de encaminhar os homens ao Céu Ele o passava aos Após tolos, como que compendiando essa sua disposição, ao despedir-se deste mundo para retornar ao seio do Padrç Eterno, entrega-lhes Jesus a direção de sua obra que ainda continuará na Terra, uma vez que, até o fim do mundo, Deus deverá ser glorificado e as almas salvas: ''Foi-me dado, diz Ele aos Apóstolos, todo o poder 110 Céu e na Terra. Ide, pois. e ensinai a todos os povos. ensinando-os a praticar tudo quanto vos mandei" (Mt. 28, 20). E às ordens dos Apóstolos, como a legítimos superiores, há obrigação de obediência sob pena de perder a alma: "Quem crer e for batizado, será S<1lro: quem não crer. serti condenado" (Me. 16, 16). Crer, isto é, aceitar e viver de acordo com a Doutrina dos Apóstolos, que isso é propriamente ..crer'' com tod:1 a a.lma. Portanto, portar-se como súdito do Reino de Jesus Cristo. da San la Igreja. Porquanto, rio mesmo momento cm que transmitia seus poderes aos Apóstolos, assegurou a permanência de sua obra, de sua Igreja, de seu Reino - três expressões que envolvem o mesmo significado - ao declarar que ficaria com os mesmos Após tolos até o fim do mundo, ou seja. teriam os Apóstolos legítimos sucessores. junto dos quais continuaria Nosso Senhor sua presença para que eles mantivessem íntegra a herança recebida. "E eis que estt,rei convosco até a co11s11mação dos séculos" (MI. 28, 20). Igreja hierárquica

Enfim . cuidando que não faltasse a unidade de governo, necessária em todo re ino para que se conserve. e, ordenadamente. atirtia o fim 1>0r que se consti tui. instituiu Jesus a hierar•

quia sagrada que, na Santa Igreja, ensina, dirige e santifica seu povo. De Pedro fez a rocha inexpugnável, sobre a qual edificou sua Igreja. dando-lhe as chaves do Reino dos Céus, enfeixando nas suas mãos todo o poder outorgado aos Apóstolos todos: "Tu és Pedro, e sobre esta /J(?(lra edificarei a mi11ha /gre;a. Dar-te-ei 11s cha11es do Reino dos Ceu.~ Tudo q11a1110 ligares 11a Terra será ligado 110 Céu e tudo quouto desligares 110 Terra seriÍ desligado ,ro Céu" (Mt. 16, 16 ss.). De maneira que a Igreja que tem o sucessor de Pedro e os sucessores dos Apóstolos, csl:l é a Igreja de Cristo. Nela se acha o Reino de Jesus Cristo. Ora, esta Igreja, única no mundo, que apresenta no Papa o sucessor de São Pedro e nos seus Bispos os sucessores dos Apóstolos, é a Igreja Católica, Apostólica, Romana. É fazendo parte dela, e vivendo segundo sua doulrina. que pertencemos ao Reino de Cristo. que nos mostramos fiéis vassalos do Rei da Glória, que nos encaminhamos 1>ara o Reino do Céu, para a bem-aventurança eterna. Uuscai, amados filhos. cm outr:,s confissões. que usurpam o titulo de cristãs, todas elas têm uma data de nascimento posterior ao Divino Mestre. Somente a Igreja Católica Romana sobe. cm sua origem. até a época de Jesus Cristo. Porque somente Ela é verdadeiramente apostólica, ou seja vem em linha reta dos Apôstolos. É a Igreja de Cristo.

li - REALEZA PRECIPUAMENTE ESPÍR ITUAL Jesus é, pois, Rei 110 sentido próprio do termo. Sua soberania exerce-a Ele na terra mediante sua Igreja. seu Corpo Místico, sociedade visível hierárquica, dotada de todos os poderes para levar os homens ao fim para o qual foram criados: dar glória a Deus e salvar a alma. De maneira que fazer parte da Igreja de Cristo. e viver como súdito dócil e obediente do Rei dos reis, Jesus Cristo, é condição de bem-aventurança eterna. Já essas considerações dizem que o Reino de Jesus Cristo é espiritual - "praacipuo quodam modo", de modo especial - diz Pio XI cm sua Encíclica - é espiritual. porque versa sobre assuntos relacionados com a vida espiri tual, a que transcende os limites da vid:i terrena. o culto divino e a sanlifici,ção das almas. Foi, aliás, o que alCS!OU o próprio Salvador no trib,unal de Pilatos. A pergunta do Proconsul, ..Es 111 Rei?" - respondeu Jesus afirmativamente: ..Tu dizes, eu o sou" (Jo. 18. 37). Pouco antes já explicara ao Magistrado romano

a natureza especial de seu reinado: "Meu Reino não é deste mrmdo. Se fora deste mundo, meus ministros, sem a menor dúvida, lutariam para que eu não fosse entregue aos iudeus. Como ,'és. meu reino m1o é daqui" (Jo. 18, 36); ou seja, não cuida dos negócios da terra que se ci rcunscrevem a este mundo. E no versículo seguinte Jc.sus é mais explícito, relacionando Seu Reino com o império da Verdade: "Eu para isto nasci, pt1ru isto vim ao m1mdo, para d/Ir testemunho da Verdade. Todo o que é da verdade ouve a nui1ha voz''. Embora, pois, a Jesus. na sua Humanidade. em virtude da união ltipost:itica, pertença todo o poder, mesmo na ordem civil, não obstante, tranqiiilizou o Salvador aos solieranos da terra: Seu reino não é das coisas deste mundo. No

Leão XJII enuncia, com precisão, este pensamento: ··rodos nós, enquanto existimos, somos nascidos e educados e111 11ist" de um ben, su· premo e fi1111/, ao qual é preâso referir 111do. colocado que csrti nos céus, além destll frágil e curta existénci/1, J1í que disso é que depende a ,x1111pleta e perfeita felicülllde dos homens, é do ,interesse supremo de cad" 11m alcanç/lr esse fim. Como, pois. a sociediule civil foi estabelecida para" utilidade de todos, deve,favore,·endo a prosperidade pública. pro,,er ao bem dos cidadãos de modo não so1/1e111e a mio opor qualquer o/Jstticulo. mas a 11ssegurar tod"s 11s fl1cilitlades possíveis ti procum e ti aquisição desse bem supremo e imurável 110 qtl{J/ eles próprios aspir11m, A primeira de todas ,-onsiste em fazer respeit11r a santa II inviollivel observáncit1 da Religião. cu;os deveres unem o homem a Deus. Quanto a decidir qual religião é II l'erdadeira, isso fl(iO é di[fcil a quem quiser iulgar sobre esta matéria com prud{mcin e sinceridade. é."fe1ii,ame11te. provas numerosíssimas e evidentes, a ,'<!rdtule das profecias, a m11/t idão dos mikigres, " prodigioS<1 celeridacle d11 pro[Jllgaçt,o da fé. mesmo entre os seus inimigos e II despeito dos maiores obsttic11los, o testemunho dos mártires e outros argume,uos semelhantes, prow,m clarame111e que fJ única religião verdadeir(I é a que o próprio Jesus Cristo i11stitui11 e deu ti sua lgreia a misS<io de guardar e propagar" (Enc. "/mmortale Dei" de 1? de novembro de 1885). J ã vedes, amados filhos, que tão somente num Estado constituído de acordo com esta doutrina se pode efetivar plenamente a Realeza de Jesus Cristo. Explica-se. pois. tenha ela sido inculcada constantemente pelo Magistério Eclesiástico. Padres da Igreja

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Santo Agostinho; "não há mone pior para do que a liberd:,de do erro"

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alma

mesmo sentido, repete a Igreja, todos os anos, pela Epifania, que "11011 eripit morta/ia qui reg1u1 dat coe/estio" - "não u,<11rpa os rei11os morrais quem os dá celestes". As duas potestades

Pe lo exposto. vê-se que o Divino Mestre dispõe a coexistência de duas potestades soberanas na terra: Uma que preside à vida temporal. encarnada na pessoa de César. Poder que eleve ser acatado. honrado, obedecido, pois manda o Senhor ''dllr fJ CéS<1r o que é de César ·· (M l. 22, 21). E a razão é que este poder é, ele também, outorgado por Deus Nosso Senhor. como declarou o Divino Mestre ao representante do imperador romano, quando lhe disse: "Ne11hwn ()Qder rerias sobre mün se não te

fosse dlldo do alto" (Jo. 19, 11). E o Apóstolo repete a lição: '·Todo o poder ,,em de Deus" (Rom. 8, 1). Devem, portanto, os cristãos aceitar o poder civil e a ele submeter-se amoros,nnente, isto é, não pelo medo dos castigos, mas como :i autoridade delegada por Deus, pois o príncipe age como ministro de Deus (Rom. 13, 4), A outra potestade cu ida dos in teresses da alma que relacionam o homem com Deus, e o

Assim, São Gregório Nazianzeno (t390) declara que os magistrados imperiais estão submetidos ,1 autoridade dos Bispos. como a carne ao espírito e as coisas terrestres às celestes {Hom. XVII); São João Crisóstomo {t407) explana as relações entre a autoridade espiritual e a temporal, mediante a comparação entre o sol e a lua (1 lom. XV sobre 2 Cor.); Santo Ambrósio. na carta a Valentiniano contra Auxêncio. declara que "o imperador e.,tâ dentro da lgre;a, e ntio <tcim11 t/11 lgre;a: com efeito. o bom imperador procura o 11uxi'lio tia fgreia. não o rccuS11 ", Santo Agostinho, no cap. 24 do livro V de sua obra "A Cidade de Deus", enumera, entre as obrigações do imperador. colocar seu poder ao serviço da Majestade divina , para dilatar-lhe o reinado; e em carta ao Conde llonifácio, encarreg:ido do governo da África, comenlando a palavra do salmo, "ser11i ao Senhor. 110 temor": ensina que os reis servem ao Senhor proibindo e [>Unindo as transgressões aos mandamentos de Deus; e nisto difere o modo de servir a Deus próprio dos reis e o de cada indivíduo: o indivíduo serve a Deus, vivendo segundo sua fé, cnqua,110 o rei o faz estabelecendo, com conveniente severidade, leis mandando o que é justo e proibindo o que é contra a justiça. E depois de dar vários exemplos do Antigo Testamento, nos quais salienta as ordens dos soberanos contra as obras da impiedade, conclui: os reis servem ao Senhor, como

encaminham 3 salvação eterna no Céu. Abarca

os deveres religiosos. o cul 10 de Deus e a obediéncia às divinas ordenações. Poder este próprio do Reino de Jesus Cristo, que. igualmente. deve ser respeitado e ôbedeciclo com especial veneração. uma vez que seu menosprezo atinge o próprio Deus: '·q11c111 110s reieita, 11 Mim rc;eira: e quem ~1e reieilll, reieitll Aquele que me e,wiou"(Lc. 10. 16). Todos os homens est:io obrigados a obedc.cer, como supremas. a duas potestades: nas coisas temporais, ao poder civil. ainda aqueles que participam do governo religioso; nas coisas de Deus. ao poder espiritual, mesmo as autoridades civis. Embora soberana, a autoridade do Estado cede o passo à autoridade religiosa. pois "é preciso obedecer fJntes a Deus que aos homens" (AI. 5. 29). Em caso de conílito. portai110. prevalecem os deveres religiosos. pois dizem respeito ao dest ino eterno das almas. Relação entre a Igreja e o Estado De maneira que a cstrutur:i 11:,tural do go-

verno da sociedade humana. na ordem histórica - isto é. cm face da Rcvclaç:io e cons1i111i~ão da San1:1 Igreja 1>ara presidir aos assuntos csri·

rituais - pede uma colaboraç5o mútua entre ::is

duas potestades supremas. a Igreja e o Estado. A lirej;i rcconheccr;í o poder civil e lcvar:i os fiéis :10 sincero ac,Hamcnto da au toridadc do Estado, n qual dará colaboração leal, em tudo quanto redunde em benefício da sociedade e não se oponha â lei de Deus. De seu lado. o Estado reconhecerá a única Igreja a que confiol/ Deus o cuidado das coisas espirituais: o cullo divino e a salvação das almas. E, como a vida do homem na terra deve orientar-se para a salvação eterna. deve o Estado não somente não se opor :i ação específica da Jgrcja. mas

São Tomfls de Aquino, o Doutor Angõlico. Imagem portugucs:a com asas, do século XVIII, que se enoontra na sede do Conselho Nacional da TFP.

reis, fazendo para servi-Lo o que somente os reis podem fazer. Em meados do século V São Leão 1, Papa (de 440-461) escreve ao im'. perador Leão de Constantinopla, para urgir a manutenção dos decretos do Concílio de Conslantinopla contra as manobras dos eutiquianos (monofisitas) e lembra-U1e que "o poder real lhe foi dado, não so111e11te para o governo do mundo, mas sobretudo, para a defesa da Igreia" (Ep. 156, 3),

também :mxili~l-la, positivamente, cri:lndo na

Os Romanos Pontífices e os imperadores

sociedade um ambiente que favoreça a pri,ticu da virtude. a piedade, a Fé, e dificulte o pec.1do. a impiedade, e cm geral, a 1>roliferação do vício.

Foi mais especialmente nas relações com os imperadores de Constantinopla que teve a

Igreja oportunidade de reafirmar estes princípios da Doutrina Católica. Assim, São Félix 11, Papa, cm agosto de 484, adverte ao imperador Zcnão que deve proteger a liberdade da Igreja, e que ele mesmo imperador precisa se submeter ao sacerdócio nas causas de Deus, submissão salutar mesmo para o Estado. São Gelásio, igualment~ Papa, teve que repetir a mesma lição sagrada ao imperador Anastásio J. Em 494, enviou-U,e o célebre documento sobre as duas potestades existentes na Terra, e a hannonia que entre elas deve manter-se; "Rogo à 1110 pie<lnde que não iulgues 111110 arrogância o exercfcio dos encargos diviuos: não se venha a pensar que 11111 l'rfncipe Romano leve à conta de iniríria a verdade que lhe é proposta. Portan· to. dois são. imperador augusto, os pri11cipt1dos q11e regem este 1111111do: a autoridade sagrada dos Po1111"fices e o poder real. Entre eles. é tão mais séria a autoridade dos sacerdotes, quauto até 111es1110 dos próprios reis de,,em eles dar tXJII· tas 110 ;,dzo divino. Sabes, com efeito, filho cle1nen1fssimo, que. embora. pela tua dignidade. presidas ao Género Humano. contudo, aos que estão à testa das coisas divinas, devotamente te suiei(as, e deles esperas os meios da tua · safração... Se, com efeito, 110 que respeira à ordem pública. sabendo que o império re foi outorgado por disposição superior, até mesmo os Prellltlos religiosos obedecem às tulls leis. parll não parecerem seguir. nas coisas deste nwndo. opiniões reieitadas: como não te ,-onvém obede· cer de>'Qt11me111e àqueles que tê111 a i11c1111tbência tle administrar os 11enera11dos 111istérios?" (Carta ao Imperador Anastásio, em 492). Por volta do ano 506, torna o Papa, desta vez, São Símaco, a lembrar ao mesmo Imperador Anas1ásio a doutrina católica. Prevenindo uma possível objc.ção de seu augusto correspondente, escreve o Pontífice: - "1àlvez digas: - está escrito: devemos estar su;eitos a toda potestade''. Ao que con testa o Papa: "Nós acatamos 11s autoridades humanas, enqu,11110 não levantam contra Deus suas 1'011tades. Alias, se todo o poder vem de Deus, co111 maior razão vem aquele que preside às coisas divinas. Serve a Deu.~ em nós, e nós ser11iremos a Deus em ti''. Mais tarde, é a vez de São Nicolau 1 (Papa de 858 a 86 7) despertar a memória do imperador Miguel 111, sobre os dois poderes supremos a que estão os homens sujeitos neste mundo e à subordinação, nas coisas espiri tuais do império ao sacerdócio, como à dos minist ros sagrados ao império nas coisas de ordem temporal (Ep. de 28-9-865, "Proposueramos quidem"). Na Idade Média Ao se constituírem as novas nações eur<>-

péias. como conseqúência do esfacelamen 10 do Império Romano, continuou a Igreja a inculcar sua dou trina sobre as obrigações do Estado cm matéria religiosa. Já no século Vil, Santo Isidoro de SeviU1a (t 636) reconhecia que os reis têm plenitude de governo nas coisas seculares, mas não podem descurar seus deveres com respeito a Deus, nem sua deferência à Igreja, "quam a Christo tuendam susceperunt" - "cuia defesa receberam de Cristo" (Sent. 111, 51). O pensan1ento do Arcebispo de Sevi.lha, ao lado de análogo de Santo Agostinho, reaparece nos mestres eclesiásticos dos séculos seguintes. Servem-se eles de vi,rias imagens para explaiiar o ensinan1ento tradicional da Igreja. Alguns, a exemplo de São Bernardo, falam de duas espadas, o gládio do espírito manejado pela Igreja e que atende ás coisas da alma e o gládio temporal a ser empregado em benefício da Igreja. Ora é a união íntima entre o corpo e a alma que serve de símile para ilustrar a harmonia e mútua dependência existente entre as duas autoridades supremas que orientam os homens à plenitude da vida terrena subordinada à vida ctcr,1a, como o faz o Papa lnocénció Ili, Ora, como Graciano, comparam as relações entre a Igreja e o Estado às que vigem ent re o sol e a lua. Como este satélite da terra se beneficia da lui do sol, a fim de que por seu tu rno, ser benéfico à terra, assim, guiado pela Igreja é que o Estado atende à sua finalidade própria que é tornar feli1.es seus súditos. Nas relações políticas entre a Igreja e os vários soberanos é esta doutrina tradicional que decorre dos atos do poder eclesiástico. Assim, o Papa Urbano li escreve a Afonso VI de Espanha: "Duas dignidades. ó rei Afonso, governam principalmente este m1111do: a dos sacerdotes e a dos reis; tXJntudo, a dignidade sacerdotal, /ilho carfssimo, ava111a;a-se 101110 à dignidade régia q11e dos próprios reis temos nós que dar co111a exata ao Rei de rodos" (ML. 151, 289 apud Villoslada, H.ist. de la lgl. 11, Ed. Med. 2.a 409). Santo Tomás de Aquino enuncia e justifica tanto na Suma Teológica, como especialmente no Tratado sobre o governo civil, escrito para o Rei de Cltipre, o ensinamento comum da Igreja sobre este assunto. Partindo do princípio que o fim da sociedade não pode opor-se ao fun de cada um dos seus membros, e como o destino último de~tes é o gozo de Deus, deverá o governo da coisa pública cui.dar também que os homens reunidos em sociedade alcancem, media,1tc a vida virtuosa, aquela fruição divina (De Regimine .Pri11cip11m, L. l, c. 14). ..Porém continua Santo Tomás - como guiar 011 co1ltfuzira estefiln não corresponde ao go 11er110 huma· no, e sim ao divino... e sendo distintas as coiS11s 3


salient3r que, dentro de urn3 ordenação jurídica corno essa. 3 salvação e santificação das almas, longe de ser auxiliada, encontra, ao invés, o maior obstáculo: falta-Uies o ambiente p ropício que lhes daria uma legislação patenternente preocupada com os direi tos de Deus.

O Estado leigo, ideal das forças secretas Aliás, e mesmo Leão XIIJ , na Encíclica "H11manum Genus". de 20-4-1884, denuncia o Estado leigo, rigorosamente neutro em matéria religiosa, como o meio considerado apto pelas forças secre tas para aniquilar e "destruir toda disciplina religiosa e social" cristãs. Com scmelliante fim, inculcam que ·'nas diversasformas

religiosas, não há razão alguma de se preferir uma à 0111,a, pois rodas devem ser postas em pé de igualdade". Adverte o Papa que "semelhante . principio basta para arruinar rodas as religiões. e particularmente a Religitio católica. porquanto sendo a única verdadeira, niio pode ela. sem sofrer a últi11w das injúrias e das injustiç,,s. tolerar lhe fejam igualadas as outras religiões".

Gregório XVI chama de "delírio" o indiferentismo religioso e a liberdade para todos os c-ultos

tellenas das espirituais. o reinado sobre estas niio se concedeu aos reis da Terra e sim aos sacerdotes. e principalmente ao Sumo Sacerdote. sucessor de São Pedro e Vigtirio de Cristo, o Ronwno Ponr1fice, ao qual devem estar sujeitos rodos os reis cristãos. ( ...)" (Idem. ibidem) E, no capítulo seguinte, acrescenta o Doutor Angélico: "(... ) pertence. pois. ao of(cio do Rei

cuidar p0, rodos os meios convenientes que os súditos vivam segundo a virtude para que alca,1cem a celestial bem-aventurança, ordenando o que a ela conduza. e tratando de impedir 011 di/Jculrar quanto desvia do último fim·· {Idem, . L. 1. c. 15).

A civilização cristã Assim, como verdadeira pedagoga do Gênero Humano, conduz a lgrej3 a sociedade àquela situação ideal de equilíbrio e bem estar da convivência social, graças à natural subordinação de toda a atividade terrena ao fim úlümo, no qual atinge a perfeição a felicidade a que aspira a natureza racional. Leão XIII recorda que tal foi a condição da socied3de na láade Média. Escreve; com efeito, na Encíclica "lmmortole Dei" de i!l-11-1885: "Tempo houve em, ·? a

filosofia do E1,angelho gover,wm os Estados... Então o sacerdócio e o império esta w11n ligados entre_ si por uma feliz .concórdia e pek, permuta amistosa de bons o/feios. Organizada assim, a scciedade ci,•il de11 fr11ros s11periores a rodo expectorivo, fnuos cuja memória subsiste e si,bsisrirá, consignada como esttí em inúmeros documentos que artificio algum dos adversários poderd corromper 011 obscurecer". Realizava-se nessa época, o que Yves de Chartres considerava lei imprescindivel nas relações entre a Igreja e a sociedade civil: "Q11ando o

império e o sacerdócio vivem em boa hannonia, o 1111111do é bem governado - escrevia ele a Pas, ooal li (Papa de 1099 a 1118) - , a Igreja é florescente e fecunda. Mas. q11ando a discórdia se interpõe entre eles. não somente as pequenas coisas não crescem, 11ws os próprias grandes deperecem ,niserovelmenre" (Ep. 238).

Ili - A APOSTASIA DO DIREl:rO NOVO lnfeli7.mente, amados filhos, os tempos mo, demos registram a ruptura da perfeita h~m1onia entre o sacerdócio e o império, enaltecida por Leão XIII , como fonte de tantos benefícios para a convivência humana. Foram, primeiro, os soberanos cristãos que mal toleraram ·a autonomia do Papa. Seguiu-se a dissolução da unidade religiosa do Ocidente, para chegar-se ao que o citado Pontífice chama de direito novo do século XVIII. Neste, em nome da igualdade e dignidade comuns a todos os homens, rejeita-se qualquer autoridade, cuja origem não seja a mesma vontade humana. "Segue,se - explana Leão XI II - queoEsrado

niio se julga ,1inc11/ado o nenhuma obrigação para com Deus. não professa oficialmente nenhuma religião... deve apenas a rodas atribuir igualdade de direito civil, com o único fim de impedi-las de perturbar o ordem plÍblica" ("Jmmorrale Dei'} Um pouco de reflexão, amados fiJJios, sobre semeU,ante teoria, mostra como, numa ordem político-social assim concebida, desaparece a realeza de Jesus Cristo, e se dificulta enormemente a salvação das almas. Pois, uma sociedade assim estruturada, pura e simplesmente, não reconhece a soberan.ia de Deus Nosso Senhor. Como poderá dizer-se ela cristã, se ·.epresentantes lcgitimos da mesma, ainda que individualmente, se professem católicos e piedosos cumpridores de seus deveres rei igiosos, como pessoas públicas, não podem reconhecer qual a Vontade de Deus expressa na sua verdadeira Igreja? Cremos, amados filhos, que não seja preciso 4

Corolário lógico de scmelhan te principio é o laicismo do Estado, "o grande erro do tempo presente", que consiste cm relegar para a categoria das coisas indiferentes o cuidado da Religião. Por isso, dizíamos, amados filhos, que em um regime político-social assim concebido é impossível à Igreja realiZar plenamente sua missão de instaurar na terra o Reino de Jesus Cristo. ·

Inversão de valores Digno de registro é, outrossim , amados fi. lhos, que no Direito Novo, inverte-se a posição social da Religião. De guia e ordenadora dos atos humanos, passa a uma das muitas manifestações da alma individual, sujeita, como as demais, às restrições impostas pela ordem pública. Com eleito, segundo o magistério tradicional, de acordo, aliás, com o bom senso, o Estado, que deve cuidar dos bens de ordem temporal, subordina-se, nas SU3S atividades, ao fim último dos cidadãos, nadacstabelecendoque dificulte a consecução deste último fun, antes auxiliando o conhecimento da verdadeira Reli· gião e a prática da virtude. Na nova concepção, é a Igreja que se subordina ao Estado, porquanto é Ela que deve, nas suas atividades, abster-se de tudo quanto o Estado julgue contrário à ordem pública. - Que excelência e que soberania de Deus tornaria a Igreja presente, neste mundo, quando é Eia mesma aviltada a mero interesse particular, que o Estado alarga ou restringe, segundo melhor lhe parecer? - Em. semeU1ante concepção, não se vê como censurar um governo comunista, quando, por exemplo, em nome da ordem pública, condena um sacerdote porque batiza uma criança, ainda que seja com o conscntünento dos pais.

Ordem pública objetiva E se alguém vos objetar, amados filhos, que não se trata de qualquer ordem pública, arbi· trariamente suposta, mas da única ordem públ ica verdadeira, daquela que é objetiva, que constitui indiscutiv~lmente o bem comum, e por isso é defendida contra os abusos da autoridade, quando alguém vos opuser esse sofis.ma, ser-vos,á fácil responder que, em semelh ante hipótese, já se abandona o direito novo. Convém acentuar, a propósito, que sem a aceitação de uma moral objetiva e uma noção exata de bem que nos dá a Moral, não se concebe ordem pública objetiva, sendo irnpos, sível entender-se o bem comum. Ora, abstraindo-se da verdadeira Religião, também não se .c oncebe uma reta moral objetiva. Apelando-se, portanto, para a ordem pública, para o bem comum contra os abusos da au toridade, aban dona-se, por isso mesmo, o direito novo que não reconhece norma superior ao homem, uma vez que declara que a vontade humana é a fonte de todo direito. Bem comum, ordem pública objetiva, são termos que só se entendem relacionados com a concepção de Moral superior ao homem, que serve de norma para os atos da criatura racional. Semelhante Moral objetiva termina obrigando o ser humano a cultµar a Deus, de acordo com a Vontade Soberana deste Senhor Altíssimo. Ou seja, obriga o homem 3 professar a Verdadeira Religião. Muito a propósito, ponderava São Pio X cont ra "l,e Sillon", movimento leigo visando o apos tolado de aproximação com todas as religiões: "Não /ui 11erdadeira

civilização se111 civilização moral, e não htí 11erdadeira 1110,ol se111 verdadeira religião" (Carta Apostólica "Notre charge apostoliq11e" de 25-8-19 10).

As meias verdades. A citação da Carta Apostólica de São Pio X

sobre "le Sillon ··, leva,nos a advertir nossos amados filhos, contra a maneira como a heterodoxia se aninha cm nosso meio: aplicanios à Fé uma nom1a de agir própria das virtudes morais. Há, com efeito, uma prudência no agir que pede certa indulgência, quando se tratar com homens portadores de uma natureza decaída,

e tem por fim evitar que se extinga uma chama ainda bnixuleante. "Se for neci:ssdrio

cortar feridas. apalpai-as antes com mão ligeira" dizia São. Gregório Magno (cit. por São Pio X na Enc. "lucw1da sane'). Transpor, porém, para o campo dos princípios semelhante prudência é o que pode haver de mais desastroso. "A verdade, afirmava o mesmo São Pio X, é una e i11dfrisi'vel, erer11a-

111ente a mesma, e 1uio se s11b111ere aos caprichos dos te111p0s" (Enc. ··111cu11da sm1e", 1904). Por isso ela é intransigente, e como , tal, perece com divisões e an1ortecimentos. De onde não lhe ser aplicável a condescendência co1n que a virtude moral suporta algum ajustamento às diversas situações, paciência prudencial que sintetiza o aforismo já consignado. por Cícero: "sum1111111 jus s11mma injuria" (De Of. I; l'O). Pois a ordem moral das ações, Sl)m sacrificio das normas reguladoras do comportamento humano, leva em conta as deficiências humanas, à imitação da paciência divina que dissimula os pecados dos homens em vista de sua penitência e conversão (cfr. Sb. ll ,23).. A verdade não está neste campo do agir. Ela é da ordem do ser, do que é ou não é. Compreende-se um ato humano inacabado; não se concebe uma verdade inacabada, porquanto a idéia .verdadeira corresponde a algum ser ao qual se reporta. Se há adequação en tre o conceito e a realidade, há verdad:; do contrário, o conceito não é inacabado. .1; simplesmente falso. Uma condescendência com a fragilidade humana que transponha o princípio prudencial do agir para a ordem do ser e da verdade, através de meios tem1os que não são certos, mas que não aparecem abertamente errados, uma espé· cie de meia verdade, mina e destrói a Fé na mente dos fiéis. Autores de semelhante catástrofe são aqueles que, ao surgirem sistemas fal, sos, procuram uma acomodação, um compromisso com tais ideologias, através de movimentos chan1ados apostólicos, mas suficientemente vagos e indecisos para não ferirem a suceptibilidade dos que estão de fora do grêmio da Igreja . Agem como quinta,colunas no seio dos fiéis, solapando-lhes o edifício da Fé.

Concordância das religiões Semelhante maneira de proceder teria sua jus li ficação doutrinária num princípio que vemos proclamado no século XVI pelo célebre Erasmo de Rotterdam: ''Todo homem possui a teologia verdadeira". No bojo dessa sentença est,\ a afirmação de que, em última análise, há uma concordância religiosa profund3 entre to, dos os homens, apesar de suas divergências doutrin;írias. Pois somente assim se oomprccnderia que "todo homem possui a teologia ,,erdadeiro". Como conseqüência, não haveria motivo para conflito entre religiões opostas, porquanto só na aparênci3 seriam opostas. Não passariam de manifestações diversas da mesma teologia verdadeira que todo homem possui. Sondando mais a fundo o pensamento religioso, à primeira vista divergente dos demais, encontraríamos uma identidade única na base das diferenças. Seguir-se-ia que a mell1or maneira de agir com novas teorias religiosas, com crenças não catôlicas, se-

jornal francês do século pass~do, "L 'Avenir", Lan1ennais, Lacordaire, Montalembert. Posição que, apesar das censuras oficiais de que foi objeto por parte da Santa Igreja, reaparece no movi.mento social "le Si/1011", já· citado, e na fa. mosa concepção de certos ftlósofos católicos, preconizando uma sociedade vitalmente cristã que floresceria num Estado oficial e legitimamente leigo. De acordo com o pensamento de tais autores, a sociedade teria evoluído de um Estado sacra! da ldade Média, para o Estado leigo moderno. Evolução histórica, natural, que teria mesmo marcado um aprofundamen to doutrinário. Pois, nesta última fase, manter-se-ia melhor 3 autonomia das duas potestades, a espiritual e a temporal, a religiosa e a civil, a Igreja e o Estado. Melhor compreendendo os limites de sua ação e poder, permaneceria o Estado inteiramente alheio ao problema religioso, contentando-se em dar à Igreja - como aos cidadãos da Qual são membros e às seitas religiosas existentes, ou futuramen te introduzidas entre o povo - plena liberdade civil para que realize sua obra, mediante ação, de caráter mais bem privado, nas almas dos indivíduos e no seio das famílias. O Estado não seria cristão; mas também não seria opressor. Dentro deste quadro jurídico, a Igreja, com sua ação apostólica, criaria uma sociedade vitalmente cristã num Estado autônomo e sem pressões religiosas, can1po no qual é, de modo absoluto, incompetente. Ainda de acordo com esta opinião, tal Estado estaria ajustado aos tempos atuais em que há, entre os povos, e mesmo dentro da mesma nação, um pluralismo de crenças. Por outro lado, esse Estado atenderia mell1or à dignidade do homem e à Revelação divina, pois uma e outra pediriam livre detenninação da criatura na eleição de seu credo religioso. Seria esta a maneira de superar, no plano dos princípios, e portanto rad.icalmente, as incompreensões entre a Igreja e o Estado, registradas ao longo da História.

Desconhecimento do Direito Natural e da Doutrina católica Quão distante esteja da razão natural e da Revelação cristã tal maneira de entender a posição religiosa do Estado, quão nociva seja ela à missão da Igreja de restaurar todas as coisas em Jesus Cristo, evidencia, além das reflexões de bom senso, toda a Tradição do Magistério Eclesiástico. Este, longe de aceitar no problema do Estado em face da Religião u ma deflexão da doutrina patrística, i, luz da evolução histórica, empenhou-se em afirmar o ensinamento de sempre . sublinhando os males incalculáveis e incvil{1vcis decorrentes da recusa fomial ao reconhecimento público dos direitos de Deus sobre o Estado e a sociedade. •

IV - A 'IIERDADEIRA D0UliRINA DA: IGREJ1'. SOBRE A MATÉRIA Com efeito, a Igreja jamais aceitou que, por principio, o Estado deva ser laico, ou seja, neutro em matéria religiosa. O que é fácil de perceber-se, percorrendo a História da Igreja desde os fins da Idade Média. Com efeito, o que afirmamos está contido na definição de Bonifácio VIII (Papa de 1294 a 1303), segundo a qual, para a salvação é necessário que toda criatura se submeta ao Romano Pontífice (Bula "Unam So11c1om", de 18 de novembro de J 302). Contem-se, mais ainda, na ininterrupta condenação do indiferentismo reli, gjoso, apontado como a causa da apostasia das nações. Pois, o indiferentismo religioso tem um nexo necessário com a proposição de que, por principio o Estado deve ser leigo. Ora, essa decorrência lógica do ateísmo oficial consagrado no Est3do leigo, que é o indiferentismo religioso, denunciam-na os Sumos Pontífices, especialmente desde a Revolução Francesa, como o maior obstáculo à plena realização do Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo.

De Pio V I a Gregório XVI Leão XII I proclama que "todo poder vem de Deus",

cm oposição ao lema do direito novo revolucionârio : "1odo p0de, vem do povo"

ria evitar colisões, polêmicas, acirramento de posições, e manter-se o fiel num campo equidistante entre os vários credos, uma vez que to· do o homem acha sua unidade na teologia verdadeira de que é possuidor. Por debaixo das várias profissões religiosas há uma concordância, um fundo comum. Em outras palavras, não há propri3111cnte erros. Há distorções. Essa atitude mental, generalizada pela difusão do livre exame dos pseudo-reformadores protestantes, preparou os espíritos para o compromisso com a apostasia, quando apareceu o direito novo, com o surto do liberalismo suscitado pelos filósofos do século XVIII.

Estado vitalmente cristão Conheceis, de fato, amados fill1os, a posição que, nesta matéria, assu_miram os homens do

Pio V1, em sua primeira Encíclica, "l11scn,1abile Divi11ae Sapie11riae Consilium ", no Natal de 1775, Leão XJJ na Encíclica ''Ubi primw11", de 5 de maio de 1824, Pio VIII (Papa de 1829-1 830), na ''Tradit i", única Encíclica cscriia no .início de seu efémero pontificado de 20 meses - todos como Vigários de Cristo na terra, zelosos pela glória de Deus e salvação das almas, angustiados - unanimemente apontam o indiferentismo religioso como a causa dos males que aO igem a sociedade e impedem a ação da Igreja. Pio VII, que governou a Igreja no período dificilimo da hegemonia napoleônica (1800·l 823), não deixou de censurar a igualdade de cultos visada por Bonaparte: "Sob a igual P!O· reção de rodos os cultos - advertia o Papa -

esconde-se e disfarça-se a mais perigosa perseguição, o mais astuciosa que seja possivel i11w· ginar contra a igreja de Jesus Cristo, e, i11felizmenre. a mais bem combilwdo para la11çar nEla a co11Ji,siio e mesmo para destnd-lA, se fosse possivel às forças e astúcias do inferno prevalecer contra Elll ". - Com a restauração dos Bour-


bons, Pio VII lamentou posição análoga tomada pela Carta Constitucional de l.uís XVIII, favorável também ela à liberdade de todos os cultos. Gregório XVI já teve que reprimir esse "delírio"- como ele denomina o indiferentismo religioso e a libe(dade de todos os cultos no seio da Igreja - pois o mesmo era professado, como vimos, por eclesiásticos e leigos de influência, e, com tamanha cegueira, que eles não duvidavam em apresentá-lo como.medida de grande proveito para a causa de Religião (Encíclica "Mirari Vos", de 15-8-1832). A Encíclica "Quanta cura"

e o "Syllabus" A pesar de tão autorizados esclarecimentos e condenações, amados filhos, avolumou-se a avalanche das idéias novas, crescendo as ameaças "â causa da Igreja, â safração das afinas e ao bem da própria sociedade humana". Retoma, por isso, Pio IX a tradição magisterial de seus predecessores, para, repetidamente, condenar de novo, tais desvarios da mente humana em "várias Encíclicas. alocuções consistoriais e outras Cartas Apostólicas". No entanto, a importância da matéria para a missão da Igreja era tão grande que o Papa julgou de seu munus de Vigário de Cristo emitir um documcn to especial e 'mais solene do Magistério pontifício, no qual tornasse patente a oposição visceral entre as novas concepções naturalistas do Estado, da cultura e da civilização e a doutrina católica. Mandou, assim, compor um elenco reuindon todos esses erros em proposições que os exprimissem de modo insofismável , e, ao mesmo tcmP,O, mostrassem o nexo lógico que há entre eles. É o ato do Magistério papal conhecido com o nome de "Syllabus" e que Pio IX encaminhou aos Bispos do mundo inteiro com a Encíclica "Quanta Cura", de 8-12-1864. Proscreve aí o Pontífice a tese do laicismo do Estado, porque impede a ação que, por mandato divino, compete à Igreja realizar: "Estas perversas opiniões - escreve Pio IX - são especialmente para detestar, f}Orque visam suprimir a virtude salutar que a Igreja Católica. por instituição e mandato de seu Divino Autor, deve livremente, até a consumação dos séculos. infundir não somente nos indivíduos, como também nas nações, nos povos e nos governantes. Como corolário. também colimam tais opiniões. afastar a harmonia e concórdia existente entre o Sacerdócio e o Império, que foi sempre fecunda em beneficio tanto da vida espiritual, como da civil". Pio IX chama, em conseqüência, de ousada impiedade o empenho daqueles que, de acordo com o princípio ímpio e absurdo do naturalismo, ensinam que "a forma mais perfeita do Estado e o progresso civil exigem imperiosa· mente que a sociedade humana seja co11srit111'da e governada sem consideração alguma à Reli·

cíclica "Diu1t1r11111n illud", de 29 de junho de 1881, trata Leão Xlll amplamente da origem da autoridade política, para expor com exatidão a doutrina da Fé, corroborada pela razão e frontalmente contrária ao ensinamento do direito 110>-o, e cuja aceitação é indispensável à Igreja para a plenitude de sua missão na terra. - Recorda assim aquele Pontífice, apoiando-se em São Paulo (Rom. 13,1) e São Pedro (1,11), que todo o poder vem de Deus. Portanto, quem resiste ao poder, resiste a uma ordenação divina, o que poderá acarretar a própria condenação; pois, os que governam, o fazem como ministros de Deus. Este princípio primário da ordenação civil da sociedade envolve as duas conseqüências indispensáveis para que no Estado se constitua publicamente o Reino de Deus: não podem as autoridades civis realizar nada contra a lei do Serúior. Pois, se governam como mandatários de Deus, têm seu poder circunscrito pelos decretos dAquele por cuja vontade exercem o poder. Em segundo lugar, entre as mais importantes obrigações do Poder Público está, cm virhidé daquele princípio fundamental, o de prestar culto oficial a Deus, seu Senhor Soberano. E não um culto qualquer, mas o culto desejado por Deus. Ou seja, o culto verdadeiro, aquele que Lhe é dado pela Igreja Católica. "A 11i11gulim é !(cito - lembra o Papa - descurar seus deveres para com Deus... assim também as sociedades níio podem sem crime, comportar-se como se Deus absolutamente não existisse, ou prescindir da Religião. co,no estranha e inritil, ou admitir uma indiferentemente, segundo seu beneplácito. f/011ra11do a Deus, deve1n elas seguir estritamente as regras e o modo segundo os quais, o próprio Deus declarou querer ser ho11rado" (Encíclica "lmmortale Dei'). A doutrina, pois, sobre a origem divina do Poder P6blico desdobra-se logicamente nas duas concernentes à atitude religiosa do Estado: na da hannonia entre a sociedade religiosa e a civil, ~ Igreja e o Estado; e na da subordinação deste Aquela nos assuntos religiosos, espirituais. Estamos, como vedes, an1ados fiUtos, na senda da mesma dou trilia dos primeiros séculos da Igreja, aplicando o princípio de São Vicente de l.:crins, ca11onizado pelo prim~iro Concílio do Vaticano: "Na Igreja Católica deve-se ter o máximo empenho em professar aquilo que em todo o Lugar, sempre e por todos foi crido" ("Commo11itorium, 2,5", in Kirch "Enchiridion Fontium Historiac Ecclesiasticae Antiquae", 742). Assunto de tão grande "importância, numa época em que se acenhiava a apostasia das na, ções, pedia atenção especial por parte da San ta Sé. Leão XIII correspondeu a expectativa dos fiéis, através de várias Encíclicas, especialmente a "lmmorto/e Dei", de 1? de novembro de 1885, sobre a constituição cristã dos Estados. Ainda hoje, amados ftlhos, a leitura desses documentos do Magistério papal é de grande oportun idade.

supra citada, de 6-12-1953). De si, portanto, o Estado tem grave obrigação de favorecer a Religião verdadeira e de coibir os cultos falsos. Porém, a aplicação deste princípio deve ser matizada. Em outras palavras, está nos desígnios da Providência que o Poder Público pondere bem a situação de fato do povo ou federação de povos, em matéria religiosa. E, segundo peçam as circunstâncias, tolere ou não, ao lado da Religião verdadeira, cultos falsos ou supersticiosos. Jamais poderá aprovar, positivamente, a existência e a propaganda, de tais cultos. Não obstante, podem as condições reais em que se acha a sociedade serem tais, que um ato legislativo permitindo a existência e mesmo a propaganda de determinadas crença.~ falsas constitua uma ação de duplo efeito: o mau que é a permissão pública da superst ição; e o bom - o apaziguamento de conílitos que tornariam a vida comum impossível - ou outros bens semelhantes. Pode, pois o Estado, nessas circunstâncias concretas, tolerar a existência e a prática de religiões falsas, desde que o bem comum o exija, o qual é a norma reguladora dos direi tos e deveres do Estado. Situação anormal Como Leão XIll , também Pio XJI deixa bem claro que semcU1an1e situação não é a ideal, no tocante às relações do Estado com a Religião e o culto divino. Jamais, de modo algum, aceitam a tese do Estado leigo, baseada na finalidade própria da sociedade civil, finalidade que seria meran1ente temporal. São levados, no entanto, a justificar a tolerância do mal, que é a neutralidade religiosa do Estado, desde que, e somente quando, um in1perativo de exigência social a torne imprescindível. Cauciona a tolerância, na ordem prática, no modo de agir do próprio Deus Nosso Senhor, o Qual deseja que o homem chegue à Fé, através de uma determinação livre de sua vontade. Maneira de agir que ilustra-se com a parábola evangélica da cizânia, semeada pelo homem inimigo no campo onde o pai de família plantara trigo. Embora a existência de cizân ia seja um mal, não obstante.

giiio. e corno se esta não existira, ou ao 1ne11os,

sem fazer diferença alguma entre a verdadeira Religião e as religiões falsas. E - continua o Papa - contradizendo a doutti11a da St1grada Escritura, da Igreja e dos Santos Padres, não temem afirmar que "o melhor governo é aquele 110 qual não se reconhece ao poder político a obrigaçaõ de reprimir com sanções penais os ,,ioladores da Religião católica, salvo quando a tranqüilidade pública assim o exija" (Encíclica "Quanta curti", de 8-12-1864). A Tradição em Leão XI 11

Não ·obstante, amados filhos, toda a vigilância de Pio IX, as idéias novas continuaram a difundir-se e a pôr cm risco a existência da Igreja, como sociedade de direito público, que realiza na terra o Reino de Deus, com vistas à salvação eterna dos homens. Foi necessário, pois, ao sucessor de Pio IX, reafirmar o cnsinan1enlo católico contra o naturalismo e o laicismo do Estado, que solapavam o edifício do Reinado social de Nosso Scnl1or Jesus Cristo. Feriu Leão XIII a raiz do mal ao denunciar o princípio básico sobre o qual se assenta o Estado leigo, indiferente em matéria espiritual, inteiramente autônomo em face de qualquer confissão religiosa, a saber, o principio de que o poder vem do povo. - "Todo poder vem de Deus" - ensina o Espírito Santo pela boca do Apóstolo (Rom. 13, 1). - "Todo poder vem do povo", dogmatiza a Revolução, o direito 110,,0. Opõe este Deus e o homem, como duas pessoas totalmente alheias, autónomas uma em relação à outra. No homem, na vontade livre, soberana - afirma o direito novo - deita raízes o Estado, como em sua fonte primeira, de maneira que a sociedade polít.ica não aceita superior que não seja o povo, cuja vontade .se corú1ece através do sufrágio uni, versai. Aponta aí Leão Xll1 a causa da apostasia social. Pois semelhante princípio justificaria um Estado agnóstico e mesmo ateu, muito condescendente, se for neutro em questões de religião. Nesse princípio, aliás, se consuma a rebeldia da criatura, pois, é ele a expressão social do grito satãnico "11011 scrvi111n" - "não sen,,rer·~co-

mo é, outrossim, a expressão do ideal ímpio sugerido pelo anjo das trevas a nossos primeiros pais: "sereis como deuses, decidindo por vós mesmos o que é bom eo que é mau"(Gên. 3, 5). Eis que, para cortar o mal pela raiz, na En-

A tolerância do mal No ensinamento político de Leão Xlll , a doutrina tradicional sobre os dois poderes, o espiritual e o temporal, a Igreja e o Estado, é apresentada sob a forma de uma exposição sistemática e clara, que dissipa qualquer dúvida a respeito. É natural que a ele se reportem os Papas posteriores. Assim São Pio X, na Encíclica ·· Veheme11ter", de 11 de fevereiro de 1906, sobre a ruptura das relações diplomáticas por par, te do govemo francês com a Santa Sé, e também na Carta Apostólica "Notre charge apostolique ", de 25 de agosto de 1910, sobre os erros do já citado movimento "LeSi/1011"; Bento XV, em sua primeira Encíclica "Ad Beatissimi", de t 0 de novembro de l914;PioXl , emváriosdocumentos, mas especialmente naquele que acima comentamos, sobre a Realeza de Jesus Cristo, onde conclan1a os fiéis a se unirem para debelar a "peste de nossos tempos. o laicismo"; Pio XII, cm sua prin1eira Encíclica ''Summi Pontificat11s", de 20 de outubro de 1939, retoma o argumento da Encíclica "Quas primas" de Pio XI, de 11-12-1925, para inculcar nova, mente, de modo insistente, a Realeza social de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pio XII , aliás, no seu longo pontificado, em várias oportunidades abordou este assunto. Assim, na Alocuçíio aos parlicif)/111tes do V Congresso <le Juristas Católiéos ltalia11os, de 6-121953, fixa o mesmo princípio jã estabelecido por Leão XIII: "O que não corresponde à ,,erda· de e à norma moral não tem objetivamente direito nem à existência, nem à propaganda, nem à ação". O homem, de fato, foi criado para a verdade e o bem. E, no esforço para chegar ao conhecimento da verdade e à prática do bem, desfruta ele, em virtude de sua natureza social, do direito de ser auxiliado pelo ambiente·criado na sociedade pelo Estado. Ora, um Estado que, por princípio, pennitisse ou favorecesse a profissão e a prática pública de religiões falsas ou de princípios contrários à norma de moralidade, de fato, mais dificultaria do que auxiliaria a plenitude da vida racional de seus membros. Aliás, esta é a razão invocada por Pio XII para justificar sua intolerância doutrinária: "É co11· trário à natureza... considerar coisas indiferentes o erro e o mal. Nem Deus poderia dar uma autorização positivo de ensinar ou fazer o que fosse contrário à verdade religiosa 011 ao bem moral. porque estaria em <:011rradição com sua absoluta veracidade e sa11tidade" (Alocução

São Pio X: "Não há verdadeiro civilização sem civilil:.>• ção moral, e não hâ verdadeira moral sem verdadeira religião "

permite o Senhor que ela cresça em meio do trigo, pois ó bem que seria sua erradicação poderia redundar cm maior mal ou in1pedir algum bem excelente. Na parábola, o perigo de se perder também o trigo. Santo Tomás de Aquino elucida como possa a autoridade civil tolerar alguns males na sociedade. "O regime !1111110110 - ensin a o Doutor Angélico - deriva do governo divino e deve imitá-lo. Acontece que Deus, embora seja onipotente e sumamente bom, permite, 11ão obstante, que se déem certos males 110 universo (que Ele poderia impedir). para que se não venham a perder maiores bens com a ausência daqueles 111ales, ou então não ,1e11ham a suceder males maiores ainda. Assim, 110 governo das coisas huma,ws, licitame11te os gover,wntes podem tolerar algum mal para que 11ão se impe, çam certos bens, ou então para que não ocor·

ram coisas piores" (Suma Teológica 2.2, q. 10, ª· 11). Todavia, é preciso não esquecer que a tolerância diz respeito somente às coisas más (Santo Agostinho, En. in Sal. 1, 20). Por isso, jamais é um bem em si. Não pode, por consc_guinte, arrogar-se direitos.

A Fé deve ser livre Iria, de fato, contra toda a doutrina tradicional da Igreja quem, com base na liberdade que deve caracterizar o ato de Fé, deduzisse o direito do homem à liberdade de professar publican1ente a religião que melltor U1c aprouvesse, ou então uma religião falsa, porque está convencido de que é verdadeira. Tal coisa jamais ensinou a Tradição apostólica. E não se pode, an1ados filhos, invocar a parábola da cizânia e do trigo (ML 13, 24-30) em abono de algum pseudo-direi to do homem a professar religiões falsas, pois não há, no ensino tradicional, uma interpretação dessa parábola cm tal sentido. Santo Agostinho, que durante algum tempo mostrou-se favorável a compromissos

sua graça, que não nega a ninguém, Nosso Senhor torna o ato de Fé obrigatório para a salvação. Na sua infinita misericórdia, entretanto, suporta nesta terra o pecador, para que não morra eternamente, mas se converta e viva (Ez. 33, 11). Constitui corolário dessas verdades da Religião Católica não se poder impor ao homem, no foro interno· da consciência, o ato de Fé. Pode a infidelidade ser pecado e pecado grave. Não é lícito, contudo, forçar a vontade do homem a não cometê-lo. É o indivíduo que, auxiliado pela graça, livremente afasta.rã horrorizado, semelhante impiedade de não atender à Revelação Divina. Como conseqüência, nenhum poder humano pode forçar a pessoa a aderir à Fé verdadeira. O uso da violência para obrigar à conversão foi sempre condenado pela Igreja. Dai encarar o Magistério a possibilidade de alguém, temporária ou excepcionalmente, estar na ignorância invencível da verdadeira Religião. Tal indivfduo merece respeito e acatamento, uma vez que sua incredulidade é açenas material. Não deformou ele sua vontade vinculando-a responsavelmente ao mal. Semelhante engano, porém, não lhe dá direito a professar seu erro. pois, objetivamente, está no erro; e o erro "não tem direito 11em à existência. 11e111 â propaganda, nem à ação" (Pio XII, Alocução aos participantes do V Congresso de Juristas Católicos Italianos, de 6- 12-1953). Recordamos convosco, antados filhos, a doutrina católica sobre a Realeza de Jesus Cristo aqui na terra, porque o laicismo dos tempos modernos facilmente a oblitera na mente dos fiéis, c sem uma convicção sólida daquilo que devemos crer, nosso apostolado perde o ardor indispensável para que seja eficaz. A debilidade do amor à verdade por parte dos bons é, em com os hereges, não demorou em admitir que é justo sejan1 eles reprimidos. São João Crisóstomo julga correta toda repressão da atividade pública dos hereges, excetuando apenas a pena capital. Também Santo Tomás de Aquu10 acha natural impcdir·a atividade religiosa dos hereges. E, realmente, quando se diz que a Fé éleve ser admitida mediante um alo livre da vontade, em absoluto não se está dando foros de cidadania ao erro. Uma vez que na adesão ao erro ou ao inal, não há nenhuma perfeição, quer da inteligência quer da vontade. Há uma deficiência. De maneira que o homem, .como ser racional, tem o direito de aderir livremente à Verdade revelada e de praticar livremente a virtude. Não Ute cabe o direito de dcfonnar sua inteli, gência pela aceitação do erro, ou sua vontade pela prática do vício. O próprio Nosso Senhor afirma que aquele que peca não é livre, c sim escravo do pecado. E Santo Tomás de Aquino explica: ..A condição de escravo se dá quando uma pessoa age não seguiu/o sua natureza, mas sob a pressão de 11111 outro. Oro, o homem, de sua natureza, eracio,wl. Quando, pois, pro· cede de acordo com a razão, age segundo sua 1wtureza, levado por uma moçíio que lhe é própria. E nisto consiste a liberdade. Quando. porém, peca, procede de maneira contrária à razão, e é como se fosse 1110,,ido por outro. Eis porque quem peca é escravo do pecado" (Comentário sobre o Ev. de S. João, L. IV, c. VIII ; ver também Encíclica de Leão XIU, "Libertas praestantissimum ", de 20-6-1888). Caso não tivesse o Estado a obrigação de patrocinar a verdadeira Religião e de modo exclusivo, falharia ele substancialmente quanto a sua finalidade. Esta, como é intuitivo, con, siste cm ministrar aos cidadãos os meios para que possam eles chegar à conveniente perfeição da vida na terra, subordinada, porém, ao seu fun último, que somente se alcança com a profissão e prática da ver~adeira Religião. Por isso, ensina Pio XII, que nem Deus pode dar ao Estado o direito de, segundo seu alvedrio, ser indiferente em matéria religiosa. Em resumo, a tolerância é sempre um mal, que pode ser admitido em circunstâncias concretas, sempre que a consecução de um bem necessário ou superior o exija, ainda que seja apenas o afastamento de uma condição que tome impossível ou nociva a convivência em sociedade. Com muito zelo, chama Gregório XVI de "sentença absürda e errónea", melhor, de "delírio" a liberdade de consciência que pernlile a cada um praticar publicamente sua religião (Encíclica "Mirari Vos", de 15-8-1832). Diz bem Santo Agostinho que "não !tá morte pior para a al11w do que a liberdade do erro" (Ep. 166). Não é porque o orgullto e a sensualidade conseguiram impregnar a mentalidade contemporânea de um espírito de rebeldia, que tenta sacudir qualquer jugo imposto pela Fé e a Moral, que vamos negar a verdade ensinada pela reta razão e o Magistério eclesiástico em sucessão ininterrupta. Liberdade e responsabilidade no ato de Fé Encerremos este capítulo, an1ados rtlhos, com urna derradeira consideração que sublinha a sabedoria com que age a Misericórdia de Deus e, conseqüentemente, sua Igreja. Quer Deus Nosso Senhor que .o ato de Fé, pelo qual ii1grcssa o homem no Reino de Cristo, seja 1.ivre e meritório. Oá, para tanto, a todos os homens, a graça necessária sem a qual seria impossível _o ato sobrenatural da Fé. digno da vida eterna. A vista de sua benevolência, de 5


grande parte, responsável pelo progresso da apostasia na sociedade de hoje. O principio que enunciamos, amados filhos, é válido, embora nossa ação apostólica se restrinja ao meio cm que vivemos e ao campo qut nos é facultado atingir, porquanto é sempre a mesma doutrina que fecunda todo o aposto· lado, desde o plano mais modesto até o mais amplo e profundo. ·

V - RESUMO E CONSIDERAÇÕES PASTORAIS

própria conversão. Antes de mais nada. é preciso que Jesus Cristo reine cm nosso ser, pela conformidade da própria vontade, dos atos e do proceder em relação à Vontade Santíssima de Deus, expressa em Seus Mandamentos e n:, orientação 'de Sua Santa Igreja, e sobretudo pela assimilação de seu espírito. Semelhante vassalagem nos obriga a fugir das solicitações do mundo.

ofensivos ao Dogma, desagregadores da família, etc. Idêntica atividade se faça no sentido positi· vo. com o fito de obter uma ordem .pública inspirada no espírito cristão que prepara as almas dos cidallãos a aderirem à verdadeira Fé em Jesus Cristo, como a proclama sua Igreja, a Católica, Apostólica, Romana.

Foi assim que os primeiros cristãos rcformar:l.m completamente a sociedade ,pagã, conver-

A Escola

tendo-a e construindo, sobre suas ruínas. a cidade de Deus, a civilização cristã. Ouçamos Leão XIII : "Desse modo. as institrúções cristãs pe11ctrara111 rapidamente 1úio somente nas casas pari iculares. senão tutnbê111 nas casenu1s, nos

Por isso, antes de ponderar as conseqüências pastorais do ensinamento exposto, amados fi. lhos. vamos resumi-lo para que se nxe melhor em vossas mentes. 1. Nosso Serthor Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro. foi, como Mediador en tre o Céu e a terra e Redentor do Gênero Humano, constituído pelo Padre Eterno Rei Universal, no sentido pleno da palavra. !Ô mediante a implantação de seu Reino de Verdade, Justiça e Paz, que se realiza sua missão, orientada para a glória de Deus e a salvação.das almas. Embora, de direito, seja Jesus também Re i temporal, de foto, Ele se reservou apenas a soberania sobre as coisas que relacionam o Homem com Deus e dizem respeito à salvação eterna. 2. Como a implantação desse Reino na terra é a razão de ser da Igreja de Cristo, a Igreja Católica. Apostólica, Romana, a Realeza de Jesus Cristo, de si, pede que a sociedade política se constitua de acordo com a ún ica Igreja de Cristo. 3. Todavia, a realeza de Jesus Cristo não deve ser imposta pela força, pela violência. Pois, é mediante wn ato livre da vontade cjue o homem adere à Fé e ingressa no Reino de Cristo. Esta condição - a saber, que é pelo exercício de um ato livre que o homem entra no Reino de Cristo - não cria para o erro ou o vício, direito algum à pacífica existência no Estado; menos ainda à propaganda e à ação. Pois, feito para a Verdade e o Oern, nada há no homem que lhe dé direito de impunemente aderir ao erro ou consentir no vício. 4. Se não cria direito, justifica, no entanto, a tolerância, por parte do Estado, em relação às confissões religiosas falsas. desde que circunstâncias concretas a peçam, em vista de um grande bem a obter, ou de urn mal que se deve evitar. A tolerância de rel igiões falsas. bem como de certos procedimentos con trá rios à norma de moralidade, é, pois, scm1,re um ma.1 menor. que por isso não pode ser considerada uma situação definitiva. Erraria quem pretendesse ver alçada à categoria de princípio a condição de mistura de bem e mal ngurada na parábola da cizâJiia e do trigo. Pois, a parábola prediz um fato, não estabelece um direito. Prediz. o fato da situação dos bons no mundo que, segundo os desígnios da Providência, ter.io sempre cm tomo, pessoas más que, na explanação de Santo Agostinho, os exercitem na prática da virtude e os firmem na Fé. Em absoluto, não pretende a parábola indicar o direito do erro ou do mal à existência, como se, por princípio, a situação nomial do Estado comportasse ou exigisse a liberdade de existência e propaganda a todos os credos religiosos. 5. Não se pode, aliás, eximir o Estado de seus deveres para com a verdadeira RcLigião, a pretexto de que deve cuidar apenas das coisas da terra; pois, ao tratar de seu fiJl1 específico, não deve nem pode o Estado esquecer a subordinação dos bens terrenos ao destino último, ultraterreno dos seus cidadãos. Só o fará convenientemente, se ele mesmo se subordinar à verdadeira Religião que é a Católica, Apostólica, Romana, dotada de características claramente manifestas. De maneira que, de modo geral, ninguém pode excusar-se de não conhecê-IA ou de não viver segundo seus mandamentos. Nossos deveres ante a Realeza de Jesus Cristo

tribunais e na mesma corre imperial... Até o ponto que. quando se deu liberdade de profes· sar publicamente o 1::,·1111gelho. a Fé cristã apareceu não dando w,gidos como uma <:ria11ç11 de berço. mas sim adulta e vigorosa. i1a maioria das cidades" ("lmmortale Dei").

Nas familias A ação pessoal desdobra-se na família. Quan-

do há, no seio da família. a austeridade da vida cristã e o ambiente do la r se impregna de Fé e convida à prática da virtude, sentem as pessoas maior facilidade de vencer os aliciamentos para a impiedade e o vício, suscitados pelas paixões, pelo demônio, pelo espírito do mundo. Importa aqui, amados filhos, sublinhar a responsabilidade enorme dos pais na formação católica dos filhos: pois de sua vigilância e positiva ação educadora depende o espírito que irá animar mais tarde todo o procedimento de sua prole. Sem urna ação decisiva dos pais, é impossível implantar-se na sociedade o Reinado de Jesus Cristo. Acenemos, amados filhos, neste ponto, à nefasta influência que desempenha no ambiente do lar a televisão, as revistas e os livros rnaus ou simplesmente levianos. Compreendeis, amados filhos, que boas farnilias rclacionam·SC em grupos sociais maiores,

dos quais é formada a sociedade civil. E eis como, por uma ação firme embora paciente, podemos nós contribuir para a renovação do Estado, de modo a cristianizá-lo: Segundo predisse o Divino Salvador, na parábola do formento (Mt. 13, 33),é através de uma irradiação contínua do bom odor de Cristo Jesus que o fervor dos fiéis reconquistará o mundo para a vassalagem do Rei da glória. Na vida públ ica

Eis a razão, pois, amados 111 hos, porque tece o demônio insid ias de todo gênero à integridade da f:unília cristã, quer na sua constituição, cm seus deveres ou no teor nornial de sua vida. Vedes, portanto, que.embora de im1>ortância capital e imprescir1dível, nosso empenho para que Jesus Cristo seja Senhor Soberano da sociedade não pode limitar-se i,s ações particulares, pessoais ou cm família. Temos que agir também na vida pública, tanto de modo positivo como para impedir que as famílias sejam asfixiadas pelas desordens de toda espécie, toleradas segundo a mal compreendida liberdade modema. Como adverte Leão XI11 ao sublinhar esta obrigação dos fiéis, a ação na vida pública há de se fazer de modo ordeiro e pacíflco. Sem provocar lutas de classes, sem excitar os espíritos contra a ordem estabelecida. Mas, agindo, além do bom exemplo, amia absolut:unente indispensável, mediante todos os meios legais escritos, manifestos, representações coletivas, etc. - no sen tido de impedir a aprovação de leis ou cost11111es con tr:írios â Fé e i, Moral cristãs, como o divórcio, o aborto provocado sob qualquer pretexto, a permissão da venda de a.nticonccpcionais, seu uso cm hospitais e maternidades, a educação sexual nas escolas, a licenciosidade pública, a difusão da pornogrnfia. a liberação de filmes injuriosos a Jesus Cristo, Pio XI denomina o laicismo ··a peste de nossos tem-

POs". qve oorrói a sociedode humo na

res 110 /(!(}/dade aos imperadores e obedientes às leis e11quo1110 era licito. /:,111reta1110. espa· lhavom um resplendor magnifico de santidade.

procurando outross;m ser úteis aos seus irmãos e atrair os demais ó Sabedoria de Crisro: dispostos, porém, sempre o retirar-se e a morrer l'Ole111eme111e se não podiam reter os honras. dignidades e cargos ptíblicos sem folu,r à co11sciê11cia" (''lmmorrale Dei").

A obrigação que diz respeito a cada um de nós, caríssimos fühos, no sentido da implantação do Reinado de Jesus Cristo, começa pela 6

noss;l P{1tritL

Prir11ciramcr1te, porque, na situação real do povo brasileiro. o ensino oficial será leigo. Ora, numa escola de ensino oficialmente leigo, não é possível dar aos alunos uma formação cató· lica. Esta pede, com efeito, que todas as disciplinas sejam concebidas num todo hannõ• nico, de maneira que se integrem. animadas do mesmo espírito, o espírito de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Sabedoria ele Deus, a cuja glória deve orientar-se toda ciência. Dizia com razão

o saudoso Carlos de Laet que o ensino leigo é por essência faccioso. E dava ,o exemplo da cal igrafia, matéria na aparência indiferen te, mas em cujo ensino o professor perdia necessariamente sua neutralidade ao ter que expl icar, por exemplo, porque Deus se escreve com letra maiúscula. E semelhante mal não é sanado com o ensino religioso nos estabelecimentos oficiais. Antes de mais nada, porque a condição mais de favor do ensino religioso cm tais estabelecimentos, ou, em qualquer caso.sua presença numa concepção que não o coloca no lugM que lhe cabe, já deforma o desabrochar da mentalidade católica. Depois, como observa l'io XI, uma instrução religiosa no ambiente de uma escola na qual, em outras disciplinas, ignora-se ou trabalha-se contra a Religião, é absolutamente insuflcicntc para dar formação católica a qualquer pessoa. Aceitando, pois, a introdução do ensino religioso no currículo das matérias escolares, como afirmação de um princípio - que a educação não pode prescindir da Religião - elevem os pais católicos cuidar diligentemente da formação religiosa <le seus filhos fora da escola, de tal forma que esta corrija os males a que aludímos acima. E devem, de modo especial, empenhar-se contra o monopólio escolar, para que sejam, deveras, cm toda a plenitude, reconhecidos e respeitados seus direi· tos a educação dos filhos. pleiteando o favorecimento e o auxílio :1 escola part icular, cujo controle podem assumir. ou ao menos, cm

A iniplantação do Reinado de Jesus Cristo na sociedade é meta apostólica que i.ncurnbe a todos os fiéis. Deve, poré_m, ser propulsada sempre de maneira orde(ra e1 pacífica, à imitação de Jesus Cristo e dos Apóstolos, que obedeceram e mandaram obedecer aos poderes públicos constituídos, excetuando-se apenas os casos em que o poder impunha leis ou ordenava algo contra a Vontade de Deus. Dos primeiros cristãos afirma Leão XJII que "eram exempla·

Nossa conversão

Está dentro deste apostolado. amados fühos, e dos direitos dos pais uma ação concenada contra Q monopólio escolar que . a pretexto de ·,eficiência educacional. vai se .delineando cm

-...... ;l

·-

cujas atividades têm a possibilidade de iníluir. É oportuno lembrar aqui as observações que fazia Pio XI aos pais a propósito das escolas nazistas: "Os pais. co11scie11tes e conhecedores de s11a missão ed11cadora, têm. anres

de ninguém. um direito esse11â11/ ti educação dos filhos q11e Deus lhes deu, segundo o csp1i·i10 da verdadeira Fé e coer eure com seus pri11c,·pios e prescrições. As leis e disposições se111e· lha111es que não le11em em consideração o ,,-011111de dos pais em matéria escolar, 011 a tornem

inefic,,z com amença.s ou co,n 1 ioli:ndo, estão 1

em co,11radição com o direito 11atuml e são

intima e essencialmente imorais". "Nenhum poder terreno pode eximir-vos do vinculo de r espo11sobilidade. imposro por Deus, com relação " ,-ossos filhos'. "Diante do Juiz s11pre· mo, 11i11guêm em ,-osso lugar poderá responder quando Ele 1>0s dirigir esra pergunta: Onde cst_ão os q11e eu vos dei? Que cada um de vós possa responder: Não perdi 11e11h11m dos (fllC me destes (Jo. 18. 9)''. (Encíclica "Mil bre1111e11der Sorge '', de 4-3-1937).

Pio X li : "o erro não 1em direito nem li cxistõi,cia. nem ã propaganda, nem ã ação".

único caminho viável é o das concessões. O raciocínio <tuc caberia a eles fazer deveria ser outro. Sentindo de sua parte fraqueza e impossibilidade de vencer o espírito moderno. deveriam tais pessoas retornar à Graça. certos da sua onipotência contra todos os inimigos de Deus. Por ocasião do· 13? centenário da morte de São Gregório Magno, destacou São Pio X que seu admirável predecessor salientou-se precisa· mente porque desconheceu a prudência da carne. "quer 1111 pregaçiío (/O Evangelho. quer ,u1s obras atbnirâveis que realizou paru afil11(Jr as misérias h111111111as". "/:,'le se apegou - declara São Pio X - ao exemplo tios Apóstolos que pregon1111 o Jesus Cristo crud[icodo. escii11d11lo para os judeus e loucura paro os gentios. E isso - subl inha o Papa - . 1111111 t empo ,em que o socorro da pr11dê11cia /1111110110 parecia cer111111e11te oport11110: pois "os esp,ritos 11iío es111111m de nenhum modo preparados para acolher a JtOl'll

doutrina que repugumra tão vivamente às

paixões que por roda p11rre reina,·am. e chocm'tl· -.te fro111alme11re com o brilhante cii•ilização 1/os gregos e romanos " (Encíclica "f11cw1do sane .. de 12 de março de 1904).

Religião nos limites humanos

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Amados fllhos. Esta desconflança na eficácia da Graça e excessiva confiança na própria capa· cidade, dclinc~wa-sc j~ nos tempos do Divino

Mest re. Que outra coisa. de fato, indica a atitude dos discípulos do Salvador que julgaram duras suas palavras e impossíveis de serem seguidas'! "Dun,s esr ltic sermo cr q11is poresr eum audfre?'' (Jo. 6. 61). Que pretendiam esses discipulos senão uma n,cnsagem cristã que eles. por si mesmos. scriaJl1 capazes de executar? Que recusavam eles senão uma graça tão poderosa que os fizesse supérar suas próprias misérias?

No fundo. pois, tratava-se de encontrar um compromisso entre a austeridade do Evangelho pregado por Jesus Cristo e as máximas do mundo: uma religião, enfim, que "corn1>rcendcsse'' as condições h_umanas e se "ajustasse" às suas fraquc1.as. Entretanto, nem sempre tiveram esses disci· pulos imitadores, em todas suas atitudes. Eles,

IJAfOlLICil§MO

Afrouxamento da Fé

MENSÁRIO com aprovação rclcsiástic.a

Quando fazemos convosco, amados fühos, estas considerações, aperta-se-nos o coração diante da indiferença com que muitos católicos encaram o problema da educação das novas gerações. Ooa parte deles se limita, quando muito, a buscar um colégio que tenha o rótulo de católico. Dispensam informações mais exatas e se eximem de qualquer outra responsabilidade no caso. De onde vem tamanha falta de Fé'? Em boa pa.rtc ela se origina do comodismo de quem foi picado pelo libcr:,lismo da civilização moderna, feita do gozo imoderado, próprio da sociedade de consumo. Mas, rnmbérn ela procede de uma desconfiança na Graça, mais grave em certo sentido. Na realidade. muitos de nós pensamos que a gr:,ça de Deus se tornou insuficiente para vencer a malícia cm que está hoje imerso o mundo. Ainda que não se enuncie élaramentc, de fato julgamos que a apostasia da sociedade e· consequentemente dos Estados é tão profunda. que já não é mais possível falar em Reinado social de Nosso Senhor. Seria preciso contentar-nos com um modus 1•ivc11di, no qual procurássemos salv:,r o maior número possível de almas, desistindo, porém, de propugnar, mesmo a longo prazo, por um Estado católico. Da i a acomodação de muitos que fazem profissão de fé católica à crescente paganização da sociedade. O naturalismo levou-os a confiar em suas forças e a desconfiar da Graça. Cuidam eles que têm de real izar tudo e, constatando sua incapacidade de vencer o monstro do laicismo, julgam <1ue o

CAMPOS - ESTADO DO RIO Diretor Paulo Corrêa de Brito Filho

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não desejando alinhar-se segundo as normas traçadas pelo Salvador, O abandonaram. No futuro, nem todos os que iriam participar de seu orgulho e conseqüente desconfiança da Graça, os imitariam nesse abandono claro. Muitos ficariam no seio da Igreja, para deformá-IA e criar uma Nova Igreja, mais próxima do século, mais acessível às paixões, e por isso mesmo inautêntica, falsa. Assim apareceram as heresias. Como nascem as heresias · Com efeito, segundo um processo normal da psicologia humana, procura o homem uma razão que legitime seu modo de proceder. Por falta de confiança na Graça e pelo entibiamento da Fé, acomoda-se a uma convivência normal e pacífica com o erro e o mal existentes na sociedade, e busca um princípio que caucione seu procedimento e lhe dê uma espécie de coerência entre o que faz e o que pensa. Tal fenômeno, que está na base das heresias do passado, encontra-se também hoje em vários movimentos surgidos no seio da lgreja, na aparência generosos, porquanto votados à conversão daqueles que estão do lado de fora do redil de Cristo. Sua generosidade, porém, é comodista. Para aplainar o caminho, recorrem a uma apresentação da moral e da doutrina reveladas menos arestosa, se assim nos podemos exprimir, e, por isso, mais acessível aos espíritos habituados a viver mais ou menos ao sabor das mâximas do mundo. Na realidade, tais movimentos tiram à Revelação a nitidez de ~cus Dogmas, e, assim, a falseian1, pois, na palavra de Nosso Senhor, o sim deve ser sim, e o não deve ser não. O que dilui tais precisões vem do maligno (cfr. Mt. 5, 37).

homem. Como tática, empregavam o silêncio sobre as publicações e os argumentos que lhes eram contrários, e tentavam desacreditar seus opositorc. (Cfr. fogazzaro, "li Sa1110", e São Pio X, Encíclica "Pasce11di dominici gregis", de 8-9-1907). O antídoto: viver de Fé Vedes, amados filhos, que, com semelhante mentalidade, é inadmissível cogitar-se na implantação da Realeza do Divino Crucificado. Esta se volta contra o ambiente social, causado pelo predomínio das paixões suscitadas pelo pecado original. A referida mentalidade eslá toda empenhada em um compromisso que resguarde a Fé, sem romper com as "conquistas" do homem, em virtude da autonomia que indiretamente lhe teria proporcionado a ausência da Graça, quando o pecado o reduziu a suas condições naturais. Como defesa contra a assimilação de tão nefasto espírito, irradiado por movimentos deste tipo, é mister, amados filllos, que aviveis o espírito de Fé. Fixando, antes de mais nada, nas vossas inteligências o conceito -exato da Fé indispensável para a salvação, aquela sem a qual, diz São Paulo, "é impossível agradar a Deus" (Heb. 11, 6). Esta Fé é uma virtude sobrenatural, infundida por Deus, cujo objeto são as verdades reveladas.

tra ela o espírito moderno, cm nome da razão e dos direitos do homem. É la! espírito de rebeldia que anima - ainda que talvez subconscientemente - os movin1entos aqui lembrados. O antídoto à contamu1ação desse espírito encontra-se na obediência humilde e amorosa ao Magistério autêntico, aceitando o Dogma revelado no sentido e m que sempre o ensinou a J. greja. Sem esta Fé, pura, sem reservas, não se está imunizado contra o virus da acomodação ao século, censurada por São Paulo.

Com a mesma docilidade, sem envolvê-las nas sinuosidades de nosso amor próprio, é que devemos entender e praticaras normas apresentadas pelo Divino Mestre, para que Ele reine em nós, e para que sejamos elementos eficazes na difusão de seu reinado nas almas. (/Quem quiser vir 11p6s 111im. renuncie a si

falso apostolado. Ação apostólica que, se não renuncia simplesmente ao Reinado social de Jesus Cristo no mundo de hoje, conforma-$e com um meio cristianismo, concebido à maneira de um conúbio entre dois espíritos, opostos: a austeridade cristã e os devaneios da vida moderna. O resultado de semelhante amálgama só poderá ser a náusea de que fala o Apocalipse (3 , 16), e que provoca a reprova~ão do Senhor. Amados ftlhos, na Encíclica' ln1mortale Dei" Leão XIII faz eco às advertências de Jesus Cristo, chamando a atenção dos que se dedicam ao apostolado da difusão do Reino de Deus na sociedade, sobre dois perigos que os rondam: a conivência com as opiniões falsas e uma resistência menos enérgica do que aquela exigida pela verdade. Evitemos, pois, amados filhos, que nossa caridade degenere em apoio ao erro ou ao vício. E nossa paciência jan1ais seja um incentivo à perseverança no mal.

mesmo, tome sua cruz, todos os dias, e siga-me" (Lc. 9, 23). Essa a regra áurea, insubstituível. Sem o "remmcie a si mesmo ", sem a abnegação

Oração

A vida segundo a Fé

do próprio egoísmo, de nossos gostos, nossos desejos, para só fazer a Vontade de Deus, a santificação é ilusória, o apostolado, na realidade, estéril e exposto ao perigo de desviar-se no sentido de um compromisso com o mundo. Tal renúncia pede a mortificação de todos os dias, porquanto, quotidianamente, devemos

1mortificação Esses movimentos são conhecidos, precisamente, pela ação apostólica mediante o compromisso que atenua a austeridade tradicional. Com isso, enfraquecem eles os ,preceitos da Moral, evitando a insistência sobre uma vida habitualmente séria e austera, e permitindo-se liberdades que chocam as almas, acostumadas com a imagem do fiel, dócil seguidor da Escritura e da Tradição. Imagem feita de confiança, sem dúvida, mas também de santo e reverente temor de Deus. Mais pela maneira de proceder, do que propriamente por ensinamentos claros, inculcam os referidos movimentos um cristianismo no qual sejam consideradas inteiramente normais e sem importância relevante, a leviandade de costumes e a liberdade de palavras, comuns no mundo paganizado de hoje. Tivemos oportunidade de alertar-vos. amados filhos, contra os "palavrões", o nivelamento social, a vulgaridade de maneiras, a irreverênci~ no traio com Nosso Senhor, verificados nos ambientes criados pela ideologia ou espírito oriundos da literatura cursiUtista. Consta-nos que outros movimentos semelhantes padecem dos mesmos defeitos. Seriam semelhantes movimentos a ponte en· tre o Cristianismo e a vida ao sabor da sensualidade, a capitulação diante das tendências mâs da natureza herdadas do pecado original. Seria a importação de uma Igreja nova que, ao mesmo tempo, não confia na onipotência da Graça que pôde tombar e levantar um São Paulo - e a vil ta a sublim.idade da Religião de Cristo, para colocá-IA ao nível das deficiências humanas. Autonomia Uma segunda característica desses movimentos, ligada esta ao orgulho - a outra tendência fundamental da natureza decaída - é o espírito de independência com respeito à Tradição. Os corifeus dos mencionados movimentos não ocultam sua pretensão a um cristianismo renovado; procuram, porém , convencer seus semeU1antes de que com segurança descobriram, enfun, o fundo verdadeiro da mensagem cristã, que os exageros tradicionais teriam ocultado. Por isso mesmo são con tumazes. Pois eles é que têm o segredo da aplicação da palavra do Evangelho aos tempos presentes. Idêntica autonomia mantêm cm face da Hierarquia. Externamente, muito respeitosos, procuram - como era comum ouvir-se anos atrás - uns assistentes eclesiásticos que os "compreendam", isto é que aceitem sua posição. Como gente superiormente convencida de possuírem mentalidade genuinamente cristã, nada respondem aos argumentos que, com base na Sagrada Escritura e na Tradição, lhes são opostos. E... continuam aferrados a suas idéias e a seu proselitismo. Como sentem que somente conservando ligação com a Igreja são ouvidos, apelam para alguma aprovação eclesiástica, cuja existência nem sempre provan1, cujo teor, quando e,dstente, cuidadosamente não aprofundam. Alguns, como os chamados pentecos1alis1as "católicos", vão mais longe: confian1 numa influência direta, e mais ou

menos sensível, do "Espírito", sem interferência da Hierarquia. Todos esses movimentos, sem julgar as inten· ções de seus fautores, inspiram-se, de fato, na mentalidade modentista, cujas normas de ação eran1: permanecer dentro da Igreja, pa(a renová-IA cm seu íntu1io; na Igreja, superar os limites da Hierarquia para atingir a essência do Cristianismo, existente no subconsciente de todo

"Si11e 111e nihíl potestis facere" - "Sem mim, nada podeis fazer" (Jo. 15, 5). A união com Jesus Cristo, amados filhos, para que Ele reine em n6s e para que nós sejamos cruzados ao serviço de sua Realeza, é absolutan1ente necessâ· ria. Esta vinculação com o Redentor da humanidade, fruto da Graça, é alimentada e intensificada pela recepção dos santos Sacramentos e pelo exercício das virtudes cristãs, especialmente da caridade, que nos induz a evitar, em nossa vida, tudo quanto desagrade a Deus Nosso Senhor, e aviva em nós o interesse real por nosso próximo, sobretudo por sua santificação. Meio indispensável para conservar a união com Jesus Cristo e o zelo pela glôria de Deus e salvação das almas, bem como a eficácia em nosso apostolado, é a oração, instrumento soberano que o Salvador divino nos legou para obtermos todos os favores do Céu. Exortamo-vos, pois, amados fil.hos a que empregueis sempre esta eficacíssima arma, para a implantação do Reino de Jesus Cristo na terra, primeiro em vós mesmos, depois na sociedade em q11e viveis. "Pedi e recebereis'' (Jo. 16,24), disse a palavra infalível, que pode cumprir e cumpre o que promete. Se nosso País, portanto, não é inteiramente católico como deveria ser, a culpa, em ponderável parte, é nossa. Se rezássemos com fé e confiança, certamente ter-nos•íamos santificado e sido atendidos. Orai, pois, amados filhos, rezai com vontade ardente de receber o que pedis. Tão necessária é a oração, que Jesus, Ele mesmo, nos ensinou â rezar. Compôs para nós a mais bela e mais completa das orações: o Padre-Nosso. a prece que devemos dizer todos os dias. Pois nela pedimos precisamente a graça de que chegue até nós o Reino de Deus. - Que outra coisa suplicamos, com efeito, na segunda petição do Padre-Nosso, senão que venha a nós o Reino de Deus - "Venha a nós o Vosso Reino"? (Mt. 6, 10). Eia, recitemos o Padre-Nosso com fervor, considerando bem o que pedim.os, e implorando com vontade arden· te de vê-lo realizado: "'Venha 11 nós o Vosiv Reino!" Podem nos faltar todos os outros meios para difundir o Reinado de Jesus Cristo - cién· eia, saúde, atrativo pessoal, capacidade de empolgar mui ti dões, enfim, tudo. O meio da oração não nos falta. No entanto, é o indispensável. Os outros sem este, são ineficazes. Ao passo que, por meio da prece, obtemos também a capacidade para o apostolado que, segundo os desígnios da Providéncia, cumpre-nos realizar. Ora, a prece encontra-se a nosso alcance. Utilizemo-la com desejo ardente de sermos atendi· dos. Deus leva muito em consideração o fervor de nosso desejo quando Lhe pedimos :,Jgu. ma graça. Roguemos, pois, com todas as ve,as de nossa alma, e a obteremos. Especialmente se interpusem1os a intercessão dAquela que é a Med.ianeira de todas as graças, a Rainha dos Céus e da Terra, Maria Santíssima, Senl1ora nossa. Entreguemos a seus cuidados nossos anseios e preocupações. E Ela, contra toda a es,l)Crança humana - "i11 spem contra spem" (Rom. 4,18) - fará reinar seu Divino FiU10 no mundo de hoje, cumprindo a amável e suave promessa que proclamou em Fátima:

e

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r.

A Realeza universal de Cristo e de Maria é esplel\didamente ,epresontada nesta imagem.de Nossa Senhora do Las Lajas. estampada milagrosamente numa laje nas cercanias da cid8de de lpiales (Colômbia}.

Assim, a conceitua o 1!> Concílio do Vaticano: "Esta Fé que é o i11icio da salvação humana, a

Igreja a define como uma virtude sobre11atural. pelo qual, sob o impulso e o aux11io da graça de Deus, cremos que é verdade o que Ele reve• !ou, 11ão em virtude da evidé11ci11 intrí1iseca percebida pela luz da rt1zão natural, 1110s em virtude da autoridade de Deus que revela e que não pode 11e111 enganar-se, 11e111 enganar" (Ses. Ili, cap. 111). Assim, a condição fundamental, para pertencer ao redil de Cristo é aceitar as verdades reveladas, no seu conceito exato, como nó-las propõe a SaJJ ta Igreja. Pensar de outra maneira, reduzir a Fé a um,ato de confiança ou a mero sentimento é resvalar para a heresia. De maneira que todo movunento, associação ou núcleo de fiéis que se pretende católico, especialmente se ele estiver dirigido ao apostolado, à irradiação do espírito de Jesus Cristo no ambiente social em que se encontra, deve, acima de tudo, ter em vista dar uma adesão firme e meticulosa à Doutrina Revelada; e, além disso, aceitar com humildade e gratidão as verdades que a Bondade Divina se dignou manifestar ao homem, como as expõe a Santa Igreja, única Mestra i11falível a quem confiou Deus Nosso Ser\hor o depósito da sua Revelação. Sem uma dócil submissão da inteligência a essa verdade revelada, cuidadosa antes de tudo em não deformar de modo algum o que Deus se dignou manifestar através' de·sua Igreja, não há Catolicismo autêntico. Há apenas aparência, que pode iludir o próximo e, por isso mesmo, oferece o perigo de transviá-lo para uma concepção igualmente errônea da Fé. Semelhante atitude, repitamos, fundamental para o católico, envolve a sujeição da pessoa a uma dupla autoridade externa: à verdade que é proposta pela Revelação, e à Igreja, que a transmite. Pór isso, porque exige a confissão de nossa inferioridade, de nossa limitação, rebela-se con-

tomar a cruz que Nosso Senhor nos envia, a cruz no cumprimento exato de nossos deveres de estado, na paciênci~ com o próximo, no dontínio do respeito humano. Semelhante preceito, entendido na din1ensão de sua verdade objetiva, é incompatível com as máximas do mundo. Somente um espírito de Fé, que vive da esperança das realidades futuras que se vão revelar apenas na Eternidade, é capaz de aceit:1-lo e propor-se lealmente a vivê-lo. Bem assimilado, ele nos faz ver como todos os movimentos que almejan1 instaurar uma Nova Igreja, mais atualizada com as maneiras de ser e comportar-se da sociedade moderna, marcam um perigoso desvio no can1inho que conduz à glória de Deus e à salvação eterna. O espírito do mundo Convenhamos, amados filhos, que a tentação de buscar uma concordância entre a doutru1a da salvação e o espírito do século é aliciante. Para ela nos impele, além do pendor próprio de nossa natureza pecadora, uma falsa caridade, fruto de uma consideração naturalista da existência. Por isso mesmo, o Divino Mestre não se cansa de alertar seus discípulos contra uma vida segundo os preceitos do mundo. Na grande oração sacerdotal, após a última ceia, pede Jesus ao Padre Eterno especialmente que preserve os seus do contágio do século (Jo. 17, 9-15). E a razão desse pedido é porque o mundo está todo ele sob o influxo do maligno (1 Jo. 5, 19), constituído que é de atrativos da sensualidade, da vaidade e do orgulho (1 Jo. 2, 16). No mesmo teor, São Paulo é insistente na exortaçao a que fujamos da solicitação, para nos conformarmos com o espírito deste século (Rom. 12, 2). Se, auxiliados pela oração confiante e fervorosa, nos mantivennos fiéis a esta vigilância que aqui salientamos, Deus Nosso Senhor se apiedará de nós e conceder-nos-á a graça de não nos envolvermos nas malJtas de um aparente, mas

"Pqr fim o 111e11 Imaculado Coração triunfará!" Com Nossa cordial bênção em Nome do Patdre e do Fitlho e do Espírito t Santo, pedimos à Virgem Santíssima, Mãe de Deus, conceda a Nossos car/sslmos cooperado,es e amados filhos a perseverança no amor de Jesus Cristo para glória de Deus e bem das almas. . Dada a passada em Nossa Episcopal Cidade de Campos, aos oito dias do mês de dezembro de mil e novecentos e setenta e seis, solenidade da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria.

t Antonio, Bispo de Campos Mandamento Nomine Domini invocato, Mandamos que esta Nossa Carta Pastoral seja lida e explanada aos fiéis, e um exemplar da mesma arquivado na Paróquia. Can,pos, 8 de dezembro de 1976 t Antonio, Bispo de Can1pos 7


. J,.f;Jl!ltl

.AfOILEC]SMO- - - - - -

LIVRO DA TFP URUGUAIA /

/

lJiE ''BEST-SELLER'' Encerramento elo XXX SE FAC no ouditório Sõo Miguel da TFP

A Sociedade Uruguaia de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade (TFP) está difundindo com grande êxito seu livro lzquierdismo e11 lo lglesia ...compa,iero de ruta" dei CO· m1111ismo e11 la larga are11tura de los Jracasos y metamorfosis.

A lese central do livro !resumida cm Catolicismo n9 312, de dezembro de 1976) desenvolve pom1enorizadamcntc - com base cm mais de 300 documen• 10s - as fases do grande "show" tupa· maro montado pelo comunismo inter· nacional subjugar o Uruguai. Nesse "show·, a quase totalidade dos Bis· pos e parle impressionante do Clero atuaram primeiramente como cúmpli· ces do terrorismo e depois, quando este foi derrotado, passaram à ação subrepticia no sentido de criar um clima de distensão favorável à volta dos marxistas e a criar antipalias con· tra os anticomun istas.

P.ª'ª

Todos intuíam, mas . ninguém ousava publicar

.. Como reagiu a opinião pública uru-

guaia dian te do momentoso e import.\nte livro?

A obra transformou-se logo em best-seller e j:\ no primeiro mês vendeu·SC a me tade d• primcirn edição. O livro est,i sendo distribuído por livra• rias e bancas de jornais da capital uruguaia e do Interior, além da venda efetuada pela própria TFP em sua sede. Esquerdismo 110 lgre;a, "companheiro de viage111" do comunismo fi · gura como a obra mais vendida nas pesquisas divulgadas pelas mais impor1a,11es livrarias do pais corno Feria dei Libro, Papaci10, Montcverde, Atenea, Libros Palace, Acali. A repercussão extraordinária do Iivro fez que ele se tornasse assunto candente nos encontros sociais, gerando grande número de pronunciame111os, artigos e cdi to riais divu lgados pela imprensa. O homem da rua uruguaio. simples e silencioso, que considera o progres· sismo como um tumor enquistado na Igreja Catól ica e um perigo para sua Pátria. viu com alivio e satisfação a publicação do estudo objetivo da TFP. Prova dessa boa acolhida são as numerosas cartas de leitores estampadas nos jornais, bem como artigos sérios sobre a temát ica do livro. Tais cartas - que refle tem o senti· mento de grande parte do povo uni,. gua10 - em geral pedem que os Padres conservadores se pronunciem sobre a situação dos católicos junto a seus Bispos e demais hierarcas da Igreja do Uruguai. Ao jornal EI Diario, de Mon1evidéu, uma leitora escreveu o se-

Pastor em pele de ovelha... lobo em pele de Pastor Com o titulo em epigrafe, publicamos em nossa edição de se lembro de 1976 comentários de nosso colaborador Rodrigo Guerreiro· Dantas sobre o livro le Syndicalisme Poli· tique eu Accusotio11, de autoria do empresário francês Roger Le Beon. Por uma omissão que lan1cntamos, não foi mencionada, como é de praxe, a casa editora e respectivo endereço. Para uso dos lei tores interessados, esclarecemos que Le Syndicalisme Politique c11 Accusatio11 foi publicado pela edi tora DIFFUSJON DE l,A PENSÉE FRANÇA/SE CHIRE-EN-A10NTREUIL, 86/90 VOU/1,LÉ FRANÇA.

guin te: "A acusação da TFP é muito sólida e explica algo que todo mundo intuía. 111as <1ue ninguéni se anima1~ a publicar. Os fiéis esperamos uma pala· ,ra daqueles Sacerdores que ai11da ,ulo se <-Omprometeram co111 o comu11is1no ··.

Cisma e heresia na Igreja uruguaia?

Um profundo editorial de EI Pais. o maior jornal do Uruguai, intitulado "Esquerdismo na Igreja, companheiro de viagem do marxismo", comenta os fatos narrados na obra e convida a "reflerir sobre o faro· i11dubita1•elmente grave de que a lgre;a continue sendo guinda e111 seus diversos n íveis hierárquicos pelos mesmos maus Pastores que a arrastaram para a tolerlincio e cumplici(lade em relação ti re,•olução e ao terrorismo de orige11t externa '~

Num comentário publicado cm outra ocasião sob o li1ulo " No banco dos acusados". EI Pais afirma. sobre a obra da TFP: '?,1as sut1 significação aumenta e não pode ser afastada q um1do se adverte que os hierarcas ceie· siásticos nela meucio1111dos. aos quais se -atribui co11ivé11cia com as /prças que tanto mal fizeram ao pais. co11ti· 11uan1 nos posros supre111os. da /grejfl uruguam· : "Nosso livro é um ,,erdodeiro de$1/·

fio. Diante dele. a Conferência l:.piscopal Uruguaia tinha duas opções. O desmentido polémico ou o silêncio. Diante da impossibilidade de responder, elo optou por calor. ;ulgando que logo a., acusações cairiam 110 olvido. dada a ato11ia e superficialidade que vêm evidenciando as massas co111emporà11eas. Resta saber se o po1,o uruguaio chegou a tais abismos de oto11ia ··.

Com essas palavras, um dos membros da Comissão de Estudos da TFP uruguaia, autora de "Esquerdismo na /gre· ;a. "companheiro de 1•ioge111" do conumismo" inicia ent revista exclusiva concedida a EI Pais (6-2-77), sob o

título de "Cisma e heresia na Igreja uruguaia? '', O jornal observa que durante o diálogo com os autores do "livro-de111í11cia do mo1ne11to ... estes reafirmara1n seu desafio. "1uio ·descartando que se tenha f}()StO a descoberto ,,erdadeiro caso <le cisma e fo1'Qrccime1110 de ·heresia" no Uruguai.

11111

O desabafo de consciências atribuladas Por outro lado, numeroso público tem visil3do a sede da TFP uruguaia para comprar o livro e cm geral aproveita para narrar aos cooperadores da entidade tristes histórias de casos de colaboração de eclesiásl icos com a barbárie marxista cm suas paróquias. Pouco a pouco, uma interrogação vai tomando a alma dos uruguaios: Que

XXX SEFAC reúne jovens de dez Estados

18%) à qual o Pa//re comparecia pam co11feré11das ··.

REALIZOU-SE EM SÃO PAULO, de 27 a 30 de janeiro. a XXX Semana Especializada para a Formaç:io Anlicomunisrn (SEFAC), promovida pela Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). O encon tro reuniu nas sedes daquela entidade oi tenta jovens dos Estados do Como reagiram os Eclesiásticos cm Ceará, Pernambuco, M:,to Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Pau lo, Pararelação ao best-seller da TFP uruguaia? Com uma exceção, a resposta do ná, Sanla Catarina, Rio Grande do Sul e Dis1ri10 Federal. Na sessão de encerramento, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do progressismo foi o silêncio. E quem cala consen 1e. O (111 ico pronunciamen- Conselho Nacional da TFI', desenvolveu o terna "Atualidade do anticomunismo to eclesiástico foi de um Pe. Faget, cm 110 mundo moderno", conclamando os jovens a servirem cm seus respectivos amsermão na Missa de 19,30 h. do dia 19 bientes os sagrados princípios da Tradição, F~mília e Propriedade, (atores báside dezembro, na igreja paroquial de c'Os da civilização cristã. As conferências e círculos de estudos foram realizados numa atmosfera de São João Baiisia. Segundo o Sacerdote, o livro da TFP só 11arrava calún ias seriedade e fé, versando as palestras sobre aspectos da doutrina e da ação :u11icode princípio a fim. A entidade foi noti- munis1a, considerados à luz dos princípios cristãos, para a formação dos jovens ficada dos ataques por fiéis que tele- cm nossos dias. Entre os diversos conferencistas, figuraram os Profs. Paulo Corrêa de Brito fonaram para sua sede indignados com o Padre, e manifestando solidariedade Filho e Antonio Dumas Louro, osSrs.José Lúcio de Araújo Comia, Nelson Fraà TFP. An te o injusto ataque, a Socie- gclli. João Clá Dias e Lauro Quintiliano. As SEFACs são organizadas periodicamente pela TFP, geralmen te durante dade interpelou publicamente o Pe. as férias escolares, 1>ara formar jovens que possam atuar junto ,,os colegas a fim de Faget nos seguintes termos: - "Se ele não disse o que se' lhe conter. por uma ação lógica e persuasiva, a expansão de ideologias desagregado· ras dos princip[os fundamentais da civilização cristã. atribui, que o DESNlfNTA;

Silêncio, ataque, adesões

- Se ele disse o que se lhe ,aribui, que PROVE:;

- Em

11e11lu11n.

em nenhwn caso.

RE1.'IFICAÇÃO DO SR. BISPO DIOCESANO

que se CALE. · A TFP solicita também que o desmentido 0 11 a confirmação lhe se;a

Campos, 5_de fevereiro de 1977.

enviada por escrito junto com a auto·

Sr. Editor,de ''Extra" Rua @eneral Flores, 5J8/ 22 OJ 129 - SKO P/iULO - SP

riu,ç,io para ser publicada. Aó nos dirigirmos ao l'e. Faget desta maneira. baseamo-nos 110 preceito do f;va11gelho: "Se;a pois vosso linguagem: sim sim; não. não" (A1t. 5. 38)''.

Com atenciosas saudações, venho, como secretário do Exmo. Sr. Bis· pode 03J)ipo.s, D. A/l l®io de Casir.o M;1yer, pedir uma retificação ao que estrunpou a publicação "Extra", ano 1, n9 3, fevereiro de 19rJ7, lançada pe· las "Edições Simbolo" (Sã,o Pauló), na 9ual figura ®Jlll> títu lo geral "Documentos da CNBl3", sendo o título específico "Igreja e governo". Apresenta "Extra" na última capa, como um dos signatários respons:lv.eis pelós documéntos publ,cados, D. Antonio de Castro May,cr. Essa informação não corresponde à realidade. Grato pela atenção e cerio de que V.S. da(á publicidade a esta solicitação de D. Caslro Mayer, subscrevo-me

Mas de dentro das fileiras tradicionalistas do Clero a TFP do Uruguai recebei, numerosas cartas de adesão, de Sacerdotes que sofrem no alijamento de seus cargos ou no siléncio temeroso das ameaças de sanções canônicas.

Repercussão na Europa Com a publicação do manifesto de 1000 Padres Espanhóis, de apoio ao livro A lgre;a do Silêncio 110 Chile,

~ass.) Gregório Vivanco Lopes Secretário do Exmo. Sr. Bispo de C:ampos.

temo de meditação para os católicos es· pa11hóis. editado em Madrid pela So· ciedade Cultural Covadonga tver Catolicismo n~ 313, de janeiro de 1977),

começou a repercut ir na Europa o best-seller da TFP uruguaia. Pois na

apresentação do referido documento, - publicado nos 25 maiores jornais da Espanha - a Sociedade Culturol Cova(longa menciona lzquierdismo en la lglesia, "compa,íero de rata" //el com_unismo como importante compro-

_ -

vação do triste caminho empreend ido pelos progressistas. Em conseqüência,

...

numerosos espanhóis j{1 manifestaram

com avidez o desejo de conhecer a obra da TFP uruguaia. Também na França associações de Sacerdotes anticomunistas franceses pediram o livro public:1do por aquela entidade.

nova crise provocará o comunismo ou

o progressismo no fu1uro'1 Que fará o Clero demolidor para entregar a Pátria à lirania comunista? Patrões e operários, professores e alunos, ricos e pobres encontram na Como vemos, o grosso da opinião TFP üm desabafo para su:is consciên- uruguaia definiu-se calorosrunentc a cias atribuladas pelos desmandos do favor do livro da TFP. Diante desse comuno-progressismo. Ouve-se queixas apoio estrondoso, torna-se cada vez como esta: "Meu pároco esteve 110 mais pa1en1e o silêncio da Mierarquia marcha da Frente Ampla [coligação Eclesiástica. Isto é uma prova fidedigna marxista que apresen tou o candidato da carência de apoio popular do procomunista Scregni para disputar as elei- gressismo católico, infelizmente apoiações presidenciais de 1971, tendo con- do no pais vizinho, pela quase totalidaseguido a votação i11significante de de do Episcopado.

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Março de 1977

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ano XXVII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

PODERIO RUSSO:

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As quatro rampas de foguetes soviéticos da foto abaixo constituem significativa amostra da agressividade dos vermelhos. A cada dia surgem novas advertências sobre o aumento do poderio russo e a possibi lidade de um ataque comunista externo. Mas, será real a superioridade militar russa? O exame dos armamentos somado ao clima de revolta criado pela miséria e opressão reinantes atrás da cortina de ferro indicam que o poderio comunista está longe de ser o que a propaganda apresenta. Na realidade, o poder bélico atribuído à Rússia bem pode ser um mito a serviço de um estratagema da guerra psicológica revolucionária para a conquista da opinião pública ocidental. Diante disso, o novo governo norte-americano parece mais empenhado do que nunca em estreitar suas relações com os regimes obedientes a Moscou e Pequim, enquanto comete erros sucessivos no trato com seus melhores aliados. {Página 2).

Muito sangue católico correu no Paredón e inumeráveis vítimas definharam nas masmorras de La Cabana desde que Fidel Castro to· mou o poder em Cuba. O regime comunista, ateu, inimigo da Fé, trans formou a ilha do Caribe numa prisão onde campeia a miséria. Até a festa de Natal foi abolida. . A esse regime, os Pastores de Cuba oferecem sua colaboração. Pois, se para grande número de Bispos de países não comunistas "evangelizar" significa reformar as estruturas e lançar campanhas de ºprotesto contra violações dos chamados direitos humanos supostamente cometidas por -regimes anticomunistas, para os Prelados cubanos, pelo contrário, "evangelizar" significa adaptar os fiéis à estrutura marxista. É o que se encontra na Carta Circu lar do Episcopado cubano, que nosso colaborador Gregório Vivanco Lopes analisa à página 3. Na foto, significativo contacto de uma freira com o t irano de Havana.

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O documento e as fotos que oferecemos a nossos leitores na página 5 foram enviados especialmente para CATOLICISMO pelo movimento Jeunes Canadiens Pour Une Civilisation Chrétienne, com sede em Montreal, congênere às TFPs da América do Sul e do Norte. Através desse documento, largamente divulgado no Canadá, o leitor poderá aquilatar a que abismos o comuno-progressismo vai conduzin · do impunemente a Santa Igreja. Pela posição que assumi ram, os Jovens Canadenses por uma Civilização Cristã vêm recebendo significativas manifestações de apoio da parte de católicos inconformados com a atitude omissa, quando não de cumplicidade, das autoridades eclesiásticas daquele país em relação ao monstruoso fato ocorrido em igreja de u1T1a das principais cidade do Canadá.


A DISTENSÃO AMERICANA E O ''SHOW'' SOVIÉTICO e

v,,ncc :ibte as ,>0r· 1.-~ 1,-:u.i Cvb,..1 t: con· 1,nua it d,sums.io com o tetJ1me soviê·

/\US/\RAM SURPRESA :is primeiras ari 1udcs e dcch1r::içõcs t.:Olll ::is quais o presidente Car-

1er p;1 rcce 1er indicado as linh;is gcrnis <lc sua administraçâc.). Chamou cspccialmc111c a a1c11ç:io

A chantagem dos argumentos Um inveterado 01imis1a poderia sus,entar que a pol ítica norte-americana

J>eelos, que vão desde :l bonomi:1 invulgar do novo prcsidcn1e. 1>assa11clo pelo abandono de tradições 11orte-amcrica11:1s por exemplo o uso dos trajes de gala por ocasião da ccrimõnia de 1>0ssc :11é a forma de 1rabalho ado1acla crn certos sc1orcs da Casa l3r:mca. Os jornais vem dize ndo que um

seria c,xplicávcl se os EUA, solidamente apoiados numa superioridade militar incon1cs1ávcl, imprimisse segurança e tranqüilidade a todo o mundo livre. A realidade. porém. é bem oulra.

Ctose n<Jvenc: co· 1fü1n,stos podem ,n-

clim:t mais · "dcscon traído .. e "espontâneo.. introdu1.iu-sc no p~tl:ício pre-

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E urop0

desprevenida.

sidencial: :l um c:in to de seu g:1binc1c. cm completa desordem. Jordan.jovem sccrct:írio do novo presiden te. escreve

febrilmente a máquina. Se lhe perguntam o que está fazendo. responde não saber muito bem. Mas acresceu ta ter muito que fozer... O tratamento ce rimonioso tende a desaparecer: "Senhor Prcside111c ·· j:1 não é bem aceito. "Prcsidcn 1e J inuny .. e os norte-americanos. "liéis" observa, ·p:1rccc prevalecer. euquanto não se ,!ores do "acordo". parecem propensos :1 conceder... adota simplesmente "Jimmy".

Não é apenas a .. fisionomia" do novo governo o que causa prcocupaç:io. O público ocidcnrnl considera. aprccn, sivo. a orient3ção ·~distcnsionist:1" mais "kissingcriana" do que a do próprio Kissingcr c m relação a Cuba. ao Vietnã.

:10

Panmná, e as relações com

o bloco comunisla cm geral. bem como a quc.stão do dcsarrnmncnto.

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Eritrctan10. o que vai despert ando mri ior apreensão cm círculos norle-

·america11os é o dcscnvolvimci110 do nuno :issumido pelas negociações com o Panamá sobre o conl role da zona do canal. posição de primeira imJ)ortància estratégica e vital parn a segu-

rança de todo o cont inente americano. En tregue à administração cio governo l"mt1mcnho. lic::irá sujeita às oscilações.

tão írcqitcntcs. dos países d:1 rcgi:io. A

no, podemos discern ir o rumo que a Jamaica e a Guiarrn terem cs1 rci1ado política do novo governo parece ir relações com Cuba. com o que passarão tomando. a girar 11a esfera econômica da Come, co11. comunidade econômica do bloco comunista. Ninguém ignora corno a • • • econom ia é um poderoso i11s1n11ncnto

norte,3mc rica1,os desaparecidos durnn,

te a guerra. condição - quão leve! imposta pelos EUA para o reatamen to de relações cliplom:iticas e comerciais com Manói; ou seja. para :1bri r as comportas do ouro nortc,amcricano ao

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rr:111scorridos dois meses de gover- situação se :,grava com o fato de a

O presiden te Cartcr anunciou a intenção de envi:,r uma delegação ao Vietnã para obter a list:1 completa dos

da Rússi3 para aumcnt:1r su:1 iníluência polílica e militar. Os tentáculos do monstro vermelh<> v:ío assim envolvendo a América Latina. •

Mas se Cuba é o pivô dessa manobra, ela própria é largamen te favorecida pcl:i polít ica dis1ensio11ista do gogoverno comunista do Vicwã. verno d<>s EUA. O secre1ário de Estado Cyrus Varice Como se sabc. 11:rnói exige polpudas anunciou 3 disposição nor1c,americana verbas dos Estados Uuidos a 1i1ulo de "ajuda pam a rew 11s1n,1iiodo Vie111íi". de esiabelcce r relações diplom:í ticas e Essa ajuda era prevista 110s acordos de comerciais também com :, ilha de Fidel Paris. :10 lirn da gucrr~. Na ocasião, os Cas1ro. Vance parece dermbar com nor1c-:1mcric.anos observaram cscmpu· um piJ)arote <Hn grande obst:iculo que losamcnlc o acordo . retirando-se da nem sequer K is.singer ousou eliminar: região. /\ Rússia e a China. con1ud o. a cscand_alosa prcscn~:1 de tropas cubanão cessaram de auxiliar o regime de nas na Africa. "Não quero estabelecer Hanói. e mediante este auxílio. os neuhumu co,uliçtio préria f)ara a 1lf)Y· t:omu11ist~1s conquiSt:lt3m o Viclllà do mali: ariio das relações eutre Jll1Jsltiug• Sul. Agora o governo comunista do ra11 e l/11l'U110". disse ele. E ressaltou Vietnã exige cin icamcnlc o pagamento que seu governo espera "11111 ges10 ele da "ajuda" de 3,25 bilhões de dólares. boa ro111acle" por parte de Cuba.

Não íoi preciso esperar muito ... Fidel Castro apressou-se cm atender ao pedido: derramou uma prolixa sequela de elogios ao primeiro mandat!lfio dos Estados Unidos; enalteceu o ··seutido d(> autocriti,·a" de C..irtcr. "seu se111iclo moral". suas convicções e seus scntimenws religiosos (sic} e declarou-se disposto a discu1 ir pessoal-

listas, impede o aprimo ramento industrial e a melhoria dos padrões. Não há KGB nem processos de tortura que poss:un modificar essa disposição da alma humam1. Como poderia então a Rllssia apre-

sentar tão surpreendente sur to de proNumerosos estrategis tas e especia, gresso tecnológico militar se sua in· listas civis e mililares lêm proclamado dústria básica sofre de um mal conultimamente a supremacia da Rússia gênito? cm· annas nucleares sobre os Es1ados 4. A propalada superioridade bélica Unidos. ou a iminência disso. e a mssa é afirmada em muitos casos de intenção soviética de desencadear uma maneira absoluta. Ora. nunca uma na, pressão mililar contra o Ocidente. ção. por mais forte que seja. supera Os principais pron unciamentos sur, ou tra absolutamente cm todos os pongiram a pro pósito da publicação, há tos. Ainda que seja por exemplo, em alguns meses, do livro do general belga valor pessoal dos soldados, ou cm orRobert Close. comandan lc da 16? Di- g.1nização logis1ica. A mais forte glovisão belga da NATO, e professor no balmente falando, haverá de ser infe"NATO Defe11se College", cm Roma. rior em algum ou alguns aspectos. A intitulado " Europa i11defesa ". Nele o maioria dos relatórios divulgados na militar sustenta que as tropas do Pacto imprensa apresentam si111plistamcntc de Varsóvia poderiam. com um ataque a superioridade russa cm toda a linha. de surpresa. atravessar a Alemanha em 48 horas. Seguiram-se declarações dos senado, Supremo lance da res norte-americanos San Nunn e De- guerra psicológica revolucionária wey Oartlett, e do general James Mollingsworth no mesmo sentido. As considerações acima desenvolTambém o general Alcxander Haig, vidas pareceriam miligar o perigo da comandanle da Organização do Trata· ameaça russa. Mas. pelo contrário, do do Atlânt ico Norte (NATO) e m en· paradoxalmente, o agravam. Isso por· !revista ao jornal alemão De111sche que elas são de molde a despertar uma Zei11111g, chamou atenção para o perigo sólida suspeila. Com efeito. certamen te conviria da ameaça militar comunista à Europa. Numerosos especialistas têm salien- muilo aos dirigentes do comunismo tado a absoluta superioridade russa internacional "deixar escapar" discresobre os Estados Unidos em armamen- tamente falsas informações sobre o tos nucleares. Os comandantes da Ma, poderio militar russo na certeza de que rinh3 none.americana. almirantes Da- elas correriam largamente pela impren , vid McDonald e James Molloway acre· sa do Ocidenlc. Desta íonna criariam

Não menos preocupanle ainda é a posição norte-americana com relaç,io t, poli1ica sobre arm;is :nômicas. /\ "ofensiva" dcsarmamcn1ista lcvad:1a efci, 10 pe lo govemo e anunciada na Europa ocidental pelo vice-presiden te Walter Mondale. e as medidas que já estão sendo tomadas paro propiciar o desen, volvimcnto dos acordos S/\LT têm Jcspcn ado temor cm muitos círculos

europeus da NATO. Admi1c-se ali que tal política lcv:iri, os Estados Un idos a negociarem com os soviéticos cm posição ainda m:,is desfovor:ível do que

Desapareceu do vocabulé,rio polít ico in ternacional a palavr.1 "dé tcntc". Kissingcr parece politicamente proscrito, En 1rctanto. nunca o "distcnsionismo"

, o d o OcuJcnte podem os rt,1:-sos man1c, o ,egimc d.1 ch1b;,m .111,\s cl,1 c:uc 111\n <.lc fc110

cri::i tividade incrcn te aos regimes socia-

cano o rcalarncnto das relações. É também (;astro que ambiciona um canal de acesso ao ouro nortc,ameri, cano ... As declarações do sccret:irio Vance. não íorarn íonnaln,entc desmentidas, m:,s posteriormente o próprio presi dente Ca rtcr admitiu a manu1enção de algumas condições para o rcatamcn10 com Cuba. o que deixa pairando s<>bre o caso uma perigosa confusão.

cm Vladivostok.

Mulheres éxecuw111 t1abalhos to,ç:1dvs '"' C;:m;:il ..So Mo, ~,.mco, URSS. Sômun1c com o oo·

3. Sabe-se que os produtos induslriais do bloco socialista são de mui to baixa qualidade. Prova-o à saciedade a atual ·•onda.. de comércio com os países comunistas. A nizão é simples: a comple ta falta de estímulo para a

mente com o presidente norte-ameri-

cm oc;:isiõcs anteriores, especialmente

z

tânico.

ltCO..

o que p:,rccc ser um novo estilo <lc governo. entrevisto cm múltiplos as-

A d istensão com o Vietnã, Cuba e Rússia

blicadas pelo jornal /Jos1011 Globe. ci, tando relatório do serviço secreto bri,

Técnicos japoneses de-sm111f1c3,3,r1 o Mig,25 supetv310l'•ZJdo pelo propagando

di1a111 que a armada dos Es1ados Unidos ainda é superior à equivalente russa mas que, cm vista do crescimento do poderio naval sovié tico, deixará de sé-lo cm IO anos.

condições para o desencadeamento de uma eventual chantagem russa contra

o ocidente: um possível "show" com ameaça de guerra :llômica 1>or parte dos soviéticos ante o qual, a opinião pública ocidental assus1ada com a idéia de um poderio gigantesco irrcsislível. Superioridade militar russa: estaria propensa a capitular. aceitando assunto discutível os soviéticos, com um suspiro de al ivio, por exemplo. um euroco1111111is· t inegável que a Rússia se fortalece 1110 qualquer. apresentado como " mal rnpidamcnte. favorecid a com largueza pela política de "détentc" iniciada pelo menor". Seria um supremo lance da governo Nixon. e igualmente inegável guerra psicológit:a re1•0/ucio11ária. o a 1icne1ração soviética cm zonas alta- mais poderoso e moderno instnimenlo 111cntc estratégicas como o Oceano de agressão de que dispõe o comunismo in1cn13cional. E cst:.iri3111 assim alc3nça, Indico e o Atlântico Sul. Entret:Jnlo alguns as1icctos da pu- d<>s plenamenle os objetivos aos quais bl icidade que se l'ai em torno da su- se referiu Brejnev no pronunciamento perioridade mili tar russa são de molde que acima citamos.

kissingeriano íoi levado 150 longe. A Rússia já auferiu inaprcci:ivcis vanta- a causar cstranhcza: J. Muitas vezes os números apregens com ele. e, tudo indicH. continu:,rá a auferi-las ainda mais copiosa- sen tados parecem exage rados ao obmente. servador comum. e cs1ariam a pedir Exagero do aniculisw. dini algum provas concludente. que nem sempre leitor... Convido-o então a considcrnr lhes são fornecidas. as seguintes palavras de Orcjnev: 2. Por outro lado. alguns fatos ra"NoS.'i.fJ t't"t,11on1ri1 será mcll1or(lda lam cm sentido contrário. O famoso 1...) e f'<I' rolu, tle 1985 seremos Cll· ft1ig-25. considerado um dos mais sofHIZ<:s di! impor nosso 1'011tade ouclc fisticados aviões russos. apreendido no quer que Jeja necesSIÍrio. H,u pouco Ocidente depois que seu pilo to se tempo ,·onseguinws m(Jis com,, ,Jistcn· evadiu com ele da cortina de ferro, Sl"ilJ do """ t·m muito~· anos com a segundo parece, revelou-se um aparepoliti(-a d,• <'Onj'ro ntaç,io com 11 lho ultrapassado altamente íall,o do NA 7V". Est as info nnaçõcs foram pu· pon to de vista técnico.

.

.

/\ polilica disiensionista do novo governo norte-americano, nessa situa-

ção. ter-se-á revelado a maior catástrofe de todos os tempos. Teria favorecido poderosamente a capitulação, ante o comunismo in ternacional, do Ocidente. vítima da maior cha,11age111 da História: chantagem que ac,enaria com a ameaça de um apocalipse 11uclear.

ARNÔBIO GLAVAM


,

OACON

SECULO ,ntc,,o. Sc-rá esse o ;icontec,mento do sêcufo XX? Ou será .a ,eação de milhões de catôlicos, ciuc, ;ipes.3, de tudo, se mantém fiê,s ã doulfn\a oadicio~I da Igreja u se rccus.tm o dcixtlf·SC comunis.tií!ar?

Padtes chilenos Uo10> foram a Cub'\ corrnr cana sxira aument{'t a Sêlfra do .)ÇÚCi)r d.i llha,pri~io de C....stro.

Es11aoho zelo, <1uc bem denota o 1;1poio de ponderáveis setores J,.J"1" e<:les'iást1cos ao comunismo. no mundo r........,...;.ci:-

e

·I

URVADO AO PGSO de nume-

11:.111c.Ju-sc o instrumento mais perigoso

consic.fer::ir irmãos os comunistas, e vi-

ver frarcrnahncntc com eles. Pois os homens devem ser ··abertos para as reo-

tre 1odos, é a csperncular reviravolta o-

e mais dinâmico de seu avanço. Visando, assim, pela modificação da menralidadc dos carólicos, não só consolidar as conquistas do inimigo - como no caso da Hungria - mas obter-lhe ainda novos domínios, como é exemplo o Chile. Traindo seus deveres religiosos, esses Bispos empurram também a sociedade temporal para o abismo vermeAssim, muito m:Jis grave do que as lho. Dada a iníluência decisiva que os batalhas levadas a cabo na Segunda católicos exercem no mundo ocidenGuerra mundial, foi o desejo obstina- tal, considerando-se que a rotação da do de Hitler e seus sequazes de impor estrutura eclesiástica tende, como é na,,o mundo uma filosofia de vida neopa- lural, a arr:astar os católicos, é praticagã e profundamcnlc imoral. A luta ar- mente todo o Ocidente que vai sendo mada foi apenas um episódio - feliz- atraido pela vor?gcm do abismo comumente o (il rimo - na tentativa frusrra- nista. da de socializar gradativamente o munEste é o drama de um século repledo arravés do nazismo ou nacional-so- to de tragédias. Após dois milên ios de cialismo. Hislória da Igreja, amplos se tores da es-

pl,cm-na como exemplo e tlirctrii para Nem sempre s~iv cruentos os ;iconrosos acontecimentos impçrtan- o Clero e para os fiéis brasileiros. Ou tecimcntos de maior alcance na Hisrúrcs, frcqiie,11emcnte catasrró- seja, preparam o povo carólico de nos- ria da humanidade. Via de regra, a ficos, nosso infeliz século XX enceta so país para a capitulação diante do rc. guerra como a revolução armada, são já o ültimo quancl de sua penosa cami- gime vermelho. apenas a conseqüência final de um pronhada. Ser;í possível discernir, a esta Diz o Prof. Plínio Corrêa de Olivei- cesso cujas causas residem na dissenal tu ra. em meio ,, sucessão caótica dos ra: ção muito mais importan rc, por estar doc11me11to d11 Regional S11I li faros. um que se possa chamar o acon- tia C1V/JIJ - 11111 verdadeiro manifesto na origem não só dos conflitos violcntccimcnro do século• Parece-nos que - explica q11e o res11/tado (da impla11- los~ como de inúmeras outras consesim. q iiências de vulto. espargidas por todos taç,io do romunismo) ser<i o chibata e os campos da atividade humana. Esse acontecimento, íruportante en- 11 perseg11ição religiosa, o dever ,onsis-

··o

perada no seio da Santa Igreja Católic.1. Aposlólica. Romana. Vasros e pres-

tirti ,u, passividade col11/xJrt1<lora e be· névolo [ ..• 1 A col11boração com o CO· munismo não terá. aliás. somente ó ca 4

Os crimes da revolu· ção cubana são igno, ,aoos 1>ela Cano Cir· c1.11ar episcopal q1.1c, em Cuoo. não pc1)· ,onde •·recomendar csuu1uros",

• •

Para medir bem o alcance da ação pró-comunisra de ccrros Hierarcas carólicos, é preciso considerar que ela se insere no ponro capital da csrratégia marxisla.

rigiosos sc rorcs da csrrutura eclcsiâsri- roter de pregação da submissão f}assi,~1. ca mundial tr~u1sfon11aram~se, em pou· J,nportará, como ,,imos. na exortação cos: anos, no elemento mais ativo e ao rrabalho q1101idiu110 em prol da P1imais decisivo cm prol do comunismo, tria q11e, a Igreja esf}era. será j11s1a e sadepois de terem sido a muralha inex- dia... sob r egime rom1111is1u·· (2).

pugnável contra a qual em vão se lan. çavam os adeptos da seirn marxista, cm sua tenra tiva de conquistar o Ocidente crisrão. A reviravolla é notória. J:í sobre ela nos es1e11demos cm O,mlicisma ( 1). quando mosrr:unos que não se trata mais deste ou daquele "Padre de passeata", desta ou daquela ··Freira de mini-saia", mas são Episcopados inteiros, de v:irios pafscs. que se lançam no alã de consolidar ou propagar os ditames de Moscou cm suas respectivas nações. Analisamos então o lamenrávcl papel da Hierarquia vietnamita promovendo, nos templos sagrados. cursos de "reeducação" para comunistizar os fiéis.

Estarrecidos, vimos o Cardeal Silva Henriqucz e os Bispos chilenos, tendo servido de propulsão e susrcntãculo ao marxismo allendisra, procurarem agora fazer recair seu país nas malhas do comunismo. Falamos do juramento de fi. delidade que o Episcopado húngaro prestou ao regime títere dos soviéticos que subjuga a gloriosa nação magiar. Nos três _conrinen res, pois, Europa. América, Asia, se foz sentir a ação deleléria de Episcopados pró-comunistas. Mas. e no Brasil, perguntar:í alguém'/

Para onde vai a CNBB? Em nosso pais, uma obra documenrada, profunda cm sua análise, lúcida em suas conclusões. irrefutável cm sua argumentaçiio, veio mosrrar o triste papel representado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) cm favor da subversão eclesi5sriea entre nós. Referimo-nos ao livro A /.~reja <111re a escalada da ameaça co1111111ista,

do ilustre pensador e homem de ação católico, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Não nos aprofundaremos no comentário a esse magn ífico livro, pois já o conhecem os leitores de Corolicismo. En1ret:u110, não podemos forrar-nos a referir um dos ponros de maior gravidade nele abordados: um documento da Regional Sul li da CNBB, que congrega dois Arcebispos e de>.csscte Bispos do Gstado do Paraná. Os citados Prelados, ao elogiar a atilude de conivência tomada por seus colegas vie tna, miras em face do comun_ismo, pro-

O que fêz a cúpula da CNBB após a publicação desse documento escandaloso? Recolheu-se a um silêncio cúmplice. Sim. Por incrível que possa parecer a quem não esteja atento às deploráveis 1,ansformaçõcs por que passa o Clero nacional, o documento da Regional Sul li - tão favorecedor da subversão cm meios católicos - não sofreu o mínimo reparo por parle dos dirigentes da CNBB: mas o livro que o denunciou e especialmente a entidade que difunde a obra - a TFP - sofreram críticas de dois membros da cúpula episcopal: o Cardeal Ams, acompanhado de seus oito Bispos Auxiliares. e D. Ivo Lorschcitcr. secretário-geral da CNBB. Além disso, a Cúria de Recife. arravés do Boletim Arquidiocesano, também lançou um pronunciamento, vazio de conteúdo como as outras duas manifestações, contra o livro do Presidente do Conselho Nacional da TFP.

Por que "acontecimento do século"?

Tendo fracassado cm sua ren tativa · de convencer as multidões, os comunistas vêem-se obrigado a fazer das nações que subjug:,m imensos c,,rccres. para evitar fugas cm massa. Os atletas da delegação soviética que escaparam das olimpíadas realizadas no Canadá, a1>esar da cerrada vigilância da KGB, e os pilotos mssos que fugiram, respectivamenle para o Japão num moderníssimo o.vião de guerra SO· viético - e parn o Irã, são apenas exemplos mais recentes de um fenómeno constante. Para não falar das metralhadoras auromát icas insro.l:ldas ao longo da fronteira entre as duas Alemanhas

O. Oomingucs preside ., Conferência Episco· pai de Cuba. cuja Carta Circuh1r recomend3 aos fiéis "adaptor•sc" 30 regi me marxista.

.

Há pouco chegou-nos às mãos uma 'ºO,rto Circular dos IJispos de Cuba aos seus Sacerdores e Fiéis··, publicada cm l,'Osscn,,uore Romano. ed ição em lín-

gua portuguesa, de 25-4-76. Mais uma vez, a mesma cacofonia nos ícrc os 0t1·

a fim de assassinar mais facilmente os que buscam a liberdade. Essa impossibilidade de convencer. faz do comunismo um giganle com pés de barro. Fortíssimo na aparência, fragílimo na realidade, uma vez que seu poderio é sustc,Hado pelo exercício da opressão bmral sobre os que domina e pelo imenso auxilio exrerno que lhe vem do Ocidente. expecialmente dos l~stados Unidos. E suas conquistas, seja no passado. seja no presente, como Angola, baseiam-se n:i força das armas, como lambém, de alguma forma, na cumplicidade do mundo livre. nunca na persuasão. Ora. convencer as pessoas. e dessa forma exercer um domínio efetivo sobre as menlalidadcs, é cxaramcntc o que busca aquela iníl uentc e numerosa parcela da Hierarquia Eclesiástica, que

vidos: a voz dos Pasrores assemelha-se ao uivo dos lobos que lentam devorar o rebanho. Antes, porém, de analisarmos alguns lópicos mais característicos dessa '"Caria Circu lar"", delenhamo-nos um inslante a responder a objeção que. para além das páginas deste jornal, algum leiror poderia fazer. Não são de nosso século, por excm1>10 - perguntaria alguém - as duas guerras mundiais, com seu cortejo macabro de mortes e ·catástrofes incnarr:ívcis? Como então dar o nome de ··:,contecimcnto do século" a um fato pacifico e resrrito aos círcu los eclesiásticos? Não haverá aqui um exagero? Não consistirá essa afirmação numa vi- íavorcce ativamente 3 expansão e consão unilateral e dislorcida de Catolicis- solidação do credo vermelho. G é um faro espetacular e sem presceden tcs mo? A objeção. aparcn1cmen1c de peso. que altos dignirários das hostes não resislc, entretanto, 3 uma análise de Crisro, sem sair da cidadela, passam a lutar cm favor do advcrs;írio, lôrcuidadosa.

lid11des do 111111,do em q11e vivem",

Explicitando melhor seu pensamen10. os Bispos afirmam que o nc,-o entre evangelização e promoção humana "ser ve de i11spimção à Igreja. em C11b11. pam que os crisrãos f}articif}em 1;,011scie111eme11te em todos os esforços realizados 110 se111ido de promover o hon1en,. ,-011<:relizmulo deste modo o seu amor pelos irmãos", Deixando de lado

o farisaísmo da linguagem, cabe perguntar: cm que consiste essa "promoção humana" cm Cuba? Será corra, cana como escravo cm dia de Naral? Ou será viver na pobreza mais completa, fruro do regime? Ou ainda servir de ponto de apoio para que o imperialismo soviético possa cxpand!r-sc na América e cspecialmen le na Afritrutura ecleshística empreendem uma ca? É a isto que os Bispos cubanos imtal guinada! !,_verdadeiramente o acon - pelem seus fiéis? recimento do século. E esta constalaO documento incute uma verdadeição parece-nos corresponder estrila- ro mentalidade de capitulação ante o menre à objetividade dos fatos. amordaçamento da Igreja: "A 11ossa experiência recente demonsrrou•nos que a l'01nw1idade cristã, tommitt no seu Cuba: o Episcopado trabalha co11j111110. deve suprir a falta de outros para a comunistização dos fiéis meios de comunicações" dando ""i111ll dentro desse doloroso con texto por11i11cia primordial ao teste1111111ho de que se explica a "~arta Circu la,·· do E- vid11", Não se poderia ser mais submispiscopado cubano a que nos referimos. so ao comunismo. Os Prelados perdem Dirigida aos Sacerdotes e fiéis, ela igno- todos os "meios de comunicação"' ra os crimes do regime castrista, o es- jornais. rádio, TV, etc. - mas ficam tado de virtual ocupação soviética em contentes porque um restou: "o testeque se cncon lra a ilha e as intervenções munho de vido''... Enquanro Fidel russo-cu banas, fracassadas até o mo- Castro não resolver matar todos os carnen to 113 An1éric~1 La1 ina, mas vitorio- tólicos, e com isso tirar-lhes o último sas na África. Mais grave ainda, o do. "meio de comunicação", esses Pasrorcs cumenlo episcopal se esforça em con- ficarão contentes! Compare-se essa atiseguir dos católicos a adesão ao regime tude com certo tipo de reivindicações de muitos Bispos cm países não-comucomunista que os escraviza. Usando eufemismos e linguagem ve- nistas e aí compreenderemos qual está lada, o sentido da "Carta Circular"" é, sendo o sentido do ação de setores do entretanto, absolutamente inequívo- Episcopado em nossos dias. A mensagem de Cristo, para esses co, como veremos. Os pudicos véus Pastores, "não pretende impor opções com que os Bispos cobrem suas formulações têm o cfeiro de melllor fazer ou recomendar cstn1turas". Como essa Iinguagcm é dife,entc da usada pepassar o veneno que elas contém. O documento é ccn irado na idéia los Bisi)OS chilenos, por exemplo, em de que é preciso evangelizar. Nada que a reforma de estruturas é o ponto mais santo quanto evangelizar significa capiral da "evangelização". Quando as pregar o Evangelho. Ourro porém, e estruturas não são marxisras, precisam bem diferente, é o senrido que os Bis- ser reformadas; quando são marxistas, pos cubanos involucram nesse lermo. e levaram o país à miséria - como é o como ficará claro adiante. Os desta- caso da ilha do Caribe - cnlão lembrase que Cristo não quis "recomendaresques são sempre nossos. Diz o rcxto episcopal, que, cm Cu- lrutu ras'\ Afinal, a quem seIVem tais ba. os cristãos ··sentir-se-ão capazes de Pastores? dar os respostas exigidas pela nova cul• • • lura que aqui vai abrindo caminho··. Faz parte da "evangelização" a caNote-se o eufemismo "no11a cultura·· tequese que ""de,,e abranger as crio11para designar o comunismo. "NoSSIJ Igreja - continua a '"Carta Co11chd na página 6 • Circular" - procurou superar 110 fé e GREGÓRIO VIVANCO LOPES 1111 esperança, as angústias que o drama modcr110 do n1p1ura e111re Evangelho e c11l111ro produz por roda parte''. .Ou se-

ja, a implantação do comunismo, como é natural, produziu nos católicos cubanos forte angústia, proveniente da dilaceração das consciências frente ao regime an1icris1ão. Que fazem os Bispos nessa conjuntura? Procuram, como lhes incumbe por mandato divino, defender a fé de seu rebanho nesse momento crucial? Não. Procuraram ··superar"" essa angústia. No que consisre essa ··su1>eração'"? Gm apresentar um novo concei to de evangelização que, deixando de lado elementos secundários, abra cam.inho para o "conteúdo e.1se11cil1I". A esse conteúdo foi possível chegar ajudados "pelo nosso co11cre10 de11er histórico". Em outros termos, a sociedade comunista ajudou os Prelados a en lendcr no que consistia a essência da evangelização. É bastanre singular. Mas prossigamos. Essa compreensão se dâ quando os cristãos '"descolirem ,1 razão prof1111da de sua fm1er11idade com rodos os homens". No contex ro da sociedade cu-

bana, o significado é claro: rrata-se de

Con.&r cano como escravo em dia do Ni1Utl,

será essa a "promoçSo h\lmona" dcsoj3da pe,. los Bispos cubanos?


u t1nac1ona

~~t,E"H~O

(f:)11ilO

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R~ "º l.:t1 e i o 111.ARIO .

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versao

No Chile de Allenoe. camponeses "educados'' po,

cxuemis1as

revolucionótios tomaram 3 focça

inúmera$ propriedades. Segundo a ''Ação cul tutal para a li betdttoc", de Paulo Freire, t<li$ camponeses deveriam 1er

ido mais longe.

EDITORA Paz e Terra (Rio de Janeiro) lançou no ano passado o livro "Ação Cullural para a Liberdade", do professor pernambucano auto-exilado Paulo Freire. Trata-se de uma coletânea de textos escritos entre 1968 e 1974 sobre o tema da alfabetização de adultos ... Ou por outra, aquilo que P. Freire, bem como toda a multinacional da subversão entendem por "alfabetização". "Catolicismo" já se ocupou do assunto, focalizando mais especificamente a mecanica do método Paulo Freire de alfabetização, e apontando de modo apenas genérico seus objetivos revolu· cionários (ver P. Ferreira e Melo, Paulo Freire: educação como prática da "libertaçiio ", n? 296/298, agosto/ outubro de 1975). Pretendemos apresentar agora essas metas revolucionárias, expostas à plena luz do dia em "Ação Cultural para a Liberdade". Na presente coletânea, Paulo Freire não se preocupa em esconder a inspiração marxista que anima a füosofia educacional por ele proposta. Copiosas citações e referências a Marx e autores marxistas recheiam essas páginas. Delas goteja luta de classes, ódio à estrutura política, social e econômica do mundo ociden tal, simpatia pelos países comunistas, especialmente China e Cuba. Será por isso que - como confessa na nota introdutória - ele hesi tou tanto cm reunir esses textos num só volume e publicá-los no Brasil?

A

não visam a melhoria das condições de vida dos camponeses e operários. Não; o que essa corrente quer é acabar com a sociedade de classes. Senão, vejamos o que visa Paulo Freire: ''a transformação radical, revolucio11árill, da sociedade de classes" (p. 48); "a o,ga11ização revolucionárill para a abolição das estruturas de opressão" (p. 50); "a de111i11cill da sociedade de classes como uma sociedade de explo,t_ação de uma classe por outra" (p. 59); "a tra11sformação re>'Oluciomirio da sociedade de classes. em que a humanização é i11vitivel" (p. 122) etc.

sociedade e não 11a simples modernização de suas estruturas" (p. 122). ..As classes dominadas, silenciosas e esma· ga<las, só dizem sua palavra quando, tomando a histórill em suas mãos, des· 1no11tam o sistema opressor que as destrói" (p. 129). Em última análise, é a "ditadura do proletariado", que opera a "transformaçaõ da sociedade de classes" e a "co11strução 'da sociedade socialista" (p. 78). Singular "alfabetização", essa do Sr. P. Freire! " Sacralização" da mística re volucioná ria

A miséria e a fome, são apenas aspectos circunstanciais e acessórios, que Paulo Freire acusa os métodos copodem ser instrumentalizados como muns de alfabetização de "sacral iza. fator propagandístico muito útil. Mas rem", "mitificarem'' a atual ordem o que o professor pernambucano, no social com o fim de preservar o poder fundo, não admite é a existência de das classes dominantes, quebrando nos classes, seja boa ou não a situação educandos " oprimidos" q ualquer vedos operários e camponeses, pouco leidade de contestação. Seriam métoimporta; só considerando "humana" a dos ·'opre.ssores'\ udc.sumanizantcs". sociedade sem classes, onde necessaria- ''domesticadores" (cfr. pp. 81 e 101). mente todos são pobres, a exemplo das Contudo, por mais que se procure, infelizes nações "libertadas" pela seita não~ possível encontrar nos textos de marxista. "Ação Cultural para a Liberdade" o "Injustiça'', ··opressão", udcsuma- mínimo indício que de longe possa nização" é, pois, a mera desigualdade significar qualquer concessão a tudo ainda que as classes inferiores tenham o que não seja a pregação da luta de condições de vida compat,veis com classes, da transformação revolucionáa dignidade humana. Eis o âmago ria na sociedade, do estabelecimento 1

Alfabetização ou revolução social?

comunismo, dos camponeses bolivianos? É q_ue para esse gênero de Don Qui· xote fura-mitos, Marx - o "dcsmitificador" por eles mais do que ninguém mitificado - não pode errar, Os camponeses bol ivianos sim é que deviam estar com alguma forma de "alienação psíquica". Na linguagem do autor, sofreriam de "condicionamento das mentes pelas estruturas opressoras", ou algo assím. E com tiradas demagógicas desse gênero a minoria revolucionária vai buscando libertar todos os homens da liberdade de recusar a escravidão marxista. Ninguém conscientiza ningué m ... Segundo o sistema revolucionário, não apenas os educadores têm a aprender com os educandos, mas estes ao "refletir criticamente sobre o processo de ler e escrever" (p. 49) "assumem o papel tt11nbém de agentes da ação" (p. 35). Quer dizer, "'na educação para a libertação 11íío há sujeitos que libertam e objetos que siio libertados" (p. 89), r,ois ·'11i1iguém co11scie11tiza ninguém ' (p. 109). Mas então, quem "conscientiza", e portanto "educa" e "liberta"? Um ente extraordinário: "o movimento dialético entre a reflexão crítica sobre a ação anterior e a subseqüente ação 110 processo daquela luta (pela libertação) " (p. 110; negrito nosso). Acontece que os parâmetros dessa autocrítica - e eles são absolutamente intocáveis - conduzida pelos "educadores", já estão postos "a priori" pela minoria radical adestrada, através de uma terminologia sofisticada e hermética, absolutamente fora do alcance cultural dos educandos. Por exemplo, fazendo a crítica da educação revolucionária como se deu no Chile de Frei e de Allende, Paulo Freire aponta o fenômeno da perrnanência do modelo do antigo patrão no espírito dos educandos, como o verdadeiro patrão a quem devem seguir. E os educandos, no caso, eram os campone.ses "libertados" pela refonna agrária socialista e confiscatória, fom1a genuína de "educação revolucionária" (pp. 33-34). Mais adiante, volta a comentar a tendência dos grupos ou classes .. dominadas" a seguir o modelo cultural dos "dominadores" (p. 53). Afim,a o autor que a causa desse fenómeno é a "i11trojeção" dos modelos do patrão dominador e sobretudo do mito da superioridade desse sobre os dominados. E conclui que a solução para essa situação embaraçosa só ,,ode vir através da "dialéti,YJ da sobredeterminação" '(pp. 33-34, 53). Ora, imaginemos. uma reílexão crílica entre "educadores" revolucionários e camponeses. 1 , fácil concluir que não serão esses últimos que vão manipular uma 1erminologia tão sofisticada e :imbígu.r, indispensável para levar il frc,ite o processo subve rsivo pelo próprio desconcerto que causa. E claro. Se os camponeses. a quem não falta o bom senso e a noção do concre to. ouvissem explicações nesses termos para solucionar seus problemas. sem dúvida manda riam tal gênero de educadores "introjetar bala tas .. ou "sobredeterminar diale ticamente o boi .....

reza, e com a doutrina católica. "Não é verdade que no sociedade civil todos

tenhamos direitos iguais, e que não exista hierarquia legitima ", afirma Pio XI (Encíclica Divini Rede111ptoris, de 19 de março de 1937; Editora Vozes, Petrópolis, p. 8). E Leão XIII é ainda mais explícito: "A igualdade que a Igreja proclama conserva intactas as distinções das i'firlas classes sociais, ·evülenternente requeridas pela natureza" ( Encíclica Parvenu. de 19 de março de 1902; Editora Vozes, Petrópolis, p. 16). Poderian1os alongar indefinidan1ente o artigo com citações de Encíclicas e outros documentos do Magistério 1radicional da Igreja, no mesmo sentido. A superioridade de uma classe sobre outras, do ponto de vista social, cultural e econômico não significa exploração da classe superior cm relação às demais. Assim pensa a Igreja há vinte séculos, ininterruptan1ente. Paulo Freire é tido e havido por católico. Ou aceita essa doutrina, ou usa da máscara de católico para destruir por dentro o Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo. · Aliás, sempre, numa sociedade catolicamente ordenada, há uma sadia permeabilidade que torna possível aos elementos mais capazes e esforçados das classes mais modestas galgarem até mesmo altos postos da hierarquia social, política e econômica. A existência de classes é assim fator estimulante de progresso social e de renovação das elites. No Brasil, é proverbial ~ número de fortunas saídas do nada : nordestinos que vieram para o Sul com a roupa do corpo, imigrantes de todas as partes que aqui chegaram de bolsos vazios, ou pessoas que alcançaram êxito do ponto de vista social , político ou econômico no próprio lugar de origem.

Paulo Freire não aceita a alfabetização, no sentido corrente, de ensinar a ler e escrever. Isto é, de ensinar o valor fonético de cada letra, e pois das sílabas, a fim de que, vendo-as dispos- ,-_ :: tas no papel, o alfabetizando saiba reconhecer as palavras e os textos; bem ,. como as noções básicas de caligrafia, A multinacional da subversão ortografia e gramática, que lhe per, e o seu dialeto mitam traduzir o pensamento em lin· guagem escrita, O singular dialeto de palavras e exPara o professor pernan1bucano ispressões equivocas, empregado por so não tem valor, e não passa de "ato Paulo Freire e por. toda a multinaciomecánico de "depositar" palo1•ras, si· nal da subver..ão, tem um papel mais !abas e letras nos alfabetizandos" (p. profundo que fica subjacente nos tex13), de nada servindo ao traba.lhador • tos de "Ação Cultural para a Liberdarural ou urbano para "compree11der, de". criticamente, a situação co11creta de Pois fica evidente que uma vez opressão em que se acham" (p. 15); O 1rcínamcn10 milit:Jr imenso nas unive.--sidades eh,ncsas faz P3ne do fan8t ismo incvlcado começado em qualquer país um proces"mera tra11sfusão alie11a11te" (p. 14), nos jovens ., pi)ttir- cJo "revolvc5o cultvr;1I .. elogiada por' Paulo F,eirc como modelo. so onde a agitação não encontre mais que em nada contribui para a "transobstáculos para atuar, a minoria radical formoçaõ re11olucio11árill da sociedade do pensamento de todas as correntes de um regime marxista à moda da adestrada, manipulando essa terminode classes, em que a humanização é cripto-marxistas. China vermelha ou da Cuba castrista! logia revolucionária, sobmete a massa inviável" (p. 122). É possível que o aulor não veja do povo a um estado de completo nisso a "sacralização" de uma mística "Construção da desconceno e insegurança. Isto porrevolucionária? Educação e lu t a d e classes sociedade socialista" que esta se vê diante de um jogo de Paulo Freire considera Che Guevara palavras cujo conleúdo sofístico não Depreende-se facilmente dos texCoerente com esta im pos1ação, Pau- ··11111 tios maiores profetas dos sile11cio· alcança explicitar, e de cujo sentido tos de Paulo Freire, que só há no mun· lo Freire censura todas a.s medidas que, sos tio Terceiro Mundo " e o aponta ambíguo não consegue desvencilhar-se. do um problema verdadeiramente ca- dentro de uma estrutura social que res- como exemplo de "comunhão entre a Enlão os fracassados, os ressentidos. pital: a "libertação" das ..classes opri- peite a propriedade privada, tenham liderança e as masws populares", e os oportunistas, os que gostam de apamidas''. por objetivo dar boas cond ições de modelo de líder que submetia a "suo recer, compreendendo que os ventos Os métodos comuns de alfabetiza- vida às classes mais humildes. Para prâtic:a düiria a uma co11.wa11te reflexão sopram no sentido da subversão. são ção, ignorando esse problema central , ele essas são medidas de cunho "poter- critica". Logo em seguida reconhece imediatamente polarizados como insseriam cúmplices da "dominação" e 11alista" e "ossistendalism ": são "pró· "a fldta de interesse tios camponeses trumentos da agilação revolucionária. "opressão das classes exploradoras" ficas que costunuun"s dum,ar tle "11çiio pelo movimento [lllerrilheiro ': .. (p. 80). Cha1caubriand observou esse fenôme· sobre a massa escravizada. O silêncio anestesiadora .. 011 tlc "ação t1spirin11 ", É sabido que os camponeses boliviano na Revolução Francesa: "Os mais diante dessa situação ''injusta.. signi- expressões de 11111 idealismo subjet ivis- nos, aos quais os guerrilheiros se mistudeformados do bando (a esquerda da fica aprovação e favorecimento do ta que só pode levar i, preservação do ravam, a fim de intoxic,í-los com a proAssembléia Lcgisla1iva) obti11/w111 de status quo. "status quo" (p. 106). paganda subversiva, após ouvirem a 1m ; <-rêncio a palavra. As e11fer111idadcs A ele pouco importa a diminuição doutrinação marxista, iam denunciar Convém aqui chamar a atenção para tia alma e do corpo de.,cmpc11haram o significado verdadeiro das expressões das 1ensõcs sociais ( p. 77); não procu- à polícia a presença dos "libertadores.. um grande papel nas nossas desordens: "injustiçaº, "opressão~', "desumaniza. ra, tampouco. a "ln1111a11ização do tYI· cnlre eles. Donde o completo fracas.~o o amor próprio ferido fez grandes re,•o· A Igreja e a ção" etc., na linguagem dos progres- pitalismo ", mas sim a "sua total su· das guerrilhas na Bolívia. pressão'' (p. 122). Por que erllâo Che Guevara, nas d esigualdade de classes sistas e esquerdistas. Analisando a obra de Paulo Freire. Isto porque a "libert(lftio das d11s- suas reflexões criticas~ não reviu os Co11d 11i 110 /IIÍ[!i11a 6 • Quanto à desigualdade de classes, é como aliás de outros · autores esquer- se.1 oprimidas''. na sociedade de clas- seus princípios marxistas? Por que não distas, vemos que, na realidade, eles ses, "sâ .te dá "" ultrapassagem daquela "comungou.. dr,s idéias refratárias ao perfeitamente de acordo com a natuRODRIGO GUERREIRO DANTA5

.. .. ·- ...

4


EXALTAALLENDE

'i

O. QUE PENSAR de uma "missa" Padres não vestiam nenhum paramento. Grandes pedaços de pão substituíam cujo texto contém os seguintes versos? as hóstias e o vinho foi consagrado em Papel co111ra balas pequenas xícaras que passavam de mão Nunca serviu: cm mão, como se poderá constatar Uma ca11çiio desarmada pela abundante documentação fotoNão e11fré11ta um fuzil. gráfica tomada na ocasião. Essa estranha "missa", cujo texto Ou então: é de sabor claramente comunista, foi oelebrada a pedido da ··com1111idaUe Cristã Chilena" de Montréal. Serviu O Povo se orga11iza As primeiras organizações operdrihs de introdução uma projeção sonora sobre o ex-presidente ateu e marxista aparecem. Os partidos socialistas e comw,istas Salvador Allende, e sobre a crise do Chile. se orga11izam. Entre os celebrantes esravam o Pe. /:,1es questionam o sistema. denunciam Patrick Donavan. ex-missionário canaas i11justiças

1

Para os Sacerdotes savdosis1as de Allen•

!'Ião é ptceiso pa· 1 de,amentos, nem d ii-

ces ou galhetas.

N esta

\.

missa·Sêtcrilé·

gio.ordinárias chicaros são dcs1inadas :,

consagrar as espécies ;---

no decurso de uma "missa" marxista em que se pregou a luta armada e na qual foram elogiados regimes ateus e mesmo anticristãos. Estranh a atitude essa de nossas autoridades cclcsiásricas cm face de grupos religiosos de orientação claramente marxista e subversiva. Tratando-se de matéria tão grave, a indiferença não roça na aprovação? Essa atitude é tanto mais espantosa quanto se 3ssiste a ,una repressão violenta dessas mesmas autoridades con tra os católicos tradicionalistas.

A presente situação é o resullado da nova estratégia adotada pela lntcmacional Comunista, de infiltrar-se na Igreja Católica a fim de servir-se dEla como instrumento para a conquista do Ocidente. Há alguns anos, as TFPs (Sociedades de Defesa da T radição, Família e Propriedade) do Brasil, da Argentina, do Chile e do Uruguai, recolheram dois milhões de assinaturas de católicos da América Latina endossando um apelo respeitoso. e filial, enviado à Santa Sé, pedindo medidas que im· pedissem a evidente infiltração comunista no seio da Igreja. e-nos penoso o

- " ' , cucaris1icas.

e despertam a ideologih proletárih. As forças armadas, i11strume11ro da burguesia e do capital servem-se das pritneiras gre., ves como pretexto para massacrar os operários e tentar abater os primeiros esforços de liber· taçiio do povo dense no Chile, expulso daquele pais em via de se orga11izar. após a queda de Allende, o Pc. J ac· ques Couture, arual Ministro do TraOu ainda: balho, Mão de Obra e 1migração da Província de Québec, o Pe. Anselmo O Povo prossegue sua marcha em Leonelli, chileno, e um ministro probusca da libertação. testante. Os movimentos revolucionarias e de Julgamos oportuno esperar trans· guerrilha correr algumas semanas antes de tornar aparecem nos campos e 1111s cidades. público nosso protesto contra esse ato O triunfo de Cuba. abominável perpetrado no interior de obriga o imperialismo a intervir dire· um edifício da Igreja. Não tendo tame11te chegado ao nosso conhecimento nee a CIA to11111 a iniciativa direta nhum eco de 111edidas do Arcebispado da repressão das forças populares. a esse respeito, nós - os JOVENS Ela prepara os exércitos nacionais CANADENSES POR UMA CIVI LIZAa fim de lutar vigorosamente ÇÃO CRISTÃ - não podemos mais contra as organizações populares. nos calar. Com efei to, e111 13 de abril A luta é aberta .e decisiva. de 1976, interroga111os publicamente Oia 12 de setembro último, num O. Paul Grégoire. por que ele tolerou salão do Centro paroquial da igreja de impunemente a realização de manifesSão Pedro Apóstolo de Montréal, vá- tações comunistas nos subsolos da igrçrios Padres católicos e um ministro ja desta diooese (Ver "/.a /'resse" de protcstan te celebraram uma ''missa" 19-4-76). D. Crégoire manteve-se num sacrílega, para a qual os textos litúrgi· inexplicável e ínquietante silêncio. cos foram substitu ídos pelos acima ciNão obstante assistimos agora a tados e outros do mesmo gênero. So- fatos bem mais graves. Trata-se da mente as orações da consagração do profanação das sagradas espécies do pão e do vinho foram conservadas. Os Corpo e do Sangue de Nosso Senhor.

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' S m Monlr~"I· Padtecs progressistas cclebtom e:sttonho mi$sa numa singular igreja. Nas leituras, apologia da tevotução armada.

ja etema que denunciava com firmei.a os excessos do capitalismo onde fosse necessârio. Não obstante, fiel à sua doutrina imutável, Ela se mostrou sempre como a adversária irreconciliâvel do comunismo, inspirando uma cru· zada mw1dial , de ordem espiritual, contra o perigo marxista. Não se poderia dizer que nossa Igreja , este sol resplandescen te de Justiça e de Verdade, está submersa num misterioso cre púsculo? Estávan,os habituados a ver brilhar no Clero, com admiração e respeito, essa luz que não se apagará nunca. E eis que um número incalculável de mãos consagradas se transformam lenta e confusamente cm cúmplioes do inimigo mortal da civilização cristã. Cumpre-se tragicamente dessa maneira o que Paulo VI chama de ''autodemolição · da Igreja. O que fazer? Guiados pela luz da dou trina católica e do direito canônico, e levados pela força irresistível da lógica, nik> é possível deixar de afirmar que o comportamento desses elementos revolu· cionários do Clero representa realmente um perigo muito grave para as almas e favorece a heresia. Desse fato, uma questão se i_mpõc: como católicos e canadenses, que atitude devemos tomar à vista desses elementos do Clero? Nas circunstâncias presentes os católicos, mesmo os simples fiéis, têm obje tivamente o direito e por vezes também o dever de RESISTIR a esses pastores revolucionârios. Portanto nós - os JOVENS CANAOENS~S POR UMA CIVILIZAÇÃO CRISTA - declaramos aqui que nós tomamos a fin11e e irrevogável decisão de RES ISTIR. RESISTIR significa que aconselharemos os católicos a prosseguir sua lura contra a doutrina comunista, atra-

mentos como a ''missa" sacrílega celebrada em São Pedro Ap6stolo. Seria ror demais longo enumerar os Pontífices, os Padres da Igreja, douto· res, teólogos e especialistas em direito canônico (') - muitos dos quais canonizados - que sustentam o direito dos fiéis à resistência cm situações como a presente, quando as decisões da autoridade eclesiástica são objetivamente errôneas, perigosas para a Fé ou preju· dicia.is à integridade de um país. O próprio Apóstolo São Paulo diz aos Gálatas: "Há pessoas que ,,os con/1111· dem e que querem mudar o Evangelho de Cristo. Mas, ai11da mesmo se 11111 anjo descido do céu vos anunciasse 11111 outro Eva11gelho que não aquele que vos anu11cia111os. seja anátema" (Gal. 1. 7-8). O grande Santo Tomás de Aquino nos ensina: "Quando a "Fé está em perigo iminente. os Prelados devem ser interpelados. 11resmo publicamente por seus flêis"€(Summa Theológica, 11-ll, 33, 4-2). Com a consciência tranqüila e firmemente resolvidos a prosseguir a luta contra o comunismo, apoiando-nos nos ensinamentos da imutável doutrina católica, voltamo-nos para Nossa Senhora de Fátima. Suplicamos Àquela que nos trouxe uma mensagem maternal e misericordiosa, que conserve os católicos do Canadá na integridade da Fé. Pedimos que chegue sem demora o momen ro glorioso cm que Ela nos concederá a graça de ouvir nossos Pastores repetir diante do Divino Pastor aquelas palavras que Ele mesmo pronunciou nesta terra: "Padre Santo (...) conservei os que me destes; e nenhum deles se perdeu"(] o. XVll, 11-12).

dever de dizê-lo: este apelo não provocou qualquer reação. Como era de esperar, o problema agravou-se a partir de então. Para o Partido Comunista esta infiltração na Igreja é essencial, uma vez que os métodos classicos de propaganda direta e de conquista do poder pela violência fracassaram. Apesar de um século de existência e de ação, nenhum partido comunista obteve jamais, em eleição livre, uma situação majo ritária em qualquer país. Montreal, 7 de dezembro de 1976 Esta nova tática comunista apre• senta diversos aspectos importantes Michel Rcnaud - Presidente nos campos político e social. Lembremos, p0r exemplo, a sorridente política de "détentc' (distensão) e de No "ri1ui,I ·· progres• - -• -----.-.- , - - - - -~ - , , - - - - desarmamento que se desenvolve rapisista, a "comunh5o" L...._~· • ·, ; - • \. • ' damente enquanto os países comunisn5o requc, a1'>arên· I .-) > .-, 1 f ...._ cias 1>icdo~s. Co· tas se armam até os dentes, violando •• , munga,se corno se assim os acordos e tratados logo decome sanduichc ou pois de firmados. Igualmente é a políse toino cu,fezinho. tica de frente comum levada a cabo po r Mitterrand . na França e do eurocomunismo de Berlinger na Itália, que se diz independenre de Moscou. No Canadá assistimos a essa mesma tática de infiltração na Igreja. Estupe· fatos. vemos aumentar cada dia o número de Pad.rcs que abandonam o verdadeiro Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo por um contra-Evangelho, o contra-Evangelho marxista. Pouco a pouco, a difusão desse novo Evangelho torna-se o obje tivo fundamental. o esforço mais constante e o principal • meio de ação desses elementos da estrutura eclesiástica. En tretan to, diante desse fato trágico, 3 maior parte dos membros da Hierarquia guarda silêncio vés de todos os meios lícitos, par:, a <• ) No1:1: Doutores (:ln Direito C":mônil'O e não intervém... defesa da l'át ria e da civilir.ação cristã e 1cól~os entre os m;ii:-: sérios e os m;:,is rcnom:1dos como Wernz. Vidal e P;ilmicri Para consternação de grande núme- ameaçadas. .suslcnlaf)l <1uc não são rebeldes e menos RESISTIR significa, entretanto, que ai1Hl:1 cismáticos aquele.~ qu~ desobedecem ro de católicos canadenses, a imagem não empregaremos j amais os recu rsos :1os dc1cn1orc~ dà autodd:idc cdc..-..iástic;i. da Santa Igreja se modifica progressivamente. Aquela imagem da Igreja tra- indignos da contcst:ição, e menos ain- dcsdc que estes se tcnh;un lornado suspci1os heresia. (Wcrnz Vidal. Jus (.imoni('mn. dicional. que 1)rotcgia e ajudava os d:i, não tom"remos uma atitude que de Romac. 1937. 1omus V II. p. 439; P:.1lmi1.•ri pobres sem por isso odiar o rico. tor- não reíl ira :1 veneração e :, obediência Trnc:totus <11.• Romano Pom,fice. Rom:1,,:. na-se cada vez mais nebulosa. Quase devidas :ios P:1t to rcs legítimos, segundo 1877, pp. 194- 195; Francisco de Vi 1n11.1. Ohros. l}AC. Modrid, 1960. 1>P- 4R6•4M / : jti não se ouve m:iis a voz tranqüili• as normas do direito canônico. De J:ide. d iSJl. X. scc. VI, n~ 16 . Vi1.adora da nossa Santa Madre Igreja, RESISTIR quer dizer, no cnrnnto, S11:.1rcz. \'CS, P:1ris, 1858; \orndio :, L:11>idc, ad C:;11. ensinando a Verdade aos povos com que nos permitiremos emit ir respeito· 2. 11 : Pcinador, Cursm,· /Jrt•1•lur 'f'lu..,o/t>>:iúi' autoridade e ponderação, daquela lgrc- sarnen te nosso jui'zo sobre .iconteci- Moro/is, Coculs:,, M:1drid, Tomos li. (). 287).

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A quuliOOcJe de morx,st3 con1e$$O do tJlecido presidente do Chile não impediu que ele' fosse exoltado public.amtnte n3 missa em sua memócio. _..

5


Ci>ncluSliO tia pàgiJ111 .1

O ACONTECIMENTO • • • Ç(IS, os tulolescen1es. os j()11e11s cosa·

dultos': O que esperar de uma calequese promovida por um Episcopado como este. claramente 1pró-comunis1a? Não será preciso fazer grande esforço de imaginação para descobrir. Eles próprios nó-lo dizem: ··concebemos a ca· requese não con,o a simples transmis· são de 111110 doutrina t...l. Os testemunhos de adolesce,ues e de 1i1vens que,

os leitores

opinião pública c;Húlica. para que não Mais :tinda. é dito aos i;:;1rólicos que in. se deixe arrastar pelos maus exemplos e ql1ic tar·SC diante do dominio comu nis• pressões que lhe vêm dos lobos ves1i- ta é t.lesconhcccr ··a p,·esenra e II ação dos de pas1orcs. Con1 inuanclo embora ,h) Deus na llistôrit, ... ou seja. cm ler· fiéis à Igreja e a sua doutrina. esses mos mais tlirc,os. opor·SC ao comuniscatólicos resistem :idmiravclmcntc. não mo seria con1estar o próprio Oeus prcse deixando arrastar para o abismo a

que tentam conduzi-los os que deveriam ser seus guias naturais para a salvação. jwuamenre co111 tantos adultos exemOra, um fonómeno tão inesperado. plares, ,,i,,em com alegria e sacrifício a 1ão generalizado e sadio, de conseqtiênsutt fé crist,i nas novas estruturas de- cias transcendentais: só pode 1er sua O· monstram 1. ..1 a efiaida real da cate· rigcm na Providencia Divina. que assim quese que sabe adaplar-se às novas si- cumpre. de modo desconcer1ante mas tuações objetivas·: maravilhoso, a palavra do Evangelho: Em linguagem mais clara, o ensino "As portos do inferno 11110 prevolea·· do catecismo, inclusive às crianças, foi rõo ,·,1111ra a lgrein" (M t. 16. 18). "adaptado'' ao comunismo. O que se . ensinam com o rótulo de Cristianismo? Marx ou Lenine? Mao ou Fidel'? Poderíamos ainda aduzir o exemI! de se notar a cefcrência à ··alegria'º. Faz lembrnr a "'felicidade" experimen- plo do Brasil. A magnífica acolhida que vem sendo dispensada pelos católicos tada pelos calólicos cubanos de que fa- de todo o País à mencionada obra do lava O. Agostino Casaroli quando visiProf. Plínio Corrêa de Oliveira, é si111ou a ilha-prisão em 1974! 1oma expressivo de quan10 esse livro lraduz os sentimc11 tos. as convicções A resistência dos cató licos: e, sobretudo. as apreensões de inúme· sinal da Providência ros dentre eles. Essa resistê11cia frequentemente pasO leitor pouco afeilo a considerar siva, mas muito eficaz. cm se deLx;;ir CO· os acontecimcn tos à luz da Providência munizar pelo Cle ro, yamos encontrá-la Divina, após a leilura desses fatos, po- também em Cuba. E o próprio docuderá exclamar: ludo estai perdido! E, mento episcopal que nó-lo alesla. udevemos concordar, não se poderia con- sa11do embora aquela linguagem bem cluir outra coisa, se nos coloc;issemos carac terist ica. cuidadosamen1c velada. num ângulo de observação meramente Os Bispos reconhecem ser ..não pe· natural. queno·· o número de ca1ôlicos que, En1re1an10, a observação da realida- permanecendo fiéis n Igreja, afas1amde contemporânea com espirilo de fé, sc, entretanto, das práticas eclesiais. leva-nos a perceber movimcn1os alen- Eis su3s paJavras: "l:.·ncu11tra111os um tadores na opinião católica, ainda inci- mimero não pequeno de fiéis. que <li· pientes, é verdade, mas com um dina- zem sim a Cristo e tambêm à Sua lgre· mismo que parece prenunciar vigorosa ia. mas que deixaram de manifestar a i.nte rvenção da Providência na Hislória. sua pertença eclesial. mediante a pro· A maneira da nuvenzinha que o Profe- fissão externa de uma 11i(Jn religiosa·: ta Elias notou na fímbria do horizonle Qual a razão de tal afastamento' e qúe depois cresceu, aproximou-se, 10- É o pró1>rio documento episcopal que mou con la do céu e descarregou sobre a assinala: "Essas mesmas circu11stti11· a terra a chuva regeneradora. cias históricos [em que vive Cuba, ou Qual é esse sinal promissor? seja, a sociedade comunista) podem, Algo já dissemos cm nosso anigo ao 1nesmo tempo causar h1Quieu1ç1Io a acima cilado, quando consideramos o o/guns frisu,os apegados a um11 visão desligamento progressivo dos fiéis e.tn estática da vida. 0 11 que desco11he(·em relação a determinados Pastores, à me- a presença e a 11ção de Deus 11a 1/istó· dida que estes lrabalham pelo comunis- ria". O se111ido é claro: os cristãos que mo. Observamos como no Vietnã, no não 3derem ao comunismo são acusa· Chile e 11a l lungria. uma verdadeira gra- dos por seus Pastores de es1arcm "apeça preserva. ao menos grande parle da f!.ndos a uma i1isõo esuitico do i1idfJ ··.

.

Conclrrsõo tia 1xígi,,u 4

Multinacional ...

s,cnte e atu ante . .

Estamos assim. diante de uma prcss:io - para não dizer perseguição e· xercida pelos Bispos. em nome da Religião. para tornar comunistas os íiéis. Quem diria. algum tempo atrás. que

isto seria pos.~ivel' Mas quem preveria também - como se torna claro nas Cn·

lrclinh:,s do tex10 - que um "não pc· queno·· número de c;i tôlicos iria preferir romper com a Hierarquía Eclesiástica de seu pa is para permanecer liel a sua fé e a sua Religião'!

Pc. Teodoro Ferronalo, F.M.M .. Ponrn Grossa (PR): ··os meus votos s:io que CATOLIC ISMO contínue propagando e defendendo a VERDADE contra toda espécie de folsificação, ,venha de onde vier·. Sr. Ernani Froehner, S:io Bento do Sul (SC): ··1 nformalivo fiel e necessário e que deveria se fozer presenle cm todos <>s lares católicos··. O. Alcin:1 Campos Taitson, Belo Horizon1e (MG): º'CATOLICISMO,

Maria Helena Fraga. Rio de Ja,1eiro (RJ): "M ui10 boas idéias e precisão no rela10 dos acon tecimentos. Co111inuem cm nome do bem comum...

D. Augusta /lrnn.ha Schclini. Dois Córregos (SP): ··Aprecio mui1íssimo o CATOLIC ISMO pda maneira como enfoca as matérias: pela sua cuidada :,presentação. e de modo especial' gos10 de ler a vida dos Santos (São Tiago de Compostela, ele.)"'.

D. Gabriella E. M. de Barros Macedo, Juiz de Fora (MG): "É ó1irna, e é Tais fiéis, que cm Cuba como no par de tudo o que está a1ingindo a preciso que haja sempre uma explicaVictnã 1 no Chile ou na Hungria e mcs· Igreja nesles confusos 1empos e de não ção esclarecida. como é a do magn ilico mo no Urasil não apost:itam da fé, não ter medo de as proclamar. Parabéns - CATOLICISMO, 1>0is é a Religião Case afastam da Igreja, mas rcsislcm i, Coragem! C'rcio na San ta Madre Igreja . lôlica que sempre predominou na nossa ação profundamente perniciosa dos mesmo dilacernda pelos Padres e Bis- Terra de San1a Cruz"'. Pasto res verrnclhos. não cons1 ituem pos··. Sr. Guilherme Pereira Cavalcanle, um sinal eviden te da ª'.ião do Espírito D. Cornélia A. Carvalho de Oliveira , São Caelano do Sul (SP): "Um jornal Sa1110 sobre as almas! Tudo leva :l Guaralinguetá (SP): ··Tenho notado. que não ve11de galo por lebre, eornjoso crer que sim. sobretudo 110s õllimos números, um e sincero, não temendo dar nomes aos esmero ainda 11rnior n:l organização e bois, numa época pejada de tanto eufeQual será o verdadeiro concalenaç:io dos arligos publicados mismo e hipocrisiaº. "acontecimento do século" no CATO LICISMO. Parabéns' Brnvos O. Lolita Sviatopolk-Mirsky. Paris Essas considerações nos levam, pela lu ladores, que pela fé católica não (França}: "Permita-me exprimir-lhe e força da lógica. a uma pcrgu,Ha supre• lemcm enfrentar a maior lula da atua. aos seus colaboradores, os meus caloma, com a qual encerramos es1c artigo. l1'd ade.I •• rosos aplausos pelo primor cio número Se hoje, em 1977. podemosafirnrnr De uma lcilOra porluguesa. cujo de agos10. de CATOLIC ISMO. Tudo com ioda segurança que o acorHcci- nome omitimos 1>or razões óbvias, nele está pcrfei10: fo1ografia, anigos, mento do século é a espetacular mu- referindo-sei, si luação de seu 1>aís após impressão. papel. ludo ... Já só a capa, dança de rumos operada em grande a rcvoluç:io de 25 de Abril: ··se cu já com os arranha-céus ao fundo, as parte da estrulllrn eclesi,,s1ica mur1dial, era estruturalmcn te anticomunista, <lcS· ve11erávcis palmeiras do Jardim do poderá sei bem diversa a afirmação dos de que 1ive oporlunicladc de ver esse Tealro Municipal e, em prlmeiro plaque chegarem ao fim do século? Não Oagelo dentro de casa, mais se me ar- no, o altivo csta11darte da TFP. é uma estarão eles, evcn1 ualmente~ em condi· raigou o desamor a 1al sistema de vida... obra de arle. Bem representa o q1ic era, ções de dizer que o verdadeiro aconte- ou de mone. Por isso a vossa revista o que foi e o que é São Paulo! Quem a cimento desses 100 anos niío foi a cs- é por mim lida com avi_dez e pena IC· compôs só pode ser pessoa de grande pantosi apostasia en tre os Hicrarcas, 11ho que mio se funde cm Portugal uma gosto e impressionante talento fotomas a sublime reação dos fiéis? Tal re- TFP que sirva de travão i, propaganda gráfico. sistência que hoje é um sinal e uma "progressista" a que con1inuamen1c E111re outros artigos de va.lor, a rcpromessa, não pode se tornar amanhã estamos sujei tos··. p<>nagcm tão vivída, tão sucinta, Ião uma força e uma realidade? Estarc· objeliva. representa a síntese absolula Sr. Silfrcdo Rodrigues Guerra, Lon- do que é ··um dia de campanha da mos ouvindo a voz do "esposo que ,·em" (M t. 25 ,6) libertar nossas almas drina (PR): ··Como :assinante do jornal TFI'"', O repórter, com poucas pala, aíli1as e angusliadas pela situação em CATOLICISMO quero apresen1ar meus "<as, disse Iudo. Parabéns a e le. cumprimentos pelo artigo publicado que está a Sa111a Igreja? E. p3ra 3mcnizar um pouco a l risteSe isto for assim. a cre11ça na pro- no 11úmero de setembro. a propósi10 1.a causada pela lcilura das persegui• de Nossa Senhora do CorornOIO, Pa- çõcs que sofrem os fiéis nos países messa de Nossa Scnhor;.i cm F·á1i111a "Por fim meu lmoculado Coração droeira da Venezuela. escravízados pelo comunismo e os que Na semana passad:i recebi em casa se deixam ludibriar 1>ela farsa dos tri1111/urâ" - deixa de se r um simples ato de fé e se transforma cm con- alguns amigos da Congregação Mariana "Cris1ãos pelo Soci:tlismo", muilo me fiança na ação concreta e crescen- que costumam rezar o terço dlaria· comoveu a encantadora crônica "Quante de Maria Santíssima nos acon tc· mente cm co11ju1110. Aprovei lei a opor- do os azulejos refulgiam ... " Oigo eu, cimen1os presentes. Relegada e perse- tunidade para mos1rar-lhes aquele com o cronisia, hoje em dia "Quem guida por muitos dos que deviam ser substancioso arl igo: foi grande o in, rezam pelos fiéis defuntos, quem J>C· os araulos inca11s.ivcis e aguerridos de tcressc com que ouviram, sendo real- dirá a graça de uma boa morle?" Sua grandeza, a Virgem Imaculada vol- mente muito proveitoso. Fclizmenle. existe o CATOLICISA pani~ de abril os no;;sos J>re· te-se. materna e doce. mas fone e deciMO, jornal que não vai atrás das inodida. 1>ara os fiéis. e ai elege aqueles ços serão os da tabela a,baixu. que deverão conslitui r seu Reino. dos vações. e dos Padres progressistas'". quais espera uma generosa corresponSr. Thomai Leonardo Czaja, Curi· déncia à graça . /1 estes Ela concede discemime1110 agudo para que perce- liba (PR): ··Co11heço algu.ns jornais bam, até sua últ ima significação, o trá· rotulados de ca1ólicos e manlidos por MENSA RIO gico da hora que vivemos. bem como religiosos. porém. não se encon1ra necom <1provaçio cclc:-i:.i,;rica amor abrasado que os una cada vez les um só artigo que trate de cultura religiosa. CAM POS - ESTADO DO RIO mais à Santa Igreja Católica. Apostólii'or isso eu louvo a Deus e agradeço ca, Romana;c força inquebrantável paDiretor r;, resistir àqueles que, apresentando-se de todo coração a toda essa equipe de Paulo Corrêa de Hri10 f'i1ho como Pastores. na realidade ~e trans- redalores iluminados que com tanto ardor e total abnegação labu 1am nessa formaram cm lobos. Dire1ori:1: Av. 7 d..:: Scttmbro 247. Não poderá. erHão. vir a ser es1e o vi11ha do Senhor. caix:1 1>os1:1I 333. 28 100 Cantp()S., RJ. verdadei ro acon1ecimer110 do século"? Muito cspecialmc,He agradeço :, $. Adminis1r;1ç5o: R. l)r, M:Jrliruco Pra· Excia. Revma. D. An1onio de Castro . 110 27 1• O1224 S. 1-•:n1 lo. SP. Maycr, muito amado Bispo de Campos Composto e 1m1nes!-o na Artpn:$.'i Já estava redigido este ,1rt igo <1ua11- que com a sua dignidade atrai tantas P;11>~i,; ~ Arh.·, Cr.ilicas Lhl:.., Ru:1 graças de Deus e da Ssma. Virgem do 110s chegou às mãos excelc,ue livro Dr. M:irtiniéo Prado 234 , S:io Pau· da TFP uruguaia, recém edi lado (3). de fá tima a ioda essa legião de obreilo. SP. Trata-se de imprcssionanlc relalo so- rcis empenhados no verdadeiro amor A~ inltut:i anual:co,uum CrS 100,00; bre a ação da quase to1alidadc do Epis· cristão. coo1x·r.1dor frS 200.00; bcnfci 1or Calorosa gratidão quero manifestar copado e parte imprcssiona11 1e do CleCrS S00.00: ~cJnJ,· bcufoilôr CrS ro uruguaios para comunislizar o pa is :10 iluslre Sr. D,. Plí nio Corrêa de 1.000.00; wminari~ta~ e l"Sllld:mte.., irmão. Primeirame,ne. pela colabora- Oliveira. dignissirno presiden te da TFP CrS 70,00: Amêric:o do Sul e Ccn· ção com os tupamaros e depois. fra- que com a sua sabedoria inconfund ;. trai: vi:1 de ,upi:rfi'i:ie USS 12.00. via vel conduz. a todos nós e cspecialmcna~r~:1 USS 14 .50: J\mérlca do Noric. cassado o terrorismo, por uma ardilosa lc a css:i valorosa legião de mili t:.Hlles, Púrtu~31 1 J-.sp:mh::i, Pro\'ÍU('i:1., uler:t· política de dis1ensão. m:Jtin;.1~ ~ Coló111:1>: via de ,upcrfícic pelos caminhos da verdade revelada. É mais um tris1e exemplo a ser inUSS 12.00. via :oén::1 USS 17.SO: corporado aos que acima citamos. Na rmnha humilde ex pressão aleou iro, 1>:ií~cs: vi:1 de su1x-rfíde USS gra-me ern ver n:1 pessoa do Dr. Plínio 14.00, ";"'ª USS 23.50. Venda o jardineiro de Nossa Senhora que a,•uts,: Cr S l 0.00 NOTAS culliva com tanto amor estas flores o~ 1>ag:irut1Ho~. scmi,rc cm no,ne de que são os jovens da TFP. que merguEditor:. Padre Bclchiol' de Pon1es lhados na pureza do idea l abraçado. S/(, pc_xlcr:io ser cnc;uninhados :i Ad· can1am inccssan Lcs louvores à Virgem 1) CotfJlidsmo. o~• 304. :.bril de 1967 rnim-.1r:u,::io. P~r.- mudanç:i de cndc:· "0\''Clha~ :1fü:-:1nn1-sc de rnau~ l':),IOn;:,.". Mãe. r...~çó tk :1,.,in:mlc~. é neccss:irio mco· c:ion:u 1:,mbém o endereço :rntit:,o. 2) A Jw~ja 0111t• o c•:i,'Oltuta úo ameara <v,, 1: imens::i a minh~t sattsf;1ção cm reA coru:·.,pondl:ncm rtl:itiv.i :1 :-1.-.$ina· ,mmi:;10, Ed. Veta C'ruz. S;io l';1ulo, 19 76. now,r. mais uma vez. a assinatura clesse lllrJ,é venda ~vulsa deve ser c1wiada à "· 90. magnifico 111e11sário C/ITOLIClf'"O. 3) h"sttu<'rdismo <·otólitf,. cxm,vaiic'rt> de.• A leitura 1:io suave e sempre provei,osa Ad n1inis1ra~:io ruia dt•I rommu1m() én su lo,xo Jrnyn: 11mi1 R. Dr. Martinico Prado 271 ,h- frnc·osos y mttomorfosis EJirndo pda do CATOLICISMO, de ,~d:içâo aprimor;uJa. propo1ciona-nos n1ais luz para So.dCtl:1dc Uruj!u~1i~1 dt.• Ocf,.-~a tia Tr.uli~:it). 01224 S. P3ulo. S I' F;11nili:1 ..,~ Pro1ni1.;tl:ul1.,·, MontC\'idi.!O, 1976. 3 vida espiritual ... para mim, tem as v:tnfagcns de estar a

(8A!OJL~Cli§MO

lucio11ários" ("Afémoires d'outre tombe", Gallimard, J951, tome 1, p. 3 11). A partir desse momento, 3 única coisa que fica . clara para cada um é que se não dançar segundo a baluta da minoria a1iva .e organizada recebe, a1ravés de uma palavra eletrizada pela demagogia, uma carapuça que pode ac:,rrelar as piores consequências. Ou seja, cm todos, a desconfiança d~ cada um que o cerca; e a imersão da maioria

no desespe ro frio onde a préocupação única é num primeiro momen to, a de fugir das pcchas, ponadoras de desgraças, e num estágio revolucionário um pouco mais adian tado, a de sobreviver no .Próx imo minuto.

Quer dizer, a aceitação, pela maioria, dos falos consumados impos1os pela minoria marxis1a. E para os mais refratários, os banhos de sangue caracterísl icos dessa classe de " liber1ação ·•. Mas engana-se quem pensar que uma vez os "libertadores" no poder, conseguirá aJguns minulos de repouso (ainda que com o estômago vazio e dividindo. sua casa com quatro desconhecidos). Não. Paulo Freire afirma que o o processo rcvoludonário é permancn· te. A fim de que não seja "sacralizado", o "mundo 1101'0 exige o 11orticipoçiio <'011sde11te tios mosSlls populares·: "Este é um dos grandes méritos d11 rc,.'Olu· ção cultural chinesa - o de recusar qualquer concepção estático. 011tidialético. imobilista do história", proclama o "pedagogo" pernambuca110! {p. 93). 6

Isso significa, em português claro, subme1er as massas a um chacoalhar cont inuo, a urna vida onde cada indi·

viduo esteja sempre sob a ação coarc1an1e das agitações coletivas, de modo que jamais tenha um recan10 próprio, como todo homem tem direilo a ter. onde es1eja só ou no aconchego dos seus, ai podendo reílelir detidamen1e sobre as coisas que acontecem para delas fozer um juíio idôneo, isento, da pressão de um ambiente dominado pelos mercenários da agitação revolucionária. Eis aí o que está por trás do pala, vreado sofisticado de Paulo Freire: um regime que não só impede educar os filhos. reclamar o pão que falta, mover-se para onde se queira, possuir como seu o que é fruto do seu trabalho, mas ,que tira ao homem • própria possibilid:idc de analisar e de reOelir, ainda que no interior de sua própria mente. Não nos iludamos, um regime escravocrata como a humanidade não co11heccu, nem nas liranias pagãs de antes de Cristo. Nosso povo, dc11tro de um fundo psicológico uno que herdou da calolicidade lusa, apresenta uma viveza, uma originalidade, uma riqueza de personalidade, uma sadia capacidade de an:íli, se e de crilica que o dislinguc sobremaneira~ Esse novo livro de Paulo Freire. lançado cm 1976 pela Edi tora Paz e Terra. deve servir de sina l de alerta para os brasileiros. I

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AUSTERIDADE E GRANDEZA A beleza da

porta monumental que liga a sala dos embaixadores à sala do trono é realçada pela simplicidade das paredes brancas que a cercam.

NOITECIA JUNTO A FORTALEZA de Saint-Quentin onde, durante todo o dia, haviam se chocado as armas francesas e espanholas. No campo coberto de cadáveres e despojos, envolvido numa atmosfera impregnada de forte 'odor de pólvora, reorganiza· va-se o exérci to vencedor. enquanto se perfilava no horizonte a silhue· ta dos franceses que se retiravam . Era 10 de agosto de 1557, data que passaria à História como uma das mais célebres vitórias da Espa· nha no campo de batalha. O jovem rei Fil ipe 11 não esqueceria esse triunfo que a Providên· eia lhe concedia na primeira campanha guerreira de seu reinado. Assim, algum tempo depois ele assentava, com suas próprias mãos. em lugar de seu agrado, a pedra fundamental do majestoso mosteiro-palácio de São Lourenço do Escorial - pois foi no dia desse Márti r que se dera a batalha de São Quintino.

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* * * A 40 Km de Madrid, na serra de Guadarrama, ergue-se o impo· nente conjunto do Escorial. Sua planta em forma de grelha lembra o instrumento de martírio de São Lourenço. Nas longas fachadas. enor· · mes jan·eias se repetem . Coroando os pavilhões de ângulo, tetos es· guios apontam para o alto, encimados por esferas que dão a impres· são de que algo agarra a terra e a remete para o céu. A pri meinl vista, a fachada do Escorial pode parecer monótona. ·Entretanto, um bom analista notará nela traços da grandeza espanhola: certa forma de austeridade e segurança de si que se apresenta sem enfeites, em sua simplicidade. Por trás da monotonia das incontáveis .janelas que se repetem esconde-se a pertinácia e o desafio, como quem diz: "Sou assim e não sou de outro modo". Para se tomar o sabor dessa forma de grandeza presente no Escorial. é preciso saber interpretar o gênio hispânico.A grandeza espanho· la é como a de um gentil-homem combatente. Nela, vence e impõe-se a seriedade e a lógica, com uma nota de melancolia levemente lúgu· bre. A par disso, o espanhol tem o olhar carregado, posto no adversá· rio. Ele, que se manifesta elegante e festivo, cheio de rendas e casta· nholas na hora da luta, quando vai enfrentar a morte, torna-se pensativo, e até um pouco enfadado na hora do sossego. O Escorial, calcu· lado com tanta simetria, reflete o espanhol no momento do sossego: na sua lógica, na sua d ignidade. na sua austeridade combativa, que o dispõe a partir prontamente para a ba talha.

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Na sala de conferências, o mesmo princípio decorativo típicamente espanhol: paredes e bancos austeros contrastam com tapetes

riqu íssimos. h.. -

Na sala dos embaixadores do Escorial, uma nota típica da deco· ração espanhola: grandes -paredes nuas. brancas, quase pobres, con· trastam com a porta monumental, que é quase um arco de triunfo. O 1rabalhadíssimo da porta por assim dizer ganha brilho em função do desnudamenlo da parede. O conjunto é grandioso e ao mesmo tempo austero. No Escorial, tudo é austero ou rico; nada é ord inário ou vulgar. ;:::

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Quem cornpara o Escorial corn Versalhes,. nota algumas semelhanças. No mais esplêndido palácio francês encontra-se igualrnente longas fachadas e grandes motivos de decoração que se repetem. En· tretanto. a fachada do Escorial exprime uma nota de simplicidade, de sobriedade e de serenidade que Versalhes não tem. Versalhes convida à exibição das grandezas do mundo. Troféus e monumentos magníficos indicam a glória de Lu ís X IV. Mas tudo é horizontal. O Escorial, porém, convida à consideração das grandezas espirituais; contemplando-o. tem-se a impressão de que a terra é cOn· quistada em ordem ao Céu.

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Versalhes, o magnífico palácio de Luís XI V, reflete a grandeza terrena, enquanto o Escorial remete o espírito para considerações do Céu. 7


lfAÍ01 I l C M § M 0 - - - - - - - - - - - - -

D. MAYER FAZ SUGESTÕES A DOCUMENTO DA. CNBB Direitos humanos e segurança nacional VÁR(OS ÓRGÃOS da grande

imprensa brasileira deram a público uma iJttervenção de Dom Antonio de Castro Mayer na IS~ A:ssembléiaGerul da CNllB. realizada em ltaiei (SP), de 8 a 17 de fevereiro p.p., sobre direitos humanos e segurança nacional. Conforme noticiaram os jornais, é a seguinte a proposição apresentada pelo Bispo de Campos: "O Episcopado cumpre sua missão velando por que os direitos humanos, firmados 11a lei natural e na lei eterna, sejam re-speilados pelo poder temporal, bem como por quantos dctcnJ1am qualquer parcela de autoridade ou iníluência no campo social ou cconô,nico.

Por isso, aspira o lipiscopado, ar'denteme11te, pelo contínuo reajustamento de tudo qua11to, na presente orde,n de coisas. possa lesar os direitos humanos. li>e modo especial, 0 Episcopado manifesta seu empenho em que seja Pl~i.'ado o País do perigo comunista, a cada dia mais grave. Pois esse perigo expõe não alguns. mas todos os direitos huma11os. Em consequência, o Episcopado ex terna seu propósito de apoiar decid!daJnente tudo quanto o Poder Públ(co faça para obviar, dentro dos princ.ípios evangélicos, tão evidente calamidade."

LIVRO DATFPFAZ SUCESSO NA FRANÇA

PROCURADO PELA imprensa a fim de opinar sobre o documento fin;,I da I S.a Assembléia-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). intitubdo " Exigências cristãs de uma ordem política··, Dom Anton io de Castro Mayer. Bispo de Campos. ,declarou:

"priwulo ele terra por estruturas 11g1·â· rias inadeq11t"lt1s e inj11sws··. A quem se reícrcm essas palavras? A interprctr1ção que mais fore a atenção ê que o trabalhador rural não-proprietário é, ipso facto, um espoliado e ··111argi11alizado ". Tal principio não tem guarida na doutrina ca tólica. e. se fosse admi1ido, conduziria à rcvoluç:io agrária ··Compraz-me assinalar antes de tudo que o documento da CNBB divulga- tão desejada por socialiscas e comunisdo ontem - no qual in fcli1.men1c n:lo tas. Lamento a ambigü idade desse texvejo referência ao destino eterno do to. o qual ab re portas para um a visão homem - tem entre tanto aspectos po- 1milatcral do regime agrário: só a pequena propriedade - e nunca a média sitivos dignos de nota. ou a grande - corresponderia i, justiça. Entre esses lembro a defesa do~ Vejo também es.~a uni.late ralidade no direitos dos desvalidos (no documento que concerne :, segurança. Diz bem o qualificados de ··marginaliZ1ulos '). bem documento que as medidas de exceção como a afirmação da legitim idade da devem ser transitórias. !l o que está, segurança nacional e a aceitação das aliás, no próprio sen tido de ··exceção··. exigências que esta inclutavelmente a- Em tese. a afirmação é perírit:i. carreta. Contudo, quanto é ela questionável En tretanto. pena é que o documen- na prática! Duas grandes potências, to sej~ unila1eral na apreciação das con· Rússia e China, promovem no mundo dições concretas nas quais nos encon- inteiro a guerra psicológica revoluciotramos. Essa unilateralidade leva-o a nária, a <1ual não constitu i senão a complicar gravemente certos problc· primeira etapa da agrcss:io 1>ela violênmas e a simpli ficar outros. Nele se rc- cia cx1erna ou inte rna. Violência interílete de algum modo a unilateralidade na já a temos tido, infolizmentc. Não - quão mais marcante - das reivindi- duvido que a violência externa venJ1a cações de certa esquerda, que circu- Ião logo se apresentem circunstâncias lam no país. propicias. Por exemplo, o documento inclui Essa guerra revolucionária origina entre os •·marginalizados·· quem é ,,ma situação crítica para quase iodo o

siçào ao novo regime an111.":omun1s1a,

Perseguidos e silenciados, os verdadeiros católicos chilenos viram-se reduzidos a uma situação análoga à dos íiéis da Igreja do Silêncio existen1e atrás da cortina de ferro. A publ icação do livro da TFP chilena, íundamentado cm mais de 200 documen1os e ilustrações, deu aos católicos do Chile oportunidade de manifcsca r suas discrepâncias cm relação à conduta pró-comunista dos maus Pastores. A obra alcançou três edições no Chile; foi publicada lambém na Argentina (além de mais duas edições de um resumo do livro), na Colômbia e na Espanha, onde mais de 1.000 Sacerdotes se manifestaram solidários com a TFP chilena. No Brasil, um resumo de A Igreja do Silê11cio 110 Chile figura como a segunda parte do livro do Proí. Plínio Corrêa de Oliveira, A Igreja ante a escalada da ameaça ccmunista, com suas duas primeiras edições praticamente esgo1adas (36 mil exemplares) e uma terceira no prelo. Traduzido para o inglês, o livro da TFP chilena foi recentemente editado cm Nova York pela Lume11 Moriae P11blicatio11s. No Uruguai, outro best-seller

capa da ediçao fr-anc~sa do livro

Enquanto isso. o livro Esquerdismo 110 Igreja, companheiro de viagem do com1111is1110, de au toria da TFP do Uruguai, co111inua liderando a lista dos livros mais vendidos nas principais livrarias daquele país, pela quarta semana consecutiva. Baseado cm mais de trezentos documen1os, a obra demaneia :l conivênda da quase totalidade do Episcopado e de impressionante parcela do Clero uruguaio com o ··show'' terrorista tupamaro. lníormai1tes da TFP uruguaia esclareceram que a entidade já não possui mais exemplares da obra em estoque, estando. portanto, em vias de se esgotar a primeira edição. O sucesso de um livro doutrinário oomo esse é 11111 fato sem precedentes no país vizinho.

àllOS.

l)iantc dessa situação critica. assim

instalada. quais são as cxigcncias e os limites da segurança, não só cm lese. mas concrccamente no Brasil de hoje"? Não posso crer que a CNBB as repu te eíemeras, como o seu texto dá impressão. Infelizmente essa é uma grande questão de nosso dia-a-dia. Dela abstrai o documen to da CNBB. De cal maneira que, considerando o problema da segurança apenas em um de seus aspectos. o meramcute doutrinário, deixa campo aberto para os que reclamam a abolição pura e simples - ou o minguamcnto imedia10 e quase total - das medidas de segurança vigentes. Faço essas obse rvações 1endo cm vista que o documen to aprovado em ltaici apresenta consideráveis melhoras em relação ao texto originariamente subme1 ido a debate. Meu intuito é convidar assim essa última entidade a emit ir um comunicado sobre a matéria. Ta.l pronunci amento se me afigura urgente. Ele ensejará ;, CNBB <1uc, ainda uma vez, tenha a nobre atitude de aprimorar seu próprio documento, mediante uma elucidação precisa e completa."

TFP desmente versão O SERVIÇO DE IA1PRENSA da TFP 110 Rio de Janeiro distribuiu o seguinte comunicado:

1:SGOTOU-SE A PRIMEIRA tiragem (cerca de 2.000 exemplares) da ediç.10 francesa de A Igreja do Silêncio 110 Chile, lançada a público recentemente pelas Editio11s Traditio11, Familie. Propritité ( B. P. 90 - 92205 Neuilly-sur-Seine). A obra íoi vendida diretamente ao público por jovens da novel TFP francesa nas imediações do Arco do Triunfo e da Igreja da Made· leinc. em Paris. A conceituada edi tora Di/Jusion de la Pe11stie Française. de Poitiers, que publica a revista Lecture ct Tradition. comprou considerável número de exemplares do livro. Uma segunda tiragem já se encontra no prelo. A Igreja do Silê11cio 110 Chile, publicado em fovereiro de 197S, cransfonnou-se num dos maiores best-sellers do país andino, com repercussão em toda a América Latina. A obra descreve o drama dos católicos chilenos ante a atitude da maioria dos Bispos e do Clero do pais, que concederam notório apoio ao regime marxista de Allende. Quando este foi derrubado, os mesmos eclesiáslicos passaram a fazer opo-

mundo. E é uma das grandes carac1crísticas da vida política do século XX. especialmente nos últimos cinquenta

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''O "Jornal do Bmsil". em sua edição de 11-2-77, publicou uma noticia sobre fatos ocorridos cm Maringá (Pa• raná) conccmemes à TFP. Noticias ai1álogas íoraJn publicadas com varian1es por jornais dos mais diversos pontos do território nacional. Na impossibilidade de comentar a notícia do ··Jor11al do Brasil" nos múltiplos aspectos em que diverge da realidade, atento-nos aqui ao essencial: 1) - Vinte cooperadores da TFP teriam percorrido ruas daquela cidade com megafones proclamando que 'º90% dos bispos do Brasil são comunis1tts", e provocando com isto um alarido e uma movimentação nocivos à tranquilidade pública e ao 1rãnsi10; Em 204 dias. cinco caravanas de jovens cooperadores da YFP promoveram em 821 localida• 2) - O Sr. Bispo Diocesano D. Jai- dcs brasileiras a difusão da obra A Igreja ante :, osc:,lada da ameaça comunista, do Prof. me Coelho, que presumivelmente agiu Plinio Corrh de Olivein.1. sendo hal>itualmenrn reoebidos com caloroso ;:ipoio pelas poputa, através do Pc. Fritz Krcegen, tanto ções do Interior do P31's. As duas J)l'imeiras edições do livro (36 mil exempla,es) es-tão prati· na deíesa da reputação do Episcopado mente esgotadas. e o la. cdiÇão no ()l'elo. Na foto, un\a C3f3v3t\13 da TFP cm atividade. quanto do trãnsi10 e da tranquilidade pública, pediu a policia que fizesse nando suas verdadeiras convicções an- e a Regional Sul li, ou não está. Se cessar a campanha. E foi atentido 1icomunis1as, e entrando assim em liça está de acordo, o normal é que o diga imcdia1amente; ao lado dos bispos mili tantemente claramente, cm lugar de. através da 3) - A esse propósito a TFP tem a anticomunistas, como D. Antônio de intervenção do Pc. Fritz Krecgen, solCastro Mayer, Bispo de Campos; tar a pol ícia para aba far a diíusão esclarecer: a) De fato, vinte de seus cooperadod) f in teiramente explicável - se do livro que diz verdades i.ncõmadas res, que vêm percorrendo o Brasil bem que em nada seja juslificável - que sobre a minoria pró-comunista dos para a venda do livro "A Igreja ante o Sr. llispo de Maringá se tcnJ,a desa- bispos do Brasil. Se não está de acora escalodll da ameaça com1111is1a - gradado da campanha da TFP. Não do, em vez de impedir a TFP que diga Apelo aos Bispos sile11ciosos·, de auto- porque ela perturbasse o trânsito pelo a verdade, saia a público. dissociandoria do prof. Plínio Corrêa de Oliveira, qual não cabe aos bispos velar. como -se dos bispos vern1eUios. Assim, a presidente do Conselho Nacional da não cabe aos policias distribu ir os difusão do Iivro do presiden le do TFP. est iveram oferecendo essa obra sacramentos - mas porque o livro Conselho Nacional da TFP cm nada ao público de Maringá nos dias 3 a 4 do proí. Plínio Corrêa de Oliveira traz poder:\ incomadá-lo. f) É contraditório e desconcertante de fevereiro; várias poesias chocantemente pró-cob) Os métodos que empregaram são munistas de D. Pedro Casaldáliga. Ili;;. que, precisamente quando vários bisos mesmos já conhecidos por ioda a po de São Félix do Araguaia. E prin- pos se erguem cm prol dos direitos população do País. Métodos ordeiros e cipalmente porque publica também o humanos dos subversivos. o Sr. Bispo corteses· contra os quais nada de con- escandaloso comunicado em que a de Maringá tão desinibidan1ente atue sistente e válido se pôde acé hoje Regional Sul li da CNBB, órgão episco- contra os direitos humanos de uma alegar: pal que congrega 1odos os bispos do entidade anli-subversiva como a TFJ>; g) Máxime é isto desconcertante, e) É falso que os cooperadores da Paraná, inclusive o Sr. Bispo de Marinvendo um bispo e um sacerdote mobiTFP tenham bradado através de mega- gá, íaz estranhas su posições e dá um fones que º'90% dos bispos do /Jrasil singular conselho. A su posição: dada a lizarem em fovor de suas doutrinas, são co1111111istas ··. Na obra do prof. eventualidade de que no Brasil o comu- contr:\rias :is da TFP, a policia de um Plinio Corrêa de Oliveira, que vendiam. nismo venh3 3 dom inar, o conscU10 Es1ado leigo, como se esta fosse um órestá afirmado prccisamcn1e o con- para todos os bispos: não resistir, gão inquisi torial. f o que a TFP tem a dizer. tr:írio: a maioria dos bispos brasileiros mas colaborar com este, a exemplo sem serem comunistas têm mant ido fa. do episco1>ado vietnamita: Jorge Edullrdo Gabriel Ko11ry - E11carcc à subversão um silêncio confortável e) Ou o Sr. D. Jaime Coelho está regado de l111pre11sa do TFP 110 Rio de que a TFP os convida a romper. ex ter- de acordo com D. Pedro Casaldáligz Janeiro ( RJ).


N!> 316 -

Abril de 1977 -

ano XXVII

Diretor: Paul~ Corrêa de Brito Filho

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A SUBVER'S AO

TEM SUA''BÍBLIA'' O agitador brande o punho e lança o grito de revolta e ód io. Que interesses o movem? A que causa servirá? Será alguma manifestação nacio na· lista? Ou simples baderna insuflada por agitadores vermelhos? Não sabemos. Em todo caso, esta foi a f oto escolhida para ilustrar o capítulo do Exodo da chamada "Bíblia latino-americana", acompanhada desta le· genda significativa: "A libertação de um povo oprimido foi o começo da Bíblia". Esta frase contém a tônica geral do l ivro, aprovado por Bis-

pos chilenos e argentinos e posto em circulação às centenas de milhares, em nosso Continente. As Sagradas Escrituras são utilizadas, desta forma, para o que os comuno-progressistas chamam de "libertação dos povos oprimidos". Bem entend id o, devem ser "I ibertados" não os povos escravizados pelo comunismo, como os da Rússia, China ou Vietnã. Os "povos oprimidos" que - segundo os autores e divulgadores da "Bíblia" subversiva devem ser "libertados" constituem o maior conjunto de nações católicas e anticomunistas da terra: a América Latina.

PAGINA 3 .

AKGB

Decepcionado com as asperezas do regime comunista, às quais não es· capá nem mesmo a oficialidade do Exército vermelho, o jovem capitão Aleksei My ag kov decidiu fugir da Rússia. Para isso, não encontrou melhor meio que o de ingressar na terrível polícia política soviética, a KGB. Dois anos após sua fuga espetac.i lar através de Berlim, Myag· kov publicou um livro contendo impressionantes revelações sobre as atividades da organização a que serviu de 1969 a 1974. Só a vigilância das sentine· las russas impede fugas em massa do "paraíso vermelho". Página 6.

TFP EM FAVELAS E HOSPITAIS

Fim de semana radioso em São Paulo. A cidade para e a população procura os divertimentos e o repouso. Um grupo de jovens cooperadores da TFP também se ocupa em intensos preparati· vos para seu fim de semana. Mas o rumo que toma é bem diverso: movidos pela caridade cristã, os cooperadores da TFP dirigem-se a fave las e hospitais, onde vão levar auxílio material e conforto espi· ritual aos necessitados. Na página 5, apresentamos ampla reportagem sobre essa atividade filantrópica da TFP, ainda pouco conhecida do público brasi leiro.


CUBA

eceano Pacífico

0ceano Atlântico

oN

rJ

Estados Unidos acusados de violar direitos humanos

A eniidade none-americana ÔJ1holics for Po liricol Acrion denunciou o governo dos Estados Un idos como violador da Declaração lnteramericana dos Direitos e Deveres do Homem, assinada por aquele país na qualidade de membro da Orgrulização dos Estados Americru,os - OEA: A Declaração Interamericana estabelece que nenhuma pessoa terá sua vida arbitrariamente eliminaria, a partir do momento da concepção. Em conseqüência, nenhum de seus signatários pode permitir o aborto. Contrariando o documento e até mesmo leis anti-aborto vigentes cm diversos Estados norte-americanos, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu permitir aquela prática criminosa cm todo o território da nação, a partir de 22 de janeiro de 1973. Por isso a Catholics for Political Action enviou denúncia à Comissão de Direitos Humanos da OEA, observru1do que, nos Estados Unidos, anualmente mais de um milhão de crianças são arbitrariamente privadas de seu di reito de viver. E viver...· é o mais elementar dos direitos humanos. "Contra mão" para

os direitos humanos

A Igreja Católica na Romênia é perseguida desde 1948. Duas mil igrejas foram tomadas pelo governo comunista. Um Cardeal, cinco Bispos e Sacerdotes fiéis foram mortos ou condenados à prisão perpétua. O advogado Remfil Riposani, de Nova York, e o Padre Muresan, de Chi· cago, fizeram chegar à sub-comissão de Comércio do Senado norte-americano documento revelando essa brutal violação dos direitos humanos. Não pediam ao governo dos Estados Unidos que in2

tcrviesse na Romênia, mas apenas que tivo, tampouco. Alguns caminhões cm revogasse o tratamento de nação 11wi1 mal estado cruzam as ruas ruidosamenfai,orecida para efeitos comerciais e e- te ... transportando soldados. conõmicos concedido àquela nação coPor trás das paredes mal cuidadas das residências que se sucedem duran te munista. Por que o governo Ca rter, tão zelo- o longo trajeto. tem-se a im1>ressão de so dos direitos humru1os, real ou supos- sentir a desolação. o sofrimento e o tamente violados por governos antico- terror. Uma dona de casa com quem procumunistas, ainda não se pronunciou soramos conversar, depois de se certificar bre as atrocidades praticadas por uma nação considerada 1111,is favorecida? cuidadosamente de que não era ouvida por e.stranhos. sussu rrou entre dentes: "Nossa vid11 está, cada dia mais clesesVamos a Ho Chi Minh (Saigon)? peradort,1 Já não /ui Sf!L/uCr combust ,: Convido o le itor a fazer uma viagem J1e/ para cozinhar. Se houvesse. seria de imaginária a Saigon, hoje ehrunada Ho pouca utiliilade. pois quase não se ei> gêneros alimenticios no co111ér· Ch i Minh. Desagrada-lhe a idéia? Por contra . CIO . que'?.. Verificamos então que pequenas porções de arroz são oferecidas aos • • saigonenses por preço elevadíssimo; ... Estanios percorrendo as princi- os peixes quase desapareceram do merpais avenidas da outrora brilhante e rics cado, a carne não existe e os legumes escasseiam. Só um mercado pennanecc capit al do Vietnã do Sul. Poucas pessoas transitrun pelas ruas; aberto. Um único hotel - o "ft1ajcstic" fisionomias tristes e amedrontadas; au- - está em funcionamento. Todos os tomóveis particulares quase não exis- famosos restaurantes da cidade fechatem mais; veículos de transporte cole- ram.

..

0ceano Indico

Em conseqüência da má alimentação as doenças proliferam. Em Saigon subsiste a1>Cnas um hospital. e a falta de remédios - confiscados pelo regime de Manói - é :,!armante. A 1>resença dos norte-vie tnamitas se faz sentir por toda parte. Uma sombria a,neaça paira sobre a cidade! "Os com1111is1as nos co11[iscara111 tudo - declarou uma informante - inclusfre utensílios domésticos: fogões. refrigeradores. 11e11tiladorc., e aparelhos de rádio·:

Soubemos também que a remoção em massa da população para as chamadas "nov:is zonas econômicas". determinada pelos vcrmell,os. causam muitas centenas de mortes devido às más condições de sobrevivência nas regiões indicadas. Para os recalcitrantes. há campos de concentração disfarçados sob o nome de "ccn t ros de re-cducação" com aproximadamen te I milhão de "alunos". Dignos de veneração e respeito silo os heróis que, para fugir do comunismo, lançam-se em frágeis embarcações às ondas do oceano cm busca de terras

Oescfe a tomada de Saigon polos comunistas. 1efug,ados vietnamitas vagueíam pelos mares sem quo o mundo se compadeça dele-s

que compreendam seu infortúnio e os auxiliem. Mas, 6 suma tragédia! Os portos da Indonésia, Singapu ra, Tailândia, Malásia , e outros recusam-se a receber os fugitivos, e os devolvem ao mar. Soubemos ainda que a muitos outros saigonenscs falta a coragem. Movidos talvez pelo desespero, cometem o abominável pecado do suicídio. O número desses infelizes é calculado cm 15 ou 20 mil. Com um suspi ro de alívio vimos chegar a hora de nossa partida, e enquanto o avião decolava, desfazia-se cm nós a sensação de um pesadelo. • • •

A viagem que ftzcmos, prezado leitor, é imaginária. Os fatos. porém, são autênticos. Divulgou-os cm Hong-Kong o jorr.1alista australiano Frank Mount, que passou 15 anos cm Saigon como correspondente estrangeiro. Recentemente ele foi expu lso do Vietnã. Outras informações colhcmós no semanário parisiense Rivarol Campo de concentração para adolescentes

Somente na pequenina Letônia existem I 2 crunpos de concentração. Um deles. nas proximidades de Riga comporta 5 mil prisioneiros. As autoridades comunistas. sens íveis à política de distensão que o Ocidente empenhase em desenvolver com elas, resolveram maquilar as prisões mudando-lhes o nome para "centros de reabilitação através do trabalho". Sob a denominação tão inofensiva, os comunistas não hesitaram em insti, tuir um "centro de reabilitação" para adolescentes. Todos os detentos têm menos de 18 anos' A. G.


Bíblia Latino-americana ''instr·u mento da revolução marxista'' USLICADA EM TEMPOS de Allcndc com impri11111tur de D. Manuel Sanchez. Arccbist>º de Conccpción. a chamada "IJíblia Pastoral" ou "Bibliu f.atino-americam, ..

P

continuou a circular até nossos dias

não só no Chile, mas cm quase todos os países da América espanhola. Em fins do ano passado, alguns 13ispos argentinos proibiram-n a em suas Dioceses por consider:i-h, - como o Bispo de San Juan, D. llclcfon_so Sansierr~. - " iustrun1c11to ela r e1'0lucao nwrx1su1 .

ra que, completada a ''libertação" do homem de toda "alienação" ("opressão"), surja f1nalmen te o "homem novo" (cf. Piinio Corrêa de Oliveira, arli· go "lnsuborclinoçiio. "cleS1Jlie11ação ", fio ela meado cios mis1érios "profé1icos", em •·o uolicismo ", n.0220-22 1. ab ril-maio de 1969). É preciso ler cm vista esse conceito ("alienação"). pois ele é também o f1o da meada das notas '·explicativas" da "IJiblia la1ino-<11neri<w11t1 ·: Como é ób· vio. não vamos reproduzir todas essas '·ex plicações" disseminadas ao longo das 1.600 1>áginas do volume q ue nos

bre a irresponsabilidade de Noé, que se embriagou. (... 1mas sabeapro,,eitor esta lenda µlira recalçar o respei10 que os filhos devem aos pais e o se,uiclo do pudor "(VT p. 24 ). Sansão: "Vêm agora quatro copítu· los elas ''estórias" de Sansão. Provavelme,11e em um camponês <ie força pouco comum e que lutava por couta pró· pria contra os filisteus. A lenda, que sempre dá aos ricos. atribui a ele numerosas façanhas" (Vf p. 276). David: " David não é um "santo", como se poderia imaginar at11alme11te. i; o amigo de Deus, tal como se podia ser em uma sociedade pouco civiliza. da" (Vf p. 308).

O que não impediu. entre tanto, seu colega de Neuquén. D. Jaime F. Nevares. de qualificá-la de "muito boll" e de rc· ocupa. Limitar-nos-emos a uma ou oucomendâ-la ..caloroslJlne11re ", enquanto ira passagem a título de exemplo. o Papa não mandasse o con trário. O

Comitê Permanente do Episcopado Chi· A. alienação por excelêncià leno apréssou-sc cm sair na defesa da tal "IJiblia ... afirmando que ela const i· A primeira. a maior das "alienatui "exceleutealbnenu> para o esp írito" ções-" é a crença em um Deus transccn· (cf. "E/ A•lercurio ". Sm\tiago, 13· 10,76; dente, pessoal, do tado de inteligência e "l.a Tercerll ·: Santiago. 16- 10-76). voniade, perfeito, e1erno, criador ,e rc· Em meados de ma rço p.p. a <.:omis- gedor ôe todos os homens, os (Juais são Permanente da Confcréncia Episco- U\c são infínit~mcntc inferiores e absopal Argentina informava que a Sagrada lutamcnlc sujeitos. Essa crença. segunCongregação da Doutrina da Fé havia do os progressistas, corresponde a um declarado que a chamada "IJíblia lar, estágio j:i superado da evolução do hono-am<1·icam1" contém :unbigüidadcs e mem: o homem "infanlil" e "alienaimprecisões que "dei,em ser eliminadas do". O homem ''adulto" de nossos dias e esc/J,reciclas ·: rejeita toda "alienação .. e quer para si A tónica da "Bíblia l.ati110-amel'Íltt· uma 011tra imagem de Deus: \ 1111 Deus na .. é dada pela seguinte legenda de transcendente a ele. mas imanente uma foto de .,gi tação de rua q uc ilus, não nele. Um Deus impessoal e como que trn o Livro do Exodo: "A libertação de difuso na natureza. Em suma, um Deus um povo oprimido foi o começo da Bíque não :lliena. A Igreja, mantchdo a blia... imagem 1radicional de Deus, seria a culpada pelo ateísmo, pois o homem "adulto" de hoje, por não aceitar essa Desalienaçâ;o, o fio da meada imagem infantil ela divindade, afimiaNo ja rgão progressista, a palavra se ateu. "oprcss,io" equi vale ao conceito marEis como essa concepção marxisti· xista de "alienação... Quando ouvimos zante apa rece ponto por ponto na ..Bi· falar cm "eslru turas opressoras", "po, biia µ11storal ": vos oprinúdos" ele., devemos entender "O medo de Deus é II conseqüência ..estruturas alien:lllles··. ··povos :lliena- cio pecado. O /10111e111 pecador fabrica dos". para si uma imagem falsa de Deus. ci11Alienus, em latim, sign ifica "alheio". me1110 de sua liberdade Ido homem!. "que pertence a outro·•. Alienar é trans As forças do Mal manterão na hwna11iferir a outro a propriedade ou os direi- claclc e.ssa imagem errónea de Deus: 11111 Deus l'ingatii'O. 11111 Deus invejoso da tos que temos. Na perspectiva comunista. toda au - felicidade do homem. ~111i1t1s pessoas toridade, toda superioridade (seja so- "religiosas .. 1111õ têm muita f é 110 />ai ele cial, econômica. política. religiosa 011 Jesus. mas temem esse Deus falso. E, ou1ra qualquer) de 11m ind ivíduo, clas- ao co111rário. muitos "ateus" somente se ou insli tuição sobre outro imporia repelem a idéia de um Oeus que deleria ·numa "alienação". Alicnanle é, pois. a a emancipação da humanidade". E pessoa, classe ou instituição que pOS· mais adiante: "Se bem que nos podesui superioridade ou exerce autoridade mos livrar de muitas cadeias e aliena(a Igreja, o Chefe de Estado, o General, ções, há em nós uma alienação mais o Bispo, o patrão ou mesmo o pai). A· prof1111da da q110/ não nos podemos li· lienado é quem presta obediência ou vrar sem Cristo" ( VJ' p. 17). Essa refeOs a utores da "B í· biia'' revolucionaria

consideram O. Hei· dor Câmora " o mais conhecido profeta e porta-vo2. do Tercei, ,o Mundo" , O "Ar· oebispo vormelho" de Olinda e Recife coma com meios po-

derosos para

fazer

. sua pregacão esquer• dista em freqüentes viagens ao Exterior.

Uma objeção improcedente

Esta manife'$rnção comunista em Havana apa,ece na"Bi'blia latino·arneric.., na" oom a seguin• te legenda: "O fiel pa,1icipa na vida poti1i~ e p,ocura sob qualquer regime. a sociedade que dignifiqué a todo1,"

homem, 1>clo trabalho. transforma o mundo e. transforn1ando o mundo. transforma-se a si mesmo. Toda a história se resume, pois. na lula entre os homens tallgidos 1>elas forças de produção em choque. É nessa perspectiva que de· vemos ler os seguin1es comcnt:\rios da "/]iblia Pastoral": .. Deus continua criando o universo f)Or meio elas mãos. do cérebro e do co· ração do homem. Os homens u!m que dominar as forças da produç.'io e orga· nizar a socieclacle para que todos 1< nham pão e cultura. (...]. O homem se realizará pelo trabaU10 (... ). O trabalhe• não ê casrigo do pecado, mas a forma pela qual o homem contribui para o desenvolvimento do mw1do'' (VT pp. 14-1 5). E numa página Ioda ela dedicada a "O trabalho na Bíblia": "Trata-se do lraball,o criador pelo qual o homem, imitando a seu Pai continua e completa a Obra de Oeus 110 universo. ( ... 1 nosso lrabaU,o muda a face do mundo e transfonna o destino do homem: e/,• 1110<10 que este trabalho nosso, por mo· clesro que seja. faz progredir toda a humanidade rumo a Cristo. (... 1 as lulas dos lrabalhadores pela jusra distribui· fÕO clus riquezas p1ocluziclas anunciam e preparam a vinda do Reino de Deus". (VT p. 609). Mas, segundo Marx. é só no regime comunista que o trabalho tem esse papel criador e libe rtador do homem. No regime capitalista . no regime da pro, priedade privada. pelo contrário, o ira, baU,o é fonte de alienações. Escreve Marx: "O trabalho. certame111e. pro0

duz mara11i/ltas para os ricos. mas para

está subord inado a outrem (o simples f1el, o cidadão. o soldado, o empregado. o filho). Toda alienação - para os comunistas - represenla uma exploração do alienado pelo ;11ienantc. E como toda exploração é odiosa, cumpre c1uc a evo· luçào da humanidade conduza à supressão de todas as alienações. e portanto de todas as autoridades e tO<las as desigualdades. Pois toda desigualdade cria de algum modo uma au1oridade. O i• gualitarismo radical. é, en tão. a condi, ção para que haja liberdade. Isto é, pa-

sobre as leis físicas e naturais. ê alie, nante também de outro ponto de vista: obriga o homem a reconhecer sua in capacidade diante de situações sem saída; bem como a limitação de sua inteligência para explicar certos "fenómenos". O homem "adulto", "dcsalienado", rejeita a possibilidade de milagres e procura interpretar as passagens bíblicas a esse respeito. de uma forma não alienante. Ou simplcsmcn te negá-las. O que importa ê acabar com os mitos alienan~ les. No caso da "IJiblia loti11o•americo11a ", a dif1culdadc está cm escolher cn· ire os muitos exemplos. Damos um só, característico, do Velho Testamento e outro do novo: "Ao ler 11s ''pragas" ou desvcnt11111s ,lo Egito o leitor moder110 se pergunta· rá trés coisas: - Houve realmente esses milagres esrupendO$ para causar dano aos egíp· cios• (... ]. Na realidade. estes textos querem dizer que f)Or uma série de clesgraç11s na111rois próprias do Egilo: gafa· 11hotos, "Nilo ,,-ermelho ". riis, Deus quis manifestar sua vontade ao Faraó " (Vf p. 86).

A expulsão de demônios: "Prova,,elmente muitos e11de111011iados do E· mngelho não eram mais que doentes mentais e podiam ser curados por uma forço magnéri,11. impondo-lhes as mãos" (NT p. 78).

"Desmitifiçação" e "dessaerali zaç,ão" dos personagens bíblicas

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os pobres produz o despojamento .. Poderiam os "desal ienados" cxegc("lrlm111skrip1e 1844". p. 83; citado t:is chilenos tolerar o mito alienanle de por Calvez. obra cil. p. 282). É difícil não vir ao espírito essa afir, personagens "sagrados", que converrência a Cristo não nos deve iludir, mação de Marx, ao ler o seguinte tópi- sam com Deus. são perseguidos pelo pois para os ..exegetas" chilenos, Jesus co da "fl t'blia l'astorol ": "Trabalho. demónio. recebem ajuda dos Anjos e lêm uma missão que os coloca acima é " 11111 homem como nós" (NT p. 2). causa de desco11tc•uto111e11to. A uns. traz a riqueza. mos nâv uma verdadeira dos outros homens'! É preciso ..desmitificar'' esses per· "As lutas dosrealização de sua pessoa. A o,arus Jàz sonagcns e reduzi-los iJ estatura do hotrabalhador,es preparam (lroletdrios" (VJ' 1>. 18). mem vulgar e sem elevação de nosso o Reino de Deus' .' triste século XX! Eis umas poucas aDevemas acreditar, ef)l milagres? mostras: Uma vez que para os marxistas o homem e o mundo não são senão ,natê· Abraão: "Alguns se esc1111</alizom ria. a transformação do homem e do A crença 110 milagre - na visão nll r· ao 11er o nível pouco elevado da moramundo se dá pela trnnsformação d:1 ma, xisla - é ··;1licnan 1c··. j:l que tem por lid:ide desse tempo, mesmo a do prótéria. A transformação da matéria se pressuposto um Deus distinto e supe- prio Ab raão.. (VI' p. 13). faz pelo trabalho. Nessa concepção. o rior à ni:itéria. com complc10 domínio Noé: "A IJ íblin lança 11111 manto SO·

Alguém, à esta allura, poderia obje· lar que o "povinho" não entende essa questão de "dcsalienação", "desmitificação". "dessacralização" etc. E que, assim o que possa existir de marxismo nos comentários dos exege1as chilenos não influenciará senão uns poucos, j:i que a maioria não captará seu scn tido mais fundo. Logo, a "B,ülia Pastoral" não é tão perigosa assim ... Em primeiro lugar, é pfeciso dizer que a "IJíblia l'astoral" não se destina, primordialmente, ao '"povinho", mas sim às "com,miclades (de base) cristãs dll Amêrica IAti11a ''. E que, se o "povinho" não entende o que estã por detrás dos comentários, os monitores dessas "comunidades de base" se encarregarão de explicar a seus membros o que está dito nas entrelinhas. In teressa a eles primeiro envenenar essa minoria ativa, para que ela, depois, "fcnnente a massa". Em segundo lugar, ainda que não captados cm toda a sua profundidade, os comentários da "Bíblia" em questão contribuem para dermbar inúmeras barreiras psicológicas que separam os f1éis do comunismo, lançando entre eles os germes da dúvida, do celicismo, enfim, do ateísmo. E por último, veremos que os exegcias-políticos chilenos não se conten. tam com uma pregação marxisla (mal) velada: foram bastante explícitos em muitos comenlários, semeando o ódio aos ricos e a luta de classes, fazendo eco aos slogans do comunismo contra a civilização crislã e, ao mesmo tempo, não escondendo sua simpatia para com os comunistas os "ateus" que "que· rem implan1ar a justiça no mundo", os jovens que apoiam a violência etc. 1

Recorrendo ã autoridada de l!.enin,e Vejamos algUJ1s desses exemplos de pregação revolucionária .a pretexto da Bíblia: "O txodo é o coração do A11t~o Testamento e que lhe dá seu s~11ificado ao apresentar-nos um Deus que li· berta os homens. Como. pois. explic11r que tantos homens não crentes digam: "O medo criou os deuses"? E Lenine acrescenta em seu livro "Socialismo e Religião": "A religião, adonnecendo com o esperança de 111110 recompensa celeste a quem pena durante toda sua vicia 110 miseria. ensina-lhe a paciência e a res~nação ". Mas não é assim. No É· xoclo. De11s não vem i11f11ndir o remor. mos escuta o gemido do povo oprimido 1.. . 1 O txodo é como o exemP.lo de todas as libertações humanas" (VT p. 75), Note-se bem, que os comentadores não refutam a af1 m1ação de Lenine. que jamais deveria ser citado numa Bíblia. Mas eles aceitan1 que o chefe comunista teria razão, se a Religião de fa. to in fundisse a esperança na recompen· sa celeste. Mas como a nov-J religião "dcsalicnada'' volta-se para as liberdades humanas, a crítica de Lenine, crn· hora "justa", não se aplica a ela. Fica claro que é valida pa ra a Rel igião tra·

Concl11i no pdgha,

6--

GUSTAVO SOLIMEO 3


Revelações de um ex-membro da ''P

ção gradual da "barreira do horror", que existia em relação ao comunismo. Esse lento suicídio do Ocidente veio de encontro à política soviética na Europa, que visa entre outros fins enfraquecer a Organização do Tratado do Atl.i,c fico Norte - OTAN - através de divisões in ternas e do agravamento de contradições entre os países mcmb,os da Aliança. Para atingir tais objetivos, Moscou empenhou-se a fundo na saída da França da OTAN. O Cremlin utilizase de duas vias de pressão. Uma, é a política oficial (assinatura de acordos econômicos e de cooperação técnica, meU1oria das relações etc.). A outra é a los: Tcheka, GPU, NKVD, MGB e, o a fim de obter "confissões", in fom1a, pressão clandestina dos agentes da KGB infiltrados ent re jornalistas e funmais recente; KGB. ções ou denúncias. cionários russos cm serviço. Foi por A ação da KGB não se restringe esse meio que Moscou obteve sucesapenas à repressão interna. Desenvolve "Guardar" soldados: sos na França e viu com satisfação a ela, nos países ocidentais, intenso traba- tar~fa árdua nota oficial que De Gaulle, cm março lho de espionagem e infiltração atrade 1966, dirigiu aos países membros vés de agentes freqüentemente disfarçaEntre as diversas atividades da KG B da OTAN, comunicando a retirada de dos de diplomatas. Há poucos anos - num caso muito comentado na oca- está a vigilância sobre os russos residen- seu país da Aliança. Mostrando como sião - fo ram expulsos da Inglaterra tes no Exterior. E esta ação de vigilàn· a política da URSS e a atuação da KGB l OS espiões que se abrigavam na embai- eia se exerce não apenas sobre oficiais obedecem a um mesmo desígnio, Myage personalidades graduadas do Partido, kov afirma que "o ftuor deter111i11a11te Para esmagar os descontentes, per- xada russa. da espionagem da KGB é a politica exseguir os adverS2 -'os do regime e evitar Espionagem, contra-espionagem, po- mas até cm relação aos sóldados dos ter11a do gover110 soviético''. uma possível co· - -revolução, os dit1 liciamento político e repressão interna, regimentos russos acantonados nos paígentes do Crem ,struírarn o Esta- eis o campo de ação da KGB, braço ar- ses da cortina de ferro. Um mistério: dissidentes Ao descrever a atividade da KGB na do policialesco 'P.spótico que a mado do Partido Comunista soviético. Alemanha Oriental, onde serviu de semi-tolerados pela KGB História já viu. l 1h ando imporValendo-se de 110.000 homens, o 1969 a 1974, o autor enumera algumas tante papel no e . repressivo so- poder da KGB estende-se não só sobre Algo de novo se passa na União Soviético, atua uma .,. zação famosa: os russos mas também sobre os cida- privações que os soldados russos so"Comitê de Seguru11ço do Estado" ou dãos de outros países comunistas. Na frem. Amontoados cm número exorbi- viética e nos países satélites. E esse aJ. tante nos an tigos quartéis da Wer- go de novo causa perplexidade. À somKGB. Alcmanlia Oriental, por exemplo, ope· macht. mal alimentados, sujos e pade- bra das muralhas do Cremlin surgiu um São bastante sucintos os esclareci- ram ! .SOO agentes, desfrutando de tomentos de Myagkov sobre a KGB. Encendo privações de toda ordem, esses movimento de contestatários: os dissi· dos os direitos que têm no território milhares de infelizes não raras vezes dentes. Constituído de marxistas contretanto, pelo pouco ciue descreve, sosoviético exceção feita de não poderem mado ao que já se tein divulgado, pochegam ao desespero ... e ao suicídio. fcssos, de anti-stalinistas como de anti· prender alemães orientais. Apenas no 209 Exército de Guardas comunistas declarados. o movimento de-se entrever a face atual da organt1,asuicidaram-se 16 soldados em 197 1; 24 dos dissidentes apresenta uma nota sinção. Como surgiu a KGB no cenário san- "Kontora Grubykh Banditov" grento da dominação comunista sobre Um dos "hospirnis a Rússia? psiquiátriCO$" da KGB, onde são in· É do conhecimento comum que a os recalei· doutrina comunista nega qualquer prin- 1er-nados A rede do terror uantes e ind&$ejáveis c ipio moral. Para a implantação de um para o regime comu· , Informa Myagkov que com a queda regin1c antinatural como é o comunista nista 1 -,; ..... do Tzar, em outubro de 1917, os bol- em povos do mundo livre, o Crcmlin usa de qualquer am1a a seu alcance, clievistas criara,11 uma ..Comissão Especial", a Tcheka, para combater os "con- sem escrúpulos, pois na concepção matra-revolucio11àrios e outros eleme11tos terialista os fins justificam os meios. • crimincsos''. Dirigida por Dzerzjinski, Para a KGB , tudo é lícito. Suas táticas tornou-se a polícia secreta do regime mais requintadas são empregadas na bolchevi.sta. A ferocidade da 1'cheka guerra revolucionária psicológica total. Dzer:zjinski fundou a "" .1 1 Neste comentário não nos ocupareficou conhecida do mundo inteiro. "Tcheca" precurso· Seus membros, os tchekistas, tinha,11 mos desse aspecto central da luta de ra da KGS, l'lOS tem1, de Lenino. Suo campo aberto para lutar contra os an- morte entre o comunismo e o mundo pos filosofia era o 6dio. ticomunistas como bem quisessem. A livre. Trataremos apenas de alguns asvida humana para eles nada vali a. Ter- pectos da máquina de aliciamento atraminada a guerra civil com a consolida- vés de subomos, ameaças e corrupção, guiar: Os contestadores do regime têm ção dos bolchevistas, a Tcheka_ 1r3:.1s- manejada pela KGB. liberdade para dizer que não tem liberfom1ou-se numa imensa organ1zaçao, Segundo um membro da KGB da dade. Concedem entrevistas à imprenresponsável pela chacina de mais de Alemanha Oriental, major Boychenko, sa internacional , divulgam livros proivinte miU1ões de russos efetuada nas a sigla do "Comité de Segurança do ésbidos, fazem apelo aos países do Oci· prisões e campos de trabalhos fo rçados. tado" significa também "Escritório de dente. Esta verdadeira rede do terror teve Bandidos Rudes" (Kontora Grubykh Contra eles, a repressão parece ter nos últimos sessenta anos vários rótu- Banditov). Esse " Escritório de Bandi· perdido as garras. Isso levou a revista dos" mantém no Ocidente milhares de ªTime", que dedicou longo artigo ao agentes recrutadores de informantes e assunto em sua edição de 21-2-77, a colaboradores (só na Alemanha Orienafirmar: ·'Ninguém duvida que se o mo· tal eles são cerca de 8 mil). Nesta vimento dissidente viesse a constituir Um liwo que vem causando sensação na Europa e nos tarefa, os espiões russos usam dos mais uma ameaço séria ao regime comunis• Estados Unidos. pelas variados métodos. Parte dos elementos to, o Cren1/i11 o esmagaria com força sigi,ificativas revelações aliciados são "idealistas", ou seja, comutotal". que traz sobre a ação nistas convictos, simpatizantes ou amivermelha no Ocidente Um silêncio que fala ... ... e os problemas gos da União Soviética. Onde, porém, a internos com que verdadeira face da KGB aparece é no se defrontam recrutamento pela força. Recorre-se a "/nside the KGB". não é um livro os dirigentes do tudo: chantagem, suborno e ameaças em 1972; e 33 em 1973. Esses são os qualquer. Tão logo saiu a lume, comeCremlin. para exercer pressão. resultados da vida "espartana" do sol- çou a receber menções prestigiosas da Explica o ex-agente da KGB Myag· dado soviético. Seu dia é cheio com imprensa internacional. Sua repercusos exercícios militares, treinamento e são na Europa e nos Estados Unidos kov: ''Neste processo é dada grande aten- Limpeza de annas sem faltar a assim foi notável. Não suscitou, porém, a j us· ção ao trabalho psicológit·o: os lodos chamada "doutrinação política". Para ta indignação que deveria ocasionar. Numa época em que tanto se fala fracos e fortes da perwnalida<le <la ,,,-. os recalcitrantes, que teimam cm pro· tima são determinodos e explorados testar con tra semelhante "paraíso" e- em direitos humanos, os vãrios aspec1nais tarde. Por exemplo: se 11 11t'tima xiste o conhecido diagnóstico médico: tos da KGB tratados por Myagkov deé co1 1arde, será intimidada; se rc,n ami· "loucura" e o oposi tor é enviado para veriam ter originado uma celeuma bem gos, ameaças são feitas contra eles. se uma das " clínicas psiquiátricas" dirigi- maior. Por que os ardorosos defensores tem ma carreira pelá frente, esta é das pela KGB. Outros mais felizes, po- dos chamados direitos humanos não rém muito raros, conseguem fugir va- pediram ã ONU (cuja parcialidade em posta em perigo''. Além disso, há os processos brutais rando a barre ira de 1350 km que sepa- favor de regimes esquerdis tas tornouse notória) que investigue as ''clínicas que nunca deixam de ser usados. Cu· ra as duas Alemanhas. psiquiátricas", os campos de concenriosamente, Myagkov refere-se a eles de tração e as prisões que a KGB dirige passagem, cm seu livro, não entrando A "détente" nos p lanos da KGB atrás da cortina de ferro? em maiores detalhes. E fato notório, Esse estranho mutismo é bastante ént retan to. atestado pela imprensa diáA Rússia não tem cessado de tirar sintomático. Pois há silêncios que fa. ria e por relatos de ex-prisioneiros do proveito da política de distensão inaugurada por Nixon em 1972, com suas Iam, revelando uma política de dois regime soviético que fugiram para o ocidente, a KGB possuir um "k11ow viagens a Pequim e Moscou. Uenefi- pesos e duas medidas.. . how" de torturas físicas e psicológicas ciou-se o imperiolismo ve1meU10 com (capaz de causa r inveja aos Ncros e os polpudos créditos ocidentais que RENATO VASCONCELOS liillers surgidos ao longo dos séculos) lhe fo ran1 oferecidos. e com a demoli-

ARA A MINHA fuga só havia uma. possibilidade: a parada 110 Castelo de 01arló1te11burg ( em Berlim Ocidental). Meu plano era afastar-me do grupo, fugir para o parque contíguo ao palácio e ai esconder minha capa de serviço. Usando uma ca· pa de chuva eu passaria por um civil comum. Depois disto. tudo o que teria a fazer seria pegar um taxi e me entregar aos america11os. Mas nem sempre as coisas fu11cio11am como as pla11ejamos. 01egamos ao palácio. Os oficiais saíram do ó11ibus e começaram a tirar fo· togra/ias. Eu leva1'il minha valise. A si- Sede da KG 8, em MO$COU tuação era tal que 11ão seria possível e11trar 110 parque sem ser visto. Por esta vencer honestamente uma eleição livre. razão desisti do meu pla110 original e Por outro lado, nos países onde o coprocurei outra alter11ativa. Decidi e11· munismo impôs seu jugo ele o fez trar 110 palácio e sair pela porta de usando a violência. a astúcia e a traitrás, rumo ao parque. Olhei em redor. ção. Nessas nações a opinião pública Os oficiais ai11da tiravam fotos e 11it1- não foi convencida. Como resultado, o guém prestava atenção em mim. Apro- império vermelho atrás da cortina de veita11do a oportu11idade, entrei no edi- ferro constitui hoje um imenso campo fício; 11i11g11ém percebeu. Con10 diz o de concentração, em cujo centro um ditado, a fortuna favorece o corojoso vulcão parece prestes a explodir de um momento para outro. e desta vez tive sorte. ". Assim Aleksei Myagkov, capitão da KGB (a terrível polícia secreta soviética) descreve no livro "/nside the KGB" - (" Dentro da KGB"), publicado em Londres pela Foreign AffairsPublishing Co. Ltd., l 976, como conseguiu escapar do "paraíso" russo. Dentro do palácio Charlottenburg, Myagkov conseguiu tomar contato com a Polícia Militar Britânica de Berlim Ocidental. Tendo o governo inglês lhe concedido asilo político, no mesmo dia voou para a liberdade, na Aleman.h a Federal. Os oficiais russos faziam parte de um regimento acantonado na Alemanha comunista, que na ocasião fazia uma "excursão" por Berlim Ocidental. Na realidade, conforme afim1a Myagkov, o objetivo do "turismo" - passatempo desconhecido pelos povos da cortina de ferro - era estudar as instalações militares norte-americanas, britânicas e francesas. Myagkov fora destacado para "safraguordor a seguro11ça

do regime1110 co11tra os inimigos inter11os da URSS". isto é, impedir eventuais fugas de seus compatriotas. Este não é um fato isolado. Relatos de fugas dramáticas dos países da cortina de ferro ocupam freqüentemente as páginas dos jornais do mundo intei, ro. Tais fatos são amostra da insatisfação geral existente no interior das nações esmagadas pela bota soviética. Um imenso campo de concentração Desde a publicação do Manifesto comunista de 184&, redigido por Karl Marx, o comunismc nunca conseituiu

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TFP CONFORTA DOENTES E FAVELADOS Reportagem de Luís Carlos Pássero Dr. Antonio Lal'a Ouca (à esquerda) dirigiu a campanha de distribuição de

AS ATIVIDADES PÚBLICAS anlitomunistas da TFP são largamente conhecidas do grande públ ico. Quem não a viu divulgando o já famoso livro do Prof. P!in io Corrêa de Oliveira, "A Igreja ante a escalada da ameaça comunista", por exemplo, ou não se recorda das duas grandes campanhas contra o divórcio, ou do monumental abaixo-assinado pedindo a Paulo VI medidas contra a infiltração comunista na Igreja? Quem não teve, ainda, à sua porta, um jovem cooperador da TFP, cheio de idealismo, oferecendo com cortczia, em suas publicações anticomunistas, a palavra da entidade sobre algum grande problema do momento, nas rotineiras campanhas de fins de semana? Queremos nesta reportagem, levar ao público brasileiro alguns aspectos ainda pouco conhecidos daTFP. Trata-se de realizações no campo füantrópico e assistencial, de âmbito circunscrito, e que escapam, portanto, ao conhecimento do grosso da população. Ação em favor dos desvalidos: assistência aos pobres, visitas a hospitais, por exemplo, são levados a efeito pelos jovens cooperadores da TFP. A entidade considera que a essas atividades lhe move o dever da caridade cristã, mas que com i.sso presta também um outro serviço à causa do anticomunismo 110 Brasil. "Com efeito - explica porta-voz da TFP - nossa organição alegra-se em poder. dessa forma. estimular a cor1fiança entre as classes e a harmonifJ social em nosso pat"s·:

cooperador da TFP, de elevada estatura. Só com uma boa distribuição de balas - longe dos carros - foi possível afastar aquele mar de mãos e oU,os ansiosos ... Mas não eram só as crianças que estavam imRacientcs. Alguns adultos, aproveitando-se da 'm'fllanche ", aproximaram-se também: - "Eu arranjei emprego 110 semana passada e preciso de um paletô para ir trabfJlhar, será que ai ,uio tem um, 11iio? Pode ser meio velho mesmo!"

- "Vou ver seacho", respondeu o cooperador "mergulhando" no carro das roupas à procura do tão desejado paletó. - "Este serve? Parece um pouco grande... veja es1e outro''. - "Serâ que posso ficar com os dois? Minho mulher dá um jeito neles p 'ra mim ... " - "Pode!Reze uma Ave Maria pelos doadores! " - "Muito... muito obrigado. moço!" Num momento menos agitado, Dr. Antonio

- "O q11e a sra. precisa? " - "Moço, qualquer coisa serve, preciso de 11,

do ! .,

- •·Vejo se a sra. gosra deste vestido. le,,e também um par de Sllparos". - "Muito obrigado' Que De11s e NosSIJ Se11hora Aparecida os abençoem e lhes dê sa,ide 1" - "Não se eSQueça de rezar uma Ave Maria pelas pesso"s q11e doaram as coisas! " Em mu ilos pontos da favela próxima do Parque Edu Chaves, em São Paulo. diãlogos como este se repetiam a todo instante, em meio a algazarra de grande número de crianças. Era uma campanha da TFP. Cerca d~ 120 jovens distribuíam roupas, calçados, brinquedos e vários gêneros de _utensílios. Por volta das 8:30 hs. os primeiros cooperadores da TFP começavam a reunir-se junto à Rodovia Fernão Dias. Vários saiam de carros superlotados. Outros paravam abruptamente suas motocicletas. A maioria des_cia de ônibus que paravam próximos ã favela. As 9 hs. estaciona a viatura 2407 da Polícia Militar incumbida de manter a ordem. - "Esperamos que 11osS1J ação seja como das outras vezes, apenas preventiva". dizia o solda-

do Passos aos jovens, que conversavam animadament.e enquanto esperavam as duas "kombis'' e os três automóveis que traziam o material a ser distribuído. Chegando os veículos, para maior facilidade e desenvoltura no trabalho de distribuição, organizou-se uma espécie de conejo ao longo da rua. tendo à frence o estandarte da TFP,seguido por um grupo de cooperadores e dos veículos contendo as espécies doadas. Um automóvel com autofalantes anunciava: "A TFP proclama 11ma 1radição. Um" tradição cristã de dois mil a11os. Segundo o divino Rede111or e11si11011. quem necessitai ajudado, quem pede recebe". E, logo após, os autofalantes proclamavan1: "A TFP es1e11deu as mãos aos abastados edisrribuiu os do11a1ivos deles para os que precisam: roupas, alime111os, remédios; calçados. brinquedos. livros; rudo grátis. Rezemos pelos doadores e pelo Brasil uma Ave-Maria': A mesma voz que pronunciara essas frases pedia depois a todos "que esperassem em casa. pois a distribuição seriá feira de porta em porta ".

Mas. quem podia conter as crianças? Impossível. De todos os lados elas surgiam , correndo, atraídas pelo inusitado movimento. Em segundos, o grupo de rapazes que se encontrava junto dos automóveis viu-se ilhado por crianças de todos os tamanhos e idades que, em algazarra, pediam coisas. Algumas chegavam a abraçar os joelhos dos cooperadores para se fazerem notar com mais veemência.

"Tafoez se julguem pequenas demais e pe11· sam que não as vemos ... ''dizia gracejando 11111

lS Antonio Carlos, estudante de engenharia na FEi, nos explica: - "O ho111em 11ão tem ape11os necessidades 11U11eriais. A alma qua11do desamparada causa mui/o mais sofrime1110 a ele do que as misérifJs corporais. Assim, nós procuramos, sempre que possivel, acrescentar u11U1 palavra de co11for10 espirill1al qua11do prestamos o auxilio material. Por isso distribwinos muiras fo ros ,ta lmage,11 Peregrina de Nossa Sc11hora de Fiilima. Ela fala por si. Mas geralme111e as pessoas se mosrram i11tere$S(ldas em conhecer a his1ória das aparições e a me11S1Jgem de Nossa Se11hora 11a Covo do lrifJ. Posso gora11tir que as pessoas ficam muito agradecidas e às vezes até tocadas no fundo da alma. Elas se lembram da Religião e de Deus que ha11ia111 esquecido". A distribuição de todo o material levou cerca de duas horas. Aos poucos os cooperadores espalhados pela favela voltavam ao ponto central, formando enorme aglomerado de capas vermelhas. O característico brado de campanha "Pelo Brasil: Tradição! Famt?ia! Propriedade! ''... encerrou a distribuição. Em seguida todos saiam, acompanhados da imensa mul,idão de crianças, em direção ao mesmo local onde haviam se reunido no começo do dia. Quando o repórter se despediu do Dr. Duca, recebeu este conv11e: - "Venha co11osco a uma visila a um hospital. É oulro lipo ele assistê11cia que prestamos. Creio que os leitores de "Catolicismo" vão apreciar".

7.205 doentes visitados

Uma face desconhecida da TFP

Transcor,cu cm perfeita ordem a distribuiçiio dos don3· tivos de Pona em porta

Cândido de Lara Duca, médico, 35 anos, dirigente da camp;ulha, explica: "O estandarte eas capas quase mio causam surpresa entre os moradores <las favelas que visitamos. Quase todo mwzdo já nos viu alguma vez 1111 cidade". Nossa conversa foi interrompida por um rapaz que chegou correndo. - ''Aquela Sra. pede 11111 remédio para o fi· lho que está <loeme. Acho melhor o sr. mesmo ver que tipo de remédio é preciso''. A meio caminho outro o interpela: - '·Posso prome1er um Jogão o uma familia da rua uês? ··

- "'Anore o 11ome eo endereço e diga que se conseguirmos 1,ire111os trazer em outro dia. Não é muito dificil. mas pode demorar. Explique

bem isso. para evitar mal-e,11e11didos! " Muitos atarefados pareciam estar os encarregados de controlar o material. Na porta de uma das "kombis" um nissei de prancheta na mão percorria uma lista o mais rapidamente que podia. - "Aqui sô há Sllparo de 42 paro cima, os 111e11ores estão 110 "Volks" azul''. - "Um vesl ido grande para uma senhora gorda''. - "Aqui!" gritaram da outra "kombi''.

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111'10S

donativos 30s favelados

Nos escritórios centrais da TFP em São Paulo, :i Rua Martinico Prado, foi o próprio Dr. Duca quem nos informou sobre alguns aspectos dessa atividade da TFP: - "Distribuimos do11a1ivos que a própria TFP a11gario me<lia111e atuação de duplas. que visitam Cl1SIJS comerciais para tal fim, e arra,•és de campa11IU1s de rua. Percorremos de prcferê11cia bai"os de classe média e populares. 110s quais é porric11/arme111e marcante a disposição de apoiar alÍvidades filantrópicas''. Repórter: - '·Qua111as visif(1s já fizeram?" Dr. Duca: - "Ein iodo o Brasil. 110 a110 passado i,isiramos 7.205 doentes de 406 hospi1ais em 16 !Jstados. No1uralme111e. procuramos dar assis1é11cia sobretudo a doentes indigentes e em pior estado. pois são estes que mais precisam de apoio moral. Se você quiser. amanhã está programada a 1•isi1a de um grupo de cooperadores da Sede Disrrüol do 0,mbuci ao Hospi1al Adhemar de Barros. em Guandhos. onde são i11ter1111tlos pesscas a1i11gidaspelo "ficus foliaceo", mais conhecido como "fogo seb'Ogem ". Á hora combinada a reportagem se encontrava ã porta do hospital à espera dos oito rapazes que viriam passar a tarde entre os doentes. Os cooperadores da TFP já eram conhecidos dos funcionários do Hos1>ital. O Sr. Maurício que nos recebeu - os cumprimentou, trocou algumas palavras enquanto os conduzia às enfermarias e recomendou especial atenção para dois meninos chegados há poucos dias em estado grave. O grupo dividiu-se cm Quacro duolas. Acompanhamos uma delas formada por Adauto Moraes e Carlos Brito. Fomos diretamente aos meninos indicados pelo Sr. Maurício. Eram do Interior. Um aparentava 8 anos e o out ro um pouco mais, talvez 12. - ''Como ,,-ocês se chamam?" - ''Anronio ". respondeu o maior; uHumber· to". o menor.

- "QufJntos anos rêm? O que aconteceu? ... " Assim começou a conversa, que foi longe

A TFP es1 imola seus sócios e cooperadores e empregar horas vagas em obras de misericórdia. Em 1976 eles visito• ram 7.205 doentC$ de 406 hospirais. em 16 Estados brasileiros.

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~.._"'.;:.G.;.::,L-d ,:;..'--ll,I A pres-ença da YFP provocou grande movimentação e contentamento na favela

(quase unia hora). Os meninos contaram - tanto quanto podiam - como tinham vindo parar no hospital. A conversa foi aos poucos derivando para assuntos religiosos: - "Vocês conhecem a história dos três pasrorinhos de Fátima? Você sabe a hisrôria de Santo A111011io. o sa1110 do seu nome?" Apesar de muito doentes, os meninos gostavain de conversar e mostraram muito contentamento pela visita e pelos presentes (frutas, docose brinquedos) que receberam. - "Voltaremos mais vezes e vamos lhes con· lar uma porção de histórias bonitas" - disse Carlos Brito com muita afabilidade. "Ofereçam seus sofrimentos ao Menino Jesus que Ele é bom para os 1ne11inos que se comportam bemn. e sairam. - "Que coisa impressionante, você viu CO"!O estão com os rostos e as mãos vermelhas? E a doe11ça!" - "-Aquele sorriso deles ao 110s despe.dinnos mie qualquer sacrificio ''. Isto dizian1 enquanto se dirigiam ao quarto vizinho. Outra dupla contava-nos ter visitado um lavrador cuja doença havia devorado as unhas dos pés. Dos dedos das mãos só restavam tocos, além da característica cor vermelha, marca do ''fogo selvagem". Em outra enfermaria o ambiente era mais leve. Os doentes se distraiam; un.s liam revistas em quadri11hos, outros tentavam encontrar um programa in tcressaille na televisão, outros ouviam música.

- "/:,)1011 rezando o 1erço todas as tardes'; disse uma senhora levan tando-se cm direção aos visitantes. - "Cont imie assim_ . foi para isso que distri· buimos terços da outra ,,ez. Hoje trouxemos algumas fruras e as roupas que pediram". Começaram então a mostrar e a d.istribuir camisas, calças, sapatos e vestidos. No páteo, alguns doentes convcrsavain em pequenas rodas sem muito ânimo. Uma das duplas encarregou-se de entrar em contacto com eles e distribuir o que havia trazido. - "Da outra vez recebi um terço, IIUIS Flf!uei co,n 11ergo11ha de dizer que não sabia como se reza. O sr. pode me ensinar hoje?"' Isso dizia um homem já idoso num canto do páteo ao coope!ador que o foi procurar. A l 6,30hs. era servido o jantar aos doentes, por isso tínhamos que nos retirar. Antes, porém, uma enfermeira convidou-nos a co11heccr a moderna cozinha do hospital. Durante a visita, ficamos sabendo que mui tos dos funcionários, inclusive enfern,eiros, são antigos doentes que, depois de curado resolveram conti11uar no hospital. - "E' um aro de generosidade digno de louvor''. comentavam os rapazes da TFP entre si. - "Da outro vez que estivemos aqui não ri11/zamos nada para os f1mcio11órios. Hoje trouxemos esras fotos da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de l'nrima. A sra. gostaria dedistribuilas? " disseran1 os cooperadores da TFP já no portão do prédio. Restava apenas despedirem-se. Entre penalizado com a situação dos enfermos e impressionado pelo desprendin1ento dos jovens da TFP, distraidamente guardava meu cademo de notas. E consideravam, pensativo, o ideal que movia um grupo de rapazes de formaçij"o cultural acima do comum "perder" uma tarde, visitando doentes esquecidos por quase todo mundo.

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Conclusão da página 3

Câmara italiana aprova massacre de inocentes E TROPAS INIMIGAS ocupassem uma de nossas cidades e matassem todas as crianças de colo, à maneira do que Herodes ordenou que se executasse na Judéia quando nasceu Nosso Senhor Jesus Cristo, certamente tamanha crueldade causaria grande indignação. Se cm lugar da soldadesca abjeta as próprias mães executassem a chacina de seus bebês, com razão os leitores reputariam digno de vítupério ainda maior tal monstruosidade. Entretanto, nossa época encontrou modos de encarar com naturalidade cínica os crimes mais brutais. É o que se observa em relação ao aborto, praticado em larga escala nos países comunistas, nos Estados Unidos, na f nglaterra, no Japão e até em nações católicas, como a França. Em muitos casos a legislação oficial ampara e estimula esse crime.

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A lei mais permissiva da Europa Entretanto, foi na Itália católica que uma Casa legislativa aprovou projeto de lei considerado o mais permissivo da Europa, concernen te à matéria. Por 310 votos contra 296 , o projeto passou ileso na Câmara dos Deputados. Isso ocorreu no fim da legislatura do ano passaóo. Sua aprovação no Senado é ti· da como certa, embora, por razões que ignorarnos, isso não se tenha efetivado até o momento em que escrevemos. A favor da lei de aborto votaram co-

munistas, socialistas, sociais-democratas, republicanos e liberais. Con tra, votaram os democratas-cristãos, os membros do MSI e da Direita Nacional, como também o grupelho de radicais de esquerda, por desejar uma lei ainda

mais permissiva. Os políticos que constitviram a chamada Frente Laica para aprovar o projeto de lei, apresentaram como ptetexto para sua posição acabar com o que denominam de "praga do comércio do aborto clandesfino ''. Como se praga maior não fosse legalizar o homicício e dar ao crime foros de cidadania! A Democracia Cristã procurou justificar sua pífia atuaç:ío con tra o projeto lembrando que a última discussão par, lan1entar sobre o assunto havia provocado a queda do governo e forçado a antecipação das eleições parlamentares. A única emenda que a DC conseguiu introduzir no projeto foi o direito à objeção de consciência por parte dos médicos e enfermeiras, bem como o direito dos hospitais católicos de se recusarem a praticar intervenções de aborto. "A Democracia Cristã está comprometida com o diálogo de varias forças políticas, um diálogo que pressupõe respeito mútuo ás opiniões de cada li, nha polilico ". C:om essas palavras, Benigno Zaccagnini, Sccre tário Geral do POC italiano, tentou justificar o fraco desempenho de seu partido para impedir a aprovação do projeto de lei. Segundo fontes políticas, se os democratas-cristãos empregassem manobras de obstrução parlamentar, poderiam retardar por algum tempo a aprovação do projeto. Não o fizeram, para evitar romper o precário equil.ibrio político em que vive o país. Ou seja, para não desagradar aos comunistas, de cuja complacência dependem para sustentarse atualmcrlte no poder, a Democracia 6

Cristã despreza a lei divina e a lei natural. E condena à morte milhões de inocentes. Estímulo ao infanticídio O~çamos outras vozes: ''J:: uma lei ruim que somente protege os interesses da miie sem considerar os direitos (ia criatura que esuí crescendo de11tro <le seu ventre''. "O aborto 11ão deixará de ser um pecado mortal': 'É um aco11tecime11ro deplorável da históriít e da vida italia1

nas·: Esses pronunciamentos, cheios de amargura mas vazios de combatividade, provêm de editorial do L 'Ossen •{l(Ore Romano. órgão oficioso da Santa Sé, e de um protesto da Conferência Episcopal lt alia na. Sendo a Itália uma nação maciçamente católica, causa estranheza que as autoridade eclesiásticas não tenham usado de modo eficiente a enorme influência que exercem sobre a opinião pública pa.ra impedir a aprovação da lei. Nem sequer tenham ameaçado os seus autores e aqueles que a fizeram aprovar com as penas que o Direito Canônico lhes faculta. Ela au toriza qualquer mulher, a partir dos 16 anos de idade, a requerer a in terrupção da gravidez nos primeiros 90 dias. Para tanto basta a requerente alegar que a gravidez lhe poderá trazer prejuízo para a saúde física ou psíquica, ou ainda para suas condições soei, ais, econômicas ou familiares. Como também a possibilidade de a criança vir a nascer com anomalias ou deformidades. A mulher deverá consultar um médico de sua confiança e obter dele um pa, recer favorável para a realização imedia-

Bíblia Latino-americana dicional, que crê em Céu e em inferno, recompensa e castigo post-mortem. Em outro lugar: "Todos. mais ou menos cremos em "algo·: Isto 110s tra11qiiiliz11. mas isto muitas vezes não nos compromete. Por isso os ateus di zem: "A religião é um ópio "(VT p.27), Em outros termos, a religião que "não compromete" com a revolução social e a derrubada das atuais estruturas político-sociais é realmente o "ópio do povo", segundo diz Marx. Então, Moisés é apresentado como

cristão: "Todos os esforços para edificar um, reino terreno de liberdade e de paz são necessários. O cristão q uc não se compromete no processo de uma refonna social por 111110 sociedade mais iusta, fica à margem da salvação eterna" ( VT p. 468). Mas nem sempre os católicos e a Igreja pensaram assim: "Durante os séculos de cristo11dade, cre11tes e sa111os. capazes de darem sua vida por um irmão. não pensaram em rebelar-se con-

wn emancipador .. pol ítico--econ(mü·

reduziam po1,v.t inteiros à 1niséría" (Vf

co" (In trodução ao Novo Testainento) e o povo hebreu, que ele libertou, "reú· 11e todos oselementosde escravidãoou da discriminação social tal como existe ainda em muitos lugares. Um proleu,rilldo que l'Oi se 11111/riplica11do (... ) Trabalham não para alcançar 11111<1 vida ,nais decente. mns p~1ra os interesses de uma defesa nacional que não os de/ende, senão que os oprime" (VT p. 78).

p. 331). "Em alguns poises a lgreit1 é persc~ guie/a. E'm outros se impõem 11or111a.5 de ,,ida que os verrladeiros crist<ios devem rejeitar. E'm setores impol'lan, res do h11111011idade se verifica isto de

cra ns guerras e estn1luras sociais que

devem pois lutar por "nossa revolução socialista ..." Com tudo isto, fica-se pasmo em saber que esta Bíblia circulou impunemente durante virrios anos em nosso Continente, com 10 edições totalizando 800 mil exemplares(e, de passagem, perguntamos que obra de Marx ou Lenine alcançou essa 1in1gem na América Latina ...), sem nenhum protesto, nenhuma proibição, a não ser, como vimos, de alguns Bispos argentinos, só no lim do ano passado, e. postcriom1ente, da Sagrada Congregação da Doutrina da Fé, Quanto ao Episcopado chileno que, de modo temerário, qu,,lificou es-

sa obra ;Héi:•, blasfema e comunistizan-

te, de "excelente alimento para o espi, rito" e a recomendou aos infelizes ca,

Nem sempre os "libertadores" são santos .... , Na Introdução ~os ·'Ju ízes'' lemos: "E' enquanto o F,xodo era como o exemplo de uma liberwção 11·a11sce11· dental que Deus oferece à J11m"111illade, o prese11tc livro 110.1 e11sina que, no mundo presente. nunca teremos majs

liberdade do que aquela que tivermos conquistado. (... 1os israelitas, ao mesmo tempo que se presta1'tl111 a 111110 alienação cultural e religiosa, eram., por outro lado. 1•itimas de vários opressores e saqueadores que os rcâuziílm à miséria I... ] Os Juíze.~ não eram santos. Israel. contudo, reconheceu neles os O Comicê f>ermi!nente do Episcopado Chileno defende a "Biblia" subversiva safradores que Yai,·é. compassivo, lhes como ··excelente alimento para o espirito" concedia" (VT pp. 60-6 1), Vamos "traduzir": como os israeli- que "ninguém poderá vender ou com- tólicos and inos - o que havia para ditas, o povo latino-americano se presta à prar se não aceita. entregar sua liberda, zer já foi dito. E o foi com toda a altaalienação cultural e religiosa e é vítima de i, Besta"; e às ,•ezes, enquanto pre- neria. segundo as normas do Direito de vários opressores e saqueadores que mlecem estas pretensões totalitárias do Canônico, toda a seriedade e de modo o reduzem :i miséria. No mundo presen- Poder, se pede à Igreja, como preço da irrefutável pela destemida TFP chilena te não teremos "mais liberdade do que da s,~1 tranqiiili,fade, que faça o que fa- no livro "La lglesia dei Silencio cn Chiaquela que tivermos conquistado". É zia o Ftilso Profeta: adormecer os ho- le / La TFP proclama la verdad entcra", A deput3d3 preciso, pois conquistÍl-la. É verdade mens em vez de trazer-lhes a verdadeiDiante de um quadro como esse, sociali$to que nem sempre os "libertadores" são ra libertação" (NT p. 468). Maria Magnani perguntamos como é possível que PreMovo dirige santos: às vezes são ateus e até comu''Pensemos no que ocorre em noslados brasileiros e la tino-americanos manifestação rústas. Mas precisa mos ver neles os "sal- sos dias quando jovens educados cm afinncm que não há infiltração comuP<ó·aborto vadores'' que "Yavé", compassivo, nos colégios 011 paróquias de111asiado con- nista na Igreja. A mio ser que eles jul, em Roma concede ... servadores descobrem con·e11tes ret'O· guem que isso que analisamos neste arO contexto da "8 iblia Pastoral" lucio,uirias que os cnrusiasmam e pelas tigo é a Palavra divina, na vigência da n:io pennite outra interpretação. I! a quais lutam de coração (... ).Logo "em Lei Antiga, e autêntico Evangelho de essa luz que devemos ler tópicos como a perseguição organizada (... J parece Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas então, os seguintes (entre outros muitos): perigosa a consciência dos homens li, só clamando com o Salmista: "Atê "Movimentos inclusive ateus chama- vres" (Vf p. 469). q11ando, ó Dc11s, nos insultará o inimi, rão a si o apelo do Evangelho de trabaPor causa disso, "às vezes é neces- go? O atfrerstirio hã de blasfemar semU1ar pelos pobres e estabelecer a justi· sário agir fora da lei" (NT p. 61), Mas pre do Te11 nome? Lembra-Te disto: o ça" (NT p. 55). os cristãos não devem desistir por isso: inimigo 11ltraio11-Te, Senhor, e 11m po"Urn joven, unii:ersitàrio educado "E'm todas as épocas e em todos os "º i11se11St110 blasfema llo Teu nome. 110 fé explica como virou um militante J}ll1ses se perseguem os verdadeiros cris- l.e1•a,11a-Te. ó Deus. defende a T11a marxista: "Eu queria amar mais eficaz. tãos. O discr'pulo não pode estar acimo cauS(J: lembra-Te do ultraje que o 11é,; mente meus companheiros" (NT p. do 111estre. Alguns cristãos ,,;;o para a cio Te dirige co11tim,amente ''! (SI 73, 432). cadeia. São tachados de comunistas, de 10: 18 e 22), "O jovem que, podendo comparti· revoltosos, de traidores... Mas talvez ta do aborto, cujas despesas serão intei- filar a sorte dos privilegiados, prefere sejam testemunhas autênticas de Crisramente pagas pelo Estado. Porém, (1/ffl to, postos como ele 110 categoria dos mesmo se o parecer médico for contrámo/feitores" (NT p, 18). rio â realização da intervenção, a mu• M.ENSARIO lher terá apenas que esperar sete dias com oprov3ção cclesi:í~tica ('O c~istão vive bem em para conseguir o assassinato legal de CAMPOS - ESTADO DO RIO qualquer regim11" ... seu próprio filho. Pois, pela lei, a deci·mas sobretudo no socialista) são final cabe sempre à mulher e não Diretor ao médico. Paulo Com~a de Brito Filho Ademais de todas as afirmações e Pecado que brada aos céus insinuações que já vimos e outras mais Diretoria: Av, 7 de Setembro 247, e clama a Deus por vingança que aparecem em todo o texto dos coCá.Xá posiat 333. 28100 Campo,, RJ. mentários, os autores da "Bíblia latinoAdministração: R. Dr. Morti nico Pra· amcricano" servem-se com habilidade Inúmeros males de ordem natural do 271, O1224 S. Paulo, SP. de ilustrações, acompanhadas de legene sobrenatural poderão advir para a ItáComposto <.· impresso na Artprcss das tendenciosas, para incitar à revolta lia a partir da instituição dessa lei. Não Papéis e Arles Gr:íticas Ltda., Ru;i devemos nos esquecer daquilo que ene ao ódio de classes. Além das inevitáOr. ~fartinko Pr:uto 234. S:io P:lu· veis fotos de D. Hclder Câmara e de sina o Catecismo: o aborto provocado, lo, SP. sendo homicídio voluntário, é pecado Martin Luther King ("os profetas de Ass:fnaiur:i anual:comum CrS 100.00: que brada aos céus e clama a Deus por hoje") encontramos as batidas cenas de cooperador CrS 200.00; bcn(eitor vingança. miséria em comraste com arranha-céus CrS 500,00: irandc l>cnfcílor CrS Díz Santo Agostinho que as nações, e coisas do estilo. Um dos clichês, con, 1.000,00; scmin~iristas l' cstud:1ntcs porque não passam à vida eterna, são tudo. é uma verdadeira obra-prima do CrS 70,00: América do Sul e Cen· premiadas ou punidas nesta terra pelo O. Manuel Sancho:r, Ar'Ctbispo de Concep. género, resumindo o objetivo mal velatrai; vi;1 de .:.uperfíci(' USS 12,00. vio ción (Chile}, deu "imprimaiur" â "Bib1ia" aé-r,,;:1 USS l4.SO: América do Nor1e. bem ou mal que praticaram. É tan1bém subversiva do dos exegetas-polít icos chilenos: a Portuial, E)panh:1. Províncias ultra· o que ensina a História. "construção do socialismo". marinas t Colônias: via de :-upcrfícic Qual será então o castigo que Deus pôr-se a serviço do ·povo, Si' //Jz, mes, Num comício-monstro em Cuba USS J 2.00, vi, aére, US S 17,S0; reserva a esse pecado oficial e coletivo? (ver foto que ilustra este artigo), apaoutro, 1>aiscs: via de superfície USS mn Sfm o Silber, seguidor de Cristo. . 14,00, vi:, oérca USS 23,50. Vcnd, (.. ,) A luz do 8iblia, podemos reconhe- recem cartazes gigantescos nos quais operários e camponeses, brandindo re, avulsa: C'rS t0.00 Na Itália presenciamos primeiramen- cer 11111 aspecto da libertação espiritual te a introdução do divórcio. E agora é em todo esforço que se faça em prol vóh•eres e metralhadoras, empunham Os pai:::amcn10:-. )Cmprc crn nome de uma bandeira: ·'Viva nossa revolução t!ditor:, P:tdre Belchior de Ponres iminente a legalização do aborto. É a da dignidade do homem, 110 luta dos socialista", Pode-se ,·er ainda um retraSIC~ podcr.io ser encaminhados 5 Ad· marcha natural do processo revolucio- povos cm via de d~senvolvimcnto pela to de Lenine, no qual figura o slngan: nunisiraç:io. J>ar:1 mud3n~ 1 de cndc· nário que tenta eliminar da face da ter, sua independênci::a econômica, no esreço de :1,'\in:mtcs, é n1:c-.:ss;Írio mcn· "P:ltria ou morte". A legenda do clichê ra a moral ca tólica. A lepra do divórcio forço dos jo,,e11s por uma pal'licipafãO cioo~H 1:unbém o endereço :mti~o. e do aborto já corroe muitos países. mais atira na construção de seu por- diz hipocritamente~como se não se reA cor,c ..poodêndà rel:uiva l ass;iil3· · ferisse a nenhum regime político conEm vários outros ela ten ta penetrar. 1,ir" (Vf p. 79). tura~ e \'Cntla avul'l;a deve ser cnvi;1tfa :i creto: "O crente parlicí1>a na vida poliLancemos o olhar para as condições • Adminislraç:io morais que nos rodeiam e consideremos For-a da.revolução não há salvação rica e procura, sob qualquer regime, a sociedade que dignifique a todos". com temor o futuro. R. Dr. Martinico Prado 27 1 Cuba, "a socicd:,dc que dignifica a OI 224 S. Paulo, SP A revolução social é obrigação do todos"! De am1as na mão os cristãos MURILLO GALLIEZ

AtOL_ncnSMO

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Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo o ,

Os "Passos da Paixão" de Congonhas do Campo (MG), um conjunto de 66 figuras talhadas em cedro, figuram entre as melhores esculturas de Antonio Francisco de Lisboa, conhecido como o Aleijadinho. As imagens, em tamanho natural, dispostas em pequenas capelas, reproduzem, com profunda inspiração religiosa e elevada expressividade artística, cenas da Santa Ceia, a Oração no Horto, a Prisão do Redentor, a Flagelação, a Coroação de Espinhos, A Via Sacra e a Colocação na Cruz. Essas obras-primas da escultura colonial brasileira constituíram, juntamente com os doze Profetas, a última produção artística de envergadura do famoso artista mineiro do século XVII 1. Apresentamos nesta página a lguns "Passos da Paixão" comentados por Germain Bazin (' ).

JESUS ORA NO HORTO DAS OLIVEIRAS

A

"Pai. se é ptssível. afoste·se de m.im este cálice~

todavia. faça-se a vossa vontade e não a minha"

(Mt. 26. 39).

No Mon1e das Oliveiras. o suor de sangue fez brotar da 1esta e da raiz dos cabelos filc lc-s sangre ntos que caem até os ombros. f:. bo, ca entreaberta exprime a ang,,stia. enquan10 o olhar está como que iluminado ante a aparição do Anjo. JESUS É ENTREGUE AOS (MPIOS ··Voltando-se aos príncipes dos sacerdotes.

impressão que predom ina nesse conjunto de imagens de Cristo é a inocência da San ta Vítima que, no sofrimento, permanece estranha ao de· sencadeamento do mal que a acabrunha. Todo esse SO· frimento é. vivido em ato, não ao nível dos sent idos, mas no fundo da alma. Nern por um instante Cristo abandona-se à fraqueza hurnana: nem por um instant e deixa de rezar. A dor sofrida na carne. Ele a oferece em redenção dos pecados dos homens. Ele é, ao mes1no tempo, Sa· cerdote que celebra o Santo Sacrifício, Vítima oferecida ern holocausto e Deus mesmo: Ele é o Cristo! Em momento algum. no entanto. o sofrimen· to ai tera a beleza imortal. O Ale ijad inho recusou-se a ilustrar a palavra de Isa ías, na qual se comprazeram os alemães, seduzidos pelo atroz; "Muitos se espantaram ao verem -No, de tão desfigurado, pois seu aspecto não era mais o de um homem". Em Congonhas, por contraste, o caráter dos inimigos de Cristo realça essa beleza que é deste mundo. Um povo de larvas. de fantoches e de gnomos - o dos homens - a "canalha", como são chamados na distribuição dos papéis das Paixões cantadas - agi· ta-se em torno do Intangível, que, no entanto, não é o lrnpassível, uma vez que, em sua carne e em sua alma, ' Ele vive essa paixão que desejou para a própria felicida- ~ de desses seres ignóbeis, tomados pelo espírito do mal e cuja única desculpa é a de "que não sabem o que fazem". Abjetos, es1es seres não são nem dignos de arte. estando, assim, mergulhados numa espécie de inferno do disforme. O Aleijadinho, muito freqüentemente ali· ás, não se deu ao trabalho de escu lpi -los ele mesmo. De· ve ter estabelecido certos ,nodelos que foram reproduzidos 1nais ou menos desajeitada,nente. Deve-se ao artista a escultura da cabeça do carrasco. curiosamente coberta por urn barrete frígio com o qual se vestiam, ridícu la· rnente. os "sans cul otte" revolucionários Ida Revolução Francesat . Seria uma alusão? Fo i nosso artista também quem esculpiu o personagern do mau ladrão na Coloca· ção na Cruz. E fica a pergunta: por que reservou suas preferências para o ,nau ma is que para o bom (que é u1na figura bem miserável de caboclo subnutrid o)? A escolha revela, sem dúvida, certa intenção: junto à figura do Mártir. cuja alma vai se diluir num transe sublirne, não teria o Aleijadinho desejado ,nostrar, pelo contras· te, o sofrimento em estado bruto. o inútil sofrimento do pecador embrutecido? É notável que nenhum desses gestos, nenhum desses escarros, nenhuma dessas armas brandidas atinjam verdadeiramente o corpo divino que permanece isolado, corno se dele emanasse un1 resplendor, afastando o i1npuro, no meio dessa mui tidão que se excluiu d o seu Reino. O que há de comum entre esses monstros, feios como pecados. que já nem ma is a figura de homens possuem, e esse Ser real, o Rei da Glória? Causa estupefação a verdade teológica dessas imagens de Cristo. que revelam uma meditação pro funda sobre o drama da Paixão, àpo,ada não somente na leitura do texto do· Evangelho. mas também no texto mais patético de Isaías".

30S

magistq,dos do templo e aos anciãos que tinltam vindo conlra ele, disse-lhes: "Como se viésseis con tra um l:ldrão. ~mi'sres :1rm:1dos de espadas e

bastões. Enl retanto,eu eslava todos os dias convosco no templo, e mio estendestes as mãos contra mim; mas esta é a vOSS.'l hora e a dopo·

der das trevas" (Lc. 22. S2-S3).

Na Prisão, Cristo. com olhar dista111e, parece entregar-se a uma espécie de fa1alidade: não é preciso que as prolccias se cumpram? Nada mais fará parar o ..jogo da Paixão". Esta elegante figura, surda i,s vociferações destes brutos, evoca os Cristas das cenas das Prisões bizanlinas. que, do alio de sua grandeza. dominavam o reboliço de uma humanidade vil. O ros10. de olhos ligeiramente amendoados. é o mais belo dos sete. Resplandece acima dos homens numa harmonia plalônica, como se Cristo quisesse, uma úllima vez. antes dos ultrajes e escarros, mostrar ao mundo essa figura de perfeição que nunca mais habitará a terra.

JESUS É PREGADO A CRUZ .. E ai o crucific:_mun com dois ladrões, um ,J direita, outro à esquerda .. (Lc. 23. 33). "Cum-

priu-se assim a Escritura que diz: .. Ele foi contado entre os malfeitores .. (Me. 1S, 28).

E ei-lo chegado ao fim: a Colocação na Cruz. O Aleijadinho combinou, ao mesmo 1empo, a colocação na Cruz e o momento da agonia. Se o ros10 do Ca rregamento da Cruz é o mais su blime, es1e é o mais patélico: Crislo. já possuído pela angústia da morte. lança um úl1imo apelo parn o céu. É o grito .. Eli, Eli lamma sabacthani.. listo é. "Meu Deus. meu Deus. por que me abando· rtaste?.. (MI. 27. 46)1 que o Aleijadinho faz exalar dos lábios de Jesus, por antecipação, quando é pregado na Cruz: o último sobressalto da nawrcza humana no momen10 da morie de um Deus.

GERMAIN BAZI N

JESUS É ULTRAJADO E COROADO DE ESPINHOS "Davam-lhe na cabeça com uma vara, cuspiam nele e punham-se de joelhos como para homenageá-lo .. (Me. 1S, 19)... E diziam: ..Salve. rei dos judeus!·· (Jo. 19, 3). Mas eis o ser violentado cm sua impo1ência: o sangue corre e. de repente, o sofrimenlo emerge ao nivel dos sen1idos. Deus re.vela-se homem nessa queixa que a boca exala e nesses olhos per111rbados de Jesus coroado de espinhos. .

( ') Germain Bazin, conservador do Museu do Lou· vre em Paris. veio ao Brasil, onde pesquisou a vida

e obra do Aleijadinho. Publicou o livro "Aleijadi· nho" (Ed. Le Temps, Paris, 1963), do qual extraí· mos os comentários acima. As citações dos Santos Evangelhos foram inseridas pela redação. A Distribuidora Record de Serviços de Imprensa S. A. (Rio de Janeiro) traduziu em 1971 aquela substanciosa obra para a português.

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Atragédia dos católicos ucranianos NOVA YORK (Especial para CATOLICISMO} - Está repercutindo intensamente nos círculos católicos norte-americanos um estudo que acaba de ser publicado em Nova York sobre as sangrentas perseguições comunistas aos católicos uniatas ucranianos. O estudo, baseado em mais de 70 documentos publicados no mundo livre e na Rússia, analisa também a política corrente no Vaticano de amistoso diálogo com os perseguidores comunistas russos e de silêncio e omissão em relação aos católicos perseguidos. "Ouro. · luto e Sangue - Ucránil,, uma lragêdia sem fronteiras" é o t/tulo do trabalho, preparado por uma equipe da TFP norte-americana e publicado na revista da entidade: Cn,zade for a Chri.rtia11 Civilization. Em apenas duas semanas, esgotouse em vendas avulsas a edição de 5 mi.1 exemplares da revista, devido, especialmente, ao grande interesse da numerosa colônia ucraniana nos Estados Unidos. Enquanto se prepara uma segunda tiragem, por iniciativa de um Sacerdote está sendo cuidada uma edição do tral>alho em língua ucraniana. Diversas paróquias de refugiados ucranianos e uma diocese encomendaram grandes quantidades da revista para serem distribuídos entre os fiéis.

Abaixo-assinado a Paulo VI Vivamente impressionados com as revelações do estudo da TFP a respeito da política ucraniana do Vaticano, um grupo de católicos uniatas de Nova York, ligados à organização "Society for the Defenseof Nations Under Comm1111ism" (Sociedade para a Defesa das Nações sol> o jugo do Comunismo), decidiu lançar respeitoso abaixo-assinado a Paulo Vl, expondo suas perplexidades e ped indo esclarecimentos sobre a Ostpolitik em relação à Ucrânia. A entidade promotora da petição congrega ucranianos e representantes de outros povos subjugados pelo comurúsrno. Seus dirigentes estão enviando o texto do abaixo-assinado para as cidades nor1e-an1ericanas onde se concentram os maiores núcleos de católicos ucranianos. Iniciativa similar foi tomada 110 Canadã, por um grupo de católicos ucranianos de Toronto. lnfom1ado de ambas iniciat ivas - a publicação do estudo e o abaixo-assinado a Paulo VI - o Cardeal Joseph Slipyj enviou, de Roma, carta à revista da TFP norte-americana, em que afirma: "/:,'stc trabalho valioso contribuirá ricamente para·os católicos americanus

e. também de outras 1u,cionalidades, co11hecere111 11ossa causa e 11ossa luta (...1. Que Deus abençoe vosso trabalho de alto co11teúdo ideológico para noss,, igreja e nossa Nação e que ele obtenha os melhores sucessos. Que a benção de Deus desça sobre vós! " f importante notar que o bem documentado estudo da TFP norte-americana, após passar em revista os mais importantes episódios da "Ostpo/itik ·· vaticana em relação à Ucrânia, faz um apelo à resistência a essa política, nos mesmos termos e com a mesma sólida base teológica da declaração lançada

pela TFP brasileira em abril de 1974, com o título de ''A Política de Diste,1são do Vaticano co111 os go,•er11os comunistas - Para a TFP: omitir-se 011 resistir? " (Catolicismo n9 280, abril de 1974). O estudo da TFP norte-americana conclui textualmente: "Tendo em vista o clamoroso silêncio de Roma e a gravid{lde da situação dos católicos 11cranio11os, ape/{lmos á opinião p1iblica católia, do Ocidente para que len1nte sua ,,oz em protesto pelo que estti sucede11do na Ucrânia. As autoridades eclesiásticas e os déspotas comunistas são extrenzame,ue se11sh1eis às manifesta-

Em setembro de 1968

o ca,deal Slipyj em recebido pelo Pro!. Plinio Corrêa <.1e Oliveira na sedo do Col\sclho Nacional da TFP em Siio Paulo.

ções firmes dll opini1io pública ocidental. Da atitude que tomar essa opiniiio pública, <iependero o curso futuro <los aco,uecimentos. e:. portanto. a ampliação 011 a redução das grandes injustiças

que estão sendo praticadas na Ucronia:· Para melhor informação de nossos leitores. reproduzimos abaixo, cm primeira mão no Brasil, as pergunlas dirigidas a Paulo VI.

Perguntas dos católicos ucranian.o s a.Paulo VI "Os abaixo-assinados, fiéis preocupados com nossos innãos perseguidos da Igreja do Silêncio, dirigimo-nos reverentemente a Vossa Santidade, para expor nossas perplexidades e ap_iesentar-Vos um filial peOfoo. Somos levados a isso pela fé e acatamento que. como católkos, apostólícos e 19man.os nutrimos amorosamente pelo Papado e a tudo que .a dóutrina católica e11Sina e o direito can.ônico dispõe a esse respeito. A História registra que após a ocupação comunista da Ucrânia Ocidental e o aprisionamento do episcopado ucraniano, um falso s_!nodo reuniu-se em 1946 sob o l>afejo de Stalín, para "abolir" a união dos catóJicos ucranianos com a Igreja CatóHca. Em seguida, a fgreja Unia.ta Ucraniana (oi "incorporada" pela força da poHcia comunista ao "patriarcado'' de Moscou. Nessa, ocasião, milhares de fiéis derramaram seu sangue pela união com Roma. 'A· mais numerosa Igreja de rito católico oriental passou, assim, a ser ilegal e a ter que viver nas cataeuml>as1 sob constante perseguição. A Santa Sé protestou contra estes fa. tos e SJJa Santidade o Papa Pio XII l3J1$0u duas enérgicas Encíclicas a respeito. lnfelizmen(e, porém, a História também registra uma estranha i,iodificação na posição de Roma com relação aos eató)icós ucranianos. No

qentro da Cristandade, fez•se um profundo silêncio e nada mais foi feito para ajudá,lós. Ao mesmo tempo, foi iniciado um amistoso diálogo com os perseguidores. Apôs anos de • silêncio e de diálogo, a perseguição conJinua tão atroz como antes. E então, sol>re a Igreja do •SilênciQ, baixou o silêncio da Igreja.

...

( ]

Qual o p,ai que não acode seus fi. lhos em perigó? Qual o pastor que não ,socorre as ovelhas atacadas pelo lobo? Por que, perguntamo-nos fi. lial, mas angustiadamente, Vosso siltncio de tantos anos sob~e essa grave questão? l'or que Filarei, chefe da Igreja de Moscou oa Ucrânia, que em 1,968 iniciou nova ofensiva cOnt ra os calólicos un,iatas, reclamando uma repressão coJnunisf/1 "mais e(etiva" e g,ue presidiu em 1971 às celebrações da "abolição" da Igreja Católica Ucraniana, foi recebido com hoJlras oficiais pelo Vaticano? Não menos angustiadamente perguntamo-nos por que Dom Velichkovsky, Bispo católico das calaeumbas, descoberto por ação conjunta do mencionado Filaret e da KGB, não foi recebido como Bisi><l pelo Vatjcano? ,ratava-se de não reconhecer a existência da Igreja catacumba! na Ucrânia para não desagradar aos comunist,as? O prelado russo de Leningrado, Nikodin, homem de confiança do C:remlin, protestou contra a consa-

gração da catedral ucraniana de Santa Sofia, em Roma, declarando que o ato, presidido pelo Cardeal Sli11yj. era coi1tra o diálogo ecú111ênico, e pediu a clin1u1aç-00 da Jgreja Católica Ucraniana, também 110 Ocidente. Por <i,ue Nikodin {oi recebido Ião calorosamente no Vaticano perrnitindo-se-lhe presidir a uma cerimônia Litúrgica cismática no próprio túmulo de São Pedro? Em 1971 , Pimen foi entronizado coino Patriarca de Moscou. Em seu sermão, proclamou em tom de vilória a rotai destruição da lgr;eja Católica llcraniana e seu "triunfal retorno à igreja ortodoxa russa·: Por que o Cardeal Willebrands, que representava o Vaticano, não protestou nem no ato, nen1 posteriormente? Num assunto tão grave como este, cala.r é consentir. Por que a negativa da instituição do Patriarcado Ucraniano, o mais numeroso rito oriental católico? Por que adotar deste modo um procedil_Jlento que corresponde aos desejos comunistas? O l'e. Mailleux , S.J., da Congreção Vaticana p.1ra os Ritos O,rientais e 'Reitor do Pontifício Colégio Russo, afirmou que os católicos ucranianos, "11ão podem esperar, Que a So11/a Sé se arrisque ao embaraço de levantar o problema da existência da Igreja Católico Ucro11ia11a 11a União S01•iético. quando hti possibilidade de mantermos 11111 diólogo com o tgreja ortodoxa ruSSd". Por

.

<J,Ue ficou sem desmentido essa gravíssima afirmação à qual os cargos ocupados pelo Pe. Maillem, S.J,, êonfer:em ares de oficiosa? Nossas perpJexidades podem ser reswnidas na seguinte questão: há anos, tudo se passa como se o Vaticano aceitasse tacitamente, mas de bom grado, a sangrenta persei;ujçiio ~ue o eremlin e seµs agentes do "patriarcado'" de Moscou moveram e continuam a mover contra a lgr:eja C:ttólica Ocrauiana"Se conf_irmado. este senl um dos maiores esc:àndalos da História da lgr:eja. Por que se permite que os fatos se sucçdam uns ,aos outros, sem excCS$ãO de absolutamente nenhum, de maneira a favorecer essa lúgubre hipótese? T3)1to mais C\ue esse sacrifício inqualificã~l se realizaria no altar dós compromissos assumidos com os comunistas. Seria como um Pastor, C\ue para manter relações amistosas com o lobo, pennitisse que estecdevorasse suas ovelh,as.

(...J

E~postas nossas ang<,stias e perplexidailes, fazemo-Vos um fi.lial pedido. Esclarecei ante a Igreja e o Mundo, qual é a posição de Roma diant~ da situação terrível da fgreja Cat<,lica Ucraniana. Como católicos, não pQ<l~ríamos deixar de apelar a Vó$ e não !)Oderíamos co11tinuar silenciosos. Por isso, Vos dirigimos essa súplica, confiando obter a caridade de uma p,alavra esclarecedora (... J. .

ATUALIDADES de aqu~m e além cortina de ferro • QUEM DISSER que Brejnev não pem1ite que os soviéticos v~item o

Ocidente estará enganado. O diretor do FBI, Clarence Kelley, infonnou em Washington que a presença de elementos da KGB - a terrível polícia poHtica russa - naquela capital cresceu de 806 para 1955 em um ano (1975-76). Os agentes soviéticos entraram legalmente nos Estados Unidos, ostentando o título de "conselheiros". Há "conseU.eiros" técnicos, econômicos. políticos e militares. Ma.quete da nova embaix3dl:t russa em Was· hington, Para abrigar 1955 agente$ da KGB é necessário mui to espaço...

Intercâmbio de pessoas... Mais uma conquista da détente. Para abrigar tantos ''conselheiros", os dirigentes do Cremlin mandaram construir novo prédio para sua embaixada em Washington. •

• •

• NUM MUNDO em que o desenvolvimento se mede pelo número de automóveis, a Rússia é sem dúvida subdesenvolvida. Esta conclusão se deduz das declarações de. Mr. Johann Adler, eonsul-geral da Africa do Sul nos Estados Unidos. Segundo Ad ler, somente a população negra de seu país (20 milhões) possui mais automóveis do que todos os súd itos do regime moscovita (250 milhões). •

• A ÚLTIMA FEIRA do livro de Frankfurt, na Alemanha Ocidental, resultou em fracasso para a esquerda. Livros com surradas teses marxistas e anarquistas foram os menos vend idos. •

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• EMBORA O GOVERNO da Guiana afirme que continuará prole-

gendo a li berdade religiosa, confiscou três colégios e 55 escolas primárias mantidas por instituições católicas naquele país. Segundo o primeiro-ministro socialista Forbes Burilam, "o liberdade de servir-se do sistema <'flucati,,o para fazer prosélitos desaparecerá". E ainda mais. Proibiu o ensino religioso nos estabelecimentos de ensino de todos os n /veis. •

• NÃO I> Só o comunismo guianense. de sabor selvagem, que investe

contra a cultura. Na Itália. o eurocomunismo fechou 268 colégios particulares, regidos na maioria por Padres e Freiras. Os comunistas - que dominam grande número de administrações regionais italianas - desafivelaram sua máscara sorridente e fecharam também centenas de jardins da infância. •

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• AINDA AS ESCOLAS. Na Rodésia, cerrou as portas um esiabelecimento com 400 alunas nativas. como lambém um hospilal de 100 leitos. Mas o motivo é diverso da Guiana e da Itália. Sete dos oito missionários brancos (três Jesuilas e quatro Freiras dominicanas) que cuidavam daquelas institui-

çõcs foram assassinados por guerrilheiros do movimento de "libertação'' da Rodésia. Segundo o sobrevivente da cliacina, Pe. Duston Myrscough, S.J., a única explicação dos terroristas foi: "Queremos nosso pais", O mais incrível é que os missionários católicos e protestantes da Rodésia, em geral, fazem frente comum com a subversão guerriU.eira que deseja derrubar o governo de lan Smilh e implantar o marxismo no país. Em outro a1aque, os "l ibertadores" mataram o Bispo de 13ulawayo e dois religiosos. Nenhum dos organismos internacionais de caráter político. cuhural ou mesmo qualificado como humanitário protestou contra essas chacinas.

.. .

• CADA UM EXPORTA o que tem. A outra Alemanha, a dominada pelos comunistas, exportou o "muro da vergonha" para Portugal. Invadindo terrenos de domínio público, a embaixada da assim chamada República Oemocrát ica Alemã cm Lisboa mandou const ruir um muro em torno de suas

instalações. Não se sabe se a muraJJ,a foi er• guida para evitar depredações por parte

O Presidente 03 vizinha Guiana conf raterniia

com Castro

do povo português ou se foi edificada para evitar fugas de diplomaras germânicos saturados com seu próprio governo.

..

'

• A RÚSSIA TRAÇOU um superplano para a construção de uma fábrica de caminhões. mas não conseguiu levá-lo adiante. Até aqui, nenhuma novidade. O fato novo é que nos últimos anos os soviéticos vêm apelando para os técnicos ocidentais. Desta vez quem socorreu os comunistas foi a Re1u,u/t . que arcou com o planejarnen to e a conslrução do complexo industrial . . Mais uma vez: Rússia menos Ocidente, igual a zero ...

J. S. G.


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~

N9 317 -

maio de 1977 -

ano X.XVII

Oíretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

A TFP dos EU~ e ,1

os ·direitos humanos de Carter

Infiltração comunista na Igreja Em 1968, a TF P coletou 1.600.368 assinaturas para uma mensagem que pedia a Paulo VI med idas co ntra a infiltração comunista nos meios católicos (foto). O maior abaixo-assin ado de nossa Histórià conti-

nua sem resposta. Agora, um Arcebispo exibe à imprensa documentos q ue comprovam a in· fi ltração marx ista no Episcopa· do. O Vaticano relegará essa denúncia ao mesmo descaso co m que de ixou cair no silên-

e

cio a mensagem da ma ior nação cató Iica da terra, em 1968? Essa é uma das questões abordadas pelo Prof. Pl in io Corrêa de Ol iveira, em entrevista e artigo para a imprensa nacio nal. (Pági na 2).

-o:1·u,,, ... :1 s.s r(,,.'.. . lJu,.

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fp Podrr O Povo bras1ic ro re,r•ilc e 1

11i--cl~·1cul suh~vo J ~ ;.-.e,!1 aqui

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13 DE AGOSTO de 1961 Soldados da Alemanha comunista colocam as últ imas lajes de concreto no "muro da vergonha", que até hoje divide Berl im (foto). O drama de Berlim repete-se na Europa, d ividida pela "cortina de ferro". China, Cuba, Vietnã e ·outros pa íses comunistas são igualmente palco das mais flagrantes e brutais violações dos direitos mais elementares. Mas, para a Rússia, isso não satisfaz. Ela empreende a guerra psicológ ica revolucionária nos quat ro cantos do mundo, ameaçando também a América do Sul. Era de se esperar que o Presidente Carter e sua equipe, ao basear sua política na questão dos d ireitos humanos, voltassem os o lhos primordialmente para a tiran ia praticada nos países comunistas. Porém, tal não sucedeu. Em vez de pressiona r os regimes marxistas - vio ladores de todos os direitos humanos - a conduta da Casa Branca criou desnecessariamente sérios atritos e dificuldades com os principais aliados dos Estados Unidos na América Latina, entre os quais o Brasil. Essa afirmação é feita pela American Society for the De-

fense of Tradition, Family and Property (TFP), em importante documento apresentado em Wa-

shingto n aos membros do Congresso, ao Departamento de Esta· do e a influentes personalidades. 1ntitulado Direitos humanos na América Latina - O utopismo democrático de Carter favorece a expansão comunista, o documen· to da TFP norte-americana observa: "E curiosa a conceituação da administração Carter sobre os direitos humanos. Ela se outorgou o direito de definir, dogmaticamente, e com validade absoluta para todos os povos, grande número de pontos controvertidos, como se fosse uma espécie de Vaticano infalível, determinando a natureza das liberdades civis que todas as nações têm que aceitar". Sustenta ainda o documento que Washington desencadeia sobre aliados latino-americanos uma série de pressões, sanções e ameaças. Enquanto isso, entabola negociações amistosas com inimi· gos declarados como Cuba e o Vietnã. Não só pelo interesse que apresenta em relação ao nosso futuro, como pela inteligência e descortino com que fo i redigido, o documento da TFP norte-americana merece ser ponderado por todos os brasileiros. Distribuído às principais agências noticiosas internacionais, um resumo do documento foi publicado em grandes órgãos da imprensa das Américas. (Página 4).


P

OR MOTIVOS que adiante exporei. abstive-me até agora de qualquer pronundamcnto sobre as impressionantes acusações leva ntadas por D. Geraldo de Proença Sigaud. Arcebispo de Diamantina. contra D. Pedro CasaldMiga, Bispo de São Félix do Araguaia. e D. Tomás Balduíno. Bispo de Goiás Velho. Igualmente não me manifestei sobre o oportuno pronunciamento de D. José Pedro Costa. Arcebispo Administrador Apostólico de Ubcraba. acerca da infiltração comunista na Igreja. Transcorreu. entretanto. o tempo de silencio que a mim mesmo me prescrevera. Fa lo, pois. E com a habitual franqueza.

para que sobre o pronunciamento de D. José Pedro Costa saia o esperado e ind ispensável pronunciamento da CNBB. Toda a atmosfera emanada do organismo episcopal a propósito da valen te atitude de D. Sigaud foz sentir uma surpresa que toca ús raias do desconcerto. «Como. então há Bispos comuniscas? E como um Bispo o usa dizer isto de dois colegas'!» - é o que me parece sentir cm iodas as d cela rações da CN 8 B. Confesso que. cm todo o episódio. o que repuco mais desconcertante é precisamente ... esse desconcerto. Co mo podia a CNBB ignorar que ~ há uma séria e perigosa infiltração ; comunista não só no laicato católico O. Geraldo Sigaud como ainda no Clero'? Scrf, possível que a CNBB ignore ou tenha esq ueci-

do a mensagem cnviad,1 pcl.i T FP a

JIUll('ÜJJHt/ll()S

Episcopado para que colaborassem com o regime vc l' mclho. aind,, mesmo se este se arvorasse cm perseguidor da lgrej:i'! Publiquei. entretanto esse documento no meu livro A /,:rej a ante a e.~('a/ad(I da //JJW(Jf" n111111nis1a ( pp. 87 95). Vai parn 46 mil o número de brasi leiros que o posS,ucm e leram o alarnH:1n1c

documento da Regional S ul 11. . Por que, en 1iio. a CNBB se <lc))conccrta <1 !ai ponto quando D. S iga ud diz que os Bispos D. Casaldi1li ga e D. Tom.is Balduino s,io comunistas'!

O. José Pedro Costa

(!S(/U(>J'disu,s (1 frt(ll1(J•

Paulo Vi - ao e nsejo de s ua viagem dos de meios l'tlló/icos: d<• outro lado. a Medellin.em 1968 - tornando-lhe . pelo c1trdu r l!Slréfiito.to e de,nagógipresente o seu «brado de 1111gústia [... J co dt' q11e esses pro111111cian1e111os se do mais fundo do a/1110. ao ver que o reves1e,,,. ,, por jin, pela cobertura perigo co111u1iis10 vai crescendo St 11sado11álisra que ponderável parle graças à agi1ação co,uíniia de 1.u no da' i111pre11sa lhes ,lâ» (cír. Caro licisminoria de ecles·idsth·us e de lt:igu:m. 1110. Campos . n• 212-2 14, ago/ out. que incensa certos Bispos com o 68)? Essa mensagem .- como já 1

A respeito da posição doutrinária do Sr. Bispo D. Pedro Casaldá liga, o que c u teria que dizer está dito de sobejo no meu recente estudo A

lg,·eja ante <1 escalada da ameara co,nunisu,. Fui o primeiro a dar divulgaçãocm nosso País às rimas do irrequieto Prelado. Já entrou cm 3• edição a obra. perfazendo 46 mil o número de exemplares dela . postos à venda em todo o Brasil. E - diga-se de passagem - de nenhum recanto do território nacional me chegou uma defesa da posição doutri nária do Prelado. A propósito. recebi

apenas a lgumas raríssimas e exacer· badas interjeições, sem forma nem figura de argumentação. Dada tão larga divulgação. não me cabe estender-me aqui. mais uma vez. sobre tudo isso. Quanto a D. Tomás Balduino. por enquanto não sei muito mais do que também afirmo no meu livro (p. 30). Resta-me dizer algo sobre o gesto do Sr. Arcebispo D. Sigaud. Convivi com ele longos anos. em tempos que ainda não vão tão longe. E tive ocasião de lhe apreciar de peno a inteligência e a cultura. Isto é o bastante para aquilatar quanto ele terá posto de força concludente, quer na seleção dos documentos que apresentou à Nunciatura Apostólica. quer na argumentação em que se terá csteado. Do gesto de D. Sigaud só tenho a dizer que nele vejo continuação harmônica de outros gestos de nobre e altaneiro destemor que já o vi tomar. Pena é que cm São Paulo quase não tenha tido divulgação. por enquanto. o texto lúcido e inteligentemente matizado. preciso e episcopa lmcnte corajoso do Sr. Arcebispo Coadjutor de Uberaba. Qualquer ~ brasileiro que acompanhe com o lhar i e coração católicos a tragédia da -1Igreja contemporânea no Brasil só _. pode sen1ir ad miração e reconheci ; mento pela intervenção franca e -~ oportuna de S. Excia . V.

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. ;,;

. Isto dito,

vamos a outro aspecto .~ do tema. Não o evito. Ê a CNBB. ir Não houve ainda tempo. a té esta Í= quarta-feira cm que escrevo ( 13-4).

1

plano maquiavélico de formar com eles «11111 politburo o dirixir ditau,riabnente roda a lgrej11 110 Brasil>•? A mensagem da TFP acrescentava. ainda, c1uc a jogada esquerd ista visava canalizar ((0 inupre'c itivt:I

d11 lireja a ,1111a exrensa agitaçãa com,mista. 11 <1ual d errube o governo. dissolva 11s Forças Arnwdas ( ... ] para redu?.ir ao silêncio pelo terror. uu exp11/s11r do País, o.\· apoio

dr:sco111enres» e desfechar. â maneira do ocorrido cm Cuba. no confisco dos imóveis rurais e urbanos. bcrh como das empresas industriais e comerciais. Desta mensagem. largamente d ifundida pela imprensa. terse-á esquecido a CNBB'! Será que a CN BB esq ueceu ig ualmente que numa campan ha de 58 dias. os cooperadores da TFP disseminados pelos mais variados poncos do território nacional obtiveram para essa mensagem a Paulo VI 1.600.368 assinatu ras (O maior abaixo-assinado de nossa História). en1rc a s quais se destacam as de q uin ze Arcebispos e Bispos. c inco ministros de Estado, dois governadores estaduais. dois marechais de exército. dois marechais-do-ar. ci nc-0 almirantes, oito generais. dois senadores, dois vice-governadores. doze secretários estaduais. numerosos magistrados. professores universit{1rios, deputados federais e estaduais. prefeitos e vereadores·/ Como exp licar. ainda. que a CN BB tenha esquecido que nesse ,1no de 1968. dezenove A,·ccbispos e Bispos - entre o mesmo D. Gera ld o de Proença S iga ud e o inclito Bispo de Campos. D. Antonio de Castro Mayer 1enham enviado uma mensagem ao falecido Presidente Costa e Silva. da quai destaco o seguinte trecho: - e<Pru111111éit1n1e11ros fJr(Jl 't'·

dentes de eclesiâsticos e leigos [ ... ) causan, o impressão de que tis fl'1ulh1âas esquerdis1as ,, subvt rsivas 1

[ ...) ('iJIIS(illl('ltJ IU}l{J Opiniãu 1:e,u1 -

ralizada e11tre Bispo.•. Sacerdotes e leigos. Essa impressão é causada em parte pela 11111/tiplicidad<' dos proD. Pedro Caseldáliga

antcriorrnen1c a da TFP foi entretanto largamente difundida nos principais órgãos de imprensa do Pa is. Falei de D. Antonio de Castro Mnycr. Mencione i assim aque le Prelado de inteligência e cultura privilegiadas e de atuação pública fulgurantemente destemida. que vai ga nhando entre os anticomunistas do mundo inteiro o renome de Ata násio do século XX. Em 1972.

E concluo. Uma explicação. ape-

publicou ele a Cart" Pastoral sobre Cursilhos d<• Crisl(J1ulad,•. na qual denunciou documcnwdamcntc (pp. 77a IOl)gravcssintomasdei nfillração comu nisln nessa organiz<LÇào laical. entretanto aprovada e vigorosamente baícjada pela CN BB. Da obra fonun vendidos. só no 13rasil, 92.600 exemplares. Seu impac 10 foi tão grande. a té n~1s próprias fileiras c u rsilhistas. que estas. de ílorcsccnccs q ue eram. murcharam e minguaram até a s ituação cm que presentemente se c nconcrnm . Ser,, que a CN BB

esqueceu o u ignora tudo isso·! Será que. por lirn. a CNBB não sabe do triste documento da Regional Su l li (órgão episcopal paranacnsc). o qual. prevendo c m 1976 a vitória do comunismo no Brasi l. baixou um apelo aos irmãos no

nas. Será rápida. Ei-la. O. Sigaud. ao abordar em várias ocasiões o tema D. Casald,i liga-D. Balduíno. omitiu qualquer rcfcri:ncia ú min ha publicação sobre o assunto. Ponho de l;1do a idéia de q ue nisto tcnlw entrado uma mesquinharia q ue cm tantos anos de convívio não lhe conheci. Há de ter tido outras n11.ões. Respeitando-as.' não quis intervir no as· sunto até o extremo limite em que me~ silêncio fosse ficando inexplic.ivcl aos olhos de nem sei quantos amigos que ff1 C distinguem com s ua confiança por esse Brasil a fora. Assim premido. e só depois de muito premid o. acabei por falar. E como poderia c u recusar a gentileza deste pronunciamc1110 aos que te m lall!OS títulos para O receber de mim'!

TFP condena silêncio e descaso da Santa Sé Em cnlrc,·ista ao Jvnwl do /Jra.,il (8-5-1977), o Prof. Plínio Corrêa de Oll\·eira, Presidente do Conselho Nacional da TFP. após a 1>11blicaç1io do documento de D. S igaud enviado ao Sr. Núncio Aposlólico, rei as seguintes dech,raçõcs. antecedidas pelo tilulo acima. que transcrevemos do matutino carioca: SÃO PAULO - «Em /968 enviou a TFP 11 Pt,ulo VI 1111w 111e11sage111 com I 111illuio 600 mil 368 assinalur".-;· o 111aior aht1ixoassi11ado de nos.w1 His1ól'ia. pedindo medidas <'Ontra a infiltração comu11isu1 e,n ,n,,ios eclesióstitus. Entre os signauirios do docu,n'ento se desta,·a va111 /5 Arcebispos e Bi.tpos, citu·o 1ni11i.,·tros de Esuulo. dois go\'('rnadores e.~raduais, dois ,narechais de exérâro. dois nwrechais-do-or. cinco altnirantes. oito gen,·rnis. dois se11adon1s. dois vice-gvver11adon)s, 12 secreuirios es1aduai.'i. 111111u r1,sos 11,agi.ttradus, professores universitários. deputadas federais e estadutJis. prefeiros e vereadores». afirmou o 1

presidente da TF~ - Trad ição. Fami lia e Propriedade - Prof. P línio Corrêa de Oliveira.

«A petição:ficou absolu1a111ente se,n resJ><Jstas. Escoara,n-se IIOVl' anos. E agora 11s 11cu'sarões in1pres· sia11a,11es do Arcebispo de Dia111<1111i1w aos Bispo., D. P. Casaltlálig11 e D. 'Tonuis Balduíno fazen, ,-'('r ao povo hrnsileiro até vnde pode1n chegar as cu isas nesta er<r de «au todcmolição da Igreja». toda Ela penetrada d11 «fumaça de Satanás)). A .s (•xpressôl•s que uso são d<• Pt11do Vh> - acrescentou Afirmou o P rof. Plínio Corrêa de Oliveira que «se em 1968 a

,2

\

.....

O Prof. Plinio Corrêo do Oliveira (centro) no ViBdu10 do Chfl cm Sõo Paulo, dá ins· truções a dirigentes da TFP durante a campanha contra a infiltração comunista nos meios católicos. om 1968,

111ensa~<'J1I dos / 111illuio 600 mil 368 hrasi/(>iro.,· tiw.:'.,·.i:e sido ohj,1 to da (lfençt1o do Va1ica110. não 1l!rio111os chetndo hoje t1 ,,sta situação ex1rt11no. Diante das a<·11sações de !). Geraldo Sii;111ul àqueles dois Bispos. p('rg1111to-11,e se a tilit1ulR tia Santn Sé t1i11da S<)rti a do 1/1/'SJJIO d('S('(ISO de /968. e S<' ainda desta vt z a resposf(I diante da eviclénda do problf!1na s, rtÍ ,, inação e o silêncio)>. <(Sua b111n conh<•cida finura diplomdtica.forlÍ st 11tir porfi111 au Vatict1110 - (!spt)ro - que as coisas não poderão co11ti11uar a correr assi111 '"' paú de ,naivr população 1·at1ílita da ,e,-ra. De qualqu<•r forma. o An·ebispo de Di(Jlnantina t<1rá prestado '"'StC' lance u,n assinalado serviro ti Igrej a e ao Brasil. E esrou cert<> d,• 1

1

1

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o povo /Jrasil<•iru acolht•rd

"ºm vivu i11tere.rse <' sitnp111ia a doci1111e11111('tio irrejiudv,,J que ele apresento en, xeu n ,/111ô rio ii Nuncit1tura Apostólictm. Acrescentou o presidente da TFP: «E111 JJl(' U r('('('JI/(' l!SllldO A Igreja ante a escalada da ameaça comunista. rrucei o quadro histd·

,-i(-u e a visto panorf11ni"a da ;,~filtra{'ào çon1wu'stt1 ,w Igreja c·ntr<· 11,;,,. A two/1,ida c.,ui .,(•1ulo a melhor possfrel: f)<'rto <Í<' 46 mil e.ré111plares ,•scotulos em 110\ll' ,neses. Pvr aise pude 1er 11111a idéia da rt'ceptivitMdt• que há pt1N1 o 1na11frio en, nosso público <.hisn111cer11ulo t' apreen,·h·u. E <.la O<'CJlhi-

da qut' te,·â o imporu1111e esu,do de D. Sis:aud. qu(' contént as cif(u/a.,· acu.,·llções, divulJ,t.adu <11r<11•és do Jornal do Brasil».


Fátima, 1917- 1977: sessenta anos! 1rmã Lúcia. 19()7. 1977: setenta anos! Essas duas datas. <1uc coincidem no prescn1c ano. iilduzcm-nos a tentar uma a\'aliaç.:1o do que íoi até agora e do c1uc poderá ser num fu turopróximoa his!ória.dc F:ítima. ,~slumbr.1da d<.'Slc portal h1st6nco de 1977. J\ primeira pcrgunrn naturalmente é: o que rc1>rcscntou pam a Igreja e para ú mundo a divulgaÇ<i.O dr,s aparições e da mcns.igcm de Fêítima'!

A prédica de Fãtima deveria ter sido fundamentalmente anticomunista Como é sabido - confusamcmc arquisabido. talvci ! - o csscncialissimo da mensagem que Nossa Senhora transmi-

tiu aos homcn.scm Fátima. cm 1917.cra que se a humanidade não se convertesse. abandonando as vias do pecado cm que se encontrava, viria sobre o mundo um espantoso castigo. e que o instrumento desse castigo seria o comunismo. Não se pode cli1.cr que a mensagem de Fátima não tenha sido. de a lgum modo. anunciada ao mundo lodo. principal~ mcn,c aos povo s católicos. O enorme caudal de livros publicados nos mais diversos idiomas. ;;ilguns deles com ,iragcns enormes . os pe riódicos, r{1dios e TVs que noticiaram copiosamente os principais c vcn1os relacio nados com as aparições da Cova d~, Iria: wdo isso c onstituiu uma clivulg;1çào tal vez sem paralelo . que fez de Fãtima urn d os acontccimen1os mais conhecidos. hoje cm dia, no mundo inteiro. A par d isso - e talvez mais d o que I udo isso - c.abe dar espec ial relevo ao papel desempenhado pelas quatro imagens

Senhora de f':iti ma, embora largamcmc espalhada. não podia preencher o fim para o qual fora planejada. Co mcfcito. o mero bater p~ilmas a Nossa Se nhora de F,ltima - como se batcdcun palmas à Mãe d e Deus sob a invocação de Lourdes ou de Lo rc to o u de Aparecida .. era evidentemente uma coisa mui10 boa. muito descj{1vel e muito respeitável como qu:tlquer fllO de devo ção a Maria Samissima , mas: não tinha aquela relação especial co m n hora histórica presente e com os desígnios de Nossa Senhora rclncionndos co,n a me nsage m de Fátima. Debaixo deste ponlo de vista . a devoção a Nossa Senhora de F;ítima deveria ter sido. em nosi.a época. muiLo mais inculcada do que tantas outras devoções. todas exce lentes. que o Espírito Santo suscitou. a seu tempo. na Igreja. Isto não se fc1.. Desse modo, todo o movimento de piedade desencadeado a partir de Fátima produziu algum bem, não resta dúvida, mas não todo o bem que dai se poderia esperar. Sobretudo manda a obje1ividade que se diga que a meia apontada por Nossa Senho r~ c m Fátima não foi alcançada. e as cond ições por Eb aprcscnrndns pa ra o bviar o ca s1igo não foram p reenchidas.

O conteúdo específico da devoção a Nossa Senhora de Fãtima Os auto res que escre veram sobre F~i1ima ressaltam o foto de que. a o aparec er pe la prime ira ve1.. Nossa Se nhora apresentava-se co m um semblante q uc não ern w zem triste. ,wm a/(,gre. mt,.t Jériô». co,!t ~\r ~k ~ua_vc censura. Essa c xprcss,,o fís1onon11c:1 condizin. perfeirnmcnte com a gravidade

No S&ntuário de Fátimo,. doentes sio confortedo5 pelei Pre5onça Real ,d o Santlssimo S;acra· monto. Quantos terão confortado a Mão de Deus com uma verdado,re omenda do vida?

peregrinas esculpidas sob a orientação da Irmã Lúcia. e que pe rcorreram ti terra toda, nas décadas de 40 e 50. avivando nos homens a noção da mensagem de fà1inm. Cumpria-se assim. desde a época de Pio XII. um desígnio sumamente rcspcit:lvcl da Hierarquia. que objetivava tornar conhecida dos homens a vontade de Nossa Senhora. Já estávamos, porém. cm tempos que prenunciavam as catástrofes e spirituais que o progressismo de nossos dias acarretou e que Paulo VI registrou n3 histórica alocução do dia 29 de junho de 1972. cm que avcn1ou a espantosa hipótese de a fumaç.a de Satanás haver penetrado no recinto sagrado. Em conscq Uência. a prédica de Fátima, que deveria ter sido antes de 1udo e mais nada, uma pregação fundamentalmente anticomunista, que denunciasse os erros e descaminhos da sociedade moderna, erros esses que a arras1ariam. como cast igo. a té o comunismo: essa prédica. que deveria anunciar a devoção ao Imaculado Coração de Maria e o atcndil'ncn t o dos desejos de Nossa Senhora como a solução para a crise sem precedentes cm que o mundo moderno se debate; essa pregação foi algo disso. mas fo i motemente tudo isso, na grandissir'na maioria dos c-a sos. Nessas- condições. a devoção a Nossa

da mensagem que Ela vinha tra1.cr aos homens. Contudo. a partir da terceira aparição - em que comunicou aos videntes o famoso Segredo - Nossa Senhora deixa transparecer cada vez mais n tristeza que lhe vai na alma. E, por fim. n3 Ultima aparição, diz: «É preciso quefo:- ho mensJseementlem, que peçam pt•rdt1o d,..- seus pecodo.f.1). E tomando um aspecto mais triste: <(Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já estd multo ofendido>>. É esse o estado de espírito que devemos adotar para nos ,ornarmos sensíveis ao verdadeiro significado da mensagem de Fá tima, Nossa Senhora quer que participemos da seriedade dela cm face da situação calamitosa cm que o mundo se encontra, Ela deseja que participemos de sua 1ristc1.a pelos pecados do mundo e de sua apreensão pelos castigos que cairão sobre a humanidade. Se nos colocarmos nessa disposição de alma, como prêmio, Ela c uida rá d e nossas necessidades espirituais e materia is. Quando Nossa Senhora desvendava diaruc de Lúcia , francisco e Jacinta pano ramas enormes, anunciando-lhes que o mundo iria passar por tais e tais ca.t3s1rofes. que o comunismo scc.spalharia por toda a terra. que muitas nações iriam desap~trecer, não podemos imagina r que. nessa hora. os videntes estives•

sem prcocu(>ados com os seus .p ro~lcminhas csp1riwais ou materiais. S6 podemos conceber que eles estivessem tomando conhecimento do que a Mãe de Deus dizia e comovendo-se a propósito do que Ela dizia. Os frutos espirituais viriam depois - ou concomi1antemente mas como efeito da participação deles no que Nossa Senhora d izia. E assim ocorreu realmente. Cada um de nós deve proceder da mesma maneira. Se a Mãe de Deus se entristece e chora por causa da situação do mundo. também cu devo comover-me e 1omar a resolução de agir seriamente no sentido de estancar essas lágrimas:. O resto virá por acréscimo. porque a Virgem Santíssima, Mãe de Misericórdia. não descuidará de nossas a lmas e necessidades. mesmo materiais. Mas esse acréscimo estf, condicionado a um atendimento respeitoso e fiel de sua me nsagem. Este é o co,ueúdo específico da devoção a Nossa Senhora de Fátima. o tema próprio e adequado para nossas orações e cogi1ações diante de suas sag radas imagens. principa lmente desta singularissima I magcm Peregrina que nosso País tem a graça e a honra de acolher neste momento, confiada que está ao Exército Azul de Nossa Senhora de Fátima no Brasil.

Nossa Senhora de Fãtima, Nossa Senhora da Contra-Revolução Aprofundemos as considerações que :1cab:tmos de fa ze r. E m Fátima a Mãe do Redentor denunciou os pecados da humanidade que cbnduziriam o mundo ao comunismo. Como é óbvio. deve haver·um nexo e mrc o pecado e o castigo. Que pecados são esses que. e specificamente, levam o mundo ao comunismo? Em seu célebre ensaio Rl!vcluç,io t Comro-Re volução. o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira descreve o processo revoluc ioná rio plu ri -sccular que, com a irrupção da Renascença e do Protestantismo no ocaso da Idade Média, e depois de passar p e la e tapa sangrenta da Revolução Francesa. vai desfechando no C omunismo. Não nos deteremos sequer cm resumir a tese central dessa magnifica e insuperável obra do grande líder católico. carnas vezes citada cm Catolicismo, e que constitui a pedra dcângulodo pcnsamenlO deste jorna l. Nossos leitores a c,o nhecem bem. Em que consiste o processo revolucionário como ele se apresenta hoje, e1n fünbito internacional? Consiste precisamcn1e no avanço comunista cm todas as fre ntes, na propaganda socialista debandada, no dcsbragamcnto das modas imorais (o que, aliás, Nossa Senhora revelou expressamente a Jacinta, nas aparições posteriores a 1917), na crise dentro da Igreja, no assim chamado processo de <<autodemoliçâo)>que aíligeo Corpo Místico de Cristo, etc, Ora. se Nossa Senhora aponta o comunismo como o desfecho de uma situação de pecado cm que se comprometeu a humanidadc,éevidcntequc Ela está se referindo a um processo revolucionário tal como o descreve o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Nossa Senhora nos ensina, pois, a execração do processo revolucionário, e quer que empenhemos todas as nossas forças e recursos cm afastar os acontecimentos que conduzem ao c-o munismo. Numa pa lavra. Nossa Senhora nos convida a lutar pela Co111ra-Revoturão (que é como o Prof. Plínio Corrê• de Oliveira denomina o p rocesso de rcstau .. ração da ordem dcstrulda pela Revolurão).

Ponuguoses em por6Qrinaçio a F,tima. Um ato louvbel, mas insufi cionto para atender aos pedidos de Nossa Senhora

Assim, a Medianeira de todas as graças nos convida concretamente a esta forma de amor de Deus por onde sejamos mais do q\1e senslvcis aos interesses da Santa Igreja Católica Apostólica Romana e dn civili z.ação cristã. 1nílarnados do desejo de cortar o passo a essa imensa conspiração que tenta destrui-las. E não só cortar o passo, mas ainda fazer vencer a Igreja e a civilí.ação cristã. isto é, a Co111ra-Revolução, pela instauração do Reino de Maria, conforme Ela mesma profeti:iou cm Fátima, ao dizer: «Por fim, o meu /m11culodo Coração triunfard». De pleno direito. portanto. Nossa Senhora de Fátima pode ser chamada ((Nossa Senhora da Contra-Revolução>).

A crise na Igreja, conteúdo provãvel da terceira parte do Segredo Resta-nos tratar do famoso tema do Segredo de Fátima. manifestado aos videntes na aparição de julho. Como se sabe. o Segredo consta de três partes distintas, sendo que as duas primeiras foram reveladas pela Irmã Lúcia em 194 1. A terccria, também já escrita pela Irmã Lúcia, está em poder da Santa Sé, que não julgou ainda oportuna sua divulgação. É esta terceira pane que mantém em «suspense)> a atenção internacional. Não repetiremos ª<Jui as fundamemadas conjecturas que mduzem a admitir que essa terceira parte trata da crise interna na Igreja (cfr. nota li do trabalho «As aparições e a mensagem de Fdtima

conforme os manuscritos da Jrm6 Lúci01>, publicado em Catolicismo. nº 295. de Julho de 1975. e em forma de livro pela Editora Vera C ruz, São Paulo. 1977, 9• cd., 250° milheiro), Acrescentemos apenas uma ponderação. Na segunda parte do Scsredo, a Mãe de Deus anunciou um casugo que, por sua natureza, atinge sobretudo a sociedade temporal. Por es1ar marchando rumo ao comunismo, esta é ameaçada de um castigo tão terrlvcl, que comporta o desaparecimento de várias nações. Custa

crer que Nossa Senhora tenha previsto essa hecatombe da ordem civil, e não tenha querido prevenir os homens- para o castigo muito pior que é a crise interna na Igreja. Antes que essa crise se to r nasse notória, compreende-se que um esplrito piedoso estremecesse cm face de tal hipótese, Mas a partir do momento cm que a crise se tornou pública. não há porque recuar d iante desse prognóstico. A tíbia acolhida da maioria dos católicos :l mensagem de Fátima , além da formal recusa de uma ponderável parcela, ao que se acrescenta esse inimaginável - mas q uão insofismável - conúbio de tantos eclesiásticos e leigos com o comunismo, como não estariam a merecer uma reícréncia especial no Segredo de Fátima? Tomada a atmosfera da Igreja cm 1917. era natural que uma pcrs~ctiva tão dramática fosse conservada c m segredo. A presença de São Pio X ainda se fatia notar não só pela lembrança de sua morte recente, como pela íncorrup1ibilidadc de seu corpo, O comunismo estava por alcançar o poder na Rllssia. A reação contra o processo revolucionário era uma possibilidade. Havia na Igreja, apesar dos pesares, muito mais compostura, muito mais decoro - a perder de vista do que há hoje. A previsão de um panorama como o que temos atualmente diante dos olhos poderia perturbar incontáveis almas. Mas a partir do momento cm que o mal t t ão notório que o seu anúncio não escanda1iza ninguém, a proclamação da existência do mal só pode. pelo contrário. ser benéfica para confirmar na Fé as almas ainda fiéis. Se este t, como conjecturamos, o con1eúdo da terceira parte d o Segredo, compreende-se perfci1amcnte que Nossa Senhora tenha querido anunciá-lo aos videntes para ser revelado no momento oportuno,

• • •

A Irmã Lúcia completou, no último dia 22 de março. setenta anos. Ela foi deixada nesta terra, por Nossa Senhora, P.Bra cumprir uma determinada missão. ~ normal pensar que essa missão inclúa a autenticação do texto da terceira parte do Segredo. No ambiente caótico em que vivemos, máximc face à crise interna na igreja, um texto divulgad o sem a sua chancela correria strio risco de suscitar perplexidades, dúvidas, contestações. São motivos todos que urgem a divulgação dessa parte do Segredo. Respeitando po,s a decisão legitima da autoridade eclesiástica. nada nos im~de de elevarmos os nossos corações até o trono da Santlssima Virgem c bradarmos COOlO o profeta Samuel: (, l o quere . Domina, quia audit servus tuu$1) (1 Reg. 3 9-10). Falai, Senhora. pe la boca da Irmã Lúcia. para que a autenticada de d e vossa mensagem não possa ser posta em dUvida e comova os corações dos justos.

A.A. BORELLI MACHADO 3


Direitos humanos na América

O utopismo democrático de Carter favorece a exi

PRESIDENTE Carter vem focalizando cada vez mais. na questão dos direitos humanos. sua politica lati no-americana- Desde o inicio. cs.sa nova politica provocou sérias dificu ldades com a lguns de nossos principais aliados na América do Sul: Brasil. Argentina. Chile. Uruguai e vários outros. A fricção produzida por tal politica prejudica sc ri,,-

O

rncntc " iníluência norte-americana no hemisfério ocidental. Ela merece.

pois . u_ma análise. que apresentamos a seguir.

Para sermos breves. limitar-noscmos à consideração dos pontos essenciais dessa jA tão controvertida politica de nosso novo Presidente e suas principais conseqoencias.

1 - Direitos humanos e democracia Partidários da política do Presidente Carter começam por descuidar ou subestimar seriamente a natureza de regimes comunistas como os de Cuba e da Rússia. Esses governos proclamam abertamente sua política de exportar para todo o hemisfério a ideologia comu nista, por meio da agitação. infiltração. subversão e terrorismo, através de organizações marxistas locais. Os partidos comu-

nistas e outras organizações marxistas não escondem seu objetivo de subjugar o mundo imciro à ditadurn

comunista. Um número crescente de peritos. autoridades e especialistas milita.res vêm alertando para o desenvolvimento mili1ar sovictico. Disto devese supor que todo esse poderio só

seria neccss;trio com vistas a agredir

o Ocidcmc. Nas Américas. sua meta última é diminuir o poderio noneamericano e conquistar a Amcrica Latina. Na opinião de muitos cspc· cialistas cm questões militares, essa agressão poderá sobrevir de modo inteiramente inopinado. Com efeito, essa possibilidade de agressão vem sendo tão largamente

A imatura administração Cartordesconsidera a ~ressão comunista interna e 8l<torna con• t:ra a Am6rica Latino

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aceita, q ue a lguns a té a usaram nos últimos anos, como a rgumento para j ustilicar as e xtraordinárias co ncessões feitas por \Vashington a Moscou, como polit ica preventiva da guerra. Dentro desse quadro de insegurança internacional, cumpre realçar a forma peculiar de ação imperialista exercida por Moscou . É uma agressão cm que a Rússia empreende notoriamente a guerra psicológica rcvol11cionária nos quatro cantos do mundo. Esse tipo de ação é desenvolvido com gra nde intensidade na América do Sul. Em certas ocasiões, como fruto de tal ação, foram criadas condições prop icias para que a subversão medrasse nesse continente. a partir de Cuba. Ta l agressão apresenta-se sob a forma de guerrilha, terrorismo etc .. que causaram milha res de mortes e m paiscs como' o Chile, a Colômbia e o Urugua i. Algumas nações latino-americanas, como por exemplo a Argenti na, ainda hoje estão e nsa ngüe ntadas por esse tipo de intervenção comunista. Ora. a nova política latino-a mericana de \Vashington tem procurado ignorar essas ci rcunstâncias notórias. f;. ingenuamente. vem exigindo das nações do co ntinente uma efetiva,

imediata e integra l aplicação de preceitos constitucionais democráticos relativos aos direitos humanos. como se essas nações estivessem C(ll

ple na normalidade e não as agitasse conti nuame nte a guerra psicológica revolucioná ria . Na realidade, essas nações estão sendo viti mas. de uma agressão ex terna insid iosa. muito bem organizada e financiada. Uma das qua lidades correntemente atribuídas il democracia - que é condição para sua própria viabilida·

Oosfilo na Preçe Ver-

uma hipotética liberdade absoluta (que obviamente não existe em nenhum pais comunista), com a certeza de que, desse modo,o comunismo terá liberdade de movimentos e poderá conduzir mais dese mba raçadamente sua guerra psicológica revolucionária. até, o::vcntualmente. suas ameaças

militares. Dai se ver. por exemplo. o insólito espetáculo de certos Bispos católicos formarem frente única com os comunistas cm busca desse objetivo. Notamos. de passagem. que toda

essa agitação ê clara e quase fana ticamente anti·nortc-americana.

li - A conceituação de direitos humanos

se proteger a si mesma . limita ndo cenas garantias constituciona is nos casos de perigo iminente. externo ou interno. Por isso, todas as constituições democráticas do mundo contêm disposições sobre estado de s ítio. estado de ala !'ma, estado de emergência etc. Na América do Sul, a té mesmo os paises menos agitados dificilmente se

É curiosa a co nceitu ação da ad ministração Cartcr sobre direitos humanos. A equipe de Washington se outorgou o direito de definir. dogmaticamente. e com validade absol uta para todos os povos, grande número desses pontos controvertidos, como se fosse uma espécie de Vaticano infal ivcl pa ra definir a natureza das liberdades civis q ue todas as nações têm que aceitar. Há um certo fundamento para o concei to de direitos humanos que é

encontram cm situação de normali·

universalmente aceito e baseado no

dadc para a plena aplicação de certas garantias legais dos direitos hum,mos. Em vista disso. parece temerário. no mais alto gra u. nega r que os direi tos c ivis devam sofrer. nesses paises, algumas restrições. Embora se possa questio na r a extensão cm que se poderia aplicar tais restrições, em princípio as limitações das liberdades civis d evem ser proporcio na is ao a lcance e às peculiaridades da agressão comunista in terna e e xterna e mpreendida contra cada país. A equipe do Presidente Cartcr e certos membros do Congresso omitem-se em reconhecer a necessidade de limita!' certas liberd ades civis. como mencionadas acima. Isso explica que e les exija m a aplicação imediata e total dessas liberdades pela América Latina como se o continente estivesse na mais perfeita normalidade. Há uma defasagem e nt re a realida· de que efeti vamente existe ao sul de nossa fronteira e a realidade que os novos e talvez ainda imaturos burocratas de Washington gosta riam que existisse. É uma defasagem cruel. q ue só beneficia os empreendimentos comunistas contra nossos a liados, e conseqüenteme nte prejudica. sob vários pontos de vista, nosso país.

bom se nso. O ma ior o u menor grau desses direitos e sua aplicação especifica varia muito. segu ndo as diferentes correntes políticas. filosóficas e religiosas. É compreensível e natura 1. portanto, que um pais exercendo sua soberania possa ter seus próprios conceitos a respeito dessa matéria conceitos q ue, entretamo. não afetam a base teórica desses valores. O estabelecimento de pressões, programas e organismos por pane do governo dos Estados Unid os com

tk

cons1s1cjus1u mcntc no foto de ela

Eis pol'quc, ne-stc momento . um

dos principais programas dos movime ntos comunistas na América do

Sul consiste em se unir com todas as forças aos que querem lutar contra as restrições aos direitos humanos. Essa luta está sendo travada cm nome de

vistas a irnpor sanções contra as nações q ue supostamente não estão respeitando os di reitos humanos· de acordo com as novas regras estabelecidas pela administração Caner coloca todos os países debaixo de sua tutela doutrinária e moral. Isso confere ao Departamento de Estado e a certas comissões do Congresso o caráter de uma espécie de seita

fi losófica e jurídica. o u de uma «Igreja Leiga» .sem q ualquer profissão especificamente religiosa. mas c om atr ibutos de uma si ngu lar infalibi lidade doutrinária e moral. Por outro lado. essa pcrplexitantc politica atribui aos Estados Unidos a missão de Estado tutelar dos direitos humanos no mundo inteiro. muito parecida com o modo como certas nações O<>nstituiram no século XI X a Sa nta Alia nça , para servirdeguardiã dos principias aos quais a Revolução Francesa mostrava sua hostilidade. Essa tutela exercida pela Santa Aliança é considerada pelos democratas mais int ransigentes e caractc-

rísticos como tendo sido não só odiosa. mas também uma ofensa às sobera nias naciona is. Não se compreende que reapareça. em 1977, uma espécie de Santa Aliança laica. formada por uma única nação que se autonomeia árbitro universal e que toma por base as opiniões (por vezes vagas. nebul osas e caprichosamente definidas) da administração de nosso Pres idente. Ademais, ela usa certos meios de pressão que, neste nosso mundo de interdependência. acaba sendo econômica e militarmente coc l'ci tivo. Com tais meios, tende-se a co,1stituir, não uma Siuua Aliança propriamente dita. mas uma espécie de ditadura nada sa nta de uma única nação sobre as outras, às quais ela tenta impor seus discutíveis conceitos mornis. Tal conduta envolve implicações po liticas muito sérias, uma vez que ela vem sendo condui.ida com uma virulência inusitada preCls11mentc contra nossos mais fiéis aliados. Não é de adm irar que eles considerem tal política uma ingerê ncia inadmissível

em seus assuntos interno. e. cm conseqüência. se afastem de nós. Ironicamente. a administração Carter desenvolve agora diMogos amistosos com duas nações rcite,·adamcntc admitidas como nossas inimigas: C uba e Viet nã. No caso de Cuba . o Secretário de Estad o Vancc chegou :, declarar que não hf, condições prévias para um diálogo com o regime de Castro. Em sentido co ntrário. condições prévias foram exigid as de nossos aliados chilenos. Toma-se o maior cuidado para não ofender a URSS e os reg.,mes comunistas, enquanto ao mesmo tempo an t igos aliados nossos e

nações irmã~ como o Brasil e a Al'gent ina são expostas a pressões brutais. Por que tratar nossos inimigos como se eles íosscm amigos, e nquanto se trata nossos amigos como se fossem inimigos'? Que tipo de suicidio político é esse'! Além d isso. tal situação lev:mta uma série de problemas de dificil solução. como a liberdade re ligiosa. correntemente considerada como urn

direito humano fundamental. É sabido que h/J infiltração comunista na Igreja Católica na América Latina. Isso foi provado recentemente com a publ icação dos bem documentados livros A /grej(I do Silêncio 110 Chih•: Esquerdismo ('(llc!/ico: Companheiro de Vi11g,•111 do Co11111ni.,·1110 e,n sua /011,g(I Aven111rt1 <M l·i·acassos ,, 1'vfrta1norfos.es; e /Jrasil /976: A lgn'}ll m11e · li E.w·aftula da

A11wa\a Co,uunisu,. publicados no C hile: Uruguai e Brasil. respectivamente. pelasTFPsdcsses 1>aíses. Pois bem, quando esses governos agem para se defender da subversão entrincheirada na Igreja. c m que medida lais ações serão consideradas pelos «moralistas» do Departamento de

melha do Moscou, em 1976. A grand e

demonstraçio de fo,Çõ bélica conjuga-se também com à guer• ra psicológica rovolucionâria empreendi•

danos quatro cantos

;,

do mundo.

O Muro do Berlim con1inua de pó. Sím-

bolo dos rogimos marxistas, violodoros de todos os direitos humanos

Estado ou do Congresso um atentado contra a liberdade religiosa e, portanto. contra os direitos humanos? Estabelecer-se-á cm Washington uma espécie de Inquisição laica para julga r os atos internos d e cada

pais. suas intenções. circunstâncias etc:? Essa singular política tem ainda outra conseqüência importante. Esta diz respeito à repercussão sobre a opinião pública das nações q ue estão assim pressionadas. Com efeito. ao tomar conhecimento das pressões que Wash ington está apl ica nd o sobre seu governo. a opinião pública da nação visada poderá Optar por urna das segu intes alternativas: - ou o povo scni inílucnciado e se voltará contra seu governo (caso cm que \Vashington csta!'ia estim ulando d iretamente uma oposição interna contra governos amigos): - ou. pelo cont rário, rcgirá em deícsa da soberania nacional e de seu governo, volta ndo -se contra os Estados Unidos. Em ambos os casos. seríamos colocados numa situação cm baraçosa e nociva a nossos próa prio interesses nacionais. Outro problema delicado que não cst ,i sendo devidamente considerado refere-se ,\ ag,·cssão comunista psicológica q ue vêm sofrendo as nações da América do Sul. Até que ponto pode um país relativamente pobre e subdesenvolvido· com fa lta de téc nicas de propaganda e o k11011·· hou- necessário - fazer uso de sua força policial para se defender contra os agentes estrangeiros ou nacionais. que constituem a ponta de lança dr, penetração comunista? 'ão parece que a atual administração tenha, para qualquer destas questões. respostas a um tempo objetivas. consistentes e ílc.,iveis. Em todas essas matérias a eq ui pe de Caner e certos membros do Congresso jogam com noções que são nrnito si mples na aparência. e

noções que vêm do tempo da velha Revolução Fra ncesa. Entretanto, no mundo a ltame nte tec no lógico e complexo de hoje. cm continua

1n1nsformação. a mér<1 repetição de conceitos simplistas de 200 anos


ITÁLIA

Latina

,ansão comunista atrás toma o caráter de um arcaísmo verdadeiramente incompreensível.

Ili - Respeito às soberanias nacionais Como vimos, cm última análise a política de Cartcr desrespeita as so_bcranias nacionais e os governos ahados, provocando toda espécie de dificuldades e crises internacionais desnccessiirias, que enfraquecem a já debilitada aliança ocidental. E, além disso. favorece a oposição comunista àqueles mesmo governos amigos. Não se pode fugir à conclusão lógica: essa política se caracteriza por um utopismo democrático que

sistematicamente trabalha a favor do comunismo especialmente do comunismo soviético. A política de direitos humanos em questão não é só uma teoria inútil, arquite tad a por algum pseudoidcalista, mas favorece os interesses do expansionismo comunista . Pior ainda . Na luta do comunismo soviético e cuba no contra os atuais governos da América do Sul. os mesmos direitos humanos que a administração Cartcr afirma querer preservar estão gravemente cm risco. Com efeito, Rússia e Cuba. que ra,.cm qualquer coisa para impor a nosso hemisfério sua forma de organização política, social e econômica , negam cm tco,·ia e na prática todos os direitos humanos. Isto só pode conduzir a modelos grotescos e ineficientes de totalitarismo imperialista. O bloco comunista construiu uma estrutura institucional de repressão, representada por suas prisões. campos de concentração e «clí nicas» de ,,doentes mentais». que não encontra paralelo no mundo de hoje. Esse bloco totalitário investe continuamente contra os p?.íses da América do Sul. nos quais pelo menos grandes parcelas dos direitos humanos ex istem e são reconhecidas. Nesses países. eventuais dcsre-spcitos aos direitos humanos são episódicos, lim itados e. em gcn1 I, os culpados são punidos. Tal situação difere radicalmente daquele existente nos países comunistas, onde os direitos humanos são continuamente violados pelas máquinas repressivas do Estado.

Portanto , a preocupaç,ã o com os direitos humanos deveria consisti r acima de tudo em ajudar as nações cristãs da América Latina a defender sua soberania ameaçada pela subversão comunista. e não. como está

acontecendo agora, na proteção dos agressores comunis tas contra a

reação de legítima defesa (por ve,.es exagerada, talvez, mas sempre necessária) das nações que sofrem a agressão. Aliás, é evidente que muirns denu ncias demagógicas e propagandísticas da repressão na América do

Sul têm sido cm geral feitas por elementos ligados à máquina de propaganda comunista e, a partir daí, infladas para o mundo inteiro pela orquestração da imprensa esquerdista. Como um exemplo, citamos a gritaria internacional orquestrada pelo Clero «progressissista» e mesmo pró-comunista sulamcricano, que recentes livros das TFPs demonstraram ser meros «companheiros de viagem» dos comunistas. Em última análise, os direitos humanos na América do Sul podem sofrer duas espécies de ameaças: as oriundas das próprias condições sulamcricanas, e as externas. Estas últimas são muito mais graves e mais perigosas. A nova política de Washington propõe-se a defender a América Latina contra um perigo menos grave, isto é, os possiveis excessos na repressão do comunismo. Ao agir assim, ela amarra e garroteia a América Latina, ten\ando impedi-la de lutar contra seu mais perigoso inimigo, que é o comunismo. Tal conduta é completamente contrário aos mais caros ideais e interesses norte-americanos. Os meios utilizados por Washington para promover os direitos humanos na América do Sul são impolíticos. Essas nações tenderão a resistir aos nossos desastrados esforços para influenciá-las. Quando. atacarmos seu orgulho nacional, elas nos voltarão as costas, como já está acontecendo nos casos do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai. Mas há um fator particularmente agravante. Ao mesmo tempo cm GUC assim tratamos nossos aliados, como que entregando-os aos nossos inimigos, tratamos Cuba, inimigo declarado, com extrema tolerância. Em Cuba os direitos humanos são incomparavelmente mais calcados aos pés do que em qualquer outro país da América Latma. A própria soberania nacional de Cuba não existe; ela é um fantoche fa lido e hipotecado à URSS. Como podemos explicar então tanta deferência em relação a Cuba1 Mas ainda há mais. Na esfera internacional, a diplomacia norteamericana continua fazendo todas as concessões esta bclccidas pela détente kissingeriana cm relação aos paiscs de além cortina de ferro. E enq uanto toda espécie de concessões, condescendências, créditos, trigo e até materiais estratégicos lhes são dispensados, contra nossos aliados da América do S ul são desencadeadas pressões, cortes de créditos e ameaças. Que a administração do Presidenie Cartcr use a influência e a amizade dos Estados Unidos para convidar de modo cordial as nações a coibir quaisquer violações reais e comprovadas dos direitos humanos, é naturalmente louvável. Mas isto deve ser feito com o devido respeito às soberanias locais, de modo diplomático e discreto, sem dar azo a um vozerio demagógico. Mas, o que sucederá se prevalecer essa incompreensível política atual1 Os Estados Unidos ficarão cada dia mais isolados, pois nossos aliados evidentemente não permitirão que os caprichos do Deparamento de Estado e de certos congressistas dcsrespci tem sua soberania nacional. Provocadas pela execução dessa política, muitós atritos e situações de crise já se fazem notar. Por outro lado, a _propaganda comunista na América latina ganhará novo impul so para insuflar sentimentos anti-norte-americanos na população e isolar aquele continente dos Estados Unidos. Assim, a continuar essa política , o Sr. Cartcr não logrará em fazer amigos os nossos inimigos. mas perderá os poucos amigos que ainda restam aos Estados Unidos. E a expa nsão comunista encontrará o

caminho mais aberto e livre de obstáculos para conqu istar a América Latina.

A atonia cresce com o perigo Luís Dufaur (nosso correspondente) ROMA - Eis como transcorreu um dia cm que foi anunciada em Roma uma grande manifestação esquerdista, realizada recentemente. Era sábado. Pela manhã um sol já primaveril iluminava tudo com seus raios suaves e acariciantes. Passamos pela porta da capela da Ordem de Malta, atravessamos o Foro de Augusto, através das ruinas milenares, e caminhamos pelo ja rdim que acompanha a grande avenida unindo o Coliseu à Pü1zza Venez ia: a via dei Fori /111 ·

periali. A torre do Campidoglio aparecia entre as copas das árvores com um colorido quase rosado e daqui e dali podia-se perceber as cúpulas brancas de várias igrejas. Os automóveis lotavam rapidamente os estacionamentos, e os ônibus, parecendo enormes lanchas de desembarque, abriam suas portas a uma multidão que descia apressada para o trabalho. Os sinos tocavam, os guardas do estacionamento sorriam com ar tionachão enquanto crianças brincavam no ja rdim. Ao meio dia o clima era sereno e estável. Jovens. velhos e crianças inundavam a Piazza Venezia. A manhã ia chegando a seu termo. Os turistas passavam ... Oar perdia a frescura matinal e o sol se fazia sentir com mais intensidade. Em frente ao prédio da Ordem de Malta as/imo11sinesoficiais,cor azul, estacionavam com calma displicente. Nen hum sinal de anormalidade ...

Subita_mente, as ruas se esvaziam 16 horas. Os lu gares, antes

intensamente movi men tad os, tornam-se quase desertos nesta ocasião. Um pacato cidadão olha receoso para os lados e recolhe apressadamente seu automóvel. As lojas fecham suas portas. Pouco depois o ambiente é o de um.a cidade cm época de guerra. As 5 horas da tarde a manifestação já bloqueia a via Cavour e entra na via dei Fori lmperiali. Os motoristas, impedidos de transitar, desligam os motores e docilmente procuram um passatempo: ler algum jornal sentados ao volante; ~air e estirar as pernas, olhar as rumas; ou conversar em rodas animadas, na praça. Chega de longe o rumor da turba. A esta altura, o sol já se põe. A multidão parece enurme. Na realidade, são umas dez mil pessoas formadas cm filas compactas , carregando grandes cartazes vermelhos. Ao lado dos manifestantes, segue o ,,.serviço de segurança» (tropa de choque dos agitadores) com capacetes, bastões etc. Alguns de seus elementos, munidos de rád io-t ra nsmissores, controlam a presença da polícia, que se mantém distante, bloqueando ruas por onde a manifestação não passaria. Em total desordem. aparecem grupos espalhafatosamente vestidos. Atiram -se ao chão,

gesticulam, saltam. uivam e mais ad iante dançam cira nd a como crianças. Levam balões e espantalhos. Dois manifestantes fingem perseguir-se e atravessam o cortejo continuamente. Ora um persegue, ora o perseguido torna-se perseguidor, numa corrida sem fim.

...Ea vida volta a correr despreocupada Uma familia alegre espera o ônibus. Enquanto o veículo não chega, observa o«cspctáculo ... Um idoso Sacerdote, de batina, caminha distendido com sua pasta, em sen tid o contrário à chusma. Duas freiras de braços dados, vestindo hábitos modernos, cochicham entre si com um sorriso nos lábios e olham de esguelha a manifestação. Pouco depois, tiros: cintilam flashes dos fotógrafos, e colunas de gás lacrimogêneo começam a se erguer na Piazza Venezia. Manifestantes começam a agredir policiais. Alguns grupos correm e tombam os poucos carros estacionados no local, ou então quebram-lhes os vidros. Outros agitadores borram com slogans e blasfêmias veneráveis monumentos. A esta altura a polícia retira-se. O ar está irrespirável. Entretanto, uma considerável quantidade de gente, alheia à manifestação, ainda caminha por aqui e por ali, sem demonstrar preocupação. O Largo Argentina ilumina-se. É uma banca de jornais em chamas. Ouvem-se continuamente disparos e sirenes. A atmosfera tor,na-sc insuportável: todos lacrim(1Javam. Mesmo envoltos pelo gás, um gr up o de homens e mulheres conversa animadamente: tentavam por-se de acordo quanto ao cinema que freqüentariam naquela noite. Subimos ao Campidoglio. O gás chega até lá. Alguns poucos turistas passeiam despreocupadamente. Pelas n,as encontra-se grande quantidade de bombas lacrimogêneas queimadas. As sirenes soariam até a madrugada, entrecortadas, à meia noite, por disparos de metralhadora.

parece, ating i u a Península inteira. Cremos mesmo ser tal sintoma nã o só i ta liano, mas muito generalizado cm nossos dias. Cresce a influência do Partido Comunista Italiano (PC!) sobre o gover no democrata-cristão de Andreotti. O poder dos verme1hos, impalpável, indefinível, entretanto cada vez mais real, vai se estendendo como uma mancha de azeite. Todos vêem, mas quase ninguém protesta ... O fato é ainda mais estranho porquanto, chamados a se pronunciar pelo voto, os italianos têm-se manifestado ultimamente mais refratários ao comunismo. Nas últimas eleições comunais de Castelamare di Stabia, por exemplo, os comunistas perderam 45,8 por cento em relação à votação anterior. Nas demais comunidades onde houve eleições. suas perdas oscilaram entre 37,7 e 28,8 por cento.

Enquanto «ardem as barbas do vizinho»... A sonolência da opinião pública peninsular vem sendo notadajã há algum tempo. Se as últimas eleições na França, que deram a vitória à coligação de esquerda (PCF-PSF), tivessem se realizado numa ex-colônia da Polinésia, não teriam causado maior desinteresse na Itália. Dir-sc-ia que os Alpes levantaram uma barreira intransponível, a qual impediu aos italianos de tirar qualquer lição do ocorrido na França . Os jornais esquerdis ta s.q ue normalmente explodiriam num es-

Uma «anestesia» que produz indiferença Estranha atonia parece reinar na Itália. No dia seguinte, um sol lindíssimo sa ud ava o domingo , e a mesma praça que fora palco daquele caótico espetáculo tornou a encher-se. Desta vez, porém, a multidão saía para se divertir. Tudo desaparecera na mais imperturbável quittude. Acontecimentos nacionais para não falar nos internacionais extremamente graves e importantes com vistas ao futuro do país, são recebidos na sonolência geral. Tudo se passa como se uma misteriosa anestesia dominasse o borbu lh an te povo de Roma, fenômeno que , segu ndo nos

Bombas de gás lacrimogéneo tornam mais propagand bticos os shows esquerdistas. jà habituais na ltâlia

Descontraídas, Freiras passeiam om Ro·

ma, indiforentos â propag11nda comunista, oo mesmo tempo agressiva e anoS1osiante

lhafatoso espetáculo de exclamações entusiásticas, também não se manifestaram. A Bolsa de Milão, termômetro do estado de espírito de certos setores econômicos muito sensíveis ao perigo comunista, desta vez permaneceu inalterada. O comunismo costuma provocar a quebra econômica do país em que se estabelece, a curto prazo. Sea França fosse à bancarrota, arrastaria a Europa Ocidental e forçosamente a Itália , já gra vemente afetada por uma longa crise. Entretanto, o empresariado italiano ignorou completamente o fato. É freqüente assis ti r-se em Roma protestos ou celebrações de caráter esquerdista a propósito dos mais diversos fatos , cm qualquer local: nos muros aparecem inscrições contra Pinochet. lan Smith e a Coréia do Sul. Exa lta-se Angola, Cuba, Portuga l ou a China. A vitória esquerdista na França, obviamente, deveria ter inspirado inscrições desse tipo. passeatas, alga,.arras, etc, Entretanto, nada disso ocorreu.

O que estará acontecendo com a ltália1

s


.,

Padroeira da Africa e Governadora de Ceuta feita Catedral católica. No altar-mór coloca-se a imagem que o Rei 1rouxern de Lisboa para abençoar a expedição. Chamou-lhe a tropa .. Virgem de Afti· a, ... nome por que até hoje é conhecida, e sob o qual a Senhora sempre concederia a Ceu ta toda a sua proteção nas piores adversidades. como adiante veremos. Descobrem-se na cidade sinos Sentada num tl'ono majestoso roubados há muito de algum templo e ornada de católico. Alçados ao minarete anexo à riquíssimas vostes antiga mesqu i1a. agora 1ransformado cobertas de norte do continente negro, maciça~ cm campanário, fazem ouvir seu :1legrc ióias1 a V irgem de mente muçulmano. e o poderoso reino som, convidando os cristãos para uma Afric·a os-tonta o famoso de Granada a resguardaria contra qm~- prece de agradecime1110 ao Senhor Bastão do Ceuta quer pretensão ibérica. Quem se atra, Deus dos Exérci los que. em sua onipo, veria, pois. -a provocar a "chave da tência, lhes concedera tão insigne vi, seus filhos. Oura111e o domínio portu, Cristandade e terror da f:.' spanha "? tória sobre o Crescente, naquele dia 14 gués. como mais tarde. já espanhola, de agosto de 1415. por diversas VC'tes livrou-se Ceuta de Por que não atacar Ceuta? perigos de mon la, grnças :i in tervenção Quem ousaria defender Ceuta? materna de sua Pa1rona. Especial auxiFoi no ano de 14 15 que Dom lio prodigou a Virgem à cid:1dc que lhe João I de Por1ugal resolveu, a instànAssegurada a conquista. impunh a-se era devotada, durante o cerco que. de cias de seus três filhos, tomar de ao Rei decidir qual seria o destino da 1694 a 1727 - trinta e três anos! - fez assallo a praça forte maometana. Ti- cidade. Pa ra tão capi1al decisão, quis a Ceuta Muley Ismael. califa de Menham os Príncipes chegado à idade de ouvir seu conselho de guerra. quincz. serem armados cavaleiros. Dispunha-se As o piniões se divid iram. Muitos Anos mais tarde, em 1744. quando o Rei a promover um visloso torneio, eram de opinião que Ceu ta deveria governava Ceuta Dom Pedro de Vargas cm que pudessem os jovens mostrar o ser des1rn ida. Man te-la. com toda a Maldonado, mais uma vez. e em trágivalor de suas armas, para fazerem assim África muçulmana por trás, diziam, cas circunstâncias, fez valer Marh1 Sanjus ao ambicionado galardão. Para seria loucura. Destrui-la já bastaria tíssima seu socorro ;) cid~dc. Horrível espanto do Monarca, porém, a idéia para a glória de Deus e terror do Cres- epidemia assolara Ceu1a, dizimando n:io despertou o entusiasmo que seria cente. de 1:11 forma a população, que o Gode se esperar. Objetaram os Infan tes Outros, pelo contrário, viam na vernador, em desespero de causa. apeque melhor seria provarem seu valor recen te conquista a primeira de uma lou à Virgem, e implorou-Lhe. cm contra inimigos da Fé do que em longa série que - com o favor de Deus nome do povo de Ceuta. Se dignasse fingidos torneios. Não eslava Ceuta tão - haveria de vir. a.,;sumir o governo da cid adela. Confespróxima, quase à vista? Por que não Depois de muito rcílelir, anunciou sava-se o governador impotente para atacá-la? o Rei sua decisão. Ceuta seria conserPnidente, não quis o Rei decid ir vada, custasse o que custasse. Para is- lu tar contra o flagelo. Que Maria Sansem ler ouvido as abalizadas opiniões so. deveria comandá-la um bom capi- tíssima, pois, que livrara Ccurn de um da Rainha e do Bem-aventurado Nun' tão. que fosse 1ambém goveniador cerco desesperador havia poucos anos, Álvares Pereira, Condestável do Reino. compelente, capaz de lutar com u·a a libertasse agora dos miasmas impuros A Rainha aprovou inteiramente a pro- mão e construir com a outra. Mais. que que lhe in restavam o ar. Se a Senhora accili!SSC a capitania e, posta dos filhos, e o Santo Condestável. estivesse disposto a trocar as delicias cuja idade não extinguira o ardor com· \ da corle ou a 1ranqüilidade de uma como sinal disso, debelasse~ e1>idemia. balivo, ofereceu-se imediatamente para quinta provinciana, por uma vida in- ele, Dom Pedro, ofereceria i1 nobre acompanhar a expedição. O entusias- teira de perigos, lutas e incer_tezas. Governadora seu bastão de comando, aquele mesmo pau rústico que empumo guerreiro do Santo contribuiu poQue os reinos mouros da Africa nhara Dom Pedro de Menezes. três dcrosamen1e para dissipar as dúvidas não se rcsignarfarn a perde r sem mais séculos atrás. que ainda nutria o Rei. o qual, por a bela Ceuta, claro es1ava. Envid:iriam A Virgem pareceu aceitar benigna fim, determinou que se recrutassem todos os esforços para recuperá-la. a oferta do íldalgo, pois repentina e com presteza as tropas necessárias. Longe de Portugal e sem possibilid ades miraculosamente cessou o ílagelo. Com Após meses de intensa preparação. de receber reforços. quem ousaria de, júbilo geral da população, foi então cercada aliás do maior sigilo quanto fender a cidade? (!eposi 1ado nas miios da Senhora de ao seu objetivo, parte de Lisboa uma Essa pergunta foi o Rei fazendo, um Africa. em solene festividade religiosa, forte armada. Comanda-a o próprio a um, aos melhores e mais experimen- o velho bas1ão. para lá permanecer Rei. tados de seus cavaleiros. Todos escu- até nossos dias. Cruzado o estre ito de Gibralta r, à saram-se, sob alegações várias: idade, que ainda hoje se obser, vis1a do alvo visado dispõe o Monarca doenças, negócios urgen tes no Reino va,Consta-nos a esse propósito, urn a piedosa e seus navios em ordem de combate e ele. muito sacral trad ição. Cada vei que ordena o desembarque das tropas. Dão aporta a Ceuta um novo governador, a assalto à cidade que, embora amoleci- "Só com este bastão, contra transmissão de poderes não se faz no da por uma longa iJl atividade de suas toda a Africa a defenderia ..." palácio do governo ou no quartel armas, oferece feroz resistência. Os como se ria de se esperar neste século três Príncipes realizan1 prodígios de Já irritado com ta11 1as recusas. dei- XX, tão esquecido do ín1imo nexo que valor por entre os mouros, e o Rei tou por fim o Rei seus olhos sobre deve haver entre as coisas terrenas e as mesmo, apesar de já adentrado em o jovem Dom Pedro de Menezes. que - mas faz-se na Catedral, anos, combate a pé. sendo ferido na fora feito Conde de Ayllón pelo Rei sobrenaturais diante da Pa1rona da cidade. luta. de Castela. Esiava este apoiado sobre Presente todo o Cabido, o Deão Após horas de combate, não po- um pau nodoso. no momento, segundo dendo mais conter o ímpeto da ofen- alguns por se ter ferido no combate. relata a história de Dom Pedro de siva cristã, cede a desesperada resis- Á pergunta do Monarca, foi logo Menezes e de seus sucessores. bem tência muçulmana. No próprio campo respondendo: "Senhor. ainda que só como os acontecimentos que fizeran1 de batallla, sagra o Rei seus filhos cava- tivesse este bastão comigo. contra toda da Virgem de África Governadora de leiros. Sobre a mais alta torre da cida- a África defenderia esta ~'Ossa cidade .._ Ceuta. A seguir. retira respeitosamente de é hasteado o pendão real, com as - "Pois então estais nomeado. - re- o bastão das mãos da Imagem e, oscucinco Chagas do Salvador a brilharem trucou o Rei - e seja esse mesmo lando-o com veneração. passa-o ao novo governador, que só a partir desse ao sol. bastão o simbolo de ,,assa autoridade. momento considera-se investido no A mesquila, que até então fora o como de 11ossos sucessores, para semcargo. Com análogos sinais de reverênorgulllo da cidade, toda de mármores pre·: cia volta este a depositar nas mãos ve, e mosaicos coloridos, é purificada e E assim foi. Durante muitos anos neráveis da Virgem o bastão, encerran, o valente Alcaide governou Ceuta, para do-se assim a cerimônia. Vista perc ial onde transferiu sua famil ia. De início, de Ceuta, antiga precisou sustentar duros cercos do -· Resto do passado? praça,forte adversário; mais tarde, alargou os do- Ou penhor de futuro? portUQUHI, hoJo mínios da Coroa com corajosas investiespanhola, das. Tanto na defesa quanto nos ataIntimamente ligada Tal é a história, a um tempo cava, à hiltôrla da ques. graças à proteção da Virgem de lhe ircsca e piedosa. do velho e nodoso Virgem de Africa Africa, sempre se sa íran1 viloriosas as bastão de Ceuta. Muitas pessoas o verão. e talvez nunca lhes desperte a armas cristãs. Talvez como recompensa póstuma curiosidade saber o significado dele. pelos muitos serviços prestados à causa Um ou outro diletante talvez lhe CO· da Civilização Cristã, coube a Dom nheça a história. Quão poucos. porém, Pedro a honra invejável de 1er dois de o venerarão como merece, ou seja. seus netos elevados â glória dos altares: vendo nele um precioso símbolo que o Bem-aven turado Amadeu de Mene- restou de tempos passados. De tempos zes, franciscano, e sua irmã, Madre em que '·a filosofia do E11a11gelho Beatriz da Silva e Menezes, fundadora go,,ernara os Estados" (Leão XIII. En, da Ordem das Concepcionistas em T <> cíclica "lmmortale Dei"). e a Fé diriledo. gia todas as atividades humanas. O bastão nodoso da Governadora de Governadora da Cidade Ceuta é um símbolo da passada glória da Cristandade. quando a Sa111a Igreja A Senhora de África nunca desme- inspirava os governos dos povos que receu a confiança que nEla deposi taram se recolhiam sob seu manto sagrado.

• EM NOSSOS DIAS, as notícias que provêm do continente' africano são quase todas desanimadoras. Para os católicos que ainda não foram contaminados pelo vírus do progressismo, a queda de Angola e Moçambique sob o jugo marxista, bem como de tantos outros países africanos. constitui, por certo, causa de profundo sofrimento e preocupação. Contudo, apesar da atual debacle de quase todo um continente, a co11fia11ça deve permanecer firme em nossas almas: a proteção que a Virgem de Africa sempre concedeu a Ceuta é penhor de esperança para nós quanto ao futuro. A admirável história daquela devoção. como també~ da antiga praça-forte_p?rt~guesa, hoje espanhola, parece ser uma comprovaçao da tese de que a Providencia não abandonará o continente africano.

e

ERTAMENTE SERÁ de deslumbramento a primeira im· pressão do fiel _que se ajoelhar aos pés da Virgem de Africa, no altar, ,mór da Catedral de Ceuta. Sentada num trono majestoso e adornada de riquíssimas vestes cobertas de jóias, a cabeça leve mente inclinada, a Patrona de Ceuta contempla com indizível dor os olhos fechados do Senhor morto, posto sobre seus joclllos. A coroa de ouro encimada por uma cruz, como convém à Impera triz do Céu e da terra, é guarnecida com rico resplendor tan1bém . de ouro trabalhado. Dois Anjos barrocos completam o quadro, como que fazendo corte à Rainha. Após uma observação mais atenta do altar, notará o visitante um detalhe que talvez lhe tenha passado despercebido no prime iro instante, ofuscado que estava pelo brilho de tantas jóias: da mão esquerda da Virgem pende um bastão de madeira nodosa. Não deixa de a1içar a curiosidade o fato de estar ali colocado, contrastando na sua rude simplicidade com a riqueza da Imagem e do altar. - Que bastão será esse, que significado terã para estar colocado diante da Virgem? A história desse bastão nodoso o famoso Bastão de Ceuta - remonta aos ílns da Idade Média. Mais precisamente, sua origem se situa no ano de 1415, quando D. João 1, Rei de ·Portugal, tomou Ceuta aos maometanos. "Chave da Cristandade e terror da Espanha" Desde a Antigüidade sempre fora Ceuta reputada praça da maior importância militar e comercial. Os maometanos apossaram-se da cidade em 71O. Usando-a como base, puderam partir para a conquista da decadente Espanha visigótica. Além do evidente valor estratégico, foi Ceu ta adquirindo, ao correr dos séculos subseqüentes, cada vez maior importância comercial. Em seu porto. faziam escala, quase obrigatoriamente, as naus merca,Hes de Veneza e Gênova que atravessavam o estreito de Gibraltar em demanda do Atlântico. Produtos do remoto Oriente - sedas, 1apctes, especiarias, metais e pedras preciosas - eram encontrados em abundância nos seus inúmeros armazéns. Compreende-se por tudo isso quão ciosamente velavam os maometanos pela segurança de Ceuta. OrguU1osos de suas riquezas, e confiantes nas próprias forças, não podiam supor eles que alguém ousasse uma investida contra a cidade. Tudo esperarian1, menos um ataque frontal de quem quer que fosse. Mesmo porque Ceuta não estava isolada. Tinha atrás de si todo o

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Mas o venerável bastão n:io é só um símbolo do passado. Mais dq_ que isso, é urna promessa de futu ro. E um penhor de que Maria San tíssima, Senhora de Ceuta como de toda a Cristandade, haverá de reconquistar seus dom ínios e proclamar enfim sua rea, IC'1.a espirilual sobre a 1erra. Não prometeu Ela cm Fálima que, por fim seu "/maculado Coração trümfard"? Os homens podem se esquecer de que M3ria foi. é e continuará sendo Rainha. Podem, no seu de lírio de prazeres e neo-paganismo. consiclerá,la des1ronada ou morta. Esse delí rio poderá varrer toda a terra e atingir mcs, mo a muilos filhos da San ta Igreja. A realeza efo1iva da Virgem parecerá então um sonho. Mas Maria Santíssima não Se esquecerá da promessa que fez. Se não houvesse outras razões, o velho bastão de Ceuta. pendente das mãos da Virgem de Africa. poderia ser considerado um contínuo penhor d;t vi 16ria que vi ní. ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS

OBRAS CONS ULTADAS /,

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P<·. Miguel de Olivcir:\, in

,, /•iitlmu All11r ,t,, Mwu/w,. PorlO, 1953.

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,, /:i,t·1d11pé,li11 Uufrnsol Jlm1nul11 J:"1,r,,. Jlt't1•l-lm,•ric;;11u,-.,

XII e XXX III . 192.1.

lisp:1s:i-C:1lpç. vols,

4. ••ll1\1,;rit.1 (11111'('hW/.,, VIII. lb rcdona, 1929. S.

J.O. Weis.s. vol.

••('lmmica du Cwult• /), f>t•dru dt• Mntr•

( i<Jme!- E:rnnes de Zur:m1. in i,Collc~<'<'ih> d,• lfrN1S inéditos ,/11 /fí.tttirlo Jlor• IUJ.:U(!W,,,,. por José Cor(êa d;, s~. rft, l.i:-.-

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boa. 1792.

~ AfOJL_IlCBSMO •

MENSARIO com ~•pr0\'3ÇàO ~·clé$iá~1íc:i CAMPOS - ESTADO DO RIO Diretor

Paulo Corrêa de 8ri10 Filho

Oirt1oria: A\•, 7 de Setembro 24 7, c:oixa po<1:II 333. 28100 C,mpo,. RJ . ,4dministração: R. Dr. Mar1inico Pra·

do 271. Ot 224 S. Pàuto. SP. Compo:ito e;- impresso na Arlpr•:s.c; Pu}Xi..; e Arlé~ Gr·~ficas Ltdt1.• Rua l>r. ~1arlinico Prndo 234, S5o Pau·

lo. SP.

Asstna1ut? anual:comum CrS t00.00:

coopcmdor CrS 200.00: bcnfci1or Cr S S00.00: grande benícilor Cr S 1.000.00; ~cminarh.ta) e estud.in 1cs CrS 70.00: Américo do Sul e Ccntr;il: via de superfície USS 12.00. via ~H.:r"'ª USS 14 .50: América do Norte ,

Porw~al. l·.spanha, Províncias ultra· 1muina, e Colôni:.s: vfo Jc ,(upcrfíeie i.;ss 12.00. via ;iéreo uss 17.50: ouuo, países: via de superfície USS 14.00, "ia aén,a US S 23,50. Venda 3YUIS3: C'rS l0.00 Ú!i p~amcn to.s. ~emprc cm nome de

Êditora Padre Belchior de Pontes S/C. poderão $Cr encaminhados à Ad· minis1ratão. P;.1r.1 mudança de cndc• rcço d.: a:.,sman1es. é necess.ârio mcn•

ciomir 1;;1mbtm o endereço an1iio. A corrc~pondência relativa ::a assina· tura)ç v~nd.i 3vuba deve ser e nviada ;t

Administração R . Dr. Martinic:o Prado 27 1

0 1224 s.

r,uto. sr


IL CIAS no esplendor da

VATICANAS e orte pontifícia

e

OMO CONVÉM a todo Estado sobe rano. a Santa Sécm seu aspecto temporal , possuiu durante muito ternpo corpos de milícias regulares, un1 dos quais sobrev ive até hoje. São eles, na ordem c rono lóg ica de s ua fundação , a Guarda Suíça, a Guarda Nobre, a Gendanneria Pontifícia e a Guarda Palatina de Honra. Em nossos dias, a ind.a resta a mais antiga: a Guarda Suíça - sob ce rt o ponto de vista , a d e tradições mil itares particularme nte gloriosas. Para que os le itores de «Catol icismo» formem uma idéia do brilho de duas dessas instituições militares - reflexo do admirável esplendor da Corte Papal, em bora uma delas, a Gendarmeria Pontifícia, ao menos enquanto milícia, tenha deixad o de existir - apresentamos alguns de seus belos uniformes.

Na foto superior pod emos observar um guarda suíço em uniforme de grande aparato, en1punhando ·un1a alabarda. O traje - que rernonta ao século XV I. sendo atribuído ·a Miche langelo - é todo ele apropriado à luta. tal con10 se travava naquelas épocas. Pois os suíços constituíam tropas realn1e nte destinadas ao cornbate, no tempo em que o Papa era soberano ternporal de importante parcela te rritorial da Península Itálica. Ou seja, até a usurpação d os Estados Pontifícips, em 1870. O e lmo traz urn vistoso ornato de plurnas vermel has. A couraça evoca reminiscênc ias medievais. U ,na espécie de gola. feita de tule frisado. d estaca nobremente a cabeça do res to do corpo. Por debaixo da couraça, no,... .::-,= ,--.,-- -o--.,...,,, tamos urn casaco de faixas con1 diferentes cores: vermelh a, amarela e azul. As calças e as polainas aprcsentl)lll idêntica variedade de faixas coloridas. O guarda usa un1 cinto de couro, do qual pende uma espada, cuja ponta aparece ao lado da polaina esquerda. O uniforme é sério, digno e ao mesmo ten1po alegre, len1brando o esplendor das antigas cortes. Evoca ainda o júbilo de ser soldado, de cornbater por uma causa, a do Papado. Nele está e xpresso um tipo de ideal n1ilitar elevado e nobre, onde cncontran1os muito do idealismo e da graça da Cavalaria an tiga. A foto en1 ein1a, à direita , fixou o 1non1ento e,n que u111 Oficiais da Guardo Sulço e da Gendarme,ia Ponliffcia d OS gua rdaS SUÍÇOS ( 0 (JUC tern a ,não e rguida) presta jurarnento. e nquanto se us con1panheiros pe rfilan1-se e mantêm as a labardas en1 atitude d e continência.

Guarda su Iço p rosttt j,jr.1monto

Na últirna ilustração. vernos um destacamento da Gendarmeria Pontifícia e1n formação na Praça de São Pedro. Um pormenor da cena merece menção. O oficial ostenta urna bela faixa dourada na cintura.

Estes são alguns dos uniformes de milícias vaticanas, do passado e do presente. Corporações armadas que têm ou tiveram atrás de si tradições de heroísmo e fidelidade ao Papa, por quem, em diversas ocasiões, derramaram o sangue. Quanto à Guarda Suíça. apesar de certos «aggiornatí» e progressistas a cons iderarem urn s ímbolo do espírito «triunfalista» da Igreja, de épocas que chamam de «superadas». essa n1ilícia continua a prestar serviços à Santa Sé. Sustenta. há séculos. o ônus e a g lória de velar pela segurança da sagrada pessoa do Sun10 Pontífice. Seus uniformes seiscentistas são até hoje admirados pelos milhões de peregrinos que vão a Ron1a. E eles contribuem de modo marcante para a magnifi cência que .d eve cercar a Corte Pontifícia na Cidade Eterna. Gendarmeria Pontifícia

Na terceira foto, un1 gendan11e pontifício conve rsa con1 un1 guarda suíço, an1bos oficiais. O uniformc do prin1eiro, que data do século XI X, é caracteristicame nte napo lcô níco. Co,nparado com o fardamento anterior, notan1os que, en1 três séculos d e diferença, os ornatos din1inuíran1, o vistoso , o alegre e o brilh ante dos trajes quase desapareceram. Esta uniforn1e tende rnais ao tri stonho, ao pesado. Entreta nto. e111 co nfronto co,n fardas de nossos dias, quanto adorno ainda! O torn escuro do traje é quebrado, de quando cm quando. por belos ornatos: a plu1na vernre lha e os cordões brancos do gorro alto de pele negra; as dragonas douradas; a faixa cla ra que atravessa o peito; a calça e as luvas d e uma alvura imaculada; a ci ntura dourada, os botões da mcsn1a cor, a bela espada e as borlas que e nfeita rn a ba inha. São mais a lgumas notas de adorno que contribuem para resgatar o que o traje poderia ter de um tanto pesado. No total , um belo uniforn1e que , na época pardacenta em que vivemos, faria sensação.

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Defesa eficaz contra o divórcio D. Mayer apela à CNBB O. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos (RJ), dirigiu ao Emmo. Cardeal Aloísio l.orscheider, Presidente da CNBB no dia 28 de abril, o seguinte telegrama: ' «SENDO OS ILUSTRES compo nentes do Senado e C1mara Federal cônscios_de ~uc. pela natureza de seu mandato, devem exprimir no P_o der Lcg1sla1 ,vo os dcsc1os e aspirações do eleitorado. estou persuadido de que não aprov;1râo o divórcio caso sintam que a maioria

do povo brasileiro não o deseja. A repulsa dessa notória maioria se avivará e se tornar.i pa tcn1e cas<? o _órgão supremo da CNBB publique largamente. e co m toda Ufgenc,a, um docurn~n10 mos1rando que a ap~ovaçiio d o divórcio viola gravemente a Le, ~e Deus. p~rturbr, a ordem natural, prejudica a fundo a moralidade publica e pnvctda. abala a famíli..1 e arruina a Nação. · E:<primo ponanto a _Vossa Eminência meu desejo de que tal pronunc,amcn10 a ser publicado pela CN BB seja feito cm comu nicado especia l. consagrado só a essa matéria e desvincu lado de considerações

VISITANTE que percorrer os históricos e vetustos faubourgs parisienses. hoje em dia . estará exposto a repentino sobrcssallo. Mais precisamente ao e.<tecnoc hoque». é a sensação que o visitante experimenta ao deparar com um imenso edifício de «entranhas» visiveis e salientes. Elevadores, condutos elétricos, canalização de água, tubos de calefação. e demais estruturas internas, mostram-se no meio de um amontoado desconexo de aço e vidro, construído nas proximidades de Les Halles. da Torre Sai11t Jacques e de outras veneráveis relíquias históricas. - Uma gigantesca fábrica? Mais provavelmente uma refinaria de petróleo, pensará alguém, vendo as volumosas tubulações, chaminés, e vigorosas estru turas metálicas. Um instante bastará para dar-se conta do engano: trata-se do Ce11tro Nacional de Arte e Cuflura Georges Pompidou inaugurado há poucos meses c m Paris, o nde é conhecido como o lle/lub<n,rg, no me do bairro cm que

º

se encontra o mamu te arquitetônico.

Há sete anos, o falecido presidente Georges Pompidou imaginara dotar Paris de um museu de arte que rivalizasse com os grandes centros similares norte-americanos. Expressão da aspiração popular no sentido de ver restabelecida a primazia da influência francesa, do ponto de vista cullural e art ístico, perdida para os Estados Unidos depois da II Guerra Mundial , dizia-se. Com efeito, Nova York passou a ter os maiores salões de arte do mundo depois de 1945, onde predomina a chamada arte moderna:

Acreditando corresponder aos anseios de tais setores, Pompidou idea lizou a construção de um monumenta l museu. Para tal foram elaborados 681 projetos, dos quais 491 estrangeiros. Coube a uma comissão composta entre outros por um brasileiro, um inglês e um holandês, formar o júri que deveria indicar o vencedor. O projeto contemplado. para espanto de seus próprios autores - o inglês Richard

A certo repórter de um matutino carioca recém-chegado a Paris. um chofer de 1axi assim se expr,m,u sobre o controvertido centro: «O senhor não <·h egou em boa hort,. Co,11 todo o frio que esuí fazendo aqui só resta ir ver este negócio idioui e vulgar que i11aug11raran1 0111e1n.

Rogcrcrs e o iwlit1no Rcnzo Pia no

u,na espécie de arn,azé,n de arum. O espírito francês, muito ágil cm estabelecer ana logias, vai multiplicando os apelidos ao 8eà11bo11rg: «hangar de arte», «supermercado da

não passa de um despretensioso

cu ltura,>, <cmoinho do conhecimento»

rascunho de ccnovidadcs,> est ilísticas.

são a lgumas das denominações mais correntes. Elas traduzem muito bem. o caráter massifican1c e 1otaliuirio, extravagante e dispa ratado do Centro l'ompidou.

oMesnro no concurso - afirma Rcnzo Piano - Sl' o.objetivo é vencer. ele não é o único. Para nós o Centro era uma hipótese, um exercício intelectual, um exercício de estilo. Propusernos uma ferramenta. com forma de ferramenta; uma espécie de navio espacial, mas qual o ob;etivo da villgem? O projeto 1uio foi concebido para a c11/t11rll como é hoje ,nas ron,o o será dentro de /O 0 11 20 anos. o que é co111pleta111ente ignorado». Um a construção indefinida, inexplicável. c m ordem a algo c1ue não se conhece. cxcogitada por dois jovens arquitetos novatos da ndo rédeas à cx travagci ncia imaginativa! Eis o monumento concebido como homenagem às ,,conquistas» culturais e artísticas de nossa época. Como não poderia deixar de ser. o «monumento» produziu na França, controvérsias. polêmicas. também

elas monumentais, noticiadas nas

p-áginas das conhecidas revistas francesas /'(lri., Mau:II e L'Exvress. O bom senso e a inteligência francesas cuja nota distintiva era ser patrirnô· nio ta nto das classes elevadas como das roais modestas - vai abandonando certa i11telige111sia esquerdista, os <.dmpressionismos>>, e.<cubismos» e · na medida em que ela se torna cada «dadaismos» e tantos outros desvai- vez mais esq uerd ista. Mas continua a rados «ismos» de nossos século. ao deitar reflexos nas camadas populalado e obras de real valor dos melho- res. Precisamente do povo simples res mestres e escolas artísticas e uro- partiram as mai ores objeções e propéias, facilmente adquiridas pela 1es1os contra o Centro l'ompid()u. mais rica nação da te rra. Victor Vasarely. húngaro natura lizado francês, p intor Muitos setores da, inteligentsia francesa, pro~rcssistas, esquerdistas modernista. considerado o pai da de avant-garde e congêneres. Optical Art. amigo de Pompidou, enquanto votavam desprezo ao lamenta. pelas páginas de Paris glorioso e imortal passado cultural e Match, a reação do público ao artístico da França, sonhavam museu. 1,( Fala-se - diz ele - dt; um sobrepujar Nova York na corrida cm cong/()merado de vigas. de uma espéperigosa trilha: a extravagância. eie de refinaria...»

Mesmo epalpendo, es criançes c-ustam e entondor ume "osçulture" e xibida no Boaubou,g

Indignados estão os setores esquerdistas, segundo no1,c,a a imprensa francesa. com a «falta de respeito» para com esse verdadeiro templo da «modernidade,,. O órgão oficia l do Partido Comunista Francês. L'Hurna11i1é. irritado. verberou contra as 1<manobraS>>'C os <csarcasmos rcacionítrios» de que é vítima o Centro 1'0111pido11. É curioso que, nesta ocasião, os comunistas não se lembrem sequer de criticar o elevado c usto da espa lhafatosa obra. 980 milhões de francos (cerca de 2.8 bil hões de cruzeiros). Sua manute nção cxigini 120 milhões de francos anuais. aproximadamente 1/ 7 do o rçamento atual do Ministério da Cu ltu ra, quantia superior à consumida por todos os ou tros 30 museus da França j untos. E precisamente numa época em que a economia francesa passa por dificu ldades. Mas ... a serviço da «modernidade» o dispêndio se justifica. Da modernidade ...? Como admitilo. se lembrarmos que moderna é também a tendência de cu lt ivar as tradições vcrilic:1d;1 entre sClúrCs da

juventude dos Estados Unidos. Inglaterra e o utras grandes nações contemporâneas? E. contudo, não se tem noticia de que os esquerdistas se sensibilizem com isso. Organizam-se até, nesses países, os chamados clubes de «anacronismo criativo» onde são lembrados e revividos episódios heróicos da História da Cristandade com seus estilos de vida e cultura. Ainda moderno é o atual movimento de opin ião, registrado nas urnas de diversos países da Europa do Norte, rejeita ndo não só o comunismo , mas também o socialismo. O que, entretanto. haverá de mais moderno do que o entusiasmo com que a juventude de tantos países das Américas e da Europa acolhem os ideais proclamad os pelas Sociedades de Defesa da Tradição, Família e Propriedade e organizações afins? A pergunta então se impõe: quais as formas de modernidade endossadas por comu nis1 as e socialistas e quais aquelas a que votam ódio de morte, e por quê? Qual a razão de os seguidores de Marx serem também partidários ardorosos do Centro de Arte e Cultura <Jeorges l'on,pidou? São questões in1eressan1es que ficam entregues à sagacidade de nossos leitores.

ARNÔBIO GLAVAM

sobre quaisquer outros temas. Agradecendo íraicrn.1lmcn1c em meu nome e no da população aniidivorcisrn de minha diocese Antonio. Bispo de Campos».

Aprovação do divórcio constitui pecado público Em sua C ircular sob re o Divórcio, o Sr. Bispo de Campos, D. Antonio de Castro Mayer, voltou a condenar categoricamente as gestões parlamentares no sentido de introduzir o divórcio na legislação brasileira. E adverte para o castigo que pode advir sobre a Nação por se afastar de Deus pela consumação de u m pecado público, caso o divórcio seja aprovado. Eis a íntegra do documento: ~<Caríssimos

f[1.1

cooperadores e

amados filhos Com a anu nciack1 promulgaçâ(>

de cmend.1 cons1i1ucio nal, redu· zindo para apenas maioria absoluta o sufrágio parlameniar necess<irio p;:tra ,, aprov<1ção de emendas cm nossa Cana Magna. os divorcistc1s contam já com o alinha-

mento do Brasil entre os países que não reconhecem a. Lei divina relativa à indissolubilidade conjugal, estereotipada na pala vra de Jesus Cristo: «Quod Deus co niunxit. homo non separei - Não separe<> homem o que Deus uniu» (M t. 19,6). Como a campanha divorcista, apoiada cm órgãos da imprensa , tende a abalar a convicção dos caríssimos diocesanos. julgamos de nosso dever pastoral , avivar a doutrina já por Nós exposta em Carta Pastornl que publicamos a 23 de março de 1975, a qual deverá orientar o comportamento dos fiéis em família e na sociedade. 1. A introdução do divórcio na legislação de um país constitui um pecado público, em certo sentido, oficial da Nação, porquanto viola es1a1u1ariamen1e uma Lei divina que obriga todos os povos, uma vez que Deus é o Senhor de toda criatura. Com tal lesão dos Direitos do Criador, afastam os legisladores do povo as bênçãos e graças com que o Altíssimo recompe nsa a fidelidade de s ua criatura, e o expõe às desordens, desarmonias. incompreensqcs, sobressaltos, e, enfim, toda a seqüela de males íisicos e morais que enchem a vida dos q ue não temem a Deus. Por isso, diz a Escritura que é feliz o povo que tem a Deus como Senhor - «Bealus populus cuius Oominus Deus eius» (SI. 143, 15), e lembra que o abandono de Deus só traz amarguras • ,,Amarum esl reliquisse te, Deunm (Jer. 2, 19). 2 . Uma Nação que assim, publicamente, rejeita a Lei divina, não tem o direito de chamar-se «cristã», porque a característica deste qualificativo es tá na docilidade com que acata as disposições de Deus sobre o procedimento humano. 3. Não se entende que uma Constituição que rejeita uma l..ci

O. Antonio do Castro Mayer

do próprio Criador prete nd a invocar o Nome de Deus. 4. Renovamos, pois, a advertência que fazíamos cm nossa citada Carta Pastoral: os divorcistas incorrem nas penas cominadas contra os que aderem à heresia. Participam do pecado dos divorcistas aque les que, cm eleições, sufragam candida tos divorcista s. porque não têm nenhuma segurança de que estes se batam pela manutenção de nosso país como nação cató li ca. respeitosa dos Direitos de Deus. 5. O divórcio preparaocaminho ao comunismo. Não somente pelo fato de este ser visceralmcnte contrário ao que é de Deus, como também porque a dissolução dos costumes. conseqüência indeclinável da legalização do divórcio. torna inviável uma decisão enérgica para qualquer luta, e o com unismo exige de nossa parte uma vigilância contínua, ou seja, um habitual espírito de lula. 6. Recomendamos, pois, muitas orações e sacrifícios para im piorar da Misericórdia divina que afaste de nossa amada Pátria esse ílagelo dissolvente da família que é o divórcio. Para que nossa oração seja aceita por Deus Nosso Senhor. deve ser fruto de uma vida segundo a austeridade cristã. Primeiramente, devemos obedecer ao que nos prescreve e s ugere a Fé, e depois, com esta prova de amor a Deus, podemos, confiadamente pedir-Lhe que «venha a nós o seu Rei no», mediante a aceitação de seus preceitos em n ossa o rdenação política. Com vo1os de Santas Páscoas, enviamos aos caríssimos diocesanos cordial bênção c m Nome do Pa fdre e do Fi f lho e do Espíritot Santo. Amém. Campos, 11 de abril de 1977

f An1onio, Bispo de Campos

Pe. Henrique C. Fischer C hanceler».


N9 318 - junho de 1977 -

ano XXVU

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Começou há 60 anos o suicídio do Ocidente NIXON inaugurou a era da détente com suas viagens a Pequim e a Moscou, em 1972. Na ocasião, as agências internacionais noticiaram que o aeroporto da capita l soviéti· ca estava repleto de pequenos jatos que para lá conduziram grande número de homens de negócios norte-americanos. E· ra a abertura de uma nova fa. se de remessas de créditos, tecnologia e alimentos ocidentais para os cofres e celeiros va· zios do mundo comunista.

Dissemos nova fase. Pois não era a primeira vez que a economia ocidental salvava o reg ime de Moscou. Trotsky e Lenine só entraram na Rússia, em 1917, graças à colabora· ção do então Presidente nor· te-americano Woodrow Wil· son e do Alto Comando do Exército alemão. Mais tarde, durante a 2a. Guerra Mundial, o Presidente Roosevelt, cercado de representantes da alta finança, dispensou a Stalin uma ajuda sem precedentes.

Ta is revelações estão contidas no livro "Wall Street and the Bolshevisk Revolution", do Prof. Anthony Sutton, co· mentado à página 3. Na foto, Roosevelt (sentado) com membros de seu governo. Ao fundo aparece Nelson Rockefeller (terceiro da direita para a esquerda), cujo grupo econôm ico, juntamente com outras organizações ocidentais, auxiliou o f inanciamento do regime boi· chevista em sua fase inicial.

O QUE PENSA o leitor deste indígena australiano? Por que se discute hoje se os selvagens devem ou não ser civil izados? Devem os homens de nossos dias voltar ao período pré-neolítico e à prática da magia, como quem reto rna a um paraíso perdido? O que visa LéviStrauss quando faz elogios líricos ao estado tribal, do alto de imponente cátedra no College de Fran· ce? E o progressismo católico, que relação tem com isso?

Neste século, que se jacta do triunfo da ciência sobre a barbárie e a superstição, pareceria incrível que se apresentassem questões como essas. Porém, a tal ponto vai ganhando publicidade a chamada corrente estruturalista, que uma análise se impõe. Desse tema trata o Prof. Plínio Co rrêa de Oliveira na terceira parte de seu ensaio Revo· lução e Contra-Revolução, comentada por nosso colaborador Gregório Vivanco Lopes, à página 4.

,-~

A Europa está sendo conquistada através da Africa " A Europa será conquistada pelo sul", dizia Lenine. O oráculo do chefe comunista está a ponto de cumprir-se. A África torna-se dia a dia mais vermelha com a crescente interferência russo-cubana. Dócil jogu ete de Brejnev, Fidel Cast ro (na foto, com Kadhafi, na Líbia) desfila triunfalmente pela África hoje pontilhada

de contingentes militares cubanos. A "descolonização" daquele continente abandonado pelos europeus reverte em novo tipo de colonialismo, de natureza ideológica. A África torna-se desse modo instrumento e trampolim soviético para uma agressão à vizinha Europa, ou mesmo à América do Sul. Página 2.


O SAFÁRI VERMELHO NA ÁFRICA OJE, TODOS os ventos sopram do 1,,cste: no Oceano Índico, nas margens do Mar Vermelho, no hemistério austral, ao longo das costas atlânticas e mediterrâneas, no coração da África. enfim por toda parte. As conturbações no continente africano agravaram-se sensivelmente durante o periodo da chamada «descolonização», a partir da década de 60. Há pouco mais de um ano e meio, o fim do conflito em Angola precipitou a redistribuição das zonas de influência no continente africano. A presença militar soviética e de seus aliados cresce assustadoramente, enquanto os Estados Unidos e o Ocidente recuam, omitem-se ou dobram-se diante da expansão comunista. Em um futuro não muito remoto. provavelmente toda África será vermelha.

H

simplista, a Rússia depara-se no momento com as conseqilcncias de sua bem sucedida intervenção cm Angola.

A estratégia dos soviéticos Os comunistas visam, antes de mais nada, apoderar-se dos países costei ros. tendo em vista o princípio de que, uma vez controladas as saídas para os oceanos, nada mais fácil q11e estrangular economicamente os Es· tados do centro do continente. cor-

Por outro lado, a independência do território francês de Djibou ti, a 27 de junho de 1977 (última etapa da descolonização européia no continente) representa um perigo a mais. A independência desse pequeno território cncrustrado no chamado «chifre da África», entre a Somália e a Etiópia, transcende seus próprios limites, passando a fazer parte da luta estratégica pelo controle das rotas petrolíferas. Djibouti. s ituado junto ao estreito de Bab-cl-Mandeb é passagem obri-

a

Sai a Europa, entra a Rússia Até 1950, a Rússia não dispunha de re presentação diplom,ítica cm nenhum pais ao sul do Mediterrâneo. Foi por essa época que começaram a su rgi r os primeiros movimentos de indcpendência nas colônias africanas, cm relação às metrópoles européias. Eis os países europeus, com sua colônias e respectivas datas de independência: Bélgica - Congo (Zaire). 1960: Ruanda e Bu,·undi. 1962. Espanha - Marrocos. 1956; Guiné Equatorial, 1968: e Saara (d ividido entre Mauritânia e Marrocos). 1976. frança - Marrocos e Tunísia, 1956; G.uiné, 1958: Alto Volta. Rcnin. Camarões. Congo. Costa do Marfim. Madagascar. Mali, Mauritânia. Níger. República Centro Africana, Senegal. Tchad e Togo. 1960; Argélia. 1962. Inglaterra - Sudão. 1956; Gana. 1957; Gabão, Nigéria e Somália, 1960: Tanganica (Ta nzânia). e Serra Leoa. 1961; Uganda. 1962: Quênia, 1963: Malawi e Zâmbia, 1964; Gâmbia e Rodésia, 1965; Botswana e Lesoto. 1966; Sua2ilândia, 1968. Itália - Líbia, 1951 ; Somália. 1960. Portugal ·- Guiné. Bissau , 1974; Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe, 1975. É enorme a diferença entre o colonialismo clássico europeu e o imperialismo russo. A Rússia é o único pais da EuroP.a, que não libertou suas colônias na Asia Central - Criméia e parte da C hina - conquistadas na mesma época cm que os franceses, ingleses e belgas colonizaram partes da Africa e da Ásia. Graças a uma ação muito bem coordenada, os soviéticos foram a umentando sua influência cm todas as regiões da África. armando os movimentos de guerrilha que lutavam contra os colonizadores e infiltrando-se com grande rapidez em todos os setores democráticos que pretendiam a independência dos países do conti· nente. Moscou não se peja de seu colonia-· lismo antigo e moderno, que apresenta como uma «descolonização e libertação dos povos», procurando justificar seu expansionismo como de interesse nacional dos países que conquista. No caso da África. cm termos políticos, é com a «luta de libertação» que os russos tentam explicar suas incu rsões no continente. Com uma lógica

O monstruoso e o grotesco na vida infantil R

ISOS. PRESENTES e a legria encheJn a sala de um moderno apartamento na Park Avenue. cm Nova York. Jane, filha de um indus trial , comemora seus 12 anos. Em determinado momento. os convidados começam a se perguntar o que se passa com a aniversariante, que se retirou discrctamenlC há um bom tempo. Pouco depois. um grito geral. No hall. aparece uma criatura horrível. A face retalhada, ossos aparentes e os olhos fora da órbita. O s usto de alguns, o pânico de outros ~e diluem cm exclamações, perguntas e risos. Passados alguns minutos, tudo se explic.i. Jane está provando o mais «moderno»

brinquedo que ga nhou de um tio ...

OCEANO ATLANTICO A INFLU~NCIA COMUNISTA

OCEANO

NA ÁFRICA

11>10,co

•!$1~ey1Govo,n<>< mocomon;110, llfi}.?,\'~l deda.r<Mm

Na África: avanço comunista e recuo ocidental ,ando-lhes as anérias pa.-a o comércio exterio r. Constata-se hoje que a África quase inteira se encontra cercada pelos russos. não havendo país que não tenha f,·o ntcira com algum outro domi nado pelo comunismo. Basta 1an-

çar um o lhar sobre o mapa para compreender que a Rússiaj:í dcté_1n achave política de quase toda a Africa. E a Eui·opa será conquistada pelo s ul. j {1 dizia Lenine. Há do mesmo modo que na Africa, um;1 expa nsão das 1.onas de iníluên· eia comunista por todas as partes do mund o. Mas é nesse continente que. no momento, os russos concentram

seus esforços de modo especial, devido a sua posição estratégica, e ao fato de ser essa região do globo o cio de ligação entre o Orien te e o Ocidente. E o objetivo desse empenho é consegu ir o controle da África meridional e das rotas marítimas do petróleo. As rotas do Cabo da Boa Esperança são usadas para abastecer o Ocidente com 80%do seu suprimento de petróleo e 70% do material estratégico da O rgani1;,ção do Tratado do Atlântico Norte - OTAN. O extremo meridional da África é ainda importa nte ponto de apoio da OTAN para operações no Ocea no Índ ico e no At lântico Sul.

gatôria entre o Mar Vermelho. o Ocea-

no Índico e o Golfo Pérsico. É a rota comercial de quem se diri_sc ao canal de Suei, proveniente do Indico. Como também rota das marinhas de guerra - quer a soviética . procedente do rnar Negrot quer a amcrican~, 1.1rovcnicntc do Mediterrâneo ou d o Indico. Portanto, um ponto nevrálgico no mundo. Conclusão: quem conseguir conquistar a passage m destas ,·otas. podcr::'t bloquear o forneci mento petrolífero ,i J;uropa e Estados Unid os. o que resultará fmal111cn1e no controle de toda a economia ociclcnwl. Em sua última viagem à África. Fidel Castro tentou lançar as bases para uma espécie de «federação socialista» que englobaria a Etiópia, Som,\lia e Djibouti. O objetivo seria segundo Castro - impedir a eclosão de uma guer'ra entre Somália e Etiópia p-01· suas históricas rivalidades. como pela posse do Djibout i. Se essa proposta v,er a prevalecer, a federaç,ã o scn\ ma is um marco da presença· soviética dominante no estreito de Bab-el-Ma ndeb. Um dos aspectos mais a larmantes de toda essa situação é a ausência total de uma verdadeira «política africana» por parte das potências ocidentais. Nem os Estados Unidos nem os europeus visam objetivos claros e definidos para conter o avanço russo. Os soviéticos, pelo contrário, têm não só na África, como cm todo o mundo, objetivos definidos. podendo por isso. traçar planos adequados para atingi-los. Não nos iludamos. Conquistada a África, o comunismo se lançará sobre a América Latina. Entretanto, a tática será diferente. e a batalha difícil. Pois nosso Continente é constitu ído do maior conglo merado de nações ca tólicas da Terra. Por isso. é especialmente através do campo religioso que o comunismo procura pcnclrar.

CARLOS SODRÉ LANNA

A cena é imaginária, mas o novo tipo de «brinquedo» é real e começa a en t rar cm voga nos Estados Unidos. Trata-se do Horror Make-Up.

uma caixa contendo material cosmético que, convenientemente preparado e aplicado sobre o roslo de uma pessoa. confere-lhe uma fisionomia horrip ilante e assustadora. conformc a prcfercnc ia de quem prepara o «brinquedo». Há horrores e monstruosidad es par.i sa t isfazer toda s as apetências dos que ocupam seu la1.er com essa nova forma de diversão. A macéria consta basicamente de uma espécie de gelatina cm pó que, d issolvida cm água que nte. toma o aspecto de carne fresca. Essa pasta pode ser colocada cm diferentes mo ldes de p lástico e a máscara assim obtida é colada ao rosto com uma certi, goma. Os moldes fornecem 56 variações básicas de máscarãs de horror. Outros acessórios completam o «brinquedo» para oferecer à «admiração» dos circunsta ntes, por exemplo: o rosto de u m doente leproso, ossos da face malformados, testas deformadas, cicatrizes grotescas, feridas provocadas por tiros ou facadas, e gotejando sangue, globos oculares pendendo das órbitas etc. Segu ndo a revista Ti111e (20-1276), 250 mil unidades dessa nova «invenção» já foram ve nd idas, insinuando que ela vem consegui ndo grande aceitação entre o público, apetente assim d e horrores. deformidades. monstruosidades e outras coisas do gênero.

ao rejeitar o belo e voltar-se para o monstruoso. Se o produto teve em vista as cria nças e estas espontaneamente o apreciaram, mais grave a inda se torna o fato. Indicaria a intenção péssi·ma do fabricante procurando atingir as mentes infantis e uma degeneração precoce da menta lidade das crianças, especia lmente afeitas à admiração da verdade. da beleza e do bem. · Com efeito, a reta ordenação da mente pede que o homem ame o bem e o belo. detestando o mal eo grotesco. E o comportamento humano procura semprcadequarse a tais princípios quando não é desviado deles pelo afastamento das verdades e da moral católicas. distanciamento este favorecido pelas tramas da Revolução. É perfeitamen t e normal e compreensível que uma pessoa padecendo de a lguma deformidade física. congênita ou adquirida, procure corrigi-la, disfarçá-la ou escondê-la. A doença poderia, na verdade, influir em seu estado psíquico e cm seu relacionamento social, pois provocaria repulsas instintivas cm outros. É necessário sempre um esforço especial não só da parte do portador da deformidade como de seu interlocutor para s uperar esse obstáculo. E é normal que seja assim. Uma d_as principais finalidades da cirurgia phística (Cparndora é exatamente esta: não só melhorar as condições de funcionamento do organismo. mas também a normalização das condições do convívio humano. A razão de f u ndo presente no es1>iri10 dos cirurgiões que praticam essa operação é a te ndência natural do homem para a ordem e o belo. Causa. portanto, justa apreensão o fato de «brinquedos» que

Máscaras mons-truosa.s, novo divertimento nos EUA: o quo acha o loitordMS8 " d istração" ?

Esse fato nos convida a tecer algumas considerações a respeito do gra u de deterioração mental que a Revolução universal tem conseguido produzir naqueles que se deixam gu iar por ela. Primeiramente, devemos levar cm conta que o fabrica nte de ta l mercadoria não a teria produzido se não tivesse uma certa segurança a respeito da aceitação por parte do público. A ju lgar pelo número de vendas. parece que ele agiu com acerto em termos comerciais. Entretanto, no âmbito muito mais amplo da luta Revolução e Co11rra-Revo/11ção (no sentido que lhe dá o Prof. P línio Corrêa de O liveira e m sua obra que leva esse título). prestou ele um serviço inestimável à causa da «Revolução nas tendências». explorando grave deformidade de alma a que chegou o homem contemporâneo

reproduzem artificialmente o mórbido e o grotesco es tejam sendo fabricados e vendidos em larga escala nos Estados Unidos. O q ue esperar de uma geração que. desde a in fâ ncia, é induzida a . adm irar o grotesco e a subverter toda uma ordem de va lores que foi sedimentada em s ua alma por Deus'/ Em unia criança que, em vez de brincar com as bonecas. bolas ou carrin hos de antigamente, compraz-se em passar seu tempo na elaboração de fisionomias disformes e repugnantes, que qutras desordens não poderão vir a se manifestar quando adulta? Convém cscarmos alerta para que essa nova investida contra a boa formação d as crianças não penetre em nosso Pa ís.

MURILLO GALLIEZ


60 ANOS DE POLITICA SUICID·A ~

Franklin Roosevelt

ÃO FAZ MU ITO. foi publicado nos Estados Unidos o livro « Wa/1 Street and thc 80/shevisk Revolu1io11». do Prof. Anthony C. Suuon (Arlington House, New Rochelle. NY. 1974). O título. para

N

quem não conhece cm tod a sua ex·

tensão os trágicos acontecimentos que culminaram com a derrubada do tzarismo em 19 17. pode parecera mbíguo. Sobre o que versa o traba lho'! Mostrará a rejeição omnímoda da a ila finança internacional à avalanche politie,o-idcológica desencadeada na Rússia? Constatad1 as manobras do «imperia lismo monetário» para afogar cm sangue a irrupção csponul nca de multidões famintas. como cena legenda revoluciomlria procura apresentar ·o auxílio de potencias ocidentais aos russos brancos'! Se a lgum hipotético leitor. baseado apenas no conhecimento da capa. começou a enumerar os passados slo-

Trotsky melhoraram tanto. que um memorando da Chancelaria britâ nica a \Vashington dava conta de l'umores mu ito difundidos na época. Tais in formações apresen tavam Kerensky como um agente germânico. pago para dcsorganiz.,,r a Rússia e aumentar o poder interno dos bolchevistas. o que proporcionaria melho res condições para a vitória das poti.:ncias centrais. Continua o livro mostrando que cm determinado momento. os revolucionários julgaram já m:,d ura a si· tuação. E Trotsky partiu com v,\rios comparsas de Nova York, onde vivia. para «completar a Revolução». Seu r>assaportc foi fornecido por determinação do próprio presidente Woodrow Wilson ... Pouco depois. Lenine deixava a Suíça acompanhado por um magote de seguidores. com idêntica incumbência. viajando

comercial dos países vencedores. Então. muitos homens de negócios bus-

se nada disso convencesse~ afirma-

Conseqüência prática deste aspecto da história da seita vermelha: uma

Tais hipóteses . .:mbora disponh,un

vam eles que era preciso entra r em confabu lação com Lenine pois o bolchevismo tinha vindo para ficar. Todas essas túticas eram desenvolvidas na época c m que o comunismo a

de fundamento parcinl. não nos pare-

duras penas conseguia avançar

Vem- nos â memória o «Lcnd -Lca-

cem de molde a esgotar a questão cm go expla nar cm um simples artigo as várias teorias explicativas desta situa-

dentro do imenso império dos tzarcs. tão vivas eram as reações suscitadas. Em conseqüência das atividades que hoje chama ríamos distcnsionistas. os

ção. a um tempo complexa e preocu ..

govcl'nos ocidentais co locaram re-

sc»· dc Roosevelt que. u lt rapassando qualque r proporção anterior. ajudou Stalin na 2• Guerra, a ponto de o poderio soviético ser ma,or cm 1945 do que cm 1941. quando iniciou

pamc.

prese ntantes oficiosos ju nt o ao governo russo. O agente ing lês Lockhan foi desc rito pelo representa nte . soviét ico cm Londres também oficioso - Maxim l.itin ov. como um cchomcm que simpatiza conosco». A Fra nça indicou o velho amigo de Trotsky. Jacc1ues Sadoul. O norte-americano foi Raymond Robins. considerado num despacho dip lomá rico secreto enviado de Copenhague ao Departamento de Estado. como suspeito de comu nista. Esse cidadão dirigia a missão norteamericana da Cruz Vermelha na

caram captar a benevolência dos do-

nos da situação em Moscou com intuitos mcramcnlc comerciais.

suas regiões maisprofundas. Seria lon-

-

Consolidação bolchevista e financiamentos escusos

Retornemos f1 trilhu. Nos anos decisivos de 191 7 a 1922. enquanto se chocavam sangrentamente as duas Rússias, a postura de áreas do Ocidente contribuiu possantemente

gans esquerdistas (um pouco desvalorizados nos d ias de hoje). aconselho-o que cesse de lembrá-los. evitando dissabores maiores. Pois o livro trata da ... colaboração do capital internacional na obra da implantação do comunismo no antigo império dos

~ ~,

f 1 I,

ção ao ricaço norte-americano \V. B.

T hom1>son. que aba ndonou o pais em dezembro de 1917. Este magnata ocidenta l. <1uando

Romanov.

O Prof. Suuon, pesquisador consciencioso. com paciência e obstinação britânicas. vasculhou minuciosamente os arq uivos do Departamento de Estado.até 1922, agora abertos à consulta pública. Dali retirou impressionante massa de dados que, concaténados por ele cm a.-ticulada visão de conjunto, fornecem inquestionável contribuição pa.-a o estudo sério e aprofundado da rápida movimentação política nos anos que precederam à queda de Nicolau II e daquele primeiro período do marxismo no poder. Continua ainda difundido entre nossos contemporâneos. o esquema simplificado e faiscado nas premissas de que o bloco compacto do capitalismo combate, cm fila cerrada. as tentativas de avanço comunista. Tal noção, bem se sabe, foi bastante abalada após a guerra fria, com o advento da «délcnlc». as viagens freqüentes e amistosas de diretores de gra ndes corporações financeiras a Moscou. Na véspera da c hegada de Nixon à capital soviética, em 1972, noriciousecstar o ac,·oporto internacional daquela ca pital atu lhado de aviões aja10 do tipo exéculivo que para ali convergiram transportando boa parle dos mais representativos dirigentes da economia do Ocidente. À vista de tantos sinais de aproximação, ficou realmente difíci l continuar martelando a tecla de que, sem matiz nenhum. o grande inimigo cio avanço comunista era a alta finança.

O inexplicável auxílio ocidental O livro do Prof. Suuon contribui possantemente para desacreditar aquela noção parcial, tão útil aos desígnios subversivos, já que coloca como a mais potente força anticomunista a ,mera defesa de interesses pessoais, não raras vcrcs resguardados de maneira questionável. O estudo deixa falar os fatos: sem a ajuda do dinheiro fornecido por figuras conhecidas do «estabhshment» ocidental da época e a cooperação descqncertante de personagens governamentais de potências do mundo livre, talvez a Rússia não estivesse hoje sob o jugo comunista. Vejamos, rapidamente, algumas parles da obra. Quando, em 1917, Kercnsky iniciou seu governo significativamente intitulado provisório pelos· próprios detentores do poder - as condições p ara o dominio da sinistra dupla Lenine-

antiga cerra dos tzarcs. cm substitui-

ainda residia na Rússia, aj udou o

governo Kcrens ky e passou a apoiar Lenine. inclusive med iante a concessão de um milhão de dólares. tendo 111.indado lançar de avião folhetos de pl'opaganda com unista sobre as

cumplicidade estranha que, durante décadas. desde seu advento, obteve de rorças que deveriam ser. naturnlmentc. opositoras decididas.

tardiame nte a guerra con tra a

Aleman ha. Aliás, até 1947. o governo americano. com base nessa lei. continuo u os fornecime ntos de ma teria l para usos estra tégicos. Exatamente naquela é poca. boa parte da Europa Oriental caiu sob o jugo soviético graças ao «inocente» sorriso ele Roosevelt cm Yaha , o qual concedeu prodigamente e sem razão pondenivel áreas de influencia enormes ao regi me moscovita.

Kissingc,· não foi senão um dos artííices recentes dessa velha política autodcmolidora. E o que dizer da atual administração Cartcr? O fucuro diní, cmbon1 as perspectivas pareçam sombrias. a dar seqí.iência à linha de Yalta e da <<distensão» kissingcria na. Cada vt!z m41is se comprova a cínica

frase d e Lenine: os capitalistas forneceriam a corda com a qual

.. .

seriam enforcados.

tropas alemãs. Qu::.ndo. na viagem

de volta. passou por Londres. Thompson co nversou longamente co m o e n1ão primciro - rninistro

L.loyd George. Nessa entrevista conforme relatam as atas de uma

num vagão lacrado fornecido pelo ... Alto Comando do Exército Alemão. De passagem, um rápido comentá rio que pode ajudar a compreender certos lances da política contemporânea. pelo jogo das analogi,is esclarecedoras. Lcv Davidovich Bronslcin (verdadeiro nome de Trotsky) agiu como mç<lemdo de esquerda até 1917. Nas vésperas da insurreição apareceu com a fisionomia de dirigente extremista. Voltemos ao tema. Sobre a velha Rússia. o terror vermelho avançava. Os bolchevistas. comando com fundos de origem até agora não inteiramente desvendada. mas - isto sim, sabido - cm parle financiados pelo Aho Comando Alemão e po,· alguns importantes fin~ncistas da época, revigoraram seus meios de ação e iniciaram a fase final do golpe. Na tentativa de esclarecer a estranha atitude alemã e o aparentemente inexplicável financiamento de grandes ca pitalistas, algumas hipóteses são levantadas. Uma afirma que os orientadores da polít ica germânica, percebendo a impossibi lidade de vencer a guerra cm duas frentes, decidiram neutralizar a retaguarda. E, para cal, contribuír3m para dcsorgani1.ar a Rússia, através do auxílio à agitação do período Kercnskye, posteriormente, da fose bolchevista. Procurando elucidar a desconcertante ação de a ltos círculos monetários. outros conjecruram terem eles agido no intuito de dominar o mercado russo. logo que terminasse a guerra, j{, virtualmente ga nha pelos Aliados. Uma Alemanha, mesmo vencida, pelo potencial de organi1.ação. dotes humanos e trabalho de que disporia, seria uma ameaça contínua à ação

para que a heróica reação dos russos brancos fosse jugulada pelos vermelhos. Tais setores do mundo livre <1Ssumiram a1 i1 udes de omissão

injustificável. ocasionando o isolamento dos resistentes. ou mesmo concedendo apoio direto i, seita lcninista. Fixemos o olhar cm o ut ros significativos fotos constantes do estudo aqui comentado. Numerosos :,ncigos banqueiros. que tinham negócios na Rl1ssia t7..arista, naturais ou não do país, aceitaram canalizar fundos para intuitos su hversivos e. após a Revolução. tornaram-se agentes linancciros do novo regime. Entre eles estão Oiof Aschberg, /\vram G iva1ovzo (innão da mulher de Trotsky). Jacob M. Rubin. Grcgory Bcncnson. Davidoff Kamenka e organizações ligadas aos Morgan e aos Rockefeller. É oportuno considerar ai nda o utra a tividade, de si até mais importa nte: o favorecimento no Ocidente do novo estad o de coisas implantado naquele país eslavo. E como se fazia isto? Essa manobra e ra realizada. de modo discreto e persistente, - só agora parcialmente posta à luz pela abertura de arquivosdiplomá ticos tendo por objetivo considerar os fatos da história russa da época com desâni mo e fatalismo. Como era disseminado esse espírito no Ocidente? Mediante a veiculação de esperanças infundadas de meias verdades ou de falsidades descaradas. Era comum os promotores dessa empresa dizerem que a Rússia voltava pouco a pouco ao capitalismo, que o regime abrandava-se, que era melhor a polít ica de compreensão para evitar endurecimentos. Enfim.

reunião de Gabinete de Guerra. onde o líder brit ânico deu conta da convcrSação aos ministros - . o ho rncn, de negócios norte-a mericano mostrou-se indignado com a insuficie nte si mpatia das potênc ias aliadas cm relação ao novo regime impla ntado na Rússia. «o qual tinha su rgido para se consolidar.», afirmou. Tho mpson , no desejo de forçar a situação. chegou a declarar que Lenine era «um professor distinto». Razão bem pouco convincente para apoiar 11111 governo ... No e ntanto. para o empresário americano as milhões de vít imas do tirano deve~i,\111 consolar-se. Foram perseguidas 1nJuStamcn1c J>Or um professor educado. Bastaria Lloyd George ter à mão uma fotografia do «professor» para constatar - no míni mo - a carência de percepção psicológica de Thompson. ou sua má fé. De qua lq uer maneira ,' a li istória mos-

Uma última consideração. O panorama seria ac.abl"unhadoramcntc desa-

nimador se não interviessem dois faros. O primeiro deles é de caráter natura l: o fracasso cons1an1c do marxismo cm convencer as massas

contemporâ neas. Os comunistas não

conseguem vencer eleições livres a não ser. rarissimamentc, e de mod o invariável, formando coligações com

outros partidos políti cos . Alé m disso. a exaustão do engodo comunist:i, o descon1en1amento atrás da cortina de ferro parecem ind icar a dificuldade d e os vermelhos subjug.irem o mundo todo. Outro faro éde teor sobrenatural. A promessa feita por Nossa Senhora cm Fá tima: a Rússia espalhará seus c,·ros pelo mundo. mas. por fim. Seu Imaculado Coração triunfara. Com esta esperança inqucbrantável, encc.-r:,mos a aná lise de« H1all S1ree1 and th e 80/shevisk l?evo lution», que apresenta incógnitas desconcertantes e situações paradoxais.

PÉRICLES CAPANEMA

trou que a invariável e <<ingênua))

credulidade dos Thompsons de toda ordem. colocou os países livres cm situação ex1rememen1c incômoda e perigosa.

Yalta, «distensão»... e agora? Os fatos acima. dados à guisa de exemplo, foram retirados, aqui e ali, ,cm um c.ritério seletivo definido, do extraordinário quadro apresentado pelo li vro do Prof. Suuon. Seria impossível co1i1en1á-los todos nos limites de uma sintética análise. Embora algumas das conclusões do pesquisador inglês possam ser controvertidas, uma constatação fica de pé: os comunistas, sem o auxliio de setores do capitalismo internacional, quer internamente, quer externamente, se tivessem conseguido dominar a Rússia , $Ó o teriam feito com dificuldades imensas.

••• Constituirá, por certo, importante tema para os historiadores do futuro, esse estudo cheio de ensinamentos.

Enquanto Nix on e Brejnev.,. abraçavam, capitalistas ofereciam tecnologia e crédito ao regime russo

3

,


A 4~ Revolução conduz ao tribalismo estruturalista Claudo L6v;.SttMJ$$:"Es-

tes índios dos t rõpieos e seus semelhantes pelo mundo afora l. .. )o rec:o-

nhecimonto quo lhos to-nho, continuando a me mo strar, tal como fu i en·

1,0 eles, o u1I como, en· tre vbs, eu gost aria d o nio deixar do ser: dotes o discfpulo o a tost omu· nha" .

//A CIÍ:,'NCIA t!a inteligêncit, stio .l':ln otigem e afo,ue, o poço e a cis1er11a d,• todos os mole.\' que afli· gem os homens» {(cl.e jardin ,t 1;·p ;. c'11re». Ed. C:almann-Lévy. 1921. pai;. 168) Esta e outras cstuhicies do gênero são atribuid:1s :l um imaginário pro fera ca16tico. por Anatolc francc, escritor francês conhecido por seu doentio ceticismo e seus ataques ia religião. F:lzcm elas parte do formidàvcl rcpcrtó• rio de injúrias lançadas contra a Igreja Católica durante o século passado e princípios deste, cm nome de uma ciência dita evoluída, que teria <<provado» a

inexistência de Deus. <cf: ue pro/Na. prossegue Anatolc. suste11wva que. 1wra tornar o vida i11ote111e e mesmo amdvcl, era suficiente remmdt1r ao pt·n.w menro e oo conhetim e1110» (idem. ibidem). Prescindir do conhecimento cientifico e atê: do próprit, raciocinio, eis a loucura da lgrcJa que lançaria os católicos. segundo o escritor francê.s. 110 mais negro obscurantismo. em nome de uma preten· sa fé. É ainda na boca de um católico que ele coloca :1 seguinte insânia: <(Ru remmâei a prnsar ( ... ) desdl' que me dei (·011111 d1;.• que Q pen.ui• mento (! mau,-. (idem. ibidem,. A posição desse suposto católico leva. ria. cm sã lógic:-i. a igualar o homem ao animal. Anatolc não recua diante da conclusão e faz.deslizar dos lábios de seu \1rc ligiosoH pcrsonagen, n aíirmação de que ::1 ciênci:-1 t•inârn os homN,.s a tomptl!cmdet. quando é ('vitleme qu,, um animal l feil<> J)llf(I sentir t! não patlJ CQIII • f}tc·,•,ul,•r: ela d<'S(•n volve e, <·hc•br<J. t/Ui• é um ârgtin inlÍtib>. (idem, p. 172)

Mas. qual a rnzão dessas considerações. perguntará o leitor queatéaqui teve" 3 bondade de nos seguir. Para que essas citações·~ Estaní icCawlldsmo>> querendo retomar a mofada polêmica ci~ncia X religião, devidamente arquivada rrns pr-.ueleiras da História, como um fato inglório de é poca j!i passada? Não. amigo leitor. Tal não é nosso objetivo. Acompanhc•nos m3is um pouco c verá ...

As metamorfoses da Revolução Ao denunciar a Revolução universal que progressivamente eorroi o Ocidente cristão desde o século XV ,11é nossos dias. o Prof. Plínio C:orrêa de Oliveira ressalla seu aspecto camaleônico. por onde e la vai se nternmorfoseando, e .:td(1uirindo. cm cada caapa. um aspcc10 próprio (Cfr. ,<Revoluâlo e Comro· Rl'volur,io». «Catolici.'ímm> nº 100), Aquilo ·quc omcm era moda, hoje é velhcira, e a R evol ução vai assim superado•sc a si própria no engendrar now1s infâmias que devoram as anterio· rcs. Í! bem cxa1amcruc o comrário da verdade católica. que <(trn ontem e éltoj1,.~: a mesm(I serd l(lmb<;m por todos os .wfc11/os» (Hcb. 13.8). Ora, fazia parte ela etapa revolucioná· ria vigente nos fins do século XIX e princípios do XX a supe1··cxahação d:1 ciência. e portanto da razão humana. com o correlato desencadear de uma ofensiva de calúnias. debiques e mesmo perseguições contra a Igreja . por ter Esta a pretensão de hau rir na virtude da Fé su.s suprema vercladc e sua ma ior pujança. M(1s o tempo passou. E o ca maleão revolucionário mudou de cor.

Olivein1 na terceira parte. recém escrita - publicada em «CtlfoHcismo)>, nº J 13 de seu luminoso ensaio «Rt•,·olução l' Com111-R,~volu<:iío». Nes 1c complemento a seu famoso estudo. o Prcs,idence do Conselho Nacional da TF'P analis;, e in1crpreta com inteligência penetrante o atual estado dessa luta, e. na ílmbria do hori 1.onte. com d iscernimento cx1raordi· nário. :i.ponta os sinais. timldos e indecisos ainda. que indicam os rumos futuros da Revolução. Não é nossa intenção empreender de momento uma análise de toda essa tcrcdrn part e. Queremos aqui salientar· lhe apcn~,s um ponto: o novo passo da Revolução.

Após o r>rotc.starnis,no. a Reyolução Francesa e o comunismo. qual scn:\ a IV Revo1uç..io que se aproxima'! Sobre esta questão, crucial para o homem contemporâneo. o Prof. Plinio Corr<:a de Oliveira diz: ,cÃ' impo.1:rt'vel 111io pergu111111 se 11 .todedadr trib"I sonlwda p~,fas 11, 1uais ,·urtemes t·stru1t1((1/isu1s )u1o ,lâ uma respos,a "<-..w,1 imlâgt1r17o. O e.wrwurnlismo vê na ,·üf11 1ribal uma sí,W!,tf! ilu.triria t!lltr(• o aug,, da libe1·d1uh~ t'ndividual e do <º<>leti• ,,,·,u no (''111.\'elllitlo. na qual c'sfi• úlli• mo acabo por iÍt't'(Jrllr a liherdmlt•. /;·m 1t1I c,,letivismu. os vdrios c,tus,) m1 m: pessoa,,r indiviiluai.t. ,·om o .' i('U f)t!IISO/lll'lltU . Sllll \'QU/(U/t• {' .reu.,· modos dt.• ser, ,·arm·1,,rt's1h·v,H' ,·m,jliumu•s. Sl' fundem e se dis:wlv,•111 - seJtwulo ell's- 11a persmw· /idade c-ole1ivt1 tia triba jtert1dnrt1 de um pens11r, ,le um qul'r{•r. dl' ,,m (•stilo dl! .\'{'r d(•11,wm1c~11u com1111,,·."I) (C1111,lil'ismu, nº 313). Esta posicão do estruturalismo e m fo. vor d:1 sociedade 1ribal, poderá causar estranheza a algum leitor pouco aícito ;;10 contacto com as novidi:1dcs cclitcrá rias,> e ~ccicntííicas» que lotam as CSl3nles de íilosoíia, ;HHl'OJ)Ologi:1 e outras, das n~odernas livrarias. Enirc tanto é a 1)ura realidade. Veja-se por exemplo o segui n1c texto cm que Lévi.S1rauss. principal figurn do estruiu,alismo. diz que a sociedade do

4

' <)

E esse presságio se desdobra. logo de-

pois. cm homenagem ,1 sociedades indígc,,as. tocada. a haq ,.-, doce: ,t Per1ni1i. pois, meus c11ros ,·o/egos. que(... ) minlws últimas palavras sejam para esses selvagens. ,·,Jja obsl.'ura 1e11al'it/(lde nos ofirrece abula o meio dr mribuir t10~· fmo.t Jumumo.'> .tua.,; V{•tdtultirt,s dimen• sÕN,· : lwmens e mulheres ·que. 110 mtJmento em que fnló, tJ milhares ,Je ,1uilôm(•tros daqui. t•m olguma s11vom1 pom·o " p,Juca desuuidn pl•lo/ogo do f't•rrmlo. uu ,wma,llu·

caminham. embora ainda com passo incert o. uma série de tcnd~ncias pré-tribais de nossa sociedade dita civilizada. En1rc e las o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira enumera: a corrosão. pelo nudismo progressivo, das tradições indumc,u;írias do Ocidente: o desaparceimen10 r;ípido das fórmulas de cortesia. o que nos aproxima do trato tribal: a crescente ogeriza a t udo quanto é raciocinado, estruturado c metodizado. cujo paroxismo final é a vagabundagem da vida nas selvas~ a aversão ao esforço intelectual. à abst ração. à teorização. conducentes. no final do processo. ao embotamento da razão e â hipertrofia dos sentidos e da imaginação. comuns no selvagem: e por íím. os indílicos elogios ao comunismo chinês. como primeiro lampejo de uma sociedade pós-indust rial, ainda mal definida.

Destruição da razão e magia Mas é talvez. no campo psicológico e mental que a IV Revolução aprcscnaa-se mais ousada. T rabalha ela para des1ruir a razão humana. escravizando-a à magia e ao fetichismo. De fato, most ra o l'residenae do Conselho Nacional da Tí-P que. nas tribos. a razão individual •<fico drt·w1strita a quase nada, is· to é, nos primeiros e mais eleme11· wres movimentos que seu es1tuló otrofiado fite ,·onsente. •<Pe11st1me1110 selw,ge,m>. 1u:11s11mt•nto que

As mai.s avançadas corrontes revolucionárias p regam a volta 30 estilo tribal de v.cla, como a d este aborígene...

ÍlllUtO

c.podNia. uma vez ma,:r, as..tumir essa feirlió de es1r111uro regular 1.• <·<1111<> qm-. cri:ualim,, que a.,· mais hem prc~scrvatlos das soril'd(lt/f!J primitivu.~ [pré-neolític.a s) nos t•11.. sinam ,,,u• ,uio t: ,·cmtrária à 1w1u~ reza lwmana. (...)

Tamb em n a Igreja penetrou a 4a. Revolução. Esta pintu ra onruturalista, que ptetondo ,,,_ presentar o Batismo de Crist o, ilustra um Missal ocfüado polos Bispos do Canadá.

seu saber. e eles,, uf}õem vigorosa· mente ao dos branco.~,,(ldem, ibidem. p. 5 1).

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A caminho da animalidade Esta volta à taba préwneolítica. o estruturalismo não a concebe corno um fim cm si. mas apenas como um meio par-a nova conquista: i' idcn1ificação com o animal. E e les não recuam d iante da afir• mação: E eles não recuam diante da afi rmação: c<e1u1uamo o filosofi(I do cogito tem. 110 1m1ord(>Con fcssions [Des· cart es]. sua carrrira mar<·mla por derivar das evidências do t<ew,, Uvi-Strauss encontra a dire(ão inversa. o da id1m1ific11ção inicial com o outro. seja o ouiro homem. s1.'io a owrn âvilizaçõo. sejá mPl'· mo o outr<> animal». (<cO Estrutu~ rnlismo 'de J.,i,1i-S1raus~>. Voz.cs. Pearópolis. 1970. p. 13. coleaãnea de Luii Cosia Lhna).

'0

res10 enrht,rr(lt/(1 de 1:/wl'(1, rrtot· ,wm tio o,·1111,pnmento p(Jt,, dividir NUl'P si 11m11 magra piumça. e t>\'Q·· t m· j umv.,· o.,· seus dt•ust1$: estes ,;,. dios tios 1róviro,t. I! S<>11s semelhanu•s pelo muud,, ,1fora. l/Ue me• en.,·i· ram .\'ttu pabrt• snber ,w </WJI se,,. d,a, emrc,,a1110 o ~~ssenâal dos<'<>· nh,~dmc.,11/1),;; t/Ut' mt~hovc•i:t ,•11t·t1r· rtgll(/ô tlt• 1ronsmitir a outros:[... ] e com relação o quem r0111rat' wna tlt'vida dt, qual ,u7o sNei libt!radô, nwsmo se. no lugar onde me puses· 1,•s. eft pudt•.vse j ustificar a ternura t/m' mt• in.\·piram. e o reconheci• memo qm~lhes lenho. co111i11ua11tlo a nw mostroT. tal ,·omofui e111re l'lt1s, l' wl como. t•11tre w5s. ,•u gô.ttaria de~ não deixar de ser: deles o tlisdpulo t" a ll!slemw,ho)). (idem, ibidem)

Es:sa linguagem não pode ser qualifi. cad,l 's implesmeme como a de um louco. Ela é a de urn homcrn admit ido como professor ca1cd 1·á1ico no «College de Francc•>. Ele íala numa solene aula inaugural. Tem seguidores e grandes audiaórios. É mui10 prcsaigiado. Seus escritos. como também os de muitos outros cstrnlur:ilistas. são difundidos por todo o mundo. O estruturalismo vem se expandindo e já se iníiltrou largamente até nos meios católicos. Trata·se de uma investida poderosa. Há. pois. método nessa loucura! Porém. ainda não está aí o mais importante. Essa investida por si só não justiíicarià que se visse no estruturalismo o prenúncio da próxima etapa aspirada pela Revolução. O que sobreaud o imporia é que essa corrente exprime de modo radical o fim certo para o qual

não pe11sa (' SI! volla apenas pt1rn o co11cre10. Tnl é o J)tl!\O do fusão col,•vi.fta tribal. A o pagé incumbe m11111er esta vit/11 ps/quit'a ,~o/etiva. por meio de cultos to1êmicoscarregados dt• ccmensngt•ns•> ('01tfusas. mas <cricaS}) dos.fogo.rfó1uosou a1é mesmo das/ulgur11('ôes provenie11tes ,10 mistt1rit)SO mundo da 1rans· ,,sic<1h)gia ou da parapskologr'n. l pela aquisição dessas c(rit1uezos'I> qu1.; o homem eom,,en.mria a a1ro· fio da razão. Dn razão. sim. m11rora luj,ertrofia· da pelo liwt' exame, pelo cartesianismo. etc.. divinizada pelo Re\lOluçiío Fra11a.w1. utilizada 111~ o mais /ronco abuso em toda escola tle pen.ramento comunista, e agorá. por fim. atrofiado e tornada escrt1va ti servt'ça de 1ntemismo trans· psicológico e parapsicológiro ... » (C/lloliâsmo. n• 313) Esta terrível dc,scrição, à primeira vista surpreendente, e alé inacrcdit~vel para os espíritos superficiais, encontra base cm in\Jmeros textos cstruturalistas. Cite· mos alguns: O pensamento selvagem c<é o pen· somemo lJlll' não pensa>). (Paul Ri· coeur. <(Est rutura e Semântica>) in «O Es1r111uralismo de Lévi-S1rouss,), Vozc..<. Pcarópois. 1970. coletâ nea de Luiz Cosia Lima). O pensamento selvagem ,..é o pen· samen10 em estado .te/vagem, dr's· tinto do pe11somento cultivado ou domesticado para obter um rendi· mentô>} (C. Lévi..S trauss. <ela Pensée Sa11vage,,. Plon. l'aris, 1969. p. 289). É urn pensamento que não ulili,.a a abstração, voltado, poraan10. para o concreto: ,cOs próprios indt'ge1111s têm por vezes ô sentimen· ltJ agudo do caráter concreto de

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B na magia que~ segundo os cstrutu• ralistas, se encontra paradigmaticamente instalado esse ((pensamento selvagem>). S i m. ·exatamente a magia. Prestai atenção. sen hores. é para esse aipo de superstição, eivada de diabolismo, que somos convidados. sob apa rência da mais pura .ciê ncia, pelos modernos fauaores da Revolução. «Não voltamos à tese vulgar( ...) segundo a qual a magia seria uma fornw límlda e balbutiantetle ciênci11 ( ... ). O pensamento mágico não é um inlcio. um com eço. um esboço. ,, par1e de um todo tJindll ,uio r<:(l/izado; ele forma um siste· ma bem ar1icultulo; indepcntlente sob esse ânf!ulo. tlesfl• outro sistema l/W! coí1s1itur'rd a âência [ ...). Ein lugar, pois, de opor magia I! ciência, seria melhor tóló(:á-la.~ em JJaralelô, como dois modos de co11hccime1110)), (Idem, ibidem. p. 2 1).

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1

A IV Revoluç ão tribalista Um novo capítulo, 1alvcz o dcrrndci, ro, se abre na Histól'ia da 1uta entre a Revoluçã o e a Cont ra - Revolução . Capitulo que é descrito com admirável lucide1. pelo Prof. Plínio Corrêa de

Elas cotrt•spomleriam 11 uma pós• sibilidtule perm11nente tio homem. sobre a qual a antropologt'a social, sobretudo ,1ns horns mais sombrias. teria pot missão de zelar. E._ç. ta guarda vigilante, 110.1st1 ciência 1uiv podc•rill monuí-la - nem .requer leria concebt'do sua importâncla e 11ecessitlat!e - se. em re• !{iões ret·uàdlls da Terra. homens [rcfefc~sc aos índios] não tivessem ôbstintultmumte resistt'do à /11:rtó· rit1. e nãá tfress1.•m permonel'ido comn uma pro,•11 ,•ivn do que gue• remos sal\lan>. (Aula inaugural no «Collége de Frnnce». 1960. in «O E:urwuralismo de J..é"i~Strauss,), Vozes. Pearópolis. 1970. eolcaânca de Luiz Cosia Lima).

:e

Aqui o leitor compreende bem como são as mctamorfose-s da Revolução, às vezes dentro de u n1 mesmo século. Com Anatole Francc e o movimento dito científico. ela. cm nome da ciência. acusava a Igreja de abolir a razão cm troca da superstição. e assim animali1.ar os homens. Com Lévi.. Strauss e os e.stroturalistas. ela. sempre cm nome da ciéncia - pois os est rutura.listas têm como ponto de honra o proclamarem.se cientistas - diz. que a razão deve ser abolida cm favor da magia. e o homem deve ser nnimalizado. Eis para onde se quer conduzir a humanidade, por mais que os espíritos ccsupcrioresn e otimistas de nossos d ias so,riam c tachem tle impossíveis tais transformações!

Missionários que não visam a conversão Mas o mais terrível é que essa meaamorfose vem a liada a uma outra, no campo tático. A Revolução, ante a ineficácia d a perseguição. não mais procura atacar a lg.rcja 1 como no século X IX . mas lhe csacnde agora a n>ão para dialogar: e encon1ra, den1ro da cidadela. os que estão prontos a colaborar com qualq uer hcd iondcz. desde que se apresente corno «moderna». 1: o caso, por cx,cmplo. da Editora Vozes, pertencente aos Padres Franciscanos de Pearópolis. pródiga cm propagar livros cstruturalistas de todo o naipe; é o caso também de Sacerdoaes como Frei Francisco Lepargneur. O. P .• sôfregos ern encontrar ,(pontos de conaaton entre Cristianismo e estruturalismo, e cm verificar as pretcn· sas vantagens que um cristão poderia haurir nessa nova vaga do c(pensamen· 10» (cfr. REB. março de 1969): é. por fim. o caso de Prelados e Sacerdotes mlssionã· rios, ((atualizados,) nas vestes e na mente, cuja lu1a não ma is é a de pregar o Evangelho de Jesus C risto. mas de manter os indígenas imunes de qualquer ação civilizadora ou cristã. Embora seja ttágica esta situação. não devemos desanimar. mas consolidar nossa confiança no Reino Imaculado de Maria. prometido por Nossa·Scnhoracm Fátima. E então poderemos ex..:lamar: Senhora. (tós meus allws \•lram a lua salvação,, (Luc. li . 30).

GREGÔRIO VIVANCO LOPES


Missão do Pe. Anchieta

Trans armar tribos em civilização cristã Em janciro de 196S, o governo federal 0$tabeleccu que a data de 9 de junho fosse comemorada oficialmente em todo o país como o Dia de Anchíeta. Nesse dia, no ano de 1597, entregava sua alma a Deus o grande missionário da História pátria o Venerável Pe. José. de Anc~ieta, fundador de São Paulo, cognominado com justiç;, o Apóstolo do 8ras1I. Depoimentos de sua época são unânímes em afirmar que sem Anchieta, a cidade do Rio de Janeiro dificilmente teria surgido, pois somenÍe ele (csoubc manter inabalável o espírito combativo dos expedicionários» contra os calvinistas franceses:. CoJ_ls~gran,os esta página ao rnerec.i damente chamado (cSão Francisco Xavier da Aménca>), com u.m a ardenle súplica à Virgem Santíssima para que seu insigne devoto seja rapida"!ente canonizado. E assim, tão poderoso padroeiro poss.a , especialmente a ~te novo htulo, defen_der eíkazme.n te nossa p,1ria contra a ameaça comunista, incomparavelmente ma,s atroz que o paganismo, extirpado da Terra de Santa Cruz. em larga medida, devido à sua ação apostólica,

S TA TERRA , Senhor. [ ...] é wda chã e muito f.:heia de grandes arvoredo.,. De ponto a po,110 é toda praia... muito chã e muito formosa. ( .. .]. Conwdo. Q melhor fruto que dela se po(ie tirar parece-me qtie será salvar esta gente. E esta deve $era principal semente Qt!e Vossa A lteza n ela deve lançar,) (Cfr. Pero Vaz de Caminha, «Carta a EI Rei D. Manuel». Dominus Editora S.A .. 1963. p. 66 e 67). A J• de maio de ISOO, o cronista real assinava cm Porto Seguro sua memorável carta, descrevendo a terra maravilhosa que a Providência confiava ao zelo apostólico do Rei fidelíssimo. A tarefa ingente de conquistar para a Igreja Católica os habitantes da <tllha de Vera Cruz,, - comoentãoera denominado este país de dimensõescontinentai.s estava reservada. entretanto. a um filho espiritual de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus. A 13 de junho de 1553. desembarcava na Bahia de Todos os Santos um jovem de 19 anos, descendente de nobre família espanhola, movido por altíssimo ideal: a conver.tiio do Brasil. Era Josê de Anchieta, nascido nas ilhas Canárias a 19 de março de 1534. Resoluto, enérgico, dotado de invejável cultura, haveria dese embrenhar por nos.."ias florestas para civilizar e cristianizar os <(brasis)>.

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O Pe. Manuel da Nóbrega (primeiro Provincial da Companhia de Jesus cm nosso pais; AnChieta seria o quinto), discerniu logo no primeiro contato as cxtraordin~rias qualidades do jovem religioso, e o tomou como·seu principal auxiliar e conselheiro. Designou-o, inicialmente. para mestre de humanidades no colégio que funcionava em São Vicente - primícias do ensino em nossa terra - no qual, cm regime de scmi ..internato, era cuidadosamenlc educado um bom número de rapazes indígenas. Transferido o colégio para os campos de Piratininga, onde a seara das almas era mais abundante, Anchieta chegou à nova aldeia na manhã do 25 de janeiro, festa da conversão do Apóstolo das Gentes, com um grupo de treze religiosos da Companhia de Jesus e algumas dezenas de corumins. filhos dos índios do Planalto. Para abrigar os recém-chegados, o cacique Tibiriçá havia mandado construir uma «casa» d e catorze passos de comprimento por dez de largura, com paredes de paus trançados. revestidos de

barro. sem nenhuma divisão interna. desconhecida entre os índios. O primeiro ato celebrado nessa cabana foi a Missa inaugural. sobre um altar improvisado. A coincidência do dia da chegada fez que se chamasse aquela tosca edificação (<Colégio São Paulo,). Inicialmente serviu de dormitório. enfermaria. sala de aulas. refeitório e coi-inha. Nos primeiros dias, também de capela. Dormia-se çm redes e cobertor não havia outro que a foguei ra.

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. ..... Desde o dia da fundação até 1563, os historiadores são unânimes em afirmar que o Colégio e a Vila não foram senão Anchieta, cujo 7.elo infatigável consolidou a nova missão. Dedicava o dia inteiro à instrução e conversão dos indígenas, e passava grande parte da noite com~ondo textos de estudo. pois não havia livros. •Eni · seis rncst:s, clotninou "c'ompleta~ mente o Abanheenga. e antes de 1556 já havia redigido a sua <;Gra,,uítka da língua mais usada na costa do brosib>. Observa o Pe. Helio Vioui S.J., que essa obra é considerada «o m elhor de to tla.r a,,: que Se escreveram n os 1empos coloniais e a que ma,:r corresponde às exigências cientifica$ modernos)> (Cfr. ((Anchieta, o apósto lo do Brasil». Edições Loyola. 1966. p. 62). Para auxiliar o trabalho dos missioná• rios. elaborou um magnífico catecismo na língua tupi, os <<Diálogos da Fén; uma «In strução para o Batismon. outra ((instrução para assisténâa aos lndios em perigo de morte» e um ((Confes..i:iónário». Além dos métodos lógicos. o jovem mestre utilizou abundan temente os recursos psicológicos na catequese dos na tivos: compôs na língua tupi grande número de canções e dramas sacros. facilitando àquela gente primitiva assimilar rapidamente a Doutrina Cristã. Para avaliarmos a excel~ncia do trabalho realizado por Anchiern, convém recordar os enormes obstáculos que se lhe opunham. Além das dificuldades materiais - a carência de tudo. inclusive de alimentos - somavam-se os vícios enraizados em nossa população silvícola: o canibalismo) a poligamia, a embriaguês e ·o nomadismo. Quando confrontamos os métodos e o pensamento de Anchieta com os de certos missionários de hoje, a respeito da catequese dos índios, constatamos verdadeiro abismo. Não há muito, um assessor do Conselho lndigenista Missionário (CIMI), Pc. E)lydio Schwade, fez

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A peça t.atral "Na Vila de Vitória'', eJCtita por Andliet., foi representada. ainda durante aa vida., nesta igreJ• d• S.ntlego em Vila V•lha. no Espírito S.nto. 1

uma declaração que desconcerta: <(Con· fro11101ulo os valores da sociedade indfgena ,·om os de nossa societlad,,. dita civilizotlo. vemos que s6 temos a aprende.r com eles>• (cf. Catolicismo n• 299/ 300, de nov/ dez de 1975, p. 2). No poerna épico que compôs c m 1560, en, versos latinos, no qual exalta os fei tos de 'Mcm de Sá contra os pagãos indíi;enas e os calvinistas. «inimigos de Cristo». Anchieta descreve com realismo impressionânte aqueles usos e costumes a que missionários <•aggiornath> dão hoje o nome.de (<civilização milcnan>. apresen· tando·a por vezes, com misto de simpatia e de lirismo. que causam pe rplexidade. A título exemplific.."l.tivo. transcreve• mos um tópico do poema (<De Gestis Mendi de Saa» (Edição do Ministério da Educação e Cultura. «Obras Complc1as1>, 1• volume. p. 141): ((Que espetáculo <ie sujidõts. <1ue visiío de torpezas! Que obscenos os gestos tios homens, que lmpudicos meneios os das ma/1,ers que ofere,·em os lascivas bebid"s! ( .. .] E.vpeuículo h orrlve/! aí se t·,m-

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, ..--.>..,"t' Na praia de lperoig. Aru::hieta, "Apóstolo do BtMil", MCreve seu Poema à Virgem.

ravam os feitos amigos e as maldnde.i: criminosas dos seus antepassados, e feroz se erguia o ardor da guerra t do sangue, e fervia a paixão de espedaçar corpos lumfOnos. e lançar em vaso.t os m embros feitos em postas. pô-los o assar ao /Jrozeiro e espetar cm caniços os pe,laços cortados em pequeninos. O desejo málvado de .uulos os crime$, sopitado e pouco á poucp envelhado, despertava e rejuvenesciá ao artios desses vinho~,,.

Mcm de Sá simbolo visível de CristoRei na cruzada contra os pagãos. auxiliado por Deus e pelas armas dos valorosos portugueses, submete o indlgena à Lei de Deus: (<O pio governador impõe santas leis aos selvagens? e desterrando costumes e ritos dos antepassados. vín culos que os ligavam ao 1frano do inferno e lhes enlodavam as almas de culpas horrendos, substitur'-lhes preceitos divinos que cortem abusos. lavem os corações afeiados .e os rendam ao Jugo de Cristo que. com um ,Jmco aceno, rege o universón (idem, p. 137) E mais adiante descreve como o governador cristão regulou a vida dos silvícolas, obrigando-os a se reunirem em aldeias para serem catequisados: «Dó força de 4ei civil a tudo ·q uanto nos manda o Criador e aos renitentes com indignação ameaçai>. (p. 139).

Pe. Joii de Anchieta: Mem de Sá "impõe An· tas leis aos selvagen:s. e, desterrando costumes o ritos dos antepassados, vfnculos que os ligavMl ao tirano do inferno e lhes enlodwam as almas do culpas horrendas, substituMhes preceitos divir1os quo cortem abu· sos o os rendem ao ju"° de Cristo".

O poeta sacro formula um veemente apelo no sentido de que os futuros governantes do Brasil sigam - «sem arredar um passm) - a trilha de Mcm de Sá. «paht <1ue Cristo e.v:pulse o tirano infernal. tios /erras do Sul e nelas implante o seu reitiado eterno.'» (p. 89). Humilhado e subjugado. o gentio, entretanto, ainda não estava converlido. Essa operação os arcabuzes lusitanos não podiam realizar. Somente Deus transforma as almas. Era a tarefa reservada ao Venerável Padre José de Anchieta, ao qual, além das extraordinárias qualida· des naturais. a Providencia prodigalizou o dom dos milagres e da profecia. E operou tantos e tão admiráveis prodígios em nossa terra, que pôde ser cognominado o ,<($.ão Francisco Xavier da América,,. Ao pé da letra, Anchieta transformou <cpedra.s em filhos tle Abraãó1>. Anchieta soube introduzir magistralmente na alma indígena as verdades evangélicas. confirmando-as a través de muitos miJagres. Durante quarenta e quatro anos ele se fo1. presentêem todo o litoral brasileiro, do Recife ao Rio de Janeiro, e por centenas de léguas sertão a dentro. sempre à procura do gentio para convertê-lo e civilizá-lo. Concluindo o «De Gestis Mcntli de Saa>), com um admirável hino cm louvor de Cristo-Rei, o poeta inspirado procla· ma uma profecia magnifica a respeito do futuro papel de nosso País no contexto sulamericano (p. 229): «A terra em que sopra o Sul. conhecerá o Teu Nome e ao mundo austral advirão os séculos de ouro_. quando as gentes brasílicas observarem tua doutrina),.

As duas grandes obras de Anchieta foram o poema épico acima citado, e o « De Beata Virgine Dei Matre Maria». poema redigido em versos latinos. no qual canta as excclsitudes da Mãe de Deus. Diante do Altar de Maria Santíssima, na velha Catedral de Coimbra, aos 17 anos, fez o voto perpétuo de castidade, abraçando então os ideais missionários da Companhia de Jesus. Como ele mesmo declara em uma de suas poesias, consagrou-se a Maria Santíssima na qualidade de escravo («Poesia$)>, Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, p.' 274). Ao vir para o Brasil, trouxe no coração esse tesouro de sua admirável devoção à Mãe de Deus. enriquecendo com ela as bases da nacionalidade. Seus numerosos sermões, composições po<!1icas, peças teatrais e sobretudo as canções que compunha para índios e portugueses, contribuíram possantcmcnte no sentido de implantar e arraigar na alma do povo brasileiro o amor à Rainha do Céu e da terra e inabalável confiança ei'n sua intercessão. As diversas igrejas que erigiu em nosso País foram consagradas à Santlssima Virgem, sob o titulo de sua Imaculada Conceição ou gloriosa Assunção. Mas a grahde obra que melhor externou sua d evoção à Mãe do Redentor, na qual dem·o nstrava igualmente a altíssima doutrina d e que estava imbuí• do, foi o poema composto cm circunstâncias dramátiças, em louvor de 'Maria. <<De Beato Virgine Dei Matre Mari(1),>, escrito inicialmente sobre a areia. constitui, segundo o Rcvmo. Pe. Viotti, S.J., «um monumento de vassalagem de nossa terra à realeza esplrilual de Maria>> (op. cit. p.108),capazdeombrcarcomos mais renomados representantes da literatura universal.

Durante os três meses que permaneceu refém dos temíveis tamoios em lperoig, oscila ndo continuamente entre a vida e a morte, a esperança e o desengano, recorreu Anchieta à Medianeira Universal de Todas as Graças. suplicando sua proteção. E prometeu escrever· sua vida cm versos latinos, caso Ela o fizesse sair daquele perigo-, ileso de corpo e alma. E. ato contínuo. começou a traçar na a reia. com um bordão, os louvores da Mãe de Deus. À medida que ia compondo os vários versos. gravava os mesmos na memória' c só prosseguia depois de ter retido mentalmente os versos já compostos. Enquanto trabalhava em seu poema, a Sant íssima Virgem concedeu-lhe a faculdade de operar vários milagres, por meio dos quais co,~quistou a admiração dos indígenas. Jâ no fim de sua missão era consídcrado um <<Santo)>, respeitado e temido pelos principais índios das aldeias da região. E aplacou de tal modo o ódio dos tamoios (os quais, instigados pelos calvinistas. tinham 50 mil homens cm pé de guerra contra os portugueses). que muito mais tarde, o Pe. Pero Rodrigues podia atestar: «estes tamoios daquelt, comarca nunca quebraram as pazes». Assim vitoriosot ao passar paro o papel, entre 1563 e 1565. na cidade de São Vicente, a jóia clássica da litcralura católica que compôs sôbre a areia. Anchieta. cheio de gratidão, concluía com esta dedicatória: <<Eis os versos que outrora, d Mãe Santlssima. Te prometi em voto vendo-me cercado de feros ini· migos. [ ..,] A inspiração do céu; eu mui/O$ vezes desejei 1>enar e ('ruelmente expirar em duros /erros. Mos sofreram merecida repulsa meus desejos: só a heróis compete ,anta g/6riab) (<<Poema da Virgerrm, Edições Paulinas, São Paulo, 1960, p. 307)

Se Anchieta não foi herói pela palma do martírio, ele o foi incontestavelmente pelo admirávc.l holocausto de sua pessoa. Em quase meio século de apostolado, conquistou definitivamente para Jesus Cristo e sua Igreja a nação de maior população católica da terra cm nossos dias. A morte veio alcançá-lo na míssão de Riritiba, hoje cidade denominada An· chi•ta, J10· Estado do Esp!rito Sarito, exatamente como havia previsto alguns anos ante&Era o dia 9 de junho de 1597, contanto ele 63 anos de idade, 47 de vida religiosa, dos q{,ais 44 foram passados no Brasil. Nas soleníssimas honras fúnebres que lhe foram prestadas, o Reitor da Igreja do Espírito Santo. tecendo os louvores do Servo de Deus, não recciou proclamálo alto e bom som, '«Apóstolo do Brasih,. ((flóVó Adão», ((anjo de pureza)>, e. finalmente) <.varão consumado em perfeição, que rivaliza com os ma,'ores son/OS canonizados pelo Santa Igreja». Estando ainda cm curso o processo de beatificação,. sugerimos aos leitores que se sentirem inspirados, pedir graças insigne.< a<> Venerável Padre Jos~ de Anchieta. Os que forem a.tendidos p<>{lerão depor no procCSso e apressar assim a glorificação nesta terra daquele que por nós se imolou de modo tão extraordinário. ' Em próximo artigo, esecramos narrar alguns dos admiráveis milagres e profecias do extraordinário taumaturgo.

M. SOUZA PINTO 5


A FUMAÇA DE SATANÁS NO TEMPLO DE DEUS A VlOLtNC!A eomunista an ticatólica no Vietnã é de longa data conhecida. Desde o extermínio de a ldeias inteiras de popul_a ção católica, durante o governo do presidente Ngo Dinh Diem, atí: as atrocidades freqüentemente relatadas em nossos dias por jornalistas e testemunhas ocu lares que conheceram os campos de «reeducação» marxistas. A esse regime cruel. ateu e visceralmente contrário à Religião católica, o Arcebispo de Saigon, D. Nguyen Van Bin h, oferece decididamente seu apoio, coadjuvado por eclesiásticos e leigos «progressistas». Assim, foi com o sorriso nos lábios q ue Freiras carregaram cartazes de Ho Ch i Minh ao lado de soldados do regime

Nio só no Vietnã fllombros da es-trutu• ra eclosiàstic& ofor,r co $U8 mão ao carras-

co de nossa Religiio. Segundo e conheci· do rov ista f rancesa L'Exp,ess (25-4 a 10.. 5.1977), o Partido Co munista Espanhol reuniu sous comaradas numa igreja do Madrid. Quem a terá oferecido aos ..,

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Prof. Pe. Pedro Teixeira Pereira, Belo Horizonte (MG): «t uma

mandsta, durante as comemorações do primeiro a niversário deste. O próprio O. Van Oinh ostenta retrato do falecido chefe comunista do Vietnã acima de seu b.-asão episcopal. Os representantes da vítima homenage iam desse modo o algoz. Que recompensa recebeu o Arce· bispo de Saigon por tal at itude? Ao fazer contristados estas observações, baseadas cm fatos públicos e notórios, nosso objetivo consiste exclusivamente cm alertar os leitores de Catolicismo para esta imensa crise que se a lastrou cm setores de grande influência e importância da Igreja Católica nos mais diversos países. Entretanto, não tenros cm vista ·com isto estender ta is considerações a toda a Igreja Católica c m nossos dias. nem a todos os membros do Clero secular e regular, como tam· bém à totalidade das religiosas. A revista l11for,11ations Catholiques l n te rna1io11a les (março de 1977). insuspeita porque progressista. informa que após serem feitas essas concessões inconccbiveis a Igreja não go,.a de maior liberdade no Vietnã . O próprio Bispo-coadjutor de D. Van Binh é mantido sob regime de vigilância e suspeição. o que parece um indício de que nem todos os membros do C lero vietnamita assumiram uma posição de colaboração com o marxismo, a exemplo do Arcebispo Van Bin h. na linha da observação feita por nós

adrna. Os missionários cstrangciJ'OS foram expulsos do país. Cerca de 300 Padres, que constituem por volta de um quarto d o Clero vietnamita, estariam confinados nos campos de

<cr<:educação» marxista. Todas as atividades re ligi osas . inclui ndo sermões, são vigiadas. As Religiosas só podem trabalhar cm escolas e

hospitais sob condição de não falar cm caridade cristã. É espantoso o contraste entre a atitude do Arcebispo de Saigon e a de certos Bispos brasi leiros. Là. como norma gera l. tanta cordura, tanta

doci lidade cm relação ao regime que oprime a Santa Igreja. Aqui. com freqüência_. ta nta ÍOjlOSida~lc ~ agit_;i. ção a scrv,ço de um suspeno ,deahsmo. em geral sempre útil à seita de Marx! U1. caminha-se alegremente para o aniquilamento da Fé. A4ui. levanta-se uma verdadeira tcmpcstt1· de de protestos a 11ropósito de um c,iso ou outro de excesso na repressão antisubvcrsiva. suposto ou real.

hi11na,ws e da <·onvivénâa pacifica». Pelo contrário, a Hierarquia eclesiástica declara que ensinará a seus fiéis «a se dt1re111 conta do ben, que nossa son'edade socialis1a cl'ia p aro a felicidade do hon1enm. E. «con,n ,ne,nhros d11 lgr<!ja. e.\·U11no., · conven· ('itlos de que o,.;sin, t1g itnos be,n. e presuunos unt serviço aos interesses da Igreja e de nosslJ pâ1ria socfolista. cont ribuindo para 1nelho rar 11s relações ,•,ure a Igreja e o Estado socialisla» (Cf. Kotoli<'ke Noviny, Bratislava. 23-1 -1977). ·

••• Os dirigentes da C/Jri1as tcheca.

•• •

por sua vez, classificam a «Carta 77» de «pt11,j/eu, dij,1111tJ16rio» con1 ra

Em nosso Continente, a infi lt ração comunista na Igreja parece ser não menos grave. Segundo ·a revista

a República Socialista Tcheca e proclamam: ccNtío deha1ren10.'i desur-

norte-america na Tin, e. em sua

edição de 15- 11-1976. 500 Sacerdotes colombianos e nviaram petição ao Vaticano acusando seus Bispos de ,,estarem /Jliadus /10 explorador co11tra o explorado». O Pe. Saturnino Sepúlveda. chefe do grupo de orientação marxista Sacerdo1es par<t a América L11tin<,, declarou: «Eu vejo

Jêsus Cristo <·01110 o se<·rc1ário-ger<1/ do pritneil'u partido comunisfll».

••• N;, Tchecoslováq uia. a submissão da Hierarqu ia «católica» ao regime comunista apresenta-se c m toda a sua nudez. Dirigentes da Faculdade Teológica São Lino e São Metódio. diretores da Associação Santo Alberto e da C,1riws tcheca e cslov"C<,, dcclar~· ram-sc ind ignados contra os dissidentes s ignatários da tão comentada «Carta '77». Como se recorda, o 4ue os dissidentes (que nem sequer são anticomunistas. mas comunistas que desejam maior liberdade) ousavam solicitar ao regi me de Praga era o simples c u n, primemo de cláusulas do tratado de Hclsi nque. firmado por Moscou, mas jamais observado pela R ússia e seus satélites. Entretanto. nem esse mínimo de liberdade recla mado pelos próprios marxistas foi do agrado de a uto rid;,. des eclesiásticas da Tchecoslováquia. Em seu pronunciamento. afirmam

c1uc não favorecerão inidat ivas que procuram agit;i.r (<(Is âguas 1rmu1üilas

de nossa vidt1 civil, das rela<·ões

gm,izar a r«pública! Nosso povo

caminha pela [... ] es1t,ula da sâlida mniztu.l,> <·0111 a União SoviétiNt e:• con1 tis denwis 1101,:ões socialisrasn. (Cí. K"tulicke Novi11_v. Praga. 23-11977).

• ••

Antigamente as crianças aprendiam nas primeiras lições de catecismo q ue a Santa Igreja Católica. Apos,ólíca. Romana é a única verdadeira. fora dela não havendo salvação. Hoje a agência noticiosa Fid~s. do Vaticano. (23-6-76). divulga com a ma ior natu ralidade noticias

como esta: ((O Pe. A1u/unn Fernando C. M. I ., o r itinârio d o Ceilão [atual Sri Lanka). é o primeiro Patfre ('{Jtólic-o 1

quê l!nsinarâ h11di.'in1ó 1w U11il,1ersida-

de Nacional Cingalezt,. O Pe Fer,umdo for1110,,.,se na Universidade Grego;imw de Ron10. 11a Univ,•rsidade

l11J1fistt1 do Ceilão e 110 lns1i1u10 Catôlico tle Paris. Dt•sde /961 e11si11a budis1110 f.' caiequese no Sen1inório nocional de Kandy»

* • • Nos Estados Unidos, o Pc. 1 Coylc, da Universidade de Wisconsin, concelebrou missa com uma

«saccrdot iza» da Igreja Anglicana. A Sra. i\. Ca mpbell revestia-se dos pa ra mentos sagrados. fez u m sermão sobre a libertação. elevou a hóstia na co nsagração etc. A n o ti c ia fo i divu lg;,da pela revista l111roibo. da França Uul/ 1976). W. G. S. O. Van Sinh coloca o re t roto do Ho Chi Minh acima de sou brasão arquiepi~

pai.

alta imprensa, clássica, séria, d igna. Votos que nã o p"arem: peço a São Fra ncisco de Sales lhes dê sempre o vigor, a prudênéia, o respeito. a firmeza. Sou ad mirador do Exmo. Sr. D r. Plinio Corrêa de Oliveira. Já o ouvi na Lapa (S P). O utros, não conheço». Madre Maria Ódila Maroja, O .S.B., Bom Jardim (PE): «CATOLICIS MO é o grande mensagei ro da Ve rdade. Deus a bençõe os que o fazem)>. «Letras cm marcha»- Cultura e noticiário militar, fevereiro/77: «Recebemos e agradecemos o jornal CA1"0 LIC !S MO, edita do em São Paulo e que se constitui nu m dos melhores. mais inteligentes e profícuos órgãos anticomunistas e representativo da Igreja q ue aprendemos a respeitar e fazer nossa». . Sr. José Gomes Cardoso, Avaré (SP): «lmpertérrito de nuncia nte dos falsos cató licos. dos vendilhões da pá tria e maus democra tas,[ ... ]. Sr. Iulo Bra ndão, Campinas (SP): «O CATOLICISM O é, a meu ver. um verdadeiro e ind is pensável baluarte nesta crise brutal que ameaça a Igreja». Sr. Antonio Hoínaski, Po nta Grossa ( PR): «Ótimo jornal , pois é um verdadeiro ba lua rte contra o progressismo e o comunismo, os piores. inimigos da Igreja Apostólica Ro ma na». D. Ivone M iranda, Porciúncula (RJ): «Eu estou satisfeita . fico conhecendo muitas coisas que ignorava a respeito da Igreja e do comunismo)>. · Sr. M iguel Strazzcr, Castro (PR): «(CATOLI C ISMO é) muito bom. e peço a Deus que continue nessa linha para q ue te nhamos, ao me nos. um jornal à a ltura da nossa convicção. Parabéns». Sr. João Evangelista Bueno, Piracicaba (SP): «Se me permite m, uma sugestão: p ublicar em CATOLIC IS MO, de forma didá tica e si ntética, os principa is a rgumentos contra a do ut rina comµ nista, te ndo cm vista. princi pa lmente a classe e juventude estudantil. das nossas Un iversidades. Ter cm vist a que os u ni ve rs itá r ios b ra si le iros desconhecem completa mente os estudos filosóficos e conhecem muito por alto a doutrina cristã e a próp ria Re ligiã o católica. sendo, por isso mes mo. presas fáceis de a rdo rosos e astuciosos líderes estuda ntis e pseudo-estudantis. a lguns até treinados em Cuba. na Rússia ou c m países comunistas, os q uais e mprega m c havões, fórmulas ou frases feitas. tudo muito bem decorado. causa ndo assim viva impressão nas mentes descuidadas e desprepa radas dos nossos jovens». Nota da Redação: Anota mos a sugestão. Em tod o ca so. os «Diálogos Socia is» que publica mos cm nossas ed ições de ma rço, junho e ju lho de 1968 (nºs 307,3 10 e 3 1l respectiva mente) talvez atendem em partt a seu pedido. Escritos~m linguagem acessível e editados em forma de opúsculos, fora m eles la rga me nte di vulgados por todo o Brasil (300 mil exemplares) pelas caravanas da TFP. Já e ncaminha mos a V.Sa. exemplares desses três opúsculos. Associação das Senhoras da Caridade d e São Vicente de Paula, Fort aleza ( CE): «Como d irigentes da Associação das Senhoras da Ca ridade de São Vicente de Pau lo de Fortaleza. confia ntes nos dirigimos a V.Sa., para um pedido. Este ano. cm julho. nos d ias 18. 19 e 20, rcali?.ar-sc-á ctn nossa Sede, o VI Encontro Nacional da Ca ridade, para o qua l muito estamos nos e mpenhando. Pois, ao lado da Ex p os ição d a Meda lh a Mi lagrosa q ue organizamos desde dcz~m bro/ 76, na abertura do Ano Centená rio da morte de Catarina La bouré, q ueremos enriq uecer a «Coleção dos T ítulos de Nossa Senhora». A liás. o a rtigo de «CATO LIC ISMO». de fevereiro sobre a Meda lha Milagrosa . hon .-a a nossa pequena Exposição, no Salão-Capela da Sede). · Antigas assinamcs q ue somos de CATOLIC ISMO e admiradoras da pcrícição da montagem. da clareza das argumentações e d~ beleza das estampas da Virgem Ma ria. piedosa mente publica das ao lo ngo das edições deste jornal. pedim os e nca recidamente a V.Sa .. que nos envie fotos de Nossa Senhora, pa ra o motivo acima citado. Co nfia mos . porta nto, no accndral:lo a ino r â Excelsa Virgem que a nima su'a lma de comba tente da TFP que nos dê este P,recioso a uxílio. porque muito pouco conseguiníos a respeito». Laysce S everiano Bomfim , Vice-Presidente e Allanísa Barbosa Gondím , Presidente.

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80101/w ile Ro,•roi - François-lo,coh Hcim

(1787-1865)

GRAND CONDÉ vocação militar realizada O QUE MOVE o homem cm nossos dias"/ Trabalha-se. csíorça-sc e luta-se à procura de um fim que. encon1rndo. justificaní todos os padccimcn1os:: isto é o r<'ali:tu·-.,·<). 1::sim pal<1vni vaga é no cnt;.mto a molu propulsora do mundo hodierno. Procura-se prcs' ígio. carreira. dinheiro e ami1.adcs. 1nsat isfci10.

cada um procura reoliz ar-s(' na imirnção

dos modelos que considera bem sucedidos. Como evitar as desil usões dessa busca enganosa? Onde cs1{1 verdadeiramente a N't1liz11ciío? Ê o que procuraremos ilustrar ncsla página. analisando. a títu lo de exemplo. a lguns lances da vida de um homem que se Jlodeconsiderar rea lizado ila carreira militai'. poi!\ é considerado um dos maiores generais de todos os tempos: o Príncipe Luís 11 de Bourbon, chamado o Grtmd Contlé.

1cs da batalha . pois o penacho mais íacilmcmco identifica durante o comb,,tc. O gra nde nari;,; curvo cm bico de águia o carnctcriza como um

Bourbo n: é o Duque d'Enghien. futuro príncipe de ·condé. Seus olhos claros. de lampejos de aço. denotam um cspirito capaz de compreender num re lance as situnçôes mais com·

plexas e de tomar as decisões geniais que o tornaram célebre.

ai;, bardas espanholas. Dcs1,, feiw a íogosid:i · de do cm bate é wl qué os l<·râos acabam por ceder e se dispcrs~un 1lcrscg.uidos pela r:1v,1laria . Em pouco Lcmpo, ;-1 dc:bandada

do campo. os in.imigos avançam dcstroç;-tndo

as linhas francesas qut! começam a se qispcrsar cm desordem. Parecem ainda

O jovem J)uquc d'Enghicn. que nunca hc1via cxercido a,ncriormcnlc o comi111do de uma bHt.tll1<t .. súub<:nt impor..:,;e él um ini migo

mais poderoso. A vitória de Rocroi ficaria

quadro do conhecido pintor da História francesa. François-Joseph Hcim , pintura que reprodu7.imos .:1cima. O artista foc:;1 liz.ou e,)m maestria o gesto do jovem Duque contendo sua c;:1v:;th1ria, no lim da batalha. a fim de evitai' uma ca 1·nificina nas hostes espanholas. que já li:,viam se rendido. Gesto que ,·cvela . ao mesmo tempo. altaneria. serenidade. elegância e superior magna nimidade de <:$:pirito.

rcssm1r aos ouvidos do jovem n1<1rech,t1 (IS

pa lavras de seus conselheiros. na noite ant erior: <(AI/as. o q11,1 J('rÓ de nrís se

Primavera de 1643. Em frente /1 fortaleza de Rocroi, entre escuras nuvens de pólvora, a cavalaria francesa e· os ,creios {a ntigos regimentos) espanhóis estão e ngajados num amplexo de morle. A fumaça da mosquetaria encobre quase todo o campo e se estende a per, der de vista. O estrondo da bata lha é e nsurdecedor. Sobre uma colina, destaca-se um jovem que detém a carreira de seu corcel branco. Por a lgum tempo. olha a tentamente o campo de batalha. procurando discernir o estado do embate. llm curto bastão recoberto de veludo li lás, sobre o qual se notam flores de lis douradas em relevo, o identifica como marechal de Fra nça, apesar de s ua pouca idade: 22 anos! Ágil, de porte altivo, veste roupas de seda cla ra, couraça. rendas e botas altas, segundo o costu me da época. Leva na cabeça um chapéu de feltro com grandes plumas brancas, cm lugar do Arcabuzeiro c.$panhol c imo que recusara an-

pcrtk•rmos a bau1/lu1.?)> - "'·'·su ,uio 111<' preol'uptm. respondera com altive1.. ((JU..>is 111orrerei m11rs».

Não há tempo a perder! Co m firme decisão, lança seu cavalo a rédeas soltas. fa1.cndo-sc seguir pcl11 fina llor da cavalaria francesa. Na ala esquerda de suas 1ropas. a sit uação é desesperadora. Já perderam dois canhões e todo esforço para comer a avalanche das fileiras inimigas parece inú1il. As armas hispânicas fendem toda resistência . Quando a re1irada começa a ser geral. surge por tnis da Oorcsrn de a labard;is inim igas o penacho branco de Condé. Num con1ra-a1aquc pc::la retaguarda. ele desconcerta os espanhóis. Mas os valorosos u•rcius conseguem recom-

por a ordem cm pouco tempo e oícrcccm cerrada resistência. rechaçando a cava lari,, francesa. Esta investe uma vc1. mais contra a

mura lhr, indomável, mas ,,s descargas dos mosquetes lhe detém novamente o hnpeto. Dessa vc1. a chuva de chumbo ê tão fero,. que o cava lo do Duque d'Enghien cai mono debaixo dele e um projétil a massa-lhe a couraça . Com sua tenacidade e bntvura ct.ractcristicas, monta outro ginete que lhe oferecem e. il frcnle d e sua cavalariH. voa ou1ra vc1..s.,Jhr.! r1s

da morte.

sl'ria geral c ,.1 dcl'rota espa nhola . co1nplcla.

rcgís1rnda na 1-listôri,, uni vc1·s,1I como um dos mais belos fci1os militares. E c1Hrc as obras de arte. ficaria imorralizada pelo magnííico

Quando as nuve ns de pólvora se dissipam. ele pôde ver o c ru rechoque dos dois ex~rcitos. Apesar da bem calculada investida que acab,1 de lançar sobre a a la esquerda dos espan hóis. o desfecho pode ser 1rágico. Lá, no outro lado

esple ndor da vid;1e 1od;1 a m11jcstadc soturna

O <Juc teria movido Condé a mraa proeza como a descrita?

Po1· certo não foi

ô

cgo ismo pouco

propenso a desafiar" morte. Condé viu algo superior a si. Tão superior. que :rncriíicou tudo por ·cs:,;c valor nhsoluto. sem vacilar.

Lançou-se à luta como o primeiro dos soldados. e era m:i rceha Ide rra nç,1. Arriscouse como se 1ivcssc tudo que g<lnlwr... e tinha

tudo para perder! Mas. que valor :.1bsoluto foi esse que Condé vislumbrou'/ Algo da beleza do gesto e da pn)cza que ele próprio estava r·ca li101ndo. A beleza de . sendo 111:trcchal. jog.ir..sc no risco como uma vilima

que se atira ao holocausto. Desse modo. Condé viveu um dos grandes mo!'ncntos de sua existência. Ele podc,·ia dizer: <~N,io i1npor1a que a l/i,\·t,i1·ia )!.llflfde ou não nwu 1101111•. /111pol'Ut-n11:-· qw,. ,,,,, t1,,,er,11i11tulo 1J1011u•n10. eu. por ossin, dizer. 111e tron.~fonnei e,n hel'oisnu, e ,·isc" puro. Eu vivi o risco: eu tfuiu risco. e por isso. <~/úfo vitúrim>. Sim. Foi

vit ória porque soube admirar um valor absoluto que. cm últ ima análise. exis1ia cm Deus. Ele soube compreender esse m<>mento de ho locausto. cm que a vida e a morte estão

juntas e quase se mesclam. com todo o

Essa atitude de alma não íoi um gesto isolado na vida <le Condé. mas um 1r:1ço carac1eris1ico de s ua personalidade. Um ano após a bata lha de Rocroi. ele enfrentava as hostes alemãs em Friburgo. Vcndo-.is irrcd u1ivcis. lança. num gesto legendário. seu bastão de marechal por cima dos t1dvcrs<lrios e grita a seus soldados: « Vt,1110,\· apa11/ui--lob>Edcsab;1 co m seu cavalo sobre o inimigo. a rrastando a trás de si um íuror de vitória. De um rela nce. ele viu o marccha la10. viu a glória d;i Casa de Condé. viu a honra da Frnnça. viu a belez,1 d<> risco. Só u m pensamento pode tê-lo movido: «Eu arris<·aJ'ei nulo por tudo. Qu<'nJ 11,io .for C(JfJOZ de 1·e,·11per11r este sí,uholo. não é capaz de vl!ntl!I'. Jngo meu has1tio d<' nwrt>chal. e atrás dele vai t11dt1 a 111i11ha p,lâria 1niliFor. A vencer sem perigo. 1rii:nfa-se sem glória(•). Vtmws lá!» E arriscou-se... Sem deixar-se assumir pela beleza e pelo simbólico do gesto. como poderia ele ter rca li1,ado a proeza? Como pode ria executar o gesto sem lhe compreender o valor? Condé viu ali urn absolulo reprcscnlado em seu bastão e e m sua própria pessoa. E viu-se chamado ú doação de si mesmo. ao holocaus10 i1quilo que e le rcprcscnrnvil naquele momento. A heleza desse valor tra nscendente· assumiu-o. tomou-o por imciro. e ele se lançou. Nesse momento. ele se sentia realizado na verdadeira acepção do termo. atingia a plenitude de si mesmo. Por isso, seu gesto im pressiona e a História o tornou imortal como o Grantl Contlé.

11icrrc Corncillc, Libtairic Larous-se, Paris.

(') l..c Cfrl-

1959. a10 li, cena Ili, v. 434, pág. 48.

Mosqueteiro francês

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REAÇÃO AO NORTE, DEBILIDADE AO SUL Nos últimos meses a Europa vem apresentando sinais de grande debilidade ante a escalada comunista mun· dia 1. Simultaneamente, a opinião pú· blica de alguns países apresenta sintomas de vigorosa reação anti-socialista. E nquanto isso, França e ltâlia deslisam perigosamente rumo ao eurocomunismo. Eis as principais informações provenientes das capita is européias.

Inferioridade ocidental ante o bloco comunista preocupa Recente relatório da Organii ação do Tratado do Atlântico Norte OTAN - adverte que os Estados Unidos e se us aliados eu ropeus estão perdendo terreno para o bloco comunista em matéria de armamentos. Sinteti?.ando os dados do documen· to, um coronel do Exército britânico afi rmou que a Rús· sia co nseguiu igualar-se ao Ocidente em armas nucleares e leva vantagem no campo da guerra química. Além dis·

aos vermelhos desde a revolução de 25 de abril de 1974. A e uropa vai se tornando dia a dia mais vulnerável. E ntretanto, o fornecimento de créditos, tecnologia e alimentos ao inimigo continuam. Peritos que recentemente panicipa· ram de um seminário organizado pela OTAN, em Bruxelas, afirmam que a dívida dos países comunistas em relação ao Ocidente cont inuará a crescer. Atualmente a Rússia e seus a liados d evem mais de 40 bilhões de dólares aos países ocídentais. Scgun· do os mencionados peritos, esse débito poderâ alcançar65 bilhões em 1980, o u até a duplicar, na próxima década. Isso s ignifica que o bloco comunista contrairá uma dívida inso lúvel, pois 80 bilhões de dólares

Virgem cm Fátima. Pisa solo espa· nhol, depois de 40 anos de conforlâ· vel exílio na Rússia, a famigerada agitadora comunista Dolores lbarruri, chamada La Pasionaria pela crueldade que a caracterizou durante a guerra civil de 1936-39. Duas datas simbólicas, dois atos simbólicos, que não passaram despercebidos a milhares talvez milhões - de espanhóis. Para onde ruma a Espanha? De um lado, c resce a prepotência e a agressividade das minorias esquer· distas. Quando, por exemplo, o aparato· so dispositivo policial ínsta lou-se no aeroporto de Madrid para proteger ú1 Pasionaria. cerca de cinco ceillenas d e militantes comunistas agita· vam bandeiras e gritavam slogans. Tudo isto soa CO· mo uma gargalhada sardônica para os espanhóis que se lembram da sangrenta e atroz perse· guição comúnista ~nllcatólica de 1936.

Muitos manifestaram seus protes· tos com desassom· bro. M ilitarcs renunciaram a seus postos oeclarando que sua honra esta· so. au menta e mo~ Carrillo. chefe do PCE com La Pa$ionaria. que regreS$0u da seu va atingida. O pri· derniza suas forças cômodo oxttio cm Moscou, durante 40 anos. meiro ministro convencionais com equívale m hoje a um trilhão e , 120 Adolfo Suárez foi comparado a ' Ke· uma rapidez. que está longe de ser arensky, chefe do governo provisório companhada pelas potências ociden· bi lhões de cruzeiros. russo, em 191 7, que entregou o po· tais. Segundo o coronel, a Rússia e der aos bolchevistas. Na escola, os seus satélites possuem 23 mil tanques. PC legalizado na filhos de S uàre7. foram recebidos a contra 22 mil da Alia nça Atlântica: Espanha; pedradas pelos com panhe iros. l l mil aviões de combate, contra 6 No entanto. a pergunta pennancmil da OTAN: e cerca de 90 divisõc.s volta La Pasionaria ce: para onde ruma a Espanha? de cxércíto cont rn 67 ocidentais. ~ de abril, Sexta-feira da Paixão. Por outro lado, o avanço fulmi· nante d o chamado eurocomunismo O gabinete chefiado pelo p rimeiro através de táticas refinadas pode ministro Adolfo S uares legalíza o Socialismo inglês sobre derrota fragorosa neutralizar a França , a Itá lia e Partido Comunista espanhol. 13 de maio, 60° aniversário da eventualmente a Espanha. Quanto a O Partido Traba lhis ta (cujo pro· Portugal, não ofercc mais obstáculos primeira aparição da Santíssima grama é socia lista) do primeiro· ministro James C.i llagha n perdeu 12 1 cadeiras nas últimas eleições DECLfNIO CRESCENTE DO SOCIALISMO adminístrativas realizadas na Escó· NA ALEMANHA OCIDENTAL eia . Também na renovação dos conse lhos mun icipais da Inglaterra e Pa ís de Gales a coligação trabalhista· libera l foi fragorosamentederrotada pelo Partido Conservador, q'ue conquistou 1.135 ca deiras em conse· lhos e condados. E m Londres, a oposição conserva• dora elegeu 64 representantes, contra 28 trabalhistas. Os li berais não obtiveram nenhuma cadeira. Depois das eleições os conservado· rcs passaram a um número d e representantes quatro vezes maior que os trabalhistas. Noventa e cínco por cento da população encontra-se hoje sob administração conservadora, a nível regional ou municipal. Se os resultados das próx imas e leições parlamentares forem semelhantes aos atuais. o Partido Conservador voltará ao poder com esmagadora maioria na Grã-Bretanha. Seria a mais vergonhosa derrota do socialis· mo, num pais decapitai importância.

Em crise o socialismo alemão

SPD - Partido Social Democrata; FPD - Partido Liberal; CDU - Uníão Demo· crata Cristã; CSU ·- União Social Cristã (Baviera). Os dois primeiros constituem a coligação governamental do chanceler Helmut Schmidt.

Como na Inglate rra, na A lemanha os socia listas (SPD) só conseguem man ter-se no poder atualmente graças ao apoio dos liberais (FDP). Agora até mes mo esse apoio começa a falta r. O declínio do prestígio da col igação governamental acentua-se cm lodo o território alemão, como se pod e verificar no mapa político que apresentamos ao lado, indícando as capitais de unidades federadas onde os socialistas enfrentam problemas. E m sentido contrário, aumenta o prestígio da oposição democrata cristã (União Cristã-Democrática e União Social Cristã), que apresenta na Alemanha características mais conservadoras do que em ou tros

países.

Aspecto da Missa mandeda c.elebrer pela TFP pelos 80 ano, das aperlções de F6tlma

TFP comemora aparição de Fátima EM COMEMORAÇÃO ao 60° mando do li Exército; o major Ralph aniversário da prímeira aparição de Solimeo, chefe da Secção de Opera· Fátima. a 13 de maio, a Socícdadc ções do CPAM/ 4, da Policia Militar: Brasileira de Defesa da Tradíção, o desembargador halo _Gallí, do Família e Propriedade (TFP) mandou Tribunal de Justiça de São Paulo: o celebrar Missa na Igreja de Nossa Pc. Antonio Baltazar. arcipreste de Senhora do Paraíso, cm São Paulo. Beira Baixa, Portugal; o capitão No Santo Sacrifício foram lembra- J uo,.as Ciuvinskas, presidente do das todas as vítimas que o comunismo Comitê Pró Justiça dos Povos Báltivem fazendo no n,undo, e de modo cos: o Sr. Karl Baloun, vice-presiden· especial os brasileiros que tombaram te do Comitê Pró Liberdade das em defesa das inst ituições e da Nações Cativas ( PRÓ LIB ERT A· civilização cristãs em consequência de TE); o Sr. Adríano Pires de Andrade, atos terroristas. A Missa também foi membro dos Conselhos Diretores da oferecida pela libertação de todos os Sociedade Veteranos de 32 (M M D povos escravizados pelo comunismo. C) e da Sociedade Brasileira de Educação e Integração. Comparece· O templo ficou inteiramente lotado ram também representantes das por considerável público. Compare- c-olónias de refugiados das nações ceu ao ato o Prof. Plinío Corrêa de cativas: Bulgária , China, Coréia, Oliveira, Presidente do Conselho Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia , Nacional da TFP, bem como grande Polônia, Tchecoslováquia e Ucrânia. número de sócios e cooperadores da O Coro São Pio X, da TFP. cantou entidade. a Missa polifônica ,,Regina Caefo>, do Dentre as autoridades prnsentes compositor flamengo do século XVI. enconfravam-sc o gcneralJosé Frago· Jacobus Kerle. mcni. comandante da 2n Divisão de Esteve presente à cerimônia Reli· Exército: o coronel Murilo Fernando giosa a Imagem Peregrina de Nossa Alexander. chefe do Estado-maior da

2.- Divisão de Exército; o coronel J osué de Figí,ciredo Evangelista: o capitão Manoel Soriano Neto. co-mandante da Companhia do Co·

Senhora de Fátima esculpida por um artista português sob a orientação da 1rmã Lúcia - única sobrevivente das trê$ crianç.."ls que viram as aparicões

da Virgem cm 1917.

Na iminência das votações divorcistas Comunicado da TFP Sob esse titulo, foi distribuído :\ imprensa do País. poucos dias antes da votação d:.s emendas divorcistas pelo Congresso Nacional. o seguinte comunicado: Tendo cm consideraç:ão que, nos

dias ,14 e IS de junho, o Congresso Nacional decidirá, cm reunião conjunta da Câmara e do Senado, sobre emendas à Cons·1ítuíçâo \'isa.ndo estabelecer o divórcio em nosso País, a

Sociedade Brasíleíra de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade (TFP): . 1. Dirige-se ao públieo, e de modo especial à imensa maíoría católic.a do Brasil, a fim de salientar a gravidade dramática da decisão que será então

tomada. A família é a base da sociedade. A indissolubilidade do vinculo conjugal é por sua vez base da familia. Os destinos do Pais no que têm de mais básico, julgar..sc•ão portanto na-

quelas sessões do Congres.so Na· donaJ.

li. Uma C\'entual aprovação do divórcio acarretaria trauma profundo na con.sc.iência religiosa do País . Ore• rerido trauma, sempre danosot sê•loia especialmente no quadro de agita· çâo e confusão que o País - conu) o mundo ínteiro - atravessa. Este grave motivo, de ordem e.ir· cunstancial, por certo terá firmado ainda mais os Senhores Senadores e

Deputados antidivorcistas no propósito de se empenharem a fundo em ob·

ter a rejeição do divórcio. Mais ainda;segundo informa a im· prrnsa, os próprios Senhores Senado· res e Deputados divordstas. atendendo às patrióticas razões circunstanciais jsl indicadas, teriam formado o prôpósito de não se empenharem na

presente ocasião, pela implanlaç.ão dQ

divóreio.

Tudo isso faz honra a uns e a ou•

tros.

Il i. O que é a atu,lidade polítíca hoje, será hislória amanhã. E os histo· riadores mais célebres concordam em que o papel dos ratos imprevistos e

dos casos fortuitos - independentes tantas vezes da vontadé dos que par• licipam dos grandes prélios da vida públiCa - al1era com frcquê.ncia o curso previsível dos acontecimentos. E, 1>andoxo, alteram.no por vezes com especial facilidadet exatamente porque era previsto. Em outros termos, todos confiavam em que os fatos corresse.m de cerlo modo. Várias das

provid~ncia.s nccessárías -j,ara tal são assim omilidas ou reallzadas a meias, precisame.nte porque tidas corno su· péríluas. Isto pernlite ao lmprcvísto

que salte para dentro da liça e mude o desfecho da luta. IV. A TFP levanta suas preces a

Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Bras il~para que o divórcio ainda desta vez seja rejeitado. E ela parUcjpa

com toda • população, da confiante perspectiva de que assjm o seja.

Isso não impede de manter alerta a vigilância contra o Imprevisto. Ela dirige, assim, um cordial e atencíoso apelo a todos os Senhores

Senadores e Deputados antidívorcistas para uma 1>lcna mobili:tação de suas influências e de sua ação, nos magnos dias em que se efetuarão as votações sobre o dh•órcio. E, por sua vez1 a entidstde apela respeitosamente para os Senhores Senadores e D eputados divorcistas, no sentido de que poupem à opinião católica de noss·o

querido Pais o impacto da aprovação do divórcio, tão particularmente traumatizante nos dias que correm.

E pede a todas as forças vivas do Brasil, empenhadas na manutenção

da indissolubílidade do vinculo conjugal institulda pelo próprio Cristo Je· sus ( «O que Deus tmiu. o homem não sepllre». Mt. 19, 6) para que façam subir aos representantes do Legi.slath·o Fede.ral, da Nação que conta con, a maior população c.atólica da terra, o

clamor geral con1ra a medida que,

aluindo de imediato a família, exporá a fatais riscos a PiUria brasileira.

PL!N lO COR.R!A DE OLIVEIRA Presidente do Conselho Nacional •


NQ 319 -

julho de 1977 - ano XXVI!

Diretor: Paul~ Corrêa de Brito Fllho

A ORDEM RELIGIOSA QUE DESAFIA A HISTÓRIA

O centrismo conduz . a Espanha à esquerda - "Bom dia, senhora, creio que ainda não fomos apresent ados". Na abertura do novo Parlamento espanhol, o primeiro-ministro Adolfo Suarez, chefe da coligação vencedora das eleições - União do Centro Democrá· tico - recebe a presidente do Part ido Comunista Espanho l, Ook,res l barru ri, CI'.'· nhecida como La Pasionaria por sua sanha sangui nária. A frase e o sorriso com que Suarez acolhe a velha militante comunista bem indicam os pendores do centrismo, do qual o primeiro-ministro se diz representante. O id ilio centro-esquerda começou. Página 5.

NOVE SÉCULOS antes do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, um Profeta fundava uma Ordem relig iosa destinada ao culto da Mãe de Deus. Arrebatado num carro de fogo, esse Santo fundador não morreu e voltará ao convívio dos homens no fim dos tempos, para combat er o Anticristo. Isto significa que a Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo - pois é dela que se trata ·- continuará a existir até o fim do mundo. Em comemoração à festa de Nossa Senhora do Carmo, celebrada no dia 16 de julho, oferecemos aos leitores alguns traços da alma do Profeta Elias, além de breve histórico da m isteriosa e uma das mais privilegiadas Ordens religiosas ex istente na Igreja. Na foto, imagem barroca dP Nossa Senhora do Car1no• que se venera na sede do Conselho Nacional da TFP, em São Paulo (Página 2).

O PAPA ANALISA A SITUAÇÃO NO BRASIL Telegrama da TFP a Paulo VI e tirar assim a ocasião para os excessos da repressão anticomunista aludidos por V. S. l'edimós também vênia para dizer que se a solicitude de V. S.. transpondo o Oceano e as fronteiras de nossa Pátria,se alarma cm público pronunciamento com osjá referidos excessos, esperamos que com a maior urgência V. S. manifeste de público aos governos comunistas o horror que a V. S. causam as atrocidades cometidas continuamente sobre os povos que eles dominam. Destas atrocidades são exemplos as repressões exercidas ainda nestes últimos dias contra os dissidentes russos. Bem como a chacina que o governo comunista da Etiópia cometeu matando trinta mil oposicionistas. Sobretudo nos parecem dignos de uma alta e patema_manifestação de apoio e proteção de V. S. as Infelizes familias vietnamitas fugitivas do comunismo que vogam pelos mares do Extremo Oriente em frágeis embarcações, na maior miséria e desassistidas pelos governos não comunistas cir· cunvizinhos, presumivelmente coarctados por alguma pressão comunista. Suplicamos, pois, um gesto de repercussão mundial de V. S. que lhes possa aliviar a triste sorte! Rogamos rcspcitosan1ente a Vossa Santidade que nos releve se acrescentamos que o público silêncio de V. S. sobre fatos como estes nos causa a mais dolorosa perplexidade. Levando a V. S. a expressão destes senti· mentos, que estamos certos não serem só nossos, mas de incontáveis católicos do Brasil, da América Latina e do mundo inteiro, contribuimos para evitar que no seio da Santa Igreja Universal lome-volume um bolsão de filhos indefectivelmente fiéis, desolados mas até o momento cronicamente silenciosos, que v:ú crescendo dia a dia, e que v:ú formando na Cristandade uma zona dolorida e relegada a uma como que catacumba, à maneira da Igreja do Silêncio por trás da Cortina de Ferro. Pedindo as bênçãos de V. S., nos subscreve• mos com toda a veneração. Plínio Corrêa de Oliveira Presidente do Conselho Nacional da , Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Um flegranto da OS1politik vaticana: Paulo V I reeebo Gromiko, ministro do E><torior da Rússia Famnia e Propriedade".

CONFORME LARGAMENTE noticiou a imprensa diária, o Santo Padre Paulo VI recebeu em audiéncia o embaixador brasileiro, Sr. Espedito de Freitas Resende. O Pontífice respondeu à saudação deste com uma alocução que causou estranheza em largos setores da opinião pública de nosso País. Pelo contrário, o quotidiano " L'Unità", órgão do Partido Comunista Italiano (6-7-77, p. 14), noticiando as palavras de Paulo VI, delas tirou partido com evidente satisfação. A propósito da alocução de Paulo VI, o Prof. Plirtio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enviou a S. S. o seguinte telegrama, dat.1do de 7-7-77: "Bea1íssin10 Padre Paulo VI CIDADE DO VATICANO

Movida por sua profunda e filial veneração à infalível Cátedra de São Pedro, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), está persuadida de cumprir um dever tomando presente a Vossa Santidade suas reílexõe,s e sentimentos acerca de pronunciamentos e atitudes de Vossa Santidade concernentes à efelivação de sagrados princípios do Direito Natural e da moral cristã no Brasil e no mundo contemporâneo. Esta Sociedade se sente perplexa, Santíssimo Padre, ao notar que a alocução dirigida dia 4 por V. S. ao Embaixador do Brasil deixa ver sua paternal solicitude ante violações de direitos humanos que a V. S. consta haverem ocorrido por ocasião de atos de repressão contra agitadores comunistas. Mas não contém qualquer censura à violação de direitos humanos sistemática e astuciosa, que o comunismo intemacional, com sede na Riíssia, vem cometendo hã décadas em nosso território ao instigar continuamente a luta de classes e a revolução social, com patente violação de nossa soberania. Instigação esta favorecida - como nos dói dizê-lo - pela atitude de sin1patia, quando não de cumplicidade, de eclesiásticos e leigos da chamada esquerda-católica com os manejos soviéticos. Exemplo disto são certas poesias e afirma·

ções doutrin:\rias de D. Pedro Casaldáliga, Bispo-Prelado de São Félix do Araguaia. As relações cordiais do Vaticano com o governo russo nos levam a esperar que um protesto de V. S. poderia influenciar os soviéticos no sentido de cessarem a pressão subversiva que exercem no Brasil e cm toda a América Latina, a qual é sentida como um verdadeiro pesadelo pelas familias brasiléiras e dos países ir· mãos. Contribuindo para eliminar tal pressão. Vossa Santidade daria o seu mais valioso concurso para diminuir o perigo comunista,

i


ORDEM DO CARMO do Profeta Elias ao fim do mundo U

M MISTl,RIO envolve a Ordem

do Carmo, e esse mistério remonta às suas origens. Oitocentos anos antes de Nossa Senhora nascer, a Ordem passou a existir para oculto à Mãe de Deus que haveria de vir.

E o fundador dessa Ordem ainda não

rara vida do fundadordaOrdem re.ligiosa

Os teólogos v!em nessa nuvem. a

marial por excelência. Onde estiver o

figura de Maria Imacu lada trazendo a

espírito de Elias. ai está o espírito de

salvação na sétima idade do mundo (5). Como a nuvem se eleva do mar sem o peso e a acidez de suas águas, assim

Maria, aí se encontra a verdadeira

devoção mariana, que coub'e à Ordem do Carmo transmitir e fazer brilhar ao longo dos séculos. a té o fim do mundo.

Maria saiu da raça humana sem contrair suas manchas. O autor da «lnstitutlon des Premiers Mo ines» interpreta que Deus, através da nuvenzinha, teria

morreu: foi arrebatado vivo num carro de

foj\O que s~ elevou no firmamento (IV Rc,s, li. 1- 12). Estará novamente entre os

homens no fim do mundo, com um

companheiro - presumivelmente osanto Patriarca Hcnoc. que viveu · antes do dilúvio - para dar combate ao Anticris·

to, o filho da perdição. Este acabará por matar tanto a ele como seu acompanhan·

te. Porém, ambos ressuscitarão depois de três dias. Incutindo terror, subirão aos céus à vista de seus inimigos.'c produzirão grande terremoto destruidor. Depois. as trombetas dos Anjos anunciarão o fim do

mundo. E Nosso Senhor Jesus Cristo virá. em sua glória e majestade, para o Julgamento Final (1). Quem é esse extraordinário personagem? «É um homem peludo e que onda â ng ido sobre os rins com uma â111t1 de

couro 1... ]. t Elias 1'esbiw» (IV Reis, 1. 8).

(; Elias, Profeta da Virgem, fundador da Ordem do Carmo. E no dia 16 deste mês de julho. celebra-se a festa de Nossa Senhora do Cam,o.

Ana Catarina Ernmerich. vidente alemã do século passado. contemplou ..o numa tenda. sentado junto a urna mesa,

« Diriglu o Senhor a sua po/a..,ra a Elias. dr'zendo: Retlra-te daqui, e ,,a,'para a banda do orie111e. e esconde-te j unto da torrente de Carith, que está defronte do Jordão. E Já beberás do torrente; e eu mondel aos corvos que te sustentem a/r' mesmo» (Ili Reis, XVII , 2-4).

Horeb, seu ardor apostólico e sua intimi-

dade com Deus.

í,gn·ea.

Eis como o IV Livro dos Reis(), 1-17)0 apresenta~ enfrentando. por ordem de Deus, Ocozias, rei de Israel: <e Porventura

dizendo: ,,Homem de Deus, o rel mmulou que venhas)). Elias respondeu: <,Se eu sou homem t!e Deu.r. desça fogo do céu e te devore, atieaos1e11schrqüe111ahomens. E o Jogo. caindo do céu. devorou o chefe e seus cinqlienta homens. E a:rsim acontet·eu por duas vezes, até que, na 1ercelra vez. os homens envlados pelo monarca p ortaram-se com lwmlldãde dl<mre do

Profeta. que s6 atendeu ao chamado do rei quando um Anjo do Senhor lhe disse: «Desce com este homem (enviado de Ocozias); não tema$)>,

Ellas extermina os R tJtfetas de Baál A impiedade campeava cm Israel nos dias do rei Acab. Dominado por sua pérfida mulher Jezabel, esse governante deixou o culto do verdadeiro Deus e mandou erguer na Samaria 11m templo a Baal, em cujo serviço empregou 450 sacerdotes idólatras. Ao mesmo tempo perseguiu os verdadeiros fiéis e Ordenou a

rad ian1e de sa ntidade. no Paraiso avermelhadas, olhar penetrante e vivaz,

barba longa e rala. calvo. tendo apenas um pouco de cabelos atrás, como uma coroa. Sua veste compunha-se de duas peles unidas pelos ombros, aberta nos lados e cingida na cintura (2). Da altura de seu mirante profético, devas.sando na solidão ~ontemplativa as

profundidades da História, Elias compreendeu o segredo da aliança de Deus com os homens: a maternidade divina da

Mulher que haveria de nascer para esmagar a cabeça da serpente. sua grandeza, sua excelência. sua Conceição Imaculada, sua pure1.a virginal. sua Mediação Universal, a onipotência de sua súplica. sua bondade misericordiosa, sua

soberania e a terribilidade de seu poder grande como um exército cm ordem de batalha. E o Profeta desfaleceu de amo( por E.la. E começou a usar um manto que, segundo os costumes do velho e misterio~

so Oriente, simboli,.a a devoção que Santo Elias passava a consagrar a Mãe de Deus. Elede.sejou,comdcscjodefogo, ver os dias dessa Mulher, e recebê-la de joelhos, contemplar-lhe a face e, empunhando a espada, estcrminar seus inimigos e estabelecer seu Reino.

Elias é todo marial. Tudo oqueele tem e o que se diz a seu respeito, é de Maria e por Maria. diz Daniel de la Vicrgc (3). «Olhal, pois, Elias e verels Morla, porque ambos tiveram o mesmo espírito. a mesmo escola e o mesmo preceptor: o Espírit o Santo». acresccni.a Arnold Bostius (4). c10lhai Elias e vereis Maria... ambos tiveram o mesmo espírito ...>> É nessas

alturas grandiosas que devemos conside-

2

ria. O tempo do nascimento da Virgem.

Elias; o Monte Carmelo, sua fé intrépida, comunicativa e vitoriosa, sua devoção extremada a Nossa Senhora; o Monte

homens do soberano foram buscá-lo,

1crres1rc. Era alio e magro. de faces

que Ela caminharia nas pegadas de Elias que tinha subido por pri meiro o Carmelo, pela elevação da vtrgindadc voluntá·

ro monaquismo cristão. Carith evoca o espírito contemplativo e crcmítico de

não há um Deus em /srael.paravós vlrdes cotuultar Belzebud. deus de Acartm? Por is.so els o que d iz o Senhor: Não te levantarás da cama em que ·jo;es, mas certissimamente morrerás>>. Quando os

Santa Terosa de Avila, reformedora da Or-· dom do Carmo no s•culo XVI

do Monte Carmelo» e «como uma pegada de um homem», isso significava

precursor e como que fundador do futu-

longos recolhimentos na contemplação, Elias se lançava ~ luta com intrepidez

morte dos profetas do Senhor. A religião de Baal era a da fertilidade, do sexo e da morte, da mutilação e do sangue. A tal ponto tinha ela penetrado no povo eleito de Israel, que muitosjulgavam serem boas ambas as religi_ões - a de Baal

e a do Senhor - j:I não distinguindo o Deus verdadeiro - Jeová - das falsas divindades. Se iam a Jerusalém, adoravam ali todos os deuses, cujas estátuas obscenas atravancavam o Templo e o

Vale do Ccdron. Elias dirige-se a Acab, dç potência a

O Profeta Elias~ Santo fundador da Ordem do Carmo, voltará no fim dos tempos para combater o Anticristo.

pedaços. ponham.no sobre a lenha. mos não metamfogo por balxo,· e eu tomf!rei o outro I! o porei sobre a lenho, e também não lhe meterei fogo por balxo. Invocai vós os nomes de vossos deuses. e eu invocarel o nome do meu Senhor; e o Deus que ouvlr, mandando fogo, esse seja conslderado o Deust>.

E o povo respondeu: »Ótima pro· pos1ab>

Os profetas de Baal. tomando o novilho que lhes foi dado. sacrificaramno, e invoca.raro o nome de seu deus desde a manhã até ao meio dia, sem que houvesse resposta. Elias os escarnecia: (,Grltai nwl<~ alto, porque e lt• é um deus <Jue talvez esteja falmulo. ou em alguma estalagem em vlagtm, ou tlorme. e 11e,·l!ssi1a que o acor,Jenrn.

Eles saltavam e gritavam, mas Baal continuava mudo... Então Elias chamou

o

povo. Fet un1

aliar, colocou os pedaços do novilho sobre a lenha e mandou regá -l os, até que o altar e o rego em volta ficassem encharcados de água. E rezou: «Senhor Deus de Abraão. de Isaac e de Israel, mostrai hoje que sois o Deus de Israel e que eu sou vosso servo)'>. Imediatamente

o fogo desceu do céu, devorando o holocausto, a lenha, as próprias pedras do altar e a água que estava no regueiro. E o povo se prostrou cm terra. bradando: «O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!>) Era o desmascaramento e a derrota

dos profetas de Baal, os quais, impotentes, manifestavam grande ódio contra

Elias. Mas o Santo não era homem de meias

Baal, começava, assim, implacável.

Três anos e seis meses depois, a seca continuava. E Elias apareceu de novo diante de Acab. - «Porventura és ftl aquele que trazes

perturbado ls(ael?», perguntou o rei com

insolência.

Pois os discípulos de Elias veriam a Virgem Maria subir as encostas do Carmelo somente na sf1ima idade, pois o discípulo de Elias teve que subir sete vezes o monte antes de perceber a

nuvenzinha. A Maternidade ,irginal. Deus desceria nessa nuvenzinha como doce chuva «sem o ruído do co/aboracõo Jwmantr». isto é, sem violar sua pureia.

O e,ptrlto de Elias e a Ordem do Carmo Elias habitou piedosamente o Monte Carmelo para venerar de modo especial a Santíssima Virgem. Eliseu,seu discípulo, e muitos outros «filhos do profeta», como são chamados seus seguidores na Sagrada Escritura, uniram-se a ele e cm sua convivência embeberam-se de seu espi· rito e força, que transmitiram a outros, numa santa e hereditâriasucessão, dando assim origem à família religiosa carmélitana. i! o que ensina a tradição, a liturgia e muitas obras e as Bulas dirigidas à

Ordem do Carmo pelos Papa.s Sisto IV. João XXII, São Pio V. Júlio 111, Gregório XIII, Sisto V e Clemente VIII (6).

Quando Elias foi arrebatado num carro de fogo puxado por cavalos de fogo, segundo o trecho do IV Livro dos Reis, indicado no inicio deste artigo, o Profeta Eliseu seguiu--o até o arrebata•

mento, pedindo-lhe seu espírito duplicado. Ao ser arrebatado, Elias atirou a Eliseu se_u manto, símbolo do espírito que o animava.

Essa transmissão do espírito do fundador da Ordem Carmelitana a seus sucessores atravessou os séculos. Segun·

do uma venerável tradição, São João Batista teria sido o maior dos sucessores de Santo Elias, um· dos «filhos do Profeta».

Após a dispersão do povo hebraico,

vitó.rias. Categórico. qrdcnou: t(Apanhnl os projetos de Baal, e não escape deles

no ano 70 o.e., foi constituída dcfiniti• vamente a Orôem do Carmo. No início

nem um sób>

do século XII, as perseguições maometa·

Tendo-os agarrado o povo, Elias levou-os à torrente de Cison. E ali matou

aqueles que perdiam o povo e o encaminhava paraopecado (III Reis.XVIII, 1740).

potência: «Tão verdade como vlve Deus, não haverd orvalho nem chu"a em Israel enquantoeunão mandon,(11 1 Reis, XVU ,

1). E não choveu mais, nem caiu orvalho. E a fome era grande em Samaria. A luta entre Elias e Acab, entre o Deus de lsraefe

novo período de decadência, reforman-

do-a. A Ordem Carmelita continuou a brilhar, produzindo no fim do século passado uma de suas mais belas flores: Santa Tccesi.nha do Menino Jesus. Hoje,

Virgem surgiria da água salgada da

Esse retiro de Elias na solidão fez dele o

, «Eu 1ne consumo de zelo pelo Senhor Deus dos e.'<ércltos», é a sua divisa. Apó.~

revelado a Elias quatro segredos relativos ao nascimento de Nossa Senhora: A Con«iç,i o Imaculada. Porque a humanidade culpada, como uma nuvenzinha lcve; da mesma natureza que essa água, mas sem lhe ter o amargor. A Virgindade voluntária de Maria à semelhança de Elias. Porque se ela «subiu

protótipo e o modelo dos eremitas,

Vencedor. Elias deveria obter de Deus a chuva, para essa gente que acabava de se converter.

Foi então que «Elias subiu ao alto do Carmelo, e, lncllnado por terra, colocou seu rosto entre os joelhos>>.

Desse lugar e na posição indicada, Elias não podia ver nem o mar, nem os sinais anunciadores da chuva. Não

nas obrigaram-na a transferir-se para a

Europa. No século XIII, Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, condensou e resumiu os costumes austeros observa-

dos no Monte Carmelo, constituindo a Regra que ainda hoje é observada pelos membros da Ordem. Entretanto, novos revezes aguardavam os carmeljtas no Ocidente. Apenas instalados. muitos Se levantaram contra

eles pedindo ao Papa Honório UI que suprimisse e dissolvesse a Ordem. Mas a Santíssima Virgem apareceu ao Pontffice ordenando-lhe categoricamente que recebesse com carinho o instituto dos monges . o.ricnt,a.i.s e seus re ligiosos.

Honório Ílf, em ve>.desuprimir a Ordem carmelitana, copfirmou--a. concedendo·

podia, nem o queria, desejando manifes-

- ((Não sou eu quem perturbo Israel. mas és tu e o casa de teu pai, por terdes

tar assim sua confiança em Deus. Por isso disse a seu criado: «<Vai e olha para a

deixado os Mondome,uos do Senhor, e

banda do mar».

por terdes seguido aos &ais». Eo rei nada

pôde rc,sponder. Em seguida, Santo Elias desafiou os 450 profetas de Baal e mandou Acab convocar o povo. E deu-se no Monte Carmelo a mais trágica e espetacular confrontação entre as duas religiões: a de Elias, o Profeta deJeová,ea deJezabel, a rainha idólatra e pérfida. <(Até quando claudicareis para os dois

/adcJs?>,. pergunta Elias ao povo. «Se o Senhor é verdadeiro Deus. segui-O: é 8aal. segui 8oah,. E o povo não lhe

se

respondeu palavra.

((/:),,, continuou Elias, sou o únlco que fiquei dos profetas do Senhor; mas os profetas de Baal chegam o quatrocentos e cinqiienta. Dêem•nos dois bois, e eles escolham para sl um bol. e fazendo-o em

Escalando os últimos rochedos, o criado perscrutou o horizonte na parte oeste, para o lado do Mediterraneo. A cerca de cinco léguas, cm dia claro, o mar é visível entre as colinas. «Não h6 nada», foi a resposta. Decidido a arrancar o milogre pela força da oração, o Profeta ordenou ao servo: «Volto e olha sete vezes». E prosseguiu sua oração ... E na sétima vez o criado exclamou: <<Eis que se levanta do mar uma nuvenzl-

nha pequena como a pegada dum homenm. Então, Elias afirmou: <cVal. e dlze a Acab: c<Manda colocar os cavclo.r. nãD te apanhe a chuva>>. No mesmo instante, «o céu cobrlu-se de trevas. vieram nuvens e ventos e caiu uma grande chuva,, (Ili Reis. XVIII, 41-46).

lhe sua aprovação através da Bula de 31 de janeiro de 1226. Em 1251, a Ordem esteve novamente prestes a se fechar, quando Nossa Senhora apareceu a São Simão Stock e lhe revelou a devoção ao escapulário, inaugurando nova era de graças. No século XVI, Santa Teresa d'Ávilae São João da Cruz salvaram a Ordem de

Santa Teresinha do Menino JMus. e da Segreda, Face. última flor, do Carmelo,

.

infelizmente, ela não está a salvo da decad~ncia geral que se verifica nos

meios católicos, aludida por Paulo VI. quan~o afirmou que a «fumaça de satanás» penetrou no templo de Deus.

o Car.mo, f.ltlma

e CílUmos tempos Há uma belíssima relação entre as

devoções a Nossa Senhora do Carmo e a Nossa Senhora de Fátima. A 13 de outubro de 1917, por ocasião da sexta e última aparição de Nossa Senhora aos pastorinhos videntes, em Fátima, desenrolaram-se três cenas. sucessivamente. aos olhos dos mesmos.

simbolizando os Mistérios Gozosos, Dolorosos e Gloriosos. Nos Mistérios Gloriosos Nossa Senhora apareceu revestida do hábito do Carmo, coroada Rainha do Céu e da terra, com o Menino Jesus ao coto. Isto

significa que as duas devoções têm uma relação. No momento em que Nossa Senhora de Fátima á mcaçava o mundo

com castigos terríveis, caso não se convertesse e fizesse penitência, Ela

apareceu de modo glorioso, revestida do hábito carmelitano. como a anunciar

uma proteção especial àqueles que forem seus verdadeiros filhos, sob a invocação

de Nossa Senhora do Monte Carmelo. SÍgniíicará também que carmelitas

exercerão um papel especial após o anunciado triunfo do Imaculado Coração de Maria? A Providência quis conserva r a

Ordem do Carmo até nossos dias e deverá sustentá-la até o fim do mundo. Pois seu fundador, o Profeta Elias, voltará à terra para lutar contra o

Anticristo, no fim dos tempos, segundo a interpretação que exegetas dos mais

abali.zados dão a textos da Sagrada

Escritura, especialmente ao Livro tio

Apocalipse (7). Ao lado de 1antos mistérios que envolvem a Ordem do Carmo, destacamos esse, da especial assistência que

Maria Santíssima dispensou a tão privilegiada família espiritual, conferin-

do-lhe uma longevidade muito maior do que a de qualquer outra Ordem religiosa, não só por sua origem, oito séculos antes

de Cristo, como também por sua duração até o fim do mundo.

MARCO AURÉ LIO D'AVI LA

BIBLIOGRAFIA (1) Cornt li<> li. l.3pid<:.'I, p, 123; MOII.$, 0cb$, •Olflus F1mlbru. llym~st Litonirs», lm.. Gfoérak Maronile. 1884. p. 176; Afrrut.lt'$, Otmonst.. XXIII, P.S. li. p. 36. & ta pas.sagem do fim do mundo, que consta do Apoc.alipse(XI, 1-13). ~ ainda corrobora.da por Mons. Ocl>s, op. ci1., p. 231; Scrip1ort"s Ar:ib., XVIII, Ili. p. 193. (2) • Visiom•s y Rrvtl{Jâ(.mrs Comp l..t{I?, Editori.tl Guadnlupc, 8utnos Aires. ,•oi. 1, p. $89 e vol, li, p. 709. (3) 111Sptotl11m Catntl'lltarutm•, 1680. (4) e/k PotronoltJ &atlssimot Virtlnü», 1490. ($) Fcs1a de NO$sn S(nhor:i do Carmo. 16 de juho, Prefácio e liç!o: (6) Cotnelio ~ Lapide. Ili. p, 6S2. (7) Apocalipse XI. 1·13.


FOGUETÓRIOS Plinio Corrêa d e Oli veira

O CoogrMSO Nacional aprova o divõrcio. Qual foi o papol do Episcopado

para evitar

0$SG

imenso

pecado público?

T

ANTOS FORAM, ao longo de minha vida pública, os pronunciamentos, as atitudes e as batalhas contra o divórcio, que não há entre os meus leitores quem ignore o que me vai na alma a propósito da introdução dele na Constituição brasileira. Não quero, entretanto, consagrar o presente artigo a lamentações estéreis. A abolição da indissoh1bilidade do vinculo conjugal não significa a perda de uma guerra, mas de uma batalha. Uma batalha, sim, na terrível luta entre a Igreja (a autêntica, bem entendido) e o neopaganis-

vas. Os candidatos pró e contra o divórcio teriam então ocasião de apresentar-se como tais ao povo brasileiro. E, se a maioria eleita fosse divorcista, então e só então se poderia dizer que a introdução do divórcio era conforme aos desejos de uma nação em franca decadência religiosa . Pelo contrário, a maioria parlamentar divorcista aprovou açodadamente o divórcio a dois passos das urnas. inconsultas estas. Note-se, ademais, que o divórcio de nenhum modo foi tema litigioso das últimas eleições federais. De sorte que a imensa maioria dos

' 5 .::s::JM ,

í\~iSI Nl~ 1.\QUI CONTR1\ O D1\'ÓRCIO

' Em 1966, a TFP colotou am 50 dias ma;i$ do um milhão de minaturas contra o d ivórcio, numa memorável campanha pUblica

mo. Uma batalha perdida pode ser vigília de uma batalha ganha. É só neste estado de alma que se consegue vencer uma guerra. Parece-me que a primeira providência, depois de perdida a batalha, consiste em circunscrever-lhe os danos. Neste sent ido, escrevo o presente artigo num espírito de cooperação com quantos se preocupem a continuar na luta. Mais especificamente na luta contra a maré montante do esq uerdismo soprado por Moscou na sociedade civil, bem como do progressismo, da autodemolição e da fumaça de satanás que, não sem a cooperação da mesma Moscou, danificam a Igreja de Deus.

brasilei ros não sa . ,ia como pensavam os candidatos de s ua preferência a respeito do assunto. Por que misterioso senso divinatório poderiam os atuais congressistas dizer então como pensavam seus eleitores'/ - Dir-se-á que pelos pedidos,mensagcns ou até pressões rece bidas ao longo do debate. os srs. congressistas tiveram meios de se certificar do

,,.,,

!

Naturalmente, a mentalidade dos católicos é levada a confiar na iniciativa dos seus Pastores. para enfrentar as crises religiosas. E essa .1mc1auva . , se mostrou cx,gua cm inteligência, em «know-how» e plena vontade de vencer. Através de tais porta-vozes - falo descontando as «honrosas exceções» de estilo - a voz do Brasil antidivorcista ecoou, no reciino do Congresso, pouco persuasiva, pouco empen hada. Isto. porém. não s ignifica que o povo seja menos católico. Significa o quê, então'! - Abstenho-me de concluir. porque a conclusão fura os o lhos, de tão evidente. E passo adiante . O «kllOll'·how» mandaria que. nesta emergência. o episcopado nacional publicasse, logo quando dos primeiríss im os rumores de perigo d ivorcista. uma grande Pastoral coletiva, assinada pela totalidade dos Srs. Cardeais. Arcebispos e Bispos do Brasil. Uma grande Pastoral não é necessariamente uma Pastoral grande. Com concisão. o episcopado poderia ter dado aos fiéis, nessa ocasião, uma síntese inteligente da doutrina católica contra o divórcio. Argumentação fartamente baseada na Esc ritura , na Trad ição. no Magistério da Igreja. Linguagem ~implcs. viva. Exposição franca do pecado que comete quem vota a favor de candidatos divórcistas. ou de quem. sendo lcgisladol'. vota a fa vo,. do divórcio. Do pecado. também. cometido pelos e.asados que intitulam de «novo casamento» a união ad ulteri na constilllída sobre as ruínas do lar a utêntico. As penas canônicas. O juízo particu lar e o juízo público «pos1-111or1e111». Esta Pastoral deveria ser lida cm partes, por ocasião de todas as Missas em todas as Igrejas. Capelas. Oratórios do Brasil. E seguida da comunicação de que, cm co nsciência. no pleito, nenhum católico poderia

. .

votar cm qualquer dos congressistas que agora se pronunciassem pródivórcio. A lista deStfS seria lida de público cm todas as Missas, logo depois da votação pró ou contra o divórcio, e repetida várias vezes da mesma maneira ao longo da próxima campanha eleitoral. Soando assim na Casa de Deus todas as tubas sagradas do alarme. o povo católico seria ademais convidado a inundar o Congresso de mensagens pedindo a rejeição da reforma constitucional divorcista.

- Pressão sobre os legisladores? - De nenhum modo, desde que os pronunciamentos católicos se mantivessem, como de direito, nos termos da cortesia cristã. O leitor é um ma nd a nt e e o congressista um mandatário. O mandatário não pode sentir-se ofendido nem pressionado quando o manda11te lhe significa corte.smente sua intenção. Talvez se alegue que seria difícil red igir com urgência a Pastoral que imagino. Mas o caso é que essa Pastoral eu não a imagino. O texto dela ex iste há dois anos. E circu lou com brilhante êxi to quand o da bata lha pró e contra o divórcio cm 1975. Foi ela a chave que trancou as portas do Brasil ao divócio, naquela ocasião. D. Antonio de Castro Mayer, o grande Bispo q ue todo o Brasil autentica mente católico admira e aplaude, publicou-a sob o titulo «Pelo casa111e1110 i11dissoltív{!I». com 64 páginas. A TFPvcndeu-a~m todo o Brasil , alcançand o a tiragem de cem mil exe mplares. Este incomparável instrumento de defesa. de jú testada popularidade, o episcopado poderia tê-lo e ndossado agora, por simples decreto coletivo. Muito mais modestamente, um claro e corajoso comu nicado da CNBB já poderia ter surt ido pleno .efeito . Teria sido um tiro. E vitorioso. Ora, deste texto, o que fez a CNBB'! O que fez o episcopado'! Deixaram-no mofar na gaveta. E seguiram outras vias.

Ourante a camponha do 1975, a TFP foi;.

Aparecida podir a NOS$3 Senhora

o

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que afa.stas$6

essa lepra moral do Brasil.

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no

•• E desde logo o primeiro ponto a firmar é q ue a aprovação do divórcio pelo Congresso Nacional absoluta. mente não demonstra uma perda de ( iníluência da Religião Católica no ; espírito do povo brasileiro. i A maioria divorcista do Congrcsso, se quisesse agir em estrita ; conformidade com os princípios ; democráticos que a lega como base de ! seu programa político - e falo i indiscriminadamente dos arcnistas e dos emcdebistas pró-divórcio deveria esperar só mais um ano . Em 1978 te remos eleições lcgislat i-

desejo dos eleitores. É precisamente isso que contesto.

Digo «outras», porque elas foram três: a do sono. a do chuvisco e a da ambiguidade.

O Brasil tem ao todo 267 Bispos. Destes. apenas 104 se pronunciaram contra o divórcio. segundo o vasto material (forçosamente incompleto) que p ude reunir. Menos infocmado é naturalmente o homem da rua. que acompanha os acontecimentos através de seu órgão de imprensa preferido. Para este, a danosa impressão que ficou foi de que nunca menos de 163 Bispos se calaram. Talvez vários deles se tenham manifestado arravés de pe,q uenos órgãos eclesiásticos locais. Mas estes, a grande massa não os lê. Assi.m. repito. a impressão danosa ficou. E. sem que a CNBB nada fizesse de eficaz para removê-la essa impressão projetou uma sombra de desinteresse ou desânimo. P,·ejudicando assim o efeito sobre o público. do que di1.iam os l04que se pronunciaram contra o divórcio.

Com efeito, nes ta era de autodemolição e fumarada satânica, tanta coisa tem mudado na Igreja, que muito ignorant e poder-se-á ter pergunta~o se o divórcio ainda.é um tão grande mal quanto dissera m os 104 Bispos que falaram. Pois, se assim é, como explicar que tantos outros se tenham calado'/ De outra parte, a quase tota lidade dos que falaram - e alguns falaram muitas vezes - pouco disseram . Em lugar de s ubstanciosas e retumbantes Pastorais doutrinárias. deixaram ca ir sobre o público o c huvisco ralo e desconexo de meras entrevistas de impre nsa ou breves comunicados. repetindo com uma desconcertante pobreza de argumentos que eram contra o divórcio. Mero chuvisco, extenso na verdade, mas desconexo. Ou, a empregar outra metáfora, simples foguetório antidivorcista, em lugar da grande bombarda doutrinária da Pastoral coletiva que fora necessário detonar. Ambigilidade não faltou, neste triste panorama. E enfraqueceu ainda mais o minguado alcance do foguetório antidivorcista. Em mú ltiplos pronunciamentos contrários ao divórcio vinham frases de conteúdo tão desconcertante, que mais pareciam um aceno de simpatia para ele. ou pelo menos de condescendência.

A entidade nO$Sa campanha vendeu. em dois meses, cem m i1 exompl:,res:

da luminosa Carta Pa.storal de O. Antonio de Castro Mayer "Por um casamen to indissolúvel",

Como espantar que, nessas condições, certo número de deputados e senadores tivesse vacilado, na dúvida sobre o verdadeiro rumo do pensamento católico de amanhã? Não é próprio da fumaça de satanás apresentar um pa11orama turvo, capaz de desorientar até mesmo olhares sagazes mas de.sinformados? E não é próprio do processo de autodemolição que ten ha sido mais pelas carências, omissões e ambiguidades dos dirigentes eclesiásticos, do que pela força do adversário, que a Igreja te nha perdido tragicamente esta batalha'? 3


Lazer modernO e elicidade de situação •

A cena da gravura exprime a felicidade de si1Uação do pacato camponês. que se distrai obsor· vando os transeuntes na pitoresca estrada suíça do meados do século passado

NO APÓS ANO, os norte-americanos vêm gastando mais tempo e dinheiro com o lazer do que o povo de qualquer outro país. O entretenimento tornou-se tão importante na vida diária que mais de 300 instituições de ensino superior promovem «estudos sobre o lazer». Tais cursos preparam muitas vezes para funções de administração cm

A

parques e atividades recreativas.

A conhecida revista U. S. News & World Report (23-5-77) publica nutrido artigo sob o tít ulo «Co1110 os a,nericanos pr()t·tlfmn a felicidade» que apresenta dados interessantes sobre a maneira como o povo norteamericano utili,.a seu tempo de folga. Por sua leitura concluímos que. seja qual for a. ocupaçiio escolhida para o tempo de lazer. e la representa sempre uma fuga cm relação às atividades normais da vida quotidiana e do trabalh o. Levando cm conta como os noncamericanos gastam seu dinheiro. a (<indústria do lazen> tornou ..sc. quase imperceptivelmente, a mais importante dos Estados Unidos. Basta dizer que, para 1977, está previsto um gasto de 160 bilhões de dólares (o dólar equivale hoje a mais d e 14 cruzeiros. no câmbio oficial) cm lazer e recreação. quantia esta que ve m crescendo de ano para ano, pois chegou a 105 bilhões de dólares em 1972, passou a 125bilhõescm 1974ea 146 bilhões em 1976. A recreação pode consistir simplesmente cm assistir programas de televisão, cujos aparelhos, segundo pesquisas. permanecem ligados diariamente, em média, durante 6 horas e 8 minutos em cada casa. Ou a freqüência a cinemas, teatros, museus. espetáculos musicais. artístic"s e esportivos. O comparecimento a competi~ões esportivas vem aumentando progressivamente. Porém, para muitos o lazer não consiste apenas na posição passiva de espectadores. O número dos que praticam esportes também vem aumentando, assim como daqueles que preferem passar o tempo cultivando «hobbies» os mais diversos, tais como: jardinaçem (36.5 milhões de famílias}, rádto-amadorismo (20 milhões), filatelia ( 16 milhões), <<bridge» ( 10 milhões). xad rcz ( 1O milhões), pesquisas genealógicas (10 milhões), fotografia (3 milhões), colecionar moedas ( 1 milhão). Outro derivativo que os ad ultos norte-americanos encontraram para contrabalançar a frustração do trabalho diário foi a freqüência a colégios e universidades·. Centenas de milha res, jovens e velhos, estão voltando às salas de aula em todo o país, em busca de novas metas e de satisfação na vida. Para alguns, a felicidade está em preparar-se para uma segunda carreira profissional ou cm aprender artes e ofícios. Para outros, trata-se simplesmente de adquirir um grau mais elevado de erudição. Os adultos representam o setor da 4

população q ue mais c resce na freqüência às escolas. De 13 milhões cm 1970. são atualmente 18 milhões arrolados cm programas ed ucativos os mais diversos e levados a efeito cm

universidades. centros comunitários, igrejas, asilos e hospitais.

Um lazer intemperante e que vicia

genealógica. a música erudita, o estudo de história ou de filosofia. Se é feito como «hobby». torna o homem seu escravo, causando-lhe profunda deformação de alma, que se fecha sobre si mesma. gerando um cert o exclusivismo mental incompatível com a elevação e amplitude próprias ao cspirito humano bem formado e cultivado. Especia lis tas dizem que as diversas modalidades de trabalho tendem a ser cada vez mais insipidase re petitivas. gerando a necessidade de

Há. contudo, fases da história de certos povos. de determinadas civi lizações. ou mesmo da vida de muitas pessoas, cm que o prazer e o

um derivativo, sofregamente procu-

divertimento se tornam muito raros.

rado nos «hobbies» e outras atividades de lazer. Estas atingem por vezes formas bizarras. incompat íveis com o bom-senso, que deve estar sempre prcsclllc na inteligência huma na. Às vezes o apego a um passatempo leva a pessoa a abandonar uma vida séria e honesta. Ê o caso de uma senhora de Chicago que. após vinte anos dedicados ao lar como esposa e mãe, começou a pintar porcelanas. Isso fez co m que e la exercesse atividades fora de casa, c ulminando no divórcio e abandono do lar. Ela própria confessa ter sido o «hobby» a causa do rompimento e declara que não · pode mais viver sem essa a tivid ade: «Eu faço isto porque tenho que fazer: fico nervosa se deixar <le jazê-lo por algum 1e,11po». O que bem caracteriza o vício. O s ugestivo título da reportagem «Conto os a,nericanos procurmn a feliódade» induz-nos a perguntar se é, realmente, encontrar a felicidade viver alternando um trabalho monótono e despersonaliza nte com um

Mesmo assim. uma pessoa pode ser satisfatoriamente feliz. desde que compreenda bem a sua situação e saiba encontrar nela a felicidade rela tiva que essa situação oferece. Essa felicidade, que poderia ser denominada «de situação». é perfeitamente atingível na vida de um professor universitário, de um pequeno comerciante. de um artesão. de um camponês ou de uma dona de casa. A civilização cristã, especialmente cm seu apogeu. no passado. ao proporcionar trabalho adequado às apetências e aptidões de cada um, oferecia f,s pessoas um sentido de a uto-rea lização que lhes tirava a necessidade de atirar-se a prazeres e

Os dados estatísticos. os · cxcmplos e as entrevistas que o citado artigo reproduz nos levam a considerar alguns aspectos ela questão. Muito poucas das modalidades de lazer adotadas pela população norte- passatempo excitante ou c:i;:craviz.an· americana preenche aquela fina lida- te. Po dcní o homem conseguir um,, de que deve ser a principal de certa dose de felicidade mesmo no qua lquer tempo destinado ao repou- exercício do trabalho comum e na so: um recolhimento calmo para vida de todos os dias? me lhor contemp lar as infinitas perfeições de Deus. através de seus A felicidade terrena: é possível? rc ílex os nas coisas criadas. Se algu ns passatempos são de si Com o pecado origina l foi o excitantes. como ser espectador ou participante de competições esporti- homem expulso do paraíso terrestre, vas, ou ainda assistir a cerro tipo de necessitando trabalhar e lutar para filmes e programas de TV, há o utras sobreviver. tendo sofrido um deseatividades que. embora não sejam de qu ilíbrio nas potências de sua alma. si excitantes, desvirtuam a finalidade Além disso. passando a sofrer toda do lazer. devido ao apego que geram espécie de tentações e perigos, sendo condenado o gênero humano à morte naqueles que as praticam. Assim , por exemplo, aquele que como conseq üilncia do pecado de pratica a jardinagem cm suas horas nossos protoparentcs, a felicidade, de folga. mas fica de tal maneira mesmo imperfeita. poderia se afiguapegado a ela que não pode deixar de rar como dom completamente inacuidar de seu jardim todos os dias ou t ingivel neste mundo. Entretanto, como ensina São nos fins de semana , na verdade Tomás de Aquino, o homem não adquiriu um vicio e não uma maneira mentalmente sadja de passar o poderia sobreviver se, no decurso desta vida. só encontrasse tristezas e tempo. Aliás, todo «hobby», por mais dissabores; pelo menos alguma inocente ou cultura lmente elevado parce la de felicidade ele deverá que possa parecer, va i levando quem experimentar. E a Providência Divio pratica a uma dependência que se na, que é materna e bondosa,, permite acentua com o passar--· do tempo. que neste vale de lágrimas. de Torna-se a principalocupaçãodesua privação e de prova, a gra nd e vida, à qual ele dedica o melhor de maioria dos homens possa alcançar sua atenção. pensando nele mesmo essa parcela de felicidade. Em que consiste ela. realmente? durante as horas mo nótonas do Mu itos pensam erroneamente trabalho diário. Isso pode acontecer que a felicidade nesta terra se com o xadre1., a filatelia , a pesqu isa

identifica com o divertimento ou com o prazer intenso. E julgam que o homem tanto mais feliz será quanto mais se divertir, reputando como infelizes aqueles que não se divertem ou se divertem pouco.

A «felicidade de situação»

da U.S. News & World Report il ustra muito bem este ponto, ao descrever com que intemperança os norteamericanos de hoje se entregam aos «hobbies» e o utros tipos de diversão. A febricitação é a mania de cxpcrimc11tar continuamente sensações fortes. de não viver na placidez de uma vida ordenada e comum. É a extensão lógica da sede do prazer para a sede de sensações sempre diferentes cm outros terrenos da existência humana. e que criair. o estilo moderno de viver. Tal estilo vai penetrando na sociedade· à medida que esrn aceita os princípios revolucionários.

Um exemplo: Viena antiga «Uma época que se diverte ésemprt•. ern grau ,nnior ou 1nenor, 1111w

época inquieu,. pais a procllrll desenfreada do prazer corresponde, co11s1:. ientl'111e111e ou não. ao tleseio de ft,zer colar. enuulecer '""" inquietaç,io lanci,uuue)), afirma Marcel Brion. cm seu livro « Vie1111e aux 11•111ps de A1ozart e de S chubert» . Brion seria mais preciso se dissesse <tunw época que se diver1e dcscnfrca ..

damente ... » etc .. pois o divertir-se não é necessariamente a procura

A tolcvis3o leva para den1ro dos lares a a• gitação d3 cidOOe. A busca d ê sensaçÕCf

~mpre mais

Fones

condur o mundo moderno a profunda frus tração, quando não ê'IO dcsoquilí, brio mentnl e psiquico.

divertimentos intemperantes nas horas de la1.cr.

Temperança, a chave da felicidade É claro que o pra1.er e o diverti-

mento não são o co ntrário da felicidade. O segredo está em saber usá-los com moderação, com temperança. Se o indivíduo é temperante, ele é capaz de degustar a situação legítima em que se encontra e de encontrar ai a fel ic id ade. Se é intemperante, corre atrás dos prazeres, depois das sensações, chegando. às vezes. aos piores vícios. E. por fim, volta à estaca zero. Ê próprio do que se convencionou chamar «csp irito norte-americano» o ter transformado em fonte de prazer intemperante mesmo as coisas que. de si. não ocasionam prazer. O artigo

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Viena, no século XV III, v ista do pal6cio do Belvedere. O povo a-ustrlaco deua época encontrava a alegria de viver no convívio emeno e na arte de convers3r.

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desenfreada do praier. Na verdade, Viena foi a cidade da alegria até que se deixou dominar pelos eílúvios da Revolução Francesa, os quais trouxeram também a intemperança e a febricitação. Da ~idade em que predominava a «felicidade de situação». a alegria comed ida, razoável estável, Viena transformou-se num famoso centro de pra7.eres, de d ivertimentos, de intemperança, de pecado, portanto, também de infelicidade. Nos salões vienenses, o minueto - dança que, embora objetável sob a lguns aspectos. reíletc calma e equi líbrio - foi s ubstituído pela valsa, com seus rodopios inebriantes, intemperantes. A transformação verificada na música e na dança ind ica uma mudança de estilo, de sensibilidade e a passagem da serenidade para a sensação.

• • • A felicidade não se encontra no divertimento que excita, no prazer que inebria ou no passatempo que escraviza. Mas na compreensão de que esta vida é de cruz, de exílio e de provação. E, na conformidade com esta situação, deve-se aproveitar com tempe rança e agradecimento à Providência, a parcela de felicidade que Ela nos proporciona. Na época áurea da civilização cristã, os homens, dirigidos apelos princípios católicos e impregnados dessa m e ntalidade, viviam ma is felizes. Esta é uma razão a mais para desejarmos ardentemente e nos empenharmos a fundó com perseverança para que seja plenamente restaurada em todo o seu esplendor a verdadeira civilização católica: feliz porque austera, hierárquica e sacral.

MURILLO GALLIEZ


ESPANHA 1977: APREENSÕES E ESPERANÇAS UEM, VISITANDO a Espa- Que seu último brado seja: Viva a nha, conheça o mosteiro de Espa11ha. Viva Cristo Rei!». Montserrat, na Catalunha, - Não se preocupe! ·o Sr. não não pode deixar de sentir-se tocado não haverá de 'Se envergonhar de pela impressão que causa a Imagem 111il11. U,n forte abraço. papai». da Virgem que ali se encontra. Ela Silêncio. Moscardó continúa. denota muito bem os traços de alma - «<;andido Cabe/lo. é inútil do povo que a venera desde muitos esperar os dez n1inutos. O Afcazar séculos. Regiamente sentada em seu jornais se renderá,>. trono,exprime Ela segurança e certeUma semana depois, no dia 25 de za inabalãveis. A Padroeira da Cata- julho de 1936, Luís tombava fuzilado lunha como que diz ao fiel que se pelos comunistas. Assim era m os espanhóis aproxima: «Meu filho, está tudo conautênticos. tado. medido e pesado». A Espanha sempre foi, como • • exprime a Imagem de Nossa Senhora de Montserrat, um reduto de Em l 977, assistimos a volta de c.ertezas. O espanhol é categórico, diz Santiago Carrillo, .Comissãrio de o que pensa, o meio termo lhe Ordem Pública da Junta de Defesa repugna e a alma nacional deixa-se de Madrid, responsável pelo atrair com e ntusiasmo para o ápice assassinato de milhares de da verdade ou para os abismos anticomunistas durante a Guerra profundos do erro. Plasmam Civil, hoje secretário do Partido fortemente a psicologia do povo a Comunista. Voltou a famigerada geografia e o clima do país. O sol «Pasionaria». mulher-símbolo da abrasador das planícies centrais, as crueldade comun.ista, deputada no neves eternas dos Pirineus, os picos Parlamento espanhol em 36, hoje agrestes das montanhas no sul, o solo presidente do PC. árido de muitas regiões e a Esqueceu-se o povo hispânico dos temperatura inclemente regulada por horrores inauditos cometidos pelos estações rigorosas, tudo isso faz do vermelhos? espanhol um povo afeito ao A propaganda da esquerda fez sofrimento, combativo e resistente. tudo para sepultar no olvido quanto Esses traços de alma tiveram pudesse parecer radicalismo. Felipe papel importante em 1936 no Gonzalcz. líder do Partido Socialista movimento de reaç,'ío contra a Operário Espanhol (PSOE). durante marxistização do país pelo ioverno a campanha eleitoral, declarou: «Às de então. Na guerra civil, as vezes é ,nais revolucionário ser características drsse espírito de fogo moderado». E a plataforma do manifestaram-se de modo Partid o Comunista imitou a prototípico. De um lado, sucessivos inusitada moderação dos socialistas. atos de heroísmo dos católicos; de Podia-se ver nos comícios o pendão outro, as espantosas atrocidades da monarquia ao lado da bandeira comet;<las pelos comunistas. Eram vermelha com a foice e o martelo. Os duas Espanhas que se defrontavam: a comunistas que em 1936, autêntica e o seu antípoda. assassinaram 8 mil religiososcntreos Na heróica resistê ncia anticomu- quais doze Bispos. nessas eleições nista, a epopéia do Alcazar de contavam com o concurso de Toledo se tornôu célebre. Ali. duas quarenta Padres-candidatos dos mil pessoas - homens, mulheres e _quais dois conseguiram se eleger! crianças - enfrentaram durante dois Como se vê a política da meses e meio, passando fome e frio, moderação produz seus frutos ... sem assistência médica nem religiosa, o cerco de dez mil milicianos • comunistas... e não se renderam! Liderava esse contingente de No recente pleito, o espírito bravos um obscuro coronel José afirmativo do po vo espanho l

Q

O sodaliste F.olipe Gonzato.s c.hefia agora a sogunde força polhica da Espanha. o Partido Socialista Operãrio Espanhol. Um grande POS$0 rumo ao abismo,

Moscardó. Um dia, os vermelhos reílctiu-sc na enorme quantidade de aprisionam a familia desse militar. agremiações políticas concorrentes: Chamam-no ao telefone. No 194 partidos agrupados cm 19 Alcazar, Moscardó traçava com um coligações. Entre e•sas, sobressaíram grupo de oficiais os planos de defesa a União do Centro Oe,nocrático da Escola de Cadetes onde estavam (UCD), chefiada pelo primeiroentrincheirados. O coronel atende o ministro Suarez e composta de telefone. Do outro lado fala o chefe conservadores libera is, liberais da milícia vermelha, Ca ndido · «autênticos", sociais-democratas e Cabcllo. Breve diálogo. democratas-cristãos; a A fiança - «Cel. Moscard6, o Sr. está Popular Neofranquis1a (A P), decidido a abandonar o Afcazar?>> coalizão de 7 partidos que contavam - «Não. Estou decidido a ficar». com o concurso de 16ex-ministros de - «Dou-lhe dez minutos para Franco; o Partido Socialista mudar de opinião. Passado este Operário Espanhol (PSOE) , prazo agire111os. Mas. antes, vou amálgama de sociais-democratas, passar o telefone para outra pessoa. socialistas e ultra-esquerdistas; Fique na linha>>. seguem-se a clássica Dem,,cracia .Moscardó reconhece a voz jovem Cristã (PDC); o Partido Socialista de seu filho Luís. f'opular . (PSP), composto por - «Papai, os comunistas me rntelectua,s de esquerda; e o Partido prenderam e vão fuzilar-me - dizem Con1unista (PCE). eles - se o Sr. se recusar a atendêCom 33,5 por cento dos votos, /os. Conheço sua resposta, 111as saiu vencedora a União do Centro quero ouvi-la do Sr. mesmo. Fafe Democrãtico, ·chefiada por Adolfo que obedecerei. Que devo fazer?" Suarez. O primeiro ministro - «Reco,nende tua alma a Deus e espanhol, outrora carregador de suplique-U1e a coragem necessária. malas na Estação de Atocha, subiu

na política através do Movimento Nacional, criado pelo regim e franquista. Suarez não fala nenhuma língua estrangeira; seu novo cargo o obriga a aprende, o inglês. Define-se como homem do centro. Mas, o que é este centro, no contexto hispânico, senão direita da esquerda? Melhor diríamos, saiu vencedora a esquerda moderada, com rótulo de centro. A segunda agremiação mais votada também é de esquerda: tratase do PSOE, que obteve 27,7% dos sufrágios. Em terceiro lugar vem o PCE. com 8.7% e só em quarto lugar, com 8.05% dos votos, aparece a coligação que se classifica como direita: a Aliança Popuhir. Resta saber que rumo adotarão os diversos pequenos partidos que congregam um terço do eleitorado espanhol. Embora a lguns sejam de tendência esquerdista, são partidos independentes, com programas próprios, oriundos de diferentes regiões da Espanha e que reíletem a in conformidade de ponderável parce la da opinião pública com a plataforma das duas coligações que obtiveram maior número de sufrágios.

• • • 1mportantes reações anticomunistas dão a esperança de que o autêntico espírito espanhol não morre u. u·m caso entre outros. Após um comício em Navas dei Rcy. que contou com a participação do marxista Maurício Gamo. o pároco da cidade afirmou durante a Missa

O A lcáeér de Toledo, símbolo da re.sistência espanho la ao comunismo, hojo debilitada polo avanço centro-esquerdista

que embora vivo Gamo morrera, «porque deixou a fé para abraçar o marxisn10J>. E ordenou em seguida que os sinos da igreja dobrassem a finados. Entretanto, o novo panorama politico conduz a nação ibérica pela mesma rampa que a Itália começou a percorrer, há cerca de quinze anos, rumo ao comunismo. A UCD. liderada por Suarez, seguindo o modelo da Democracia Cristã italiana. sempre disposta a «ceder para não perder» diante do comunismo, será provavelmente um bom «companheiro de viagem» das esquerdas espanhoia,. O PSOE poderá ser para a UCD o que o PCI é para a DC italiana. As exigências dos deputados do PSOE e outros partidos de esquerda serão

Marxistas agem na Igreja UM EPISÓDIO sintomático e lamentável, que denota o processo de decadência .religiosa da Espanha atual, analisado no artigo desta página. ocorreu em Madrid. nos dias 18 e 19 de março p.p. Hasteando bandeiras vermellrns e entoando a Intemacional comunista, o movimento "Cristãos pelo Socialismo'' realizou naquelas datas, publicamente, seu terceiro· congresso em território espanhol. Como se recorda (ver Cacolieismo, nos. 308 e 310. de agosto e outubro de 1976), tal movimento, fundado por Padres e leigos marxistas no Chile, cm 1971, sob a proteção do .regime de Allende , adota a chamada "praxi~ marxista". Seus componentes dizem-se "convencidos de que podem viver sua fé a partir da pró' pría h1ilitância marxista", co11forme declarou o dirigente espanhol do referido organismo, Reyes Mate, ao jornal Pueblo, de Madrid, de 7-3-77. Para atingir seus objetivos, os "Cristãos pelo Socialismo" organizam-se em 1>equenas comunidades de base fortemente relacionadas entre si por ligações subterrâneas, clandestinas, no eslílo dos chamados "grupos proféticos". Também como estes últimos. arrogam a si um papel profético na construção de uma nova sociedade.· O comunicado final afim1a que nesse terceiro congres.~o deu-se um grande passo n1mo "ao direito dos cristãos de participar nos partidos marxistas". Sustenta ainda a "plena cidadania no seio da Igreja e de nossa comunhão cclcs.ial" (cf. Ya, Madrid, 22-3-77). O conceito de "Igreja" e "comunhão eclesial" dos "Cristãos pelo Socialismo" fica mais claro quando se lê esta outra afirmação de 'seus teóricos: "A religião é submissão a um podei alheio e alienante". "A revolução é a tomada dopoder por parte dos opriJnidos e sua força histórica. Portanto, a religião é superada por meio da revolução". A esse propósito, encontramos a seguinte asserção numa obra .recente, publicada por dois corjfeus do

espúrio o.rganismo "crist.ão''-soeíalista: "Assim, a tarefa revolucionária é anti-religiosa. Quando o povo tO)llar o poder, (...) a prática religiosa es, tará superada" (Fierro-Mate, "Cristi anos por cl Socialismo" Editorial Verbo Divino, Estella - Navarra, 1975, p. 469). Durante a XXIV Assembléia Plenária do Episcopado espanhol, reali1.ada em fevereiro de 1976, foi debati.d o o tema dos "Cristã'os pelo Socialismo''. Era de se esperar que já naquela ocasião o organismo episcopal ibérico condenasse de modo categórico um movimento que se declara abertanJenle marxis ta. Entretanto, nas conclusões da referida reunião apenas se esclarecia - o que causou natural perplexidade entre fiéis que as Comissões Episcopais prosseguiriam o estudo do tema. Até agora. entretanto, somente poucas reações es11arsas se fizeram notar em certos lugares contra o espúrio mo-

vimento "cristão~'-marxista, como a do boletim do Arcebispado de Valência, que atacou as teses dos "Cris, tãos pelo Socialismo", a conferên· eia que o Cardeal Primaz Marcelo Gonzáles MartÍll, de Toledo , pronunciou na mesma linha, na Acade· mia de Ciências Morais e Polfticas. O Purpurado denw1eiou o referido movimento como infiltrado de elementos da ideologia marxista e de propugnar a luta de classes e o mito revolucionário. O "Boletim Oficial do Arcebispado de Toledo", publica um resumo dessa conferência. Certamente, é uma manifestação da "fumaça de satanás" que penetrou no templo de Deus, segundo as expressões de Paulo VI, o fato de elementos marxistas se aninharem no seio da comunidade dos catôlicos e haver tão poucas reações. Especialmente quando se trata dos espanhóis que se distinguiram ent.re os povos da Cristandade por seu heroísmo e intransigência na defesa da integridade da Fé católica.

M. B. V.

provavelmente sempre mais radicais e, sob o pretexto de evitar q ue a massa «sedenta de reformas» descambe para a extrema esquerda, os centristas de Suarez farão também concessões cada vez maiores. A democracia com vários matizes de escarlate, desde o róseo até o vermelho-sangue, sempre entusiasmou certa imprensa internacional. A presença desses maiizcs no espectro político espanhol e o dinamismo que obtiveram com a vitória da coligação centrista produziram em todo o mundo grande alarido. Os meios esquerdistas vêem na Espanha de hoje um exemplo a ser imitado.

• • • Fazem 40 anos que o povo espanhol, temeroso dos rumos que o país adotava, experimentou um sobressalto salvador com a guerra civil de 1936-39. Quatro anos depois, o ardor já começava a se extinguir. Em 1943, Nosso Senhor apareceu à 1rmã Lúcia - a única vidente de Fátima ainda viva - e advertiu o Episcopado espanhol que a Rússia seria novamente o açoite com que Deus puniria a Espanha, caso os Bispos não procedessem à reforma do Clero e do povo. Era necessário vigilância, oração e penitência. Será prenúncio da punição a atual onde de esquerdismo? Ou haverã um novo sobressalto salvador? Apesar da a tual decadência religiosa, o povo espanhol possui a inda muitas fibras católicas de grande valor, restos apreciáveis do espírito destemido de outrora. A exis tência de mais de JOOO Sacerdotes com coragem para condenar a debilidade em face do comunismo e mesmo o favorecimento deste em ambientes católicos, éum exemplo nesse sentido. (Ver, a esse respeito, o documento «1000 Padres espanhóis rompe,n o silêncio», publicado em Ca10/icisn10 n• 313, de Janeiro de 1977). Não é impossível, portanto, que uma vigorosa reação anticomunista venha a ocorrer' evitando que a nação resvale para o precipício marxista.

.

REN AT O V ASCONC ELOS

A Irmã L6cia previu em 1943 que "a R6uia serla de novo o açoite com que Dous punida a Espanha"

s-o o Clero e o povo não foss.m

vigilan1es, nio orassem e fizessem penitência

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Cardeal italiano recebe comunista expulso do Chile LUIS DUFA UR

nosso correspondente .ROMA - O comunista chileno Luís Corvalán passou alguns dias na Itália, convidado pelo PCI. Recebido como herói pelo partido comunista niais pooeroso do Ocidente, não foram, sem embargo, suas declarações de apoio à Rússia e seus elogios ao eurocomun ismo o que mais causou impacto na opinião católica. Com efeito, não é lógico e nomial que um comunfata faça propaganda do comunisnio? Não se poderia esperar outra coisa. Seus elogios à Rússia, elevados ao ex tremo do cinismo, tampou· co constituíram novidade, pois o cinismo se encontra na essência do comu-

ta que a KGB está pronta para reprimi-lo. E tudo isso em nome da lei. Evidentemente Corvalán elogiou Berlinguer, o eurocomunismo, o com· promjsso histórico. Prome teu para o futuro a derrocada do atual governo chileno e a instauração de uma ditadura comunista que eliminaria a liberdade

mr de ma,u:iras diversas. mas que. de

1odos os modos. é a lei. e a lei deve ser rcspei,ada ". Em termos mais claros. na Rússia os russos ainda têm língua, e atê agora as maravilhas do progresso sovié· tico não conseguiram liber tar o povo desse ó rgão ind iscreto. Mas, basta que alguém pronuncie <1ualquer coisa que não seja do agrado do regime moscoviLuh Corvalán, comunisto ex pu lso do Chih, , foi élc:olhido afetuosamentft pelo Cardeal CO·

lombo, Arcebispo de Milão,

1

bispo de Milão, prestou um

bom serviço à propo9and3

vermelha reco• bando Corvalãn

dos Hinimigos internos,,.

"Nada de novo debalro do sol", dii Salomão no Livro da Sabedoria. O co. munismo continua igual a si mesmo: antinatural e anticristão em sua essência, pérfido e cruel cm seus métodos. Hoje, Corvalân elogia o eu rocomunismo, via supostamente pacífica do comunismo, enquanto acena para a realização do banho de sangue no Chile que a revolução anticomunista de 1 1 de setembro de 1973 lhe impediu de realizar.

nismo.

Vejamos um exemplo. "Na Rússia declarou Corvalân ao jomal l.a Stampa - qualquer um pode dizer o que pen· sa; é claro que depois po<le ser julgado pelo lei soviética. da qual se pode pen·

O Cardeal Colombo, Arce,,

O PCI lhe organizou uma série de encontros. Adivinhará o leitor com quem foi en trevistar.se amavelmente o

lobo chileno'/ Não. Não foi com outro lobo, mas com um Pastor. Nada mais, nada menos que o Cardeal Colombo, Arcebispo de Milão. /\ entrevista foi tão proveitosa para o comunismo internacional que o jornalista Giovanni Russo, do Co"iere de/la Sertr, narra a ansiedade de Corvahin erh saber se o diário milanês a divulgaria, só tendo fi. cado satisfeito ao receber nova confirmação.

Que comentários suscitou a visita de C.:orvalán em ambientes católicos? Vejamos o que escreve o A 1•ve11ire, di,írio que reíletc. de modo geral, o pensamen to do Episcopado italiano. O lcilor facaní pasmo. Sem 111:iiorcs dissi· mulações, e, articulista proclama a "ba· 1allu1 contra Pi11oche1". Esta luta ''1111· toriza a ,náxima C()€$ÕO c111re os parti· cios e 1e11dé11cias politicas que i,isam a dellOcada da auwl di1ad11ra ·: Como o comunismo é a ponta de lança dessa ''batalha". a derrubada do governo anticomunista levará à implantação do comunismo e ao banho de sanglrc proposto de modo semivelado por Corvalãn. Essa ação criminosa e anticristã por excelência é moralmen te justificável e amplamente elogiável para o di;\rio considerado como ex1>res-

são oficiosa da Hierarquia itali:ma! Teceria ele o mesmo elogio a quem pregasse a derrubada do regime russo, cu· bano ou iugoslavo, por exemplo? Mas, para Corvalán e para o A vveni· re existe um perigo: é o ··depois". Implantada a sangrenta ditadura comunis· ta, não haverá novo levante popular? Este perigo deve ser eliminado e para Corvalán é esta a ação que a Hierarquia eclesiástica deve realizar, reconhecendo que muita <->isa ela já fe:,, nesse sentido. Eis a citação textual: ··Porém. exisle o ··depois" (da nova ascensão dos comunistas ao poder) pa· ra prever e para preparar. Corva/lÍ11 reconheceu explici1a111e11te à Igreja 11111 papel de primeiri.!simo plano. A Igreja sofreu a primeira /Jers,,g11iç1io. a /aseis· ta... 71uJo isto. segundo Con1alá11. favo· recc á contpreensão l'eciproca c,ure co· munistas e ca1ólicos. 11ssodados e111 um esforço comum de lutar pela res1a11ração da liberdade em uma nação esma· gada pelo totalitarismo da direirn militar" (Avve11ire, Roma. 4-3-77). Para conclui r. o quotidiano alegra-se com o fato de essa atitude da estrutura eclesiástica chilena favorecer a co, ligação entre marxistas e cristãos. E regozija-se também com uma realidade assombrosa: um comunista como Cor-

valán reconhecer que essa mesma estru· tura converteu-se cm força tão ir til para a implantação do comunismo quanto o próprio PC! (A ,,ve11ire, Roma, 4.3. 77). Mais uma vez, são confirmadas, de modo estrepitoso, as· teses da obra ··1.a lglesia dei Sile11âo e11 Chile - /,o TFP proclama la verdad enlera", um ano após sua publicação, num país distan· te do Chile como é a Itália. Fato que, por sua vez, vem com provar a pàvorosa dimensão mundial das acusações pu· blicadas no mesmo livro.

Rtvmo. Pt. Luiz Mtnezes Bueno, Tatui (SP): «Faz muito bem o C/\ TOLICISMO defendendo a Fé verdadeira e sã doutrina da nossa Santa Igreja contra as demagogias ímpias dos «progressistas». Revmo. Pe. Paulo Vicente de Oliveira, Curvclo (MG): «Aprecio, neste

jornal, a coer~ncia com a verdade e a firme,.a na Fé[...). Espero que os Srs. estejam e permaneçam alertas, contra os inimigos de Deus e da Santa Igreja, os de fora e os de dentro. Fidclcs usque ad mortcm. Qui pcrseveraverit accipict coronam vime. Non vcnl minere paccm sed gladium. S1 Deus por nobis, quis contra nos?))

D. Edjanira Alves da Silvo, Feira de Santana (BA): «Incomparável pela e.~tabilidade existente cm seus artigos. os quais demonstram obviamente a coragem moral dos seus rcda1orcs>>, D . Helena Rachel Gama da Silva, Niterói (RJ): «Leitura sadia, despertou meu interesse pela situação universal, desenvolveu meu espírito cristão e aumentou meus conhecimentos gerais». D. Ana das Neves Carvalho Pinto, Santo Amaro (BA): «Continuamos a

ser grandes admiradores de nosso conceituado jornal que tão seguramente se vem mantendo neste conturbado lempo de provação para nossa Fé católica.

Nossos aplausos e nossas oraçõe.s para que persevere dentro da linha traçada desde o inicio. E que Deus conserve a vida do piedoso e sábio Bispo de Campos. a quem tanto amamos no Senhorn.

Sr. Josô Oomingues Rodrigues, Sa.nta Bárbara d'Oeste (SP): ,,o C/\ TOLlCISMO é, na minha fraca opinião, o farol que nos guia dentro das noites tempestuosas cm que. ultimamente, vivemos)>

Brig. Paulo de Vasconcel105 Sousa e Silva, Fortale-,a (CE) «Extraordinária publicação que di7. aos católicos o que os católicos precisam saber: a verdade

sobre o que acontece de bom ou de mau no âmbito da Santa Madre Igreja)),

Sr. Victor Saidl, Rio Negro (PR): «Í, sempre uma satisfação quando recebo o exemplar do CATOLICISMO. Trata-se de um jornal muito importante. que defende os nossos princípios mais sublimes. Acho que a sua edição deveria ser quinzenal» Sr. Joaquim Paulo da Silva, Ribeirão Claro(PR):<<Não temos palavras a

exprimir nossa profunda apreciação e admiração a C/\TOLICISMO. Pois este

jornal é de suma importância aos católicos que professam a mesma doutrina

ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo». Sr. Getúlio Mentz Albreeht, Porto Alogre(RS): «Embora me e111ristcçaa le.itura dos textos do mensário~ pelo conteúdo de seus editoriais_, reveladores da

desagregação da cúpula dirigente de nossa Igreja, reconheço sua atualidade, e a necessidade cada \lez maior, dcalcnar. de forma clara e objetiva. aos fiéis mais

desavisados, da crescente comunização do meio clerical. Somente lamento que não seja encontrado um meio cíica1.dc combater e. conseq Ucntcmcnte, eliminar tal malefício)>.

Sr. Rinatdo Vallecchi Ribeiro, São Paulo (SP): «Extraordinário. Luz que brilha nas trevas do mundo contemporâneo. Defensor intransigente da Civili,.ação Cristã. Orientador seguríssimo para os que desejam trilhar o cariiinbo indicado pela doutrina cat61ictrn.

Sr. Alfredo Tiburcio Nunes Pires, Florianópolis (SC): «Desejo apresentar meus cumprimentos pelo continuo aprimoramento que esse órgão vem apresentando ultimamente.

Peço que continuem a 1>ublicação de anigos como «Santa Catarina

Como surgiu um orfanato na Bahia de 1800 RA FEVEREIRO de 1827, quando. na cidade de São Salvador. o Padre Francisco Gomes de Sousa foi solicitado a atender uma senhora que se encontrava agonizante. Sabia ele, certamente. quantos obst:iculos coswmam ser postos pelo príncipe das trevas para impedir a salvação eterna de uma alma. No momento da agonia palavra grega que significa luta - nesse combate final portanto, ia ele disput,1r aquela alma piamo a palmo, se preciso fosse para Nosso Senhor. Teria ele noção do esiado da agonizante? Não o sabemos. Ao aproximar-se, porém, do seu leito de morte, en· controu uma mulher que se recusava obstinadamente a confessar-se. Estava ela inconfomiada com as tragédias que abateram sobre si, uma atrás da outra. das quais a última era a própria morte que se aproximava. Já morrera o mari· do um pouco antes; ficariam duas fi. lhas pequenas, sem pai e sem mãe? Morreriam à mingua? ... O sofrimento era p:,ra ela demasiadamente grande, e sua represália absurda consistia cm revoltar-se contra Deus. Contudo. o Sacerdote não recua. Em matéria de sofrimento, Nosso Senhor, crucificado entre dois ladrões no alto do Calvário, não deu a todos nós o exemplo supremo? A Virgem das Dores, a cada passo da Paixão, não nos apresenta o verdadeiro senso de amor /> Cruz? Através de conselhos e palavras de esperança, Pe. Francisco faz voltar à paz aquela alma. ..Além do mais - acrescenta ele - Nosso Se11hor 11ão pe,-. mi/irá (file fiquem desamparadas as cri·

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,/l!ças de rnà,· que morreu cri.ttãme,ue:

lmaculadL tendo São José corno proa eu como n1i11istro de Deus. as:,·umo tetor. lambem a respo11sabilidade de educá· Quando o eclesiástico faleceu em ja-la,: Então. mudando de fisionomia, 11ciro de 1847, sua casa abrigava quase aquela mulher cahnamente se confes- quarenta órfãs. Vinte anos de fecundo sou. No Céu, os Anjos devem ter se ale- apostolado haviam transcorrido. e sua grado. obra continuou a descnvolvcr·se, espeO toque de nnados que se ouviu de- cialmente com a chegada das primeiras pois marcou o fim daquela vida. Mas Irmãs da Caridade de São Vicente de não foi só isso. Para a cidade de São Paulo, em 1850. Salvador da Bahia marcou também o O antigo orfanato completa agora inít ,o de importante obra assistencial, seus 150 anos de existência. o ;Jrfa1u110 Sagmdo Coração de Jesus. Contudo. estamos numa época cm O Pe. Francisco Gomes de Sousa que o progressismo católico vai corrocumpriu a promessa, levando para su:i endo internamente todas as instituições casa as duas crianças, entregando-as aos nascidas no passado, tirando-lhes o idecuidados de sua cozinheira. Maria Li11:1 al. a abnegação e o espírito sobrenatu· das Mercês. Alguns dias depois. ao sa- ral, transfonnando-as em uma espécie ber que outra mulher dava aguardente de empresas laicas que. como tais, tenà filha para desembaraçar-se dela. man- dem fatalmente a definhar. dou buscar a menina e juntou-a às deInfelizmente o Orfanato de que fo. mais. Em seguida, o Pe. Francisco dei, !amos não constilui exceção, tendo rexou sua residência para uso das órfãs e duzido substancialmente a assistência de Da. Maria das Mcrcês, transfcrindo- prestada is órfãs sob a justificativa de •Se ele para um alojamento improvisa, que o mesmo se tornou desnecessário. O mundo paganizado e caótico ~,. do na sacristia. Quando as esmolas coletadas durar1- nossos dias pode não compreender o 1e a Missa eram insuficien tes para ;1 ideal de alguém tJue dedique sua vida compra de alimentos. o zeloso Sacerdo- ao cuidado de crianças desamparadas. te dirigia-se com as crianças à capela Mas almas vcrdadcirnmcnte católicas o para rezar: "...o pão nosw de cada dia. compreendem plenamente . Mais do que nos dai hoje... ·•. Em diversas ocasiões, isso. elevam a Deus uma súplica para vieram os socorros antes mesmo de ha- que haja sempre sobre a terra almas verem temiinado as orações. Maria Li- abnegadas, <1uc mantenham sempre ana costumava lam~m se dirigir aos vi- cesa a ch:-ima da autêntica caridade criS· zinhos pedindo auxilio, que nunca era tã, como o foi. de modo assinafodo. nas páginas da História da Bahia. o Pc. recusado. O número de meninas internadas foi Francisco Gomes de Sousa. aumentando e o Pc. 1-=-rancisco di-1.ia

sempre às órfãs que elas eram filhas do Sagrado Coração de Jesus e da Virgem

e. e.

Labouré, a noviça que viu Nossa Senhora,), isto é·~anigos que outros jornais jamais publicam, e que atendem ao anseio de alento espiritual que o mundo de hoje, tão materialíi.ado, tanto necessita.

Também desejo expressar minha profunda concordância com o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, cm seu artigo «O Brasil católico na orfandade», o

qual aponta com muita clareia quais os lobos que tomaram <:onta de muitos

ambientes católicos. A meu ver o Prof. P!inio Corrêa de Oliveira já entrou para a História. pois pelos seus artigos, pelas campanha$ promovidas à frente da TFP. ninguém poderá ignorá-lo». Sr. Humberto Ferreiro da Silvo, Salvador (BA): «Sou leitor assíduo de CATOLICISMO. jornal que aprecio pela sua ortodoxia e firmeza com que defende a Civilização Cristã contra as incursões comuno-progrcssistas que hoje ameaçam diluir o cdif!cio da Santa Igreja Católica. Apesar dcstc«marc-magnum)>de erros e confusões a Providência Divina.

que não nos abandona nunca. colocou este valoroso mensário como verdadeiro tesouro. [...]. Quero informar que ,sostci muito do jornal de janeiro. O artigo de Dr. Plínio pareceu-me magnífico: «Revolução e Contra-Revolução 20 anos depois». Parabéns. C/\ TO LI CISMO! Continue sempre assim porque assim é que deve ser um verdadeiro jornal católico: combativo e nunca pactuando com o erro neste tenebroso século. CATOLICISMO é para mim um autêntico

paladino da Verdade, da Igreja Una. Santa. Católica, Apostólica e Romana».

Mensário com aprovação eclesiástica - campos - Estado do Rio

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Dlretori>: Av. 7 de Sc1embr<> 24 7, caixa postal 333, 28100 Campos, RJ. Administração: R. Dr. Mar1inioo Prad<> 271, 01224 S. Paulo, SP. Composto e impresso na Artpress - Papéis e Artes Gráficas Ltda., Rua Dr. Mutinieo

Prado 234, São Paulo, SP. A$sinatura anual: oomum CrS 100,00: cooperador Cr$ 200,00; benfeitor Cr$ 500,00: grande benfeitor Cr$ 1.000.00;, seminaristas e estudantes Cr$ 70,00; América do Sul

e Central: via de superfície US~ 12.00, via aérea USS 14,SO; América do Norte, Portu· gat, Esp,anha. Provincias ultram3.rinas e Colônias; via de superfície US$ 12.00, via aé-

rea USS 17,50; outr<>s países: via de superfície USS 14 ,00, via aérea US $ 23,50. Venda avulsa: Cr$ 10,00.

Os pagamentos, sempre em nome de Editora Padre Belchior de Pontes S/C, poclerão ser encaminhados à Aoministração. Para mud:mça de endereço de assinantes, é ncccs· sário mencion31 também o endereço antigo. A correspondência relativa a assinaturas e vend:t avulsa deve ser enviada à

Adm1nistraçã<> - R. Dr. M3rtinico Prado 271, 01224 S. Paulo, SP

NUNES PIRES


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No passado o perene,

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no-perene o uturo A \

REM EN, uma das mais gloriosas cidades medievais da Alemanha, foi outrora o pivô da Liga ,;;; ._,,, ,. Hanseáticà. juntamente com Hamburgo, LUbeck ,,J, e Dantzig. A Liga tornou-se tão rica e poderosa ' 1que chegou a fazer empréstimos ao Sacro Império e a constituir sua própria marinha de guerra. As cidades que a compunham eram governadas por uma espécie de aristocracia monetária de famUias que se dedicavam ao comércio e à indústria. Os operários e ·artesãos, que formavam as corporações de oficio, elegiam certo número de representantes para o Conselho ou Câmara local. Uma forma de governo tipicamente burguesa, como se vê. O edificio da Prefeitura ou Câmara simbolizava assim a autonomia da cidade, pois ali se exercia o poder executivo e legislativo. Isso explica a existência na Alemanha e nos Países Baixos de Paços municipais que eram verdadeiros palácios régios, como o de Bremen, que nos dispomos a analisar com os

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leitores.

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Antes, porém, gostaríamos de ressaltar a finalidade e a utilidade dessa análise. O destaque a valores positivos de obras de cultura européia ou de quaisquer outros povos não significa, absolutamente, menosprezo ou perda das características da cultura nacional. Pelo contrário, é' precioso estimulo ao espírito criativo e dotado do senso do universal com que a Providência premiou o povo brasileiro. Ao apontar para a cultura nacional o horizonte europeu visamos, isto sim, inspirar e proporcionar condições de maiores vôos a nossas criações e produções. Outra razão, entretanto, coloca-se acima dessa. A verdadeira obra de arte, de categoria, não se destina simplesmente a parecer bela ou graciosa. Ela deve, muito mais, produlir no espfrito uma sensação de entusiasmo. Por sua elevação e nobreza, deve atrair o homem a uma ordem superior, despertando nele a apetência das coisas divinas e preparando-o para o Céu. Trata-se, portanto, de um instrumento natural para dispor as almas a receber ó auxilio sobrenatural da graça e para confiarem nos grandes dons que Deus reserva na outra vida àqueles que O amaram e serviram nesta. Nessa perspectiva, passemos a considerar a praça principal de Bremen.

À esquerda, vê-se a Rathaus, que significa Casa do Conselho. Corresponde ao nosso Paço Municipal. Ao fundo, ergue-se a catedral, separada da Rathaus por edifícios análogos. A praça tem forma irregular, mas com certa simetria muito adequada. O mosaico de pedras que o cerca dá a impressão de um canteiro de flores. Um espfrito latino como o brasileiro talvez preferisse colocar a! uma fonte ou chafariz. Jatos d'água iluminados por luzes douradas, avermelhadas, azuladas, esverdeadas, subindo e caindo, mais parecendo pedras preciosas em estado Hquido:

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topázios, ametistas, rubis, berilos, diamantes ... Não é verdade que isso condiz melhor com a vivacidade latina? No conjunto, de ·estilo renascentista alemão, predominam as reminiscências medievais.

Detenhamo-nos no ediflcio do Paço Municipal. A beleza do teto esverdeado infelizmente não pode ser devidamente apreciada nesta reprodução em preto-e-branco. Mas o leitor pode faGilmente imaginá-la. O teto era frequentemente utilizado .como elemento decorativo na Europa. Na catedral de S~nto Estêvão, em Viena, por exemplo, como em casas da Borgonha, França, aproveitavam-se telhas de ardósia de cores variadas, formando com elas bonitos desenhos, de maneira a produzir magnifica vista. Na Rathaus, provavelmente o teto é de cobre, que al.inhavra com o iempo, dando origem a um lindo verdeesmeralda. A beleza não é só da cor, mas também da forma. O movimento ascensional do teto convida as pessoas à elevação. Acentuam essa impressão os três gru.pos de janelas, que tendem igualmente para o alto. Dir-se-ia que a janela maior sobe e ergue as menores consigo. É o tipo perfeito de teto, pois este não deve pesar, mas dar a idéia de algo que seelevaeconvidaa subir, como neste caso.

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o Paço Municipal de Bremen constitui-se de três partes

jO esplendor da civ llizeçio crlri"a' ltvi ao ,-quinte at6 a oonnn.1ç.io do, t.,. lhado,, como es·te# d• um hosplt1I da Borgonha (França)

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distintas. Na inferior, uma série de ogivas dão a~so a uma galeria aberta onde as pessoas podem passear. Além disso, como se trata de edifício onde ocorrem concentrações populares, era preciso que pudesse caber muita gente, mesmo em tempo de chuva. É o lado funcional presente. Os arcos são muito elegantes, imprimem leveza e variedade ao ediffcio. Em conseqüência, a parte.intermediária, ql!e poderia pesar um tanto, toma-se tão leve que é um verdadeiro encanto. Note-se que as janelas são tão grandes que na parte central as menores delas tomam dois andares. As maiores são quase o dobro das menores, quejá são altas. Por a! se pode calcular o tamanho dos janelões laterais. Quadradões, sem nenhum apoio, eles deveriam parecer de um peso enorme. Entretanto, como o teto puxa para cima e as galerias se apoiam no chão com leveza, as janelas tornam-se esguias. Não são janelas baixas e largas como gosta a arquitetura moderna dos prédios de apartamento. Pelo conírário, estas são altas e esguias, conferindo tal leveza que o próprio edifício parece quase não tocar no solo.

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O conjunto de cores claras é tão delicado e tão leve que dá a impressão de úm palácio rendilhado que flutua num mar de pedras, que seria a praça. Essa idéia é sugerida por algo de aquático, embora indefinido, presente nesse ediffcio. De maneira que, se o colocássemos sobre uma grande jangada, teriamos a impressão de que ele flutuaria como uma gôndola. Nisso está seu encanto.

m, •tExaminemos a catedral. Enquanto o Paço de Bremen como que sorri, a catedral, pelo contrário, exprime algo de majestoso, de forte e de sério. Cada igreja bem construida espelha um aspecto da Religião. Na catedral de Bremen, - uma obra-prima da arquitetura românica - está expressa a solidez e a serenidade da Igreja Católica. Vm golpe de vista distingue duas partes distintas: o corpo de pedra e a cobertura de duas lindas torres, que repetem o mesmo verde-esmeralda da Rathaus.e sobem a perder de vista. A parte de baixo é atarracada e severa. A parte central está . como que esmagada pelas duas torres, que se firmam no chão. A seriedade, que é um dos aspectos da -sabedoria, está ai bem expressa. O tempo corre, a catedral não muda. Sua consistência parece ter nascido do embate com mil ~empestades. Nisso a catedral contrasta hannonicamentecom o palácio flutuante, a Rathaus. Nesta última temos o maravilhoso do delicado, do gracioso, do harmonioso, do pequeno. Naquela está presente o maravilhoso da severidade, do combativo, do altaneiro. A! temos uma das mil maravilhas da esplendorosa Europa antiga, que o espírito progressista procura de todos os modos insultar.

.m. •+Para que servem tais considerações? Se - como sabemos - Deus ex.iste, não é possivel que tais maravilhas estejam definitivamente mortas. Pois não é da glória d'Ele que obras assim desapareçam da terra e nunca mais algo de. análogo venha a brilhar. E se está nos planos do Criador que tais obras sejam construidas pelos homens nesta terra, o verdadeiro católico tem a obrigação e o dever de admirar e amar as maravilhas do passado - reflexos .do próprio Deus na terra - , para com elas destilar o futuro. Esta é a perspectiva última do maravilhoso presente na civilização cristã, tanto em suas obras de caráter temporal quanto religioso: ver no passado o perene, no perene o futuro. 7


AfOJLICXSMO------- - - - - - Circular do Bispo de Campos a propósito da aprovação da emenda divorcista

PELOS DIREITOS DE DEUS Caríssimos cooperadores e amados filhos Profundamente amargurado com · a decisão do. Congresso Nacional, aprovando uma das emendas divorcistas, sentimo-Nos no dever de comentar convosco, zelosos cooperadores e amados filhos, o doloroso acontecimento que lança u'a mancha negra em nossa História de povo cristão. Com efeito, nosso Congresso, ao aprovar o divórcio, realizou um ato de impiedade, análogo ao dos judeus, quando, aos gritos diante do tribunal de Pôncio Pilatos, recusaram a soberania de Nosso Senhor Jesus Cri.sto: «nolumus hunc regnare .ruper nos» - «não querernos que este reine sobre nós». (Lc. 19, 14), disseram eles. Também nossos legisladores declararam, oficialmente, que não aceitam a soberania de Deus e de Jesus Cristo, uma vez q ue, consciente e formalmente, aprovam um dispositivo contrário a uma clara ordenação divina. Registremos o fato. Fixemo-lo na memória para não esquecer a extensão da apostasia que ele envolve, tanto mais dolorosa, quando é a de nosso País, que teve a glória de ser chamado «Terra de Santa Cruz». Após uma das votações, comentou um senador que o Congresso agira com soberania. Sim, uma soberania espúria, porquanto usada para rc(lelir a Soberania do Senhor dos Céus e da Terra. Diríamos melhor que o Congresso usurpou uma soberania que lhe não compete, pois é pelo Senhor que reinam os reis e os legisladores decretam a justiça (Prov. 6, 14). É o Se'nhor que dá autoridade a quem governa e como ministros de Deus devem eles se considerar. Assim o ensina S. Paulo (Rom. 13). Ao legalizar o divórcio, o Congresso aceitou a soberania que Lúcifer sugeriu aos nossos primeiros pais, quando os convidou a desobedecer à ordem de Deus, e a se proclamarem senhores absolutos do bem e do mal, como deuses que definem o que é bom e o que é mau (Gen. 3). Assim, o Congresso ju lgou que poderia definir como bom o que é, em si mesmo, mau.segundo dispôs o Senhor de todas as coisas. Deus fez o casamento indissolúvel, e declarou adultério casar-se com outrem, vivendo ainda o primeiro consorte. O Congresso declara que o casamento não é indissolúvel, arroga-se o direito de dissolvê-lo, e torna legal o adultério. Usurpa, pois, sacrilegamente direitos que pertencem a Deus. Eis como agiu soberanamente! Triste soberania, como todo poder usurpado. P.restamos aqui homenagem aos nobres senadorcsedeputadosque, embora votos vencidos, se empenharam por que nosso Parlamento procedesse como legítimo representante de um povo cristão.

es1igmatiza a prática do divórcio: «A 1nulher que tantas vezes se casa. não se casa: adultera legalmente» (Liv. 6, Ep. 7). Queixam-se os amantes do divórcio das penalidades com que o Direito Canônico pune os divorcistas: excomunhão (can. 1325 §1), excJusão da participação nos Sacramenios (can. 765 e 795), mesmo como padrinhos, infâmia legal, caso atentem novo casamento, em vida do primeiro consorte (can. 2350), etc. Não têm eles ra1.ão de queixa. Como usurpadores de um direito divino é justo sofram as penas que pede a reparação da ordem violada, no caso, de alçada de Deus. Suas queixas são ainda tnais improcedentes, porque a Igreja, ao iníligir tais penas, age com bondade materna. Visa a conversão do pecador, que torne atrás, arrependa-se de seu erro, e volte à amizade de Deus. Pior seria se a Igreja o deixasse adormecer no seu pecado, para só acordar nas chamas do Inferno, quando não há mais possibilidade de redenção. Nesse sentido, permitiu a Proyidência que a famigerada emenda contrária à indisso lu bilidade do casamento, fosse aprovada · precisamen1e na véspera da festa de São João Batista, que, como todo mundo sabe, morreu mártir, degolado por defender a santidade do vínculo matrimonial. A coincidência serve para marcar com o sinete da ignomínia do adulJério quem venha a servirse da lei divorc:sta, para atender impunemente aos interesses da sua paixão.

• • • s1v1sta, feita de anseios de prazer. gozo e imortificação. Nela têm assento normal a coeducação, a licenciosidade nas diversões, a falta de recalo na convivência social; numa palavra, a sensualidade. Semelhante sociedade aspira pelo divórcio, como o sedento pela água-fresca. Pois o divórcio desata as amarras que mantinham a sensualidade dentro das normas do honesto. Numa sociedade permissivista, não se compreendem cais amarras. Como advertimos em várias de Nossas Cartas Pastorais, e ainda

Mais pariieularmente, a propósito da !riste aprovação do divórcio, recomendamos que se tenham presentes as disposições pastorais de Nossa Carla sobre a indissolubilidade do Casamcn10. Mandamos, além disso: 1. Que se faça ato habitual de reparação pela inju ria lançada contra o Sacratíssimo Coração de Jesus, precisamente no mês a Ele consagrado. Seja esta intenção reparadora objeto da adoração instalada na Diocese, nas várias

paróquias, corno recordação da Semana Eucarística preparatória do Co ngresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro, em 1955. 2. Após as Santas Missas à oração de São Miguel Arcanjo, pedindo a proteção deste chefe das Milícias celestes contra a infestação do d emônio na sociedade de hoje,juntese a jaculatória «Jesus, Maria. José. salvai as nossas familias». 3. A indissolubilidade do Matrimônio seja objeto freqüente da pregação nos domingos e dias festivos, e inculcado aos no ivos como condição necessária· para o valor do Sacramenlo do Matrimônio. 4. Observem-se todas as leis eclesiásticas que afetam os parlamentares que votaram pela emenda divorcista, e os divorcis1as, em geral. Seja esta circular lida ao povo, à estação da Missa, e oportunamente explicada. Com as bençãos de Deus, pelas mãos de Maria Santissima. Campos, 24 de Junho de 1977, festa de São João Batista, máriir da santidade do vínculo matrimonial

t Antonio, Bispo de Campo Pe. H. C. Fischer, chanceler

Livro da TFP chilena causa polêmica na Venezuela

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Mas, o labéu moral que encerra a int rodução do divórcio em nosso Pais, pede uma reílexão sobre as causas que o tornaram possível. Acenamos apenas às mesmas, pois já foram objeto de mais longos comentários cm Cartas Pastorais. Antes de tudo, como causa de toda a decadência moral está a debilidade na Fé. «Sen1 Fé é impossível agradar a Deus» (Heb. 11, 6). De onde afervora-se o amor de Deus quando a Fé é viva e influi decisivamente no procedimento da pessoa. Em sentido inverso, onde a Fé não passa de uma lâmpada frouxa que apenas bruxuleia na mera aceitação dos artigos do Credo, a vida moral passa a su bordinar-se aos interesses egoístas, que mal resistem aos impulsos da paixão. Ora, o que caracteriza nosso 1empo é a falta dessa Fé viva, falha que leva a culpa das trevas com que a fumaça de Satanás perturba e perde as almas. Hoje, põem-se na penumbra os direitos exclusivos da Verdade,. cuja aceitação é a maior homenagem que prestamos a Deus, e empenha-se por fazê-la convivercoin o erro numa osmose dessorante do vigor da vontade, habituada a ver o «sim» no «sim» e o «não» no «não». - De modo geral, é como se pratica boje o • Ecumenismo. Nossos primeiros pais colheram, A conseqüência é uma diluição da como fruto de sua soberania usurpada, Palavra de Deus que a torna imprecia expulsão do Paraíso terrestre, e a se- sa e ineficaz. Por essa brecha, aberta na intranqüela de dores e abjeções. Passaram a sofrer a humilhação da tirania de suas sigência da Verdade, entram e inundam a alma as concessões ao paixões. É este o dinam.ismo do mal. Atesta espírito moderno, e o desejo ardente Sêneca que, na Roma Antiga, ao se de uma Igreja Nova, mais adaptada introduzir o divórcio, havia pejo em ao que chamam de progresso do dele se fazer uso. Depois, generalizou- espirito humano, e que não passa de se a infâmia (a expressão é do pagão uma liberdade desenfreada, que Sêneca), e aprendeu-se ·a fazer aquilo busca sacudir o jugo divino para de que tanto se falava. Com mais atender aos reclamos da paixão. Nasceu assim a sociedade permisagudo ferrete, Marcial, outro pagão,

acentuadamente na última sobre a Realeza social de Jesus Cristo, cumpre-nos reagir cont ra ião generalizada apostasia social, disciplinando segundo a Fé nossa vida pessoal, vida no ambiente de nossas famílias e nos meios profissional e social a que pertencemos. Evitemos o excesso de divertimentos, mesmo os honestos. O cristão deve ter suas horas de lazer; será, porém, moderado mesmo nos justos prazeres, não aconteça que, contrariamente ao que pede a oração litúrgica do Ili Domingo depois de Pentecostes, nos apeguemos aos bens da terra e percamos os celestes.

RECEBIDO COM incomum interesse pela opinião pública venezuelana, o livro A Igreja do Silên· cio no Chile, de autoria da TFP andi na. suscitou calol'osa polêmica. Baseada cm mais de 200 documentos, a obra demonstra Que a

quase totalidade do Episcopado e do Clero chilenos empenhou todo o seu poder e pl'eslígio para favorec.c r a implantação e manu· tenção no poder do l'cgimc mar· xista d e Allende. Quando este foi d errubado pelas Forças Armadas, os mesmos eclesiásticos 1rânsformaram-sc no principal reduto da oposição ao governo militar. A edição de A Igreja do Silêncio no Chile que a Sociedade Venezuelana de Defesa da Tradição, Familia e Pror>riedadc (TFP)vem divulgando nas pl'incipais cidades de seu país é acrescida de um prólogo no qual aponta notórias analogias entre as atitudes de eclesiásticos d os dois pa ises. Assim, por exemplo. a posição dúbia do Bispo Auxiliar de Caracas, D. Ovídio Perez M oralcs, que vê «valores genuínos)) e «esperanças)> no marxis-

mo. Citado no prólogo da obra, D. Ovidio deu entrevista ao jornal ti Nacional. de Caracas ( 19-3-77), na qual nega ser <•inocente útil».

«Inocente; não; útil...?» Com esse tilulÔ, a TFP venezuelana emitiu comunicado a 5-4-77, replicando ao Bispo: «Longe de desrnentir ou retratar-se de tão inusit.adas afirma· ções, ou de vreâsar suas palavtas, D. Ovídio Perez Morale.~[ ...]prefere dizer que é acusado de «inocente útil», acusação que a TFP não lhe fez [ .. .). Mais ainda, S. Excfo. co1,fir11w o to11alidatle das declarações ,·0111enuulas no ptólo· go ao d izer: «...não posso Jazer ,ne· nos que saudt1r as correntes novas

A TFP vonozuolana om campanha nas ruas de Caracas

que lhe esrüo tirtmdo ((10 nwrxismo) alg1111s dos aspectos dogmát icos. que e.1·1ão i11corporondo a ele novas ideias modificadoras.filhas de uma posição crítica plausível. [ ... ]. Continuo acreditando que o 1norxismo é d10111ado a dar zuno contribuição importante para o progresso da l111111t1nidade». A esta confissão do Prelado, a TFP venezuelana comenta que certos aspectos da posição de D. Perez Morales permitem concluir que «a a1·11st1ç,io de inocente útil

certmnenl<) seria injusta: inocente, de nenhun, ,nodo; útil ao co,nu~ 11ís1110. co1110 11egá-lo. depois de ver qu~ S. Excit1. considera a Re· volução Cubt111a «positiva em muitos aspeftos»?» (Cf. ti Nacional, Caracas, 21 -2-77).

O lobo uiva em defesa do pastor Depois de ex prcssar sua perplexidade an1e a atitude do 8ispo

Auxiliar de Caracas, a TFP ressalta um fato singular. Por ocasião do lançamenio de A Igreja do Silêncio no Chile em Santiago, a Rádio Moscou. cm pelo menos cinco emissôcs sucessivas cm cas1elhano, colocou-se ardorosamenle na defesa do Episcopado chileno, enquanto vociferava uma lorrente de injúrias contra as TFPs su lamericanas. Na Venezuela, é um deputado 111arxis1a - José Vicente Rangel - quem sai a quebrar lanças por D. Ovidio Perez. Com efci10, pouco depois de regressar de Cuba, o candidato do Movimientoal Socialismo (MAS) - partido que se proclama representante do chamado eurocomunismo na Venezuela - cmi1iu declarações furibundas contra a TFP,defendendo D. Ovid io. O que deixa poucas dúvidas sobre a ação pas1oral do Prelado e sobre os prejuízos que a publicação de A Igreja do Silêncio no Chile trouxe para o comunismo.


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lL N9 320 -

Agosto de 1977 -

Ano XXVII

Diretor: Paul~ Corrêa de Brito Filho

ASSUNÇÃO: O MAIS RECENTE DOGMA ~Ã

SSUMPTA EST Maria in coelum. Gaudent angeli! Gaudent, quia cum Christo regnat". -Maria subiu aos Céus. Regozijai-vos com os Anjos! Regozi· jai-vos porque Ela reina com Cristo. Esta é por excelência a festa da glorificação de Nossa Senhora, comemorada no dia 15 deste mês. Festa que assumiu particular importância com a proclamação do mais recente Dogma da História da Igreja. Na vida da Igreja, a piedade é assunto chave. Piedade, aqui enten· dida não como a repetição rotineira e estéril de fórmulas e atos de culto. A verdadeira piedade é um dom descido do Céu, capaz de, pela correspondência do homem, regenerar e

levar a Deus as almas, as Iam ílias, os povos e as civilizações. E o assunto chave da piedade católica é a devoção a Nossa Senhora. 1: Ela a Medianeira de todas as graças, e o grande segredo do triunfo na vida espiritual consiste em estar intimamente unido a Maria. As· sim, não há objetivo mais essencial, nem tarefa mais fecunda, nem glória mais alta do que difundir a piedade mariana.

Refulgente dessa glória é asolene proclamação do Dogma da As· sunção de Nossa Senhora, feita pelo Papa Pio XII em Roma, a 1!> de novembro de 1950, perante 36 Cardeais, 700 Bispos e mais de 500 mil fiéis de todo o mundo:

"Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a l:.,z do Espíri· to da Verdade, para a glória de Deus on ipotente que à Virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para a honra de Seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória de sua Igreja, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Bem-aventurados Apóstolos São Pedro e São Paulo e com a Nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a Imaculada Mãe de Deus, a

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sempre Virgem Maria. terminado o

curso da vida terrestre, foi assunta

em corpo e alma à glória celestial".

Vale mais a máquina do que ohomem?

motociclisu~. os-tendido ao lado, ferido quiçá mortalmente? ~ Ningu6m se anima o ~, socorrê-lo! Eis uma

' cena do Wculo XX.

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O leitor, que

sensação oxporimcnta dionte dela:

Indignação? Simpatia? Indiferença? Na pãgina 4. os fatos. sues cau$3S ó posstveis cons.eqüêncies.

TRAGÉDIANOM RDA CHINA

VÍTIMAS INOCENTES DA «VIDA MODERNA»

Frágeis embarcações singram as águas, deixando para trás o espectro do cativeiro. Nelas, um pugífo de heróis realiza uma das mais dramáticas

epopéias de nosso tempo. São vietnamitas - fugitivos da tirania vermelha - que demandam terras do mundo livre. Nas horas mais difíceis, anima-os a esperança de que uma nação não comunista os acolha,

onde possam trabalhar, progredir e viver livremente com suas

famílias. Requintes de insensibilidade - para não dizer maldade - quase inimaginãveis,

entretanto, manifestam-se contra esses inconformados, dignos de

toda a admiração, por parte daqueles em quem eles depositam

suas maiores esperanças {página 5).

NA FOTO, uma criança risonha e aparen· temente feliz. Entretanto, essa menina francesa de cinco anos foi encarcerada durante oito meses, tendo por alimento apenas pão velho e sopa Seu pai, bêbado, espancou-a até a morte para em seguida desertar da vida enforcando-se. Esse não é um caso isolado. Na França, há atualmente 25 mil crianças torturadas e martirizadas pelos próprios pais. Nos Estados Unidos e em outros países, monstruosidades semelhantes se repetem. Um repórter francês atribui à "vida moderna" esse verdadeiro massacre de inocentes. Mas, será s6 isso? Leia na página 2.


PAIS-CARRASCOS: FRUTOS ATUAIS DA REVOLUÇÃO VIOLl,NCIA dos pais faz ho- do essas noticias pequenas e isoladas je mais vítimas do que as do- para apresentá-las cm conjunto, a enças infantis: duas mortes fim de produzi r no leitor o c hoque por dia na Inglaterra. Sessenta mil que ele mesmo sentiu ao tomar coinocentes por ano são impiedosamen- nhecimento delas. te torturados. sufocados ou privado de alimento nos Estados Unidos. * • ~ Nesse país há mais crianças menores Entre outros fatos, narra o jorn·a de cinco anos mortas em conseqüência de lesões produzidas pela fúria lista o seguinte: Marcelle Mafille agressiva de seus pais, do que pela lançou por terra seu filho, atingido tuberculose, coqueluche, poliomieli- por murros e golpes de corrente. A te, apendicite, varíola, reumatismo pobre criança, batendo com a cabeça a rticular e diabetes. no chão, teve o crânio fraturado e As informações parecem fidedig- não se move u mais. Para despertá-lo nas. Elas constam de um estudo a mãe o espetou trinta e três ve-Les publicado em Genebra pela União com garfos tendo as pontas incandesInternacional para a JJroteção da centes. Mas o infeliz, em estado de infância, e citado por Jean Cau em coma,já não reagia. Num requinte de seu contundente artigo «25 mil crian- crueldade, a megera misturou sal ças 1nár1ires na França,, (Pa;;s-Malch. com pimenta em pó e espalhou sobre edição de 22-4-77). as feridas. Abondonou, em seguida. Na França a situação não é me- o filho agonizante até a manhã senos alarmante. Estatísticas demons- guinte quando o transportou a um tram que 2.500 crianças são, cada hospital. A pobre criança morreu ano, arrancadas às' garras de seus sem ter recobrado a consciência, trapais-carrascos ou sucumbem às seví- zendo sobre o corpo a marca de 132 cias que lhes são impostas. Entretan- queimaduras. to, segundo a opinião de policiais, assistentes sociais e médicos, o número desses casos conhecidos deve ser multiplicado por dez para se ter uma Sylvie Joffin deixou seus dois idéia da sinistra realidade. Então, filhos em um quarto de Dieppe, sem quantas crianças neste momento, estarão padecendo inimagináveis cruel- alimento, água, nem aquecimento dades?... e pelas mãos dos próprios durante três semanas. Sebastien, de dois anos, foi .o primeiro a morrer; pais! Segundo Jean Cau, 70 carrascos François-Xavier, de quatro anos, redesse tipo (ou 140 se levarmos em sistiu alguns dias mais. Entrementes, conta o casal) deveriam ser punidos a mãe levava uma vida livre de diariamente. Oitenta por cento das mulher sem princípios. Mas acabou pequenas vítimas, encontradas em telefonando à mãe confessando o hospitais, têm menos de três anos de crime. Presa, dá como explicação o aborrecimento que lhe causava ter idade. sido abandonada pelo amante, pai lnd.iferença das crianças. Interrogados, os vizinhos manifestaram-se surpresos: naante o abominável da fazia s upor ser a mulher capaz de Tais fatos abomináveis chegam tal monstruosidade. ao conhecimento do público através de pequenas notí.cias esparsas pelos • jornais, sem despertar maior atenção. Nasce então a tendência de se F,m Ecouen (Val-d'Oise), a peaceitar como acontecimentos banais quena Carla, filha caçula de um casal estas monstruosidades: crianças que de imigrantes portugueses, foi impiesoluçam em cubiculosenquanto seus dosamente maltratada pelos pais. Esjovens pais se distraem em festas e pancada, torturada, aterrori,.ada, ela bailes; espancadas ou amordaçadas causou apreensão aos vizinhos. a porque choram; ou privadas de alimento até morrer. Eis alguns títulos significativos de pequenas notícias disseminadas pelos órgãos de imprensa: «Um bebê de 1rês 111eses 111orre por falta de cuidado~»; «Uma menina de 2 anos esbofeteada até ,norren,; «Não foi u111 rap10; apequena Laurence, de 18 ,neses. foi encontrada morta em

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três anos, ficou cego e tevo um fim horrível: com os membros quebrados, foi transport• do om uma \lalise e entorrado clandenina-monte num cemitério.

monte num cem,tono.

Sébastien (à mquerda), três anos. ficava só, amarrado aos p6s do uma mosa durante a noite, enquanto sua mâie trabalhava. O com· panhoiro de$ta surrava·o freqüon1omen10.

casa de seus pais; o corpo estava escondido sob u111 colchão»; <<A Sr.• Anne-Marie Picot, de 29 anos. deixou 111orrer seu filho. O corpo do recén1-nascido foi encontrado escondido en, u,na caixa». Tais crimes, espalhadas sem realce pela imprensa, provocam em certos espíritos reações tão irritadas quanto fugazes: «Ora!, Mais uma criança assassinada. E abonlinável!» E simulando uma fisionomia aílita tais pessoas continuam a jantar aguardando o próximo filme na TV. O articulista francês explica que resolveu pesquisar o assuntocoletan-

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quem a mãe deu esta explicação: a menina é «suja» e necessita de correção. A proprietária do imóvel, temendo um desfecho fatal para a criança, alertou uma enfermeira. Esta, por sua vez, fez a denúncia às autoridades, que lhe aconselharam a resolver o caso sozinha. Na escola, a professora notou a menina coberta de contusões e hematomas. Um dia em que tentou ajudá-la a vestir um casaco, foi repelida com terror pela criança. Verificou mais tarde que ela tinha o braço fraturado. Esse martírio foi constatado durante meses por um médico. tios e tias que não denuncia-

engana. Ela trancou e abandonou seus dois filhos: François-Xavier. do quatro anos {nesta foto)

e Sébastion. do dois anos. Ambos morreram

algumas semanas, depois.

ram os maus tratos. Por fim, u pobre

menina, completamente desfiguradas, foi transportada a um hospital onde veio a falecer.

A impunidade para o crime Diante disso, cumpria esperar que as autoridades judiciárias aplicassem aos culpados a punição excm·plar. A verdade entretanto é bem outra. Ela está contida em um relatório de 300 páginas intitulado «Pesquisa sobre crianças vítimas de maus /ratos». t!. um documento oficial, elaborado por uma equipe numerosa, cm Paris, sob a égide do Ministro da Saúde. Consta de 232 «observações»,· feitas no Hospital Brctonneau, de crianças que ali chegaram com fortes suspeitas de terem sido maltratadas devido às lesões que apresentavam. Nove casos foram fatais. Destes, apenas um foi passivei de processo e julgamento cm tribunal que decretou uma condenação a quatro anos de prisão. Os d_emais responsáveis permaneceram impunes. O relatório parece consta tar uma <<lei do silêncio» para os casos mais graves. especialmente para as crianças que chegam agonizantes ou já mot'las ao hospita l. Quando não há nagrantc delito, ou a causa m onis é apenas baseada numa suspeita, pelos caracteres das lesões clínicas e pelas contradições ou inverossimi lhanças que ressaltam no interrogatório dos pais, o pessoal hospitalar tende a lançar «vista grossa» sobre o caso. (É sempre mais fácil evitar aborrecimentos... ) Quantas «niortes súbitas)>, «ino .. pinadas» ou «acidentes mortais» não seriam infanticídios disfarçados? A impunidade favorece o crime. O favorecimento desse tipo de delito representa mais uma característica da mentalidade neo-pagã de nossos dias.

O que transforma pais em carrascos? Quem são os pais-carrascos, torturadores e assassinos? Poderiam ser bêbados, débeis menta is, jovens desempregados, mas. na maioria dos casos - segundo a «Direção de ação sanitária e social» - são pessoas completamente normais: o funciorio irrepreensível, o contramestre estimado, a secretária ativa ou a cabeleireira amável. A Srª· Trouchc, secretária da «Ação Nacional das Assislentes Sociais». atribui o fato à falta de convivência entre os membros da familia: «Antigamente ioda a família vivia unida. Hoje pais e filhos vive111 e111. co,npartimentos estanques; não

conversan1.· só véen, relevisâo>>.

Em""'Llllo. o pequeno Christian (om cima). do

O sorriso de Sylvío Joffín, de O icppe (França),

Para o Dr. Bcnsoussan, psiquiatra e criminólogo, a vida moderna, opressiva e angustiante, atrofia os instintos mais fundamentais. como o amor materno. Assiste-se a uma desumanização total do modo de viver. Hoje, mais <)o que em qualquer outra época, mata-se de modo selvagem. A maior parte dos pais-carrascos são jovens, na maioria mulheres para quem a criança é a concreti1.ação de uma «servidão», da qual ela se 'livra eliminando o filho. Muitas crianças são abandonadas antes das férias, como cãe,s e gatos, pois seus pais não querem ser incomodados. Em 1975, houve 3.416 casos de abondono (cm média, dez por dia), com recrudescência especial em junho e julho, meses de férias.

.... , de maneira acelerada e furiosa a destruição do ambiente familiar: divórcios, uniões de «experiência,>, crianças nascidas de relacionamentos fugazes. filhos mal aceitos, apego ao prazer, às distrações, ao goz.o da vida, sempre em nome da «liberdade». Esses aspectos da vida moderna formam uma mentalidade para a qual a criança é certamente um aborrecimento, um obstáculo, um fardo insuportável. Freqüentemente ela é rejeitada pelos pais, confiada a estranhos que não lhe dedicam o menor cuidado, ou então maltratada quando demonstra sua infelicidade pelo choro ou pela sua simples presença. A solução extrema, por vezes, utilizada. é o assassinato. Uma sociedade assim prepara o que se poderia chamar a morte do sentimento materno. O jornalista francês faz uma comparação com épocas passadas, quando as crianças levavam vida mais dura. recebiam mais castigos, muitas trabalhavam arduamente desde os dez anos de idade. Eram, entretanto, mais bem aceitas pelos pais. Se o castigo era mais frequente, o sadismo e a tonura eram mais raros ou quase inexistentes. E, se cm )977 existe a est imativa de que 265 mil crianças estão em perigo, pode-se perguntar em que consiste o progresso e o amor que tantos prelibavam como meta felir. desta humanidade «esclarecida», quando tivesse expulsado completamente o «obscurantismo» do passado ...

Que remédio seria o mais eficaz? Haveria medidas de caráter social, assistencial, médico, jurídico ou policial capazes de por fim a tais aberrações? Para Jean Cau isto seria o efeito como o de um pouco de pomada sobre um cancer imenso e escancarado. Para ele o mal parece grave demais para ser curado só com tais medidas. É a vida m oderna. que está em toda parte. Está em nos e fora de nós. Ela nos cerca, nos encanta, nos embriaga, nos penetra. Esta vida assume mil nomes diversos: TV, dinheiro, geladeira, divórcio, pílula, divertimento, conforto, moda, salário duplo, «libertações», novidades, férias, seguros, indiferença, egoísmo. etc., etc.

A verdadeira explica,ção

sa de ta l explosão de barbárie em nossos dias, não é senão, ela também, uma conseqüência do processo revolucionário. A tortura e o assassinato de crianças devem ser vistos também no conjunto de outras aberrações dessa natureza, já descritos por nós em artigo anterior (cfr. Três e1apas de um processo de morte: Contracepção. Aborto, Eu1anásia» - Catoliâs,no. n° 312, Dez/ 76). O princípio que constatamos nesse conjunto é o de que, se a vida humana atrapalha a fruição dos prazeres, deve ser to lhida ou eliminada. Assim, o filho indesejado deve ter a concepção impedida por qualquer processo artifical, desde que seja eficiente. Se a concepção se realiza (talvez por descuido!), o ser gerado deve ser eliminado. Caso a criança recém-nascida ou na primeira infância constitui um estorvo para a existência dos pais ou mesmo apenas para a mãe, é então maltratada, abandonada ou assassinada. E tratando-se de doentes incuráveis, anciãos ou não, desde que sejam considerados um fardo «excessivo» para as pessoas que deles cuidam, o melhor é proporcionar-lhes uma «morte caridosa,, para que terminem a vida «morrendo com dignidade»! Se a impunidade incentiva o crime, o amparo legal o difunde muito mais. Hoje vemos que em incontáveis países os governos procuram controlar a natalidade através de incentivo do uso dç anticonecpcionais, desde a destribuição gratuita de píl11las e anovulatórios até a esterili,.ação cirúrgica, facilitada ou compulsória. A legislação sobre o aborto _vaise tornando cada vez mais permissiva. Pode-se dizer que importantes nações do Ocidente - para não citar o mundo comunista - facilitam às mães durante a gravidez, o assassinato de seus filhos, por um simples ato de vontade. Cumpre não esquecer também o papel importantíssimo desempenhado pelo divórcio em todo esse processo de desagregação da sociedade. A implantação do divórcio geralmente se faz acompanhar da promoção da limitação artificial da natalidade e da legalização do aborto.

Confiança na vit6ria da Virgem Santissima

Contracepção, divórcio, aborto, Como combater tudo isso? O infanticídio, eutanásia: pecados que, artigo do semanário francês aponta em nossos dias, muitas vezes são uma causa genérica, sem apresentar amparados por leis. 'As populações, uma explicação mais profunda ou indiferentes e apáticas, não reagem e se adaptam. apontar solução. Nunca se viu na História da Para uma mentalidade autenticamente católica, habituada a analisar humanidade pecados públicos, ofios males do mundo moderno como ciais e coletivos, a bradar aos céus e frutos requintados dó processo revo- clamar a Deus por vingança, tornalucionário muitas vezes secular (cfr. rem-se tão generalizados . E se, do ponto de vista humano, Plínio Corrêa de Oliveira - «Revonada mais pudermos fazer diante lução e Contra-revolução» - «Ca10A causa mais profunda licisn10» n.• 100, Abril/ 59), a tortura dessas manifestações do processo reE quais serão as causas, ou a e o assassinato de crianças é apenas volucionário universal, ainda nos causa principal do crescente martírio uma das manifestações graves desse resta o poder da oração. Devemos infantil que a opinião pública presen- processo. Frutos da mentalidade implorar à Virgem de Fátima que cia com apatia, indiferença ou, tal- neo-pagã em que se afunda uma cumpra, quanto antes, a promessa sociedade a qual se afastou de Deus, que Ela comunicou aos três videntes, vez, com um pouco de espanto? Para Jean Cau - ele faz questão de Suas leis, da Cruz de Nosso Se- em 1917: «Por fim. Meu !tnaculado Coração lriunfará!» de salientar em seu impressionante nhor Jesus Cristo. A vida moderna que o articulista artigo - a causa se resume em duas MURILLO GALLLIEZ palavras: vida ,noderna. Ela provoca de Paris-Match apresenta como cau-


iário comunista romano a lau e Paulo Plínio Corrêa de Oliveira audiênciaparaentregadascredenciais do embaixador brasileiro, Sr. Espedito de Freitas Resende, a Paulo VI - nodecursoda qual o Pontífice respondeu às palavras de saudação do diplomata mediante a tão comentada alocução ocorreu no dia 4 deste m~. No dia 5, a imprensa brasileira publicava o texto de Paulo Vl, e as primeiras repercussões à alocução de S. S. começaram a se esboçar com respeitosa e prudente lentidão em nosso ambiente. Entretanto, o diário romano «L' Unità», órgão do Partido Comunista Italiano - que evidentemente não tem respeitosas lentidõesa não ser no tocante a Moscou - já no dia6publicava uma notícia-comentário sobre as palavras do Pontifice. Muito sintomático é que elas foram de franco aplauso ... Falei de «notícia<omentário». O leitor, que sabe o que é uma notícia e o que é um comentário, talvez não imagine o que designo por tal. Uso a expressão para caracterizar certa matéria jornalística noticiosa na sua essência, porém ao longo da qual os fatos são dispostos de tal maneira que cada elemento noticioso traz subjacente um comentário. Ademais, a estruturaç_ã o da matéria é tal, que se desdobra muito naturalmenteem breves prognósticos: nãoháoquecomente de modo mais expressivo um fato do que a definição dos efeitos que normalmente ele produzirá. Portanto, notícia<omentário é bem a designação que pode dar ao leitor a idéia do que seja esse híbrido gênero de produção jornalística.

indispensáveis - esse protesto só poderia ser aceito como um nobre, imparcial e paterno gesto de solicitude pastoral, se antes o Pontífice condenasse com ênfase proporcionalmente muito maior, as inomináveis atrocidades cometidas por outros governos. Especificamente os governos comunistas. Como tal não sucede, e como as mais clamorosas barbaridades conti-

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Híbrido sim, porém não ilegítimo. Em si, o gênero nada tem de intrinsecamente fraudulento. E oferece a vantagem da concisão: condensa muita matéria num pequeno espaço. Não é, pois, minha intenção criticar a notícia-comentário de «L'Unità>, por fraudulenta enquanto tal. Nem tampouco por inveraz. Pelo contrário, manda-me a imparcialidade dizer que, estritamente no tocante à interpretação da alocução pontificia, ela me parece objetiva e sagaz. A notlcia-<:omentário contém, isto sim, informações e apreciações torcidas sobre o atual quadrosócio-político de nosso País. Torcidas, bem entendido, de conformidade com a ideologia e os interesses do comunismo. Sob este aspecto, a notícia-<:omentário de «L' Unità» é inteiramente recusável.

Resumo quanto possível a notícia-comentário, dando maior extensão à interpretaçãodas palavras de Paulo VI que interessam dir~tamente ao presente artigo. ~ O órgão comunista começa por ~ pintar a seu modo a situação do 'o Brasil. As «dificuldades no terreno ! poUtico eeconômico»semulliplicam. o; A inflação galopa sem cessar. Em conseqüência, descontentamentos. E ~ diante dos descontentamentos, o Go~ verno reage pelo «método duro». A ·E perspectiva da sucessão presidencial ~ agrava o panorama. O Governo, J: temeroso ante a oposição, cassa o ~

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mais não faz honra a sua capacidade de discernimento. Se ele o previu,qual foi a sua meta ao intervir tão insólita e precipitadamente cm nossos assuntos internos? Compreende-se a perplexidade que esta pergunta causa a qualquer católico, ou mesmo a qualquer brasileiro que possua, no grau mais elementar, o entendimento das coisas.

A perplexidade aumenta quando

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deputado Alencar Furtado. O diálogo entre o MDB, «único partido de oposição ad,nitido por lei» (e na palavra «único» se exprime a inconformidade de «L"Unità» pelo fato de não ser permitido o funcionamento legal do PCB), e a A RENA está paralisado. Não tenho filiação partidária, não sou político, e assim me imposto ao escrever o presente artigo. Sem prejuízo disto, afirmo o que aliás salta aos olhos de qualquer leitor. Isto é, que o panorama brasileiro descrito por (<L'Unità» tem não pouco de unilateral, simplista e tendencioso. Marca-o sobretudo certo gcometrismo de espirito, muito explicável em comunistas hiper-teóricos, e em estrangeiros que não conhecem o Brasil, nem nossofamoso«jeitinho». Esse «jeitinho» que nos dá a possibilidade de encontrar soluções sumamente ágeis e dúcteis para crises políticas, e até mesmo econômicas, de maneira que evitamos habitualmente nossas convulsões, ou quando as temos, «as convulsões que aqui convulsionam, não consulvionam como lá». Lá, isto é, em qualquer lugar fora do Brasil. O fato é que, depois de enunciado o quadro crítico, capciosamenteapresentado como dramático, «L"Unità>> afirma, esfregando as rriãosdecontente: «Numa situação atravessada por tantos ,notivos de tensão, as palavras pronunciadas por Paulo VI [... ] se tornaram facilmen te um elemento do debate interno nos ambientes da ditadura [é como o jornal designa os meios governamentais) e entre aqueles que se opõem a ela». Neste ponto, «L' Unità» viu claro. As palavras do Pontílicesãodemolde a só aumentar as tensões existentes entre nós. Se elas tivessem sido pronunciadas por um Pio XII ou um Pio XI, talvez lograssem até - sem que os «jeitinhos» o pudessem então impedir - pôr o Brasil em convulsão. «L' Unità» prossegue citando como exemplo da força tensiva da alocução de Paulo VI, o seguinte tópico: «A busca da eficiência e a preocupação de garantir a necessária ordem pública não devem criar situações de arbítrio ou de vioiâção dos direitos imprescritíveis da pessoa hu-

mana». Como poderia não ser criadora de tensão, num pais católico, e por isso

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Paulo VI recebeu em junho último Janos Kadnr. chofe do governo comunista húngaro.

A "Ostpolitik" vaticana...

...e a dêtente de Cc1rter... ... favorecem niio só o Partido Comunista I taliano cofflo tc1mbóm & expansão mundial do imperialismo vermelho.

sensível, mesmosoboatual Pontífice, nuam sendo praticadas por regimes a toda palavra procedente da Cátedra comunistas com cujos dirigentes a de Pedro, tal chamada à ordem, Santa Sé está em franca «détente», a dirigida ao nosso Governo na pessoa pergunta que salta ao espírito é: por de seu embaixador? Se a Santa Sé que escolheu ele o Brasil para essa possui provas de violação dos chama- repreensão? Por quê? E ainda uma dos «direitos humanos» (direitos na- vez, por quê? turais do homem como criatura de O órgão comunista italiano não Deus, e direitos do cristão, diriam Pio p.recisava de dons proféticos para XII , Pio XI e todos os seus antecesso- prever que as perplexidades nascidas res, evitando qualquer concessão ao desta grave interrogação - até agora linguajar laico). como seria santo e sem resposta - haveriam de aumenadequado que as fizesse chegar confi- tar as tensões entre nós. dencialmente a nosso Governo. Se este não desse atenção a essas provas. e a Santa Sé então as pusesse em mãos do episcopado brasileiro, para que Mas, a esta altura do raciocínio, este, por sua vez. as fizes.sc valer junto outra pergunta é inevitável. O que o ao Governo, e se necessário junto à . órgão comunista previu, não o previu opinião pública, nada mais justo. Se, também Paulo VI, de velha data por fim, nenhuma dessas medidas adestrado numa das mais altas e surtisse efeito, e a Santa Sé se visse ilustres escolas de diplomacia, que é reduzida a um grande protesto públi- precisamente a escola vaticana? co, que o fizesse. Que ele não tenha previsto, é de Mas - sempre postas as provas todo em todo improvável, e além do

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«L'Unità,,. estendendo para toda a América do Sul seus comentários, chega às últimas fimbrias de suas perspectivas: «No caso dessa declaração do Papa, bem como de outras de análogo teor de Carte, e de seu secretário de Estado. nota-se con,oas ditaduras sul-americanas, que são órfãs ideologicamente, vêem. dia após dia, secar-se a fonte de sua razão de ser ideológica e cultural. Para os países católicos e americanos ( ... ) o presidente dos EUA e o Papa são os símbolos nos quais o poder dominante sen,pre quis identificar-se. Que tais símbolos falem contra as ditaduras [... ]. provoca nas classes dominantes efeitos de instabilidade». Daí, sempre segundo «L' Unità>>, golpes e contra-

golpes entre governo e oposição. E como desfecho, a prazo médio, uma situação propicia ao comunismo. Então, diz gostosamente o jornal, fazendo suas as palavras de um político esquerdista uruguaio que cita, «tudo dependerd de nossos an,igÔs do mundo». Pelo contexto se vê que um destes, que desde já vai abalando o País, é Paulo VI.

Bem entendido, a sinistra esperança do comunismo não passou despercebida à finura política de nosso povo tão inteligente. Dai as aprovações calorosas e vibrantes que me chegaram ao conhecimento a propósito do telegrama que, na qualidade de presidente do Conselho Nacional da TFP, enviei a Paulo VI. Telegrama que, por certo, o leitor já conhece, pois foi publicad o por diários de quase todas as Caitais brasileiras. Bobo, o brasileiro não é. Muito, e muito pelo contrário ... 3


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RITOS DESESPERADOS ferem a placidez de uma tarde de sábado, cm Paris, nas imediações dos Champs Elysées. Um pobre homem é perseguido obstinadamente por dois outros. Alcançado, é imediatamente atirado ao solo, espancado brutalmente com golpes simultâneos de ambos os agressores. O ato desumano passa-se em plena rua sob os olhares curiosos dos transeuntes. Ninguém se move para socorrer a infeliz vítima ... A cena é simu lada. Organizou-a a revista francesa Paris March para ilustrar um fcnomeno corrente em nossos dias: a atonia geral ante a escalada vertiginosa da violência. Mas o fato é também sintoma de algo anda muito maís a larmante: nunca tanto se falou em direitos humanos. Nunca se acentuou tanto a prepon9erância do interesse social sobre o particular. Não obstante, jamais a história registrou tão apocalíptico eclipse da verdadeira caridade cristã, do senso da j ustiça, do dever e da honra, quanto o que caracteriza esta segunda metade do sécu lo XX. Nada mais eloqüente neste sentido, do que a apatia universal ante os dramáticos episódios de vietnamitas fugitivos colhidos em alto mar ou aportados em praias de nações livres. Nestas, os respectivos governos vãolhes negando, sucessivamente, o abrigo. Entregues à própria sorte, com as frágeis embarcações avariadas, as resistências físicas exauridas pela fome e privações de toda sorte, muitos deles retornam ao mar. Com quedestino? Quem poderá dizê-lo! Qual a a titude de povos inteiros ante taís acontecimentos? A mesma dos indiferentes transeuntes parisienses e m face da «tragédia» que representa o espancamento de um circunstante. A verdadeira solidariedade humana, o preceito do amor ao próximo, baseado no amor de Deus fundamento e sustentáculo de toda ordem social reta - vão abandonando a humanidade ... as outras ilustrações deste número retratam aspectos desta mesma realidade. No que se funda tal obliteração do espírito humano? Que causas lhe deram origem, e que conseqüências temer que advenham dela?

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Quando se abandona a luz da Santa Igreja... Em seu famoso ensaio Revo/11ção e Conrra- Revo/11ção, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e.studando a grande crise que abala o mundo moderno, a Revolução, demonstra que esta ternsuasraizesem problemas de alma profundos. Daí se· estende para todos os campos da atividade humana: o cultural, o econômico, o social, etc. Trata"se portanto de uma crise moral de 1,>rofundidadc e poder de destruição difíceis de avaliar. Essa crise nasceu com o afastamento dos homens, da eterna e imutável Sabedoria da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Com esse afastamento, perplexidades, contradições e dúvidas foram "pari pass11" se estabelecendo nas 4

Crimes e -- catástrofes • • • apenas isso!

dos pelo feito heróico de nossos nntepassados? O mundo acompanhou e111 suspe11se e os jornais noticiaram abundantemente - a descida do home m na lua. "Do homem" e não de um homem. Porquê?Todoscomprc. endcrarn que se tratava antes de tudo de um feito do gênero humano. Não é urna nódoa para toda a human idade que tenha havido um Judas? Quem gostaria de descender almas. como as seguintes: Para que da íamilia do supremo traidor'! Nevivo? Que sentid o tem esta vida'>Ela nhum de nós cometeu aquele crime. o se explica por si? Ela é capaz de me mais execrável da História. Um ho· proporcionar a felicidade estável, pe- mcm porém o cometeu. e por isso. rene. para a qu.il iodo o meu ser se sob determinado ponto de vista. a huma nidade ficou marcada. orienta? A Segunda Pessoa da Santíssima Distante a luz da Doutrina Católica, tais questões ficam sem respos- Trindade. assumindo a natureza hutas. E os home ns se e nredam num mana. incarnando-se no claus1ro pu· tecido de sofismas cujo resu ltado é o ríssimo da Santíssima Virgem. elevou apagamento paulatino da própria lu,. o gênero humano. e por isso dignilida razão natural. Daí compreende-se cou cada homem em particular - os que alguém diante do drama alhcío que existiram. existem ou existirão hesite: "Por que fozcr meu o dhuna do até o rim do mundo. Verdades inegáveis ... Quão desoutro?" "Que tenho cu a ver com ele'! Que tem o homem a ver com o vanecidas, porém, na memória da homem. com Deus (se é que Este quase totalidade de nossos contemexis te), ou Deus a ver com o ho- porâneos. Para onde caminhar.\ a mem?" "Que sentido tem, portanto. a humanidade que assim abandona tais p,·incípios? Como interpretar em caridade cristã'!" "Se todos esses problemas para runção disso os a meaçadores sintomim são nebulosos. por que incomo- mas que temos ,diaute dos olhos? dar-me com algo que não seja meu interesse imediato, meu prater de Vinculados na servidão momentoT' A hipertrofia do social. de que «••• E o coníunto acima falamos, obcessivi1 mcntc preera muito bom» sente nos lábios ou na pena de tod os Vai-se esfumaçando assim, nos homens, as mais elementares e fundamentais noções da vida, do próprio desti no, da dignidade e da personalidade. Noções oriundas da ordem natural, mas que, por efeito do pecado original. tendem a se deteriorar se não são contin uamente al imentadas pela profissão íntegra da Fé Católica. TEND© O <::0NSELI-J0 de Deterioram-se deste modo os próprios Desenvolvimento Social (CDS.) pressupostos para a compree nsão deliberado, em reunião presidida dos vínculos 1wturoise sobr e11ar11rai., eelo Chefe de Estado. EJ<,mo. Sr-. que ligam entre si os homens. Que os @eneral Ernesto Geisel, adotar unem à grande família humana, e os amp.las medidas para o favoreciinserem numa ordem mais ampla: a mento do controle da natalidade ordem humana e material criada. através de anticoncepcionais e de Sol idária por sua vez com a ordem outro meios - a Sociedade Brasiangélica e a ordem sobrenatural crialeira de Defesa da llradição, Famída. a graça. Orientadas todas para lia e Prop,iedade ~TFP) cun1pre seu fim : a ordem sobrenatura l increaum dever deconsciência externanda, Deus. do, co.m o devido respeito. seu Na magnífica e superior solidacategórico desaco,do em relação a riedade do Universo os homens sental deliberação. tem-se pr.ofundamente vinculados Segundo o ensinamento conse nt re si e aos demais seres. Ama, tante dos Papas e moralistas, o então, está ordem na sua desigualdae,mprego de anovulatórios contrade e hierarquia ; na sua diversidade ria de frente o direito natural e a mas sobretudo no seu conjunto ordeMoral católica. Ademais, cría essa nado e harmê~:co no q ual Deus prática delicados problemas clínímelhor se reflete. Ao criar a terra. o cos. mar. os animais, o homem - naíra a Logo q ue esteja de posse das Escritura - Deus ia vendo que cada publicações oliciais sobre a maté· criatura era boa. No sexto dia, porém, ria, a TFP procederá a um estudo contemplando-as em seu conjunto. do assunto, tendo em vista seus «viu que era111 11111iro boas,, (Gcn. 1, aspectos morais e médicos, bem 31 }. como os mais altos interesses da nacionalidade. Edesseestudodará Assim, tudo o que d iz respeito a conhecimento ao público. esta ordem, é para cada homem um caso pessoal. Toca-lhe porque toca em Deus. Na Espanha, 2. º número De modo especia l issoéassimcm de «Resistência» relação ao que se passa com os outros homens. Enq uanto filhos de Deus, E M EX,CELENTEapresentaconaturais comigo, o que acontece ção gráfica, está circulando na com eles me atinge mais proximamenEs1_>anha a recém-fundada revista te porque atinge o gênero humano. O <<Resis tênc ia». editada pela que se aplica para o bem. ou para o Sociedade <1:ultura l <::ovadonga ma l. .. . (tagasea, 1'.l7 1.• dcha. Nen hum de nossos contemporâMadrid-6). Al'ém de farto neos participou da gloriosa batalha noticiário, a revista traduziu a 111 dos Montes Guararapcs em quebraParte da obra «Revo/11ção e sileiros, crn 1649, expulsaram os hereC:on1ra-Revo/11ção», do Prof. ges holandeses de nossa Pátria. Entretanto não nos sentimos dignilica-

os esquerdistas - por tnis das paredes do Cremlin ou no interior das muralhas sacrossantas da Igreja parte de uma conceção da vída e do Univcrso d iametralmente oposta à católica. Essa concepção não encaminha os homens para o acatamento entusiasmado da ordem esrnbecída por Deus no Universo. nem para a primazia do esp írito sobre a matéria. Não compreende a solidariedade humana à ma neira de uma cascata de vínculos e honorabilidades. descendo de Deus e derramando-se sobre todos os homens. através das ordens e instituições intermediárias. Mas funda-a no ii;ualitarismo. essencialmente materialista e ateu (se não teórico. ao menos prático). A sociedade humana é entendida pelas referidas correntes esquerdistas como verdadeiros rebanhos humanos. Neles fundem-se as personalidades. as diversidades de vontade e inteligência. de cultura e tradição e fortuna. Formam-se assim homens preocupados unicamente com a satisfação de seus instintos i~fcriores: comer, beber. dormir. estar seguro. etc. Desvinculados cm tudo,

e-

Um odifício arde om plono ccntr'O do Nova Y or'k , M as isso niio parecê preocupar os ga•

rotos quo continuam desp,oocupadamonto $4tU jogo, enquento os bombeiros arriscam a

vida o outros talvez estejam perto da mor-te déntro do odiflcio. A indiferença monstruo·

sa envolvo 2116 os jovens.

como os animais de um

rebanho sentido-se solidários apenas cm obedecer ao poder despótico que os domine. Assim. na indiferença com o drama alheio de hoje, prepara-se o mundo comu nista que nos querem impor amanhã.

AR NÓBIO GLAVAM

ATFP em desacordo com o controle da natalidade P linio Cor,êa de Olivefra, pubJkada por Catolicisn10 (n. 0 313. janeiro de 1977). A Sociedade <::ul~ural €ovadonga é congênere das TFPs latino-americanas.

TFP reune jovens de 11 Estados SÃO PAUJ;,Q - Realizou-se nesta capital, de 2'J a 25 de jull\o, a X~XJ-Semana Especializada para a ForrnaçãoAnticomunisla(SEFAC), p'ro)novida pela Sociedade Br-as,leira de Defesa da Tradição, Famí< lia. e Propriedade (liFP). O ce.rtame reuniu nas sedes daquela entidade urna centeJ)a de jovens, procedentes de 32 cidades, localizadas em 11 EstadosdaFederação: Pará, Ceará, Pernambuco, !Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Pau lo, Pa-ran~, Sa\lla Catarina e Rio Grande do Sul. As conferências e círculos de estudos foram realizados numa atmosfera de seriedade efé, ve~sando as palestras sob.l'e aspectos da do-utrina e da ação ant icomunista, conside{ados à luz dos princípios cristãos, para a formação dos jovens em nossos dias. Entre os divéi:sos conferencistas, figuram o Prof. Paulo Corrêa de Biito Filho, os Srs. Nelson, Fragelli, João Clá IDiaseG.regório Vivanco Lopes. Na sessão de encerramento, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Co,nselho Nacional da TFP. desenvolveu o te.ma «-A·

tualidade do anticom-unisrno no mundo moderno)>, conclarnando os jovens a servirem. em seus respectivos ambjentes os sagrados princípios da Tradição, Familia e Prop.riedade, fatores básicos da civili1.a~o cristã. As SEFACs são organi1.adas periodicamen t,e pela TFP, geralmente nas férias, para formar jovens que possam atua-rjunto aos colegas a fim de conter, por uma ação ll)gica e persuasiva, a expressão de ideologias desagregadoras dos p.rincípios fu.ndarnentais da eiviliiação crist·ã .

Nova revista anticomunista ESTA EM circulação desde o fim do ano passado uma nova revista de caráter anticomunista, a

Revisto /111er<1mer~coi1a 1/ fnterA1nerica11 Review. !;ditada nos

Estados Unidos pelo Amer-iean Council forWorld Freedo.m (1735 de Sales St., N. W,. Washington, D.e. 20036), a publicação é bilingue (inglêsespanhol), dedicando especial atenção aos assuntos interamericanos, selecionando artigos dos vários palses das AméJicas. Em seu primeiro número, a Revista lnteramerieana estampa um resumo de «.A Igreja do

Silêncio

110

Chile>).

oest-seller

lançado pela TFP chilena de larga divulgação nas Américas e na Europa, e que p.rovocou reações no Vaticano e no Cremlin.


,. erozs. S AUSTRALIANOS olhavam espantados aqueles homens pálidos, magérrimos e tostados de sol. Com seu pequeno barco de 13 m de comprimento, impróprio para a travessia de um rio, o pescador Lam Van Hien e alguns companheiros conseguiram atravessar os 6.000 km que separam o Vietnã da Austrália, orientando-se apenas com uma pequena bússola de bolso e um mapa extraído de um atlas escolar. Poucos têm coragem de se arriscar numa fuga para a Austrália, como fez Hien. Nos mares ao sul da China, porém, vagueiam à deriv.a mi.lbares de vietnamitas, em canoas e barcos inadequados para enfrentar o oceano. Eles alimentam a esperança de aportar num país próximo nãocomunista, ou de serem recolhidos por algum navio cargueiro que os deixe em qualquer parte do mundo livre, de preferência nos Estados Unidos. Trata-se, certamente, de um fato único na História contemporânea essa fuga em massa através de barcos e canoas, comenta a conceituada revista alemã Der Spiegel (n. 0 31, de 25-7-77), da qual extraímos os dados desta notícir. Os perigos do mar e a incerteza a respeito do futuro destino num país estranho, é para os fugitivos mais suportável do que a vida no Vietnã comunista. Até muitos dos vietnamitas que saudaram a vitória dos comunistas sobre o regime de Thieu, estão hoje descontentes com o sistema policialesco da ditadura vermelha .

O

Der Spiegel acrescenta que, tal como no Cambodge, os títeres do Vietnã procuram transferir os habitantes das zonas urbanas para as novas zonas de trabalho no interior. Para consegui-lo, o governo raciona os gêneros alimentícios para as populações das cidades que se vêem obrigadas a procurar a sobrevivência no interior. Especialmente em Saigon odescontentamento se externa de maneira violenta. O slogan «nada é ,nais precioso do que a independência e a liberdade», que se encontra pichado em todos os muros e paredes da cidade, é modificado com algumas pinceladas pelos inconformados: <<nada é mais precioso do que a independência? - Liberdade». A liberdade porém custa dinheiro. Quem o tem, normalmente consegue fugir, pois já ficou provado que os quadros administrativos comunistas são tão corruptos quanto os do regime anterior, tal como era apresentado comumente pela imprensa. Quem consegue 8.000 dólares ou o equivalente em ouro, encontra com facilidade um auxiliar comunista para a fuga. Este evidentemente só se incumbe da saída livre do barco. Para os fugitivos começam então os problemas, pois, quase nenhum país vizinho está disposto a recebêlos, com receio de prejudicar as relações com Hanói. A maioria ainda conseguiu ser recebida na Tailândia - em acampamentos que são os piores do mundo. Cerca de 80.000 vietnamitas, homens mulheres e crianças, vegetam cm abrigos fortemente vigiados, com uma alimentação racionada, que mal dá para sobreviver. «Aqui n6s vivemos como animais,>, reclamava um vietnamita no acampamento de Songkhla, local turístico. Ali os refugiados podem ver, através, da cerca de arame farpado, um restaurante ao ar livre onde turistas se banqueteiam. «Nós abandona-

1110s o Vietnã, porque a vida lá é Só foram libertados quando outros desurna110, n1as aqui não está 1ne- países se declararam dispostos a acolhor». lhê-los. Apesar de ludo, esses fugitivos Capitães de navios que tenham ainda alimentam boas perspectivas recolhido vietnamitas fugitivos em de serem aceitos no território tailan- alto mar e que atracam no porto de dês. Mas os que chegam à Malásia, Singapura, são obrigados a fazer um Formosa ou Singapura - países que depósito de 4.000 dólares por pessoa poderão em breve ter o mesmo desti- junto às autoridades, a título de

revista alemã, durante várias semanas, o pequeno cargueiro israelense «Juwali» navegou de porto em porto no sudeste asiático com 66 fugiuvos a bordo, sem que pudesse deixá-los em terra. Afinal o governo israelense se declarou disposto a permitir o desembarque dos asiáticos em seu pais. Para evitar tais transtornos, cada

TFP intercede por anticomunistas do Vietnã COM

REFERtNCIA

ao salvamento de 88 rletnamitas, fugitivos das perseguições comunistas em seu país natal e recolhidos dias atrás no Mar da Chloa pelo navio brasileiro ,,Frota Sa11tos», da empresa «Frota 0ceâniea», o Prof. Plínio Cor· rêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enviou ao Sr. Antonio At~redo da Silveira, Ministro das Rela~ões Exteriores do Brasil, o seguinte telegrama: «'A. Sociedade Brasileira de Defesa da Tradi?o, Familia e Proprledade manifesta a V. E'xcia. seu júbilo por haver o cargueiro nacional «Frota S a nto s» recolhido no Mar da China 88 vietnamitas fugitivos da cruel persegulção comunista, doentes, enfraquecidos, carentes de lodos os recursos. Esta Sociedade manifesta outro.ssim profunda apreensão pela recusa das autoridades de Hong-Kong, onde o navio nacional está atracado, de receberem os fugitivos, tão injustamente lesados em seus direitos humaoos. Caso os bons oficios de nosso Consulado em Hong-1(:ong não obtenham o desembarque dos beneméritos e simpáticos refugiados, peço a V. Excia. lhes franqueie o ingresso em território nacional, custeando o Governo brasileiro as despesas do transporte. Parece-nos um ponto

no do Vietnã - , não são admitidos em terra. Em Singapura, fugitivos que num ato de desespero afundaram o barco pelo fato de terem sido recusados, foram recolhidos à prisão, a fim de atemorii.ar outros que chegavam.

de honra para nossa Pátria abriiar em suas vastidões as heróicas vítimas de rnosso comum inimigo, isto é, o impefialismo mundial comunista. Na antecipada certeza de gue V. E-Xccia. considerará_ com simpatia esse pedido, inspirallo em sentimentos de justiça e caridade cristã com os quais temos certeza estar consonante a quase totalidade dos brasileiros, esta Sociedade agradece cord i almente . Apresento respeitosos cumprimentos. Plínio Gorrêa de @liveira Presidenle do Conselho Naclonal da Socidad_e Brasileira de Defesa da Tradição, Famíliat, Propriedade»,

O navio brasilei,o"Frot, S,ntos"' que r• colheu no Mar da C:hina os 88 vietnami· tas. fugitivos das porsoguiçêSe, comunistas am sou pafs natal

cos, a tripulação fez uma constatação trágica: a bordo jaziam os corpos dos fugitivos, com a jugular cortada, os barcos saqueados, os bens roubados.

.,,·

As informações publicadas pelo Daily Telegraph. de Londres, no dia 27-7-77, não são menos estarrecedoras. Seu correspondente em Melbourne, DenisWarner, informa qu~ apenas nove barcos de fugitivos vietnamitas alcançaram águas australianas, mas sabe-se que bom número de embarcações fracassaram nesse intento. Outras teriam atingido as margens para perecer nas terras desérticas e sem água de Queensland, onde não há a menor possibilidade de sobrevivência. Recentemente fugitivos de Cam Ranh Bay não puderam abstecer-se

s

Azeredo da Silveira responde 0 Chancelei Azeredo da Silveira respondeu à mensagem do Presidente do Conselho Nacíona.l da TFP, informando-o, nos seguint es ter mos, sobre a interferência simpática e segu ida de êxito que o Itamaraty teve no assunto: «Em resposta ao telegrama de V.S. de 18dcjulhocorrente, tenho o prazer de informá-lo de que, instruído o €onsulado Geral de Hong-Kong, foram feitas gestões junto às autofidades daquela colõ,nia e os 88 refugiados

garantia para impedir a descida dos indesejados vietnamitas que se encontram a bordo.

Sempre de acordo com a citada

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Femfli1 de cat61icos viétnamitas aguarda e~ilo um Hong-Ko09, epbs fugir em um f r(,gil barco de pttsca, preferindo enfrentar os perigos do mar a suportar a vide no Vietnã comunista

--~ -,.,.-. - -....-.--·_ «

-

vietnamitas, recoJh'jdos pelo «Frota Santos», ali desembarcaram e estão sendo assistidos )).elos Serv.iç,os competentes de Imigração e p,ela Ciuz, \(ermelha. Cordiais saudaç,ões. Antonio F. Azeredo da Silveira Ministro de Estado das Relações Extedoresil.

vez maior número de capitães de navios ignoram os vietnamitas fugitivos que encontram pela rota de sua viagem. Para os vietnamitas, hoje em dia, quase só resta uma esperança: o governo britânico decidiu recentemente conceder-lhes estadia de três meses em Hong-K<;>ng. Mais tarde lhes será possibilitada a transferência para os Estados Unidos, que está estudando a possibilidade de receber alguns milhares de vietnamitas internados na Tailândia. A notícia dessa decisão poderá ser ouvida pelos vietnamitas com intenções de fugir do Vietnã, em seu próprio idioma, numa transmissão especial da BBC. Chegar até HongKong fica por sua própria conta e nem todos o conseguem. Muitos fugitivos soçobram com seus barcos. Mas, também os que escapam dos perigos do mar, não têm certeza de sobrevivência, pois, piratas do sudeste asiático se especializaram em detectar barcos vietnamitas, saqueálos, roubar os poucos pertences que os fugitivos levam consigo e, por fim, assassiná-los. Isto aconteceu há meses a um comboio de seis pesqueiros vietnamitas. Um deles ficou para trás devido a um defeito no motor, tendo perdido os outros de vista. Quando novamente conseguiu alcançar os cinco bar-

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.,.

de comida e água. Em conseqüência, submeteram-se ao racionamento de uma porção de arroz e dois goles dágua por dia. Por fim, foram obrigados a beber água do mar, após o que uns morreram e outros entraram em delírio. O medo de serem mortos em mãos dos comunistas os impediu de voltar atrás Depois de todos esses fatos trágicos, o correspondente do Daily Telegraph observa que o governo australiano viu-se na contingência de estabelecer um escritório de imigração em Bangkok, Tailância, " fim de evitar a odisséia de vietnamita, navegando em bárcos inadequados. Mas não pense ·o leitor que o drama dos fugitivos foi a principal causa da medida. Esta foi adotada para atender a protestos (é a palavra utilizada pelo jornal londrino) provenientes da Austrália Ocidental, segundo os quais «os barcos vietn0111ita.~ pode,11 :razer doenças exóticas. e que as ovelhas e o gado estão e111 perigo porque os refugiados não ficaram de quarentena [isto é., em período de observação dos serviços médicos]>>. «É uma crueldade, mas, afinal é lá na Austrália», diria algum otimista. Não é verdade. Quando rece.ntemente uma baleia penetrou na Baia da Guanabara, uma Sociedade Protetora da Natureza apressou-se em protestar, visando impedir a morte do cetáceo. Não nos consta que tenha havido uma só voz a pedir clemência pelos infelizes vietnamitas, salvo a da TFP. Valerá menos o sangue de heróicos fugitivos anticomunistas do que a vida de uma baleia e a saúde das vacas?

W. G. S. 5

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FURACÃO PROGRESSI.S TA ASSOLA CONVENTOS ,,

ó NOS ESTADOS UNIDOS.

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51.000 Religiosas abandonaram os conventos nos últimos dez · anos (1). Muitas o fizeram para contrair matrimônio com Sacerdotes que deixaram o celibato (2). O que causa mais consternação a um coração católico é que muitas ;r preferem permanecer dentro das casas religiosas para usar sua condição de Freiras com vistas a promover o pcrmissivismo nos costumes ou o comunismo na sociedade, quando não. ambos ao mesmo tempo. l A Irmã Francisca Van der a Ir. Franc:isca Van der Moorsch, o Vie, Mccrsch é um caso típico. Descreve Para toã comuniua 6 "uma imensa escola do forela o Viet nã comunista do seguinte mação e ívica o do comunicação hum41na" modo: <<0 Vietna é u,na i111ensa es,·ola defor11wção cívica e de co,nunica- viu1/idade extraordinária. corno tatn· ção luunana». bém com serenidade e fé no futuro,, · Enquanto isso, continuam lá os (3). morticínios e frágeis embarcações de * * * fugitivos vagueiam pelos mares do Oriente. Os jornais do dia 21-7-77 Um furacão satân ico destrói a publicaram a notícia de novos massabeleza da vida contemplativa. Os cres de componeses refratários ao comunismo. Desta vez, 550 mortos fiéis já não sabem como tratar essas em um só dia, na região serrana de Freiras vulgarizadas que, com trajes secularizados e maneiras não consoPhou Hcy. Entretanto, a Irmã Van der Me- antes com o estado religioso, arruíersch não duvidou em faz.er propa- nam os conventos e as almas, dando ganda do regime comunista: «O novo mal exemplo espiritual e doutrinário. aspecto do Vietnã é de reconstrução e Encontram-se numa situação de verde esperança ... F11i ao Norte e ao Sul. dadeira monstruosidade, pois nem O conjunro do país está com uma levam vida séria de Religiosas nem são reconhecidamente seculares. «Corruptio opti111i pessinw». diz o velho adágio. O perfume de Cristo se vê cada dia mais restrito a pequenos redutos. Agora, até Freiras participam do exaltado movimento Libertação da Mulher (Women 's Ub) (4). Sabe-se também que muitos colégios de Freiras ministram cursos verdadeiramente escandalosos da chamada educação sexual, invento mais ou menos recente que, de modo análogo à «fumaça de satanás» que penetrou no templo sagrado (valendo-nos das expressões de Paulo VI), introduziu-se em estabelecimentos de ensino católicos. No colégio das Irmãs de São José de Chambéry, por exemplo, projeta-se um filme em que me ninos e meninas de 12 anos aprendem Como grande nUmoro de Freiras mc>dornas. a Ir. Claro Ounn, e. S. J .• deputada os-,3dual como seduzir uma jovem no subsolo no Arizona (EUA), sente·se inteiramente à de uma casa (5). «Ai de quem escanvontode som o hâbito religioso da lizar um d es1es pequeninos». disse

4

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.

Nosso Senhor. «Melhor seria atar uma pedra ao pescoço e lançar-se ao mar!» (cf. Lc. 17,2).

* * * Outro exemplo significativo é o da Ir. Traxler, da Liga Nacional das Freiras Americanas, que reivindica o sacerdócio das mulheres, impugnando o caráter masculino do estado eclesiástico em todos os postos da Hierarquia (6). A insolência inaudita com que se levantam tais vozes é absolutamente o oposto do exemplo de Religiosas canonizadas pela Igreja, que se distinguiram pela prática insigne da pureza e da obediência. E não se pense que com esses . casos chegou-se ao extremo. O processo demolidor supera-se a si mesmo e leva ao abismo também os que

Um dos piores aspectos do problema é seu caráter progressivo. Freqüentemente as Freiras «ousadas» de anteontem são as «moderadas» de ontem e as «conservadoras» de hoje. Se a opinião pública permitir, as ousadas de hoje serão superadas pelas radicais de amanhã. E as «moderadas», avançando lenta mas firmemente rumo a uma monstruosidade maior, desempenham o papel capital d e ir amortecendo as reações. Ê terrível, mas não se pode deixar de refletir na responsabilidade e no eventual castigo eterno das Espo-

sas progressistas experimentam um terrível vazio. Agora sim, o mundo as despreza. Santa Teresa d'Ávilai dizia: «Unw coisa te111 de bo111 o 111u11do: não permilir que os santos seja111 imperfeitos». Analogamente, o mundo despreza as indignas esposas de Cristo que não levam a sério sua vocação. As Freiras progressistas não obtiveram do mundo a recompensa que o demônio lhes prometera. E, pior de tudo, perderam o Reino de Deus.

CONSTANTINO OI PIETRO

••

não o seguem, se não vigiam.

Realizou-se em .Boston. em agosto de 1976, a assembléia anual da Conferência de Lidl'ranca das Religiosas ( Leadership Conference of Women Religio11., - LCWR). cujas integrandes são as superiosas das congregações mais empenhadas numa radic:il modernização da vida religiosa nos Estados Unidos. O tema foi «O novo espírito de 1976 - O apelo à independência». Na reunião, a Ir. Gertrude Foley discursou sobre «O Novo»: «Ele precisa quebrar o poder do anrigo "" realidade e ,w ,nen,ória; ele torna novarnente a vidll possível en, nossa ,,xistêncill pessoal e no exis1êi1cia histórica: o no,•o não surge de zuna coleto de elen1e111os do

anrigo que aint/(1 esteja111 vivos: q11a11do o novo chega, o velho deve desaparec·er». Essa Religiosa identifica o «Espírito do Novo» com o Espírito Sa nto (7). Todos os restos de tradição devem ser destruídos. pulverizados e dispersados no mar do olvido.

* * * Cremos que depois de repassar esses trechos e declarações parecenos desnecessário informar nossos leitores sobre notícias ainda mais terríveis e de natureza diversa. oriundas de várias fontes de informação estrangeiras.

' ,.l

Ceni, triste, mas 3tuol: a Ir, Jogues Eg:,n ô conduzida à prisão em N ova York por se r&cusar a responder a pergunl:as sobre um atentado a bombas envolvendo o Pe. Philip Berrig,n o outros

sas de Cristo que, até o fim, rejeitarem a graça do arrependimento e não abjurarem as aberrações do progressismo. De início, fizeram-lhes crer que o mundo as desprezava por sua piedade antiquada. Depois. introduziramse nos conventos obras de Camus. Sart re, Marx. Mao e outros autores desagregadores e an ticatólicos. Mas o demônio não concede aquilo que promete. Hoje vemos que as Religio-

NOTAS (J J lgltsio Mundo, Madrid. 1S-1-77

(2) Roma, Bueno Aires. da•76/jan•77 (J) 8t,{le,/,, CtCES. Bruxelas, 1-2-77 (4) 77,r Wnmlerfr, Saint-Paul. Min. (EUA),

24-6-76 (5) Bulll'lill CtCES. Bru.icelas. 1-10-76

(6) Time. Eswdos Unidos, 7-2·77 (7) 11,t W(mtlern. Saint·P~rnl, Min. (EUA).

16-9-76

~Atot~Cn§MO ~ MENSARIO

Do alto da catedral ao subsolo do banco

com ;1prov:1çiio 1.-ch.•,i:i,uca

CAMPOS - ESTADO DO RtO

COMPANHANDO O ritmo trepidante da modernização de Paris, operários traba lham na ampliação do edifício de um banco, que se afunda nasentranhasdatcrra. Picaretas e perfuradoras ruidosas tilintam de repente, cm contacto com algo estranho. O diretor do banco é chamado. O que será? Entrevendo o valor do achado, o diretor consulta peritos do Museu de Cluny, especiali,,adocm obras de arte medieval. É a festa da Páscoa da Ressurreição de 1977. O Sr. François Giscard d'Estaing, primo do presidente Valery Giscard ediretord(! Banco Francês do Comércio Exterior, acaba de descobrir 21 cabeças de está1uas góticas, medindo 65 cm de altura éada uma. Embora falte a algumasonarizeaoutras o queixo, elas conservavam surpreendente nota de frescore os lábios coloridos. Como se explica a inusitada descoberta? Para obter a resposta precisamos recuar quase 200 anos na História .

A

• • • Em 1796, Jean Baptiste Lacanal mandou construir sua casa na Rua Chaussé-d'Antin, na capital francesa. 6

Nesse mesmo ano, a Comuna de Paris havia ordenado fossem evacuadas da via pública as magnificas estátuas da Galeria dos Reis da catedral de Notre Dame. Consideradas pelos revolucionários "um receptáculo de imundícics". elas foram at iradas à rua em 1793. Três anos depois, eram vendidas como material de construção. Ê o que iníorma Michel Fleury, diretor das Antigüidades Históricas de Paris e Yle-de Francc Ignora-se, no enianto, como as cabeças das estátuas foram parar em mãos de Lacana l. Por meio do construtor? Talvez. O fato é que Lacanal enterrou-as, dentro de uma caixa de cimento, no subsolo de sua casa, hoje Banco Francês do Comércio Exterior.

• • • Um artigo de Claude Dulong, no diário parisiense Le Figaro ( 1-6-77), fornece detalhes curiosos sobre essa descoberta. As cabeças são de estátuas de soberanos de Judá, ancestrais da Santíssima Virgem, que figuravam na fachada da célebre catedral de Paris. O vandalismo revolucionário desatado cm 1789 não poupou sequer obras-primas da escultura francesa como aquelas estátuas, "decapitadas" quatro anos depois.

Jean Baptiste Lacanal, que com tanto zelo recolheu cm sua casa as preciosas relíquias de pedra. era irmão do conhecido revolucionário Joseph Lakanal. Este, por ódio a Jean- Baptiste, que ostentava corajosa mente sua fé católica. trocou o "c" por "k" em seu nome. En, 1799, Lacanal vendeu sua casa a Moreau, general da Revolução, que mal podia imagi nar estivesse vivendo junto aos reis de Notre Dame. Pergunta-se porque Lacanal não revelou a ex istência das estátuas antes de morrer, cm 180 1. A resposta é simples: até então não havia nenhuma garantia para tudo que dissesse respeito à Religião católica. Somente houve.alguma liberdade após a Concordata imposta por Napoleão, assinada em 1802.

• • • O juízo da História às vezes tarda, mas não falha. André Malraux, escritor cuja morte este ano foi copiosamente pranteada pela imprensa mundial e intellige111sia esquerdista (Malraux foi voluntário das brigadas internacionais comunistas que lutaram na Espanha durante a guerra civil de 1936-39), lançou contra Viollet-leDuc uma calúnia. Segundo Ma lraux.

Oir<'IOr Paul<> ConC:1 de Brito Filho

OirCloria; ,\ v. 7 de S"'1<•111bro 247. 1.·;1ix:1 po,1;11 333. 28100C'ampo-:, RJ.

,Ad mínís1r:u;.i o: R. Dr. ~1:1r1mico Pta· ,lo 27 1. Ot 224 S. Paulo, SP.

<.:ompQ,tO <· unpre,so na Anprc"" P'Jpéi-: ~ Anc, Cr-jlica.s L11.fo .. Rua Dr. M:u1ini~o Prado 234. S5o Pau· lo. SP.

As.slnatur;) anua.1:co!num Cr S 100.00: éOOJX.·r:1Jor CrS

Uma dM: cabeças de &stàtuas dos Reis de Jl.l'

dà descobertas ,ecentomonto, expostas no Museu de Cluny

o célebre restaurador de Notre Dame 1cria lançado as estátuas dos Reis de Judá no rio Sena. O antigo combatente das brigadas vermelhas indispôs assim a opinião pública francesa contra o grande artista do século passado, e chegou mesmo a organizar rigorosa busca nas águas do Sena. Evidentemente, nada se encontrou das preciosas esculturas góticas. A descoberta na casa de Lacanal faz justiça a Viollet-le-Duc e torna patente a maldade dos revolucionários de ontem e de hoje.

200.00: benfeitor

C,S 500.00; ~rande benfci1or CrS L000.00: ,cOlin:111"13.) e cs1udan1c.s \rS 70,00~ Ami-ricá do Sul e Cen• tr;1I : "''ª de ,uper(ícic USS 12,00, vi;J :u:rca US S l·l.50: 1\méric:a do Norte, Por luf!II. l·.s1>anh:1, Provindas ulcra• m:irin:h \' Colônrns:: via de superfície USS 12.00. via aérea US S 17,50: ou1ro, p~1is,c-.: via de superfície USS 14.00. vi:t ;1t:I\'ª USS 23.50. Venda 3vuls:i: C'rS 10.00 o~ pat:~mcn10:-c, * snprc em nome de Edi1or;a Padre Belchior de Pon1cs SIC. pcxlcrâo 1,e,>r cncaminha<los à Ad· m11~1s1r3~âo. Para 11\Udança de cndt·

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no combate e no salão Lei•ade

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ORÇA, RAPIDEZ e elegância faz.em do cavalo um dos mais belos e preciosos animais a serviço do homem. Pedestal do cava leiro, o corcel obriga quem o monta a postar-se em atitude senhoril, a usar com inteligência sua energia e destre1~. O cavalo torna-se então um complemento do cavaleiro, participando de seus movimentôs e até de seu sent ir. Há eqüinos que mais parecem pertencer ao reino das fadas. Ê o caso dos afamados lipizzanos, da Escola Espanhola de Equitação de Viena, cuja beleza arquetípica deslumbra quem assiste a uma apresentação deles.

* * ·Já famosos nos desfiles triunfais da época de Júlio César, os lipizzanos eram preferidos nas corridas de carros de guerra. Originários da época romana, esse~ portentosos animais são também descendentes de cava los árabes e espanhóis, tendo formado uma raça com características próprias e qualidades inigualáveis. Os potros nascem escuros. Dos quatro aos dez anos de idade, seus pelos tornam-se inteiramente brancos. Preservados pela tradição, foram exportados para a Itália e Dinamarca. Em 1562, Maximiliano li, então Arquiduque e depois Imperador do Sacro Império. levou-os para a Áustria, onde sua raça foi preservada até nossos dias no haras de Li pizza, perto de Trieste, de onde lhes vem o nome. Ainda hoje o público pode visitar. a Escola Espanhola de Equitação de Viena, onde os lipizzanoscontinuam a treinar e a apresentar-se há mais de três séculos. Em algumas ocasiões eles já fizeram demons-

trações em importantes cidades brasileiras como São Paulo e Belém.

• • • Com suas grandes janelas e colunas altas, o salão branco da Escola Imperial de Equitação - mais conhecida como Escola Espanhola - construído em 1735, foi concebido como ambiente ideal para os lipizzanos. Ao toque de trombetas, eles entram em fila nâ pista de areia sob os aplausos do público. Passo, trote e galope curtos são caracterizados pelo acentuado dobrar dos joelhos. Passos laterais epit,/je mostram a alta qualidade dos cavalos. Todos os movimentos são acompanhados com música do século XVIII . o que condiz com o salão. Os cavaleiros vestem-se conforme a moda daquela época: casaca marr'om, calças de couro branco, botas por cima do joelho com esporas de prata, chapéu de dois bicos com galão dourado e luvas.

• • • Longe de ser simples meio de locomoção, o cava lo já desempenhou papel decisivo nas batalhas. Isso pode ser apre ciado nas várias 1nanobras dos fipizzt1nos em seus treinamentos diários na capital austríaca. Na época em que na guerra ainda transparecia n1uitodoespíritocavalheiresco, o corcel deveria ser leve e eficaz. Na sabedo ria de outros tempos até as batalhas deviam ser belas e a morte recebida com nobreza. Era o tempo em que grandes generais combatiam à frente de seus soldados vestindo roupa de seda clara, com adornos de renda. É nesse clima que se entende o piaffe (foto}, movimento em que o cavalo mostra sua leveza trotando no próprio lugar, levantando a pata da 0

Os cavalos lipiuanos so entrecruzam num movimonto cheio do beleza e harmonio

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ESl& gravun, do século passado registra uma demonstração dos vArios movimentos

frente e a contrária de trás, simultaneamente, parecendo flutuar. Essa mesma sensação observa-se na (evade (foto), e1n que o ginete se ergue sobre suas patas traseiras, encolhe as dianteiras e fica imóvel por alguns segundos. Cavalo e cavaleiro parecem transformar-se nu,na está tua de mármore e competir com as mais famosas esculturas. Esse exercício ensina o cavalo a conservar o equilíbrio. Nas batalhas, era a posição própria para transmitir ordens a viva voz, o que tornava necessário ao comandante destacar-se para chamar a atenção. Levade é a posição inicial da courbe11e, em que o cavalo salta para a frente em suas patas traseiras várias vezes. É o momento em que o cavaleiro sevê pressionado pela infantaria. Protegido pelo corpo do cavalo. ele pode dessa forma avançar através das fileiras inimi$aS. Entretanto, o auge da combatividade do corcel é apreciado no capriofe (foto): Rodeado pela cavalaria inimiga, o cavaleiro tenta romper o cerco com um gesto de suma energia e habilidade de seu cavalo: num movimento repentino, este salta sem sair do lugar, descarregando, durante o salto, um formidável coice que pode liqüidar o inimigo. Antigamente era freqüente encontrar-se bom número de combatentes mortos pela violência desse golpe. Nas apresentações, o público não se contén1 quando são executados /evade, courbeue e capriole. bem como pesade. ,nezair e outros movimentos que arrancam aplausos da assistência. Em certos movimentos executados ao som de minuetos o espectador tem a impressãodequeos cavalos dançam. acompanhando a música con1 a delicadeza de seus passos. A belc1.a arquctípica não é a única 4ualidade 4uc torna os l1iJizzonos tão admiráveis. Neles convergem séculos de tradição e cultura que fizeram desses animais seres como que civilizados e inteligentes. Eles são unia prova palpável de 4uc a bele1,a e a eficácia nãosecxcluem.

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AfOJLICISMO -- - - - - - --

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Atualidades de aquétn e alétn cortina de ferro O piloto chinês Fan Yuan-Von fugiu com seu

CHACINAS, miséria, íomc, fugas ... Eis alguns vocábulos hoje em dia comumente empregados, para caracterizar a situação de milhões de seres humanos que cairam sob a dominação comunista em várias partes da terra. E mesmo nos paises do mundo livre o espectro do marxismo se projeta através da guerra psicológica revolucionária, dos atos de sabotagem, de espionagem, etc. E assim, como sinistro prolongamento do que se passa no «paraíso» vermelho, tais notícias, provenientes de paiscs não comunistas, figuram também em nossa coluna.

Mig-19 para mostrar ao mundo quo o rogi·

me comunista m antltm a China na mis6ria e na oscravidão. Segundo Von a tironie 6 tal que as pessoas preferem a morto,

• EM ÍLIO MILLAM, ra dialista cubano radicado em Miami, vitima de um atentado castrista que lhe custou as duas pernas, afirmou: «O

baixo preço do açúcar, so,nado as grandes dívidas co111raídas com os poises com1mis1as da Europa está levando o governo de Fidel Caslro a bancarrota. U,n 1novi111en10 turístico [na ilha] o ajudaria a sair de suas dificuldades». Talvez seja esta a razão das palavras do porta-voz da Embaixada da Tchecoslováquia, encarregada dos assuntos cubanos em Washington, o qual afirmou: «Cuba agradeceria a

• QUANDO AVIÕES da China comunista peree~ram que o comandante de uma de suas esquadrilhas de Mig-19 fugia em direção a Formosa, puseram-se em seu encalço. O major Fan Yuan-Yen conseguiu, entretanto, o objetivo. Protegido por caças da Força Aérea da China nacionalista, ele foi calorosamente recebido em Taipé, a 7 de julho p.p., onde declarou: «Quis dar ao inundo o 1es1e,nu-

nho sobre as miserdveis condições en, que se enco111ram oi1ocen1os n,i/hões d e chineses». Yuan-Yen disse que «não hd liberdade. não hd detnocracia na China e 1udo aquilo que os es1rangeiros vêe,n no país. não é o que realmente acontece, pois eles nunca saberão quanta gente foi assassinada pelos co1nunis1as. Além dos que plldece,nfome. hdosquesão tnortos por resistire,n ao governo». Revelou que o regime d e Pequim não tem capacidade militar para iniciar uma invasão em Formosa porque sua Força Aérea e Marinha são fracas.

• «NOSSO MAIS importante p()sso é in1roduzir o máximo caos na cultura do inimigo. para se,near a desconflança recíproca. a depressão

86rie, chefe da antiga NKVD, hoje KGB: "I: improscind(vel colocer ao alcance da ju-

ventude o s diversos entorpecentes"

econô,nica. o desconcerto cie111ifico. E111ão. as ,naiorias populares só verão a saída 110 Estado comunista. A primeira coisa que se deverá fazer é desmoralizar, e111 111na nação, o próprio hon,em. As nações que 1ê111 grande apreço por valores éticos e morais. são difíceis de conquistar. O objetivo fundamental da psicopolítica é rebaixar estas condições até o nivel e,n que a população at·ate ordens e considere nor111af tuna situação de escravidão: é indispensável destruir a estrutura espiritual e subs1i1ul-fa por reflexos animais: deve-se obrigar o ho,ne,n a não pensar e,n si mes1no, em sua família e e111 seus mnigos e convertê-lo e111 instrwnen10 útil do Estado. t imprescindível colocar ao alcance da juventude os diversos en1orpece111es. Habituando cs adofece,11es ao áfcco f e exacerbando'.o instinto sexual mediante li1era1ura e publicações pornogrdjicas. a psicopolltica pode suscitar entre as gerações novas a/iludes de preguiça e e:-:ve fhecimen10 que, dialeticame111e falando, abrirão as portas ao co1nu-

suas imunidades diplomáticas. Rybatchenkov era colaborador da Secção Cientifica da UNESCO. •

E FINALMENTE o FBI prendeu dois homens que pretendiam enlregar a um agente soviético em Cuba planos e peças do foguete nortc·amcricano «Cruise>>, Trata•se de Karl Weischenberg, alemão de 33 anos, e Karl Heiser, um norte-americano de 32 anos.

Embora tenha vivido no tempo de S1alin, Seria faz uma descrição pcríeita do mundo de hoje. Desapareceram «homens íortes», surgiram novas «estrelas» no firmamento sovié1ico, substituíram-se as car-rancas, mas os objetivos continuam os mesmos ... • É C URIOSO que militantes dos parlídos da esquerda chilena os quais, após a queda de Allende foram p rocurar «refúgio» no exterior, conside.raram os países «burgueses» mais acolhedores que os d a «cortina de ferro». Estatísticas da ONU, publicadas pela revista Est e/ Oues1. relatam que durante o primeiro ano do governo Pinochet, a França recebeu 1037 esquerdistas andinos. E.~tes sentiram na própria pele q ue a vida nos regimes marx istas era um inferno e preferiram abandoná-los logo que p ossível. Assim, para a Alemanha Oriental dirigiram-se 228 chilenos, restando atualmente apenas 53; em Cuba chegaram 517, e ficaram 111; na Rumênia, de 1149, permaneceram 289 e para a Hungria viajaram 314, tendo lá se fixado somente 46.

• UM MISSIONÁRIO jesuí1a canadense, Pc. Gclinas, que trabalhava no Vietnã desde 1957, informou que de 15.000a 20.000 vietnamitas, entre os quais familias inteiras, preferiram o suicíd io a viverem sob o regime comunista. Os su icídios começaram em 1975, logo após a queda de Saigon. • PULULAM os casos de espionagem comunista efetuada pelo pessoal d e embaixadas da Rús.~ia em países ocidentais. Há pouco, no Canadá, o tenente-<loronel Valeri Smimov, adido m ilitar da Embaixada soviética, recebeu ordens do governo para ahandon ar o mais depressa possível

nis1no».

Todo o trecho acima figura entre aspas, pois não é senão um tópico do «Manual de Psicopolflica» - leia-se lavagem cerebral - cscri10 por Seria, c hefo da -antiga NK VD, atual KGB russa, que extraímos da revista espanhola •<Ef Eco de la milagrosa» (fev./ 77).

bebida. O ditador transíormou-a em lei1e condensado (o qual foi despejado cm 18 milhões e meio de latas). E estas íoram vendidas à Jamaica ...

O Pe. André Gelinas relatou o $Uicfdio, no

Vietnã, do hlmllia$ inteiras que preferiram a morto a viver sob o re,gime comunsita

aquele país, devido a atos de espionagem.

• NA FRANÇA, Vladimir lvanhotch Rybatchcnkov íoi surpreendido em nagran1e delito, há meses, quando acabava de remeter para a Rússia documentos referentes à deíesa nacional francesa, utilizando-se de

• F IDEL CASTRO, discretamente reconheceu o fracasso socialista 1ambém no campo da produção de leite. Mas não se aíligiu. Saiu à procura de socorro ... e íoi bater na poria certa: a ONU brindou-o com milhares de toneladas do produto cm pó. Mas a faminta população cu bana nem sequer viu a cor da preciosa

visita de grupos de 1uris1as americanos». Tais iníormaçõessãodo Diario Las Américas, de Miami. • DO PONTO de vista econômico, os regimes comunistas têm sofrido fracassos estrondosos. Angola . a ex-província ultramarina de Portugal, out rora rica e farta, encontra-se hoje na miséria e completamente subj ugada pelo Cremlin. Diante dos estabelecimentos comerciais pode-se observar constantemente fi. las intermináveis, enquanto o mercado negro e a especulação crescem sem cessar. Os operários exigem continuamente aumentos salariais. 1endo a produção econômica diminuido pela metade. Regiões inteiras do país carecem de produtos essenciais, segundo o jornal francês Rivarof.

CAR LOS SODRÉ LANN A

Repercutem pronunciamentos de D. Mayer A lNCISJVA nota antidivorcista de D. Antonio de Castro Mayer, divulgada a 24 de junho p. p., recebeu expressiva caria de apoio do deputado federa I ílu mincnsc Mac Dowell Leite de Castro. O parlamentar sublinha o estímu lo que significou «110 diffrif impasse>/, a \<J)Osição corajosa» do Exmo. Sr. Bispo de Campos. Por outro lado, S. Excia. Revma. recebe'U moção de coniratulações da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, por sua Carta Pas1oral sobre a Realeza de l'josso Senhor Jesus Cristo (publicada em Ca1olicismo, n. 0 314, de fev. de 1977). A moção íoi proposta pelo deputado Francisco da Gama Lima Filho. No Coni;resso Nacional, o mesmo documento foj comentado na tribuna pelo deputado numine.nse Pedro Faria, que pediu sua 1ranscrição nos anais daquela Cas~. Após qualificar o Bispo de Campos como (<um Prelado de a1itulles flnnes», o parlamentar assinala: «D. Anto)iio de eastro Ma,er procurou em sull Mensagem avivar a nossa fé aristã na realidade universal do Divino Salvador. refembrando-nq;• a «soberania absoluta do Rei universal sobre iodo o gênero humano, sobre os ho111ens todos, 1nes1110 aqueles que se acha11, fora de ;·eu redil. a Santa fgreja Católica, Apostólica, Ron1ana1>. «Não podemos deixar de registrar - con1inua o deputado - . nos anais deste €ongresso, a publicação 110 ano de 1977 da Mensagem de D. A111011io, Bispo de Campos, cujas palavras n1erecem profunda meditação, alé111 das perfeitas citações de Leão XIII, que se enquadram ilus1ra1ivame111e na bela <::arta Pastoral que. ora. 1e111os e,n mãos

e sobre a qual não poderen,os deixàr de apresentar as nossas co.ngratufações, não apenas a seu 1Ju1or - D. Antonio de €astro Maver. - mas a 1oda1J Diocese de • Camp<>s».

Bispo de Campos desfaz boatos ALGUNS JO&NAJ._S numinenses divulgaram boatos procurando colocar em posição incômoda D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, com relação às conhecidas divergências existentes entre Paulo Vl e o Arcebispo francês D. Marcel L.ef~bvre. A esse propósito, D. Mayer e nviou ao jorna,I «Moni1or Campista» a seguinte retilica~o: «No número de hoje (<<Monitor,>, Jô de j unho), ao infonnar sobre as ,ecentes ordenações sacerdotais realizadas pelo Ex1110. Sr. Arcebispo J). Marcel lefebvre, diz o repóuer. que «a /i11ha ideof<>gica do Bispo lefebvre é defendida pela Diocese tocai, que lhe 1en1 dado cons1a111e ·apoio através do boletim «Defensor da Fé1>, Há um engano 11 essa i11formação. O boletim 1<Deíe,n.sor da Fé» não é órgtfo da .0io'Cese, não veicula, po1s{ o pensamento d/f Diocese locai. O q,ue ali se publica comporta a responsabilidade dos seus editores, cujos no1J1es figuram 11a mesma publicação. Esta retificaÇ,ãO não envolve nenhuma censura aos responsáveis pelo boletim ,,Defensor da Fé\>, pois eles fazem uso (ie uma liberdade que l/1es asseguram as novas 11o rma,s da cens,ura eclesiástica, editadas pelo Santo Padre Paulo V/». Também um diretor do

boletim «Defensor da Fé» escreveu àquele diário campista csdarecendo que este «foi mal infonnado ao publicar, uma 1101 ícia que não corresponde à verdade. ou equivocou-se ao identifiaar o «.0efensor da Fé», editado por católicos /eigqs. com o «Bote1i111 Diocesano». este si,11, de propried/fde e responsabilidade da .0iocese de Campos».

Controle da natalidade SOBRE a deliberação do governo concernente ao CO)ltroJe da na\alidadc, o SecJetârio do Bispado de Campos. Pe. Henrique Conrado Fischer, divulgou o seguinte comunicado, com data de 28-71977: «.0e or'den, do Sr. Bispo-Diocesano, torno público o pesar da Igreja ao 1omar conhecimen10. pelá imprensa diária, da resolução do eonselho de Desenvofvimen10 Social, "provada em sessão presidida .pelo :J:."xce/e111 lssi/110 Senhor Ché/e da Nação. no sentido de pro111over i111e11sa distribuição de a11ovufa16dos, com o fim de regularizar a 11a1alidade 110 país. 0 controle artificial dosnasaime111os op.õe-se ao direito 110/u· ral, efoico111inuamentereprovado p,e fo ensiname1110 po111ifício. ainda ultimamente 11a l;n clclica <<H\J· mana e Vitae», que o condena forn,aftnenle. Após a aprova~ão da emenda divorcista do Sr-. €ar11ei,o, é n1ais um grande passo que.dá o Estado brasileiro nas viasdo neo-paganis1no moderno. €0111enta,ulo 111ais esse fato tão dissonante da Moral <i::a1ólica, isto é, da 1noraf,da imensa maioria da população do pafS; o Sr. Bispo exor,1a a todos- os fiéis redobrem su1Js oraçõesa Virgem San/ íssima, Nossa Senhora da €onceição Aparecidt1, que vele pefa,n ossa Pátria>\.


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ll N9 321 -

Setembro de 1977 -

Ano XXV!I

Diretor: Paul~ Corrêa de Brito Filho

CUBA E PANAMÁ: NOVAS CONCESSÕES DE CARTER OS GOVERNOS dos Estados Unidos e de Cuba deram recentemente importante .passo visando o restabelecimento pleno das relações diplomáticas e comerciais. Em Washington foi instalado .um escritório para cuidar dos interesses cubanos. e em Havana iniciativa análoga foi tomada para tratar dos assuntos relativos ao grande vizinho do norte. Enquanto a administração Carter procura açodadamente nom,alizar suas relações com o regime castrista, milhares de prisioneiros pol/ti· cos anticomunistas definham ou morrem em pri·

sões e campos de concentração da ilha do Caribe; milhares de soldados, assessores militares e civis cubanos atuam escandalosamente em diversos palses africanos e, segundo informações re-

centes. num país sul-americano. A cons tatação desses fatos nos conduz a uma conclusão: o zelo do presidente norte-americano na defesa dos direitos humanos é seletivo. Quando se traia de algumas regiões do mundo, tal zelo é intenso e sis temático; mas para outras zonas. o empc11ho do chefe do executivo americano quanto ao mesmo objetivo é muito mode-

rado, ou praticamente nulo, como no caso de Cuba... Na página 2 analisamos vários aspectos dessa surpreendente iniciativa de Cartcr. Um dos últimos episódios dessa política externa paradoxal do regime de Washington foi a ratificação do tratado sobre o Canal do Panamá. O chefe do executivo panamenho, Omar Torrijos - grande amigo de Fidel Castro - enviou a este s ignificativo telegrama, sobrevoando Cuba, em seu rc1omo de Washington. após a assinatura do acordo. Da mensagem, destacamos os seguintes tópicos: ··ocregresso a minha pdtria

saúdo-o com II a,mzade de sempre. Desejo que o po..-o cub,1110. sol, sua direção, continue sua m11rclta para o progresso. Na América Latino seu renome se associa aos sentimentos de dignidade que se canalizam para apagar todos os vest(gios do vergonltoso colonialismo "

Após tomarmos conhecimento de ta.is expressões, 1oma-se mai.s fácil para nós compreender porque a maioria dos nor1e-americanos se manifestou contrária ao tratado. segundo pesquisas de opinião p(lblica. Na foto. Fidel Ca.11ro recebe Torrijos cm Havana .

também são gente TFP intercede por vítimas do comunismo

DESMANTELADO O ENSINO PORTUGUÊS NO SAGUÃO do aeroporto de Lisboa, crianças reunidas em volta de um tacho com comida procuram matar a fome. Elas e suas familias são vítimas recentes da po1'tica de "descolonização" do governo luso, tendo sido expulsas do atual Moçambi· que marxist<! apenas porque desejaram continuar portuguesas. Centenas de refugiados como esses permanecem acampados no aeroporto, pois não encontram lugar para residir. Mas além da fome, tais crianças terão que enfrentar outro problema: onde irão receber instrução? E que tipo de educação será essa? O leitor poderá enoontrar a resposta às questões acima nas páginas 4 e 5, onde é analisado o desmantelamento do ensino português a partir da "Revolução dos cravos", de 1974.

Oito mil vietnamitas fugitivos foram socorridos e asilados em diversos países. Mas outros 110 mil pereceram nos mares, declarou em Tóquio, ao correspondente do jornal londrino " The Times", o Sr. Tran Van Son, ex-deputado e líder da oposição no Vietnã do Sul. No nobre empenho de não se sujeitarem ao aviltante jugo comunista, dezenas de milhares de familias desventuradas arriscaram-se a fugir apinhadas em frágeis embarcações. Porém, quase todos os portos a elas se fecham, e poucos navios as acolhem. Estarrecida ante tais fatos, a TFP lança um apelo aos detentores do maior poder temporal e e~piritual da terra: o Presidente dos Estados Unidos da América, Sr. J immy Carter, e S. S. Paulo VI. Ambos são propulsores universais de uma campanha pelos direitos humanos. E é precisamente nos direitos humanos mais fundamentais que vêm sendo lesadas as vítimas vietnamitas. Negá-lo, importaria em dizer que elas não têm direitos. Ou que não são seres humanos. Leia na página 3 os telegramas do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira a Carter e a' Pau lo VI, bem como .o ofício que o Presidente do Conselho Nacional da TFP enviou ao Presidente Ernesto Geisel pedindo a intervenção do governo brasileiro em socorro dos inconformados do Vi-:tnã. Na foto, cena no convés de um barco desses heróicos fugitivos.


Os direitos humanos de Carter não se aplicam a Cuba... M WASHINGTON, no antigo prédio da representação diplomática cubana, já está funcionando, adido à embaixada tchecoslovaca, o escritório da Cuba de Fidel Castro. Em Havana. no velho edifício onde funcionava até 196 1 a embaixada norte-americana, estabeleceu-se um escritório similar, dos Estados Unidos, filiado à embaixada da Suíça. O fato foi noticiado pela imprensa diária, e passou como u.m aconte-

países como Inglaterra, Espanha. Itália, França, Costa Rica, Argentina, Colômbia, México c Can.a dá já mantêm com Cuba relações comerciais regulares? Não será porque vê na generosidade de seu poderoso adversátio de ontem -uma esplêndida fonte de recursos econômicos? A prodigalidade com que os Estados Unidos fornecem aos soviéticos créditos, tecnologia, cereais e outras .mercadorias bem poderia estar despertando invecimento entre muitos outros. Ja no governo cubano ... Em vista dos fatos e consideraLyle Lane, chefe da representação norte-americana em Cuba, de- ções acima poderíamos perguntar: clarou que o principal objetivo da de que vale a exigência de indenizainiciativa de seu país é "estabelecer ção dos bens expropriados, se ~comeios diretos e regulares de co,uato merciando" com os Estados Unidos, e,n assuntos oficiais co,n Cuba·'. em pouco tempo Castro contrairá Considera ele a medida como um dívidas, talvez maiores dó que o passo para o restabelecimento com- valor dessas indenizações? pleto das relações diplomáticas. E quando se dará esse reatamento? Não teremos "necessariamente que esperar anos" afirmou o diplomata Existem porém outras condições norte-americano. impostas pelos Estados Unidos. "O que realizamos aqui vai alé111 Terence Todman, sub-secretário de uma ação puramente simbólica", de Estado para assuntos interamerireconheceu o sub-secretário de Esta- canos, afirmou que seu governo dedo norte-americano Philip Haibib. seja "ver esclarecidos" mais dois ponreferindo-se à decisão de seu país de tos: estabelecer tais contatos em caráter 1) A questão dos direitos humapermanente com Cuba. no cm Cuba. Todos esses fatos parecem indi2) A interferência militar de Cascar que o regime de Washington está tro na África .. empenhado em favorecer o governo À brandura com que tão graves de Havana. problemas são tratados pelo parceiOs cubanos porém não se mos- ro mais poderoso - apenas desejantram tão apressados, e apresentam- do "ver esclarecidos" soma-se -se muito mais exigentes que a admi- uma categórica manifestação de boa nistração Carter. O chefe da missão vontade. ·A imprensa internacional de Havana em Washington, Romón noticiou que autoridades de WaSanchez, fez questão de sublinhar s hington admitiram a possibilidade que persiste um problema para o da entrega da base aeronava! de reatamento diplomático com os Es- Guantanamo aos cubanos. Esse entados Unidos: o bloqueio econômico clave militar na ilha serve aos Estaque se mantém contra Cuba. E enfa- dos Unidos como baluarte no mar tizou que o levantamento do bloqueio das Antilhas há 79 anos, e represendeve preCC<ler a troca de embaixado- ta uma certa segurança dos países res. livres das Américas contra um evenPor sua vez, o governo norte- tual ataque armado por parte dos -americano condiciona a suspensão castristas. Além disso. Guantanamo do embargo econômico a Cuba à também oferece abrigo a muitos inindenização pelos bens norte-ameri- felizes fugitivos do regime fidelista. canos expropriados por Castro. OnÉ positivamente incompreensíde o tiranete das Antilhas encontra- vel a açodada e insensata distensão rá o dinheiro para restituír esse capi- do governo de Jimmy em relação à tal aos Estados Unidos? Não sabe- Cuba comunista . mos. Mas isso não constituirá certamente grande obstáculo. Fidel Cas• • tro está habituado a dificuldades dessa natureza. Há pouco, segundó· Em 1962, considerando aberta informa o Diario lAs Amér1cas. ameaça ao continente a presença da longa manus russa na ilha, a Organização dos Estados Americanos OEA - excluiu Cuba desse organismo. Em 1964, exortou todos os países membros do mesmo a romper relações diplomáticas e êomerciais com o regime de Havana, resolução que só não foi adotada pelo México. Dessa época até hoje. Cuba não fez senão concretizar aquelas ameaças. Seus soldados, assessores militares e c ivis estão presentes em vários países da África com escandalosa notoriedade. Os·dirigentes cubanos, entretanto, não descuraram o continente sul-americano que os guerriLylo Lane (à direita). chofo da roprowntaç.ão lheiros castristas tanto esforço fizeram para subverter em diversas ocanorto-amorieana om Hav;,ni,, convel'$a com o ministro do Comércio Exterior de Cube, M :n·· siões. colo Fern6ndez (à OfCl!.!Orda) Segundo a publicação norte-americana Defense and Foreign Af de Miami, o governo de Tóquio fairs Daily, 3.500 soldados cubanos suspendeu o envio de mercadorias provenientes do Panamá introduzino valor de 91 milhões de dólares, ram-se recentemente no Peru. até que Castro pague as dívidas anO dirigente cubano continua vioteriores. lando, de forma constante. as praxes Não obstante, segundo divulgou diplomáticas internacionais. intera agência oficial do regime cubano, vondo de modo aberto em outras Prensa Latina. o regime de Havana nações para fazer a subversão. Com assinou com o governo sueco um isso fere os direitos humanos de acordo de "assistência ao desenvol- povos inteiros. vimento". A esse título, Fidel Castro Além disso, Castro viola contireceberá 19 milhões de dólares até nuamente os referidos direitos hu1980. E muitos empresários norte- manos em seu próprio território e -americanos, apesar da péssima qua- fato sintomático - nunca se dispôs lidade do cl iente, estão sôfregos em a permitir qualquer investigação por iniciar transaçõP.s comerciais com parte de um organismo internacioCuba. nal no territóric· da ilha . Por que Havana ambiciona com Segundo a rt vista 77,e Hera/d of tão grande empenho a suspensão do Freedom, de New Jersey, foi revelaembarj\o econômico, quando tantos do em Washing•on que o governo

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quer as crianças. Desde os cinco Jovens que se recusaram a servir nas anos elas são submetidas a inte ns a. tropas enviadas a An~ola. dout,inação comunista. Isso foi constaCerca de 200 mil pequenas pro- tado, in loco. por Carl J. Migdail, priedades que ainda restavam na que publicou os fatos na conceituailha-prisão estão sendo brutalmente da revista U. S. News & World confiscadas. Qualquer cubano que Repor1. deseje visitar um museu, um instituE o que exige de Cuba o atual to de arte ou mesmo uma fábrica, governo d e Washington, tão zeloso necessita de autori1,ação do governo. na defesa dos chamados direitos O despotismo marxista não poupa se- humanos, quando os julga violados cubano ordenou a prisão de 500

nas pessoas de terroristas e subversivos? Apenas "ver esclarecido" o problema. E ames mesmo de assim o

· ''verº, começa a entreabrir as portas da diplomacia e do comércio ao grande e despudorado violador dos direitos humanos... na defesa dos direitos humanos ...

ARNÔBIO GLAVAM

No ~ímo Santo, ·explllsão milagrosa de ddvinMas QU~DO l\S BRISAS da ma· riltã de 22 de setembro de 16113 dis5ipararo as brumas que envolviam o porto de .Vila :VeU1a, da Capitania <lo 'E$pírito Santo, os lusO'brasileiros que llli cesiéliam notaram com assombro a p.rese11ça aa esquadra holandesa ancorada ao largo. Eca preciso agir depressa e preparar a resistência. Mas ijue resistên· eia? Como poderia aquela pQuca gente resistir com a.rmas caseiras ao poderoso exército invasor? No alto do,!.'()~edo, não ~lava ao pequeno Convenfo'da,Penha outra alternativa gue a ae·ser abanaonado. Foi o que fizeram os m.orad.ores,,retirando da· li inclusive a lmagell) de Nossa S&nhora, Enquanto isso,já em·terra fir· me os hereges batavos com~avam-a etigir fortificações e a prepa,:a,- a colJqwsta élefu1itiva aa Capita.rua. Sem sabiam qu,e a populaçãó Jocal não tinha força capaz de medl,,.se com éles. Porém, com grande espanto· e terror, os holandeses viram abrir-se as nuvens e descer do <::êu guerreiros magníficos co)n almas reluzentes, uns montadós em formidáveis cor· céis, outros, a pé, em forrnaçr;o de batálha. O que forças humanas não põdiam, exércitos celestes fariam para defender aquelas terras batiza, das com a Cruz de Cristo. No alto do monte, o ,Pequenino convento de paredes brancas transf.orrna-se em poderoso castelo, cujas muralhas defendem os guerreiros celestes. A situação estava ôtvertida. Aterrados p_ela visão, os calvinistas fogem em 6usca de suas naus. Entretanto, os habjtantes de Vila VeJh·a do Espírito Santo, encoraja· dos à luta pela visãô maravilhosa,. saíram ao encal90 do,herege invasor, matando 40 deles. ~uauto aos que C!)nseguiram alcançar suas naus, partiram im'ediata1ne11te clreios ae medo e eerturbados em sua falsa cren·

ça. Quem seriam os celestes guerrei· ros comandados por um cavaleiJ:o resplandescente? 2:2 <le setembro era a festa do martírio de- São MaÚrício e da Le· gião :febana, por ele comandada. O povo atribuiu•lhes, 1_>0is, o milagre, ded.icou,lhes um altar e triou(ou· ·lhes grande devoção.

O

NOME DA Legião Teba·

na provem de Tebas, pátria dos legionários, cidade a margem do rio Nilo. no E~ito, outrora rica e fértil, cujos ha6itantes tinham a reputação de ser, muito altos, co1ajosos no eo.mbate, sábios e inteligentes. Conta a Legenda Áu,ell, de Jacques de Voraginc, obraeélebre da liteJatura medieval, que foi o ApóstóJo São Tiago quem instruiu os tebanós na fé cristã. No ano 277, Diocleciano e Maxlmilian,o, dividiam o trono do lmptrio Romano. Desejando extirpar do mundo inteiro o Cristia'rlismo, enviaram a todas

No JotUJI ondo se ergue o Convento

éla Penha, 1

Ofll ~ila Velha,

éloscoram

do~u guerreiros da

legião Tobana para salvar à Capitania do E$pfrfto Santo (Brasil)

éfo dominaçiío calvinista holandesa.

as p.rovlncias onde se enco,ntrasse.m cristãos uma. cana declarando que se estes não se convertessem ,ao culto dos ídolos, supl!cios terriveis lhes estariam reservados. 0s cristãos febanos, po.rém, tendo recebido a carta, despediva m os !llensagciros sem dar resposta. Então, os dois im~rado.res, furiosos, ordenaram ~s divel'$as pro~lncias que enviasstm a Roma todos os homens válidos para serem armados e fitze;em palie das tropas il!lpe· riàis. Os tebanos, conformandose ao princípio cristão de dar a ~ésar o que é de César. organizaram uma le~ião de 6.666 soldados, que enviaram aos imperadores, a fim (\e os servir na guerra, sob condlção de jamais tomar armas co,ntra os cristãos. Essa legião tinha por chefe São Maurlcjo. Diocleciano co~fiou a :te$iã~ Tebana a seu associado, M.axnruliano, que. se encontrava na Gãlia com um grande ~x'ército. E, antes da partida, o Papa Marcelino exortou os legionários a antes deixarem-se mata'!' do que pecarem contra sua Fé cristã. Assim que o exército atravessou os Alpes,. Maximiliano ord~nou que todas as legi<!es sacrificassem aos idolos e jurassem, a uma só vo~. combater os rebeldes e muito especialme,nte o.s cristãos. />lo saber disso, a Legião Tcbana separóu-se do grosso do exército e foi estabelecer-se a uma distância de oito milhas, em um magnífic.o local denominado Agaune (hoje St.-Maurice-en-V:alois), às ma'rge)ls do Ródano. E qµando Maximiliano lhes oroenou que fossem sacrificar aos ·ídolos com o resto .do exérciro, os legionários respo.nderam que não iriam, sendo cristãos. O imperador, furioso, be.rrou: "Q11e esse.s r<aidor.es saibam enrão que não l par mim somente, mas tamóém por meus deuses que 1}1e vingar.ei deles/" E enviou contra a Legião Tebana outra de suas legiõ~, com o.rdem de dccapita·r um décimo dos legionários rebeldes. Estes, oferecendo com alegria a próp.ria cabeça, disputavam entre si a honra de serem martirizados.

1lntão São Maurlcio, dirigindo-se a eles, disse: "Eu -;,o.sfelicito por estardes pr.o_ntos a morrer, por Cri!;to!_Suportei que vossos companheiros fossem enttegues à morte porque quis segui, o preceito do Senlro~. que mandou Pedro meter, sua espada na bainha. Mas agor.a que estamos rodead9s dos cadáveres de nossos co111panheiros, e q11e nossas capas e.stlfo rubras cam o sangue deles, sigamo-los ao 1}1artlrio". Depois, com o assentimento de toda a legião, inandou levar ao imperador a seguinte resposta: "lmpe,ador,, sQ)no.s vo.ssos soldados e'Regamos e,n oni1as para defender a ordem pública. Não somos 11em traidor:es nem covaràes, mas, nada nos fará aba11do.11ar a Fé de Cristo!'' 0 imperador, ao ouvir essa resposta ordenou que novamente a Legião fosse dizimada . E assim foj feito. Um dos porta~sfandartes da t.egião 1iebana, chamado Ei<upé· rio, ergue)ldo-se '110 meio de seus companheiros com seu estandarte, disse; "Nasso glorioso chefe Maurfcio falou ·nos da gliJria de nossos companheiros mortos. 1/a,nbém eu não peguei.em armas para resistir a /,a is alagues. 1:,ancemos, po, terra essas armas, terrestres e não tenhamos outra arma que a virtude c,istlf!'. Após o que, com o assentímento de todos, ele mandou responaer ao s,obe.rano: "lmperado.r,, somos vossos soldlldos, ,nas es~ravos, de Jesus <!:ris/o. A vós devemos, o ser.viço militar. A Ele, a inocência de nossos cotações. De vós recebemos o prêmio de nossc, trabalho. ee/e, recebemos o prêmio de nossa vida. E nós estamos pronto.s a sofre, todos os tormentos do que a renegar a Fé!" Imediatamente o imperador mandou cerca, toda a Legião, de maneira que nenhum só cios legioná'rios pudesse escapar à morte. Esses soldados de Cristo foram e ntão r odeados pelos soldados do demônio, massacrad os, pisados pelos cavalos e consagrados a eristo por um glorio,so martlrio. Era o ano do Senhor de 280.


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A P,ROPÔSITO da tragédia cfas faml)jas que (ogem llo \7.ietnã, '<íJ!rO.f! Plínio Coriêa de Oliveira, Presi.ilente do Con~lho Nacional da TFP, enviou, a 20 de setembro de 1977, telegra111a ao Presidente dos Estados Unidos, Jjm. my Carter, e a S, S. Paulo VI, bem como Óftc'io ao Exm'o.'sr: Presfde!lféda República, Gal. EmestoGeisel, documentosésses que t,:anscrevemos abaixo. CHINA

AO PRESIDENTE CARTER que o terror de desagradar os governos comunistas avassala aquela extensa área, e coíbe a liberdade de movimentos de nações e empresas pri· vadas de navegação que, cm condi-

A SOCIEDADE Brasileira de Defesa da Trad ição, Família e Pro· priedade solicita respeitosamente a atenção de Vossa Excelência para o destino trágico a que estão sujeitas famílias vietnamitas que fogem da brutal perseguição comunista levada a efeito em sua pátria, aventurando•se pelos mares em embarcações li· geiras e póndo sua esperança no sen· ~o de justiça e compaixão dos navegantes que encontrem em sua odisséia. Os portos de nações próximas, algumas delas ontem ainda aliadas dos fugitivos, na muito grande· maioria dos casos se lhes fecham fria e inexoravelmente. E também navios de qtiase todas as nacionalidades se esquivam de recolhê·los. Assim, essas familias sofrem riscos e tormen· tos inenarráveis. E muirns acabam perecendo numa desolação fácil de imaginar. Essas info1·maçõcs. difundidas

de modo oposto. Em uma palavra, Senhor Presidente, não há no mundo ai uai cpiSó· dio que ponha em jogo direitos humanos mais fundamentais. Negá-lo importaria em dizer que esses heróicos viet na mitas não têm direitos. Ou que não são homens. Assim, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, a maior entidade civil an· ticomunista do Brasil, se dirige atenciosamente a Vossa Excelcneia, CO· mo propulsor universal da campa· nha cm favor dos direitos humanos. rogando-lhe que abra com a maior urgência uma eficiente investigação sobre os fatos mencionados. e se di· rija aos países e às empresas de nave-

nos últimos tempos por notici{1rios

gação marítima relacionados com o

jornalísticos esparsos, foram confirmadas por 1rügicas declarações prestadas cm Tóquio pelo conhecido ex--deputado líder da oposição do Vietnã do Sul, Sr. Tran Van Son. Estima ele cm 110 mil o número de expatriados vietnamitas que dessa maneira morre ram. E admite que a penas 8 mi l se tenham salvo. Essas declara· ções foram reproduzidas cm primei· ra página pelo diário londrino "77,e Times", cm sua edição de 13 do cor· rente. A História registrará um dia con, severidade e horror que 1enham sido objeto de tal tratamento, em nosso século, familias que deram prova de elevada d ignidade moral e nobre in· irepidez, ao preferirem expor sua vi· da a se sujeitarem ao avil1an1e jugo do comunismo. Não hâ nestes dias exemplo maior do patriotismo e fidelidade a altos ideais. Bastaria a trágica e imerecida situação em que se encontram esses verdadeiros htróis para documentar

assunto. a fim de lhes dar garantias para que cumpram sem temor de re· prcsiílias de qualquer na1urc1.a as leis internacionais de hospita lidade. Pedimos também a Vossa Excelência que envie para o local embarca· ções e aviões que sejam de imediato auxilio para aqueles fugitivos. Vossa Excelência sentirá, sem dúvida, Senhor Pr.csidentc, que a cont inuação do estado de desamparo cm que até aqui se encontram es· ses nossos gloriosos e infelizes irmãos ameaça pôr em qucs1ão a própria autenticidade da campanha mundial pelos direitos humanos. Vossa Excelência , Senhor Presi· deme, tem nas mãos o maior poderio político, militar e econômico do mundo de hoje. Solicitamos-lhe que o use no sentido destes pedidos. Obterá assim as bênçãos de Deus, ião indispensáveis para que toda grandeza seja durável e efctivameme grande. Neste desejo, reitero a Vossa Ex· celêneia os protestos de minha mais alta estima e distinta consideração.

ções normais, obviamente agiriam

A ·S. S. PAULO VI A SOCIEDADE Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, apresentando a Vossa Santidade as homenagens de seu profun. do respeito, solicita, com a devida vênia, s ua p~~ciosa atenção para o destinp trágico a que estão sujeitas famílias vietnamitas, muitas delas católicas, que fogem da brutal perseguição comunista implantada em sua pátria, aventurando-se pelos mares em embarcações ligeiras e pondo sua esperança no senso de justiça e compaixão dos navegantes que encontrem em sua odisséia. Os portos de nações próximas, algumas delas ontem ainda aliadas dos fugitivos, na muito grande maio· ria dos casos se lhes fecham fria e inexoravelmente. Também navios de quase todas as nacionalidades se esquivam de recolhê· los. Assim, essas familias sofrem riscos e tormentos inenarráveis. E muitas acabam perecendo numa desolação fácil de imagina1. Estas informações, difundidas nos últimos tempos por noticiários

jornalísticos esparsos, foram confirmadas por trágicas declarações pres· tadas cm Tóquio pelo conhecido ex-deputado líder da oposição no Viet· nã do Sul, Sr. Tran van Soo. Estima ele em 110 mil o número de expatria· dos vietnamitlls que dessa maneira morreram. E admite que apenas 8 mil deles se tenham salvo. Essa declarações foram rcDroduridas em pri· meira página no diário londrino "The Times" em sua edição de 13 do corrente. Tendo isso em v1s1a, V. S. não duvidará, por certo, de que a História registrará um dia com severidade e horror que tenham sido objeto de tal tratamento, em nosso século, fa. milias as quais deram prova de elevada dignidade moral e nobre intrepidez, ao preferirem expor sua vida a se sujeitarem ao avihantc jugo do comunismo. Não há nestes dias exemplo maior de patriotismo e fidelidade a altos idea.is. Bastaria a trágica e imerecida si· tuação em que se encontram esses

AUSTRALIA

verdadeiros heróis para documen1ar que o terror de desagradar os governos comunistas avassala aquela ex· tensa área, e coíbe a liberdade de movimentos de nações e empresas privadas de navegação que, em condições normais, obviamente agiriam de modo oposto. Em uma palavra, Santo Padre, a nosso ver não há no mundo atual episódio que ponha cm jogo direitos humanos mais fundamentais. Negá-lo, V. S. bem o vê, impor· tari{l em dizer que esses heróicos viet· namitas não têm direitos. Ou que não são homens. Sendo o Augusto Trono de São Pedro o mais alto e possante foco de justiça e de caridade entre os homens, pa ra ele se voltam neste momento os olhos aOitos e cheios de esperança das pessoas a quem , no orbe inteiro, essa tragédia confrange. Anima•as o ardente e respeitoso anelo de que V. S. apele para lodos os poderes da ter. ra ainda capazes de se condoer com essa situação, e lhes peça que tudo façam em favor daqueles desditosos filhos de V. S. A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propricda· de, a maior entidade civil anticomu· nista do Brasil, dirige aqui respeito· sarnente a V. S. seu apelo nesse sentido, certa de estar interpretando os

gerais anseios de 1odos aqueles para quem as palavras "direitos humanos" têm um elevado conteúdo cristão. Parece-nos que uma públ ica in· tervcnção de V. S. estimularia os go· vernos não-comunistas a dar garantias aos países do Extremo Oriente de que nenhuma. represália terão que temer no caso de conc.ederem asilo a estas vhimas da crueldade éomunista, V. S., que _tantas vezes se tem pronunciado sobre os direitos humanos, sentirá, sem dúvida, no seu CO·

ração. que a continuação do estado de desamparo em que até aqui se en· contram essas glorios~s e infelizes famílias ameaça tornar questionável, aos olhos da opinião pública, a própria autenticidade e eficácia da campanha mundial pelos direitos humanos. Tais considerações animam nos membros e cooperadores desta So· ciedade a convicção de que este apelo não subirá em vão a V, S. E, nessa disposição de alma, desde jâ pedem que a Providência Divina favoreça e coroe de êxito as medidas q ue V. S. haja por bem tomar nessa matéria. Pedindo para a Sociedade Brasi· leira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade e para mim a bênção de Vossa Sant idade, subscrevo-me com veneração.

AO PRESIDENTE GEISEL Com os meus re~pei1osos cumpri'Tlentos, peço vênia para enviar a Vossa Excelência, em anexo, uma cópia xerográfica das declarações feitas em Tóquio ao correspondente do jornal londrino "The Times ... pe· lo ex-deputado e líder da oposição do Vietnã do Sul, Sr. Tran Van Son, acerca da trágica situação em que se encontram dezenas de milhares de famílias de seu pais. No nobre empenho de não se su· jeitarem ao aviltante jugo comunista, •ceilaram elas o risco de fugir em

frágeis embarcações, singrando os mares à procura de navios que as a· colhessem, ou portos que se lhes a· brisscm. Entretanto, na imensa maioria dos casos, os portos se têm man· lido inexoravelmente fechados a elas, e os navios de qu_ase todas as nações se têm esquivado de as receber. Estima o Sr. Tran Van Son que oito mil vietnamitas foram , até agora, socor· ridos e asilados em diversos países, mas que cerca de cento e dez mil deles pereceram. Estarrecida ante as dolorosas de-

·c1arações do Sr. Tran Van Son, a So· ciedadc Brasileira de Defesa da Tra· dição, Família e Propriedade enviará ao Sr. Jimmv Carter. Presidente dos Estados .UnÍdos da América, e a Sua Santidade Pitulo VI os telex cu· jas cópias também junto a este. Antes de expedir esses telex, permito-me escrever a Vossa Excelência, em nome da entidade de cujo Conse· lho Nacional tenho a honra de ser Presidente, a fim de atrair para o tema em foco a valiosa atenção de Vossa Excelência. Todos sabemos o quanto é terna e compassiva a alma dos brasi.leiros. Estes apla udirão por certo - e com que entusiasmo - todas as medidas que Vossa Excelência haja por bem tomar, no plano diplomático, como no do urgente envio de mantimentos e socorros, cm favor daquelas des· venturadas famílias. Ademais, Senhor Presidente. pro-ponho que Vossa Excelência declare aos Governos relacionados com o assunto estar o território nacional aberto para acolher essas infelizes vitimas. Deus nos deu uma extensão geográfica de amplitude continentaJ, não só para o bem de nossos corpos, isto é, para dele tirarmos o nosso sustento. mas ainda para o bem de nossas almas, ou seja·, para que generosamente façamos participar de nossas riquezas os nossos irmãos. E, dcn· tre estes, os que, segundo a expres· são do Evimgclho, ··sofrem persegui· ção por amor à justiça". Compreendo bem que o aOuxo de numerosos refugiados vietnamitas a nosso Pais possa acarretar pro· blemas e gastos. Porém, estou certo de que a população de bom grado se disporá a ajudar os cofres públicos em tal emergência. São esses os pedidos que, em favor dos vietnamitas vítimas do comunismo, faço a Vossa Excelência. Em um momento, Senhor Presidente, em que, com propósito e, não raras vezes, fora de propósito tanto se fala de direitos humanos, parece-me que a alta intervenção de nosso Governo a bem desses fugitivos bru1almen1e feridos precisamente cm 10· dos os seus direitos humanos bem mostraria de que maneira o Brasil entende esses direitos. E contribuiria para fazer sentir aos mais a_ltos poderes espirituais e políticos da terra, que, a serem abandonadas pelas nações livres essas infelizes e gloriosas vítimas do comunismo, a própria autenticidade da campanha universal por tais direitos se tornará discutí· vel aos olhos da opinião internacional. O Brasil dispõe hoje de um conceito mundial que garante peso e repercussão gerais a seu pronunciamento sobre o que ocorre em qualquer parte do orbe. Quer-me parecer. Senhor Prçsidente, que uma intervenção dirc1a de Vossa Excelência no assunto será registrada pela História como um belo e glorioso lance de sua atuacão à testa do País. Agradecendo desde já. a atenção que Vossa Excelência der a este ofl· cio, apresento a Vossa Excelência as expressões de meu subido apreço e elevada consideração.

Ofício análog,o foi também en· viado pelo Prof Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, ao Sr. Antonio Azeredo da Silveira, Ministro do Exterior. 3


e M OUTUBRO de 1920,falandoem Moscouaosparticipantesdo Ili Congresso das Juventudes Comunistas, Lenine traçava as metas para a conquista das mentes juvenis de todo o mundo. Fazia-o nos seguintes termos: "Só traniformando radicalmente o ensino, a organização e a educação da juventude, conseguiremos[ ... ] a criação de uma sociedade que não se p'areça com a antiga, ou seja, uma sociedade comunista" (Acerca de la Juventud, V. 1. Lenine, Editorial de La Agencia -de Prensa Nóvost i, Moscou, 1969, p. 13). Essas instruções do pai da revolução bolchevista, seguiram-nas à risca os cond utores do gradativo processo de comunistização por que vem passando Portugal, a partir de 25dcabril de 1974. Era indispensável marxistizar o ensino luso para assegurar o triunfo total do comunismo. Paralelamente à revolução social, seria preciso proceder a uma radical e profunda transformação do ensino. O objetivo revolucionário era bem claro.

E

tro do governo provisório. constituído logo após a queda de Marcelo Caetano. Tampouco escaparam os Profs. Freitas do Amaral e Isabel Colaço, ambos membros do Conselho de Estado revolucionário. Os três nomes referidos, juntamente com os de ou- · tros 23 docentes da Faculdade de Direito de Lisboa, foram, de uma só vez, indigitados para saneame,110 por uma assembléia de estudantes da mesma Faculdade. A informação é do conhecido semanário A Orde,n. do Porto ( I8-1-75).

ção. Na Faculdade de Economia de Lisboa. professores há que ensinam sem terem concluído nenhum curso superior. Muitos deles são exilados políticos brasileiros. Outros afirmam-se Cloutorados em universidades cubanas, russas ou chilenas. Mas não exibem diploma algum. Na espirituosa expressão de Adelino Alves, articulista de O Dia, de Lisboa (243-77), são todos doutores em ciências ocultas ... Oscar Lopes, da Comissão Cenrral do Partido Comunista Portu-

·Para a instalação do novo ensino era preciso destruir Mas, ser claro nem sempre significa ser fácil. Em Portugal, todo o sistema de instrução estruturava-se segundo esquemas tradicionais profundamente arraigados. Constitula uma. imutável fortaleza Cle vetusta ciência, para usar a expressão de Eça de Queiroz. Só derrubando-o por inteiro, poder-se-ia pensar em instalar um novo. Pretendemos expor neste ariigo como se efetivou o desmantelamento da antiga ordem escolar portuguesa, através de sucessivas ondas de demagogia, agitação e violência que, desde a Revolução dos cravos. varreram os estabelecimentos a e ensino de norte a sul do pais. O efeito dessa subversão foi duplo. De um lado, ensejaram o afastamento da maioria dos antigos professores, dificilmente reaproveitáveis para os novos tempos. De outro, sob o pretexto de "politizar" os meios escolares, neles introduziram um caos completo. criando assim o ambiente ideal para a implantação do novo ensino. Do novo ensino que muitos não hesitam em considerar fra ncamente

marxista. e que. como esperamos mostrar em outra oportunidade. <:m

nada deixa de atender às recomendações do velho Lenine. Embora o afastamento dos antigos mestres e a anarqui1,açao dos ambientes esco lares se tenham produzido simultaneamente, e até certo ponto se interpenetrado, por facilidade de exposição é preferível examinar separadamente esses dois aspectos da questão.

Saneamentos, ameaça constante Nos meses que se seguiram ao 25 de abril, assis11u-se, no campo do ensino como nos demais setores da vida portuguesa, a uma verdadeira caça às bruxas. Dela resultaram os chamados saneamentos. De início, todos os Reitores e Vice-reitores das Universidades, bem como os diretores dos cursos superiores de todo o país, foram, por decreto da Junta de Salvação Nacional, sumariamente demitidos. A seguir, foram sendo saneados outros professores, antigos funcionários do Ministério da Educação e da Inves11gação Cient ifica (MEIC), e até empregados das escolas. Em tese sódevcriamserafastados aqueles que, por comprovadas ligações com o regime a nterior, pudessem comprometer a sobrevivência das novas instituições. Na prática, porém, poucos escaparam à ameaça dos sanean1entos. Dela nem mesmo escapou o Prof. Palma Carlos, 1. 0 Minis4

Orgulho e glbria do

A febre saneadora não se limitou ao ensino superior, mas atingiu de alto a baixo as escolas secundárias ení Portugal, chamadas Liceus - e nem os cursos primários deixou imunes. t difleil saber exatamente o número dos saneados. oois não se publicaram dados precisos a respeito. :Vias pode-se afirmar, sem risco de exagero, que a grossa maioria dos professores foi, se não regularmente saneada por decretos governamentais. pelo menos impedida de lecionar. temporária ou definitivamente. por assembléias de minorias esquerdistas, as quais se arrogavam o direito de impedir as funções de mestres considerados indesejáveis.

Professores arrastados escadas abaixo

ensino português, , trediciona1 Univoni·

dedo de Coimbr, nio escepou à do· º.'!IStaçiO,.,

Como proceder com tais a lunos? den1ocráticos, quase sempre minoriRetê-los por mais um ano, seria tárias, nas quais apresentavam, a injusto. Facultar-lhes a passagem pa- princípio;propostas sedutoras para o ra o grau seguinte sem a base ind ispen- comum dos alunos: saneamento de sável, tampouco lhes traria proveito. um ou outro professor mais exigente, Salvo se - lembraria o Conselheiro abolição total dos exames e das notas, Acácio - no ano seguinte aprendes- etc. Evidentemente, tais propostas. sem eles o que neste ano não aprende- eram aprovadas pela esmagadora maioram. O que poderia parecer uma ria ... da minoria presente. solução para o impasse tornaria inevitável, porém, se não a breve, pelo Assembléias minoritárias menos a meC110 ou longo prazo, a e deliberações demag6gicas decadência da qualidade do ensino em Po_rtugal. A seguir, as sugestões iam tomanQue o oadrão desse ensino decaiu do caráter acentuaãamcnte esquerassustadoramente após o 25 de abril, é dista. Sugeria-se então que as escolas truísmo que ninguém de boa fé se· fossem geridas por uma comissão atreve a negar. mista de professores, alunos e funcioOutro fator que agrava a ralta de nários; que os saneam entos fossem mestres é a superlotação das escolas, mais radi~ais e abrangessem maior devida, cm parte ao grande número número de professores; que se enviasde crianças e iovens provenientes sem moções de apoio ao Partido dos antigos territórios ultramarinos Comunista, etc. Estas propostas já de Portugal. Ainda hoje chegam con- não desperta':'am tanto entusiasmo tinuamente. a Lisboa leva~ de ango- como as pnme1ras. lanos, moçambicanos e 11morenscs. As assembléias, à medida que se No aeroporto da capital, hâ cen- patenteavam esquerdistas, menos tenas deles, sem alojamento nem ali- gente conseguiam reunir. O que não . mentação, mendigando à caridade impedia que se prolongassem por pública o necessário para o próprio horas e horas a fio, entrando mesmo sustento. madrugada a dentro. Discursos e debates prosseguiam interminavelDas "reafidades politicas" mente até que os organizadores estivessem seguros de contar com a ao caos generalizado maioria absoluta. Procedia-se então à Ao despertar eufórico de quem, votação «livre» - em via de regra, por após quarenta e tantos anos de fran- aclamação ou por levantamento de quias políticas coarctadas pela dita- braços - e pronto! Estava aprovada dr,ra, enfim recuperavaa/iberdadede a lista de reivindicações aserapresen,ada ao Diretor. Alguns professores, esquerdistas ou temerosos de novos sanean1entos, endossavam as reivindicações dos alunos, dando assim ares declamoruniversal dospovos ao que não passava de exigências descabidas de uma minoria.

D papel das greves

... promovida por ,.

gitedores que Sé as, senhorearam das assombl6ias estudantis ap6s a revolução marxina de 25 de abril de 1974,

~uês, assumiu a direção da Faculdaae de Letras do Porto. embora não seja senão um licenciado (A Ordem. 25-11-76). Um comunista rcgressadodo Brasi l após o 25 de abril. ascendeu à Reitoria da Universidade do Porto. e. cm outras Escolas Superiores. postos análogos foram ocupados por"camaradas" do mesmo Partido (A Ordem. 25-11 -76).

f!xpressiio, não ía hou uma certa nota

Quando osdiretoresdas Faculdades ou Liceus não atendiam as exigên· cias e não se dobravam às pressões, a saída norma l para os agitadores era a greve imediata. Se, pelo contrário, os diretores cediam, longe de contentarem a fera da agitação. só lhe aguçavam o apetite. Novas reivindicações, ainda mais ousadas, novas pressões, ameaças de toda ordem. Por fim, a greve era inevitável. Em maio de 1974, a greve iniciada no Liceu l'Nlro Nunes. de Lisboa. visando à abolição dos 1raumarizan1es exames, em poucos dias estendeuse por 50 outros liceus. Os grevistas chegaram a ser recebidos em audiência pelo Ministro Eduardo Correia. da Educação. Em fevereiro do ano seguinte, outra greve conseguiu paralisar mais da metade das escolas do país (O Século, Lisboa, 1-3-75). No Porto, a Faculdade de Economia esteve fechada durante todo um mês a princípios do corrente ano. O encerramento das atividades escolares deveu -se à crise provocada por marxistas (A Ordem, 20-1-77). Recentemente, em junho último, minorias de extrema esquerda impuseram à Universidade de Coimbra uma greve geral que durou três semanas. Só terminou porque. através de voto secreto, 6680 alunos, dos 7797 que votaram, pronunciaram-se pelo reiníciodasaulas(A Orde,n, 16-6-77).

de artificialidade. D ir-se-ia que algo à m:1ncira do misterioso gás do Doutor Ox desprendeu-se das páginas de Júlio Muitos dos saneados apelaram à Vcrnc pa ra impregnar todooambicnComissão de Antíli.<e de Rl'curso.t de tc pon ugués. Saneam enros e Rec/(1.,·sifi<·a,ão. deComo os pacatos habitantes da monstrando serem falsas as acusações imaginária eidade1.inha ílamcnga. contra eles assacadas. Os que obtivetambém muitos professores e alunos ram ganho de causa. porém, não raro viram-se de repente como q uc despertinham sua efetiva reintegração nos tos de uma longa e profunda letargia. postos obstada por piquetes de esquerFenômeno semelhante se verificou distas. Na direção de escolas, em muitos outros setores da vida Exemplo bem recente disso foi o professores de ginástica e nacional. ocorrido, em janeiro último, com os Aderiram então. e sofregamente, Profs. Vitor Crespo e Antonio Rocha de trabalhos manuais à contagiante moda de fazer política Gonçalves, da Faculdade de Ciências No ensino secundário, talvez te- a propósito de tudo. Quem não fi· e Tecnologia de Coimbra, o primeiro dos quais saneado em dezembro de nha sido ainda mais aguda a crise zesse política - ou seja, não comparecesse às assembléias demagógicas, 1974. Comparecendo ambos a uma motivada pela falta de docentes. Segundo informa Rogério Fraga, não participasse dos intermináveis reunião do Conselho Cientifico da Facu Idade, do qual eram membros de cm O Sol, de 27-4-76, há professores debates, e neles não formulasse as pleno direito, cercaram-nos uns vinte de ginástica e de trabalhos manuais, e0 mais descabidas reivind icações arriscava-se a ser mal visto. Era feio esquerdistas, queexigiamsua imedia - estudantes· que nem atingiram o 3. ta saída. Como não acedessem os ano da Universidade, na direção de ficar calado: podia mesmo ser sintoma de fascismo. mestres, foram agarrados e arrasta- estabelecimentos de ensino. Agremiações estudantis de cunho Generalizou-se o costume de se dos escadas abaixo por quatro andares, até a rua. ( Diário de Coimbra, 28- designarem os alunos mais adianta- político-ideológico invariavelmente Imprensa esquerdista 1-77). O fato bem demonstra quanto dos para, Junto~ colegas dois ou três esquerdista, surgiam às centenas. Si- favorece agitação estudantil • está longe de ser tranqUilooambiente anos mais jovens, su bstituir os anti· glas nunca antes pronunciadas, por toda parte pululavam. Tudo se deba· gos mestres. atual das escolas portuguesas. Os meios de comunicação social, Aoesar da utilização desses inqua- tia, tuoo se questionava. Alunos opi- também eles saneados de seus antigos lificáveis recursos, a escassez de pro- navam sobre matérias que nunca quadros dirigentes, e quasetotalmenc Surgem os "doutores" de fessores continuou alarmante,eainda tinham ·estudado: professores contes- te dominados pelos esquerdistas, cosHavana e Moscou hoje afeta fortemente o país. Faltan- tavam determinações do MEIC: uns e tumavam atribuir aos movimentos A consequência inelutável do a- do apenas três meses para o término outros parlamentavam entre si. Até grevistas e à agitação estudantil em fastamento ae tantos docen tes saita do ano letivo 75/ 76, e m certas escolas os mais humildes dentre os funcioná- geral, um porte que na realidade estes aos olhos: muitos dos substitutos ainda faltavam professores secundá- rios das escolas deviam participar das não tinham. t manifesto o proveito não reuniam as condições mínimas rios de português, francês e geografia. decisões, em pé de igualdade com que para estes advinha de tal propaA informação é do semanário O alunos e mestres. indispensáveis para o magistério. .ganda gratuita. O processo era mais ou menos o Cátedras un iversitárias foram, Te111po, de Lisboa (1-4-76). Nesse Dentre as reivindicações que focom freqüência, ocupadas por sim- mesmo ano, houve alunos que perma- mesmo, nas Faculdades como nas ples licenciados, ou seja, pessoas neceram durante todo o ano sem escolas médias. Elementos esquerdisARMANOO ALEXAIIDRE DOS SANTOS tas convocavam assembléias gerais sem qoalquer titulo de pos-graaua- aulas de algumas matérias.

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Uma nova religião dentro da Igreja Católica? e

HEGOU-NOS às mãos um boletim sobre o processo de marxistização dos católicos chilenos, apresentado aos lideres do Grupo para o diálogo Religioso· Marxista, de Detroit, Estados Unidos (1). A partir de uma perspectiva indisfarçavelmente marxista, o referido boletim torna patente que o fru to da colaboração católico-comunista . 110 Chile foi além do êxito político não pequeno alcançado, o de estabelecer - num país maciçamente cató· lico - um governo marxista. Tal fruto consistiu fundamentalmente em levar os fiéis, paulatinamente e cm graus diversos. a entrar uns e avan· çar outros, num processo de abandono da Fé em favor do marxismo. Assim. mesmo com a derrota do regime de Allende, tal processo continua se desenvolvendo nos meios católicos.

A autora

Margareth Schuler foi quem red igi u o estudo aludido no inicio do presente artigo. Viveu ela no Chile entre 1967 e 1973, participando a tivamente na organização do crabalhoem comunidades, povoados e acampamentos operários. Estudou também sociologia na Universidade do Chile. Seus trabalhos e monografias termina ram abruptamente com a quedado regime marxisrn de Allendc. Mudou-se então para os Estados Unidos e trabalhou como integrante da equipe para o Diálogo Religioso-Marxi.<ta. cm Detroit. Nessa qualidade. a autora apresenta o estudo que comenta· mos. Com base na experiência chilena. Margarcth Schulcr sustenta. cm resumo. o seguinte: a colaboração com os comunistas na luta pela reforma Fcnôrncno tão dramático - e social leva os céitólicos a va lorizar não só chileno - foi denunciado cm cada vc1. mais a Revolução. fazendo documentados estudos das várias dela um valor supremo. Alcançado TFPs latino-americanas (2). sendo isso. o "cris1ào" (sic) ver-se-á premireconhecido por uma partidária at i~ do a aceitar a análise e o método va e consciente do citado processo. marxista. pois segundo a escritora Julgamos út il salientar a respeito do esquerdista. esses constituem um CS· estudo que passa remos a a nalisar al- timulo e uma exigência para a Rcvo· gumas afirmações que esclarecem o lução. Paralclamen1c. será levado caráter de "baldeação ideológica inad- também a modificar seu Cristianisvcrtioa·· do diálogo católico-marxis- mo. uma vez que este, como se enta. Sobcç_o mesmo tema discorreu tendeu tradicionalmente. representa concludcntcmentc o Prof. Plínio um obstáculo ou. ao menos. um [reio Corrêa de Oliveira cm seu magistrnl para a Revolução. ensaio 811ldeor1Io l1kológic11 /Jwd(; claro que tal processo teria que ver1ido e Diâlo.~11 (31. encontrar um precedente na Hierarquia católica, pois de acordo com a Encíclica Divini Redemptoris de Pio XI - como bem recorda a autora um católico não pode colaborar com o comunismo em nenhum campo, e menos ainda, tomar como valor supremo a Revolução. O aludido precedente, no Chile - de acordo com M. Schuler - consistiu nas "[novas) reformas da Igreja que permitiram albergar elementos comunistas dentro d Ela" (p. 3). Partindo de uma posição inteiramente oposta, a autora coincide, entretanto, com o que é sustentado na obra LA lglesio dei Silencio en Chile - La TFPproc/amalo verdad entera, de autoria da TFPchilena. Afirma a esquerdista norte-americana ainda com inteira naturalidade, que a Igreja no Chile modificou-se permitindo a admissão de elementos comunistas em seu seio (p. 9). Cita como fatos sintom;iticosde tais reformas.a agraria do Cardeal Silva Henriquez, que precedeu à empreendida pelo goverFruto do "di61ogo cris1.ão-marxista'": a vene· no marxista de Allcnde; a colaborar6vel figura de São Pio X $Obro o atuar tradi, ção de Sacerdotes-operários na revocion1I. no Chito, servo para acobertar armas e bombas do 1error vermelho. lução, nos meios operários e campo-

ram atend idas, destacamos, apenas a Utulo d e exemplo, algumas. As escolas passaram a ser dirigidas por Comissões de gestão, constitufdas de igual número de professores, alunos e funcionários. Generalizouse a passagem administrativa, conhecida na gíria estudantil por passagem à Spínola. Consistia esta na promoção do aluno ao ano seguinte sem exames, mediante simples requerimento ãii"MEICou à Comissão de gestão, declarando que não pudera estudar determinada matéria "por ser fascista o professor", ou porque " a participação na vida polltica do país lhe tomara o tempo". Inúmeros alunos vadios encontraram assim o meio ideal de passar de ano sem esforço.

Do serviço cfvlco voluntãrlo ao obrigatório outra re1vin<1icação demagógica atendida foi a abolição dos vestibulares no ano de 1974, por serem considerados vestígios do elitismo fascista.

Todos os 28 mil jovens que naquele ano encerraram o curso médio, foram promovidos, pois, d ireta-

mente ao -superior por passagem administrativa. O resultado foi que não houve instalações suficientes. - O que fizeram as autoridades do Ensino? - Foram coerentes com seu ódio aos privilégios: se não havia lugar para todos, fica riam todos sem estudar... E não houve primeiro ano nas Faculdades. Criaram o Serviço Cfvico Voluntário - constante de tarefas como alfabeti1.ação, limpeza de escolas, esclarecimento de populações rurais, etc. - a que se dedicariam os jovens, à espera da vaga no ano seguinte. Só não explicaram bem o que fariam com os estudantes que, por sua vez, terminassem o se·

cundário no ano seguinte. Aconteceria a única coisa que se podia esperar: criou-se novo serviço clvico, desta vez não mais voluntário, mas obrigatório: o Ano de Orientação pré-universitário. Graças à demagogia esquerdista, os estudantes haviam perd ido um ano de seus estudos...

A violência não podia deixar de estar presente Como não podia deixar de ser, ao processo de agitações e greves, não faltou a violência. Depredações,

ncses; a tomada simbólic~ (la Cated ral de Santiago, so b a direção de Sacerdotes e F reiras; a ruptura da hegemonia dos partidos socialista e comunista na esquerda c hilena com o aparecimento dos partidoscristãosde esquerda marxis1a; e a fundação do movimento ..C,is//iOs pelo Socialisn10··. grupo encabeçado por 80Sacer-dotcs que proclamam seu ataque a propriedade privada e sua adesão ao socialismo (pp. 4-6).

O presidonto marxista do Chi• lo, Salvador AIlendo, dirige os fe,tejos de 19 de maio de 1972. A seu lodo... Não. Não se trata de nenhum ag,enté soviético. E o Cardeal Silve

Honríquez, Arco· bispo tiago.

do San-

A praxi·s "católico-marxista" A mudança na Igreja foi operada

fundamentalmente para assegu rar o ê xito dessa manobra marxista. O diálogo estabelecido pelos marx istas só se rcalizaní com os cristãos "que s,io ativOs 110 luu1pelt1r<fonnasociat'

e ncontre num grau de compromisso tão avançado com a Revolução. que provavelmente optará por ela. A (p. 1). Será atra.vC:s da praxis co,num. apostasia então já é um foto . mas agora possível pelas reformas d~- devid o à gra nde força de atração do lgrcj;t, que tais cristãos se torm;Jrão Cristianismo. procurar-se-á disfarçar marxistas. Tra nscrevemos :lS clarís- com um "rt>pensamento tio Catolicis· simas conclusões a que chega n en- ,no e a i111rod11<·<iodealgun111smodifi~ saísta sobre o assunlo: .. P11ret<'·1ne <·açcies fundmnentais e,n relaç-tio à que o fator que levou os cristãos ex- teologia··. Isso significa que o Cristiaplidu11ne111,, tw ,narxi!uno .f(Ji um nismo será reformado a partir da 1·0111promiss"o com a libertação. [...] Revolução. O resultado. e também a cau.ta. de Scgu ndo M. Schu ler. os cristãos sua passagern parti o nrarxisrno esta· "co1neçaJJ1 utilizmulo o nuuxismo wl ligado ao seu co111pro111isso revoconro u,na ferra1neiut1, a<:eitam a luta luâontírio. de dasses e a Revol11rão . 1·omprome"Fazer" Revulu('àOera o pritnor~ te111-se <Om ela e, dessa forma, dão um dia/ e o marxismo ofi.•recia o método giro teârico en1 s11t1 lógica - de ptira fazê-lo. O traba/110,c/UJve não empírica à dialética. Nesse ponto. eles era o diálogo sobre o /rumo11ismo. entra,n e,n urna contradição: nwrxis~ ron10 na experiência francesa. ,nas ,no versus Fé tradicional [... ). O começava pelo modo defazer o Revo- resultado é 11111 repensar //o Cristianislução: e isto sig11ifico11 e11co11tror o mo e a introdução de algumas modifimétodo da tomado definitivo dopo· cações f1111dame11tois no tocante à der pelo proletariado, que aderira ao teologia. Esseprocessonãoestá termimarxismo. Neste relacionamento os nado e traz significativas possibilidacatólicos chocaram -se con, o elemen- des de progresso no futuro" (p. 24). to religioso e descobriram u1110 nova Progresso marxista, éclaro, acrescenco,egoria de Fé. Eles não encontra- tamos nós. ram dificuldade em afirmar oseguin· A autora termina afirmando que te: deven1os abrir publica111ente o - desde que se tome como denominacaminho dos católicospara osocialis- dor comum o marxismo - os setores 1no, com un1a orientação nJarxista. religiosos da América Latina e dos Devemos demonstrar que o cristão Estados IJnidos podem começar a realiza-se, aplicando a praxis históri- entender-se quanto a co~ceitos tais ca da luta de classes e o racionalismo como teologia, religião, luta de çlascient(fico do socialismo" ("Cristãos ses ... E que "a experiência chilena pelo socialismo", fcv/ 72) (4). constitui uma conclamação àcamada religiosa da população para começar Conseqüência fatal: a assumir uma posição d ialético em a perda da Fé seu modo de compreender a religião - repensar o Catolicismo e estabeleEssa colaboração com os comu- cer suas relações com a poUtica" (p. nistas, claramente atestada pelos tex- 27). tos transcritos, gera uma aceitação dos métodos e fins marxistas. E isso leva necessariamente a um conflito Uma nova rellglão coma Fé.Semembar$o,esseconfron- entre os católicos to, apesar da cumplicidade da esquerda católica, só se apresenta com toda O ensaio de M. Schulerapresenta sua agude1.a quando o católico já se indícios claros de que o comunismo

está interessado cm instrumentalizar a Religião Católica a seu favor. Aesse respeito é interessante destacar com que simpatia é encarada a teologia da libertttção. A esquerdista norte-americana explica como introdu1.ir nessa nova htcologia" a análise marxista~e como a referida teologia baseia-se na Revolução e não tem ma is a Revelação como seu fundamento. O q ue íoi enunciadoacima parece uma resposta afirmativa à dran-uítica pergunta que. diante do apoio eclesiástico à subversão tupamara. a TFP uruguaia levantou: estará nascendo den tro da Igreja Católica uma nova religião que tem como finalidade fazer triunfar o comunismo·? (5).

ã n1mos. Teve us pneu s de seu automóvel esvaziados, e foi mantido prisioneiro durante doze horas . Sofreu; durante esse tempo, insultos e ameaças, como ele mesmo relatou em carta ao Jornal da Madeira, de 1-1 J. 74. No mesmo mês, o Seminário de Almada, próximo de Lisboa, foi também tomado de assalto, por centenas de desordeiros (Didrio de Notfcias,14-11-14). ·o china ae agitações, greves e violências atingiu tais excessos, que aventou-se mesmo a ' hipótese de serem encerradas temporariamente todas as escolas superiores do pais (A Ordem, 18- 1-75). Em maio de 1975, o ME!Cameaçou de fechamento o já citado Liceu Pedro Nunes, onde as decisões governamentais não eram respeitadas. Em nota oficial, o Ministério alude ao Liceu como elitista, repleto de <<filhos da alta e média burguesia, dessa burguesia que oprimii, o povo · português e que sempre se beneficiou do regime fascista» (Didrio de Notícias, 7-5-75). Pelo linguajar, bem se vê para que lado pendiam as simpatias ideológicas do Ministério. Duas semanas mais tar(le, o MEIC teve oportunidade de

efetivamente encerrarumliceu,desta vez o da Rainha Dona Amélia, também em Lisboa, no qual as alunas se mostravam partic ul a rmente contestatárias e haviam desacatado ordens formais do Ministério. O decreto de encerramento era bem incisivo: em Portugal, far-se-ia a tra_n sformação revolucionária do sistema educativo, custasse o que custasse. Em Cuba e na China lembrava o texto oficial - por dois anos t o das as escolas ficaram fechadas... Pois em Portugal, o MEJC estava disposto a fechar t ambém quantas escolas fo sse necessário! Mas - ressalvava a nota apesar de tudo o ME!C«continuavaa acreditar possível a transformação do ensino mantendo -se este em funcionamento» (Didrio de Notfcias, 21-5-75).

invasões d e esco las , ameaças , agressões a alunos e professores, eram freqUentissimas. Por absoluta falta de espaço, somos obrigados a registrar apenas all(uns exemplos. No Liceu Pedro Nunes, de Lisboa, o saneamento não se limitou ao corpo docente. Um aluno fascista foi impedido de entrar na escola, por decisão de alguns colegas reunidos em assembléia democrático. Inconformado com o fato, o aluno saneado tentou voltar, acompanhado de seu pai e de outros amil(os. Não fosse a intervenção da policia, o resultado teria sido uma verdadeira batalha campal, pois contendores haviaquejá portavam barras de ferro e outras armas brancas (Di6rio de Notícias, Lisboa, 5-12-74).

Seminãrlos Invadidos e Bispo aprisionado Na capital da ilha da Madeira, uma multidão d e estudantes, visivelmente dirigida por mentores mais velhos, invadiu o seminário diocesano. Exigiam os manifestantes que este fosse «dado ao pÔvo», para servir de «escola popular». Nem o Bispo, D. Francisco Santana, conseguiu apaz.iguar os

ALEJANDRO BRAVO LIRA

NOTAS ( 1)

··T/u, radic11tl:01io,, o/ Chrútinns in Chile: 1hr /JTIXt'SS ond impliratiuns ... M.irgatcl

A. Schulcr. Detroil. ÍC\'trciro de 1974. Lo TFP prt>rlamu la verdo,i tnlc>ra", San• tiago, janeiro de 197(>. ..A Igreja ,mu o tsc·alodo da ameaça ('()+ ,mm;s,o - Apelo aos BIJpos silMciosos",

(2) "/.A Jglt.fia dtl Siltndo tn Chile -

Plinio Çorr~a de Oliveir;i, São Paulo. ju• . nho de 1916. "l:quierdismo cn la /gles,io: "romponero dt rwa" dtl comunismo en lo largo avtn· wra de tos frocosos >' de los mt1omorfo -

sis", Comissão de estudo da Sociedade

Uruguaia de Deícsa d3 Tradição, FamUia e Propriedade. Moncevidtu. dezembro de 1916. (3) 'ºBafdtaçiI<> Ideológica lnod,,erado e Did· logo". Plinio Corr~a de Oliveira, Silo Pau·

lo, 1964. (4) "The rodicolizo1fon o/ Cl1rls1ions ln Chilí!: the proces.s and lmpHco1lo11s". Margarc.t A, Schulcr, Detroit, fevereiro de 1974, p. 23. (S) ··J:quierdismo tn lo lglesio: "tompontto ,le ruia.. dtl com1mismo en lo larga avt n· turo de los froco.sos y dP /Q.t mtumror/tr pp. 343-349,

si,··.

• • • O MEICtinharazão. Era possível realizar a tal transformação, ê, para infelicidade dos portugueses, ela de fato se efetivou. Hoje, é francamente marxista oensinonasTerras dcSanta Maria. É ó que veremos em outro artigo.

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O <<BAILE DE MÁSCARAS>> DO MUNDO CONTEMPORÂNEO P

ODERIA parecer um acomteeimento banal. Mas não foi. A chuva caía miúda naquela sexta-feira. A agitação dos que iam e vinham, o barulho das freiadas bruscas e inopinadas, os apitos nervosos dos guardas que apressavam o tráfego, efam prenúncios de que aquele dia, de fato, seria bem trepidante. Como tantos ouiros, aliãs. Paro num sinal, semitomado por essas imagens, já que a outra metade de meu espírito tateava, meio su bconscicntemente, uma evasão estratégica. - "Pelo amor de Deus, o Sr. pode ,ne levar até o outro lado do viadu10?!" Um rosto assústado , tentando com os olhos arrancar logo minha aquiescência, é emoldurado subitamente pela janela de meu carro. Era um senhor de 40 anos, creio, na luta para chegar ao escritório às nove horas em ponto. Faltavam dez minutos! Convido-o a entrar. No pouquíssimo tempo de nosso curto traJeto, contou-me - um tanto confusamente - seu pequeno drama. O chefe do escrilório, inílexível. o esperava. Uns minutos atrasados e lá vinha o pito costumeiro, a repercussão inevitável no salário no fim do mês e a fria ameaça de despedida. Aqui, nossa história poderia se bifurcar. Uma hipótese seria acusar-

nasceu, seu pai tratou de moldá-lo para assumir a direção de sua próspera companhia eletrônica. Formado às pressas, casado às pressas, Harold tinha tudo para ser um jovem bem sucedido. Mas Harold sentia-se numa camisa de força, que o impedia de ser ele mesmo. A vida sem graça das idas e vindas para o trabalho e os fins de semana artificiais planejados por sua mulher o entediavam. Seu pai, por outro lado, manifestava-lhe seu d esagrado pelo baixo nível da produção que vinha demonstrando. Um dia, Harold sumiu. O pai contrata logo um investigador particular. A detetive Sylvia Meek, da Action Security, declara: "E11quan10 seguia seu rastro, co111ecei a achar que seria realme11te péssimo se o encontrasse. Ele precisou de ,nuiià coragem para abandonar tudo. Estava numa arapuca. vivendo a vida de outra pessoa [lembro-me de meu amigo do viaduto] na folha de pagamento de seu pai. e "'""ª posição que poderia ser destruída por ele a qualquer momento, se saísse da linha".

Slndrome de Van Gogh Impressionou-me o caso. Mas a seqüência da leitura estarreceu-me ainda mais . Haro ld não é um fenômeno isolado.

parecem diariamente. cifra qu,· c hega a quase oito mil por anú. Segundo o comissário Luc it11h) Nascimento. 60% dos casos - entre Jovens - 1êm como causa o mau relacionamento cntt'ê pais e filhos.

Quanto aos chefes de fomili" . vários fogem diaria mcnle. deixando esposa. filhos , emprego. n,io raro mudando de cidade e c-0meçando a vida ''outra vez... Empurro definitivamente a papelada de lado . Mil impressões tomadas a esmo no dia a dia parecem ordenar-se e um esboço de explicação começa a sair...

O "paraisa tecnicamente delicioso" Fomos ed ucados, sem dúvida, na ilusão de fazer desta terra um "paraíso tecnicamente delicioso''. Esse mito socialmente trabalhado, produz falsas prototipias, como a Suécia "paradisíaca e sem pecado original", por exemplo. E todo o Ocidente, mais ou menos conscientemente, ia considerando o "american way oflife" ou o ··paraíso escandinavo" como o grande ideal a ser alcançado. Entretan10. como !antas vozes hoje têm alertado, o desenvolvimento meramente material - que rccusi, ser complemento de qualq uer desen-

Ang(lstia e preocupação: sontimontos roflotidos cm fisionomias de transeuntes da grande metrõpole moderna, ro1rat'1das acima.. Esse ambi· ento aitiiicial o dMporsonalizante criodo pelas Babéis de nos1os diu, constitui um dos fatores -primordiais dos numerosos casos de "sfndro• mos do Van Gogh". isto é, das fugas surJ)roondente,, o ~il~nciosas. que variem do 25 mil a um milhão por ano. nos Estados Unidos.

mos ácida e duramente o chefe de, O presidente de uma firma de escritório, no que poderia entrar corretagem de Nova York fugiu e foi tendenciosamente o convite à luta de encontrado no Novo México, moclasses. rando numa choça e escrevendo A outra opção, séria, e portanto h_istórias. Um méd ico e o proprietáobjetiva, é nos aprofundarmos no rio de uma frota d e caminhões estilo de vida - materialisla e contrataram um detetive para que os 1 massificante - imposto arbitraria- ajudasse a sumir, com a garantia de mente ao homem do século XX e que nenhum outro dete1ive fosse que pequenos dramas diários, como capaz de encontrá-los. Os dois es1ão o do meu imprevisto companheiro agora cavando poços d'água na de viagem so bre um poeirento América Central e não pretendem viaduto do Rio de Janeiro. voltar. Mas, infelizmente, não tenho Ed Goldfader. presidente da tempo para essa análise, pois neces. Tracers Co. Of America, agência sito continuar meu trajeto. Estacio- especializada na busca de pessoas no. Subo num elevador de aço por desaparecidas, diz que, segundo as dentro e por fora. Dou bom-dia a estimativas, o total de desaparecidos muita gente. Rezo três Ave-Marias. varia de 25 mil a um milhão por ano. Sento-me. Algumas revistas e o Somente em Nova York estão jornal do dia quebram a monotonia arquivados mais de dez mil casos de da papelada ... desaparecimento. . Meu pensamento, toda via, ainda não chegara ao escritó"rio. Estava • • a vagar não sei bem cm que lugar, à procura-de não sei o que. Não, sei! O Harold e os demais fugitivos são caso da manhã me impressionara vivamente. Era um casinho, é verda- claras manifestações daquilo que os de, mas sintomático de um modo de psicólogos chamam de síndrome de vida, que a todos .n.ós cansa e abate. Van Gogh. (2), o pintor impressioVou em direção ao pensamento, nista do século XIX, cujos constanajudado pelo jornal e pelas revistas tes desaparecimentos assustavam que encontrei sobre a mesa, os quais seus amigos. Hoje cm dia, casos de síndromes displicentemente começo a folhear. de Van Gogh são "rão comuns que na verdade não causam ,nuita sur· • • presa enrre os psiquiarras", afirma "O Globo., (1) conta-me o caso de William Tedford, presidente do Deum tal Harold, americano de Dallas partamento de Psicologia da Southern (Texas). com 27 anos. Desde que U11iversity (EUA}. Essas pessoas "sinrples,nente ,arrurnanr suas coisas e desaparece,n silenciosamente". O mais curioso é que entre nós os ( li ..OG!ob<>", de 19-12- 1976 números tambem impressionam. No (2) Sindro me: conjunlo de sintomas que Po Rio, por exemplo, 20 pessoas desadcm c:i.ractcriz.,r uma doe nça..

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volvimcnto religioso e cultural por ser fundamentalmente incompleto e hipertrofiado, só pode gerar desajustes e caos. Como se no corpo humano apenas os braços se desenvolvessem e os demais membros permanecessem at roliados ... O artificialismo toma então conta do organismo social. Os indivíduos não serão mais aquilo que a vocação familiar, as legíiimas inclinações e apetências o levam a viver. mas se tornarão instrumento que o mi10 da sociedade de sua época exige. Assim, neste fim de sécu lo XX, assistimos a um trágico baile de máscaras no qual são raras as pessoas que se apresentam inteiràmcnrc identificadas consigo mesmas e com sua autêntica vocação. Tal artificialismo é fonte geradora de inseguranças e, portanto, de desequilíbrios e tensões. Daí, a voniade da fuga, de sair à procura de alguma pessoa com quem grande parte de nossos contemporâneos talvez, nunca tenha se encontrado: eles próprios.

• • • Neste ponto, somos levados a um leque de indagações. Haverá para esse angustiante problema uma saída autêntica, sem evasões covardes? O que é uma evasão covarde? Terá a Santa Igreja uma palavra a dizer e um caminho a apontar? Sobre tais indagações prometo conversar com os leitores , em ;;cóximo artigo.

ALBERTO CATALÃO

Pe. Oliveiros de Jesus Reis, Cova de Iria, Fátima, ~Portugal): "Finalmente depois de an.os de interregno cm que, apesar ê:le. esse ser enviado, oã"o o rcccbja, cl)egou aqui a Fátima o querido e amado OA"ifiOLlCfS.MO, (fue verifiquei continuar firme eentusiasta na defe~a da ll>o-utrina Eterna da no.ssa amada Mãe a Santa lgreja, h.oje tão mal servida. at;aiçoada e venaida ao ínin;iigo por tantos do~seus filh:os, alguns deles que Ela criou e elevou a;altos postos de-chefia ...! Que Deus e Sua Mãe que é também a nossa, continuem abcn.çoani:lo os fiéis servidores de eAT01,ICISMO - fiéis servidores do Sen):lor eaa Sua Igreja. Se vivermos e morrecmosdefendcndo esccvindoa Verdade da Dout,ina Divina, seremos mártires e entraremos n.o Céu, ostentando a palma da vitória, Coi:agcm, queestamos,nasmãos de Deus, por Ble r xistimos, )"(Ele vivemos e nElesom.os. Nem umsócabelocaida nn~••cabcça,scmlieençado Deus Qnipotente". _O. Maria Nilce Carvalho Oefanti, Camhuci (~.J): "í<\prcci!)inteiramente 6 JOrn.a l CA1T'.0LICJSM0. Mant~m ell!suas fileiras verdade1roscruiados do século XX". li>. Rute l.rotano, São Caetano do Sul (SP):''0s Srs. estão de parabéns! Que Nossa Senhora lheseon.eeda todas as graças que necessitarem paraque conünuenJ a publicar o Ci'\T0LtCJSM 0. 'A, leitura de suas p,áginas nos faz ab(ir os olhos, aqàlisar, Jica,mos alerta cm relação aos graves problemas políticos. e nos faz combater cada vez mais a Revolu~ão. ST. Antonio Marinho Filgueiras, Santa Mariana (PR): ''Excelente jornal. indispensável ao verdadeiro c-atólico. ln.transigente defenso, ,d a Igreja de Cristo" · Sr. Agn11s Accio de Meira, Diamantina (MG~: ''Um ótim:ojo1oal, o,tde a verdade é encontrada em cada linha e e qual podem.os ler tran.qliilos, sabendo que nada há nele contra a moral ou a San1a Lei de Deus". O. Maria Cecília Bispo Brunctti, ltu (SP),: "Em nossos d ias, de cruel martirío para a verdadeira Igreja de €risto, é-no~ sal.utaT a lcitur~ de CAr0L.t_CISM O p;.ua firmas nossa esperan~ de v,16ria sobre as torças do mal. As lrevas da meia noile succdeJão os clarões da auro,a, anUl)ciando o Reinado sem fím do Coração imaculado de Maria. em prêmio aos que souberam IUtar". Sr. Aguínaldo de $0-uza Ramos, Campos (RJ): Estenda ao D•. Plinio o meu aplauso e admiração pelo recente telegrama enviado a S.S. o Pa-pa 1 Paulo VI. Eu também me sinto perple><O aote a resposra à saudação do Sr. Espcdito de Freitas Resende, por Paulo Vel". D. Fortunata Silveira Vilela, Cássia (MG): "Quero manifestar ao Diretor, Dr. Paulo Corrêa de Brito Filho e a todos os qµc colaboram nesse grande jornal, o meu entusiasmo por ver essa plêiade de homens, com sua elevada cultura e seu destemor. levar avanfecampanha tão necessá,ia à man-utenção da Religião católica scrian1ente amea~da pela invasão do comunisn10, facilitada pelo silêncio de certos Bispos e Padies e pela acomodação de nós todos". Sr. Mardônio Ferreira Lopes, Fortale1.a (CE): "Já não pode.mos dizer que o Brasi I é toialmente católico: temos o divórcio. E terão que mudar a Constituição. leis e outras coisas. e tirar dela o nosso 0eus porque será uma contradição - Deus e o divórcio? A massa de -propagaqtla sexual vem de m-uito anos iníluenciando e destl'uindo a família brasileira.[... ). A:qui cm Fortalc~a, as coisas estão em perigo. ©s canais de T',( passam pJogramas de toda espécie e um total de sete o,, oito novelas imu~as. Eó pjor eque o atoT ou atriz. usam.objetos ou qualquer frase, tocam mús,casgue caracleriz.am este o-u aquele personagem. E no dia segúinte, há muita gente usando objetos. camisas e outras coisas que podem ser iden_tificados como hab1tua1s cm personagens das novelas>. Nos colégi0s, esó disso oqueseíala. Ee"lliste uma fanura de re,•istas que iníluenciam o povo, falamdasnovelase da vida do,, atorcsce atrizes. lsso tudo ajudou o divórcio. P-arece que alualmcnte ser indecente· é virtude'',

Mcnsârio com aprovação eclesi;í..s'tica - Campos - Estado do Rio

Dlntor: Paulo Corrêa de Brito Filho D!Jotoria: Av. 7 de Setembro 247, caixa po,1al 333, 28100 Campos, RJ. Administração: R. Dr. Marlinico Prado 271, 01224 S. Paulo, SP. Composto e impresso na Artpre.~s - Papéis e Artes Gráficas L.tda., Rua Dr. Martinico Prado 234, São Paulo, SP. Assinatura anual: oomum CrS 100,00; cooperador CrS 200,00: benfeitor CrS 500,00: grande benfeitor Cr$ t.000,00· seminaristas e estudanJes CrS 70,00; América do Sul e Central: via de superfície USS 12,00, via aérea USS 14,50; América do Norte, Poztu· gal, Espanha, Provmcias ultramarin3S e Colônias; via de su~rfície USS 12,00, via aórca US$ 17,50; oulros países: via de superfície USS l4,00, via aérea USS 23,50. Ve~ da avulsa: CrS 10,00. Os pagamentos, sempre cm nome de Editora Padre Belchior de Pont~ S/C1 poderão ser encaminhados à Administração. Para mudança de endereço de minantes, é necessário mencionar também o cndereQO antiSto, A com:spondênci• relativa a assinaturas e venda avulsa deve ser enviada à

Administração - R. Dr. Martinico Prado 271, 01224 S. Paulo, SP

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ue ven eu a a ma o ao NCRA VADOS nas modernas cidades européias, erguem-se autênticos gigantes de pedra desafiando o tempo: são as catedrais medievais, cons· '11 truídas por almas fervorosas que quiseram ver sua Fé imortaliv-rv 1.1da através dos séculos. • Contemplando no silêncio o correr de eras históricas, constituem elas um .ensinamento vivo da sabedoria da Santa Igreja Católica. Em suas esculturas de pedra e delicados vitrais coloridos

UAL ERA o caso de Teófilo? Vigário de uma próspera Diocese siciliana, ele dirigira durante muito tempo, com dedicação e acerto, os bens •. eclesiásticos, facilitan,rr _, do a seu ispo a direção das almas. Porém, sucedeu que veio o dia em ,,,..,,.que o Prelado entregou sua· alma ao Criador, para grande desconsolo e tristeza dos fiéis. Quem ocuparia a sede va\:::~cante? Não havia dúvida: Teófilo. dizia-se por toda parte. Mas quando lhe ofereceram o cargo, Teófilo rejei10,1-0 com toda a simplicidade, respondendo q ue sua vocação era de continuar exercendo as funções de vigário.

,-,,.-..,,. • spclha-se uma ordem ideal do universo. A catedral foi por isso chamada a :"Bíblia dos pobres". Algumas estátuas • constituem verdadeiras obras-primas 0 tanto da escultura romã'nica quanto da gótica. : Nessa Biblia de pedra e de cristal, 1..r---.,OS artistas de outrora esculpiram inínne•• ras parábolas que ensi nam de modo vi• • vo as virtudes que o fiel católico deve ,praticar. Uma dessas histórias retratadas cm pedra é a de Teófilo. O fato ocorreu na Sicília, e deu origem à famo"'-!',_,,,sa leg_enda que inspirou o auto sacramental "O milagre de Teófilo'·. dos ___,,~mais célebres da lite ratura medieval.

EIA-NOITE. As ruas e tortuosas es· tavam vazias. Oculto por sua capa negra e pelas sombras noturnas, Teófilo esgueirou-se até ; a porta de uma lúgubre '-:~.casa do bain·o Judeu. Dentro, suas queixas foram ouvidas cm silêncio pelo fci,.._,,.. ..,iceiro que ali vivia. "Não", respondeu o bruxo. "Minha alqubnia nada pode em caso ião delica'} estreitas

'11ffo"

Por fim, outro Bispo ocupou a sede vacante. O novo Prelado não confiava em Teófilo e algum tempo depois removeu-o de seu cargo. A desolação invadiu então a alma do eclesiástico. Enquanto ele vagava pela cidade, o demôn.io lhe sussurrava: .. Perder o cargo! A carreira! Como foram fazer isso a li, Teófilo? Isso não pode ficar assim!" Foi nesse estado que o infeliz Sacerdote foi bater à porta do feiticeiro. Este, porém, negava-lhe uma solução fácil. "Hd s6 uma saída", acrescentou o bruxo. "Invocar a ajuda dos infernos". Tcófil.o· vacilou por um instante. Porém, o ressentimento lhe corroía o coração. E acabou aceitando a proposta. Invocado pelo feiticeiro, o demônio apa~eceu imediatamente em toda sua hediondez. Com gritos, blasfêmias e palavrões, satanás foi ditando a Teófi lo os termos do ato que devia ser escrito em pergaminho, com o próprio sangue de ex.-,..,.. -vigário, e selado com seu anel. Devia Uv'-'::. renunciar à Fé, à Igreja, à Santíssima • Virgem e a Nosso Senhor Jesus Cristo. Ê esse momento infame que pode.mos observar no alto-relevo da porta •.do claustro da catedral de Notre Dame <' ,;,,-1.º de Paris (foto ao alto da página). Ajoe, lhado, o ex-vigário presta vassalagem ao demônio, que aparece em forma monstruosa. Na cerimônia medieval de '-.;.~ vassalagem, o servo juntava suas mãos e o senhor feudal as cobria com as suas, significando assim que concederia proteção àquele que se submetia a sua autoridade. EÔF I LO recuperava em breve o vicariato. A fortuna e o prazer lhe sorriam, mas um pro~Klll fundo mal-estar o atormehtav:i no interior. Era como se u'a mão o prenesse pelo coração. Ademais, só o pen: sar que sua felicidade iria terminar algum dia, tornava-o sumamente infeliz. Sobretudo, enchia-o de terror o saber de quem era servo!

Não podendo mais suportar tal si:1uação, entrou um dia na igreja e lançou-se aos pés de uma imagem da Santíssima Virgem, chorando amargamente. Fez a mesma coisa durante :.."í<>Mquarenta dias, renovando sempre suas •• súplicas e pedindo perdão, como se vê ~-..na segunda ilustração desta página. Uma tarde, apareceu-lhe Nossa Senhora cm pessoa e reprovou-o com •• duras palavras a infâmia que havia vv...ac: cometido. Teófilo, sem deixar de chorar, implorou a misericórdia da Mãe de •• Deus, recordando o exemplo de outros • pecadores como o Profeta-Rei David, Santa Maria Madalena e São Pedro. ,,-v:'."\Ela respondeu-lhe que o perdoaria têLa negado, mas não podia perdoar a •• negação de Seu Filho. Teófilo fez então uma fervorosa profissão de Fé. Entretanto, não se atrevia a dirigir-se a Nosso Senhor" pediu a Nossa Senhora que o amparasse. A Virgem lembroulhe que era preciso resgatar a carta do •~pacto, que estava no inferno. E Cristo • não iria a lugar tão hediondo. Por fim, compadecida, oferéceu-se Ela mesma para ir buscar o pergaminho. Durante três dias aguardou Teófi lo prostrado em terra, ao cabo dos quais reapareceu

14~a Virgem Imaculada trazendo o pacto maldito. que· entregou, como símbolo de Seu perdão. a Teófilo. •. É esse auge de misericórdia da Mãe ,....,r.->>de Deus que vemos representado na impressionante ilustração ao pé desta página. Enquanto o vigário arrependido ora fervorosamente, a Santíssima Virgem - modelo de fortaleza - obriga. com a espada na mão, o demônio a

devolver-lhe o pergaminho. Três fisiono mias m.ircam a cena: confiança e --.--,,calma em Teófilo: proteção maternal e força em Nossa Senhora; ódio cinico e desespero profundo no demônio.

ORÉM, a história não termina aí. Conta-se ainda que após a Missa que o Bispo celebrou no domingo, Teófilo fez confissão pública de seu pecado. E, ao som de cânticos de ação de graças, o pergaminho maldito foi queimado. Três dias depois, Teófilo morria reconfortafC~do pelos santos Sacramentos, sendo 0 : enterrado na própria igreja.


AfOlLliCESMO·

D. Mayer propõe enérgica Pastoral .do Espiscopado contra o comunismo Por sua relevância no tocante ao problema religioso-ideológico do Brasil contemporaneo, reproduzimos abaixo a entrevista que S. Excia. Revma. D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, concedeu à cadeia dos "Diários Associados". Eis a íntegra do pronunciamento, divulgado juntamente com os dados biográficos de D. Mayer, que também estampamos nesta página

O.A.: Fala-se muito em infiltração comunista no Episcopa do Brasileiro. V. Ex eia. acha isto possivel? D. Mayer: Ao instituir a Igreja, Jesus Cristo Nosso Senhor poderia ter dotado individualmente cada bispo do carisma da infalibilidade e do dom da impecabilidade. Em tal caso. seria impossivel haver bispos comunistas. Na realidaoe, Ele assim não o fez. Os bispos só são infalíveis quando, sol> a presidência de Pedro. ensinam unanimemente doutrina relativa à Fé ou aos costumes. Recebem a graça necessária para desempenharem bem seu munus de Mestre de seus rebanhos. Mas. essa graça não os faz infalíveis nem impecáveis. Razão pela qual pode um bispo vir a errar em maténa de doutrina e. infelizmente. também fixar-se no erro. Tem ai o sr. a

resposta à sua pergunta. O caso recente de D. Franzoni, abade da célebre abadia de "São Paulo fora dos muros" em Roma é uma triste ilustração do que acabo de dizer: aderiu ele oficialmente ao comunismo e foi por isto reduzido ao estado laical. Logo, um bispo pode tornar-se co.munista . Por certo, recebe o bispo preciosas graças para não cair nesse extremo. Mas é livre de rejeitá-las. O.A.: Como explicar que a maioria dos católicos repudia, de início, a hipótese de haver um bispo comunista? D. Mayer: É natural que o católico se assuste com essa hipó1ese. Não quer dizer que ele a imagine impossível. Se um jornal publica a notícia de que um pai matou seu filho, entre os leitores mais chocados estarão por cerro os bons filhos. Não porque repulem um tal crime impossivel. Atlas porque, melhor do q ue muilos outros. es1ão em condições de lhe sen1ir a hediondez.0 .A.: Até que ponto os bispos são

infalíveis? Há precedentes históricos de falibilidade comprovada?

D. Mayer: A falibilidade dos bispos é pon10 pacifico na dou-

minaram largamen~e pela Igreja formas larvadas de protestantismo. Um deles foi Jansêmo, Bispo de Ypres, no séc. XVII. De maneira que, teologicamente é possível haver bispos comunistas e criptocomunistas. Aqui, como em qualquer parte do mundo.

O.A.: Na opinião de V. Excia., O. Casaldáliga é comunista? D. Mayer: Creio que o sr. mesmo pode responder a essa pergunta. Leia, por exemplo, as poesias editadas na Argentina por D. Casaldáliga, e que circulam entre nós publicadas pelo livro do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira , "A Igreja

ante a escalada da ameaça comw1ista". Sem entrar no julgamento da

consciência, que niio me cabe, obJetivamen1e propugnam tais poesias teses cujo fundamen10 lógico esta na doutrina comunista. Analisei-as de todas as maneiras e não encontrei meio de ver nelas significad o diverso. D.A.: Há outros bispos comunistas no Brasil? D. Ma ver: .. Di! inll flliS n l'c &·cfesio:· 6

·

Enquanto uma pessoa

não se afirma c lara e taxativamente

favorável a cena dou trina - ao comunismo, por exemplo - não me ca be c111rar cm seu foro interno. Não

há dúvida, no entanto, que há bispos D.A.: Essa é a opinião da maioria no Brasil que desconcertam com dos bispos brasileiros? afirmações as quais não se coadunam com a doutrina D. Mayer: Não falo senão .em meu tradicional, e fazem parte do "cre· próprio nome. Mas sedo" comunista. Aliás, é freqüente a gundo minha estimativa pessoal, o propaganoa eomumsca no Brasil dia em que tal Pastoral fosse dada a agradecer o apoio da Igreja. Dirão lume, seria um verdadeiro dia de que é manobra. O fato é que se não júbilo para a grande maioria dos houvesse base, não tentaria o comu- brasileiros. Ao longo de sua nismo alardear semelhante apoio. História, o Brasil sempre deveu a Tal apoio não hesito de qualificá-lo · seu Episcopado uma ação espiritual de indispensável e mestimávcl para a inestimável, a qual produziu expansão do comunismo. Com preciosos fru1os também na ordem efeito, é grande a au1oridade moral temporal. Honro-me em pertencer dos bispos, para o bem, como aliás às fileiras dele. E confio em que, para o mal.' considerado em bloco, ele teria verdaNeste sentido, imagine que o deiro gáudio em se pronunciar como nosso querido Espiscopado nacional digo. lançasse con1ra o comunismo e o Com referência a bispos acusacriptocomunismo, seus ardis e sua dos de comunistas, criptocomunispericulosidade, uma Pastoral coletiva ensinando clara e categoricamen- tas ou favorecedores do comunismo, te a doutrina 1radicionàl da Igre_tl; parece-me que tais Prelados, na o comunismo seria desde logo sinceridade de sua alma, encontraobjeto de um completo repúdio da riam ótima oportunidade de desfacompacra maioria do. País. Em zer o mal que suas declarações pouco, a seita comunista ficaria reriam causado aos fiéis. reduzida à expressão mais simples, e Quan10 ao povo, receberia esta se veria abandonada pelos oportu- Pastoral coletiva com alívio e júbilo nistas que hoje cm dia esvoaçam em de quem sai de um pesadelo e vol1a à torno dela , com o intuito de a normalidade. cortejar. E o País poderia vollar à Do fundo de meu coração de tranqüilidade cristã da qual necessibispo, é esta Pas1oral coletiva contra ra, prcsen1cmente mais do que nunca. para garantir a sua soberania o comunismo, clara, digna e corajoe seu desenvolvimento, no mundo sa, que imploro a Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil. conturbado cm que vivemos.

1rina da Igreja. Bas1a compulsar qualquer 1ra1ado 1eológico sobre a Igreja para verificar esta tese.

Não sem mo1ivo permi1iu Jesus Cristo que entre seus Apóstolos houvesse um, Judas lsca riotes. que o tra iu. Os grandes movimentos heréticos que rcgis1ra a História comam nas suas fileiras iambém bispos. como fautores ativos e até lideres. Nestório. que dá seu nome a uma corrente herét ica do séc. V, foi Bispo

telegrama do P~of. Plinio Corrêa de Oliveira a Paulo VI recebe adesões no Exterior

Patriarca de Consointinopla . O mesmo se diga de Focio e Miguel Ccru1.)rio. que causaram o Gra nde cisma da ijlJ'eja chamada onodoxa. Por ocasmo da crtsc protestante. nume-

rosos bis pos aderiram exp1icitamcntc à heresia. Outros (o que é mais 1ris1c. e sobretudo mais perigoso),

const!rv:.mdo as exterioridades e as funções de bispos católicos. fo•·:,m verdadeiros cripto-hcrcgcs. que disse-

Síntese biográfica de O. Antonio de Castro Mayer D. Antonio de Castro Mayer nasceu cm Campinas (SI'). cm 1904. Doutorou-se cm Sagrada Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma. Lecio nou durante treze anos, Filosofia, História da Filosofia e Teologia Dogmática no Seminário Ccn1ral do lpiranga, na Capital paulista. Em 1939. foi nomeado Cônego catedrático do Cabido Metropo· lilano de São Paulo. Em 1940 foi designado Assistente Geral da Ação Católica da mesma Arquidiocese, onde, em 1942, foi constituído Vigário Geral. A partir de 1945, ocupou simultaneamente a Cátedra de Religião .na Faculdade Paulista de Direito e a de Doutrina Social Católica na Faculdade de Filosofia , Ciências e Letras "Sedes Sapientiae", da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em 1948, o Papa Pio X li elevou Mons. Antonio de Castro Mayer a Bispo-Coadjutor de O. Otaviano Pereira de Albuquerque, Arcebispo-Bispo de Campos.

Em ,·iriudc do falecimento deste, em J dej:mciro de 1949. S. Excia. Re,•ma . !Ornou-se Bispo Diocesa· no desta importante circunscri· ção eclesiástica do Es1ado do Rio. Teólogo de renome, tanto no Brasil quanto no Exterior, publicou diversas Carias Paslorais que alcançaram significativa repercussão, lendo sido algumas delas lraduiidas em outros países. Por ocasião do li Concílio Ecumênico do Vaticano, foi um dos coordenadores das petições de centenas de Padres Conciliares em prol da Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria e da condenação do comunismo e do socialismo por aquela magna reunião de Bispos. Outro aspecto da atuação do Exmo. Sr. Bispo de Campos é o apoio contínuo que tem concedido à Sociedade Brasil eira d e Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TF P), a qual é, sem dúvida, a maior entidade cívica na luta ideológica anticomunista do País.

CO'NSI OER,\pQ no Brasll, em di 1.1rsas capirai~. com() um dos documcnros mais bc'ni redigido, já publicadés pela TFP. o telegrama enviado pelo Prof. P1inio <1:orrêa de Oliveira a Paulo VI a propósito da alocução de S.S. ao receber o nov.o eml>aixador brasil.tiro jumo. à Santa Sé recebeu adesões e aplauso~ t·ambém no Ex·têrior. Como se rcco)'da (ver €a1olicis1110. ri.• 319, de julho de 19.77,

"() Papa 011dli.,a /l situação 110 Bcasi/ - Te/e-groma da ',:{i.P (l Paulo lt/"), ao receber o embai-

xador Espedi10 de F'icitas Resende, a 4 de julho p. p.• S. S. manifestou paternal solicltude ante violações de direitos humanos que Lhe cons1a haverem ocor<ido por ocasiã·o de atos de repressão contra agitado(es comunlstas. Mas :,$úa aloéução não co.ntém qualquer ce11sura às sistemáticas e astúciosas violações de direitos humanos, que o comunismo internacional ~em cometendo há dtcadàs em nosso 1erri1ório ao instigar continuamente a luta de cJasses e a re~olução social, co:m 11atente'Violação de nossa soberania. · it.s Sociedadel. de Defesa tia 'f.ra'dição, família e Propriedade ~TFPs) da A>g~ntinll, Chi)e, Ur11guai. Colômbia, Venezuela e Es~ados Unidos, o Núcleo Equaroriano Tradição, Fàl'l)llia, P.r-opi:iedade os Jovens Bolivianos Pré'.> €iviÍizaMo Gristã, os Jcunes Canadiens po'ur- un-e CivÍlisàtion 'Cl\r-étienne, a Socieda(\e Cultural

Covadonga, da Espanhà, e a jovem TFP fráncesa solidarizàr-am-se imediaramcntc com a iniciativa do Presidente do €on, selho Nacional da TFP brasileira. Nos países onde foi divul~ado. o documento suscitou telefonemas de simpatizantes que quiseram assim manifeS1ar seu aplauso, e sua adesão. Na Espanha. o 1ex10 do telegr~ma da TFP a (?auto VI foi distribuído aos milhares em campanhas de rua em divei:sas cidade~. provocando grande nlimero de manifesraçôes de simpa1ia. Até o momenro em que encerramos a presente edição, ehe!Ja ram ao conltceimemo da Red,ição as seguintes transcrições do 1elegt'ama a Paulo VI em jornais ou revistas alheios à TFP no Exterio,: Argentina: l.a Nac'ión. de Buenos ,\ires; [A Gaeeta, · de Tucumán; Los Andes, de Mendo1.a; E/ Tribuno, de Salta; E/ Liberal, de €orricntes. Cfüle: E/ Cro11is1a e 'TJ!ti1J1as NofliJias, de S,antiago. Uruguai: E/ Pais. de M ontevidéu; E/ 'T'Cle_çra/o. de Paysandú. €oJômbla: E/ Espectador. El Tiempo e E/ Tlespettirio, de Bogotá; EI Correo e E/ <í:olo111biano, de Mcdellin; E/ País e Occide111e. de Cali; ltangt,ardia Ii/Jer,a/, de BllcaTamanga. Venezuela: E/ Naeio11al, E/ Vniver~al e E/ Munào. de Garacas; Pa11orama, de Maracaibo; E/ ·ftnpulso, de Barquisimeto. Equador: E/ <í:omeraio, de Quito; E/ telegrafo. E-xpr.es(). e E/ Universo, de ©uaya'quil. Bolívia: EI D.iorio e Voz- dei Pueblo, de La Paz. Estados Unidos: Diario las

Américas, de Miami (em espanhol); The Re,11110111, de S1. Paul, Minn. Espanha: E/ Afetizar, de !vja<lrid. Escócia: ri,e l!>ay ldg/11, de Glasgow. No Brasil, chegou ao col)hecimento do Serviqo de Imprensa da TFP a publica~o na, integra do telograma do Prof>. Plfnio <Corrêa de ©livei(a nos seguintes jornais: Ceará: <!:o:rreio do Ceará, Tribuna do Ceará e &nitório, de Fortaleza; Paraíba: A fJnião, de João Pessoa. Pernambuco: Diário de Pennamf>uco, de Recife. Bahia: A Tarde, de Salvador. Coilis: 0 Popular e 0 Repórter, de G'9iânia. Distrilo Federal: l)iário de Brasflia, Mato Grosso: Diário de Cuiabá e Equipe, de Cuiabá. Minas Gerais: Esta(./o (.le Minas, de Belo Horizonte. Rio de .Janeiro: 0 Dia, Jornal do Brasil e A Notfcia, do Rio de Janeiro; A Voz da (!:idade, de Volta 'Redonda,; A Cidade/Folha do Comércio. de Campos. Sio Paulo:

Diári'O da Noite, Diário de São Paulo, Folha da Farde. Foll}a de São Paulo, de São Paulo; Dia e Noire. de São José do Rio f>reJo; O l!>iário e A Tribu110, de São Carlos-; ·correio Popular, de Campinas; Jor11at da Cidade, de Olhnpia; A Cidade, de Ribeirão Preto; Diário de Bauru. Panni: Gazeta do Povo, de Curitiba; O Diário do Norte do Para11d, de M,aringá; FolhQ'de l:.ondrina. Rio Grande do Sul: Correio dó Povo,

de Porto Alegre. Out-r-0s jornais de diversos pontos do Irais publicatam resumoS" do documento.


Diretor: Paul(! Corrêa de Brito Filho

N9 322 - Outubro de 1977 - Ano XXVll

Brilhante trajetória sacerdotal de meto século NO DIA 30 de outubro o Exmo. Sr. Bispo Diocesano comemora o jubileu de ouro de sua ordenação sacerdotal. Foi declarado ano jubilar de D. Antonio de Castro Mayer, a partir de 30 de outubro de 1976, durante a ceri mônia de coroação da Imagem Peregrina efetuada pelo insigne Antístite, perante mais de 20 mil fiéis, na cidade de São Fidelis (RJ). Comemora-se, assim, meio século de uma impressionante atividade apostólica, coroada, a partir de 1948, com a plenitude do sacerdócio. D. Mayer em sua brilhante vida eclesiástica desenvolveu múltiplas atividades, revelando, por mercê de Deus, possuir uma personalidade ímpar, dotada das mais variadas qualidades. Doutor em Sagrada Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, D. Antonio dedicou-se durante treze anos, ao magistério, lecionando Filosofia e Teologia dogmática no Seminário Arquidiocesàno de São Paulo. Já durante aquela época começou a distinguir-se especialmente na última disciplina citada, vindo a se tornar, com o correr dos anos, num dos mais eminentes teólogos do Brasil. Outra faceta importante da atuação de S. Excia. foi o desempenho de uma função delicada e de grande responsabi lidade. Soube o Sr. Bispo de Campos aplicar nela - a de Assistente Geral da Ação Católica Arquidiocesana - sua invejável cultura teológica, imprimindo notável desenvolvimento às atividades apostólicas em São Pau lo. Distinguiu -se também pela segurança doutrinária-e proficiência com que exerceu as atividades de Assistente Eclesiástico e colaborador do "Legionário", órgão catól ico editado na capital paulista de grande repercussão não só no Brasil como tàmbém no Exterior.

Ao mesmo tempo que desempenhou com zelo o cargo de Vigário Ecônomo da Paróquia de São José do Belém, dedicou-se também ao magistério, lecionando a cátedra de Religião na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras "Sedes Sapientiae" da Pontificia Universidade Católica de São Paulo. Nomeado por Pio. XII, em março de 1948, Bispo,Coadjutor ae Campos, tem início, com a plenitude do sacerdócio, nova fase da trajetórica eclesiástica de D. Mayer. No plano intelectual, a figura do novo Bispo de Campos foi se projetando cada vez mais em todo o Brasil e no Exterior. Em 1950 fundou "Catolicismo" que se tornou em pouco tempo um mensário cu ltural de enorme projeção em todo o País, alcançando ainda significativa repercussão fora de nossas fronteiras. Além da fundação do Seminário Menor em 1956 e do Maior em 1967, S. Excia. publicou substanciosas e largamente difundidas Cartas Pastorais, algumas das quais foram traduz idas em vários países. Outro aspecto da atuação do Exmo. Sr. Bispo Diocesano é o apoio contínuo que tem concedido à Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). a maior entidade civil anticomunista do País. O Clero e os fiéis da Diocese de Campos almejavam prestar no dia 30 de outubro uma condigna homenagem a seu ilustre e amado . Antfstite. Entretanto, preferiu este nessa data de tanta significação - não só para seus diocesanos como também para o grande número de amigos e admiradores com que conta D. Antonio no Brasil e no Exterior - dedicar-se ao recolhimento e oração. No dia 15 de novembro será oficiado em Campos solene Pontifical na Catedral-Basílica do Santíssimo Salvador em ação de graças pelo feliz evento.

A PATRONA DA AMÉRICA O comum dos brasi· leiros· pouco conhece do Peru. Sabe certa· mente que é um vizi· nho freqüentemente

abalado por revolu· ções, e que mantém laços especiais com o mundo

comunista.

No entanto, Lima chegou a ser uma das mais brilhantes capitais do Novo Mundo. E no Peru floresceu o maior número de

Santos canonizados de nosso Continente. Entre estes, Santa Rosa de Lima, declarada Patrona principal da América em 1670. Na página 4, alguns traços dessa grande penitente, aqui retratada em seu leito de morte pelo pintor napolitano Angelino Medoro. O leitor poderá então penetrar no agradável

ambiente do Peru tradicional, bem diferente do de nossos dias.

Bispos colaboram com regime comunista Mais uma foto tristemente sintomá·

Posteriormente o Prelado foi nomea·

tica da "Ostpolitik" vaticana: D. Laz- do Cardeal por Paulo VI. lo Lekai (à esquerda), sucessor do Cardeal Mindszenty como Arcebis- Atrás, da esquerda para a direita: D. po de Esztergom e Primaz da Hun· Jozsef ljjas, Arcebispo de Kalocsa e gria, presta juramento de fidelidade Presidente da Conferência Episcopal ao Presidente do Estado comunista Húngara; Gyorgy Avzel, o vice·primeihúngaro, Pai Losonczi (à direita) . ,o-ministro; e lmre Miklos, ministro

de Estado para Assuntos Religiosos. Esse clima de relações entre o Episcopado magiar e o governo comunista de Budapest tornou possível ao Bispo de Pecs, D. Cserhati, fazer surpreendentes declarações, incentivando os católicos a colaborar com o regime ateu e marxista. Página 3.


- Atualidades de aquén1 e alén1 cortina de ferro ,.

O NÚ MERO de assassinatos praticados pelos comunistas ê dos mais elevados da História. Ca lcula·SC que. desde 1917. a revolução bolchevista ex terminou de 60 a 80 milhões de pessoas . O próp rio Lenine

mero de mortes continua aumentando. agora devido â fa lta de alimen-

havia indicado o caminh o do terror

tos. remédios e méd icos. Contam

para eliminar toda oposição ao alirmar: «Se para a instauração do con,unis,no tivernros que exrerrninat 90o/o da populaç,1o. 11ão devemos re,roceder ante tal sacrifício».

ainda que as autoridades da vizinha Tai lândia estão a larmadas e estupefatas pelas barbaridades praticadas naquele pais. mas sua inação se coad u na com a imobilidade dos governos europeus e norte-americano. Estes afirmara m não poderem interferir cm virt ude da inex istência de relações diplomáticas com o regime comunista do Cambodge.

• RECENTE número da revista belga Le11re du Foyer Orie11tal Chrétie1111e. apresenta amplo relato sobre os campos de concentração soviéticos. Segundo a publicação, entre os mais tristemente célebres, figura o complexo de Potma, a 500 km d e Moscou, o qual abarca quatorze campos e prisões, distribuídos ao longo de uma estrada de ferro. Na região de ou't ro complexo denominada «o crematório branco», a temperatura normal oscila entre 10 e 15 graus centígrados abaixo de zero . Lá os prisioneiros são ins talados em barracas superlotadas, padecendo intensamente devido ao frio e às doenças, segundo o relato de um fugitivo. Embora oficialmente o número de detidos nos campos de concentração soviéticos ascenda a 300 mil, estimativas extra-oficiais chegam a falar em 4 a 6 milhões de prisioneiros. Nos famosos «hospitais psiquiátricos» o número de internados é fixado entre 7 e 10 mil. Em face dessas impressionantes informações, é difícil entender porque certos círculos tão empenhados na defesa dos direitos humanos cm outras partes do globo, não se preocupam, como seria razoável, com fa. tos d esta gra vidade.

munistas no Cambodge, nos últimos 30 meses, resultou no extcrminio de mais de um milhão e duzentas mil pessoas. Os autores dizem q ue o nú-

• CARNE e peixe são grandes novidades gastronômicas no «paraíso vermelho». Pessoas vindas de Riga, capital de Letônia, informaram q ue um pouco de carne começou a aparecer nos açougues. Mas os habitantes, para comprarem o produto tinha m que permanecer e m longas lilas desde a madrugada, revela o boletim Elta-Press. de Roma.

• EM MOÇAM BIQ UE, a Frelimo, 1>artido único de Samora Machel, abertamente marxista. ,•cm encontrando sérias dificuldades para controlar o pai.,. Os movimentos contra-revolucionários e a hostilidade popular se avolumam . A imensa crise econômica que a vassala o pais é causada , cm larga medida, pela fuga de 250 a 300 mil brancos do regime comunista. A nmior parte dos nativos também se encontra foragida nos países vizinhos. A situação só não é pior por causa dos vales postais enviados por moçambicanos que trabalham na África do Sul. O auxílio da Rússia, China e outros países comunistas são insuficientes, como relata a publicação francesa Est & Ouest. • NUM LIVRO publicado em Nova York sob o título Murde1· ofa Gentle L,md, os escritores John Barron e Anthony Paul afirmam que as «reformas•>adotadas pelos lideres coA França emprestou 200 milhões de dólaros ao Vietnã comunista, durante a visita do pri• meiro•mi nístro Pham V an Dong a P;)ris,. em

abril último.

• CUBA TEM se infiltrado com muito sucesso no governo pa· namcnho. Fidel Castro conseguiu colocar agentes em posições-chave nas comunas agrárias controladas pelo Partido Com unista do Panam ri. Desde 1970, membros da Guarda Nacional têm feito viagens a Cuba, onde r~cebem treinamento e orientação de segurança política. O presidente Omar Torrijos chegou a afirmar que a <<revolução do P(//Wmtí ternos ,nesrnos objetivos que a t uba· na, apenas uSti outros 111étodos>,. segundo a publicação norte-americana 71,e Hera/d of Freedo111. • OITENTA intelectuais c hineses que moram em Nova York, ent re eles Padres cató licos e professores, enviaram carta a J immy Cartcr. ped indo-lhe que voltasse sua a tenç.ão para as violações dos direitos hu manos no continente chinês e esquecesse o reconhecimento de Pequim. Os signatários citam um documento do Senado norte-americano de 27 de j unho de 1970. intitulado «O preço J111111t1110 do cornunis,no na China)>, o qual afirma que o regi me comunista liqu idou ma,s de sessenta milhões de chineses. Também dois jornais de Hong-Kong, publicaram o utra carta-aberta ao presidente norte-americano, pedindo-lhe que tomasse conhecimento do desprezo geral pelos direitos humanos na China Vermelha. A missiva foi assinada por 600 organizações comerciais e industriais de Hong-Kong, de acordo com a revista l"ree China Review de agosto de 1977, • SEGUN DO tudo indica, estão cont ados os dias de Hong-Kong como colônia da Corôa Britânica, uma vez que em 1997 expira o prazo da cessão que Pequim fez à Grã-Bretanha. Existem três alternativas: 1) a anexação do territ ório pela China comunista antes de 1997; 2) a reapropriação pela China na data do vencimento; 3) ou a renovação da concessão à Grã-BrctaJ1ha, hipótese mcflOS provável. Hong-Kong livre, até quando? pergunta a agência Fi1/es, de Roma. • O NOTICIÁRIO internacional é fa n o cm in formações sobre a ajuda fornecida aos países comunistas por parte das potências do mundo livre. Mas ninguém· informa ao certo quanto do dinheiro e mpregado pelos membros associados do Pacto de Varsóvia para compra de armamentos provém de li nancia mentos concedidos por bancos ocidentais. As est imativas falam cm cerca de quarenta bilhões de dólares, importáncia que, segundo se prevê, irá aumen ta r progressivamente a té o total de sessenta bilhões por volta de 1980. de acordo com dados fornecidos pela revista Germa11 /11ter11atio11al. • NA F RANÇA, - país que, positivament e, não está nadando cm dinh eiro - o primeiro ministro Raymon d Barre abriu recentemente um crédito inexplicável de aproximadamente 200 milhões de dólares para os comunistas do Vietnã, como info rmou o mensário de análise política francês Le11res Politiques.

C. $. L. 2

A$ chacinas praticadas pelos comunistas no Cambodgo

assumiram aspectos dantescos: para oconomizar balas, soldados do Khmer

Vermelho maum

a vhima a enxadadas

Piloto revela miséria na China comunista OBR EVOANDO a costa de Fukicn, na China continental. uma esquadrilha de caças comunistas MIG-19 patrulha os horizontes. Às duas horas da tarde os aviões devem voltar à base. Na retaguarda, o comandante da esquadrilha tira fotos. Em dado momento, toma distância dos demais e se dirige, com velocidade máxima, para Taiwan (Formosa). Os pilotos comunistas o perseguem. Em seu auxílio acorrem dois jatos da Força Aérea da China livre e o escoltam até a base de Taina n. Era m 14h 12 do dia 7 de julho. A China vern1elha acabava de perder um escravo; a República da Chi na, bastião de patrióticos e autênticos chineses, acabava de receber um heró ico fugitivo. Seu nome: Fan Yuan-Yen, 41 anos. recebido no Partido Comunista c m 1960. Deixou no continente sua esposa e três filhos.

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ardente de libertação da tirania vermelha.

«A vida no continente é miserabilisslma» Fan Yuan-Ye n inicia com esta frase pungente o re lato de s ua fuga do inferno maoista ao Boletim «Wha(s happeni11g 011 the Chi11ese Mainla11d». de Taipé (15-7-77): «Há muitos outros esperando oportunidade para escopar... Os o itocentos nlilhões de chineses levam unw vida tão ,niserâvel. imposslvel de ser imaginada pelos visitantes estrangeiros... Ern nrui· tas regiões. os camponeses 11ão têni cornida ne,n roupa. Mesrno as cidades «111elhor abastecidas» como Cheng-chow e Shangai estão cheias de mendigos. todos eles oriundos do i11terior. As autoridades são incapazes de fazer alguma coisa para evitar o afluxo das populações da área rural às cidades. Os me11digos são em tal 111ít11ero que é impossível prendê-los o u t,limentá-los. No interior, 11witos morrem de fome. Algu11s tenton, inclusive vender seus filhos... Infelizmente, não /ui ninguthn para co111prá•los!... O povo do continente usa geralmenre roupa de algodão. Sendo piloto, ga11ho uma jaqueta por 0110 e tenho de devo lver a usada para trocá-la vela nova. Se 11111 1nembro da for('a aérea recebt• semelhante trau1111f!nto, é Játil inu,ginar a.i; condições miserávtis d() povo do c·,>ntiw~,ue,). Nesse sentido. Fan Yuan-Ycn declarou que percebia o «a ltíssi mo salário» de 600 cru1.eiros mensais!

Tigre de papel

Fan Yuan,Yen. om léu novo uniformo do tenente-coronel da Força A érea da Chi, na livre

No momento em q ue o secretário de Estado norte- americano Cyrus Vance preparava sua viagem a Pequim, a sensacional fuga do piloto chinês repercutiu intensamente cm todo o mundo. Naturalmente, os diários de Taiwan publicaram extenso noticiário do fato. Trazem eles declarações pormenorizadas do corajoso piloto acerca do estrondoso fracasso do regime comunista, bem como noticiam sadias reações.de opinião pública em Formosa. Os leitores poderão avaliar melhor nas próprias palavras de Fan Yuan-Ycn, a situação de mi séria que se abateu sobre o povo da China continental, e compreender, assim, seu desejo

A insatisfação cresce no continente e o regime de Peq uim vê-se na contingência · d e esmagar as reações manu 1nilitari. Explica Fa n Yuan-Ycn: «A JJrovíncia de Fuk ie11 e:uá agora imersa 110 caos. A situação em Chi11g-chiang e Putien esteve par1il·ularn1e111e u:11· sa. Há p ouco tempo. flua KuoFeng precisou en viar tropas para refor('ar o controle 1nilitar nessas duas comarcas da província de Fukierm. O regime com unista chinês, além de instável, revela-se - nas d eclarações de Fan ao «Free Chi11a Weekly», de Formosa (107-77) - um tigre de papel. A força de seu poderio militar, inflada e normemente pela guerra psicológica , é uma balela porque obsoleta. Alirma Fa n: ,,O MIG-19 é o pri11cipal sustentáculo da Força Aérea co11ti11e11t(I/, que possui cerca de dois mil deles e 20 M IG21». Ora, segundo comenta o

diário «South China Morni11g Post» (8-7-77), o «M IG-/9 é um modelo a11tiquado». Por outro lado, a marinha chinesa «é ainda pior». , Estudos forçados não faltam. Os militares chineses são obrigados a assistir o equivalente a oito d ias de doutrinação marxista por mês. O moral entre eles é baixíssimo e Fan afirma com segura nça: ,,Apesar do rígido controle do partido, muitos pilotos con1unistas seguirian, ,neu exemplo se tivesse111 oportu11idade».

Em Formosa, entusiasmo A fuga de Fan Yuan-Yen provocou em Ta iwan enorme explosão de entusiasmo. verdadeiro termômetro do repúdio popu lar ao regime comunista de Pequim. O diário «Chi11a Post» comenta que tão logo se espalhou a noticia, jornais e estações de televisão foram inundados por pedidos de detalhes. Nas ruas, soltaram-se foquetes e os transeun tes cumprimentavam-se efusivamen te. Motoristas de ônibus avisavam aos passageiros o ocorrido e estes aplaudiam a legremente o gesto do fugitivo. Atores e a tri1.cs pulavam de alegria no palco. Um particular enviou. de seu próprio bolso, certa quant ia de di nheiro ao piloto. De todas as partes aíluiram pequenos presentes cm tal quantidade que levaram Fan a exclama r: «Obrigado. jâ 1enho tudo o qu,) querim>. A polpuda recompensa que o governo da Repúbl ica da China lhe deu e a perspectiva de uma vida confort,ívcl não amoleceram o â nimo de Fa n. Ele deseja conseguir. pela intercessão de Cartcr. a liberdade da familia. Mas. recordando que sob o comunismo «1nuitas pt~.'isoas fo· ram massacradas)>, afirma: (<Eu vou fie-ar ('Om os Srs. e con1baterei os conu111is1as>).

• • • Decla rações como essas seriam próprias a fazer com que os cavaleiros andantes da causa dos direitos humanos levantassem a voz cm defesa dos milhões de c hineses escravizados. Contudo. o drama chim provavelmente não suscitará nos propugnadores da inviolabilidade d os direitos humanos a menor reação. É que eles, cm sua gra nde maioria, só sabem chornr com o olho esquerdo ...

R. V.


A FU

ÇA , DE SATANÁS NO ' TEMPLO DE DEUS .

MA DAS manifestações mais de um documento cujo titulo é, nem mais notórias e trágicas da mais nem menos, o seguinte: "Plane"fumaça de satanás no tem- jamento nacional e a necessidade plo de Deus» - empregando as ex- para uma estratégia social revolucio, . . cnsta-mao1s. ' u,na perspectiva pressões de Pau lo VI - é. certamen- nana: te, a infiltração com unista na Igre- 1a". Segundo o Padre Dannis Willija. Entretanto. embora tal infiltra- gan, S.J., da Universidade da Caroção seja eviôente, hâ quem ainda lina do Norte, "esse do,·umento está tente negá-la. E também existem circulando entre Jesuítas e111 certo alguns que não chegaram a formar número de províncias, te111 recebido um juízo. e se mantêm dubitativos reações favoráveis e representa um aguardando ainda mais provas para passo em d ireção à construção da consolidar a certeza em seu estrr,tégia social revolucionária para espírito. a Companhia de Jesus, a qual é Essas três posições, assim esque- explicita,nente neo-rnar:âsta e n1aoismaticamente concebidas. correspon- 1a ". dem à realidade. Mas não nos Tais informações são prestadas apresentam a realidade toda. E o pelo boletim norte-americano The leitor já estará se perguntando que Mindszenty Report, em sua edição matizes haverá a acrescentar ao de junho de 1977. A mesma publicaquadro, para que dele se possa ter ção acrescenta que o Jesuíta Pe. Juan Alfaro, professor na Pontifícia uma visão satisfatória. O primeiro dos matizes: não se Universidade Gregoriana, em Roma, trata de posições fixas e estanques, ao falar num encontro da "Comiscomo seriam, em diferentes monta- são Teológica lnternacionar. em nhas de uma cordilheira. três lagos outubro de 1976, afirmou: "Cristo formados pela chuva . Nas posições a era u1110 espécie de Chc Guevara que nos referimos, pelo contrário, o palestino". número de aderentes de uma diminui constantemente em favor das outras. l~ São como lagos intercomunicantes em que as águas de um escoam para Outra publicação norte-americaos outros através de canais. na, The Hera/d of Freedom, .em seu À medida que o chamado esquer- número de junho do corrente ano, dismo católico atua e se radicalfaa, traz outra confirmação espetacu lar nota-se na opinião pública que um da penetração de maoísmo nas

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famosa Universidade Gregoriana, outrora luzeiro de ortodoxia. A revista cita ainda outras enormidades a respeito, que por brevidade nos permitimos omitir.

Religiosos, os campeões da guerrilha Mas a infiltração não se li mita à gloriosa Companhia dos verdadeiros filhos de Santo lni\cio. Ela é mais vasta. Ainda a referida edição do The Mindszenty Reporr. citando o Ti111es, de Londres de 5 de maio p.p .. confessa abertamente: .. Padres progressistas. na ,naioria estrangeiros, estão dirigindo 1novinzenros g~1erri· lheiros pela Améric{J Central. Por exemplo, 11a Nicarágua os C{Jp11chi11lzos lunericanos. e enz Honduras. os Padres Jesuítas. criaram 11 nwis radical das três orgtmizações camponesas., que combatem o governo. Ou seja. o comunismo eclesiástico, para a obtenção de seus fins escusos. não se detém sequer ante os riscos e graves inconvenientes decorre ntes da ação armada. Ele a organiza e a dirige, arrastando-a a uma radicalidade sem paralelo. Perguntamos: não fosse o carâter sacerdotal que ostentam e a aparência de católicos que se obst inam em conservar, seria possível a esses guerrilheiros ter qualquer possibilidade de êxito junto a povos maciçamente católicos como são os da América Latina? Evidentemente não. En· tão, não é a infiltração na Igreja a arma mais eficaz para a escalada comunista em nosso continente? Parece-nos claro como água. Logo. se queremos preservar a civilização cristã dos ataques insidiosos de Moscou, é precisamente contra essa estratégia que devemos assestar o melhor de nossos esforços. Pois, onde o adversário tem sua arma mais eficaz, lá é passivei de sofrer o maior dano.

Saudades do Cardeal· Mindszenty

Imenso c:3mpo do concontraçio? Trabalho escravo? Sim. ~ e China forjeda por Mao Tsetvn;. E hã Jesu(tas que a apresentam como sendo conduzida pelo Espírito Santo.

número crescente dos que antes duvidavam convence-se. agora da realidade da infiltração, enquanto diminui em número, e sobretudo perde em afirmatividade, a corrente daqueles que ainda dão à pergunta uma resposta negativa. E, para estes, o pior é que começam a ser suspeitados de acobertadores, quando não diretamente de cúmplices, da infiltração· que se obstinam em negar. Outro matiz importante dentro desse quadro, e de molde a deixar sem face os que insistem na inexistência de comunismo eclesiástico. é a freqiiência com que Sacerdotes vem espontaneamente se afirmando marxistas e até maoistas.

fileiras jesulticas. Citando o artigo intitulado "77,e New China", publicado no Christian News, diz que "quatro Jesuítas - dois deles a,nericanos - indicara,n e,n um novo livro que a ideo logia comunista de Mao Tse-tung é mais próxi11,a do Crisrianismo do que as religiões do Oriente, e que o Espírito Santo pode estar usando o co111unismo para conduzir o povo chinês a Cristo". Esses quatro Jesuítas, todos professores da Universidade Gregoriana, em Roma, são autores de •·11,e New China, a Catholic Response", que foi editado pelo Pe. Michael Chu, S.J., diretor do programa jesuíta China Studies. e provincial da Companhia de Jesus na China. A Editóra Paulinas imprimiu. Eis os Maolsmó na nomes dos quatro autores: Pe. Companhia de Jesus Francis Sullivan, S.J., americano, professor de eclesiologia; Pe. DomeTome o leitor, por exemplo, a nico Grasso, S.J., italiano, professor seguinte afirmação temperada ao de teologia pastoral; Pe. Robert molho indigesto da luta de classes: Faricy, S.J., americano, professor "A Co,npanhia de Jesus deve purgar- de teologia; e Pe. Gerald O'Collins, -se de sua consciência burguesa e S.J., teólogo australiano, autor do identificar-se com o proletariado". livro "The Case against Dogma". A assertiva não parte de algum Como se vê pelas informações, detrator da Companhia de J esus, trata-se de uma verdadeira rede prócomo em outros tempos seria licito maoista instalada dentro daquela imaginar, mas foi publicada pela Ordem religiosa - e, ao que parece, revista dos Jesuítas Narional Jesuit comodamente - com poderoso News dos Estados Unidos e faz parte centro de propulsão em Roma, na

existir; apenas deslocou-se para o interior da Igreja, separando agora os católicos fiéis à d outrina de sempre, do amálgama composto por comunistas e cató licos colaboracionistas ou criptocomunisH1s.

A revista francesa Tradition et Progres, em sua ed ição de fevereiro de 1977, transcreve declarações de D. Cserhati, Bispo de Pecs, na Hungria comunista. A fonte da transcrição é o diário parisiense le Monde, de 28 de janeiro de 1976. Pede o Prelado que o Estado comunista espere "mais fatos posirivos de u,na Igreja que, desde o Con cílio, est á posta no mundo inteiro a servir o honre,n novo e a sociedade 11ova. Para nós, o socialis1110 te111 a possibilidade e a força de assegurar ao homem re/igigso rodos os d ireiros dem ocráticos. E isto que esperan, os crentes que, junto co,n os marxistas, estão pron tos a engajar seus valores humanos por um f u turo livre em um país livre". · Trata-se pois, para o Bispo de Pecs, da construção de uma "sociedade nova". E é o socialismo que tem "a possibilidade e a força" para nela assegurar ao "ho111em religioso .. (portanto também aos católicos) as "liberdades dem ocráticas". Mas que socialismo? O Prelado apressa-se em responder, indireta mas c laramente, ao afirmar que os "crentes" (presume-se que ele se inclua entre estes) "junto com os marxistas" estão prontos a "engajar seus valores humanos". É um convite para uma colaboração aberta com o marxismo na construção da sociedade socialista. Ora, num país como a Hungria, em que a grande dificuldade que o comunismo encontra para manter-se no poder é a oposição dos católicos, pergunta-se: a quem aproveita tal conclamação episcopal? Como se vê, também atrás da cortina de ferro ~ tática mais eficiente para o comunismo - ao

E no Brasil? O depoimento de um Bispo Falta por fim uma palavra sobre o Brasil. Há aqui comunis mo na Igreja·/ Seria muito estranhável que a Igreja no Brc1sil

íicasse

imune ao

vírus que universalmente a ataca. De qua lquer forma . uma resposta ab.i li -

zada a essa questão foi apresentada O Cardeal Mindszenty tala ao povo após $er libertado pela revolução ant icomunista magiar do 1956, Hojo. os Bispos húngaros pro· curam destruir sua obra:,

men os cm muitas regiões - é conseguir porta-vozes eclesiásticos. "Cá e lá más fadas há", afirma o adágio popular, que tão bem se aplica à problemática acima ... Como estamos longe da posição assumida pelo saudoso Cardea l Mindszcnty!

O depoimento de Castro Resta-nos salientar ainda um matiz para completar o quadro proposto no início deste artigo. Trata-se do depoimento que, por palavras ou atos, vem sendo dado pelos corifeus do marxismo. Fidel Castro, por exemplo, considerou muito importante o fato pe " marxistas e cristaos honestos trabalhare,n juntos", pois aí "a revolução na América latina poderá mover-se adiante" (1he Mindszenty Report, junho de 1977). O que significa "cristão honesto" na boca d o tirano das Antilhas? Ninguém vai ser ingênuo a ponto de achar que o ditador cubano se refere aos cristãos que não roubam, ou são pessoas de lions costumes. Como fica c la ro no tex to, "cristãos honestos" são aqueles que "trabalham j11111os" com os marxistas para '',nove, adiante'' a revolução. ou seja, o comunismo.

pelo Exmo. Sr. Bispo Diocesano. D. · Antonio de Castro Mayer. honra do Episcopado brasi leiro. Em oportuna e corajosa entrevista concedida ao Jornal do Co111111ercio (RJ) de 30 de agosto deste ano a qual reproduzimos cm nossa úllima edição . e q ue foi transcrita por do%e

órgãos da cadeia dos Ditinos Associados. cm todo o país - S. Excia., com clareza merid iana e segurança

teológica . desfa1. inicialment e a objeção de que um Bispo n,io te m a possibilidade de cair em here~ia e, (!Ortanto, não possa ser comunista. A indagação formulada em seguida. se D. Pedro Casaldáliga , Bispo-Prelado de São Félix do Araguaia, é comunista, assim se expressou D. Mayer: "Creio que o sr. mesmo pode responder a essa pergunta. leia, por exemplo, as poesias editadas na Argentina por D. Casaldáliga. e que circulam entre nós publicadas pelo livro do Prof Plinio Corréa de Oliveira, A Igreja ante a escalada da ameaça comunista. Sem entrar no julgamento de consciência, que não ,ne cabe, objetivamente propugnam tais poesias teses cujo fundame11to lógico está na doutrina comunis1a. A11alisei-as de rodas as maneiras e não encontrei nzeio de ver nelas significado diverso". Em resposta à pergunta - "Hd outros Bispos comunisras no Bra· si/?" - o Prelado fluminense declarou que não lhe cabe entrar no foro interno das pessoas. E acrescentou:

A linha divis6ria apenas se deslocou O que acabamos de dizer se escla rece ainda mais quando atentamos para a posição das autoridades comunistas cm relação aos cristãos que não concordam com as atitudes do C lero infiltrado. Assim é que dez mulheres russas - de 42 a 74 anos - foram internadas num campo de concentração da Moldávia, pelo fato de "lerem feito apelo ao clero soviético, pedindo-lhe que ponha fim a toda colaboração com o regime". A informação publicada em Paris pelo órgão dos imigrantes russos, O Pensamento Russo. foi transcrita recentemente por um matutino paulista. ,, Nessa no tícia, tud o desperta uma justa revolta. Em primeiro Qual , e atuação de D. Cesald6Hga na lgr~ lugar. o fato de serem mulheres as ja? Suas poosias propugnam ·•teses cujo fun• vítimas da injustiça. Algumas delas demento lógico eJtb ne doutrine m arxiue". já idosas, e portanto merecedoras de maior comiseração. Depois, a bruta- ..,Não há dúvida. no entanto, que há lidade da pena (internamento em Bispos no Brasil que desconcertam campo de concentração), aplicada co111 afirmações as quais não se em virtude do "crime" de ter sido coadunam con, a doutrina tradiciofeito um "apelo" ao clero soviético. nal e faze,n parle do credo comunisMas o que sobretudo chama a ta"'. atenção é o fato de as autoridades comunistas se mostrarem tão suscep.A Virgem Santíssima, que no tíveis na defesa do clero colaboracionista. Ora, somente aquilo que ·se dizer da Santa Igreja (Comum das tem grande empenho em preservar, é Festas de Nossa Senhora), "esmaque pode ser a causa de grande gou sozinha todas as heresias"', faça cessar o quanto antes a terrível s usceptibilidade ... O conjunto dos fatos aduzidos provação que se abateu sobre a por nós no presente artigo demons- Santa Igreja Católica, Apostólica, tram como a linha divisória, até há Romana. pouco tão marcada entre católicos e comunistas, de fato não deixou de G. V. L.

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A sagr penitente não. transparecia cm seu

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IMA, 24 de agosto de 161 7. Enorme multidão se havia congregado diante da residência de Dom Gonza lo de la Maza. Senhor de Ogarrio. «Tribunais. cabido, Clero. Ordens e Congregações religiosas, nobreza e plebe adj11111a». enumera o poeta Conde de la Granja. Formava-se a procissão fúnebre para o enterro de Rosa de Santa Maria. O cadáver estava-amortalha· do com o hãbito branco e negro de terceira dominicana, colocado sobre tapetes primorosos. A cabeça, coroada de rosas carmins, repousava sobre um coxim de tafetá vermelho. A Luísa de Melgarejo, dama principal e amiga da defunta. Nosso Senhor havia dito na hora da comunhão: «Diga que não ponham sobre seu corpo panos pretos. mas que tudo seja de glória». O rosto de Santa Rosa espelhava uma placidez sobrenatural. O pintor napolitano Angelíno Medoro retratou-o naquele momento assombroso. Os séculos danificaram a tela, mas não a expressão, que sugere ao mesmo tempo uma antigüidade remota., venerãvel, e uma unção presente ainda com todo frescor. O contorno do semblante é nítido e formoso. O nariz seria inteiramente reto, não fosse a leve curvatura que lhe confere uma rara elegância. Nos

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numerosas almas, v{1rias veneradas

A ?J~za de Arma$ de Lima - uma das mais,grMdiosas do Con1inente americano - consetv3 sin&i$ do Peru catol1co dos tempos de Santa Rosa

capa e túnica de setim violeta. mas. não podendo atravessar a multidão. voltou para trás. como já haviam feito muitas carruagens, e dirigiu-se ao Convento do Rosário dos Frades Pregadores onde afinal poderia oscular as mãos de Santa Rosa. que ali seria sepultada. Começou às quatro horas da tarde o suntuoso funeral e percorreu dez quarteirões de ruas repletas de flores atiradas do alto de balcões adornados à passagem do cortejo. Todas as instituições queriam carregar - ainda que por um cu rto trecho - os milagrosos restos da mística peruana. Eassím avançava o cortejo iluminado pelos raios do sol, que faziam brilhar o ouro das galas e bordados, enquanto o perfume das pétalas misturava-se ao das lufadas de incenso que subiam dos turíbulos. Ao ingressar na Praça de Armas, o féretro foi saudado pelo tanger dos si nos. No Palácio do Governo, a Casa de Pizarro, estava o Príncipe de Esquilache, Dom Francisco de Borja y Aragón, Vice-Rei e Capitão Geral do Peru: porte imperioso, face alongada, barba negra, com a faixa e o bastão de mando. A seu lado, a Virreyna. O proeminente personagem assistiu às honras fúnebres acompanhado de sua esplendorosa Corte, da Real Audiência e de toda sua Guarda, q ue lhe abriu passagem com amplas manobras.

A primeira rosa Lima é chamada «o Cit/tl(/1' dos Reis» e m honra do mistério da Epifania. Fundou-a o Marquês Dom Francisco Pizarro, chefe dos conquistadores do Peru. Não só a ilustrou com o brilho de sua intrepidez e a patria rcal serenidade de sua velhice, como també m dedicou aos santos muitos lugares, estabeleceu confrarias de combatentes e carregou a c ruz Aqui nasceu Rosa do Santa Maria, terceira dominicana. grande penitente, proclamada Pa1rona principal da Am6rica

lâbios, sorriso quase imperceptível, por isso mesmo de uma profundidade atraente e uma gravidade à qual não é alheio o donaire. Uma pincelada breve e subtil insinua que a alma deixou o corpo. O povo, que passava por duas portas e dois páteos da mansão do protetor da Santa, dispos-se nas ruas para seguir o cortejo. Segundo o costume limcnho daquele tempo, os Cônegos usavam capas de veludo negro, com capuz colocado, e fivelas de prata; os seminaristas, barretes de cor castanha denteados como coroas ducais; os Dominicanos, altas tiaras de renda; os Agostinianos, longas mangas escuras; os Franciscanos conventuais, hábitos azuis e os Descalços, a veste parda que lhes servia também de mortalha . Formados em diversos corpos e assoc.iações. os grandes senhores e os cavaleiros de Ordens militares assistiam de gola frísia, cinturão e espada. P·resencíavam também a solenidade índios simples, mulatos e homens de cor. Chegavam mestres e aprendizes das corporações de oflcio, com suas roupagens privativas. As nuvens se dissiparam. Surgiu a carruagem do Arcebispo, Dom Bartolomeu Lobo Guerrero, com 4

A muníficêncía divina germinou naquelas regiões a santidade em

"

até o alto do monte que domina a

urbe. De figura austera e palaciana , os primeiros vice-reis e seus acompanhantes animaram a jovem capital peruana com o formidável ímpeto de sua Fé católica. Por nomeação do Vice-Rei, pertencia Gaspar de Flores à Companhia do Arcabuzeiros da escolta. No horto de sua mornda florescera. cm 1551, a primeira rosa do Reino do Peru, oferecida a uma imagem da Rainha dos Céus na catedral pa cidade. Em 1586. nasceu sua filha. bati zada com o nome de Isabel Flores· de Oliva. Mas. no berço. seu rosto era tão lumin oso e suave que a criada índia e d uas meninas exclamaram: «A h. que linda menina, part ce 1

tlllUI f OS{I)),

Todos acharam apropriado o novo nome, menos Rosa. Um dia, sentiu que a Santíssima Virgem. de quem e ra escrava, recebeu sua alma como uma rosa, para oferecê-la a Deus. E que a chamava pelo nome de Rosa de Santa Ma ria.

Santa Rosa e São Toribio Sob o pálio de neblina da Cidade dos Reis, refulgia a alma heróica de seu Arcebispo. São Toribio Alfonso de Mogrovcjo. Cruzou dunas, galgou maciços. pe netrou florestas para

pregar a doutrina e a bcrnavcnturan-

ça da Religião verdadeira. Ministrou o Sacramento dos Soldados de Cristo (o Crisma) a um milhão de indígenas. O a ugusto Prelado de Li ma era muito venerado pelo povo. que se ajoelhava à sua passagem. Mais q ue a mitra resplandecente, sua fisionomia impressionava e causava um relo

temor. A tez firme e seca, o olhar e nérgico, manifestavam a pcrtin{,cia de sua alma . A esse ca ráter obedeciam severamente seus passos. Julga· va com rigor todas as coisas e era o

fulgor da luz divina que o movia a cruzar as cordilheiras para bcneílcio das almas. Em seu caminho. estava Quívcs. onde Gaspar de Flores administrava uma o bra de tecelagem. Foi e continua sendo um povoado aprazível batido pelo sol nas montanhas andinas, ao lado de um rio de águas das geleiras, a dez léguas de Lima. Era ali que Santa Rosa - e ntão com onze a nos recebia os fundamentos da doutrina c ristã na casa austera de um Padre Mercedário que seria seu padrinho de Confirmação. A pequena Rosa já era, em sua idade, urna alma incomum , destinada a brilhar como uma das grandes penitentes da História e como Patrona principal da América Latina. Mas De us ocultava a grandcl..a de sua vocação dcprccatória e expiató· ria, cobrindo-a com o atrativo d e sua inocência refulgente, que desprendia com naturalidade fragrâncias extraordi nárias.

Os piratas protestantes Doze léguas ao sul do porto de Callao. a ·marcha dos navios holandeses do pirata Spilbergcn foi cortada a tiros de ca nhão pelas naus de Dom Rodrigo de Mcndoza. Os veleiros e ntrccru1.aram-se rapidamente desferindo rápidas descargas. De ambos os lados. as can honeiras cuspiam fogo e funu,ça. Mas Spílbergen evitou a contenda decisiva para ir o qua nto antes assaltar e saquear o porto de Ca llao e Lima com as naves que lhe restavam incólumes. Enquanto os principais homens de armas e cavaleiros das Ordens Militares combatiam na armada de Mendo1.a. os batavos se aproximaram por ent re as brumas e águas cinzentas. A prática dos corsários a serviço dos hereges calvinistas era pilhar, matar e profanar os templos católicos. manifestando seu furor especialmente contra o Santíssimo Sacramento. Sendo insuficiente o número dos guerreiros, os Frades empunharam arruas. O inimigo tinha a.seu favor bom vento e boa posicão. Os de terra contavam com seu arrojo e resolução, mas a desproporção de forças fazia temer o pior. Um dispa ro. Dois. Resposta. Enig maticamente, os holandeses se afastaram . Os barcos do Vice-Reinado chegaram depois e os pe rseguiram, chegando a atacá-los de longe. Mas, o que evitara o assalto? Na hora crítica, Santa Rosa estivera diante da Sagrada Hóstia ex posta na igreja de São Domingos, suplicando a interferência divina no

.combate. No templo. circulou o rumor de que os invasores estava m por entrar em Lima. Confia nte. ela a nimou os presentes a dar a vida pela Eucaristia. Devido a essa intercessão. em muitas imagens a Santa límcnha é apresentada sustentando uma âncora sobre a qual aparece uma cidade.

A grande penitente Desde muito pequena Santa Rosa já $C mortificava admiravcJ .. mente. Jej uava a pão e úgua três dias por scma na e scrvia ..se somente de hervas amargas cozidas durante a qua resma. Certa vezjcjuou com um pãozinho e um jarro d 'água desde a Páscoa da Ressurreição a té Pentecostes. Todas as sextas-feiras do ano colocava fel c m seus alimentos. Dormia duas ou três horas sobre um leito de tijolos. Em certa ocasião teve horror de deitar-se cm tal tormento, mas Nosso Senhor lhe apareceu e a animou, lembrando-lhe tudo o <1ue Ele havia sofrido por ela. Usava um ciiido de corrcntinhas de ferro, com pontas de arame, sobre todo o corpo. Por cima, uma áspera túnica de crina de cavalo. Debaixo da touca cingia um diadema de prata com noventa pontas para dentro. Sofreu numerosas doenças, bem como perseguições por parte dos que lhe eram mais achegados. Mais ainda. durante quinze anos sofreu as

penas de alma do inferno. Revelou a seu confossor que essa provação não

era comparável mesmo às dores de quem fosse queimado vivo. Apersar de todas essas e outras inumerá veis mortificações que Rosa de Santa Maria multiplicava em todas as oportunidades. sua vida

r

No Palácio Arquiepi.scopal do Lima. com suas linhas imponentes, viveu São Toribio de Mogrovejo

f

nos altares, outras imprecisamente recordadas e a maioria delas oculta, se pultada cm velhos documentos de mosteiros e cúrias. Vidas místicas incógnitas. milagres cotidianos. profecias pasmosas, distinguem o legendário século XVI. Em Santa Rosa de Lima reluzem as gn111dcs vias dessas almas: a devoção ú sagrnda escravidão a Maria Santíssi ma, a mortificação admirável, a contemplação mistcri<.\Sa. Na casa de Dom Gon,,110 de la Ma,.a. o nde depois seria o Mosteiro de Santa Rosa. falecia a Patrona da América . das fndíasedas Filipínas,a 24 de agosto de 1617. Circunstantes relataram que, horas antes de expirar. sofreu grandes aflições que comunicava m a seu rosto uma formosura dolorosa e grave, recordando a Nosso Senhor na Cruz. À meia-noite e meia , Rosa de Sa nta Maria pronunciou o Santíssi-mo Nome de Jesus e entregou a alma

ao divino Esposo. Sua face então iluminou-se e se d ispos como descrevemos no início. A dama Luísa de Melga rej o teve um êxtase aos pés de seu corpo jace nte, de uma a ci nco da madrugada, e dois escreventes anotaram muitas de suas pa lavras: «Jesus, ó que glória. Rosa divino ,1ue não 111urt·hareis, que esrois plá11fáda nos jardi11s do Céw,. E com exclamações tais, descreve como a Santa limenha foi recebida na felicidade eterna pela « Rai11ha e Mãe de Deus. a puríssima, a sanríssi111a, a castíssima...» e pelo próprio Deus «i11compreensível, altúsbno. sapientlssbno. dulclssilno,

.

' SUOVISSl/110)),

Ouran te dois séculos. o quarto d e Santa Rosa exalou um portentoso aroma de rosas. Ainda hoje. onde ou1rora foi sua casa. respira-se uma sobrcna1uraJ e cm seu interior rosas concinuam tl crescer. bênção

CARLOS BUENO


Instrução Pastoral a propósito da introdução do divórcio no País D. Antonio de Castro Mayer, por M ercê de Deus e da Santa Sé Apostólica, Bispo Diocesano de Campos Ao Rcvrno. Clero Secular e Regular. âs Revdas. Religiosas. à V.O.T. de Nossa Senhora do Monte Carmelo. às Associações de piedade e apostolado, e aos fiéis cm geral da Diocese de Campos. saudação. paz e bênçãos cm Nosso Senhor Jesus Cristo. Zelosos cooperadores e amados filhos Já tivemos oportunidade de lamentar convosco a apostasia que significou a aprovação d~ emenda divo_rcista do Sr. Carneiro. Foi um desafio of1c1al à Supre· ma Soberania de Deus Nosso Senhor. Este as~cto doloroso do fato jurídico que nos amargurou a alma foi objeto de Nossos comentários na circular de 24 de junho último (efr. Ca1olicismo n.• 319, julho de 1977). Compete-nos agora examinar a nova situação criada, para o convívio S()(ial, com a legalização do divórcio. já agravada com a libcrali,.ação dos anticonccpcionais, que mais accnwa a laicização do Estado. Desse exan,e, à luz da Fé, decorre a atitude que. como cristãos conscientes da dígnidadc e das obrigações que semelhante titulo nos impõe. deveremos tornar nas rclaç-õ es a que a convivência

social nos solicita.

Os fatos A legalização do divórcio parifica, oficialmente, duas c lasses de familias nitidamente distintas antes da aprovação da emenda Carneiro. Havia, com cícito, no Brasil, as famílias fundadas no casamento indissolúvel, único oficialmente reconhecido como digno de todo acatamento e respeito que pede o esta tuto familiar cons• tituído de acordo com sua dupla finalidade natural: a procriação e a educação da prole. ambas nimbadas com a auréola da virtude e do sacrifício do egoísmo. em benefício dos próprios cônjuges e dos filhos. E as outras, frutos de uniões adulterinas, desamparadas ~la lei. d ignas de repúdio. porque fundadas no delito contrário à própria finalidade da união conjugal que pede seja esta única e perene, e disnas•. outrossim. da comiseração que se deve àqueles que se deixam dominar pelas paixões, e não têm a dignidade de arcar com os ônus ineren· tes à d ignidade humana. Com a aprova.ç ão da emenda Carneiro. semelhante dis tinção, suma1n ente pro• vcitosa à moralidade pública e ao bem social.• P<?rq_uc estigmatizava os violado· rcs dos direuos d e Deus. desaparece. Legalmente, podem ombrear. lado a lado, a adúltera e a que se mantém fiel ao seu dever conjugal. Pois. ambas - quer a pecadora quer a vir1uosa - passam a ter igualmente patrocinio lesai.

Conseqüências Quando se discutia no Congresso a famigerada emenda do Sr. Carneiro. alguém fez este comentário de simples bom senso: <cSeró que umo re.tpt•itd"el senhora des,111iwda. qve não tem corag(•m (sic!) de se juntar com um respeirliw!I senhor. o fará opôs a aprovociio do ,Hvârcio? E suas vizinhas e amigas. que, ,mte.'t, o difamariam. iriam agora acei11i.. 1a? Em ,·aso aflr,nmfro. então vivnnos numa sôdnlade hiptkrlta. 011dt~ o btw1 e o mal, ,ws cabera,y dos p1!s1w11s. nlio tl,•,·orn•m tia 1tt1ltlft ZO das coi:ws. mas do card,er legal que as a/ew"(Carlos Alberto de Lemos Furtado. cm c.a rla ao ··GJob<>" de 16.6. 77). Po is. o que o divórcio procura introduzir no Pais é essa hipocrisia. "omh• o lu,m ,, " mal não d,•correm 1/0 ,wturt ZO ,lm· coi.,·a,f, ma:r tio ,·llrtÍU!r h-ga/ que 11.~ t,ft'l{t", Porquanto. a consec1Uência do ni\'Clamento lega l entre a s fornílias cons1iwidas de acordo com a ordem na1Ura l. por casa1nen10 monogâmico e indisso)(l\'CI . e as oriundas de .. recasamento" de pesso~1s divorciadas é o rcsval3r paulalino. n1as incoercível, para a ratificação. n;J convivê11cia social. da lei que estabelece o que Séneca chamava de infâmia, Há. de fato. no dinamismo social, um processo. rcgis1rado pelos sociólogos. segundo o qual toda lei influi sobre o comportamento dos grupos sociais:. no sen1ido de le\'á... los a ajustarem seu modo de pensar e agir ao dispositivo j urídico oficial. E. no Brasil, observa Carlos de laet. pomos excesso em tudo. de maneira que podemos temer venha a mulher brasileira. pela implantação do divórcio. 7

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a descer do pedestal cm que a té hoje tcrn estado... e baixe à plana daquelas romanas. que. como afirma Sêncca . não mais contavam os anos pela sucessão do$ cônsules. mas pela dos maridos. Acresce que os partidários do divôr .. cio não vão se contentar com a aprova. çâo da emenda constitucional que lhes assegura a vigência de sua impiedade. Sentem que ficarão esmagados pelo bom senso. se não conseguirem anular os reclamos das consciências retas que. no povo, recusam a prostituição do instituto familiar. pel:t equiparação da senhora honesta e a mulher que troca de marido . objctivame,uc. adúhera.

lias virtuosamente constituídas. segundo as disP.osiçõcs da lei natural e revelada. e as uniões oriundas de eoncessões às p::tixões. mas acobertadas pelo estatuto legal do divórcio. Tal ind iferença seriá uma prática negação da nossa Fé. uma verdadeira apostasia. Ê aos que cedem a essa tentação que se aplica a maldição do Divino Mestre. contida nestas suas palavras: "A quem m e negllr ditmte dos homens, lâmbém eu o negarei diante 1le meu Pai que esllÍ 110s Céus" (Mt. 10,33). Impõe-se. pois, como dever de consciência manifestar, no trato social toda reserva nas relações com divorciados c "recasados... São eles, objetivamente, cons· pure.a dores dos direitos de Deus. Merecem nosso repUdio.

A campanha contra a Moral tradícional Pois. a aceitação do divórcio por pane do sociedade não se faz. cxclusiv;,1 .. memc, enfatizando as aparente-s vantagens que ele traria aos casais desajusta• dos. Eis que há no coração do homem a persuasão de que a vida honesta exige renúncias e sacrifícios, de maneira que o mais comezinho bom senso recusa a absolver aqueles que fogem ao dever. para só buscarem o prazer. Por isso. para ser eficaz. a campanha pela aceitação do divórcio na sociedade. arn1>lia-se a todo o campo da honest idade, visando arrancar do indivíduo toda sensibilidade moral. Não há dúvida de que sem esta base. uma luta pela aceitação social do divórcio, contando a penas com a propaganda das vantagens que o instituto dissolvente da familia traria aos casais desajustados. estaria condenada ao íracasso.

As vârías frentes: as idéias E verificamos que se intensiíica a campanha contra a Moralidade tradicio .. nal. e conduzida meticulosamente. Con• ,ta com várias frentes de ataque. que, pa· ra melhor iludir, aparentam estar desarticuladas urnas das outras. Percebem. desde logo, os inimigos dos direitos de Deus. que são as idéias: que conduzem os homens. De onde. é preciso esvaziar o cérebro dos princípios tradicionais que regem o 1>roccdimento humano, e enchê--lo com novos sistemr,s que justifiquem a liberdade sexual. cujo termo natural é o divórcio. ou melhor. na s ua última fase, o amor livre. Eis como Guilherme Reich. o mtdico austríaco que se íez arauto da novH ética sex ual. descarw o p rincipio lilosófico que delimita o uso do instinto sexual: .. Entender o desejo sexual ort'entado ao serviço tia procrlt1ç,io é um meio dl! repr(•ssão ,ta sexólogia ,·onsnvadora, f;

uma <·(mcepçào finalisra. e porwmo idenlista, />ressupõe fins qm) devtm, 11etessarimnen1c ser de origt!m sobrl!nm1,r11/. Introdu z um prillr1i)io me10J,:rko e por iss<> mesmo 1/ei;.,:ti monifrs10 om preconceito religioso e mistko" ("A Rt•voh,r,io se.x ual. 193()" - apud <tVerbon. n.0 151 · - 152. p. 302/ 3. Madrid. 1977).

o sofísma

e sua refutação

Corno se pode ver. Reich nega quaJ.. quer valor a uma norma moral estabclc• cida cm virtude do princípio de ftnalida• de. Nega. mas. ni'io justifica s ua negação. Aliás. como scrHindo a falta de base ao seu pensamcmo. ordilosa.mcnte suscita a susceptibilidadc da v:tidadc humana. do orgulho q ue se esconde sob o rcs pci10 hum:1110. alutlindo tt uma interícrência rdigios:1 e metafísica. e insinuando o pres$uposto de que as conclusões metafís icas ou os preceitos religiosos sej,un, por isso só. nlereccdores de afo:--1:,dos

scrn nlaior discussão. A razão. pois. da recusa de Reich cm aceita r o fim como justificati,,a do uso correto dos atos hum,·r nos é gratuita. Opõe·sc. a liás. à evidência experimental. Seria fácil desarticular seu sofisma. Bastaria abrir os o lhos e ver a realidade. Porquan10 todas as ações do homem são ordenadas a um íim. têm sua rntão de ser num fim. seriam incompre• e11sívcis. na hipôtesc de se lhes negar uma finalidade. Os olhos ~ão feitos paro ver. os ouvidos para ouvir. os pés para caminhar. Toda a atividade, enfim,~ sem· prc ,,ora obter alguma coisa a que está: ordenada. (; a té a parte essencial da noção de bem, de bom. Bom é o que se ajusto à

Exígência da piedade fil ial

A Sagrada F1míli3, modelo supremo pa,a todos que constituem um htr ("Fuga para o E9i10" , pintura do F ra Angelico - Museu do São Marcos, Florença, Itália, século XV).

sua 1rnh1l'cza. ao seu fim. 8om é o relógio que marca as horas. porque o telógio foi feito indicar as horas, E. pois. um fato e não um preconceito religioso ou 1n~l:tfâsico qul.! nos leva a conhecer a bondade de uma ação pelo íim natural a que ela se ordena. Bons são os óculos que auxiliam a ver~ boa a cadeira que serve pa ra nela se assentar. Assim. bom é o uso do sexo. quando o,·dcnado.) proeriaç;.1.o. porque, pela sua natureza. a atividade sexual tende a multiplicar o gênero humano. Semelhante argument:ição é intuitiva. Infelizmente não a ía1. o homem de hoje. que se imprcssion~J. no cnwnto. e aceita focilmcnte as afirmações categóricas. mas sem íund:uncnto. daqueles que $ão tidos e p:issam como os grandes lumin~1rcs da c iência conlémpor~nea. Vão. com isso. tais idéi:,s se difundindo n~,s escol:1s e entre a juventude, e sedimentando . no fundo tfa alma dos individuos. os alicerces de urna mcmalid:,dc oposta ú menwlidadc cristã tradi·

"ª"'

cion:_il,

Na ordem prátíca: o ambiente sensual Prepanindo <'I terreno pr,ra n aceitação de semelhante íilosofia. erótica e materialista. d~• vid,t. a1u:11n os impactos destinados a sacudir o jugo da honcsti• dade ainda vigente. Tais são os <lcgra· d,, 1lles c:-1,..:t;,'u;ulos de lhlmo~~t'.XH:1 •.• \~ m.· proclama,n. dcsinibid~s e sem pudor. :t inversão de sua o:) lurtí'a, va11glori:rndo-se mesmo de sua condi(,'fio an..1ala: tais a s pisci11as públic:is. que habituam o povo ~10 nudismo. â pcrd:1 do recato. que é o cscud() de dcfc.:-:a da con.i-ciêncin moral: tais as escolas misrns. t~uc :1ccn.. tu;un a já excessiva liberdade dl' tr:uo entre jove11s de divcrs:o sexo: tais os movimentos que difundem. no povo, o h~lbi10 do palavrão. etc.

A hostilidade de meios de comunicação social Concomitantcme111c. :1 tais impactos tendentes ;1 vencer a resistência natural dh alma aos hnpulsos desordenados dos sent idos. inúmeros ins trumemos de CO· munica.ção social. im1,rens.1. cinema. r,tdio. lClevisão e teatro. vão criando um ambiente hostil à vida virtuosa no seio da familia. e de apoio à liberdade sexunl. Ninguém. por exemplo. irá negar a pro• cedtnci,, dc.stas observações do Sr. Julio Barata: "Quem lê jornáis. v{, u•l,•vi.,·,iQ, folheia /i"r<>s. vai 110 cin(!ma o u ao rra• tr<1. não pode deixar de vercebt•r a gut•r.. r<1 $u rda e .'Wbtil. movida contra a.fmní· lia e sua missão sagrada .. (O Globo. 10.4. 77). E mais adiante: não é preciso grande esforço "paro des,:obrir. em to .. das essas manift.1stacões t/ut! louram ora o ri<lítulo. ora o descrt.mra. sobrt.> os

lares onde impen, o outêmico amor. o

dedo sinis1ro tios que pretendem risc11r tio mapa a primeira co,ulição paro que e;dsto e floresça uma coletividade humo-. 1w.

pacifico. organizada e /et.·tmda. vol-

tada µora o bem comum",

Nosso dever de cristãos

Compreendemos melhor a ~ravidade desse delito. quando o aproximamos de outro análogo. qut toca de perto nossa sensibilidade. Quem. de fato. toleraria relações de amizade com quem injuriasse atrm::mentc a a utora de seus dias? A própria piedade filial estaria a exigir o distanciamento. a ruptura. Além da o ração. que devemos até pelos nossos mais fogosos inimigos. apenas uma inc· vitável necessidade permitiria algum diâ• logo fortuito. No tnta.nto_. nem sequer podemos estabelecer paralelo entre nossos progenitores e o Pai que está nos Céus. Tão infinita é a santidade, a bondade, a oniperfeição do Pai Celeste, que a maior dedicação filial ê merios que nada cm comparação com o que devemos de amor. graudão. louvor e glória a Deus Nosso Senhor. E vamos nós suportar. com indiferença. a injúria que lhe fazem o~ que à honra que lhe prestariam. na obediência às suas leis. preferem o baixo pra1.er da paixão'?

Ponderada brevemente a situação A líção das social frente à implantação do divórcio. Sagradas Escrituras nossa fidelidade a Jesus Cristo urge nos empenhemos, com firmeza, constância e Não. Não é e,s,ta vilania que nos decisão, a nos opormos a que a lei dissol- ensinam as Sagradas Escrituras. e a que vente da íàmília. e pois oa moralidade nos incitam os exemplos dos santos. social, e a decisão de liberar os anticonEscrevendo a uma das igrejas da cepcionais terminem levando os fiéis ao Ásia Menor. recomendava o Apóstolo que se costumou chamar de absorção da S. João que, aos q ue não se mantêm fiéis nova ordcnaçilo jurídica.ou s~ja. a uma ;,\ boa doutrina, não os recebam cm casa conformidade. na convivência soci3I, nem os saúdem: "Ne Avé t i dixeriri.r'' (2 com a nova situação criada por aquelas Jo. 11 ). E dá a ra11io: porque o sinal de duas medidas violadoras dos direitos de ami,.adc torna a quem lhes d:\ colaboraDeus. Conformarmo ..nos com tal situa· dor das suas obras más. ção equívalerin a uma tr~-1ição 3 nossa No mesmo sentido. S. Paulo impuFé. e ao nosso Deus e Soberano. nha aos Coríntios que não tivessem relaAs vári3s frentes de baialha contra ções com os impudicos. avaros. ladrões. os direitos de Deus e pela laicização idólat ras. e. do mesmo modo que S. total da. sociedade. temos que opor ou- J oão. J>roíbc-lhes as relações de amií'..ade, tras tantas contrr1-ofcnsivas que sustem marcadas especialmente pela pa n icipa· o avanço da pagani1.a.ção de nossos cos- ção à mesma mesa. tumes e envolvam a afirmaçiio nhída no sentido de 1·c.staur-ar a soberania social de Jesus Cristo. J)ois. assirn como o As nefastas seqüelas ero1i.smo se diíunde. e exerce seu impéE comprccndc•sc facilmente. Primeirio. m;,is através do ambiente que se empenha por c riar, a fim de imprcgn;:1r ro. J>orque a convivência amolda os esde sensu~,lidade wdas as mentes. do que piritos e arrefece a~ resistências. A convipcl;\ profissão fr~lnca de seus dcspudora~ vência amável c.om os divorci3dos e t•re· dos prindpios. assim a civili1.,,ção cristã casados,, levaria os fié is a atenuarem o só tl'iunfo. qu,111do os fi~is m:tnikst:un replldio em que devem ter a impiedadr ein seu te4,)r de "ida. as convicções que de ttucm assim c.aka aos pés a lei de :,Hmcniam na almr1. e cs1a ac;í10 C 1an10 Deus. H:\. depois. o mau exemplo, o esm;1is cficr,,. quanto melhor a sericdt1dc cândalo que causaria esse modo de prodo procedimento tl'adu1 a firmc-1...a da~ ceder. pois. átrairia outros. mais fracos de espírito, a atcmwrcm também e les seu co1wicçôcs do individuo. horror à impiedade que é o divórcio. En· Ji1 1ivcmos ocasi:io <lc destacar cssn rim. é preciso <1ue a sociedade. e la mes· lei da r>sicologi;, hum:,11a, na Noss.1 Car· ma, tcnh;l uma sanção contra os vio la· rn Pastor,11 sobre a Rc:1fc:,,a de Nosso dores das leis divinas. E esta consiste nu· Senhor Jesus Cristo. Não \/amos aqui ma espécie de marginalizaç:1o a que os rc1,ctir as eon:-.iderações que ai fizemos. bons devem votar àquçles que não reco!)uhlinh:1mos. no entanto. o que d isse- nhecem a soberania d o· Senhor de todas mos naquele Nos..~odocumento pastoral. as coisas. e que, por seu menosprezo das isto é. que ~1s heresias nasceram do enti· ordenações divin;1s. aíastam da sociedabi:unento da Fé que ",w.! acmuoda a umo de as bênç;'ios do Céu. ,·011\'it·ê11dt1 n ormal r padflca" com "o t•rro t!xisu•nt(.• na :U.1C'iedadt.'". Í: precisamente essa tentação que O preceito da caridade nos cumpre vencer. quando a lega li1.aç~o do divórcio e a liberalização dos anticonNão se pense que esse modo de :1.gir. ccpcionais tentam instalar na nossa socie- por Nós preconizado. desconheça a caridade :, aceitação de uma convivência que dade que nos obriga J amar a todos os faz tâbula rasa dos direitos de Deus:. homens. Pois, ~l caridade nos impõe. acima de tudo. que nos interessemos pela salvação eterna de nossos scmelh-'ntcs.' Com os casaís divorciados E a melhor maneira de cuidi,r d~t s::1lvação e "recasados" do pecador é fazer-lhe sentir o peso do pecado. a gravidade da culpa, A reserva. A melhor maneira de colaborarmos com relação aos d ivorciados ctreca.sadosu a que se íirme. na. sociedade. semelhante afronta à Soberania divina. seria nossa indiferença na maneira de tratar :is f.·uni· Co11elpi 110 pâgi11,z 6 ... .._

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NA INGLATERRA, UMA MODA DIFERENTE: O DIREITISMO H

Como se vê. está a i um esboço de programa político que mereceria

Á CERCA DE um ano a im-

prensa tem publicado noticiário farto sobre a crise das esquerdas, que vem sendo acompanhada por uma acentuada ascensão das direitas. Na França, os chamados intelectuais de esquerda descobriram agora, com atraso de trinta anos, que o comunismo russo, sobretudo o stalinista. foi e é incompatível com a liberdade. Os novos doutrinadores comunistas franceses chegam a opor-se a Marx ... Na Nova Zelândia, na A ustrália, na Suécia, na Inglaterra e na Noruega, os partidos socialistas sofreram recentemente derrotas históricas. Em pra ticamente todos os países europeus, são as alas mais direitistas o u menos esquerdistas que estão em progresso, quer nos partidos políticos de esquerda, de centro ou de direita. Não pretendemos aqui historiar esse movimento, embora ele venha sendo pouco aprofundado pelos comentaristas brasileiros; queremos, no momento, apenas indicar alguns fatos significativos sobre essa ascensão do direitismo na Inglaterra .

mais ampla divulgação e ntre n ós.

Sobretudo entre nós católicos, cada vez mais afogados num neocristianismo esquerdista que corrói cm seus fundamentos a doutrina social da Igreja.

Esperanças e cautela

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ADOLPHO LINDENBERG

O anti-socialismo domina em Oxford e Cambridge O Jornal do Brasil de 15 de agosto ultimo publicou longo artigo escrito de Londres por Robert Derval Evans, que ressalta a nova moda direitista que domina a intelectualidade britânica. Quem são os autores;que inspiram essa onda direitista? São os prêmios Nobel Friedrich A. Hayek e Mi lton Friedman; são velhos escritores anti-socialistas como Karl Popper; e ainda pode ser considerada uma plêiade de jovens pensadores, uma vez que «nas universidades - observa R. D. Evans - especialn1e11te . en1 Oxford e Cambridge, os intelectuais mais jovens abandonaram os doutrinas antes em vogo nos clubes políticos», isto é, as doutrinas d e esquerda, voltando-se para a direita.

Um neodireitismo antinazista No terreno teórico, um dos traços ma is salientes desse movimento neodircitista é seu caráter antinazista . Se é verdade que cm alguns países, como a Alemanha, está havendo um renascimento do nazismo, erraria redondamente quem confundisse esse fato com o novo direitismo intelectual que estamos analisando.

U111a última pergunta: que esperanças devemos ter cm relação a esse movimento neod ire it ista? A nosso ver. é impossível fazer prognósticos, e é temerário acalentar grandes esperanças. Dentro da instabilidade quase diríamos metafísica do homem moderno e das inrelligenrsias de nossos países ocidentais. os entusiasmos devem ser moderados. mesmo diante de urna corrente política que apresente sinais muito promissores. Em duas palavras, diríamos que esse -movimento anti-socialista deve ser acompanhado com sumo interes se. mas com um senso católico muito aguçado.

81BL/OC/IA FIA

Tanto em Oxford. cujo plttoo interno ó focalíz~o pol.i foto, como cm Cambridge - os duo, mais tradicion3is e famosas Universid:,des bri1ãnic3s - surge nova toOOõncia conservadora

Prova disso é que um dos escritores mais cm voga, entre os jovens universitários anti-socialistas, é o grande inimigo e denunciador do esquerdismo nazista, o prêmio Nobel F. A . Hayck . cuja obra clássica, The Consritution of Liberty. escrita há doze anos, está se torna·ndo - no dizer de R. D. Eva ns. - a «Bíblia» da atua l geração de acadêmicos e estudantes de Oxford e Cambridge e um dos livros de cabeceira dos pensadores políticos. Dentro do Partido Conservador britânico, a nova orientação se caracteriza por c ríticas acerbas à linha seguida pelos «Tories» nos últimos trinta anos. Em seu livro For Co11serva1ives 011/11, Lord Colerainc os acusa de tereni reagido contra o /.Abour Party num sentido errôneo desde a Segunda Guerra Mundia l. jul-

ga ndo que deveriam «diferir de seus esse Partido proc ure definir seu pentulverstirios não no panoranw dou .. samento. Mas, por out ro lado, é muitrinário ou nos fins visados, ,nas a~ to revelador que o faça, afinal. penas nos ,neios a serern urilizados>>. Apenas para não privar o leitor Na mesma ordem de idéias, Lord de uma visão rápida do sentido c m Robert Blake apon ta, como um dos que se c ncam·inham as idéias de Lord aspectos negativos do comportamen- Blakc, enumeremos aq ui algu mas to conservador no pós-guerra, o fato das características do conservadorisde que «rudo que se oferece aos elei- mo, como ele o concebe: um senso rores é unia escolho entre dois parti- profundo do pecado origina l; um cedos co111 os 111esn1os objetivos últi- ticis mo completo quanto /, bondade 1nos. ,nas propondo meios diversos natural do homem; uma rejeição abparo os aringir». soluta de qualquer Utopia; o desejo De observações como essas tem de estabilidade político-social; a afirsurgido, no seio do Partido Conser- mação de pontos fundamentais dos vador, um 'esforço no sent ido de de- princípios tradiciona is que permifinir os princípios doutrinários do tam manter o rumo entre as mudanverdadeiro conservadorismo. f: q ua- ças e as confusões de hoje; o papel se irônico dizer que só agora. depois limitado do governo; o combate ao de te r ocu pado o governo tantas ve- igualitarismo socialista: o abandono zes. por tanto tempo e num pais tão da «via méd ia» adotada desde a 2.• intclectua ti ,,1do como a lnglaterra. Guerra.

Lord Robcr1 Blakc. Comervotism ln ort A· gt o/ Rcvo/utim,. Churchill Prcss, 1976. Lord Robcr1 81akc e John J>atten (edito· n:s) e outros. 1'lu· Co11serva1lvt! Oppor· 1tmilJ•. Macrnillan. l..ottdl'es, 1976. Lord Colcrainc. For Cô11sen-a11\'('s OnfJ·. Tom $t3çey. Londres. 1970. F'riedrich A. H3yck. O Cóminho ela Sttrvidão. Globu, Porco Alegre. 1977. R'1bcn Ocrv:,I Evans, lmt'l,•<'luofhlcuk briui· nira 111mblm reje;,u o mttr.tiSm{), cm Jumof tio Brasil, d e IS dt agosw de 1977. F'riedr-ich A. Hayck. 71u· Co11s1it,11io11 o/ ú'· hfrt,V, Univ. of C hicago Press. 1960. Milton Fri<:dman. Capilóli:m, a,u/ Frudom, Univ. of Chicago Prc-ss. 1962. K.3rl Popper, A Socit'tlode Oemo uórica t' st•u .t In imigos. hàti:,i;,, Belo Hori1,on1c,

1959.

~AfoJLpCE§MO

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MENSARIO

com aprOV'JÇ50 ..·c:l~siá~1ka CAMPOS - ESTADO DO RIO Oirecor Plulo Cort('a de Brito Filho

Diretoria: Av, 7 de S(tembro 247, \'.:aixa postal 33 3. 28100 f3mpo~. RJ.

--4•~ Co11clwião do p,ír;ina 5 realiza esse interesse. Envolve um ato de caridade, enquanto é om convite ao arrependimento e ao reconhecimento da inc•

fável santidade de Deus. Da mesma maneíra que a ação de Jesus Cristo, expulsando. com um azorraguc. os vendilhões

do Templo, foi um ato de caridade para com aqueles ho mens ma1criali1.ados. pois. re..Jos sentir o mal de sua culpa: assim a reserva com os que se beneficiam

da lei do divórcio. para transgredirem a lei de Deus. Não sem razão põe a Igreja

entre as obras de miscricódia. castigar os que erram.

Jesus come com os pecadores No caso. uma aparente diriculdadc nos dará a medida de nossa caridade. Narram os Evangelhos que Jesus comia com os publicanos(Mi. 9, 14; Me. 2, 16), causando admiração e murmurnçõcs entre os far iseus. Não estaria o Mestre dc-

sautorando a recomendação do Apóstolo? Nâo. Com efeito, hã diferença entre o pecador inveterado. que não abandona

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seu estado. e nele permanece tranqOilarnentc, sem o menor remorso de se achar longe da amizade de Deus. Com estes Jesus usou o a zor-raguc. as expressões causticantes. como quando aos fariseus chamou--<>S de (,sepull.:rus caiados,,. E há o.s:

pecadores que procurJm o Divino Mcs1re, com pesar de seu estado, ;:l busca de

perdão. A estes recebia o Senhor e os convertia. Tal o publicano Zaqucu que reparou todo o mal que fizera (Lc. t 8,S s.). Tais os pecadores que aíluiam â casa de S. Mateus. quando este deu o ícstim de despedida do seu ofício de publicano. para seguir o Senhor. e que provocou as murmurações hipócrit:ls dos fariseus.

O equilíbrio no apostolado Este exemplo mostra a prudência que devemos ter no aposlolado. Jamais nosso procedimento devcn\ caucionar um teor de vida condenado pela lei divina. ali::',s. como cnsin:l S. João. seríamos cortcsponsáveis pela transgressão da lei (Jo. 11). Por ouu-o lado. jamais devemos recusar nosso apoio ao J)ecador que procura os meios de sair de seu estado de pecado. E mesmo nestas ocasiões, ê preciso que nossa aproximação evite qualquer espécie de aparência de

jprovaç:ão do estado de vid~l pecaminoso. No exemplo que t:utto cscar1dali1.ou os fariseus. a boa disposição d:,quelcs homc11s - (não se s-.abc até que ponto culpáveis. pois. s5o os fariseus que os reputam pccadore~. e essa scit::i era fticil cm condenar os que a ela não pt rlcnciam) - que se .1proxirnaram do Divino Me.sue já se cvidcnci:, pelo fato de se tratar de um ftstim de quem se despedia de uma situação moralmente perigosa, para urna dedicação maior às coisas de Oeus! Lcvi fec hava(> tclõnio, para seguir

o Salvador. Não nos dcixcmos. pois, amados filhos. cmbair pelos sofismas dos herdeiros do farisaismo. nu,s mortifiquernos nossas inclinações quer p:ua o cxcc-ssivo vigor. quer para a indulgência culposa. e conservemos um proeedimc,uo nitidamente católico: sem ami1.ades, nem i ntimidades. nem habitual convivência COil'I

os que, bencficíando-se da lei do divórcio, constituem-se cm tranqüilos violadores da lei de Deus; e. com 1.clo pela conversão dos pecadores. mesmo pela dos divorciados •crccasados>>, zclo ícilo de orações. sacrifícios e mesmo conse·

lhos e outros meios que os afaste do estado de pecado cm que vivem. sem jamais prejudicar a sanção social devida

â impiedade em que se estabeleceram.

Conclusão Eis. zelosos cooperndorcs e am::idos íilhos. as considcr:lçõcs que vos apl'cscnwmos para oricniar vosso 1>rocedimcnlo n;, nov:l condição social c riad:J no Br.tsil com ~1 legali;,..ação do divól'cio. Pedimos :\ Virgem Samissima, Mãe de Deu)) e Senhora noS:S3. queira nos confortar co m as luzes e 3 caridade do Divino Espírito Santo. para, através de nos.s:l vida. impecavelmente cristã. dar.. mos nossa contribuição a que se evite uma ra1 ificação social à irn1>iedadc da lei

divorcista..

Que a llênção de Deus Onipotente, Pat drc, Fif lho. Espíritot Santo desça sobre vós. trn1.1d:i

pelas mãos dulcíssimas e imaculadas de Maria Sancissima. Dada cm Campos. aos I S dias do

mês de agosto do ano de 1977, festa da Assunção corpórea da Bém-Aventurada Virgem Maria aos Céus.

Mandamento Seja esta Instrução lida ao povo. à estação da Santa Missa . e explanada nas

reuniões das Associações Rdigiosas e de Apostolado.

t Antonio, Bispo Campos

Administr-aç:io: R. Dr. Martinico Pra· do 271. 01224 S. Paulo. SP.

Compo~10 (' impresso na Artpn:~ Paptis e Artes Gr{ilic:i~ Lld:i .• Rua

l)r. Martini<.·o Prado 234. S.io P3u· lo. SP. Assin:uura anual:comum Cr S 100.00~ <:OOJ>Cr~uJor CrS 200.00; benfeitor CrS 500.00; i;r•ndc benfeitor CrS 1.000.00: \.Cminari~t:is e cstud:1n1es C,S 70.00: América do Sul e Cen• trai: via de- ,upcr(icie US S 12,00. vi:i a1.: r1.·:.i USS 14,50; América do Nouc, Porw1=al. l.s1>;1nh3, Províncias ul1ram;irinas e Colónias: via <lc- superfície USS 12.00. vin aéi<a USS 17,SO: outro, p:1iscs: viã de $Upcrfície USS t4 .00. via aéro• VSS 23.50. Venda avulso: CrS 10.00 Os pai::1111en tos, sempre- c-111 nome de Editora P3drc Belchior de Ponte! SIC. poderão ~cr cncaminha<los à Ad· ministr3Ç:io. ~ra mudanç~ de cndc,. r(ÇO de as.,;inantcs, é necessário mcn· do,1;u também o endereço antigo. A corrcspondénci3 relativa a assina· IUtáS(' vendá avulsa deve ser enviada à Administracào

R. Dr. lltartinico Prado 27 t 0 1224 S. Paulo. SP


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AS ÁGUAS plácidas do pequeno rio Ripa, dois meninos navegam em um barquinho, Um deles enquanto o outro move os remos - brinca levemente co,n a mão na correnteza. Percebe-se facilmente que ele pertence a uma camada social muito simples, e q ue recebeu educação rudimentar. Entretanto o seu gesto não deixa de ter uma nota de elegância e harmonia,Sobretudo muita naturalidade. É um menino que tem essa forma mínima e principal de educação, que é a virtude. Pois o modo com que ele admira a água, composto, direito - apesar do «à vontade» de sua atitude - denota muita pureza, Atrás do barquinho desvenda-se um cenário magnífico: o templo pagão de Vesta, deusa do fogo entre os romanos, uma torre da ldade Média, a lguns casebres pitorescos e o Ripa que passa, no qual se despejam as águas servidas da « Cloaca M assi111a» - uma das mais antigas construções de Roma.

Analisemos o templo pagão, Seu corpo central é constituído por uma espécie de cilindro de pedras, sem janela, cuja porta se situa do lado oposto ao ângulo visual do quadro . Dentro se ofereciam sacrificios idolátricos à deusa Vesta, na Roma do paganismo. Ci rcundando o corpo central vemos um

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~onjunto de colunas clássicas, i'S quais sustentam um telhado ci rcular, Há inegavelmente um «quê» de imponderável no edifício, conferido por sua antigüidade, que remete à idéia de um passado não apenas ve lho, mas mumificado. Um passado reduzido ;3 esqueleto, incapaz, portanto, de produzir qualquer coisa nova. As telhas, quase se poderia dizer que encolheram, e estãc, trêmulas de velhice. As pedras estão ressequidas como passas que outrora foram uvas. Perderam inclusive o rctilinco de suas linhas,

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Ao lado do t-emplo pagão, altaneira, , sempre com vitalidade, a velha torre da Igreja de Santa Maria in Cosmedin, em esti lo românico do século Xll. Ela se eleva em seus sete andares, proclamando a vitória da Igreja Católica sobre seus antigos perseguid ores e sobre o mundo pagão romano.· «Srar crux dun, volbirur orbi» - «A Cruz está de pé enquanto o inundo se revolve». Onde a Igreja deitou sua mão sagrada, dali ninguém A tira! Junto a esses dois monumentos tão expressivos, notáveis por seu contraste, o povinho tranqüilo vive nos braços da Fé e da História, Com a naturalidade de quem leva a vida de todos os dias. Nesse contexto o «rione» parece representar o curso das eras que vão passando, a lembrar aos homens o mutável das cosias ao longo dos tempos.

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RASTEVERE. A aquarela deixou-nos pitorescas lembranças deste recanto rornano, que até hoje mantém seu antigo sabor: suas casas, suas pracinhas, suas feiras, seus contrastes, O quadro focaliza o Arco de Ptolomeu, que abria acesso à Via Anicia, hoje limite da «Manifa11ura Tabacchi». No fundo divisa-se uma torre, provavelmen: te o campanário de alguma igreja antiga. Embora o aspecto arquitetônico seja muito evocativo, o que mais chama a atenção é_o aspecto humano do quadro .

. No primeiro plano vemos uni menino condu zido pela ,não por sua governanta. É uma criança tipicamente italiana do século XIX. Chapeuzinho de marinheiro co1n um pom-pom em cima; traje de veludo plissado com gola branca; rneias escuras; sapato preto de fivela. Na mão ele traz um arco, brinquedo 1nuito comum cn1 sua época_. A pcrninha que se leva nta é o auge da «italianirà» - atitude típica de quem ameaça fazer um discurso.,. A governanta carrega um cesto de rosas vermelhas. Muito co1nposta, leva um avental e uma touquinha br.ancos, no século XIX distintivos de seu cargo.

Encostados ao muro da viela, junto do Arco, dois indivíduos mantêm urna conversa animada, Pela atitude nota-se

que são velhos conhecidos e amigos íntimos - prontos para qualquer aventura.,. Embora mais pobres que a governanta e o menino, percebe-se que estão perfeitamente satisfeitos com a condição de vida na qua l se encontran1. A esse propósito há inclusive um curioso duelo n1udo entre a governanta e os dois aventureiros, Ela, pela atitude que toma, dá a entender que se considera bem superior a eles. E que tem a noção clara de levar uma vida muito mais limpa e ordenada que a deles, Os dois co1npanheiros por sua vez indiretamente respondem à n1oça, também pela atitude, que, embora reconheçam que a governanta seja mais, deixam insinuado, entretanto, não desfruiar ela de uma vida livre e à vontade corno a deles. Num a1nbiente assi1n, ninguén1 é inteiramente desconhecido. Não cabe aí o anoni1nato 1nassifícante que impera nas babéis n1odernas. A cidade é pequena; o ambiente, tranqüilo; a vida, muito ca lma. Todo mundo que passa conhece a categoria social do outro, sua profissão, seu esti lo de viver, seus hábitos. E todos desfrutam de uni relacionamento social harmônico, fruto típico de uma sociedade que nasceu da raíz robusta da Igreja Católica.

Estes são alguns aspectos da «Ro111a Sparira», da . Roma desaparecida do século XIX - cidade até hã pouco eclesiástica, porque governada pelos Papas, con1 muitas características ainda medievais. Fixou-a, a partir de 1870 até 1907, o s_enso apurado de observação e o pincel exímio do artista alen1ão Ettore Roesler Fra nz, Ele nos deixou 120 aquarelas, que hoje podem ser admiradas no Museu do <<Palazzo Braschi». em Roma. 7


<<COVADONGA>> ,. EMPOLGA ESPANHOIS MADRID - Dia de verão em Madrid . No centro da cidade, estandartes vermelhos polarizam todas as atenções: de senhoras que fazem compras, cidadãos bem vestidos, jovens universitá.rios, um ou outro militar, ou de alguns barbudos «hippiformes» e mal-encarados. Um b rado parte do grupo ali reunido: <<Por Espaila!>> A resposta vigorosa de vozes jovens é imediata: «Tradición! Familia! Propiedad!>> A TFP na Espanha? Não exatamente.. T ratava-se da Sociedad Cultural Covadonga. uma congênere das TFPs existentes nas Américas. É uma entidade cívica que tem como objetivo defender os valores básicos da civilização cristã e as tradições hispânicas. Covadonga usa também um evocativo estandarte e capas vermelhas, como as entidades americanas que são suas co-irmãs. O escudo do

estandarte é um pouco difere nte: campo dourado e branco, com uma cabeça de leão na parte superior e a Cruz de Santiago na parte inferior. Sobre a capa, os jovens em suas campanhas públicas usam uma Cruz de Santiago dividida por um fio de ouro: vermelha de um lado, branca de outro. Estando na Espanha e tendo entrado em contacto com sócios e cooperadores ,de Covadonga. tive oportunidade de presenciar atividades públicas da entidade tanto em Madrid quanto em outras cidades. E pude entrevistar alguns deles. Um dirigente de Covadonga explica o teor de relações existente entre Cpvadonga e as TFPs, referindo-se também aos princípios doutrinários e aos ideais que unem essas entidades: «Constitubnos corno cada uma das TFPs afins, . ..,e associações ,. . uma . orga,uzaçao autono ,na. nw.r 1nsp1ra~

O "A,pati t" ó um dos 8 pesqueiros russos aprosados pol3 Marinha ,rgon1lna. Vários ouuos fugir{lm .

Marinha argentina apresa barcos russos TFP felicita A 22 DE SETEMBRO a Marinha argentina capturou quatro de 29 pesqueiros soviéticos que se encontravam a apenas 130 milhas da costa. Outros barcos russos que também operavam ilegalmente em á1;iuas argentinas conseguiram fugir saindo da íaixa das 200 milhas. Um comunicado da Marinha argentina revela que os barcos soviéticos «Bussol» (3.800 toneladas), «Apatit» (5 mil ton.). «Teodor Nette» (3.200 ton.) e «Magnit» (4.600 ton.) não exibiam bandeira. Puderam ser identificados pela foice e o martelo pintados na chaminé. Por outro lado. a írota pesqueira soviética é suspeita de espionagem. O contra-almirante Anaya, que dirigiu a operação de a presamento, declarou que os soviéticos

rela Fi1ho. enviou ao Coma ndan·

ofereceram «resis1ência passivm>.

seu pior i11i111igo: o co,nu11is,no)>.

negando qua lquer espécie de colaboração ao pessoal argentino que ocupou os barcos pesqueiros. Estes não quiseram atracar antes de se comunicarem com representantes diplomáticos russos. Em vista da flagrante violação da soberania nacional, a Chancelaria argentina convocou o representante diplomático russo para entregar-lhe uma nota maniíestando <en1tpresa e desagrado» ante o ocorrido.

A TFP felicita

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A esse propósito, o Presidente do Conselho Nacional da TFP argentina, Sr. Cosme Beccar Va-

te naval das operações de apresamento, em 26-9-77, o seguinte telegrama: «A Soriedade Argentina de D~(esa da Tradição. Fa111ília e Propriedade (TFP),felicita ao Sr. Comandante e o toda a Arnwdo Nacional pela brilhante e intrépi· da defesa d_e nossa sobertmia, ao ct,pturar quatro barcos soviéticos.

Esta felicitação é particularmente entusiáslica~ pois o usurpa· , ão dos direitos territoritJis pelo.; soviéúcos ni'ío é senão pane da atual ag,·essão ideológica, psicológica e política com que o imperitilismo co1u1111is10 pretende 11vassalar fronutiras e ptU:res no inundo inreiro. Pedi111os à Divina Providh1· eia que sustente sempre alto o· braço armado da pátria contra

Novas violações Uma semana depois. ocorreram novas violações de águas territoriais argentinas por pa rte dos russos. Desta vez, dirigiu a operação de apresamento o próprio Ministro da Marinha, almirante Emí lio Massera, cujos barcos de guerra viram-se obrigados a fazer rogo para deter os intrusos comunistas. Mais dois barcos soviéticos e dois búlgaros foram ca pturados. Três suboficiais argentinos desapareceram no mar, devido a uma enorme onda que se lançou contra as embarcações, durante a

operação de apresamento.

mo-nos nos nresmos princípios e ideais. niagnijicamente explanados na fanrosa obra do pensador católico do Brasil, Prof Plínio Corréu de Oliveira. Quando o co111unismo desenvolve 111na ação mundial para destruir a cil'ilização cristã. seria ridículo e até 11111 contrasenso f ecltar1110-nos nun,a ação limitada. Daí nosso intenso intercâmbio con, as TFPs norte e sul-americanas. cuja ação antico,nunista ten, se mostrado altamente eficaz».

A «Ostpolitik» vaticana causa perplexidade Quando cooperadores de Covadonga proclamaram o nome do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, alguns circunstantes redobraram a atenção. A explicação não ·tardou: a Sociedade Cultural Covadonga solidarizara-se com o telegrama enviado pelo Presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira a Paulo VI.O folheto intitulado «A Ostpolitik vaticana ,·t,usll perplexidade» fornecia inais detalhes. Ao receber o novo embaixador brasileiro junto à Santa Sé, Sr. Espedito Resende, Paulo VI manifestou sua preocupação ante violações de direitôs humanos que constou a S. S. haver no Brasil. Diante desse pronunciamento, a TFP manifestou seu desconcerto, pois o Sumo Pontífice não fez referência contra o maior violador de todos os direitos humanos, o comunismo internacional, que promove a subversão em todo o mundo e constitui ameaça permanente à soberania nacional de muitos paises. O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira pede ainda que S.S. alivie a triste sorte dos vietnamitas fugitivos do comunismo, lesados em seus <!ireitos humanos mais íundamentais, e que vagueiam pelos mares do · Extremo Oriente abandonados até pelas nações não-comunistas. 120 mil textos desse.telegrama a Paulo VI foram distribuidos em Madrid, Burgos, Vitoria, Pamplona, Bilbao e outras cidades espanholas.

A Socôodado Cultural Covadonga em

campanha no centro de Medrid

,nas cala». observava uma senhora. Outros ainda, demoravam-se em perguntas aílitas sobre a situação da Igreja e do país, invadido por uma enxurrada de propaganda esquerdista e imoral. Nos três dias da feira comemorativa ao Dia do Livro. os stands da Sociedad1, Cultural Covadonga instalados em Madrid. Salamanca e Zaragoza íoram sem dúvida os mais visitados. Muitas pessoas ali iam não só para adquirir livros, como também para buscar «novidades» - um pretexto para manter um contacto pessoal com os cooperadores da entidade. Há uma avidez pouco comum por livros. pouco comum mesmo na Espanha , em se tratando de obras doutrinárias. Nesse sentid o. parece-me sintomático o caso do senhor que assistia um concerto no Teatro Real cm Madrid, quando soube da venda na rua, da citada obra sobre o esquerdismo católico no Uruguai. Deixou imediatamente sua diversão e dirigiu-se ao sm11d de C<>vadonga na Calle Prcciados.

Desfazendo o mito O grande festival publicitário dos meios de comunicação em favor das esquerdas pode dar ao leitor brasileiro uma impressão falsa da realida~e na grande nação ibérica. A vitóna aparentemente ampla dos partidos de centro-esquerda é de mo lde a acentuar ainda mais essa impressão. Entretanto, a acolhida popular às campanhas de Covadonga consti-

«Sois valientes...» C<>vadonga divulgou no presente ano dois livros altamente polêmicos e interessantes. Um íoi «La lglesiadel Silencio e11 Chile - u11 tenw de 111editaâón para los cat6/icos espa11ü les». de autoria da TFP andina, acrescida de uma análise introdutória, contendo analogias com a situação espanhola. O livro teve aceitação ex traord inária . Mil Padres apoiaram as teses da obra, incluindo a a n{tlise ícita por Covadonga. que apo nta o favorecimento do socialismo e do esquerdismo na Espa nha por parte de altos Prelados. Outra obra é «Esqueulis,110 na Igreja: companheiro de viage111 d o ,·on111nisr110 e111 sua longa aventura

tlefr11cassos e metamorfoses•>. escrito pela TFP do Uruguai. Esse livro põe a nu o conluio cclesiástico-tupamaro que procurou. por meio de sucessivos «shows)> de violência!

condu1.ir aquele tranqüilo vizinho do Brasi l ao comunismo. O êxito da edição espanhola de «Esquerdism<> na Igrej a ...» íoi tão grande quanto o de «A Igreja do Silêncio 110 Chile». Ouvi algumas repercussões de rua: - « Unw obra que denuncia a i,!filtração marxista 110 Clero», bradava um cooperador de Covadonga. -

((/luummm ... Eu já dizia! A

mim causa va estranheza tanto 1nutla111a na Igreja». comentava um transeunte. - «A lt. 111as isso é no Uruguai. Aqui acontece o mesmo! Veja se publicam logo um livro sobre a infiltração 110 Clero da Espanha». dizia um senhor enquanto comprava a obra uruguaia. - «Vocês são valentes. Atrev('m· se a dizer o que todo 111u11do l)C11sa.

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tui significativo sintoma da inconsistência desse mito. Por trás da Espanha febricitante, construída pela propaganda, está presente cm larga medida, no espírito popular uma outra Espanha, a tradiciona l. a eatolicíssima, a guerreira. É em relação a esse ponderável setor da opinião pública que os estandartes de Covadonga se vão erigindo como polo de pensamento, fazendo renascer em incontáveis almas ·aquele espírito dos heróis da Reconquista e de EI Cid Campead or. O mito da Espanha revolucionária desfa1.-se especialmente no contacto com o habitante do Interior. Embora Covadonga possua sedes em Madrid, Zaragoza, Barcelona e Sa lamanca, sua ação estende-se por todo o país. em especial nos períodos de férias escolares, quando muitos de seus cooperadores percorre m as jiversas regiões em caravanas. Estas se mantêm com a venda de livros e da revista «Resistencia». órgão da entidade. Normalmente, distribui-se também folhetos explicativos e incentiva-se o ardor anticomunista e m cada cidade. Em diversas ocasiões, o brado «Por Espaiia: Tradición! Fan,ilia! Propiedad!», com o qual os cooperadores abrem e encerram suas campanhas públicas, íoi aplaudido por populares. Em Salamanca, o brado produziu efeito ainda mais eficaz: afastar agitadores ... Um magote destes preparava-se para iniciar tanto agressão quanto articular arruaça contra os cooperadores de Covadonga. ao final de um dia de ca mpanha. Ao soar o brado, após as habituais três Ave-Marias, os esquerdistas co nfusos e desconcertados retiraram-se, enq uanto muitos dos presentes aplaudiam os jovens da congênere espanhola das TFPs. Em Alguazas, no inicio de uma campanha na região do Levante, ocorreu um episódio sintomático. A caravana de Covadonga foi recebida com a costumeira simpatia pela população local. Porém, naquele mesmo dia reali1.ava-se na cidade o comício de um partido político esq uerdista. Militantes de esque rda não encontraram outro meio de ma nifestar seu ódio que o de profanar uma estampa de Nossa Senhora de Fátima aplicada ao vidro frontal do veiculo utilizado pela caravana. Na calada da noite, os inimigos da civili1ação cristã depositaram imund ícies sobre a sagrada estampa . Um ato de desagravo à Sa ntíssi ma Virgem foi realizado no d ia seguinte, com a participação de populares, dos caravanistas e do Pároco do lugar. Este ano os estandartes de Covadonga tremularam pela primeira vez na ilha de Malhorca. Em todo o território pe ninsular, dos Pirineus à Costa do Sol, dos montes Cantábricos ao Levante, a entidade é hoje conhecida. Por toda parte, inclusive nos países bascos, ela encontra sempre grande receptividade. Se, de um lado, nota-se na Espanha atual um recrudescimento da imo ralidade e da desordem, é reconíortante constata r o prestígio crescente da Sociedade Cultural Covadonga. Ela encarna a verdadeira tradição hispânica e está se transformando num polocatalizador que va i atraindo aqueles que rejeitam tudo quanto representa a a ntiEspanha.

A autêntica sobranc-Grie hispânica do$afia o evontual opotitor: cooperador de "Covadon• ga" om campanha na capital espanhola.

PEDRO PAULO DE FIGUEIREDO


· N9 323/324 -

Nov/Oezembro de 1977 -

Ano XXVII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

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•StttA, 1,e11l eo,.,14,-0-,.,iffio,-i,io ""'" o ~Afil ..~ fiei.lo )l)l, Plinio Corrêa de Oliveira ''QUOMODO obscuratum est aurum!" - "Como chego u a tornar-se escuro o o uro!" - exclan1ava o Profeta J eremias (Lam. 4, 1). Desde Nóbrega e Anchieta, a luminosa atu ação dos rnissionários e rn nosso País consis tiu ern evangelizar. ed ucar. civilizar nossos irmãos silvícolas. E essa foi sen,pre a ação característica de todos os verdadeiros miss ioná rios em re lação aos não católicos. Mas o ouro inestimáve l, ao qual a a tuação rnissio nária tradicio nal pode ser comparada, va i se obscurecendo. Nos dias de hoje, uma poderosa corrente miss iológica, iníluenciada pelo progressismo cad a vez mais difund id o e m nossos n1eios eclesiásticos. visa precisamente o contrário: proclama o es tado dos si lvícolas co mo a própria perfeição da vid a humana, opõe-se à iruegração destes à civilização ocide ntal, afirma o caráter secu ndário - quand o não a inutil idade - da evange lização, e não poupa c ríticas ,\ ação d os grandes missionários de ou trora. e nen, n,esmo à de Nóbrega e Anchieta, aos quais todo o Brasil venera.

Da orla de nossas se lvas. esses neon1issionários la nça rn apelos e m prol da luta de c lasses. a qual desejam ver corroendo até às e nt ranhas. o Bras il civil izado. O cst udo do pcnsan1cnto da co rre nte neom issiológica é indispensável para quen1 deseje conhecer a grande crise que abala a Igreja no Brasil. E co rnpreender de q ue maneira ta I crise tende a contagiar o País, t ransforn1ando-se de crise re ligiosa em crise d e toda a Nação. "Catolicisrno'' se honra e m publicar en, prirneira mão o penetran te estudo sobre a candente q ucstão n, iss ionária no Brasi l, de autoria do Prof. Plí nio Corrêa de O livei ra, Presidente do Conselho Nacio na l da TFP e escritor católico de renome internacio nal. • t' t·

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D. Pedro Casaldâliga, Bispo de São Félix do Araguaia, em trajes episcopais "aggiornati": por "báculo", um remo (totem?); por "mitra", um chapéu de palha; e "estola". Para ele,

O missionârio tradicional visava trazer os homens para a Igreja e abrir-lhes assim as portas da salvação. Dentro dessa concepção, os Padres Nóbrega e Anchieta (este no alto da pãgina) lançaram os fundamentos da evangelização do Brasil e de· os índios não devem ser civilizados. mas permanecer sempenharam papel capital no surg imento das duas no estado em que se encontram, como o cacique da metrópoles brasileiras: São Paulo e Rio de Janeiro. foto. Em sua autobiografia D. Pedro afirma: "Colonizar" e Dentro do mesmo espírito, seus continuadores "civilizar" já deixaram de ser para mim verbos humanos. Como foram integrando paulatinamente os nossos não o são, aqui onde vivo e sofro, as novas fórmulas colonizadoras indígenas à civilização cristã. Assim, até de "pacificar" e "integrar" os índ ios. Imperialismo, Colonialismo e hã pouco tempo, podíamos ver ceCapitalismo merecem, no meu "credo", o mesmo anâtema. Repugnamnas como esta, de um índio Xame os monumentos aos descobridores e aos bandeirantes". Por isso, D. Ca· vante convertido à Fé católica, saldâliga investe também contra o Apóstolo do Brasil: "Anchieta foi até certo que reza fervorosamente ponto transmissor de um evangelho colonizador. A Igreja deve se penitenciar". diante do Cruzeiro.


Coehilando, às vezes se ouve e se aprentie... ...

A

PROVEITANDO o mês de férias, um turista recostado em cômoda poltrona de hotel, cerra os o lhos para uma sesta, no esparramado far-niente de uma estação de repouso. Suavemente, deixa ele rolar a memória à procura de recordações que distendam e convidem ao sono. Mas a imaginação é quase sempre caprichosa. E todo capricho, por natureza, é teimoso. As imagens que se lhe apresentam - lá sabe o turista por que, talvez em razão da bela mata que se vê ao longe - são fotos, audiovisuais, filmes que viu, em diferentes ocasiões, sobre os índios, seus costumes, suas moradias, seus ritos de festa, de luto e de guerra. O candidato à · sesta conse~ue escapar, por fim, à perseguição indígena, pouco propícia à distensão, e de pálpebras baixadas, na insistente procura do sono, vai fazendo emergir da memória, mansa e suavemente, a lembrança de alguma grande cidade do Ocidente: Paris, Veneza, Roma, Londres ou Nova York. Se não, São Paulo, Rio ou Buenos Aires. Nosso turista se distende. Sente que o sono se vai acercando. Mas, por seus ouvidos a dentro penetra o que dizem pessoas próximas instaladas em um grupo de cadeiras no mesmo salão do hotel. São duas as vozes que conversam. Por rara coincidência - telepatia? - o tema da prosa parece um comentário aos J?rimeiros quadros selváticos que haviam importunado o infeliz caça-sesta. Uma voz indaga:

«Na tribo dita selvagem, não há mandões, nem chefões. O cacique é tão só um líder-conselheiro. Tudo se resolve com o consenso de todos. Não há, entre os !ndios, fazendeiros nem colonos, patrões nem empregados, proprietários nem marginalizados, ricos nem pobres; não há leis, regulamentos, repartições, taxas, impostos, toda esta inferneira que você conhece. Em suma, - nada há do que

ras econômicas, políticas, administrativas e sociais. Dissolver as megalópoles e os pa!ses, de modo que venham a formar galáxias de pequenos grupos autônomos, espontâneos, livres, iguais e irmãos. O índio, em suma, é muito mais um modelo para nós, do que o somos nós para ele». - «É então um desmantelamento geral, que você prega?» - «Sim. Mas um desmantelamento construtivo. Porque dele nascerá um mundo novo». - «E como fazer este desmantelamento?» - «Sei que muita gente já quer isto. E gente grossa. Sábios, pensadores e escritores de renome internacional. Você já ouviu falar em Lévi-Strauss por exemplo?- É um etnólogo famoso, atualmente catedrático da cadeira de antropologia

l'

••• Para responder a tais perguntas; nada melhor do que ouvir vozes eclesiásticas, e especialmente vozes missionárias, das mais às menos graduadas. A fim de facilitar ao leitor o trabalho, ao mesmo tempo atraente e complexo, de analisar o que dizem · essas vozes, apresenta-se a seguir primeiramente a concepção tradicional da Missão católica (Capítulo I) e, depois, a condensação do que pensam os missionários «atualizados» (Capitulo II). Feito esse confronto, o leitor se sentirá inteiramente à vontade para interpretar as próprias vozes - ou seja, os próprios textos - desses missionários, que são oferecidos a seguir, no Capitulo

III.

- «Qual é, então, o tipo de conglometado que deve servir de modelo para o habitat humano: a taba ou a grande cidade? Entre surpreso e indolente, o turista se pergunta, ainda de olhos cerrados, qual a pessoa que levanta uma questão cuja inevitável resposta é banal, à força de tão óbvia. Com isto não perde ele a esperança da sesta. A banalidade é soporífera por natureza. Quem sabe se o ajudará a adormecer? Mas, logo em seguida, ouve outra voz, que responde enfática à primeira: - «A tribo é o modelo do futuro. Ela representa para o homem um estilo de ser, pensar, querer e agir, que deve modelar as sociedades em fase de es boroamento do século XX , e sobretudo as sociedades que se formarão ao longo de muitos outros séculos vindouros. «As grandes aglomerações urbanas da civilização de consumo, que ainda hoje encantam ou empolgam tanta gente, representam, pelo contrário, o passado, a decrepitude e a morte. Enfim, tudo quanto deve desaparecer».

O meclbro ritual dot lndlot hcolr!I (foto) INII• ti I lmoglnal'fo do turlato, qu1 ttntl "91r no sono

O turista desta vez não aguentou. Abriu os olhos à · procura do «louco», e não conseguiu mais dormir.

• •• Entrementes, a voz enfática continuava: - «Não sou só eu que penso assim. No Brasil, o que há de mais moderno na atividade missionária pensa precisamente do mesmo modo. Já ouviu falar nos n1issionários aggiornati?» - <<Não. O que vem a ser isso?i> - «Pois é bom que vá sabendo. Aggiornato vem de giorno, que en1 italiano quer dizer dia. Aggiornato é portanto o missionário que se proclama cm dia com a Igreja-Nova, pós-conciliar». - «E então?» - «Os missionários aggiornati querem proteger contra o risco de seren1 anexadas pela «civilização» atual, as populações indígenas que ainda vivem felizes nas suas tabas, disseminadas aqui e aco lá no fundo das selvas. Restos de um im.emorial passado, é certo. Mas sobretudo lições vivas para u1n sapientíssimo futuro ... 2

do cigarro uma longa baforada, e continua em tom mais baixo: - «São Padres e Freiras, alguns leigos também, que a gente vai convencendo. São Bispos, muito · notadamente. Mas não me pergunte seus nomes». - «Sim, percebo. Vocês são comu, nistas e não querem encrenca com a policia». - «Que bobagem! Comunismo como está na Rússia é velheira! Ditadura do proletariado, capitalismo de Estado, redes administrativas de dimensões elefantisíacas, tudo isso também tem que acabar. Em certo sentido, somos comunistas, é claro. Mas não paramos aí. Veja, por exemplo, o capitalismo de Estado: coisa ultrapassada, já que não queremos capitalismo nem Estado. Vamos aléin destas velheiras ... » Definitivamente, o pobre caça-sesta não consegue mais dormir. Quer fu$ir do pesado noticiário que já lhe dói nos ouvidos, mas a curiosidade o acorrenta. Muitas perguntas lhe assaltam o espírito. É fácil imaginar quais sejam...

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divide, hierarquiza e jugula. A espontânea nudez de ambos os sexos é completa, ou quase tanto. Todos andam inteiramente à vontade pela selva, procurando petiscos para comer: peixe, ave, besouro ou fruta. De volta, repartem com as famílias tudo que pegaram. Ninguém quer ser mais do que ninguém, nem pensa muito no dia de amanhã. É, enfim, o paraíso na terra>>. Sem estranhar o inesperado ditirambo, o outro interlocutor pergunta: -

«E nós? Continuaremos atados a esta vid a que levamos?» A resposta ainda desta vez não tarda: - «Você não percebeu? Também no mundo dos brancos é preciso acabar com esta mania de dinheiro, de capital, de lucro, de luxo, de status e de desigualdades. O futuro está em dividir tudo por igual, acaba r com as competições, as «carreiras», liquidar as imensas estrutu-

no College de France, de Pàtis, llder do pensamento estruturalista em nossos dias. Pará ele, a sociedade indígena, por ter «resistido à Hist6ria» e ha.ver fixado a forma de viver do periodo prb-neolitico, é a que mais se aproxima . do · ideal humano. E é para esse tipo de sociedade que devemos retornar. . «Quando for majoritário o número dos que quiserem isso, será irreversivel que vençam. Aliás, nem é prebisó tanto. Bastará que, em determinado·inomerito, fique moda querer isto. Quantas revoluções atingiram o topo da vifória porque se fizeram carregar pelos ve!ltOs da moda?» - «Mas, afinal, além da sumidade de que V. falou, quem o apóia desde já?» . - «Olhe, eu c-0nheço i;nais especialmente o que se passa na Igreja, porque sou Padre missionário». Cruzando as pernas metidas em bermudas tão curtas que in<)icam uma tendência à tanga, o jovem enfático puxa

À vista de tais textos, não corra, então, o leitor. Detenha-se diante de cada um e meça com precisão os abismos para os quais convidam. Ouça-os que pregam o desmantelamento da familia e da s·ociedade contemporânea, a extinção do pudor e a morte de toda a tradição cristã. Ouça-os que acusam de tirano, opressor, sanguinário e ladrão o branco que aqui veio ter. Que destratam os bandeirantes e missionários dos séculos idos. Que nem sequer poupam com suas criticas a obra sagrada do grande Anchieta, cujo perfil moral quase sobrehumano alcançou junto aos indígenas tão magnifico êxito missionário. Ouça-os conclamar a juventude dos seminários, dos conventos, do Pais inteiro, para esse <<neocomunismo» tribal, que se ufana de mais comunista do que o próprio comunismo. Considere esta coorte de demolidores utopistas, e em sua linha de vanguarda dois Bispos, D. Pedro Casaldáliga e D. Tomás Baldulno. E compreenda, p'or fim, que este é um perigo real para os índios, mas menos para eles do que para os civilizados. ~. em última análise, uma investida de eclesiásticos contra a Igreja. E de civilizados contra a civilização. O que é o pobre índio, em tudo isto? - Mais uma vez, um pomo de discórdia, de lutas entre c~vilizados. Civilizados que querem conservar a civilização, alguns recristianizando-a, outros afundando-a nos erros que a agitam. E outros, ainda, tentando arrasá-la.

••• E, lido isto, o que fazer? Resista, brasileiro, a menos que tenha morrido em sua alma a fibra do cristão e do desbravador dos outros tempos. Se essa fibra tiver morrido, não há mesmo remédio: os demolidores brancos chegarão, num ato de suicídio, a arrasar a obra de seus maiores. Com vantagem, bem entendido, de novas formas de propazynda do imperialismo vermelho. Será esta uma consequência inevitável de tal situação, uma vez que mesmo os melhores não tenham tido mais nem a Fé nem a fibra de antanho. Cumpre esperar que até este ponto não hajam caido as coisas. Pois muitas e alentadoras razões há de esperança. Leitor, interesse-se. Divulgue de todos os modos, em torno de si, o conhecimento da investida «neocomunista». E lhe caberá a glória de ter contribuído, com sua voz, para o grande brado de alerta que pode salvar o Brasil.


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Cap,ítúlo I

A concep ção católica tradicional das Missões -

fim, evangelizar. Evangelizando, civilizar. Civilizando, faeer o bem. C(J)tnO

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E O LEITOR correr os olhos, ainda que em diagonal, pelos textos do Capítulo III - emanados na maior parte de fontes missionárias «atualizadas» - notará al.i ou acolá conceitos que o chocarão. O que certamente não terá ocorrido se, hã anos atrás, teve oportunidade de tomar contato com a literatura missionária não aggiornata. O contraste provém de uma radical modificação na doutrina das missões . Tal modificação penetrou largamente, de tempos a esta parte, em ambientes missionários brasileiros, onde se propaga com a discrição e a rapidez da mancha de azeite. Como se verá, esta transformação não interessa apenas a especialistas, mas afet a profundam ente o futuro da Igreja e da Pátria. Assim devem estar atentos para ela todos os brasileiros. Pois ela visa estender uma perigosa ondulação no mundo das selvas incultas. E, ainda mais, conectar esta ondulação com outra maior, a ser efetuada no mundo dos campos cultivados e das cidades. Selvas incultas, campos cultivados, cidades em franca expansão: é bem o Brasil .inteiro que assim pode ser atingido ...

1. Conceito de Missão Na doutrina missiológica da Igreja, velha de cerca de vinte séculos. o conceito de Missão católica, seus fins e seus métodos, está perfeita1nente definido. E coincide com o modo de ver e de sentir do leitor brasileiro médio. Por isto, pode-se estar certo, de antemão, que os próximos parágrafos não chocarão a ninguém. Pelo contrário, parecerão tudo quanto há de mais normal.

Missão vem do vocábulo latino «1nissio», de «111i110», isto é, «eu envio». O nlissionário é pois um enviado (Bispo, Sacerdote - e, por extensão, també1n uma Religiosa ou um leigo). Enviado, o missionário o é pela Igreja, cm nome de Jesus Cristo, a Quem representa junto a povos não católicos, com o fim de os trazer para a verdadeira Fé.

2. Fim supremo da Missão:

essencialmente religioso - a glória de Deus e a bem-aventurança eterna Ensina a Igreja que a via nonnal para o homem se salvar consiste e1n ser batizado, crer e professar a doutrina e a lei de Jesus Cristo. T razer os homens para a Igreja é pois, abrir-lhes as portas do Céu. É salvá-los. É este o fin1 da Missão. Esta salvação tem por supremo fim a glória extrínseca de Deus. Salva-se a alma que tenha alcançado assemelhar-se a Ele pela observância da Lei nos embates desta vida. E que assim Lhe dará glória por toda a eternidade. Toda semelhança é, em si, u.m fator de união. A a lma dessa maneira unida a Deus alcança a plenitude da felicidade.

Com efeito, Deus criou o universo numa ordem sublime e imutável. E, sendo o homem o rei do universo. tal ordem é sobretudo admirável no que toca a ele. Os preceitos da ordem natural se exprimem nos dez Mandamentos da Lei de Deus (cfr. SANTO TOMÁS, S11111a Teológica, la. llae., q. 100, aa. 3 e 11 ) , confirmados por Nosso Senhor Jesus Cristo («não virn dissolver a lei, ,nas cumpri-la» - M t. 5, 17), e por Ele aperfeiçoados (Mt. 5, 17 a 48; Jo. 13, 34). Ora, a observância da ordem, cm qualquer esfera do universo, é a condição não só para a conservação desta, como para seu progresso, o que é sobretudo verdadeiro para os seres vivos, e mais especialmente para o hon1en1. b) A grandeza e o bem-estar dos povos

Daí decorre que a Lei de Deus é o fundamento da grandeza e do bem-estar de todos os povos (cfr. SANTO AGOSTI· NHO, Epist. 138 ai. 5 ad Marcellinu111. cap. li, n. 15). Cristianizar e civilizar são, pois , termos correlatos. Ê impossível cristianizar seriao1ente se1n civilizar. Como, reciprocamente. é i'mpossível descristianizar sem desordenar. embrutecer e impelir de volta, rumo à barbárie.

4. Missão e indios a) O contato com Jesus Cristo

Ser missio nário, no Brasil, é princir.almente levar o Evangelho aos índios. E levar-lhes ta1nbé1n os meios sobrenaturais para que. pela prática dos dez Mandamentos da Lei de Deus, alcancem seu fim celeste. Ê . persuadi-los de que se lí bertem das superstições e dos costumes bárbaros que os escravizam cm sua milenar e infeliz estagnação. Em consequência, é civilizá-los. Cabe insistir: enquanto é próprio ao ho1ncm cristianizado e civilizado progredir sempre no reto e livre exercício de suas atividades intelectuais e físicas, o índio é escravo de uma in1obilidade estagnada, a qual de tempos imemoriais lhe tolhe todas as possibilidades de reto progresso. Apresentando-se ao índio, está o missionário de Jesus Cristo no direito de lhe dizer: «cognoscetis verita1e111, e1 veritas liberabit vos - conhecereis a verdade e a verdade vos libertará» (Jo. 8, 32).

São Francisco Xavier. Padroeiro universal das Missõ&S - con· temporâneo e irmão de hábito do N6brega • Anchiota - ó modelo megnífico da au· têntica atividade mis· sionlirfa.

(Pintura

de Van Oyckl.

b) Ocontato com o neopaganismo moderno

Bem entendido, o contato com os missionários traz forçosamente, para o índio, o contato com a civilização. Não com uma civilização quimérica, descida das nuvens. Mas com a civi lização ocidental como ela é concretamente. Na medida em que esta possui ainda fermentos autenticamente cristãos, a civilização será rica , para os indígenas, em benefícios espirituais e até materiais. E na medida em que nela trabalhem os germes de decadência e do neopagan isn10, há o risco de que ela seja ocasião para que os índios se poluam na a lma e no corpo. e) Problema desconcertante

Essa circunstância cria para as missões contemporâneas dificuldades desconcertantes. Con10 podem elas evitar que. levando Jesus Cristo aos índios, não Lhe siga o passo mu ito de perto o Anticristo, ou seja, o neopaganismo n1oderno?

5. Para o missionário, uma solúção ímpossivel: abster-se a) O poder de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre as almas retas

O problema, por 1nais intrincado que seja, não pode servir de razão para que o missionário não vá aos índios. Não lhes levar Nosso Senhor Jesus Cristo sob a alegação de que o Anticristo moderno virá logo após Ele, é ignorar o poder e a bondade do Salvador. Em todas as almas retas, e entre os índios obviamente tambérn as há, Nosso Senhor Jesus Cristo é infinitamente mais poderoso do que o Anticristo. b) O contato com a civilização ocidental

Ao tratar da presente temática, é preciso não confundir grosseiramente o

3. Efeitos da Missão na vida temporal a) A ordem

A glória de Deus e a perpétua felicidade dos homens são fins nlissionários da mais alta transcendência. Isto não impede que a Missão tenha efeitos terrenos, também eles dos mais elevados.

'

Em 1958. as lri-nãs de Maria lm.K:ul3da ensinavam :.s primeiras lotras e o catecismo a índias vestidas sogundo as melhor0$ normas. do pudor. Out ros tempos..•

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neopaganismo moderno com a civilização ocidental. Esta última foi cristã du.rante mais de mil anos, e embora por desdita já não se possa dela dizer tal, ainda conserva muito do caráter cristão de outrora. Como certos edifícios de pedra expostos ao dardejar do sol durante o dia inteiro conservam, horas depois de ent rada a noite, o calor acumulado, assim també1n a civilização ocidental, se1n mais poder dizer-se cristã, e a despeito da decadência on1nímoda cm que se vai afundando, ainda está quente da ação benfazeja recebida, durante os séculos da antiga fidelidade, do Sol de Justiça (Malac. 4, 2) que é Nosso Senhor Jesus Cristo. De onde se deve concluir que seria irrefletido, simplista, e até fanático pretender que, em contato com a civilização ocidental, os índios só têm a perder e nada a lucrar. c) lnflul!ncia do verdadeiro Sacerdote

Quando vive na civilização atual, o verdadeiro Sacerdote tc1n por missão a luta. Luta a favor de tudo quanto procede de Jesus Cristo e a Ele conduz. Luta contra tudo que procede do mal, e de Jesus Cristo aparta. Sé o índio nota no missionário esta atitude valorosa, de discernimento e de luta, terá as graças e o bom exemplo para beneficiar-se dessa civilização, sem nela se corromper. d) Problem a bizantino

Ademais, na realidade concreta em que vivemos seria perfeitamente bizantino discutir sobre se convém aos índios receber, com a presença dos missionários, também a influência de nossa civilização. Esta, en1 seu vertiginoso desenvolvimento técnico, os estará alcançando a todos muito em breve, com ou sem missionários. E melhor será para os indios que, junto com a civilização neopagã, vão também os n1issionários de Jesus Cristo. e) O agitador comunista, mi ssionário de Satã

Tanto mais quanto, onde for, a civilização neopagã levará consigo, o mais das vezes, o que ela mesma tem de pior, isto é, o agitador comunista, o «missionário» de Satã. O exemplo da África mostra quanto o comunismo internacional se empen ha em tirar proveito das tribos aborígenes. Quem poderá garantir que, hoje ou amanhã, ele não empreenderá o mesmo entre os índios não civilizados, ou os que venham a sê-lo? Mais ainda. Quanto dói dizê-lo! Con10 poderá quem quer que seja garantir que. utilizando a infiltração ideo lógica em meios católicos, o comunismo não aproveite para infiltração esquerdista entre os índios, Bispos, Padres ou Religiosos cuja simpatia e cooperação tenha conquistado'? Em conseqüência, por todas as razões, convém que vá ao índio o bom missionário. Até para prevenir contra o mnissionário» comunista.


Capítulo li

Concepção ''aggiornata'' e progressista da Missão C@m0 fim, retroceder, tomando 0 abo1:ígene por modelo.

- Para retroeeder, desmantelar. Para desmantelar, difamar, separar e guerrear.

B

EM DIFERENTE da concepção católica tradicional das missões é ·a «missiologia» que se jacta de aggiornata e progressista. É o que se pode constatar pela análise de alguns dos principais aspectos, tais quais se depreendem da leitura dos textos junto (Capitulo III), colhidos _principalmente nos documentos episcopais e órgãos da propaganda missioná• ria (1).

t. Meta caplta_l da missiologla «agglornata»~ uma ordem n~va para a sociedade terrena A meta capital alegada pelo missionário «atualizado» consiste em instaurar uma ordem de coisas global, justa e prática, da sociedade humana.

privilégio injusto, ou seja, a propriedade. Este privilégio é, por sua vez, ponto de partida de muitas outras injustiças. - Inversão de valores entre o Individuo e a sociedade

O adversário capital da ordem futura é o egoísmo, que opera uma completa inversão de valores entre o indivíduo e a sociedade. Essa inversão - segundo a neomissiologia - dá-se sempre que o homem, rompendo sua inteira vinculação com a coletividade, toma por meta da existência criar para si uma situação: A) fruitiva, B) apropriativa e C) competitiva: A) Fruitiva, isto é, que lhe proporcione deleites, não enquant.o membro da sociedade, mas enquanto pessoa indivi-

Construída com o auxílio d0$ ín·

dios, o velha matriz do Embu

(SPI. em .. u

sbbrlo encanto colonial, tenemu, nha o esforço de

nossos primeiros mlsslon6.rios em cristianizar e

civiliu r nossos silvícolas.

Tal ordem de coisas tem uma finalidade terrena: uma vez constituída, deve modelar a existência dos homens de maneira a evitar a desordem e assegurar todo o bem-estar terreno. Quem queira dar a esta nova situação uma interpretação religiosa, pode encará-la como o Reino de Deus na terra. Pois os princípios enumerados a seguir (cuja observância é o conteúdo da ordem nova) são considerados pela neomissiologia como a própria essência do Evangelho.

dualmente considerada. Isto o leva facilmente a prejudicar a sociedade em vantagem própria.

2. Qual a ordem nova desejada pela mlsslologla «agglornata»?

B) Apropriativa, enquanto o egoísta produz mais do que lhe é necessário para a vida de cada dia. E, em lugar de destinar a sobra para o uso coletivo, a acumula para sua exclusiva vantagem. O que o torna mais provido e mais «assegurado» do que os demais. A apropriação nasce pois do egoismo,e por sua vez o estimula. Ela é um ultraje à igualdade, forma suprema da justiça, e opera portanto uma dilaceração no bom convívio social. Mais detalhadamente:

A análise da posição do homem perante a situação que os missionários «atu.alizados» visam implantar, torna fácil de perceber o nexo entre a futura ordem e o suposto Reino de Deus. Tal análise, segundo teses contidas nos documentos apresentados no Capítulo Ili - umas explícitas, outras insinuadas, outras dedutíveis logicamente das primeiras ou das segundas - pressupõe antes de tudo uma crítica ao proprietário atual. É este denunciado como um egoísta, mantenedor e fruidor de um

a) O egoísmo é um vicio. Isto é, um defeito moral transformado em hábito. Se bem que os primeiros surtos dele tenham gerado quiçá apropriações meramente efêmeras, a partir do momento em que o egoísmo passou a ser um vício estável, ele gerou uma instituição, ou seja, a propriedade privada, pela qual o homem se apossa - com exclusão dos outros e da sociedade - de determinados bens. Bens não só de consumo, mas de produção. O hon1em exerce seu trabalho por meio de seus bens, para alcançar uma produção mais abundante;

( 1) A respeito da missiologia aggiornata, vejase o ensaio E/ marxismo e11 la teologío de misiones no livro E/ marxismo en la teologia (Speiro, Madrid, 1976), do Pe. Miguel Poradowski, Prof. da Universidade Católica de Valparaiso (Chile), bem conhecido do público brasileiro pelas memoráveis conferências que aqui fe, sobre a infiltração comunista na Igreja. (2) A doutrina socialista assim exposta é diametralmente o contrário da escola liberal dita manchcstcriana. Pio XI define, com admirável sabedoria, a posição católica ante ambos os erros, liberal e socialista: «É certo que por muito rempo p óde o c11pital arrogar-se direitos demasiados. Todos os protlutos e todos os lucros. redamavo-o.v ele para si~

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deixando ao operário unicamente o bostante para restaurar e reproduzir as forças. Apregoava-se que. por fatal lei económira. pertencia aos patrõi•S acumular rodo o <'apitai. e que a mel·nw lei condenava e acorrentava os opercirios a pnphua pobreza e vida miserdvel. É bem verdade qu,• oJ· obras nem sempre estavam de acordo ,·.om Séntelltontes ·monstruosidades do.t thamodos prinnj,ios liberais de Manchester: nã<> se pode. contudo. negar <Jue paro elos tendia tom passo t·erteiro e <.·011srn111e o regimt eronômico e social. Por ·,:rso. não é para admirar qut~ estas opiniões errónt!as e estes poswlados falsos fossl'm energicoméllll' atacados. e não só por aqueles a quem privavam do direito natural tle adquirir melhor for1 w1a. «De /atQ. aos operários assim maltratmlos, 01,rPstnrar1m1•se os chamados <.<i11telec1uais)), con-

b) Assim se forma a semente remota do capitalismo. O homem não ganha apenas pelo trabalho de seus braços, mas também pela produtividade dos bens de q_ue se tornou egoisticamente proprietário. É o lucro. Segundo a justiça, a diferença entre o valor de seu trabalho e o valor dos bens produzidos, não lhe deveria tocar só a ele, mas a todos os que trabalham; c) Para fazer valer os bens de que se assenhoreou, o proprietário compra o trabalho de quem não tem bens. E dá a este apenas o necessário para que subsista. É o salário. O salário também é injusto, porque reserva para o «capita lista» todo o restante do valor da produção. E dá ao assalariado só o indispensável para sobreviver trabalhando. Este não participa do lucro; d) O poder exclusivo do proprietário sobre a propriedade faculta-lhe excluir de qualquer função deliberativa o assalariado. Este não participa da direção; e) Tal situação - injusta porque pejada de privilégios para o proprietário, exclusivista, e não parlicipativa - decorre naturalmente da injustiça primeira, que é a apropriação egoística (letra «B»): o assalariado não participa da propriedade sobre a qual exerce o seu trabalho; f) Em matéria de bens, o nome da

injustiça é roubo, e o nome do roubo é propriedade (letras «a» e «b»); g) Em matéria de dignidade, o nome da injustiça é «exploração» e «alienação». Roubado (letras «b» e «c»), excluído da participação, trabalhando para a vantagem do outro, mandado por outro (letras «d» e «e»), o assalariado é escravo, «alienado» (do latim «alienus» - «ai heio», isto é, que não ~e pertence, mas a outrem). C) Competitiva. O proprietário, movido pelos impulsos egoísticos, fruitivos e apropriativos, não se contenta em ter mu ito, ele quer tudo. Daí a competição, pela qual ele procura tornar-se dono, através da produção, da troca e do dinheiro, do que pertence a outros «proprietários-ladrões», e à sociedade. A vida econômica de nossos dias, com o micro, o médio e o macrocapitalisn10, constitui uma estrutura levada ao auge de sua complexidade. E também de seu poder malfazejo. Pois a competição tende a concentrar cada vez mais os bens nas mãos de poucos e marginaliza multidões de «alienados». - O ego Ismo gerou uma sociedade injusta

Resumindo, o egoísmo gerou desse modo uma estrutura que não pode criar senão novas injustiças: privilégios, desigualdades, alienações, marginalizações etc. É preciso desmantelar essa estrutura injusta e reprimir o egoismo (2).

3. Sobre o homem e o egolsmo: contraste entre o ensino tradicional e a nova mlsslologla a) o homem tem um fim Imediato em si mesmo e outro transcendente em Deus

Segundo a concepção católica tradicional, o hon1em tem uma tendencia para o egoísmo, porém ele não é todo egoísmo. O egoísmo não é senão uma disformidade moral dele. O uso que o homem faz de sua inteligência, de sua vontade e de sua sensibilidade para prover ao próprio bem individual, em conformidade com a Lei de Deus e a ordem natural, não é condenável, mas virtuoso. É um corolário do fato de o homem ser inteligente e dotado de vontade - uma pessoa, pois, e não uma coisa - com um fim transcendente, e portanto dono de si mesmo. O homem tem , certamente, deveres para com o próximo, e, consequentemente, para com a família e a Pátria. Mas ele não vive só nem principalmente para uma ou para outra. Fundamentalmente vive para Deus e para si. E ainda que o assunto fosse considerado do mero ponto de vista do bem comum, cada homem provê ao bem comum ant~ de tudo provendo diretamente a si próprio. b) Para a neomlsslologla, o homem é como uma peça que vive para o todo

Pelo contrário, na nova concepção, que aqui se estuda, o homem não é visto como uma pessoa que tem uma finalidade imediata em si mesmo, e outra transcendente em Deus. Mas como a peça em um todo. A peça vive para o todo. Destacada do todo, ela nada vale e, por assim dizer, nada é. Do todo lhe vem por inteiro a inspiração, o impulso, quasé- se diria, a vida. e) Povo e massa, na descrição de Pio XII

O contraste entre as duas concepções foi magnificamente exposto por Pio XII quando descreveu a diferença entre povo e massa:

«O Estado não contém en, si e não reúne 111ecanica1nente num dado território u111a aglo1neração a,norfa de indivíduos. Ele é, e na realidade deve ser, a unidade orgOnica e organizadora de uni verdadeiro povo. Povo e multidão amorfa, ou, con10 se cos1un1a dizer, <C1nassa», são dois conceitos diversos. O povo vive e se move por vida própria; a massa é de si inerle, e não pode ser n1ovida senão por fora. O povo vive da plenitude da vida dos ho,nens que o compõem, cada u,n

Esculpida om m&

doira, a imagem do Cristo da RC$SUt·

ro;çio lsl>c. XVILI tovo mão de ob,a de índios, orientados por

missionlirios, da Paróquia do Nossa Sonhora d'Ajuda

de ltaquaqu&eetuba !SI'). - Museu de Atte Sacra, Sio Paulo. ~ ,' '


difusos. Ou seja, nos mais moderados dentre eles, de tendências genéricas e de opiniões esparsas inspiradas no progresa sismo e no esquerdismo. Umas e outras, porém, se reunidas num vasto mosaico doutrinário, formam, pelo menos em suas grandes linhas, o quadro que se acaba de debuxar.

dos quais - em seu próprio posto e a seu próprio modo - é uma pessoa consciente das próprias responsabilidades e das próprias convicções. A massa, ao invés, espera o impulso de fora, fácil joguete nas mãos de quem quer que desfrute seus instintos ou impressões, pronta a seguir, vez por vez, hoje esta, amanhã aquela bandeira. Da exuber/incia de vida de um verdadeiro povo a vida se difunde, abundante, rica, no Estado e em todos os seus órgãos, infundindo-lhes com vigor incessantemente renovado a consciência da própria responsabilidade, o verdadeiro senso do bem comum. Da força elementar da massa, habilmente manejada e utilizada, o Estado pode ta1nbém servirse: nas 1nãos ambiciosas de um só ou de vários que as tendências egolsticas tenham agrupado artificialmente, o mesmo Estado pode, com o apoio da massa, reduzida a não mais que uma simples máquin'a, impor seu arbltrio à parte do verdadeiro povo: em conseqüência, o interesse comum fica gravemente e por largo tempo atingido e a ferida é bem freqüentemente de cura diflcil» (PlO XII, Radiomensagem de Natal de 1944 Discorsi e Radiomessaggi, vol. VI, pp. 238-239).

a) Organlzaçllo tribal, obra prima de sabedoria antropol64Jlca

Não espanta, pois, que - sob a influência de tais tendências e opiniões - esses missionários ten ham formado uma noção absolutamente surpreendente acerca das condições de vida dos indígenas, marcada entre outros traços pela crueldade, pelo mais elementar primitivismo, pela mais melancólica estagnação: o lndio lhes pareceu um sábio, sua organização tribal uma obra-prima de sabedoria antropológica, em suma, o modelo a ser seguido pelos civilizados de nosso mundo (4). b) Vida tribal e sociedade comunista

4. Egolsmo e sociedade contemporlnea a) As grandes bab6ls nascidas da t6cnlca moderna

Parece inegável que a descrição da massa, feita por Pio XII, corresponde ao modo de ser das multidões nas grandes babéis contemporâneas. A do povo, aos conglomerados humapos - sobretudo aos de formação cristã - anteriores às ba'béis. Por sua vez, também parece inegável que a formação dessas ciclópicas concentrações urbanas decorreu, entre outros fatores, do uso, pejado por graves faltas 'de sabedoria e temperança, que a partir po século XIX os homens fizeram correntemente da máquina e dos outros progressos técnicos. Em bora em graus diversos, estes resultados apareceram em todas as sociedades do Ocidente. Contribuíram para isto os que manejam o poder político ou a economia, de modo exclusivamente egoístico, movidos pelo desejo desenfreado do mando e do lucro. E também as grandes multidões, pelo fascínio da vida trepidante e aliciante dos centros superpopulosos, para os quais a.fluem inconsideradamente. b) Falsa soluçlo da mlsslologla •agglornata»

Ante esta situação, cuja causa mais profunda é a influência crescente do neopaganismo em nossa civilização, e a conseq Uente decadência moral, o ensinamento tradicional da Igreja sobre o homem, o trabalho, a propriedade e o capital continua intacto. O homem não atendeu a esse ensinamento e se precipitou na crise atual. O curso errado dos acontecimentos históricos - a massificação urbana, por exemplo - conduziu, pois, a uma situação que, a agravar-se, ficará insustentável. A solução não .consiste, como quer a nova missiologia, em alterar a doutrina reta para coonestar, no extremo oposto, o desatino de que adiante se falará. Mas em renunciar a toda espécie de desatinos e voltar à reta doutrina.

5. «Um abismo clama por outro abismo» (Ps. 41 , 8): da exacerbação do egolsmo, a sociedade contemporlnea chegou ao coletivismo

Sacris1:l1 da Ma1tb: de Embu: proporçio • Nplendorq ue atrelem e maravilhavam a populaçio da wlha e4pa lnd l91ha da raglfo.

situação em que ·estamos, recusa a justa distinção, no homem, entre a sua pessoa e o seu egoísmo: Para quem assim pensa, a pessoa é o .egoísmo. E, pois, o inimigo. A salvação do bem comum consiste em que a pessoa seja totalmente absorvida, padronizada e dirigida pela coletividade. Seria o único meio de nos evadirmos do caos infernal do egoísmo. b) Concepçllo comunista

Bem se vê quanto esta concepção tem de afim com a do comunismo, isto é, a sociedade massificada, sem personalidade, sem classes, sujeita à ditadura do proletariado anônimo.

&. E o novo abismo atrai um terceiro: do comunismo à anarquia a) o «neocomunlsmo• visa o desmantelamento do Estado

Entretanto, é notório que o regime russo não reúne em torno de si, como até há pouco, a totalidade dos que querem uma sociedade inteiramente coletivizada. Muitos «novos» do comunismo opinam que a imensa estrutura estatal russa não escapa a muitos dos inconvenientes da sociedade capitalista. Assim querem com veemência o desmantelamento do Estado e de todos os superorganismos que o integram. O Estado, conforme asseguram, deve desfazer-se em uma galáxia de grupos ou corpúsculos mais ou menos justapostos, e tão autônomos quanto possível. No interior desses corpúsculos, em rigor de lógica, deverá permanecer a trapondo a uma lei falsa um não m enos falso prln· cípio m oral: «os frwos e rendimentos. d escontado

apenas o que bosta poro amorrizar e reconstituir o

Com efeito, diante da crise ciclópica em que estamos, não faltou quem procurasse uma solução, não revertendo à prát.ica dos princípios d~ Sabedoria eterna, mas levando às últimas conseqüências os erros cometidos. a) Confuslo entre pessoa e egolsmo

copito/, per1encem todos de direito aos operdrios». Erro mais capcioso que o de alguns sociollstos. poro os quais tudo o que é pro dutivo d eve passar a ser propriedade do Estado ou «socializar-se»: mas. por isso mesmo, erro muito mais perigoso e próprio a seduzir os incautos: \ 1eneno suave que tragaram avidome111e muitos, a quem o socio/lsm o sem rebuço não pudera enganar» (Enciclica Quodrogesimo A,1110. de 15 de maio de 1931, Vo-

zes, Petrópolis, Documentos Pontifícios. fase. 3. n.<>s 54-55 - o negrito é nosso).

(3) Cfr., por exemplo, ENGELS, em <<A origem

Há nas megalópoles quem, atribuindo com razão ao egoísmo humano a

do familio, da propriedade privada e do Esrodo» (Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 3.• ed., 1977, pp. 195-196):

fobia contra o ind ivíduo, suposto sempre e necessariamente egoísta. E, portanto, também será lógico que persevere o empenho em cercear ao máximo as liberdades naturais e legitimas que a doutrina católica reconhece à pessoa huma na. É de se prever que o ideal comunista, i~ualitário e massificante, subsistiria assim.inteiramente fiel aos seus princípios mais intrínsecos, nestes corpúsculos, com a única diferença de que seria posto em prática em organismos de proporções não macroscópicas, mas microscópicas. b) Os •clAsslcos• comunistas JA previam essa »evoluçllo•

O aparecimento de inovadores que aspirariam a esse «neocomunismo» não é sur presa para os continuadores dos comunistas «clássicos»: estava nas previsões destes últimos, os quais vaticina-· vam, segundo seus mais fundamentais doutrinadores, que, para além do capitalismo de Estado e da ditadura do proletariado, surgiria, no decurso evolutivo da História, uma nova fase em que o Estado seria por sua vez liquidado (3).

7. Na selva brasileira: mlssiologla «agglornata» Todas as considerações anteriores eram necessárias para aclimatar o leitor ao quadro - estonteante para o homem de bom senso - que em seguida se lhe apresentará. Mui tos missionários, vários deles ainda j ovens, penetraram nas selvas do Brasil imbuídos, em grau maior ou menor, de progressismo e esquerdismo ~(Porronto. o Estado não tem existido et erna• mente. Houve sociedades que se organizaram sem ele, não tiveram a menor noção do Estado o u de seu poder. Ao chegar a certa fase de desenvolvimento econômico. que estava necessariamente

ligada à divisão da sociedade em classes, essa divisão tornou o Estado uma necessidade. Estamos agora nos aproximando. com rapidez, de uma fase de desenvolvimento da produção em que a existência dessas classes n ão apenas deixou de ser uma neces:tidade, mos até se con verteu num obstáculo à produção m esma. As classes vão desaparecer. e de maneiro tão inevitdvel como no passado surgiram. Com o desaparêcimtnro das c/osse.t, desaparecerá inevitavelmente o Estado. A sociedade, reorganizando de uma forma nova a produção, na base de uma associaçãQ livre de protlurore.r iguais. mandará todo a máquina do

Estado para o lugar que lhe há de corresponder: o

Razão? - As analogias entre a vida em tribo e a vida da sonhada sociedade comunista: a comunidade de bens da tribo, a ausência completa de lucro, de capital, de salários, de patrões, de empregados e de instituições de qualquer espécie. Só a tribo, a absorver todas as liberdades individuais desse pequeno grupo humano não fruitivo, por isso mesmo fracamente produtivo, nem um pouco competitivo, e no qual os homens vivem satisfeitos e sem problemas, porque se despojaram de seu «eu», de seu «egoísmo». E, seja dito en passant, de um mundo mais do que arcaico, categoricamente pré-histórico. Um mundo feito de incontáveis pequenos mundos sem personalidades e realce, isto é, de tribos sem autênticos vôos do espirito, sem élan ascensional, sem ideais definidos, em que os anos se escoam invariáveis e monótonos no ritmo cadenciado dos dias iguais, das músicas tristes ou excitadas, e dos rituais uniformes. c) índios, comunistas?

Nossos lndios podem ser qualificados de comunistas? A pergunta só pode despertar o sorriso. Do comunista, o índio nada tem. Nem a doutrina, nem a mentalidade, nem os desígnios. O estado em que ele se encontra. apresenta apenas traços de analogia com o regime comunista. Por um desses jogos de coincidências que aparecem, freqüentes, quando se faz a comparação entre os estágios primitivos e os de decadência. Entre a infância e a velhice, por exemplo. Não é porque seja doutrinariamente contrário à propriedade privada. que o primitivo tem (ou quase só tem) a propriedade comum. Pela mesma razão porque o homem da era da pedra lascada, se não usava a pedra polida, não era de modo algum porque pensasse que não a devia usar. Mas simplesmente porque não a tinha inventado. Nessa perspectiva, o índio não pode ser equiparado ao «civilizado», que conhece a propriedade privada, a familia monogâmica e indissolúvel, e tudo quanto dessas fecundas instituições nasceu e floresceu, mas tem aversão a esses troncos e a seus frutos. Este «civilizado» lhes quer pôr o machado na raiz. Em suma, uma nação indígena pode ser comparada a uma planta que não museu de onrigüidodes, oo lodo do roca de Jior e do machado de bronze». (4) A propósito do Primeiro Encimtro PanAmazônico de .Pastoral lndigenis1a, convocado pelo Departamento de Missões do CELAM e pela CNBB, e realizado cm Manaus, de 20 a 25 de Junho deste ano, assim se exprimiu o Pe. Cesareo de Armellada, capuchinho, delegado da Venezuela no referido Encontro:' c<Nos relatórios de certos mlssionários aparecem uns povos indígenas adornados com toda a espécie de virtudes, capazes de provocar a invejd dos Anjos. É claro que. com

esre pressuposto, nós não podemos desempenhar ourro papel senão o de serpenres no paraíso. Um dos Bispos me disse: Gosroria que me nomeassem Visuador nesses paraísos. que não tive a ventura de

achar em parte n enhuma, apesar de ter andado em tomos lugares» («La Relig1ón», Caracas, 7-7-77). 5


cresceu, mas ainda poderá crescer. O adversário da família e da propriedade, nostálgico do comunitarismo ou do comunismo ( classifique-o cada um como melhor entenda) tribal, é um demolidor ...

8. Concepções neotribais a respeito da familia Qual o papel da família nas galáxias tribais do mundo futuro, que para nós preparam estes son hos, ou melhor se poderia dizer, estes delírios? a) Superficialidade desinibida e parcimOnia enlgmãtica

Não se trata de indagar qual o papel q ue a família desempenha nas tribos ex istentes ou que exist iram no Brasil. Mas o que lhe é atribuído pelas concepções neotribaís que aílora m c1n nossa atua l propaganda missíológíca (c(r. Capítulo Ili, texto 7). Co1no tantos outros assuntos capitais, também este é tratado pela neomissio logia com uma superficialidade desinibida. E, ainda, com um laconismo cnig1nático, que desto·a da insistência com que são abordados outros assuntos: os supostos inconvenientes da propriedade privada, por exemplo. b) Comunidade sexual, corolãrio da comunidade de bens

Os textos n. 0 s 7 a 11 , se interpretados à luz do mais explícito, pormenorizado e característico dentre eles (n. 0 7), deixam ver uma tendência ao que se poderia chamar uma calma promiscuidade sexual. Não há o que espante nisso, se se atender a que a comunidade sexual é um corolário da comunidade de bens.

9. Nova catequese: catequizar é secundário, e até supérfluo Catequizar? Semear o Evangelho? Para quê? - pergu nta-se a si ·mes1na a missio logia aggiorna1a. O Eva ngel ho - pondera - é o anticgoísn10. E assim - segundo os missionários «atua lizados» - o Evangelho j á impregna tão completamente a esfera tribal, que não é necessário anunciá-lo às coletividades indígenas.

estas comunidades indígenas ainda «l i1n pas» do co ntágio de nossa civilização, isto é, da civil ização do egoísmo. «Conscientii_ã-las» para a excelência da situação cm que vivem e para a necessidade de recusarem o estado ao qua l as chamam os homens que hoje vão à cata de riquezas e de mão de obra índia na mata, levando dinheiro, cachaça, vícios, máquinas, leis, estru turas etc. De re<'usarem especialmente o macrocapitalis1no multinacional, que quer cultivar a terra e negociá-la. A todo preço - a legam tais missionários - cumpre que os índios não sofram, em nosso século, o que já sofreram seus maiores, quando os nossos antepassados brancos aqui vieram ter, e entraran1 em contato com eles. b) O«erro»dos missionãrios e colonizadores

Os portugueses colonizadores e miss1on:ários - diz a nova missiologia co meteram o erro de incorporar os índios à nossa estrutura. Quando os primeiros não os dizimavam. Anchieta, por exen1plo, foi um artífice do referido erro (cfr. Capítu lo 111, textos 20, 28, 30 e 40). Para evitá-lo, os índios e os missionários deverão resist ir ,\ invasão dos colon izadores que os desejam incorporar ao Brasil 1noderno, ainda que para tanto ten ham de lhes bradar conto bradou o Brasil oprimido, às Cortes revolucionárias lusas: «lndependê11ci(I ou ,norte!».

10. Alcance do estudo da missiologia «aggiornata» Essa, en1 síntese, a missiologia aggior11a1a, de que se tem conhecimento pesquisando. articu·Jando num todo lógico, e analisando o material de propaganda e divulgação missionária disponível: livros, revistas, boletins, folhetos. noticiário jornalíst ico, entrevistas, declarações, comunicados etc. a) Neomissiologia e estruturalismo

Bem entendido, não seria difícil aprofundar a conexão de ta l pensamento co1n o estrutu ralismo e outras correntes do

estrutura lismo, o esquerd ismo e o progress1sn10 - e que acolhe1n sem desconfiança quanto os missionários lhes instilam na alma. b) A propósito de dissertar sobre os lndios, preparam o advento da sociedade comunista

Do espírito segundo o qua l se exerce essa iníluência poderá defender-se o leitor méd io analisand o os textos a seguir. Poderá ele aquilatar então quanto a li terat ura neomissionária é voltada contra a propriedade privada e contra as decorrências desta . E de que maneira mu itos a ut ores missionários, a propósito de dissertar sobre os índios e seus problemas, estão preparando o espírito dos leitores para a aceitação da grande tese sócio-econômica do comunismo utórico de outrora, como do comunismo díto científico de nossos d ias: <<Apropriedade. eis o roubo» (Proudhon) .

a) Vale a pena perder tempo com estes devaneios insensatos?

Valeria realmente a pena ef<por com tanto pormenor o devaneio de missio nários endoidecidos? Se1n dúvida, podem ser eles nocivos aos índ ios junto aos qua is atuam. Por certo criarão problemas nessa zona. Mas em uma quadra histórica tão cheia d e problemas n1aiores, vale a pena perder tanto tempo na solução desta questão, a qual, de um modo ou de outro, a penetração vitoriosa da civi lização resolverá? - São objeções que, a este trabal ho. se poderiam fazer. b) Absurdos que se estiolam e absurdos que se propagam

A responsabi lidade dos brasileiros para com o irmão índio just ifica que lhe co nsagrc,n a a tenção necessá ria para ler este rápido estudo. Na realidade. porém, uma questão muito 1naior emerge por detrás do que se poderia chama r a questão neomissionária. O pensan1ento que os n1issionários

Estranho ritual dos fnd ios Saterós, do

Amatomu: um jovem deseja usar·

Qu ais, então, as n1etas do missionário «atualizado»? Consistem em defender

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c) Um Bispo que se declara transcomunista

E, olhando para dentro de nossas fronteiras, quando um D. Pedro Casa ldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia, se declara ideologicamente situado para além do comun ismo (cfr. nosso estudo A Igreja an1e a escalada da a,neaç(I co1nunis1a - Apelo aos Bispos Silenciosos, Vera Cruz, São Paulo, 4.ª ed. , 1977, 51. 0 milheiro, p. 22) até que ponto ele - tão festejado e apoiado na CNBB e e1n altas rodas do Episcopado - afirma sua consonância com estes devaneios? - Ê uma pergunta... d) Como pOde esgueirar-se esta filosofia na Igreja?

11. Catequese e agitação

se. O cacique sei~

a) Metas do missionãrio «atualizado»: livrar o indio do «contãgio» da civilização - «Conscientização»

Este pode bem ser um deles. Pois tem pronunciadas afinidades, pelo menos cm suas linhas gerais, com uma corrente de pensamento de profundas repercussões no campo sócio-econômico, como é o estruturalismo (5).

ciona poMoalmonte as formigas " tocandoin,s" (foto á d iroita), quo dovorão ser postas nas luvas do buriti a serem usados pelo prete ndente. Depois do aJgum tempo#" se o jovem sofrer todas 3S pic:r, das das "tocandeirM" sem um gomi• do (foto 8 esquerda). podorà ver o $OU enlace proferi• do polo paj6. - o . Fernando Gomes, Arcobispo do Goiânia, vê em nossos pobres irmãos silví· colas modelos para a noMa sociedade•..

pensamento n1ais moderno sobre a matéria. Porém, isso desviaria do objeto imediato do presente estudo, que não é a fi losofia cstruturalista, mas apenas alguns aspectos do que pensa111 e escrevem os neomissionários. Esses aspectos importam especialmente a quem se interessa por nosso País. Pois a literatura missionária corre caudalosa em nossos meios católicos. Ou seja, em meios culturaln1ente desiguais - nos quais uma ponderável maioria não sabe definir o que sejam o

brasileiros (e os estrangeiros que aqui atuam) , autores dos textos junto, erigem c1n regra de conduta e de vida, para si e para as tribos que <<evangclizan1», é sen1 dúvida absurdo. Não se deduza daí que está necessariamente fadado a morrer sem história . Enquanto há a bsurdos que, nas épocas de serenidade, se estiolam e morrem precisa mente porque são absurdos, há também a bsu rdos que, especialmente nas épocas de crise, se propagam, adquirem iníluência, assolam e devastam precisamente porque absurdos.

(5) Para um relacionamento mais aprofunda .. do deste cswdo com a corrente estrmuralista de pensamento - que hoje cm dia abrange ctnólo• gos. psicanalistas. marxólogos, scmiólogos. íilósofos. linguistas, e pistemólogos etc. - interessam especialmente as obras de Lt v1.S1·~Auss. coi1sidc· rado como íundador da (,;rntropologia cstrutu· ral», que se afasta da etnologia até h:í pouco ensinada por minimizar e mesmo negar a evoluç..:1o. Lévi-Strauss C.'itcve no Brasil cm J935. o nde foi o primeiro regente da cadeira de sociologia da Fa· cu Idade de Filosofia . C iênc.ias e Letras da Univcr-

sidadc de São Paulo. Dirigiu várias expedições cient ificas no Mato Grosso e.Amazônia meridional. Ensinou cm Nov.1 York. íoi conselheiro cultural da e mbaixada da França nos EUA, função da qual se dcmil iu cm 1947. para cons..i.grar·SC a trabalhos cien· tHicos no (1Muscu do liomem)). e n;.1 ((Escola de Al· tos Estudos». Atualme11tc é catedrático da Cadeira de Antropologia no C<>llêgf! de 1:,anc'e. $\las principais obras são: La J>enséé Souvaxe: Us Strucwrej' É/éme11talres ,te la Párenté; Le Ti., u.-misme A ujour<l'lwl: l.e Cru e1 J,, Cuit; A n~ 1/trop ol ogll.• S1rm·111rate.

O maior pro blema suscit ado por esses delírios não está nos próprios missionários, nem nos índios, cumpre repetir. Está em saber como, na Santa Igreja Católica, pôde esgueirar-se impunemente essa filosofia, intoxicando se1ninários, deforn1ando missionários, des naturando missões. E tudo com tão forte apoio eclesiástico de retaguarda. Pelo que, a transferência do Bispo que se declara «além do comu nisrno» - conquanto indispensável - está sendo mais difícil do que o cerco de Tróía. «Mexer corn D. Pedro Casaldáliga. bispo de S. Félix, seria ,nexer con1 o p róprio Papa», consta até que afirmou Paulo VI ao Cardeal Arns (cfr. ((O São Paulo,>, órgão oficioso da Arquidiocese paulopolitana, 10 a 16dejaneirode 1976 - ver também a mesma informação no órgão <<Alvorada», da l;>relazia de São Félix do Araguaia, de novembro de 1975). Esta erupção do que talve1. se chamasse adequadamen te comuno-estruturalismo missionário indica a existência de urna considerável infiltração na própria estrut ura católica do Brasi l. Co1no explicar a existência e a iníluência dessa infiltração na Igreja? Essa é uma grande e difícil questão. e) A Igreja e a Pâtria em perigo

Enfim, não é so bretudo dos índios nem dos m issionários que se trata. Ê da Igreja e do Brasil. E a pergu nta que se põe é até o nde este e aquela poderão ser arrastados se a infiltração comuno-estruturalista continuar infrene e altamente prestigiada nos meios católicos. Com efeito, bastaria que tal câncer se manifestasse no setor missionário da Igreja para justificar ou até impor outra pergunta: não será esse câncer mera metástase de outro tumor loca lizado em pontos mais decisivos, dentro dos organismos não missionários da Santa Igreja? · Por todo o País notam-se, há décadas, em diversos campos da atividade católica, impulsos que, clara ou veladamente, tentam conduzir a opinião pública a uma posição sempre mais receptiva à doutrina comunista. E que, a este título, são para o comunismo de jnapreciável apoio. Com estas ou aquelas designações, as «reformas de base» esquerdistas, e notadamente a Reforma Agrária , socialista e confiscatória, são sempre propugnadas pela «esquerda catól ica». Ora, os missionários «endoidecidos.» dos quais se trata aqui, sentem-se parcela de toda essa imensa agitação nacional (cfr. Capítulo 111, textos n. 0 s 36 a 38). Estudar esta parcela constitui subsídio indispensável para outro est udo quão mais importa nte: o dessa imensa agitação.

Outros autores est ruwraliscas e rçspcctivas obras: MIC II EL FouC,\ULT, les Mo ts et les Choses; Histoire de ló Folie à l'Âge Cla.rsique; L'Arclu!ologie du St,voir; Al,GIROAS ÍULIEN GREI· M AS, Ou Sens - Essaies Sémiotiques: Sémontl· que Structurale: LOUIS HJl:LMSLEV. Prolegomen e., à une Théorie du Longage; LOUISALTIIUSSER. Du Capital à la Philosophie de Marx; L'Object du Capital; JACQUES DERRll)A, Nature. Culture. tCriu1re,· J ULIA KR.ISTEVA, La Sémiologie Théorie d'ensemble: 8ER.NAltO PoTrlER, Presen· 101io11 ,/e lo Lingu istique: JACQUES LACAN, Í;Crits.


Capítula III

Vozes missionárias "'aggiorn(!J.te''

O

LEITOR desejará, por certo, tomar conhecimento de textos em que instituições, personalidades e órgãos missionários exprimam diretamente seu pe.nsamento sobre os importantes assuntos expostos nos Capítulos anteriores. Do vasto material compilado, foram selecionados, e são a seguir apresentados, 48 textos, extraídos de 36 documentos, cuja relação aparece na penúltima página desta edição. Foram esses textos classificados em Secções, de acordo com o tema que se procurou ressaltar em cada caso. Como vários textos versam sobre mais de um assunto e, ademais, os autores missionários se repetem muito, o leitor não estranhará que temas já tratados em uma Secção reapareçam nas Secções seguintes. Secção 1

Comunidade de bens Nos tópicos desta Secção são enunciados e elogiados diversos conceitos sobre matéria sócio-econômica que constituem elementos essenciais da doutrina comunista: negação da propriedade privada, da iniciativa individual, do lucro, da caridade etc. (6). Se a missiologia «atualizada» elogiasse a comunidade de bens implantada nos países comunistas, expor-se-ia sem dúvida a críticas e refutações incômodas. Esquivando, pois, o perigoso assunto, ela faz a apologia do sistema de vida dos índios. A tal propósito, cxalça a comunidade de bens inerente ao sistema, e . aproveita a ocasião para invectivar a propriedade privada, cm prática nas nações civilizadas do Ocidente. Perguntar-se-ia que efei to concreto resulta desse procedimento, para a missiologia aggiornata. Pois dos textos dela aflora claramente uma tendência doutrinária pró-comunista. O fato, porém, é que o elogio torrencial da missiologia aggiornata à propriedade comum vigente nas tribos indígenas nem de longe levantou entre nós a celeuma que a apologia das sociedades comunistas de além cortina de ferro provocaria.

1.

«Os lndlos Jã vivem as bemaventuranças: não conhecem a propriedade privada, o lucro, a competição»

Conclusões da I.ª Assembléia Nacional de Pastoral Indigenista:

«Os índios ainda não estão corrornpidos por este sisten1a ern que vivemos. A Igreja precisa trazer uma esperança real para o oprin1ido. «Eran1 irmãos, tinham tudo e1n comurn». Tsso responde às exigências do pobre. Os índios já viven1 as bem-aventuranças. Não conhecen1 a propriedade privada, o lu cro, a competição. Possuem um a vida essencialmente comunitária em equilíbrio perfeito com a natureza. Não são depreda-

tórios, não a1en1an1 contra a ecologia. Viven1 a harmonia. As comunidades indígenas são uma profecia futura para esse jeito novo de viver, onde o ,nais importante é o homenm (doe. 1, p. 7). COMENTÁRIO

«Os fndios já vivem as bem-aventuranças». A sentença, desconcertante, clama por uma explicação, que vem logo a ~seguir: eles «não conhecem a propriedade privada, o lucro, a cotnpetição». Ou seja, o documento opõe estes três elementos ao perfeito status temporal e espiritual do homem, definido por Nosso Senhor Jesus Cristo no Sermão da Montanha. Mas o que é uma sociedade humana sem propriedade privada, sem lu cro e

sem competição senão uma sociedade comunista? Os Bispos, Padres, Religiosos e Religiosas presentes à J. • Assembléia Nacional de Pastoral lndigenista prevêem a vitória dessa forma tribalista de vida como solução para os problemas humanos: afirmam eles que as comunidades indígenas são «uma profecia futura para

COMENTÁRIO O menosprezo ou a negação do conceito .de Pátria é elemento essencial da doutrina comunista.

«Igreja-Nova» é implicitamente uma proliferação do espírito pró-comunista. A condenação do latifúndio, como

sendo intrinsecamente injusto. se encontra em todos os autores comunistas. A doutrina católica, pelo contrário, o considera essencialmente justo: e injusto apenas per accidens, quando a grande propriedade se torna nociva ao bem comum. Pio XII, por exemplo, depois de elogiar a classe dos pequenos proprietários na Itália, advertiu que «isto não importa em negar a utilidade e freqüentemente a necessidade de propriedades agrícolas ,nais vastas» (Discurso de 2 de julho de 1951, ao Congresso Internacional sobre os problemas da Vida Rural Discorsi e Radion1essaggi, vol. XIII, pp. 199-200).

esse jeito novo de viver, onde o mais itnp ortante é o hon1enm. Outra pergunta, emb.o ra um pouco à margem do assunto, entretanto se impõe. As bem-aventuranças foram ensinadas por Nosso Senhor Jesus Cristo como a quintessência do Cristianismo. Se os índios as possuem, qual a necessidade da presença dos missionários entre eles?

2.

Elogio da comunidade de bens existente no sistema tribal - Invectivas contra a propriedade privada

Artigo do «Boletin1 do CIMI» [Conselho Indigenista Missionário] comentando o VIII Encontro de Estudos sobre Pastoral Indigenista:

«Foi observt1do que os povos Kaingang, Guarani e Xokleng possuem um sistema de valores diferente do nosso. Esses povos colocara,n através dos séculos, como meta principal da própria existência, o ho,nern. Por isso, vive,n de rnaneira comunitária e as pessoas recebem unia educação pennanente para a responsabilidade dentro do grupo. O valor da terra está essencialmente ligado ao ho1ne111, por isso é propriedade comum.

«O índio dono dessa itnensa riqueza que é a de viver en1fraternidade, repartindo os bens nun1a sociedade onde os marginalizados não exisre,n, defronta-se con1 a sociedade civilizada. Nesta, o lucro. o acúmulo de bens. a propriedade são o centro do universo, e não o ho1ne1n. Esta sociedade justifica, pelas próprias características que re,n, a exploração de u,na imensa maioria, por u,na minoria. Fazetn parte dessa tnaioria explorada, os grupos indígenas. Con10 esses grupos não se rendern, não abdicam de sua fonna natural de viver, são tutelados, considerados «menores» pela nossa sociedade. São considerados assitn para rnelhor sere1n explorados econo1nica1nen1e. Para continuarem fazendo parte da imensa can1ada dos ,narginalizados e rnelhor serviretn a interesses que não visarn o homen1, mas o lucro» (doe. 2, pp. 16-17). COMENTÁRIO Um comunista não faria afirmações diversas: a) O sistema tribal é elogiado como ideal, abstração feita de' qualquer consideração sobre Deus (a «meta principal da existência» é «o homem», diz o CIMI), e pela .nota comunista que o texto nele aponta: na sociedade tribal os bens são repartidos e a propriedade é co1nurn; b) Pelo contrário, a sociedade capitalista é acusada de inumana, de ter por «centro do universo» o lucro, o acúmulo de bens, a propriedade. Ela consiste na «exploração de uma imensa maioria por uma minoria»; c) A inclusão dos índios na categoria de «1nenores» obedeceria aos mais negros intuitos capitalistas.

3.

Menosprezo da Pãtrla e apologia do coletivismo tribal

Homilia de D. Tomás Balduíno, Bispo de Goiás e Presidente do CI MI:

«A terra é para ele [o índio] con10 a nossa Pátria, ou ,nais do que isso (porque afinal de contas, essa história de P átria ... ). É peça de sua vida, é ligação

(6) Os destaques em negrito nos textos citados são sempre nossos.

«Pois be,n, eles [os índios] vivem uma vida diferente. Eles vivem uma vida etn comunhão com a natureza. Eles vivem uma vida de comunidade, de respeito mútuo, eles vivem uma perfeita distribuição de bens entre si, se1n acumulação. [... ]. «Estes ca1ninhos (da História] estão sendo mudados. Há várias coisas acontecendo por aí, apesar de nosso sisten1a econ6mico, desse rolo compressor que está procurando realizar a sua última investida contra os pobres, os marginalizados, os índios>> (doe. 3, pp. 26-27).

do grupo ao seu passado, aos seus antepassados. [...].

Os novos mission6rios vhffl na organizaçio tribt l uma obr•prima do sabedoria antropol6gica. - Reunião de representantes de cato~• tribos do Parque Indígena do Xingu.

A propriedade tribal não é individual mas coletiva. Para D. Tomás Balduíno, os índios «viven1 uma vida de comunidade, de respeito 1nútuo, eles viven1 u111a perfeita distribuição de bens entre si, sem acumulação». E este é exata mente o elogio que a propaganda comunista faria da sociedade russa, cubana ou de qualquer outro país satélite.

A afirmação de que o pecador que «não cumpre o Mandamento de Cristo» por isto mesmo deixa de pertencer à Igreja, é contra a Fé e o Direito Canônico. Só sai da Igreja quem incorre em heresia pertinaz, apostasia ou cisma, ou é fulminado com a sentença de excomunhão.

5.

4.

Uma «Igreja-Nova», de Inspiração comunista, onde a propriedade é a heresia e o proprletãrlo o herege

Comunicado Povo de Deus no sertão, distribuído por ocasião da inauguração da Catedral de São Féli.x do Araguaia, Prelazia da qual é Bispo D. Pedro Casaldáliga:

«Somos urna Tgreja Particular, corn jeito próprio e já co,n um pouco de história. Somos a PRELAZIA DE SÃO FtLIX. «V1na Tgreja de fatnílias retirantes. Urna Igreja metida na luta e na esperança dos índios, dos posseiros e dos peões. «V1na Igreja pequena, a serviço, sem honrarias e sen1 poder. Uma Igreja contra o latifúndio e contra toda escravidão e, por isso, perseguida pelos donos do Dinheiro, da Terra e da Política.

Urna lgreja na qual não cabe1n nen1 os tubarões, nern os exploradores, nl?m os traidores do Povo. Porque ninguém é Povo de Deus se esmaga os filhos de Deus; ninguém é Igreja de Cristo se não cumpre o Mandamento de Cristo» (doe. 4, pp. 711-712). COM ENTÁRIO Uma «Igreja-Nova» modelada pela inspiração comunista. Sua luta é só por uma classe (7): a «dos fndios, dos posseiros e dos peões». Sua «esperança» é em favor deles, · De fora ficam os latifundiários, e os que vivem - segundo o Comunicado de escravizar os outros, ou seja, a classe dos proprietários, os «donos do Dinheiro, da Terra e da Política». Em suma, uma Igreja transformada em instrumento da revolução social. Como se vê, para essa «Igreja-Nova» a propriedade privada é a heresia, e o proprietário o herege. O texto deixa claro que uma possível proliferação da (7) O conceito de classe na linguagem corrente parece não coincidir. de modo preciso. com o da linguagem comunista. Assim, a luta branco-índio é para os co munistas uma luta de classes. Na linguagem corrente, tal luta poderia tomar aciden· talmente esse caráter, mas seria essencialmente uma luta de raças.

A propriedade privada apresentada como fonte de todos os males

Da História do Trabalhador Brasileiro, estampada no boletim «Grito no Nordeste», de responsabilidade da equipe «Animação dos Cristãos no Meio Rural», da Arquidiocese de Recife: [Entre os índiosl rodos era,n iguais. A terra onde a tri6o estava localizada pertencia a todos os 111embros da mesma tribo [...]. «Todos participavatn igualmente no trabalho e tinha111 os mesmos direitos na divisão do produto do trabalho. Entre os índios não existiatn pobres e ricos, como ta,nbém não existiarn classes sociais. Todos erarn iguais entre si. Por isso, não havia entre eles a prática do roubo, nem o crime, ne,n a prostituição: A miséria e todos os problemas comuns à «civilização», que nós nos habituamos a dizer que existem desde que Deus criou o mundo, não aconteciam entre os indígenas» (doe. 5, p. 8). COMENTÁRIO O claro pressuposto de quanto está aqui dito é que a propriedade privada é a fonte de todos os males. Um comunista não poderia ser mais radical. Os frutos do trabalho são distribuídos segundo o princípio comunista: «De cada um segundo suas capacidades; a cada um segundo suas necessidades» (MARX, Crftica dei Programa de Gotha, E,d itorial Progreso, Moscou, s. d., p. 15). A sociedade sem classes é ideal caracteristicamente comunista e portanto contrário à doutrina católica. Assim escreve Leão XIII: «Por isso, a Igreja, pregando aos homens que eles são todos filhos do mesmo Pai celeste, reconhece como uma condição providencial da sociedade humana a.distinção das classes; por essa razão Ela ensina que apenas o respeito recíproco dos direitos e dos deveres, e a caridade mútua darão o segredo do justo equilíbrio, do ben1-es1ar honesto, da verdadeira paz e da prosperidade dos povos» (LEÃO XIII, Alocução de 24 de janeiro de 1903, Bonne Presse, Paris, tomo VII, pp. 169-170). 7


6.

Ylslo comunista da caridade

Historieta intitulada Satoko - Maria da aldeia das forn1igas, publicada na revista missionária «Sem Fronteiras»:

« - Por que diz que auxiliar o próxi1no é orgulho? - rebateu Satoko profundamente ferida por aquela afirmação. « - Quando se fala em ajudar, o que ajuda está sempre por cima e o que é ajudado por baixo. O ajudado é portanto rebaixado. Não é esta a autêntica caridade. A caridade torna tudo igual, ao mesmo nfvel, na alegria e na tristeza. Vós, cristãos, sois todos fariseus: dizeis que quereis ajudar O$ pobres, que nos quereis auxiliar a nós, farrapeiros, mas na prática o vosso auxflio é só desprezo por nós. «Satoko ficou fulminada por aquela revelação; queria defender-se, defender os cristãos, mas compreendia toda a verdade que havia nas palavras do professor. « - Perdoe-me, professor, a culpa foi toda minha» (doe. 6, pp. 55-56). COMENTÁRIO A caridade, pressupondo que um tenha legitimamente mais do que outro, contraria.a igualdade e infringe ajustiça: tese caracteristicamente comunista.

Secçlq li

·Vida trlbàl é111 coniHçlles nlb -selvitlcas Como se verá, -a s afirmações dos missionários «atualizados» sobre a vida tribal dos índios na selva brasileira apresentam semelhança digna de nota com o que dizem escritores católicos aggiornati e esquerdistas não missionários, mas afeitos ao estudo de uma hipotética vida tribal fora das selvas.

7.

Saudades do primitivismo tribal de nossos lndlos

Rose Marie Muraro, coordenadora da coleção «Presença do Futuro», da Editora Vozes, dos franciscanos de Pe" trópolis, em livro publicado pela mesma Editora:

«Está para sempre perdido o conhecimento do comportamento sexual do hon1em p ré-histórico. Não o conhecemos senão através do estudo da vida sexual e Ja,niliar das tribos que ainda hoje vivem em estâdo selvagem. Por esses estudos sabemos que o pritnitivo era urn hon1em «.sexualmente desinibido e intelectualmente inibido», segundo a expressão de Mcluhan [... ]. «Após a descoberta da agricultura, a vida sexual muda completamente de aspecto. O homem fixado à terra tem que trabalhar para sobreviver (ao contrário do pritnitivo que era nômade e só trabalhava esporadicamente para comer, caçando ou pescando). A dura luta pela soprevivência originou a disputa das terras em que era poss(vel plantar. Estas tiveram que ser repartidas, nascendo da( os vários regimes de propriedade, principalmente a propriedade privada, em que a terra passava a pertencer ao mais forte, ao mais capaz de guardá-la. Nasce assim, no mundo tradicional, uma forma co,npetitiva dé vida (o primitivo não era competitivo, não lutava com outras tribos pela comida). [...]. «No plano Individual gerou um novo tipo de ,nora/ que o primitivo não conhecia: a moral do senhor e do escravo. Uns, os proprietários usufruindo do fruto do trabalho dos outros, os escravos ou servos. [...]. «No plano individual, o tempo que deveria ser consagrado ao trabalho era obviamente retirado de outras atividades, entre as quais a sexual. Assim, com o progresso da civilização foi-se impondo uma repressão da vida sexual (livre no primitivoJ: Pouco a pouco. essa repressão foi adquirindo regras: códigos morais cada vez mais r(gidos. Com o correr do tempo esses códigos fofam sendo assumidos pelo pensamento religioso, que os tornava mais suportáveis com a promessa de uma vida feliz após a 8

niorte. Isto permitia ao homem suportar tanto a do·minação como a .repressão se,n revoltar-se» (doe. 7, pp. 25-27). COMENTÁRIO O texto leva o arcaísmo a um requinte espantoso, pois dei.xa transparecer · saudades de uma hipotética era de ouro anterior à agricultura, a do nomadismo. Estabelecida a agriculturii, daí se teriam desdobrado múltiplas conseqüências, das quais a primeira seria o estabelecimento da propriedade privada. No decorrer da leitura; percebe-se que essas conseqüências formam uma verdadeira cascata de infelicidades... E nasce a sociedade contemporânea. Todo o pensamento aqui expresso deve logicamente conduzir ao entusiasmo pelos aspectos comunistas que também os neomissionários aplaudem no primitivismo tribal de nossos indios.

8.

Utopia, sim; mas Ideal para o qual se deve tender continuamente

Considerações de um ensaio publicado na coleção .«Estudos da CNBB»:.

«Será interessante ainda chamar a atenção para um exemplo muito ilustrativo, ocorrido preferentemente na Escandinávia, embora muito esparso e ainda pouco estudado: as comunas familiares. Várias fa,nflias, suficientemente· conscientizadas, decidiam realizar mais ou menos o ideal da comunidade. [... ] Geraln1en1e o começo se dava em uma casa suficientem ente arnpla para acolher um nú,nero proporcional de famílias (5 a JO}. geralmente composto de casais jovens do rneio intelectual. «De início colocavam-se em comum alguns objetos apenas: casa, mesa, carro etc. Numa etapa mais-alta, colocava-se em comum também todo o salário, de tal sorte que, se alguém ganhasse mais, isto não lhe dava o direito de dispor de mais. Tentava-se, então, também uma educa- · ção comum dos filhos. Na mais alta etapa, que foi poucas vezes tentada e sempre fracassou com rapidez, colocavase fonnahnente tudo em co,num, inclusive· a intin1idade pessoal, de tal forma que desapareceria a distinção dos próprios casais. A idéia básica nonnalmente vei-

culada é a de que os filhos nascidos das uniões livres teria,n como pais e rnães o grupo todo, cabendo a todo o grupo a responsabilidade total, de educação. Aos filhos não seria também revrlado quem seria a mãe carnal. ' uma série de proble,nas. «Isto coloca Antes de mais nada, somos da opinião de que uma experiência deste teor é n1uito mais fácil de ser ridicularizada do que de ser i,nitada. É uma leviandade querer ver nisto apenas u,na aberração sexual, embora ela muito bem possa existir [... ). Seja como for, a primeira· questão seria, se o filho do grupo já se poderia qualificar de «homem novo», nascido de homens velhos[... ]. É imposs(vel responder a esta questão com alguma precisão, já porque a experiência nunca teve até hoje efeito aproximativo, especialmente porque não durou o suficiente (não se ultrapassou ainda a duração de 2 a 3 anos). A segunda questão seria, se é possfvel preservar a novidade deste homem contra o ambiente adverso de fora [...]. «A demais, os prdprios pais sucumbiatn a seus problemas velh-os: egoísmos, ciúmes, rejeições..., Já que a capacidade de doar sua intimidade a qualquer pessoa do grupo sem distinção alguma supõe um tal espírito de renúncia, próximo à mutilação pessoal». [...]. «De qualquer maneira, o fracasso constante da experi2ncia não destrdi sua verve critica e sua boa intenção. Seu valor está sobretudo em que tentou viver a comunidade, não só como forma d(! coesãQ entre os membros, mas comp forma concreta de associação humana. «Abstra(mos aqui de qualquer ponto de vista ético, que, conforrne as várias concep-ções, poderia repelir de antemão a experiência escandinava, por ferir a valores considerados ,nais básicos na personalidade humana. O exemplo conserva, -contudo, seu valor, porque se quis uma das formas mais radicais de comunitarização [...]. Não é, porém, da competência do sociólogo discutir a qualidade ética de tais. enfoques.

fnd ios Suiis. CO* nhocidos como Bei-

ços do Pau, com o barbarismo de seus beiços alargados por discos do ma• deira.

«[...] a con1unid<1de é urna genuína

utopia. Não cessa de atrair os hú1nens e é capaz de injetar rieles uni en1usias1no ·sen1 precedentes. E u,n fermento que a história não perde, nias renova. Sob as agruras da vida diária, cheia de proble-, n1as e misérias, lateja continua,nente u111 ,novitnento de estranha profundeza e que se perde e1n esperanças absolutas irrealizáveis: a saudade por u,n inundo 1nelhor, por ho,nens mais h111nanos, por sociedades 1nais igualitárias; o anseio por um paraíso perdido. ,nas talvez recuperável a certa altura da história [...]» ( doe. 8, pp. 104-107). COMENTÁR10 A formaç.ã o de pequenas «repúblicas comunistas» no interior de um Estado fortemente socializado como na península escandinava, pode teoricamente fazer-se por etapas. Sobre tais etapas, as realizações e as frustrações que nela ocorreram, e as esperanças que ainda deixam, este texto é muito ilustrat ivo: a tentativa levada a efeito pelos «grupos» importa numa verdadeira experiência de vida tribãl e1n cond ições não sclvãticas. O co1ncntário do estudo publicado pela CNBB se caracteri1.a por um amoralis1no que ressuma sim patia. Mais notável porém é o modo por que o autor desse estu do respo nde a uma pergunta já formada por certo no espirito de vãrios leitores: toda essa tribalização não passará de uma utopia? Si1n, responde o texto, mas utopismo é saúde para a alma. É muito louvável tender para ele continuamente, infatigavelmente, sem jamais alcançá-lo inteiramente, mas ao mesmo tempo consegu ind o chegar cada vez mais próximo dele. Para o hon1em de bom senso cump re ponderar - nada mais perigoso do que guiar o Estado, não rumo a sua finalidade verdadeira e natural, mas rumo a u1na finalidade confessadamente utópica e portanto irreal e inatingível. Nas coletividades como nos individuos, a boa ordem só pode resultar da tendência de todas as partes para o fim verdadeiro. .\ tendência para a utopia é um fermento de desordem. Vitoriosa essa tendência, só pode sobrevir o fracasso. '

Secçlo Ili

Liberdade sexual

9.

Sociedades primitivas estio mais prõxlmas do Ideal

Do livro já citado de Rose Marie Muraro:

«O inundo da do,ninação [a sociedade atual) condena quase tudo o que possa fazer o horne111 feliz ou sentir prazer. Boa con1ida, boa bebida, sexo, substâncias que possan, alargar a área da percepção... [... ]. «A grande ,naioria das sociedades pri1ni1ivas. contudo, es1ava1n muito n1ais próxirnas de sua hun1anidade, co111 suas danças sagradas, sua pennissividade sexual, seus rituais 1nágicos, sua integração e11101iva co,n a natureza. Assirn,

possuía,n um equilíbrio psíquico e físico que hoje, e só hoje, estamos redescobrindo» (doe. 7, p. 57).

1O.

Eloglo da nudez dos lndlos, «global e natural..

Ainda do mesmo livro de Rose Marie Muraro:

«Na sociedade primitiva[ ... ] a nudez é uma forma de adaptação à vida e não apenas resultado da ignorOncia de confecção de roupas. [...]. «A criança acostun,a-se con, a nu,tez desde o ,nomento que nasce. A cada instante 101na contato com a nudez global. [...]. <<O 1nu11do civilizado é um inundo de cisões, de paredes; desde que nascemos as roupas nos separam do nosso corpo. assin, como, na infância, as paredes da escola separa,n as crianças das diversas idades, e até as de sexo d!ferente, co1110 as paredes dos escritórios, das repartições. das fábricas separa,n os seres hun1anos das diversas classes... [...]. «Na sociedade ocidental. pois. a d!ferença entre os sexos 1e1n a ver apenas co,n diferenças de roupas, de papéis, de privilégios. Mas na sociedade em que a diferença dos sexos é baseada na evidência física, a criança se assurne profunda e i11co11scienten1en1e através do seu sexo. [...]. «A nudez erótica e clandestina ainda é fruto da negação do corpo. A nudez. aceita, global e natural, abre caminho para a aceitação de si e do mundo, de uma maneira por nós ainda desconhecida» (doe. 7, pp. 62-63 e 66).

COMENTÁRIO A nudez dos índios, tão censurada pelos catequistas tradicionais, é vista, tambén1 ela, através de vidros róseos pelos aggiornati. E dai partem para novos ataques à civilização atual. Que dizer da frase da Escritura que consigna como conseqüência do pecado original a vergonha da nudez? - «Ora,

um e outro, isto é, Adilo e sua ,nulher, estavam nus: e não se envergonhavam» (Gen. 2, 25) - antes do pecado. Logo depois, envergonharam-se por se verem nus. E Deus aprovou esta vergonha, pois fez vestes para eles (Gen. 3, 21). Secçllo IV

Descrlçãb ldlllca e «evangélica» da vida do Jndlo A descrição idílica das sociedades indígenas feita pelos missionários aggiornati lembra, embora eles se defendam disso, o mito do «bom selvagem» com que Rousse.au encantou, pôs em delirio e incendiou a França de fins do século XVIII. No bojo dos elogios ditirâmbicos da vida tribal, estes textos deixam entrever a propensão ao comunismo, bem como o desejo de inspirar nas sociedades primitivas o n1undo novo.


12.

-Sem perder seus valores comunltArlos, religiosos e tribais»

Entrevista de D. Tomás Balduino, Presidente do CJMI, ao jornal «Panorama» de Londrina:

«As posições de Do,n Tomás, poréln, não são son1ente dele, rnas de todo o CIMI que, no início deste mês, participou de uni sen1inário com a Funai en1 Manaus [ ...]. Na ocasião. voltou a ser levantada a opinião de que as missões também exerciam um efeito pernicioso sobre os índios; à medida que tentavam impor sobre eles uma nova religião e padrões morais completamente diferentes dos que possuíam. Do,n Tomás: « - Eu concordo com essa opinião. - Os mission6rios "etualizedos" a• eham que faz par· te de sua missão livrar os.ses silvícolas do ..contAgio" da civilização.

11.

Um paralso tribal, onde é coletiva a propriedade dos meios de produção e não existe autoridade

Y-Juca-Pirama - O índio: aquele que deve morrer, «Docu1nento de Urgência» assinado pelos Bispos de Cáccres (MT), D. Máximo Bienries; Viana (MA), D. Hélio Campos; Marabá (P A), D. Estevão Cardoso de Avellar; São Félix (MT), D. Pedro Casaldáliga; Goiás Velho, D. Tomás Balduino, e Palmas (PR), D. Agostinho José Sartori, e mais seis missionários:

«Sem assun1ir a visão idílica de Rousseau, sentilnos a urgente necessidade de reconhecer e publicar certos valores que são mais humanos, e assim, 1nais evangélicos do que os nossos «civilizados» e constituem uma verdadeira contestação à nossa sociedade: «J. 0 Os povos indígenas, en1 geral, t~m um siste1na de uso da terra. baseado no social, não no particular, en1 profunda consonância co,n todo o ensina,nento bfblico, não só no Antigo n1as no Novo Testamento, sobre a p osse e o uso da terra (DOM FRANZONI - «La Terra e di Dio»). Corta-se asshn pela raiz a possibilidade de dominação de uns sobre os outros à base da exploração particular de meios de produção. No1a Anlônio Cotri111 Ne10 que «co,n a chegada do branco, estabelece-se o conceito de propriedade particular. surgindo os conflitos na aldeia)> (EsrA DO DE s. PA UI.O 20/8/ 1972). «2. 0 Toda a produção, fruto do trabalho ou do aproveitan1ento das riquezas da natureza e porlanto toda a economia é baseada nas necessidades do povo. não no lucro. Produz-se para viver e não se explora o 1rabalho para lucrar. «O fndio não se preocupa com acurnular bens de qualquer natureza - ensina o jesuíta A da/berro Pereira - ne,n possui o estimulo econômico no sentido de adquirir prestigio ou elevação do «status» social. Não conhece co1npetição econôn1ica e nem atitudes de ambição. Vive o sistema comunitário de produção e consu,no, com divisão de trabalho segunclo o seXO)> (ADALBERTO HOLANDA PEREIRA - «Questões de Aculturação)) in ESSA ONÇA - Univ. Fed. de Mato Grosso - 1973, § 18). «3. 0 A organização social te,n co,no única finalidade garantir a sobrevivência e os direitos de todos, não os privilégios de alguns. O comunitário prevalece sobre o Individual . Toda· expressão cultural visa celebrar e aprofundar este senso de comunidade. Eis a fonte da paz e da harmonia de que têm saudades os sertanistas: «nossos irmãos da selva - diz Cláudio Vil/as Boas - sem possuíren1 toda esta sofisticação tecnológica, são plenos e felizes, vivendo u1na vida equilibrada e harn1oniosa» (ESTADO DE S. PAULO - 29/4/ 1973). Francisco Meireles sonha: «Jntirna,nente gostaria que eles pudesse,n ser 1nantidos e1n suas aldeias e que nós, civilizados, ao invés de incutir-lhes nossos padrões culturais, aprendêssemos com os índios que sen1pre vivem em harrnonia não só no grupo tri-

bal mas co,n a próprJa 11atureza»(ESTA DO DES. PAULO - 26/6/1973). «4. 0 O processo de educação. caracteriza-se pelo exercfcio da liberdade. «A-

Mas desde quando o C/MI começou a existir, há quatro anos. que estamos instruindo a todas as missões católicas para corrigiren1 esta função catequética, respeitando a organização dos índios. (...]. «[...) o ideal seria que eles pudessem conviver com nossa civilização, ,nas sem

prende1n a ser livres desde a infância diz Luiz Salgado Ribeiro - pois um pai

perder seus valores comunitários, religiosos e tribais; se,n perder o direito de

nunca obriga o filho a fazer o que ele não quer. Un1 pai nunca bate no filho. por

construir suas casas, de continuare1n plantando dafonna que sernpre plantara1n; e sem serem engolidos pela voracidade da ·civilização de consun10, onde o interesse p(lrticu/ar e financeiro está achna de tudo». [ ... ). « - Os índios estão se 111arginalizando. perdendo o seu lugar, es,a é a verdade. Essa integração que o governo pretende só os transfonnará e,n párias da sociedade. o que é lastimável, sabendo que eles hoj e têm um «status» social

1naior que tenha sido (/ sua travessura.» ( ... ) «O índio é acin1a de tudo um homem livre. Não depende de ninguém para o sustento de sua fa1nília - ele 1nesn10 caça e pesca enquanto sua n1u/her cuida da pequena lavoura de subsistência - e isso ·the dá condições de não dever favor ou obrig(lção a ninguén1. Nen1 a seu pai, nem ao chefe da tribo» - (A Voz DO PARANÁ - 29/ 9-6/ 10/ 1973). <ô.º A organização do poder não é despótic(l ,nas co,npartilhada. «Assin1 o chefe não é aquele que manda. ,nas sün o sábio que aconselha o que deve ser feito... Se os íridios segue1n ou não os seus conselhos. o proble,na não é do chefe. Ele apenas é um líder que ácanselha; não u1n patrão que detennin(l o que te,n de ser f ei10. Mes1110 no caso de unia guerra, o chefe nunca poderá detenninar que todos os hornens participe111 da luta». Isto significa que. ent re eles, a autoridade é realmente um serviço à con1unidade, não do111inação. Claro que nestas t ondições não há lugar para instituições de policia,nento e coerção. «6. 0 As populações indígenas viven1 e,n harn1onia com a natureza e seus fenôn1 enos, e,n contraposição à nossa «in1egração com as diferentes poluições. · destroços de u,na natureza arrasada e subs1itufda p elo habitat en1 que vive,nos: «Os índios, ao contrário dos brancos. se,npre conviveran1 e,n perfeita harn10nia con, a natureza. não h(/vendo casos de tribos que tenha,n destruído a faun(l ou a flora de qualquer região por elas habitada. Esta é a posição de antropólogos e especialis1as e111 indigenis,no» (EsTAJ>O DJ; S. PA ULO - 5/ 3/ /972). «7. 0 A descoberta, evolução e vivência do sexo entram no ritmo normal da vida do índio, num clima de respeito, sem as características de tabu ou de ídolo que se 1nanifesta1n e1n nossa sociedade e tanto a condiciona111. «Essa enun1eração de valores não pretende ser exaustiva ne1n eles se realiza,n uniformen1ente, mesn10 porque cada grupo indfgena constitui u1n povo, con1 suas caracterfsticas peculiares, cuja expressão rnaior é a língua. Não ignoramos que ta111bé1n no homem indígena há sinais da so111bra do pecado que, sob .formas diferentes do egofsmo cornun1. ernbaraçan1 a plena realização e autênti· ca integração desses valores humanos)> (doe. 9, pp. 21-23).

muito superior a vários agrupamentos da nossa sociedade. Eles são realizados. seus chefes são verdadeiros chefes ,nas

co1n a consciência de que são chefes de povos oprirnidos. [ ... ]. « - Este não é o pior, porém: mais hostil é a ganância. O que quere111 n1esmo não é exterminar os índios, n1as ocupar as terras deles, a qualquer custo. Houve a1é tentativas de envenena111ento de tribos. (...] Es1ava explicado o ódio 111ortal pelos brancos. [ ... ]. « No te1npo da descoberta do Brasil. eles era1n ,nais de 2 1nilhões. Hoje ·ca/cula,n por volta de 100 111il, ou 150 1nil, apesar des1e tilti1no dado ser muito oti111ista)> (doe. 10).

13.

«S6 temos a aprender com os lndlos»

Declarações do Pe. Egydio Schwade, assessor do Conselho I ndigcnista M issionário (CI M 1):

gena com os de nossa sociedade, dita civilizada, vemos que só temos a aprender corn eles. A marcha da História que é irreversível, aponta, en1 tantos exe1nplos que já começa111 a se ver no mundo conte1nporâneo, que as sociedades hu1nanas estão se abrindo par.a aqueles valores que sempre fora,n os dos índios., como o espfrito comunitário, a solid(lriedade e o respeito pelo próxin10». «Schwade acha que «quanto mais procuramos respeitar, defender e preservar física, cultural e até ecologicamente a identidade dos povos indfgenas. mais chance teremos também de nos salvarmos e nos encontrarmos a nós 1nesmos. superando a alienação e,n que o ritmo de vida de nossa sociedade civilizada nos submerge». «O assessor do Chni comentou que «o n1undo inteiro revoltou-se, e co,n justiça. contra a recente condenação de cinco homens à n1orte. Corn muito rnais razão a consciência nacional e mundial deve levantar sua voz contra o extennínio dos nossos. fndios, que têm urna história tão digna e sagrada quanto a história sagrada do povo de Deus, reverenciada por judeus e cristãos» (doe. 11). COM ENTÁRIO

Os disparates contidos neste documento desconcertam. Por exemplo: os que vivem em «noss(l sociedade, dita civilizada»... só têm a aprender com os índios. Ou seja, tudo quanto há entre os índios é lição para os civilizados. Um exemplo? «O espírito comunitário, a solidariedade e o respeito pelo próximo». Transparece neste tópico a admiração que certos missionários «atualizados» tributam ao caráter mais ou 1nenos comunista que vêem na vida das tribos indígenas. Depois deste elogio de sociedades tão primitivas, e a depreciação da civili:r.ação atual, causa riso a afirmação de que «a história é irreversíveb,. A afirmação de que a história dos índios é «tão digna e sagrada qu(lnto a história sagrada do povo de Deus» conduz às seguintes perguntas: de que lucram então os índios em serem evangelizados? Para que há missionários?

14. lndlos são modelos para nossa sociedade Declarações de D. Fernando Gomes. Arcebispo de Goiânia: «As comunidades indígenas devem ser recebidas como evangelizadoras, para que se tornem modelo à nossa sociedade que muito tem a aprender con1

COMENTÁRIO A nota comunista é frisante neste texto, que fala por si. Registre-se apenas a carga feita contra a «exploração particular de ,neios de produção»; contra a propriedade particular, apontada como responsável pelo surgimento de «conflitos na aldeia»; contra o justo deseJo de melhorar o status social etc. É de notar ainda a sin1patia pelos aspectos coletivistas e igualitários que os autores vêem no regin1e tribal («o co,nunitário prevalece sobre o individual»), onde, segundo eles, não há qualquer forma de autoridade, sequer a paterna.

"S6 temos a aprender com 01 índios'' -diz o Pe. Egydio Schwado, t :s sessordo CIMI. - Os Jlvaros met,m todos aquolos que ousam entrar em ieu, domínios e reduiem a propotç3es diminutas as e,t,eças de tuas vitimas.

«A nossa civilização é que está falida, condenada. e não a do índio». Corn estas palavras, o padre Egydio Schwade, assessor do Conselho lndigenista Missionário - Cbni, con1entou onte1n. e,n São Paulo, as declarações do sertanista Or/(11ulo Vil/as Boas, que afirn1ou anteonte1n que o fi,n da civilização do índio é inevitável, e o próprio índio está consciente disso. «O padre Schwade disse que «confrontando os valores da sociedade indí-

elas» - afinnou ontem o arcebispo Don1 Fernando Go1nes de Oliveira, de Goiânia, ao abrir o curso sobre «Perspectivas da integração do índio na comunhão nacionab>. organizado pelo Conselho lndigenis1a Missionário e Instituto de Pesquisas Sócio-Eco11ôn1icas da Universidade Católica de Goiás. (... ). «Do,n Fernando Gomes [ ...] discorreu sobre a i111portância do encontro. 111os1rando sua necessidade para a for1narõo de ,nelhor visão da Igreja no 9

9


trina em vista da entrada en1 detenninado período - iniciação para o culto, para o batismo, para receber os s acramentos, etc. Hoje entende,nos a catequese co,no 111na maneira global, e,n que prevlllece o llSpecto evllngelizador, que está ,nais orientlldo pllrll a restauração da i111age1n de Deus no home,n do que para o enquadramento do in divíduo dent ro de uma determin ada religião. Então, e,n

vez de (ltrllir-se proselitistica,nente para o grupo 011 a confraria religiosa, vai-se ao índio e faz -se co,n que a 1nensage111, que já está nele. seja vivida, sej(I consciente. Isso é. co,no dizia, «estar ao lado>). Fazê-lo entender que ele pode ser o an úncio e a denúncia para esta sociedade. Que, e111bora se dizendo religios(I, católica e não sei que lá ,nais. é egoísta, individualista, hedonista, ga11(111ciosa. Quanto ao índio. ele não: ele dá a vida pelo outro» ( doe. 16, col. 638). COMENTÁRIO A catequese «atualizada» consiste muito mais em trazer à tona da consciência do índio a mensagem religiosa q ue já está em seu subconsciente, do que em

ca,npo indígen(I, Ji-isando o fato de suo.t co,nunidades sere,n recebidas con10 eva11gelizadoros, 110 sentido de que se torne,n ,nodelos por(I nossa sociedade,, (doe. 12). COMENTÁRIO Se as pequenas «co,nunidodes indígen(ls» devem ser modelo para nossa sociedade, pergunta-se CO!l)O esse modelo pode ser imitado pelas ciclópicas sociedades contemporâneas, senão mediante a instauração de um regime mais ou menos comunista... ou quiçá inteirarnente comunista. Pelo menos se se admitir corno verídica a imagem das sociedades ind ígenas que a miss iologia <<atualizada» apresenta.

15.

A missiologia «aggiornata»

inspira uma transformação radical de nossa sociedade

Do documento Y-J11co-Piran1a - O índio: aquele que deve 111orrer, assinado por Bispos e míssiooários:

«Se tivésse,nos (I corajos(I hunli/d(lde de aprender co111 os índios. ia/vez fosse1nos levados a tronsfonnor nossa mentalid ade individu alista e a~ corre.~pondentcs estrutu ras econômicas, políticas, sociais e religiosas para que, en, lugar da

,nediante t11n siste11u, de educação alic•nado de sua-cultura e de sua história. n1(IS o sociedade nacional" é que deve preparar-se para ateitor o í11dio co1110 ele é; para co,npreender e respeitar o 111undo do índio e não pressionâ-lo (/ vir paro o nosso n111ndo [...]» (doe. 13, pp. 20 e 22).

Secç ão V

A evangelização não é necessária É tão a lto o conceito que, para os catequistas «atualizados», n1ere_c~ a vi~a tribal, que o Evangelho - e a c1v1hzaçao cristã dele decorrente - ficarn relegados por eles a um segundo plano (8). Já apareceram sintomas disso nos textos n. 0 s li a 16. Mas é possível apresentar, n_esse sentid<?, _div~rsos OJtros pronunc1an1entos m1ss1onanos, tao ou mais significativos ainda.

17.

Vivendo em regime comunitár io, os indios não precisam da Igreja

COMENTÁRIO

«Hoje a atividade 1nissionária descobre na cultura indígena valores evangélicos, de tal fonna que o índio não só é ev an gelizado, mas tambén1 é capaz de nos evangelizar. pelo relaciono,nento f raterno entre si, pela valorização do fraco e da crian ça, pela educação para a liberdade, pela ligação con1 o religioso. O mundo do índio não é fechado en1 si, ao contrârio. se abre para u,n inundo de ,nistério, o que traz um grande equilíbrio p(lra os grupos tribais)>. [ ...]. «A evangelização é capaz de descobrir a presença de Cristo no grupo tribal, o qual vive de maneira mais cristã do que

Mis s ão do lndio: «fazer com que os civilizados reencontrem a civilização»

nós, com o nosso batismo e com a nossa prática religiosa . Sem professar o nome de Cristo, os índios vivem muito mais na plenitude de vivência anunciad~ pelo . Cristo co1110 un1(1 boa-nova de hberta-

ção. do que nós que vive,nos como· . Artigo do Pe. Anton io lasi , S.J., Secretário-executivo do CIMl: «O índio tem uma missão a cu111prir: fazer con1 qu e os civilizados reencontrem a civil ização. ( ... ].

«O proble,no 11ão estâ do lado do í11dio. ,nas 11(1 sociedade 11tu·io11al. Não é o índio que deve ser condicionado. 10

escura) e três caciques.

É missão do índio. como se vê na frase cn1 negrito, fa1.er aceitar seu estado de coisas como modelo de nossa civilização.

Ent revista de D. Ton1ás Balduíno, Bispo de Goiás e Presidente do CI MI, ao semanário «Opinião»:

16.

ç.o de 1977, n o Part:iná: um sacerdo t e {d e calça

COMENTÁR IO

do111i11(lção de uns sobre os 9utros. pudésse,nos construir o inundo solidário da co/(lboraçâo» (doe. 9, p. 24).

Uma solidariedade horizonta l, à marge1n do princípio de autoridade, e1n vigor nas sociedades tribais, é o ideal que os índios nos ensinam. Esse igualita rismo, que envolve a con1unidade de bens, a ausência de classes sociais etc., se transposto para as grandes concentrações humanas m~dernas, traduz-se em·termos de comunismo. Até a estrutura rel igiosa, instituída santamente. hierárqu ica por Nosso Senhor Jesus Cristo, tem que nivelar-se sob o rolo compressor da <•sabedoria» ind ígena.

11 1 Assembtóia Regional do CIMI, em mar·

D. Tomâs 8:,ldufno,

Bispo de Goih$ e p residente d o C IMI, pre· ga os " valores evangé-

licos" q ue. segundo elo 3 cultura dos índios. inspiram

pagãos uns e,n relação aos outros» (doe. 14).

COMENTÁRIO Tendo o regime comu ni tário, os índios não precisam de nada . Nem da Igreja, pois já têm a plenitude da vivência evangélica. A se admitir que as coisas fossen1 como as descreve D. Tomás Baiduíno, seria o caso de pergu ntar do que adianta a catequese. Ta lvez por isto a catequese é apresentada como puramente voltada para uma tarefa terrena, que é a de conservar o estado tribal, como se vê no texto seguinte.

18.

A principal míssão da Igreja

não ê converter os lndios à Religião de Jesus Cristo, mas conservar-lhes o estado tribal

Plano pastoral dos Bispos da Amazônia:

«Os Bispos defende,n a tese de que a principal nlissão da Igreja não é catequizar e converter o índio ,nas garantir os seus valores e e11ca111i11har o seu processo cultural de ,nodo a evitar choques e sincretis,nos» (doe. 15).

19.

Catequeze «atualizada»: · trazer a tona da consciência a mensagem r eligiosa que o lndlo traz no subconsciente

(8) O Cardeal D. Vicente Schcrcr, Arcebispo de Porto Alegre. manifestou seu desacordo i:om esta posição da ncomis.siologia. Dis..~c o Purpura .. do: (cNorn~se uma tl!11dt·11l'i11 11 J'f•strin,:t'r a arrio ,tos mission<iriu,,· à <lé/eso indi<> [... ], deixmuln ,te lado co m ,·értO menosp"•:u <> obj e1Í\'O esJ·endo/ d<• llw.,; ilumi11ur a i11teHgê11cia ,·mn li /u;; dô HvtmJ,:ellw ·,~ t!t..• h•wi-/o,,· " inlt_l!fllr-S<' ,w t omuni,tml,· do f l-,>(cfr. <cCorrcio do Povo)), 25 .. 10.. 77).

d,,

ensinar-lhe a Boa-Nova trazida por Nosso Senhor Jesus Cristo a todos os povos.

20.

Evangelização ê secundária

para misslonãrlos que menospr ezam o trabalho de Anchieta

Reportagem sobre o Segundo Encontro Regional Norte de Mato Grosso do CI MI:

«Paralela,nen te, o trabalho de «pacijic(lção e ca1equese» - reconhece111 hoje os próprios nlissionários - desenvolvidos co111 base no espírito de Anchieta, se111 levar e111 conto a necessidade da p reservação da cultura indígena, ta111bé111 contribui para infundir no índio u,n ,nenosprezo fata lista por seus valores culturais. [ ...]. «Os participan tes do Encontro de Dia,nantino colocara,n essa revitalização de valores tribais co,no funda,nen tal, defendendo co,no primeiro passo zu na ,nelhor preparação dos 1nissionários, reajirn1(lndo que, no processo de integração, é vital que toda a estrutura cultural dos grupos seja respeitada e que a evangelização seja apenas parte secundária desse processo» (doe. 17).

COMENTÁRIO Compreende-se que os missionários «atualizados)> considerem com descaso a obra d o grande Anchieta. Este último não fazia da catequese «parte apenas secundária» de sua missão.

21.

Entrevista de D. Tomás Balduíno, Bispo de Goiás e Presidente do CI M 1, ao jornal «Voz do Paraná)>:

Os povos lndlgenas são os verdadeiros evangelizado res do mundo

«Não entcndernos a catequese como antij?amente: a trans missão de uma dou-

Depo imento de D. To más Balduíno. Bispo de Goiás e Presidente do CI M 1:


«A convicção profunda dos n1issionários ligados à Igreja é que estes povos (e eu estou pensando, por exen1plo, nos povos indígen as) são os verdadeiros eva ngelizadores do mundo. Nós, os mis-. sionários, não vamos a eles como quen1 leva uma do ut rin a o u uma evangalização q ue o Cristo nos tro uxe e confiou, e que

n6s revestimos co,n ritos civilizados e cultos. Mas va,nos a eles sabendo que o Crist o j á nos anteced eu no meio deles, e que lá estão as «Sementes do Verbo». Te111os a convicção de que eles vivem o Evan gelho da Boa-Aventurança. E de q ue por isso se inipõe a nós u1na conversão às SU(IS culturas, sabedores de que a Boa Nova do Evangelho se encarna e111 qualquer cultura. E a partir dos mais marginalizados e o primidos ela se torna a Boa Nova Universal, co,n valor de profecia para todos os ho,nens» (doe. 18, p. 16), Secção VI

Catequese nova

22.

Não se pode conside rar o lndio como possuidor de caracte risticas pslquicas e culturais indesejâveis

Do «Diretório Indígena» elaborado pela Missão Anchieta, de Mato Grosso, e aprovado pela CNBB (segundo o resumo do «Jornal do Brasil»):

«A aculruraç,io dos indígenas [... ) deve ser feita sem precipitações e ,nesmo os traços que nós dizen1os ser atentatórios à natureza hu,nana, corno o infanticídio ou a poligamia. deve,n ser erradicados apenas quando e na 1nedida e,n que o índio possa co,npreender o que existe de negativo nesses 1nes1nos traços» [.. .). «A Missão A nch ieta destaca[... } que não se pode considerar o índio co,no 11111 ser prirnitivo, possuidor de C(lractert's· ticas bio l6gicas, psíquicas e cult urais indesejáveis» (doe. 19). COMENTÁR IO O segundo parágrafo do texto leva i.s últi111as consequências o pensamento q ue se vislumbra no primeiro panig rafo: os índios não possuem nenhun1a «c(lrac1erís1ict1 biológica, psíquica e cult ural indesejável». E o infanticídio? E a poligam ia? As perguntas saltan1 aos lá bios: não resultam de «t(lracrerísticas psíqui-

«A Missão Anch iet(lficou conhecid(I por su(I posição de vangu(lrda no relaciona,nenro co1n os índios. Etn 1969. depo is de n1uitos estudos e deb(ltes. seus Sacerdotes decidir(ln1 abandonar a catequiZ(lção dos índios, deixando-os fic(lr con1 sua própria cultur(I. ,, - Descobrimos que os índios tinham unia religião apoiada no q ue é natural, espontâneo, e o que é n atural vem de D eus. Não adiantava nada c/(lr1nos a eles u,na forma civiliz(lc/(I de amar a Deus se a deles e,r a m ais pura» (doe. 21 ). COMENTÁRIO Na Igreja Católica, as almas batizadas recebem a vida sobrenatural da Graça e participam do Cor po M ístico de Cristo. Segundo o texto, todos esses tesouros «não adi(lntan, n(lda», pois constituem uma <ifonna civilizada de a,nar a Deus». A rel igião dos índios «que é natljral» é tambén1 <<tnais pur(I». E lhes basta inteiramente. Essa depreciação do sobrenatura l em relação ao natural, e da Religião de Jesus Cristo em relação ao paganisn10 indígena, importa evidentemente em heresia e blasfêmia.

25.

23.

A surpreendente catequese «cientifica»

Reportagem de «O Globo» sobre a M issão Anchieta, que atua na Prelazia de Diamantino, sob a orientação do Bispo D. Henrique Froeh lich , S.J.:

«Por est(I época jâ /J(lvia111 cessado as co1nunhões, os trabalhos de doutrinação, (IS 1n issas coletivas no ,neio das tribos. O trabalho religioso foi deixado de lado e os índios p(IS.t(lra111 a ser tr(lt(ldos cientifica,nente. « - Nós· descobrirnos [é u111 dos Pad res da Missão q uem fala) que os princípios religiosos dos próprios índios era,n naturais e o que é n(lfUr(I/ é de Deus. Portanto, do ,nodo deles. con1 su(IS idéit1s, suar ceri,nônias, eles (l111av(ln1 (I Deus e (ISSin1não havia razão para nós mudarmos tudo ern sua cabeça só para que eles passassem a amar a D eus pelo nosso mo do» (doe. 20). COMENTÁRI O A catequese «científica» reserva surpresas para quem está habituado à catequese tradicional!

24.

Para que a catequese?

De outra reportagem de «O Globo» sobre a M issão Anch ieta, da Prelazia de Diamantino:

COMENTÁRIO T rata-se da aplicação exata da tese de que o índio é porta~or, tanto qua_n to os católicos - e mais do que muitos católicos - de va lores autent icamente cristãos. As «Irmãzinhas de Jesus», em longo convívio na promiscuidade t ri bal, não procuram outro resultado senão fazer co111 que os índ ios sejam eles mesmos, que cam inhem nos seus run:ios próprios, pagãos, sem qualquer aux1 ho da R evelação e da Graça.

Cat equese quase sem esperanças

27. Conferência do Pe. Tomás de Aquino Lisboa, Vice-Presidente do C!Ml, na Pontifícia Universidade Catól ica de São Paulo, segundo notícia do «Boletim do CIMI»:

«O Pe. To,nás foi especialrnente assediado por indag(lções e quesriona1nenros sobre seu tr(lb(l/ho de vivência pura e si,hples co,n unia tribo recé,ncontat(lda, e sobre sua exp eriência religios(I .frente a.o universo ,nítico dos índios. Ele contou que sua atitude te111 sido de respeito e observação, se111 nenhurna pretensão. a curto e 111édio prazo, de qutilquer tipo de catequese: « - Talvez um dia. daqui a 111uitos anos. surja o n10111e1110 de lhes re,·elar o Cristo. Na verdade. nem sei se eu vou ver chegar esse dia. [ ... ). « - A Missa é bot1para 11ó.,. /J(lra os índios, a expressão desse 111es111u i111pulso relig ioso se faz d(lnr;ando c-0111 11111 111aracâ. pint(ldo de urucu111. «E revelou ele próprio 1er p(//·ticip(ldo dessa liturg ia ,nünkii» (doe, 22, p. 11).

cas e culturais indesej áveis»'! O texto insinua que não, quando, ao referir-se a uma e outra aber ração, ás qualifica de «tr(lços que nós dizemos ser atentatórios à natureza hun1ana». «N6s dize,nos» convida para uma dúvida: serão mes1110 atentatórios à natureza humana»?

(IIIOS co1n os índios Tapirapés sem nenhurna pretensão de catequese, sem querer construir coisa algu,n(I, ou re(l/izar algum progra,na assistencialista; quere111 apenas conviver co,n eles, ao nível deles, con1 a mesrn(I agricultura. (I 1nes1na habitação, o n1esmo conviver. Result(ldo: este é 11111 dos poucos grupos que adquiriu confiança em si próprio, nu1nrendo u1n perfeito re/(ICiOn(ln1ento rrib(I/, recuper(lndo valores perdidos por influências da sociedade envolvente. e rendo agor(I um bo,n relaciona,nento con, os seru1nejos da vizinhançt1. O que den1onsrra que se o índio for respeit(ldo por noSS(IS leis e governantes. saberá respeitar a rodos ... podendo contribuir co,n soluções para nossos problemas» (doe. 18. p. 17).

Erros dos misslonârios: ensin ar a ter vergonha da nudez. a usar roupa, a repudiar a vida coletiva da aldeia

Participando das concepções da missiologia «atualizada», F rei ~etto , o domin icano tristemente conhecido por sua atuação no «caso Marig hela,), e posteriorruente condenado a dois anos de reclusão pelo S upremo Tribunal F edera l, escreveu em seu livro Cart(IS da Prisão, o que segue:

«Se dentro de alguns anos não houver ,nais índios no Brasil. (I lgrej(I terâ de reconhecer sut1 parte de culf)t1 nisso. No passado nossos 111issionârios inter11aran1.w:- na se/v(I se111 prep(lrO e conra111inara111 os índios co111 o seu C(l/do de cultura e11ro11l'i=ada. Creran, que civiliz(lr era cn,ínar o índio a ter vergonha da nudez e usar rOu))a. a repudiar a vida coletiva da

(l/c/eia. a aprender nossas línguas e adq11irir //OSSOS COS(UllleS . Muitos 1nissio11ários (I/Jrirt1111 C(l111inho par(I as 111ascate.,· que explorar<1111 o índio. co111prando seu <11·1esa11ato e sua . 111ulher por unia

28.

Catequistas: o tradi cional e o progressista, em face das abominações e crimes dos silvlcolas

De um livro pu blicado sob a orientação do Pe. Ed uardo Hoornaert, professor do Inst it uto Teológico do Recife:

«O que significava na realidade est(I catequese? Qual seu verdadeiro sentido? «Hâ u1n/aro interessante ocorrido na aldeia do Espírito Santo. no Recôncavo baiano, e,n 1560. que nos informa (I respeito. O Padre Luiz da Grã, n(lquele ano. convocou urna reun ião de chefes indfgenas na referida a/dei(/ e os fez jurar quatro co1npro1nissos cristãos: Não ter senão uma mulher. N ão se embebedar. Não dar ouvidos aos pajés. Não matar nem comer carne humana.

«Reconhece,nos nestes qu(ltro <<1l1(lnda1nentos)) exataniente o processo de redução do «outro» (do indígena) a <tri ,nesmo» (o colonizador europeu), que C(lr(lcteriz(I a cultura colonial. A catequese er(I u1n(I série ininterrupta de discursos cujo signific(/do era a integração dos indígen(IS na sociedade co loni(I/ cristã. As palavras rra1ava111 de Deus, d(I S(l/vação, do céu, da santid(lde etc., n1(JS o sentido das palavras traf(IV(/ de integração>) (doe. 24, p. 336). «A conseqüência n 1ais gr(lve da idenrijic(lçc1o e11rre catequese e doutrinação consiste no fato que e/(I é concebida co,no urn 1novi111ento ativo, que parte dos colon izadores en1direção tios colonizados. Os colonizadores n ão discutern o lugar a partir do qual carequ iza,n os outros, a catequese não é vista como 11111 ,novitnento e111 direção ao «outro)> (lbsolutamente diferente e por isso rnesmo 111is1erioso e revelador de Deus. n1as con10 u,n 1novi111ento integrante, englob(lnte e . redutor. D(lí o caráter 1naquinal1 • • . • e repet1fl vo, passivo e roflneiro que a catequese conserva até hoje, pelo rnenos dentro dos quadros de referência que são os da redução religiosa, da redução do «outro» ao «n1esn10».

«éste tipo de catequese não estabelece u,na verdadeira comunicação. antes a i111pede. Ercreve Anchieta e,n 1555: «Urna coisa desej(lmos cá todos e p edi111os ,nuiro (/ Nosso Senhor, é que esta terra roda seja 1nui povoada de cristão.t que a 1enha1n sujeira, porque a

COM ENTÁ RIO Por isto a catequese se desenvolve com delongas quase sem esperanças, que a ação fulg urante de tantos grandes m issionários não fazia necessárias. A Igreja ensina que o Sacrifício da Missa é a renovação incr ucnta do Sacrifício do Ca lvário. No penú ltimo parágrafo , o texto parece reduzi-lo à·«expressão» de um «i111pul.ro relif!.ioso». Neste sentido, ela «é boa para 116s». Isto é. exprime nossos impulsos. Mas pod e perfeitamente ser substituída entre os índios por outras cerim ônias. Pois o «111es1no in1pti/S(I reli;:ioso» que exprimimos na Missa, eles o expri111em «d(l11-

Ç(lt1do COl/1 urucunm.

U/11

111ar(IC(Í, pintado de

É difíci l ser mais ultrajante para com a Santa Missa. Ademais, se a «liturgia 1nünkü» equivale a esta, qual a razão religiosa de uma Missão católica?

26.

«Sem nenhuma pretensão de catequese»...

Entrevista de D. To más Balduino, Bispo de Goiás e Presidente do C IMI:

«Nossa visão. no CI M /, é de que o índio deve ser o (lutor de seu próprio futuro, e protagonista de sua lura. NÃO se /f(lfa de fazer para ele. ,nas co111 eles. E não c:01110 queren1 fazer: criar progra,nas que se volta111 p(lra o índio, e,n que eles são os ulri,nos (/ saber. Ou seja: 111anipular o índio co,no se fosse u111 objeto». «A f orça des/(I Pastoral é que ela ll(ISCe d(I base. Não é ciência elabor(lda e,11 laboratórios de teólogos. sociólogos. anrrop6/ogos paternalistas. Mas .e.vtâ nt1scendo (/(I experiência desprerentio.~a e si,nples de (l/guns sacerdotes Cfll<' op1aran1 por outro ,nodo de viver. Co,no as Jrnuizinlu1s de Jesus. que vil'e111 /ui 20

A medicina pl'imitiVa dos ind ígenas é altame nte admirada pe los estruturalistas. - fndios Janomani, das: nasc ente s do l'io Orinoc o, inalam um pó alucinante.

garra/(/ de álcool. Sob o pretexto de anunci(lr o Evangelho contribubnos para o extenninio da raça. Lev(l1nos a ,norte onde /i(lvia vida. «São r(lros os 111issionârios que respeif(lran1 (I cultura do índio e tudo fizeram para preservá-la. Raros os que se rorn(lra111 índios con1 os í11dios. Mas /eliz111e11re eles exisrenm ( doe. 23, p. J 18). COMENTÁRIO · J ,í foran1 indicadas as tendências pró-co mu nistas da miss iologia «atualizada». Importa regist rar aq ui as tendências cm favor da nova miss iologia , do frade subversivo . Significativa reciprocidade ... A ho~tili<ladc aos missionários do passado é ílagra nte no texto de F rei llctt o.

gente é tão indô mita e ·está tão encarni. çada em comer carne hun1ana e isenta em não reconhecer superior, qu e será· mu.i dificultoso ser firme o que se plantar, se não houve,r este remédio, o qual continu amente pedem cá os padres e os irmãos».

«Co,110 estabelecer cornunicação hu1nana, tendo estes preconceitos na 1nenre?» (doe. 24, pp. 11 9-120). COMENTÁRIO Uma diferença radical ent re os mét odos de cateque.se empre·g ados no Brasil até a irrupção do progressismo, e os métodos que o progressismo vai int roduzindo, pode ser notada em am bas essas aprecia ções do livro publicado sob 11


a orientação do Pe. Hoornaert (9). Segundo sempre se fez na Igreja, desde os tempos apostólicos, o missionário deve ensinar ao gentio a doutrina de Jesus Cristo: «Ide, pois, e ensinai todas as gentes .[...] ensinando-al a observar tudo que vos tenho mandado>> (Mt. 28, 18-·19). O · missionário zeloso deve adaptar quanto possível aforrna desse ensino à psicologia do catequizando, e às múltiplas peculiaridades do ambiente em que este se move. Mas a substância do ensino é imutável. Foi dada por Jesus Cristo, e ninguém a poderá alterar até o fim dos séculos. Sem dúvida, as reações dos catequizandos podem variar em toda a gama que vai da conversão imediata, profunda e heróica, até à agressão e o assassinato do catequista. Nem por isto a substância do ensino pode ser alterada. E como alteração não se eniende apenas a introdução de elementos estranhos a ele, como a omissão de partes essenciais dele. Quanto a este ponto, o catequista porta-voz de Jesus Cristo, oficial ou não, está imóvel junto ao D ivino Mestre, e procura atrair a Ele os catequizandos. Tal tarefa pode parecer impossível, e realmente o seria sem o auxílio da Graça. Mas esta nunca falta. Cabe ao homem aceitá-la ou recusá-la. Os métodos de catequese de Anchieta e do Pe. Luís da Grã são a tradução desses princípios em ato. Colocados diante das abominações e das aberrações dos infelizes silv(colas, não lhes ocultam quanto é diversa a Moral católica. E pedem formalmente aos índios que abandonem seus vícios. É claro que tal coerência, tal firmeza de princípios não pode compaginar-se com a mentalidade progressista. Assim, não causa surpresa que o Pe. Hoornaert e sua equipe lhes façam as objeções constantes do presente texto.

«Todos hão de concordar que «em no,ne de uma política de integração, que não integrou nem mesmo os civilizados, não se pode violentar uma cultura que, embora primitiva, tem iarantido a subsistência secular desses povos. A sociedade civilizada s6 terd o aireito de falar em integração do índio nó dia e,n que, em seu 1neio, não houver ninguém morrendo de fome» (0 POPULAR - GoiOnia 22/ / 1/ 1973). «Hd séculos - afirmam os innãos Vil/as Boas sobre os índios - sobrevivem graças à caça, à pesca e a u,na rudimentar agricultura. São felizes com suas crenças e seus rituais belfssi1nos. Por que então destruir essa cultura secular? Apenas para impor nosso sistema de vida aos fndios? Civilizar para que? Destruir a organização tribal existente e depois deixar os índios marginali-

médico sabe pescar com arco e flecha, fazer tinta de genipapo, reconhecer o grito da capivara, distinguir plantas medicinais, transformar tronco de drvore em canoa, .cultivar mandioca e milho, tecer a fibra de buriti, acender fogo sem f6sforo, caminhar na mata se,n bússola e preparar carne sem sal? O companheiro pensou um pouco e ,neio sur_preso respondeu: - E, não sabe não. - Como é então que você diz que o médico tem mais cultura que o índio? - Pelo que vejo o médico tem sua cultura de médico e o fndio tem sua cultura de índio. A partir desse ,no,nento P. passou a compreender algo que a grande maioria das pessoas diplomadas em universidades ignora {apesar da obra monumental de Lévi-Strauss): que não existem homens

Recebido com orandts pompas - ' civi, • m llittres, chaga ao Br11II, ~ om 1966, o f&mur do Venerivel Pedro Jos6 de Ançhiet a. - Pe·

re os mission6· rios "aggiornatí", a cat&quo:so do grande Anchi., \. te colaborou p.ra a "desagrega• ção, marginalização, daotruiçio •

morte" do nossos

silvfcoles. -Ape· sardas invectivas dos mission!rios modernos, o Bre· 111 Inteiro vonoro

..,. r .

o santo miuio· n6rio.

A Igreja: at6 Jollo XXIII, clímpllce do colonlallsmo

COMENTÁRIO A incompreensão para com a tradi-

ção missionária da Igreja, o Bispo de Goiás Velho a afirma com certa truculência: durante quatrocentos anos, isto é, <<Pelo [menos] até João XXII!, a Igreja mais serviu ao colonialismo», com óbvio desdouro para sua missão. De imediato, a critica de D. Tomás Balduino se circunscreve à ação da Igreja no Brasil, desde o descobrimento <l,J}elo (menos] até João XXII/». Mas ele não pode · ignorar que os mesmos métodos missionários, a Igreja os empregou pelo mundo inteiro. Sua critica não pode deixar de ferir fundo a Santa Igreja Católica, que lhe incumbe defender. Pois é difícil compreender como possa tal crítica não atingir a autoridade doutrinária e a santidade da Igreja.vista como um todo. Secção VII

Contra a civilização É compreensível que, divergindo tão profundamente da tradição missionária católica, os missiólogos «atualizados» formulem graves objeções contra ela. Bem como contra o glorioso corolário, que era sua ação civilizadora.

30.

Os métodos de Anchieta e N6brega acarretariam a desagregaçao e morte dos tndlos

Do documento Y-Juca-Pira,na - O índio: aquele que deve morrer, assinado por Bispos e missionários: (9) A posição injusla assumida pelo Pe. Hoornaert contra os evangelizadores tradicionais foi censurada tamb~m pelo Pc. Sellitti (cfr. «O Lutador». Belo ·Horizonte. 4 a 10-9-77).

a rulna de mais uma tribo• Do livro Cartas da Prisão, de Frei Betto:

«O fato de a raça branca julgar como cultura só aquilo que ela sabe, levou-a a «pacificar» os índios. A quem fazem mal os «selvagens»? A ninguém. Vivem a sua vida, a sua cultura, a sua hist6ria. Mas n6s os brancos nos julgamos uma raça superior (e este complexo nos levou a dizimar os Vermelhos, isolar os A,narelos e subjugar os Negros). Cremos que cultura e civilização é aquilo que constitui o nosso patrimônio. Esquecemos que

o lndio te,n sua pr6pria civilização, que em muitos aspectos é ,nais avançada que a nossa (vide aztecas e maias). E com a nossa amnésia continuamos nos embrenhando pela floresta adentro, poluindo o ar e a dgua, subornando o índio com presentes de grego e corrompendo-o com promessas ilus6rias. O preço de cada passo de nosso progresso é a ruína de mais uma tribo» (doe. 23, pp. 116-1 17). COMENTÁRIO

29,

Declarações de D. Tomás Balduíno, Bispo de Goiás e Presidente do CIMI: «N6s temos que bater o mea culpa pois durante muito tempo, pelo [menos] até João XXII/ a Igreja mais serviu ao colonialismo, ignorando os princípios que hoje defende. Mas aquelas 1nissõcs eram sucedâneas de seu tempo. Hoje estamos tomando um novo ru1no, do etnocentrism_o ao respeito» (doe. 25).

"º preço de cada passo de nosso progresso ê

32.

.,,,. zados na nossa sociedade?» (O ESTADO DE S. PAULO 7/////972). [... ]. «Deve,nos reconhecer que freqül!nte,nente faltou esta visão e consciência s6cio-pólítica às entidades cristãs, preocupadas 111ais em <<pri!star assistência» aos fndios. En1 conseqüência, sob equívocos pretextos de uma caridade alienada, não raro traíram sua ,nissão evangélica de defendê-los tenazmente da morte física e cultural ou de respeitar sua liberdade e dignidade de pessoa humana. «Os. pr6prios padres cat 61icos - é afirmado em recente artigo da ilnprensa - ap6s mais de 400 anos de catequese, viram-se obrigados a mudar de tdtica, pois se continuassem ·no mesmo propósito de Anchieta e Nóbrega (sic) o que iriam conseguir não seriá mais do que a desagregação, marginalização, destruição e morte do que resta dos grupos indlgenas brasileiros. E essa mudança de tdtica foi justamente no sentido de respeitar o indígena com suas crenças e seu ,nodo de yida, valorizar a sua cultura ao invés de procurar impor a cultura dos civilizados» (O POPULAR - Goiânia 22/11/1973)» (doe. 9, pp. 18-19). COMENTÁRIO Nem tudo é erro nesta descrição. Mas quanta unilateralidade, quanto exagero, quanta injustiça. Compare-se o surrealismo sombrio desse teJtto com o irrealismo róseo da descrição da vida tribal.

31.

Tanto vale conhecer medicina quanto saber fazer tinta de genlpapo

Do livro Cartas da Prisão, de Frei Bctto:

«Outro dia, conversando com P., perguntei a ele: - Quen1 tem ,nais cultura, um 1nédico ou um índio? - O médico. é claro - respondeume. - Por que o 1nédico? - Porque o ,nédico foi à escola, leu muitos livros, aprendeu a curar doenças e faz'er operações. tirou u1n diploma. - Então me diga u111a coisa: o

A tese das «culturas paralelas» está subjacente a este trecho de Frei Betto. De onde a extensão, para os índios, dos bens de nossa civilização, lhe parecer inútil para estes. E até nociva, sob vários aspectos. Espanta a pergunta: «A quem fazem mal os selvagens?» - E a poligamia? E o infanticldio, que o texto· n. 0 22 reconhece eJtistir entre eles? Não são nocivos, especialmente para os mais fracos dentre eles? Sobre· os benefícios especificamente cristãos da obra civilizadora do missionário, e a defesa que esses benefícios proporcionam contra a influência neopagã de nossa civilização, cfr. Capítulo I, n.0s 4 e 5.

33.

•Vede como eles sao: envergonhamse do pr6prlo corpo e cobrem a pele.•

mais cultos que outros, existem culturas paralelas>> (doe. 23, p. 116).

Do livro Cartas da Prisão, de Frei Betto:

COMENTÁRIO

«Âs vezes imagino o cacique reu'!indo a tribo assustada para explicar o que se passa: - «Irmãos, procurai estar sempre atentos, porque a qualquer mo1nento esses caras-pdlidas selvagens podem alcançar-nos. Até a presente lua temos gozado da ,nes,na paz e prosperidade em que viveram os nossos antepassados. Te,nos guardado nossa inocência, sem que o nosso coração se deixasse contaminar pela ambição e pela ma/lei.a: temos vivido co,n o que a natureza nos fornece, sem necessidade de apoderarnos dos bens da terra ou de delimitar nosso territ6rio, graças aos nossos deuses jamais conhecemos a doença, a fome e a inimizade; nossos jovens são fortes e corajosos, nossas mulheres férteis e puras. Eis que agora os selvagens quebram nossa secular tranqüilidade. Ameaçamnos com seus paus-de-fogo e suas /Ominas de ferro; assusra,n-nos com Sf!US pdssaros metdlicos e nos armam ciladas com bugigangas sen1 as quais temos vivido luas e luas de feli'cidade. Vede como eles são: envergonham-se do pr6prio corpo e cobrem a pele, caminham devastando a mata, afugentando animais e secando as plantas. Querem aprisionarnos e confinar-nos e,n seus parques para que possam destruir a nossa terra e a nossa tribo. Contudo, não vos sub,neteis sen1 lutar. A terra que pisamos conheceu o ho1ne1n quando aqui chegaram os nossos antepassados, que a legara,n aos filhos de seus filhos. A n6s ela pertence e por ela, que nos dá vida e alimento sen1 exigir trabalho, con1batere1nos até o li111ite de nossas forças» (doe. 23, pp. 117-118).

Frei Betto não considera aqui dois indivíduos concretamente existentes, o médico «10> e o indígena «y». Se o fizesse, poderia eventualmente i.er razão. Pois ninguém nega a possibilidade de um determinado indígena in concreto ter uma elevação de alma e um senso artístico - por exemplo - maiores do que os de um determinado médico. Ora, a elevação de alma e o senso artístico são valores culturais. E debaixo desse ponto de vista, um determinado [ndio privilegiado e excecional pode - até mesmo no estado silvícola - alçar-se muito sobre seus congêneres. Frei Betto, pelo contrário, considera situações genéricas. Isto é, um médico corrente como ele costuma ser, e um selvagem também corrente e como costuma ser. É claro que, no texto acima, ele nega a superioridade cultural do médico sobre o selvagem. E desinibidamente afirma que os conhecimentos da medicina considerados enquanto tais - valem tanto quanto <<Jazer tinta de genipapo, reconhecer o grito da capivara, preparar carne sem sal» e coisas quejandas. O que, com ou sem apoio no que ele designa como «a obra monu,nental de LéviStrauss», aberra absolutamente do mais elementar bom senso. Essa posição, o frade subversivo a toma em nome de um princípio também absurdo, isto é, que as «culturas paralelas» não são suscetíveis de serem comparadas umas com as outras. E que soa falso a afirmação de que uns homens são mais cultos do que outros. Em última análise, Frei Betto nega a possibilidade de qualquer hierarquia social. A natureza só comporta o horizontalismo. Precisamente como o comunismo recusa qualquer vcrticalismo na sociedade. Bem entendido, en1 nome desse princípio é fácil atacar a benemérita ação civilizadora inerente à missiologia católica tradicional. · Mas, para esta última, quanta glória, em receber ataque tal. ..

12

'

COMENTÁRIO Frei Betto procura ver no selvagem o civilizado, e no civilizado o selvagem. Nesse texto, de uma unilateralidade desconcertante, os «caras-pálidas» - os civilizados - são vistos única e exclusivamente como n1alfeitores. Que os houve entre os civilizadores, como negá-lo? Mas que todos os civilizadores tenham sido isso, con10 afirmálo?


Se bem que o texto se refira espccifi, camente a «u1n grupo japonês» que «acaba de instalar-se no Brasil para exportar produtos de artesanato indianista», várias das críticas que ele contém são alusivas in concreto a todos os civilizadores que têm atuado aqui. Alusivas também, portanto, aos grandes missionários civilizadores que são uma das glórias de nossa História. Pois se eles não usavam armas de fogo, nem faziam tropelias, entretanto ensinavam o pudor, a agricultura etc.

uma acusação é sem pre u1na lacuna grave. Tanto rnais grave quanto mais grave for a acusação. Segundo as praxes da demagogia. as provas estão ausentes ... Ê dispensável , por já feito a nterio rmente, qualquer comentário quanto ao exclusivismo com que se atirma, nO' texto, o direito de propriedade dos índios s·o bre as vastidões pelas quais perambulavam. Secçllo IX

Secçllo VIII

índio, proprlettírlo Qnico Ao contrário da posição infensa que assume face à propriedade privada na atual sociedade, a missiologia «atualizada» é extremamente ciosa da propriedade coletiva das tribos de índios. O indígena, mesmo quando sedentário, não explora a terra de maneira a garantir um aproveitamento satisfatório dela para o bem comum do País. Sem embargo, a nova missiologia reivindica com a maior energia a propriedade das tribos indígenas sobre vastas extensões de terra. E chega mesmo a insinuar, nos textos a seguir, que o branco a~ui aportado foi desde logo ladrão do lnd10. Esta contradição entre as posições da missiologia aggiornata sobre o direito de propriedade do índio e o direito de propriedade que existe em nossa sociedade, parece estritamente inexplicável. Mas ela facilmente se explica se se tomar em consideração que a propriedade do branco é individual, e portanto mal vista, quando não formalmente condenada pelo esquerdismo. Ao passo que a propriedade do índio é comunitária, segundo afirmam os novos missionários, e portanto cabe dentro dos padrões esquerdistas.

34.

O lndlo americano ê o Cínico a verdadeiro senhor das terras

Declaração do CI MI:

«É comum se ouvir dizer que, por se constituírer.n em pouco mais de 0, 1% da população do país, os índios brasileiros "não teriam necessidade de tanta terra". Quem assim pensa se esquece de que o índio foi o primeiro habitante das A1néricas. Como concluiu o Parlamento lndio An1ericano do Cone Sul, reunido em San Bernardino, Paraguai, en1 outubro de 1974, «o índio a,nerícano é o dono n1ilenar da terra; a terra é do índio. O índio é a própria terra. O índio é o dono da terra, com títulos de propriedade ou sen1 eles» (doe. 26, p. 560).

A questão lndlgena,.espoleta de uma crise agrtíria no Pais A mu ltiplicidade dos pronunciamentos em favor da Reforma Agrária, a propósito da questão indígena, provoca espanto. A ponto de sugerir a idéia de que o desejo de impulsionar a Reforma Agrária socialista e confiscatória talvez seja a causa de se agitar tanto o problema dos índios cm nossos dias. A seguir são apresentados exemplos característicos desses pronunciamentos.

36.

lndlos e posseiros devem empenhar-se em promover uma agitação agrãrl a no Pais 1

Declaração da Comissão Pastoral da Terra [ligada à linha 3 da CNBB) a propósito dos acontecimentos do Meruri (MT):

«Precisa1nos colaborar para que. os camponeses sem terra ou co,n pouca terra. que são 1nais de 11 ,nilhões de fa,nílias. descubram que a causa dos índios, na luta pela defesa da sua terra. é a sua causa. Eles tarnbém tên1 direito à terra. precisan1 conquistá-la. O inin1igo é o 1nesn10: o dinheiro_ que co,npra as terras, os poucos ricos que cada dia tê111 mais terra. Precisamos evitar que os camponeses sejam usados pelos fazendeiros para tirar a terra dos índios. O correto é que os ca,nponeses exija1n que a terra. na ,não de tão poucos proprietários, seja distribuída co,n justiça» (doe. 27, pp. 3-4). COMENTÁRIO O tópico sustenta de modo in1plícito a tese comunista de que o contrato de trabalho e o regime de assa lariado são intrinsecamente injustos, e que o trabalhador rural só não é vítima de injustiça quando é dono da terra na qual tra balha. De onde é um direito dos can1poneses «exigir» a distribuição da terra. E este «direito» é o ponto de partida para toda uma reboldrosa agrária no País. Nesta reboldrosa devem empenharse tanto os índios quanto os posseiros.

e demagógico. Demagógico em razão de seu extre,nismo e de seu tom exacerbado: pede «11111a 111udanra geral, 11111<1 transfonnarão da estrutura (Jgrária», e para isto aspi ra a uma «radical Refonna Agrária». Afirma que «os quefica,n sen1 terra ( o que é «ficar sern terra»? não ser proprietário?) 110 Brasil estão ,:ondenados <1 1J1na ,norte lent(J». Afirmação gravíssima para a qual o documento se limita a dar uma prova mais do que rudimentar: as «condições de vida e trabalho dos bóias-frias e dos índios já integrados». Nenhuma demonstração estatística capaz de convencer espíritos sérios. Toda esta demagogia só tem por efeito provocar a luta de classes. E é para onde caminha ·o docun1ento quando afirma fantasiosamente que «o povo estâ resistindo e disposto a 111orrer para conseguir seu direito à terra,; etc.

38.

A solução do problema dos lndi·os exige «uma radical e profunda transformação da estrutura ag rãria brasileira•

Declaração do Cl MI: «Existem. no Brasil. 1nais de 700 nlil posseiros ameaçados. co,no os índios. e,n seu direito à terra. Eles se situam entre os /O 1nilhões de fa,nílias de 1rab(Jlhadores rurais brasileiros sen1 terra. «Por isso. vemos o problen1a das áreas indígenas situado 110 contexto mais a,nplo da distribuição irracional da terra e,n nosso país. Só com uma radical e profunda transformação da estrutura agrária brasileira. que beneficie a todos

os trabalhadores rurais se1n terra. será possível abrir o ca,ninho para o reconhecitnento pacífico do direito dos povos indígenas à terra» (doe. 28, pp. 33-34). Secção X

l uta contra os brancos A agitação agrária - autêntica luta de classes - não é a única que ameaça sa ltar de dentro da questão indigena manipulada pelos missionários-agitadores. Ei-los que esti mulam tambérn a luta entre índios e brancos, apresentando a

terras e desta.t n1atas antes de chegrir aquele que .~e cluuna "innão e cristão", ,nas que entendeu de lhe (Í(lr 11111 no,ne estranho: INDIO... para don1i11â-lo. desprezá-lo. desclassifictí-lo con10 "11(10 gente", ou n1eio gente. raça inferior...pri1ni. ... seI vagem .?... 11vo «COMt:NrA RJS7'A: E assim o 1rau11nos. tirando-lhe a terra e a cultura própria, itnp<>ndo-lhe nossa cultura defeituosa e viciada... dizitnando-o sem dó ne,n piedade. através dos ten1pos... «locuroR: Ntio nos esconda,nos co1no Cai,n. não nos j11stifiquen1os co,110 os condenados do juízo fin(I/... Não podemos ignorar... desintere.5s<ir-11os... » (doe. 29, p. 63).

40.

Anchieta. agente colonialista?

Entrevista de D. Pedro Casaldáliga ao jornal «De Fato»:

«D. Pt:0110: [... ) Anchieta foi até certo ponto u111 trans111issor de u,n evangelho colonizador. A Igreja deve se penitenciar [... ). É evidente que a descoberta da Atnéricafoi e,n 1nuitos aspectos u111 crime colonialista. E que a evangelização ten1 sido excessivamente vinculada a uma cultura e. por is10 n1esmo. a um domínio. Ultima,nente, nos setores ,nais conscientes da Igreja - e eu gostaria de destacar aqui no Brasil sobre este particu/(Jr o C!Ml (Conselho lndigenista Missionário) - se pode observar 111na vontade apaixonada de refazer o que se fez e de encontrar 1J1na linha nova de evangelizar. respeitando ao ,náximo a cultura do povo em questão. A fé não é uma cultura, ela cabe e1n todas as culturas. A fé tambén1 não é propri(Jtnente uma religião. mas pode se expressar de un1 n1odo religioso. «[... ] ·todos esses países colonialistas tinhan1, de fato - a partir dos juristas. dos estrategistas 111ilitares e co,nfreqüência a partir ta,nbém dos próprios teólogos da época - unia assessoria que se transfonnava nunra espécie de CJA. isto é verdade» (doe. 30, p. 6). COMENTÁR IO Con10 em textos anteriores (n.•s 20, 28 e 30) reaparece, nessa falsa imputação histórica, a animadversão para com Anchieta.

COMENTÁRIO Tão infensos e restritivos em relação à propriedade individual, os novos missionários chegam ao fanatismo ao afirmar aqui, do modo mais irrestrito e absoluto, a propriedade coletiva das tribos sobre as zonas em que vivem. Assim, o índio americano lhes parece o único e verdadeiro senhor das terras.

35.

•Os lndlos sllo os primeiros posseiros das terras brasileiras•

Declaração da Çomissão Pastoral da Terra [ligada à linha 3 da CNBB] a propósito dos acontecimentos do Meruri: «Os índios são os primeiros posseiros das terras brasileiras, desde antes da

chegada de nossos pais e avós. E eles tên1 1nuita coisa a nos ensinar, principaltnente sobre o ,nodo evangélico de amar e trabalhar a terra e o ,nodo de viver junto co1n os outros. Não seria por isso que desejamos liquidá-los, por tere1n u1n ,nodo de viver e an1ar a natureza que vai contra o nosso, cheio de individualis,no, dominação e exploração?» (doe. 27, p. 3).

COMENTÁRIO Nada pode haver de mais violento do que acusar alguém de exterminador das sociedades indígenas. E máxime por motivo tão ignóbil, ou seja, pelo ódio às virtudes delas. Ademais acusar a que? À estrutura sócio-econõrnica vigente? A misteriosos grupos capitalistas? O caráter vago de

37.

Sob pretexto do caso de Merurl, «radical Reforma Agrãrla» em todo o Pais

Da mesma declaração da Comissão Pastoral da Terra:

«Por fin1, estamos certos de que nenhuma solução será possível se não for feita uma mudança geral, uma transformação da estrutura agrária. E issso só é possível se for decidida e enca,ninhada um a radical R eforma Agrária. não só na A rnazónia ,nas e,n todo o País. [ ...l. ((A raiz dos problemas envolvenáo posseiros e donos de terra, ou grileiros, e1n todo esse País, é a 1nes1na que nós descobritnos no acontecido em Meruri: a ganância pela terra contra a consciência de que os que .fi<·a1n se,n terra, 110 Brasil. estão condena.do., a u,na ,norte lenta, fato a1nplamente ,·01nprovado pelas condições de vida e trabalho dos bóias~frias e dos índios já «integrados». O povo está resistindo e disposto a morrer pará conseguir seu direito à terra. f: isto que

está acontecendo e111 Arenápolis. · no Mato Grosso. na PA 70, Parâ. e111 todo o Maranhão. no Paraná e e,n todo o Brasil. Quando será que os donos do capital e das terras re,·onhecl!riio este direito? Quando será que a política nacional será definida e executada levando, e,n conta as neces.,idades de toda a população. e não só de 11111a 111i11oria?» (doe. 27, p. 4). CO M ENTÁ RIO 'Documento eminentemente ambíguo

A evoe;niva capela do Sõo Miguol Paulitta. construfda em 1622, foi cenário da conversão de inC,meros indfg&-

nas, que

$0

libertaram assim do suas superstições o dos

costumO'S bárbaros quo os e,craviz.avam. - Ao lado: so-

cular pia batismal em jacerandà, quo se comerva em Sã'o Miguel Paulista..

estes - com injusta e descabida generalização - como es poliadores, réus de genocídio etc. ·

39.

Os brancos. cristãos, vieram para dominar, desprezar. espoli ar e desclassificar o lndio

Celebração Eucarística - Missa do 3. 0 dia do IX Co ngresso Eucarístico Nacional (Manaus):

«locuroR: Como é que ig11ora1nos nosso inrzão 111ais velho. brasileiro antes de o Brasil ser batizado. dono destas 13


41 .

Nossa Senhora das Vltõrlas, não; Nossa Senhora das Desgraças ... Da mesma entrevista de D. Pedro Casaldáliga:

«D. Pr::oRO: [ ... ] Reunidos e,n Vitória, numa assembléia des1à Igreja que nasce do povo, celebran1os numa noite a morte do Padre Rodolfo, e a do índio Bororo Simão, acontecidas e,n Meruri, no Mato Grosso.

duzidos ti u,n punhado, estão to,nando consciência de sua situação de povo e iniciara,n a hua de libertação. E para nós estão sendo u,n sinal profético. ajudando-nos a q uestionar toda uma estrutura de igreja e sociedade e exigindo uma transfonnação radical» (doe. 31 , p. 3). COMENTÁRIO

«... ajudando-nos a questionar toda

uma estrutura de igreja e sociedade». «Nós», no plural, abrange, segundo tudo leva a crer, o conjunto dos missiólogos «DE FATO: Foram vítimas de que? atua lizados e empenhados no «ques1io«D. Pt·ono: Vitimas dos fazendeiros nan1ento» da estrutura da Igreja e do e da política Regional, e diga,nos da Estado; «u1na» indica que, na perspectipolít ict1 nacional, que es,naga o índio já va da Regional Sul cio CIMI, a estrutura faz tnuitos séculos, con10 foi u,n dia a da Igreja e da Sociedade são vistas como política colonial etc. E nessa celebração, um todo só. Não que haja, no texto, uma que foi fundamentalmente penitencial, negação da distinção dos campos espiritodos nós nos peni1enciáva1nos de urn tual e temporal. Porém há, n1ais ou ,nodo pessoal. Len1brou-se então que a menos implícita, a afirmação de que cidade de Vitória se chan1a « Vitória» por essas estruturas, no que têm de análogo, causa dos ,nilhares de índios que se c hegam a constituir um só todo para o conseguiu inalar. E o no,ne original de olhar da Regional Sul do CIMI. vitória era: Nossa Senhora das Vitórias. Qual é esta ana logia? - Para quem U,n sertanejo rnineiro, aliás, que ,nora se colocar na ótica da missiologia aggioratuabnen1e e,n Goiás, passou a noite se,n nata - entusiasta da horizontalidade donnir. ilnpressionado por esta celebradas comun idades indígenas rudimentação. Escreveu u,na carta ,naravilhosa res e sem hierarquia - a resposta é fácil. aos índios bororos de Meruri, que possiÉ o caráter hierárquico da estrutura veln1ente aparecerá em algu,na publicaeclesiástica e da estrutu ra sócio-econôção do CIMI etc. Ele dizia que «aquela mica vigente bas·eada na propriedade não foi Nossa Senhora das Vitórias e si111 . individual, que se trata, para a Regional Nossà Senhora das Desgraças». Essa · SU'l---do, CIMI,- de «questionar». expressão do lavrador si,nbolizaria ,nuiA conclusão não espanta. Progressis10 be,n a atitude da Igreja nesta hora. mo e esquerdismo são fermentos que

maiores predadores e m at adores de índ ios - hoje considerados heróis nacionais os bandeirantes!» (doe. 32).

45.

Descobridores e bandeirantes: malfeitores Da autobiografia de D . Pedro Casaldáliga:

«Acabei. por fl,n. de entender, e até de sentir. toda a ganga de superioridade racista, de domínio endeusado e de explort,ção i11un1ana co,n que forarn descobertos, colonizados. e. muitas vezes, evangelizados os novos mundos. «Coloniz(lr» e «civilizar» já deixara,n de ser para n1i1n verbos hun1anos. Co,no não o são, aqui onde vivo e sofro, as

1ii··... ,... \,'

~

Filipe Camarão, um dos chefes da reconquista do Pernambuco: um í ndio q uo conheeou

e ostimou os valores autênticos da civi· Hzação cristã o so ori· giu om admirãvel heró i, lut ando por

ossos valoros contra os calvinis tas ho-

landoses. - Oosonho de E. Klasing.

Na batalha do Guararap0$ - marco da afirmação de

nossa nacionalid3do - donacou-se o

espírito combativo o i ndômito do nc>S$0S índios, posto a iervi,ço da F6

e da Pâtria amoaç.adas. - Óleo do Vítor Meireles.

Reconhecen1os u,n pouco tarde o que houve de erro fatal, o que houve de colaboração co,n o colonialis1110. A partir da própria f é. da antropologia, da história, reconhece1nos que foi a evangelização, e,n 1nui1os aspectos, errada» (doe. 30, p. 7).

42.

lndio: contestação viva do capitalismo e da civilização cristã

trabalham a fundo a missiologia atualizada. E é característica cornum a ambos os fermentos - há outras - o igualitarismo. Não espanta, portanto, que a ação deles se traduza num silmutâneo «questiona,nen10» da hierarqu ia espiritual e temporal. É por ,sso que se pode dizer que o «esquerdismo católico» é a sociologia dos progressistas. E o progressismo é a teo logia dos «católicos esquerdistas».

Do documento Y-Juca-Pira,na - O índio: aquele que deve ,norrer, assinado por Bispos e missionários:

«O que seria o Brasil, se contasse posi1iva,nente con1 o índio? É be,n possível que 1nui1as autoridades br(lsi/eiras de mentalidade capitalista e imperialista

treinam diante desta pergunta, o que n1osrra que. consciente ou inconscien1e1nente, apoiam a extin ção dessàs populações que constituem, por seus valores positivos, uma contestação viva do si~tema capitalista assim como dos tais «valores» da pretensa «civili~ação cristã» (doe.

9, p. 20).

43.

Missionários vêem nos lndios sinal profético para questionar a Igreja e a Sociedade Con1unicado da Regional Sul d o CIMI:

«Os índios aqui do sul. depois de séculos de ex1ennínio e exploração, re14

Secção XI

Ataque aos bandeirantes Antitradicionais, os novos missionários não poderiarn deixar de referir-se com brutal unilateralidade aos bandeirantes:

44.

Bandeirantes, os maiores predadores e matadores de lndios Nota do boletin1 «CIC - Centro 1nformativo Católico», comentando o V Encontro da Regional Sul do CI M 1:

«Os participantes [do Encontro]. representantes de diversos postos de áreas indígenas do Estado paulista. pudera111 111elhor sentir a situação em que viven1 cerca de 700 índios Guarani, Caingangue e Terena. «.sobreviventes. dize,n eles. dos latrocínios. espoliações e roda a espécie de injustiças de que fora,n vitimas nes1a terra de onde partira111, outrora. os

novas fónnulas colonizadoras de «pacificar» e «integrar» os índios. t,nperialisrno, Colonialis,no e Capitali.s,no 1nerece111, no ,neu «credo». o ,nesino aná1e111a. Repugna,n-se os 1nonun1entos aos descobridores e aos bandeirantes. O 1nonun1ento a Anhangüera e,n praça pública en, Goiânia 111e dói flsica,nente» (doe. 33,

queren1 transformar num brado de revolta e separação dos indígenas contra os proprietários brancos , para depois fazer dele um lema de revolução social dos opcrârios contra os pat rões. Tudo isso num clima onde o conceito de pátria brasileira, una e puj ante, parece esmaecer-se (cfr. texto n. 0 3). Não se vê bem como esse movimento indígena pode chegar a seus fins, expondo até a vida dos seus integrantes, e ao n1esmo tempo abster-se de usar armas. Visará realizar uma insurreição pacífica à maneira de Gandhi?

46.

Proclamação de independência dos lndios em relação ao Brasil? Escrito atribu ído ao índio Txibae Ewororo, amplamente divulgado nas revistas m issionárias e em publicações católicas em geral:

«Vou apresentar a _vocês as palavras dos ,nf!uS irmãos. dos que so,nos cha,nados «Indios». Não sei se por ignorância, por desprezo ou simples1nen1e. para dar u1n no,ne às coisas. pois para ,nuita gente nós somos apenas uma coisa. Essas palavras vão contar para vocês a última parte do dran1a, que nós estamos vivendo, desde que os ho,nens de outra raça. de outra cultura. de outro inundo puseram os pés e111 nossas terras. O Hon1e1n branco, aquele que se diz civilizado, pisou duro não só na terra, ,nas na aln1a do meu povo e os rios crescera,n e o ,nar se tornou mais salgado porque as lágri111as da ,ninha gente foram 1nuit<1s. «Disse que as palavras que vocês vão ler são a narraçtio do final de um dra,na, ,nas não sei exatamente como vai terminar esse drama. Só sei que nós es1a,nos anilnados de u,na grande esperança e estamos resolvidos a mudar os caminhos da nossa história.

«De onde nos ven1 essa esperança? Os civilizados se tornara,n ,nais hun1anos? Não. infeliunente. não! Nós é que queretnos ser tratados co1no seres hu1n11nos e não co1110 coisa. E co,no va111os ,nudar os ca,ninhos da nossa história? Va,nos 10,nar ar111as? Va,nos enfrentar os brancos como eles nos enfrentaram? Não, os verdadeiros cristãos não faze,n isso porque isso seria igualar-se a eles e as arn1as não resolve111 os proble111as. As annas são o argu,nento dos covardes. Nós não queremos imitar os brancos naquilo de que eles ,nais 1erian1 que se envergonhar: o uso de ar,nas para ,natar seus semelhantes! Nós va,nos nos unir. va,nos ,norrer se f or preciso ,nas não vamos aceitar n1ais a i,nposição da vontade dos outros. Va,nos exigir que todos, desde o governo até o nosso vizinho, nos trate,n con10 gente livre. se111 depender de ningué,n. O povo brasileiro não d isse um dia: «Independência ou morte»? Vamos tam-

ijAtOLICISMO MENSÁRIO com aprovaç-ão ec,esj_ástica

CAMPOS - ES'llADO DO ruo

p . 176). COM ENTÁRIO Sem dúvida a colonização, na Amér ica con10 fora dela, venceu por ve1..es mediante a prática de crimes execráveis. Isto não obstante, é a bsurdo afirmar que a colonização é intrinsecamente má. E mais ainda, q ue o são os descobrimentos. É contra a verdade histórica sustentar que na colonização das Américas tudo não foi senão crime. E que dela não decorreram para a humanidade vantagens consideráveis. A un ilatera lidade das apreciações de D. Casaldáliga se patenteia especialmente nas duas últimas frases do tópico, as quais não apontam nos «descobridores» e «bandeirantes» senão malfeitores.

Diretor

Paulo Corrêa de Brito Filho ~toria: Av. 7 de Setemb;o 247, caixa postal 333. 28100 Campos, RJ. Administ,ação: R. Dr. Martiruco rra,do 271, 01224 São Paulo, SP. Composlo ,e impre$$o na Artpress - Papéis e Artes GráfiC3S Lrda., R, Dr. Mutiruco Prado 234, São Paulo, SP.

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Os p31amentost sempre em nome de Editora

Secção XII

«Independência ou morte!» proclamada no Brasil, contra o Brasil O brado histórico de «!11depe11dênda ou 1nvr1e!», os clérigos agitadores o

J>adrc Belchior de Pontos SIC, poderão se, encamin~ados à Adm.infst,:ação. Para mudança de endereço de minante$, é nc«ssá:rio menciona.r também o endereço anligo. A correspondência relativa a fflin3tur~ e venda avulsa deve ser cn· viada

à Administração R. D,1. Maitinico Prado 271 01224 S. Paulo, SP


bém nós dizer isso, não apenas com pa lavra mas com nossa atitude. Quando o índio quer, ele sabe ser independente.

Nós preferimos morrer livre e não viver co,no escravo» (doe. 34, pp. 35-36). COMENTÁRIO O documento, visivelmente redigido sob influência missionária (o índio a quem é atribuída sua autoria é membro do CIM I, cfr. «Boletim do CJMI», Ano IV, n. 0 22, julho-agosto de 1975), ressuma a subversão. E deixa ver a tendência categórica a proclamar a independência dos índios em relação ao Brasil. Neste sentido, trata-se de um documento subversivo enquanto separatista. Aliás, os movimentos separatistas indígenas de há muito figuram entre os objetivos da Revolução Comunista Internacional, como se vê pelo documento que segue.

47.

lndlo, matéria-prima para ~ agltaçllo comunista

Escreve Walter Kolarz, da BBC de Londr~s, especialista em assuntos do comunismo:

Segunda Declaração de Havaf)a invocou o caso dos índios. dos ,nesriços, dos negros e dos n1ula1os na esperança de encontrar, nesses grupos raciais, um poderoso exército de reserva da revolução. [...]. Essas questões raciais estavam sendo suscitadas na Declaração de Havana com especial persistência, e as passagens em apreço lembram várias declarações sobre a América Latina feiras pela Internacional Comunista de antes da guerra na qual o problema dos índios costumava ocupar lugar importante. «Já em 1928, por ocasião do Sexto ((Â

tração local e regional» para os povos indígenas.

«Não obstante as asserções contidas na «Declaração de Havana». os con1unistas não eram mais pró-negros ou próíndios do que era,n pró-tibetanos, próguineenses, pró-húngaros ou pró qualquer outro povo. Negros, ,nu/atos. índios e n1estiços destinavam-se si1nples1nente a ser usados como matéria-prima sociológica e política para promover a ascensão dos partidos comunistas latinoamericanos ao poden) (doe. 35, p. 99).

na folha «Alvorada>), da Prelazia de D . Pedro Casaldáliga, e divulgada também pelo órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo (cfr. «O São Paulo»de 10 a 16 de janeiro de 1976):

48.

Crateras nas selvas. fagulhas nas cidades

«O Papa mostrou-se [ao receber o Cardeal Arns) n1uito sensibilizado e

* **

Nos.sa Senhora d e , __ _ Guadalupe. Padroeira das Amêric.as.

- Nossa Senhora apareceu no ano do 1631, no México, ao estece Juan Diego,

deixando Impressa a sua lmegom, com os símbolos da lmac·u• lada Conceição,

no avental do fndio. Neste eplsbdio, most,ou Nom Senhora uma prodiloçio particularmente matetnal para com o, lnd Cgenas, prodi· leçio es.sa que bem se refletiu no zelo d e tantos míssionàrios tradicionais. As convenêSes deeborfgenes operadas ante a Imagem foram ., incontivels. 1: quo a rcil!i!i~ miserie6rdia dEla consistia em converter os fndlos o nlo em os deixar jazendo nes trevas do peganismo, como pleiteiem os mission6rios "aggiornati"

Congresso da Internacional Comunista,

os partidos da América Latina foram instr.uídos para elaborarem «toda uma série de medidas especiais relativas à autodeterminação para as tribos de índios, à propaganda especial nas próprias

Sacçllo XIII

línguas deles e aos esforços especiais par.a conquista de elementos importantes entre eles». E,n resposta a essa orientação geral, os comunistas peruanos advo-

••Mexer com D. casaldãllga»...

garam a formação das repúblicas de Quechuan e Aymaran, e até o Partido Comunista do Chile exigiu a criação da república de Arauco, embora houvesse

apenas uns poucos mil fndios araucanos nas partes meridionais do pais. Já em 1950, os comunistas mexicanos lança-

vam o «slogan»: «autonom ia na adminis-

Até que ponto encontram remédio na Igreja esses males que norma lmente ela poderia sanar? Não é crível que, sem a interferência de Paulo VI, males como estes possam encontrar remédio. E não se vê que ele ten ha o ân imo voltado para intervir. Ao menos a se dar crédito à seguinte informação publicada

enciar o leitor em favor do Bispo de São Félix do Araguaia, pesando, pois, sensivelmente, nas polêmicas a que este estava exposto. O q ue leva à convicção de que, sem um fi lial mas generalizado clan1or do pO'Vo brasileiro a Paulo Vl, não será possível limitar o foco, ou ta lvez, antes, a cratera de agitação missionária que parece estar conquistando as nossas selvas como pretext o para encher de fagulhas as nossas cidades ( 1O).

solidário con1 o Povo de Deus destes sertões e com o seu Bispo perseguido. «Ao.fina l, disse o Papa a Dom Paulo Evaristo que os bispos e missionários que trabalhan1 nestas regiões do interior são 1>erdadeiros heróis e que mexer cotn o bispo de São Félix seria ,nexer co,n o próprio Papa» (doe. 36, p. !). COMENTÁRIO Estas expressivas palavras de apoio de Paulo VI a D. Pedro Casaldáliga (comunicadas à imprensa, aliás, de modo extra-oficial) eram de molde a influ-

Que probabilidades há de q ue seja ouvido este clamor? Não são elas grandes, se se levar em conta um an tecedente expressivo. No ano de 1968, a TFP coletou 1.600.368 assinaturas para uma mensagem a Paulo VI em que ela pedia providências que coibissem a infiltração comunista na Igreja. Esse abaixo-assinado - o maior da História nacional - foi entregue por portador de confiança no Vatica no. E ficou sem resposta ... Concomitantemente, se,n resposta ficaram análogas mensagens a P aulo VI das TFPs da Argentina, Chile e Uruguai, somando quatrocentas rnil assinaturas. De então at é esta data, a influência comunista nos meios cat ólicos nã o deixou de crescer. E no Chile ela foi o fato r decisivo pa ra a ascensão do marxista Allende à presidência da Repúb lica. Nem por isso devem diminuir as esperanças de uma solução. É preciso que os brasileiros oponham a «esquerdismo católico» - inclusive à neomissiologia progressista e esquerdista - todos os obstáculos lícitos ao seu alcance. Isto feit o, a Providência fará o que faltar. Não é em vão que Nossa Senhora Aparecida foi coroada Rainha do Brasil em 1931 , pelo Episcopado nacional. É possível que, para os espíritos superficiais, essa coroação tenha parecido mera cerimúnia vazia e inconsistente. Não é assi m, porém, que Nossa Senhora consider a os preitos de amor de seus fi lhos. Estes podem contar com E la. Desde que, porém, não esmoreçam na luta, e tendam para a vitória com o melhor de sua eficácia e de seu ardor. (10) O caráter subversivo da neomissiologia foi denunciado pelo Pe. José Vicente Cesar, Prcsidcnrc do Instituto «Anthropos do Brasil». o qual declarou que discordava da atual orientação do C l MI ((em parte destinada a usar o lndio p11r11

contestar o O/uai sistema polftico e sório·c<·Qn/r mico brasileiro» (cfr. «O Globo», 25-1-77).

Relação dos documentos-- - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - - - - --- - - - - - - - -J. • Assembléia Nacional de Pastoral lndigenista: em debate a situação lndfgena em nfvel nacional,

tal de 1973.

«Boletim do CIMI)), ano 4, n. 0 22, julhoagosto de 1975.

povo oprimido, «Panorama», Londrina,

Doe. 1 -

Encontro discute situação indfgena da Região Sul, <<Boletim do Doe. 2 -

Urgência de Bispos e Missionários, NaDoe. 10 -

Dom Tomás fala de um

31 de maio de 1975.

torai da Terra)), ano li, n.0 5, julhoagosto de 1976.

Doe. 19 - CNBB sugere aculturação lenta do fndio, «Jornal do Brasil>), 23-24 de abril de 1972

Doe. 28Declaração do CIMI, «Boletim do CIMI>), ano 5, n. 0 30, julho de 1976.

Doe. 20 -

CIMh>, ano 4, n: 22, julho-agosto de 1975.

ção do fndio, «O Estado de S. Paulo)), 29

Deixar o fndio com sua cultura, o novo método tnissiondrio, «O

de novembro de 1975.

Globo>), 8 de março de 1973.

Manaus, 16 a 20 de julho de 1975.

Homilia de Dom Tomás Baldufno, Presidente do CJMJ, «Boletim

Iniciado curso sobre a integração dos fndios, «O Popular>),

Padre denuncia crime contra os Cintas Largas, «O Globo», 28

0

Doe. 11 -

Cimi negafün da civiliza-

Paulo, ano 2, n. 0 12; julho-agosto de 1977.

Doe. 12 -

Doe. 29 - IX Congresso Eucarfstico

Nacional -

Manual do Congressista,

do CIMI», ano 5, n. 0 30, julho de 1976.

Goiânia, 13 de julho de 1976.

de março de 1973.

Doe, 30 - Dom Pedro Casalddliga. «De Fato», Belo Horizonte, ano 1, n.0 6, setembro de 1976.

«A Prelazia de São Félix, povo de Deus no Sertão)), «Revista da

Doe. 13 - ANTONIO IASI, Integração ou extinção?, «Revista de Cultura VoZCS)), Petrópolis, ano 70, n. 0 3, abril de 1976.

Doe. 22 - Se,nana «O homem e a terra>), «Boletim do CIMI», ano 5, n. 0 28, maio de 1976.

Co111unicado do Conselho lndigenista Missionário - Regional Sul, «Boletim do CIMI», ano 5, n.0 25,

fndio e11sina ao branco os valores cristãos, ent revista de D . Tomás

D oe. 23 - FREI BETTO, Cartas da Prisão, C.ivilização Brasileira, Rio de Janei ro, 1977.

Doe. 3 -

Doe. 4 -

Arquidiocese>), Goiânia, ano XVIII, n.0 10, outubro de 1975. Doe. S - História do Trabalhador Brasileiro, «Grito no Nordeste>), Recife, ano X, n. 0 38, abril/ junho de 1976, mimeografado. Doe. 6 -

Satoko - Maria da aldeia

das formigas, «Sem Fronteiras - Revista Missionária do Brasil», n. 0 34, agosto de 1975.

Doe. 7 -

ROSE MARI E M uRARO. Libertação Sexual da Mulher, Vozes, Petrópolis, 1975. PEDRO DEMO, Proble,nas Sociológicos da Co,nunidade, in Con1unidades: Igreja na Base, Estudos da CNBB-3, Paulinas, São Paulo, 1975, pp. 65/ 110.

Doe. 8 -

Y-Juca-Pira,na - O índio: aquele que deve morrer / Docu,nento de Doe. 9 -

Doe. 14 -

Balduíno ao semanário «Opinião», apud «CIC - Centro Informativo Católico>), Vozes, Petrópolis, ano XXV, n. 0 1279, 22 de fevereiro de 1977. Doe. I S - Igreja na Amazónia vai mudar. «O Estad o de S. Paulo», 26 de maio de 1972. Doe. 16 - Os indígenas à beira da ,norte, «Voz do Paraná» de 18 a 24 de abril de 1976, apud «SEDOC - Serviço d e Documentação», Vozes, Petrópolis, vol. 9, n. 0 97, dezembro de 1976.

Doe. 17 - Cüni defende o direito dos índios à autodetenninação. «O Estado de S. Paulo)), 1.0 de fevereiro de 1976. Doe. 18 -

«Este povo veio para ser o sal, o fennento e a luz», •<Versus», São

Doe. 21 -

Doe. 24 - EDUARDO HOORNA ERT E OUTROS, História Geral da Igreja na

An1érica Latina, Ton10 li. História da Igreja no Brasil, Pri,neira Época, Vozes , Petrópolis, 1977.

Don1 Ton1ás Balduíno, bispo de Goiás Velho: - U1n contato i1nperialisra da Funai co,n o indígena, Doe. 25-

Doe. 31 -

janeiro-fevereiro de 1976. Doe. 32 - A Pastoral lndigenista no Estado de São Paulo, ccCIC - Centro I nformat ivo Catól ico», Vozes, Petrópolis, ano XXIV , n.0 1225. 10 de fevereiro de 1976. Doe. 33 -

D . PEDRO CASALDÁLIGA, iYo creo en lajusticia y en la esperanza!, Descléé de Brouwer, Bilbao, Espanha. 1976.

«Zero Hora», Porto A legre, 28 de a bril de 1977.

TxmAE E woR ORO, A voz dos que não rinha,n voz. «Revista de Cu lt ura Vozes», Petrópolis, ano 70. n. 0 3, abril de 1976.

Doe. 26 - Declaração do CIMI, «Revista da Arquidiocese», Goiânia, ano XlX, n." 8, agosto de 1976.

WA LTER KOLARZ, Con1unis1110 e Colonialis,no, Dominus, São Paulo, 1965.

Posição da Cornissão Pastort1l da Terra diante do acontecido e,11 Meruri. «Boletim da Co,nissão Pas-

D oe. 36 - «Alvorada», Fo lha d3 Prelazia de São Félix do Araguaia (MT). novembro de 1975, p. 1, mimeografa do.

Doe. 27 -

Do e. 34 -

Doe. 35 -

15


AfOlLICESMO ,

E tão pequenino esse Deus in inito, tão in inito esse Deus pequenino! ,,E

O VERBO se fez carne e habitou e ntre nós; e nós vimos a sua glória, glória como de (Filho) Unigênito do Pai. cheio de graça e de verdade". Assim anuncia o Evangelho de São João ( 1, 14) a gran9eza incfá vcl do momento cm que o Filho de Deus "habitou e ntre nós" para manifestar a sua glória . Porém. quão discreto. quão humilde. quão velado foi ,o primeiro passo que o Rei do universo haveria de dar em seu caminho de dor, de luta e de vitória! Meditemos sobre o Nascimento de Nosso Senhor Jes us Cristo segundo o Eva ngelho de São Lucas (Lc. 2. 1-7).

insigne honra de tocar, de modo sumamente intimo, tão alto mistério, de ter a natureza humana que o Verbo de Deus assumiu voluntariamente: e, ao mesmo tempo, de quem sente pena e comiseração de um Deus q ue consent iu em Se fazer tão pequeno. E não sabe como exprimir o respeito tão grande que chega ao temor, e a ternura tão profunda que chega quase a liquefazer a a lma. Então. suma veneração, suma adoração. suma ternura. Isso parece explicar também o que de noturno h{1 no Natal. Não podemos compreendê-lo a não ser de noite, porque sua luz é tão discreta que. para emitir seu brilho. requer a noi te. Da í a alegria ca ractcristica do Natal que parece temer expandir-se, a fim de não perder sua delicadeza e intimidade.

"E, naqueles dias, saiu um edito de César Augusto, para que se fizesse o recenseamento de todo o mundo. Este primeiro recenseamento foi feito por Cirino. governador da Síria. E iam todos recensear-se, cada um à sua cidade. E J osé foi também da Galiléia, da cidade de Nazaré, à J udéia, à cidade de Oavi, que se chamava Belém, por· que era da casa da família de Oavi, para se recensear juntamente com Maria, sua esposa, que estava grávida. E, estando ali, aconteceu completa· rem-se os dias em que devia dar à luz. E deu à luz o seu filho primogênito, e o enfaixou, e reclinou numa manjedoura; porque não havia lugar para eles na estalagemº.

Podemos imaginar um casal pobre, vcs·

tido com simplicidade, u caminho de Belém, ,uravessando a paisagem árida da Terra Santa. amenizada apenas por algumas tor· rentes e bosques de oliveiras. Maria viaja sentada num burrico. J osé. caminha pensativo. eonsidcrnodo as palavras do Anjo que lhe revelam o caráter milagroso da gravidez de sua esposa Virgem. Chegando a Belém, caia a noite de inve rno. E ninguém os recebera. "porque não. havia lugar para eles na hospedagem'' ( Lc. 2. 7). Ou seja. "para eles" não havia lugar. porque não tin ham pres tigio. Prestigio que, de modo especial nas épocas de decadência. costuma decorrer do dinheiro e das concessões aos vícios do tempo c ao espírito do "mundo", entendido no sentido que lhe atribuem os Evangelhos. E o santo casal era pobre e dotado de um espírito altamente religioso - virtudes particularmente detestadas pelos "mundanos". Entretanto, São José e Nossa Senhora eram descendentes da mais alta estirpe de Belém de Judá . São José era príncipe da Casa de Davi. Nossa Senhora descendia igualmente dos reis de Judá. Pol'ém, a tal ponto havia decaido o povo eleito. que a seus o lhos São José não passava de um pobre carpinteiro. E a Santíssima Virgem, a prima relativamente abastada, que desejou part icipar da pobreza daquele carpinteiro. . O que iam eles fazer em Belém? Obedecer a um decreto do imperador romano, César Augusto, que. certamente por vaidade, ordenara um recensea mento !?a ra saber quantos homens estavam submetidos ao seu poder. O príncipe da Casa de Davi, viajando para sua cidade natal. manifestava assim a glória do imperador estrangeiro. São José era o vencido, César Augusto o vencedor. E Belém não reconhecia seus filhos ilustres. "Veio para o que era seu, e os seus não o receberam" (Jo. 1, 11). i\quelc casal , que levava o próprio Filho de Deus. era rejeitado por seu povo, sendo obrigado a procurar abrigo numa gruta habitada por animais. E foi na intimidade, no isolamento dessa morada de bichos que se passou o fato mais importante da História até então: o Verbo de Deus feito carne. no seio puríssimo de Maria. veio ao mundo.

Compreende-se assim. o gênero de alegria pró1>rio ao Natal : grande solidão. grande miséria, mas ao mesmo tempo grande

e levação. Porque sobre tal m,scrw descia uma nquc1.n sem no me. como nt,da é rico sobre a terra: o Menino-Deus. envolto cm íaix~s e n;clin!'do_ numa manJcdoura onde comiam os amma1s.

Essa ecoa de grandeza indescrit ívcl. ninguém presenciou, nem sou be dar va lor. a não ser aquele casal. A suma glória a li estava representada num menino frágil, que chorava. tinha fome e frio e estend ia os brac'inhos para Sua mãe, pedindo um pouco de leite ou roupa para se cobrir ... E Nossa Senhora sabendo que era o Criador que lhe abria os braços! O soberano de todo o un iverso chorava pedindo um pouco de leite e agasalho! Pode-se imaginar o contraste entre o esplendor do ambiente sobrenatural e a pobre-la da gruta. O Menino Jesus adorado por todos os Anjos, num coro magn ífico. A corte celeste na maior festa até então realizada. Anjos e Arcanjos, Querubins e Serafins, com brilho extraordinário, glorificando a Deus pelo Natal. E essa glória. impregnando discretamente a gruta. Porque era preciso que os de fora não notassem. que só as almas de fê sentissem, que só na intimidade se percebesse. E ali, reclinada. rezando, estava a alma mais perfeita de toda a História da humanidade. com exceção da Pessoa divina de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pois Nossa Senhora, sozinha, vale mais do <1uc todas as a lmas que houve antes d Ela. no tempo d Ela e depois d Ela; que existiram. que existem e que existirão até o fim do mundo. Ela só. vale mais do que todos os Anjos. A uma pequena distância, rezando ao Menino Deus e a Ela, estava o humilde marceneiro, príncipe decadente, obscurecido pela história e pelos in fortúnios que se tinham abatido sobre seus antepassados. No e nta nd o. esse homem teve uma honra que a ninguém coube: ele foi escolhido para esposo da Mãe do Verbo encarnado e pai adotivo do próprio Filho de Deus!

A cen.1desenrolou-se à meia-noite, quando no mundo antigo tão pouca coisa se movia.

Podemos imaginar o silêncio. o

aba ndono. Na cidade de Belém. próxima . os habitantes repousavam confortavelmente em suas c<Hnas. Fora. até o gado dorinia quando nasceu o Divino Infante. Tudo estava vazio. tudo estava só. reinava a escuridão. Só dentro da gruta uma pcquen.i luz bruxuleava. Havia :iquclc casal único. Mas também já estava presente o Menino Jesus. Rei de t<)dos os séculos. o próprio Deus humanado.

~ um acontecimento divino. que se desenrolava aos olhos de poucos. Nasce a

1naior das honras e toda ela reside num

meni no fraco. 0,1-sc o mais importante dos fatos históricos até aquela época. e este se passa às escondidas. de maneira que as únicas testemunhas daquela augusta cena têm vontade de se recolher. de íicar silenciosas. com apetência mais de sentir o Natal dentro de si do que de ,proclamá-lo alto e bom som. É um misto de reverência e nternecida de quem não sabe como agradecer a Quo ponS;amon· tos. quo palavras, que atos de ttdo· roçiio terà a Santlssima Virgem dirigido B seu divino Filho nos primoiros mo-

montos da vida hu• mona do Verbo? Algo dessa comuni· cação entre o Menino Deus o Sua Mia, a mal$ oxcolsa criatu• ra do univorso.

està muito bom expreno na

troce de o lhares acima pintada por Giotto

11266·1336). At6 há bom pouco tempo, talvez ainda atê nossos d ias. onde ainda se cel&bre de modo verdadeiramente católico o

Santo Nataf, algo $0 reflete da intimidade noturna o da otovaçio contomphniva que havia n:, Gruta de 8elêm. IÊ o que se pode notar nesta cona, om que simpl8$ atdoõos comemoram o Na$Cimento

do Redentor, na pitoresca vil;, alomã de Oborn·

dorf, onde foi composto o

"Stillo Nacht".

Entende-se assim porque canções de Natal como o "Stille Nacht" (que conhecemos entre nós como "Noite Feliz") costumam ser cantadas em voz baixa, quase na surdina. Elas foram compostas como que visando não acordar o Menino Jesus ... Essa é uma das genialidades do "Stille Nacht", composto por um simples mestre-escola alemão do século passado, mas que passou a ser a canção natalina po'r excelência, de todos os séculos. Quando a ouvimos. temos a impressão de que o coro está num canto da gruta de Belém. E que canta, porque quase não pode deixar de fazê-lo. de tão emocionado. Mas entoa baixinho. para não incomodar o Divino Infante, para não perturbar a canção inexprimível e quase interna com que Nossa Senhora está embalando Seu Filho. Assim se pode compreender as mil delicadezas que vibram na "Noite Feliz". E o que há de ternura no Natal. Ê uma canção que exprime uma espécie de compaixão para com Aquele que está sendo celebrado: tão pequenino esse Deus infinito. tão iníi ni to esse Deus pequenino! Foram necessários sécu los de civil i1.ação cristã para que a mais célebre das canções de Nata l desabrochasse como uma ílor na Igreja Católica.


) # N!> 325 - Janeiro de 1978 - Ano XXVIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

A CASA BRANCA Foi r espondido pela Casa Branca o telegra,na do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ao Presidente Carter, ped indo medidas de socorro e aniparo aos vietnamitas fugitivos do con1unisn10 que vogan1 -abandonados pelos mares cio Oriente. Conheça as explicações do governo de Washington e as observações que a respeito delas faz o Presidente cio Conselho Nacional da TFP. Página 3.

<< Vimos

a sua estrela no Oriente, • vzemos adorá-LO>>

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AS METRÓPOLES TÊM SEUS ÍNDIOS • O DIA 6 DE janeiro a Igreja celebra a festa da Epifania ou ,nanifesração de Nosso Senhor Jesus Cristo aos povos· gentios, representados nos três Reis do Oriente. Milagrosamente avisados eni sonhos e guiados pela estrela, rumaram eles à gruta de Belém para adorar o Menino D eus, levando-Lhe presentes de ouro, incenso e mirra (Mt. 2, 1-12) - simbolos da divindade, realeza e humanidade do Redentor, na interpretação de quase todos os Santos Padres. Conta Soror Maria de Jesus de Ágreda - célebre mística espanhola do século XVII - no livro IV, cap. 16 de sua obra «Mística Ciudad de Dios», que os Santos Reis eram naturais da Pérsia, Arábia e Sabbá. Sábios, grandes conhecedores das ciências naturais.

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foram por isso chamados Magos. Pelo contato com alguns hebreus e com as Escrituras, chegaram a ter algunta crença na vinda do Messias esperado pelo povo eleito. Maria Santíssima os aguardava com o Divino Infante nos braços, cheia de incomparável gravidade e fonnosura, transparecendo em sua humilde pobreza indícios de majestade mais que humana, com algo de resplendor no rosto. O Menino Jesus irradiava refulgências de · luz, que transformava em céu aquela gruta. Entraram nela os três Reis orientais. e à vista do Fi lho e da Mãe íicaram por a lgunt tempo maravilhados e suspensos. Prostraram-se por terra e assim reverenciaram e adoraram o 1nfante, reconhecendo-O por verdadeiro Deus e homcnt, e reparador da linhagem humana.

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"A adoraç5o dos Magos", dos irmãos Limburg (séc. XV), Museu Condé., 01antill)' (.Fnu1ç3)

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De carceres suaves à chefia • de imenso Estado-prisão VIAGEM longa, o sacolejar invariável do trem, a uniformidade do ruído, o calor morno da tarde, tudo conspirava para fazerme adormecer; até a monotonia da paisagem contribuía para·o progressivo domínio do sono, que por ondas sucessivas me assaltava. - Miserável! Tive um sobressalto. A exclamação de meu vizinho de assento, tão indignada, embora intencionalmente abafada, dissipou o sono que furtivamente ia subjugando todo meu ser. Não me movi. Só os olhos correram céleres para a esquerda, e através da fresta propositadamente deixada pelas pálpebras entreabertas, puseram-se eles a espiar o que ocorria nas redondezas, protegidos pelas venezianas de cílios. As mãos de meu vizinho tremiam como reflexo mais visível de uma convulsão contida que o tomava por inteiro. A vibração comunicava-se intensamente à revista que ele segurava, fulminando-a com o olhar. Nela pude distinguir uma foto de Lenine. Regozigei-me interiormente. Estaria eu sentado ao lado de um desses homens capazes de se indignar contra o mal, cada vez mais raros nestes dias em que misteriosa anestesia parece percorrer a espinha dorsal do Ocidente?

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Arrisquei uma perg)lntaanódina: - O senhor está lendo essa revista? Ele até então ignorara minha presença, mesmo nos instantes críticos e m que, ao suave impulso da sonolência, meu ombro tocava no seu e minha cabeça ameaçava desabar. A pergunta, entretanto, teve sobre ele o efeito de um choque elétrico. Voltou-se de chofre e. sem responder, lançou a seguinte questão: - O que acha o senhor de Soljenitsin? Fiquei momentaneamente embaraçado. Como já há algum tempo o escritor russo não ocupava as manchetes dos jornais, tinha-me ligeiramente esquecido de sua figura. Repesquei como pude em minha memória os fiapos que nela boiavam, e com eles formei uma resposta simples, que, entre\anto, pareceu-me a mais objetiva e a que mais diretamente ressaltava dos fatos: - As idéias de Soljenitsin sobre a constituição de uma futura sociedade são discutíveis e foram muito discutidas. Porém, um ponto apenas de sua obra permaneceu no espírito do público, aspecto este não contestado até hoje: as denúncias das torturas espantosas e morticínios em massa nas prisões e campos de concentração soviéticos, verdadeiros gcnocidios contínuos. Isso ninguém pode negar. Nem mesmo os mais empedernidos comunistas.

..

O público lotou a Catedral do Nossa Sonhora do Paraíso para assistir à Santa Missa pelas vftimás do comunismo

Missa lembra Fátima e vítimas do comunismo REALIZOU-SE no dia 29 de novembro último, às 19 horas, na Catedral Mclqu1ta de Nossa Senhora ~~ Parais?, a Missa .que a Sociedade Brasileira de Defesa da Trad1çao, Fa~1ha e Propriedade (TFP) e o Comitê Pro-Liberdade das Nações Cauvas (PRO-LIBERTA TE) fizeram celebrar na intenção de que «os h omens atendam por fim à Mensagem de Fátilna e o comunismo ~cja derrotado en1 todo o orbe». O Santo Sacrifício também foi oferecido «pelo eterno repouso de quantos, 110 Brasil e 110 mundo. to111baram víti1110s do coniu11is1110». O templo ficou inteiramente lotado_ por numeroso público. Além de sócios e cooperadores da TFP, estivera m presentes o Cônsul _da Coréia do Sul, Sr. Myung ~o Pa_rk, o _encarregado comercial da China livre cm S. Paulo, Sr. Lm Hsm-Shmg, e amda rcl?rescntantcs das seguintes colônias de nações subjugadas ~elo comu.n1smo: A.lemanha Oriental Angola, Armênia, Chma, Coréia, Croácia, Estfü11a, Hungria, Lei'ônia, Lituânia, Polônia, Romênia e Tc~ccoslováqu1a. Alguns membros dessas colônias envergavam traJes t1p1cos. Durante a cerimônia litúrgica, o Coro São Pio X da TFP entoou diversos cânticos sacros. A Missa foi promovida porq ue coi nci_diram, noª."? _em curs.o, os sexagésimos aniversários de dois acontecunentos ant1tet1cos. Primeiramente, a 13 de julho de 1917, deu-se a 3.• aparição de !'lossa Scn\io_ra em Fátima anunciando ao mundo. atravé.s dos três videntes, Luc1a, Francisco ~ Jacinta, que se este não retornasse à Fé e à emenda de costumes a <<Rússia espalharia seus erros pelo mundo». Logo depois, a 17 de 'novembro de 1917, foi instaurado o regime soviético na Rússia, marco inicial da investida comunista cm todo o mundo.

2

- Exatamente, exatamente! Sua afirmação calorosa foi acompanhada de um vigoroso movimento de vai-e-vem feito com o punho cerrado à altura do peito. como a temer que suas palavras não tivessem suficiente ênfase para exprimir o que lhe ia na alma. E, tendo auscultado meu momentâneo silêncio, acrescentou: - Enquanto Soljenitsin afundou no olvido, certas descrições que fez dos campos de concentração ainda não se ésvaneceram: os trens carregados de prisioneiros que chegavam a seu destino. As portas cuidadosamente aferrolhadas pelo lado de fora que eram abertas. O espetáculo dantesco: grande parte daquele rebanho humano jazia sem vida, pelos maus tratos recebidos e pelas condições da viagem. Os mortos eram os mais felizes! Aos outros, que apesar de tudo se obstinavam em viver, estavam reservados os campos de concentração. Nestes, o flagelo da fome e da sede, as doenças contagiosas, a miséria moral, o sadismo dos carrascos perseguiam ·os prisioneiros dia e noite como espectros infernais. Após vários tipos de tortura, alguns enlouqueciam; outros, arrastados para calabouços úmidos, morriam por falta de aquecimento. Medidas infamantes humilhavam os condenados, que além do mais eram submetidos a bárbaros interrogatórios políticos. E isto depois de haverem os comunistas de Lenine declarado em 1917 que os, «horrores das cadeias tzaristas mmca ,nais se repetiriam» (1). Meu companheiro de viagem lembrou esta última citação textual, que particularmente o indignava. Tudo isso ele o dizia com sobrecenho carregado e olhar chamejante. Era uma personalidade digna de ser considerada. Constatada assim, embora por via inesperada, essa primeira consonância com meu interlocutor, dei mais um passo, curioso que estava por conhecer a razão que desencadeara nele aquela tempestuosa e magnífica indignação. Escorreguei a seguinte frase: - Desde Lenine isso é assim. - Lenine, esse miserável; o senhor não sabe o que acabei de ler sobre ele nesta revis ... - A - PA RE • CI - DA!

* •

Enquanto assim gritava o funcion·ário da estrada de ferro, o comboio ia diminuindo a marcha. Meu interlocutor, que tivera sua frase interrompida ao meio, exclamou: - Quem diria, já é Aparecida! Levantou-se afobadamente, retirou a mala do bagageiro superior, recolheu como pôde seus outros pertences, e saiu apressad~mente pelo corredor do vagão atropelando as pessoas que, em grande número, aproveitavam a parada para ficar de pé e movimentar-se um pouco. Logo depois, soava a buzina da locomotiva da Central do Brasil, seguindo-se o ruido de ferros que se chocavam a indicar o movimento dos vagões. Os passageiros recémchegados sentaram-se e a viagem retomou sua anterior tranqilllidade. Eu, decepcionado, acabei sem saber a razão da justa indignação de meu companneiro de viagem. De outro lado, a personalidade dele me impressionara. Voltei os olhos para o lugar onde há pouco ele estivera sentado e - surpresa - lá estava a revista. Sim, ela permanecera no banco, esquecida provavelmente, na correria da saída. Ou deixada, talvez, como presente para completar uma conversa inacabada. Apanhei-a. Tratava-se de uma revista francesa especializada, «Historia», número 326, de janeiro de 1974. Folheando-a, deparei com a

Um exílio confor• t!vtl e burguês per•

mítiu a Lenine plane-

jar a implantaçio do regime bolchevista. Ei•lo em 1910# ano em que participou

do Congresso da li Internacional Socia-

lista em Copenhague.

fotografia de Lenine que ilustrava um longo artigo sobre o chefe bolchevista. Alguns trechos estavam fortemente assinalados a lápis vermelho. O restante da viagem, aproveitei-o para ler.

• • • A publicação continha uma pormenorizada descrição das condições de vida - amenas o quanto é possível ser - às quais Lenine havia sido submetido nas ocasiões em que fora preso pela policia do T1.ar: primeiro, durante um ano, em São Petersburgo, depois, exilado na Sibéria, onde permaneceu três anos. Sob vários pretextos, entre os quais o de acabar com as prisõ,es da época tzarista - cujo espa ntalho era evocado com as mais negras cores os comunistas paradoxalmente criaram na Rússia, e depois em gra.nde número de nações, o mais espantoso sis.tema carcerário que a História registra. Mas o leitor certamente estará curioso, a justo título, de conhecer ao menos alguns trechos do ar1Jgo de «Historia». Ei-los: Detido pela polícia do Tzar, em dezembro de 1895, por ter publicado um jornal subversivo, enviou Lenine, da prisão de São Petersburgo, uma corrcspond~ncia a sua mãe, na qual se lê: «Ténho tudo o q,~e me é necessário e até 111ai.m. Ao final de um ano foi solto. A rcsp~ito do fato, escrevia à sua irmã: «E uma pena que nos liberte111 já, eu teria prefe~ido prosseguir ,neus trabalhos». Pois, observa o artigo da revista francesa, nas prisões tzaristas «os prisioneiros políticos poden1 ler à vontade, escrever o que queren,. e consagrar-se a pesquisas eruditas». Mas, e na Sibéria? É a pergunta que se impõe. O tratamento concedido aos encarcerados nas prisões citadinas, de algum modo, costuma transpirar para o público, e nquanto em rC$iÕes afastadas os maus tratos poderiam com mais liberdade ser aplicados impunemente. Ora, também para elas foi enviado Lenine, e desta vez por três anos. E qual foi o tratamento que recebeu? «Havendo chegado e,n fins de 111aio de I 897 à sua residência força da e111 Chuchenskoie {Sibéria), ele não cessa de escrever que dorme esplendidamente todas as noites. dispõe de um quarto agradável num isbá asseado,. co111 tapeie de éores

vivas. n1uros caiados e ornados con, ramos de pinheiro[... ) Pode tranqüilamente continuar a redigir panfletos. artigos e livros». Compare o leito r essa descrição com o que se sabe, de fonte certa, sobre os tenebrosos campos de concentração que os soviéticos criaram na Sibéria após J917. Mas há mais. Quando o governo t1.arista viuse na contigência de deter a futura mulher de Lenine, devido a atividades subversivas, este obteve «sem dificuldade» que Krupskaia - assim se chamava ela - fosse fa1.er-lhe companhia. A nova «hóspede» chegou com «111110 coleção i111pressio11ante de livros, jor11ais. dicionários e gramáticas» além de um «chapéu de palha de Lenine. um jogo de xadrês e uma veste de couro». Krupskaia levou consigo sua mãe para servir de co1,inheira ao casal. Ao reencontrar Lenine, a mãe de Krupskaia exclamou admirada: <•Meu Deus. como engordaste!>, Boa parte da vultuosa literatura leninista foi escrita durante esses três anos de confortável cativeiro, inclusive «um podel'Oso jornal socialista para toda a Rússia». Krupskaia servia-lhe de secretária. Conclui o articu li.sta de «Historia>>: «En1 reszono, todas as cenas

estão 110 extremo oposto do campo de con centração. Quando ele deixa Chuchenskoie, sai vestido com uma confortável pele de cervo. e equipado co,n uma suntuosa valise: isto diz tudo,, (2). A pretexto dos desmandos imaiinários o u reais - do regime tzansta, e a partir da condenação de instituições básicas de ordem natural, como a propriedade privada, esse homem transformou em terrível cárcere todo um país-continente. Tais são as contradições e mentiras da Revolução!

PAULO SILVA

( 1) A lcx:indre Soljénit1.yne, «l.'Archiptl du Goulag» (1918- 1956) - E.ssoi ,finvesti· gation litthnir~». .Êditions d.u Seuil. 1974.

Paris, Tome 1. p. 328.

(2) O anigo do citado numero de «Historim, f i111dr~11ncntc insuspeito, chegando a àprc.·se,,wr d,· llh)d.,l simpático a figura de Lenine. s~u :uuM At1hur Conte - foi. seg,und<, inf,H·ma :1 n.·\'i~tá Cra,~cesa, e</JYtSf·

,lt-111(·-dirc·wr .t.:.•"'"' ,ftt O.R. 7:f>,• e ttum (/t' " º·'-··os mm:,,j 1wc•11,'I m i11i:i:tn,,,;r,, havendo ,.,pu· bfh'mfo m1ni.·ro.,·,1.'f lú·r, ,.,..,•.


A CASA BRANCA RESPONDE Plinio Corrêa de Oliveira

e

ONSOANTE os princípios que me honro de ter professado e posto em prática ao longo da vida, considero-me obrigado a um especial desvelo {>ela situação dos heróicos vietnamitas expostos no Mar da China à fome, à sede, às intempéries e aos riscos, por não se terem conformado com viver sob a férula comunista. Consagrei especialmente a eles um artigo na «Folha» («A epopéia de nobres inconformados», 7-3-77). E, além disto, me referi mais de uma vez à tragédia destes inconformados heróis em ou-

to internacional no progra,na de ajuda a refugiados da Indochina. «Até aqui, dezoite outras nações. alén, dos Estados Unidos. ofereceran, condições para a reinstalação dos refugiados indochineses. A França, por exemplo, estd aceitando mil refugiados por 1nês. Muitos pa(ses estão contribuindo com fundos para o sustento e a n,anutenção dos refugiados e1n nações que lhes dão u,n prin1eiro asilo. lr:fe/izn1en1e, a co,nunidade internacional não proporcionou nem de longe o nún1ero e as condições de acolhimento neces-

ela, e portanto não apenas vietnamitas) aós quais a América do Norte abriu suas fronteiras. Confesso não perceber o motivo dessa ufania. Absolutamente falando, o número desses refugiados é considerável. Mas, dada a prodigiosa capacidade de absorção dos EUA, não estou certo de que estes se tenham desobrigado, simplesmente com isto, dos deveres de honra resultantes de sua «liderança» assistencial. Com efeito, a amplitude das obrigações assumidas pelos EUA, ao aceitarem essa liderança, não pode medir-se apenas pelo número dos refugiados aceitos em território americano. Seria necessário conhecer o total dos refugiados especificamente vietnamitas, e o dos seus companheiros de outras nações indochinesas (já que a carta fala dest.es). Em seguida, cumpriria averiguar qual o total efeti vo dos refugiados que a América do Norte pode agasalhar cm seu amplo e opulento território. E, por fim, confrontando estes dados, dizer se a grande nação setentrional faz pelos vietnamitas que especialmente tenho em vista neste artigo - tudo quanto pode e deve. Os Estados Unidos são a terra dos inquéritos, dos cálculos e das estatísticas. Tudo leva a crer que suas autoridades disponham destes dados. Pena é que a Sra. Patrícia M . Derian não mos tenha comunicado. Pois só de posse deles é que me seria possível apalpar com as mãos a

procedência dos motivos em que ela funda sua segurança ou sua ufania. «Tudo quanto pode e deve», disse mais atrás. Especifico: tudo quanto os EUA podem e devem fazer dentro de suas fronteiras. Pois que fora delas a Casa Branca dispõe de uma esfera de ação imensa, e que também deveria estar ao serviço dos vietnamitas anticomunistas. Nesta o rdem de idéias, permitome lembrar q ue, há meses atrás, o Presidente Carter agia junto a todas as nações ibero-americanas do Continente, no s.entido de respeitarem integralmente os direitos humanos, dos quais ele se arvorara em campeão mundial. Bem entendido, os beneficiários diretos de sua ação eram os comunistas, ou suspeitos de tal, processados ou CO)ldenados nessas várias nações. Deitando os olhos naquela ocasião sobre a Ibero-América, o Sr. Carter tinha em mente os -direitos humanos que, como todo ser racional, também os comunistas, paracomunistas, criptocomunistas, comunistóides e congêneres, sem dúvida têm. E que têm principalmente aqueles que, em uma ou outra nação, sejam suspeitados sem fundamento. Mas o Sr. Carter não deveria perder de vista que, na sua maciça maioria, esses são agressores da soberania das nações ibero-americanas, tenazmente atacada, nas últimas décadas, pela guerra psicológica revolucionária e pelos cometimentos cruentos de Moscou. Ora. seria muito lógico se o

Prof. Plinio Corria de Oliveira: Por que Carter nio propôs aos governos da Am6rica Latina ajuda dos EUA para o ec:olhimento

de refugiados vietnamitas em sua vastidões7

Presidente Carter, olhando para o mundo ibero-americano, se tivesse lembrado dos direitos humanos dos refugiados indochineses anticomunistas. Por que não pediu ele a todos esses governos um cá.lculo sobre o número de refugiados que poderiam acolher nas vastidões ainda inabitadas da América Latina? Por que não propôs concomitantemente, a esses governos, uma ajuda assistencial dos EU A para o estabelecimento desses trânsfugas, em condições produtivas? Por que não pediu às várias macropotências do Ocidente um apoio financeiro para esse gasto? Essas são algumas das perguntas que me vieram à mente à leitura da carta acima. Sobre as outras direi algo mais tarde.

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TFP promove encontro de correspondentes

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tros artigos ou mensagens, também publicados pela «Folha». Dando voz ao clamor de alma de milhares de brasileiros que a tal respeito pensam e sentem como eu, dirigi-me, igualmente, por telex, a Paulo VI e ao Presidente Carter, pedindo-lhes que desenvolvam por inteiro, em benefício daqueles gloriosos e desafortunados navegantes, a poderosa atuação correspondente às altas funções que exercem. Ao supremo magistrado da A· mérica do Norte, meu apelo sensibilizou. Correto, atencioso, incumbiu ela a Sra. Patrícia M. Derian, secretária de Estado-Assistente para os Assuntos Humanitários, que me respondesse à mensagem. Eis os textos essenciais· da missiva qué assim recebi: «Desde a queda da Indochina nas mãos dos comunistas, em /975, o governo dos Estados Unidos assumiu um papel de liderança.na assistência àquelas desafortunadas pessoas que fugiram de suas antigas pátrias. Acolhemos 146 n,il refugia· dos indochineses nos Estados Uni· dos e ifliciamos uri1 novo programa para admitir mais quinze mil, dos quais sete mil vietnamitas que fugiram em pequenos barcos. N6s participamos da angústia que o Sr. sente ao pensar nos fugitivos que estão sendo rechaçados por algumas nações asiáticas; mas ta1nbén1consideramos que muitos daqueles países vizinhos são subdesenvolvidos, com grandes populações e poucos recursos para prover às necessidades de seu próprio povo. «Estamos trabalhando en, estreita ligação·co111 a Alta Con,issão pa· ra Refugiados das Nações Unidas (UNHCR). afi,n de dar assistência a esses refugiados que precisam ficar en, acan,pamentos. e para apoiar os esforços da UNHCR no sentido de obter um maior grau de envolvin1e11-

sários para resolver o problema; nem tem havido o adequado apoio financeiro ao progran,a da UNHCR. Assim. muito falta para ser feito, especiahnente na esfera internacional. Estamos continuando nossos esforços diplomáticos junto aos países asiáticos vizinhos, a fi111 de co,,. seguir uma aceitação mais ampla para o recolhimento e instalação dos refugiados. [ ... ] «Muito se p rogrediu nos últimos meses para aliviar os sofrimentos deles. e espero que muito possa ser feito com a ajuda de homens e mulheres de todos os lugares, preocupados com essa questão. Atenciosamente etc.» Registrando com simpatia o tom gentil da resposta, passo a analisar vários dados que esta me comunica. Todos sabemos que os Estados Unidos assumiram «um papel de liderança na assistência àquelas d~safortunadas pessoas que fugiram de suas antigas pátrias». Sabemos também - e a carta omite dizer, evitando timidamente, de começo a fim, qualquer referência ao comunismo·e aos comunistas - qual foi o motivo dessa fuga. Os EUA assumiram outrora, com o povo vietnamita, os notórios compromissos que o mundo inteiro conhece. Por vários anos, americanos-e sul-vietnamitas lutaram lado a lado contra o inimigo comum. E tendo-os abandonado, por fim, à sanha desses inimigos, é bem natural que a América do Norte tenha assumido «um papel de liderança» na ~ssistência às vitimas de tão trágico abandono. A esse respeito, não pode haver a menor dúvida. A distinta missivista que me escreveu por encargo do presidente Carter parece mencio nar com uma segurança vizinha da ufania o número de refugiados («indochineses•>, diz

MAIS DE 200 correspondentes da TFP dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro reuniram-se em São Paulo, nos dias 18 a 20 de novembro último, para o primeiro Congresso regional. O encontro, realizado em clima de marcado entusiasmo, constou de exposições para formaçã-o doutrinária, visitas aos principais departamentos da TFP, projeção a udiovisual e coquetel na sede do Conselho Nacional da entidade, na capital paulista. A conferência do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre «A ação antico,nunista no mundo rnoderno: proble,nas, métodos, esperanças», foi especialmente apreciada pelos participantes do Congresso. Outros temas de grande interesse e atualidade foram desenvolvidos pelos Srs. Nelson Ribeiro Fragelli, Dr. Antonio Rodrigues Ferreira e Milton de Salles Mourão. Nas fotos, aspecto do coquetel oferecido aos congressistas na sede do C9nselho Nacional da TFP e conferência no Auditório São Miguel.

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• Com 111. . - · ~ ,

os "(ndiot meuopol~ nos" deram o tom' na concentreçio ~• esquerdlst.. em Bolo-

nha, o,u1nizàd1 effl H t.mbro, cOffl I parti• clpaçllo do Partido Comunista.

LES chegaram cm pequenos grupos e se reuniram em uma praça de Roma, no dia ·22 de março último, segundo notícia publicada no dia posterior, pelo diário milanês «Corriere dei/a Sera». Lá se prepararam para o «cortejo». Com punhos amarrados, braços levantados, esparadrapo na boca, cerca de 200 «lndios metropolitanos» desfilaram pelas ruas centrais da capital italiana. Este singular cortejo de protesto passou em frente às sedes do PCI e da DC, ao Senado e à Câmara. Seguiam cm fila indiana, levando cartazes sobre os ombros com slogans irônicos. Os transeuntes se assustavam; a policia, tomada de surpresa, não conseguiu interromper o desfile que terminou com um show improvisado. Exemplos de alguns slogans: «Menos cosas e mais igrejas»: «Menos pão e n1ais trabalho». Era uma desordem organizada e um irracionalismo premeditado. Não haveria método nessa loucura? No dia 23 de março, esses mesmos «índios metropolitanos» participavam de outra passeata. Tratavase de uma «contra-manifestação» organizada por grupos universitários e afins, com o intuito de prejudicar a «manifestação» marcada para o mesmo dia e hora, por sindicatos operários e pela federação juvenil cristã. Durante dois dias ambos os blocos haviam tentado um acordo para participarem unidos na passeata. As conversações porém resultaram infrutíferas. Enquanto a «manifestação» dos sindicatos operários e membros da federação juvenil comunista se caracterizava por um aspecto mais ordeiro e disciplinad o, a «contra-manifestação» dos estudantes punha sua tônica na ironia, no sarcasmo e no

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grotesco, oferecidos ~rinci()alment_e pela atuação dos «índios mctropohtanos)>.

Segundo o diário romano «li Tempo», em sua edição de 24-3-77, e o «Corriere dei/a Sera•> da mesma data, foi um cortejo pacifico de vinte mil estudantes que percorreram ruas centrais da capital italiana, bradando slogans, ao mesmo tempo que ostentavam cartazes. Muitos tinham cunho politico, enquanto alguns satirizavam o outro grupo de manifestantes. Os «índios» davam a nota burlesca do conjunto com seus rostos pintados, seus gritos e suas danças loucas nos pontos em que o 9esfile se detinha. Não houve violência e o «espetáculo» também terminou com uma tentativa de «show>> improvisado, tudo dentro da maior desordem aparente.

ÍNDIOS METROPOLITANOS ausentes e onde o excêntrico, o lução ( Revolução e Cont ,a-Revolu«espontâneo», o inesperado e o qua- ção: 20 a11os depois, Catolicismo n. 0 se anárquico constituem a tônica. 313, janeiro de 1977), o Prof. Plínio Diante disso a opinião póblica é Corrêa de Oliveira, com extraordinálevada a considerar o comunismo ria penetração de espírito, aborda a como alio ainda ordeiro, disciplina- possibilidade do advento de uma 4.• do e sério, enquanto os «índios me- Revolução como fruto da estagnação a tropolitanos» se afigurariam como que chegou o processo utilizando os ameaça assustadora de um estado de 'métodos do comunismo clássico: coisas em que a anarquia e a insegu«O panoranra que assim se aprerança predominam. O que natural- senta não seria completo se· 11eglimente induz o homem comum, se- genciássemos uma transforma_ção inquioso de segurança e estabilidade, terna na 3.~ Revolução. E a 4.• em face desse novo perigo, a uma Revolução que dela vai nascendo. atitude mais complacente e até sim- [... ] Ela deverá ser a derrocada da patiiante em relação ao comunismo, ditadura do proletariado em conseou seja, à 3.• Revolução. qüê11cia de uma nova crise, vor força da qual o Estado hipertrofiado será vfti111a de sua própria hipertrofia. E Porta-bandeiras da desaparecerá da11do origem a um estado de coisas cientificista e coo4.ª Revolução pera1ivis1a na qual - dizem os con1unistas - o hornen, terâ alcan· A par dessa vantagem para o çado um grau de liberdade. igualda· avanço do processo revolucionário de e fraternidade até aqui insuspeiem seu conjunto, especialmente esse távef;, (op. cit., cap. III, 1). novo tipo de bárbaros do asfalto acena com a bandeira de uma revolução mais avançada e requintada: a A tribo: ideal 4. • Revolução, igualitária e anárqui- da 4.' Revolução ca. Dada a dinâmica do processo E como seria este estado de coirevolucionário, a passagem da 3.• sas? Dentro do caso que estamos apara a 4.• Revolução já era um nalisando, parece muito sugestivo fenômeno previsto e esperado, con- que essa nova «tribo» de contestadoforme afirmou o Prof. Plínio Corrêa res ultra-revolucioná ri-os tenha escode Oliveira em Revolução e Con- lhido para si a designação de «íntra-Revolução: <<Ébrio de sonhos dios metropolitanos». Por que «índe República Universal, de supres- dios» e por que «metropolitanos»? são de toda autoridade eclesiástica ou civil, de abolição de qualquer direita: "fndio meIgreja e, - depois de 111110 ditadura ÀttopoliU1nou na manioperária de transição - tambén1 do festaçio do Roma. próprio Estado, aí está o neobárbaro do século XX, produto ,nais recente e 1110is extremado do processo revolucionário» (Revolução e Contra-Revolução, Parte I, cap. UI, 50, Catolicismo n.• 100, abril de 1959). E mais adiante o autor explica novamente esse ideal revolucionário: «A efervescência das paixões desregradas, se desperta de um lado o ódio a qualquer freio e qualquer lei, de outro lado provoca o ódio contra qualquer desigualdade. Tal Embaíxo: . Na Alemaos "tndios metroefervescência conduz assim à con- nha, politanos·" sio suspei• cepção utópica do "anarquismo" tos de llgaçio com grupos tenorittas..

que explica a maneira como se apresentam, os gritos, as danças frenéticas, a contestação sem lógica, a desordem programada.

A atitude dos contra-revolucionãríos

Mais revolucionãrios que os comunistas Qual seria o verdadeiro significado da atuação desse novo grupo de contestadores? O que representam, na realidade, os «índios metropolitanos»? Qual sua ideologia? O que pretendem para a sociedade? Por que adotaram esse rótulo? São perguntas que se impõem diante desse fato insólito no cenário das agitações de rua. Logo de início, analisando o ocorrido, vê-se que, ao se oporem a elementos representantes do comunismo clássico, os neo-contestadores não o fazem mediante argumentações pautadas em princípios ideológicos mais tradicionalistas ou conservadores. Mas sim, por meio de manifestações das quais a razão, a lógica e o bom senso parecem estar

dá uma resposta a essa indagação. O estruturalismo vê na vida tribal uma sf11tese ilusória entre o auge da liberdade individual e do coletivi,1no co11sentido, na qual este ti/timo acaba por devorar a liberdade» (op. cit.,cap. III, 2). Essa concepção que acena para a posição anárquica, a qual propugna a destruição do Estado - configura uma das características principais da doutrina comunista na mais recente fase de sua constante evolução. Denunciou tal• concepção com notável clareza e penetrante análise o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em sua mais recente obra «Tribalisn,o indfgena, ideal co1nuno-1nissionário para o Brasil no século X X/» ( Catolicismo, n.•s 323-324, nov. / dez. de 1977). Observa o ilustre pensador católico: «Muitos novos do co111unismo opinam que a imensa estrutura estatal russa não escapa a muitos dos inconvenientes da sociedade capitalista. «Assirn quere,n co111 veemência o des,11a11telame11to do Estado e de todos os superorga11isn1os que o integram» (Cap. 11, 6, a). Deduzimos daí como a designação de «índios metropolitanos», com que se apresenta essa nova ala da contestação estudantil na Itália, é bem adequada. Ela se encaixa perfeitamente dentro da tendência e da «filosofia» da 4.• Revolução; aqueles jovens desejam trazer para a metrópole a,vida tribal dos índios. O

,narxista, segundo a qual 1.una J,u. ,nonidade evolufda. vivendo numa sociedade sem classes e sen, governo, poderia gozar da ordem perfeita e da 111ais ir11eira liberdade. se111 que de.wa se originasse qualquer desigualdade. Co1no se vê, o ideal simulta11eamente mais liberal e 1tíais iguali1ário que se vossa im11ginar» (op. cit. Parte 1, cap. VII, 3B). Recentemente, ao publicar a 3.• Parte de Revoluçãc> e Co111ra-Revo-

Segundo tudo leva a crer pelo depoimento de autores insuspeitos, a 4.• Revolução pretende levar a sociedade para o estruturalismo tribalista, meta ansiada onde coexistiriam a liberdade completa e a igualdade absoluta. O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira aponta essa tendência ao comentar a 4.• Revolução que nasce: «t in1possível não pergw11ar se a sociedade 1ribal sonhada pelas atuais <.·orrenres estruturalistas não

Diante de um fato como o aparecimento dos «índios metropohtanos» é preciso ter a perspicácia necesária para ver nele todo seu significado, não apenas como símbolo, mas também como indicio pioneiro de nova etapa do processo revolucionário. Esse acontecimento pode assim ter para os contra-revolucionários uma conseqüência duplamente salutar: ativar sua argúcia na detcctação de todas as manifestações revolucionárias e do rumo que o processo vai tomando, mas, sobretudo, acender o desejo de lutar com todo o empenho e sem tréguas contra esse supremo inimigo da civilização cristã: a Revolução universal.

MURI LLO GALLIEZ


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MILAGRES DO PADRE ANCHIETA A 25 DE JANEIRO de 1554, festa do Apóstolo das Gentes, celebrava-se a primeira Missa no «Colégio São Paulo», marco oficial da fundação de uma cidade destinada a ter importância fundamental na grandeza daquela que haveria de ser a mais populosa nação católica da ter· ra. «Catolicismo», associando-se às comemorações deste 424. 0 aniversá· rio da grande metrópole paulistana, julgou oport uno prestar uma homenagem ao insigne fundador de São Paulo, o Pe. Anchieta - paradigma dos missionários brasileiros -, apresentando aos leitores fatos miraculo· sos pouco conhecidos da admirável atividade do Apóstolo do Brasil.

••• A alma propuisora do pequeno núcleo de J esuitas que se instalou então no Planalto de Piratininga era um jovem e ardoroso irmão leigo, José de Anchieta, lutador infatigável contra uma natureza inóspita e rebarbativa ao europeu civilizado. Seu olhar profético discernia os frutos insondáveis que adviriam para a Cristandade com a conquista do Brasil. O que o levou a cxecu·t ar com admirável ,ibnegação os mais humil· des oficias, cônscio de estar assim influindo profundamente nos rumos da História. Os pássaros atendiam a seu apelo, as cobras e animais selvagens perdiam sua agressividade diante dele; pela simples invocação de seu nome, índios ferozes submetiam-se como cordeiros. Eis o homem talhado pela Providência para implantar em nosso imenso território a verdadeira civilização, assentando as bases da nacionalidade sobre uma formidável unidade de ltngua, cultura e Religião. Comemorando-se este mês o aniversário da fundação da cidade de São Paulo - a grande obra do venerável Jesuíta - relembramos alguns de seus magníficos milagres, com o intuito específico de estimular os leitores a pedir muitas graças por sua intercessão. A heroicidade das virtudes do Pe. José de Anchieta foi proclamada pela Santa Sé em agosto de 1736. Mas só um grande movimento de almas pode conduzilo à honra dos altares, que tanto desejamos.

Um mergulho de mela hora Além de aclimatar os novos cristãos na Vila de São Paulo (um dos grandes obstáculos à catequese era o nomadismo), Anchieta salvou-os mais Je uma vez da sanha inimiga. Certa ocasião, delinquentes portugueses se infiltraram entre os tupiniquins do Anhembi, instigando-os à destruição da Vila. Cônscio de que somente sua int-.rvenção pessoal poderia evitar o massacre, Anchieta preparou uma pequena expedição para ir ter com os selvagens revoltados. As exortações do missionário e particularmente um fato miraculoso ocorrido durante a viagem, restabeleceram as pazes. No local onde o rio Anhcmbi forma uma cachoeira - que recebeu

o nome de A varemanduava. termo que significa «e111 1nemória do pa· dre» - os remadores não lograram conduzir a canoa por entre as pedras. Em fração de segundos a frágil embarcação despencou cachoeira abaixo. Calcula o Pe. Vicente Rodrigues que o rio, nesse ponto, teria de 15 a 18 metros de profundidade. Os indios, hábeis nadadores, vieram logo à tona, bem como os demais viajantes. Passados alguns instantes, notaram a falta do Pe. Anchieta. Mergulhou o índio Araguaçu por duas vezes ao fundo do no tentando localizar o corpo do servo de Deus. Na segunda vez conseguiu trazê-lo à superfície, escorrendo água e sem a menor lesão. «Perguntou-lhe o Pe. Vicente Rodrigues como se houvera tanto tempo debaixo d'água. Respondeu que em três coisas andara ocupado: a pri,neira na Virgem Senhora (o grande 1nissio11ário vinha rezando o oficio da !maculada Conceição); e a segunda, não pegar no índio a não ser quando ele pudesse tirá-lo da água e a terceira em não beber água» («Imagem de Coimbra», li, 209 - apud Pe. Hélio Abranches Viotti, S.J. , «Anchieta, o Apóstolo do Brasil»). Quanto tempo terá permanecido o Pe. Anchieta sob a água? Segundo o depoimento de um dos seus companheiros de viagem - Baltasar Fernandes - o J esuíta taumaturgo teria ficado debaixo d'água «alé,n de meia hora». O Pe. Pero Rodrigues fala em «obra de meia hora>>. Meia hora, pouco mais ou menos, o importante é que a Providência realizou o milagre, para confundir os incrédulos e converter os índios.

As aves obedecem Um exemplo do admirável domínio que exercia sobre os animais ocorreu por ocasião de uma viagem apostólica através do rio Macacu, no Estado do Rio. Numa paragem, perto de um braço de mar, fizeramse sentir os efeitos da calmaria. Queixaram-se os remadores ao venerável Padre, pois sem ventos a navegação fazia-se mais lenta e os abrasadores raios do sol a todos atormentava. Anchieta, que vira nas margens de um mangue três ou quatro guarás, lhes disse na llngua indígena: «Ide, chamai vossos co,npanheiros, vinde fazer-nos so,nbra!» Levantaram vôo as aves e em breve voltaram em uma grande nuvem e passaram a sobrevoar a canoa pelo espaço de uma légua, até que, sobrevindo a viração, o missionário as despediu, agradecido. Podemos imaginar como isto impressionava não só aos portugueses, mas também aos índios, auxiliando sua conversão.

O morto ressuscita Dentre os inúmeros prodígios que ao servo de Deus mereceram o titulo de São Francisco Xavier da América e Taumaturgo do Novo Mundo, é notável a ressurreição do índio Diogo. Maior milagre não há que a ressurreição de mortos. O fato

deu-se na vila de Santos, cm casa de Domingos Dias, homem nobre daquela localidade, onde havia morrido um índio de nome Diogo. Algumas horas após a morte, observou-se que o indígena se movia. Aproximou-se a senhora da casa e ouviu Diogo dizer: «Vão me chamar o Pe. Anchieta para me batizar». Parecia um sonho ou pesadelo. Disseram-lhe que o missionário estava em São Vicente, a duas léguas de distância. Replicou o índio que o fossem procurar, porque o santo religioso viera em sua companhia a determinado riacho, que corre junto à vila, e dali o mandara entrar em seu corpo para batizar. Foram buscar o Pe. Anchieta e, chegando ele, perguntou-lhe Diogo se trazia consigo o relicário que lhe mostrara no caminho. T irou-o Anchieta do peito, tendo o índio ficado muito alegre. E, por ordem do servo de Deus, contou que, ao chegarem os portugueses à sua terra, o tinham instruído na Religião, mas não o batizaram. Ele, julgando não ser necessário o batismo, se contentara com a observância dos Mandamentos. Batizou-o Anchieta, dizendo que pela salvação daquela alma julgava bem empregada sua vinda ao Brasil e todos os seus trabalhos. O fato é atestado por muitas testemunhas e consta do processo de beatificação.

O mudo fala Em 1588, durante a festa de São João, alguns cavaleiros realizavam a «corrida ào pato». Houve contestação sobre o vencedor da carreira. Recorreu-se ao Padre Anchieta, ali presente, o qual se dirigiu a um menino de quatro anos, mudo de nascença, chamado Estevão Machado, e perguntou-lhe: «Dize-me lá, que111 foi que ganhou o paro?» «Foi este», retrucou prontamente a criança muda, apontando para um dos cavaleiros. E acrescentou: «Mas o pato é meu, para o levar a minha ,nãt).>,

Depôs sobre o caso o Pe. Pero Leitão, que carregava nos braços o menino. Mais tarde. depôs o próprio Estevão Machado.

Barril de azeite Sendo o Padre Anchieta superior das casas de São Paulo e São Vicente, ocorreu uma grande falta de azeite em toda a Capitania. Havia apenas um barril na casa de São Vicente, onde residia o servo de Deus, contendo ainda um pouco com que se provia a necessidade das duas casas, e se atendia os pobres. Quando o azeite se acabou de todo, o Irmão dispenseiro procurou o Pe. Anchieta para saber se podia dar outro dcsttno ao barril. O Superior ordenou que não o tirasse do lugar e continuasse retirando azeite e distribuindo aos pobres com largueza, pois «Deus era pai de n1isericórdia e o acrescentaria». Durante dois anos o Irmão assim o fez. Deixava no dia anterior o barri l sem uma gota, encontrando nele, sem.pre, no dia seguinte, o quanto bastava para a necessidade do momento.

O piueo do Colégio, berço da cidade do Sio Paulo - Desenho de Endor (1818)

A fundaçio d& São Paulo, quedro de OJCar Pereira da Silva.

Esse prodí$io despertou grande admiração, pois todos sabiam que Deus multiplicava o azeite pelas orações do Padre José.

te111po descobriu bem ser aquela palavra dita por alguns dos que ali estavam, que não perseveraram na Co,npanhia».

Anchieta Profeta

Mártir pela castidade

O mais insigne evangelizador de nossa Pátria era homem todo voltado para o futuro, e enquanto tal dotado do carisma profético. Indício do alto nível de suas cogitações é o fato de ter tido conhecimento da catástrofe de Alcácer Kibir, no mesmo dia em que ela ocorreu, manifestando por isso grande tristeza. Nessa ocasião, encontrava-se o Pe. Anchieta em Bcrtioga. Interpelado, limitou-se a dizer: «Neste dia se preparam grandes trabalhos para o n11111do». Dois meses depois um navio trazia a notícia do desaparecimento da flor da nobreza lusa nas areias da África, juntamente com o jovem Rei D. Sebastião. Em 1581. sendo o Padre Anchieta Provincial, passava por acaso sob o campanário do Colégio da Bahia, quando o pedreiro João Fernandes pendural(a o sino. «João Fernandes - disse-lhe o servo de Deus - segurai-o be,n: sereis vós o primeiro da Companhia e111 cujo enterro dobrará

No tempo da guerra dos tamoios, viviam em São Vicente duas índias irmãs, casadas, que fabricavam velas de cera. Uma delas preparou com especial cuidado duas velas mais grossas, dizendo com extraordinária candura: «Estas velas faço para o Padre José me dizer missa com elas, quando eu for santa». Alguns dias depois os tamoios assaltaram a Capitania, e levaram muitas pessoas, entre elas essa india, que foi entregue a 4m dos caciques, Mas ela resistiu heroicamente, gritando ser cristã e casada, e preferiu o martírio a quebrar a fidelidade conjugal. O fato é especialmente significativo quando se considera que essa índia nasceu e foi educada em meio à espantosa promiscuidade sexual reinante entre os selvagens. No entanto, preferiu morte cruel a pecar contra a castidade. Compare-se essa cena digna do pincel de um Fra Angélico, com a decadência moral que se verifica em nossos dias ... Na mesma manhã em que a índia triunfara do bárbaro agressor, o Padre José foi pedir as velas à outra irmã, e disse Missa com elas, não de requie,11, mas de uma mártir, citando o nome da índia. Informado do caso, o Padre Nóbre$a quis saber quem era aquela márt,r. Anchieta explicou ser fulana que cm tal hora entrou no céu, mártir pela castidade. O martírio ocorrera a setenta léguas de distância e alguns dias depois chegaram pessoas que presenciaram a cena, confirmando-a com seu testemunho. Nas biografias do Pe. Anchieta são abundantes os milagres e prodígios que ele operou, como também fatos reveladores de seu dom de profecia e discernimento dos espíritos. Selecionamos apenas o que podia caber nos limites de um simples artigo, mas certamente suficientes para mover os leitores à veneração do grande Apóstolo do Brasil.

este sino>>.

Uma das dificuldades estava cm que o pedreiro era casado, residindo sua esposa em Portugal. Como haveria de se tornar membro da Companhia? Passados alguns meses, estando João Fernandes gravemente enfermo, recebeu a notícia do falecimento da esposa. Visitou-o o Padre Anchieta na enfermaria e, em nome de Nossa Senhora, recebeu-o na Companhia de Jesus, anunciando sua morte para dai a sete dias, quando o sino dobrou finados, pela primeira vez, por sua alma ... Atendendo o novo religioso em sua agonia, assim que ele expirou, disse Anchieta aos presentes: «Ir· ,nãos, a este home111 que agora deu sua alma nas ,nãos de Deus, depois de haver sido roda sua vida pedreiro, e a mais dela casado. concedeu Deus en, sete dias o prêmio da religião, a vida religiosa, porque se entregou a Deus de todo seu coração, para com M. SOUZA PINTO ele 110 dia do juízo particular julgar e confundir alguns dos que aqui estão presentes neste cub fculo, os quais OBRAS CONSUlT ADAS: «A»chieto». Pc. depois de 111uitos anos, por não Pero Rodrigues (Roi1.). Livraria Prosrcs.so darem seu coração a Deus, não hão ' Editora. 1955. Salvador, Bahia; «Yido do Yede justamente alcançar o prêmio da n rrtlvl!I Podre Josi dt Ancl11't1m•. Pc. Simão de Vasconcelos; 'li Vida //µs1rado do V. P. religião». Andtit 10, S.J.. AJ>óstolo do Bro.#1-1,, Pc. José «Dito isto - assevera o Pe. Pero da Frota Gentil. S.J.; .rVida do Vi•nt"rôve/ Rodrigues, contemporâneo e um dos Ptulre José Anrhit ran. Charles Saintc-Foy, Tip<,grafia de Jorge Sccklcr. 1878. Silo Paulo; primeiros biógrafos de Anchieta «Anchieta, o Após10lo cio BroJil». Pe. Hflio o Padre saiu logo. deixando a todos Abranchcs Viotti, S.J., Ediçõe1 Loyola, 1965. arôniros. e com as cores mudadas, São Paulo~ «Ncjbrtgo <' Anchitto tm Silo sem nenlium falar palavra, ,nas co- Paulo de Piràtú1inga'JI , Tito Lívio Fcrrcir.l, 19$4, impresso pela Fundação .Caspcr UOO1110 se cada u111 dissera no interior de ro». São Paulo: «Nisté rio d o l)rnsil». P. Rasua alma, assim ,nesmo: Num quid ph:i.cl M. Galanti, S.J., Tomo 1, Ouprat & ego sum? (Então este sou eu?) E o Co,np .. 191 J, São Paulo. 5

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A Internacional Socialista intervém na América Latina _ _ _ _ _. ''NA~O

1WESINTOmoralme11re credenciado Pª"' fazer

uint1 l'rític,1 da interven(:ão

de Cuba em Angola porque teria que co,neçar por faze,· 111nt1 crítica t1 10·

das as intervenções que violam asoberani" de todos os Estados", decla-

rou Felipe Gonzalcs, secretário-geral do Partido Socialista Operiirio Espanhol (PSOE), por ocasião de sua visita à Colõm bia (cf. «EI 11e1npo». Bogotá. 25-8-77). D. Lúcia de Oliveira, Campos (RJ): «O "Mo11iror Cm11pisra··. de

28 de sere111bro úfrinw. publicou uma refutação da infeliz entrevista do Padre Olímpio. publicada no "Globo" do Rio. em sua ediç,io deju/110 deste ano. No artigo do "Mo11i10, Campista", poréin. há uma afir111ação do autor. Sr. Nelson Luiz Cardoso de Castro. sobre o qual agradeceria u1na explicaç,io de CATOLICISMO. O Sr. Nelso11 (/iz que a 111aioria dos anjos se rebelou contra Deus: por isso_ o 11,ímero dos de111611ios é maior do que o dos mijos bons. E. cerro isso?»

Na mesma ocasião, reunia-se cm Rotterdam a Internacional Socialis-

co1110 o da Venezuela, o tio México e. de11tro de uma perspeniva i111eira111enre diversa. o de Cuba - ante o processo de 'Jascis1izt1f<io" crescenre de todo o Continente». Portanto, na linguagem do chefe socialista espanhol. «democrá1 icos» são os regimes mencionados. inclusive o cubano. «Fascistas» sériam os do Cone Sul. sem excluir talvez o Brasil. Como pretender que tal defensor do regime cubano condene a intervenção do mesmo na África? E quem pode duvidar que essa simpa-

Resposta: O artigo do Sr. Nelson l.uiz Cardoso de Castro que a Sra. l.úcia de Oliveira nos remeteu é uma 1·cfuta~ão bem aniculada dos sofismas com que o autor da cnrrevis1a concedida ao "Globo" lentou enxovalhar a pessoa impoluta do Exmo. Sr. Bispo Diocesano. D. Antonio de Castro Maycr. Transcrevemos abaixo um trecho da colaboração do Sr. Nelson l.uiz Cardoso de Castro a respeito da questão da maioria:

«Não se pode transigir com " dourrina C(Jlólica pt11·a atender iis conveniências da maiorill. Exemplo disso nos dâ Nosso Senhor Jesus Cristo ao fazer a pron,essa da Euet,risria. Rela1a111-nos os Santos Evangelhos que 111ui1os dos seus distípulos O aba11donarllm m/'/r,1111ra11do: «Dura é esta linguagenrn. Vendo-se abandonado por 111nros discípulos. Jesus pergu111ou aos Apósrolos: - «E vós. rtlmbém quereis 1ne (lba11do11ar?» Nosso Senhor Jesus Cristo deixou evidenre que 11,ia visava o qu(l11fidllde. Não opro11 pela nwioria. Não ch(l111ou de volta os seus discíp11los 11e111 procurou conciliar sull doutrill(I com o 111odo de viver ou de pensar deles para não perdê-los. Pelo contrário. estava dispos10 até 111esmo a perder os doze Apóstolos e ficar s6. a transigir em 111atéria de doutrina. a amoldá-la confor,ne o gosto e o interesse da maioria. A porto do céu, nos ensina Jesus. é estreita e são poucos os que passa111 por ela (não a <•maioria»). Isto faz lembrar as portas d_as igrejas da linha ,,adicionol. onde passam 111enos fiéis, é verdade. mas que a exe111plo do Mestre, não aceitam a conremporizoção do doutrina sagrada. Os que apregoam com tonto alarde a rese da «maioria», não faze111 ourra coisa senão seguir o rriste exemplo de Pi/aros. Ouando os judeus, aos gri1os, pediam a morte de Jesus - «Crucifica-oTCrucificao!» - Pi/aros, apesar de esrar co11ve11cido da inocê11cia de Jesus, cedeu às i11s1811cias da maioria e proferiu a i11íqua sen1ença. Sabemos que o número áe anjos que se rebeloran,, recusando obediência a Deus, era a maioria, o que não impediu que fossem precipitados 110 infer110 com seu orgulhoso líder. Porta11to, se a <<1naioria» prevalecesse, o inferno seria paraíso e so1a116s serio deus».

• • • Sobre o assunto da porcentagem de anjos e de demônios não há, na Igreja, posição fixada pelo Magistério oficial. De maneira que a opinião do Sr. Nelson de Castro não está sob nenhuma censura. Pode ele continuar a sustentá-la, sem nada perder de sua condição de cat ólico. Não é, no entanto, a sentença mais frequentemente seguida.Há um trecho no Apocalipse que tem servido de base a exegetas, para fixar o número relativo dos anjos que se rebelaram contra Deus. E o versículo 4 do cap. XII, onde diz São João que o dragão, ou seja satanás, atraiu, com sua cauda, a terceira parte das estrelas do céu . Segundo esse texto, Lúcifer teria seduzido apenas um terço dos anjos, levando-os a participar de sua revolta. Os demônios, portanto, não seriam a maioria dos espíritos angélicos. Todavia, semelhante interpretação não é de tal maneira comum entre os exegetas, que se imponha à aceitação dos fiéis. Mesmo teólogos que se comprazem em salientar o sentido místico do Apocalipse, como Ruperto, abade de Deutz, no século XII (ln Apoc. L: VII), não aplicam aos anjos rebeldes o texto citado do livro profético do Novo Testamento (cfr. Diction11aire de Théo/ogie Carholique, f. 4, col. 386/ 7). De maneira que a Igreja não obriga o Sr. Nelson Luiz Cardoso de Castro a abandonar sua opinião sobre a prOJ>orção entre o número dos demônios e dos anjos bons. Santo Tomás de Aquino - que no caso nos convence - procura na própria natureza angélica uma razão para justificar sua posição favorável à perseverança no bem da maior parte dos anjos. O Doutor Angélico trata do assunto, explicitamente, na questão 63 da primeira parte da Suma Teológica. Ele propõe o problema no artigo 9: «Se n1ois anjos pecara1n do que perseveraram». E apresenta a resposta, como costuma fazer, baseada na natureza mesma do ser. Por isso mesmo, convence. Eis o que diz Santo Tomás, resolvendo a dúvida proposta:

«Mais anjos perseveraram do que pecaram, por ser o pecado contra a inclinação 11a1ural. Ora, o que- é con1ra a natureza acontece menos freqüentemente, pois es1a consegue sempre ou quase sempre o seu efeuo» (Tradução de Alexandre Correia). E à objeção tirada do II Livro dos Tópicos de Aristóteles, onde diz' o Filósofo que «o 1110/ é mais freqüente do que o bem», responde, com precisão: «No passo aduzido, o Filósof'? se refere aos ho1ne11s que. abandonando o ben, da razão, só conhecido de poucos, praticam o 1110/ por seguirem os bens sensíveis, conhecidos do n1aior nú111ero. Oro, a natureza dos anjos. sendo somen1e inrelectual, a objeção não colhe». Distingue. pois nitidamente Santo Tomás, a situação dos homens e dos anjos: Naqueles, o corpo os sujeita aos aliciamentos dos sentidos que, mais imediatos do que os principios percebidos pela razão, são. após o pecado original, causa de atrativos, às vezes fortíssimos. c~ntra a ordem moral, e levam grande parte dos homens a transgredir os preceitos que regu lam o procedimento humano. Por isso. entre os homens é o mal mais frequente do que o bem .

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setores marxistas no Chile: o Cardeal Silva Henriquez, de quem Felipe Gonzales afirma ter levado < mma ilnagern grat1'ssil11a,> («EI Mercurio)), Santiago, 31-8-77). Embora na clandestinidade, o Panido Socialista chileno distribuiu nota de saudação «ao co111pa11heiro Gonzoles•>, destacando a solidariedade que significava a visita (revista «Hoy». Santiago, 31-8-77). Em Caracas, última etapa de sua viagem, Gonzales instalou-se na sede da Ação Democrática, partido de orientação social-democrata ao qual pertence o Presidente venezuelano Carlos Andrés Peres. Além de seu· contacto com o Presidente da República, Gonzalcs entrevistou-se também com outros imponantcs políticos. Em entrevista ao diário «EI Universal» (4-9-77), Gonzales não escondeu sua irritação ante um pedido que lhe fora feito ao sair do Chile: interceder a favor de um conhecido preso político cubano. «Não me

si1110 livre para falar co111 quem quiser. O que não aceiro é o co11dicio11a111e1110. da parte absol111a111ente de 11i11gué11rn, respondeu.

Seu desagrado é perfeitamente explicável. O propósito intervencionista que o anima, bem como à corrente que representa, atua apenas num sentido.

A Internacional quer «democracia» na América Latina

Felipe Gonzales, chefe do PSOE: "creio que 6 preciso defender

ta - à qual o PSOE está filiado - a fim de planejar sua estratégia de pressões contra o governo chileno. Ao mesmo tempo em que o líder socialista espanhol se nega a condenar o intervencionismo cubano, sua visita a diversos países latino-americanos, como também as conclusões da reunião de Rotterdam, manifestam claramente o intervencionismo da lnlcrnacional Socialista cm nosso Hemisfério. Na Colômbia, Gonzales foi interrogado sobre a acolhida que dispensou ao grupo guerrilheiro argentino «Montoneros». O politico espanhol não relutou em manifestar seu apoio e solidariedade aos terroristas argentinos, como a todos os seus congêneres de outros países latinoamcncanos. Compreende-se sua resposta no contexto de sua entrevista à revista comunista «Alternar iva», de Bogotá (cf. «EI Tiempo», 27-8-77). De acordo com tais declarações, a política oficial do PSOE em relação a nosso Continente seria «de 11111 lado, estreitar relações com os regimes que têm uma base popular: de outro, apoiar clara111e111e os movimentos populares de libertação contra os regimes

ditaroriais. concre1a111en1e, 110 Cone Sul» (destaque nosso). O que Felipe Gonzalcs entende por <<111ovilne111os populares de liberração»? Não se vê

que ele se refira a outra coisa que a grupos terroristas como os «~ontoneros» e o ERP, da Argenuna, os «Tupamaros». do Uruguai. o MI R. do Chile e seus congêneres.

Mas, quais seriam os <•regilnes que rên, unw base popu/an, e que por isso são bem vis1os pelos socialistas? Felipe Gonza lcs deixa claro: ,<Creio qu,~ o re~ime colo,nhitJno é ,ou n•gi111<' q,w l pr,,ciso dc:féndl'r -

1... J o

roglmo do Cubi,".

tia por Cuba não involucre o apoio a s ua permanente ação subversiva em nosso Continente?

Encontro com o Cardeal Da Colômbia, Felipe Gonzales seguiu para o Chi le, onde foi advogar em defesa do ex-senador socialista Erich Schnake. Em Santiago. o chefe socialista espanhol manteve reuniões com parlamentares e dirigentes do Partido Democrata Cristão, do Partido de Esquerda Radical e de setores da Unidade Popular, que constituem a oposiç.ã o ao atual governo chileno. Os temas de tais encontros são desconhecidos. Entretanto, numa visita a Santiago, o político ateu e marxista não podia deixar de visitar a principal figura que serve de sustentáculo aos

Enquanto isso, a Internacional Socialista reunia-se em Rotterdam sob os auspícios i:lo governo holandês para estudar o futuro do Chile. Presidida pelo chefe da Internacional, Willy Brandt, a conferência contou com representantes de 15 paises e ex-dirigentes da Unidade Popular chilena. O encerramento foi prestigiado pelo comparecimento do primeiro-ministrô holandês, Joop Den Uyl. As conclusões da conferência apontam uma série de medidas de pressão econômica contra o Chile. Mas tal pressão não se limita ao 113ís andino. Ao abrir a conferência, Willy Brandt assinalou que uma mudança básica no Chile.serviria de «de

sinal de liberdade e democracia para toda a An,érica La1ina». «Liberdade» e «democracia» cm moldes que não poderiam ser muito diferentes dos de Cuba, naturalmente ... O giro de Felipe Gonzalcs pela América do Sul e a reunião da Internacional Socialista tornam evidente que o socialismo não é senão um modelo um pouco mais escovado de comunismo. Pois seus objetivos e metas coincidem inteiramente. Seus métodos são diferentes, porque mais camuflados.

JAI ME A NTUNES

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VENEZA

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itória do espírit.o sobre a m,u téria 1

NO PRINCÍPIO ERA uma grande laguna cercada de restingas e semeada de ilhotas nuas ou selvagens. Ni:ssas terras facilmente alagáveis - ora pela alta das marés, ora pela cheia dos rios, que por ali despejam suas águas - vivia uma população de pescadores, salineiros e pequenos navegantes. As vias íluviais lhes permitiam comunicarem-se com as cidades de terra firme: Aquilea, Concórdia, Oderzo, Pád ua e Ravenna, entre outras. No século VI, os Jongobardos descerarn como avalanche das montanhas. Os habitantes da região não viram outro meio de escapar à devastação bárbara que o de entrincheirarse nas ilhotas e restingas. No século VII, só Ravenna ainda resistia. Na laguna, novas cidades surgiram. No século VIII , o primeiro dux, doge, ou duque, exercia sua autoridade sobre as cidades confederadas da laguna. Nesse mesmo século, quando o império bizantino tentou impor a seus vassalos a heresia iconoclasta, o ducado de Veneza era já suficientemente forte para lhe resistir vitoriosamente. Com suas irmãs da laguna, Veneza cresceu, ampliando seus domínios, sempre sob o governo do doge, eleito entre as melhores famílias da cidade. Alguns doges tornaram-se célebres. Um deles foi São Pedro Orseolo (séc. X-XI), que deixou o palácio ducal para tornar-se monge. Outro foi Enrico Dandolo (séc. Xll-Xlll), que se aproveitou das Cruza-

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das para abocanhar territórios de Bizâncio e ampliar o domínio vêneto no Adriático e Mediterrâneo. A hegemonia do comércio entre Oriente e Ocidente, como seu domínio naqueles mares, Veneza só veio a perder mais tarde, não pelo confronto de forças, mas pela descoberta de nova rota para as Índias. A epopéia dos descobridores portugueses virara urna página na história dã navegação marítima. Entretanto, ao longo desses séculos, Veneza aprofundou suas águas, drenou pântanos, erigiu igrejas, o rnou palácios, desenvolveu sua arte, sua cultura, seu próprio esti lo de vida. Assim, na planura dos charcos, ctgueramse sólidas torres e belos campanários. E as águas turvas tornaram-se espelho cristalino de monumentos e palácios de ouro e mármore. Tudo nasceu de u1n pequeno povo que soube desenvolver sua personaldiade e buscando forças nas vias da civilização cristã austera, hierárquica e sacral. Esta é, de fato, a verdadeira causa propulsora que tornou possível fazer de Veneza uma das mais belas jóias do Ocidente.

Acima: Parte central do Veneza: a praça de São Marcos# padroeiro d1 cidade. A esquerda, a torre do C•mpanile. À direita, o palàcio ducal gbtico, em mflrmoro, atr6s do qual aparecem as cC.pulas bàantinas da Bas flica de Sio Marcos.

Ao lado: Em lugar da monotonia do asfalto, ondas que refletem a mutabilidade do céu. Veneza 6 entrecortada por canais - o s rii sobre os quais se estendem artfsticas e pitorescas pontes como esta# chamada dei Sospiri

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A direita: Nas ruas estreites, a lut diifana penetra suavemente para brincar com as iguas, um oxpufstr as penumbras: cana cotidiana da vida de Venue.

Embaixo: A n6voa parece transportar Vonoz,a ao irreal. Ou antes. à reafidedé metafisica. No alto da coluna, o leio de Sio Marcos evangelista protege o palácio ducal e vela pela cidede imersa na bruma.

Acima: A ponte do Rialto.. no Gr,nde Canal, r9Yele not6vel seriedade e ap1icaçio d1 espfrito em sua concepção. No entanto, isso 6 de teJ m.aneira disfarçldo que s.e diria nio tor ele sido multo planejada. O ~ t o funcional - s.rvir de pauagem • proteger da chuva - 6 inteiramente suporedo pela arte: formas harmônicas# proporção, delicedoza das sucessivas arcadas, que mais per.com nichos. As 6Quas parecem carrear contigo a beleza dos pa16cios, iluminados por luzes fNricas. AJ nuvens parecem oscular o tapeto llquido e abraçar a cidade, estabelecendo-se um enlaco entrt a arte e a natureza. Infelizmente. a nota religiosa est6 ausente. Marca nefasta do Renascimento. Nos arcos da ponte do Rialto, tanto M poderiam alojar imagens de Santos como 5'bio, ou deuses pagios.. O aspecto fruitivo ai presente pode facilmente ef11tar da contempleçio e conduzir ao puro gozo da vida, abrindo as portes para o pior.

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ECLESIÁSTICOS: INSTRUMENTO E APOIO DA GUERRILHA NA BOLÍVIA

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OVA EDIÇÃO do livro «A Igreja do Silêncio no Chile A TF P proclama a verdade inteira» acaba de ser lançada, desla vez na Bolívia, por Cristiandad Jóvenes Bolivianos Pró-Civilización Cristiano (Casilla 6503 - La Paz). A edição boliviana consla de um resumo da obra da TF P chilena precedida de uma análise inlrodulória concernenle às analogias cnlre a situação da Bolívia e o que ocorreu no Chile. Como se recorda, ncslc último país a quase lolalidade do Episcopado e do Clero trabalhou pela implanlação, manulenção e volla do regime marxisla. Ao mesmo tempo, os verdadeiros fiéis foram relegados a uma condição análoga à dos calólicos da Igreja do Silêncio que gemem a lrás da cortina de ferro. A exemplo de edições anleriormcnlc lançadas, na Argemina, Colômbia, Venezuela, Equador, Espanha e Eslados Unidos. a análise introdutória conslilui importante elemento para se avaliar os desvios doutrinários e paslorais que se inlroduziram na Santa Igreja Calólica nas úhimas décadas. Desvios esses

pais instrumentos utilizados para lentar a implantação da seita vermelha. «Bispos e sacerdot?S favorecem a fern,entação co,nunista que levou a Bolívia à beira do abismo», é o lítulo do segundo item do lrabalho. Seus aulores demonstram, com base em farla documenlação, como organismos eclesiásticos deram seu apoio claro à lula de classes e à subversão armada.

Padres dizem-se socialistas... e recebem apoio dos Bispos Um desses organismos é o !SAL (Iglesia y Sociedad en América Lalina), «que indiscutivelmente foi a ponta de lança do Clero esquerdista,, na Bolívia; «ponta de lança que chegou a propugnar a mais ousada co~1cepção sociajista, justificar, para a11ng1-la, a opçao pessoalpela guerrillw 011 a luta armada. elogiar co,110 n1ártires os guerrilheiros seguidores de «Che» Guevara etc. etc.». lemos na análise i.nlrodulória (p. 21).

classes, queiranws ou não, é 111110 luta que se iniciou hó anos, talvez há séculos» (p. 23). Apesar de esse organismo declarar que o socialismo é «meta indiscutível» de suas aspirações (p. 26), o Arcebispo de La Paz, D. J orge Manrique Hurtado, e mais alguns Bispos, não relularam cm dar todo apoio aos Padres membros da !SAL. Esse apoio foi decidido. Quando, em julho de 1970, 75 guerrilheiros dirigidos pelo sucessor de Guevara, Oswaldo (Chato) Percdo, lentaram levantar novamenle a subversão no pais, um jesuila, o Pc. José Prats, foi por eles escolhido para servir de mediador em tralativas com o governo do Gen. Alfredo Ovando Candia. Para pressionar o governo em favor dos guerrilheiros, Sacerdoles e Religiosas chegaram a organizar uma «greve de fome», conforme estamparam profusamente os jornais (p. 28). Dianle da onda de agilação. e cenamenle eslimando que os c l~ menlos mais alivos da mesma eram os direlores da !SAL, o governo prendeu e expulsou do pais lrês Sacerdotes da Compan hia de Jesus: os Padres Prals. Ncgre e Aguiló; o Pe. Mauricio Lefebre, da Congregação dos Oblatos de Maria Imaculada e o pastor prOlCSlante Aníbal Guzmán, todos eles direlorcs da ISA L (p. 29). A expulsão dos Padres su bversivos deu azo a agilações e a pronunciamenlos episcopais cm favor dos S acerdotes. O Arcebispo de La Paz, D. Manrique, seus Bispos Auxiliares, D. Bernardo A. Sch icrhof e Adhemar Esquivei K . e o BispoPrelado de Corocoro. D. Lopes de Lama, depois de lamentarem a decisão do governo, afirmam:

,j O Arcebispo do La Paz. O. Manriquo, prestigia com sua presença. de batina, o ontorro de guerrilhefros marxistas mortos em combato contra as Forças A rrnadas4

expulsos e atacando o governo por ter ((iniciado a repressão contra os defensores do povo» (p. 31 ).

O Arcebispo encabeça o cortejo dos guerrilheiros

do enlão Minislro do Interior, coronel Mario Adett Zamora, as quais deixam claro que: 1) O convenlo das Irmãs Lauritas de La Paz serviu de refúgio ao estado maior dos extremistas; 2) Através desse refúgio, os principais guerrilheiros presumivelmcnlc conseguiram sair do país; 3) Alguns guerrilheiros opuseram resislência armada às Forças da Ordem, assassinando lrês guardas e ferindo vários oulros no convenlo de Achacaehi; 4) A própria superiora das LaurilaS não nega ler acobertado os guerrilheiros (p. 47). Oulras ações promoveram ainda elcmenlos da cslrutura eclesiástica ou a ela ligados, no sentido de implan1ar na Bolívia um regime comunista ou comunislizante. Para não alongar, mencionemos de passagem o apoio que deu à agilação mineira de janeiro de 1975 a Râdio Pio XII, dirigida pelos Padres Oblatos; os pronunciamcnlos da Comissão Boliviana Jusliça e Paz e de sua sucessora, a Assembléia Permanente dos Direilos Huma nos.

·O enterro dos terrorislas morlos pelas Forças Armadas deu ocasião a novas agirnções esquerdistas. O Arcebispo de La Paz e o Bispo de €0chabamba empreenderam gestões para «solucionar» a greve de fome e conseguiram obter a devolução dos cadáveres. Em lorno destes, organizaram-se significalivas ho menagens nas quais os 1crroris1as são louvados como «idealisws,>e sua atilude de pegar em armas como «heróica e dig11a de respeito». O próprio Arcebispo, D. Manrique, encabeçou o ,,Os Srs. Bispos presentes em l.a conejo fúnebre dos guerrilheiros. Pouco depois, subia o governo filoPaz.. abaixo-assinados. reconhece- comunisla do general Torres, que tnos o alto valor Ju1111a110 e a genero · anulou os dccrelos de expulsão dos sa ton,ada de posiç,io dos expulsos Padres da !SAL e relaem favor da justiç" social. f:.ºmboN, ções am islosas com ae,nabolou cúpu la episcosutis idéias e atitudes /JOssam ser discutidas por q1ie111 tenha outra pal liderada por D. Manrique e pelo nwneira de pensar e senrir. i nosso Cardeal Maurcr, Arcebispo de Su33 e ss.). dever aflrnwr que elas estão de crc (p. Quando caiu o regime de Torres, Resistência e apelo acordo com a doutrina social da Igreja e que suas atitudes. mal inter- graças à ação enérgica dos selores A análise introdutória de Cris~ pretadas pelo go,,erno. foram inspi- mais sadios das Forças Armadas e da população, o favorecimenlo ecletiandad - Jóvenes Bolivianos PróVinte anos atrM. quom pensas:so em Freir&s vinculadas ao terrorismo julgaria ostar num radas par sua 111issÕ(> sacerdotal» (p. posadolo. Hojo. oue pesadelo convertoU·$0 om roalidsdo: as ltm3s: "Lauritas". expulsas dti siáslico das lramas comunis1as pas- Civilización Cristia11a conclui: 30). Bolívia por terem prestado ajuda a terroristas, chogam a seu pais de origem, 3 Colômbia. sou a enfreniar dificuldades, mas «Depois de ter visto as linhas Esse documento espanla pelo não cessou. gerais da atuação de 11osso Episcopalão graves e nolórios que levaram a O prólogo da edição boliviana arrojo e pelas posições dislorcidas. do. não se vê como se possa negar TFP uruguaia a perguntar, cm obra de «A Igreja do Silêncio 110 Chile,, Como suslcnlar que es1ão «de acor- Convento de Freiras que ela tenha sido coincide11te. acide análogo lcor sobre o conluio demonstra farlamente o caráter s ub- do co,n a doutrina social da Igreja» abriga terroristas ma de tudo em: lupamaro-eclcsiás1ico cm seu país, versivo da ISAL. citando documen- as idéias socialislas dos Padres da I. Não co11de11ar de modo claro se uma nova religião não se lerá lOS do próprio o rganismo eclcsifisli- !SAL? E como afirmar que «foram Coarclada, a guerrilha procurou e inequívoco o ,narxisn,o; enq uisiado na eslruwra da Igreja. co. Vamos reproduzir apenas um. inspiradas pur su11 1nissão saccrdo· refúgio nos convenlos. 2. Abrir as portas do rebanho Vis10 já ser de conhecimenlo da Em sua apresentação à assembléia tal» as alil udcs de apoio às guerriTornou-se amplamcnle conheci- católico, explícita e i111plicitamente, maioria de nossos leilores a 1ese do da Ccmral Operária Boliviana (COB), lhas? do o caso das Religiosas colombia- ao clíncer marxista; livro «A Igreja do Silêncio 110 Chile» cm maio de 1970, a ISAL afirma: Para dirimir qualquer dúvida, o nas «Lauritas». que prestaram ajuda 3. Desprestigiar e condenar o es(ver resumo P,ublicado em Catolicis- «Nós da ISA 1.. so,nos socialistas. Panido Comunisla da Bolívia colo- ao i;xércilO de Libenação Nacional pírito e a mentalidade anticomunista 1no n.• 303, de março de 1976), não acreditamos em u111 governo de cou-se ao lado dos eclesiáslicos, (ELN). Os calólicos bolivia nos fica- de um modo nwis ou ,nenos explíciaprescnrnmos a seguir um apanhado alia11ça de classes. Porque a luta de reclamando o relorno dos Padres ram cslupefatos com as declarações to. não obsta,ue sempre eficaz. sucinlo sobre a análise introdulória A ,nesma coincidência que se de Cristiandad - Jóve11es Boliviaacaba de referir ao co11111nismo e ao Da esquerda para a diroíta: Padres Lofebvre, 0.M. I.: Negro. S.J, o Prats, S.J., trôs d0$ mais destacados membros da ISAL, organismo nos Pró-Civilización Cristiano. Que foi a pon1a de lança do comuno•progressismo na Bolívia o teve sua sede no Arçebis;podo de La Paz atê 1971. an1icon1unis1no. ,·01110 decorrência dela, repete-se também em relação ·~ l • f1't, às estruturas sociais correspondentes à civilização cristã e às pseudoPor sua situação geográfica, enestruturas marxistas» (p. 61). clavada no coração do con1inen1e ~ Diante dessa conclusão, os autosul-americano, a Bolívia tem sido esres lembram que cabe ao fiel católipecialmente apclecida pelo marxisco, de acordo com as leis canônicas, mo. A guerrilha internacional para o direilo de resistir, em lais casos, à lá enviou seus homens mais expeação demolidora de seus Paslores, rientes. «Cite» Guevara tenlou cm quando esla coloca em perigo sua vão convulsionar o país. Fé. No enlanto, as guerrilhas foram «Não queren1vs. entretanto. ter~ dcrroladas, porque lhes fahou apoio minar - concluem - sen1 antes popular. O fracasso e m persuadir e fazer um apelo a altos Prelados. arras1ar as massas levou o comunisSacerdotes e R eligioso., ela Bolívia mo a adotar novas láticas e a criar que ainda queira,n trovar ,,.,·sa luta,, novas técnicas pa ra o dominio das que desejem fazê-lo co,11 t1 ênfase menles e a conqu isla do poder. O essuflcienten,ente necessárit1, para que tudo inlrodulório da edição bolivianão de,11ore111 11ulis e se,n tardar na de «A Igreja do Silêncio 110 retome1n o papel que a Santíssima Chile» mostra que, com dor para os Virge,n há muito lhes t·onferiu e corações calólicos, lambém no pais para o qual lhes oferece toda sorte vizinho foram cclcsiáslicos os princi<k Kt<IÇ(JS e bên(ÕOS».

L.

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J


1 •

lL NO 326 - fevereiro de 1978 - ano X.XVIII

O DIREITO DE VIVER O homem tem o direito de percorrer o carn inho de sua vida até o fim, onde Deus o espera? Há alguns anos. tal pergunta causaria espanto, pela evidência de sua resposta. Hoje, porém, ouv imos a ministra da Saúde francesa aconselhar os médicos a "ajudar os doentes a sobreviver, mas também a morrer". E tal absurdo não causa espant o. "Ajudar a mo rrer" não está longe de "tirar a vida" ou "matar". Pois é disso que se trata. Muit os julgam que, quando alguém é ating ido por uma doença incurável ou · chega a velhice e torna-se inúti l à sociedade, quando não um estorvo, a solução seria "ajudá-lo a morrer" aplicando-lhe um sedativo que o faça dormir para sempre. Esse crime chama-se eutanásia. Página 6.

Há uma só Igreja verdadeira? SEGUNDO o Catec ismo, sim. E fora dela não há salvação. Porém, segundo o Pe. Averell Dulles, S. J., nenhuma Igreja pode proclamar-se verdadeira. Portanto, nem a Santa Igreja Cat ólica, Apostólica, Romana, da qual ele é Sacerdote. Por isso, o Pe. Dulles defende um ecumenismo "de vanguarda" consubs· tanciado em 10 "princípios". O órgão oficial da Arquidiocese de São Paulo o endossa. A prática ecumênica levada a cabo por algu ns Prelados ·mostra que o Pe. Dulles não está só.

Por exemplo, o Cardeal Willebrands (terceiro da esquerda para a direita). aqu i fotografado em Moscou, no sínodo da Igreja cismática russa, em 1971. O que dizer desse ecumenismo delirante? A resposta está na página 3, onde publicamos o artigo "Ecumenismo ou heresia?", baseado no "Boletim Diocesano", de Campos, que obedece à orientação imediata do Exmo. Sr. Bispo Dom Antonio de Castro Mayer.

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Impressionante milagre

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CATHERINE LAPEYR E era uma senhora de Toulouse. Um grande tumor canceroso, recortado, instalou-se em sua língua, tend o sido extraído mediante operação, em '1887. A foto da esquerda, tirada no hospital pouco antes da cirurgia, reproduz bem o aspecto e o tamanho da tumescência cancerosa. Ainda não tinham se passado três meses após a operação, quando Catherine Lapeyre constatou que o mal se reproduziu no mesmo local, recobrindo novamente uma parte da língua. Meses antes da operação, a cancerosa havia participad o de uma peregrinação a Lourdcs. onde lavou s ua boca com água da fonte, como também foi mergulhada na_ piscina miraculosa. Na ocasião, nada se a lterara em seu estado, tornando-se necessária a intervenção cirúrgica. Não conseguindo lugar na nova peregrinação a Lourdes, a pós o reaparecimento do tumor, Cath~rine Lapcyre não perdeu sua confiança na Mãe de todas as misericórdias. Iniciou cm Toulouse uma novena a Nossa Senhora de Lourdes, ao mesmo tempo que os peregrinos que viajaram para o Santuário, associaram-se à mesma novena, pedindo a cura miraculosa .

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No último dia da novena, a doente já pôde constatar uma melhora brusca. O tumor foi diminuindo e desapa receu. Ela percebeu e ntão que as gtãndulas de seu pescoço lhe permit iam comer e falar . Assim, cm a lgumas horas o mal q ue parecia incu~ável dissipouse sem deixar senão uma cicatriz bem regular. A fotografia da direita foi tirada após a cura milagrosa. Todos os dados aqu i expostos como também as fotos foram ex traidas da famosa e abalizada obra «Les gra,ul.i guérisons de Lourdes» (Ancienne Maison Ch. Douniol, Paris. 1900. pp. 145-148), escrita por um dos clínicos da Junta Médica de Constatações de Lourdcs. Dr. Boissaric.

.... ' Um fu gitivo arriscou a vida para tirar ona fotografia: Cflmbojanos executam trabalho do drenagem de um canal. A jornada vai das 6h da menhã às 10h da no ite. Nõo hà domingos..

CAMBODGE nação moribunda RANSCORRIDOS lrês anos desde a tomada do poder pelo comunismo no Cambodge, vejamos o estado em que se encontra hoje aquela infeliz nação do Sudeste Asiático. Mais de um milhão e duzentos dos sete milhões de habitantes morreram de fome ou assassinados, nb / Cambodgc, desde a vitória da Rcl volução comunista cm abril de 1975, segundo dados recentes fornecidos pelo jornal a lemão " JYelt am Son-

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rag". Lá, ·o homem forte é Khicn Samphan, 56 anos, chefe do exército do Khmer Vermelho. Após a tomada do poder, os guerrilheiros comunistas trucidaram a maior parte dos intelectuais, funcionários públicos, comerciantes, Sacerdotes e pessoas abastadas. Quase todos os cambodgeanos sofrem atualmen\e de subnutrição. Não há carne. Só arroz. Fugitivos de algumas províncias relatam cenas de

canibalismo: os famintos comem os que morrem de fome. A capita l. Phnom Penh, contava no ·início de 1975 com quase três mi lhões de habitantes. Hoje vivem somcnlc 100 mil pessoas na cidade. A popu lação foi dizimada ou conduzida como gado para trabalhos forçados no campo. Com exceção da capital não existem mais cidades no pais. As aldeias contam com 500 a 2500 habitantes. Foi eliminada qualquer espécie de dinheiro ou moeda corrente. Qualquer tipo de propriedade. inclusive a de a limentos é punida com a morte. Para homens, mulhcrcs e crianças está prescrita uma única roupa de côr preta e feita de algodão. Quem não a tiver, usará um saco de a niagem ou andará nu. Os comunistas querem erigir um estado agrário e por isso fecharam todas as fábricas. Apenas na região da capital funcionam ainda duas usinas elétricas operadas por chinc-

ses. Por ou tro lado. fotos tiradas por satélites am.cricanos revelam que a metade das terras outrora cultivadas com arroz esd hoje abandonada. Só existem duas formas de trabalho: plantação de arroiais, e construção de diques e canais. Todo cidadão maior de 14 anos é obrigado a trabalhar das 6 horas da manhã 1O da noite. Pelo trabalho J'orçado. os cambodjanos recebem cm dois curtos intervalos diários ICO gramas de arroz da cozintw coletiva. e a cada três d ias acrescenta-se um pouco de verdura. Corno isso não é suficiente

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parn a manutenção. os trabalhadores saem à noite à procura de

ratos. lagartixas e cobras. Mas até para isso precisam de licença dos guardas. Urna reportagem da revista ale· mã "Su1r11" revela que í1 noite. deN

pois do árduo trab,,lho no c;imJ>O. todos são obrigados a dirigir-se para o "Kosang", ou "aulas de ed ucação".

27 anos travando o bom combate CATOLICISMO e nt ra no seu 28. 0 ano de Deu.<"; e no mts de julho. nossa "/nstr11r<io Pasu,ral a existência deixando percorrida uma já gloriosa tra- prop6si1a da i111rod11râo da divórcio 110 PtJís". jetória de lutas em prol da Santa Igreja e da No número de outubro, o mensário registrou com civilização cristã. carin ho cm sua 11rimcira página. nosso jubileu de No último ano, aprai-nos registrar insignes ouro sacerdotal, ocorrido no dia 30 daquele mês. episódios desses combates, pelos quais rendemos Com o título de "Direitos ll1mu111os 11(1 AmédN1 graças a Deus e imploramos as bênçãos de Sua Mãe L(lli11<1 - O urnpismo de1110<·Nitin> ri<' CtJrter fe,voreSantíssima. ce 11 expllnsl7o 1·omu11i.r111". css,i folha deu a hnnc o Com efeito, enquanto o tufão progressista sopra- oportuno manifesto publicado pela Sociedade Norteva avassalador sobre a Ba rca de Pedro, Carolit:i.rmo americana de Defesa da Tradiçào. Família e Propriedestacava-se por sua coragem e firmeza no combate dade sobre a política de direitos humanos do Presiao mal de nosso sécu lo, apontando ao mesmo tempo dente Carter. O documento alcançou enorme reperpara o porto seguro da devoção à Virgem Santíssima. cussão nas Américas. presrnndo assim notável serviço Numerosos artigos, com linguagem elevada e lrans- â causa da- civiJi.zação em nosso continente. bordante de amor à Santa Igreja Católica. denunEm 1>rimeira mão no Brasil. Carolicis,110 publiéiaram erros progressistas e os desmandos comuno- cou no ano findo dois importantes estud os do Prof. "eatólieos", exortandQ os fiéis a se ma nterem no Plinio Corrêa de O li veira: "Revolurão e Conrracaminho da verdadeira doutrina de Nosso Senhor Re,•oluçâo, 20 llnns depois", capítulo acrescido ao Jesus Cristo e de sua Santa Cruz, sob cujo sigoo ensa io publicado em 1959, e "'Tribalismo indígena, nasceu nossa querida Pátria. idet,I co11111no-111issio11ório paro o Brasil no século Em seu número de fevereiro, este mensário XXI". esta mpado em número duplo de novembropublicou nossa Carta Pastoral sobre a Realeza de dezembro de 1977. Nosso Senhor Jesus Cristo, tema da maior imporPor todos os serviços prestados â Santa Igreja tância, tendo em vista a crise que. cm nossos daas. Católica e à civilização cristã no 13rasil, rendemos ' abala a Igreja e a civilização contemporânea. especiais graças a Deus Nosso Senhor. e concedemos Catolicismo empenhou-se também, juntamente ex llbu11da111ia cordia nossa bênção ao Diretor. com a TFP, na luta contra o divórcio, que infcliz- redatores, funcionários. propagand istas e assinantes me.nte foi .introduzido na legislação brasileira, tendo de nosso valoroso mensário. publicado em seu número de ju lho do ano passado a

"Circular do Bispo Diocesano a prop6siro da aprovação da e1ne11da divorcista - Pelos direitos de

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Antonio, BISPO DE CAMPOS

Ali cada um deve se acusar das fa ltas cometidas durante o dia e arrepender-se. Quem por esgotamento ou dotn~a não pôde participar do trabalho. recebe uma reprimenda. Na tercei ra reprimenda, o faltoso é levado para o mato. de mãos am:lr·

radas às costas, e nunca mais se terei notícias dele. Depois do "Kosa ng", lodos podem se recol her i,s casas coletivas, cm cada urna das quais vivem dú·

zias de familias. Adultério ou relações extn1-conjuga is são castigados com a morte. Quem qu iser se casar precisa aguardar a vinda de um funcionário da cidade próxima, que rcali?.a casamentos duas vezes por ano, por turmas de 30 a 40 casais. Marido e mulher só podem estar juntos cada dois ou três meses. Nascendo uma cria nça - o que é cada vez mais raro -

ela é imediatamente con·

fiada a uma "adepta fiel e de confiança do partido", A proslituição é promovida pelo Estad o. A cada dois mc~c-s aparecem

prostíbulos móveis com mulheres e moças rccrut:,das i1 força. que passam alguns dias nas cidades. gratuitamente.

Em todo o país não hã ma is escolas. Elas foram arrasadas ou transformadas cm aloja mentos. As crianças são obrigadas a coletar excrementos e lcv(Í·los aos campos

maioria feitos por soldados fa mi ntos. Só cm 1977 os khmcrs vermelhos mataram 100 ta ila ndeses. O livro "M11rder o.f <1 Ge111le La11d" editado nos Estados Unidos, escrito por Joh n Barron e Anthony Paul, descreve a evolução do país, a partir da tomada do poder pelo Khmcr Vermelho, em abril de 1975: "Ao conse1,:uirem o controle ab-

soluto do Canibodge. os ,·0111w1isu1s converteram todo o pa,:r nu,n labo rt116rü,, social ,> ro dos os habilantes e111

cobaias".

Segundo depoimentos de refugiados, logo após a vitória comunista. a lguns oficiais do Khmcr vermelho ordenara m o extermínio dos membros do antigo governo e de suas famílias. um de cada vez, obrigando-os a se ajoel harem entre dois soldados armados de baioneta. Ambos os soldados cravavam então, si multaneamente. a baioneta no corpo da vitima. uma no peito outra nas costas. Vi11ham depois s uas mulheres, filhos e até os bebês de colo. Não usavam munição por motivo de economia.

Na província de Sisephon. dois meninos de cinco e dez anos corriam

d esesperadamente, cm circulo, em volta do pai morto com golpes de baioneta. Alguns soldados comu nistas os perseguiam, caçoando delc-s. como quem corre atrás de patos ou

gali nhas. Os demais se divertiam como adubo. Cerca de 80% da com a "caçada:·. Pouco depois, agarpoJHJlação sofre de mal{iria. Não h,i rara m os meninos e os espancaram remêdios e nas aldeias não hil me,;. até ma1á-los. dicos, po is fotam e liminados duranOutro refugiado contou aos aute a pl'imcira o nda de assassínios. to res do livro: "Ni11gué111 se preopor pertencerem à c lasse dita "pri- cupa em e111errar os corpos das vilegiada". n,ass,icradas. Nu111 lugar vi Todos os fugitivos falam de um pessot1s cincoenr11 cadáveres amarrados u,11 a umento vertiginoso de insetos, por- ao outro com cordas. E,n ,ninha que há dois a nos não se produz fuga até afra111eira creia ter passado sabão e nem se cogita em impor- por mais de cinco mil cadáveres. tação do ex terior. Quem quiser ser Alguns cmninhos es1avan1 tão cheios admitido nas privilegiadas unidades de esqueletos que os ossos 1111Jchu· policiais. precisa preencher dois re- cavanz ,neus pés". quisitos: obcdif:ncia incondicional e Esse é o ret,.ato do Cambodge ser inteiramente analfabeto. Os po- vermelho. No Vietnã e no Laos, com liciais têm direitos ilimitados sobre pequenas variantes, a situação é os camponeses não podendo ser quase a mesma. ofendidos nem criticados. Os assaltos crimi nosos às aldeias tailandesas da fronteira, são em sua CARLOS SODRI: LANNA


ECUMENISMO OU HERESIA? O ARTIGO que segue baseia-se no 8 olttim D iocesano de Campos (n. 0 72, dezembro de 1977), <1uc obedece a orientação imediata de S. Excia. Revma. D. Antonio de Castro Mayer. ARA QUE os homens tivessem, até o fim do mundo, um meio seguro de salvação, Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu Sua Igreja. É Ela Seu Corpo M istico, constituindo uma sociedade visível, hierárquica, tendo seus dirigentes, o Papa e os Bispos, poderes de ensinar, santificar e governar os fiéis. Ela é necessária para a salvação, de maneira que somente subordinandose à mesma pode o homem conseguir a bem-aventurança eterna. Esta doutrina, q ue faz parte da Fé Católica. está contida, de maneira clara, na Revelação da Sagrada Escritura. O lugar clássico aduzido para evidenciar a existência da Igreja hierárq uica é o texto de São Mateus, cap. 16, vers. 16 e seguintes. no qual Jesus Cristo mudou o nome de Simão para Ped ro e o fez chefe da Igreja que Ele ia deixar na terra. Os termos usados pelo Divino Mestre são coo hecidos. A pós a profissão de fé na Divindade de Jesus C risco, feica por São Pedro, o Senhor lhe diz: "Be111-aven1urado és Simão. Bar-Jo11a [... ] E eu te digo que 111 és Pedro. e sobre esta pedra edificarei a ,ninha Igreja. e as portas do i11fer110 não prevalecerão contra Elo. E eu te darei as chaves do reino dos Céus: e tudo o que ligares sobre a terra, ,·erá ligado também nos Céus. e tudo o que desatares sobre " terr(I, serd desatado /(llnbém nos Céus". Estas palavras de Jesus atescnm. sem sombra de dúvida, 1. 0 ) que São Pedro é o chefe da Igreja de Cristo: 2.º) que esta Igreja jamais perecerá ("as portas do inferno não prevolecerão contra Ela'). Portanto, Ela permanecerá a mesma acé o fim dos tempos: 3. 0 ) que fora da Igreja não há sa lvação. Uma vez que é ao c hefe da Igreja q ue dá Jesus Cristo o poder de abrir e fechar as portas do Céú.

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Apóstolos: "Em verdade vos :ligo: Tudo o que lig"rdes sobre a ;erro. SP.rti lig(lt/0 rn,nbém 110 Céu: e tudo o ,,ue desatardes sobre u terr(I. será desatado também 110 Céu" (Me. 18. 18). Uma confirmação de todos estes pontos - a saber que Jesus Crisco deixou . na terra uma Igreja constituída. para nEla os homens cu lc uarcm a Deus e obterem a salvação temos nas pa lavras do Sa lvador, antes de sua s ubida aos Céus: .. Todo o poder me foi dada 110 Céu e 11a terra. Ide, pois. e ensinai a todos as povos (... ) ensinando-os a observar

iodas as coisas que vos 111a11dei'

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(Me. 28, 18-20). E para que não se duvidasse de que se tracava de uma Igreja que deveria existir até o fim dos tempos, o Salvador acrescento u: "Eis que estou con vosco todos os dias. (lté a consumação dos séculos" (Mt. 28. 20). O relato do mesmo episódio cm São Marcos salienta mais a necessidade de percencer à Igreja, para se obter a salvação: "Ide por todo o mundo. pregt1i o Evangelho " 1odt1 criatur(I. O que crer e fo r blllizado. será solvo: <> que. porén1. ,uio crer. serâ conde,wdo" (Me. 16. 15-16). Corolário necessário de todo este modo de proceder do Salvador é que S ua Igreja existe ainda no mundo, e facilmente reconhecível. Se não existisse, teria falhado sua promessa de permanecer com os Apóstolos até o fim dos tempos, e as portas do inferno teriam prevalecido concra a Igreja. Se não fora facilmente reconhecível, seria inútil, uma vez que foi instituída para a salvação de todos os homens; pois é preciso crer na Igreja. com palavras e atos, para a pessoa salvar-se. Se se perguntar, portanto, qual é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo. responde-se: é Aquela o nde se encontram os sucessores :te São Pedro e dos Apóstolos, desde que é somente nos seus sucessores que a Igreja pode permanecer até o fim do mundo. segundo a promessa do mesmo Jesus Cristo. Por se cratar de verdades fundamentais, foram e las incu lcadas desde

universal: ou disser que o Ra11wno Pont ifice 1uio é o sucessor de Pedro 110 111es,no Primado. que esse tal seja 1111áte11w" (Ses. IV, c. 2). O mesmo Concilio definiu ainda que a Igreja Católica ê facilmente reconhecível, porquanto Ela mesma, graças à sua admirável propagação. exímia santidade, católica unidade, inexausta fecundidade cm iodo bem, é um s inal levantado encrc as nações que atrai os infié.is· a que creiam. e confirma os fiéis na sua fé (Ses. 111, e. 3). É a profissão de Fé que íazemos quando no símbolo da Missa dizemos. "Creio numa Igreja única. santa. católica e apostólic""· Tudo isso são verdades conhecidas e firmemente aceitas por todo fiel. mesmo pelos men inos do primeiro catecismo. Precisaríamos chc· gar ao delírio da razão humana. para que fossem rotundamente negados pontos tão bem assentados e tão básicos de toda economia da sa lvação.

Pois foi ao que chegaram certos faucorcs do Ecumenismo. o que nos inspirou o título deste artigo.

• • • De fato. cm ."O São Paulo", semaná,·io da Arquid iocese de São Paulo. cm sua edição de 1521 / 10/ 77. tomamos conhecimento de ..Os dez prindpios do Ecu111e11ismo". São estes divulgados. no Brasil. por Frei Leonardo Martin. membro da Comissão Arquidiocesana do Ecumenismo (cfr. ··o São J>a11/o". de 'l.9/ 104/ 11 / 77). Procedem eles de uma conferencia sobre o Ecumenismo. pronunciada no a uditório da Universidade Cacólica de Washington, pelo Jesuíta Pe. Avereli Dulles. Ora. encrc tais princípios. lemos o segui nte. sob o n.• 2: .. Nlío exis1e nenlnuna co,nunhão {'ris1ã qu<· deva ser 1ra1oda corno se fosse pe,jeitaml!nte a Igreja de Cris10". Portanto nem a católica. O fiel, pois. que quer salvar-se. não sabe qual das confissões criscãs é a verdadeira Igreja de Cristo! E escé é o sentido da alirmaçãb do Pe. Averell Dullcs, S.J. Coo\ efeito. continua

O Cardeal Jan Willebrands {à direita) obr&Ço o toiocido chefo da l9roja A nglicana.

A quo conduziu o ocumenísmo dosenfreado?

deira Igreja de Cristo é irrcconhe• cível. uma vez que ainda não possui de modo inconfundível as s uas q uatro notas - una, santa, católica e apostólica - no tas, aliás, que, segund o o teólogo Jesuíta . são um programa para o futuro, jamais realizável (1). Conchur que a ex istência de pecadores no seio da Igreja A impede de realizar a nota de santidade, pela qual seja Ela reconhecida como Igreja de C risto. é contraria r froncalmcntc a Tradição, e declarar Jesus inepto, pois 1:.le teria instituído uma Igreja necessária para a salva· ção d os homens e, no entanco, irreconhecível. Aliás, segundo a opi nião dos eeu mcnistas da categoria do Pe. Averell Dulles, S.J., a Igreja de Cristo ainda estaria para ser criada; porquanto, segund o o princípio ecumênico que examinamos, "a grtmde Igreja estti sf!ndo construida. e iodas

as denon1inações cristãs tê,n u,n papel positivo e criativo n o planejamento desta Igreja". Como se vê, essa "grande Igreja" já nem se pode

O Pe. Averell Oullos. S. J. (esquordat com um "bispo" protestante do Cinçinnati {centro) e o Pe. Robert Mulligan. S. J. - Segundo o Pe. Oullos. "não e><iS'tO nenhuma comunhão cristi que deva ser tratada como se fosso perfoitamente a Igreja de Crjsto".

Se deste trecho de São Mateus. aproximarmos as palavras do Divino Mestre ditas a todos os Apóstolos, e relatadas pelo mesmo Evangelista, no cap. 18, ao tratar o Salvador do perdão dos pecados. vêse qúe, sob Pedro, há na terra outros superiores hierárquicos também com poderes de atar e desatar em vista da salvação eccrna. Eis o que diz o Divino Mestre a todos os

os primórdios do Cristianismo. Eco de toda a Tradição. como barreira às inverdades e am bigüidades com que a fumaça de sacanás procura obscurecer a Revelação salvífica, o 1.° Concilio Vaticano definiu: "Se alg11é111 disser que não foi por instituição do mesmo Cristo Senhor. e porta,110. por direito divino. que o bem-aventurado Pedro 1e111 su cessores no Pri11wdo sobre a Jgrejt1

ele: "Este principio aj,rma que dentro da história, a Igreja nunca será tota/111e11te una. santa, católica e apos/ó/ica. Estas q11a11·0 ma"·os se1·ão se,npre. até certo ponto, 111n progranw para o futuro. porque " Igreja é também humana e· r~(/ete fraquêzas humanas". Como se vê o Pe. Ou lles transfere para a Igreja a~ falhas dos cristãos, e o faz de tal maneira que, segundo ele, a verda-

dizer Igreja de Cristo, uma vez que depende do papel criativo das denominações cristãs; por ou cro lado, Ela está ainda no planejamento. Quer dizer: não. existe ainda. Serenando o ~spanto de ver semelhante aberração nos lábins de um sacerdote, e pronunciada no auditório de uma Universidade Católica, observemos que o princípio apresentado pelo Pe. Dulles. S.J., e e ndossad o por "O São Pau/o·• é fecundo cm conseqUências, todas elas dcscoantes da Doutrina Católica. Enumeremos algumas, conscantes da mesma enunciação de princípios: • /\ igreja condenou e condena as seitas que dEla se separam, e alerta os fiéis sobre o perigo de cais companhias. Já d izia Santo Agostinho que "a pior morte da t1l111a é a liberdade do erro" (ep. 166, cfr. Gregório XVI, Encícl ica "Mirari vos"). - O Pe. Dulles, S.J., de seu lado, afirma precisamente o contrârio, pois é de opinião que Deus teria algo para nos dizer através das várias comunidades cristãs (n.0 5, veja-se também n. 0 4). E, pelo concexto, cncende-se de mensagens que elas transmitem. • A Igreja reprova a proposição. segundo a qual, a Igreja de CnSh> s.: comporia de três ramos: o Ortodoxo. o Anglicano e o Católico Romano (Carta do Santo Oficio

aos Bispos da lnglacerra, 16/ 9/ 1864). - O Pe. Dulles, S.J., observa que há "vtirios tipos de eclesiologia represenu,da por tradições cristãs diferentes" o que leva "a catolicidade da Igreja universal a brilhar com um espetticulo magnifico du unidade dentro da diversidade" (n. 0 9). • Desde o começo, teve a Igreja símbolos da Fé, nos quais os artigos da Revelação se exprimem sempre pelos mesmos conceitos. É isso exigido pela unidade da Igreja, segundo a advertência de São Paulo: Uma fé, um batismo. Em sentido contrário, afirma o Pe. Dulles, S.J.: "Não há necessidade que as várias comunidades cris/ãs exprimam a fé pelos mesmos conceilos" (n.• 9). - O referido Sacerdote julga que também não há necessidade de que os preceitos sejam os mesmos, par.a que se salve a unidade da fé (n. 0 9). Perguntaríamos que preceitos opostos, como por exemplo a indissolubilidade do matrimônio - a que a Jireja Católica não renuncia - . e o divórcio "a vinculo", que o luteranismo admite, poderiam implicar a mesma fé?

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• • • Tais exemplos marcam a oposição insanável entre esse ecumenismo e a Tradição cristã autêntica, expressa na Doutrina Católica. e que pode florescer, mas não variar, pois, como Jesus Cristo, é de todos os tempos, de ontem, de hoje e de sempre. E ainda mais lamentável que aberrações como essas sejam divulgadas por meios de comunicação social dos mais autori7Ãdos. O que torna mais urgente denunciá-las, mesmo com sacrifícios pessoais, como a caro panha de difamação, costumeira no seio daqueles que não têm argumento~ que convençam contra os que S<: opõem às tendên· cias heretizantes, hoje muito em voga. Semelha.m e obrigação inserese no dever de confessar a fé, quando o silêncio envolve um tácito consentimento à heresia.

(1) Na Instrução Pastora, do Sr. Bispo diocesano de Campo$ sobre a Igreja, explicase como a existtncia de pecadores no seio dEla não impede a santidade própria da Igreja, pela qual é reconhecida como a verdadeira Igreja de Çristo (Veja-se "Por um Cristianismo autên1ico'·. Ed. Vera Cna. São Paulo, 1971, p. 232).

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ara a ESPANHA caminha célere na via da chamada liberalização, objetivo intentado hoje em dia com empenho especialmente pelos esquerdistas de todos os matizes. Houve quem afirmasse que os acontecimentos da Espanha são espelho para a América Latina, no sentido de nos indicar para onde nossos países deveriam caminhar. Também o secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Felipe Gonzales, vê afinidade entre os acontecimentos políticos ibéricos e os latino-americanos. Para ele, o Chile representa o passado recente da Espanha; a Colômbia e a Venezuela, a atual fase do processo espanhol. Uma das preocupações mais características dos que propugnam tais transformações políticas, quer na Europa, quer na América Latina, é apresentarem-se como centristas. Ou seja, como uma posição dita intermediária entre a esquerda e a direita. Mas, na realidade, de que centro se trata?

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Uma f6rmula centrista para o mundo ibero-americano? Quem vê semelhanças entre o processo político latino-americano e o espanhol poderá, analisando o segundo, com grande probabilidade, encontrar a chave para a interpretação do primeiro, e a resposta à pergunta acima formulada. No atual governo hispânico, observa-se hoje a predominância crescente de uma posição centrista, e até nas próprias entranhas da corrente que, em 1939, derrotou os vermelhos. A Espanha parece assim estar indicando o caminho que, com notas próprias de originalidade, poderiam seguir nações latino-americanas, cujos governos nasceram de uma salutar reação contra a subversão comunista. No quadrante oposto aos governos anticomunistas da

presentadas pela chamada União do Centro Democrático (UCD). Numa visão mais profunda, o caleidoscópio centrJsta inclui também o PSOE de Felipe Gonzales. Fala-se inclusive de uma coalizão possivel entre ambas as forças, que se alternariam no poder. São elas as duas correntes c-0m maior representação política e que contêm as diversas variações do centro. O pêndulo centrista oscila, pois, entre a UCD e o PSOE. isto é, um pretenso polo direitista e um polo esquerdista, abarcando naturalmente as correntes intermediárias.

Considerados os seus eleitores em conjunto, a UCD e o PSOE alcançaram pouco mais de 60% do total dos votos nas últimas· eleições parlamentares. Uma parte ponderável do eleitorado manteve-se fiel à Espanha que desconfia da linguagem ambígua do centro, adotando uma linha de não conformidade com essa posição dúbia, tendo optado por uma impostação mais conservadora e conforme às tradições hispânicas. Qual é a verdadeira extensão dessa Espanha silenciosa e inconformada? Na falta de alguém que a interpretasse de um modo autêntico e eficaz, ela se dispersou inevitavelmente em uma diversidade de agremiações menores. Como também é inegável que muitos desses inconformados concederam um infrutífero apoio à UCD, que se apresentou para o grande público como a única alternativa segura em face do comunismo.

Não um centro-1 mas um centro-esqueraa É necessário reconhecer o ver-

dadeiro conteúdo ideológico desse )êndulo centrista espanhol não só pela situação da Espanha enquanto tal, mas particularmente por sua projeção na Ibero-América. É uma fórmula semelhante aos planos da

a: ara . . . . , . merzca __.atina? matização que vai do vermelho vivo, claramente marxista, ao róseo. Algumas perguntas, contudo, podem ocorrer ao leitor: Como pretender que a estabilidade de uma autêntica democracia possa apoiar-se em um conglomerado dessa natureza? A gradativa corrosão da instituição familiar, fa. vorecida pela aceitação do divórcio, do aborto e da liberdade sexual; as variadas formas de coerção à propriedade privada, expressas nos projetos de gestão empresarial, de reforma agrária e urbana; os prognósticos que, de maneira sempre mais definida, acenam para uma futura Espanha socialista, não são precisamente o prenúncio de um torvelinho marxista semelhante ao que o país ibérico já viveu, a partir de 1931 até o fim da guerra civil?

A pseudo-democracia como anzol Como parece suceder em alguns países da América Latina, também na Espanha a denominada liberalização está sendo utilizada como engodo para um processo de esq uerdização. Poucas oportunidades tiveram os espanhóis de formar um juízo sobre os problemas ideológicos e politic-0s pelos quais atravessa o pais. Oconhecimento e o cotejo das opiniões a esse respeito só se tornam possíveis através da atenta leitura de livros e revistas que comuniquem o verdadeiro pensamento dos novos atores da política espanhola. O que se pode notar, quase sem exceções, é que se teve em vista conservar um clima distendido, no qual só aparecesse em jogo uma opção pelas correntes mais acentuadamente centro-esquerdistas.

A pseudo-democracia como ante-sala do comunismo Essa escamoteação da realidade corresponde sem dúvida a um plano bem estudado pela t>squerda, e c uja Uma reunião da Es• cole de Verão do PSOE - 1976, no Escorial, onde so tra· ç.aram os plenos pa· ra a socialização gradual da Espanha. quo talvez vonha ti servir como modelo para a Amlniça Latina.

América do Sul - assinalam os centristas em tom de neutralidade o México do PR! (1) seria outro tipo de processo político: a possibilidade de se passar do triunfo da esquerda, inclusive cruento, à predominância do centro.

A Espanha do centro e a Espanha não conformista Mas o que é esse centro? Eis a questão que propúnhamos acima. Ele não se limita às posições do primeiro-ministro Adolfo Suarez re(1) Nos últimos estertores da guerra civil mexicana. em .1929, diversas facções rcvo•

lucionárià$ uniram-se num só p31'tido. cs-tabclcccndo o controle político sobre todo o país e inaugurando o cha.rnado "sisttma

mexicano... Tal partido, após assumir outras denominações. veio a ser conhecido a partir de 1946 como Partido Revolucionário lnsti~ tucional (PRI),

O PRI exerce o controle 101al da vida

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chamada liberalização, promovidos especialmente por elementos esquer, distas - embora também alguns não esquerdistas os propugnem que se aponta como meta, em países da América Latina. Convém destacar desde logo que o centr-0 de que nos ocupávamos na Espanha, é na realidade um centroesquerda. O polo esquerdista, o socialismo, define categoricamente seu colorido, apenas com uma leve atenuação de tom à medida que se aproxima da posição menos esquerdista da UCD. Trata-se de uma

aplicação não se reduz à Espanha. Revendo as conferências pronunciadas na«Escolade Verão»doPSOE (2), realizada em agosto de 1976, encontramos formulações da estratégia socialista cuja alcance o leitor poderá julgar. Gregorio Peces-Barba, em sua exposição denominada «Socialismo e Estado de Direito», afirma: «Nosso contributo aeve ter. a meu ver. uma dupla dimensão:[... ) Naprimeira di111ensâo só sería,nos port ici· pontes na luta por conquistas que não são especificamente socialistas,

mcxiC3n:t desde 1948: elege os presidentes da República; Tribunais, Congresso e Forças Armadas lhe são inteiramente dóceis: con· troJa os meios de comunicação: o setor prjvado da economia,vive em simbiose com o governo e o PRI: o mesmo :tcomecc com os

foi ,ea.li1.ad:i cm tcrri1ório csp:1nhol. no ano de 1976. desde o fim da guerra civil. A Escola de Verão é uma ins1ituição de im1>0rt:\ncia dee:isiva na his1ória do PSOE: Nela intervieram os princip3is lideres do socialismo no passado: Bestcrio. Pricto, Lar· go C.t1ballcro c1c.. e nela se íormaràm cm grande nllr;ncro os militantes socialistas. As exp0sições da referida Escol:l de Verão foram também elab<>rad:is e aprc:scniadas

sindicatos e as ligas camponesas.

(2) A primeira Escola de Verão do PSOE

111as que se co11vertera111 em pa1ri111ónio da humanidade[ ... ). Na segunda di111e11são, devería,nos esforçar-nos para introduzir na organização do poder aquelas atribuições próprias ao pensamento socialista de nosso partido» («E/ Socialismo es libertad» - Escuela de Verano dei PSOE 1976, Editorial Cuadernos para cl Diálogo, Madrid, 1976, pp.116-117). No mesmo sentido pronuncia-se outro conferencista do PSOE, Miguel Boyer: na «n1archa ri11no a objetivos socialistas [... ] distinguiram-se três etapas: uma corresponde à cun-

de modo mais ou menos inconfessado, os manejos políticos do centro espanhol. Explica-se assim a esperança dos socialistas, expressa nas palavras do mesmo Miguel Boyer: «A prazo mais longo, existem possibilidades notáveis de governo co111,naioria dos partidos de esquerda na Espanha. Existe,n hoje no país um setor importante da democracia cristã que se nega a consolidar e a servir de apoio ao sistema conservador. disposta a colaborar co,n outros partidos de esquerda na construção de uma sociedade em rnarcha progressiva ru,no ao socialismo. Vai-se desenvolvendo também na Espanha 11m Partit/o Co,nunista cada vez 111ais distante tio 111odelo leninista e cada vez mais decidido e mais comprometido na /1110 democrática co1110 nós a entendemos. As possibilidades que isso proporciona para abrir unra etapa de transição rumo a u111 regi,ne socialista são consideráveis, originais, importantes e muito esperançosas. Nessa etapa, co,110 maioria de es-

Nicolas Rodondo. secretirio da UGT. expositor n, "E$cola do Verio"

solidação da de111ocracia na Espanha. outra à transição rumo ao socialisrno e. flnabnenre. u,na etapa na qual se possa justarnente considerar que o sisten1a eco11ô111ico espanholjá se adapta às exigências e aos ideais de uma sociedade socialista» (ld'em. p. 137). Consolidar uma pseudo-democracia e depois procurar fazer pr.ogredir com pressões o que é especificamente socialista é o caminho de <a ronsição ru,no ao sodalisnro>>, q uc começa a esboçar-se de maneira cada vez mais definida na Espan ha de hoje.

Para isso deverão preservar-se cuidadosamente os benefícios alcançados pelo sistema econômico de propriedade privada, antes de liquidá-la. Introduzir bruscamente a mecânica econômica socialista poderia também provocar um colapso irreparável: <<No período de transição para uma sociedade socialista - continua Boyer - é necessário que estejamos conscientes de que se torna imprescindívelpreservar níveis de produção e níveis de vida que corresponda,n aos da população de um país europeu. Experiências que causem um decréscimo ou um estancamento de nível de vida., não podem prolongar-se por 111ui10 tempo. ainda que pudessem ter compensações políticas e éticas. [... ] Isso obriga a realizar as transformações segundo unra ordem de prioridades, é segundo planos precisos que não introduzam o desconcerto e a incerteza no sisten,a econômico» (Idem, p. 176). E nada mais indicado para essa tarefa - acrescentamos nós - do que um centrismo. de intenções ideológicas aparentemente anódinas. Consumado esse delicado trabalho, se desembocará, por fim, na reta final rumo ao «eden» marxista. Será a hora de colocar à luz o polo socialista em torno do qual gravitam hoje, pelos principais lideres hodiernos do PSOE. Nicolas Rcdo1ldo. primeiro scc.rctário d:;1 União Geral dos Tràbttlhadorcs (UG 'I), Picr· te Guidoni. rcprcscnt;rnte do Partido Soci:i-

Gregorlo Pecos-Barba, outro onratogis-tti do socialismo espanhol

querdas no governo. é que concebe• 1110s ser possível empreender a transição para uma sociedade socialista,, (Idem, p. 138) (3).

Observar o processo espanhol é também um dever de vigilãncia À vista das ilustrativas opiniões

versadas na «Escola de Verão - 1976» do PSOE. não pode restar dúvida quanto ao rumo para onde conduz o atual trabalho da centro-esquerda na Espanha. Considerando em conjunto tais conceitos. é impossível deixar de observar que a sistemática erosão dos valores da civilização cristã que eles operam - da qual a Espanha foi outrora glorioso sustentácu lo - trabalha a favor da esquerda marxista. Talvez o leitor soubesse ou entrevisse algo de tudo isto pelo conhecimento que já tem daquele pais. Não obstante, analisar o processo espanhol com cuidado mais detido é tarefa altamente útil. Obriga-nos a isso não só o afeto a uma gloriosa nação católica como é a Espanha, mas também o dever de vigiar quanto ao destino das nações latino-americanas. Se o leitor examinar com atenção os acontecimentos políticos em alguns países de nosso Continente, poderá enc-0ntrar significativas ana logias com o processo espanhol que acabamos de descrever.

JAIME ANTUNES Bogotá: "Podetia havu um glJ\•emo dt colobomrã,, .wu·in/i.,w-comtmiJ.·111, Mos lssó dep(',u/(• (d:is circunst!incias). DeS<I<' jó. de

lista írnncês e outros.

mómtnlO. niio {porque] isso dC'Sts1abíliuria o processo dcmoC'rá1ico na E.'ipanha, dt 111

(3) Em 1crmos bem scrnclhanbtc-s 1-·xprt-ss ou-sc o próprio sccrctârio•bCrnl do PSOE. í-elipe Gonzatcs:. durante sua rect"nlc vit-i1a a

forma que .seria um risco inútil. Não vou p6r n.f miio.t ua roht(O ~ t .\'rondaliUJr•me di:cmlo: ··•·mn 41.\ •·amtmú·ws. j amais"'. Não, Porque i,,,.w, •J Ji1J,,·u... ("E/ 'lii!mpo'·, l3ogotá. 25-8-77. dcst~1que nosso).


. """ a1xao a ua

assos M MAGNIFICO estudo, recém-publicado, original e penetrante (1), o Pror. Plínio Corrêa de Oliveira analisa com profundidade um aspecto quase não tratado do progressi5mo: os novos rumos que vêm sendo imprimidos à missiologia católica. Rumos que abdicam de converter as a lmas e os povos, para modelá-los segundo padrões de um neocomunismo destruidor das estruturas religiosas, culturais, sociais e econômicas, e disseminador de uma neobarbárie igualitária e despersonalizante. O eminente pensador trata o assunto com vistas especialmente ao Brasil, mas deixa claro que a nova orientação vem sendo universalmente aplicada em todo o mundo. Temos e m mãos um exemplo característico. Numa entrevista à televisão francesa, em 31 de julho de 1977, o Pe. François Ponehaud, membro dessa Sociedade e recentemente expulso do Cambodge pelos comunistas. foz declarações que bem indicam a mentalidade de um missionário da nova vaga. Diz ele qu·e os comunistas no Cambodge "estão em vias de fazer 11111a revolução que é absolutmnente fascinante" Linguagem estranha na boca de um Sacerdote expulso! Impedido de exercer seu ministério junto aos cambodgcanos ele fica fascinado pelos que o expulsam! O que viu o Pe. Ponchaud nos comunistas que tanto o fascinou? Sua resposta é clara: eles querem no Cambodge "a supressão de todo seu passado, supress,io das cidades. supressão de rQda.,· t1s desigualdt1des". Ou seja, o igualitarismo comunista levado a seu último ponto de radicalidade, pela quebra de todos os vínculos com a T radição, e a dispersão do povo pelo campo para formar, quando muito, aglomerados semelhantes a tribos, o nde as noções sagradas de familia e propriedade desapareçam completamente. Para o missionário fascinado, os khmers vermelhos estão construindo "urn universo absolu1a,nente novo. de tipo agrícola" e para isso mandaram "todo mundo para o campo ou para consrrução de diques. de

E

canais para irrigar nacionalrncnte o

Can,bodge". Note o leitor a li nguagem cheia de simpatia, e ao mesmo tempo o cuidado com que o Sacerdote evita qua lquer leve referência ao genocídio sem precedentes efetuado pelos comunistas naquele país, onde centenas de milhares de pessoas foram mortas nas condições mais atrozes de fome, sede, exaustão e abandono. Sem falar no ódio selvagem com que os comunistas massacram vítimas indefesas, como mulheres e crianças. Os khmers, prossegue o entrevistado, têm "alguma coisa de original para dar o nosso mundo ocidental". De onde nasce essa originalidade? perguntará o leitor. O Sacerdote responde sem titubear: "A origem é ,narxista. Os atuais líderes do Cmnbodge foram formados em França no te,npo en, que o PC era de obediência soviética" (2). Portanto a grande originalidade que tanto fascina o missionário é o velho e rebarbativo marx ismo soviético de Kruchev e Brejnev!

A linguagem de um libertino nos lãbios de um Bispo Quem fala em neopaganismo fala em abrir as comportas da imoralidade. É o que o progressismo vem largamente favorecendo e mesmo promovendo. D. Alberto Jniesta, Bispo Auxiliar de Madrid, defende abertamente o divórcio civil que, como se sabe, é ininterruptamente condenado pelo Magisténo da Igreja . Mas não pense que ele fica nisso. A lógica da posição que adota o faz ir mais longe, e ele o faz alegre-

Itália é a possibilidade iminente dos comunistas virem a fazer parte do governo pela conivência da Democracia Cristã. Aliás, esta já consulta regularmente o PC! em questões de importância, o que configura um verdadeiro governo comunista invisível. Essa real situação d e emergência cm que se encontra a pen.ínsu la está a pedir uma urgente união de esforços dos católicos para evitar tal catástrofe. Isto sim! Mas. evidentemente, são bastante diversas as cogitações do Bispo Auxiliar de Roma ...

mente. Diz que "não hd nenhuma razão" para condenar as relações pré-matrimoniais. se elas são "pri1nícias tle urn verdadeiro a,nor co11 .. juga/". Ao que parece, para D. Inicsta não constitui razão sulicicntc a Lei de Deus <Juando manda "Não pecar conrra a castidade". A posição do Prelado é um verdadeiro incentivo ao erotismo. Não nos increpe algum eventual leitor progressista por esta última conclusão que tiramos. Ela não é gratuita. É o próprio Bispo Auxiliar de Madrid quem diz que o erotismo requer "mais co,npaixão do que condenação". Ou seja, os habituais

M>P 11

'

O. lniesta, Bispo Auxiliar de Madrid, com-

Pc. Diei-Alegfia: ergueu o punho e cantou a lntemacional comunista om cômício do PCE

placente em relação oo divórcio.

às l'Claçõés

pni-matrimoniais o ao erofümo

membros do Episcopado proclamam reconhecer ao governo o direito de expulsar um estrangeiro quando "haia razões wílidas·•. ·Aqui com bater as ditaduras é "leit-,notiv" episcopal. Naq uele país africano, os Prelados sustentam que é preciso engajar os cristãos "a participar de ,nodo respo11sdvel e

De Roma para o Vaticano é um passo. Mais um passo da Paixão da Igreja. O jornal oficioso da Santa Sé ''Osservatore Ro,nano .. cm sua edição de 13-14 de junho de 1977 publica uma secção de destaque exclusivamente com propaganda comunista extraída da agência russa "Novosri" e do boletim" Notícias da 811/gâria". A secção, intitulada "Letras e Artes", exalta os "progressos" culturais soviéticos e búlgaros, entre os quais salienta um museu aeronáutico. e uma enciclopédia marxista. Esta última dá especial destaque aos

"principais movimentos de lutas revolucionárias e de libertação nacional". Ou seja, em linguagem clara, os movimentos guerrilheiros armado que atuam tanto na Ásia, quanto na América e especialmente na África.

+ Esses são alguns passos da Paixão da Igreja que quisemos hoje propor à meditação de nossos leitores. Meditação que, sob o influxo das graças divinas alcançadas pela mediação de Nossa Senhora, desejamos que produza frutos de amor à verdadeira Igreja e de uma rejeição e combate contra os que por dentro a querem demolir.

G. V. L. (1) "Tribolismo i11dlgtm1, ideal romuno• miS$iOnóriõ paro o Brasil no século XXI",

Colf:>licismo n.0 323-324, nov./dc1.. de 1977.

(2) "8111/ttin CICEs-·. Paris. n.• 217, de IS/ 9/1977 (3) "Bulleri" C/CES", Paris, n.• 2 17. de ISi Y/1977. (4) "lnfomw1io ns Ca1holit1m•s t,uemotio· 1111/es", Paris, n.0 517, IS/ 8/ 1977, (5) "Vnteurs Ac11,,tt,.,... França, 616/ 1977. (6) "Cn,dnr dt•llt1 Sern'". Milão. 22/6/ 1977.

c,·üi<·<J na con:urução do país".

transgressores dos Mandamentos não seriam pecadores. seriam ur1s coitados! Deles se deve ter pena como de a lguém atingido por uma

Enorme contradição? Certamente, se ficarmos no mero problema dos direitos humanos e das ditaduras. Mas se aprofundarmos nossa

catástrofe, por uma doença impre..

amílisc e considerarmos a questão

vista, ou reduzido injustamente à pobreza. Este julgamento foito por D. lnícsta, aplicar-se-á também aos que transgridem outros Mandamentos

comunismo-anticomunismo, que se joga nos bastidores do palavreado, aí veremos que os ventos episcopais sopram sempre na mesma direção: a que conduz a Moscou o u Pequim. Não há co ntradição, pois, mas su-

como "não nuJfar" e "11110 roubar"?

Ou sua obsessão contra a Lei Divina só se ma ni ícstará cm matéria sexua l'! Não o sabemos. O fato é que nesta matéria ela se maniícsta largamente pois o Prelado chega a concitar abertamente que se abandonem os "tabus que cerct1111 a sexualidade·· (3). A linguagem é clara. É a mesma dos movimentos homossexuais, das adúlteras que reivindicam seus "direitos" nas ruas de Madrid, etc. Todo e qualquer libertino que quer j ustificar suas infâmias chama de tabus as normas que as condenam. É natural. O que não é tão natural é que essa linguagem se encontre nos lábios de um Bispo!

Não hã contradição mas suprema coerência O leitor tem bem presente a campanha que - pela palavra ou pelo si lêncio - o Episcopado faz na América Latina, salvo ho nrosas ex· ceções, em prol dos chamados direitos humanos e contra toda íorma de regime qualificado ditatorial. Em Moçambique, porém, país que caiu sob o jugo de um governo ditatorial comunista, e onde os direitos humanos são impunemente violados, tudo é diferente. Ali os Bispos não combatem, colaboram; não procuram levantar problemas de consciência nos fiéis, procuram abafar os que existem. Aqui, as tiradas contra a cultura e a mentalidade capitalistas são freqüentes. Lá, em recente comunicado aos fiéis, insistem os H ierarcas em que "111110 educação ideológica não é necessarimnente oposta aos direitos da pessoa h11111011a e da fa,nília". Na América Latina, num pais como o Brasil quando se fala em expu lsar um D . Casaldá liga por sua atitude subversiva claramente perniciosa aos mais altos interesse. da Pátria, a CNBB e vários Bispos levantam um verdadeiro clamor de protestos. Em Moçambique os

prema coerência.

Aliás. no próprio documento do Episcopado moçambicano que estamos comentando. encontramos a seguinte afirmação: "A procltnnação do ,narxis,no-leninisn,o co,no linho id<'Ológica <' via tf,, <Jrie111ação para a vida do país não deve pPrturbar (1 consciência dos cris((ios" (4).

Os passos chegam ao Vaticano Não é preciso. aliás. grande penetração de espírito para perceber o fenomenal esforço que vem sendo desenvolvido por grande parte do Clero - a mais dinâmica e a mais atuante - cm favor da comunistízação. Acabamos de falar do Episcopado moçambicano. Acrescentemos outros exemplos.

+ Em Madrid, o Padre Jesuíta Dicz-Alcgria "lewmtou o pu11ho e cantou a Internacional (hino dos comunistas] num comício do PC espanhol" (5). Para prestigiar ainda mais o PC, apresentou-se de batina. Note o leitor, colateralmente, como o progressismo tem consciência clara do valor da batina, e que se dela se desfez como de um t rapo não foi por ignorar sua importância mas por odiar o que ela representa. Quando se trata de prestigiar o comunismo, porém, aí é diferente...

+ O Bispo Auxiliar de Roma, D. Clemente Riva, "uma dos figuras mais representativas da Igreja italiana" afirmou "a liceidade da colaboração co111 o Partido Comunista e,n situação de emergência" (6). Gostaríamos de perguntar a D. Riva o que qualifica ele como "situação de en1ergê11cia". Sobretudo no momento presente, em que a maior ameaça que paira sobre a

PRECIOSO APOIO AO DÉBIL REGIME POLONES NO INVERNO polonês, o termômetro desce facilmente a vários graus negativos. No e ntanto, muitos não têm como enfrentá-lo. Açúcar e carvão estão racionados há um ano. Há permanente escassez de ca rne. Também faltam com freqüência café, chocolate cevada produtos de padaria, tecidos de lã e algodão, sapatos de' inverno' utensílios de cozinha, pratos, copos, móveis, lâmpadas acima de 6Ô watts. A procura d_c uma casa para morar é quase inútil. Os técnicos comunistas em economia estão pessimistas quanto ao futuro. A dívida externa, só no Ocidente, supera 22 bilhões de marcos (167 bilhões de cruzeiros). O governo constata uma "baixa na disciplina de trabalho". O risco de uma nova revolta popular como a ocorrida em 1970 é grave. Quem irá salvar o regime comunista polonês? O chefe de governo G ierek foi bater em portas certas. Primeiro fez questão de receber publicamente um elogio do chanceler ale~ãoocidental Helmut Schmidt ao programa eco11ômico da Polônia. Depois, foi a vez da Itália, onde Gierek assinou declaração conjunta com Giulio Andreotti, reconhecendo que "os direitos humanos e as liberdades fundamentais são a base essencial das relações entre os dois E,;tados", como se nunca tivesse havido o terror policial contra a popu lação polonesa. Depois de confraternizar com Berlinguer, chefe do PCJ , Gíerek convidou o próprio Cardeal Stefan Wyszynski para um banquete comunista no Hotel Roma. O Arcebispo Primaz da Polônia aceitou . Essas informaçõe~ foram prestadas pela conhecida revista alemã .. Der Spiegel". _ Mas, pa ra amordaçar o descontentamento interno da Polônia Gierek precisava mais. "Uma fotografia de Gierek com o Papa é muito 1110is valiosa do que quaisquer promessas de assistência econômica 11u111 futuro distante", observou um alto Prelado Vaticano, segundo noticiou o semanário "Tin1e". Essa fotografia, Gicrck a obteve e aqui a reproduzimos. Talvez não falte sequer a ajuda econômica dos EUA. A visita do Pres idente Carter à Polôn ia só pode ter sido altamente valiosa para os dirigentes comunistas. E assim aquele que se· apresenta como o campeão da democracia e dos "direitos humanos" nega aos poloncses o direito de escolher outro regime que não seja o marxista.

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MÉDICOS OU CARRASCOS? A eutanásia em nossos dias

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para uma situação análoga ou pior do que a dos povos bárbaros e pagãos no que diz respeito à eutanásia. Podemos perguntar com Louis Ycuillot, a propósito da maldade humana: "Co,110 fará o progresso para reprin1ir os homens", quando a Igreja perder sua influência sobre as almas? Sim, no homem neobárbaro e neopagão, o "progresso" tornará muito mais requintada a crueldade e a hipocrisia. A eutanásia - se a Providência não intervier antes, fazendo cessar todos esses crimes - poderá também ser legalizada. Aliás, em alguns países já se caminha a passos largos para a aprovação legal de tal aberração. · Na França - que já reconheceu o aborto - em setembro, durnnte um encontro internaciona l de médicos para se estudar a reanimação, isto é, o -aperfeiçoamento de técnicas para conseguir a sobrevida de pacientes com risco iminente de morte, houve um fato apontado

médico em aliviar as dores de um moribundo. O critério deveria sempre levar em conta as condições espirituais do enfermo. Nos últimos momentos da existência pode-se decidir a eternidade de uma alma; a morte é a prova s upre ma, talvez a ocasião do maior ato de fé e de amor que aquela alma fará, aceitando lucidamente a vontade de Deus. Quem tem o direito de orivá-lo desse bem? O uso de sedativos, calmantes, analgésicos - sempre por um motivo grave - deve ser usado visando diretamente diminuir a dor, e apenas na dose necessária para a liviar, dei-

ideológica suspeita, e pressionar então a opinião pública. E por que a opinião católica quase não reage? Que ela não reagisse quando se tratava de seus filhos, o egoísmo pode explicar. Mas que praticamente não se manifeste, não levante protestos ruidosos, quando se trata de sua própria vida, ísto é que causa assombro. Que estado de torpor misterioso é esse que faz com que os homens não reajam mesmo quando se lhes ferem profundamente as tradições, a fa mília. a propriedade? Mas quem diria - até a própria vida?!

como revolucionário.

A ministra da Saúde francesa, Sra. Simone Veil, aconselhou os médicos a "ajud(lr os doentes a sobreviver. ,nas tambén, a n:orrer". .A' .. Pela pri,neira vez u111 ,ninistro dll S"tíde fala publicame11te do m(lis Soem qualquor cidade houvesse exterminadores do pombos. não duvldo o loitor: alguma ass<>ciação protetora d0$ 1,nimais faria campanhas pelos jornais em defesa das avos. Entretanto, ji 1111g11stioso e um dos últimos tabus existem extorminado111$ da vida dos homens considerados "in6teis" porque já nio "produ· d" 11ossa sociedade: a euta11ásia", zem". O que a esse ros.peito se li em certa I mprensa 6 uma tentativa para justificar a outanàsia. comenta a revista "Le Poi111" n. 0 262. de 26 de setembro de 1977.

I

MAG INEMOS a cena: chove h{, dias e faz bastante frio. Ao cair noite num bairro populoso de

auxilio cm casa, e sempre doente. era um peso para todos. As crianças jií estavam crescidas. Além disso. já

A cena parece até um pesadelo! Seria possível que tal coisa ainda viesse a ocorrer? Fa7. lembrar uma cena entre bárbaros pagãos, contada por um m issionário: quando comiam. apresentou-se o avô, deram-lhe as sobras e lhe disseram: "Em vez de estorvarnos. melhor seria que morresses; que faremos contigo?" E o velho, lembrando-se de ter tratado seu pai com maior dureza. deu-se por satisfeito, considerando-se feliz! Era costume entre os pagãos abandonar o velho, espccialll)ente na época de maior carência. Ele o sabia e, chegado o dia, submetia-se com resignação sem replicar. A Igreja, no entanto. converteu esses povos e eles aprenderam a ter o amor conjugal, o amor maternal, o amor filial! (cfr. R. P. Duchaussois - "Nos Gelos Pol(lres" - Vozes. Petrópolis. 1943).

Mas o que é afinal a eutanásia? A palavra é de o rigem grega e significa ..,norte feliz. ,nol'le boa". Na Igreja Oriental sign ificou mesmo '"a morte em es((Jt/0 de grr,ça". Porém, no Ocidente e em nossos dias, eutan{1sia significa "qualquer form(I de intervenção n1é<lica paN1 precipitar a morte. á fim de se l!vitar o soji-ime11to". Outras razões vão se lhe acrescentando e de início mais restrita aos casos tidos como irrecuperáveis, depois motivos de origem cugênica ou econômica. terminam por influir também. Em I. • de setembro de 1939, na Alemanha de Hitler foi a eutanásia regulamentada por decreto-lei, possibilitando que fossem eliminadas "todas as vidas que não mereciam ser <:onservadas". Este é o fundo do . abismo a que se pode chegar! Recentemente, um médico inglês fez declarações a uma revista médica, em que afirmava: "Todos aqueles que impedem de 111orrer os velhos a,acados de unw p11eu,11011ia são criminosos" (cfr. ''Le Point" n. 0 262, 26-9-77). É curioso notar como nessa afirmação os conceitos se invertem!

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Na vida moderna, essa brutalidade selvagem não é aparente, mas não se pode negar uma analogia. Faltará muito para que a cena imaginada por nós no início desde artigo se torne real idade? Talvez muito menos do que se pensa. Que fundamento moral existe para justific.ar o aborto? Há 10 ou 20 anos atrás muita gente o considerava aberrante. incapaz de se tornar medida legal em países civi lizados! Hoje, milhões de crianças, anualmente, são assassinadas. Elas não têm a possibilidade de sobreviver pois seus pais se tornaram juízes da existência dos filhos e decidiram contra eles ... Do mesmo modo, o que "justifica" a limitação dos filhos, o divórcio e outras aberrações, pode, seguindo o mesmo declive, <:aminhar

O médico pode vir a ser um carrasco. A medicina cm sua essência só admite intervenção na vida humana para cura r. Naturalmente, há intervenções que visam ao diagnóstico, as quais não passam de um exame. mas nestes casos, cm sent ido estrito, não se pode falar de uma intervenção médica. Desse modo aquele que pratica a eutanásia - agindo diretamente para matar - não o fa1. em nome da medicina . Será um ca rrasco, a que a família ou a sociedade outorgaram a tarefa de eliminar uma vida indesejável.

uma cidade moderna, corta os ares a

haviam contratado uma pagem.

sirene de uma ambulância que tenta at ravessar o tráfego congest ionado. Aos poucos se abre caminho e ela avança a toda pressa. Um,i vida está em perigo! Muitos se perguntam: "a quem

O q ue fazer? Cabia ao filho dec idir.

irá atender'?", ºo que terá acon-

tecido?" Em o utros tempos. talvc-, alguém até se lembrasse. de rezar algumas jaculatórias por um provável moribundo. Afinal a ambulância chega ao endereço indicado. O médico é recebido por um jovem casa l. A paciente é a mãe do chefe da casa. No quarto, a doente nem se dá conta da visita: está prostrada, s ua respiração é difícil e ru id osa; os lábios estão corados e ressequidos. Os cabelos brancos realçam um certo rubor da face enrugada. Sua temperatura é elevada. Explicam ao médico em poucas palavras que há tempos a "velha", já idosa e muito adoentada, quase não se levantava da cama ou pouco saia do quarto. Vivia triste. Resfriara-se na noite anterior e apresentou tosse e febre naquela tarde. O exame rápido mas cuidadoso levou o médico a concluir seu diagnóstico: pneumonia! Já na sala, expôs ao casal sua opinião. Era grave o caso. Além do mais, naquela idade. qualquer medida lhe parecia ineficaz. Haveria necessidade de internação, as despesas seriam muitas ... e então com fria delicadeza propôs-lhes que aceitassem os fatos... era conveniente ,q ue evitassem maiores sofrimentos à doente. Seria preciso que ass.inassem um formulário autori1.ando a eu tanásia! Esta autorização era uma praxe instituida, quando a lei foi regulamentada, mas tendia a ser abolida.. . O médico deveria vir a ser o único a decidir! Marido e mulher olharam-se meio indecisos - e não muito impressionados - afina I essa medida já era moda! - Há tempos a anciã não podia mais prestar nenhum

6

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• • * Outra questão a que nos referimos de passagem, é a tentativa do

Numa me,sa de ope·raçio, por vezes• vida está por um f io. O nêOpaganismo moderno pode in· duzir o mbdico a agir como carrasco e não como sal·vador do pacionto.

xando contudo o paciente suficientemente lúcido para enfrentar a questão magna de s ua vida - preparar-se para se colocar diante de Deus.

Esse estado da alma do homem moderno rcílctc seu cspirito cético. frustrado em su.1s aspirações mais profundas. exata mente porque voltou as costas a Deus e a Sua Lei.

• • • Hoje cm dia procura-se fugir. não tanto da morte. cuja inevitabilidade é aceita com fria resignação. mas de tudo aquilo que a mo rte sugere: a dissolução, a desagregação, a dor. lodas as sensações e penurbações desagradáveis que a acompanham. Só isso parece assustar o pagão moderno! Mas para quem tem fé. sabe que pode curar-se de seus pecados e go1.ar da amizade de Deus, buscando os Sacramentos da Igreja e aceitando o sofrimento e a morte cm união com Nosso Sen hor Jesus Cristo. A lucidez no lance final de sua vida pode ser essencia l para a sua correspondênc ia às graças que Nossa Senhora lhe obtém para uma boa morte. Aí sim. verdadeiramente ele tcní uma boa morte.

• • • Tal como se fez com as medidas de controle da natalidade. o dívórcio e depois com o aborto - para não c iiar outras monstruosidades mo rais que têm direito de cidadania em alguns países. pelo menos do ponto de vista legal - procura-se agora introd uzir o problema da eutanásia sem levantar os aspectos doutrinários. Não se indaga se a eutanásia é uma medida lícita ou ilícita, se é moralmente condenável tanto do ponto de vista religioso quanto do Dire ito Natural. Procurasc. isto sim. a titulo de amostragem, ouvir a opinião de algumas persona lidades, geralmente com posição

LUIS DUNCAN

(IJAfOLilCB§MO MENSÁRIO com aprovação celC$iástic.a

CAMPOS - ESTADO DO RIO Díretor

Paulo Corrê-a de Brito FiU10

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usteri Q.,_,...,e e requinte , . • na vz .J'..,a monastzca Quanto engano! Ê exatamente neste mosteiro - casa-mãe da Ordem austera e venerável dos Cartuxos - que se fabrica um dos mais quintessenciados licores que já se produziram: o famoso "Chartreuse", apreciado universalmente pelo seu sabor requintadíssimo, quase espiritual.

M MONGE REZA recolhido. Passa ele nesta cela, na solidão, a maior parte da vida. Aí reza, medita, estuda e sofre; contempla e combate as tentações. Raramente fala. Seu regime é de silêncio quase a bsoluto. Sua refeição é frugal e jamais comporta carne. 1nterron1pe o sor.o noturno para rezar o Ofício Divino e permanece e,n oração até as duas horas da madrugada. Após transpor os umbrais cto 1nosteiro. nunca n1ais torna contacto

U

tera e de privação pode ajustar-se con1 o bon1 gosto, o requinte e a degustação dos sabores da vida? Pode a virtude harmo ni zar-se co,n o prazer? A penitência com a alegria? A mortificação com o ben1-estar? Não são n1odos de viver q ue se excluem?

Um progressista - vangloriando-se freqüentemente de con hecedor dos fenômenos psiquiátricos sociológicos - talvez imaginasse esse estilo de vida gera ndo homens neurastênicos, atrofiados, incapazes de degustar os sabo res da vida. Para a formação de tal idéia talvez contribuísse certa figura deturpada de Sacerdote que se apresentava nas últimas décadas ante riores ao Concílio Vaticano li.

A origem do "Chartreuse" perdese na noite dos séculos. Em sua elaboração entram ervas e flores perfumadas de 130 espécies diferentes. A recei ta é un1 segredo bem guardado desde sua descoberta, e1n 1605, na "Grande Chortreuse", no coração das montanhas. Em n1atéria de licores, talvez o único que possa concorrer com um "Chortreuse'' seja um "Benedictine'', destilado pelos monges de São Bento também há séculos...

Quando a civilização católica envolve as almas com sua luz, os contrários harn1ônioos mais surpreendentes podem surgir: pobreza e beleza, austeridade e amenidade, combatividade e doçura. Banhados por essa luz descida do céu, os Cartuxos, tão mortificados, destilaram un1 licor que nenhu1n homem moderno empenhado na procura desenfreada dos prazeres da vida jamais conseguiria elaborar. Porque os Cartuxos não procuravam o prazer, mas antes a Cruz, o Reino de Deus e sua justiça. Por isso, o resto lhes foi dado por acréscimo. E o simples resto, vindo de Deus, supera tudo o que pode o engenho humano.

A "Grande Chartreuse" ostá encravada nos Alpes francMes. No inverno, cobre-se de um manto de neve.

Nesta dMtilaria fabrica,.se o Cha:nreuse verde {o "licor d3 saúde") ou o amarelo (o "rei dos licores.. )

com o inundo: sua clausura é perpétua. Assim vive na "Grande Chartreuse", un1 monge da Ordem.de São Bruno ou Cartuxo. Encrustrada na encosta quase inacessível de uma ,nontanha dos Alpes franceses, a Grande Cart uxa forma um conjunto magnífico de construções harmônicas que apontam para o céu. A vegetação luxuriante a envolve como un1a amurada, acentuando ainda mais a idéia de isolamento, de ruptura com o mundo e união com o sobrenatural.

A vida nos claustros, toda vo ltada para a co ntemplação dos bens celestes, pode coadunar-se com o reto deleite das coisas terrenas? A vida aus-

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EM DEFESA DA COROA DE SANTO ESTÊVÃO NOVA YORK - A Sociedade Norte-americana de Defesa da Trad ição, Família e Propriedade (TFP) manifestou sua solidariedade com o povo húngaro e sua "profundo desaprovação" à decisão do Presidente Carter de entregar a Coroa de Santo Estêvão aos governantes comunistas. Em telegrama dirigido à Casa Branca, a TFP dos Estados Unidos observa: a Coroa de Santo Estêvão é ",1111 sfmbolo represen1arivo da glória e da grandeza de unia nação ca16/ica que foi infelizmente submergida na 1naré cornunista". E acrescenta: "Em solidariedade com aquela nação, a TFP expressa seu completo desacordo com a entrega desse glorioso diadema do Rei Apostólico aos opressores e perseguidores da Hungria. A TFP aponta a contradição completa 110 propugnar uma polftica de direitos humanos e, oo mesmo te,npo. entregar essa re/fquia da grandeza do Hungria ao tirano que o oprime. Seria difícil conceber uma violação n1ais flagrante dos direitos humanos do povo húngaro".

Sob chuva e frio, em Washington, pa~a salvar a Coroa A 29 de novembro, uma delegação de jovens colaboradores da TFP norte-americana, com suas capas e estandartes vermelhos, participaram em Washington da manifestação organizada por húngaros residentes nos Estados Unidos e Canadá, em defesa da Coroa de Santo Estêvão. Cantando hinos católicos e patrióticos e levando bandeiras húngaras e americanas, 1.500 manifestantes desfilaram da Casa Branca ao Capitól io. Nas escadarias do edifício foram pronur1ciados vários discursos exprim indo a indignação dos húngaros nqrte-americanos cm relação ao plano de Carter referente àquele símbolo da nação magiar. Os manifestantes permaneceram no loca l por duas horas, sob chuva cont ínua e com baixa temperatura de três graus. animados com a pre-

sença dos jovens colaboradores da TFP norte-americana. que não poupou esforços para evitar a entrega da sagrada relíquia aos opressores da Hungria.

«lrrideblt eos» A 6 de janeiro, o secretário de Estado Cyrus Vance concretizou a decisão de Carter, em cerimônia aparatosa realizada no Parlamento Magiar. Um porta-voz do Vaticano fez constar a aprovação de Roma ao ato, através de um comentário que vale por um sussurro ambíguo, e talvez ligeiramente envergonhado. E para demonstrar a todos que a Igreja concordava com a entrega da relíquia ao regime comunista e ateu, estava presente à cerimônia de entrega da Coroa o Cardeal Lazlo Lekai, sucessor - horresco referens - do heróico Cardeal Mindszenty. A esse propósito, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira comentou: "Ambos - Vance e Lekai como a bradar aos húngaros, aos

O nascimento da Hungria católica

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UANDO a Providência levou ao Paraíso a grande alma de Carlos Magno, em 814, a Europa ficou órfã. Em pouco tempo, a d ecadência at ingi u todo o Império carolíngio, tornando-o presa fácil das hordas bárbaras ori1.111das do norte e do leste. Entre estas, encontravam-se os terríveis húngaros, que se estabeleceram nas planícies da antiga Panônia. Mas os bárbaros fustigavam a

extirpar o paganismo e de condu1.ir seu povo à Religião verdadeira, Geisa viu em son ho um varão de m~ravi lhosa belcna que lhe disse: "O que pensas. não se executará por ti: tuas ,nlíos estão sujas de sangue humano: mas lerás um filho que cumprirá teu desejo; ele será do número dos eleitos de Deus e. após ter reinado sobre a terra, reinará e1er1w111e111e. E 111re((i1110 . recebe com honra Llln hon,e111 que virá exer-

fé católica , o Imperador Santo Henrique li deu-lhe por esposa sua irmã, Gisela, de grandes virtudes. Uma embaixada dirigiu-se a Roma a fim de solicitar ao Sumo Pontífice a concessão do título de rei ao chefe da nação magiar, e a aprovação do plano de criar dez dioceses no pais, com a sede metropolitana em Esztergom. terra natal de Santo Estêvão. Conhecedor de tudo o q.ie ocorrera, o Papa Si lvestre 11 não só acedeu a todos os pedidos. como conferiu a Santo Estêvão o título de Rex Apostolicus. dando-lhe a Coroa e uma Cru1. que deveria ser condu1.ida d iante do jovem monarca como signo de seu apostolado. No a no 1001, Santo Estêvão foi ungido Rei e após cingir a Coroa enviada pelo Papa. coroou Gisela Rainha. Por um vo10 parlicu lar, o Rei

A Coroa real nungara foi dada a Santo Estõvão polo Papa Silvestre li. no ano 1001

Europa, nela sabiam admirar os frutos da civili1.ação cristã. E os que venciam a ferro e fogo, fae,lmente eram vencidos pelo perfu me do incenso e pelas águas do batismo. Por isso, o fim do século X foi uma época de barbárie, sim, mas também de sant idade. Em 962, Oton li estabelecia o Sacro Império Romano Alemão. Em 987, Hugo Capelo fundava no reino dos francos uma nova dinastia, afastando os nierovíngios decajentes. A iníluência da Igreja crescia rumo ao apogeu de uma época, com grandes progressos da reforma dos mosteiros empreendida pelos grandes Abades de Cluny. Foi nesse contexto que se converteu um dos chefes bárba ros: Geisa, quarto duque dos húngaros, desde que eles se estabeleceram nas planícies da antiga Panônia, após fustigar a Europa durante um século. Desejoso de

cer junro a ri

111110

embaixada

espirilual e aprove;,a suós instru .. ções". Esse embaixador seria Santo Adalberto de Praga, adepto da reforma cluniacense, amigo de Santo Henrique 11, Imperador.

Também a duquesa teve uma visão na q ual Santo Estêvão, protomártir do cristianismo. apareceu-lhe e disse que ela teria um filho, o qua l seria o primeiro rei de sua nação. E o rdenou que lhe pusesse seu nome, isto é, Estêvão. E quando nasceu o menino, com esse nome o batizou Santo Adalberto. Cuidadosamente ed ucado, Estêvão sucedeu seu pai no governo da nação. O jovem duque aboliu a idolatria, el'igiu igrejas e mosteiros, promoveu por todos os meios a conversão de seu povo, sempre sob orientação de Santo Adalberto ou dos monges beneditinos que para lá levara. Para facilitar sua perseverança na

colocou sua pessoa e seu reino sob a proteção especial da Santíssima Virgem. Por isso. até hoje os húngaros chamam a Mãe de Deus simplesmente "a Senhora", ou "Nossa Senhora". E a este apelativo inclinam a cabeça e dobram o joelho. Entre as belas igrejas que Santo Estêvão mandou erguer. a mais magnifica foi dedicada a Nossa Senhora, em Alba Rea l. Santo Estêvão honrou a Coroa não só pelos atos de piedade e pela conversão de seu povo. Ele expandiu a fé dilatando as fronteiras de seu reino. Em 1002, seu tio Giula, duque da Transilvânia , ameou a Hungria diversas vezes. Estêvão marchou contra ele, prendeu-o com a família e anexou seus Estados à monarquia magiar. Do mesmo modo, venceu e matou pessoalmente Kean, d uque dos Búlgaros. Ao lado da bravura. nunca faltou a justiça. Protegeu os fracos e estimulou-os a abraçarem a fé católié.a. As instruções que deixou a seu filho Santo Américo, sobre a maneira de bem governar, constituem um verdadeiro código para seu povo. Pouco antes de morrer, em 1038, Santo Estêvão colocou a Coroa sob a proteção de Nossa Senhora, pois seu único herdeiro, Santo Américo, falecera também sem descendência.

A presença da TFP norte-americana marcou a manifestação dos húngaros r&sidontos nos EUA diante do Capitólio, contra a entrega da Coroa de Santo Estêvão

olhos de Deus, do mundo e da História: "A Igreja e os Estados Unidos apóiam que vossas cervizes de batizados, e com elas os vossas glórias de povo soberano e cristão. sejam esmagadas pelos co,nunislas proc<5nsules de Moscou''. Es1on1os certos de que incontáveis húngaros, dentro e fora da Hungria, de sua parte replicaram a esse brado. nas lógri,nas da indignafàO: "Santo Estêvão. rogai por nos". No fundo da alnia, incontáveis brasileiros - parte <los quais adormecidos pela apatia que vai invadindo os setores ,nois sadios da opinião - dizem o ,nesmo. Essa sriplica não terá subido ao

,os comunistes.

Céu. e111 vão. Introduzindo a relíquia na Hungria, Kadar criou uma circunstância precioso 11ara que seja ainda mais ardente o intercessão de S"11to Estêvão por seu povo. Com o auxilio inadvertido de Carter e de Paulo VI. entrou na Hungria a coroa-sfmbolo. a coroa-relfquia. cuja presença poderá talvez atrair para o pafs legiões de Anjos, e rios de graças, de modo a que o povo húngaro sacuda o jugo sob o qual jaz. Meu pe11sa1nento se volta para os artífices do volta da coroa. E uma frase me vem aos lábios: "Qui habitat in coelis irridebit eos". Deus se rirá deles: di-lo a Escritura (Ps. 2.4). "lrridebit": é bem a palavra!

TFP chilena pronuncia-se sobre o plebiscito - 75% votam ''sim'' SANTIAGO - Nas vésperas da Consulta Nacional convocada pelo governo chileno a propósito de uma resolução da ONU - na qual 75 por cento da população votot1 SIM, manifestando seu apoio ao sistema vigente naquele país - a Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, família e Propriedade (TF'P) publicou um manifesto intitulado "Sobre a Consulta Nacional - A TFP aos amigos e simpatizantes e m todo o pais''. Nesse documento a entidade recomendou que os chilenos votassem SIM , "atendendo à Salvação Pública, que é a suprema lei". Eis os principais tópicos do manifesto da TF'P a ndina, divulgado às vésperas da votação, pe.los principais órgãos de imprensa daquele pais: " Desde o lançamento de "A lgrejn do Silêncio 110 Chile - A TFP proclama a verdade inteira", acolhido no que di1. respeito à opinião nacional com o maior entusiasmo~

nossa entidade praticamente não formu lou novas declarações públicas. "Tal abstenção se deve principalmente a que, tendo assumido a TFP como tarefa específica o combate à penetração comunista nos meios católicos, sua posição sobre esta matéria foi apresentada tão ampla e concludentemente no referido livro, que julgava que durante um bom tempo não seria necessário manifestar-se a este propósito. "Com efeito. parece is TFP que inclusive entre muitos chilenos mais próximos à Hierarquia eclesiástica. não restam ilusões acerca da lamentável orientação dada à opinião católica pela maior parte dos dirigentes da Igreja. "É necess:u·io assinalar também que, posterio rmente;\ publicação de "A Igreja do Silêncio no Chile" e das declaraçôes e medidas injustas provenientes do Episcopado a propósito deste livro, a linguagem das autoridades eclesiásticas tornou-se bem mais prudente. o que contribuiu. por sua vez, para diminuir o alcance das tensões esporádicas q ue tiveram com as autoridades civis. "Entreta nto. agora se apresenta para o Chile uma alternativa de grande importância que induz a TFP a adotar uma atitude pública. "Com viva surpresa para todos. o Governo julgou oportuno convocar o País a uma Consulta Nacional, que coloca a nós, chilenos. nesta grave opção: "Ou se manifesta o apoio às autoridades nacionais, ou se rejeita tal apoio e nes1e caso se propicia implicitamente a eventual derrubada daq uelas au toridades e a té do pró-

prio regime. Sendo que tal derrubada significaria a completa "li beralização" da Nação. Quer dizer, nas a tuais circunstâncias, a concessão de inteira liberdade àq ueles q ue preparavam as vias para o marxista Allende e aos demais que nos conduziram, sob o allend ,smo, à destruição dos próprios fu ndamentos da liberdade, trazendo o caos e a miséria de funesta memória. "Em presença de tal alternativa, passando por cima de admissíveis objeções, e atendendo à Salus Populi, que é a suprema lei, a TFP recomenda a seus amigos e simpatizantes em todo o Chile que votem SIM na consulta do Governo.

" Isto posto, a TFP esclarece entretanto o seguinte: "Não tendo nada a objetar, em principio, contra uma consulta como meio de se averiguar o pensamento da Nação, lamenta, contudo, que ta) deliberação se realize a propósito da terceira resolução da ONU contra o regime c hileno. "Essa circunstância outorga ao mencionado organismo uma impor-

tância que jfl não é mais reconhecida, na prática, pelo que há de mais sério entre os homens de pensamento e ação no mundo.

" Máx ime quando no presente caso foi a delegação de Cuba comunista na ONU uma das principais impulsionadoras da decisão contra o regime ch ileno. "A existência de tal paradoxo desmoraliza o referido organismo internacional. pois não aplica sanções ,\ terrível ditadura castro-comunista e seus congêneres. cujas violações aos direitos da pessoa dão lugar a acusações escandalosamente mais graves que todas as que a ONU lança contra o regime de nosso país. "Basta,·ia isto para que nós, chilenos. negássemos à resolução da ONU sobre o Chi le q ualquer seriedade. "Finalmente a TFP chilena comunica que enviará esta declaração à ONU. para que o referido organismo tome conhecimento de que há incontáveis compatriotas nossos capa1.cs de ver esta situação com inteira clareza . "A TFP encerra, pedindo a Nossa Senhora do Carmo, Rainha e Padroeira do Chile, que ilumine a todos os chilenos, ajudando -os a d iscernir que o voto afirmativo nesta decisiva emergência é o único caminho para o País, dadas as circunstâ ncias atuais. - Alfredo Mac Hale - Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Chilena de Defesa da Tradição. Família e Propriedade".


NP327 - Março de· 1978 - Ano XXVIII

Diretor: Paulo Corrfa do Brito FIiho

Comunismo e pornografia para crianças

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A EXALTAÇÂO das revoluções russa e cubana como intérpretes das "necessidades e anseios do povo", "que já não podia suportaf tanta miséria e opressão" faz parte dos "ensinamentos" contidos no manual de História aqui reproduzido. Ele é destinado às crianças do 19 ciclo do curso secundário e largamente difundido em Portugal. Karl Marx, Fidel Castro, Samora Machel são figuras apresentadas como heróis

aos adolescentes portugueses, em " lições" ilustradas com prestig iosas fotografias e desenhos coloridos. J unto com a intensa doutrinação marxista e o elogio à subversão, uma onda de licenciosidade e pornografia invade os estabelecimentos de ensino, fruto da chamada "educação sexual". Nessas condições, que futuro pode aguardar o outrora glorioso Portugal? Página 4.

O CANAL DO PANAMÁ E A POLÍTICA DE CARTER O QUE ACONTECERA com. o estratégico canal do Panamá {foto)? O Presidente Torrijos, daquele país, {admirador de Fidel Castro) e o chefe de Estado norte-americano estão vivamente empenhados na aprovação pelo Senado norte-americano do recente acordo assinado em Washington. Também os russos estão interessados nessa ratificação, segundo a declaração do major Sarjei Yumorov, publicado no "Estrela Vermelha", órgão oficial do exército soviético: "Exatamente devido a sua localização privilegiada entre a junção da América Latina e o resto do continente - inclusive o cana l que permite os navios de guerra dos . Estados Unidos operar, simultaneamente no Atlântico e P.acífico - o canal deve ser considerado pela União Soviética como zona de prioridade". Numerosas personaliclades e correntes de opinião na América do Norte, contudo, condenam o tratado. A opin ião pública dos Estados Unidos manifesta-se apreensiva. Esse tema é certamente um dos problemas mais sérios que a administração Carter está enfrentando, cuja política é analisada à página 3.


A IMACULADA

CONCEIÇÃO

suas origens em PRIVILÉGIO especialíssimo concedido a Nossa Senhora, concebida sem pecado desde o primeiro instante do seu ser e elevada sobre todas as criaturas, sempre teve ardorosos defensores e notáveis devotos ao longo da História da Igreja. Mas foi na península ibérica, remontando ao tempo cm que Portugal e Espanha m.il · se constituíam como nações, que o culto da Imaculada Conceição floresceu e começou a marcar profundamente a aln1a de seus monarcas, de seus soldados e navegadores, como ta'mbém de seus poetas. Em Portugal a mais antiga referência a essa devoção da ta de 1320, quando o Bispo de Coimbra. D. Raimundo Ervrard, publicou uma constituição estabelecendo que a festa da Conceição deveria ser celebrada anualmente, no dia 8 de dezembro. Foram os Frades Franciscanos que mais se empenhara m nos estudos e pregações sobre o referido tema, aliás, sob a benéfica infl uência da Universidade de Paris. Em Belém, junto. à praia do Restelo. levantara o Infante Dom Henrique uma capela consagrada à Virgem. E era a Senhora do Restelo que concedia a última bênção aos marinhe iros quando eles iniciavam s ua aventurosa epopéia nos mares. Por seu lado, os navegad ores não se aqueciam da Augusta Senhora, e cm meio aos riscos e incertezas do oceano, costumavam entoar~ ao cair da tarde. o hino "Salve R,•gina" cujas notas, oriundas dos mosteiros medieva is . at ingiam então os :·,nares nu11c t1 dantes ,wvegados".

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Em 1549. chegou ao Brasil o primeiro Governador Geral. Tomé de Sousa, c uja csquadr:, trazia cm sua nau capitânca a Imagem de Nossa Senhora da Conceição. Em Sa lvador, então capita l da colônia, íoi edificada próxima ao porto a primeira capela. Nesse pequeno templo religioso. passou a ser veneradn a Imagem. e por causa de sua loca lização era a primeira " ser visitada por todos os que chegavam de viagem. A igreja primitiva íoi de molida no século XVI II. para dar lugar a outra . bem maior. cujas paredes íoram constituídas por pe-

dras artisticamente esculpidas crn Portugal e de lá trazidas para Salvador.

Portugal e no Brasil Compreende-se assim que a Senhora da Co nceição fosse escolhida como Padrocirn do Reino. com lrihulo ítnua l pago a sua Igreja cm Vi la Viçosa. Esse tributo, no q ua l csrnva rcprescnrndo todo o povo portuguê.~. era um sim, I de vassalagem à Rain ha do Céu e da terra. A consagração oíicial foi rcali· x.,da com o maior esplendor a 25 de março de 1646, tendo pa rticipado também a Universidade d e Coimbra. com seus mestres e estudantes. Eslcs. a partir de então. eram obrigados t1 p,·cstar o j uramento de defender a Imaculada Co nceição. Imagem de N. Sa. da Conc41ição da Praia : quando obtivessem qua lquer grau i d as mais célebres esculturas da Bahia, tra.zi. .1cadémico. Na época, passaram n da - segundo alguns - pelo primeiro Gover· circular a s nova s moedas n1andadas nOOor Gorai do Brasil. T om6 de Sousa. cunhar por Dom João IV. que tra1.iam gravada a efígie de Nossa dos nossos! Seguiram-se manifesta- Senh ora d,, Conceição. Moedas de ções do C lero. reunindo nos s ínodos ouro e de prata. que hoje poderiam diocesanos de Braga e Coimbra. ser tidas por meda lhas ... Foi dessas jurando defender a l maculada Conceição. O. João VI, restaurador da A 1. • de dezembro de 1640, Coroa portuguesa e cma ncipou~sc Portuga l. e a prirncirn primeiro Rei

A união de Portuga l com a Espanha. c m 1580. concorreu para maior gloriíicação da Vi rgem. Naquela época, já se realizavam as solenes procissões de 8 de dezembro, mas o Senado de Lisboa imaginou um modo mais excelente de assinalar a lembrança da subli me prerro- cerimônia religiosa a que assistiu o gativa de Nossa Senhora. Encami- novo soberano português. Dom nh ou a Madrid uma sugestão. no João IV . foi a fcsw da Imaculada, sentido de serem colocadas placas celebrada na sua capela real. no dia nas portas das cidades. proclaman- 8 daquele mês. Frei João de São do de forma duradou ra o grande Bernardino. Francisca no, proferiu o privilégio da Imaculada Conceição. sermão da Missa. relembrando a O Rei Felipe 111 respondeu favora- devoção "do grande Rei D0111 Jo,10 velmente à solicitação do Senado Primeiro. que ele riu•smo trasladou luso, cm carta de 8 de março de as hortJ.,; do latim parfl a lí11g11" 1618, dizendo textualmente: "Apro- por111guesa. t/tJL) ,w t·or1e acende11 vo muito a piedade cotn qu(! vos 1n11ila devoção tlt1 1nesnw Sn1hort1. 111oves1es e assim podereis exet·utar e O .for1issi1110 Dom N1111'Áfrares p,,. 11uti10 vos n1c11rrego q,.u• seja .\·en1 reir11 foi o primt'iro qt1t' /('\'llllfou dilt1çt1o ·•. i • lgn~ja ,,,,, Portugal da lmacu/(lda ' Os tempos eram bem d iícrcntcs Cun<·<'iÇ<io ··.

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por ptulroeira

pro/Nora d o ,\'''" Rt•iJJo. t: para J)L'f/J<'lll(II' e.,·.w, pil'dadL• dt• Por111gal. 1na11dou esculpir esse preito e j11ra 11u•1110 L'l11 li1111i11t1 de hronze. para 1nL·1111íria petene no ano de Nc,sso

Senhor J t•s11s Cristo de 1646. 6. • do seu lmpétio" ( 1).

A cidade de Salvado r cu mpri u, como capital d r, Améric" ponuguesa a ordenação real . colocando na fachada da Casa dos Governadores. ;1 inscrição que lembrava a obriga. ção a ssumida por 1:/- R<',r. e todos os seus vassalos. Ali foi mantida até 1898. ocitsião cm que foi reti nida devido a uma rcforn,a geral no prédio e ta mbém sob influência do

laicismo.

da Casa de Bragança.

jurou d efender a Imaculada Conceição mais do dois séculos antes da proclamação do Dogma. Uma pl"co registra o fato na antiga Cosa dos Governadores cm Salvador. então capital do Brasil.

JÃ EM 2ª. EDIÇÃO NOVA OBRA DE PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA fllil1ic, Cc,rrêa ele 0 /i,·eira

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Esgotou ,se em menos de 50 dias a primeira edição do mais recente livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: "Tribalismo indígena, ideal comunomissionário para o Brasil no século XXI" . Após sua publicação em "Catolicismo" (número especial de novembro-dezembro de 1977), a obra foi lançada a 5 de janeiro p.p. pela Editora Vera Cruz, em excelente apresentação gráfica. Esgotada a primeira edição, de 10.000 e xe mplares, a 25 de fevereiro, foi lançada a segunda edição, com idênt ica tiragem.

moedas que se serviu o Rei para efetuar o pagamento do primeiro tributo feudal à Igreja d e Vila Viçosa .

Além dos Pirineus porém. as heresias minavam a Santa Igreja. Um século antes, Lutero levantara o estandarte do livre exa me. e os fermentos do protestaptismo corroíam a Cristandade. Os portugueses não desconheciam tais perigos. Dom Pero Fernandes Sardinha, por exemplo, o primeiro Bispo do Brasi l. estudou em Paris tendo por co mpanheiros duas conhecidas figuras: Calvino e São F rancisco Xavier. Quanto se distanciaram, depois esses homens! Um entrou para a História como apóstata e heresiarca. o outro como apóstolo, Sa nto e padroeiro das missões. Mas Nossa Sen hora da Conceição protegia a Península Ibérica. Dom J oão IV estendeu mais ta rdc a todas as vilas, cidades e povoações do Rei no a recomendação de assinalar em lápide o compromisso de defender sempre a Imaculada Conceição, só deixando de fazê-lo se a Santa Igreja passasse a ensinar oficia lmente o contrário. Os d izeres a serem inscritos em latim e ram especificados pela ordem rea l. e tinham a segu inte tradução: "Inscrição destinada à eternidade. A lnwculada Conceição da Bem-Ave11111roda Virgem Maria. Dom João I V, Rei de Portugal, j11ntar11e11te com as Cortes dos Estados do Reino. e,n ato público ol>rigou-se 11or vo to solene o si e aos

seus reinos 1,;butários a uni censo

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Contudo. a placa volto u. Voltou cm cópia 'fac-sirnile" uma vez que a origina l encontravase danificada. A 25 de março de 1946, exatamente 300 a nos depois do histórico juramento de Dom João IV, grande man ifestação popular foi rea li zada cm S:, lvador para cclcbrn r o acon tecimento. Uma procissão conduzi ndo a Imagem de Nossa Senhora da Conceição dirigiu-se da cid ade baixa ao Pa lácio Rio Branco, cm cuja fachada foi recolocada a placa de bronze. tendo na ocasião discursado o representa nte do Governad or do Estado, Sr. Nascimento Junq ueira , dia nte de uma mu ltidão calculada e m 80 mi l pc.ssoas. A cerimô nia não foi apenas o eco de um longínquo passado. Foi também o pulsar de uma nova esperança. Esse eco. e ntretanto, não se fazia ouvir sozinho. Juntava-se à voz de Pedro, vinda da C idade Eterna. Com efeit o, cm 1854, Pio IX proclamara solenemente o dogma da Imaculada Conceição, para a legria de todo o orbe católico. Ressoavam também os cânticos dos peregrinos de todas as partes do mu ndo. que a partir de 1858 ac-0rriam ao Santuário de l.ourdes, na França, onde Nossa Senho ra, aparecendo a Santa Bernadette Soubirous confirmou com milagres e a segui nte frase aquela devoção há séculos tão arraigada no povo, português: "Eu sou a l111ac11lada Con ceição".

NUNES PIRES ( 1) Cí... Efemlridts (l(I Fugue.titJ dt Nosso Senl,oro ,la Conreiçii<> dt1 Prt,ia". de M onsenhor M:,1nocl de Aquino Barbosa. Salvador. 1970, p, 2 12.


DIFICULDADES PARA A ATUAL POLÍTICA EXTERIOR NORTE-AMERICANA A ADMINISTRAÇÃO Cartcr instalou-se c m Washington desejosa de levar adiante, entre outros pontos. quatro prioridades na política ex terior:

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Quando o Crucifixo é expulso... E,R))IÁl':!DEZ GIL é Presidente das Cortes mr Bspanlla, cargo que equivale. em termos brasileiros, à Presiâência do Congress.o Naclona l. Teve ele a dcsfa9atez de, dizendo-se e mbora 9atól1c9, mandar retirar o Sagrado Crucifixo de seu gabinete oficial de <!eseachos. Razão? "Não fedr os

mais com a Chi na comunista. A estrepitosa campan ha cm prol dos direitos humanos está dando numerosos sinais de exaustão. Prejudica ndo seriamente governos anticomunistas, especialmente na América do Sul, esta iniciativa ocasionou efeitos discutíveis nos países do bloco oriental. Sua se riedade e coerência foi posta cm dúvida, entre outras manifestações. pelo imporlante pronunciamento da TFP norte-americana. largamente distribuído cm círculos políticos daquela nação e dado ao conhecimento do público cm geral. O documento c hama a atenção para a esdrúxula prete nsão do Executivo norte-americano e de ccria·s comissões do Congresso de se transformarem cm ii rbitros infalíveis - espécie de Vaticano laico da a plicação dos direitos humanos nas mais diversas regiões do mu nd o. Além do mais, tal política não considera uma situação anorma l e extremamente grave a que está sujeito o mundo ocidental , que é o fato de sofrer uma agressão inte rnacional comunista - psicológica o u cruenta - exigindo pois. da parte dos ag,·cdidos. medidas excepcionais de defesa. O documento mos1rn ainda c1uc a administração Carter. talvez pela imaturidade dos burocratas recém-chegados a Washington, fc,·ia os amigos atingindolhes a soberania nacional, e agn\· dava os inimigos.

As medidas preparatórias da plena no rmalização de re lações com Cuba, levadas a cabo apressada e espetacu larmente, também sofreram uma estagnação. Ponde ráveis setores da opinião pública norte-a mericana. não inteiramente dominados pela fcbríciiação distensio11ista. assistiam , e ntre desconcertados e indignados, à aproximação de seu governo com um regime. que é o promotor de uma política imperialista na Àfrica , mediante a qual são desrespeitados os d ireitos humanos mais fundamentais. A presença dos janízaros de Moscou no continente africano parece não repugnar aos estrategistas da política exterior da maior 1>otência ocidental.

Na longa e calculada polít ica de gradua l aproximação com Pe-

Durante a Cruzada que cm 1936 levantou a Espa nba contra os comunistas, estes, perfidamente. não pouparam c m sua sanha sacrílega os Crucifixos que encontraram. Todo tipo de abom inação foi cometido contra as imagens sagradas de Nosso Senhor. A História o atesta. Hoje, as coisas mudaram. São os sentilnentos ilos parla111entares que católicos que se apressam a expulsar não ,prójessem a religião católica ou Nosso Senhor de suas salas de que sejam ag,iósticos". despacho para "não ferir os Senti· O gesto, dê si tão }imbólico, o é 111e111os"... de agnósticos e comuainda mais naquela nação católica, nistas. outro(a ahaneira e combativa na O que se passou na Espanha de(esa da F.é. Que o PresideQte das Cones se após 1936'/ Que enorme rota~o de mostre .tão sol(ciro em não ferir a menta lidades foi preparada naque le susceptibilidade d e um punhado de país durante as últimas <lécadas para que se pudesse chegar agora a ateus - po.rq uc 6 deles que se t.rata expulsar Nosso Senllor de lugar tão - recém-chamados a participar da vida politica do país, e ao mesmo significa tivo, sem, que haja uma tempo faça tão pouco caso dos reação à allura? sentimcn.t os dos católicos que a li Ante o novo estado d e coisas que constituem esmaga dora maioria, é assim vai se delineando, há represenurp fato be m sjntomátlCO d e uma ta ntes da Hierarquia ecJcsiástica que nova menta lidade. Mentalidade que aplaudem essa impressionante transcomeça dominar a Espanhn, e para a formação das mentalidades. Outros qual a presença de Nosso Senhor, vão a inda mais longe e colaboram mesmo cm cn,cifixos, é indesejável. com ela. Há os que se omitem e O demônio foge da Cruz•. Não afundam num cômodo silêncio. Onse(á abrir-lhe o passo retirá-la dé seu de estã.o os Bispos que combatem o caminho? ma l?

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• Campanha decidida em favor dos direitos humanos; • Normalização das relações com Cuba; • Assinatura do novo tratado sobre o Canal do Panamá; • Relações diplomáticas nor-

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"Hoje o Canal do Panamã. amanhã Formosa": protestos em Washington contra a entrega da est rat6gica via interoceãnica cobiçada pela RC'.lssia

quim - concomitante ao paulatino abandono de Formosa - os choques produzidos ao público pela perspectiva do covarde (qualificados por muitos de traidor) abandono de 16 milhões de chineses de Taiwan às garras de um bando de q uatro ou de quarenta que dominam o regime do continente, parecem ter determinado nesse processo uma cadência mais cautelosa. E o novo tratado do Canal do Panamá , objeto de cerradas- polêmicas, de duas e fundadas acusações de opositores, constitu i. nestes dias, o maior espin ho na garga nta

dos homens do governo norte-americano. Negociado o acordo num c lima de euforia. com impressionante núme ro de chefes de Estado americanos presentes em Washi ngton para a cerimônia de assinatura ,

revclou--se um fracasso nas pcsqu i-sas de opinião. Continua o tratado fortemente contestado pela maioria dos cidadãos dos Es tados Unidos. Inúmeras comitivas e e ntidades compostas r>or políticos de renome e personalidades iníl uentes d ispõem-se a evitar sua ratificação pelo Senado, a qual ex igirá 2/ 3 dos votos, isto é, 67 senadores favoráveis. Compreende-se com facilidade a lguns dos motivos alegados pelos opositores do tratado. Como poderá ser preservada a segurança americana e, por conseqüência, a segura nça do mundo livre se, no futuro, a estratégica via tra'nsoceânica for entregue a um governo cujo chefe não esconde sua simpatia em relação a Fidel Castro' Todos estes fatos provocam explícavelmente muita infornformidade no público norte-americano, tão desejoso de part icipar das a tividades po líticas. E que, já por hábito. gosta de ter a impressão de estarem suas opiniões sendo tomadas cm conta . A própria AFL-CJO - a giga ntesca central aglutinadora dos sindicatos americanos - manifestou, rcpct idas vezes, seu desacordo em relação a várias ações do

Executivo. que favoreciam nações comunistas ou propicia vam melhores co ndições para a expansão do credo vermelho no mundo.

Numa aná lise de fundo da atua l situação americana. não é difícil conjeturar que esse conjunto de acontecimentos corresponde a um acentuado revigoramento da opinião anticomunista. É fato sabido que os governan tes norte-a me ricanos costumam ser muito sensíveis às variações do sentime nto popular. O Presidente eleito, cm primeiro mandato, ê habitualmente o can-didato natural à reeleição. Também deputados e senad ores rrocuram ca ti var a simpat ia do público. Uns e outros contam muit o com as opi-niõcs de seu eleitorado relativas à política exterior. É conjeturável, portanto, que o arrefecimento de muitas iniciativas esquerdistas do governo devam-se, cm parte, a reações verificadas no público noneamcricano.

Talvez venhamos a assistir. cm futuro próximo . a amplas manobras de opinião pública destinadas a dcsínnar os bolsões de inconfo rmados, fatores de desgaste para as iniciativas censuráveis com que a administração

Cartcr iniciou sua

política exterior. Que m sabe se a discriminação da força desse bloco inconformado dar-se-á pelo virtual congelamento de iniciativas esquerdistas, aliadas a algumas ações de

mati z anticomunista'? Mas in icia-

tivas essas destinadas a amortecer a vigilâ ncia do referido público reca lcitrante, com vistas a torná-lo mais receptivo a futuros avanços na -di reção dos passos iniciais do atual governo de Washington? Sem dúvida . será esse um dos dados fundamenta is para uma análise correta daquilo que será a política ame rica na. e m futuro próximo.

Pl:RICLES CAPANEM A

Com grende aparato 6 assini,do o tratado sobre o Canal do Panamã. Por6m, um número croJÇonte de none~americanos vêm so op0ndo a sua ratificaçio. Sentados da 8'Squerda para a direita: Cartor. Orfila (sec.ret6rio gerei da OEA) e Torrijos.

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... a Pasionaria é "uma honra" A tristemente célebre 1'Pasionaria~, que durante a guerra civil espanhola sobressaiu pela insaciabilidade de seu ódio ao tortura, a1é a mo,re as vitimas que lhe caíam nas mãos, foi rcce bjda como. deputada às €ortes espanholas. E acolhida como se fosse uma simpática e pac(fica anciã. Hemándei, Gil, o mesmo que julga incômodo a imagem do Cruci. ficado, p1oclamou, ao receber a "Pasionária", que era "un,a honra tê-la na Gámara". E o Presidente do Ca.nselho de Ministros, Adolfo Suaré~ aco.rreu sofregamente a saudar a <leputada comunista, que chegara há pouco tempo da Rússia, tomando ele mesmo a iniciativa de a cumprimentar, pojs ainda não tinham sido "apres~11rado$''. Diga-se de passage.m que·a velha militantecomunista não se retratóu de um só de seus inúmeros e requintados crimes. Enquanto isso. a televisão espanhola faz p'r opaganda da Presídente do Partid..o €ómunista, a qúe)n níío mais chama por sita conhecida alcunha de "Pasíonaria", mas apresenta-a co.m o a ''senho'ra D.olóres

A presença de "Paslonaria'' foi QOnsidorad1 "ume honra" para as Cortes, do cujo '8fio o Crucifixo f oi retirado

primeira medidà: estavam já adiantados 'os estudos de um proJeto de lei estabe)ecendo o divórcio na Espanha. Aliàs, é o que se poderia csp.crar de um cató)ico que dá precedência à lbárr,uri". "Pasionaria" sobre o Senhor Cruci© q_ue a vioJência,dos cemunistas não co)lseguiu, sua astúcia o está ficado. obte11do. Mas. perguntará a lguém: e Um tapete sobre os bons catóhcos, os verdadeiros a Espanha católica antieo)nunistas? [nfelizmentc estes têm se mostcado na Espan ha bem menos sagazes do q uc e m 1936. TuA Revolução não quer acordar do se passa ca1110 se a maio.ria de tais a~ reações, quer adormecê-las. católicos estivesse dormindo. E soO seguinte fato é representativo b..ce ela pesa a dolo.rosa Jamentação do q\le ~e passa. Na escadaria de de Nosso Sen,ho.r: ''Os filhos desre acesso ao Palácio das Cortes há, século são 1nais hábeis do que os dcs<!e 1943, uma lápide na qua.l se filhos da J!,u z" ~Luc. 16, 8). presta justa homenagem aos funcioAté quando, Senhoi:, isto será nários das Cortes assassinados pelos assim?. comunistas durante a guerra civil de 1936-39. Agora "a lápide foi cobe1·1a

Concessão à imoralidade com u111 1apete".

Na católica Madrid, um grupo d e mulheres realizou uma manifestação a fa'vor d~ libe.,rdadc pa ra pr-aticar- o adultério. para o dil(órcio e outras aberrações. Algumas d entre elas ostentavam com despudon1db orgulho cartazes dizendo: "Sou adúltera". © que fez o Sr. He rnández ©il, Presidente das Cortes, que ·se professa cátólico? Anunci9u-lhes uma

Esse tapete evidentemente simboli1,a um outro. muito mais vasto, com o qual se procura cobrir, para tentar lançar po esquecimento, toda a gloriosa História da Espanha. Na realidade, não foi u ma lápide, mas sim a Espanha católica que foi coberta com esse tapete. Acordará ela a tempo do vergonhoso sono que lhe fqi imposto sob esse taf)!lte de ignoml nia? GREGÓRIO

V. LOPES 3


A INFL UÊNCIA MARXIS TA ,_, E A CORRUPÇAO NO ENSINO POR TUG UES 1ese, que .,e opõe uma anlitese qul.! é o

tl<'<Jdêmico", dentre os quais uma proíes· um osno f<1z girar. e que o ltmçossem ao proletariado. Da luta <lestes dois opos- sora que só d,í boa nota "a quem diz ,w•r mar" (Me. 9, 41-49). tos resultará uma nova sociedade sem marxi.tta ou mtmife:uar idéia.. do ,•squndt,sse., ( ...] t1uc será a síntese rt'.' WI· di.,1110 exm·erbado" ( 10). Prostituição e drogas t<1111e do conflito entre n lese e a • "O Sé<"ulo ll11s1rtulo", de Lisboa antítese referidas" (p. 179). A meta final (25-10-75). apresentava a seus leitores a Na Escola Técnica Ferreira Borges, é a instauração de uma sociedade "Se/erão da Semana" de novos livros. de Lisboa. onde estudam a1unos a pare ir perfeitamente: socialista. advogada "de.,;. Entre estes. vinha ..A educa('Õó "'" Cubo ele 10 anos de idade, foi d istribuído o tle Cristo 11 Karl Moo:, passando /Jc>r - o tipo dt• e,/uf·1i('tio do futurt, ". in<Juérito "Sex11alidadt", elaborado pelo Owen Pourier. Proudl1011 e Louis "Um dos ideais da sociedadt• conumis-- médico Tito de Morais. Os alunos Bla11t·" (p. lSI). Conselhos do ditador cubano ta dizia a propaganda é a deveriam responder por escrito às 1>er· Sobre a revolução cubana. não é dt:soparirão t•111r,, t) lrllballto mmwal e o · suntas formu ladas. O inquérito. com a aos meninos portugueses menos facciosa a versão oferecida às buele{·tual (sic). O esulfltmte filho do a1cgac;ão de investigar doenças ~exuais • escolas port uguesas: após a sujciÇc~O ao burguê., (na Cuba anterior a Fidcl Cas- conc ra a naturcz.a. nas várias idades da Ê exatamente assim. por exemplo, a Cartaz. da tntornacional. Uma das incontávei, ··colonialismo tradicional e sem mdscor,, tro) ret·ebitl tud(): o roupt1. os Sttf)álôs, a vida, enu,ncra descritivamente um,, série ilustra,çõ&s comunistas quo enchem os livros antologia "Nascer-2", de Alzira Cabral do.,; Espanhóis... o povo cubano passou a escoleros portugues.es. Lourdes Pelotte e Fernando Cruz (3). ser ··explorado e oprimido pelo capita• alirnentoç,io. Nunta J)(lftiâptiv{I 11a pro- de aberraçõe-s. quase a sugerir sua destinada a estudantes do 2• ano pre- /ismo ( ...] i111er11aâo11a/" (p. 298). Só duç,io de 1w11/wm b<Wl moterilll l' olltttva prf1tica. A revista "1kção Médh'a" paratório (no Brasil 6.• série do I.• cm 1956, Fidcl Castro, "i11terpre1a11do as com desprezo 11s mãos sujas d<>bturo e que circula quase: exclusivamente entre SIMPLESMENTE' mons· 11s <'l11nh.as stuulas pelo trabalho", médicos - não ousou transcrever na truoso que nds. alunos. te- ciclo). Ao lado do clássico "Todo-o- nectssidotles e anseios do povo de Cuba. • Não podiam os promotores da íntegra o referido inquérito ( 14). A nhamos que 1/ecoror frases mundo e Ninguém". de Gil Vicente, vem que já não pótlia :mpor1ar tonta miséria revoluçào portugue~a esquecer as 900 Secção regional da Ordem dos Médicos ideológicas dum Samora Machel. que um "Diálogo com os meninos", de Fidel e opressã<>". iniciou a luta armada. O mil crianças que freqüentam a escola condenou o inquérito como "'ciemift· está nesre momento torturando e ma- Castro (4). do qual transcrevemos a lgu- povo. então. "aderiu a Fidel Castro e primária no país. Diversos ..cursos de rc· comente t rrtJdt>", e ..desrespeitador da frases, sem lhes alterar o péssimo entrtw par,, t, gunrit1w·· (p. 299). Vito· umdo o.r nossos /amili<,res" - escrevia mas cielagem.. íoram promovidos para ..a. lei e da moral", constituindo '"i111romis~ portugu~s: rioso. Castro "nos pout·os/ol c1>mpree11- tualizar.. seus mestres. Em setembro de são desregrada 110 mwulo psko-flsio· ao jornal "Barricada" uma aluna do Liceu Camões. de Lisboa ( 1). E acrcs"Sois vós que tendes <1ue Jazer a dendo que s6 o tlerrubamenf(J do 1975. a um desses cursos compa receram lógico d<1 ,·ritmra. sus,·eptivel de pro• ccn1ava ser bem este sclJ caso, "pois verdadeira Revolução ( ...] Vol'ê.< 11ão capitalismo e a co11.s1rução dé wu<1 36 mil profesore., primiirios, dos 40 mil vorar trm,matismos importantes" ( 15). renho /ti os meus pai,t 11ess11 situação gostfiriam de visitar todos os lugares soâedtull.! socialista 110tleria dar ao povo existentes cm Portuga l. O curso foi já referida mesa redonda promodegradante, sem poderem regressar( ...)". onde combateram os revolw:ionârios? sua ,,ert.ladeira i1u/epe11dêm:ia politi· obrigatório, e durou 25 dias. Seu ob- vidaNapelo scnmn:'trio "O Tempo", de Em recente artigo. tivemos· opor- Ntio gostariam de visltor tt Sierrtt Maes- ca" (p. 300). jetivo oficial: ..aàuallzar <~ recidar os Lisboa. um dos líderes estudantis pre· E após uma ligeiríssima menção aos professores. de formo <1 lutegrtí•los 110 sentes apontou a prostituição nas es• tunidade de mostrar aos lcitore.s de tra? [ ...] já o ,o,irom falar na 'Reforma "Cmoliâsmo" como. a partir de 25 de Agrária?( ...] Se ,,océ.f mio pen·eberem a ''muitos fracassos .. da "longo t! penosa pro<·esso revolucioncirio em Ctlfso" ( 11). colas secundárias como '"estmulo a Na "reciclagem.. do ano seguinte. atingir nivtis verdadeirmnenl<.> al'1rmm1· abril de 1974, se procedeu cm Portugal Aritméri<:o também não compreendem a aprendizagem·~, termina com palavras ao desmantelamento do sistema de Reforma Agrária. Se não estudarem a de esperança: " Castro e o st•u povo entre o material did{1tico novo apre- 1es " ( 16). E o corpo docente do Liensino tradicional. Vimos que sucessivas Grtmtdtica, e um dla tiverem uma boa encontra-se numa fa.;;e bastante tulian• sentado aos professores prim:irios. es- ceu do Aveiro segundo notici::i.va o ondas de demagogia. agitação e violên· idéia a propor <IO governo rew,luâo~ tatla e promissort1 da construção so· tava o famigerado livro "C11mo .,.,. fo· "Jor11lll da Bairrada", de 13-8-76 - deeia propiciaram o "saneamento.. da nário. tomo não sabem escre,,er. nós. 110 tia/is/(/" (p. 300). zem os bebês", de que adianlc falare- nunciou haver cm alguns liceus "pros• ábrirmos uma carta que está mal estriu,. mos (12). maior parte dos :intigos mest res tituição e fJrtÍfi<'â de dr()go. de qm· substituídos, o mais das vezes, por mio faremoJ caso dela". Seria possível p rosseguir indefinida- algumas profe.t,;oras dão o ex,•mplo··. docentes não capacitados - e criaram mente. na c11umeraçiio de fatos que As antologias "Colec1â11ea li" e No Porto, cursos de Russo? Sem dúvida, os fatos acima cxposnos meios estudantis o caos gencrali· "Colec1â11ea Ili", de Júlio Martins. atestem a iníluência marxista no ensino 1os chocam o leitor brasileiro. "Mas. 1...,1.do. ambiente ideal para a implantação Cecília Soares e Jaime da Mota (5) Apenas a titulo exemplificativo. apre- português. M~s ji1. 1>nrcce suficiente o ainda será as.sim? - perguntará ele. do novo ensino, bem ao gosto dos igualmente trazem par a par .. poemas.. sentamos a seguir alguns fatos que q ue ftcim;i fico u ex posto. Após o afastamento de Vasco Gonçalcomunistas. Apresentaremos a se~uir de guerrilheiros africanos~ de socialistas permitem aquilatar o grau de iníluên· ves, as coisas não terão melhorado?" alguns aspectos desse novo ensmo, e comunistas modernos e bcJos trechos e ia que o marxismo logrou obter nas Para crianças, !; bem verdade que o clima de imposto ditatorialmente aos portugue- de Carnõc:s, Eça, Herculano ou Bcrnar· escolas lusas. agitação permanente. e a ditadura marses. e d o qual é íruto sintomático o dim Ribeiro. O tradicional soneto "Al• Sintoma interessante dessa inílu · literatura pornogrãfíca xista nas escolas acabaram por saturar drama dessa pobre menina. ma minha gentil que te pt1rtiste", por ência nas Universidades íoi a abund:in• os próprios alunos. Sinal evidente disso Outro aspecto digno de nota é a é que, de a lgum tempo para cá, na exemplo. é posto cm ··colel'tó11ea li" eia de cursos livres de orient...1ção rnarxista. O "saneamento" da lado a lado com "Gró11dola, Vila Mo- Assim, cm dezembro de 1974. a F.iculda- nagrante imoralidade que: vem gras· maioria das eleições livres para dire· rtnau. do subversivo de extrema CS· verdadeíra cultura lusa torias de associações estudantis, a vitóquerda José Afonso. ria quase invariavelmente tem cabide> à$ coligações não-comunistas. Bem entenEm su.> coluna habitual de "O /)itJ". Luta de classes e dido, o PC ainda dispõe de redutos de Lisboa (15-7-77), o conhecido jornaintocáveis, mas aos poucos vai perdendo lista Adelino Alves exclama "RisL·t1ram díalética marxista presidem o controle, antes total, das referidas do ensino â Hi.,tória de Portugal!" E, o ensino da Histõría associações. pa.-a fundamentar tal afirmação. trànS· Não obstante, é preciso reconhecer crevc trechos do atual programa escolar No tocante a outras disciplinas, que, fundamentalmente o ensino portu· oficial, para o qual, cm 500 anos, a também vai mar aluo a marxisciz.ação gue:s n5o mudou nos últimos três anos. nação lusa só teria exJ)lorndo econo- do sistema educativo. Exemplo caracteContinua ele cm 1978 o mesmo que era micamente suas colônias, nelas não rístico dela. no campo das ciências no período gonçalvista. Os professores vendo serão empreendimentos comer- sociais, é a obra de Fins do Lago e salvo um ou o utro caso mais ciais. "A 1íni<:o preorupoção que presidiu Maria J osé D ini1. "Ni.<rririn" (6), destigritantemcnlc: escandaloso-continuam aos awore.\' desu• P">groma - di1, o nada a jovens do 3.0 ano - cqUivalcnte, os mesmos; os livros e programas jornalista - foi o ,le dor <> trono ôs no Brasil. ao 1.0 ano do 2.0 ciclo. tampouco mudaram; e sobretudo não itléias marxistas''. Na capa, já vem uma estampa mudou o espírito com que é ministrado Não só a história do passado glorio- colorida de Mao Tse-tung. Textos do o ensino. so de Portugal foi supressa em proveito Pravda, de Engels, Marx e Lenine, são Diz•se que é próprio do processo das ideologias de esquerda. Já a 26 de citados com naturalidade a todo morevolucionário avançar dez passos, e março de 1975, c ircular da Direção mento. Na p. 175, sob o título "A voltar a trás nove. No caso concreto do Geral do Ensino Permanente, em a tcn• exploração do trabalho. a agitação ensino cm Portugal. nem se deu ele ao dimcnto a determinações do Secretário operária e a repressão pOlronal", numa trabalho de voltar nove 1>assos. Quando de Estado da Orientação Pedagógica, c.onccpç.ão inteiramente marxista. é a muito recuou dois ou três. e ei-lo já instruía todos os encarregados de biblio• luta de classes apresentada como o disposto de novo a dar mais passos para tccas a toma rem "com roda urgência" motor da História: a fre nte. O recuo aparente dos governos providências para o saneamento de "'Quem olhar a História e 0/ClltO· ffbl. rAIM' ÁI socialistas de Mário Soares teve por livros •·que ,,ão reuniam condições efeito. assim. dar na supcrficie ares de ideológitas. literárias ou térnicas para mente olhar para o passado da llumani·· tlade encomraró a s<>riedade dividida em normalidade à revolução profunda que t·ont inuarem ll ser dados ti le,.,ura·· (2). classes logo a pnrtir da Pré-História. " Aqui se radicou o Comando geral do Cho Guov.era o a lnsurroiçio", Ena propaganda da rc· 'segue seu curso. Entre os livros expurgados e votados à ( ...] Mas em qualquer momento pode- volução cubana ilu$tO um livro de Hist6ria dos mais usados no ensino, em Portugal. destruição - sempre d iante d e duas mos di.,~inguir [ ... duas ~lasses fim; • • testemunhas. prescrevia a circular damenta,,f q ue [ ... .,e opoem um a ti ~ de de Letras de Lisboa abria inscrições pa• sando nas escolas de todos os nivcis. íiguravam não só a.s interpretações: ra os seguintes cursos extra-c:urricolarcs: desde o Vinte e C inco de Abril. "Aqui d'lil Rei! - bradavam ou"fascisias" do passado português ("Nis- outro". "De um lado. [ ... ] o grmufe maioria "/mtodução l, economia nwr.,·i.wo ... de Já nos cursos primários.. sob pre- trora cm Portugal os desamparados que 16, ia de Por111ga/", de João Ameai. "Os navios t1ué descobriram o m,mdo", dos[...) que trabalham e produzem ..,em 1;. Santos. "MatNio/isrno diolétiro''. de texto de educação sexua l têm ocorrido queriam vnler..sc d~~ justiça real. Aos poderem opropriar-s,, do produto inte· "Vidas Heróicas''· etc.), como também gral do seu trabalho: esu•s .rão os A. Ferreira. "A1t.•rnf,:sit'u e Re ,•Qluç,io em abusos inomináveis. A maioria dos portugueses de hoje. só cabe pedir a Hegl'I". de Carmo Ferreil'a. ··cam·<'ito estabelecimentos adotou. para uso de proteção de Maria S;:intíssim~1. Rainha cerrns manifestações de ··patriotismo e xplorados. Do óutra ( ... ] a p equeno d e Vifllético" e " O JJ('IIS(mll'lllO dt• 11c-.. c rianças de 7 a JO anos, o escandaloso de f>orcusal e brad:i ,·. de modo análogo, docntio.. ("' /fonra de Sér português··. minoria dos homens o favor tios quais gel", de Ba rata Moura. etc. (7). livro "Como se fazem ot l1ebês - Para implorando seu matcrn;il amparo. Só .. Virtudes da Raça". "Riquezas da Terra reve.fte o /JTOduto do trabalho que • Chegou a se aventar a possibi- ler. poro fazer" ( 13). Tal obra relata. cm E la poderá salvar um pais tão latncnPortugutsa"', etc.) e até mesmo livros àqt1eles é recusado: es1es s<i<> os e.tpl<>· lidade de professores do Instituto de tom de gracejo, todo o processo de t.a velmcntt atingido pelos erros <1ue ~1 religiosos e folclóricos. Letras de Moscou serem especialmente reprodução humana, e apresenta dese~ RUssia espalhou pelo mundo. Note-se que o diploma do órgão ,odores". contratados para ministrarem cursos de nhos de urna crueza chocante, com E conclui: "as duas classes fundo • governamental frisava bem: tais "saneaARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOO mentais [ ..• ] 110 sua <·oustanu• luta e Russo. na Universidade do Porto (8). â bund3nc ia de pormenores absohuamentos.. correspondiam apenas ..a uma • Livros e jornais comunistas foram mentc desnecessária para a intclecç,ã o do primeira fase"'. Posteriormente, haveria oposição de interesses. podem consitleror-se o motor do Ni.wdrio"'. e continuam sendo amplamente utiliza- tema. O texto e as gravuras têm o óbvio mais ... · !; preciso tomar cm linha de conta dos cm Portugal para a extração de cícito de despertar. nas mentes infantis. (1) ··MoJ;11ifieo1", de Brogn, m.:1io de 1976, que esse livro vem sendo adotado pela tex tos. Numa mcsa~rcdonda promovida uma curiosidade doen1ia. excitando sua (2) "'Diário de Norf<ios... Lls:bo:.. 18·2·7'7. Camões e Fidel Castro, grande maioria dos professores, e ex- pelo semanário ..O Tempo", de Lis- im;lginaç.."-io para coisas que nc1n estão (J) Pl5rnno f:ditoro. Li$bo:t, 197S. lado a lado (4) ··Noscn•l". Plátano F.di1ora. Li.sbo:1. 197S. prime bem - nõ-Jo assegurou um amigo boa, na qual tomaram parte d iversos e m condições de compreender. , pp. 130-131. português - a média dos livros didá- líderes estudantis. secundaristas e uniFilmes "educativos" sobre sexo fo. (S) l)id~tic.- Edi1ott1., l..is~. 197S. Com tantos livros "~ncados''. cum- ticos portugueses de após o Vinte e versitários, foi denunciado que textos ram projetados cm muitas escolas pri(6) Porto Edi1om, Porto, 197.S. pria preencher o vazio que deixara,n. Cinco de Abril. Essa é a ciência histó- procedentes de jornais esquerdistas, e márias. Tão impróprios eram e les para a (7) "'l)i(Jrlo Popufn,··, l.isboà, S- 12-74. Assim. desde a Revoluriío tios Cravos, rica que: aprendem os jovens lusos. até do "Ava111e" (órgão oficial do PC) assistência, que houve casos de crianças (8) "l)/4,lt> d~ Noríelo$"', L.isboa. 30·11·74. uma s<:rie de livros didáticos novos Mas~ prossegueq1 os autores da ºHis- "têm sitio .,·i.t1tw1t11icãmtmte utilizados seriamente traumati1.adas 1 e de pais (9) ··o Ttmpo". Lisboa, 24-·2-77. inundou o l'nercado. Havia-os de todos tória". foi Marx ··o primeiro P<'nsa- t"Om o maior das impunidades" em justamen1e indignados que ~,grcdiram os ( 10) ··o 1)/o", t,;,t,Qo, • ·l-77. (li) -o Slrutu Ilustrado .., l,isbo.'1, 4-10,7S. os tipos, de todas as correntes. como cfor que analisou cie11tijkamente [ ... ] escolas sceu11dárias (9). professores. autêntico reflexo do pluralismo ideo- esse t·omplicado processo hist6rico". • Em maio último. a Associação de impossível conhecer tais enormi- (12) " M11g,1ifieo,... Brng.a, ou1ubro de 1976. Oo Grupo Rt.'d::a1ori.al "lo e gli nhrr', trndu1.ido lógico vigente. Só não eram permitidos com o que demonstrou "'extraordinária Alunos do Liceu da éovilhã . cm nota dades. sem lembrar a terrível sentença ( 13) do it.ililno por Anlonio Jost M::is.snno, Uln'f:i· os verdadeiramente ant icomunistas. é lucidez e podrr de previsão" (1>. 179). oficial distribuída à imprensa. declarou do Divino Mestre: "Aqurle que e.,c1111ro Edi1oro, Lisbo.'l. 1975. c laro. Em seguida. vem ainda mais expli- formalmente haver naquela escola pro- <lalizar um tiestl>S pequeninos qw• crêem (14) ..Al'(Jo M t'dlen", Lisbo3, ~ctcmbro de 1976. Do ponto de • vista do ensino da cada a dialética his,órica nHlrxista: " A fessores "rl.!volurio,uírio.t. não t<'11d<> a ém A1im. m elh or lhe fora que lhe ( 1S} "A Copirar, Lisbo:1. 30-6-76. língua. por excrnplo, tudo mudou. Novas societlade copitali.t ta represenu1 uma mai<>ritJ tlel('.'i /Jfl!{1hrariio. J,ahi/i1a(1io mossem t m volta do pesco('o a mó qu'" (16) ··o 14·mtK>', Li:sbo:i. 2.s.2.11, gramáticas. novos livros de textos surgiram. As velhas antologias foram desaparecendo. e deram lugar a outras. cm que trechos de E,;a de Queiroz e Herculano, poemas de Camões e Gil Vicente vêm promíscua e confusamente mistu· rados com produções "literárias" de Agostinho Neto. Samora Machcl e Fidcl Cast ro.

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A FUMAÇA DE SATANÁS NO TEMPLO DE DEUS N

A ÉPOCA QUE precedeu o Concilio Vaticano li, doutrinas cspúreas eram aq ui e ali

afirmadas na I greja, sem entretanto

terem direito de c idadania. Os espirilos pouco talentos as considerava m mais como ex travagâncias do

c1uc como heresias. destinadas a rcnccer diante do repúdi o ou pelo menos da indiferença gemi. A época pós-conciliar, emrctan10 . provou quã o pouco perspicazes

de Praga . Reccnlemente roí e le adornado com a Púrpura card inalícia. Ora. o secre t{orio-gera l do PC tcheco, Gustav Husak, q ue se denomina ta mbém Presidente da República ~ parece ter se e111usi<tsnwtlo com a nomeaçiío cio novo Cardeal. Não só o autorir.ou a. viaja r <1 Roma para receber o cha péu - concessão rara nos países comunisrns - mas determinou que a embaixada tcheca na IHilic1 oferecesse ern sua honra uma recepção. Ass istida, diga-sc ·dc passagem, "por (1//(/s p erso1wlidt1des da Sm11t1 S é " (2) e por representantes diplomáticos de quase todos os países comuni srns. Mas não pense o lei to r que a qucs1ão ficou só nisso: ·· Ft110 nwi.\· nouível "inda foi a recepção que D. Tonu,sek <>fereceu , qu(l11do de seu re1or110 r, Pr(lga, em h onra "" chefe de L,s,ado e do gov,,rno ".

.•..-••. .., .

--. ...... ~

O governo comunista tcheco homenageou O. Frantisek Tomasek. Arcebispo do Praga, elo~ vado ao cardin.alato no 6himo Consistório.

cnun esses espíritos. As afirmações antes esparsas nos tempos e nos lugares, 1ornararn-sc habitua is e generalizadas. a extravagância tor-

nou-se regra, ,, heresia ganhou foros de cidadania. Mas o progressismo não p~lra. Novos passos são dad os cada dia no caminho do erro. Processo que os mesmos espí rilos superficia is tendem novamente a desdenhar. É. aliüs. a posição m,liS côrnod(1 . Não exige lut~, nem sacrifícios. Passos.

D. Arthur El$chin9or, Bispo do Estrasburgo. emprego uma linguagem dura oos católicos tradicionalistas. Para os muçulmanos. ele i· naugura a primeira mesquita da Alsácia.

"A1nor to,n t11nor se pa;:,t1", afir.

ma o velho d itad o.

desde j,i um Vaticano IH que viria otici<1li1,í -

Haverá maior escândalo?

los.

No Vietnã, D. Philippe Nguyen Kim Dien, Arcebispo de Hué. roi convidado pelos comunistas a opinar sobre um ··projeu, de ,•squema .te dedarat;àt1 exccu1 iva d<> l'C da pr<>vínâa de /Ji11h Tri Thie11" (3). O Arcebispo da a ntiga capita l do Império anamila íico u eufórico com a possibilidade de op inar sobre um "projel<> de 1•squ1•111a de dedar(lção executivo·· provi nciano e pronunc io u um longo discu rso de agradec imcnto. Eis s uas pa lavras: "Agr(ltk,ço dt• inu•diato 110 Co,nÍ/ê orgo11izatlt)r p or n,,, ter t·oncedido a honra c1,, panidpar desta rc•uniôo e dar n1i11/u, opinião··. (; choc,rn tc: um Arcebispo senti ndo-se ião honrado cm 1>an ic ipar cm u ma reunião de a teus de província! Prossegue: ··o /J{lf/ido e (1 rdigirio tinhtm1 até 11qui o htíbi10 de ('t11n i nlwren1 j untos". Que fa mi liaridade ao rcícrir-sc ao ··parrido ": tem-se a im pressão de que D. Dicn raz parte d o mesmo. De o utro lado. é escandalosa a afirmação de q ue o pa,·tido (citado cm primeiro luga r) e a religião não tinham o "/1tihi10" de cami nharem juntos: s ilencia sobre o fato gritante de que: eram "tué aqui" inirnigos de

cn1rctanto. que anunciam

Exemplo

carae1cnst1co

íoi

a

reunião de sctCrlla teólogos rca liza-

dt1 c m agosto de 1977 na Univer· sidadc de Not re Dame. nos Estados Unidos, in1 itu lada .. Nas 11tt,.ri111id<1· des d<> Vt11icmu1 I 11-- ( J). O relato da reunião foi dado em en trevista coletiva pelos Padres .Jackcs Ma rie Po hier (Fra nça), Hans Küng (Suíça), Pctrus Huizi ng( Molanda) c Joanncs Oaptist Meti. (Alemanha). Segundo u,is Sacerdotes. ho uve acordo unânime dos sc1c n1a panici1,a111cs c m d iversos pontos. entre os <1uais citamos: • É p ,·eciso reconhe1:er II va/j.. dtuh, do 1ni11is1ério da.-.· ig~jas prol(•s1m11e.t. O que, desde Lutero. até hoje. a Sa nw Igreja sempre repud io u.

• º·" IJÍ,\'J)os dev<•n1 ,çer eleitos a 11Ív('/ loc(I/. Portant o uma igreja

dcmocnhi<:a cm que o Papa teria.

ao q_uc r>arccc, unia função p1·esidcnc1al. se lanto. O <1uc :uc nta contra o caráter divino da rnona r-

qu ia papal. • J.<,w1111,11· "proihiçiio da con• 11·t1cep ç1io. Ou seja. ponas ;ibcrtas par,, a imoralidade debandada. • A t·e.,·Jo tu, so,·e,·dôdo p(lrlJ trs 111111/wre.,·. Asserção claramente contnírh, {, doutri na da Ig reja. expressa nas Epis to las de São Paulo.

Os Hierarcas da Nova Igreja l:nquanto se processa a "outodem olição d(I Igreja ... a ltos dig ni1,írios dEla prosseguem seu adiantado id ílio, sempre mais amoroso. com os regimes comunistas.

É sabido quão boas relações com o governo comunista da Tchecoslováq uia mantinha D. Frani isck Tomasck, Administrador Aposlólico

"ªº

opinião do Arcebispo sobre o tal esquema? Ei-la: "Sâ e11co111ro duas vezes o 1ern10 religião neste projeto", mas apesar disso " e 11 mefelici10 pelo espírilo do prt~;e,o". Contradição? Não. A razão de seu c.omprazimeri· to. D. Dien aprese nta logo a seguir: "Con,o o part iclo s, proclanw ateu. es1t1 si,11ples 111e11ção d(I religi<iO me JUtrRce jâ 11111i10 Stllisfotâria". Allo negócio para os comunistas! Colocam o termo "re/igirio" num projeto de província . e isto já é suficiente para q ue um Arcebispo o j ulgue "muiro salisf(l!Ôria", procurando atrair assim para o regime rundamcn1almcn1e ateu e antinatu1

ral o apoio da massa católica. Pior d o q ue tudo considera mos esta c hoca nte coníissão de D . Dien: " Qu(l11t/o os c(IIÔlicos es11io sa1isfeitos no que diz ,·,•spdto 11 .tu<J cren(.'o. el,•s serven1 o seu país co111 ardor e fa ze111 progredir II eco110111ia. [ ...]. É por isto. a/itís, que existe urna polí1ica de liberd(ltfq de crença". Ele sabe, pois, e proclama, que a liberdade de c re nça não é senão parte da política do part ido para levar os ca1ólicos a traba lhar pelo regime comunista. Portanto. assegurand o q ue os esq uemas comunistas são "111uito saiis/ntórios'', D. Dien emprega conscientemente em re lação aos fiéis seu prcst ígio de H ierarca da Igreja para persuadi-los a traba lharem a favor do comunismo. Em seu afã de quebrar as resis1.:ncias anticomunistas dos ca1ólicos o Arcebispo de H ué não recua sequer ante a blasfêmia, ao fa1.e r a segui nte co mparação: --os ca1ólicos co11siderá111 que <"ltda u,n deles foz 1)(Jr1e do Corpo Míslico tle Cri,<IO (... ] (ISSim ('Q /110 os {'0111111/iSUJS que esuio ligados l(l111bé111 com iodo o Cól11Ullis,no i111er1wdo11a/".

Qualquer um sabe que a ligação entre os com\misrns visa o mal, visa subverter a ordem natura l, e irnplantar um estado de coisas visccralmentc malcrialista e anticristão; portanto uma anti- Igreja a serviço de sarn nás. Como pôde um Hierarca comparar essa liga ção com os sagrados laços q uc unem os membros do Cor-po Mist ico de Cristo'? E o $Ínistro paralelo volta mais uma vez: as igrejas ".\~ão intocáveis. romo é i111u,·ável a sepu/11,ra de llo Chi-Minh ...

"Fumaça" ainda no Vietnã Em Roma, no Sínodo dos Bispos d e 1977, D. Nguyen Van Binh, Arcebispo da a ntiga Saigon, afirma q ue "noss<>s fiéis não foram prepa· rtulos para viver ern urna sociedade 11wrxis1a" , de onde é preciso ''(J definição de tuna nova pas1oral que pernzita <tos cristãos trazer sua pedro para a .:011s1ruçãa da sociedade " (4). Esse é o Hierarca que, conforme comenta o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira cm artigo na imprensa diária (5), "parece i111i1ular-se desinibid(l111e111e Arcebispo de Ho ChiMi11h". Por toda parte a mesma cantilena: é preciso fazer com que os católicos trabalhem cm pro l do comunismo. E essa árdua tarefa de "reeducação" dos católicos é tomada a peito pelos Pas1ores. Fazem a inda parte da Igreja Católica os que se dedicam conscientemente a essa tarefa de perversão das almas? Ou estaremos diante de uma Igreja-Nova, radicalmente contrária à verdadeira, mas vivendo dentro de sua am iga casa?

Islamismo, judaismo e idolos A Igreja- Nova parece ter setores bem definidos. Ao lado daqueles que se especializam na "autodemoliçilo" e dos que morrem de amores pelo comunismo, há alguns outros setores, secundários é verdade, mas bem ativos. Por exemplo os que se empenham em propagar a religião de Maomé e de seitas heréticas. /\ssim é que o Bispo de Estrasburgo, Fra nça , D. Arthur Elschi nge r, inaugurou cm sua diocese, cm setembro de 1976, a primeira mesquita _da Alsácia. A a legação feita pelo Pre lado para tão insólila atitude é a de que os cris1ãos não podem ficar "es1ra11hos aos valores religio.t<>.< do Is/li" (6).

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Enqua nto isso acontecia na Als,\cia, no Departamento de Côte D' Or os muçulmanos não tinham

Jesu íta rezo a Miss.3 em rito hindu. Na Índia, outro Padro celebra num tomplo pagão ornado com ídolos. a Igreja-Nova. ..

e

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-

O. Roger Etchegarav. Arcébi:q,o de Marselha, conhocido por sua posiçio esquerdista: ..As mesquitas fe:em uma falta cruel na França".

possibilidades de prestar seu cuho a Maomé. Que desastre! Apressou-se a resolver o problema o pároco de São Pedro de Dijon, colocando à disposição dos maometanos "uma sala de ca1ecismo si1uada a1rás da igreja" (7).

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O Arcebispo de Marselha, D. Roger Etchegaray está fortemente preocupado. Em sua revista diocesana publicou a seguinte declaração: "As 111esqui1as fazem cruel falia na França" (8).

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A que se deve essa febre islâmica do Clero francês? Não, caro leitor, não se precipite. Não é só o francês. Em março de 1977 realizou-se em Córdoba, Espanha, o li Encontro lslamo-Cristão (9). Presente, o Ca rdeal Arcebispo de Madrid , D. Enrique Tarancón, declarou que entre cristãos e muçulmanos "hd algo a comunicar e 1a111bé111 a recebe,... Ou seja, Nosso Sen hor Jesus Cristo não nos transmitiu a verdade inteira. Temos algo a mendigar a Maomé! E portanto foram inúteis os esforços de 700 anos de luta na Reconquista espanhola.

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Mas os "horizo111es" ecumênicos da Igreja- Nova são largos. Não se restringem ao maometanismo. Na abadia de Seanque, em Yaucluse, França, foi promovido em novembro de 1976 um colóquio islâmico-judeu-cristão. O Pe. Michel Lelong, do "Secretariado para as relações com o Islã" declarou ter ficado impressionado com a força tranqüila do encontro ( 10). Enquanto isso, um tal Ali Merad manifestou entusiasmo pela nova revista " ls/(lmochris1iana", publicada sob a égide do "lns1i1u10 Po111ifical de Es1udo Árabe", em R oma.

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E o ·hinduismo, por que não? Há lugar para ele nessa sarabanda de religiões? A revista "The Lai1y " ("O laicato"), de abril de 1976, publicada na f nd ia, informou que um Padre '}oi 1n11orizado a construir 11111 1e111plo indiano, e conservar aí " St1n1íssi1110 Sacramen10 cercado de ido/os " ( 11). Como se vê, na Igreja-Nova vale tudo ... Exceto a verdadeira e perene Fé católica.

intacta , e as atrocidades q ue vêm

public;c1111cn1e cometendo no Vietnã são de molde a deixar na penumbra o iorcionário Stalin. A re ligião'? Também não. pois q ue nos roí legada imutável por nosso Salvador. Então foi D. Dicn que mudou. E com ele todos aqueles eclesiásticos - quão numerosos. iníclizmen1e! que pelo mundo afora segue m a linha comunis1 i,.a n1e. O lei1or desejará saber qual a

G. V. L.

mor te.

/\ pergunta que fica é: quem mudou'? O comunismo? Não . pois este co n1 inua com sua doutrina

5

l ( 1) "Bu//e,iu CI CES', Paris, n.• 217, IS/ 9/ 77. (2) " I CI". P:oris. n.• 518, 15/9/77. (3) "L'/Jqmme Nouveau··. Paris. n.• 702, 18/ 9/ 77. (4) ··1cr. Paris, n,0 520. 15/ 11/ 77. (SJ "Folha tle S,io Paulo", de 9/ 10/ 77. (6) ··11111/e tin CI CES" , Paris, n.• 208. i.•/ 2/77. (7) ·· llivarol". Paris, 27 / 1/ 77. (8) ·'Rivarol", Paris, n.• 1363. 24/ 2/ 77. (9) ··1.,> Pigaro", Paris, l.º/4/ 77. (10) "/,e Figaro··. Paris. 1. 0 / 4/ 77. (1 1) " Qul/e,i11 C/ CES", Paris. n.• 217, IS/ 9/77.

5


Atualidades de aquétn e alétn cortina de ferro mundo livre, sendo urn dos mais

O segundo logro do trigo

Em meados do ano passado, estra- dos. O fato repercut iu logo na nhos fatos começaram a ocorrer no economia interna do país resultando mercado de cereais dos Estados no aumento do preço do pão. Os Unidos. Várias empresas européias, protestos da população não se fizea serviço de misteriosos clientes, ram esperar... As conseqüências passaram a adquirir sucessivas par- desse infoliz comércio maniíestatidas de trigo de firmas exporta- ram-se também nos países comdoras norte-americanas. As peque- pradores dos Estados Unidos cm nas encomendas - 200 ou 300 mil todo o m undo, onde o aumento do toneladas de cada vez - passavam preço do trigo somado ao do petróquase despercebidas. Mas íoram se leo contribuiu para acelerar a inOação. multiplicando... Notou-se também um inusitado · Em vista disso, as autoridades de movimento de embarcações, de pro- Washingtor1 garantiram: '"Tal Jato cedência francesa, equipadas para j arnais voltará ,1 acontecer". transporte de cereais. Subitamente, Os norte-americanos determinaconstatou-se que o mercado de ram que não seria vendido à Rússia fretes marítimo subiu de 15% em quantidade maior do que 8 milhões poucos dias. Algo estava aconte- de toneladas de cereais. Designaram cendo! Mas as autoridades norte- uma comissão de peritos na Ucrâamericanas não conseguiam (ou não nia, para prever as possíveis necesqueriam) detectar a "mão" invisível sidades russas; puseram satélites em q ue mansa e jeitosamente produzia órbita, com o fim de íotografar os os "inexplicáveis" acontecimentos. campos russos, assegurando a preDe repente, tudo se esclareceu. cisão dos cálculos e previsões foitas. Em seu discurso de 2 de novembro, Procuravam evitar assim, qualquer Brejnev anuncia mais um fracasso eventual surpresa por parte dos da produção de cereais soviética. soviéticos. E previram para 1977

1-- -

VCIO.

Estimulados pela impunidade cm <1uc viviam. os agentes soviét icos

tcntal'am. nada mais nada menos, que aliciar para seu serviço um membro da Real Polícia Mo ntada canadense. a quem incumbia a

Feira "livre" em Moscou: fisionomias de desapontamento; nas bancas. a esc.a$Se:t de gêneros

de batatas adaptadas a seu clima. Plantam-se tipos de tubérculo que crescem lentamente e são recolhid os muito mais tarde, quando o tempo já não é favonívcl para ~1 colheita .

*

*

*

Em 1972, os soviéticos tiveram uma das habituais "desastrosas safras", e compraram grande quantidade de cerea is nos Estados Uni-

Dona Logvinova e as batatas

Dona Logvinova, operária russa, deixa um empório do Estado cm Rostov na província do Donn, onde - pode imaginar o leitor - permanecera longas horas numa das habituais filas. Com passo apressado e fisionomia preocupada, leva consigo um precioso pacote de batatas. Afinal em casa! f: tarde e as crianças esperam um jantar. Um minúsculo íogão é aceso, e para cada batata que é lançada à panela, duas vão para o lixo. Dois terços das cobiçadas batatas estão podres. ó decepção! Dona Logvinova indigna· se: é preciso protestar! S urge então o problema. A quem apresentar a queixa? Ao proprietário do armazém, naturalmente. Mas é o Estado ... Quem sabe, então, aos plantadores e transportadores do inaceitável produto. Mas eles também fazem parte do Estado sovié• tico. O q ue fazer? Uma possível

6

solução: escrever ao jorna I do sindicato, o T,·ud. A aOição de Dona Logvinova parece diminui r. Põe-se ela a redigir a carta. Dias depois, recebe a resposta. O Trud organi1.ara uma d iscussão por correspondência, mobilizara os técnicos e concluira que o caso de Dona Logvinova não era o único. A situação era mesmo irremediável. Não há, portanto outra solução a não ser suportar o atual estado de coisas. E pacientemente. "Mas, e um sindicato dos operários - esbraveja nossa pobre consumidora - o que faz?" Dona Logvinova , não se engane. Também ele é dirigido pelo Estado. Resignada por força das circunstâncias, a dona de casa russa corre os olhos sobre as explicações apresentadas pelo Trud: A Rússia não c ultiva variedades

O leitor poderia imaginar um agricultor brasileiro que plant;1sse uma variedade de batatas inadcw

ainda mais as batatas no solo em vc·'I, de colhê· las. As bcllarns são trtmsportadas úmidas para os vagões e

qualquer homem de bom senso ou e ntão alguém que exercesse

uma colheita norma l na Rússia, isto é, das 215 milhões de to neladas an unciada s pelo governo. Erraram os técnicos. Falha ram os satélites. Tudo íoi ein vão! Aliás não era diíícil suspeitar de semelhante previsão. O que verdadeiramente consistiria uma surpresa seria uma boa colheita na Rússia ... Mas não desconfiaram (ou não quiseram de.sconfiar) os funcionários da Casa Branca e o resultado aí está. t compre~nsível, portanto. o desconcerto e a indignação de tantos nor·te-america nos ao se darem conta d e que ca íram no segundo "logro do trigo".

mírio "L'Nonune Nouveau "!

quada ao solo, as colhesse com múquinas irnprcstávcis, e depois deixasse seu pr·oduto apodrecer nos

As arrancadciras mecânicas são ob-

serem descarregadas. E q uando chegam ao consumidor, estão estragad;is. Em 1977. três quartos (mais de 12 mil hões de toneladas) da colheita perdeu-se assi m. Todas essas informações foram publicadas pelo diári o francês "/.,,,

Dos 215 mi lhões de toneladas previstas, os russos alcançaram apenas uma colheita de 194 milhões de toneladas. Muitos norte-americanos não esconderam o desapontamento. Compreenderam que tinham ca ido no "co1110 do trigo " , e que a Rússia era a destinatária das misteriosas partidas do cerea l.

Monde" e re1>roduzidas pelo sema-

soletas. As novas apresentam tão baixa qualidade que mergulham

esperam. por vei.es:. semanas para

Soviético$ examinam carregamento de coroais no porto de Kirkland, Estados Unidos. Mais uma vet os rus.sos levaram milhões de tonel3das de trigo norce,amoricano.

esca ndalosos e rcccmes a expulsão de diplomatas-espiões russos na Ingla terra. Mas nem o prô1>rio exemplo da metrópole da "Co111111011weal1t,·· chegou a aguçar a vigilâ ncia do governo de 01tawa e a incliná-lo no sentido de tomar urna medida punitiva. Estava este à espera de uma prova de furar os olhos. E ela

louco -

afirmarí1

nenhuma compensação ou estimulo, cm favo r

trabalho

escravo. sem

ele um patrão opressor". O episód io por nôs descrito enquadra-se precisa mente neste segundo caso: o da Rússia - cm que há um só patrão

que tudo · dispõe e possui Estado.

o

Lucrando na ida e na volta

Estimulad os por poderosas nações como os Estados Unidos e a Ingla terra, v,\rios 1>aíscs do Ocidente se prestam a participar do boico1e econômico aos regimes da Rodésia e da África do Sul. /\legando condenar erros e injustiças praticadas por tais govenos, tornam as aludidas , nações ocidentais contra estas me'didas extrem:unentc graves, jamais assumidas contrn regimes comunistas, violadores sem disfarces de todos os direitos humanos. E íec ham os olhos para o íato de Rodésia e África do Su l constituírem atualmente na África. dos

últimos bastiões de deresa contra o maior perigo para o mundo livre: o com unismo.

Com tudo isso. lucram indiscutivelmente. no plano político. os

silos? HSeria

vermelhos. Mas esse lucro nã o se restringe ao campo da política ... O embargo comercia l que pratica mente todo o Ocidente estabeleceu comr:i a África do S ul , torna esse pais - o mais rico da África ótimo comprador à procura de vendedores. Aproveitando tal situação. a lugosli,via - segundo informou o periódico Rivarol. de Paris - revendeu ao governo de Prctória (e a que preço'?) a ma ior parte da c hamada ··,11011ta11lw de 111m11eig a". Trata-se de enorme quantidade d esse produto generosamente rorneeido pelo Mercado Comum Europeu ao regime marxista de Belgrado para consumo da popu lação daquele país ba lcânico. Os comunistas lucram, assim, na ida e na volta.

Antes de tudo a distensão...

Há vanos anos as autoridades

canadenses alimentava m uma grave suspeita: a existência de uma rede de espionagem soviética íormada por

elementos do corpo diplomát ico russo no Ca nadá. Não seria esse o primeiro caso do gênero. Há numerosos precedentes cm paiscs do

\,,, ,,,,~,\~\\ ,.,,,,,.,..,,

't."'-'1',, a._\l.., ~

Equipe de técnicos qualificados Maquinário n1odernissirno Garant em o rnais alto padrão de serviço

Fotolito Grafa Ltda. RUA SÃO LEOPOLDO, 101 - FONES: 93-6959 - 93-0368 SÃO PAULO

dctectação e captura dos orga nismos de espionagem no pais. O policial ca nadense agiu com sagacidade: fingiu aceitar o convite, sed uzido pelas grossas propinas prometidas. e tornou-se um "iníormante" dos russos. Com esse artiíício íoi possível desmantelar o aparelho de espionagem, e as desejadas provas se tornaram patentes.

O governo, de sua parte, tomou medidas. Expulsou 11 funcionários soviéticos incrimidados. Mas a "in-

tocável" política de "distensão" não poderia ser prejudicada. O primeiroministro Trudeau afirmou que o caso de espionagem não chega a comprometer as relações diplomáticas de seu país com o regi me moscovirn ... E o chanceler Don Jamieson declarou q ue seu governo não pretende chamar seu e mbaixado r na Rússia, Robert Ford . O ministro das Relações Exteriores do Canad{l declarou ainda

q ue se os soviéticos adotarem medidas de represá lia expulsando íuncionários canadenses de seu território. seu governo rcagirà na base de "'urn por urn". ou seja, para cada

canadense expulso da Rússia. haverá um russo banid o do Ca nadá! Maniíestou porém o chanceler canadense, sua dúvida quan to à possibj lidadc de a Rússia tomar tal atitude. RcO ita um pouco.Sr. Ministro. e responda se a Rússia terá interesse em expulsa,· os 64 (não se espante o leitor) íuncioni, rios soviéticos que permanecerão no Canad,\, perdendo assim a oportunidade de organi,.ar um novo bando de espiões naquele país! ARNÔBIO GLAVAM

fJATOLHCB§MO MENSÁRIO com aprovação eclesi:Í.Slica CAMPOS - ESTADO DO RIO Dirotor Paulo Corrê• de Brito Fill,o

.

Diretoria: Av. 7 de Setembro 24 7, caixa postal 333, 28 100 Campos, RJ. Administração: R. Dr. Martinico Prado 271, 01224 São Pauto, SP.

Composto e impresso na Artpress Papéis e Artes Gráficas Ltda., R. Dr. Martinioo Prado 234. São Paulo, SP.

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Os pagamentos, sempre em nome de Editora Padre Belchior de Pontes S/C, poderão ser encaminhados à Ad· ministr:i:ção. Pa,a muda_nça de endereço de assinantes. é necessário mcn• cionar também o endereço antigo. A correspondência relativa a assina· turas e venda avulsa deve ser enviada à Administração R. Dt. Marlinico Prado 27 1 01224 S. Paulo, SP


Incomparável tema de meditação para a Semana Santa O SE LER os Evangelhos com piedade e atci1ção sente-se. além da sóbria simplicidade da linguagem em que eles estão redigidos. algo que transcende a própria narração. t como se urna luz

A

ou um aroma indefinível nos pusesse cm

contacto com algo de elevado, cx traordinítrio. divino. É esta luí', este inexprimível maravilhoso - a ação do Espírito Santo. seu inspirador - que embevece as almas cató· licas e as faz degustar uma leitura que poderia parecer fria.

cicncisH1 que a umca maneira de se impri ..

mir a im,,gem do corpo no lençol seria este ser retirado d;\ mortalha antes de e ntrar cm decomposição. Porém. nesse caso ou o sangue ainda estaria llmido. e então manR c haría o lençol. desfazendo os contornos. ou. esta ndo seco e aderido ao corpo. provocaria a destruição de · íibras cio tecido.

1

Graças a essa luz, manifestada pelo "s,•11s11s .fideli11111". foi possível dar-se este

foto impressiona nte: sem que os Livros Santos descrevessem com detalhes a fisiono mia. o ponc Císico de Nosso Senhor. s ua íigurn . entretanto. se depreende dos Evangelhos esplendorosa. nobre e sublime. ins-

As provas mais irrcfut,\vcis, entretanto. sobre a autenticidade do Sud,írío de Tu rim. e portanto da figura nele impressa. foram divulgadas no ano passado e reproduzidas pela conceituada rcvisrn alemã .. Der Fe/s", ele outubro último.

Após detidos exames

realizados no "Ce111r<, tle J:..:'Jtuclos E:tpt1,:i(Jis" de Pasadcna, Estados Unidos. ,·c,tlizados pelos cientistas John Jackson e Eríc .lumjcr que trnba lha rnm no projeto "Mtlfi11(~,.··. satél ite enviado a Ma ,·tc - chegou-se a rcsulwdos impressionantes. Com o auxílio dos C<lmfHtt;1dorc:; e medidores que haviam

permitido interpretar as fmogralias de Marte, concluiu-se que no Sud,iriocstevc certamente ç nvolto um homem que. no tempo de Cristo. foí Oagelado e crucificado. Essa ílage lação foi feita com um objeto lacerante para a pele. Ta l homem recebeu . cm posição recurvada. mais de 120 golpes cm todo o corpo, exceto na

região cio coração. A respeito da coroa de espinhos. as marcas do Santo Sudário revelam. segundo os cicntistns. que ela

formava uma espécie de gorro de espinhos. fechado. que cobria toda a cabeça. Ainda com o auxílio dos aparelhos de precisão do "Je1 Prop11/sit)11 l.abora1ory " , Jackson (professor de Císica) e Jumjcr (professor d e aerodinâmica) julgam que o homem reproduzido no lençol devia medir 1.78m de altura, pesar cerca de 73 quilos e ter a idade de. aproximadamente, 30 anos. Outra notícia publicada na mesma revista alemã , cm sua edição de outubro de 1977, ' revela que em dezembro p.p. ficaria pronto um filme relatando os resultados dessas pesquisas. O título é sugestivo: "11,e Sile111 fVi111,•ss" (A Testemunha Silenciosa). Segundo seu produtor, "o jiln1e é 111110 his1ória ,·rilninol dent{{ica que provocartí rna11che1es 110s jornais. Os i11díâos não deixa11, dúvidas

de que o pano da/a de dois mil anos e provém da Pt1/es1i11a··.

pirando sempre num mcsrno sentid o os

artistas ca tólicos. dos mais modestos aos . nrn,s gcn1a1s.

Algo h:i de imponderável cm toda autêntica representação do Divino Mestre que O idcmiíic,1 imed iatamente e revela alguma c,1ractcrística de Sua Pessoa adorável.

o Séculos se passaram desde que. completada nossa Rede nção pela morte ínsondavclmcntc dolorosa do Sa lvador. José de Arimatéi:i e os discípu los desceram o Corpo divi no do m:ideiro. e sob a oriemação da Mater Dolorosa e o auxílio das Santas Mulheres. deram-Lhe sepultura. Narram os Eva ngelhos que O e nvolveram num lençol, o qual serviu de morta ll1c1.

O lençol de linho <1ue cobriu o HomemDeus íoi venerado no Oriente até a OCU· pação de Constantinopla pelos cru1.ados.

cm 1204. Em 1453, passou a pertencer à Casa Real de Sabói.i. Desde 1694 a prccios;1 rclíqui-1 encontra-se depositada na Catedra l de Turim. O Santo Sudário. como é chamada a sagrada mortalha. mede 4.36m e representa urna íigura completa de homem. Pois o lenço l não foi enrolado no corpo, mas provavelmente envolveu-o por inteiro, no sent id o vertical. compreendendo as partes dianteiras e trazciras do mesmo. Em 1503, segundo testemunhou Antoine de Lalaing. Senhor d e Mo,11igny. ··o it'nçol fo i fervido c11, óleo e provado pelo .fogo e htvado <WI lixívia. nws ,uio se pôde nen, de.•;truir 11e1n re111<H'(>r a itnagc,n da figura··. Um incêndio irrompido no prédio cm que se conservava a re líquia c hamuscou o tecido cm vários lugares. Mas. fcli1.mcntc. as

Conhecida a maravilhosa história do Santo Sudário e as provas de sua autenticidade, convidamos o leitor a contemplar novamente a fotografia. Considere, caro leitor, a nobre majestade. a sublime dignidade. a austera beleza da Sagrada Face do Salvador. Nenhum sinal de fraqueza ou debílídadc aí se encontra. Mu ito menos de revolta. Pela atitude, no corpo inteiro transparece a determinação de quem aceitou uma missão e a cumpriu cabalmente. Missão de resgatar a humanidade dissipando as trevas do pecado com o fulgor de uma coluna de fogo (precônio pascal). Sente-se nesta fi. gura divina, toda a consonância com o espírito e luminosidade dos Evange lhos. Percebe-se. sobretudo, a seriedade e o peso da missão redentora . Tal sofrimento foi o preço de nossa salvação; o resu ltado de nossas afrontas. Depois disso, leitor, é possível vestir certas roupas indecorosas de nossos dias'/ Como continuar na atitude ele ind iferença cm relação ao drama da como que nova crucifixão pela qual passa o Divino Salvador. na atual Pa ixão da Igreja. nossa Mãe e Mestra? Ou desinteresse ante os sofrimentos em que jazem nações inteiras, quase metade da humanidade, sob o tacão do regime comunista, antinatural e ateu? Não foí por acaso q ue a Providência reservou para nossos dias provas irrccusáÀ osquorda, vi$1o da Santa Mortalha, podendo-se observar e parto dianteira do Sagrado Corpo.

queimaduras não :tltcraram a figurn de

Nosso Senhor Jesus Cristo c m suas partes csscndais.

Venerada com grande devoção por toda a Crista ndade durante séculos como a verdadeira mortalha de Cristo, o Santo S udário teve uma primeira comprovação cierll ííica

cm 1898, no auge do an1iclerícalismo de tipo positivista, Ao ~er fotografado pela primeira vez. verificou-se que a figura estampada no lençol aparecia em negat ivo. e no negativo

fotográfico apresentava-se cm positivo. com perfeição e majestade. Ora. a conclusão que se impunha era a de q ue 11 imagem impressa se originava do contacto com um corpo que comunicou ao lençol as formas cm negativo.

. O .

E.sta pintura do G. B. Delta Rovere (Pinacoteca de Tu, rim) mostra como N osso Senhor foi envolto no Sudirio

Com o aperfeiçoamento da técnica. estudos mais recentes pulvcrizararn os s0 fismas dos céticos que punham cm dúvida 8

a autenticidade da Sagrada Re líquia. Em recente estudo, o articulista norteamerícano Robert Wilcox informa que cícntístas estudara m ampliações fotogràficas do Santo sudário e não conseguiram encontrar o mínimo sinal de tinta. Dr. Robert Barbct, famoso anatomista francês. ana lisou longamente o Sud{trio, conclui ndo que ele constitui uma prova da Ressurreição de Cristo. Argumenta esse

veis que atestam a veracidade. não apenas de uma relíquia sagrada, mas de toda doutrina católica. Não consistirá isto um penhor de esperança para a humanidade e, JUrHamcntc com a mensagem de Fátima. não scn1 uma graça extl'aordinária antes q,rc venha o castigo nela predito, caso os homens não retasscm e fizessem penitência? Pense o leitor no tema numa época 1ão ,tpropriada como a da Semana Santa. Sobretudo. reze e medite. JOÃO DE CAST RO 7


AfOlLICISMIO

COMO EXPLICAR O INEXPLICÁVEL? Eclesiásticos favorecem a implantação do divórcio na Espanha FERNANDO GONZALO especial para "Catolicismo"

MADRI D -

A Puerta dei Sol

não é apenas a praça centra l para

por urna pequena multidão. Por fim , Covadongll produziu um rcvigoraos membros de Covadong(I bradam: mento dos setores anticom unist;,1s e "Por Espaíía! Tradición! F(lmílío! conservadores. A opinião antidivorPropiedad!" e os circunstantes ir- cista , que parecia anestesiada diante rompem cm aplausos e gritos: "Bra- dos acontecimentos, to mou a lemo e vor ccragem. Um ambiente de verdadei ro entusiasmo cc,·ca a campanha de Co- «O tempora! O mores» vadong a. Talvez porque. em face do notório desmoronamento das instiO manifesto de Cov<ulonga restuições e do avanço do socia lismo e salta que uma o nda publicitária quer do comunismo no país, muilos espa- dar a impressão de que a implantanhóis vêe m nela a única e ntidade ca- ção do divórcio na Espanha correspaz de mover com eficácia a fibra da ponde a uma aspiração popular irreEspanha católica e ant icomunista. sistível. «Enrrew111" - di, o docuEntretanto. cm Madrid, como mento - ess<? vendav{I/ antifmnília cm Saragoçll, Bilbao e o utras cida- CllCOfllf(I e,n St>u t·a111i11Íl() ll/U(/ ltlll -

onde conílui todo o sistema viário da capital hispânica. Ê o marco zero, o ce ntro da própria Espanha. Foi cm suas imediações que no dia 27 de ja neiro a Sociedade Cultural Covadonga, entidade cívicocult ural, lançou um apelo às autoridades e ao público cm defesa da instituição da família, seriamente ameaçada na Espanha pela onda publicitária a favor da implantação do des onde a campanha an1idivorcista rolha que é a convicç11o da absolu1a se desenvolve. Covado11ga não rece- ,naiol'ia de n OSSCJ povo. de que o didivórcio. Três grandes estandartes verme- be só aplausos. Por vezes, a apatia vórcio é 11111 câ11,·er destr11idor da solhos, marcados pelo escudo da e nti- serve de ca mpo à ação de agitadores dednde, ,·0111rdrio aos princípios da Religitít> Catôlica ,, dade, e outros nove menores domi- esquerdistas, sempre presentes cm f1111dorn,·111ais 1 i Jlfl/Urt1/. pomos estratégicos das gra ndes cida ú nam a praça. «O 1e,npol'a! O mor<'s.'» Ô 1e1n· •· Espanhóis. espanluJis, espa- dades. p os. ó ,·osturnes! lnclu.,·ive entre aNão obstar11c. a campa nha de nhóis!" Os transeuntes param. "Estas personalidades destroem ,1 Espanlw que ama,nos. a Espanha cristã, a Espanha espanhola... " bradavam cm uníssono três jovens alta-. neiros com capas vermelhas, ostenta ndo aos olhos dos transeuntes um folheto colorido. Quem são as personalidades? O manifesto que os jovens distribuem menciona o Cardeal-Arcebispo de Madrid , D. Henrique Tarancón; seu Bispo Auxiliar, D. Albe rto lniesta; D. Ramón Buxarrais, Bispo de Málaga; O. Javier Osés Flamarique, Bispo de Hucsca e outros eclesiásticos.

queles que deverian, s< r paladinos 11(1 defes(I da i11di.1 ·.1·lllubilidade mnrri111u11ia/ - 8i.iJJ"-' ,, Sacerdull'S - il'1

va111,1111-se os éJlll' procuram fOr-

1·0,•-t,m. Invoca ndo o direito de esperar da parte dos Pastores. não apenas que não ataquem a doutrina católi-

ca, mas que defendam a integridade da Fé e da Moral, o manifesto de Covrulongtt observa: <(Se a desgraça

da i1npl,1111t1çfío do divórcio chegar a ocorret na Espanha. os print'ipais resvc111sâveís 1uio sertio os que agora. de fora dt1 lgr~;(I, procuu,111 ai<'t111ctir e,\'Sl' péssitno desígnio, ,nas si111 os e,·le.,idsricos e leigo., que. do próprio seio da Igreja. se e111pe11lwn1 - e111 alguns casus v,~ladmne111e - ,,,,, ai· u•rt1r us prinfípius Ct11âlh·os sobn? a ,nora/ do nw1ri1nô11io, la11ç1111do n ,·onfusti<> enrre t>.\· fiéis e 1,l>rindo tis· si,11 11s portas ao inbnigo acérrhno da família. S,io /(lmbé111 respo11sdveis us que. 1e1uLo au1oridtu/(' ,w

-

lrveja. dl!ix(/111 que r,s opiniões o fa-

vor do 1/ivârfio se exf)a11dt1111 c:o,no u111 gtís venenoso. se111 punir os cu/·

ptulus e ne111 sequer censurá-los p11blican1e,11e, como público estti sendo seu escândalo». Depois de recordar que o Estado não tem au1oridade para decretar a d issolução daqui lo que Deus criou indissolúvel, assim como não tem poder para declarar licita a blasfêmia, o manifesto da ent idade his1>ânica transcreve alguns textos pontiflcios a fim de demonstrar qual a verdadeira doutrina católica sobre o matrimônio. Reproduz ainda os «Princípios diretivos» da célebre Carta Pastoral ,,p,,10 Casan,ento indissolúvel». de D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos. A seguir. o documento de Covadonga analisa alguns dos pronunciamentos mais significativos de eclesiásticos espan hó is·e de um leigo, qualificando alguns de ambíguos e outros de escandalosos. Como ameaça a111al à família espanho la. não só o perigo da supressão da ind issolubilidade conjugal, como iambém o da mu lt iforme paganização daquela, Covadonga lan-

ça um veemente apelo a todos os católicos do país, lembrando que quando o bem comum está ameaçado por um grave perigo, sua defesa não in-

c umbe só às autoridades públicas, mas também a cada indivíduo. ctltste princtíJio - acentua o documento -

inspirou nossos a111ep11s~

sados e,n vtírias e,nergências da flis· 1ó rit1 espanhola e lhes reverteu e111 fonte de glória imortal». <<É necessário - continua - que cada e.11H111hol, na medida de suas

«O mundo está um asco...»

possibilidades. faça .·,;e111ir às muori·

«Não há jovens valen tes co1110 estes». «Não sei onde vamos parar. A única coisa que dó '"" pouco de esperanço é ver jovens con,o você.t'i). «O 11111ndo está um asco, pou ca .coi.ia n os resta ver. Vocês são a única esperança». Estes são alguns dos comentários que se ouviram durante a campanha, proferidos por pessoas das mais diversas idades e condições sociais. Em frente à conhecida confeitaria Do/ar, um grupo de cooperadores de Covadonga proclama máximas contra o divórcio, rodeado

d(ldes religiosas e civis. especialmente t1os legislado res, a rejeirão dopo· vo {! lei do divórcio)). Declarando que «a lura pocífic(I e legr,I que diante de nós se aprésenta é grave, é longa. é heróica e e11111sias111anre», os membros da Sociedade C11lr11ral Covadongll concluem seu apelo «,·0111 os olhos posros e111 Nossa Senhora do Pilar», a cujos sacrossantos pés, no sa ntuário nacional de Saragoça, colocaram o primeiro texto de sua proclamação de inconformidade.

No Equad~r: u.m a difíeil opção entre a forca e a guilhotina . GUSTAVO PONCE especial para "Catol icismo"

QUITO - Há cerca de um ano, as autoridades equa torianas haviam elaborado um pla no destinado a dotar o país de uma nova constituição, após o que se efetuariam eleições presidc,nciais e legislativas. Assim, duas comissões constitucionais, ambas compostas por persona lidades de variadas tendências ideológicas - inclusive comunistas - foram encarregadas de redigir os referidos projetos a serem submetidos ao veredicto popular. E uma 1erceira comissão foi constituida para ditar as normas do processo cm curso.

Dada a heterogeneidade das comissões, os projetos eleborados revelaram-se incoerentes. Todos ele.s fazem graves e numerosas concessões aos desígnios comunistas.

4 con(usll.o, u,m método pas:a allesteslar. o pais? A isso acrescenta-se um clima político de absoluta confusão. As agremiações partidárias no Equador são numerosas, mas cm sua maioria carecem de significação real e apresentam programas contraditórios.

Não obstante.sua f~ha de seriedade, costumam elas manifestar-se com freqüência. O resu ltado foi que durante o ano de 1976 os problemas debatidos no Equador, longe de se reportarem aos aspectos mais transcendentes do processo constitucional e dos próprios projetos, giraram em torno de pontos secundários, tratados com superficialidade e displicência. Ao mesmo tempo, por baixo desse clima de confusão, os projetos constitucionais escondiam graves incompatibilidades corn a doutrina da Igreja. Apesar do fervor religióso do povo equatoriano. católico e m sua quase tota lidade, estava este no risco de aceitar sérias violações da Lei de Deus, consagradas nos projetos da futura Carta Magna. Pois, não estava ao alcance da popu lação entender os aspectos jurídicos dos mesmos. Ademais, os eleitores não receberam dos líderes políticos a orientação adequada.

Textos constitucionais gravemente atentat6rios à moral cat6llca Ambos os tex tos constitucionais atacam a fundo a ins1i1uição da fa. mília: reconhecem a legitimidade do divórcio, estabelecem a igualdade jurídica entre filhos legítimos e ilegítimos, como também entre os cônju-

ges. Ambos os projetos são gravemente atentatórios ao direito de propriedade, conceituando-o de forma errada, distorcendo sua função social e impondo ao direito de domínio limitações confiscatória. Os textos também afetam profundamente o principio de subsidiariedadc pela tendência de criar um Estado Moloch e omnirnodo.

No momento oportuno, uma voz clara e coerente Duas semanas antes de rcali7,arsc o referendo nacional que decidiria a escolha dos projetos, o Nrícleo Equatoritmo Tradição. Família, Propriedade lançou um manifesto intitulado: «Em meio à confusão, os católicos equatorianos. livi·es de escolher... entre (I forca e r, guilhotina». Nesse documento são analisados tanto a situação política do país qua nto as diversas disposições dos textos const it ucionais a tentatórios aos princípios cató licos. O manifesto conclama a opinião pública a rejeitar ambos os projetos, por serem profundamente inj ustos, e lança um brado de alerta sobre as conscq!iências nefastas que acarretaria a aprovação de qua lq uer um deles. Foram vendidos 5 mil exemplares do pronunciamento da TFP nas ruas de Quito e Guayaqu il. além de

sua publicação nos jornais mais importan1es de ambas as cidades. O manifesto do Núcleo equatoriano da TFP pr·ovocou reação imediata . O desconcerto e a apa1ia que até então~ notavam na opinião eq ua1oriana derám lugar a uma indignação crescente cm relação aos proje1os constitucionais. P.onderáveis setores do público manifestaram seu entusiasmo por se sentirem inteiramente interpretados pelo pensamento da e n1idadc. E assim cresceu consideravelmente o número daqueles que se dispunham a anu lar o voto e m sinal de protesto. Ao mesmo tempo, tornou-se mais virulenta a orquestração político-clerical para impor uma cons1i1uição anticristã; vários Bispos afir-

Na votação, resultados surpreendentes

Os escrutínios revelaram surpresas notáveis: o projeto da «Nova Constiluição», ou seja, o mais socialista, apoiado por 32 agremiações políticas, por numerosos sindicatos, por influentes setores do Clero e pelos próprios patrocinadores do referendo, recebeu 600 mil votos, correspondentes a 34 por cento do eleitorado. O segundo p rojeto, apoiado por apenas três pequenos partidos, recebeu 500 mil sufrágios, e nquanto - fato inédito na História equatoriana - 340 mil eleit ores anulavam seus votos e m sinal de protesto conmarant - contra toda evidência tra ambos os projetos. que no referendo não estavam enAssim, o 'Núcleo Equatoriano volvidos problemas de consciência. Tradição, Família, Propried(ldf! teve O Presbiterio de Quito - do q ual o grande mérito de, cm meio à confa7.em parte inclusive dois Bispos também decidiu estimular o vo10 a fusão e às defecções, proclamar o favor do projeto mais radicalmente ideal católico, convidando os votantes a assum ir uma posição de decidian 1icatólico. . Dias depois verificava-se a vota- do rechaço em relação a essa iniciação, com claras irregularidades: não tiva que conduziu o Equador para existiam câmaras secretas: para vo- uma posição mais esquerdista. O fato é rico em perspectivas: o tar não era necessário estar inscrito no respectivo registro. porque este pa ís não contempla impassível ações apresentava tantas deficiências que que contribuem para o processo de tornaram proibitivo o seu uso. As- sua desagregação, mas, em larga mesim, numerosos eleitores não pude- dida , o povo equatoriano se retrai, à ram votar, enquanto outros que não espera dos líderes autênticos que o salvem das ameaças de ruína. o eram. votaram.


N!> 328 - Abril de 1978 -- Ano XXVIII

Diretor: Paulo Corr~a do Brito Filho

EM FACE DAS ELEIÇÕES, A PALAVRA DA TFP FRANCESA

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O estandarte vermelho-escarlate da TFP francesa tremula diante da majestosa catedral de Notre Dame de Paris. Em meio às ondu lações produzidas pelo vento frio aparecem o leão rompante e o lema cm letras douradas: Trodition, Famille. Propriété. É um domingo de fevereiro. A TFP francesa está em campanha. Por que? A 12 e 19 de março se realizariam as eleições para composição da Assembléia Nacional. Mas não se tratava de um confronto politico qualquer. Desta vez, as eleições decidiriam o rumo que a França iria tomar, talvez arrastando consigo a Europa inteira. A imprensa local e do exterior vinha insistindo numa provável vitória da União das Esquerdas, constituída pelos comunistas, socialistas e radicais de esquerda. A França poderia tornar-se o primeiro país do mundo a eleger livremente governantes ateus que se baseiam num programa marxista. A gravidade do momento político francês acentuava-se pelo vazio ideológico da campanha eleitoral, quer da parte dos esquerdistas, quer da parte de seus adversários pró-governamentais. O debate girou em torno de problemas econômicos e administrativos. Os políticos escamoteavam sistematicamente a verdadeira opção que o eleitorado era chamado a fazer: entre um regime ateu e materialista, de um lado, e a sociedade que tem por fundamentos a família, a propriedade individual, a liberdade de trabalho e de empresa, na qual se encontram hoje os franceses. Tudo isso acarretava uma lastimável conseqüência: o público francês caminharia para as eleições desnorteado, confuso ou indiferente, sem meios de avaliar inteiramente a gravidade da situação. Escamoteadas as razões de ordem religiosa, ideológica e moral que poderiam suscitar uma vigorosa reação contra a ameaça marxista, não era realmente improvável a ascensão das esquerdas ao poder na ... França,_ a "Filha prin1ogê11ita da Igreja", no dizer de São Pio X. ·· Fo, nesse quadro que a TFP francesa fez ouvir sua voz. Pouco antes do primeiro escrutínio, iniciou a divulgação de seu manifesto ·· Franceses. as eleições estão falseadas de anren1ão". Publicado no diário parisiense "Le Figaro" de 21-2-78, o documento foi largamente difundido em campanhas de rua em Paris, Tours, Orleans. Dijon. Lyon, Clcrmont-Ferrand e Chatellarault. Conhecidos os resultados do primeiro escrutínio - que desapontaram completamente as esquerdas - a TFP lançou novo ma·nifesto. Neste, analisa a tendência da opinião pública, destaca a subntissão dos socialistas ao Partido Comunista e convida a ..parte 1110/e" do eleitorado a refletir melhor e retificar seu voto. Os jornais "L'Aurore.. (17-3) e "Le Figaro .. ( 18-3) publicaram o documento com destaque. Em apenas um dia de campanha, milhares de volantes com seu texto foram distribuídos nos principais logradouros públicos, atingindo grande parte da população da capital francesa . O texto do segundo manifesto, repercussões da campanha, um comentário sobre a posição do Clero e uma acurada análise das eleições francesas pelo nosso correspondente em Paris e outros colaboradores deste mensário encontram-se às páginas 4 e 5.

t

ECOS DA IGREJA PERSEGUIDA AS TORRES evocarn elevação de pensamento, amplitude de horizontes, desigualdade. Por isso, os comunistas as odeiam. Sobretudo quando se trata de uma torre de igreja, não cismática ou protestante, mas católica, onde se encontra o Santíssimo Sacramento. Como em outras ocasiões e lugares, esse ódio manifestou-se em 1976, na Lituânia. As fotos ao lado reproduzem a bela igreja de São Jorge, ern Vilnius, antes e durante a destruição ordenada pelos comunistas. A perseguição aos católicos autênticos, a promoção e o estímulo aos maus sacerdotes, são práticas habituais no vasto império vermelho.

Na Rússia, a KGB (polícia secreta) exerce contínua e total vigilância sobre todas as manifestações da vida religiosa. Fatos atrozes de perseguições chegam ao conhecimento do Ocidente através dos ..samizdats" (boletins clandestinos) ou de a.1gum fugitivo . Fa la-se tanto em direitos humanos de presos políticos e de subversivos. Quem se lembra de defender- o mais sagrado dos direitos hurnanos, que é o de conhecer, amar e servir a Verdade, o Bem e a Beleza? Ou seja, de praticar a verdadeira Fé, a Religião católica, apostólica, romana? Página 6

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TORRE DE ATALAIA A televisão dos defuntos O HOMEM MODERNO procura esquecer-se da morte. Os cemitérios são cada vez mais risonhos e o luto vai saindo de moda. Isso porque a morte é profundamente grave e séria. Ela faz recordar o Juízo e o destino eterno do homem, verdades que aborrecem particu larmente nossos contemporâneos. ,Ê no afã de e liminar a idé ia de morte que se anuncia a última novidade em matéria de assuntos funerários. A informação figu ra na revista fra nccsa L'Express. Um empresário norte-americano, J ohn Di lks. lançará em breve no comércio mundial singu lar pedra de sepulcro. Consiste num aparelho e letrônico movido a energia solar com u m vídeo de TV que apescnta aos passantes imagens do defunto movendo-se e agi ndo cm vida . Um aparelho de som transmite informações biográficas sobre o morto.

Insensibilidade dirigida UM BAR CO conduzindo 34 fugitivos do Vietnã comunista chega às praias da Tailâ ndia. A tripulação está exausta e a embarcação avariada. Em terra, um grupo de pessoas esperam os refugiados. Serão generosos tailandeses que vão comunicar as boas vindas a irmãos vitimados pela tragédia? Não! Esses homens estão armados de metralhadoras. E a po ntando-as para os vietnamitas, bradam: ºNão os que~ remos aq ui. Voltem para alto ma,... Segundo informa o diário norteamerica no New York Ti,nes, milhares de fugitivos do Vietnã , Laos e Cambodgc encontra-se nessa situação. Até mesmo os alimentos enviados pela ONU são negados pelos tailandeses aos fugitivos. Por vezes,

onde mora. Os protestos indignados dos vizinhos foram imediatos. Robert foi denunciado à policia , julgad o e conde nado a seis meses de prisão por crueldade contra um animal. Tudo parece indicar, pois, que esta mos atua lmente em presença de u ma insensibilidade dirif:ida. A propósito das pobres viti mas do comunismo, c1uase ninguém se condói. Tratando-se de animais. porém, manifesta-se logo o sentimento de compaix ão cm nossos contemporâneos...

A história de Thierry Hiroux TH IERRY HIROUX é um fra ncês de 15 anos. Ao abrir os o lhos para a vida Thierry não viu o mundo, a luz e as cores. S ua vista mal alcançava um metro de distância. Quatro operações - a primeira delas aos dois anos de idade -

fora m inúteis na tentativa de dar a visão ao scmicego de nasci mento. T hierry foi então conduzido a Lourdes, onde o imergiram nas águas milagrosas da fonte do santuá rio. Ao sair da piscina. o jovem francês descreveu - ante seu pai deslumbrado - os traços físicos e a vestimenta de um homem q ue ca minhava ao longe, no cam po. Seu fi lho estava curado! Nossa Senhora de Lourdcs havia alca nçado um dos admiráveis milagres que glorificam a Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana e humilham os ímpios.

Igreja cismãtica, Lenine e o Novo Testamento A IG REJA cismática russa, dita ortodoxa, goza de certa liberdade na União Soviética. O q ue se explica, pois as autoridades dessa igreja não escondem sua fiel obed i~n.:ia ao Cremlin.

rações, difusão de publicações. e tc., sob as vistas e, cm geral, com o beneplácito das a uto ridades sovié-

ticas. No ano passado, durante a s comemorações do Nata l os russos encontraram /1 venda exemplares do Novo Testamento em algumas igrejas cismáticas. Inicia tiva do Patriarcado de Moscou. O preço da obra. porém, era altíssimo: 25 rublos (cerca de 600 cruzei ros), info,ma a Agência France ?ress. O que não impediu <1ue os livros se escoassem rapidamente. Para se ter idéia do interesse dos russos pelos livros do Novo Testamento basta di zer que os 55 das obras de Le nine - que aliás permanecem cmbo1orando nas Jivrarias - custam 35,75 rublos, apenas um pouco mais que o volume único q ue contém aquela parte da Sagrada EscriLUra .

A força da tradição O COMÉRCIO de antigiiidadcs desfruta hoje de um movimento sem precedentes. nos Estados Unidos, informa a l'cvista 7;·,,,e, Multidões protegidas contra o rigoroso inverno compri n1iram--sc em Íl las para visitar o 24.• "'Sh ow de Antigiiidad,,s "'" Ma11/u111<m". A firma de leilões Christie & Phil/ip.•. de Londres, e o negociante francês Didier Saron abriram s ucursais naquele d istrito cent ral de Nova York e s uas vendas ating iram 20 milh ões de dólares - 50% a mais d o c1uc haviam previsto. A t radição revelou assim uma força pouco conhecida... nos Estados Unidos.

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a1neric1111us

1or11ara11,.,w•

mais cunst·ientes tio .-.·1'g11(/k1ulo de s,w herança cultural". afirmou Robert Bis hop, diretor do M useu de Art<' (/(1s 1}adições Americanlls. cm Ma nhattan. E a c,·csccntou: " Nõo co11hero ninguém qu,• <·olecio11e pot dinheito. Eles o fazem por amor. Gostam de acor<Í(,r d,, 111a11/u7 e vel' algo que os sensibilize",

Sorrisos cruéis FUNDADAS pouco depois da 2.• Guerra Mundial, as rádios

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ropa Li\lre e liberdade. fina nciadas por verbas norte-americanas. tra nsmitem para as populações o pressas de a lém cortina de ferro programas de orientação anticomunista. Ou melhor... transmitiam. Pois desde 1973, o governo de Washington vem eliminand o a propaganda antico• munis ta e permitindo q ue as e missoras divulguem apenas informações. Apesar disso, elas lornm denunciadas pelo regi me soviético cm sessão da Co,!(erénáa de Segurança e Coopetaç,io Européias como estações que promoviam "propa[!tmda di{l111wt{jria". · Q ual a reação americana'/ John A. Gronovski, di,·etor do organismo que supervisi ona as duas em issoras. cuja finalidade específica foi o utrora levar um raio de esperança às a lmas subjugadas pela 1ira nia do materia lismo. tomou uma atitude de pasmar. Declarou e le que oferecerá horários a altos funcionários dos regimes comunistas do Leste e uropeu para que digam o que bem desejarem! Tudo isso vem Esta aflita mie vietnamita com o filho doente nOJ braços implora socorro ao chegar a estampado no New Yotk Ti111es de Khlong• Yai (Tailândia), num pequeno barco, junto com outros 48 fugitivos _do regime comu- 23 de janeiro último. niJta. As eutoridadeJ tailandes.as negaram,se a tecobê-los o o boto foi devolvido eo mar. O que sentirá um s ilencioso e infeliz adversário do com unismo antes de serem devolvidos ao mar, Os detentores do poder em Mos- quando clandestinamente ouvi r, aos infelizes são saqueados, perdendo cou compreendem que é de seu través da f?ddio E11topa Livte ou da seus últimos e pobres pertences. interesse satisfazer a lgum tanto Râdio Liberdade, não a palavra que Que movimentos de compaixão para ncutra li?A1r - a sede de Deus encoraja e ani ma, mas a vo1. do produ?-em fatos como este pela q ue se observa no povo russo, após carrasco? extensão da terra? Quase nenhum. 60 anos de ateísmo oÍlcial e miliIsso acontece so b a égide de um Que apocalíptica insensibilidade to- ta nte. Para isso, nada melhor do que presidente norte-americano que se uma Igreja aliada ao com unismo proclama. sorridente. campeão dos mou conta d e nosso século! Insensibilidade? Considere o lc.i- que sufoque os descontentamentos e direitos humanos. Sorrisos cruéis no tor o o utro fato, publicado pela adormeça as reações contra o re- teatro do dra ma contemporâ neo de revista francesa Paris Match : gime. milhões de almas. Assim. a igreja cismática russa Robert Harvel matou sua cadela A. G. ati rando-a do 7.• andar do ed ifício promove a tos litúrgicos, comemo-

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Ne C.o nferência do BoSgrado. tudo correu como os russos quo,,am

NOVO ATO DE UMA TRAGICOMÉDIA ELEGAÇÕES OE trinta e dois países europeus. Estados Unidos. C1nadá e R ússia, reuniram:se a partir do mês de outubro de 1977 em Belgrado. com a finalidade de rever os acordos assinados pelos respectivos chefes de Governo dois anos a ntes, em Helsinque. Esses tratados abra ngem vários assuntos, incluindo coopcraç,ão e segurança européia, o livre intcrelimbio de pessoas. idéias e informações entre os Estados de a lém cortina de ferro e do Ocidente. como também o respeito aos d ireitos humanos nos países comunistas. Foi a própria R ússia que tomou a iniciativa d e pedir a Conferência de Segurança Européia. No primeiro encontro d e 1975 cm Hclsinquc. a Rússia e os governos da Europa Oriental fizeram promessas surpreendentes. Graças a elas obtivera m o que desejavam: o reconhecimento olicial pelo Ocidente das fro nteiras de fato. que delimitam seu império e uropeu, conquistado após a segunda guerra mundial.

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Tudo feito segundo a vontade dos comunistas No recente encontro rcali1.ado cm Belgrado, os soviéticos manifestaram-se muito ma is intra nsigentes. Moscou procurou escamotear as q uestões relativas aos direitos humanos atrás da cortina de ferro. e outros temas incômodos, dando ênfase a assuntos que mais lhe interessavam: a chamada "segura nça e uropéia". Tanto os países membros da NATO, como os neutros. insistiram cm que os regimes comunistas não respeitara m os compromissos assu midos cm 1975. Os russos acabaram por reconhecer de ma neira implícita que as acusações e ram verdadeiras. Mas c m vez de procurar refutá-las, tornaram a repetir a surrada argumentação de que nin guém tin ha o direito de fazer tais acusações, posição que parecia superada no primeiro Encontro de Hc lsinque. Passaram então os soviéticos a lançar contra-ata ques, sempre recusando todas as sugestões para um exame mais sério das discordâncias e ntre a mbas as partes. Ao c hegar o momento da redação do comunicad o final, marcado para meados de fevereiro de 1978, os comunistas apresentaram v{1rias minutas e nega ram-se a discutir quaisquer o ut ras. Os tópicos relativos aos direitos humanos foram postos de lado assi m como as provas de violações dos compromissos de Helsinque. E o acordo final omite qualquer referência aos direitos humanos porque os comunistas

assim o quisera m. Que motivos teriam levado o governo soviético a não cumprir promessas feitas em Helsinque? Moscou imaginava uma sucessão regula r de co nferências,

nas quais reboassem lugares comuns sobre a paz, e os participantes ocidentais fossem pouco a po uco relaxando a vigilância e entregando os pontos. ,Ê essa a idéia que eles formam da "déte111e".

Mas. ncgando·sc a trntur de direitos humanos na Conferência de Belgrado, a Rússia deu um verdadeiro xeque-ma te no Ocidente. Foi mais um importante lance de uma longa partida q ue teve início cm Yalta. no término da segund a guerra mundial.

A quem favorecerã o próximo encontro? Os comu nistas j á haviam obtido cm troca de s uas pálidas promessas. aquilo que fo ram procu rar na Finlândia: o rc,conhe-cimento das fronteiras. Por isso esqueceram-se tão facilmente cm Belgrado do que haviam prometido cm Hclsi nque. Nessa ú ltima conferência , os vermelhos obt iveram impunidade para estabelecer sua iníluência política e militar cm grande piirte do continente africa no. Conseguira m ajuda financeira, tecnológica e alimenta r dos ocide ntais e intensiÍlcaram a repressão imcrna aos dissidentes do regime. Foi exatamente para consegu ir tudo isso q ue os vermelh os fizeram concessões verbais cm Hclsinque. O fato de o comunicad o final de Belgrado não fazer nenhuma menção aos direitos humanos nos países com unistas assina1a, sem dúvida alguma, uma vitória complcoa das posições russas. O tex to não fc1. qualquer al usão a mais de cem propostas apresentadas e sobre as quais não foi obtida unanimidade para aprovação. Trata-se sem dúvida, de mais de uma ca pitulação dos países ocidentais, e de uma humilha nte derrota da nova política dos Estados Unidos sobre os direitos humanos. Ficou então mais do que evidente o ma logro da Conferência de Belgrado. O representante norte-a meri~tno, Arthur Goldberg, aÍlrmou: .. Fomos O· brigados pdn norma do co11se11so

a aceitar 11111 docu,nento que não 11prese111a certas propostas e i-

déias, part iculan11e111e sobre di-

reitos luunanos. Mas o fizemos na esperança de que todos vossa111 co11cordor co111 u,n docu-

111ento fina l 110 próxi,no enco11rro, que serd realizado 110 ano de 1980. em 1\1adrid. o qual deve dt,r continuidade oo processo de Helsinque".

O porta-vo1. da delegação soviética, Boris Sedov, por sua vez,. foi taxativo: "F'ican,os satisfeitos. O processo de diste11são

continua, e isso é o 111ais importante". Nesse quadro não é difícil perceber a quem favorecerá a próxima Confe rência de Madrid.

CARLOS SODRI: LA NNA


DESAGREGA M-SE OS GOMOS? Plinio Corrêa de Oliveira AL FOI, HÁ algumas dé- com vistas ao casamento. Mas que cadas, a influência da Igreja não raro elas ocorrem em razão de sobre o povo brasileiro, que uma ruptura doutrinária com a cheguei a formar uma impressão Religião Católica. Essa ruptura "eclesiocêntrica'' sobre a realidade ainda o noticiário - to ma, em nacional: no Brasil, o fator mais diversos casos, a forma de u ma clara influente dos acontecimentos con- adesão à doutrina de Marx ... sistia na orientação que lhes dava a Que cu saiba, esses fatos, muito Hierarquia. De onde a vida interna difundidos, não foram desmentidos da Igreja - cm que essa o rientação por ninguém no Brasil ou fora dele. por assim dizer se elaborava - ser, Ora - pergunto - como imaginar por sua vez, o elemento mais ativo q ue o prestígio da Religião possa da vida do País. não se afetar por fatos tão calaBem entendido, essa minha im- mitosos'/ Isto não obstante, ainda é inpressão, basta nte audaciosa, comportava seus conformes. O mais teressante comentar dois eventos 1mpo r1antc deles salta aos olhos: eclesiásticos ocorridos na semana sendo uma sociedade espiritual, a passada. Um deles diz respeito às Igreja se cingia a agir no campo Jornadas Internacionais por uma próprio. E só intervinha no campo Sociedade Superando as Domite mporal na med ida cm que neste nações, aprovadas (se tanto). ao ocorresse o risco da transgressão de apagar das luzes. na reunião do algum dos mandamentos da lei de episcopado em llaici, por proposta Deus. de D. Cãndido Padim, bispo de Assim, não por fraqueza, mas Bauru. A fim de confabularem com por nobre consciência das intrínse- a CNBB sobre esse assunto , aqui cas limitações de seu ca mpo de ação, estiveram, nestes últimos dias, o a Igreja se abstinha de influenciar em cardeal Bernardin Vantin , secretatoda uma enorme gama de assuntos. riado eficazmente pelo Pe. Roger Quanto a estes, uma concepção Heckel, S.J ., bem como Moos. "eclesiocêntrica" seria obviamente Etchegaray. arcebispo de Marselha e descabida. Mesmo assim ... presidente da Conferência Episco pal Sim, mesmo assim haveria que francesa, e outros ainda. Do notidistinguir. Era só alguém, c m uma ciário e dos comentários da imprendestas áreas específicamente tem- sa se infere clara mente que as porais, sugerir algo de contrário ao Jornadas visam assestar o estilingue e nsinamento da Igreja, para en- contra todas as formas de desigualcontrar a o posição clara , serena mas dade ainda existentes em nossos inquebrantável, desta. E na confron- dias. E nem poupa certas desigualtaç,'io, a Hierarquia o mais das vezes dades existentes na Igreja. Se a levava a melhor. tarefa das Jornadas algum dia cheJá disse alhures, e aqui repito, gar a termo. não haverá mais que essa imensa influência sofreu dominações. Portanto tan1bém não acentuada diminuição no Brasil desigualdades. Ou seja, sem que como aliás no mundo inteiro - cm Moscou se tenha comp ro metido conscqiiência da crise progressista (pelo menos abertamente) na joque começou a minar os meios gada. o mundo terá ficado comucatólicos, já desde os últimos anos nista. do pontificado de Pio XII. Ora, pasmai, ó povos! Paulo VI parece ter feito senti r reticências quanto às j:i famigeradas Jornadas rnternacionais por uma Sociedade Como poderia e.ssa iníluência Superando as Dominações - e não diminuir se os fiéis encontram pasmai , ainda uma vez, ó povos! na Igreja a nauseabunda "fumaça de o cardeal lorscheider se teria feito o Sa1a,uís", a que se referiu publica e canal dessas reticê ncias junto ao oficialmente Paulo VI? episcopado brasileiro. No que teria Para lembrar outra afirmação sido abertamente contraditado por deste, imagine o leitor um lindo D. Heldcr, o arcebispo-vermel ho, o palácio construído num ponto ele- bispo predileto de Pau lo VI , o vado de uma cidade. Todos o vêem. gra nde amigo do cardeal-arcebispo Todos o admiram . Dele se ufana a de forta lc,.a. população inteira. Se os donos do Tudo segundo disseram ou inpalácio se e ntregam subitamente à sinuaram as noticias da imprensa. demolição deste, e a fachada, ouSe um grupo de amigos pode ser trora esplênd ida, vai tomando a res compa rado a uma fruta cheia d~ de ru ína, como e vitar que o prestígio vida, cujos gomos aderem estreido edifício decaia entre os citadinos? tamente uns aos o utros, d ir-se-ia que Ora , Pau lo VI, ele próprio al udiu algo perdeu de seu viço e coesão a também pública e oficialmente - ao imensa tangerina do catolicismo de misterioso "processo de a,aodemo- esquerda no Brasil. Os gomos lição" pelo qual vai passando a parecem ir-se desconjuntando. Igreja . A fonte do prestígio da Igreja Neste mesmo sentido ta mbém é ela mesma. Se ela se autodcmolc, depõe o fato ocorrido na Regional como imaginar que ela não des- Leste II (Minas e E.~pírito Santo) da trua, "par i passu", seu próprio pres- CN OB. Os respectivos bispos, reutígio? nidos há dias, resolveram rejeitar categoricamente uma proposta de Um exemplo de autodcmolição, documento elaborada pela comissão causado pela fumaça, ei-lo: Noticiou a imprensa diária , na preparatória da reunião do CELA M primeira quinzena do mês passado, (Conselho Episcopa l latino-Amerique Paulo V1, ao faze r uso da ca no) a se realizar proximamente pa lavra na audiência de Quaresma, cm Puebla. Ora, essa proposta, que exprim iu seu "pesar i111e11so" à vista mitiga algumas teses aprovadas na do crescente número de apostasias reunião do CELAM J'cali2ada cm verificadas nas fileiras sacerdotais. Medellin, cm 1968, parece go1.ar do Só em 1975 ocorreram 4 mil deser- bafejo de Roma. ções de padres, frades e freiras. A tal propósito, Pau lo VI disse que "os esta1ísticas nos conturbam, os casos Considerando tais fatos no seu indiiJiduais nos desco11cer1an1. as conjunto é-se levado a achar q uc há ~ motivações nos peden, reverência e ;:;;, con1paixão. poré,n nos cousa,n i- nas falanges do "esquerd ismo católico", até aqui tão compactas, unidas 2 mensa dor" ~ Que causem imensa dor facil- e bem dirigidas, uma diferenciação '• mente se compreende. É bem menos de mati1.es q ue pode eventualmente l fáci l compreender - comente-se de ganha r terreno. De um lado estaria a ~ passagem - como considerando em extrema-esquerda eclesiástica, de Zl bloco ''as 11101ivações" dessas apos- que D. Heldcr é um símbolo incon{; tasias, Paulo VI afirma que elas tcste. De outro lado, uma esquerda -ll pedem "reverência e compaixão". algum tanto (ou algum tantinho) ~ Quanto à compa ixão, c m vários menos radical, influenciada pelas ~ casos pode ai nda explicar-se. Mas a hesitações de Paulo VI, tantas vezes qualificadas de "hamletia nas". : reverência? No que dará essa d iferenciação Voltemos ao fio d_o. ic_ma. g Acrescenta o not,ciano que a de ma tizes'! A pergunta só poderia ;:. maior parte dessas apostasias se dá ser respondida cm função de um

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ponto histó,·ico muit o interessante, mas de uma a mplitude incompa tivel com as dimensões deste artigo. Há quem d iga que quando uma êSqucr-

da se cinde cm radical e rnodcrada, num primeiro lance os rad icais

ganham o poder, mas perdem simpatias. Num segundo jogo. os moderados baseados nessas simpatias

clesba ncam do poder os radicais. E ., num terceiro, acabam por executar, ""'

com um pouco de lcruidão e muitos -~ sorrisos, o progran,a destes.

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cisão pode ser, i,s vezes,

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Para confabular com a CNSB sobre M Jornadas Internacionais por um" Sociedade Suporan·

uma perd a para a esquerda. mais O do as Domin3ÇÕM, o CnrdHI africano Bern;,rdin Vantin veio eficaimonto ossossorado polo mais das vezes constitui uma jogada Po. Rogo, Hoekel, Jewíta (à direita) inteligente em que esta ganha . a cada pela '1umaça d e Satmuís". e bordante do desejo de q ue tudo médio prazo. sujeita ao vaivém febricitante dos corra rumo à cessação das ativi que a "a utodemolem", a confusão é dades a utodemolidoras, e à expulSerá isto aplicável ao presente grande. E não é f{lci l dicernir a são da "furnaç" de Satanás". Mas respeito de event ualidades tão su- com a imparcia l sere nidade dos que caso'! O primeiro passo scl'ia a tirania tis. É a observação a tenta dos fatos não consentem cm formar uma hcldcriana sob a qua l temos vivido que se desen rolarem que nos pcr- visão deturpada da rea lidade, nasa té agora. O segundo passo - ou mitil'á fazê-lo. cida das sugestões de um macio Observ,,ção que. quanto a mirn. otimismo, ou de um catastrofismo passe - seria agora a cisão. Numa Igreja in filtrada. intoxi- pretendo fazer com o coração trans- melodramático.

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Divórcio no Uruguai; TFP pede plebiscito GONZALO GUIMARAENS

especial para "Catolicismo" MONTEVIDÉU Dianti: da atitude assumida por diversos setores do Uruguai a respeito do (lrojeto de reforma da lei de divórcio cm discussão no Conselho de Estado, a Sociedade Uruguaia de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TPP) divul·g ou através da imprensa ("E:.'I Pai.r", de Mo ntevidéu, 17-378) um mani festo dirigido especialmente às a utoridades civis e eclesiásticas. Antes de a nalisar o pl'ojcto, o docu,nento aponta o .ibsurdo que se verifica no Uruguai: é mais fácil obter o divórcio d o que a simr.tes separação de corpos. 'E a própria legislação atual que agride de modo eminente a instituição da Família, permitindo a ruptura do vínculo conjugal , de si indissolú,•el, com maior facilidade que a rescisão de qualquer contrato" - sublinha o manifesto da . TfP uruguaia. . ,.,E mostra a seguir como a pcrm,ssao para o divórcio constitui aberrante estimu lo para o egoismo. Após apontar as gravíssimas conseqiiências do divócio, sobretudo considenmdo-sc que o Urugi,ai apresenta o maís baixo indice de natalidade da América latina, o pronunciamento da TFP destaca: "Fazem parte da doutrina comunista tanto o amor livre como outras formas de dissolução dos costumes, pois um de seus principais objetivos para a conquista do Ocidente é precisamente a destruição da família. Surge então uma pergunta inevitável: Não lucra mais o comun ismo com o descrédito do matrimônio, produzido pelo divórcio, do que com os próprios Tupamaros? Estes combatiam nossa sociedade tentando solapar mais especificamente a instituição da Propriedade privada. O divórcio, por sua vez, solapa mais especificamente a instiluição da Fa niília. Deste modo, aprovando ampliações, a lei de divórcio favorece o co)nunismo no terreno da F amília. Entretanto, hoje mais do que nunca torna-se indispensável manter em todos os campos a luta contra o comunismo. É por isso que um Governo como o nosso, que tem sido tão bcne· mérito na patriótica e heróica luta contra a sub:versão marxista e que ao mesmo tempo tem

defendido a Propriedade privada em tantas ocasiões, deve ambicionar para si iguais lauréis no âmbito da Família''.

Pronunciamento indolente e derrotista do Episcopado A TFP uruguaia ressalta cm seguida que a indissolubilidade do vinculo conjugal foi instituida por mandato divi.no: "Não separe o homem o q11e Deus uniu" (Mt. 19,6). E analisa um pronunciamento "indolente e derrotista" do Episcopado oriemaJ: "A voz do bom pastor fala quando comenta a verdadeira Voz do Bom Pastor, q ue foi Nosso Senho r Jesus Cristo. Ou quando repete os ensinan1cntos Dele e os põe ao :1lcance do povo. "Isto não foi feito. Isto foi silenciado. Isto foi om itido. ''Resultado: dessa intervençíio do l:pisco1>ado não se 1>ode esperar ~bsolutamente nada senão a inutilidade de um pronunciamento indolente, dando a a parência de que a opinião católica está derrotada e batendo-se melancolícamente cm retirada, sem força nem ufania".

O exemplo brasíleíro mostra a impopularidade do divórcio O documento da TFP uruguaia passa então a perguntas contundentes sobre a gratuidade ou a falta de argumentos que justifiquem uma ampliação da lei divorcista implantada no pais há 70 anos. E desafia os divorcistas a submeter a lei a um refere ndo naci011al, que eles temem. Nesse sentid o, o man,ífcsto ilustra a questão com o significativo caso brasi leiro: "O excm11lo recente ocorrido no Brasil desmente a idéia da popularidade do divórcio nos 11ovos contemporâneos. O Co.n gresso do pais irmão foi induzido a sancionar uma lei de divórcio pela ilusão de que as grandes massas o anseiam. Com efeito, a lei foi aprovada cm meio a grande alvoroço publicitário; ao mesmo tempo, as tribunas legislativas api11J1adas aplaudiam e canta,·am vitória pela sanção da lei. Não obstante, ó surpresa! Pouco tempo depois verifica-se que sua aplicação é exiguamente solici tada. O número ridículo de divórcios pedidos levou um diário da cidade de São Paulo - uma das mais populosas ào mundo a estampar em sua primeira

página em letras garrafais o seguinte título: "Agora ninguém quer o divórcio". Com efeito, enquanto se esperava a entrada de 30.000 causas de divórcio nos 1>rimeiros meses deste ano, registraram-se apenas 600 processos no foro paulista. Na cidade de Belo Horizonte, por sua vez, só foram solicitados 48 divórcios até meados de fevereiro".

Advertência e apelo Concluindo, a TFP da nação irmã adverte Hquc se está correndo o grave rí.sco de legislar sem tomar em consideração a realidade psicológica e social [ ...J e sem consultar a autêntica opinião do povo uruguaio. Mais ainda, corre-se o grande risco de se continuar legislando contra as con• ,•icções religiosas da maioría da população de nosso (lafs; e, o que é ainda pior, violando a 1>r6pria lei natural e dívina". Por fim, a TFP ol'icntal dirige-se às autoridades eclesiásticas e civis: "1) Ao Episcopado nacional

pede de modo filial um pronuncian1ento claro e categórico sobre as conseqüências religiosas e morais d o divórcio. Se assim não fizesse, a TFP teria, sem dúvida, o recurso de traduzir a luminosa Carta Pastoral do Bispo de Campos, Brasil, D. Antonio de Castro Mayer, "Pelo casamer1to indissolú,·el''. Mas nos sentiríamos mui• to mais 1>rotegidos vendo nossos próprios Pastores tomarem valentemente a defesa dos fiéis. "2) Ao digníssimo Senhor Presidente da Nação, a seus respeitáveis Ministros e aos honrados membros do Conselho de Estado, pede a suspensão de qualquer trabalho em matéria de legislação sobre o divórcio, e ao mesmo tempo um estudo especialízado que comporte investigações e estatísticas no sentido anteriormente indicado [sobre os resultados concretos de 70 anos de divórcio no país). Só assim não será inteiramente carente de autenticidade e seriedade o debate em torno da reforma que está sendo proposta. "3) Uma vez reali,,ados e amplamente difundidos os referidos estudos solicitamos que se convoque um plebiscito nacional para saber se o nosso povo realmente deseja essas inovações ou prefere uma lei que esteja mais de acordo com suas tradições católícas e portanto prefere voltar atrás nessa matéria".

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A TFP FRANCESA DENUNCIA MANOBRA ELEITORAL

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·• Franceses! As eleições estão falseadas de antemão! Quem reduz as eleições a uma si1nples escolha econôn,ica? Apelo da TFP para 11111 Paris. A neve caía, cercando o verdadeiro debate ideológico". histórico templo com bordaduras Pronunciadas com voz pausada alvas que pareciam comunicar-lhe e a ltissonante, firme e categórica, um esplendor festivo e deslum- essas palavras ressoam como um desafio nas pedras do edifício sabrante.

PARIS - Em um frio domingo d e fevereiro, os estandartes da TFP tremula!?. ~: :liantc da secular e g loriosa catedral de Notre Dame de

grado. São jovens cooperadores de "Tradition. F(//nille. Propriété"". Transeuntes anuem para receber o manifesto que está sendo dislri-

buído. O motorista de uma embaixada estrangeira cm Paris pede quatro ou cinco folhetos para levar à sede diplomática. Quando um universitário da TFP francesa passa

''A voz que adormece e a mão que apaga'' S ÚLTI MAS eleições francesas rcali,.adas nos dias 12 e 19 de março último, para a composição da Assembléia Nacional, não são um fato isolado da vida daquele país. Pelo contrário, elas se inserem na grande guerra de caráter psicológico que o comunismo move em escala mund ial, para subjugar as nações ainda livres de seu domínio. Com efeito, o que· estava em jogo era somente uma votação e m que defrontavam.a União das Esquerdas e a maioria de ccntrodireita? Como lucidamentc mostraram os dois manifestos difundidos pela TFP francesa, por trás das discussões meramente econômicas e administrativas em que se envolveram ambas as coligações partidârias, iria decidir-se algo muito mais importante: continuaria a França a optar por uma sociedade baseada nos institutos da família e da propriedade privada e na livre iniciativa, ou se, pelo contrário, passaria a ser regida pelos principios do coletivismo comunista. Assim. por trás das eleições francesas e servindo-se delas, o que assistimos foi mais um lance da ofensiva comunista, procurando adormecer o medo que os regimes totalitários causam ao homem comum e aliciá-lo por meio de promessas econômicas tentadoras, a fim de obter seu apoio. O pleito francês oforecia boa ocasião a essa sutil manobra psicopolítica. Ao eleitor médio, foi apresentada uma disputa democrática de duas coligações diferentes, que divergiam não quanto a problemas de ordem religiosa, filosófica ou doutrinária, mas devido a programas econômicos destinados a salvar o país da inflação, do desemprego e da recessão mund ial. Como se vê, manobra habilíssima - que é o que mais nos deve interessar denunciada com vigor e coragem pelos jovens da TFP francesa.

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• • • Simplistamente considerados, os resultados das eleições apresentaram uma França dividida ao meio: marxistas de um lado, anticomunistas e não marxistas de outro. Ora , tratando-se de um país de ma ioria católica o que significa essa divisão? Que a metade dos franceses perdeu a Fé e aderiu ao ateísmo? A marcha natural do pensamento leva a outra pergunta: qual o papel do Clero e do Episcopado francês junto ao eleitorado católico que votou nos marxistas? Como assinala o manifosto da TFP, "o mutismo quase completo - e quão lamenttível - " foi a nota marcante da posição da estrutura eclesiástica, frente à manobra descrita. Aos partidos comunista e socialista, só foi possível se apresentarem com a tática da "respeitabilidade burguesa" porque aqueles que foram instituídos como pastores entre o povo, tingira m acreditar nessa atitude e

d iante de um café conduzindo o estandarte vermelho com o leão dourado, freqüentadores do loc~I levantam-se para gritar: "Br(Jvo!"' Alguns turistas não se cansam de fotografar cenas da campanha e os estandartes. Um cooperador da TFP pergunta: "Por que tiram tanws fo1ografias?" - "Porque os eswndartes ficam be111 con, a catedral". Em outro ponto da cidade, alguns policiais quiseram imped ir a campanha e mandaram baixar os estandartes. Um popular interveio ind ignado: .. E111 maio de 68 os co1nu11istas levanu1rt1n1 suas bandeirt1s e vocês não vier{J,n ordenar que b{Jixassem··. - "Não pedi sua opinião". foi a saída do policial contrafeito, na falta de a,·gumentos.

"O que vejo é o inicio de uma nova cruzada"

não a denunciaram ao redil. Foi apenas esta a culpa do Episcopado, Clero e laicato fra ncês. na configuração do atua l

quad ro político daquela nação européia? Para nossos leitores, que têm continuamente presente diante dos olhos o desenrolar da tremenda c rise que agita e d emoli ria a Igreja - se Ela fosse mortal - não é diílci l perceber que num pais com tradição católica como a França, 'Filha Primogênita da Igreja", não poderia haver um progresso do socialismo e do comunismo, sem o

apoio, claro ou velado, recebido das fileiras católicas. Reconhececinicamente o encarregado das "questões religiosas" do Partido Comunista francês, Maxime Gremctz, cm carta dirigida à revista de esquerda católica I CI. Declara Gremetz: "Milhões dl! crentes apoiam o Par1ido Comunista e lhe dão confiança. Dezenas de

º

1nilhares de cristãos são 1nen1.. bros do Partido Comunista francês'·... E conclui: "Aliás. nw11 país como a França. o Partido Co11111nista seria o que ele é se não se beneficiasse da contribuição dos cristãos? Evidenten1e11te não" ( 1). O jorna l "Le Monde··, informa que D. Michel Vial, Bispo de Nantes, recusou-se a desa· provar a eleição de dois membros do Partido Comunista francês, para a direção do "Apostolodo dos Trabalhadores Católicos Franceses·· (2). Por que, então, não iria m

permitir os Bispos franceses que comunistas rossem colocados a d irigir católicos, se eles permitem que Sacerdotes sejam dirigentes comunistas? O Pe. Bernard Marchai, de 35 anos, por exemplo, declara impunemente à revista socialista "Le Nouvel Observateur" que ele é um dos 12 ''Padres operários'' membros do Partido Comunista. Informa aquela publicação que o Pe. Bernard é um ativista do Partido, secretário de secção do PC e militante sindical da CGT (3).

* • • Para não nos alongarmos ern fatos e declarações que provam o engajamento no apoio ao bloco

esquerdista por parte do Clero q ue não se manteve no mutismo mais completo, citamos significativa noticia publicada cm ICI. Segu ndo esta revista, 192 "Padres operários", pertencentes a 31 dioceses, a 12 de outubro último, tornaram público um documento intitulado encontro do /ll(Jrx is1110: um dilema para a fé cristã". Nele os 192 Sacerdotes declaram: ·· Vive111os a luta de classes. Ela é um fato e não uma escolha [ ... ). Tomando nosso lugar no con1bá/e da classe operária para sua libertação [ ... ) pratican1os todos, nwis ou ,nenos. o marxis,no en1 n()ssas andlises e e111 nossa ação" (4). Consta tamos então que 192 Sacerdotes franceses, de 31 dioceses, confessam publicamente praticar o marxismo em suas "análises e t,ções··. Não é difícil de se conjectura, q ual a orientação que estes eclesiásticos deram às almas confiadas a seus cuidados, num momento tão decisivo para a história da França e do mu ndo. como íoi o das últimas e leições naquele pais. É graças a tais Sacerdotes que se chega a este resultado concludente sobre a ação efetiva de grande parte do Clero francês no sentido de empurrar o país para o precipício comunista: segundo informa a mesma revista ICI, 78% do eleitorado do Partido Socialista e 50% de seus membros, é constituído por "cristãos", ou seja, católicos (5). Pode-se dizer q ue os setores mais importantes da estrutura eclesiástica agiram junto aos católicos, como ··a voz que ador1nece e,, 111ão que apaça" a luz da íé e a reação anticomunista, aplicando aqui uma expressão de Aristides Briand a respeito do político francês Clemanceau.

··o

LUIS S. SO LIMEO

( 1)

(2) (3) (4) (5)

IC/ - h,formo1io11s Carholi9uts Jr,. ttmotionales. n.0 SIS. Pans, 15/ 9177. ··1_,.. Monde'". Pari,. 1415177, "Li! Nouvel Observoteur", Paris, 23-29/ l / 78. ICI, n.0 520. Poris. 151 11177. t CI. n. 0 521. Paris•. 15112177.

,,, ,._

Aos pés do monumento a Ci.rlc cooperadores da TFP francesa fazo,

entusiasmo as capas e estandartes rubros da TFP, símbolos já con hecidos em todo o mundo iberoarncncano. Em Orlcans, os cooperadores da TFP francesa iniciaram a' distribuição do manifosto diante da catedral, percorrendo a partir dali a avenida pela qual Santa Joana D'Arc entrou cm triunfo naquela cidade, no século XV; atravessaram a praça que tem o nome da Santa e seguiram para o centro comercial. "'A cidade de Orleans é toda

"Recebi educaç,7o cristã, 111as isso não me impede de ser sOâ{Jlis1a ", diz uma jovem mulhe r visivelmente incomodada. Dois militares apertam a mão dos cooperadores da TFP: "Vocês não tê111 medo de sair às ruas; os

impregnada da me,n6ria de Joana d"Arc··, esclarece um jovem da TFP francesa. "Ainda atualmente a liber,ação da cidade é come111orac"1

co,nunisu,s uunbérn saen,. ,nas os

co,nunicando·nos tuna coragern e

outros tê111 medo"'. "Contra a e.rquerd{J", brada alto e Corte um propagandista da TFP. Um jovem transeunte leva um sobressalto. Pára, o lha para trás ... e retira-se desagradado, mas silencioso. Era provavelmente um esquerdista. "'É preciso lutar contra Moscou e pela França·· grita satisfeito um popular. Uma pessoa hesita cm receber o maniícsto. Quanto vê o estandarte. exclama: "'Ah! Isso muda tudo"'. Apanha o documento e o gua rda cuidadosamente. Um homem de uns 50 anos comenta com seu vizinho: "Se tivessem aparecido há 20 anos. eu estaria

um fervor todo especiais". Um comerciante foz este comentário: ·· À distância. pelo vosso

..

' . con, e,es Depois de percorrer a Rua de Rivoli, os cooperadores da TFP segu iram rumo à Torre de St. Jacques. Dal i partiam, no século X, as caravanas de peregrinos que iam visitar o túmulo do Apóstolo São Tiago Maior em Composte la, na Espanha. Quando o brado "Po11r la

Fr{Jnce: Tradition! F{Jmille! Propriété!'' ressoou nos ed ifícios, encerrando um dia de campanha, ouviu~sc uma vo1. no meio do público:

·· Não estamos mais n{J época das g uerras santas, mas o que vejo é o início de unia nova Cruzada".

Tours, Drleans, Dijon... A velha Tours de São Martinho e São Gregório - hoje importante centro turístico e ferroviário às margens do Loire viu com

anualn,ente com urna grande ceri·

mônia públic{J. A presença de Sanu, Joana d"Arc nos marcou a todos

,nodo de ser, vosst1 nwneira de levar o estandarte. vossa presen(:a. vosso porte. eu 11,e dou conta que se trata

de coisa boa. Se aparecerdes assim em todas as cidades. eu vos ,,sseguro que voss<1 cmnpanlw terá êxito". O encerramento da campanha em Orlca ns foi diante da estátua de Sa nta Joan;i d'Arc. /\pós o brado de coslu mc: "Pela Frm1('": 1i·t1diçiio! Família! Propriedade!"". uma pessoa do povo junto aos estanda rtes diz: ·· Afinal. agora tudo vai correr be,n !"' Outra, emocionada, acrescenta: '"É belo isto. Quero ver mais 111na vez'".

As manifestações de aplauso foram abundantes nessas como cm outras cid ades onde a TFP francesa desenvolveu sua campanha sobre as eleições: Dijon, Lyon, ClermontFerra nd , Chatcllerault. Não faltaram, porém, as costumeiras vociforações esquerdistas. Em Clerrnont-Ferra nd , os comunistas, indignados, interpelavam os jovens da TFP perguntando como estes ·-:fe atreviam" a fazer campan ha naquela cidade, considerada um reduto intocável dos vermelhos. Isso em nada assustou os deícnsorcs da Tradição, Família e Propriedade, pois as reações do público mostravam que a França real ê bem d iferente da França forjada pelos mitos, que começam assim a cair por terra depois de séculos de cidadania.

PIERRE GODEFROY


PARA A ESQUERDA, COMEÇA A DECADÊNCIA

~s Magno. no coração de ParK. uma pausa duranie a campanha

TI

M. A. XAVIER DA SILVEIRA nosso correspondente

PARIS - Decepção, eis a nota dominante nos esquerdistas franceses quando foram divulgados os resultados do segundo escrutínio das eleições legislativas. O fato é explicável. Os meios de comu nicação socia l e as empresas de sonda~em anunciavam o Partido Socialista como o grande vencedor, elegendo quase 150 deputados. Entretanto, ele não obteve além de 103 cadeiras. Esperava a esquerda receber os votos de dois milhões de jovens que votaram pch, primeira vez. Tal não se deu. Os novos eleitores parecem não se ter impressionado com a o nda publicitária , distribuindo-se normalmente de acordo com as várias tendências. No segundo turno, verificou-se não só a transferência de votos da "parte mole" do eleitorado socialista para o bloco liberal não marxista, como também dcfecçõcs até mesmo entre os comunistas, sem dúvida mais disciplinados. Ou seja, socialistas recusaram-se a votar cm comunistas e vice.versa, o que atra1>alhou sensivelmente o jogo das esquerdas. De acordo com o sistema eleitoral francês. nos distritos onde não foi possível a eleição dos candidatos por maioria absoluta. no segundo escrutínio os eleitores são obrigados a escolher um entre os dois mais votados. Essa é a razão da diferença entre o número de votos populares e o número de cadeiras atribuídos aos partidos. Se cm determinado distrito os candidatos mais votados são um gaullista e um socia lista , normalmente o primeiro deveria receber os votos de lodos os conservadores, enquanto o segundo ganharia os sufrágios de todos os esquerdistas, inclusive comunistas. O manifesto da TFP procurando atrair para o centro a "parle mole" da esquerda e impedir que eleitores do centro votassem na esquerda, teria "envenenado" o jogo e desequilibrado a balança eleitoral de modo decisivo contra o marxismo? Não há elementos suficientes para essa conclusão, mas sem dúvida foi nesse sentido que ele agiu.

Analisemos mais detidamente o que significa esse estancamento com base nos dados abaixo, divulgados pelo Ministério do Interior. Os resuhados referentes ao segundo escl'utinio, computados também os votos das circunscrições em que a eleição ficou decidida no primeiro turno, deram 51,59% i) coligação de centro-direita. A coalizão esquerdista recebeu 48,4 1 dos votos. A diferença entre os dois blocos é de apenas 3, 18%. Esse equilíbrio de forças não se reOe1iu nas mesmas proporções quanto ao número de cadeiras. Devido ao sistema eleitoral francês, a maioria centrista pôde obter ampla vantagem elegendo 291 deputados, contra 200 da oposição esquerd ista. Entretanto, os resultados que mais importam para a análise da lendência da opinião pública são, naturalmente. os que dizem respeito ao crescimento percentual dos partidos. De acordo com dados oficiais, a votação comunista no primeiro turno de 1978 foi de 20,56% -

quase a mesma de 1973 (21,4%), O Partido Socialista, por sua vez, cresceu de modo insignificante: de 19,2%em 1973 para 22,6% em 1978. Nas eleições legislativas de 1973, a esquerda obteve, no primeiro escrutín io, 45,3% dos votos contra 54,3% da maioria governamental. Nas eleições presidenciais, o candidato socialista François Mi1errand obteve 49,6% contra os 50,4% que elegeram Giscard d'Estaing. Em 1976 houve eleições municipais, registrand o-se a vilória da esquerda, com mais de 50% dos votos. Em 1978, a esquerda obteve 49,7% no primeiro turno e 48,41 % no segundo, contra 48,3% e 51.59% da maioria de centro-direita. respectivamente.

Por este quadro, nota-se que a

esquerda progrediu gradativamente até as eleições municipais de 1976, quando atingiu o ápice. Os resultados de 1978. mostram. em relação a 1976, uma decadência da esquerda; em relação às eleições legislalivas de 1973, um progresso pouco significativo; e comparandose com as eleições presidenciais, revelam praticamente o mesmo resultado atual. Mesmo descartando-se as eleições municipais, por seu caráter local, de menor densidade ideológica . o falo que ressalta da comparação desses resultados é que a esquerda deixou de progredir. Portanlo, encalhou. Ora. no momento cm que o curocomunismo coloca todas as suas esperanças numa vitória na

França, para dar o empurrão final na Itália e arrastar a Espanha, um e ncalhe da esquerda, e particularmente do Partido Socialista, pode ser fatal. Aliás. os esquerdistas o parecem ter compreendido. Porque foi geral o clamor de rrotista de todos os órgãos da imprensa q uc os apóiam.

*

"Quando a esmola é de,nais. o desconfia". diz o provérbio. As razões enunciadas justificam esse clamor derrotista da esquerda? Afinal, não obteve ela os votos da metade da França? E só isso já não a coloca, a um passo do poder? Por que não se sentem então os socialistas e comunistas encorajados a s,11110

buscar a vitória nas próximas eleições? Esse pranto pouco justificado, não esconderá alguma manobra? Ainda é cedo para responder a tais perguntas, embora não seja inútil formulá-las. Resta advertir que a solução não está na briga-show entre Miterrand c Marchais. Pois os socialistas de fato são fiéis caudatários dos comunistas, como o demonstaram as últimas eleições. Porém, nem todos os socialistas e mesmo comunistas parecem convictos de sua posição. Muitos deles são católicos extraviados pelo progressismo. A decadência da esquerda talvez tenha sua explicação no despertar dessas consciências corroídas pelo verme do remorso.

Dissipando a confusão e apontando a verdadeira escolha Conhecidos os resultados do primeiro turno das eleições ( 12-3), a TFP francesa publicou o seguinte manifesto: "A TFP ACOLHE com alegria o resultado do escrutínio. Visto o pe.~adelo provocado na opinião publica pelo conjunto das empresas de sondagem que faziam, com uma unanimidade imprcssio·

nante, prever o pior, o resultado das eleições constitui uma boa surpresa para todos os franceses verdadeiramente interessados por sua pátria e preocupados com os rumos que ela deve tomar. O resultado do primeiro turno mostra uma dccalagem entre a imagem artificial e publicitária da França projetada por quase todos os órgãos de comunicação social ou pelos institutos de sondagem, e a França real, que acabou se exprimindo domingo passado. Entretanto, se esse resultado nos alegra, não nos entusiasma. Ele exprime que a França não caiu no abismo, mas não que ela esteja longe dele. Bem ao contrário. A obrigação de continuar a luta toca a todos os que se empenham cm preservar a França. Pois as nações que permanecem amolecidas e demasiado confiantes à beira do abismo, nele acabam 1>or cair: é a invariável lição da História. O próximo escrutínio concorrerá possantemcnle para salvar o país oo risco que o ameaça, se ele chegar a exprimir o verdadeiro desejo dos franceses. Em vista d essa nova batalha eleitoral, a TFP dirige-se ao público. A isso ela se sente encorajada pela acolhida calorosa que a população de Paris e de diversas outras cidades do interior lhe reservou por ocasião da publicação e difusão de seu manifesto anterior ("Le Figaro·; de 21 de fevereiro de 1978).

Como interpretar o primeiro turno das eleições O acerto da escolha que os franceses são chamados a fazer no próximo domingo decorre de uma interpretação exala dos resultados do primeiro turno. Se este resultado reOetiu uma recusa , ele significou , ao mesmo tempo, uma indecisão. Com efeito, os francese.~ que votaram pelos candidatos do centro e da direita rejeitaram explicitamente o Programa Comum da esquerda. O voto deles manifestou-se em sentido oposto às influências que sofreram, e com que violência ... Ora, ninguém rema contra a maré sem a firme vontade de transpõ-la. Porque os que votaram a favor da coalizão dos radicais, socialistas e comunistas seguiram a maré, está-se no direito de se pc.r guntar se eles todos votaram no sentido de uma escolha pessoal. Não serão

numerosos os eleitores que se deixaram levar pelo descontentamento que a maré publicitária exacerbou, ou ainda pela indolência própria àqueles que, por sistema, jamais remam contra a maré? Assim, há Uni usetor mole" no

bloco das esquerdas. E o intere.~e da França pede que se proporcione aos elementos desse ºsetor mole"

os meios de, reflexão feita, retificar o seu voto no segundo turno. Tanto mais que numerosos eleitores serão levados a optar entre o comunismo e a atual ordem de coisas. E nós temos a legítima esperança de que numerosos elementos desse "setor mole" retificarão seu voto -

não condicio-

nados à maré publicitária, que não cabe nem cm nossos métodos nem cm nossos meios, mas tocados pela ação persuasiva de todos aqueles que lerem este manifesto. "Setor mole"? A expressão indica , menos que a moleza, a vacilação, a oscilação, a indecisão. Como poderiam os eleitores que não resistiram à tnaré cncon .. Irar em si as forças para resistir, em meio à confusão na qual se encontrava e se encontra a França e que nosso manifesto anterior pôs cm evidência? Se alguém ainda duvidasse da trágica realidade desse lance, bastaria considerar os acontecimentos deste início de semana para convencer-se de que a vitória dos partidos de esquerda significaria o estabelecimento de um regime abertamente ma rxista: não aceitaram os socialistas, em algumas horas, o princípio de compartilhar as pastas ministeriais com os comunistas quase em pé de igualdade? O verdadeiro sentido do voto não era, portanto, como muitos o supuseram, um protesto para obrigar a sociedade atual a corrigir seus defeitos múltiplos e inegáveis. Temos nós o direito de prostrá-la por terra, para colocar em seu lugar uma outra sociedade com defeitos muito mais graves e mais 1irofundos ainda? O voto de protesto deve desaparecer no segundo turno, porque ele não tem nenhum sentido. Somente uma confusão o explica, sem justificá-lo. O princi1>al fator de confusão foi portanto a propaganda à qual se entregaram em uníssono os partidos políticos de todas as tendências, reduz.indo a opção a um simples problema de produção e consumo.

É a opção do honiem que não pensa e não vive senão em termos de economia, o "homen1 estô-

mago".

Para a França: uma sociedade sem Deus? Pelo contrário, para bem destacar sobre o que se fez e se fará a

escolha, convém ter em vista que o Programa Comum dos iras partid os de esquerda condu.z a uma sociedade na qual os homens são as peças de uma imensa engrenagem, sem personalidade, sem direitos, sem rumos que não o mero · serviço da coletividade-deus. Eis ai o objetivo último d o Programa Comum: um deus impessoal, inconsistente, difuso, cujo movimento instintivo é triturar os indivíduos para que suas personalidades se dissolvam e formem um imenso e confuso magma. Quando se pede aos franceses para aceitarem o Programa Comum, não se lhes diz, a maioria das vezes, que se !rata de optar por uma sociedade cujos pressupostos filosóficos e ideolól(icos são ateus e materialistas. E numerosos fran4

ceses que dísseram ' sim" às es·

querdas, t e.riam certamente dito "não" se tivessem compreendido o sentido religioso e filosófico de seus votos. Ora, eles crêem cm Deus. E como pode um homem que crê seriamente em Deus esperar uma verdade.ira solução para os problemas de nossa sociedade, inclusi ve os problemas econõmicos, descartando Deus de sua . - ? d ec,sao. Recusamo-nos a admitir que a totalidade daqueles que votaram pelas esquerdas sejam verdadeiramente ateus. Se a esse.~ mesmos homens fosse lembrado que, ao votar pela manutenção da sociedade atual, eles im1>ediriam o desaparecimento do que ainda resta da família e da propriedade, instituições fundamentais da Ordem Natural, baseadas no ·4.0 , 6.0 e 9.0 Mandamentos de Deus quanto à família, e no 7.0 e 10.0 quanto à propriedade; e que votando pelo Programa Comum optariam pela negação completa desses preceitos, eles teriam certamente votado d e outra maneira. O mutismo quase completo e quão lamentável - do Clero, não proporciona a esses homens os meios de se darem inteiramente conta de que o verdadeiro âmago da questão constituía Deus, e que era por Ele ou contra Ele que os franceses foram chamados a votar. A verdadeira escolha que ainda resta a fazer é entre a sociedade coletivizada que o Programa Comum procura modelar e a sociedade na qual nos encontramos, que tem por fundamentos a família , a propriedade individual, a liberdade de trabalho e de iniciativa. Mas muitos daqueles que votaram a favor dos candidatos dasesquerdas devem ter sentido que o fizeram numa confusão interior que lhes perturbava a alm.a no momento me.~mo em que votavam. Em uma palavra, eles votaram na

indecisão, e eles constituem certamente a fração mais respeitável do que chamamos o "setor mole~, ou hesitante do eleitorado de esquerda.

É pa ra esclarecer cordialmente esses eleitores que a TFP lhes lembra aqui a doutrina tradicional sucessivamente ensinada por Pio IX, Leão XIII, Pio XI e Pio XII sobre o coletivismo, o socialismo e o comunismo. Nosso apelo visa impedir que esses eleitores se deixem envolver pela confusão no momento em que comparecerem às urnas: que eles recusem seu voto ao marxismo, cujos princípios unem todos os partidos de esquerda. Manter a família e a propriedade contra o Programa das esquerdas é o grande dever de todos os homens que crêem seriamente em Deus. Desejar a reforma da sociedade atual, na qual as tradições cristãs ainda existentes são corroídas sem cessar pelo laicismo ncopagão, é outra tarefa urgente ::i qual será preciso entregar-se desde que o perigo imediato da ascensão da esque.r da ao pod er esteja descartado.

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À porta de Notre Dame de Par}t. como •m

outros locais. o pC,blico recebeu com gr1n--

de int•flMI o manífesto da TFP francesa

Se o incêndio lavra em uma casa desmantelada, só se começa a colocá-la em ordem após apagar as chamas. Este pode ser o primeiro passo no caminho da emenda da França, rumo à autenticidade de uma França que sabe claramente pelo que vota, e que por isso vota pelo que quer; de uma França autêntica voltada para Jesus Cristo. Que a Santíssima Virgem, Padroeira da França, ajude a todos os franceses a quem incumbe o nobre dever de optar por Deus, para cumprir fielmente esse dever. Terão defendido a Civili1.ação Cristã e salvo a Filha Primogênita da Igreja. Paris, I S de março de 1978"

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Calvário da Igreja do Silêncio O Si$po lituano o. Teof ih.is Motulionis foi

deportado pan• a Sibéria e nunca mais vol• tou. Um prisioneiro fo tografou-o no campo do concentraç-ão. A comperaçi o das fotos revela o quanto sofreu.

UNCA UM tema foi tão obsessivamente tratado como o vem sendo, nos últimos tempos, o dos chamados d ireitos humanos. Atacando supostas ou reais violações de tais direitos em subversivos e terroristas das nações ocidentais, certas correntes esquerdistas transformaram o tema cm "leitmotiv" de sua propaganda. O que chama atenção, entretanto, é que toda a orquestração mund ial cm prol dos direitos humanos cm geral omite ou então minimaliza dois pontos. Primeiramente, o que o tema tem de mais central: o direito mais básico do homem q ue cons iste cm conhecer com os recursos naturais que Deus lhe deu e com o auxílio da graça. a Verdade, o Bem e a Beleza, ou seja, conhecer a verdadeira Religião. Além disso, tais correntes se omitem quando se trata de dirigir as mesmas críticas aos países de além cortina de ferro. · Ou pelo menos. quando o fazem, as acusações são tímidas, de nenhum modo apresentando a ê nfase empregada quando a campanha se dirige contra países não comunistas do mundo livre. Tal lacuna está tornando cada vez ma is patente a parcialidade com que atuam os corifous atuais dos direitos hu-

N

manos.

A perseguição aos católicos e membros de outras confissões religiosas iniciou-se com a queda do tzarismo e estende-se até nossos dias. Hoje, os ecos do pranto de católicos o rientais c hegam a1é o Ocidente através de "samizdats", escassos, porém, ini nterruptos. Esses boletins cl,mdestinos relatam o sofrimc,110 e a angústia por que passam os fiéis da Igreja do Silêncio e nos pedem um gesto, uma palavra, uma oração que minore sua tragéd ia. O que será rela tado a seguir permitirá ao leitor íormar uma clara idéia da implacável atitude dos governos comunistas em face dos cató licos. nos países de a lém cortina de ferro. E também comprovará o fato de que, apesar das provações que sofrem, católicos da Igreja do Silêncio continuam a resistir a opressão contra eles exercida pelos

ateus. Atualmente, segundo a Crônica

da Igreja Católica na Lituânia, n.• 28, de junho de 1977, os comun istas, sem dispensar a violência, tentam destruir a Igreja por dentro, infiltrando sua Hierarquia através de indivíduos dispostos a levar a cabo a ímpia legislação anti-religiosa, paralisando desta íorma, a atividade eclesiástica. Ainda segundo o mencionado relatório, os vermelhos a lcançaram com tal política sucesso apenas parcial. E is alguns fatos que atestam a tentativa de infiltração: • A igreja católica de São Luis, em Moscou, situa-se no quarteirão do Comitê de Segurança, a KGB. Qualquer atividade religiosa naquele local, por menor q ue seja, é cuidadosamente observada pela polícia política. • Em São Petersburgo, denominada Lcningrndo pelos vennclhos, a única igreja católica encontra-se cm idêntica situação. O presidente do Comitê paroquial, membro da KGB, não permitiu recentemente que um Sacerdote visitante falasse aos fiéis. Há pouquíssimos seminários nos países do Leste. Candidatos ao sacerdócio são meticu losamente vi-

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scminá l'io. Os que ensinam o rações ou catecismo i,s cria nças sofrem perseguições, de acordo com a lei. • Proibição ao c lero de fazer visitas pastorais: • Troca de paróquias para dificu ltar o apostolado dos Padres: • Ensino compulsório de ateísmo às crianças. Setenta por cento destas, quando entram nas escolas, praticam a Religião; ao saírem. apenas trinta por cento conservam a íé intacta. Esta é minada ainda mais nas escolas superiores o nde todos os universit,\rios são obrigados a seguir um curso de a teísmo cientííico.

Vejamos agora, ainda q ue muito sinteticamente, o q ue acontece cm algumas das Repúblicas da chamada União Soviética.

ba l: surgiu urna imprensa clandcs.. tina, apesar de todos os sacrifícios continuam a catequese, visitas a doentes em hospitais. os casamentos, etc. Até membros do PC conservam resquícios de fé. No leito de morte, muitos deles pedem para serem enterrados segundo a liturgia cató lica.

Tal é a situação dos católicos em países a lém da cortina de ferro. A Igreja está agindo quase exclusivamente num estilo scmicatacumbal em vastas regiões da Rússia , ignorando os inúmeros o bstáculos e restrições colocados pelos semDeus. Da parte do Crcmlin a determinação ê clara: perseguição perti-

naz.

Bielorrússia (Rússia Branca): A

giados. Se um jovem expressa desejo de ent rar para o seminário cm Riga , Letônia, ou em Kaunas, Lituânia, a KGB persegue-o. esíorçando-se para recrutá-lo como espião. Os que não concordam são ameaçados de serem recusados ou de não serem ordenados. De acordo com a KGB, somente podem entrar nos seminários espiões, inválidos. estúpidos e celerados. Por essa razão, o seminário de Kaunas não tem aceito candidatos da Bielorrússia nem da Ucrânia , com receio de estar recebendo agentes da KGB cm vez de verdadeiras vocações eclesiásticas. Contudo. a ameaça de infi lt ração persiste uma vez que os candidatos lituanos são ind icados pelo Deputado para o Culto, íuncionário do regime para assuntos religiosos. Comprova-se assim que a KGB erigiu-se numa espécie de Tribunal da Inquisição às avessas com poderes para vigiar a ortodoxia dos católicos russos. Estranha união entre Igreja e Estado num regime que propaga o ateísmo e rejeita obviamente, de forma veemente, q ualquer resquício da aplicação da tese católica que defende uma verdadeira e harmônica união entre o Poder espiri tual e o Poder temporal .. O recrutamento de informantes para a KGB não se circunscreve apenas aos seminaristas, abrangendo desde cria nças do curso primário até Bispos. Os que concordam freqüentemente cumpriam penas criminais que foram perdoadas. Consideremos ainda outros objetivos intentados pelos comunistas cm seu esforço de solapar a Religião: • D ifusão da ilusão de que há liberdade religiosa atrás da cortina de íerro; • Colocação nas sedes episcopais de Bispos "aceitáveis": • Promoção de maus Sacerd otes; • Perseguição dos Padres zelosos; • Negligência na ed ucação religiosa : • Proibição aos Sacerdotes de ouvir confissões nas paróquias vizinhas, mesmo em dias de festa ou por ocasião de funerais; • Proibição do ensino da Religião, o qual só é perm itido no

situação da Igreja é precária; a Fé católica. perseguida mais do que cm q ualquer outra República, não pela população mas pelos agentes enviados pelo regime moscovita. O governo proíbe aos menores de dezoito anos de írcqlíentarem as igrejas. É comum membros do Comitê paroquial (dominado por comunistas) verificarem na entrada das igrejas as cédulas de identidade dos jovens. Os Sacerdotes das paróquias freqüentadas por jovens são especialmente perseguidos. Em M insk. onde há 40 mil católicos. não há uma igreja sequer. A perseguição aos católicos caminha lado a lado com a russificação dos bielorrussos. Ucrâ nia: Os Padres do rito católico ocidental estão morrendo e não há seminários. Ê uma forma de extinguir o C lero. Os católicos do rito ocidental são servidos pelos Padres católicos do rito oriental. A situação dos fiéi.s do rito oriental ainda é ma is d ifícil. Todas suas igrejas foram fechadas e o C lero é especia lmente perseguido. Livros litúrgicos, vasos sagrados e paramentos íoram confiscados aos Padres, sob o pretexto de constituírem estes propriedade do pa triarca cismático de Moscou. Clérigos da Igreja cismática russa, inteirame nte subjugada pelo regime, ajudam a persegu ir os católicos. Letônia: Os cató licos são minoria no país, constituindo apenas 5% da popu lação. A vida religiosa dos católicos letões não é mu ito intensa. Os Sacerdotes têm medo de serem pu nidos pelo governo, não reinando entre eles confiança reciproca. Tadjiquistão: A situação da Igreja nessa região é melhor. Vivem no país católicos especialmente ale• mães e polo nescs. Há Sacerdotes considerados zelosos, religiosos e membros da ordem terceira . A Fé católica é especia lmente vigorosa nas regiões visitadas por antigos prisioneiros e Padres banidos. Lit uânia: Pa is às margens do Mar Báltico cuja população é católica cm sua maioria. Apesar da longa e dura perseguição promovida pelos comunistas. a Fé católica ainda está viva. Não há íalta de vocações sacerdotais ou religiosas, a vida eucarística floresce e o sacramento da peni tência é observado. Uma plêiade de mártires da Fé

surgiu na Lituânia, entre os quais vários Bispos: Teofilius Matulionis, Mccislovas Reynis, Vincentas Borisevicius, Povi las Ramarans kas. Acompa nharam-nos moças que sacrificaram suas vidas cm defesa da cast idade. Fora m elas as estudantes Elena Spirgeviciute, Stase Lusaitc, Danutc Burbaite, entre outras. A Igreja trabalha na Lituânia praticamente cm regime catacum-

A f.at1u do presente m& os preÇ<>S da assmatura anu.al de ºCatolicismo" são os da tabela ao lado

Ao mesmo tempo em que prossegue no seu furor anticató lico, o C remlin continua a apoiar vigorosamente a expansão de seu "braço eclesiástico", a Igreja cismática russa. Segundo o Serviço de Notícias da Alemanha, o governo bolchevista deseja transformar os templos da lgrcJa cismática russa na Alemanha cm centros de irradiação política soviética. bem como de neutra lização das instituições que reagem contra o regime. O obJetivo dos soviéticos é a íormação de peq uenas comunidades alemãs e a constituição de u ma Igreja cismi\tica a lemã sob jurisdição moscovita. No Japão jâ existe uma igreja nessas cond ições, com quase 40 mil membros. " autônoma". mas cuj os bispos só podem ser empossados com a aprovação de Moscou. Os russos desejam que o governo da Alemanha ocidenta l transfira para a Igreja cismát ica as a ntigas

igrejas russas de Wiesbadcn, Bad Homburg, Darmstadt, S tuttgart e Bad Ems, templos q ue farão parte da íutura "Igreja alemã", sob j urisdição de Moscou. Segundo dad os colhidos pelo Serviço Secreto a le mão . o patriarcado de Moscou não só exerce uma política exterior especializada, co mo também exerce ação de espionagem. Muitos padres cismá ticos russos são agen tes ou pessoas de confiança da KGB. É o q ue informa o con hecido jornal a lemão Die We/1 em a rt igo de Hein Wiclain. Deparamos assim com as atividades da Igreja cismática moscovita no exterior. essa verd adeira religião de Estado, constitu ída para promover a subversão, agitação e espionagem nos países do m undo livre, segundo os desígnios e planos de Moscou. Aos o lhos do mundo os chefes do Crcmlin c riam, a par da máquina de opressão aos católicos remanescentes sob seu jugo, um forminável embuste - como é essa Igreja cismática, com ramificações internaciona is, transformada em poderoso meio para lhes faci litar a conquista do poder mundial.

D iante desse quadro o q ue devem fazer os anticomunistas? Cruzar os braços, cm meio à ind iferença e apatia com que o mundo assiste a esse impressionante processo de desagregação religiosa, efetuado com pertinácia pelos vermelh os'/ Não. Vêm-nos à mente, a este propósito, uma ex pressão de Camões: .. Ânimo valerosa e valente". É bem este o estado de alma que nos incu mbe ter a té o dia da vitória final sobre o comunismo, profeti zada por Nossa Senhora cm Fátima.

RENATO VASCONCELLOS

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EXISTIU REALMENTE? Parece um Castelo de contos de fadas! Esta é a exclamação de quem folheia o livro das Horas do Duque de Berry (século XV) e depara corn a iluminura representando o castelo de Saun1ur, tal como era na Idade Média. Ainda hoje, em Saun1ur. na França, existe um resto - quão magnífico! dessa imponente obra arquitetônica, cuja foto apresentamos nesta página.

O Castelo de Saumur é um dos mais belos da época medieval, e aquele no qual se exprime por inteiro a a lma do homem da era histórica qualificada por um autor francês como a "doce prin1avera da Fé". A construção é hannoniosa cm todas as suas partes - a superior, leve, ligeira, graciosa; a inferior, sólida, forte, vigorosa e séria. Se imaginássemos o castelo constituído apenas pela sua parte de baixo, ofereceria apar~ncia de densa 1nole de granito. Se apenas pela parte de cima, parece ria um brinquedo. Ora, ele não consiste numa pesada massa arquitetônica, e nem é fantasia, mas un1a obraprima de equilíbrio - prudentíssirno nas realidades terrenas, sonhador sensatamente idealista nos aspectos superiores da rea lidade.

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Examine o leitor o jogo das torres, chaminés e torrcõczinhos do castelo. Parecem competir entre si para levantar vôo e elevar-se até o firmamento. Tal impressão é acentuada pelas mil pontas e ílexas terminadas em flores de lis douradas - o que dá ao edifício um matiz de fantasia , de nota angélica, de nostalgia do céu.

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Em torno do castelo, vemos desenvolver-se, cm toda sua plenit ude e simplicidade, a vida quotidiana. Um burrico desce vagarosamente pela estrada. Uma camponesa carrega con1 passo leve seu fardo. No canto esquerdo a chaminé de um forno, do qual saem pães dos rnais variados tipos, que dão fartura à rnesa dos bons aldeões. Estes e outros aspectos miúdos do quadro levam-nos a sorrir. É o pequeno e o prosaico que habitan1 harmoniosamente e se sentem bem ao lado do grande e do esplendoroso, sob sua proteção, sern inveja, nem revolta. Eq uilíbrio perfeito, que lembra aqu ela frase da Sagrada Escritura: Deus contemplou toda a sua obra ao íim do sexto dia, e viu que cada coisa era boa. mas o conjunto era óti mo (cfr. Gen. 1, 31 ).

Majestade, leveza, graça e proteção. Este é, cm síntese, o castelo de Saumur.

MAJESTADE E LEVEZA, GRAÇA E PROTEÇÃO O que resta de Saumur está longe de apresentar aquele esplendor do tempo medieval. Entretan· to, apesar de suas proporções acanhadas, o castelo restaurado conserva muito da nota de harmonia, força e placidez. Um variado casario popular se aninha junto às muralhas como um complemento natural do cas· telo, embora dele se diferenciando. O conjunto reflete o prazer do convívio e das relações sociais que caracteriza a sociedade católica, construida sobre o princípio de uma ordem hierárquica harmônica. . AI, o maior não esmaga o me• nor, mas o ampara e eleva. Por sua vez.. o menor não se revolta nem inveja o maior, porque vé

nele um degrau mais alto de uma escada que conduz a Deus.

7


.AtoJLnCISMO

CRISE DA IGREJA, CRISE DO BRASIL ESTINADO a alcançar grande repercussão no público brasileiro, vai sendo largamente difundido por todo o País o livro "Tribalismo indígena, ideal comw10-1nissio11tirio para o Brasil no século X XI", do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, lançado em janeiro último pela Editora Vera C,·uz (Caixa Postal 30781 , São Paulo). Intelectual de destaque, conhecido internacionalmente pelas numerosas traduções de suas obras que se têm feito no Exterior, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira desenvolve, cm seu novo estudo, a doutrina, as metas e os métodos de ação dos nnss1onários ditos hatualizados", que ta nta polêmica vêm causando de no rte a sul do País.

D

Faceta desconhecida da crise na Igreja

'

O estudo feito pelo líder da TFP veio revelar uma faceta capital, mas ainda desconhecida do grande público, da crise interna na Igreja. Um dos aspectos mais desconcertantes dessa crise é, sem dúvida, a permeabilidade de incontáveis meios católicos à influência e propaganda comunistas. Isto é geralmente conhecido. Poucos se tinham dado conta, no entanto, de que tal abertura para o marxismo podia chegar até aquilo que a seita vermelha engendrou como o requinte pútrido de si mesma, isto é, o estruturalismo. Para a corrente de pensamento cstruturalista - cujo expoente máximo é Lévi-Strauss - a sociedade indígena, por ter "resistido à História" e haver se fixado na forma de viver do período pré-neolítico, é a que mais se aproxima do ideal humano. E é para esse tipo de O.A,

Com efeito, para a nova corrente missiológica, que se diz "modernizada", a civilização atual. estigmati1.ada pelo egoísmo e pela exploração, está incuravelmente decadente e ruma para o desaparecimento. Pelo contrário, os índios conservam o estilo de vida primitivo, muito mais próximo do ideal evangélico: não conhecem a propriedade privada, o lucro, a competição. não vivem para o acúmulo egoísta de bens e de dinheiro que constituem o capital. Por isso não há entre eles pobres e marginalizados, não há exploração O. Tomàs Balduino 6 um dos expoentes da nova milliotogia quo nio quer eatoquizar, não quer civilizar; quer fazer -eitaçio. Segundo essa corrente, a sociedade civilizada é que deveria imitar os selvfeolas

bens da tribo, a ausência completa de lucro, de capital, de salários, de patrões, de empregados e de instituições de qualquer espécie. E aproveita a ocasião para ínvectivar a propriedade privada, cm prática nas nações civilizadas do Ocidente. Que efeito concreto resulta desse procedimento, uma vez que dele aflora claramente uma tendência doutrinária pró-comunista? - O fato é que o elogio t-0rre11cial da missiologia "atualizada" à propriedade comum vigente nas tribos indígenas nem de longe levantou

subvel'sio começa

nas selvas, mas .suas fagulhas Ji atingem as cidedos.

Ag:~nci11 JB

Não cabe a menor dúvida: é bem uma sociedade de tipo comunista que transparece dessa noção absolutamente surpreendente que os nosociedade que - segundo os estru- vos missionários se formaram acerca das c-0ndições de vida dos sil~ícolas, tura listas - devemos retornar. na realidade mar~ada, entre outros traços, pela crueldade, pelo mais Não quer catequizar, elementar primitivismo, pela mais não quer civilizar; melancólica estagnação. quer fazer agitação Surpreende-se aqui uma questão de tática: se a missiologia atualizada Se causa espanto que filósofos elogiasse a comunidade de bens ateus defendam teses tão absurdas, implantada rios países comunistas, mais ainda deve estarrecer que expor-se-ia sem dúvida a críticas e missionários católicos propugnem refutações incômodas. c omo padrão perfeito de homem o Esquivando, pois, o perigoso índ io selvático e como modelo idea l assunto, ela faz a apologia do de vida humana a que tem por cená- sistema de vida dos índios. A tal rio as ta bas. propósito, exalta a comunidade de

O.A,

nários para a sociedade temporal. O que faz com que os primeiros, empenhados na demolição da Igreja, vejam sem nenhuma oposição, e até com simpatia, o movimento dos segundos, tendente à tlestruição da sociedade civil.

P'

sem "tabus", som proprildede... O incindio da

Questão de tãtica

zado7 Os missioni· rios "progros.sistas" acham qlle nio.

O incêndio da agitação vai das selvas para as cidades

em $U& vida "livre",

do homem pelo homem. Em suma, de acordo com os missionários "atuali1.ados", os índios já vivem as bem-aventuranças evangélicas. Dentro dessa concepção missíológica, é supérfluo levar ao silvícola nossa Rehgião e nossa cultura, como fizeram no passado - erradamente! - tantos gloriosos missionários. Muito pelo contrário, nós é que devemos nos "converter" à cultura indígena e tomar os selvagens como modelos para nossa civili1.ação. Por isso mesmo essa corrente neomissionária se volta de modo apaixonado contra a antiga tradição missionária da Igreja - de que Nóbrega e Anchieta são símbolos refulgentes - cuja atuação era ao mesmo tempo evangelizadora e civilizadora. Não se separavam as duas coisas . A nova missiologia, porque não quer civili,.ar, não quer catequizar. E porque não quer catequi7.ar, não quer civilizar. Ela simplesmente quer fazer agitação, e depois de a teado o fogo nas selvas, lançar as fagulhas da luta de classes sobre as cidades. Entre os que assim pensam são especia lmente apontados, no bem documentado livro do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, D. Tomás Balduíno, Bispo de Goiás e presidente do CIM I, e D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia.

Este índio "Beiço de Pau" d eve ser civili•

entre nós a celeuma que a apologia direta das sociedades comunistas de além cortina de ferro provocaria. Não se pode negar que há nisso uma demonstração de habilidade tática.

Isto explica também que tanto a neomissiologia quanto o progressismo se voltem com esperanças de aliança para os movimentos católicos e não-católicos cruamente socialistas, quando não comunistas, impugnadores da atual estrutura sócio-econômica. De modo particular, nota-~c o apoio da ncomissiologia aos movimentos agro-reformistas confiscatórios. Na realidade, os neomissionários são, hoje cm dia, os elementos mais denâmicos e atuantes da agitação agro-reform ista, o que lhes tem valido freqüentes manchetes nos jornais. Em linguagem amena e acessível. o novo livro do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira um atraente "pocket óook" ilustrado com expressivas fotografias - conduz o leitor a uma temática origina l. de si tão fora das cogitaçõcs do homem comum. O au1or mostra , com grande segurança de argumentação, que a cratera da agitação missionária que parece estar conquistando nossas selvas nada mais é do que um pretexto para espalhar as fagulhas da subversão ºneocomun ista" em nossas cidades. O que significa que

tal crise tende a transformar-se de crise da Igreja cm crise do Brasil.

Com a palavra, a "esquerda católica" Uma documentaç,ã o cstar,·cccdora, de fonte mission:iria ou progressista - constante do livro - não deixa margem nenhuma a dúvida sobre a total procedência dessas acusações. Estão pois com a palavra os rnissionários "'atualizados.. e a ..es.. querda católica" c m geral, para que justifiquem perante a opinião públiCé'l brasi leira. sua pretendida isenção de qualquer influência comunista, tão obstinadamente reafirmada con .. tra todas as evidências. Agora que essa infiltração fica 1ão transparente como um cristal, a opinião nacional aguarda que eles se expliquem. Enquanto isso. os propagandistas da TFP que difundem o livro "Tribttlis1110 indíg ena, ideal co,nu11o*missio11tírio parti o Brt1sil no século X X/" vão advertindo o público, "Brasileiros. co11hecei este perjg_o par11 lhe dizer: NA O! O vosso NA O /Jarrllfli o ca111i11ho II esw invasão!" E cada dia mais o País vai acordando estarrecido para esta nova visão dos cstr:,gos que a chaga progressist:l ocasionou na face sacross.tnta da Igreja Católica . prestes a a lastrar-se. com efeitos imprevisíveis, sobre a própria sociedade civil.

A. A. BORELLI MACHADO

Progressismo e neomissiologia As concepções da ncomissiologia, que chocam tão profundamente o senso comum, nada mais são do que um reflexo das tendências progressistas que visam transformar a estrutura eclesiástica num tecido cartilaginoso de dioceses e paróquias sem território, de grupos religiosos em que a firme autoridade canônica vai sendo s ubstituída gradualmente pelo ascendente dos "profetas" mais ou menos pcntecostalistas, congêneres, eles mesmos, dos pajés das tribos indígenas, com cujas figuras acabarão por se confundir (cfr. Plínio Corrêa de Oliveira "Revolução e Contra-Revolução", Parte 111, Cap. Ili, 2, E). Essa espécie de "tribalismo eclesiástico" é muito visível, por exemplo, nos chamados "grupos proféticos" e no "pcntecostalismo católico" (cfr. "Ca1olicis1110". n.• 212/ 214, abril/ junho de 1969, e n.0 296/ 298, agosto/ outubro de 1975). Há também quem veja sintomas mais ou menos incipientes ou veementes dessa concepção esfacelada da estrutura da Igreja nas chamadas "Comunidades Eclesiais de Base", que substituíram, .quase por toda parte, as associações religiosas tradicionais. Enganar-se-ia quem visse nessas manifestações de radicalismo religioso meras aberrações do progressismo. Na realidade, elas são um desenvolvimento lógico das estranhas concepções teológicas e litúrgicas de que o progressismo dava mostras bem antes do Concilio Vaticano li e foram denunciadas pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira no já distante ano de 1943 (cfr. "Em defesa da Ação Católica", Ave Maria, São Paulo). Como se vê, há uma espécie de paralelismo entre as metas dos progressistas para a sociedade espiritual e as metas dos neomissio-

Telegrama da Y.FP a Carter Por ocasião da visita do Presiden te Carter ao Brasíl, o Prof, P)inio Corr~a d e Oliveira, Presidente d o Conselh o Nacional da 'llFP, enviou ao chefe do Executivo norte-americano, quando este encontrava-se n o Rio de J a neiro, um telegra m a solicitando-lhe a concessão d e ampa ro total e eficaz para as vítimas

dos regimes comunistas do Vietnã e Cambodge, as quais estão se evadindo aos milhares daquelas infelizes nações. Eis o texto integral do telegrama: "Por motivo da visita de V. Excia. a este País, a Sociedade BrasiJei.ra de Defesa da Tradição, Família e Propriedade TFP lhe envia seus cumprio1entos cordiais e muito atenciosos. E ap.roveita a oportunidade da estadia de V. Excia. entre nós p,ara expressar a esperança de todos os sócios, cooperadores e simpatizantes desta entidade disseJl)inados pelo nosso -.asto territór,io, de que os imensos recursos da nação norte-americana sejam aproveitados cada vez mais para socorrer os infelizes fugitivos do Vietnã e do Cambodge. Esses verdadeiros heróis, dos quais consideráv.el parte te.m n1orrido sem apoio e sem ajuda nos mares do Extremo Or.iente, foram l>rutalmente p.rivados de seus direitos humanos peJa ignominiosa opressão comunista. E grande número, dos que não faleceram continua,m a viajar pelos mares, sem destino certo, abandonados pelas nações ocjdentais que lhe-s ofereeem ajuda muito infe.l'ior às reais necessidades deJes. Posso assegurar, a V. Excja. de que nossos desejos de amparo total e eficaz para esses infelizes são participados pelas l'FPs existentes em qµase todos os paises da América, bem coroo do Velho Continente. Como nós, essas entidades autôno.mas e irmãs estão persuadidas de não haver no mundo contemporâneo direitos humanos mais dignos de solicitude e amparo que os daqueles nobres e inflexív.eis vietnamitas e cambodgeanos que preferem os .m ais terriveis riscos, e até a morte, a aceitar como fato consumado o jugo eomunista. Agradece.odo de antemão a a ten_ção que 'V. Exeia. der à: presente, sul5screvo-me com elevada estima. - Plinio Coirêa de ©Jivcira, Presidente do ConseJho Nacional da TFP".


Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

N9 329 - maio de 1978 - Ano XXVll l

A

ATENTADO CONTRA

IMAGEM

DA

DO BRASIL

PADROEIRA

Procla n1ou-o com piedade e ufani a todo o Episcopado Nacion al quando, no an o de 1931, no Rio de Janeiro, em presença de autoridades civis e militares e de mais de um milhão de pessoas, o Cardeal O. Sebastião Le,ne fez a consagração do País a Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Nessa ocasião, a Virgem Aparecida foi proclamada Rainha e Padroeira do Brasil, em consonância com um decreto do Santo Pa dre Pio XI. Assin1, a gloriosa I magem ocupa lu gar ímpar entre as n1ais sagradas e q ueridas tradições de nossa P átria e vem sendo penhor de proteção larga e contínua da Rainha do Céu. Em uníssono co,n a tristeza e a explicável apreensão q ue tomara m conta do País com a dramática fratura da ln1agen1 Sagrada, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presid ent e do Conselho Nacional da TFP, dete.r minou que em todas as sedes d a entidade fosse o estandarte social hasteado, por três dias, com um crepe em sinal de luto. De luto e de reparação, na esperança d e que a indizível bondade da Mãe de Deus não desassista nosso povo nesta quadra histórica tenebrosa em que o comunis,no vai n1ultiplicando no Bras il e no mundo os perigos, as ameaças, os riscos e os crimes".

JÁ SE ENCONTRAVA paginada a presente edição, quando ocorreu o trágico atentado que desfez em pedaços a I magen1 da Padroeira do Brasil. Assim, limitamo-nos, neste número, a reproduzir o comunicado da TFP, ao qual "Ca1olicisn10" se associa de toda alma. Na foto, a veneranda Imagem de Nossa Senhora Aparecida, sem o manto que habitua hnente a envolve. Eis a nota d istribuída pelo Serviço de Imprensa da TFP:

"A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Fan1 ília e Pro priedade (TFP) externa seu mais profundo pesar e consternação pelo atentado à Im agem de Nossa Senh ora da Conceição Aparecid a, ocorrido no dia 16 de maio. Vota da à defesa das tra.dições nacionais, a TF P tomou conhecimento do ato sacrílego com a mais enérgica repulsa. Desde a oca sião e.m que, no ano de 1717, foi encontrada nas águas do rio Paraíba por humildes pescadores, essa Imagem vem sendo venerada ininterruptamente pelo povo brasileiro, o qual tem recebido aos p és dela as graças mais insignes. .

EM APUROS ESTES SÃO os protagonistas de um dos maiores "shows" propagand ísticos de nosso século: o chamado "eurocomunisrno". Da esquerda para a direita, Enrico Berlinguer, Santiago Carrillo e Georges Marchais, respect ivan1ente chefes dos Partidos Comunistas italiano, espanhol e francês. Entretanto, tal golpe publicitário parece estar sendo mal sucedido. O pariido de Berlinguer acaba de sofrer pesada derrota eleitoral após o rumoroso seqüestro e assassínio de Aldo Moro na Itália. Nas últimas eleições legislativas na França, os comunistas franceses foram frustrados por significativo fracasso. E o comunismo espanhol? Acaba ele de encenar monumental comédia. Com que objetivos? Com que possibilidades? Leia na página 3.

RESISTÊNCIA E FEVEREIRO DE 1974. Milhares de católicos vietnamitas homenageiam em Saigon a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, que dois anos antes vertera lágrimas mil agrosamente em Nova Orleans (EUA). Castigados pela guerra, perseguidos pelos con1unistas, abandonados pelos aliados ocidentais, traídos por muitos de seus próprios compatriotas e até Pastores, depositam eles na Santíssima Virgem suas ú ltimas esperanças de sa lvar o país da escravidão vermelha. Entretanto, um ano depois o mundo assistia com criminosa_ indiferença a queda de Saigon. Para muitos, a tragédia terminara com a morte. Para outros, acabara apenas de con1eçar, con1 a comovente odisséia de um povo que desafiava os oceanos em busca da liberdade. Teria tambérn a Mãe de Deus abandonado aquele povo que ninguém quis socorrer? Não. No mesmo ano de 1975, um milagre estupendo, seguido de outros prod ígios, dava início a unia nova era de graças para o Vietnã. E, ern conseqüência, a n1pliou-se a resistência arrn ada dos heróis inconforn1ados que lutam contra o jugo comunista naquele país. Sobre tais acontecimentos, "Catolicismo" apresen ta informações inéditas às páginas 4 e 5. •

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Atualidades de aquém e além cortina de ferro INFORMA o boletim "hnpressões da Alemanha" (23/ 1/78) que o Instituto Wicker/, de Tubingen, na Alemanha Ocidental, conseguiu pela primeira vez fazer uma pesquisa de opinião que abrangeu cidades tanto da Alemanha livre como da oriental, comunista. Mais da metade dos alemães orientais (52%) revelaramse favoráveis a uma reunificação nacional. Contra ela manifestaramse apenas 19% e os restantes 29% nã_o podiam c:_>u,_não quiseram expnmar sua opmaao. Apesar disso, os orientais estão utilizando sistemas cada vez mais sofisticados para impedir fugas para o lado ocidental através dos seus 1393 quilômetros de fronteiras, inclusive o muro de Berlim. O boletim norte-americano The Hera/d of Freedom (16/ 12/77), mos. tra que os comunistas têm obtido milhões de dólares da Alemanha Ocidental na forma de tesgate pelos prisioneiros poHticos que desejam sair. Os presos estão sendo usados para a obtenção de divisas estrangeiras quando são postos em liberdade ou obtêm permissão para cruzar a fronteira rumo ao Ocidente.

• • • DEPOIS DE dois anos e meio de independência, a situação do regime

Policy Association, dos Estados Unidos. Quase um bilhão de pessoas que vivem sob a teoria e prática do comunismo no continente chinês não desfrutam dos direitos civis, mostra o estudo. • • • Os chineses punidos por críticas ao regime são transferidos para A AGl:NCIA DE notícias Nova China, de Pequim, admitiu que a empregos nos campos, em províncolheita de cereais no país, cm 1977, cias remotas ou vão diretamente foi "mediana", igual a de 1976, mas para as prisões ou trabalhos forçanão informou qual foi a produção. . dos. Segundo a Free China Review De acordo com o boletim What's (janeiro de 1978), de Formosa, uma Happening 011 the Chinese Main- onda de execuções estã varrendo o land (15/ 2/ 78), publicado em For- país, com a eliminação dos contramosa, a Agência atribuiu a escassa revolucionários. As populações urbanas são secolheita "ao pior desastre, natural veramente limitadas com restrições desde 1949". O ano passado foi um dos piores, em 28 anos desde a para viagens. Os repórteres e cor"libertação". Secas prolongadas e respondentes estrangeiros c m Petoda espécie de adversidades natu- quim, não podem dizer as verdades rais concorreram para afetar a pro- sobre o que vêem, pois receiam represálias do regime. dução de cereais. É a velha história que se repete: os fenômenos meteorológicos pa• • • recem estar sempre a serviço do O EX-EXPORTADOR nortecapitalismo e da burguesia , consamericano Frank Emmick cm artigo pirando contra os regimes do prolepublicado no Diario Las Anu,lri,.as tariado comunista. (16/ 3/ 78),.de Miami, descreve os 15 anos que passou em prisões cuba• nas. Após cumprir quase metade da SEGUNDO o anuário do Conselho de Assistência Mútua, de sentença de trinta anos de prisão, Emmick, com 63 anos, foi libcl'lado no princípio deste ano devido a seu péssimo estado de sa údc. Ele assinalou que existem a tualmente em Cuba cerça de 40 mil prisioneiros políticos. Afirmou ter obtido estas cifras atrávés de uma rede de comunicaçõés entre os presos políticos da ilha. 1 Ao descrever as. cond ições nos cárceres de Cuba, d asse que "os fatos diários são inenarráveis". Na década de 60, os pelotões de fu1.ilamento funcionavam sem cessar, e a s execuções podiam ser ouvidas pelos prisioneiros. lhete deixado perto de um corpo contém a segmnte frase: "Lamentamos. essa morte deve-se a 11111 erro de identificação".

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Dispositivos M.1tom6ticos acionam m.uelhadoras na fronttlr1 alemi-ori1ntal

angolano é crítica. Diplomatas que estiveram recentemente em Luanda dizem que o país está à beira do colapso. A capital é uma cidade fantasma: os edifícios ainda estão de pé mas as pessoas desapareceram. t o que diz um despacho da agência de notícias UPI (14/ 4/ 78). O regime de Agostinho Neto deve sua sobrevivência à presença em grande escala de militares e civis cubanos em Angola: cerca de 19 mil. Somente dois supermercados funcionam em Luanda. Quando Frank Emmick., 16 anos preso em Cuba recebem um suprimento de mercadorias, formam-se imediatamente longas filas. Moscou, a safra cubana de açúcar, No ano passado o governo reco- em 1975, foi de apenas 5,5 milhões nheceu que havia fome no país. Sem de toneladas, e a de 1976, 5,4 a ajuda russa, Angola jã teria ido à milhões. Conforme declarações do falência, . pois sua economia está próprio Fidel Castro, Cuba deveria inteiramente desorganizada. produzir cerca de IO milhões de toneladas por ano. O jornal oficial do partido comunista cubano "Gra111111a", aponO REGI ME comunista do co- tou como causa a ocorrência aronel Hailé Mariam, da Etiópia, normal de chuvas que afetaram em vem intensificando a campanha de muitos lugares a safra açucareira. terror revolucionário contra seus Previamente, funcionários do adversários, relata a revista francesa governo haviam reconhecido o fraParis Mdtch (3/ 3/ 78). casso das máquinas soviéticas, inaO terror vermelho poderá con- dequadas para o terreno da ilha, tinuar indefinidamente até que o informa o Diario Las A,néricas governo julgue ter liquidado toda (22/ 3/ 78). de Miami. oposição. Carros da polícia param Assim como na China, a mesma de repente junto de algum "inimigo explicação: como bode expiatório, o do regime" abatendo-o a tiros e clima e o solo. deixando-o jogado nas ruas até que passem os lixeiros e o recolham. Centenas de cadáveres têm sido encontrados nas vias públicas com A CHINA vermelha figura com cartazes que dizem: "Seria desper- destaque entre os violadores de dício de dinheiro enterrar contra- direitos humanos no mundo, serevolucionários". Às vezes, um bi- gundo um relatório da Foreign

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• • • PHNOM PENH, capital do Cambodge, que abrigava quase dois milhões de habitantes, antes da "libertação" pelo Khmer Vermelho . em 17 de abril de 1975, não é mais que uma cidade fantasma, abrigando hoje entre IOa 12 mil habitantes. conforme a revista francesa L' /;"xpress (9/ 4/ 78). A população das cidades, entre dois a três milhões de pessoas, foi deportada para a zona rural. Existe apenas uma loja na capital, que abre duas vezes por semana. Há somente um jornal, "A Revolução", impresso três vezes por mês. e uma rádio do governo, que martela a população com comunicados e máximas revolucionárias. Os soldados do Khmer Rouge quase nunca espancam ou punem os trabalhadores, di1.em os refugiados. Eles simplesmente os matam. Pol Pot, primeiro-ministro e chefe do partido comunista, declarou recentemente: "Falta0nos eliminar ainda 10% da população". Segundo fontes do governo norteamericano, cerca de 4.500 pessoas fogem mensalmente do Cambodge, Laos e Vietnã.

C. S. L .

Reparos ao documento de Puebla Em declarações à imprensa, D. Antonio de Castro Mayer. Bispo de Campos (RJ), teceu as seguintes considerações sobre o docu me,uo preparado pelo CEl.A M (Conselho Episcopal Latino-americano), q ue deverá ser examinado na próxima Assembléiu do 13piscopad o latinoamericano, a realizar-se cm Pucbla (México), em o utu bro próximo: "Julgo o documento preparado pero CEl,AM, parn ser examinado na As~embléia do Episco pado latino-americano cm Puebla, falho em muitos pontos". "O documento é freq uentemente vago'', acrescentou D. Castro Mayer. "Por exemplo, quando critica as atuais estruturas econ ômicosociais, que julga injustas, não apresenta argumentos em que fundamenta esta apreciação negativa. O mes mo se diga, quando aceita a possibilidade de um socia lismo que se ajustasse ao catolicismo". E prosseguiu o Bispo de Campos: " Deveria o documenlo explicitar em que consistiria esse socialismo, uma vez que Pio XI declarou todo socialis mo, mesmo o t1ue ma is se np roxima~se dos 1>ostulados so ciais cntólicos, oposto à Doutrina Revela da. De minha parte, não conheço nenhum socialis mo que não pleiteie uma sociedade sem classes, e não se baseio numu filosofia materialista, dois pontos incompath•eis com n Doutrina da lg.rcja". "Não obstante - concluiu D. Castro Maycr - o documento de Puebla evidencia a intenção de trilhar um caminho que evite radicalizaçõc.ç extremas. Indiq ue ele, de m odo cloro, como entende a nova civiliiação c1ue apregoa, a nova culturn, o n ovo cristianismo, e sera possível um di álogo fecundo".

GENERAL EUCLYDES FIGUEIREDO COMENTA SITUAÇÃO RELIGIOSA AO RECEBE R o titulo de cidadão de lgarapé-Açu, no Pará, a 8 de. março p.p., o general Euclydes de Olivei ra Figueiredo, então comandante da 8.• Região Militar, pronunciou importante discurso, no qual presta seu autorizado depoimento sobre a ação subversiva de elementos eclesiásticos naquele Estado. Nomeado para as e levadas funções de vice-chefe do Estado Maior do Exército, o ilustre militar tomou posse do novo cargo eni Brasília, no dia 28 de abril último. Nessa ocasião. em contacto que manteve com a imprensa, o general Euclydes Figueiredo con íi rmou seu pronu nciarnento sobre eclesiásticos do P:1ní . Observou 1amhém que o caso de D. Alano Maria Pena, Bispo de Marabá, deveria ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional, com base no inquérito feito na época. E acrescentou que a Justiça Militar assim não o entendeu, devendo aquele Prelado e os Padres envolvidos no episcxlio que originou o inquérito serem julgados agora pela Justiça Comum. Transcrevemos abaixo a integra do discurso: "Profundan,ente e11rocionado recebo esta ho,nenagem do povo de Igarapé-A çu como representante do &érâto Brasileiro e do Governo Federal, instituições e,n cujo non,e 11 8.ª RM rvnwu a iniciativa de organizar tJ Operação Dol'umento. Mas não só a elns, co,no a um todo. deve o povo do Pará agradecer, pois ela é o resultado do esforço conjunto de diversos órgãos federais e estaduais tais co,no: o INCRA. a SUDAM. o 11'/;"RPA. " LBA." 8A SA e outros. Dela tambén, têm pari icipado os governos 111unicipais e aqui, em /garapé-Açu. a Igreja Católica. A Operaçõo Documento consiste 1111111 ,novilnento integrtido de órgãos. instituições públicas e particulares e de cidadãos. todos traballwndo e agindo 110 interesse da comunid(Jde. 110 sentido de dar aos brasileil'os mais humilde.< e desfavorecidos, os condições 111i11i111as essenciais au seu t robalho. proporcionando-lhes a i111egr(Jção na sociedade. Com os documentos em ordem. está o âdadãu regisirad"· identificado. lwbilitado e qualificado paro desenvolver suas atividades. além de poder votar e ser votado. Soniente corn su<J J>osse e/<1 é reol-

cidadcio, ,w verdadeira e:rprt.'ssão do termo. É v priJneiro pt1sso ptu·t, a solução d,, mui1os problemas de caráter polítil:oadrninistrativo. l' 1(1/vcz seja o n1en1e 1.1111

,nais in1pqru111t<:. porque é./i11ulan1cr11al. E por issn que o r-..xér..

cito nele se empenha. Nesta oportunidade, devo agradecer e louvar a ,·ooperaçtio de todos os que participam da o,,eração.

S<1111

{l

ajuda destt>S

colaboradores anónimos. ela serit1 in1possível. Alguns consegui-

1nos identifit'ar, outros não. Aqui. neJte ·,m1nic·1/>io. vale destacar a atitude modelar do padre João Mor,neui. ,nnis ,nere('edo,· do tit11/(I de cidadão do que eu. Foi ele quem solicitou a nossa vinda. Sern recursos para nadt1. ele . procura as autoridades e apresenta sugestões.faz pedidos e angaria ,neios para t1judar seus paroq11ia11os e assim coopera com a administração pública. Este sim é verdadeiro Padre. Bem diferente tem sido o ,·u1npor1a111e1110 de outros que. com interesses i11confessados, proc11ra111 denegrir as autoridades e tis instituirões. acirrando os tinhnos. incitnndu "s pohres

l'On·

1ra os ricos. lavrador<'S co111ro

proprietários, cidtulõus contra as autorida,!Ps, provocm,do a luta de <·lasses e levando à suhvetsão, estimulando e aplaudindo até mesmo o assassinato. E, quando drega,n " e.,te desenlace, ,:orre,11 cova1·deme,11e para Brasília, pratéStando inocência, dizendo-se incompreendidos. Jazendo-se de vi1i11ws perseguida.<e abandonando à pr6pria sorte os seus rebanhas e agentes de pastoral, a esta altura transfor,na,{os e,n quadrilhas de bandidos. li que. vedt1deira111e111e não esttio interessados na defesa dos "posseiro.,·". como dizen1. · I! .ti111 ,w subvt~rsão da orde,n, no des11,ort1/izarão t/11.t outoridtules e das leis. e na abolição do direito de fHOpriedade. Queren, a propriedade ,·o1111111i1ári11 dos ,neios de produ-

ção, a pmwt·éia socialisrn ou a socialização, como diz(•m. Atuam de forma insidiosa. co11sdentizando lentamente. i11jel{J11do seu ven~no em p<1qut~1ws do.,·c•.\·, sul,.. li111i11arme111e, no.,· cursilhos. 110.-.·

reuniões dos t·omunidtJdes d<· bt,s<). 11as ,nisso.\-. através de sermõe.,, das palestras. dos boletins paroquiais e. att> 111esn10. dos cânticos, 1uu110 verdadeira ''lava1:em cerebral". Usam o /;wm· gr,/1,o e a hnagem de Cristo ,·omo ca111u.flagem e o hat ina como escudo. Na vérdade não são mensageiros da Fé em Cristo, por que ,uio ti tê1n. são traidores, sõo vendilhões da Pátria. E. por isso. são nossos inimigos e contra eli's lutaremos se,npre. 01111'0 que 111erece louvores. a es1i11w (• a ad111ira('ãa de todas. particularmente do povo de lgaropé-Açu, p or ser seu conterránen, pelo ""'gn(fko ttabalho que ve111 realizando en, todo o Estado, <'m beneficio dos mais lu1111ildes, co111 mnur t' e.\'trl!ma dedil'art7ll. é o Cap. Botel/,o, ex,,111p/o de lunnen, e de ,nilitar, orgulho para o Exército. Senhores. 1nai.t tuna vez. agra• der<> e.tia lu11n<>nage1n. eu, 11011,e do Exército ,, do Governo Federt1I, pro,netendo guardt,r ,·om muito carinho este título dt cidadão igarapé-açut 11S<)". 1

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NOVA FIGURA PARA EVITAR

UM LU XUOSO hotel maDe um lado. representantes dos drilcnho, o salão de soleni- PCs russo. cubano. português e dades está repleto: 1.500 pes- a ngolano. entre outros. expressaram soas. A presença de representantes seu desacordo e condenação às leses de todas as forças políticas espa· c uroeomunistas. nholas e de um batalhão de 560 De outro lado. surgi ram projornalistas indica a intenção de testos e d issidências cm alguns comiconferir ao fato uma ressonância tês regionais do próprio PCE. internacional. No e nta nto. nada d isso foi suO q ue se passa? licieme para desacreditar as teses de Rcúnc~sc pela primeira vc1. na Carrillo j unto à maioria. Pelo conlegalidade, desde 1932. o Partido trário. parece ter contribuído para Comun i;ta Espanhol (PCE). cm seu conferir maio1· autenticidade à ma1X Congresso. nobra. .. f.a Pasionaria". sedenta de san-Rodeados de luxo, e m ambiente de acentuado colorido burg uês. reu· gue na guerra civil, portou-se com niram-sc. a 19 de abril p.p .. os docilidade, presidindo sessões que inimigos da burguesia e implacáveis transcorreram cm ambiente tranqüidemolidores da suntuosidade. lo. segundo a imprensa . E a votação Opedrios. artistas. poetas e dois consagrou a vitória das teses curo· Jesuítas (curiosa ordem esta, e m que comunista.s por ampla maioria: 968 a imprensa d iária os enumerou ... ) a favor. 248 contra e 40 abstenções. fora m convidados a constituir a Fato inédito: os discordantes •~presidência de honra" na abertura não se demitiram nem foram afasta .. do congresso. dos das lideránças ou do Partido. Com seu olhar duro c negro. como c m ocasiões anteriores. É que dirigiu as sessões a octogcníiria e a " nova era" do PCE se inicia desde famigerada Dolores lbarruri - "La logo concedendo indulgente liberdaPasionaria". de de opinião política aos membros Santiago Carrillo. secretário-ge- insubmissos. Em sunia. o que se passou no 1X ral do PCE. expôs os objetivos do e ncontro: aprovar os novos estatu- Congresso do PCE soa cm termos tos. consagrar as teses eurocomu- de doutrina e tcítica comunistas nistas e modificar a o rientação do como se. cm aritmética. 2 + 2 não Partido. Este abando naria a dou- fosse mais igual a 4. mas a 5. trina lcninista para adotar uma nova denominação: "par1ido ,nar.,·isw. de-

N

Mais um lance de seja , um partido eurocomunista. guerra psicológica

1nocrti1ico

e rl'vol11cio11ário ".

Ou

q ue :tnuncia com grande aparato publicit~irio sua ·indcpcndênci.:t .. cm relação a Moscou e sua renímcict aos 1

dogmas de Lenine, prometendo respeitar as liberdades de pcns:,111ento, de manifestação e de pr{,tica religiosa. bem como a vida privada. Ao anunciar essa espetacular virada. o curocomunismo joga na Espa nha uma cartada hábil, destinada a desarma r os espiritos e a a ngariar simpatizantes não só na península ibérica co1110 em todo o mu ndo ocidental.

Dois mais dois é igual a cinco? Com efeito. o "show" não poderia ter s id o mais bc111 monrndo. Reconhecido e cultuad o como o estrategista-mor do comunisrno. que disciplinou, orientou e impulsionou os PCs para a rápida e efeti va conquista do poder cm vii rios países, Lenine é agora relegado ao desprezo pelo PCE. Mesmo anteriormente ao IX Congresso, o sccrctúrio-gcral do PCE havia pres tado declarações espant osas à imprensa. Em entrevista à revista " Cambio 16''. Car,·illo aíirmou que os comuniscas são unânimc,s cm aceitar a monarquia. "pois. neste 1non1e1110. esuunos con • vencido.-. de que a /onn11 JJ10,uírquica de Esrado é. de f1110. uma fór111ula de rec,,11ciliaçiio 11/1cio1wl. indept>11df!11te111e111e de que nos <1,:radari11 JJIOÍS u1110 república de,no .. crárica [ ... ). A ll('<io do Rei [Jua n Carlos] foi ft1v1Jrtível ao re.,iahelechnento das liberdades den,ocrâ.. til-as" (cf. "./onwl do llrllsi/". 30/ 3/ 78). Sem dúvida, a declaração sur.. prccnde. U111 comunisrn ferrenho deveria sentir arrepios de indignaç.ão ao ouvi-la . Pois. nad a h{t de ma is avesso à concepção marxista de uma sociedade sem classes do que o regime monárquico. Ainda que os comunist:is tenham razões de oportunis m(l para considerar .Juan Carlos I um eventual aliado momentâneo. em o utra época as palavras de Carrillo provocaria m furor. Entreta nto. o que aconteceu quando o chefe comunista espan hol expôs suas teses ao plenário do IX Congresso'/ Hou ve reações. é verdade.

Diante de tão singulnr mcrn .. morfosc. que ju ízo emitir'! Falamos em ..show... Não scr:i s inceridade? Entretanto . como poderiam os comunistas ser si nceros nessa meta .. morfose. se ela - conduzida até suas últimas conse<1tiências cm sã lógica - implicaria numa verdadeira a uto dcmo lição? Ora. nada faz crer que o movimento cornunísrn internacional esteja cm p,·occsso de autodcrnolição ou quei ra se. autodernolir... Bem analisados os fotos, vê-se que houve apenas muda nça de tática. A nov;.1 figura "dcmocrütica'". corda ta até c111 relação à monarquia, assumida pelo Partido Comun istá Espanhol não passa de mais um lance de gucrrn psicológica rcvolucionária. com s uas manobras. seus engodos e seus ardis. A liás. muito mais eficiente do q ue a artrH1 da vio1{:ncin. com a qua1 se conjuga. Contudo. trata-se de um lance perigoso. não isen to de graves ris-

Na tentativa de sair do enagnação. o PC espanhol aboliu o lonini$MO. Mas nom todos os seus velhos adeptos compreendem a "domocratíiação" .

cos. O que levou os estrategistas de Moscou a arriscar ~, pa n ida na Espanha'?

Onde hã fumaça, há fogo Décadas de lidcl idade aos rumos consagrados por Lenine não poderic, m ser encerradas de maneira tão ~implcs. sem premente necessidade. Esta necessidade desesperadora. não é diíicil co ncluir qual scj,1. /\ incapacid"de do comunismo cm persuadir os povos. o fracasso de seus métodos clássicos de proseli tismo e de conquista da opinião. tornam-se cada vez ma is patentes. Ele íoi bem sucedido em csialx:lccer imensos campos de concentração. Mas c m nenhuma ocasião conseguiu

convencer :;1s mult idões. O Partido Comunista Espanhol, 11<) caso. debate-se nn Ín$upcrávcl diíieuldade de an\pliar seus <1uadros e ca ptar s impatizan tes. Nas últimas eleições. jú legalizado pelo governo de Adolfo Suarcz. o PCE não oblcvc mais do q ue o magro resultado de 9% dos votos. Sabe. entreta nto. 4uc para conqu istar o

poder e nele permanecer precisa do apoio da maioria dos espanhóis. O exemplo chi leno de 1970-73 demonstra t:1uc crnbora essa ma iorfo possa consli tui r-sc de vários 1>ar1idos de esquerda coligados. ela deve ser no enta nto suficientcrnentc ampla pal'a cvité1r uma insurreição popu lar aniicomunista como ocor1·cu no pais a ndino. A dcccpciona nte ausência de ta l sustentação apresenta a conq uista do poder aos comunis1as como miragem fugidia, possível talvc1. cm fu1uro distante. <1uiç;', po,· volrn do ano 2000... Ademais:, os comunistas espanhóis têm fresca na memória a ama rga derrota de seus congêneres fra nceses nas recentes eleições legislativas (ver ..Cn10/icis1no ", n. 0 328, de abril de 1978). Em conseqüência. o Part ido Co mun ista Francês. também eurocomunista. sangra até hoje devido às reridas não cicar rizadas. Compreende-se então a lática do PCE. Ele tem neecssidaclc urgente de atrnir simpatizantes e de tranqiiiliz.ar os inimigos. para ver se assim consegue sa ir do esta ncamento cm ...,uc se cncontl'a. Ao ernpurrar o idolo Lenine para os porões do

As tosas ou rocomunistas de Carrillo (centro) venceram no IX Conqresso do PCE. Mas n5o parecem convencer a m;,ioria dos espanh6is.

olvido, deseja certamente fazer e ntender que a sociedade burguesa nada deve temei· do curocomunis .. mo. Pois acaba de renegar a ditadura do proletariado - e tapa indispensável no processo comünista. segundo a interJ>rctação leninista do marx is mo. Entende-se ainda. nessa perspectiva. outra aíirmaÇão surprccn.. dente de Carrillo: "Um governo esquerdista t11uab11l!11te ,w l~panlw seria 1111w ('(ll(Ísrrofe", declarou ele a jornalistas. Seria uma catástrofe pol'q uc ·o chefe marxista espanhol sabe que seu partid o não tem sustentação na o pinião pública. Sobre uma eventua l alia nça com o- Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). Carrillo assegura que "11pesar das afinidades. fsto 11,Io significa tfll(' ptul<~rtÍ haver unw nova Frente Popular ,w E.rpa11lw. nos 1110/de.< da que foi for111((da n os te111pos da guerra civil". A intenção ele procurar lavar-se do sangue que derramou naquela ocasião é clal'a. Esse temor de s uscitar reações incontroláveis no fogoso povo espanhol. explica também os elogios comunistas ao Re i J uan Carlos e à monal'quia. N;, tcnt.ttlva de desarmar os cs1>iritos contra qualquer idéia de rad icalidade do PCE, Carrillo chega a qualificar de "demagógica" a cam panha do PSOE cm favor ela república. "Se /( va11tarn1os a questiio da ,.,,pública "gora - disse ele na abertura d o debate parlamentar sobre a nova constituição - embartare,11os 1u11na ave111urt1 deJa.rtroslJ. na qutJ/ ceru11nente 11ão obtería,nos a repzíblica. ,nas poderi'a,nos perder a dt1 111ocràcia". 1

Correr devagar para chegar com fôlego Em vistas das diíiculdades profundas do comu nis mo cm arrastar as massas. depreende-se das palavras do chefe comunista espanhol um verdadeiro jogo-isca . no qual se insere o congresso-"show". O PCE, ao atacar o PSOE, e mpurra para os braços deste grande n úmero de centristas indecisos, que temeriam votar nos socialistas se fossem apoiados pelos comunistas. Assim. forma-se uma curiosa cadeia de relacionamentos, cujo objetivo é empurrar os espan hóis do cent ro para a esquerda, e do centroesquerda para uma esquerda mais rad ica l. Insere-se aq ui a recente a lia nça do Partid o Socialista Operário Espa nhol (PSOE) de Felipe Gonzalez com o Partido Socialista Popular do prof. T icrno Galv:rn. Embon, a mbos os partidos apresentem o mesmo programa. comenta-se q ue a moderação de Galvt'u'I nomeado pres idente de ho nra do novo Partido Socia lista unilicado - abrand:1 rá a imagem i·cvolucionêiria dos coma ndados de Gon,.1 lcz. Vê-se que o plano das esq uerdas na Espanha é mesmo fingir moderitção para iludir, unir forças para vencer ... Se consegui rem a execução do plano e os espanhóis se deixarem e nganar pelo j ogo-isca, o curocomunismo poderá alca n,:-nr progl'CS-· sos fatais para a Europa. Ê verdade que a manobra poderá ser excessivamente lenta cm pr-0-duzir res ultados. Porém, o efeito é calculado. Sem sobressaltos. evita nd o intimidar os cemrisias e procurando desarmar as reações. socia listas e comunistas avançariam devagar para chegar com fôlego a seu te rmo: o comunis mo tota l. Conseguirão esse intento? Incógnita por ora ... resta esperar.

PEDRO IVO DE OLIVEIRA 3


PRODÍGIOS DA VIRGEM DE Em 1974, 0$

FÁTIMA NO VIETNÃ

viomomiu.s pudoram vonorar om Saigon a Imagem Perogrina quo verteu hígrimM

milagrosamonto om

Nova Orloan$ (EUA)

/\pesar de só locomover-se cm '' Vâ co,uernort1r o !•l ata! co,n sut1 endeira de rodas. An h fêz uma Jamílitt em Tan Uyen e volte aqui no O RELATO DOS FATOS extraordinários ocorridos recentem ente no Vietnã, que ·'Cato licismo " apresenta nesta página, constitui matéria inédita, peregrinação de 8 km a té a igreja de dia 28 de dezembro de i97S. Eu o Nossa Senhora de Fàtima de Binh curarei. V. ct1111i11harri e falarri. desconhecida do grande p úblico brasileiro. A ssista a Missa de 9 !toras. receba a Baseia-se, fundamentalmente, cm dois artigos publicados pela revista Loi. "Sou/" (Was hington, N.J.), órgão oficial do E xército Azul de Nqssa Após a queda do Vietnã d o Su l Sagrada Comunhão. beba da âgua Senhora de Fátima nos Estados Unidos e Canadá, em seus números de nas mãos dos comunistas. a 30 de da f onte e V. serd curado". No dia 27 de dezembro Anh foi 1ulho -agosto e setembro-outubro de 1917. O autor dos artigos é o ex- abril de 1975, os vermelhos ocupad eputado Khong 1'rung l,uu, atualmente refugiado nos Estados Unidos. ram o hospital Cong Hoa. Subme- ao palácio arquicpiscopa l e escreveu Entretant o, a importância da matéria requeria da parte deste tido n inte rroga tório. Anh tarta- uma nota a D. Nguycn Van Binh. mcns:irio especial diligência em apurar os fatos. Assim , nossos corres- mudeou s ua tragédia, que aos ou- Arcebispo de Saigon, pedindo-lhe pondentes nos Estados Unidos e na França - os maiores centros de vidos co munistas so;Ham como um para comparecer à Igreja de Nossa refugiados vietnam itas - procuraram obter informações no sentido de "insulto à Revolução". Ordenaram- Senhora de Fátima a fim de ser confirmar ou desment ir o impressionante relato do Sr. Trung l.uu. lhe c ntfio cava r uma fossa cm frente teste munha da cura. O Arcebispo Esses contactos, de modo geral parecem confirmar que no Vietnã ao portão principa l do hospital. não lhe deu a menor accnçfio. O realmente fatos e.~t raordinários vêm ocorrendo. A cura milagrosa do Depois de executar parte do paralitico dirigiu-se em seguida ao paraquedista Estêvão Ho Ngoc Anh , a quem Nossa Senhora de Fátima teria trabalno cm sua cadeira d e rodas, Pc. Bach Van Loe, Redentorista, aparecido, é fato comentado pela maioria dos refugiados vietnamitas que Anh caiu acidemalmentc com e la no recebendo igual tratame nto. O jovem rumou então para Binh chegaram recentemente /1 Fran ça, Estados Unidos ou Canadá. Neste buraco. ali permanecendo a noite Loi a fim de passar a noite e m sentido, particularmente interessantes são as declarações do prof. Nguyen inteira. Quando os comunistas o t>huoc Thua Thien, antigo assistente da Faculdade de Letras da e ncontraram meio-morto na manhã vigilia . Para tanto, pediu licença ao Unh•ers idade de llué. hoje asilado na França. segu inte, expu lsaram-no do hos- Vigário. t>c. Vu Ban Bo. o mes mo q ue construiu o santuário. O Pe. Bo Os dados sobre a vida de Ho Ngoc A nh anterior a sua cura milagrosa pirnl. foram extrclidos de um documento enviado ao prof. Thien por um Para onde ir'? Anh tinha pais tinha muita compaixão dele para Sacerdote católico de Hué. baseado cm uma entrevista com o próprio Anh. vivos, mas moravam longe. Pro- recusar o pedido. Entretanto. quanA lém d o relato sobre os prodígios de Nossa Senhora de Fá tima em curou o cape lão do hospital, Pe. do já era tarde~a Freira-sacristã veio Binh T riêu. oferecemos ao leitor: entrevista do deputado Trung Luu ao Ban. Domin icano. Este reco men- fechar todas as portas do Santu.\rio. enviado es pecial de "Cato licis111u"; decl:lrações do 1>rof. Thien à revista dou-o a uma enfermeira católica, Não podia ela permitir que o invâ" 1Wessa,:e Vie11u11n ienne". de Paris; notícias sobre a resistência anticomu• que apesar de ser casada e mãe de lido continuasse dentro, pois não nista no Vietnã. em geral omitidas o u pouco divulgadas pela grande quatro íi lhos , alojou o paralitico. tinha recebido ordens do Pároco. imprensa. Anh colocou-se à direita do pórtico. A parede vasada permitia A comunicação celeste ver o altar e a imagem de Nossa Sen hora. O jovem íicou ali rezando 10 DE OUTU BRO de 1965. to. Os comunistas o apanhara m. Durante sua estadia ali. Anh o Ros,írio e o lhand o para o interior chcg.1v::i a S aigon procedente encarcernndo-o em Hai Phong, ond;1 /\ ust nília. uma bela I ma· de sofreu torturas a trozes. a ponto continuou suas visitas a Binh Loi. do sa ntuíirio. S urpresos. doi.s guardas comugcm ele Nos..<.a Senho ra de F:í lima, de quase desfalecer. Grande qevoto Um d ia, percebeu que Nossa Senhora lhe d izia: nistas o viram nessa atitude. Mais levada pelo Exército Azul Inte r• de Nossa Senhora. Anh A invocava nacional (Blue A rmy). To dos os nessa tormenta: "J\tf11ri11. minha Mele. <.:atólicos de Saigon fora m recebê-la. vi11dt1 en, ,neu sot·orro" (cm viet naSerurada de Saigon pelo rio mita : " l .<1y M e. .\"in cúú con'J. Dvng Na i. ex iste:: u m;1 :.tre.i quase O j ovem paraq uedista recebeu tk!->abitada cuja ligação com a c«- então a recompensa: essa jacuhttó ria piral é ícita pela ponte Bin h Loi. inscrcvcu ..sc milagrosame nte cm seu Passa ndo por esse local rumo a o braço pelo íluxo sa ngiiinco. como intc.:rior do p,1 i::;. o 1..:arro-audor um;1 tatuagem na pele. condu1.indo a l m:1gcm Pcregri nu Ao constatar o prod igio. os quebrou-se. a li pcnnanccc ndo du- carrascos. espantados, foram pedir NGUYEN PHUOC Thua versa comigo ern presença de um r;w tc v~iri3s horas, a pesar dos csíor- instruções a seus chefes. Estes ma nThien, cxfass istente d:i Fuculd:ide companheiro meu de viagem. Fezços d os mecânicos que se mandaram dara m rea ni mar /\nh com água fria. de Letras da Univers idade de H ué me um relato colorido sobre um c hamar da c ida de. Quando o submeteram a interroga- antiga ca11ital im11crial , s ituada acontêcimento no qual ele par/\flito. o responsável pela pere- tó ,·io. a inscrição perdeu sua ni1idez. no centrq do Vietnã - co.nseguiu ticipou. A cadeira de rodas pergrinação. J>c. Vu Van Bo. ,·czou com sem desaparecer inte iramente. Torfugir do país a 19 de fevereiro de tencia a Ho Ngoc Anh, que all a os íiéis q ue o acompanhava m pe- tura ram-no de novo e a súplica à 1977, ju ~tamente com outras 98 deixou após s ua cura. Por fim , dindo à Vlrgcm Peregri na c1uc so- Virgem reapareceu em sua pele. pessoas, ,em um pequeno barco de deu-me o nome e o endereço do lucio nasse o probk ma. po is j:í se Furiosos. os comunistas mandaram miraculado. Eu estava encantado, pesca. fazia noite. E prometeram construir aplicar-lhe duas injeções no pescoço AJ>ós a queda do Vietnã do como podem imaginar. Infeliznli uma igreja se fossem a tendidos. e duas na coxa. Em conseqüência, S ul, foi ele '·convidado'' a "coo- mente minhá alegria durou pouDe imediato . o ca rro foi colo- Anh ficou quase mudo e paralitico perar" c,om as autoridades co· co. Encontrei a duras penas o cado cm movimento. de ambas as pernas. O p,·oduto munis tas na esfera do ensino. A endereço. Mas o miraculado ha!Zrgucu-sc então ao lado da injetado era de fabricação russa. esse tít1.1/o, o prof. T hien pôde via desapare.c ido. Wma mulher 1C>dO\liét n.0 13 a ig.rcja de Nossa Nesse cslado, permaneceu na entrar em col1tacto co)n nume- que cuidou de Ho Ngoc Anh Senhora de Fá t irna de 13inh Loi. Ao prisão. onde rezava 'c) Rosário concomo voluntária quando ele esrosos funcionários do regime. Indo do rio. coloco u-se uma grande tando :is Ave- Marias nos dedos. Em Membro da comissão dioce- teve no hospital Cong Hoa, eximagem de Nossa Senhora. 1973. procedeu-se :i troca de prisiosana de Ação Católica, foi con- plicou-me que o miraculado tin ha Foi nc:-;sa igreja que se passou nciro:5 fe ridos e o jOvem paraquesiderado elemento suspeito pelos ordem de não receber ninguém, um aconteci me nto maravilhoso: a dista íoi devolvido ao govc,·no s ulcomunistas. Apesar da vigilância Mais exatamente: tendo-se tran·sSantíssima Virscm ap,1rcccu a um victnamita, que o enviou aos Esta· a que esteve submetido durante formado ern herói, ocultou-se, jovem so ldado e curou-o mila - dos Unidos para ser curado. 21 meses de ''liberdade vigiada", o devido à vigilância permanente e g1osame1ltC. prof. T hien testemunhou nume- severa dos comunis tas. Ele vive. É Após a lguns meses de hospirosos fat os, alguhs dos quais aqui tudo o que saben10s. talização. Anh recebeu a visita de Exemplo de herói católico O governo tentou reduzir o resumidos. uma menina desconhecida que o Em entrevista à revista "Mesimpacto do milagre, mas sem aconselho u a retornar ao Viet nã: 0 sage Vietnamienne", n. 14, de grande êxito. O relato do milagre Traia-se de fi o Ngoc Anh . ba- "Os listado.< Unidos são capazes de julho de 1977, editada em Paris, o - como o caráter estrjtamente tizado com o numc de Estêvão. hoje {n:er m·nws. mas não de te curar". religioso de seu conteúdo - e a ·Anh pediu então para ser repatriaprof. Thien relata: com cerca de 29 anos. pa raquedista " A situa~ão de Hué. em 20 de devoção a. Nossa Senhora de elas Forç:is Especia is do Vic1nã d o d o. o que ocorreu cm junho de 1974. março de 197S era indescritível. Fátima co,mportam inevitáDeclarado inválido permanente, Sul. Quis voltar a Saigon, onde moram velmcnte um aspecto político. Ou Em 1970, sa lto u ele no Vietnã do fo i internado no hospi ta l militar meus pais, mas chegando II O a- seja, toda imaginação coletiva Norlc cm mi:5s5o de tcconhccimcn- Cong Hoa (Go Vap). nang fui bloqueado, como tantos gira em tornó do assuitto dos o utros . De volta a Hué, fui "futuros acontedmentos prev.isinterrogado e tive de fazer uma tos" para 1978 e 1980: 1978, espécie de autocrítica para prova, acontecimento para a Igreja minha ''inocência" cm relação ao tólica; e 19.80, acontec.imento novo regime. Participei de duas mundial. Acontecimento guc as sessões de "reeducação" de dois pe~soas esperam - com tánto meses de du.ração cada, nas quais maior esperança quanto menos as tive de refazer minha autocrítica satisfaz a situação presente. E a próp1ia estabilidade do regime, diversas vezes". Interrogado sobre os rumores pelo menos cm sua força atual, a respeito dos milagres de Binh não parece evidente a nin guém. Triêu (ou Binh Loi), o entrevisO povo voJta-sc para Binh tado declara: Tiiêu, sobretudo os católicos e "Cheguei a Saigon no dia29 de uma parte da população, pelo dezembro de 197S(diaseguinte ao menos, pois não tenho meios de da cura d e Ho Ngoc Anh), e segui ,•criticar. Não há mais liberdade no para Bir1h Triêu à tarde. l:J ma animada multidão colocava-se Vietnã. Numerosas pessoas vão dentro e fora da igreja. Diante do ao centro de peregrinação de Binh nltar da Santíssima Virgem, notei, Triêu: da região de Saigon, por sem compreender, a presença de vezes.de outros lugares distantes, e uma cadeira de rodas. até mesmo do Norte. Em outras O Pároco aceitou urna con- iegiõcs pensa-se, sonha-se!"

perplexos ainda ficaram quando no taram a igreja iluminar-se por dentro e o paralitico desaparecer sem se saber como. Aproximan-. · do-se. comprovaram que Anh se encontrava dentro da igreja, perto do a ltar, no meio de intensa luz . O paraquedista escrevia bilhetes e os entregava a uo1a pessoa invis'ivcl. Atemorizados . os guardas chamaram outros quatro patrulhciros comunistas, que também testemunha-

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ram o fato: os bilhetes desapareciam no ar. O que se passava? Anh confirmou-o posteriorme nte: Nossa Senhora lhe falava. Julgando desrespeitoso dirigir-Lhe a palavra devido à sua semi-mudez, escrevia-Lhe bilhetes. A celeste Senhora lhe teria comunicado um segredo. E mandou exortar todas as pessoas a rezar o Ros{irio, fazer penitência e emendar suas vidas. Em seguida, desapareceu. .. Me!" (" M11111ãe!'). exclamou /\nh. E encontrou-se fora do sa ntuârio.

Às seis horas, a Freira-sacristã abriu a porta. Anh . entrou e lá permaneceu rezando. As 9 hs .. o Pe. Bo deu-lhe a Comunhão e uma pessoa trouxe-lhe um copo d'água da fonte, do qual bebeu dois terços, e permaneceu só, por alguns instantes. De repente, ergueu as mãos,

tentou levantar-se, mas ca iu com grande sofrimento. Disse apenas " Mm11ãe!". Estava pálido. A lgumas pessoas o quiseram ajudar, mas este não permitiu que o tocassem. Aos poucos, colocou-se de pé, sozinho. O Pc. Bo segurou-o pelo braço. Anh ins istiu: "Eu posso andar. Deixe-m e só. Padre". A cura milagrosa se havia operado. Todos estavam maravilhados. O Pc. Bo chorava. A partir desse dia, multidões crescentes passaram a ir em peregrinação àquele santuário. /\ Santíssima Virgem havia dito a Anh que fosse ali no dia 14 de cada mês, pois Ela ainda lhe falaria outras vezes. De fato, novas aparições ocorreram, inclusive com a presença de testemunhas eclesiásticas. O Núncio Apostólico cm Saigon. Mons. Angclo Palmas, declarou que as aparições "devem ser 1011uulas a sério ". As curas que pos teriormente se ve rificaram no santuário de Binh Loi (hoje também cha mad o Binh Triêu) esião sendo estudadas pelas autoridades competentes. Os comunistas não se atreveram a fechar a igreja e impedir as pe regrinações. Como o leitor pode comprovar mais adiante nesta re.. portage m, e les têm razões sérias para não tocar no sant uário.


''FOMOS ABANDONADOS POR TODOS, MENOS POR ELA'' Khong Trung Luu fala a "Catolicismo" Khong Trung Luu

organizar a li um êxodo que poderia salvar 42 m il pessoas. Procurou o Vig.\rio do lugar - um Padre de 34 especial para "Catolicismo" anos - para pedir seu apoio. Após d iscut ir durante toda a manhã. nada LOS ANGELES. Califórnia obteve do Sacerdote. Ca lma. coragem, sobretudo fé e No d omingo segui me à conversa, espírito sobrenatural caractcri1..am a o Vigário pronunciou um sermão personalidade de Khong Tru ng L.uu, ex-deputado católico vietnamita, c.xplosivo e irado condenando "'llqueprofessor, pai de 12 filhos, hoje les que es<1w1,·en1 sua orige111 e seu paí.v. e ollu1111 para terr<,s dis1a111e.r"·. residente na Califórn ia. A seguir exortou os paroquianos a K hong Trung Luu é o autor de dois relatos impressionantes: um diz obedecer suas ordens e a "de11u11ciar respeito à s ua própria fuga; o outro, ,ais estranhos à polícia. a fim de refere-se à cura mi lagrosa do para- e.rpulsrí-los da ilha". Essa denúncia liquidava definiquedista Ho Ngoc Anh. publicado nesta reportagem, enriquecida com tivamente os planos de Trung Luu. Nesse ínterim. a situação havia piodados obtid os na França. rado. No dia i9 de abril de l 975, caminhões militares lotados moPhu Quoc, a ilha da viam.se através da ilha. Eram as esperança e da agonia últimas levas de fugitivos. Mas nem todos conseguiram deixar o país. Em artigo redigido para a revista Tru ng Luu conseguiu que um j ipe

CARLOS A. PICANÇO

católica norte-americana ''lmacu-

militar o transportasse ao ca is com

lata" (abril de 1976), o Sr. T rung Luu narra sua emocionante fuga do Vietnã vcl'mclho. A 10 de abril de 1975, após sofrer vários atentados e sob a vigi lância constante dos comunistas, Truhg Luu conseguiu enviar seus 1.0 filhos para a cidade costeira de Rach Gia. Levando por bagagem apenas a lguns objetos, entre eles uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, T rung Luu e sua esposa lograram furtar-se às barreiras policiais que patrulhavam Sa igon a cada esquina. Depois de reunir-se com seus filhos cm Rach G ia, Trung Luu embarcou rumo a Phu Quoc, ilha situada a oeste de Saigon, no Golfo da Tailândia. T rung Luu pretendia

s ua mulher e 10 filhos. Ali, a multidão desordenada disputava cada centímetro, na esperança de obter lugar nos barcos que, de vez cm quando, apanhavam um grupo de pessoas e as conduzia rumo ao desconhec ido. No desespero acentuado pelo som lancinante das sirenas, Trung Luu e sua família foram salvos quase milagrosamente pelo navio ··11merkt111 Challe11ger·. que os levou à ilha de Guam, de o nde seguiram para os Estados Unidos. Para Tru ng Luu, a no ite de 30 de abril de 1975 foi a mais dolorosa de sua vida: a agonia das famílias divididas. o desastre da nação. o abandono da pntria.

Novas aparições em Binh Loi Carlos Augusto Picanço. enviado especial de ··c,110/iâsmo ... entrevistou o Sr. Trung Luu em sua resid~ncia e na sede da TFP norteamericana cm Los Angeles, a fim de proporcionar aos leitores mais delalhes e novos fatos sobre . o que

rião f1 procura de Anh. mas este se escondeu. P · Soube-se algo mais a respeito d o soldado A 11h?

R • Refugiados católicos que chegaram à Ca lifórnia em dezembro contaram-me uma notícia que cir-

cu la cm Saigon ; segundo a qua l Anh teria su rgido, de repente, no local das aparições. no dia 14 de abri l do ano passado. De acordo com esse relato, a Santíssima Virgem apa-

receu novamente a Anh e e nt regoulhe uma carta. Anh leu-a e releu-a e perguntou se a devia e ntregar ou revelar seu conteúdo ao Arcebispo de Saigon ou a alguma autoridade religiosa. Nossa Senhora respondeulhe q ue não, acrescentando que só no dia 20 de dezembro de 1980 a missiva deverá ser divulgada. Sobre o miraculado, pouco se sabe, pois ele vive c m lugar ignorado.

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P · Qua11u1s pessoas visi1a111 o sa,11 urírio de Binh Loi?

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......

Membros de seita Cao Dai conduzem lmt1· g,om do Nossa Senhora de Fátima om pro· cissão. Ele, lutam contra o comunismo e es· tão se convertendo à Religião Cat61ica.

vem acomeccndo no Vietnã subjugado pelo comunismo. P • O que jizert1111 a., t1111oridades cvn11111is1as e,u ftu·e tios hronreci· mentos de Binh loi? R · Os comunistas odeiam fatos como os ocorridos com o soldado Ho Ngoc Anh. Eles odeiam especialmente Nossa Senhora de Fátima. Por isso, espal hara m no seio da popu laç,io ameaças contra Anh e contra quem divu lgasse aqueles acontecimentos. Vasculharam a re-

R · Os fugitivos falam cm IOa 20 mil pessoas no dia 14 de cada mês. Para avaliar esse número, é preciso considerar que o lugar é bastante afastado de Saigon e os ônibus não chegam até h\. Do ponto de ônibus mais próximo até o local das aparições é preciso andar oito quilômetros a pé, pois hoje, no Vietnã, somente comunistas graduados possuem au tom óvel ou mo1ociclcta. O povo es1í1 na miséria . Isso é fato sabido. Não obstante, milhares de pessoas visitam o sa ntuário. Em aparição anlcrior. Nossa Senhora revelara <1uc não haveria lugar (Mra todo o povo que aíluiria a

Binh Loi no dia 28 de dezembro de 1980. Ora isso é espantoso, pois esse lugar é enorme. A igreja localiza-se à beira de uma estrada. Em torno dela h{a uma planície com capinzal, cuj os limites são um rio de um lado e um casario de outro. C reio que ali cabem facilmente mais de meio milhão de pessoas. Parece incrivcl, mas refugiados com quem tive contacto, provenientes das mais diversas regiões do Vietnã, por vezes dista ntes de Saigon. já o uviram falar nas aparições.

Conversei com bud istas, e mesmo estes estão muito impressionados com os acon1ccimcn1os. Mouvc numerosas conversões entre eles.

Fulminado ao blasfemar P - O Sr. ten, conhecimento de outros ftu os f!Xlf(IOrdi11drios ocorridos no Vietnã re<·e111e1ne111e? R • Sim, e muito significativos. No Viernã, quem é católico, é católico mesmo. A devoção a Nossa Senhora é notável. Nas aldeias católicas, era costume colocar-se uma imagem da Virgem no ponto mais alto das redondezas. da qual a aldeia se orgu lhava. O povo ia a li lcv,1r flores e re7.ar. /1 cerca de 85 <1uilõme1ros de Saigon . junto i1 rodovia número 1 a estrada mais importa nte do país, que liga o Norte ao Sul - existe uma aldeia com as características descritas. Um dia passava por ali um caminhão c heio de soldados comunistas. Estes viram a imagem de Nossa Senhora sobre a colina e resolveram destrui-la. O povo, aíli10 . nada podia fazer a não ser rc1.ar para que a Mãe de Deus impedisse o sacrilégio. Para alcançar seu intento. os co munistas decidiram enlrnr cm competiç.ã o para ver quem melhor acertaria seus tiros na imagem. O

primeiro atirador, antes de apontar, socorro e logo a acudiram o Padre e pronunciou uma blasfêmia. lns1an- o sacristão. Ambos puseram~se a 1aneamcn1c, caiu fu lminado por um pux{1-la sem entretanto .consegu ir m io. lornando-sc o cadáver preto movê-la. Alguns soldados comunistas ali chegados empreenderam, coir1:o um carvão. Os dema is soldados, cheios de c m vão, a mesma tarefa. O Padre terror. nada mais ousaram fazer abriu a igreja, e acompanhado do contra a imagem. Mais tarde. vie- sacristão rezou diante da imagem de ram oficiais e autoridades comu- Nossa Senhora de Fátima, pedindonistas para verificar o acontecido e Lhe que demonstrasse seu poder. mandaram remover dal i o cadáver. pe.-milindo que a comun ista readMas ninguém conseguia tirá-lo do quirisse os movimentos. Ao voltar. a lugar. Estava como que incruslrado moça continuava imobilizada. O no chão. à maneira de uma rocha. · Padre p.-opõs a ela q uc rezassem Pe rmancceit por algum tempo ali. juntos a Ave-Maria, pedindo a na estrada. e todos os que passavam Nossa Senhora que a libertasse. Ao presenciavam aquela cena impres- fim da oração, a militante comunista põde sair do lugar. Em prantos, sionante. Só conseguiram remover o corpo ajoelhou-se diante do Padre para após a celebração de uma Missa agradecer, mas foi logo violentajunto à imagem, cm reparação pela mcnlc conduzida pelos soldados e blasfêmia cometida. desapareceu. Desconhece-se que fim Os refugiados relatam muitos levou. outros fatos cxtraordirHll'ios. Segundo a familia que fêz o relato, esse caso é bastante recente. A Virgem protetora Os refugiados de cada provincia têm histórias muito bonitas para condas aldeias católicas tar. É quase sempre de Nossa SenhoUrna das familias recém-chega- ra protegendo as aldeias católicas. Quando os vermelhos se apodedas do Vietnã contou que, em certa mad1·ugada. uma militante comu- raram no Norte do Vietnã, muit<)s nista dirigiu-se à igreja o nde se católicos fugiram para o Sul, onde dcrarn as aparições para colar car- construiram aldeias, como um sistazes ern suas paredes externas. Ao tema de autodefesa. Os comunistas fixar o primeiro cartaz. sentiu-se odeiam especia lmente essas aldeias. imobilizada e presa ao chão. Deses- No início da ocupação do Sul. eles perada. começou a gritar pedindo se preocupavam tão somente com as cidades e pontos estratégicos, mas depois, foram pouco a pouco tomando também as a ldeias. Foi então que a resistência armada tomou corpo. Os homens dessas a ldeias desapareciam e à noite desfechavam emboscadas contra os vermelhos. Em vários lugares. quando os marxistas se aproximavam para praticar represálias contra as mulheres e crianças desses resis1en1cs, Nossa Senhora surgia de forma terrível e os comunistas fugiam de informações, ao qual pertenespavoridos. cia o entrevistado. Na mesma ilha É digno de especial atenção que há outro grupo de resistencia, um Nossa Senhora, nessas ocasiões, pouco m~ior, que atua nos messem pre se mostrava em bambuzais. mos moldes. Ambos planejam sua Soprava um vento forte, o bambuzal estratégia em co11junto. Mantêm se abria, vergando para os lados, um serviço de informações com os deixando ver no seu interior a grupos que operam nas demais Virgem Sant íssima. E m uma das províncias. O comandante aa aldeias apareceu São J osé. unidade d""Phu Quoc é um anti go Devido a esses acontecimentos, a coronel do exército sul-vietnaresistência está aumentando. mita. Os adeptos da seita Cao Dai, c m Após a queda de SaigQn, geral muito an1ico111unis1as, vêm se muitos oficiais e soldados se juntando aos católicos na resistência esconderam nas selvas e aos ao regime marx ista. Impressionados poucos foram se organizando e com a "Grande Sen hora" que derecebendo reforços das ald~ias. A fende os católicos, muitos deles se populaç.ão os provê com alimenconverteram ê~ Religião Católica. tos e dinheiro. As armas e munições são roubados dos pr<lpríos comunistas, ou obtidos em ata"Fomos abandonados ques e emboscadas a pequenas unidade.~ militares . por todos, menos por A unidade de guerra .psicolóNossa Senhora" gica procura disseminar rumores entre a população e aumentar a Não sei se deixei claro o quanto desconfiança do povo contra os nosso povo é católico. Muito mais comunistas. Seus elementos chedo que os povos do Ocidente. Os gam a 1_>regar posters escritos a católicos de lâ têm verdadeira Fé, mão, comunicando ao povo notíverdadeira devoção a Nossa Senhocias da resistência. Também pinra. Por isso, Ela mesma os defende. tam paredes com slogans como .. N<iu ouçtun o que os co111unisras Nesse 1noJJ1e1110 . o e111rc>visuulo

CATOLICOS .RESISTEM AO COMUNISMO RE$1STtNCI A I armada no Vietnã é fato hoje adm itido pelas próprias autoridades militares comunistas, que tratam do assunto em número recente da revista "''Exérci10 Popular", daquele pais. Na realidade, os vermelhos nunca chegaram a dominar ínteiramento o planalto central e o delta do Mekong. Notícias mais recentes dão conta que a maioria dos resistentes ao regime de H anói luta por convicção religiosa e é constitu ida de católic-0s. Bastante significativas nesse sentido são as declarações publicadas 110 jornal "The New York Ti111es" ('1:9/1/78), de um exoficial vietnamita que chegou há pouco ao campo de refugiados de Lamsing, na T aililndia . T rata-se de um rap ai forte de 36 anos que pediu para seu nom e não ser publicado a fim de proteger seus companheiros de luta. O rapaz falou em tom calmo, sem excitação nem bravatas, mas devotando ter profundos sentimentos anticomunistas. "D escreveu ele pormenorizadamente a organização de um grupo de resistência anticomunista que opera nQ sul do Vietnã. Declarou ser católico e que a maior parte dos d~ais combatentes ta.m bém o são. As autoridades tailandesas que o interro·g aram consider.am que as; informações fornecidas slio • p 1aus1ve1s. O jovem pertencia a um grupo de combaie na provinda de Phu Quoc, uma grande ilha no extremo s ul do ~ietnã. A organização desses guerrilheiros é fo1mada por. uma força de combate de 200 homens divididos em pequenas unidades - dez homens encarregados de recrutamento, tratame11to d e feridos e esconderijos e um grupo ae 72 ho.m ens encarregados da guerra p$icológica anticomunista, bem como do setor

A

dize,11, vejam o que eles fa zem".

Uma tática mais perigosa, mas usada com sucesso várias vezes, é agir como agentes provocadores, explorando a hostiliilade· que há por motivos regionais entre os comuítistas do sul e os tio norte. Em certa ocasião, provocaram uma -grande briga numa praça, entre soldados sulistas e nortistas. Algumas mulheres das aldeias e cidades ajudam como informantes e disseminadoras de noflc(as ·e rumores. Especialmente úteis são as enfermeiras, que têm contacto fácil com toda a população. A imprensa comunista tem publicado comunicados das au-

tor.idades provinciais alertando os funcioná·rios comunista.~ e a população contra a atuação desses grupos.

se ~,nocionn e acrescenta, quase chorando: Fomos abandonados por todo mundo. menos por Nossa Senhora. Os soldados católicos vão lutar com o terço no pescoço. Todos usamos o escapulíirio [ do Carmo], pra1icamos a devoção~".> J) l imciras sextas-feiras e primeiros sábados. Fizemos penitência , fize mos tudo ... e perdemos ludo. O pais caiu. No c n1,rn10, cu lhes digo, Nossa Senhora nos ama e nos protege. Eu sei que para os ocidentais é difícil co1nprccnder como posso afirmar isso com tanta certeza. em meio à grande tragédia na qua l csi:,mos. Mas cu tenho ccr1e1.a do que estou di1.endo. Isso aconteceu porque algu mas coisas não estavam bem. Nossa Senho.-a, então. permitiu 4 uc o pilis des abasse.

5


MONUMENTOS DA BAHIA SEISCENTISTA .

.

,,..,

Flor e znspzraçao do Brasil nascente quela ,1ntiga e pitoresca estrofe sobre os ·· Vol1111târios da B"hia··: Ta mbCm s,1 bc :,;cr humano Porém q ue quando lhe irritam Quando " cblcra lhe excita m lJ m baia no é d e temer.

Convento de Santa Teresa

Fichada do Con•

vonto de Santo Toros3, vondo·se

M 1840. UM SIMPLES de-ereto da Assembléia Legislativa da Bahia declarou extinta a Ordem Carmeliia Descalç,1. Era o po nto fina l 110 prolongado empenho dos inimigos da Igreja. tendo à frente o Marquês de Pombal. cm

E

ao fundo a Bahia

do Todos os San· tos (foto acima).

neu lralizar a iníluência da Igreja m1

vida da sociedade. Sabendo o que representava um convento fcrvoro .. samc,nc dcvOtildO fl vista <lc or;tção

e rcc-0lhimento. a impiedade empregou todos os meios par:, cercear a adm issão de noviços. obrigando a ordem a definhar e tender para uma lenta morte.

Hoje. os sinos do velho torreão do Convento de Santa Teresa permanecem silenciosos como tcstcrnunhas mudas de uma época his..

tórica do Brnsil nascente. Com efeito, foi no século XVII , na região Nordeste. que surgiu a primei ra gr:tndc ílonu.;ão cuhural e

civili,adora. a qual. até hoje, cnnstitui atrativo

e inspiração pn ra

urna

genuína arte brasileira. Na Bahia. culm imincia ~ c.: or;1çfü, dessa aurorn culturnl. surgiram belos frutos. como por exe mplo . ns obras seiscentistas de Fre i Agostinho da Piedade que o qualilicam como digno precursor do imo rtal Alcijadinho. Na arquitctuni. destaca mos o Mosteiro hcncdi1.ino e o mencionado Convento cJc Santa Teresa.

~ 11

Ao lado, visto late-rat do convento, dost0cando•so a figuro do etogante campanário que coroa o prédio.

prccnderam quando. em .1912. o governador .1.J. Seabra - destruidor de várias o bras coloniais de Salvador - decretou "desapropriar e demolir no prazo ele seis 111ese.i-· o conjunto arqu itetônico. O Abade de então, distribuiu 500 cópias de um corajoso manifesto intitulado "Aviso ao povo btthia110··. o c1ua l pro-

vocou forte e sadia reação popular q ue imped iu aquele ato de impiedade e vanda lismo. Esse fato mostra como a ,.-adição é a lgo increnlc a própria vida e honra de um povo. Quando se a fere. produz-se uma convulsão nas almas. O referido aconteci mento recorda também a veracidade da-

Igualme nte na Cidade do Salvad or e construído pelo mesmo Frei Macário de São João - segundo estão se pondo de acordo os a utores - loca li,,a-sc o con hecido convento carmeli ta com o nome da reformado ra da Ordem. Construido sobre uma elevada e ncosta. pode ser visto cm contraste com ns {1guas azuis <la 8;,i,, de Todos os Santos (foto s uperior). Embora sem a mesma amplitude do Mosteiro de São Bento. o Convento de Santa Teresa sugere quase a mesma impressão de grandeza. Mas sua nota pri ncipal é a elegância . Baseia-se ele muito na combinação de linhas do barroco português com acertados toques de graça da Bahia seiscentista. Quatro esbeltos coruchéus sobre os pilares frontais, cilindros e relógios sola res laterais ao pórtico cumprem esse papel. A ordenada assimetria do conjunto, a justa sobriedade de fundo. ornamentação cm medida certa e c laridade generalizada comunicam ao conjun to uma elegância magistral. O campanário (foto à esquerda) aparentemente irregular e s ugestivo coroa o prédio. Ai se encontra talvez o que pode ríamos chamar figurativa mente a alma do edifício. Visto de cada ângulo (de frente, do lado

Mosteiro do S. Bemo (foto extra ída da obro

"Os dois escultores Froi Agostinho d3 Pie<fado - Froi Agostinho de Jesus o o nrquitoto Frei Macário do São João··. Unívorsidl'de Federal da Bahia, 1971 ).

--~

Mosteiro de São Bento

direito ou esquerdo, ou ainda de dentro do claustro), a presenta aspectos diversos e sempre encantadores. Ao situar-se dcscentradamc ntc do lado da Epístola , o campa nário com sua força simból ica serve de contrapeso ao pesado corpo do edifício erigido do lado do Evangelho. Como o Mosteiro de São Bento, o Convento de Santa Teresa passou longa história de vicissitudes, narradas pelo Prof. Valentim C1ld,:rón cm seu · livro " /Jiograjia de 11111 1no11111n<•nuJ'' (Estudos Baianos. n.0

3, U.F. B. , 1970). Depois de interminável luta para co nstruí-lo os carmelitas descalços acabaram privados de seu uso pela cxt inção da Ordem no Brasil, cm 1840, conforme explicamos no inicio deste artigo. Mojc constitui ele o magnífico Museu de Arte Sacra da Bahia, o que. a li:\s, não e lim ina a tragédia de não servi r à fina lidade para a qual foi edificado.

Do Brasil original ao Brasil perene, uma inspiração Em ambos os monumentos, notamos a presença de uma co ncepção art ística crn progresso, mas <1ue não

chegou a d esabrochar completamente por certas interferências ma lsãs

que se verificaram cm nossa História. Apesar disso. Sa lvador e o utras cidades históricas nos podem oferecer uma idéia do rumo que tal arte tomaria, formada na tradição e na

herança européia. tão presentes no Brasil dos primórdios de sua Mistória. E como penhor de esperança, para o Brasi l do futuro, temos estes dois testemunhos arquitetônicos dos prim órdios de nossa Pátria. Sua presença anima e inspira o País com ressonâncias sccula.-cs como aquele "sino grande de muito boas vozes" de São Bento da Bahia. no dizer do Diretório do Moste iro.

CARLOS BUENO

Ou trora chamado ··Arq11in•11óbio da Congregar<To Lusitllna

110

EM. SUA EDIÇÃO de novembro-dezem bro de 1977, "Catolicismo'' publico\J na última páçina uma foto cuja legenda mdica por equivoco ser a vila alemã de 01;,erndorf o lugar onde foi composto o "Srille Nac/1,1". De fato foi em ,Oberndorf, mas na aldeia austríaca, e não na cidade a lemã do mesmo l)omc, que aquela famosa canção de Natal foi composta e cantada pela primeira vez, no século passado. O autor da letra é o Pe. Joseph Mohr; â música é do mestre-escola Franz Grübber, da mencionada aldeia da Áusttia.

/Jrasil", o Mostci.-o de São Sebastião da Bahia, na cidade de Salvador, é hoje conhecido simplesmente como o Mosteiro de São Bento. A foto (à direita) mostra seu amplo conj untol no qu,11 ;1 igreja se destaca por sua aliura e solidez. O prédio é denso e volumoso. As linhas venicais conferem ao edifício uma segu ra nça q ue rcOctc a possante estabilidade bcncdili na. fruto da Fé, da sa bed oria c cio senso histórico. Os pares de janelas cm arcos românicos. motivo clássico da arquiletura da Ordem, com unicam uma nota de equilíbrio e elevação. É uma obra nascida do entusiasmo estável pelo s ublime. pelo duradouro. dentro da placidez e da calma. Um tonus de alegria temperante é muito apropriadamente conferida pelo uso português de combinar colunas e marcos de pcd.-a com paredes branqueadas. De construção posterior são o cume do frontispício - c m estilo rococó - e a soberba cúpula. concluída no reinado de D. Pedro 11, que visitou sua const rução. As obras do Mosteiro começaram em 1681, cinco anos após o falecimento de seu arquiteto, Frei Macário de São João. Quando foi oficialmente inaugurnda a nova igreja abacia l, em 187 1, a obra se havia distanciado do projeto o riginal, mas com toda naturalidad e, achava-se enriquecida pelo contribu to da arte dos séculos posteriores. Nesse sentido, o Mosteiro constitui um monumento representativo da inspiração baiana e da própria

história espiritua l e artist ica do Brasil. Este aspecto, muitos o com-

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Trombeteiro da Cia. do Orléans ("Gondarmerie do France"). 1724

Oficial de cavalaria. 1 757

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....• J ,...

lnfantarie espenhola do século XVIII

J

Mosqueteiro da 21. Ci&., 1724

Porta•bandoira da "G,udo Françai$0", 1785

Timbaleiro do s "Gendarmes de la G e<de", 1786

General em uniforme do gala, 1786

O Merechal de Saxe (ê esquerda) aponta as tropas vitoriosas na batalha de Fo ntonoy (1745, pintada por Lenfant). 1

1

'

Ourante o combate. a infantaria fnglesa deparou com M ''Gard«?$ Française-s''. Imediatamente. os oficiais e subofi, ciais do ambos os lados s-e edianw ram para se cumprimentarem, tirando os e:hap6us. Lord Charles Hay, comandan· te britinie:o. dirigiu-se ao comandante dos franceses, Conde d'Auterocho o disse: "Podeis dar ordem a VOSSO$ soldados ~ra que abram fogo". A resposta foi imediata: "Não. senhor. Nunca atiramos primeiro. A honra é vossa".

i) ).!

BRILHO, DIGNIDADE E HONRA NA BATALHA A VELHA FRANÇA, dois exérci tos em atraentes uniforme.~ dispõem-se no campo de bata lha ante a iminência do combate. Junto às bandcirns de cada regimento. agrupam-se os soldados cm blocos

N

regulares bem alinhados, fol'mando mura-

lhas multicolores na extensão da plan ície. Henrique IV ( 1553-1610) dirige-se a seus homens com uma frase que a História registraria:

Os oficiais. cm vistosos uniíormcs nos quais se destacava o ouro e as rendas, mais parecia m preparados para urna festa, segundo uma visualização moderna , do que para a luta a baioneta. O leitor formará uma idéia mais precisa dessa impostação, tomando como exemplo as caracterist icas dom inantes dos uniíormes militares franceses. na época que se estende desde o século XVI até o século XVIII.

"Se durmue o combate perdertl<•.v vossos w,nbo res. vussas 1ro111beu1s t• vossos blln· deirlls. segui ,n,•u f)ettacho branco. Ele vos é011duzird se,npre pela via (/(1 h onrt, e do glória",

(referimo-nos sempre aos que serviam na

A artilharia, com seus canhões de bronze trabalhados. distinguia-se por seu unirorme a1.ul com galões vermelhos. A gcndarmeria montava cavalos cinzen-

Era a época cm que nos combates havia tambores, trombetas, bandeiras e penachos brancos... Época da íamosa "g11erre e11 dei11elles". guerra travada cm meio a esplêndidas rendas e sedas. O encontro no campo de bata lha consistia nuir1 alo social , no qual ambas as partes se: aprcscn1av;lm para "dfa·curir pelas arJJw.f' o q uc não havia sido possível conciliar de outro modo. O inimigo. não era considerado um anima l feroz. que se deve matar para não ser morto. mas um adversário d igno. sério e valente a ser enfrentado com altivc~., combat ido com lealdade, a ser vencido sem humilhação. Para esse encontro, as panes se apresen tavam com a distinção devida, porque a ocasião era séria . as pessoas dignas, os mot ivos e levados.

...

tremu lavam as vistosas ba ndeiras dos rc· gimemos. Nos uniformes de cada pais predominava uma co,·: na Áustria, o branco; na França. o azul ; na Inglaterra, o vérmelho; a Rússia prcícria o verde; quanto à Espanha. é diíicil precisar. Tal va,·icdadc excluía qualquer confusão. Um mosqueteiro era complernmente diferente de um gendarme; um guarda su íço

tos ou pretos e cobria-se com igncas casacas vermelhas. A cavalaria dividia-se em diversos regimentos: os ca,·abinciros vestiam-se de azul, predominando esta cor sobre o bra nco e a

púrpura; os couracciros, com couraças de aço polid o brilhando ao sol, sobre a casaca azul safira; os dragões sobressaíam por seu uniíorme escarlate e ouro; por fim, a cava laria ligeira. os caçadores a cavalo e os hussardos em seus vários trajes: ocre e cereja; verde e carmim; azul turquesa e beje; rubro, a,.cviche e pérola ; verde esmeralda e amarelo; verde bronzeado e prata ... E como se todo esse universo de cores não bastasse, a infantaria inundava os espaços com seus uniformes em azu l escuro, vermelho-sangue e bra nco. Trombetas e tambores destacavam-se pelos ornamentos cspcc,a,s. Em meio a um mar de baionetas

'

França) cm nada se confundia com um granadeiro: nem um artilheiro com um sapador.

O privilégio constit uía uma questão de honra, e por isso, estimulo para a luta. As "gardes ji'ançaises", por exemplo, tinham precedê ncia sobre lodos os demais corpos militares de seu país, inclusive os suiços. Em campanha, cabia-lhes o direito de escolher sua posição de combate, que era em geral no cent ro, na primeira li nha da infantaria. Durante os cercos, preced iam os sapadores. ou seja. penetravam antes de qualquer outro corpo da tropa nas brechas abertas na muralha inimiga. A eles forn conforido o privilégio de ocupar as íortificações sitiadas que decidiam render-se. A cavalaria salientava-se por sua disl inção própria , quer numa "d,arge e11 sauvag<'"

- a prcícrida d() ramoso general Turc,mc - quer numa carga maciça. com arma branca e a galope. ao gosto do Grmul Condé. Tempo cm que os marechais se lançavam à

frente de suas tropas e as plumas brancas de seus chapéus eram suricientcs para arrastar os soldados à vitória. Neles se discerniam os últimos lampejos da cavalaria medieva l. No século XVI II . pertencia a essa estirpe de guerreiros o célebre príncipe de Lignc. Tendo levado, pela p meira vez, seu filho a um combate, dcscJava verificar se este possuía a coragem ncccss~iria para enfrentar com alt ivc·i. a morte. Para isso, convidou o

jovem a ra,.er um reconhccimemo do campo de batalha e, propositalmente. aproximouse. a trote lento. das linhas prussian.is. guardando apenas a distância suficiente para não transforma,· a p rova em temeridade. E. enquanto as balas sibilava m a seu redor, pôsse a conversar calmamente sobre assumos alheios i1 guerra com o filho. Este, por sua vez~ seguiu atentamente a conversa, vencendo galhardamente qualquer ma nifosta ção de medo, durante a prova de coragem ,i qua l íoi submetido pelo pai. A d ignidade dos militares refletia-se no porte, no comportamento. na corngcm. Eram tão hábeis na conversa. corno no

manejo da espadr,, tão clcgan1cs no vestir a seda. como fones no portar a couraça. A compenetração da dignidade militar ía?,ia-os compreender a beleza de morrer lutando por

uma causa nobre.... e por isso viver eternamente. Com essa elevação de esp írito. o Mare-

chal de Saxc assim transmitiu a ordem de. ataque à cavalaria francesa, na vitória de

Fontcnoy. cm maio de 1745:

"Meus senhores, seg11rai vossos ch/1pé11.1·. pois ieremos t, honra de desfechar t, carga".

J

Cavalaria espenhola do s6cufo XV III

7


o A1oi~-A·,

Anthony Me Ken.zie, líder anticomunista Jamaicano

ESTADOS UNIDOS OCEANO ATLÂNTICO

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TORRE DE ATALAIA O SÉCULO XX teve início com a perspectiva de um mundo novo que se descortinava p;1 ra os homens. Nos galarins do prestígio. figuravam as- idéias de liberdade e independência. Em nome delas os costumes foram se tornando sempre mais " li vres". as modas mais ousadas, as relações entre as pessoas mais "cspontâ· neas" e "descontraídas", ou seja,

mais vulgares. A autoridade pa1err1a foi se d iluindo em nome da autonomia e do desejo de realização própria dos fil hos. Na sociedade conjugal. a autoridade do marido foi contestada cm nome da li berdadc e independência da mulher. Antigas colôn ias q ue recebiam o salutar iníluxo cu ltural e civilizador das

Para isso, Dennis Wise submeteu-se, no Hospital Flórida, a uma intervenção cirúrgica plástica, a fim de adq ui riras feições do cantor.

Entre omrns dilacerações cm su;i face, \Vise teve seus lábios recosturados cm operação q ue durou seis horas, segundo noticiou o Di1Jrio Las Amél'icas, de M iami. Eis aí um exemplo significati vo, que revela até onde pode c hega r a loucura despersonaliza nte de nosso sécu lo.

batalha. Em seguida. scní inauQ UEM NÃO OUVIU fa lar c m Carlos Magno e seus doze pares'? Carlos,o Imperador, patriarca da Europa medieval e cristã, c uja longa b:uba branca - segundo a legenda - era ílorida . Entre seus doze mnis p róximos e fiéis cavaleiros, um sobressaia: o bravo Roland. Havia, entretanto, emre seus

guerreiros um traidor": o in fame

Oennis Wi$8 submeteu-se a dilacerante operação plàstica par& fic ar parecido -'º cantor Elvis: Prosley

respectivas metrópoles rumo a sua plena maturidade, foram estimuladas a romper com estas prematuramente, e por vc1.cs, de modo violemo. Sem1>rc cm nome da "autodetermi nação" dos po-

vos. Em suma, nada mais auspicioso para nossos avós do que a miragem de um mu ndo formado de nações e homens livres. autosuficicntcs, "dcsalicnados", depois de rompidos todos os vínculos de dependência entre eles. O que diriam nossos maiores se lhes revelassem que seus netos veriam, por exemplo, fatos como este: Dcnn is Wisc. da cidade de Orlando, na Flórida, é fã incondicional do falecido ca ntor de "rotk-011d-rol/'.", Elvis Prcslcx. Imita-lhe as a tit udes, o modo de ser, os gestos, e até a personalidade. Mas isso não satisfaz o delirante admirador d e Prcsley. Ele deseja identificar sua própria apa,·ência física com a do astro do rock .

nêutrons. etc., sentir uma indefinível saudade de Carlos Magno e seus pares, não se envergonhe por isso. Sim, porq ue não cslíi soúnho neste sentimento. Experimentaram-no também milhões de franceses. Provavelmente, cm vista disso, o Ministério da Cultura daq uele pais está organi,,a ndo. durante todo o ano de 1978. a comemoração do 1.200. • an ivcrs{trio da bata lha de Roncesva lles. Dentre as celebrações programadas, cm todo o territ ório francês - segu ndo informa o Diario La.,· An1éricas. de Miami - a mais espetacular será uma reprodução. ao vivo, da famosa

Ganelon q ue, movido por inveja a Roland, tramou com o rei sarraceno Marcílio. o mort icínio dos doi.c pares de França. Carlos Magno retornaya com seus cavaleiros das terras de Espanha . onde fora dar combate aos maometanos. Aconselhado por Ganelon , adiantou-se no cami nho, deixando a retaguarda de seu exército sob o comando do fiel conde Roland. Ern o momento esperado para a emboscada traidora. Ao cruiar o perigoso desfiladeiro de Ro nccsvallcs, os cavaleiros francos foram atacados de surpresa por numeroso exército de infiéis. Travou-se uma bata lha memorável. Roland c seus companheiros iníligiram pesadas baixas aos adversários. mas s ucumbiram ante a avassa ladora superioridade numérica dos mouros. Em seu últ imo hauslo de vida, Roland tocou o "olifante", a trompa cujo som ecoou através das montanhas. chega ndo até o gra nde lm1>eraclo1· C:lrlos. Este retornou cheio de santa cólera, e os inimigos fugiram a1crrori7,ados. Sobre a relva Roland agoni1.ava. Do Céu desceram os Arcanjos São Miguel. São Gabriel e São Rafael, cond uzindo a :1lma do va lente guerreiro ao Paraíso celeste. Assim. a ..ChtJ11so11 de Roill11d'· o mais célebre poema épico medieval - descreve a memorável bata lha de Ronccs: valles, na qua l pereceu, cm 778, a fina ílor d a cavalaria francesa. Cava leiros, batalhas contra infiéis, Arca njos que descem do Céu para socorrer os heróis cristãos ... Eram outras as eras. e quão longínquas! Se o leitor, algum dia. vendo desfi lar diante dos o lhos, à maneira de pesadelo, mísseis in1crcon1incniais de ogiva múltipla, foguetes ''Cruisc", bombas de

gura.do um museu na Abadia de

Roncesval lcs.

"HOJE EX! STl:-'M 11(1 China 1uui1os jovens que buscan1 o sobre11a111r1JI [ ... ]. Tudo isso é incrível. no sentido de si'·r 10 111/1nen1e in 1previsíve/", declarou o Pc. Ladany, S.J., ,\ agência "Fides ", de Roma. O Sacerdote jesuíta acrescentou : "J::11 111<'.s-n,o. luí dez tlltOS. não ncreditario possiv,,f que na alnw dos jo11e11s ed11cados na Chi11a 111aoi5ta pudesse brotar o desejo

·das coisas espirituaisº. " Exp11/sai o 11a111rlll -

d iz um

ditado fra ncês - e ele volwrci a galope". A nat ureza humana foi criada para atingir a ordem SO· brei1alura l. para servir à Santa Igreja Católica e a Deus Nosso Sen hor. E privada d Ele, sente-se cm estado de violência. Não é difícil , pois, compreender porque tantas almas na scidas e formadas sob um regime oficial c 111i litan1cmcn1c ateu se voltem com avidez para os bens do espírito e para a Religião. Não é menos signi íicat iva outra noticia divu lgada também pela "Fides ... Em Pe<1 uim, mt no ite de Natal de 1977, celebrou-se na catedral católica da Imaculada Conceição a tradicional "M issa do Galo". Foi a única cerimônia católica pública. realizada cm toda a Ch ina. O templo religioso encontrava-se repleto, segundo a referida agência . Contrariamente aos há· bitos comunistas. a catedra l es-

tava festivamen1c iluminada e a Sa nta M issa foi celebrada de acordo com o rito antigo (de São Pio V) e cm lat im , acompanhada de canto gragoriano, executado por um cora l chinês. A notícia é surpreendente! E urna pergu nta se impõe: porquê permiti u tal cerimônia o regime de Peq uim? Estaria cs1c sujeito á contingência de abrir urna v{tlvula de escape para satisfazer o movimento religioso crescente no pa ís, a fi m de evitar uma explosão de conseqüências imprevisíveis, mas evidentemente muito desagradáveis para os marxistas chineses? Só o futuro nos poderá dizer.

Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, ramília e Propriedade (TFP) recebeu a visita do Sr. Anthony M e Keniic, conhecido líd er anticomunista da J amaica . Forçado a residir nos Estados Unidos, devido à ascensão de um go,·erno marxista em s ua pátria, o Sr. Me Kenlic f iv1, recentemente uma viagem por diversos pa íses a fim de prestar escla recim entos sobre a situação j a maica na. Entrevistado pela reportagem de "Catolicismo" em São Pa ulo, o Sr. Me Kcnzie declarou : "O mundo acostumou-se com a idéia de <1uc a Jamaica é um país bonito, com praii,s encantadoras, música popu lar e um povo feliz. Certamente isso é verdade. mas o jamaicano que viveu no país nos últimos cinco ou seis anos é forçado a reconhecer o surgimento de uma nova Jamaica. Nosso modo de vida político tradicional, nossa vida econômica e comercial, mudaram radicalmente. Até mesmo as relações familiares, de um grupo étnico em relação a outro. tra nsformaram-se radica lmente nos últimos cinco ou seis a nos, pa ra insatisfação, tristeza e infelicidade da maior parte do povo jama icano. Note-se que não se trata de um fe nômeno natura). mas resultante de um plano claro do movimento mu ndial social ista-marxista. No caso da Jamaica, essas transformações se fizeram com forte cumpl icidade de nossos vizinhos: Cuba e Guiana".

Jamaica e Guiana Indagado sobre o papel da Guiana na região das Antilhas, o entrc-

,•istado esclareceu: "A Guiana é um pa is muito peculiar. A metamorfose política que aí se operou teve início em 1953, com o ,·ctorno da conhecida família Jaga n. aliás aparentada com os famosos Rosenberg. casal norteamericano eletrocutado por crime de traição nos Estados Unidos. Jf, no inicio da décad.i de 50 a s it uaçiio da Jamaica c da Guiana estavam e nt relaçadas. Em 1949-50, depois de d uas derrotas eleitorais. o Partido Nacional do Povo (PNP). que atua lmente governa a Jamaica. efetuou uma· depuração dos m.irxistas extremados que exist iam cm seu bojo. H ojc, poucas pessoas parecem compreender ou saber q ue o PNP foi fu ndado como um partido de estrila obediência à b;,ndein, vermclh.i. Em conseq üência desse expurgo, seis conhecidos marxistas jamaicanos foram expu lsos. Um deles foi Richard llart , que se to rnou secretário do Movirnen10 de Libertação do Povo, conhecida organização co mun ista da G uiana. Por1an10, quase se poderia dize,· que a .Jamaica ,unan1cntou o bebé

vermelho na Guiana. A partir dai desenvolveu-se uma cspéci" de união e ntre Chcdd i Jagan que capitaliza os guianenses de origem indiana como ele mesmo. e Forbcs Burnham. que lidera a população negra. O gove,·no britânico, que então tinha a seu cargo a Guiana. res istiu a essa virada chi.ra para o marxismo e durante certo tempo houve violência no país. Veio a seguir a rupt ura apare nte entre Jaga n e Burn ham. Este acusou aquele de ser comu nista e apresentou-se como um moderado ligeiramente socia lista. Assim Burn ham foi aceito por certos setores e conseguiu apoios. Ocorreram incidentes sa ngrcrHos entre os dois

grupos, a pretexto de divergências racia is. Por firn, Burnham venceu, aparentemente com as bênçiios de algumas gra ndes potências da terra. Tornou-se primciro.-rninistro e levou a Guiana à independência, cm 1966. Firmemente entrincheirado, Burnham começou a mover-se para a cs<1ucrda. e ad mitiu aberta mente q ue sua perspectiva era marx ista. Primeiro mtroduziu os chineses no pa ís e anunciou programas a uspiciosos de mudanças sociais e de desenvolvimento, <1ue revelaram ser mais retórica do que conquistas pniticas. A partir cio a no passado Jagan celebrou nova aliança com 8urnham e ambos declararam de público que nunca se opuseram ideologica mente. Portanto, o q ue se vê é. a consolidação da filosofia marx ista na G uiana".

Foco perigoso "Sabe-se que há centenas de cubanos inteira mente engajados em ajudar o governo guianense a treinar mi li1arcs. policia is e jovens, para ºdemocratizar" o país, como dizem. (; também sabido q ue h{, cuba nos. russos, alemães orientais, ajudando Burnham e Jaga n a orientar o rumo do país conforme eles pensam. Em janeiro. creio. Burnham ostentou nova atitude em relação ao resto do mundo: é que a Guiana pretende to mar parte ativa na promoção do seu tipo de socialismo, do "marxismo guianense", nos países vizinhos do norte da América do Sul e do Caribe. Há sina is de descontentamento e apreensão em inúmeras áreas do Caribe a propósito desse novo tipo de lidera nça".

TFP: programa e solução para o mundo livre O Sr. Me Kenzi c assim resumi u s uas im1iressões sobre o povo brasileiro e a TFP: "Sempre me disseram que o Brasil é o pa ís do f uturo nas Américas. E esta min ha primeira visita o confi rrnou inteiramente. Estou muito impressionado com a qua lidade de vida do povo, com a conduta do povo. Ele parece estar bem seguro do que q uer, e de que pode atingir o que deseja sem muita e~citação . sem muita g.-a ndiloqiiênc1a. Quanto à TFP. esta foi outra revelação surpreendente. Detesto pensar que sou um homem viajado. Contudo conheci vastos co111inen1es. gra nde nú mero de pessoas, inúmeras instituições e organizações que trabalha m de um modo ou de outro para propagar a liberdade e preservar o sistema da livre empresa e o tradicional ismo. Mas nunca, em meus sonhos mais ousados. pude imaginar que exis-

tisse uma entidade tão bem organi-zada . tão correta, científica e dou1rinaria mcn1c equilibrada como a TFP. Estou surpreso. com a legria e agrado, e creio que tudo isso se desenvolve não apenas para o bem do Brasil, mas também parn as Américas e talvez para outras regiões da terra. Posso afirmar com ccrtc1Á1 que. de Ilido quanto tenho visto nas viagens que fiz. a TFP é, :1 meu ver. o repositório de iodo p,·ograma. de toda so lução para este assim chamado mundo livre cnfrcnwr o ameaçador fm uro do c,:csei mcnto

marxista nas Américas...


Dire tor: Paulo Corr6a de Brito Filho

N9 330 - j unho de 1978 - /\ no XXVl ll

TFP PROTESTA -A VIRGEM ''O SANGUE' DE' ABE'L CI.A1110U a Deus e aos Ceus p0r vbigtmça. O S(JJig11e dos i11oce11tes abortados c/011111" Deus. perg1111· 1t111do: "Que fizemos nós paro q11e nossas mães nos 11111u,sse111?'' - A TF1' ""u:ricana protesta:" Planned Paren thood (Paternidade Respons:ivel l (1/acou 11 ft1míli11 com o aborto e a pí/11/a: agora (l/11· ca a Religiiio co,n insulto e bl11sfémi11 ·: Essas proclamações ecoaram no dia 13 de maio p. p. junto aos arranha,céus da 7a. /\venida, cm Manhattan, centro de Nova York, onde cerca de 2 mil pessoas se uniram il Americtm Socie1y for lhe Defense of Tn1ditio11, Family anel Property (TFP) pa, ra um ato de reparação e p1otesto. A manifestação rcali1.ou-se em frente il sede da P/111111ed l'11re111hood, organização promotora do conlrole da natalidade. que divulgou um folhe to blasfemo impresso por um grupo feminista pró-aborto. Tal panfleto, intitulado "Abor1io11 Eve", estampa em sua última capa a Figura da Imaculada Conceição, reprcsen, tada em avançado estado de gravidez, com fisionomia ridícula e rodeada de "anjinhos"-bebês. Em letras garrafais, lê-se a inscrição blasfema: "O que? E'11, preocupada? " O pon to alto da manifestação consistiu na recitação de um terço do Ros,írio diante de uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, colocada em um al tar de dois metros de altura. Centenas de pessoas ajoelharam-se cm plena 7a. Avenida. No Brasil, infelizmente, já se tenta implan tar as metas e métodos da Pia,med Porenthood. A argumentação falaciosa dos clefeusores do controle da natalidade em nosso País é refutada por Murillo M. Galliez, Secretário da Comissão Médica da TFP, que apon ln também as graves conseqüências morais que o uso de an. ticoncepcionais pode :,carreta,. Página 3.

'

CAR TER NO JOGO DA CONTRA DIÇÃO •

A DERROTA COMUNISTA NA ITÁLIA

/\O /\IIRIR, EM WASHINGTON , a recente conferência de cúpula da /\liança Atlântica, o Presidente Carter (foto) reconheceu que "o URSS eo.t pai· .l'es do Pacto de Jlors61•ia co11stit11e111 1111111 ameaça o 11oss/l Alia11ra" e que ·o /JO· derio militar soviélico expandiu-se e 111oder11izou-se co11s11111remen1e ·: Admitiu também que "os 111ivid11des d11 Rússia e de Ci1/J(I 110 A/rica esttio i111pedi11do que 11s 11aç6cs to111c111 seu próprio curso ". E concluiu: ''Não podemos permanecer iluli·

fere11t es ·•. En tretanto. sérias objeções vêm sendo levantadas contra o Presidente norte-americano, pelo modo c~1~10 conduziu !s negociações sobre limitação de annamcnt<>S estratégicos e a pohuca de d1stcnsao com o bloco comunista. O mesmo Carter que hoje propõe a modernização das forças da Aliança Atlântica e fala cm vigilância contra a agressão n1ssa, veto11 a construção do bombardeiro 13-1 (roto) e adiou a fabl'icação da bomba de nêutrons. A bancada inteira dos senadores republicanos acusa a atual administração norte-americana de ''inexperiência e li· deronça inepta", que "podenío co11//11zir o po(s oo desaslre''. No jogo de con tradições da política carteriana, o que se pode esperar? E o que se deve rcceiar? Página 5.

Nem as manifestações de solidariedade aos democratas-cristãos pelo assassinato de A ldo Moro, como esta junto ao Coliseu, conseguiram salvar o Partido Comunista Ita liano de u ma derrota nas eleições regionais de maio último. Os comunistas procu raram dissociar-se de seu braço armado. as Brigadas Vermelhas. mas o povo italiano parece não ter acreditado nessa d istinção. No entanto, os vermel hos. podem ter perdido uma partida, mas não o jogo. Em que medida continuarão eles a participar do governo, indire tamente? Quais as possibilidad es de efetivação do "compromisso h istórico" ideal izado por Moro? Págin a 2 .


Itália: acordo nas cúpulas, ,.,,., reaçao nas urnas A

SSENTADA A POE IRA do grande alarido que provocou

gação do governo, embora indiretamente.

1nunist(IS qu<' exigirm11 a ,Je,noliçtío

na ltália o drama do se<1ücs-

tro e assassinato de Aldo Moro, é o momento de analisar com serenidade os acontecimentos c..1uc envolvem os destinos daquela gl'a nde nação latina. A 10 de janeiro deste ano, os partid os constitucionais, estimulados pelo Partido Comunista Italiano (PC I), provocara m a queda do gabinete do primeiro-ministro democrata-cristão G iulio Andrcoui. Enrico Bcrlinguer, secrctúrio-gcral d o PCI. exigia a fo rmação de um ''governo de emergência", com a participação dos comunistas: o cha~

mado "compromisso histórico", que inclui também os socia listas.

rnar as prisões em alojanu.,111us com livr(' stlÍda cotidiana. Forarn os cu-

Morte de Moro: a quem aproveita? No dia 16 de março, quando se dirigia no Pc1rlamcnt o a fim de participar da sessão na qual foi aprovado o progn1ma do atual governo, o presidente do PDC, Aldo Moro, foi sequestrado por um comando das Brigadas Vermelhas, constituídas por marxistas radicais. Sua escollll de cinco membros foi chacinada no próprio loca l do scqiicstro. Moro foi ~1s:mssinado no di:1 9 de nrnio, após ter permanecido cm cative iro dura nte 55 dias.

dos serviços rf<, informaçtio: os de111ot·n1111.,·..cris1âos c·ed('r(lln. Foram os t·onu111buas qut' exigira,11 li re,nu-

('(i<> de preji•itos <, chefes de polici1J que ti11ha111 dmlo t1/gu11w /Jl'CJ\'ll ele '-ficiência; us dc•1noc·r"ras-cris1ãos o -

...

hedeceN11n ·•.

Na lógica desses fatos Montancll i conclui : "A de111ocracia niio vude s,~, fr1Jca. A liberd1Jde [... ] tuio pode ser t·o,~fundidt1 con1 indulgênâ(I par11 co,n os i11i1nigos. in,previdh,cit, ou levimulade ". Outros ubscrvadorcs também atribuem ao conluio entre a Democracia Cristã e o comunismo na

-.

....

*

São Pio X condenou os erros modernistas, hoje largamente difundidos sob o rótulo do ptogrcssismo

Um grande Papa, uma grande heresia, um pequeno episódio

F

EVER EIR O DE 1910. No orbe católico. inte nsa polêmica na qual intervém jorna is, Bispos, Cardeais ... o próprio Papa. É a época e m que a heresia modernis ta incubada no seio da Igreja travava contra es ta luta feroz. Heres ia tão virulenta que j{t então lançava tentáculos devastadores por toda a Igreja; tão manhosa que a lcançava mesmo a ltíssimos escalões da Hierarquia eclesiástica. A Providência, porém, sempre materna, havia dado aos homens um varão íntegro. um lutador sem

-

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Sorriso e violància: duas armas dos comunistas italianos. A primeira 6 ospocialidado do Berlinguor; a segunda, das 8rig3dM Vermelhas, como nesta manifanaçio em Roma.

A Democracia Cristã (DC). en-

Com o prc,cxto de facilitar uma solução para o impasse. 13crlingucr

Foi ele. a liás. o principal ;irtifice da reconciliação entre os democratascristãos e os con,unistas. <1uc tornou possível a formação do último go-

Itália, o fato de grupos terroristas terem liberdade para agir livremente.

concordou com um .. minicompro..

verno.

misso". Os líderes democratas-cristãos empenharam-se cm convencer cerca de CJllfltroccntos deputados e senadores do partido. a accitafcm o acofdo político com os comunistas. A ndrconi obteve um voto de confiança na base de uma agenda firmada pelos Partidos DemocrataCristão, Comunista, Socialista Social Democrata e Republican~ do chamado "arco institucional". O Partido Liberal passou pa ra a oposição em sinal de protesto contra a part1c1pação comunista na maioria. Com tal acordo. o PC I passou a rcr efetiva participação no govcl'no. embora sem ocupai· ca rgos ministcriai~. Isto correspondeu nt1 pr{11 ic.:1. ao ing resso dos comunisrns na coli-

O acontecimento causou sobrcssailo e indignação na Itália. Os

PCI é derrotado nas eleições

tretanto,

recu.savn--sc a ac<:it{1-lo.

Centt simbólica: o comunist3 Pietro lngrao junto a.o primeiro-ministro Andreotti. No alto, Aldo Moro, arquiteto do ''compromis· so histórico.. e vítima das Brig~as Vermelhas.,

comunistas procuraram tirar pro-

vei to da situação. Numa c lara manobra para capta r simpatia da opinião pública, foram eles os mais violentos acusadores das Brigadas. Tal a titude e ra de molde a apresentar aos olhos da Itália e do mundo, um PCI cioso da ordem e d:, legalidade e acentuar a solidariedade entre marxistas "moderados" e de-

mocristãos. Nos funera is das vítimas dos terroristas, a imprensa ressaltou CJ fato d e as ba ndcirns brancas da DC se misturarem às vermelhas do PC. T ud o indicava que o PC I procurava ensaiar mais alguns passos

para a concretização do almejado "compromisso histórico". Essa seria a conseqüência mais importante do espetacular seqüestro pratic.a do pelos ex tremistas da Itália . O próprio Papa Paulo VI presidiu. no d ia 13 de maio, as cerimônias fúne bres promovidas pelo governo ita liano cm memória de Moro, na Basílica de São João de Latrão. Fato inéd ito, pois foi a pl'imeira vez cm duzentos anos que um Papa saiu do Vaticano a fim de oficiar as exéq uias de um personagem político. O ato contou com a presença de 1·epresentantcs de cem governos estrangeiros e praticamente de todos os partidos ita lianos. A s ituaçã o e m que se e ncontra atualmente a Itália mostra até que ponto pode c hegar um pa ís cujo regime democrático opta por uma clara e inegável colaboração com o comunismo.

O jorna lista lndro Montanelli analisando o episódio político que culminou com o assassínio de Moro, observa: "A n,agistratura e os 6rgãos da policio den1011straram, en, sua ação. uma desoladora ineficiência que permiti11 às Brigadas Ven11ellws agirem. A culpa não é t1J1110 das fo rros policiais quanto daqueles que quiseram, por de,nagogia. pttrll og radar às esquerdas. e conquistar fáâl popularidade, des111oralizt1r os serviços st•cretos. rê111over os funcionârios mais dedicados ao dever. 11·an.~for2

N~ dias 14 e 15 de maio, quase 4 milhões de ita lianos. ou seja, cerca de dez por cento do eleitorado, foram às urnas pal'a a ,·enovação de 1.043 comunas. O fato de estarem estas distribuídas por todo o território italiano, a liado ao da proximidade da morte de Moro, conferiu à votação o caráter de autêntico teste. Os resultados foram s ignificativos: O PCI obteve apenas 26,5% dos votos. o que representa uma queda de 8% em relação aos 34,5% que recebera cm 1976. A DC, pelo contráno passou dos 38.9% de 1976 para 42,5% na recente eleição-teste. Nos demais partidos, as a lterações foram pouco significativas. Esse resultado exprime uma reação da opinião italiana ante o acordo e nt re as c inco agrc111iaçõcs que sustentam o atua l governo. Nesse acordo, os dois parceiros mais fortes são os com unistas e dcmocristãos. Estes - precisa mente na pessoa de Aldo

Moro -

aceitaram a cola boração

dos primcifos. E as Brigadas Vermelhas. oriundas das fi leiras do mesmo Partido Comunista, exerceram sobre a opinião pública a pressão do medo. Assim, o jogo consistia cm utili1.ar a arma da

violência para conduzir o povo aos braços do PCI. q ue se ma nifestou

~on.tnirio às Brigadas. No entant o. os 11alzanos dcrnonstratam não acre-

ditar na m~lsc.ara de moderação utilizada por Bcrlinguer. Diante do retrocesso. o que fará o chefe marxista italiano'' Resta-lhe a penas adiar para oc,,sião l'llêl is opor.. tuna o ex igir sua participação direta

no governo. O que provavelmente faria agora se o teste eleitora l lhe

1ivcssc sido favonível. No entant o. estarão seus scqua .. zes dispostos a s uportar uma longa espera? Ou, desesperados, irão engrossar as fileiras das Brigadas Vermelhas? Este é o problema d os eurocomunisrns ita lianos. não muilo dife-

rente do de seus congêneres franceses e espanhóis.

CARLOS SODRÉ LANNA

jaça q uc a ela se opusesse. E colocou esse varão santo no mais a lt o trono da Cristandade. São Pio X comandou pessoalmente a batalha com o destemor e a sagacidade de um verdadeiro fi lho da luz. Dentre os muitos episódios dessa luta, um aqui destacamos, pttra que o leitor possa sentir o sa bor já longínquo - mas quão precioso! - da intrépida luta do Salllo Pontífice. O jorna l "Unità Cauolica", conhecido por sua combati vidade antimodernista, denunciara com pa lavras candentes um Sacerdote que em seus escritos e logiara abertamente autores modernistas e lhes adotara as posições heréticas. Era época cm q ue a sensibilidade contra o erro não havia atingido ainda o espantoso grau de amortecimento em que se encontra hoje cm dia . De out1·0 lado. eram ra ros os eclesiásticos que manifestavam abertamente s ua heresia. Por isso a denúncia produziu legitima e sadia comoção: u m Sacerdote hcrcjc! O inesperado, porém, ocorreu. O Ca!'deal Andrca Ferrari, Arcebispo de Milão - diocese onde o Padre exercia suas funções sentiu na própria carne a acusação de lllOdernista feita a ulll seu Sacerdote e com ele se solidarizou. Tomou-lhe as dores e chegou inclusive a escrever ao pró prio São Pio X protestando contra a a tit ude de "Unitti C(1//olit a", j ornal que sabidamente tinha o a poio do Papa. ao menos no que se refere a sua linha fogosamente antimodernista. Era argumento do Cardea l que atitudes polêlllicas como a d aquele jornal promoviam a discórdia ent1·c os católicos. São Pio X responderia'! Ou preferia s ilenciar para amortecer a po lêlllica e distender os esp íritos'! A expectativa era grande. O Papa compreendeu que esta última atitude só estimularia a audácia dos fau tores da heresia. Fazia-se mister. pois. uma atitude firme que ele. com as forças conjugadas de Papa e Santo. com tod o acerto tomou. Sua cart a ao Cardeal Ferrari é um la nce histórico no qua l se 1·econhcce o timbre de voz com que Nosso Senhor increpava no Templo os doutores da lei (1). Ass im começa a carta do Ponl ifice: .. listou de acordo co111 V. l;i11tia. cm deplor/Jr as d iscórdia,, que surge,n entre católicos: 11,as ,uio p osso j ust ijicor aqueles que as /JfOVOC0/11 \0111

J)t1blicaçõcs /1(/S

quais falta exatidão e especial11u,11h? o rigor contra os erros

corrente.(· (2). SãCJ Pio X é claro : os culpados pelas discórdias não são os bons que apontam os erros. mas aqueles cuja doutrina não é íntegra. Mais, ainda. a falta ele rigor contra çs erros corre ntes já de si caractcnza a culpa. Como é atua l esta afirmação! Após elogiar "U11i1à Cau olica" por ser "quase a única <!"<'

11,io cede em [<ice dos tulversârios". Siío Pio X acusa acerba mente o Sacerdote milanês de haver "a1ribuído 111n verdadeiro mnor à relighio e ti Igreja àqueles que co,npendiara,n em s(•us es,·ritos todos os erros do 11,oder11is111u. <1ue si,nulartun 111,w subrnisscio e.:aerna para pernwnecer no redil e propagar 1-uais segurmnente os

erros. que co111i11ua111 o trabalho n efasto com escritos e com reuniões se,,:retas. e que. 11111nt1 palavra. traem a lgrej(1fingindo-se . ,.. E, acrescenta: "Quen, anugos não vê (I tl'Íste i111pressâo e o escándalo que se produz nas a/.. ,nas quando se apresentam co1110 ,·atólicos aqueles 111iserd,wis, ,,os quais par ordem do Apósto lo São João dc•veriamos 11eg11r até a squdação?" Essas pa lavras são como uma lufada de ar puro. cm meio;\ poluição religiosa dos d ias cm que vivemos.

Note o leito r que a transcrição até aqui feita , se é um libelo contra o Padre mi lanês, deixa também implícita uma grave censura ao

Cardea l. Como pôde este pennitir que tal coisa se passasse cm s ua Arquidiocese sem reprimi-la e . . pior amda, tomar a defesa do Sacerdote pró-modernista? Mas São Pio X não fica nas implicitudes. Ele vai além: "Esp,1111a-111e poi.,; t1ue V. Bn1cia. t o111e asjustas observações de Unità co111a s,, Jossc>111unw afronla dirigida a Si". E o Papa tefmina lembrando ao Cal'deal que se deve agradecer aos que ajudam a ver o ma l que não se havia perce bido. E ntretanto. cm face de tanta perspicácia cm perceber o erro. tanto 1.clo cm combatê-lo, o mun-

.

do não se entusiasmou. não se comoveu, nem sequer reconheceu o grande dom de Deus q uc significava ter no sólio de Pedro um Papa Santo. E por isso não mereceu lê-lo por muito tempo. Morto São Pio X. a heresia se propagou pelos condutos internos da Igreja, trabalhou os seminários, atingiu as instituições e os costumes e penetrou a alma de incontáveis eclesiásticos e leigos. Hoje, com o nome atualizado de

"progressismo". ela camin ha cm direção ao parox ismo de s i mesma e da devastação que e mpreende. Simples episódio da vida de um santo alçado ao su pre mo Pont ificado. Ilustra bem corno a heroicidade de virtudes, principa l-

mente num Papa, torna eximias a vigi lância c.ontn1 o erro e a dis-

posição de combatê-lo.

GREGÓRIO V. LOPES (t) MI. 23.13-36. (2) C;i.ria de 27 de fevereiro dé 19 10

"Son Pio X - C11r10.t", 1ra.dução c.s . panhola de José Maria Javicrre. 1.• cd . . 19.54. Juan Ftors. Editor. Barceton:1 (E:.:·

ponha). pp. 327 e 328.


CONTROLE DA NATALIDADE: UM MITO E UM PECADO Murillo M. Galliez Secretário da Comissão Médica da TFP

H

OJE EM DIA rala-se cm controle da mHêl lidadc e pla-

nejamento familiar. Embora os corifcus da matêria digam tiuc <:stc n~o implica ncccssari:11ncn1c naquele ( 1). p(lra f\ grande maioria

do público o "planejamento fami liar'' tcrn como finalidade Ultima . explicita ou velada. o controle da

natalidade. E isso é fácil de explicar, pois. na imensa maioria dos casos. os meios de que ambos se servem

são os mesmos: os anticonccptivos. Em torno desses meios artificiais

de impedir a co ncepção. enorme propaganda é feita não só para promover a sua difusão como para

conlnírios à mol'al e {1 Lei de Deus. coloca 1n muirns vezes ,1 tônic,1 de sua arg.urncntação cm aspectos C·CO-

nômicos. sociais e a té po líticos. Bastante significativ,1 é a nota da CNBB sobre o programa de distribuição de anticonccpcionais do governo brasileiro emitida em 2-6· 77. d;1 qual o Jornal do Br{lsil ele 36-77 1rnnscrcveu alguns trechos. Em s ua ed ição de 30-7-77. O Globo, p. 6. reproduz alguns tópicos: "Todos q11<'rl'111os a ml'ihoria de q11alidade de vida do.\' bl'asileiJ'oS, ,nas 11</o s<lo 1u·ovlls de respeit<> ,, ess(I vida: <t

aceitação que eles vêm conseguindo

111ilização de humildes pop11it1('Õl!S indefesas ,·011w <·obair,s ptira o es<·oa11u11110 de estoques <·o,nerciais e11calhados pela proibii'ão d,, seu

cm todos os quadrantes.

uso t,n poises desenvolvidos [ ... ].

mostrar

a

grande e progressiva

No Brasil. fabricantes de pilulas

anticonccpcionais estimam que mais de 3 milhões de mulheres se u1ili1.am delas (2). Dados ela ONU informam que. no mund o ocidental. ccrc" de 240 milhões de casais recorrem a métodos anticonccpcionais enquanto 75 milhões teriam ()ptado pela cstcrili1ação do ho mem ou da irmlher (3) . Notícias também indicam que mulheres c:uólicas vêm adowndo de

forma crescen1c ' os métodos a nifici,l is de evitar a concepção. sa .. bidamente condenados pela Igreja, a

tal ponto que. cm íu1u1·0 próximo. seu uso entre elas deve tonrnr..sc tão fn.x1ticntc qu,int o cn1rc as nãocatólicas (4). Isso se dcdu,. pela difusão dos m11iconccptivos cm países de grande maioria cmólica. como

na América Latim·,. Nos Eswdos Unidos se prevê para o fim da

década de 70 o desapa,·ccimcn10 da difcrcnçc1 entre as pnític;,s de controle da nata lidade de ca1ólicos e não-catôlicos. ··A.,· c{fras p11n•c(111, su.\·te,uar as prt•visõ<1S de unw <'risl!

âe {111/oridade 11a Jgrlja Ca1<ílica. dis.,·,· " Dr. Charles F. W(•s10J/. t/il'(•/(JI' "" /)('/1(11·/(Jlll(!I/IO de PésCJIIÍS{I Populadonal t/11 Universidtul,~ d,· Pd11,·e11,11" (Jonwl cio flra.,il, Rio. 9-10-77).

Omissão e ambigüidade Poderíamos inquirir a causa dess;i ampla aceitação dos contraceptivos orais crn população católica

<1uc deveria ter conhecimento da posição da Igreja na matéria. Porventura teria sido esta posição omitida ou negada tota l o u parcialmemc por parte ele numerosos Pastores. ou os ca tólicos. conhecendo-a perfeitamente recusa m-se a sc$ui.. Ja por terem aderido à mentahdadc hc-

donística da vida moderna? Em declarações à revista ·· P11,·hlo.v''. n.Q 47. p. 22. D. Jerônimo de Sá Cavalca nti. monge do Mosteiro de São 8c1110, Salvador, Bah'" recentemente falecido. afirmava: ..(J lu>JJ1e111 1e111

<> direi/o -

con cedido

por Deus -

de inte~ferir 110 11an,reza ... Portanto ··n eleiç1io dos n1du1dos a111ico11ce111ivos d,,ve ser dei-

xada a critério dos intert).t vados". A

eond ição para seu uso é que: "os 1nétodos n111iro11N!JUivo.v não de,wn, por <m1 perip.r> a vi(/a /Junuuw, ne111

,,rejudicttr a saúde das usutirios ou provocar o ,1bor10". E conclu i: "A f'ilula parece prt e11cher esses r< q11isitos t• f! evidt•11U!lnc•11u• eficaz". Sobre o uso do DIU. o 'monge beneditino 1>õc cm dúvida a d ou1rina COll'mmente :-1ccü.1 pela I greja 1

1

de que a vida humana tem início no

momen to da fecundação. Idênticas declarações fe,. e le ao .lorn{I/ do /Jrll.<il, cm sua edição ele 30-7-77, p. 15. Outros pronunciamentos de au-

toridades celcsi,íst icas embora condenand o

úS

anticonccp1ivos como

(1) "Putblos ... ,•oi. 4. n.• 4, 1977. p. 23,, Dcc:l:.·m,ções do Dr. Wahc, Lcs<'r. Secretár'io de S:.1t"1dc de São Paulo. (2) "Jor,111/ do /Jl'(I#/". 7.s .11. l.''càd . p. .l3. (,\) ··t)lJrftm1t•mo··. Ed, N:-icion::11. !\no 7. n." 49. p. 16. (4) ldc,n. ibidem.

revisto a respeito de sua conceitua· çiio sobre lei natural (5). J\1ualmen1c a posição que vem encontra ndo maior divulgação a n;spcito do assunlo é a segu in te: a cada casal compete decidir, cm

O controle da natalidade no Brasil Em 2 de agosto de 1974 o governo brasileiro emitiu nota sobre sua posição na conferência mund ial

liberdàdc. sem sofrer pressões de qualquer espécie, qual o número de lllhos que poderá ter. Para isso. todos deverão 1er acesso l1s informações e meios par.1 o controle da natalidade. e não apenas as cl;lsscs

mais abastadas . Em conseqüência, cabe ao Estado o tlever de proporcionar às classes menos favorecidas as iníormaçõcs e os meios a que têm

direito para limitar o número de lilhos. caso o desejem. Em smna:

ele população realizada cm Bueal'CSte de 15 a 30 ele agosto daquele ano . Entre os 4 itens rcsu mitivos da

no1a. destacamos os segu intes: 2. 0 )

O con trole da nntalidade é uma decisão do núcleo fam iliar. o qual, a esse respeito. não deve sofrer interferê ncia governamcnrn l. 3.•) A capacidade de recurso ao controle da natalidade não deve ser um privil6e io das familias abastadas e. por

" O.< pobre., 11,io s,io poi>res porq,uJ 1h11 1nui1os filho.,·. n111s 1t1lvez 1e11ha111 muitos .filhos porque• .wio pohJ'es. Stio pobres /UJfl/11<' vítinws da i11j11sti('O social. u11110 i111enw ,·onu> i,11,,,·,wt'ional. O p,·ohlenw da nd.\'éria não .1-e J'e.folve nnn pílult,s e .\'i/JI CV/JI justiça .,·oda!. CO JU f)f<J • /iuult,.\' ,, J'tulicais re/(11'1/WS. · "Aqui J'esfrh, pai·a nâs o ponto 1·,•11/l'al do proi>l,•ma: dar à .fr1111ilia co11di('ões d(• vida dignas, dentl'O tia.\' quais o ho111c•111 <' a nwllu•r unidos pelo mnor 11us.,·a111 pr<'servar o últi1110 l'cduto de sua liberdatf,, <.7 ori<•111tir·.W' pc•flls ,•xigh1cit1.~ élict1f d,? WH(I

.fi.·c,11ulidade

l'('Sf)VIIS(Íve/".

Perguntamos quais as 1>1·ofp ndas

e rnd icais reformas parn resolver o ~ problema da miséria e quais as .!! exig~ncias é1icas de uma fecundi- ]° dadc rcsponsêlvcl. Fórmulas ambí· :t guas e imp l'ecisas q uc como A Ct>:JSB _emitiu "º!ª• em julho do ano pa.ss~o. sob ré o pr~rama de distribui~ão de anticoo· ,· tl"'a . ·x 'C ' S"c,. º . ter 'd·i .. cepc1ona1s promov,do polo governo brasileiro. Na foto ac,ma. aspecto d3 (Jl11ma Assemblôia l .11 v1;111 • s «.:. fll :5 O s p,l Ili · < <1e Geral que a entidade realizou no mês do abril p.p. em lt3ici.

rcspons,ívc l" e "planejamento fami-

liar"

nunca são inteiramente

definidas no seu conteúdo. Como tais são próprias a lançar coníusão

· 1>arn o Estnd(), o dever de propor-

cionar a todos informações e meios parn lim irnr a prole~ para os casais. o

entre os ca tólicos. direit o de ter acesso a eles. D. A loísio Lorscheidcr. Cardea l Arcebispo de Porta lcza e Presidente da CN 88 declarou que "a Igreja n ão Premíssas falsas é co111r" o plt111ejame1110 fmniliar 1ut1s .~·i,11 a .f11vor d<~ u,na pau•rnidnd<• Os fundamentos apresentados e unw 1nate1·11idtJde 1·espo11sâveis pelos neomalth usianos pan, defen[ ... ]. A p<,rgu111a da lgr.:;a é es1a: a der uma ~1mpla e maciça difusão dos pílula pre_izulica ou 1uío II vidn da méLodos an1iconccpcionais patc/Jl'-'·'º"' [ ... ] SiKlli/ica que a lgl'<ja ccm-nos falhos e divorci.idos dn ,ui<> é rontra a âéncin nem co1111·a a rea lidade. As teses ncomalthusi,1nas técnica, tf co111rt1 nulo aquilo que j,í foram refutadas diversas vezes. de

.,·<'.ia. ,to

pont<> de visltl âent{(ko e técnico, prejudicial à f)<'SSOO lt1111u111a

modo bastante convi ncente. como

e à humanidllde" (O Globo, 4-8-77, p. 7). Pouco depois. cm pa lestra na Assembléia Legislativa do Ceará, D.

discurso proferido na Cánwr., dos Oepurnd os, nri sessão do dia 9- 10-73

J\ loisio voltou a aíirmar que a l greji, não é conHa e.) plé1ncjamento familiar. mas que este deve se fundar nu pmcrnidade rcsponsí1vel e não cm

métodos massificantes de co111rolc da na ta lidade. Acrescentou ainda que

"(I

/f;!l'(~ifl IUÍO ('(J/(JC(I ('Ili ,,,.,._

n1"iro plano a preo<·upaçtiá pelox 111étvtln.1i· ih> n g ul<Jçtio. P(lra a lgl'(:ia é ji11ulm11etual o C'spírito que a11i11u1 a vivência matrimo11ial" ( O Globo, 18-8-77. p. 11). Esta última frase deixa dúvidas qua nto à posição do Cardeal sobre a liceidade dos métodos contracept ivos e à finalidade principal do matrimônio: procriação e educação dos filhos. 1

Falaciosa argumentação Passemos agora a considerar o que di1.cm os an,inatalisws crn :1bono de sua posição. R;1zões de ordem econômica, social. médica e ,,té rcligios:1 são invocad;1s neste sentido.

Clérigos progrcssisrns dccl;u:11n q ue a fina lidade principal do casamento não é a procriação e educação dos. fi lhos rrrns o amor e mútuo entendimento en tre os cônjuges. E

que se este vier a ser pcr1urb;1do pelo nascimelHo de mais um filho. o e.asai podcd recor1·c1· aos an1iconccp1ivos. A I greja seria incoerente cm conde-

nú-los por artificiais. já que permite intervenções "artificiais" cn-1 outros órgfios humanos e a1é elementos da natureza. como o desvio de rios. etc.

O

Direito Canônico deveria ser

fez o dcp . .J oão Alves de Almeida cm (6).

· isso, cabe ao Estado proporcionar as informações e os meios que possam ser solicitados por familias de recursos reduzid os (Apud. Dep. João A lvcs de Almeida. "Polili<'ª L>e1110grd,/ica ", 2.• ed .. Brasília. 1977, pp. 31 e seguintes). Esta posição foi inteiramente confirmada pelo próprio J>rcsiclcnte Gcisel cm entrevista coletiva na Cidade do México, 1>or ocasião de su:1 visita ~\qucle p,1ís em janeiro deste a no e publicada pela imprensa (.lorn"I do Brasil, 19-1-78, p. 18). Após defender os 2 itens supracita(l()s. diz o Chefe do Governo brasi leiro: .. No /Jrasil, d,• ,nodo geral, /ui um decl'<!.tcimo 110 indfre do t111mc n10 de populaçtío, mas <·ste é .vpo 11tá11e('J e. j)OJ'(JUP PSJ)ôlllÓ11eo. é muito lento, e• .\'t! nós oll1m·111os c·sso i111"gem do a110 2.000. o prob/(,111a

Afirmar. como o fazem os anti-

popu1aciomll cm países j{1 dcscnvo(..

vidos. eons1i1ui ofensa à sahedoria e justiça de Deus como veremos mais adia nte. Pretender evitar ;1 pobreza . combater a desnutrição. o desemprego e dclinqi.lência ,uravC$ da limitação da nawlidadc. é accm1r pani uma solllção arbi tníria e carente de provas. Não csHí dcn1 onstrado que o maior número de habitantes de um país ou

de fi lhos de uma familia. seja o respons,ívcl por todos esses males. As nações e famílias que prospc-

1

se- não ('Q111eçar111os (Í('St/R li 1 pc 11sor ,1111 pouco nwis 110 plmu:ianu?11to {tuniliar". 1ssÕ representa para o Estado a org:1nização e montagem de um

serviço espa lhado por todo o pais, com organismos e pessoal devidamente treinado. Entre aqueles que defendem esta po.>sição, pode-se distingu ir uma a la rad ical e outra moderada. Há os que propõem uma distribuição maciça e imediata de anticoncepcionais a to-

dos os casais que o dcscj:,rem com a final idade explícita de limitar a nat..ilidadc por motiV(>S econômicos,

sociais ou eugênicos.

direito natural. E serão tanto ma is

eficientes quanto mais de acordo com eles estiverem .

risco" incluída cm um pl'Ograma mais amplo de assistência ma terno-

d;, vida de um:1 população sem atentar contra a Lei de Deus e o

(5)

D. J1.•rônimo !':iá C:w:1k:rn1i. c n11'cv. ci1. cm ·· Pm•h/o., ". (6) '"A \'Ctdfltlr .whtt ,·,YploMio tlt•nwft,rti• fh ·u ... C[int:ll'a dM l)cpul:idos, 0.:ntro de l)ocu111cn1:1çita e lt1íorm:u:ão. Coordcnnçào de Public~çõcs. Br~1,silia. 197.l. Ver também o estudo de José ·1hom:w Nabu,·u: "CamMt•· rtt('(i«•s sobre• u ma polithw ,lt•mt,J.!Ni/7,<t11wr11 o

!lrtu,r. Rcvist:1 ·· Vi•rhum" P(Jntaí k ia Univcf'!liid:)dé (';uólic:1. 'Iomo X XVII 1. marco· junho de- 1971. pp. 2.l e ~, .

tipicamente antinata lista do Minis·

1

Outros. ma is c,n11 elosos. defentalvez como um primeil'O 1>asso - a distribuição de anticoncepcionais apenas aquelas mulheres cujo estado de sa úde aconselhe evita,· a gravide,.. Seria a prevenção da assim c hamada "gravide?. de a lto

ral'am não o fi1.cram por limi,ar o número de:.: seus membros. Existem meios cíicie,Hcs pal'.-1 elevar o nível

envergadura para diminuir o índice de natalidade. Enq uanto o Ministério da Saúde alega q ue a prevenção da gravidez de alto risco não tem por finalidade a limitação d,1 natalidade, mus apenas proteç;io à saúde materna e infa ntil, o Ministro do Interio r. Rangel Reis. elogia o programa como "a ,nelhor n,a11eira de co111rolar a na/a/idade em u,n paísfor,nado por uma população de bllix" escolaridade ... "Sem planejamento - salientou - . son1e111e a longo prazo baixaríamos a taxa de 11a1alidade, e a 1nedida esf{i to1al,ne111e coerente com a posição adotada há 4 a11os pelo Brasil "" Conferência de Bucares1e: esclarecer a pop11lllção sobre as van1agens de pla11ejar as famílias .. (Jornal do Brasil e O Globo, 30-777). Está cla ra portanto, a posição

iro do Interior. e o que ele espera do programa divulgado pelo Ministério da Saúde. Por s ua vez, o Ministro do Planejamento, Reis Veloso, negou a possibilidade ..pelo 111e11os no 1110me1110" de o governo vir a permiti r que o controle da natalidade seja estendido a 23 mi lhões de mu lheres seguradas no IN PS (Jor11al d<> Bra, si/. 2-8-77, p. 16). O Prof. Melio Aguinaga. diretor do Centro de Pesq uisa e Assistência lmcgrada à Mulhe,· e à Criança, em artigo intitu lado "A Família Pia· 11ejada .. afirmou: "O progrmn" da pnJv(•nfÕO da gravidC'z de alto risco 0111111citulo é S<'V<'J'011u111e /i111itt1do e fico 11111i10 long<> de noupril' o i111e1110 da declaraç,io de 131,caresu> <) do Segundo l'lt1110 Nacional de talv,,: SéJ'lÍ nutitu ,..,irio e 11111i10 tlifíril De.<l'nvolvin1<'111<, ( li PND). Deve-se

,

narnlislas. que a humanidade ca .. minha para uma autodestruição através de um1l "explosão dc1nogri1fíc.a" por não aderir aos métodos anticonccpcionais. :além de revelar dcscon l1ccimcnto do crescimento

Esta é a posição oficial do governo brasileiro sobre o assunto. Em 3-8-77. o Ministério d:1 Saúde ícz publicar na imprensa diúria uma nota oficial. cm 10 itens, expondo o que será a prevenção da gravide1. de iihO risco dentro de um programa mais amplo de assistência matcrno-í níanti l, orçado cm Cr$ 2 bilhões e 700 milhões. dos quais Cr$ 35 milh ões c m quatro anos estão reservados para a prevenção daquele tipo de gravidez: neste setor está previsto o a1cnd irne1110 de 13 mil mulheres por ano. Dizemos que C:>~.t rnc::<lidH ~~vê representar um primeiro passo porque vários comentadores assim a consideram. lamentando sua timidez e atribuindo suas restrições à impossibilidade material de realizar de imed iato um programa de maior

dem

infantil, sempre respeitando a decisão do casa I e suas convicções religiosas. Aos católicos que o recusassem, não seria fornecido o contraceptivo, porém a minoria não

católica teria o direito a recebê-lo. Esse program,1. segundo seus idca li,Â1dores, teria pol' fi nalidade a diminuição da monalidadc materna e infantil, o que poderia acarre,ar até um aumento da população. Não seri;.1 urna medida antinarn lista.

encarti·IO con10 utu co,npasso de espert, ttlé se Jor111ular ,1111 projC'Jo

11e11éri(·o de á111bi10 11aéio11al. Se 1ivés.w>11u,s /an('ado 11111 progn1111t1 tle <>11v(•rgadura. C(JJ11n foi a111111i'iado. sem Jer,uos as i1!for111t1('Ões. uJ dtt·

dos. os l'l't'lll'.\'OS ltu111m10!• e <1 experiéndn ttf<'ltic·n necesstiria 1erit1

.,·ido o ctws·· (JC1r11al da J)rasil, 1812-77. cad . esp., p. 4). Em 3 1-1-78, falando a empresários na Federação do Comércio do Estado, em São Paulo, o Ministro da Pazenda, Mário Henrique Simonsen, declarou: 't...] E parece ser 1e111po de reca11he1·er que a explosão pop11focio11al é a moior i11i111igt1 d" m oderaçrio do coeficie11te de Gini. De falo. as /mui/ias ele 15 filhos não cos1u,na111 ser llS mais ricas, que 1erim11 o q11e dis1rib11il', mas as tnais pobres. que não tên, acesso aos 111é1odos de plo11ificaçõo familiar. A pla11ificação da família, 110 Brasil. não significaria 11111 Es1ado- Herodes limitando o acesso à vida. Sig11/(icaria. ape11as. e.t1e11der às cfllsses 111ais pobres uma opção que já é exercida pelas 11,a,:r ricas" (J ornal do Brasil. 1-2-78, l. 0 cad.,p. 17). No dia seguinte o Ministro do Planejamento. Reis Veloso, por o casião do lançamento do seu livl'o "Brasil. " solução positiva", defendeu a posição do govel'no de propol'cio nar informações e meios a

3


cooperar para o conhecimento e difusão desses métodos.

Controle da natalidade... tod os os casais que desejam controlitr a natalidade - segund o suas

pa lavras. os casais que mais ncces~irnm do controle da natalidade não devem sofrer a injustiç.i de não ter acesso aos meios para rcali,.á-lo. Por essas declarações deduz-se que os Ministros são favoráveis a urna ampla distribuição de anticonceptivos para controlar a narnlidadc no país e não apenas pant c-ontrolar

a gravider. de alto risco.

A verdadeira solução do ponto tle vista médico e moral Sobre as contra-indicações de ordem médica para uma gravidez,

Efetivamente, o recurso aos métodos artificinis de impedir a concepção é assunto de ordem essencialmente moral e re ligiosa e como tal deve ser encarado e combatido. Tais mét9dos atentam contra a lei de Deus e o direito natural sendo portanto vedados a todos os homens, e não apenas aos católicos. Assim como a indissolubilidade do casamento é de direito natural e obriga a todos, da mesma maneira deve ser encarado o processó que dá origem a uma nova vida humana. Eis o ensinamento tradicional da Igreja nas palavras de Pio XII (7): 'f ..] aquele que se aproxima <les· se berço da vida emfornwção e que exerce nele " sua ativitl1ule de ,11,w ,naneira ou t1,, outra. deve conhecer a orde1n que o Criador quer que oi se conserve e llS leis que a ele preside,n. Porqút11uo trtilll·~w: aqui. não de puras leis fí.sicas. biológicas. às quais obede,·en, 11ecessariame111e t1gen1es privados de razão e forças ceglls, ,nas de leis cuja execuç,io e cujos efei1os s<1o confiados à livre e vo /111uária cooperàção do ho111e111. [... ] Depois de haver o ho111e111 desempe11/wdo o seu papel e posto e,n 11,ovitne1110 a 111aravilhosa evo-

Pio XII condenou energicamonto o uso de

anticoneepcionai$.

lução da vida, o seu dever é respeiu1r-lhe religiosam en1e a progressão. dever que lhe proíbe susu,r a obra dt1 na11,reza o u i111pedir-lhe o dese11volvi111en10 11a1urol. (... ). " Nosso Pretlecessor Pio XI na sua E11ciclico Casti Connubii, de 31 de dezembro de /930. proclllmou de novo soleneme111e o lei fundamento/ do mo e das relações conj11gois: a saber. q11e é imoral todo aten1odo dos esposos 110 cumpri111en10 do aio conjugdl 011 no dese11volvimen10 das suas conseqüências na1urais, a1e111odo q11e renho por fim priv<,r esse <110 dt, energia que lhe é i11eren1e e i111pedir a procriaç,io tle 1111w 11uv11 existência; e que 11e11Ju1111a "indicação .. 011 n ecessidade pode Irans-

Um problema de consciência Um programa ou um empreendimento que tivesse essa finalidade. seja para conseguir diretamente uma limitação da natalidade. seja sim·

plesmcnte para prevenir uma gravidez de alto risco, implicaria c m induzir ao pecado tanto os que recebem como os que in formam e dis tribuem os meios anticonccpti-

vos. O governo de um país ou uma entidade particular que patrocinem

demasiada freqüência nos dias de hoje. Embora nada tenha de e rrado, em si, pois ninguém, cm sã consciência. pode ser favorável a uma paternidade irresponsável. e mpregada sem os contrafortes necessários pode gerar ambigüidades e insinuar a aceitação ou. pelo menos. a tolerância para com os métodos cont raceptivos. A condenação destes pois nunca deverá ser omitida quando feita referência ao exercício e conveniência da ºpaternidade res..

ponsável". 11 ) O direito do casal de decid ir sobre o nú mero de filhos que deverá ter, sem nenhuma interferência de

ordem ext~rna, também é um conceito muito d ifundido e que pode criando uma ..questão de consciênmerecer reparos. Embora cm seu c ia" de âmbito nacional ou regional sentido estrito seja correto, principara casa is. médicos. enfermeiras. pa lmente no que diz rc.~peito à assistentes sociais. nutricionistas, une rferência do Estado ou a quaisele.; enfim, parn todos os envolvidos quer coações ilegítimas, não pode o na infol'rnação. distribuição ou n::~ casal furtar-se à Lei de Deus. A cebirnento dos meios artificiais de afirmação de que cabe à consciência evitar a procriação. do casal a decisão. cm última A dcscu lpa de que scr.í respei- instância. sobre o tamanho da prole. tada a decisão do casal e de que aos é, pelo menos. perigosa. Pois ela dá católicos não serão fornecid os os a entender que é essa consciência meios artificiais proibidos pela I- que ju lga e decide sobre os meios a greja não atenua a imoralidade do serem empregados, naturais ou artiprograma por dois mot ivos: ficiais, para regular· os nascimentos. 1) Sendo contrário,\ lei natural. Ora, é d e sã doutrina que a permiso recurso àqueles meios é vedado a são para evitar ou limitar os nasci# todos e não apenas aos católicos. mcntos, mesmo por meios naturais 2) A simples informação e ofe- (como a continência) só é facultada recimento de acesso a um meio ao casal quando haja motivos graves imoral constitui uma tentaç.ã o para para fazê-lo. Limitar o número de o ma l a que os católicos estão filhos por prazer ou comodismo é sujeitos. E nisto aquele que induziu fazer mau uso do matrimônio. ao pecado torna-se talve1. mais A respeito dessa matéria é oporculpado do que o que caiu nele. O 01110, ainda uma vez, lembrar o primeiro peca por cspirito, o outro ensinamento de Pio XII: por fraqueza. O que torna essen"A liceidade m oral de 10/ concialmente imoral a distribuição dos d11111 dos esposos serâ de a(ir1110r ou anticoncepcionais. em ,,ualqucr cir- de negar ,·onforme a i11Íe11ção de cunstância. observar co11s1a111eme111e esses peE é a natureza humana decaída. rlodos se baseia ou não em 1J101ivos tendente para o mal como fru to do nrorais s1rficie111es e · seguros. O pecado de nossos primeiros pais que simples f(I/O de não violarem os explica a grande aceitação dos an- esposos a ,w111reza do aio e de ticonceptivos. mesmo cm paiscs ele estaren, 1nes,no pron1os a aceiuir e a

urna iniciativa desse teor estarão

/vrmar 1111w a(,'ÕO il11rinsecm11enu• notável anigo foi publicado na i,noral nu111 ato ,nora/ e lícito.

"Essa prescrição cst:i em pleno Revista da Associação Médica Bras ileira, vol. 22, n.• I,janciro de 1976: vigor hoje como ontem, e ainda o ..Considerações em ,orno do pro- estará amanhã e sempre, porque não blenw da gravidez t·om intercorrén- é um simples preceito de direito cia de enferinidade grave 11<1 ges- humano, senão a expre-s.são de uma ltmte e o dwnwdo ··aborl(}me1110 lei natural e divina. ..[ ... ) A es1erilizoç1io dire1a. is10 terapêutico" (João Evangelista dos Santos Alves et a is.). Fundamen- é. a que visa. con,o nwio ou co,110 tando-se cm depoimentos científicos fi111. impossibilitar o procriação é de expoentes de diversas especiali- 111110 grave violação da lei moral e. dades da medicina brasileira, os por conseguinte, é ilícita. Ne111 ,nesautores concluem que, atualmente, 1110 a auroridade pública tem alg11111 os casos de gravidez com intercor- direi10. sob pre1ex10 de q11alq11er rência de enfermidade grave na "indicação " que seja. de pen11i1i-la. e gestante, a medicina oferece ao ainda ,nenos de prescrev'ê.Ja 011 de médico meios para prosseguir na fazê-la execul(}r e111 prej11íz o dos luta cm busca do fim almej ado, qual inocenres. (... ). "[... ] a es1erilizllção diretll, seja seja, a salvação do binômio mãcperpélua. seja 1e111porária. quer do filho. Assim pois, a saúde materna /rome,n. quer do mulher. é ilici1a ,•111 deverá ser convenientemente am- vir1ude da lei ,u1111ral. lei dll qual a parada. Com os atuais recursos da própria Igrej a_. co,no sabeis. não 1em medicina a contra-indicação abso- o poder de dispenS{lr. ..Oponde-vos pois, 101110 quanto luta da gravidez. vai ..se tornando cada ver. mais rara. Mesmo quand o 1111d,•rdes. 110 vosso aposro lado. a ela se imponha, o único recurso essas tendências perversas, e recusaipermitido é a continência. seja ela lhes a vosso coopera1ão... E insislindo sobre a iliceidade de periódica, provisória ou completa. E se do ponto de vista médico a cooperar com a contracepção, Pio interrupção cri minosa da gravide1. a XII afirma: pretexto "te rapêutico" já não en"Se so1ne111e se recorrer a vossos con1ra s uarida nem indicação. o conselhos e a vossos serviços p11rt1 mesmo se diga dos contraceptivos facilitar 11 procriação de nova exis~ •artifi.ciais. É sabido que as "pílu- 1ê11âa. para pro1egê-la e para e11las" exercem efeitos colate rais no- c11111inhâ-lll seu pleno desenvolcivos no organismo de mulheres vinwnto, pod,,is se111 lu1sitação pres· sadias; o for1iori o exercerão cm wr <1 isso vosst1 plena cooperarão: organis mos já abalados pela doença ,nas en, quantos outros casos. pelo ou pela desnutrição. A conduta conn·ddo. niio se rel'orre o v6s para adequada será a de proporcionar ilnpedir a procriaç,io e a conseralimentos e terapêulica indicada vt1ção d<. s:w existênâa. sen, nen/111111 para colocar a mulher cm cond ições respei1u pelos pre,·eilos d,, ordem ideais para uma nova gravidez ou m Or(I/? Sujei fardes -vos arais so/ici1ações a mpará-la se esta ocorrer antes de atingida aquela meta. A continência serio abaixardes vosso saber e vossa poderá ser aco nselhada havendo experiência. tonwndo·vos cú111pliC'es motivos suficie ntes para isso. E se de uma ,1ç,io i111vral: seria uma objetarem que para cenos casais a perversão do vosso apos1o lodo. Esie continência periódica não funciona exige um "não" calmo mas catee que não poderiam suportar uma górico, que não afaste a lei de Deus e continência absoluta por tempo in- o ditame da consciência" (Acta defi nido. respondemos com Pio XI 1: AposL Sedis, vol. XX, pp. 559 e ss.). .. Deus não obrigo ao i111possivel. Portanto. de acordo com a moMas Deus obriga os esposos à ral católica, tanto é vedado o uso de conti11ê11cio se a .suo união não pode contraceptivos àqueles que desejam efe11wr-se segundo as regras da impedir a gravidez. corno é proibido naturez a. Logo, nestes casos, a co111i11ê11cia é possiver (Alocução sobre o apostolado das parteiras, (7) Alocuç~o $Obr< o :1poswh1do d:1s ll:.tr· Documentos Pontifícios, n.• 82, Ed. tcir:,~. c,11 29/ 10/ 51. l)ocurnc,110~ Poruifl• Vozes Ltda., Petrópolis. 1952). cio:- n.~· 82. í:d. Vozes l.1d:, .. 19S2.

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O U$O de pflulas anticoncepcionais não O senão o primeiro passo quo condut ãs cllnicas do aborto. onde so matam inoccn1cs ino$crupulosarnonte. Na foto. uma dessas clínicas em Nova York.

Inatrimônio não é mais a procriação e educação dos filhos, mas o aperfeiçoamento pessoal e o amor entre os cônjuges, sua perfeita comunidade de vida e ação, etc. Se para salvar esse fim fosse ncccss{nio limitar o número de fi lhos. o recurso aos anticonceptivos seria · lícito. Entretanto Pio XII ensina: "A verdade é (fl/C O C{JS{IIIICll/0, COl/10 instituição n(uural. e111 virtude t/11 vo111ade do Criador. 1e111 por fim pri,neiro e t'nti1110 llliCJ u uper.feiço<1111er110 pessoal dos esposos. mas si111 <1 procriação e a educação d" nov(I vida. Os outros fins. e111bor<1 sendo igual111e111e queridos pela 1111lltreza. ,uio se enco111 ran, na 1nes11u, linha que u pritneiro, e ainda 1ne11os lhes s,io superiores: m11e.•. lhe são esse11da/111e11te s 11bvrdi1uulos 11 (Doe. ciL. p. 22, n. o 47). Até o Concilio Vaticano li, cujos d ocumentos são ião freqiientcmentc invocados pelos progressistas . cm suas polêmicas, apresenta fundamento às teses que se opõem {t contracepção (8).

"Buscai o Reino de Deus e sua justiça..." A Doutrina Católica é necessária e suficiente, como argu mento, para católicos, para homens de F<' autêntica, que crêem verdadeira--

mente cm Deus e na lei natural estabelecida por Ele. Vejamos o que nos ensi na tal doutrim,: Deus não pode ser incoerente e entrar cm contradição cons igo mesmo. É falso imaginar que a humanidade, por manter-se fiel aos preceitos divinos, seja levada à auto· destruição e m conseqüência de uma "explosão demográfica" que acarrete miséria, fome, guerra e mútuo extermí nio por falta de alimentos e de espaço vita 1. Do mesmo modo. não é cabível que Deus castigue um ou vários países com a pobreza e a carência permanentes porque sua população se recusa a recorrer aos meios ilícitos de contracepção. Se existe pcn(,ria e necessidade, isso pode atribuir-se ao afastamento da Lei de Deus, como ocorre na índia. onde a vaca não pode servir de alimento porque é co nsiderada um ..anima l sH,gra<lo": cm consc<1i.iência. um nu ntcro inc11I· culávc l de bovinos pcr:imbula pelos campos e c idades sem cumpr·ir sua verdadeira finalidade de nutrir o ho me m . Idêntico raciocrnro pode ser transposto para o âmbito familiar e pessoa 1. F orne, doença e morte não são conseqüência da recusa à prática de métodos artificiais de contracepç,10. Se os ma les que amcaç,1111 a humanidade, as nações. as familias ou as pessoas pudessem ser considerados como fruto de uma "superpopulação" oriunda da fidelidade aos preceitos divinos, então Nosso Senhor Jesus C risto teria mentido quando afirmou no Sermão da Montanha: .. Olhai para as aves do céu que ,uio se,ncian,. nem ceifmu, ,w,n .fuzen, provisões nos celeiros. e t·untutlo vosso Pai celeste (JS sustentâ. Porventurt1 não valeis vós 11111i10 111ais tio que elas? [... ]

educar o filho. que. apesar das suas precauçcies. vier au mundo. por si só esse / 010 não bastaria para g(lrantir 11 ret iclâo dt1s intençõe~· e a 1nor11/idutle i1u.lisc11tlvel desses 1nes111os 1110/iVOS [... ). "[... ] abraçar o estado do 111atri· 1n611io. usar consu1nte1ne11te da faculdade i/lle lhe é próvria e que só é Considerai <·o,no crescen, os //rios llâu1 en, :;eus li,nites e. por outra do c0111po: não lraballwm nem fiam. ziam uso dos ant iconccpti vos por parte. subrrair-se se111pre e delibe- Digo· vos 1odavia que ne111 Sa/011,ão. fraqueza. reconhecendo que agia m rada11u•111e. sen, gr11ve ,no tivo. ao ser ,,,,, ioda 11 sua glória, S(! vestiu tomo mal, passa m a f:r7.ê-lo movidos pela dever principal, serio 11111 pect1do 1.1111 deles. Se po is Deus ve.11e assim convicção cr,·õnea de que seu uso co111ra o próptio sentido da vida 1111u1 erva do tmnpo. que hoje existe deve ser moralmente li vre. devido tis conjugal. e a11w11h,1 é /011çt1da ao forn o, circunstâncias do mundo moderno. ·· PotÜ!-se ser dispensado dessa quanto mais a vâs. hon,ens de pouca Agravam assirn a própri~1 situ~1ção presta\ão positiva obrigt,tól'ia. 111es• fé! Não vos a/lij"is pois dizendo: pela <tdcsão ao erro. pois quem não 1110 por longo re,npo, 1ué 111es1no Que co111eremos? Que bebere11ros? vive como pensa acaba pcns;, ndo pdt, duração inteira do 111atrilnônio. Co,n que nos W!Stiren,os? [ ... ) Vosso como viveu. por motivos sérios. como os que não Pai sabe que tendes necessidade de b) O uso crescente dos anti- é raro encontrar nisso a que se iodas elas. Buscai pois, em prbneiro concepciona is co11tl'ibui poderosa-- clwnw 11 ''indi<.·ttção " nu!dica, eugi:· lugar. o reiJIO de /)cus e s11t1j11s1i,a e mente para a dissolução gera l dos 11ic11, econô,nica e social. Donde se todas es1t1s coisas vos serão dadas costumes e a criação de uma menta- .,·egue que a observlincia tias épocas por llt-rés/'i1110 .. (ML 6, 26-33). lidade ;1nliconccptiva genera lizada i11fec11ndas pode ser lici1t1. sob o A observância dos mand amentos <1uc não hesita cm recorrer (10 aspéi·Io m oral e. i,as condições abono <1uando o contraceptivo fa- i11dicll<Í{IS, o é realmen1e. E11,re- e a confiança na Providência a traem lh;t ou não é utilizado. O recnrdcsci- ta11to, se c:011soa,11e um juízo ra· as bênçãos do Céu e trai.cm a abundância dos bens espirituais e mento alarm~uue das doenças vené· zoável e jus/o, não houver as re· materiais. rcas e o número as:;ustador e crcs· feridas graves razões. quer pessoais, ccntc de abonos provocados de que quer decorre11tt:s (/(1s âr,·uns tánt:ias se tem conhecimento são uma conse- 1.'xteriores. a vontade 110s esposos. de qüência direta das práticas anticon- evi/(/r habil11a/111e111e a fe,·1111did11de (8) Cons1i1uiç;io "Gtuulfmu N ~;,,,...... o.'' 50. do V:11ic~1no li. Cons1i1uiçõcs. cepcionais. Donde se conclui o fa- de sua união. en,born continuando Compêndio l)c;:crc10s. Declar:i(ôes, EdilOra Vo1.c:$ 1.td:1,. risaísmo das afirmações daqueles a sa1isfazere111 p!tmlJ111e111e a s ua Pc1ró1>olis. 10.• c<lição. 1916. p. 20: "A.-,slm que pretendem combater o aborto sensualidade. só pode provir de 111na ( H ninjuf(.t',\ ai:rtâos. l'01,fitulo,,. na Ptu• pela difusão dessas práticas. falsa apreciação dt, vida e de mo- ,·idhwil, /)frimt. e• culti\•(mdo " ,:,,;piritn de ,:/Qri/imm o Critulor e• n1111·d1lrm th·os <·strt111hos às re1:ras de sã .,urr({idn pt1rt111 JJ<'rfi•ictio ,•m Crl.Ho q11<11ulo ,,,,·u,~<•m 11 11101·0/" (Pio XII , doe. cit. pp. 18 e / mtrüo ,1,, procriar ( ... ). /)1,,,,,.,,,._,.,, m<'ll<'hnwr Conceitos e expressões n."s 33 a 36). c~11<·c·infm t•11((• <'lllfC' os espc,:ic):f ,,u,• <'UJUfU('m de conotação antinatalista 19, 111) Outro conceito muito difun- ,lc•,,;,w numet"rll á mi.".tâo 'I"'' l)c•u s 1/u,s nmjiou m11wlc•!i quc'. ,te- ,m,mm e prmfc•m e u,·or,lo. dido e que conduz à aceitação dos 11n,llwm, n)1i1 Q/11111 1:.rmul<·. tmw prc,ft• nuu'.,; 1) "Paternidade responsável" é métodos anticonccpcionais arti- mmtrtO$ll puta .,·,•r •·mw,•11it•nf(•mc•uu· t•du• uma expres.wio~talisnlli usada com ficiais ê o de que o fim princ ipal do c•a d,, ", maioria católica. Pois a tentação de

satisfazer a sensualidade sem maiores responsabilidades o u conseqüências é muito diíicil de ser vencida cm urna sociedade que ab,rndo nou a prática da vinude. o cspiri10 de sacrificio e o domínio dos sentidos. Obscrv.i-se então um duplo efeito de o rdem psicológica e tendencial: a) Aqueles q ue inicialmente fa.


INEXPERIEN CIA

IN ÉPCIA

I

PREPARAM MAG INE O LEITOR a seguinte situação: dois homens s~o conhecidos como inimigos mortais. A qualquer momento, sem aviso

I

prévio, poderão lançar-se numa con-

tenda de violência nunca vista. Dela, o mais provável é que nenhum saia vencedor. Ficarão, entretanto. mutilados de forma irrecuperável. Enquanto isso não aco ntece. parecem

manter boas relações: cumprimentam-se, conversam, chegam até a visitar-se. O que não deixa de ser estranho para " inimigos" que poderão destruir-se mutuamente. Vez por outra trocam a lgumas pa lavras ásperas para justificar a fama. A estranheza vai mais longe quando se observa que um deles aliás, péssimo administrador de suas propriedades - ajuda sempre o outrq; dá-lhe comida e dinheiro. que é usado na compra das melhores armas a serem utilizadas na eventual luta contra seu benfeitor. As perplexidades não param aí. Esses "inimigos" terríveis resolvem combinar previamente como deverá ser a "guerra". O que torna sumamente suspeita a autenticidade da mesma. Essas combinações visam obter uma equivalência de forças de modo que um não possa ficar mais bem armado que o outro. Iniciativa realmente insólita para duas pessoas que desejariam liquidar-se mutuamente. Mais surpreendente ainda é a constatação de que um deles. o que dá dinheiro e comida ao outro. vai passando para uma posição de inferioridade. pois sistematicamente fa1. concessões ao adversário que lhe deseja tomar tudo. Agindo assim. esse homem imprudente coloca cm risco não só a própria sobrevivência. como a de seus dependentes e amigos que

, .~,QJE SA S TRE

/1/f

que estabeleça uma paridade cm armas estratégicas. Esse equilíbrio armado "garantiria" a pélz. pelo

simples fato da equivalência de forças. Não discutamos essa es1ranha lógica. Analisemos a1>enas o fato concreto: ;1 atuc,I administração norte-americana está "JJ1int11ulo o po-· derio n1iliu1r" do país. enquanto a R llssi,·L"prossc•gue, i11n>ssante111ente. .,·,111 corrida (11·nu111u111tis1a", A aíirmação vai entre aspas porque ela não é nossa: cncontra~sc numa declaração aprovada por toda a bancada de senadores do Panido Republicano e d istribuída recentemente à imprensa. Ela borada a propósito da decisão do presidente Jimmy Cartcr de suspender a produção dos bombardeiros 8-1. de adiar indefinidamente a fabricação da bomba de nêutrons e de congelar outros projetos militares, a declaração dos senadores norte-americanos observa: "A inexperiência e liderança inepu, da atual tulmini.Hn1ç,io estão ,·omp,·ometendo a habilidade dos Estados Unidos e111 defender-se e, se persis1irem, poderão conduzir o país (10 desastre ... Após a divulgação do documento. os senadores Howard Baker e John Tower manifestaram a preocupação de toda a bancada republicana pelos resultados das negociações SALT. e pela possibilidade de um acordo ··c1{trame11te tlesfafortivel {toS Esuulos Unidos ...

Perplexidade na Alianca Atlântica Nos quartéis da Organi1.açãô do Traiado do All,intieo Norte (O· TAN) c m Bruxelas e Castc:\u, ,\ decisão de Cartcr de adiar a fabricação da bomba de nêulrons foi igualmente recebida com desagrado. Diplomatas. altos funcion{trios e militares do Eswd o Maior da OTAN considera m ..errado e irn1-

Com equipamento$ moder·

vos projet os

nos como o ca•

ça F-15, os EUA teriam todM as condições para se imporam à RC.ssia. Mas. os vetos a no·

e os cortes do verba para a defesa determi· nados por Carter colocam em 54rio risco a segu· rança do Ocidente.

exterior e de defesa da ,,dministração Cartcr. Outros depoimentos no mesmo sentido foram reproduzidos pelo prestigioso mens(irio de Washington 8a11/e Li11e (n .• 10. dez. / 77). cuja orientação é de opor-se à crescente socialização da vida norte-americana e à política de concessões ante o comunismo no plano internacional. Também ali encontramos sérias críticas à política externa e de defesa do presidente Carter, qualificada de "extre111a,nen1e

pel'igosa··.

Em entrevista à imprensa no Capitólio, o deputa.do Philip Crane afirma que tal política está ..,nais aun,enuuulo <JS perspec1iw1s de u,na guerra nuclear do que favorecendo as possibilidades de paz e estabilidade ... Além de muitos outros deputados e senadores, militares reformados de alta patente confirmam as críticas de Crane. Segundo a mesma fonte, a partir de meados do ano passado a situação nesses setores se deteriorou drasticamente. A politica de defesa nacional e a diplomacia empreendida pelo governo estão levantando um clamor de reprovação cada vez maior, não só da parte dos Republicanos, como de membros do próprio Partido do presidente Carter.

Dez anos de concessões norte-americanas

O Senador Jakc Ga rn fez revelações que bem most ram o caniter não serem liquidados pelo inimigo s uicida da política norte-americana comum. nas conversações sobre limitação de Eslc, pelo contrário, faz pouco armas estratégicas (SA LT): caso do combinado. não cumpre a palavra. conlinua pedindo dinheiro cio11t1/" a maneira como o prcsi· • Em 1968. as SA LT I tive ram e comida, arma-se cada vez mais, dente nortc-amcric<mo vem con· que ser adiadas enquanto os soviéporém só fala cm paz e distensão. duzindo as queslÕCS de armamentos. licos invadiam a Tchecoslováquia . A maiorin dos oficiais dflquela Nosso perspicaz leitor já per• A primeira fase de tais necebeu quão improvável se lOrna a organização de defesa européia a- gociações só terminou cm 1974, com perspectiva de uma guerra séria creditam que a bombtl de nêutrons o acordo de Vlad ivostok , assinado entre tais ..inimigos''. Pois se um poderia deter um ataque de surpresa por Ford e Brcjncv, que davam ii cede semp re enquanto o outro exige soviético sem neces!>idadc de utili1.ar Rússia possibilidade de alcançar mais e mais, não é difícil prever que armas cuômicas. A perplexidade na paridade e cm seguida, ultrapassar este levará de roldão aquele, quase . OTAN é ainda maior quando se os Estados Unidos e m número de sem necessidade de luta. E se a considera o crescente e rápido arma- mísseis e em poder de lançamento guc,·ra eclodir, scrit uma guerra de mentismo russo. (1hrow-weight). Entretanto, tais acartas marcadas. Em Washington . o general John cordos não foram ratificados pelo Singlaub, herói da 2.• Guerra Mun- Senado e ponanto não impunham a dial e ex-comandante das forças Was hington sua observância. En"Inexperiência nonc .. americanas estacionadas na quanto a Rússia fazia caso omisso e liderança inepta" Coréia do Sul, cm conferência a dos acordos e prosseguia em seu Este quadro fictício retrata de aspirantes do Exércilo criticou se- programa armamentista. os Estados riamente a politic,1 de defesa do Unidos os consideravam como se certo modo a situação atual do Ocidente em face do mundo co- presidente Cartcr e a entrega do fizessem parte dos Dez Mandacstrnlégico Ca nal do Panamá. Em mentos. Graças a essa atitude. a munista. Estados Unidos e Rússia rea- conseqüência, íoi 1ransfcrido para a Rússia continua com quatro linhas de produção de mísseis. enquanto os lizam conversações. assinam acor- reserva. A ntcriormcnte o general SingEstados Unidos se ocupam cm dos. O resultado é <1uc o comunismo laub fora demitido do comando na fechar a única do mundo livre, a dos vai obtendo sempre mais vantagens Coréia por discordar do plano preMi11111e111a11. sob o pretexto de que para a consccuç.ão de sua meta de sidencial de retirar as tropas ameriseu prosseguimento "violaria os fi.. domínio universal. canas daquele pais. n,iles estabelecidos en1 Vladivostok", Exemplo caraclcrístico são as Out,·o caso é o do cancelamento reuniões SALT (Strategic Arms Carter aumenta do projeto relativo ao bombardeiro Limitation Talks - Conversações 8-1 . cm proveito da fabricação do sobre limitação de armas estraté- perspectívas de guerra míssil Cruise que. segundo alegagicas). ções. seria muito menos dispenEstas não são as únicas vozes a Por meio delas, Estados Unidos e Rússia alegam lelllar um acordo denunciar os desatinos da política diosa. Entreta nto, a proposta feita necessitariam de sua proteção para

por Cartcr cm março de 1977 do governo nas conversações a limitava seu alcance a apenas 360 rcspe.ito da limitação de armas milhas (667 quilômetros}. Ora, se estratégicas, e afirmou que, em tais os russos lançassem um míssil com termos, os soviéticos obteriam uma esse alcance de um submarino ao esmagadora vantagem nuclear sobre largo do litoral americano poderiam os Estados Unidos. atingir a maioria dos centros poPara comprovar suas afirmapulosos dos Estados Unidos. Mas se ções. Nitze analisa alguns pontos cm um submarino norte-americano lan- discussão nas SALT. Com respeito à alternativa B-1 çasse um missil Cruise ao largoida costa russa. não conseguiria atingir ou mísseis Cr11ise, e le mostra a praticamente nenhum centro im- errada impostação do governo ao portante sovic:lico dentro das 360 desistir do bombardeiro por motivos milhas. Portanto, a proposta de econômicos. Cartcr concedia preciosa vantagem Ocorre que os misseis <.:r11ise, ao inimigo. para eficiência máxima, devem ser Os soviéticos recusaram a pro- lançados por bombardeiros; ambos posta de março. Outra veio ... em são parte de um mesmo s istema. outubro. Ei-la: permite à Rússia Com o cancelamento da fabriaperfeiçoar seus 300 misseis pesa- cação do 8-1, os Cruise teriam que dos; impõe um limite à produção do ser lançados pelos velhos 8 -52. bombardeiro soviético 8ackflre, o Entretanto, pesquisas recentes inque é im11osslvel comprovar; impe- dicam que os russos podem montar de o desenvolvimento de misseis uma barreira de defesa contra os 8Cr11ise lançados de submarinos; ex- 52 a centenas de quilômetros de suas tingue o sistema móvel M X norte- fronteiras. Nessas condições, um americano. enquanto a Rússia pode mi.ssil com alcance reduzido não manter o seu. seria eficaz. Revelações interessantes foram . Por força do novo acordo, os feitas pelo general reformado Da- norte-americanos pensam equipar niel Graham, ex-chefe da Defense apenas 120 B-52 com mísseis Cruise. lntelligence Agency. enquanto os 8ackflre (bombardeiro Declara e le que a afirmação do intercontinental soviético} não foi governo de que os soviéticos fizeram atingido pelos limites propostos paconcessões s ignificativas nas SALT ra os lançadores de mísseis. é falsa. A trombeteada redução dos Outra critica de Nitze diz ressistemas de lançamento de misseis peito à falta de definição precisa dos

...enquanto q uase todas as gr-andos cidades not10-emcricanas fic.am expostas aos foguotos russos lençl'tdos do mar.

Os tratados SAL T não permitem que os mís'8is "Cruise.. ultrapfflom o alcance de 360 mi• lhas. Assim, o torrilbrio sovi6tit;O permanece queiso imune., .

de ambos os lados pelos acordos de Vladivostok. de fato reduz apenas o nortc·arnericano, enqua nto eleva o

soviélico. Além disso. as restrições propostas quanto ao alcance dos mísseis lançados do mar redundam cm total desvantagem para os Estados Unidos. Elas tornam possível aos russos ameaçar 100% da população e da indústria da Europa Ocidental e do Japão e 69% dos Estados Unidos. Por outro lado. os nonc-a mer"icanos teriam possibilidade de ameaçar apenas 15% da indústria e população s oviéticas. Fina Imente. a s novas SALT simplesmente descartam uma das considerações ma is fundamentais para os Estados Unidos neste lipo de negociações: a possibilidade de constatar se os russos estão realmente cumprindo o que disseram. Tais como estão, os acordos lerão que ser aceitos unicamente com base na fé, pois a ve,-ificação de seu cumprimento por parte da Rússia está além da capacidade dos serviços de int_eligência dos Estados Unidos.

O preço da "détente" Poré m o ataque mais devastador contra a política de Cartcr nas SALT foi feita por feita um membro do Partido Democrata, Paul Nitze. que ocupou cargos dos mais importantes na Secretaria de Defesa e foi um dos negociadores nas SALT entre 1969 e 1974. Atualmente Nitze é presidente de estudos políticos do Commi11ee on the Prese111 Danger (Comissão sobre o perigo presente), uma organização educativa não partidária composta por 141 personalidades de várias tendências políticas e ideológicas. Falando cm \1/ashington. Nit 1.e revelou pormenores sob,-c a posição

lermos empregados e à impossibilidade de verificação do cumprimento dos acordos. Mostra e le ainda a tendência para reduzir o arsenal nuclear dos Estados Unidos deixando à Rússia inteira liberdade para aumentar o seu. Por fim, refere-se à mcnlalidade que domina a ação dos negociadores norte-americanos: fazer todas as concessões possíveis para salvar a "détcntc'\ pois eles crêem que uma deterioração no estado de eq uilíbrio estratégico nuclear não acarreta,-á conseqüências adve,·sas no campo politico ou diplomático. Ou seja, acham que o fato de a Rússia suplanta,- decisivamente os Estados Unidos c m armamentos nucleares não será aproveitado pelos russos para a expansão do comunismo no mundo. Nitzc lembra as crises de Berlim de 1961, de Cuba cm 1962 e d o Oriente Médio c m 1973, mostrando como uma firme tomada de posição no campo diplom{1tico só pode ser sustentada pela existência de um poder militar que a garanta. E quanto mais a Rússia desenvolve seu arsenal, mais ousadas são as atitudes que assume. Tantos depoimentos a larmantes deveriam produzir como conseqüência lógica uma inversão de rumos na política de capitulaç.::c levada a efeito pelo governo líder do mundo livre. Infelizmente, poucas esperanças hà de q ue tal muda nça se opere. E no iníluxo das concessões delira ntes, o Ocidente estimula o J)O· dcrio comunista a arrogâncias cada vez mais ex igentcs. Tal como às vésperas da conferência de Munique. quando os . Aliados tudo entregavam para obter a paz... e tivera m a guerra.

JÚLIO DE A LBUQUERQUE 5


FALAR, UM DIREITO A SER DEFENDIDO ''TUDO

O ieitor mesmo julgue ainda PARECE simples mas 11a verdade. não há estas duas passagens: simplicidade. há é coisa "[...] exis1e 11ma serie de va,11abe111 dificil pt,ra o andamento do ge111 que precisa-se de u111a prova processo, e,n virtude da desunião, p ara ser evidêncido pelo próprios por isso mes,110. há gra11de falta de interessados··. tudo que 11ão há de esperar por 1udo "[... ] 11este exame ele seja subque falta". 111e1ido ao seg11i11te exame: corpo de Não, leitor. Não estamos ouvin- deleto. P""' que o i/11stre e c11/to do um megalomaniaco que, acredi- do11tor Medico Perito o exa,nine e tando-se juiz, d iscursa a nte imagi- possa ver e anotar. que o ré11 está nárias massas sedentas de sua de· co111 <lois (2) tiros 110 cabeça, ou seja, cisão. 11m ,u, cabeça e outro 110 lado da "[... ] ele é horne,n seriame111e boca··. //oe11te. por isso 111esmo, eslá muito doe11te, 011 seja. seriame11te e11fermo Não temos dons filológicos. Nos[...)". Não, prezado leitor, uma vez mais houve um engano. Não se trata de outro louco, semelhante a nosso "juiz", que com ares de superioridade recrimina o discurso deste. Estamos, isto sim - para pasmo do leitor - diante de trechos de uma petição apresentada por dois advogados ao I Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, c m favor de seu cliente ( 1) .

Segundo o promotor José Augusto de Araújo Netto, o "doc11me11-

10 carece de raciocínio lógico. é co11s1i111ído por frases desconexas e repie/as de erros de por111g11ês".

em seu poderio destruidor. Suas

Dos arraiais do estruturalismo

lavas se derramaram por todas <1.s

corrente pseudo-filosófica que prega co mo ideal de vida o tribalismo indígena - alguém ,·ccentcmcntc gritou (seria mais coerente di1.cr grunhiu... ): "A linguagem é

di,·cçõcs e correram céleres. arrasando pelos caminhos as cidadelas que a civi lização ocidental e cristã havia levantado ao longo dos séculos. Mas. uma fortaleza resistia. A

lava implacável flagelava suas mu-

N

.

,..

A acusação é gratuita. Consideram '1ascista" a linguagem. porque é lógica; '1ascista", pOr<1ue fruto

ralhas mais e mais. Outras resistências eram vencidas. mas essa forta- de uma ctlma ordenada, onde a leza - avariada. é bem verdade inteligência governa a vont.1dc. e mantinha-se de pé. esta a sensibilidade. A linguagem define. Ela exclui o Tal era sua importância. que o inimigo contra ela concentrou os relativismo, pelo qual as coisas são e esforços. E a venceu ... Essa fona- não são sob o mesmo aspecto. Nega. leza é a lógica, bela rainha da ex- assim. cm sua base. o evolucionisso interesse pela matéria parte de civilização cristã, que com sabedoria mo rcvoluciomírio, pelo qual não há outro ângulo. Talvez mais vivo e deitava seu doce império sobre o verdades absolutas e imutâvcis. A linguagem individualiza. Tal atraente, que vá de encontro à modo de pensar e de ser de todos os coisa é, tal outra não é! Desse modo, apetência dos leitofes. Uma coisa é povos. nega a promiscuidade do coletivisContudo a lógica foi demolida. certa: trata-se do ângulo mais esMelhor diríamos desmantelada, pois mo estruturalista, que cem por meta quecido. o que se fez foi ir-se quebrando. o aniquilamento completo de todas A crise que em nossos d ias pedra por pedra. o seu grand ioso as individualidades. avança e domina por todos os lados edifício. Com método. regras e A linguagem enriquece o pensar. não teve geraç,'ío espontânea. Suas minúcias. foram send o destruídas Ela perm ite a lcançar os matizes da causas mais profundas e remotas todas as manifestações da alma realidade. Acompanha, a lígera e são o orgulho e a sensualidade, humana onde a lógica tinha voz e atenta, os vôos do pensamento, que à maneira de um vulcão ex- vez. pronta para c,wolvé-los e s intetiz{tplodiram há mais de cinco séculos com umas poucas letras harlos, durante a época do Renascimonicamente conjugadas. mento na Europa. Aqui nos reencontramos com A linguagem eleva. Bem cultiEsse vu lcão não fez senão crescer nossa temática. vada por autênt icas c iices. e l:i d ifu nde u c ultura por todo o corpo social. até as ca madas mais modestas da população. Estas assim se dignificam e todo o conjunto socia l se enobrece.

..

A quarta Porta da Basílica de S·ão Pedro O DIA 26 de setembro de 1977, por ocasião do octogésimo aniversiírio de Paulo VI, foi inaugurada a quarta Porta de Bronze da Basílica de São Pedro. Ela é obra do escultor Luciano Minguzzi, bolonhês, que se notabilizou sobretudo no apósguerra, por haver idealizado a

r.

JllSCISl(I .

..,.

Desmantelada ,1 lógica, fonalcza da linguagem, esta tinha seus dias contados. O sociólogo francês Jean Duvig-

1

naud afirma que a revolução anarq uista da Sorbonnc. cm 1968. "de-

1 )

\..: I

sierarquizou zindo -

11

quinta pona da catedral de Milão. Nascido cm 1911, suas obras assumiram formas cada vez mais retorcidas, desproporcionadas e rebarbativas, um pouco ao estilo de Picasso. em quem visivelmente se inspirou, procurando retratar seres humanos c m estado de violência física, conforme comentário do diário romano "// Te,11po ", cm sua edição dê 23-9-77. São cinco as célebres portas que ornam a Basilica, obras de Filarcte, Crocetti e Manzu (as três primeiras); depois. foi esculpida a quinta porta, denominada Porta Santa, por Consorte. Monumentos artísticos hieráticos, apresentam eles como notas do-

6

das formas, procurando apresentar as a lmas em estado de

angústia constante, num parow x ismo de dor ou aOição. As imagens são deformadas e expressam uma nota de crueldade ou tormento atroz. <1uc as lornam

desagradáveis f1 primeira e ma is simples consideração. O escultor valeu-se de um "realismo•· exacerbado. imaginúrio. quase de um mundo mergu lhado no delírio para CX(ll'imi,· scntimcmos huma nos cm estado

como q ue patológico. Compl'eende-sc. pois. que sua obra venha gerando acirrada polêmica. E causa surpresa tenha o ff1a.is importante Templo da Crista ndade dado guarida a semelhante obra. pois e la destoa da mu ltisecular tradição artística da Igreja. A inserção do ideal concebido por Mingu?.,.i entre as outras portas de São Pedro de sentido tradicional, não seria uma cont ribuição para o processo de "autude1110/ição" a que se referiu Paulo VI? Neste sentido soa out ro comcntíirio da edição de .. li 1,,111po", a que nos referimos. D iz o conceituado di,irio de Roma a respeito da escultura de M inguzzi. ao rcpresent.ir o episódio do assassínio de Abel: ele mais parece uma "dança dionisíaca", em ritmo ~alucinado. do que a

representação edificante para os liéis da famosa passagem bíblica .

rejeita os padrões cl{1ssicos, a delicadeza de est ilo e a perfeição

ARMANDO BRAIO

As loucas idéias que desvairadas assaltam nosso século vão gerando modas e costumes. Mas estes. por sua vc1. geram também novas idéias. que surgem para justificar o estado de coisas estabelecido a partir daq ue las. Nesta louca dança, hâ muito já afastada dos gra ndes desígnios de Deus para com a humanidade, o sonolento e quase anestesiado homem de nossos dias é arrastado para um termo onde cada vez mais sua própria identidade vai sendo dcstruidu. No íundo. ruma para ,una nnticivilização. onde ele perca a imagem e semelha nça do Criador. Sem lógica. nem linguagem. Sem alma. nem Deus. 1

WELLINGTON S. DIAS

(1 ) "O l~ttmlu ,!t· S<iu l'aufu", 10/ 2/ 78. (2) "LJ, />oit11". l'.iris. ,l/ 10/ 77. (.l) Idem.

tJAtoLnCil§MO

linguage,n. introdu·

~lENSÁRIO

/aio

hi,\·torict11ne111e novo 11111 '1alar jove111" (2).

-

É bem verdade que o falar já se encontrava em acentuada decadência antes da revolução "hippie", Mas esta foi o marco decisivo, o dínamo que deu vida e entronizou o 11011 se11se nessa matéria. A linguagem torna-se. assim. vulgar, prosaica e mesmo estapafúrd ia e groiesca, como bem a testam os trechos iniciais deste artigo. A imoralidade comodamcncc nela se insta la. Torna-se primitiva. O vocábulo jóia, de gh·ia moderna, serve para

cxprirnir oitocentos e trinta conceiminantes bom-gosto e certa beleza estét ica. A quarta Porta de Bronze trabalho de Mingu,.zi - é d ividida cm 12 quadrados, q ue exprimiriam o tema do sofrimento e da esperança humanas. Na parte superior do baten te. nos dois lados, está representado o suplício de São Vita lc e de Agrícola, como também Santo Agosti nho esmagando a heresia. Em baixo. com simetria e med ida variáveis~ vêem-se legendas alusivas ao martírio de Santo André. /1 deportação de escravos, ;i missão de São João Batista. No outro canto, apa,ecem os s upliciados da História da human idade, a figura representativa do Concilio, o assassínio de Abel por Caim (simboli1,1 ndo "a etenw e mítica violé11cia", segu ndo o autor), o Bom Ladrão (o resgate "i11 ex1,-e111is" da alma). a ressurreição de Lázaro e o encontro de Tobias com o Anjo. idealizados pelo escultor. Segundo críticos de arte. a obra de Minguz?.i visa representar a luta entre o bem e o mal. ao longo dos séculos. Para cal serviu-se o autor de gestos e expressões fisionômicas que simbolizassem determinadas cenas históricas, porém sob a ótica do homem ma terialista, hedonista e revolucionário do século XX . A obra não apenas evita a representação do belo artístico, mas

to. Reduzindo ao mêlximo a varicd;,de de expressões, e la ruma para o meio mais " perfeito" e "espontfü1co" de comunicação. isto é. para os cstranh<;>s métodos tribais-parapsicológicos. Alain Rcy, lexicógrafo e diretor de pesq uisas do famoso diciontirio Robert. declara q ue a linguagem st• 1•xis1,,11cializo11 (3). Acrescentamos nós: ela -"<' es1rutur(l/izou.

tos os mais diferentes. Ela responde tanto à pergunta se o tanque de seu carro está cheio. quanto se sua viagem de férias foi proveitosa. Se o leitor ((Uiser ir mais longe. podemos visitar Nova York. Londres. Paris e ··,nuro1b, n1uta11dis" encontraremos uma linguagem ~·criptogramatica1•· a ná log~,. Se cm Paris, por exemplo. alguém lhe disser que está i11co1n1111i<'lÍVel. não se assuste. Ele apenas não

encontra palavras para se exprimi r. Mas se cm seu hote l lhe avisarem que em seu quarto houve uml) rrt111.t.ferê11cia. assuste-se! Pois acabam de assaltá-lo. Em última análise. a linguagem torna-se s ímbolo do antipcnsan1cn-

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A VERDADEIRA FISIONO DOS SANTOS e

celeste como ela é (e da q ual a terra deveria ser um rcílexo). e o contr.istc entre a realidade considerada idealmente e as coisas terrenas tais quais elas são. Destas altas noções brota a lucide1. d:-. an{disc. a firmeza na fidelidade, a energia no repúdio e o fogo da alma.

ERTA ICONOGRAFIA infelizmente muito corrente costuma apre-~cntar os santos como criaturas moles, sentimentais. sem persona lidade nem força de c;1rátcr. incapalcs de idéias sérias, sól idas. coerentes. almas guiadas apenas por emoções, e, por isso. totalmente inadeq uadas para as grandes lutas que requer a vida terrena. A Igreja nos ensi na. entretanto, ((UC a verdadeira e plena santidade é o heroísmo da virtude. A honra dos altares não é concedida, pois, às almas hipcrscnsívcis e fracas. que fogem dos pensamentos profundos. do sofrimento pungente, da luta. Comprovação rotunda desta verdade encont ramos na análise de fotografias tomadas diretamente de santos, ainda cm vida destes, o u de estampas retratanto com fidelidade s ua verdadeira fisionomia.

POR ÚLTIMO. te mos a fotografia de São João Oosco, fundador da Co ngregação dos Salesianos, com patriota e contemporâneo de São José Cafasso. Os traços do rosto de Dom Bosco nada têm de comum com os de seu antigo professor. Os olhos não espelham a mesma fogosid ade. Entretanto, notamos em ambos os o lhares a mesma expressão de tristeza serena, de análise e de interrogação.

EIS UMA FOTOG RAFIA de Santa Gcmma Galga ni. mística italiana, fa lecida cm 1903. A face apresenta indubitavelmente muita beleza. Beleza física e espiritual. Rosto ova lado, regular e bem traçado. lklos o lhos, sobrancelhas simétricas, correia imp lantação do cabelo, cútis clara, nariz- bem feito. boca bem desenhada. Ent reta nto. o que mais se espelha nestes belos traços é uma linda alma: com bativa. cheia de personalidade. toda feita de "si m. sim; não. não''. que não ad mite ver o bcn, violado e o mal praticado. sem urna réplica. Estl1 sempre pronta a censurar, rois percebe-se que tem o h{,bito da censura. Santa Gcmma é virgi nal. no sentido mais amplo d11 palavra . Deu-se por inteiro ao bem. a Deus Nosso Senhor. e nela não ex iste a mácula de nenhuma forma de concessão. nesta fisionomia tranqüilidade. serenidade. e uma extraordinária segurança de quem se encontra cm ordem consigo

H,,

mesma. 1-lá um ponto no q ual a beleza de alma e de corpo se

juntam . Alma coerente. reta. pura; sua focc cm tudo é correta,

São José Cafasso bem posta. bem alinhada. De onde se depreende uma pessoa íntegra. E a form;, de beleza q ue lhe é própria é da íntegridade. Esta é Sa nta Gcmma Ga lgani.

Santa Gemma Galgani

OUTRO SANTO cuja figura unpressiona é São José Çafasso, Sacerdote, Reitor e Pároco dos "Convictos.. em Turim, ltidia, contemporâneo de São João Bosco, seu professor e diretor espiritual. Que olhar! Uma verdadeira chama viva e ardente. Neste santo percebe-se um temperamento pronto a pegar fogo, ao qual se a liaram um amor concebido pela inteligência e um ato de vontade tais, que penetraram e conquistaram completamente o seu olhar. O que sa lientcmente se nota nestes olhos é a seriedade, expressa cm algo de profundamente investigador, interrogativo e analítico. Qualidades próprias a quem dispõe dos critérios e instrumentos de análise, e que já perscruta vencendo e dominando. Nestes o lhos vemos também firmeza. Se dessem ao santo a missão de pregar uma cruzada, ele sem dificu ldade o faria , e com eloquência de fogo levantaria as massas. Entretanto. notamos um fundo de tristeza neste o lhar. É uma triste7~1 nascida do discernimento dos a bismos da maldade humana, de quem sabe q ue, por mais q ue se perscrute, o olhar não consegue atingir o fund o de tais abismos. E q ue, portanto, a única postura verdadeira dia nte da realidade é considerar a terra, como um nada, e nccessál'ia a ex istência do Céu, sob pena de o un iverso se tornar inexplicável. , No recôndito desta a lma encontrnmos muito viva uma a lta noção da oJ'dcm terre na ideal, uma a lta concepção da ordem

São João Bosco O olhar de São João 13osco parece contemplar uma dupla realidade: de um lado, algo de muito alto e sublime que o cnleva, e de outro, algo de muito horrível que o repugna. À primeira vista , pode até parecer um olhar risonho - e nos lábios há de fato um sorriso. Mas é um sorriso de quem já viu tudo, já passou por tudo e adquiriu aquela alegria distante, fruto de mil rcnimcias varonilmente feitas, e de mil amarguras lealmente vistas e aceitas como tais. É o sorriso da a lm,i q ue, tudo assumido. tudo renunciado, tudo imolado, encontrou o equilíbrio e a paz que são a antecâmara do Céu. No porte da cabeça há a lgo de majestoso, reílcxo da dignidade de quem conhece os tesouros e as graças colocadas por Deus em sua alma com vocação para o Sacerdócio, com vocação para fundar uma ordem religiosa. Nesta postura nota -se qua lque,· coisa de sa ntamente auioritá; ;_,, temperada. contudo, pela mansidão e a bondade. Nesta foto vemos, por íim, o ed ucador, o formador de a lmas. o grande taumaturgo que foi São João Bosco.

7


·A IMAGEM QUE 8~E PARTIU liveira Corrêa' de~V ""' • tM•

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Em desagravo, romaria da TFP a Aparecida

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Uma cópia da imagem de Nona Senhora Aparecida (no cfrculo) é condU'Zida à velha Baiílica no cortejo da TFP. quo s& estendo ao longo de toda a passarela

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M SUA BRUTALIDADE. o fato é este: o Brasil, há mais de dois séculos. venera Nossa Senhora como sua éspccial padroeira. E essa vcncrnção se d irige a Ela sob a invocação de Imaculada Conceição Aparecida. - Nossa Senhora Aparecida! A exclamação acode frequentemente ao espírito dos brasileiros. E sobretudo nas grandes ocasiões. Pode ser o brado de uma alma aílita que se dirige a Deus pela Intercessão da Medianeira que nada recusa aos homens, e à qual Deus. por sua vez. nada recusa. Pode igualmente ser a exclamação de uma alma que não se coniém de alegria, e extravasa seu agradecimento aos pés da Mãe. de quem nos vêm todos os benefícios.

* * * A história da pequena imagem de terracota escura, c-0m o seu grande manto azu l sobre o qual resplandecem pedra~ pre<:iosas, e cingindo à fronte a coroa de Rainha do Brasil - essa história encheria livros. Esses livros, se fossem concebidos como cu os imaginaria, deveriam conter não só os insigncs fatos históricos que a Ela se prendem, mas também. cm opimo apêndice, as legendas que a piedade popular a respeito deles teceu. t do amálgama de uma coisa e outra história séria e incontestável. e lcicnda graciosa - que resulta a 11nagem global da Aparecida como e la existe no coração de todos os brasi leiros. - O escravo que rezava aos pés da Senhora concebida sem pecado original, ao mesmo tempo que dele se acercava o dono inclemente, as algemas que se ,·ompcm, o coração do amo que se comove etc.; - o Príncipe Regente que saudava a imagem no decurso do 1rajeto que o levava do Rio a São Paulo, onde iria proclamar a Independência e fazerse imperador; - o ato do novo monarca colocando oficialmente o Brasil sob a proteção da Virgem l maculada Aparecida; - a co,·oação da imagem com a riquíssima coroa de ouro cravejada de brilhantes, oferecida anos antes pela princesa Isabel, coroação feita em 8 de dc1.cm bro de 1904 pelos Bispos da Província Meridional do Brasil e de outros pontos do País, em razão do decreto do Cabido da Basilica Vaticana. aprovado por São Pio X: o velho Venceslau Brás, ex-presidente da República, assistindo. piedoso, no jubileu de prata da coroação da imagem, a missa hieraticamente celebrada por D. Duarte Leopoldo e Silva, reluzente daquela como que majestade episcopal tão caracteristicamente dele; - a solene proclamação do decreto do Papa Pio X 1, ·de 16 de julho de 1930, const ituindo e declarando "a 8eatís.vi11w Virge,n

A/aria. concebida se,n nuícula. sub o título de Aparecida, ptulroeiN1 prin1

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l'ipal de todo o Brasil. dianu? de Dt>us"; - a apoteótica manifestação do dia 31 de maio de 1931,emqueo Episcopado nacional, diante da milagrosa imagem levada triunfalmente ao Rio de .Janeiro cm trem-santuário. na presença das maiores autoridadcs civis e militares e cm união com todo o povo - mais de um milhão d e pessoas! - consagrou o País a Nossa Senhora da Conceição Aparecida. E assim por diante, sem falar das curas, aos milhares. Quantos milhares? Cegos, a leijados, paraliticos, leprosos, cardíacos. que sei cu mais! Multidões e muhidõcs sem,

' conta de devotos. vindas do Brasil inteiro. com as mães contando às cria ncinhas. ao voltarem parn os lares, alguma narração piedosa sobre a Santa. inventada na hora ou ouvida da avó ou da bisavó. Bem entendido. m,rração cnriquccidc,, de geração a geração, com mais pormenores maravilhosos. Quem conta um conto ...

* * *

T ud o isso levava o Brasil inteiro a cn1oc1onar-sc - e com quanta rmdio - ante a peq uena imagem de 1crracota escura. vendo nela o si nal pa lpável da proteção ele Nossa Senhora.

E o si nal se quebrou. Por sua vez, (.--Ssa quebra não será

reconhecer nesse ccnsunivcl indifc-

rcniismo. nfio um cs1ado de espírito de momento, mas uma atitude de a lma resultante de efeitos ainda mui10 mais profundos'! Quando a moralidade das modas decai assustadornmcnte. quando os costumes sociais se degradam ,l todo momento e a limitação da natalidade. praticada por meios condenados pela Igreja. vai gunhando proporções assus1adoras, prepara-se o ca ldo de cultura para o comunismo. Este, embuçado cmcriptocomunismos. curocomunismos. socialismos e outros disfarces ideológicos. vai avançando. Como não reconhecer nisto um complexo de ci rcunstâncias nas qua is se insere. com toda a naturalidade, o divbrcio?

um sinal? Sinal de quê? A julgar pelas narrações da im* * * prensa, os pormenores do fato ocorE. isto dito. como não lembrar a rido estão envoltos cm mistério. profecia de Nossa Senhora. feita em Vistos cm conjunto, os noticiários Fátima pouco depois da queda do da imprensa se contradizem em pon- t1.aíismo·? tos importantes. Nenhum, por eEis as palavras dEla: "Se atenxemplo, nos imcirou. de modo sa- der,,,n a 1neus pedidos. 11 Rús.w·a st• 1isfatoriamcntc preciso. sobre o grau converu:râ e ll!rtio paz: se ,uiu. espade imputabilidade criminal do autor llwrâ seus erros pelo 1111111<10. prodo sacrilégio. nem sobre o modo 1nove11do guerras e perseguições à concreto por que se deu o crime, Igreja: os bons sertio 1nttrtiriz odos, o nem ainda sob,·e as verdadeiras le- Santo Padre /f!l'{Í 111uito qu<' stdi·er, sões sofridas pela imagem. Da fron- vârias nações serão aniquiladas: por te venerável desta há de ter rolado fim. o meu Imaculado Corarão ao chão a coroa. Que foi feito dela? trinfortí". Foi esmagada? Danificada? Co nsert impossível não perguntar se va-se integra? Sobre tudo isto as existe. uma relação cntl'c essa 1rágica notici,ls publicadas pela imprensa nada revelaram. De sorte que nosso público, habitualmente informado com inútil luxo de pormenores acerca de qualquer crime do gênero dos que e nt ram na triste rot ina das grandes cidades contemporâneas, entretanto pouco sabe desse sacrilégio trágico que marca a fundo a Histó· ria de Aparecida. a História ,·cligiosa do Brasil, e por isto. pura e simplesmente, a H istória do Brasil. Ora. esses pormenores poderiam ajudar a indagação sobre o sent ido profundo do q ue ali ocorreu.

APARECIDA (SP), 2 1 de maio. onze e meia da manhã. Na falta de qualquer programa religioso especial, as muhidões d e romeiros - cerca de 200 mil pessoas - fluem e refluem pelas principais vias da cidade. solicitadas pelos mil ape los do ruidoso comércio local. Na passarela que liga as Bas ílicas nova e antiga, o fluxo esta nca. As atenções se voltam para o t rcvo de acesso à cidadcsantuá rio. Ll1, divisa-se intcrmi· návcl cortejo formado por agrupamentos que se sucedem ao longo da via Dutra, até perder-se a trás dos morros na direção de São Paulo. De longe só se distingue o vermelho escarlate avivado pelo sol, lembrando um enorme rosário vivo de contas de rubis. O cortejo cruza o pontilhão sobre a rodovia. Esta ndartcs de quatro metros de altura vão se erguendo à medida cm que os grupos chegam. 1razendo consigo dezenas de outros estandartes meno res. A cena evoca as Cruzadas a caminho de Jerusalém. Entrando pela avenida principal de Aparecida, a caravana começa a dissipar as interrogações:

"Por Nossa Senhora da Conreição Aparecida, Rainha e Patlroeira do Brasil!" brada um jovem com voz possante. "Tradição! Família! Propriedade!" respondem e m coro os demais componentes do cortejo. "Ó Virgen, Mãe Aparecida:

pelo sacrilégio que Vos foi feito. - Recebei nossa filial reparação! Reparação! Repartição!" Esta proclamação concentrou ainda mais as atenções. Algo de novo se passava. Nunca Aparecida recebera caravana de peregrinos tão numerosa, com tantos jovens e tão cheia de esplendor. rea lçado sobretudo pelas capas vermelhas dos seus pariicipantcs e pelos estandartes da mesma cor, com o leão rompante dourado. Tratava-se da romaria oficial da Sociedade Brasileira de Defesa

quase dois quilômciros de extensão ao lo ngo do acostamento da via Outra. Sempre com o rosário na mão 1 cam inhavam cm silêncio, que interrompiam apenas de vez cm quando para bradar uma proclamação. entoar cân1icos religiosos ou recitar algumas jaculatórias cm voz alia. Co m passo firme. fisionomia serena e séria, tci bronzeada pelo sol da manhã. penetraram eles na cidadc-sanluí,rio por volta do meio-dia, sem se deixar impressionar pela multidão curiosn e surpresa que os rodeava. Ao se aproxima rem do portal de entrada para a área da nova Basílica. o antigo hino das Congregações Marianas cortou os ares: ·· Do Pnua ao A111azo1ws.

do mar às ,·ordilheira.;, cerremos as Jileiras soldados do Senhor. Ao ouvir esse eco das an1igas glórias marianas. o público que se encontrava na passarela irrompeu com uma sa lva de palmas. Diante da Basílica nova. os romeiros da TFP cantaram o Hino Nacional e o Mino i, Padroeira do Brnsil - acompanhados e aplaudidos pelo público para depois se dirigirem cm corlcjo à ant iga Bas ílica, onde ocorreu o tràgico íraturamcnto da vencrnnda Imagem. Entre mentes. cooperadores da entidade distribu íam o comunicado cm que a TFP manifesta sua consternação e repulsa cm relação ao sacrílego atentado (ver "Cotolicis,no" n.º 329, de maio de J 978). Entoando novas p,·oclamações e cânticos religiosos. como

"Viv{t t1 Mãe de l)eus e nossa", "Ó Ronw etern(I", ''Queremos Deus" ou .. Leva11tt1i-vos. soldado,\· ele Crista··. o cortejo da TFP chegou. por volta d:1s 13 h, il tradiciona l Uasílica, que não pô..

de conter a multidão de romeiros. D ispuseram-se no presbitéi·io o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Presidente do Co nselho Nacional da TFP. bem como outros dirc-

* * *

Amigos meus que conversaram

há dias com a ltíssima personalidade cclesii,stica dela ouviram que o sacrilégio teria rclaç.ão com a aprovação do divórcio no Brasil. A hipótese faz pensar. Talvc1., e nt ristecida a fundo pela J>rom ulgação do divórcio, Nossa Senhora, ao perm itir o crime, tenha querido fazer ver ao povo brasi leiro seu desagrado pelo fato. Seria bem isso? Sem dúvida, a introdução do divórcio foi um gravíssimo pecado coletivo comctid(> pela nação brasileira. Podcrse-ia ponderar, cntrctan10, que o aio representa muito mais um pecado do Estado do que da Nação. Pois o povo brasileiro desdenhou o limpicamente o ··presente" que o Estado brasileiro lhe fez: est,\ patenic, hoje em dia. que ninguém quer se divorciar. Mas há dois .,spcctos pelos quais a aprovação do divórcio pode ser relacionada com o crime sacrílego. De um lado. se o divórcio foi aprovado. é porque a resistência contra o mesmo foi insuficiente. A Nação dormitava quando o Sr. N. Carneiro era acla mado aos brados, pelo piemi rio do Congresso e por uma minoria que ab:.1rrotava as galc1·ias. logo depois da aprovação da lei. tssa soncin, cm hora tão grave cxprirnc. por sua vez. uma flagrante fa lta de zelo. Pois não nos basta não fazer uso da lei. Se não a queríamos, por que não a imped imos? Por sua vc:1.. ainda. como não

' e o Hino à Padroeira do Brasil cantados em frente ;, novo Basllic;, O Hino N acional constaram dos atos de desagravo da TFP em Aparecida e materna previsão, desatendid a pelo mundo ao longo dos últimos sessenta a nos. e a também trágica ocorrência de Aparecida. Não será esta u m eco daquela'! Um eco destinado especia lmente ao Brasil. pois que entre nós, e contra a Imagem de nossa Pad roeira, o crime se deu . Especialmente para o Brasil, s im; e xclusivamente para o Brasil quiçá não. Pois nosso País é o que tem hoje cm d ia a ma ior população ca tólica do globo. E Aparecida é, depois de Guadalupe. o s antuário mariano de maior ;,íluxo de peregrinos cm todo o orbe. Pelo que, quanto aqui ocorra e m matéria de devoção marial, tem um s ignificado para o mundo inteiro. Muitos dirão que a ilação entre Fátima e Apa,·ecida não pode ser afirmada. por falta de provas cabais. Não entro aqui na análise da questão. Pergunto simplcsmcnic se há quem se s inta com base parn negála ...

da Tradição. Fa mília e Propriedade (TFP). -0rgani1.ada com o objetivo de desagravar a Nossa Senhora Aparecida e pedir-Lhe perdão pelo sacrílego atentado que poucos dias antes. a 16 de maio, desfizera cm pedaços a milagrosa Imagem da Padroeira do Brasil. Os romeiros da TFP - eram mais de 500, procedentes de São Pau lo e de o utros Estados brasileiros - haviam camin hado a manhã inteira, percorrendo a pé 22 quilômetros. desde o município de Pindamonhangaba, onde se haviam concentrado por volta das 6 h da manhã. Dali partira o cortejo. encabeçado por estandartes da entidade e por uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, carregada cm um andor ornado com orquídeas. Os sócios e cooperadores da TFP formavam u ma coluna de

tores da e ntidade. alguns dos qua is provenienics de o utros E.çtados brasileiros. Os esta ndartes ornavam o recinto da catedral. Durante a Missa reparadora. os sócios e cooperadores da TFP. acompanhados por fiéis, cantaram novamente tradicionais hinos religiosos. Todos os rome iros da TFP comungaram. Após a cerimônia religiosa, os participantes da peregrinação voltaram incorporados. com os símbolos da entidade, i\ Basílica nova , cm cujo interior rezaram a Ladainha de Nossa Senhora diante do ·Jac-simile" da Imagem fraturada, coloc.1do no ;ihar- mor. Encerrava-se assim a significat iva manifcsiação de Fé, desagravo e repa ração pública da TFP cm virtude do ato sacrílego que atingiu a Imagem da Padroeira de nossa Pá1 ria. trnumatizando os caiólicos br.i sileiros.


Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

N9 331 - julho de 1978 - Ano XXVIII

A ''luta de classes'' recomeça. Quem a instiga?

Um centenário eloqüente TRANSCORRE neste mês de julho, o centenário da morte de umq figura ímpar da História no Brasil. Pode-se dizer mesmo que sua atuação teve inOuência' decisiva na História pátria do século passado e do atual. Esta personalidade eclesiástica, que honra o Catolicismo de nosso País, certamente não foi ainda excedida. Trata-se de D. Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira, Bispo de Olinda e Recife no século passado. Nascido em Pernambuco, ingressou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Fez seus estudos na França e cm São Paulo, tendo sido nomeado Bispo da capital pernambucana ainda muito jovem. Distinguiu-se pela firmeza de princípios, como também por uma invulgar combatividade. Faleceu cm odor de santidade cm Paris, no ano de 1878. Seus restos mortais repousam hoje na igreja da Penha, em Recife, pertencente aos Frades Capuchinhos. Uma sala de ex-votos, anexa àq uele templo religioso. atesta o grande número de pessoas que vêm recebendo graças insignes, através do ilustre Ant istite pernambucano. Algumas décadas atrás, foi iniciado na Arquidiocese de Olinda e Recife - estando ainda em âmbito arquidiocesano - o processo para a canonização desse admirável Servo de Deus.

1.0 DE MAIO de 1978. Um Bispo preside à co1nemoração do "Dia do Trabalho" no Colégio Santa Maria, localizado e1n Santo Amaro, bairro da periferia de São Paulo (foto). Em determinado momento, os assistentes são surpreendidos com u1na apresentação teatral. "Nossas co11quis1as depende,n de nossa 111obilização. Nada será cedido de graça pelos palrões", dizem os atores. E proclamam a segu ir suas reivind icações e1n non1e dos operários: greve geral, passeatas e concentrações...

que 1enhc11nos u,na resposla ajinna1iva do governo". E se a resposta for negativa? "011!

A encenação já prepara o público presente para tal even tualidade. Por isso, alguns percorreram o auditório distribuindo papéis e bradando palavras de ordem. Então "cerca de 200 pessoas leva111ara111-se e repe1ira1n as palavras de orde111. erguendo os punhos cerrados", segundo relato da imprensa diária. Mas o grito de um dos atores faz com que reine

e1n todo o ambiente um súbito si lêncio: "Olha a polícia!" Era uni bluff, destinado a preparar psicologica1nente o auditório para enfrentar as forças da orde1n. Estará uni Bi~po da Arquidiocese de São Paulo colocando-se à frente de um movimento destinado não à reforma das almas e dos costumes, 1nas a insuflar a luta de classes? O leitor tirará suas próprias conclusões com a leitura da matéria à página 5.

NOS -~ 1 1

-

NOTÍCIAS de grande relevo sobre fatos que vê1n ocorrendo nos Estados Unidos são sistemat ica1nente sonegadas ao público brasileiro. Quem sa bia, por exemplo, que o movimento popular pela abolição do aborto vem crescendo co1no bola de neve e poderá obrigar a Suprema Corte de Justiça a revogar a lei que legalizou aquele delito? Ou que as reações contra a socialização da vida norteamericana vão se generalizando por todo o país? Sobre os novos ventos que sopran1 nos Estados Unidos, leia as páginas 2 e 3. Na foto, recente manifestação contra o aborto diante do Capitólio, e1n Washington, onde se reúne o Co ngresso norte-americano. Apesar do intenso frio, 70 mil pessoas ali se reuniram para protestar contra uma lei que autori7-ll um dos crimes mais difundidos em nossa época.


NOS EUA, A MAIORIA SILENCIOSA COMEÇA A FALAR -· - ---

A LOISIO SCHELLINI

Uma vitória da TFP norte-americana A ORGANIZAÇÃO promotora da contracepção, aborto e esterilidade "voluntária" Pla11ned Parenthood (Paternidade Planejada) retratou-se publicamente pela divu lgação de uma blasíêmia contra a Santíssima Virgem cm sua revista "Abortion Eve", em conseqüência da manifestação pública organizada pela Sociedade Norte-americana d e Defesa da Tradição, Familia e Propriedade (TFP). A revista "Abortion Eve" impressa pelo grupo feminista pró-aborto Nanny Goat Productions, da Califórnia - estampou a caricatura da Imaculada Conceição em adiantado estado de gravide-~. com feições ridículas, rodeada de anjinhos. dizend o: O quê? Eu. preocupada?" Ao tomar conhecimento de tal insulto à Virgem , a T F P norte-americana planejou uma

Lemas como - "O aborto é assassi11ato"; "Blasfêmia co111ra a Mãe de Deus exige reparação": "O 111ovi111ento a favor do aborto causou o 111aior ,nassacre de inocentes da História" e "O sa11gue de Abel cla111ou a Deus e aos Céus por vi11ga11ça. O sa11gue das inocentes abortadas clanra a Deus pl!rgu11ta11do: Que flzen,os nós parll que nossas nuies nos matasse111?" - eram proclamados por cooperadores da TFP e repetidos c m coro pelo público. Após a recitação do terço, de joelhos, seguiram-se vários discursos de representantes de organi1.ações que participaram do ato de desagravo, e ntre os quais um estudante da Universidade Católica de Nova York. No discurso principal, o orador da TFP norte-americana afirmou: "/11s11lumdo a Mãe de Deus. " Planncd Parenthood des-

~TION

'

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O nome de PHnio Corréa de Oliveira, "lumino$0 exemplo vindo do Brasil", foi citado na manifestação da TFP norto•amoricana na 7&. Avenida. em Nova York

manifestação pública de desagra- 1nascarou-se a si ,nes,na e a seus vo e protesto em frente à sede da objetivos, que nada 111ais são que Pla11ned Pare11thaod, na 7.• Ave- a destruição da orde111 do uninida em Manhattan, centro de verso e a legalização da i111oraNova York. lidade. Suas ações. que já era111 No dia 12 de maio p.p., o ,11a11ifestlll11enté apostas à Lei "Daily News", de Nova York - o Nlltural e à Lei Divina, agora diário de maior tiragem dos mostrllm claramente seu ódio Estados Unidos: 1 mi lhão e 600 contra a Mãe de Deus e. e111 mil exemplares - reproduzia um conseqüência, contra o próprio anúncio de página inteira convi- Deus". dando a população para o ato, Ao discorrer sobre o papel e que se realizaria no dia seguinte, os objetivos da TFP norte-ame13 de maio, 61. 0 aniversário da ricana, o orador lembrou o que primeira aparição de Fátima. para ela representou "o luminoso Ao tomar conhecimento da exe111plo vinda do Brasil", e que manifestação, a poderosa Plan- foi o seu inspirador, referindo-se ned Parenthood - que recebe ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveipolpudas verbas governamentais ra, P residente do Conselho Na- passou a exercer pressõe.~ por cional da TFP brasileira. meio de telefonemas a dirigentes Durante a manifestação, fun· da TFP, no sentido de cancela- cionários da Planned Parenthood rem o ato. A TFP, no entanto, iniciaram a distribuição de um recusou-se a atender tais apelos. impresso. Tratava-se de "11111 peAssim, o ato de desagravo dido de desculpas sem re.verva, teve lugar à hora marcada, com a pela capa maliciosa e ofensiva" concorrência de quase duas mil da entidade, que ao mesmo tempessoas, em contingentes prove- po, reafirmou "sua pública renientes não só de Nova York, pulsa, seu público repúdio ao como também de Estados vizi- desenho" blasfemo e às "filoso· nhos e até distantes, como Ohio e fias que o f11ndllm e111a,11". Missou ri. A manifestação da TFP fez A multidão colocava ílores assim dobrar a poderosa entidade aos pés.de uma imagem de Nossa promotora da limitação da nataSenhora de Fátima, erguida num lidade nos Estados Unidos, compedestal de dois metros de altura. parável a um dinossauro que até Faixas, cartazes, estandartes da e ntão não e ncontrara nen huma TFP e a bandeira americana reação de peso em sua marcha davam colorido especial ao ato. destruidora.

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Especial para "Catolicismo"

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AijORTÍON:

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TOCHPSSE ,._ '":' \<,\~~

NOVA YORK - Algo de novo ,-~1 ~ , se passa na opihião pública norteamcricana. Habitualmente cavalgado pela esquerda, o centro começa agora a cor,covcar e a desbancar lideranças com pinotes surpreendentes. A "maioria silenciosa" começou a falar. Seus alvos são a imoralidade, a l • socialização da vida nacional, os ' desmandos cometidos sob a administração Carter. Simultaneamente, a direita se organiza em campanhas inteligentes e eficazes contra o aborto, os im- uma clínica de aborto e bradou postos excessivos, o programa ener- lemas em defesa da vida. Foi preciso gético, a criminalidade, a fraqueza chamar a polícia para retirá-los. Em do governo ante a Rússia. O que diversas cidades houve "sit-ins": os antes eram simples manifestações de manifestantes sentaram-se na rua, grupos pouco expressivos, hoje cm freme às clínicas de aborto, preocupa o "establisl1111e11t" no po- impedindo que qualquer pessoa entrasse ou saísse do edifício. A polícia der. Fala-se cm "rebelião surda" na teve que prender um a um os maMarinha, devido aos cortes em seu nifestantes. O grande número destes o rçamento. determinados pelo pre- cm gera l criava confusão: gritos, sidente Carter. Nos corredores do choros, protestos contra as detenCapitólio. "lobbies" (especialistas ções. No dia seguinte, manchetes em fazer pressões sobre os politicos) nos jornais, como desejavam os a tuam como nunca exigindo dos manifestantes. Em Cleveland, uma clínica foi deputados e senadores o cumpri· mento de seus deveres na defesa dos invadida por um grupo de rapazes, eleitores agredidos por leis e pro- que acabou pondo fogo no edificio. blemas insuportáveis. Milhões de Quebra-quebras e desordens simicartas inundam a Casa Branca pro- lares ocorreram também cm Nebrastestando contra medidas governa- ka, Minncsolla e em diversas cidamentais que a vontade da maioria des do Estado de Ohio. Um dos líderes pró-aborto, Dr. popular nunca aprovou. Estimulados pelo exemplo da Califórnia, Robert Tamis. queixou-se de que os onde um plebiscito obrigou o gover- anti-abortistas transformaram sua no a reduzir em mais de 50% os vida num inferno. Sua clinica foi impostos, a população de outros invadida por senhoras que jo~aram Estados ameaça generalizar esse tipo cola especial nas portas, inutilizando-as. Tamis diz que recebe freqüende consulta popular. Tudo isso compõe um quadro tes chamadas telefônicas ameaçadobem diferente daquele habitualmen- ras, seus filhos levam surras na rua, te apresentado ao mundo. O que seu carro teve os pneus cortados a muitos apresentam hoje como úl· navalha diversas vezes e seu cachorlima moda, nos Estados Unidos já ro de estimação foi envenenado. Enquanto isso, outros grupos está passando a ser velheira. tratam da ofensiva polltica contra o t verdade que a nova onda está no início. Mas, se persistir, os dias aborto. Constitucionalmente, neda sarabanda esq uerdista-liberal es- nhum Estado ou município pode tão contados. A maioria centrista proibi-lo. Por isso, duas táticas escomeça a óefinir-sc em sentido con- tão sendo desenvolvidas simu ltâneaserva!lor. E uma grande batalha se mente. De um lado, tenta-se uma emendelineia. no horizonte. da constitucional, que necessita da aprovação de pelo menos 34 EstaA guerra contra o aborto dos. para ser enviada ao Congresso, onde precisa do apoio de dois terços O caso, do aborto é característico. para ser incorporada à ConstituiEm artigo de capa, a conceituada ção. Treze Assembléias estaduais já revista "Newsweek" de 5/ 6/ 78 afi r- aprovaram o projeto de emenda. ma que em todo o pa is a oposição Entretanto, a luta será difíci l e a contra o aborto e.~tá cm franco e longo prazo. Por outro lado, organizações esinesperado crescimento. Essa prática criminosa foi legalizada por pecializadas estão tentando colocar decisão da Suprema Corte, em 1973, todas as dificuldades possiveis à mas só agora vem enfrentando opo- prática do aborto. Assim, o Consição séria, feroz e decidida, que está gresso aprovou lei proibindo que fundos do governo financiem aborcausando impacto nacional. Os opositores pertencem a uma tos. Mesmo hospitais estatais gramiríade de pequenos grupos locais, tuitos serão obrigados a cobrar as que participam de ações cada vez intervenções abortivas. A lei foi mais ousadas e decididas, fazendo aprovada graças a uma avalanche de de sua causa uma cru1.ada. A Sra. cartas enviadas aos congressistas e Anne Higgins, dirigente de um des- ao apoio da Hierarquia católica. Em vista disso, as organizações ses grupos alirma: "Nós ve,nos essa situação como sendo 1111,a guerra". E pró-aborto estão assustadas. A a Ora. Mildred Jefferson declara: Pla1111ed Parenthood resolveu apli"Lutare,nos se111 descanso nessa cru- car boa parte de seu orçamento zada, aré obter a vitória co111ple1a". nada menos que 17 milhões de E, realmente, as forças anti-a- dólares este ano - na promoção do borto decidiram sair às ruas e tornar aborto. Em Washington, foi constituído um órgão para coordenar as sua campanha mais dramática. Em Chicago, por exemplo, \Jm pressões políticas pró-aborto sobre grupo invadiu clínicas de aborto o Congresso. O jornal católico "Our Sunday com cartazes dizendo: "Não 111ate seu bebê", "Aborto é assassinato". Visitor", de 5/ 3/ 78, calcula em mais E e ntregaram aos presentes bonecas de 70 mil os participantes da marcha manchadas de tinta vermelha imi- anti-aborto deste ano em Washingtando sangue. ton, o que faz dela a mais concorrida Em Portland, ônibus cheios de de todas, apesar do silêncio da jovens de um ginásio católico para- imprensa. ram em frente ao hospital Lovcjoy - o maior centro de abortos do As esquerdas aliam-se Estado de Oregon - para vaiar.as mulheres q ue deixavam a clírúca, para iniciar a difamação gritando: "Assassinas! ossassi11a.i!" Em Anchorage, no Alaska, um A importância da reação congrupo acorrentou.-se às camas de servadora da "maioria silenciosa"

' "Aborto 4 assassínio" - protesto do 70 mil manifosu,ntos diante do Capit61io

Ao lado: N3 capital do Estado do Utah, o cartoz é corrigido: nborto não é o direito da mulher de oscolhol', mas do matar.

norte-americana pode ser medida pelo temor que suscitou nos setores esquerdistas e liberais. Philip Shabecoff noticiou no "New York Times", de 22/ 4/ 78, uma reunião realizada em Washington, "de forma 11ão p1íblicll" (sic!), por um amplo grupo de organizações liberais, que decidiram constituir uma aliança para enfrentar o que elas c hamam o crescente desafio da d ireita nos Estados Unidos. O que o Sr. Shabecoff não revela é que entre tais organizações encontravam-se representados o Partido Comunista norte-americano e o lnstitute for Policy Research, notório centro marxista de estudos sociais. Entre os 3(\0 participantes da reunião, que constituíram o "Ce11tro Nacion"I de Recursos Contra a Direita R(lt/it-a/". havia ainda outros representantes de entidades altamente significativas como: Conselho Nacional das Igrejas - reúne seitas protestantes e Judaicas; National Lawyers Guild - associação de advogados que ajudou na defesa legal dos 1erroris1as alemães do grupo Baader-Meinhof; Students for a Dcmocratic Society - órgão de agitação cstudandil; Conselho Mundial da Paz - organi,.ação notoriamente comunista. com sede em Praga; B'nai Brith - associação judaica esquerdista; União das Sinagogas Hebraicas; Igreja Metodista; Aliança das Atividades Homossexuais; Federação Nacional de Sindicatos - engloba quase todos os sindicatos do país; Organização Nacional das Mulheres grande federação feminista; Associação Nacional de Educação - organização dos professores secundários do país; União pelas Liberdades Civis da América - grande organização racista fundada por Martin Luther King; Coa lizão de Mulheres Operárias e Federação Americana dos Professores. A presença da poderosa Fundação Rockefeller e da Fu ndação Mo1t indicam o alto calibre do financiamento da campanha contra os conservadores. John Rees, do semanário "The Review of the News", registra, além dos representantes das entidades citadas, o comparecimento de duas pessoas da equipe do presidente Carter: Margareth Constanza, chefe de relações públicas da Casa Branca e Ruth Shinn, diretora de análise legal d o Departamento do Trabalho. Segundo Rees. ambas tomaram parte ativa na reunião. Essa aliança já abriu ·escritório e m Washington e suas primeiras atividades consistem na promoção de reuniões regionais e na coleta de material para a tacar especialmente as organi1.ações que considerem potencialmente mais perigosas. Conseguirá essa poderosa ''frente ampla" deter a rebelião da maioria centrista norte-americana contra o ju·g o da esquerda? Saberão os anticomunistas e conservadores enfrentar a mencionada onda de ataques e calúnias que está sendo preparada. revida ndo à altura? De que lado penderá a grande massa dos norte-americanos? São questões de importância capital. Pois, para onde penderem os Estados Unidos, poderão pender a Europa e a América Latina. Sobre os lances futuros desse embate quiçá decisivo - "Catolicismo" propõe-se a manter atualizados seus leitores, com novas informações nos próximos números.


PLEBISCITOS INDICAM TENDÊNCIA CONSERVADORA A POL(TJCA INTERNA americana sucede, com força crescente e com seus últimos desdobramentos ainda difíceis de esboçar - pois o movimento encontra-se ainda no inicio - aquilo que o jornal texano "Corpus Chris1i Caller" cm 8 de j unho p.p. estampou em manchete: "Holy war on wxes'" - "Guerra santa contra os

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Í l11f)OSI OS".

De há muito sabe-se que a carga tributária no Colosso do Norte, colocada entre as mais altas do

os impostos abusivos um meio de diminuir a interferência do Estadomolock na sociedade. Jarvis obteve o apoio de um influente grupo de economistas favoráveis à livre iniciativa, que assessoram a campanha pela Proposição 13. Iniciou-se logo calorada disputa pública. Os partidários do "sim" afirmavam ser necessária sua aprovação, por ser esta uma das mais eficientes maneiras de diminuir o apetite voraz de burocratas desejosos de elevar a intervenção estatal

poio à idéia de pagar ,nenos por menos serviços do governo". E o presidente do Panido Republicano do Texas, Ray Barnhart declarou que seu partido no Texas apóia a idéia de diminuir os impostos. "Em última análise - disse - é a única 1noneirt1 que 1e1nos para reduzir de 111110 vez por todas o estatura do governo e conrrolar a i11flação". Cartcr, através de seu porta-voz, tomou nota do resultado, evitando pronunciar-se.

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Imposto s abusivos caractorizam o intorvtmcioni$mo estatal. Os californianos protestaram com suco»o num plebist :to quo forçou a redução tributária cm mais do 50%.

mundo, provoca um exauriente malestar na população, premida entre a evidência da brutalidade do imposto entrando fundo no orçamento familiar o u empresarial e a contínua cantilena de que os bons serviços públicos, os bons a tend imentos sociais, em suma o "Wellfare Stare" só é viável caso a taxação atinja níveis francamente confiscatórios. Contra isso, argumentam com razão os partidários de uma tributação razoável que um excesso desencoraja a iniciativa privada e constitui poderoso instrumento de socialização progressiva, o que equivale a dizer paupcri?.ação paulatina. Repetir-seia aqui a história da galinha dos ovos de ouro. De tanto sugar o contribuinte, o Estado acabaria por liquidá-lo, ficando sem a receita. O leitor naturalmente já se deu conta de que vamos falar do plebiscito da Califórnia. Esse Estado, o mais rico e o mais populoso da federação norte-americana, acaba de dar um basta à escalada escorc hante dos impostos.

a níveis inadmissíveis para os defensores das liberdades individuais e do direito do cidadão de dispor de sua própria pessoa. de seus bens, em uma palavra, de sua vida. Temiam que o aumento paulatino, incessante dos impostos, os acabasse colocando irremediavelmente à mercê do Poder Público. Os partidários do "não'" evitavam responder diretamente aos argumentos do outro lado, mas acenavam com a possibilidade da baixa dos níveis de vários serviços públicos. E o país inteiro observava atentamente os contendores esperando os resultados. No dia 7 de junho p. p. os californianos votaram solidamente pela Proposição 13, que recebeu 64% dos votos, transformando-se automaticamente em lei.

predial. Como houve uma valori1.ação pronunciada nos imóveis, tais impostos, já de si altíssimos, tornaram-se vizinhos do insuportável. O público, asfixiado pela taxação, viu com bons olhos a iniciativa de um abaixo-assinado pedindo um plebiscito a respeito. Era a chamada Proposição 13 que, raP.idamente conseguiu mais de 1,5 milhão de adesões. Obtendo a 1>roposição a

E no resto do país? Aconteceu o inevitável. Em dezenas de Estados observam-se movimentos análogos aos da Califórnia. Tenho diante dos meus olhos, o principal jornal do Oeste americano, excluída a Califórnia. Circula em toda a região das Montanhas Rochosas. t o "Rocky Mountain News" de Denver, Colorado. Seu principal editorial de 9/ 6/ 78 afirma: "A Califórnia n11,itos vezes estabelece o padrão para o resto do Pais e o ,naciço vitória do Proposição 13 enviará aos políticos uma 111ensage1n que eles não ousarão ignorar: o povo está saturado de impostos ascendenres e da livre rotação dos gas1os governa111entois. [ ...). No que é reconhecido como uma crescen1e rebelião nacional dos conrribuintes, a Califórnia não dis-

maioria nas urna:s . .iutomaticamcnle

parou o pri111eiro tiro. rnas o rnais

se transforma ria em lei, segundo a

altisso11a11te'". O líder da minoria republicana no Senado, Howard 8acker. declarou que os republicanos "serão politicamente idiotas" se não se derem conta de que os norteamericanos estão revoltados com os altos, às vezes escorchantes impostos ("Corpus Christi Caller", 8/ 6/ 78). O mesmo jornal texano afirma: ··Naquilo que pode ter sido a canhonada inicial de uma revolta nacional conrra os impostos. os californianos deram esmagador o-

Historiemos os fatos. Desde 1971, uma lei estadual gravava anualmente de 3,0 a 3,5% do valor venal as residências com o imposto

legislação estadual ca lifo n1ian:1. A proposiç.ão limi1~ o imposto (inual a

1% do valor venal do inHivel. e não permite mais de 2% de aumcmo em cada ano, desde que ouvido previamente o Legisla tivo estadua l, onde e, acréscimo deve ter o ,1cordo de 2/ 3

da Casa . A idéia de propor o plebiscito para a redução dos importos foi do milionário Howard Jarvis, que não hesitou em arriscar na campanha sua fortuna. por ver na luta contra

t curioso observar que a arma do plebiscito, da consulta direta ao povo, começa a ser usada pelos norte-americanos num sentido conservador. Até não há muito tempo, a impressão de que a opinião pública esposava teses esquerdistas era muito difundida nos Estados Unidos e mesmo na maior parte dos países do Ocidente. Para nós, latino-americanos, esta impressão foi em larga medida desmentida pelos monumentais abaixo-assinados das TFPs, coletando milhões de assinaturas contra a infiltração comunista na Igreja, contra o divórcio, com manifestos de repercussão internacional várias vezes pedindo também o plebiscito, embora ressalvando sempre os ditames do Direito Natural. Nunca a tendidos, diga-se de passagem. Por exemplo, políticos brasileiros e uruguaios tiveram medo de um plebiscito sobre o divórcio. O governo Frei, no Chile evitou um referendo solicitado pela TFP local sobre a Reforma Agrária. Pelo contrário, nos Estados Unidos esse tipo de consulta vai se tornando moda. O conhecido colunista George F. Will afirma que nos últimos 12 meses, além do plebiscito californiano, houve quatro outros, sobre os pretensos "direitos d os homossexuais". As consultas foram também vencidas por conservadores ('"Rock_y Mountain News", 9/ 6/ 78).

E sintomaticamente o liberal de esquerda Henry Fairlie da revista "Tire New Republic'", cm artigo int itulado "A opi11ião pública é 11111 tribunal con servador"', transcrito em Estado de S. Paulo" de 4/6/ 78, deblatcra contra a possibilidade da d isseminaç.ã o da consulta direta. Afirma ele: ··Uma das pi1orescas descobertas feitas nos tÍitimos te111pos revelou a essência em geral conservadora da opinião popular. Eviden1emente ela não cons1itui nenhuma novidade. Todos os políticos, desde llÍlio César. tem conhecimento do fat o. Disracli não nutria tltÍvida a esse respeito. [ ... ). Lenine leria considerado pueril a atitude de contar co111 os impulsos revolucionários do povo. [... ]. Em todas os democracias. a maior parte das reformas foi levado o cabo a despei10 dos 1emorcs populares às mudanças e de sua resistência a elas [...]. Sondar a opinião popular equivale, en, geral, a sondar aquilo que constitui un,a opinião e,ninen~ temente conservadora ( ... )". Continua o articulista, tentando mostrar como natural e sabido algo que inúmeros líderes "democráticos" sempre tentaram esconder: ..[... ] a reação de muitoJ· foi quase de choque ao reconhecer - como se fosse nova - a antiga verdade: as pessoas ..,á fora" normalmente são nu1is conservadoras do que seus representantes e lideres e quando se permite à opinião popular 111anifestar-se de ,naneiro dire10 110 sistema polilico - por exemplo através de um plebiscito - ela geral1ne1ue representa tuna das n,aiores forças conservadoras do sis1e,no polilico tl1•111ocrtítiro"'. Henry Fairlic concluiu afirmando que na manifes-

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tação da opinião popular, deve-se evitar o sistema direto e preferir-se o sistema rcpresentat iyo.

Duas questões, a nosso ver, deveriam ser por ele tratadas com franqueza. Ele reconhece que, pelo menos nos Estados Unidos, a liderança política é mais esquerdista do que a popu lação e age, em alguma medida, de maneira contrária aos desejos dos eleitores, ou seja, constata como algo normal o habitual falseamento claro do sistema representativo. E o articu lista, homem de esquerda, julga perfeitamente admissível tal situação e teme a consulta direta que iria determinar resultado diverso. As afirmações do jornalista, para qualquer mente medianamente conhecedora dos princípios básicos da democracia, deixa o sistema representativo bastante mal à vontade. Henry Fairlie não enfrenta o problema: afirma que tal fato é assim mesmo, e ponto final! Outra questão ignorada pelo articulista é se haveria medidas a tomar

para q ue o corpo de representantes, a liderança política, exprimisse adequadamente os anseios do eleitorado. Do ponto de vista católico é · óbvio que o plebiscito não pode legitimar diante de Deus nem da Igreja medidas contrárias ao Direito Divmo e ao Direito Natural. Assim, segundo a doutrina católica, não teria sentido submeter a plebiscito princípios pertencentes àqueles dois tipos de Direito. Mas, não deixa de ser animador ver começar a brilhar aos olhos de imensas multidões a evidência de que muitas medidas de cunho esquerdista tomadas sob o pretexto de atender a reivindicações populares, eram contrárias à vontade do povo. E que, em escala cresçente, pelo menos nos Estados Unidos, a opinião pública tomando consciência de que não se d eve deixar eng<IJ!ar por lideranças fa Isas, pede com êxito a utilização da consulta direta, n.1 qual os resultados obtidos refletem mais seus anseios do que o fizera111 até agora seus representantes. PÊRICLES CAPANEMA

Anticomunismo concessivo ou vigilante? MONTEYIDtU - "Anticomunismo concessivo e obje1a11te, 011 a11ti110111unis1110 vigilante e previdente?"' é o tftulo do manifesto lançado recentemente pela Sociedade Uruguaia de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade (TPP), sobre o perigo comunista, pelo qual atravessa o ' pais. Após o controle do te(:r@rismo tupamaro pelas auto.ndades militates, criou-se n0 Uruguai um a1nbiente de desprevenção e otimismo que "pode ser aproveitado por u,n inimigo hábil", adverte a TFP oriental. 0 1nanifesto lembra a expressão de CJausewit7., de que a paz é a COJltinuação da guerra por outros meios e faz um apelb à vigilância. "Moscou - acrescenta em vista do auge de poder alcançado e dos obstáculos- 911(!, não obstante. ven, e11c(}ntrand~1 resolveu recorrer a uma nov/1' e ter<ível aTJna: a guerra psicológica revolucionária total". A TFP uruguaia pergunta se os antico-

..

munistas de seu país não se estarão deixando neutralizar e adormecer pelas manobras mar1-istas. E se se mantém ou diminuiu sua dcscoJlfiança em relação • ao esquerdismo católico. aliado dos Tupantaros. , Após demonstrar com abundância de exemplos histótico~. o. desastroso res.\Jltado da política; de COJlcessões, desde o tratado de ):[alta até nossos dias, o documeJlto da TFP uruguaia carac- teriza duas espéej es de anticomunismo: um, concessivo ein relação à esquerda e objetante em relação à TFP.; outro, vigilante e p.rcvidente diante das manobras de guerra psicológica revolucionária do in'imigo. Enquanto na primeira posição pode-se servit, inadvertidamente, aos desígnios do marxismo, na segunda; pelo contrário, enc0ntra-sc o verdadeiro anticomunismo. I'.: este o único fiel ao preceito evangélico, de ter nãQ ap·enas a simplicid~de da pom.1,a, mas também a astúcia da serpente.

A VI Exposição-Feira Agropecuária e !ndus/Tial de Maringá (Expoingá) - aberta de 27 de maio a 4 de j unho - contou com a participação da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade (TFP), que ali montou um mostruário para divulgação de suas obras e atividades cívico-sociais. Além dessa importante mostra do no rte paranaense. a TFP desenvolveu semelhante trabalho de esclarecimento junto ao público das exposições agropecuárias de Carpina, Cabrobó e Surubim, cm Pernambuco; Araxá, em Minas Gerais; Barretos -e Ourinhos, no Estado de São Paulo. Na foto, o indu stria l Álvares Romi e o prefeito de Maringá, Sr. João Paulino Vieira Filho (centro). cm conversa com um cooperador da TFP no recinto da VI Expoingá.

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SOCIALIS E

NTRE AS OBRAS de maior repercussão do Pc. Fclix Sardá y

Salvany, emêrilo escritor espanhol

do século passado. figura o opúsculo "O libef'alismo é Pecado", Esta obra achou•a a Santa Sé isenta de qualquer erro, e mesmo louvou o autor porque soubera ''e:i:por 11 ,lourri11<1 orrotloxn com argumem<>S sólidos e Sl!m ofensa a pessoa alguma" (Carta da Sagrada Congregação do Índice. 10 de janeiro de 1887. ao Bispo de Barcelona - apud "O liberalismo é Pecado", 1rad. cd. por J.J. Reis Lci1ão. Coimbra. s/dl. Pois bem. quando vemos eclesiás-

ticos patrocinarem o socialismo como solução para os problemas sócio-éconômicos atuais, lembramos as considerações que fazia o Pe. Sardá y Salvany, em "O liberalismo é Pecado", sobre as

semi-heresias: "Todo erro claramente formulado na sociedade cristã - afirma o escritor - teve em volta de si owra como que a1mosfera do mesmo erro.

porém. menos densa. e mais tênue e moderada", Pondera Sardá y Salvany, com ra1.ão, que as semi-heresias constituem "um meio sublil e engenhosfs. simo que encontrou sempre o demônio, para reter em sua sujeiçHo muitos outros que. de outro modo. teriam aborrecido deveias. se bem os conhecessem. os suas maquinações i,ifernais" (op. cit,. pp. 4344). Scmclhan1e argumcniação nos vem à mente, ao registrarmos a adesão de católicos e eclesiásticos ao socialismo, porque este não (>assa de um semi~comunismo, que vai abrindo caminho ao credo vermelho. Com efeito, assim como toda semiheresia contém cm si os erros da heresia total, lambém o socialismo, cm sua essência, envolve os mesmos elementos constitutivos do coletivismo marxista: negação da propriedade privada dos meios de produção e es1abelecin1en10 d e uma sociedade sem classes. E como instrumcn10 para a realização desse programa, a luta de classes, como no comunismo. Na sua fai na de conquistar as massas, o socialismo atenua as reivi.ndicaçoos marxistas. Apresen1a a lula de classes não como uma hos1ilidadc declarada e ntre dois corpos que se odeiam, mas somen1e como lcgUima discussão de interesses distintos. Por ou1ro lado, a oposição à propriedade privada não é proposta como negação de sua legitimidade, mas como reprovação de uma prepotência e injustiça. Tal maneira de agir não signiíica o abandono das posições marxistas que os socialis1as propugnam. (; mais uma tática de guerra. do que uma proíissão de fé. No entanto, pode acontecer que a lática do socialismo, na cabeça de seus adeptos menos entrosados, venha real· mente determinar modificações nas idéias do movimento sobre a lula de classes e a abolição da propriedade privada. Na encíclica "Quadragesimo Anno" de 15 de maio de 193 1, Pio XI aventa uma hipólese que podemos formular: Suponhamos que. nos pon1os citados, o socialismo tenha realmente evoluído. Suponhamos que ele d e 1al maneira tenha mudado suas concepçoos sobre a lula de classes e o dirci10 de propriedade que, em 1ais ques1ões. já não mereça a menor censura. Nesta hipótese. pergunta-se: ainda assim seria vedado ao católico aderir ao socialismo? Ao caraclerizar o problema, Pio XI 1em a intenção explíci1a de dar aos · calólicos uma dire1ri1. dou1rinária, vá"lida para iodo o sempre, porque baseada ·na naturc-La mesma do socialismo. Por isso, sua resposta é ca1egórica: " Declaramos: o socialismo. quer .re considere com o doutri11a, quer com o fato histórico, ou como "ação", se é verdadeiro socialism o, mesmo depois de se opro.t lmor da verdade e do justiça 110s pontos sobreditos. não pode conciliar-se com a do11rri11a católica. pois concebe a sociedade de modo completame11te aves• so à verdade cristã" (Encíclica Quadragesimo A nno. § 11 7. 1Zdi1ora Vozes Lida .. Pcl rópolis. 1948). Notemos que Pio XI supõe uma atenuação verdadeira - e não somen1e tática - do socialismo. Porquaruo. somente um socialismo assim concebido teria, nos pontos citados, se tornado i.ndene de q ualquer censura. Não obstante tais mitigações, o socialismo contiirnaria socialismo. isto é~ manteria ·p rinclpios íilosóficos nos quais fundamenta' sua concepção da sociedade. (; a esta hipó1cse que Pio XI dá sua resposta decisiva. como vimos. Nela observamos que o Papa não íaz dis1inção cn1re a ideologia socialista e as

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reformas proposlas pelo socialismo, visando a implantação de medidas modificadoras da ordem econômico-social. Semelhante d istinção deixaria uma porta aberta â ºpraxis" socialista, que poderia ser u1ilizada pelos que rcjci1am os princípios íilosóficos do socialismo. O Papa não só cviia a separação cn1re a "praxis" socialista e a ideologia socia· lista, senão que posi1ivamcn1e a declara impossível. Pois sua decisão mos1ra que no socialismo há um nexo necessário entre os princípios do utrinários e a prática. Pois a razão para rejeitar o socialismo. mesrno como fato histórico e como "ação". é porque ele "concebe a sociedade de modo completamente avesso cl verdade cristã', concepção que, declara o Papa, em nada se extenua com as mi1igações na oposição à propriedade privada e na luta de classes. mesmo que 1ais a1cnuações fossem 1ão profundas, que tornariam o socialismo, nestes pontos, isen10 de qualquer censura. Pio XI não acci1a. por1an10. na ordem concreta das coisas. uma desvinculação total entre a ideologia e a '"praxis" socialistas. Em ou1ros termos. a solução dos problemas poll1ico-econõmic-0-sociais não pode prescindir do sis1ema ideológico ao qual se íilia a corren1e que a propõe. Por isso, o socialismo. mesmo que se aproximasse da verdade e da justiça, não poderia conciliar-se com a doulrina da Igreja. Com efeito, "segu11do a doutrina co1ólica. o homem é colocado nesta terta, paro que. vlvenclo em sociedade [... ] cultive e desenvolva plenarne,ue todos as suas fi1culdades. para louvor e glória do Criador, e, para que, pelo fiel cumprimento dos devetes de sua pro fissão ou \locação. qw,lquer que ela seja, granjele a felicidatle temporal e eterna" (Idem, § 118). Os fundamentos dcsia concepção da sociedade são a exis1ência de Deus remunerador dos atos humanos, a espiritualidade e a imortalidade da alma. Ora, o socialismo é materialista. E embora taticamente se mostre tolerante em matéria religiosa, de fato p rocura cs1ru1urar a sociedade segundo seus principios. negadores da imortalidade da ,alma e da existência de Deus. Queira ou não, preconizará uma sociedade consti1uida às avessas da sociedade cristã, ou seja, uma sociedade que, pela sua própria cons1iiuição, obs1aculi1.ará a consecução dos íins visados por uma vida social animada pelas máximas de J esus Cris10. Com efei10, o socialismo acha que "o consórcio humano foi instituído só pelo vantagem material que oferece" (Idem, § 118). Por isso, ordena ioda a1ividade do homem ao maior êxito da produç..'ío. Vê-se. desde logo. que uma sociedade com a vida social assim concebida. embora nada diga cxplici1amen1e conlra a Religião, de fo10, não comporia normalmente lugar próprio nem para o culro divino, nem para o exercício normal e responsável da atividade humana, pois, o homem, para o socia. !ismo, só con1a como elemen10 social q ue serve à produção. Quando, por1an10, na mesma Encíclica "Quadro• gesimo Anno", Pio XI decla ra q ue "socialisriw religioso. socialism o católico são termos contratlitórios: ninguém pode ser ao me.tmo tempo bom católico e verdadeiro socialista"(§ 119) não faz mais do que enunciar um corolário claramente comido na dou· trina socialista. Mas, não é apenas quando faz da produção de bens ma1eriais a razão de ser do consórcio social que o socialismo se mostra demolidor da sodcdade cristã, Há oulro aspec10 que evidencia a mesma oposição. O socialismo é iguali1ário. Considera uma injustiça as desigualdades existentes na sociedade. urna vez que acha que todos os homens nascem iguais, com os mesmos direitos. Em conscqü~ncia. re. jei1a qualquer aíirmação da pessoa dentro do grupo social. Pois 1al aíirmação daria origem à diferenciação, à hierarqui,ação social: d uas heresias que merecem excomunhão maior nos ar· raiais socialistas. Tudo. pois. deve fozcrsc socia lmente. O individuo deve desaparecer. Somen1e assim se dará a p lanificação de todos numa só e mesma massa socia 1. Ora. a sociedade ca1ólica está nas antípodas dessa sociedade socialis1a. Tanto a razão natura) como a Revelação justificam a existência de desigualdades sociais desde o berço. Não somenle desigualdades oriundas das siluações d iversas cm que se acham as famllias no relacionamento social, como também de natureza individual. C omo

O CRISTAO?

observava Pio XII: "Os irmcios não nascem ne,n per,ntmecem todos iguais: uns são fortes. outros f racos: ·~ms imeligenres. ourro.t incapazes; teilvez algum seja anormal. e também pode aco,rtecer <111e se torne indigno',', E conclui o Papa: "É. pois, inevitável uma certa desigualdade material. i11telec1ual. m oral numa mtsma ji,mília"(Disc. e Rad., XV. p. 195); o <1ue valé. com rn;1is forte rn:r.<io. para uma sociedade. Es1a observação de ordem natural bast;, ter olhos para ver que os homens não são iguais - t confirmada pela Revelação. São Paulo serve-se da analogia tomada ao organismo humano para ilustrar a hierarquia existente na sociedade crist.ã. E a parábola dos talentos mostra como semelhante desigualdade es1á nos dc.,ígnios da Providência. E realmente, a hierarquia social é indispensável para a prá1ica da vir1udc. A obcdi~ncia. a compaixão, a munificência, a humildade. enfim. as virtudes características do cristão, são impossíveis onde não há diversidade de classes e uma hierarquia entre c ltlS. O que o socialisrno considera uma injustiça, Santo Tomàs de Aquino mosira que é um bem ern si (cf. S. 'f.. q. 96, a. 3). O corolário dessa íilosoíia é. como notamos, o aniquilamento da pcs.soa. E llào é esse fru to canceroso o menos grave da ·•prnxis" do s:ocirllismo . que ainda uma vez o torna contraditó rio em rcl:lção ;\ sociedade cristã. Com efeito, segundo a Revelação, é o homem o artífice de seu destino: ''A

tação C obrigatória para todos os íiêis (AI. de Pio XI I à A.C. I. cm 29 de abril de 1945). Esia "íirmação de Pio X li niio i.:. nova. Reíerindo-sc, n.:i Enciclic•1··Q,wdrc,gt',timo A m ,o", ;) doulrin:1 social da Igreja. Pio X I declara que se trata de uma dou1rina "immwau, t·t immwahilis". Portanto. obrigatóri:1 pa ra rodos os fiéis. N:l rnesrna f:nciclic.a. volw <> P.1r>a n asseverar a imutabilid(1dc da doutrina socia l da Igreja. quando rcport~u'ldO·SC f1 Encíclica ·· Rt·rum Now,rum" qu.ilifica como "vtrtl11tle.r etl•rm1.r., ufo t,!t,m,,,111<• ptodcmuult1s pc/(I .mnra memória ,lt· Nc>J.\'<> l'recll'<'t'.'t.H1r·· os c11sinarnc ntos da Encíclica de Leão X11I. Por sua vci. João XXII I. na Enciclic~1 ··/yfmf!r l'I A·fagb:trt1" declara que "a ,lowrim, que a l!{tt.jll Cm ólic<1 <'nsilw e afirma svbre a rQnvfrhwia <~ o .wdedac/p Jwmmw. <: .tem a m,1,w r .~omhra d,• ,lúvida. ,Je valor I""'""' (AAS. 1961. 1>, 45.l). Ao lado de asserções 1ão cxplíciias desses Papas. a a1i111de 1omada pelo Magis1ério Eclesiás1ico pcran1e o socialismo nos leva a mesma conclusão. Pois. desde que surgiu. essa ideologia e movimento. foi objeto de censuras e condenações por parle da Sania Sé. Pio 1X proscreveu o socialismo na Encíclica "Nosiicis e1 Nobisc1.m1 '1 de 8 de dezc111bro de l849, e renovou essa condenação no "Sy llahus" (8- 12-1864). Leão XIII esc reveu uma Enciclica especialmente contra os erros do socialismo. a "Quotl Apostolici Muneri.," de IS de dezembro de 1878; proscreveu-os ainda cm outros documentos. como a .. Retum Nova. rrm,··, de 15 de maio de 1891. São Pio X confirmou as condenações de seu an· 1cccssor no Motu fHOprio de IS de de-,embro de 1903. publicado a propôSilo da Assembléia da Obra dos Congressos. reunida em Bolonha cm novembro do mesmo ano. Bento XV, na sua Enciclica "Soliti Nos". de 11 de março de 1920. insistiu sobre os ensinamentos da "Rerum Novbrum" de Leão XII I. Pio XI. cm mui1os documentos. especia lrncntc nas Encíclicas "Quádrage· sim o A11110", de JS de maio de 1931, e "Divinl Retlemptorfa•", de 19 de março de 1937. é igualmente decisivo na condenação da doutrina e da ''ação" socialistas. A proscrição. pois. do socialismo.

São Tomás de Aquino rejeita enorgicamcnto o igualitarismo (Tola do Zurb<1rán)

vidt, e a m orte, o bem e o mal - di1~a Escri1ura estão ,lio,ue do homem : o que ele ,•,-çc-ulher. l.rso llu~ seni dado" ( Ecl, cap. 15. 16). A reali,.ação desse designio da Providência só é viãvel numa sociedade em que ao homem toque a iniciativa, o domínio. a responsabilidade de seus :nos, de suas atitudes. O que exige a u1onomia pessoal. apanágio da criawra racional que a distingue dos brutos. guiados cegamente pelo instinto. Ora, é precisamente esta autonomia que o socialisrno empenha-se por des1ruir. Viu-o mui10 bem Pio XII, que apo,uava a "praxis.. socialista a mais lcrríve1 ameaça à dignidade humana. Dirigindo-se ao Katlwlikentag de Vie na. cm 14 de se1embro de 1952, o Papa alertou os fiéis contra o grande inimigo da civilização cristã nC.'ita segunda me· tade do século, a sociali1.ação. Eis suas palavras: "1-,; prefiso impNlir a pe.t.'fóâ e a familia cJ,, se ,lei.,·c1r('m arrostar para o ahi::mw onth• tc1ul,? 11 ltmfá-la.t li sorialiu 1fcio clt> rodas as toisa.t, no tl'rmO da qual. a terrivel im11gem do !.Rvia1ã rorn(Jr-.te-â uma /u:,rrivl'I realidade. É <·om mfliOr energia <1ue ,1 lgrf!ja lr(lv(lrtÍ (!Stt1 bmnlha em que (•.w,io t m jogo valor,•s suprt mos: a ,lignidode tio hom,•m ,, " salvação eterna das almas" (l)isc. e Rad .• XIV. p, 3 14. cf. "Cawlirismo", dc,.cmbro de 1952). Não é demais sublinhar a (ihitru, frase do Papa - estão cm jogo valores :wprcmos, a dignidade do homem e a salvação das almas. Pois tal e xpressão indica a suma importância com que a Sanla Igreja considcr;:1 o perigo socialisla. cujo triunfo, reputa o Papa. seria o abismo télrico. onde se sepultaria a civili;(ação cristã, e. com ela. a dignidade do homem e a salvação das almas. O socialismo criaria um conjunto social de párias e autõ,nalOs. Oeslac.a mos a ê nfase que dâ o Sumo Pontífice ao combate contra o soci:1~ lismo . para que se pe rceba que o anti~ soci3lismo. aqui comentado. não é OJ>i· nião livre na Igreja. Faz. ele parte do dcpósi10 da Revelação. pois es1á coni ido na doutrina social calólica. cuja acei-

Po. Sardã y Salv3ny condena com veeméncia o liber.-lismo

por parle do Magis1ério Ecksiás1ico é constante já por mais de cem anos. Faz pane da dou1rina católica que a urn íicl não é permitido menosprezar. Não obstante. no intimo da cons.. ciência de muitos paira ainda uma dú· vida. Pois o socialismo se lhes apresenta como a única alternativa válida contra os abusos do liberalismo econômico. O fato de este. em várias ocasiões. esmagar o mais fraco, o operá rio - conseqUên .. eia admit ida mesmo por economistas liberais (cf. Paul Hugon, "/ii.,rória das Do utrinas Econômica.r''. 8.ª cd .. Alia$, p, 139) - abre um crédi10 a favo r do socialismo, movimento :}ntitético ao in· dividualismo liberal. E faz que ele polarize as simpatias daqueles que se horto· ri1.am com a situação de certos trabalhado res manuais, triturados na engrenagem desumana, criadaJ cm deter-mim,. das circunstâncias, pela lei da oferta e da procura. Não 1eria a inclinação de católicos simpa tizantes com o socialismo uma caução na Carla Apos16lica "Octogesima Advenltns" de 16 de maio de 1971? A muitos assim talve-l pareça. ti certo que essa Carta Apostólica suscitou - aliás c xplicavelmentc - dúvidas e perplexidades. Não há, no cntanlo, nela uma aprovação clara e explícita da doulrina e do sistema socialistas como muitos esperam. Poderíamos d izer que a "Octogesima Advenh•ns" ampliou as hi pótcses, já lembradas por Pio XI (cf. "Quadragesimo Amio", § 113 a 116), de uma série de socialismos mitigados, incluindo e ntre eles ta mbém uma even~ 00

1ual espécie de tal maneira dessolidarixada da filosofia l:ucntc cm todas as demais. que j:l não catrcasse consigo o materialismo ateu ou agnóstico e o conseqüente absoluto igualitárismo social. A Carta Apostólica como que sente a dificuld ade de prcci.s ar seu pensamento a respeito. e assim não chega a explici1ar como se deveria c11tcnder semelhante socialismo. Cremos que a adesão ao Messias econômico-social (com tal rótulo se masc."-lrn o socialismo) não tcrn base sólida. A liás. uma reílexão mais atenta evidencia que não só a economia liberal como. cm proporção ainda mais g.ravc. o Estado socialista, funciona à maneira de rolo compressor da dignidade do homem e da Fé cris1ã. O Liberalismo Econômico. à primeira vista, enallecc a liberdade e a r.;spon· sabilidadc do operário. Es1c é. de fa10. livre de aceitar ou não o contrato de trabalho que lhe oferece o empresário. Condição que ~oa como repeito e louvor â dignidade do 1rabalhador manual, cuja vontade ninguém oprime. Na realidade, a decisão do operário é condicionada às contingências em q ue dC-.$envolvc sua existência. Haja. por exemplo , excesso de mão de obra. O salário envilece e não permite ao trabalhador talvez nem sequer saciar convenientemente sua fome e a dos seus. Ele é Hvrc de aceitar ou não o engajamen10 laborisla. Mas. essa liberdade. na ordem real das coisas, pode significar ap_enas a alterna1 iva de ou morrer ou v1ve1· como escravo. Porque o Ião risonho Liberalismo Econômico levou a tais consequências? Simplesmente porque não teve em conta o caráter moral da atividade econômica. Qui.s cncará.Ja como se ela dependesse de leis naturais tão fatais como as leis da F ísica. Em outras palavras, no Liberalismo Econômico. desde que considerado crn seus abusos, o homem pode não passar de uma ruela no dinamismo da produção, ruela cujo furlcionamento não depende dele. A flutuação dos níveis salariais se faz a1ravés da pressão das leis econômicas. ião ra1almen1c corno as explosões de gases ou quaisquer outros fenômenos da natureza. No socialismo, como tivemos ocasião de 1nostrar nesse r1rtigo. vcriíic;1-se a prcss5o fatal d;lS leis cconõmic:,s cm gtau aind3 mnis grave. Nele o homem não se reconhece sujeito às leis naturais da Economia. O Estado é responsável pela produção. O rolo compressor do Estado oniscicnte, onipo~ tente. d ispõe dos cid:idâos como de outros tantos elementos sociais ordenados exclusivamente à produção. No Liberalismo Econômico. corno ainda mais brutalmente no socialismo. não conta o caráter moral da a tividade econômica d o homem. Por isso. não se levam cm consideração as leis de Deus, natural e positiva, a cuja subordinação está também a Economia; de maneira que. como nas demais, deve o hornem na sua atividade econômica servir a Deus e merecer o p rêmio eterno. Em outras palavras~ na atividade econômica deve ser o homem o responsável pelos seus a tos e suas decisões: e não um simples joguc1e no 1urbilhão dos demais elementos produtivos. Resumindo. eis o juízo critico que do Liberalismo Econômico, be m como do socia1ismo faz Pio XII : '"À funesta e<·tJ11omlo do.r períodos passados . durtmll! os t1uois 1o c/a o w'dn dvil se achava .,·uhordinada {10 atrativo do lucro, :wc-ede agora uma não menos funesta conrt?pçào que. considt•rando ,·oisas e /U?ssoos sob o aspecto polltico. exclui ioda consideração mota/ e religiosa. Falsificação e erro fatais. prenhes Je ,·on.ret1iié11cias lmprevl.w\ •eis para a vida social. a qual jamais estd ião vizlnha da rulna de .tuas m ais n obres prerrogativas do que 110 m omento em que ela se afigura poder ntgar ou esque,:er impunemente a eterna fome de sua dignidade: Deus" (Mensagem radiofônica de 24 de dezembro de 1942), Concluindo. o socialismo não é alternativa. que um cristão possa admitir para a solução dos problemas polÍlieoeconõrnico-sociais, porque desconhece a existência de Deus e as leis divinas a que se deve ajustar o consórcio humano. E por isto deforma gravemente as relações Estado-individuo e indivíduo~indivíduo. Como conseqOencia daquele seu erro inicial, concebe a sociedade dentro de princípios materialistas. agnósticos e an .. tinaturais que impedem a conveniente prá1ica da Religião e o desabrochar no rmal da dignidade do homem. como ser livre, racional. rcspons~vel por seus atos.

TE ÓF ILO DE MORAES


ESQUERDA CATÓLICA PROMOVE ''LUTA DE CLASS N

OTE O LEITOR a fotografia. Punhos cerrados e levantados. na atitude agressiva característica de concentrações comunistas. Nas duas mulheres que aparecem à frente, por exemplo: o olhar duro e fixo. a musculatura facial tensa, a da direita com um gesto de braço violento - tão pouco de acordo com a delicadeza fominina - 1>arecem denotar a presença de qualquer coisa de frenético, produto de ódio e da revolta que nelas encontra vazão no momento. Algo no ambiente lembra certos comícios em q ue Lenine procurava arrastar a população para servir-lhe de base no assalto ao poder. (i certo que nem todos aparecem igualmente tomados pelo mesmo cspirito. Mas também é inegável que é esse o cspirito dominante no momento, segundo nos mostra a roto, e para o qual tendem. com maior ou menor força, todos os que a li se deixam inOucnciar. Um dos presentes, assim se expandi u: "A qui pode,nos dizer o que senti,nos. desabafar, mas com coragem, vibrando". De que se trata então? Um com ício comu nista?

• • • Como base informativa do presente artigo tomamos o substancioso relato, não desmentid o pelos interessados, publicado na "Folha de São Paulo .. de 2 de maio de 1978. sob o título: "E,n Santo Amaro, representação tetural co111 200 trabalhadores". Os grifos são nossos. Trata-se de uma concentração de ··.w!rorés 1rahalhis111s" no Colégio Santa Maria. no bairro de Santo Amaro. promovidn pela "Pa,\ -

toral Zona Sul" da Arquidiocese de São Paulo, sob a égide do BispoAuxiliar D. Mauro Morc lli . Comemorou-se o 1.• de maio, e a presença foi de "11wis de 600 pessoas".

"Sexta-feira santa dos trabalhadores" Um operário explicou o porquê da concentração: assim como "morreu Cristo pela humanidade [ ...] o I .• de maio é a sexta-feira sa11"1 dos trabalhadores qut' 111orrera111 pela jornada de trabalho de oito horas". A comparação choca pelo q ue tem de biz1.arro. Parece ter sido feita com o intuito - presente, a liás, ao longo de toda a reunião - de atrair as pessóas QCIO lado religioso. Atrair para que? A primeira vista dir-sc-ia que é para comemorar a morte dos trabalhadores. Mas, como se verá pelo desenrolar dos fatos, a comemoração foi muito me nos fúnebre e muito mais voltada para a luta de classes. "O momento de maior e,npolgação (sic) ocorreu d11rm11e a t1presen1ação de 11111 grupo reatrai". Numa das cenas, pessoas com picaretas, pás, alavancas, enxadas. cantavam: ''Levanta-te e olha estajiibrica. É onde pode nascer rua união". É sintomá tico q ue pessoas que di1.cm de si mesmas ··sonu,s o fJOVO de Deus··. r1prcscntc111 a ffabrica e não a Igreja como local próprio para :, união. De outro lado, a realizar-se na fábrica essa união, normalmente deveria incluir todos os que em torno dela gravitam. Não pensam assim os autores da peça. A união que pregam é parcial e exclui necessariamente os patrões. como se v~ pelo prosseguimento do câ ntico: " E onde pode na.,cer lua união/ Tu que 111anejas as pre11sas / Tu que transformas e,11 peças os minerais /[ ... ] Faça-se por filn n ossa v()llfade n essa fábrica". O que se pede, pois. é uma un ião dos operários com vistas à tomada do poder nas fábricas. Primeiro passo para a tomada do poder político. O ranço marx ista faz-se sentir, sem dúvida. E chama a atenção a indigna paráfrase d a súplica ensinada por Nosso Senhor e

D. Mauro Morelli

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contida no Padre-Nosso: "Fora-se

a vossa vont(l<Íe assi111 na terra co,no no Céu". Vai mais longe o cântico: "Cres(·t,mos e,n força e em valor ao combater". Então, o meio de impor a vontade nas fábricas é o combate. Armado? O texto não o diz. mas também não o nega. Fica à sagacidade do leitor perceber para que tipo de "combare" é o incitamento.

"Mílitante ensangüentado" Percebe-se que o programa da concentração foi todo ele pensado com muito cuidado. Em tom teatral íoi lido "um dos comunicados divulgados após a Revolução de 1964", no qual se d iz: "As Forças Armadas informam ao povo que toda a Nação está en1 per/eira paz e tranquilidade. O perigo comunista foi afastado (...1 As Forças Artnadasfaze,n u111apelo a todos: frente ao grau de infiltração comunista ern nossas instituições de1110cráticas, impõe-se um d11ro sanem11e1110 [ ...) Em nome de D eus e da civilização cristã". O leitor brasileiro, de modo gera l, é bastante lúcido e inteligente para perceber as insinuações que aí se fazem e que, no contexto da concentração, ficam claras. A insinuação traz consigo a vantagem de produzir seu efeito sem comprometer demasiadamente a pessoa que a raz. Em primeiro lugar, as referências às Forças Armadas insinuam que e las exercem um poder discricionário imposto à população a partir de 1964. Depois, fica dito entre-dentes que o perigo comunista é um espantalho que elas manejaram para galgar o poder, e que a infiltração com unista é o pretexto que utilizam para imposições e quiçá até arbitrariedades. A frase final é uma insinuação contra os que, cm nome de seus princípios c ristãos, religiosos e temporais, combatem o comunismo. Diante disso uma pergunta se impõe: No momento em que o comunismo internacional desencadeia de modo aberto a guerra psicológica revolucionária total para dominar o mundo livre e nossa Pátria, a quem aproveitam essas insinuações? , A peça continuou com um ator representando o papel de "11111 111ili1a111e sindical todo <'11sa11giie11uulo (' enf(lü·odo". b derramamento de sangue é fa1or psicológico dos mais poderosos pa ra tornar desva iradas as massas e levá-las contra um objetivo determinado . Este processo foi utilizado na Revolução Francesa e na Revolução bolchevista. Os organizadores da concentração não quiseram prescindir da encenação desse fator. O militante ensanguentado é o s ímbolo das pretensas arbitrariedades dos patrões, da polícia do governo, das Forças Armadas. Êum s ímbo lo que, de s i, tende a levar à revolta e à luta. Tudo isso nos faz lembrar as luminosas palavras de Pio XI, quando afirmou que os comunistas "esforçam-se por 1or11ar mais pungentes os a111agon ismos que surgem e11tre as diversas classes da sociedade: e a luta de classes. co,n seus

teria saído - contrariamente à conhecida cordura e bonomia do povo brasileiro - um núcleo de pessoas dispostas a qualquer combate contra os patrões e contra os ódios e desrruições, toma aspecto de precisamente o socialismo marxista . poderes constitu ídos. E caso a fórSe a essa conclusão, q ue deílui mula se multiplicasse em escala c·ruzada'' (Encíclica "Divini Redemptoris", § 9, Vozes, Petrópolis. d;is :ifirmaçõcs do Bispo-Auxiliar nacional. através das inúmeras rcu.. pau listano somarmos a incitação à niões desse tipo, que certo C lero 1945). luta de classes - mola propulsora vem realizando de norte a sul, da ação marxista - que se infere !criamos em breve um Brasil em Opção por um todo o tempo da concentraç.ã o d o c hamas, retalhado por todo tipo de socialismo marxista? Colégio Santa Maria, que provas lutas intestinas, fácil presa do cofaltam para a Autoridade Eclesiás- munismo internacional. E com o Brasil, facilmente toda a América No início da concentração D. tica intervir'? Diante de mais um episódio que Latina poderia ser incendiada. Mauro Morclli dirigiu a palavra aos Se isso ainda nã-> ocorreu devepresentes, e ao explicar o que é a manifesta o processo de "a,uode"Pastoral Operária" afirmou que ela 1110 /ição" da Esposa de Cristo, alu- se a que, até o momento, os dido por Paulo VI, uma coisa é resultados a lcançados têm sido mui"for1110 operárias crisrãos". certa: está com a verdade quem to parcos, completamente desproAlgo do novo sentido atribuído à permanece indefectivclmcnte fiel à porcionais aos esforços e meios expressão. D. Morclli explica: "Co,110 doutrina tradicional da Igreja. A e mpregados. E, a liás, a queixa que crisrão, o operário deve frrzer polí- estes Nossa Senhora certamente virá se expressa. amarga , no cfüuico com tica". Afirmação perfeitamente coe- amparar nos momentos terríveis por que findou a encenação levada a rente com tudo o que s ucedeu na Ela anunciados cm Fátima, caso os cabo no Colégio Santa Maria : concentração do Colégio Santa Ma- homens não orassem e fizessem "Me dói qutuulo te ctilas. p<>rque ria, onde os aspectos religiosos penitência, e que, segundo parece, estás con,o ausente e 111e olhas de ião serviram de apoio para ex igir dos em nossos dias podem estar em vias longe. Minho voz não te alcança; pre.~cntes uma ação política. Ação de realização. parece que reus olhos alguém tenha política cm que direção? É ainda o Qual é essa doutrina no que fechado. e parece que u111 murro Bispo-Auxilia r de São Paulo quem concerne ao tema por nós abor- fechou a tua boca". responde: "A aruaç-ão dentro de 11111 dado? Para não alongar este artigo, O grosso do público trabalhado partido sociali.tta f}Oderia ser uma cilo dois textos apenas. extraídos por concentrações como a pres idida opção ···. do imenso caudal de ensinamentos por D. Morelli tem se mantido. de Se o partido socialista é apenas dos Romanos Pontífices, que já modo geral, calado e distante. A voz uma das o pções, por que D. Morclli desde o século passado se ocuparam dos que querem arrastá-lo à luta de não cita também as outras? O da q uest.1o. Esses trechos apresen- classes parece não ter sido, até contexto da manifestação deixa cla- tam sinteticamente a doutrina au~ agora. suficientemente forte para . ro que essa é a opção de seu coração. ttntica e perene da lgrej:i sobre o alcançá-lo. Um dos ardis usados pela esPara certificar-se disso basta que o tema. E ressaltam de o utro lado. querda católica para arrastar mais leitor pense como ficaria ridículo, como dela se afastam aqueles que. depois de tudo o q ue vimos. ima- invocando os princípios católicos. facilmente esta massa, que se apreginar D. Morelli optando, por e- confu ndem o sistema capitalis1a, cm senta amorfa, consiste no seguinte: xemplo, por um partido conserva- s i, com seus abusos~ e promovem a distinguir marxismo e comunismo, condenando-se inexoravelmente esdor... luta de classes. te, enquanto se afirma q ue o marMas de que socialismo se trata? CAPITA LI SMO Pio XI co- xismo possui muitos elementos aO prelado diz recear q ue o tal mcnca o pensamento de Leão XII I partido socialista que almeja venha qua ndo se refere "àquele sistema e,n proveitáveis para uma sociedade a ser efetivad o como "11111 modelo que o rdinariamente uns co,uribuern cristã. A esta falsa colocação da proimportado. dentro do q11e pensa a co111 o capital e outros co111 o blemática deve-se responder que tal comisS<io tripartite integrado por trabalho para o co,num exercíâo da distinção situa-se no plano das 1ne1nbros dos governos norte-amerieconon,ia, a qual ele próprio (Leão ideologias. isto é, e la supõe uma cano. japonês e ale1não-()cide11tal". X 111) definiu com a frase lapidar: construção mental sem base na Não deixa de ser s ignificativo ter "Nada vale o capital se,n o trabalho, realidade. Isto porque o comunismo ele incluído aí a Alema nha Ociden- nem o trabalho se111 o capiral" (Enc. não passa da realização concreta do tal, cuja coligação governamental .. Rerum Novarum", § 28). Foi esta inclui um partido oficialmente so- eJJJécie de economia que leão X /11 ideal marxista, contrário à propriecialista . Ou seja, o Bisr,o-Auxi- procurou corn rodas as veras regular dade privada e incentivador da luta liar deixa c laro que mesmo um segundo as normas da justiça: de de classes. A pergunta crucial que se apregoverno como o sed iado cm Bonn onde se segue que d e p er si não é não é s uficiente pa ra satisfazê-lo: é condenável. E. realmente. de sua senta no momento presente é a seguinte: até quando essa situação se preciso ser mais radical. natureza, não é vicioso" (Enc. "Qua- manterá? D. Morelli fez questão de especi- dragesimo A 11110". § 100 e§ 101, A indagação se impõe, pois até ficar que se trata da Alemanha Vozes, Petrópolis, 1948). certo ponto é artificial que um Ocidental. Assim sendo, parece que público submetido com insistência a o socialismo da A lemanha Oriental LUTA D E CLASSES E SO· uma pregação subversiva a ela se - marxista e imposto pelo tacão rus- CIA I.ISMO - Pio XII: "A luta de mantenha indiferente. O normal é so - não o assusta: pelo menos não classes nunca poderá ser um obje- que a siga, ou então, faça cala r os o assusta a ponto de excluí-lo nomi- tivo de ética social católica. A Igreja que a promovem. O ra, o que é nalmente. Também não consta que sabe que é sempre responsável por artificial não costuma durar mu ito D. Mo rclli ten ha obj eções aos so- todas as classes e camadas do povo. tempo. cia lismos vigentes na R ússia, na Ademais a proteção do indivíduo e Nessas condições, ao que tudo China ou em qua lquer outro país da família ;rente à cor.rente que indica, jogam-se agora os momentos marxisla. ameaça arrastar a uma socialização decisivos para os destinos de nossa H á ainda outro indicio de que é total en1 cujo fim se tornaria pavoro- Pátria e de toda a América Latina. E o socia lismo marxista o q ue tem as sa realidade a imagem 1errifica111e quem pode garantir que a reunião preferências do Bispo-Auxiliar da do Levi(llà" (Radiomensagem ao do Colégio Santa Maria não tenha ca pital paulista. Explica ele que sua "Katholike,uag" de Viena, 14/ 9/ 52, sido um início de virada da situação? aversão ao socialismo concebido .. Discorsi e Radiomessagi", vol. XIV, Quando chegar essa hora t rágipela tal "comissrio tripartire" deve-se p. 3 14). ca, estaremos à altura dos aconteao fato de que este assegur:iria "a (N. R. - Ver ta mbém neste nú- cimentos? Sim, se desde já cresc:rvigênâa do 1·apitalis1110 ", Em outros mero o artigo de nosso colaborador mos na adesão à doutrina social da termos, o capital ismo é a tal ponto Teófilo de Moraes sobre o assunto). Igreja de sempre, pregada pelos para D. Morelli um in imigo mortal Papas há mais de um século, e que que até os tipos de socialismo que Pio XII considerou como integrante deixam alguma forma de vigência ao A hora que se aproxima do depós ito da Fé. Neste caso, regime da propriedade privada depoderemos esperar tudo da misevem ser combatidos. Imagine o leitor que a concen- ricórdia divina e da materna proteVê-se, pois, que o socialismo tração do Colégio Santa Maria ção de Nossa Senhora. bem-amado de D. Morelli é o que tivesse pro duzido sobre as almas ali extirpa tota lmente o capitalis mo, presentes todo o efeito que normalnegando-lhe qualquer ar. Ora. esse é mente era próprio ela produzir. Da li GREGÓR IO V , LOPES

s


CARDEAL CONDENA POLÍTICA DE CONCESSÕES AO COMUNISMO

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POR OCASIÃO do 20. 0 aniversário da Fundação Cardeal Mindszenty, de Saint Louis, Estados Unidos, comemorado de 3 a S de março de 1978, o Cardeal Paulo Yu Pin, Arcebispo de Nankin, enviou àquela entidade uma mensageín de estímulo à sua ação anticomunista. O Cardeal Yu Pin é Reitor da Universidade Católica Fujen, de Taipé (Formosa), onde reside desde a implantação do regime maoísta na China continental. Depois de lembrar a figura venerável do Cardeal Mindszenty, o Purpurado chinês trata do problema

comunista no mundo. Desse pronunciamento, extraímos o seguinte:

,, VÓS

ESTA IS entre os bravos servos de Deus que dão testemu nho ante um 1>úblico iludido. o qual, rnmbém api,tico e cego para sua diabólica natureza. ajuda o comunismo a

cspalh:ir-sc. Durante vossa reunião anual vós honrais a memória de grande servo da Igreja, Cardeal Minds1.enty, cuja heróica coragem ainda se levanta como uma luz num mundo sombrio

e como força da verdade contra a mentirn do comunismo.

Duas visitas, dois estilos EM SUA RECENTE visita à Alemanha Ocidental, a Rainha Elizabeth li, da Inglaterra, despertou notáveis manifestações de simpatia na população, que a recebeu com uma carinhosa acolhida.

Sem coragem de atacar diretamente a Rainha, os soviéticos emitiram comunicado criticando o chanceler alemão Helmut Schmidt, cuja presença ao lado da soberana inglesa - disseram os russos - não contribu ía para

Admiraçio e entusiasmo na acolhida do povo alemão à Rainha Elizabeth 11

Em Bonn, após a recepção o processo de distensão e violava oficial e algumas visitas proto- o acordo de Berlim de 1971. colares, a Rainha foi à Prefeitura Ô! os acordos ... O que valem assinar o Livro de Ouro. À saída, eles para os soviét icos? na Praça do Mercado, Elizabeth @ li não se limitou a cumprimentar alguns populares. Aproveitando EM MATtRIA de vtsttas, uma tarde excepcionalmente a- curiosos são os conceitos de gradável, conversou calmamente Nicolai Ceauscscu. Quando viacom os circunstantes e logo se viu jou para os Estados Unidos este envolvida por uma pequena mul- ano, o presidente romeno enviou tidão que a aplaudia. funcionários seus à Texas lnsNuma cidade acostumada a tr11111entals, de Dallas, a fim de tomar conhecimento das visitas contratar os serviços da empresa de chefes de Estado apenas pelo para se preparar ao chefe de aparato policial e pelos carros Estado comunista uma acolhida negros que atravessam rapida- prestigiosa. mente as avenidas, a presença da Ceausescu exigiu, por exemRainha da Inglaterra foi um plo, que um carpete vermelho acontecimento, ''a maior festa da fosse desenrolado a seus pés pri,navera", como não se cansava quando ele caminhasse no avião. de repetir uma senhora que con- A sua chegada, cartazes de boas seguiu apertar a mão da so- vindas deveriam ser colocados ao berana. longo do trajeto e empregados da Durante cinco dias os alemães Texas lnstrume11((1/s deveriam aocidentais conviveram com a Rai- cenar bandeirinhas romenas a sua nha. E o mais imponantc é que passagem. Ceausescu preferiu esela fosse vista por eles, razão colher ele mesmo os presentes principal, e talve7. a única, de sua que os norte-americanos deveviagem à Alemanha. riam oferecer-lhe: um riíle, ePoucos dias antes, Leonid quipamentos de caça e um casaco Brejnev também esteve em visita de pele. àquele pais. A recepção foi bem Alguma leitu ra sobre o "sadiferente. O leitor bem pode voir faire" de autênticos diploimaginar porquê ... matas e homens de Estado, c-0mo Aliás, a presença de Elizabeth Ta lleyrand e Mcuernich, faria li em Berlim Ocidental, onde bem aos políticos romenos ... garantiu a proteção britânica à W. G. S. cidade, causou espécie nos russos.

6

Dia riamente, as notícias í>rovam presta apoio i, causa marxista no o crescimento e a rápida expansão terreno religioso; alguns até apre· do poder comunista parn controlar e sencam unrn imagem de Jesus CO!l)O escravizar os povos. Os governos o subversivo de Nazaré, e estão comunistas, por toda parte, traba- envolvidos cm orga nizações pai-a lh:-un constantemente para a do- ajudar a levar o comunismo ao minação do mundo. A União So- .Poder, O Movimento Comunista viética e <l China comunista possuem Internacional csttí engajado nn ma is armas nucleares e quando estes ~mbicio:m e enganosa manobra para ma u::: governos alcançatcm maio1· contr()k do mundo. poder militar. forçarão as nações a Alguns cristãos. q ue admiram se submeterem i, ditadura do co- Marx, Lenine, Mao, Ho Chi Minh, mun ismo. Esca não é uma lo nga Allendc e C.istro. tentam unir a especulação mas uma rea lidade fu- Cristandade e o marxismo como 1un1 definida - possível a q u:1lquc,· meio de reformar a sociedade. Mas tempo. A perspectiva do mundo, eles vivem uma ilu são. Muitos deles. hoje em dia, não isenta os Estados que se autoproclam~un dcfcnsorc.S Unidos de um futuro controle pelo d;l justiça social e da paz. são cegos <.:Omunismo; <·1 infiltração deste e as para os cruéis assassin:1tos e Su· pessoas dedicadas a ajudí1-lo são pressão dos direitos humanos pelos basia111c numerosas. regimes comunisl<lS da China con· tinenial, do Viet nã, do Laos, cio Cllmbodge, de Angola e de outros O comunismo quer pniscs. Enquanto critic;un as nações escravizar a terra n5o comu nistas. permanecem silenciosos sobre as atroeid,,dcs comeO mundo CSHi numa Cttrv<1 da tidas pelos vermelhos. Estudai os Mistória e a sorte dos ho mens pende efeitos de suas declarnções e prona bak1nça. Tl'ansigir com os países testos! comunistas, prover-lhes :1bas1ecimcnto e apoio moral. serve. apenas. O papel dos católicos P<•rH uma b,isic~ rc,alidadc: um mai.or fortalecimento para a evenMuitas pessoas. na Europa e na tual cscraviiaçãu do mundo pelo América. perderam o intcrcs.sc e a comunismo. Estamos no fim do coragem e nada foz<:m p<tr<• resistir~, tempo suficiente para mudar o curso expansão do comun ismo e à domida histórfo e inspirar uma tentativa naç;io total itária do PC. Quando o de despertar. Papa Pio XI publicou a Carta EnciO comunismo é intrinsecamente clicc1 sobre o comunismo ateu , remau: este mal vem ~ob a forma de feriu-se ao "silêncio da imprensa", violência, terror, destruição e escra- numa ocasião c m q ue um largo setor vização. Os comunistas. cm todos os da imprensa não-católica escondia países. unidos por suH própria fi lo- o.s Cl'imcs do con1u11 hm10. E .igora sofia mai·xisrn e assim todos eles muitos dos nossos meios de comuni· éstão compcnc1rndos e dedicados ao cação de massa católicos estão sob o 11·iun(o do comunismo através do efeito do feitiço do com unismo e mundo. recusam-se :·L dizer o que poderia O comunismo é uma guerra prejudicá-lo. dcclarad~1 contrn Deus~ contra a A peneira ntc e reveladora t111<lliIgreja Ca tólica, contra a Liberdade e se do comunismo feita pelo Papa os Direitos H urna nos, e seus scq ua· Pi o XI. cx1>ondo seus males e zcs têm cometido cm todos os países desprezo pela hu manidade, penn,i atrocidades desumanas. nccc ,i inda hoje como um de nossos Por que, então. o comun is mo mais vúlidos docun1cnLos a respeito continua a crescer'! F. lcs usan,. su .. cio comunismo. É triste que tantas ccssiva rncntc. táticas para convencer pessoas: na Igreja não o tenham os povos de <1uc o com unismo levado cm consideração. Lamcntavclmcnlc. as advertênrcspcitnrá a liberdade e de que a Igreja não será perseguida. cias de Nossa Scnhorn de Fát ima e Esta é a gr:u1dc mentira. Desvia r os ensina mentos do Papa Pio XI d,1 onodoxia cornun ista é uma não foram su ficientemente apreciaconcessão tcmpor:t1ri~. delibernd,,. dos pelo povo. Corno resultado, a mcmc feita por razões tüticas como infiltração e o poder do e()rnu nis1110 um meio de aquisição do poder. tém sido in:iis fones e ma is tcrdvcis Depois de os comunisrns ga nharem do <1uc cm qua lquer o ut ra época. o poder. sua filosolia impõe a Alguns éristãos nutl'cm a fa lsa dcstl'uição ou , cvcntua !mente. com· idéia de que um novo homem e uma pleta sujeição da Igreja e do povo. nova China apareceram na China O comunismo encontra hoje na continental sob o domínio do comureligião incstimiívcis êt liados cm Slrn nismo. este falso ponto de vista busca ele dominação tot.1I. O fantús- cs1H1lhou-se largamente porque o ti<'O plano de transformar a Igreja Ocidente confundiu os milhões de num instrumento da conq uista co- chi neses com o peq ueno grupo de mmlist;J sc1·ia incl'Ívcl se não visse· ditadores comunistas. como se eles mos tud o o que está acontecendo fossem um 1>ovo unid o. Os treante nossos olhos. A estratégia dos mendos sofrimentos suportados pecatólicos füvor{wcis ao marx ismo lo povo chinês sob o domínio

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C3rdeal Yu Pin

comunista desde 1949 são algo inigualado na História.

Mensagem de Fãtima e direitos humanos Não devemos, porém, perder a esperança. Encorajo vosso zelo e rezo para que Nosso Divino Senhor e Sua Santa Mãe nos dêem forç~ e coragem em nossos esforços para expor os erros do comunismo e levar a liberdade a quase um bilhão de pessoas que vivem sob o pesado jugo dos ditadores vermelhos. Durnnte esta difícil fosc de sob,·cvinda d9 comunismo. nós prccisan1os encorajai- os fiéis a rc1.t1rcm fervorosamente e a promoverem a Mensagem de F:ttirna que N0Ssí1 Senhora deu ao mundo cm 1917, no mesmo ano cm que a Rússia. enquanto governo, começ<> u a espalhar os erros do co munismo pelo mundo, como a Virgem pred issera. Os homens de todos os credos devem unir-se contra o comunismo: uma êlmpla e forte ação deve ser organizada para expor cm todos os lugares sua naiureia péssima. e governos li vres devem ex primir cm alto e bom som. a <lctcnn inação de denuncia r as violações dos direitos hu manos pelos ditadores vermelhos. A dcstruiç.ã o do comunismo ateu não ser,, f.ícil. Só a graça de Deus reali,.ará o trabalho de dar a liberdade aos oprimidos. Mas esta graça pode ser conseguida por uma cruzada cspiritu;1I - orações. sacrifícios e ação social - inspirada pclâ pa lavra de Deus, realinnad:1 na Mensagem de Fátima. O poder da Mensagem de Fát ima pode converter o inundo comunista! Nós precisamos considerai' que não \' tarde para evitar a d?minação do mundo pelo comunismo.

Mas, talvez antes do fim do mal comunista no mundo, outras nações e mesmo o mundo inteiro podem cair sob sua tirania. Os cmólicos devem C$Wr prcpar.:tdos para sofrei' o manírio",

(IJAT01IlCil§MO MENSÁRIO

com aprovação cclcsi;í.stíca CAMPOS - ESTADO 00 RIO Dirc1or P3ulo Conéa de 8ri10 Filho Diretoria: Av. 7 de Setembro 247, e:1ixa postal 333, 28100 Campo~, RJ. Adminislraçio: R. Dr. M3rlinico Pra· do 271, O1224 Siio Paulo. SP.

Composto e irnprc%o na Artprcs.s Pap~,s e ATICS GrMiC3s Ltda .• Rua Dt. ~farlinico Pt3dO 234, São Pau· to, SP.

Assinatu.ra anuaJ: cornl11U CrS 150.00; COOi>erador CrS 300,00: benfeitor CrS 800.00; grande benfeitor CrS 1.500,00 ; seminaristas e cstud:mlcs CrS 120,00: América do Sul. Central e do Norte, Portugal e I!.spanhn: vin de $Upcríícic USS J8.00, vi;a aérea USS 23,00; outro$ países: via de su· pcrfícic USS 20.00. via aérea USS 23 ,00. Venda avuls3 : CrS 10,00.

Os pag::imcntos. sempre cm oomc de

Edilor:; Padre Belchior de J>ont~ S/C, poderão ser cneaminh;,idos à Administrnção. Para mudança de endereço de

:,ssinnntcs,

é ncccs..~á.rio mc.nciOn:.\r

uunbém o c11dcrcço jncigo. A corres•

Fotolito Grafa Ltda.

pondência rcl31iv:1 ~ minatut:L'i e ven~ da avulsa deve ser enviada 3

RUA SÃO. LEOPOLDO, 101 - FONES:93-6959 - 93-0368 . SÃO PAULO

Adminislração

R. Dr. M.11ti11ico Prado 271 0 l 224 São Pou lo. SP


Símbolo

naçao

' A

S MARGENS do Tejo, cm Lisboa, ergue-se majestosa a Torre de Belém, construída entre os anos de 1515 e 1521 pelo arquiteto Francisco Arruda. Devido ao branco de suas pedras, ao contraste harmonioso entre o liso de suas paredes e o rendilhado de seus ornatos, à pompa e à in1ponência de sua construção, ela evoca a idéia de castelo, embora seja apenas uma torre. Nesse "ca~telo" distinguimos duas linhas de construção bem definidas, colocadas ambas numa belíssima relação estética: o corpo da torre, vertical, e o patamar térreo, horizontal. A proporcionalidade da altura de uma e a largura de outra é tal , que faz lembrar uma rainha com a cauda magnífica de seu vestido. Uma "rainha" de pedra, com uma "cauda" tambén1 de pedra, que olha altaneira, sobranceira e dominadora, a foz do Tejo, o mar e a cidade de Lisboa. Fortaleza, prisão e torre de vigia ao mesmo tempo. a Torre de Belém encontra-se intimamente ligada ao passado histórico de Portugal. Dali partiam os navegantes e missionários. Com embevecimento e saudades contemplavam-na, ao vê-la distanciar-se e diminuir de tamanho, em seu avanço rumo ao Atlântico e ao desconhecido. De volta de sua epopéia, viam-na surgir como um ponto branco no horizonte, e tornar-se cada vez mais nítida em seus contornos, à medida que a nave se aproximava do porto. "E/ Rey" aí se hospedava, com a Família Real e toda a Corte, para presenciar a partida da Armada. A Torre tomava, nessas ocasiões, brilho e coloridos novos, pelo desdo brar dos tapetes nas amuradas, e pela movimentação das pessoas cm seu interior, com seus magníficos vestidos. E também pelo tonitroar de seus canhões, em resposta às salvas dos galeões que passavam corn as velas enfunadas e marcadas em vermelho pela Cruz da Ordem de Cristo.

sacada, condecorada de ornan1entos. Assemelha-se a uma caixa de jóias, tanta beleza do rendado das pedras e o bom gosto dos desenhos. Era a janela do quarto real, todo ele mobiliado com magníficas peças do século· XVI encimado por abóbodas de est ilo medieval.

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No terraço coroado por maravilhosa "loggia", contemplamos a Virgcn1 da Boa Viagem. Esta bela imagem de pedJa como que observa atenta e vigilante a entrada do porto ~ a vastidão do mar, dispensando sua proteção e bênção~ a seus filhos portugueses em seus "cristãos atrevimentos" p·elos ·mares encapelados, no dizer de Camões. Ela é bem o símbolo da Fé da gente lusa. Fé que moveu esse país à guerra secular contra os mouros. Fé que levou seus navegantes a se lançarem heroicamente no oceano, . a empreenderem a epopéia dos descobrimentos. Fé, por fim, que deu a esse povo naturalidade ante o perigo, força na adversidade, serenidade· no sofrimento, o que permitiu a uma pequena nação de apenas dois milhões de habitantes levar a cabo a ingente tarefa de colonização em tr~s continentes. Na Torre de Belém, vê-se o Portugal autêntico, sedento de heroísmo, abençoado pela Providência. Bem dife- · rente, aliás, do Portugal de nossos dias ... Quem despertará o Portugal da Torre de Belém?

Os enc~intos da Torro do Bolêm manifos•

tam~se com matizes distintos nas vi,,ias horas do dia. Ei•la (foto acima) envolvid3 na melancolia evocativa do crepúsculo.

Dianto da loggia ren.ucentistil, a Virgem d3s Boas Vi3gcns abençoava as naus que iam singrar os m:,res. levando a novos mundos o tosouro da F6 e,atóliea (foto à direita). Daí partiram os primeiros missio·

nários e colonizadoros rumo à recóm'-dos,

coberta Torrã de Santa Cruz.

Observando detidamente o prédio, nota-se uma janela com uma espécie de

Oo terraço su~rior (foto abaixo), pode admirar-se as águas do Tojo se lançarem nos braços do oeeano. Af vittm•sc outrora

alinharem-se os galeõo$ ombandoirados. ostentando nas velas a. Cruz de ·cristo.

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IJAfOJLUCUSMO

CARTA ABERTA AOS BISPOS ITALIANOS O. Arrigo Pintonollo

O ARCEBISPO MILITAR Honorário da Itália, D. Arrigo Pintonello, publicou em sua revista ºSeminari e

Teologia", de Pomeiia (Roma), de março.. abril p.p., oportuna carta aberta ao Episcopado italiano. D. Pintonello foi vigário Geral Castrenst' da 1t, ua e escreveu também uma "Súplica aberta" a Paulo VI sobre questões anélogas às do documento dirigido aos Bispos italíanos, do qual publicamos abaixo a tradução em português de seus principais tópicos:

os

EXCELENTlSSIMOS Senhores Bispos [ ...) suplicamos queiram dedicar um pouco de tempo e atenção aos seguintes motivos de meditação - além do jã habitual tema da promoção social - sobre a

A

dramática situação do momento, a fim

• O DIÁLOGO rcduúdo a um expediente de pretexto para toda forma de contestação, perda de própria identidade e especificidade cristã-católica: medrosa e progressiva diminuição con•

íessional; relativi,.ação da verdade e de sua posse; concepção democrática da Igreja e de seu governo, com a correlata exaltação do parlamentarismo de assem·

menos na aparência, mais obediente à

bléias.

almas, não obstante a propalada democracia ter-se transformado não raras vezes em uma oligarquia que não escapa ao despotismo absolutista. • NO ÂMB ITO doutrinário. litôrgico e pastoral da Igreja, b<!m como a própria vida dos povos, subtraidos à vigilância dogmática moral e às solicitudes apostólicas dos verdadeiros Pastores. pelo choque de uma mal entendida liberdade e pelo cíeito de um diálogo inconsiderado. ecumenismo indisciplinado e íalso irenismo. • A ASCESE cristã, consagrada por séculos de história e também confirmada pela santidade heróica, agora esvaziada de seu conteúdo evangélico, como a abnegação de si e o sacrifício, os quais foram substituídos pelos direitos da pessoa ~umana. • OS SEMINAR IOS e conventos em sua maioria desertos, fechados ou cedidos. enquanto as escolas teológicas.

• O ECUMENISMO realizado como: superação dos limites entre a Igreja e qualquer outra religião; indiícrença prática. senão ab<!rtura dos cristãos cm relação às ideologias materialistas; mão estendida ao comunismo, no mais cínico

e culpável silêncio sobre os horrores da Igreja emudecida e dos campos de trabalhos forçados siberianos. • A IDENTIDADE da religião

de se deduzirem oportunas e inadiãvcis

católica comprometida com a inserção

opções pastorais. Gostaríamos que os Excelentíssimos Bispos refletissem ante.~ de tudo sobre:

com sua redução a simples fenômeno de Uma religião universal.

Pontos • A LIBERDADE entendida como

pcrmissivismo moral, justificado cm

nome dos direitos da pessoa humana; pluralismo doutrinário [ ... ].

chcíe de Estado comum. além do que não raramente ridicularizada, devido ao obscurecimento de seu especifico serviço eclesial. • O GOVERNO da Igreja. pelo

de formas e elementos protestantes ou

• A IGREJA degradada ao papel de uma organização política qualquer na

medida cm que perdeu de vista seu fim sobrenatural ou o pospôs a veleidades de promoçijo social. • A FIGURA do Romano Pontir.cc teologicamente redimensionada e. nem sempre pacific.amentc. assimilada a um

ânsia espasmódica de marchar ao com·

passo de formas avançadas de democracia do que aos efetivos interesses das

quer a nível de seminário, quer a n'ivel acadêmico. tornaram-se, muito freqüentemente. cátedras de heresias e de desvios doutrinários. • OS ""NOVOS PADRES'". disfarçados e camuflados no meio da multidão, privados do trato sacerdotal que distingue o "homem. de Deus" (2 Tm. 3. 17), ostensivamente assimilados ao mundo e a seus critérios. e AS POPULAÇÕES sistematicamente traídas em sua espera de evangelização com uma catequese antididática e não raramente antiteológica. • A ATEIZAÇÃO geral dos povos, por fim, trágico íundo de quadro sobre o qual o silêncio de quem teria a obrigação de íalar, mas. pelo contrário, se cala. assume o significado de um aberto desafio à sempre renovada condenação do materialismo ::ncu de Pio lX. Leiio XIII. São Pio X. Bento XV. Pio XI e Pio Xil.

Votos DIGA-SE basta à orgia do pluralismo teológico com o qual se acob<!rta um lamentável indiícrcntismo de base, o permissivismo moral, o ecumenismo indiscriminado e o irenismo inconsiderado.

MIL PADRES APÓIAM COVADONGA MADRID - Diretores, sócios e cooperadores da Sociedade Cultural Covadonga, acompanhados de uma com issão de Sacerdotes, entregaram às Cortes espanholas, no d ia 18 de maio, uma petição firmada por mais de 1000 Padres de todas as regiões do pais. O documento, intitulado "Co-

FECHEM-SE drasticamente [as comportas] ao marxismo e renove-se a sua condenação, agora que em ambientes de cultura laica [e portanto insuspeitos] também se afirma a sua incompatibilidade com o Cristianismo. DESTITUAM -SE os professores e superiores dos seminários. propaladores de erros e heresias. FORME-SE um Clero sadio e santo. restituído ao modo de vida apostólico. CATEQUIZEM-SE as populações segundo o catecismo de São Pio X. mesmo com as necessárias adequações às realidades religiosas, morais e sociais hodiernas. PONHA-SE um dique à espantosa inundação de imoralidade. SALVE-SE a juventude. presa indefesa dos corruptores sem eser(1pulos. DIGA-SE com firmeza evangélica "sim, sim". "não. não" aos grandes problemas da vida religiosa e social e íuja-sc da detestável sinuosidade do fingimento diplomático e do compromisso político. RESPONDA-SE às instâncias do problema social de modo a não antepôlo nem contrapô-lo às questões primárias da salvação. EM SUMA: cxerciteasc com firmc,,a e oporcunidadc (considcrc-:sc as lei!; sobre o divórcio. o,uc1n; sobre o nborto, hoje), o poder das Chaves, como o exerceu Cristo~ como o exerceram os Bispos no decurso dos séculos, de forma colegiada. mas também privada. nunca o condicionando à aprovação da assim chamada "'base··. isto é, dos leigos e dos próprios Padres.

lnterrogaçlles PESSIMISMO nosso? Pelo contrário, nossa visão ••negra·· das coisas é compartilhada pelo juizo escrito de centenas e centenas de Sacerdotes, Bispos e leigos. INGERl,NCIA no que é da competência dos Bispos? Melhor diríamos nosso reconhecimento de tais prerro· gativas é pleno. [ ... ) UMA VOZ no deserto, a nossa? Somos tentados a temê-lo. Entretanto, confiamos no senso de responsabilidade apostólica de nossos Pastores e queremos esperar que a muralha de seu silêncio seja afina l e corajosamente abatida.

l'"''''"'''

mo explicar o inexplicável? Eclesiásticos favorecem a implantação do divórcio - Apelo da Sociedade Cultural Covado11ga às autoridades e ao público da Espanha'", solicita que se elimine

Destaques

da futura constituição espanhola o d ispositivo que permite a introdução do d ivórcio, bem como

"qualquer formulação ambígua sobre a indissolubilidade do ,natrim611io". Entre os 1009 signatários do abaixo-assinado de "Covadonga" figuram 63 Cônegos, 228 Párocos, 58 Coadjutores e 466 SaAo lado: jovons de "Covado nga" dist.ri· buom folhetos contra o divórcio, junto à

Praça Mayor de Mad rid. Embaixo; um gruµo de Padrns signatãrios do m anifosto do "Covodongl'I" incorporou,se à eomiti· va que entregou o documento 35 Cortes.

ccrdotes diocesanos. Entre os religiosos encontram-se 5 Beneditinos, 21 Agostinianos. 4 Esco"ápios, 1 J"Carmelitas, 5 Domini;anos, 19 Franciscanos, 8 Capuchinhos, 39 Jesuítas, 18 Claretianos. 6 Salesianos e 20 religiosos de ou tras Congregações. A petição ressalta que a a tual onda publicitária a favo r do divórcio na Espan ha, quer dar a impressão de que a implantação do mesmo corresponde a uma aspiração popular irresistível. "No e11to11to - afirma o documento - esse vendaval antifa-

mília encon1ra e,n seu can1inho uma ,nuralha. que é a convicção da absoluta maioria de nosso povo, de que o divórcio é u,n câncer destrutor da sociedade, contrário aos princípios fundamentais da Religião Católica e da Lei Natural". A Sociedade Cultural Cova-

donga informou que já distribuiu mais de 250 mil exemplarc.ç do referido documento, sobretudo através de campanhas públicas realiiad as por seus sócios e cooperadores em todo o território espanhol.

Nunca, como hoje, houve na humanidade tanta sede das verdade-s divinas e [ao mesmo tempo] tanta escassez delas. Nunca, como em nossos diás. houve tanta anarquia na Igreja e tanto desnortcamento por parte dos Pastores de almas. em todos os níveis. Nunca. como em nossa fpoca, o Depósito de Fé sofreu tantas insídias cm sua integridade e a Igreja docente íoi tão muda e tão avara no cumprimento de seu mandato magisterial e pastoral. f:: pueri l apelar a [formulações como esta): Deus, que preside as leis da História. não abandonará seu povo. Isto é fatalismo. [ ...)

Concluslles Erros e heresias. caos e anarquia: um verdadeiro flagelo, muito mais vasto e destrutivo que o de Átila, com consequências que deveriam tirar o sono aos responsáveis pela vida e o governo da Jsrcja, os quais. pelo contrário, incxpH· cavelmentc se calam. Ignorância teológica? Amor â vida mansa? I RMÃOS NO EPISCOPADO. Também cm nome de numcrosissimos Sacerdotes e leigos, dos quais cada dia se recolhem os gemidos de desalento e a incontenível angústia pelo atual momento de coníusão geral, de debandada e de deíccções, ousamos dizer-Vos: RENOVAI cm nós a alegria de ser bati1,ados nesta Igreja que, confiada às vossas mãos, parece hoje irreconhecível, de tal modo est~ convulsionada e subvertida. RESTITUI-LHE sua verdadeira fi. sionomia, suas autênticas diretrizes e~ vangélicas, suas conotações tcologais, em plena conformidade com vosso poder e com vossos deveres episcopais. sobre os quais a Igreja mesma se rege como sobre suas próprias colunas: a Vós o povo de Deus olha como o motivo da própria esperança. Arrigo Pintonello Arcebispo


Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

A MEDIAÇÃO UNIVERSAi_; DE MARIA SANTÍSSIMA •

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A imagem de Aparecida, sem o manto (em montagem, peça de cantaria, de Ouro Preto)

Maria, Medianeira Universal de todas as graças D. Antonio de Castro M aye r. / por mercê de Deus e da Santa Sé Apostóliea . B üpo IJi oee." ,."'º de Can,pos. / A ·o Bellm o . Cl<>ro Secular e Regular~ à.9 ller,,las. Bel ig losas. à l'en e• ' rár,el Orde,n 'l:e rcelr,,a de Nossa S<>nhora do Monte Carmelo. às Assoc~ões d e pie da.le e apo11tola,lo. e aoa fiéis e m geral d a Diocese d<> Campos. / Sau,laf!ão. p a • e 6 /lnf~" em Nosso Senhor Jesus Cri•to. Zelosos cooperadores e amados filhos.

minoso, que atinge a veneranda imagem da Padroeira de nossa terra. E esta, zelosos cooperadores e Jâ tivemos oportunidade de la- amados filhos, ocasião oportuna, mentar convosco o abominâvel sa- para afervorarmos nossa devoção e crilégio cometido contra a imagem nossa confiança cm Maria Santísde Nossa Senhora da Conceição sima. Devoção que nos leve ao Aparecida, Padroeira do Brasil. As- arrependimento sincero de nossos sim que soubemos da nefanda pro- pecados, também eles responsáveis fanação, que despedaçou a sagrada pela profanação havida, porquanto cflgic, sob cuja invocação a materna Deus Nosso Senhor não a teria solicitude de Maria Santíssima deu permitido se nossas faltas não meinúmeras demonstrações de seu mi- recessem a advertência. Nossa consericordioso afeto por nossa gente, fiança, porque, no Seu amor materunimo-Nos aos vossos sentimentos, no, a Virgem Mãe não despreza, e juntos demos à Excelsa Mãe de antes recebe com benevolência e Deus uma reparação pela ofensa i- carinho, o coração contrito e hunaudita ao seu amoroso Coração. e milhado. significamos nosso amor e nossa Em comentârios, após o ato gratidão pelo desvelo e carinho, com sacrílego ocorrido cm Aparecida, que Ela nos acompanha com seus salientou-se que o importante é a favores (1). Mãe de Deus, Maria Santíssima, e Secundamos os desígnios da não propriamente a imagem. Frase Providência - que tem contados até cunhada para al.iviar o luto que caiu, os fios de cabelo de nossa cabeça pesado, sobre a Igreja no Brasil. (M t. 1O, 30) - quando buscamos Está, no entanto, longe de dir.cr toda perceber nas ocorrências da \'ida, a verdade. A imagem, de fato, tem qual a misericórdia de Deus a nosso sua importância; e tão grande é ela, respeito. Com muito maior razão, que justifica a existência do Santuâportanto, compete-nos refletir sobre rio Nacional de Nossa Senhora da esse fato insólito e altamente peca- Conceição Aparecida.

(1) Cireu.l ar de 23 de maio de 1978.

(2) Cfr. a advertência feita pelo Sr. ArocbispQ Coadjutor de Aparecida, D. Geraldo de Moracs Pcnido. em "No1ício,t", da CNllll. 21-26/ 5/ 78.

(3) Bossuc:l fez eco a Santo Agostinho no 2.0 sermão da 6.• feira da 1.• semana da Paix3o: ''Suo come [de Cristo) / o Vossa tornt-, d Maria. .seu Songut o Vosso so11g·ue'' - J. 8. Tcrricn, "M~re dt Dltu, Mire des Jlommts", P. II. L. V, e. 1.

2

(4) Veja-se Gene.is 17, 5; 32, 28; Mt. 16. 18. (5) Sermão 51, e. 2. n. J - H. Lenncr,. '"Dt IJN1to Virgine", Univ. Greg.. 1935.

(6) Símbolo. niceno--consiantinopolilano. que $C reci1a na primeira parte da Santa Missa. (7) Diãlogo eom Trifio. judeu -

J. B.

Tcrticn, o. e.. L. 1, e. 1.

(8) Adv. Hacrcscs - Contra as HctCSià$

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L. .l. e. 22. Tcrrien, o. e-., P. 2, L. 11 e. 1.

Contudo, embora a frase não diga toda a verdade. diz o suficiente para nos alertar sobre o significado real do culto das imagens. Ou seja, que é um culto que se mede pela importância da Pessoa a quem a imagem representa. E, nesse caso, não poderíamos dizer, sem receio de errar, que a imagem quebrou-se, porque já estava em pedaços cm nossos corações? (2). Em outras palavras, não terá a Providência permitido a profanação da imagem, para sacudir o torpor de nossa devoção a Maria Santíssima? Eis a razão desta Nossa Carta Pastoral. EsperAmos, com a graça de Deus e a proteção da Virgem Mãe, contribuir para afervorar vossa confiança, vosso amor e devotamento à Imaculada Mãe de Deus e Mãe nossa amabilíssima, a fim de q ue vossa piedade filial se volte à Maria Santissima com maior ternura e seriedade.

Aparecida e a Mediação Universal de Maria Zelosos cooperadores e amados filhos.

(9) De Carne Chtisti - Sobre a carne de Cris10 - Lcnncrz. o. e. (10) Assim. São Cirilo de JcruS.ll~m. São Jerônimo. $3n10 Efrtm, Santo Agostinho e

outros. como pode vcr,se em Tcnien, o. e., P.

2,1.,t,e. l.

(11) ..Quo,J Atvo triSIÍ.f obstullt I n, n·d· ,/is olmo germine". ( 12) li Pcd. J, 16: "N,las [nas·carias de São Paulo] há olgmnos J)assagt1'S diflceis de entender. ,.-,ljo sentitlo os esplritos igno rantes o u pou(o fonoll:âdos dtt11rpom. para suo

As peregrinações a Aparecida, que soma m milhões de pessoas, são um testemunho vivo da Fé com que os fiéis crêem que Maria Santíssima é a Medianeira na distribuição das graças divinas. Vamos, pois, lembrar convosco os títulos que justificam essa nossa fé na Mediação Universal de Maria Santíssima, como canal que é de todas as graças que descem do Coração Sacratíssimo de Jesus sobre as almas, desde a vocação ao Batismo até os auxílios quotidianos de santificação, com que a bondade de Deus nos acompanha os passos da vida. Zelosos cooperadores e amados filhos. Maria Santíssima é Mãe de Deus. Dogma suavíssimo, contido explicitamente nos Santos Evan_gelhos, e definido no Concílio de Efcso, c m 22 de junho de 431 , contra os desvarios de Ncstório, Patriarca de Constantinopla, com suma alegria do povo fiel, que prestou triunfal homenagem aos Padres Conciliares, acompanhando-os, com tochas e aclamações de júbilo, no retorno da sede do Concílio às suas residências.

Assim, o Verbo de Deus veio ao mundo po,· Maria. Nasceu de Maria, é verdadeiro Filho de Maria, e como o Verbo é Deus (Jo. 1, !), Maria Santíssima é verdadeiramente Mãe de Deus. São Lucas, no trecho de seu Evangelho dedicado à infância do Senhor, relata a mensagem de Deus transmitida pelo Arcanjo São Gabriel à Virgem Santíssima. Nessa mensagem afirma-se, de maneira insofismável, a maternidade d ivina de Maria. Disse o Arcanjo: "Eis que co11ceberás em Teu seio e darás à luz um Filho, e U,e imporás o nome de Jesus[ ... ]. O Espírito Santo descerá sobre Ti. de 111aneira que o Santo que nascer de Ti será cluunado filho de Deus" (Lc. 1, 30-35). A expressão "será chamado" quer dizer: terá como nome próprio, indicador de

próprio ruína, como o fazem tomblm rom as d<'mois ~,trituras". ( 13) Bula "lne/fobills Deus··. de 8 de dezembro de 1854: "Foi por Deus re,•elodo e por isso dtvt .ter trido firme t i,wiolavt lmt nte por 1odos os fiéis. a doutrino que sustenta que o 8eorissimo Virgem Maria.no prim~iro ifl$1<mtt tlt suo Conceição . por singular gra(a e privUégio tlê' Dtus Onipottme, tm '1ista dos mtritos dt Jc:sus Cristo, Salvador do gintro humano, foi prtsuvo,lo imum.._de roda mon• c.ha do pecado orlginof'. 1r:1dução da Edilora Vozes. Petrópolis - negrito nosso.

(14) Abade de Clarava!, \•crdadciro Doutor Mariano t3o bem escreveu sobre a Vir,gem Maria, como Medianeira das Graças celestes. A expressão é do Sermão da resta da Na1ividadc de Maria Santis.sima, conhecida como "D~ Aquoeducul·. n. 4., Obras com· plclas de São Bernardo. ed. Viv~, Paris, 1867, 3. 0 vol.. p. 402. Se bem que São Bernardo tenha proporcionado a frase Deus quis que tudo t1Vé$semos por M:aria de que se 1êm servido os últimos Papas, para exprimir sua persuasão de que Mana ~ Medianeira de iodas as graças, o pensamento,

Maria Santíssima é M.ãe de Deus, porque, com sua carne virginal, colaborou com o Divino Espírito Santo, na formação da naturc?.a humana do Filho de Deus, o que levou Santo Agostinho à bela e arrojada expressão, "Caro Christi, caro Moriae" - "a Carne de Cristo é carne de Maria" (3).


sua natureza. pois é este, na Sagrada Escritura, o valor dos nomes impostos por Deus (4).

ll participação de Maria na obra da Redenção

O fato de Maria Santíssima ter sido escolhida para Mãe de Deus, e de sê-IA realmente, por isso que é Mãe do Filho de Deus Humanado, tem conseqüência irrecusável na economia da Graça, no plano da Redenção do gênero humano. Observa muito bem Santo Agostinho, que Deus poderia fazer-se homem, sem nascer de mulher, sem o concurso da Virgem Maria. Seria coisa facílima à Sua onipotente majestade. Como pôde nascer de mulher, sem concurso de varão, poderia igualmente dispensar a colaboração de Maria (5). Se, pois, quis nascer de Maria, é porque Maria entrava no plano divino que determinou a Encarnação do Filho de Deus. O Alt íssimo, com efeito, nada faz sem motivo. É ª$ente infinitamente sábio, para agir inconsideradamente. Toca-nos, se nos queremos integrar nos desígnios divinos, aceitar o pressuposto irrcfragávcl de sua misericórd ia, quando determinou que a Encarnação do Verbo se fizesse, mediante o corpo humano formado no puríssimo seio de Maria Santíssima. E, como professamos no Credo, Jesus se encarnou "por causa de nós homens e de nos.ta .ralvação" (6), não nos é lícito excluir a colaboração de Maria Santissima na obra com q ue a bondade divina remiu o gênero humano.

Na Tradição eclesiãstica Aliás, o relacionamento da maternidade de Maria com o plano da restauração do gênero humano é anterior a Santo Agostinho. O Doutor da Graça não passa de um cio, precioso sem dúvida, da corrente formada pela Tradição eclesiástica que remonta ã Igreja Apostólica. Com efeito, já nos primeiros séculos, os Padres da Igreja compaginavam Maria Santíssima ao seu Divino Filho na missão restauradora do gênero humano. São Paulo. na Epístola aos Romanos, declara que, como pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores, assim pela obediência de um só. todos se justificam (Rom. 5, 19). Os Padres da Igreja, como a completar o pensamento do Apóstolo, inserem na antítese entre Ádão e Jesus Cristo, a oposição entre Eva e Maria. No século li, registram os anais eclesiásticos o testemunho de São Justino, mártir (t 165), segundo o qual, a obediência de Maria anulou a desobediência de Eva: "Eva - afirma o santo - virgem e sem ,nácula, concebendo a palavra da serpente. gerou a desobediência e a ,norte; ,nas. Maria. aquiescendo à palavra do Anjo [... ] gerou Aquele que derrotou a serpente e seus asseclas, anjos e hon,ens" (7). De modo mais explícito, Santo Ireneu (t202), Bispo de Lyon, no mesmo século II, atesta: "Como Eva, virgen1, pela sua desobediência, tornou-se para si e para todo o gênero humano. cau.,·a de morte; assim, Maria, pela sua obediência, tornou-se para Si e para todo o gênero humano, causa de salvação. [... ]. Assim, a cadeia da desobediência de Eva foi dissolvida pela obediência de Maria. [... ] como o gênero hun,ano foi vinculado à morte por uma virge,n; assim, pela Virge,n Maria foi salvo" (8). Tertuliano, na África, desenvolve, em fins do século segundo e começo do terceiro, o mesmo pensamento: "Eva acreditou na serpente: Maria en, Gabriel; a falta co111etida pela incredulidade de u,na, a outra apagou por Sua fé" (9). À medida que avanÇamos na História. continua no ensinamento eclesiástico a mesma concepção da economia da Graça que faz de Maria a restauradora da desgraça causada por Eva (10).

não obstante, remonta ao século li. pois já se encontra cxplíc.ito nesta frase de Santo lrcncu: ·· Deus quer que Ela seja o J)tinclpio de 1Q1/os os dons'" - "Vult Dtus ipsam omnium dcmorum esse pri11c1f,ium" (Contra Valcn· tinum, e. 33) - Em C. Boycr...Synopsls Praclcctionum de 8. Maria Virg_ine", Pont.

Univ. Grcg., Roma. 1946, p. S2. (IS) Citado por La~range, "L'tvongite d, Soim Jt:cm". comentário ao cap. 19. ( 16) "Grafias tibi. Domino. / Quae moler ( IS fac·ta nosrra. / Sub auce solutiftro / Filio

"Ide, ensinai tudo quanto vos 11w11- brotam das Sacrosantas Chagas de dei" (Mt. 28, 19-20). Tornando-os Jesus Cristo. É normal, portanto, isoladamente, e dando-lhes um sen- que fora desse canal não se possam os tido exclusivo, que nem sempre têm, homens dessedentar com a água viva expomo-nos a entendê-los mal e a que jorra para a vida eterna. naufragarmos na Fé, como advertia São Pedro, aludi ndo explicitamer1te Medianeira necessãria aos escritos de São Paulo ( 12). por vontade de Deus Assim, não é porque certos textos doutrina revelada destacam uma verdade da Fé, que E eis, amados filhos, a harmonia excluem outros igualmente revelaNão hâ dúvida, amados filhos, dos. Na Epístola aos Romanos, incul- entre o Dogma contido na frase do que esta doutrina provém dos Após- ca o Apóstolo na mente dos fiéis, um Apóstolo, ao afirmar q ue há um só Mediador entre Deus e os homens, e tolos. ponto fundamental da economia da a verdade, transmitida pela TradiCom efeito, através de Santo Graça, a saber, que somente o Salrcneu chegamos a São João Evan- crifício de Jesus Cristo, por seu valor ção, que nos aponta a Maria Sangelista, uma vez que o Bispo de infinito, foi capaz de satisfazer con- tíssima como Medianeira necessária, Lyon fora discípulo de São Poli- dignamente, atendendo a toda justi- por vontade de Deus, na aplicação dos méritos de Jesus Cristo, uma vez ça. à majestade e santidade de Deus, que, segundo os desígios do Altíslesadas pelos pecados dos homens. simo, é Sua intercessão que obtém Em conscq üência, por isso que esta- para os homens as graças de salbeleceu a Providência pedir uma vação. reparação perfeita pelo pecado, neEsta Mediação Universal de Manhum ser criado, Anjo ou homem, ria Santíssima tem, como vimos, seu pôde restaurar a amizade e ntre o Céu fundamento na cooperação que, see a terra. Neste sentido, Jesus Cri.stoé gundo o misterioso beneplácito da o único Mediador, como afirma o munificência divina, Lhe coube na Apóstolo, na primeira Carta<' Timó- obra da Redenção, operada pelo seu teo: "Htí 11111 só Mediador entre Deus Unigênito Fi lho, cooperação que Lhe e os homens, Jesus Cri.110 homem"(! conferiu a maternidade espiritual Tim. 2, 5), Mediação que beneficia a com relação a todos os homens. própria Virgem Mãe, como proclaImplícita em vários tópicos dos mou Pio IX, ao definir o Dogma da Santos Evangelhos - dentre os raros Imaculada Conceição da Bem-aven- em que aparece a Virgem Mãe - a turada Virgem Maria ( 13). Tradição salienta especialmente dois Não é, porém, e.ste, amados fi. que lhe favorecem a explanação lhos, o único aspecto da Redenção. desse Mistério que é a maternidade Com efeito, as graças merecidas da Graça, suavíssima irradiação da por Jesus Cristo, para santificarem. Pessoa amabilíssima de Maria. deveras, os homens, precisam chegar Como não poderia deixar de ser, às almas. informá-las, delas expul- chama a atenção dos Santos Padres a sando o pecado e tornando-as agra- presença da Virgem Mãe ao pé da dáveis a Deus, capazes de fazer a tos Cruz, no Monte Calvário. Padesobrenaturais, meritórios da vida cendo ali as dores mais acerbas que eterna. E esta aplicação da Graça às possa uma mãe sofrer., assiste Maria, almas, merecida por Jesus Cristo, cm pé, com pleno domínio de si, à não se faz sem a intervenção de cruel e atrocíssima Morte de seu Maria. Unigênito bem amado. Ali, numa Assim como é inteiramente certa inefável misericórdia, Ela se une ao . a afirmação do Apóstolo - que pela sacrifício expiatório do Filho de SANTO AGOSTINHO - O Doutor do G••· obediência de um só todos se torDeus, e suas dores, seu martírio, nos ç-a ressalta o papol de Maria SantÍ$sima no narnjustos, como pela desobediência geram para a vida da Graça. plano divino da Encarnação. {Quadro de Sandro Bot1icelli, sec. XV, Galeria dos Qff. de um só perdeu-se o gênero humano "Na paixão de seu Unigênito - , assim é igualmente verdadeira a cios, Florença} escreve Ruperto de Deutz, teólogo asserção de que por urna mulher, carpo, que, de sua parte ouvira ao Maria, nos vem a Graça e a Vida, do começo do século XII (ti 129) discípulo amado. Por outro lado. a como por uma mulher, Eva, tivemos gerou a Be,11-aventurada Virgem a maneira como se exprimem estes o l?ecado e a morte. Eis que Jesus salvação de todos nós, de ,naneira Santos Pad res dos primeiros séculos Cristo e Maria, ambos são causa de que Ela é, de direito, Mãe de nós (15). A interpretaç.ã o de Rué a de pe~soas que transmitem urna nossa sa lvação: Jesus Cristo, porq_ue todos" verdade que faz parte da 'doutrina realiza a satisfação que aplaca a tra perto não é singular. E da Idade cristã. portanto. da doutrina revc.. divina e merece a Graça para todo o Média, com efeito, uma seqUência lada legada por Jesus Cristo aos seus mundo; Maria, porque recolhe esta cantada na festa da Compaixão da Apóstolos. Em outras palavras: ao Graça, fruto da satisfação de Jesus Bem-aventurada Virgem Maria, na fixarem a antítese entre Eva e Ma- Cristo, e a aplica aos homens indi- qua l se declara que coopera ndo com ria, estes Santos Padres não pre- vidualmente. E, como sem essa apli- o Filho sob a Cruz salutffera, Maria tendem propor um pensamento pró- cação, na realidade, o homem não se se tornou nossa Mãe (16). E a prio. Eles expõem simplesmente a salva, Ma.ria é também causa da Litur)lia, como sabeis, amados fi. é um dos meios de que se serve a verdade católica. Por isso mesmo salvação do gênero humano. Corno lhos, este ensino é geral. São Justino é da di1. São Bernardo ( 14), Maria é o Igreja para professar a Fé Católica. Mas não faltaram mestres conPalestina e viveu em Roma, Tenu- canal, o aqueduto, por onde nos chegam as torrentes de graças que sagrados na Igreja. para sublinhar a liano é africano, Santo lrencu veio do Oriente e estabeleceu-se na Fran;; ;;ça. São, igualmente, das várias re,. ,. giões da Cristandade, os continua" dores desta Tradição: Santo Efrém é ' . da Siria; São Cirilo, de Jerusa lém \ . ' etc. • ' 1 Não há, pois, dúvida: a participação de Maria Santissima na obra da Redenção, como restauradora da desgraça causada por Eva, é doutrina revelada. Eis que, na Idade Média, passou ela a figurar na Sagrada Liturgia, constituindo uma profissão de Fé da mesma Igreja. Até nos últimos breviários, aliás, lêem-se, no Hino de Laudes do Ofício Comum da Bemaventurada Virgem Maria, os versos atribuídos a Venâncio Fortunato (t600) onde se professa "o que Eva, infeliz, nos arrebatou Tu restitues com a smua prole" ( 11).

A antítese, pois, entre Eva, causa de nossa ruína, e Maria, causa de nossa vida, é a maneira comum da Tradição destacar, junto aos fiéis, a missão reservada à Santíssi.ma Virgem Maria na obra da Redenção do gênero humano.

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O Mediador necessãrío Não nos perturbe, pois, amados filhos, o fato de a frase da Epístola aos Romanos, por nós citada, nada dizer de Maria. Porquanto os textos da Sagrada Escritura devem ser sempre entendidos cm har.monia com os outros dados da Revelação, uma vez que fazem parte de um todo coerente que é a Verdade confiada por Jesus Cristo aos seus Apóstolos:

cooperons" - Tcrricn. o. e., P. JI, L IV, e. 1. (17) Mariale, q. 29 -

G. Alastrucy, "1fotado da Virgem SonlÍssima", P. Ili, e. IV. (18) Summa, p. IV, tit. IS. e. 2 - ln Alastrucy, o. e 1. e. (19) Encfolica ''Quonquom plurit..s' ', de IS de agosto de 1889. Em Ala.strucy, o. e 1. e. (20) Enclelica "Ad ditm i111Jm", de 2 de fevereiro de 1904. (2t) ln "lo. ,,,a,Jotio", n.

Boyer, o. e. p. S213.

6 - Em C.

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mesma persuasão de que Maria, pelas dores suportadas cm Sua alma, ao lado de seu Filho no Calvário, se tornou a Mãe dos membros do Corpo Místico de Cristo . Eis o que diz Santo Alberto Magno (t 1280): ao tempo da Paixão realizou-se a profecia de Simeão "pois a espada traspassou Sua ahna [ ...] e ficou constituída [ ... ] Mãe de todo u género humano" (17). Santo Antonino, Arcebispo de F lorença (t 1459) sustenta que "ta111bém Maria 110s gerou entre as ,naiores dores, co,,, .. padecendo com o Filho" ao pé da Cruz(18). Com maiorautoridade,os Papas endossam esta doutrina. Leão XIII ensina que "Maria é Mãe també,n de todos os cristãos, p or havê-los gerado 110 Calvário, entre os supre111os tormentos do Redentor" (19). São Pio X, por sua ve1., afirma que a ",·omunhão de dores e angústias entre Mãe e Filho concedeu à Virgem o ser. junto do Filho U11igiini10, a Medianeira poderosíssi11w e Advogada de todo o 111undo" (20). As últimas palavras são tiradas da Bula "lneff abilis Deus" de Pio IX.

São João representa todos os fíêis Como conseqüência dessa maternidade, que ã Virgem custou dores muito mais atrozes do que as comuns dos partos, Jesus Cristo, do alto da Cruz, pro'!1ulgqu sua missão materna, confiando-Lhe todo o g~ncro humano e cada um dos homens, na pessoa de São João, o discípulo amado. Embora uma exegese excessivamente preocupada com o sentido literal menospreze o sentido e.çpiritual desse passo do quarto Evangelho, cm que o Senhor entrega a Maria o discipulo amado, não há dúvida de que a Tradição viu nele a confirmação da missão singu lar de Maria na obra da Redenção, como Mãe de todos os homens na ordem da Graça. De fato,já no sécu lo III, Orlgcnes sublinhava o sentido místico das palavras dirigidas por Jesus Cristo, do alto da Cru1., a sua Mãe, "Eis aí teu Filho" (Jo. 19, 26). "Com efeito - afirma o Doutor Alexandrino - o fiel perfeito não ,nais vive, eis que nele vive Cristo, e porque nele vive Cristo, por isso. dele é d ito a Maria: Eis Teu filho, o Cristo" (2 1). Em outros termos, o que renasce para a vida da Graça, torna-se outro Cristo, e, como tal, filho de Maria Santissima. A interpretação de Orígcncs, com o tempo faz-se comum. Ruperto assim continua o trecho que citamos: .. Por isso, o que ali foi dito do discípulo a111ado. poderia diier-se de qualquer outro que estivesse presente, porquanto Ela é Mãe de todos" (22). Na seqüência da festa da Compaixão de Maria, por nós já citada, em outra estrofe, consigna-se esta interpretação do passo de São João: "A Mãe é dada ao discípulo com grande mistério; sob o nome de João, entende-se todo fiel" (23). Seria muito longo enumerar os teólogos, exegetas e doutores ascéticos q ue secundam a interpretação consignada na Liturgia pela sequência acima (24). Baste-vos, amados filhos, a palavra autorizada de Leão XIII comentando o trecho a que nos referimos: "Na pessoa de João, segundo o pensamento constante da Igreja [quod perpetuo sensit Ecelesia], designou Cristo o género h111110110, prin cipalmente aqueles que a Ele aderem pela Fé" (25). Principalmente, diz Leão XIII, porquanto, como acentua Pio XI, "ao receber, no Calvário, os ho,nens recomendados ao seu ,naterno coração, Maria não somente anitna e arna os que se beneficia· ra111 da graça divina, como també111 aqueles que ignormn a Redenção'' (26).

Maria, nossa Mãe No Gólgota, Maria gerou-nos para a vida da Graça. Jesus, no entanto, não esperou o fim de sua vida mortal, para fa1.er

e'

(22) Em Lagrange, o. e 1. e. (23) "Do1t1r maler disdpu/() J Cum ma· .ximo mysttrio J Joonnis sub ,,ocabulo / Quivis venit fidtlis" - Terrien, o. e., P. 11. 1... IV, e. 1.

(24) Veja-se Terricn, o. e., P. IJ , L. IV, e. l,lles. (25) Enciclica "Adiwrium populi duí..t• ti<mi" de S de setembro de J84S.

(26) Enctclica. "Rerum Eccltsiae", sobre :is Missões. de 28 de ícvereiro de 1926.

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nossa Mãe. Diz bem o Pc. no. E,n conseqüência, co,no Deus J raun, O.P .. no seu comentário Home111. Ele tem um corpo qual os ao tópico de São João que anali- outros homens: como Redentor de samos: "A doação de todos os ho- nosso gênero. um corpo espiritual. mens, feita a Maria, no Calvário. ou, corno sói dizer-se. místico, que deve considerar-se co,no u,na con- outra coisa ,11ais não é cio que a sagração oficial à vista do futuro. de co11111nidade dos cristãos unidos a um fato já existente" (27). Ele pela Fé". E cita São Pio X. cm E realmente, a revelação da ma· abono de sua doutrina, a palavra de ternidade espiritual de Maria San- São Paulo: "Embora muitos, somos tissima está contida na doutrina da urnsó corpo em Cristo'' ( Rom. 12, 5}. recapitulação, tão cara aos Padres da E continua: "A Virge,11. pois, não Igreja, especialmente no Oriente concebeu o Filho de Deus só pt,ra (28). De acordo com esta doutrina, que. d Ela recebendo a natureza h11Adão, em certo sentido, encerrou 111ana. se tonwsse ho1ne111: ,nas. aji,n em si a todo o gênero humano. por de que Ele se tornasse, mediante esta isso que dele teriam origem todos os nt1111reu1 dEla recebida. o Salvador homens. Estavam todos cm Adão dos ho,nens. O que explica tis pala"cm germe". O fato, pois, de ser v~as dos Anjos aos pastores: "Hoje Adão o pai de todo o gênero humano nasceu-vos o Salvador que é o Cristo fez que ele englobasse a todos os Senhor" (Luc. 2. II). Por isso.. no homens na desgraça de seu pecado seio virgi11al de Maria, onde Jesus (Rom. 5, 12}. De modo análogo, assurniu a carne ,norttil. lâ ,nesrno. Jesus Cristo, o novo Adão (l Cor. 15, Ele se agregou um corpo espiritual. 45), encerra em Si a todos os homens formado de todos os que deviam crer que. recebendo d Ele a Graça santifi- nEle. t: pode dizer-se que Maria. cante, são Sua descendência na or- trazendo il Jesus n(IS Suas entranhas, dem sobrenatural. da vida eterna. 1rt1zia també111 a todos aqueles cztjil Sinteticamente. Santo lrencu afir- vid(l o Salvador continha. Todos, ma: " Con10 todos 111orrenu>s no portanto. que. unidos a Cri.wo. somos. consoante as pa/avri/s do Apóstolo. "membros de Seu corpo. de Sua carne. de Seus ossos" (EJ 5. 30). e devemos crer-nos nascidos do seio da Virge111, de 011de u111 dia sab11os. qual um corpo unido à cabeça. E por isso que so,nos chamados. 1111111 sentido espiritual e 111ístico,jilhos de Maria, e Ela é. por sua vez. nossa Mãe ,:·o1num. Mãe espiritual. contudo verdadeira Mãe dos 1ne111bros de Jesus Cristo quais so1110s nós" (30}. São Pio X destaca, pois, como vistes, amados filhos; que Maria Santíssima não é Mãe do Filho de Deus que será o Redentor do mundo. Ela é, diretamente, a Mãe do Redentor. Ela colaborou com o Divino Esplrito Santo, para a for· mação do próprio Redentor. Quem durante nove meses se manteve no Seu seio puríssimo, e sob Seu iníluxo vita l foi-se formando Homem. era o Filho de Deus, como Redentor. Ora, amados filhos, como lembramos acima, Jesus Cristo nos redime, mediante nossa incorporação à sua Pessoa. Pela Graça, que Ele nos mereceu , nós nos unimos a Ele, formando com Ele um só Corpo Mistico. A Graça é como o sangue vivificante que de Jesus desce e SANTO ALBERTO MAGNO - O g,.nde penetra em nossa alma, dando-nos a Doutor da Igreja afirma que Nossa Senhora vida sobrenatural. e unindo-nos a foi con.stitufda "Mãe de todo o gênero hu· Ele que é a Cabeça do organismo do mano", (Afresco do Tommaso da Modena, qual nós somos os membros. E é sec. XIV, Semin3rio de Troviso) através desta nossa incorporação a A dão corporal. ilSsim so1110s vivifi- Jesus Cristo que somos salvos. Eis que. conclui legitimamente São Pio cildos no espiritual" (29}. X, no momento em que Maria se Como complemento natural do torna Mãe de Deus, no mesmo objeto da Revelação, que apresenta a instante torna•se Mãe dos homens, Jesus Cristo como Cabeça da hu- como sinteticamente o disse no emanidade, encerrando em Si, em nunciado de sua tese: - "Não é germe, a todos os homens, desen- Maria. Mãe de Deus? - Portanto. é volvem os Santos Pad res a doutrina Mãe nossa também", da maternidade universal de Maria Como corolário suavíssimo de Santissima com relação a todos os ordem prática, deduzimos que é sob fiéis. Como Jesus é o novo Adão, o iníluxo materno de Maria SantísMaria é a nova Eva, a nova Mãe de sima que os homens renascem para a todos os homens, já agora na ordem vida da Graça. Com que alegria so brcnatu ral. pensamos que somos realmente filhos de Maria! Ela, corno Mãe de São Pio X Deus, nos gerou a nós também e para a vida eterna! "Nossa alma A melhor explanação deste sua- glorifico o Senhor" (Lc 1, 46). víssimo Mistério. encontramos na Encíclica com que São Pio X preparou o povo fiel a urna digna Canal indispensável das comemoração do cinqüentenário da graças de Deus Bula "lnef(abilis Deus", que definiu o Dogma da Imaculada Conceição Amados filhos. da Bem-aventurada Virgem Maria. A Maternidade espiritual de MaLeiamos, amados filhos, para nossa ria Santíssima, como dissemos, funedificação as dulcíssimas palavras do damenta sua Mediação Universal. últi mo Papa ca nonizado: Com efeito, os homens se salvam - "Não é Moda. Mãe de Deus?" - acabamos de ver - por isso que - pergunta o Pontifice. E conclui: "Portm110. é Mãe nosso também". E se enxertam (a expressão é de São desenvolve a argumentação: "Pois. Paulo - Rom. 11, 17) em Nosso deve-se estilbelecer o pri11cípio de que Senhor Jesus Cristo, mediante a Jesus. Verbo feito carne. é ao mes1110 Graça santiticante que os faz filhos te111po o Salvador do gênero hu111a- de Deus, precisamente porque os 111 ia

(21) ln "La Soim~ Bibit". Lctouzey ct Ané. Paris, 1946. (28) Vcja-st Emilio Mcrsch, "l.e Corps M)'Slique". 1 volume, Desclét Paris, 1936. (29) Adv. lfatrcst.s - Con1ra as Heresias. 1.. V, t. 1-3. F.m Em;Jio M<r$<h. o. e.. p. 332, nota,

. (30) Santo Agostinho. "De Yirginirote", e. 6. - São Pio X. Encíclica "1i,I ,Hem lllum" de 2 de fevereiro de 1904. (3 1) Este argumento é apresentado por São Luis M;iria Grignion de Montfort. no seu "?;modo da V~rdadtirn l)evoção à Somíssimo Virgem", Cap. 1, art. 1, 2,1'1 Princípio. Na traduç.=io de O. Henrique G. Trindade. Ed.

Vo~cs. n.0 32. (32) "Sermão ~m louvor da SS. Vifgem"• cm C. Boycr. o. e., p. 53.

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incorpora ao Filho Unigênito do f>adre Eterno. A conclusão lógica de todo este raciocinio é que se salvam somente aqueles que se recolhem ao seio onde se forma esse Corpo Místico de Cristo. Em outras palavras, nossa incorporação a Jesus Cristo. na unidade de seu Corpo Místico, não se faz sem a intervenção de Maria Santissima. Aliás, a comparação tomada ao organismo humano. sublinha energicamente essa verdade. Com efeito, é impossível imaginar-se uma mu lher que gere apenas a cabeça de seu filho. Necessariamente, ela dará à luz o corpo inteiro da prole. cabeça e membros. Como se poderia, então, pensar que Maria, Mãe do Redentor, gerasse apenas a cabeça do Corpo Místico, quando o Redentor é constituído do Cristo inteiro. cabeça e membros. Jesus Cristo e os homens unidos a Ele pela Graça? (31). Ao contempla r seu Unigênito, apieda-se o Padre Eterno do mundo, porque Seu olhar amoroso atin.ge a todos os homens que. na unidade do Verbo Encarnado constituem seu Corpo Místico. Compreende-se, amados filhos, que a concepção de Maria Santís· sima como canal indispensável por onde descem as graças da Cabeça aos membros do Corpo Místico, esteja na profissão de Fé' Católica desde os primeiros séculos. Esta verdade está contida na antítese entre Eva, mãe dos pecadores, e Maria, Mãe dos viventes em Cristo. Como a colaboração de Eva, tronco que é de onde procede todo o gênero humano, é condição para que nasçam os homens com o pecado original, assim a intervenção de Maria é indispensâvel para o nascimento na ordem da Graça.

Ensinamento de Santos da Igreja Há, no entanto, também afirmações diretas de que só por Maria recebem os homens a graça de Deus. Assim, por exemplo. Santo Efrém (t 373}, a citara do Espírito Santo. o meliíluo cantor da Virgem, dirige-se à Mãe de Deus com estas palavras: "Por Ti. ó única lmaculatíssima. toda honra e santidade. desde o prirneiro Adão e até a co11s111nação dos séculos. derivou-se. deriva-se e derivar-se-á aos apóstolos. aos profetas. aos justos e humildes ,Je coração" (32). Santo Efrém considera, imediatamente, a origem do Salvador, que nasceu de Maria. Suas palavras, no entanto, só se entendem mediante a associação da Virgem Santíssima à obra de seu Unigênito Fi lho, que A faz med ianeira de todas as graças a toda classe de pessoas, desde os justos do Velho

VII, e. 4 , (35) Sermão na festa da Nntividadc, "Dr oquaeducru", n. 7. (36) Em C. Boycr, o. e., p. 54. (37) Tradução de José Pedro Xavier Pinheiro. Atcna Editora, São Paulo. O 1cx10

original di1.: "Dom,a, sé tonto gr111ulc f! tamo vali. / C/Je, qual vucl grt'IZ;à e a te n()11 rlcorre, / Sua tlesien:a vuol ,•o/ar sen: 'ali" (Paradiso. XXXIJI, 13-15 - ''L11 Dl,,i11a Commttlia dl /Jame Alighitri'', Ediç.ão do centenário da morte <lo poeta. Ulrico Hocpli Editor. Milão).

Santo Antonio de Florença, no século

tivéssemos a não ser por Maria", sustentou o Doutor Melífluo. tOuadro de Filippino Lippi, eproximadamente 1480, Abadia de Florença>

Testamento. São Germano, Patriarca de Constantinopla (f 733} é mais incisivo: "Ni11gué111 ( ...]a não ser por Ti. ó Santíssima. consegue a salvação. Ni11guém a n,io ser por Ti, ó lnwculatíssima, liberta-se do mal. Ninguém. a ,uio ser por Ti. ó Castíssima.. obtém indulgência. A ninguén1, a não ser por 1i. ó Honorabilíssinw, se concede n1isericordiosamente o do,n da Graça" (33}. Na Idade Média, permanece, e mesmo se intensifica o fervor mariano, a certeza de que é por Maria que nos vem a vida eterna. Santo Anselmo (t 1109}, Arcebispo de Cantuária, assim se exprime: "Sem Ti. não hd piedade, nem bondade. porque és a Mãe da virtude e de todos os bens" (34}. E São Bernardo (t 1153}, o suavissimo Doutor da Virgem, tem uma frase taxativa de que se servirão com freqüência os Papas para caracterizarem a missão de Maria Santíssima na econom ia da Graça: "Nada quis Deus que possuíssemos que 11ão passasse pelas mãos de Maria" (35). Dos grandes teólogos do século XIII, Santo Tomás de Aquino, no comentário à Saudação Angélica, compara a redundância da Graça de Maria sobre os homens com a do próprio Jesus Cristo. Esta comparação, como se vê, envolve a afirmação da universalidade da Mediação de Maria Santissima, na distri-

buição das graças. São Boaventura, por sua vez. tem esta afirmação taxativa: "Ningué111 pode entrar 110 Céu o não ser que passe por Maria que é 11 porta" (36}. E, resumindo a profissão d e fé do povo cristão. cantou Dante (t 1321}. na sua grandiosa Divina Comédia: "Virgem Mãe[ ... ) Há tanta grandeza e111 Ti, tal puja11ça que quer sem asas voe seu anelo quem graças aspira em 1i se,n confia,1ça" (37}

Documentos do Magistério Pontiflcio Não faltam também, amados fi lhos, documentos do Magistério Pont ifício, caucionando a fé arraigada no coração do povo cristão. Bento XIV (1740-1758). na famosa bula áurea "Gloriosae Dominae" proclama a Bem-aventurada Virgem Maria o alveório por onde correm todas as graças e dons para o coração dos míseros mortais (38}. Pio VII (1800-1823} declara "Maria nossa Mãe tunan1,:rsilna e Dispensa· dora de todas as graças" (39}. Pio IX ( 1846-1 878}, repetindo a frase de São Bernardo, atesta ser o desejo de Deus que "tudo tivéssemos por Maria" (40}. Leão XIII inculca esta verdade nas suas muitas encíclicas sobre o Rosário do mês de outubro. Por exemplo na "Octobri 111ense" retoma a conhecida frase de São Bernardo, "por vontade divi11a. nada a não ser por Maria, nos é concedido" (41). São Pio X, na esplêndida encíclica "Ad diem i/111111", já por nós analisada, chama a Maria Santissima, " Dispensadora de todas as graças que Jesus providenciou com seu Sangue preciosissi1110" (42). Bento XV, em Carta Apostólica à Confraria da Boa Morte, afirma: "As graças que o gênero hutnilno recebe de tesouro da Revelação são distribuídas pessoa/111e11te pela Virge111 Dolorosa" (43}. Pio XI ensina que o único Mediador entre Deus e os homens quis associar sua Mãe como Advogada dos pecadores e Ministra e Mediadora da Graça (44}. Pio XII , em muitas oportunidades, deu aos fiéis o exemplo de confiança inabalável na proteção da Virgem Mãe. Na encíclica sobre o Corpo Místico (45} destaca o lugar que tem Maria na economia da Graça. O mesmo faz na enciclica

X V, rc1om:1 o pcns:11ncn10 de Alighieri, nn sua Surnma Thcol. P. VI. til. 15, e. 22. § 9: "Qui P"tit sim.> lpsa duce. sine a/is ti.'ntot

(33) Hom. in S. Madac Zonam. n. 0 5. Ern

Alastruey, o. e .. P. Ili. e. 3., art. 1, Cuestión 1. Tesis 3 O; e cm J. 8. Tcrricn, o. e .. P. li, L V, e. 2. (34) Oratio 37. Em Tcnicn. o. e.. P. li. L.

APARIÇÃO OA VIRGEM A SÃO BERNARDO OE CLARAVAL - "Dous quis que nada

,·olart/' - ..Qm•m p,•dt. srm /{,./A ,·omo ,:uio,

1e11tt1 ,·qar.sem ,uos". Nos nossos 1cmpos. Pio XII, cm Cana ao Card. M:1,glionc com dala de IS de abril de 1940, eneatcc<:ndo j u,no do Secretário de Estado a necessidade de orações pela Pai . rc1omn :\ n1csma figurá de Dante para subli· nhar a eficácia da intercessão de Maria San1lssima: "'famq JJe(Jla Virgo apud t)eum pollt•/ gratio, toma opud UmJ;t.•,wm .mum • pOtl'nti<, /ruhur. ut quisqu;s. cge11s opi.r. non ad ('am r4!rurrar. ,mi/o is ofarum remi,:i<>. ut Ah'gherius t:Om:ln;,, vo/11,11 t:om:tttr" - '·t rõo gronde a volio ,lo /Jem•Ovt>n/Uri.ulo Virgem SÃO BOAVENTURA - O Doutor Seráfieo considera a Virgem como a porta do Cóu. j muo " D<"us. ta,110 S••u poder Jumo tJ .ftu tauadro de Cavauola, sec. XVI. Mus.ou Civieo, Vorona) Filho. que um lmligt>nte qu<- n Hlo 11ao

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sobre a Sagrada Liturgia (46), o nde subscreve a frase de São Bernardo que Deus "quis que tudo tivésse,nos por Maria". João XXII! (1959-1963) \1 tiliza-se dessa mesma frase quando exorta os congregados marianos à confiança c devoção à Maria Santíssima (47). Paulo VI declara que a missão exercida no Céu por Maria Sant íssima. na geraç.ã o e aumento da vida divina em cada um dos homens, é, por livre vontade de Deus sapientíssimo, parte expletiva do mis tério da salvação humana, e por isso, devem os fiéis aceitá-la como verdade de fé (48).

Festa de Maria Medianeira de todas as graças Enfim. para que não faltasse a confirmação da "lex orandi", a Sagrada Liturgia se compraz cm atribuir a Maria Santíssima trechos de Isaías, dos Provérbios e do Ecles iás tico (49) que literalmente se aplicam à Sabedoria Incrcada, ao Verbo de Deus, ratificando assim a convicção dos fiéis de que Maria está estreitamente unida ao Filho de Deus, de maneira a constituir com Ele o traço de união e ntre a misericórd ia divina e as necessidades dos homens. Não somente na parte catcq uética da Santa Missa, inculca a Sagrada Liturgia a união intima entre Maria Santíssima e seu Divino Filho no Mistério de nossa Redenção. Esta verdade é afirmada também cm o utros lugares de Missas de Nossa Senhora, bem como nos ofícios correspondentes. Assim, na oração após a Comunhão da Missa comemorativa da outorga da Medalha Milagrosa a Santa Catarina Labouré (50), professa-se: "Ó Senhor Deus Onipotente que quiseste que tivéssemos

TUDO pela t,naculada Progenitora

de teu Filho, concedei-nos, etc." Na sétima lição do Oficio de Nossa Senhora Auxiliadora , diz-se que Deus "pôs em Maria a plenitude de

todo be,n, de numeira que saibamos que df.1a red1111da o que há e,n nós de esperança, de graça. de salvação" (5 1). Esta oficial profissão de Fé da Santa Igreja, no seu cu lto público, o bteve uma ratificação ma rcante com a aprovação, por parte de Bento XV, cm 1921, da Missa e Oficio da Bem-aventurada Virgem Maria Medianeira de to das as graças (52). No invitatório desse oficio faz-se o seguinte convite: "A Cristo

colimada pelo Filho de Deus ao e nca rnar-se. ou seja, na Redenção do gênero humano. E a razão é porque Deus. na Sua onipotência, poderia dispensar o concurso de Maria na Encarnação do Verbo. Se não o fez, é porque na Sua insondável sa bedoria designou a Maria S:1n-

Sangue de Cristo, o u seja, de todos os membros do Corpo Místico do Salvador. Concreta mente, a ação materna de maria com relação a todos os homens faz-se mediante a d istribuição das graças merecidas pelo Sacrifício propicia tório do Filho de Deus, pois, .. Deus quis que nada

tíssima uma parte importa nte na

tivéssemos. a não ser por Maria".

própria restauração do gênero humano. Argumenta com razão Bossuet que Deus, tendo querido dar-nos Jesus Cristo por Maria, esta o rdenação Ele não a muda mais. A vontade de Deus é sem arrependimento. O caminho para irmos a Jesus, o meio de recebê-10 será sempre Maria (55). Análogo pensamento o.c orre em Leão XII I: "Tendo prestado Seu

Citemos ainda uma vez São Bernardo, que resume nessa frase a amabilíssima e co nsoladora dádiva da bondade divina que é Maria. nossa Medianeira.

a vida divina nos homens, e como tal Paulo VI declarou artigo de fé, e que ardentemente esperamos seja dogma solenemente definido, para glória de Deus, exaltação da Santa . Igreja, honra de Maria Santíssima, alegria dos habitantes do Céu e consolo para os que a inda gememos neste vale de lágrimas. Concebida assim no seu verdadeiro sentido, amados fi lhos, a Mediação Universal de Maria, longe de entrar cm colisão, harmoniza-se perfeitamente com o Dogma de um só Mediador necessário, que "apresente ao Altíssimo a reparação pelos pecados dos homens. Pois, segundo os a ltos desígnios divi nos, é nesta ind ispensável Mediação de Jesus Cristo que adquire vigor toda Mediação de Maria, porque é a Mediação de Jesus Cristo que A faz Sa ntíssima, Imaculada, Mãe de Deus,enfim é a virtude mediadora de Jesus Cristo que concede a Maria todos os títulos que funda mentam sua missão de Medianeira de todas as graças.

De onde o papel assumido por Eva na desobediência original, que implicou na desgraça de todos os homens, oferece aos Sa ntos Padres o meio de inculcar a parte que teve Ma ria na restauração da humanidade. Corno Eva foi a causa da morte espiritual de todos os homens, Maria é a causa da vida da Graça para todos os homens. Como Eva é a mãe de todos os viventes, enquanto a todos transmite a vid a natural, Maria é a Mãe de todos os homens que, por Ela, recebem a vida sobrenatural. Este pensamento suscita o aspecto suavíssimo de Maria como Mãe celeste que vela pelos Seus filhos na terra. aos q uais gerou para a vida espiritual, ao participar, no Calvário, das dores acerbíssimas com que Jesus remiu o mundo. Aprofundando mais o alcance da palavra do Arcanjo Gabriel a Maria, a nuncia ndo -Lhe que seria Mãe do Redentor, a Tradição precisa melhor a natureza da maternidade pela q ual Maria é Mãe de todos os homens. É q ue estes fazem parte do Corpo Mlstico de Cristo, e, precisamente como membros desse Corpo M istico, são resgatados do cativeiro do demônio. e animados pela vida da Graça. Assim, Maria Santíssima. ao conceber no Seu seio p uríssimo o Redentor, tornou-se, pelo mesmo fato, Mãe de todos os re midos pelo

-,'

A intercessão dos Anjos Anjos e Santos Por motivo análogo, a M ediação Universal de Maria não anula, amados filhos, a intercessão dos Santos e Anjos, todos eles também mediadores, amigos que são de Deus e benfeitores nossos. Suas preces são

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mombl'O.S do seu Corpo Místico por meio do Maria. (Escultura do Pari·

sini, Basílica do São Pedro, Roma)

(43) A. A. S .• 1918, p. 182. (44) Encíclica "Miseren1üsimus Redt'III/J• de 8 de maio de 1928. A. A. S.. 1928. p. 178. (4 5) Encíclic;1 de 29 de jm,ho de 1943, A, A. S.. 1943. p. 24718.

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(49) Is. 55. 1-3 e 5. na ícsia de Nossa Senhorn Medianeira: Prov. 8, 22-24 e 32-35, na (cs1a de Nos.sn Scnhom do Rosário e na da Imaculada Conceição: Ec. 24, 5-1. 9· 11 e 30· 31. n:, festa de Nossa Senhora Rainha; Ec. 24,

de los Romanos Pornificcs.

L

SÃO LUIS MARIA GRIGNION OE MONTFORT - O grande santo mariano assevera quo

(41) Encíclica de 22 de setembro de 1897. cm Alas1n1cy, o. e 1. e. (42) Encklic.a de 2 de fevereiro de 1904. cm Al::1strucy. o. e 1. e.

e. 3. ar1. 1. Cucstión l, Tcsis,

J

"LE BEAU OIEU" -

23-3 1, na fcsrn de Noss;, Senhora de Guadn• lupc; Ec. 24. 14-16. n;1rcs1a de Nossa Senhora Auxiliadora. (50) Missà concedida pi1rn alguns lugares no dia 27 de novembro. (51) Trnnscri10 de J. 13. Tcrrien.o. e. P. 11. L V. e. 2. (52) Dccrc10 da S. C. dos Riios de 21 de janeiro de 1921. A . A . S.. 1921. p. 345. A concessi'io foi feita primeiro par.i. a Bélgica. E.s1e1,dcu-se depois " outros patscs. i,,ctusi"c o Urnsil, <1uc a via no seu Calendário, no dia 1.0 de outubro. (5~) "('uncw. t1u111.• "ubl:,· m(•rtdt R,•dc•m1or / D o na par1i111r Genill'i,Y MQri11e",

(5,1) "Sc--11/wr .t.•swr Crúro. ,u,s."o Me,/l(, . ,for 11me o Pai l:.~u•r,w, que• fm 1s1imí:m w M é· clinttl'iro j 111111> (I Vil,t n Virs:_c•m Smuí.t.tlmn.

i

Escultura do sec. XIII, Catêdtal de Amiens

Ê na indispe nsável Medieção do Jesus Cristo que adquire vigor a Mediação mariana.

também valiosas, porém, não dispensam a intercessão de Ma ria. Com as d a Mãe de Deus adquirem a eficácia de que sozinhas ficariam destituídas. Expri me esta verdade, de modo incisivo, o grande Doutor da Igreja, Santo Anselmo (t 1109). D iz ele: "O mundo tem seus após-

Ela [Maria) so111ente, só produz outros filhos p or meio d Ela, e só por meio d Ela nos comunica suas graças. Deus Filho foi f onnado, para todo o inundo. por Ela, e nilo é senão por Ela que é formado todos os dias. e gerado por Ela em união con, o Espírito, e é Ela a única via tolos. seus patriarcas. seus profetas, pela qual nos co111u11ica Suas virtuseus mártires. seus confessores e des e Seus 111éritos. O Espírito Santo suas virgens: bons. excelentes auxi- for111ou Jesus Cristo por meio dEla, liares que eu desejo súplice invocar. e por meio dElaforma os me,nbros Mas, Vós, Senhora, Vós sois 11,elhor de seu Corpo Místico. e só por Ela e mais elevada do que eles rodos[... ]. nos dispensa Seus dons e favores" O que eles podem convosco. Vós (60). podeis sozinha e se,n eles todos [...]. Se Vós Vos calais, ninguém supli- A Mediação de Nossa cará, ninguém 111e auxiliará. Falai, e todos pedirão. todos virão em 111eu Senhora não se opõe à eficãcía sacramental auxílio" (57).

A mesma concepção da economia da Graça, na qual Maria ocupa uma posição chave, ensi na São Luís Grignion de Montfort: "Deus Padre - diz ele - nos deu e dá o Filho por

De modo semelhante, amados filhos, não se opõe à Mediação Universal de Maria a eficácia sacramental na a lma. Como sabeis os Santos Sacramentos produzem na alma a Graça santificante, por si mesmos, ou na expressão clássica em Teologia, "ex opere operato", isto é, pela virtude do próprio Jesus Cristo, de quem é vigário ou representante o ministro do Sacramento, servindo-se de um meio ao qual vinculou o Salvador essa causalidade na ordem sobrenatural. É verdade que se poderia excogitar uma Mediação de Maria Santfssima incompatível com a Teologia Sacramental. Seria concebê-la como se Maria agisse diretamente na alma, nela criando, como causa eficiente, a Graça santificante. Mas, este conceito da Mediação Universal de Maria é falso. Maria é Medianeira de todas as graças porque nenh uma graça é aplicada ao homem sem que interve nha a Sua intercessão. A Tradição compendiou esta verdade numa expressão muito justa : ··Maria - diz a piedade cristã - é a onipotência suplicante" (61). Ela é Medianeira porque suplica, intercede, e Deus Nosso Senhor quer que esta intercessão, esta

llo,cy11 M(il' (' 1qm!,ém Mlic• nM,ttl, fa:l'i que uulo (1q11elt' Qllt'. (lpro.,·imnmln-:rr dc• Vds.

(S9) Oração 46. Negrito nosso. Em Terrien. o. e.. P. li. L. Vil , e. 2.

Em o utras palavras, mesmo quando o fiel não recorre a Maria, Ela o faz es1>ontancamente e lhe alcança a graça q ue e le, infeliz, não soube pedir. Dante nos transmite a persuasão do povo fiel. Santo Anselmo, o ensino da Hierarquia: "Se111 Vossa assistência - suplica ele à Virgem - eu sou um nada que

retorna ao nada. Socorrei-11,e. e não recuseis só a 1ni1n o que concedeis a todos mesmo sem ser rogada" (59).

r.• Magistcrio

(40) Encíclica "Ubi primum" de 2 de fevereiro d.: 1849. cm Afos1rucy. o. e.. P. 11 1.

'

"Ao mísero. que roga ao teu desvelo A code, e. as 11rais das vezes, por vontade Uvre, te praz se111 súplica valê-lo" (58). 1

Jesus Cristo forme

--

Mesmo o pecador e mpedernido, q ue ne m sequer cogita da Mediação de Maria, que jamais a Ela recorre, é beneficiado pela intercessão da Virgem Mãe, e pode vir à conversão, porquanto

)

(46) Encíclica de 20 de novembro de 1947, A. A. S .• 1947, p. 58213. (47) A. A. S .• 1960. p. 64! . (48) Exortaçiio Apostólica ..Signum Mag• num", de 13 de m~io de 1967. A. A. S.. 1967, p. 468.

Cuestión 1, Tc~~i$.

-

São Luis Maria Grígnion ·de Montfort

Sintese

B. M . V. ob angelo salwmoe in rôl'nóhlo f F. Ou/, SNvorum B. J.1. V. Flôrentiae''. a nno 1806 - Em Alaslrucy. o\ c. P, Ili, c. 4, :trt. 3.

-

que. continuamente, gera e alimenta

(54).

rf<'orre. empc•nl,o,sr. l'Omt> <'0111,m AligMeri.

,r

Precisamente nessa indispensável intervcnç.'io de Maria Santíssima, para a consecução dos favores do Céu, desde a primeira graça até a perseverança final, consiste sua Mediação Universal, q ue A faz Mãe

ministério na Redenção dos homens, Ela exerce paralelmnenre o mes,no 111inisrério na distribuição da Graça q11e daquela Redenção perpetuan,enre decorre. investida. para esse fim, de um poder quase ilnenso" (56).

todos os favores pedidos ao Senhor. sejam alcançados por meio de Maria

f)Or voar sem 1> rt•nuJ das asas·· {A. A. S .. 1940, p. 145). (38) Bula de 27 de S<!lcmbro de 1948. Edição d:t Fed. d:.ls CC. MM. de São Paulo. (J9) '"AmpHorio prll'ilttgiorum Errlesip_c•

,•

-

Conceito exato da Mediação marial

Rede,uor que quis que todos os bens tivéssen,os por Maria., vinde, adoremos". No hino de Matinas. cantase: ··Todos os bens que nos mere,·e11 o Redentor. reparte-os sua A1ãe Maria" (53). E na oração da Missa, que

Zelosos cooperado res e amados filhos. Repassamos convosco as fontes da Revelação que nos ex planam a missão confiada por Deus Nosso Senhor a Mal'ia Santíssima. na obra da Redenção do gênero humano e na economia da Graça. Vimos que, pelos altos desígnios de Deus, Maria foi escolhida para cooperar. com Sua carne e Seu sangue. na constituição da natureza huma na do Verbo Divino, quando, pelos inefáveis mistérios de Seu a mor, Deus resolveu pedir urna reparação justa, proporcionada à enormidade da malícia incrente ao pecado, corno violação que é dos di reitos divi nos. Semelhante cooperação física, na feitura da natureza humana de Jesus Cristo, implica. norma l e logica mente, uma participação na obra

'

Vo.t pt·dir fiwo r('S, se nli!gre c•m tdr,mrá•los por se u illl('lmhlitJ. Vd.t qut rl'inais, l!f ('. " · trad. de D. 8 . Kekci:;cr.

(SS) 3." $(rm5o p:,ra ::i festa da Conceição da SS. Virgem. 1\:rricn. o. e., P. li , L V, e. 1. (56) Encielic:t "A,li111ri,·i!m populi" de 5 de .scccmbrode 1895. Tcrricn, o.e .. P. 11, L V.e. J. (57) Omç;'io 46, Negrito nosso. l;m 1'er· fiei,. o. e.. P. l i. 1.. Vil, e. 2. (58) Oao1e. "Divina Co mtdio", Pa.r.tiso. e. XXXI 11, 16-18. 1'radução de Xa,•icr Pi,~hciro, cd. cit. O 1exto i1ali.tno é o seguinte: "La tuú bt'lli~nitô 110111>ur St)a-()rr(' J A d1i dómamla, 111,1 mohr fim<' / /ih('rm>,,·nu, ai 1/omtmdt,r prc•,·,>rn··· (cd, ci1 .) .

(60) "1'101ado da Vi•rdndtira Devoção à S,mtú$iuw Vir,:ttm··. Cnp. V, an. 2. Na tr3-

du('ãO de D. l.fenrique Galland Trindade. e• diiada pela Vozes. o trecho citado encontra~e sob o n.• 140. Toda cst:i obra de São Luis Grignion de Montíort visa cri3r nos fiéis a c<>nvicç.ão profunda de que a Mediação de Maria como Mãe que gera, nutte e opcrfciçoa os membros do Corpo Ml:>tico de Cristo, é imJ)rcscindlvcl para a salv:iç--Jo. Daí a ,,cccssidadc de uma Verdadeira Devoção a Maria Santissima. (6 1) A expressão d:.i piedade popular resume a afirmação de P:i.1ms e 1eólogos. Veja--se Al:.struey. o. e.. P. Ili. e. 4. a.ics1ión 5.

5


súplica esteja presente para conceder Sua graça, Seu favor. Repitamos a palavra de São Bernardo: "Deus quis que tudo obtivéssemos por Maria" (62). Como a graça sacramental está condicionada à recepção condigna do Sacramento, isto é, sem que a vontade lhe oponha o óbice da adesão do pecado, que obtém de Deus para um indivíduo o benefício de receber o Sacramento, e de recebê-lo frutuosamente, pode e deve dizer-se q ue, com Sua intercessão, beneficiou o fiel corp a graça sacramental. Em outras palavras, pode-se dizer que a própria graça sacramental está condicionada à Mediação de Maria, uma vez que Deus concede a graça da recepção frutuosa do Sacramento, como fruto da intercessão da Virgem Santíssima. Tanto mais que as boas disposições da alma, que contribuem para o pleno efeito da graça sacramental, são fruto de graças atuais condicionadas por Deus à intercessão de Maria. Concluímos: nem a Mediação Universal de Maria Santíssima impede a causalidade própria dos Sacramentos; nem esta causalidade é dificuldade àquela Mediação Universal.

Senhor - nada podeis Jazer" (Jo. 15, 5). Pois, a Medianeira de todas as graças nô-los obterá . Habituemonos a recorrer, com suma e inabalável confiança, a Maria. Lembremo-nos de que Ela é Mãe, e dá o que de bom Lhe pedimos, pois dispõe do tesouro inesgotável dos méritos de seu Divino Filho, e é, por isso, a onipotência suplicante. Não vemos aqui na terra as angústias e quase desespero das mães que não vêem como satisfazer aos desejos de seus íilhos? Não pensemos que Maria tem menos sentimentos maternais do que as mães da terra que, apesar de tudo, não conseguem depor totalmente seu egoísmo. Recorramos, pois, a Maria com inabalável confiança. Por maiores pecadores que sejamos, não nos falte a convicção de que Maria é poderosa, e quer expulsar o demônio de nossas almas e nos aliviar com as esperanças da vida eterna. E sejamos assíduos na reza do Rosário, ou ao menos do Terço, de Nossa Senhora. Das devoções à Santíssima Virgem, é esta a que nos leva a aprofundar o Mistério da Mediação Universal de Maria. De vez que no Santo Rosário entrelaçamos os mistérios da vida de Jesus Cristo e da vida de Maria, de maneira que, por ele, somos levados a assimi lar as virtudes e a caridade do Sen hor, guiados pelo exemplo e as mãos maternais de Maria.

~

Auxllios pedidos diretamente ao Senhor Quanto aos auxílios divinos ou· torgados pelo Senhor, como fruto de petições que os fiéis fazem subir diretamente ao Augusto Trono de Sua misericórdia, em nada ex tenuam a Mediação Univcrsal de Maria Santíssima. Porquanto, na economia da Graça fixada pela inefável bondade de Deus, Jesus é inseparável de sua Mãe Santíssima. A ordem da Encarnação envolve Mãe e Filho. Assim o determinaram livremente os carinhosos e insondáveis desígnios da Providência. Não há a menor dúvida de que a intercessão de Jesus Cristo, aliás ininterrupta, como o declara São Paulo (Heb. 7, 27), é infinitamente suficiente para obter o agrado do Altíssimo, uma vez que co rroborada pelos Seus méritos infinitos. Deus, porém , O quis inseparável de s ua Mãe Santíssima, na realização de Seu rnúnus redentor. Por isso. d iz mu ito exatamente São Bernardo, ··Deus é que quis que tudo recebêssen,os por Maria'.'. Não era uma ex igência que se impunha. Foi uma benignidade inefável do amor divino. Eis que se aplica a estes rogos o princípio geral, segundo o qual, mesmo quando a Ela não recorrem, Ela espontaneamente acode com S ua prece.

A Infinita miseric6rdla de Deus E eis, amados filhos, até onde vai a misericórdia divina. Quase diriamos que, para aliviar nossa vergonha vilta, dispôs Deus que, na reparação de nossa culpa, pudéssemos apresentar junto a Ele como nosso representante válido e aceito uma pessoa totalmente de nossa raça. Já é um Mistério inefável da bondade do Senhor prover à Redenção através da humilhação de seu Unigênito que tomou a forma de escravo e apresentou-se como homem verdadeiro (Fi l. 2, 7). Pois a misericórdia divina como que completou sua amabilidade conosco associando uma pura criatura à obra da Redenção. Deu-nos uma possibilidade de participar no pagamento de nosso débito, de si inteiramente insolvíve l. Como a nos encarecer que seus favores eram também fruto de uma cooperação nossa, de um membro de nossa família. Verdadeiramente c m Jesus, nascido de Maria, aparece a suave benignidade do Salvador nosso Deus. Demos sempre mil graças a Deus!

(62) Como já notamos. es-ic pensamento ~lá no sermão d;1 Natividade, t-0nhccido como " De Aqm1e,lunu", sob o n.0 7. Anã·

Ioga mctáfor.1, usa São Bernardino de Sena

(t 1444), para signiíicar n mesma idéia da Mê:d iação Univetsal de Maria: "Elal - d i1.o S::.nto - o pescoço ,h• nossq Cabera pelo qual todos ().t dons espiriluois são cc,mmi•

,·,ulo.~ ao J'tt, Corv<> Mlstico. Por isso o C/i,,.

tiu, ,lo.t Cânticos VII (/c.-.rfato: T~u ptscoço i <'t1mo uma torre• dt marfim" (Sermão 10 do t.0 Ooini1igo da Quaresma. e Sermão 4 da Conceição. ln Tcrnc.~n. o. e.. P. 11. L. VII. C. Ili. Ili . (63) Eclesiástico 24. 30. T,ccho lido na Epistola das Missas de Maria Raintµ, 31 de

6

Pela definição do Dogma

A COROAÇÃO DA VIRGEM Fr• Angelico (soe. XV), Galeria dos Ofícios, Florençe O Dogm8 da Medi~ão Univer$al do Mario seré mei$ uma es1rela luminosa olTi sua coroa de glória.

E podemos, amados filhos, concluir. Que aç.~o de graças não devemos elevar aos Céus, amados filhos, fazer soar válida e harmoniosamente aos o uvidos divinos, por esta inefável e amabilíssima disposição carinhosa da Providência, dando-nos Maria por Mãe, e tornando-A o canal de todas as graças que decorrem da abundância de Suas misericórdias! Tem aqui sua aplicação o d ito do salmo: "Sua ,nisericórdia está aci· ma de todas as Suas obras". Não há dúvida de que o ponto culminante da misericórdia de Deus é o Verbo Encarnado, a obra-prima de uma bondade que só pode ser divi na. Mas, podemos nós separar Maria Santíssima do Verbo Encarnado? Na ordem que aprouve à Providência estabelecer, Maria é elemento indispensável na Encarnação do Verbo. Ela é que, de Sua carne formou o Corpo que tornou possível ao F ilho de Deus vir a fazer parte da raça humana. De onde, é impossível pensar no Deus Humanado, sem que à mente surja a figura excelsa de sua Mãe, Maria.

Para nossa salvação, Maria "não poupou seu pr6prio Filho" Por tão amabilíssima disposição elevou Deus a Maria Santíssima, de certo modo, à participação de sua Paternidade úmca. Pois, como o Padre Eterno diz com toda a propriedade ao seu Verbo: "meu F ilho"; assim, Maria pode com toda propriedade dizer ao mesmo Filho de Deus: "meu Filho", porquanto em Jesus há uma só Pessoa, a Pessoa do Filho de Deus, e foi esta Pessoa que Maria gerou na natureza humana. E como as obras de Deus são perfeitas, o Altíssimo associou:A também à Sua inefável misericórdia. maio. e de Nossa Senhora de Guadalupe. 12 de dez.cmbro. (64) São Luís Maria Grignion de Mo n1fot1. no seu '"1"rt11ádô ,/11 Verdátltira Dl!VO· rifo à Scmtissimo Virgem", cap. VIII. art. 2.

explana essa Vida cm Maria. (6S) Pos,crior ;, São Bernardo. o ''M e· morare", ou .. Lcmbrai•vos'", consoladora sú~ plic.a dos fiéis do Universo todo. inspira-se sobretudo cm dois sermões de São Ocrniudo,

o IV da rcs,a da Assunç3o da Rcm.;:ivcnlU·

rada Virgem Maria e o de dcn1ro da oitava dc,sa mcsm:i fcsia (D.T.C., vai. li, col. 758).

Na edição por Nós usada. os lrcchos se

acham no volume Ili, p. 387. sob o ·n.0 S c p. 392. sob o n.0 IS.

Com toda a verdade aplicamos à como verdadeiros filhos de Maria e Maria o que diz São Paulo da colocados, por conseguinte, sob a imensa bondade de Deus com rela- suave ação materna de Maria Sanção aos homens: "Não poupou seu tíssima. E lembremo-nos· do que diz próprio Filho, pelo contrário. entre- de si, na Sagrada Escritura, a Sabegou-O para nossa salvação" (Rom. doria lncreada e que a Sagrada 8, 32). Pois, como o Padre Eterno Liturgia coloca nos lábios da Santa como que se despojou de seu Filho, Mãe de Deus e Mãe nossa dulcísesva?.iando-0 da glória celeste, sima: "Os que age,11 en, 111i111 não quando Lhe deu um corpo mortal pecarão" - .. Qui operantur in 1ne (Fil. 2, 7) a fim de que pudesse 11011 peccabu111" (63). Vivamos sob o imolar-se por nós, sórdidos peca- olhar de Maria, na dependência de dores; assim, a Virgem Maria, junto Maria. Consagrados inteiramente a à Cruz, no Calvário, com o coração Ela, agiremos sempre dentro do estraçal hado de acerbíssimas dores, ambiente que Lhe é próprio, feito do não obstante em pé, varonilmente santo temor de Deus e impregnado não poupa ao Unigênito bem ama- de fé, pureza e caridade. Em semedo, senão que O entrega à morte lhante ambiente marial não entra o atrocíssima por nossa salvação. Não pecado. ~ nele que agimos cm Maria poupou seu Filho, senão que O e por Maria e experimentamos a entregou por todos nós (Rom. 8, palavra da Escritura: os que agem 32). Associa-se assim, à misericórdia cm Maria não pecarão (64). do Padre Eterno, como, de algum Essa é a maneira de viver nossa modo fora associada à Paternidade, fé na Mediação Universal de Maria. quando deu à luz ao Filho de Deus De onde, ou somos lógicos, e nos feito homem. conservamos no seio materno de Maria, no Seu ambiente próprio, feito de castidade, mortificação do "Os que agem em Mim amor próprio e caridade divina e não pecarão" fraterna, ou nossa fé se esvazia, e se Eis que, diante do riquíssimo torna inútil como o sal insípido que Mistério da Mediação Universal de para nada vale e se lança fora (Mt. 5, Maria, devemos entoar ao Senhor 13). dos Céus e da terra o hino de ação de graças, proclamando com o sal- Confiança na mista: "Sua misericórdia está acima Virgem Santlssima de todas as Suas obras". Depois, reflitamos, amados fiPara realizarmos o ideal da vida lhos, com freqüência sobre a reali- em Maria, precisamos dos auxílios dade sobrenatural em que vivemos, divinos, visto que "se,n 1nim - diz o

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Antonio, Bispo de Campos Pe. Henrique Conrado Fischer, Chanceler

.ATOlLICDSMO MENSÁRIO

com aprovação cc1esiáslica CAMPOS - ESTADO DO RIO Dueto, Paulo Corrêa de Brito Filho

Diretoria: Av. 7 de Setembro 247, caixa postal 333, 28100 Campos, RJ.

Administração: R. Dr. Martjnico Pra· do 271, O1224 Siio Paulo, SP. Composto e impresso na Artpress Papéis e Artes Cráticas Lida., Rua Dr. Martinico Prado 234, São Pau· lo, SP.

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Enfim, nossa gratidão exige que nos empenhemos por que chegue logo, muito brevemente, o momento feliz e oportuno, determinado pela Providência, em que, pela palavra infallvel da Santa Igreja, seja colocada na coroa de glória que adorna a Mãe Santissima de Deus, a Bemaventurada Virgem Maria, mais esta estrela luminosa o Dogma de Maria Santíssima Medianeira de todas as graças. Com esta intenção desejamos que todos os nossos amados diocesanos rezem todos os dias, a súplica "Lembrai-vos" inspirada em sermões de São Bernardo (65) que compend ia não somente o amo'r ardente, a confiança e o devota· men to filial que o doutor mellíluo nutria com relação à Virgem Santíssima, como sua fé na Mediação Universal desse canal de todas as graças, que santifica todos os homens, a Mãe Santíssima de Deus e Mãe amabilíssima dos homens. Dada e passada sob Nosso Sinal e selo de Nossas Armas na Nossa Episcopal Cidade de Campos, aos dezesseis dias do mês de julho do ano de mil e novecentos e setenta e oito, comemoração de Nossa Senhora do Monte Carmelo.

Assinatura amw: comum Cr$ l 50,00; cooperador Cr$ 300,00; benfeitor OS 800,00; grande benfeitor Cr$ l.500,00; seminaristas e estudantes O S 120,00; América do Sul, Central o do Norte, Portugal e Espanha: via de superfície US$ 18,00, via aérea USS 23,00; outros pa(ses:-via de su· pcrfieie US$ 20,00, via aérea USS 23,00. Venda avulsa: CrS. 10,00.

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TURIS O ATRAVÉS DA ALA ESCOCE SA •

Á VÁRIAS FORMAS de conhecer u1n país. Utna, ler livros sobre o n1esmo. Outra, visitando-o pessoalmente. Mas o modo mais profundo e completo de conhecer uma nação é analisar seus habitantes, buscar seus valores e características, para daí engendrar un1 representante prototípico, ideal daquele povo. Seria uma espécie de turismo do espírito através do qual pode-se coinpreender a grandeza do Criador, pois, além dEle, nada há de 1nais admirável do que esse pequeno universo, que é a alma humana. Conheçamos, por exemplo, a Escócia.

H

Um soldado marcha resoluto, tocando sua gaita de fole, na Escócia da legenda. Escócia bruinosa, Escócia montanhosa; Escócia do gin, do whisky, dos lagos lendários povoados por fantasmas;

Escócia dos castelos gloriosos e altanei, . ros - uns etn rumas; outros nos quais ainda vivem famílias cujas origens remontam à época medieval, e que tnantêm suas tradições. Escócia que, por estar localizada muito ao norte das Ilhas Britânicas, encontra-se um pouco longe da trepidação do inundo moderno. Por isso mesmo, uma Escócia com importantes restos de civilização... já que os tufões da civilização industrial não atingiram tanto aquelas terras. A foto apresenta um homem de aproximadamente cinquenta anos. Mas, cinquenta anos floridos! Forte, corado, satisfeito, bigode ligeiramente estilo Kaiser. Dir-se-ia um meninão, pelo seu jeito alegre, saudável, quase travesso. Entretanto, é um escocês combatente, guerreiro, um autêntico militar. Durante a Segunda Guerra, homens como este iam para a frente de batalha, expondo-se às intempéries, às balas e aos tiros de canhão, a fim de incutir heroísmo em seus coinpanheiros com o toque de sua gaita de fole. Comenta-se mesmo que já em 171 O os soldados escoceses d ificilmente dirigiam-se ao coinbate sem suas "war pipes" - literalmente "gaitas de guerra", coino é chamado esse pitoresco instrumento. Tudo pode acontecer a esse homem quando ele marcha durante uma batalha. Está sujeito a morrer, a ficar cego, estropiado, a tornar-se paralítico e passar o resto de seus dias numa cadeira de rodas. Entretanto, nele há um sadio otimismo: n1archa alegre e risonho para a vitória. Otimismo de que1n fecha os olhos e ignora o perigo, tão frequente no . mundo de hoje? Não! Otimismo de um homem que caminha resoluto rumo ao

la

....

1

...1

perigo, consciente de que enfrentar o risco, praticar uma proeza, executar uma façanha é realizar utn destino grandioso. A vida foi feita para o heroísmo, e vale a pena ser jogada num grande lance, por uma boa causa.

Postura de alma alegre ... postura de alma no fundo católica, gerada por

séculos de civilização cristã. Pois o que ainda palpita neste homem - embora provavelmente seja um não-católico - é um resto de fé, raiz de seu heroísmo. A mesma fé que levou legiões inteiras de homens, há vários séculos, a desafiarem o perigo e caminharem alegres e resolutos para a morte, pela sensação reconfortante e animadora de estar cumprindo o seu dever . O escocês, com sua tradicional e antiga gaita de fole, pode-se afirmar que é uma lição viva de heroísn10 católico.

~.,-

• À direita, "Tho Pipes and Orums" iGaites o Ttmbo· ros), 1.0 Betalhêio das Guardas Escocesas, desfilam em Londres. Em cima, dois soldados dene Batalhão tocam suas: galtü de fole.

7


Plinio Corrêa de Oliveira Este nún1ero de "Catolicismo" já estava praticamente pronto quando ocorreu o falecimento de Paulo VI, no dia 6 de agosto. Em face do acontecirnento e do próxin10 Conclave, julgamos oport uno inser i.r neste local o presente artigo de autor ia do Prof. Plínio Corr~a de Oliveir a, transcrito da "Folha de S. Paulo", em sua edição de l6 de agosto. Tal colaboração, que analisa com profundidade de vistas as circunstâncias nas quais se encontra atualmente a Igreja, expr essa inteiran1ente o pensamento da direção de nosso ,n ensário sobre os fatos acin1a referidos.

ESTES DIAS, a atmosfera eleitoral satura de alto a baixo nosso panorarna. No Brasil, bem entendido. E, corn a ,norte de Paulo VI, também na Igreja. Nossa pátria temporal e nossa pátria espi rit ual estão em fase de eleição. Entre o pleito nacional e o augusto Conclave que cm breve se reunirá em Roma, as divers idades são irnensas. O que decorre legitimamente da natureza das coisas. Porérn, se tantas são as diversidades entre urna e outra eleição, entre elas não fa ltam tarnbérn pontos de afinidade. Destes, saliento um. Ern bora extrínseco a arnbos os atos eleitorais, tal ponto de afin id ade os condiciona em alguma medida. E a este título tem sua importância. ·r:anto no que diz respeito ao Conclave corno às eleições brasileiras, noto que os comentários e os prognósticos dizem mais respeit o às pessoa:s do que aos prograrnas. Nesta época ern que o público tem tanta iníluência até mesrno nos círculos mais reservados - nesta época em que tanta gente confunde público com publicidade, e imagina candidarnente que a face da publ icidade exprirne sernpre a do público - nesta época, enfim, ern que tantas vezes um público átono, adormecido, deixa correr os acontecimentos sem entender o clamor publicitário, nem a conduta dos hornens públicos, freqiíentcmente hiper-sensíveis a tal clanio r, pergunto: será real que as multidões vêern e sentem as coisas co,no as apresentarn

N

tantos dos chamados meios de cornunicação social? No tocan te ao Brasil, corno à Igreja, sou levado a responder pela negativa. Deixo aqui de lado o Brasil, pois assim o rnanda o amor à brevidade. E passo a falar da Igreja. J

Os fiéis costumam

aguarêfar com vivo intoreste. na Praça de São Pedro, o r~ sultado do$ Concla· VOS, Após sor OSCO• Ihido polos membros do Sacro Colégio, o novo Papa iiparo· co na "loggia" da Basílica do São Po• dro o seu nome é proclamado perante

o público presento.

Da Igreja, sim, nestas vésperas de Conclave. Diante do caudal de nomes de candidatos ao papado, que lhe vão sendo apresentados, o povo não quer saber tanto qual o lugar de origem, a idade e a carreira eclesiástica, nern qua l a fisionomia deles (fisionomia que cabe. ornais das vezes, crn uma das variantes em curso: jovial-risonha, caridosa-tristonha. desgrenhada-frenética. esta última ainda não em voga para cardeais). O que o povo quer saber se reduz a esta pergunta principal: Paulo VI anunciou que a Igreja estava sendo vit ima de uni misterioso "processo de a111ode1nolição" (alocução de 7-12-68) e que nel;r penetrara a ''ji1111aça de Satanás" (alocução de 29-672). O falecido pontífice - ante cujos restos mortais me inclino aqui com a devida veneração - partiu pois para a etern idade corn a autodcrnol ição cm curso, e a fumaça de Satanás em expansão. O que pensará seu sucessor sobre a autodcmolição e a fumaça? Como se conduzirá ante urna e outra? Mil outras questões poderiam ser forrnuladas acerca do novo papa. Mas as que acabo de considerar prirnarn sobre as dema is. Pois quern navega numa barca cm meio à pior fumaça . e em companhia de passageiros que vão desconjuntando o madeirame, se interessa de imedia to e principalmente cm saber o que vai ser feito a respeito da fumaça, e dos demolidores da barca. Ora, a Santa Igreja de Deus é a admirável, a nobilissirna, cu quase diria , a adorável Barca de Pedro. Ê natural que tais perguntas, se as formulem, nestes d ias, também os passageiros desta Barca. São incontáveis os católicos segundo os quais a furnaça e a autodernolição se identificam, a justo titulo, com duas grandes tendências existentes na Igreja de nossos dias. Uma destas tendências se

A Copola Sistina. no Vaticano, preparada para a realização de um Conclave

desenvolve no pla no teológico, fi losófico e moral. Ê o progressismo. A outra tendência se desenvolve no tríplice plano diplomirtico , socia l e econômico . Ela se charna, segundo o ângulo crn 4uc é considerada, aproximação com o Leste, aproximação corn o socialismo e aproximação co m o cornunismo. Se considerarmos que o progressismo é, por sua vez, uma aproximação corn os mil aspectos do que se convencionou chamar "mentalidade rnoderna'' (a qua l é, até certo ponto. uma ficção a que poucos homens aderem inteiramente, 111uitos só aderem com restrições e ern proporções acentuadamente va,·iáveis, e que não poucos rejeitam), chegamos à conclusão de que o futuro papa terá seu pontificado essencia lmente marcado pela atitude que tornar diante disto que podemos qua lificar de dupla aproximação: a) a rnundano-pub licitária-progressista; b) a socialo-cornunista. Desculpe-me o leitor os neologismos. Talvez conviesse compô-los de outra maneira. Apresentam-se-me ao correr da pena, e rne servem para exprimir fáci l e rapidamente o que quero dizer. Poupam, assim , o ternpo do leitor. como o meu. Em nossa época, a pressa obtém indulgência para muitas deselegâncias ... O que pensam dessas aproximações os múltiplos cardeais cujos nomes vão sendo lançados corno "papabili''? Como vê cada u1n deles as correntes ru,no às quais esses movimentos de aproximação os convidam? Corno hidras que é preciso abater desde logo com o gládio de fogo do Espírito? Como adversárias inteligentes, dúcteis e talvez um pouco bobas, com as quais é possível conduzir lentas, cômodas e quiçá até cordiais negociações? Como parceiras, em urna coexistência ou mcsrno colaboração perfe itamente aceitável , e por a lguns lados até simpática? Estas são, entre mil, as perguntas que a maioria dos· passageiros da sacrossa nta Barca de Pedro gostariam de fazer a cada "papabile".

E para estas perguntas, que paira1n no ar, o mais das vezes não vejo e,n to rno de rnim senão fragrnentos de respostas, opacos, viscosos, totalmente insatisfatórios. O~a, queiram ou não queiram. quando do a lto da "loggia" de São Pedro for proclamado o nome do novo papa, e o consueto clamor de a legria se levantar da

imensa praça ci rcundada pelas colunatas bcrninianas, ao mesmo tenipo urna rnuda mas ansiosa interrogação se apresentará aos espíritos. Será o novo sucessor de São Pedro, ante os pro,notores das aprox imações, urn batal hador, urn negociador, ou u,n ajcitador'! E ele. ern 4uc1n residirá o excelso poder das chaves, cujas decisões são soberanamen te independentes dos juízos dos hornens, ,nas cuja missão pastoral não o poderá deixar indiferente às aspirações e necessidades das ovelhas, se perguntarà, na hora solene da sua aclamação: qual das três atitudes espera de rnirn este povo irnensó? Enquanto aguardarnos, na prece ininterrupta, subm issa e confian te, esse momento ápice do prirneiro encontro c-sruantc de júbilo e carregado de preocupações, resta-nos perguntar: o que deseja a grei fiel? Vários, é bem claro, têm sua preferência definida por um papa que tome inteiramente esta ou aquela das atitudes, ante a dúplice aproximação. Classificomc. todos o sabcrn, en tre os que exultariam com a esco lha de um papa combativo corno São Gregório V li ou São Pio X. Outros preferem nitidamente um papa "aproximacionista", corno foi em seu tempo Pio VI 1. E ass im por diante. Mas a irnensa rnaioria dos fiéis. o que desejará ela? A primeira vista, parece apática. Tal apatia será desin teresse? Não o creio. O que será então? A meu ver, é a expressão do desconcerto respeitoso, e por isso mesmo s ilencioso, de quern não entende, não concorda e nern ousa discordar. Essa irnensa maioria, ern cujo si lên cio me parece discernir traços óbvios de fadiga, angúst ia e desânin10, deseja de imediato, e antes de tudo, clareza. Sim, ela deseja. num silêncio que se va i tornando enfaticamente perp lexo, saber sobretudo o que é esta furnaça, quais são os rótulos ideológicos e os instrumentos humanos que servern a Satanás corno "spray.,·" de ta l furnaça, no que consiste a demolição, e corno explicar que esta demo lição seja, est ranha mente, uma autodemolição? Não é o que o sr. gostaria de saber, leitor? A senhora, leitora? Pois cu tambérn. E corno nós, milhares, milhões, centenas de mi lhões de católicos. E o que há de mais justo, de mais lógico, de mais fi lia l e de mais nobre do que pedirem os filhos da luz, àquele a quern foi dito: "Tu és pedra, e sobre esta pedra ed//1carei a 111i11ha Igreja", pedirem-lhe clareza·?


N. 0 333 -

Setembro de 1978 -

Ano XXVII I

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

DA ''CONSCIENTIZAÇÃO'' À AGITAÇÃO

A PR! M EIRA etapa do processo revolucionário russo, antecedeu a própria revolução bolchevista de 191 7. Esta etapa consistiu na "conscicntização" do povo, isto é, em inculcar-lhe a idéia de que ele era esn1agado pelas estruturas político-sociais da época. E, em conscq iiência. devia revoltar-se. Gregório V. Lopes a nalisa na

p. 3 as <1 nalogias desse processo com a situação atual do Brasil. E o bserva q ue. aco mpanlrnnd o a ação da esquerda católica em nossa Pútria. parece claro que a "conscicn tização" de há muito vem sendo rea li1.ada. E que agora. os umbrais da segunda etapa estão se nd o transpostos: a agitação baseada c m fat os concretos torna-se patente.

Um exemplo dessa agit,1ção é o "Movimento do Custo de Vida", que rea lizou no dia 27 de agosto último uma. concentração de encerramen to no interior da Ca ted ral de São Paulo. Na foto, 1nanifestantes diante do templo religioso, ostentam faixas que indican1 o clin1a que predominou durante a concentração.

"A JUVENTUDE não foi crindn parn o prazer. 11u1s parti o heroís1110". Esta penetrante -

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. ....

e , quão verdadei ra! - frase de um escri tor francês está sendo confirmada cn1 nossos dias de n1odo impressiona nte. Largos setores da j uventude atual q ue fugiram do heroísmo para se engolfa r nos prazeres. pela própria lógica daquela máx ima. tinha que desembocar na su pre,na frustração. Como se n1anifcsta este desespero? Na fuga da real idade. a través da droga (na foto: viciados nos Estados Unidos). ou na evasão da própria ex istência. mediante o suicídio. O proble,na cada vez mais sério . que preocupa os nortcamcricanos. é a nalisad o 11 p. 6: o . , crescente número de

Centenário do Papa da Imaculada Conceição CO M E MORA-SE NESTE ANO o centenário da morte d e um dos Papas ,nais insignes, c uj o extraordinário pontificado foi o ,nais longo da História da Igreja. Esse Pontífice, Pio IX, alé1n d e ter dado a lume documentos me1noráveis, co1no a Encíclica " Quanta Cura" e o "Syllábus", salientou-se por duas iniciativas que tornariam seú no1ne especiahnente célebre: a proclamação do Dog1na da Imaculada Conceição e a convocação do Concílio Vaticano 1, durante o qual foi procla1nado o Dogma da Infalibilidade pontifícia. Na página 4, nosso colaborador Gustavo A . Solimeo oferece uma sucinta visão panorâmica desse memorável pontificado. E,n 8 de dezembro de 1854, com a presença de mais de duzentos Ca rdeais, Arcebispos e Bispos de tod o o inundo, Pio IX, pela Bula lne//abilis Deus, definiu co1n o doutrina revelada por Deus e co,no verdade de fé católica a Imaculada Conceição da Beatíssima Virge1n Maria. O novo Dogma veio confirmar e incentivar uma de voção já arraigada no povo fiel 1nuito tempo antes. A foto acima , q ue reproduz uma bela imagem barroca do início do sécu lo XVIII , d e Nossa Senhora d a Conceição, da Col. E. de Vilhena, e,n Lisboa, constitui u,na prova disso.


Atualidades de aquém e além cortina de ferro O ARCEB ISPO Agosiinho Casaroli, sc,c retiírio do Consel ho de Assu ntos Públicos d:i Igreja. defendeu em \1/ashington a "Ostpolitik" vaticana. política de negociações <ln Igreja Católica com os regimes comunistas da Europa Oriental. Concrapondo-sc a tais declarações a

organização

norte-americana "/.i1/nwn Catho/i(' Religious Aid" divulgou trechos de um bokt;:':". clandestino d.l l.ituânfo. r, qua l <:1i-,i;1 tJllC a política do Vaticano 1cm :,judado :'lqucks q::..: perseguem a Igreja 11tds d:: cortina de rcrro. Segundo o boletim "Crúnit·,,

Nossa Senhora do Carmo do Forte de Coimbra Ê MU ITO difund ida entre a população brasileira a devoção a Nossa Senhora do Carmo. Porém. é pouco conhecida. fora de Mato Grosso. a milagrosa imagem de Nossa Senhora do Carmo que protegeu nossos compatriotas du rante a guerra do Parag ua i. Trata-se de uma pequenina imagem d;l Virgem venerada no Forte de Coimbra. à margt,n direita do Rio Paraguai. que preenche uma bela página de nossa Histó ria. A devoção a Nossa Senhora do Carmo. herdadii dos portugueses. ex istiu no Forte desde seus primórdi os. Qu,rndo a li chegou o primeiro Sacerdote. o Pc.

Ma noel Alves de Campos. c m dezembro de 1775. já e ncontrou na paliçada um peq ueno oratório dedicado a Nossa Senhora do Carmo. Em 1778. o Forte de Coi mbra acolhia a imagem de Nossa Senhora do Carmo que teria importante papel nos .tcontecimcntos q ue lá se deviam passar (*). Quand o, cm 1864 o Parnguai a t:icou o Brasil com wr.a fone esquadra. comandada por Vicente Barrios. cuja tropa de dC$Cm· harque era de 4.200 home ns. aos quais se junta ra m outros 5 mil homens. que formavam a cava• laria . o Forte de Coimbra cont,1v.i com apenas 46 soldados. U111 reforço au mc111ou est e número

para 150. mais 70 mulheres (CS· posas o u fa111iliarcs dos co m batcmcs) q ue rnmbém se abrig:ira m no Forte. O Comanda nte em o Tenemc Coronel Hennencgildo de A lbuquerq ue Portoca ,..-c,·o. Pelo R io Parag uai, desceu o harco .. Anha mbcti" para auxiliar a defesa do Forte. A tacando por terra pela cavalaria e por água pela esq uadra . os paragua ios iniciara m a tentativa de to111ar o Fon e. No segundo d ia de combate a m un ição dos brasileiros estava no fim. O ca nhoneiro inimigo a meaçava tra nsformar o Forte num monte de r uínas. As mulheres puseram-se a íabrica r cartuchos. mas sem s ucesso. A situação tornava-se insupo rtável. O Fo,·tc não tin ha condições de resistir. Que fazer'! Entregar-se ao inimigo'! Era exatamente o que os bravos combatentes nacio na is não podia m fa. zcr. Estavam dispostos a l uta r não só até o último cartucho. mas até o último homem.

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O Con~and,mtc Portocnrrcro recorreu .:i imagem de Nosiw Se· nhora do Carmo. Padroeira do Forte, e deposito u-a sobre a muralha. Os paragua ios incx pl ica .. vclmcntc cessara m o combate. O que permitiu aos brasileiros fazer com honra uma rcti!·ada silencio• St't na ca lada da noite. Pelo ba rco ''J\ nhamba í" :.rnbiram o rio c m direção a Cuiabt conduzindo a imagem. Nenhum dos dcfcn,orc~ do Forte ca iu m orto o u f, rido. ao p,lsSO que os ini m igos '>Ofrel'am baixas de 42 mortos e 16-1 feridos. E111 16 de janeiro d,· 18(,5 a imagem foi recebida pelo ,,ovo de C uiabá com a mnis pOP1posa f'H'Ocissã o q uc houvera naquela cidade. A ru11 por o nde devi,i pass;:ir a imagem esrnva atapetada de ílorcs desde o porto a té a igreja de Sã o Gonça lo. Mas a guerra alastl'Ou-se e Cuia b,í ficou a mcaçada~ <> povo ,1íl ito foi rezar piedosamente d iante da milagrosa imagem. Exposta iniciallncn te ;) veneração na igreja de São Gonçalo. foi mais tarde cond uzida para a Catcdr:,I. onde permaneceu d ura nte dez a nos. Em 1869 os paraguaios abandona ram o Forte de Coimbra. Po uco tempo depois. o Exército Nacional. sob o comando do Conde D'Eu. consorte da Princesa Isabel. venceu definit ivamente o inimigo. Em 1874 o governo imperia l mandou n~srnu rar o Forte de Coimbra. No dia 16 de julho consagra do a Nossa Senhora do Carmo - desse mesmo ano a im;1gcm retorno u tl'iunfalmcntc ;\q uelc loca l. A scparrição entre a lgl'cja e o Estado. ad vinda com a proclamação da República. determin ou a ll'<'tnsfcrência da imagem para a Vila da Coimbra. onde foi conlillda ao S r. R:ti mundo Costa. que a manteve numa capela. Porém , cm 11 de janeiro de 1917. o Genera l L.ui1. 8 arbcdo. coma ndante da 11 Região M ili rnr. à qual pertence M,no Grosso. ordeno u o retorno d as relíquias histó r icas e com e las a lmagern de Nossa Senho ra do Carm o. Em 16 de j ulho de 1964. após a reconstrução da capela, a imagem foi tccnt ro ni1.ad a pelo então Bispo de Coru m bí,. D. Orla ndo Chaves. postcrior111cm e Arcebispo de Cu ia b.í. Em memória do milagroso fa to ocorl'ido no Forte de Coimbra . hft uma tradição segundo a q ual as pessoas que prestam o serviço m ilitar nesse Forte. ao a tingirem o genera la to. a i voh11m para depositar no ma nto da milagrosa imagem uma estrela de ou1ro de suas ornbreiras.

(•) A história da imagem de Noss:.1 Senhora do Ç:mno c: do t-ortc de Coim• bra é n:lrrnda. c:nirc outras. n:1s sc~uin1c:.s obta.s: ..A Prou•ro,trdu l-l,rt<·,lt' Cuimhm" Oc:-ner:tl R. Silveira de Mello. cdic::'io.

'·ª

lmprcnsa Mili1ar. 1955. ..100 lln o.,· ,te fi1rtt• Caimhra·· -

Dr. Otávio Go11.;--3lvc-s Gomes, l!ditado 1>cl:1 9.~ Região Milit:lr, 1975.

/>:reja Catâlifo ,u, l.ituânia". dil"undido t"'lú:,. l:strnhls Unidos pelo Pc. Casimir Pugcvucius a "Ost· politik" 1cm sido c nonne1nentc pre.iudicial ú Igreja na Europa Oricnwl. J\ publica~·•io acusa O$ Bispos de cumplicidade com os regimes comunistas. Os chefes vcrmd hns. di, a "Cl'lini('a··. procura m avid;_1mentc relaç<lcs d iplom:.í1icas com a Santa Sé dt1

a fim de obter co ncessões da Igreja Católica que lh\!s permi tam mais engenhosamente perseguir os íiêis. por meio dos lideres religiosos lo· tais q ue capitulam :inlc eles.

A SIT UA(),o d;i Igreja n:, Chicomu nista não 1; menos t r ;ÍJ!.Íca que a de outros paiscs soh reg~ mc co1nu 11i:::l1' . .ifirma ;1 revista " f/orina

missos ~onhcddos d<: compras anunt:iado~ pda Rússia t1té o final de l 97X ~ão o:,. seguintes: 1'rif,!O /\ustr:"11i:1: 450 m il t01h:lada:,;: ('anad(1: .l.5 milhc)cs <lc tonelada s: Índia: 1.5 ,ni lh,ies de toneladas: EUA: 1 milh:i<> de tund:id,is. lVl ilho l:UA: I..' millüks de tonclad;1s. lJ 111:i pcr,guuta ainda não rl•spon· did,1 é como o re..:i1ne de Moscou pag.01r;'1 essas aquiSiçc1cs de cercais. uma vc, c.1 uc \Vashington não propú:,; crl'ditos, nem os suvil'tico:s os rec.1uisitaram. O Depanaincnto de Com~rc.:io .imcrka no. c.·on1uc.lo. acrc..·<lita que o pagt11ncnto dos dois hilhi\cs de dúlar~s. c.1uc l' o pl'c<;o da trans:u,;;lo. seja ainda n.·;1li1ado. atrn\'és de e1·édi1os ohli<los nos Eswdos Unidos c.l\l na Europa ocidental.

: mue /lsitÍtica". de Formo:-:a (.li / 1/ 78). A ntes de Ma o Tse-1ung ga lga,· o poder. lwvia na China J.\5 dioceses

1

P O R CHI rRO lado. por inc-rívd que pan:çél, cm 1~)77 a ft;"tlia ..:m-

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SOb a effgle de Lenine. o Ar cebispo O. Casaroll assina um acordo em Moscou. A " Ostpolltlk"" vaticana, segundo católicos lituanos. vem favorecendo a perseguição à Igreja em seu pais.

ílorcscc ntcs ..:0111 mi lh ões de <:at() .. lieos. ccntem1s de comu nidade:,:; rcligios.ts. milhal'éS <.k colégios e instítuiçõcs <k hcndicência. orfan,uos e ;1silos. l loje c xistéin apenas seis Bispos presos e nome com proibição absoluta dé célcbn1r o cu ll o. Há 40 ··1>i:<po,·· eleitos ilcgal nwnte. vcrd:tdciros ins1ruincmos do regime comunista. Os demais Prelados. Sa· cerd01cs e freiras, rol'arn as:,.;1ssina .. dos. enviadc.,s a campos de co ncentração. depürta<los. c.'1H:arc...--rados ou dc1idos cm su:is prbpri;1s rcsidên· cias. O Pad re tJUC é surpl'ccndido 1·e;,a ndo Missa . p(ldc ser mono ou prcs<>. Em 1966. ano tr:',gico da chamada " revolução cultural". ;1s ('al<:dr~1is e os s:111tu:í1·ios c;itúlicos foram incendi.i<los e muitos li~is morreram qm.·inwdns v,vos.

prestou ú50 milhôcs de dúlarcs f1 Ri1'si:i. 420 mi lh<ics :1 l'olúnia, 240 milhc1c:,, {1 R urntmi:i e 40 milhôcs ao Vietnã. Apesa r d;1 péss ima s it trnção \."c.·on()mi<.·a do p:iis. t) Banc.'l} da Sidlia ro1k·cdcu um crCdito c.k ci nco hillh;e:- c.k lira:. ii ('hccoslov,íq ui;1 : o llaneo C,·111ral dé M il:io ,eis bilhões <lc lihr:1:- :1 lugosl:'tvia: :1 Erihtrnca 10 hilh<"ks d.: li ras ;'t A lema nh a Oricnial e ,, kipu 240 milhücs de d blarcs 1amhl·111 ;'1 Alemanha do l.c.·:,.tc. Dl· ;1conto com ohs\.'I"\ :1tl,)rc:l'l'o11úmicos. o 101:1 1 aka1l\·ariu rerca de 4.S hi lht,és d e clúlarc:,;. conforme i11lm·1n:u.;úc~ d.i rcvist.i italian;1 .. ,, S,·11i111C111tlÍ,··· (de1emhro 1977). O :;o\ cnh, da ll ;"ilia tem etHll certa frl'tl iiência tomado a i 11 iciat iva de solicitar <:réd itos a pa i:-cs l"OllH) os Es1:alos Unidos. Ak111;1nha (kidcnt:il i..• mcmh1'th d:1 (.'mnunida(k Eco· nômil·a Européia. Si..· 1al f~ 1,úmcno \(,.'nl ll(,.'Ol'rClldo !o>\.'Ul a fll"\.'SClh,';t <li rew <k co111unis1as lhl atual minis1l FA T O ampl:11nente co111 1wo- t0ri(l i1a liann. 1) qu\.· po(kria e:-.pc.·r.ir vadn c.1ue. caso nfio lossc co11ccdid;1 !'>\.' \.'k!-> panidpa:-.!->..:lll d'c1iv.1m1,.;111c "Overno''. ;1juda fin:11lC\. ira. 1ccnológica c ali- do "' mcn1ar d;1s poté ncias do munUo li vre :tos l'cgimcs com unist.1s cstc:s não podcl'ia m sobreviver e se expandir. O notici:'irio da imprensa diüria A l'OM E l:S rA provoca ndo é fano cm indícios c.1uc conrinnam ç:isos de c;111ihalismo no C'amhodgc. t;.tl situação. de m.:-ordo com um c.kspacho da Agora. por exemplo. de acordo .. , lg,:,,âa f-i·1111<·,, l'n•s.w'" ( 21 / ;, / 78). com a revista no n c--amcric;1na ··nus- Um refugiado desse iKIÍs. Pin Yashw.« 111<•,•k'" (fe"crci ro / 78). novo thay. cm declarações an1c o Consefrncasso nas colhcit;is de cerca is lho Norte-;·1 mcricano de Segurauça. levou os sovié1icos. mais uma vc1. a alÍl'nlOu qu e ··as pessoa.,· c,uneflllll a c.:ompr;1rcm no mcrcadú ocidental co11wr a ,·arll(' du., ctultí1·c,·<·s··. A grn n<lcs suprimentos de trigo e mi.. sit1wç,io alimenta r dos c;,u11 bodgealht), cm l,or:1 ; 1s pa rtes não quc:ram nos cnvi.idos ::1 trab:1lhos nos c~nn· revelai' ~, quantidade elas cum1,ras. pos piorou. e a nu,~ão di;'tria era de J\s ncgocia<,:õcs cstã<> sendo feitas um,1 peque na lata de conserva de sccrct:1mcntc. mas o total deveni arroz para o ito pessoas. Y:11lwy exceder a dois bi lhões de dólares. A ;tcresccnlou c.1ue ""<·1·10 dif,. 111n ptoSecretaria da Ag1·icult ur,1 dos Est:1- .f(wsar foi .,·ur111·t•e11clido con1t•11do o dos Unidos calcula c.1uc os soviê· nuhfr<·r ,lt· sua inuii. sendo 111orro u ticos necess itam adq ui rir 20 a 25 pmduda.,· t•111 !"º<'.'"'"<'" "" todo o milhôcs de toneladas de cercais a1ê o "º"º reunido", Pin cr~, diretor de final do :1110. Os produtores amcl'i · trab;, lh os públicos durante o último canos estão convencidos de lJIIC as regime. rcíugiandO·SC agora na Taig randes empresas de cercais j;í ei;cã o lt,ndia. Cún1011 .iinda que viu morrer comprometidas a fat.cr vultosas vcn· <101.~ membros de sua fami lia. cnlrc das aos comunisws. Os compro- eles seu p;1 i. m:ic. irm;is e um lilho. 0

1: m meados de 1977 Yath:iy decidiu fugir par:1 :1 Tail;india j uÍltamcntc com sua cspo:,,;;1 e.· outros de, c,1mbodgcanos. Antes ele checar :'1 fron 1cira fornm dcscohcnm,... e JH\::-.os. Dul'anlc 11 m;1 l\.'lllP\.'SWde ele.- l'OllSC;;uiu 1'11,gir. ma!'> :,,01i nhü.

OS SOVJ l:T ICOS nunca cessam <k agir e de su hvel'lcl' a ore.km 1uls países do mundo livre. /\ lu;1hnc 1uc cst;1 • 0 <l fH."l'lHll(10 ilS rC( · 1l'.t~ na ore1a do Nc.lrte: no Vic1 n:i :1s.sumcm a herança <las hases nor1c-a1ncrie:1 nt1s: na Índia 1c11ta111 forçar ;1s ~i tu.ic.;õcs. por todos o:-. meios. a St'tt favor: no Oric:1111..· Mêdio e Mcditcrr(1nco hlo· c.1l1ci:11n o~ t.'sfon;os p.ira se oh1cl' acordos <k p:11, ._. na Furorw <:en• tra i l'ortakc.·cm in1..:ns:1me1Hl' :,;ua:,. ÍtHça:-. hêlic;1:,., !\i () 111ar :,,it uado IH,> pc.'llc, 1101·1c .ieumu l;1-..;c o arstnal ofensivo da l'rot:t com m1ista. <JIIC S\.' infiltrn w mbêm no Mcditcrri1 nco. no Atlfüuico. no 01."l'a110 indk·o e no Pacifico. O C.iva lo <k T 1óia do "eurocomuni:-.mo" l<!nta ins1a lar•sc.: m1 Europa l.;1li11a. Na:-. ncguc.·iac;cics SJ\ t:T. o:-. soviétÍCtl:. pron1r,11n inlimidar c,l 0cjdcnlc. tirando 4.l 111:1 ior ptnvdto possh·cl das generosas: concl·s:-.c;e~ norte· amcrir.i nas. O espectro dt1 gucl'l·a co ntinua ;1v:1ssalando a Âíri .. c,1. A R l1ssi:1 \"l"lll saq uea ndo os :intigos tcrri1brios luso-.africanos: Angola . Moc;ambiqu1.·. Guiné- l~i:;s;1 u e Cabo Verde. O reJ.!illlc moscovi1a assegura c;1da \'e1 11~1is sua inlluCnci.i sobre a l.ioi;1 de K;1dafli. No ._~h;11nado "chifre <la Ãfric.·;1" ;1 situa<;ào c.·onti nu:1 cxplosiv11 e.· favor.'1vd aos t"omun istas. A p:1l'tirdc Mü<;am .. hic.1uc: no leste. eles pl'ctên<lcm estender um ónt ul';io vermelho ate:' Angola. no ,,c-st,-. Ca,o a Rodésia e :1 Namihia scj,1111 ..;uhjugadas. o Ililimo aln> ..;cr~\ :,1 Rcpúhlica Su lAfrir;111a. Sc.·u domínio pelos vermelhos ,ignitica o controle da rota do Cahu d:i l!oa Fsp~r:111\·a. de import:'mci:i vit:tl p:1ra o Ocid~ntc. pois pa~s:1m poi' da três qu:1rtos do ahasted1nento lk pctrôlco par;1 :1 F,11·c.lpa . O \·onlrok d;1s 111:1i:- import:11\l!,':- rc.'!->el'\ a:. ,h: 111:1l01·i:1 !->-prima~ na ,\lric.·a du Sul país 1.fth! cs1;í na p1·imcir:1 linha th\S fonK·ccdorcs <los cinqikrH:1 minc.·r.iis h:'isicos par;1 a i lld ll:-.t ria rolocari;1 i..·m .xc1,,J uc todo o ,i!->ll'llla econômico c.Jo mun-

e···

<lo fÍ\ l'C. 1)a llll'Slll:t fornw, UO!->Sc.) conti• ncnlc encontra-se ;11nc.·;u,.·.a do. ~a Améric.:a l.a1in:i. os .igl'nle~ de Mos· cou 1u·omo,·cm o t~rrorismo. <lg,indü da 11dest in:1ml·nte. 1\ Rússia pode vir ;1 controlar o Cam1I do Panam:1 :11 rnvés <li.: posi.,; ôcs cst rah\;ica~ locali,adas na l'l·gifül do (';1nhc. éo1110 C"uha. Guian:1 e Jamaica. l'Slando todos esses países cíctiv~t ou \'irtualim.·nh:: j ;'1 na ôd,i1a do t"remlin.

CARLOS SODRÊ LANNA A chacina de Kolwezi. no Zair e. foi pralica• da por rebeldes treinados por cubanos e ar• mados pelos soviéticos. atuantes na Africa


TRILHOS, POÇOS SECOS E ''JORNADAS'' Atual agitação eclesiástica no Brasil N

O INÍCIO DE 19 17. a Rússia era sacudida por movi· mcntos rcvolucio núrios. A falta de pão. a gucrr:i cm curso. a inconformidade com este ou aquele ministro eram a lguns dos fotos concretos que serviam de pretex to i, agitação: uma só, porérn. a finali· dadc última de todas essas comoções: ;1 implantação do comunismo. Embora. é claro. houvesse inocentes-

úteis que delas participavam. De fato, já cm março, Kercns ky subia ao governo para servir de transição cômoda à ascensão de Lenine. cm outubro. De então para

c;i. um regime antinatural e tirânico subjugou aquele pa is. Ao contrário da mult iplici,ção dos pães de que nos fala o Evangelho. verificou-se hí uma tcrrivel mu ltiplicação da fome: e a miséria. real ou fabricada pelos agitadores. l'oi disseminada e poderosamente ampliada cm toda a população. E este tnígico quinhão produzido pelo regime bolchevisHI vai sendo legado às infelizes nações a ele anexadas ao longo dos ;inos. Mas não foi só o alastnuncn to da fome. Poderíamos examinar cada um dos fatores explorados pela agitação de 19 17 e mostrar. como a propósito ele cada um deles, a situação posterior da Rússia degradou-se assust~1don1mcn tc. E Hgora não ê mais permitido protcs1ar... Ora. o que se dava no inicio de 1917 era a aplicação da segunda ctap,, de um plano cuidadosamente urdido. A primeira crnpa consistir(t na "conscientização" cio povo. ou sej~t. cm inculcar-lhe a idéia de q ue ele era esmagado pelas cstrut urns pol itic.o-sochlis e <1uc devia. pois. n:voltar-sc. Na segunda et~1pa. então vigcme. passava-se it ação concreta. utili1.ando todos os prctc,x tos c riando alguns ou aproveitando situações realmente existentes - parn articu lar protestos. agitações de rua etc. Tudo isso prcparnva a terceira e última etapa: a tomad~t <lo poder. Ao serem tra nsporwdos para o Ocidcntc, os engodos do comunismo e ncontraram decisiva resistência no espírito católico dos povos. pcrspic.iz cm discerni-los. Para que a seita vermelha cnconlrassc condições de triunfo era ncccssürio. pois. obnu· bilar esse espírito. M;is como·> Foi rti que. aturdido. o mundo .:1ssistiu a uma rotaç.ã o ini111,1gin:ivel : grande parte da estrutura cclcsii1stica rnu ndial bandeou-se desinibidamente para as hostes <1uc até então com ba tia. E nas últimas duas décadas, passou a atuar progrcssivaméntc ora como forç~:1 a uxiliar. ora diretamente como linha de frente. 110 processo que O J>a rt id O C OlllU• nista por sua impopularidc1dc não pod ia mais conduzir sozi nho . Na J\mtrica Latina. cm <ruc tssa impopu lc1ridadc do PC é singularmente notól'ia. os ccksi{1s1icos "engajados" constituem a forç<l mais dinâmica na condução do mencionado processo. No Brasil. cm que ct;'lpa c:,;1amos'! P;1ra quem acompanha a ação d.t esquerda católica no pa nor.:H11a na • cion:.il. torna-se ch:1ro <.1uc a primeir.:1 ct.tp~t a "consdcntiz.açâo" de h{1 muito vem sendo levada a cabo. Basw correi' os olhos por certa imprensa catôlic<1. ouvir certos scrmôcs. acompanlu1r o lraba lho rca li zado junto ao povo para que se torne evidente csrn consta tação. M.-1s. agora. parece que mn p;1sso além íoi dado. e q ue os umbr~tis d:1 scg.unda etapa estão sendo transpo:,;tos. Ou scjn. a }1gi1ação com base cm c,1sos concretos comcç.., ,-, íazcr-sc notar com uma intensidade digna de atenção. l} cla ro que ao citarmos alguns dcssc.s casos como ;1dian1c faremos - não csta1nos tomando posi .. ção sobre o mérito de c:ida um deles. Muitas vezes a agitação scrve~sc dé injusti~as reais <.jUC 1oma como ocasião ou pretexto p;-1r;1 seus fins. ora 4

exagerando-lhes o alc.incc. ora e,xci-

1ando os ânimos a propósito deles. or;l ,,mrliando ôcsmcsur.itht mentc reivindicações legitimas.

O que chama atenção. porém. e <1uc aqui quel'cmos ressa ltar. é o número crescente de fatos que a esquerda católica se empenha cm denunciai'. as organizações que cria. clara ou veladamente. para essas denllncias. como também o cli nrn de agitação so<.:i~1 I q uc isso comcç.i a medrar no País. Ê também digna dç mcnçiio a ausência de espírito de d iálogo cm relação {ts au toridades que poderiam resolver os problemas agi tados. Se os esquerdistas católicos visassem a solução desses problemas. dir-sc-ia que os métodos empregados são os menos indicados parn obtê-la. Mas se não visam a solução. o que r)J'ocuram obter com a agi1ação'?

Os fatos Presos políticos Eelcsiást icos promoveram recentemente no Recife ato público de solidariedade estudante paraibano ape lidado "Caj,\''. preso pela Policia Federal. O Arcebispo de J oão Pcssoll. D. José Maria Pires e seu Bispo Auxiliar. D. Marcdo Carvalheira. além de dez Sacerdotes. percorreram o centro de Recife à frente de um bl<>co de pessoas e chegaram à igrej a de São Francisco. onde houve Mit-sa pela

"º

vimento visava não só assinaturas como também "obt<•r 111t1ior tulesão da populaçtio nesta luta" organi1.an• do ··nuuirões giganu•s... Por isso.

além das listas . seus participantes levavam também cartazes com dizeres do segui nte teor: ".U berdade de

Tanto ao negar o diálogo. como as condições imposrns em diálogo com terceiros bem mostra que a intenção não é resolver o p roblema do Maranhão. Seria bom que o Sr. Bispo desse as razões porque deseja agitar todo o país.

ma11ijeSl(JÇ<io para o povo··.

tos s"11gre11tos expu lsa111 de sutis terras grupos de .ft1111ílias". Além do que resolveu estender o caso e ped ir

As reivind icações eram d rásticas: "co11g,,fmne1110 do.,· flr<'('os dos gê· 111.•roJ de prin,eira nec(1,\',çidadc, <tu-

logo de urna vez a realização de uma Reforma Agrária. Depois disso. o secretário da regional Su l- Ili da CNBO, Pc. Augusto Dalvit, confessou que o fato "criou o c/i,na" para u m documento proposto por D. Schcrer e assi nado por mais vi nte Bispos do Rio Grande do Sul - inclusive D. Ivo Lorschciter. secretiírio-geral da CNOB o nde se atacam "as co11sta11tes pres-

menlu dos .•-;a/tírio.'i adnw do t.·ustu dt• \'idt1 <• ahono salt1rial i111edit1to (' sem desco111c,. d(• n <J mi11il110 10%. a toda;• tis ,·11u,gvrfos t/1• trabalht1clo1·t•s". Os promotores dessa iniciativa dizem ter obtido I milhão e 300 mil assinaturas. q ue pretenderam, em vão. entregar ao Presidente Geisel - atitude q ue parece a ludir ao governo como o principal respons,ível pela situação. . Quando um Padre da igreja do Largo de Pinheiros se opõs à manifestação cm sua paróq uia, d izendo "aqui nriu <; lugar dt• Jaz,,,. 1novin1e111os políril'us". os promotores da mcsm,, . cxp lic;u·,, m ao Sac.crclotc "ljll(' O IJl()VÍllll'/1/{J ()

apofru/u JU•/a

fgl'('.ill", De !'ato. cm Suzano por cxt!mplo. foi na igrcja-m;uriz que o movi mento se reuniu. e lá "os rt1pr,-'.,.(•11111nl('S da Jgrt-'ja falara,n ninda da Cmupanlw da Frttt(•rnitlftde".

sões do poder

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eco11()n1ico

<) tios

latiji111diórios",

E empregando uma linguagem na q ual transparece a luta de classes.

O Cardeal Scherer ampliou lndebltamente o Amblto de um conflito r egional de terras no Rio Grande do s ul. apelando para uma Reforma Agr6rla naclonal.

T rilhos e poços secos - Referindo-se ;1 um acidcn1c ocorrido 1n1m;.1 passagem de nível cm Guaianases (bll irro de São Paulo). no q ua l "/iht•rdudl' i111l'di11ta ,t,., C11jâ". O episódio foi aproveitado par:, "Pastora l da T erra" - Em do- lamentavelmente morreram quatro estender a faixa das rcivindicac;õcs, cumento divulgado pela CNOB. a opcnírios. D. Angélico Sã ndalo Berult rapassando de muito o · caso do Comissão Pastoral da Terra ;1rn<:ou nardino . Bispo-Auxiliar do Cardea l cstudc1ntc preso. No sermão. D. os grileiros alié,dos a "polít icos e A,·ns. apontou o acidente como Carvalheira denunciou "a e.,·p/ora- 1111torí<ft1de.•./', que estariam ocupan- ··prova ti(' dt•sintf!n\i;.t<> das autorida('tio d<· op,1 rârios <' 1ral>allwdor,-w do do terras ll(l Maranhão. O INCRA d,-s p<,ft1 seg11rm1(·11 do povo··. E c<m1110 por uma mi,writ, d(•U•111or11 também foi criticado. O documento iníormou que vai 1·cu r1 ir cm c.a rátcr do capital". As fai.-.:as conduzidc·1s na fola <lc v{1ri:1s morlcs ocorridas a de urgência ~:, ..Co,nis.wio Rt•gional ocasião cstabclcci:'tm um estn1nho esse propósito. e c'tcusa a policia de de /)ireitos Jhunmws". ligada à p;iralclo entre Nosso Senhor· Jesus c~tar ··afiada aos i111,,,·,,s.,·,•s dos gri- Cúria Metropoli ta na. O Bispo. que Cristo e "Cajú'", cnquunto uma carta leiros··. Aos lavradores recomenda recentemente "11111<•iifo11 st•ntar-s,, era distribuída ao pi,hlico pedindo "wna unitiú no sindic:1to. com o i>ovo .\·t..>l>r,) os trilhos''. acu"o .fiJn da.-.· prisiít'.\' i/(•gais. anisJÍft. Diante dà gravidade das acusa- sou a inda as ,wtoridadcs de serem justiça <' lih<•rdadt•". ções contidas no man iíes:to. o Presi- " irrespo11.-,·tiv(~is" porque não constroem uma passarela e um viaduto sobl'c a passagem de nível. /\ recérn-cl'iada "Co111iss1Io de Direitos l/1111w11os d11 l?egio11al Epi.,·copal J.es/(-' .. vai exa minar também a 'falta de âg,w 110 J11rdi111 Roownu. <'lljO.\' poços (•stão secos por<Ju(~ 11111a (•n,preil(-'Íra n)baixou o /e11çc,I /rt•âth·o". D. Sândalo reuniu ~..... ( ... ,;h ~ ... , 'l ' no bairro. "na avenida ,·e111ral. tuna A1ofl'i',r~ • ,- • .s,j .. ~ 11s.v,•111bléi<1 pop11/ar p11ra discutir so.. ,. • •t$1"~ .. hn' ti falt11 de ógut1". /\ finalidade da Comissão. D. Angélico indirct~1111ente a defi niu, quando afirmou: "S,j ,·011seg11i111os algunw t·oisa q1H111du pressio11an1os o Podt'r Público". A pressão. no c nrn nto. não é feita cm abordagem cordial, com a a1>resenrnção de ar........ M.1 . 10-. gumentos que patenteiem uma evenf"'"ºtt1"'·'•" tual displicência do governo. A pressão é fei ta na rua. em comícios. onde racilmente se excitam as paixões. Q> ., Trnta-sc. pois. de um organismo para mohi liz,,r o povo a fim de impu lsioná-lo contra o govc,·110. usan'l . do o método cm 11ad;1 distinto da O " Movi mento do Custo de Vi da". que chegou a preocupar as autoridades, luta de classes. q ue faz lembrar o tez s uas campanhas om Slo Paulo com apoi o ectesl&stlco anti1;0 Movimento de Pressão L ibertadora criado por D. Hélder. D. Hélder C'i,m:,ra acusou a dente do INC RA convidou os memAgora . porém. a tática é reil'olícia Federal de procurar conven- bros da Comissão P;1storal da Ter- vindicar a 1>an ir de fatos concretos: cer ··Cajú" .i c-1s~i11.1r um documento ra e os Bispos do Maran hão para p<\ssagcm de nível cm G uaitmases. no qual conícssav;:i estai' "reartfru- um di;;ilogo que visasse analisctr o os Jlovos secos do Jardim R omano. lando o PaJ'lido Co1nw1i.,·1a Revolu- problema. D. Moacir Grccchi. Pre- e ot1tras que venham a surgir. â,)nário '-, incrituinmulo , ·drias JJ<·.-.·· sidente d:1 mt!ncionada Comissão. lndios, posseiros e Reforma ASCl{IS" . rejeitou o di,ílogo. ,,legando que a gn\ria Fato sobre o q ual a imO Supcrintcnckntc da Pol icia íundaçiio do ôrgão que preside "1uiu prensa mu ito · tem se ocupado é a Fcdcr,11 desmentiu essas afirmações. <: .\'('r i111"rlocu1or do governo ... e que tr:insíerência de posseiros - expulqualiíi<.::1ndo· as de ..j't~/i.,·n u,.,.··. "in- o contato deveria ser 10111:1(10 com os sos pelos índios da reserva de Now•nt·ionice.-.·.. e ..<•hu·uhrac<j<'s n,ira· posseiros e sem; sindicatos. Após noai, no Rio Grande do Sul - para holm11<•.v'' do /\1·ccbispo de Olinda e essa insólita rt!cusa. o Bispo apre- a região de Barra do Garças. cm Rccif.:. sentou a lgumas "co11dicti(•.,· indis• Mato Grosso. Ft)J'am transícridas só De outro lado. ay ucla /\rqu idi o- /Je11.wfr,•is para a tliâ/oft_o ,·,nu os as famil ias que aceitaram essa proccsc do 11ordcs1e convoc;.1v:1 os fiéis pos.,·,,iros", Entre elas figurava a posta do governo. /\s dema is aguarp:iu a um;, " \•(r:ília <"'Ili .favor dos '*diS('US.Wio do /lfOhl<•nUJ (/(, ân1hi10 dam solução. J}l'('So,,· pulíticos de /rm11aracti". o 1111CÍ<J1lfll" e que o INCRI\ seja Não pretendemos aqui ent rar no que c.iusou espécie até entre alguns ··c ·t1p11: d,, 11ru111over uma nuulm1ça mérito dessa p,·oblemá tica. O q ue Sacerdotes, que se negaram a ler na ,,s,n,111r11I da ,\·iJuaçr7o agrária d<· nos impona aq ui é analisar a atitude Missn 1al convocação. tudo o país". :1ssumid" por autoridades eclesiástiCusto de vida - Urn movimenEm outros termos. pelo fato de cas sobre o assunto. O tom de seus to que atuou "en1 Judas as igH'las da terem surgido poss íveis problemas pronu nciamentos é de molde a amCirmuJ,, São f'(l11/o", procurando an- de terra no Maranhão. scrh, nccC:.· pliar o âmbito de um conílito regariar assinaturas ··pela baixa tio scirio rcaliz;u· a Reforma Agniria no gional. apelando para urna Reforma cus/o de vida··. Agiu também "11(1S Rio Grande do Sul e cm Rondônia. Agr:iria nacional. E ao invés de f<,iras. ruas da ddad<) " etc. e o problema prccis,i ser discutido procurar acalmar os ânimos e a me· Mas o interessante é qu~ o mo· cm Sa nw C,itarina e no Acl'c! nizar as d ivergências. as declarações

µ,,.,,,.,

de Prelados brasileiros incentivam o espírito da luta de classes e de contestação. Assim. D. Scherer, pronunciando-se cont ra a transferência dos posseiros. comparo u os índios que a provocara m "t1os latifu11d idrios da Anwzúnia '-/li(', por vezes. con, ,,tri-

o ma nifesto assevera que as grandes e peq ue nas e mpresas têm "int(1 ress()s dh·ergentes e <·011/râdittírios". Usando uma expressão popula r. poder-se-ia dizer que os Bispos, capitaneados por D. Scherer. estão fazendo render o caso dos colonos ... "Jornadas" para criar inconformismo - D. Cândido Pad im. Bispo de Bauru, informou q ue as "Jornadas.. internacionais que visam "a co11sdé111izafão das bt,ses popu/(1· res" para a tuarem "<·011trll l'egimes de opres:uio e don1i11aÇcio". continuarão " agir. /\ CN BB. au tora do projeto das ··Jornadas". retirou-se da promoção oíicial do mesmo. na qua l permanecem. entrcl:lnto. 23 Bispos brasileiros. As "J ornadas" visam "" ide11-

t({ict1('ão de si1ua(·ôes especificas". através de oma "arão consâentizodora", que "acelel't1 as reaçiJ(,s da.,· hases populares·· e as leva a ··uma a1i111d(' dt incon(or,nisrno conlrll a ' agitam . opresst10 ,.. o u seJa. as massas

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1

a pan ir de fatos concretos. J,í foram enviadas ii sede das " Jornadas... em Paris. "dua.-.· de11ún-

cit1s sobre os ,·011flitos.p1>/a pos.i·e da 1errt1, ,·aus,u/o:l pelo sist(1 n10/1111diârio brusileiro ":

Qual o obíetivo da agitação eclesiástica? Os fatos citados foram escolhidos dentre os muitos publicados pela imprensa di,iria. no breve período de 21 / 5 a 10/ 7/ 78. Trata-se sempre, como se vê, do aproveitamento de um caso determinado. a propósito do qual uma ou mais personalidades eclesiásticas se colocam à frente de um descomentamcnto ou movimento reivindicatório pa· ra lidcrú-lo e dar-lhe a amplitude de um conflito social genera li zado. Isto sem falar dos oriianisrnos eclesiais. explicita ou irnphcitamcnte votados a esse tipo de agitação. co1no as tais "Jornadas" propugn:1das por D. l'a· dim. ,l "Co111iss,Io Pastort1/ d11 T<·1·N1 " da CNBB. a "Comisstio de Din,iivs Nu11u111os" manipulada por D. Sándalo Bernardino e outros. A esta altura, uma pergunta não pode deixar de ser feita. Por q ue estará subi ndo tão rapidamente o tennõmet,·o da agitação ecksi.1I no Brasil? Pensarão certos eclesiásticos cm apnivcitar as med idas de liberalização que nosso governo vem to.a ma ndo para precipitar os acontecimentos e chegar logo à terceira etapa do processo,/ Isto é. ii derrubad:1 do atual regime? _Mais ou menos como se passou na R ússia cm

1917?

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GREGÓR IO V. LOPES

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Jornais consulrndos: Norte•"• .loão Pcs.so~,. 21/ 5178: "J)itiritJ tlc· l't·momlmfci', R.ecifc. 2.lJS/ 78. ··oüiriu de· (;i,it,luí", 17/ 6/78: ··t'otha tf,, S. Pau1,,··. 2St 6. 30/ 6. 2/ 7. 8/ 8 e 10/'1/78: ''Jot'lw/,/() lJ.ru~·il". 25/ 6.J.7/ 6. 28/ C, e 30/ 6/ 78: ..() 1:..w11d11 de S. Paul,,··, 27/1•. 2916. ,10, 6. l /7. 2/7. 4 j 1 ç 9, 7/7~.

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PIO IX: DEFENSOR DOS

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DIREITOS DA SANTA IGREJA

Pio IX, Papa de 1846 a 1878

Transcorrendo neste ano o centen,rio da morte de Pio l ·X , "Catolicismo" oferece a seus leitore.s uma s ucinta visio par\Orâmica do longo pontificado desse corajoso Pontífice,

O CONCLAVE que se reuniu no dia 15 de junho de 1846 para dar um sucessor a Gregório XVI foi um dos rnais curtos da História: durou apenas 36 horas. ao cabo das quais o Cardeal Giovanni Maria Maslai Fcrreni. Bispo de fmola, saía eleito e adotava o nome

de Pio (X. Comemora-se no corrente

ano o ccn1eoário da rnone deste extraordinário Papa. cujo pontificad() foi o mais longo da Histó,·ia. Seus primeiros atos no trono poncifício, repassados de clemência e liberalidade. foram explorados pela Revolução. que o apontava como um Papa

~'liberal", pronto a realizar os desígnios dela. Assim que Pio IX desfez o equívoco e dcsautori1.ou com energia as consequências revolucionárias que pretendiam 1irnr de seus atos. os sectários amotinaram o populacho. apedrejaram o Palâcio Ponuíício e o Papa teve que deixar secretamente a Cidade Eterna. refugiando-se cm Gaeta. no Reino de N.:'lpolcs. Enquanlo isso. os revolucionários percorriam as ruas de Roma semeando o terror. numa orgia de sangue e proíanaçôes de isrcj:i.s e c,onvcntos~ por lim. declara ram extinto o poder civil do Pontífice e procla1naram a .. República Romana", A um apelo do Papa. as potências católicas escorraçaram os rcvoh,1cionários de Roma e dos demais territórios pontiíícios e Pio IX. ao cabo de alguns meses, pôde voltar :\ sua Capital. Mas a Revolução estava determinada a acab3r para sempre com o poder temporal dos Papas e a unificar a Itália: cr:i-lhe mais fácil controlar um Estado centralizado do que impor-se aos v~rios J>equenos Soberanos locais (o Papa. os Reis do Piemonte e de Nápoles. o GrãoDuque da Toscana e os Duques de Módena e de Parn1a). Uma vi16ria dos franceses sobre os austríacos ao norte da Itália (1859) permitiu ao Rei do Pien1ontc assenho rear• se da Lombardia (até então cm poder da Áustria). da Toscana e dos Duca·dos de Módena e de Parn,a. além das Romanhas. território pontiííeio. As Lropas piemontesas ocuparam em seguida a~ Marcas e a Umbria. outras províncias do Papa, sob pretexto de ali "arabar ,·om a tl<•sordem··. p rovocada justamente pelos agentes do governo de Turim ... Pio IX, em 26 de março de 1860. lançou a excomunhão "contra ,odos os usur· padores dos bé1Js da Igreja". Não restavam ao Papa senão Roma e o circundante Patrimônio .ele São Pedro, que ele estava d isposto a defender pelas armas, Seu apelo não sendo ouvido pelas potências católicas. Pio IX dirigiu•:se :ios fiéis: de todo o mundo. jovens e homens de idade madura, nobres e plebeus, acorrcra1n para lutar pelo Papa. Escreveram eles uma das p{1ginas mais ; Joriosas da História da Igreja, imortalizadas pela figura legendária do zuavo pontificio. personiíicação da honra e da coragem, -da fé e do desprendimento. Mas seu valor não impediu que fossem esmagados pelo número incomparavelmente superior de um adversário melhor armado e equi· pado. Em 20 de setembro de 1870 os soldados de Vitórío Emanuel e os ( 'O• micie rosse de Garibaldi entravam na Cidade do Papa, q ue perdia, assim, o último resto de sua soberania temporal. A partir de então. o Pontiíice Romano se considerou prisioneiro no Vaticano.

proclamação da 111/alibilidade Po111i-

fida.

"Eu sou a Imaculada Conceição" Pio IX foi um P:1pa eminentemente mariano. Consagrou ~) Sant íssima Vir· gem o seu pontificado e logo que a Pro· vidência lhe confiou as Chaves til! São Pedro manifestou a intenção de pro· clamar con,o dogma a Imaculada Conceiç.ã o da Mãe de Deus. Esse era. :,liàs. o anseio geral da J)icdade cristã: Bispos e Ordens Religiosas. Imperadores e Reis, nações inteiras. desde os tempos mais antigos:. apresentaram vivas instáncias à Sé Apostólica para que fosse definida como dogma de fé católica essa verdade universalmente aceita. Antes de anuir a tão grato desejo. quis o Papa ouvir o parecer dos doutos e consultar o sentir do universo católico. lnstilllíu uma Comissão de Cardeais e de teólogos. encon1Cndando,lhcs o estudo d iligente do assunto. Escreveu a todos os Bispos do mundo indagando sobre a piedade e devoção dos fiéis de suas dioceses para com a Imaculada Conceição da Mãe de Deus, e qual o seu aviso sobre a projetada definição. As respostas unânimes fizeram sentir ao Papa que era chegada a hora de proclamar solenemente :,quela prerrogativ~, d:1 Santíssima Virgem. . Em 8 de dezembro de 1854, com a p resença de n1ais de du1.entos Cardeais. Arcebispos e Bispos de todo o orbe católico . Pio IX. pela Bula lnefíabílís Deus, declarou, pronunciou e definiu como doutrina revelada por Deus e verdade de fé católica ·-·que a Bn11íssimt1 Virgem 1\1(lria. por singular gff1ça e privilégio ,Je Dtus onipo te11(( em t·istt1 dos mhi10.t de J,,sus Cristo. Salwulor do gt,wro lmmmw.fi>i prrstrvmlt1 imune tle tuda m,mcha do JJ<'<Yufo original. no primeiro i11sro,ue de Sua Com·eiriio ... A própria Rainha do Céu e da tcrrn quis manifestar o quamo Lhe tinha sido grata n definição de Pio IX, Aparecendo no dia 11 de fevereiro de 1858 cm Lourdcs A humilde Bernadcte. respon· deu. quando a mcnin:i Lhe 1>crgunt~v,, quem era Ela: ·· êu .t au a Jnwcufadn

4

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Desde a abertura dos trabalhos. os

c.:unpos já estavam divididos: de um lado. ~1 n,(liorit1 prâ-h~/'alibilidml<·. liderada pelo Cardeal Manning, Arcebispo de \Vestminstcr (convertido do anglicanismo e que se obrigara por voto ;:a tudo fazer pela definição do dogma da infalibilidade do Papa). e que compreendia os: Bispos da Itália. Espanha. Inglaterra. lrland:-1 e América Latint1 (inclusive Brasil): tio ou1ro. a m;noria. que congregava mui-i,ifolibilisllls <, "opor1wu"stas" - como eram chamados. por ironia. os que consideravam "inoportuna" .1 definição da infalibilidade pontíí'íeia (fórmula hábil p;Ha poder combatê-la sem chocar-se írontahnente com a doutrin:t

Ev:-1.ngelhos. cantaràm~sc as Lad:iinhas dos Santos e o Papa abençoou seis vezes o Concílio. O Secretário :anunciou que ia começar a sessão secreta e cst:wa prestes a intimar a saída dos fiéis, quando veio uma ordem do Papa, permitindo que e les assistissem à votação e à pro· c lamaç;.io. Procedeu-se. então. à leitura solene da Constituição Pastor Acternu.s. finda a qual o Secrct(1rio intimou: "Padr<~.\· /?e\·nr11dú·.,il1ws: Aprow1is <>S de(·rPJos <· v.r <·li11011e.,; <t11Un/1, , 11,•sw Cons1iu1i· râo?" - O mesmo Sccrct<lrio comuni .. cou ao Papa o resultado da vou1çfio: "Samis.,;imo Padre: Todos. m,•,u)s doi.f. aphh·armn o.t ,·,ino,w.,; (, os d( 1·rNos". Pio IX então levantou--sc. recolocou a mitra e com grande calm:i e majestade 1>ronuneiou as 1>alavrns: "Os de,·r<·U,.'i e• 1

rânom,s ·Nmtid<)S ,w Cons1i1uir1iu que 1u·ab,1 dl• .1,•r lida agradaram (l u;ulo.t u.,· Padr( S, t•x,·,•10 dois. Também Nós. com a apro vaç,io do Sagr{l(/(1 Condlio. mi ,·o nw foram lidos, OS Df-.'FINl1\o/OS r; COA1 A A U'/'0/UOA OI;' A POSTÓI .I CA OS CONf-'IIIM1lftlOS". - " Vfra f'io I X! Viva <> Papa in/a· lfr,,/!" - fo ram os brados que ecoaram pc::Jas abóbodas de São Pedro. Durante lod:1 a cerimônia des::1b.1ra 1

uma das mais violentas tempestades de que tem memória a Cidade Eterna. E íoi cm meio a rel;impagos e trovões como outrora no Sin::1i. qlrnndo o Se· nhor entregou .t Moisés a Sua Lei - que a infalibilidade pontifícia foi proclama• da. Às últimas palavras do Papa a ou ,nosfcra serenou e. de repente. um mio de so l varou as nuvens r\egrns. iluminou o semblante vencrúvcl e majestoso do Pontífice. clare,rndo depois t<>da a sala .

1,

Com·eição..."

"Ela sozinha extirpou todas as heresias do mundo inteiro" A proclamaç5o do do~ma da lrnc,culada Conceição constituiu rude golpe nos erros modernos do naruraUsmo. do r ado,wlismo. do mn1niali:m10 e do a• narquismo. Quem o afirm~1 é o maior Pont ífice deste século. São Pio X. na Carta comemorativa do cinqücntcn{1rio daquela d efinição dogmática. Tais erros. explica o Papa. provêm da negação do pecado original e da consequente corrupção da natureza humana: logo. da necessidade de um Redentor. Ora. a 1>roclanrnçâo da lnrnculada Conceição da Mãe de Deus obrig,, a admitir o pecado original e tudo<> que lhe segue. '·Em vir1utle tlist<>t afirma o Pontífice. rodo o racionalis mo r o mal cria lismo que t·,m1J)<)it1 pelo mundo é tirrmwado e~n suas roízts". Além do que. prossegue São Pio X, é Ve'I.O comum de todos os inimigos da fé "repudiai' t<>do respei10 ,. 10,la ob(•cliênda à twwridad<· da Igreja e me.wno II iodo p,uhtr lw· mano". Aqui está :i origem do anar• quis mo. D iante da Imaculada Concci• ção c.s.-se erro baqueia 'i)t,lt, obrig<1r,io que lhe impõe dl! se <'urv11r não sâ a vontade. mas uunbém 11 i11u•lt'gê11da. [ ...] Dai se justifica mals uma \'t'Z o qm• a Igreja afirmo da Virgem. diu111do qu<' ºEla so:dnha extirpou todas as hert>sias do mundo inteiro.. (Encíclica Ad Diem lllum, de 2 de fevereiro de 1904). '

Mas Pio IX não era homern de se dcix,1r dobrar pela força das armas: cm meio a todas essas lribulações. continuava a governar a Igreja com sabedoria e intrepidez. cm combates a inda mais renhidos - a luta <~o,,,o o corpo, por as..Ç:im d izer. contra os erros declarados ou larvados. contra o inirnigo externo e o interno cem vez mais perigoso. Três lances dessa árdua e incessante peleja de mais de trinta anos merecem relevo: a definição da Imaculada Con• ,:eirâo da Santíssima Virgem; a Encíclica Quanta Cura com o Sy //abus; e, final· mente. o / Concilio do Vatican o com a

deles. como o de Napoleão 111. chegaram a proibir aos Bispos sua d ivul· gação. furibundos. os revolucionários provocaram incidentes cm v~lrios lugares. alguns até graves. Mas não falta ram numerosas manifcsLa~ões de apoio e sratidão ao Romano Pontífice. Adricn DanSette. na sua His toire réligicuse de la France contemporainc. tem o seguinte comentário sobre a Quanta Cura e o Syllabus: "Pio I X infligiu (ló ,·010/idsmo /ibef11I umt1 derrQtt, d<i qual ,tle levorâ moi.t de d<>Ze ano.t para s·r r1:ng11<'' · O potlt?r ti(• Roma st· esu:odt~ sem <'rssar: o .w pro t/Ul' e.r11ltt1 a autoridt11ll' pontifída <, qw· /(•va e1 lgrt•;it1 da galicanismo u/1ramonumi:m10. \•ai

"Quanta Cura" e "Syllabus", derrota do "catolicismo liberal" Dc1. anos depois. exatamente cm de1.embro de 1864. Pio IX surpreendia() mundo com dois documentos-bomba: ~ Encíclica Quanta Cura e o Syllabus ou C alátogo dos principais erros de nossa época, iapont ados nas A locuções Con· sistoriais, Encíclicas e outras Let ras Apostólicas de Nosso Santíssimo Senhor o Papa l' ío IX. A publicação da Quant a Cura e do Syllabus foi mal recebida por quase todos os governos da época. dominados por um liberalisrno sccL,lrio. Alguns

logu <'011d11zir <1 Papado a essa apol('<JS<' qul' ..,·,•rtí tJ Cont'ilio ,la Vmi<'tmo " (ci• tado por Fernando Furquim de Almeida in Cntolícísrno, n." 56. agosto de 1955. série . Os Católicos: 1=-rancescs no Sêculo XIX).

O I Concilio do Vaticano, manifestação da força e puíança da Igreja Pio IX a1,roveilo1.1 :1s comcmornçõcs do dêc.i ,no oiwvo Ccmcnário do Martí-

rio dos Apóstolos São Pedro e São Paulo. cm 1867, para anunciar perante 53 Cardeais. peno de 500 Bispos. dez mil Padres e um incalculflve l número de fiéis de todo o mundo. sua intenção de convocar um Concílio ecumênico. No encerramento das fc.st ivid:tdcs ccntcnárias do martírio do Príncipe dos Apóstolos, 29 de junho de 1868. publicou •• Oula Actcrní ratris, designando o dia 8 de dcz.e ,nbro do ano seguinte 1>ar.:i .i ::abcr1ura dos trabalhos: concili::ircs e 3 Uasilic;""t Vaticana e:01110 l()(aJ da assembléia. Foi de grande júbilo e cn1usiasmo a rc,tç.â o do mundo católico a o anúrlcio do Concilio: a Santa Sé. tspezinhada e perseguida politicamente. combatida mesmo por alguns de seus íilhos. dava uma prova cab:il de pujança e força. num verdadeiro desafio a seus inimigos. Os governos das nações católicas contavam influir sobre as decisõc,s conciliares. pois desde Con.stantino (séc. IV) havi:, o costume de os Príncipes cristãos participarem do Concilio, pessoalmente ou através de seus c1nbaixadorcs. Para surprc.sr1 gera) e despeito de muitos. Pio IX não convidou desta vez nenhum Soberano ou Chefe de Estado. Nada mais coerente com a orientação e princípios dos governos de então. se,ç,undo os quais não só o êswdo devia ser separado dil Igreja. mas a orga 1li'1.ação da vida 1H.Jblica devia _fri:,.er abaslraçlo dos ensinamentos da Religião C atólica. O Papa deixava patente 4ue dcscj:wa resolver os problemas internos da Igreja !\cm nenhuma pressão externa e que. portanto. o Concílio seria cxelusiw, .. mente ceJesiástico.

lnfalibilistas, anti-infalibili sta s, "oportunistas" Com uma cerimônia presidida r,cln Pa1>a e assistida por setecentos P~1drcs conciliares e vi,tte mil peregrinos, foi solenemente inaugurado na Basílica de São Pedro. n~l Fe.s ta da Imaculada Conceição do ;i no de 1869, o I Conr i/io da Vmitw,w. vigésimo ecumênico.

católica);

compunham•na principal· mente os Bispos :-1lcmãcs~ quase todo o Episcopado do Império Auslro•M1Jngaro e um terço dos Bispos íranccses. Como a situ~H;ão polil ic:--1 t::uropéia se deleriorassc a cadn dia. e havendo o ri$CO de uma guerra interromper as a1ividadcs do Concilio. 480 Bispos da maioria dirigiram um Po.wulmum no Santo Padre no sentido de que o esquc.. ma sobre a inía libilidade pontifícia en· tr~1ssc imcdiatarncntc cm di!-cussâo. deixando para ulterior apreciação os de· mais assuntos cm rwut:l.

"Senti uma indignação tão grande, que o sangue subiu-me à cabeça ..." Tendo o Papa ::tcoihido o pedido. os Padres do Concilio começaram a discus• são do projeto da Constituição JJ,, l:-.'c d(shl Christl pelo seu c.apitulo XI, sobre o Primado tio />tmtl{ic(• Romtmo . o qual induia a dcliniçàO da iníalibilidadc, Os debates foram acalorados e cheios de incidentes provocados pela minoria. Um Bispo :"1 11ti-i11folibili.s1a levou \;lo longe seus ataques f1s prerroga1ivas do Ponlíficc Ro,nano. que o Cardea1-Prc.sidentc leve 4uc interrompêto fazendo soar os thn1>:1nos. cnqu:rnto no plenário ouviam-se protestos indignados. Santo Anto11io Maria Clarct. antigo Arcebispo de Cuba. c hegou a ter urna comoção cerebral. como ele mesmo conta: "Como. sohn• ('.~ta matéria (a i11íalibilidade pontiíici;:1]. ('U mio po.t'm lronsigir por IUJ(la. nc"m ,·Qm nin>{utm. (' ('Stou distu,.rro a clerrmnar o mt•u .wmgu,•. ,·onw cli.ss<· nu pltno Condlio. ao ouvlr 1

os cllsparatt)S l' a,é blasfémias 11 hen,Jias que <'ram ditos. Sl!nll uma indignação ,. um :t•lo tão graudt•s. t/ut.• <> sa11~ue .w ,biu•nw à cabera (' mt prudu:iu uma afec·çiio c,,rc,l,raf" (Carta de 1. 0 de julho de 1870 ao Padre José Xiírt:. in S:w Anlonio María Cl:tret / E.~critos auto• biográficos y es1>iríhrnles, UAC. Madrid, 1959, p , 924), Depois de acirradas discussões. cm que os argumentos contnirios ;'1 iníalibilidade fornm rebatidos um a um. os Bispos da mlnuria, contrários ã d efi. ni~·;to do dogrn:1, re.solveram :,bsler-se da vota~'.;\o. rctirando· se de Roma na véspera des ta.

Em meio a relâmpagos e trovões. como no Sinai No dia 18 de julho de 1870 realizouse a solene promulgação do dogma d:l infalibilidade pontifíci;1. Após ;1 Miss~1 do Espirito S3nto e entroni1..ação dos

No dia seguinte. a França decl~1rava guerra :) Prússia e os Bispos franccsc.s e i1lcmãc~~ aprc.ç~ar:1m~se em g:-1.nhar su:1s dioccscs., A preocupação geral não dava condições p:ua o r,rosscguimento do Concílio. Com a guerra. a frança retirou a pequena guarnição que m:rntinh;:i cm Roma. deixando•.a ;& mercê da Casa de S.1bói.t. No dia 20 de :-ctcmbro, o P:1pa cr,1 s.acrilcgamente c:,;poliado dó que lhe restava de sober:rnia 1crritúrhil. Um mês depois. o Concilio era oficialmente sus.. penso.

A definiç.à o da iníalibilídadc parai provocou cm vários países dominados pelo liberalismo scct,irio um:J vcrdadeir:i perseguição religiosa contr:1 os c:1lb· licos. cnfeit:ida n:, Alemanha com o nome sonoro de Kullurkampf ("Luta pek1 Civilização"). Sustentados e es timulados pelo Pon· tirice. 1an10 f>;1sto1·cs quanto fiéis reagiram 111agnificamcme e as próprias perseguiçõc-..~ serviro1m pam aíervor:tr os católicos. ;,1umcnt,111do neles :, :;idesão ;j Ct11cdra de Pedro.

Odio dos maus, seu titulo de gl6ria Pio IX morreu no dia 7 de fevere iro de 1878. no seu 86.• 1 ano de vida. Havia governado a Ig reja 31 :111os. 7 meses e 22 d ias. Foi o primeiro Papa a ultrap:1ssar os tradicionais ··,,;111,• t ~ l'inco tllllJJ'" do Principc dos A póslolos. e ao qual não se aplicou o aforhana: "Nun vickbis tmnas A •tti'' - ..N,io \'(•rti.,· os anos de A 1dro ... Su:.1 morte encheu de consternação todo o mundo católico. que lhe uibutou as homcn:1gcns devidas a um grande 1'.1p;:1, Sem dúvida. Pio IX foi um dos m,1iores Pont ifices d:1 f.l is16ri:1 da lgrej:1. Compcne1rado como ninguém d;t g.r:rndc1.:1 e sublimidade de seu ministé rio. ein1,regou rara energia cm defender os di1·eitos d,i lsreja e da Sé /\pos1 ólica. Lendo se empenhado com devotamento sem reservas para fozê·· los lriuníar. Soube engrandecer o Pa1>ado tlOS olhos de seus co,ncmpodncos e d:1r• lhc um prc:,;tigio e uma :1utoridade conhecida talvez s() do~ gr:1ndcs Pontífices n1cdicv:,is. R~1:,iio pol'que foi tão amado e vencl'~ido pelos fiéis. I! Hunbênl porque foi t:'.'i o odiado e perseguido 1>clos inimigos da Igreja e da Se Romana. E aqui cstú um dos seus maiores titulos de glória.

GUSTAVO A. SOLIMEO


FOGO ATÉ NO SANTUÁRIO! Isso nos Estados Unidos. FALAR EM CRISE da l_grcja No mesmo dia 23 de janeiro. as tornou-se um lugar comum. E tão igrejas de Paris anunciavam uma grande a infestação diabólica na sociedade de hoje que quase não se "grande jonuula ecu,nênica" na Ca· reconhecem os traços da civilização tedral de Notre Dame: pela manhã, cristã que a formou. A Santa Igreja. gra nde missa cm rito "ortodoxo"; à como observou o recém-falecido tarde. "vésperas solenes clu ritu mt· Pau lo VI, não ficou imune da '1u· glic,1110 ". Não consta comentário maça de Sata11âs" que procura des- · análogo ao do representante protestante dos Estados Unidos. Mas cafigurar-lhe a face. beria muito bem. Ora, já cm 1975. Ê a consideração desse dcsfi- conforme a revista italiana "Çhiesa guramcnto que p ropomos aqui a Vivt1". de março p.p .. um "bispo" da nossos leitores. Em outros termos. é seita protestante denominada "Episa Paixão do Corpo M istico de Cristo cm nossos dias. O perspicaz copal''. foi sagrado na catedral cató· leitor não terá dificuldade cm dis- lica de Santa Cecília em Omaha. tinguir na Via Crucis hodierna os Ncbraska (EUA). Qual o resultado'? sucessores dos algozes da alma e do Não admira que cm tai~ ambientes. se tome na devida consideração corpo de Jesus Cristo. Renovam eles não a Presença Real de Nosso Senhor na Esposa Mistica do Cordeiro que Cristo na SS. Eucaristia. é a Santa Igreja o ódio satânico que Jesus O reverso de semelhante atitude votam às obras de Deus. comprova a nossa conclusão: notase que quando há tão grande simpatia cm relação .\s outras religiões, não é menor a severidade para com Analisemos os fatos. Nos Estados Unidos. o concei- os católicos tradicionalistas. Na diocese francesa ele Quimpcr tuado jornal "71,e !Vmulerer", de 9/ 6/ 77. afirma que cm várias dio- (Bretanha). 11111 idoso sacerdote autorizado a celebrar a Missa em latim ceses do pais a primeira Comun hão vem sendo administrada às crianças segund o o rito de São Pio V é sem a Confissão prévia. A Congre- obrigado a sujeitar-se às seguintes gação do Clero e a Congregação condições catacumbais: só pode cepara a Disciplina dos Sacramentos e lebrar na cripta da igreja e durante o Serviço Divino proibiam tais ..cxpe· Santo Sacrifício o Pároco tem de riências". Entretanto. elas conti- manter fechada a porta da mesma à nuam impunes. Com a imoralidade chave, a fim de impedir o comparegenera lizada e a ignorância religiosa cimento de fiéis (cf. "Chiesa Viva", nos lares. quan tas crianças não es- abri l de 1977). Que havcr:i de errôneo o u escantarão recebendo indignamente o

~L-

Santíssimo Sacramento já na pri .. meir:t Comunhão?

'

~\.,.,, ~~ Ainda que, numa cria nça. se

possa apelar como atenuante a ignorância. não deixa de ser nocivo levá-la à Comu nhão sem a preparação necessária. Mais grave é quan· do o exemplo vem do alto. de membros da hierarquia. A revista francesa "Traditio11 et l'rogri,.{ ', n.º 20 (1978). afirma que no dia 16 de outubro de 1977. D. Jean Mouissct. Bis1>0 de Nice. convidou para pregar e comungar na catedral o pastor protestante Thomas Robcris.

~t--Tais atit udcs. que desconhecem o dogma da Presença Real de Nosso Senhor na SS. Eucaristia. nad.i mai~

daloso na Missa de São Pio V para

que seja mais repudiada por Bispos de hoje do que os cultos protes· tantcs. cism{lticos ou até pag,ãos'? Se desse modo são tratados os Padres tradicionalistas. aos "progressistas" permite-se "experiências" como esta: para comemorar o 750.• aniversário da morte de São Fran· cisco, o Pe. Josef Osterwalder, Pároco da igreja de São João, cm St. Gallcn (Suíça), celebrou Missa sobre uma mesa de cozinha. vestindo uma espécie de saco feito de tecido rústico. Suprimiu o Confitcor. o Kyrie. o Gloria , a leitu ra da Epístola e do Evangelho. As hóstias foram consagradas cm três cestos e distribuiu aos fiéis os outros dois, que passaram de mão cm mão a fim de que cada um se servisse (cf. "U11ll Voce Karri's· po1u/e11z" (Alemanha). de jan. / fev. de 1977 e "C!,it,sa Vivll", de julho de 1977).

l

---de 30/ 3/ 78. um dos jorna is mais sa VivtJ" de março último informa importantes de Quito. Eq uador. es- que no ano passado 300 mil homoscreve: sexuais dos Estados Uuidos come"l?OMA - Vários teólogos co- moraram o seu "dia de libertação" tâlico:,·. entre t4t•s 111uitos Jesuiu1s. ("Gay l.ibert11io11 Day") desfilàndo 1wga,11 a divindade de Jesus Cristo, pelas ruas de San Francisco. Nova da ,,uai não se atr(>vtran, duvidc1r York e outras cidades aos gritos de 11e111 os grandes hereges da [pseudo-) "nós vencere111os". O permissivismo da sociedade e refonna pr<Hf!stt1111e Lutero e Ca!,,ino - . 11u1s os "novos hereges" da Igreja-Nova chegou ao ponto de niío sofre111 o castigo da exconw· admitir a formação de uma associação de ho mossexuais "católicos", nluio". O Pe. Domenico Grasso. profes- acintosamente denominada .. Dignisor de Teologia Pastora l da Univer- ty". Membros desse grupo teriam sidade Gregoriana de Roma. expli- trocado o "si,wl da paz" com os cou que Paulo VI não era partidário paroq uianos da igreja de Santo Esda excomunhão. e ntre outras coisas têvão, cm Minneapolis, capital do porque "a histâria dos cismas en- Estado de Minnesotta. sina que é difícil conseguir depois o

~, ~r

l'NOrno'",

~LAs relações homossexuais constituem pecado co ntra a naturc1.a, um dos que bradam ao Céu e clamam a Deus por vinga nça. Entretanto. o Bispo-Auxiliar de Madrid, D. Alberto I niesta. considera que "tanto a .,·u<·ü/dt1de ,~,n g,,.ro/, co,110 até mes· n,o a Igreja em /Jarti<·ular, con,e· ll'rtll/1 11111 grave pecado de i11jus1iça. ,1<) i11co1npree,1s1io e de nwrginaliza. çtio con, os hon1ossexu(1is" {sic!). A declaração foi reprod uzida pela revista " Vid<, Nueva". de Madrid. de 8/ 4/ 78. "Não são rodos. porventura..filhos de Deus e innãos d1• Jesus Cristo?" - argumenta cinicamente o Bispo. como se a quali-

Para os Inovadores progress1,1as. tudo t licito dentro des lgreJas. Inclusive barulhentos conJuntos musicais como "The Francis' Boys", de frades Capuchinhos Italianos

são do que o colorário da maneira como está sendo entendido o Ecumenismo. 11111 pouco por toda parte. Segu ndo noticia do jornal "11u• N<'w York 1i'mes". de 23/ 1/ 78. o pacto e ntre Padres católicos e pastores protestantes determina a mistura da liturgia de ambas as religiões. Quem viu bem o caso foi um representante das igrejas protestantes. Na ocasião fez este comcntfu·io: "Vocês t•.,·tão mo.,·trmulo qu(> q1u?in111ra111 seus te· nu>res. sua rigidez e sua 11rroga1111..1 a,11o·suflcit1nu·a·· ao unir os dois

cultos.

dadc de filho permitisse a este violar impunemente a disposição d ivina. Pelo mesmo tipo de depravação. Sodoma c Gomorra não receberam de Deus as complacências das quais o Bispo-Auxiliar de Madrid imagina merecedores os homossexuais. Afü\s~ seu pronunciamento é coerente com outras declarações suas em anteriores ocasiões, quando defendeu o divórcio e as relações ~~ sexuais antes do casamento (ver Tal condescendência com os in, "Cmolicis1110" n.• 326, de fevereiro suíladorcs da ''.fu111aço de Sata11âs", de 1978). parece sistemática. "E/ Comerâo" Por outro lado. a revista "Chie-

Essa total li berdade p.irn os "progressistas" conjugada com a perseguição aos Sacerdotes e fiéis l radiciona1i:stas. verdadeiramente ca· 1ólicos da Igreja de sempre. lembra as palavras da Escritura: "10rnei•11w 1un estranho para os nu,us il'nuios. e u111 desconhecido para os .filhos de 111i11ha 111ãe" (SI. 58. 9).

~,

"A byssus abyssum i11vocat "

abis,no chama outro abis,no". diz um salmo (41, 8). Grandes horrores não ex istiriam sem que outros menores os acompanhassem. Se uma pessoa ou sociedade não manifesta seu repúdio co mpleto ao hediondo. ela termina por aceitá-lo in teiramente. ''um

Graças à lógica natural do homem, a aceitação de erros doutri·

nários necessariamente conduz à degradação dos costumes. A assembléia plenária do Episcopado francês ,·eunida cm 1976 avaliou em 4.500 o número de Sacerdotes que viviam cm concubinato na França. Hoje eles seriam cerca de 6.000, segundo o testemunho de Padres casados. Nos Estados Unidos. a Conferência Nacional dos Bispos estaria cuidando de grave problema: o alcoo lismo e o consumo de drogas em que se vicia ram elementos do Clero (cf. "'/'radi1io11 et Progres". n." 20. 1978). Não surpreende, pois. que din1inua a cada ano o número de voca· çõcs e aumente o de apostasias. A Agência Fides. de Roma, divulgou a 18/ 2/ 78 a seguinte relação das Ordens e Congregações religiosas com mais de 3 mil membros professos. Comparando-se o número de religiosos ex istcntcs em I 970 com os dados atuais, publicados no Anuário Pontifício de 1978, pode-se constatar as proporções do desastre:

Ordem ou Congregação Jesuítas Franciscanos (0.F.M.) S2lcsianos (S.D. B.) Capuchinhos (0.F.M. Cap.) Irmãos de la $alie (F.S.<l:.) Beneditinos (0.S. B.) Dom inicanos (O.P.) Redentoristas (C.SS. R.) Irmãos Maristas (F.M.S.) Oblatos de Maria Imaculada (O.M.1.) Co;ngregação do Verbo D ivin·o (S.V.D.) Vicentinos (C.M.) Padres do Espirito ·Santo (C.S.Sp) Franciscanos CoJtventuais (0.F.M. Conv.) Agostinianos (0.S.A:.) Carmelitas Descalços (.O.C. D.) Padres, Brancos (W.F.i>.A.) Passionistas (C.P.) Trapistas (0.C.R.0.C.S.P.) 1rmãos Cristãos (C. F. C.) Se algum sa nto. do alto do Céu, visse em seu conjunto os tempos modernos, o que diria? Esse santo existe. Eis suas palavras, d irigidas a Deus: "Vossa divi11a .fé é transgredida: vosso Ew111gelho desprezado: aba11donada vossa l?eligião: torrentes de iniqiiidade i11u11dm11 toda a terra, e 111·rt1s1an, até vossos servos: a 1errt1 toda estlÍ desolada: Desolatione de· so,lata est omnis terra; a impiedade esuí J'Obrt• 11111 trono: vosso sa111t11Í· rio é pro.limado. e a abo111i11ação entrou ,ué no lugm· santo. E: assi111 deixar,•is tudo ao abn,tdono. justo Senhor, Deus das vingo11('as? Tor11or-se-â tudo afl11al com o Sodo1110 e Go,norra? Calar•vo.,·.eis se111pre:> Não cun,pre q11<1 seja féita vossa von1adt assi111 nâ tPrrll ('(nno no Céu. {' que a nos ve11ha O VOS$<) Reino?... Ah! f'er,11iti que bl'(u/e por toda paru•: Fogo! Fogo! Fogo! Sol'arro! S,ocorro! Socorro.' Fogo 110 1•

1970 33.828 26.666 21.905 15.291 16. 187 11.540

9.339 8.501 9.696 7.387 5.757 5.900 4.847 4.59Íl 4.447 4.016 3.659 4.204 3.642 3. 779

1978 28.038 21.504 17.535 12.475 11.484 10.147 8.773 6.888 6.291 6.271

5.243 4.333 4.081

4.000 3.650 3.425 3.235 3. 194 3.179 3.078

casa de Deus! Fogo nas almas' Fogo até no sa111uârio!"' Que fogo é este? Que santui,rio'? Palavras cheias de mistério. mas sem dúvida cheias de clarc1.a se aplicadas à situação da Igreja. Escreveu-as há quase três séculos. nu-

ma visão notoriamente profClica do futuro, o gra nde Doutor da mariologia e mission{zrio São Luís Maria Grignio n de Montfort (*). Peçamos com ele. por meio de Maria Santíssima. a in tervenção divina para dissi 1>ar as trevas que envolvem o mundo: "Erguei-vos. Senhor: por que pareN!is dor,nir? Erguei·vos en, iodo <> vosso poder. ,,,,, roda a vossa 111ise· ricórtlia e justiça",

W. G. S. (•) ..Orá('~lo Abrasada'', in "1'rmatfo ,la Vt~rdodt;ro Dt,•or,io à Somlssimo Virgem". Ed. Vozes. Petróp-olis, 1961 , p. 301 e ss.

5

s


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JOVENS DESERTOR DE UMA VIDA SE A CIDADE de Nova York, um menino de IO anos de idade, aparentemente desprezado por sua família, colocou um laço no pescoço. subiu numa cadeira e pediu a seu irmão que a retirasse. Ante a recusa, o próprio menino derrubou-a com um pontapé. A morte por enforcamento foi rápida. Este é um caso típico de um problema que cst~ assumindo proporções assustadoras: o suicídio praticado por crianças de idade escolar e a té de jardim da infâ ncia. ou seja, dos 5 aos 14 anos. Se a isto acrescentarmos a faixa etária que vai a té os 20 anos, o problema assume características a la rmantes. De acordo com a Associação Americana de Sociologia, "o suicí-

DE

N

dio estd agora colocado e,11 segundo lug11r co,no c,,usa de ,norte e,n pessoas de 10 " 20 anos de idade". Por s ua vez, o Centro Nacio nal para Estatística da Saúde noticiou como confirmad os 170 casos de s uicídio de crianças em 1975, o mais recente ano com dados d isponíveis. O s uicídio costumava ser raro e ntre os j ovens. tornando-se mais freqüente com o aumento da idade. Entretanto. a tualmente sua incidência entre a juventude cresceu dramaticamente, enqua nto a proporção e ntre pessoas mais idosas diminuiu. Para se formar um quadro da s ituação toma ndo como exemplo os Estados U nid os, considere-se os seguintes fatos: • Mais de 22 mil pessoas - das quais 700 adolescentes - põe termo à própria vida anualmente. O que é uma cifra maior que a soma do número d e mortes causadas pela tuberculose, meningite, poliomielite, gripe, bronquite e s ífilis. • Para cada tenta tiva "bem sucedida" há, pelo menos, 10 tentativas malogradas. • Cerca de 12% de todas as tentativas de suicídio nos Estad os Unidos são feitas por meninas (adolescentes). O Dr. Ari Kiev. promotor da Crisis l111erve111io11 Clinic do Corne/1 Medit-"I College, acha que as cifras não representam a realidade: "Sem-

pre houve

11111

es1ignw ligado ao

suié·ídio. par1icularn1e111e ao suicldio

d<- crianças. Co1110 resultado. ele é freqüe111e,ne111e ocultado". Há também suicídios que não são detectados e passam por mortes devidas a o utras causas, especialmente acidentes de trânsito. Na França, os livros s obre o tema se multiplicam e fala-se no direito e na liberdade de cada um escolher sua própria morte, nos casos extremos de sofrimento. No J apão, há casos de crianças de 9 a 14 anos que se suicidam pelo medo de e nfrentar as conseqiiências do insucesso no exa me escolar. Por que as crianças se suicidam? Para muitos estudiosos d o ass unto. elas são levadas a tal ex-

tremo pelos mesmos motivos de ~ n a e francesa nos apresenadolesccntes e adu ltos, principal- 1am. verifica-se umií tendência promente quando cm depressão profun- grcssiva para uma nova atitud<:.J_sda, que pode tomar várlos aspectos e sumida por cria nças e jov,,~lfnprovir de muitas causas. te a vida. E ela contrar' um dos Algumas poderiam ter-se mata- iqst,i ntos mais profundan te arraido n~ espera nça de reencontrar o pai gados no homem, que é o• ts tinto de ou a mãe já falecidos. Em mu itas ,c~nswvação. famílias de mentalidade triunfalista. arrivista, as cria nças preferem * • * tentar matar-se a voltar para casa

com notas ba ixas. por exemplo. Por outro lado. psicólogos reconhecem que a juventude vive em um quase constante estado de distúrbio. incluindo a crise comu m à ad olcscência nas relações sociais e famiJiares, as expectativas da vida como jovem adulto e as tensões da competição e da auto-realização. Outros fatores que contribuem para a crescente cifra de s uicídios entre os jovens são: o crescimento da subcultura promovido pela difusão de drogas. a mobilidade familiar gerando a instabilidade e .a desagregação do lar, causada pelo divórcio. Analisa ndo as tenrntivas fr ustradas. os pesquisadores não cncontram um único motivo que se pudesse considerar "razoável" para q ue um j ovem ponha termo à vida. As

Poder-se-ia a legar que muitas cd~1!ças não têm noçã'o da irrevcrs1b1hdadc da morte~ de tudo o que ela representa como fim. Negamos q ue esta eventua lidade a tenue o ,1ntinatur_al do ato. pois os instintos cona1ura1s do h?mcm preval~cem sobre o. ato consc1cnte. Uma cnança q ue. dia nte de um ª(11 mal que a atemonza. Jl!Ocura refug1_0 nos bn,~os ~e sua mac, o faz movida por seu u_ 1st1nto n~tu l'al. sem questionar rac1onalmc1~tc se aquela que lhe ofc:e· cc protcça? é rcalm~ntc sua_ mae. Essa a titude de crianças e Jovens pcra~tc a vida. atcnta~do contra ela e muitas vezes sucumbmdo nessa tcntativa, reílcte ele modo e loqüente o a~nbicntc m,u crialisrn e ateu c m que sao formadas. O desespero qu~ as l:va a tcnt:tr acabar com uma. suuaçao que lhes

razões alegadas são tão complexas

parece insustentavcl ou a "curio..

como as personalidades cios q ue se decidiram pelo suicídio.

sidadc" de querer procura r no_ a lém a lgo q ue lhes J>arcceu perdido e insubstituível neste mundo, só podem ser o resultado de uma educação cm que os valores espiritu ais e re ligiosos foram inteiramente proscritos. Ou seja, o aumento do índice de suicídios cm ad ultos. jovens e crianças. cons1 iwi mais unw pungente manifes tação do paroxismo a que chegou o processo revolucionário universa l que- hi1 cinco sécu los vem afas:rnndo de Deus progressivamente o homem {cf. " Revoluçtio e Cu111raRt>volução ". "Ca1olicisn10''. n.0 100. abril de 1959). Nessa evolução da iniqüidadc. a vid.:1 humana vai sendo cada vez mais enc:i rada como vida animal. a lgo de que o homem pode dispor a seu bel-prazer. desfigurando e aviltando sua origem e dest inação superiores. fr uto da existência de uma alma espil'itual e imortal. Nunc.:t é demais insist ir: contracepção, divórcio. aborto, euta ná-

De um modo geral. entretanto, cerca de 90% de todos os jovens suicidas estudados sentiam que não eram entend idos ou apreciados por suas fam ilias. Es tudos sobre os mod os de ser dessas famílias revelaram que os pais empenharam-se al'duamente para conseguir êx ito parn si e

para seus filhos: e ncaravam as cria11ças como extensões de s i mesmos. a completar seu próprio sucesso fantasioso. Por isso estavam protcnsos a bloquear qualquer tentativa d a criança no sentid o de extravasar algum sentimento de malogro ou insuficiência. Um dos pontos mais debatidos na questão do su icíd io info ntil é o que se refere ao fato de a criança te,· ou não o conhecimento de q ue a morte é um fim irreversível. O D r. David Shafílcr. ex-membro d o Institu to de Ps iquiatria de Lond res. dirigiu uma pesqu isa "post monem" de 30 casos de s uicídio infantil. No grupo est udad o. metade

das crianças na faixa dos seis aos onze anos acrcditav;l ser a 1l1orte

reversível: dos doze aos treze anos.

13% ainda mantinham essa idéia. A ser verdadeiro este quadro, tal

como órgã os da impre nsa norte-

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sia. suicídio. pais carrascos. dclin-

qiiéncia e cri minalidade que aumentam assustadora mente, de modo especia l e ntre a juventud e, são conseqüências naturais da mentalid ade que a Revolução pretende impor aos homens. É uma concepção da vida inteira mente laica. amoral e que não leva absolutamente cm conta as obrigações das criaturas para com seu Criudor e a existência dos Dc7. Mandamentos. O homem q uando se afasta de Deus e passa a to mar a si mesmo corno ponto de referência para tudo, nuff1 egocentrismo dclira mc. Hcab.a po1· cair nas rnaiores aberrações. A Sagrndn Escri1 un1 e a História disso dão exemplos evidentes. Por que

Revmo. Prof. Pe. Pedro Teixeira Pereira, Belo Horizonte (MG): "Ao lado da faceta apologética, necessária, esclarecedora, vislumbro a atividade aposiólica. Vê e peneira os fatos com espírito evangélico. Jornal de abalizados. Com capacidade, cooperam na conservação e edificação da cidade terrestre visando ordem para a paz, e nergia para a justiça e santidade do Reino de Deus. Ninguém refuta. É!. .. Supra firmam petram. Maria , Auxilio dos Cristãos. Imacu lada, fortaleça o pelotão denodado". Revmo. Pe. J osé Trombert, Sêrro (MO): ''Creio que o Divino Espírito Santo, com os seus preciosos dons, assiste carinhosamente a todos quantos colaboram na produção das páginas desta folha. Catolicismo é uma vida, ou melhor, é a vida divina, trazida por Jes us. gcstada nas entranhas da Santa Igreja. M.as a fecundidade ou fertilidade dessa Mãe se prende à pureza e à sanidad e daqu ilo que e nt ra na inteligência e seduz a vontade d o ser racional, i. é, das d outrinas ou con hecimentos que iluminam o homem e que dá forma ao costume e ao ideal de cada um e do conjunto. Ora, CATOLICIS MO c-0ndiciona, e ntre nós, essa pureza e leva no rum.o de Cris to!" Frei Celestino, Assis Chateaubriand (PR): "No meio des ta terrível e desoladora crise da Igreja. CATOLICIS MO é um sustentáculo e orientação segura para os que amam e defendem a Santa Igreja de Cristo, Una, Santa, Católica e Apostólica, e uma arma de fogo contra seus inimigos!" Revmo. Pe. Renato Van Gessei, Curvelo-(MG): "Gosto imensamente d o CATOLICISMO que é para mim um grande amparo no meio da atual confusão". Sr. João Gualberto de Maltos, Campinas (SP): "[CATOLICISMO] vem sustentando com heroísmo e legitimidade a luta contra a degradação da Igreja Católica". D. Maria Yveltc Torres, Maceió (Al.): ''É um jornal que vive, heroicamente, a fidelidade católica. Que Deus, Nosso Senho r, cada vez ma is, ilumine, conforte e sustente os queridos amigos que o fazem". Sr. Ernani Froehner, São Bento do Sul (SC): "Trazendo a lume verdades que saltam aos olhos mas que nem sempre são reconhecidas pelos católicos. CATOLICfSMO nos vem colocar e guarda contra o inimigo e nos encorajar a falar a verdade, onde quer que estejamos, d oa a quem doer!''. Sr. Dante Lopes Ferreira, Colatina (ES): "Muito bom. Muito contestado. Mas é o que está sempre alerta cm prol da defesa da verdadeira civilização cristã". Sr. Domingos Setembrino Ridolphi, Alegre (ES): "CATOLI· CfSMO é como um oásis no deserto, traz segurança e sacia os ouvidos desejosos da verdade. Cont inue pois. luta ndo porque será cena a vossa recompensa--. Sr. Guilherme P~rcira Cavalcante, São Caetano do Sul (SP ): "Como sempre. CATOLICISMO continua a desempenhar, magnificamente, o seu papel de evangelizador dentro do contexto da mais pura ·ortodoxia católica". Sr. Amandío C,11ldas Lõbo, Gandu (BA): "Tenho lido e apreciado os artigos de CATOLICISMO. Reputo muito bons. cspccialrncntc com referência ao comunismo". Sr. Epaminondas da Costa Soares, Teresina (PI): '' Escrito com muita clareza. aborda problemas palpitantes com muita propriedade". D. Cornélia Antonieta Carvalho de Oliveira, Guaratíhguetá (SP): "Leitora assidua de CATOLICISMO, tenho dele recebido segura orientação religiosa. Reconheço aqui a necessidade cada vez maior de alertar de fdrma objetiva aos fiéis desavisados, o que de forma clara e decisiva se faz neste mensário. Tenho fé que ele continuará sua obra ajudado pela proreção segura de Nossa Senhora". Sr. Osório Seteífedo da Silva, Barro Branco-Lauro Müller (SC): "Admiro a coragem de como nos esclarece sobre o comunismo e como está infiltrada nossa Igreja. Sou um operário aposentado e nossa classe aqui pouco ou nada sabe do comunismo". Sr. Miguel Roque da Silva, América da Colina (BR): ''Soldado forte que luta em um campo de batalha, incansavelmente, sem temer seus inimigos quais e como forem e vierem. f:: um herói que continua de pé, quando, quase todos já pereceram, se entregaram, fugiram ou estão desfalecidos, sem força, sem vontade e sem coragem. CATOLJCISMO não deveria jamais faltarem todos os lares católicos. É nele que fico bem informado".

Mensário com aprovação eclcsi:ístic:1 - Campos - Estado do Rio

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

não reconhecer humildemente a ver-

Oircloria: Av. 7 de Sc1embro 247, caíxa posra.l 333 . 28 100 Campos, RJ.

dadeira causa dos males do mundo moderno e voltar-se novamencc pan1 Deus com a ajuda inestimável. a intercessão e a mediação de Nossa Senhora'? E deixar d e lado. com decisão e coragem, o orgulho das pseudo-soluções de ca ráter sociológico. 1>sicológico. econômico ou quantas ho uve r, impregnadas ele um espírito que condu7. ao dcsprc1.o de Deus e a viver como se Ele não existisse·?

Adrninistnção: R. Dr. Martinico Prado 271, 01224 S3o P::iulo, SP.

Composto e impres.so na Artpress - Papéis e Artes Gráficas Ltda., Rua Dr. Martinieo Prado 234, São Pauto, SP.

Assin,tur3 anual: comum Cr S I S0,00; cooperador CrS 300,00: benfeítor CrS 800,00: grande benfeitor OS 1.500,00; seminaristas e estudantes Ct S 120,00; América do Sul, 0:nlrat e do Norte, Poriugat e Espanha: vi> de superfície US S 18,00, via aérea US S 23,00: outros países: via de superftcie US$ 20,00, via aérea US$ 23,00. Avutso: CrS 10 .00 0$ p:igamcntosJ sempre em 11ome de EdHo,-a Pa:dre Belchior de Pontes SIC, poderão ser tnc.aminhados à Administraçào. Para mud3nÇa de endereço de assinantes, é ncct.s· s.'\rio incncio113,r também o endereço antigo. A correspondêncja relativa a assinaturas

e venda avuls:i deve ser envfad.1 à Admin,istração - R. Dr. Matlinico Pndo 271 , 01224 São P:iulo, SP

MURILLO GALLIEZ


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HARMONIA SOCIAL ~ UMA

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PROCISSÃO MULTIS-EC.ULÁ'

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Cenas da procissão de Corpus Christi, e_fetuada e,n Orvieto (Itália), no ano de 1976, .lotogrqfadas pelo enviaclo especial de "Catolicismo", luís Du_faur OR VI ETO. Típica cidade ita liana dos fins da Idade Média. Na primei ra foto. tuna rua est reita . casas ve lhas. Um la,npião antigo lhe d,í uma nota pi toresca. servindo de moldura para a belíssima Cated ral. Ê um contraste lllagn ífico. De um lado. na rua apertada. casas dignamente pobres. quase bolorenta s. De outro lado. a Casa do csplcnd<> r. da magnificência. a Casa do cu lt o de Ocus en1 toda sua ,na ra vilha. O casa rio se achega à igreja. tal como filhos confiantes que se achcga,n a sua mãe, ou COlllO os pintainhos sc protegem sob as aSHS

da ga linha.

A Ca tedral. Clll est ílo gótico. i: toda hranca. de ,núrmorc (daqueles 111.írmores magn íficos. tão abundantes na bela Itália). Uma pecul iaridade chama a a tenção: a presença de mosaicos cm seu exterior. ivlosaicos soberbos. que dão à igreja um colorido q ue o gút ico habitua llllcntc nã o tem.

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co lorido e movirncntação espcc1a1s. As ruas recebem ornamen tos. tapetes pendem das janelas. as ílorcs cobrem as vias públicas. Nesta foto. por ,;:xcmplo. pode,nos ver a procissão que desfila. O povo se aglomera de 11111 lado e de ou tro. deixando espaço vago. a li m de que o cortej o se cubra da po,npa necessária. No centro. a vançando lenla e solenemente . personagens vest idos com trajes 1ncdicvais precedem o Santíssimo Sacra men to.

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En1 () rvicto rca iiza-~c nnu;dnlc ntc 1nagnífica procissão cnl honra do Sant ís-

si mo Sacn,mcn to. a qual atrai pessoas do mundo inteiro. A cidade toma. ,;: ntiío.

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Podemos imaginar o pitoresco desta procissão. que se des loca sac rahnente ao longo elas ruelas, cnchcnclo-,1s el a beleza de seus t rajes. de suas formas. de suas co res. E o bom povo ajoelhando-se à passagem do Santíssi,no Sacrarnento. cm ato de profuncla adoração, enquanto o coro entoa 1núsicas sac ras e,n louvor do Deus Sacramen tado. É ainda a mcs11H1 procissão qi1c dá sua últ i,na volta (terce ira foto) e entra Catedral adentro, até seu trono de glória, co locado no altar principa l, aci ma do tabernáculo, em meio a urna nuvem de incenso que sobe. Reahncn te uma bela ce na. que comove os corações de todo bom católico . Esta é a forrna es plêndida que a cidade de Orvicto encontrou para n1anifcstar sua ad oração ao· Sa ntíssi mo Sacrament o. no dia de Corpu.ç Cliristi. São restos de pompa. restos de glória. restos de fé, restos de civili1.ação cristã , q ue ainda sobrevivem na h.ília de hoje. tão quebrada - com o o mund o intei ro - pelo mate rialis,no ncopagiio. É a ,necha q ue ainda fumega. o arbusto part ido q ue ainda pode se r sa lvo .

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A procissão de Corpus Christl. que se realiza anualmente em Orvleto. remonta a um milagre eucarlstlco operado durante a Idade Mêdia. Desde esta êpoca ate nossos dias. toda a população da cidade participa da procissão de Corpus Chrlstl. em comemoração ao prodlglo ocorrido hã vãrios

seculos. E o povo de Drvieto conserva as mesmas tcadições e trajes que caracterizavam as procissões da êpoca medieval. Assim. na foto da esquerda. p,odemos observar duas .autoridades da cidade. envergando seus vistosos trajes de cor rubra e negra. Na foto do centro. aparecem as

bandeiras que representavam um dos quatro bairros. roos quais se dividia a cidade. E na fotl' d~ direita. dois chefes militares - cavaleiros - par lcipam do cortejo com suas armaauras, capas e imponentes elmos. encimados por um penacho branco e um verde.

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CURIA

EDITAL DA DIOCESANA DE CAMPOS Comenta os programas na TV Globo sobre a Paróquia de Miracema CERCA DOS FATOS ocorridos na cidade de Miracema. nesta Diocese. a Rádio-TV Globo pôs no ar dois programas, respectivamente nos dias 20 e 27 do corrente. Relativamente a tais programas, a Cúria Diocesana comunica ao Reverendíssimo Clero e aos fiéis o que segue: 1. AMBAS AS emissões foram feitas em noites de domingo. Mais precisamente no programa das 20 horas - ou seja, num período cm que cada minuto se vende a peso de ouro. A primeira emissão teve onze

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çõcs e da mera fantasia se ampliava. Os ataques foram estendidos às Paróquias (e implicitamente aos Párocos) de · som Jesus do ltabapoana, VarreSai, Natividade do Carangola, Santo Antonio de Pádua, São Fidelis, ltaocara (sic: não pertence à Diocese) "e outras", e se lançaram por fim, direta e nominalmente contra a pessoa venerável do Sr. Bispo D iocesano, apontado como o mentor e propulsionador daquele surpreendente e intolerável sistema de repressão moralizante. 2. A OFENSIVA vinha de algumas semanas antes. Sua gradação fôra preparada segundo as regras clássicas dos estrondos publicitários bem montados: a) Primeiramente, entre os e.lias 18 de julho e 10 de agosto, aproximadamente, desenvolveu-se cm M iraccma uma campanha promovida por elementos locais, que difundiram no público. cm vagas sucessivas. seis panfletos incitando a população contra o Vigário. Esses panfletos. distribuídos de mão cm mão, deixavam transparecer certa hesitação quanto a alguns pontos. Assim, os primeiros atacavam não só o Vig,lrio~mas princip'almcntc associações locais chegadas à Paróquia, e notadamente um grupo de oito jovens simpati1,antes da TFP. os quais mantêm habitual contato com a Paróquia. De outro lado. os autores dos folhetos, afirmando-se apoiados por entidades de maior âmbito, que · cm Miracema têm núcleos, apresen-

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D. Antonio de castro Mayar. Bispo Diocesa-

no, num solene pontltical na Baslllca do

Santlsslmo Salvador

minutos de duração e a segunda pouco mais de dei minutos. Tentaram uma e outra apaixonar toda a opinião pública nacional a propósito de suposta crise ocorrida em uma cidade de treze mil habitantes, simpática e laboriosa, para a qual a grande publicidade de nenhum modo procurara atrair, até o momento. a atenção geral. A TV Globo se serviu assim de seus possantes e custosíssimos instrumentos de publicidade para apresentar aos espectadores narrações carentes de objetividade, em que fatos reais, mas mal focali1.ados, eram mesclados com outros fatos exagerados. e vários até inteiramente inverídicos. Tudo de modo a criar no grande público a impressão de que os 13 mil habitantes da cidade fluminense, cm sua quase totalidade católicos, estavam sendo submetidos pelo jovem Vigário, Pe. José Olavo Pires Trindade, com o apoio de associações, respectivamente de moças e moços, a uma ação moralizadora sistemática, verdadeiramente intolerável. Pois o Sacerdote teria instaurado normas extravagantemente exageradas, cuja aplicação seria assegurada por irrita ntes medidas de cautela e vigilância. O programa do dia 20 de agosto, que visava assim dura e desabridamente o Vigário local, continha também rápida referência ao Sr. Bispo Diocesano, D. Antonio de Castro Maycr. apontado indiretamente como o mais alto responsável pelas ocorrências fantasiosamente descritas pela poderosa emissora. Posteriormente. isto é, no programa do dia 27 de agosto, foi lançado contra o Vigário de Miracema um ataque cm igual diapasão. E, ao mesmo tempo. o campo das deforma-

lista dessas entidades. Mais tarde apareceu também referência aos "Cursi lhos de Cristandade". Acerca das infiltrações doutrinárias pronunciadamente esquerdistas, largamente difundidas nessa organi1.ação, o Sr. Bispo Diocesano fizera , em 1972, penetrante análise, 1>ublicada em obra de repercussão nacional e internacional, a "Corra Pastoro/ sobre

C11rsilhos de Crisrondade". b) Essa ofensiva panfletária, toda ela artificial e articulada por uns poucos elementos, despertou e ntre os católicos de Miraccma, vivas manifestações de descontentamento, notadamente uma sessão de desagravo ao Vigário e às entidades com ele visadas, feita no salão paroquia l, no domingo dia 30 de julho. E dois manifestos, também de solidariedade e desagravo, respectivamente de 109 (de todos os pais que têm filhos nas associações e movimentos paroquiais) e 2887 assina1uras de ca1ólicos miraccmcnses (e o número não

foi maior porque o Vig,irio pediu que suspendessem a colc1a de assinaturas). c) Tais atitudes do Vigário de Miraccma e dos católicos miracemenses foram escrupulosamente serenas e ordeiras. A agitação, não obstante. em lugar de arrefecer, cresceu de vulto, chegando a desconcertante grau de audácia. A vista dos métodos tempestuosos e confusionistas utili1.ados na insólita ofensiva. o Vigário de Miraccma deliberara não conceder entrevistas de qualq ucr espécie. Pois estas presumivelmente só seriam aproveitadas para deitar mais lenha na fogueira da agitação. Para a paz da familia miracemcnse, mais valia a pena deixar morrer por si o fogo, depois do que cessaria a fumaça, e a verdade apareceria límpida e cristalina, até aos olhos dos mais intolerantes e irritados. Assim, o Vigário local se limitara à mera defesa, em sermões na Igreja matri1., e a um calmo e criterioso comunicado difundido cm Miracema no d ia 20 de julho. Um cpiscxlio provocativo, de todo insólito, poderia talvez dar à demagogia a esperança de que o Pe. José Olavo Pires Trindade saísse de

sua pastoral e serena linha de conduta. No dia 13 de agosto, na Capela do Paraíso, dois casais contraíam casamento ante o eclesiástico. Eram onze horas da manhã. Inopinadamente. repórteres da TV Globo penetraram no templo com seu vistoso instrumental, e se põem a filmar. Da parte do oficiante não houve reação. Um dos repórteres se acercou então do Pároco enquanto este estava cm pleno ato de rcalir.ar o rito sacramental. E, interrompendo o ato sagrado. fisicamente afastou uma das nubentes, para melhor focalizar o Padre, e aproximou insolentemente o microfone dos lábios do Sacerdote, exigindo que responde.sse a interrogatório sobre os a legados fa. tos de Miracema. Sem abandonar s ua linha de serenidade, o eclesiástico por duas vezes pediu aos repórteres . com dignidade e cortesia, que respeitassem seu direito de continuar o ato sacro. Estes, porém, insistiram. Então. a pedido do oficiante, um grupo de senhoras e homens se aproximou dos repórteres e os conduziu, sem insu lto nem agressão, até a rua. Só assim o ato de culto pôde prosseguir com o recolhimento devido. Desse fato foi dada ciência, pelo Pe. José O lavo Pires Trindade, à TV Globo. em carta postada com recibo de volta. d) Entre mentes, a efervescência que se tentava produzir cm Miraccma ia servindo de alimento para derramados noticiários jornalísticos dirigidos fundamentalmente cont ra o Pe. José Olavo Pires Trindade, e • publicados cm órgãos da imprensa de Campos, de Niterói e do Rio. Estava assim sa biamente criado o ambiente para o ribombo muito mais amplo, dos d ois programas dominicais da TV Globo. Nestes, bem entendido. não se fez a menor referência às sucessivas defesas do Vigário de Miracema , e menos ainda ao ato de temerária tumultuação do c ulto, ocorrido em Paraíso. Nas emissões da TV Globo se somava, assim, a omissão à focalização errônea e à pura ficção, para criar um ambiente de confusão completa: o ambiente habitualmente criado pela demagogia, como o único cm que ela pode iludir os que estão de boa fé e atacar, com enganosos visos de verossimilhança, as suas

A lgrefa matriz de Mlracema

responder a todas. E desde que. assim, muitas sejam respondidas, mas outras não, a demagogia terá ensejo para objetar jubilosa: "Se bem que fosse dada resposta a algumas acusações. fo i feito s ilêncio sobre as outras: quem cala consente". 4. DESTA FORMA, não h,i possibilidade de defesa cabal contra tão bem treinada demagogia, quando circula nas ruas, máximc a partir do momento que ela consegue o apoio de possantes empresas capitalistas, cm cujas mãos estão importantes parcelas do chamado IV Poder (o Estado tem os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; capitais privados têm cm suas mãos, aliás conforme é natu ral. o IV Poder, isto é, a Publicidade, tantas vc1.es mais influente que os três primeiros). 5. NÃO É O CASO de conjccturar. no momemo, por que meandros a demagogia conseguiu. concretamente nesta campanha, tão impressionante apoio. Nem de esquadrinhar. especificamente quanto à TV Globo, se a demagogia ali penetrou pela porta da fren1c dos contatos com a alta direção, ou pelas portas laterais do funcionalismo grande. ou médio, quiçá mesmo pequeno. Para tal faltam dados. E sobret udo não é este o seniido do presente edital. Uma diocese~ uma paróquia tem por fim a tranqllilidaclc da ordem, isto é, a paz de Cristo no reino de Cristo. Ela não inculpa senão na med ida necessária para defender-se. E quando se defende, evita as alusões e reta liações pessoais. No mesmo espírito. aqui não é feita q ualquer referência às pess oas que se agruparam cm Miracema para pressionar o Vigàrio, de sorte que cm seguida a pressão pudesse estender-se a outras paróquias e à própria Autoridade diocesana .

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vítimas inocentes. 3. OUTRO ASPECTO d os fatos. cm que se mostra quanto foi bem montada essa investida da demagogia. consiste em q ue. considerado em seu conjunto, o jato de alegações que ela vem lançando cria ard ilosos em baraços a q ualquer refutação séria. C om efeito, algumas das acusações são tão inverossímeis e grotescas, que seria ridículo rcfutálas. Por exemplo, que as oito portas laterais (na realidade são quatro) da matriz são guarnecidas com grades que jovens sentinelas fecham de modo a poder impedir. pela entrada principal. o ingresso no temp lo de a lguma paroquiana imodestamente trajada. Assim diz um dos noticiários de jornal. Outras alegações são tão ardilosas, que a defesa contra elas exigiria a exposição de minúcias sem fim . as quais poucos leitores tc1 iam tempo e paciência para acompanhar cm todos os meandros. E outras, por fim, são tão industriosa mente deformadas do ponto de vista doutrinário, que s ua refutação encheria todo um opúsculo, por demais longo para ser divu lgado na íntegra nos órgãos de comunicação social. Sobretudo, o número das alegações levantadas pela investida demàgógica é tal (contamos 88 disseminadas pelos panfletos locais, pelo noticiário da imprensa e pelas reportagens da TV) que não é possível

Pe. José Olavo Pires Trindade. VigArio de Mlracema

6. O QUE CABE fazer é tão só indicar o sent ido doutrinário profundo dos fatos aqui narrados. A Diocese de Campos foi criada cm 4 de dezembro de 1922, e teve sucessivamente por Bispos D . Henrique César f ernandes Mourão ( 19241936) e D. Otaviano P ereira de Albuquerque (1936-1949). A população católica lhes guarda a memória com veneração e carinho. Ao longo do governo desses Prelados, a Diocese e as várias paróquias a ela subordinadas promoveram continuamente a formação da população segundo os ditames da moral cristã, e em sentido oposto aos costumes, às modas e aos trajes que se iam

paganii,ando gradualmente. Essa formação era pautada p elas normas morais ensinadas pela Santa Sé desde os primórdios da Igreja. Tocou ao ilustre Bispo Diocesano, D. Antonio de Castro Mayer, prosseguir na pastoral e paterna

obra de formação moral encetada

por seus antecessores, cm circuns· tâncias tornadas mais árduas em nossos dias pela presente exacerba· ção do cunho neopagão das modas e dos costumes. Claro está que a fidelidade do ínclito Prelado às normas já seguidas por seus antecessores. normas essas invariáveis porque invariável é o próprio D eus, haveria de suscitar contra ele, contra os Párocos agindo cm consonância com ele, e as associações por s ua vez agindo cm consonância com os Párocos, incompreensões, agastamentos e mesmo rancores. Pois até em meios eclesiásticos, em todos os países, lavra a corrente '"progressista", uma das cuj as características é a de desenvolver ação contínua em prol de crescentes desfigurações das invariáveis normas de moralidade da Igreja de Deus. Em matéria de moral cristã, na Diocese de Campos, nada foi inovado ou alterado pela Autoridade Eclesiástica (Cfr. S. C. do Concílio - Instruções aos Ordinários Dioces anos sobre a maneira menos honesta no modo de vestir das mulheres, A.A. S., vol. XXII, p. 26 e seq. no Concílio Plen . Bras. apêndice XX). E a oposição que contra ela se procura levantar agora, é precisamente por isto. E não porque o Vigário de Miracema, ou das outra~ Paróquias visadas pela demagogia, algo tenham alterado ou inovado. E o fundo da questão está em que a demagogia tenta impor à Autoridade diocesana a aceitação de inovaçõ,-s na tradicional moral cristã. Impor: a expressão é exata. Pois para tal a demagogia foge do debate doutrinário elevado, único condizente com o tema. E recorre à pressão publicitária tão impetuosa como cheia de ardis . O que caracteriza a presente i1l\'estida publicitária é portanto seu espírito "progressista". Com que resultado? Da adesão à Igreja de D eus, à 1greja de sempre, nã·o se afastará o ilustre Bispo Diocesano, D. Antonio de Castro Mayer, que pela fidelidade ao ensino tradicional dos Romanos Pontífices, pela serena e paterna firmeza de princípios, pela alta cultura e cristalina inteligência encontra admiradores em toda a Diocese, nos mais variados recantos do País e até no Exterior. Bem como não se :1fastarão os eclesiásticos animados por seu espírito e fiéis a suas diretrizes. Nenhum estrondo publicitário, nenhuma tormenta o fará abandonar seu dever, nem o le,•ará a deixarse guiar pela demagogia. Pois a ele, e não a demagogos. ora agindo a sós com pequenos recursos locais, ora encastelados em possantes órgãos do capitalismo publicitário como a TV Globo, foi confiada a direção espiritual do rebanho de Jesus Cristo. Aos legítimos Pastores é que foi dito: "Apn.5l'<111ffl nteu n 1 /wnho, apt1sce111a 111i11has ovelhas" (J o. 21, 15-17). A diocese de Campos não possui recursos 1>ara uma defesa publicitária comparável em amplitude e poder de sugestão a uma grande TV moderna. Mas, embora pobre, ela ficará de pé no campo do dever, contando com o auxílio de Deus, obtido pela gloriosa intercessão de Nossa Senhora Aparecida. "Só isto?" - perguntará sarcástico algum cético. "Tudo isto", responde o homem de fé, para quem bastam de sobejo o poder de Deus e a proteção carinhos a ae Maria Santíssima. Campos. 30 de agosto de 1978 Pc. H. C. Fischer Secretário do Bispado


N.0 334 -

Outubro de 1978 -

Ano XXVIII

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

DEFESA SERENA ANTE CAMPANHA ODIOSA A T FP EM UMA de suas muitas bem sucedidas iniciativas: Missa mandada celebrar em sufrágio das almas das vitimas do comunismo, na catedral de São Paulo (foto), numa época em que o grandioso tem plo não havia sido franqueado pa ra manifestações de cunho esquerd ista. Apesar da atuação noto riamente ordeira e benemérita da entidade em todos os quadrantes do Pais, moveu-se contra ela um estrepitoso ataque lançado pela TV Globo, at ravés do programa "Fa111tís1ico" que foi ao ar nos dias 3 e 10 de setembro p.p. Como foi montada a campa nha contra a TFP? Qual foi a réplica da entidade? Na página 5 reprod uzimos os pri ncipais lances desse cmba1c, apresentando uma síntese dos fotos e a íntegra do sereno comunicado da TFP, publicado nos principais diários brasilei ros. Igualmente visados pelos ataques da rede Globo, cm duas tcleemissôcs, foram o Rcvmo. Pe. J osé Olavo Pires Tri ndade, Vigário de Miraccma (RJ ) e o Exmo. Sr. Bispo de Campos. D. Antonio de Cast ro Mayer. A esse propósito o jovem e modelar Sacerdote recebeu de seus paroquianos significativas man ifestações de homenagem (foto), bem como o insigne Bispo de Ca mpos. Na p{,gi na 6 noticiamos as homenagens prestadas pelo povo miraccmcnse ao Rcvmo. Pc. José Olavo e a D. Anton io de Castro Mayer. Na página 4. em entrevista exclusiva para "Cllto licis,110", o Vigário de Miraccma responde a criticas que lhe foram dirigidas pela poderosa emissora de televisão.

Mais um muro da morte, de mil quilômetros DO LA DO ocidental (à esquerda) as casas, a vida normal, a liberdade. Do lado comunista , pista, carros de vigia , o terreno descampado, armas automáticas. cercas elet ri-

ficadas e a s1 111stra mu ra lha. A foto abaixo a presenta um as pecto do segu ndo " muro'', recentemen te inaugurado pelos co1nun istas alemães, pa ra impedir as fugas de seu territó-

rio. Quantos 'infel izes perderam a vida ao longo dessa ''muralha" e quantos ainda ex ting uirão al i seus dias em busca do mundo livre? Página 2.

NO DIA 27 de agosto, a partir das 13 horas , o interior da catedral de São Paulo foi invadido por uma turba que portava faixas enuncia ndo reivindicações freqiientes, no momento atual, em meios esquerdistas. Uma delas proclavama:

"Con vergên(ill Socialista". A multidão que ingressou no templo religioso espalhouse pelos bancos da nave central, sento u-se no chão das naves laterais, ju nto das grossas colunas de ped ra; algumas pessoas n1ais audazes aboletaram-se no trono do Cardeal Arcebispo; outras subiram num dos a ltares laterais {fo-

to) o u galgaram os púlpitos. Seria uma invasão empreend ida por profanadores anticlericais? Não. Era uma concentração de encerramento do "Mo-

vilnento do Custo de Vida", dirigida por dois Bispos, acolitados por Sacerdotes e religiosas da Arquidiocese paulo politana. O nome de Deus não foi sequer pronunciado ex plicitamente. Apenas houve uma referência do Bispo Auxi liar de São Paulo, D. Mauro Morelli, ao texto evangélico da multiplicação dos pães;· con1 clara conotação de luta de classes. Página 3.


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Muralha inédita de mil quilômetros na fronteira da morte •

E ALGO. hoje em dia, ainda é capaz de despertar a indignação no público. isto aconteceu! Nenhuma outra consideração ou exclamação prévia poderia comunicar maior significado ao fato. Passemos pois a sua narração. O governo comunista da Alemanha Oriental concluiu, recentemente, a construção de um muro de proporções ciclópicas. Cot?re ele toda a fronteira entre as duas Alemanhas, do Báltico à Tchecoslováquia. São mais de mil quilômetros de pedra rasgando a "carne viva" de uma nação. Qual a finalidade dessa obra? Como seu similar - e quão menos gigantesco, o muro de Berlim - visa ela impedir que os infelizes alemães orientais fujam do maior cárcere que a História conheceu: o regime comunista.

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• • • É pública e notória a deficiência

congênita da economia marxista. A magnitude das privações sofridas por numerosos povos jugulados pelo regime socialista somente a História poderá, um dia, revelar. Um pequeno indicio, entretanto. está ao alcance de todos. Nas proximidades de Hof, há uma aldeia fronteiriça entre as duas Alemanhas. Nela C)(iste uma fábrica que, vista do lado ocidental, apresenta paredes limpas e pintadas de branco. Entretanto, com o au)(i· lio de uma luneta. o observador poderá verificar todo o restante do prédio cm mau estado. e com as paredes cinzentas e sujas. Tal miséria não impediu que os vermelh os despendessem uma fabulosa soma na construç.ã o da muralha do Estado-prisão: aprox imadamente seis milhões de cruzeiros por quilômetro. E são mais de mil qui lômetros ... Mas, examinemos os detalhes desse monumento do despotismo e da brutalidade no século XX, que faria inveja a qualquer Nero ou Deocleeia no.

ridades policiais alemãs-orientais estabeleceram uma larga via .de concreto com duas pistas, ao longo do muro, pela qual transitam continuamente veículos com policiais, poderosamente armados. Torres de vigia se levantam. também ao longo de todo o muro. o nde guardas munidos de binóculos obse,·vam cuidadosamente todo o movimento junto à fronteira. Cães ferozes são espa lhados ao longo do muro. Não contentes com todas essas medidas, os comunistas foram ainda muito mais longe: as aldeias e pequenas cidades próximas da fronteira, de onde mais provavelmente alguém tentaria a fuga, foram cercadas com muros ou cercas eletrificadas. As entradas e saídas dessas loca lidades são fiscali1.adas por policiais postados permanentemente nas porteiras. Quem nas referidas cida• • • des ou aldeias queira entrar, deverá obter prévia autorização da polícia . Os dispositivos para prevenir e Talvez o leitor julgue tudo isso impedir as fugas empregados na por demais trágico, e prefira não obra desafiam a mais férti l imagina- pensar. Atire pois de lado este jornal ção. Ao longo dos muros. cm inter- e procure esquecer o drama de mivalos de seis metros encontram-se lhões de pessoas a quem são negados estranhas caixas brancas. aparente- os mais fundamentais direitos humente inofensivas. Basta. cnu·cta n~ manos. Mas, se quiser medir conosto. que se aproxime qua lquer pes- co toda a profundidade dessa tragésoa. rompendo um fio elétrico ocul- dia. acompanhe-nos. E terá ainda to para que uma carga de 80 balas muito a considerar... dispare contra o infeli z. Murar e contornar as aldeias e Para tornar ainda mais dificil cidades com cercas eletrificadas ainqualquer tentativa de fuga, as auto- da não pareceram aos comunistas

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medidas suficientes. Decidiram então investigar o procedimento privado de cada habitante desses lugares e expu lsar os considerados pouco merecedores de confiança, obrigandoos a morar em regiões distantes. A operação resultou numa "col heita" excessivamente proficua para os vermelhos. Tantos foram os suspeitos. que a operação de banimento tomou proporções inesperadamente gigantescas. A aldeia de Liebau, nas proximidades de Coburgo, por exemplo, foi inteiramente destruída, e seus habitantes transferidos para pontos bem distantes da fronteira. "Nessas cond ições, quem se atreverá a fugir do comunismo?" - perguntará alguém. E talvez acrescentasse: "Um dispositivo policial muito menos aparatoso do que este seria suficiente para desfazer, nos mais ousados, qualquer ilusão de fuga". Entretanto, assim não pensam os comunistas alemães. E excogitaram um supremo artifício de maldade, para acolher aquele que, escapa ndo às balas, às cercas eletrificadas, às minas e à vigilância da guarda fronteiriça, lograsse alcançar o muro. Galgará o fugitivo, sedento de liberdade, o último obstácu lo que se lhe afigu(a interpor-se entre ele e o mundo além da cort ina de ferro; e ao agarrar-se ao topo da mura lha para o último gesto de heroísmo, quiçá alimentado por derradeiro hausto de esforço, um turbilhão de dores lhe invadirá. O mundo lhe parecerá girar. Seus olhos se toldarão, e em poucos segundos encontrar-seá no chão mergulhado numa poça de sangue. OI hará desesperado as mãos sem dedos. Estes ficaram no alto da cruel muralha. Com efeito, no topo do muro, lâminas cortantes como navalhas aguardam aqueles que ousaram ser heróis. E é este o extremo recurso de perversidade engendrado pelos tiranos comunistas.

Pasme, leitor! Apesar de tudo, as fugas prosseguem. Segundo informou "The New York Tin,es", o nze pessoas lograram alcançar a liberdade nos últimos nove meses. Sete das quais eram guardas fronteiriços; os próprios policiais escolhidos entre elementos reputados de maior confiança pelo regime. É um dos recursos para fugir: conseguir um posto de guarda na fronteira e aproveitar as facilidades inigualáveis que tal condição oferece. A estranha parcimônia dos nossos órgãos de comunicação em noticiar tais fugas nos deixam sem meios de conhecer as condições - provavelmente dramáticas - em que os fugitivos civis conseguiram deixar o país.

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Que engenhosos artifícios terlhcs-iam ditado a aflição e o desespero produzidos pelo jugo comunisla! Sobretudo. que atos de heroísmo c destemor praticaram aqueles - quiçá muito mais numerosos do que se imagina - cuja vida o dis~ positivo militar tolheu, e CuJa histó· ria as inexoráveis muralhas extinguiram .

• • • Irremediável situação? Não o cremos. "Deus escreve ,·erto por li11/ws tortas". diz um velho adágio português. Um d ia ver-se-á que a

Providência Divina permitiu inimagináveis desafios à Sua Justiça e exemplos de heroísmo para servirem, uns e outros de escândalo, advertência e ed ificação dos povos. Dia virá cm que, esmagado e varrido o comunismo da face da terra, reinará sobre a Rússia convertida e o mundo inteiro o Imaculado Coração de Maria, segundo a promessa feita pela Mãe de Deus em Fáti ma. Então se conhecerá a verdadeira história desta trágica e enigmática segunda metade do século XX.

ARNÓBIO GLAVAM

A TFP argentina em campanha no centro de Buenos Aires

A TFP argentina fez campanha sobre os direitos humanos A SOCIEDADE ARGENTINA de Defesa da Tradição, Família e Propriedade deu a conhecimento público alguns aspectos de um importante pronunciamento de sua homônima dos Estados Unidos, sobre a política de direitos humanos do Presidente Carter. O documento constitui uma lúcida apreciação da discutida orientação da atual administração norte-americana em matéria de direitos humanos, assinalando suas unilateralidades e contradições·em relação à América Latina, enquanto contraria os interesses fundamentais dos Estados Un.idos e favorece a expansão comunista. Manifesta ainda que a preocupação com a defesa dos direitos humanos deveria consistir na ajuda às nações cristãs da América Latina e na defesa de sua soberania ameaçada pela subversão comunista. E não em defender os agressores marxistas contra a reação de legítima.defesa de parte das nações agredidas. Ao divulgar nas ruas de Buenos Aires esse pronunciamento da TFP norte-americana, a TFP argentina observa, em um comunicado, que o pais vem sendo alvo de uma campanha internacional, condu1.ida em nome dos direitos humanos. Esse vozerio põe a nota tônica nos eventuais excessos repressivos - sem dúvida censuráveis - na luta contra a subversão, mas ignora completamente os incontáveis crimes cometidos pelo terrorismo. A TFP da nação vizinha ressalta ainda a marcada uni lateralidade da mencionada campanha, pois, embora esta destaque explicavelmente o restabelecimento das garantias constitucionais e dos direitos civis dos indivíduos, não mostra interesse proporcional na proteção do bem comum contra a agressão marxista. A mencionada campanha anti-Argentina é ainda unilateral continua a TFP - porque nada diz sobre as mil formas de crueldade que o comunismo exerce no mundo inteiro, especialmente nos países que a ele estão subjugados, sendo mais recentes e espantosos os genocídios do Vietnã, Cambodge, Laos e Etiópia. Cabe acrescentar - conclui o comunicado da entidade - que a propaganda comunista contra a Argentina, baseada no tema dos direitos humanos, não teria tanta repercussão se não contasse com a colaboração de numerosos eclesiásticos e leigos católicos de vários países, os quais, direta ou indiretamente, lhe dão alento.


E UMA HORDA 27 DE AGOSTO, 13 h. Envoltos no s ilêncio da catedral de São Paulo, uns poucos fiéis oravam, beneficiando-se do ambiente recolhido de uma tarde de domingo. A luminosidade discreta filtrava colorida pelos vitrais e tocava de leve as sólidas colunas. mas não chegava a dissipar a penumbra evocativa da presença sobrenatural no templo sagrado. Na capela lateral, a chama rubi d e uma lamparina bruxuleava indicando a presença do Santíssimo Sacramento. Em seu sobe-e-desce aílitivo, ameaçando a todo instante desgarrar-se do pavio, parecia ela simbolizar a a lma que vacila na fé. Subitamente, um alarido frenético. Fugiam os anjos da paz e da meditação. Estranha multidão invad ia o lugar santo. O tumulto era tal que se diria uma horda de bárbaros a tomar de assalto o edifício. Espaniados, dois homens com

nossos dias? Em outros termos, o abaixo-assinado p leiteia o óbvio. Entretanto, apesar disso, e de co ntar com o apoio aclesiástico e com a publicidade abundante oferecida por certa imprensa, o "Movi11,ento do Custo de Vida" não conseguiu mais do que aquela cifra. Significaria isso ser a maioria da população - que não assinou o documento - contrária à baixa do custo de vida? Para justificar o número pouco expressivo de assinaturas colhidas, membros do "Movilne11to do Custo de Vida" fornecem uma explicação simplista: o povo não assinou devido ao medo da repressão. Assim, ten ta-se justificar também a ausência popular na manifestação da ca-

tedral. Muitos. entreta nto. perguntam: se o objetivo consiste apenas em baixar o custo de vida, por que temer a polícia'/ Também os policiais não desejam tal melhoria? A verdadeira explicação ê ou tra:

ar interiorano cochicharam ent re

s i. Um propunha chamar o Padre, pelo menos para evita r a profan.1ção do Santíssi mo Sacramento. Mas o o utro observou: "Os te111pos 11111dara111 111uito.. . e os Padres 1111nbé111", Em poucos minutos, a catedral fora tomada. Uns portavam faixas enunciando reivindicações freqüentes, no momento atual, cm meios esquerdistas. Uma delas proclamava: "Con vergência Socialista". Mulheres e homens subiam nos bancos e nos a ltares; o u sentavam-se no chão. à moda "híppie". Punhos cerrados. berros e assobios se misturavam com palmas e cânticos. num tu rbilhão que parecia amca~ar as grossas colum1s cio templo. Os mais audazes instalaram-se no trono do Cardeal. Outros, não menos exa hados. g:1lgaram os púlpitos. "A-pra-ça-é-do-po-vo", "A-baixo-a-re-pres-são". "Sol-tem-nos-sospre-sos". "A-nis-tia". "li-ber-da-de • -li-ber-da-de". Desses "slogans" ritmados em coro aos poucos foi emergindo uma paródia do "Peixe Vivo", com sabor de luta de classes: "Conro pode um povo vivo / viver nessa carestia / dia e noite, noite e dia/ com a barriga vazia / [ ...) e o patrão apertando a />ro dução / só pe11sa11· do na expor1ação". Uma equipe turbulenta e destra cm pouco tempo transformo u o altar em palanque e uma voz de mulher irrompeu através dos alto-falantes: "Aqui csta111os reunidos porque o povo precisa ser o u vido... " A fumaça dos c igarros começou a se expandir, mas a voz da animadora logo advertiu: "Não fumem 110 igrej,1. 11ão fume111 na igreja". E explicou o motivo: "... A fumaça inco1110da"!

Profanação do lugar santo Que manifes ta ntes eram esses'? Não, caro leito r, não se tratava de uma horda que havia forçad o a entrada no templo por ódio à Religião. Tratava-se de algo com o que não sonharam sequer os mais ousados e agressivos anticlericais do século passado em seus momentos de delírio. A reunião na Casa de Deus era dirigida por dois Bispos, acolitados por Padres e Freiras. Oficialmente, tratava-se de um encontro do "Movimento tio Custo de Vida". O objetivo alegado: obter melhores condições de vida para o povo. O povo ... Tudo se fazia e m seu nome, mas o verdadeiro povo estava ausente. O pai de família e a dona de casa, cm nome ele quem pretendiam fa lar os man ifesta ntes. não comp,1reccram. Viam-se apenas indivíduos

q ue. apesar da ba lbúrdia reinante. eram disciplinados e obedientes i1s palavras de ordem. Pudemos observar algumas pessoas do povo que entrava m. mas saiam logo. E não por medo d:1 policia, como se queria

a maioria da população vislu mbrou

por detrás da questão. cm tese si mpática. do custo de vida , o espectro Muitos participantes do "Movirncnto do Cu:s10 de Vid:1" nao pareciam estar num recinto sagra-

do: uns sentaram-se deslnlbldamente no chio. outros fumavam como se estivessem na rua.

O nome de Deus não foi sequer pronu nciado. No entanto. era necess{irio dar ao ato alguma aparência

religiosa. Para tanto, D. Mauro Morelli lembrou o milagre da multiplicação dos pães. Disse o Bispo Auxiliar de São Paulo, na ocasião respondendo pela direção da Arquidiocese: "O milagre dos pties hoje não sertí realizado 1m,ltiplica11do uns poucos pães para alimentar tuna ,nulti-

d,io de famintos. mas pela redistribuição das riq11eZ(1S que se encontram nas 111ão.r de uns poucos". Ou seja, a utili,.ação do milagre bíblico para dar uma tintura religiosa a uma surrada tese das esquerdas. Enquanto D. Mauro fa lava, distribuía-se panílctos c m grande profusão, nos quais se re ivind icava desde a baixa do custo de vida até a derrocada do atual regime. Dentre as publicações que circulavam na catedral chamava a atenção a revista "Versus". na qual se podia ler: " É belo ser comunista embora cause 111uitt1s dores de tabe('O / 1k porque " dor de N1beça dos comunistas se supõe hi.rtórit·á f Na ronstruçào socíalisu, plt1n((i,·a111os 11 dor de cabeça o que não o 1or11t1 nU?nos freqüente, ,nos p,>/o contrtirio". Isto em meio a muita propaganda socialista e trotskista (" Vt·rsus", n. 0 24, sct. 78. p. 34). Os dirigentes, de sua parte, limitaram-se a dar um aviso: "Das publicações distl'ib11ídt1s na ,·(J(et/ral nó.<

só nos responsabilizamos pelo jornal do Movi,nento''. E um deles declarou que já na manifestação que fizeram na Penha houve infiltração de "ele1ne11tos estranhos" que provocaram as autoridades. Singular atitude essa de criar o caldo de cultura próprio a todos os agitadores, e dizer depois que não se responsabilizam pelo que eles fizerem. No entanto, o Bispo Auxiliar de São Paulo, D. Mauro Morclli, proc urou o ComandaHte da Polícia Militar, presente na ocasião, para dizer-lhe: "Não quero nenhum policial dentro dá igreja, o não ser que vá l'l!zm·". /\tCJ que. naquele momento ninguém rc.ili,ava l:í dcn1ro.

rnconfundívcl ela subversão.

Na véspera, o governo de São Pau lo havia "reiterado a proibição da 1·tmce11u·t1ç1io 11a Praça da SI. aleg1J11tlo ter ÍIJ(orma('ões de que as antigas Ligas Operárias. o Ptn·tido Conumisra e a Conv<1 rgênda Soda·

lista estão por trâs tio Movi111ento",

Objetivos pouco precisos

O Boletim do Movimento, largamente d istribuido, esclareceu ainda mais: Custo de vida para os promotores da iniciativa tem um sentido muito amplo. Significa mais ou menos tudo e nada: direito de se organizar livremente, de se opor às polít icas econômicas que não atendam a seus interesses; de se reunir cm praça pública e exigir soluções para Inexpressivo abaixo-assinado os prolilemas que mais os aíligem; direito de greve; direito de organização partidária; distribuição das Terminados os d iscursos, fora m . terras para os que nela traba lham. e ntregues aos dirigentes as assinatu- Sob a bandeira do "Custo de Vida" ras obtidas, durante seis meses, na encontram-se exigências freqüenteGrande São Paulo. Campinas, Va li- mente ap resentadas por agitadores e nhos, Sorocaba, Votorantim, Mi- subversivos. E, a lém d isso, os orgarandópolis, Andradina, Ribeirão Pre- nizadores do Movimento lançaram to, Feira de Santana (Bahia) e Be- um apelo para que se "mantenha a lém do Pará. Fora m coletadas nesse /11/(/, por sua t1111pli<1(:ão, que as peslongo periodo um milhão e 200 mil sot1s se organizem e discutam n ovas assinaturas junto a uma população nuuu•iras tle lula que CJ M ovin1e1110 que soma aproximadamc11tc 15 mi- deve assumir âaqui para a frente". lhões de habitantes, cm prol de uma O coordenador Aurélio Peres disreivindicação cm relação à qual, em se: .. E11quan1v huuver t·nn.>stia 11es1e tese. todos estão de acordo. Quem país, nâs es uu·e,nos luuuulo ... E outra não deseja a baixa do custo de vida, oradora acrescentou: "N,1o provo· na realidade, bastan te elevado em que111 " polkitt para que possan,us

continuar, pois não vantos partir por

aqui". Ou seja, trata-se de um programa a longo prazo, no qual a encenação da catedral teria sido o primei ro episódio? O nde irá parar tudo isso? Quem idealizou tal programação? O Clero prese nte inculpava um "pequeno grupo de universitários radicais de se apossarem das escadarias da catedral, durante 11rais de uma hora, provocando a polícia". D. More lli, tomando o microfone apelou aos manifestantes para que não fizessem "ag/011,eração nas esct1darias". O que significa esse apelo estéril, não segu id o de providência concreta? D urante todo o tempo as escadarias estiveram tomadas pelos agitadores da chamada "Co11vergê11cia Socialista". O dispositivo mantido nas escadarias do templo mais parecia um "show" publicitário com o propósito de provocar a policia e aviltar a autoridade. No dia segu inte, vários jornais, em manchetes, apresentavam os manteneclores da ordem como carrascos, que lançaram bombas cm crianças e jovens, enquanto os agitadores não passavam de uns coitados e vitimas de violência policial, os quais apenas solicitavam a baixa do custo de vida ... Os slogans tinham vários matizes de agressividade. Enquanto os agitadores gritavam "1norras" ao atual regime e proclamavam - "Vai avançar o n1ovimento popular", a lguns Padres e Freiras, que desej avam comprometer-se menos, bradavam: "Abaixo a carestia". D. Mauro afirmou: "A· companhéi este movi111e11to desde o co,neço, 1! se soubesse que estava sendo 111011ipulado, não o teria apoiado". E tudo terminou com um batalhão de apressados lixeiros a carregarem sacos e ma is sacos de lixo, acumulados pelos manifestantes durante aquele autêntico "comício político", realizado dentro do local sagrado. Os agitadores da escadaria só se retiraram quando a polícia la nçou sobre eles gás la crimogêneo.

Quem ainda é cat61ico? Preocupado em se j ustificar perante "os que estranham seja a igreja usado para esse tipo de manifestação". D. Mauro Morclli insistiu duas vezes: "Estou 1·0,n a co11sciê11cia tranqüila, acho que fize,nos ben, en1 ceder a catedral para esta manifestação; o po1•0 me pediu e eu cedi". E repetiu: .. Estou ,·om ,, con sâência tranqüila, não tenho remorso" (" Folha de Stio Paulo". 28/ 8/ 78). O Bispo Auxiliar de São Paulo parece ter sentido o impacto negativo produzido pelo acobertamento q ue deu àquele tipo de manifestação. E â falta de melh ores argumentos para defender-se, resolveu testemunhar em causa própria. No espirito público, porém, já se levanta uma interrogação com a qual os organizadores do "show" do "Custo de Vida" na catedral parece que não contavam: muitos se perguntam para onde nos conduzirão tais manifestações, onde Bispos ecomunistas, embora represe ntando papéis d istintos. atuam juntos e caminham para o mesmo fim. De outro lado, a partir do momento c m que igrejas servem de abrigo a subversivos e catedrais de proteção para manifestações de tal jaez. não se tornara m elas templos profanados? E os Bispos e Padres que promovem o u protegem esse novo tipo de cu lto são ainda católicos? Com o Prof. Pli n10 Corrêa de O liveira perguntamos: " Quem ainda é católico na Igreja Católica?''(" Folha de São Paulo". 5/ 1/ 75). Cabe aos teóloi,os e cano nistas responderem. Aos fiéis. porém. é im possivcl não perguntar.

fazer crer. mas assustadas com o ra·

dica lismo dos man ifestantes.

RAFAEL MENEZES 3


Entrevista exclusiva do Revmo. Pe. José Olavo Pires Tri11dade a ''Catolicismo''

EM DEFESA DA DOUTRINA TRADICIONAL DA SANTA IGREJA SOBRE O ESTRONDO publicitá rio promovido contra o Vigário de Miracema, Revmo . Pe. José Olavo Pires Trindade, por certos órgãos de comunicação social, especialmente a TV Glob o, "Catolicismo" solicitou àquele Sacerdote uma entrevista. São as seguintes as questões formuladas por nossa reportagem, às quais o zeloso Vigário de Miracema se dispôs gentilmente responder.

IIÍJ6Í'lll 6

llbanlaiía rallglosa CATOLICISMO: Pe. José O!avo, durante a recente campanha publicitária movida contra V. Revma., negaram-lhe o direito de defesa? De que modo?

Pe. JOSÉ OLAVO: Apare ntemente cu poderia me defender, porque os jornalistas me procuravam para dar entrevistas. Mas na realidade não pude fazer valer esse direito. Logo pe rcebi que não se tratava de colher informações exatas, mas de uma campanha que só tinha um sentido. A principio concordei em dar entrevistas, mas dentro de determinadas condições, que permitissem um tratamento adequado a questões tão delicadas e sérias, como sejam as questões de ordem mo ral. Os jornalistas e repórteres em geral apareciam aqui no fim de semana, justamente nos dias em que um Pároco está assoberbadíssimo com suas funções. Era justo e legitimo, por e xemplo, que eles concordassem com o pedido que fiz de responder às perguntas por escrito. Ne nhum deles concordou. Percebi então que a questão não era objetividade, mas sensacionalismo tendencioso. Depois começaram a me fotografar à revelia. Quando chegou a TV Globo, as coisas descambaram mais ainda. Os repórteres da TV Globo ostensivamente demonstraram que estavam a serviço dos elementos que promoviam agitação. Depois perderam toda a linha. Queriam entrevistar-me e fi lmar-me a qualquer custo, usando de expedientes os mais censuráveis, como o de telefonar simulando o caso de um doente grave para ser atendido. A única defesa era o silêncio digno. Numa capela onde se reali1,ava a cerimônia de dois casamentos, invadiram a igreja, interrompendo a cerimônia, chegando até a arredar uma das nubentes para me focalizarem melhor e somente depois pude prosseguir a cerimô nia do casamento. Depois que eles foram afastados da igreja por umas pessoas ali presentes pude prosseguir na cerimônia do casamento. E com esse mate rial assim colhido tão insultosamente, com injúria a um Sacerdote, com injúria aos nubentes, com injúria à Religião da maioria dos brasileiros, com injúria à Constituição, que assegura livre exercício do culto religioso, eles teceram as primeiras cenas do programa " Fantástico" do dia 20 de agosto e as últimas cenas do programa do dia 27. E o grupo de pessoas que ali são focali1.adas estão revoltadas contra eles, que documentara m o próprio delito. Em tal clima, como defenderme? Põe-se uma q\lestão muito grave: contra a prepotência e o arbltrio de uma TV que diz atingir uma audiência de 50 milhões de expectadores, não existem recursos fáceis para um Sacerdote, para um cidadão defender-se? Sou arrancado do trabalho silencioso e modesto de uma paróquia do interior e brutalmente exposto diante de quase metade da população brasileira, como alvo de calúnias, deformações caricaturescas, deturpações, sem sequer poder pelo menos manter-me num digno silêncio. Onde ficam aqui os tão propalados "direitos humanos"? Eis um tema que deveria sensibilizar os defe nsores de tais direitos. 4

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paroquianos do Po. José Olavo manllosltlram total repulsa à campanha publlcltarla contra seu VlgArlo o o Bispo de Campos

Popularidade CATOLICISMO: Certa imprensa referiu-se a uma manifestação do povo contra V. Revma. Quàl a verdadeira ve rsão dos fatos?

Pe. JOSÉ OLA VO: Não houve, na verdade, manifes tação do povo contra mim. Pelo contrário, nunca a situação com os paroquianos de um modo geral esteve tão serena. Este ano a Semana Santa foi mais concorrida , tanto pelo número de pessoas que freqüentaram os Sacramentos quanto pelo das que participaram das solenidades públicas. Repercute ainda o abaixo-assinad o que foi feito no fi m do ano passado em repúdio a uns grupos inframinoritários de fora, q ue tentaram i11iciar uma campanha clandesti na a favor da divisão da Diocese. Esse abaixoassinado era de apoio também ao Sr. Bispo e ao Vigário de Miracema. Foi firmado por 10.300 pessoas. Por ocasião da atual campanha publicitária, em apenas quatro dias 2.887 miraccmenses assinaram outro manifesto em apoio ao Vigário. Recebi a inda um a baixo-assinado de todos os pais que têm filhos freqüenta ndo as associações re ligiosas da paróqu ia, aplaudindo a orientação religiosa q~c proporciono. Sem falar em duas manifestações de homenagem que meus paroquianos fi. zeram. Algúém poderia perguntar: Mas não há divergência da parte dos paroquianos quanto ao modo de proceder do Vigário? Divergências hâ em tod o lugar. Mesmo o Sacerdote mais li beral encontra quem o julgue por demais rigoroso. Porém , não foram os cató-

licos que divergem, que não concordam plenamente com as normas da Paróquia , que deram mo tivo a essa agitação. Quem d iverge com seriedade acerca desses assuntos não manifesta sua divergência por meio de passeatas, nem dando entrevistas. mas o fazem pelos meios no rma is, adeq uados e ordeiros. Em geral essas pessoas que divergem, depois de ouvir serenamente as razões q ue dou, acabam concordando. E mesmo quando não aderem, não seguem, no en1anto respeitam o ponto de vista do Vigário. Note-se que antes de exigir procuramos persuadir, expondo lea lmerlle a:> razões, num clima de liberdade. Mas o q ue houve não foi isto. Foi algo estranho, que não se explica pela situação aqui. Foi uma movimentação artificial de pessoas totalmente alheias à vida da Paróquia.

sobrenatural que a cria nça recebe. Ex istem normas concretas no Direito Canônico como também normas Diocesanas a respeito do assunto . Essas disposições visam, além de assegurar uma formação religiosa que desenvolva a graça do batismo, levar os casais a legalizarem sua situação conjugal diante. da Igreja. Por isso, é lógico q ue os pais que desejam bati1,a r seus fi lhos na Religião Católica. se disponham a viver como católicos para poderem orientar o_s filhos. Por isso, cx,ge-sc que os pa,s não casados na Igreja, primeiramente se casem, para depois se batizar os filhos. Em minha paróquia, agindo assim já regularizei a vida conjuga l de cerca de 1.000 casais. Afinal de contas. não vivemos em época de reformas, de conscientização? Quando não há posslbilid.ade de os pais se casarem. estuda-se cada caso. e asseguradas as condições para o futuro religioso da criança, batiza-se a mesma.

Batismo e casais Irregulares

Modas Inconvenientes na Igreja

CATOLICISMO: V. Revma. poderia explicar por que não se deve bati1.ar crianças antes que os pais contraiam legítimo matrimônio?

CATOLICISMO: Quais as razões pelas quais as senhoras e moças não devem usar vestes decota.das e calças compridas dentro das igrejas?

Pe. JOSÉ OLA VO: Quando um lavrador joga uma seme nte na terra. ele procura assegurar que esta faça germinar aquela e garantir também o crescimento e os frutos da nova planta . No batismo, a Igreja deposita na a lma da criança o germe da vida sobrenatural, infinitamente mais precioso do que qualquer semente. Corno conseqUência, a Teologia e o Direito Canônico orientam o Sacerdote no sentido de uma pastoral q ue vise conserva r e desenvolver a vida

Pe. JOSÉ OLA VO : QuandO' uma a lta autoridade do Estado esteve há dois anos cm Miraccma, e cm outras localidades aqui do interior, as professoras de determinadas escolas foram avisadas d e que não poderiam comparecer para recepção dessa autoridade com calças compridas. Uma senhora não concordava que fosse imped ida de entrar na igreja cm traje masculino. No entanto, dizia-se que no seu emprego no Ministério da Justiça ela só usava saia,

porque não ficava bem usar traje masculino. Li, há algum tempo atrás que, num clube noturno de alta categoria, recentemente inaugurado no Rio, as mulheres não podiam usar ca lça esporte e os homens não pod iam trajar bermudas. Se por razões de cerimônia, se por razões de deferência a uma autoridade, de bom gosto julga -se menos adequado o traje (\lasculino para uma mulher, por que não pode o Sacerdote na Casa de Deus, por razões muito mais elevadas, por motivos sobrenaturais, exigir o mesmo, sobretudo se ele não está inovando nada, mas, ao contrário, seguindo uma tradição mais do que secular na Igreja? Sobretudo se ele está se orientando conforme a interpretação ma is com um do texto do Deutero nômio, ,que diz: "A mulher não se visra co1110 o ho,ne,n. pois isto é abominável aos olhos de Deus". Além d isto. muitas das a tuais modas têm um sentido evidentemente provocativo e exibicionista. Ora , o ideal de modéstia, de recato, de discrição que São Paulo recomenda às mulheres se opõe fronta lmente a isto. Quem possui um pouco de senso das coisas evidentemente percebe q ue as vestes, hoje cm dia, muitas vezes não estão de acordo com o idea l apontado por São Paulo.

Religiões falsas CATOLICISMO: Qual a posição correta que V. Revma . e todo a utêntico católico deve manter em relação a religiões falsas? Pe. JOSÉ OLA VO: É uma ques-

tão de lógica. Sou contra outras religiões na med ida e m que elas con trariam os princípios da Religião católica. É uma incompatibilidade metafisica. Na medida em que uma doutrina contrad iz outra , é uma nega ção da outra, q uem defende uma tem que se opor à outra . Se uma religião nega a presença real de Cristo na Santa Hóstia ou a Virgindade perpétua de Nossa Senhora, evidentemente devo ser contra essa d outrina religiosa porque contradiz, nega verdades da Rcligiã_o 9ue defend o. Se minha atitude não fosse essa, eu negaria o p róprio princípio da contradição. Seria o relativismo, o ceticismo, em suma, o fim de toda lógica, de todo o pensamento. Quanto às pessoas que pertencem a esses outros credos. desejo-lhes todo o bem, inclusive desejo de coração que elas possam participar um dia de toda a riqueza espiritual da Igreja Católica, desfrutada por nós, cató licos. E evitamos, na posição que assumimos, toda a atitude, toda a expressão que possa desnecessariamente acirrar os ânimos de qua lquer pessoa de boa fé e imped ir um justo e legítimo diálogo.

Pe. Olavo e a TFP CATOLICISMO: Fa lo u-se mui-

CllOLl,COS NÃO PODEM VOTAR EM CANDIDATOS DIVORCISTAS OS BISP@S DA PROVfNCIA eclesiástica de Niterói, ren ettndo sobre as pró'xlmu elel~ões de novembro, j ulgam,ee no dever de dirigir aos catóUcos de suas dioceses um a palavra de orlentaçilo. Sel)adores e Deputados são legisla dores. Grande é a responsabilidade que lhes cabe, como todos p!Jdtram verificar em 197,7,, quando foram aprovadas emend a constftuclo nal e lei que Implantaram o dlvór · elo, contrariaJ!do a Lei de Deus e contribuindo para a dissolução do próprio fundamento da soéledade, que f a f'amrua. 'E- evidente que nenhum c11tólico pode contribuir com seu voto ~ara levar ao Parlamento ltjlsladores fa-Yorávels ao divórcio ou a 9utros dispositivos letais contrários à .Mo.ral católica, Jmpôe·5', pois, um11 sadia rea~o do eleitorado católico, n a escolha de seus candidatos.

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Niterói, l ." de setembro de 1978 José GonÇ/llves da Costa, Arceb)spo Administrador Apostólico de Niterói t Manoel Pedro da Cunha Ciptra, Bispo Diocesano de Petrópolis

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AntOJ]io de Cãstro Mar,er, Bispo Diocesano de Campos

Clemente José Carlos lsnard, Bispo Diocesano de Nova Friburgo

f José Fernandes Veloso, Bispo AuxlUar de Petrópolis

to, no decorrer da campanha publicitária, sobre as relações de V. Revma . com a TFP. Poderia V. Revma. esclarecer nossos leitores a respeito desse ponto'/ Pe. JOSÉ 01,A VO: A TFP é uma ent idade cívica de inspiração católica q ue, pelos seus estatutos. visa defender no Brasil a civilização cristã, lutando contra o socialismo e o com unismo. Esta defesa é feita pela refutação das idéias social istas e comunistas, como também através da apologia dos três elementos fun damentais da civilização cristã: a tradição. a fa milia e a propriedade. A referida entidade tem por objetivo igualmente a proteção dos desfavorecidos e. por iss.o. seus sócios e coope1·ado1·cs visita m hospita is e favelas. distribuindo nestes locais principa lmente' víveres e roupas coletadas nas ruas. Eu não sou membro da entidade. mas admiro-a calorosamente e con~ cordo com ela sem restrições.


OS OBJETIVOS DE UMA PODEROSA E ORQUESTRADA CAMPANHA SOCIEDAD E Bras ileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) foi objeto, nos meses de agosto e setembro últimos. de um bem articulado estrondo publicitário movido por poderosas empresas de comunicação social, tendo à frente a TV Globo, a maior emissora de televisão do país. O estro ndo visou igunlmentc a S. Excia. Revma. D. Antonio de Castro Maycr. Bispo de Campos. e seu C lero. O que teria levado ó rgãos de comunicação soc ial a desencadearem - com estranha fúria - uma camp,1nha de d ifamação contra dois grandes baluartes da luta contra o comunismo e o progressism.o em nossa Pátria? ti o que, nesre momento, incontáveis brasileiros se perguntam. Com efeito, D . Antonio de Castro Mayer. teólogo de renome internacional. não é menos con hecido como destemido batalhador contra o progressismo e o comunismo. Sob sua orientação atuam valorosos Sacerdotes cont ra os quais a TV Globo tambérn investiu. A TFP é a maior entidade civil anticomun is1a do País e os serviços por ela prestados à Pátria são do conhecimento geral dos brasileiros. Con1a e la. desde sua fundação, com o caloroso apoio de D. Antonio de Castro Maycr. Compreende-se. pois, que a TV Globo e outros órgãos de comunicação falada ou escrita tenham querido atingir aq uela entida de e o Prelado ílumincnse. Com intuito de oferecer a seus leitores as informaçõcs neccssá rias para formar um juízo abalizado sobre o que ~e pa~sou , ··c otolit·,:~. mu " ;-1 prcscnta a seguir um hrcvc relato dos f,Hos ocorridos.

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Em Miracema, começa o estrondo publicitãrio Teve início em julho último um movimento loca l contra o Vigário. Pe. José Olavo Pires Trindade. Um grupo de cerca de 40 pessoas (profissionais liberais e estudantes), dedicou-se a uma campanha oral, e logo depois à difusão de paníletos acusando o jovem Vigário de Miracerna de empreender uma ação "moralizante" exagerad;i e fa ná tica. E de

ter constituído um grupo de oito cooperadores da TfP. Como é característico em certas correntes, os folhétos escachoavam gratuitamente cont.\'a a 'Ffli as clássicas acusa,ções de ,efllídade '\nazifacista" e ''pan1militar". Num C<lital ;vazado em ·linguagem calina e elevada, a Cúda,dfocesana de Campos rel!ltOll com pormenores os fatos ocorridos em Mirace.ma, apontando as distorções e inverdades,.çe)IÍidas nos folhetos (ver "Corollçjsn,o" n.• 333. de setembro de 1978). Afirma o documento que o Pc. ,José O lavo Pi res Trindade, fiel à Õrientação do Bispo, não fez outra coisa que seguir as normas ensinadas pela Moral tradicional da Santa Igreja, observadas na Diocese dêsdc s.u a criação. cm 1922. Nada foi nela mudadQ ou inovado. O ímpeto dos cond utores da campanha difamatória, porém, não arrefeceu. Estendeu-se ele a outros Sacerdotes da Diocese fiéis, também e les, à orientação de seu Bispo.

Surge em cena a TV Globo O caso loca l de Miracema interessou. entretanto, à poderosa TV Globo. Quando a agitação naquela cidade alcançava a lguma intensidade, !;\ apareceram os repórteres, que logo entraram em contato com os promotores da agitação. Concomita ntemente, jornais diários de grande circulação p<'tssaram a d ivulgar notícias sobre os episódios de Miraccma, todas. invariavclmenlc con tr;irias a o Vig:irio. ··o Flt1111i11t•11.s,•" de Ni1c rói. "Jornal do /Jrt,~ si/" e " O Globo" do Rio de Janei1·0 e o ".lornol "" Tard,,.. de São P,1u lo. ocuparnm-sc de M ir:icema. A campanha atingiu o seu auge quando a TV Globo, no programa ·· l 'fm1tis1ico", levou ao vídeo. pera nte dezenas de milhões de brasileiros, s urpresos. o casinho local de uma pequena cidade pouco conhecida do interior íluminense-, de 13 mil habitantes. pela qual os ó'rgãos de divulgação jamais haviªm manifestado interesse anteriormente. ·· Fo111tis1 i<·o ·· logo esten·d eu aos Vig,irios de Bom Jesus do ltabapoana, Varre-Sai , Natividade do <::arangola, Santo Anto nio dl: 'f>álluá e São

Fidelis, as acusações que lançara ao Pe. José Olavo. Doi,s programas levou ao ar a poderosa tele-emissora contra o Vigário lle Miracell'\a e de ·o utras paróquias da Diocese de Campos. Preparava-se assim a mais violenta das ofensivas publicitárias já lançadas contra a TFP.

TF P: objeto único da articulação publícitãria

tuito de denegrir a T FP. Buscava avidamente matéria para outro programa. Segundo constou, repórteres daquela emissora procuraram algumas famílias de sócios o u cooperadores da TFP, em São Paulo, onde esperavam encontrar pessoas contrárias à atuação desta, a fim de obter depoimentos contra os filhos e irmãos que trabalham pelos ideais anticomunistas da entidade. No dia 7 de setembro, emissoras de rádio de São Paulo começaram a divulgar a notícia de que o Sindicato dos Jornalistas Pro fissionais de São Paulo e a Representação da Associação Brasileira de Imprensa (ABJ) nesse Estado, haviam lançado um comunicado acusando a TFP de ter feito ameaças ao diretor do programa .. Fa11uís1ico", na capital paulista, sua equipe e respectivas famílias. Tal notícia foi estampada em 15 diários de grande circulação. A TFP d istribuiu um formal e enérgico desmentido pelos jornais, rádios e T:Í,'.s. Apenas seis diários de quatro cidades o publicaram.

que tenho ido à televisão para falar contra o próprio filho.

Estranha orquestração de boatos O presente relato não estaria completo se não tratasse de um conjunto de fatos que precederam de pouco ao grande estrondo. Consistira m tais fatos em informações procedentes de diversas fontes de que a TFP seria vitima de invasão, assaltos ou agressões. Uma verdadeira onda de boatos neste sentido, correu, de modo a cooperadores ou sócios da TFP ouvirem. não raras vezes. de transeuntes ou pessoas que passavam defronte· a al guma sede uma ou outra dessas ameaças. ., Tais boatos intimidativos forliin diminuindo à medida cm que crescia a campanha difama1ória cond uzida pela T V Globo.

A TV Globo posteriormente dedicou contra a TFP duas ed ições do programa "Fanuísliao ", e m dois domingos sucessivos, dias 3 e 10 de setembro p. p. Em seu primeiro programa, a tele-emissora esgueirava jeitosamente contra a TFP a acusação de preparar menta lidades cheias de ódio e rancor. as quais estaria mo bi lizan. d o através de exercícios paramiliiarcs, constituindo assim perigoso potencia l de subversão direitista. As antipatias: que a emissora procurara A parcialidade levantar contra os Sacerdotes da de certa imprensa Diocese de Campo~ cana lizava-as agora contra a TFP1 a tribuindo a i · fi · esta a qualidade de inspiradora dos Oepo meq_tos: um anõnlmo Por 1m. cuí(lpre registrar que. se referidos eclesiásticos. A propósito e outro apaixonado as calúnias e disfor~es a respeito da desse acontecimento, a referida entiTf'P enco9 1rava':' .;~ fácil cm bom dadc deu a lume seren:o e pene°t(antc Dia 10 de setem bro: vai ·a.o ar a n_umero ,á c JOroaf\ijia(IOS de grande comunicado, sob o título "Sobreµm segunda emi~são do ··Fanuístko " c ircu la~ , os de~JQent,idos e csclare/>ro.~r"11w de TV: " TFP. ao pdb(i- co ntra a TFP. Depois de apreseri{a~ C!mente~~~ª- c1111dade, pelo conti:;1· co brasi/.,iro ··. divulgaqo em ~ecção it•l! resumo do comunicaóo d <JtT FP, q~, foram ign.orii!fos, quando nao li vre na .. Folh" de Jão f>°'ulô..". e e de g,~r a entender gul ãs a ludi f/2%%1iados, po.r vár(Qs desses mesmos mais 18 jornais de 13 cidades brasi da ameaças imputadas à 1'fP ·n,o '1Í') os, !eiras. Dcmonstqiva o documento o pass,n•am ije "b,lt1ct1deirq-'rfl} lna,:';.,,,r. qun nto é abs\lfdo imputar à TFP go,·10 ". a TS Glob<;> awesentou dois. ,:listll 8 yaronlhnent~ aq uelas acusaçõe.s, quand o o modo, dcpoimeJ.Jl? S cp~tr'a a; e!).ti,d11de. 9 AIOlelfte .,. i'!' de ser e de atuar cort,ez, pacifico e. pnme,ro e,a de uma moça 9l!C se ordéiro dos sócios cboperadõres dizia ir,nã de um ó,ci,9 ou coope- in lr.~a~ aquí o p rincipais epjsóda Socit:dade not-ór-io em todo o rador da eptidà de. Mas a TV ap,e- CÍfO• da recen campanlia publiciBiasil. Além 'chsso,.. Jl.9~SJtÍ a ífFP sento!l-a cÔlll o ro~to envolto nuroa tl\_ria · vfdjl,tontra a ·rF P. Estària 1973 cartas 8c~ refe1fü"S';"aefcgados ~ esplc1e de né\<oa pJ!.1·a nãll ser ~ . làJ:J1C_$l',r:iã:i:?Não o sabemQs. Após out ~M auioridailtS il,e todós o rio ,phecida. J'amoéln não d.éclarou seu a i quarta tcle~missã~ o progrl'm~ eões'!'do1 t'êrrifório náeionaJ, ouvan- nome, nc;,m de seu supQsfo irmlo. O~ Fot1tá~1ü;(irt não voltou a: atacar- a do a atuação púl>)ica a cntid ile. segu11d.o foi de uma.; senhora c910 ent,idade; Entreta nto, não foi e$Se o nome, ''.fq111çs1ir<>1' y~o dC$!ino'1, primeiro estijQndo pulilieifárib conma'iq\!e.afre~ent9u~m 0011llições 1111 a tf-1>, &quiçá, não ~éja o últiA- TV &lobo p QfAra o ~ ormai$ de visibilidad~iéalme!'te mo. ")4/ios v)dl ventos aliosq11e pro· segundo lanc11 i ~ mãe da um coo~r dor da TFP em . <eel(ls-'' aduz o referido comunicado sua cemp nh)t ®'llrJI TFP Sjo Paulo. ~u depojmento, feito da ;J'FP dtando Virgilio, E, conclui: ÇQJJI paixã_.9rF<ií entretenlotpomo o.s ''A T,FP já arrostou itt1póvidõ ôutr//s €Bidas no vazi /!Slaeus.a~-;_da, dtmá~ .Á'ago e imp~iso, Não pôde 1e11112es1a'des. E co1ui111w segur(l do p,rimci,a emissão da;'tV ,Glc>bo: 6\n. ele ,rorém, deixar de pl'9(luzir forte êxi1Ó e111 rarzdo da t!_'r o;nessa féita vjsta do opoctúu.o e ·irrefutável ®· trauma em seu filho. Comprtend~se pelô Ei.11íri11> Santo o:os que são municado da entidàdC)c .l!â9 esmofe-- ~te trauma, pois não se C9nhece Cfisrâ vâro11i/n111111e pácienres" (Gal! ceu a'lloderosa empresa cm scu~m- 0111to caso. no Brasi l, de uma mãe 5. 22).

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Sobre um programa de TV: a TFP ao públiC'O brasileiro SO CIEDADE Brasileira de Defesa da Tradição, f'amilia e Propriedade (TFP), agradecendo as múltiplas manifestações de apoio que vem recebendo ontem e hoje, a respeito de um programa de televisão que a apresenta implicitamente como organização exacerbadamente direitista - conforme versão fantasiosa de q uand o cm quando levantada pela esquerda, e sempre retrucada com êxito pela entidad e - comunica ao pÍlblieo que: l . ENT R E os vários rcp:1rosquc merece a rn:né1·ia posta no ar. no

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domingo dia 3. pelo programa " Fanrâ.wico " da TV Globo. o ma is sa lien-

te diz respeito à ausência de caridade cristã, a combat ivid ade exagerada e até o rnncor que a emissora a tribui á mentalidade dos part icipantes da TFP. Sentindo-se desta forma su rpreendentemente mal interpretada. a TFP se a1>rcssa c m dirigir a prcsc111c pa lavra de esclarecimento ao público. Este esclarecimento é oferecido cm espírito de d iálO(:O cordial com os que se ten ham deixado impressionar pelas alegações de .. Fa111á.,·1ico".

2.

ESTAMOS certos. a liás. de

que a grande parte da opinião pública naciona l não ~e deixou imprcssio .. nar por tal. Atuando nossa e111idadc e m praça pública , de norte a su l do País. há cerca de quinze anos. todos os brasi leiros conhecem a maneira excmplan11e nte lega l e ordeira que lhe caracteri,~1 as campanhas. Comprovam esse .::stilo de ação 1973 olicios que possuímos. de delegados, prefeitos.:: outras a111o ridadcs de todas as la tit udes do Pais. felicitandonos por ist o. Nenhuma c1l1idadc possui, assim.

mos publicando neste sent id o. se têm caracterizado por elevação e delicadeza invariáveis: o plano que nos situa mos é exclusivamente doutl'inário, sem jamais descermos u acusações de caráter pessoal. Isto ainda quando fomos alvo dos mais duros e cstrcpi1osos a taques. não só doutrinários, como pessoais. A quem deseja cert ificar-se dessa afirmação bastará consultar nossas publicações. Pelas muito consideráveis tiragens q ue têm alcançado, estão e las às mãos de todos. Porém, para maior faci lidade, pomos cordia lmente nossas coleções a~ alcance de quem as queira cxa-

mais a ntigo, firme e gcncrali,.ado conceito de lega lidade de procedimento e de alto padrão de trato com o público. O que, já de s i, evidencia rn111ar. nos cooperadores dela , um espírito E se alguém julgue encont rar bem diverso do q ue imagina m alguns algo que contrnrie estas assertivas, participantes do tele-programa de queira ind icar-nos cm que obra e c m domingo. que página está o texto incriminado.

3.

POR CERTO. ao longo desses quinze a nos de ação pública - e à medida q ue o vêm exigindo os fatos - temos refutado as do utrinas que o comunisrno internaciona l tenta obst inada mente inocular no País. Porém, os livros. artigos de jornal ou de revista, notas ou comumcad os que cm considerável quantidade vi-

4.

POR T UDO is10. um dos nossos mais sensíveis pontos de hon ra cst{1 cm que se reconheça o caráter cristãmente legal, ordeiro e cordia l de nossa atuação. a qual - acrescente-se - sabemos. graças a Deus. eficaz e bem suced ida. 5. DADA a unilateralidade da q ual tantas vezes dú mostra o espiri·

lo humano. é compree nsível q ue cs~a ,ncsm:1 cfic{1ch, levante contn1 noss,, entidade res.~entimemos e queixas infund adas. cm setores de opinião d ircia o u indiretamente iníluen. ciados pela campanha que, com implac;ivcl obstinação. o comunis· mo vem rcali1.ando para destruir no Urasil a soberania nacion;, I e o que resta de civili %ação cristã. Entre CO· munistas professos. socia listas e inoccntcs·lllcis. m(\goas e objeções não fo ltarão, portanlo, contra nosst1 entidade. Mas que iais objeções tenha m chegado a iníl ucnciar brasileiros q ue, por· cctto. não aceit;:iriam de ser classificados cm a lguma dessas c,1tcgorias ideológicas. isso é o que nos dcsco nccrra.

6.

COM EFEITO. es távamos no direito de esperar prc.::isamcntc o cont drio. Cor1sagramos largamente i1 defesa do Pais contra a in fi ltração doutrinária do comunismo, energias e tempo que poderia111os emprega r cm proveito pessoal. Cumpri mos assi m um dever de consciência defendendo a Pàtria e a civi lização cristã contra o mais rad ical, violento e implacável adversário. E ninguém pode duvidar da atua-

!idade e premência do perigo consti tuído por este. Pois tal perigo é notó rio. A ele estão expostos todos os povos li vres. Em razão d ele. j á mais de uma vez foi vertido sangue de brasileiros. E. se provas fossem necessárias. temos colecionado 214 pronuncia me ntos de altas patcmcs das forças a rmadas. que nos úhimos três anos tê m alertado co ntra e le a opinião pública. Teríamos faltado com a caridade, defendendo o Brasil contra esse adversário? Ou. pelo contrário. 1críamos faltado com ajustiça e a caridade se tivéssemos cruzado os bi-aços d iamc dele? A Lei de Segurança Nacional preceitua. cm seu an. I.": " Totlll pessot1 ntuural ou jurídh·o é respon· JlÍ\'l4 pelo segurança nacional. nos limites definidos e111 lei". Teremos man ifestado falta de espírito de carid ade. com ba tividade exagerada etc. simplesmente por havermos dado cumprimento a c.ssc preceito, na esfera privada, e dentro da mais escrupulosa obediênc,a' aos d itames da boa ordem? Co11c/11i 1111 prigi11a 6 _ . .

5


Em Miracema, desagravo ao Vigário

e homenagem ao Bispo de Campos "As cartas pastorais de V. Exci/1. Revnw. dão este tesum,ento eloqüe111e: fidelidade, cer1eza, segurança, intrepidez, invencibilidade, ortodoxia. ··como ovelhlls privilegiadas de seu aprisco. aco111pa11hamos com o coração os efeitos da Pllstoral "Pelo casamento Índissolúvel". divulgada e difundida nos q11adr(l11tes da Pàtritt. de norte a sul e de leste" oeste: e o poder legislativo se 1·1,rvou a .ww evidência naquela vcasitio. •• A ReaProl: Oralde Alves da Silva

leza de Nosso Senhor Jesus Cristo"

- que n1onancia/ inesgotável de conhecil11e11to de 110.rso Deus!"Por um cristianismo autêntico". coletânea de Pastorais que traduze111 para os c·atólicos aquelas verdades que são pontos permanentes de referência para uma vida dedicada a Deus. Eis a "A

e

ALOROSA manifestação de apoio e desagravo ao Vigário de Miraccma, Diocese de Campos, Rio de Janeiro, Pc. José Olavo Pires Trindade - que vinha sendo a lvo de insis1cnte campanha publicitária movida especialmente pela TV Globo. através do proçrama "Fantástico" - realizou-se dia 9 de setembro p. p., no espaçoso salão paroquial daquela cidade. Mais de 400 pessoas compareceram ao aio. O Exmo. Sr. Bispo de Campos, D. Antonio de Castro Mayer, íez-sc representar pelo Pc. Eduardo Atayde, Vigário de Santo Antonio de Pádua . Também cs1iveram presentes o Pe. Gervásio Gobbato, Vigário de Lages do Muriaé, o Pe. Antonio Silva, Vigário de São Fidelis, o Pe. David Franceschini, Vigário de Cardoso Moreira e o Pe. José Eduardo Pereira , Vigário de São João da Barra. Discursando em nome das associações religiosas da cidade, a secretária do Apostolado da Oração, Da. Esmeralda Lemos Cintra, ressaltou a estima que o Pe. José O lavo goza j unto a seus paroquianos. Em nome d os católicos em geral. falou o advogado Miguel Ângelo de Manino Alves. O Pe. Eduardo Ataydc, representando D. Anton io de Castro Maycr. enalteceu as excepcionais virtudes morais e o inquebrantávcl zelo apostólico do Vigário de Miracema. Durante a solenidade, o Pe. José Olavo recebeu ainda caloroso apoio do senador Benjamin Farah. Através de mensagem lida pelo Sr. Marinus Perissé. o parlamentar íluminense hipotecou toda solidariedade ao Sacerdote. bem como ao Bispo de Campos. Todos os oradores fizeram alusão à campanha movida pela TV Globo contra o Pe. José Olavo e D.

ao Vlgérlo de Mlracema e ao Bispo de campos

Mayer, sendo calorosamente aplaudidos. ln1egrando o numeroso público que prestou a homenagem, destacavam-se pais de cooperadores da TF P local , bem como integrantes da Associação Santa Joana d'Arc e demais entidades religiosas da paróquia de Miracema.

Homenagem a D. Mayer Em solenidade igualmerte brilhante e concorrida, foi hoJnenageado a 24 de setembro, no mesmo local, o Bispo diocesano, D. Antonio de Castro Mayer. Saudou S. Excia. Revma. a J'>roí.• Oraide Alves da Silva, cujo discurso sintetiza, em figuras eloqiientes, a atividade pastoral do Bispo de Campos. A oradora iniciou seu discurso ressahando a felicidade que significa ter D. Antonio de Castro Mayer por Pastor. Por que? - indaga. E responde: ..V. Excia. Revma. condicio-

nou-nos a receber a Verdade sem tergiversações. sen, distorções: aprendemos a aceitá-la e a amá-la con,o um sol radioso o espancar os trevas não só da impiedade e da heresia, como de doutrinas filosóficos ,nate· rialistas e pagãs. "En1bora leigos e não versados em teologia, compreendemos a gra11deza que se desprende das pastorais de V. Excia. Revma., proporciona11· do a visão 1.111iversal dos proble,nas

Sobre um programa ... 7. POR RAZÕES nná logas às já expostas, é explicável que elementos da chamada "esquerda católica" se portem conosco animados pelos r~ssentimentos da unilateralidade. Dentro da Igreja, a infilt ração do comunismo se tem feito sentir de modo notório. Disso está tão certa a opiníão nacional que, já cm 1968. 1.600.368 brasileiros subscreveram . cm 58 dias. a mensagem que enviamos a Paulo VI, pedindo medidas contra a infiltração comunisrn nos meios católicos. De então para cá, ó perigo não ícz senão crescer. E de modo tão impressionante q ue. cm 1977, dois Arcebispos, sem a menor vincu lação conosco, denunciaram à nação o perigo face ao qua l, de nosso lado,já vimos acuando. No que está, perguntamos, a íaha de caridade cristã? Em apontar o perigo que ameça a Igreja e alarma os bons católicos? Não está, pelo comrá rio, em cru1.ar os braços diante dele?

8.

COM AS presentes considerações. não queremos a limentar polêmicas. Mas apenas esclarecer alguns brasileiros que não nos compreendem. E abrir seus olhos pa,·a o que faze m. A quem aproveita a manifesta6

Mediação Universal de Maria" l/U{J do utrinn, ('(lf)(IZ de COIIV('J'/(!f

Consfderâvel nCimero de pessoas prestou homenagem de desagravo

ção das prevenções apressadas e mal informadas deles, contra a maior entidade civil anticomunista do Pais? É no 9ue, cordial e atenciosamente, gostanamos reílctissem. Não nos julguem sem nos conhecer: é só o que lhes pedimos. Não se lhes poderia pedir menos, nem mais afavelmente.

9. OUTRAS ponderações ainda caberia formular acerca da matéria posta no ar, sobre a TFP, pela TV Globo. A falta de espaço não nos permite fazê-lo. Sobre os a·ssuntos ligados a Miracema e o utras Paróquias da Diocese de Campos pelos quais o programa .. Fantástico·· nos responsabiliza - aduzimos tão só o que segue: D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, dotado da inteligência, cultura e personalidade que lhe valeram renome nacional e internaciona l, obviamente não pode ser tido como mera ºmarionete.. da TFP. Tem ele seu Seminário, no qual íorma seus Sacerdotes segundo o espírito e a doutrina da Igreja. Sacerdotes dedicados e modelares, nos quais também é impossivel ver meras marionetes da TFP. Sobre os fatos expostos pela TV Globo nesse e cm anteriores programas, a Cúr.ia Diocesana de Campos

eclesiais 110 que pode 1anger a leigos". Prosseguindo, a oradora ressaltou que D. Mayer é o Pastor que "se,npre nos inculcou o respeito. a fidelidade. a ve11eração pelo teso11ro misti<·o da Santa Igreja Católica. Apostólica, Romana, patrin1611io i11vu11erâvel 110 curso dos tempos, porque sacralizado por seu Fundador e por Ele ,wqueles que O co111i11uava111, conservando-o uno e i11ta11givel, à sombra de se11s mis1érios, de seus 1·â11ones e de se11s dogmas. E esta dou,rina trazida até nós pela Tradição. enriquecida pela santidade e heroísmo de tantas almas que por e/(1 se ofereceram em holoca11sto como testemunhos vivos do enlevo que lhes desperta, esta doutrina é a razão de nossa vida e por ela 11ão é dem(1·

mesn10 as almas. 1ornando·as ena· 111orad11s da gra('/1 c1ue 1·0/oca Maria. a Sanrlssin,a Virgt>in, no ropo das

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"No seu brasão. enl'ontramos o le1110 orientador de todo o seu apostolado: lpsa conterei. [ ...l, "No meio das trevas de nosso século. entre as des1:raçasjà_sofridas e as a,11eaças. mais ternve1s do que nu11ct1. de novas desgraças soéiais e políticas; neste i11s1an1e en, que os horizontes inrernadonais turva,n-se c<irregados de nuvens 1en1pes1uosas;

Após dirigir a D. Maycr o pedido de que visite com mais freqüência a cidade, a oradora concluiu:

ridão: nesta hora de sofismas impu-

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10. DE RESTO, essaseoutras i ncomprcensõcs não nos demoverão

Discorrendo sobre o signiíicado de cada uma das insígnias episcopais, o orador detém-se especialmente no lis1cl de D. Antonio de Castro Maycr:

nos.w,s aspirações",

"Se tivéssemos alguma dúvida do carinho de V. Exáa. Rewna. pe· la nossa paróquia, se (1/gum dia p11désse1nos alojar 11111 pe11samer110 desses, ele se dissiparia a umj1110 de luz: a escolha feita por V. Excia. Rewna. de nosso Revmo. Vigário, Pe. José O/avo Pires Trindade, para nossa Miracema. Isso foi prova de que nossa Paróquia foi alvo de sua paternal solicitude. pois aquele que conduz as ovelhas deste redil à luz e,nanadora do grande aprisco. a nossa Diocese. é a imagem que nossa .fé concebe do verdadeiro Sacerdote, d,•sde .1'11(1 austeridade pessoal atei siado o n1ar1irio ... Referindo-se ao processo de au- seu apostolado fecundo. levando de todemolição na Igreja, aludido por vencida todos os embargos. inclusiPaulo VI. a Pror.• Ora ide Alve-s da ve os .forjados pelo espírito das treSilva ressaltou a situação privilegia- vas. "Obrigado. Sr. Bispo. Deus re· da da Diocese de Campos. pois seu Bispo "espa11cou todas os 11uvei1s e 1rib110 a caridade de V. Exâa. Revma. fez com que e,11 seu céu resplande- 11111110 111edida que some todos os cesse e111 fulgurações multicores o nossos agraded111e11tos". Estrela 111ilenar, que é a Santúsima Virgem, Mãe de De11s, Rainha dos Grandeza do múnus episcopal Apóstolos e Medianeira de todas as graças. V. Excia. Rev111a.. portanto. Também o Sr. Fernando Antopor Maria, venceu todas as borras- nio Possidente usou da palavra, lemcas e chegou até nossos dias incólu- brando inicialmente a grandeza pró111e como defensor i11ca11sâvel dll ver- pria à autoridade episcopal. para redadeira dou1rina católica. não lhe íerir-sc então ao homenageado: permitindo nenhuma desfiguração ou "... wn verdadeiro Bispo e Pastor a111esq11inhamento". de nossas a/n,as, intra11sige11u de...

deu a lume um Edital elevado, sereno e amplamente explicativo, cujo texto fez entregar em mãos a essa empresa publicitária no dia 31 de agosto p.p.. com o pedido de que fosse divulgado na integra. Continuamos a esperar que a empresa atenda o pedido. Enquanto tal não acontece, a TFP tem, à disposição dos interessados, esse documento memorável.

fensor da doutrina de Jesus Cristo. que. co,n varonil corage111, es,·11dado ,w proteç,7o indispensâvel da Mae de Deus e nossa, enfrenta os males deste te111po. que tê,11 conseguido pe11etrar até mesmo pelos umbrais da Igreja. t, pon10 de S.S. o· Papa Pa11lo VI dednrc,r que a "íumaça de satanàs" penetrara na Igreja de Deus. rer1<11nen1e alrovés de seus ho111ens ",

.de prosseguir com paciência cristã - isto é, com serenidade de ânimo e de ação, com cons1áncia e inquebrantável coragem de alma - na defesa da Igreja e da civilização cristã.

neste 1110111ento em que a sociedade se t!e<·on1pcje

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se putrefaz ,u, êSt:u-

dentes: violêncfos pusilani111("Jnen1e

tol<'radas: propaga11d(1.1· de doutrina.v mortíferas covardemente permitidas; degradaç,io de costumes como janwis vilnos: proliferação de torpezas sexuais muitas vezes legalizadas: 111110 geral crueldade que se n1011ifesta em /a,rocínios. prevaricações. calúnias frias e injúrias perver.,·as; zuno uni-

versal irresponsabilidade. e111 atos de governantes e em desfdias de governados: e unw deliN111te anarquia na vida públic·a e na vida privada ·_ ,·umpre-11os apelar. co,11 toda.vásfor· ças. para ,1q11ela [...) que jâ ve11ce11 o espirito das ,revas: A1aria St1111issi-

11w. lps<t conterel. Ela t•s11u1g11rtí".

Pronunciou-se ainda o advogado Miguel Ângelo de Martino Alves. fa. lando de improviso . Presente à mesa. homenageou D. Maycr o Presidente da Câmara dos Vereadores. Dr. Salvador Me rcante. Fc?. uso da palavra. por fim. o Vigário loca l. Pe. José Olavo Pires Trindade. O Sr. Bispo agradeceu a filial homenagem e, na ocasião, lembrou aos fiéis o dever de nas próximas eleições não sufragarem candidatos que se manifestaram ou se manifestam favoráveis ao divórcio. Ou que sejam favoráveis a ou1 ras medidas legais contra a ordem natural e a Lei de Deus. como a limitação da natalidade, o aborto etc.

fjAfOLilCESMO M.ENSÁRlO

- "A fios vidi ventos, aliasque proi:elas", escreveu Virgllio: a TFP já

com aprovação eclesiástica CAMPOS - ESTADO DO RIO

arrostou, impávida, outras tempestades. E cont inua segura do êxito, cm razão da promessa feita pelo Espírito Sa1110 aos que são cristã e varonilmente pacientes (Gal. 5, 22).

Paulo CoNêa de Brito Filho

São Paulo, 4 de setembro de 1978.

Diretor Diretoria~ Av. 7 de Setembro 247, caixa postal 333, 28100 Campos, RJ. Administração: R. Dr. Martinico Pra· do 271, O1224 São Paulo, SP.

Composto e ímprcsso na Artprcss -

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Papéis e Artes Gráficas Ltda., Rua Dr. Martinico Prado 234, São Paulo, SP. Assinalura anual: comum CrS 150,00;

cooperador Cr$ 300,00; ~nfcitor

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CrS 800,00; grande benfeitor Cr$ 1.500.00; seminaristas e estudantes Cr$ l 20,00; América do Sul, Central e do Norte, Portugal e Espanha: via do superfíc.lc USS J 8,00, via aérea US$ 23,00~ outrQs pa(se.~: via de su· pcrflcie USS 20,00, via aéreo USS 23,00. Venda avulsa: CrS 10,00.

Os pagamentos, sempre em nome de Ediloia Padre liclclllor do Pontes S/C, poderão ser e,,caminhados à AdminlS'9 tração. Para mudança.d~ endereço de assínantes, é neocssano mencionar também o endereço onti&o. A correspondência relativa a assinaturas e ven• da 3,vulsa deve ser enviada à Administração R. Dr. Mortinico Prado 271 O1224 São Paulo, SP


O MARAVILHOSO E O REAL NA FORMAÇÃO INFANTIL ..

OJE. CARO leitor, trataremos dos tempos áureos da infância. Esperamos assim agradar a todas as idades. Para os mais velhos, será uma recordação e uma saudade. Para os mais jovens. um incentivo e uma esperança. Para todos. um entretenimento e uma reílexão. Enfocaremos o mundo maravilhoso das crianças. onde a inocência ê fonte daquela felicidade relativa que ao homem é dado desfrutar nesta terra de exílio, após o pecado original. Apresentaremos as magníficas ilustrações de Hélene Poirié. contidas cm "Mo11 prl'Jnier livre de clu111so11s" - .. Meu primeiro livro de canções". 11111 belo alb11111 francês editado pela Livraria Laroussc, de Paris, em 1962, que reproduz canções infantis, conhecidas na França desde remotos tempos.

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Observemos as ilustrações desta página. Elas evocam, ora o maravilhoso. ora o quotidiano e o real. O primeiro é indispensável à mentalidade infantil como meio de apurar o senso artístico, elevar o espírito, descortinar novos hori1.ontes, estimu lar sadiamente a imaginação. O segundo. com seus aspectos pitorescos. calmos. caseiros, simpáticos. é essencial às crianças para despertar nelas a atração e interesse pela realidade e pela virtude.

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Era uma vez um pequeno navio. Um naviozinho cheio de crianças, que se lançou pelo mar Mediterrâneo. Navegou, navegou ... e os víveres se acabaram. Seus tripulantes não podiam morrer de fome! Lançaram então a sorte: o menorzinho seria devorado.

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Enquanto se discutia se ele seria frentados com espírito de fé e de frito ou assado. o pobrezinho subiu confiança no sobrenatural. ao mirante do navio. Aí se ajoelhou. e rezou: "Ó Santíssima Virgem, ó minha Padroeira. Se pequei. perdoai-me depressa, mas não permitais que eles me comam"! A Virgem Santíssima atendeu, e sobreveio o Malbrough vai à guerra. Vem a milagre: enorme quantidade de pei- Páscoa, passa a festa da Trindade, e xes saltou para dentro do barco. O Ma lbrough não volta. Sua esposa, à menino estava salvo. espera de notícias no alto da torre, O clichê ilustra, com muita can- recebe a triste novidade: Malbrough dura, o momento de aílição do me- morreu. Entretanto o mensageiro a nino e a realização do milagre. I'.: consola, contando que o exército uma lição de como as agruras e os inteiro viu a alma do herói, radiansobressaltos da vida devem ser en- te. entrar no Céu.

Su( l:i ,·oulc d.: Louviers.

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O clichê apresenta, de um lado, o clima festivo da partida de Malbrough: o cavaleiro que desííla, os tambores e cornetas que irrompem ao passo cadenciado, os soldados que se alinham, o povinho que admira e aplaude. De outro lado, mostra as pompas fúnebres do guerreiro: as armas conduzidas em solene cortejo, a presença dos estandartes, o ataúde negro ao fundo, e a alma do herói que sobe ao Céu em forma de pomba. No alto da torre, vê-se a esposa recebendo a notícia da morte do marido. 1, um estímulo ao heroísmo, uma descrição viva da beleza da condição militar e um exemplo de resignação cristã ante à dor e o sofrimento.

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Por fim, a bele1.a de uma cena comum no século XVIII. Uma bela senhora percorre a estrada cm sua magnífica carruagem dourada, e interessa-se pela sorte do pobre provinciano que trabalha arduamente. Ao contrário da visão cheia de acrimônia e revolta de um marxista q ue aí encontraria logo motivos para atiçar a luta de classes, a gravura mostra a suave harmonia no trato dos personagens. O pobre t rabalhador não demonstra qualquer complexo de inferioridade por sua condição humilde. Pelo contrário, ele está satisfeito por sentir-se objeto da atenção da bela senhora. Esta, por sua vez, trata-o com tanta afa-

bilidade que chega a provocar certo espanto nos lacaios e cocheiro. À distância, alguns camponeses observam a cena cheios de comprazimento. Lição de amor às harmônicas desigualdades criadas por Deus, desde o berço. Lição do valor da dignidade humana, que um verdadeiro católico sabe ver e admirar em qualquer classe ou função social.

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Por estes exemplos, podemos medir a sabedoria profunda que há nesse pequeno universo infantil, desde que moldado pela civi lização cristã. Nele encontramos o que os franceses chamam "leçon des choses" - "/irão das coisas". Através desse mundo encantado, a inteligência infantil transpõe os umbrais do ambiente doméstico, e toma contato com a sociedade humana em toda a sua complexidade: as diferenciações nela existentes, as atrações que oferece, os deveres que impõe, as decepções que traz, o jogo complicado das paixões que nela palpitam , nas vitórias e revezes dessa grande luta que é a existência. Luta, sim , na qual alguns se engajam para a defesa de seus interesses pessoais, legítimos ou ilegítimos, e outros para um fim mais alto. qual seja, o combate co, · ra o demônio, o mundo e a e; com vistas à instauração, n, terra, do Reino de Nosso Senh, Jesus Cristo e de sua Mãe Santíssima. 7

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NOSSA SENHORA DE NAZARÉ

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Uma devoção que percorreu os séculos e os continentes A OEVOÇ,\Oà Virgem dcNa1:1ré. mnrt:,da de modo r<:lumban-

tc pel:t Fc-sla do Círio comemorada no sci:undo domingo de out.u -

bro. em 8l'lém e.lo J•ani. t hoje para os brasileiros do norte do Pais

qu::,sc- tão significaliva quanto o é para as outr:L~ rc~iõcs o culto a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira n;h.'h.:mal. Em seus arcanos insondá,·cis,

Deus p:.nccc haver 1rasado o percurso da primeira c.~eullura da San1i.ssinrn Virgem de que se tem notíci:1, _em sua peregrinação hislóric:a da Asia 1>oua a Afrka e dai para a

Europa. No Brasil, a dc,•oção se estabeleceu cm rchlçiio n outra in1agcm enconlrada no sétulo X VIII. A1>rtscnl:Hn os ol seguir os prir\·

<ipais ratos do belo histórico de Nossa Senhora de Nazaré, desde suas origens até nossos dias.

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EGUNDO UMA tradição que atravessou os séculos, São José cscul· piu na humilde morndá onde :1 Vir• gcm conccbt..:u do Espírito S:rnlo. a pri• rneira dc1s imagens de Nossa Scnhor:i. A pr6prir, Mãe de Deus serviu de modelo p:1ra essa admirf1vcl escultura. que depois teria sido encarnada por São Luc-as evangelista. Desse modo surgiram a Imagem e a dcvoÇclO à Senhora de Nazaré. Entretanto, a trajetória gloriosa dcs• sa s::tgra<l:"1 1m~1gcm sú comc~ou a ser narrada alguns séculos mais tarde. Perdeu-se nas brumas dos 1cmpos o que se passou com ela nos primeiros séculos da era cristà. Em 361. Juli,ino. Imperador de Roma. movia um~1 S(lngrenw perseguiç.:io ,1os cristfios do orie1ttc. Um monge grego. de nome Cyríaco. procurou asilo cm 13c lém de Jud;L l.cv:1v;i consigo :, Imagem de N<>~s~1 S~nhnrn de Na,nr~. Nas c.'t!rcani::1s; da cidade cH,dc n;.1sccu Jesus. 1norava o gr;rndc São Jerônimo. Cyriaco oícrccéu· lhe de presente a Im~,gem. cxplicando·lhe ;·, J)l'occdênck1 d;.1 mesma. São Jerônimo. porem. enviou-a para a África, cm ofcrccimcn10 a Santo Agostinho. O Dispo de Hipona, por sua ve1., doou a Sanrn I magcm a seus monges do Conve1uo Caulianiano. localizado a duas léguas da c idade de Mérida, ao sul do Espanha romano-visigótica. Santo Agos1inho juniou à preciosa dádiva um cofre de marfim, com as relíquias de São Orás e de São Oariolorneu. A remessa deve 1er sido feita anics do ano 430. pois no decorrer dele faleceu o grande Doutor da Igreja. A I magcm da Senhora de Na1.aré pcrmeneccu naquele mosteiro até que, três séculos mais tarde, sobreveio um trágico acontecimento que nmdou o curso da história da Península Ibérica.

A batalha de Guadalete \Vitita reinava sobre os hispânicos. cm princípios do século VI 11. quando D. Rodrigo. â frente de um levante popular, destronou e empunhou o cetro. Os filhos de \Vi1i1"'1 refugiaram..se na África. onde o Conde Julião. governador espanhol de Ceuta. estimulou-os numa aliança com os rnuçuhnanos para inw1d i1·em a Pcninsu1" Ibérica, cm 709. A 27 de julho de 11 l. dois exércitos 1omava1n posição tls margens do rio Guadaleu.:. i:IO sul da Espanha .

O Rei D. Rodrigo. à írc111e de 90 mil cristãos. defrontava-se com incootáveis pagãos muçulmanos. chefiados por Tarik· bcn-Zcyad. Eram árabes e beduínos aíri· canos que. desde a traiçcâo do Conde Julião. vinham devastando a Espanha cm pcquc.::nas incursões. Após 7 dias de combate a vitória ainda não se decidira para nenhum dos exércitos. Porém. as hostes cristãs j~\ haviam sido divididas e minadas. No oitavo dia de luta , consumou a Lraição o Duque Sisebcrto a quem o Rei Rodrigo havia confiado o comando da ala esquerda de seus exércitos. Junt,1· mente com seu irmão. Dom Oppas. Arcebispo de Sevilha. o Duque tramou com os infiéis. e seus soldados voltaram· se contra o centro do exército csminhol. dando vitória aos rnouros. Ao cair da noite. qu.1s1.: lodos os cristãos jaziam por terra massacrados. l 1liciava-sc o domínio muçulmano da Península lbéri~a. que só tcr1ninari:,, apôs quase oito séculos de heróicas e sangrentas lutas com a admir;.ivel Reco11quista espanhola. Afirmarn alguns hist0riadorcs: que D. Rodrigo morreu na batalha de Guadalete. Entretanto. a maioria deles não dá como provada a morte do rei visigodo nessa baralha. Em sua "Nis-

qual se relatava a trágica jornada. desde C:rnli:111:, atê o Sítio. hem como :i história da Imagem de Nazaré. Situados à distftncia de uns três quilômetros um do outro. O. Rodrigo e o monge Romano combin:tram comunicar-se por meio de sinais. Certa noite, 11ão houve fogueira do lado do abade. O Rei cncon1rou·o morto no dia seguinte. A Imagem de Nossa Senhora de Nazaré. não :1 encontrou. pois ignorava onde o abade Romano a teria guardado. ·rudo i11dic,1 que o último Rei visigodo abando11ou ,1quclas par:lgcns para intermir-se num convc1uo cm São Miguel do Fct:-1 I. sub(1rbio de Viseu. onde não wrdou ~1 ent regar sua alma a Deus.

400 anos depois De 716. quando morreu Romano. até f 179 a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré permaneceu ignorada naquele

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Nossa Senhora de Nazaré em Portugal F'oi nos historfodores espanhóis que se basearam os cronistas pottugucscs. sobretudo F'rci Oernardo ck Briuo ( .. 1\-/0· m1tt11da f.u siw,u,'', Tomo li. Livro VII. Cap. Ili) para afirmar que D. R odrigo conseguiu escapar com vida da batalha. Disfarçado em pastor. fugiu ele para o mosteiro de C,wli..rn;,. onde o ;1colh\.'u o abade Ron,ano, o único monsc que ali permanecera. Os demais haviam abandonado o mosteiro, ao terem notícia do desastre de Guadalctc. · Colhido pela 1rngédia. D. Rodrigo decidira íaz.er penitência. A aproximação dos mouros obrigara. porém. o Rei e o abade a abandonarem o mosteiro. Cru1..ararn o rio Guadiana e puscram ..sc a caminhar rumo ao poente. levando consigo a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré e o cofre com a$ relíquias de São Brás e São Bartolomeu . Ao cabo de 21 dias de m'1rcha, detiveram seus pas.-;os "ónde a terra st• ,,rábo e o nwr <·oméfâ", no dizer de Ca· mõcs. l!srnvam em Portugal, junto ao monte Siano. na orla do A1lân1ico. O Rei instalou-se numa ermida abandonada naquele mon,c. O monge dirigiu.se com a imagem e com as relíquias ao promontório onde hoje está a povoação do Shio. Alojou-se numa gru1a da escarpa que se debruçava sobre o mar, prepar::indo ali urn oratório para a veneranda Imagem. Sob um a ltar improvisado. escondeu um cofre, onde depositou as relíquias e um pergaminho. no

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b

conhecida como Capela ôa Memória. cm lembrança do milaJ?rC. Ao escavar os alicerces. íoi encontrado o c-0frc com as relíquias e o pergaminho do ab.-dc Rornano.

Peregrinos ilustres Comec;~ir..im as peregrinações. tendo ido até o local o 1>róprio D. Afonso Henriques. 1>rimeiro Rei de Portugal. com seu filho D. Sancho . Em 1377, D. Fernando 1. o Formoso, mandou edificar um templo nlaior para oomodidadc dos fiéis. cm vista da dificuldade de acesso ao loc:d. A sagrada 1magem passou entfio a ser venero.ida na igreja nova. Outras rcíorinas ou ampliações foram rcirns ao longo dos séculos nesse sancuário. Visitaram-no como peregrinos figuras célebres da História portuguesa. Além do mencionado O. Afonso Henriques. prestaram c ulto à Virgem de Nazaré, naquele local. O. Scbas1ião e vários outros reis. Vasco da Gama e São Francisco Xavier tambêm lá foram pedir graças. Do Brasil. D. João VI enviou f1 sagrada linagem um diamante facetado. que figura cm sua coroa de ouro, bem como um m~,nto de seda vermelha bor· dado com fios de ouro. No Ve lho Coniinentc, Nossa Senhor:, de Nazaré quis conceder graç;1s insignes primeiro a personagens ilustres. para depois atrair o povo simples. Em nossa Pátria. Ela parece 1cr traçado o caminho inverso. como podemos observa r a seguir.

1dria dos mouros<~ ârabes 110 Espo11ho"

(Tomo l. p. 75). Viardol afirma que. segundo os autores espanhóis. O. Rodrigo escapou com vida, refugiou-se cm Portugal ou na Ga.licia.. onde levou vi· da penitcruc e morreu em odor de san· 1idadc. Em Ponusal. na isrcja de São Miguel ôo fetal há uma lápide antiquis· sima, com os dizeres: ·· !·fie re</uitsdt Rudericus, ultimas rex gothórum" "A<1m' rtpousa Rodrlg<>. tíltinw rei dos godos", Como foi D. Rodrigo terminar ali seus dias?

A berlinda que conduz uma réplica da Imagem milagrosa durante a procissão do Clrfo, chega à Baslllca de Nossa Senhora de Nazaré

~

MIiagrosa Imagem de Nossa Senhora da Nezaré. descoberta em 1700, nes cercanias de Belém do Par&

penhasco. venerada apenas pelos anjos. O abade a ocullara muito ben1, para evitar que íossc ultrajada pelos muçulmanos. scnhorés n~u~ucl:1 époc:1. de <-1uo1s~ toda a Península lbéric.a. No 1cmpo de D. Afonso Henriques, fundador do Reino de Ponuga l, a Imagem íoi casualmente encontrada por pastores. A no, icia dessa descoberta logo se difundiu por todos os lados. Foi visitar a Imagem um valoroso cavaleiro. braço direito do Rei nas batalhas contra os mouros, alcaide do Porto de Mós:

"li Dom Fuos Roupiuho. <Jue no ,erro E 110 mar respfande,·e jw11tm1e111,•

Co fogo que artntlev junto da strra De Abyfo nos ,:o/és da mllura ge11u," Assim o apresenta Camões nos ··J.u.w.m/(l,t·· (C~nto VIII. cs1ãncia XVII). Em uma de: suas caçadas costumeiras, quis O. Fuas visitar a hnagem junto ao penhasco. S:iira ele na manhã de 14 de seiembro de 1182 com alguns companheiros. batendo os matos cm direção ao Sitio, quando um belo veado levou no seu encalço o nobre cavaleiro. dcsap;1rccendo na densa né\'0:1 que envolvia o promontório. De repente, viu-se D. Fuas no extremo de uma rocha. a ponto de desp-enc.ar a prumo sobre o mar. num abismo de mais de cem metros. Num relance. mediu o cavaleiro o pc .. rigo. acudindo-lhe ao espírito Aquela cuja Imagem ali se ocultava: "Senhora. valei-me", bradou. O cavalo estac:ua sobre as patas traseiras como a formar um salto sobre o abismo. E assim pennaneceu por uns instantes. até dar uma volta e permitir ao cavaleiro apear-se na mesma rocha, j~1 presentes seus a.com· panhantes. D. Fuas. emocionado. diri· giu-·s c com seus homens â gruta que abrigava a Image m da Virgem de Naza .. ré. onde deram graças ~) Mãe de Deus pelo insigne favor que acabava de dis• pensar. Em agr:,dccimcnco. D. Fuas 1llandou construir no loc;d u1ml e~lpcl:1 parn a Imagem de Nossa Senhora de Nazaré,

No Brasil No ano de 1700, nas p roximidades da en1ão pequena eid'1dc de Santa Maria de Oclém do Grão-Pará, il beira da estrada do Maranhão, ou estrada do U1inga. vivia um homem simples de cor parda. cha mado Plácido José de Souza. S"indo ele a buscar água no Igarapé. encontrou um nicho com uma lma· gcm de Nossa Senhora . talhada cm madeira, de 28 cm de altura. coberta por um manto ~w.ul. que se ;tprescnta\•t1 intacto. a1>esar de exposto i1 aç.ã o das intempéries. Plácido recolheu-a e co,1struiu par:, e la um santuário tosco cm sua palhoça, à beira da estrada. informando a vi1jnhança a respeito do achado. A Imagem, porém, na manhã seguinte. havia desaparecido do casebre. sendo encontrada depois. no mesmo local onde havia aparecido pela primeira vez. Recondu1..i• da à choça de Plácido. repetiu-se o fato cxrraordinário. Jnformados o Vigário e a autoridade civil de Belém, a Imagem foi levada para a cidade, mas sempre desaparecia e voltava miJagrosamcnre ao nicho primilivo. Todos compreenderam então. que Nossa Senhor::t dcscj;tva ser venerada naquele local. Nunca se póde saber como E13 primitivamente fora parar ali, mas verificou-se depois. que se tratava de uma cópia da Imagem original de Nossa Senhora de Na1.aré. venerada cm Portugal. Começou assim a devoção a essa invocação mariana no Brasil.

O Cirío de Nazaré O contraste e ntre os :unbicnres e os personagens não poderia ser maior. No entanto, existe um vinculo que vai muito além d;l simples denominação de Nossa Senhora de Na1.,ré. O Brasil de l700cra evangelizado e civilizado pelos continuadores de O. J'='u as. O próprio l'>Jãcido era filho de pottuguês e sobrinho de um dos primeiros capit3cs-gerais do Grão-Pará. Ayrc.s de Sou1.a Chicorro. Dom Francisco Maurício de Souia Coutinho. cavaleiro da Ordem de Ma1ta. governador e capitão-general do Rio Negro e do Gr5o .. Par~. intcressou•se particularmente cm difundir a devoção

c1ue era tributada ;'\ Scohon·1 de N~17,aré. numa capel:.i tosca á beira da estrada. Corria o ano de 1793. quando o cas>itãogcncral organizou a primeirn procissão condu1,.indo a Imagem até :1 capela do pal:lcio do governo numa carruagem. e fozcndo·n volrnr processionalmente até a ermida. Na ocasião. os fiéis levavam grande nún1cto de velas. Dai o nome de procissão do Círio de Na1.•aré, c.1uc conserva a té hoje. D. Souza Coutinho estabeleceu também uma feira de produtos da região. com o intuito de atrair o povo e dar maior brilho aos festejos religiosos. Seria longo narrarmos a4ui os obs· tâculos e polêmicas que posteriormente se criaram cm torno da festa do Cirio de Nazaré. visando por ve1.es distorcer-lhe o sentido ou mesmo e liminá-la. No~ últimos anos. a procissão do Círio e1n Bell!m atraiu ccncenas de milhares de pcss<>•is. No ano passado. por cxcin1>lo, chegaram a 600 mil. Se esse número impressionante nos alegra. no e111amo, muito deixa ,1 desejar a autenticidade do fervor religioso. Com cfci10. a Festa do C írio de Nazaré corre o risco de transíormar•sc cm mero comercio turistico. Isto seria distorcer e até matar a ~luli:ntica pied~tdc e a devoção •• Noss~·1 Senhor:.& de Na1;~ré. o que naturahncnle n;J.o podemos desej ar.

Salvando os nãufragos Dentre os inúmeros mil:igrcs de Noss:1 Senhora de Na1.aré. o mais conhecido é o que se o perou oom os passageiros do brigue "São João Batista". No dia l I de julho de 1846. esse veleiro deixava o por10 de llclé1n com destino a Lisboa. levando 28 passageiros. No terceiro dia de viagem. um temporal afundou o pequeno navio cm menos de cinco minutos. Morreram 16 pessoas. As doze resta111es conseguirnm salvar-se nuin tscalcr. tendo vagueado ao sabor das ondas e sofrido sede e fome. sob um sol causticante. Um dos náufragos. porém, lembrouse <.1uc ~tquelc mesmo bart1uinho h:i\'ia 1ra11spol't~1do :1 Imagem de Nossa Senhora de Nazaré, quando e la fora e nviad:1 anteriormente a Lisboa, p:1ra ser restau· rada. O cscaler a levam de terw para bordo do navio e vicc..versa . Recon· fortados com essa lembrança. os infeli• zcs reco rrc r:im :\ Santíssima Virgem. prometendo. caso fossem salvos. carre· gar nos ombros o cscalcr cm que estavam. d esde o porto a té a ermida de Nossa Senhora de Naz.:iré. Após 14 dias. o bote chegou à Guiana Francesa. de o nde os n.í.ufrr1gô$ provados por :itrozcs sofrimentos - foram conduz.idos para r;ortalc1.a. no ce~,rá. e de l;í, par;1 Belêm. onde cumprir:11n a promessa. Conservando a le mbra nça desse fo10. até hoje cost1..11na-se carregar um esealcr. na procissão do Círio. para lembrar a intervenção milagrosa da Mãe de Deus. Outras graças e prodígios incontá· veis foram alcançados pela intercessão da Virgem de N:i1..aré. E para tcst1.:mu• lhar--Lhe seu reconhecimento. os paràcn• ses erigiram <:m Sua honra a im1,oncntc basílica onde hoje se vcncr:1 a Imagem e ncontr~l.da por Pl~icido. Assim, desejou Nossa Senhora de Nazaré estar entre nós brasileiros. operando insignes prodígios. Desejou e la proteger-nos. apesar de sua origem remontar :·, longínqua Palestina. Essa devoção depois de passar pela África e Espanha. veio fixar-se cm Portuç,.;11. Oas terras lusas. a Virgem quis chegar atê nós - filhos americanos d.1 Pátria portuguesa - atrnvé.s da cópia misterios:t· mente aparecida cm Belém do Pará . Da capit.11 p.1racnsc, a Virgem de Nazaré continu~1 ir-rad i~indo su,,s gn1ças sobre 1odos aqueles que a l;la se dirigem com fé e devoção. neste mundo inundado pela im1>icdade e ateísmo.

CAIO DE ASSIS FONSECA


N." 335 -

Novembro de 1978 -

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Fllllo

Ano XXV III

A DRAMÁTICA LIÇÃO QUE VEM DO ORIENTE O LEITOR TALVEZ se s urpreenda se dissermos que do personagem pitorescamente trajado que figura nesta foto podem depender e m breve os passeios de fins-de-semana de milhões de brasileiros. No entanto, é a pura rea lidade. O homem de turbante que al'cnga à multidão mal-encarada é um líder religioso muçulmano do Irã. Um ayatollah, dizem . Sua pregação volta-se contra o Xá Reza Pahlevi e seu governo. Manifestações como estas foram organizadas com freqüência e furor crescentes nos últimos meses, determinando greves que chegaram a para lisar três quartos da extl'ação de petróleo do pais, que é o segu ndo exportador mundial do produto. Mas os ayatollahs não estão sós. Enquanto eles fanatizam as massas c m no me do Corão, membros do part ido comunista desenvolvem com habilidade a guerra psicológica revolucionária, aproveitando-se das rot11ndas inabilidades do regi me. E a agitação subiu a tal ponto que o Xá j ulgou mais prudente entregar a chefia do governo ao general Glolam Reza Azhari. Detentora das glórias do a ntigo império persa, a monarquia adventícia de Reza Pahlevi deno tava invejável estabi lidade. A riqueza proporcionada pelo petróleo permitiu ao Xá gastar 12 bilhões de dólares -- cercéJ d: 7.40 hi lhPe-.._ 11,. cruzeiros -

na

compra dos mais sofisticados armamentos. dotando seu pais com uma das mais bem eq uipadas forças armadas do mundo. Sua posição pró-ocidental valeu-lhe a confianç.a da Europa e dos Estados Unidos. q ue basearam no Irã o eixo de sua política na área do Golfo Pérsico.

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tos. E quando o trono do poderoso Xá se sente aba lado, qua nta razão há para se temer pelo futuro dos pequenos Estados {,rabes. Assim. conforme previu com admirável lucidez o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP,já cm 1972, todo o petróleo do Oriente Médio poderá cair, cm breve lapso de tempo, nas mãos dos soviéticos (ver artigo "Os dois ca/co11/wres, "Folha de !S'. Paulo", 25/ 6/ 72). Nessa eventua lidade; o que fa rá a Europa? .O que farão os Estados Unidos? O que fará o Brasi l? É ainda o líder da TFP quem dá a solução, no artigo "A equipe Ílnprevidente" (" f'o.. lha de S. Paulo'', 4/ 12/ 73):

"[...] a opini<ío pública de nossos dias está habituadtt a não re11gir senão estimulada pelos chamados meios de com1111icação social.. Isto quer dizer que. se os dirige111es tia opi11i<ío pública otidenwl - ed esiásticos. intelectu(lis. ho,nens de in,prensa. r<Ídio ou TV. políti,·os e h o,nens de fi,wnça tle todo<> Ocidenl<' - se ,·olig11ren1 par11 estirnular as populariJes tio heroí..,.,111). tl!re,nos" cena dig.. nijiN1111t) de 11111 grupo in1e11so de nações que m:eitou duras privaçõt•s nwrerit1is para sal·

var os valores ,norais btísicos de sua civi• lizaç<io.

Com dois mi l qui lômetros de front~iras separando-o da Rússia, o Irã tornou-se a muralha protetora das princi pais fontes do petróleo, vita is para a econo mia ocidenta l. Com efeito, sem o Irã. que resistênc ia pode,·iam oferecer a Arábia Saudita e os minúsculos e mirados do Golfo Pérsico às lahiosas ofertas ou pressões ameaçadoras vi ndas de

Mos..:ou'! Que pl'inc1p10s 1r1..im 111ovc, um sheik ou emir n martiriz.ar sc no combale ao

JWas .w1 e.'i/e Cúncen o unâ111111e 1u1o se der. se â.-. eqw/Jl!s (e 111ui10 de propósito não lhes

comun ismo. se seus pctrodólares lhe permi-

apli,·o a designação d,• elites) dirigentes cu111i11uart•m e,n sua cón1oda ilnpreviclência e ,uio prepart11·e,11 desde Jti paro isto uma ação de grande envc rgaduraj111110 ti opinião públi· ,·a. por culpa delas, 1u)ssa âvilização correrá o ris,·o de afwulor 1111 tragédia e ,u, barbtirie".

4

tem desfrutar um invejável exílio cm pahícios

europeus? O ra. a muralha iraniana, que parecia tão lirme. treme e ameaça ruir, pela pregação de chefctcs. muçulmanos ou de chefes de sindica-

1

''Punks'', Tribalismo e Sociedade Burguesa EM LONDRES um casal passeia e,n condições degradantes. A p intura dos rostos e d os cabelos c he-ga a um excesso g rotesco. As roupas, estão marcadas por lei ras, cheias de manchas e cm péssimo estad o. Um pedaço de la ta fixado ao peito serve a ela d e condecoraçã o, enquar,to ele atravessou o lábi o iníe rio r com um alíincte de gancho . Repele sobretudo o fato de o rapaz leva r a moça presa por uma corrente que lhe contorna o pescoço à ma neira de coleira. Não se trata de loucos , mas d e co,npone ntes de un1 setor d a sociedade ocidental que se perve rteu à moda "punk". Vive,n eles no próprio seio da sociedade burguesa, se,n se tornarem objeto de desprezo ou d e repúdio. goza ndo a té da sitnpat ia de muitos. Sua propaganda já começa a ser íeita pelos jornais e revistas.

É que os "p1111ks" são, ao lado dos que pregam a volta ao estad o tribal, a ponta de lança da IV Revolução. Esta, no q u e tem de 111ais dinâmico, ou seja, no 111ito a n árquico e igualitário que lhe dá vida, est{1 presen te també111 na sociedade burguesa d esde sua o rigem , à maneira de u1na utopia irrealizável rnas atraente. No artigo da página 5 o le itor e nco ntral'à a descrição d e como essa utopia veio crescendo con10 um tumor na me nte do ho mem ocidental.

Ocultada reação nos EUA AS DECLARAÇÕES mais recentes de Carter sobre o armamentismo,' cont ra a interferência estatal na vida particu la r de seus compatriotas, parecem ter sido feitas de encomenda. cm vésperas de eleições. a fim de melhorar sua imagem diante do p1iblico. E o recuo. segund o tudo indica. constitui um rator importante para restabelecer algo do prestígio do Presidente, cuja popularidade vi nha descendo a índices assusta· dores. Desta forma, nas e leições reali,.adas no dia 7 de novembro. a .idministração de Washington.

que e ucontra urna significa1iva l'c ação conservadora dent ro do próprio Part id o Democrata, parece ter evitado um resultado desastroso. Entretanto, apesa r de todas essas manobras, o Partido Republicano. adversário de Carter, aumentou sua representação no Senado (fo to), na Câmara dos Rcr>rcscntantcs e ga nhou seis governadores. Conheça as reações a nti-esquerdistas da opinião nane-a mericana, ocultada por grandes meios de co mu nicação social cm nosso Pais. Página 3.


JERRY NA CASA BRANCA T

ODOS OS DIAS chega à Casa Branca um homem de uns q uarenta anos e abunda nte cabeleira ondulada. Vive no edifício cm frente, o "O/d Executive Ofjke Building·... c faz sua entrada na residência presidencial com ar ao mesmo tempo pensativo e ligei ro, empreendedor e melancólico. aparente· mente ex pa nsivo. mas profundamente reservado.

Em bora se vista nos alfaiates

mais cotados de Nova York, onde nasceu. são a cabeleira e os modos informais que lhe caracterizam a "modernidade". Sua forma de pensar e de agir cria a impressão de ser oriunda de outras épocas. mas a q ualidade dos resullados denota o mais avançado est ilo de mividade políticn nortc~amcricano.

A respeito dele. o que interessa é

sua estreita vincula ção com a cúpula da pri meira potência material da terra na presente era histórica.

- ~·Estreita vincu laç.ão"'! Não nos ocorre expressão menos misteriosa.

A mão que aperta Vejamos quais são as funçõ_cs desse personagem, segundo a rcv,s-

ta "Time", de 2 1 de agosto último.

Sua tarefa é de "1nelhorar a percepção pública" do Presidente Jimmy Cartcr. Pa ra tal, "concentra-se en,

alJ?uns poucos temas e objetivos .._ E\ ele quem marca os honírios de re-

cepções e reserva os lugares e ingressos a espetiículos para os membros do Ministério e assessores da Casa Branca.

Sempre de acordo com "1,me ... "corre os olhos - e tis v,tzes o lâpis - e,n todos os rascunhos dos dis<'ursos presidencioi.,· que produza,n co11.-;et1iiê11das". Para as entrevistas de imprensa de Jimmy. é esse senhor quem sugere os temas oportunos a tratar. Os funcion{trios da Casa Branca não devem aparecer na televisão sem serem "esclarecidos" por e le. Tanto é

assim que um deles foi obrigado a renunciar ao cargo por não ter seguido a norma. Cartcr. por sua vez.,

o consulta e recebe "conselhos sobre os fl/Jnes tJue vtli t1ssis1ir e os livro.\· que vai ler''. Tantos predicados jà valeram ao petsonagcm cm questão

o apelido de "'11,e Enforce,.. ("o Forçador"). Os meios oficiais o consideram como "ministro do Simboli.wno". Mas nos círculos mais íntí ..

mos chamam-no simplesmente "Jerr~,".

Ap6s o golpe de Praga de 1946, os comunistas armaram milícias populares para sufocar qualquer resistência ao regime

Atualidades de aquém e além Cortina de Ferro • M ESES ATRÁS, um deputa· do a lemão-ocidental interpelou no Parlamento o governo federal a respeito de financiamentos con-

ced idos à Alemanha do Leste. São bilhões de marcos que, sob os mais diversos títulos. Bonn está pagando à Aleman ha Oriental fortalecendo o regime comunista. Os resgates de presos políticos por parte da Alemanha Federal constituem o aspecto mais chocante desses pagamentos. Desde 1964, mais de um bilhão de marcos foram pagos aos marxistas de Pankov. a titulo do referido resgate de prisioneiros, cm gera l pessoas que colaboraram na fuga de alemães orientais do '"paraíso'' comunista. Outro aspecto importante é o volume das transações comerciais entre os dois Estados germânicos, que cresceu, desde 1970. de 800 milhões de marcos para 2.9 bilhões cm 1977. Aos alemães orientais este intercâmbio é indispensável para a execução de seus planos quinqüenais e, cm especial, para o custeio do orçamento militar. Os especialistas afirmam e ,·econhecem a absoluta necessidade dos pagamentos do governo social-democrata de Bonn aos a lemães orientais para a manutenção

e o progresso econômico do bruta l regime comunista alemão. Os bilhões de marcos constituem uma base sólida de divisas conversíveis para a economia socia lista. E por outro lado, nunca foram contestadas as revelações que denuncia m as enormes somas pagas pelo regime de Pankov aos grupos esq uerd istas de oposição cm outros países do Ocidente.

• • • • OE ACORDO com o jornal norte-americano ''Our Sunday v;.. sitor .. (3/9/78), uma maciça campa nha de terror, torturas e assassinatos está sendo empreendida pelo regime marxista da Guiné Equatorial, ex-colônia espanhola, em relaç.'io à população daquele país. Esta antiga posscssãi:, africana alcançou sua independência a 12 de outubro de 1968.

Francisco Macias Ngucma proclamou-se presidente-vitalício do novo Estado. nele estabelecendo u1l'I regime de terror. no decorrer do qual j,í fora m liquidados de 15 a 20 mil habitantes da Guine! Eq ua toria l. a golpes de bastão. ·· Esta é - diz ele próprio unw espec:ialit!ade da Guiné. que per,nite econonlizt,r balns de fuzil que estão dentasiado coras". Para escapar a tais perseguições cerca de 150milguineanos - quasemetadc dos habitantes do país fugiram para nações vizinhas como a República dos Ca marões e o Gabão. Há atualmente pelo menos 500 cubanos sustentando oregime de Macias. Quando a Guiné estava sob domínio espanhol, exportava aproximadamente 45 mil toneladas de c:1cau. Hoje a produção ca iu para menos de um terço desse 101aL Macias considera o país como sua fazenda particu lar e tem forçad o umas sessenta mil pessoas a trabalharem num virtual regime de escravidão.

• * • • O GOVERNO 1rabalhis1a_do primeiro-ministro inglês Callagha n está visivelmente contrafeito com a situação dos últi mos restos do império coloni,i l britânico. Revoltas nas possessões do u liramar'? Não, pelo contrário. Callaghan quer lhes dar tota l independência, mas são elas que não a deseja m. Segundo recente reportagem do j orna l alemão .. Oie We/J". do Caribc à Antártida, de Santa Helena a Hong-Kong, de G ibraltar às Ilhas Falkland, as colôn ias vêm pedindo proteção à Corôa Britânica.

Enquanto há a lguns a nos elas aspiravam à independência. hoje ocorre o contnirio. Temem que sua sorte venha a ser a náloga à de Angola, Moçambique ou de outras in felizes antigas possessões no continente africano, hoje dominadas pela Rússia, Cu ba o u China. Restam ainda do Império Brit,in ico cinco dos chamados Estados Gerais e dezessete colônias. Para essas se libertarem da Metrópole bastaria que. num pie-

-· Gerald Rafshoon é o verdadeiro nome do nosso personagem. Seu papel na sede presidencial pode ser med ido pelo que diz uma caricawra do "New Yorker Maga zine", na qual aparece um norte .. america no médio

biscito, dois terços de s uas populações optassem pela desvinculação da Corôa Inglesa. O governo

na porta de seu apartamento, ao fi. nal de um questionário feito por um entrevistador de um instituto de pesquisas de opinião do tipo ''Gallup ". A legenda diz: .. E o que disse sobre CaJ'/cr vai<~ e,n dobro parti

bri1ânico a concederia com prn·

Gen,ld l?o/.,ho1Jn ...

zer. Mas ao que p,ircec. ninguém a quer.

• • •

".lern(' define-se a si mesmo CO· mo urna· "e.r1rt1 hond" - u~a "mão invisível". diríamos. Mas Rafshoon

apresenta-se modestamente. procura nd o minimizar seu papel. como quem apenas dá uma ºmãozinha" ao Presidente. - .. f:.i, n ão sou 11111 [<1/,ri,·a11te de inwge,n ", diz ele referi ndose à impressão que causa no público a atual administração norte-americana. "Considero-rne u,u co,nunica.. dor - continua - . que procura ajudar a t1r1it:ular os obje1ivos e t1s.tuntôs do />residente". A revis ta "'TT111e" acrescenta: "1>oré111, obvimnente ele

• OS COMUN ISTAS comemoram no presente .ino o trigésimo aniversc'1rio de sua dominação na Tchecoslovúquia. Os vermelhos, a1ravés de manobras sutis que paralisaram as reações, instalaram-se no governo sem efusão de sangue. Logo após o golpe de P,·aga, nas noites de 13e l4dcabrilde 1948, unidades policia is armadas com metralhadoras e granadas. invadiram todos os 226 conventos das Ordens e Congregações reli-

é nwis qu,~ isso", O que sc,·ia "nuris que isso'"'! De quem indica e articu la as

giosas masculinas existentes no

linhas gerais do governo, o mínimo

pais. Os mosteiros foram declarados propriedade do Estado e os monges e Sacerdotes removidos para campos de conccntrnção. A 30 de agosto de 1950, o mesmo processo foi adotado cm relação aos 720 conventos femininos. Eis o marco inicial da vfo crucis da Igreja cm um pais dominado pelos com unistas. O governo de Praga assi nou c inica me nte vários acordos, prometendo liberdade de religião. o que não impediu que os verdadeiros católi -

que se pode dizer é q ue se trata de um co-govcrna nte.

cos -

os quais não capitularam

d iante da brutal repressão - continuassem a ser dummente perse-

guid os. Segundo a revista espanhola .. Vida Nuew," (27/ 5/ 78). ultimamente a repressão contra os cristãos tem se agravado na Tchecoslováqu ia. A proibição de toda at ividade religiosa este ndeu-se a novos campos. Fu ncionários públicos e professores de todas as cateiiorias estão proibidos de assun11r qualquer posição religiosa. Participar de atos religiosos significa perder o emprego. Quem presta serviços em hospitais não pode exercer qua lq uer iníluência espiritual sobre os doentes. E os alunos primários. crue frequenta m aulas de religião, são excluídos do cu rso sccu ndúrio.

CARLOS SODRÉ LANNA

Tradição norte-americana? Alguém, menosprezando ta lvez a qua lidade intelectua l dos presidentes norte-americanos, poderia dizer: "Não, a realidade é que sempre, ou. pelo menos, no presente século, houve grandes inteligências atuando decisivamente por trás da poltrona presidencial dos Estados Unidos. O exemplo mais conhecido é o clarividente assessor de vários chefes de Estado. Bc,·nard Baruch". Sem despre1,1r tal objeção. a forçosa comparação com Baruch talvtn nos sirva para ponderar sobre o que há de estran ho na função de Rafshoon. Como também para ava liar os rumos do espírito q ue ani ma o que se convencionou chamar

"(JJ11e-

rica11 way of life ", substrato do "mucrican wayofgoven1111e111". Com efeito. é com "Jcrry" que a para-

digmática democracia norte-americana atinge suas mais excêntricas

cunscqUências. A ntes de tudo, caberia perguntar se esse estilo de vida corresponde de fato aos anseios da alma norte-americana. Ou se não seria um mito

arquitetado pela propaganda a respeito do Gigante do Norte. Ralph Waldo Emerson, segundo os entendidos. seria o filósofo do america nismo. Seu leit-1i1otiv é o tipo humano espontâneo. individ ualista, realizador e Jivre das atad uras so-

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Gerald 'Rafshoon, "Jerry.., fiscaliza ações de Carter e sua equipe

c iais da família tradicional, da hierarquia e da etiqueta outrora vigen-

tes no Velho Mundo. Bernard Baruch , nascido no Su l. foi um gra nde estudioso de Emerson. conforme coma cm s uas memórias. Além disso, leu "qu(lse todos os cldssicos da Antigüidade ... nos próprios idiomas origina is e falava ílucntemente o la tim. Seu estilo de vida e gostos pessoais, por o utro lado, eram fortemente ma rcados por alguns padrões europeus: elegância inglesa, caçadas. lo ng,1s horas de meditaç;io. autodomínio estóico, penetração aguda e solidez in1c lec1w,I. Não cogitamos aq ui de sua tão discut ível trajetória política. "Jerry", por s ua vez, é emersoninno, mas sem o saber. Não cstu· dou o prolixo teórico do século passado. mas é espontâneo. "livre das ataduras" etc. Representa uma invo-

lução cm relação a Baruch. é forçoso d izê-lo.

Mist ério E como fica o Presidente Cartcr'? Rafshoon revelai, revista .. Time" que Cartcr "não deu unw imvresstio sujiâente de que é o que é real111e111e". Tem que aconsel há-lo continuamente e.:\ ma neira do proverbia l Aci,cio. lembrar-l he. entre outras coisas, que ''não é prudente conservar 11ssessores que não es1ejm11 se dese11,pe11/u11ulo bem". A rnrcfa de "Jerry" é "<·uidar que todos cmninhe111 1u1 1nesma direção nos assu111os n1ais delicados".

Com todos estes dados, c hega-se a uma conclus.1o assombrosa: "Jerry·; entre muitas outras coisas, é o encarregado de vigiar para que não haja cont rad ições nas metas, nas expressões e atos do governo norte-america no. J:\ não é o caso de Baruch, que inílu ia com grande inventiva sobre os gra ndes planos. "Jerry" preocupa-se cm evitar as contradições. Ê o policial do principio lógico da não-contradição. o qual deve ser exercitad o desde o berço e cujo desenvolvimento pleno normalmente se dá com o uso da razão, por volta dos sete a nos de idade. Na Casa Branca, porém. há necessidade de se vigiar cuidadosamente, e de maneira muito especial. este ponto ... O drama adquire dimensões de patética ironia quando "Jerry" declara à reportagem que "11111 dos prol>le111as de C"ne,· é 11,To ter seguido suflde111en1e11te seus próprios i11s1 intos políticos". Conta o grande memorialista francês d o século XVII 1, Sa int-Simon, que o Príncipe de Orlca ns. Regente de França após a morte de Luís XIV, tinha tal perspicácia que ''j<1111aú· se teria e11gt11uulo en1 11sst11110 (l/gum. se tivesse seguido a pri111eil'a apreensão de seu espírito sobre c:ad11 1.1111 ". Por maior boa vontade que se te nha. é difícil dizer o mesmo do dirigente máximo da maior potência materia l do mundo de nossos d ias ... Qual seria, então, a aptidão do Presidente Carter? Que outras coisas nos poderia revelar "JerrJr"? O q ue parece certo é q ue na Casa Branca há u"a ºmão invisível". que

move todos os assuntos e. provavelmente. outros ma is...

'É

ó que fica e nvolto no mistério.

CONSTANTINO D I PIETRO


CRESCE NOS ESTADOS UNIDOS A ,_ REAÇAO ANTI-ESQUERDISTA

D

dar ma io r atenção aos anseios populares. Imagina o leitor o exemplo citado pelo j ornal? Convidamo-lo a fazer um pequeno exercício. Qual seria o exemplo? - Bem ... a Missa cm latim! Surpreendente. não? Embora não seja a Igreja u ma democracia, os corifeus do progressismo propagaram as reformas litúrgicas em grande parte baseados no argumento de q ue era esmagadoramente do agrado popular a Missa cm vernáculo. Entretanto, pesquisa recente d o famoso Instituto Gallup revela q ue 64% dos católicos norteamericanos preferem a Missa cm latim. 10% não tomam posição e apenas 26% desejam o vernáculo . Se no Brasil pesq uisa aná loga se fizesse, que resultado acusaria? Parafraseando algum eclesiástico progressista~ seria este um "tema para reflexão" ...

ESEJOSO DE manter seus leitores informados sobre um dos ma is importantes fatos

do panorama internacional, ''Ct11oli·

cis1110" havia prometido noticiar os sintomas dessa surpreendente revisão de posições. fundamentada cm zonas mais profundas da opinião pública do pais mais poderoso do Ocidente. Realmente, para incontáveis mentalidades embaidas por .tlogans desgastados da propaganda farfalhan te e estrepitosa, a modernidade, no que este conceito tem de censun\vcl, encontra seu ma is denso ponto de irradiação nos Estados Unidos. De fato, muito de censurável nos veio do "americanismo". Entretanto. esta concepção vai encontrando suas resistências onde lançou com mais força suas daninhas raízes. É sobre isto que desejamos informar o leitor. Em muitos aspectos da vida pú-

blica nortc-a1ncricana manifesta-se, com intensidade e nitidez crescentes, a insatisfação popular com o galopar sombrio do permissivismo moral. da

-

imprevidência política e do liberalismo agressivo. Este despertar atinge a nação inteira, desde o recimo doméstico dos lares até as tribunas da Câmara e do Senado. Relatamos a seguir a lgumas das iniciativas tomad as nessa direção, as qua is estão fadadas a prod uzir - se não intercorrcrern fatores imprevisíveis íu nda repercussão na configuração da sociedade americana nos a nos futu ros.

No Capitólio foi constituída uma coligação de 148 congressistas para combater a irrcílctida política de defesa do governo Carter. O novo grupo. que se a utodenomina "Coligação pela Paz a1ravé~· tio Poderio'\ lutará para que os Estados Unidos d is1>0nham de uma inconl rast:ível superioridade mi litar cm relação à Rússia. Este novo grupo, formado por senadores e deputados de ambos os partidos, recebeu a adesão de vii rias persona lidades e entidades preocupadas com as sérias ameaças aos Estados Unidos e ao mundo livre. p,·ovocadas pela escalad,1 do poder militar soviético. Ainda no Congresso, em outro campo. mas inspirado ta mbém pela nova o nda conservadora - cen trista, mel hor diríamos - é prat icamente certa a aprovação de uma redução nos impostos pagos por fa milias da classe média americana que ganha m de 15 a 40 mil dólares por ano. Ta mbém serão beneficiadas as pequenas empresas, que deverão a rcar com menos taxas. Ficarão, além

disso, livres de muitas inspeções do 'órgão federal "O<·c11patio11t1! Safety a11d Health Ad111inistra1ion". Sempre no campo político, o conservador J eff Bcll venceu as p,·imárias republicanas de Nova Jersey.

tude-5 de Washington no Vietnã, o genera l foi enfático: "O q11e 116s flzenws 110 Vietnã foi imoral. Es1e é o únfro 11wdo de se qualificar (lquilo".

my Cartcr contra o armamentismo

A Sra. Phíllys Schlally é uma das mais atuantes lideres conservadoras dos Estados Unidos

e• D-

ment{tvcis - ou censu ráveis? - ati-

As repetidas declarações de Jim-

O general Slnglaub foi demitido do Exército por ter criticado a polilica nlllilar entregulsta de Carter

cia lidade sabe q ue se d isser publicamente o que pensa, será "singlaubizada". Em declarações ao "A 1/an1a Jour1wl", Si nglaub ponderou: ··será que 11ão apre11detnos com(/ hi.Hórfo? Os Estados Unidos retiraran1 todas as suas forças terrestres "" Coréi" e11, maio de /949. Apenas I 3 meses depois. (I Coréia do Norte t1111c·ou o ,<11!. O p lano de retirar nossas 1ropa.r causm·d novamente o 111es1110 efeito". Relacionando os presumíveis acontecimentos causados pela possível retirada das forças norte-americanas da Coréia do Sul. com as la-

Seu adversário foi o esquerd ista Clifford Case, q ue há 24 anos representava aquele estado no Senado. Em Iowa. Rogcr Jepocn. conservador. venceu o liberal (termo com o qual os norte-americanos designam os esquerdistas) Mau rice Van Nostrand, nas primárias também para o Senado. No Mississipi, outro conservador. o democrata Mauricc Oantin. está na frente das pesquisas para a disputa do direito de concorrer à Cfünara Alta. Fato aniilogo deu-se cm South Dakota, Iowa e Cali fórnia, nas eleições primárias para a Câ mara dos Representantes. No Novo Méx ico, todos os deputados estaduais direitistas conseguiram o direito de concorrer à reeleição, enqua nto quatro esquerdistas foram batidos nas primárias. E a Câmara dos Representantes de Illinois derrotou a ERA (&11.1(1/ Righ1.v A 111e11d111e111), a revolucionária proposição feminista que necessita do apoio de dois terços das câ maras estaduais para tornar-se lei federal. Aproveitando-se do renovado prestigio das posições conservadoras, o deputado federa l do Partido Republicano Philip Cranc, chamado o .. Kennedy d(/ direif(I", lançou sua candidatura à Presidência da República. Deixou claro, entretanto, que retirará seu nome para não divid ir o e leitorado, se Ronald Reagan ou outro político conservador dcmons1rar ter mais possibilidades do que ele à indicação para a candidatura presidencial. Crane é presidente da influen1e "A1uerico11 Co11serva1ivc~ Union".

No Congresso ai nda. um projeto de lei acentuadamcntccsqucrdista o chamado .. L(lbor Refon11 Law" foi rejeitado, apesar da pressão de Carter. dos sind ica tos e de iníluentcs

setores da imprensa.

Passemos agora a outros campos. Sobre a imprensa, há pouco mencionada, fundou-se meses a trás. cm Washington, u ma associaç;io denominada "Accura,-y i11 ft1edia" (Precisão nos Meios de Comunicação Social), const it u ida por entidades e personalidades conservadoras desejosas de põr cobro i1s deformações, imprecisões e insinuações ma lévolas que ponderável parte dos grandes instrumentos de propaganda rea liza m en_, favor do esquerd ismo e do comunismo.

É o caso de dizer que "có e ló, mâs fadas hâ... "

O presidente desse grupo é Mr. lrvinc Rced. membro de influente fa milia da Califórnia. Entre seus diretores contam-se o ex-candidato presidencia l. senador Barry Goldwatcr, o con hecido jorna lista William Bucklcy. a combativa e inteligente Sni. Phyllis Schlafly. a cmba ixatri7. Clare Booth Lucc e o genera l Wcstmorclan<I. antigo comanda nte das forças norte-americanas

F'alemos um pouco mais das pesquisas de opinião pública. A Gallup é cont,·atada a cada dois anos pela .. Po101111"· Associ(l{es", organização ded icada a averiguar o estado de espírito do povo norte-a merica no . Segu ndo o jornal "Miami Hera/d", a pesquisa deste ano dcsconccl'lou amplos setores, pois consta tou-se acentuado crescimento do nacionalismo. Este se rcíletiria no desejo de q ue a administração federal gaste mais com a defesa nacional e no temor de que o Poder Executivo esteja conduzindo a política ex terior de maneira inepta . Dois anos a trás, 57% dos entrevistados julgavam que o governo deveria gastar mais com a defesa. Este ano a porcentagem subiu para 7 1%.

no Vietnã.

soviético, contra a interferência abusiva do Estado na vida particular, seu aparente desi nteresse cm ver aprovadas algumas de suas in iciativas junto ao Capitólio, como o plano de seguro-saúde nacional marcadamente socialista, têm sido objeto da aná lise de observadores bem relacionados em Washington. Segundo estes, os assessores políticos do Presidente norteamericano, preocupados com o acentuado declínio de sua popularidade, o teriam alertado para o fato de sua reeleição estar comprometid a, se persisti r _o rumo atual do governo norteamcr1cano.

As numerosas mutações psicológicas das multidões comemporãneas tendem freqüentemente a direções d iferentes. Pode acontecer que o no vo movimento centrista-conservador

O "Sa11 Fra11,'is1·0 Exa111i11er", 1>rincipal jornal daquela importante cidade califol'liiana, reproduzindo artigo assinado por Kevin Starr no conceituado hebdomad,trio "Natio11al Edu,-ator". põe cm evidência um fato de há muito con hecido cm rodas da "infl)lligentsia ", mas pouco difun•

dido no grande público. Trata-se da constatação de que grande número de movimentos revolucionários const ituem amálgamas de h(1bcis elites fortemente mi noritárias, empen hadas em impingir ao povo uma situação que não é a d o agrado deste. Afirma o art igo q ue tais c li1es, aboletadas em posições de ma ndo, legislam despoticamente sem

F'í na lmente, significativa repercussão de um tema ta mbém ligado à defesa naciona l: a bruta l dem issão do general John Singlaub do comando das tropas americanas na Coréia por não concordar com a ma nifesta intenção da Casa Brnnca de d iminuir sua presença militar naquela área. O genera l, afastado do Exército por discordar da política ex terior e de defesa de Cartcr, afirmou - em comício realizado cm Marietta, cidade do estado nata l do Presidente q ue a maioria dos oficiais concorda com os pontos de vi~ta que custaram sua carreira. - "E horrível. ,nas ,neu nonu> se transfonnou e,n verbo", declarou o general. Pois a ofi-

não vingue. Tanto ma is que a esquerda, preocupada com sua significativa penetração popular, já se articu lou em poderosa e bem montada máqu ina para sacudir a á rvore e, através de sucessivos estrondos publicitários, derrubar seus frutos no chão antes que amad ureça m. Nos Estados Unidos de hoje há, sem dúvida. um aumento da crispação interior das várias tendências no quad ro político. Algo da cartilagem transformou-se cm osso. Quais serão os lances futuros dessa luta' É para onde convida mos o lei tor a voltar sua atenÇ<io.

PÉR ICLES CAPANEMA

A Marinha norte-americana reclama a modernização de sua frota, cerceada pelos orçamentos reduzidos em conseqüência da "dêtente" carterlana


•:

DENUNCIADO FUNDADO PELO Bf '

e

ATÓLICOS "progressistas" e estudaram minuciosamente o espítradicionalistas entraram em rito e a doutrina que esse organispolemica pelos jornais cana- mo realmente difunde. Tendo analidenses, a propósito da publicação sado mais de cem documcntost o do livro "Desenvolvi111enro e Paz: problema apresento u-se mais grave 111n socialismo multicolor o serviço do q ue se imaginava. do conu,nis,110 ... O leitor preocupad o em conheTrata-se de uma obra destinada cer as provas devidamente fundadas a alertar a opinião r í•blica do Cana- das conclusões sobre esse o rganis, dá contra as atividades da "Organi- mo, e ncontrá-las-á ordenadas, ma11zação Corólic" Canadense pelo De· zadas e completas no livro intitusenvolvimenro e Paz". Escrito e lado: "Desenvolvimcnu, e P"z: 11111 divulgado pela entidade "Jovens Ca- .tocialismo ,nulticolor a servi('O do . 11adenses por 111na Civiliz(Jção Cris- COl1llllllSl1l0 . rã" - entidade civil anticomunista Eis seu resumo. constitu ída de católicos militantes - o livro vem suscitando pronun- Nem desenvolvimento ciamentos de católicos do país atra- nem paz vés da imprensa, ora procurando defender a posição do organismo "De· "Desenvolvbnento I! Paz " recosenvolvin1enro e Paz" , ora - neste nhece ter mudado nos últ imos a nos caso encontra-se a maioria - mani- suas prioridades de i,ção. "Ed ucar" a festando o acerto da denú ncia co nti- opinião pública canadense é a tualda no opúscu lo dos "Jovens Cana- mente mais importante que a realidenses". . 1.ação dos projetos de ajuda concreta Considerando-se que na maioria aos países subdesenvolvidos. dos países do Ocidente o fator mais dinâmico da conquista marxista encontra-se mais na ajuda que lhe 1. Técnicas para prestam os chamados "católicos de mudar subreptician1ente esquerda" ou "progressistas", do que as n1entalidadcs nos próprios partidos comunistas, o livro publicado no Canadá oferece Esta propaganda educativa ten , especial interesse também aos bra- um método. mesmo quando não exs ileiros . presso abertamente.

..

capitalismo por novas vias de "pro· grcsso" sócio-econômico. Seriam os países socialistas como a Argélia de Boumédienne, ou a Tanzânia coletivista; ou mesmo países abertamente comunistas, como o Vietnã. Cuba ou a China vermel ha. e) Concluindo, ·· De.,en volvimenro e Paz" defende Que se o ·cristianismo não qu iser fazer-se cúmplice da opressão e da miséria. deverá solidarizar-se com todos os que lutam pela ujustiçan e a u1ibcrtação" do "Terceiro Mundo". sem excluir os mar.xistas. que se teriam mostrado os mais eficazes nessa luta. Ante o método descrito acima, é fácil ver que se um cató lico ca nadense se deixar cond u1,ir por tal propaganda . pouco a pouco e sem darse co nta, abandonará a concepção ca tólica da sociedade e renunciará

equivoca o caráter social da produção ao s istema privado de apropriação. Apresenta, ao mesmo tempo, os regimes socialistas como sendo ca pazes de "superar·· estas contradições.

ma les do subdesenvolvimento. Ele se e ngajará numa luta anticapitalista, fora da verdadeira doutri na social da Igreja; ele começará a ver nos marxistas colaboradores aceitáveis e, fina lmente, modelos de eficácia e de justiça. que devem ser aplaudidos e seguidos. Para um organismo oficialmente catól ico, q ue conta com o prestigioso apoio do Episcopado, scl'ia difícil prestar ma ior serviço à

cionadas aci ma. a) Primeira tática: fomentar uma espécie de guerra econômica d os países '"libertados" do "Terceiro Mundo", produtores de matérias primas , contra as nações ind11striali1.adas. do Ocidente. o capitalismo e

3. O objetivo: unta refor n1a geral das estruturas no Ca nadá e no mundo ocidental "'Desenvolvin,enro e Paz'' deseja uma transformação radical das estruturas do Ca nadá e de todo o Ocidente segundo as exigências dos movimentos de "libertação.. do "Terceiro Mundo". Na propaganda do organ ismo encontram-se duas táticas convergentes: consistem elas cm criar cond ições psicológic:,s a fim de produ-

i1 so lução mesma dos verdadeiros zir as mudanças de estru turas men-

causa comunista.

2. Pren1issas doutrinárias tnarxistas

"Encontro com o Terceiro Mundo" ou "Magoshan" é o nome das reuníUes anuais organizadas por "Developpement et Paix". acusado de favorecer a penetração comunista no Canadã

A síntese dessa obra, que oferecemos a seguir, proporc ionará a nossos leitores interessantes elementos para o conhecimento de problemas chaves na luta comunismo-anticomunismo no Canadá, um dos mais vastos e ricos países do hemisfério setentrional.

Um organísmo fundado pelo Episcopado: esperanças e decepções "Desenvolvimenro e Paz" foi f undado em 1967 pelo Episcopado canadense. Seu principaJ objetivo c,·a ajudar os países pobres ou menos industrializados a fim de promover seu desenvolvimento. Para um fim tão louvável "Desenvolvimenro e Paz" solicitou o apoio fina nceiro dos fiéis e do Governo Federal. Este apoio foi concedido com abundância. No início os católicos canadenses acolheram com simpatia esta iniciativa. Todavia, com o tempo "Desenvolvimenro e Paz" começou a provocar desconfiança. E finalmente um profundo mal-estar se fez sentir cm muitos fiéis, à medida que as atitudes esquerdistas d o organismo tornavam-se mais notórias e caracterizadas. À vista disso, os "Jovens Canadenses por uma Civiliza(,'ãO Crisríf' 4

a) Sob uma torrente de informa-

ções pouco documentadas. e que s implifica m demagogicamcntc a natureza dos problemas. ·· Desenvolvi111enro e Paz " deforma a realidade do subdesenvolvimento econômico e social no mundo. Esta visão assim deformada é desmesuradamente a umentada de maneira a fazer esquecer o utro aspecto positivo da situação contemporânea. b) A pessoa inílucnciada por esta "visão-impacto·· é convidada a buscar a ca usa dos ma les que lhe foram descritos. O organismo lhe d irá que há um único c ulpad o, direto e universal do subdesenvolvimento no mundo. Este culpado seria o sistema que teria produ1.ido a prosperidade das nações industr.i:tlizadas do Ocidente. Este progresso teria sido obtido pela opressão, pelo empobrecimento e pelo atraso de todas as nações do assim chamado "Terceiro Mundo'·. e) Este sistema tem um nome: e le se chama capita lismo. Segundo ·· De· se11volvil11e11ro e Paz", é contra ele como um todo, e não somente contra seus abusos, que se devem dirigir as hostilidades de todos os que amam a justiça . d) De outro lado ... De.,..nvolvimenro e P"z" mostra exist ir nações no ··Terce iro Mundo" que teriam conseguido vencer com cficãcia o

"Desenvolvin1en10 e Paz" não se limita a canali1.:1r as simpatias e o apoio dos riéis aos movimentos marxistas de "libertação". O organismo ana lisa tambçm a realidade segund o as prem issas doutrin.irias de Marx e de Lenine. Com efeito , ele busca no comunis mo os seguintes c ritérios: a) •• Desenvolvi,nento e Paz" cons idera a vida econômica como o principa l fator que determina a organ ização social e o desenvolvimento humano. b) "Desenvolvi11ie11ro e Paz" explica o desenrolar da História pela oposição dialéLica ou a luta de classes. P,·opõe que o poder econômico e político da burguesia capita lista passe às mãos dos operários. dos camponeses c dos consumidores. A maneira proposta para fazê-lo não se distingue claramen te do que os comunistas chamam "a diradura do prolerariado". que conduz ao Estado socia lista. e) ·· Vese11volvime11ro e Paz" deixa entrever que não aceita princípios morais absolutos para reger uma verdadeira ordem social. Segundo esta visão rela tivista. o cristão deve acompanhar a evolução da História "'libertando-se" dos sistemas ideológicos caducos que até o presente o fizeram recusar os modelos de "desenvolvimento.. sócio-mar-

xistas. d) Uma tarefa fundamental para " Desenvoll'i111er110 .e Paz" 6 "conscienti za r.. a opi nião pública por uma propaga nda que acentua o que é descrito como "contradições" docapitalismo. Ele opõe de uma maneira

as mul1inacionais. b) Segunda tática: no interior das nações desenvolvidas - como é o caso do Ca nadá - dar prestigio aos líderes. "engajados·· do "Terceiro Mund o" e ··eonscienti1.ar" a opinião pública a respeito da "falência moral e prática do capitalismo··. O povo ca nadcnse seria assim convidado a jogar por terra esse sistema. apoiando do interior do país as pressões e as reivindicações revolucionárias estrangeiras. O governo, os d irigentes políticos e os chefes de e mpresas sofreriam então pressões para aceitar reformas drást icas de cará ter socia lista.

Um argumento que não se pode alegar Lendo as observações dos "Jovens Canad<!nses por 1111w Civiliza· ção Crisrã" sobre ·· Desenvolvi111e11ro e Paz", alguns talvez procurarão justificar este organismo, alega ndo que o socia lismo proposto encontra-se dentro dos limites permit idos pela doutrina católica. Tal argumento não procede. Com efeito. o termo socialisrho, tal co mo utilizam os "Jove11s Ctmadenses", sign ifica um regime no qual as atividades próprias à inicia tiva privada são transferidas ao Estado, de ta l modo ou cm tais proporções, que esta iniciativa seja parei~! ou totalmente aniqui lada. O socialismo marxista atinge este fim pela eliminação completa da propriedade privada dos meios de p,·odução. Esta forma de socialis mo e mes mo outras mais mitigadas foram já -energicamente condenadas pelo Magistério da Igreja (cf. Pio XI , " Qut1dragesi1no Anno", A.A.S., vol. XVI li). Ora, não se pode dizer que o socialismo desejado por "Desenvolvinlénto e />a z" permaneça nos limites pe rmitidos pela doutrina cató-

lica, porque não ex iste nenhuma definição doutrinária que estabeleça esses limites. Quem assim quises-

se argumentar, deveria primeiramente fazer conhecer tal definição. até agora desconhecida. A alegação de um socialismo supostamente católico. nunca definido. não pode, portanto, servir a "Desen vo/vi111e1110 e Paz" como escudo para negar a validade das acusações que lhe foram feitas.

Um silêncio que cria perplexidade Os "Jovens Canadenses por wnt, Civilização Crisrã" concluem sua o bra tece ndo considerações sobre a posição assum ida pela Hierarquia de seu país a respeito d a organização " Des,,11volvi111e1110 e Paz" e invocando a proteção de São .José, patrono do Canadá: "Considero11do n ão somenre os efeiros jio1esros das arividades de "Desenvolvimento e Paz··, mas 1ambé111 o faro basranre deS<'011N:1·ranre do presrig io.,·o e co11r inuo apoio do l:."piscopado cmwdense àquele orga-

nisn,o. todos os cat6/icos c,,11aden· ses 1ê11, a obrigação <, o direito de 111011/(esrar p11blicame11re s11a projioula preocupação. Por este 11101ivo, con, a ven er11ção devid" i, Hierarquia eclesidstil·(J. da q11al respeiramos a auroridade en1 roda ti 1nedidt1 prescrira pelas leis canônicas. formula,nos un1 pedido aos Bispos t:anadenses: que eles ado rem u111a posição ptíblica capaz de s11s1t11· e de corrigir os efeiros dt, ação desenvolvida p or "Desenvolvimc,uo e Pa1.··. Tais tfeiros são grave,nenre prej udiciais para tt Igreja e para o Canadd. Co111 a publicação do livro "Desenvolvimento· e Pa1,: um socialismo multicolor a serviço do comunis mo'" crt11nos ter cu111prido a t.1ste l'f!Speito

nosso dever de jovens católicos cantulenses. Te,nos a Jinne c:,11cronço de não serrnos os únicos a ronwr es.l'a posição e que os reólogos e ou11·as personalidades eclesiâsricas e leiga.,·. fiéis ao., e11si11a111e11ro,; rradil'ionois dos Ponr{(ices ronwnos. pronuncien, logo. e111 beneficio da opinião público do Cmwdd inreiro . uma palavra tlirada por seu zelo t1pos1ólico e sua cu/1ur11. Finalmenre nosso olhar se vol/(/ para o glorioso Parriarca São J osé. proreror da Sanra Jgr~ia e parrono do Canadá. São José. modelo de orrodoxia e de a1110r humilde pela ordem e pela hierarquia. simbolo da h ar111onit1

entre ricos e pobres, que reunis e,11 Vós 111110 as<"endência pri11cipesco e 11 vida modesta de carpinreiro, inrercedei junro à Sanritsinw Virgem . Medianeira w1ivt1rsal de rodas as gr(J('(JS, para q11e Ela exrirpe com11/eramenre dos m eios carólicos o erro a111icristão de Mao:. q11e pre-

ten(k sup/a111ar 1raiçoeira111t!111e a verdadeira e lwuinvsa doutrino do Evangt,lho . .. de Nosso Senhor Jesus

eflSIO


... UTOPIA E IV REVOLU AO , ,

N

A SEGUNDA parte de seu

que haviam obrigado a Revolução a

inigualável livro .. R,;voluç,io

recuar. A história da Revolução, de en-

e Co111ra-l?evolução", o gra nde pensador católico. Prof. Plínio Corrêa de Oli veira. aborda um tema cuja importância para o íuturo da huma nidade~ capital: a IV Revolução. ou seja "o asp,.,c10 ,nais, quin· tessencilldO. nwis di11ân1ico da Revo· lu\tio universal"'.

A a tualidade premente do assu nto vem sendo realçada pela propaganda q ue hoje se faz do movimento "p1111k", pela vo lta ao estado triba l prcconi1.ada por missionários "aggior11a1i", pela a tu ação de movimentos lcrroristas como as J)riga· das Ver11u•/lws" iJa lianas. Por isso. quisemos dedicar aqui um breve h

comentf1rio ao modo pelo qual a al-

ma do homem méd io - excluídos. portanto. o revolucionitrio e o contra-revolucionário categóricos - vem

sendo preparada. desde a Revolução Francesa a nossos dias. para aderir it 1V Revolnção. Extrnpola nosso tema tratar das muda nças político-socia is ocorridas nesse período. A elas nos re feriremos apenas na medida indispens,ivcl. tendo cm vista o objetivo específico deste artigo. O comentário que faremos a segui,·~ todo ele inspirado e baseado na admirável produção in1elcc1ual. escrita e fa lada. cio Prof. Plínio Corrêa de O liveira.

O ferrete revolucionârio Ateando o fogo da rcvolt.1 e do ód io, a Revolução Francesa consistiu n,1nl terrível ferrete revolucionário que se impri mi u na a lnu, do homem ocidenta l e crislão. As chi spas que daquele braseiro se desprenderam vot1ram por todas as n;içõcs. quei mand o os espíritos, modifica ndo os hiibitos e a vida quotid iana dos homens, transforma ndo a cu ltura dos povos. mudando as menta lid ades e os modos de ser, ver e julgar. Na formidável rotação dos espíritos que se efetuou. naquela fase histórica, o fator mais d inâmico, mais inca ndescente, e, por isso mesmo. a ponta de la nça de todos os outros, foi a prod ução, em meio i\s convulsões dos anos revolucionários, de u ma alteração das concepções até

tão para cá, é sobretudo o processo dessa utopin camin hando nas mentes - muito ma is importante do que

o histórico das mudanças políticas, sociais ou econômicas <1uc se vêm operando nos fatos.

Um tipo humano contraditório Cabe aqu i considera r um o ut ro fator psteológico de grande impor-

tância. Os morticinios provocados pcln Revolução Francesa . o caos social. o desvario das mentes, o c lima gene· ralizado de instabi lidade e medo. aos quais se s ucederam as fortes emoções e decepções da era bonapartista, tud o isso levou os espíritos a desejarem, na primeira metade d o século XIX, a tranq liila estabilidade de uma sociedade burguesa. Era o ptndulo da psicologia social que. levado a um ex tremo do quadra nte pelo frenesi revolucionário, procurava agora , com avidez, o outro extremo. O ferrete rcvoluciofüí rio havia marcado as almas no q ue elas têm de mais profu nd o, desatando aspirações efe rvescentes de igualdade e liberdade q uiméricas. Foi assim que, no decorrer do século XIX. formouse um dos tipos humanos ma is contraditórios- da História. O homcmpadrão. ao menos de boa parte deste pcriodo histórico. levado pelo movimento pendular de q ue fala mos, era sedento de conforto, segurança e estabilidade: mas, ao mesmo tcn,po. cm seu interior crepitavam aspirações igua litárias e libcn,hias frc .. qilcmcmcntc inconfessadas. Sentado cm s ua poltrona. ao pé ela lareira. fumando seu cachimbo, go1.a ndo de todos os benefícios da propried ade i\ qual estava litera lmente aga rrad o. este tipo huma no contraditório sonhava com uma igualdade tota l, cm

cnt5o vigentes entre os homens. A antiga aspiração por uma or-

dem perfeita, onde a harmonia das classes sociais em o paradigma, íoi relegada. e em seu lugar su rgiu o desejo de um,1 ig11ald//d1• quimérica, de um estado de coisas onde toda desigualdade passou a ser consiclerad<1 um mal, toda superioridade. uma

fi..

ber,lade concebida como revolta contra toda dependência legitima ou ilegít ima, que procurava sacud ir qualquer forma ele sujeição. a inda quand o fosse o jugo leve c s ua ve de q ue nos fala o Evangelho. A gra nde rotação consistiu. pois. na passagem das mentes de uma concepção idca I cio homem e da sociedade - tendo por modelo a realidade como Deus a criou - para a

,.

visua li1.ação de um homem e uma

sagl'cgadora , lcv<tda a cabo no inti-

mo mesmo dos cspfritos. pôde a Revolução dar-se ao luxo de efetuar, nos campos político e social. e normes recuos cstnuégicos. sem dcsviar..sc í undamcntalmcme dú

c~11ni·

nho encetado. Foi assim que. no início do scculo XIX, a antiga ordem. no que tinha de ex terior. chegou a ser q uase 101almcntc restaurada. Mas no interior das almas a utopia fer-

mentava. inclusive naq ueles me.srnos

nho, era para o movimento revolu-

não eram reservatórios estanques,

cionário como um enorme paquiderme, deitado ao lo ngo da estrada da História, dormindo um sono pesado, povoado de sonhos cm que se afigurava como um colibri. O que a Re voluç.io podia fazer, ela o fez, com seu habitual maquiavel ismo: alimentar o mais possível o sonho do paq uide rme, a uto pia igualiuiria,

mas comunicantes . Tudo, evidentemente, na tentativa de movê-lo no camin ho do processo revolucionário. Foi então que Marx, cm meados do século XIX, la nçou no mercado das idéias seu tipo de socialismo, ao qual teve o cuidado de colar a etiqueta "científico". O mais eficiente do novo produto residia no rótulo, o que se explica facilmente. Fazia parte da mentalidade da sociedade burguesa do sécu lo XIX cultuar de tal modo a ciência, que lhe atribuía ingenuamente a capacidade de resolve r, com segurança e eficácia, todos os problemas da vida . Dizer que se havia descoberto um "socialismo cientific.o " correspondia a afir-

na qual se encontrava o cerne de sua

própria filosofia. Quanto ao mais, tratava-se de ir cutuca nd o o paquiderme. até que chegasse o momento propicio para coloc{1-lo cm marcha. A utopia foi a li mentada por uma corren te de socialistas, da q ua l faziam parte Proud hon, Saint-Simo n (o do sécu lo passado) e outros. Para um observador superficial. eles foram homens completamente deslocados de seu tempo, pois pregavam idéias para a s quais a sociedade burguesa parecia inteiramente infensa. Foram até cognominados socialistas utópicos. N,1 verdade, eles a li menta va m. no fundo das almas

mar que a ciência operara mais um

" milagre", e q ue fora inventado. por fim, o modo de rea lizar o sonho do paquiderme. Evidentemente, a maioria esmagadora das pessoas não leu as indigestas obras de Marx, e este, p,·csumivelmcntc, não escreveu matéria

burguesas. o sonho revolucionário.

tão maçuda e complicada para ser

Alimcntlrndo-o. fortaleciam-no. E fortalcccndo-01 acentuavam a cont radição intcrnn do burguês <1ue via com isso sua alma rachar-se ao meio. e com ela, a própria estabilidade social.

lida. A jogada era outra. Tratava-se si mp lesmente de propagar. mediante uma publicidade bem feita, que havia sido. afi nal, encontrada a fórmula para pôr cm prática o socia lis mo. Se o homem médio disto se convencesse, ainda q ue não e ntendesse nada do que Marx escrevera, estaria maduro para da r, efetivamente, os primeiros passos, guiado pelos líderes da Revolução. Ma is ainda: quanto mais comp licado fosse o método, mais docilmente ele se de ixaria cond uzir, como um paciente que, desconhecendo completamente a fórmula de um remédio, deposita toda sua confiança no farmacêutico que o vai preparàr. Mas a tarefo rcvolucionâria não era fácil. Na hora de começar a desfazer-se de seus lcghimos bens, de abandonar uma vida de conforto e de esta bilidade. o burguês não se moveu. Para condimentar a fórmu la e dar-lhe mais eficácia , a Revolução

O canal de ligação O 1>roccsso, e nt reta nto, e ra muito lent o. O paquiderme movia-se pouco

do com suas bombas o final do século. Os anarquistas fizera m explodir a Câmara dos Deputados e o Café Ter111i1111.,, c m Paris; o Presidente da República, Sadi Carnot, foi assassinado a golpes de punhal. A imprensa deu grande destaq ue a esse.s acontecime ntos. As estrutu ras sociais pareciam tremer, contribuindo para isso também os episódios cio "affaire Dreyfus".

nobres idea is de honra, de respeito, de serviço - q ue raziam do s úd ito como que um filho c nlev,,do, e do superior um protetor solícito cm relação àq ucle - 1amWm foram aba ndonados. E cm luga,· desta concep-

sociedade forjados pela Revolução. O ideal de perfeição foi sí,bstituido pela utopia. A part ir dessa transformação cle-

e a Revolução tinha pressa. Se, de um lado, o homem do século XIX amava demasiadamente seus devaneios socialistas e recusava a bandoná-los, de outro, estava s uficientemente convencido de que eles eram utópicos para crer cm sua concretização. Faz ia-se necessário, pois, da parte da Revolução. abrir na mente do burguês um canal psicológico, através do qual ele alimentasse a espera nça de conduzi r o conteúd o do sonho para o terreno da realidade: algo q ue 1hc desse a ilusão de que utopia e vida

la nçou então o anarquismo, agitan-

injustiça . De- o utro lado, os vcncr.ivcis e

ção produziu-se o anseio de uma

que ninguém possuísse nada de próprio; que vivesse à ma neira d o home m-se lvagem de Rousseau , fruin do uma li berdade to tal, como prcconi1..ava aquele autor. Sem querer mudar nada cm s ua vida. este homem-padrão aparecido no século XIX aca lcn1ava, no âmago de sua alma. a serpente revolucionária que haveria de dar-lhe a picada mo rtal. Enquanto isso, na rea lidade objetiva dos fatos, a Revolução e ra quase impotente para mover aquela massa humana. Esta. por seu tama-

.. ' .,

No século XIX o pendulo da psi-

cologia social . Inclinava-se pa- '

ra outro extre-

mo: adoração do . conforto, como revela esta cena de um Café de Paris. No Interior das almas a utopia continuava a f ermentar.

O homem médio, porém, cm lugar de entregar-se, assutou-se. e rec uo u. Foi preciso deter a anarquia para não assustá-lo ainda ma is, transformando-o numa fera acuada. Foi só durante a primeira grande guerra, que a Revolução lançou um golpe ousado. Fazend o 1dbult1 rasa d as "profecias" de Marx sobre obreve adve nto do socialismo nos países industrial izados, o Estado escolhido para vitima ou, em outros termos. laboratório de experiência. foi a Rússia tzarista, essencialmente agrícola. Lenine organizou rigidamente seu partido e, aproveitando um momento delicado pelo qual passava aquele pais. desencadeou a subversão armada cm outubro de 19 17, e encarap itou-sc no poder. Formou logo um exército, e, muito ajudado a partir d o ex terior. conseguiu equilibrar-se com di ficuldade. As teorias de Marx, que advogavam o poder para a classe operária, foram ''momentancamcn· te" relegadas. Também os ideais de igualdade e liberdade não puderam ser "logo" realizados. Mas, nos quatro cantos da terra trom beteou-se que, pela primeira vez na História. um pais inte iro - e de dimensões continenta is - tornara-se socialista. Passaram-se os anos e as décadas, e com eles tornou-se palpável a incxcqüibilidade - porque contrários à natureza humana - dos mitos socialistas da total igua ldade e liberdade. Agarrados ao poder como as ostras aderem aos rochedos marinhos, e impondo-se por meio d e um Estado - ele sim socialista e antinatural - os comunistas russos até hoje ma ntêm o domínio polilico. Por que meios? Através do exercício da força, dentro d e s uas fronteiras. como também, através de abundante ajuda externa, que a jato cont inuo, lhes é proporcionada pe los pa íses capitalistas.

O Ocidente trabalhado hoje Desde 19 17, enqua nto as Lubiankas, os campos de concentração e, mais recentemente, as clinicas psiquiátricas, iam eliminando suas vítimas na Rússia e nos países por ela su bjugados, o Ocide nte veio sendo trabalhado no sentido de aspirar, cada vez mais, a utopia socialista. E diante do fracasso claro da "experiência" russa, cujo ''modelo" cada vez menos se engole no Ocidente, a utopia começou a ser apresentada, nos últimos 10 o u 15 anos. como igual mente contrária ao comunismo russo e ao capitalismo burguês. Foi este o mod o que a Rcvolução encontrou para não libertara Rússia e satélites de s uas garras e, ao mesmo tempo, não destruir os devaneios utópicos nas a lmas dos ocidenta is. Para isso, a propaganda anti-russa de origem revoluc ionária (não nos referimos, portanto. ao verdadeiro anticomunjsmo) tomou todo cuidado cm atacar apenas o aspecto to1ali1ário e opressor do regime soviético, salvando, a todo cus to, as aspirações utópicas do comunismo. Em vista d isso, explicam-se inúmeras manobras levadas a efeito no Ocidente, como por exemplo, no campo político, a d o eurocom unismo, o qua l se apresenta como um comunismo democrático e liberal, contrário portanto, ao de Moscou. O utra manobra. ai nda mais espetacu lar, consistiu em levar toda urna corre nte do Clero católico a apresenta r a utopia -socialista como sendo a mais a lta realização do Cristianismo. Constituem exemplos disso o movimento "Cristãos pelo socialis,110", a "Teologia da liberração" e outras iniciativas do gênero, a lgumas delas menos radicais e, por isso mesmo, mais e nganosas. Sobretudo, a Revolução vem procura ndo explorar o cansaço que o conforto e a segurança sem Deus e a visão do sobrenatural produziu nos

-

GREGÓRIO V. LOPES 5


TFP PROMOVE CONFERÊNCIA POR OCASIÃO de mais um aniversário da implantação do regime comunista na Rússia, há 61 anos, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição. Familia e Propriedade (TFP), promoveu no dia 17 de outubro, às 21 horas, no auditório do Hotel Hilton na capital pau lista, uma conferência do Cel. Antonio Erasmo Dias, ex-Secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo. Presidiu o ato e apresentou o orador - que discorreu sobre o te-

Tendo enfrentado a escalada terrorista e mant ido contato pessoal com diversos subversivos, observou que para estes assassinato ~justiça, e roubo é considerado expropriação, O orador foi chefe da operação contra-guerrilha do Vale do Ribeira, no início da década de 70, e- nesta qualidade relatou o pseudo-julgamento de um tenente da Polícia Militar, efetuado pelos terroristas, e sua morte brutal, ocasionada por coronhadas,

ma "Co,nunisn,o. seus erros e sua

Fibra anticomunista

ação 11wléjica" - o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP. O auditório foi pequeno para conter o numeroso público presente, boa pa rte do qual assistiu de pé a sessão.

Encerrando a sessão, o Presidente do Conselho Nacional da TFP ressaltou que, apesar da grave conjuntura cm que se encon tra o País, deve-se ainda confiar na libra anticomunista do Brasil, que se patenteou cm 1964. E para comprovar Comparecimentos esse sentimento do povo brasileiro, lembrou a fà vorávcl aceitação das Além dos diretores, sócios e coopublicações da TFP, vendidas pelas peradores da TFP brasileira, estivecaravanas de cooperadores da entiram presentes o Sr. José Luis de dade cm todos os quadrantes do Zayas, diretor da Sociedade CultuPaís. E, além disso, o auxílio ofereral Covadonga, entidade espanhola cido com simpatia, nas mais diversas afim à TFP, o Dr. Cosme Beccar localidades, aos jovens caravanistas Varela Hijo, presidente da TFP c1uc, há vários anos, percorrem o argentina, bem como representantes vasto território nacional. das TFPs francesa, norte-americaFinalizando, ressaltou que Nossa na. vcnc·zuelana, colombiana, equaSenhor;, de Fátima, cuja imagem toriana e uruguaia. 1>residia a sessão, apareceu em 1917 Compareceram ta mbém ao ato o na Cova da Iria, prevenindo o munSr. Miguel Colassuono, ex-prefeito do contra os castigos que adviriam. de São Paulo e assessor do Minis- o auditbrio do Hotel Hillon foi pequeno para conter o numeroso público que compareceu à conferencia organizada pela TFP Seu aviso profético foi feito poucos tério do Planejamento; o desembar, Abrindo a sessão, o Prof. Plínio senta de modo unilateral e demagó- meses antes que os bolchevistas galgador Ítalo Galli; o deputado esta- Alemanha Oriental. Bulgária, C hi gassem o poder na Rússia. dual Agnaldo Rodrigues de Carva- na, Coréia, Crocícia, Hungria. Polô- Co rrêa de Oliveira acentuou que a gico a situação sócio-econômica da A maneira de enfrentarmos o pelho; o ex-ministro de Viação c Obras nia. Romênin, Tchccos1ovúquia e TFP. hà vi1rios anos, promove algu~ população paulistana. rigo comunista atua l é alimentarmos ma comemo ração no lristc aniversá .. Públicas, Otávio Marcondes Ferraz; Ucrânia. o espírito de previsão e de fé. Uma fé rio da revolução bolchevista . Ani- Movimento subversivo o consul-geral e o consul-adjunto da . . cs1e que " run1portn 1111111 profunda - acentuou o pensador vcrsarro República da Coréia; o vice-presi- O papel de Kerensky no Brasil católico - a q ual fará com que oraç,io pel(,s almas daqueles que fl1dente do Comitê Pro Liberdade das ..quaisquer que sejam as provações Nações Cativas, Sr. Karel Baloun; Sócios e cooperadores da TFP lecer0111 no ctunpo da l111a, e111 defesa O orador, após referir-se à Revo- ft11urt1s. es1as não 1oldorão em nosrepresentante da União Cívica Femi- envergavam suas vistosas capas ru- ,la civilização cris1ã e da Igreja Ca- lução de 1964, fez um histórico de sos o lhos a perspec1iva de vi16ria. E nina; o comendador Mário Antunes bras. Atrás da mesa de conferência 16lica ... importa r\tcs lances do movimento é rumo a essa vitória que 1odos caMaciel Ramos; o e ngenheiro Joa- jovens cooperadores portavam es- . Advertiu também ao público que subversivo em nossa Pát ria, a partir 111i11hmnos co111 posso resoluto e a quim Procópio de Araujo, presiden- tandartes da entidade, marcados com deve ser evitado o "01i1nis1no siste- dessa data. al11w cheia de fé". 111ó1ico, ,no/e e in,previdente'' que te do Centro Democrático dos Enge- o leão áureo. nheiros; representante do delegadoNo saguão de enirad.i do sa lão ju lga '"cada re,·uo 111na co11dição .. geral da Secretaria da Segurança de conferê ncias, vários "stands'' ates- para a vitória". Pública; S r. Tien Y11 Shih, prési- tavam a pujança da atuação da TFP Lembrou que o governo de Kcdente da União de entidades c hine- cm todo o Brasil. Assim. mapas e rcnsky na Rússia, precisamente por sas no Brasil; representante do Cen- gráficos, bem como projetores auto- estar intoxicado desse espírito, capitro Comercial do Extremo Oriente; máticos apresentavam o trabalho das tulou diante de ·'adversários que não o presidente da Associação dos Ex- caravanas de cooperadores, percor- unnia,n lutar. que previam o perigo, combatentes Poloneses; o presidente rendo todo o território nacional; in- que ava11çav0111: o.t bolchevistas". da Associação dos Ex-combatentes dicavam também o grande número O CcL Anton io Erasmo D ias, no Tchecoslovacos, bem como repre- de publicações do material distribuí- inicio de sua exposição, referiu-se à sentantes das seguintes colônias de do pelo Serviço de Imprensa da TFP tradução inglesa da obra prefaciada nações subjugadas pelo comun is mo: e pe la Agência Boa Imprensa. pelo Cardeal Arns, na qua l se a1>J"e-

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Equipe de técnicos qualifi~ados M aquinário· móder-níssimo· -., Garantem o mai s· afto padrao., ~e se)viçgi

UTOPIA E IV REVOLUÇÃO

' ' Fotolito Grafa: Ltda. . ' -

povos ocidentais. O pêndulo já se Também o terrorismo. tipo ·· Brigamove para o outro ex tremo. dos Ve,·mellws··. representa cm nosÉ nesse quadro que devemos con- sos tristes dias. o papel que o anarsiderar, por exemplo, a revolução da quismo representou c m íins do sécuSorbonne. de. maio de 1968. com seus lo passado. ··slogans", como por exemplo - "'A É para levar os ho mens à impla nimaginação 10111011 co111a do pode,-··. t_açãodessa utopia - ou seja a IV ReFoi uma tentativa de tornar incan- voluç.'io, como tão bem a situa e tão descente a utopia que vivia na mente brilhante mente a descreve o Prof. dos franceses. Fracassou cm seus Plinio Corrêa de Olivei ra - que as objetivos imediatos, mas permane- forças revolucionárias mais se emceu - numa parte recôndita da alma penham nos dias de hoje. É ela o daqueles mesmos que a combateram, paroxismo para o qual tendiam a s movidos pelos seus interesses pes- três revoluções m11criorcs: Protcssoais e não por princípios católicos tanti~mo, Revolução Francesa e Co· - como um mareodealgoascratin- mumsmo. gido no futuro. Jogar-se na contradição de uma Nesse contexto. se inserem os ta l 1nopia implica numa tão radical movimentos ditos da juventude, co- negação de Deus. que poderia paremo o dos "hippies" - já um tanto cer algo além da maldade humana. envelhecido - e o a tualíssimo dos Em vista d isso, cabe a pergunta: a tê '"punks". Uma nova missiologia no que ponto não divisamos nesse escampo católico procura apresentar a pantoso processo ··,,sfulguracães e11,. . ' . sociedade indíge na - não como ela gonosas, o (.°{J/1(/('() (J UIII tf!lllf)O SIIUl'é, mas como a Revolução deseja que 11·0 e n11·ae111e. e1110/ie1111: e delir,111te, e la seja imaginada - como o ideal a ateu l' /etichisti<'(JJne,ue crédulo ,·u,n ser atingido pela humanidade (1). que, do fundo dos ahi.t11w.• e111 que 6

trevos atrai os ho,uens que 11egara111 o Igreja de Cristo?" (2). Aquela que sozinha esmagou iodas as he resias, a Virgem Santíssima. conceda-nos o discernimento para constatar que apenas a doutrina católica. retamente entendida - hoje por tão poucos ensinada - constitui o caminho, (lfastado de todas as utopias, q ue conduziri, os homens para o Reinado do Imacu lad o Coração de Maria. Época esta predita por Nossa Senhora na aparição de Fátima, cm 1917, quando afirmou: ··Por fi111, e1er1u11nen1,? jaz. o pl'Íneipt das

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RUA SÃO LEOPOLDO, 101 - FOl'.'J ES :9~-69.5'9 - ,90}li)~S:8 . , ' SAO PAULO . · · ... ,

AfOJLECESMO Mens rio com aprovação eclesiástic::i - Campos - Estado do Rio Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho Diretoria: Av. 7 de Setembro 247, caixa postal 333, 28100 C,mpos, RJ. Administração: R. Dr. Martinico Prado 271, Ot 224 São Paulo, SP.

,neu /nwculado Coração 1riu11farâ".

Composto e impresso na ATlpíC$$ - Papéis e Artes Gnificas Ltda., Rua. Dr. M:utinico Prado 234, São Paulo, SP.

( 1) Cfr. " Tril1nli:m10 hul(g,•m, - fdt'nl ,·omu•

Assinatun anual: comum CrS 300,00; cooperador CrS 600,00; beníeitor ~~ 1.000,00_; grande benfoitor Cr$ 2.000,00; seminaristas e estudantes CrS 250,00; Amenea do Sul, C.ntral e do Norte, Portugal e Espanha: via de supcrí/cie USS 36100, via aérea US S 46,00; outros países: via de supcrrfcic USS 40,00, via aérea USS 4b100. Avulso: CrS 20,00 Os pagamentos, sempre em nome de Editora Padre Belchior de PontesS/C, poderão ser encaminhados à Administração. Para mudança de endereço de assinantes, é neoessário menciona, também o endereço antigo. A correspondência relativa a assinaturas e venda avulsa deve ser enviada à

1111•m1'.,•:o'unârlt> 1mm I.J Qrd# I na sc~tu!c, X X/",

Plinio Corrê~ de Oliveira. ··cmoli<'ú:m<>"' n,.., 32Jl 324. nov./dc,. de 1977. (2) "Rtvoluçào t' CQ11tm·Rt•\•0l11(,i<>", 10 0110s ,h•pm':f··. Parte 111 de "Rrn)lurôc> " Contra· /(i•\'Olll('iio''.

t,,·IMtw ...

Plinio co,rb de Olivçir~ •..CúlO•

n.•> 31). j:rncirv de IIJ77.

Administração - R. Dr. Martinico Prado 271, 01224 São Paulo, SP


O BARRILZINHO Conto medieval francês rascad:, com o d iabo desse barril enfeitiçado! Não consigo meter-lhe dentro nem uma gota d'água. O eremita ouviu-o, e depois lamentou:

-

Senhor, <1uc triste estado é o

vosso! Uma criança tê-lo•ia tra?.ido

E

NTRE A Normand ia e a Bretanha, nui_n lugar muito dis-

tante, habitava um senhor de grande renome. Perto do ma,·. e le possuía um castelo fortificado. tão bem guarnecido e defendido, que não temia nem Rci 1 nern conde. nem

duque. nem príncipe. nem visconde. Este senhor era de gra nde estatura e de belo porte. vaidoso. rico de haveres e de alta linhagem. Entretanto, mostrava-se crue l. desleal, orgulhoso. não temendo a Deus nem aos homens. Espalhava o terror pelas regiões circunvizinhas. Emboscava-se junto aos cam inhos, para ai matar

os peregrinos e destroçar os mercadores. Não observava jejum. não fazia abstinência. não assistia à Mis· sa. nem o uvia ~crmão. Não se co· nhecia homem que fosse tão mau.

Fora de si. o cava leiro fixa o eremita tão íuriosamcntc, que este se sente invadido pelo medo. - Não conta rei nada! - retruca peremptório o cavaleiro. Não sei o que me impede de vos matar! O santo eremita arrisca-se ainda uma vez: - 1rmão, dir.ci-mc um só peca ..

transbordando. E vós.. . vós não conseguistes que nele entrasse uma gota! Isto é um sinal de Deus. por causa de vossos pecados. - Pois cu vos juro - d isse o cava lci,·o num assomo de cólera e de orgulho -

que não lavarei minha

cabeça, não farei a barba. nem

cortarei ;.1s unhas. enq uanto não

gué m conseguisse dim inuir-lhe o orgulho, nem abra ndar. por pouco q ue fosse. seu miserí,vcl coração. Peregrinou pela França e pela Itália, pela Espanha e Alemanha . pela Hungria e Ingla terra. Não houve país que n.io tivesse visitado, nem águas onde não ho uvesse experimentad o e ncher o bnrrilzi nho, sempre sem resultado. Tanto a ndo u, tanto a ndou. q ue aos poucos foi definha ndo. Ninguém o reconhecia: cabelos desgrenhados. corpo esquelético , o lhos a fundados dent ro das órbitas, veias à ílor da pele. Ficou tão fraco q uc irccessitava de um bastão para a-

do. que Deus vos ajudará a confessar os demais. - Diabos! Vós não me dareis sossego? Já <1uc é assim. cu farei ! Mas de nada. de nada rnc arrependerei. E com grande arrogância contou de um só fôlego todos os pecados de sua turbu lenta vida. Com o coração part ido ao ver tal falta de arrependimento, o eremita se pôs a chorar, E lentou ainda uma

pant que este santo varão possa rc...

ccber, ao menos, o consolo de minha cont rição. Eu Vos peço perdão, Rei de misericórd ia, por tud o aqui lo de q ue sou culpado! E Deus fez nesta alma a Sua obra. O arrependimento foi tão vi-

consolo de sujeitar-vos c.t umêl pcni .. tência!

- Penitência'! Caçoais de mim? Q ue penitê ncia da r-me-cis'1 - Para pagar vossos pecados, jej uareis todas as sextas-feiras. durante t,·1:s anos seguidos. Três anos! Esta is louco'? Jamais!

vo, que comoveu aquele coração tão

Em todos os r egatos que en-

nho, mas sempre em vão.

As pessoas desconfiavam docavaleiro, vendo-o tão grande, tio forte, tão rude e já curtido pelo sol. Por isso, temiam recebê-lo.

- Por vós, concedo cm ir. Mas por Deus nada fa,·ci! E puseram-se a ca minho.

senhor, porém, continuou do lado de fora, montado cm seu cavalo. Os cavaleiros confessaram-se o ma is sincera e b revemente que puderam. Em seguid a. rogaram ao ere-

mita: - Senho,·, nosso amo está lá fora. Por Deus, chamai-o, e convencei-o a se confessar! Apoia ndo-se cm seu bastão, sa iu o eremita de encontro ao cavaleiro.

- Sede benvindo, Senhor. Visto q ue sois cavaleiro. deveis ser cortês. Desmontai. e vinde falar comigo. - Falar convosco·? Por q ue diabos? Falar de quê? Não ternos nada cm comum' Estou com pressa, e q uero ir logo embora. - Entrai. e conhecei minha capela e min ha morada. -

Então, um mês ... - Tamb~m não! - Ireis a uma igreja e direis ali um Padre-Nosso e uma Ave-Maria. - Para mim seria enfadon ho, e, ademais, tempo perd ido. - Pelo amor de Deus Todo Poderoso. pega i pelo menos este banil1.inho. enchei-o no regato próximo, e trazei-o de volta para mim • Como is,o não me custa tanlo. e sobretudo p,tra ficar livre de vós. concedo. Só descansarei d epois de devolvê-lo cheio. Nisto e mpenho minha palavra.

O cavaleiro cstabanadamen te d irigiu-se à fonte e de um só golpe afundou na ,ígua o barrilzinho. Neste não penetrou uma gota sequer!

o cavaleiro, que péssima idéia tive hoje de leva ntar-me cedo e de vir até aqui! E muito a cóntragosto. desceu de seu cava lo. O eremita. tomando-o pelo braço, cond uziu-o à capela. E diante do altar, disse-lhe:

Tentou novamente, de um jeito, de outro, mas nada! O barri l contin uou vazio. - Por Deus! - exclamou. O que significa isto'? E outra vez i ntroduziu na lag,ia, sem melhor resultado. Intrigado e rangendo os dentes

Senhor, considerai-vos meu

prisioneiro. Matai-me. se qu iserdes, mas daqui não escapareis sem antes ter-me contado todos os vossos pe-

cados.

cumprir minha pa lavra. Mesmo que tiver de dar a volla ao mundo. cu encherei este barril!

E assim partiu o cavaleiro. o barrilzinho preso ao pescoço. sem levar consigo senão a roupa do corpo. nem dispor de outra escoltâ q ue Deus. Em todos os regatos que encontrava, experimentava encher o

pequeno tonel. mas sempre em vão. Caminhava sem cessar, quer fi. icsse frio ou calor, por vales e montanhas. po,· sarças e espinhos. os

quais lhe rasgavam a carne e íaziam

Céus, resmungou aborrecido

-

d uro. Seus o lhos se turvaram, e uma grossa lí,g rima lhe rolou pela face. caindo d iretamente dentro do barrilzinho, a marrado ao pescoço. Esta ún ica lágrima bastou para encher o barril a té os bordos! Era sinal de que Deus lhe perdoava os pecados. O eremita e o C(1valeiro se abraçaram, e ambos c horaram de alegria .

companhia.

ram na morada do sa nto varão. Seu

O cavaleiro observava perplexo o pranto e a prece do erem ita. E pen-

vínculo senão Deus, sofre e chora. Devo ser o pior dos homens. o maior dos pecadores, pois por minha causa ele se abisma e se desola e está pronto ao sacrifício. A h! Deus. dai-me um grande arrependimento,

- Hoje é Sexta-Feira Santa. Senhor. todos jej uam. E vós quereis comer carne? Crede-nos. Deus acaba rá por vos punir! - Até que ta l acon teça, terei enforcado e roubado muita gente! - Estais seguro de que Deus tolerará mais isto'? Vós devíeis. sem nenh uma demora, vos arrepender, implorar perdão e chorar por vossos pecados. Em um bosque vizinho hab_ita um Padre-eremita, varão de gra nde sa nt idade. Vamos até lá e nos confessemos. - Confessar-me? Aos diabos ! Só iria até lá se ele possuísse a lgo que cu pudesse roubar. - Vinde ao menos fazer-nos

Chegando à erm ida. na ílorcsta so1 il<lria <: quieta, os vassa los entra-

cria tu ra!

homem, que comigo não tem outro

- Senhor, dai-me pelo menos o

Seus vassalos, ouvindo isto. ex· clamaram:

A h! vejo bem que Deus não aceitou vossa penitência. porque a fizestes sem vos arrepender! E pôs-se a chorar, vendo o tão lamentável estado daquela a lma empedern ida: - Meu Deus, contemplai esta criatura que formastes, e que joga com tanta insâ nia com a sa lvação de sua a lma. Ah! Santa Maria, im plora i misericórdia para este homem. Doce Jesus, se tendes de escolher entre um de nós. descarregai sobre mim a Vossa cólera, mas salvai esta

sava, de si para si: - À vista de meus pecados. este

vez: Numa Sex ta-Feira Santa. tendose leva ntado de bom humor, bradou a seus cozinheiros: - Aprontai-me a presa que ontem cacei, pois hoje quc,·o almoçar mais cedo.

<*)

de raiva. levantou-se de um sa lto e dirigiu-se à ermida.

- Por todos os santos que estão no Céu. vôs me metestes numa cn-

corrcr-1he o sangue. Seus d ias eram penosos, e as noites ainda piores. P,·cm ido pela fome, viu-se obrigado a mendigar. Jejuava, por vezes, dois ou três dias in teiros, sem consegu ir uma côdea de pão velho pa ra matar a fome. Tinha

de suportar as chacotas e os insultos, e nem sempre encontrava onde

se hospedar. As pessoas desconfiavam dele, vendo-o tão grande, tão forte, tão rude e já curtido pelo sol. Por isso, temiam recebê-lo. Numerosas vezes teve q ue dormir ao relento. E andava assim , sem que nin-

po iar-se. O barrilzinho lhe pesava enormemente. mas ele o trazia sempre amarrado ao pescoço. Ao cabo de um ano de fracassos, ele decidiu voltar à ermida. Foi uma du ra viagem, mas ele a í por fim chegou. justamente na Sexta-Feira Santa.

O e rem ita não o reconheceu. Porém, ao notar o barri lzi nho, perguntou-lhe: - Caro irmão, o que vos trouxe aqui? Quem vos deu este barrilzinho'? Há um ano e ntreguei-o a um belo cava leiro. Ignoro se está vivo ou morto, pois não vollou mais aq ui . Ao que o outro respondeu , enraivecido: - Esse cavaleiro sou c u, e este é o estado cm q ue me colocastes! E contou ao eremita toda sua aventura, sem dar enLretanto nenhu ma moslra de a!'rcpe nd imento. O sa nto homem tud o escutou, e indignou-se com tanta durc7.a de coração: - Vós sois o pior dos homens! Um cão. um lobo. o u ou tro ani ma l qualquer teria enchido esse ba rril.

- Padre, quero acusar-me novamente, desta vez arrepend ido. de todos os meus pecados. E assim o fez, sempre chornndo, e com grande contrição. . Dada a absolvição, o eremita pergu ntou ao cavaleiro se ele queria receber a comunhão. - Sim, meu Pai. Mas aprcssaivos, pois sinto que vou morrer. Tendo comungado, purificado e li mpo estava o cavaleiro. Em sua alma não restava mais qua lquer mancha de pecado. - Meu Pai, fizestes-me loda espécie de bem. Em retribuição. todo meu ser é vosso, e me ponho cm voss~s mãos: O fim se aproxima. rezai por mun.

O eremita, tomando ... o em seus

braços, recebeu seu último suspiro. Neste momento a capela encheu-se toda de luz, os anjos desceram, e cm cortejo magnifico, levaram aquela alma para o Céu. O eremita, graças às suas virt udes, pôde ver tudo aquilo . Pouco depois, diante do altar rcs1<1vam apenas~ coberto de

and rajos , o corpo do cavaleiro ... e o barrilzin ho.

(') Sinlctil.ado tom b:tsi: nos lh•tos "fle11u1ê du Moy1m .-Ígt", de Réginc Pcrnoud (Ed. Gauticr-1...anguercuu. 1971) e "l'f>ht>.'> "' Pro:mt<~ur.t ,tu Mo)'"ll Ág<···, de Gus1on P:1ris(Ed.

Hocl,cuc.

1921).

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.AfOJLICISMO------------

E JOÃO PAULO II? Plínio Corrêa de Oliveira JU LG AMOS oportu no transcrever neste número de "Ca1olicis1110" o presente artigo do Prof. Pli!'io Corrêa de Oliveira, publicado na ·· Folha de São Paulo", em s ua edição de 28 de outubro último. As renexões do eminente escritor católico sobre a eleição de J oão Paulo II renetem perfeitamente o pensamento da direção de "Catolicismo" sobre o tema. SINTO-ME MUlTOmaisàvontade no a tual clima pós-conclave, do que no q ue s ucedeu à eleição de João Paulo I. 1 - Ressalvado o respeito devido aos mortos - sobretudo se eclesiásticos, e de tão alta hierarquia como foi João Paulo 1 - devo dizer,

com efeito, que a e uforia geral, oriunda do sorriso dele. me deixava algum tanto contrafeito. Pois era um sorriso tão avassalador que varria do espirito público a lembrança dos problemas q ue de toda parte nos cercam. O que tinha sem dúvida a vantagem de repousar as almas exaustas, e de distender as supertensas. Mas que, de outro lado. poderia vir a criar uma generalizada despreocupação. Ora, a despreocupação não suprime os problemas, nem os resolve. Muitas vezes até os agrava tragicamente. Pois é a grande adormecedora das sentinelas... Ora, a eleiç.ã o para o Pontificado de um Bispo de além cortina de ferro , como João Paulo II, produz um efeito diametralmente oposto.

Ele põe e m foco o mais trágico dos problemas contemporâneos, cm torno do quat os demais executam sem cessar a sua farândola infernal. Q ual seja esse probler11a salta aos olhos: deve o mundo dizer sim o u não para o com unismo? Por isso mesmo. a a tmosfera a tual é toda de expectativa. ao contrário do que ocorria nos breves e etéreos dias cm que Albino Luciani governou a Igreja. O contraste entre a "desemproblemação" promovida pelo primeiro João Paulo e o jorrar de problemas provocado pelo segundo sugere até uma pergunta, que levanto apenas de passagem. Os psicólogos. os pastores de alma. os peritos cm propaganda e os políticos de grande en-

Imagem de Fátima afervora Diocese de Campos A IMAG EM Peregrina Internacional de Nossa Sen hora de Fátima, que durante o mês de outubro percorreu diversas cidades do norte fluminense, foi conduzida em solene procissão para a Catedral de Campos, onde, no dia 30 de outubro, se encerrou sua visita àquela Diocese. A Imagem. que nas décadas de 40 e 50 p.crcorreu o mundo, reapareceu aos olhos do grande público em l 972, quando as agências internacionais noticiaram o fenômeno milagroso da lacrimação, ocorrido quando ela se encontrava na cidade norte-americana de Nova Orlcans. O Sacerdote que a acompanhava, Pe. Elmo Romagosa , convocou fotógrafos e repórteres para documentarem o fenômeno, o q uai não apresentava qualquer explicação natural. A expressão impressionante do o lhar dessa Imagem pode ser notada hoje por qualquer pessoa, e relacio na-se com a mensagem revelada cm l 917 aos pastorinhos de Fátima, que visava primordia lmente a conversão da humanidade, através da penitê ncia e oração. Na Diocese de Campos foram percorridas as seguintes paróquias: Bom Jesus do ltabapoana, VarreSai, Nativid ade, Porciúncula, Miracema, Muriaé, São Fídclis, Cambuci, Santo Antonio de Pádua e Cardoso Moreira.

Miracema

sença de várias autoridades, e nt re as quais o deputado federal Eduardo Galil, o Cel. Y.cddo Bettencourt da S ilva, Comandante do 8. 0 Batalhão da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro, e o Capitão João Bosco Barbosa, representante do Comandante do 56. 0 Batalhão de Infantaria. . Em sua alocução pronunciada naquela cidade, D. Mayer afirmou: ''SorN11eira,nen1e o con,11-

nisnu>procuro dessorar as consciências, desencadear as paixões,

procura desviar nosso pe11sm11e1110 do Céu e da virtude. para fo C1Jlizt1r Jorten1en1e o pr11zer <l<1

terra, o prazer sensual. Vós, ,neus .filhos. tivestes, não faz mui10, 11111 exemplo vivo dessa ca1111H111lw, toda ela voltada contra a Diocese de Catnf)OS, contra a Paróquia de Miracema. contra os Padres de Campos. Por que? Precisame111e porque, graças a Deu.,. nós procurantos 111011,er es1a disciplina dos bons costumes. através de uma austeridade de vida, através de u111a 111odés1ia 110 t1prese111ar-se. através do r ecaio <Jue é a salvaguarda de 11ossas fa11111ias. ·· Esra ca,nptmha em que proc11rara111 difmnar. de11egrir, a11ular esta grande organização que é " Sociedl1de Brasileira de Defesa da Tradição. Fa111ilio e Propriedade. "Por que? Porque a TFP é a 1naior entidade cívica a11tico111u11ista do País. Porque i111repida111e111e defe11de nosso Pátria. i11trepidm11e111e procura elucidar os co11sciências. i111repit!an1e11te <:0111-

Um dos pontos a ltos da peregrinação foi atingido na cidade de Miracema, pelo fato de ter sido o Vigário dessa Paróquia, Pe. José Olavo Pires Trindade, recentemente atacado por um programa de televisão de ãm bito nacional. A solene procissão que percorre u as principais ruas da cidade contou com a participação de milhares de pessoas, tendo à frente o Bispo de Campos, D. Anton io de Castro Mayer, e tam bém a pre-

bate o comu11ismo onde quer que ele se apresente, porque sabe f)erfeirame,11e que existe um co1111111is1110 difuso. que es1d precisa111e111e no relaxa,11e1110 dos cos1u111es. na ,naneirll sen.tual co,no os

i11i11úgos de nossa Pdlria procuram conduzir a sociedade. po1·q11e esse é o caldo de cultura com que .fe ali1nenta111 esses inin1igos que

são os ver,nelhos!" Por sua vez, no e ncerramento da procissão luminosa em Mira-

A Imagem de Fátima entra proces-

sionalmente em Campos ccma, o Pe. Fernando /\reas Rifan s ublinhou a relação entre a mensagem de Fá tima e a difusão do comunismo no mundo. Apontou como único antídoto contra o credo vermelho a fidelidade às advcritncias feitas por Nossa Senhora de Fát ima, relativas ao temor de Deus, à austeridade de vida e à pureza dos costumes. Em todas as cidades por onde passou a milagrosa Imagem, verificou-se intenso clima de renovação espiritua l, tendo os Sacerdotes sido solicitados a atender gran· de número de penitentes, muitos dos quais se confessavam pela primeira vez na vida. Formaramse extensas filas dia nte dos confessionários, até mesmo à no ite.

Os c ampistas lotaram a catedral durante a estadia da Imagem que chorou em Nova Orleans,

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verificando-se um alervoramento geral dos fiéis

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vergad ura reconhecem hoje a importância, por vezes decisiva, das ambie ntações. Não é de se crer que o conclave haja ignorado as qualidades "ambientantes" do risonho Patriarca de Veneza. E as tão opostas. do político preocupado, e cauto, <1uc afloram na fisionomia do Arcebispo de Cracóvia. Pode-se dizer que o primeiro parecia de encomenda para amortecer no espírito público a lembrança dos problemas-que o segundo parece de e ncomenda para avivar. Não é de crer que uma assembléia do porte de um conclave haja subestimado esse contraste. Terá ela mudado bruscamente de política. ao fazer uma segunda escolha tão diversa da primeira? E por que? As perguntas importantes nunca se apresentam s01.inhas. Esta traz pela mão uma ou tra. A ser escolhido um cardeal polonês, por que foi preferido o menos ilustre deles. quase um desconhecido para o grande público do Ocidente? Por que ficou de lado o Cardeal Wyszynski, o "Cunctator", do qua l me ocupei cm meu art igo de 24 de agosto p.p.? Será João Paulo 11 um "C1111,·tt11or" também? Ou será um homem afeito a decisões inesperadas e enérgicas? II - Vejo cm to rno de mim muito desacordo sobre se João Paulo II vai aproximar o Oeste do Leste, o u se vai combater o Leste para defender o Oeste. Tudo bem pensado, os prognósticos interessam pouco. Pois tanto correm hoje os fatos, que importa mais a nalisá-los do que prevê-los. Ora. parece-me que precisamente sobl'c o cr·i1ério de aná lise das eventuais atitudes de João Paulo I l face ao mundo comunista, ex iste no espírito público fol'midável confu são. Um número incontável de pessoas sabe de modo apenas imperfeito o que é o comunismo. E de modo ta mbém· imperfeito o que é o catoli cismo. Como então aquilatar bem se está na lógica das coisas que um Pa1n1 deve ser anti ou pró-comunista? A ta l respeito, esq uemat izemos o ensiname nto tradicional dos Papas: l. O comunismo é um sistema filosófico que inclui uma noção do uni verso e do homem. E. c m conscqilência, das re lações e ntre os indivíduos e as sociedades: do modelo da econo mia, da política e da sociedade. 2. Por sua vez, a doutrina católica, baseada na Revelação, e nsina toda uma concepção d o universo, das relações entre o homem e a sociedade, de como devem ser a política, a sociologia e a economia regidas pela lei de Deus etc. 3. Sistemas - chamemo-los assim - de tal amplitude, ou se harrnon i1.am cm seus mais altos ápices dout rinários, ou são incompatíveis. Está isso na própria lógica interna de um e de outro. 4. Ora, dado q ue entre os princípios ateus, material istas e evolucionistas, que são o fundo do cone abismático do comunismo, e de outro lado a crença em um só Deus, puro espírito, perfeitíssimo, o nipo· tente e eterno, e em Jesus Cristo, Ho.mcm-Deus, no q ual está o mais a lto do vértice alcandorado da Religião católica, há contradição tota l, não pode haver cm uma e outra doutrina qua lquer ponto de conciliação. 5. Daí se deduz que a única atitude mútua coerente dos adeptos de urna doutrina com os da o utra é o embate. 6. Isto tudo é claro para os espíritos lógicos. Mas é mais ou menos nebu loso para um nú mero infin ito de espíritos que dormitam agradavelmente nas penumbras das contra-

dições. e para os quais nada é tão desagradável como a lógica, máx ime q uando levada aos mais claros confins dela. 7. Um católico, ou um com unista, ainda que seja lógico no puro campo da doutrina, pode ser mais ou menos ilógico e acomodatício na apreciação dos fatos. - Na condução de sua política, como será. sob este â ngulo, João Paulo 11? É a gra nde questão. 8. O problema é cheio de matizes. Tanto mais quanto, mesmo nos casos cm que a lógica leva à luta, esta última pode assumir formas incontáveis. Lutar não significa só atacar rijamente e de frente. Atacar é também colher desp,·cvcnido o adversário. desnorteá-lo, confundi-lo, e assim enfraquecê-lo etc. T udo isso, os comunistas o sabem perfeitamen-

te. E segundo sua máx ima de que. na luta de classes, os fins justificam os meios. o pratica m também constantemente. Bem entendido, os católicos sabem que os fi ns não justificam os meios. Mas o uso dos meios lícitos comporta, também ele, uma considerável gama de d estrezas. Nosso Senhor aconselhou que seus discípulos conjugassem a inocê ncia da pomba à astúcia da serpente (Mt. 10. 16). 9. Ora. nas lutas de opi nião pública cn1re as minorias lógicas, a maioria acomodatícia sói constituir uma " terra de ninguém". Vence rá aquela das minorias q ue souber atrair a maioria .

10. Nessa atração da maioria, está empen hado a fu ndo o comunismo internacional. Pela ação dos doutores da ilogicidade, postados por e le corno mentores das famosas "linhas auxi lia res··. procura seduzir aos da ··terra de ninguém" como uma saída: a) os católicos, recusando embora o a teísmo e o materialismo comunistas; aceitem-lhe os princípios polít icos e sócio-econômicos; b) os comunistas, cm troca dessa aceitação, concedam liberdade de cu lto à Igreja, desde que esta não ataque o regime sócio-econômico com unista. Em suma , no interior da Igreja haveria tolerância e livre curso para o comunismo sócio-econômico. E no intcríor da sociedade civil haveria tolerância e livre curso para a Religião. amputada embora de suas implicações sócio-econômicas. Em conscqiiência, o Estado não combateria a Igreja. E esta recomendaria a seus fiéis que colaborassem com o Estado colct ivisia. 11. E assi m c hegamos ao ponto

sensível. Os Papas a1é João XXIII ensinaram e agiram de tal forma que todos os católicos sabiam ser impossível tal saída, pois fu ndamentalmente contraditória com a doutrina e a missão da Igreja. t fato notório que, no decu rso dos Pontificados de João XXII! e Paulo VI, a convicção da a liás indiscutível inviabilidade dessa salda se foi apagando no espírito de muitos e muitos católicos. E que não poucos chegaram a afirmar, impunemente, a conciliação entre a ~cligião cató lica e o comunismo. Qual será, nesta matéria, a atuação de João Paulo II? Que reflexo terá, a este respeito, sobre a opinião pública? A cada dia iremos tendo respostas a isto. Quer ele seja cla ro, quer seja ambíguo. Pois também a ambigüidadc ante o inaceitável pode se,· uma forma de aceitação. Oremos pa ra que a a tuação dele encha de clareza os espíritos. de força os ãnimos. e de glória a Igreja santa de Deus.


N.• 336 -

A

ODISSEIA

Dezembro de 1978 -

Ano XXVJII

Diretor: Paulo Corréa de Brito Filho

VIETNAMITA

Telegrama da TFP a João Paulo II A BORDO DO cargueiro Hai Hong (foto), a temperatura é de 40 graus. Nele apinham-se como podem 561 homens, 620 mulheres, 125 velhos e 1260 crianças. As doenças de pele proliferam. A fome ameaça a todos. A 14 de outubro, o Hai Hong deixava secretamente o Vietnã do Sul cm busca da liberdade. Agora, é um inferno flutuante. No porto ma laio de Klang, as autoridades não permitem o desembarque. Diariamente chegam à Malásia 700 fugitivos, em pequenas embarcações. Outros 40 mil encontram-se em campos de refugiados, cujas condições de vi-

da são deploráveis. Em uma se-

lizes vietnamitas fugitivos do comunismo. A esse propósito, o Prof. Plínio Corrêa de O liveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enviou a Sua Santidade telegrama de felicitações nos seguintes termos: " A SOCIEDADE Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), entidade cívica anticomunista inspirada nos ensinamentos tradicionais do Supremo Magistério da Igreja, se tem empenhado vivamente para obter dos Governos brasi·• Declaração dos direitos dos leiro e n o.rte-americano uma in<11úm<1is". Pi\gina 4. tervenção decisiva a favor dos João Paulo li , e ntretanto. infelizes vietnamitas que, implapronunciou-se a favor dos infc- cavelmente recusados pelas nações próximas, afrontam dramáticos perigos nos mares do Extremo Oriente. Ao Governo brasileiro a entidade tem pedido que abra a esses desafortunados h·eróis as vastidões ainda inabitadas do território nacional. Ao Governo norte-americano tem ela s uplicado que aumente em toda a medida do necessário a sua ajuda para que os beneméritos fugitivos sejam acolhidos em naves norte-americanas e conrl 1zídos a portos de nações ainigas. Assim, esta Sociedade pede vênia para apresentar a Vossa Santidade o testemúnho d e sua profunda emoção ao tomar conhecimento da intervenção paternal de Vossa Santidade em favor daqueles infelii,es. E felicita respeitosamente a Vossa Santidade por esse gesto. Estou certo de que os Presidentes das Sociedades de Defesa da Tradição, Família e Propriedade e entidades congêneres, irmãs e autônomas, existentes na Argentina, Bolívia, Canadá, Chi· le, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Un idos, França, Uruguai e Venezuela se associam de todo coração a esta respeitosa e filial mensagem. E que se unem a mim p ara pedir a Vossa Santidade a Bênção Apostólicaº. mana, três barcos superlotados, impedidos de atracar, soçobraram, ocasionando os naufrágios centenas de mortes. Essas cenas dramáticas tornam-se freqüentes. Os passageiros do fiai Hong exibem faixas: "Nações Unidas. salve111-11os". Enquanto a ONU não tomava nenhuma providência prática, e com a ur_gência exigida pela gravidade dos fatos. a Unesco - orga nismo cultural daquela entidade inte rnacional - proc lamava e m Pa ris a

Em jogo no Irã a segurança do Ocidente AS AGITAÇÕES CRESCEM cm volume e violência no Irã (foto). O governo do Xá parece ter seus dias contados. E a eventual ascensão de um regime pró-comunista no Irã poderá determinar um desastre na economia do mundo livre. Sobretudo dos paises que não possuem petróleo. Página 3.

A VtR(;EM E o M ENINO - Gen1ile da Fabriano (séc. XV), Museu Nacional de Silo Ma1cus. Pisa

O Príncipe da Paz Plinio Corrêa de Oliveira O MUNDO CATÓLICO, e com ele, todos os povos da terra voltamse no dia 25 de deze,nbro para a manjedoura de Belém, a fim de adorar, cheio de fé, o Menino que aí repousa, ou admirar u,n acontecimento cuja explicação em vão se procura nas leis que rege,n os acontecimentos humanos. Na época en1 que vivemos, de ruínas materiais e catástrofes morais, o Natal surge como um ponto luminoso de esperança entre as nações que correm, tateando, inseguras, em busca de uma ordem que lhes assegure um bem-estar ainda não encontrado. Mas, infelizmente para a maioria dos povos, o Natal não passa de um desses símbolos que exaltam as energias momentaneamente, sem lhes incutir vigor novo e duradouro! Querem a paz, a concórdia, a felicidade, mas desejam que tud-0 isso lhes caia d-0 céu , ou brote da terra, sem a menor colaboração própria. O Menino Deus há de necessariamente dar-lhes todo o bem, não tanto pela reimplantação de uma civilização baseada nos princípios que Ele veio trazer à terra , como por um encantamento que

uniria inexplicavehnente todos os corações. Esse . Menino que adoramos reverentes e causa a admiração misteriosa aos que não O conhecem senão de non1e, é, sirn , o "Príncipe da Paz" (Is. 9, 6), que trouxe à terra , na suavidade de Sua pessoa, todo o bem, todo o amor capll'z de tornar feli zes universo inteiro e mil mundos, caso existissem! Mas essa Paz se condiciona a uma só coisa: os homens e as nações 'dcvem se submeter a Sua Lei, a Seu Evangelho. Eis a Paz que o Senhor Menino vei-0 trazer à terra. Paz para cuja i1nplantação devem colaborar todos - nações e indivíduos - com sua docilidade à Lei divina. Só estes -OS homens d e rea l boa vontade - gozarão da Paz que o Natal trouxe aos homens na terra. Fora disso, toda admiração pelo Menino Deus não passa de uma impiedade mais ou menos consciente, mais ou menos inconsciente. E para os ímpios não há paz. Oxalá as desgraças que os anos acumu lam sobre povos e nações os convertam para o Deus único e verdadeiro e a unidade da Fé torne perene realidade as a legrias do Santo Natal.

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A QUEDA DAS BARREIRAS MORAIS OM O TITU LO de "Moeurs: les nouvelles rêgles de la ,nora/e", publicado pela revista francesa "Le Poinr' (28/8/78), o interessante artigo ana lisa diversos aspectos da decadência dos costumes na França, entre eles a difusão do hábito de roubar por pessoas de vida e a_presentação aparentemente normais. "Pornografia, liberdade sexual, roubos "de luxo". Dissolução da célula familiar. Contestação da autoridade. Recusa de trabalhar. Reivindicações as mais diversas. Trapa· ças de todo o gênero. Celebração do vagabundo. A França parece of erecer. algumas veze.r. o e.rpetáculo de uma anarquia n,oral que desconcerta. E muitos hoje se perguntam onde está o bem, onde está o 111al. Ontem. ninguém duvidava. As regras eram conhecidas. determinadas, admitidas. Hoje, uma espécie de nevoeiro asesconde".

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LadrGes grl -flnos No que diz respeito aos roubos, cm vez de recorrer aos dados-numéricos sobre as transgressões, o artigo prefere relatar fatos que constituem exemplo das tendências existentes em diversos setores da sociedade. Eis a lguns tópicos: é fato notório que o roubo está se tornando uma prática cada dia mais difundida. "Se não fosse o risco de prisão constata um delegado de policia poder-se-ia perguntar quantas pessoas resistiriam à tentação". É portanto muito mais o medo q ue o escrúpulo o fator que retém a mão quando a ocasião se apresenta. Pode-se "roubar" nos bairros mais populares, mas também se "surrupia" nos quarteirões elegantes. Em outras épocas, ninguém hesitava em abrir seu apartamento para recepções concorridas. Certa-

ceram cm apenas um ano. Sem contar um bom número de lâmpadas de cabeceira.

Roubo por encomenda Outro teatro de operações é a empresa. Em uma fábrica de roi,pas cm Roubaix foram consta tados casos de roub.o. Declaração de uma empregada: "Se o patrão quisesse dispensar por roubo. ele deveria mandar en1bora três quartos dopessoal. Há um roubo sisten1á1ico toâos os dias co111 a cumplicidade das 1110ças. Se u111 artigo lhes agrada, elas tira111: chegam 111esmo II fazer e,u·ornendas entre si... " Esta colheita em grande escala noresce no calor dos supermercados. Neles o roubo triplicou em 10 anos. Os a utores de tais furtos são cm sua maioria adultos, 73%, contra 27% de adolescentes com menos de 17 a nos. "Entre eles se encontram pessoas de todas as categorias sociais - declarou um detetive. Mes1110 Padres, educadores e. vez por outra, u111 advogado". Em Chartres, uma grande loja constatou q ue sete dos seus cinqüenta e mpregados eram responsáveis pelo desequilíbrio financeiro observado em sua contabilidade.

Consciências viciadas O mais espantoso é que esses lad rões procuram justificar s ua maneira de agir. Seus argumentos indicam o espirito de nossa época. O advogado surpreendido pelo detetive declarou: "E daí? Isto é normal. O problema agora é seu". Descobertos, os empregados da loja de Chartres manifestaram um espanto e ntristecido; eles não tinham a impressão de haver cometid o um de)ito nem compree ndiam como a direção do esta-

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ta _que se propaga em todos os meios. O mesmo problema verifica-se nos Estados Unidos onde o hábito de roubar talvez seja ainda mais difundido que na França.

Cr$ 800 bllhltes por ano! No sugestivo artigo: "De dentro e de fora: 111110 onda de crimes de 40 bilhões de dólares inunda as e111presas an,ericanas", a revista "U. S. News & World Repor/'' (21/ 7/ 77) publicou dados impressionantes, seja pelo elevado núme ro, seja pe lo teor dos relatos. Firmas de todos os tamanhos, desde as pequenas lójas até g igantescas empresas industriais, foram lesadas por. criminosos, de dentro e de fora, que sugam dinheiro e mercadorias no valor de quase 40 bilhões de dólares por ano, o que corresponde à soma fabu losa de 800 bilhões de cruzeiros. Isto representa cerca de 185 dó'lares (cerca de 3.700 cruzeiros) por cada homem, mulher e criança nos Estados Unidos. Ou seja, é como se cada habitante roubasse aquela quantia por ano. Nenhuma empresa está livre de ser roubada por seus fregueses ou pelos seus próprios e mpregados. A senda do crime vai desde os galpões de saída de mercadoria até as suites dos executivos. Só em 1975 a policia recebeu denúncia de dois milh ões de casos de roubos em lojas. Porém o número real deve ter sido pelo menos o dobro. pois muitos não são detectados e outros não sãof,denunciados. Funcionários m órgãos-de segurança estimam q ,e 9% de todos os empregados rouba ·com regu la ridade. A Comissão Presidencial sobre o Crime afirma que 20% dos produtores considera m que o roubo de matéria-prima, equipa mentos e produtos manufaturados pelos seus empregados é um problema importante que aumenta a cada dia. Os resu l· tados podem ser devastadores. Por exemplo: - De acordo com estatísticas de companhias de seguros, 30% das fa lências decorre de roubo interno. - A fraude é um fator preponderante nas perdas que levaram ao fechamento cerca de 100 bancos, num período de 20 anos. - Muitas firmas comerciais perdem 50% de seus lucros devido a uma '"retração de estoque", geralmente considerada como roubo. Em conseqüência, o preço das mercadorias sofre um acréscimo de 15%, passando assim os custos para o consumidor.

Onde Irã parar?

lllld1 pollcl1I ~ m Paris. - o, lldrOes comuns começam a ficar ultrap1uado1 peta ae,11rallz1çlo do rotOllo III sociedade.

mente havia estragos, porém nada de grave. Atualmente, em reuniões sociais de pessoas de educação supostamente esmerada , ocorrem furtos e depredações. Bibelots, objetos de arte, lembranças de família, nada escapa à sanha dos amigos do alheio.

Bandejas voUitels... Dois exemplos recentes: A familia A ... abriu os salões de seu castelo P!lra uma recepção. Ba ndejas de prata circulavam. Ao fim da noite elas se haviam volatilizado, da mesma maneira que os "petitsfours" que transportavam. Em casa da familia H ... foram os relógios d e coleção, em ouro e prata, que mereceram a preferência dos convidados. Os hotéis evidentemente não escapam à devastação. Em um famoso hotel de luxo, o "Pa lace" de Bcauville, duzentos cobertores desapare2

bclecimcnto pudesse apresentar queixa. O sentimento de culpa se apaga quando a pessoa lesada é anônima. Outro argumento "justificat ivo" de roubo é a ºrecuperação" ou a Hreparação de uma injustiça". Assim, poderão eles dizer que são vítimas de uma sociedade fundada sobre o lucro, que a umenta os preços artificialmente e que os explora. Como exemplo, o raciocínio de uma das empregadas da fábrica de roupas de Roubaix: "Os artigos prontos cus1an1 de 90 a 150 .franco.t. enquanto nosso salário é de l .700 francos por mês. Com isto. janwis podería,nos comprá-los. Então as moças não hesitam 11111 segundo. Elas dizem: "Não se ganha 111ui10 ,nas. pelo menos, vestilnos nossas crianças''. A tentativa de j ustifica r os furtos, alega ndo que eles são resultado de uma reação de defesa contra uma sociedade capitalista e exploradora, torna clara a mentalidade coletivis-

Delitos desse gênero estão aumentando cm cerca de 10% ao ano. Processos contra os funcionários aumentaram cm cerca de 100% nos últimos quat ro anos. Os desfalques, antes pouco freqüentes, subiram qua'Se 70% desde 1971. Lojas e escritórios foram arrombados mais de 930 mil vezes em 1975, segundo informação do FBI. O comércio varejista relacionou 546 mil casos de furtos cm lojas no mesmo ano. Numa pesquisa feita cm uma casa comercial de Nova York, 500 fregueses, tomados ao acaso, foram seguidos e observados. Um em cada doze foi visto roubando. Um grande número de furtos só é revelado pela retração do estoque o u em falência j udicial. O comércio varejista, alvo favorito dos larápios, esti ma em 7,3 bilhões de dólares sua perda por roubos. A Associação Nacional do Comércio Varejista informa que 45% das mercadorias roubadas vai para as mãos de empregados desonestos; 35% é levado pelos compradores nas lojas e o restante é abribuído a erro de contabilidade. Supermercados de alimentos, por

sua vez, afirmam perder I bilhão de dólares cada ano por roubo. Roubos de hotéis e motéis foram estimados cm 500 milhões de dólares em 1976. Os empresários do ramo já contam que um de cada três hóspedes ro uba a lguma coisa. Ma is de 11 mil casos anuais de desfalques bancários e fraudes de parte dos usuários são registrados por a utoridades federais. Os delitos vão desde o roubo de d inhci,·o pelos caixas a té empréstimos fraudulentos. e nvolvend o milhões de dólares. Embora as" autoridades judiciais e especial istas prevejam um agravamento da situação, as punições contra tais crimes são cm geral leves. Além disso, os próprios empresários tendem a considerar o roubo praticado por funcionários como '"norma l". Muitos relutam cm processá-los. Geralmente uma simples demissão é solicitada ao autor do roubo. Enquanto ta l mentalidade perdurar. ao lado da brandura com que

a legislaçáo trata os cu lpados, as empresas continuarão a ser a galinha dos ovos de ouro dos funcionários sem escrúpulos. Note o leitor que não se trata de ladrões "profissionais'', marginalizados. cla ndestinos, mas de pessoas que levam uma vida comum: empregados d e escritórios, de f,\bricas, profissionais liberais etc. Em última análise, o homem da nrn, a mãe de familia, a criança do bairro. A tal ponto o mundo moderno destruiu nas pessoas a noção de pecado, os limites entre o bem e o ma l, a verdade e o erro, a beleza e a feiura, que a violação das normas de moral mais elementares não lhes causa mais nenhum problema de consciência.

Ou seja, passamos a viver nvma sociedade neopagã, d iametralmente oposta aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

MURILLO GALLIEZ

Arvore nascida do t6muto: lmpruslonante llçlo dlwlna.

E a árvore nasceu do túmulo ... QU EM VISITA o cemitério . túmulo de espesso mármore. E de Tewin, a meio hora da esta- todos a esqueceram. ção de King's Cross, em Londres, Esqueceram-na , mas não inadmira-se ao ver quatro troncos teiramente. Pois, certo d ia, a laje gigantescos que se erguem direta- de mármore de s ua sepultura foi mente de um túmu lo destroçado encontrada fora de sua posição. pela planta, na qua l se encravam Os pedreiros fixaram-na d e novo. ferros retorcidos. firmemente, no lugar, e a deixaO que teria determinado a ra m, julgando estar segura . vitoriosa sobrevivência daquele Algum tem po depois, o pesavegetal, aparentemente contrarido mármore pendeu levemente ando todas as leis da natureza? A explicação, encontramo-la para um lado, e no meio apareem "The Book of Knowledge" ceu uma rachadura, da qual ir(Tlw Educational Book, Londres, rompia um tenro e pequenino 1921) onde se narra a história de maço de folhas. A rachadura foi uma dama inglesa que viveu no fechada com cimento e a laje recolocada em seu lugar. Poré m, século passado. Ei-la. mais uma vez o mármore foi levantado, a rachadura reapareceu mais abcJ'la do que anteriormente, e o peq ueno ramo de uma Em sua mansão em Hertford- p la nta apareceu. shire, Lat!y Anne Grimston agoRea lizados os reparos, o túniza. mulo recebeu o reforço de barras Mulher orgulhosa e obstina- de ferro cobertas de cimento. da, gozou como pôde de suas ri- Mas o arbusto prosseguiu seu que1.as, terras e amizades na vida curso, partind o cm duas partes a social, sem se preocupar com coi- laje, destruindo as paredes da sesas mais importantes, que não pe- pultura e expelindo a armação de recem. ferro. A Sr.• Gri mston acreditava Hoje, saindo do coração da que, com s uas amizades e bens, sua vida terminaria para sempre sepultura da Sr.• Annc Grimston , com a morte. Negava assim a e ncontra-se uma das maiores árvida eterna a que estão destina- vores da Inglaterra, com seus quatro troncos nascidos de uma das todas as a lmas. As pessoas de s uas relações só raiz. As pesadas barras de fertentaram convencê-la do contrá- ro foram envolvidas pela árvore e rio, ruas a Sr.• Grimston, orgu- não podem ser movidas. O mármore da sepultura se desfez em lhosa e incrédula, disse-lhes: "Não terei outra vida. É tão pedaços e o que restava do túmuinverossín,il que eu ressuscite pa- lo de Lady Grimston não passa ra outra vida, co1110 que unia de um monte de pedras fragmenárvore venha a crescer de ,neu tadas e de barras retorcidas. corpo". E a frondosa árvore manifesta E Lady Grimston morreu eo- ali, de modo impressionante, a mo tinha vivido, sem o conforto majestade de Deus, q ue com simdaqueles que esperam em Deus. plicidade redu,. a ruínas qualSeu corpo foi enterrado cm um quer orgulho humano.


CRISE NO IRÃ, AMEAÇA AO MUNDO LIVRE o xa (& direita) e o chefe do governo,

general Azharl (à esquerda), cometem erros que f avorecem aeua opoaHorea

para o equilíbrio estratégico ocidente-oriente.

ESD E J ANE IRO. a crise no Irã começou a avolumar-se, e a pa rtir de então o pais vem send o sacudido por distúrbios cada vez mais violentos. A a ntiga nação persa limita-se com o Iraque, a Tu rquia, a Rl1ssia, o Afganistão e o Paquistão, ocupando importa nte posiçã o geopolítica no sudoeste as iático. Com seus 35 milhões de habitantes, ocupa uma á rea de 1.648.000 km2. O Irã e'a A rá bia Saud ica controlam o Go lfo Pérsico e são forneced ores da maior parte do petróleo consumido nos países ocidenta is. Por isso. o caos ou um regime a nti-ocidental que se estabelecesse naquele país colocaria cm perigo o equilíbrio mund ial. O Irã é, ao mesmo tempo, o q ua rto produtor de petróleo do globo e o segundo ex portador da OPEP. A econo mia ira niana baseia-se quase exclusivamente nos 22 bilhões de dólares &rrccadados anualmente com as ex portações petrolíferas, a maior pa rte delas destinada aos Estados Unidos e à Europa.

D

Em 1972, a ad ministração Nixon decidiu vender ao Xá Rc1.a Pah levi todos os 'equipamentos militares clássicos de que e la necessitava . Desde aquela data, o pais comprou mais de 12 bilhões d e dólares cm armamentos. Contratos de outros 7 bi lhões estão cm a nda mento. O Irã é o primeiro cliente no mercado internaciona l de arma mentos. Um terço de suas despesas públicas atua lmente destinam-se à compra de armas no exte rior. O exé rcito ira nia no está cm vias de se torna,· o qua rto ou qu into do mundo. A força aérea daquele p.iis asiático possui mais de 450 aviões de combate, a mesma quantid.ide q ue a Fra nça. O exército conta com 11O ta nques ingleses e america nos, duas vezes mais que a França. A marinha está ainda pouco aparelhada. mas já foram feitas gra ndes encomendas nos Estad os Unidos, A lemanha Ocidenta l e Paises Baixos. O o bjetivo do Xá é contar com 300 tanques, 700 aviões de combate e 60 navios de guerra. Esse poderio é mantido, a tua lmente, po r cerca de 30 mil técnicos e mi lita res norte-americanos. Por tudo isso, a insta lação de uma república islâmica com o apoio do Toudek, partido comunista iraniano, tra ria sérias COf!SCqüências

futuro do Irã depende da lealdade das Forças Armad as ao soberano persa. A situação não perm ite, por ora, prever q ua l será o desfecho da crise q ue abala aq uela nação.

Cerca dê 98% da popu lação do Irã é muçulmana, sendo que 93o/o filiam-se à seita xiita do isla mismo. No mo mento, o maior e mais perigoso inimigo do Xá são muçulmanos fanatizados pelo an1i-ocidcntalismo da aha hierarquia xiita, constituída pelos "yatol/(l/is e m1tllahs. chefes religiosos e "teólogos" do Islã. O mais veemente contestador do regime, o (lyatollah Khomeini, estabeleceu seu quartel-general em Paris. Expulso do Irã, h{, 15 anos, continuou, da França, a dirigir as manifestações contra o governo iraniano. K homeini e o líder da Frente Nacional, Karim Sanjaby, declararam que vão continuar pressionando o Xá e <1uc nenhum acordo será negociado com o governo, até que seja insialada uma república islâ mica no país. Tal república visaria e liminar a inOuência que o Ocidente exerce sobre a cultura e a civilização persa. O ")'atol/ah Khomeini, cm uma de suas entrevistas à imprensa na capital francesa, ao ser interrogado sobre as relações de seita xiita com os grupos marx istas, permaneceu calado. Silêncio cúmplice. mais cloqiien1e do que <1ua lquer declaração. O próp,·io Xá adverliu que uma event ual tra nsformação no Irã, nos moldes propostos pelo chefe xiita, seria a causa da descstabi li1.ação de lodo o sudoeste asiático. Na realidade. não é difícil vislu mbrar a atuação soviét ica como o agente pri ncipal da revolta promovida pela aliança e nt re os esquerd istas e o hicrarca xiita.

Pa ra os russos é preferível u m 1rã tumultuado. a um regime forte antimarxista, com assento na Organi zação dos Países Produtores e Exportadores de Petróleo (O PEP). A atual crise gerada por fato res internos, coadjuvada por agentes externos soviéticos, transformou-se numa disputa de iníluênci.a s e de interesses q ue d ivide capita listas e comunistas. ~ inegável a possibilidade de q ue a R ússia, por meio da subversão interna e da pressão e xterna, venha a dominar uma região que é a âncora da política das potências ocidenta is no s udoeste asiático. No dia 10 de novembro. circularam no ticias sobre concentração de tropas soviéticas cm manobras, ao lo ngo das fronteiras entre os dois países. apa rentemente por precaução, d iante da possibilidade de um agravament o da situação. Caso o governo do Xá venha a ser s ubstituído por um regime muçulmano. aberto à inOuência soviética, 1a1110 o Ocidente qua nto a NATO sofrerão um sério revés. O Irã tem uma fronteira de quase 2 mil qui lómetros com a Rússia e mantém com esta relações amistosas. São muitos os em preendimentos realizados cm conjunto pelos dois pa íses. entre os q uais um impo rta nte gasoduto que abastece os soviéticos. Três refinarias fornecem à Rússia 30 mi lhões de metros cúbicos diários de gás natu ral. Os recu rsos petrolíferos do Irã representa m o principal elemento Devido ao agravamento da si- neste xadrez estratégico. Segundo o tuação c m toda a nação ira niana, no consenso de peritos da NATO. a d ia 6 de novembro passado, a chefia R ússia passará a depender de imdo govern o foi entregue ao coma n- portações de petróleo na próx ima da nte do Estado-Ma io,· das Forças década. Armadas. general Gholam Re1.a Em entrevista ê't revista norte· Azhari. que formou um gabi nete americana " Newsweek '\ o próprio consl it.uido quase exclusivamente de Xá destacou que, se a monarquia for militares. abolida e c m seu lugar implantad a Milhares de manifestantes esquer- uma república islâ mica socia lista. d istas, sobretudo na capita l, inves- como deseja o chefe xiita ayato lloh ti ram contra edifícios públicos, em- Khomeini, o Irã poderá se transforbaixadas. hotéis, bancos, lojas e veí- mar rapidamente num outro Libaculos, transformando Tcerã numa no. O pa is seria d ividido e pa rte de cidade insuportável. Os danos e seu território tra nsformado cm no va preju ízos ma teriais causados pelos república soviética. desordeiros foram incalculáveis. Referindo-se à estratégia russa Uma greve dcOagrada nas refina- na região, o sobera no persa ressalrias para lisou por vários dias a pro- tou q ue o golpe no A fganis1ão dução petrolífera. No momento, o que colocou no poder um governo pl'ó-soviético - corresponde à segunda fase de uma gigantesca ação de envolvimento, cujo objetivo fi na l Junto com os comunistas. o "al etollatl'' é o controle do Golfo Pérsico e das Khomelnl chefia a oposição ao XA. o Corao rotas de petróleo pa ra a Europa Ocia serviço da foice a do martelo. dental. Estados Unidos e Japão. A primeira fosc ocorreu há um a no, qua ndo os soviét icos enviaram mais de um bilhão de dólares cm armas para a Etiópia. Conclui o Xá Reza P.ihlcvi advertindo que os conflitos na região - eonseq(iência inevitável d a implantação de um Estado socia lista - poderiam ser o csio pim de uma tercei ra guerra mund ial, o u rep resentar o co lapso do mundo ocidental diante do bloco subjugado pela Rússia.

CARLOS SODRI: Embaixo: fisionomias roflellndo Odlo de manifestantes esquerdistas em Teerli.

LANNA

O desastre ferroviário O LEIT OR pe nsará que se trata de uma colisão monume ntal entre do is trens expressos e m meio às Oo rcstas da T anzânia ..: Centenas de mortos, milhões de cruzeiros em p rejuízos... Prejuízos, certa mente os houve. Mortos, não. Porque não ocorreu nenhu m choque. O que aconteceu e ntão'?

Há cinco anos, a O NU decretou boicote geral contra a Rodésia, com o objetivo de derrubar seu atua l governo. A pressão fez com que vários países a fricanos fechassem suas fronteiras com a Rodésia. O boicote revelou-se ineficaz, 11orque a Rodésia e ncontrou na África d o Sul um poderoso aliado contra as pressões internac ionais que se lhe faziam e os violentos a taques terroristas lançad os contra seu te rritório. Entreta nto, a Zâ mbia, o viz inho d o norte, fo i o pais mais atingido pelo e mbargo. pois utilizava estradas de ferro rodesianas para, atra vés dos portos s ul-africanos, ex portar o cobre, sua principal fonte de divisas.

da de ferro vieram da China continental. Os "expressos" são de um anacronismo espantoso. Correm a uma velocidade máxima que faz lembrar o carro de boi ... 40 km horários! Reconheçamos que se tra ta de um récorde, pelo menos se compararmos com as épicas locomotivas de Stephenson, que há mais de cem anos causavam furor na Inglate rra. Os confortos proporcionados pela ferrovia chinesa deixam bastante a desejar. As toilettes estão constantemente imundas, os vagões, além de apresentarem bancos apertados, não têm sistema de ve ntilação em funcionamento razoável. No carro restaurante, o cardápio oferece apenas duas opç ões: fra ngo e a rroz ou arroz com frango... O estoque de bebidas termina uma hora depois de o trem deixar Dar-es-Salaam. Mas ningué m parece preocupa r-se muito com isso. Os pass ageiros trazem consigo caixas de bebidas, imensos cachos de bananas, pão e outros suprimentos. Sem falar nos inevitáveis transistores, irradiando est ridentemente uma cacofonia de tambores e guitarras.

O feitiço virou-se contra o A travessia pelo interior da feit ice iro. A economia d e Zâmbia África prossegue. Três horas após deteriorou-se em pouco tempo. a partida, uma parada imprevisMilhões de toneladas de cobre ta. A locomotiva acabara de maa mont oavam-se à espe ra de uma tar uma girafa que saira da sasolução q ue não e ra fácil d e e n- vana. O acidente ocasionou uma contrar, uma vez que a saída para hora de reparos nos freios. o ma r estava bloqueada. O "expresso" chega finalmenApa rece ram então os comu- te à estação terminal com I I honistas chineses. Pres tativos. Pre- ras de atraso. te ndendo-se eficíentes. E propuA Zâmbia, e nquanto isso, conseram resolver o impasse. Cons- tinua com sérios problemas para tru iriam uma longa estrada de o . transporte de cobre. Antes da ferro q ue, saindo de Zâmbia, construção da ferrovia ·•,nade i11 a travessaria a limítrofe Tanzânia, red China", 100 mil toneladas indo terminar no porto e capital daquele minério aguardavam emdesta, Dar-es-Salaa m. barque. Hoje a mesma quantidaEm troca, os chineses teriam de permanece em estoque. A um enclave na África, re presenta - TANZARA nada resolveu: E, redo pe la ó bvia inOuência que exer- portando-nos ao adágio popular, ceriam nos rumos d os dois países "t1tdo está como dantes 110 q1tarbeneficiá rios da ferrovia. 1e/ de A bra111es"... Aceita a proposta, do is mil Para tirar a economia de seu técnicos chineses trabalharam na país do caos, o presidente da co nstrução da estrada de ferro Zâmbia recorreu finalmente a o que recebeu o nome de TANZA- bom senso. Ignorando o boicote RA (Tanzânia-Zâm bia Railways). estabe lecido pela ONU, reabriu Em 1976 a ferrovia foi inaugura- as fronteiras com a Rodésia, retoda. mando a antiga via de exporÉ interessante pois saber se os tação. problemas d a Zâmbia foram reZâmbia e Tanzânia poderão solvidos, como ta mbém conhecer agora "restaurar" a TANZARA, a "perfor,11a11ce" da TAN ZARA, essa espandongada ferrovia de dois anos depois de concluída sua apenas dois anos de existência. cons trução. Os chineses acabam de renovar o Segundo o correspondente da contrato de manutenção da co mrevista a me ricana "Ti111e", que fez panhia ferroviária por outro peo longo percurso num trem da ríodo de dois anos. A única dúvie mpresa , a TANZARA é um da que paira é, se até lá, os trens da tra mbolho e constitui um dos T ANZARA ainda conseguirão se maio res fracassos ferroviários até mover mesmo na vc\ocidade paagora conhecidos. As locomoti- chorrenta de 40 km por hora ... vas, vagões e todo o material utilizado na construç.ã o da estraRENATO VASCONCELLOS

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FELISBERTO, A SOCIOLOGA ~ OS DIREITOS DOS ANIMAIS ...::;..;.

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FELISBERTO É U M homem bom. Saudável, alegre e trabalhador. Sente-se feliz com sua numerosa prole - 10 filhos - que educou com solicitude e firmeza. No minúsculo lugarejo do interior da Paraíba, onde cultiva um pequeno sítio, todos o conhecem e o querem bem. Seus hábitos são estáveis como s ua personalidade. Desde há muito Felisberto acostumou-se a acordar com o trinado melodioso de seus canários. Quem estiver nas redondezas poderá vê-lo, invariavelmente, às 5:00 hs da manhã sair montado num burro, para o trabalho. A tarde, de volta à casa, gosta de perder-se longamente na contemplação da policror.n ia luminosa que o pôr do sol, no campo, costuma oferecer. Também não dispensa a saborosa fritada de lambaris - pescados po r seus próprios filhos no riacho que corre nas proximidades - . seu prato favorito. Certo dia, um sábado, saindo para fazer compras, Felisberto depara com estranho reboliço na vila.

Encontravam-se no local dois personagens esquisitos. Um casal, jovem, com aparência de estrangeiros: ele, alto, magro, olhinhos movendo-se agitadamentc no meio de vasta cabeleira loira. A mulher, trajando espalhafatosas pantalonas, falava continuamente - com timbre de voz mais próprio a um homem - e deixava transparecer por trás de forçada amabilidade, olhos felinos e fisionomia rubicunda. - Como sociólogos, dizia ela, estamos empenhados em trazer avocês as conquistas da vida moderna. E puxando um caderninho pôsse a fazer perguntas aos circunstantes, anotando nervosamente as respostas: - De que vive m? Lutam pelos direitos? Pela justiça social? Pela igualdade? São explorados? Felisberto, percebendo logo de que gênero de agitadores se tratava, dispunha-se a retomar seu caminho quando ouviu uma última pergunta: - Como tratam nossos companheiros, os a nimais?

- Bolas! exclamou, voltando-se bruscamente. Só faltava agora vire m falílr de "justiça social" para os bichos ... - Não se assuste - respondeu a "socióloga'' com voz meliflua e ar zombeteiro. Vocês não estão habituados ao sopro das idéias novas. A Uncsco, órgão científico das Nações Unidas (ONU), descobriu que os a nimais. como os homens, têm direitos. Direito à vida, à liberdade. ao repouso e a serem bem tratados e a limeniados. Deseja a Unesco além disso, que ta is direitos sejam defendidos por leis. Para isso divulgou recentemente, cm Paris, uma Declaração Universal dos Direitos dos Animais. Eu a tenho aqui. Ouçamna!

E tirando do caderninho um re.corte de jornal, pôs-se a lê-lo cm tom magistcrial. (Ver a declaração ao lado). Feli~bcrto, pensando nos seus belos caná rios engaiolados e nos apetitosos lambaris, tr-,uava de afastar-se ral(idamente d izendo de si para consigo: - A ser verdade o que diz esta mulherzinha. se meu jumento empacar agora, sou eu quem terá d e carregá-lo até a cocheira. Pois nenhuma lei o obriga a respeitar meus direitos de dono, e eu, pelo contrário, estaria obrigado a respeitar seus "direitos" de bicho, dando-lhe a sueulentc ração costumeira. É tão louco tudo isso ... e no entanto, a conversa dessa la biosa socióloga me deixa embarçado, pois e u não sei como provar o contrário.

RESPONDENDO A SOCIOLOGA - NÃO SE AFLIJA , Felisberto. A doutrina católica lhe oferece o esclarecimento que deseja. Recorde s uas aulas de catecismo ...

• • • O homem, os animais e as plantas são seres vivos. Neles encontra -se o fundamento misterioso da vida: o ºprincípio vital". E ntretanto, som en-

a planta "sentiu" o frio na acepção da sensibilidade animal, mas por um conjunto de reações biológicas e químicas, que comunica a planta, por vezes, a aparência da sensibilidade.

Se o animal tem direitos, o homem não tem alma e Deus não existe

Assim, não tendo consciência da te o homem possui alma espiritual. Aquilo que, em certo sentido, se po- própria existência, o anima l ou a deria chamar a "alma" do bicho ou planta não podem ser detentores de da planta, confunde-se, nestes, com direitos. Com efeito, direito é uma o "princípio vital", e não se distin- prerrogativa exclusiva do ser raciogue da matéria. Desaparece, pois, na 1 capa 1. de compreender a si e ao com a morte do organismo a nimal universo que o cerca. Fa lar pois cm ou vegetal. O animal - e com maior direitos do animal é afirmar que a razão a planta - não tem, pois, cond ição de ser inteligente aão situa alma espiritual. Em conseqüência, o homem incomparavelmente acima não têm e les consciência de nada. do bicho, o u seja, é igualar o hoSequer têm consciência de que existem. O animal vê, ouve, sente, mas não entende o que vê, ouve ou sente. Se um boi, por exemplo, o lha um palácio não é capaz de compreender no quê este se distingue do estábulo, do matadouro, ou de um pato desengonçado caminhando pelo campo. Sua retina é impressionada pelo o bjeto quase à maneira de uma chapa fotográfica que registra pura e simplesmente a imagem. A mesma coisa pode-se d izer da sensibilidade do an.imal à dor. Seu organismo a sente, mas ele não a conhece. Não tem consciência de que a está sentindo. portanto, um sentir muito diverso do sentir do homem. O sofrimento é o padecimento da dor, acompanhada da noção intelectiva desta. Neste sentido só o homem é capaz de sofrer. O animal não o é. Quem quiser ter uma noção aproximativa da "dorH do animal, imagine um homem profundamente adormecido por efeito de drogas, a quem mem ao animal; é negar-lhe, pois, a se aplicam golpes. Seu organismo alma imortal e o destino eterno. Na pode reagir com movimentos e con- afirmação de que o animal tem ditorsões, mas são reações puramente reitos, está uma implícita, mas radiorgânicas. Não se pode propriamen- cal afirmação de materialismo e te dizer que ele sofra. A dor "senti- ateísmo. Aliás, princípio básico do da" pelo animal é ainda inferior a sistema marx ista e comunista. esta, assim figurada, mas guarda certa a na logia com ela. Os animais foram criados A planta tem, por sua vez, um para o homem grau de vida inferior à do animal. e este para Deus Não há nela sequer a sensibilidade. Quando uma folha murcha e seca, Deus, ao criar o universo, criou por efeito·do inverno, não é porque todos os seres inferiores ao homem.

cm ordem. e para o serviço deste. E fez o homem a Sua imagem e semelhança (Gen. 1, 26). Estabeleceu ainda q ue os seres superiores se sirvam e se alimentem dos inferiores. Assim, está na ordem da criação que as plantas suguem os minerais, e deles se a limentem. Que os animais se alimentem das plantas. ou de o utros animais. Constituem exceção - e seria monstruoso se fosse a regra geral - as chamadas ''plantas carnívoras", que assimilam insetos nelas presos por resinas. que tais plantas segregam. Está a inda na o rdem natural que o homem se sirva dos minerais. vegeta is e an imais, ordenadamente, para sua alimentação. serviço ou j usto entreteni mento e adorno. A natureza de tais seres está perfeita-

PROPOSTA PELO Dr. Georges Heuse, secretário-geral do Centro Internacional de Exl?erimentação de Biologia Humana, a Unesco proclamou, em Parrs, no dia 15 de outubro últirno, a "Declaração dos Direitos dos Animais", transcrita abaixo. Tal declaração, segundo informa o "Giornale Nuovo", de Milão, de 13 de outubro último, foi lançada em Londres no ano passado. Vem de receber agora significativa consagração em Paris, e deverá ser submetida à Conferência Geral da Unesco em 1980 para ser aprovada sob forma de resolução daquele congresso internacional. Posteriormente será levada à Assembléia Geral das Nações Unidas, com o objetivo de que seja transformada em lei para todos os países, até o fim do século. Em recente sessão da Asse111bléia Geral da ONU, o primeiroministro da pequena ilha de Granada, Sir Eric Gairy, ocupou a tribuna para defender os "direitos" dos animais selvagens, dos bichos de estimação, dos répteis, dos pássaros, e até das plantas e flores. Em seguida, o orador fez o enigmático pedido de que a ONU se ocupe dos discos voadores. A declaração dos "direitos" do animal consta dos 14 artigos seguintes: Art. t.0 - Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência. Art. 2.0 - O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais, ou explorá-los violando este direito. Art. 3.0 - Todo animal tem direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem. Art. 4.0 - Todo animal pertencente a uma espécie selvage.m tem direito a viver livre em seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático, e tem direito a reproduiir-se. Art. 5.0 - Todo animal pertencente a uma espécie ambientada trad icionalmente na vizinhanç,i do homem tem direito a viver e crescer no ritmo e nas condições de vida e de liberdade que forem próprias a sua espécie. Art. 6.0 - Todo animal escolhjdo pelo homem para com panheiro tem direito a uma duração de vida correspondente a sua longevidade natural. Art. 7.0 - Todo animal utilizado em trabalho tem direito à limitação raioável da duração e da intensidade desse trabalho, à alimentação reparadora e repouso. Art. 8.0 - A experimentação animal que envolver sofrimento fisico ou psicológico é incompatível com os direitos do animal, quer se trate de experimentação médica, científic~ , comercial, ou de qualquer outra m odalidade. Art. 9.0 - Se o animal for criado para alimentação, deve ser nutrido, abrigado, transportado e abatido sem que sofra ansiedade ou dor. Art. 10.0 - Nenh um animal deve ser explorado para divertimento do homem. Art. 1t.0 - Todo ato que implique a morte desnecessária de um an imal constitui biocídio, isto é, crime contra a vida . Art. 12.º - Todo ato que implique a morte de um grande número de animais selvagens constitui genocídio, isto é, crime contra a espécie. Art. 13.0 - O animal morto deve se,r tratado com respeito. Art. 14.0 - 1) Os organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem ter representação em nlvel governamental. 2) Os direitos do animal devem ser defendidos por lei como os d ireitos humanos. do cavalo quando lhe serve de meio de transporte.

E licito, então, maltratar os animais? A doutrina católica condena a crueldade contra animais. Matar inutilmente um animc1I ou ma ltrat{a·

lo sem razão constitui prática reprovável, não porque fira pretensos direitos do bicho, mas porque ofende a Sabedoria de Deus criador e a própria natureza racional d o homem. Com efeito, ú que Deus fez, o homem não pode, sem justa razão, destruir o u lesar. Um menino praticaria um a to louvável prendendo com as necessárias condições de sub-

--

e.

4

Declaração dos direitos dos animais

sistência -

mente bem atendida quando eles são postos, assim, a serviço do homem. A natureza de um pintassilgo está bem a tendida qua ndo este é preso na gaiola para distrair o homem com seu canto. O pássaro solto na floresta nlí<' "se realiza" tão perfeitamente quanto canta ndo para o homem. Isso porq ue os o utros animais, nem o próprio pintassilgo são capazes de entender seu canto; e o homem o é. Do mesmo modo a natureza do frango está atendida quando este serve de a limento para o homem. e a

um passarinho numa

gaiola, para se encantar com seu gorgeio. Pecaria , e ntretanto, contra o 1. 0 Mandamento - que manda a mar a Deus sobre todas as coisas se estrangulasse o bicho sem necessidade. Pecaria. aliás, pela mesma razão, quem quebrasse intencionalmente e sem motivo um belo vaso de cristal, ou cx1inguissc uma boa tradição. Isso porque aquilo que existe retamente e é bom não deve ser destruído sem grave motivo. Nosso Senhor Jesus Cristo assim nos ensinou quan· do disse: ·· Não julgueis que vim destruir o lei e os profetas .. (Mt. 5, 17). E citando a profecia que dEle fizera Isaías: ''Ele 11ão quebrará o arbusto portido, nem (1pagor(i o ,necha que ai11da Jiunega .. (M t. 12, 20). Mas, se é ação reprovável maltratar um cão, é igualmente conde-

nâvel dedicar a este uma estima ou um trato desproporcionados. Num e noutro caso estaria o ho mem ofendend o a Deus e degradando-se pela prática de atos que a reta razão repudia. E todo o homem tem a obrigação de agir sempre de acordo com os ditames da razão e da Lei na~ tural. inseridos em sua n:uurci.a racional pelo Criador.

• • • Felisberto, alegre por acha r a explicação doutrinária que procurava, até desejaria reencontrar a imperti·

ncnte socióloga, pois desta vez. pensava e le. a história seria outn1. .. Entretanto, inesperadamente, unn subtil objeção assalta seu espírito, enquanto. ao trote cadenciado do asno. dirige-se de volta a casa: - É fora de dúvida, uma loucura. esta história de direitos dos animais. Mas a isso não se pode negar uma boa dose de bondade. Exagerada . é verdade. mas enfim ... reconheçamos, é a desprevenida e doce bondade que caractc1·i111 nosso-século.

• • • A pacata vil.i de Fe lisberto não é rapidamente atingida pelos modernos veícu los de comunicação. Compreende-se pois que e le esteja muito pouco informado. O que pensaria nosso personagem se conhecesse as noticias que .,Catolicis,110" a presenta na página ao lado? Continuaria a julgar q ue uma "doce bondade caracteriza nosso século'"!


O DRAMA DOS REJEITADOS NO MAR AGITADO, um pequeno barco pesqueiro, de madeira, luta por alcançar uma ilha em território malaio. Sua carga excede de muito a que, normalmente, a embarcação comportaria: 254 pessoas, entre as quais mulheres e crianças. São fugitivos do Vietnã comunista, que preferem arriscar tudo, inclusive a vida, a viver sob a escravidão vermelha. Mas a braveza do mar não é a única dificuldade para o pequeno barco. Ele se acha em águas estrangeiras, e sua "cargaº é ali indesejável. Na tentativa de aportar numa ilha na costa da Malásia, os vietnamitas são perseguidos pela. polícia marítima desse pa,s, CUJO governo se nega a receber mais refugiados, pois ali já se encontram 40 mil fugitivos do comunismo. Superlotado, perseguido e enfrentando as ondas, o barquinho se desgoverna e bate num banco de areia junto à foz do rio Trengganu. Emborca em seguida, despejando no mar os infelizes fugitivos. Das margens, uns poucos malaios assistiam o drama. E apiedando-se dos náufragos, sal-

.

varam algu ns, levando-lhes câmaras de ar. Porém, das 254 pessoas, apenas 53 saíram com vida. Não longe da li, no porto de Klang, proximo à capital da Malúsia, o utros 2.506 fugitivos viviam análogt' drama: apinhados no cargueiro " Hai Hong", famintos, doentes e desesperançados. aguardavam há mais de uma semana autorização do governo para desembarcar. As a utoridades malaias, entretanto, considerando as condições miseráveis em que já se encontram os demais fugitivos confinados cm campos de refugiados, ncgavam ..sc

terminantemente a

permitir o desembarque de mais esse contingente. E o rdenava ao comandante do "Hai Hong" que deixasse o porto imediatamente. O capitão do barco, entretanto, negou-se a zarpar. Tal perseverança começou a surtir efeito quando o Ca nadá e a França aceitaram receber parte dos fugitivos. E as autoridades malaias tentavam convencer os representantes do governo do Sr. Jimmy Cartcr - que se proclama cam-

peão dos direitos humanos - a receber os restantes. A respeito dos vietnamitas do "Hai Hong", a TFP publicou um a_pelo ao governo brasi leiro, que reproduzimos abaixo. Estes não são os únicos protagonistas - ou as únicas vítimas - da od isséia vietnamita em busca da liberdade que o comunismo lhes tirou. Na mesma semana - o naufrágio rela tado ocorreu a 22 de novembro último - mais dois . pesqueiros soço b~raram nas costas da Malásia, em condições semelhantes. Pelo menos 35 e mbarcações, transportando mais de 2 mil vietnamitas. foram avistadas navegando para o Sul, ao longo do litoral malaio. Cerca de 700 fugitivos ali chegam diariamente. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados admite que cerca de 75 mil pessoas já chegaram e m botes e embarcações diversas nas costas da Tailândia. Malásia. Indo nésia, Singapura e Filipinas. desde a tomada do poder pelos comunistas no Vietnã, em 1975.

Fuglttvos do regime comunista do Vlotnl chegam à Tallftndla. A lancha da pollcla mnrltlma os Impede de desembarc•r. Deatlno provavel: o naul rtglo. Cena frequente no Sudeste aslttlco.

Cemitério de luxo para cães, gatos, galinhas... NA ILHA des l?avageurs. no rio Sena , junto à ponte Clichy, na entrada de Asnicrcs. França, existe uin "Cemitério de Animais" (foto). Lá, cães, gatos, carneiros e galinhas possuem ricas "sepulturas" e afetuosos "epitáfios": "Faça teu ron--ron, rneu gatinho: eu penso e,n ti". Outro: "Dick era um coração coberto de pelos··. "À minha galinha afetuosa··, diz um terceiro. "Viveu 16 anos.fiel cvmpanheira de sua dona. Jamais será esquecida". E assim por diante. A Unesco deve alegrar-se com isso, e provavelmente deseja que esses "cemitérios·' se multipliquem por toda parte.

No lixo, seres humanos Na MaJAsla, outro drama: o barco dos fugitivos 6 empurrado de volta ao mar. Pouco depois, ele naufragaria. Mala de 200 mortos.

Apelo da TFP ao Governo brasileiro ESTANDO ameaçados de expulsão da Mahisia 2.500 vietnamitas, a bordo do cargueiro " Hai Hong", fugitivos do regime comunista implantado cm sua pá-

t,·ia, a Sociedade Brasileira d e Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) fez, através de telegrama assinado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, veemente apelo ao Ministro das Relações Exteriores do Brasil, nos seguintes lermos: "NOSSA IMPRENSA tem informado largamente o público sobre a situação trágica cm que se

encontram 2.500 vietnamitas anticomunistas a bordo do cargueiro "Hai Hong" atracado na Malásia. Têm eles sido expulsos sucessivamente de vários portos do oriente, e foram intimados a se retirarem por último pelas autoridades do porto cm que se encontram.

Prezando-se nosso povo de ser cristãmente compassivo em relação a todos os infortúnios, estou certo de interpretar o sentimento unânime de todos os bons brasileiros, pedindo a V. Excia. que comunique com ur-

gência àq uelas indômitas vítimas do comunismo que lhes estão abertos os portos do nosso litoral bem como os espaços fecundos d e nosso solo e a generosidade de nossos corações. Numa época cm que tanto se fala de direitos humanos, seria absolutamente desconcertante que não encontrassem asilo em ne~ nhum 11aís do globo heróis que recusam cscravi1.ar-sc ao inimigo máximo de todos os direitos, isto é, o comunismo internacional. Agradeço de antemão a simpática acolhid:! de V .Excia. à presente solicitação».

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Ratos sagrados. Chegaremos até lá? DOCES, CEREA IS, coalhada, segundo informa a revista alemã Der Spiegel, constituem a alimentação dos ratos sagrados no templo da deusa Bhagvati Karnidshi. na cidade

de Dcchnokc, Estado de Rajastan, na Índia . O "menu" dos roedores custa 70 mil cruzeiros aos cofres do Estado. São mi lhões de raios, considera-

Este hln.du venera os ratos como entes sagrados. Chegaremos a ter lels, de futuro, que determlnarao que se venha a prestar culto a animais nocivos?

dos cavalgadura do deus Ganesha, que há meio milênio constituem, naquele país, uma verdadeira casta de

.. privi legiados",

E como se não bastasse o "direito" à abundante alimentação. os rocdore.s têm garantido um privi légio: o da imunidade. Isso porque matar ratos pode "atrair desgraças··. Na aldeia de Karli, no Gudsharat, quando alguéin adoece _numa família, costuma-se dizer: ·· E castigo par J'/1(1/ltr

• ,

r{l/0.f'.

Entretanto, convém lembrar que os ratos não são animais inofensivos: além do dano que causam às plantações. são ponadores de moléstias graves, como a peste bubônica.

Nen huma d essas razões impede que os roedores hindus sejam beneficiados com o mais elevado dos "direitos": o de serem "sagrados". Este

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''direito dos animais'' a

Uncsco ainda não apregoou. Mas ... chegará até lá'/ Cuidado, leitor, com resposrns apressadas! Um organismo cientifico como a Unesco, pleiteia o direito dos patos e ga linhas. Seu avô teria julgado impossível...

FUNCIONÁRIOS da Superi ntendência de Limpeza Urbana de Belo Horizonte têm encontrado um feto de 10 cm 10 dias. na triagem do li xo. segundo notícia divulgada pelo ··1::stoda de Minas··. de 15 de outubro último. Aquele órgão municipal admite que muitos outros fetos possam ser · atirados no aterro sanitário da usina

de lix o. loca li1..ada na BR-040, entre o bairro Ca li fórnia e o Ceasa. Os fetos são e ncontrados geralmente cm sacos de papel o u embrulhados cm panos. Dificilmente o sexo é reconhecido. pois os cad/1vcrcs são tritu rados no carro cole1or antes de chega rcm à usina para a triagem. Como não hú cemitério de retos nos terrenos da usina de lix o, os encon1rados são levados para cova

rasa nas proximidades do aterro sanitário. A triagem do lixo é efetuada enq uanto este passa por correias transportadoras. As funcionárias encarregadas desse serviço assustam-se ao depararem com os cadáveres dos nascituros e até de recém-nascidos. Hí, pouco, foi encont rada uma criança de um m~s. "No aterro sanilário não Juí.t(Jtl-

dições de separar os.fetos dos tle1ril<>S explicou o funcionário rcsponsá vel pelo setor - a não ser quando a tra1or está espalhando o lixo. A re1ro-,•s<·avadeir11 moviJnenta os de,ri1os, e então. os fet os apa-

recen1!" São fatos que ocorrem numa grande capital brasileira. Mas ... sucederão apenas em Belo Horizonte?

Honras fúnebres para a minhoca UM ÓRGÃO de imprensa carioca noticiou que o Prefeito da Estfincia climàtica de Cacondc. Estad o de São Paulo, baixou um decreto do qua l constam os segui ntes "considerandos" e os subseqüentes artigos: "CONSIDERANDO os relevantes serviços prestados à promoção da nossa Estância pelo falecido; Considerando que o mesmo, no anonimato, sacrificando sua saúde, colocou-se, embora pudesse custarlhe a vida, cm plena dispon ibilidade, revolve: Art. I.0 - decretar luto oficial por três dias, isto é, 27, 28, 29 de setembro do corrente ano, cm vírtu·

de do falecimento do grande astro do progr.ama Cidade contra Cidade, o Sr. Minhocuçu. Art. 2. 0 - Determinar que seja seu corpo velado na sala da Secretaria de Esportes, Cultura e Turismo de onde sairá o fé.retro 1>ara a necrópole municipal. Art. 3.0 - Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Registre-se, 11ubliquc-sc e dê-se ciência às autoridades".

• • • Mas quem é o "Sr." Minhoeuçu? Nem nMis. nem menos do que uma minhoca !

O fato acontece u realmente naquela cidade do interior pau lista . e o d ecreto, datado de 27/ 9/78, leva o número de 863/ 78, conforme noticiou o jornal l);a··, do Rio de Janeiro. Segundo o mesmo diário, a Estância climática de Cacondc decidira parti ci par do programa de televisão Cidade cantra Cidade. Para isso enviou à tele-e missora, uma minhoca para um concurso, no qua l seria escolhida a maior e a menor cobra. De volta do concurso, a minhoca morreu, o que moveu o Prefeito que acompanhara a delegação de Cacondc - a baixar o estranho decreto. - Apenas uma brincadeira! poderia exclamar alguém. Admitamos. Mas quem desejaria que tnl "brincadeira" tivesse ocorrido cm sua cidade? Seus fami liares e amigos obrigados a "guardar luto" pela minhoca; e, no cemitério muni· cipa l, ao lado da tumba de sua familia est ivesse local i,..ada a do Minhocuçu'? E cabe, finalmente, outra pergunta: se não estivesse difundida, de al~um modo, a mentalidade que deu origem à ·• Declaração dos Direito., dos Ani1nais" da Unesco, haveria clima para se baixar tal decreto e prestar honras oficiais à minhoca morta? Parece-nos que, m~mo a titulo de brincadeira, jamais...

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O MILAGRE EUCARÍSTICO DE LANCIANO A PLACIDEZ dos Montes o Santo Sacrifício na igreja dos Abruzzi, situados nos Apeni- Santos Legonciano e Domicianq, nos, encontra-se uma tran- ocasião em que a tentação o atacou qUila e graciosa aldeia, cujo nome, com especial intensidade. Quando Lanciano, de uma musicalidade to- esta atingia seu ápice, no momento da italiana, evoca uma das grandes da Consagração, operou-se o portenmaravilhas da História da Igreja. toso milagre. Deslumbrado, o monge A celebridade que a envolve não permaneceu longo tempo como que se deve aos monumentos ou obras transportado em êxtase. Finalmente, artísticas, tão abundantes na Penín- com a fisionomia rad iante e banhada sula, mas sim a um milagre sublime de lágrimas, apresentou o prodígio à que em duas ocasiões ali se operou. adoração dos fiéis, testemunhas ocuNa Santa Missa, quando o Sa- lares do milagre. cerdote pronuncia as palavras da Podemos imaginar com que vivaConsagração, realiza-se a rransubs- cidade e rapidez a notícia se espatanciação das espécies: o pão deixa lhou por toda a região. de ser pão e o vinho deixa de ser Hoje, doze séculos após este exvinho transformando-se substancial- traordinário acontecimento, os acimente, no Corpo e Sangue de Nosso dentes da Carne e do Sangue de Nos-

No ostensório de prata, finamen- d'Arczzo, recebeu essa insígne intruída por Pepino, rei dos francos. te ciselado, entre duas lâminas de cumbência. O Dr. Rugero Bertelli, Segundo outros, mais provavelmente teria sido arrasada por terremo- cristal encontra-se a Santa Carne, professor da Universidade de Siena, tos. O mais famoso historiador lo- que aí foi colocada em 16 de abril de foi indicado para auxiliá-lo. Limitamo-nos à enumeração de cal, autor de uma preciosa "Chrono- 1713. O Santo Sangue conserva-se num suas conclusões, constantes do Selogia civiu11is la11cia,1e11sis", Giacocálice de cristal gravado, fixado so- gundo Processo Verbal, de 4 de mo Fella, é partidário desta última opinião. Outro historiador local, o bre a base do ostensório. Seria, se- março de 1971: "O exame histológico da "C(lrArcebispo Antinori, escreve cm suas gundo alguns, o cálice primitivo onde foi deposi(ado o Santo Sangue ne" do "Milagre Eucarístico" de "Memorie Storiche dei/a ci11à di ú111cia110", publicadas após a sua na época do Milagre. Duas fitas de ú,ncia110 permitiu tirar claramente morte, que a antiga cidade situava- ouro, flutuantes, levam inscritas as os seguintes dados: se a pouco menos de três quilôme- palavras: "Tantum ergo Sacramen- Tecido muscular estriado; tu111 - Ve11ere111ur cernui". tros da atual. Disposição e,11 syncytiums O nome original, Ansanum, transresul1a11do da conexão das fibras formou-se em Lan1.anum, devido à Reconhecimento oficial co111 as fibras contíguas, graças a pelança ("lancia") que figurava nas ar- da Igreja quenas expa11sões e111 forma <ie fita. e pela junção e co11ti11uidade de fibra mas angevinas de Lanciano e evocava a coótribuição épica da vila para A devoção da população às Sa- a fibra; a libertação do Santo Sepulcro. - Orie11tação variada dos feixes gradas Relíquias, remonta a tempos Segundo a tradição, Longino, o muito antigos. Dava ela lugar, cada de fibras musculares de111ro de um centurião romano qúe com uma lan- ano, a uma grande solenidade, cele- n,esmo campo de observação 111iça transpassou o flanco de Nosso brada com a presença de Arcebispos crosc6pica; Penetração do tecido muscular Senhor já morto, seria originário de e Bispos, bem como do "Sindico" Lanciano. Estrábico, foi ele curado e guardião das Relíquias - que no estriado dentro de 11111 nódulo de teconvertido, levando aos o lhos sua passàdo gozava de privilégio de um cido gorduroso. oposto a u111a dismão manchada pelo Sacrossanto lugar de honra, próximo ao reli- posição periférica 111argi11al. • Os dados supra mencionados Sangue de Jesus. Obteve-lhe essa cário. permitem precisar que a ºCarne'" graça a Santíssima Virgem, que aos Em 1877, Mons. Petrarca obteve examinada se compõe de tecido pés da Cruz o viu perfurar o Sagra- de Leão XIII a indulgência plenária muscular estriado do miocárdio". do Coração de Jesus. para todos aqueles que visitassem a Quão significat ivo e cheio de terEm Lanciano, os monges Basi- igreja do Milagre durante os · oito lianos mantiveram a propriedade da dias que precedem a festa anual, que nura é o fato de Nosso Senhor Jeigreja de São Legonciano e São Do- se celebra no último domingo de sus Cristo ter querido operar o mimiciano, outrora chamada de São outubro. lagre com a Carne de Seu próprio Longino, perto da qual existia antiDada a importância e a notorie- Coração! "Quanto ao Sa11gue. sub1ne1ido à gamente uma fonte denominada dade do milagre, Lanciano foi esco"ponto de São Longino", cujos res- lhida como sede do primeiro Con- anâlise cro,natográfica, fica de,nonstos foram descobertos em 1532. E gresso Eucarístico da região dos tr(ldo con1 absoluta certeza de que se São Longino sempre foi venerado de Abruzzi, reali1.ado de 23 a 25 de trata de verdadeiro sa11g11e humano. modo especial pelos habitantes de setembro de 1921, sob a presidenA delicada prova imunohe,nato· lógica pern1i1e afin11ar co111 toda a Lanciano. cia do Cardeal Orcste Giorgi, LegaSegundo o historiador Pollido- do Pontifício. objetividade que tanto o "Sangue". qua,110 a "Carne" do "Milagre Euro, a igreja data de época anterior à de Carlos Magno e, durante seu reicarístico" de Lt1nciano pertencern ao nado, foi anexada ao mosteiro dos Reconhecimentos sucessivos 111es1no grupo sangüíneo A 8". - milagre comprobat6rio Basilianos Gregos. • • • Situada então fora da cidade, a Em 17 de fevereiro de 1574. o três quilômetros ao sul, posteriorArcebispo Rodriguez procedeu a O dom infinito que a cada dia mente veio a encontrar-se no centro da "nova" Lanciano que, ressusci- uma primeira análise das Sagradas Nosso Senhor Jesus Cristo faz de Si tando de suas ruínas, reconstruiu-se Relíquias. Constatou ele, cm presen- mesmo no momento da Consagraem torno do venerando edifício sa- ça do povo, que o peso total das ção, deve levar-nos a pensar que, se cinco pedrinhas era idêntico ao peso em Lanciano Ele se manifestou de grado. de cada uma delas, fato de origem modo tão estupendo, no Santíssimo claramente sobrenatural. Contudo, Sacramento Ele está sempre presenConservação e lugares este acontecimento prodigioso não te, como o ensina a Santa Igreja: das Santas Rellqulas mais se renovou nos estudos poste- com Seu Corpo, Sangue, Alma e no decorrer dos séculos riores . Divindade. • Em 1637, Frei Scrafino da ScanQue Nossa Senhora do SantísAntes de serem, cm 1258, trans- no procedeu a uma segunda análise. simo Sacramento nos dê a graça de feridas para a igreja de São Fran- A terceira foi efetuada em 23 de ou- o crermos contra todas as aparêncisco, as Santas Relíquias eram con- tubro de 1770, pelo Arcebispo Ger- cias e nos alimente o desejo de que scrvadas dentro de um precioso re- vasone. A penúltima é de 26 de um dia o mundo volte a merecer as licário de marfim. out ubro de 1886 e efetuada pelo fulgurantes manifestações de Seu A partir de 1258, foram elas Arcebispo Petrarca, assistido por Divino Filho. Ootena6rlo com •• Sagradu Rollqulu oucorl1tlc11 do Mllogro do Lanclano colocadas em um tabernáculo espe- uma comissão de Cônegos e ecleGEORGE DIM ITRI ANTON JADIS cial, à esquerda do altar-mór. E, siásticos. Senhor Jesus Cristo. No entanto, as so Senhor permanecem praticamente pouco depois, escondidas numa peFinalmente, em 1970, a Comuniaparências continuam a ser de pão e intactos. A primeira vista a Carne, quena capela situada do lado do dade dos Irmãos Menores Convende vinho. que conservou as dimensões da gran- Evangelho, isto é, à direita do altar e tua is, a quem está confiada a guarO milagre de Lanciano consiste de hóstia original, apresenta uma cõr sem dúvida murada, para proteger da do "Milagre Eucarf.11ico", sob as precisamente no fato de que a tran- castanha, que se torna rósea ao rece- as Relíquias das incursões dos tu r- instâncias de Mons. Pacifico Peransubstanciação tornou-se visível, de ber uma luz por trás do ostensório. O cos. Em 1636, foram retiradas e toni, Arcebispo de Lanciano e Bispo maneira que as aparências do pão e Sangue contido no cálice, tem uma depositadas num altar digno delas. de Ortona, e do Revmo. Pe. Bruno MENSÁRIO do vinho deram lugar à Carne e ao côr próxima ao amarelo ocre, e se Em o utubro de 1902, Mons. Petrar- Luciani, ministro provincial dos Ircom aprov.tc5o eclesiástica CAMPOS - ESTADO 00 RIO Sangue do Salvador. apresenta como cinco pedrinhas, das ca, Arcebispo de La nciano, as trans- mão.s Menores Conventuais dos AEsse milagre verificou-se cm duas quais a maior é constituída por dois feriu para o altar-mór. A inaugura- bruzzi, decidiu proccder'ao reconheOirccor ocasiões: a primeira vez, no século fragmentos distintos, soldados um ção deste novo altar realizou-se com cimento cientifico do Milagre. Paulo Corrêa de Brilo Filho Vl li - e que será o tema do presen- ao outro; seu peso total é de 16 g e grande pompa, em presença dos O Dr. Odoardo Linoli, professor Oireloria: Av, 7 de Sctco1hro 247. cai· te artigo; a segunda, em 1273, mais 505 mg. ci nco Bispos da região, de nume- de anatomia, histologia patológica, xa postal 333. 28100 Campos. RJ. conhecido como o 111ilagre de 0/jida. O relatório do professor Bruno rosos peregrinos e da população de química e microscopia clínica, chefe Sammaciccia - "Le Mirac/e de lon- Lanciano. do serviço dos Hospitais Reunidos Administração: R. Dr. Marcinico Pr;,. • • do 271, 01224 São Paulo. SI'. ciano", Ed. du C~dre, Paris, 1971.... , - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - - traduzida por Roland Bourdariat • e •unprcsso n.i Ar1prcss Composto Também Siena, cidade onde re- do qual extraimos os dados para este P3péls e Ar1e.~ Gráficas Ltda, R. Dr. miniscências esplendorosas da Idade artigo, fornece grande abundância de Marcinico Prado 234, 01224 S. Paulo. Média se somam aq suave perfume documentos que comprovam detaAssin11ura a11ual: comum CrS 300.00: de Santa Catarina, foi palco de dois lhadamente o milagre. A edição itacooperador CrS 600.00; benfeito r CrS milagres desta natureza. Um em liana é prefaciada pelo Dr. Michél 1.000,00: grande benfeitor CtS U)00,00; 1330, conservado na Santuário de Villette, nome de destaque na mediscminaris1as e cs1udan1~ CrS 250.00: San!~ Rita em Cascia. Outro em cina e conhecido por sua luta contra Aml:ric:a do Sul, Central e do Norte. Portug:tl e Espanha: via de: :,upcrfícic 1730, atua.lmente na Basí.lica de São o aborto na França. USS 36,00. via aérea USS 46,00: ouFrancisco. tros paises; via de supcrfk:ie USS Contudo, é o primeiro "Milagre 40.00, via aérea USS 46.00. Avulso: Eucarístico" de Lanciano o mais Lanciano legendãria CrS 20.00. importante dentre eles, pois verificou-se com as duas Espécies EucaLancia no conserva desde suas O:,; p~g.·rn1cntos. sempre em non1c de rísticas. origens, uma sagrada tradição ligada Edilora Padre Belchior de Ponlts Ocorreu ele durante o agitado ao Preciosíssimo Sangue de Nosso S/C, podérão ser encaminhados à Ad· minis1ração. Para mudanç,a de endereséculo VIII quando a Igreja come- Senhor Jesus Cristo. ço de assina11tcs é necessário meneio· çava a colher os frutos de sua heróiOutrora chamou-se Anxa, Anx ia, nar também o endereço anti90. A cor· ca missão evangelizadora entre os Anxanum ou Ansanum, como certircspondêncià rclativà a assuiatul'as e povos bárbaros . venda ::wulsn de"(: ser enviada à ficam monumentos epigráficos e doUm monge de São Basílio deixa- cumentos anteriores ao ano mil. Sua Administ'raçio ra crescer em seu espírito a dúvida fundação data de época muito anteR. Or. Marlinico Prado, 171 RUA SÃO LEOPOLDO , 101 - FONES: 93-6959 - 93-0368 quanto à Presença Real, sem contu- rior ao cristianismo. 01224 - Sio Paulo. SP do abandonar a Fé. Certo dia, que a Hoje, a antiga vila não mais exisSÃO PAULO História não registrou, celebrava ele te. Segundo alguns, teria sido des-

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IJAfOLilCil§MO

Fotolito Grafa Ltda.

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VIDA SÉRIA, VIDA ALEGRE, VIDA CATÓLICA

NCRUSTAOA nos Alpes, com seus lagos azuis e montanhas nevadas, encontra-se uma verdadeira ilha d e bonomia, honestidade e inocência. Referimo-nos à popu lação que habita algumas regiões da Áustria, sul da Alemanha e norte da Itália. Mais precisamente, o Tirol austríaco e suas vizin hanças, abrangendo o antigo Tirol do Sul, incorporado à Itália, a parte a lpina da Baviera e as provincias austríacas da Caríngia e Estíria. Qual a característica do povo tirolês e de seus vizinhos? Antes de tudo, o amor aos aspectos contemplativos da vida. Inteligente e acolhedor, jovial e cantante, analista e dançante, o tirolês prefere o campo à cidade, mas não vive isolado. Tende a constituir pequenas aldeias, encantadoras, onde tudo é b_cm arranjado, limpo, sério, gracioso. As casas, construidas com bom gosto, vistas por dentro exprimem' dignidade aconchegante. Vistas por fora. são um mimo! Uma aldeia nos Alpes mais parece moldada com chocolate e açúcar,

I

Deus criou o panorama. O espirita catõllco completou-o com aldeias encantadoras. como esta. tlrolna.

que aqui chamaremos "espírito tirolês". Empregamos aqui o adjetivo rirolês num sentido mais amplo do que o patronímico. Assim, para efeitos da análise q ue estamos fazendo, possui espírito rirolês este bávaro de Allgliu, como também poderia tê-lo um vienense com as qualidades de a lma que mencionamos. É pró prio a este homem, por exemplo, compreender uma diversão q ue não seja gosrosa, mas inte· ressante. O espírito moderno muito afeito i,s diversões gostosas não compreende que o simplesmente interessante move forças de alma e proporciona uma focalização à vid!l que o gostoso não dá. O interessante é o resultad o do comprazimento de alma na consideração de alguma coisa que o espírito analisa e a cuja contemplação ele se entrega, porque o o bjeto admirado merece. Entretanto, para o tirolês - ou o bâvaro de Allgâu - a palavra inre-

ressa,ue não diz tudo. Ele faz de sua caça às borboletas um ato de amor e ded icação. É capaz de passar por duros sacrifícios para apanhar o espécimen raro que va i procurar no campo. O mundo das borboletas lhe di7. algo, e ele se compraz na consideração desse universo.

Este espírito tão sério tem momentos de explosões de sã alegria. E e ntão e le se a legra seriamente! Sua dança é muito inocente. e ele a executa pelo gosto de dançar. Como também o canto: ele canta porque tem prazer em cantar.

Camponês tlplco da regllo de Allgllu (Baviera). Uma vllhlce digna que o homem das modernas megal6polls nlo conhece.

O próprio alpinismo é praticado pelo tirolês com o fim de adquirir certa plenitude huma na. Depois de uma dura escalada, na qual teve de vencer uma série de obstáculos, o lha de cima o horizonte, como quem tivesse conqu istado o panorama como um Júlio César após a vitória e m uma batalha. Esses são - em sua bonomia, cm sua inocência, em s ua jovialidade - a lguns traços característicos do espírito tirolês. Ou seja, o espírito católico, enquanto moldando os habitantes de uma pequena e pitoresca região.

Sala lfplca de um Cllmponas do Tirol: bom gosto, bem estar, aconchego, elevaçlo de 111plrlto.

A Europa é rica em tradições locais. Cada cidade, cada aldeia, possui um calendário próprio de comemorações ou festas populares. Em Kitzbühel, no Tirol austríaco, a procissão a cavalo é uma dessas tradições seculares, ricas em conteúdo religioso e cultural. amêndoas e pão de mel. Esse pão de mel que os camponeses da região tão bem sabem fazer e apreciar.

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Examinemos de perto um habitante característico. O sexagenário da foto, de barbas esbranquiçadas pela idade, é de Allgau, região bávara junto nà fronteira com o Tirol. O cachimbo de haste longa que ele fuma p lacidamente é típico daqueles lugares. No chapeuzinho verde, o penacho parece indicar o gosto pela proeza e a disposição de enfrentar as dificuldades oferecidas pelas montanhas. Provavelme nte ele veste uma calça de lã grossa - cm língua alemã, "loden". O suspensório que a sustenta é também de lã , todo bordado com pequenas ílorcs, as quais comunicam à veste uma nota de louçania. Este homem certamente gosta de caçar, pescar e apanhar borboletas no campo. Muito resoluto, ele se sente bem em empreender sozinho um passeio, cm encontrar-se só junto à nature1.a agreste. Tudo isto ele faz com um misto de bonomia, de ingenuidade, de espírito acolhedor, de seriedade quase metafisica, q ue constitui o encan to de sua alma. Tais características conformam o

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.AfOJLICISMO

OBRA DE PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA REEDITADA NA ESPANHA "REVOLUÇÃO e Contra-Revolução ", livro básico da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP) e de suas congêneres em outros países, escrito em 1959 pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, acaba de ser reeditado na Espanha pela Editorial Fernando l li EI Santo, de Madrid (Lagasca 127, 1.• derecha, Madrid-6). A obra veio a lume atualizada pelo Autor com uma terceira parte sobre a / V Revolução e os problemas atuais d o comunismo e do anticomunismo no Ocidente. No prólogo da nova edição, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira situa dentro da temática a Espanha contemporânea, traçando com precisão e clareza o quadro de fundo ante o qual se moveram os espanhóis nas últimas décadas. Essa vista panorâmica esclarece a tal ponto os problemas atuais do valoroso país ibérico, que julgamos altamente útil transcrevê-lo quase integralmente aqui para uso de nossos leitores. Por brevidade, eliminamos alguns trechos de menor interesse para o público brasileiro. Os subtítulos são da Redação.

O centrismo no arco-íris da opinião plíblica

,, NOS

ÚLTIMOS anos do reinado de Afonso XIII, a opinião pública espanhola se apresentava, havia muito tempo, dividida em várias correntes, formando uma imensa gama ideológica, desde o autêntico tradicionalismo até o comunismo. · Do mesmo modo como freqüentemente tem acontecido cm outros países onde se apresentaram situações análogas, a maioria das pessoas não estava cm nenhum desses dois

história evolucionista, à expressão. ponto fixo e últin,o do continuo caminhar ideológico.

acabaria por despenhar-se irremediavelmente rumo ao polo da extrema esquerda. Neste último, os gritos dirigidos ao centro eram discordantes: ora constituíam ameaças de destrui-lo no caso de não prosseguir rapidamente sua marcha para o comunismo; ora constituiam apelos amáveis para uma mera colaboração com os vermelhos contra a direita. Colaboração que a maioria das correntes do centro pressentiam, mais ou menos conscientemente, acabaria dando vantagens ao comunismo. Seria talvez falso dizer que a massa centrista da população se abismasse em reflexões para escolher entre esses apelos discordantes. Ela mais procurava levar despreocupadamente a vida cotidiana, cedendo à agradável propensão de não olhar para os fatores de sua própria debilidade; e imaginar-se instalada, segura e para sempre, cm um cômodo pacifismo a meio caminho dos apelos opostos .que se entredigladiavam no afã da conquista.

As quatro grandes revoluções A leitura do livro ,. Revolução

e Conrra-Revolução•· traz somente

uma lembrança de que problemas análogos desafiaram a argúcia de todos os que viveram no âmbito da civili1.ação ocidental e que foram chamados a participar de grandes crises como o Renascimento, o Humanismo e o Protestantismo. no século XVI; a Revolução Francesa. no século XVIII; e a Revolução Comunista, no século XX. Se não a participar, pelo menos a formar um j uízo sobre essas crises. O Humanismo cristão pretendeu oferecer uma posição estável que não resvalasse para o neopaganismo. O Protestantismo pretendeu oferecer uma posição religiosa estável que não resvalasse para o ateísmo. A Revolução Francesa pretendeu realizar o igua litarismo político e social estável, que não chegasse ao igualitarismo econômico. Por rim. o

Centro: equillbrlo ou despencar no abismo? A questão que o comodismo dificilmente dissociável das posições centristas - procurava ignorar, saltava entretanto aos olhos. Ao menos em linhas gerais, a Espan.ha era como a descrevia m os tradicionalistas, ou, pelo menos, setores anticomunistas da opinião pública. Por entre borrascas e bonanças, o país foi se transformando gradualmente. E cada transformação o ia distanciando niais do polo que deixava. Com isto, encontraria alguém na nação um ponto de equilíbrio e estabilidade onde repousar longamente na dolorosa caminhada, a ntes de chegar ao polo oposto? O que foi até

comunismo não chama a atenção

Prof. Pllnlo Correa de Ollvelra1 autor de "Revoluçlo e Contra-Revoluçlo'".

Cll)a edlçlo espanhola acaba de sair a luma atualizada

mento processivo de tendências psicológicas, convicções ideológicas e est ruturas político-econômicas vacilantes. rumo a posições mais definidas. Ocorreu o choque entre as esquerdas dominadas pelo comunismo e a direita anticomu nista , na gloriosa Cruzada de 1936. Este acontecimento, durante muito tempo as correntes centristas não quiseram reconhecer que se aproximava, e, por isso, não estavam em condições de evitar.

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Aspecto parcial do numoro10 p(lbllco que compareceu oo lançamento da nova odlçlo calfolhaftl da obra do Prol. Pllnlo COrrta do Ollvolra, ..R,voluçlo o COntra-RovolUçlo", ototuado "' hpaalla pela fdlto rlal Fomando Ili, oi Santo. Oato roallzou-10 a 21 do novembro p. p., no aatao do pro1tlglo10 Clube "la lllbalna" do Bllbao. lnlclalmonto, foz uma apro1ontaçlo do livro o Sr. Jo16 Franclaco Homandoz. proaldonto em oxorclclo da SOclododo Cultural COvadollga, ltltldade espanhola afim a TFP. A 1egulr, foi projetado um audlovlaual, focellzando u attvldadu oprtnclpal1 cempMhu efetu,daa por aquela SOCladade hlsplnlca. 01 preaentoa demoutraram acentuado lntero11e pela admlrlvet obra do Prealdenle do COnae-

lho Nacional da TFP bra1llelr1, bom como pelu banemtrttas roallzaçOn da ··covadonge··.

pólos ideológicos. Ocupavam a vasta zona intermediária, dispersandose em correntes, ou especificamente centristas, ou matizadas à direita de colorações sucessivamente mais tradicionalistas, ou à ,esquerda, sucessivamente mais próximas do. comunismo. Até roçar tangencialmente as correntes extremas. Em tais situações, na maioria das ve1.cs a definição de pensamentos 9 de rumos, o dinamismo, a iniciativ.11 em uma palavra, encontram-se nos polos minoritários. Mas, a força publicitária, o poder financeiro, a. influência social e o poder político sobretudo a força do número - encontram-se na zona intermediária. A grande dificuldade para a maioria intermediária consistia, na Espanha de então, em determinar se sua posição era estável ou se representava apenas uma etapa em um longo caminhar histórico. As vozes oriundas das diversas correntes componentes do polo de direita lhe bradavam que voltasse atrás na marcha iniciada a partir da invasão francesa no século XIX. Pois no caso de não fazê-lo

então a história da Espanha no século XX? A conquista ãrdua de um dilatado equilíbrio, ou o despencar trágico no abismo?

A Instabilidade das p·osiçlies intermediãr1as O curso dos acontecimentos veio demonstrar que inadvertidamente o centro ia se dividindo à medida que os convites discordantes dos dois polos se faziam ouvir, e que a Espanha autêntica, tradicional e católica, e a anti-Espanha, atéia, apátrida e igualitária, caminhavam para uma terrível confrontação. O centro não era uma posição definida e estável entre outras duas igualmente definidas. Era uma posição confusa, subconscientemente inquieta e vacilante, entre duas posições fixas e determinadas. Os acontecimentos históricos de então confirmaram a tese da instabilidade de tantas situações intermediárias e indefinidas, que pelo próprio fato de sua indefi nição, indicam não ser mais do que etapas no desenvolvi-

Ao observar a atual situação política espanhola, e sem ter a pretensão de pronunciar-me sobre os vários aspectos tão complexos de que ela se reveste, parece-me ver que pouco a pouco vai se tornando presente, em essência. mais uma vez o mesmo problema, com as inevitáveis mudanças de matizes impostas pelo curso do tempo. À medida que o horizonte político espanhol se define. estabelecem-se também no setor centrista as posições ideológicas e políticas sucessivamente mais carregadas de comunismo ou de hosti lidade contra ele. E, em conseqüência, a grande pergunta que vai emergindo do panorama político espanhol parece-me esta: - Até que ponto essas posições intermediárias são apenas situações transitórias de um caminhar para a esquerda ou para uma posição nitidamente anti-esquerdista? Até que ponto elas representam uma rejeição firme, estável e indiscutivcl desses dois polos, e uma fixação conservadora a qualquer preço das situações intermediárias, que se autoproclamam moderadas, capazes de unir e de salvar?

Eurocomunismo: cisma ou 11rapuca? Quanto ao próprio eurocomunismo - com seus ademanes moderados ou até mais 011 menos ce111ristas - , representado na Espanha pela corrente política dirigida por Carrillo, a pergunta é vàlida e talvez mais válida para ele do que para qualquer outra formação política espa nhola contemporânea. Sem dúvida, o eurocomunismo quer ser, e disso faz ostentação, um comunismo suavi1.ado. É possível um comunismo suavizado? Ou o cu-

rocomunismo, na apal'ência uma apostasia do comunismo soviético ortodoxo, terí, corno desenlace histórico atrair por sua própria moderação massas que. por sua vez, serão absorvidas pelo comunismo ortodoxo? O que é o eurocomun ismo, na Espanha ou fora dela? Um cisma? Um ponto terminal? Uma rede lançada para atrair peixes incaútos, ou uma etapa inexpressiva ( ou seja, uma simples curva sem .importância do vasto ,·io comunista)? Nessa perspectiva. o que é o próprio comunismo ortodoxo? Um ponto terminal? ·ou urna simples etapa do que ele imagina ser a interminável evolução humana, de onde passará ao art'arquismo, e deste a outra situação transitória quase impossível de prever cm nossos dias? Bem se sabe que a doutrina marxista, coerente com seu intrínseco evolucionismo, abomina os pontos terminais, e pretende ser a precursora do anarquismo e de tudo quanto a ele se possa seguir. Mas se essa é a doutrina, a realidade pode ser bem outra. E não é impossível que certos lideres comunistas se inclinem a prolongar por um longo e negro ,nilênio a estrutura sobre a qual estabelecem sua presen1e dominação. Um tal milênio, talvez seja o único sentido que se possa atribuir, na

das massas ao apresentar o Estado omnimodamente igualitário, senhor de toda a econom ia. Em sua cond uta. nada faz supor que tenha em vista, a prazo médio ou último. a destruição do Estado e a implantação e instauração da anarquia. Mas já aparecem no flanco esquerdo do comunismo novas formas de esquerdismo que. dele nascidas e nutridas de seu leite, o atacam com singular violência, e caminham rumo ao anarquismo. O que no quadro político italiano se tornou particularmente visível. Por certo, muitos dos que aderiram a estas várias revoluções não o haveriam feito se acreditassem que preparavam a chegada da etapa seguinte. É para evitar que se repitam em nossos dias análogos equívocos que a leitura de .. Revolução e Contra-Revolução·· pode ser útil. Mostrar que essas revoluções se relacionam entre si como etapas de uma grande trajetória , formando cm.seu conjunto uma grande Revolução única, é a verdade que meu est udo apresenta e tem por fim aprofundar. A apresentação das três grandes revoluções segu idas da IV Revolução - no terreno politico a heresia anarquista nascida do fla nco do comun ismo e da qual acabo de fala r, como também, em outros planos, os movimentos nascidos da contestação de jovens da Sorbonne cm 1968. e cuja ponta de lança talvez seja em nossos d ias o movimento "punk" anglo -americano - poderia induzir a um erro. Seria este o da irreversibilidade do movimento revolucionário. Para evitar esse erro, meu estudo contém a definição do que entendo por Contra-Revolução. quais são suas metas e - em um plano sempre teórico - quais são seus métodos".


N.• 337 -

Janeiro de 1979 -

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Flllio

Ano XXI X

ONDA DE SEXUALIDADE

LUZ PARA ILUMINAR AS NAÇÕES

IIMA VER DADF. IRA ,iva-

lanche invadiu as escolas de vârios países e agora ameaça o Brasil: é a chamada educação sex ual. E esta maté ria está sendo ministrada até em escolas primárias, ao par de uma educação em n1oldes "avançados", no estilo da classe de adolescentes da foto a'Cima. Como os pais devem resolver esse delicado problema, quando chegar o momento oportuno de abordá-lo con1 seus filhos? A escola é local apropriado para tratar do assunto , uma vez que neste caso, só é possível expor o tema de modo coletivo para as classes? Deve-se antecipar a questão, explicando a problemática aos jovens, an tes que orgânica e naturalmente ela surja em suas me ntes?

NO DIA 2 de fevereiro a Igreja celebra dois rnis1érios: a Apresentação de Jesus no Templo e a Purificação de Nossa Senhora. A Lei mosa ica proibia a cntrnda no Templo à mulher que 1ivesse dado à 1uz. Passado o tempo legal, devia ela oferecer, pelo menos, dois pombos e m sacrifício. Após ser declarada pura pelo sacerdote, poderia novamente entra,· no Templo. O utra lei prescrevia q ue todo primogênito do sexo masculino devia ser consagrado a Deus. Jesus e sua Mãe não estavam sujeitos às leis mas, apesa r disto, quiseram obedecer a elas. A significação da referida festa litú rgica é profunda: Maria San1 íssima oferece seu Filho ao Padre Eterno, c assim, participa, de certo mod o, da Redenção da humanidade. Nesse dia, o mundo ca1ólico honra a Co- Redentora. sob a invocação de Nossa Sen hora da Luz, Nossa Senhora das Candeias o u da Candelária. Por que luz? Porque Nosso Senhor Jesus Cristo é a Luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a

Todas essas ind agações siio el ucidadas na página 5, com a ex planação da doutrina perene da Igreja a respeito da temát ica, através de documentos do Magisté rio Eclesiástico. E pais brasi leiros muitos deles atualmente desorientados - e nco ntrarão na a utêntica voz do Magisté rio da Ig reja orien tação segu ra para a formação de seus fi lhos. Além disso, na página 4 os leitores poderão encontrar alguns exemplos elucidativos da desorientação reinante nessa matéria - e que d iscrepan1 abertamente da tradicional doutrina católica - especia lmente no referente a publicações, a lgumas delas até co1n aprovação eclesiástica.

este mundo. Para simbolizar tal verdade, a Igreja instituiu a procissão das velas, que o celebrante benzia , aspergia , ince nsava e depois disiribuía ao povo, cantando antífonas que recordam a Apresentação do Me nino Jesus no Templo. Reconstituamos a cena, aqui rei ratada pelo pincel do incomparável a rtis1a domin icano, Fra Angélico (séc. XV). Simeão, homem justo e temente a Deus, esperava a vinda do Salvador, a pesa r de estar em avançada velhice. Um dia, viu entrar no Templo Nossa S~nhora, São José e o Menino Jesus. Emocionado, tornou-O em seus braços e exclamou: "Agora, Senho,·. deixa partir em paz Teu servo. segundo Tua palavra; porque os n,eus olhos viram Tua salvação, a qual preparas/e an1e a face de 1odos os povos: Luz para iluminar as nações. e glória de Israel. Teu povo" (Lc. 2, 29-32). . A seguir, dirigiu-se a Maria Sant íssima: ''Eis que este Menino est<Í posto para ruina e para salvação de 11111i1os e111 Israel. e para

ser alvo de co11tradição" (Lc. 2. 34).

Simeão profeti1.ou assim corno Nosso Sen hor haveria de ser um d ivisor de águas, q ue separa os bons dos maus, até o fim dos séculos . E todos os que fossem especialmente fiéis ao HornemOeus, haveriam de produzir análogo efeito, porque "Chris1ianus alter Christus" - o cristão é outro Cris10 - , ensina São Paulo. O ódio, a rejeição dos maus a seu Filho divino corno a seus filhos gerados na Igreja, no decorrer d as sucessivas eras, foram

e são, certamente, a causa das maiores dores de Nossa Senhora. Porquanto, ao trecho citad o, Simeão acrescentou imed ia tamente: ·· E uma espada transpassarâ a tua alma, a .filn de se descobrirem os p e11sa111e111os escondidos nos corações de muitos". Um pedido certamente agradará a Nossa Senhora da Luz, ou das Candeias: que Ela ilum ine as almas e expulse as trevas diabólicas existentes nos co rações de muitos, inclusive dentro da própria Igreja invadida, cm nossos dias, segundo a famosa expressão, pela ':fumaça de Satmuis".

Protesto contra decisões de Carter sobre a China

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OS ESTADOS UNIDOS abrem à China os seus cofres, fornecendo-lhe bens, indústrias e até tecnologia nuclear, que ninguém sabe como serão pagos por um país empobrecido pelo comunismo. Isso ocorre no momen10 cm que o viceprimeiro ministro chinês Teng Hsiaoping manifesta o propósito de eventualrnenl'e recorrer à força militar para invadir Formosa, caso a il ha não entre numa composição com o regime de Pequim. Quando a China vermel ha, com seus 850 milhões de habitantes, sentir-se au10suficien te e não precisar mais dos presentes ocidentais, o q ue acontecera? É sabid o que os comunistas consideram os 1ra1ados meros farrapos de

papel. Mas, a administração Cartcr parece ter adotado esta máxima, ao desconsiderar todos os acordos q ue ligavam os Estados Unidos a Formosa, rompendo relações com o governo de Taipé e reatando com o de Pequim. A atitude da Casa Branca provocou protestos ind ignados dos chineses de Formosa, como também dos residentes nos Esiados Unidos. Em Nova York, 1S mil deles se reuniram em Chinatown, o bairro chinês da cidade, para uma expressiva manifestação de repúd io à dec isão de Carter, destacando-se a presença de uma delegação da TFP norte-americana. com seus estandartes característicos (foto). Página 3.


MÁRTIRES QUE VINHAM EVANGELIZAR O BRASIL Beato lnAclo de Azevedo

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UANDO CHEGAVAM às cidades nascentes do litoral brasileiro, as caravelas que traz asteadas as ban.deiras lusas eram saudadas com o r~picarde sinos. Sinos das igrejas, sim, mas também das Câmaras municipais, que possuiam também seus campanários. Para os Jesultas da Bahia, o repicar de sinos naquela manhã de agosto de 1566 prenunciava um fato muito especial: a chegada do Visitador da Companhia de Jesus, Pe. Inácio de Azevedo, que partira de Lisboa três meses antes, na esquadra comandada por Cristóvão de Barros. Inácio de Azevedo de Athayde de Abreu e Malafaia, que pelo lado materno descend ia de Santa Isabel, Rainha de Portugal, foi pagem de D. João III, e em 1548 ingressou nas hostes de Santo Inácio de Loyola, após haver assistido as pregações de um dos primeiros Jesultas portugueses, o Pe. Estrada, e de ter participado, na quaresma daquele ano, dos Exercícios Espirituais. São Francisco de Borja, eleito Geral da Companhia de Jesus em junho de 1565, conhecia de perto o jovem Jesulta que demonstrara sua dedicação nos colégios recém fundados de Évora e Braga. Escolheu-o então, para a tarefa arriscada de cruzar o oceano a fim de visitar as missões na Terra de Santa Cruz.

Na Bahia, os primeiros contatos O Colégio da Bahia estava em festas com tão grata visita. Entre as homenagens organizadas pelo Pe. José de Anchieta constava a apresentação de peças teatrais pelos alunos, nas quais as verdades ensinadas pola Igreja eram colocadas ao alcance das crianças de forma atraente e pedagógica. Muitas dessas crianças eram órfãos traz.idos de Portugal, com o amparo da Coroa, e aqui educados juntamente com meninos indígenas. Os cortejos infantis, seus cânticos e suas orações, costumavam atra ir - segundo conta o Pc. Manuel da Nóbrega em suas canas - a curiosidade e a admiração dos outros índios, que se aproximavam assim da catequese. Para manter essas crianças, o Governo Geral concedera ao Colégio da Bania uma sesmaria próxima da cidade, denominada Agua de Meninos. Ali esteve o Pc. Inácio de Azevedo, tendo recomendado aos Padres que continuassem explorando a terra, mas evitassem o comércio. No que di?. respeito às dificuldades, apresentava-se ao Pe. Inácio de Azevedo o fato de cinco religiosos terem se retirado para Portugal, e o utros três terem sido repatriados por se mostrarem incapazes de aqui permanecer. Em carta que dirigiu de Salvador a São Francisco de Borja, o Pe. Inácio relaciona suas observações e pondera: "1àmbém servirão (além dos Padres solicitados) os lnnãos

oficiais, como pedreiros e todos os áenUJis, porq11e há 1UJ terra m11ita fl1lto deles e custa 11111ito fazer as coisl1s. por esse moti,io e em todas as partes onde residen1 os nossos, ouço dizer q11e há _{(,!to de edifícios e ab1111dô11do de matérias com que .<e

rio no Rio de Janeiro, em 1567, por ocasião da expulsão dos calvinistas franceses por Mem de Sá. O seu plano fora amadurecendo de tal modo que, ao deixar a Bahia, o Pe. Visitador fazia uma promessa: regressar. Mas como ousava prometer? Inspirava-se na frase basilar da Companhia de Jesus, "Tudo para a 1naior glória de Deus". E contava também com o ardor religioso da juventude portuguesa, q ue desde a mais tenra infância ouvira dos lábios maternos conselhos de amor de Deus, de Fé e de coragem.

Em Portugal, com D. Sebastião Ao chegar a Portugal, o Pe. Inácio de Azevedo d irigiu-se para Almerim , onde se encontrava o Rei D. Sebastião, muito interessado em receber noticias do Brasil. Incentivado pelo jovem monarca, o Pe. Inácio deu logo inicio à sua campanha de recrulamento, aproveitando para isso seus sermões e também as visitas, uma vez que era exlmio na arte de conversar. Seu contemporâneo, o Pe. Maurício Serpe, conta a esse respeito: "Tanto que chegou a este

reino, foi cousa para dar graças a Deus, ver quanta gente se move11 para ir ao Brasil. Não falo jd nos da Companhia, porque estes todos se queriani ir con, ele. nws os de fora; onde q11er q11e chegava. logo se moviam de maneiro que se (1/voroçava a terra e uns se n1ovian1 a ir com ele. outros falavam nisso como grande novidade 111ui10 para se desejar".

festas de mais um Pontífice, um Confessor e um Mártir.

Recrutamento Já em fins de julho partia o Pe. Inácio de -Azevedo de Roma, passando por Madrid. João de Maiorca foi um dos primeiros espanhóis a aderir, e como era pintor, pôs-se a fazer várias reproduções do retrato da Virgem de São Lucas, um dos quais destinava-se ao Brasil. Afonso Fernandes associou-se à empresa em Portugal e fez questão de substituir seu sobrenome Cansado, pois como missio nário "cansado não lhe caiu bem··, segundo explicava. Francisco Perez God oi, primo de Santa Teresa D'Ávila, era canonista formado em Salamanca e igualmente se assocrou ao Pe. Inácio de Azevedo. Santa Teresa, ao tomar conhecimento dessa decisãô, muito se alegrou. Ferreiros, marceneiros, pedreiros e tecelões também acertavam detalhes para sua viagem ao Brasil sob as instruções do Pe. Visitador. No total, entre religiosos e artesãos, haviam sido reunidos 90 elementos, que foram conduzidos para uma chácara da Companhia cm Portugal, no Vale do Rosal, a fim de esperar a partida dos navios para a América.

A Catedral de Salvador conserva ainda hoJe no allar-mõr o quadro da Virgem Sanllaslma, sob cuJa proteçao o Pe. lnêclo de Azevedo colocou sua Iniciativa

São Pio V ouve e abençoa Em maio de 1569, encontrava-se o Pe. Inácio de Azevedo em viagem para a Cidade Eterna, levando consigo uma carta de recomendação assinada pelo Rei D. Sebastião ao Sumo Pontífice. Ao que tudo indica São Pio V, que tão perfeitamente avaliava os perigos que rondavam a Cristandade na Europa, percebeu as esperanças que se abriam no novo continente, sobre o qual discorria com tanto ielo o Pe. Inácio. Dispensas de jejum e de preceitos eclesiásticos foram concedidas ao Missionário. Desejando agradecer à Rainhamãe de Portugal, D. Catarina, a valiosa ajuda concedida ao Colégio de Roma, São Francisco de Borja quis enviar-lhe uma reprodução do quadro de Nossa Senhora, que se venera cm Roma, e que, segundo a tradição, foi pintado pelo Apóstolo São Lucas. O Pe. Inácio de Azevedo seria o portador do quadro. Esta devoção ao quadro de Nossa Senhora de São Lucas ficaria a partir de então intimamente associa-

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ltlnerãrlo do corsêrlo Jacques de Sares que Indica o local do apresamento da nau "Santiago··

poden, construir. Muito 111e ,·onso lo

nestas pl1rtes. e consoll1r-111e-ia nelas da ao Missionário e à igreja dos toda a vidfl, ainda que impurtaria ir

a Pvrtugnl p,1ra ,,j11d<i-la mais, trazendo gente e ojiâais". Ir a Porlugal, busca r '"gente e oficiais""... eis o plano idealizado 1iclo Pc. Inácio de Azevedo. Nos dois anos que aqui permaneceu teve ocasião de visitar todas as missões. Encontrava-se o Missioná2

Geral do Brasil, finaliza seus preparativos a fim de partir com uma esquadra de sete naus e uma caravela. Quarenta religiosos embarcam na nau Santiago, e logo levantam-se as âncoras ante o olhar e acenos de despedida da multidão reunida no cais. Em alto mar, todos os dias pela manhã ouvia-se um tiro de festim da nau capitânia; era a sua saudação. Outra nau, qua trazia crianças órfãs para a Bahia , ta mbém tinha sua forma de homenagem: ao aproximar-se das demais em barcações, todas as crianças entoavam a plenos pulmões os câ nticos que vinham aprendendo. Ao cair da tarde, um apito do contra-mestre fazia reunir toda a tripulação. Esla se associava então às orações recitadas pelo Pe. Inácio de Azevedo. Depois do Angelus era rezada a Ladainha de Todos os Santos e, por fim, todos e ntoavam a Salve Regina, A primeira escala foi na ilha da Madeira, onde o Pe. Inácio rezou Missa na Ermida de Nossa Senhora do Monte. D. Luis de Vasconcelos, muito vagaroso em suas ações, não se decidia a continuar a viagem. O comandante da nau Santiago, pelo contrário, tinha a bordo mercadorias cuja entrega cm Las Palmas, no arquipélago das Canárias, era urgente. Essa nau poderia partir sozinha até

Jes uítas na Ba hia. Depois, na última audiência realizada nos salões do Vatica no, despediram-se do Papa o Geral da Companhia e o Missionário ... Estes nomes se reencontraram após alguns séculos, no calendário litúrgico, quando a Igreja passou a celebrar a 5 de maio, 1Ode outubro e 15 de j ulho, as

Foram cinco meses de espera. cansativa para a lguns, mas dilige nteme nte aproveitada com estud os e 1rabalhos.

O martlrio em alto mar Maio de 1570. O Governad or D. Luis de Vasconcelos, que deveria subslituir ·Mcm de ·sá no Governo

Las Palmas, aguarda ndo ali o restante da esquadra. A proposta foi feita a D. Luis. tendo a ela se associado também o Pe. Ináci o de Azevedo. · Correriam o risco, é verdade, de serem atacados pelos piratas que infestavam aq ueles mares. O Pe. Inácio consult ou seus religiosos, dos quais a11enas quatro optaram por desembarcarem da nau Sanliago a fim de seguirem mais tarde com D. Luis de Vasconcelos. A 15 de julho, quando já estavam próxi mos da ilha de Las Palmas, viram surgir no oceano naus dos temíveis piratas calvinistas fran· ceses. Efetivamente estes atacaram a nau Santiago, que foi abalroada com um forte impacto. Logo os atacantes at ingiram o convés. Tinir de espadas. ouvem-se brados de fidelidade a Cristo e à Igreja, mesclados aos berros e blasfêmias dos hereges; as primeiras gotas de sangue começam a lingir o c hão. O Pc. Inácio de Azevedo. j unto ao mastro central. segurava junto ao peito o quadro da Virgem, animan· do os tripula ntes a lutare m com todas as fo rças. e os religiosos a se man1crem fiéis até o lim.

Ali mesmo, recebeu na cabeça o primeiro golpe. Recolhido a uma cama. admitiu como noviço da Companhia um sobrinh o do comandante, que ficou conhecido na relação dos Jesultas como João Adauto, que significa, acres,·entado. Depois, o Pe. Inácio foi atirado ao mar, agarrado ao quadro da Virgem de São Lucas, que ninguém conseguira lhe arrancar das mãos. Todos os religiosos foram jogados ao mar, vivos ou agonizantes. Somente foi poupado o irmão João Sanchez, cozinheiro, de cujos serviços os piratas decidiram tirar proveito. Enquanto os Jesuftas ílutuavam nas ondas, tingindo de vermelho as águas, a nau Santiago foi tomando rumo oeste. Sob a instrução do chefe calvinista Jacques Soria, todas as bagagens foram pilhadas; os óleos sagrados despejados no convés; terços, rellquias e imagens foram lançados ao mar. Até mesmo uma rellquia do Santo Lenho os hereges atiraram ao fogo. à vista do irmão Sanchez. que se recusara categoricamente a fazê-lo. A nau Santiago, conduzida para La Rochelle, viria pouco depois a partir-se e afundar. O irmão Sanchez, após suportar algum tempo de ca1iveiro, foi libertado. Depois de muito caminhar, chegou maltrapilho e quase irreconheclvel ao Colégio Jesuíta de Onha1e, já em território espanhol. Relatou então o acontecido, quase minuto por minuto, naquela meia hora fatal em que tudo se consumou. Infelizmente, ele, 9ue estivera ião próximo do martírio, alguns anos depois abandonou a Companhia de Jesus. Em 1575, outra reprodução do quadro da Virgem de São Luc.as que durante algum tempo se acreditou ser a mesma que fora lançada ao mar juntamente com o Pc. Inácio de Azevedo - foi trazida solenemente à Bahia. Uma grande procissão trasladou o quadro do pono da cidade até a igreja do Colégio dos Jesultas, no Terreiro de Jesus, onde foi colocada no altar-mór, acima do sacrário. Ali se encontra ainda hoje, embora com as cores um tánto obscurecidas, devido à ação do tempo (*). Na mesma igreja ainda se conserva, próximo à pia ba1ismal, o altar da primeira igreja do Colégio, sobre o qual o Pc. Inácio de Azevedo celebrava habi1ualmen1e a Santa Missa, quando vivia em Salvador. No teto quadriculado da ampla e artística sacristia figuram os retratos daqu~ les mártires, que foram bea tificados em maio de 1854 pelo Papa Pio IX. Nossa Senhora de São Lucas! A fisionomia da Virgem, com sua fronte larga e 1raços precisos, segundo o estilo bizantino, apresenta no olhar a expressão de quem está serenamente voltada para as coisas do Céu, mas, ao mesmo tempo, é compassiva para com seus filhos da terra. E assim, sob o olhar de Maria, encerra-se esta página do Martirológio e da História do Brasil.

e. e.

NUNES PIRES

(•) A igreja do Colégio dos Jesuítas passou a $Cr' Oucdral Oasilie.a cm 1933. quando n ~1nliga Sé de Sal\'ador foi demolida, sob prc ..

lcx10 de alargamento da proçs para instala· (ão de trilhos. hoje abando,,ados.

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APOS O ABANDONO DE FORMOSA, RIOS DE OURO PARA PEQUIM OS ESTADOS Unidos e a China divulgaram no dia 15 de dezembro último um comu nicado conjunto anunciando o estabelecimento de relações diplomáticas a partir do dia 1.• de janeiro de 1979. Com tal atitude os americanos passliram a reconhecer a China comunista como a "únh'a represe111a111e do povo chinês", o que significa o rompimento de relações com o Governo de Formosa. No dia 13 de dezembro três fuzileiros navais removeram, pela última vez, a bandeira dos Estados Unidos na embaixada norte-americana cm Taipé, guarnecida por dezenas de policiais e cercada por barreiras de arame farpado. O estabelecimento da embaixada norte-americana em Pequim está previsto para março. O comunicado de Cartcr diz claramente que, de agora cm diuntc, o povo dos Esrndos Unidos manterá apenas relações culturais, comerciais e outras não oficiais, com o povo de Formosa. Um tópico do documento estabelece que o governo norte-americano reconhece a posição chinesa de que há apenas uma China e que Formosa constitui parte desta. Na ilha com seus 17 milhões de habitantes, o anúncio de Carter apanhou o povo e a Assembléia de surpresa. Espalhou-se um profundo sentimento de pânico e revolta contra

o oontra1ta entra 11 dua1 Chlna1: em olma, a pobreza refletida no1 valho1 llnlbua da Shangai, na China vermelha, lo lado, moderna Unha da montagem numa lndOatrla automoblllalloa da Formo1a. Apa11r da enorme dlferenoa popula· olonel (Ili para BIIO mllhõaa), a eoonomla da Formoae 1upera a da Chlne oomunlale. Embora os co1111111fstas chineses teO piloto afirmou ainda que os nlwm pl'l>c11r(Jdo dar a lmpressllo de comunistas q uerem tornar-se amique estilo n1uda11do de atl1ude, seu gos dos Estados Unidos c dominar regin1e i·o11ti11ua a ser de luta de Formosa pela força. Quando isto suclasses e de opressllo .do povo", ceder, o regime de Washington será

os Estados Unidos e contra o presidente norte-americano cm particular. A própria delegação dos Estados Unidos encarregada das negociações com o governo de Formosa ameaçou suspender as negociações, devido ao clima de revolta da população conira seus integrantes.

O chefe da delegação norte-americana e o embaixador dos Estados Unidos cm Formosa chegaram a ser feridos por estilhaços de vidros, quando o automóvel cm que viajavam foi atacado com pedras, lama, tomates, ovos podres e tinta vermelha, lançados por milhares de manifestantes. Estes, a certa altura, jogaram no chão um saco de amendoim pisoteando-o e gritando: "Isto é Carrer", Como se sabe, a familia Carter conseguiu tornar-se dos maiores produ tores de amendoim de seu pais. Também dois mil manifesiantes indignados tentaram invadir a embaixada norte-americana e o centro de abastecimento dos Estados Unidos em Taipé, sendo contidos, com muito custo, pela policia e por fuzileiros navais americanos.

• • •

A TFP norte-americana esteve presente à manlfesteçao contra es decisões de carter sobre a China, no bairro chinês de Nova York

A TFP dos EUA protesta contra decisão de Carter NOVA YORK - O reconhecimento da China vermelha por parte do presidente Cartcr deu origem a uma onda de protesto cm todo o tcrri16rio norte-americano. Apesar do rigor do inverno, organizaram-se man ifestações de protesto em várias cidades. No dia J.• de janeiro, quando os Estados Unidos reconheceram oficialmente o governo de Pequim como único representante do povo chinês fecha ndo sua embaixada em Ta ipé, cerca dc 15 mil manifcsiantcs reuniram-se em C hinatown , o bairro chinês de Nova York, para protesiar comra a ati!Udc de Ca n er. Denire os manifesta n1cs - cm sua maioria refugiados chineses - destacou-se numeroso grupo de jovens da Sociedade Nortc-amcrica na de Defesa da Trad ição, Fam ilia e Propriedade (TFP), com s uas rc lu1.cntcs capas e estandartes vermelhos, marcados pelo leão dourado. símbolo da em id.ide. Durante o desfile, os cooperadores da TFP norte-americana proclamavam em lom cadenciado: "A111erica11os, le111hroi-vos: 60 n1ilhli<'s de ví1i11111.,· do co1111111i.,·· ,no 110 Chino verm ,•/1,a dmnon, ao.\' Céus por vingtmça ! Não pode haver 11111iztule con1 assassi11os!

Nenhum poder da terra pode legitimar o que Deus condenou! O conumis,no é intrinsecamente nwu.

Por uma China livre e a11ticon1u11ista: Tradição! Familia! Propriedade!" A entidade enviou a inda um telegrama ao presidente Carter, exprimindo sua "inco,1/onnidade

e veemente protesto contra o es({Jbelecimenro de laços mnisrosos co,11 a China vennelha - inin1iga decl,11·,ula da civilização cristã e do povo america110 - às custas tia China livre. noss(I le(II aliada há tantos anos", A TFP protcs1ou contra a decisão de Carter não só a favor de Formosa. "111t1s rt11nbé111 en1 1ne,nórit1 dos 1nuitos

muericonos que 1nor,·era111 na Ásia huando em guerras inspiradas pela China comunista". Em 1elegra ma ao presidente da China li vre, a TFP norie-a me-

ricana exprimiu seu ''choque e indignação a111e a arroz deci.wiv do preside111e Carrer" e s ua "solidaried11d1• Pª"' c<11n o povo d" Chilw livr,•, cuja le,lldade po-

"º

vo ,11,,·11,-an1t!ri<·a110 foi rude e i11j11.,·u1JJ1<111u, fr11s1rtuia por es.,·o

dC'ci.wio que co11s1i111i 11111 dos atos Ul(Jis nmsurâveis e intprudt·ntes da 1e,npttsll">Sa vida i111er11n,·ional (/('

IIOSS(J s(!,:·ldO ·••

O presidente de Formosa, Chang C hing-Kuo, afirmou que a decisão dos Estados Unidos não só prejudicou gravemente os interesses do governo e do povo de seu país, mas também teve um impacto t remendamente adverso em todo o mundo livre. . Exortou o povo de Formosa a mostrar s ua determinação e firmeza, reiterando que não ne~ociará com Pequim, porque isso significaria a própria destruição de Taiwan. Em entrevista à revista francesa L' Express, Chang Ching-Kuo afirmou:

"Os Estados Unidos são conhet:idos por sua tradição de defensores da liberdade e dos direitos humanos. Então queria perguntar porque é que esse país decidiu estabelecer relações diplon1áricas com (I China vermelha. j usra111e111e 110 111omento em que rodo o mundo acusa os co111w1istas chineses de ,narar centenas de inocentes, violar os direitos humanos e privar as pessoas de liberdade. ''Queria perguntar 1a111bé111 continua - porque os Estados Unidos leriam decidido "nonnalizar" relações co,11 a China con1u11ista precisamente no tnomenro en, que o po.vo deste país con,eç" a coloc(lr cartazes em seus muros. pedindo " restauração da liberdade. "A R,í.isia Soviética e o regi111e co111u11ista chinês vên1 prosseguindo em sua conspiração para a conquisu, do inundo, através da "revolução proletária". Isso nunca mudou. Co1110 os <-'Otnu11is1as chineses estão e,11 posição de inferioridade, eles recorr ero111 ao 111at1uiavelisn,o dialético

Por outro Indo, o primeiro-ministro de Formosa, Y. S. Sun, exortou o povo da ilha a não se iludir com as propostas de Pequim no sentido de negociar a unificação, que ele qualificou de "tnera tdtica para

forçado a ser mero espectador dos acontecimentos. Os comunistas chineses temem antes de mais nada o regime de Formosa. Por isso eles sempre estão toma ndo iniciativas no sen tido de dominá-lo. As agruras do regime comunista não foram sentidas apenas por Fan, mas são cxperimCJ1tadas pela maior parte do povo c hinês. Este não se esquece que os vermelhos mntaram mais de 60 milhões de seus compatriotas, desde 1949.

que os chineses ordenem uma invasão da ilha no momento "por temerem suas forças an11adas", mas acrescentou, cm mais um apelo, que ta is

Rios de ouro para tirar a China da pobreza

dominar Formosa aos poucos. [...]. A hist6ria nos ensinou que aqueles que confiam na falsidade co,nunista tê111 um fin1 trdgico, e a queda do Vietnll é um exemplo vivo dessa tra: gédia. Se hoje não forn,os corajosos e defendennos nossa liberdade, amanhã seremos refugiados vagando 110 mar". Sun afirmou não acreditac

Apesar de relatos impressionan"Formas Armadas só poderão ser mantidas se 1uio cessar a ajud(I nor- tes como o de Yuan-Yen, é diffcil entender porque os palscs ocidentais 1e-a111erica11a".

começam a armar e fornecer tudo o que a miserável e populosa China A vida na China, segundo comunista necessita. um fugitivo categorizado Assim , por exemplo, foi assinado recentemente o maior conirato já No .dia 7 de ju lho de 1977, às firmado pelos comunistas chineses 14, 12 hs., o comandanie de um com um pais estrangeiro, pelo qual esquadrão da Força Aérea da C hina os vermelhos ganharão de presente a comunista, Fan Yuan-Yen, pilotando instalação do mais vasto complexo um Mig- /9 fugiu da C hina vermelha do mundo destinado à exploração para a ilha de Formosa . "C"rolicis- de mi nério de ferro. Trata-se da "U. 1110", cm sua edição de agosto de S. Sreel", a maior companhia side1977, n. 0 320, publicou uma noticia riirgica dos Estados Unidos. e cala respeit o dessa fuga sensacional. vez, do mundo. logo ao descer do avião o fugiTeng Hsiao-Ping, vice-primeirotivo exclamou: "A vida é extrema- ministro chinês e atual ,,ede11e do mente miserável 110 co11ti11ente. Ve- regime de Pequim, está convidando nho à procura de liberdade porque os empresários e firmas americanas não posso suportar 1110is a perse- a fazer vultosas aplicações de capital guição comunista". na empobrecida nação de 850 miO piloto de 42 anos não pôde lhões de habitantes. suportar mais as algemas marxistas, A política de Teng parece estar partindo então em busca de um dando resultado. Também a Inglalugar no mundo livre, arriscando terra já elaborou um programa que para atingir es1e objetivo a própria estipu la a implantação de duas usivida . nas siderúrgicas na China continenO testemunho de Yuan-Yen é im- tal. Um grande presente que permipressionante. Ele declara: tirá aos c hineses fabricar seus pró"Sob a tirania co111u11is1a, a vid(I prios armamentos. Isso para não na China é miserável. Familias e citar a instalação de uma grande vilas inteiras fora,n exterminadas fábrica da Coc(l•cola e de uma rede pela fon1e. No regime co,nunista o de hotéis por iodo o pais, patrocidireito à alimentação e a quan1ida- nada pelos norte-americanos. de de víveres são decididos pelos Depois de tudo, Teng Hsiaovennelhos. Nos últimos 30 anos, os Ping gara ntiu a urna delegação de co,nu11istas realizororn u,na políti<.-ll representantes da Comissão das Fordesastrosa. Como resu/t(ldO, o senso ças Armadas do Senado norte-amede verdade e de erro nunca existiu ricano que seu governo tentará re110 continenre e a sociedade inteira solver o problema da reunificação foi mergulhada numa in1e11sa con· de Formosa ".ve,11 in,por o des111a11-

vulsão. "As pessoas não parecem 111ais gente. O país deixou de ser uma nação. Se essa situação continuar. não haver<i mais esperança. Não exisre,n direitos h11111anos de espécie alguma. Todas as coisas que os estrangeiros vêen1na China são,préan-onjadas para enganá-los. As pes-

1ela111en10 das forças de segurança da ilha e permirindo-lhe tOl(II au10110111i<J dentro da China, inclusive a

.toas d<, 111111ulo livre conhecen11nui-

tern1i11ado ".

10 pouco a reali<lade existente na China venn,,/lw ,·,1111 seus 850 111i-

,w renrativ<J de jogar seu inimigo se<-·undário contru seu arqui-inhni·

Jlujes de hnhit ant<)fi;'',

t1tingiren1 .veu objetivo, os arnigos de hoje scrôO os i11i111igos de a,nanhã.

Como chinês, Fan Yuan-Yen scn1iu-se na obrigação de 1ransmitir ao mundo livre os sofrimentos de seus co mpatriotas. subjugados pelo regime comunista.

go. simulando uma posição nacionalista e de <1preco para com os r:srados Unidos. Mas "ssiln qu<•

111anutençâo de seu sistenw social e econômico, enquanto seu povo assin, o desejar", Ameaçou, entretanto, q ue o regime de Pequim usará a força, "caso o governo de Taipé se r cfuse a ne1:vciar por ternpo ilule-

Teng emprega assim o binômio medo-simpatia. clássico csirarngcma de guerra psicológica revolucionária destinado a dobrar os não comunistas.

CARLOS SODRI: LANNA 3


ESTRANHO CONGRESSO PROPALA EDUCAÇÃO SEXUAL RASI LEIROS de vários quadrantes do Pai~ não escondem sua prcocupaçao ante o que consideram um grave perigo para as fami lias da nação: a chamada educaÇ<io sexual nas escolas. Tal preocupação tem extravasado j á o recinto dos lares e despontado, aqui e ali , na secção de correspondência de alguns dos maiores Jornais do País. Agravada pelo fato de que cenas correntes começam a se movimentar ativamente, com vistas a implantar nas escolas brasileiras o ensino da controvertida matéria. Não é sem razão que tantas objeções se levantem contra a educação sexual miniscrada em cstabclecimenios de ensino. Os riscos a que ficam expostos, com tal "disciplina", nossos pequenos compatriotas tornamse pacentcs med iante a análise do 1cmârio desenvolvido cm recente Congresso realizado na capital paulista. E não levará muito 1empo para que numerosíssimos pais se cncon1rem em face de um angustioso problema: acé que ponto podem permanecer tranqüilos com a educação moral recebida por seus filhos nas escolas do Brasil?

B

Congresso prepara o terreno Realizou-se em São Paulo, em novembro do a no findo, o I Congresso Nacio na l de Educação Sexual nas Escolas, aberto oficialmcncc pelo Secretário da Educação daquele Estado, com cerca de 1500 participantes - "mulheres en, avassaladora 11wioria'' - , entre os quais "sexólogas". psicólogas e professoras. O Congresso visou lançar as bases e criar o clima psicológico para uma futura implancação desse 1ipo de ensino nas escolas. Algumas das afirmações feicas du rante o Congresso nos permitem enlrever o rumo que se quer imprimir à exposição da delicada matéria. Uma "sexóloga" - denominação até há pouco inusitada - . apon1ou. em palestra, o caminho a seguir:

tão 1rombcteada libertação dos 111bus cm matéria moral costuma ser a negação de princípios católic9s. E que, portanto, expressões genéricas como essa - livre dos tabus - vão preparando as mentes, trabalhadas por uma propag,rnda francamencc imoral, para aceicarem uma educ(lção sexual quê dê livre curso às tendências mais desordenadas da cria-

~.

/

,

,

/(lbus. de i11for11wções disrorcida.,. e, pri11cipaln1en1e, co111 o grande 11ú111ero de alunas grávidas".

Note-se que não se trata de criar, através de uma sã educação para a castidade, um clima propício ao desabrochar da pureza entre as alunas. Trata-se de ensiná-las a evitar a gravidez. Para que possam entregar-se mais comodamente à luxúria? Não se caminha, com essa orientação, na direção exatamente oposta à do ensino católico, que floresceu cm admiráveis exemplos para a juventude, como Santa Maria Goretti?

"Não pecarás contra a castidade" Outra conferencista defendeu a necessidade de "mosrrar que a se-

xualidade está ligada ao gostoso. ao prazer". E afirmou que "o único crirério para se saber o que é bo,n e,11 ,natéria de sexo é saber o que é bo,11 para você". Total ausência, portanto, de princípios morais objetivos. A oradora também falou contra a manutenção do·s "miros sobre a sexua-

lidade",

Um menino ou uma menina que venham a ser educados segundo tais principias, que tipo de jovens serão amanhã? ~ sintomático que entre os presentes ao encontro não faltaram "crfricas à proibição de filmes, li-

vros e peças reatrais, por porre do Governo", Mais um sinal da orientação que terá a educação sexual,

com regras de fora, mas unw ,nora/ que venha de dentro do individuo. de 111odo que a pessoa saiba usar be,n o sexo. ou melhor a sexualidade. arravés de escolha.t livres e conscien1es, nws se,n nonnasfixas''.

E, a seguir, fez uma observação desconcertante e que causa espanto: "O imJ)CJrran1e é aprender ti não se

nwclwcar e não nwchucar o oulrou.

4

-

Uma "oricmadora ed ucacional" voltou à carga ao afirmar que se objetiva "<,caba, co,n o clim" de

pois é notório que o princípio segundo o qual tais filmes, livros e peças conhecimento real da vida. livre dos teatrais podem ser proibidos é o de rabus". evitar a corrupção, especialmente da juventude. Uma expositora defendeu a tese de que a moral deve ser apenas pessoal. O que equivale à ausência de verdadei ras regras morais. Pois, ou estas se baseiam cm princípios gerais de valor universa l ou é ridículo falar em moral. Sigamos suas afirmações. Ao discorrer sobre o que denominou ",nora/ lwmanística", definiu-a como sendo "não wna ,nora/ imposta

O que são esses 111bus que impedem o conhecimen to da vida'? Todos nós estamos fartos de ou,·ir cerco 1ipo de propaganda da imoralidade q ue rocub impudehtementc de /(//.11,s normas cristãs de vida: a proibição de assassina r as crianças que começam a formar-se no ventre materno (abono). a guarda da virgindade até o casamento, a proibição do uso de pílulas e outros meios de impedir a concepção. a condenação da homossex ualidade. e outras. Não sabemos se da concepção de rabu. refcrid:i pela conferencista, cstà excluída alguma d as referidas normas criscãs que opõem dique à imoralidade. O que sabemos é que a

'

tura humana.

"A educação sexual pennirirá o

Professor norte-americano Sol Gordon, arauto da cducaçilo sexual nas escolas

r

O ensino, para essas conferencistas, parece consistir cm desinibir completamente as crianças, inculcando-lhes que nessa matéria nada é pecado e destruindo qualquer noção de pudor e recato. É ao menos o que parece deduzir-se desta afirmação a respeito dos adolescentes: .. É neces-

sário livrá-los de associações negarivas qut, ligan, o sexo ti vergonha. ao pecado e <10 se111ime1110 de culpa". Ora, como ensina a doutrina ca16lica, não se trata de ligar o sexo ao pecado, mas sim de ensi nar que o pecado nessa ma 1éria consiste e m ut ili>.a r-se das faculdades próprias ao sexo fora das regras morais sin1e1i1.adas no 6. 0 e 9.0 Mandamentos da Lei de Deus: "Não pecarás conrra a cas1idtu/e'' e 'ºNiío t·obiçarás a nw·

. -

derado. Também compareceu ao Congresso um conferencista norteamericano, Sol Gordon. Este apresentou como exemplo de bom êxito da educ<1ção sexual os países escandinavos que ..nos úlrimos cinco anos

registrara,n 11111a redução drásrica da gravidez. doenças venéreas e l<11nbé1n decréscimo de crimes sexuais". Fica aqui cla ro o que se considera como s ucesso da tal educação. Não é nem de longe um aperfeiçoamento moral ou espiritua l daqueles a quem é impingida, mas sim a aquisição de um certo nível de esclarecimento cientifico para que as pessoas possam satisfazer ,\ vontade seus instintos, sem arcar com os ónus da gravidez e os incómodos que dela decorrem, e sem o risco de contrair doenças venéreas ou envolver-se em crimes. Cam inho desimpedido, pois, para o amor livre. Gordon, para quem a criança deve começar a ser sujeita a esse processo aos seis anos de idade, diz que "é perfeiramente normal não se

casar virge,11, manter relações sexuais e gosrar disso",

É nocória , durante todo o Congresso, a insistência no aspecto gozo, como se homem e mulher estivessem ncsce mundo primordialmen1e para desfrutar dos prazeres da carne. E não fossem seres espirituais com um dcscino eterno, tendo árduos deveres a cumprir nesta terra de exílio. Para Gordon "<1 única coisa 1·011-

siderada anonnal. e,n 1er111os de sexo, é reprimir pe11sa111e111os,fa111asias. sonhos", Ou seja, exacamentc o

oposio do que ensina a Igreja sobre os efeitos do pecado odgina l, que precisam ser combalidos para a prática da virtude. O o,·ador norte-americano não 1repidou em vaticinar: "A grande e rínica esperança do Brasil é que as

11111/heres fiquem mnis insrruídas, controlem a própria fel'lilidade". Esse arauto da educação sexual fez outra afirmação muito grave, 1endente a acarrecar a desunião dos lares. Após dizer que os maridos deveriam exercer as tarefas domésticas, aconselhou i1s mulheres presentes: "Se eles se recusarem a pre-

parar o jantar. hão prepare111 o jantar para eles a11wn/111; e se eles a abm1donaren1. não wio procurâ-lus. Se vocês não estiveren, nt1111 beco sern salda, aindíl 1erão 11111iras OJJ· ções". Essa é a educa('<io sexual que desejam impingir a nossas crianças. Se ela vingar, a família , já atingida a fundo pela atual ofensiva da imoralidade. acabará por se desintegn1r.

lher do próxi1110 ··.

o "sexólogo" norte-americano Não foram só mu lheres que falaram, e mbora ela s 1ivcssem prcpon-

NOTA: As ciwc:õt.s <lc.•ac :-1rtigõ for.1111 t·x11-:1i· dns dos j ornais .. Folha ,lt• S,io 1•,m1c>·. de 7 e 8/ 11/78: "O e.\lmlo tlc• S. Paul,, .., de 7 / 11 / 78; " Jt1mal d" Tim/e". de 10/ l 1/7$: e rcvist:i.

" Vi.1:,iu", dé 27/ 11/ 78.

1ornando-sc fácil presa do comunismo internacional. Se os propugnadores da educação sexual consegui rem impor, nos escabelecimentos de ensino, ta l programa. ter-se-á delineado uma terrível escolha para os pais: impedir os filhos de irem às escolas, ou sujci1á-los às gravíssimas conseqüências

de uma formação contrária à Lei natural e i1 Lei de Deus. Que a Mate, C<1sríssi11w, Mãe de Deus e nossa, proceja as crianças brasi leiras contra essa investida desagregadora que ameaça suas inocências. ·

GREGÓRIO V. LOPES

FRUTOS· AMARGOS UM DOS argumentos mais utilizados pelos eorife\Js e entusia~tas de ll)na educação sexual precoce. pública, mista' c compulsór,a é a de q ue ela vai fornecer aos meninos e meninas os conhecimentos necessários para que mais tarde saibam conduzir-se eonvcnicntcmente nesta matéria, evitando um d esregramenco de \(ida fcuto de informações provindas de co!egas mal-in1encionados ou ma l-preparados. Entretanto, bem outro parece ser o resultado de uma "educação sexual" assim condu1.ida. Daremos dois exemplos de situações em que ela é invocada diretamente como causa. Segundo n9tfcia p\Jblicada no '"Deursehe Tag'esJ>.osr" de 13/ 10/ 76 e transcrita cm "Chiesa Viva" de Bresc)a (llália), de fevereiro de 1977, os daqos estatlscicos abaixo rclacionádos constam de um livro editado pelo Ministér.io da Saúde da Suécia. São eles: - A partir de 1956 foi instituída nas escolas da Suécia a educação scx uai. - De 1956 a 1972 a gravidez cm menores de 14· anos aumentou 900%. - Em 1973 houve 68 l partos em meninas de 14 a 16 anos. - De 1968a 1974oabonocm meninas de 15 anos a umentou em 200%. - De 197'.l a 1974 os deJitos por, hómossciualidade e ntre menores de 15 a11os dupliçaram. - Oe 1950 a 1972 as doenças v~néreas entre menores de 14 anos aumcncaram cm 900%.

• • • A publicação "Cavaleiro da /1110culada" de Lisboa. de 25/ 5/ 78. come ntando os frutos das aulas de educação sexual na Alemanha, refere os seguintes dados: "Assi1n. na

/Joviera, o 111í1ner o de alu11t1s g,á.. "idas enrre os I 3 li I 5 (JIIOS, co,11 esra aula famosa. a11me111ou 23%. No ('Q IIICÇO do {/110 lt!livo 73/ 74 esperavam f)ef1és 49 <tfunas do curso pri111ário. 150 do secunddrio e 2 mil das escolas profissionais". A lguns dados sobre a decadén-

eia moral nos Estados Unidos, embora sem cicar diretalt)ente a ed ucação sexual como causa , de·ilmm 1ransparecer a influência que ela pode 1er exercido para que se chegasse a esta situação, A edição de 17/ 5178 do "Diário has A,n'éricas", publicado em Miami (Estados l!Jnidos), apresenta os seguintes elementos referentes à Fló.rida:

"Os 11ascin1en1os, ilegítimos co111i1111a,,, aunu:nrando 110 Flóúda. O relorório do Deparrame1110 de Sa1íde e Serviços de Reabili1a9ão afir111a que o número de 11ascime111os de 11,ães solre,i;as é de 2/. /9/, 20.3% do 1010/ de 11ascime11to$. 110 Esrado, e,11 1976. Muitos 11asci111e111os ileg[timos foram evirados 1nedia111e o aborto que atingiu o 11ú111ero de 37.340 em 19.76. Entre tis 111ães solteiras de 15 a i9 anos o número de 11asâ111e111os passou tle 20.8% em /960 para 48.1% em 1976". Por sua vez. o "New York Tilnes" em s ua edição de 31 / l / 78. no artigo ·· /976 survey finds reenage frequency rose 33% in 5 )•ears"

por Jane IS. 8,·ody. oferece os seguintes dados: Cerca de 10% das moças brancas entre 15 e 19, anos teYe uma gestação pré-mairimonial, o que representa um aumento de 1/ 3 em relação a L9JI. O uso de contraceptivos entre jove)ls desta idade quase dobrou cm relação a 19:/ 1. Numa pesquisa realizada em cerca de 10 nrilhões de moças de 15 a 19' anos. aproximadamente 4 milhões tinham tido e.,xperiéncias pré-ma> trimoniais e mais de bm milhão Linha engravidado uma ou mais vezes: destas. 45% haviam recorrido ao aborto. Pode-se objetar que nas duas últimas notícias a ed ucação sexual não está explicitamente rcsponsabili1~1da. Ê significacivo porém, que os dados q ue elas apresentam coincidam com aqueles em que ela é apoiltada e 1amb~m com a época cm que cal "educação" foi sendo introduzida nas países mais "avançados'' do mundo ocidental.

MURILLO GALLIEZ


ECLESIASTICO

A VOZ DO MA'<

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STANDO O TEMA da educação sexual na ordem do d ia quase como obsessão para certo tipo de publicações e de pessoas ligadas a problemas pedagógicos " Catolicismo" juli:ou oportuno apresentar a matéria a seus leitores, tendo cm vista uma reta orientação a respeito da mesma, sob diversos ângulos. Entretanto, como é natural, todos eles se baseiam na doutrina pere ne da Igreja sobre o assunto. Em vis ta disso, expomos, de início, os meridianos princípios doutrinários sobre educação sexual defendidos pelo Magistério Eclesiástico. desde várias décadas até nossos dias. Todos os negritos que figuram nos documentos abaixo foram inseridos pela Redação, a fim de ressaltar as partes mais importantes dos textos citados.

Os documentos de Pio XI Em sua Encíclica "Divini 11/ius Magistri", sobre a educação cristã da juventude, Pio XI , após co ndenar o naturalismo pedagógico, faz sérias adevertências a respeito da educação sex uai. Diz o Pontífice: " É falso, portanto, todo o naturalismo pedag6gico que. na educação da juventude. exclui 011 1ne11ospreza por todos os meios a fonnação sobrenatural cristã; é 1ambé111 errado todo o método de educação que, no todo ou em parte. se funda sobre a negação 011 esquecimento do pecado original e da graça e. por

conseguinte, unicarnente sobre as forças da natureza J1111na11a". E ma is adiante acrescenta o Papa: " Mormente perigoso é. portanto. aquele 1101 uralismo que. e,11 nossos 1e111pos. invade o campo da educação em ,na1éria delicadíssima co,110 é a honestidade dos costumes. Assaz difuso é o erro dos que, com pretensões perigosas e más palavras, promovem a chamada educação sexual, julgando erradamente poderem precaver os jovens contra os perigos da sexualidade com meios p11ra1nente

naturais, tais corno urna ten1erária iniciação e instrução preventiva. i11disti111ame111e para todos e até publicamente e. pior ainda, expondo-os por algu111 tempó às ocasiões para os acostumar. co,110 dize111. e quase fortalece: -lhes o espírito contra aqueles perigos. "Estes erram gravemente, não querendo reconhecer a natural fragilidade hw11ana [ ... ]. e desprezando até a própria experiê11cia dos fat os a qual atesta que. nom eadam ente n os jovens. as culpas contra os bons costumes são efeito não tanto da ignorância intelectual quanto, e principalmente, da fraque-ia da vontade. exposta às ocasiões e não sustentada pelos ,neios da Graçt,. "Se. consideradas todas as cir-

legítinw co11vivência hunu11w corn a pro111iscuidade e igualdade niveladora. (... ) não /ui na própria 1w111reza. que os faz diversos 110 orga11is1110. nas inclinações e 1ws aptidões. nenhum argumento donde se deduza que possa ou deva haver promiscuidade na formação dos dois sexos. Estes. segundo os ad111iráveis desíg11ios do Criador. são destinados a co1nple1ar-se mutuamente na família e 1111 sociedade. precisa111en1e pela sua diversidade. a qual. portanto, deve ser mt111tidt1 e favorecida 110 for,nação educativa. con1 a necessária dist inç<io e correspo11de111e separação. proporcionada às diversas idades e circuns1{/ncias " (Doe. cit.,

Nosso na Carta Encíclica sobre "A Educação C ristã da J uventude", datada de 31 de d ezembro de 1929. A saber, é preciso cuidar em primeiro lugar de uma formação religiosa da juventude de ambos os sexos. plena, firme e se,11 interrupção; é preciso excitar na juventude uma estima, desejo e amor da angélica virtude; e. acima de tudo. inculcar que seja co11s1a111e na oração, assídua nos Sacran1en1os da Penitência e da SS,,w. E11caris1i11. que tenha uma contínua e filial devoção à Bem-aventurada Virgem Maria, mãe da santa pureza. e que à sua proteção totalmente se consagre; evíte cuidadosamente as leituras perigosas, os espetáculos obcenos, a conversação dos maus e quaisquer outras ocasiões de pecar". Depois de dar esses conselhos, para indicar como se deve orientar a juventude cm matéria de sexo, censura aquela Sagrada Congregação os livros que propugnam o método de educação sexual, escritos a lguns até mesmo por autores católicos (A.A.S. , 23 , p. 118, apud "Por 11111 Cristianismo A111ê111ico", de D. An· tonio de Castro Mayer, Ed. Vera Cruz, São Paulo, 1971 , pp. 86 e 87).

p. 28). Em sua Encíclica "Casti Co1111bii". sobre o matrimônio cristão, o mesmo Pontífice, abordando ainda o tema da educação sexual, já agora em seu aspecto de preparação para o casamento ou de instrução para os já casados, faz a seguinte advertência: "Mas es,a sã instrução e educação religiosa acerca do matrimônio cristão estará bem longe daquela exagerada educação fisiológica, com que em nossos dias certos reformadores da vida conjugal dize1n vir em auxílio dos esposos. gastando com estas coisas fisio/6gicas ,nuitas palavras. con1 as quais, n o en1a1110.

O ensinamento de Pio XII

se

Em sua Alocução às Mulheres da Ação Católica, no dia 26 de outu· bro de 1941, Pio XII apresenta sábias e preciosas diretrizes aos pais de família sobre a orientação sexual que devem ministrar a seus filhos: "V6s inspirareis (aos filhos] alta estin1a e acendrado amor pela virtude da pureza. indicando-lhes co1110 guarda segura ·a 1na1er11a proteção da Virgem Imaculada. Vós. enfi111, com vossa perspicácia de 111ãe e de educadora, graças à fiel abertura de alma que tiverdes sabido infundir em vossos filhos, não deixareis de perscrutar e de tliscernir a ocasião e o 11101ne1110. e111 que certas questões delicadas se apresentam a seu espírito, e111 razão de perturbações especiais dos sentidos. Caber-vos-á en tão a v6s, para vossas filhas, ao pai para vossos filhos - na m edida e111 que j 11/g11e111 necessário - levantar. ca111elosa111en1e. o véu da verdade. e dar u111a resposta prudente, justa e cristã a tais questões e inquie111des.

aprende mais a arte de pecar habilmente do que a virtude de viver castamente" ("Sobre o Matrimônio Cristão", Coleção Documentos Pontifícios, n. 0 4, Ed. Vozes, Petrópolis, 1951, p. 48).

Incisivo decreto do Santo Oficio Outro importante documento sobre a matéria, considerado mesmo um complemento da "Divini 1//ius Magistri", é o Decreto da Suprema Sagrada Congregação do Santo Ofício de 21 de março de 1931, publicado durante o pontificado de Pio XI, e que responde a uma consulta sobre educação sex ual. Contém ele as seguintes recomendações: "É absolu1ame111e preciso. 110 educação da juve111ude. seguir o 1né1odo até agora e111pregado p ela Igreja e pelos ho111e11s de vir111de, e recomendado pelo Santíssimo Senhor

Pio XI: A educação sexual, com que certos reformadores da vida conjugal dizem vir em auxlllo dos eSPoSOS, mais ensina "a arte de pecar habilmente do que a virtude de viver castamente".

cunstâncias, se totna necesstíria, e,n tempo oportuno. alguma instrução individual acerca <leste delicadíssim o assunto. deve, quem recebeu de Deus a missão educadora e a graça própria desse estado, tomar todas as precauções conhecidíssin,as da educação cristã tradicional" ("Sobre a Educação Cristã da Juventude", Coleção Documentos Pontifícios, n.• 7 , pp. 25 e 27. Ed. Vozes, Petrópolis.

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1950).

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• • • Em seu cuidado de preservar a juventude dos perigos a que se expõe por uma educação mal conduzida, Pio XI vai ma is além , condenando também ;is c ha madas esco las mistas. ou seja. as que admitem a lunos de ambos os sexos: "De 111odo se111elha11te. errôneo e pernicioso à educação cristã é o chamado método da "co-educação". baseado tat11bé111 para 1nui1os n o na111ralismo 11egt1dor do p ecado original e ainda, para todos os defensores des1e método. sobre uma deplorável confusão de idéias qui• 1·011ji11ule a

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Recebam-no de vossa autoridade de pais cristãos. no 1no111en10 oportuno, 110 oportuna n1edid<1, com iodas as devidas cautelas; e as revelações sobre a 111isteriosa e ,nilagrosa lei da vida serão ouvidas num 1nis10 de respeito e gratidão; suas almas se esdarecerãÕ corn 1nui10 n1enos perigo do que se o aprendesse,n ao acaso. por 111eio de encontros indignos, e111 conversas cla11des1inas, na escola, de companheiros de p ouca confiança e que já sabe,n demais sobre o assunto. p or intermédio de leituras às ocultas, tanto ,nais perigosas e perniciosas qua1110 ,nais o segredo i11fla11w a Í/11aginação e excita os sentidos. Vossa palavra. se sábia e discreta. poderá 1or11ar-se iuna garantia e 111110 advertência e,n ,neio às tentações da corrupção que os circundam" (A.A.S., Ano XXXIII, Série li, vol. VIII, 1941, pp. 455-456). Em 18 de setembro de 1951. oreferido Sumo Pontifice, numa Alocução aos pais de família , condena a maneira como muitos autores católicos abordam essa matéria, sem adiscreção que o assunto pede. E recomenda as mesmas precauções prescritas por Pio XI na Encíclica "Divini lllius 1\1agistri": "Há uni terreno 110 qual esta educação da opinião pública. e s1111 retificação, se impõem co,n uma 11rgência trágica. Ela se acha, neste campo, pervertida por uma propaganda que não se hesitaria de chamar funesta, se bem que desta vez ela emane de fonte católíca, e vise agir sobre os católicos ( ... ]. " Q11eren1os falar aqui dos escritos. livros e artigos, concernentes à edu caç,io sexual, que hoje em dia obtbn freqüentemente enorme sucesso de livraria e inundam o inundo inteiro, invadindo a infância, afogando a geração adolescente. perturbando os n oivos e os jovens esposos". E após censurar severamente o referido tipo de publicações, prossegue Pio XII: "Essa literatura, se é que a podem os chamar assim, não ptirece ter em conta alguma a experrnncía geral de ontem, de hoje e de sempre, porque fundada na pr6pria natureza. experiênciá esta que dá 1es1em1111ho de que. na educação moral, ne,11 a iniciação, nen, a instrução apresenta e,n si va,uagen1 a/guina, que uma e outra são. pelo contrário, grave111e11te ma/sãs e nocivas quando não estão fortemente ligadas a 111110 cons111111e discipli,w, a um vigoroso domínio de si mes,no e ao uso, sobretudo, das forças sobrenaturais. da oração e dos Sacrm11e111os" (cfr. "Ca1olicis1110", n.• 13, janeiro de 1952). O mesmo Pontífice, em s ua Encíclica "Sobre a Sagratla Virgindade". tece a inda uma consideração importante e oportuna sobre o assunto: "Contudo, co111 freqü;11cia demasiada e111 nossos dias, certos professores e educadores julgam-se obrigados a iniciar as crianças inocentes nos segredos da geraç11o. de u11u1 111a11eira que lhes ofende o pudor. Ora, nesse assunto 1e111 de se observar a justa ,noderação que exige o pudor'' (Encíclica "Sacra Virginitas", Coleção Documentos Pontifícios, n.• 1'07, Ed. Vozes, Petrópolis, 2.• edição, 1960. p. 26).

Pastoral recente reafirma doutrina pontíficia

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Outro documento digno de nota sobre o assunto, publicad o há um ano apenas, é a enérgica e oportuna " Car111 Pastoral sobre a Fonnação na Castidade de Crianças e Escolares", de autoria de S. Excia. Revma. Mons. Bernard D. Stewart, Bispo de Sandhurst , Austrália, de 2 de fevereiro de 1978 (Cambridge Prcss. Bendigo, 1978). Após relembrar o ensinamento tradicional da Igreja sobre a vi rtude

da castidade, o autor chama a atenção para a imutabilidade da lei moral, condenando modernas correntes "teológicas" difundidas por cató licos progressistas, como a •·,nora/ da l'ituação'' e outras que se opõem à teologia moral tradicional. Censura também movimemos catequéticos e obras teológicas que penetraram cm sua Diocese' devido à ação dos progressistas.

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Pio XII: A educação da oplnlilo pública se acha pervertida por uma propaganda que não se hesitaria de chamar funesta: escritos, livros e artigos. concernentes à educaç&o sexual.

O Prelado chama a atenção para a maneira séria e delicada com que a Sagrada Escritura, cm múltiplas referências. trata de assuntos e problemas ligados a essa matéria. Ensina a Carta Pastoral de Moos. Stewart: "Onde a tenninologia correta é adotada as crian<·<,s apre11den1 a evitar vulgaridades. As palavras e o ,nodo de ser são de grande impor1ância. Desenhos, fotogr3fi:ts, ilustrações são desnecessá rios" ( p. 9). Sobre educação sexual, afirma o Prelado que os Documentos de Pio XI e Pio XII têm p lena validade nos dias de hoje e apresenta diretrizes de orientação sobre o tema: " Ni11g11én1 estd e,11 111elhor posição que o pai e a m,i e p ar11 saber quando e e,n que 111edida seus J i(hos estarão preparados para esse conhe· cimento, tão ínti,110 e delicado. O pr6prio crescim ento da t·ritmça e du

adolescente 1,·az u,na atenção e u,na

curiosidade própria sobre assuntos

concernentes ao sexo: é un, desenvolvime1110 individual, pessoal. A tento para ele, o progenitor, antes de tudo, deve esclarecer a curiosiôade e inculcar 3 modéstia para acompanlwr o <,.·<>nheci1ne1110 entiío (1dquiri· do. A instrução en, grupo ou padronizada 1or1111-sc logo ineficaz ou perniciosa" (p. 17). E acrescenta Mons. Stcwa, t: ''As escolas devem apoiar os pais. Isto não significa que os professores devam engajar-se e111 aulas de in(ar,naç,io sobre o sexo; de fato. l3is aulas devem ser proibidas. A1as significa que a escola deve incentivar uma atmosfera de modés(ia, pureza e castidade" (p. 17). E mais adiante observa: " De,.emos 10,nar a ~·ério o dever e v pri-

vilégio de ajudar ,neninos e ,ueninas o ,se 1ornarern ho,ncns (/ 11111/heres ca.'1os" (p. 18). Em outro :rccho

acentua que "a Igreja C:1:ú1ic:1 «ind:'l susícnta sua doutrin::-, tr:tdkiona! ~ sua formação tradicional na ~•stidade" (p. 19). E. muito oportunamente, o ?relado lembra aquelas palavras terríveis de Nosso Senhor: "Se alguém escandalizar alg,.un tlesttl.•; pe,;ueninos que créen1 ern Miln, rnelhor seria que fosse afogado no 1nar co111 1111111 pedra de moinho awda ao p11scoço" ( Mt. 18, 6: p. 18).

JÚLIO DE ALBUQUERQUE

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E IA DESAPARECENDO O VINHO DO PORTO ... DESDE OS MAIS remotos tempos. mas sobretudo após a expansão ultramarina dos séculos XV e XVI, sempre gozaram de alto conceito·, em todo o mundo civilizado, os vinh os portugueses. Pouco a pouco, foram se impondo ao paladar dos mais exigentes degustadores, de sorte que já no século passado, nos altos círculos da aristocracia européia, quase não se compreenderia um jantar em que, à hora da sobremesa, não fosse servido um cálice de vinho do Porto. Conta-se que Wellington, vencedor de Waterloo - como aliás também Napoleão, o vencido apreciava muito aq uela bebida reconfortante, que o ajudava a enfrentar as fad igas da guerra e a concentrar o esplrito nos conselhos militares. Cem anos depois, também seu contcrrAnco Churchill nl!o dispensava o Porto. Entre os T1.11rcs russos, em o vinho dos Açores que merecia especial aceitação. Outros prefeririam os mosca téis, os verdes ou os frisantes. Havia muito que escolher. Com tão larga faixn de consumidores, bem se compreende a importAncia crescente que, pouco a pouco. foram assumindo na economia portuguesa a produção e a exportação vinícolas.

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o principio de subsldlerledade... Segundo o lapidar ensinamento de Pio XI na Encíclica "(luadragesimo Anno'', de 15 de maio de 1931, "passar para uma sociedade nwior e 111{Ji., elevada o que sociedades me1wres e inferiores podiam conseguir rf t11n(1 inju.ftiçt,. urn grave dano e perturba,ão da boa ordem social" ( 1).

Em consequência, é necessário que cadu orga nismo da sociedade desenvolva suas atividades em toda a exte nsão das próprias possibilidades, e só no que ultrapasse esses limites seja ele subsidiado, ist o é,

' . .. .. "Expulaal o qua e natural e ele voltare a galope", diz o proverbio. ~

Aa vlnhaa portuguaaaa foram relratarlaa

dos ben., de con.11u110 e dos serviços de,ttlnados 11170 sd a sa1/s(azer às 11e/'es.tld1ules do t·orpo, co,Í,o, pri11c/pal111e11te, às aspirações do espfrl/0" (2).

...não é obedecido em Portugal Infelizmente, os responsáveis pela condução da coisa pública em Portugal, após o 25 de abril, não souberam ou não quiseram ver a extrema sabedoria de tal doutrina. Não lhes faltou sequer a experiência do Chile e de outras nações, que também se haviam precipitado pelos abismos da socialização, no fundo dos quais só encontra ram miséria e caos. Na febre estati1.ante, verificada sobretudo durante a administração Vasco Gonçalves, foram nacionalizadas e postas a funcionar sob controle governamental as grandes Casas produtoras ou distribuidoras de vinho. A Real Co111pa11hia Vinlcol<1 do Norte de Portugal e a Real Co111pa11hia Velha eram duas antigas empresas associadas, que se encarregavam da distribuição da bebida cm terras lusas e de ex portá-la para todo o mundo. Foram ambas nacionalizadas. Expulsos os legítimos diretores, passaram elas a ser administradas por comissões designadas arbitrariamente pelo Poder Executívo.

A produção mais baixa nos Clltlmos 40 anos

A alta qualidade dos vinhos portugueses estava ameaçada com a socialização do pais

aux iliado. coadjuvado, pelo organismo superior. Assi m, o que um muni cípio pode realizar, não comporta uma intcrfel'ência da autoridade provincial. E só as tarefas su periores i1 capacidade desta devem ser remetidas à esfera nacional. Tri nta anos depois. a "Mater e, A1t1gistrt1" reafirmaria esse princípio

mo de atender no gasto local. O plano da J NV é, pois, fazer com que os portugueses, trad icionais exportadores, tomem este ano vinho importado c destinem à exportnçilo a produção portuguesa (4). O governo provavelmente aceitará a proposição, mesmo porque não hâ outra alternativa.

A natureza se vinga "Expulsai o que é natural - re1.a velho provérbio francês - e ele vol1(/rá a galope". Foi o que se passou com a associação das empresas Real Vinícola-Companhia Velha. A degringolada nessas fi rmas atingi u tais extremos, que o Poder público decidiu restitui-las a seus legítimos donos e à iniciativa privada. "Voz de Portugal", do Rio de Janeiro (29/ 12/ 78), que publica a notí· cia, não esclarece se os proprietá· rios foram devidamente indenizados pelos prejuízos. Sabe-se, entretanto, que há dois ou três meses reassumiram seus cargos os mesmos antigos ad ministradores. E que, cm tão curto espaço de tempo, já se fazem sentir os salutares efeitos da restituição: num esforço quase inacredi tável, a nova diretoria conseguiu embarcar uma partida de mil barris de vinho para o exterior. É ainda pequena a quantidade, mas é grande o significado do fa to - comenta o jornal. É a confirmação das esperanças dos acionistas que, apesar do caos em que estavam mergulhadas as empresas, creram na iniciativa privada. Mais ainda, comentamos nós, confirma de modo singular a sabedoria da Santa Igreja em matéria socia l e econômica, e a veracidade cristalina do princípio de subsid iariedade.

Os efeit os não se fizeram esperar muito. Passados apenas dois anos da intervenção estatal, os jornais portugueses anunciavam que as duas centenárias companhias estavam virtualmente falidas. Em princípios de • • • 1977, o passivo acu mulado por elas atingia a impressionante soma de Sem dúvida, a devolução das 200 milhões de escudos - cerca de 70 milhões de cruzeiros - , a que se vi nícolas aos legítimos proprietários ia acrescendo um prejuízo diário de marcou um recuo na sociali1.ação 300 mil escudos - mais de 100 mil em Portugal. Mas, será esse fato realmente sintoma de uma nova cruzeiros (3). Toda a produção vi nícola do orientação, de uma tendência conpaís ressentiu-se da sociali7,ação. Ao servadora nos atuais govcniantcs fim de 1977, "O Te,npo", de Lisboa lusos? Se assim for, demonstrem eles (23/ 12/ 77) noticiou, com t,ase em essa nova orientação fazendo ou tras informações obtidas junto à Secre- dcsnacionali1,1çõcs, como a do sistaria de Estado do Planejamento, tema bancário e a da grande imprenque a produção daquele ano fora tão sa. Se não, tudo não terá passado de somente de 5 milhões de hectolitros uma medida restrita , aprese ntada - o que corresponde a cerca de 50% cm desespero de causa para resolver da produção normal de um ano. Era um problema insustentável. De um a mais baixa produção dos últimos recuo mais aparente que real, portanto. 40 anos. E em dezem bro último. a Junta Nacional do Vin ho (.1 NV) apresentou ao governo port uguês um plano ARMANDO ALEXANDRE DOS SANTOS de emergência: dada a péssima colheita do ano findo e, por outro lado, a necessidade imperiosa de satisfazer aos compromissos no mercado intcrnaciomll, sob pena de per- (1) dt. P io X 1. ..Qu<1dmgp,, ímo A m w", o:· 19. der iodo o prestígio adquirido cm IV t:dição. Vo, cs. Petrópolis-. 19$1, Jl, 31. cfr. J (>:io XXIII. " ,lll,11>1· ,., M11~i.\1m··. n:' ~éculos - a J NV pro1>unha a impor- (2) 5". in ··t:Ju·ir/i,•m , . /)m-ut1:c"mo.,; Sodai,, .. tação de 800 mil hectolitros de vinho colt1:'1nc:1 org:1ni1.ad:-1 por f!'rci Antonio dl."

de Pi o XI. dando-lhe o nome de "pri11,·1i1it1 de s11hsidiariedade", E advertiria sobre as consequências funestas de sua não observâ ncia: [ ... ) onde /a/1,1 a a111aç1io da i11ida1ivt1 grego. argentino. csp:1nhol, búlgaro pri\'ll{/a. a tirm1ia st> apodt'J'tl cio e italiano para aliviar o consumo inEstado. A1ais ai11dt1, a e.w,1g,wção se terno. Isso porque a safra de 1978 es1e1ult! 11 ,unnervso.,· .,·etores tia eco- não tota lizara mais que 6 milhões de 110 ,nin. gerando. nssiln, 11 <~arêncit, hectolitros. sendo incapaz até mcs6

a ravoluoao doa oravoa.

S:1nc1is, O.f-.M.C"ap.. Ediçõc:- 1..TR. Silo P;iulo . 1972. 1,p. 23'1·240.

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de l.isbo;1, 6/ 1 77 e ..,.1 OnJ,,,,,.. do Pono. de 24, 2/ 77.

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(4) " l"'u: ,!e i"oflllJ.:lll" do Rio de Janeiro. 29' 12/ 78.

Revmo. Pe. Severino Garcia Dlaz, Américo de Campos (SP): "Julgo ótimo o seu conteúdo e altamente esclarecedor de acontecimentos diflceis de encontrar cm outros órgãos". Sr. Carlos Alves da Cruz, Santa Cruz (RJ):"Valioso órgão em defesa dos verdadeiros valores tão desprezados nos dias de hoje". D. Elisa Yoshle Nlshída, Silo Bernardo do Campo (SP): "Gostaria de parabenizá-los pelos excelentes artigos que os senhores têm publicado no CATOLICISMO, em especial os artigos da penúltima página". Sr. Raimu ndo da Costa Machado, Oeiras (PI): "É a leitura que mais me agrada, na minha avançada idade de 78 anos, embora já a faça vâgarosamente devido à deficiência de visão que vem aumentando dia a dia. Que Deus continue abençoando o providencial CATOLICISMO!" D. Maria Cec!lla Bispo Brunettl, ltu {SP): "Nesta hora, de tantas contradições e incoerências, dentro da própria Igreja de Cristo, é confortador saber que ainda há penas brilhantes a serviço da verdade, proclamando e defendendo, com sempre renovado ardor, o que de belo e imutável existe na doutrina católica", Sr. Iolando Ribeiro de Avelar, Laje do Murlaé (RJ): "No momento, creio ser o único jornal católico que se pode ler sem o risco de descambar para o progressismo e o comunismo. Leitura sad ia. doutrina autêntica da Santa Igreja". Sr. Thomaz Lodl, Rio de Janeiro (RJ): "Na presente conjuntura, quando os meios de comunicação social se rebelam aos ditames da moral cristã, e cm consequência, a civili1.ação ocidental se pagani1.a num crescendo assustador, o CATOLICISMO agiganta-se, qual luz fortíssima, a iluminar os que ainda não perderam a visão do sobrenatural". Prof. David Plussl, Passo Fundo (RS): "Colho da oportunidade para reiterar meus protestos de sincera amizade a toda a familia de CATOLICISMO, o jornal que esta despertando as consciências católicas para os próximos grandes eventos que o mundo vai viver. Desejo que Deus sempre esteja, com Sua Divina Providência, proporcionando a todos a alegria de viver o bom combate diante de tantas dificuldades que se antepõem na caminhada de uma redenção da humanidade destruída em sua origem cristã". Sr. Henrique de Serpa Pinto, Niterói (RJ): "Parabéns pelo esmero gráfico com que apresentaram a magnifica Pastoral do Exmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer, a quem podemos chamar o Bispo da Medianeira ( ...]. As gravuras, para ilustração do texto, foram escolhidas com rara felicidade, e dispostas nas páginas com acentuado bom gosto. Esse jornal lavrou mais um tento, como fizera antes com a edição sobre Fátima. Resta aguardar e desejar que, assim como naquele caso, também neste a matéria se reproduza em caprichado volume. Deus o queira !"

Fotolito Grafa Ltda. RUA SÃO LEOPOLDO, 101 - FONES: 93-6959 - 93-0368 SÃO PAULO

Mensario com aprovação eclesiástica - Campos - Es1ado do Rio Diretor: Paulo Conêa de Brito Filho Diretoria: Av. 7 de Setembro 247, c~xa postal 333, 28100 Campos, RJ. Administração: R. Dr. M311inieo Prado 271, 0 1224 São Paulo, SP. Composto e impresso na Artpres.s - Papéis e Artes Gráficas Ltda., Rua Dr. Martinico Prado 234, S..o Paulo, SP. Assinatura anua.! : contum CrS 300,00; cooperador CrS 600,00; benfeitor CrS 1.000,00: grande benfeitor Cr S 2.000,00 ; seminarista., e estudantes Cr S 250,00; América do Sul, Central e do Norte, Ponugat e Espanha: via de superfície US S 36,00, via aérea US$ 46.00: outros paÍse:í-: via de superf1cie US S 40,00, via aérea USS 46,00. Avulso: CrS 20,00 O, p3&âl'ltcn1os. semprt em nome de Edirora Padre Belchior de Pon1es S/C, podc.rão ser e11c.an1iohados à Adminisllação. Para mud3nça de· endereço de assinantes, é neces· sário mencionar também o endereço antigo. A correspondência relativa a assinaturas e venda avulsa deve ser enviada 3 Adminisl!açâo - R. Dr. Martinico Prado 27 1, 01224 São Paulo, SP


UANDO CHEGARDES a Sevi• lha ao cair da noite, procurai andar devagar ao longo da ponte de Triana sobre o Guadalquivir (foto), porque é nesses momenios que a cidade vos mostrará sua alma, escondida em alguns rincões. Vereis as águas calmas e temperadas do copioso rio, em cuja superfície assomam sombras inquietas e recordações de façanhas ocorridas há sete séculos. E escutareis vozes límpidas ou distantes brados e cavalgadas guerreiras. Se ergue.rdcs a vista, vos parecerá que as proclamações partem de trás de uma silhueta de torres e pontas que assomam para o céu nu biado. Quando o rio vos tiver feito transpor os tempos, com suas palavras de encanto e suas ilusões de cores, deparareis com uma ruela estreita. Ela vos fará crer serem aquelas torres mais um engano do rio mágico, e que as grandezas vistas e ouvidas, "na realidade, não o foram. E que o mistério mais intimo, as rosas vermelhas e o conto sumamente deslumbrante estão, na verdade, por trás daquelas paredes brancas, nos pátios frescos e perfumados, à hora do luar. Notai, porém, que de claustros ignotos jorram às vezes braçadas de primaveras, cuja profusão em cor são imagem de uma ardente e grande saudade que a tarde e a lua não conseguem acalmar. Suspeitareis então que as torres eram verdadeiras, que as encontrare is em vosso caminho, Sevilha adentro, e que as batalhas não foram sonho, mas recordação. No entanto, a rua - farta de solidão, de divagações, de música de cordas com uma lanterna faz sina l para que fiqueis no bairro. Aqui , ali - vos diria - as estirpes de Sevilha cresceram e desafiaram mundos, porque nestas ruas compreendera1n o atrativo da aventura. Que aventura? A rua vos deixa por fim, passar, como a tantos outros, não sem antes vos presentear com uma brisa perfumada por jasmins. Por lá e acolá, e outro bairro vos recebe com o aroma de azahares (ílorcs de laranjeira) e cumprimentos à n1oda antiga. Em altos pórticos há gravadas histórias de vínculos e continuidades, de proezas feitas com uma mesma espada através dos séculos. Já

Q

Sevilha, vista do rio Buadalqulvlr, oom a ponte de Trlana.

Numa rua antiga de Sevilha, pito· resco lampllo e !anela com grade.

A direita, a c6lebre torre da 81nlda.

A confraria de penitentes, com seus treJes tlpl-

cos, em proclsslo noturna. Ao fundo. la Blralda.

A Virgem da Esperança. conhecida como a Macarena, a mais famosa Imagem sevllhlll\8 de Nossa • Senhora

não o dizia o rio? Quen1 poderia contálas inteiras? A esta altura do caminho, não andeis pensativo e cabisbaixo. Em vossa frente ergue-se La Gira/da, verticalíssima. As nuvens se tornaram mais espessas, mas podereis ver longamente os relevos e janelas, cujas curvas inopinadas sobre a retidão maciça, quadrilátera, elevada à

altura vertiginosa surpreendem. No cimo, cúpula, sobrecúpula, e o Anjo Custódio de azinhavrado metal. . Este é o cume panorâmico de Sevilha, aonde chegam e de onde revertem todas as graças e legendas da cidade, à maneira de uma fonte de bronze, no pátio ílorido. Ao lado está a catedral, o mais amplo templo da Cristandade depois de São Pedro de Roma . Disseram seus construtores: "Faça,nos u,n templo tal e tão grande que os que o vire,n acabado nos to1nen1 por loucos". E assim , de proeza em proeza, não se pode 01nitir o excelso defunto exposto na arca da Capela Real. Ali está o Rei Santo, Fernando III , que reconquistou Sevilha aos mouros e a tornou sede de sua Corte. Aqui se admira o sentido espanhol da morte como aliada sagrada do justo. E que justo! A morte que levou a alma do Rei guerreiro e deixou seu corpo incorrupto, que vedes agora, reconhecendo no perfil secular e persistente de sua fronte os sinais dos pensamentos de santidade, governo e façanhas heróicas. Notai, porén1, que a noite já vai muito adiantada e não há gente pelas ruas, onde se espalha o cheiro de velas acesas. É Sexta-Feira Santa. Aproxin1ase a alba. Ao longe, vedes a son1bra de extensa procissão e grande acompanhan1ento. Uma voz canta: "Dios te mira y te re,nira y Sevilha 1e suspira Reina dei Cielo serena; Virge11 de la Macare11a, nuestras ahnas son salvadas por tus lágritnas sagradas, por tus lágrin1as sagradas. por tus lágrinws sagradas". 7


IIAtotncisMo- - - ~:>J:

''REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO'' NO CANADÁ CARLOS EDUARDO SCHAFFER

especial para "Catolicismo" EM 2100 LOCA IS de venda distribuídos por toda a província de Quebec, os ca nadcnscs podem agora adqu irir o livro "Revoluç,io e Co11tr<1· Revol11ção", de autoria do Prof. Plínio Corrêa de O liveira. A nova edição da obra básica das TFPs e e ntidades afi ns existentes nas Américas e Europa é de 16 mil exemplares. cm língua francesa. Atualizada com a 3.' Parte, escrita cm 1977 (ver " Revolução e Control?evolução. 20 anos depois", cm

O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira enviou mensagem gravada e ícz-se representar pelo advogado José Lúcio de Araújo Corrêa, que falou à imprensa. O livro do pensador brasileiro foi largamente comeniado pelos jornais e e missoras de rádio e televisão canadenses de língua francesa . A mensagem e nviada pelo autor da obra foi transmi tid.i pel.i maior emissora de televisão do país, a R,ídio Ca nadá. Fotos do Prof.

Plínio Corrêa de O liveira, cenas de campanha da TFP brasileira e dos J ovens Canadenses por uma Civilização Cristã foram projetados no vídeo.

Membros do movimento "Jeunes Canadlens" apresentam ao prefeito de Montreal 20 mil assinaturas contra peça teatral blasfema

Denise Bouchcr dese nvolve a seguinte id éia: durante dois mil anos a Ig reja apresentou uma figura da Santíssima Virgem que, cm última a níl1isc. contribuiu para "escravizar'' a mulher. Segundo a autora, seria necessário "libcrtí1-la" destruindo a figura que se formou da Mãe de Deus. substilllind o-a por um novo modelo c uja realização mais próxima seria o de uma mulher pública. Representa ndo esta e o utras blasfêmias co ntra Nossa Senhora e o Divino Espírito Santo, a peça teatral emprega com frcqiicncia termos crus. pa lavras de baixo calão ·e os palavrões mais baixos. A nte esse ataque ignóbil à Religião, os J ovens Canadenses por uma Civilização Cristã organi,..aram um abaixo-assinado às autoridades civis e religiosas da cidade de Montreal. solicitando-lhes providências no sentido de impedir a representação da peça. Em menos de 11m mês foram colhidas 22 mil assinaturas. No dia 25 de novembro, os Jovens Canade nses orga nizaram um ato de reparação çm frente ao teatro. o nde rc,.aram o terço, entoaram cânticos reli-

giosos e pronunciara m discu rsos sobre a gravidade do fato. Em vista da inação das a uto ridades. os Jovens Canadenses, j untamente com outras orga nizações. inicia ram processo na Justiça contra os autores da peça, o livro que a reproduz, o tea tro que a representou e pedindo a proscrição da peça de maneira q ue a mesma não possa ser divulgada por nenhum modo. A campa nha dos J ovens Canadenses por uma Civili1.ação Cristã recebeu gra nde apoio da opinião pública , manifestado por centenas de cartas e de te lefonemas de a pla uso à iniciativa.

TFP lamenta recusa a vietnamitas EM VISTA DA ati111de do Governo brasi leiro ao rejeitar a solicitação das Filipinas para que fossem acolhidos cm nosso território fugitivos vietnamitas. o Prof. Plínio Cori·êa de Oliveira, Preside nte d.o Co nselho Nacional da TFP. enviou no dia 30 de de1.embro último . .io Ministro das Relações Exteriores. Sr. Azcredo da S ilvei ra, o seguinte telegrama:

"TENDO ESTA Sociedade, em telex de 29 do corrente, pedido a V.Excia. que o Brasil abrisse generosamente suas portas e suas vastidões ínocupadas, aos h eróis vietnamitas, trânsfugas glo· riosamentc inconformados corn a escravidão de sua Pátria ao comunismo internacional, peço vênia para externar a V.Excia. todo o pesar que teve a entidade ao tomar conhecimento na imprensa de hoje, de que nosso Governo lhes havía recusado asilo. Tal recusa contradiz o sentido profundamente cristão da política internacional do Brasil, sempre propensa a manifes tar, na relação com os outros povos, aquela bondade que, na vida pública como na vida privada, é um dos aspectos mais atraentes do trato dos brasileiros entre si, ou com estrangeíros.

Seja-me permitido acrescentar que, num momento cm que se acentua sempre mais a função social da proprícdade privada, pondo c m relevo, segundo o ensina· mento tradícional da Igreja, que os necessitados têm direilo à aju· da daqueles cm cujas mãos sohram os bens ou os espaços úteis, não parece coerente que o Brasil explique seu inexorá,·el fechamento à míséria dos vietnamilas, alegando - como foí feito - unicamente vantagens de ordem material. Sendo a TFP uma das componentes da opinião públíca nacional, julgo dever levar ao cO· nhecimento de V.Excia. esses sentimentos, participados pelos sócios, cooperadores e simpatizantes dela em todo o P ais. Fazendo-o, a1>roveíto o ensejo para reiterar a expressão do constante propósito da entidade de, no mais escrupuloso cumprimen· to da lei , cooperar com as autorídades constituídas para a cristã grandeza do Brasil. E acrescento, em nome da TFP e do meu próprio, os melho· res volos de um 1979 rico em graças para V.Excia. e para os gra ndes assuntos de interesse nacional confiados a sua lúcida e expcrimcnlada gestão".

o editor Paul Dottlnl [esquen:la) no ato de lançamento da edição canadense de "Revolução e Contra-Revolução", de Pllnlo Correa de Oliveira

"Catolicismo", n.0 313. de janeiro de 1977). a edição canadense dis1inguese pela abundílnte ilustração. O livro atinge agora a impressionante tiragem de 120 mil exemplares cm cinco idiomas. nos seguintes países: Argentina (2 edições), Brasil , Canad,,, Chile, Espa nha (3 edições). Estados Unidos. Franç.i e Itália (3 edições). O lançamento, rcali1.ado pela l;tlit<11·a Pr,ul f)o11i11i, a 29 de novembro p.p.. foi abrilhanrndo com a presença de personalidades e numeroso público. reunidos no Sr,1011 Vice- Royál do prest igioso Ritz C11rl1011 Hotel de Montreal. Compareceram ao ato o senador Lcopold Langlo is; o deputado federal Bernard Loiscllc; o diretor regiona l do Ministério dos Assuntos Culturais da Província de Quebec. Sr. Pierre Oucllet: os cônsules do Brasil. Chi le e Uruguai, c m Montreal, respectivamente Srs. Aloisio Gomidc, Luiz Goycolca e Sergio Gutierrez; presidentes das seguintes entidades: Associação de Pais Católicos de Qucbec, Círculo das Fazendeiras da Província de Qucbcc, Comitê das Associações Húngaras do Canadá e Bloco d as 'Nações Antibo lchevistas (A BN).

O ma is impol'lante tablóid c canadense de líi,gua francesa, o " N/0111real A1111i11'·, publicou cm s ua edição de 9/ 12/ 78, e logioso artigo sobre " Revolu(:ão e Co111ra-Revolu ção'· e os Jovens Ca nadenses por uma Civilização Cristã, entidade alim às TFPs. que organizou a ed ição canadense da mencionada obra . Por outro lado. o jornal comunista "A Luta", publicação bilingue do Partido Pro letário Ca nade nse e órgão do Grupo Marxista-leninista. atacou com virulência o Prof. Plínio Corrêa de Olivei rn e os jovens que abtaçarnrn seu ideal na grande nação do Norte.

Processo contra peça teatral blasfema Os Jovens Ca nadenses por uma Civili,.ação Cristã tornaram-se largamente conhecidos cm 1978 por sua cam panha contra uma peça blásfc ma representada no 711éà1redu Nouveau Monde. de Montreal, de 10 de novembro a 10 de de,.embro. Em sua peça "Les fées 0111 soif' ("As fadas têm sede"). a tea tró loga

COOPERADORES D_A SOCIEDADE Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), port~ndo_seus conhecidos estandarl!S e. as ,c~pas ruhras da en~ídade, estiveram no día 14 de janeiro na fave_la da vila Sao Rafael, para fazer a d1str1bmç~o ~e roupas, brm9uedos e gêneros alimentícios. Essas dádivas foram arrecadadas durante o período natalino Junto à populaçao paulista a qual como de costume atendeu de modo simpático ao apelo dos cooperadores da TFP. ' ' ' . J oaqu_im "._erreira, um dos organízadores da campanha, comentou no final desta: "'Já há alguns anos tem os a sa11sfaçao de empregar parcelas de nosso tempo livre para prestar auxílio aos pobres. E O resultado alcançado é um estímulo poro repetirmos essa campanha". Na foto, aspecto da campanha.


N. 0 338 -

Fevereiro de 1979 -

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Fllho

Ano XXIX

NO IRÃ, VITORIA DA GUERRA PSICOLOGICA DO ALTO de um moderno tanque de guerra, militares agitam retratos do novo mestre da situação no Irã, o ayatollah Khomcini. A foto simboli za a grande lição dos acontecimentos naquele país: as poderosas Forças Armadas do Xá da Pérsia tornaram-se impotentes e mesmo permeáveis às manobras de guerra psicológica revolucionâria desenvolvidas pelo ay<llOllah, como também por agentes comunistas. . Estes últimos, no entanto, não se contentam com vitórias parciais. Setores esquerdistas já exigem maior participação no governo do primeiro-ministro Mehdi Bazargan, indicado por Khomeini. Grupos guerrilheiros marxistas distrtbuíl'am comunicado informando que não deporão as armas, enquanto não souberem que papel Bazargan reservará às esquerdas no recém-formado governo. Acredita-se, por outro lado, que cerca de quinze mil estrangeiros - técn icos cm sua maioria -

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ruir.

Embora nos últimos meses tenha havido violência nas manifestações de rua, a mola propulsora do processo revolucionário iraniano foram as técnicas de guerra psicológica. Chefes religiosos, aliados a grupos esquerdistas, aplicando tal estratégia, conseguiram sublevar quase toda a população civil. Em face dessa hábil manobra, as Forças Armadas não conseguiram resistir, apesar de contarem com 430 mil homens e armamentos dos ma is sofisticados do mundo.

deverão deixar o

Irã, com a ajuda de seus respectivos governos. Segundo informaç.ã o atribuída a um diplomata soviético, a revolução muçulmana foi organizada com ajuda maciça de Moscou.

Estado organizado e próspero, figurando entre as maiores potências militares do globo. Entretanto, tudo isso de nada adiantou ante as táticas de guerra psicológica revolucionária desenvolvidas pelos agitadores, dentro e fora do país. Em pouco tempo, a nação tornou-se convu lsionada e o Xá Re1,1 Pahlevi, um monarca que gozava do prestígio conferido pelo império bimilenar junto à população, viu se1;1 trono estremecer e por fim

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O Irã é o segundo produtor de petróleo do mundo, extraindo seis milhões de barris diários do produto. E q uem manipular esse imenso potcn-

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eia!, base da economia moderna, terá nas mãos uma das alavancas mais importantes para a hegemonia mundial. Ora, hâ indícios de que o Tudeh -

partido comunista iraniano controla quase totalmente os trabalhadores dos poços de petróleo da nação. Além disso, o Irã tem uma fronteira de quase

dois mi l quilômetros com a Rússia, o que facilita bastante a intervenção dos soviéticos. A antiga Pérsia · era, há pouco mais de um ano, um

t),'.,.c-:-, .,. , .....,vl,f:' 4,..

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seus agentes, manipulando a desordem e o caos de modo dosado, aumentou consideravelmente sua influência numa das mais estratégicas regiões da terra.

A ATUAL CONFUSÃO INDOCHINESA SOLDADOS vietnamitas ocupam Phnom Penh, a capital devastada do Cambodge (foto), derrubando o regime de Pol Pot, apoiado pelos chineses. Anteriormente, os vietnamitas haviam invadido

também parte do Laos. Agora, oregime de Hanói, controlado pelos russos, anuncia a invasão de seu território pela China. Qua l o significado desses fatos? Estaria começando na Indochina

fl"7I --

um conflito sino-soviético, com possibilidades de tornar-se uma conflagração mundial? Na página 2, hipóteses que podem explicar a confusão reinante na Indochina.

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O que aconteceu com o movimento ''hippie''? CUZCO, A ANTIGA capital do antigo Império lnc~, no Peru. tornou-se um centro de "hippies" provementes de diversas partes do mundo (foto). Ali vivem eles cm comunidades. entregues à promiscuidade, à sujeira, às drogas e à magia, provocando a repulsa da população local, constituída , em sua maioria, por indígenas. No entanto. na s grandes cidades os "hippics" tornam-se mais raros. Estariam eles em vias de desaparecer, reduzindo-se apenas a alguns antros como Cuzco'! A realidade é outra. Veja, na página 6, os frutos profundos e mais recentes do "hippismo".

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A QUEM APROVEITA O CONFLITO SINO-SOVIÉTICO? A

INDOCH INA reapareceu no noticiário

internacional cm

princípios deste ano, devido i1 <1uccla cio regime marxista cambodgcano de Pol Pot. Quem o derrubou? Nem mais nem menos que os

PARADOXOS DE UMA NAÇÃO DEVASTADA

comunistas do Vietnã. O fato serviu

de estopim para um evento de maior alcance, e de conseqiiências imprevisíveis. a curto ou médio prazo: a

invasão do Vietnã pelas tropas chinesas. A capital cambodgca na Phnom Pcnh foi tomada de assalto d uas vezes. A primeira cm 1975. A cidade era então livre e densamente povoada. contando com dois mi• lhões de habitantes. Em quarenta e oito horas as tropas do Khnlt'r Ver1nelho a csva7.iaram. Incendiaram quarteirões intei ros e liquidaram sumariamente todos os sim patizantes do regime anterior cio presidente Lon Nol. Dois milhões de homens, mulheres e crianças foram enviados ia íorça para traba lhar nos campos. Ca lcula-se que a mesma quantidade

de pessoas tenha morrido d~vidtl ;1os maus tratos ou à perseguição. A segunda invasão deu-se no dia

25 de dezembro de 1978. quando cento e vinte mil vietnamitas do regime marxista de Hanói subjug,1ram o Cambodge. Mas, na verdade. quem atacou quem. se ambos os lados não passam de colônias de Moscou e Pequim respectivamente? A imprensa apresenta a questão como sendo atacante o Vietnã. apoi· ado pela Rússia, o qual visaria dilatar sua iníluência entre as nações do Sudeste Asíútico. Por seu lado, a China. que a póia o Cambodge. pretenderia forçar o retorno do príncipe marxista Norodon Sihanuk. ex ilado cm Pequim desde 1975. e candidato permanente dos comunis· tas chineses ao governo cambodgca-

ÃO É, FÁCIL obter notí· cias sêguras sobre a situação da Indochina, particularmente do Cambodge. As que chegam ao Ocidente cm gcn, I são vagas. obt idas através da Ta ilãndia. Desde 1975, o C,imbodgc encontra.se intcil'an,entc fechado a qualquer contato com paises OCÍ· denta is. Desse modo. sua revolução é feita mais ú vontade ... Fotógrafos e correspondentes estrangeiros fon,m impedidos de atuar. desde que os kluners verrnelhos 1oman1m o poder. Diversos jornalistas - vitimas dê inédita grosseria. mediante a <1ual for;un como que ansisrndos pelo cangote atê o aeroporto e aí jogados dentro ele um avião para abandonarem o pa is - escreveram substanciosos arligos denun· ciando esses fatos. Apesar de te-

N No Vietnã, uma aula de "reeducação" procura inculcar nas mentes os princlpios marxistas

cou para cx1g1r a intervenção da

Rússia no conni10. Mas, pode-se admitir que russos e chi neses cstarimn dispostos a rc· nunciar à propulsão do movimento

comunista internaciona l para se

CO·

trcgarcm a uma vcrdadcirn guerra entre si? Sobretudo a Rússia estaria

disposta a enfraquecer seu poderio bélico na luta com a China. ao invés de us{,-lo contra o Ocidente'/

Conflito sino-soviético: um "show"? Por tudo isso ê o caso de perguntar que consistência tem o conflito sino-soviético. pois ns vêHlta· gcns políticas <1ue a causa cio comunismo internacional vem alcançando com a ..cisão" entre russos e chi-

neses é indiscu1ivcl. BHS:la

c<>nsidcrttr, para niio ir

mais longe. a S<)freguidão com que no. Segundo alguns comentaristas, os Estados Unidos e outros países seria, no fundo, um golpe do regime ocidentais correm cm dir<!ç5o t\ Chi· de Moscou contra o de Pequim, na na. numa quase disputa para ver ·•guerra friaº que se afirma existi r quem lhe concede maiores créditos. entre ambos. indústrias. armamcnlos e até tçcnoTal interpretação encontrou con- logía nuclear. Tudo sob pretexto de firmação no revide chinês. A agên- forta lecer Pequim cont ra Moscou. cia ch inesa Nova China qualificou o Ent retanto. esses mesmos países ataque ao Vietnã de "operaç,io puni- continuam concedendo vantagens do 1iw1" contra agressões sistemáticas mesmo gênero à Rússia. que delas dos viet namitas aos chineses. Não vem se beneficiando, desde o início resta dúvida de que o elemento deto- da tlét,?nte de K issingcr. iniciada cm nador da "punição" foi a tomada de 1972. Primeiramente. o capirnlísmo ocidental favoreceu a Rússia sob Phnom Penh. Estaríamos então em presença de prctc.,to de vencê-la com agrados. uma séria fricção entre as duas po- como quem amansa uma fera. Agotências comunistas - a Rússia e a ra favorece a China. sob pretexto de China - e da eventua lidade de uma colocá-la contra a Rússia. E os dois guerra e ntre elas. Ta nto m;;1is quan- Estados co1·nunistas só têm a lucrar to o Vietnã invoca um tratado de com tal política. Oír-sc-ia que se o "<1111izade e cooper(lçfio .. com Mos- comun isrno procurasse um artificio

de g uerra rsicol6gica revolucionária para desmobili,;or o Ocidente e, ao mesm o tempo. scrvir•sc dele para o destruir. não teria encontrado o utro meio lão eficaz quanto a simulação de uma ··cisão" cmrc ru~sos e chi· nescs. E pur;·l ap1·csc n1<1r aparências de maior autenticidade a ,ai "cisão''. nada mais indicad o do que algum<,s escaramuças n;, Indochi na . Ou mesmo uma gue1·ra entre Rússia e ChiEntrcrnnto l'e4 u1m e Moscou pcn~arão du"s vc;,.cs antes de se lançarem na aventura. pois tal gucrnl poderia assumir proporções incontroláveis. e resultar no pior... Trnta-SC de uma hipólCSC. lllâS que ~xplíca. de modo lógico, a invasão do C;1mboclge e parte do Laos pelos viclnamilas. e a conseqüente invasão <lo Viclnâ pelos chineses. A serem levados os acornccimcntos ttté os pród romc:>.s de \1mc1 guerra

de gra ndes proporções. ou. até meslll(), uma cnccnaç.;io bélicn. tcr-sc..i.:1 <fado ao Ocidente uma "cabal demonstração" de que o mundo comunista está dividido. e de que portanto, merece iodo crédito o " idilio" nascente entre :1 Chiml e os Est<1dos Unidos. E também adquiriria foros de autenticidade a anunciada libcra li7.aÇ5o interna lcv:ida a efeito pelo novo regime <.lc Pequim. conccdcn.. do certas facílid;tdcs :\s empresas capilalistas scrn. cmrctanto. renun~ ciar ao sistema socialista. E ,11ravés da Chirw Hssim aggiur-. 111110 co ntinuariam ;-1 escoar os cscan.. dalosos: benefícios norte-americanos para o mundo cornunista.

Carlos Sodré Lanna

-

-j

rcm sido publicaidas. mis reportagens e queixas não provoC<lram uma justa e explicável indignação

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,

r 1

• 1

bem atesta a im1>opularidadc do comunismo no pais.

da imprensa intcrnc1cional.

E ,1ssim. o C:unbodge con tinua send o palco de um au1ogenocidio sem precedentes na Místó· ria, desdenhando os correspon(Jentcs de agências noticiosas. as quais. não ohstante. mostram-se

Em 197 1, na capital soviética. "lguns funcio nários russos acostumados, por reílexo. a fazer desaparecer qualquer título de nobreza, providenciaram que fosse raspado o título " Rea l" que figut'ava na sede do imóvel dct representação do Cambodge, então governado pelo príncipe No,·odon Sihanuk. Entretanto, um membro da reprcsenlaçâo c<1mbodgca rrn 1 anli·

..,.....

Norodon Sihanuk (de preto) . ao lado de Mao Tsé-tung, foi Rei e hoje é Prlncipe do Cambodge. Mas sua atuação sempre favoreceu o comunismo.

inexplicavelmente compreensivas com os horrores praticados naquele pais.

2

Os kluners ver,,udhos impuseram urn regime comunista radica l, pela força, pois se quisessem fazê-lo com o ;ipoic, popula,· teriam necessariamente que desistir. O PC começou a atuar no Camboclgc cm 1950. quando foi fundado o Pr(lc/,e(l(·/wn - Partido do Povo - que. em 1955, obteve 5% dos sufrágios. passando para 2% cm 1958. Realmente, é Ull'1 resultado insignificante que

na.

Guerrilheiros laocianos anticomunistas atravessam o rio Mekong para atacar uma posição vietnamita. A resistência aos regimes marxistas persiste em toda a Indochina.

rubado· há pouco pelas tropas vict namitas. É muito estranho este tabulci1·0 de xadrez político do Ca mbodgc. cm que aquele que faz o papel de rei joga decididamente contra o povo que lhe caberia defender.

go guerrilheiro das selvas transformado cm diplomata. exigiu cncrgie,11ncnte que o qualificativo fosse mantido na placa, uma ve,. que paradoxalmente o príncipe era um dos pilares da "revolução populal"', e como tal. tinha necessariamente que ser ''respci1:1do" ... Agora . apesar de destituído do poder e banido de seu pais pelos kh111ers ver,nelhos. Norodon Si ha nuk. q ue se encontrava exilado cm Pequim desde 1975. deslocou-se até a sede da ONU cm Nova York. a fim de fazer a defesa do regi me de Pol Pot. der-

A bandeira do Cam bodgc não apresenta o símbolo bolchevista da foice e do maneio ou 11111 conjunto de arco e ílexa, que poderia simbolizar a revolução dos homens da selva - os khmers venne/hos - que abolirnm a vida urbana naquele país. Parado xalmente, a bandeira ostenta a silhueta do majestoso templo de Angkor Wta, construido no século X li, contemporâneo. portanto, da Catedral de Notre Dame de Paris. Aliás, é preciso assinalar. que em sua arquitetura o templo de Angkor f.fl,u expressa uma faceta artística da alma cambodgeana , apesar de ele ser pagão. Seria muito natural que a nação Klunl!r. caso se tivesse convertido à verdadeira Fé e ingressado nesta imensa família que é a S:,ma Igreja Ca tólica , Apostólica. Romana . desenvolvesse um ti po próprio de arquitetura religiosa, com características análogas às ex pressas cm Angkor W<11. É evidente que se os k hmers vennelho.'>' conservam sí mbolos do passado. fa1.cm-no unicamente na medida em que disso possa m tirar vantagens . tendo cm vista a opi nião pública. Mas isto não deixa de ser uma clamorosa contradição, tendo em vista os princípios doutrinários que defendem os marx isrns cambodgeanos.

C. C. Nunes Pires


A TFP, PERSEGUIDORA DE PRELADOS CATÓLICOS?

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OM REFE R l:NCIA ao extenso documento "R<'/Jresscio na Igreja 110 Brasil, f?~flexo de uma Siruação de Opresscio (19681978)", de autoria do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI). publicado em largo resumo pelo semanário "O Seio Pt111-

lo" de 20 a 26 do cori·cn1e, órgão oficioso da Arquidiocese paulopoli1ana, e cs1ampado na integra pela " Folha de S. Paulo.. (23-1-79), a TFP torna públicas as scguin1es considerações:

1. Ê objetivo patente cio a ludido

1cxto nimbar aos olhos do grande público, com a auréola de heroísmo, certas personalidades eclcsiás1icas que apresenta como duramente perseguidas. notadamcnte por orga nismos do Poder Temporal. Das várias personalidades da Sagrada Hierarquia citadas no docume nto, a mais

PIERINA MOROSINI Mãr.tir contemporânea da Pureza

E

M 1950, o Papa Pio XII e levava it honra dos altares, cm meio a um júbilo universal, uma jovem camponesa .italiana de apenas doze anos de idade, assassinada cm 1902 por rcsis1ir na defesa da virtude angélici,. O nome dessa peq uena mártir. comparada pelo Sumo Pontífice a Santa Inês, teve, a par1ir de então, a glória de ser invocado por milhões de católicos do mundo inteiro:· Santa Maria Gore11i. rogai por nós. Uma outra filha de camponeses, então com dezenove anos de idade. achava-se presente,) canonização. Pela prin,cirn vez saía da ,r egião onde morava, 1endo feito estrirn economia a fim de poder assistir à cerimónia que proclamaria a santidade daq uela <1uc escolhera por padroei ,·a justamente pelo amor à pureza. Sete anos mais iarde Picrina Morosini sofreria o mesmo atentado e r,eccbcria o mesmo prêmio de sua padroeira. Apre.s entamos a seguir os dados sobre essa mártir c-0n1cmporânca, ex1raidos da revista "Rally", de Singapura, de julho de 1978, a qual. por sua vez. báseousc cm artigo de "Cruzado", de Braga, Por1ugal, de maio de 1978.

Pobreza extrema, fé profunda Na pequena aldeia de F'iobbio di Albino, Diocese de Bérgamo, no norte da Itália , Roque Moros ini e Sara Noris viram seu enlace abençoado pela Providência com nove filhos, dos quais Picrina era a mais velha. Para essa família católica, a pobreza não era caus'<I de revolla. de insatisfação, de "desajuste" c,,u de "complexo socia l". Pelo con1r{irio, possuindo o maior dos tesouros que é uma fé profunda. dele fizeram participar largamente os filhos por meio de cuidadosa formação religiosa. Pierioa, dotada de uma compreensão superior à idade, ajui1.ada, prude111c, dcs.d c cedo tornou-se a mestra e segu nda mãe de seus numerosos irmãos. De uma inteligência privilegiada, obteve sempre com distinção os primeiros prêmios dur.unc iodo o curso primário. No emanto. renunciou a prosseguir os es1Udos pan, J>oder auxiliar seu pai no sustento da família.

"Diz sempre palavras de verdade" Todos os ,,uc conheceram Picrina são unánimes cm afirmar que ela era "11111a 111oça difer11111e". Desejando desde pequena ser missionária franciscana . procurava no mundo levar vida de verdadeira religiosa. Era modesta. de 1ra1-0 cordial sem contudo ceder e m nada em matéria de princípios, falando pouco, mas sem pre muito apropriadamente. de maneira simples e sem rcbuscamento, demonstrando um grande comrolc de si mesma.

Um acidente no t ra balho tornou seu pai inválido. passando Picrina a arcar co.m toda a rcs.. ponsabilidade do sustento da familia, renunci1111do temporariamente ao ideal re ligio~o. Pierina não arrastou sua Cru:,. , mas a tomou alegremente sobre os ombros. "O tr{lbalho é minh{l prece'\ costumava dizer. E, com e(ei10, nunca a corajosa jovem parecia ca nsada. Trabalhava arduamente em casa. no campo e numa fábrica de roupas. Além disso cncon1rava tempo para visitar os enfermos. levando-lhes sempre pa lavras de consolo e de religião. Aos que lamenrnvam sua pobreza, diria: "Deus estd co111igo: não precij·o. por1t11110. de ,nais nada''. Realmente. todas as manhãs, mesmo nas- semanas em que o seu turno de trabalho ia das 6 hs. da manhã às 14 hs .. não dci.-cava de rt-cebcr a Comunhão, tendo à$ vezes que levantar-se às 4 hs. dl1 madrugada para assistir à Missa no povoado vizinho. A devoção ao Santíssimo Sacramento e a Nossa Senhora foram as duas alava ncas da vida cspi'ritua l de Pierina. Tomando conhecimento da espiritua lidade de São Luís Nfaria Grignon de Momfort. com entusias mo consagrou-se como escrava à Santlssima Virgem. passando a fazer por meio dEla todas as suas obras. Em conseqüência de sua devo.;i1o a Nossa Senhora, vinha a devoç;1o ao Ros{1rio, que a jovem rezava diariamente durante o percurso parn o trabalho.

"Não parecia uma pessoa do povo" Ourante os dez últimos anos de sua vida, Picrina trabalhou na Manufatura de Roupas Honcgger. cm Ccdrina, a uma boa hora de caminhada de Fiobbio di Albino. Seus patrões afirmaram que "ela era genril. fr1111c,1 e 11adt1 orgulhosa. realmente 1u1wf1111do11drit1 111odelo''. Suas colegas de trabalho afirmara1n de sua pane que " Picrin" possuía 1<11ua 8'"fª e ,,teg/iucia na.4i nwneiras, que não parecia pessoa do povo". Por outro lado. "elt1 ja11wis se envolvia em querelas ou dfa1>11tava co,n alguém. Dava se,nprc o ,nelhor de si". "Quando ela e~·1111•<1 pr,·senre. os teares tN1ball1t1va111 .tem tessar u,u s6 1no1uen10 ", segundú suas colegas de trabalho. Estas de tal maneira a respeitavam que, apenas toma ndo conhccimemç, de sua morte. apressaram-se cm dividir o avcnt:ll de l'ícrina para guardar dela uma relíquia. ·1cria Picrina presscmimento do man írio? Várias vezes dissera a seus irmãos a respeito de su;1 futura ida às Missões: "Mesmo que eu tenha que ,uorrer no pri111/'iro dia de minha chegada às Nlissões. eu ,u7o deixari(J de ir". E alguns dias an1cs de seu martírio, dissera a uma de suas irmãs que preferia morrer a cometer um pecado contra a pureza. Sobre sua cama colocara um (luadro de

Santa Maria Goreui a quem rezava sempre com fervor.

O martírio Na quinta feira, 4 de abril de 1957, Picrina deixou a fábrica onde trabalhava às 14 hs .. tomando o caminho para sua casa. Co:mo o fazia costumciramen1c. ia rezando o rosário quando notou que estava sendo seguida por um rapaz q ue de ht, muito ten-

tara inutilmente manter conversas com e la. Picrina apressou o passo. Chega ndo. contudo, a um trecho mai.s despovoado da estrada, o rapaz alcançou-a, passando a foze1-lhc propostas desonestas. Prcrina não lhe deu ouvidos. e procúrou correr. O rapaz. d esvairado, agarrou-a pelo braço. Pierina lutou valentemente, conse· guindo livrar-se. O agressor, vcnélo que não conseguiria seus intentos, com uma fú ria diabólica. tomou uma grande pedra e com ela golpeou por oito vezes a cabeça da má,·tir. Pierina conseguiu aindn equi librar-se. (en1ou correr, caindo vinte metros adiante, sem consciência. Em casa todos a esperavam com a co.st urneira a legria. As horas foram passando e veio a preocupação. San10, irmão de Picrina, pressentindo a lguma tragédia. abandonou os livros e correu pela estrada à procura da irmã. Olhando para todos os lados. viu finalmcnlc um vulto estendido sob umas árvores. Era a procurada irmã. tendo a cabeça numa poça de sangue. Levada para o li ospilal Geral de Bérgamo, essa nova Maria Gorctti permaneceu inconsciente durante quarenta horns. como que esperando o dia 6, primeiro sábado do mês. para morrer num dia dedicado a Nossa Senhora, como conviitha a uma cscr~,va ·d Ela.

destacada é o Sr. Cardea l-Arcebispo D. Paulo Evaristo Arns.

2. En1re os atos pcrsecutónos denunciados. íiguram três pronunciamentos da TFP. indigitada assim como uma das co-au1oras da perseguição a Pas1orcs da San1a Igreja.

Plínio Solimeo

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3. Esta entidade, de c.ará1er cívico e de inspiração doutrinária cristã, não pode deixar passar sem algumas retificações essenciais o enfoque cm que. desse modo, procura aprcsentúla o documcnlo do CED I. 4. Cumpre assina lar. antes de tudo. o incompleto da enumeração apresentada pelo CED I. das publicações que a TFP d istribuiu diretamente ao grande público. ou cm que externou a1ravés da imprensa' sua discrepância com atitudes de personalidades ou órgãos eclesi,\st icos cm face do esquerdismo de vários matizes - entre os qua is até o comunismo q ue lavra no País. O número dessas publicações. só nos anos 1968-1978 (o pcriodo abrangido pc• lo documento do CEDl), ascende a 38. Dentre estas. são par1icu larmen1c dignas de nota. sem dúvida. os dois livros mais recentes do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, ''A lgri'ja a111e a escalada da ameaça com1111istt1 - Apelo aos Bispos Silenciosos" (Ed itora Vera Cruz. São Paulo, 1976, quau·o ed ições, 51 mil exemplares) e "Tribt1/is1110 indígena. ideal co,nu110-111is sioncirio para o Brasil

11osiculo XX/"(Editora Vera Cruz, São Paulo, 1977, cinco edições, 56 mil exemplares}. A omissão dessas obnlS de larga circulação causa surpresa, tanto mais q'Ue a primeira delas teve repercussão particularmcnlc intensa nos meios cclcsiás1icos como no público cm geral. li ponto de dar ocasião a d ois comunicados de protesto (não de refutação. note-se) assinados pelo An1is1i1 c paulopoli1ano. o primeiro juntamente com seus oito Bispos Auxiliares (cm 29-7-76) . o segundo com os demais Bispos da Província Eclesiástica de São Paulo (cm 30-9-76), bem éomo a a nálogos pronunc.iamemos de D. Ivo Lorschei1cr, Bispo de Santa Maria e Secretário-Geral da CNBB (cm 11-8-76). do próprio Sccre1ariado-Geral da CNBB (cm

Processo de Beatificação A pós sua morte o corpo de Pierina foi velado na pequena igreja de Fiobbio di Albino, rccchcndo depois sepultura no cemitério local, que logo passou a ser centro de peregri nações. A 6 de janeiro de 1976, L>. Clemente Gaddi, Bispo de Bérgamo, anunciou a abcr1111·a oficia l do Processo Canônico para a beatificação da mártir, contando jt, com 430 documemos. Neste linal de sécu lo em que a ofensiva contra o pudor vai ganhando de tal maneira foros de cidadania, em que as maiores aberrações contra. a castidade vão sendo oficialmente aprovadas em tan1os paises. como as expcriênci:1s pré-matrimoniais, as pílulas, a homossexualidade, - sem falar nas modas cada vez mais libertinas e imornis - o exemplo dessa camponesa ita liana. morta -aos 25 anos de idade em defesa de sua virgindade, ergue-se como coluna glo~iosa cm meio às ruínas de uma sociedade que vai se desagregando J>ela sensualidade.

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, Helder c amara, conhecido como o "'Arcebispo Vermelho"

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E. em conseqüência, de nenhum modo pode ser qualiíicado pelo CEDI como persecutório da própria Igreja. Es1c pon1-0, a TFP timbra em acentuá-lo. pois não deseja que a tal respcilo qualquer sombra paire, quer so bre seu passado. quer sobre obras event uais. rela tivas ao mesmo assunto. e com documentação largamente mais copiosa. que as circunstâncias ta lvez ex ijam que esta entidade ponha cm circulação, a prazo próximo ou médio. 6. A TFP registra com pesar que. a seus vários pronunciamentos acerca da aludida matéria. não apresentaram as Autoridades eclesiásticas competentes qua lquer rcfutaç,'io. nem no 1eri·e1\0 dos fatos nem no da doutrina. Limitaram-se a manifestar seu desacordo cm termos vagos, não raras vezes amargurados. O que contrasta com o relacionamemo descontra ído e "ecumênico" por elas e,nabolado com as mais variadas seiias religiosas e correntes sóciocconômicas. E isto a ponto de ser incluído na lista das perseguições à Igreja o entretanto incvitf,vcl processo judicial contra os j ovens religiosos dominicanos tão tristemente relacionados com o "aj.faire" Marighcl.t. Na mesma lin ha, a TFP não 1cm conhecimento de uma só providência cclesiás1ic:1 destinada a pôr cobro a atitudes censuráveis de ccnos Bispos ou Sacerdotes, como a circulação das poesias clarnmentc prócomu nistas de D. Pedro Casaldáliga . Bispo de São Félix do Araguaia, editadas originalmcn1e cm id ioma castelhano na Espanha e na Argentina, e pela primeira vez publicadas em vernáculo (com a necessária refutação) no ci1ado livro ··A Igreja

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ante a es,·t1lada da mneara t_·o1nu11is1a", pp. 13 a 20. Assim - ·com quanta dor O õrgão oficioso da Arquidiocese do Cardeal Arns, "'O São Paulo", publicou largo resumo do documento do CEDI

13-8-76), e da Arquidiocese de Olinda e Recife, da qual é 1itular O. Heider Câmara (em 13-8-76 e 1.•. 10-76). 5. E111 Iodas as publicações. a TF'P maniícstou , cm linguagem serena e rcvcren1c. o seu desacordo cm relação às citadas atitudes de múltiplos e qualificados eclesiásticos. E se fundou sempre c m fatos escrupulosamente documentado$. cuja éinalisc foz à luz da doutrina tradicional da Igreja. Esse procedimento da TFP é inteiramente conformei• liberdade que o Oirci1-0 Canônico concede aos íiéis.

a

TfP não pode deixar de registrar

que, cm relação a ela. altas figuras da Sagrada Hicra rq u ia têm exercido nesta matéria uma repressão espiritual incompreensivel. enqua nto cm relação aos cclesiás1ic-0s - como aliás também a leigos católicos de relevo - que tan10 desconcerto lêm causado no Brasil por suas atitudes esquerdistas. as mesmas figuras assumem uma posição inexplicada. É cm legitima defesa que a TFP publica a presente nOt<L, que encerra rejeita ndo ainda uma vez o caráter persecutório que o documento do CEDI quis a tribuir .l conduta , estritamente conforme às leis canônicas e civis. desta entidade, e marcada pelo respeito devido. mes mo cm circunslâncias muito difíceis, à Autoridade eclesiástica. São Paulo, 26 de ja neiro de 1979. 3

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EDUCA ÃO SEXUAL: ONDA CARLINHOS E

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''NENÊ

AN.O ZERO''

M NÚMERO anterior (n.• 337, janeiro de 1979), "Catolicismo'' começou a abordar um tema que está se tornando moda em grande número de países, inclusive no Brasil: a educação sexual. A título de ilustração, apresentamos abaixo uma análise crítica da série "Educação Sexual", de autoria de Maria-Cláudia Monchaux, constando de três fascículos, que se destinam diretamente à leitura de crianças e adolescentes: 1.•) "Nenê ano zero - educação sexual das crianças" 2. •) "A verdade sobre os bebês educação sexual dos 6 aos 12 anos" 3.•) "A verdade sobre o amor educação sexual dos 12 aos 15 anos". Esses três opúsculos constituem um exemplo significafivo dessa onda de sexua lidade que está invadindo lares e escolas, muitas vezes, através de publicações que contam com aprovação eclesiástica. E, como poderão comprovar n_ossos leitores pela análise da referida obra, a preocupação - parece-nos até obsessiva, em larga med ida - com o sexo começa a assediar a criança logo nos seus mais tenros anos de vida! Como conseqiiência - discrepando frontalmente da doutri1ia tradicional da Igreja sobre o tema, exposta na edição anterior de "Catolicismo" ("A Voz do A1agistério Eclesiástico") desde a primeira infância, mata-se a inocência na alma das crianças, expondo-as temerariamente a toda sorte de; perigos.

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"Nenê ano zero", Edições Paulinas. São Paulo, 4.' edição, 1978. Não traz aprovação eclesiástica. Os desenhos são da autora. A tradução do origi nal francês é de Salcttc Panoni. O título (; .. Bébé année zéro", l;dítions Magnard, Paris. 1971. Com cerca de 40 p,\gínas, cada uma delas consta de um desenho, que a ocupa inteiramente, e de algumas frases que servem como legenda à ilustração. 1; dirigido a crianças de 5 anos ou menos e tem a seguinte introdução explicativa: "Isto não é 11111 conto tle Jad11s, nws un,a história ,nuito 1nais bonita que 11111 con-

tu de fadas. porque ti a história verdadeira de tuna ,nenininha".

A pequena narradora A exposição é ícita na prímeira pessoa. sendo a narradora uma menininha de 2 anos que, dirigindo-se a outras crianças, conta a história de sua própria gestação e nascimento. Ela mesma se apresenta à p. 5: "Meu no,ne é Mnrt'azinha e sou tuna 11,enininhn de dois anos··. Depois de apresentar a família. na p. 11 diz: "Por ocasião do 111e11 segun do aninho, minha tia MariaCláudia desenhou um livro: é a história de ,neu 11ascb11en10. Mas olhe ben, todas as páginas: é 1a111bé111 a sua história", O que deíxa insinuado que a autora compôs os desenhos para serem mostrados a crianças, a partir dos 2 anos de idade . Nas páginas seguintes os desenhos chamam a atençlío para o crescimento do ventre materno durante a gravide,. e para o aspecto que apre-

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senta a criança cm sua vida prcnatal. Embora não haja referência ao ato sex ual, o mecanismo do parto e as diferenças anatômicas entre os sexos vão sendo especificados. À página 23, vê-se o esboço de um corpo feminino trazendo cm seu interior uma criança , na última fase da gestação. Lê-se na legenda: "Dese11he-111e co1110 eu era dentro de"'"" ,nãe", pedi. "Você era assim [ ... ]". Nas pp. 24 e 25: desenhos cm corpo inteiro de um menino e de uma menina , despidos, para bem caracterizar as diferenças anatômicas. Legendas: .. Vai ser 11111 menino ... " sonhava n,a,nãe. '' U111 ,nenininho co,no este?". "Ou u1n11 ,nenina loirinha co,no tuna sereia?" dizia o papai".

ARLINHOS, 7 anos. Esperto, inteligente, ele gosta de brincar, correr e de jogos como tod a criança. Aplicado nos estudos, o menino aprecia especia lmente contos de fadas. com heróis, gigantes. animais extraordinários, castelos, carruagens ... Numa manhã ensolarada ele se debruça interessado sobre "O Gato de Bo tas" que acaba de ganhar de seus pais, como recompensa pelo esforço que fizera para aprender a ler. Naquele universo de encantamento, de aventuras, ele se entretem saboreando as cenas pitorescas da historieta do famoso gato. o qual convenceu os camponeses da região a dizerem ao rei, que viajava cm sua carruagem, pertencerem todas aquelas ricas terras cultivadas ao Marquês de Carabás.

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Até a p. 30 podem ser observadas cenas do pós-parto e amamentação. Dai cm diante. a narradora chama a atenção de seus pequenos leitores para o fato de que todas as crianças, de qualquer raça e em qualquer parte do mundo, nascem assim. Deste modo nasceram também as crianças de outrora, seus pais e avós. Por fim, apontando para o leitor, ela dí1.: "E rambém você! Sin1, você ,nes,no, que está olhando estes desenhos. Você 1l(JS· ceu assiln !" Na p. 38 aparece o desenho de uma pequena menina sentada em posição propositadamente indecorosa. Para que? A autora não esclarece se o fascículo deve ser mostrado às crianças apenas para esclarecer perguntas. ou se deverá ser inserido necessariamente na formação infantil. Esta última hipótese parece ser a mais provável, pois tudo indica que a obra seja uma preparação da mentalidade da criança para encarar com "naturalidade" os ensinamentos ministrados nos fascículos subsequentes.

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Contraste flagrante Pa,·cce-nos oportuno relembrar aqui - a fim de acentuar o contraste dessa impostação com a doutrina católica - as sábias palavras de Pio XII sobre a temática. em sua Alocução /,s Mulheres da Ação Católica. no d ia 26 de outubro de 1941: " Caber-vos-á então a vós. para vossas filhas. ao pai para vossos filhos - na 111edida em que julgarem necessário - levantar cau1elosa111ente o véu da verdade e dar uma resposia prrulen1e, justa e cristã a tais questões e i11quie111des. Recebam-na de vossa autoridade de pais cristãos. no ,nomento oportuno, na oportuna ,nedida. co111 todas as devidas caurelas: e assi111 as ,evelações sobre a 111isteriosa e 111ilagrosa lei da vida serão ouvidas ,uun ,nisto de respeito e gratidão, suas (J/mas se esclarecerão con1111ui10 111enos perigo, do que se o aprendessem a,·aso. por 111eio de en c:ontros indignos. e,n conversos clm1desti11as, 11a escola. de co111panheiros de pouca confiança e que já sabe,11 de11l(Jis sobre o ossunto, por intermédio de leituras às ocultas. tanto ,nais perigo;·as e perniciosas quanta mais o segredo injTa1na a ilnaginação e excita os se11tidos" (A. A. S., Ano XXXII I, Série 11, vol. Y,111, 1941 , pp. 455-456).

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Carlinhos cursa na escola a primeira série do I grau (antes conhecido por primário). No fim do primeiro semestre D. Zuzu, a professora, apresenta a sua classe de 30 alunos~ meninos e meninas, uma no-

vidade. Numa aula considerada "extra-curricular", sem nota ou prova, surge uma matéria diferente. No quadro negro, a expressão soa estranha: educação sexual. Cada aluno recebe um pequeno livro com capa colorida na qual se lê: "A verdade sobre os bebês educação sexu(J/ para 111eni11os e meninas de 6 a 12 anos". E nas primeiras páginas lê-se: "Edições Paulinas, São />011/0. 1978 - Co111 "Provação edesiástic""·

Perplexidade do menino Carlinhos entrou em seu quarto e a primeira coisa que fez foi abrir o livro-novidade, pois a professora pedira que todos lessem em casa, pelo menos os primeiros capítulos. "Ah! que coisa estranha", pensou com seus botões o inocente pequeno. Suas sobrancelhas franziram d iante dos desenhos e fotografias.

Logo às primeiras páginas, o fascículo critica as explicações de q ue as crianças vêm ao mundo trazidas por anjos ou cegonhas. O livro vai con tar a história verdadeira. Depois de consíderações genéricas sobre a vida na terra. o opúsculo aborda a diferenciação anatômica entre os dois sexos e q ual a sua finalidade futura. Nas pp. 28 e 29 aparece o desenho de um menino e uma menina despidos, de frente. parâ que se constate bem as diferenças dos sexos. Pouco a pouco, a obra vai descrevendo o processo de procriação até que, na p. 51. encontra-se um desenho de uma mulher com uma criança no seio materno. no último

est;\gio de gestação. As pági nas seguintes trazem o segu inte texto: "A história da vida na terra deve ter-se passado mais ou n1t!nOS a.tsim: houve prin1eiro os rnicróbios. Depois. seres cada vez mais co111plic,1dos: o peixe. <1 rã. u ma,·aco etc... Até o ho111e111. O bebê, ailles de nascer. vai viver e,n nove rneses roda a pré-história. Vai 1ra11sfor111arse. A partir de um ser 111i11úsc11/o c:cnno un1 n1i,·r6bi<>, surgirá un1 ho1nenzinho e,n ,niniatura, mas passou por várias/ases: 11 pri11cí11io. será 11111

pouco parecido cam

11111

peixe, de·

pois con1 unza rã etc... ··

O texto é claramente evolucionista. E deixa margem a que crianças como Ca rlinhos imagine m como sendo verdade que o embrião humano venha a se assemelhar a um peixe, depois a uma rã, e passando pelos demais animais da escala zoológica. até chegar à forma humana. Ora, a evolução morfológica da vída prcnata l é própria e característica à espécie huma na. Por outro lado." a evolução das espécies defendida por Darwin, continua contestável em seus aspectos religioso e científico.

Bom senso da inocência Com sua inteligência ainda muito por desenvolver Carlinhos, não obstante, tem consciência da falsidade daquílo que o lívro-novidade quer lhe impingir. A recusa inocente de Carlinhos foi completa. Um estratégico cesto de papéis recebeu como em seu lugar próprio aquele livro, aparentemente inofensivo, de letras grandes e de leitura fácil. Na placidez do quarto de Carlinhos, uma luz brilhou cm seus o lhos. Era novamente a história do


1AGIANTE

3.º VOLUME: AUXÍLIO OU PERIGO PARA ADOLESCENTES?

A AULA DE D. ZUZU "Gato de Botas", à qual a criança deliciosamente se entregou, certo de que estava e mpregando muito melhor seu tempo. Atitude, aliás, com a qual concordaram inteiramente seus pais. E assim, Carlinhos continuou a deliciar-se com as peripécias do gato. que comeu o gigante, transformado cm rato, depois que·o herói da historieta reptou aquele, ladina mente, a realizar esta metamorfose ... Como a matéria era "extra-curric ular" os pais de Carlinhos ficaram satisfeitos cm ver o fi lho não freqiíentando aquelas estranhas aulas de "educação sexua l". Concordamos com as preocupações e perplexidades dos pais de Carlinhos. A faixa de 6 a 12 anos é muito extensa pa ra as informações que o livro contém. Realmente, nem tudo pode ser de igual proveito para uma criança de 6 o u para um jovenzinho de 12 anos

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nessa matéria. Se o assunto d o livro talvez seja inadequado para quem conta 11 ou 12 anos, pode entretamo, ser perigosamente precoce para uma criança de apenas 7 anos. Outro reparo ao livro: ele é dirigido indistintamente a meninos e meninas. Ora. a doutrina católica sobre a matéria não recomenda instrução padronizada para ambos os sexos. Essa massificação quanto à idade e quanto aos sexos e a ausência de recursos aó sobrenatura l d iscrepam da sábia orientação da Igreja nesse delicado assunto. O esclarecimento deve ser individual, adequado a cada caso e acompanhado de uma formação de vida espiritual para cond1,1zir à prática das virtudes, no fiel cumprimento aos 10 Mandamentos da Lei de Deus. Pois Deus, e somente Ele, é o único objetivo da vid a humana.

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3.° FASCÍSCULO da série "Educação Sexual" apresenta o seguinte subtítulo: "A verda-

hurst, Austrá lia, de 2 de fevereiro de 1978, Cambridge Press, Bendigo,

de sobre o amor -. educação sexual para rapazes e ,noças de. 12 a 15 anos". Já está na 2.• edição - Edições Paulinas, São Paulo, 1978. E

Na descrição das transformações do organismo masculino, a ilustração fotográfica é somente a de um menino despido, com cerca de 4 anos de idade, aparentemente. Também certos detalhes da fisiologia do aparelho genital feminino, da gestação e do meca nismo do parto parecem desnecessários, em seu conjunto, para todos os jovens leitores.

conta com aprovação eclesiástica. As ilustrações são da autora, MariaC láud ia Monchaux. O título original da obra é: "LA veri,é sur /'amou,·· - l:ditions Magnard, Paris, sem data . A tradução portuguesa é de Ruth Delgado. São 90 páginas de texto, entremeado com muitas fotografias e desenhos. A apresentação gráfica é bastante c uidada; as fotografias coloridas e em branco e preto, apresentam citações literárias o u bíblicas como legendas. Os desenhos, quase todos em cores, são muito nítidos e objetivos para o fim desejado. O texto está redigido numa linguagem q ue peca mais por omissão do que por erro, claramente enunciado. Nesse opúsculo, a autora expõe com maiores detalhes todo o fenômeno do desenvolvimento anatômico, fisiológico e psicológico por que passam meninos e meninas quando atingem a puberdade e que os torna capazes de procriar. Em seguida, é descrito o processo da gestação, desde a união celular a té o trabalho do parto, cm suas diversas fases. Os desenhos que acompanham o texto ilustram a matéria exposta. Finalmente, são apresentados conselhos e orientações, os quais, segundo a autora, visam evitar q ue o conhecimento adquirido seja utilizado de forma inadequada. O assunto tratado na obra, de um modo geral, parece corresponder ao que norma lmente desejam saber os adolescentes de 12 a 15 anos. Dizemos de um ,nodo geral, pois é evidente que nem todos quere m ou precisam saber de tud o o que o livro contém, e de uma só vez. O que deve ser d ito a um rapaz de 12 anos não é sempre o mesmo que deve ouvir ou ler uma moça de 15. Aliás, a padronização nesta matéria não é aconselhável, conforme o e nsinamento tradicional da Igreja (cfr. "A Voz do Magistério Eclesiás1ico", "Catolicismo", n.0 337, janeiro de 1979). O mesmo assunto tratado pode não ser igualmente proveitoso para meninos e meninas. O presente fascículo, como os dois anteriores da. sêrie, parece muito mais dirigido às meninas e moças q ue aos meninos e rapa1.es. O fato de terem sido escritos por uma senhora, cuj a feminilidade transparece na maneira de expor, explica essa propensão para orientar, de preferência, as cria nças e adolescentes do sexo fe. mi nino. Assim, para os meninos, certas passagens d a obra podem se tornar não apenas dcsncccs.~árias, mas até perigosas e prejudiciais. Por exemplo, para ilustrar as transformações externas por que passa o corpo feminino da infância para a adolescência, nas páginas 2 1, 24, 25 e 27, há 5 fotografias coloridas de meninas despidas, cujas idades variam, aproximadamente, dos 3 aos 12 a nos. . . Um menmo normal, entre os 12 e 15 anos, observa ndo tais fotos, faGilmente experimentará uma inclinação voluptuosa que, em muitos casos, se poderá configura r como oCàsião próxima de pecado. Cab<>aqui lembrar a doutrina tradicional da Igreja sobre essa maté" ria, recordada por Mons. Stewart, Bispo de Sandhurst, na Austrália, cuja Carta Pastoral analisamos no último número de "Ca1olicis1no":

"Onde a tenninologia correra é adorada as crianças aprendem a evi1ar vulgaridades. As palavras e o ,nodo de ser são de grande importância. Desenhos, fotografias. ilusrrações são desnecessárias" ("Carta Pastoral sobre a Fonnação na Castidade de Crianças e Escolares", Mons. Bernard D . Stewart, Bispo de Sand-

1978).

Naturalismo impregna toda a obra Outro grave reparo que se pode fazer à obra, do ponto de vista doutrinário, é a constatação de um certo naturalismo que a impregna, de início a fim. Embora, em geral criticando o que deve ser crit icado e condenando o que deve ser condenado, a autora nunca invoca razões de ordem sobrenatural, nem para fundamentar as condenações, nem para fornecer aos jovens os meios adequados para se cond uzirem bem nessa matéria. A graça divina, elemento essencial para o estudo da toda a atividade humana, mormente nesse campo, não é mencionada nas 90 páginas do opüsc ulo. As palavras Deus, religião, virtude, pecado original e suas conseqüências, pecado atual, má tendência etc., também estão au sentes da obra. Recomendando a correta utilização dos conhecimentos adquiridos. a virgindade e a castidade para ambos os sexos até o casamento, a autora não aponta, entretanto, os recursos de ordem sobrenatural de que os jovens se devem valer para obter a realização desse belo ideal. Tanto em relação ao mal a ser evitado, quanto ao bem a ser praticado as razões alegadas são de ordem meramente natural.

Errós doutrinãrios graves À p. 34, ao criticar o vício soli-

tário, diz a autora que o jovem "não deve experilnentar sozinho esse don, de prazer, ,nas sin1 aprender <1 partilhá-lo no seu casmnento fi.11uro. A masturbação é 11111 egoísmo e nunca pode provir qualquer felicidade autêntic<1 de um egoísmo". O aspecto moral e pecaminoso da falta - que constitui o principal elemento da mesma - é si lenciado. Na p. 43, após explicar o q ue é a homossexua lidade, faz apenas o seguinte comentário: "Em nossa civi-

lização, o hon,o~·sexual corre o risco de ver ioda a sua vida perturbada por esse estado, que talvez não seja senão um desvio do seu i11stinto sexual". Silencia a autora sobre o aspecto moral do problema, especialmente a respeito da homossexualidade consentida e procurada como requinte de perversão, e que constitui um pecado que "brada aos Céus

e pede a Deus vingança". Sobre a prostituição, registramos a seguinte observação: "Existen,, 110

entanto, cer/as 11111lheres que conse,ue,n, todos os dias. neste gesto de união carnal co,11 ho111ens que não mnam, que ne,n sequer conhecen1: e fazem-no por dinheiro. São pros1itutas. A ,naior parte das vezes são obrigadas a fazê-lo por seres se111 escrúpulos [... ] que vivem do que elas obtên, dessa maneira. Tudo isso nada tem a ver. con, o amor" (p. 46). Além de abordar apenas um aspecto da prostituição, nada diz a au tora sobre a gravidade moral da falta . Apenas acentua que a prostituição não é pra ticada por amor. Ao descrever as condições da mãe, quarenta dias após o parto, quanao seus órgãos já voltaram a seus lugares, readquirindo o tamanho no rmal de suas funções, d iz:

"Um novo bebê poderia, então já ser engendrado. Isso. porén,. não é desejável pois a ,nãe ficaria nwito fati-

gado co,n as duas gravidezes tão aproxilnadas. É essa a razão por que existe a an1ico11cepção. Por (fnticoncepçãa considera-se, e,n termos gerais, a utilização por parte dos cônjuges, de certos 1nétodos q11e ilnpedem a gravidez [ .. .). Os métodos nl(liS conhécidos são: o da tempe· ratura, o de Ogino-Knm,s, o da ovulação (Billings). a pílula anticoncepcional e outros" (p. 75). Sem fazer referência a um período de es terilidade fisiológica que costuma ex istir durante a lactação, a autora sugere que cerca de um mês após o parto os pais j{1 devem tomar medidas para evitar nova gravidez. Entre os métodos utilizados para isso não se fa1. discriminação entre aqueles que se referem à continência periód ica - permitida pela Igreja quando há motivos graves - e os métodos artificiais, todos condenados pe la mora l católica, como "a

pílula anticoncepcional e outros". Para a Sra. Monchaux tais métodos parecem moralmente aceitáveis, inclusive aqueles "outros" que e la não explica q ua is são. Condena o aborto provocado, como sendo "'11111 <·rime. pois ,nata u,na criança que. ,:orno vi,nos. estd viva desde o primeiro instante". Explica o q ue seja o abor10 esporuâneo e acrescenta: "Qua,110 ao aborto terapêutico, é :11110 técnica cirúrgica,

11tilizada pelos 111édicos em certos casos muito raros, quando a n1ãe se encontra em perigo de ,norte" (p. 84). Ou seja, parece admitir a licei-

dade de um atentado direto contra a vida do nascituro para salvar a d a mãe, o que é inadmissível pela moral católica, pois não se pode provocar diretamente um mal, mesmo que seja para obter um bem. O fim não j ustifica os meios. Se a a utora tambêm não admite essa prática, deveria ter claramente enunciado seu pensamento. Entretanto, o menos qu~ podemos dizer, é que silencia seu julgamento. O termo "mãe-solteira", segu ndo a obra, já não 'deve ser aceito: "Ove-

lho tenno "mãe-solteira" feliz111e111e estd desaparecendo e já não há "mães-solteiras". Hd simplesmente m11lheres de fibra que assu,nem o pesado dever de se ocuparem, sozinhas. do filho. A vergonha de ou1rora já não as persegue" (p. 86). O opúsculo ressalta apenas o prisma que foca li1.a esse tipo de mãe como uma mulher que recusou submeterse a um aborto e assumiu a responsabilid ade de criar sozinha o seu filho. No entanto, omite que esta situação resulta de uma falta moral grave, cometida em s ua vida pregressa.

Nos conselhos, ausência completa do sobrenatural Os conselhos para a guarda da virgindade e da castidade são incompletos, pois não são invocados os motivos de ordem sobrenatural. A castidade seria desejável apenas por motivos de ordem natural, não havendo referência à sua prática, enquanto obediência à Lei de Deus, enquanto virtude e rejeição do pecado da impureza, etc. A autora também não aconselha os meios sobrenaturais indispensáveis para a manutenção da castidade como a oração, a freqüência aos Sacramentos, a devoção à Nossa Senhora, a admiração pela virtude da pure,.a, a guarda do coração, a fuga das ocasiões próximas de pecado etc., tão recomendados pela doutrina católica nes ta matéria·. Menos admissível ainda se torna a existência de tais falhas em um li\lro que conta com aprovação eclesiástica . Como exemplo dessa atitude laica em recomendar a castidade, lemos os seguintes tópicos: desejo físico é um afeto i,nperioso. Mas [os jovens] não deve,11 se submeter a ele,.

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..

Murillo Galliez 5


O ''HIPPISMO'' E SUAS METAMORFOSES QUE ACONTECEU com o movimento "hippie", cuja expansão chegou ao auge nos primeiros anos da presenle década? - "Desapareceu. Era mera cxlravagância da juvcnlude. sem verda-

nio. pode-se notar os dois frutos acima referidos. que pcrcnir.am suas iníluências malignas. O primeiro deles é um processo de "hippificação" da sociedade. A difusão genera lizada das· drogas. a corrupção da linguagem, a decadência das modas. a degradação dos costumes. o desap:irccimcnto cios velhos hábilos de vida social. são eícilos dessa crise geral. mas possantemcntc estimulada pelo movimcnlo "hippie",

O

deira importância .. , poderh, afirmar algum leilor pouco afeilo a acompanhar o papel de movimentos semelhantes ao longo da Hislória. Entrelamo, essas aparentes "meras extravagâncias'" têm, via de regra, enorme iníluência no deslino dos povos e das civi lizações. Coslumam surgir à maneira de uma explosão. para encolher-se, em seguida, e quando lodos as julgam mo,·tas, e las disseminam-se em formas di lu ídas - mas não menos perniciosas - e pcnclram todo o corpo socia l, embebendo-o e modelando-o. E, em antros desconhecidos do grande público, engendram-se novas extravagâncias ainda mais ousadas. rumo a outra explosão e outro cm bebi mcnlo. Assim, uma das correnlcs crólico-satânicas do "hippismo" aparece agora na velha e séria cidade de Cuzco, no altiplano peruano, um dos locais onde mais cinlilou a glória cavalheiresca da conquista hispânicél. Afirma um articulisla da conhecida revista a lemã Der Spicgel, que ~ p::rtir de 1976. atraídos como our. nor um sina1 misterioso, ccnte~ nas de "hippies" para ali se dirigem e se inslalam em pequenas comunidades. Talvez estimulados pela proximidade das ruinas da cidade sagrada de Machu Pichu e de outras sobrevivências da civilizaç.1o dos incas, cujo s istema de vida, como se sabe, apresentava fortes analogias com os regimes comunistas de nossos dias. Quanlo à religião praticada por aqueles indígenas, era ela marcadi, por evidentes iníluências

satânicas.

"Punk": tipo mais avançado do processo

.

.... '

.Enquanto ..__ os "hlpples" '--'"parecem "·-- refugiar-se ~ em antros, seus sucessores, os "punks", espalham a hedlondez nas grandes cidades, como este com os lâbios atravessados por um alfinete

da energia cósmica, a qual atua mais fortemente nas grandes a ltit udes: no Nepal, no Tibct. e agora na severa Cuzco. Os raios dessa e nergia observa esse arauto do "hippismo" - tctiam possibi litado aos incas, por exemplo. transportar imensos blocos de granito para construir

juventude", conforme o correspondente do quotidiano limcnho "l.a Prensa", residente na loca lidade de San Pedro de Casta. Algumas pessoas de dcsta(JUC na região empreendem ações dcstmadas a retirar de Cuzco tais comunidades. Parece que denlro de algum 1cmpo

as enigmáticas mural has encontra-

esses arautos da nova

barb,"tric deve-

das na Cuzco aluai. cm Machu Pichu ou Sacsayhuamân. E qualquer um leria a possibilidade de participar t1tivamcntc dessa força cósmica. desde que abrisse seus serllidos para ela , mediante o uso de drogas, da ioga ou do budismo zen. Os antigos incas teriam segredos de comunicação com a mencionada força cósmica. Ist o explicaria a confluên .. eia cios "hippies" para Cuzco. onde

rão mudar-se para ou tras paragens. Na população, cm ge mi, também se vcriíica crcscenlc antipatia contra os

intrusos. A pobreza desleixada. o frio

intenso da região. a carência a limcn-

Os principais objetivos do "hippismo" podem ser s inteti,.ados numa frase. proclamada durante a revolução da Sorbonnc, em maio de 1968: "I:: proibido proibir", É o grilo de revolta contra toda a regra e loda a lei. Tudo é permilido, cxcclo o que é relo, lógico e conforme à Lei natu ral. A sociedade burguesa do mundo inleiro ouviu com indolência esse lema anárquico. E muitos o adotaram. de um modo mais ou menos consciente. em bora apenas certa minoria o tenha levado i,s llltim1iS conscqli~ncias. A pcnet ração da referida concepção anarquista na sociedade foi obtida com êxito. sobretudo pelo chamado "hippismo branco". Mas ao lado do "hippic" da paz. da ílor e do amor. s urgiu o "hippismo" vermelho e negro, praticando a violê ncia, estadeando o horrendo. a loucura. ao mcsn,o tempo

mar cerveja e mantê-1a na boca, para depois expeli-la no público presente; cm tais "s hows". o ,wditório delira <1uando recebe um jato de cerveja. lançada da boca de algum cantor.

"Hippificação" lenta e gradativa da sociedade Quando vemos o movimento "hippic" , apcarcntcmcntc moribundo nos grandes centros, sobreviver cm Cuzeo. é preciso não esquecer que ele continua intoxicando o mundo.

Isso dcvc··sc não apenas a comunidades de vanguarda. como é o caso dessa existente cm Cu7,.co. mas

também t1 uma forma de iníluência difusa e impalpável que vai amoldando cm sua direção a n1aioria das pessoas. A França inteira sentiu· um sobressalt o com a revolução da Sorbonnc. cm 1968. Naquela ocasião. a cidade de Paris manifestou-se maciçamente fovor{tvcl ús medidas toma• das pelo general De Gaulle para manter a ordem. Transcorrid os de,. nnos. cntrelanto. pode-se verificar. através de v<irios sintomas, como a França caminhou rumo às metas da revolução "hippic", de forma lenta e gradativa. Em linhas gerais. o fenômeno se dá cm lodo o Ocidente. abrnngcndo 1.t cultu ra, os costumes. ·a indu mcnlária etc. Em c:ida um dos países. sob cfcilo dessa revolução. vão surgindo lumorcs de malignidade ainda mais virulenta. cm toda a extensão do corpo social.

Péricles Capanema

vivem cm miscrf1vcis e imundas malocas de barro amassado. no intc..

rior das qu11is dormem promiscuamente homens e mulheres, distri .. "Hlpplsmo" e buídos cm oitcnw comunidades. nas prãtícas ocultistas imediações da cidade. Os índ ios evitam o conlalo com Tais "hippics". segundo aíirma os " hip1>ies", aíirma o jornalista de un, de seus corifeus atua lmente cm D<'r Spie~el. Nem falam com eles. Lima. sustentam que a vida provém porque "s<io um ,na/ exe,nplo para a

3...º volume: auxílio... porq11e toda s11n fcliridnde f111ur(J estd t>tn caust,". "A primeiro respo11sabilid{l(/e, para os adolesce111es, co11siste en, se g11{lrdare111. Ma111er a virgi11dad,• é unw es,o/1,a Jivren1e111e conse,uida" (p.

Escolhe,nos de propôsilo os trechos c m que a a uto ra defende, com linguagem mais incisiva. a prática da castidade enlre os jovens. Mesmo aí, como pode se consrn tar, o sobrcm11ur;1I cst{1 intciramcn1c ausente.

80).

"A experiência se,,u(J/ de doi.< seres jovens. tão pouro 01nnd11rt1 ci.. Conclusão dos para o a,nor ,nútuo, te111 todas ,is probabilidades de se tornar 11111 Como comcntúrío final nos í:lscífracasso. Eis porque (J virgi11dade co111 inua sendo o escolha 111àis dese- cu los redigidos e ilustrados pela Sra. jável paro os odolesce111es" (p. 81). Maria-Clá udia Monehaux. e que "l;, q1f{/11do falo de i11ocê11cia, devem se,· entregues diretamente não digo unica,nente para a 111oç<1, segu ndo rica sube ntendido na obra 111t1S tmnbt!111 partl o rapaz que l'ird t1 - a crianças e adolescentes. consideramos a série de tais opúsculos ser seu 11,arido. A castidade não é uma tara! A inteiramente contrftria ú oricntaç.ã o ca.tlidode 11w1cr1 foi 11111 obs1ác11lo que é dada pelo Magistério Eclepara (J f11111ra felicid(Jde física d1• um s iástico (cfr. "Cmo licismo", n.• 337. ('{ISO/. de janeiro de 1979) e. por isso Pelo contrário. o q11e é 11111 obs· mesmo. sumamente pcrigOs'1. mcs .. táculo grav<' é a ignorti11cia. É neces- mo para adolesccnles. sârio que um rapaz <' umt1 111oça n<i<> Lamentamos <~uc essa maneira ignore111 nada do que os esp<>ra na de apresentar a quc:stão sexual V(Í se vida sexual ".fim de podere111 assu- gcncrali,.a ndo cm quase todo o munn1ir. n1ais tarde e ,,,,, conjunto. suas do. inclusive cm nossa P:ltria. (J/egrias e responsabilidades. [... ]. Coníorme foi exposto no númeA [primeira responsabi lidade] de ro (Interior de ··ca,olicis1no··. a douum rapaz consiste - além disso tradicional da Igreja sobre a e,n não arrastar, para essa arriscado trina matéria confia aos pais o referido ave111uro das primeiras experiêncio.~·. tipo de íormação. rejcítando a insa rornântica adolescente que e.wre- lruçiío coleliva. como norm:ilmcnle 1nt•t·e junto deh> t' está prnntt, a se ministra nas escolas. sobre o seg11í-lo" (p. 82). (Clll<I. •• l:,; cónvenie11re. poru111to . acouEssa tcmá1ic~1somente dcvcrf1sei' telorem-se. ropazes e moças. l; ainda por outro tnotivo: aquele - ou tratada. com ioda a prudência e cautique/a - qu<', cnnu, aniinnl i11<·01u1z lcla . quando as q ucslõcs rcícrcnlcs de resistir ao apelo da 1w1uteza. se ao sexo surgirem na turalrncntc n.i entrega a 11111 co111pa11heiro qual~ mente dos filhos. Deve-se evitar ilusquer. corre o l'isco de co11trt1ir doen- 1,·açõcs. desenhos e íotos na cxpo('Os venéreo.<" (p. 86). s içih) d :, matéria . 6

comunidades "hippies" Instalaram-se em Cuzco (Peru). EI-ios numa representação teatral ao ar livre, um melo de Influenciar a sociedade

lar. Jª fizeram suas primeiras vílim:1s íatais. Um jovem inglês, presumivelmente de 23 anos. foi e ncontrado mono no mercado de legumes loca l. .. La l'rens(J " noticia o fato, acrescentando que o "hippic" mo,·to estava completamente subnutrido e, com cel'lcza. vivia há tempos. de restos de comida. O "hippismo", ta l como surgiu e foi promovido por largos setores dos assim chamados meios de comunicação social. perdeu a vita lidade de oulrora. e não são poucos os <1uc afirmam que já agoniza. Nesse decli·

que projetava. cm obl íquo. a sombra

de s:uan,is no mundo. O "hippie" negro. hoje cm dia , já se apresenla como "pu nk". Sobre este, fa lar-se-á cm ou tra ocasião. J>or ora, convém apenas registrar algumas "diversões punks". ·a mais recente versão do "hippismo'': atravessar os lábi os com alíinetes, à guisa de

ornamento: passear nas ruas com urna mulher presa a uma coleira, como se faz com cachor.-os: vestir-se de maneira mais extravagante possível; durante festivais "punks" está se

tornand<> uso nova aberração: to-

8AtotnCM§MO MENSÁ RIO com aprovt\çâo \.--Clc.-si:istica CAMPOS - ESTAOO 00 RIO Oirtior Paulo Corrê:a dt 8rilo filho Oirtloria: Av, 7 de Setembro 247. c;1i-

;,c:1 1>os1,11 3.13. 28100 Cainpos, RJ . Adminislração: R. l)r. ~fortinico Pra•

do 271. 01224 São P:iulo. SP, Composto e im1>rcsso na Artprcss t•apCls e Artes (iráfic;i.s l.td,·1. R. n,. Mar1inico Pr:ido 234, 0 1224 S. P:1ulo, A~'Sinalura ánu~I: comum CrS 300.00: coopc:r:tdQr CrS 600.00: benfeitor CrS

L.000,00: grande bcníeilor CrS 2.000,00; scininarisrns e 1,.--studantes CrS 250.00: Améric;1 do Sul, Cen1r:il e do Norte. Pottugal e Esp:mh:1: vi:1 dé supcrf1cic USS 36.00. via aérea USS 46,00: ou· iros p:1iscs: , 1fo de st1perOcie USS 40.00. via aérea USS 46.00. Avulso:

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Adminislra('iiO R. l)r. M,utinico Prado. 27 1

01224 - Siio Pauto. SP


• •

NA MINAS BARROCA, BRASIL AUTÊNTICO QUE SE FOI. • • STA VISTA parcial de Ou ro Preto_. .ª cidadc-~lonurncnto do ongrni,I e colorido bal'roco mineiro, nos oferece um aspecto cio

E

Brasil de outrora. autêntico porque

monta nhas a protege m e que a neblina. à maneira de auréoh,. ali cst<.Í para fazer ambiente a sc.u mis-

embaixo) exprime a satisfação de ser

ticismo. A graça especial da igreja está

temperamento, as preocupações. a vida di:íria, cm últ ima a nálise. As numerosas janelas não dissipam um interior recolhido e cheio de at rações. A porta estreita acolhe numerosas visitas de parcntc.s e amigos. A sacada senhoria l recorda o lazer doméstico de respeitáveis da-

refletia a alma de seu povo. O telhado do primeiro plano insinua que esu,mos numa cidade

cm sua brnncura. (Juc parece irra-

cheia de ângulos originais de visão.

cie de leveza e vcrtiC<t lid,1dc mu ito

convidando-nos a uma incursão no lcmpo das mina~ de ouro. li teiras e

especial, de grande o rigina!idade. Os traços si nuosos. como os da j;-ulcla do meio. lhe i;onfcrcm a lém disso uma amabilidade que matiza toda suH espiritualidade. Porém. a cru7. de raios diagonais dornina. por sua vez. a igreja. erigi ndo-se no ponto central do pano-

sa h,s-ba Ião. A at1nosfcra de neblina. tanto mais densa quanto mais se distancin a vista rumo i,s montanlrns. cobre o panornma de quietude e mistério. enquanto ra,. ressaltar ,i clal'idadc atraente e (1111ida das construções.

A~ casas que se vi!-em no segund o

plano foram ed ificadas com grande naturalidade. sem o planejamento das cidades modernas. No cnwnto. elas rcílctcm ordem. Nota-se que cada família as construiu de acordo

com suas abastança, e possibilidades. O estilo é si mples mas clcg.tntc. unindo-as cm perfeita harmonia. Tudo isso lOrna a paisagcrn apra.. zivcl. mas a presença da igl'ejà cio Ros,irio confcl'C signific,.do transcendente ao conju nto. Oir-se-ia que as cascts a olhélm e aca1am. <1uc as

diar-se devido a linhas e superfícies curvas, adquirindo assim uma espé-

rama. A fochada ccntraL erguendo-

se crn ondulações suaves. constitui

seu pedestal: as torres. agulhas e Co· ruchéus

;1

cercam como guarda de

honr.1: "' casas lhe prestam homenagem. Essa cruz denuncia ,1 sccrcrn ,1legria ela igreja: quando chega a noite. inicia seu colóquio com o mundo das estrelas e dos anjos.

fil <f). Em sua simplicidade primo,.osa. csla casa de Sabará {}1 cs<1ucrda,

o <ruc é. Denota rnuita tcrnpcrança, virtude que ordena as apetências, o

mas a <.:onvcrsar cm voz ba ixâ en . .

qua nto fazem crochê, recebendo de vez cm quando os cumprimentos cerimoniosos de um con hecido que passa. A vida fam iliar aí se desenvolve cheia de significado. O aroma de q uitutcs saborosos e d oces q ue só a boa dona de casa sabe fazer. constituem o atrativo dos convivas. Nessa casa. o tempo não é uma

co,·rcria para obter comodidades, porque nela a largue,~, de tempo j{, é uma comodidade. As horas passam e deixam o fruto das l'eílexões e conversas. Aqui. não é o tempo o uro. mas o o uro tempo.

ai ~ A igreja de São Francisco de Assis. de Ouro Preto, desenhada pelo Aleijadinho cm 1774. é considerada a pri meira das obras-primas do maior artista naciona l no que diz respeito à arte ornamental dos cnt~t . .

lhes cm pedra . A grandc111 do pol'ta l ressalta à primeira vista. As torres redondas. um pouco atarracadas. comun icam

uma nota de fortaleza ao ed ifício. Entretanto. a variedade dos desenhos das janelas e "olhos-de-boi". os coruchéus que dão acabamento pontiagudo it origina l cúpu la achatada, fazem com que o conjunto em nada pareça pesado. Forte e gr,·u:io:w. alegre e serena,

a igreja foi feita para dom inar a cidade. simboli,.a ndo assim. com inteira propriedade, o Corpo Místico de Cristo, e especialmente. a Igreja docente. e nvolvendo as a lmas com seu manto protetor.

para correr atn:í.s das ilusões de uni

mundo para o qual os estabelecimentos ba nc{arios são os verdadeiros

Essas últimas palavras não podem ser pronunciadas sem um dolocoso gemido. Porq ue é difícil recon hecer em v{irios Prelados de hoje essa característica. O progl'essismo não ,iprecia a Casa de l)eus no a lto dos montes. preferindo confund i-la com fábl'icas ou s upermcl'cados. Há t.ambém fiéis de nossos d ias que não admiram a Igreja verdadcirn. trad iciona l, como os ca tól icos do tempo cio Aleijadinho. Suas pl'cocupaçõcs desviam-se da glória de Deus

templos. e os a,aomóvcis. ídolos. Quando um povo volta as costas a seu passado cristão. corre o risco

de que Deus o abm1donc. Estaní o povo brasileiro neste caso? Eis um tema para nossa rcílexão. Muitas das cidades históricas bl'asileiras. relíq uias de um passado que não chegou a desahrochar inteiramen te. foram relegadas ao abandono. ao desinteresse. A recente cat{,strofe das enchentes, especial mente cm Minas Gera is e no Espírito Santo, ameaçou sepu ltar para sempre várias dessas reli-

q ui as. A preciosa igreja de São Francisco e outros edifícios de Ouro Preto estiveram sob grave risco de desabar. Foi com olhos indifcr~ntcs - ou. pelo contrário, angustiados - que o povo brasileiro assistiu a isso que por pouco não constituiu uma perda irreparável de nosso patrimônio histórico e art ístico'/ Nessas relíquias do passado da nacionalidade encontra-se a luz que ainda nos pode indicar o ca minho a retoma r com vistas ao futuro. Luz marcada nas velas das naus que aqui c hegaram nos albores da História pátria. Luz que brilha na constelação do Cn11.eiro do Sul. Luz que se chama civi li zação cristã. 7


; .AfOJLliCJISMO '

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DESDE QUE SE CASE COM JOSÉ Plinio Corrêa de Oliveira ELO QUE ouço de quando · cm vc1. cm torno de mim, e iambém leio nos jornais. está se genera liza ndo o hábito de conceituar a democracia de dois modos diversos. Não, cvidcmcmcntc. quanto à substâ ncia dela. Pois c m sua imensa maioria. os brasi leiros concordam cm q ue a democracia consiste na soberania do povo, rea li7A1da em todos os níve is do Estado. pelo regime representativo, bern co mo na aíirmação e tutela de todas as liberdades ind ividuais. desde que - segundo a fórmula clássica - não ofondam "a ordem pública e os bons

P

mc,·ccem louvor, porém que não menciono pois em nosso Pais as divergências doutrinárias facilmente degeneram em insípidas retaliações pessoais, para as quais. em minha longa vida de polemista católico. nunca tive atração.

Parece-me q ue a conscqiiência deste modo de entender a democracia é que o povo não é soberano. Pois o poder soberano é essencialmente s upremo. E se alguém tem o direito de dizer ao povo soberano que lu\ uma "pauta fundamental" na q ual ele não pode introduzir nenhuma modificação, o verdadeiro sobecostumes". Em suma, a dcmocrncia rano deixa ele ser o povo para ser dos insurrectos da Independê ncia esse alguém. norte-americana. dos revolucionários: Assim ..tal "pauta" de intangibifranceses de 1789, ou dos nossos lidades fere desde logo a intangibiliconstituintes de 1891. Tudo pensado dade da soberania popu lar. Ou seja, nas perspectivas do laicismo de Es- o que a democracia laica - e a seu rndo. E awali7,ado com leis de senti- modo a democracia de inspiração do social. mais amplas o u menos cristã - tem de mais medular. segundo o paladar de cada qual. Faço no tar de passagem que. principalmente quan10 ao laicismo

de Estado. e portanto ao modo laico de conceber a sobera nia popular, bem como quanto à amplitude não ra ras vezes exagerada com a qual. segundo essa visão da dcmocn1cia, se concebem as reformas sociais. tal conceito estí, cm desacordo com o

que seria - conforme o ensinamento tradicional dos Papas - uma democracia de inspiração cristã (cfr. Pio X li , ~adiomensagcm do Natal de 1944, "Discorsi e Radiomes.w,.~i", vol. VI. pp. 238-240). O q ue. ahás. não confundo com democristianismo. Contudo. dito isto. faço aqui abstração dos e nsinamentos tradi-

A liás. não compreendo como se pode arvorar cm tabu intangível - e portanto insuscetível de ser discutido e rejeitado - a tríplice liberdade ele consciência, pensamento e religião, sem com isto cair, sob outro

ponto de vista ainda. numa co ntradição insolúvel. Pois à tese de que aquela triplice liberdade é a " pauta fundamenta l" da democracia, é uma opinião. E se toda opinião ·é passivei de ser d iscutida e rejeitada, disto tem de ser passível ;1 pauta da triplice li berdade. E assim se chega à conclusão de que a intangibilidade da tríplice pauta (e cm vez de falar de

__, Aspectos bizarros da Clltlma convenção do Partido Democrata para as eleições presidenciais

mudar de opinião amanhã. Em qualquer caso, uma lei apoiada em penalidades. Uma ou outra lei , "democrática'\ puniria o livre exercício da soberania popular. Mas. no caso da democracia "pau tada", o que é abertura? - Ê apenas uma mu(,!ança de "pautas". E não uma supressão de toda e qualquer pauta. Até hf, pouco, crime era lutar con tra o princípio e a instituição da propriedade privada. Agora

isto deixaria de ser crime. E passa· ria a ser crime atentar contra a tríplice paula. Segundo a estrita lógica do democrat ismo laico, isto implica, não cm desatar de Quaisquer liames asoberania popular, cm a tornar efet iva e notória, mas simplesmente cm trocar de lugar o liame. Ontem. e le atava com as penas da lei o braço esquerdo. Hoje, ataria o braço direito. Francamente, isto não é democratizar. Dizer ao povo que ele é livre de caminhar para onde queira, desde que seja · na tal tríplice pauta. faz lembrar a lgo que, à maneira de gracejo. se contava outrora. Era o caso de um pai que. blasonando de liberal. dizia: "Minha filha pode casar com quem quiser, desde que seu escolhido seja o José".

Na democracia o povo é rei. Quando um rei é volúvel, qual oremédio? Ê estabelecer acima dele um

supcr-rCl? Mas a esse super-rei, quem controlará? Outro rei a inda mais "super'"/ Se o remédio consiste cm uma lei que controle a soberania popular, repito que. em certos casos, a democracia pode ficar realmente sem Convenção que Indicou Carter candidato presidencial. Pelo menos em um ponto defesi, , sob pena de suicidar-se. a democracia norte-americana é coerente: os eleitores não sao obrigados Mas e la tem um caminho para a votar, como em outros palses. se defender sem suicidar-se. E fra ncamente não vejo outro. Ê que se ciona is da Igreja sobre democra cia. pauta. por que não falar francamen- batize. D igo "batize". pois cumpre Interessa m eles a quem estude os te cm dogma, já que este último é lembrar que tudo quanto acabo de aspectos doutrinários da matéria. um ensinamento intangível segundo comentar se refere especificamente à Por isso abstenho-me também de o qual se devem pautar os pensa- democracia leiga. considerar leoricamcntc a democra- mentos dos homens?) não só nega a Uma democracia de inspiração cia em si. E me cinjo a fazer tão só soberania popular, como vimos no genuinamente cristã reconhece ao um cswdo de dimensões j orna lísti- ítcm anterior, mas tambêm a liber- povo o direito de legislar livremente, cas , inevitavelmente avantajadas, de dade de opinião. com o que esvazia desde que, porém, não transgrida os atitudes da hodierna opinião pública a própria de mocracia. ensinamentos e preceitos emanados cm face da democracia como cl,, é de Deus. Soberano verdadeiro, Rei e correntemente concebida. Pai de todos os homens. iníinitaEsta última matéria contém mais mcnte sábio e bom. E na reta destes de um po mo de discórdia. Escolho Bem compreendo que se pode preceitos nada resulta em ruina. um. para hoje tratar dele. Ê relativo aleg.1r, cm favor dessa incongruênA autoridade de Deus é a única a qual seja a atitude com que a cia democrática. a necessidade de que pode - no rigor da doutrina democracia se defenda - cm coc- que a democracia se defenda contra católica - circunscrever a soberania 1·ência com seus p,·incípios - contr:, seus adversários. Mas essa defesa, do poder temporal, qualquer que os adversários. Dou-lhe preferência ou há de consistir na livre discussão, seja a forma deste. monárquica, arispor sua especial atualidade. a esta cortês e limpida . e na persuasão eíi- tocrática ou democrática . A não ser a ltura do processo de liberalização caz, de sorte que o povo soberano se isto, ficam os povos sujeitos realem que o País se acha e mpenhado. conserve inarredavclmente íiel aos mente à volubilidade do soberano. J>rincipios democráticos. ou se fará seja este um rei, uma aristocracia ou pela repressão dos discordantes. E a plebe. nesse caso a defesa da democracia Abstração feita de Deus, confiComo escrevi , o uço e leio por será an tidemocrf,tica. Nesta última nar a soberania cm ºpautas" estavezes que. na democracia verdadeira hipótese, no próprio ato em que a belecidas por meros homens. por - com soberania popular, e com as dcmoc,·acia se defendesse, e la se sui- mais inteligentes, cultos e experienliberdades individuais dela indisso- c idaria. Pois, se há uma lei que proí- tes que sejam, e ainda que essas pauciáveis, notada mente a de opinião be o povo de ser outra coisa senão tas coincidissem formalmente com a deve ser g,1rantido a cada indi víduo favor.ível à tríplice "pauta", a demo- Lei de Deus, seria. em última análio direito de divergir de certas pautas cracia já não' se mantém pelo sobe- se. transferir a soberania a esses de ação. Porém a divergência não rano discerni mento e pela soberana homens ... seria lícita no tocante a uma tríplice vontade do povo soberano, mas pela E quem, senão Deus, ótimo e . pauta, tida por fundame ntal , isto é. vontade e pela força de a lguns. máximo, não é volúvel? Esses hoco mo liberdades básicas do homem: Suponhamos uma lei imposta mens? liberdade de consciência , d e pensa- pelo legislativo de ontem que proímento e de religião. Copio essas pa- ba ao povo mudar de opinião hoje. lavras quase textualmente de um Ou uma lei imposta pelo legislativo Naturalmente íica de pé uma autor cujo talento e competência de hoje que ao mesmo povo proíba questão. Ê bem certo que. nas :uu.iis

circunstâncias. o la icismo de Estado pública, se pensasse que, francamennão vai ser abolido. P.ira ser otimis- te aberta ao anticomunismo a faculta, pelo menos a prazo médio. O que dade legal de argumentar, não obsfazer então. até lá'/ Dizer olim pica- tante está tudo irremediavelmente mente ao País, que se arranje como pctd ido. Usemos. pois, esta faculdapuder, e dar tudo por perdido? Ê de la rgamente, com desassombro e claro que não. sem prejuízo do rc.s peito e até da Antes de tudo. não carreguemos cordialidade que a discussão de alto as tintas negras increntes ao c1ua dro. bordo doutrimírio e xige. Pois Enq uanto dc,rar a configuração d os repito - uma via transit,ívcl contidias atuais. não é verdade que a opi- nuará aberta ao patriotismo dos nião pública (ou, até mesmo. a ópi- que, como cu, se preocupam sem nião que se publica, coisa que po- desfalccime11tos. com o perigo code ser bem diversa) seja tão volú- munist a, vel nesta matéria. Em ou1ros termos, Má ma is. Diz-se que Deus é braa formação anticomunista persuasi- sileiro. Exatamente no momento cm va conserva uma boa margem de cíi- que escrevo. a conferência de Puccácia . bla brilha como uma luz nascente Ourante toda a minha vida pú- aos olhos de muitos bons brasileiblica. consagrei-me a uma ação anti- ros. Se ela confirma r as esperanças comunista de caráter essencialmente que vai despertando aqui ou acolá. suasório e pacífico. Da utilidade poderá minguar o perigo do comudessa ação dá provas o furor contí- nismo. cm uma das frentes que com nuo que ela desperta na vasta coorte maior eficácia tem este utili7.ado: o de comunistas. socia listas. compa- ambiente católico. E será possível nheiros de viagem. i11occn1cs-ú1eis conter essa aprcsentaç,ilo deformada etc. Furor este manifestado, ora por que hoje se faz da Religião para um infatigável e gencrali7.ado 7,tm · justiíicar o ateísmo e o coletivismo. zu m de ca lúnias, ora por estro ndos Como não ver que a controvérsia públicit:írios de dimensões faraôni- a nticomunista de inspiração católicas. Não se tem tanta sanha contra o ca. na legalidade e na paz, ganhará que é irrelevante. nem se mobilizam então novos e preciosos tru nfos? tais meios de ação contra o que é Mas " esta a ltura abre-se outro inócuo. tema, ao qua l talvez eu dedique Eu estaria, pois. cm contradição simetrica mente outro artigo. Mas comigo mesmo. e passaria um ates- depois de Puebla . tado de inutilidade a minha ação Vc,·-se-á então por quê.

TFP argentina distribui donativos aos pobres Grande quantidade de roupas, brinquedos, calçados, alimentos, livros. remédios e utensílios foram distribuídos aos pobres pela Sociedade Argentina de Defesa da Trad ição, Famllia e Propriedade (TFP). A distribuição , feita pessoalmente por sócios e cooperadores da en tidade no dia primeiro de janei ro, foi recebida com emoção por centenas de famílias, residentes em "vilas de emergência" - z.onas pobres da capital argentina. Também foram doadas estampas da Imagem mi lagrosa de Nossa Sen hora de Fátima, que verteu lágrimas cm Nova Orlcans (EUA). Os donativos, estimados cm 500 mil cruzeiros, foram coletados cm 10 dias de campanha, de casa em casa, em diversas zonas da grande Buenos Aires, sob o lema: "A TFP proclanw uma tradição de dois mil

anos: que,n dá aos pobres empresta a Deus'!"


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li N." 339 -

Março de 1979 -

) ~-

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Ano XX IX

DEPOIS DO IRÃ, A IRABII SAU TA •

ESTE É O PRÍNCIPE (ENCANTADO?) DAS MULTIDÕES DE HOJE

MÁRTIRES DO JAPÃO CATÓLICO

EIS Goldorak, herói das mu l-

e carruagens de cristal. O univer-

tidões, líder de audiência nos programas de televisão da Fra nç;i. O leitor deixaria seus filhos brincarem com ele'! Frio . metálico. desproporcio-

so infantil representava um paraíso cheio de bclc,~1 e inocência que as bruxas do horror procuravam,

nal, monstruoso, cm outros tem-

pos este robô poderia mete,· medo até cm adultos. Hoje. a publicidade é capaz de tornar Goldorak tão aplaudido que firmas especializadas vendem roupas <1ue o imi tam. E as cria nças se vestem com elas (foto menor) como a ntigamente se vestiriam de Branca de Neve ou de Robin Hood. Foram-se os sonhos dourados com um mundo maravilhoso de lindas íadas. príncipes enca ntados. pa lácios de pedras preciosas

sem êxito. dc-struir. A luta entre o

bem e o mal formava o espírito da criança par~l a vida, inculcando-lhe desde o pri ncipio a idéia de realidades q ue conduzem ao sublime ou ao hediondo. a u ma eternidade que premia ou castiga cada um segundo suas obras. Os personagens que se apresentam crianç:1s de hoje não lembram precisamente o paraíso. Conheça o Aninwl, a Porquinha, o /1(1,ry Louco. e o leitor, ou leitora, perguntai·-se-á se os heróis atuais não recordam seres opostos ao paradisíaco... Página 4.

,,s

TRINTA e se te japoneses crucificados por sua fidelidade à Religião católica, em Nagasa ki, no Século XVI. Entre e les, três adolescentes de 12, 13 e 14 anos. Nagasak i, como Hiroshima, eram c idades onde havia grande número de católicos. E ambas fora,11 a lvo de bon1bardeio atômico, no fin1 da Segunda Guerra Mundial. O le itor ta lvez se surpreenda , mas o Japão está entre os países que maior nú111cro de márti res dera,11 à Igreja. Na página 2 são narrados os belos episódios do florescimento da Fé no hnpério do Sol Nascente.


A EPOPÉIA DOS CATÓLICOS JAPONESES O

MISTERIOSO País do Sol Nascente foi praticamente desconheci ...

àpressou a tarefa do verdugo cm eras.. • 1o para nao - converter mais • nc• 1nissa• nhum p:1gão. Esrn ndo (lu"se Lodos mortos:. Frei lln.ti:H.1 e moou o c.intico de Zac,uias: "Bnulilo St!ja O s,,11/U)r Oéus de /srtu.•t', .sendo aeomp;rnh:1do com entusiasmo pelos fié is 1ncsen1cs. O pequeno Ant<>· nio. ao seu lado. 1>cdÍu·lhc (1ue e n1oasse tt,nlbém o "l.muk11e puéri Dominum", Ent reta ruo. o santo Franciscano. i1ncrso cm proíund::1contemplação. não ouviu o pedido. Antonio iniciou. entrío. só. o Salmo 112. quando íoi a tingido pelo golpe mortal.

"

cio dos ocidentais até o século X V1.

c.1uando um navio português. di rigi ndose i1 C hina. foi arrojado em suas praias e m 1542. Nem os grc~os. nem os romanos f~1lcm menção .aquela nação asiática. Uma primcirn notícia de sua longínqua existência nparccc na Idade Mêdia. cons· tantc da narração das fabulosas avcn-

1urns de Marco Polo. que foz. rcferênci.1 ao Reino de C ipango. Mas só isso.

Qtwndo os portusucscs desembarca·

ram na terra dos Samurnís. a escrita. os coswmes. a arquilcturn. o vestuário e atê " alimcnt;,ç..1o japonesa assemelha• vnm-sc à civilização chincs;i, j:í conhecida dos porrnguescs desde 1506. quando aporc;,ram cm Macau. São Franc.lsco Xavier. o srandc J\póstolo das Jndias e do Japão. ilssim dc.~crcvc. cm 1549 o povo nipõnic-o : "De

to,Jvs vs povos btírboros que wnho \'ÍSf<>, ,u,nlwm podt• ser <:omp(lr ado a ,,su pela :wo boa ,u11urt!zt1. É de uma pe1/eit11 />rohidtu.ll'. J;aucQ, IN1I. l'ltg,•.. nlw.w. tiviclo de honras e de ,lignlt!atles. li hont(I f parti ,,Je o primtito de todos <>S bens. ,;· pobre. nws <·11ttl' des a pohr(•:a mio ,; ,tespr<tztula. li nubrezll pobn1 mi" é mt•,ws co11sidt.•1·tula duque o dca, I! iamai.,· a indigêuci<J tfe1t•rmi11t1rill um gt>lllilltr,m iwt a cafUlf·Sl' JJ<lfll ,•levor o .,·t•u nomt' pelu twxt'lio ele uma opu/{,11âc1 p/t'l-,,Ha: j ulgar-se•ia avilra</Q" (Carca aos Padres da Companhia de Jesus de Goa. apud J . M. S. Daurignac, " Sciv Fran· d.ft·,, :<m·il'r''. Livraria Apostolado d;, Imprensa. Por10. 1959. p. 341 ). Muito hospitaleiros. os japoneses :tcolher.:i m c-om nlegre surpresa O$ Pri· mciros po rtugueses que a Providênci;, condu;,iu ;.ué e les. Desejando dilal,tr "a Fi .'' () lmfJério'". <>S l~S<?S pediram e ob11vcram licença do Pri1lc1pe de Omuro 1>~1r:1 é-l)Ulbe1cccr um c ntre1)(>Sto comer· ci;ll c m Nagasaki. que rapidamente ~e dcsc1wolvc11 crn virtude do aíluxo tanto de nativos t1wuuo de cstrangcfros.

O primeiro católico japonês

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Algu m: m1os mais t:ndc. um gentil· homem de K ~1goshinrn, ccndo corne1ido urn crime. viu-se perseguido pelos pa· re ntes e :tmigos da vilima. A rrovidê::n· ci:t levou-o., buscar refúgio cm uma rHtu dos J)Ortugucscs, cujo CJf)Ít5o era seu amigo. e. depois de mil vicissi1udes, o íidal,;o j~1ponês. aco rnr>anhado de dois

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Kagoshimt, . Em a penas quarcnrn dias. o notável ap6slo lo aprendeu a língua do país ele maneira a inici~lr sua pregação pelas ruas e praças <ht c idade. Os nco• convertidos procuravam emular.se ao "san,o Padre" em seu zelo pelo apos1ol11do. "Phulo <!e Scmt,, !~. ((li<' pré!!,c1 nvitt•

e dio o Evangdho c1<>s .,·eus pais,, amigos - escreve São Francisco Xavier aos Padres d.'I Companhia de .Jesus. cm Goa. a 3 de novembro de 1549 ccm\'('fl<'ujti .w u m11ll1t•r. .':ut1fll/u, ,, muito.o; JUlfént<'S f! ,·i:inhos. t· isto l(~m m('f<'âdo aprO\'(l('{iu de tllflo.t". Seria longo enumerar os prod igios t)pcrndos por São Francisco Xavier no .lapão, pois extravasaria os limites deste artigo. O grande Apóstolo p3ssou pouco mais de dois anos cm cerras japonesas. ma$ tl semente que rlli plantou foi fccu_nda. ~e~mo ~lcpois da l?arcida do nornvel m1ss1onáno, o cncus1asnlo dos novos convertidos era impressionante. .l ú em 1549. cd ificou ..sc cm Kago• shima a primeira igreja católica do Japão. Em 1573 havia no pais oito mission{1tios. a lgumas dezenas de íiéis entre os quais v:iri:H:: c.a t,eças coroadas. Em 1575. cm Omurn. o rei e 1odos seus sl1di1os abraçaram o CaLolicismo. 1; m 1576. só cm Arima. houve vinlc mil conversões. Em 1578. o Japão contava com 59 mission;'trios Jesuítas, e o número de fiéis ultr.-1passav:1 cem mil.

Primeira homenagem ao Papa Quando o Visil3dor Geral, Pe. Vali· &nani. chegou ao J apão em 1579. no• cando que os nipônicos se consideravam

l,

Pontííicc Sisto V, prestando-lhe ti,mbém a homenagem de seu povo.

Toda a Igreja se rejubilava e concebia as m~1iorcs esperanças na conversão do Japiio inteiro. Contudo, iodo o inferno se .:lrmara para frustrar os planos do Catolicismo nascente no p,,is das cerejeiras em nor...

Inicio da tormenta O Imperador de iodo Japão, Taiko· sa,na, de início favo receu a pregaçiío dos missionários e até tratou com desdém os bonzos que o ameaçavam com :1s mnl· dições de .. Amida" e "Ch~ka". divin-

d~ldes pagãs d<> ,,aís. Mas. tendo conso .. lidado seu poderio co m a submissão de vt,rios poderosos senhores. os bon1.os come~~aram a insinuar-lhe que alguns desses príncipes. que se haviam tornado c ristãos. aspiravam :í soberania comi com o auxílio dos estrangeiros.. Um incidence fortuito tornou mais grave a siLuação par:t os católicos. Visitando um navio esp:,nhol. um minis tro do Imperador impressionou-se com o mapa mundi no qual estavam ;1ssina· !adas iodas ;.1 s possessões esp;.lnholas. Pcrgurmwdo ao ca pitão do veleiro como Feli1>c li havia pod ido conquistar aque• las diversas rerr;;"ts cm partes cão distinª ias do globo. respondeu irrenc1idamcn1c o capitão: •• Pela Rt!lithio ,. pt4a,.,; ,,,mos.

Nos.w .t .(iarerclvte.-.. CQll\'t' rl< 1ulo v.~ pavos av Cato/irism o. / aciliwm '""'' qm1 as mesmo.t uos preJu•m obtditwcill". O 1

lmr<'rador foi logo informado sobre essa conversa. Mas o que ícz tr~1 nsbordar a cólera do Imperador foi o foto de du:1s jovem; convertidas ao Catolicismo. se recusa ª ram a s:uisfozer seus desejos voluptuo· sos. Era o auge! Ele. a quem antes tO· dos obedeciam quase como a um deus. vcr·SC agor;l rejeitado por duas í r,ígcis dono.elas ... A 25 de j ulho de 1578 publicou um mandamc1110 pelo qual todos os Saccrdoccs .seriam desterrados. o culto católico 1>roibido e codos os japoneses obrigados ,1 abjurar :i Fé C:uóltca. sob pena de morte ou de desterro.

O perigo tonifica o fervor

~.

São Paulo Mikl, um dos Jesultas japoneses martirizados na primeira perseguição. prega aos fiéis antes de ser crucificado dornC::slicos. foi recebido por São Fran· cisco XttVicr. na C~Hcdr:11 de M{1laca. Abrasado pela s r:1ça do Batismo. J>aulo de Sanrn Fé nome que o íid:1lgo j::1ponês escolheu para si assim con•o seus dois: domést icos, bath:~1dos n,\'ipcct ivnmcnh::: com os nomes de An· to nio e João, insistirnm com São Francbco Xavier par:t que fosse pregar o Crh,.tkmismo em sua terra.

Evangelízação do Japão No dia de São J oão 8,nisw de 1549. Srío Fr.rncisco Xavier e seus três discipulos j :\po,,cscs dcscmbarc:•ram e rn

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Primei ras honras

Rumo ao Japão. São Francisco Xavier invoca o auxilio de Deus ante a ter rlvel t empestade. A Providenci a o atendeu e a tormenta cessou.

um dos povos mais educados do mundo. incentivou os reis de Bunga, Arima e Omura a enviar uma embaixada a Roma 1>arn oferecer as homenagens dos jn poª ncscs ao Sanco P:1dre. Em 1582, Felipe li recebeu em Madrid. com· grande pom1>a. os c inco ema baixadol'cs japoneses - entre os quais dois de sa ngue real - que se d irigiam à Cidade Eterna. Gregório XIII recebco· os cm 1585. promovcnd<> orações e festas pt'1blica$ pela encrada no grêmio da Santa Igreja dos filhos do Império do Sol Nas«me. Falecendo pouco depois G regório X III. os japoneses tiveram ocasião de :Jssis:tir :'1 coroatão do novo

Tendo o Imperador ordenado que se fi1.cssc um~l lis ta dos católicos: que íreqUcntavam os tern1)los de Meako e de Osaka. o nümero foi tão elevado que o ministro encarregado da missão julgou mais prude1Hc suprimir a lisw di1.cndo que não c,·a intenção do Imperador dc-Spovoar o J;,1pão, rnas somc,He punir os Sacc,·dotes, ern sua maioria Íl'.tnciscanos vindos há pouco das Filipioas e que contrariavam as: ordens imperia is. /\ nocicin das primeiras pe rseguições cspalhou-s<' e ntre os fiéis como um rastilho de pólvora. Longe de se atemo· rizarcm os caLólicos japoneses, fo n a leci .. dos n:-1 Fé. desejavam confess,\ ..Ja com o próprio sangue. Um dos m,,is belos e xe mplos íoi o que deu o fidalgo J usto Ukondono. r.lho de Takayania, a quem csw fol ha jii dedicou um arLigo (cfr. ..Cowliâ:m10". n.• 287, novembro de 1974). Estava ele na cone do Rei de Kanga. seu :11nigo. quando recebeu a notícia da perseguição; íoi emão a Mcako tc1· com o Pc. G,1ccch i. .Jesuita. 1,ar:1 morre r com e le. Encont rando-se naqucl,1 localidade. viu chegarem dois filhos do Vice.Rei de Tcnsc. grande mestre da Ca.sa lm1>eri3 1. com o mesmo objecivo. Um rico e poderoso senhor fcud:tl. bati1.ado havia pouco, fez publicar cm suas terras que castigaria sevcramemc-' quem. in1errog:1do cm virtude dH ordcn1 imperial se seu senhor era cl'ist5o. dissimulasse a verdade. Ongassayara. grande Senhor do Re ino de llungo. fez questão de que o colocassem n:, cabeça da lista dos católicos. procurando a mesm:1 honl'a para toda a família. 1=.rure1anco. rcceiou por

seu idoso pai. ,ccérn•convcr1ido. sugc· rindo-lhe <iuc se retirasse par~, u1na rcsidCncia no campo. O velho 1mi, indi~· nado. rcspondeu, lhe qui: nunca fugina ao perigo. e q ue, pelo contràrio, mor• reri~, por sua Fé com as armas na mão. como convinha a um velho mili1ar. /\s d LHls primeiras pessoas a mc1·ecc· rem a palma do matefrio foram du..18 escrav,1s enforcadas por seus patrões por ódio à Fé. No d ia 9 de dC"lembro de 1596. fo ram 1>rcsc,s 1H) Convento Fr.rnciscano de Mcako, dc1.csl-cce pessoas. sendo seis religioso$ e o nze leigos. c111re domésti· eos e c,uequistas. Todo), os Frades fra ilcisca nos provinham das Fili1>inâs. o nde ílorcscia um Convento da Ordem Scr:ífic:1 . Cinco eram espanhóis. e um deles ,ncxicano. Oe quase todos constam milagre.~ opc· rados ainda em vida. anccs do m,1nírio, Completada a lista. os soldados aia. ram os Fr:tdes. um a um. Frei Felipe 1nexicano de origem e que, de volta a s ua r.hria forn atirado por uma tormenta às costas do J.11>ào - foi conduzido à 1>risi'io com os o utros. unindo~sc a eles pouco de pois lrCs Jesuítas. todos japo• ncscs. e Lré.s ~ecul:,res. En1 re esses confessores d:, F'é e ncon· trnvam-se 1rés meninos cujo fervor e consc:incia deix:iram admirados ;Hé os pagãos. atr":lindo a compaixão da multi· dão. Um deles, Luis. tinha ~lpCn•lS do,.c :mos. Antonio e Tomás. os outros dois. não havi:1111 atingido 3irlda os quinze. Luís não cst:-iva incluído na lis1a dos que sofreria m o martirio. m:1s tanto fez, ca nco chorou, q ue o o íici:1 I lhe deu essa satisfação.

Heroísmo na mort e Antes de serem levados ~10 loca1 do suplicio. cort:uam aos condem,dos a orclh.i ..::squen.ta. Assim. cobenos com próprio sangue. as vicimas foram sendo levadas numa e.1rroça. de cidade c m cid,·1de, até Naga saki. Cnnsa dos. sofrendo dores, fome. sede e frio. rece biam. por acréschno. as injúrias dos pagãos. se bem que os consolas.se ver fiéis ajoelha· dos cm todo o percu rso suplica ndo s uas preces e inccnüv:-tndo-os a morrer gene· ros..l mcntc animados pela vcrdadeir.t Fé. Numá colina de Nagasaki. esperava· os o martírio. No Japão as cruzes 1inham urn suporte o nde :1s vitimas ,ipoi~ 3v3m os pés e uma espécie de barrote no qual se sentavam . Depois de amarrados. a cruz era levantad:1. Em seguida um verdugo perfurava os conde nados com urna longa lanç~l até que cessasse qual· ttuer vestígio de vida. Quando o noviço jcsui1a João de Goto estava para ser t raspassado pela lança homicid~t. viu c hegar junto a si seu J>:ii. que viera daralhc a Ultima bênção. ··Ve<h~. meu pai - dissc•lhc o futuro ,n:-i nir - que ,uia l,tí nada de tão JJI'<:·

du.Wí qm~ . ,uio .'i<' d,•,•a .raaificar J)t~la nos.w1 salvfJfÕt>", - ·· Eu o sei. meu.filho", rcsJ)ondcu o pai. ·· J:,,' o.1~rt1dr<·o ó ü bom /)(w.~ pela J: l'll('ll (Ju<' 1:'h* nos évm·,ule. a ti e,, mim. Estl'j o ,·erto de qut• 111t11mi< i' eu (•.rwmos promos ti s(•guir o ll'U l'.\·emplo". E cnco:-tou-sc mais ~i c m;, de 1

seu filho para receber seu ge11etoso sangue.

"laudate pueri Dominum" O prirnciro a sofrer o m;u1irio foi Frei Felipe. c.1ue o sofreu atro1.mcntc pois uma das cordas que o p rendiam :l cru1.. ao ser esta levantada. resvalou. deixando-o preso só pela garganca. Aíog~rndo ..sc. o primeiro rn:irllr só pode

d izer: "Je.fm'. Jesus. Jt'M1ii°'. Quando o verdugo o foi perfurar com a lança. a alma de "Felipinho" de Jesus. corno era conhecido, já se encon,rnva 113 presença <le Deus. São Paulo Miki. Jesuíw. pregava com wrua e loqüência do alto da cruz que

Assim que os m:-írtires cx1,irnr:lm. os guarda$ não puderam come,·. nem com basto nadas. o entusiasmo dos íiéis <1uc correram jumo às cruzes para recolher a terra embebida pelo s.a nguc sagrado. À tarde. o Hispo do Jap~o. a quem havia sido p1·oibido c.star presente ;·10 martírio , foi com urn grupo de Jc.suit;1s de N.-gasaki ajoclhar•sc dkuuc dos már· ,ires. A colina sagrada tornou-se loc:i l de peregrinação, o nde se OJ>craram muitos milag re..,:. Urbano VIII bcalificou esses mártires. e Pio IX os canonizo u a 8 de junho de 1842. Tend o falecido o Jm1>el'ador 'í;:1 iko· sam:1 cm 1598. s ucedeu-lhe seu filho Fidcjori que. chegando :1 maioridade. tendo mostrndo inclinaçilo cm arnpMar os católicos:. foi deposto por seu cutor ljesaz. que governou de 1618 a 1630, re· crudcsccndo a perseguição.

Infame comércio Movidos pelo mesmo ód io aos cató~ licos. ,,liara m ..sc aos pagãos o:: proccsrnntes holandeses. ávidos de prejudicar e m Ilido; dilatação da Fé católica. b<:m como as óuas grandes potências n,issionf1rias da é púca, Portugal e Espanha. Não s<> <:xcitar:un no c~pír-ilo do lmpcr.1do r s uspe itas contra os missio nários e contra os ibéricos. m;1s chegaram a a.uxili;:i.r os ofici:lis nipônicos nas revistas que estes foziarn nos galeões espanhóis e ,,ortuguescs para ver se traziam missio~ mirios. Contribuíram também com .sua artilharia. par~1. cm 1637. aniquilar o último rcdu10 c:H61íco. na íorrnlcza de Shimabara. onde trinta e S<:tc mil ca1olia cos. japoneses íoram massacr;ldos. Ob,ivcr.11n. com isso. o monopólio exclusivo do comércio com o Japão. uma veí'. que portugueses e espanhóis foram proibidos, sob pena de morte, de (aportarem cm tct'ras japonesa s. Mas que preço tive ram <1ue pagar os b,uavos por essa inffim i:l! Foi-lhes r~du1.id:l :l licença para se cstnbclccerem cxclusivarnence. e c m núme ro rcdu1.ido. na ilha Oeshi,na, pe rto de Nagasaki. Ao chegar. devcri~m passar sobre um crucifixo p;11·a pro varem não serem c..1.tólicos. Nessa ilha não podi;un celebrar o do· mingo ou dia festivo. rei.ar puhlicamen· 1c, cncoar cânticos religiosos ou pronun· ciar o Nome de Jesus. O grande médico e naturalista ale-mão. Engclbc n Kae1n pfcr. cirurgião da frorn holandeza da Companhia d:is lndias Oticntais - portanto insuspeito narra o que presenciou c m sua passagem 1,cla ilha [)cshima: "li permiménl'ia em

D<~:rhim(I era uma prislio. Os lwltmdeses w leroram roisas que stio imolNtfrt•is pt11·11 iodo homem t!e lumrt,. O altaidt• mór [dos holandeses] devi<; cado

11110

levar J)f('.fl'llU.'S llO lmpt'rador. e. (' lllc7o. dzex,ar "'i seu trono d(• gmin/u,s e s<•m JW(h•r /(lvcmwr a ,·nbl'('fl, perm,11wn!11do ajO(•J/wdo. com a <·ofu,ftl /)(li.,·a, <'m f<1.)'/Jl'ito:w silêndo: I! do mesmo mout!ira dt,w•ria t,fnswr•.ft! tlepoú-. mulmuln 1u1u1 trd.v ,·omo um caranguejo. Logo, 1od,; embaixada era conduzida para a int(•riur do palódo para st•n•ir de diver.wi() às t•spo.rns, fill,as e fámillarc s do Impera~ dor. Ali 1i11lum1 t111e tirar t,:r roupas ,•.werit,re_;,·, salwr ,·omo bujões. four mactu111h-t•s. bailar. imirllr os b{,b(ldO.t. /Jal/Jtu:iar a j opon ês, pintar ,, < 'tmwr (!m holtmdês e al<•mcio" (Lengo. Alemanha, 1712. IV. e. 2. :ipud . J.8. \ Vciss, " Ni." O· ria Univer.wf'. Tipografin La Educ:,c ió n. Barcelona. 1927. 101110 1. J>. 338). 1

A Jsrcj~t do Japão. no cntan10, deve-

ria se fortific~:ar na 1-0rrncnca. E. nessa tcna longíngua , repctiran\·SC as cenas de fervor da lgrej~, das C~Hacumbas. llt1so Mariiro lógio dos Mártires do Ja .. pão em que cada página apresenta uma epopéia de v;1rões. virgc1\S e até de crianª ças que n.rrosrnr~m os podc,·c-s da te rra e do illfel'llo, para permanecerem íiéis a Jes us Cristo e a Sua Igreja.

trn-o

PLINIO SOLIMEO


DEMOLIDOR

EVANGELHO ILUSTRADO,

DA FE

Pe. J osé luiz Cortês

QUE PENSAR IA o leitor se a lguém dissesse que vai apresentar "o f::vo11gelhu com m e11osjloreados. /Je ,nodo simples..... E acrescentasse: .. Até agor(I. d o f::vtmgelho te111os flcodo (lpen(IS co,n o rnaravilho.to. o nuígict,. o f anuí.ttko. os anjos. o parro sen, dor..... A primeira reação ante tais afirmações poderia infelizmente não ser de perplexidade. pois é moda cm nossa época. muitos desejarem ser considerados "simples.. e "humanos". expressões que frcqiicntcmente escondem mediocridade de espírito. Mas se a perplexidade estivesse ausente, o mesmo não dcvcrhi acontecer com a desconfiança. É claro. A frase cheira a progressismo ca tólico: estra nha mistura . num mesmo conjunto. do maravilhoso cristão com a magia~ dos anjos - cuja ex istência é absolutamente ce rta pela doutrina católica - com o fant<ístico imaginário; e por acréscimo a ex pressão "p"rto sem do, -. tão infeliz no contexto por se prestar a mil insi nuações ma lévolas e mesmo blasfemas contra Nossa Senhora. E tudo vem junto. de cam bu lhada , como se fossem ingredientes do mesmo "floreado " evangélico. Quem pensou cm mediocridade nã o errou . Mas. sobretudo, não se enganou quem relacionou o tema com progress ismo. J\ lhís. qua ntas cqua ntt1s vezes medio• cridadc e progressismo anda m de braços dados ...

O

O Pe. Cortês tira aos personagens sagrados toda sua grandeza e sacralidade. e os degrada: eis como ele vê Nossa Senhora e São Josê antes do casamento (p. t 7). r..i t.i.ou. O•• C,.1111' 1 Jlil lu1• O.. . ,..,. trtt _...,~. . o!.••Hlttc.. 4•l ••ntr• HNO•~ohl 4• 11.. ton, • • •l o:tkaJ•,..

curando tornar a linguagem menos crua . O autor desse estranho Eva ngelho conclui a apresentação d a obra com as seguintes palavras: ··Mori(I. vendo pela pritneira vez a J osé (Stio) pensou: Ei'.,; que ,uio é u1o v(~/ho l'Om o o pitua,n nas gravu -

ras!" (1>. 11 ). O mesmo Pad re publica em todos os n(lmcros do semanário cató lico progressista . editado cm Madrid. de grande tiragem - ·· Vida N11eva" - histórias cm q uadrinhos sobre temas religiosos. algumas das quais o pudor e o respei to pelas coisas sagrad as nos impediriam de reproduzir.

• • • A inda terá fé na divindade de Nosso Senhor Jesus C risto esse Sacerdote que. na obra analisada por nós, assim apresenta o Redento r? - "A 1nin1 uunbém n u} perguntara,n 1111111 vez por que acreditava qu1/ Je,H 1S er11 Deus. Antes eu os nwndawt (IQS livros de teologia: ali estaw, "demonstrado", Mas "gora. lhes digo que. na veri/(lde. r(Jf}{IZ. eu não tenho a evidência de que esse homem fosse Deus (entre outra., coisas porque o que é Deus?). !vias q ue conforn ,e v(lis co11hece11do li f undo e ommulo li Jesus homem, quando 11111 dos

que com ele con vivera,n te diz que Deus esw w, con, ele. respondo: N1ío n1e estra ..

11lw" (p. 108). Esse texto parece revelar o sentido profundo das caricaturas. É o de apresen• • tar um Jesus Cristo não divino, mas como T rata-se do opôsculo denominado se fosse um ho mem qualq uer. Trata-se, "Quê IJ11e110 que Yi11iste 1" , apresenta ndo po is. d e um anti-apostolado. Assim como cenas dos Evangelhos. em q uadrinhos. Os os ant igos miss.ionários empenhava m-se desenhos mais parecem caricaturas mc- cm converter os pagãos, utilizando pa ra diocres e vulgares - o leitor poderá ta l fi m. muitas vezes. representações cêcomprova r pelos exemplos que reprodu- nicas. ilustrações etc.. o Pe. Cortés procu1.imos - sendo a inspiração clarame~te ra, a través da caricaturização do sagrado, progressista. Não fa lta m ta mbém figuras e apagar do espírito dos fiéis a noção da insinuações imorais, as quais, evidente- divindade do Sa lvador da huma nidade, mente. nao poderiam ser aqui esta mpa- fundamento de toda fé. Negada essa verdas, como também blaslemias clamorosas. dade. que sentido tem, por exemplo , a O auto r? Um Sacerdote espanhol, do sacralidade e a s ublimidade da figura de C lero secular: Pc. José Luiz Cortés, da Nossa Senhora, obra-prima da criação'? Arquid iocese de Mad rid, ordenado em Não estranha. pois, o desrespeito afronto1975. Dele são as afirmações que acima so com q ue a Sa ntíssima .Virgem é aborc ita mos. dada nos desenhos e nos textos q ue Os personage ns sagrados do Evange- os acompanham. lho, inclusive Nosso Senhor e Sua Mãe A obra é publicada por Propaga11d(I Santíssima, desfila m diante de quem fo- Popu/{lr Clltólica. Madrid , 1977. Figura o lheia o livro como seres vulgares. despro- Nihil Ob.ttfll de Alfonso dc La Fucnte vidos ele qualquer elevação de espírito. /\dancz e o /Jnpri11}{11ur do Provigârio Além disso, não está ausente, é claro. a Geral da Arquidiocese de Mad rid, Mons. nota subversiva. Em vários trechos. a luta José M. Martin Patino. Portanto. o livro de classes transparece de d iversos modos. conta com todas as aprovações canônicas Perdoe-nos o leitor se tra nscrevemos de praxe. E tal ·a provação constitui uma do livro algo q ue. de maneira algu ma , perplexidade ainda ma ior. que se soma ao normalmente reprod uziríamos cm nossa s fato de um Sacerdote chegar a escrever páginas. Cont udo, pareceu-nos necessário um opúscu lo desse teor, ilustrado com depublicar desenhos e citações para q ue nos- senhos inqualificáveis. sas afirmações não se afigurassem como inverossímeis. Traduzimos os tex tos proGREGÓRIO LOPES

Os três Santos Reis Magos são apresentados como uns rapazolas. autênticos ··p1ay-boys". cientistas do Centro Aeroespacial de Houston (EUA) (p. 65) . e...,,,..o ••11•1 <1b . . ,oc,4 ffll -UN> I j>Nl•go--

" t•l.. , • 1 C.O.-.l.11 ( - T• lltO ••>•b•

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lv. oJM le •ioh..-1..-...

O respeltablllssimo e santo anci ão que esperou uma vida Inteira na c erteza profética de que veria o Salvador - o velho Simeão - assim é apresentado pelo Pe. Cortês. quando reconheceu o Messias (p. 75). ,' <.OMO 1'6 oi! ~ SOPL.A,v,.OCOO M f! VAS. A AE.Pl!.nR. TU A M f E'!)() Of! QVE YA ERES VN HO/.\eRe .'

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i::ecCJNOO EN 109 5ENGJ.

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1

Não podia faltar uma Insinuação no sentido da luta de classes. Aliás. não é a Onica que encontramos no livro. Na primeir a estampa é representada uma famllia pobre. dispondo apenas de pão e ãgua, mas que sabe repartir o que tem. Enquanto o rico do desenho abaixo está como que submerso em sacos de dinheiro e com o coração ressequido ...Clichê" constante da propaganda esquerdista de todos os naipes (pp. 129 e 130).

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Como deveriam s er ternas. r espeitosas. cheias de adoração as palavras de São José dirigidas ao Menino Deu s! O autor. contudo. apresentando Este como um garoto vulgar. que segura atrãs de Si um estilingu e, coloca nos lãblos do Pai adoti vo do Redentor a chula expressão: ··se eu t e der um soc o no nariz. então vais me repetir que Jâ és um homemr· (p. 109).

e~

PVN,O .

Este seria o modo - segundo o livro blasfemo O desenho é acompanhado por um t exto Ina- mediante o qual Nossa Senhora. no Magnifi- creditável: o Redentor, o Verbo Divino. foi cai. Imaginaria a santidade e a mlserlcOrdla enviado ao Oriente para " culturallzar-se e de Deus: "E é Santo Seu nome. E Sua miseri- Instruir-se··. Como se o Deus humanado necórdia se estende de geração em geração em cessitasse aprender doutrinas de cunho pantodos os que o temem.. (p. 23). teista. como por exemplo. o budismo (p. 122).

-

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""'*-'M.....oNTM; ) .•

M 1AANOQ, .,/

O relacionamento de Nossa Senhora com o Menino Deus atingiu sublimidades inauditas. cujo perfume nos foi transmitido pela Tradição cristã. Tambêm a este campo o Pe. Cortês estende seu esplrlto de Irreverência blasfema. A Virgem Santlssima ameaça Seu divino Filho com uma sandália, pelo fato de ter Ele quebrado um vaso (p. 124).

e

Nosso Senhor apresentado como um homem vagabundeando. que carrega nas costas um violão, lembra a figura de um "hlpple" (p. ·1:ia1:

3


E OS MONSTROS ENTRARAM EM MODA ... . NATAL passado serviu para realçar a mudança pela qual passaram brinquedos e heróis infantis. especia lmente cm certos pais~-s do Ocidente. s uper-desenvolvidos economicamente. como por exemplo, França e Estados Unidos. Qual o rumo dessa transfor-

º

mação'? Embora jà anteriormc~tc se putlcsse constatar a evolução e os antecedentes dos b,·inqucdos e dos heróis da criançada contcmponinca, os atuai:. apresentam características definidas e dominam o ramo. O que mais importa ressaltar aqui é o tipo

de iníluência que inevitavelmente e le$ c.xcrccrâo nas crianças atuais. e ava lia r, de modo realista. o significado mais profundo de sua prescnçc1 na civilização em que vivemos. Revistas de circulação internacional como Paris Match. News11·eek. L'r:.rpress. Le Poi111, têm revelado recentemente dados imprcssiomtntes sobre os novos brinquedos da criança moderna. Duzentos e trinta e cinco milhões de espectadores. cm 106 países, assistem progrn mas de bonecos chamados " muppets" {espécie de marionetes). cujo as pecto e conduta dcscrcvcn::nos. Os cat{tlogos de b.-inqucdos franceses para o Natal de 1978 apresentavam. cm sua maioria. objetos e

pers<)m1gcns sumamente extravagantes, não-humanos ou infra-humanos, p,, ra servirem de companheiros da~ cl'ia nças daquele pais europeu. J-lá também pavorosas figuras que são muito adm iradas pelos tclcspcct.tdores, e. ao mesmo tempo, co nst ituem bri nquedos dos mais vendidos.

Mais. Muitas pessoas "dultas também estão brincando com "muppcts", robôs e figuras monstruosas.

Alguns ídolos para a criança atual Ani mal é um dos mais destacados personagens do programa dos "muppcts'', que atrai multidões. Ostenta cabelos. bigode e barba cor de rogo, sobrancelhas muito negras,

Desde pequeno, o menino se habitua com os monstros

mas não possui testa. Mantém aberta enorme bocarra. Continuamente se movendo e estremecendo, toca uma bateria de conjunto moderno. na qual marca o r itmo com ca beçadas. Um. dois. três. quatro. ci nco cabeçadas. quando conta há quantos anos maneja os tambores. Seus olhos fora da órbita exprimem uma irritação arbitrárh1 e irracional. Nos programas. permanece acorrentado à parede. Craiy Harry ou H arry Louco

também não apresenta testa. possui !>oca e seus olhos são duas semiesfe ras que saltam de uma orla rosada que sugere pálpebras irritadas pela loucura ou pela droga. Falta mlhe os s upercílios e seus cabelos negros -saem dct rás dos olhos. A boca abre-se num riso estúpido e impu lsivo. Sua conduta no pa lco consiste numa série de explosões frenêticas. Míss Pi ggy (Srta. Porca). outro " muppct", é uma suín.i de cabelos lu>i(1,woodio11os e íocinho p rotubera nte. Também carece de tcstà e se 4

comporta com bastante fidelid\tdc a sua espécie animal. Goldorak é um personagem futurista de metal ,íspcro. Apresenta um par de c hifres de cada lado da cabeça e lâminas de meta l na região da boca. c m 11111 rictus de gélida crueldade e hermetismo. Os olhos são dois rombos sem pupila. como duas jane linhas de um forno sider(orgico, pois sua cor é a do fogo. Faltalhe a fronte; cm lugar desta, hú uma lâmina de metal com chifrinhos que

fundos do caráter, que marcam de modo duradou,·o e fundamental, gravam-se nas rei;iões mais proíundas, especialmente, da almrr infantil, imperceptível mas incxoravclmct1tc.

Constitui rão. normnlmcntc. mais tarde pi,drõcs contínuos para modos de conduta do homem adu lto. No toc.·intc ê', intcligênci,1. os novos ídolos conduzem à nulidade

mental e à suma mcdloctidaclc. uns por sua estupidez doentia, outros pela impudência total e os demais

tcní enviado. Ademais. a origem de sua íorça e as meta s· que procurnm ati ngir perrnancccm envoltas numa obscuridade inquicwntc. Tais seres. quase todos ca.-cntcs de mi.ão e de responsabilidade mo-

ral. transmitem algo pior que a mera

animalidade. As pessoas sãs. moral e mentalmente, inspiram eles horror e desprezo. E. ,; natural. tendem a formar i~lialmcntc crianças dignas de h<>rror e desprezo. Em outros termos . .11cquenos ,,ue p:trtieipam da monst ruosidadc.

Essa degradação deve ser visrn •

também sob o prisma religioso, no sentido de que a alma huma na foi criada i, imagem e semelhança de Deus. a rim de conhecê-Lo. amú-Lo e servi-Lo neste mundo . mediante o cumprimento dos Mandamentos do Decúlogo. especialmente o primeiro deles. Constitui. pois. uma ação inqualific,ívcl deformar a s almas infantis e de modo tão proíundo.

Genealogia do excêntrico e monstruoso Todo extremo tem s ua história e seus precursores. que formam como

que uma gcncalogié1. A ciênciH histórica. que tantas explicações pre-

ciosas oferece à ;u uaç.ã o das pessoas reais. a pi ica-sc r, na logíc.,, mente aos seres imaginários. Em certa época, foi-se abandonando os temas infantis apropriados. referentes i1 s~ullidadc. ao hcro· ismo. ao mara vilhoso. ó inocência.

Posteriormente. apareceram cn.. tcs ainda com alguns vernizes bons de valentia. de justiça e de bom

Crazv Harrv ou Harrv Louco

" m uppets" atuais ·:fazem piada da ,uio~f)iada", segundo uma revista nonc-amcricana . É o mero <tbsurdo transformado cm humor obriga tório pé'1ra as mentes ca nsadas e incapa-

citadas. Utilizando uma expressão cm voga, poder-se-ia dizer que. se

algum humor eles manifestam é. o mnis e.las vezes. um "humor nç:gro". Miss Piggy rnlvcz seja fi lha ou neta de Porky Pig mas. certamente. não herdou a relativa decência de seu antecessor. mas sim s ua cabeça oca e sua insignificância mental. Os bonecos horripi lantes Kiss Dolls correspondem. como dissemos a um conjunto de cantores violentos e excêntricos. monstruosos, sinistros e perversos. Orgulham-se do vicio e ostentam suas deformações como se fossem honrosas. Degradam publicamente o ser humano. São continuadores de outros conjuntos famosos em anos passados, como os Beatles, dos qua,s herdaram e desenvolveram os piores traços. Goldorak. o lúgubre a tleta mctúlico. chifrudo. pertence ú linhagem de Balman, o homem morcego. cujos caracteres humanos dcsap,uccc..

mm cm seu sucessor. E assim por dia nte.

senso. mas que jcí rcprcscntav<lm uma decadência. Porém. os subsequentes hc ,·óis infantis de hoje herda ram predominantemente os lados

maus dos a ntecessores. até chegar ao

Teratología, ciência própria do mundo atual?

Quais serão os novos passos da inwtsão de monstruosidades·! Certa"Animal", sempre tocando bateria mente serão gu iados por uma doutrina q ue vai se desenvolvendo cm nossos dias . encarnada cm personafazem às vezes de cabelos. Expressa pelo a utomatismo com que são gens ç objetos. um desígnio ocu lto e ardente. a p.-esentados. e rcprcscnrnçõcs. Qua l é tal doutrina'/ Goldorok é o herói mais em voga No tocante • ú mora l. <> traço . Par;, essa família de monstros. o na França. Seu programa de tele- fundam~11tal do !Odos esses_ persoCrazy H arry e Animal chegam;\ bem e o mal. o belo e o ho.-rcndo. a visão é o de ma ior audiência. Em nagens e a to tal ,rresponsab,hdade. p,·incipios de dezem bro, já haviam Quando não sãó néscios que seguem total ausência de raciocínio. mas tal verdade e o erro. são ind iferentes. sido vendidos trezentos mil brinque- apenas impulsos despojados de característica pode ser co nsiderada O u seja. nega-se implicitamente que herança recebida de McCraw, Crn,.y ex istam. Isto se nota sobretcdo no dos e um milhão de revistas sobre consciência. são robôs elct rônicos Cat. Thc Three S tooi:es. persona- tex to dos programas de "muppets" . esse sinistro personagem. O semaná- parn os quais. evidentemente. não se gens anteriores de comporrnmento Seus criadores aíirnirom que prerio de grande tirngem. Paris Maclu , põe nenhuma ques tão ética. Os que cm recente número dedicou-lhe a rti- ainda rcllctem cm seu próprio ente mental estúpido e impu lsivo. cm tendem infundir uma íi losofia de alguma espécie de missão e algo de larga medida. Estes ainda manifes· paz., mas é a paz da indiferença entre go de capa. Kjss Dolls são bonecos que re- consciência. não se sabe quem os tavam cetta jocosidade. enquanto os o bem e o mal. uma paz amiga do absurdo e d o grotesco, do mau gosto presentam o conj unto " rock-punk" de Nova York denominado "Kiss", Miss Plggy - a Porquinha - rodeada de outros "heróis"' da criançada moderna e da ausência de senso mor.:1I. Tal princípio doutrin.írio que cujos componentes usam uma maestabelece uma falsa paz, prima pela qui lagem visando apresentá-los coausência de domínio de si mesmo e mo monstros infer nais que cantam, da d ignidade do porte e do reto na med ida cm que se possa chamar comportamcntc humano. Outras canto a grunhidos e berros. Os tendências que seguem essa linha bonecos mostram a língua comprida filosófica, no mundo atual: o quase e retratam todos os traços ma lignos desaparecimento da etiqueta e da de seus modelos: a titude impudica. boa ed ucação. dos hábitos de racruel e cí nica. exprimindo-se por ciocínio. Corno também. o dcpcmeio de gestos . olhares e rictus da reci mcnto das reações contra o mal e boca. Suas sobrancelhas são pintaa debi litação da própr ia personadas como asas de va mpiro. lidade do homem. Tcrron é um monstro blindado. Assim, tanto sob o ponto de de seis patas, com algo de ,1111ed,ivista mctafisico-psicolúgica. como luviano e de robô cibernético cspasob o p.-isrna das exigências ét icas, ci;1l. Constitu i um dos grandes êxiestamos assistindo à criação de um tos nos Estados Unidos. tipo de homem com .iSJ>cctos de monstruosidade. dotado de fraquís• • • sima inteligê ncia . quase sem reílexâo. que procura rejeitar a responEmbora seja m estes os mai s posabilidade moral. e p:,ra cuja deforpulares. hft centenas de outros brinmação os brinquedos e ídolos infanquedos . a lguns eletrônicos. outros tis colabo.-am possante mente ao prede matéria e,xtr,wag,rn temetHc mole parar um terreno malsão desde cedo. e de cores excêntricas. Existem ai n. Recu sa ndo a gra ça sobrenatural. da pequenas la tas de lixo que cona lu1. da razão. os princípios da Lei têm com ida sob aparência de restos. Natural e o sentido de dignidade e bem como ataúdes dentro dos qua is de JUst,ç.i. o homem tende a ir se se enco ntram esqueletos feitos de transforma ndo cm monstro. doces. ~e tais elementos desagregadores seguirem seu curso. o que, infefo~.ª mente. é de se recear como o mais Os brinquedos e os heróis provável cm nossa époc.a. não estamodelam a alma infantil remos penetrando e ntão numa era teratológica? Tais íiguras e brinquedos modeE a teratologia é a ciência dos lam a delicada alma da criança. Isto monstros ... ocorre não só pela imitação dos gestos o u son hos de aventuras na CONSTANTINO DI PIETRO pele do herói. Os traços mais p.-oestágio atual. O que íaz temer que a evolução dos ídolos e brinquedos infantis seja como que uma parábola da dccad~ncia g.-ad ual da sociedade moderna. cm seus diversos aspcc1os

• • •


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"

Em matéria de sexo, o único. ''mandamento'': evitar o sentimento de culpa

,

A

ABUNDANTI! ··literatura·• sobre educação sexual. proveniente

cm grande parte da Europa. varia segundo o tipo de leitores a quem se destina. ou de acordo com a apetência ou "cspcciali1.ação" dos autores que abord.1m n matéria. Assim. há obrns dedicadas à "formação·· de professores.

ou1ras redigidas para uso dos pais: e c:<istem opúsculos escrito$ para serem lidos dirctamcmc pelas próprias crianças, Como exemplo signilicativo de obra desse tipo de "literatura de v:rnguarda", destinadii aos pais. figurn o fascículo ele 60 púginus. intitulado "Coma ,·xpli,·â-lo a nossus filhos?", Edições Pau li nas. J:1

edição. São Paulo, 1975 - C"m <1prvvaniu t)cl,•siti.sth-a. Suas :nuoras são Marie-Joseph Becc.:'1ria. Arme-Marie de 8csombcs. Jeannc-Marie Favrc e D.utiellc Monncron. Os desenhos: são de Lucillc Butc1. O orig.i nal francês foi publicado pelas Éditions eh, Cenwrion.

1970. A tradução portuguesa e de Atico Rubini. A obra apresenta o sci;uintc subtítulo: "lnida('ào dos pn1ut•11l11us noJ misu!rl11,t ,lt, vi(/(1" , Por "peqm.'llinos·· as autoras c1Hcrldcm. de n'IO<lo geral, as crianças com menos de oito anos de idade. Embora o texto seja cvidcntcmenlC dirigido aos pais. os desenhos que o acom• panham mais p;lrcccm destinados a h istórias c,n quadrinhos para crianças. As autoras não cscla1·ccem sobre a conveniênch, de os pais mostr~1rcm essas ilustrações nos filhos, O livro é dirigido eS-scncialmcntc às familias de condição normal, ou seja. aquelas composws de pai. mãe e v(1rit'>s filhos. Os casos: de filhos únicos. lilhos de pais sep,Hados. de mães solleiras. de viúvo ou de viúva. sno 1ratados sucin• tamente f1 parte.

A finalidade da obra Logo. de inici<>. as autoras eswbc-

lcccm algum~1s o hscrvações preliminares. pl'ocur:rndo e:<plicíwr e timiwr a.s

mcl:ls <1uc 1t-m em vista: •• H~·ras J>lÍKina.t niiu pr1tft•1uf,,m i,u,.

Wlr.

$tUI lÍIIÍ<'ll

Ortf{i11t11ic/a(Í{!

t.\'llÍ ('UI

apro\'t'ltar O,\' ,u·o11recime11ro,\' ma;.,..,·im• p!t·s ,, mai.\' t·t,tlditmos dt1 vida dt~ uma c·ritmrn. parti dat uma i11/orma('tio llà· tural t• 1•erdntlt•lt11 sabre v .t mi:aério.\· dt1 ,•itlfJ" (Jl. 9). E mais adi~ntc: "A t e,,,,. farão d o,\· me<·anlsnu>s da 1n·,u.,-it1cti11 <· do vicia s,•.\·ua/ 11ã,1 ,}, JJ<ir si .t(Í. unia ti

(•duCll('tio

Sl'.Wl{II. J;_,,lll (Í(•f)t'lltÍi• c,•.)'ll'Ô/a•

m,•111e d,• toda o dlma ,•thwmiw, IIQ qual 11 ,·rianra t•stâ mNJ.:ulluula clt•stf,,"' nasci,,,,,,,,,,.. (Ibidem). E acrescentam pouco •l seguir: "Qui.,·c•mos. wio sume,ur aplit·ar " o qur .'i(' IÍ(' \'() dfac•r" . mas sobrN1ulo "romo di:l•-/11" ( Ibidem). Devido :',s condiçc)cs da vid.t moderna. cm <JUC a ··111mu.~/c.·1·11 tÍ<• mú't(!riu qut• ,•11\'fJÍl'io (·.,·.,·<·.,· prol1l<•ma.,·" vai dcsap~1rcccndo, ..,, fU'Jflt'Í tios pais é agv ra. m(•no.,· o ,lc r'(',tf)mulcr a pl'rgunws (uu ,!,• .msduí-las) do que til! nprovell(Jr as oc·t1slti,•s '-1"'' a l'ida c~/('rN't) para ji,:t!-1(,s

.,·,•rvlr ô f(Jrm<1r,io (• ao ,l(,.,,,,,,w,frimt·nto d ,,s jllh<,.,· (1>1>, 13 e 14).

Segundo as autoras o papel dos pais. portanto. não é apenas passivo. respondendo :tdcquaclamcntc :1 pcrgu111as. que :, curiosid:1dc infantil otgãrlic;, e n~lluralmcnte for aprcscnt:incJo. m;is também o de suscitá -1:Js c o de aprovci1ar cenas ocasiões para dnr explicações. mesmo c.1uc estas não tenham sido solici1ad(1S. Que ocasiões serão essas ·? As mais d iversas - de acordo corno opúsculo como ac1ucl.is mais prosaicas provoca• das pela promiscuidade Í('>r<;.a da da vida familiar cm ,-.partarncmos exíguos. E tamb{:n, as causadas pcl:i iníluênci;1 do mundo externo. "A tele\•lsii<.>, os tmúndo.ç, as fõjt1:r acosumuuom nvss,,.,·fll/ws. dt•sd(• a mais tenra inf{md"· 11 multas

manifesta<~,;,..s ela t•itlll sexual. A próprio \•ida familiar mudou pru/w ulam(•nf<i: <'m

t1p11r111m('111os extguo.i. patl,•-:re ,ffJ!or d(• promisf,1idade... pade-.,·e ft,lar também de trQffl,t. p,_,,. (•x,,mplo: o quarto nupcial. htbu das g,•rO('iit~.f /Jf<'· ('('<Ít'llll'.,·. de.,·ap(Jf(•c·c•u (', s,• os pnls dor· m<·m no .w.i ftN·,mw da sala-tl<··i•.war. a 11<>S!,' OS

aitm('o d,•scobrirâ 11 tenwra ,·onjugol.

Quem SI' q,u•i.rarill?' (p. J3). Tal pergunta caus:, contprecns:ível perplexidade. E111ret:11Ho. as aotoras consideram um fator positivo essa mudanç:l de condições. que qual4ucr católico verdadeiro e até mesmo o simples homem de bom senso lamenta: ºA ,\' âr,·w,slfm âas mmlllrtun muito d,~.,·tf,, 1111.'ll.ttJ r,râpria ln/linda. Soh rt~nos a.'11/Jl'flQS, ,uuw11 1m·<;fa tf,, f)m's ffr,>u t 1.Jm ,'sso .timplifll'tufll" ( Ibidem). Aliás. a cduc~1ção s:cxual n5o seria ótil apenas par~, os lilhos, pois "1i.•nrnr tlar atJS flllws. dia ap<is dia, umt, v,,rdodeira t•dw·ncão st'•xua/ é, para o ,·aso/, uma 0

lilJ\'(I

oporumidtule d,• viV('f suo

S('.\.ll(I·

lidadt• de mo11eiro mais <'.\'IJ<mdida" (p. 18).

Os pais deveriam procurar libertar-se do clima mais austero que marcou sua própria infância.: " Predsam /llzer trllhalho de pioneiro. i11vt•111atulo para seus f,11,us o que s(~us pais ,wm si!mpre 1/ws souberam dar, libertantlo-se do clinu, mals ou nwno,\~sm/l<) que maffou profwulwm·me sut1 prâf)rill lnf{mâ(I ..

silenciando-se sobre a noção do bem e do mal. Evitar incutir na criançn um senso de culpa pelo màl que praticou é adotar uma ,uitudc freud iana e determinista. <1ue nega a responsabilidade do homem diante de seus atos. A pouca idade não exclui neccssariamcruc o valor mor.1 1 dos atos e muito menos <1ue seja o mitido um verdadeiro e completo j uízo a respeito deles. naturalmente cm linguagem acccssivel í, compreensão infantil.

( 1bidom).

Clima malsão

Frutos amargos de tal ··educação··

Perguntamos: se os pais libcrt:rnM~c de um " clima mals uu m<•n<.>s sadio", cm que espécie de clima vão eles entrar agora? Será no clima malsão e naturalisw desse tipo de educação sexual'! As ;.nuoras advertem os pais para que, "rt!OJ:indo li 11111(1 educ,,ç,io /JOT demais pudica", não caiam na fanfarronic,e e no exibicionismo. corno ··111ular si.sten1aticamcnte nus pelo apt1r1t11m•1110 ou falt1r ,·,>m a maiór libl'rdtull' e .frl'qliênâa tle prohlt•mas sexuais num vo,·ahulârio de ,·a.\'l•rna". Fazem. porém. a ressalva: "l:.ittemlt1mó·11os: ver tJapai ou manuir 1/ebalxo do chuveiro nada 1em r(.•(1Ímt•11t(' d(• c·atastrdfkot' (lbidem). Ê o nudismo que se vai in1 rodu7.indo dentro da normalid ade da vida Carniliar. Pois o condenável é apenas a nudez .dste,mí1ir,,. enquanto o húbilo dé ntio Lrancar a porta do banheiro :,o utili1.•arse dck J)arccc acei"ível. O hábi,o de encar-dr o nudismo com naturalidade foz parte dessa educação sexual. Se .i cri;rnça gosta de correr despida ec10 as>art amento. isso não deve ser rcpnmido: se o fo r. apenas com :1rg,umcntos de ordem pnítica. "Alüis. ,·omo irla comprt•,•,ulc~r t/tU' po,lc· t'Slar nu "" btmlw ,, não Jt•r mais esse direito alguns mome11w.,· depoi.-:, li<> sair d1•/,:? J>o,lemos dizer-lh e ·· Vo(·ê l'm· se re.efriar" m, .. Vem por u pijama fJ!"" jantar": mos mi,,1 : "N,fo é bm,iu, ", .. l:.'fi;i<> ", "Crianra 11tio "" • <' 011/(lr nua", ,,u•, /:.º inútil impor· lht· 1·er11.J puclor, qutmtlo a crltm ça ,u1o é ,·n1u,_ d. (1111e11tff'./u. Srt0 i11a,·<'nd(I p,•r/elta correria o rls<:o l Í<' tf'tmsfur,,wr-se t•m si'mimt•mo d,• ,·ultJabllidtule" (I>. 19).

Na educação recomendada pelas au .. toras. o nudismo e a 1>romiscuidade proporcionam. desde a mais tenra idade. a constatação das diferenças anatômic::is en1re os sexos. Para clns "isso é um elemento extremamt•ntt• favortiv,,f </ue l!limlna. nn grande f>fJrte. qualquer ,·urloslclt1cle ma/sã. Atas 1uio ba:.lll ficnr na slmples t·<m.Sltllil<'iio. dt•W! •3'<' d1i·gt,r a

P).'f)licar t1s razões dessas difl!rençns l'lltre o menino ,, a m,:11l11fJ. [ ...]. Esta primelra P101u1 é imporumu, purqué permt'u• à critmçtJ tomat ,·<msdênda de s('u próprio t·orp<> ,, tlt> pupel pnrticular ,, e.tpecifico que ,h•ver,i desempenhar 1111 prm·riaç,io" (p. 22). A explicação. para ser dada compulsoriamente. mesmo sem que a criança a solicite. é a de qual será a função de seus órgãos ,genitais mrtis wrde. " Numa fmnilia ('Ili qur ,,.rfatem wirlos filhos de amb1Js I.JS sexos. ,:om pequena tlifi·rt•nçll di! li/ade. f!st,1,\· dtS·

c1Jh(•r1as /au•m-se muiw naturalménte. tJroporâonamlo a 1,>dos um t•quilihrio n~r11.t. p,,Jo m,•11(1-\' ,w primt)lra inf,inâa"

(pp. 22 e 23). Colocamos cm dúvida se esse pretenso equilibrio da primeira infância se manierâ depois na adolescência e na juvcn1udc. As conscqiiências de tal pedagogi:1 naturalista se tornam evidentes entre os jovens de hoje: permissivismo sexual co,nplcto, recurso aos contraccp-

No limiar do adolestência pode ser 1t1Nle ,lemais" (p. 28).

Para ~1s autoras o ma1s importante na educação infantil não é a preocu· pação de conduzir as crianças à prática das virllldcs. mas a de livrá-las de complexos e sentimentos de culpabilidade. A fidelidade à Lei de Deus fica superada pela observância dos princípios freudínnos. O que em ,noral tradicional se conhecia <.-orno "más conversas" ou "más companhi::1s:" não de \•em ser mais objeto de repressão: "Hoje m11l1t1s tll!ssos <·o,n•erstls perderam seu ct1râter doe111itJ. Ttw1·sl.1 menos ,w,·essidot!e de falar ti.-. t•s,·011ditlos dess<i,t ,:oisu.t. }ti qu,, ,te pode ft1lor livremente em casa. Se an:mte<'(ff tJue nosso filho nos <·<>111<• olguma c·oisa tio que aprendeu com um ,·o/e· guinlw. não manifestemo:!,' nem c'SfJOnto. 11,m 1e11wr. [ ... ]. St // éxp/ic(l('Õü for folsa. r('lomt,remo.t c·om <•le o ponto que Jic1>11 obscuro sem desaprovor ,, hmiz"dé lflll' tnn llO t'tJÍCguinlw. l;m tra,~a. pt!· ft1m os-lhe tJue st•ja distre10 na escol,, a fl•.,11eiu, ti(•sse t1ssw11a, não " porque não se deve fa lar dele" mas ·-·porque .fti,1 ,·oi.r ns mui10 imporumu1s que os papais e as mtmuies querem eles mesmos enslnar filhos" · (p. 34). Em s uma. o fascículo recomenda nunca se levantar urna questão dt consciência . nunca incutir na criança a noção

"º"

Um nspcc10 tipicamente naturalisrn da educação sexual é o de não incu1 ir a noção do bem e do rnaldcsdccedo na criança. Devido ao pecado original e à natu · ,c1.a humana deca ída. um mau hábitoad· quirido n~-i infánci.i tende a manter-se e a agravar-se. caso não seja convenientemente repl'imido. As autoras. e ntretanto. 1>ens,,m de ou1ra nrnneira: .. P;·ogrés.til•amente ,•la (a criança] aprendt!râ qur não tem quC' srn1ir nrnhuma \'ergonha de seu corpo. mas qu<· ('errns ml1tllles mio .wio prrmiritlas pela vida e,n sociedade. Não ,,,,,J,anw.'\ medo. 11 w•rdml<•irt> pudor que é o do corarão - é um :~enllm(mW t1m• ,f(' ,•.\'Ulbef,,,·e natural ,, l"ºJ:1''-'SSi\•n~ menfl• com ,, idot.fe. NJlllllllUJ f/Ut' 11i11J:t1t•m venha per111rlu1r-lhc• o ,·fl•sl'imt·111ti' (p. 20).

Os resultados de uma educação pauwda nesses critérios a i estão: o seminudismo e por vezes mesmo o nud is mo li!st.lbflccidos nas casas, nas praias e nos clubes. no litoral e no interior. O h:íbito de sair do banheiro sem cobrir-~c não é apenas de cri~, nças menorc-s de oi,o anos. embora possa ter-se iniciado nessa idade. Adotar como critério de julgamento para certas :.1tirndes sua permi.s· são pela \!ida na sociedade é endossar urn completo 1cladvismo cm matéria de 1noral t coswmcs pois. diante do pcrmissivisrno desbragado rein:.1n1c nos di:ls atu;,is. qual a aliwdc que a vida cm sociedade n:lo v::d s>ermitindo'? Por outro

lado. o verdadeiro pudor não é s(, d<>

coração. mas é todo um modo viver e de ap,cscntar-sc. resultantes de ul'rW fiel observância dos preceitos- comidos cspecialmen1c nos 6. 0 e 9.~ M:rndrtmcntos do Dectilõgo. O trecho seguinte ainda :tcentua m~1is este C~lrátcr natur~llista: "Duram,• t'.(\'t'

de que deve obedecer a uma lei moral. pois ela é naturalmcntt boa. Bastariam as explicações naturalistas. Jamais os pequenos serão solicitados por más ten-

d~ncias ou por tentações do demônio.

Exemplo de uma família modelar A FOTO ACIMA, tirad a cm 1881, focaliza, à esquerda, Celina, irmã de Santa Terezinha, na idade de 12 anos, e a santa da "pequena via", com 8 anos. Portanto, pouco temp o antes da época referida por Celina em seu depoimento no Processo de Canonização de sua irmã, do qual transcrevemos aba ix o um tópico. Através dessas palavras, como também da declaração de Madre Inês de Jesus, a outra irmã, considerada pela santa como sua-segunda mãe, percebeu-se como Santa Teresinha e suas irmãs encaravam com suma discreção e cuidado o problema do sexo: "Transcorria o ano de 1883, cu ia completar quatorze anos e ela (Santa Terezinha) tinha dez. Nossas relações eram então intimas, não nos separávamos nunca, compartilhando o mesmo quarto. A meu respeito, guard ou ela, durante vários anos, uma discreção absoluta, uma reserva cheia de lacto sobre a delicada matéria que explicava a diferença de nossas idades . "Quatro ou cinco anos depois, ela me disse a este propósito: Eu percebia bem algo que desejavas ocultar-me; então, para agradar a Deus e mortificar-me, e também para não te perturbar, não pretendi sabê-lo" (Celina: Sumário li do Processo de Canonização da Serva de Deus, Santa Teresa do Menino Jesu~. Bajocen, ct Lexovien, Roma, p. 1762).

/Jl'rhulo de dc•sntb(•rla do rorpo, m11lt0.\' -

Explicado o funcio namento dos 6 r· sãos genitais. dcve~sc abord;lr a questão do próprio ato sexual: "Por isso. se a Oi'ositio .ve aprt•senu,r, poderemos abordar bem cedo a quesu1o tio aio .ft>,,·1wl em sl m,•smo. Tudo depende do e:.wdo de l'S/JÍritó da aian ça" (p. 24). A justificativa para abordar o ass un10 "bem cedo" é dada mai.s adiante: "A extJerii?nct'a prova. pelo cmunírlo. 11ue se a ,·rianca é inf<JrmtulfJ bem cedo. num dimt1 e/,, w.-rdade, de ,·o,ifiança e de respelto. r<!agl! dé modo muito .wullo t' mt>stra-se mullo lltl'nos comph•x,ula... <1ue os pais" (p. 26). "A proveltemus bem 11a1ura/menre do período de eslâbilidad(• psh·ológico e de viva cuf'losl<.ltulé que t1 ,·ritm<·a a1rfJvess,1 antes dos 8 o u 9 anos.

Um tabu: "sentimentos de culpabilidade"

Noções de bem e mal ausentes

palx ,,,-.em éStabeléc·('r·.'it!

civos, abortos. número ussuslador de gravidez. ent re escolares. uso crescente de ,óxicos etc.

1md1ns ,,,,:,•.,·

n,m ln'fuÜ·la(iiQ - o IJII(~ ('/e.~ dwmam "11u1t1,\' luihltos". 'foi.\' gestos in.\·,n,v,•m· S(' mmu, f!l·ulurtio m11l10 normal do ,·,·,,s('iménto da cd,mçl1. St)ri<1 ,ufasu, fú:,)r rt in11r nn tor11t> dtlt1 uma 111mo.,·f éra IÍ<· ,·<·prqvt1('õu uu <ir ,·ulpabllidode (um g(',\'IO uio i11.,·1imivq mio po,le. nes.m id11tf,,. ln' VllÍor m oral). Na maioria du,r; 1

caso.'( e.;:srs ft1mosos ··nuws luibl10.f '' <k.w,part'tem f)Or si me.Jmos quando a

altmç-a aes,~,," (p. 20). Mais um~l vez. observ~1mos mna de1uq,,H;âo da verdadeira formação cristã.

Deus Ilumina e Esclarece as Almas Inocentes Eis o depoimento de Madre Inês de J esus, mediante o qual se pode conceber como a santa foi auxiliada pela graça nesta matéria, precisamente porque seguia a vontade de Deus e a orientação tradicional da Igreja sobre o assunto: "E necessário ter visto a Serva de Deus para julgar sua pureza . Ela estava rodeada de inocência; mas não uma I NOCtNCIA I NFANTIL, IGN ORANTE DO MAL. Era uma inocência esclarecida que adivinhou o todo deste mundo e resolveu com o auxilio da graça não manchar sua alma" (Madre Inês de Jesus, idem, pp . 723,724).

porquanto nada d isso existe, segundo a concepção incutida pelo livro. A dcscriç.ão do ato conjugai para explicar a partícipaç..;o do pai no nasci .. mcnto de uma criança deve ser feita '1rtmcame,ue. sem ret medo das pala~ vrm:" . emb~ra as aulOJ3S reconheçam que esta SCJa uma pergunta que. "no m"lurio das vezes. 11w1t·o é fella" (p. 48). Ê o caso de indagar: não seria. então. mais prudente (al~m de ser a única posição consoante com a doutrina tradicional da lgrcj;i sobre o tema) aguardar uma ocasião cm que o a d olescente

esteja maduro para explicar essa delicada matéria. e quando se apresentar ocasião oportuna?

Graves omissões Por contar com aprovação cclesi.ís1 ica. supõe-se que o opúsculo tenha sido cscnto por pessoas católic.as e destinado pri ncipalmente a pais cató licos. Por isso é de se est ranhar a ausênc.ia absoluta de referência à Lei de Deus. aos prccei,os do Decálogo. ao 6, 0 Mandamento. à virtude da castidade. ao pecado original. à na1ure1.a humana decaída. â dcvoç.ã o a Nossa Senhora e à oricnw~"io do Ma~istério Romano. Em ma1éria tão delicada a criança não C educada para a prática das virtudes. conforme recomenda a doutrina

tradicional da Igreja. As in formações lhe

são dadas exclusivamente para que e la compreenda que ludo se insere cm um contcx10 de amor. dignidade: e respeito

pelo outro. A idéia de que deve obedecer

uma Lei moral in,u1ável, de que o mal deve ser evitado e de que há ações culpáveis e pecaminosas é cuidadosamente omitida. A referê ncia a Deus é apenas para dizer: " Nessas o,·aslões 11ãv se potlc1 fazer abstração da fé na ação e na 1>resr.:11(a ,te Vt1us 110 mundo. [ ...]. Não é queréndo e decidintlo livre e ,·011.f cie111emen1e do 'nasdmento de um filho que par1iclpàmos mais es1rei10me111e do ser m esm o tle

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MURILLO GALLIEZ 5


A POLÍTICA NORTE-AMERICANA GERA INCERTEZAS TAMBÉM NA CORÉIA A 17 DE OUTUBRO de 1978 os sulcoreanos descobriram o terceiro tunel perfurado pelos nortecoreanos sob a zona desmilitarizada na fronteira. Mais um sinal de que os comunistas preparam a invasão da Coréia do Sul. O terce.iro túnel, em Panmunjon, permite a pas.~agem cômoda de um jipe rebocando uma carreta com ca· nhão. Mede 2,1 m de altura por 1,9S m de largura . A descoberta do túnel de Panmunjon, somada aos freqüentes incidentes de fronteira, nos quais já perderam a vida soldados norte-americanos e da Coréia do Sul, indica a evidente intenção dos comunistas, d e assumirem o cont role total da peninsula coreana por meio da violência. o que lhes permitiria ameaçar de perto o Japão. Ante mais essa ameaça, contrapõe-se o retraimento dos E.\tados Un idos. Só retraimento? Um breve retrospecto mostra que a posição do governo de Washington vai mais longe. DOM INADA P ELOS japoneses de 1910 a 1945. a Coréia foi ocupada, no fim da li Guerra Mundial. por tropas americanas e russas. que a d ividiram cm duas zonas suposta• mente provisórias, a serem posteriormente reunificadas após eleições li vres. Entre tanto. governos riv;tis se estabeleceram cm Pyongyang e Seul. capitais da Coréia dividida. O Norte. sob o jugo de um das mais despóticas ditaduras comunistas que o mundo já conheceu. O Sul transformou-se com o tempo cm ativo baluarte an1icomunista, so b pressão e ameaça do agressivo vizinho sctcn· trional. Assim. nasceram a República Democrática Popular da Coréia - a do Norte - e a República da Coréia - a do Sul. Em junho de 1950. a Coréia do Norte invadiu o Sul. tend o início a cruenta guerra entre tropas comunistas e forças das Nações Unidas. nas quais era decisiva a contribuição americana. Sucederam-se combates que só terminaram em 1953 com um armistício. restabelecendose o limite ent re Norte e Sul no paralelo 38.

Desde então. Kim li Sung. prrsidcntc da Coréia do Norte. não esconde o propósito de reunificar a pen insula corea na sob tornl domínio comunista. E para tanto destina enormes somas do o rçamento para ma rucr forças mifüares prontas a in· vad ir a Coréia do S ul. tendo como aliadas Rússia e China. Ante o Muloc/1 comunista. as forças coreanas, embor:, valorosas e bem preparadas. são entretant o. insuficientes. A proteção norte-americana rcduz•sc ,, uma prcscnçé1 qunsc simbólica. semeada de dúvidas. Com efeito. quando o general Douglas McArth ur, durante a guerra de 1950 a 1953. dispunha-se a atacar maciç.a mcntc os invasores (ht Coréia, rechaçando-os até o interior da China, o governo de Washington destituiu-o do cargo. Recentemente. outro oficial foi dcstituiclo de seu posto e afastado do Exército por ter denunciado a conduta entrcguista do presidente Cartcr, quanto à presença militar norte-americana na península eore111ia. Trata-se do general John Singlaub. ex-comandante das forças dos Estados Unidos estacionadas na Coréia do S ul. A ,llitudc norte-americana cm relação ao Vietnã, ao Cambodge. a Angola e agora o chocante abandono de Formosa. acentuam o clima de inecrtc1.a reinante entre os sulcorca nos. À crescente possibilidade de os Estados Unidos não cumprircm· tratados e vollarcm as cosws a seu aliado. soma-se a ex istência de uma cam-

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militarização na Corêla , do Norte começa na ínfãncia. Objetivo: Invadir o Sul. Ao lado: em A

panha movida po r inílucntcs setores no mundo ocidental contra o governo de Seul. visando substitui- lo por um regime "dialogante", ou seja. capit u lacion ista. cm relação ,\ Coréia do Norte. O tema de mi campanha baseia-se no cltaviio das esquerdas. em pregado invariavelmente con tra qualquer governo que não apre.sente conotações esquerdistas: a s uposta violação dos direitos humanos.

Caso venham a se concretizar as ameaças q ue paimm sobre o regime de Seul. cm breve surgirá, na seqüência dos fatos. uma dramAtica situação na Coréia do Sul. A população. a exemplo do que já acontece na Coréia cio Norte, no Vietnã e no

Soldados sulcoreanos utill· zando caçaminas penetram no túnel construido pelos comunistas perto de Panmunjon

O gráfico mo_stra o traçado d~ 3.• t~n~I norte-coreano sob a zona desmilitarizada: à esquerda, posição norte-coreana: no centro, a linha demarcatõria; à direita. as escavações dos sul-coreanos, que permitiram interceptar o túnel de quase dois quilllmetros. por onde poderiam passar jipes e canhões.

Seul. uma das impressionantes manifestações de SUl·CO• reanos contra o comunismo

Cambodgc. scní Lratada como pura matéria, como objeto colocado a serviço do imperialismo marxista. Mas isso não parece preocupar os promotores da campan ha . movida especia lmente no Ocidente. contra o atual governo sulcorcano. Numa época cm que os ho mens se cx tasi:,m diante das realizações materiais. aquele país cstadeia niveis impressio nantes de progresso econô .. mico. Hoje c m dia. é corrente a afirmação de q ue ;i rápid:i melhoria das condições de vida das populações pobres constitui a mais urgente iniciativ<1 a se r empreendida pelos governos modernos. IS assim , segundo essa imposrnção, seria incoercn,c e a té escandaloso que a segregada e miserável Coréia do Norte. com o potc ntç apoio dos gig<1ntcs comunistas. ameace deglutir e reduzir a seu nível de vicia a próspera Coréia do Sul, diante da conivência ou indiferença do mundo li vre. E m face da arnc~lça do aniquilaff1ento naquele pais de um ideal que tant os afirmam ser o priorit:írio ern nossa época laica e ma1criali1.ad,i. por que não reagem à pressão vermelha cxel'cida contra o governo de Seul os que consideram a miséria material o pior dos males'! Sono lência'? Hipocrisia'? Ou h:1vcr.í cm rnis pessoas outro idea l. que se esconde por triis do desenvolvimento material - o sonho de um rnundo igualit;;íl'io. comunista'! A todos aqueles que - sob pretexto de combater ma les, certamente deploráveis e por ve1.es reais. como o excessivo a umento do custo de vida. a pol)re1.a etc. - se filiam i, b:u,deira do esquerdismo. cabe responder tais pc,·guntas.

CARLOS SODRe LANNA

Deu.t <1m• é Pai? Esst, reveloçéia pode ser ,Jiu·t 1, ctianfa que Deus a ama pt!S•

soahm•11re como ama a cada um de nó.,;" (1). 11). Segundo tal concepção. Deus seria apenas amor. que legaria aos homens a p.1rticip::ição cm s ua obra de c riac5o. Podia-se o bjc1ar 1alvc1.. que nessa idade seria muito cedo 1>ara falar à criança sobre purcz.a . castidade. pecado original etc. A is to cab<:ria a resposta óbvia: se as autoras julgam essa idade idc..1.I para as crianças aprenderem logo. "hem cedo" - ao contrário do que

ensina o Magistério cclcsiástic-o - a anatornia e fisiologia dos órgãos geni· la is, seu funciona1ncn10 na procriação. como se dá o ato sexual e o parto, e ainda primeiras noções de continência

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igualmente cm idade apropriada 1>arn serem convcnicrucmcntc orientadas sobre as te111açõcs. ;:1s más tendências decorrentes do pecado original e tam· bém acerca da prática das virtudes. especialmente a pureza·? Parafraseando o linguajar progrcs· sista, tal indagação 1>arece-nos um e xcc· lente "tema para rcílcxão.....

rnos crnpttg.ados.

MENSÁRIO com aprovação eclesiástica CAMPOS - ESTAOO 00 RIO

Oirttor Paulo Corrb de 8ri10 f'itho

Oinlori:a: Av. 7 de Sc:1crnbro 247, caixa poSlal 333. 2$100 Campos. RJ.

Adminh1rl>lçio: R. Or. Màrtinico Pra.do 271. 01224 São Paulo, SP.

Assina1ura anu11I: comum CrS 300.00; cooperador CrS 600.00: bcníéirnr CrS 1.000,00; grande bcnfci1or CrS 2,000.00; seini1iarisrns e .:-stud::tn1es CrS 250,00: América do Sul, Ccnual e do Norte, Portugal e Espanha: via de sup,crflcic USS 36.00. via oérco USS 46,00: oulros países: via de superfície USS

periódica e controle da na,atidadc (cfr. pp. 51 e 52). por que não estarão

Notas: J. OutrO$ aspectos da obra não fo. rnm abordaêlos parn não estender dcm:1is o prcsçn1c ;1rtigo. Notas: 2. Certos ircchos do opüsculo deixa• rnm de ser transcri1os devido 5 cruc1.a dos 1cr-

TENDO EM V ISTA • rce<nl< decisão do ~ovcrno de Formosa em receber fugitívos vielnami1a:s. o Prof. Plínio Corrta de Oliveira enviou lclegrama de felicitações ao Prcsidcnt(' da República da China. Sr. Chi:tnj? Chint-kuo. cuja inlegra é a seguinte: "Na qu:ilidadc de Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tt11di('iio. 1.-amília e Pro1>ricdadc (TFP), a maior entidade cívil :rnfirornunisla do Brasil. tn\•io a V.Exria. calorosas felicitações pelo nobre gesfo que leve ao abrir as portas dessa gloriosa e sim1)ática ilha para mais mil heróicos refugiados ,•ieln:lmitas. Es.~--a alilude constitui mais um falor a alrair para FormOsll, seu Presidente e seu CoYtrno a Simpafia de todos os homens cônscios do perigo representado para o gêncr<> humano pela agressão c-umu.nist.t, e desejosos de por em c-omum seus t'sforços na lula contra o terrivtl adversário".

Con~pos10 e impresso na Artpress Papeis e Arles Orá.fica~ IJda, R. Or. Mar1inico Prado 234. 01224 S. J>aulo.

Em matéria de ... um1bim um momc•1t1() privi!~~giado para

Fugitivos vietnamitas: TFP felicita Formosa

40.00. via aérea USS 46,00. Avulso: c,s 20.00.

Os pagamcn1os. sempre cm nome de t-:ditora Padrt Btkhior de Pontes $/C. pod<:r~o ser encaminhados:.\ Adminis1raç:io. Pát:l muda1iça de endereço de assinantes é necessário mencionar também o endereço antigo. A cor·

Fotolito Grafa Ltda. RUA SÃO LEOPOLDO, 101 - FONES:93-6959 - 93-0368 SÃO PAULO

respondCncia rel:uiva a assina1ur:.t$ e venda avulsa deve ser envia.da 3 Administração R. Or. Mntinico Prado. 271 01224 - Sio Paulo. SP


Estas jóias refletem quatro civilizações. Qual delas representa melhor nossa época?

LEITOR, VAMOS testar hoje seus conhecimentos gerais. Há nesta p~igina várias jóias. A. 8, C e D. propositadamente colocadas fora de ordem cronológica quHntO i, época cm que foram feitas. Entre elas uma proveio de um povo nômade. que desde o século VII antes d1, Cristo ocupava as estepes da Eur,\sia. Outra é produto da Alta Idade Média. Outra vem d o A 11âe11 l?égil11e, dos tempos de Luís XIV. Outra. por fim, é da ourive-

saria co11re111purâ11ea. O leitor sabcni distinguir cada uma segundo sua época'? Ou estará inseguro d ia ntc d o teste?

• • • Vamos ajudli-lo um pouco. A figura A apresenta um soberbo trabalho cm filignma . de ouro. Trata-se de um colar em cuja parte

ccnt ra1 vemos incrustada uma grande safira polida. Em volta desta. como que lhe fazendo corte. várias esmeraldas. pérolas e granadas. A forma circular da jóia comurlica-lhe muita força. A filigrana que a rendilha cm toda extensão dá-lhe um toque de de licadeza. Força e delicade,.a, eis os predicados que se harmonizam nesta bela jóia. Qual sua época?

• • • A figura B já mostra um trabalho de joalheria q ue é quase todo dclicadei.a. Sua confecção. vê-se. exigiu recursos técnicos bem mais apurados. São dois magníficos brincos de pérolas, com o rnamentos em diamantes facetados. Ta is diamantes estão postos cm pequenos bouquets. dos qua is pendem pérolas brancas e luzidias, como preciosas gotas de orvalho. Os diamantes se refletem cm mil cintilações. Esta é uma obrà-prima de joalheria. De que sécu lo provém?

• • • Na figura C vemos um belo pente feminino de ouro maciço. Na parte superior podemos ver três

guerreiros cm comba te. O cavaleiro montado empun ha com vigor a sua espada e está pronto para desferir um

nessa magnifica obra de joa lheria. A que época pertence?

• • •

golpe sob,·c o outro. cujo cava lo jaz por terra, morto. Entretanto. o segundo não se dá por vencido e contiTanto são harmônicas e belas as nua, mesmo a pé. a oferecer resis- jóias anteriormente apresentadas. tência. Com a mão esquerda prote- quanto é grotesco e primitivo o ge-se com o escudo. e com a direita ornamento da figura D. Mais parece vibra a espada. O escudeiro detrás um;i pepita de ouro esmagada pela investe decidido contra o inimigo de pata de um enorme elefante o u por sobre a qua l rolou implacavelmente seu chefe. É esta uma cena de guerra. com uma grande pedra . A peça, nascida seus impasses. suas ferocidades, seus assim de uma catástrofe. deve ter heroísmos e - por que não dizer? agradado a alguma mulher pré-hiss ua bdeza. tórica, que a colheu e improvisou A parte ornamental é separada com ela um rústico colar. A que era da parte útil - os filamentos do pertence? pente - por uma secção intermed iáDe posse destes dados. o leitor ria. Na barra, leõezinhos que susten- agora está em cond ições de preentam a cena. É um encanto! cher os quadrinhos com as letras Movimento, proporção, força e referentes a cada jóia, corresponbeleza, é que o que encontramos dentes ao século da qual provieram.

D Século V antes de Cristo D Século XVll O Século IX Se o leit or acabou por colocar a letra D no primeiro quadrinho, errou rotundamente. O objeto é do século XX, e considerado produção de "qualidade" da joalheria "moderna". Provém do atelier do fin landês Bjorn \Veckstrom. A "L1pponia Jcwcllcry" o colocou cm série no mercado mundial. O objeto - recusamo-nos a qualificá-lo de jóia e melhor o chamadamos de amuleto - por sua brutalidade, por sua disformidade. por seu aspecto grotesco é produto característico de uma mentalidade que não sabe ver se não matéria. de urn

temperamento que se compraz apenas nos horizontes sem beleza, sem nobreza, sem nada que signifique para a alma luz. vida, espera nça de eternidade. De um espírito que rejeita a ordem, a hatmonia . comprazendo•se na desordem e no caos. O q ue é então ser "moderno"? Corresponde simplesmente ao que e ntendemos por hodierno'? Ou, na verdade. não passa de um movimento erguido em homenagem f1 extravagância. à desproporção, à incongruência , ao grotesco enfim? Como qualificar de "moderno"

O Século XX

aqui lo que vai buscar inspiração no período da pedra lascada? ...

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Para sati sfazer à c uriosidade do leitor. vamos às outras peças. A jóia da figura A é do sécu lo IX e pertenceu a Carlos Magno. Trata-se de um relicário conte ndo, entre duas safiras, um fragmento da Cruz de Cristo e fios de cabelo de Nossa Senhora. Encontra-se atualmente nos tesouros da Catedral de Reims. Os brincos (figura B) são do século XVII. Luís XIV presenteouos a Maria Mancini. O pente de ouro (figura C) remonw provavelmente ao sécu lo V antes de Cristo. Provém dos citas, povo nômade que habitou as estepes curo-asiáticas da atual Rússia, e desapareceu no século li A.C. Como o leitor vê. a teoria do evolucionismo de Danvi n está a merecer sérios reparos. Pois a "civi lização" contemporânea parece rumar para cavernas que os citas, certamente, não apreciavam ... 7


B!AfOJLJC]SM O - - - - - - - - - - - -

OVE HORAS da noite. Noi1c quente cm uma cidade média do interior. Alfredo refestela-se de pernas para o ar e cam isa aberla no moderno sofá ela saladc-cstar, enquanto com um o lho mole acompanha languidamente a novela ele televisão. Dona Maricta, sua mulher. põe no vfdeo toda a aienç.io. l. aunnha, jovem !i lha docasa l. aproxima-se: - Papai, vou 11(1 festinha de anive rsário do Zeca, certo'? O L.u ís vai com você? Ah , ele foi pro cinema ... - Esta bem. Vê se não demora mui 10. Onze e meia. Laurin ha não vo1· 1ou. Dona Marieta resmunga: - Alfredo, a L.auri nha não vol1ou. Acho melhor você mandar o Luís a 1nis dela assim que ele c hegar. - Prá quê? Ela esià crescid inha e sabe muito bem o caminho. Alírcdo dá um bocejo e vai dormir. Quatro horas. Nem A lfredo nem Dona Maricta perderam o sono. É L.uis quem vai abrir a porrn golpead:1 ncrvosamc nle. - Ôi. Tua irmã ficou um pouquinho lonta na discotel'(J. Mas não íoi nada não, Lula. Um discotecârlo francês maneja sua sofisticada aparelhagem Laurinha chega carregada por d ois rapazes. Parece desma iada. som atinge e ntão um nível incon- é o pe,ji-ito arti.,ta p(Jrll a década de Lu ís a examina. 70. E'le 1e11, wna e.t1ranlw q1wlidade - Que droga vocês deram a e la? cebível. tuu/râgena. esta todll~IJ'ansbordanu• Os dançarinos não precisam - Não [oi nada. não. É que ela ' forma,· pares. Também não há passos .vexualidade", não está acostumada ... Travolia diíundiu a dis1·011w11ia Luís arrasrn a irmã para dentro e determinados para seguir a música. nos Estados Unidos. De lá. as dis1·0bate a porta. Só no dia seguinte a O importante é deixar-se assumir visiia de um médico e a ida de pe lo ritmo. cm continuas convulsões 1e,·os se propagaram p~Ha o munAlfred o i\ ca sa do Zeca esclarece- corporais que se vão tornando cada do inteiro. vez n,ais sensuais. até atingir uma riam o ocorrido. Laurinha realmente tomara tóxi~ espécie de êxf(Jse. • cos e apresentava sintomas de • * • proíunda prostração. A publicidade e os me ios de cornunic;ição explicam, cm larga Quem são os frcqlicntadorcs'1 medida. a diíusão das di.,·fotecas. • Desde adolescentes até maduras Não explicam sua aceitação. O q ue damas de sociedade. As disro1e,·lls A dose de tóxicos que Laurinha não se restringem i\s casas especiali- dizer a este rcspcito1 Há quem atribua o fenôme no ,\ ingeriu fora forte demais. Porém. zadas, numerosas nas grandes cidanão era novidtul,, para muitos dos des. onde se multiplicaram. Há fir- so lidão do homem contemporâneo. jovens que estiveram na festa de mas que alugam os equipamentos Solidão ainda quando ele se enconaniversário. A turma de colegas do para festas em familia. O barulho. a 1ra cercado pela multidão. num est:iZeca a lugou uma aparelhagem para circulação de drogas, a imoralidade. dio esportivo ou numa praia. Mea fes ta. Uma discorec(J, com nwe.,·rto serão maiores ou menores. de acor- lhor diríamos, ta lvez, o vazio da ele1rô11irt> e tudo. Em nome dos do com o grau de pennissivismo do alma que se afastou de Deus. Fator .iltamente propício à difu direitos (/(1 j uve11111tle moder11a. a ambiente. são das discote,·/ls é certa mente o família concordou . A vi1.in hança não perrnissivismo moral rei nante na sodormiu, mas ía ltou coragem para ciedade contcmpori111ca. Senhoras protcslar contra o barulho. Duranic que, qua ndo moç<1s, não $C atreviam a algazal'ra e a penumbra, é fácil fazer circular a erva. Se a pessoa se julga inibida, há a usar pantalonas ou fumar diante lnfcli,.mente, episódios lamentá- cursos no Rio para torná-las "comu- dos pais, hoje vêem com naturaveis, an.ílogos ao que acabamos de nicalivas". As luzes. incluindo o raio lidade suas filhas andarem semi nuas narrar, tornam-se. hoje cm d ia. cada laser, prejudicam a vista e a saúde, por toda parte. Mudou a moral? Ou vc1. menos raros. como também o volume muito calejaram-se as consciências? acima do que suporta habitualmente o ouvido hu mano. Mas isto não • impede que a onda publicitária aumente seu ímpeto: a propaganda das A este propósito, seria natural se Em que consiste propriamente discoreclls está na televisão. no ráuma disco1ec(J, no sentido moderno dio) no cinema, nos discos:. na moda, espera r a palavra orientadora da Igreja. Ê possível que existam Sacerda palavra? por toda parte. Quem, quando e como começou dotes zelosos que condenem as óbSó os eJ1)ecialis1as ou freqüenvias violações da Lei de Deus e dorcs poderiam forneccr com preci- essa o nda'/ são os detalhes. Vejamos, portanto, Curiosamente. cm nossa época mesmo da Lei natural e de regras do aquilo que constitui o essencial des- fala-se cm direitos humanos mais do bom senso. que se veri licam nas sa nova moda, a qual está avassalan· que cm qualquer outra era histórica. dis<'ole<'ns. Não nos atreveríamos a Entreianto, hoje um li lmc, uma afirmar que sejam muitos. Menos do o Ocidente. Enira-sc numa disl'Otec(J como novela ou um slogan bem articu lado ainda que ocupem cargos de relevo num cinema. Paga-se o ingresso, pela imprensa parece ter mais poder na atual estrutura eclesiástica. Pois é embora cm algumas apenas cobrem de domínio sobre as massas do que notório que entre os mais altos dos homens ou só das mulheres. A soberanos de outrora sobre os povos. Mierarcas. muitos estão mais p,·codança caracteri,.a-sc por movimentos O cinema ou ,l televisão lança a cupados com o " e11gll}o111e1110 políticorporais: primciroi a descontração: moda. e com rapidez impressionante t·o" . com a agitação social, com a em segu ida , a pessoa deixa-se assu- ela chega aos mais recônditos lu- "f(Jstor(JI do í11dio'', a Reforma Agrá ria e tanta coisa mais. Não lhes mir pelo ritmo frenético das baterias, gares da terra. conjugado com o piscar de luzes Assim ocorre com as músicas sobr(J 1e111po para cuidar de coisas laser e o grito do discotecárío ou modernas. A discotec(J não constitui mais sérias como a salvação da Disco -.!ockey. juventude do País ... exceção. Este último é o dono da festa. De Em princípios de 1978, o ator Há , porém. um Sacerdote, que sua torre de comando, ele controla a norte-americano John Travoltajá se por sua fidelidade, seu zelo e destecomplicada aparelhagem, o acender havia tornado famoso por alguns mor, merece ser aqui citado nomie apagar de lu zes alucinantes, as lilmes n9s quais se explora a sexua li- nalmente: Pe. José Olavo Pires Trin.bu1.111as, apitos e berros ensurdece- dade. '' 1.; co,no se ele tivesse 1otlt1s as dade. Vigá,·io de Miraccma, Diocese dores. O bom discotccário deve sa- dicoromi<1s - nwsc11/i11id(Jde, (emi- de Campos. F iel à orie ntação de seu ber dosar as músicas de maneira a 11ilit/(Jde: refi110111e1110. 1·n1eza'·. ob- Bispo. D . Antonio de Castro Maycr engajar os dançarinos e levá-los ao servou urn artista. E o produtor L.or- - sob cuja égide se publica "C(Jtoliápice da alucinaçao. O volume do nc Michaels acrcsccniou que "John âsmo" - Pc. José Olavo não recuou

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ante a campanha insólita <ht mais poderosa rede de televisão nacional e um dos maiores veícu los publicitàrios das discotecflS. Estas foram. n.:, ocasião. condenadas taxativamente pelo Vigl1rio de Miracemn . que não fez outra coisa senão aplicar a doutrina tradicional da Igreja no terreno moral. Não obstante, é de se prever que as dis<'Ote,·"s continuarão a proliícrar até que as pessoas delas se cansem. Ou passem a outra diversão ainda mais febricitante e 11vll1tf1tda••.

• • • Ç(JdO, o c1uc nos espera?

Um artigo sob o titulo Disi:011•publicado no ./or,w/ do Btasil (Rio de Janeiro). de 4/ 1/ 79 fornece e lementos sugestivos para a busca de uma resposta. Oi;,, e le textualmente: .. Quando o tliente entra 11u1na

""s·

dessas casas ,,penas para analisar hunwno e

tJ

dan-

t'" e111 voga. fi,·(J e111 dúvida se est<i 1111111 loc,,I de pass<11n11po e diversão ou numa atividade tribal.

Talvez ambas as hipóteses sejam reais e interligadas. l.1í dentro o espettículo - (I prilneira visto assemelha-se a rítuais profanos e dionisíacos. e pt!nsa-se encontrar pelos t·<,r11os as grll11des e discretos

senhoras s,•vi/Jumos que pod('tn en1,·ar li quolq,u~r ,no,nento en, tl'isc co11vulsiva de f/(Jgela('ffo. porodia11do o prato aprese111ado. Os golpes 110 corpo se111pr<' represe11u11·m11 uni 1u1pel 11111ito i111poru1111e 110 1/esgi1s1e da energia exc.·t>s.,·iva -

111ovi111e111os que st· co11ce11tra111 par·

alui(>· minai. Nas tribos africanas, corno

ticular111e111q ntt 1nuscu/11turt1

nas discotecas das grandes socieda-

des.

U.\' /t()JJ1f!IIS JJfl.'iS(IIU (/ Ol'IIJ)Or o

prilneiro pltu10, ex1/c11uuulo ,11ovin1e111os t•ró1icos [ ...]. O mesmo comportamento ocorre entre os

Shamans malaios. ao executaren, seu ritual. e ainda r,s 111ai.i: t1111igas

d,.>scrições qw) s,, 1é111 sohr(• a danfo,

i,npressa pelos irnu7os Saramasin, ,,.,,, seu livro sobre o Ceiltio.jd/0/11111 ,w ex,;cução tf,, 1111111 d1111çll sensual,, l.'C1nv11/siva

Nessa marcha para o nu,is (1vm,.

o compor101nen10

bantus defi•nden1 1nuito be1n as dm1· ras sinuosas e convulsivas utiliztuulo

pri11cipaftne111e ,nasculina -

e

é tão pronunêiada sua tendência

fJª'" a vivacidade e a cxuberânl'ia, qu,) não s,11is.fazen1 sâ o ... n,o vimen .. 10s ptescritos. O trc,nor e o 111ovime1110 011d11/t1t<irio do tro11,·o. dos 1111isc11los do pl'ito. das cosias e do ,,tufome11, gestos que glot/ficn111 os rei.o das noites nas discotP<·as. são exemplos clássicos comuns nas lríbos do Norte da África como nos [indios] canelas do Brasil. f'or 0111ro lodo, ()S

dos vedas.

que propina-

w11n golpt•s -l'Obre o ventre (como instru,nl!nto de per('ussão) con, crescente vigor. Rnquanto :wus corpos e cal><1 feiras ondulavmn é<Jnti11ua111en1e p,,to giro c/(Js t·abeças e o b<1!1111ceio das tu1tt1:i'.

• • • Estaríamos então diante de uma espécie de initiaç<io ,nística coletiva de índole 1ribal'/ A pergunta C: ousada~ mas fa1. sentido com outros fenômenos concomita ntes observados cm nossos dias. Alguns exemplos: progresso espantoso do nud ismo; decadência da linguagem~ com tendência ao grunhido monossilábico; ncomissiologia <·atólica trib<1lis1a. denunciada pelo P,·or. Plínio Corrêa de Oliveira cm seu j á famoso livro "'/i-i!Hdi..,110 Jndigt111a - ideal co nwno-,nissiontíl'io p11ra o Bra.,il 110 si<·ulo X X /". Se o rnundo caisse até lit - Deus não o perrnita! - o demônio teria impla ntado seu reino sobre homens degradHdos, animalizados, n\11na lCrra devastada. da qual haviam sido

varridos todo rc<Juintc, todo esplcndo,·. toda bclc101 da civi lizaç.io cristã. Isso, entretanto. representaria tal degradação do gênero humano, que devemos esperai- antes na interven-

ção vitoriosa de Maria Santissima. Rainha de todas as criaturas.

WILSON GABRIEL DA SILVA

O ator John Travolta, "arauto" das discotecas. montado num motor de automovel, suspenso no ar


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LL N. 0 340 -

Abril de 1979 -

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Ano XXIX

VOZ QUE ATEMORIZA E CONSOLA Plinio Corrêa de Oliveira NESTE Mi,:S de abril comemora-se a Sagrada Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ocasião oportuna, pois, a tecer algumas considerações sobre a prisão d o Divino Mestre no Horto das Oliveiras. Narram os Evangelhos <1ue estando Jesus ainda a falar aos Apóstolos no Horto, aproximou-se Judas para entregá-Lo, acompanhado de uma multidão de povo, esbirros armados, escribas e anciãos. Após o beijo da tra ição de Judas, perguntou Jesus aos c1ue o acompanhavam : "A quen1 pro,·urt1is?" - "A Jesus Nazare110 1· , responderam eles . Ois·

se-lhes Jesus: ··sou eu··. E São Pedro, tirando da bainha sua espada, cortou a orelha de um servo do Sumo Pontífice chamado Malco.

~ Qua nd o foi preso. Nosso Senhor praticou duas ações aparentemente

contraditórias. e é sobre isto que queremos mcdirnr. De um lado, fa lo u tão alto, atroou tanto os ouvidos, que os esbirros caíram por terra. De o utro lado. abaixou-se Ele mesmo até o chão, para tomar uma orelha. e a

recolocar no lugar. O Mesmo que atcrrori1.a. consola. O Mesmo q ue fala com voz insuportável para os tímpanos. reintegra uma o relha cortada. Não há nisto, para nós, algum ensinamento? Nosso Senhor é sempre infinitamente bom. e foi bom quando disse aos que O procu ravam . que era Ele Jesus de Nazaré. a Quem queriam, como foi bom quand o consertou a orelha de Malco. Se queremos ser bons, devemos imitar a bondade de Nosso Senhor. e aprender com Ele. q ue há momentos em que é preciso ~abcr prost rar por terra com santa

cneri:ia os inimigos da Fé, como hà ocasiões cm que é preciso saber cu-

OS ''QUEBRADORES''

rar os próprios males daqueles que nos fazem mal. Por que falou Nosso Senhor tão alto. quando respondeu" Ego Swn'"/ Só para atordoar fisicamente os q ue O prendiam'/ Mas para que, se Ele se entregava voluntaria mente à prisão? É que Ele falou ainda mais alto a seus corações. do que a seus ouvidos. e se lhes falou tão alto aos ouvi-

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dos, não foi senão para lhes falar

ainda mais alto aos coraçõc·s. Não sa bemos qual foi o proveito que aqueles homens fizeram da graça que receberam. Mas certamente o temor que sentiram, quando tombaram à voi. d o Mestre lhes íoi salutar como foi salutar a Sau lo. quando a mesma vo1. lhe gritou: "Saulo. Sau· lo. por q11e me perseg11es?" Nosso Senhor lhes falou alto aos o uvid os. Prostrou-os por terra. Mas Sw, voz. que aba tia corpos e ensurdecia ouvidos. erguia almas que estavam prostradas, e lhes abria os o uvid os do espírito. que estava m surdos. Às vezes, pois, para curar é preciso gritar.

Com Malco, o Divino Redentor procedeu de outra maneira. Quando lhe restit uiu a orelha cortada pela fogosidade de São Ped ro. Nosso Senhor certamente lhe que ria fazer um bem temporal. Mas curando-lhe o ouvido, Nosso Senhor lhe quis sobretudo a brir o ouvido da alma, E Ele mesmo que a alguns cura ra da surdez espiritual com o estrondcjar divino da Sua voz. Ele mesmo curou da mesma surdc1. espiritual a Malco, dizendo-lhe palavras de bondade, e restituindo-lhe a orelha q ue perdera. Vivemos em um sécu lo afetado. por certo, pela mais terrível surdez espiri tual. Se h:\ época cm que os homens o uvem a voz de Deus. é a nossa. Se há época cm que co111ra ela endureçam os corações, é por certo a nossa.

O Divino Mestre nos mostra que. se queremos di'ssolvcr em nós e no próximo esta terrível surdez. é Ele só que o pode fazer. e os meios huma nos em si mesmos de nada valem.

.,, A füionomi:, do Rcdcn1or, dc1"lht d:i 1•1t1:,;.\o n t Nosso SnrnoR NO IIOku) íMS ()1l\'Eltt,, :-. um dos Piassc>s tfa J>nildio C'$o(;ulpidos. pelo A k ij.!dinho ~m Congonl1á:i,, do ( :'3mpo (MG)

Nesta ocasião, façamos nosso um pedido que se encontra nos Santos Evangelhos. Quando um cego viu. cena vez. Nosso Senhor, bradou-Lhe" Domine, 111 videa111!". "Senhor que eu veja!" Aproveitemos as comemorações da Semana Santa para pedir a Ele que o uçamos: ·' Domine. ut audia111 ".

Não sabe mos. na sabedoria de Sua misericórdia, de que maneira Nosso Sen hor curará nossa surdez cs1,iritual. Sangramos como Malco e esta mos surdos corno os esbirros. Pouco nos importa que Ele queira curarnos por este ou aquele meio: cumpra-se Sua vontade divina. Fale-nos Ele pela vo1. terrível das reprovações e dos castigos, fale-nos Ele pela vo1. branda das consolações, uma coisa sobretudo Lhe pedimos: "Senhor. que

OU('OIJ10S /"

Que pelo menos nós, católicos, ouçamos plenamente a voz de Nosso Senhor. e que. correspondendo cm nossa santificação interior, de modo completo e irrestrito. às graças que Ele nos dá, reali1.emos dentro de nós aquele pleno reinado de Nosso Senhor. de que os inimigos da Igreja parecem esperançados cm arra ncar os últimos vestígios sobre a face da ten·a. Nosso Senhor prometeu a indestrutibilidade de Sua Igreja, e prometeu q ue se salvaria toda alma verdadeiramente fiel. Confortados nessa espera nça, meditamos com serenidade as tristezas destes dias de universal conturbação. corno as agonias desta Sema na da Paixão. Nosso Sen hor é o gra nde Ve ncedor. Ele vencerá. e com Ele triunfará a Igreja.

Puebla: _a conferência ''paralela'' Eles atacam, saqueian,, espancam, matam ... e rogem. A polícia rancesa já não o.us.a e!Jfrenl,áslos. Màs eles não surgem apenas em Paris. eomeçam a aparecer também em Estocolmo, L.ondres e outras . capitais. Quem são eles? Oize111-se "autô,nomos", m~ todos os chamam "os, quebradores". Sua íunçãq, ;ovoear o caos ... dirigiilo. • Página 3.-

ENQUANTO se realizava a Assembléia do CELAM c m Pucbla. no mês de fevereiro. uma suspeita conferência "paralela" tinha curso no luxuoso Hotel dei Port:11, daquela cidade mexicana. Participaram dessa reunião, promovida pelo Centro Nacional de Comunicação Social (CENCOS) orga nismo que pertenceu outrora oficialmente ao Episcopado mexicano - co,·ifeus da chamada "1eologia da libertação" e rc· presentantes das posições mais "avançadas" d o progressismo católico das Américas. O Pc. Ernesto Cardcnal. da Nicarágua , compa receu ao encont ro acompan hado por d ois guerri lheiros sandinistas. Na foto. o Pc. Cardcna l (esq.) com um deles. Caio de Assis Fonseca, enviado especial de ..Ca10/icis111v'' a Pucbla . descreve na p;í .. gim, 6 o ambiente q ue presenciou na conferência "para lela", bem corno as posições d outrim\rias mais pcrplcxitantes por ele constatadas durante o insólito congresso.

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CALVÁRIO E ESPERANÇAS DO c ·A TOLICISMO NO JAPÃO ARA OS OCIDENTAIS em geral, ao nome de Japão vem ligado .à idéia de um país s uper•indus triali• indo. (1uc ama algumas tradiçÕf:S pagãs às quais se pudem na noite dos tempos. A maioria dos brasileiros, no entanto incluindo um bom contingente dos numerosos d escendentes do Pais dos Samurais - desconhece o imenso norescimento que teve no Império do Sol Nascente a Religião católica, e o grande número de mártires com que adornou o universo da Igreja. Tendo tratado, no úllimo número deste mensário, dos primórdios d a evan· gelb.ação d o Japio. bem como de seus primeiros mártires, procuraremos apre• sentar neste artigo um apanhado da situação do Catolicismo no Japão 11.té os dias atuais.

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Em 1613 o Imperador do Japão reuniu 14 senhores feudais catôlicos de sua Corte para induzi-los a abjurar sua Fé e adorar as divindades imperiais.

que seriam atados, correram para e las. abrnçando..as e osculando-as. Um dos condenados. 1.e,ã o Kunic .. mon. subiu a um loc.al elevado. incitando todos os presentes a permanecere m fiéis. Estando todos os condenados atados a :rnas colunas, pouco antes de se atear o fogo que os consumiria. um dos presentes levantou um cscandartc com a imagem de· Cristo atado. como eles, à colunà, exortando-os a imitar o Oivino Modelo. Os mártires mostraram uma constância admirável, durante todo o suplicio. Tendo as cordas que prendiam o peq ueno Tiago. filho de Adriano Mondo. sido queimadas pelo fogo, os presentes perceberam que ele correu sobre ,1s br:•· sas. De início creram que o menino. de apenas 12 anos. não podendo suportar o ardor daquela fornalha. procurava csca .. par. Alguns gritaram para crtcortljá-lo. Outros rezaram cm alw voz pela su.1 perseverança. Todos deixaram de tcnter q uando viram que o pequeno apenas procurava a coluna onde estava sua mãe. que abraçou forlcmcnte como para

O m~jes:oso castelo de Shlmabara - hole atr11ÇA0 turlstlca - serviu de refúgio e ponto de reslstencla a milhares de calóllcos Japoneses. depois martirizados Rc:spondcram os intrépidos samurais que não podiam adorar a homens e corrompidos de costumes. Sempre havia m servido fielmente ao Imperador. mas Deus era o primeiro Mestre a Quem ohcdcciam. A pesar dos anteriores méritos e serviços. foram C!>'SCS fiéis súditos despoja .. dos de todos os bens e exilados. Dois pajens, não vendo seus nomes na lista que atingia seus senhores. reclamaram a honra de ser atingidos com eles pela medida imperial.

1er mais forças 1>ara morrer. A santa mulher. que já parecia n~o dar sinais de vida. despertou. Vendo o filho. exortouo a perseverar até o fim. Poucos minutos depois, os dois corpos. c.arboniz.ados juntos. caíram por terra.

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A jovem Madalena, pressentindo a morte, toma brasas ardentes e as coloca sobre a cabeça como se fossem grinaldas de flores para falecer em seguida, tranqüilamente

Sessenta e um católicos de 17 nações diferentes do império po rtuguês. de to· · das ~1s idades. desde os m:-1is ido~os :.ué um menino de ollo anos. tornara1n-se as.sim rnártircs. Ao chegar •• noticia a Mac:io. vs sinos das igrejas repicaram e <:.lntou-sc um 7ê J)eum cm açHo de graças por favor tJo insigne concedido aos porcugueses.

Centenas de milhares de màrtlres

O Imperador japonês íez coloca r junto ao corpo dns vítimas esta inscrição: .. É. assim que no fu1uro s,,rão punidos d e m orle 1odos IJS <1ue vi<'fi'm ,le Por111g11I u nóssu Império. s,jom eh•,t embai.w1dores ou sim{)les nwr;nlu:iros. <' mesmo qm• .t<ja. nu caso de rm1 Nru de rmtJ ou par t.:/eira d,, unw tormf!nUJ: sim, todos perec·<•rtlo. :u:jt1 o Rei t.le Por1ugal. seja Ch11ca. d,•u.'l dos j aponeses. ou o nwsm o Veu.t d os c·ris1,iv.t. Slm. iodo.~ terão 1t morte·· (cfr. Abb~ Profillet, "Le /l,lt1rtyrologe /'1"glíse d11 .lapo11", Téqui . Librairc-Êdi1eur. Paris. 1897. tomo li, p . 439), "Dizei isto em Macau"... Apc-s ar desse rigor. ou1ros heróis tentaram sustentar no Japão a Religião No percurso que os conduzia ao católic.a. local do suplicio, um dos portugueses A$sim. cm 1642. cii)co .Jcsuit:is pcnetr:.r;un disfarç;,dos, cm suas: terras. Desgritou. dfrigindo-se aos que vol1ariam · para Macau: .. ISu m e dumw Go11r11lv,•s cobertos. foram ,narlirhados. Em 1647 foram uns Dominicanos. Monteiro. filho de A111011itJ 1\10,ueiro de~ Cãrvolho e de Afaria l'ir110. ,: suu nmu- Ti\lcram a n1csma sorte. A Ultima menção c.1uc se íe1. a u,n ral d(• /]('iro. em Port11g1,I. l;i.1 \'O.\' romo 11 1odos por tc•.wemwtlta de que m orre) por Sacerdote 1.:strangeiro antes do isolaJc.>:ws Cristo. Dizc~i isto <'Ili 1\111c·m t"'. Ou- mento totn l do ,Japã o é a do Pe. Sidoti. missionário itali~1no. c.)ue foi condenado tros fizeram pedidos a nàlogos.

ti,·

Maria M adalena Mondo

A filha desta corajosa mãe. não o era menos. Maria Madalena, de 19 anos. condenada e martirizada também j unto aos seus. deu um espetáculo não menos comovente. devido a sua heróica fortalc,.,. Urbano VI 11. por ocasião da canoll;;oteose a futuros mãrtires ni1.ação de San1a Maria Madalena de Pazzi, virgem carmelita. enviou ao Car· Três ilustres senhores feudais de A ri- melo de Florença uma esplêndida cruz ma foram condenados à morte. a 5 de outubro de 1613, com todas suas famí- acompanhada de um breve no qual declarava haver colocado no alto da li:is. num total de oito pessoas. cru1. uma relíquia do l...ignum Cruds. No Tendo a notícia se espalhado pelo braço direito, relíquias de Santa Maria campos e cidades. houve uma vcrdadei• Madalena. a grande penitente que esteve ra onda de entusiasmo. Muitos corteà Cruz do Salvador. E, no braço sàos. que haviam renegado ou dissimu- junto esquerdo. ..úm osso do mão do Bem· lado sua Fé para agradar ao Imperador, avenwrada /tfal'ia Mtulale,u,. virgem sentiram necessidade de ía1.cr penit~ncia j apom1.r11, que so/r éu o martírio do fogo pública. pela f é de Jesus Cristo e qul!. l!1u1111mto No dia marcado para a execução. co- era ron.sumida pelas <:hamas. tomou car• meçou no Japão uma das maio res mani- vões ardente.r e colocando-os sobre a festações de triunfo da lçreja de q ue se cabeça. os olhos erguidos para o Céu. tem notícia. Vinte mil c n stãos da 1.ona rural. a um sinal combinado, entraram rendeu a.Jsim suo alma a Deus" (cfr. na cidade de Arima. cm procissão, com Abbé Rohrbachcr, "Vies tles Saim.,". grinaldas de ílorcs na cabeça e 1erços nas Gaume Frêres, Libraires-editeurs. Pa .. mãos. Um cortejo formado por idêntico ris, 1853, tomo 1, p. 337). Que gloriosa número de católicos da cidade, também menção do Vigário de Cristo à admirá\'irgern e mártir japonesa! coroados com flores e tendo uma vela na vel Coniinuou a Paixão da Ig reja no Jamão. juntou-se ao primeiro grupo. cm pão. Cente nas de milhares de ca1ólicos determinado ponto da cidade. No mo- foram mortos. Os ú lcimos. na Província mento cm que os confessores da Fé de Arima, para não ser exterminado o apareceram, todos colocaram-se em mar• culto ao verdadeiro Deus no Japão . cha ordenadamente, os oito futuros refugiaram-se na fortalc,.a de Shimabamártires no meio, cercados por uma ra, num tot~\l de 37 mil. As tropas imcompanhia de guardas - fragilíssima periais. com o auxilio da artilharia hodefesa para 40 mil católicos, se a única landesa, massacraram csie pugilo de ambição destes não fora o de 1ambém heróicos fiéis. sofrer o martírio e demonstrar o apreço que tinham à Santa Fé eatólica. Durante todo o 1rajeto, alternaram- Tentativa afogada em sangu e se c.'\ntieos e o rações. O cortejo mais Com o episódio de Shimabara. o Imparecia uma procissão de 1riunfo que um perador cortou, d e vez. qualquer relação cortejo fú nebre. No local da execução, cada um com Portugal. Quando c hegou a embaitomou seu lugar previslo, como para xada anual procedente de Macau. foram assistir a uma cerimônia litúrgica. Os os portugueses maltra1ados e proibidos márlires~ apenas viram as colunas cm de pisar cm solo japonês.

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Entretanto. cm 1640. desejou o governo português de Macau empreender uma ú ltimt-1 tentativa dé reatar o comér· cio, único modo de dar aind;\ um pouco de alento aos derradeiros católicos perseguidos cm território nipônico. Foram c,s colhidos para a perigosa embaixada quatro eminentes personalidades de Mac,w. Antes de 1>ar1 irem rccel>cram os Sacrnmentos com toda a tripulação do oa\liO que os levaria. Chegando a Naga~aki. foram proibidos de descer. até chegar ordem impe· rial. Oficiais japoneses subiram a bordo para verificàr se não havia missionários nem mercadorias. No dia seguinte. retira.m m toda a artilhari•1. e, por íim, toda a tripulação foi levt1da par:'I a prisão. enquanto se aguardava a resposta imperial.· Esta veio categórica: a proibição de aportarem cm costas japonesas havia sido violada. Tc,1do o impedimento sido determinado por motivos religiosos. o não cumprimento do mc-.srno só podin ter como causa fatores religiosos. Por isso. estavam todos condenados à pena capital. Alguns subalternos da missão deveriam voltar a Macau. depois de assistir à execução. para narrarcomoo Imperador 1rarnva os infratores d a lei. .. Na véspern da execução. foram oferecidos alimentos aos prisioneiros. que recusaram. Durante a noite. um dos prisioneiros. conseguindo sol1ar-se da cor• da que o prendia. desamarrou todos os out ros. Todos. então. tom::indo as cor· das que os ligavam . aplicaram-se rude disciplina. As cinco horas da manhã os comissário~ imperiais p ropuseram pou• par a vida aos que apostatassem. Os por1ugucses nem lhes responderam. Insist iram os enviados do Imperado r. sobre.. tudo com os cscra\'OS ç d omé!>ticos dos portugueses. ofcrccendo~lhcs a liberdade e dinheiro. Nenhum deles cedeu.

Um duplo martlrlo no Japão: o menino corre para os braços de sua mãe invocando os Nomes de Jesus e Maria. " Meu fllhO, obtenha o Paralso", responde a mulher. Durante o percurso, alguns re1.avam ·à prisão perpétua . Antes de morrer teve o terço. outros estavam imersos cm pro• o intrépido missionário a consolação de funda meditação. Uma multidão acom- converter e bat izar seus carcereiros. pànhava os novos confessores: da Fé. O martirológio da Igreja, no Japão. No local do suplício. Manuel Álvarez, registra centenas de milhares de márti· piloto do navio português. pregava aos rcs. com toda sorte de suplicio:,. japo neses, encorajando também seus Ourante o "Sa Kô Ku", ou seja. o companheiros. Percebeu. entiío. seu ser· isolamento da Japão do r<:s10 do munvidor Manuel, indígena . de apenas 16 do, durante mais de 200 anos, a Relianos. Chamando-o, colocou-o diante de gião de Jesus Crislo pa1·ecia ter morrido si d izendo: "Meu filho. eu desejo a um na terra dos samurais... u1I grou a wa salvação en•r,10, que deseEntretanto. sob as cin;,.a.s do fogo jo te ver expirar diante de meus o lhos e ~ue parecia haver exterminado o Cato~ ,usim me preceder na glória". E foi fei to hcismo no Japão. restaram bras11s que o que ele desejava ... ainda· fumegavam. Em poucos instantes, as espadas se Quando. por influência amcric;.ln;t, o abateram sobre as cabeças das vitimas, Japão voltou a se comunicar com o rcsLO consumando o martírio. O embaixador do mundo. cm 1~59, um grupo de misPacheco. homem 1ruculen10 e de fortís• sio n:h ios da Sociedade das M issôcs Essima compleição. só foi decapitado ao trangeiras lá desembarcou. sem enconterceiro golpe de es1>ada. trar vestígios de católicos.

Durante anos. esses novos mission:í .. rios conseguiram um resultado insigni .. ric.tnlc. Em 1865. quando inauguravam uma igrcjn na colina santa de Nagasaki. dez japoneses apre-sentaram-se para conhecer o novo templo. Oiaote do alt;1r. todos se ajoelharam. Uma senhora, então, dirigiu-se ao Pc. Pe titjcan. Superior da Missão. e perguntou-lhe: - " J.'oi o 11obre diefe cl<) Reino de J<om11 </tt(' vos e11viou1" O Padre. surpreso. rcss>ondcu afir. rnativa mcnte. - " Te11de.t jillws?" continuou a japonesa.

- .. Vó.~ e \'OSSOS irmãos j llf)OIU!Si~~'( s,io 1>wus filhos''. respondeu o missionário.

Com emoção crescente. a mulher pediu ao Jesuíta para ver uma imagem da Mãe de Deus. O Pc. Pctitjcan a levou ;, uin altàr de Nossa Senhora o nde ajaponest1. c m prantos de emoção. revelou que ela e o~ c1uc a acompanhavam eram católicos. e que o Cato licismo eo11tinuarn a sobrc\'ivcr dur,rn1c os 250 anos de isolamento do .Japão sob as cin1.as das perseguições. Ainda no auge desrns. no século X VI f. o:-. último~ tnissiont, l'io~ preveniram: --se morr{'rmos o u .formos e,,·/lltl.w n. owru.,· ('atires virtio. R ec1mlw,.<'rl!i.f l/Ut' .tão t'tll<ili(·o.r por tr<'s indidos: S<•r,1o en viados p(•/o /Ji.rp<, dt! /{onw, mio trriio fnmili11. '1 re:u,rào ti .S'am,:t'limo Virgem", Eram c.s tas as caractcrís1icas. gc,,uinameme católicas. q ue 1>rc.-servariarn estes fiéis do cont.âgio com os protest:.intes. O Pe. 1>ctitjean foi no meado pela Santa Sé Vigário Apostólico para o Jap5o cm 1866. Em pouco tempo, o novo ardor dos íiéis. sempre crescente, deu motivo a nova perseguição que se reduziu ao desterro. Em 1873 cessou completa mente. Êm 1891 foi criada a Hiera rquia Eclesiástic:, do Japão com um Arcebispo crn Tóquio e l!'ês Bispos sufrag;1neos em Nagasaki. Makadotc e Osaka. As Ordens Re ligiosas. canto as de ramo masculino q uanto (eminino. começaram a surgir. Principalmente :1s cor\tcmplátivas encontraram muita apctên• eia nesse povo chamado.:\ contemplação. Infelizmente, com a 11 Grande Guerra Mundial. muitos católicos morreram ou emigraram. Nagasaki. um dos prin .. CiJ?ais centros do Cat olicisn_io japonês. fo1 arrasada pela bomba atomaca. A industriafü·.ação assombrosa do Ja1>ão, nos últimos tempos. acentuou no• nipônico uma tendência ao prag matismo. A crise pela qual passa a San1a Igreja esmoreceu o a rdor missionário. A pretexto de ecumenismo. muitos ,womissio,uírios procuram um sincretismo religioso entre o Catolicismo e as reli• giõcs pagãs. Há um mistério da Providência cm permitir que a Religião católica. depois de se estabelecer solidamente em quase todo o Japão, tenha sido esmagada no sangue. E, mesmo depois de esmagada, restar uma semente viva durante 250 anos. Mas a semente parece não ter mais a força que tivent outrora e os frutos após a reabertura do Japão não correspondem ao sangue de centenas de milha~ res de mártires. · Os católicos hoje, no Japão, nõo atingem 1% da população. "O sangue dns mdrrires é semente de n<J\'OS aisrâos" . A célebre frase de Tertuliano não pode deixar de aplicar•se. de algum modo. a uma terra que. durante tantos anos. foi re~ada generosamente por centenas de milhares de mártires. E temos a firme esperança de que a fibra dos mártil'es japoneses renasça, de futu ro. e contagie. com o auxílio da Virgem Santíssima - .s Onipotência Su• plicanie - toda a população d o lrnpério do Sol Nascente.

Plínio Solimeo


''AUTÔNOMOS'': FABRICANTES DO CAOS .

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"Dizer <1ue1n .r,10 os autônomos não é .fiíci/. HlÍ os estudmues que se evade,n. paro viver pulando da direita parti a esquerda. ,nas luí ta,nbén, aqueles para quen, quebrar é t11n pouc·o (J razão de viver. lltí ((1111bém os desempregados. certa111e11te. Os grupos autônomos são pequenos grupos. o que explica que a polícia dificil,nente os possa in.filtrar. O que s"bemos é que " revoluçlio não serâ para arnanhã... Enteio 1enui..w, ntutlar nossti vida por todos os tneios possívds". Bernard. membro de um Cole1ivo parisiense. segundo a revista L ' E:rpress. na ed ição supracitada. declarou: "Ntio vou esper<1r 50 anos a grane/e revolt1('fio. Não hâ sencio ""'" dasse que bebe dw111pagne. 1;· eu uunbé,11 quero beber".

RA UMA TARDE de Sábado em Paris. Nas proximidades da estação de Saint- La1.are, a vida transcorria normal. com a intensa movimentação habitua l nos fins de semana. Repentinamente uma algazarra enorme estrondeja . Saídos não se sabe de onde, várias dezenas de jovens, cabelos longos, barbudos, rostos vendados, blusões de couro e capacetes protctores. armados de coque1éis 111olotov e barras de ferro, quebram vitrinas, saqueiam lojas e agridem transeuntes. Aos agressores pouco impo~ta que as vitimas sejam velhos, mulheres ou crianças ... As ruas, repletas até então de gente a legre e despreocupada, trnnsformam-se, num abrir e fechar de olhos, numa autêntica praça de guerra. Mas, de um combate singular, pois só há um contendor. Isso porque o público, tomado de surpresa e estupefato, mantém-se na mais completa inação. Apenas um ou outro elemento isolado tenta reagir. Uma rua inteira de lojas devastadas, prédios semi-destruídos, a lguns inícios de incêndio e numerosos feridos. Tudo se passou cm apenas dez m.inutos. E os jovens. conhecidos por autônomos ou quebrt,dores.

E

Um fenômeno mais amplo

' Depois de arrancar as grades e destruir as vitrinas, vlrà o saque

Í/

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Um "quebrador" exibe suas armas: "coquetêls molotov" e grossos pedaços de pau

desapareceram tão misteriosamente quanto tinham surgido, ante os olhares desconcertados dos policiais e a inércia da multidão petrificada pe lo terror. Reportagens bem docu me ntadas sobre o assunro foram publicadas nas revistas francesas Paris Match e L'Expres., . Essa foi a quarta operação dos auté}110111os desde seu aparecimento, cm 1977, no cenário de Universidades e Facu Idades fra nccsas. Provindos. em sua maioria, da bm·guesia média, tais jovens entregam-se à prática da violência pela violêncitl. corno protesto contra a ordem esiabelecida e as instituições vigentes. Negam qualquer organi1.ação. hierarquia ou autoridade: são anarquistas. Por isso, qua lificam-se corno um grupo sem estruturas e sem chefes. Dentre eles, alguns agiriam c-om o bjetivos políticos: seriam os comunistas e os anarquistas continuadores da revolução da Sorbonne de 1968. Outros seriam apenas jovens i11cu,iforrnados. sem vinculação ideológica ou política. Todos, entretanto, unidos por um objetivo comum: quebrar, destruir. incendiai·. Praticar a violência contra o que qua lificam de violência cio Estado e ela orde,11 e.stabeleácla.

O misterioso " Senhor Terror" Surgidos cm a lgumas Universidades francesas como a d e Jussieu e de Ccnsier, espontaneamente - segundo dizem - e corporificando um estado de espírito que estaria difuso na juventude do país. os q11ebrado-

res, antes 1nesmo de adotarem um

nome, tiveram o seu jornal: Canwrade. E também organizaram grandes assembléias nos carnpi univcrsittírios. Apare ntando tl utonornia cm relação aos grupos terroristas de cs<1ucrda e aos anarquistas organizados. passi,r-am a dc norninar-sc Coletivu Autô1101110 de lnterven çtio. 01\Í a designação de autôno,no.t para caracterizar os jovens quebradores. Na verdade. não são todos que crêem na espontaneidade e oul<J110mio de tal movimento. Segundo o semanário franccs f'aris M(Jtch (edição de 26-1-79). as a utoridades policiais daquele país admitem que o grupo possui uma direção oculta. constitu ída de antigos militantes ativos de organi1.açõcs anarquistas ínanccsas. ·reriam tais di rigentes relações freqüentes com movi me ntos terroristas internacionais. especia lmente os pa lestinos. os terroristas da ETA, na Espa nha. e o grupo Baadcr. na Alemanha. Para os policiais franceses. a melhor prova de ta l organi,.ação e coordenação - info rma P"ris Match - é a existência de um rnislcrioso "Stnhor Terro,·". inspirador do movimento. ,detectado pela policia, mas ainda não idcntifícado nem localizado. Um movimento que sé alastra As operações mais espetacu la,·cs dos au1ô11011w s deram-se, e ntretan to. no an, passado. Em março, cerca de 4( ,ebradores destruíram aproximadamente 30 vitrinas da rua Lafaycttc . cm Paris, utilizando o método habitual: aparecimento repentino, quebra-quebra. e súbito dcsa1,arecimcnto - o que desconcerta a polícia. Pouco depois. cm maio do mesmo ano, novo assalto deixa um saldo de 83 vitrinas quebradas e lojas saqueadas. Tais atos. que tomaram de surpresa a população parisie nse, causaram indignação nas autoridades policiais. Alain Peyrefittc declarou: "Não podemos tolerar a viol/inl'Í(J. ,, sobretudo . essa espécie de violênt'ia selvag<'m que consiste cm pilh(lr, quebrar 1• agredir o., agentes da f or('a f"íblicu. que l'Sttio t•ncarrt1;ados de gara111ir a segu rança d osfranceses" ( L'Ex· press, n. 0 1437, 27- 1-79). · Eniretanto, não parece que as ações terroristas dos autónomos sejam episódios isolados e sem futuro. Poder-se-ia co njeturar que são o prenúncio de atividades mais freqüentes, e talvez. ainda mais violentas. Com e feito, a polícia francesa tem logrado prender alguns clemcn-

tos do grupo. sem que este se sint.i desencorajado. Pelo contrário. os a111ôno111os tomam a detenção de elementos seus. como pretex t o p;1rn ações de represália e novos quebraquebra.t.

Recentemen te deram ctcs nov<t man ifestação de força. em Paris. qua ndo tumultua ram a Marcha so~ bre Paris, organi1.ada pe la CGT

(Co nfederação Gernl dos Traba lhadores) e demais cúpulas sindicais, apoiadas pelos partidos Socia lista e Com unis la. Tal manifestação esq uerd ista pretendia ser pacifica, quando, c m vários pontos do trajeto a ser percorrido pela mordia, surgiram os jovens mascarados com seus coquetéi,s 1110/o tov e suas barras de ferro, quebra ndo . pilhando e ferind o. Nas imediações da Pl"ce de /'Opera. 200 quebradores, que depredavam logradouros públicos, vitrinas de Jojas e rcstauranlcs, entraram cm violemo choque com a policia. Dispersando-se rapidamente e reunindo-se noutros ponros da cidad e. onde rei niciavam as violências, os autü1uJ111os criaram sérios entraves para a ação policial. C hegaram a levantar uma barric,ada na Av,·111w d(> /'Op,)ra, {IUC reco rd ava a:-. d ..::-.t,r• d cns de maio de 196&. Mas o quebra•qu<'hra não é o único recurso usado pelos 11111ânom us cm seu afã de investir cont ru a sociedade. Viajar no mctrô sem pagai· passagem é ta 111 bêm uma forma de protesto e agressão . Tal prá tica é por eles denominatla lluto~,·eduçõo. Saquear uma loj~, é fazer r edi.wfi.. buiçâo: sair d,,s restaura ntes sem sequer o lhar a conta é pratica r o basqueie; penetra r clandestinamente

tou um dos ati vistas ,1utôno1110s. cujo no me não foi re velado. Eis algumas d e s uas declarações: "Nós e111precnde1nos ações vio• lentos. Vidros ,,,,ehrados. vitrina.< saq11l 1ulos. é espeu1cular! Essa violência re.,·p o,ule à violênria <lo Estado. do desemprego, da m iséria, A violênâa e~wci por todo parte. Hla 1

Seriam os au161101110s um fenômeno exclusivamente francês? Não parece. Precursores dos (lutôno111os franceses são os cha mados índios metropoliu111os italianos sobre os quais Cato liâ.,1110 dedicou um artigo em seu numero 325. de janeiro de 1978. H,í dois nnos. cst ivc ram representantes do grupo italiano na Facu ldade francesa de Jussicu - um dos focos dos quehradores - fazendo uma espécie de conferência. Nela explicavam como fabricar um coquetel ,nolotuv, como atacar a policia, e forneciam conselhos sobre a guerrilha urbana. A palavra de ordem ·então difundida era " Plus de ,,arlote. 011 casse". ("Basta de palavrório. Quebra-se"). Os autôno,nos franceses - que julgam os italianos ainda muito ideológicos - aprenderam a lição e

tornaram uma feição ainda mais

nos cerca''.

an,i rquica e terrorista. E são, por

Em seguida, o quebrado,· c11c;1puçado fala sobre as atividades do Movimento: "J:)ure nâs não há estrutura. Nosso ,uJniero varia sem <·essar. Na ott1sião do ,·aso "Croissante" [uma das açiioes de vio lência emp reendidas pelo grupo), havia 11as Faculâades. a dtt· Ju.,·,·ieu en, parth·ular. 11,tsen,bléia.,· gerais. reunindo de duas ,, três n1il pl!S.\·oas. Entretanto. so• ,nente 30 ()li 40 (Ili vistas era111 n1obi· lizados para uow af,iu panicula,·.

sua vc·z. imitados cm outros países.

RecUS(IIHO-flOS a adn,irir que llóSSOS

gtupü.\' sejan, verdadeira1n(•nt<' e.trruturodos. que os p oderes scjmn de· legados ou que se (leva ohede,·,,r o unt (·er,o 11ú111er o de quadros". Quem são os (111tô110111os'! o e ntrevistado responde:

Na Suécia. um grupo de jovens estuda ntes deflagraram recentemente, no centro de Estocolmo, uma ação segund o o estilo e os métodos dos (fuebr(ldOres franceses. Estaríamos então. crn presença de uma 111oda que tenderia a se cspalh,ir pe lo mundo'/ Mas que ,110da seria essa'! Nada mais nada menos do que o terrorismo urbano, a proliferar como uma erisipela pela Europa. América e por todo o Ocidente. Se não há elementos para se responder afirmativamente à pergunta, sobretudo não se pode - à vista de tantos antecedentes - negar o perigo.

Arnóbio Glavam

••

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nos teatros é cinemas chama-se"-'ª · propriação o u rel'uperaç,io etc. Para apresentar-se de um modo um pouco menos cens urável ao público. as violê ncias praticadas pe los quebradores to mam como pretexto. com freqüência. o a lto custo de vída ou o desemprego. Entretanto, não procuram eles esconder o intuito de revolução total e anárquica. presente cm todas as suas ações. Eis a 1guns de seus slogans: "Reaprqpria(.·ão-" : ~.Viva a revolução": " E pre~ ciso servir-se dos burgueses": "Au10no111ia ofensiva co111ra a vida ct1rt1" etc.

Entrevista com um "autônomo" Um repórte r do Paris Match. na mesma edição já referid a. entrcvis-

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• • M NÚMERO cada vez maior de adolesccn1es brasileiros e mesmo crianças - entregam suas horas de lazer às chamadas disco1ecas. A febre do pula-pula vai assim matando outras formas de divertimento: os jogos recreativos, os passeios, as reuniões de amigos, as leituras e demais entretenimentos indispensáveis à boa formação_ moral, mental e física dos jovens. Seguindo moda nascida nos Estados Unidos e disseminada largamente pela Inglaterra e vários países europeus, estimulada por hábil propaganda, a q uai se utiliza dos poderosos meios de comunicação moderna - o cinema, a TV e a imprensa - as casas de danças denominadas disco1ecas alastram-se com surpreendente rapidez pelo Brasil. Nos grandes centros urbanos, salões equipados com complicada aparelhagem e letrônica importada e de altíssimo preço, causam sensação. A imprensa e a TV. de modo geral, empenham-se cm propagar a nova moda e apresentá-la, com deslumbramento, a todas as camadas da população. Não estranha pois, que nos mais variados pontos do País, proliferem semelhantes casas de diversão. Algumas cidades do interior. hipnoti1.adas pela miragem do prestígio da nova dança, d isseminada nos grandes centros, estabeleceram como um ponto de honra montar a s ua disco1eca. Arranjam-na como podem: aparelhos de som comuns são dispostos com algum engenhoso jogo de lâmpadas coloridas sem nenhuma arte, com muito barulho e sôfrego desejo de acompanhar a onda. E assim está feita a disco1eca...

U

Desligamento do circuito da razão De acordo com o padrão ditado pela propaganda internaciona l e seguido já por numerosas casas 1110delo do Brasil, a dança disco1eca consiste num gencro novo de ritmo. Os sons e as luzes devem s uceder-se arbitrária e caoticamente, tendo como única regra criar o frenesi e motivo nas pessoas que freqüentam a disco1eca. Segundo Laerte Willman, diretor de um curso de Linguagem Sensorial e orientador de. Terapia pelo Movimento (1), as discotecas "provocarn 111110 otiv(Jção sensorial [...] o que bloquearia ti camadt1 puramen1e racional do indivíduo. liberando-o ao nível dt1 emoção: É como se fosse desligado o circuito da razão, de comando". Desligar o paciente da razão e e ntregá-lo ao domínio dos instintos, aos movi· mentos embrutecidos e irracionais e à sensualidade desenfreada: eis o objetivo das chamadas disco1ecas. O som, o u melhor d ito, o barulho numa discoteca é insurdeced or. Com freqüência, supera o nível dos 100 decibéis, índice máximo suportável pelo ouvido humano. Uma percussão s urda, de fu ndo, faz vibrar até as pa rtes internas do organismo humano, com o intuito de sacud ir a pessoa no seu todo, para engajá-la totalmente no ritmo de delírio e loucura. À sucessão interminável dos sons e das luzes que apagam e acendem continuamente somam-se, com freqüência, alguns efeitos especiais: sirenes, faróis de automóvel, e até dispositivos de luz laser (luz monocromática) que permitem produz.ir coreografias luminosas mirabolantes sobre as paredes do sa lão, ou sobre os próprios freqüentadores. Para envolver completamente as pessoas no ritmo, potentes caixas de som são dispostas por toda parle, inclusive no teto e sob o piso. Gabam-se os discotecários e empresários de disco/ecos de criarem um ambiente irresistivelmente envolvente ... Dentro do sa lão, as pessoas vão sendo induzidas quase fatalmente às contorsões malucas que os efeitos sonoros e luminosos est imulam. A ra,.ão e o pensamento dão lugar aos impu lsos. O volume de som torna impossível a conversa nesses ambientes, e o convívio humano reduz4

se pois, a movimentos ritmicos cm comum e à sensação conjunta de inebriamento, produzida pelo turbilhão de sons e luzes. Tal situação lembra certas danças religiosas primitivas de povos aborígenes da África ou mesmo, sob certo ponto de vista, o gregarismo de alguns animais selvagens. Em artigo anterior (cfr. "Ca1olicismo" n.• 339, de março de 1979) o assunto já foi abordado, assinala ndo-se o desaparecimento da conversa, enquanto o pensamento é atrofiado e as personalidades abafadas pelo desvario criado no ambiente.

Novo tipo humano e nova religião?

disco. E um observador acurado perceberá a penetração de u m novo estilo de relações humanas, de linguagem (ou de comunicação monossilábica) e de modos de ser. Um novo tipo humano enfim, que se esboça nas agitadas discotecas, quer sejam as famosas Studio 54. Xe11011 e o utras em Nova York. quer nas de Londres, Paris, São Paulo, Rio, q uer nas modestas e s uburbanas disco1ecas das pequenas cidades do interior brasileiro. Como não levantar a pergunta: estaríamos cm presença de uma revolução nas menta lidades e nos hábitos, com o fim de instaurar novo es1ilo de vida, de homens diferen1es, fundado numa nova religião, a da

har,nuniuso irnwndade de todas as raças e crençt,s? Para além dessa pergunta, encontra-se um mistério: qual o sentido da referência aos chamados discos voadorei/

Como nasceram as discotecas Na verdade, a disco1eca não é um fenômeno desligado do Rock mui Rol/ e de outras formas de música e dança q ue marcaram os anos 60. É seu prolongamento e requinte. E todos inseridos num processo de decadência musical, afim com a decadência moral- e mental das sociedades modernas. Com efeito, constata-se, ao lo ngo desse processo, o

contínuo desaparecimento do co nvívio social e levado e digno, das boas maneiras. da conversação, enfim, da vida de pensamento. O u seja, a irracionalidade ganha terreno sobre as manifestações do espirito e da cultura.

As disco1ecas. surgidas cm meados da década de 70, eram até hã pouco simples ponto de encontro de negros e homossexuais nos Estados Unidos, especialmente em Nova York (11). Foi somente com o aparecimento repentino de um ator. John Travolta, transformado cm celebridade do dia para a noite pelo filme .. Embafos de Sdbado à Noite .. ("Saturday Night Fcvcr"), que as disco1ecas a lcançaram a grande populari-

Se a lguém estivesse. interessado em produzir um novo tipo humano,

sem personalidade e caracteristicas pessoais definidas, sem vontade própria, massificado, embrutecido e sens ua l - e assim fácil joguete dos ma nipuladores da propaganda e da moda - bem podefia ter inventado uma discoteca... "Esse ritn10 que obriga todos a se movimentarem veio, de fa10. preencher o vazio deixado entre a juven1ude depois do desapareci111en10 dos 8e(lfles"', declarou o compositor e produtor de shows musicais na França, Jacques Moreli (2). Para Roberto Machado, integrante de um conj unto musical moderno, freqüentar discotecas "é exprimir, t11ravés dos grilos. toda arepressão que o jove111 enco,ura dentro de se'! próprio mundo". E acrescenta: '"'E uma espécie de terapia mental, onde o joven1 ten1a se liber1ar. e,uregando seu corpo ao som da música" (3). Dessa forma, d iretores e especialistas da citada forma de entretenimento começam a a tribuir a ela um a lcance maior do q ue u ma simples diversão. Rea lizou-se cm Nova York o 4.• Disco Forum anual patroci nado pela revista Billboard, que reuni u aprox imadamente 1.500 donos de disco1ecas. disck-jockeis, e industriais fornecedores de equipamentos de som e luz. Alguns depoimentos colhidos na ocasião são dignos d e nota. Bill Ward low, considerado o criador das discotecas. o pai da disco, afirmou: "A disco1eça não é apenas o lugar onde se vai para tomar drogas, fica~ "louco" o u fazer coisas excitantes. é 1ambé111 o salão de bt1ile do fu1uro". Ela inauguraria, segundo Wardlow "iodo um es1ilo de vida"' (4). "A disco e~pandiu-se pelo mundo com força nunca vista, desde os pri111eiros dias do Rock a nd Rol!",. diz Neil Bogart, presidente da Casablanca Records. E acrescenta: "No futuro os livros de his1ória chamarão inevitavelmente a disco d e revolução" (5). "A disco e seu es1ilo de vida contribuíran1 para 11111a irmanda de harmon iosa em relaçã o a todos os credos e raças", declara o p refeito de Nova York, Edward Kich (6). Para Richard N. Peterson, professor da Yanderbilt Universi1y a disco é. "a chave para as pessoas que levam uma vida rolineira_. serem diferentes" (7). E Michael O' Haro, considerado o consulior do ano das discos, nos Estados Unid os, em 1975 e 1976, observa: "A d iscoteca es1á quase se tornando uma experiência religiosa. Mexe com to das as emoções e sentidos ..." (8). E uma poderosa disco1eca de Nova York, a Xenon. apresenta um recurso luminoso que consta de dispositivo bril ha nte que desce e que deveria "dar t, idéia de discos voadores em co11ta1os i111edia1os do 3.• grau"' (9). Numa das camisetas usadas por participantes do 4. 0 Disco Forum. esta mpava-se uma misteriosa pergunta: .. Haverá vida depois da disco?" ( 1O). Paralela mente com o aparecimento d as disco1ecas, viu-se surgir. a lém da nova forma de música, um novo estilo de roupas: as roupas

A am exper do B

1

ESTE INÍCIO de ano letivo, para os rapazes -=~fé~ do curso not urno em que estuda Alberto, conhecido como Be10, o an1biente n ão era novo. A maioria dos alunos já se conhecia mutuamente há vários anos, o mesmo acontecendo co,n relação a diversos mestres. Contudo, quando ao fim da a u la de matemática, o professor resolveu entabolar uma conversa com a turma , estabeleceu -se profunda divergência de opiniões. O jovem mestre Eduardo, quintanista de engenharia, resolveu narrar para os a lunos a viva in1pressão que lhe causou uma demonstração de vôo livre, presenciado por ele, dias antes, quando empreend ia a esca lada de um dos pon tos mais altos do Imediatamente, out ra voz pitoresco relevo , próximo à baía bradou: .. Isso n1es1no, o Arade Guanabara. Explicou então nha ien1 razão". Era Zezinho, como o a t leta, com uma asa de ínt imo atnigo do Aranha. - "Não se 1neta nisso, ratecido e nervuras metá licas, plapaz!" - interveio Fernando. nava impu lsionado pelo vento "Você, obrigado a usar esses - a p ós haver sa ltado de u ma óculos de len1es ião grossas, vai rocha situada no topo de uma montanha - e descia rumo a sentir conseqüências graves caudeterminado a lvo. sadas pela d iscoteca. O p iscapisca de luzes fortíssin1as poTodos ouviam a narração com vivo interesse. de acabar co,n o que lhe resu1 Fernando, novato no coléde visão. Por quan10 ten1po você vai saflor. não sei ... " gio, falando com acento típico - "Ah. ,nas é gostoso a do nordeste, aprovei tou a ocasião para contar u,na façanha gente ir a u ,na discoteca", retrude paraquedis,no, que havia ascou Zezinho. "Esquecen1os os sistid o. "U111 dia - observou ele proble111as que nos (Jfligen,. e se - serei 10,nbérn paraquedista! entra naquele rittno... " O risco, o heroís,no e o con1a10 Fernando con tinuou: "Ainco111 as vas1id6es i,nensas ,ne da há pouco, li no jornal que os e111usias1na111". n1édicos de Por1 o Alegre desaNesse mo,nento, u ma voz conselharotn a freqüência a d isfanhosa, meio debochada , fez. cotecas por causa do nível de se ouvir do fund o da sa la: ruído que ali existe. O índice de decibéis supera o nível 1olerado - ·•Eu quero saliar, ,nas é nutna discoteca /" pelo ouvido hu1110110 ". Todos se vo ltara,n para o inopi na d o objetante, magro, ca* • * belos longos, olhar agitado e esquivo, conhecido pelo apel ido de Aranha. Naquele mon1ento, o sinal

N

soou e,n todo o colégio , e o professor apressou-se em sa ir. Em torno d e Fernando formou-se uma roda, para a qual se dirigiu iambém Beto. Zezinho e o Aron/1{/. Este comentou co,n certo sarcasmo: - "Olha. pessoal. a Shock é a melhor d isco teca da cidade. Ntio é n1ui10 grande. ,nas 1en 1 111n j ogo de luzes cotno nunca vi. Luz .fone corno farol de carro, ou 01é ,nais. rejle1i11do tis cores tnais diversas: a zul, vennelho. verde... No 111eio da escuridão. vocês precisa111 ver. o pessoal iodo pulondo e. de repente, aquelas luzes co,110 se fossem raios. cruzando o espaço, ao rit1no exci1an1e do so,n. O maestro eletrô nico ta111bé111 é de primeira; às vezes. eu faço u,n sinal e ele já en1ende. Lá de ci,110 da cabine, n1anipula o público. escolhendo o 1ipo de ,núsica e o jogo dos luzes, confor1ne o reação do pessoal. Quando faço uni sinal, ele injela no a~nplificador aqueles sons altíss11nos, que nos transporta111 a ou1ro inundo .... Ele é tneu (unigo, é dos nossos!"


'' dadc de que gozam hoje ( 12). Travolta representa nesse filme o papel de um jovem inconformado, que dava vazão a seus impulsos, aos si,bados à noite, dançando numa dis-

o mundo. Elementos ligados ao ramo sustentam que chega a IOmil o número de dis,·01ecas cm funcionamento nos Estados Unidos. A frase célebre de Shakespeare

c·orre,ues <le 40 países acorrera,u a

coteca. O filme deu origem a alguns salões como o Studio 54 cm Nova York e The Plum e Pier Nine cm

"há algo de podre 110 Reino da Di-

afirmou o professor norte-a mericano R. A. Peterson, da Vanderbilt University: "E:11quan10 o ja22 SIJÍa dos negros para 11 co11sciê11d,1 urbana ornericana. a disco representa a

\Vashington . onde os rcquebros e as contorções de Travolta causavam sensação. Tais casas passaram a atrair multidões. todas as noites. Do Studio 54 a nová moda contagiou os Estados Unidos e o mundo. Discos desse novo estilo de música passaram a atingir recordes de venda. a lcançando a casa dos 15 ou 20 milhões de unidades vendidas. em todo

Londres parfl

10n

concurso mundial

de d1J11ças disco .. ( 13). Comparando o boom da disc music com o jazz dos anos 20.

,w,norca" parece aplic<1r-sc hoje cm dia, cm todo o seu alcance, ao Reino Britânico. Na histórica cidade de Londres, os gentle,nen vão sendo confinados à categoria de peças de museus. "A febre das discotecas to1nou contt1 de tudo '', afirma o Fi-

emergêncit, de 1111w realid1Jde homossexual. No d isco os líderes e os criadores de 1nodt1 1enden1 a ser hon,ossexuais .. ( 14). As principais discotec1Js norte-

nancial Times. ''Osjãsdessa<lança acrescenta o jornal - possuen1 suas próprias lojas. sua pró()ria linguage111, seus ()róprios progrmnas de

americanas tornaram~sc também um

centro de consumo de drogas. Um dos proprietários do S111dio 54 de Nova York, no fim do ano passado,

râdio e agora seu próprio concurso

mundial de dtmÇIJ. Quinze 111il con-

1arga . . 1enc1a eto ... ~

foi preso portando cocaína. Segundo o jornal O Globo, "a descoberta

de drog,,s no Studio 54 não f oi ,·urpresfJ. pois seus freqiienllldore.; ,·os1w,u11n co11st11nir

,naconha e cocai·

na" ( 15). Tais discotecas costumam proibir em seus recintos a venda de bebidas alcoólicas, pois, prevendo o consumo de drogas, querem evitar a mistura dessas com o álcool, que é explosiva. Fenômeno com origem cm antros do vicio e do crime, introduzido cm todas as camadas da sociedade por uma hábil propaganda ·de âmbito internacional, as discotecas - cm cujos maiores centros propulsores circulam largamente os tóxi-

cos - tornaram-se verdadeira epidemia do momento. Anunciadas como uma revolurão, novo estilo de vida e a1é mesmo nova religião. elas entretanto, apr~-sentam-sc em muitos lugares cm formas mitigadas e aparências menos escabrosas. Mas, até que ponto as consc,qUências cxtrcrnas, a que essas inevitavelmente conduzem, podem ser contidas? É a pergunta que paira no ar. Tal questão deveria preocupar todos q ua ntos detenham responsabilidades ed ucacionais, cm qualquer país. No âmbito familiar. uma atitude séria caberá aos pais, e

forn dele, aos educadores e autoridades.

Com a palavra os mêdícos

própríos aracnídeos. Seu sistenw nervoso é que ficarâ co,n, a resistência de unta teia de ara..

li

i,a...

*

'

O grupo, já bem n1enor, dirigia-se para o portão do colégio, enquanto o Aranha prosseguia sua propaganda das discos: - "O globo refletor. pendurado 110 teto... talvez vocês jâ conheça,n. ,nas vou explicar: acho que é u,na coisa indispensável 11u111a discoteca, para dar u,na í,npressão de que tudo está ,neío louco, tudo girando... Ele é revestido co,n inú111eros espelhinhos. e roda en1 torno de 1111·1 eixo. que é a haste que o prende <to teto. E corno sobre ele incide,n focos de intensa luz, vinda dos quatro cantos do salão, tais focos são refletidos nas paredes. no chão e no teto. fonnando u,na infinidade de pontos h1111inosos, continua111en1e girando, dando a impressão de que tudo participa com a gente ... Parece uma constelação ou até u111a galáxia, tudo rodando. Dá impressão de que as paredes estão 1re111endo e até rachando. E o equipa1ne1110 de produzir fumaça é bárbaro! Ela vai saindo do chão, dando a i1npressão de que o negócio é quente ,nes,no!

''?•

"Beto. a,nanhã à noite eu passo e,11 sua casa para innos à Discoteca Shock. Garanto que

você vai gostar".

Já na calçada, quando cada um estava prestes a tomar seu rumo, o Aranha, m uda ndo o 1001 da voz, fez uma ult ima afirn1ação. à maneira de desabafo:

- "Eu vou ser franco con1 vocês. Para 1ni111. o sábado e o do,ningo são terríveis se eu não entro nu,na discoteca. Não consigo ,ne divertir de outra 111aneira. /-loje ni11gué111 figa para ningué111, eu u1111bé1n. Quando vou à discoteca, fico dançando sozinho. porque acho que é 1nefhor ... " Fernando, batendo no ombro de Beto , como para acentuar o que já dissera antes con tra as discotecas. afirmou com _segurança e leve sorriso:

"A juventude não foi feita para o prazer, ,nas para o heroís,no", jâ dizia un1 poeta francês . Se você for atrás do Aranha. ficarâ envolvido por suas teias, que são mais p erigosas do que aquelas tecidas pelos

*

Chega o domingo. Art111ha, acompanhado de Zezinho que em tudo está sempre de acordo con1 seu companheiro - convence Beto a aco,npanhá-los à Shock. Un1 tanto a contra-gosto e se,n forças para se opor aos labiosos colegas, este concorda. e lá vão rumo à discoteca. Aranha e Zezinho eufóricos pela vitória alcançada, Beto preocupado ... Entram, e a primeira impressão foi violenta. Beta sentiu-se con10 se tivesse caído num terrível redemoinho de ruídos e luzes. Reagir? Não podia. Voltar atrás, tampouco; receava a risada dos a,nigos. "Afi11al, não hd re,nédio - pensou -

senão ir aco111panhando, de alg1.11n ,nodo. esta loucura". O tempo passou ... Beto foise habituando, e aquela barulheira foi -lhe parecendo menos rejeitável. Aproximou-se dele o Aranha com algo oculto na mão. Passou -lhe o que trazia e observou: "Torne e você se sen-

tirâ ,nais à vontade... " E ra1n 4 horas da madrugada, quando, exaustos e drogados, saíram os três amigos da Shock. Beto não se agüentava em pé, sendo carregado pelos companheiros. Enquanto era assim arrastado, sua cabeça ainda girava, mas agora já lhe doía horrivelme nte. Entretanto, sua consciência doía ainda mais que· a própria cabeça, e a frase de Fernando parecia reboar nas paredes internas de seu crâneo: "A juven-

tude não foi feita para o prazer, ,nas para o heroís,no ... "

Luís Ramos

Do ponto de vista médico, já numerosos têm sido os pronunciamentos emiti<los por órgãos oficiais ou divulgados pela imprensa. Por solicitaç.io do Departamento de Diversões Públicas da Secretaria de Segurança do Estado do Rio Grande do Sul, a Associação Médica daquele Estado elaborou minucioso estudo do qual destacamos os seguintes tópicos:

A seguir, o documento sugere uma série de medidas práticas, às a utoridades de segurança daquele Estado, para mitigar os efeitos novivos das discotecas.

Outros depoimentos cientlfícos Abali,.ados depoimentos de cientistas vieram juntar-se ao cuidadoso estudo dos médicos gaúchos. Para o Dr. Alberto Miabelli, médico da Feen,a, ''un1 so111 ,nuito 11/to

pode repercutir no sistenw ne11rovege1a1ivo e. daí, 110 aparelho cin·ulatório. provocando w,so-constrição. f(Jquicardia ew... Q uanto aos efeitos da luminosidade nas discotecas, diz o especialista que "a retração da pupila e o feclwr dos olhos são ,necanismos de defesa naturais. Mas u111 <'~forço

muito grande da vista, repetindo seguida111ente esses ,necanismos. pode levar lJ 1111w enclwq11ec<1 ou flJdiga visual. co111 dor e vennel/1idão nos olhos" ( 16). Em Minas Gerais, o presidente do Departamento de Otorrinolaringologia da Associação Médica de Minas Gerais. Dr. Roberto Eustáquio G uimarães, afirmou que "afreqüênda assídua às discotecas pode

causar sérios problenws aos jovens, como a perda progressiva da audição. além de afetar a equilíbrio. fazendo c:on, que ,is pessoas sintmn tonturas" ( 17). Além da Secretaria d e Segurança do Rio Grande do Sul, numerosos órgãos oficia is e autoridades brasileiras vêm tomando medidas e alertando a população contra os perigos que as discotecas oferecem à saúde pública.

O que virã depois das discotecas?

grante do espetáculo, através do uso de efeitos luminosos especiais, luz estroboscópica. luz ultra-violeta e luz laser. 'f..] A luz estroboscópica. apesar de não prejudicar a visão, pode causar convulsões e111 pacientes portadores de epilepsia foto-sensitiva

Ao cabo dessa aná lise, cumpre considerar um problema mais amplo, para o qual poucas pessoas 1êm os olhos abertos. Quando se faz o retrospecto dos vários estilos de mú: sica e dança que marcaram o século XX , nota-se uma constante. As valsas vienenses deram lugar ao jazz na década de 30 o qua l, por sua vez, foi seguido pelo Rock anti Rol/. Sempre mais, em cada um desses estágios. a melodia foi sendo substituída pelo ritmo, a harmonia pela dissonância, e certos traços de dignidade e distinção pela brutalidade nos timbres e na seqüência dos sons, nas letras das músicas como também nos gestos. O que poderia ser considerado como racional nos temas musicais e nos movimentos de dança foi subst it uido pelo descompasso e por movimentos caót icos. Uma s ucessão de aconteci mentos sempre na mesma direção, caracteriza um processo. E a subversão dos valores define uma revolução. Como negar pois, que estamos cm presença de um processo revolucionário na dança? Mas também, como esquivar a pergunta: qual o próximo passo de ta l processo? Para onde conduzirá ele os povos, que se têm mostrado tão apáticos e incapazes de reagir a tantos outros processos revolucionários de nosso tempo? Nessa perspectiva, reboa, à maneira de gargalhada satânica , o enigmático dístico estampado numa camiseta, durante o congresso da Billboard: "Haverá vida depois da d isco?"

"A luz laser, 011 seja, a luz 1110110cro,nática. ten, intensa energia e,

Henrique Guimarães

Malcfíc.íos dos r uídos...

"Em quase todos os países de que dispomos dados. os ruídos das discotecas variam de 100 a 115 decibéis. e .por1muo. se situmn e,n

f aixa capaz de ocasionar fadiga auditiva e 1rauma1is1no acústico. Sendo as discotecas. pelo 111enos

e,n teoria, um ambiente destinado a diver., ão e ao lazer. é preoc11pan1e o fa to de que os jovens desavisados possam vir ,1 sofrer di,uinuição irre·

versível de s11a acuidade auditiva", E prossegue o relatório:

"Com o auxílio de equipa,nentos t1dequados. foi medida a intensidade sonora e111 quase toda,-as discotecas de Porto Alegre. E:111 ne11h1u11a delas, em momento algu111, o ruído foi inferior a 95 decibéis e, na maior parte do te,npo. o ruído situou-se ,w faixa de 105 a 110 decibéis. Não rara,nenu:. registra,nos níveis até de 114 e 115 db ". ...e dos efeitos luminosos

"Num ambiente (de d iscotecas) a ilu1ni11ação passa a ser parte inte-

(...)".

dependendo da intensidade, pode causar lesões na córnea, cristalino e refina".

O relatório da Associação Médica do Rio Grande do Sul, depois de salientar que nas discotecas de Porto Alegre, os equipamentos produtores da luz laser possuem dispositivos especiais que os tornam inócuos, acrescenta: "Contudo, a luz laser é.

potencialmente, bas1an1e perigosa e não cre,nos que seja um ti()O de luz a ser usada em atividades de lazer, ainda mais sendo o controle das fontes de e,nissão. uma tarefa difícil".

O Globo, Rio de Janeiro, de 24-9-78. Idem. Tribuno do C~orá, FortalC7.3, de 13~1·79, Gazeia d~ Alagoas. Maceió, de 25·2-79. (S) Idem, (6) Idem. (7) Idem. (8) Idem. (9) Idem. ( 10) Idem. (ti) Idem. ( 12) Paris Matdr , n,0 1546. 12 de janeiro de 1979. p. 24. (13) Folho de São Poulo. de 16-1-79. (14) Cozera de Alagoas. Maceió. de 2S-2-79. (IS) O Gtol,(), Rio de Janeiro, de 16-12-78. (16) O Globo, Rio de Janeiro. de 24-9-78 07) A Noticia, Rio de Janeiro, de 6·2-79.

(l) (2) (J) (4)

5


EM PUEBLA, A ESTRANHA VOZ DE UMA CONFERÊNCIA ''PARALELA'' Caio de Assis Fonseca nosso enviado especial AMBIENTE não era dos mais despoluídos. Muito cheiro de cigarro e ar sufoca nte. O que não chegava a perturbar os entusiastas eclesiásticos e leigos partidários da "teologia da libertação". Tampouco parecia incomodá-los a contradição entre suas doutrinas "misera bilistas" e o ar luxuoso das instalações por eles ocupadas no Hotel dei Porta l. cujo edifício colonial se encontra no centro da cidade mex icana de Puebla.

O

O Pe. Jesus Ortega (a dirella), recentemente expulso pelo governo de EI Salvador. participou ativamente das reu-

niões da conferência "paralela"

ções. registradas no jornal .. E1 Heraldo de Mexico". ( 12-2-79), cm artigo de José J. Castell,rnos. já caracterizam Alvarez lcaza como um "cristão·marxista··.

-

:

--

O Padre e os guerrilheiros Este é o regente da orquestra. Como são os músicos'/ Alguns são famosos. Por exemplo. o Pe. Ernesto Cardenal, prefaciador do livro "Tierra Nuestra. libertla,r. no qual D. Pedro Casa ldáliga . Bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT). amaldiçoa cm seus versos todas as propriedades e se autodenomi na "Monsenhor ,nartelo e foice". O Pe. Cardcnal não compareceu só /1 conferência "paralela" . Ei-lo na compa nhia de dois guerri lheiros da Fre,ue S ,mdinista de Libertação N(lcional, organização que vem espa-

lhando o tel'ror pela Nicarágua , nos últi mos anos. Usando uma boina cm estilo Che Gueval'a, como também um dos guerri lheiros. aquele Sacerdote declara cm sua conferência de imprensa no CENCOS: .. E é o desejo de cumprir cabal1nenre 11 vontade de Deus · <1ue ,ne levou ao posto de l11tt1 no qu"I me encontro. 1niliu11ulo na Fl'enu) St111dinisu, de liberu,ção N"cion(I/" (Scrvicios Espccia les de Prensa. Informativo n. 0 42). A conferência do Sacerdote nicaragucnho - bastante aplaudida pc-

.CIU

ourante a "Missa Camponesa" foi entoado um .. Credo" em que se apresenta Cristo "ressuscitado em cada braço que se levanta para defender o povo. em relação ao domlnlo explorador"... violência (CENCOS. Servicios Espccialcs de Prensa. Informativo n.• 34).

"Em Cuba, ser comunist a é ser mais cristão" Ou tro Prelado conhecido por sua posição progressista. D. Ovidio Perez Mora lcs. Bispo Auxiliar de Caracas. foi mais cuidadoso. Afirmou ele que o marxismo. apesar de sua mit ificação. aprcscnrn elementos mu ito valiosos que ajudam a descobrir as causas da transformação da sociedade e para detectar cami nhos com vistas a uma mudança social em profundidad e (CENCOS, Servicios Espccialcs de Prensa. Informativo n." 4 1). Com elogios ao marxismo pronunciou-se também o Pe. Marciano Garcia. Pá roco da igreja do Carmo. em Cuba. Segundo ele. a educação comunista dá ao homem um sentido mais cristão. e adverte que isso não se consegue no capitalismo "pelo espírito d e co111petição que se dese11volve 110 povo". Afirmação esta que

---• \

Dois guerrilheiros sandinistas da Nicaragua participaram da conferência "paralela", ostentando um deles a boina no estilo "Che" Guevara Vaias e -aplausos - como num lo auditório de "cientistas sociais" e comício - fa1.iam parte da agitada de "teólogos da libertação" - foi assembléia reunida no auditório do seguida de uma "Missa Camponesa" hotel, sob a presidência do enge- e projeção de filmc.s "sobre o renheiro José Alvarcz lca1.a. diretor press,io e o genocídio co,uro o povo da Nicarágua", O ato realizou-se em do CENCOS. O que é o CENCOS'1 Quem é solidariedade à guerrilha naquele José Alva rez Icaza? país. A respeito, o próprio compoCENCOS - Centro Nacional de sitor da " Missa Ca mponesa", Carlos Comunicação Social - é um centro Mcjia Godoy'. afirmou: "Como disse de informações que já pertenceu Ernesto Cardenal. esta não é uma oficialmente ao Episcopado mex ica- Missa neutra. é 111110 Missa con1r11 os no. Foi este organismo o patrocina- opressores. contra todo.,· aqueles que dor da conferência "paralela" de impeden, que se reparta a urra. os Puebla, destinada a servir de tribu- frutos, as flores. o ar. a água. os elena e caixa de ressonância da cha- mentos da narurezo" (Scrvicios Esmada "teologia da libertação", ful- pccialcs de Prensa,, Informat ivo n." cro de controvél'sias, cspccialmenlc 36). entre Bispos latino-a mericanos. A declaração. como a presença José Alvarez lca1,1, diretor do dos guerrilheiros sandinistas. insiCF.NCOS , acred ita que "o marxis- nua a disposição de empregar avio1110 1e111 soluções políticas, econ ônli- lência. Isto era tornado com naturalicas e sociais justos". E acrescenta não ver inconveniente cm ser mar- dade nas conferências do CENCOS. xista. No entanto, afirma ser "péssi- D. Lconidas Proano. Bispo de Rio1no 11,arxista". pois acei ta o método bamba. Equador. por exemplo. disde análise marxista, mas rejeita o se respeitar aqueles que se compromaterialismo dialético. Tais declara- metem com a libertação por meio da

6

e

redunda na condenarão da livre-iniciativa e na aprovai-. ., da estatização massificante. O Sacerdoic acrescenta que a prática evangeli1.adora cm Cuba se rea li1.a em clima de liberdade sem rcs1riçõcs. "Em Cu ba. ser conn111i.,~u1 (, ser nwis t·risu7o" (sic) di1. o Pc. Garcia ("Uno ,nós Uno", edição de 6-2-79, apud CENCOS. Scrvicios Espccialcs de Prensa. Informativo n.0 36). Não pretendemos cansar o leitor com vári:1s ouiras declarações, análogas às que já citamos. Matéria não faltaria. Poderíamos analisar pro-

nunciamentos feitos na conferência li11ha de aflorar na linha dos re"paralela" de Puebla, como os de _flexões co,11uns. Enrique Dussef. do Fra nciscano bra"Por isso eu creio que o Docusi leiro Leonardo Boff, do Francis- n1en10. que e,n 1nuitos pontos suscicano colombiano L.uis Patino, secre- 1arâ a,aques dos "teólogos da libertá rio-geral da Confederação Laiino- tação'', sertí u11nbén1, en, grande amcricana dos Religiosos. do triste- parte. m o tivo de va11glório para eles. mente célebre Padre belga Joseph que apontarão t,li o triunfo de suas Comblin, antigo professor do Insti- idéias. Não i111porta. Na linha postuto Teológico de Recife, como tam- 1oral desta Igreja salvadora e liberbém do Pc. Gustavo Gu1içrrez Me- tadort,. que todos busc,1111os e quererino. do Peru , autor de urna discu- 1nos ser. ninguérn, ele .fato, 1en1 por tida análise do Documento Prepa- onde se vangloriar. se11ão 110 Senhor ratório de Puebla. (2 Cor. 10. 17)''. Caso essa apreciação do Administrador-Apostól ico de Campa nha "Idéias defensãveis " no turbilhão das amblgUidades envolva a opi nião com um da Assembléia do CELAM cm Puebla, percebe-se que os Bispos reunidos Qual a reação predominante dos naquela cidade mexicana tomaram Bispos pa,·1icipa n1cs da Assembléia uma atitude largamente libera l. Por do CELAM. cm Pucbla. ante à con- certo, no desejo de utilizar o que ferência "paralela"? julgam aproveitável na controvert iA posição dcspreocupad11 de D. da "teologia da libertação". Antonio Afonso de Miranda, S.D.N., Consegu irão. entretanto, impeBispo-Ad ministrador Apostólico de dir que o mau cspirito dessa teoCampanha. Minas Gerais. pare~-eu- logia - a qual eles mesmos repronos sintomática e. por _isso, a toma- vam - venha a prejudicar o tra mos como exemp lo. Após participar balho de evangelização da América da reunião ofici11 I do CELAM, ao La tina? regressar de Puebla, escreveu ele no jornal " O Lutador". de Belo Hori1.ontc, cm sua ediç.ã o de 11 a 17-3-79: ·· Não poucas idéias defendidas pelos "teólogos da libertação" pertencem ao terreno co111w11 da teologill. J; :;ão e.w11t1111e111e os idéü1s defensâvei.t, 1nist11radas 110 turbilhão das m11bigiiidade., que 1011to C(lf!fw1dem o 1111111do leigo. Ta(, idéia.,. é claro, v,io aparecer no Documento de Pueblt,. Não por ,11ercé do i11.f111ê11cio de 111ut1 conferência "paralela", 11ws porque fazem parte do sub.tt1·au, ,nes,no da verdade, que

~,, ,,,,\~.\\ ..,,,,,...,...,,

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DOIS HOMENS PROVIDENCIAIS, UMA VITÓRIA MAGNÍFICA· ----- -~ SSIM COMO o Mediterrâneo. cm certa medida. resume e aprimora as belezas e as expressões marítimas do mund o. nas costas gregas se encontra m os lugares mais coloridos de todas as águas mediterrâneas. O mar secu larmente se requinta entre estas ílhas e golfos multiformes, onde se vêem às vc1.cs, conforme a hora do dia. planícies de esmeralda ou de cristal. atravessadas por bandos de aves negras e prateadas. O mar reflete a luz do céu. mas muitas vezes, com ele se combina ou até se contradiz sua cor cristalina. Se as âguas são dóceis. refletem o empireo á maneira de um espelho prodigioso que se quintessencia. torna ndo-se ígneo. áureo ou a rgênteo, conforme a figura original. Mas. disputa não só com a luminosidade e o tom da abóboda celeste. como também com o ar. O ar comanda a água. Invisivelmente, a sossega . a afaga. lhe fala cm voz baixa. lhe grita. a açoita. a enfurece. a põe frenética. O vento passa, e a água permanece.

A

Porém, num movimento continuo,

le nto, seguro. inabarcável, majestoso. que pode chegar a ser terrível. A Providência Divina escolheu este cenário marítimo, ao mesmo tempo magnifico e plácido, para conceder à Esq uadra cristã -

num sublime

contrastt: - a vitória. media nte batalha movimentada e decisiva para a História não só da Cristandade, mas universal. , Ma r que parece de ondulante azul heráldico francês, no dia em que, de um lado do horizonte. aparece a grandiosa linha da Armada da Cristandade: duzentas naves ao som de guerra e de trombetas. Naves que se apressam quand o vêem do outro lado do horizonte a frota enorme e obscura do inimigo de Cristo, o Crescente. Os inumeráveis estandartes católicos alegram-se e agitam-se com impaciência de combate.

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Po r fim. o Pontífice reuniu Espanha, Veneza e Gênova em u ma Líga contra os turcos. De sua Fé Apostó lica. exortou com palavras abrasadas a tríplice a liança com a esquadra dos Estados Po ntifícios, comunicandó a todos os generais e soldados seu extraordinário ânimo e coragem espiritual. A Armada católica tinha como estandarte a Cristo Crucificado com os brasões aliados aos pés. Nela reluzia o caráter religioso. Uma Relíquia da Santa Cruz estava presente em cada nau.

IEO I TE RRAN EO

um espíl'ito objetivo. claro e V1g1lante. De a rmadura dourada e numa pequena embarcaç,1o, esse homem percorre as naus cristãs para infu,1dir-lhes segurança com sua presença. Discorr~ sobre as finalidades e a glória da batalha que se aproxima e é aclamado com brados e ntusiásticos. - ..Aqui venc:eren,os ou ,norreremos". exclamou ele. Dom J oão d'Áustria é aquele a quem São Pio V aplicou as palavras do Evangel ho de São João sobre o Batista: "Fuir ho1110 1nissus a Deos. cui 110,nen erat Joannes" ("HouVc

um homem enviado por Deus, cujo nome era João").

A memorável batalha de Lepanto deu-se no apogeu 1>olítico e bélíco do maometanismo sob o Grão Turco. de encontro à força moral de um gra nde sa nto. sucessor de São

Pedro. Co nclamou e le à liça a Europa cató lica. e outorgou-lhes as mesmas graças que seus antecessores na Cátedra suprema prometeram aos que se cruzassem para resgatar o SafltO Sepulcro. Enquanto Dom João d'Austria foi o artífice do esplendoroso êxito de Lepanto, do ponto de · vista especificamente bélico, o grande Papa São Pio V foi o artífice d a vitória. no plano político e, c m especial. no sobrenatural. O Vigário de Cristo não desanimou com as enormes dificuldades que se leva ntaram contra sua indis-

pensável Cruzada , embora tenha chorado a lentidão dos mais fiéis e a negativa de muitos q ue descendiam de zelosos e destemidos cruzados. Ei-lo com sua fisiono mia que lembra . urna possante e vigi la nte águia, na gravura acima, à direita. A avançada velhice não lhe dimi nuiu a força . F ronte inteligente, face marcada pela preocupação, barba venerável. Porém. o que marca especialmente seu rosto é a visão penetrante de seus ol hos grandes que parecem perfurar o inimi~o. O nariz aqui lino num rosto macilento acentua essa impressão.

Dom João d' Áustria proibiu a presença de mulheres nos barcos e decretou a pena de morte contra as blasfêmias. Alguns dias antes do magnífico e mbate, os oítcnta e 4m mil soldados e marinheiros - inclusive os condenados às ga leras - jejuaram du ra nte três dias e receberam a Sagrada Comunhão. A 7 ele outubro de 1571, encontrara m-se e bateram-se duas forças navais, decidindo-se a sorte da Cristandade e o curso dos séculos. A vitória decretada pelo Céu foi esplendorosa. mas conquistada ao fio da espada e no fumo da destruição. A beleza do destemor guerreiro. no p lano natural, veio juntarse o sublime da intervenção miraculosa do âmbito sobre na tural. Bri, lh ou o arrojo bélico nas abordagens. que se prolongavam e se l'epetiam ao largo d o imenso campo de batalha naval. - "Viróría! Vitórit,! Vivfl Cristo!" O brado cató lico ressoava sobre as águas a partir dos mastros. A va ntagem numérica e a presunção

dos infiéís cedeu ao ímpeto do espírito militar ca tólico. Quando a batalha era mais árdua. os sequazes de Mafoma viram

São Pio V

sobre as vela s cristãs o a specto severo e ameaçador de uma Rainha rnajesto~a a auxiliar os cristãos!

Nesse momento. São Pio V atendia o Tesoureiro Cesi. Inopinada-

mente. levantou-se, abriu uma janela e entrou c m estado de êxtase. - "Nossa esquadra acaba de vencer". disse logo depois. E, pondo fim à reunião, dirigiuse à capela. Desbaratada a frota inimiga. os catól icos glorificaram a Virgem Santíssima. E o Pontífice instaurou a festa de Nossa Senhora do Rosário. que há quatro séculos comemora a batalha de Lepanto, e acrescentou a invocação Auxilio dos Crisrãos na Ladainha Lauretana.

O glorioso Vigário de C risto planejava ampliar a Liga, reconquistar Constantinopla e avançar rumo aos Santos Luga res. Essa grandeza de a lma não foi compreendida. Hoje. entre os católicos. o que resta da Fé e fortaleza dos combatentes de Lcpanto? Ante a ferocidade da hidra comunista - o maior inimigo da Igreja em nossos dias - qual a atitude do Ocidente cristão? Debilidade. miopia, quando não chega à conivência declarada! Mas, apesar da triste conjuntura c m que nos encontramos, nossa confiança na Providência deve perma necer inaba lável. Nossa Senhora do Rosário. a gl'andc vencedora de Lepanto, apareceu cm Fátima para anunciar a vitória definitiva de seu 1maculado Coração.

A batalha de Lepanlo, segundo um afresco de Vicentino. Em primeiro plano, uma galera veneziana.

Mais esplendorosa, mais profunda e mais extensa que o mar é a alma humana. É necessário contemplar as águas de especia I beleza por s ua excelência e sua hora. Cumpre mais, no entanto, observar a alma no

ápice de seu va lor guerreiro. Dom João d'Austria é o cabeça da Armada e um dos maiores militares de todos os te mpos. Aos vinte e quatro anos de idade, em meio a tanta fogosidade e louçania, ostenta incomum maturidade. Em seu retrato (acima , à esquerda), ostenta ele gra nde dignidade e senhorio de si e dos outros. educado como foi no rígido protocolo e nas longas práticas sobre precedências e alardos. Esse modo cerimonioso não impede a bravura e a ga la militares, mas as ordena e enriquece. A atenção e o alerta constituem elementos de seu constante espírito de vigiláncia. Encontra-se sempre preparado para as reflexões e movimentos rápidos no comando de um ataque ou numa defesa imprevista e a larmente. C heio de sagacidade na batalha. isso não o impede de ter uma alta e fria prudência. Sua combatividade, mesmo nas circunstâ ncias mais árduas, é guiada por uma ra,.ão lúcida. É um grande fogo guiado por um grande vento. Seu nariz e gestos revelam tenacidade e determinação. Mas os o lhos, e sobretudo a configuração de sua cabeça. manifestam 7


Na nova Praça da Sé, poluição visual por sete milhões de cruzeiros

S

ÃO PAULO possu i uma infinidade de problemas. E não cabe aqui historiá-los nem cnumerálos. Nossa intenção é apenas assinalar que desde janeiro último. a cidade possui mais um: a poluição

mais simplesmente, uma trave de cinco metros de comprimento por três de altura, cm aço inox idável (foto 2). Um pouco além. il direita, em meio ao gramado está instalada uma

Que peso tem a ar,e ,noderna' Nada menos de três toneladas para um tubo de um melro e meio de diâmetro. e três de altura. Ele recebeu o nome de Garatuja. E já vem pintado de bizarro amarelo. a fim de ' evitar qualquer colisão. exceto com o bom senso popular. .. O tubo de chapas de aço, representando um inexplicável meio-nó. provoca com-

nas de artistas modernos. E. a lém do mais. somente de abstracionistas. Um dos a utores admitiu que ..a, escultura.t di•ve111 1er violenuulo 11111 pouco a populac,io. 11111s é preciso violentar parll se criar 1111w abertura para tis coisas es/élicas··. Ocorre que o que é de s i belo não provoca trauma nenhum. O feio, este sim. violenta o senso estético do comum

das pessoas. E quem ama o feio. bonito lhe parece ... ·· [.; i111p11cto··. revelou outro artista . comentando sua obra na Praça da Sé. Ê. preciso. pois. cansar as multidões e acostumá-las a oucros modelos estéticos. de acordo com certa escola artística que deseja criar nova realidade extravagante. que exalta o contorcido. o feio e o estropiado. Grande número de quadros.esculturas. e outras produções da assim chamada ar,e ,noderna repre-

senta seres esquií lidos e disformes. Se fossem vivos, não haveria pessoa que logo não os levasse para serem hospitalizados e s ubmetidos a uma operação plástica, que os reconduzisse à normalidade no plano de Deus ...

• • • O ,nuseu ao ar livre cust ou apenas sete milhões de cruzeiros ... Verba que a Prefeitura paulistana de bom grado dispcndeu a fim de "trazer a arfe ao públit·o·· (!). A esperança é que a passagem do tempo faça prevalecer o bom senso. por ora tão escasso. E que sob o implacável e sa lutar efeito do sol e

ela chuva. as obra.,· de arr,• - cm sua

visual instalada na praça da Sé, por inicia tiva da Prefeitura Municipa l. Como presente - seria de grego'/ - pela passagem do 425.• aniversário da fundação da metrópole paulista, a Prefeitura inaugurou um conjunto de esculturas ao ar livre na nova Praça da Sé. As fotos não revelam senão parcialmente o despropósito das obras, frutos de ceno espírito de vanguarda. Será preciso conhecer ao menos

elefantisiaca placa de concreto enegrecido, sobre dois suportes de ferro. O "muro" de concreto obstrui a visão do público. Talvez para ocu ltar as outras "esculturas"... (foto 3). Um pouco à esq uerda, encontrase um tubo de aço partido em dois. Pa,·ccc não ter recebido nenhum nome. Ele causa indisfarçável ma l estar. cm virtude do grotesco dos rebites e do aço q ueimado pela solda (foto 4).

mc1iori11 de ferro e aço - venham a perder sua proteção anticorrosiva e que a ferrugem e o desgaste atestem que elas ficariam melhor nu m depós ito de ferro velho ...

Álvaro Orti z preensível hilaricdade. que talvez só não é maior porque atravanca a passagem dos usuàrios do metrõ(foto 5).

• • • Assim, terminamos o passeio pela nova praça. Segundo a Emurb Empresa Municipal de Urban ização - a intenção das escu lturas foi de que formassem um todo urbanístico com as suas adjacências, onde se situam a Catedral predominantemente gótica e o Palácio da Justiça, em estilo ci,íssico francês. E também procurou-se " triar uni contraponto tu1 desenho r11ncsiano da praça, ro111pe11do e ilu,,rvindo na sua rigidez de.form111u e 1"01···. Ou seja, para corrigir uma certa unilateralidade paisagística - como é qualificada a configuração antiga da praça - a solução seria o extremo <>posto : o arbitrário. o caótico. a liberdad<> artística Lotai .. . Segu ndo um jornal de grande circu lação, as esculturas foram colocadas a fim de evitar bustos e esculturas monumentais, nos moldes das praças tradicionais. Ora. nem isso foi conseguido, porque tais obras de arte impressionam pelo ava ntajado tamanho, exceção feita ao Grupo dos Pássaros, talvez por serem subnutridos ... O mín imo que se poderia dizer é que a Prefeitura paulistana foi muito

parcial. ao encomendar obras ape-

algumas delas ín loco, para sentir plenamente o non sente das esculturas inauguradas a 25 de janeiro p.p. Pretendemos fazer com o leito,· uma visita dia nte de cinco delas, cm certo sentido, as mais significativas, num roteiro quase de pesadelo.

• • • Comecemos pelo Grupo de Pássaros, escu ltura cm bronze de meio metro de altura . Com muito esforço, pode-se imaginar u m grupo de pessoas deformadas. de braços interligados. numa estranha ciranda (foto to 1). Em seguida, podemos passar por baixo da Nuvens sobre a cidade. Ou.

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''REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO'': 20 ANOS EM ABR IL DE 1959 "Catolicismo" estampava, em primejra mão, no seu número 100 o ensaio " Revolução e Contra- Revolução", do Prof. Plinio Corrêa de Olivei ra. Foram d uas tiragens num total de 20 mil exemplares. Não se trata de uma obra qualquer. Escreveu-a o Prof. P linio Corrêa de Oliveira para servir de livro de cabeceira a uma centena de católicos que em 1959 constituíam o núcleo de uma família de almas ligada a este mensário. Esse pugilo inicial - semente da futura TFP - se estendeu em segu ida pelo território brasileiro, de dimensões continentais. Aos poucos, entidades análogas à TFP e autônomas foran1 surgindo por toda a América do Sul, também elas tomando como livro básico "Revolução e Contra-Revolução". O mesmo foi acontecendo, depois, nos Estados Unidos, Canadá, Espan'ha e França. O combate ao "progressismo", no ca1npo espiritual, e ao eomunismo e socialismo, no campo temporal, vai assim ,g anhando perspectivas, amplitude e eficácia que os próprios adversários das TFPs e entidades congêneres hoje reconhecem. E tal combate doutrinário se desenvolve com base na obra do Prof. Plinio Coi:rêá de Oliveira, recentemente atualizada com uma terceira parte (ver "Catolicisl'no" n. 0 313, de janeiro de 1978). "Revolução e Contra-Revolução" conta hoje onze edições em cinco línguas e sete países, num total 54. 700 exemplares, a saoer: francês (Brasil e Canadá), espanhol (Arge,ntina, Chile e Espanha), inglês (Estados Unidos), italiano (ltália) e português (Brasil). Além dessas edições em livros, o texto de "Revolução e Con1 ra-Revolução" foi transcrito integral.mente nas seguintes revistas: "Fiducia" (Santiago - C:hile), "Qué Pasa?" (Madrid - Espanha) e "L'A /fieri" (Nápoles - Itália).


N.• 341

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Maio de 1979 -

Ano XXIX

Diretor: Paulo Corr~a de Brito Filho

A mensagem de Puebla: notas e comentários AS ''VISTOSAS DEBILIDADES DA CIVILIZAÇÃO ATUAL'' Plínio Corrêa de Oliveira ATENDENDO ao desejo de numerosos leitores que esperam de "Catolicismo" uma palavra sobre a mensagem de Puebla, reproduzimos aqui artigo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira que exprime o pensamento desta folha sobre o assunto. É o quarto artigo, e o máís importante, de uma série de cinco, publicado na "Folha de S. Paulo" de 26/4/79. À direita, uma obra prima da arquitetura barroca nas Américas: a Catedral da capital do México, pais onde se realizou em fevereiro deste ano a Ili Conferência do CELAM.

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UAL A VISÃO do homem, e das conveniências deste, ad·otada pela nova corrente de que fa la João Paulo li em sua alocução aos Bispos latinoamericanos na abertura da Conferência de Puebla?

Nexo entre atelsmo e coletivismo Tomada a pergunta em seus termos genéricos, o novo humanismo conduz logicamente para uma posição de dil'e,ia, d~ "'r..ro ou de esquerda? - A mensagem não o diz. Ela simplesmente, na parte relativa à "verdade sobre o homem", aborda o esquerdismo - em seus diversos matizes - como o conteúdo do novo humanis mo, sem especificar se esse nexo resulta das premissas mesmas do sistema de erros que ela condena. ou se deve a uma dessas coincidências fortuitas que não são raras na História. A meu ver, não se trata de coincidência, mas muito genu inamente de uma seq uência lógica. Quem não crê em Deus, mas só no homem, é levado a ver a inteira

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realização deste. não cm parcelas da humanidade como um indivíduo. uma classe social ou uma nação. r.ias 110 c onju~:o da humanidade, como todo formado pela universalidade dos homens. Por sua vez, os hábitos mentais democráticos de nossos dias, inteiramente afins com essa filosofia, levam a ver no pronunciamento da maioria a voz autêntica do todo que é a humanidade. De onde se segue que a organização econômica e social deveria visar distribuir por igual o conjunto dos bens da terra ao conjunto dos homens. E atribuir o mando político (enquanto a evolução não conduza à supressão do próprio mando político, e le mesmo oposto à igualdade completa) à

maioria. Em suma, teses esscnc,a,s da doutrina marxista .

Crl!!ca 20

humanismo ateu Explica-se facilmente que , ao tratar de "verdade sobre o homem", João Paulo li censure essas posições doutrinárias: "Talvc1. uma das mais vistosas debilidades da civilização a tual esteja cm uma visão inadequada do homem. A nossa época é, sem dúvida , aquela em que mais se escreveu e falou sobre o homem , a época dos humanis mos e do antropocentrismo. Contudo, paradoxalmente, é também a época das mais profundas angústias do homem a respeito de sua identidade e de seu

destino. do rebaixamento do homem a níveis antes insus peitados, época de valores humanos conculcados como jamais o foram anteriormente. "Como se explica este paradoxo? Podemos d izer que é o paradoxo inexorável do humanismo ateu. É o drama do homem amputado de uma dimensão essencial de seu ser - o absoluto - e posto assim cm face da pior red ução do próprio ser". E mais adiante: "/\ Igreja possui. graças ao Evangelho, a verdade sobre o homem. Esta se e ncontra cm uma antropologia que a Igreja não cessa de aprofundar e de comunicar. /\ afirmação primordial desta antropologia é a do homem como imagem de Deus, irredutível a uma simples parcela da natureza . ou a um e lemento a nônimo da cidade humana". João Paulo li conclui: " Esta verdade completa sobre o ser humano constitui o fundamento do e nsino social da Igreja, bem como é a base da verdadeira libertação. A luz desta ve rdade, não é o home m um ser submetido aos proccs.~os econômicos o u politicos, mas esses processos é q ue e~tão o rdenad os ao homem e submetidos a ele". Como se vê. ainda uma vez (e não é de mais insi stir}, ao contrário do que desejariam muitos ''católicos" marxistas, a Igreja re pudia a filosofia de Marx como incompa tível com sua própria doutrina e com a s ua ação em favor do homem no campo terreno.

Um batente fechado Evidente mente, essa pos ição de João Paulo li é de grande alcance, uma vez que os meios católicos estão larga mente infilt rados por "a pósto-

los" da d upla tese de que a Igreja exis te s omente a serviço do homem e d e que só Marx a prendeu e ensinou acerta damente o q ue é o ho mem, e como servi-lo. Contudo mostra r-se-ia consideravelmente anacrônico quem afirmasse que, isto feito, João Paulo li esgotou todo o tema d as relações cntr<: a religião cató lica e o comunismo.

Pois, precisame nte em nossos dias, o mais moderno sopro do comunis mo consiste cm ad mit ir que um não marxista possa pro pugnar. com fundamento fi losófico não marxista, o regime sócio-econômico do comunis mo, e colabo rar va lidamente com os marxistas na impla ntação d esse regime. E q ue. para muitos líde res italianos, franceses e espanhóis do e urocomu nismo. ser comunista não implica necessariamente cm aceitar toda a fi losolia marxista . Nesta co ncepção - repito - um comunista se ca racteriza por sua adesão ao regime sócio-econômico d o comunismo. mas é livre de proc ura r cm qua lquer sistema religioso ou a te u a fund amentação filosófica que mais lhe pareça adeq uada para j ust ificar as respect ivas prcfcrênCiíls sócio-econômicas. Q uem, com as noções em dia sobre esta ma téria, lê a mensagem de J oã o Pa ulo ll , não pode deixar de se perguntar se nesse documento. cm que é tão certa a 1>osição antimarxista , há ta mbém uma condenação ao regime co munista e nq uanto tal, abstração feita da filosofia de Marx . A resposta parece ser que não há na mensagem tal condenação. Ou seja . para o coletivismo 111arxis1a a mensagem fecha uma folha d:1 porta. Pa ra o coletivismo não estritamente marxista deixa a outra folhu aberta.

Esta revolução o incomodou?

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Missa blasfema na Catedral O CARDEAL ARNS (à esq ue rda) segura o microfone para D. Casaldáliga. que se autodenom inou "a1onsenhor ,norteio e foice", a quem se atribui a autoria do texto da "Missa do índio" concelebrada na Catedral de São Paulo. À direita , D. Tomás Balduino, que proferiu a homilia. A " Missa da Terra sen1 Males" prega a luta de classes do índio contra o branco, apresenta uma visão dist orcida de missionários do passado e de coloni1.adores do presente e prega a "independência" dos indígenas em relação ao Brasil. Mas não pára aí. O text o chega à blasfêmia declarada. P ágina 3.

SE O LEITOR qui• s er fazer um te,1e consigo mesmo, pergunte-s e como rellgiu ante as notícias sobre a revolução que se processou no Irã. O segu ndo produtor mundial de petró leo nadava na riqueza e possuía a quinta força militar do mundo. Apesar disso a conspirata dos ayatohls coadjuvados por agitadores comunistas lançou o povo contra o Exército {foto) e, em nome do isla' mismo, a esquerda galgou o poder. E, em conseqü~ncia , o preço d o petróleo iraniano ascendeu, agra vando a crise mundial. Qual a reação do mundo ocidental diante disso? Como reagiu o leitor? Página S.


~4. Virgem em prantos HISTÓRIA DA APARIÇÃO DE NOS§.(~ SENHORA DE LA SALETTE 19 DE JULHO de 1830, no Noviciado das Fílhas de Caridade de São Vicente de Paulo, n3 Rue du Bac. Paris, a Santíssima Virgem deu inicio à série das grandes aparições com que, no século passado. advertiu a hu· manidade dos castigos que sobre ela cairiam caso não se emendasse e íizcssc penitenei3 (cír. "Catolicismo" n.• 312. de dezembro de 1976). Nessa ocasião a Virgem predisse uma série de castigos de ordem local para a França, como a Revolução de 1830, a Comuna de Paris ( 1871) e as agitações sociais que as

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acompanharam.

Dezesseis anos mais tarde, nas montanhas de La Salettc, voltou Nossa Senhora a advertir o mundo. Desta aparição lrattucmos no presente artigo. Uma vez mais apareceu a Virgem. sob a invocação de "Imaculada Conceição''. em Lourdes, também na França, recomendando a Santa Bernadette Soubirous: " Rezai pelos pobres pecadores é pelo mundo tõo r:onrurbtulo ". Finalmente, em 1917, como um último e supremo esforço para salvar a humanidade pecadora, Nossa Senhora, desta vez cm Fátima, Ponugalt recomendou mais uma ve1. ao mundo oração e penitência. Caso contrário, "a Russia espalhará seus erros pelo mundo promovendo guerras e perseguições à Igreja". profetizou a Mãe de Deus. E predisse que várias nações se.riam aniquiladas, mas que. "por fim. o meu hnaculado Coração tri'unfará". Nunca o mundo esteve tão convulsionado como em nossos dias. Rebeliões. guerras, morticínios. violências físicas ou psíquicas se efc1uam por toda parte. Ademais. a decadência moral atinge limites indescritiveis. Onde está a emenda, onde a conversão pedida pela Mãe de Deus cm Suas sucessivas aparições? Se os castigos preditos: cm La Salcttc. como veremos. se cumpriram de maneira tão espantosi'.t, o que não se pode recear q uanto às profecias de Fátima?

Melãnia e Maximlno A 13 de setembro de 1846, Pedro Selmc, proprietário rural cm Ablandis. povoado vi>.inho de La Salcttc, nos Alpes franecsc.,. dirisiu-sc a Corps à procura de um mc11ino para substituir por atguos dias seu pastor. então doente. Depois de muito procurar. foi ter com seu amigo, Ped ro Giraud. rogando-lhe que cedesse o filho para esse mister. Depois de muito insisti r, conseguiu Selmc o menino. Contava o menino. nessa época. on1.e anos de idade. e ainda não freqüentara a escola. Sua memória era tão fraca, que levou tr~ anos parn decorar o Padre Nosso e a Ave Maria. Por causa de sua inconstância e leviandade. tornara-se quase incapaz. para qualquer trabalho que exigisse maior aplicação. Foi, por isso. com certo receio que o patrão lhe confiou o gado pela primeira ve1., no próprio dia 13. Também por essa ra,.ão é que lhe recomendou que procurasse. Melâ nia, pastora de um seu amigo. para que ambos se auxiJiasstm mutuamente no trabalho. · Francisca Melânia Calvat Matias. filha -de pais paupérrimos, deixou bem cedo o lar, em Corps, para ganhar o próprio sustento como pas1ora . Desde maio traba lhavá para João 8a1is1a P rá, na região de La Salctte. Quando Maximino a conheceu. con· tava Mclânia IS anos de idade. mas era tão franzina que parecia ter dez.. Apesar de sua idade. também jamais íreqUenta• ra escolas, e, em matéria religiosa. mal sabia fa1..er o S inal da Cruz. Esses dois pastores tão caren1es de predicados naturais possuiam. no en1a11to, certa candura, que lhes atraiu o olhar da Providência.

"Toda Ela era sõ luz" Na manhã de 19 de setembro. Maximino e Mclánia sairain com os re.~pectivos rebanhos para as encostas das montanhas de La Salettc. Enquanto as vacas pastavam. as duas crianças se e ntretinham construin• d o pequenos altares de pedra, que ornamentavam com grama e flo res silvestres. Ao toque do Angeius, pelo meio dia, tomaram um lanche e recostaram-se na relva. onde em breve, adormeceram. Mc lânia foi a p rimeira a despcttar. Preocupada por não ver o gado, acordou Maximino: "Menino. vamos ver onde estão nossas vacas··. Subindo ambos a uma elevação, viram o gado placidamente deitado nas encostas do monte Galgas.

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TranqUilos, pensavam já os dois "Se meu povo não 11m"ser ,tubmetrrpastores cm retornar ao seu passatempo. se. serei (or('ado a deixar cair o braço de qu,indo Mclânia avistou um globo de A1eu Filho: t! tiio forte ê/,')e.mdo. que m1o luz resplandecente. no local onde ante- o posso mais suster. A 1l Quanto sofr<> riormente estiveram. "'Ma);imino, nc7o por vós.' E. J)(lr(l t/W! Meu Filho não vos vês lá em baixo uma grande luz?", abandone. sou obrigada a U1e rogar sem perguntou. Enquanto ambos contempla· cessar: e vós. disso. ,uio fazei., caso. Por vam aquele esplendoroso globo lumino· mai.t qw~ rezeis. por nwis que façais. so. este se abriu. deixando aparecer uma nunca p oderi~i.r retribuir, minha soliâtu"/Jela Senhora", na expressão dos vi- de por vós. dentes. - " Dei-,·os seis dias paro tr(lb,11/tarA menina. apavorada. deixou cair des e me reserver' o .fétlmo. e nem es1e seu bastão. Max1mino, mais senhor de querehr coru·eder-me. si. disse-lhe: '' Pega novame,ue teu bas"Os q11e t·onduzém carroças não são u1o. que <'li tonservarei o meu; se ela nos capazes d<· prl1guejar .rem imerpor o fizer qualquer coisa. eu lhe darei umas Nome tle Mtu Filho. São os duas coisas bot,s bastonadas", que u,,,,am pesodo o braço de Meu A "&!la Senhora" estava sentada Filho. jusuimcnte sobre um dos "altares" feitos "Se a colheita se e~ttraga, é por vos.M pelas c rianç..:'ls, com os pés no leito seco culpa: bem vâ-lo mostrei 110 ano pas• de uma. fontezinha que só tinha água no sad,,. <'-<nn as botntas. mas não fizestes tempo do degelo das montanhas. Ocul- Cllso: ptlo t·o,urârio, (>ntontrmulo-ns es• tava a face entre as mãos. apoiando os tragadas. praguejáveis. interpondo <> Escultura de Nossa Senhora de La Salette venerada no local das aparições co1ovelos sobre os joelhos. e demons- Nome de Meu Filho. E"1s ,·ontinuorõo a trando profunda tristeza. De repente. se e:rtrtll(Or, e. pelo Nmal, j á niio Jwverá Dirigindo-se novamen1e aos meni- de 25 de janeiro de 1847, não só proibiu levantou-se. Colocou as mãos nas ton~as ,nais". nos perguntou: "N1111ca visits, meus a e xportação desse produto, como íacilie espaçosas mangas. o braço direito Nesse momento. como as crianças se filhos, trigo estragado?" Ao que ambos tou a importação. Uma prova mais sobre o esquerdo. cntreolhasscm. não compreendendo. dis- responderam negativamente. retumbante do castigo enc,o ntramos na O lhand o os pastores, lhes disse com seRlhcs a Sant íssima Virgem: '"Ah, meus - "Mas 111, meu filho - disse Ela "Fala d o 7ro110" da Rainha Vitória, por voz. repassada de 1crnura: "Vinde. meus filhos. 1uio t·OmfJree,uleis o francês. Fa· voltando-se para Maximino - deves tê- ocasião da Abertura do Parlamento filhos. niio 1emai~·: esiou aqui para voz larf!i de outro modo". lo visto 11ma vez. perto de Coin (aldeola inglês, a 17 de janeiro de 1847, quando mwnôar uma grande 11ova". E repetiu. cm d ialeto da região. da região]. ('óm teu pai. O dono tio tratou da escassez de a limentos: "Na A traidos por um impulso irresistível. desde "se" collteiu1 se <·s1raga" a té "p,•lo terreno disse o teu pai: '' Vinde ver como Irlanda parricularmente, " falia ,to ali• correram os dois pastorinhos para junto Natal não haverá mais". meu trigo se estraga". E, ambos. fostes mento comum, a batata. ocasionou auéis da Senhora, fie.ando Melánia a Sua Maximino exclamou então: "Ttm/0 lá. Teu pai, tomando duas ou três sofrimentos. epidemias e aumento da esquerda. e Maximino à direita. assim, ,uio. Senhora. As bmau,s não es11igas nas mãos. as esfregou, reduzin- moru1/idade". Os pequenos puderam contemplar, ,lesapare<·erão rodas. Sem1ue se Juio de do-se wdos ,, p6. Na volto. a meia hora Com rel3ção ao trigo, Nossa Seentão, mais à vontade a·· Bela Senhora". tm:ontrar 11lgumas". tle Corps, leu pai te deu um pe,laço de nhora alertara que, ···se tendes trigo, não Eis sua descrição. feita mais t~rdc por - "Vê-lo-ás. meu filho", respondeu- pão dize,ulo-te: "10ma. me,, filho. come o deveis semear", etc. O jornal 'ºL'Uni· Mcmnia: lhe a Senhora. pão ainda este ano. porque. para o pró- vers", dirigido então pelo grande pole• "Toda Ela era .t6 luz. ,!e regular E prosseguiu cm dialeto: ximo, se <> 1rlgo ,·ontinuar o .fe estragar mista católico Louis Veuillot, cm seu est111ura. bem proport'ionad,1. rosto - ..Se tendt•s trigo. não ,> d,.1wd.\· assim, não sei quem o comerá". número de 15 de n,aio de 1852, publicou bran<·o e formoso. um 101110 alongtulo. semetir. pois tudo ó que semeardes. os .. E: bem vertlade, Senhora a carta em que um leitor, depois de de finos traços. Uma rouca muito alw, animais comerão; e o que vt'ngar. 1on1ar• rcspondcu~l.hc Maximino. t·u não me narra r a ca1ástrofc ocorrida com o trigo. cobria-U1e a cabera, (}j' cabelos. a/run~ se-ti poldra quando f6r malhado. Sobre- lembrava mais". na França, fala dos ''pequenos vnmes" te, até pôr dma do.ç olhos. as orelhas e o virá uma gr<mde fome. Antl's. porém. tis Falando novamente me francê.s, a que produziram tal devastação. " Oo,ule Senhora rccomcndou•lhes: " Pois bem , proviriam?", pergunta ele. E responde o meus filhos. ,·umunkai isto a iodo o meu próprio missivista: "Nossa opinião é <1ue pc>vt) ". • esses peqwmo.t ,·ermes siio apenn.t oge11• Desviando-Se en1ão para a esquerda. tes SC("ff!tos. os ministros cegos duma a Virgem passou:\ frente das c rianças. e. vontade superior, e que a tloen('a que caminhando na relva tocando..a apenas seca o trigo i da mesma espécie da que de leve. repetiu-lhes. sem se voltar para estraga as batatas". lrás: .. Pois bem. meus filhos, comunica," A Virgem afirmara que '1arão r>tniisto a todo o meu povo". téntiá pela fome". O jornal franc~s Os videntes A acompanharam, Ma- ..Constit111t'o11nel". do início de março de ximino seguindo-Lhe as pisadas. e Mclã1856, aíirmou que no ano de 1855, nia. cortando o caminho, à frente. e mbora ainda não tivesse sido levantaA certa altura, clevou~se a Senhora. das as c.~tatís1icas oficiais. ''1eria havido pouco m:':lis de uma metro do solo. e excepcional mortandade com mais tlt o lhou novamente para os videntes. Fi- oitenta mil falecimentos. por <·ausa tia tou depois o honzontc em d ireção a escassez de alimentos··. A publicação já Roma. ("Só então deixou de chorar", aíirmara anteriormente que, cm 1854. acresctntaria mais tarde Melánia). ''Não ocorreram sessen1a mil óbitos. devido a vimos mais a cabRça. os braços. e o mesma c.ausa. Em três anos. na França, corpo parecia dissolver-se, envolvendo- du1~cntos e cinqüenta mil pessoas morse 110 globo no qual aparecera", narra- reram de fome. E a c-s1imativa para toda riam depois os pastores. a Europa foi de um milhão de vítimas. Maximino ainda tento u pegar uma "As nozes 1o r,10r-.te-cio ruins e apo..das rosas do sapato da Virgem, nada drecerã'o". predissera a Virgem Santíssiconseguindo apanhar. ma. Um relalório enviado aoMinistério Mc lânia comentou: ''Deve ser uma do Interior francês assinala que ··as grande santa". nogueiras. nó ,·emro da Frnnfo. at:homBaslllca de Nossa Senhora de La Salette. - "Se soubesse - respondeu Maxi- se acometidas por doenca tlesronlteâda. A escada Indica o lugar onde a Virgem caminhou. durante a aparição. mino - eu /J1e leria petlitlo que nos f qut. 1111 região do lsêre· [ onde se levasse consigo». e ncontra L'I Salettc]. a colheita de ,wz,,s estó totalmente f)<1rdida". No ano se• f)(tSl'O('O. Estava fórOâda (1 '' Bela S,,nho· <'rianças de menos de sete anos serão g.uinle, as próprias nogueiras tinham ra" t·om mt1g11ifk o diadema tle re/ulgen· acometidos de uemores e morrerão nos Repercussão da Mensagem desaparecido. privando a fra nça de uin tCs raios 1/e luz. cul<>t11ado na base ('Om bra('os das pessoas que as sustiverem. 0:; rosas d<' variodal· cvr<·.r. tle ,·ujos cl!ntros outros farão penitência pela fome. O a lvoroço e as polêmicas que susci- dos seus melhores produtos de exportação. Como se c umpriu a profecia da surgiam j mos luminosos. O vestido "As nozes wrnar•se-ãO ruins e apo· taram. na França. a narração da aparibronco. reramadu de ponto,': brillumtes drecercio". ção ípi enorme. O Bispo de Grénoble, a Virgem sobre a morte das crianças? Só a tomo pérola,,;, /N·luull' mé " 1111.';t! da cuja Diocese pertencia La Salette, foi "roli•ra-morbus" ceifo u a vida de mais tauca, vai descendo (/fé t'Obrir parte dos o segredo seu ardoroso defensor, par1icipando da de 150 mil crianças, em sua maioria pés. É bos1011tr amplo para 11iio ressalromarfa feita ao loca l no primeiro ani- menores de sete anos. no :mo de 1857. tar hS /t>rmas do cor1>0. Da t·imr,, du•versário da aparição, com vários de seus Acomet idas por inte nsíssimo frio, elas inorriarn 1remcndo. segundo as circunsgando até um dedo adma tia orlo , ta Neste ponto. faland<t em frane~. a Sacerdotes. tâncias profetir.adas. ve.,;1ido. pende um avt•ntol cor dl' ouro·· Virgem dirigiu-se a Maximino c lhe A fontczinha seca, cm cujo leito a (Pe. Simão Baccelli, M.S., "Conheçam confiou algo que Melánia. por mais que Senhora colocara os pés sagrados, a • • • lo Saleue", Edições Paulinas, São p restasse a tenção. não conseguiu ouvir. partir de então começou a jorrar conPaulo. 195:i, p. 28). t inuamente, não cessando de o fazer a té Em seguida, fez o mesmo a Mclãnia sein Disse Nosso Senhor Jesus Cristo: Nos ombros trazia a Virgem un1a que Maximino ouvisse qualquer coisa. hoje. Muitos e retumbantes milagres "Bu.tcat' o Reino de Deus e- Sua Justiça e espécie de chale da cor do vestido. VoJlando a se d irigir aos dois cm foram ob1idos por intermédio dessa o resto vos será dado por auéscimo". porém, sem pérolas. cru1.ado ao peito. dialeto, disse-lhes: :lgua. Em La Salenc Nossa Senhora acrescencom um nó por trás, com contornos Sobre o segredo de La Salette, a - "Se se ,·onverterem, as pedras e o., adorna.dos por uma grinalda de rosas. rodu•dos transformar-se-ão em momes Santa Sé baixou um decreto a 21 de tou que, se o povo se convertesse. "o.-. corno as do diadema. e por uma espécie de trigo. e os batâtas /tão de semear o dezembro de 19 15, durante o Pontifi- pe,lras e os rod,edos 1rans/onnar•s, -iom de galão de 011ro1 cujo desenho lembra- rerra", batata,<r semea• cado de Be nto XV, proibindo a quem em montes de trigo. <' riam a terra". va uma corrente de cios não entrelaçaquer que fosse difundir aquela parte - "Fazeis bem vo.tsa oração, meus No cntanlo. infelizmente somos obridos. mas justapostos. filhos?" perguntou-lhes a Senhora. "Nüo reservada contido na Mensagem de La De seu pescoço pendia uma corrente 11wi10, Senhora", responderam·Lhe as Salctte e mesmo 1ra1ar do 1cma. O que se gados a reconhecer que a emenda não só de ouro sustcn1ando um Cruc-ifixo. ten- c rianças. sabe é que Maximino e Melãnia e.i;:cre- não veio. mas à prevaricação atingiu do no braço direito uma tenaz, e, no - "Ah. meu.rfllhos - prosseguiu a veram, na época da aparição, por ordem hoje níveis inimagináveis. Nosso Senhor esquerdo. um martelo. · Virgem - é pre,:iso fazê- la bem, de de Pio lX cn1ão reinante. os respectivos Jesus Cristo e Sua Mãe Santíssima vão Somente Mclânia observou uma ex· monltO e à 11oi1e. Quando não puderdes segredos, dirigindo-os ao Sumo Pontí- sendo cada vez mais banidos da socieJ dade moderna, sendo substituídos pelos pressão de ternura, mas de profunda rezar mai.f, recitai ao menos um Podre íiee em envelope lacrado. bens materiais. pelas comodidades da dor. na Virgem, e viu rolarem também. Nosso e uma Ave Maria; mas t/uondo vida. pelos prazeres - erigidos cm por Sua alva face, algumas lágrimas que tiverdes tempo, é 11e1:essário rezar mais", Cumprimento das profecias novos idolos. aumcmaram quando a Senhora anun• E prosseguiu: Em face dessa triste situação, 1,>eçaciou os castigos que h3vcriam de cair - "Aos domingos. só vão à Missa Veremos como se cumpriram à risca mos a Nossa Senhora q ue a vitória de sobre o povo, caso este não se convcr1essc-. algumas mulheres idosos. Os demais as profecias da Virgem. trabalham, ,Jurante o verão: e. no inver• "As ba101as vão se estragar", dissera Seu Imaculado Coração - predita cm Mensagem no. ,,uamlo nãosabemoquefazer. vão à Ela. Realmente. em dc1.embro de 1846 Fátima - se efetue o mais rapidamente Ml'i-St1, mas somente para zombar tia não se encontravam mais batatas não só possivel. Eis o que d isse a Virgem aos pas- Religião. r::. na Quaresma, vão ao oçou, na região de La Salettc, mas em ioda a RuC <'Omo rães", to res. cm francês: Europa. O governo fran~s. por decreto Plinio Solimeo 1

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MISSA BLASFEMA NA CATEDRAL DE SÃO PAULO ÃO PAULO, domingo, 18 horas. O carrilhão da Catedral da Sé enche os espaços com seus magníficos sons. Os ecos reboam de prédio em prédio, multiplicando ao infinito a voz dos sinos que convidam para a Missa. Grupos de Freiras. cm seus minihábitos - uns pretos, outros brancos - cruzam apressadamente a praça onde formiga o povinho despreocupado. Enche-se o majestoso templo. Sobre os bancos. encontram-se impressos do texto a ser recitado. Cada um apanha o seu. T udo tem aparências de normalidade. Entretanto, nem tudo é normal. Em certo momento, entram em cortejo 33 Bispos vestidos de branco. Entre eles, D. Paulo Evaristo Aros. Cardeal-Arcebispo de São Paulo; D. Hcldcr Câmara . Arcebispo de Olinda e Recife; D. Tomás Balduíno, Bispo de Goiás e D. Pedro Casaldáliga, Bispo-Prelado de São Félix do Araguaia. Na capa do impresso distribuído está escrito: "Missa da Terra se111 Males". Sua autoria é de Pedro Tierra, pseudônimo atribuído ao Bispo de São Félix.

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Um mundo parecido com o dos Indios O que significa a "rerra se111 111ales"? O próprio autor do texto explica inicialmente que a cerimônia "é para rodos os povos indígenas da A111érica Larina e para o povo desta a111eaçada terra que esrá à procura da terra sern nwles>· de un, inundo novo. diferente, que se parecesse ao inundo indígena. corn a hannonia comum aos índios. co111partilhando a vida. se111 lucros, se111 cobiça. se,11 pressa''.

Um paraíso idílico, portanto, onde parece não existir pecado original. "Compartilhando... sem lucros. sem cobiça": comunidade de bens? Exclusão da propriedade privada? Não nos apressemos. O desenrolar da estranha ''Missa do índio" esclarecerá melhor as palavras do "111011senhor martelo e foice", como se autodenominou D. Casaldáliga cm seu livro "Tierra 1111es1ra, liberrad". Postados nas escadarias do presbitério, dois grupos desgrenhados recitam cm tom carregado, tendendo ao macabro, os versos que compõem a "Missa da Terra sem Males". Um solo representa o índio. O coro e o povo respondem em nome dos civili1.ados. O ritmo de um tambor acentua o clima sinistro do ritual, inspirado na mística guarani , segundo D. Casaldáliga. A "Missa do índio" não começa "e111 nome do Podre, do Filho e do Espfriro Smuo", mas sim "em 110,ne do Pai de todos os Povos, Maíra de tudo. excelso Tupã. E111 nome do Filho [ ...] da aliança da libertação. E111 nome do Amorqueesráem todo amor. l:)11 11011,e da Terra-se111-,11ales".

Civilizar: um pecado? Na "111e111ório penitencial", todos cantam: "Herdeiro., de um /111pério de exren11í11io, filhos da secular dominação, queremos reparar nosso pecado". Que pecado? O de civilizar o índio. Pois os tribalistas consideram o índio um sâbio, e fecham os o lhos para seu elementar primitivismo, sua melancólica estagnação e mesmo para sua ferocidade facilmente cruel. Por isso, o autor do texto não reconhece o papel evangelizador dos primeiros missionários e heróicos desbravadores:· "Caravelas do Lucro. vie111os navegando, poro ve11der a terra. poro explorar lucrando".

O solo recita cm nome do índio uma defesa do nudismo e do amor livre: "Eu vivia no puro nudez, brincando, plantando, a111ondo, gerando,. ., crescendo. na pura nudez da ..

foi geral. nem obteve aprovação dos missionários ou do governo da Metrópole. Na realidade, a maioria dos silvícolas foi assitnilada pelos colonizadores, e raro é o brasileiro cm cujas veias não corre alguma parcelá de sangue indígena. O delírio tribalista do autor da "Missa da Terra sem Males" chega a erigir os pobres íncolas em . novos Adonis de um perfeito Olimpo: "Eu era a Saúde dos olhos. penetrantes como flechas. dos ouvidos atentos. dos músculos har,nônicos. da alma em sossego".

O texto acima apresenta os bandeirantes, de modo generali1.ado, como bandoleiros empenhados apenas em escravizar silvícolas. cm desonrar índias. Ora, embora possa ler havido alguns abusos por parte desVu,a... ses nossos antepassados. consiste Nos colonizadores, o autor do flagrante unilateralidade e injustiça texto da missa só vê aspectos h istórica gcncra li1_ar certos excessos o. Helder camara: "...de Silo Paulo parnegativos. Eis o que respondem os que se verificaram - certamente tiram as bandeiras que massacraram assistentes: atitudes condenáveis - e denegrir os lndlos, mas SIio Paulo est6 se transem casa da verdade onde "E nós le revestimos co111 roupas gerações inteiras de desbravadores formando repercutem todos os problemas hude malícia. Violamos tuas fill,as. Te das selvas brasileiras. de civilizado- manos". demos por ,nora/ a nossa ffipocrisia". res que lançaram as sementes de Em nome do índio, o solo conconsiderável número de cidades em tolicismo" n.• 323/ 324, de nov./dez. trapõe: nossa Pátria. Reduzir, por exemplo, de 1977, publicado também pela a figura de Fernão Dias Paes a tal Editora Vera Cruz, R. Dr. Martinicaricatura fascinorosa parece-nos co Prado, 246 - São Paulo). clamorosa distorção dos fatos. O livro do Presidente do ConseOutra voz: "Pelas cercas farpa- lho Naciona l da TFP não se limita a das dos novos bandeirantes. pela mostrar o contraste entre os missiocachaça integradora. na boca dos nários do Evangelho de outrora e os guerreiros. pelo açúcar servido co111 missionários tribalistas de hoje. Ele cianureto.. no paralelo on ze. pela aponta com clareza e concisã<1 o fim proporência da 7i,rela e o sarcas1110 do caminho onde pretendem chegar da Emancipação ... " os neomissionários, ou seja, além do Todos: "Me111ória / Remorso / comunismo, como declarou o próCompro111isso!" prio D . Casaldáliga (cfr. "A Igreja Voz:" Pela cruz inscrita nas espa- ante a escolada da ameaça com1111isdas dos saqueadores. pela devasta- 1a - Apelo aos Bispos silenciosos", dora Civilização que se prerende Plínio Corrêa de Oliveira, Ed. Vera crista. pelas catedrais assentadas no Cruz, São Paulo, 4.• edição, 1977, coração dos templos índios, pelo 51.0 milheiro, p. 22). ; Evangelho da Liberdade, feiro deVoltemos à "Misso do fndio" na creto de cativeiro". Catedral. Todos: "Memória / Remorso / Após o sermão proferido por D. Compro1nisso!" Tomás Balduíno, falou um dos indíMais uma vez deparamos com genas presentes, dizendo que não um texto que generaliza determina- sabia se expressar em português, dos abusos praticados em nossos mas. como se fosse um estrangeiro, dias pelos "novos bandeirantes" com apenas na língua de seu povo. suas "cercas farpadas". É bastante A seguir usou da palavra o l unilateral apresentar es tes novos Cardeal de São Paulo: desbravadores - fazendeiros e colo"Vocês vira,n eo1110 os /ntlios 1 nos - como um conjunto de explo- pe11sa1n com u,na pureza ,nuito ,naior Instrumentos lndlgenas utilizados no ritual que se Inspirou na "mlstlca guarani". radores dos indigenas. do que nós, conr um coração muiro O coro destaca o "pecado" de civilizar o lndlo. E é desnecessário acentuar o mais puro do que o nosso. Eles quanto tal concepção das missões sabem exprimir as coisas nu111a lin"Eu era a Dignidade. sem ,nedo e Em tal céu, a felicidade seria discrepa do e nsinamento e da práti- guagem simples. assi111 co,110 nós sem orgulho. a Dignidade Hwnana··. produto da perfeita igualdade: ca milenar da Igreja Católica, Apos- sabíamos quando não tínhamos a A selva transforma-se no Edcn: "Eu vivia embriagado na Ale- tólica, Romana. limitemo-nos a ci- malícia. Como seria bom viver como "Eu odorava t/ Deus. Moira em gria. A Aldeia era uma roda de tar o seguinte tópico de um decreto eles! toda coisa. Tupã de todo gesto.... Eu amizade. Meus chefes comandavan1, do Papa Paulo V, de 1569, no qual "Agora. rodos de pé poro nossa conhecia a Ciência do Bem e o Mal servidores do Povo. co,n a sabedoria exorta o Bispo da Bahia a "exercer grande oração q ue Tupã vai escutar. prilneiros". e o respeito de que,n se reconhece co111 todo zelo e cuidado o mi11isté- que o Deus dos índios vai ouvir, que E os primeiros evangeli1.adorcs igual an outro". rio pastoral, principalmente a em- o Senhor da História vai atender" do Brasil, os heróicos missionários pregar rodos os 111eios para que os como Nóbrega e Anchieta, piores Grito de ódio contra novos conversos à fé dei.~em os "lndependl!ncla" contra qu.e a serpente infernal: costumes selvagens pelos de 111110 o Brasil os colonizadores "E nós te 111issiona111os, infiéis ao vida civilizada. persuadi11do-os o Evangelho, cravando em tua vida o A quem de tal modo detesta e aba11donare111 o ,nau hábito de anReza então D. Helder Câmara: espada de uma cruz. Sinos de Boa estigmatiza a obra civilizadora de darem 11us, ve.rrinda-se como con"É verdade que de São Paulo Nova. num dobre de finados! hifiéis nossos an tepassados. não poderia vém ao pudor cristão e aos povos partiram bandeiras que nrassacraao Evangelho do Verbo Encornado, faltar um grito de ódio contra aque- civilizados". rom índios. ,nas São Paulo esrá se re demos por mensage,11, culrura les que di lataram nossas fronteiras e tra11sfor111ondo em casa da verdade forasteira". construíram a grande,.a da Nação: Meta visada: 011de repercute111 rodos os probleVoz: "Pelo arcabuz dos bandei- além do comunismo 1nas hzunanos". rantes e bugreiros, pelos meninos Segue-se uma explosão de palBatismo: blasfêmia para e,·cravizados. pelas me11inas defloraVeja ainda o leitor o sintético e mas. Estaria o Arcebispo vermelho os "neomissionãrlos" das. pelas caravanas de nroribundos substancioso estudo do Prof. Plínio se referindo às greves que começam rumo a São Paulo... " Corrêa de Oliveira, ''Tribolismo !11- a transtornar a vida paulistana? Como que para acentuar o carâO povo: "Me,nória / Re111orso / díge11a. ideal co111u110-missionário Também D. Pedro Casaldáliga para o Brasil 110 século XXI'' ("Ca- faz uma oração: lcr imacu lado do silvícola, o texto Compromivsv :·· acrescenta, pela boca do solo: "É preciso qu e neste 21 de abril "O Amor do Pai de todos me lndlgenas present es à Missa. O trabalho empreendido pelos "neomlsslonàrlos" seja dado um novo grito de /piranbatizou co,11 a água da Vida e do em relação aos sllvlcolas difere completamente da mlsslologla tradicional. go". Outra salva de palmas para este Consciência e serneou ern ,nitn a convite a uma "liberroção" a ser Graça do seu Verbo. semente uni· empreendida em nossos dias. Não se versai de Salvação". esclarece cm relação a quem se farâ Se o índio não precisava do tal "indepe11dência" nem o modo Batismo, porque vivia na perfeição. como deverá ser efetuada. foi um crime a Igreja batizá-lo: Nesse clima lntnscorrcu a "Missa "Quando 11ós referramos co111 do índio" ou " Missa da Terra sem um Batismo imposro. 111arca de huMales". Missa que muitos fiéis ma110 gado. blasfêmia do Baris1110. não entenderam. Como aquele hoviolação da graça e negação d o mem de idade avançada que protesCristo". tou timidamente: O solo prossegue em nome do - "Coisa e,·1ra11ha. O deus destes índio: Bispos não é ,nais o Deus de Abraão. "Eu era u,n Povo de milhões de o Deus de Isaac, o Deus de Jac6, o vivos. de milhões e milhões de Gente 11osso Deus. Agora é Tupã. o deus Hun1ana, ,nilhões de imagens vivas dos índios. quem vai are11der as do Deus Vivo". orações deles?" Todos respondem: E retirou-se, visivelmente confu.. E nós re dizinramos. porradores so e abatido, ta lvez indagando interda Morre, 111issio11ários do Nada". namente se a Catedral não fora Quem não vê nessa guerra de invadida por outra religião. E emboclasses a mentira patente? Quando ra não tivesse cxpliei1ado de modo foram exterminados pelos colonizapreciso, aquele católico saiu com a dores "nrilhões e 111ilhões de genre impressão de q ue havia assistido a hwnana", como sugere o texto? A uma cerimônia b lasfematória. verdade histórica é bem outra. As atitudes de violência prepotente por Rafael Menezes parte de alguns colonizadores nem

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ESTOCADA NO EUROCOMUNISMO S POLl:: MI CAS na França são marcadas pela agudeza dos golpes, o inesperado das situações, os contragolpes vivazes. Dir-se-ia q ue, encaniados pela beleza dos duelos de espadachins, os

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franceses transpuseram sua atraente mobilidade para o campo das idéias. Ali, talvez a mais séria polêmica tem por cent ro o e urocomunismo. Seu triunfo está sujeito à consol idação de dois nancos expostos i, dúvida popular: J.•) O Partido Comunista Francês (PCF) rompeu com Moscou? Ou continua su bserviente à ditadura imperialista dos déspotas do Cremlin? 2.•) O PCF aceita a alternância de poder'! Ou seja. minoritário, retirar-se-ia do governo'/ Caso a primeira interrogação não seja resolvida. a resposta afirma tiva do comunismo francês à segunda ficaria considerada, pela força da lógica, mera hipocrisia, simples recurso propagandístico. E o que fez o jornalista Jean Montaldo. adversário da tomada do poder por uma eventual coligação das esquerdas na França , no trato de tais questões, crucia is para o futuro de seu país? É o que veremos a seguir.

L' EUROPE

( EUllOBANK)

Como se disse resumidamente na introdução do artigo. se Moscou inílui no PCF. o vozerio propagandististico da aceitação do princípio Seu mais recente livro desenca- das liberdades democráticas deixa deou caso rumoroso. nos refolhos de merecer crédito. transformandodo qual pode esta r a morte do euro- se diante dos olhares - nos quais já comunismo. Trata-se da discutida, cintila uma saudável reserva, de boa controvertida e já célebre obra "l.es parte do público francês - em mera Sécre/s de la Banque Soviétique en prestid igitação publíciuiria.

A pseudo-autonomia dos comunistas franceses

o chefe

Interferência soviética realíza-se através de Banco Ê fato de senso comum que ninguém deixa voluntariamente seu

do PCF, Georges Marchais, tendo à sua esquerda Georges Gosnat. favorecido e,·.,., e· ... - ~as de Moscou

France". "Os segredos do Banco Soviélico na França" projeta uma luz na manobra longamente executada na penumbra. Ou seja, a apresentação de um Partido Comunista "co,n as cores da França", distante e liberto da tutela soviética, metamorfoseado de repente numa agremiação politica autenticamente nacional. Proclama-se ainda o PCF fiel ao inte rnacionalismo do movimento operário, mas sem negar os primordiais interesses da pátria. Os comunistas franceses baseiam. como se sabe, sua propaganda do novo comunismo na difusão de dois pontos principais: 1.0 ) a admissão estável das liberdades vigentes no Ocidente, com a implícita aceitação da a lternância dos partidos no poder; 2.0 ) seu rompimento com Moscou. Muitos analistas vêem nesta nova fase do PCF uma mera manobra tática destinada a aumentar seus membros, seu número de votos e d iminuir, nos arraiais adversários, o pavor, já quase atávico, provocado pela hipótese da ascensão comumsia. 4

rial do comunismo francês. Neste seu terceiro livro. Jean Montaldo explora outro delicado tema: o nde o PCF guarda o dinheiro.

Natura lmente, o PCF não confessa seus laços com Moscou. sua sujeição às diretrizes do movimento comunista internacional. Alardeia mesmo o contr.\rio. E provas tangíveis, imediatas, rombudas. nestas matérias são de difícil obtenção. Conhecem-se alguns indícios veementes. O mais das vezes é o bom senso, o estudo da doutrina comunista confcssadamente internacionalista e fa. vorável ao movimento un itário e a análise dos objetivos políticos convergentes dos vários PCs que levam o observador avisado à conclusão de q ue há um centro universal dcdircç.'io. Entretanto, não foi esta a via escolhida por Jean Mo nta ldo. O escritor francês já se havia tornad o muito conhecido por dois livros anteriores, libelos sérios e fundamentados sobre aspectos da atuação do PCF. O primeiro. " la Fr1111ce communiste", exposição da ação·do Partido nas 18 13 prefei turas nas quais governa sozinho, ou cm coligação. O segundo, "Les Fi11an1·e:.· du PCf~'. descreve o império e mpresa-

próprio dinheiro cm mãos de pessoas e m quem não confia ou, menos ai nda . c m mãos de adversários. Imagine o leitor se qualquer a~igo seu, 4uc recentemente tenha tid o d~savcnça séria com alguém . confiana à gua rda deste inimigo pertences V(I· liosos. Pois é o que faz o PCF. Todas as grandes contas do Partido. dos grandes órgãos que lhe seguem a orientação . como sindicatos e associações fu ndadas pelos comunistas. têm s uas contas no "Banque Commercittle pour /'Europe tlu Nurd" (BCEN). csiabelecimcnto ba ncário no qua l o governo russo dispõe de 99, 7% das ações. subscritas por dois bancos comunistas Ba nco d o Estado e Banco para o Comércio Exterior. Os 0.3% resta ntes estão c m mãos de íranceses que merecem a confiança de Moscou. Que diz ai nda o comba tivo jo rnalist:1? Mostra ,1uc tnl ba nco aceita a penas con1<1s de orga ni,.ações comunistas, comerciais ou não. e de a lguns

poucos paniculares privilegiados; seus empréstimos favorecem, sob condições especiais. muitas das instituições vermelhas atuando no país. E o PCF que, segu ndo informa sua imprensa. mantém relações tensas com Moscou, movimenta no 8CEN seus fundos por meio de contas particu lares pois, previdente e cauto. não tem cx i$tência jurídica na França. Não registrou seus estatutos. como ma nd,i a lei de 1901 sobre as :,ssociaçõcs. Caso advenha algum contra tempo, não perde seus bens. juridicamente cm poder de particulares ou de entidades adrede constituídas. Mas esta pequena digressão serve para realçarmos a meticulosa prudência do PCF. Voltemos ao tema, objeto do artigo. Essas contas disfarçam fundos de procedência inconfessável, que são creditadas sob as mais diversas formas - por exemplo, subscrições, donativos. campanhas de coleta de contribuições para fins específicos. O b:inco permite à Rússia o contr?lc exato e diário do estado finance1ro do Partido. das organizações a nexas e conexas. e evitava tornar público, pelo menos até a publicação d? livro. de que os verdadeiros depos,iii rios do di nheiro do PCF. cm parte Ínllo de contribuições de franceses a lgo enga nad os. são os :soviéticos. O presidente do banco - triste escárnio - é um aristocrata, membro de co nhecida e antiga fa mília francesa: Guy de Boysson. testa de ferro do poder financeiro de Moscou. antigo deputado comunista. Parece ser o verdadeiro patrão o vice-presidente, Vladimir Ponomarev, assistido por outros d1retorcs como Victor Krivocheev, Vlasdilav Suakov e Serguci Vaninc. todos russos indicados pelo Crcmlin.

Um epis6dio que lembra Sherlock Holmes Resta tratar agora da origem dos dados obtidos, em torno dos quais mantém-se rigorosa ,·cscr~a em qu~se todos os países. pois Jª c ntreveJO cm muitos leitores uma aílita e natural interrogação: "Como o escritor conseguiu esse.s dados? O própno banco não os forneceu, é certo . Foi o i;overno? E como se l_iv_rará da acusação da q uebra do s,g,lo banCé) rio?" A resposta a tais perguntas procede do próprio escritor. Dir-sc-ia episódio de Shcrlock Holmcs. Jean Montaldo já havia publicado dois livros sobre o tema, como há pouco foi dito . E explic-.ivelmcnlc pensava co ntinuar suas pesquisas. Em outubro de 1978 conpulsava os dados

sobre os sindicatos e suas finanças. Um dia. por causa de uma 1cmpcstada particularmente violenta, viu·sC forçado ;1 estacionar seu automóvel frente à sede do banco soviético. Os lixeiros esta vam c m greve. Sacolas de lixo enchiam os p11sscios. Uma rajada de vento lançou contra seu a utomóvel uma destas saco las que se arrebentou parcialmente. Espalharam-se na ca lçada "borderõs" e listas de computadores. Ele tomou uma delas e leu: André Wurmscr. Tratava-se de editorialista do L' líu11u111ité. Ele acabava de descobrir a lgo importantíssimo para s uas pesquisas. Havia no local q uase uma centena de sacolas de lixo. Esperou a noitinha, quando levou-as para sua casa. Havia milhares de revelações sensacionais nas sacolas. Operações bancárias no estrangeiro. Conta p CS· soai de 3.500 clientes especiai.,. relatórios. microfilmes. Toda manhã. boné na 1es1a. a barba por fazer. lá ia ele apanhar dez ou doze sacolas de lixo cm frente do banco. cujo serviço de limpeza a li deixava. sem antes picotar seu conteúdo. Tranqüi lamente e dentro da legalidade disputava suas sacolas com mendigos catadorcs ele papel. Esiav(I seguro lega lmente. O que está na rua para ser levado pelo lixeiro ca i no domínio público. Sabendo que os comunis1as o acusariam de roubo. a lgumas vezes .se fez acompanhar por testemunhas. Um d ia, encontrou numa das sacolas a lista de identificação dos 3.500 clientes espeâais antes conhecidos apenas por código. Por negligência. o banco soviético forneceu ao lo ngo das semanas ao jornalista as provas que procurava. E Jean Mon1aldo afirma: "O easo está apenas rc>nu1ç,1ndo. Tenho ainda 11111it(IS sacolas de lixo". O PC mostra-se desconcertado. Aparentando sangue-frio, reage com voz pausada. afirmando que houve roubo e que o a ut or scni processado. Os socialistas, desejosos de oportunidade para reativar a União das Esquerdas, mantêm-se discretamente à distância do caso e fi ngem não ter dele senão conhecimento nebuloso e impreciso. Balbuciam alguns comentários e só.

A denúncia sacudirá a apatia da opinião pftblica? Está cm xeque a cred ibilidade do fulcro da política comunista dos últimos anos. E os respingos da acusação caem também sobre os PCs da Itália e da Espanha. A opinião pública. e isto dá-se mais na Eu ropa do que na América Latina. é lenta em tirar conclusões de acon1cci mentos deste gênero. A acusação de Jean Mon1a ldo não é direta. reclama um pequeno encadeamento de raciocíni os e hipóteses até deduzir que há um embuste nas ma no bras eurocomunistas do PCF. O processo desencadeou-se nas mentalidades. Até onde a dúvida. agora corroborada pela publicação do "Les Sécrets de 111 Banque Sovié1ique en Fr"11ce" vai caminhar no espírito dos franceses, transformando-se cm desconfiança aguda, próxima à certeza'? Chegará à certeza plena cm mentalidades cansadas e confusas. como que anestesiadas por uma apatia genera lizada, e hoje seduzidas pelos can1os de sereia e ntoados por curocomuniscas? Eis a i uma pergu nta c rucia l para a determinação dos rumos futu ros da Fra nça. A polêmicas cm torno do caso atuará como cata lizador da cristali7.ação popular? O u - o que parece mais provável pelas noticias de que se dispõe - a campanha de silêncio das esquerdas a mortecerá as vivas reações provocadas pela publicação? De q ualquer forma, o curoeomunismo recebeu fone es1ocada no seu nanco débil.

Péricles Capanema


INDIFERENÇA QUE PRESSAGIA A CATASTROFE M ARTIGO publicado na "Folha de S,io Paulo" cm 18/ 11/78. o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira assim comenta a charge que vemos nesta página:

E

"De u m amigo de Kansas City recebi 1011a "charge" e111 três quadri· 11hos (do Lawrence Journal· World. de / ) de outubro p.p.). No pri111eiro. un, ho,nen,. paret·endo jâ algtun tanto av1Jnç<1do e,n corpulência e idade. sentado 11w11a poltrona (JS· siste 1w televisão <1 1u1u1 partid(J de futebol. Sua fisionomia indic(J aten-

ção. ,nas seu ('Utpo esuí t·onforu1-

movida pelo nazismo. escreve .Jean Cau: ·• E eu ,ne pergu,110 se a e,noçtio s uscitada no ocidente pela p rojeriío do filn1e "Holocausto" não é 1a111bén1 a inconsciente e cole1iv11 tradu .. ~-ão de um imenso desconcerto con· te,npurôneo. e co1no de u,na i,npoténdt1 que nos paraliso ante 1111111 a,neaça. Esta. por su11 vez, nzun horizonte cad11 vez mais próxin10. levanta suas nndas l'tula vez ,nais LA IVRENCE J OURNAL, WORLO

Essa maneira de encarar o presidente dos Estad os Unidos mostra bem a falta de confiança que se vai generali1.ando cm relação àquele pais em sua posição de líder e principal defensor do mundo livre contra o avanço comunista.

"Então. 110 Ocidente em geral, na

Frt1nça em par1icular. estende-se unw 1oallw de nwl-estar. E de m,gústia. As questões .te rornan, bruscmne111e se111 resposta: O.f proble11ws erram

Frlcfay, October 13, 1978 Page

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velme11te distendido. No segundo qu(Jdrinho. o aparelho co1110 que e111ite vibrações invulgares. E dele parte dizeres a11uncüu1do que arrebentou a terceir(J guerra 1111t11dial. O

ho1ne111 continua absoluu1r11en1e na m es111a posição. No terceiro quadri· li 1ele1nissora retorna à apre· se11tação da jogo. e o ho111em ainda

se escreve nesses dias en, ,11111Jria de política e de História ".

da penúria insuporuível. o tias anar· quias suiddt,s?". pergunta o jornalisE como reage o homem ocidcn· 'ª francês. tal diante de ta l situação? Opressão, pobreza ou desordem. "A esta leitura hru111I ,u1o e.\ 'UtM Talvez as três juntas. Eis a perspec,nos aind<1 habituados. Pndenzos ter tiva que se abre diante do homem rnedo de dec{frar neft, ti s<•n1ençll que ocidental, mole, sonolento, amigo signiflc/J sej11 11 nossa decadência, do bem-estar e do conforto. Natural· seja o fim de nossos sonhos. E: se mente, ele não pensa cm resistir. <Juere,nos no.t salvar. ela nos aponta Salvo raras exceções, os ocidentais també111 a <·attílogo imenso de e.ifor- estão dispostos a se entregar ou a ços 11ecessârios. flélas ! !'ara reali· fugir.

zar esses esforços 11ossos 111úsculos esttio amolecidos. pois a prosperidade desses vinte e cino anos os revestiu de gordura e nossas cabeças estão ainda so11oras das demagogias que nos p rometiam a idade de ouro de todas tis seguranças e de todos os confortos".

nho.

Para onde irão os ratos?

conti11utJ na rnesnw posição. "Assin, irrornpeu. ,w tarde tran-

A prosperidade econômica e a vida confonávcl dela decorrente. o apego aos bens terrenos amoleceram os músculos e as vontades, incuti· ram o horror à luta e i, tendência à capitulaç.'io. Resta saber por que meios essa entrcg~ se dani. "Cont t/llf! sen.•,nvs c()111i• dos? Com o de nossa 1/,q·r"vidão. o

qui/(J desse.fictício telespectador, 11111 aco111ecime1110 capaz de envo lvê-lo subiuune111e e111 tuna tragédia arôrni· ca. de arruinar seu ptlts e de 1nudar durtmte séculos a direção da humll· 11idflde. Mllis ainda. capllz de afasu,r para sempre - ou de impor para sempr.- - a p erspectiva da domi· ,wrão con,unista no 111undo inteiro. Nllda disso afeta. "(Jhoriu,. ahorit(J" (como dizem a111ig os m eus do Equll· dor. Col6111bia e Venezuela). a tllrde trll11qüila do especwdor. E por isso ele nern se ,nove. "Bem entendido. tfll mentalit/(Jde não é peculiar só ao Kansas. ne,n só aos Esl(Jt/Os Unidos. Mas se estende a largas .faixas populacio· nais do 11111ndo inteiro. Abrllnge l(lmbém llmplos setores de S,ia Pau· lo; ern Stlo Paulo abrange niíu n1e11ores setores de fligienôpolis. onde n1oro. e não se esgueira em n,i,n talvez pelo meticuloso cuidado que tenho e111 preservar ,ninha ,nentalidade da infiltração de estados de espírito desse gênero. " Exe,11plo cara,·terístico de tal m entalidade é a atitude de forte p orção da opinião pública. à vista da situação em que sucintmnente os jornais nos apresen1ara111 a Pérsia',.

E o artigo prossegue analisando a pouca reatividade da opinião pú· blica ocidental ante a situação reinante no Irã , tal como ela se apresentou hâ alguns meses atrás.

Para onde conduz a modorra? Este estado de apatia, de indiferença, de fa lta de vontade de lutar, diante de um perigo que se torna cada vei mais notório tem sido repetidamente denunciado não só pelo ilustre Presidente do Conselho Naciona l da TFP, através de seus artigos na imprensa diária. como também pelos colaboradores desta folha. Tal modorra mental vem se acentuando tanto que qualquer pes· soa dotada de in teligência, lucidez e certa capacidade de observação, po· de perfeitame nte percebê-la em torno de si. E se for um colaborador de algum grande órgão da imprensa internacional, terá então possibilidade de da r ampla divulgação ao resultado de suas observações. Foi o que fez o conhecido jornalista francês Jean Cau, cm artigo publicado na revista "Paris Match", cdiç.ã o de 2 de março deste ano. Tanto o titulo como a epigrafe que o precede são bastante sugestivos e indicam a tônica que o autor quis imprimir a seu comentârio: "Guerra na Ásia. Guerra Civis 110 Oriente e na África, 111as ... Épelo Ocidente que os sinos dobram",

As agitações se localizam alhu· res. porém o alvo a ser atingido é o pouquíssimo que resta daqui lo que outrora foi a civili,.ação ocidental e cristã. Estabelecendo urna comparação entre o atual estado de espírito do Ocidente ante o perigo comunista e aquele que se observava entre os judeus. pouco antes da perseguição

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"U111 rato do Ocidente 11,e per· gu11u1vo outro dia: "Co,110 abandonar o navio? A onde ir? Para o Canadá? Pilra a Austrâlia?" Seu pânict> aloucado não pensava sentio en, 10110 solução: a fuga. Era apenas ton roto. dirti algué,n: 1nas todos sabem que esse aninw/ possui pro• <:edi1nen1os que se parece,n estrtr-

nluunente con, os tio ho,ne111··. observa Jean Cau. Uma questão de co nsciência: poderemos nós, católicos. ser cúmplices dessa falta de combatividade ante o maior inimigo da Igreja e da civilização cristã cm nossos dias? Obviamente. não!

Júlio de Albuquerque

Dado ao bicho o que é devido ao homem

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altas. Já viit> ruindo os nossos parap eitos. Ora. eis-nos aqui. e111 1979. dotados de w11a notável lucidez retrospectiva diante da ascensão do nazismo e Jazendo o papel de gran· des leitores dos sinais que a11w1âa111 os terrores e os apocalipses".

O homem ocidental, muito perspicaz hoje para perceber o perigo do nazismo de 40 anos atrás. encontrase tão obnubilado ante o perigo comunista atual quanto ao judeu daquela época diante do perigo nazista. Prossegue Jean Cau: "E se o Ocidente fosse. e111 1979. igual ao j udeu de 1933 que não chegava a crer que o presente que ele vivia acurnulava por ci,na de sua cabeça nuvens de morte? [... ] Nossos brados - u11unc11 f'nais isro!" - são dirigidos ao negro espantalho 11eo11azis1a. ao passo que por detrâs de 11assfJs costas cresce 1011a so111bra <·olossal e vennclha. (Jrmoda de um cassetete pronto a se abater sobre nós. Sere,nos es11wgados enquanto estivermos todos ocupados a lutar contra. .. }/ · 11. Ier.?"

Preocupado com uma ameaça que praticamente não ma is existe, o Ocidente volta as costas para o seu provável algoz.

"O mundo ocidental estã sem lideres" Ao iniciar a descrição de um quadro gera l de instabilidade polí· tica e de turbulências variadas cxis· tentes por toda a parte, Jean Cau refere-se com sarcasmo ao gover· nantc norte-americano Jimmy Carter: "Nos Estados Unidos representa· se a peça "A nwlher se111 cabeç(J" naquele teatro que é a Ca.ta 8ra11• ca... O principal papel é ali represen· tado por 11111 ayato//al, da Geórgia, piedosamente batista. cuja suavida· tle transviado não é igualável senão pelo fa11a1is1110 i111placável de seu ho,nólogo ira11ia110".

nos labiri1110.1. [ .. .] Qut,I o sino de a/ar,11e fJ tocar. e para alertar que salvt,dores?"

A constatação torna-se inevitável: o mundo ocidental está sem lideres, não tem a quem recorrer diante da investida vermelha, e, pior do que tudo, encontra-se decadente e sem vontade de lutar.

A prosperidade e o conforto amoleceram os homens Prossegue J ean Cau: "A decadencia. diz Denis de Rouge111on1. se manife sta quando os povos não dizem mais: "o que fa· zer?", ,nas: "o que vai ser de nós?" Esta,nó.\' nesta situ<J(:ão. Jmnais, de alguns anos para câ. o sc1 11rilnenro de catástrofe .foi :í:;; genfralizado. tão palpável. rondou pelos espíritos de tal maneira".

"A era das negociações e das co111e11das ideológicas parece cheg(Jr ao fim. As disputas 1ende111 a ser resolvidos p ela guerra econô1nica ou por ações armadas. O futuro já não é 1nais apresentado co,no u111 ,nito que co111é111 todas as esperanças. nem o passada com.o algo a ser rejeitado e desprezado. "Assistimos 01611itos a esse prodígio: a revolução do Irã, p roferi11· do 1111w palavra ob.tcura111i.,1a e vol· tando para trás nos caminhos da flis tórit,. Mesmo o 111ito do "dia de amanhã que canu," está fora de circuito. O lsi<i. para tornar febris os. povos. t,pela para o passado e vo1nita aquilo que lhe foi oferecido c:01110 futuro. "Mas. por detrás das vacuidades dos discursos e do desabar das ideologias aparece esta verdade que pesada111ente avança e que não ousa· m os ainda olhar de frente: a vonta· de de poder e de força estão e,11 vias de reger as relações entre os conti· nentes e os povos. [ ... ] A política discursiva se torna unr luxo ou u,na encantação, e é un111 du'ra prosa que

1'

N

A ENC(')STA da Serra dos Cristais. entre São Pau lo e Jundiaf, a meia hora da capital paulista encontrase uma nova coJ6nia de férias. <Chama-se Zoo1el e seus hóspedes são cachorros, {:atos e outros animais domésticos. Na saída de Brasília para Goiânia há também um hotel pnra cães. Um veterinário e uma equipe de funcionários assistem continuamente os bichos "hospedados·• naquelas casas. São esres objeto de ,erimoroso tratamento: alimen· lação especial, banhos, passeios, "descanso" e carinho. Em Belo Horizonte. um menor assaltou a casa de uma professora . Embora esta não tenha resistido, o dc)inqllente assassinou-a brutalmente. Ao assaltar outra casa, o mesmo homicida foi atacado por um cão pastor, no qual ati.rou e fugiu. O "Estado de Minas", considerado o · mais im• ponante jornal mineiro, noticia o fato concedendo à pobre professora, a $implcs menção de que foi mo.rta. Mas o melhor da notícia - título, grande fotografia . e a maior parte do texto - é .dedicado ao cachorro. que foi transportado para um hospita 1. onde recebeu uma assistência que talvez não fosse conced ida à pobre professora. se esta não encontrasse o trágico fim que lhe sobreveio. Não pense o leitor que se tra· ta de extravagâncias de pouca . moJtta. Na verdade, hoje em dia, sopra um inex plicável vento de 'desvelo para com os animais. E esta ventania varre os países ocidentais, levantando urna intensa poeira publicitária.

• • • Vejamos ma is alguns fatos. Na França realizou-se uma "Jornada mundial dos a11il11ais".

E em favoc dos menores desamparados. 0\1 cm prol dos infelizes fugi tivos do Vietnã abandouados à própria sorte, por que não há o mesmo ernpcnl10 em se organizar congressos mundiais? Mas o disparate não para aí. Uniu-se a ele a blasfêmia, o que é ainda mais grave. A associação "Notre-Dame-de-Toute·Patrie" fez celebrar uma Missa pelo.s animais maltratados. Durante o sermão o pre-

gador exaltou o dever do respeito que se deveria ter aos bichos. E os homens? Por (tue hoje cm dia tanto se silencia sobre a incomensurável superioridade dos homens sobre os animais? Não foram estes criádos por Deus para o serviço do homem·/ Não é pois um direito l1umano, que aos bichos não seja dado um tratamento devido somente ao ser in· tcligcntc, racional, dotado de alma imortal? · E, sobretudo, não é direito do homem que não lhe seja concedido um tratamento próprio aos animais? Considere o leitor a seguinte noticia publicada pelo "New York Times".

Nos Estados Unidos, o índice de suicídios de crianças. em idade variando de 10 a 14 anos. aumentou de 32% cm 1978 cm relação ao do ano anterior. O atentado éontra a próp1ia vida, hoje em dia, já figura como a terceira maior causa mortis entre crianças e adolescentes. "Os pais com Jreqüincia procura111 i11ve11tar história de aci· dentes para ocultar a verdadeira causa da ,norte dos filhos" - diz

o Dr. Mominick Oi Maio, de Nova York. Um menino estoura os miolos com um tiro de revólver, e para os pais, estava "brincando de roleta russa". Outro atira-se de um ediflcio e a alegação é de que escorregou do telhado. Para os especialistas, entretanto, a causa do suicídio infantil nos Estatlos Unidos 6 a solidão e o desamparo cm que vivem mi· lhares. ou talvez milhlíes de crianças norte-americanas. As~im, no mundo moderno vai aparecendo à lui do dia este paradoxo inexplicável: enquanto um a benevolência exagerada protege e ena ltece os animais. seres humanos recebem uma atenção e cuidado insignificante. ou pelo menos insuficiente. Assim , no mundo moderno. a pretexto de proteção e piedade para com os animais, viola-se um direito fundamental do ser humano: o de dar ao bicho o que é devido ao homem. e a co111 rario sensu, ao homem o que é proporcionado ao bicho.

Arnóbio Glavam 5


NA GUINÉ EQUATORIAL, OPRESSÃO E TERROR "DIZER QUE o p_aís é o ca,npo te caiu de 663, em 1967, para cerca de concenrração da Âfrica é apenas de dez, em 1978. a constatação de um fato". Na capital, Malabo, a eletricidaTal acusação não se refere à de funciona de maneira muito irreUganda do deposto ldi Amin, como gular. Água só é fornecida durante se poderia supor, mas a uma pouco uma hora por dia. O Banco Nacioconhecida ex-colônia espanhola: a nal está fechado desde que seu direGuiné Equatorial. pequeno pais en- tor foi publicamente torturado até à cravado na costa ocidental africana, morte. O correio lambém não funpouco acima da linha d o equador. O ciona. comentário é de um dos poucos ociMalabo, afirma Klinteberg, dá a dentais que conseguiram penetrar impressão de um lugar assolado pela em seu território nos últimos anos, peste. Há pouca comida, a maioria fazendo-o com grandes riscos pes- das lojas está fechada e nas que soais. permanecem abertas os preços são Trata-se do Dr. Robert Klínte- exorbitantes. berg, antropólogo sueco, com 16 É preciso permissão oficial até anos de experiência em q uestões de para comprar um pedaço d e sabão. refugiados na Europa, Ásia e África. Relógios de pulso. óculos e artigos Foi ele encarregado pelo Fundo In- do gênero são coisas do passado. ternacional de Intercâmbio Univer- Numa tentativa de ressuscitar a comsitário. com sede cm Genebra, de balida economia, Macias introduziu elaborar um relatório sobre a Guiné o trabalho escravo. Vinte e cinco mil Equatorial e estudar a situação de forçados não recebem nenhum paseus fugitivos. gamento para urn trabalho de doze Segundo Klinteberg, aquele é um horas por dia, durante os 365 dias país o nde pessoas têm sido enfo rca- do ano. das ao som de músicas populares. Não há assistência médica . Os Os prisioneiros são decapitados e Ministérios da Educação, Construsuas cabeças apodrecem à vista do ção Popular, Agricultura, Saúde Púpúblico. Dez dos doze ministros do blica, Eletricidade e Recursos Natugoverno na época da independência, rais não dispõem de verbas orçahá apenas uma década, foram exe- mentárias e estão sem funcionar há Bissau é dar-lhe de comer um prato cutados. Um destacado político da muito tempo. EM POUCO MAIS de quatro dência da Guiné e Cabo Verde oposição morreu de gangrena depois Macias, além de ser o Presidende arroz. a nos, desde a independência de Gui- PAIGC. Ex iste no país uma burocracia de ter os olhos arrancados. Possi- te, exerce as funções de Ministro da né Bissau, 70 mil pessoas desse pais O vazio do poder criado pela velmente, mais de um terço da popu- Defesa. da Segurança Naciona l e do foram mortas ou presas em campos saída dos colonizadores lusos e a fal- espantosa, paralisante: tudo foi na- lação de 310 mil habita ntes optou Comércio. Vários de seus parentes e de concentração por obra de neoco- ta de um quadro preparado para. cionalizado, tudo é conirolado pelo pelo exílio, inclusive os intelectuais compa nheiros de aldeia ocupam poslonialismo russo, afirma uma repor- assumir o governo, foram aprovei- governo. Todo o comércio foi esta- sobreviventes. tos no Ministério de Relações Extetagem da revista "Genre", da Itália, tados pelos revolucionários. Com a tizado. especialmente a importação Presidindo ao descomunal masriores, Informações e na Casa Micitando declarações de um refugiado ajuda russa e cubana, o PAIGC im- e a exportação. sacre descrito, emerge a figura sinislitar. No me rcado faltam óleo, sabão, pôs à força um regime de "di1adura bissauense em Lisboa. tra de Francisco Macias Ngucma, Desde que Macias se proclamou "A nossa ruína - diz o fugitivo popular" muito semelhante à exis- arroz, peixe, remédios e carne. A que se autoconcedeu 46 títulos, proPresidente perpétuo, em 1972, todos - está no Jato de que durante a tente nos países comunistas do Leste organização estata l não funciona. ao clamando a si próprio de "O único os cultos rclig,osos foram obrigados contrário do que sucedia durante o guerrilha antiportuguesa Jo,nos aju- europeu e em Cuba. a propagar o slogan: "Deus criou a dados quase exclusivamente pelos Hoje, a ex-colônia portuguesa regime de livre iniciativa. hâ tempos milagre". russos: mas agora a desilusão é tal geme sob um regime tirânico e atrás. Os sovié1 icos fizeram um acordo que o povo ten, saudade do colonia- opressivo. Pois o PAIGC segue uma clara linha socialista, desastrosa pa- de pesca com a Guiné-Bissau. Chelismo de Portugal". ra a economia e para a liberdade do gam com seus barcos frigoríficos e qua ndo estão cheios de peixe re to rpovo. • • Em Lisboa pode-se encontrar nam para a Rússia. Os guincanos vários mcm bros da oposição ao regi- nada recebem cm troca, a não ser Guiné-Bissau possui uma popu- me dominante, em geral fugitivos uma simples saudação de despedida. lação de 950 mil habitantes. Situa-se que lograram deixar o país africano Há cerca d e 2.500 russos e cubana orla atlântica, a Noroeste do antes de serem presos. A União Pa- nos na Guiné-Bissau . As embaixa) continente africano, limitando-se ao 1riótica Antineocolonial da Guiné- das no país são quase todas de reginorte com o Senegal e ao sul com a Bissau (UPANG) é a organização mes comunistas; Portugal e Estados Guiné (Conakri), ex-colônia france- que os aglutina. Unidos são as únicas exceções. O sa hoje sob regime comunista. Afirmam eles que a situação em jornal oficial do partido ;, No PinA independência de Guiné-Bis- Guiné-Bissau piorou muito com a clw", que quer dizer "avante", publisau foi reconhecida a I.º de setem- presença dos soviéticos e cubanos. O ca com especia l cu idado os aniversábro de 1974 pelo governo portu- PAIGC não difere cm nada de um rios dos dirigentes marx istas, as viaguês instaurado pela revolução de 25 partido comunista e os guineanos se gens de membros dos PCs a países de abril daquele mesmo ano. O país tornaram escravos do colonialismo do bloco socialista, como tamt>ém passou então para o controle do russo-cubano. artigos-realejos exaltando as pretenPartido Africano para a lndepenO nível de vida piorou muito, sas conq uistas do socia lismo na seja do ponto de vista da alimen- Rússia e em Cuba. tação como da assistência médica e Um fugilivo acrescenta que oreFrancisco Macias, ditador da 6ulnê Equatorial, sanitária. Faltam remédios e os mé- gime comunista de Guiné-Bissau eliconverteu a Catedral de Santa Isabel em dep6slto de armas dicos russos e cubanos estão ao ní- minou toda a liberdade, excluiu vel de enfermeiros. Há dezenas de qualq uer possibilidade de expressão casos de pessoas q ue morreram em e de a tividade. Exatamente o contráAté hoje, pouco se sabia a respei- Guiné Equatorial graças a Macias: seguida a uma intervenção cirúrgica rio do que o Genera l Espínola, e m to desse país africano. sem Macias a Guiné Equatorial não MENSÁRIO mal feita. Klinteberg afirma que em 1965, existiria'?. 1974, afirmava e garantia como com aprovação cc.lt$iás1ica "Te111os sido salvos pelos Esta- sendo a via norma l da descoloniza- três anos antes da independência, a Numa população com 60% de CAMPOS - ESTADO 00 RIO dos Unidos que nos envia111 cereais e ção: Poriugal concederia indepen- renda per capita da então colônia católicos, os sermões são submetioutros alimentos. Se não rece/Jêsse- dência às Províncias Ultramarinas, e espanhola alcançara 430 dólares. a dos à censura. Os Padres desobeOirelor 1nos esta ajuda creio que já tería- estas floresceriam na qualidade de mais alta da África negra. dientes foram presos, e, cm alguns Paulo Corrh dt Brito Filho 1nos 111orrido de Jo,ne", afirma o re- novas e ptóspcras repúblicas. QuanO a nalfabetismo e ra de apenas casos. executados. Oirtroria: Av. 7 de Sctecnbto 247, cai• fugiado. 11% da popu lação e a taxa da morPosteriormente. as cerimônias reta decepção para alguns' xa p-0stal 333, 28100 C•mpos. RJ. O maior presente que se pode talidade infantil a mais baixa do ligiosas, nomes cristãos, funerais. oferecer a uma pessoa na GuinéEduardo Teixeira continente. baiismo, educação religiosa e ofeAdmini.flraçio: R. Dr. Martinico Pra· do 271, 01224 Silo Paulo, SP. Depois de 1969. as exportações rendas de esmolas foram proibidos. de cacau , das qua is o país dependia No ano passado. o ditador declaComposto e impresso na Artprcss maciçamente, caíram a um décimo rou a Guiné Equatorial um "Estado Papéis e Anes Gráficas Lida. R. Or. do que era .antes da separação da au,u " e ex pulsou todos os religiosos Martinico Prado 234, 01224 S. Paulo. Espanha. O mato dominou as plan- que restavam no pa ís. Assinatura anual: comum CrS 300.00: taçôcs abandonadas e os frutos apoNo decorrer de 1974, fracassacooperador CrS 600.00: benfeitor CrS dreceram nas árvores. Ocorreu com ram d iversas tentativas de depor o 1.000,00; grande benfeitor Cr$ 2.000,00; a madei ra e o café, outros importan- governo, sendo os descontentes preseminaris1as e estudantes CrS 250,00: Am~rica do Sul, Central e do Norte. tes produtos de exportação, o mes- sos e executados. Ponugal e Espanha: via de supcrficic mo que sucedeu com o cacau. Para evitar o êxodo da popuUSS 36,00, via aérc~ USS 46.00: ouMacias proibiu a posse de bar- lação. Macias proibiu os habi1an1es tros países: via de supcrficic USS cos, a fim de deter a fuga da po- de deixarem o país. O que não impe40.00. via aérea USS 46,00. Avulso: CrS 20.00. pulação e, ao mesmo tempo, conce- d iu a fuga de mais de 120 mil pesdeu à Rússia o monopólio da pesca soas. no início de 1978. cm troca de créditos. Como resultaO relatório de Klintebcrg 1ermiOs pagamentos, sempre cm nome de do, entrou cm colapso a produção na acusando o Vaticano, o governo Editora Padre Btkhior de Pontes pesq ueira. S/C. podêrão ser encaminhados à Adespa nho l, as Naçôes Unidas. a Coministr3ção. Para mudança de endereO relatório de Klinteberg acres- munidade Econômica Européia, inço de assinantes é ncccs.sário menciocenta que existem poucos veículos teresses comerciais franceses, a União nar também o endereço an1i,o. A cor• ern funcionamento no pais. Não há Soviética. Cuba e a China de serem respond!ncia relativa a assinaturas e ônibus, laxis ou qualquer outro tipo panicipa ntes da conspiração de sivenda avulsa deve ser enviada à de transporte público. As oficinas lêncio que se estabeleceu a respeito Adminjstraçio mecânicas e postos de gasolina estão d o que ocorre naquele infeliz pais RUA SÃO LEOPOLDO, 101 - FONES: 93-6959 - 93-0368 R. Dr. MarUnico Prado. 271 fechados. africano. 01224 - Sio Paulo, SP O número de navios que aporSÃO PAULO Carlos Sodré Lanna tam na Guiné Equatorial anualmen-

GUINÉ-BISSAU TEM SAUDADES DOS PORTUGUESES

e,~

...

Fotolito Grafa Ltda.

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COMBATE CONTRA O DRAGÃO M FATO HISTÓRICO é a origem da mais antiga festa popular da Alemanha - o" Dr(lchenstich", ou a "estocad(I no dr(lgão", a qual vem se repetindo desde cerca de 500 anos na cidade fronteiriça de Furth im Wald , na Baviera. Ela remonta ao ano de 1431, quando os exércitos do Sacro Império Romano Alemão lutavam contra as ho rdas seguidoras do heresiarca boêmio João Huss, precursor do protestantismo. A imaginação popular sublimou o fato histórico, e o transformou em legenda. E assim ele nos é contado hoje.

U

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Era uma vez uma princesa que habitava o castelo da cidade de Furth .im Wald. Seu pai, o rei, havia partido para a guerra, para enfrentar os adeptos de João Huss. As batalhas se travavam nas proximidades e o clima reinante no lugar era de gra nde inquietação. Numa tarde, estava a bela princesa na torre do castelo, quando viu chegar a tod o galope um mensageiro. Trazia este a péssima notícia de que os exércitos imperiais haviam sido derrotados e postos em fuga pelos hereges. E para cúmulo dos males levantou-se de an tros recônditos da floresta um enorme dragão, o qual vomitava fogo pela boca e vinha devorando a quantos encontrava pelo caminho. Os camponeses católicos, aterrados pela ferocidade dos hussitas e pela aparição infernal, abandonavam suas terras e dirigiam-se ru ,no a Furth, juntamente com os soldados gravemente fc. ridos. Penalizada com a sorte dos refugiados, a católica princesa mandou abrir as portas do castelo e abrigou-os em seu pátio interior, o qual era protegido por sólidas e majestosas muralhas. Mal as portas levadiças foram alçadas, um urro cavernoso vindo de longe sacud iu as paredes do edifício. A prinO cavaleiro ataca. o dragão ruge e lança fogo pelas narinas. Os alemães de Furth lm Wald revivem cinco séculos de tradição local.

No final, o cavaleiro Udo casa-se com a princesa

cesa e o povo acorreram às muralhas, e virarn o monstruoso vulto que se aproximava. Era preciso combater o dragão. Os guerreiros já não aguentavam, pois estavam todos feridos, alguns quase à morte. Varão, na cidade não havia naquele n1ornento, pois todos os homens tinham ido socorrer os soldados em guerra. A princesa decidiu , ela mesma, ir dar cabo

do dragão e assim sa lvar seu povo. Armou-se, rezou, montou nurn belo cavalo branco ajaezado de ouro e prata, e saiu ao encont ro do ,nonstro. O dragão , vendo de longe a princesa, soltou um urro tão pavoroso, seguido de baforadas de fogo e fumaça, que o cavalo assustou-se, ernpinou e partiu em disparada. A princesa foi lançada ao chão, ficando à mercê da fera .

Os aldeões, que das muralhas observavam a cena, suspenderam a respiração de pavor, antevendo a sorte da princesa. Muitos se prostraram por terra, pedindo o socorro da Virgem Maria. No último instante, chegou o pai da princesa - o rei - acompanhado de um cavaleiro, Udo. Percebendo o perigo, os dois cavalgaram a toda velocidade cm direção ao dragão. Enquanto de um golpe o rei en laça sua fi lha nos braços, colocando-a na garupa de seu cavalo, o cavaleiro Uélo avança a rédeas soltas contra o n1onstro c desfecha-lhe com sua lança um golpe fatal. O dragão urra e solta fogo pela boca, de onde o sangue escorre em abundância. O cava leiro investe por sete vezes, e o monstro por fim sucumbe, tombando ao solo. Sua queda é tão violenta que faz a terra tremer. Das n1uralhas do castelo partem gritos de alegria e brados de emoção. E o bom povo que saúda e chora, agradecendo a Deus vitória tão fulminante. Os sinos das igrejas repicarn, e a multidã o corre ao encontro do rei, da princesa e do cava leiro, aclamando-os festivamente. O rei , cm sina l de gratidão, dá ao cavaleiro Udo sua filha em casamento e o faz herdeiro de seu trono.

* * • A partir daí, o feito passou a ser comemorado anua ln1ente crn Furth im Wald , por ocasião da festa de Corpus Christi. Mas desde 1886, o festejo foi transferido para o segundo domingo de agosto.

Nesse dia , milhares de pessoas desfilam pelas ruas da cidade, num cortejo histórico que repete aquela avalanche tumultuosa de sobressaltados can1poncscs. Depois é encenado o encontro do cavaleiro com o dragão de 18 metros de comprimento que solta fogo pelas narinas e rugidos espantosos (foto acima). Po r fim, ocorre o casamento do cavaleiro Udo com a princesa (foto ao lado). Tudo num cenário evocativamente medieval e embebido em louçania católica.

*

Festas como estas ex isten1 às centenas, não apenas na Alemanha, mas em toda a Europa católica, cujas origens ren1ontam à Idade Média, época em que - como diz Leão XIII na Encíclica "hnn1or1ale Dei'' - "(I filosofi(I do Evangelho govern(lva os Estados". Al tamente formativas - p.ois são aulas vivas do passado de um povo, ou representações de valores que determinada população prezou e praticou - tais festas proporcionam alegria si rnples e ten1perante, fruto do frescor da a lma de homens fiéis a uma tradição milenar de austeridade cristã. Da louçania de uma gente que compreendeu que a vida quotidiana não deve comportar os prazeres frenéticos da sociedade neopagã de nossos dias, mas sim o entretenimento cheio de sadios valores culturais e religiosos em que se realça m os feitos heróicos da história de um povo. E que, por isso, alcança já nesta vida o grau de felicidade que ncnhun1a droga, bebida ou disco1ec(I podem proporcionar. 7


.AfOJLICMSMO

A TFP PEDE: AREJAMENTO, VOZ E . VEZ Entrevista do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira A PRESENTE ENTREVISTA do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira , Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, foi publicada em "O Globo .. , do Rio de Janeiro, em 15 de abril p.p. •·catolicisn,o"' julgou oportuno publicar o texto integral enviado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira àquele diário, que amputou arbitrariamente os tópicos que vêm abaixo em negrito. P elas raiões expostas abaixo, pareceu-nos que o pronunciamento do insigne pensador católico apresentaria grande interesse para os leitores de nossa publicação. A sugestão feita pelo Presidente do C_onselho ~aciona_l da TFP, de se dar nova vida aos grandes congressos de mtelectua,s católicos - eclesiásticos e leigos - a fim de debater à luz da doutrina da Igreja os assuntos candentes da atualidade, apresenta um alcance p rático que merece toda a atenção. Pois dará voz e vez, junto à opiniã~ pública de no~o País, a personalidades e correntes presentemente margmahzadas por nao conc_o~darem com muito do q ue se diz e do que se faz em modernos arra1a1s católicos. A sugestão d o ilustre intelectual brasileiro importa em acl_ara~, cm arejar e em franquear ao conhecimento geral as.5unt?s doutrmár~o~- e problemas concretos até aqui insuficientemente _conhecidos pela ?pnnao pública do nosso País. E sempre com a preocupaçao de manter a ma,s exata fidelidade ao ensinamento tradicional da Igreja. /) Co,110 analisa a gestão que se encerra da CNBB? O que considera positivo e negativo 110 ação da Igreja no Brasil nos úhimos an_os? . R. - Não d eseJO apreciar aqu, cm sua globalidade, a atuação da CN BB ao longo da gestão que agora se encerra. Circunscrevo-me à linha

grais, sua plctora de recursos publicitários, sua vasta coorte de agentes velad os, de simpatizantes e de inocentes-úteis. tudo com vistas a tra nsíormar esses problemas cm fatores de luta de classe. De onde um impressionante perigo para a civili1.ação cristã no Pais.

"A CNBB.. . deveria ter convocado nos principais centros do País a intelectualidade católica - eclesiástica e leiga - para congressos, cursos e semanas de estudo em que todas as tendências pudessem exprimir-se". de ação dela face a um tema q ue ocupa uma posição eminente - ou melhor, supereminente - na conj untura brasileira destes anos. Como todos sabemos, vão se tornando cada vez mais graves entre nós os problemas sócio-econômicos. De outro lado, o comunismo mantém c m consta nte atividade seus minguados q uadros de adeptos inte-

Em suma, uma problemátka SÓ· cio.. econôn1ica séria, que urgiria re· solver com cabeça fria, justiça, eqüidade e caridade, ainda que a pressão comunista não existisse. E, encastelada ne.~es problemas, a conspirata quente dos comunistas, a qual os utiliza como pretexto capital de luta. Isto a tal ponto que, se a questão social não existisse, o co-

Monsenhor Doutor Benigno Britto Costa O SANTO PADRE João Paulo li dignou-se nomear Prelado de Honra de Sua Sa nt idade Mons. Dr. Benigno Brítto Costa, Professor do Seminário de Campos e Capelão do Mosteiro da Sa nta Face e do Puríssimo e Doloroso Coração de Maria, da Ordem do Santíssimo Redentor. O aio do Sumo Pontífice vem coroar u ma vida sacerdotal cheia de méritos, porquanto Mons. Benigno distinguiu-se sempre como modelo de sacerdote, empenhado na própria santificação e absorvido pelo zelo da salvação das almas. Na presente conjuntura, em que, na frase de Paulo VI , a

fumaça de Satanás tenta corromper a integridade doutrinária e a pureza da moral cristã, Mons. Benigno irradia uma contagia nte firmeza de convicção na Fé tradicional que dissipa as ambigüidadcs por onde o erro e a heresia tentam infiltrar-se entre os fiéis. Em Campos, beneficiam-se especialmente de seu zelo apostólico o Seminário Diocesano, onde leciona Sagrada Teologia, e o Mosteiro das Redentoristas que a ele devem o fervor e a fidelidade à regra outorgada por Nosso Senhor à sua Venerável Fundadora, Madre Maria Celeste Crostarosa.

munismo procuraria criá-la para a instrumentalizar no afã de derrocar o que resta de civilização cristã. Diante dessa situação, a CNBB deveria ter desenvolvido esforços hercúleos para obter um levantamento estaiistico inteiramente o bjetivo da atua l situação sócio-econômica. E. com base nisto, deveria ter convocado nos principais centros do País a intelectualidade católica eclesiástica c leiga - para congressos. cursos e semanas de estudo cm que todas as tendências pudessem exprim ir-se. definir-se e d ialogar numa atmosfera de mútuo e fraterno respeito. Em conseqüência poderiam germinar, sob a inspiraç.'ío e orientação da autoridade eclesiástica, valiosas colaborações para o e ncontro das grandes soluções, sábias e cquân imes, de que a opinião católica está sedenta.

E nada disto foz a CN88. atividades temporais, que à HierarSeus estudos se cifraram sempre quia cabe tomar cm grau exclusivo e cm reuniões episcopais apressadas, decisivo. de resultados confusos, em que os Assim, está no horizonte um granassessores - sacerdotes e leigos de problema para o qual João Paulo tê m pertencido grosso modo ao li já deu parcialmente soluções na mesmo filão ideológico. Sua publici- mensagem a Puebla. Pode um católidade veicula a penas uma corrente, e co ser comunista? O atual pontífice já quem está fora dessa corrente fica respondeu: comunista marxista, não. marginalizado. E comunista não-marxista, seO resultado é patente: para uma gundo o modelo que está e ntrando grande maioria de brasileiros. os em moda nos arraiais comunistas'! A cnsinainencos e as diretrizes da magna questão está de pé. Os ensiCN BB são uma inextricávcl incógni- namentos tradicionais dos Pontífita. E porta nto fonte de uma grande ces a esse respeito, de que maneira se confusão. aplicam a tal questão nos termos No total, para uma entidade precisos cm que esta se põe hoje cm como a CN88, cujo fim é esclarecer, dia? Pode um católico de hoje ser e nsinar, orientar, o hermetismo de comunista não-marxista? seus pronunciamentos, agravados Os comunistas debatem a quespor um sotaque esq uerdista indisfar- tão em termos correlatos. Pode um çável, configuram um resultado comunista não ser ma rxista? Pode nega tivo. um membro do PC ser católico? Isto, eles o discutem - apesar de seu tão estreito e tacanho ditatorialismo "O que assim deveria ter.feito a CNBB para a solução - a té em congressos públicos de da questão social, Lambém deveria ela ter levado repercussão internacional. No seio do Brasil que ela ajudou a cabo com problemática distinta, mas a.fim, isto é, a democratizar, a CNBB, na gestão o perigo co,nunista". dos dirigentes que em breve escolherá, deve ela mesma inaugurar uma Todo o mundo que conhece u m 2) Quais d evem ser 110 sua opi- larga e cordial controvérsia - um pouco da História da Igreja, pelo nião os principais cornprornissos da diálogo, se ela preferir este vocábulo um tanto poluído - da intelecmenos a partir de Pio IX, sabe que direção que será eleita? Por que? tualidade católica , eclesiástica e leise tem procedido assim com freR. - Com toda a TFP, e os qüência - notadamcnte em matéria incontáveis brasileiros que com ela ga, sobre o assunto. Aos futuros sócio-econômica - nas grandes en- simpatizam integral ou parcialmen- dirigentes da entidade tocará decidir cruzilhadas do pensamento católico. te, também eu quero esperar que a em seguida se se pronunciarão soBasta lembrar o papel do Código de me.nsagem de João Paulo li ao bre este novo problema , ou se o Malines e suas relações com vários CELAM, a qual esclareceu alguns encaminharão à superior consideraatos subseqüentes do Magistério pontos importantes sobre a questão ção de João Paulo li, a quem por Eclesiástico. social, e o perigo da Teologia da ce.r to não será indiferente conhecer O que assim deveria ter feito a Libertação, influencie favoravelmen- como pulsam a tal respeito os coraCN BB para a solução da questão te a próxima direção da CNBB. social. também deveria ela ter leva- Faço votos por que o documento "A TFP transborda do d<> a cabo com problemática distin- que resultou da reunião dos Bispos ta mr,s afim, isto é, o perigo comu- do CELAM, revisto e retocado por desejo de cooperar. E paJoão Paulo li, dê origem a uma nista. Promovendo congressos púra tal não faz senão o blicos e semanas de estudo c m que atuação arejada, clara e lógica da mais m odesto dos pediparticipassem autoridades oficiais es- próxima direção da CNBB. pecia lizadas, como também intelecA última direção se esforçou, no dos: que lhe s.ejam dadas tuais e homens de ação católicos, plano temporal e político, pela devoz e vez". eclesiásticos e leigos. de todas as ten- mocratização do Brasil. Espero que dências, a CN 88 deveria ter posto a próxima direção se porte, num todo o e mpenho em montar um campo que lhe é próprio, isto é, o ções de seus filhos submissos, na q uadro objetivo e concreto desse espiritual, de modo que não esteja mais pop ulosa nação católica do perigo. E para cxcogita r as soluções cm contradição com a ordem de globo. que a situação assim delineada exi- coisas que sua antecessora tanto Isto se a nova gestão da CNBB gisse. ajudou a implantar no te rreno tem- não preferir dar início a e.5-~a era de Munida de.~ses subsídios, q ue poral. De nenhum modo se deduza arejamento, promovendo congres· sem dúvida seriam valiosos, a CNBB, daí que a T FP pleiteie uma demo- sos públicos, semanas de estudo etc., tendo mantido intenso diálogo com c ratização da Igreja. Bem sabemos sobre as duas grandes questões que a intelectualidade católica, poderia, que na ·forma de governo desta, mencionei de início - a questão a exemplo d e tantas autoridades imutável, pois instiluida por Nosso social e o 1>erigo comunista - e que eclesiásticas de Pio IX aos nossos Senhor Jesus Cristo, o poder reside a gestão anterior deixou pairando dias, publicar ensinamentos e dire- no Papa e nos Bispos. Mas este pelo ar, "perambulantes in tenebris'", trizes intimamente conectados com poder sempre se exerceu na l.greja como di.i a Escritura . as preocupações do País. Ensina- "ratio11abiliter". Isto é, a Igreja semNo sentido aqui aventado, a mentos e diretrizes nas quais a pre íoi propensa a ouvir e até a TFP transborda de desejo de coope"Ecclesia disce11s" ouvisse com toda estimular o pronunciamento qualifi- rar. E para tal não faz senão o mais a clare1.a o timbre de voz da "'Eccle- cado d e seus filhos, antes de decisões modesto dos pedidos: que lhe sejam sia doce11s". de ordem moral concernentes às dadas voz e vez.


N.• 342 -

EM ARTIGO publicado à página 3, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira acentua que uma a la da Hierarquia católica no Brasil bafeja vivamente os movimentos reivindicatórios. Entretanto, não distingue ela precisamente as melhorias justas e legítin1as das reclamações vagas e

Junho de 1979 -

Plrttor: Paulo Corrla de Brito Filho

Ano XXIX

febricitantes que podem servi r aos interesses das esquerdas em nossa Pátria. Na foto, um culto religioso realizado cm março último na Igreja Matriz de São Bernardo, que contou con1 a presença de grevistas rnetalúrgicos daquele município paulista.

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Comunismo sem Marx e Lenine?

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CORPUS CHRIS TI

NA EUROPA. nova rnoda impulsionada pela onda publicitária ideológica: o comunis,no não-marxista. Intelectuais de vários partidos de esquerda, que ontern defendiam como dogmas as teses de Marx , Engels e Lenine, hoje lhes negam certe1.a cien tífica. Continuarão os retratos dos "grandes" do comunismo internacional a figurar nos desfiles da Praça Vern1elha , em Moscou (foto)? Págin,i 6.

NO DIA 14 de junho celebra-se uma das maiores festividades do Calendário litúrgico: Corpus Christi. Coube a uma simples camponesa dos arredores de Liege, na Bélgica, a graça insigne de ser o instrumento da Providência para a instituição dessa in1portante solenidade. Recebendo de Nosso Senhor Jesus Cristo, em revelação, a ordem de rnanifesta r às autori dades eclesiásticas o desejo do Divino Mestre, obteve a bem-aventurada Juliana de Monte Corvilhão, em 1246, que o Bispo de Liêge instituísse ern sua diocese uma festa especial crn louvor do Santíssimo Sacramento. Urbano IV estendeu essa festa a toda a Igreja universal em 1264, incurnbindo São Tomás de Aquino de compor o Ofício próprio. Deste faz parte o hino eucarístico ·· Pange li11gua gloriosi", cujas estrofes finais se tornaram popu lares e universalmente conhecidas. É o " Tanru,n ergo" que enche de unção as Bênçãos do Santíssi,no Sacramento. A festa de Corpus Christi é o único

dia consagrado exclusivamente a honrar a adorável Pessoa de Nosso Senhor J esus Cristo, presente na Euca ristia. Após a Ascenção , ao mes1no ternpo em que Nosso Senhor Jesus Cristo está no Céu, Ele perma nece realmente presente sob as espécies eucarísticas. Em todos os lugares da terra , nas catedrais mais majestosas, como nas capelas mais humildes, Ele se encontra realmente com toda a glória do Tabor, com toda a sublin1idade do Gólgota e com toda sua Divindade, como no Céu. Torna-se presente, ainda, nas pessoas que con1ungam. O homem é transformado , ernbora por minutos, num sacrário vivo. Por pouco que se pense nisso, nossa ahna não pode deixar de transbordar de reconhecimento. Tal gratidão deve voltar-se tan1bém para Nossa Senhora. Se é verdade que toda dádiva celeste que os homens recebem vem através dEla, é igualn1ente verdadeiro que Ela pediu a seu Divino Filho a instituição desse admirável Sacramento.


O SANTO CÁLICE DE VALÊNCIA ÃO NUMEROSAS as igrejas e capelas, ao longo das estradas e também nas cidades do imenso interior brasilei ro, q ue ostentam junto ao adro, um vistoso cruzeiro - marco de missões pregadas outrora - e adornado com certos símbolos da Paixão de Nosso Senhor. Ent re estes, costumam figurar a ·coroa de espin hos, os cravos, o cálice, o martelo, a lança etc. E não resta dúvida de que, mesmo quando esculpidos sem grandes recursos de artesanato. iais objetos auxiliam efetivamente a alma católica na rememoração dos grandes eventos da História da Rede nção.

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Algum tempo após a Ascensão de Nosso Senhor, Já constituída a Igreja, São Pedro transferiu-se para

permanece impressa, de forma extraordinária. a figura do Redentor.

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Valência, cidade situada a leste d'a Espanha junto ao Mediterrâneo, conserva cm sua Catedral uma capela especial, cm cujo altar se venera um belo c:llice. Este apresenta características de ter sido provavelmente, o próprio cálice que Nosso Senhor teve cm suas mãos, no Cenáculo. O bojo do venerável objeto é escu lpido em uma pedra semi-preciosa, denominada ágata escura. Seu s uporte metálico apresenta incrustações de pedras preciosas, que foram acrescentadas, segundo tudo indica , no século XV. Entretanto, apesar de geralmente se reconhecer ter s ido este o Cálice usado por Nosso Senhor na Úhima

O Santo Graal ou o Câllce de que Se serviu Nosso Senhor na última Ceia, segundo a tradição mais corrente

nos no "Ordo Missae" de São Pio V, contendo elas uma referência a um cálice bem determinado: "Accipie11s

et hunc l'raeclarum Calicem in Sonetas ac venerobiles ,nanus suas" ("Tomando e.tte preclaro cálice cm suas santas c veneráveis mãos"). O adjetivo es,e deixa subentendido que o cálice usado pelo Pontificc era exatamente o mesmo que Nosso Senhor teve crn suas mãos divinas.

xandre li. Para solenizar. como era devido, o significativo acontecimento, o Purpurado utilizou o venerando Cá lice que era guardado naq uc la c"sa religiosa - na Missa solene que celebrou. Afonso V, Rei de Aragão. levou o Sagrado Cálice para ser venerado cm seu castelo, no ano de 1424. tendo a relíquia sido depois 1rn nsporrada para a C:,1cdral de Va lência. Neste templo religioso permanece ate nossos dias, tendo 1ranspos10 vários perigos. durante as numerosas perscguissõcs sofridas pela Igreja, no decorrer dos séculos. Em 1809. o Cá lice foi levado para Alicante, onde fica ria mais protegido contra os riscos da invasão napolcônica. Mais violenta. entretanto, foi a perseguição movida contra a Igreja neste século.

21 de julho de 1936. Os sinos da histórica Catedral de Valência não repicam. Suas porias estão fechadas. Na rua, sobre aquele calçamento de pedras polidas pelo caminhar de

local onde ficou escondida por algu m tempo. Em 1943, restaurada a Capela do Santo Cálice, na Catedral de Valência. este foi exposto definitivamente à veneração pública, onde se encontra até hoje.

São l.uis Grignion ele Montfort. cm seu livro "O A111or da Sabedoria l:.íerna", acentua que "Jesus Cristo,

a S"bedoria Eterna. tendo podido escolher o gozo. sofreu a Cruz, 011 sejn, segundo os Santos Padres: havendo podido pen,wneccr na gló~ ria do Céu. infinita,nente afastado de nossa indigência, preferiu, por nosso an1or, descer à 1errt1. f(Jzer-se hon1e111 e ser crutíjicado. · .. t.'fe escolheu contrariedades e a Cruz, para dt,r u seu Pai celestial nwis glória. e aos ho,nens, 111aior prova de seu a,nor". Essas considerações, tão belas, não ficam, en1re1anto, circunscritas ao campo do pensamento teológico. Os objetos mais proximamente rcl:1 cionados com a Rçdcnção. como

...

Em 258. quando, por ocasião de uma das pcrscguiçtlcs mais cruéis. o solo de Roma cm e nsangüentado pelo martfrio dos cristãos, o P:1pa Six10 11 foi trucidado, lendo profetizado ao morrer, idêntico fim que teria seu Diácono. Lourenço de

l·lucsca.

Roma. E alguns daqueles utensílios santos, que haviam sido guardados pelos Apóstolos e discipulos, foram levados para lugares seguros; outros permaneceram perdidos, envoltos pelas brumas da História. Ao lo ngo dos séculos, contudo, a Providência Divina permitiu que, miracu losa mente, brilhassem aos olhos dos fiéis vá1.as dessas relíquias, nas quais p, rmaneceram algumas gotas do s1 nguc do Redentor. Nela~ parecem se entrelaçar o passado e a eternidade. Foi no século IV que, por iniciativa de Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, fo ram encontrados no monte Calvário rema nescentes das três cruzes.' Era necessário reconhecer qual delas era a Cruz de Nosso Senhor. São Macário, Bispo de .Jerusalém, ordenou o rações públicas para obter de Deus um sinal manifesto que pudesse esclarecer ,, piedade dos fiéis. Decidiu então conduzir as três cruzes diante de uma distinta dama que se encontrava muito doente e cm perigo de morte. À aproximação das duas primeiras cru1.cs, nas quais morreram os dois ladrões, não se verificou nada de especial. Mas quando a doente tocou a terceira. ficou completamente curada. São Luís IX, Rei da França, que pari icipou da Scx ia Cruzada no século Xlll , ao retornar de Jerusalém a Paris, levou consigo solenemente a relíquia da Coroa de Espinhos. Para abrigá-la condignamente o monarca fez construir, próxima à Catedra l de Notre Dame, urna capela especial com belíssimos vitrais, a célebre Sainte Chapei/e. Por o utro lado, Turim, na Itália, mereceu a honra de guardar a té nossos dias, o Santo Sudário no qual foi envolto o Sagrado Co rpo de Nosso Senhor, após haver sido retirado da Cruz. Na santa mortalha

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Ceia, s~a auten1icidadc não é admitida . de modo unânime. pelos estudiosos. Durante os primeiros séculos da História da Igreja . encontra-se pouca documentação a resp,cito do assunto. Alguns au\orcs admitem que o Cálice da Ultima Ceia encontra-se atualmente na Cated ral de Gênova, na llá lia. E ou1 ra versão considera como sendo a preciosa relíquia um cálice que está rxposto hoje cm dia. no "Thc Mctropolitan Muscum", de Nova York. De qualquer forma, julgamos oportuno oferecer à consideração de nossos leitores os dados a presentados por dois eclcsiásiicos espa nhóis (l). Em suas obras eles aduzem tradições veneráveis e documentos bem interessantes sobre a preciosa relíquia da Caied ral de Valência. Em 1952, por ocasião do XXXV Congresso Eucarístico Intcrnacional, que se realizou cm 13arcclona, o público pôde conhecer mais de perto o histórico do C,íl icc da Catedral de Valência, também chamado S{lnto

Gr{lal. Com efeito, veio a lume então o livro de Mons. Juan Angcl Oíiate, .. EI Stm10 Griar, o qual, b;iseado cm farta bibliografia, relaciona as mais antigas referências documentadas, que qualificam a citada rcliquia como tendo sido provavelmente 3 · quela utili1.ada na primeira Missa. Etimologicamente a palavra Graal origina-se do hebraico Gorai, espé· cic de pedra que designa também cálice. Sabe-se que em Roma, nos primeiros tempos da Igreja, quando o número de fiéis e ra ainda basta nte rcs1ri10. somente o S umo Pontífice auxiliado pelo C lero celebrava a Missa para o público. As palavras pronunciadas pelo cclcbrai1e, pouco antes da consagração, permaneceram imutáveis ao longo dos séculos, figurando até os tempos moder-

Efetivamente, Lourenço foi martirizado a 10 de agosto daquele ano. As arns do martírio relatam que as autoridades romanas exigiram dele a entrega dos tesou ros da Igreja. lendo o santo pedido um prazo ele trê.s dias para poder reuni-los. Ao terceiro dia, aprcscn1ou-sc rodeado de todos os pobres e desvalidos que eram socorridos pelas csmol:,s da Igreja, e mostrando-os, disse reso-

lutamente: "Aqui estão os tesouros dn lgrejt, ... Co nsiderando as a lmas remidas pelo sangue de Cristo e aux iliadas maicrialrncntc pelas esmolas que di~tribuia como a grande riqueza da Igreja. o sant o Di,ico no nem sequer fc1. menção ao Cíliice pontifical. Co ntudo, lendo cm vista a a meaça de novas pe rseguições. cada vc,. mais violcnias. segundo urna antiga tn1dição, Lourenço encaminhou o Santo Cá lice para sua terra natal. a cidade de Huesea, na Es panha, dando ao peregrino que o levou a recomendação de deixar a reliquia sob o cuidado da pequena comunidade de fiéis daquela cidade, e da qual faziam parte seus pais. Santo Orêncio e Santa Paciência.

O a no de 7 11 marca o inicio da invasão muçulmana na península ibérica. que forçou as populações de várias cidades mais próximas da

rota dos invasores a recuarem. pouco a pouco, para regiões onde pudessem resguardar com segurança, sua Fé e sua liberdade. No ano seguinte, os moradores de Hucsca, lendo à frente o Bispo Acisclo. abandonaram sua cidade, leva ndo consigo o Cálice Sagrado, buscando refúgio cm Cueva de Ycbra. região situada junto aos Pirineus. Três séculos depois. cm 1071 , a Sania Sé e mpenhou-se em subs1i1uir a liturgia mozárabe, que e ntão era adotada c m algu mas regiões da península ibérica. O Cardea l Hugo Cândido esteve no Mosteiro de S:,n Juan de Pena, iniciando ali sua missão como Legado do Papa Ale-

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A Catedral do Santo Graal, em Valência (Espanha)

gerações que, ao longo dos séculos, tantas vezes foram rezar naquele majestoso templo, encontrava-se uma turba de agitadores e incendiários. Ninguém alimentava dúvidas quanto às suas intenções: o templo religioso, como aconteceu com tantos outros, durante a guerra civil espanhola, seria invadido, saqueado e talvez incendiado pelos vermelhos. Dentro da Catedral , Mons. Elias Cana lda aproximou-se d .> relicário, retirou o Cálice. e e ntregou-o a um<1 jovcrn. Esia, co,-rcndo o risco de ser presa e trucid<1da, levou-o, devidamente dissimulado, para sua residência. A preciosa reliquia foi depositada num compartimento de guardar panelas, na cozinha da casa,

por exemplo o Santo Lenho, o Santo Sudário e o Sagrado Cá lice, são testemunhos palpáveis do sofrimento que o Salvador padeceu pelos homens e do incomensurável amor que lhes VOIOU.

Nunes Pires 1) Coo. Juan Angcl Oiintc: Ojcda, .. HJ Souu, Gril11"'. Val~ncia, lrnprcnt:l Nacher , 1972, Con. Elias O lmos Can:lld:1, "Snmo ("ali: ,lt• ln C,•1111"". Valênci~. Edkào do Autor, &.~ edição. 1959.

2) S:tn Lt1is Maria Grignion de Mon1fon. "Ohra.-.". BiblioLcca de Autores Cri::-1i;rnos. M:1drid. 1954. 1>:ig. 188.


Plinio Corrêa de Oliveira

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IVE REAL satisfação cm comentar para os leitores a mensagem pontifícia (tOS 8 isp_os

reunidos cn) Puebla. Mas esta satisfação levou-me à aventura de dedicar ao assunto nada menos de cinco artigos. Entrementes. fatos importantes se desen rolavam e m nosso País sem que me fosse dado analisálos, pois, cu me sentia atado ao tema Puebla pela ex tensa seqüência de artigos, na qual me engajara. Nad_a d isse, assim, so bre as greves. Terminados os meus artigos, terminaram também elas. Discorro pois sobre as mesmas ao baixar d o pano. Perdoeme o leito r... E encro desde logo no que me parece ser o ponto crucial do assunto.

As greves sobressaltaram na1t1ralmentc a vigi lância dos espirit'os lúcidos, afeitos à observação contínua da rea lidade nacional. Mas elas obciveram ou cro resul!ado ainda, e incomparavel mente mais difícil. Despertaram um pouco de interesse e até de preocupação no grande magma amorfo. átono. que forma neste momento a maior pa,·tc da opinião pública nacional. - Há base para se d iscernir, nas o ndu lações consideráveis do último sismo sócio-e·c onômico . um incremento do espírito reivindicatório das massas'! Ou resu ltam essas ondu lações tão só de uma inconformidade episódica com os efeitos que a inílaç,io projeta sobre o valor aquisitivo dos salários? Não é ff1cil 1·cspondcr a essas perguntas. Tanto mais quanto ai· guns fotorcs ex trínsecos ,\ agitação laborista condicionara m profundamenlc a esta. Grosso modo. toda a imprensa falada e escrita deu às

mou uma posição desenvolta, eu diria convexa . cm favor das greves. Enquanto a parte da Hierarquia que não se pôs à tes ta das greves tomou uma a titude não menos inibida e côncava do que o patronato. Ora, estou persuadido de que mais, muito mais do que o governo, os s indicatos. as lideranças o perárias ou patronais, ou até os órgãos de comunicação social, inílui no povo. no bom povi nho ("le 1111•1111 peuplt• de l)ieu". dizia-se _outro'.ª. na França . com afeto). a lgreJa Ca tohca. Ê r,\cil compreender como todo esse jogo de concavidades e convexidades não cspecificamcnle laborais modulou o dinan,ismo e a tra~ jct<'>ria do moviment o grevista . Eis-me assim chegado ao âmago do presente artigo. Isto é, a atitude da Hierarquia eclesiástica face ao movimento grevista. Para fazer eu mesmo um<1 apreciação desinibida e convexa do tema, começo por afasta r com uma penada uma causa de equívocos. Parece-me ver de longe gente que esfrega as mãos supondo que me vou pronunciar contra qual-

quer greve cm te.se. e "in 1.·onc,·ero"

contra csws últimas. Desiludam-se esses meus csper.-1nçosos adversí1rios

ideológicos. Pe nso a respeito dessas greves exatissimamentc como a grande maioria de nossos patrícios. Em ,. princípio, pode haver greves lcgí- ,? tímas. As reivindicações enunciadas 't nas últimas greves - por vezes .. ~ excessivas. por vezes apresentadas Na lgre)a da Consolação, em São Paulo, professores do ensino oficial, em greve, reuniram-se em abril p.p. Templos com uma ':force de Jrappe" cxagcreligiosos passaram a ser utlllzados por movimentos relvlndlcatõrlos de llceldade ao menos duvidosa. rada - corresponderam a s ituações críticas infelizmente reais. Tendo 1od11s as oc11siões. os represenum1es gação absolutamente cicntííica ares- Quais precisamente as zonas de fodecepcionado com isto as asscrt ivas dest(I Igreja 1h11 i11sis1frlo 110 /1110 de peito de alguns pontos que o texto me no Brasil? A partir de que grau a de certos ad'vcrsários, p;1 sso adi:mtc. os salários seren, inl'ttflcientes pa,.a 11 do meu A rcebispo trata com desem- fome se transíorma cm ·Jomecruel"? rnaiorit1 de n osso f)OVO. Acrescen· baraçada superficia lidade: E a tal ·Jo111e cruer·. o nde ex iste'/ 1ara,11 ainda que os d!fere11ças entr<' a} Em quanto se deve estimar, no Que porcentagem da popu lação ela salários são insustentáveis. por· Brasi l de hoje, um "saldrio s11ficie11- açoita? Em que medida a supressão Por que fo i tão longe no bafejar os que leva111 uns ao esba11jame1110 e 1e"! Que relação deve haver e ntre a dos tais "esbm1im1w,11os" contribui as greves a ala convexa e reivindica- 0111ros à /011,e cruel. na tureza do traba lho e o monta nte para e liminar a tal ·Jo111e ,·r11et··1 grc~cs um apoio aparatos?. ~1!l tória da Hierarqu ia? Não percebe .. Nesses casos. a J11s1iça deve do salário? É real que a trabalhos apo,o que. por vezes. assumm 11111- ela que. à força de avançar aplaudi dos aspec ios de insuílação. Acresce da pela esquerd.i. vai se distancian- pairar acima das di.11,osições legais. hierarquicamente desigua is devem que o clima de abertura política do da nação. que é pacata e centrista'/ .,obre111do quando elas ., ão co11side- correspO'nder necessidades desiguais . jogou de modo es iranho nesta conTomo um exemplo. O Cardeal rad11s. a1é pelos respo11.1·âveis da e portanto sahírios também desiguais? Qual a legitima diferença que Não se julgue que estas pergun1ingência. Pois ele franq ueou cami- Arns vern assumindo franca mente a nação. co,no desatu"lizadas". deve haver entre salíuios d esigua is"? tas têm um interesse platônico. Estas " nho a toda es pécie de pronuncia- s ucessão de D. Helder Câmara. na T udo isto calculado. qua l a porcen- questões têm um interesse intrínseco ·~ mentos pró-greve. "Aper111r<1 ,, si11is- liderança da ala convexa. /\ palavra tagem efetiva de brasileiros cujo inegável. E a meu ver é um mérito ~ 1rti'' d ir-sc-ia. Mas. de ouiro lado. dele tem. ponant o, nessas matérias. Se se realizasse por estes dias s al{1ri o é insulicicntc·! do Sr. O . Paulo Evaristo Arns ter a ~ criou tod a espécie de inibições p;ira umn carga de significação ímpar. algum dos grandes congressos de "As 1l/fere11ças e111re os salâ- coragem de levanta r temas delica~ os que deseja riam fazer restrições às Extraio do comun icado de 3 de intelectuais católicos que s uger·i ao riosb)seio i11.1,·us1enuiw,i,t ", diz nosso dos, que outros deixam comoda~ greves. Como íreqticntcmentc acon· maio. que o Puq>urado publicou Episcopado a través de recente entre'~ tece, a "apenura a sinisrra" redunda sobre "A IJiN'. i" e {I.,- reivindifações vista dada a "O Globo" (e a este Pastor: o que quer dizer precisa- mente dormitar. Digo-o embora mi; nun,a "l·hiusura o des,ra". Assim . à popul{lre.t'' (cfr. "O São Paulo", propósito comprazo-me cm dize r mente esta frase'? É insustentável cm nha opinião sobre esses temas seja ;f desinibida conduta pró-grevis ta cor- semana de 3 a 9 do mesmo mês}, as que recebi de vários srs. Bispos tese toda e qualquer diferença de habitua lmente dive rsa da dele. Além sahirio. mesmo quando cscabelccida do mais, para o Príncipe da Igreja . ~ respondeu uma inibida reação pa- seguinics frases: cartas a lentadoras, exprimindo não em função da hierarquia de c.apaci- todas essas anoma lias existem a tal ~ tronal. "A Igreja de São Paulo 1e111 sido só compreensão, ma$ vigoroso apoio), i Por lim, e sobretudo, grande procurad11. 101110 p(1rt1 apoio qua1110 cu pediria nele que especia listas 1, d.1des e responsabilidades dos traba- ponto que esiamos cm uma dessas situações que exigem justiça com ~ parte da Hierarquia eclesiástica to- para cessão de locais de reunião. Em altura procedessem a uma investi- lhadores? O u é "i11.1·11s1enl(Íve/" tão só a diícrença dos sal,irios como ela base na lei, ou até contra a lei : existe no Brasi l'! E por que? Que "Nesses t·asos, a justiça deve pairar Professores do t.• e 2.• grau do ensino oficial do Estado de São Paulo participam de mais uma assembléia grevista remédio dar-se i1 situação'/ A elimi- aâma das disposições legais", afirrealizada em maio último, na lgre)a de São Judas Tadeu da capital paulista. nação de toda e qualquer diferença'! ma ele. Em princípio, concordo Ou simplesmente sua redução? En- inteiramente em que a lei injusta não tão. cm que medidâ e segundo quais deve ser obedecida. Mas é grave que critérios? E se os trnba lhadores mais um Ca rdeal afirme já termos chegaqua lificados. dotados de capacidade do no Brasil a esta situação extredircciva e gerencia l privilegiada co- ma . Chegamos mesmo? Que provas meçarem a deixar o Brasil,) procura concretas há disso'/ de melho res saliirios no Exte rior. Ou a ala convexa tem dados como evitar a decadê ncia do traba- objecivos. cientificamente apurados. lho nacional'/ Vinculando-os por lei que permitem dar contornos às noaos respect ivos empregos, como se ções que seu líder e porta-voz introconta que o eram outrora os servos à duz de íorma imprecisa e vaga. e gleba? Ou então levanta ndo uma ademais apresenta provas convincortina d e ferro cm ,o rno do Pais, centes do que alirma, ou então seus para que não fujam? brados cm favor das "reivindicações c) São tantos assim, no Brasil, os populares" não convencerão o País. assa lariados q ue se entregam ao E não farão o jogo da verdade. "esba11ja111e1110", a ponto de concorEstas são as ponderações e perrerem substancialmente para que guntas que e m algum congresso outros fiquem reduzidos à 'fo111e católico sereno , sério, operoso, eu cruel ..? E m termos concretos. o que gostaria de aprcse,11ar. é "eslu11,ja111e1110". nc.~sa terminoloRealizar-se-{, um di.i algum desgia'/ Qua l a porcentagem dos que ses congressos? esbanjam? Como seria no Brasil Não me venha contra-argumenuma vida cultural e social sem os tais tar alguém que a CNBB não dispõe .. esbm,jaJ11enI os ..? Prolcta rizada'1 de meios para coletar informações De outro lado, o que é uma estatísticas que nem o Governo pos• 'fo,ne ,·rue/'"/ De s i toda fome não sui . Pois e la , que tanta coisa ex ige -' .:: saciada é cruel. .. Fome cruel" é do Governo, começe por ex igir dele ""'"' } ~ pleonasmo, é redundância. A signifi- que obtenha essas informações e ~ ca r algo, indica fome c rudelíssima. cstatisticas.


ENTRE OS TRÊS GRANDES, 4

LHAR PROFUNDO, segurança no porte, força hercúlea na fisionomia. Assim pode ser descrito Winston Churchill. a cuja inteligência rutilante, a cuja vontade de ferro, a cujo tino político e coragem o povo britânico confiou a difícil tarefa de vencer uma terrível guerra e preservar urn império ern decadência.

mu lt issecu lar das instituições políticas inglesas. Seus lábios linos e de contorno incerto parecem acompanhar o movimento dos olhos e, pois, sem pre prontos a se abriren1 para uma ironia, uma palavra de ordem, um discurso monumental... ou um charuto! Ele atingiu em seu país un1 certo ápice das grandezas humanas. E o alcançou merecidamente, segundo o consenso geral, por seu talento excepcional , pela envergadura ímpar de sua persona lidade, pelo valor dos serviços de toda orden1 que prestou à Inglaterra, ao longo de tuna bri lhante carreira política.

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-',. ' Churchlll em 1922

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era Marcdlo Caetano os quais.

como afirmou acertada e oportunamcn .. te o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira cm 1974. "iftulidu,'f pt:la /alaâvso dls1i11çâo ('IIIT(f"

PC di111 p11c·í/ko ,. iluéh•,·tual l· a

fi•rmema('cio r(•,•oludmuírio JJNJmovida pelos nwis joven,· d,> Porth/(), c·,m1itma.. l'lim II apoiar II r(•pr,•swi,>pvHd(J/ ,·mur(J mas promover11m r, emn•g(I d,• ,·,·rtas posi("ü(~.,· tU).,· prim(•iros" ( 1).

t,.ftl!.t,

Daquela política cntrcguis1a. infelizmente bastante difundida em paiscs do mundo livre. resuhou não s6 o próprio golpe de Estado, como ainda siruação favorável para º!" clima de .•$ita~ão social com mamfc.staçõcs. rc1vmd1Ca· çõcs. tumultos e desordens de toda a espécie. As-sim. q uando o p:,rtido comunista passou à legalidade, não foi preciso 1m1is do que ap,•rt11r u lwuio parn por cm íuncionnmento o progr~una de (11lcração e subversão total d:, ordem 1>olitic:1, social e econômica cm que o país se encontrava. Nesse programa estava a reforma agrária. Viria e la a incidir sobrerudo no Sul, nas províncias do Alto e Baixo Alentejo, regiões onde predominavam as srandcs propriedades rurais chamadas "herdades".

Calúnias contra os patrões O trabalho do PCP, na sua fase inicial, desenvolveu-se junto aos pequenos e médios agricultores. tendo corno objetivo reuni ..los cm "sessões de esclare· cimcnro" onde, arravés de soluções falsas e demagógicas para os problemas que eles apresentavam. iniciaram-se as primeiras experiências de manipulação. Os ,.ingredientes" eram os de costume: o ódio c a "lura de c lasses". Deste modo, criaram os comunistas as condições para a promoção de grandes: campanhas de "mcntali;,..ação" nas 9uais começou-se a lançar calúnias con .. tra os patrões, ao mesmo tempo que se preparavam os n,cios rurais para a ;1cc1tação e :1plicaç.:"io de mcdid~s reformistas dirndas pelo /ns1itu10 ti,• R11otg{lnizo(ão Agrária (1 RA). Convêm lembrar que nesta altura (princípios de 1975), o PCP já dispunha de apoio nos dois mais alros cargos da Nação (Prcsidcnre da República e Pri-

4

Os três "grandes" na Cor

tcgoria. Depois que sucedeu a Chamberlain como primeiro n1inistro, o mundo percebeu que, nas aflições e m que se contorcia, o Reino Unido mais uma vez encontrara urn grande home,n que o levaria à vitória. Quando a guerra terminou. Churchill

Até a queda do gabinete C hamberlain ocorrida já nos primeiros estan1pidos da Segunda Guerra Mundia l Churchill ainda se perdia na massa, aliás imponente, dos políticos ingleses de ca-

REFORMA AGRÁRIA EM PORTUGAL

* ISPONOO OE urna bem esrruturada e a tiva organização. o Parrido Comunista Português (PCP), imediatamenrc legalizado após o golpe de Estado de 25 de abril de 1974, asscnhorcou ..se da situação política, as.. salto este que de longa data vinha pre.. parando. Deve-se este fato. em larga medida , àqueles poliricos e inrc lcctuais "genero-

Observen1os suas fotos estampadas nesta página. Os olhos exprimem sucessivamente profundidades de observação e reflexão, como também "humour" e gentileza aristocrática. As largas bochechas musculosas parecem dois contrafortes faciais a emoldurar vigorosamente a fisionomia tão a ltamente intelectualizada. Elas dão à face uma qualquer coisa de decidido, estável, quase se diria de perpétuo, como a sirnbolizar a força

meiro Ministro) e no Movimento da Forças Armadas.

Expropriações brutais Foi nessas condições que :;e deram as primeiras expropriações de terras. quase todas caracrerizadas por atos selvagens, "ignorados" ou apoiados pelas autoridades locais ou governamentais. como por exemplo Vítor Louro (foto), exSecretário de Estado da Estruturação Agrária. e; promovidas. cm muitos casos, não por trabalhadorc.s rurais mas por revolucionários profissionais. Tal foi o caso da Quinta da Torre Bela (Aleocntre), cm cujo assalto se 1·cg.i strou a presença de guerrilheiros armados. alguns dos quais estrangeiros (2).

Essa propriedade. pertencente aos Duques de Lafões. cm breve deixou de ser uma quinta para se tranformar cm centro de instrução de guerrilheiros, onde evide ntemente não tinham lugar os empregados que nela trabalhavam, por se terem tenazmente oposto à sua ocu .. pação. Em nome dos "direitos dos rrabalhadores" foram assim abandonados à sua sorte esses empregados que, entretanto. puderam ser testemunhas do saque a que os ocupantes submeteram a 1iropriccla(le. Todos os seus bens (gado, vinho. a1.eitc. madeiras etc.) incluindo o valioso conteúdo d:l própria cas.a e objetos de uso pe.ssoal. dc.saparccçram ou foram vendidos ,,as feiras dos arredores.

como o P:u·tido excrch, (e ainda cxcr(.."'C) sua autoridade: " 11 amt•11/Í<'ll ,li1t1durt1 11 <1u< • (11wp11~ laçtio e:Hti s11},•i1<1 ,, n formo <·omu é imposto slló o t,.,.<~mpl" renl do de.v,r4•;0 dos comwtis10s pelos mois elemenrnres dlreltos lwnumos. AI. fl libl!rdatf,, e o respeito pelo pró.timo s<fo palóvros wis. "Quem não JH:rt(~m·ér

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PC mio

goza l!m pleno do direito ao trat,olho. das libnc/(ld<'s d<~e.,·pr,•ssiio e r, 1mi,ío. da in"iolabilhlóde tle domicllio e corres1

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grupos e evilar ,•m•o,u,·os ,·um r<m· dws t/11 UC /> [Unidade Coletiva de Produção]",

Desastre sócio-econõmico

de seu diretor. Manuel R<:bocho (4): ..A produção prowivtd d4! 1rigo .w,. gwulo o /11s1ir1110 Naâonal ,!e [~f1adt· th'a, (, JUtrt'I os três di,ftriros do A ll'ntejt, dt• 96 mil to,wltulas. Comparando u (llló CQTTCIII<' (/977) CQJ/1 Q de /965/66, ('/jmattriC'OIUl!Jlll! muiu> .w:melhtm1t·. v< rifico-se qul! em 1965 se seme<1r1m1 110 1f lentejo m11is 99 mil hc<'Wres cio qut• ,,,,, 1976/ 77 I! lJue a produc,io exrNle,, <•m lJ8 mil ttJll<'ltulo.~ à ujid(l/m(•111,1 J>l'l' l•islll p11ra o tm<> corn•11u Os fatos llf)(Jlltmlo.t 1

Evidentemente que a tais desmandos só podiam corresponder catastróficos resultados de ordem sócio-trabalhista e ccoi1ômica. Por .;:xcinplo, :is ;lrcas semeadas do

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Ditadura no Alentejo Exemplos como esse repetiram-se com freqiiência cm toda a área atingida pela reforma agrária, conforme atesta a foto estampada nesta página relariva à Herdade do Beirão. No intuito de quebrar a instituição da propriedade privada foram ocupa• das, de preferência. as terras cultivadas e as herdades mais prósperas. Daí obrinha o PCP as condições necessárias para manter sua obra devastadora: produtos agrícolas e outros bens do proprietário espoliado. gado para vender ou para alimentar o pessoal e ainda máquinas agrícolas que serviam fundamentalmente como meios de transporte aos '-'trabalhadores.. que a todo o momento e ram levados para as manifestações controladas. O processo das ocupações foi rão bem preparado e atingiu ta1 ímpeto e força, que cm pouco tempo (cerca de um ano) o PC P rornou-se o senhor do Alcnrejo. Vcjan1os. arravés de alguns fatos constatados por uma 1·e1>onagem do jornal .. O /)iti'' de Lisboa ( 1/ 6/ 77).

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Herdade do Beirão. Por aqui passou a Reforma Ag rãria ...

pondh,cia e, embora pareça in!'rível, não pode movime,uor•se fl\lreme111t.

"As provôcações "p<,cepi.'UOS.. assls1imos (1 olg,unas - wlo t!esdt? o agress,io J,:ri<'a ao (Íssaho d e lojas e resi.. dé11ciás. possóndo pelas consrames amea· r;os e 11s móis torpes ofensas. "A circulaç,io nas ruas d e Monwrgil só se faz com relativll sf!guranfa emre os 8 do manhã e os 6 tio tarde. ,\.lesmo assim. um "não·a/inhado" sujeito·sf! á ser lnsulrado e apedrejtulo. ..A partida para o trabalho fOflStitui.

também, umfl t1,·e111ur11 arriscado. Os homens e as m11lheres não ''p<!<'< ~s" são forçados o .teguir para o campo em

Alentejo e R ibatejo. no ano de 1977, ocuparam menos de S0% das supcríícies disponíveis (3) tendo havido, porém. o "cuidado" de semear aquelas áreas junto às estradas p:lra deixar boa imprc-$sào :los viajantes. Mesmo assirn. não conseguiu o PCP esconder o fracasso da sua reforma agdria. Em 1977. durante uma conferência de Imprensa ( 17 de maio, Lisboa) a Confederação dos Agricultores de Portugal - surgida cm novembro de 1975 cm virtude de uma cspon1ânc.a e salutar reação à 1·cforma agrária - revelou os seguintes dados através das declarações

são

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mais dé saliémar quando se

sabe <1ue exlstem a1u1,lme11te 11<1 rt,Jerida zo,w mais 6 mil 1ra1orf.'S do q11,: hnvio em

1965". E j(í agor:1 acrcscc1He~se uma intc~ rcssantc noticia publicada pelo "Jornfll Por111g11ês d,, H,·011<1mi11 e Finanfa.t", cm 30 de novembro de 1976: " Num ono em <1ue llJ' condições de 1empo foram por1ic11/ormcntl! fovor<Í• veis. com uma despesa de .Mlhrio,ç t• od11/Jos que deve rcr sido a mais 0110 ,le .~empre, apenas se colheram 580 mil tone/tu/os de 1rlgo. E mesm o llS.'iim há quem sustente q11e n es1e monwnte S<' indutm muitos t·t,rreganwntos tle uigo


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D ÚNICO GRANDE ERA ELE ...

Roosevelt e Stalin, como a querer nivelálos. E chamava-os de "os três grandes". Mas o esforço foi in útil.

1fer enc ia de Yalta (1945)

era o mais famoso dos vencedores.

Entretanto, na época, a propaga nda quis apresentar as coisas de outro modo, co locando-o sempre lado a lado com

Enq uadrado entre o velho presidente norte-americano, de o lhar comum e inexpressivo riso-padrão. e o sinistro di tador soviético - sob cujas sobrance lhas hirsutas faiscavam dois o lhos ferozes a chispear ameaças, e cuja bigodei ra farta e descuidada ocultava lábios ma is próprios a vi tupcrar e beber do que para servirem à oratória ou à a rte de conversar - . a fisionomia super-expressiva de Churchil l se destacava de um modo que quase se diria esplendoroso. E hoje, passado o impacto da propaganda, e com o recuo histórico, torna-se cada vez ma is claro que, entre os chamados " três grandes", o único gra nde era ele...

Churchlll: olhar profundo e cheio de reflex ão, porte ari stocrâtico, personalidade vigorosa e decidida

Stalin: olhos ferozes a chlspear ameaças, bigodeira que esconde lábios mais afeitos ao vitupério que à conversa ...

Roosevelt: seu r iso vulgar e otlmisl a poderia fic ar na Hist.õrla como stmbolo do entregulsmo de Yalta, que concedeu à Rússia o domlnio dos palses de além cortina de ferro.

,.• DESASTRE SOCIAL E ECONOMICO impar1ado que. prt1tle11uwuml<'. st fui comprando t armt1ze11a,ul,> 110 Alentejo t1grâria",

Todavia. não foi :;6 na produção de t rigo que se n.'.:JJfatrnram os resultados da péssima admmistração das Unidades Cole1ivas de Produção. formadas pelos comunistas nas herdades expropriadas. A produção de milho, por exemplo, baixou cm 40% de 1974 para 1976. e a

produç.ão de arroz sofreu. entre os

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Ê verdade. por ouiro lado, que cm

nome da Lei llarrcLo se cfctuan1m algu• mas jus1as devoluções de propriedades. Tudo porêm. na realidade. não tem passado de uma farsa . pois "<>s proprie-

(S).

A pecuária rcsscntiu~sc igualmente de avuhados 1>rcjui1.os. João Garin. em seu livro "Reforma Agrárill, .r,•ara dé 6dio"'. - um 1mbal ho de sólida e abundan1c doeumeniação -

mostra-nos mais um aspecto da desolado. J'vi·llu•s ,!ada ,·,11·1,, hrllll(fl IJ"'ª ,li/aphlar o porrinuiuio 01:ropt•<·mil'io f• pn>,·ocar mais t·onfli"J~'. Asslm. o gado dos propriedatles m·11pado.f foi rransadouadu C'om o muior ti v1111111clt• nt1s feiras e vendido por qualquer pr,~có ao primeiro romprtulor. Bstas tlfi1tules gl'· rartun a imli1:11ariio popular o q,,e (l/iós correspondia à inlen(Y1o t.lo PC i'ln <'riar

lltrilos. ..Qtumdo os ··manipulados"' da 1-/erd(u/e de Cujtmcas pretendiam vender. no dia /3 de se1eml,r<> (1975), 11a feiro do Crato ( Portnh,x,·<·). 119 t·aN,s (~39 pm·c·<,s c/11 propric)tlmlc. o povo C' os t1J:ricultorcs tia região arrehOJaram•lhes os anim(liS. 1/c•,·olw.•11do-o:i. 11.•glrimo propric•ttirio·· ((>).

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Vltor Louro, ex-Secretãrlo de Estado da Estruturação Agrária: "Se for preciso. peguem em armas. Esta Revolução jã sõ vai com sangue·:.

Antonio Nunes, lavrador do Couço, no Alentejo. enfrentou vitoriosamente os comunistas

An,,lisadO$ tais fotos. não resta m dúvidas acerca dos danos que Portuga l sofreu e sofrer~-\ cm conseqOêneia d•t rcíorma t1grtiria. Não só Porwga l. mas rambérn wda ;1 Europa Oeidenwl pois a ocup~1çào comunist:i do Alentejo não é certamente um o bjetivo desgarrado do pk1110 do Crcmlin para a conquista do Ocidente. A es1e propósi10. levan1ou o Prof. Pcc1uito Rcbcllo intcrc,s santcs hipóteses num estudo sobre ....-1 sohertmit1 :Wl·h!~ ticfl ,,m Pottugfll" (7): "Nós podemos. por ext-n1p/o, .ntpór uma siluação em que o Império Sovié· tlco deâdisse desencatle,1r uma guérrn ,h, carâu.•r <'Olll'l'nâmral t<'mlo ,·omu scw prt'meiro obj('livo á fi1/mina11tc <·onqt1iS· lâ do nwior parte ,ia Europa Otidental. Nl!:UI! raso poderia ser convenieme para ele que o 111aq,,e frontal fosse precedido po,· uma mmwbra preparatória 1.·omo seria li tle suscitar uma revolução de '1rente popular" em Portugal e Espanha",

Apa rente recuo para consolidar a reforma Quando dcLcrmin:1das mcdid:-is (eco• nômicas ou soci<tis) ou leis se revelam dcs:-isu·osas para uma nação e provocam vivas rtaçõcs da p:-irtc do povo. curnprc climiná·las. T:tl coisa. porém, não fizcr'1m os governos - socialistas ou considerados centristas - que se têm sucedido cm Portugal. os quais teimam em manter a rcform3 agrfiria (8). Os Bispos portugueses. de.pois de uma conferência episcopal realizada cm Fütima (onde Nossa Senhora apareceu parn advertir a humanidade contra os perigos do comunismo). afirmaram cn·

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Devoluções de propriedades

mesmos anos. uma diminuição de 50%

nestidade comunista: ";l os o,·upnntes das h<•hltuh•.\', par :Jt:'U

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trc ouiras coisas-: ··;1 /xni"· ,•mhm·11 .\'t•m descer o opções de nnturcza téo,ica (/UC mio s,io da sua compettmcia. ,uio se óf>O· râ. allll!S i11te111iv(1rÓ II imroduçi'io de re· /árma.,· '1grtiri11s 1111e sr'r\·am 1·c)l'dadc1ira, numte o homem I.' a sociedade e st• harmonizem <·om os prim:ipios cristãos'' (9). Referia•sc essa declaração a uma nova lei socialista, sobre a reforma agrária, que se anunci:,va para breve. Tratava.se da .. Lei Barreto", idcali1.ada pc1o novo ministro socialisia, Antonio Ba rreto. o qu,,1 prometia moralizar a agricultura seguindo uma política que, para 1er a aceitação da 01>inião 1>\lblica e amolecer as reações de descontcntamen• to que. dia a dia. se avolumavam. devia ter apai-ências de :rntieomunista. Ncss:, trama. competia ao PC P desempenhar o papel de íurioso e revoltado. utilizando todos os meios (de 1>refcrência violentos) ao seu alc;rnce. Na verdade. ele foi eximio no desempenho desse papel e talvez graças â sua oposição encarniçada e àquele pronunciamento dos Bispos, 1enha sido a provada na Assembléia l.egislati\ra a nova lei socialista. Causa es1ranhe1..1 a atitude dos Bis· pos, se nos 1cm brarmos ter sido ao abrigo de uma legislação socialis1a q ue se iniciou e processou essa rcform:1 agrâria, na qual também se registraram inúmeros e infames ataques à Igreja. Pensariam os Prcl<tdos portuguesc~ que os erros da referida lcgíslaÇiio soda. lista seriarn elimi ,iados com a aprovação de uma nova lei que. desde o princípio. também se anunciava socialista? De fa10. a Lei llarre10 confirmou inteiramente a sua fundamentação mar· xista, revelando um sentido coletivista. ;ucntando contra o direito de propric.

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dade e a1ribuindo ao Es1ado (socialis1amarxista) importantes poderes sobre a sua aplicação. Daí resultou a consoH· dação das principais posições que os comunistas mantinham (e ainda man· têm) no Alcn1ejo.

parll oruhar o fr(lcasso uunl da reforma

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uirit>s e os rendeiros, que pretendem t0mát posse das suas terras. deparam com o hostilidade clara e feroz dos mili1ame.~ d<> PC e com diji<-11/dades de wda a rspécic: os ares.ws s,io·lhrs cor· uulos. os abas1eâmenws m!gado.-.. as 11{fait,s não foram res1i111idm: <' uinp,uém lhes empresta dinheiro comprar outras. "Além tio mais, por norma. os lrt1· balhatlores re<·usam•se ,, q11i1lquer côn· 1rt1ttJ porque os tlirigemcs simliC'ais (co· mtmis111s) os prtJt'bem ti<) o fazer" ( 1O).

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Quando não é assim. ocorre exata· mente o cont rário: os dirigentes sindicais enchem de "irabalhadores" a herdade rcs1i1uida, de 1al modo que o proprietário não lhes poss.1 pagar os salários. Dai surgem novos conflitos e um pretexto para a recxpulsão do "latifu ndiário fascista". Em rel;:iç~o a essas a rbitrarie• dades e injustiça.s - contra us qua is seria de se esperar que se levantassem vo7.CS da Hierarquia - nenhum pronun· ciamcnto episcopal, segundo nos consta, denunciou ou condenou tais ílagrantcs vio lações do Oirei10.

Pujança natural da iniciativa privada Em todo o processo dessa escanda.

los.t rcíorm:1 agrflria não íoi. portanto. prestado o mínimo auxílio à micia tiva privada. A,ues pelo e-0m rário: convinha que ela não aparecesse a fim de não tornar ainda mais evidente o fracasso da referida revolução a~rícola. Mesmo :1ssim. fo, possivcl atcsrnr a elicácia da propriedade privada e da inciativa particu la r cm uma ou outra propriedade que, por qualquer motivo, escapou à sanha destruidora do colcti· vismo socialista. Entre tais casos esco· lhcmos um b:1stantc sigoific:ativo com o qual Ílnali>.arnos o nosso artig<> ( 11): O scarciro Antonio Nunes, que há 18 ~nos cu ltivava um terreno de; 30 hectares doado pelo proprietário. viu•sc rcpcn1i. namente pl'i"ado do seu direito ao trabalho por ter sido ;1fosrndo da tcrr:i cm nome da reforma :1grária. Ficou ~,ssim privado dos meios. mcdiamc os quais 1irav.1 o sustento de sua fomília e ;~lsuns

luc1·os que lhe pcrmi1i:.in1 in1todu:dr me• lhot~1mcntos no terreno que CXf>lorava . Qucixou·Sé 3.s :wtoridadcs. m;1s na · d~1 conseguiu. O com:indanLc d,1 Região Militar do Sul. por exemplo. su1;criu•lhc em determinada ocasi~o que se integras· se numa Unidade Colc1 iv:t de Produção. pois " t'l'tl mais honiu, ((m• 1mlo., trllho~ l/1(1Ssem em ,·011;1m1,, ", A ntoniú Nunes dcchtrou~lhe ,tth.: oão era comunista e prosseguiu em sua luta à procura de terra e de 1r:.1balho. :Hé que os éncon• trou. Mas <1uando se prc1>ar~w~1 pitra iniciar ::t nova explon1ção. comcçara,n o:s ~\l~lqucs da l111id~\dC Colctâv::1 de Produção "A ,·mu«• 25 tJ,, Ahdl". "'A 111<, nio Nunes I! os guardlls ''" GNR [Guarda Nacional Republicana] que o nt.:ompanha\'f1m foram 11és:re dia

cerfodos pôr um grupo tle agitadores que. de e,uados. machados e 1U1valhas em punho, amet1çah1m o scoreiro de mur1e e ti'lllflram agrrdt'-lo. Corajo.w,. me1111.• en/r(~uto u-os. Seguiram-se espt•· ros na.r estradas, imimidllt;Õe.-r e provocações variadas. ''Ignorou-as. Ajudado pc?la m ulher. filho e nora. agorro,,-se aos trmores ({til' pm· dlw.·t.\'tlS V<•:,•.r t<•nlflram ruuhllr• lhe - ,, comt~r<m li dcsbn1w1t " tt•i·ra, ..Abriu \•aios. ,·muinlws. nm,ttruiu ,,fr('iros dt 1omt11<' e pinuw11io. S('ml!<W sl!ssen1a sa<·as tle bauua e preparou os camptJS parll o arroz. Tudo is10. tio <·omrtírio tio que suc1.~de ,111s Unidades Col1.•1ivas de l'rodttção. sem recorrer ao Crédi10 Agricola <le Emergêndo. "O a.\J)l!ttO 1/a sua péquena e.rploração ('ôlllra.-r10 vivome,ue com a vizinha "A,•an,e 25 de Abril", 1.mtlt• apnwsse V(1 semeado um pouc<> <le trigo e aveia, nos terreno.-r junto à estrada. para a viajome ver... "Qumulo nw ,·iram o lm·rtn· - disseno.-. .,;orl'i,uh, - o ,t d(1 Unidtule Co1t,1ivt1 "'e /''rmlur<io ,1<,:,a1t1r11m im<•diarnmeme " trahal/111r. s\1(1.,· da1111i os d,•.,·11/io. ,, às ut11rt1s du{IS mtidadt'.'f co/('tiw,..,. do Cótt('O. ,, pr<1duzirem t•.,·tc• mm m1Jis hntâta qu(~ t'll •••

Pedro Abrantes ( I >..,H,m 1mm tio\ ll111hd,., >:,1•1t1•ro.14,., ••• "FQ!h:, d(' SJo J':luló", 6110/74. (2) "O l'Aí~-. l ..isbo:.. scman:. d(' 7 ., 1) / 10/ 77, {)) Rd31ótio do Ministério d:. A&ticyll uni e PCU'3$

d(' Pouut,,1. 31/3/17. o;a-, L.isl)o;'I. 18/ .S/ 77. (S) .. Expte$$0··, Li-l>bo:1, 8/ 10/77 (6) - u.jormo .1l ;.:niri11: ,\('<l fll oi,• 1i,t111··• .l\l:Íl\ ú :uin, (4) ..o

fa.l~(K.~ \lu Tcmr to. 1 1,1>0.1, M77, ,

0) .. tlot1.1 1· 11uJ1 rrj,,mw, 11;:r Pc,wi10 Rcb!:tto, l:ditoii.11 R,·· 197S. p, .S.

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(8) .. Voz de l'orh.igal'". Rio de J;um~n. 19 : . ; ,. (9) "'O l )i:i", tis.bo..,. 27/4/ 77. (IO)"'Jornal 1>or1u.g~s de &:onorni:i c Fina,1(".)i:'",

Usbo::a. li/ 10}76. (11)'"0 Dfa1", l.ilibo:t. J0/)/77.

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ESQUERDISMO NAO-MARXISTA:

O RUIR DOS IDOLOS

XTENSOS CÍRCULOS intelectuais do mundo inteiro prestaram, até há pouco, um culto reverencia l ao marxismo-leninismo. Indagará explicavelmente algum leitor: por que o emprego do verbo prestar no passado? Não existe ainda um comunismo expansionista, imperialista, que ameaça deglutir os restos da civilização cristã? Sim . O movimento comunista existe, está cm toda parte, leva a cabo ativa política imperialista, como não há paralelo na História e é o grande perigo do presente. Mas o marxis-

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esperança no futuro deixou de existir. O horizonte comunista se toldou de nuvens plúmbcas. E, curioso fenômeno, análises demolidoras das sociedades da Europa Oriental feitas por esquerdistas que até há pouco lhes lançavam entusiasmados ditirambos: um masoquismo crítico passou a ser moda. A terceira etapa surgiu do desenrolar lógico das duas anteriores: a busca em Marx das "sementes geradoras do totalitarismo lcninista". E, convenhamos, não foi tão difícil achá-las. O último ídolo trincou-se.

Como adiante se verá. antes uma nova formulação que dissolve um nó colocado na marcha do movimento revolucion{,rio. Os porta-vozes mais qualificados desta reviravolta espetacular formulam, com maior ou menor nitide1.. a questão como abaixo se expõe. O núcleo do revolucionário é sua fidelidade à utopia criadora, desejosa da sociedade onde reine a plena igualdade na completa liberdade. Este sonho precisa de uma ideologia que o torne viável. A ideologia é, portanto. a tentativa de adaptação

mo-leninismo como fenômeno intelectual, principalmente na Europa Ocidental, está virtualmente morto. Muitos dizem cm tom de debique: procura-se um intelectual marxista, de preferência vivo ...

Acusa-se agora o marxismo de ser uma espécie de religião, com seus dogmas e santos, dispondo de um partido que funciona à maneira de ordem religiosa. A "sacralidadc atéia" deu origem a um mundo fechado, enregelado. burocratizante. A quebra do pedestal Torna-se necessário dessacralizá-lo, laicizá-lo, relativizá-lo. Ou seja, o Marx, Engels e Lenine foram pressuposto da filosofia marxista, o e cm parte ainda o são - divin- relativismo completo. precisa ser dades laicas do dessacralizado sécu- também estendido ao próprio marlo XX . Mesmo aqueles que os com- xismo e suas instituições. Em consebatiam, habitualmente manifesta- qüência, são discutidos livremente vam respeito por suas concepções. pilares conceituais do marxismoO fracasso estrondoso da aplica- leninismo, como a luta de classes, o ção de suas teorias nos países do papel central do partido na con"socia lismo real" (eufemismo para dução do movimento operário. o indica r os Estados socialistas) im- fim do Estado. pingiu nas mentes intoxicadas de A sociologia e a análise histórica marxismo um recuo que se efetuou continuam profundamente impregem três fases. A primeira etapa nadas de princípios e metodologia consistiu na demolição do stalinis- marxistas. A prcpondcrilncia do fato mo, encampada pelo próprio PC econômico sobre os fatores religiorusso no seu congresso de 1956, sos e ideológicos. a luta de classes durante o qual Kruchev denunciou como condição normal da sociedade os crimes de seu predecessor. e fator saudável de evolução são Mas Lenine e Marx permane- ainda considerados realidades inciam incólumes. Pouco a pouco, as contestcs, pelo menos em sua linha graves revelações sobre o regime de geral, em grande número de institerror. a fome, as perseguições sob tuições acadêmicas. as quais viveu a Russia durante o Nos meios do progressismo carelativamente curto governo de Le- tólico continua atuante a infiltração nine, abriram os olhos até dos mais ideológica marxista. Curiosamente. recalcitrantes. os elogios calorosos ao "profeta "Pari passu", a contribuição teó- Marx", aos métodos de análise marrica do déspota vermelho gerava xista, diminuíram. Atento às oscilaacentuadas duvidas mesmo entre ções da moda. no momento em que numerosos de seus seguidores. O Marx é derrubad o do pedestal pelos burocratismo, o enregelamento e o expoentes da modernidade esquertamanho ciclópico do aparelho esta- dista do Velho Mundo, muda de tal, a asfixia no desdobramento das tom também o progressismo católico. potencialidades individuais, o totalitarismo onímodo passaram a ser vistos como males congênitos ao Uma nova moda? leninismo, não mais deformações desenvolvidas sob a implacável féCertamente. Uma volta atrás. ruia de Stalin. O otimismo cego da uma renúncia à utopia igualitária?

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da utopia à rea lidade. Os teóricos revolucionários forjam as dou trinas que possibilitam a marcha da humanidade em direção ao sonho igualitário. Marx foi considerado o mais espetacular teórico do mito revolucionário. Apoiados em suas concepções, milhões de homens lançaram o mais potente movimento de destruição da ordem social burguesa. Lenine teria sido o estrategista genial que, com base no pensamento de Marx, completado e interpretado por ele, lançou por terra o milenar trono dos O.ares, implantando sobre suas ruínas o primeiro Estado socia lista da terra. Nada atinge tanto sucesso quanto o próprio sucesso. A parti,· de Lenine .. o marxismo tornou-se lcninista e o revolucionário que desejasse seriamente o triunfo da Revolução, habitualmente seguia o marxismo-leninismo. O triunfo deste colocou na obscuridade os outros teóricos revolucionários que discrepavam de suas idéias. Passadas já muitas décadas das sangrentas revoltas de outubro de 1917, os frutos aparecem envenenados. O Partido Comun ista aboliu a liberdade. produzindo a pior tirania da história humana e não atingiu a igualdade, gerou um petrificado Estado burocrático. Produziu cópia, cm preto e bra nco, das sociedades i1\dustriais do Ocidente. A fé nas concepções de Marx e Lenine ruiu. E então? A esquerda rea li1.a pois seu pretenso exame de consciência. A dúvida na obsessão antiga torna possível a volta de pensadores banidos o u marginalizados , tanto do socialismo utópico, quanto do socfolismo dito cientifico. Reestuda-se em clima de borbulhante propaganda, os trabalhos do "Marx jovem", de Sain1-Simon , de Proudhon. de Rosa Luxemburgo, de Kautsky e G rams-

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ci. para citar apenas alguns. A c.xpressão autorizada do mito revolucionário deixa de ser unívoca: transforma-se. com o perdão do neologismo. cm plurivoca. O curocomu nismo. analisado sob o ponto de visw de movi rncnto idco~ lógic~, é, em grande parte. um reílcxo deste tremor no seio das esquc,·das.

Conseqüências pollticas Os ex-marxistas continuam sendo comunistas, tomado este vocábulo na acepç.io de quem deseja a sociedade radica lmente igualitária e li beral. Nas esquerdas. o embaraçoso impasse provocado pelo gritante fracasso da aplicação do marxismo ao longo de seis décadas, que deu origem à sociedade tirânica e empobrecida. c m lugar do paraíso prometido. foi parcialmente resolvido. As mentalidades que não se deixaram dominar inteiramente pelo cinismo ou hipocrisia podem, numa cômoda saida, sat isfazer sua moriribunda lógica. Continuam comunistas, de outro comunismo que não o da versão marxista, e não tem mais pela frente o incômodo pertinaz da realidade discordante, nos países do "socialismo real". Nas áreas da centro-esquerda. centro e mesmo cm algu ns círcu los da direita diminui o pavor do comunismo cm sua versão moscovita. Os novos comunistas, aprcgoadorcs da liberdade, não produzem cm tão longa escala o temor paralisante. mais próprio ao comunismo clássico, maquiavélico, façanhudo, sangrento. E o lento processo da corrosão das fibras anticomunistas da opinião pública adquire maior velocidade pela retirada de alguns obstáculos. O deslizamento em direção à esquerda fica mais desimpedido.

Sob a luz de "Revolução e Contra-Revolução" Os tres grandes atores da manobra eurocomunlsta: Berllnguer. Carrlllo e Marchais, chefes dos PCs da nalia, Espanha e França. Adotar/1 o eurocomunlsmo a nova moda para vencer as dificuldades que vem encontrando no eleitorado?

Escrevem os leitores

A Revolução , fenômeno universal descrito pelo P,·of. Plínio Corrêa de Oliveira cm seu magistral ensaio

"Revolução e Co111ra-Revolução", não é de modo algum negada pela nova onda da esquerda não-marxista. Na realidade - e nisto tem ela razão - Marx não foi senão um dos corifcus des te movimento, que teve, como se sabe, três etapas principais: Revolução Protestante, Revolução Francesa, Revolução Comunista. O insigne pensador católico afirma no citado trabalho: "Duas noções con-

cebidas como valores metafískos expri111e111 bem o esplrito da Revolução: igualdade absoluta. liberdade con1pleta. E duas são as paixões que 111ais a serve111: o orgulho e a sensualidade". Portanto. para a lgum movimento recuar em sentido contrário à neopaganização contemporânea, é imprcscindivel que defenda valores contrários à metafísica revolucionária e promova a prática de virtudes opostas à explosão de paixões fomentadas pelo processo revolucionário. Assim define o Presidente do Conselho Nacional da TFP um movimento autenticamente contra-revolucionário: "Si• a Revolução é a desordem, a Conrra-Revolução é a

restauração da Ordem. E por Orden, e11re11de111os a paz de Cristo 110 reina de Cristo. Ou seja, a civilização cristã. austera e hierárquica, fu11da111e11talmente sacra/, anti-igualitária e antiliberal". A parcial demolição de Marx, negada a sua preeminência e rcduzid o à condição de mero teórico entre tantos outros do movimento revolucionário, para quem se detém a analisa r com vagar o atua l estágio deste multissecular processo, atende a conveniências inegáveis, seja nos arraiais da extrema esquerda , seja naqueles que ela tenta conquistar, neutraliiar ou esmagar.

Péricles Capanema

Revmo. Pe. José Trombert. Sêrro (MG): "Para se ter urna informação segura sobre a Religião Ca tólica hoje na sociedade são poucos os órgãos de comunicação que têm coragem de referir o que vai por ai. Esse mensário traz.certamente a verdade ... " Rcvmo. Pc. Roberto Lara, Ouquc de Caxias (RJ): " ... pois a degustação dos assuntos cm pauta no jornal católico do Brasil é satisfação que - a mim e ao meu colaborador tem o mérito de deliciar, enco.-ajar e sa ntificar: além de in -

formar··. Exma. Sra. O. Maria Angela Bcrni, São Paulo (SP): " ... jornal de primeira categoria ..... limo. Sr. Helio Orago Romano, Campinas (SP): "Tem bom nível. Defende as boas causas. Esclareoc. Exerce apostolado". limo. Sr. Henrique G. de Serpa Pinto, Niterói (RJ): "Parabéns pela iniciativa de esclarecer os leitores quanto a essa malsinada propaga nda do sexualismo. de que até religios.is não se pejam de participar. Oportuníssima e feliz a reprodução dos textos incisivos do Magistério sobre o assunto". limo. Sr. Prof. Bcnedít(I Antonio Jahnel, Jundiaí (SP): "Venho at rnvés desta para bcoi1,.éílos pelo excelente artigo de CATOL IC ISMO do mês de fevereiro. onde trouxe um pouco da história artística do Brasil - o barroco cm toda sua purc1.a e grandc7.a! Realmente era a expressão de um verdadeiro Brasil - de "brava gente". A bem da vc,·dadc. assevero que todos os artigos reservados a p,lrte cultural. mormente da Sant;i Igreja. são de uma bcle1,1 que faz inveja a todos os jorm1is e revistas que ousam escrever sob1·c al'tc. É realmente CATOLIC ISMO um baluarte da cu lturn!"

(IJAto1nCISMO MENSÁRIO com aprovação cclcsiáslic.a

CAMros -

ESTADO 00 RIO Oirttor

Paulo Corrêa dt Brito filho

.

Oirclorlt: Av. 7 de Setembro 247. cai•

xa pos,al 333. 28 100 Campos. RJ. Adminis1raç-ão: R. Dr. Martinieo J>ra.

do 27 1. 0 1224 São Paulo. SP. Co11~pos10 e impresso na Art1,ress Papeis e Artes Gr.HicíJS l.tda. R. Dr. Maninico Prado 234. 01224 S. P:1ulo.

Assinatura anual: cqmum CrS 300,00: cooperador CrS 600.00: bcnfei1or CrS l.000,00: grande benfeilor Cr1 2.000,00;

seminaristas e cstudan1es CrS 250.00: América do Sul. Ccntr.11 e do Norte. Ponugal e Espanha: via de superfície USS 36.00. via alrc:, USS 46.00: outros países: via de supcrlieie USS 40.00. via oên:o USS 46.00. Avulso: CrS 20.00.

Os pag,arncntos. sempr<:: c rn nome de Editora Padrt Belchior dr Pontts S/C, poderão ser encaminhados à Ad· ministração. Para mudan(:~, de endereço de assinantes ê neeessário mc1lcio• n.-.r também o endereço :lntigo, A cor· rcspondência relativa. 3 assinaturas e venda avulsa deve ser cnviad3 à

Administfilçio R. Or. Marlinico Prado. 271

01224 - Sio Poulo, SP


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E AS PEDRA S FA LA RAM... meio da espada. Eu represento a voc.içào imperia l de Rcgensburg. A

tcgcmos. h{1 v,1r 1os séculos. num l.lbcrnüculo de 17 mcll'os de alluni.

obra cvangclb:adorn nfio n.;-sistiria d urnme muil o 1cmpo. sem o braço forte de Carlos. o Magno Imperador. Seu 11c10. o Imperador Luís. o Germânico. aqui residiu d urante meio século. de 826 a 876. Também nes1e lugar se esrnbclcccrn m. desde o século VI li. os condes e depois duques

da Baviera. E cu mesma. <1ue integro este ed ifíci1>. sede do Congresso Imperial Alemão t>c rmanenle de 1633 a 1806. faço p~utc dn ma is antiga sala de parla mento do mundo. cscrínio d o glo rioso passado dos povos gcrm,i nicos. E Rcgensburg. cidade imperia l livre d esde 1245. só perdeu s ua antiga cond ição q u;u1do .i dcs· pólic;i boia de Napo leão csfot-elou

E assim ia prosseguind o a poríia das pc<lrns batidas. pisad~1s. gastas. tallH1das ou esculpidas. O utras ainda poderiam ter entrado nn disputa. Porém. o empalidecer das cs1rel"s

anunciava o aprox imar da aurora. E o dcspcl'ta,· dos homens impunh,1

si lêncio êts pedras ... Mas .tS pcdra.s. de fato. não cr;un

pcdl'as. 1::n:un Anjos 4uc narra vmn ma is de dois mi l a nos de his16ria da maravilhosa cidade de Rcgcnsburg. ou Ra1ís:born1. na Baviera. Passado

os Estados alemães. - No cnta1110. o q ue é tua glória dianlc da minha? (É a voi. o ,·iunda das pedras que compõem a ponle med ieval. cons1ruíd a cm 11,46). Em 11 47, vimos partir a Cn11.11da de Conrado Ili, Imperad or do Sacro I mpério Romimo Alemão. e cm 1189 a do Imperador Frederico Ba rbarroxa. Eles l'ornm conquistar o Sepulcro de CrislO. Havcri, glória

maior'? - S im. respondem os blocos de pedra da velha Ca1cdral de Siio Pedro. construida c ntl'c 1275 e 1534. Não discutimos idades. embora j{t esti véssemos colocadas qua ndo se fu ndavam as primcir.1s cid;1dts n;a

N

Acima, à esquerda, Regensburg ao cair da t arde: a pont e 1 medieval sobre o·

UMA TA R DE cm fim de

o ut ono. no seu majestoso <kclínio o sc)I d<>ur.l as torn::c tCIJH1dos d;1 cic.hu.le ..: v,11 1nin1r-sc nas <igu:is do rio,

Danúbio. a torre tlplca. a Catedral dos séculos XIII-XVI.

É cmão que a pane antiga de

Rcgcns hurg comcç:. a i,ncrgir nas sombras evocat ivas de seu passado. As ca sas de c.::omc1·ci:u1tcs. que outl'ora prosperaram, projetam contra o céu agora róseo a s ilh uct;·1 de sua~ 1orrcs, inOucnciadas pelo estilo renascentista italia no . A policrorni,-1 celeste conlinua suas mutações. O hori 1.ontc revestese de púrpura. depois de lilás. E surgem as primcirns estrelas. Qua n-

A direita: o bairro antig o com seus pequenos castelos e casas de nobres em estilo renascentista italiano. · t esta a parte da cidade que hoje atrai os visitantes, especialmente os jovens.

do a noi te cobre :.t cidade com seu

manto frio. a vida urba m, recolhe-se no interior acorn..:hcgado das c.-1s;ts. Um pouco ma is de lcmpo. e os 130 rni l habita ntes da cidade dorn,crn. É o momcnt<) cm que .lS pcdr,,s começa m a fofa,·...

A primeira vo,. pane de urna pedra 4w.: figura no porti-tl de um antigo ac.ampétmcnto de lcgioiuírios rom;1n<>S. Nela podia-se dist ingui ,· uma antiga inscrição. l;.u :-i.Ou ;l voz da fortalcnt Ca.wra Re}!.itta, Eu represento a origem dcst" cid ade. E dis10 dou prova invoc.indo o testemunho dê1 H iscórh1. Vede o 1..1uc csHí impn:sso cm mim: A. O. 179. Nesse ano dn era de Nosso Senhor .Jesus Crislo. cu aqui j,, me cncônlrava pHra rcgislrar a conclusão da fo rtó.tlcza romana e ó.lO mesmo lcmpo a fu ndação de Ra lisho na. Po rtanto. comcmol'O, en1 1979. 1800 a nos de existência! - Digno de fé é o teu 1cstc nn1 nho - 1·ctJ'uca o utr.c1 voz. grave e solene. surgida de uma grande pedra às margens do ri o Da nú bio. Se representas a História. cu re presento a Tradição. Sei~cemos trnos a ntes que fosses aqui colocada. c u já aq ui me encontrava. j unto à aldeia celta que se erguia nesle loca l. Vi primeiro at1·avcssa1·c m vitoriosas estas ,iguas as legiões romanas e cstabclcce1·-~c aqui o poder dos Césa,·es. - Entretanto continua a mesma vo1. - . não é o que testemunhei de mais i111 por1,1 n1c. Po rq ue 11111 di:, cs1rcmcci de g{wd io ao sent ir q ue cm a lgum luga r do O riente havia nasci-

do o Rcdcmor do mundo! O q ue logo foi coníirmaclo pela boca dos soldados e peregrinos. Trint a e três anos nu1is ta rde. estremeci novanlc ntc. E percebi que o crime mi1 is abomin:ívc l o dcicíd io - fora cometido sobre a terra. Vieram. porém. it Ressurreição e Pentccos· tcs. E os que pisavam estes camin hos e saciavam il sede nas ::iguas q uc correm aqui. contava m os prodigios dos Apóslolos cm Roma. na G,·éeia. na Ásia . - G randes e rcspcitúveissão vos· sas histórias - acrcsccnla oulra pedra, la mbém j unto ao ,·io, dirigi ndose /,s anteriores. Entretanto, se rcprescnrnis o berço da cid:1dc. sou cu a testemunha de seu b;1tismo. Vi nas-

ccr a Eu ropa cristfi. com a c hcgad.t

dos primeiros monges de São Bento. Di:111tc deles curv:,ram•sc as cabcç:1:-. o ,·gulhosas dos rcprcscrlla ntes dos Césares. como também dos b:írba1·os scdc111os de sangue e des pojos. Assisti ao l'ccunclo traba lho aposlólico de São 13onif:icio. q ue venceu a durci',,a pagã dos germanos. Ele sa·

grou no longínquo a no de 739. o primeiro Bispo desla cidade: Gahauld. Por iss1,. Rcgensburg uma das mais }1ntigas sedes cpiscop,tis da Europa. Ó! Tua hislória é bela exclama outra vo? . proveniente do antigo Parlamento Imperia l. M:1s sc-

-

Encima: Sala do parlamento corporati vo do Sacro Império Romano Germanico. A direita, o coral dos Meninos Cantores de Regensburg, chamados "Ds pardais da Catedral".

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ria insuficiente conquisrnr pela Cruz

América recém-descoberta. Também não discutimos escilos 1 embora nosso puro gótico seja precioso e raro. Nem nos va ngloria mos de nosso a llar-mór. lodo d~ prata . O que há de ma is glorioso cm nós é o fato de rcsgu.irdarmos ,1 Presença Real de Deus l'ilho no Santíssimo

se a viló ria não fosse ma 111ida por

S.-1cramc1110. q ue conscrv<unos e pro-

e

que não se Í;u p1·cscntc s<', nos 1no11mncntos. Basta ouvir os l?<'geushtll"J.:t11" Domspa1zen (" P;1rcJ.i i:-.

da Ca ledr:,I .. ) par:i sentir o deit o civili,ador p,·oduzido n;iqucl;,s vo, í".Cs crista lin::1s. harmonkamcntc dispostas num famoso cora l de nwninos. 4uc comemorou recentemente mil a nos de existência.

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Atualidades de aquétn e alétn cortina de ferro • Adivinhe quem sou eu "'Eu tenho uma das maiores e m.iis caras coleções de automóveis de luxo do mundo. E todos os meus carros me foram presenteados. Eu vou para o trabalho no último modelo Mercedes. Tenho também um possante Marra Baguera. Quando quero correr. vou num Cadillac Eldorado.

E, de vez cm quando, utilizo-me de um Lincoln Continental. Quase ia esq ucccndo de citar meu Cítroen. Mas também uso um Matra Wagon, que eles me deram. O meu Rolls Royce, é claro, só utilizo cm ocasiões muito especiais. Às vezes hesito entre usar meu BMW ou meu Re,wult. Bem, é a vida. Como é duro escolher... Quem sou? Talvez pensem que sou um rei.

Alemanha Ocidental um total de 10 bilhões de cruzeiros. Mas qual o valioso produto negociado pelos vermelhos? Não se espante o leitor, pois são, nada mais nada menos, do que ... prisioneiros. Homens. mulheres e até crianças que procuram fugir ou ajudar o utros a se evadirem do "paraíso vermelho'", e são capturados pela polícia do regime alemão oriental. As prisões se enchem, mas o regime de Pankow não vacila . Coloca à venda prisioneiros políticos, pelo preço de 800 mil cruzeiros por pessoa. O que, aliás, não é tão diverso do tráfico de escravos de épocas passadas. Recentemente, na Alemanha Ocidental o deputado Erich Menn exortou o governo de Bonn a suspender a compra de prisioneiros. Segundo o parlamentar alemão. "isto repre.,en-

u, um reforço financeiro para que o regime da Alemtm/u, Oriental cus· teie a propaganda subver.t;iva (tnti· ocidental".

Outra emissora de TV, a NBC, pagou I bilhão de cruzeiros para a televisão estatal russa, em troca de serviços técnicos e aluguel de equipamentos. Outras fontes de rendimentos para os vermelhos serão a venda de selos comemorativos dos jogos olímpicos, os "royalties" da comercialização dos símbolos da competiç.~o. Mais os fundos adicíon.i is procedentes das empresas que competem para ter a possibilidade de serem escolhidas como fornecedores oficiais dos materiais para os jogos. Tais firmas, muitas delas americanas. têm feito não só "doações" cm dinheiro. mas vêm fornecendo aos soviéticos colossais entregas em bens e serviços. Até agora mais de cem empresas conseguiram o s1atus de fornecedores oficiais dos Jogos Olímpicos de Moscou. carreando assim milhões de dólares para além da cortina de ferro.

qua ndo são transportados da fábrica para os revendedores. Os assaltantes retiram as peças que necessitam para adaptá-las em seus próprios ca rros. Assim, para fa larmos só do campo automobilístico, o sistema capitalista norte-americano alca nçou uma dianteira de 60 anos cm relação ao regime soviético.

que poderiam imagina r os estra n-

• Perseguição religiosa em Angola Russos e cubanos 1mc1aram em Angola nova campanha contra os cristãos e portugueses. Foi o que declarou um fugitivo angolano ao cheg.ir à Namibín, no início do ano. Ele faz parte de um grupo que abandonou o pais a bordo de um pes(J ueiro que encalhou e foi salvo por um barco sul-africano, quando seus ocupa ntes não tinham mais água nem alimentos. Os nove fugitivos angolanos fa. !aram de uma "p(•1·s<•g11içc1o i111placâ-

--...- -

• •

geiros. Essa é a conclusão a que chegou o prof. Nicolas Ebcrstad t, do "Ce111ro de Est11dos sobre a Popularão",

da Univcrsid.idc de H,1rvard. nos Eswdos Unidos. Ebersrndt apresenta seus rclató· rios cm forma de três artigos publi-

cados no " New >'ork Tin,c.\·",

O professor da Harvard informou que a China, com sua população de q uase um bilhão de habitantes. é o maior importador mu ndÍal de cercais. mesmo incluindo-se no elenco os paiscs mais pobres do globo. "Os visi1a,11es provav<)hne111e sâ

vt~I .. com ra os cristãos cm A ngola e • Sessenta anos de atraso... de ··cxecu('ÕêS ditiria:f' nurn csc•'.l.dio

óbstrva,n os aspecros dt1 societl<ldf!

de futebol, situado nos arredo res de Luanda. Um deles afirmou q ue as med idas de segurança adotadas pelos russos e cubanos foram redobradas nos últimos tempos. Centenas de portugueses. que tentaram fugir do pa is, caíram nas mãos dos soldados cubanos. Alguns foram fuzilados na presença de grande número de portugueses prisioneiros.

quin, j ulg11111 co11ve11ie111e n1os1rt1r.

Em Moscou - informa o jornalista Erick Mishara , do diário norteamericano "NatiOn{l/ Enquirer" h<í somente treze oficinas de consertos de automóveis para aproximadamente 250 mil veículos. Peças de reposição são dificilmente encontradas no comércio. Até 1980. espera-se na Rússia que haja seis milhões de propriet{1ríos de carros particulares. Tal nível foi alcançado pelos Estados Unidos cm 1920... A carência de peças ocasiona freqüentes assaltos aos veículos de fabricação russa marca " Lado",

,..:-

sitantes só conhecem o que os dirige ntes locais desejam mostrar. através de percursos pré-estabelecidos e com guardas disfarçados como guí,is. Na China comu nista tal regra se aplica invariavelmente. A subnutrição. a superpopu lação e a pobreza representa m para a antiga terra dos mandarins sérios problemas, que vão muito além do

t·hi111,sa <Jlll' as

autoridades dt Pe1

t·o,n u propósi10 de ,nelhorar sua inwgen1", obscl'va o cientista do " C,,11tr CJ de Estudos sobre f>opula('ão''.

Evidentemente. o panorama de

miséria e pob,·czt, é um dos aspectos da realidade que convém ocuha r. Funciom\ríos do governo noncêlmcricano considcrnm rnzo{,vcis as observações do mestre da Harva rd, • A face oculta da O que justificaria a atitude conChina vermelha cifüllória do atual regime chinês cm relação ao Ocidente, pois nada meÉ notório que nos tcrntonos lhor do que um parceiro rico para su bj ugados pelos comunistas. os vi- q uem está praticamente na miséria ...

Fugitivo lituano visita a TFP Simas Kudirka , t'ádio-opcra dor de naciona lidade liwana, e que em 1970 saltou do navio russo "Sow•tskaiia l.itvt1", encon-

ó, não! Hoje cm dia os reis são pobres. Pobres reis ... Pensam talvez que sou o ex-Xá da Pérsia? Erraram novamente. Ou um magnata norte-a mericano'! De forma alguma. Ah! Agora, pensam que vão acertar: seria eu um emir, dono de fabulosas jazidas de petróleo'! Erraram. mais uma vez. Mas é fácil. Tentem de novo. Aliás, vou da r uma pista. Vivo num país muito frio. Então. sou algum capitalista multimilionário de pais do hemisfério norte? Também não. Vou dar nova indicação: nasci numa terra onde há muitos ursos e as pessoas bebem "vodka". Descobriram, agora'! Pois é. sou Lconíd Brcjnev. sccretárío-gcra l do Partido Comun ista Russo e presidente do Praesídium S upremo do governo soviético ..."

• Chuva de d61ares sobre a Rússia

No próxi mo ano, realizar-se-ão cm Moscou as Olimpíadas internacionais. Os últimos Jogos Olímpicos efetuaram-se no Ca nadá, ocasião em que numerosos atletas provenientes de países de além cort ina de ferro conseguiram escapar para o mundo livre. Desta vez, porém, vai ser impossível cogitar-se cm qualquer tenta· tiva de fuga, pois a anfitriã do certame mundial será a Rússia ... As próximas Olimpíadas estão proporcionando aos dirigentes moscovitas notável fonte de renda. Em troca de facilidades e concessões comerciais, empresários norte-americanos estão fazendo chover rios de dinheiro sobre o território soviético, segundo a revista americana TY Guide ( 10/ 3/ 79). • Trãfico de prisioneiros anticomunistas Uma empresa de televisão dos Estados Unidos já começou a pagar Nos últimos 16 anos, a Ale- cerca de dois bilhões e meio de manha comunista realizou um lucra- cruzeiros para poder televisionar tivo comércio. Exportou para a 150 horas de disputas.

tra-se percorre ndo atualmente vál'ios pa íses latino-americanos. O objetivo da viagem é proferir ~onfcrências e csclaJ'cccr o público ocidental a respeito da verdadeira silUação existente alnís da cortina de ferro. Através de uma guerra psicológica sem precedentes. oregime soviético procura esconder a rea lidade vigente na Rússia e assim inílucnciar a opin ião pública dos países do mundo livre. Em São Pau lo. Kudirka visitou a sede do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição. Fam ília e Pl'opriedade (TFP). onde foi recebido pelo Pl'of. Plinío Cot'réa de Oliveira. Presidente da entidade, e numerosos cooperadores da mcsm;1 . Após tomar co nhccimcnlO das at-í vidades e campanhas

r>romovidas pela TFP. o ex-marinhe iro, c1uc se razia acompan11<1r por membros da colônia liluana e do Comitê Pró-L.ibct'dadc das Nações Ca tivas. relatou com pnt'mcnol'cs o episódio de que foi protagon ista.

Evasão arriscada Em novembro de 1970. aproveitando o fato de o navio soviét ico estai' ancorado próximo a um cscalcr nortc-arnericano. cm ;j. guas do Estado de Massachusetts (EUA). Kudirka deu um sal10 arriscado, abandonando a embarcação cm que 1>restava serviço. para pedir ,lsilo político no barco da marinha dos Estados Unidos.

Obrigado a voltar para o navio soviético logo depois. Kudirka estaria uind,1 hoje cumprindo ::1

pena de 10 anos de prisão num campo de trabalhos forçados. Tal não aconteceu , entretanto. por.. que a larga divulgação do episódio forçou o governo russo.:, um recuo. permitindo a cxtradiç,io de Kudirka. que foí liberndo cm 1974.

Igreja do Silêncio !'ai.indo a "C(ltolil'is1110" durante a entrevista que concedeu à imprensa no salão nobre do Colégio São Bento. na capital paulista. Si mas Kudirka rcfcriu ..sc ii pen osa situação a <1uc são submetidos os católicos na Lituânia. "A lgrejl1 dt• São Casimiro -

f>O\'V, <•suí 1ra11.~fonnada <•111 " Ntu~

s('u de Al('Ú·11u>". Os carôlko.,· lituanos cons,•rw11n ,, esperm1r11 de qu<' 11111 dia isso flct1he. Nes.,·e s(•111 ido. s,,b,)1110..; <JU<' Nossa Sl'nho1Y1 apar('<'<'ll ""' Fá~ 1i11w, ('Ili 1917. o que tf aJ,,111t1 dor

paro nâs",

Apelo ao mundo livre .. Nõo <•.,·tmnos pedindo arnws. ,uio <~s1m11os pedindo di11h<1 il'o acenl uou o ex-marin heiro - pois o tJue 11ect•.\'Sillmws é o apoio moro/. A l.ituôni(l. ('01110 os tlenwis

pah;es mu'.\'tulos pela forra à ârhila soviéti<·a. n 1j(,i1a o 1narxis1110. qu('I' .\'el' livl't1 , 1Úa1icar ti F(! Co1d-

lic11, falar sua J)râpria lí11~1w. desNn•olv<•r sua t·ult11r11. O ret:illll'

exemplificou - construid(I para

('()JIIUlli.\'f(l l'IISSO 1uio {'011((1 l'OIII O

honrar este pi<-'dosu 11101u11·ca. que

(I/JUÍO

é 11111l1 glóri{l da Igreja e do 110.,.w,

milt' o livre 1rii11xi10 d<! p,•.'t,\'O{l.\'

do po,·o e,

,,ar isso. tu1o p(•r~ 00

Si mas Kudlrka (à direita). marinheiro lituano que fugiu da cortina de ferro. com o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (centro) e o Pe. Francisco Gavénas

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N. 0 .143 -

João Paulo li na Polônia

Julho de 1979 -

Ano XX IX

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Aferindo os resultados ., '

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r; À MEDIDA e,n 4uc vai se distanciando no tempo a visita de João Paulo 11 à Polônia anunciadll co1n tanta publicidade pela grande i1npre nsa - muitos leitores estarão se perguntando que resultados terá trazido para a Igreja tal evento. A acolhida ao Pontífice era, de si, um teste: sob a influência do trinômio contenção-coexistência-colaboração, a Polônia católica terá progredido ou regredido na Fé debaixo do jugo de governos co1nunistas'? A pergunta é fecunda em eonseqüênci,1s práticas. Pois. co nforme seja a resposta a Igreja n1ediria qual a quota de razões concretas pró ou co ntra esse trinômio. São <1uestões analisadas ;\ pügina 3 pelo Prof. Pl inio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP. Na foto ao lado. a guarda presidencial polonesa apresenta armas por ocasião da visita de João Paulo li ao palácio do governo - o Belweder - em Varsóvia. À direita do Pont ífice. o presidente da República Popular. Hen ryk Jablonski; à esquerda, o secretário do Partido Comun ista e primeiro-n1inistro, Edwa rd Gicrek .

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VITÓRIAS CONSERVADORAS CONFIRMAM TENDÊNCIA ~

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A SIGNIFICATIVA vitória da Sra. Margarcth Thatchcr (na roto. ao lado do marido) nas recentes clciçc)cs parlamentares britânicas não foi uma vitória isolada dos conservadores sobre os trabalhistas. de o ricnwção socia lista. Tambêrn no Canad(1. o candidato conservador Joe Clark desalojou o primciro111inis1ro li beral Pie rre Trudcau, de ma1i1. csqucrdisia. no poder h,í on1.c anos. Na li.ilia. os comu nistas sofrcrnm scnsi_vcl retrocesso e os democratas-cristãos. sempre inclinados para a esquerda . não conseguiram melhor resultado que nas eleições anteriores. Em v~írios p~lise~. vai..se maniícstando claramente o insucesso do socialismo, mesmo moderado. cm convencer as massas. Qual o significado da atual tendência conservadora·? P.igina 6.

EDUCAÇÃO SEXUAL OU DEFORMAÇÃO DA JUVENTUDE? A .. educação sexual" vem sendo introduzida em escolas municipais de São Paulo, mediante métodos evolucionistas e hegelianos ao abordar o assunto, revelando concepções claramente contrárias à doutrina tradicional da Igreja . Que conseqiiênc.ias produ,, tal "educação" em a dolescentes como os da foto, por exemplo? Educa-os para a pureza ou exacerba neles as más tendências oriundas do pecado original? São .João Bosco, com sua experiência didática na direção de colégios e com a 11enctração de ·espírito característica de um grande santo e formador da juventude, adverte para o cuidado extremo que é necessário nessa matéria, pois facilmente pode-se despertar nos adolescentes a inclinação para o pecado e o desregramento das paixões. Páginas 4 e 5.

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PORTUGUESES MARTIRIZADOS PELO COMUNISMO EM TIMOR por quinhrn1os homens escolhidos. e. apenas com lanç,as. rcchuçou uma

O respeito dos timorenses pela bandeira portuguesa chegava quase a superstição: não permitiam que lhe pi· sassem a sombra

UMA MANHÃ de 151 1. quando Afonso de Albuquerque. ao som de 1romberns e rugir de canhões. entrou. i1 freme de quinze naus com a Cru,. da Ordem de Cris10 . nn legendária Malaca, não imaginava que naquele local lbc estava reservado realizar uma d~1s maiores façanh:1s mili1:1rcs de todos os 1e'mpos. De fato. com apenas o itocentos portu~ucscs e duzentos ma la bares, o in1rép1do Governador Geral das ln· dias conquistou a cidade íoncmcn1c defendida por um exérci10 de mais de vi nte mil nntivos. conhecedores da pólvora e do uso dos ca nh ões. Num corpo a corpo formid ável. Afonso de Albuquerque dizimou uma tropa de dite turc~l. formada

N

carga de clcfcHHCS: treinados para (t guerra. O rcsuhado dessas proezas foi de grnndc valor parü os portugueses. A fama <los legendários heróis pcrc(>r.. rcu como um corisco toda aquck1 extensa regiiio perdida cnLrc o índico e o Pacifico, enchendo os povos de admiração e temor. Pouco " pouco. v<írios reis indígenas das inúmeras ilhas da Oce,,ni11 mandaram cmhaixadas a Malaca. pedindo a graça de se tornnrcm sê1di10s do poderoso Soberano de l'o r1ugal. En1rc e les eslava o Rei de Timor, íllw onde abundava o ião perfumado e procurado sfindnlo. Mas foram os Frades domi nicanos que. através da cutcqucsc e instrução daqueles povos primi1ivos. conservaram e torna ram verdadeiramente efetível a presença portuguesa na Ilha.

"Os timorenses amavam Portugal'' A província Ultramarina de Ti· 11101'. dis1an1e cerca de 25 mil km de Por1uga l. per1cnce ao ArquipélHgo de Sonda. Ê formada pela parle ori· c ntal da ilha <te Timor. mais a ilha de

Aiaúro. o 1crri1órío de Oé-Cusse (enclave na parte indonC:sia da ilha) e do ilhéu de .Jaeó. soma ndo ao lodo 18.899 km i, Sua ca pim! é [)ili. e,, popu lação total du Provínci,1 ê de cerca de 650 mil habirnmcs. Era com orgul ho que os 1imorC11$CS orienta is se dizkun ponuguC· ses. Tal era a veneração que tinham pela bandeira das c.1ui nas eles a consideravam :-;ag,·ada que não permitiam a ninguêm. mesmo inad-vcrtidamcntc. lhe pisar a sombra. A 20 de <1ul u bro de 1974 quando os vemos de 25 de abril ainda não tinham dcv;1swdo a ilha o en1ão M in is1ro de Coordenação l111er1crri1orial de Ponugal. Dr. AI· mcida St1111os. fc;,. uma visita a T im or. Dimue de 15 mil pessoas evocou a missão colonia l de Portugal . afirmando:

Timor Porlugui-s

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po1·1ugut1.w·s. Jic'1nws 111ui10 t·o,novidns qut111do 111n porltt· guê>s sai de f.i.rboa, dd a ,•oha ao

"Nâs,

se11<·<1. 1in1orc•11s(',\' h ouvt• </li<' sacrificara,u suas ,·ida.'(, rc•cusaraJJ1 111rai1m111du e pode ainda e11cw11rar Por· roar as s11t1s 11/nws. t' /uuu·mn de ia/ 111gal no outro lado do 11111,ufo. Que ,nodo que Timor plitle cu111i1111ar Pâ1ria <' que Povo!'º ( 1), JlClrfll).:llfS", E. sobre a permanência portu"Rn1/11u•111t'. 1imorc·11sc•s w,wwm, guesa cm Ti mo!'. acrescentou: 7'o· Ponugal - afirma o escritor Joa• da.,· as vc•.u•.,· (fll<'. 110 pas.wt<lo ou c1uim M. Fons<:<:.i ao comentar essas trc·e111e111,•111e. outros qui.,·<'l'tJJH O('llpalavras orf!.1tÍ/1t1\·a,1i..-:e de• u .,·ar par o nu.~.,·o /uJ:_tlf. aqui adquirido 11t,111t/ S ptn'll1_r,ut1s~...,, e guard(l\'(1111. por dirc•ilo de ,lescob(,rf(t (' dl' pr<'· ,le.'itl<' os tc 1upos da 1\l/01111rquia. 11s luuufciras de t>,n·1ugol. que tr<111smi• 1ia111 d,, g,,rfl('tio e111 xeraç,io. co1110 predoso e .,·agrado d,·1uisito ", 1

A "descolonização" unilateral Com o golpe de 25 de abri l de 1974 cm Portugal. começou o novo governo nwrxisrn de Lisboa a pOli· 1ica de "<lcscolonização" da~ então "Províncias Ultra nrn r inas". E fc-lo de ma ncir,·1' a. cntl'cgar o poder. nesses t~ITllnnos. aos mov11111.:nto~ gucrrilhdros ôc orientação comuni:;la, como a FREL.IMO. c m Moçam· bique. e o MPLA. c m Angola. Em Timor. esses movimentos tinlwm seu simi k m, F RETII .IN Freme Timorense de Libel'lação Naciona l. lisrnva mais uma vez <lplicado o velho ditado de que "as colônias se perdem nas 111e1rópoks" ...

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Ten.-Cor. Maggíolo Gouveia

fugitivos imploram ao governo malaio: "Por favor. resgate-nos. Estamos em grande perigo. Padecemos fome. Doença s".

400 mil já pereceram nos mares do Oriente

2

A TRAGÉD IA DOS fugiti· vos dos países comunistas do

fome ou em conscquencia das ,•iolências cometidas 1>clos comu·

Sudeste Asiático vai adquirindo proporções nunca vistas na His· lória. Font es da ON U calculam em mais de um milhão o número de pessoas que fugir:1m do Vie1nã desde a impla ntação do regime comunista, em 1975. Desse total, 40% pereceram no ocea no. Ou· trns dezenas de milhares vagueiam pelos mares do Oriente, sem en· contrar portos que os recebam nem navios que os recolham. Na Mal:lsia , sucedem-se diariamente cenas inauditas. Quarent a mil refugiados já foram devolvidos ao mar cm frágeis embarcaçô'cs, muitas: das quais soçobraram a seguir. Alegando falta de meios e de apoio dos pai.ses industriali1ados, o go,,erno malaio anunciou que expulsará os 76 mil refugiados que lá se encontram. E enlre estes já começa a propagar-se a peste bubônica, agra,•ando o estado miser:h•el em que se encontram. A Tailândia lambém repatriou à força 40 mil c:unbodgeanos fugi· 1ivos do regime de terror inslau· rado cm seu país. Grande número desses repatriados morreram de

nistas.

f:m Hongcong, presenciam-se cenas pungentes de fugitivos que há meses esperam obter asilo na pequena colônia britânica. Ape· sar de seu minúsculo lcrritório com a maior densidade demográfica de todo o mundo, Hongcong já acolheu 57 mil refugiados. Por ve, es os fugitivos chegam ao de· scspcro, como aconteceu aos do navio "Skyluck". Premidos pe· las circunstâncias, apesar da proibição das autoridades locais eles desembarcaram e entraram em luta com a polícia. Muitos conseguiram assi m permanecer no ter· ril ório, conto prisioneiros. Con~ dição q ue certa mente reputam preferível à existente a bordo dos navios. onde dominam a fome, as doenças, e 1>or ve,es o desespero. Ante essa tragédia de nações intc-iras. o mundo livre mantém uma ind iferença de pasmar. lnd i· ferença que a Hislória julgará com severidade, quando no futu· ro se arrnlisar nossa é1>oca. M:lis severo, porém, poderá ser o íuí10 de Deus.

uor lndonl-sio

Em 1elegr:1m a a o Ministro das Relações Exteriores, Ramiro Guerreiro. após felicitá-lo pela acolhida de mais 26 refugiados vietnamitas, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidenle do Conselho Nacional da TFP. alirniou: "Eslou seguro de in1cq>re1ar o desejo da imensa ma io ria de nos· sos compatriotas, sugerind o a V. Ex-eia . que. tendo cm visrn a situação I rágica cm que se encontram os va lorosos trânsfugas vietnamitas. autorize a rea li 1,ação d e cs1udos. a íím de averigua,· qual o maior número deles que possa• mos acolher nas vas1idões mocupadas do 1erri1ório c1uc Deus nos deu para o bem nosso. mas subsidiariamcn1e para u1ilidadc de 0111.-as n:1ções nccessiwdas. Tal estudo, complc1ado com rlcrna rchcs ju nto à Santa Sé. à ONU. ;ios governos dos Esrnd os Unidos. do .lapão e de ou1ras nações desenvolvidas. a fim de que po rporcionem transporte e recursos 1>ara íns1alaçâo. cm nosso 1erri1ório, dos refugiados viCI· namilas. marcaria de modo g lorioso a gcs1ão de V. Excia .. a qual desejo longa. 1ranqüila e feliz".

Durn ,11e esse período de c.ios que se seguiu ao golpe de 25 de abril c m Ponugal. conrn ndav::, a Polícia de Segurança Pública de Timor. c m Dili . o Tencme-Coronc l Rui Albcr· to Maggiolo Gouveia <1uc. co mo 2." comandante d.:t guarnição militar da cidade do Por10. fora agraciado com g..:ilões de ouro por seus cúznpanhci-ros de armas. No d ia 17 de agos10 de 1975. ICn· do panid,irios da FR ETI LIN arriado a bandeira por1ugucsa no Quarlcl General de Díli . e fci10 has1ea r a do Partido, o Ten.-Cor. Maggiolo d iri· giu-se àquela unidade. exigi ndo a voha d:i bandeira nacional. no que foi obedecido. En1rewn10. ao rc· tirar-se. foi preso por membros da l"R ETI 1./ N e csp,incado mé cair sem sc111idos. Socorrido pela Cruz Vermelha Internacio nal. ião logo se re"1pcrou. pa ssou a ser levado iodas as lardcs para o loca l o nde lizera ,irria,· a bandcirn d,1 FRET ILIN. sendo a li nova111cn1c espancado (2). A p11r1 ir de 7 de de,.cm hro. quando a Indonésia enviou tropas para auxiliar os <ldvcrsül'iOs da FRETILIN. não mais se 1ivcrnm notícias do Tcn-Cor. Gouveia nem de dc1.cnas de pon ugucscs aprisionados pelos comunistas. Rum ores de assnssinato circult1vam mt ilha e na mctrôpolc. Em íi ns de maio de 1976. ,·e· cchcu D.' Mari:1 Na 1{liia Es1rcl.i Gouvciê,. cspos;-1 do militar. "través do Núncio <:m Portugal. iníormaçôcs dclalhadas $<1brc o assassina10 de seu marido pelos comunistas da FRETI 1. IN (3).

O Martírio Em meados de dezembro de 1975. os comunisws mandar.1111 reunir todos os p resos. e foi feita a cha mada de cerca de 50 a 60 hO·

mens. cm geral milita1·cs portugueses contrários i, FRETILIN. Escoltados pelos comunistas, receberam 0 1·dcrn de rna ,·cha 1· pela cst rada cm d ireção a Maubissc. Em determinado pomo. foi-lhes o rdenado o alto. Viram e ntão os pri:iio nciros. junto it estrada. uma grn ndc vala rct:Cn tcmcntc abcna. Compreende· rn m logo a sittH1ção. Um dos dirigentes comunistas disse-lhes que iriam ser a li fuzilados. Houve uni momemo de CO· moção cntl'c os pri!)ionciros. Q tHlll· d o os comu nistas iam aponwr as arm;·,s para atir<H. <> Tcn.•Cor. Gouveia lhes disse: ··sl'nlwres. deix,1 111110.\'

re;t,r ".

Todo o grupo ele prisioneiros. joe lh os em 1crra . respondeu 1!<> 1crço rc·,.ado pelo Tcn.-Cor. Gouveia . Tcrminacl:i a oração. ainda de joelhos. o iiurêpido mi lita rc1c rc,sccntou: "/Jr,•,·e ,·mno:~ cotnp(ltec('r llll /1/'C'St'll('II ,I<• tW,'i.\'U Oeu,,: <' Pai: J<lr(wu,.,. o

,w.,·.,·o

de ( 'OIUJ'içlio (' V 110,\'S O (l/11 '''-' amor··. E. num silênciocn1rccor1ado

li/O

pelos soluços de a lguns dos conde· nado~. suas oraçôcs subirnm ao Céu. Em seguida. lidcnodos ainda pelo Ten.-Cor. Gouveia. 1odos ca nrnram um hino ;:\ Virgem Sanlissi ma: ·· Corar1io Virgem

tk Al11ri11. .'í('de lu= e J:uia do /Uthr(• 1/l<JJ'/(lf. Ao chegar 1

,ninl,a tiltinw !,ora. vinde' .,.,.,,, d,•,uoril /evar-tn('

m, Cc;u ...

A'4uclc coro varónil óc mais de

50 vo7.es. implorando

<>

auxilio da

Virgem na~1ude momcn Lo angusii: :11Hc~ comoveu os própl'ios soldados da F R ET I1.1 N.

Lcv,1n1ando-sc. Maggiolo Gouveia dis~c ,1os comunistas: "./â <•sta· mos 1,repar11do.,· para cu11,porecer dimtu• do 'fhhunal d,) Deus; Ili vos ,·sp<1rm11os unnbé,11 a vós. O meu únil·o cri,ne .foi o de não l'<)negtn· a millha fé é de i1111111· rhnor. Nlorro por 71111or. /l>forro pda 111i11/w Pâ· Iria t pe!t, 111i11/w Fé Ctuáli<·"· Po· {Í('i.'J di,\'J)(IJ'(II' !" Os timorenses. d ian1e daquele ho mem a quem Timor jú lanto admirara e esLima ra. recusaram-se a a ti rar. Não se moveram: não obedeciam às ordens. A indecisão daqueles nativos foi quebrada por um cuhnno que. :1dianta ndo-sc, d isparou sobre <> Ten.-Cor. Maggiolo. pros1rando-o sem vida ao solo. Só cn1ão, os 1imorcnscs da FR ETI LI N. com rajadas succs.siv;,s de mct!'alhadora. ::1l'nttcram os dema is prisioneiros (4). Assi m morreu o Tc n.-Cor. Ma · ggiolo Gouvci:1... Morreu corno hc· rói da p{11ria e d:1 Fé: prefcl'i ndo morrer com honrn a viver sem ela .

Plínio Solin1eo ( 1) Jo:1t1uim M. Fó n~l·t;t, "Comú.wit1

('IJI

7;.

mor··. lí rtol_!r:1ti:l Vl.'riw:-. (iuarcfa. Pr,rlU· g:1l. 1•)76. ll• i-:7. (2) D:mid RotJd~ul..':-, "() Caw t/1• 1imor··. in ..O (iun,;râo tio l'urto", Pono. 19/ S/ 7(l. (.l) Carta do Bi:-po til' 11ili. cm Timor. ;1 D.• ,\ fari:, N:11:ili:1 l::Stfd ;i Gônwia, in "Ju mul O N,:torwu/o''. 1 i:-ho:1, :1110 1. 1l.'' .lS. r>, 19, (4) l):rnid RoJl'igUl'$.

··o o,~,, ,,,. 'f'imur",

jornal e ('(fic;,io :5upr:.1ci1:1(IQs.

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DEPOIS DA VISITA . AS PERGUNTAS ... Plínio Corrêa de Oliveira OBRE A VISITA de .J oão Paulo II à Polônia, o grande problema é: dará cm in1passe. em reconciliação ou em luta? Mais precisamente. na Polônia, a Religião Católica vive sob perseguição desde que foi i,nplantado o regime comunista; a visita do Pontífice prepara a cessação dela ou o seu recrudescimento? Ou. então. anuncia ao mundo que ambas as partes se conformam com o "suaus quo'"? Sim, mísero "status quo" atual, em que os co,nunistas estão na despreocupada posição de perseguidores, e a Igreja na dura condição de mísera perseguida, a qual tc,n medo até de fa lar um pouco ,na is alto porque pode romper assí,n o "1nodus vivendi" e expor-se a se r estrangulada.

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S

De a lgum modo, o Episcopado po lonês acei tou as regras do j ogo. Fo ra da ta l faixa, ele não pia. Qual o resultado, do ponto de vista do fervor popu lar'? A eleição de um Papa polonês, a vis ita deste a sua terra nata l, a acolhida que lhe d ispensou o governo, de chicote na mão. mas con1 um surpreendente sorriso nos lí1bios, tudo isto reu nia "au grand co111ple1" as condições poss íveis na Polônia de hoje para leva r o entusiasmo religioso ao auge dos augcs. Como foi no México. Ou talvez mais ainda.

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A resposta que se dê a essas perguntas importa como definição do novo pontificado ante a mais terrível alternativa de nosso tempo: comunisn10, si m ou não? Ela faz entender aos mártires da Igreja do Silêncio que estilo e

Encontro de João Paulo li com Gierek

que grau de apoio podem esperar do Vaticano, no sentido de tuna normalidade arejada e digna. Ou seja, um estado de coisas que se não proporcionar à Esposa Mística de C risto todo o apoio a que Ela tem direito, Lhe reconheça pelo menos a liberdade total de dizer e fazer tudo quanto entende para a evangelização das almas e a restauração da civilização cristã. Para o Ocidente, a matéria apresenta interesse não menor. Pois ela se cifra em indagar até <Jue ponto João Paulo II estã d isposto a e,npenhar todo o prestígio da Igreja para defender contra o comunismo as partes do mundo onde lhe reconhecem por inteiro a liberdade do direito comum. Isto posto, o que se pode concluir de quanto os jornais publicaran1 - com uma festividade farfalha ntc e caudalosa acerca dos fatos que na Polônia acabam de se passar?

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Comecemos por falar daquilo ·~ que muitos deles não publicat:. ram. As notícias das agências vi internacionais sobre o volume u " das massas que receberam e ova~ cionaram o Pontífice foran1, vaJ, gas umas, contraditórias ou até ~ inverossímeis outras. Por exem·E pio, ninguém ficou sabendo ao ~ certo quantos poloneses estive/:. ram presentes em Varsóvia, por ~

ocasião da chegada de João Paulo 11. Ou i1 Missa que ele celebrou na Praça da Vitória, comemorativa - diga-se de passagem - da entrada dos bolchevistas no país, e da conseqüente implantação do (Cgime marxista. Certas informações mencionavam entre 200 e 300 mil pessoas. É vago. E sobretudo é pouco, sendo 1,5 milhão a popu lação global da cidade. As notícias referen tes às visitas às de,nais loca lidades muitas vezes abstinham-se de mencionar o volume nun1érico do povo presente. Preferiam contar que o céu estava a1.ul de anil, que os trajes regionais populares era m n1uito coloridos. e que o povo ria de bo,n grad o com cada um dos gracejos que o Romano Pontífice fazia. Parece até ter sido este o ponto em que mais precisos foram os noticiários. Te,n-se a impressão de que não se deixou de registrar um só gracejo. E que não raras vezes se ocupou ma is espaço com a narração dos gracejos do que com declarações i,nportantes, feitas por João Pau lo 11. Por tudo isso, o público ficou sem saber o que resta de catolicismo declarado, atuante e fervoroso. na terra de Santo Estanislau.

cólica do regime de relações esta- · belecido en t re os Cardeais Wyszynsk i e Wojtyla, de um lado, e o governo comunista po lonês, do outro. Esse regime consistia e consiste - cm que a Igreja tem uma estreita faixa doutrinária dentro da qual Lhe é licito contestar o regi111e. sem que este se vingue fechando todos os templos. Essa íaíxa se circunscreve à refutação do atdsmo marxista. funda,nento fi losófico do rcgi111c, E ainda assim , essa refutação, a Igreja - reduzida legalmente a alguns templos . scmin,írios e instituições abertos, e portan to pequena como um passa ri nho é obrigada a faze-la com voz de passarinho. Screna,ncntc. quase se diria ,nclodicamcnte. Senão desce sobre Ela o chicote.

Mas o que então não pode Ela d izer'? A Igreja vive na Polônia en1 estado de passarinho co,nprimido pela mão de u,n verdugo. Segundo a prática geral nos países comtinistas. a fam ilia não é na legislação polonesa senão un1 farr-apo. e a propriedade privada não é senão uma lembrança do passado. Con1 isto, o ".status" polonês contunde. de um ou de outro modo, con1 quase tQdos os Mandamentos da Lei de Deus: honrar pai e mãe. não pecar contra a castidade, não desejar a mulher do próximo tudo no tocante à família; não furtar, não co biçar as coisas alheias - no tocante à propriedade. Contra tal "status", esmagadora,nente an1 icristão, a Igreja nada pode falar. Ou tão pouco. <1ue equivale a nada.

Do lado do Ocidente, a imprensa de esquerda. a de centro, e mu it o notavelmente a de direita, ap laudi ram de àntemão, na expectativa de uma apoteose. No q ue deu tudo? - Na mais otimista das hipóteses. num festival animado. Ou seja, nu,n fruto aguado. Durante toda a sua visita, entretanto, o Papa não fez outra coisa senão manter-se n:1 faixa de ternas consentida pelo governo co,nunista. Tudo leva a crer que ele tenha notado bem a defasagem entre as esperanças em que pulsava o mundo, e a rea lidad e que encontrou diante de si. Chegou a Roma dando ,nostras mu ito mais de cansaço do que de alegria. E foi direto a Castelgandolfo, para descansai'. Descansar e pensar. - Do que ele rcnsar. resultará firmarse_ na a ntiga lin ha WyszynskiG ,erck? Ou resolverá pedir a ajuda de seus gra ndes an tecessores. um Bem-aventurado Urbano li, um São Gregório VII , um São Pio V, tun São Pio X, a fim de ver mais e melhor? Es ta oração, quanto desejamos que ele a faça, e que a deponha aos pés de Deus on ipoten te. Maria. Medianeira de todas as graças, Auxílio dos Cristãos ... de aquém e a lé,n da malfadada co rtina de ferro.

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Ora, este ponto era ca pital para se analisar a eficácia apos3


PASSO PIONEIRO E

CONDENA VEL

DE

ESCOLAS MUNI CIP AIS SECRETARIA Municip,ll de Educação de São Paulo promoveu. no ano passado~ um curso de ''orientação sex ual" cm rrês csrabclecimentos de s ua rede escolar. Foi ministrado parn alunos da 5." série. com idades d e 1() a 16 anos. e consto u de 11 aulas incluí· d,1s no curso de Ciências. com u 111

A

mês e mdo de duração. A organi7.ação e elaboração do

curso esteve a cargo de um<1 c<1uipc

i,!fonn"('ci<'s t/ discu.t,·õl's lJU<' s,)riam titulas às c·rim1ç(ls. passar<m1 a vai<>·

riu,r estas di.,·cu.'l'.Sc"5es". E quais íoram a$ iníonmu;õcs e discussões proporcionadas ils crianças? A s 11 ::tu las ministradas durante o c urso de Ciências abord;1ram tC· mns co mo us carnctcrís1icHs físicas. psicológicas e sociológicas da adolescência . a sal1dc e higiene cspccifi. ca deste período. o re lacionamento entre os j ovens. etc.

de orientadoras educacionais d aquela Sec,·eraria e recebeu irrestrito apoio do Secrcrúrio Mil,írio Torlo ni. Em sua ed ição de 10 de junho de Esw mos assi m d iante de uma 1979. o jornal "O lõstado de S. s it uação de fato. c m que a chamada l'a11/o", p. 44. publicou urna reportagem sobre essa iniciativa . Ela contém dcclarnções d o Secretúrio Mi!.'1rio Torloni. das orientadoras educacionais Anamérica Prado Ma1·condes e Euridicc Oliv:1 Pereira Novo. como t:1mbérn da pcch,goga Soni:-1 Maria Silva Rosa. Dessa reportagem extraímos as infol'lnaçõcs aqui aprese ntadas. T rata -se. sem dúvid~l. de um avm1ço n;1 transfonnação dos costumes que interessa de pcrro aos pais e merece ser analisado.

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du tor: com o 1.-anscorrcr das aulns

as qucs1<1cs cra n, ligadas. pri ncipêdrncntc. ao compona mento dia nh.: do sexo. Exemplos de perguntas colocadt1s na ··criix inha" mostra m c m que sentido se orientam o i111c rC$se e a cul"iosidadc d os jovens: " Cumo t1 mul/1erf(I: J)llra l<'l'.fi/lws? Ô ÍIVlll('III fa: O li/O S('Xllll/ por WJllft1tf<•. OU (•ft• precisa? Ntí algumtl mmu•ira de ('vi-

tar a ~ravidez? Por qw• o ato s,·xu"I <'l!{raquece o lun11N11?", e tc.

Responder a rnis perguntas nu·

ma perspectiva 1nera mentc muurnlista equivale. quase ccrta mcn1e. a ince ntivar nos jovens a SHtisínçílo do

tidos untes e depois do cm'So, cons· tata i-ani q ue 54.54% de comporta· mcn1 os fundcuncntados cm tabus foram corrigidús d un1ntc as 11 au las de orientação sexua l. Ou seja . os resta ntes 45.4<>% contin uam "Ji111da111e11fl1dos e111 tabu,,; ''. mesmo apôs o

curso. Em vista desse ,·esult:ido. " Secretaria Municipal de Educação resolve u amplia r o progra ma de educação sexual pa ra o próximo scmcs· trc. Além das três anteriores. mais 20 escola s de primeiro gra u incluirão cm seu currículo aulas de oricn1ação sexual para alunos da 5.:. série. entre 11 e 13 anos de idade.

Na fase prcpan11 órh1. os proícs· so,·cs da 5_:1 série fora m s ubmetidos a testes para c1valiar seus conhecimentos sobre o assunto. des rinados principalmente a veJ'ificar " lt ,,.,·isl(índa

d,, tahu.-. e pr<'COJt('<'itos en, r<•laç<io a situaçlies ligadas ao sesu" e a consHl ta r as "'dr(•ax nwis críticas do co111portmne11to r ,11.1.-.p,·eparo dtt· q11(•/es pr,~{essurt1s··. Segundo

,,s

o rienrnd orus. "gr ,uu/,, parte dos /JtlJ· /"e.-..,·c,rt's da 5.1' séri(' - classe i-1 qw1t o ºcurso se dçs1inav:1 de.,·conlu),•üm, aspe,·tos htisicos 10 sexual".

do desenvul vbnen-

Er\1 vista disso. íoi feiro um u·cinamcnto especia l. ao fim do qual os referidos· mes t rc "adquiriram 111aior segur(111('0 (' unidade de con ceitos necessários ,,os trabalhos".

T am bém os pais íora m objeto dessa prcp:iração prévia . Nas várias rcuniqcs íciras com pais e professores. meses antes de ser iniciado o curso. as orientadoras educaciona is chegaram à conclusão de que. a lém de expl ic:11· os objcri vos do c urso. precisava m escla rcccr "os1wctos hdsiro:~ do dt>senw>h·in,f>l1to sl'i·unl que. 1a1uo pais con10 pr<!f(•ssor<.'S. d esconhecimn".

Po r isso. a s primeiras í:ises do projeto-piloto sobre oricnração sexua l foram de trcirrnmc nto intensivo p;,1n1 orientado res cdm;acio na is e proícsso rcs e. posteriormente. reuniões com pais de alunos. Ao íirwl. nenh um dos pais veio a proibir seu fi lh o de p,1 rticipar· do cm·so. Segu ndo a o,·icnrado ra Anamér ica Marcondcs, diretora do scror de Orientação Educaciona l da Secretar ia Munic ipal de Edutação e responsável pelo projeto-piloto de orientação sexual, ..o prinripal ohjNivo <ia.-. disc11x.,·õ,,.,. ro111 os pais f(Ji u de , 1.~rlarecê-los sohrt' sua rc•.,1><>11sal>ilidad,~ n u proces.,·o

d,, etl11(·lJrâo s<•~

.1'1101". Aercsccnrou e la que a fina lidade principal do cul'so. a lém ti o pl'ogn, rna de iníormação sex ual. era a de "1nudar as atittules dus alunos f rente à sexualidtu/{' <' i, t1doll'.t<·é11· âa", P;tra isso. orientadores e pro· fcssores devem fa1.e ,· com que o a luno rcllit:1 soh re a s iníormaçõcs que recebe. reagi ndo de acordo com seus valores; por exemplo. levar o aluno a conc luir sobre "n posição e lts l'eSJUJnst,ln'lidades t/lll' w11 lu1111e111 ,, tuna 11111/hl'r 11ss11111N11 qut111tlo

l'esolven, l(•r 111>1 flllto. e,n re/11çâo o ,i fflJnílio ,, à ro11111nida-

si próprios.

dc a

(Jlll'

p crte11re111 ".

Ainda segund o as orientadoras. os pais de a lunos. a principio. temimn o modo se nsHci<>na lista 1>elo qual as aulas poderiam ser ministradas. tra ns mitind o va lores e aspirações d iícrcntcs daqueles que a própria fa milia acreditava . "PuréJn . quândo to11wrr1111 ,·011Ju)ci1ne11tl> dtJs 4

Serão os professores dos 1.0 e 2-• graus as pessoas mais indicadas para formar os jovens na delicada matéria do sexo?

edUCi-l<;ão scxuHI é mi11istn1da cm escolas municipais. por in icia1iva e o rientação das autoridt1dcs , cm e las .. sts supostamente freq uentadas por alunos de ambos os sexos. já que nfio h:i norícia da scpa~1çiio de mcni nos e meni m,s pêl ra a assistên· cías às referidas a ul;1 s. Pelo que j,i fc>i puhlic;odo nesta fol ha a respeito da matéria. 1>ode-se concluir q ue esse método de abordar e ex por t,io delicada questão não é compatível com o cn!\inamcnto tradicio nal da lgrcj,, sob,·c o :1ssu nto (cfr. " Catoliâ.,·010 ", n." 337. de ja· nciro de 1979). · A exposição do 1cma cm conj un · to. cm arnbicntc escola r. pttra classes mistas. com alu nos de diícrcntcs grn us de interesse. ma turidade e apetência ~ contra ria a orient ação do Magistério d<1 Ig reja de que a expos ição de assu nto rão delicado d eve ser ícita individual mcnre. de preferê ncia pelos pais. ó mcdidH que. normalmente. as explicações forem solicitadas pela criança ou adolescente. O foto de terem sido realizadas reu niões prévias com os pais e pedido :;cu con:-;cntimcntô pa ra que os lilhos assis1 isscm às ;1ulns não climi· na o ;-1spccto condcn~ível das mesm;,s. Tambêm convém salientar o ca r.i1er absolu iamcnte lti ico e al'nora l do programa. Todo interesse despcrwdo cm adolcs,·entcs par,1 assun1os relacionados com o sexo. se 1150 for cunpcnado por uma oricnt:tção m ui• to firme e segura. íunda mcntada na mora l e na Religião l'atôlic,1. scrvir;i muito m,tis de cstimi1 lo a uma vida desregrada do que como ensinamento para a prática dos bom~costumes.

A orientadora Anamérica Marcondes informa a inda que par:.1 atender às diferenças individ\lai:-; d e nível de conhcci1nc1110 e nível de curiosi· dadc. o curso CQm1>recndia também a utilização de uma "cai.ri11l10 tf,, p t•rguntas" onde os a lunos dcposiwva m suas dúvid as. <1uc era m respondidas ind ividualmente ou cm grupos pequenos. Inicia lmente as perguntas se rcíeria m mais a aspectos da an:l · tornia e fisiologia do sistema rcpro-

instin to sexua l ;u,tcs d o matrimônio. ou seja. él pnítica do amor 1ivrc. (:_ opol'tuno recordar aqui a s palavras de Pio XI na Encíclica .. Dit•ini llliu:,: lvlaJ; is1ri". sobre ri

cducaçiio cris1,i da juvcncudc: " Alor -

Para o Socrculrio Mihíl'io Torloni. "de.w/(• o início d t1s di.,·c11s.•;,j(•s par{I u cria('tiu t i<' u111 projeto de od, nu1ç1iv sexual re{'ebe,no.,· wírias ,·ríticas. A l'.\'fU' riP11cit1 .foi po/('/>1i1·ll~ 1

J. /;--

111en 1e p<•rigoso é. p onmuo. lJ(fu<•I,•

nws os rc1s11/1t1dos ,•xcelt•n fl'S [ ... i1111JJ·e.,·<·i11divel. <1ssim. con,o S{' torna

IUlllll'llfiSIIIO 'flll', {'Ili IIOSS(I.\" ll' IIIJ)OS, inwul{' " , ·11n1pa da eduN1('tio ('tn 1>u11ério delicodi.vsimt1 t·onu> é li !,o-

i11tulitiv<'I. qu,, a t•scola assunw novos papl'ix J>l 1·t111te a f amilia e ,i .w,ciedtul<' co1no 11111 toe/o " . 1

11,•s1 itla,h~ dos <·ust1u>1<'.\', Assar difu-

so e o erro dos que, com prcl cnsões perigos as e más palavras, promovem :1 chamnda educação sexual ,julgt111-

A na1ureza humana. deca ída c m do <'rrada111<'11I<' JUJtl<'r e111 pntca\·t•r vil'rudc do 1Jccado ,wiginal. especialO.\' jOW'IIS COll/l'(I OS J><'l'ÍKOS da S(1.\"lill• me nte na condu1a ligadi1 i1 esfera /idade co111 nu)io.,· pur,1111e111e na111- sexual. manifesta u ma te ndência riai.,·, . ,ais co,no unw /('11U:rtiria ini• muito acentuada para se guiar. não cit1('ti'o e in.,·o·uçôo pr<•w•1uiw1, bu/is- pela razão . mas pcl,i concup iscência. ti111mn<'11te pt1rt1 to d as t? t1té puhlil'ft~ A voz dos scnt idós fo 1;1 ma is a lto 1>1e11t<· <'. pior t1i11tfa, expondo-os por que a voz da in1cligência e não se {l/g11m 1('111/>c> às Ol'(ISiões par" os submete a argumentos de car,í rer <1co.\'fl1nwr. conw di: e1>1, <' qu11.w· meramente psicológico. higiênico e fl>r1alecer-lln•s o ,•spírito co1111·a social. Porrnnto. agirn r o problema alJt/{'/ts JJ(•rif:os·· Sobre (I /;{ltu·a· sexua l entre adolescentes escolares ('t io Crisl(i da ./111•1,,1111d,•". Coleção de .i mbos os sexos. descartando o Documentos P ontiíícios. n." 7. p. as1,ccto moral e l'cligioso que lhe é 25. Ed . Vo1.cs. Pctr<í1>olis. 1950). inc re nte. importa cm conll"ihuir po· dcl'osarnc ntc p,ira a corrupção d os costumes na juventude. Experiências ji1 rea lizadas nesse sentido cm out ros pníscs comprov;11n ta l afirSegund,, as o rientadoras e p,·o- mativa (ef. "Ca10/icis11u1". n.• 337. íessor.,s que participaram de rodo o de j aneiro de 1979). Pelos íruros se projcto-pilolO de educação sexua l. conhece a árvore. os alun os tiveram exce lente aproveiAs orientadoras alega m. por tamento: nHtis que isso. quase ex igi- exempl o, que uma cht!\ principa is ram a continuidade das au las. ale- íin., lidadcs do curso é a de "11111dar gando <1uc o assunto "ett, inesgouí· as a1i11u/es dos alw1osfre11re à _;wxut,.. V('/"'. lidad,, (' à ftdoles<'ência", Ern que A li ,,s. sobre a rccc1, 1ividade d os consiste cxalamcnte essa muda nça'! alunos as notícias são contrnd itó· O u seja. qua l a a titude .otual dos rias. Enq uant o num(1 notícia lê·sc a lunos e <.ttHtl êl a1 itudc a ser aconse· q ue os alunos da 5.• série íora m lh,,da.,! Porvcn,ura e nsi nam e las que. unânimes cm elogia r o curso e solici• cm n1,1têria de vida sex ual. ;:1 a litudc ta r sua conti nuidade na sexta série. correta é (l con1inência para ambos ou1ra iníormação revela que. dos os sexos alé o c.as~1mcnto'! E isto po1· 268 alu nos que íi7.eram uma avalia- imposição da Lei d ivina e da l.ci ção do c urso por escrit o. apenas 72. natural e nã9 apem1s cm virtude de ou seja . 26.8% maniícsrnram-sc es- meros aspectos higiên icos ou psicopontaneame nte fovoniveis i, cont i- lógicos·/ E quanto ao vicio so litário. connuidade da o rientação sextw l c m ou, ras séries. A ..unanim idade" fica s ideram-no como ;-1lgo moralmente assim red~1zida à quarta pane. o u repl'ov,ívcl e que d eve se.- evitado. o u po uco mats. apcm1s como uma fase muura l e As o,·ientadoras e 1>roícssoras transitória na evolução da sex ualiconcluírc1m porém pela "<ficit•n â a dade? São q ucst,>cs de su ma importias aulas e a ossintifar<1o dt> cu111e1í- 1f111ci;, sohrc as qua is :1 rcporwgem tlo nelas trattu/a ". Comparando os não aprcscnt.i nenhum esclareci· testes a <1uc os a lunos fora m submc• mc nto . constituindo uma incógni1 a

e

que. no m1111mo. poderia ser qu:i1ifica<léi de grnvc omissão. cm se l rn lél ndo desse tema. Um dos motivos ;-llcg;tdos p;,1ra comprovnr" bom rcsul t.td o do curso consistiu no interesse demonstrado pelos jovens. que teriam mesmo exigido sua co ntinuidade mls séries segu intes. pois o .lSSun10 "era in<·.~gl>Jtfrt•f', Esse inlcrcssc. entretanto. não prova trata r-se de um compor· lamento sadio da pHnc dos alunos e que. cvcn1 ualmcntc. seria fr uto d as 1ur1:,s de educação sex ual. A m,1térict. por sua própria natu reza. deve despel'lar o interesse dos adolescentes. Mas tul interesse não significa ncccssariamcn1e un1t1 in tenção de condu zir.se corrcta1nentc ncsSêl nH1· téria. de itcordo com os d itames dê! moral e da Lei de Deus. Pode ::;ignilica r tamb(:m e n::c<:i'lmos c1uc na maio r parte das vezes isso aconteça - o desejo de sa risíazcr uina curiosidade rnalsã pcht ;,q uisi· ção de conheci mentos que permita m mais l"adhné1Hc atender :1 uma sensualid ade precoce e dcsregrnd,,. ·

Animada pela façanha j,-'t rea liza. da. a Secretaria M unicipal d e Educaç,io de São Pau lo se propõe agora aprofu nda,· os conhecimentos jú mi• nistn1dos mçdhmtc novo curso p;1rn .:t 7.:i sCrie. na qua l seriam nercsccntad as informações sobre doenças venéreas e êHHiconcepcio nais. Fa lar sobre doenças vcnércHs. s ilcnci;,ndo r1 respeito de sua verdadeira e única pl'ofilaxia. <(UC é a cont inê:ncia pré e cxt r~Hlltll r i mo n i,-11. inlportnn·, a p-c nas na diíusão de con heci mentos técnicos ou cicnt jfi. cos <1uc cm nad;t cont rihuirão rw n, a prútic.,1 dos hons costumes. nem serfio sulicientcs- para impedir a sa tis fação dos insti ntos desregrados. As in fo,·m:ições sobre ,1nriconccpcionais . a esta a ltura. co nstituem um co1nplemento na tural ao incenCiVó jia i'á prá(Íéí,r ó ámc,r livre. Eq uiva le a ensinar a satisfazer as paixões s<:m temer as conseqüências naturai$ dos a tos pl"aticados. Para um curso que Visa$SC cxplicit,,mentc promover a prá tica de impure1.a, <1uasc mais ml<ht se poderia desejar... Dizemos "quase" po rque não é impossíve l que a inda venham a ser m inist rndcts in formações soh rc o aborn,. que seria praticad o caso folhassen) os métodos :, nticoncep· cio n,1 is. E a nHircha na tura l rumo âs aberrações. que poder{, cheg,,r a uma a tit ude de "compreensão" ou aaé de velnda adrnirilçâo cm re lação ao homossexualismo. Também não deix,1 de ser curioso e de causar ccrw perplexidade a constatação fei ta pelas o ,·ientad oras de que grande p,, rrc dos pais e mestres desconhecia m "aspect<,s luisicos

do d,•.te1n•olvin 1('11to s<·.,·110/".

Pa rece que o curso de cducac;,1o sexual se d esenvolveu então em duas etapas: a primcin1 dcstirrnda a pro· ÍC$sOrcs e pais: e a segunda aos adolescentes. que assim j:', poderiam ser ·'educad os" sem maiores resistên· c1as.

Ê lamentável. porra nt o. que um órgão do Poder P úblico. que tem " rcsponst1bilidade de iníluenciar men· talidades ainda c m for mação. 1ome a iniciativa de difundi,· conhcci1ncn· tos c m matéria tão delicad;·1. funda· mc n1ado numa visão mera mente naturalista. com o gl'ave ,·isco de con· tribuir poderosamente para mai or d issolução d os costumes. Esperamos que o nc>v<> SecrcHír io Municipa l de Educação de São Pau lo reconsidere a 0 1·icntaçfio nessa matéria. adotado na an lcrior gest5 o. e recomende a pais e professores que siga m. na 1·cfcrida tcm{t.. tica de imponfl nci;;1 capita l par:1 o íuturo de nossa Pfüria - as s;lbias rccome ndaç()l:~ do M,,gistério tr,.1dieional d:1 Igreja C:o tólica.

Murillo Gallicz


UMA VISÃO DIALÉTICA DA SEXUALIDADE ''JOVEM

URG ENTE... de autoria de Dr. Pau lo Gaudêncio (Edições Paulinas. São Paulo, 1978. 3.• edição. com aprovação cclcsi~ística). não é um livro e:spcci· fico sobre educação sexual. Conforme consta de sua ficha cata lognílica. lraltl de problemas da adolescência.

tais como : psicologia do adolcscen1c. conni10 de gerações. relações cnlrc pais e íilhos. Clc. O problema da educação sexua l cstcí insc1·ido nesse contexto. que é bem mais amplo. O li vro é d irigido aos aduhos. espccia lmc111c aos pais. c explica como o adolcscen1e deve ser encarado e cond uzido. levando c m eonia a sua psicologia muito pcc uli:u e :,s Lransíormaçôc.s constantes por que passa a sociedade. O autor descreve inicialmente as a lterações físicas e psicológic11s observadas na adolescência. tratando cm seguida dos problemas sexuais próprios a essa etapa do cJ'csci rncn· 10. Aborda ainda a li berdade sex ua l na ~ocie:dadc, o desenvolvimento social dos jovens. o problemas da vocação. a religião e a mon,I. e cenas 111:,nifesrnçõcs de protcs10. como a .. rnlJsica jovem".

Visão dialética da questão sexual Na apreciação desses d iversos

aspectos de 11111 mesmo grande problema. o autor tem sempre cm vista uma concepção doutrinéiria que con .. sistc no seguinte: numa sociedade cm permanente transformação. <1uan·

do surge um coníli10 c111re as gerações. a posição ,,doiada por adul1os <: vcl hos corn:.spondc a rna nci ras de ser já ultrnpm;sadas. enq uanto a dos jovens é um exagero conlrfttio i, anterior. Um 1ncio termo deve ser cncomrndo. (; a tese. :1 ant ítese e a sintcse. Por isso a rnancira certa de 1ra1ar o jovem é mediante o di{,logo. 1111nc,1 airavés da rejeição ou punição. Ele mesmo explica seu pon10 de vista: "1i1111bh11 110 t1111ílis,• dos prob/,,. mm; se.,·urli.\', .\·ó progredirr:,uos se rt1dc>ci1111r111os dit1/e1icanu!11/e ( ... ). O método dialélico pane do t·ompre· N1sõo de qu<• 11s coisas e os sert'S exi.\·tem ,,,,, per111011ente tranefc>rJHfJM ('<io. entrosados 1111s tOJJ1 os vutros ( ... ]. E111 todos os/e11f»nc11os /ui unw tese e unw 1111títese. Da superâ<Yio desta contnuli<·âo 11t1S('<' 111ua situar<io nova. unw sínt,,se. A now1

si1uaçõo - a .':ltl/est• - w,i s,, ,h:sdohrar novan,ente tése ,, t1111í.. "'-'W <' nssi111 por dilmte. "t:11t<io poden,os conduir que é ,,,.,.ado e.wuninar o problenw da educll('rio sexualfon1 do t·o ntex10 de

,w,

edUt'O('tio global. ou da l'Sll'U/11.. ,·a social onde , 1/e se dâ, ou ainda do 1ni111U'JIIO hist<friro ,•,n quf! evolui". l/JU(I

Continua o autor: "O que <tcontec<'u na to111po da etlucnfiit> .t,,>xual? Parti os 111ais ,,elhos, o .,·exo sempre foi apresf'111tulo co11to tuhu. E 11q11,•/11 t•ra a tese. Para iJS juvl'n.,·. .foi 1ra11.~forn1ado em l>a11dt•Íl'a. de repentc>llll'IUJ11-S(' llrfi}!.u do dia: P 11 m11í1e.<e. ( ... ] . "'Assi111, temos hoje, di1111u.> de nú.-<. 11 tese e a m11ít,·.w·. 110 que se n~/(•re à edura(Yio sexu,,/. Mas oi11d11 11,io du·gm110.,· a unw sÍ111(•.tl' ,.,,, qu,,

o sexo st')II .11·111tulo rom ni1t11rt1/ida.. d,). ansiedade•. 11tt sua vt~rdadeira dim,•11são " (pp. 49 e 50). A ed ucaç~o sex ual. incluída assim nessa dialé1ica hegcli,111,1 e evolucionista. não é oricn1ada por pl'incipios morais perma nentes e imut.-'ivcis. mas varia segundo a estrutura soei.d e o momento his1órico cm que ela se encontre. Se o q ue é a sin1ese de hoje passar,i a ser a tese de ama nhã. a a nl itcsc de hoje scrú a sín1cse de amanhã e a 1csc de depois de amanhã. Deste modo é fácil prever que as fu1uras sínteses caminharão no sentido de um pcrmissivismo scx uoll cada vez mais rad ical e de um a mora lismo comple1 0. (; o próprio at1101· que cx1>lica: "Os adultos dev1•m se l<'lnbrar

s,.,,,,

tmnbt!n, <Ju(! a an1itese f a z parte da verdade do nosso ten1po. não pod,•111 elin1inti-lll si1nples11U!tlll' por(fut) 11 rect1S(1111. /;la 1t1111bén1 é a nossa

verdade, transitória, contrndítória como todas as verdades humanas [... ). Wltts a nossa verdade é esta e d, w!111os ter a foragenz de propli-lt1. Se evoluirmos até uma outra verdade, então uunbé111 dev,•,nos ter cura1

ge111 parti r(' conhecer que (JS roisas 111udaran1. ,nas s,•111 esquecer o foto th1 que. na fase a11_1erior. (UJt1<1 h111rt111 noss" venlmle. E preciso que sr)a· ,nos seguros. na i11.;:egur<111ço (•111 que vivem os·· (p. 51 - Os dcs1aques

nessa, como m,s demais citações do presente ar1igo. são sempre nossos). A verdade varia. assim. de Çpoca e de dono. Pela leitura da obra percebe-se que essa concepção dialê1ica evolucionisia deve presidir 10do o · rclacio namen10 en1re as gerações. Cabe aqui um.1 observação importante: parece-nos que a utili7.a · ção da douiri,ui dia lética de Hegel. efetuada por Marx e Engels como pseudo-fundamemo de suas 1eorias ma1crialis1as e de evolucionismo histórico. é repetida cm ..Jovl'm Urgente" , embora a aplicação se faça cm 0 111 ro campo. Assim como de falsas premissas meiafísicas só poderia surgir uma doutrim, errônea e conlraditória cm todos os campos. mas principalmente nos 1crrcnos poli1ico, social e econômico - o marxismo - , também no âmbito da moralidade sexual é natural que suceda o mesmo. O rcla1i vismo mora l. que a dialG1ica defendida por Dr. Pau lo Gaudêncio engendra. dcslrói Ioda e q ua lquer mora lidade objc1iva, pressuposto da doutrina ca tólica nessa ma1éria. E is10 é par1icularmcn1e verdadeiro qua ndo se trata de um dos po n1os mais delicados e nevrá lgicos da tem{11ica, como é o sexo.

sexual a ser dada pdol\ pais e a de nlllluridade". Principa lmente se 1ocm11 e aparec,} uJJ1 inn,7o ,nenor? importância de seu exemplo ncsst, levarmos Cffl conta que ··s,).,•o é mnor Será que o sexo é algo vergonhoso, que os gestos de amor só devem ser matéria. diz. o autor: <' m,u,r <-; sexo". feitos às escondidas?" (p. 47). "Não luí 11111(1 <'ducaçiio S<'Xual Sobre o exemplo dos pais: "Out r11 111anifc s1aç<1v ti<" m1.•fil•tlt1· e111 si. Soo,en"' a partir de unw ..Outro erro dos pais é pe11st1r conC'('J)('tiO gloh11/iza11u• da <·duca· que ('SI(;! (l,','J)C'f'IU ('.\'fJ{IC{/i,·o da ('{/l(('(I• de dos pais, no que diz re.111eito ao 1 ç,io, d(t eduf(lftio con,o wn todo. ('tio // educação sex1111/ - se sexo. ocurre frc qÜl'llte1nente diante podert'ntos e.wunitwr 11 paru, din:1a- ,,11.,iJ1t1 ftt!mulo. [... ]. Nâs educamos da 1111dez. lhí 11111(1 cerlti jl,se., 1111 vid" 1ue11re relacio11tult1 ao sl!xu nws que fuJ1da111(•111a/,11(•n1e pelo que so11u,s. da l'ritmça, e111 que s1111 curio.tidtule n ão pode ser d1•.,·locad// para fora 111ui10 mais que ,,e/(ls eventuais dis.. para conhen,>r o corpo dos pais é daq11el<> , ·011u•x10 glohar (p. 43). r ursos sohre t',\'U.' ou uqueh 1,)111a" (p. incon tro!tfrel. Se os pais l'OllS('J!,Uf!JJl "Assi,,,. educar sexualmente é 44). 1 permitir que ela os veja nus com ensinar ao jovem a usar o sexo tranqüilidade, devem fazê-lo. Se 11,io "Se ndn1iti1nus como pr<•111fa~ w, t<' JII a 11ec<'.tWíritt tranqüilidade, r f!tJdcnlro de uma 1>crspccliva de amor, 111aior q11,, a ed11ca<·1io sextwl é dada 1uio di' ego,:wno. S<J ( .f(>r realnt('ll· ,:inio de 1Haneirt1 agressiw1 [ ...]. N,io te ,,ducado. só usar:i o sexo quan- l>asicmnentê.' e,n c·(tStl, pelo exen1plo IÍ()v<>J11 e.•,qut•<·er, porén1, que jti esuio do isso for uma manirestação de dos J)flis. pude,nu!i t·onl'luir trm1qiii- educando sex11(1/me111e o }ilho. E o amor, d,, doaÇ<io. d,, nwturidtule. lmn,1nu1 que sua ad,•quanio dept'lldt! que ,~su1r1io transn,itindu ti criança? Qutuul<> i'stiver ,)nvolvido na relar,io esse11da/111,•111e do e111endhne11to e11 .. Uma visão de que o corpo é algo con10 um todo. sem dil'is,Jes 11(•1JJ tl'e nwrido e 111111/u,,.·· (p. 47). ,·ergonhoso, sujo, que não de,·e ser tapeaçi5es" (p. 44). "Cabe pc•r,.:wuar agora: quml/os visto[ ...). N(I medida em que tivel'Essa manifcsiação de amo r que jovens vi";e111 em crisa 1nt111{/'éstaçc}l'S 1110.,· unut vid(I sexual tranqüila. t'Jll concede liccidade ao uso do sexo. freqiient('S dl• <tinor, pai.,· que se qu,> vivermos nosso.,· problenws sem referência ao matrimónio. sugc .. b,,t;m11, _...,, ahrt1çm11 a11da111 de 11uios sexuais se,11 t111siedtule· e forn,os rc a aceitação de rcl:1çõcs pré ou dadas. fh•111011s·tr11111 flsicw11N1te seu c(lpt1zes de rt•solv,>.Jus com n t11ura• cx1ra-m:Hrimoniais. desd e que sejam niri11'10 u111 p,,Jo outro? Que idéia /idade. (!Sl(ll'(!ltlOS edtl('(III(/(} Sl'Xllal• "nw11ifesll1('(io dt' umor, de doaç<itJ, p od<'llt ter. s<' pai ,, nuit• ,uiu se lllé /1/(' os II OSSOS Jilhos" (p. 48). A tônica naturalista ressa lta bem nesta passagem cm q ue o autor insis1e na ed ucação sexu;,I dos fil hos pelo c.,crnplo dos pais. mais que pelas p,,lavras. E o bom resultado decorreria unicamente de não haver ansiedade de sua parte. Qtrnnto mais naturalidade os pais mostrassem no relacionamento cn1rc si e com os ri lhos. melh or. É um primeiro a pelo ao nudismo domés1ico que depois sa irá às ruas. Se o corpo nada tem de vergo nhoso den1 ro de casa. logicamente se conclui que também nada lcrí, fora dela. Como se lodos fossem concebidos sem pecado origi nal c a tríplice concupiscência consistisse numa f,íbula inventada pelo Espíri10 San10. Como o maior problema é a ansiedade. o au1or volla a advenir: "Finalmente. qu(11110 à i11forJJlll• 1

1

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sexual. cnhe atrest(•11u11·: deve· m os dizer a verdade. 1111siedade,

('(iO

"Amor é sexo"?

No úl1imo capílulo . rccapi111lação gera l da obra. o alllor repele sua conclusão sobre es1e assun10: "Edut'a,· s,•x1w/111e111e - concluímos e11uio - é ensinar 110s filhos li wwren, o sexo 1111111t1 perspectiva tle mnor. nãti de egob;,110. Se o sexo for

manifestação de amor, não teremos como condená-lo. Outra 1:011d11são .f1111da,11e111t1I: os filhos repetirão. ,w

" l;speâaln1e11te quando mna. o

total(>, poru11110. sen, 1111w nw11{f<>s. wçõu se11s1111I. Amor é sexo; sexo é

amor. A se,u,roçrio ,1(, mnhos, <·111·acu•1·ís1ica de nos.ta n rltura. é /Jr<~/i111• da111ent<' JH(']udicial para os r1doll>s· n•111e.,· (pp. 31 e 32. Os dcsiaqucs são nossos). A iden1ificação de amor e sexo não parece <1dcquada, pois são dois concci10s de amplitude e finalidade diversas. I; querer nivelar o lodo com ;1 parle. Que o sexo deva ser exercido dcniro do amor conjugal. precedido por uma preparação casia e virtuosa. é o que ensina a mornl católica cm decorrência dos 6:\ e 9.'' Mand;,111cn1os da Lei de Deus. O amor. en lrctanto, pl'incipalmcntc considerado cm suas mais elevadas manifesiações de caridade e admiração. 1rnnsccnde complcrnmentc os limites da sex ua lidade. à qua l não está necessariamente ligado. O sabo r fre udiano dessa p,·oposição pnrcc.c confirmado nas páginas su bscqiicnlcs. c m que <> a u1or descreve a evoluçã o do objc10 do amor p,,ra o ser humano. desde a figura materna até o íu turo cônjuge.

Um li vro que ignora o pudor Sobre o con1cx10 d:l educ,,çâo

(Jll(JII•

Como explicar a aprovação eclesiãstica?

(!IIVO!vidt1s.

ria impossível inWf,!inar que tdJ:ué,11 pud,•sst• muar st>m um c•11voll'i111e1110

isto é,

do 11 ,·uriosidade da crim1\a se rnani.fesra. D,)ven,os responder às suas pl'rgu11u1s, ,nas e,n renHOS que a criança e111e11dt1" (p. 51).

Quan10 à educação da cria nç,1 sobre ;issu ntos rel,1cionados corn a scx ualid~ldc, ou seja ,\s informações neccss,lrias e 11 orientação adequada. Dr. Paulo Gaudêncio afirma que ela deve par1i1· de algumas premissas hem defi nidas e que e le vai explicitando ao tratar do assunto: " /11icialn1('11tP (! preâ!io dt>ixnr bem daro f/11<' não exislc diferença entre amor e sexo[... ]. O ser /111111tJ110 é uni todo e dev(' st•r c•11carado IUI sua 11,talidade. [ ... ) Ei<>t,g,, ,·0111" w11 todo ('. 11(),t seus CUIII0/0.\' ('IIUWiO • 111,is. i odas tis suns <'moções est11nio honwm se chn1promet<' rk nwneira iJil('grt,l:,/lsicn e t•spirituah11t•111e. Se·

w~,,,

Jl(J 1110111<)11/(I CQl l('l'l!IO,

São João Bosco

SÃO JOÃO BOSCO E A PRESERVAÇÃO DA INOCÊNCIA INFANTIL EM OPOS IÇÃO a o naturalismo don1inante n as escolas rnodernas, onde as aulas de "educação sexual" ntatam a inocência das crianças e d eformam a co n sciên cia dos jovens, eis o que en sina S ão João Bosco: "Uma h istória sagrada destinada às escolas primárias deve, rigorosamente, possuir estas três qualid ades: 1.1 ) Veraz. ( ...) . 2.ª) Moral . (... ). 3.ª) Reservada. É coisa evidente ( ... ) que na História Sagrada há vários fatos que, revelad os intcrnpestivamente, poderiam contan,inar a inocência e d esp ertar prematurarn ente as paixões dos men inos. Um livro, p o is, d estinado a eles, deve prevenir tão grande perigo e silenciar inteiramente ou velar cont sagacidad e tudo qu e possa causar escândalo a essa te nra idade. A maioria das his tórias que circulam nas escolas para rneninos pequenos carecern de to d os ou de alguns desses requisitos. E haverão de convi r co,nigo que se dão tristes aulas, especialn,cn te contra a inocência dos nteninos. Alguérn dirá que sou dernasiado rigoroso e exigente; mas a experiênc.i a de muitos anos me obriga a falar assint. E co,nigo pensarn e senten, ntuit os ,nestres, e justamente se qucixant da pouca reserva de tais escritores"(Biografia y Escri1os de San Juan Bosco. ll.A.C.. M adrid, 1955, pp. 518-519).

odolescê,u·ia e 1111 vidt, adul!a. 11quilo qu<~ , 1irm11 nn N1.,·a. Se pai e nuie tén1 cio st\ \' O 111110 visão de 11/go vergonhv.tv. 1ransmilP111 tJIH filhos suas onsiedodes e s ua jillu, de amor" (p.

150). Mais ul'na ve1. observamos <• ambigü idadc de 1crmos. Em que consiste essa "11u,nifl)s1t,çtio de a,nur" que 1orna lícito o uso do sexo'/ Consis1c c m usà-lo deniro dos preceitos d,i Lei de Deus e da moral ca tólica. ou seja, dcnlro do ma1rimônio cristão"? O fa10 de não haver respostas c laras e explici1as a essas qucs1õcs não deixa de causar perplex idade cm uma obra que conta com aprovação cclesiáslica. Para não nos desviarmos de nosso objetivo, ana lisa mos apenas a parte referente mais diretamente <i "ed ucação ~cxua l.. con1ída no livro de Dr. Paulo Gaudêncio, sobre o qual outros corncnt;i rios seriam ain· da cabíveis. cspccialmcnle qua nto ao enfoque evolucionista e liberal com que o au1or cnc:,ra o problema cio adolcsccn1c. T:1111bém dignas de graves reparos são suas considerações sobre o homossexualismo e o problema re ligioso en1rc os jovens, 1cmas que deixamos de abordar neste artigo po1· lhe serem um tanto cola terais ao assunto específico.

Jú lio de A lbuquerque 5


SOCIALISMO: APÔ.S ESA PONTO e dc.~i lusiio campeiam nas ú1·cas socialista~ do mundo desenvolvido. Uma série imp1·cssiona ntc de insucessos

D

eleito ra is confirm;.i a reticência dos

e uropeus. canttdcnscs e nonc·;uncri• canos cm rchu,:ão aos prograrnas

socialistas. Depois de longo pcrio• do cm que

tt

maré monwntc d o

socialismo pnn..:cia incontcnivcl. rcOucm cm imporlantcs países as tcn .. dê ncias de cs4 ucrda . Nos Estados lJnidos. a enérgica reação contrn H cxccssivç1 c<irga tri• but úria e os co,urolcs burocr;',ticos asfixia ntes contin ua repercuti ndo no pais inteiro. No Canad.i. o cx r crimc ntado político Pierre Tn1dcau foi dcrrotn <lo pelo jovem líder conscrv:idor J oc Clark. depois de deter durante on,e anos as rédeas do governo. Sua tendência socializante. j,l desgastada. íoi rejeitada pelo eleitorado. que se incl inou para o conservadorismo do atual prim<:iro-1ninistro. Na lt{llia . o comunismo pcrd<.:u vinte e seis deputados. l'Cd uzi ndo s ua rcprcscnwção atual na Cii m,1ra dos Deput,,dos a <l u1.cntas t.: urna cadeiras. No Senado. os vermelhos pcrdcnim sete ca dcirns. ficando com cento e nove. Curiosmllcntc. a queda d a vowção comu nisw vcrilicou-sc principalmente nas 1.onas opcr.\rias. Sw, votação nas ,írcas burguesas foi subst:incia lmcntc a mcsrn,1 da ckição anterior. Em Ro ma. governada por um prcícito comunis t:1 . as perdas foram consider~'tvt lmcntc menores nos bairros da classe média d o que nos populares. Em í'urirn. a votação tio PC c:iiu 6'¼ na, conccnt rações op...:.r:"1 rias. Também as recentes ckiçôe-s pn -

Margarct -nuuchcr. a nova primeiro-ministro. representa a nl,1 direita dos eonserv<.1 dorcs. Seu principa l ;Hgu111c1Ho político consiste cm a lir111~1r ser a 1ibcrd'1dC um hem indivisível. A liberdade J)t\lítica sú existe afirnia a líder ing lesa qua ndo há li berdade econômica. Rcs1ringir· a livi-c iniciativ.i importa cm marchar rumo ;:10 1otalitarismo. Seu livro de c.:1bcccira ê o famoso c~tudo do economista aus1 rínco von Hayck, '" Ow /(o(u/ 10 S1•rj<io111" (O cami nh o pnra li scrvidfto). oudc. com btilho e competê ncia. o vencedor do Prêmio N(lhcl de Economin ele 1974 desenvolve a tese da 11ccessid.1dc da livre iniciativa e da pro~ pricdade priv:ida como contliçõcs ncccssúrias para a plena vigência dos direitos humanos. A Sra. Thatchcr promete privati;,ar V<Íl'ias cmpres,1s est,uais. inctic icntcs e caras. di rninuir a carga fiscal e controlar o poder ithusiv(> <.los sind icatos. O cu nhccith.l scma .. n1i rio rrancês LºE,"JU<·.,·.,· qua lilicou a vitória conscrvaclorn de "eletro<hoque inglt';.~.... . Nu Áus1ri:1. os socialista:-. ma ntivcni m o poder graças :l habilidade do primeiro-ministro Bru no Kreisky c m evita r temas que ferissem os p;ica·tos hábitos austríacos. O chefe socialist:i. se ntindo bérn os v..:ntos C(.mtrúrio~ do~ outro~ ,1mulrantcs europeus. e certamente c.spc nmçado de dimin uir o im pacto d a~ v,i rias denotas de seus corrcligion{1rios. apressou-se cm dccb1rar. a propósito d<: ~ma n:clcic;ão. c1ue t1 Europa não estava virando i1 direita ... Quais ~ls ca usas desses ventos consel'vadorcs'! Que exte nsão e! durabilidade terão a decadência ::oci:1lisw'! Que pcrspectiv;.ts se abrem

Nas recentes eleições italianas. o Partido Comunista sofreu grandes perdas. especialmente no meio operário. Quem o continua sustentando, em boa medida. são eleitores da burguesia. multas vezes. bem Instalados em sua classe...

ra o ()arl;unento L:uropcu confirma- ante tais fatos·? É o que ana li:rnrcrnos ra m a rcticC nci :c1 anti-socialista. ten- 01 seguir. do l.'U11i1à. ó rgão ofiei.il do PC itali;mO. afirmado; º' Qs <'tJIIS('l'\'<U/o - As razões do fenômeno 1'(?,\' ,,,.c,·alecem ,w 1-.'u ropa". O próprio Praw/11 reconheceu a dcn·ota da Parece ser e le mais intenso o nde esquerda. corncnrnndo que "a ,uaio- a apl icação da lcgisla ç.:io soci;tlist::t j~í ria dos votos .fê,i ofnida p,,Ju.,·fi11·ças produ1.iu com maior intensidade rem·io11tirias··. seus frutos de par:ilisia e inércia. Nos llaíscs escandi na vos. não lui Po t exemplo. na Inglaterra. país sinais de avanço socialista . outl'ora <l inftmico. enérgico. impeEntretanto. indubitavelmente. o rial mesmo. :.1 iniciativa privada foi mais retumbante triun fo :i nti-sociH- tão desestimulada. que o padrão de lista foi o êx ito eleitoral dos conse.-- vida do povo briuinico. considerado vado rc~ na Inglaterra. n1csc~ atr:,is. . nos anos ci nq üe nta cn1 rc os mc, is Num pnís caln.10. ponderado. o nde e levados do mundo. jil ~e encontra as porccnr:-1gcns e lei1orais mantém- hem atr{1s de v;írios p:1 íscs do co ntise rcla1ivc11ncntc estüvcis. os conser- nente. Os sindic~-,tos. base orgâ nica vadores v:lrrcr~1 m os soci,1lisrns do dos socialistas. abu$aram de, direito govc.-no. obtendo folgada maioria. de greve de wl moclo. que a vida O ca~o hritfmico nprcscm,, um quotidiana do inglês comum tornou .. particular que o torna m:.1is agudo. se difícil e :irdu:i. Os altos impostos 6

.o FRACASSO, O IMP ASS:It '

l~tnç.avam sua somb ra <tCé nas c lasses traba lhadoras. Segundo t1ba liz~ldOs observadores políticos do Velho Mu ndo. o núcleo da rca~~ã.o conscrvaclon1 estaria c m um desejo ele nrnior liberdad e e numa gra nde desilusão com o ··1-Vi•/fr,r,, S1t11,.-·. oneroso e pesado. cerceador do dcsahrochamcnto nalllra l das potencialidades humanas. Isto produ, uma conseqüência rolitiea de primeira imponãncia. Vej:imos <1ua l ê.

princ ip;1lmcntc nos países anglosaxõcs. Pol' temperamento o snxão ê mais sc n:;,ívd do que o latino tis vioh,çõcs do princípio de subsidial'icd;1dc. E é congênitt, ao sochllis1110 ta l violação. Os cerceamentos ao dcsabroch;ir da persona lidade. e talvez. mt1is ainda. í1 pujam;<:t dos grupos interrncditirios entre o individ uo e o Esrndo geram 111·oíundo ma l-estar no ang10--s::1xão. Este desa .. grado manifcsta ..se cnel'gicamcntc. desde que surja a oc<•siiio. provo-

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Ao lado da esposa. o novo primeiro-min istro canadense Joe Clark. que derrotou o liberal Pierre Trudeau. de tendência esquerdista Na Europa dos no3sos d ias observa-se signiíicat iva mudança de papéis no teatro polít ico. Habitualmente. as h<lndcirns da ordem e da clutoridadc eram empunhadas pcl;, dire ita . A esquerd;t costurn<.1va de~ fender re ivind icações de liberdade e progresso. De cômoda siwação d isr>un ham os esquerdistas ... Os fatos íorçaram. po ré m. uma modificação no jogo. J\ constatação crescente. já agora ineq uívoca. da ditadur.t 0!)1nimoda e d:, penúria gcnerali1.ada nos países do Leste euro peu - região onde as doutrinas socia listas lwviam sido ,·lplicadas entraram olhos adentro. j<í não mais sendo possíve l a ninguém negar a tragéd ia nos países onde reina o "socialismo real". Em nações o nde o socia lismo mitigado íoi aplii;ado. princi palmente na Pe nínsula Escandi rrnva e n.1 lngl.ucrra. as insolisnuívcis maze las das infelizes nações de além con ina-dc-íerro apareceram ta mbém. embora diminuídas. Tornou-se ponderável o número de curo1>cus. antes panidários do socialismo. que já s us peitam estar o m:11 loca li,.ado na própria d outri na. e não nas suas "experiências históricas", corno linorinmcntc q uere m dar a entender as lideranças de vários r>artidos socialistas. Ou scj,,. no jogo político. a ba ndeira da rcivind ieaçã".) da liberdade passou para as mãos dos conscrw,dorcs. Na /\ lcmanha Ocidental, o cha nceler Helmut Schmidt, comprecnsivclmen1c. nega a ins,uisfação conservadora. Afirma. muito carac1eristic.1mc,uc. que o problema se reduz à bou gestão. Onde o socialismo é bem gerido (leia -se Alemanha) o pvvo rc nov:1 nele sua coníiança, Podersc-i;1 1ambêm acrescentar: o nde o sociH lismo evita suas últimas conse<1Uências, vivendo pal'asitaria incnte dos frutos da livre iniciativa pujante, conserva possibil idades de manterse no poder. mesmo a través de eleições livres. Ainda ,,ssim, na própria Alemanha as mais recentes ctciçiics provincia is e a escolha do atu:11 presidente da república de notam um significativocrcsci rncnto dos pani<.los da oposição. mais conservadores.

Extensão do fenômeno Analisa ndo-a numa visão de conjunt o - posto que os limites na turais de um artigo impedem ~1 co nsideração porme norizada dos detalhes - a reação parece localizar-se

cada por· qualquer circunst,incia q ue o exa cerbe. Nos países lat inos. cmbon, a individ ualidade tenha presença mais marcante. ,1s limitações do princi· pio de s ubs idial'icd:1dc são. de si. menos sentidas. Além disso. o socialismo não desceu 1ão íundo na vida d os ci(h1dãos latinos co1no na de seus vizin hos do none. Fra nça. llâlia. Espanha . Ponug:i l cst:1o mcnos,1tingidos pela vaga anti-socia lista. O ut ro fato a ser considel'ado é a pl'escnça. nos países la tinos. da inílucntc estrutura cc1csiást ic;1 católica . minada em larS,a medida pelo vírus do progressismo. in íclizmcnte. de modo gera l. fator de propulsão do socialismo. Nos pa íses de forte presença f'l'Olcstantc. a o rientação polilica dos pona-vozcs luteranos. calvinist:1s ou anglicanos é pouco acatada .

Estados Unid os tão debilitada que acciHfriam seus cidadãos condições de mal-velada capitulação'? Seio questões delicadas q u<.: presidirão nat ur::t lmcntc a rix,1ção d os rumos futuros d:1s manobras comunistas. O comunismo conta. hoje cm dia. com uma opinião pública particularmente inerte. como q ue ancst.c siada . Os l'rnc:1ssos da política de distensão se a incomodar,un. não produziran, e ntretanto maiores reações. A situação a tual vista sob determinado ângulo parece íavorcccr a manu tenção da influência comunista. seja onde ele detém o poder. seja onde pa rticipa das batal has de opinião publica. Mas sob outro p risma, tal situação cm que se obscrvcl uma opinião pública ;:1hlllic,a parece constitui r um obstitculo ao avanço comunista. As maiorias estão desejosas de fruir a morna tranqüilidade das políticas cent ristas . o que significa adiar indefinidamente o dia d:1 implan1,,1ção do igualit:,risrno coletivista , sonhado pelos marxistas e vcladameruc desejado pelos curocomunistas. Essa protelação não deixa de ser ge ncrali1.ado fator de desânimo nas hostes mais d inftmieas do movimento comunista. Comprovado o fracasso das tentativas de sedução da opinião pública ocidenta l, scntir.scão seus lideres compelidos a ingrcs· sar no aventuroso terreno do endurecimento e das ameaças? Ou. tenta· rão. por m(1 is algum tempo. n política do e ngodo envolvente'! Oisrorão de uma pro posta inesperada um,, surpresa median te a c1ual tentarão resolvei· o impasse? Co nsiderações em torno deste ponto uhrapass.am o ca mpo da prcscnle análise. <1uc cJc:jcj::l c irc unscrever-se ils primeira s perspectivas d ivisadas <lp6s a série das vitórias conservadoras . cvirnndo o terreno fluido das hipóteses longínquas. Entretanto. parn encerrar as presentes considerações. consta m-se inequivocamente uma grande ,·calidadc: mais de cen to e trinta :i nos de pois cio maniícsto de Marx e Engels. a Revolução comunista claudic:i na Europa. E fracassa precisame nte nos se tores da sociedade onde dcposiwv,1 suas maiores esperanças: o operari;ido industrial das sociedades desenvolvidas.

Péricles Capanema

Observando o horizonte No conjunto - e do ponto de vista da persuasão da opinião públic,1 as perspecti vas a1uais são desale ntadoras para os promotores ~do co mu nismo intc1·nacio nal. 0c .. po:s das a lvissa re iras esperanças:. disseminadas c m toda a csci ucrda. de que o eurocomunisrno iria romper o impasse c m que se encontl'av~1 <• Revolução mundia l. d i:intc de um clcilol'ildo arred io e desconfiado. o quadro metamorfoseou-se sombriamente para os estra tegistas do Crcmlin. Se não declinar. ta lvez seja este o ma ior avawr político da segunda metade do sécu lo XX. isto é, o e leitorado deixou de marchar para a esquerda . Mesmo os soci:1lis1as. velhos compm1hciros de viagem dos comu nistas. estão regred indo. A pergu nta central para o Crcmlin , posta agora com uma nitidez nunca a lcançada é a seguinte : dentro. de um pra,.o razo:ívcl. é de se es perar uma csqucrdização acentuada da opinião pública européia? Ou o desencan to frente ao socialismo é profundo. irremcdi,ível, duradouro? O comunismo sempre procurou co nvencer ou a trnir peJo engano cm vez. de ameaçar. E o motivo é simples. A imprevisibilidade das reações geradas pela exibição da íorça sempre levou os políticos a utili,,1r com parcimônia este recurso. Muitas vezes. o desejado abatimento não se produz. e cm seu luga,· surge uma e nérgica o posição. J\ íorça comu nista, co mo j:\ se vê. teria que se medir com o potencia l none-a 1r1ericano. Estaria a vontade de resistir dos

tJAfOLHC!§MO M EIIISÂ RtO com a provação cclesiàst ica CAM POS - ESTADO 00 11l0 Oirt tor Paulo Cor rêa de Brito Filho D ir<'fo ria: Av. 7 de Setembro 247. cai, xa pos1al 33.l. 28 100 Campos. RJ. Admini.s1rnção: R. D r. Mnrtinico Pra· do 24(), 0 1224, São Paulo. SP.

Comrosto ç imJ>rcsso n~, An prcss Pa1>bs e A1 l(.'S Gráficas Ltd:i .. R. Ga• ribaldi 40,1, 0 1135. São Paulo, SP. Assín ãlurR anual: comurn C,s 300.00: coopcr:-idor CrS 600.00: bcnfci1or CrS 1.000,00: grande benfeitor Crs 2.000,00; scminMist:as e cs1ud:m1cs CrS 250.00: América do Sul, Central e do Nor1c. Por1Ug_.-il e Esp:1nlu1.; via de superfície

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c,s

Os pagamentos. scmp r~ cm nome de f.dilo ra Ptdre Bt lchio r d,: Po ntts $/C. poderão ser encaminhados:\ Ad· minis1ração. Para m udança de cndcrc· ço de assinantes ê necessário meneio• nar também o endereço antit;o, A correspond ência relativa a assmatul'3$ e venda avulsa deve ser enviada à Administraç:io R . Or. M:ulin ico Prado. 246

Ot 224 - S,o P• ulo, SP


.

ÃO CENTENAS as publica-

S

~õ~s c..m !,-tUaclr!nl~os dest inadas

a infancrn e a Juventude cm nossos dias. No enta nto , se alguém deseja dar aos filhos a lgo que. a lém de d istrair. seja realmente. fonlla·

BECASSINE

tivo. talvez. não encontre entre tantas revistas uma só isenta de aspec-

tos nocivos :'is crhlnças ou aos jovens. Com efeito. no que pode servir i, cduc,ação de um menino ou menina

Exemplo de sadia literatura infantil

a leitura de gibi., e publicações congéneres. cuja matéria prima é ,, bruta lidade. a violência irraciona l

..

-

,ll' .

..

formação cultu ra l da criança ou do adolescente. Dispondo apenas cio exíguo es1>nço de uma p~lgi na de ·· cau,licis· ,nu". e sem o recurso da.s core::; q ue c nri4ueccm o original. não podemos· ofc1·eccr ao leitor mais do q ue uma cunostra - necessariamen te pobre, porque restrita - daqui lo que gostaríamos de apresentar.

• .••

de uma criança o estímu lo aos des-

Os quadrinhos ao lado representa m o início do primeiro vol ume publicado: .. A Íl!fli11cit1 d,• 8e,<1s-

varios da imagi nação'? Se tornal'mos

si11<•".

os ..heróis .. desse gênero de li teratura - por exemplo. Superhon1t)11,.

A ntes de tudo. o nome da hc,·oina: hécassi11e significa narccj;·1, .a ve de bico longo. pouco menor que a ga li nhola . Do contraste entre o longo bico da ave e o minúsculo mtriz da heroína. s urgiu seu apelido. A propósito desse pormenor é que se desenrola o início da h istória. tendo como ccní,l'io uma pitoresca região ca mpestre da Bretanha. na Fra nça. Ai os costumes au tênticos misturam-se com c.)s nomes ora fictícios. ora reais. mas que retratam com riqueza os defeitos ou valores de espírito do povo loca l. pormenores que fazem sorrir. O nome L1bornez. cm francês. sugere. pela s ua grafia e pela pronú ncia. a pessoa c1uc tem na ri1. ou inteligência curta (bor111! s ignifica lin1i1ado~ no sentido físico como fig urndo. aplicando-se. por exemplo. it pessoa pouco inteligente: 11ez é 11(1r iz). Tem ta mbém seu sabor a vila natal de l)eN1ssi11e. Clodwr-les- Hé: raS!i<'.'i (Ca mpnnúrio das Galinholas). localidade fictícia. figurando ao lado de Químpcr. trndicio nal cidade dos confi ns da Bretanha. onde o nome J\nmlik (/\na . cm dialeto bretão) é

ou a cha nchadêt hi toladora do espírito'? De tiuc uti lidade é para a vida

Nfm1clr"k1•. F,111111s11111. F/(ls/, Gor-

don e tantos outros -

correspondem eles a determinado mito cnga .. noso de uma vida onde tudo é ícícil. co mo q ue fur1cionar1do ao toque da magia. E o jovem. em lug,,r de receber um estimulo para vencer as diliculd:,dcs da vidn real. <.:oncrcta. onde sempre estão presentes cruzes e sofrimentos. pelo contnirio. e nt ra para ;1 idndc adu lta deformado. Novos heróis vão entrando cm moda. Alguns não permanecem no laicismo geral. para propagar dirC·· tamente o hediondo. o vício. a imoralidade. O ant i-herói vai toma ndo o lugar do herói deformado. Os heróis verdadeiros - a serviço do bem. d a verdade. cio belo desa1larcccrnm com os contos de fodas. - .. Ô! Lá vem " C1110/il'is1110·· com seus senr1õcs ncgativist;1s!" podcni exclamar algum leitor pouco propenso a ver o ma l que domi na o mundo moderno. [;. acrcsccnrn rá: ··Este jorna l só sabe criticar. Se leio historietas do Pato 0011(1/c/. dirá que são piadas idiotas. Se passo ao As1erix. d ini que são cha nchadas com certo sabor subversivo e ··cstruturalista". porq ue aprcscntmn os romanos como capita listas corniptos q uc a pod reccm as tri bos cheias de vitalidade da Gá lia antiga. /\final. ser{, que "C111olicis1no .. quer que todo mundo íiquc eternamente nos. contos de Brnnca de Neve'/ O que este jornal tem ele positivo a aprcsçntarr· Ao i111agi1Hírio objctnntc. gostaríamo~ de oferecer um tiro de histú1·tas cm <1uadri nhos que~ a nosso ver. ate nde satis:f:11oriamcntc ao que se d.;ve proporcionar ú infâ ncia e à juventude: historietas atraentes. c ngraçadns: linguagem cheia de expressões e ditos saborosos. por vezes populares . mas sem cai ,· na gíria e no chulo: nmbicntc pitoresco; temas rcl;1cion;idos com a vida concreta e episódios cheios de lições ... l;•ço11s ti<• dws1•.(', dizem os fra nceses. Em out ras pa lavras. são historieta s q ue a propósito das pessoas. dos ambicn1cs. d:-lS coisas. ensi na m a viver.

/l mwik /.(1ho mc•z. ,ks1hwdt1 ,i rt·lehridmf,, ~ui> 11 al<'lmlw ,/e• Occ::,~sinc. ll!\'t.º v or pri,m•in, murml(t ",:mni11 qm• s,,us pai,, t'.\'/llc1· riH'tJm t•m Clud1t·r-les• IJl!a,.,·s,·.,. mio lun.C:(• , te Quimpt•r.

S,·u mt~c·imt"ltt<> mi(, fui11.~~·i,wlmlo. fvmo u ,los lt<·r<ii,, d11 Ami):IUdudt•. 1n·lv ,, ttc•m1,r,•., d,· 1t•trt1 cm dmw,s , /,• (tJi:u. ,\ ·ouJth"<' ap,111a:• nu o,·11,,·i(iu a pa., •,--...._ ,w1,r:t•111 dt• 11111 gr;m;lt• htmclo ,/e m·,·., St·frt1x.c•11,, : J.:1111 w , .t, /ltlltJ,\ •· g11liulu,lt1.,.

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Ammik l..11h(J11tt•: t·J't1 um bc•l>c~ Rrmul.·. t'ot11do e:• roliro. Sc•us t>lhw' e IJO<'(I rram m imísn1/o:.; o 1111ri: 1tio pc•q11(·110 que m11/ s(· ,·ia.

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/: ;,,MI tlt'\(,ltH't1.,c•u,, Juti.,. t/tlt' i u,lv ditt uu,c/üm, IJ pohtc• ,um;iuha: º'.\°(ic, , ·rc•S<'t', d1:um1. Qut tti,tu·:a.' Vt1i .w r a ft,<lfJ,:ulluu/11 du r tgfriu :·· C,,m dt•iu>. c•m Clud1cr-lc•,, . Bé<·b\St•s ,u ·rc·ditt1r11-.l/.f qm· a hm·l(c:hwiu ,h· mm, pc•,,;,.,;o;, c•m /lf(IJ'Otdoual

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batúmo tios dtw., aÜm("OS s,•ri11 c:cl,·IJTm!.J ao nu,.M:c)

uxlo numdt> ~ nu, ;s ôu menos primo em Clothrr•lts-· fk!l'o,fs<·s. Assim. i odo:, foram l'Onvi(/(u/os poro n urinuínia rtliglos,, l' O almO('O.

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101110 original. qu(·, algum dilo

t:11J:rn(·t1d() - ,~'--. __foi ('()m•idotlo parh ,ft!t p,,. ( ' ~ -...-,- tlrinho de Annoik, · "Umn bela m(•11i11a. dizit, t•lt• Jn:endo-,, saltar em sc•us hraç()s. l' ((ul' wm lá ,(('U pt-s(). Pt>m, qm• ttnha ,~.~ norfr... ou mtlltor. q11c> niio tenho m1d: ..• "

Tais características se encontram, por exemplo. nos ;.11 r:1entes alhuns de IJ<·N1.,si11e. escrit os por Caumery e magnificamente ilustn1dos por J . P. Pinc ho n. O primeiro deles surgiu cm 1913. às véspera s da Pri meiro Guerra Mundial. O último. de um tota l de qu in1.c q ue conhecemos, é de 1930. sendo boa parte deles reed itada a ind,1 cm·nossos dias por Gauticr1.a ngucrcau. de Paris. Entreta nto. não espc,·c o leitor e ncontrar cm Be,·assi,w episódios sensacionais o u super-engraçados como nas aventu ras de Tin tin. /Je<'assine nfio prima pela

.

"... /:.'depois. es.,·a ldlt'a de· ('/,a . md-ltJ Amu,ik.' Com i odas as Amwik.t qu,• ,-•:<i.ft,•m ,u, aldeia, w,i srr uma l'mbi'l1//11ul11. C,ut,, 1'(•:

que• c•u ('!umwr: "Annník!' wia d11..,x11r \'iltlt' 11w11im1..,·.. , 11rnmj1,r-lht um ap,·lido". A hora ,la /1tmüla

E' 1m·ci.w

i,ucrrompt•u ;i.ua~,· rc'}k•,\'iJe,f,

FCJi um b.~to battsmv. A proprlf1(Íru1 tio ,·,iqe•I<,. ,, Stwlu:,rt, Milfl/Ut',\'O tlc• Gmml-Alr. t m n,ja c·asa (/ ,mie· tlc· Amwik it, 1raba/l,ar <:l'rtos dias. wio a.tsisrir ú cYdmúni,,.

Niio fi,; {H!l/ llt'lll1 a lúonjá qur .fl•ntirom os IJ,/H,mc•: (1() \'C".../a dtt•Kar

c·m .w1t1 tolr<v, pu.,·,Ma

sensação.

mas pelo equi líbrio e tempera nça católicos. embora freqüentemente faça sorrir. J\ pri ncipa l figura. L1ecassi11e. é "'"" s imples criada. fil ha de camponeses bretões. cheia de ca ndura e hondade de alma. mas ca p,l7. camhém de pratic~ll' atos de energia e até de heroísmo por alguma causa boa. O melhor elas histórias de L1ec"ssi11<•.

cntrc1anto. cst:l no a mbiente cm q ue se desenrolam. Pessoas. povos. situações. correntes de pensamento. costu mes. são elogiados ou criticados com fin ura de espírito. tipicamente fninccsa. seja pelo texto. seja pelos expressivos desenh os. O acerto e o pitoresco dos traços psicológicos do inglês. do italia no. d.o es11anhol. do ,írnbc. do l.ninoamcrica no ou do próprio francês . segu ndo a região ou a c lasse socia l cm que vivem. j,í constituem de si um entretenimento altamen1c úti1 à

J><lr ,!oi,\' 1·t1wdos.

muito comum. Q11illo11cft. por sua vez, originase de loudw que s ignifica e.,·1rábico. ,.,,sgo. z(lro lho (física o u figurndamcntc). Core111i11 é o nome do Santo 1>adrociro ela catedra l ele Quimpcr. E a ssim por diante. os personagens. por seus próprios nomes. j,í exprimem traços psicológicos e característicos. A rivalidade entre <1s duas íamílins C(llnponcsas não visa apenas o cômico. Ela representa . cm s ua autent icidade. as prcocu paçõcs ha bitua is de uma a ldeia. Porém. qtia nta riquc,.a de personalidade e colorido nesse desfile dos habitantes de Clnclu11·-le.,·· /Jécnsses rumo ú igreja parn o ba t izado das duas meninas! A s i111 p,ít ica figura do verboso Tio Corentin emite suas coruscaçõcs na maioria dos volumes da coleção. Mais ainda a respeitável Marquesa de Grand-J\ ir. sempre impo nc_n tc sem arrogância. e legante sem afetação. bondosa com fírme1.a. Seu tra10 maternal C11"1 relação aos camponeses e crfodos que a servem. bem como a dedicação e devotamento destes. constitui precioso exemplo da harmonia . tipicamente católica. entre as diferentes classes socinis. Um relacionamento otgfmico entre inferiores e supetiores. que nada tem do espírito ele luta de classes. infelizmente disseminado em grau crcscc n· te. desde a Rcvoluçã(l Francesa até nossos dias. Por fim. o divert imento autêntico - mas quão inocente - de uma festa de a ldeia onde o cinema e a televisão não fazem nenhuma falia ... Tudo isso se cr1cont ra cm menos de 1rês pftginas do primeiro <'llbum de /Jecas...,.ine. E somos obrigados <l interromper por fa lta de espaço. Não podemos. assi m~ acompanhar Beclls.'iilte cm suas aventuras durante a Primeira Grandé Guerra. cm suas viagens pela Fra nça e o ut1·os países. Nem observar as tr<tnSíormaçõcs da moda. dos costumes e das mentalidades ao longo das primeiras décadas ele nosso século. Conforme nos propusemos de início. apresentamos somente uma p{,lid~1 amostr:t de urna história cm quadrinhos que não se limi ta a uma novela policia l, a uma aventura na lua ou a piadas sem va lor. E muito menos baixa seu nível a 1cmas picantes. imora is ou que chegam até ao monstruoso !

1níclizmentc, nessa matéria o BraAo .Mif ,la igr<j11. tin Cart111tin mirou um punhado d<· m(N•d11.,· ci

uitm,·o,lt,: ,Jepot's, tmlo mundo foi dtmçnr ,w prO("d, ao som d o.t instrumemos tÍJJÍ('QS

,to

lugar'.

As dut1.t ,·ritutftl\' /ortmt i11su1lt11!t)., ú .,·u mhro clt• um .s:rautlc• <'t m•olho. Amwik ri11 ,i wml'1tk. com Sull t·11tinha redo11tla, amm• rimulo um hom ,·ará1t•r, t'JU/Ut1'lfO s uu prima t'tll mais 1/0 qm• mm1·a ft1arra vesfla,

si l tem s ido 11,·ejudicado. pois as bancas de jornais e revistas estão repletas d o que há de pior. cm geral importado. JJ,,ctusin e. ou algo q ue se lhe assemel he. não se encontra em nosso meio. E as crianças e jovens brasi leiros de nossos dias ficam ass im limitados à ant icultura dos vürios tipos de Kibis. 7


llAfOJLECESMO

HABITAÇOES, SORBONNE E GALINHAS V

ISTOS PO R UNS como extravagante$ inofensivos. por

o utros como inovadores es-

quisitos de vizinha nça dcsagrad{tVcl. vão a parecendo cm diversos lugares da França grupús de fa mílias que se

juntam para in;i ugurnr

lltn

...

--~,ri--.·

~, ,: .

fenômenos devem ser vistos no granM de <.1uad ro da 1narc ha g r~1dtH1 l do

.

Ocidente rumo ;10 comunismo. quer na sua íasc ditalori;tl. transitória,

quer no~ pr imeiros uto pia a n{1rq uica.

novo

estilo de vida soei.ti.

Objetando

Rct'J ncm..sc para construir cm

comum as próprfo s h~1bi1açõcs. Geralmente remodelam prédios velhos. cm desuso. o nde. ao lado das unida-

O lei to r podcr:i. cutrcrnnto, levantar uma objcç;'io: isto cst,i parecendo aqud:1 histúrin da menina que possu ia uma lata de leite e imagina va

des familiares individuais. cd iíic.:am construções nas quais se esta bclecc um sistema de vida comunit..\rio.

trocii-la ror um ovo. Do ovo nasceria u ma g.-ilinlw. d a galinha mu itos

A$SÍm. por cxcinplo. j ardins. lavanderias e o utras dependências de serviço. qua rtos panl as cl'ianç.as b1·in carcm. etc .. são d~ uso coleti vo. Em

ovos e nov;1s ga linh,,s. Tornar-se-ia ela. c ntfio. próspcrn granjeira . Com o produto da granj a compraria uma f.i1cnda e assim por di;rntc. /\bsOl'lil na própria Cnntasia. tropeça e dctrnma o lei te ... E seu sonho também se csbol'o:1 por terra com o precioso líquido ... Concluir uma vitória universal do comunismo de um fato minúsculo e banal como esse que se p"ssa e xclusiva mente na Franc;t1 ê, frn nca mcnlc. dar la,·gas ú fantasia. Eng,u,a-sc o leito,·• Nada foica-

;1lguns c~1sos. a té !\C vai mah• longe. e c hcg;-1 ..sc a intcrcomunica r. atravts de portas. algumas partes das respectivas unidades familiares.

A "Casa dos Jardíes" A revista francesa l ..'F:.xpress descreve alsumas dessas h;1bi1ações semicomunit<í rias.

balmente concluído. Umitumo-nos

,1 lcv.iotar sólidas suspeitas.

a nnlistas franceses venham ligando o fenômeno das habitações coletivas também ao movimento hippic.

Não é stm rnziío. pois. que.

Tal s itlmção tende a gerar. no ma is i1Hi1110 da mentalidade dos povos. uma apcténcia muit:1s vezes subconsciente para se atin-

Hippismo e tribali smo

gir uma ordem de coisa~ igualit{1ria e colctivi:,;1da. que coc.:x ista corn unrn

Jacqucline Rcmy do L'f.,xpress afirma: "Se111 o fonn ular, ou .tem o .·.;aher. eles (os idcali:,.;,dorcs das habitações cole tivas] quernn ,.,,,·ri11r a triho . 11 "\'l/lage ··. c•111 • lugar 11111 pouco 1nÍtico qu,,. J11t1j!Íc a,11('11fe . re.,·oh ·erit1 ins1a11t(111et1111e111,, suas di/i<'lliclacles ele casais. ele .filhos. e ·c1,, d (I/J /(/ ffiO

(1

S (/( ' ift/",

Considere o lcilor <1uc não se lrnta m"is d e jovens tr::insviados.

O presidente do "Movimento do Habitat Autogerado" (centro) fala à imprensa sobre as experiências a respeito das habitações comunitãrias

egressos das ,·cspectiw,s familias e da sociedade. c1ue se ag rupam e m comunidades. clãs ou 1ribos. para levar uma vida crrarn c. Mas de uma espécie de sc micomunidade hi1>1>ic, ou de scmitl'ibo. instalada no sciú

espécie de asfixia do espíri to. 1>rod m~ida pcl.1 cxccssiva pia nifo::açfü\

csrnrnl.

J\dcm;1is. a ll istúl"i;:1 demonstra que ~1s gra ndes revoluções começam . n.i m;1ioria das vci'.cs. por pc<.1ucnos si n1o rnas. c m gera l clcsprc1.<1dos como insignilicé1 ntcs pelos contcmpon:incos. Foi a pal'tir de pequenos episódios que, 1><>r .:xcm plo. fomcnlt')u-sc a Rcvoluçfio Francesa e oco-

munismo na Rússia.

Todos esses fa tores prcpa ,.., m " explosão anürquic;t. comuno~tri halisla. da qual u lllúvi mcnlO hi ppic. a rcvoh;, da Sorbo 1111e de 19611. e ma is rcccl1lemcntc. os punks. são sinais

prccu rsorcs. Compreende-se cntãú que se fole das IH1hi1:1çõcs colet ivas na r=·ra11ç11 como um ensaio de convivência tribal no seio das socied ades modernas e um produto do movimento hippic dos p,·imciros anos (,O , e de maio de 1968. M.is. sohretudo. esses

ÜÍCl'CCCl"ll<)S-lhc. leitor. um

lc.!SlC

de f:ícil aplic;iç:io: se aq ueles aco111e-

cimcntos na Frnnça n5o se cx p:1n<lirc111 sol> " bafejo da r ropaganda. e guardarem suas limil<ldas propor .. çôcs natura is. entã o. foli1.mcntc. nos-

sas suspeitas não se confirnwrnm . Mas ~e os conjun1os hahitacionais comuni1{1rios começarem ,1 ~,pa recer ma is <>u mc no~ por ioda p;1rtc. abrnmos os olhos ...

Arnóbio Glavan1

da socicd:ide. 01ê1 is ou menos aceita Em Mcudo 11 . u:n bairrú aprazível com belos gramados e es plêndidos po mares. encontra-se a chtlm:lda ..Ca.,·a dos .lardi,,s". Nove í;, milias aí se dividem cm pl:.4uenos

:1partarncntus e c(,mp:1r1i1ham um gra nde jard im. lavande ria. salas ele: reunião. oricina de pequenos serviços d omésticos. bibliotc-ca . sala de televisão e de joi;os. e um atelier infantil de pintul'a. As crianças, segundo /. ·1:.:rprt1s., misturam-se cm liberdade umas com

as oulras nas divcr::,ãs casas. onde se cntr:i

sem b:ncr. /\dolcsec ntcs "cm

c ri se" trocam de familia para pas.sar

um fim de sema na ... Por vezes. os membros da ··comuni<fr1dc" adqui rem um antig<> con ... \IC lll O

e

ali

estabelecem su.1 h~hit::i . .

ção. como aconteceu c m Metl: ot1 o

fa1.crn com uma f:"thric:1 que deixou de funcionar, a exemplo do que oco!'l'cu na 13! circunscl'içiio de Paris; ou simplesmente reformam 11111 vel ho préd io cm desuso. estabelecendo nunc,t menos de 10 a 20% de es1>aços coletivos. Projetos semelhantes pul ulam em Pal'iS e nas 1naiorcs cidades fra ncesa$.

mente francês. Mes1no vive ndo-se pobreme nte. cm tais classes. nunca se adrniliu al i{ts con1 o consenso

uni versa l dos povos civi lizados

a

p;irtilha da hnbirnç:1o corno soluç.ã o vúlich1 e nccitávcl para a mc niz~tr a 1>obrcza . /\dotaram-na no passado, e continu:un a servi1· . .sc d ela a tualmente por primitivismo moral e cultural. povos bftrbaros. E prat ica-

~:, tambêm . cm. nossos dias. cm cena mcclida. :1 nco .. barhárh; comu nista. Quais. então . as vcJ'dadciras cau~as do fenômeno'! Há quem s ustente

serem elas as idéias a narquistas que atingi1':un a Fra nça rms lll1imas dé<..:<1da:-.. e.: qut; eclodiram de maneira extrema mente pl'opagand istica na revolução da Sorbonnc. em maio de 1968. O pu lular das habitações coletivas mlo seria se não uma eoncl'cti7açiio modcsw. ;-1da ptada

;aos

tem-

pos e lugares . dac1uelas idéi~1s. Com efeito . os protagonistas de t:.1 1 cxpci-iência comu nit~-i ,·ia são. segundo a revista J:H.l'pn•s..,·. ··contcsl,Hiirios" de 68 j;í hoje um tanto "adocicados" pelo passar dos anos e o desgaste natm·"I do n1i10 . católicos de esq uerda. ecologistas. etc. Ou seja. as corrcnles ideológicas d irewrncntc insc!'idas no íluxo do

por esta como um estilo vfüido de

vida. e. quiçú,

f<)rrna de orgêlni-zação social parn a qual tende o i-\

mundo de amanhã. Um passo e no rme. portanto, teria sido dado para a hippificação, ou a "lribalização" de nossa sociedade.

A longa prepara ção para o tribali smo Ou seja. é o mito do coletivis mo na suc1 forma anlll'quica e a té prétribal. soprado por tublls da publicidade esquerd ista de diversos rnati z.cs. que encontra nas condições de vida moderna. e sobretudo na pro-

paganda~ um te1·rcno ffacil para me· dl'111·. No Orasi l, por e xemplo. ta l plano. insuílado por· u111,1 corrente nco•mis.siomiria CêH61ica. íoi ex plicado e denunciado pelo Prof. Plínio Corréa de 01ivcirn e m seu livro "7i·ibali:uno /11d,Re1w. ide'11 ,·u111uno-1u1ssu11111ru1 para o Rrnsil 110 .,t,·11/0 XXI" (Ed. Vem C ruz.. São Pa ulo. 1978). Há décadas que nas socicd,1dcs

modernas se presencia um fe nômeno de supcrvalorização dos e mpreendi·

mcntos e inicia1ivas d o poder pú-

movime nto da Sorbo nnc e suas se-

blico para assegurar o bem social. cm detrimento da iniciativa parti-

qüelas.

c ular. E com isso obsc rv<1•sc unrn c rescente hipertroria das funções do Estado cm dispo!' e dirisir a vida da sociedade. Bafejando essa te ndência gcncra-

alegadas como cam;as da iniciativ(I ; custo mais ba ix o da construção: facilidades fisca is. ete. Mas elas. nem de longe. dão a vcl'd,1dcira cxplicaçfio do fenômeno. Com efeito. o a lto preço das mOl'ildias p.ira

As.sim como a c..:xplosào de maio de 68. na Fra nça, const ituiu um ínuo do movimento hippie servi ndo-lhe ao mesmo rempo de instrumento de publicidade. espa lha ndo seu espí rito e os modos de ser pelos setores da socicd;,dc ainda não hippilicados · assim o surto das habitações scrnicomu nittirias teria nascido da revolta da SorOonnc. E tendel'ia a disscminal'-lhc o ideal

um prohlcm:-1 novo. nem exclusiva-

a ni1rq u ico -com u n i1 úrio. grad ualmcntc. por tod~1 ;1 sociedade.

Um fruto da "revolução da Sorbonne"? De onde vem essa tendência para a vida comun it;iria. na Franç;J'! Algumas va ntagens de ol'dcm econô-

mica e a<lministrntiv,1 cstfi o se ndo

dccc,·mimu.las classes socfo is não i

Obra de pensador brasileiro atrai espanhóis

lizacla cm nossa époc:t. cncontl'amos n ideologia soci.ilista. fundamentalmente atéia e igualitária, mas esparsa cm múltipla s varian tes: desde o

socialismo srnliniano sa nguinário. :llé o socialismo dito cristão ou democrata-cristão. pass::1ndo pcl.1 corrente soci;11-<lcmocra t.1 e s uas congêneres.

/ I

' A Sociedade Cultural Covadonga, entidade ant icomunista espanhola afim às TFPs americanas, voltou a dcsfrald,1r seus estandartes cm Madrid, divulgando o ensaio

"Revo luçiio e Contr(I• Nevoluffio", do pensador católico hrasileiro, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. A edição castelhana da obra do Presidente do Conselho Nacional da TFP brasileira foi recebida com suces.so na grande Feira or ganizada cm Madrid no Dia do Livro, colo-

c:1ndo-sc entre as mais vendidas. O "stand" de Covadonf(f1 e da Edilúra Fi'rnando Ili. !ó1 s,11110 foi dos nrnis visitados pelo público. Entre as principais atuações da benemérita entidade espanhola enumeram-se campanh:is de âmbito nacional e que alcançaram grande repercussão no pais, contra o avanço

comunista e o div<írcio.

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N.• 344 -

Agosto de 1979 -

Diretor: Paulo Corr~a de Brito Filho

Ano XXIX

Imagem de Nossa Senhora chorou em Portugal

'

-Centro de estudos anticomunistas em Nova York COM A PRESENÇA de cerca de 300 convidados - amigos e simpat i7,1 ntcs - e discursos de duas renomadas personalidades. uma do Congresso e o utra. um oficia l da reserva das Forças Armadas, a F1111dação po,· 111110 Civilizaç<io Crisui, dos Estados Unidos. inaugurou recentemente em Bedford, Nova York. sua sede nacional e centro de estudos. S ituada no condado de Wcstchcs1cr, a prestigiosa sede da ent idade dispõe de uma {1rca de 120 hectares. O fato de ser a Sociedade Nortc-Americi,na de Defesa da Trad ição. Fa milia e Propriedade (TFP) a principal colaboradorn da Fundação ocasionou inusitada campa nha publici1íiria de oposição esquerdista. Por isso. o ato de inauguração celebrou também a vitória da entidade no julgamento levado a efeito no conselho de í".oncamcnto loca l. Vivamente aplaudido, o coronel reforma-

do Prof. Raymond ' S. S leeper, diretor da Fundação l':dllcacio1111/ do Co11selho A 111,•ri· ca110 de Seg11rtJJ1('", ex-chefe do serviço técnico de inteligência da Força Aérea 1H)rlc-amcricana para o Ex lcrior e especia lista cm ma-

SAlT li

léria de armamentos. ressaltou o crcsci mcmo do desequi líbrio em armas estratégicas a fa. vor da Rússia, e a completa frouxidão do sistema americano de defesa . O deputado pela Califórnia Robert K. Dornan , conhecido por sua posição anticomunista e antinazista, considerado um dos melhores oradores da Câmara dos Representantes, analisou com penetração de espírito e realismo a presente situação mundial. " A1utJI· ,nente - afirmou o parlamentar -:- 11âs es1a1nos abso/111a1nen1e 110 11u!s1J111 si1uaç<ío

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••

que se enco11tl't1va Pon,péia pouco anu~s da erupção do Vesúvio. há 1900 <mos". E apontou a seguir o desmoronar da sociedade

•'

ocidenta l ante a crescente ameaça comu nista

-

o Vesúvio do sécu lo XX. Na piígina 5, apresentamos os principais trechos do discurso do deputado Robcn

I

Dornan.

1

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ESTA IMAG E M de Nossa Sen hora das Necessidades verteu lágrimas no dia 22 de abril último , na pequena v ila de Soalheira, en1 Por1ugal. Dois enviados especiais de "Ca10/icis1110" colheram no local as impressões e depoimentos das testemunhas oculares do fato miraculoso. Este produziu un1 efeito singular naqueles que o viram: os que observaram a Imagem chorar, não con1en1aram , na ocas ião, o acontecimento exl'raordi nário. Página 3.

A foto registra um aspecto da secção inaugural. cujo bri lho foi realçado pela apresentação de um conjunto musica l de metais e do compositor Philip Caldcr, da TFP norte· americana.

C~pitulação em Viena lembra Munique •

O ACORDO SALT li, sobre limitação de armamentos estratégicos. recen1emcn1e firmado c m Viena po,· Carter e Brcjncv, representa, na opinião de aba lizados especia listas no assu nto. capitulação su icida dos Estados Unidos ante o regime d o Crcmlin. En1rc1an10. sa be-se que a Rússia é um gigante de pés de barro. Para derrubá-lo, bastaria ao mundo livre uma resolução inabalável de resistir. Sem essa determinação, o Ocidente fica numa situação análoga à dos Aliados cm 1938, quando Chamberlain e Oaladicr assinaram com Hitler o acordo de Munique. Pouco depois, o Führer invadia a Polônia e dcílagrava a Segunda Guerra Mundial. Página 4,


..1fn>11t<·ci11-llu: n111iu1.'i vezes ir

LEPRA o consumia como a chama consome a vela. Em seu leito de morte. d itou a inda conselhos de grande sabedoria a seu filho. sobre o modo de govcrn:\r com j ustiç" e misericórdia o seu re ino. N,i manhã de 25 de agosto de .1 270. percebendo que Deus o c ha mava . ordenou que o cobrissem de cilício e o colocassem sobre um leito de cinzas. Querh, morrer como pcni.. tente. A ntes do meio-dia. pareceu dormir. Mais ta l'dc. rea nimou-se. abriu os o lhos. fitou o alto e disse:

A

d,)pois d,, ft1i.,·s11 se,11111·...,.<~ ao pé df'

w u N11'w1/ho no hosqu<' de Vi11ce1111e.,· e n u.'i /i.1:('r s,~111,;r em hJr110 deft;. Tú,lvs · '1S </li<' 1i11/,(ln, prohlc-11111.,· vinluuu lhe.fá/ar .,·e,n .,.,,,.,,,,, nu,h~s,11dos por x1111rd11.v 011 111w111 qti<'r que fos..,·e. /;." '--./e per,:1111111va: "/ Jâ a((:uh11 (Jqui que 1e,1ha a((ftuno pendên cia?" Eº levmtUlVIIIJhW' os (JUl' 1i11!1"JJI tJlgun, lití!;io. Então São l.uis dizia :

··Ca/ai-\'O.'ó todos e VOSSO.\' casos se• rffo resol vidos wn apôs 0 1111·0 ". Clw1ntJvll t'llllio Mo nseigneur Pierre de Ft,n ulines (? Monscigneur GeoJ,TrlJ)' de Vi/le1e. e dizill li 11111 deh•s: ·•Resolvei este /i/Ígic>". " />el'(·ehe, ulo t,lgunw nlternç< io necesstíria às proposições dos j uízes. vu do IJCll'tido t'(J11trtil·io, ,uio d<•i.ra· w1 dt• .fi1zt•~la /J<)/11 sua 1n·âpria palavra. l:.t,.o vi 11/,gunws vt,ze.v 110 v(ircio fr ao j ardin, de Paris par<, ter audiên · eia. , •<·stido de unia cota d,, ('(1111elo e 1le unw :-.ohren,1a sen1 1111111g11.,·. um 111a111u 11,•gro d(' .,:<'da t•n1 ton w do 1u·scoco. nudro ben, p,•111<•ado e co· b, rto .ti111ph•.,·111t,111,) coJJ1 11111 chapéu d!' p ltu,wx d<' p 11 wio. Pazia ,•s1,•1uler 11111 Ulf'(' t(~ 110 solo e tudo o povo ncorria parti llu"') (IJ)1'<•.•:e111ar os pt•di· dos. ficmulo d,, pé à sua volw . 1:: ele resolvia os prvble,nas da nw11eira 11ciJJw. <111,11ulo falei d u hosqu<• de Vi11ce1111e.f' (4).

"Senhor, e111r11rei en , Vossa santa 111ort1da e adorarei v Vosso santo tabenuír,t10··. Fi na lmente, às três horas da tarde. cxnlou o últ imo suspiro. Assi m morreu São Luís IX. Rei de Fra nça. últi mo Cruzado e dos m;i is valo rosos q ue a História registra (1). Por isso é ele venerado cm todo o orbe. inclusive neste Brasil do qua l só no Céu ele teve conhecimento. i\ c11pital do Maran hão foi fun-

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dada cm sua honra e muitas outras

loca lidades brasileiras o toma m por padroei ro. O supremo equilíbrio de sua alma. o nde vir tudes opostas mas harmônicas emitem todo o fulgor. constitui um maravilhoso exemplo d o que pode rcali1,1r o espírito católico •)aq ueles que correspondem i, grnç~. A bravurn incompar~ivcl no ca mpo ele bata lha. São Luís aliou a mansidão que o levou a servir habitualmente os pobres cm certos dias. À magn ificência e ao esplendor rea l, acrescentou um desvelo incomum pelo ttltimo de seus s úditos. Cônscio de seus d ireitos e deveres. exerceu com perfeição a vi rtude da justiça. Foi escolhido como árbitro c m todas as grandes questões da época, en tre o Papa e o Imperador. e ntre os ba rões da lnglatcrrn e seu Rei . P,·eso e acorre ntado pelos in fiéis. a té estes o tomaram por juiz. Esse cquilibno de a lma, porque coarem na alma as müs tendências.

1

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A "Sainte Chapelle" Outros fatos muito interessantes sobre a sabedoria do governo orgâ-

nico e justiceiro de Siio l.u is poderia n1 ser citados. Não é nosso objetivo. e ntretanto. aprese ntar aq ui um~·1 visão de conjunto ch1 vida do gnrndc sa nto. nem aprofundar esse aspecto. O leitor desejoso de conhecer tal visão de conj unto pode recorrer ao artigo publicado por ··ca1olicis1110" n.• 236. de agosto de 1970 "St7o Luís n•i. glória da (i·isut11d,ule ... Aq ui nos propomos simplesmente rcssnlw r a riqueza e cnvcrgadtll'a de

~-----·· Parte superior da "Sainte Chapelle". construida por São luis para abrigar a Coroa de Espinhos de Nosso Senhor. e um dos mais belos monumentos da arte gõtica ·

Contrastes harmônicos na alma de um grande santo concede verdadeira liberdade às po- motivo pant venerarmos um cspirito tencia lidades do espírito, q ue podern de envergadura ex lrnordinária, c<.1então cxpandirMsc a té atingir seus pa;,, de grandes l ances. extremos. Por isso. todo santo cumpre, de modo heróico . a própria O Cruzado vocação, mesmo q ue s ua vid" pareça. aos olhos d o rnu ndo. fracassada. Ilustra bem o ímpeto guerreiro No cssenci:ll. e ntreta nto . o sa nto de São Lu ís o episódio dit tomada de cu mpre a missão tiue a Providência Da miem. no Egito. narrada por seu lhe destinou. súdito e biógrafo. o Senhor de São Luís é magnifico exemplo Join villc. dessas almas q ue. na santidade. ati nO soberano aguardou cm Chipre gem. de modo particular. urna en- a chegada de todo o exército e não vergad ura excecional. l·hi muitos foi senão cm 22 de rnaio de 1249 que sécul os não estamos habituados a sua frota iniciou a navegação. ver santos colocados no pináculo do Joi nvillc descreve a partida: prestigio . No cam po espiritual. tive"No inicio de ,uarfo. sob ortlem mos São Pio X. é verdade. Mas ele do Rei. os bllrões e outros per<-grimorreu isolado. depois de haver 11as recllrregarn111 os han·o.'t '-'(1111 afirrnado: " Non <1s1 vir 1111?<·1un ·· (Não vinhos e viv<lr<)s ti Jim d,, partir logo há varão que esteja comigo). No q11t o Rei vrd,~11(1ss<•. Quando tudo ca mpo temporal . podemos lembrar Jicou pronto, 110 se::,,,:u1:feirt1 m11erior um Garcia Moreno, governando o o Pnueco.vu,.,.. o Rri e a Rainha Equador do século passado. longe i11sudt1r,1111-st' <'111 seu navio. e ele do~ centros de iníluência. Embora ordenou li s,~11s lwrõe.'i que, por sua suas virtudes sejam univcrsnlmcnte vt•z. e111/u1rcas.,·,,,,, par11 S('gui.. fo ruconhecidas. ele não íoi canonizado " "' 110 J;"gito. No .,·tibado, seu navio pela Igreja e morreu assassi nad(). parriu co111 rodos os dr111ais. o q ue Dai a oportunidade de trazer;\ to na proporcionava 11111 helísshno c•spn<iaspectos da vida de São Lu ís. fulo: par(•cit1 que tudo fJ mar. t1 Por ou tro lado. certo estilo ha- pN·der de vist(I, <'SUl\'a coherlu de giogrt,fico cos1uma a presenta r os ponto.l· hrm,cos. dos veios dos barsantos de um modo dctu rpiido. A cos. q11< chegavam ao 11ti111c ro de 1111·1 fig ura do "ca,·ola". hoje íora de e ui10,·e11ros. f n lr(' g,·,11ule.t ,, pequemodn. foi. cm larga mcd id:t, resulta- nos. .. N11 qui11u1-jl•ira tl,•vois de /'('H · do dessa ma neira unilatcr.:11 de apl'cscnt.t r a vid-.1 dos san,os. E mais um ft'C{JXU's. o l?ei tlwgou ''"' ji·e111<1 " 1

1

/)(1111iN(I.

/.,,,tÍ Sf (J/l{'fJll /rl/VIIIJI, 11(1

prtJill. todas llsfor<·as do sul1t7o. Ert1 u,ua bela cena. O .w.d{(io vestia um a m·nwdura de o uro que• o sol atingÍll <' f11zi(1 resplandc•,·er . 110s seus

hro.,·tJ,,.,.

,, or1u11ne,11os. O barulho que faziam cv,n seus t Ílnbllle.,· e tro111pas sarrll· C{.'ll{IS ('/'tJ f'SJJOIIIOS() ( ... ). ··Tf!1u/o tonuulo lugar nwn JU'qu<•JUJ !)ora, co,n 111i11/w gN1u 1 • pois os ;:rmules 111,vios não podian, ir tué a praü,. diriginu,~nos nono i, terra ... Ord<'n<'i qu,1 110~,·sos co1nhate111,~s de·· se111l>are11ssc>nt diant<' de 111>1 1:ro11de />ata/hão de 1111·,·os qu<, so11w vt1 ben, 1111s S<'i.,· JJ1il lunnens tt c1ivalo. T<·io logo <'Sles nos vÍl'an,. la11çm·mt1-.,·e sobre nós, e.,·, JC,n)mulo St'US a11iJJ10i.,·. V,•11do-os dirigir...w• assi111 en, nos.\'O t/Íl'(•rtTo. {i11ct111uJs 110.'isu.,· t•scudOJ' no oreit,. p(do vértice. e JltJssos l1111<·as pl'lo cabo. voltando co,ura eles o ferro de suas ponws. Quando o.,· 111rcus ,1s vir,1111 (ls.,·i111. prestes a lhe.-: tur11w,,.:;sm· n vt•h1r,,. Jlzen1111 nu•ia

,·oila ,, .f11gira111 [ ... ). .. À nossa direita. a 1.1111 bo,n tiro de besta, f undeou a galerl/ que ,·011duzill a i11síg11it1 de St1i111-l)e11is (2). Apenas os hvnli'l1J lu1vim n de.,·,!111bnr c(lt/Q, un, S<1trace110 li/ir ou-se n o J11(•io deMs. seja purt111e ,uío puderti reter seu cavalo, seja porqut pe11sa1

vt1 que os ou1ros o segu irian,: o fat o ti que foi feito em pedt1<·os. ··Qutuulo o Rei ou.viu diz<'l' que a i11síg11ill de Sohu- De11is estava ,,,,,

Seguido por uma procissão de monges. São Luls deixa Paris com seus cavaleiros. para dirigir

a Oltlma Cruzada. visando reconquistar a Terra Santa

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T~~._._.L~11

Enérgico em relação aos hereges. Impetuoso e audaz no campo de batalha. São luis era ao mesmo tempo manso e compassivo. Freqüentemente ele servia pessoalmente os pobres. como atesta a gravura medieval acima.

terra. otrave.,·s ou seu har<·o a gran-

des passos e. t1pesar de es1t1r t·om ele o ú:gado (ponti11cio). 11,10 qu is nhn11do11nr o ourij7m1111 e saltou llO mar con, a tíguo /1,e ba1e11do oô peito. E 1,ssi,11. cu,11 " ,•.,·cudo p<·11·

de11do '"' pescoço. o elmo à ,·abeçll e li /ançll no nuio. ele St' j 111110 11 a seus hon1e11s 11a praia. Logo que f)<'l'l'ebeu us Sllrrt1ce11os [ ... ] se1:uro11 flrmen1e111e sut1 louça e con, seu (Js,·udo à Ji·,,11u• teritt rorrido en,·alco deft,s. ,\'(' os con.,·elheiros que o ceN·a-

,,o

w1111

,uio o

tivess,,,,,

in,pedido de

.fazê-to .. (3). Pouco depois. os mouros fugiria m. abandona ndo Da mieta a São l.u is.

a lma do sa nto mon,ll'ca. reíletidas cm virtudes tão diversas . A Sai111e Chllpelle cm Paris. espelha sua <1 lnm voltad::1 para Deus. São Lu ís a construiu para abrigar a Coroa de Espinhos de Nosso Senhor. q ue obteve do lmpcrndor de Constanti no pla ao voltar da prirnci· ra Cru1.ada. A ilustração q ue apresentamos acima corresponde à parte superior da capela. cujo ambiente sacra!. quase se d iria celeste. as melho res fotos não conseguem reproduzir. Rcílcte -se nessa obra -prima do estilo gótico sua delicade1À1 de a lma e e levação d e espírito, ·habitua hncntc povoado de cogitaçõcs s ublimes.

W. G. S.

O carvalho de Vincennes Essa comba tividade não e ra di rigida por meros impulsos. mas pcl;i rn1.ão e pela Fé. Por isso. São Lu ís pod ia. cm tempos de paz. ministrar pessoa lmente. de modo pat riarca l e orgâ nico. a justiça j unto ao bosque de Vincen ncs. ao norte de Paris. onde construiu o c;,steio do mesmo nome. Eis como o mesmo .Joi nvi lle descreve a aud iência junto ao carvalho de Vincennes:

..S,orü, ,kJI,, Crad,,u··· Uiblio1cc:1 Cl::1ssic:1 lltustrarn, livro XVII, p. 453. (2) ~ auriíl:11n::, do Rei da F'ranç;1 foi. primi11vamcn1c, 3 b:mdcir:1 d:1 Abt1dia de Sn im ... Denis. uma espécie de xm,fi1lon d<: sedr. (1) M ich:1ud

0)

vcrmclhr1 ou cor de fo&o. 1'1."Côrtt1tl:1 cm lrê~ ponrns: e prcs3 :a uma fanç.a dou1·:td:l. ,Joinville - "//i.çtoir" dr S"int Loui.\···.

Ex1rai1s. l·foehcuc. 1942, p p. 2.S-26. (4) Joi,willc " llisu:,irc tlt• sm·111 l ,m , i,<t" in ..1/Ú'UJdtn,, el (11mnit1uc·11rs ,/11 Mmw, AJ,W",

C~tllim<ard. J')~1ri~. 1952. J>, 21.l 'e $.


LACRIMAÇAO

MILAGROSA

DE IMAGEM DA VIRGEM SANTÍSSIMA George Dilnitri Anroniaclis e Nárses Felix Nunes Filho enviaclos especiais de "C<11o licis1no" "Ó SENIIOR Nlat<•11.<. Nossa Senhora <'Sl<Í a chorar!"' Assim cxçlamou um jClvcm quan. do fotogrnf~1va a pequena imagem

de Nossa Senhora das Necessidades no linal d;.l sua procissão cm Soalheira. 1:ssc foto mir;_tculoso. ocorrido no din 22 de :ibril p.p.. foi presenciado por dezenas de pessoas que se dcslocar;.un úq.ucl:1 ;aldeia por1~1~uc• sa. d cl Bc1rn Baixa a íim de p;ir11c11m · rcm d<t Fcst;.1 de Nossa Senhora das Necessid ades . c.1uc este

.1110

assu m iu

uma final idade de n::paração e desa gravo pelas ofcnsns e ultrajes foitos i, Yirgcm Maria cm Portugal. O Sr. Ma1eus Paulo da Silva Duarte. Provedor <l.t Santa Casa da Miscricbrdia de Soa lhcir:1. foi uma das testemunhas do milagre. Ele mesmo. pol'ém . nfio acreditou ini· cialmcntc naqui lo tiuc se dt'SCnrolc1vn dia nte de seus olhos. pois ao ser avisado pelo jovem que rotog!'afova. respondeu simplc$men1e que j:'o linha visto.

l<'lllhro dt• ,,.,· (11ftr• csra,·" .,·,•111ada entr<' ,uf..,.. /i.•;

(fll('IIJ Jll/ll<'II IIW

tio. 'I""

esta 11/u.wio: ..Quem .wtlw

.H~

Nossa

S<'nlwru r .,·t,i a r/10rar por //,(' 1irare111 o Seu mmuo 110,·o". l:i1 n•.,po11cli-llw f/11<' No.,·s(I Se11hora 11,io <'l'(I ,·oido.w, <' '''"' (IS .\'1w .\· ltigri11ws 111111<·11 potl,•,·imu .V<'f 1uu· isso. que ,·<· li

s,•11/wra rlun'll\'(I C:'J'(I f>('/o,ot 111),\ ' ,\'(I,\ '

f'<'Clltft1s··.

En lào o Sr. Mn tcus soube que

gou as f.tcc:- da veneranda lm:(gcm durante tuna lacrimação. conforme dccl,11·.o ao ci1ado jorna l de Covilhã: .. Foi p,,fas /{J lun·a.,· da 11oite. 1:\-til\'ll 1111 C11pc/11 11 re: ar. N<·ssa 1111 Cap,•/f, nu,i.'i d(' 40 /1<',\.'Was. 01/uuulo para Nossa Se· nhoru ao ,·cr que f i11/w os o/1,o,,· a/11/J"il lw\'i11

r11.,·ils 1/e <igua e 1111111 !1b:ri11w ;,; li<> r O,\'l(J, ,'i('JIIÍ (I dt',\'C'io "" f)('gm· IIU/11(1 cadcir,, p<1r1111u· lltn·o,\·inwr dl! Nossa

q ut1 is. ti convite do Pc. J o,1quim Gcrnldcs Faie las. Vigi,rio da loca lidade. discorreu sobre o significado dt1 milagrosa lacl'imação. perante o público de So.o lheira. que se cnconlrnva re unido na cerimônia do llltimo domingo de maio. /1 Imagem de Nossa Senhora das Necessidades de Soalheira é mui10 simples~ porém. piedosa e régia. Sua lisionom i,1 é virginal e scrcn.L A

'

Capela de Nossa Senhora das Necessidades de Soalheira. do século XVII

Eis como ele descreve o milagre e m dcpoimen10 escri10 e íirmado. publicad<> pelo sem a n,í 1·io "N,11 ícia.'i da C111·illui". de 11 de m,,i<> (o llimo: " Quant!u Nosso S<•nhora rt'Rl'f!.'i·

sa,·(I a Capela e a \'olutrm11 para o povo a .fin , de .fi1=er111os o Atleus à Virg<•tu ,u·enmulo cu1n lt•11ços brm1· co.,·. fl'/Htr<•i que II S<'nhura chottn·a e tinha 11nw lt~l!l'im o be111 ,·i.,·i,•<·I esUt• rion{u/11 110 ou~ío da fuc<' c·squ<·rda. Q11mulo uhservaw, de f ><Jf'to u ro.wo

,7"

Nos.,·<1 Sc•nhora. 111>1 rap11= 1/e

110 111{'

.Joaquin, A111011io 1\t/atus tia

Cru:. pre1e11dt•1ulo tirar 111110/010 {/(' Nossa Se11/u,r11. 1wdiu -11w para eu ch t'gar wn pouco parti o lado. / ,ogu qw• hat<~ll a <·hapa, vdo u•r ,·w11(r;o ~ dis.,·e·111e: ",Si:nhor lvflueus. Nossa Se11hora es1ti II d1CJl'tir". l :i.1 ap()llfl,., 1/w e/is.,·<· sec-a111e11u•: jd ,•i. Poi,.,· ,uio arrnli1i1w1110 que w 't1 li<''" 110 ,,,,,, <·le IIW tfi:ia. " i\4ais tard<'. 11a (i1pda. olhei pm'ti No.,·.-;a .\'i'nhora ,11r1111m1c111e e jti ,mela l'Í. So uhe poun, depois 111w um a nwni,w ,/(• 11011111 ,\111ria Anllt· ll('S tin/1(1 li1111u1 ('(1111 U III /(,ll('il o

Senhora das Necessidades em cum pri111en10 de promessa colc1iva <111e lizc.!ram. se regressassem todos i1 p{,. ll'ia . o 4ue de fa10 se verificou. M;lis rcccntcrncntc. cm costume celebrar-se M issa. durante a qua l o::; milita res da a ldci.o e arredores com ungav'1m. rccomenda ndo·sc à pro· tcção de Nossa Senhora das Necessidades. nas vêspcr~1s de partirem para as Províncias da Aírir.'I. Ta l como os o utros. ta rnbém este$ rtgrcs:mvam sempre. apó~ terem pns~ado pelos inúmeros perigo$ da guerra ( 1). Esta foto foi tirada no momento da lacrimação da Imagem de Nossa Senhora das Necessidades. ao fim de sua procissão no dia 22 de abril de 1979. Infelizmente. devi do à distancia em que se fotografou a Imagem. as l ãgrimas não são vislveis.

v(irias Li nhain sido as pessoas que assisliram its l;1 ctimaçõcs <l;:1 101,1-gem. To<las. porém. foram tornadas pela mesma e inexr,lic,ivc l inibição <1uc o havia impedido <lc fa lc1r ~obre {) raio rnir.1culo~o . De acordo Cúlll o depoimento do Pl'ovcdc.>t\ ho uve unrn mcnin;·1 que rc<.:olhcu as l.'igri nuis dcrrnnrn.das num lenço, tiuc o Pc. Vigürio enviou atl Bispo tlioccsmlO. Mari<.1zita Pe-dro íoi outra Ct!scemunha que c-nxtt·

Senhora <' li11tJJilr· l .he as h~strinws. "fi'11lt11 11111 tenro ('<11111):0. hrmlc<J. l/tl<' ainda ,uio lw\'ia 111ili: ado e cnul" li1npeí a pri11wirt1 ltigri11u1 q11,>esww, 110 l'OSU.J.' (' d<'/IOÍS (I S('.f:.Ulld{I (fUC' ,•.\'tava for1u,u/11 Junto tia dsta rasa tf< 1 <Í}.:ua. a nnHe('at a d,1scer".

Sabendo q ue a primeira lacrin,ação presenciada pelo Sr. Ma1eus. ocorreu aproxi nrndamcntc f,s 16 ho~ ra~. pude-se concluir <1ue a Imagem chorou v~íria::; VCi'.CS desde essa oca• sião até {1s 22 horas. Esta freqüência conferiu uma lal C\lidéncia ao acon tccimc nlo que o ceticismo verificado inicialmente na4ucles que viram o milagre. cm breve se dissipou. Dur(lnlc ,1 scmuna que s~ seguiu. o povo de Soa lhcirn e arredores não falou nou1r~1 coisa senão 110 milagre a r,on10 <lc ra1.c r transpir;i r :1 extraôrdin:'tria no1ícia para a irnprcn~a loca l e daí p,ua a imprensa naciorwl e intcrrmcio nal. l:nlrela nto. t.imbêm não tem deixado de tuamcnwr o nllmcro de peregrinos que se dcslo· c:,m i1quclc lugar para adm irar a cxp,·cssão de celestial doçur;1 e tris.. tc7.;i da Imagem 1nil:1gro:,;a, E.n1 rc essc:g p~rcgriqos liguram os enviados especiais de "Ca10/ids1110 ·•. um dos

Algumas testemunhas oculares da lacrimação milagrosa. Em cima, da esquerda para a direita: o fotógrafo Sr. Joaquim Antonio Matos da Cruz: o provedor da Santa Casa. Sr. Mateus Paulo da Silva Duarte: Sra. Maria José Cardoso de Matos: Sra. Maria Clementina. Abaixo: o provedor: Sra. Mariazita Pedro e Sra. Maria Clementina.

roslo â<· Noss" S<'nhora. Nâo pe11.veí 11wis 1111 t1S.\' t11110. .. Fic11ndo ali .•w11uulo a .fi,:<'I' ro1n1umhia a No.,·sa Sc11ltora. ,·onli'·

n:i h l'('r-1.lu~ na 1·ísu1 dir<•iut li/li J><''I"''"" hril/w t>nuco 1t1ilior </li<' a ,·ohef(I de u111 11//i1w1e. ro11u)rmulu a 11t1111e111111· d<· voi11111e mé II vi.,·111 /kor cm11pletm1u•111<• ru.,·11 de ,í;:11a. ri·an.,·· bordando u11u1 lti~rinw 110 ci111to d11 t 1is1t1 do lado direito. l :itttio (ti 11,io IÍ\'C' dú\'l'tlas do que 1·it1, ma., n u•.w nu IJS.\'ÍJII l'(',W)Í\'i 1111da <li:,•r. .\'Uf)Ulldo que <'"'-'"" l'l.".<io fosse 11p,•1ws n1i1tl111. .. /ú11reu11110 di: -111<•" 1\1aria ("/(,. 11u•111i11a: "Ó Sr. 1\1111,•11.,·. iâ t•i11 lfll<' No.~s(I S('11/Jor11 <'SttÍ a chorm}'' /;"u ,uio /Íl't' cor11;.:<Jt1t (/(' /lt(' <li;,•r ,wda: nws a 1\1tJritJzi1a Pedro. pessoll a

seriedade do roslo da Senhora das Ncccs~idaclcs iníundc veneração e a doçura que nele se esi;unpa ins1lira tristeza e 1crnura. O olhar do Menino .Jesus que trn1, no br..1ço. rcflc1c iguulmcn1c profunda lrislCZél.

Sobre a o rigem dn Imagem. pouco se sabe de conc1·ch.). embora niio 1·cslcm dúvid;1s que ela tem unrn grande relação com a história de Soal heira desde o aparccimerll o desta a ldeia. cm pri ncípios do sêeulo XII 1. Quand() no sécu lo XV II a li se instil uiu a S:rntê-1 Casa da Misericórdia . a l'adrocir,, escolhída p,ira cs1a fun<hu.:5o íoi prccis(unc mc Nos~a Senhora d;os Necessidades. hú long<1 1ernpo vcnerad.o pclclS habirnn1es da região. Efcti va men1c. os quadros vo1ivos existcnlCS n:., Capela. construida no século XV II. e a o rígcm d isrn nte e lcgcnd;íria da Imagem. a tcsrn m :l a n1 igii id,1<lc dessa gra ndc devoção. Dizem u ns q ue a Scn hon, 1eria aparecido a uma menina que a ndava perdida na serra. ou então .:1 uma p:_1:;,torinh:1 lfUC passeava com seu rchan hu peno da tlldcia, Assevc.~ra m outros q ut' ;i Imagem teri;1 sido <lcscc.lbcr1a 110nm gnHa si lvc.strl· o nde era mui10 bem cuidada pdos Anjos. i\1as 1:-1mt1-êm se ouve di1.cr <!U\~ ela 1ena ;lpa rcc1do .i algum glh.'l'l'ciro mui to dcvolo. duran1c as

lulas contrn os sarracenos. nos sécu· los X 11 ou X 11 1. O ccno ê q ue iamo po,· ocasião d a o rigem com o dura nle a existência <l:1 referid a l 1nagem consw terem se concedido muitãs g rclÇ:ls especiais, m::inifcstando ela sua matel'na l r ro-tcçiio. que a inda recentemente se 1cm comprovado. É s;-.bido. por exemplo. que os mililarcs de Soa lheira que cs1ivcn1m cm Fra nça durante íl Primeira Guerra Mundial. ofereceram um:, fcsw ;',

Parece. pois. haver uma perfeita consonfü1cia e ntre o gra nde núrncro de graças t.1uc f)l'Ccnchcrarn o passa· do histórico da lnrngem e o singu lar mihtgrc acima relatado. Não haver:.\ também rel;1çâo cn· trc esse fa10 miraculoso e .:1 alua i crise por que pass.:1a Sm11a Igreja e a huma 11idadc contcmporftnca·? Em 19 17. Nossa Scnh<>ra c m F:'i1~ma ~1pê1rcccu p;;1 ru comu11ic;1r aos homens umt1mcn~agcm <1ue lhes deveria ahrir o~ olhos diante da gravi<.Jadc ô•t sitl1a~·ão de nosso sCcu..

lo. cn:-.1nar--lhcs a sua ê.xplicaç5o

{1

h11 do!\ planos .,Ja Providência e

i nd 1<.::11 o~ mcith m·rcss:i l'i(,s ,-.,1ra C\' ll ar a catás1l'ufc.

··l a prâpdu lii.\'lfiri'1 de nossa ,;poca. e nwis do i:ao. o .,·c11 fut uro que 110.\' é c11.,i11wlo por Nos.w, Se11hor11 " , afirmou o Prof. Plín io Corrê,., de Olivci,·a (2). E acrescent a o i11-:ig1u.: pensador Cêll ôlico:

,,m·

.. Pin1 lw,11 ,·/aro qu<• us pec11dos t/11 h 111nm1idttd<• w tonwron, de 11111 /Jl'S() illSII/Hll'IIÍ\'( '/ IJ(I b(l/(llt('II da

justiru divi1111. " /::,·til é li CilU S<I /"('C'ÚlliÍÍUI (/(' toda.-.· as mi.w;rict,'i <' de.,·,1r,ll'IIS nnl· tNup,,rtill<'a., . O., pecadu.\' mrm·111 a ju.,til ,·âl<1ra (./(' / )('11.'i. Os t·axti~o., IIWÍS l<'l'l'Í\t('Í,' l am('IIÇ(ll'JI (I l,11111111li• dade.

·· Unta \'l': que 1uio ., e 11per11u 110 n11n ulo tt i111t•11.,·a t r1111s(on11a('(io <'S·

piri11u1/ t><'•dida 11(1 Cova da lri11. v1111u1s l'flda \'(': mai.-. cm11i11/u11ulu parll o ahis11u1. ·• E à 11wdid11 lfll<' ,·,1111í11Jumw.,. tli/Ul·la 1rm1.~f'o1·111t1r,io l 'llÍ-st' u,,·,11111• tio ('(U/11 \I(': Jll(li.\' illl/lftl\'(Í\•,•/".

Sendo cs1;i a inscnsa1c1 dos fi. lhos. o ,1uc rc~t.-l i1 {\11àe senão chorar'! ti) "11 Soulh1•ir11 ,, tt "'"' \fi,1•rll',;rtlit1··. P,·, 1\u1=u,tu f )11;11 te Ru m,. hlit;:iio da S:1111:1

( 'a:-a ,l:1 Mh.cri~·úr<lia tk So;tlh,:irn. <::,,h.'· lo lhanco. 1''711. f2) "('m,,fldHu,,·· 11," 197. m:1i,, de IW, 7

3


CAPITULAÇAO e

HAM BERLA IN continua o símbolo das concessões i111prudcntcs. Em 1938. o exprimeiro-ministro inglês. munido de

tirem, onde ,uio .,·<111tos capa:< ,/e \'t:1·{/icor [o c umprimento cio tratado)" (" 8a11/e Linf!·· órgão da

seu inseparável guarda-chuva. assi-

m.iio de 1979. vol. XIII ). Ou seja. ildmitc-sc con,o raz.o,ívcl. pal'a certas f,rcas de incidência do trata<lo. ,ilgo que nenhum ho111cm lúcido poderia aceitar: a presunção de que os russos ficadio impedidos de viohílo por fidelidade à palavra dada. O chanceler do Kaiser Gui lher111e 11. Bcth111ann-Mol lwcg. já a ntes da I Guerra Mundia l, na "Bel/e Époque". q ua lificava os tratados de meros "jiirt"po.v tf,, papl!I". O que dizer da palavra dada por comunistas. os <1uais, por doutrirn,. negam a cxistêncitt ele uma moral objeti va e a dcfinc111 co1110 aquilo q ue é conforme ao interesse do pa rt ido'/ Chegamos ao absurdo de f undar a credibilidade de um tratado na assinatunl de um homem grnvementc enfcnn(l, cuja concepção fi losófica e política admite co1110 mero preconceit o burguês o respeito ,i pa lavra dada. Colocét<ht no espíri to cst(t primeira con!>tatação. realmente dcs· concertante, Oue111 dela . natu.-al111cntc. outras considerações. A meta da "détentc" sc111pre foi a presentada à opin ião pública 111undial como a lcntat iva ele se estabelecer a paridade entre as duas supcrpotências. .ilegado fator dissu.,sivo da guerra. Teoria. aliás. bastante discutível nos d ias c m q ue vivemos. Na própria Europa dos séculos passados, ainda exa lando os perfumes da civili7.ac;ão Cl'istã, e corn ttnl~1ionismoS de <>r· dc111 fi losóíic,, e religiosa tão menos intensos d o que cm nossos dias. wl teoria do equ ilíbrio internacional po uco imped iu as guerras. Trn nspl,1ntar li nearmente esta visua liza. ção diplom~l1icé, par;1 o tenso e dividido século XX. com ~1s nações pcrst.;guindo idc;.iis político:- e socia is conOitantcs. nos qua is o própl'io ti po humano apresentado como lll<>· dclo é radical111e ntc oposto. configura um a nacronismo difícil de se compreender. Diante de um imperia lismo ideológico e político comandado por 'lideres tcsolutos e tu'ibcb;. ,1 melhor maneira de ter nas mãos .a chave da pa1. é dispor de uma su pcric>ridadc militar incont i-ast{1vel - objetivo intei ramente dentro das

1.,·

" Anu,rican

no u co 111 Hitler c111 Munique os vergonhosos tratados. na to la esperança de apaziguar o di1ador e evitar a eclosão da li Guerra Mu ndial. Chambcrlain e Munique passara 111 assim para a História como símbo-

los do pacifis1110 c ntrcguista. Naq uela ocasião. Churchill. e ntão simples deputado conservador. co111 o brilho de sua legendária cloq(iência l'ustigou o a to do chefe do governo inglês cm memorável discurso na Cã mara dos Comuns. afirma ndo: ··rC'rÍ< is a 1

,~scolher e111re a vetgu11lu1 t• 11 guerra: scoll1esu•s (I vtlrgonlw e ti'rei.-. t1 guer,·a··. Pouco depois. as tropas do Fiihrer invadian'I a Polônia e a conflagração se estend ia pela Europa inteira. A imprevidência ha via ,1

deixado o nazismo armar-se até os dentes e só ,, c usta de ina ud itos sacriíicios foi possível jugu lú-lo . A 20 de junho de 1979. C-a rter descia no aeroporto de Vicml o nze horas a ntes de seu colega soviético. para assinar o li T ra tado para Limitação de Armas Estratégicas (SALT 11 ). Chovia torrencia lmente, m:i.s o Presidente americano impediu que os gua rdas-chuvas fossem abertos. Ra1.ão? Temia <1uc eles tor-

nassem a anatoiia com Chambcrlain próx ima demais. O Se nador Jackson, ;\dvcrséírio destacado das conversações S ALT 11, havia co111parndo a ceri mô nia de Viena com os tratados assinados hft quarenta anos por Hitler e Chambcrlain. No ar. se ntia-se o odor de Muniq ue.

Passo fatídico da política de "distensão" A assinatura desse tratado situase na lógica da política exterior iniciada po r Nixon. continuada por Ford e levada ao seu extremo por Carter. A diste nsão kissi11geria11a, amoral e suicida, torno u possíveis as recentes catástrofes do sul d a África. da Ásia e do Orie nte Médio. P,·odu:,Ju depois - encarada a situação do ponto de vista do equilíbrio e nt re os d ois super-gr:indcs - um hori:,.onle plúmbeo, de onde nos pode chegar.

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a qualquer momento. voa ndo nas asas da cf\antagcm. a notícia da suJ>erioridadc militar ~oviétic;1. Abali z.ad~1s a utoridades americ(lnas j~·, lançam angustiosas pa lavn1s de advcnéncia ... " Arg11n1e11tt11uli grotia", admit(I• mos o ec1uilibrio relativo, a "eq uiva lência essencia l" con,o const<·1nte do texto do tratado. Fica de pé a questão: <1uem verifica rá o cumprimento d as cláusulas acordadas entre os dois super-gra ndes·/ Reiteradamente tern afirmado a Rússia q ue não permitirá a verificação " in loco "'. A incumbência cai portam o nos ombros dos serviços de inteligência norte-americanos. Entrct.into. o Secretário de Estado Cyrus Vancc. c111 depoi mento prestado cm 20 de outubro de 1977 ao Comitê de Relações Ex terio ,·es da Càmara de Represcntt1ntes. afirmo u: .. Precistm u,s t!S1tu· cvn.vâentes de que /ui <'eru,s

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possibi lidades da economh1 norte· :uncricana. d e seus recu rsos cicntilicos e de suas potencia lidades natun1is. Mas os soviéticos s~:11,cm <1uc esta posição sensata jí, não predomina cm \Vashington. onde a ânsin do ::1pazigua mento superou a consciênci~t da necessidade da precaução rnzo,lvel. Sabe111 que e nq uamo du rnr no Ociden1c a insânia <:apitulacionista. poderão levar de vencida a cortida arma mentista. {1 qual não ren unciam. apesar dos gemidos inconíor111ados de ut ópicos f)acifistl\s do Ocide 111c. O combalido Tio Sa m hoje se deb:uc primordia lmente com os desgasta ntes problc111as da cncrgi,i e da inflnção.

o sobressalto norte-americano Hú 10 anos a s uperioridade 111ilit;;1r de \Vashingto n era esmagad ora. /\ disten~ão retirou do público a

SUICIDA EM VIENA

idéia c h,ra. muito comu m anterior· mente. <lc q ue era preciso rna ntcr tal s uperioridade custasse o que c ustas· se. Afinal de contas. pcnsav~,-sc nos círcu los picé1dos pela mosca kissi11~(•ri(IJW, o comunismo deixava de Ser um movimento ideológico imperia lista. As nações subjugadas pelo com unismo abandonavam . segundo tal ilusão. a defesa global dos interesses comunistas e passa-

te ,wciom, 1 de grupos e pessoas preocupadas com a situ;u;iio c.:~1lamitosa na qual se entra. interpretando os sentimentos de milh ões de seus coll'1patl'iotas. movimcn w-sc parn barrar ;1 aprovação do documento s uicida. No c:iso de 1:11 re;,ção g;i lv;inizar a ca nsada e sono lcnt;.1 popuh,ção. podcl'-se-ia cspe1·.i r uma maim· energia no tra to do crucia l problc111a da sobrevivência dos Estados Uni ..

Décadas de otimismo

Os histol'iadorcs do futuro ccrlamcnlc ~1nalis.irão. numa visão de conj unto, os presidcnte.s norte-.imC· l'ica nos de Roosevelt H Cartcr~ pa ra destacai' urn traço sa liente que possuíram cm comu1l1: o ~orriso cksprc• venido . símbolo de um menta lid"de. a nte-sa la da derrota amarga. O sorriso de Roosevelt cm Yalta. ,1creclit.1ndn nas boas inte nções daquele lobo elas estepes que foi Swlin. possibilitou a entrega ao comu nismo da l_:uropa O rie nta l e v<1sta porção da Asia. O sorriso de Kennedy. o ot imismo acadêmico de Kis$Í ngcr. o riso sem r eias do a tua l chefe de Estado csrnd unidense continuarnrn s ua ohra. J\ incrível convicção de <1uc ;1 mera demonstração de b()êl vontade e de concessões ,-11nig{1vcis d esarma o advcrsúrio e o r)rcdispõe ao d iúlol?o profícuo ocasionou a gn1vc dificuldade atua l na qu;, I se c111arn nha o Ocidente. O Cre111lin aprovei to u todos estes a nos para. com dctcrmimu;ão paciente e inCXO· r.:lvcl. alcançar os Estados Unidos cm recursos militarés e pôr cm xeque a segurn nça do mund o li vre. Curiosamente. t<:m·sc í.1ccntuaclo a idad~ av;inçcu.h1 da a l mtl equipe política n1ssa. dep1·cciativamcn1c cha· macia de f:(•1·t11llot·racit1. Entretanto. Com um beijo... Carter e Brejnev celebram a assinatura do tratado sobre armas ninguém até hoje. ao q ue consta. estratégicas, em Viena. O que virã depois? imp utou-lhe indecisão e pusilanimidade. vmn a reger-se qw\sC exclusiva mente dos:, enquanto nação livre e líder do J\ c úpula pol ítica amcricéHW. por por seus interesses nacioila is. Tra ns- mundo não comunista. outro lado. fa, questão de se aprcfol'mavam-sc cm parceiros prngm<íscnwr jovi;il. C;irtcr pula. corre. ticos do mu ndo livre. desejosos de Os soviéticos sorri sempre. Mas . na vcrd,·1de, o melhorar o padrão de vida popul,,r e te mem a rejeição? grupo di rigente de Washington é aderir ii sociedade de consu1110. continua mente apresen tado como De:1. anos depois. aprcscnta~se o É ncccss:'i rio distinguir. Se a pusilân ime e indeciso. /\ velhice csHí Calo cspa nloso: a Rússia não mu- rejeiç.fio for provoc~tda por enérgica cm Moscou. os cslígmas <le ia. cm dou. acclct'Oll seu programa arma- e csti,vel repulsa do público norte- \V;1shingto n... ' , ment ista. aprovei1ou·sc de todas as a mericano ao poderio russo cm c1'csNo Eva ngelho. o Divino Mes1n.~ c;onccssõi.:s e. s<:gundo alguns. jii cimcn10 acelerado. c.:crtamentc eles a d ispõe de superioridade mil itar. ten1cm. Pois:. sendo sua cconomif:1 ensinou que ao par de pO!\suir a Di.:1ntc desse quadro. um c~ilafrio fraca e parasit;:íria. não poderão ca nd ura da pom bêt , devcríH mos ser percorre v.-1:-:tos setores rcspons,ívcis vencer a corrid;t com uma força prudentes como as serpentes. Foi o nos Estados Unidos. O país precisa militar q ue fu nda seu poderio nas <.1uc esqueceu gra nde parte dos poli• fazer írclltc ao ma ior perigo ele sua riq uezas dos superdcscnvolvidos Es- 1icos norte-a mcrica nos. E C.a rtcr. hisc ô ria. tados Unid os. 1: uma repulsa s~ria <1uc não ocu lta ~uas concepções de No Senado. onde o trawd o cstii norcc-amcricana poderia a travessar pastor batista. cviclcntcmcn1c não sendo objeto de discussões. que pre- o J\tlâ n1ico e galvanizar os países da apJie;:1 tal conselho eva ngélico na nuncia 111 . pelo menos, uma difíci l ra- Euror>a ·ocidema l. engaja ndo-os no cond~1ção d;1 política exteri or no rtelificação. os opo nente$ do mesmo j;:í mesmo prog.n11na. destinado ;t bar. a rncn ca1ia. se articula ram e inic.iam vigorosa o - rar eficazmente as perspectivas, jtí fensiva. secundada por gra ndcsorga - esboç.,das. da tomada do poder A mudança de to m ni:,.ações e personalidades inOuentes. pelos comunistas. a través de 11111 Paul H. Nit1.c. uma das ma iores ullinH1turn. Quando Cancr venceu as eleiautorida de.s mundiais cm a rnrnmen· ções presidenciais. um sopro de otiCaso o Senado rejeite o tratado. tos estratégicos. cx•ncgociador do mas<> senti111cnto de repuls,1 popu lar 111is1110 percorreu a111plos setores da tratado SALT. hoje ferrenho oposi- ao mesmo for déhil, não parece que nação ia nque. O presidente. consitor do SAI.T li. afirmou que no os russos tenham muito a perder. derado então por mui los um idealismeio da dêcad~1 de oi1cma será ta l a Pois e les não diminuirão a mal'cha ta. não transigiria com os russos. desproporção~q ue a assim chamada de sm1 corrida armament ista e. do seria e nérgico ,rn dcfc!:ia dos di1·citos "/ir.o srrik<' ca1ml>ilit1·" (a capacida- lado a1ncl'icano. a votação das vul- humanos. ~abandonaria a linguagem (ÍC de atacar primdro. imped indo los:is vcrb.is ncccs.sf1rias para ;_1 mo- ca pitu lacion isw do dcsgélstado Kis· virtual mente a retaliação) - que a dernização e au mento dos instru- si nge1· e defenderia com vigor os política de equ ilíbrio tentava evitar mentos ele defesa dos Estados Uni- interesses êHncrica nos. Três ~inos dc- estará nas mãos dos russos. Este dos ficam sempre na dependência r>ois. feito u111 balanço objetivo. primeiro atac1uc deslru iria a m,:iior rareia) da boa-vontade de legislado- Kissi ni:cr jii pode se dar ao lu xo de parle cios ars..::nais :1lômicos amcri- res pacifistas ou temerosos do corte ;,1dvcrtir con1r,1 concessões frente"º c.tnos. O eventual contra-ataque a tin- de 1, lguns serviços sociais que. se- perigo russo. pois s uas posições g.iria a Rússia e dcixari;.-1a populaç;io gundo se crê. lhes rendc111 significati- e ntl'cguistas. c m contraste com as nortc-arncricana f, mercê da segunda vos dividendos eleitora is. aluais , até parecem sensatas... chuva de hombassoviét icas (Paul H. Q u(1l d t1s hipóteses é ma is provA .. Nos Eswdos Unidos. o tonus Nitzc. "Cprr<•111 S(l/i li Negotia1i11g vcl'/ O governo americano desenvol- geral é de a b,u imcnto. A rccrirnin.i Po.,111r<•", Comi ttee on thc Presem ve ingentes esforços para co nsegu ir a ~.ão ,linda n:io se gcncnlli:1.o u. m:1s Dangcr. 20/ 3/ 78. in "An Analyses ratificação do tratado. Todo seu um silêncio pesado envolve o país. of Sa/1 li", 1979). prestigio e ca pacidade de convencer No fundo das consciências. não dos Mui tos analistas mili tares j;_l du- cert,uncntc iníluirão de modo pos- precavidos, mas de grandes parecias vidam hoje da vi1ól'in :lmcric:-tm1. cm sa nte na decisão fina l de dc1.cnas de da 011inião pública . brota. ainda caso d e conílito. Dentro de alguns senadores. Kissinger. crê.se. traba- Límid,1 • .i pc rgunrn : "O cruc fizcmo$ ;inos. ma ntidas as velocidades do lharú por sua ra tificação. po is afi na l do nosso poderio'! Scr,t nos!la sina arma mentismo de Moscou e \Vashing- de cont;)s. íoi o iniciador dessas escolher sc111prc e nt re a destruição ton. a derrota ,uncric,1m1 scriu ccrt,1. ncgoci;i\;ôcs. Na {1rca natuntlmcnte o u a ca pi tul.i~~ão'?.. Um pais :1s~olado por crises. Em Vien:1. a d iplomacia soviéti- 111a is propensa à rejeição. a bancaca. ciosa do valor das ações si mbóli- da repub licana. o ex-Sccrct:irio de debatend o-se c111 dificuldHdes ecocas. cliscrernmemc deu ;1 entender Eswdo dispõe de maior iníluência. nômicas re nit<:n1 cs. percorrido por que no <:onJronto dos s up-er-grandes que scrü um lJ'unfo não ncgligl'nci ú~ o ndas de dcsá ni1110 . dcfonnado por a Rússia j~í tem um passo de va nta- vcl a ser utilizado pelos promotores décad:1s de otimismo insensato. 1cnl gem. Algu mas atitudes sugeriam es- do acordo. Vista :1 situação como se que responder i, apocaliptic" perprincí~ gunta: "Resist ir ou capitular''?'' 1:1 situaçfio. Brejncv se íc1 esperar aprc~cnta neste momento pios de julho haverá possivcl111cnNa ,tssina1ur;i do SAI.T li os por Cartcr. seja na chegada. que se deu c.Mzc hor..is depois do seu colega te os ses.senta e sete senadores neces- mclhor~s scg,uentos da socicd:1dc americano. seja no primeiro encon- sários para a ra tificação. Vinte já se a merica na colocc,rnm·sc diante do tro. o nde Cartcr o esperou cinco dcclarara111 contra. Muit os estão he- di lema e optaram pela resistência. minutos. Na apresentação de ga la na sitantes. censurando acrcmcntc as Obterão o consenso da nH.1i()ri:_1 d::1 Ópera de Viena. o chefe soviético concessões antecipadas e gratuirns po pulação'? Trnv.a-sc ali. :.1 ptop()si10 também c hegou depois e sai u antes. de Cartcr. Um exemplo é a suspensão da ratiíicação desse importante traH,i nos 8 tados Un id os funda do supcrbo111bardciro B-1. que o tado pelo Senado. u111:, contenda apreensão diante da perspectiva apo- presidente determinou. espera ndo u- que envo lve ;) sorte do Ocidcnlc e. calíptica de se estar ::\ mercê de um 111a compensação por parte do rcgi- pol'lanto, a nossa. poder despótico e desconhecedor de 111c de Moscou - que não veio. coPéricles Capanen1a qua lquer Direito. Uma gra nde frcn- mo cm de se esperar.

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DEPUTADO NORTE-AMERICANO DENUNCIA AMEAÇA AO OCIDENTE vem os dados apresentados pelo coro nel, dão de ombros, achando que afinal e le está falando coisas estranhas, como guerra, bombardeios atômicos; e, além do mais, é um ex tremista de direita ... Esses jovens por aí, rejeitam ouvir, a chando que são puras palavras vazias e prosseguem "discotecando" alegremente rumo à década de 80.

No ato inaugural da nova sede nacion_a l da l'"<!llnda1io_11Ji,r li Chris1i.t111 Civilization, cm Bedford, Nova York, 110 dia 2 ele Junho, discursaram, alem de diretores da Fundação e da TFP norte-am ericana, o coronel da reserva Raymond S. S lccper, diretor da Fund:ição ~duc~cional do Conselho Americano de Segurança, e o deputado pela Cahfórma Robert Oornan, de cujo discurso des tacamos a seguir os principais tópicos . O C HEGAR aq ui , tive d ificuldade em me convencer de q uc não estava na Jng1a terra do século XVI o u X VI 1... Pode-se esperar que São Tom.is Morus ou São João Fishcr apareçam, entra ndo por uma dessas magnificas portas para nos tra nsmit ir uma linda mensagem sobre o nascimento do que será uma grande instituição acadêmica e uma gra nde fu ndação q ue farão nossa civilização voltar f,s glórias q ue ela teve q u,rnd o Nosso Senhor Jesus Cristo era o centro das atividades huma nas. Tenho aproveitado as numerosas viagens pelo mund o - que tenho de

A

fazer cm vi rtude de meus encargos c m comissões do Co1,grcsso -

par.t

visita r todos os gra ndes sanuntrios que posso. [O orador mencio,w sut1.< vi.ti/as a Lourdes. Fátinlll. Runw l?

S01110 Sudârio de 'f i,rim ). Essas peregrinações nos dão alento para p1·osscguir e parn confiar na ajuda de Deus e nos rccupcr;un

110

(llHt ndo tendemos n desanimar. Esse é ta mbém o espírito que esta sede e o colégio que in1 funcionar aqui comunicu m ,1os jovens IClizt1rdos que nele serão educad os. Eu lhes asseguro que. se a lguém leva a sério o c:irgo. ser membro do Congresso norte-a mericano hoje. é u1na das coisas mais a rrasadoras. duras e frustran tes que possa haver. Isso é assim, devido à s it uação verdadeiramente dcscspcrndora cm que cstia nosso mundo. Senhoras e sc nho1·cs. nós estamos at ualmente na mcsrna. absolutamen te na mesma situ ação cm que se cncon trav;, Pompéia pouco a ntes da erupção do Vcs(lvio há 1. 900 anos atrás. Quem sa bc se nós não esta mos h,í a penas uns dois ou três meses de uma grande erupção de um novo Vcs(lvio? Só que a tualmente o Vesúvio não scni um vulcão que vai ex pelir mo ntanhas de fogo e de lava ,ncandescentc~ não sení um fenômeno como o que destruiu totalmente Sodoma e

...

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...J,-..........

Sra. Virgínia Tallon, benfeitora da Fund ação

Gomorra -

elas foram destruídas por a lgum ícnômcno natural s uscitado por Deus. e que até hoje os cientistas ainda não foram capazes de determinar o que roi, apesar de se ter encontrado os restos calcinados dessas cidades aniquiladas no fundo do Mar Morto. Não. senhoras e senhores, o que nos ameaça não é um Vesúvio c m erupção. não s ão os gases tóxicos e o mar de lava que tomou a população de Pornpéia de surpresa, matando-a in sta nrnnca mcnre. na posição cm <1uc·cada um estava: encontrou·sc~ por exemplo. os restos de um padei-

ro que foi mor10 tentando abrir um forno para tirar de dentro os pães que ele estava assando. O Vesúvio a que c u me refiro é muito mais terrível. Ele está enterrado nos s ilos subteri·,lncos de foguetes. loca li,.ados desde a região do Baikal a té as fronteiras ocidentais da R(1ssir1 e apontados para todas as nossas gra ndes cidades. Eles são os gigantescos foguetes SS-18.

Vitimas do Vesúvio no ano 79. encontradas num jardim de Pompeia

Os últimos dias de Pompéia /\ 20 DE AGOSTO de 79. o Vesúvio rugiu. Os páss;uos do golfo de N,\polc.~ si lenciaram. o gado mugiu. os cães uivaram . Po rnpéi·a. rica cid.idc junto i, fo, do Sarno. continuou sua vida. como também Mcrculaneum e oulr<ts cidades menores ao redor do vulcão. Pompêi:1 não aprendera a li·

ção. Em 63. violcn10 .terrc111010" destruira parcialmente. Em 79. j,i cstç1va reconstruida. No dia 24 de agosto. um grn nde estro ndo, e o vulcão vomita com violênci~l torre ntes de rumo. enxofre e pcdr:,s incandescentes. O céu se obscurece. Rios de lavas cobrem num instante:: Hcrculaneum. solidilicm1do-se com um.1 cspcssurn de 16 metros! Plínio. o Moço. descreve a erupção: ··As d n:as jâ co111eç1n·mn a cllir sobre 1uís. l'111bora e111 /Je(Jll<',w quântidtule: vulto 11 ,·11hero e ,•,jo '1trâs de 111ün 11111,, .fiona('tt

Toda n costa ju nto ao vulciío foi sepultada e nenhum ser vivo ali Jlc1·m,1ncceu, Ourante sécu los. ninguém mais a1i voltou a habitar. Foi só no século XV I 11 que 11s

escavações .arqueológicas rcv_cla·

ram as cenas apoca lípticas do~ últimos insrn ntcs da cidade. Seus habitantes. tomados de suq,rcsa. não tiveram tempo de csc;1par das nuvens de enxofre que os s ufocavam. o u das pcd ras que os massacrav;l m. As cinzcts modelara rn seus corpos. perpet uando o que cad a um fazi;l no momento da tragédia: o povo cm festa assistia no teatro a luta de glad iadores. . Muitos al i pereceram. Os 1>risio nciros roram enconll"ados cm hor· ríveis coru orçõcs. a tados ús ca· dcias. Como t,1mbém um cão ga nindo de dor. preso pela coleira. Uma mulher tenta rugir com sua c~1ixa de j óias: o enxofre a for cncrispar e dilacerar a pr6pl'ia

ca1·nc. Um homem cai de costas.

segura ndo no ~11to suas moedas de ouro e prata . Nos a ntros de perd ição. os que neles se encon1,s ltmw111,1çtJes dhs 11111/lierl!S, O.\' trava m não puderam dcixü .. l.os. E f.:<Wlido.t tios t'rÜm(·tt.\'. o.,; J:ril"·'' tudo íoi pctriíicado. para pcrpcdo.\' h"11u•11s. Uni clw11wvo seu lU<lr aq ueles três dias de iJ'a. pt1i: c1u1ro . seu ./ilho ou sua 11111· Mi l e novcccnlos anos se pas1/,er. .. Uns huplortl\'CIIII o socoi·ro sariun ... Como Pompéia. o nnmdos deu.\·e.,·: ou1ro:. iti 1ul11 m·r,)di- do não c1prcndcu a ouvi r os l'ugi1,ii•mn neles (• viam (•ss11 n o iu> dos de duas guerras mundiais. co1110 a derradeiro. <'On10 a noil<) Nem mesmo as advertências mi· ei,)ruo que dedo e11J{ulir o ,mh-er· scricordiosas de Nossa Senhora S(} ! " cm Fátima ... Durante três dias a noite Ín· fcJ'm1I cobriu Pompéia. As cinzas Paulo Silva Meira do Ves úvio chegaram até a Síria . l?spessa que nos per.'ief!.ut•. e.,·pm1-

di11do-.\·e conu, uma torrente sobre! ,, terra. .. Ntiá Sl' ouvia Sl'llt1o

Porém, estamos aqui diante de um público que é obviamente mais intchgente e preparado que a média da população. T rata-se de um público que veio aq ui porque se intercs_~a por nossa j uventude, a fim d e que ela receba uma educação c lássica, porque se interesa pelas artes. Sim, nós estamos aqui na sede de uma instituição educacio nal que está tentando reviver toda a beleza, toda a precisão de pensamento, a lógica, o raciocínio. que existira m na Cristandade cm seu apogeu. Ela tenta fo rma r para a nossa época homens e mulheres prontos para enfre ntar todas as situações, como o foram em sua época São Tomás Morus e São João Fisher. No e ntanto, eu vejo que mesmo esse público selecionado ficou espantado quando o coronel lhes mos trou o que há por baixo da ponta desse iceberg que é o poderio militar comunista. E notem, que nós não estamos senão lhes dando uma visão muito por a lto do que é a força maligna do comunismo mundial e do que é o crescimento canceroso das forças soviéticas, que fazem empalidecer Adolf Hitler mes mo cm seu momento de maior loucura quando planejou a des truição militar da Europa. Nunca houve uma tão maciça concentração de forças como a construída pela União Soviética nas últimns décadas. Não h;1 nada que se lhe compare na História: Átila. o Huno. Gcngis Khan, Napoleão ...

Em minha visita à União Soviéti-

ca, íiquei impressionado com o ver·

dadeiro -culto ao militarismo que lá existe. Toda noite a TV russa apresenta um filme sobre a li Guerra Mund ia l, cxaltandr as virtudes militares e o patriotismo ... Eles mantém Antes de mim falou ;;,qu i pani os o povo russo numa ignorância incri· Srs. o coronel Slcepcr,advcrtindo-os vcl do que se passa no mundo precisa mente sobre o mesmo perigo. exterior. O único conselheiro permiO d iscurso do coro nel roi magnífico tido ao povo é a vodka . que lhes é e cada palavra do que ele lhes disse é faci litada e m abundâ ncia. vcrd.idcira. No enta nto , há pouco. o Mas os soviéticos não enfrentam vice-presidente dos Estados Unidos, problemas sérios de dclinqilência Mondalc. pronunciou peno daqui Juvenil como nós temos[ ... ); não há um d iscu rso de formatura cm 180 na Rússia dois milhões de crianças gra us oposto ao que o coronel e c u abandonadas; o u a cifra estarreceestamos lhes d izend o. Esse é u m dos d ora de um milhão e meio de abortos grandes problemas deste país: não se por ano; ou dois milhões de mães q uer e nfrentar a du ra realidade. E solteiras. Em s uma , tudo é dado à camatoda a imprensa evita ana lisar a realidade para o público. E é devido rilha militar e à comunidade ciena essa situação que numerosos mili- tífica dos soviéticos, mas tudo é tares, como o brilhante coronel que negado à população. O sistema de lhes falou hoje à noite . estão enfren- transporte russo é 9uasc inexistente, tando a dura tarefa de tentar infor• a população não d ,spõe de serviços mar o público sobre a situação públicos de que necessita. Vê-se urna militar de nosso país. Mas como muita tristeza nas ruas. enfrentar a atitude desses jovens que sociedade monstruosa, que caminha para um desfecho inevitável: ou SC consideram modernos. que OU·

e

Sr. J ohn Spann, presidente da Fundação por uma Civilização Cristã, com a Sra. Waller, da sociedade local

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- ..

Deputado Robert Dornan

havcr~l uma revo lução interna que deponha a camarilha dirigente, ou uma confrontação com o Ocidente, se antes os Estad os Unidos não desistirem de e nfren tá-los. (...) Os russos aceitarão a guerra, mesmo a nuclear, se a julgarem necessária. (... ) Mas eles acham que poderão nos conquistar sem guerra e essa é s ua estratégia. Eles acham <1uc nós somos um povo decadente q ue estamos num avançado estado de putrefação moral. [... ) E, minhas sen horas e meus senhores, como um americano patriota, devo lhes confessar: não é fácil responder a isso. Não é fücil defend er a c ivilização ocidental, hoje cm dia , essa mes ma Cristandade que declarou a morte de Deus. Nós precisamos voltar a pôr cm íoco aquilo que lcz grande a civifomçâo ocidental. E precisamos ver o mu ndo com aq uela focalização magnífica que a C risrnndadc nos legou. Nós q uc somos católicos~ precisamos vive r novamente aquela Fé bclissima e cheia de majestade que a Igreja nos ensina. Sem isso, não scr.,i possível termos os homens e mu lhcres, os jovens que serão os líderes d e nossa pátria. Não importa que os ed uquemos bem nas ciências e nas artes; sem essa concepção da gra nde-la da civilização ocidental eles não serão capazes de proícssar suas idéias e s ua Fé numa s ituação cm que isso

signific-ará o manírio.

Fui ap,·cscntado h;\ alguns dias a um Bispo africa no. D. Abwin. da Guiné Eq uatorial. Ele me contou casos de persegu ição sangrenta contra os católicos por pa n e dos comunistas, que pareciam algo saído das catacumbas de Roma no século li. Fiquei horrorizado ao saber que, enquanto nós aqu i nos Estados Unidos estamos nos diverti ndo. fazendo turismo, dançando. gozando a vid a, lá na Guiné Equatorial, jovens católicos estavam send o terrivelmente martirizados pelos comunistas. Sim. os senhores certamente nunca ouviram falar dos direitos humanos de 100 va lorosos j ovens católicos que ro ram crucificados num estád io de futebol. Enquanto isso. mais de um milhão de cambodgcanos e ra m massacrados e continuam a sê-lo. num dos maiores genocídios da História da humanidade. Mas nós não vemos os líderes pacifistas organi1.ando passeatas para salvar essa gente. nós não ouvirn os protestos cóntra essas abominações e nem mesmo o uvimos sermões tonitruantcs sobre isso. ou sobre as centenas de milhares de refugiados vietnamitas que ninguém quer receber, ou sobre os milhares de compatriotas deles que mor,·cm pouco a pouco cm c.i mpos de concentração. E sobre o Laos? Quem lamenta a sitação desse peq ueno mas heróico povo'/ Imaginem que, de uma população de 2,5 milhões de habita ntes. 250.000 estão cm campos de concentração - essa é provavel mente a maior percentagem de prisioneiros com relação â popula· ção, no mundo. E depois ainda h,i tddo o "Arquipélago Gulag" dentro da Rússia [ ...). Foi uma gra nde honra para mim participar desta recepção, num lugar maravilhoso. E ao e ncerrnr, dcscjolhes, do íundo da alma , que Deus esteja com os Srs. E tenham ccrtc1.a que homens do calibre d os Srs. [do TFP nor1e-0111erico11a] aqui presentes, deixarão uma marca inde lével no mundo. Ainda iremos ouvir fa lar .muito desses jovens. E nós que j,\ estamos no ocaso da vida, se sobrevivermos, teremos a grande alcgri:, de ver estes Estados Unidos ent rarem no terceiro século de s ua ex istência . q ue será o melhor século de todos!

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FOCAS, DEMAGOGIA E 3) As ;Hll oric.fadcs ca nadenses permitem a c,H;a de 180 mil dc~scs do uma enorme cobertura <la íilhc)tcs. o que representa apro x im;, .. imprensa curop6ia. dão realce ú damente a metade do número an ual c~mp;mha que se rcali1.a , especial- de nascimentos. 4) Sendo assi m. n espécie niío mente na França. cont l':1 a mol'tc cstft ex posta ao rncnor risco de dos filhotes de roca. cuja pele scdos.i é dispurnda pelos elegantes de todo cx tinç;1o. e te m asscgun1do seu c rcs· o mundo. que se servem dela na cime nto norm,1 1. inch1 mcnt.'li·ia. sobretudo fest iva. 5) Acrcsce,ne-sc que cad a roc.1 Sustentam os respons:,veis pcl;i ad ulla se a limcn1a de cerca de duas c;un panh::'1 entre os qua is uma toneladas ele peixes po,· ano. o que conhecida atriz de cinema que corl'csponde atualme nte :.• um tot1,.tl :;:cntcm pena dos pobres ;,1nimai1i- de três milhões de toneladas de nhos e procuram imped ir seu .. mas- peixes por eles consumidos. Ou seja. sacre". mais do que a quantidade de peixe.~ pescados pelo ho mem. Com tal objetivo têm sido rc:tlizadas não apenas campanhas de ru;:1 6) Assim, par.i H própria protc· ou de imprensa. Os mais cxalt:1cloS ção do me.i o marítimo, a cHça à foc:.1, defensores das focas. parr1 nrnnifcs- não somc111c se justilica. mas torn,1· tar s ua dcsa1>rov.iç;io cl c:1ça desse se conve niente. No e ntanto os defensores das tipo ele "loho marinho" chega ram ;1 usar a força. da nd o ocasião a atos de "pobres focas" continuam ;1 pro,e:s· 1.::1r indigna<h11ncntc. Só o mc>vimcn· violênci.is e prisões. Pr<>tcst,1111 os dcrcnsorcs dos "be- to ··t·i 11ul ji,r A11i11111l,·. também bês focas .., sobretud o co111ra " ror- empenhado nessa "lut:,". conta com ma de m~11(l ..1os. j ulgandQ·n suma· 600 mil adere ntes. mente cruel: um golpe de bastão. r{1pido e seguro sobre <> cr;1nio do ,1nimal. Dcix:,ndo de lado o argumento <ht moral católic,, de que os animais íoram criad os pélra servir a o ho .. mem. inclusive podendo ser mortos 1rnra ali mcntà-lo ou vesti -lo (c rr. .. Fl'lisherto. a :wciâlogo t? o.,· direito.-. ,tos ,minwis·· in "Cmolid.wuo·· 11. 0 336. dezembro de 1978). 1>odc111os pcrgunt:11· se. do ponto de vista da prcscrv;lç;i o de unrn espécie a nimal. css~1 campa nha - tão carregada de carga e mo tiva se justiíica. U m;1 rcvis1a franccs,1 (l.:Exp,·,;ss. J 1/ J/ 79. pp. <,J-65) consagrou uma ,·eponagem a respeito. [! somos inrorn1;1dos do seguinte. pelos órgãos com petentes do governo eanadcn:-;e. pa is onde se rc;11i1.n a caça: 1) Todos os anos. cerca de 100 mi l focas fêmeas descem da Grocnlând i:t ,llé o golro de São Lourenço. no Canadú. para procriar. l;stin,a .. se. no momento. cm 345 mil o número de íilhotcs nascidos. por ano. , 2) l'esando 7 kg ao nascer. os mesmos .itingcm 30 kg cm apenas J scm,rnas. /\ lém da pele, extrai.se deles o ó leo.

P

ASSEATAS. can111.cs. co mícios de protesto. mas sobretu-

LOGICA

Os fatos ac11na, cxpos1os com

pormenores. seriam por si sús rcvc· l:idores da íaha de bom scn~o e da íaeilidade com 411e o ho mem moderno se dci.~a inílucncia r pelas carnpa· nhas demagógicas, se não houvesse ainda um o utro :,spccto. Ao mesmo tempo cm que ta nw ge nte se e mpenha ç m. c,1mp\1 nhas c..1uc chegam à violênc ia pela defesa dos "bebes rocas" (como dizem pu blicações fra ncesas) nesses mesmos países, milhares de "bebês ho mens" são ·mortos nnualmcntc pelo-aborto. ante a indifcrc n(,:a desses mesmos --aguerridos.. dercnso,·cs das rocas. E por métodos. (is vezes. dos rnais brutais. como o da aspiração. que desconjunta e dest rói o nascituro. Nessa mesma ocasião. victnami· tas. cambodgeanos e laocia nos. fugi· ti vos do con,unismo. se deb,uem nas o ndas do Mar do Sul da China ou dcperccem nos miscr:iveis c,11npos de rcíugi;1dos da Ma lásia o u da T;_1i lândia. numa tentati va dcscspc· rada de sobreviver. Essa tragédia .

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que dura mais de qua tro a nos. só agorn alguns países busca m remediar com paliat ivos. Valcrf1 mai s a vida de um filhote ele roca do que o de um ser huma no'! E por <1uc aqueles q ue tanto fala m cm direitos humanos n;io se interessam . de modo r.roporcionado. pela tragéd ia que se abateu sobre os indo· chineses. urn,1 d;1s ~ m,1iorcs t.1ue ; 1 História registr:1? E curioso que a opinião pública de países ocidcnt;lis l)nrece mais~prcocUf)Hda com a so· brcvivência das focas do que tl'au .. mat izad,l pela sorte daqueles infortunados seres huma nos. O leitor. como interpreta esse ícnômcno·~ Sentiu indignação contrn a brutal co ntrnd içílo apresentada neste artigo ou ifl'ito u-sc com ;1 pcrgunt;1 formulada ao final'! Se sua reação foi essa úll ima. não (;: inquietante que lhe incomode a lógica. e nâc, lhe repugne a contradição'!

Luiz Sérgio Solirneo

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aprovt•iuu· esta t·ar111 pora pedir tJJn

esclan•t.·i11u•11to sohre o i11teressa11f<' arligo a J'f!N/u!ito tio Santo Câli,·< · dt! V"IC'11da. A m·t:11111,11lfarrlo a r&.,·peí· to dt1 lilurKia t/11 1\1/issa ptn·o pnn•m· a

(•.risténcia do Stmtu C1íliN1 f!JJI Ro111a. onde era utilizado pl'lo Pap11. parec,111-me 11111 ((11110 conji,sr,. Mui· to g NttO pe/it lifl!IIÇ<io".

• N. R.: Nosso :111iculista transcreveu - conforme indica n nota I da rcícrida colaboração - os argumcmos de Mons. Jua n Angcl Ofüue. que. de foto. não primam pe la c lare1; 1. Com efeito, as pa l.1vrns pol' c~tt citadas com o prova de que os primei ros Papas os ((ln1is cm Rom;, seria m os únicos a cclcbra,·crn o S;rnto Sacrifício utiliz,-1va m um c,ilicc bem determinado (de o nde se su hcntc ndcri:t tratar-se do Santo Cúlicc). fozem parte do C:i non d:i Missa. Este .tprescnta a narração da Úlli ma Ceia. 11.:i tiua l Nosso Senhor inst ituiu a Sagrad::1 Eucaristia. Porumto. a c.xprcssão "este preclaro ciilice" 1·cforc·sc ao C.ílicc que o Divino Salvador to mou cm suas mãos. e (1ue é mencionado por S. Lucas (22. J7 e 20). S. Marcos ( 14. 23). S. Mateus (26. 28) e São Pa ulo (1 Cor. 11. 25). Mas que. éllêm d isso. os primeiros P.1pas. ,io pronunciare m tais pa la· vras ou as da Consagração. tivessem o Santo C~ílicc nas mão~. é suposição do a utor. <1uc rc;1lmcntc não fica demonstri\da. embora poss,1. cm prin.. ci11io. corresponder :i rea lidade. O pt'óprio autor ao apresentar sua argumcnt..tção cmprcg,1 um,:, lingua· gcm cau telosa~ pois utiliza o condi · cio na 1: ·· P11recl'ria. pai.,·. t/ue n os pri111('iros séculos a IKreja d<1 Roma (os Pontífices e os íiéis] a,n•dit,n·"

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o CA 1./ C ló , ,A /' A L ('J'(I o 1/l('S• da Cl'ia do Se11hor [ ... (p. 33).

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A FUMAÇA DE SATANÁS NO TEMPLO PE DEUS laps9 de tempo. desde que assumiu o poder. E o Pe. Ernesto C,irdcnal desenvolveu csrorços no se ntido de obter apoio. cspeciahnc nte dos católicos. p:'1 r.1 ;1s guerrilhas. Em artigo que escreveu para .. l .r 1Wv11dl'". de Paris. e que roí transcri to :1qui no Brasil pelo ·· l>iário do Povo ", de Ca mpinas. c m sua cdiçílo de IJ de j ulho p.p .• ele afi rma que a revolução na América L.atina vn i se c;Hacterizar por uma " i1n<111.,Yi pn,·ti· cipll<YiO dos crisuios". /\ssim. acredita o "rcligio1>0 gucr~ rilhciro··. cvitar..sc ú a fn1goros;-1der~ 11111//,( r,•s v(•s1idas dt• frefra.•i e ,,.,_~_.. rota sorrida por Ch< Gucv.:1rn. h;í ho111,·11x ""'" ,rajes d,; 5'ar,•rdotes··. dez ~!11os atr{~s. quando cs1c não conFica·sc sem saber cxa tamemc seguiu o apoio que esperava na zona qual foi o ti po de tn1jc usado pelos 1·ur.1I holivh1n,t. e ac::,bou sendo mor· guerri lheiros p,1rn se disían;:.1rc m de 10 n.1c..1uela ,trc". religi oso~-- - Isto 1)(>1·411e. 110 seio da Asseve ra :1in<h1 o Pc. Cardcna l própri:1 lgrcjê,. o ..ag;:it11·1u11m'1uo" c m se u ar1ígo: "'Chc [Guev;u-a] pâdl' transíormou de ta l maneira .i indu· di:l'r lJII<', a panir do 11u1111<•nto <·111 mcnt;'tria de cc lc~i;-'tsticos e freira s <JU<'' os c,·isuiux s(! 1ornasst•1n <1u1entique. cm muitíssimos c.asos. esta foi cm11c11te n•rolucfrnuirios, a revo/11completa mente abolida . çiio latin<>-m11''ric,11111 seria iu\'<'11CÍ· • SENA COI.ÔM BIA os 111,·m· \'<'/. 1::s.,·e 1111n11,,1110 ,iâ ,·hegou. H .wio bros d() movimento ··1>c•:<111tJ\'c' de IUllll('l'U.\'<)S U.'i 1'<1drt•s que /Jl'l1Stll11, Ahri/'" se ca m uílara m de religiosos. co1110 o colo111hia110 ('(1111i/o Ti.n·r<•.,·. na Nic:-trügua sucç:dcu 11111 fa to que que II l't vlJl11c·fio ,; unw /111<1 cri.vtà e J)arccc consistir no inve rso do ocoi·· san'l'dou,/. ( ...1 Alg,1111s 1u.•rg1111111nio l'ido "'' cidade colombiana de Cali. ,\'(' U t'rÍS IÍOIIÍ.WUO é c'0/11/l illfre/ {'0 111 li Emre os gucrrilhei1·os sandinis1~1~ violt•ncin n.•,•olu,·ituÍl'ia. P,,t!t'r•.\'t>•IÍ que :.,cabam de to m.ir o poder há um respondl'r que a ~~n·jt1 refo1thec<•u Padre. pelo menos ... vestido de guer- tr11diâ,,nn/111en1,~ u 1n·itwipio ,la rilhei ro. Tra ta-se do Pc. F.rncs10 "g111.•1·ro jusu1··. Nlo.,· .W! luí 111110 g11erC,1rdcnal, Sacerdote nic;1ragiicnse rnj11.,·((1, e11uio luí g uerrillw j usui. A· que perte nceu (ou a inda ser{, lén, tlisso. 11 Ig reja c1111vni:ou sa11tos membro'/) ;, Ordem dos Trapistas guerreiros co,no Joana /) 'An· e São (,·cligi,)sos conte mplativos!) dado Luí,,/'. a r oc1a e esc rit or. muico fi:s1cjado Padl'c gucrl'il hc..·iro ci tar como pcl:1s esq uerdas. e <lllCagora ocu pa o exemplos sa ntos da ld :1dc Méd ia é. c:1rgo de Min istro da Cu ltura d o go- rcalrncnte. um fato inCdito ... verno sa nd i n is1a. A le m disso. tcnrnl' cs1,1beleccr São claras :1s tcndénchts nHtr- analogias entre o Rei írancês São xistas que o novo g.ovcl'no nicara· l.uis IX e os l!.UCl"l'i lhci1·os d e hoje (: giicnsc tem demonstrado no c urto um soíisma in;quivoco. Scria o 1lh:s-

Sr. Antonio Carlos Freitas, São P:,ulo (SP): ··... goslaria /a,nh,;111 de

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• NA CIDAD E colombia na de Cali. um grupo guerrilhei,·o denominado" /Je z,•1101•e tf,, Ahri/'" invadiu a rcdaçâ1) do jornal .. 1:1 C"f<,,i v .. com o objeti vo de rorçar" publicação de seus manifestos e nocicias. O dil'eto1· cio jo rn~II foi preso pe los tcrrorbt:i s. enq u:mto os redatorcssoíria m amc:1. ças d e morte. 1>ara não oporem qual· 4ucr resis1ência. O foto se de u h:'1 alguns rncscs e veriíicou·sc um dc1alhc que deve se,· rcssaltad<>. Sc!c\undo publicou um 111a L11t in<> p;1uhsla. os guerrilheiro~ dera m início à 01>eração com "1/11as

Escrevem os leitores

mo <1uc procurar descobrir scmc•

lhanças e ntre Abel e Cai m, apenas porque ambos oícrcccra m sacriíícios ,l Deus. e não levar cm cont:t o cswdo de a lma de cada um deles Óu o v,llor intrínseco das ofe re ndas 4uc aprcscntav,un ao Criador. O v.:,·d ad eiro períi l de São Luí, IX encontra -se não a penas na vasta lileratura cxi~tcntc a seu respeito. escrita ao longo dos sécu los. mas também nos estudos mais recentes (IUC historiadores e uropeus vêm fa1.end o. Ainda h:, pouco. a revista "l/isJorill" de Paris (n." 391. j unho de 1979) publicou um artigo do P,·oí. Maurice Druon. no qual fa7,..sc uma descrição do adminívcl rnon:H<:(1. O contraste nã o poderia ser maior com aqui lo 4ue o Pc. Cardena l pretende a presentar corno o sa nto francês do século X 111. ··S<io l ..u,:, diz Maurice Druon queria que a Fro11('n se assem e· llwss,:, ao Rei110 dos Céu.,. 1,1c• 1i11lw u des<~io de unir a (<r,nja d,? Co11su111· /Ílll)fl/a ,i IK"'Í" de l?Olll(I, e IIICli., ainda. o sonho de converter o Is/li à Fé rri.'itii"'. Na realidade. estes são a nseios completamente distintos e mesmo opostos dos objetivos de um guerri lheiro esquerdista do século XX. imbui90 de princípios marxistas. mesmo que ele tenha sido ou se apresente ai nda como frade trapisrn. A respei to da ordenação da vid.i socia l. São Lu ís ícz red igir o Livro das Prorissõcs. Este. ex plica o histo-

111,w v<)rtlodeira lej!,islaflio ,to 11·aba· lho e do ,.,,,nérdo··. Esta obra . que

su põe uma sociedade estruturada segundo uma hic r;1r<1uia social harmõ nic}1, aprcscnca uma visão oposta à concepção marxista d,l sociedade sem classes, e d o principio da luta de classes também dcre ndido por Marx. • EM 13El.i; M do P,trá. a histórica e nrngnífic:1 Basílica de Nossa Senhora de Nazaré roí palco. há pouco. d e um a conteci mento inédito. Scgu ndo o jorna 1 .. A />rovi11ci11 tio P11rli··. um g rupo de moradores do bairro Morada dos Ventos. decidiu ra zcr um protesto co ntra ns dificuldades que vêm e nfrenta ndo. E escolheu como loc,11 da maniícstaç,ã o cx;uamcntc o recinto da Basílica . O p1·otcsto estendia-se rn mbém <l Igreja. enqua nto insticuição <1ue pos· sui p:'llrirnô nio.

Um ma ni ícsto . redigido cm termos ácidos. começou a ser distrib uído na ocasião. Um de seus tópicos ali rma: .. U111 novo Cris10 .' U11w 110\·t1 11um.mge1n! U,na 11<>''" lgn:itt. '!'"' nri'o wnha 1·l rgv11/w ,Jus pohrc•.,·. t/U<' 1

1uio un/111 Pedro 11 ,wKar o c1101pro· 1nt•tilnento co,11 11111 />""'' 11g iwtlo p,•la fvml'. pela .falw dl' /(Ir". Os

manifesta ntes não permanecera m muito tempo na igrej.-1. reti rando.se ,111tc o olhar perplexo do púhlico que ali se encontrava. Mais ta rde, repórteres do jornal " O Ulwrllf" que estive ram no local perguntaram :1os mendigos que ped em h;-1bitm1hncntc esmolas na c n• riador francês. "assi11a/1n·a para cfl· trada da B<1 silica. o que e les havium da J>r<~/is.wio o!i direitos(' d<•vcn ís dos pcns<Hlo da ma nifestação. Os indi· m·1<•.wias 4' co,nerl'imlft•s. reg11/tn·11 ttS gentes rcplic;iram q ue lhes parecera r("la<·âc•s d(• 11wstre.,· (' e111pre_spulos. que "ha,•eriu algun,a proci.f.wio ··. d,• 1u11rcj es , , opel'lirios. Ji:ravn o Ou seja. os vc,·dadciros pobres 1e111pu d<' .féria.,·. os sal,ídos. definia lkara m. assim. inteinnncntc alheios as ,·11r11ct,,rhNicas e o preço dos ú hlasfcma ;-d ga ?'.arra dos progrcs· produ1os (' rl'prin,ia li,\' ,1;mult•s. h'ro sis1as.

Aprove it,,mos o ensejo para dizer uma palavra sobre a expressão Sant o Gr:ial. Sobretudo a part ir da Idade Média. surgiram muitas lcn• das de fundo gnóstico. he ré tico. a respeito do Snnto Grn:,I. M.is isto não impede que a expressão seja utilizada pal'a dcs ign;lr lcgit im;1 111cn· te o C:'tlicc de Nosso Senhor. como íi;:crnm os constru tores da Cmcdr.11 do Santo (;ma l. cm Valênci<1 . dando este nornc ao templo religioso dcs, in;1do (1 custo<Jwr uma relíquia (k tradições vcncnívcis.

flAfOLilCil§MO Mt·:NSÁ IUO

com a,,rov:1çáo <.-clcsi?1s1ic:1 CAMPOS - f:STAOO DO 1110 Oirttor Paulo Corrb de Brito Filho Oircloria: Av. 7 d t Sttcmbm 2•17. <:ai• x:1 p-os1:1I .l.U. 28100 C unp<ls, R.I. Admilli::,lrn('iiO: R. l)r, Marlinic,> l'r:t· do 246, 01224. S:.io P:rnlo. ~ P.

Cornpo):tO e impu:s.~o na Arqm.·~-.i: Pa J)é1~ e Artes Gr:ific:1s l.td:,., R. ( i:1rib;)fd i 40,S. OI JJS. S :io f):11110. SP, AssimUura :;mual: cornuin

CrS J00.00:

coopcr~1dor CrS 600.00: bcníciwr CrS

1.000.00: grnndc bcnícitor CrS 2.000.00:

scmin:.risws ç çs.tud:m1es CrS 250.00: Améric:, do Sul. Central e dcJ Norte. Portug:1I e Esr:mha: vi:1 Jc supcrficic USS J6.00. via ::iéré-::t USS 46,00; ou· tros p:1ís.~-s: vi:1 de supçriicie USS 40.00. vi;i :1érca USS 46,00. A vulso:

CrS 20.00.

Os pag:1mcn1os, $Cmprc cm no m..• dç Edifor:1 P:1dre ff('khior dt í"o nl<'s S/C. ptldcrfio ser cnc:uninhad()S {1 l\d· mini$tl':l\s:;io. P:·,r:1 mud:111c-a de endcrc· ço de as~imnncs é occcss:lrio rntnéic>· n;ir também o cndcrc('o :1ntigo. A cor• rcs1)01,dC1,ci~1 rdniva a a~.s:inaturas e \'cnda avulsa deve ser enviada à A dmini~lrntílo

R . Or. Marliniro Prado. 246 ()J 224 - São P:mlo, .S I"


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DOIS MUNDOS, DOIS ESTILOS DE VIVER

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OUCOS contrastes hit tão marcantes na cidade de São Paulo - en tretanto tão cheia de contrastes - do que em re a avenida Tiraden tes e o Mosteiro da Luz que lhe fica à margem. Um longo muro. que toma talvez mais de ,neio quarteirão, separa dois mundos. duas mentalidades, dois estilos de viver.

Do lado de fora, a avenida. com as ca racterísticas próprias de qualquer gri,ndc artéria moderna. Na rua. o ronco dos automóveis. monótono e ensurdecedor. Nas calçadas. as ressoas se c.Jcsloc,,m. não se sabe bem para onde nem por qu.:. No Mctrô, o mes,no movimento indefinido, massificante. As fisionomias tensas, os olhares carregados de preocupação. O ar. imponderavelmen te tão carrcg,1do quanto as fisionomias. exerce sobre o passsantc uma ação brutalmente depressiva. Tudo é movimento. barulho. correria , an gústia. frustração. É o prêmio de um inundo que pôs seu prazer no

ruído. na agitação, nas sensações fortes e exci tantes.

porta ouro e branco, sólida e sisuda. apaga no espírito de quem entra a recordação de toda tralha que está a mexer-se e a febricitar pela rua. Dentro da igreja, uma lápide de mí,rmore assinala dormir ali seu repouso eterno Frei Antonio de '>anl'Ana Galvão, o franciscano fundador da Casa, cujo elogio póstumo. simples e supremo, encontra-se gravado na pedra: ··A11i111mn su<1111 in 1na11i-

Muros adentro. o Conven to . Que diferença da avenida! Quase a mesma atmosfera de duzentos anos atrás. H:i · no prédio um aroma espiritual sutil e envo lvente que toma a pessoa sem que ela se dê conta. desde o mo,ncnto cm que transpõe o largo portão em bus suis se,nper tenens - "Tecuja grade se lê a data de 1870. ve sua a/nu, se,npre e1n suas O projeto do ed iíicio é sim- 111(/Q.t'", ples, ,nas nele não falta aquele Neste Convento vivem, aparsorriso leve, nobre e superior- tadas das coisas do mundo. cm mente sério. que constitui um dos rigorosa clausura. há 150 anos, encan tos de nossa arte colonia l. sucessivas gerações de freiras conA fachada é ampla. const ituíd a cepcionistas. por um corpo de construção de dois andares. Ao cen tro e leva-se uma torre de bonitas proporções, cm cujo topo sobressai uma cruz Este préd io, como tantos outrabalhada cm ferro. Logo aba i- tros de esti lo colonial. convida a xo, um nicho com a i,nage,n de a lma à reflexão, e a pcnetr<1r na Nossa Senhora. que ·se sobrepõe região superio r do recolhimento, aos arcos de abertura para os da meditação, do estudo e da si nos. A esta pa rtc d o prédio oração. Ê uma felicidade austera concspondc a igreja. à qual dá e ea l,na . Em uma pa lavra, uma acesso um átrio ca lçado de vene- felicidade verdadeira, cujo sabor rável granito. desgastado pelos o travo amargo da agitação mopassos ·das gerações. Uma alta derna não perm ite mais apreciar.

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No metrõ paulistano. fisionomias tensas. olhares carregados de preocupação. passos apressados.

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a vida moderna...

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A longa sucessão de Janelas dominada pela bela torre do campanário comunica ao ediflcio uma nota amena e de majestade. caracteristica de um estilo de vida que o mundo atual não conhece mais

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Frei Galvão e o Mosteiro da Luz O VIAJANTE que, vindo do litoral, chegasse à colina da Penha, poderia desfrutar da melhor visla de conjunto da pequena cidade .de São Paulo, pelos idos de 1750. Descortinada ao longe, situada sobre outra colina. São Paulo apareceria dominada pelas 1orres de suas oi10 igrejas, dois conventos e três mosteiros. Os costumes, na época, eram austeros. A dignidade, a honra e a piedade constiluíam virludcs muilo prezadas. Foi ne,;.~e ambiente, profundamente cristão, que vicejou em São Paulo uma alma predestinada: o servo de Deus Frei Anlonio Sant'Ana Galvão. Guaratinguetá tem a honra de contá-lo enlre seus filhos mais ilustres. Nasceu ele em 1738. Seu pai era português e sua mãe, Dona Isabel Leite de Barros, descendia de tradicional família paulisla, proveniente dos primeiros povoadores de São Vicente que vieram com Marlim Afonso de Sousa, na expedição de 1531. Nessa família abençoada, todas as noites, pais e filhos rezavam juntos o terço e ouviam a Vida dos San tos anlcs de se recolherem. A vocação para o altar despertou cedo na alma do pequeno Antonio Galvão. Decidiu•se pelos franciscanos de São Paulo. Foi ordenado Sacerdote em junho de 1762, aos 23 anos. Quatro anos depois, assinou com seu próprio sangue um ato de consagração a Nossa Senhora, na qualidade de escravo, urna 1>rática que se tornaria bastante difundida, principalmente devido às obras do grande santo e missionário francês do século XVIII, São Luís Maria Grignion de Montfort. Em pouco tempo, Frei Galvão tornou-se famoso. São notáveis em sua vida os milagres de bilocação. Certa vez, interrompeu o sermão numa igreja, ajoelhou-se e pediu que rezassem com ele por intenção de um moribu ndo. Nesse exato momento, sem deix ar o púlpito, Frei Galvão apareceu ao lado de Manuel Portes, no município de Jaú, a mais de 300 quilômetros de São Paulo. Enquanto sua atuação se estendia benéfica por terras paulistas, ventos devastadores sopravam cont ra a Religião Católica além-mar. Rugia na França a Revolução de 1789. Em terras lusitanas, a política anticlerical do Marquês de Pombal perseguia e cerceava a 1>rática do catolicismo. Estava proibida a fundação de novos conventos, bem como a admissão de noviços nas ordens religiosas já existentes. Frei Galvão era diretor espiritual de uma carmelita de virtudes extraordiná rias, Madre Helena do Espírilo Santo, à qual Nosso Senhor, em várias aparições, pedira a fundação de um novo convento em São Paulo. Mas como fazê-lo diante da proibição do governo de Lisboa? Frei Galvão e Madre Helena elaboraram então um estratagema: solicitaram ao governador da capitania de São Paulo, o fidalgo Dom Luis Antonio de Souza Botelho e Mourão, que comunicasse ao Rei a intenção de fundar um novo convento na capilal paulisla. Caso não ocorresse expressa proibição, se entenderia que estava dada permissão tácita. E, de fato, El Rei D. José não reagiu ... Desta forma, a 2 de fevereiro de 1774, deu-se a fundação do Con,•cnto da Luz, de inicio sob a forma de simples Recolhimento . Apesar de carmelitas, as duas primeiras religiosas iniciaram ali sua vida contemplativa sob nova regra: a das concepcionistas com hábito azul e branco, em louvor da Imaculada Conceição. 7


I IAfOJLECXSMO-------

A JUSTIÇA ESTA NA

DESIGUALDADE

CRISTA

Plinio Corrêa de Oliveira ,. CO R R ENTE o uso dos vocábulos "d ireita" e --esq uerda" para qua lificar posições tomadns nos mais variados temas: basicamente cm questões políticas. socia is ou econômicas. mas ta mbérn cm modos de sent ir ou de ser. como

E

clin{h'i cm litcrn tura. cm artes. etc. Um exame dos d iversos s ignifi-

c.idos desses termos faz vc,._ logo ao primei ro olh<tr. um tal caos. que. segundo muitos observadores. aqueles voc,íbul os perderam q1m lq uc,· valor co1no rótulos q ualificativos de atitu(!cs ideológicas. cultu rn is o u moi-a1s. Sem emba rgo do ta lento. da cultura c da projeção publicitária de muitos dos que já há tempo assim pensa m . ..direi ta" e •·esquerda" coi1tin ua m e ntreta nto palavras de uso corrente e. dir-sc-ia. ind ispcnsávci~ para q uem proceda habit ualmente a r1náliscs ideológicas. Este fato parece demonstrar q ue. no â mago delas. hú #1lgo de substancioso e de autenticamente exprcssi-vo. Como até de insubstituível - ao menos e nquc,nto o uso comum não consagrar outros vocábulos q ue os substitua m. Tenho o propósito de ,malisar aqu i esse "algo de substancioso". t para conferir com os leitores se meu "° modo de o sentir corresponde ao .,. deles. ao cio grande público cnrim. -i5 Fcí-lo-ci m uito resum idamente. da· \, das as naturais lim it,u;õcs dc~tc trél· bnlho j ornalístico.

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Começo faze ndo notar q ue. no v signilic(1do dessas duas pa lavras cor· -Ê relatas. ne m tudo é imprecisão. Nele E h:'i uma zona clarn. Definida esta. ~ seria possível dctccrnr. "de prcwhe en

prtu:hc•". o lio d,1 meada que conduz. a través dos significado!; menos c h1· ros. ,ué uma d ucidação fina l do que " direita" e ··esquerda.. querem dizer. A zona clara está na palavra "esquerda". Em face <h1 tri logit1 da Rcvoluçfi(1 Francesa. ainda cm nossos dias o consenso geral não hc!;ita cm qualificar de esquerd ista perfeito e c1c(1bado quem se afi r me a favor. niio de uma Liberdade. de um,·, lglrn ldadc e de uma F'ratcrn idade qualquer. mas da liberdade tom !. d.i igualdade tot.11 e da frate rnidade

Um "sans-culotte" passeia com a cabeça do deputado Feraud, numa cena tipica dos dias sangrentos da Revolução Francesa, cujo lema "Liberdade. Igualdade. Fraternidade" ê o ponto de partida para a definição do esqu erdista, em qualquer das etapas em qu e se encontre

As manifestações mais afamadas e recentes de anarquismo ocorreram ainda em Paris. durante a revolução da Sorbonne. em maio de 1968, sendo um de seus slogans mai s conhecidos - " t proibido proibir". Liberdade total. igualdade total. fraternidade total. ou seja, a anarquia. representa a utópica e derrad eira meta do esquerdismo.

tmnbém tot•tl. De alguém q ue seja. cm sun1'1. um anarqu isrn. no sentido ctimolúgico e radie" ! da palavra (do grego "m,··,. privati vo. e ··ardu;". governo). com ou sem co11owç.'io de violência ou terroris mo. Os esquerd istas moderados qualificam de utó pico ("infcli, 111cnte ut(ípico". costumam dizer) o son ho de

Solene ordenação sacerdotal em Campos ESTA VA R E PLET A a Caledral do Santíssimo S alvador de Campos, quando S. Excia . R cvma. D. Ant onio de Castro Mayer, Bis1>0 Diocesano, ini ciou a cerimônia de ordenação sacer dotal do R evmo. Pc. Geraldo Gua landi, às 9 hs do dia 12 de agosto de 1979. O desenrolar do Solene P ontifical celebrado e m seguida, co m toda a majestade e esplendor d a Sagrada L iturgia, reteve a m ultidão de fiéis na Cated ral a té as 11:30 hs. A1>ós a o rdenação sacerdota l notava-se as manifestações de agrado por p:irte dos fiéis presentes à cerimônia - clar o indício do quanto atrni o povo a Litur gia tradicional da Igreja. O novo S acerd ote, Pe. Geraldo, filho do Sr. J oão Guala ndi e d a S ra. M aria Ca etano Gualandi , 1>ertence a numerosa família da zo na r ural particularmente abençoad a por D eus, po is já ofereceu à Igr eja< outro filho - o Revmo. Pe. J osé Gualand i. E um terceiro irmão do P e. Gera ld o é seminarista. A ordenação sacerdo t:tl foi comemora da n o Seminário D iocesano de C ampos com um banquete oferecido aos Pa dres 1>rcsentes, :ios pais e parentes d o novo Presbíter o.

Jubíleu Sacerdotal de Mons. Benigno O R cvmo. Mons . Dr. Benigno de Br itto Costa completou, no d ia IS de agosto, 50 anos de sacerdócio. S . Revma . celebrou M issa solene no M osteiro da S an1-a Face e do Pur íssimo e D oloroso Coração de Maria, da Ordem do S antíssimo R eden1 or. A par te coral esteve a cargo d Ó Seminário Diocesano._ J\pós a cerimônia litúrgica_, o M osteiro ofereceu um a lmoço a o Jul)llado e aos Sacerdotes e :1n11gos present es. No dia 19, a Diocese prestou sua homenagem a Mons. Benigno , que cantou Missa p ontifical às 9 hs na Catedral. A oração gratulatória esteve a cargo do Rcvmo. ,l' e. Fernando Arcas Rifan, de quem M ons. Benigno foi 11rofcs.~or, No alm oço oferecido pelo C lero diocesan o, no Sem inário, M ons. Benigno foi saud ado pelo P c. J onas dos San10s Lisboa , também seu antigo aluno.

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seu corrcligiomírio illlcgrnl. Nenh um deles ncgani, entretanto. a plena a utenticidade csq uerdist11 dessa utopia. Em função desse marco de cs<1uc rdismo a hsoluto. é Íéicil discernir corno dent ro da escala cs4ucrd istê:l um progrnma. ou urn método, pode ser q1rn liíicaclo de ma is esquerd ista . o u menos. Isto é. scrú tanto mais csqucrdisrn. ou menos. quanto mais se aproxime o u se distancie d o "an .. arquismo·· tot,·11. Assim, por exemplo. o socialista é wnto mais esquerdista quanto

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Nesta opor1unidade, "Catolicismo" ap resenta seus cumprimentos ao recém-ordenado Pe. Geraldo Guala ndi, e presta sua homenagem ao zeloso Capelão do M osteiro da San1a Face e do P uríssimo e D oloroso Coração de Maria pelo seu jubileu sacerdotal. Pro fessor eminen1e d e T eologia, Mons. Benigno ali a grande erudição à piedade, fervor a postólico à firm eza em defend er a doutr ina trad icional da I greja , hoje violentam ente atacada pelos setores progressis1as. Nossa folha formula os votos de que a Santíssima Virgem, Medianeira d e Iodas as graça s, coroe co m s uas melhores bênçãos a fidelidade à Igreja de Mons . Benigno de Britto Costa.

mais cfctiv~1 e gcntl íor a igua ldade que reivindica. E será intcgrnlmcntc

esquerd ista o q ue reivi ndica r a ig ual· dadc tota l. An{il oga afirmação deve íaz.cr~sc em relação a outro "valor" da 1rilogi.1 de 1789. Refiro-me em espcci,11 :io liberalis mo político. Ele scrü tanto mais csqucl'dista q uan10 mais reclame :t lihcrdadc tola!. Hem entendido. híi certas contr;idiçõcs cn1rc socialismo e libe n1lismo . E isto conduz a f:íccis objeções contrn o <1uc .acabo de alinnur. Assim. o lotalilarismo econômico íacilmcntc dcst rói a libe rdade política . E reciprocamente. Mas esta contradição existe apenas nas etapas intcnnedi,íri<1!; que ,:1inda não são o anar<1uismo total. se bem t1uc prc· dis1>onham para ele. Pois tanto se 1>odc chcg.i r a este último por um;i libcrdaclc absoluta. qua nto - e princi pa lmente - por uma ig.mlldade absoluta. A liberdade abso lurn propicia a ofc,isiva gera l dos que são ou c1uc têm menos. contra os que são ou têm mais. E. por sua vez, a igmlldade completa im porta na negação de toda atnoridade. e ponanto de toda lei. Ess;1s d uas vias tão d iferentes não são paralelas que se encontram no iníi nito. Por mais cont rad it órias c1ue scja n1 na pnítica do moderado quotidia no de hoje. convergem para o ponto final "a n-:írq uieo··. no qual um,1 e outra se encontram e se completa m. Assi m. é certo que. segundo o consenso gem i~ o esquerdismo tem seu ponto ômcg~l e sua escala de '"va lores"' bem definida .

A questão consiste .igora cm

saber se o tem . de modo correlato. a "direita... Aqui. a co nfu~ão é incgi1vcl. Sem que e lr, chegue. contudo. " cortar o fio condutor. o qual. ana logamcnlc ao que ocorre com a esquerda. conduz ..de prorhl' en prnche·· a uma classificação dos subtis m,t1izes d o dircitismo . As palavras "'direita" e "esquerda"' s urgiram no vocabuhírio politi· co soci;il e cconõ mico da Europa d o século X I X. O esquerdismo era uma participação ideológica no pCn$H· mcnto e na obra de a lgo a inda recente e bastante defi nido c m suas linhas gerais. isto é. a Revolução 1-'='ranccsa. A esquerda não era só

uma negação vulcfü,ica de uma tra· dição que parecia mo rt:l. mas tam-bêm e cada vc1 mais a ,,íirm,t<;fio de urn futuro <.1uc se diria fatal. Em lace d:1 Revolução avassa lad ora. ;1 d iréi· 1;1 só se definiu aos po ucos. de modo ta teante e contraditório (cfr. Michcl Denis, .. Les Rort1/is1es de /11 A1arenne " ' f,, Monde A1oder11e". Publici,tions de l'Univcrsité de Hautc· Brcrngnc . 1977). A dcfini,·-se como um an1i-esqucrd ismo. e "r1 fortfrui" como um a nt i~a narq uisrno. o <1uc teria de ser cm inlciro rigor de lógica. a direita·? Como j,í disse. cst.í na essênei:t d o anarqui~mo total a :1íirmaç.;io de que toda e qualquer desigualdade é injusla. Assim. q uanto n1enor a dcsi· gualdade. menor a injustiça. A liberdade é cara ao anarquis mo. precisa .. mente porque a autoridade é cm si mesma urna negação da igualdade. O dirci tismo afirm.i. pois, que. cm si mesma. a desigua ldade não é injusta . Que. cm um universo no qu :,1 Deus criou desiguais todos os seres. inclusive e principa lmente os homens. a injustiçH é a imposição de uma ordem de coisas contr,íria à que Deus. por altíssimas ra,.õcs. fez dcsigua l (cír. Mt. 25.14-30: 1 Cor.12,28

Nem sempre o entendera m a ssim os pensadores ou homens de ação que, erguendo-se 110 século X IX como no século XX. cont !'a a Rcvo· lução. for,un qua lilieaclos só por isto ele di ,·c ita. Eles. ou os q ue os estudara m. im'1ginaram por vei'.es que o rbtulo de di rcit isrno podia j ustificar dcsigm1ldades abism.ílicas (políticas e sociais. porém. o mais das vCi'.eS econômicas). Como se nisto consistisse 01 ponta extrema da coerência d ireitista . O ut ros .. dircitisrns·· fi1.c nHn por sua vez concessões ao espírito iguali· türio. por<1uc est:1va m eles próprios infiltrados d os princípios rcvol ucionúrios que comba tinm. Ou a inda por t<ítica política. is to é. para a conquista e conscrv;1ç.fio do poder. Maja vista o cu nho socia lista oficia l d o fascis mo, e não só oficia l, mas até mar<:nntíssim o. do rw1.isrno. Por tudo isto. o vocúbulo "dircit.-,·· não alcançou na linguagem co1Tc.:ntc u m sentido tão claro q uo.rn lo " esq uerda'". e te m servido p<1ra d<:.signa r não sô o verdadeiro direi• tis mo de inspi ração cristã,. sacra l. hieriirquico e harmônico (cír. Plinio Corrêa de Olivcirn. "R,·,·olurão ,. Co111r'1-Re1•0/uç/Íf1". Boa lmprcns;i. Campos. 1959. p. 42). m;is também ··clircitismos•· modelados cm r>artc por tradiçôcs cristãs. e cm parte por princípios id eológicos (como t,11nhém por experiências) pecu liares. Co ntudo. pa,·ccc-me certo que. por mais importantes que lenha m sido as notas socialis1as ele certas correntes d itas de direita, .:1 linguê1• gcm corrente só as qua lilica como d ireita s. imaginando vc1· nelas uma afinidade (ma io r ou menor) com o dircitisrno cristão ide.a i c.1 . uc acirna descrevi. O q1w l, por uma tradição mult issecular. está no conhecimento consciente o u s ubconsciente de todos. Em síntese. it d ireita como ú esquerda . no fim do horizonte h,, um marco definido. a partir do q ua l segue. "<.,11 degJ'{uM''. <l ga ma dos matizes imcrmcdicirios.

a 3 1; S. Tomeis. "Sum1110 <'Ontra ge111iles". Livro Ili. Cap. LXXV II ). Assim. ;1 j ustiça cst(i na desigualdade. Dcss,1 vcrd<1dc: b;hdca convém lembrar de passagem não se deduz que quitnlo nwior for~ desigualdade. mais pcrfcita é a justiça. Em matéria de esquerdismo. é logica a afinn:,ção :111tité-1ic(1 (quanto menor a desigualdade,. menor a injusti · ça). É Oagrante a a ssimetria ent re a perspectiva esq ue rd ista e a direit is ta. Com efeito. Deus criou as desigualdades. não a tcr1·ado1·as e mons-t1·uosas. mas proporciorwdas à natu· rcz<l. cio bem.estar e ao progresso de cada ser. e adequ,idas .i ordenação geral do universo. E tal é a desigualdade cristã. A n,í logas considerações se podc1·ia m fa1.cr acerca da liberdade no universo e na sociedade. Mas esse padrão de d ireitis mo não é <l dcsiguald:1de absoluta. si mé· trica e oposta à igualdade absoluta. t a desigualdade harmô11ic;i. convém insistir. Quanto mais u ma doutrina for co nt rária ii tr ilogia de 1789 e se :tproximar desse padrão de desigualdades harmônicas e rropo,·cionadas. tan1 0 mais scrü direitis ta .

Fa lei cm "sacra!". Sei que o termo entrou inopinad:1 rncntc no artigo. É que o limite deste não me permite mos1rnr qua l C. a meu ver. o p,,pel centra l da Religião . na concepçãú dircitis1,1 autCn1ica,. q ue acabo de a nunciar. E que,. obviamemc. é a mi nha concepção. como a da TFP. Digo apenas. quase a lituio de " pos1-.•wrip111m ". que dircitismo laico o u ateu é absurdo, porque o universo e o J1omcm são impens,ívcis sem Deus. O que não importa cm que e u (e aqui a lo ngo um pouco o "pos1-.vcrip111n1"), <1ue me prezo de adepto. cm tese. d.i união da Igreja com o Es:rndo. a deseje pani nossos dias "in c"n<·teto": com o q ue me ex plico a nte o lutador anticomunis• ta valoroso. Lenildo Tabos,, Pessoa. o qual, h;í dias. c m larga entrevista ao " Cily N <>11's ", não interpretou bem o pcns.imcnto da TFP. T.imbérn sobre o particu lar. recomendo a lei tura do meu citado e nsaio. a quem deseje conhecer o pensamento da maior o rgê11lizaçfio civil antico111 unisrn do Brasil hod ierno.


N. 0 345 -

Setembro de 1979 -

An~ XXIX

Diretor: Paulo Corr6a de Brito Filho

UMA FACE DA TFP QUE NEI\,f TODOS CONHECEM A MAIOR IA DE nossos propensos a di vulgar o que favo- gem o consome, atingindo-lhe os com patriotas co nhece a Socieda- rece a agitação esquerd ista . Por membros. Para tantos de nossos de Brasileira de Defesa da Tra- isso. essas atividades filantrópi- contemporâneos de mentalidade d ição. Fam ili a e Propriedade cas da TFP são menos conheci- materialista, ele é um inútil. Sua TFP - . suas campan has de cará- das que suas gra ndes campanhas alma, entretanto, vale rnuito. Nuter ant icomunista e anti-socialis- premun indo os brasileiros contra n1a visita às vítimas do terrível ta que atrac1n a oposição das as investidas comunistas e socia- penjigoJ'oliâteo (fogo selvagen1), esquerdas de todos os matizes. listas desagregadoras das insti- no Hospital Adhemar de Barros, Mas poucos sabem que esta mes- tuições basilares de nossa Pátria. ern Guaruthos, sócios e cooperama TFP. com igual desembaraço Razão pela qual ofcrecenios a dores da TFP puderam levar com que atua no asfa lt o. s uja os nossos leitores, nas pági nas 3 a 6, também a esta crian ça unia palapés de barro nos morros ou a1npla rcponagem ilustrada so- vra cristã de conforto e um suporta as poeiras do interio r. E bre o que essa Sociedade vem pequeno presente, que ele tem aprovei ta as oc11siõcs para. por fazendo pelos necessitados nos ern mãos. 3) Nun1 bairro pobre, a exemplo. levar um dona tivo aos últimos anos. entrega de donat ivos a urna famífavelados de subú rbios de São lia. 4) A ação social da T FP Paulo. ou visit.r r um doen te poNas fotos abaixo: 1) A kombi esl ende-se também a jovens de bre cm alguma cidadezinha da da TFP é rodeada de rn oradorcs poucos recursos, que recebem da Rondôn ia. da favela do Parque Edu Chaves, associação assistência médica, oA face cari tat iva da TFP. seu cm São Paulo, pouco ant es de dontológica, jurídica, refeições e interesse pelo pobre. seu esforço ini ciar-se a distribuição de dona- rn oradia, Na foto, Dr. José Mápara aliviar tensões sociais, são tivos. 2) Este pobre n1 cnino não rio da Costa , cooperador da temas nã o difundidos por certos lem n1ais ilusões con1 o n1undo TFP, aJcnde un1 jovern eni seu órgãos de co municação, mais en1 que vivemos. O fogo selva- gabinete dent ário, ern São Pauto. 1

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QUE AR.TISTA PINTOU ESTA FISIONOMIA? DETENHA-SE O LEITOR na consideração desta fisionomia da Santíssima Virgem. Porte majestoso, régio, ao mesmo tempo materna l, acessível. Fronte reluzente de uma superior in teligência. Nariz encantador com traçado firme. Lábios bem talhados que denotam decisão. Cabe los negros característicos de unia latino-americana. Sobrancelhasahas,emôldurando olhos igualmente negros, penetrantes, que parecem sondar as regiões recônditas da alma de quem os lita. Mas ao mesmo tempo, revelam a grandeza dAquela que é Esposa do Divino Espírito Santo. Tudo aí é bem proporcionado, manifestando um superior eq uilíbrio. E o Menino Jesus segura um cordão, parecendo distrair-se com ele a lim de que as atenções se voltem con1 mais empenho para a Med ianeira de todas as graças. Quem teria pintado com tanta ,naestria este quadro? Em que museu famoso estará ele exposto? Pintou-o não um artista comum. mas celeste mão, talvez de um Anjo, tend o sido a milagrosa obra de arte descoberta em meados do século XVII 1. E como tela escolheu lajes brutas de um desfiladeiro ignoto da Colômbia. nas cerca nias da cidade de lpia les. penetrando-as com misteriosa tinta que, ainda que se raspe o u talhe profundamente a pedra, lá se encontram sempre as mesmas cores e matizes. Este é o milagre estupendo, permanente, que se pode observar ern Las Lajas. o Santuário onde se encontra a referida obra prima do celeste Autor. Na página 2. Caio de Assis Fonseca escreve para nossos leitores a sublime história de Nossa Senhora de Las Lajas (em português, d<}s Lajes).


Nossa Senhora de Las Lajas, um milagre permanente ram para venerar a .. mestiça", cs.. fronteira com o Equ:,d or). começa a tampada numa laje da gruta. deseohrir um:1 Colômbia quintcsNossa Sen hora fez um novo e scnciada: suas cadeias montanhosas espetacu lar milagre. que deu ensejo revestidas de escarpas de cores matia que a noticia de sua presença ma- zadas: seus céus. onde os ve ntos ravilhosa se estendesse pelas mar- brincam com as nuvens b1·anc.as no firmamento azul sem nunca repetir gens rochosas do rio Guáitara. Rosa morreu pouco tempo de- os fo,·mid:íveis desen hos que compois. A atribulada mãe co rreu então põem: o caráter definido e penetracom o cadáver da fi lha nos braço~. do de tonus católic,i de seu povo. cm busca da Virgem. Lembrou-Lhe que ilus tra a história do l"tis vios desvelos de Rosa para levar-Lhe zinho com ,iu rcas púgimu; de Fé e círios e flores~ e rogou a Nossa heroísmo; sulls aldeias. suas cidades. Senhora. que se m"nifcstou cm uma Senho ra que lha restituísse com seus c;,mpos. nos q uais ainda ressoa o u vtírias aparições. e socorreu nas vida. A Rainha do Céu e da terra o eco de palavms de vid.:1 eterna horas cruciais a ação missionária atendeu-a o perando a ressurreição pronunciadas pelo Beato Ezequiel da fi lha. Moreno Diaz~ e uma atmosfera rica nestas terras. Tal acontccimênto levou Maria a crn impondcr{1vcis. q ue nos fo1, CO· Com freqiiência, a situação difícil para o missiofüirio coincidia com conta r essas ocorrências a seus pa- mo que nélvcga r numa bênç.ã o singu· a intervenção da Rainha dos /\pós· trões da cidade de lpia les. Estes. lar. como se a alma apalpasse o tolos. consolidando a obra de seus comovidos. dirigiram-se com Sacer- divino. q uando os olhos deslumbrndotes e pessoas distintas ao lugar da dos divis:,m - qual uma explosão zelosos servidores. de esplendor - . umas torres de E não era de qua lqucr modo q ue aparição. Constatados os fotos, prolonga- pedra qua cscap,rn1 d'1 atração proessa intervenção se dava. Aos olhos de nossos povos. apre- se até nossos dias o entrelaçamento vocada pelo precipício. É. nesse cesentou-se ela com faustos c esplen- magnífico da veneração do povo míriu que se encontra o santuilrio dores nunca antes conhecidos, dei- com as graças celestia is. Eis a histó· ed ificado cm honra de Nossa Senhoxando claro que veio presidir do alto ria da aliança entre Nossa Senhora ra de Las Lajas. de Las Lajas e os devotos daquelas a História da América Latina. Como se construiu cm lugar tão Foi assim que, no século XVI II , terras. selada com enorme quant i- agreste um monumento de wl manos imponentes pen hascos de Ca- dade de placas de reconhecimento neira estupendo'!"... 11·a1a-sf! Ju~jt) de iión dei Gu.íitara, cm atual território que hoje cobrem as pedras adjacen- /evanu,r ti Grandtt St>nhvra u111 1en1· colombiano. apareceu a Virgem San- tes ao Santu,irio ereto no privile- pio <'.\'f'Oroso e /u,/o. AI/as onde? No tíssima para ser Rainha das almas giado lugar. t,r. se 11.tsi,n posso exprilnir· 1ne. Coda região como também de todas amo? Con1 ti ajuda de Nossa Senhora O Santuãrio: quelas paragens. ele Las Laj as. Ela inspirou o pr<>ieu,", "Ela inspirou o projeto" Essas palavras do Beato E1.cquicl História de uma predileção Quando o viajante ent ra cm N:1- Moreno. então Bi spo de Past o. capiMaria Mueses de Quií'1oncs. des- 1·ií\o (Estado colombia no que fa~ ta l de Nariiio. pronunci:tdas cm 5 de cendente dos caciq ues do Potosi, o santuãrlo de Las Laj as oferece uma visão grandiosa. descia da localidade de lpialcs para como uma flor de pedra que surge no desfiladeiro sua terrns. ciuando foi surpreendida por forte tempestade. Nas ladeiras de Las Lajas viu-se obrigada a refugiar-se numa gruta. Atormentava-a não somente a inclemência do temporal, mas também a lenda que dizia ser o demônio dono e senh or daquele lugar. Invocando a Virgem do Rosário. sentiu q ue lhe toc;wam nas cost:1s como para cham:'t-la. Sobressaltada. fugiu. Dias depois. de regresso pelo mesmo 1r:ijcto. sentou-se para descansar. não sem temor, nu ma pedra que servia de banco perto da cova. Levava nas costas ~ua pequena filha Rosa. surda-muda de nascimento. Ocorreu emão o primeiro mi lag re. ·· Nl<ie:inlw. w,jn c.,s ,a nre:uica qu<' se dcspr,•,ult!u do pt•11lwsco con1 MISERICORDIOSA predileção da Mãe de Deus pelas terras americanas é o teste· munho da recompensa dada por Ela a uma Fé heróica q ue se formara na Pen insu la Ibérica durante 800 anos de luta contra o mouro invasor. e que encontrara aqui, na alma do aborígene. um vaso no qual a Providência a quis depositar. Do México <i Patagônia. não existe nação que tenha deixado de receber favores especiais de Nossa

A

u m JJIPSfi(·ozinJ,o n os brt1ços e d ois

nu1stiçozi11hos no lado!". excla mou

Rosa. q ue rapidamente deslizava das costas da mãe para subir nas pedras da cova. M;1ri.a.

a tcrrori;,.;1d:1. apan ho u

sua lilha . e. sem querer averiguar mais 1wd:.1, novamente fugi u do misterioso lugar. Houve estupefação gera l entre seus conhecidos do lugarejo de Potosi, ciuando Maria lhes narrou o ocorrido. Ávidos do so brenatura l, os indígenas a o uvem. a interrogam e comenta m entre si o singu lar acon-

tecimento. Ent rcmcnlcs. Rosa desapa recera e sua mfíe nfio conseguia cncontrú ..

la. Lembra-se então do chamado dil "mestiça" e d irige-se rumo ú gruta.

Ali csrnva a fi lha bri ncando com o Menino Jesus. a1oelhada aos pés d.i Virgem, que era ladeada por São Francisco e São Domingos. Então, j:'t sem medo. a mãe da m eni na ~,joe lha-se tamhém e vcnc1·a Nossa

Senhora . lnfornwdos a respeito da aparição, seus amigos de l'otosi acorre2

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A Im agem de Noss a Senhora de Las Lajas com o Menino Jesus foi estampada milagrosamente na pedra. juntamente com São Domingos. a esquerda, e São Francisco de Assis. a direita.

agosto de 1899, foram suficientes para detonar a Fé e o arroj() dos colombia nos. E nns<:cu assim. mllC nossos olhos.

uma rtor de pedra. crescida do mais profundo do abismo. sem deixar-se in1imid~1r pelas {1guas caudalosas

nem pelo escarpado dos penhascos. Elevando-se com a categoria do lwrmo nioso estilo gótico até o úpicc de suas agulh:'lS q ue nos colocam na

perspectiva do infinito. L.í, onde Deus parecera ter escolhido, entre todo o universo materia l. o lugar pcHa estampa r a assinalUra cm sua obra prima. reinam a p:11 e o recolhimento. O peregrino o sente inclusive antes de ingressar no

local do milagre. O si lêncio profundo é metodica mente interrompido pelo ru ido da água que cai espetacularmente do alto de uma rocha

parn os ca udais do Guáitara. As inúmeras pombas de dorso cm tornasóis voa m cm circulo. deleitando~ se com a espuma prateada que sa lpica de su:is pcn:is. De vc7. cm qu ando. u ma ;.1pôs outra penetram

no templo. e batendo asas 1>or entre as ogivas. vão po usar no .1 ho dos

capitéis. Acompanham seus arrul hos o crepitar do fogo nos círios e o suave murmúrio de lábios que oram. Os raios do sol filtr:im-sc pelos vitrais coloridos, mu ltiplicando seus efeitos pela nave inteira. Tudo é apenas um marco. No fu ndo, o celestial ol har da Senhora emana da pedra, absorvendo qualQuer outra rea lidade.

Nos olhos da Rainha, a verdadei ra e autêntica Améric a Latina

Na América. por exemplo, Nossa Senhora de Guadalupe toma feições de mex icana para estampar-se na

vcstimenw do índio Juan Diego. Aí pode ser vista pisa ndo a lua e ofuscando o sol escondido ,unis de Si. Sol e lua. os deuses dos índios aztCC'1S! Ê a visão desta tão podero· sa Senhora. que sobrepujava seus ídolos. foi decisiva para a conversão dos índios mex ica nos. Na Colômbia. Nossa Senhora de Las Lajas é um milagre .,,iálogo. Deus operou ali o prod ígio de estampar numa rocha. a figur;:a de sua Mãe. Quem negará a atmosfera dcns:uncntc sobrcnatur<tl que a ro· <leia. r>rópl'ia das imagens pintadas pelos anjos·> Ante Ela. po r pouco aguçado que seja o sentido de o bservação. se cxclamaní imediatamente: ..Como é latino-amcl'ica na! .. Algo d e muito essencial. um rcllexo das qualidades e virtudes desse po vo. cstü expres, so cm Nossa Senhorn de Las Lajas.

Mas, o que nos diz essa fisiono• m ia?

Peregrinemos nela. Constatamos uma grande personalidade. Um olhar profundo, inteligente, ele pessoa meditativa e recolhida . Mà nela cxtraordin:iria esta bilidade, solide?.. continuitadc ele vontade e temperamento. Sua calma lembra uma frase do poeta inglês Elliot, referindo-se a uma dama mitológica: " l)e/(J Senhot(J cios tochedos e das situações".

N,1da A estremece o u A agita. Não se vé nEla arrogáncia ou pretensão. mas sim o domínio de quem est{1 habituada a fazer sua vontade. Ela é régia como poucas imagens de Maria.

Não poderia possuir melhor manto Ao lo ngo cios dois mil anos em do que sua lo nga. abu ndante e que a Igreja se estend eu por todo o formosa cabeleira. O colorido e a orbe. pode-se observa r uma tendên- riqueza do traje são os de uma cia m uito freqüe nte nos ar1ist;1s. que Rainha. ao conceberem suas pinturas. esculEla é extremamente bondosa e tu ras. vitrais. etc .. modelam a fisio- mat ernal. Como o Menino Jesus nomia ele Noss.i Senhora de acordo se nte-Se bcm em Seus braços! Que c<>m o ti po físico das mul heres da 1rono s~ria mais dig no·? Ele está êpoca e da região cm que viveram. quase cm atitude de brincar. com As imagens m::lis ant ig(lS dl:I:\ liberdade de criança. assim <> :u csuun. Nas origens da É curioso notar a rcli:icão entre a Igreja. prevalecem as fisionomias de Mãe e o Fi lho. Normalmente as imatipo mediterrâneo. Estendendo-se a gens apresentam-nos olhando-Se Religião Católica pelos povos nórdi- mutuamente. Em Las Lajas não. Tão cos. a pa recem as imagens loiras. de grande é o hábito de esta rem juntos. olhos azuis . que niio é necessúrio se olharem A :1dcquação das ima gens ao parn prestar atenção. Ela dirige seus tipo fisionómico do povo que as olhos ao povo ktt ino-amcricano: a. concebe são do agrado de Nossa tende súpl icas. orienta e comanda. O Senhora . Prova m-no o liuo de que, Menino. c nquan1 0 isso. entra na iiuiqu;"tndo E la mesma se quis i mprimi!' midadc com os que chegam aos pés mi lagrosa mente cm algu ma matéria da Rain ha. Rainha c.1uc deixa transpara perpetuar a mcmórha de uma parecer cm seu olhar bondade tão aparição. o u quando o vidente narra excelsa que nos move a n Ela confiar ao artista que tr;-1d urir<í na pintura por inteiro. ou escu ltura o

que

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viu. percebe-se

Sm1tissi ma Virgem respeita

essa espécie de regra.

Caio de Assis Fonseca


o QUE FAZ A TFP PELOS NECESSITADOS? EM CONHECIDAS pelo pas do Rio Grande, das praias do público brasileiro são as Nordeste às selvas do Acre - já atividades anticornunistas da receberam as caravanas da T FP Sociedade Brasileira de Defesa pelo menos uma vez cm suas da Tradição, Farnilia e Proprie- 11.645 visitas às cidades grandes dade - TFP. Mais de 2,9 mi- e pequenas. lhões de brasileiros já assinaram Tudo isso desperta incontáseus manifestos ou petições. Só- veis simpatias. Como desperta cios e cooperadores da ent idade tarnbérn o ódio dos inin1igos da divulgaram, desde sua fundação, civi lização cristã, por vezes des1.077.000 exemplares de obras fechado em or.questrados estronescritas pelo Prof. Plínio Corrêa dos publicitários visando a difade Oliveira ou por outros mem- mar o conceito de que goza a bros da entidade, bern como pelo entidade mesmo entre rnuitos de Bispo de Campos, D. Antonio de seus opositores. Fala-se então em Castro Maycr. Os princípios con- "justiça social", em "função sotidos ern tais obras de caráter cial da propriedade" e acusa-se a doutrinário jamais foran1 con- TFP de ignorar tais aspectos. testados. Ora, a TFP defende, de fato, a Por outro lado, as caravanas instituição da propriedade privade propagandistas da TFP já per- da e conhece sua função social, correram, desde 1969, 2.331.000 corno a de qualquer outro direito quilômetros - o equivalente a humano. A .função social do tratrês viagens de ida e vo lta à lua bálho, por exemp lo ... Embora a - alertando contra o perigo co- entidade não tenha por objetivo munista as populações das ca- resolver os problenu1s sociais, pitais como, especia lmente, do sustenta que eles não se soluciointerior bras ileiro, e divulgando narn só com justiça socia l ou só obras. Assim, a quase totalidade com justiça. Menos ainda com das localidades brasileiras - das meras le is trabalhistas. Para atemontanhas de Roraima aos pam- nuá-los, é necessário combinar

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con1 a justiça a caridade cristã. Especializada na ação em favor dos três princípios básicos da civilização cristã - a tradição, a família e a propriedade - , e portanto na defesa do País contra os três mais eficientes adversários dela, o progressismo, o esquerdismo e, no fundo do horizonte, o cornunismo, a TFP vota especial atenção ao penoso estad.o em que se encontram tantos brasileiros pertencentes às camadas mais humildes da população. Assim, ao lado de sua ação cívica e cultural, a Sociedade tambérn se empenha em aliviar os padecimentos dos desvalidos, dando cumprimento ao artigo I.º de seus estatutos, que lhe confere tambén1 "carâter Jilan1r6pico. sendo objetivo seu pro111over atividades ou obras de natureza beneficente ou social que direta ou indiretm11ente concorra,n para.,(ltenuar ou eli111inar as crises e !ensões sociai.t, resolvendo os problen1as das pessoas ou ca1egorias desajustadas ··. Mobilizando energias jovens - tantas vezes d ispersadas pelos

prazeres fáceis e até condenáveis - a TFP leva seus sócios e cooperadores a dedicar pondeníveis parcelas de tempo e esforço para, em espírito de caridade cristã, abrandar os sofrimentos'daqueles que jazem cm leitos de dor ou que circunstâncias adversas lançaram numa situação de extrerna carência ou penúria. Ao lernbrar a grande virtude da caridade - que influências doutrinárias bem conhecidas procuram tornar apagada até nos meios católicos - , a Sociedade não contradiz seu ben1 conhecido esp írito destemido e combativo. Esta ação caritativa da TFP, como ·aliás também - diga-se de passagem - suas amplas atividades cu lturais, se harmonizam perfeitamente com a ação anticomunista , de caráter doutrinário, que a entidade desenvolve, Pois a ajuda aos necessitados, além de seu valor moral intrínseco, tem o efeito de aliviar as tensões sociais. E o comunismo, <1 contrariü sensu, procura agravá-las de todos os modos, para despertar a luta de classes.

Assim, a marcante atuação cultural, o entusiasmo e adestreza na luta cívica doutrinária e o desvelo caritativo pelos pobres constituem aspectos da atuação da TFP que se completam como os arcos de uma ogiva. Embora a ação filantrópica da TFP já tenha atingido um vulto muito apreciável, a associação não encontrou boa vontade - salvo a lgumas exceções - para a sua divulgação nos grandes órgãos de comunicação. Isso leva "Catolitis,110 .. a consagrar ao assunto a maior parte deste nún1ero.

Cooperador da TFP em campanha pelo Natal dos pobres

PARA OS POBRES, UM NATAL MAIS FELIZ TFP PARTICIPOU ativame nt e. em 1970. das comcrnorações do Natal, tomando uma iniciativa que pro porcionou a incontáveis brasileiros ocasião de satisfazer um de seus mais nobres anseios de alma. qual seja, o de ajudar aqueles que são 111enos favorecidos e vivem na pobreza. Um dos modos de atender a esse anseio, nascido de un1a tradição cristã bimi lenar, consiste em põr ao alcance de todos uma ocasião para ajudar o Na tal dos desvalidos. Razão por qué, ern dezembro daquele ano, a TFP promoveu uma ampla ca mpanha de donativos ern favor do Natal dos pobres. A campanha começou com uma carninhada pelos locais mais rnovimentados da capita l paulista. Pod iarn-se ver centenas de sócios e cooperadores com seus estanda rtes e capas vermelhas, repetindo em coro slogans como: ·· Violência. não' Violência. não! Vence a cruz e <1 caridade! Vence a cruz e a <·aridade!" - ·· Violência 1uio resolve; a soluc·ão é:Justiça e caridade" - "Q11en1 dá aos pobr<'s en1presta a Deus". As capas e os estandartes chamavarn a atenção, e o público se detinha nas calçadas, aplaudindo o cortejo que passava. A ca,n inhada atingiu depois o Viaduco do Chá, onde teve início a coleta de donati\<OS, que durou vince dias. Sócios e cooperadores da entidade, na sua maioria jovens universitários. secundaristas, corncrciários e operários, se revc1.av:1111 di a :r dia no ce ntro da cidac.h:. co n,agrando todo seu cernpo disponíve l à dura faina de pedir óbulos para que um grande núrncro de necess itados civcssc naque le ano um Natal mais feliz. Essa árdua tarefa era rea li7.ada gra cuitamentc - adespeito do so l escaldante ou da~ chuvas torrenciais de dczcrnbro - unicamente para servi r ao triplice idea l da Sociedade: Tradição. Farnília, Propriedade. Co m efeito, a campanha de Natal era urna decorrência lógica

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destinados aos 6bulos. ;ogar do alto de arranha-céus. anonilnan1e11te. objetos pesados sobre nossos cooperaaores. etc." Nada disso impediu, entretanto, que em anos subseqiientes , ~ a TFP prornovesse novas campa- ~ nhas de donativos para distribuir aos pobres, como se verá a se-

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desse lema. Pois a caridade está no núcleo de nossas tradições · cristãs. Esti, na índole da instituição da farnília ser um foco de bondade que. das pessoas que têm posses, extravasa para os pobres. E a propriedade . . privada . nunca se mostra mars srmpa uea do que quando a mão do que possui se abre esponta neamente para aux il iar o que não tem. O povo de São Paulo correspondeu generosamente i, campanha . Como tarnbém o do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba, onde as secções locais da TFP levaram a cabo campanhas aná logas. No final, tinham sido arrecadados, em dinheiro e ern espécie, a vultosa quantia de Cr$ 109.525,62, correspondente hoje a cerca de 900 mil cru7.ciros, de acordo con1 os índices de correção monetária das ORTNs. Os donativos foram entregues na ocasião a conhecidas inst it uições de caridade para distribu ição aos pobres: en1 São Paulo. à Associação das Damas de Caridade de São Vicente de Paulo; no Rio de Janeiro, à Casa São Luís para a Velhice: crn Belo Horízon te. ao Lar dos Meninos

.

"Dorn Orione"; em Curitiba, i1 Associação das Damas de Caridade de São Vicente de Paulo. Ao fim da campanha, a TFP recebeu expressiva carta da Sra. Maria .José Rangel Salgado, presidente da Associação das Damas de Caridade de São Pau lo, que reproduzimos nesta página. Suas palavras intcrpretavan1 o sentir gera l da população en1 face da campanha en1preendida pela TFP. E era de presurnir que até mesmo aqueles que, cm nome do esquerd ismo ou do progressismo, se diziam defensores dos pobres, aplaudissem nessa ocasião a iniciativa da TFP. Tal não aconteceu. Já nos últirnos dias da campanha, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira escrevia, em sua colaboração para a "Folha de S. Paulo" (20/ 12/ 70): "Das esquerdas. que não cessa111 de alardear seu ir11eresse pelos pobres. s11rgira111 ele,nenros que não d11vidaran·1 en1 atacar, baixa e .ferozn1ente, essa t a111pa11ha destinada ao be111 dos pobres. [ ...] Elenrentos da esquerda destabeltula [ ... ] se e111regara111 à prática de atos ben1 à altura dele.,. to,no seja ti/irar papéis co,n in1u11dícies 110., recipientes

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Num bairro popular paulistano, a TFP recolhe donativos para o Natal dos pobres

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11.-00. Jr. Dr. Flinio Corrôa de Oliveira. 11.11 . 1~reo1donte do Conaelho Ho.c1onol dn Societtode Broeileir:o de Defeso. do

TTo.dição·, FOllllia e }r 0pr1odade Nq&ta

;. Aoooc1-0.çõ.o dQ& ~oe da C3,.ridadc de Sã.o Vicente de Paulo, o.lta.mente honrado. co:11 a brilhan'to campanha de ax,:.recada çio de donAti voo pera o llatal do eeúo pobroe, proltiOVida pela T'PP-; do quo.1 4 ~. Sa. )"roaidonte , envia-lhe n~dcci~eoto ~uito oopo-

c,i ol pelo acerto do. idóio. o l)ê.l.O magnífico resultado da Co.mpanha. Envia t ambém voto8 de louvor aoo nw:Deroooo erup,oo do 30YC.O t 1uc nwia ae~onatração do Pé é Calor cristão , nã~ ~oddr$m eaforço'ti ne1m oocrifíc ioo no dooo11p8Jlho de tão árduo to.roto.. 'fk'-o.00.lho ed;i!ice.nte ! Exe11.1plo a oor aesui<lo pel,a no,!

30 3uvontudo . rro.bnlho que conquiafou a ai.Clpatio. do público

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nooso Cá~itol , $lC3nçandot por iedo, col eta de t io ol.Ío yuito. ~ ..·:i t.ri buiu tw.nb6m par~ oct'c roeul tado notávol a o.1?reeonto.9&0 do. .N-'1 ceie oouo cotand,o.rtco, cni,ao, a lilboloo , o·o "'Vo' oncim3doo por uma cruz, a ealhu1·dio. com QUC oo jovona deotilar8.Q o.o início d.o Ca:.:.,po.."'l:hO., a d ioc11~11no. 1 o. educação , a d istinção doe que dolo. po;t t.iciparWli.

~ota con junto do c i rcunotânciao , além de tavorecer csc.Fan),lo., elevou b'e ú alto o no~e d.a AosocJe.çio, e oua (ib!"o ficou alt~o:>tv evidcnoi~da . O rcou)..tµdo t'ico.ncoiro ultro..t,..11.,Jvu a éX1,actut1.va . S érá a.plico.do e-ut~ltt.cnto na itolhori.a do e.~011.~i ..,ll:~i o aoo aocot·rJV.oo , ta.."lt«:> no aton'élii:.ento i;io:t,;,riAl , qu.a.nto no vro:.,ocional, educa tivo e hãbitàc i onal, objetivoo estoa aowpre v i .:0.,\ 03 -,, elo .'i.eaoci"'<"ÜO dos 'tlamr..e de C~rido.d.c . f,I.} t ,\i:.onte ã

-..ue.nto o.o -tor:h,l tuu.1.do noo i;JÍUil>olo:, :~a campanha, à i i~ .,,.ue o uoei t-e 00.1.0 lew.1>r41,,o. ooo jovono cola'toree, Ío.:,U;r~:-. ;e. de~aes d i oo Jo tão eiorioea o p:1.·oticua atul\çii.o . Douu :..\lirú u\lJaw utíli2<a\loo 1.dcntio,;1 c :,,,,..l.a,nho. e:J1 tovor do nooooo i U1.1t'iJuu po'bt·eo e ... 1 $71 ! u Jii..O:;

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ALEGRIA NA FAVELA: CHEGOU A TFP

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ISIONOM IAS sorridentes, ambiente de festa. Ê um dia diferente na favela ondç sócios e cooperadores da TFP foram levar presentes àquela gente que o fascínio enganoso ou os desarranjos sociais da grande cidade atiraram nurna condição lamentável. Eles estão . contentes porque alguém se lembrou deles, não com intuitos demagógicos. mas movido pela caridade cristã. A partir de 1977. sócios e cooperadores da· TFP visitara,n por diversas vezes bairros pobres e favelas da cidade de São Paulo, onde distribuíram aos moradores donativos em dinheiro, roupas, sapatos, tecidos, cobertores, mantimentos. remédios. móveis e utensilios diversos, brinquedos, bem como terços, medalhas e estampas de Nossa Senhora. Os donativos provêm de coletas pré-

Mantimentos: 7 pacotes de macarrão, 5 requeijões Catupiry, 6 kg de cevada, 4 kg de torino hortelã, 24 latas de leite condensado marca "Moça", 20 kg de café mo ído, 1Okg de pin1enta de I.•, 10 kg de colorau de I.ª; Móveis e utensílios: 1 gua rdaroupa , 1 penteadeira, 1 fogão, 1 etagere, 1 guarnição de mesa polyestcr, 3 máquinas de costura "Singer"; Medican1entos: 30 tubos de Albicon, 60 Entomicil líquido, 30 Entomici l cm pó, 80 Rautil antidistônico, 60 Entomicil suspensão (ex.), 80 envelopes Rautil antidistôn ico, 27 caixas de En tomicil pastilha.pediátrico, 30 caixas de Albicon.

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Tanto a coleta quanto a distribuição são feitas rnediante os

bres en1pres1a a Deus'". "Ouro, incenso e n1ÍIT<1 oferecera,n os Reis /vlagos ao Menino Jesus recé111-nascido. Dê seus objetos usados para os pobres e Deus lhe pagarâ e,n dobro ··. "O Menino Jesus os aceitarâ co1no aceitou os presentes dos Reis Magos". Ê digna de registro a generosidade com que as pessoas abastadas, e mais ainda as de classe média, correspo nd em a esse apelo da TFP. doando não apenas objetos usados , inas rnaterial novo ou de pouco uso. A distribuição nas favelas const itui um verdadeiro dia de festa, principalmente para as crianças. Os estandartes vermelhos. as capas rubras dos sócios e cooperado res, as músicas e os slogan., atraem os moradores que se acercam para receber os presentes. Pelo alto-falante, o locut or anuncia: - "A TFP proc/(11na tuna tradiç,ío cristã de dois 111il anos: segu,,do ensinou Nosso Senhor Jesus Cristo, que111 pede recebe. Quern necessita é ajudado. A TFP es1endeu (111uio aos abastados e distrib111 os donativos deles . para os que J>re1·1sa111: ro11p<1.,, calçados, ali,nentos, brinquedos. tudo grátis. Reze1nos pelo Brasil e pelos doadores u,na Ave lvlaria". Os sócios e cooperadores da TFP bradam vivas a Nossa Senhora Aparecida e a Nossa Senhora de Fát ima. As crianças respondem: "Viva!" Os hinos religiosos - "Q11ere,nos Deus", "Viva a Mãe de De11s e nossa" e outros - são acompanhados por muitos. crianças e adultos. Até o conhecido brado de campanha -. "Pé/o !Jrasil: Tradit;<io, Fa1nílit1, Propriedade! Brasil! Brasil! Brasil!" - depois de ouvir algumas vezes, os meninos repetem. Os doces e os brinquedos são deixados para o fim. Os garotos fazem uma grande algazarra e a distribuição termina num clima de grande contentarnento. Um jovem comun.ica a um cooperador da TFP a sua impressão: "Vocês são ,nuito diferentes do que dize,n os jornais e a televisão,,. Os sócios e cooperadores rezam o Angelus e dão um último

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Todos querem ganhar algo. Apesar do grande n6mero de crianças, as distribuições nas favelas transcorreram sempre em ordem.

vias de esmolas e de objetos usados, fei tas pela TFP nos bairros abastados e de classe média. No d ia i.•>de janeiro de 1977 foram visitadas as favelas existentes na Vila São Rafael e no bairro Parque Edu Chaves, cm São Paulo. Nos dias 2 de fevereiro e 15 de outubro do mesmo ano, novas visitas a favelas no Parque Edu Chaves. Em 1979, a favela visitada foi a da Vila São Rafael. A título de exemplo. eis o que foi distribuído em outubro de 1977, na favela Mimosa. do Parque Edu Chaves. conforme relatório arquivado na Diretoria Administrativa e Financeira Nacional da TFP: Vestuário: 58 paletós, 81 blusas, 153 saias e vestidos, 77 pares de sapatos, 4 casacos, 12,6 kg de tecido de polyester, 11 kg de tecido de algodão, 1OI calças, 34 p9lysmas, 3 lençóis de casal, 1 jogo de cama Perca!, 28 m de fazenda branca; Brinquedos: 37 carrinhos de plástico diversos, l prato de plástico, 12 bichos de plástico (cisne, urso. pato, etc.), 1 papagaio de porcelana. 2 girafas de pelúcia, 2 revólveres de brinquedo, 5 raquetes, 1 jogo de est ratégia TR IAP. 1 lancheira, 1 sacola, 2 colares de plástico, 1 armário de brinquedo, 1 máquina de lavar roupa de brinquedo, 1 máquina de costura de brinquedo, 1 transistor de plástico; 4

consagrados métodos de contato com o público adotados pela TFP: capas, cstandar.tes, n1egafoncs, alto-falantes con1 música e slogans, cânticos cívicos e rel igiosos, brados, orações no começo e no fim da càmpanha. Para os doadores, os slogans proclaniam: "Que,11 dá aos po-

Ouando chega a kombi da TFP.

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Estes cooperadores da TFP. em sua maioria pertencentes ao setor operário, •

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procedem à distribuição de donalivos na favela da Vila São Rafael, em SIio Paulo

brado de campanha, retirando-se cercados da simpatia geral.

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Após a visita a uma favela, "Catolic·is1110'' entrevistou a lguns só'cios e cooperadores que dela participaram. O universitário João Carlos Rosalino assirn cornunica suas impressões sobre a campanha: - "Pareceu-,ne que. de 1110do geral. os visit<1dos. quase se111 exceção, ficavm11 1nui10 co,novidos co111 ·o que estâva,nos faze11do e percebi(l•Se ,u,., olhos deles ,nuita ad11'1iração pela c(l111p(l11ha. de 1al 111odo que eu senti(I. quando 111<! aji1.wava de 11111 barraco. que as pessoas nos olhava,n co1110 que invocando as bênç,íos

dia de testa na favela

do Céu para nós e .ficav<1111 ah paradt1s. profunda1nen1e 1ocat/(IS e gratas. não tl/11l0 pelo presente 111a1erial. ,nas sobretudo pelo confono e pelo estíntulo que procurâvan1os 1rans111itir". Outro cooperador, Miguel Elias Tanus, ressalta: - "Qu(lndo nós inicia111os a distribuição. o en1usias1no dos favelados foi tal que co111eç(lr(l1n "grilar "vivas" e notei até lâgri1nas nos olhos de alguns. Essl/ co,noção se nou1vt1 não só na entrega de roupas. ,nas 1an1bé!n ao recebere,11 as es1an1pas da ln1age1n Peregrina de Nossa Se11hort1 de Fâ1i111a, 110 qu(I/ viwn t1111a protetora. MuilllS 111ulheres llcenava111 co111 (IS ,nãos bendizendo: "Que Nossa Senhora os reco,npense" 011 "Deus lhe pague". Alfeu Botelho Cabral, do núcleo de cooperadores operários da TFP, acrescenta que "as C(lpas e est(lnd(lrtes 1<1111bé1n in1pressionar(l1n os favelados, que ficava,n 11111ito te111po olhando os 1novi111entos do estllndarte (lo vento". - "N<1o houve desordens?", perguntamos ao dirigente da campanha, Dr. An tonio Cândido de Lara Duca, que responde: - "E111bora houvesse grande 1novi111en1aç<io de crianr;as. rei11011 inteira orden1 e respeito. Não h ouve 1u1111d10 <1lg11111 e llS pesso(ls obedecia111 pronta,nente as reco,nendar;ões deJàze,·.fila ou de esperar cal11u1111e111e na., portas de s,•us barracos. o que causou bastante (ld111ira,ão aos dois .,o/d(ldos d(I Polícia /Vlilitar que nos (ICOIIIJJ(lnhava,n. U111 deles a1é co111en1011 que era in1eira111e111e inusit(lt/o que u111a distribuiçlio co1110 essa se Jlzess,, co111 1a11,a11ha discipli11a. pois era própria a causar 11111ito Jtunulto. Não ouvi ne11hu111a palavra ou conll'ntdrio q11e denotasse espírito de /111a de classes ou deseio de subversão, por p(lrte daqueles pobres, con1ra as classes abastadas".


928 visitas a 10.986 doentes em 827 hospitais de 550 cidades

VISITA AO DOENTE POBRE ARARAQUARA, 1.º de maio de 1976. Ê feriado, a caravana de propagand istas da TFP não fanl campanha. 'Ó dirigente reúne seus companheiros para combinarem o que fazer: urna ho ra de estudos, transmissão das noticias recebidas de São Pau lo do setor de assistência às caravanas, tempo livre para que cada um ponha cm dia s ua correspondência com a familia e com amigos, e visita ao Hospital da Beneficência. Informam-se do horário de visita aos doentes e pedem autorização à secretaria do hospita l explica ndo o o bjet ivo: levar uma palavra de conforto e estímulo aos que sofrem; d istribuir estampas da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fáti,na que chorou em Nova Orleans, Estados Unid os; se houver indigentes, distribuir alguns presentes: roupas, frutas, biscoitos... A secretária di7. que não há nenhum impedimento. Um en-

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fermeiro se dispõe a acompanhar os caravanistas da TFP, que desejam visitar sobretudo os doentes mais desamparados. E são conduzidos a um ho1nem que q uebrou a col una vertebral e se encontra no hospital há nada 1nenos que 39 anos, sem poder levantar-se! Os dois caravanistas se apresentam, u,n sorriso para ani mar o doente, as perguntas habitua is: "Co1110 foi que <1co111eceu ... ?." E a conversa se prolonga mais ou menos, confor. me o estado do enfermo. Enquanto isso os demais caravanistas jã se encontran1 junto à cabeceira de outros doentes: um menino que quebrou o úmero suporta urna tração de três qu ilos para recolocar o osso no lugar; um senhor só pele e ossos, inconsciente, sofreu derrame c se encontra nesse estado há muito tem po - é preciso d izer uma palavra de confo rto à família; un1 velho sofre de u,n mal nas mãos e nos pés, o lha com esperança a estampa de Nossa Senhora de Fát ima: "Ela hd de 111e curar. Ela vai jc1ze1· este ,nilagre". Ass im é urna visita de rotina a um hospital do interior, como cen tenas de outras que sócios e cooperadores da T FP vçm fazendo, desde 1975, por todo o território nacional.

Acima: o ancião recebe com alegria a -visita do jovem caravanista, em Paranagué (PR). A direita: a pequena estampa de Nossa Senhora é geralmente um consolo para a m~loria dos enfermos: alguns às vezes se emocionam. Embaixo: Muitos dos 827 hospitais visitados em todo o Brasil forneceram declaração atestando o carãter benemérito da ação da Tf P.

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A direita: caravanlstas da Tf P visitam indigentes num hospital de São João dei Rei (MGJ. Embai xo: uma palavra especial de conforto e caridade cristã para as crianças cujos padecimentos começam jã no albor da vida. :

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En1 ou tra região completamente diferente, o su l da Bahia, a funcionária da portaria do Hospital Regio na l de Caravelas.emociona-se ao ouvir a hi stória da lacrimação da lmage,n Peregrina de Nossa Senhora de Fãt ima. Expansivos por ten1perarnento. os baianos manifestam grande satisfação com a visi ta. Alguns pacientes já tinhan1 visto campanhas da TFP. Entre os 12 homens, 4 mulheres e 8 crianças internados, os colaboradores da TFP notam vários casos de intoxicação produ1.id a pelo manuseio de formicida. uma ,nenina com hepatite, um senhor com o corpo intei ramente inchado. Na Santa Casa de Ribei rão Preto (SP), a Irmã chefe de uma

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enfermaria man ifesta seu contenta,nento aos visi tantes, pois, sendo gra nde o número de doentes, ela não dá conta do apostolado, sendo-lhe difícil falar com cada um. Na Santa Casa de Jacarezinho (PR) a mesma sa tisfação da 1rmã chefe das enfer meiras. Para os doentes e suas famílias, há dramas e tragédias pµngentes: en1 Bom Jesus do lta bapoana ( RJ ), um rapaz acidentado há nove meses suporta a tração na perna há três meses; na San ta Casa de São José do Rio Preto (SP), um rapaz de 18 anos já sofreu 18 operações; no hospital Padre Bento, em Guarulhos (SP), a lepra já a 1npu tara as duas pernas de um paciente; em Nova Esperança ( PR), uma jovem senhora trau matizada pela morte trágica do marido, fu lminado por um raio. Entre tantos casos a ngustiosos, há também alguns motivos de alegria: a operação bem sucedida , o casal que ganh ou mais un1 fi lh o ... Mas a nota dominante é a dor, que precisa ser mitigada com espírito cristão. !: sobretudo para isto que os sócios e cooperadores da TFP e mpregam parte do tempo disponível ; em suas visitas aos doentes, especia lmente os pobres. En1 certos hospitais especia lizados como o do câncer ou do "fogo selvagem" (penjigo foliaceo), o estado dos enfermos é particulannente doloroso. Desde que iniciou esse tipo de at ividade, em 1975, até maio de 1979, a TFP regist rou 928 visitas de seus sócios e cooperadores a 1O. 986 doentes em 827 hospitais, de 550 cidades das diversas regiões do País. Mui tos hospitais forneceram declarações atestando o ca ráter beneficente de tais visitas. E,n certas ocasiões, as caravanas de pro paga ndistas da TFP tiveram a oportunidade de prestar algum atendiment o méd ico às popu lações pobres, por meio dos méd icos Dr. Laédio Ernandes da Silva Bastos (CRtvfBA-2878) e Dr. Romeu Merhej (CRMSP17507). 5


SERVIÇOS DE NATUREZA SOCIAL •

DESDE 1966. a TFP regist ra anualmente uma série de benefícios conced idos a pessoas de poucos recursos, alheias ao quadro socia l, principalmente jovens que colaboram com ela na defesa de seus ideais. Assim, a Sociedade proporciona assistência médica, odont ológica e jurídica, como também aulas de reforço escolar, hospedagem, moradia e refeições tudo gratuitamente ou a preços de custo.

,nora! cristã, existem desde a fundação da TFP, cm div.ersos Estados .

Hospedagem

1

Assistência médica Por meio dos médicos Dr. Edwaldo Marques (CRMSP1081 7), Dr. Antonio 01ndido de

As sedes-hospedagem da T FP registraram, em 1978, 2.560 hospedagens-dia, só na cidade de São Paqlo. Ali encontram acolhida, a preço módico, jovens de todo o Brasil que vão a São Paulo participar de reuniões,jornadas de estudos e ciclos de conferências pro,novidos pelo Conselho Nacional da Sociedade. Em anos anteriores verificouse movimento a nálogo.

Subvenções

/

A TFP faz com que a saúde de seus cooperadores de poucos recursos seja objeto dos cuidados de médicos e especialistas que já ofereceram gratuitamente. até 1978, 21.243 consultas e atendimentos:887 exames de lahoratõrio: 2 anestesias: 24 operações cirúrgicas e 198 pequenas cirurgias.Na foto, Dr. Romeu Merhej.

Paulo, Rio de Ja neiro e Belo Horizonte, até 1978: 21.243 atendintentos e consultas 24 cirurgias 198 pequenas cirur gias 2 anestesias Um restaurante para jovens de poucos 887 exarnes de laboratório. recursos. decorado em interessante estilo rústico. Em 1978, a TFP forneceu 178.048 refeições gratuitas ou apreço de custo.

Lara Duca (CRMSP-15215), Prof. Dr. J orge Haddad (CR MSP1850 - falecido em 1975), Dr. Rorneu Merhej (CRMSP-17507), Dr. Murillo Maranhão Gallicz. (CRMGB-674), Dr. Affonso Giffcning de Mattos (CRMGB-7544), Dr. Jorge Eduardo Gabriel Koury (C RM GB-7634), Dr. Antonio Rodrigues Ferrei ra (CRM MG-1264), Dr. Francisco Leô ncio Cerqueira (C RMMG-466 1), Dr. Francisco Fernandes Senra (CRMMG3626), Dr. Nicomedes Ferreira Fi lho (CR M MG-3630), e Dr. Laédio Ernandes da Silva Bastos (CRMBA-2878), a TFP já proporcionou, gratuitamente, em São

Alén1 dos serviços mencionados, a TFP despendeu, só cm 1978, em auxilios destinados à contpra de ,nedicamcntos, tratamento médico e dentário, refeições, etc., o total de Cr$ 1.361. 951 ,3 l. Auxílios e s ub.venções para igua l fim vênt sendo concedidos desde 1967.

Assistência dentãria Por meio dos dentistas Dr. Vicente José Ferreira Neto (CROMG-404), Dr. J anuário de Faria Ca mpos (CROMG-1 8) e Dr. José Mário da Costa (CROSP1439) a TF P já proporcionou , gratuitan1ente, em São Paulo e Belo Horizonte, até 1978: 3073 atcndirnentos dentários.

./

Dr. J osé Ca rlos Cast ilho de Andrade (OAB/ SP-5776), Dr. Gregório Vivanco Lopes (OAB/ SP18038) e Dr. João lrisfrãncio Roli m Sales (OAB/ Sf>-46 105-13).

Refeições a preço de custo A TFP mantém. em a mplo e adequado local de sua sede da Rua Aureliano Co utinho, n.º 25. cm São Pau lo. um resta urante que. fornece refeições gratuitas ou a preço de custo, a jovens q ue estuda m ou traba lham, cooperadores da TFP alheios ao quadro social. Num ambiente digno e

-== .....__ O tratamento odontológico proporcionado pela TFP atinge. até 1978, 2.333 atendimentos. Dr. Josê Carlos Castilho de Andrade. Diretor da TFP (à esquerda), dispensa assistência jurídica gratuita a cooperadores da Sociedade.

Assistência jurídica A assistência juridica vem sendo prestada gra tuitamente a jovens de poucos recursos alheios ao quadro socia l da entidade, nos escritórios de sua Diretoria Administrativa e Fina nceira Naciona l, por ,neio dos advogados

MENSÁRIO

Além das sedes sociais, a TFP oferece a seus colaboradores sedes para moradia e hospedagem, facilitando-lhes, assim, aproveitamento dos horários para estudo e trabalho. Em 1978 a Sociedade proporcionou 2.560 hospedagensdia a sõcios ou cooperadores que viajaram a São Paulo para participar de ciclos de conferências, semanas de estudos, etc.

C()m aprova~·âo cclcsi(1s1ica CAMPOS - f.STAOO DO ruo Oirt lor Pauto Corrêa dt Brito Filho

saudável, o restaurante forneceu diaria mente a lmoço e jantar a jovens residentes cm São Pau lo e a visitantes de ou tras -cidades, tota lizand o 759.011 refeições gratuitas ou a preço de custo, desde o ano de 1966.

Moradias Tendo e,n vista as dificu ld ades de tra nsporte e as distâncias que separam os bairros dos centros. a lgumas sedes da TFP oferecem refeições e pousada pa ra o uso dos sócios e dos coope radores. De tais scdcs-,norad ia se bcncficiarn os maiores de idade na medida cm que o desejem. E igual mente os ntenores de id ade, desde q ue. ent reta nto, tenhant pa ra tal uma permissão pate rna por escrito. As sedes-mo radia . cujo ambiente digno e acolhedor muito cont ri bui pa ra a fonnação do cará ter dos que as utilizant, de aco rd o cont os princípios da ó

Oircaoria: Av. 7 de Sctclnbro 247, cai, xa postal 333. 28 100 Campos, RJ. Administrnçâo: R. Dr. Mar1inico Pra·

do 246, 0 1224. S:to Paulo. S P. C<>1npo:.10 e impn.-sso na Anprcss J):ipéis e Artes Gráficas Lida., R. Gi1· ribaldi 1104. 01135. S:Jo P;wlo, S P. Assinaluri anual: comum CrS J00.00: cooperador Cr$ 600.00: bcníci1or CrS 1.000.00; grande bcnfciror CrS 2.000.00; seminaristas e C$lUdan1cs CrS 250,00; América do Sul, Central e d o NOrlc, f>on ugal e l;spanhu: vin de supcrOcic USS 36.00. via oérc:, USS 46.00: ou· lros 1>:1is:cs: vi;1 de supcrficíc USS 40,00. via aérea USS 46.00. Avulso: CrS 20.00.

Os p:1gamcn1os• .sempre cm nome de Editora Padre 8tlchior de Pon1t.s

$/C. J>odctão ser cné.iminhndos à Ad· ministração. Para mudança de cndcrc· (.'.O de :,ssinttnlc$ é necessário meneio~ n:.r iambém o cndcr«o antiJO. A cor-

rc.spo ndênda relativa a ass1m11ur.1s e

vc11da avulsa deve: se, enviada à

Adminislrn(:io H:. Dr. M.ir1iniro Pr~do. 246 01224 - Sio P:iulo, SP


O PITORESCO NA VIDA

UOTIDIANA e

ARL SPITZWEG é um pintor bávaro do sécu lo passado ( 18081885), relativamente pouco conhecido. Ao menos seu nome. como o de outro pintor alemão de fins do século XIX e início do a tua l - Hcctor Rocsler Franz - , não íigura,n em conhecidas e consagradas Histórias da Arte. No e ntanto. a pintura de ambos que apresenta muitos traços comuns os credenciaria a figurar em manuais de

História da Arte. Co,n cíeito, poucos pintores retrataram com tanto channe e espírito de observação penet rante o pitoresco da vida quotidiana. Rocslcr csocciali1.ou-sc c,n fixar cenas típicas dÍ1 Roma de sua época. deixando, entre 1870 a 1907, l 20 aquarelas pintadas. ex postas no Museu do " Palazzo Braschi". A coleção de seus traba lhos popularizou-se e,n nossos dias, especíahnc ntc na Cidade Eterna. através

de albuns e cartões postais, sob o t itulo de "Ron,a .Si>ariu,·· (" Roma desaparecida .. ). Embora não sendo italiano, Rocsler soube descrever com o pincel aspectos da vida po pular romana do século passado, de uma íorma viva, encantadora e - o tern10 é cabível. apropriado mesmo del iciosa. De fato, íica-sc encantado, const itui verdadeira delícia pan, un1 espírito dotado de senso anístico. psicológico ou socio lógico analisar aq uarelas como as que ··ca10/ici.w110 ·· focal izou em seu nú1ncro 322, de outobro de 1977.

Spiti.wcg soube fixar de modo análogo ce nas quotidiana s. embo ra o ambiente rct,<1tado seja bem diíerente do ro,nano. Os temas são todos eles extraí dos do dia-a-<lía . próprio a pequenas cidades 011 a atividades campestres da Alemanha do sécu lo passado .. No prin,eiro quadro - um dos mai s conhecidos e apreciados do autor Spitzweg, com fina ironia. apresenta as agruras da vida de um home,n dedicado às letras. Seu titul o poeta pobre .. - expressa bem i, idéia que o pintor procurou trans,nitir. O va tc, q ue mora numa 1nísera mansarda . nã o possui sequer uma cama. Seu colchão est~ estirado no chão. Aein1a de sua ca beça, envolta en1 touca branca. um guardac huva aberto protege-o. certa mente, contra al~tuna incômoda goteira do telhado ... Junto à peq uena janela vê-se um pano estendido, preso ao cordão rixado, de un1 lado. na parede, e de out ro , no teto de madeira da água-furtada. A chaminé de um íogão ou aquecedor a lenha. locali1,.ado próximo a uma das paredes, serve de cabide para a cartola do literato. E bem abaixo da chaminé 11m prego fixado na parede susté1n a casaca do poeta. Entretanto, o que mais deleita o observador é o co ntraste entre a penúria . o prosaico de todo o ambiente e a atitude embevecida do versificador. alheio a este meio. engolfado em seu trabalho. Grossos vo lumes· encostados na parede ou c,npilhados desordenadamente a seu lado causam a i1nprcssão de um vate absorto na própria obra. E para realçar a atitude que sugere a autodcleitação do poeta. o pintor colocou cm sua hoca a pena de escrever. pois as dm,s ,nãos do escritor estão ocupadas: com a direita ele está contando a métrica dos versos e com a esquerda segura o papel. ..

··o

J '/N.m,U,Wfl,JA.v.&!lWhW:if~8.'.!V.m.u.Qlll

O segundo quadro. intitulado ..Arte e ciência". representa encantadora prac[nha de uma peque na cidade a lcn1ã. A esquerda ; junto à fonte de pedra onde ío i buscar água, uma mu lher, carregando seu cântaro. observa o trabalho do artista que, aboletado no andaime suspenso ii altura do terceiro a ndar de um

edifício, pinta na parede um grande quadro da Virgem com o Menino Jc~us. O prédio parece datar da época barroca pelo íormato de suas _jane las e pelo estilo de u1n torreão, situado bc,n no ângulo da edificação. Este possui te lhado caracteristicamente barroco e di1ninuta ia nela . logo abaixo dele. Um friso separa essa parte superior da pequena torre de seu corpo central. o qua l ostenta uma ja ricla maior, adornada con1 ílores. O toncin> apresenta a inda outro friso, abaixo do qual nota-se uma graciosa base. Na janela da mansarda do mesmo cdiííei o - adornada ta,nbém com uma jardineira florida. tipicamente alc,nií aparece um vulto íeminino. interessado e,n acompanhar a obra do pintor e o movimento d,, pequena praça. Quase acin1a da fonte onde a 111ulhcr vai abastecer seu vaso , d ivis:1-,c uma pitoresca insígn ia. n1uito eon,11111 para indicar esta lagens an,igas. cm vüri ,,~ países eu ropeus. A insígnia. suspensa por uma haste de ferro trabalhada. apresenta dentro de un1 círculo - também constituido por aquele meta l batido - uma águia bicéfola. No chão -- fato corrente cm praças de muitas cidades pombos passeiam. Um vendedor de livros a mbulante armou no n1eio do largo um balcão. no qual se vêem vários vo lu mes, tendo ta1nbé1n pendurado num fio algun1as gravuras dest inadas à venda. E. para complernr essa cena rica cm tantos por1nenorcs saborosos. aparece un1 expressivo personagc,n de carto la e sobrecasaca. que examina certa obra oícrccida pelo comerciante. Tc,n-sc a impressã,1 que aquele ho1ncm esguio deve ser uma das notabilidad es intelectua is do lugarejo: o respeitado proíessor. o escri tor íestejado. o médico ou talve7 o advogado íanioso apenas naquele peq11cno rincão da A lemanha ...

O lei tor talvez more numa dessas megalópo lis modernas. onde se ,nescl::m a fcbrici t,1ção. o artificialismo da vicia e a poluição sob os ma is diversos aspcctüs. Imagine-se en tão residindo na pequena localidade alemã. tão bc,n idealir.. ,da J?elo . Rinc:I de Spi_ti.weg: ~m vçz da Jrcbnc,taçao das vias publicas e dos transportes atuais, o leitor encontraria a placidez reílet ida na pequena praça que descrevemos acinia; ao invés do aniíicialismo da existência nas modernas mcgalópolis. desí~u taria a íclicidadc e os prazeres temperantes de uma vida orgânica, natural; e, linalmente. estaria liberado da poluição íísica. psiquica e ét ica - fruto da concentração antinatural, de tuna industria lização desvairada e dos meios de co,nunicação socia l das grandes aglomerações urbanas - para imergir num ambiente sadio e rreservado, tanto do ponto de vista material quanto mora l. Em qua l desses dois mundos preíerrria viver. prezado leitor? 7


BAtOILI C M S M O - - - - - - - - - - - -

''PARAÍSO SUECO'': UM MITO QUEBRADO IS ALGUMAS opiniões de bras ileiros a respeito da Suécia. publ icadas no "Jornal do Brasil", cm sua edição de 25 de julho de 1979: ",~· U/11 J)tlÍS onde IIS /U'S.\'(l{IS

E

e.tft7<J 11111i1u voltadas para a.\' lilUr-

tlatf,,s /)/'SSoais [ .. .)".

-

"Sl!ria um dos 1u1isl·.,· nwis

11w111raclo s 110 c111ues10 polírico. social <• cultural. (1 voluido r 111 wírio.'i níveis. Tt•1u pouca f!X/Hllt.w io d,r1110gr<{/k11 <' dis1rihui(·t io de rendll uni· .fúrn,e co111 pequt•1u1.,· d(f(~r1/11ras en·

tre as dc1s.,·es soci11is. A assi.wênda 111étlic·a t' t•duC'lUÍ\'lt jâ rt•solvid11.,-. 1;: 11111 pa,:,· !mcia/isJa. 1n11ilo e111horn ({'JI/U, r<1i''. -

"P,u)· 111m·",,j/J,osv. Esp,41,o

do n1111ulo. socialnu.•,ut falmulo. Totios d<·w.•111 .,·e ,uil·(u· ,u,fe. Un, tipo de socil'dtuh• dtNw11volvida", - "Pm:s hoje e,n dia 1nui10 mo· 11610110. ( ...] As pesso<Js ,uio co11se-

guem dtrr vazão

Ot>S

sucessivamente uma câmara "Niko11", uma ca lculadora de bolso e discos. Depois o jornalista veio a saber que cm Osterma lmstorg a "especialidade" das vendas consistem cm comercia li1.ar objetos roubados. No mesmo local. o convite de jovens suecas à prática da prostituição íaz-se de modo descarado. como se fosse um comércio comum.

que o homem poderia obter na face da 1crra. Os bens es pirituais e as necessidades da alma - para os homens que tem essa mental idade não são absolurnmcntc levados cm conta. pois "não existem·· ... Entreta nto. após décadas cm que vigorou um regime cada vc-,. m:iis pcrmissivista q uanto aos costumes e mais socia lizante na t:conomia , os fatos vicrr,m comprovar unrn rc,alidadc: o bem-estar material. levado a um excesso. e a satisfação dos sentidos atingindo Ulll paroxismo. ao invés de proporcionarem o tão almejado "paraiso na terra", provocaram uma crise psicológica e moral sem precedentes. E esta não é senão a conseqtiência do espezinhamcnto sis• tcmfüico d<1s necessidades de alma do povo sueco. E o resultado final foi a tta nsformação do país mais num inferno do q ue no sonhado "paraíso"...

Frutos genuínos de uma ãrvore mã

seus sentilnen-

tos, s,io muito co11trolodas 1, progrt111111dos [ .. .]. Parece <111e procuram algo de novo [ ... ]". - "O (fllt' i,npressio11t1 é jllst{IIU<.'llle IPl'(!/'1 /ti IIIUlt cfrili:aÇtio ex1renwnw11t(' ,1w111çtula e111 u•rn,os

,u,•

nwteriais, ,nas gefando angústias profundâs [... )". .. Pelo que sei. ou seja. pelo índic·(! dê suicidio.,·. viver ltí 11,io di!W.' -

A realidade crua - ''Sai dal. SU{I velha 11oje11ui~ ou eu te corto todll!" Barbado. cabc1os desgrenhados. olhos vidrados. calças "hltu> jt1 m1s·· manchadas com vôm ito, o adolescente emerge tit u· beantc da "toilene" do .. K11lt11rh11set''. A senhora. digna pelo porte e aspecto. já idosa. afasta-se rapÍda-

Os tóxicos circulam impunemente nas ruas das cidades suecas. onde as autoridades não se empenham em coibir uma onda crescente de vlcios

- O igualitarismo fanático no setor educacional: Os impostos extorsivos e o controle da vida privada pelos computadores. Para não a longar demais o presente artigo. darcmo:,s apcr,as algu ns exçmplos referentes aos dois primeiros tópicos. São fatos que foram observados pelo ci tado jornalista cm sua mais recente viagem f, Suécia. Assustadora proliferação de tóxicos

o policial cabeludo tenta dissolver um movimento de agitação em Estocolmo.

Depois de 40 anos de socialismo. a Suêcia não é mais aquele paraíso que se apregoava hã alguns anos ... a não ser. talvez. para os delinqüentes e drogados.

ser o ideal. t1/f!.1U>ltl coisa devi! mular mente da trajetória do jovem drogal'rrada··. do. Todos recuam para dar passaEssas opiniões rcvchnn uma con- gem a ele. s.idcnívcl di~cordânda sobre a situa· - "A Suécia, 11111 modelo? Ora. ção a tu al da Suécia. Tal disparidade <·unv(•nht1m hs, é (I i111po.tt11ra do nas apreciações indica um:1 tr:,ns.. século". diz o Sr. Ca rlhaincr. juris1a formação opc1·,1da uhim,uncnte na ligado à Confederação dos E mpreconcepção gcnernli1.ada que vigora- gadores. E acrescenta: "O coquetel va c m todo o Ocidente sobre aquele 1u1r11dóxt1I d<' diri.<:.is,uv e ··1aiss<'1'pais nórdico. .fait<•". servido por ,u,ss"s gow>YJWntes. .w1ciais-,lenu,crtuas 0111,1111 ou

Míto generalízado no Ocidente Com efeito. apontada durante anos e anos por uma orquestração

prop;,g,andistic::1 internaciona l como modelo para todo o Ocidente. a Suécia transformou-:;c num mito para aqueles que desejavam a concrctiiação. num cst!,gio baswntc ava nçado. dos ideais de liberdade. igu,, ldadc e fraternidade. O nome dessa nação jci lra7.fo ú mente de muitos a idéia de um paraíso na terra. onde havcri::1 riquc2a e prosperidade. liberdade total cm rnatéria de cost umes. como 1,11ttbém aboliçã<l completa dos "U1bus obscurMHistas'' e da pobreza. ex iste ntes nos países ",·ctrógrndos" e subdesenvolvidos. Aliando a liberdade da democracia i1 d istl'ibuição de rt:ndas do socialismo. a Suécia teria construido uma sociedade na qual imperava o conforto e o bem-estar. cm <1uc as pessoas veriam atendidas todas swls ncccssid;:tdcs materiais sem m;liorcs preocupações quanto ao futuro. E. como para os que assim pensam. o importan te é ~tpl'n:ls atingir o bemestar material. pareci:, ter sido ai~ cançado o melhor 1>adrão de vid:i

liherai.)' hoje. co,neçtJ a colocar o pa,:, de ,ioellws".

Esses dois exemplos depõem. de modo ex pressivo. contra o pretenso paraíso, onde vigoram o permissivis.. 1110 e a igua ldade. As obsc,vaçõcs do Sr. Carlhamer, j,\ vislumbradas cm a lgumas das respostas :.1 0 inquérito rcaliz.ado pelo "Jonwl do IJro.,i/". são postas a nu. de rnanc il'a impressionanlc. na reportagem de Yves de Saint-Agncs, intitu lada "O infernal f)llf(IÍso s11eco - uma grmule pe.w111isa 110 pals do "111ilagr,•"socia/isu1", publicada pela rcvisrn "l'arix Match". cm sete p~íginas de s ua edição de 27 de j ulh<) de 1979. Dela extraímos os dados e infor1lrnções que apresentamos neste artigo. O autor expõe cinco aspectos mais significa tivos da vida na Suécia. que mostram. com a maior clareza. que os h,,biwntcs d.iquclc país não se podem gabar de viver num p,,raíso. São eles: A decadência mor.:11 nos costumes: A difusão da criminalidade: Os males da med icina sociali-

Um pcrmissivismo total ou qua· se ta nto. no campo dos costumes, sempre constituiu uma característica importante da noção geral que o homem comum do Ocidente tinha da Suécia. As observações do autor mostram q ue essa idéi,1 deveria pelo menos estar prúxima da realidade. pois é sabido que a licenciosidade completa d os costmncs acaba levando seus prat ica ntes .1 procurar novas sensações. med iante o uso das drogas. E estas são consumidas cm esca la assustadoramente crcsccmc na S uécia de hoje. É sabido. por exemplo. que as "toile111•s" do .. K11lt11r/111.,·ei'' (Centro Cu ltural). situado no coração de Estocolmo. transformaram-se em loca is de aplicação de injeções de heroína. Os drogados saem de lá meio alucinados, causando espanto e horror a todos os q uc se encontram nas imediações. os quais desvia m-se amedront,,dos da trajetória dos viciados. Os funcion.írios do referido Centro e os responsáveis pela ordem fi ngem nada ver. O c hefe da policia limita-se a dar um conselho pelo rí,dio: .. N1111,·a _fiquem 110 ct1111i11ho d1.>sst1 gf!lllf!F'. "Essa gente" são os escravos da heroína, da anfotamina, etc .. que podem ser processados po,· uso ileg,11 de c1llorpcccn1cs. E les passaram de 737. cm 1965. p:1rn 20.739. cm 1978.

Indiferença escandalosa das autoridades A omissão e descaso das au toridades policiais e administrativas to rnam-se patentes corn a seguinte constatação: Scrgclstorg é uma prnça muito rnovimentad;, destinada a pedestres no centro de Estocolmo. Lá a policia instalou máquinas de lilmar veladas.

verdadcir;-\s "c,i m.:iras-cspião''. para detetar o que se passa no local. A partir do a noitecer cm d iante, elas filmam sempre as mesmas coisas. pois as cen;,s se repetem diariamente, São bêbados que se embriaga m até cair ao soto. ou então. ba ndos de drogados. movimenta ndo-se como robôs. que trocam d inheiro por papelotes contendo o tóx ico. à vista de todos. E. naturalmente. também das câmaras da polícia. cujos funcion:\rios j;', devem bocejar de tédio. dada a monOtonia dos filmes ...

Também os políticos podem observar muito bem o que se passa, pois o Parlamento sueco domina a Scrgelstorg. Do alto de seu "pa lácio de cristal", os 349 pa rlamenta res e o governo " libera l" de Ola Ullstcn podem perfeitamente sentir e apalpar essa tnígica rc;didadc-. Mas preferem ignorú-la e votar leis sobre assuntos considerados "mais sérios". Assim. por exemplo. a recente lei proibindo os pais de aplicarem castigos físicos c·m seus íilhos. O u então. a norma juridica que impede a venda de soldadinhos de chumbo ... E nquanto os legisladores se preocupam com tais assuntos. o alcoolismo. a prostit uição. o vicio. o tr.ífic<) de drogas e a delinqüência j uveni l alastram·SC impuncmcmc.

Transportes coletivos: um perigo Yvcs de Saint-Agncs rela ta que tem visitado todo!<i os anos a Suécia, desde 1953. Em 1960, atirar um papel no chão constituía crime de lesa-sociedade. Hoje estilhaços de vidro cobre m as ruas e se integra m na paisagem . .1 oga-se de tudo nas vias públicas: garrafas. ca ixas de ccrvcJa e objetos os mais variados. Os transportes públicos são a lvo de um vandalismo completo; sua reparação cusrn a'n ualmente il Pre.. fc11ura de Estocolmo 10 milhões de coroas. O estado precário de certos trens suburbanos ou de ôn ibus. cm nossos centros populosos . cujos bancos são retalhados. ainda é muito aprcscnt:t,vcl se comparado com o estado ·dos transportes coletivos cm Estocolmo. Aliús. muita gente deixa de utilisá-los por medo. No vagão do mctrô de Estocolmo os usu:íriõs bebem. cospem. dil'igem palavras pesadas a moças que, crn respo~rn. emitem i,pcnas roucos resmungos. As paredes cobertas de inscriçôcs e dcscn hos pornográficos. Em 1978. seiscentos atos desabotagem foram cometidos no mctrô. alguns dos qua is com a finalidade direta de descarril har os vagões. Nos corredores da çStação do rnctrô de Ostcrmalmstorg. rapazes com rosto de aspecto lunar oferecem

Estes são a lguns exemplos de fatos. mais relacionados com o aspecto da decadência gera l dos costumes. fruto de um permissivismo moral crescente. "ignorado" pelas autoridades. E também. para di1.cr tudo. de uma educação sexua l precoce. comunit<íria, mista e naturalis· ta. As várias décadas de um regime que se mostrou cada vez mais liberal nos costumes e mais socialista na economia. visceralmente laico, prcvidencialista e igualitário, levou a população à angústia e ao desencanto de u ma vida sem motivaç.ã o superior. sem lutas, sem riscos. sem glória ... E que a leva a procurar no vício. nas drogas e na violência criminosa a maneira de uti lizar suas energias e de sentir as emoções de uma vida de embates. de trabalho. de alegrias e sofrimentos . adequados à natural cond ição humana. poderia proporcionar. Porém. mais grave ainda que a delinqüência e a corrupção dos costumes. é a falta de reatividade d aqueles setores dos quais seria normal esperar uma reação: as autoridades e a opinião pública. De acordo com a reportagem do "Paris A1otch". as violações da lei. da ordem e dos bons costumes são praticadas à vista de todos - com pleno conhecimento da policia . do governo e do povo cm geral - não ocasionando 11unições, protestos ou reclamações. t a inércia completa e alarmante d iante do mal cm suas manifestações mais protuberantes.

Guerra psicológica: vestíbulo do comunismo Isso mostra até que ponto o país sofreu a ação da guerra ps icológica revolucionária. tão oportuna mente denunciada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira na 3.• parte de .. f?evol11('ÕO e Cor11rt1- Revolução" (cfr. ··ca10 /il'ismo" n. 0 3 13. ja neiro de 1977). Uma nação que chega a tal situaçào torna-se presa fácil de qualquer agressão. pois seus habitantes perderam a vontade e a capacidade de resisti r. O comunismo internacional, certamente. saberá tirar provei to desse dramático estado de coisas. 1mpostos que afugentam os próprios suecos. controle da vida de cada um. mediante computadores estatais. desilusão quanto /1 medicina socializada. política educacional fanaticamen te igualit ária. desrespeito ocla vida de anciãos e doentes inctÍráveis, são outros te mas abordados por Yves de Saint-Agncs em sua reportagem acerca da Suécia. Eles poderão. cvcnw almcnte. vir a ser ainda objeto de comentá rios desta folha.

Murillo Galliez

ATAQUES À TFP ALGUNS ÓRGÃOS da imprensa nacional lançaram ataques à TFP, con1 base num documento difundido em a lguns círculos franceses. Tal d o cumento t eria sido encaminhado a correspondentes daquelas publicações brasileiras em Paris. A res pos ta da ent idade refutando essas in vestidas - que já vão tomando urn caráter ro tineiro em certo tipo de imprensa será publicada no próxirno número de "Catolicis,no", p o is o presente já estava, ern larga rn edida , preparado para a publicação das diversas alividades beneficentes da TFP.


N ." 346

Ano XX IX

O utubro d~ 197<)

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

TFP DIZ O QUE FEZ EM DUAS DÉCADAS •

D. MAYER HOMENAGEIA MONS. DR. BENIGNO POR OCAS IÃO do jubileu de ou ro sacerdota l de Mo ns. Dr. Benigno de Brillo Costa. o Exmo. Sr. Bispo de Campos, D. Antonio de Castro Mayer (foto). pronuncio u significativa sa udação. Página 3.

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ATENDENDO ao anseio de

da civiliza.;âo crislã e contra a

numerosos leitores. apresentamos neste número. nas pág inas 4 a 6. um elenco das atividades desenvolvidas pela Sociedade Brasileira d.; 0.;fesa da Trad ição, Famí lia e Propriedade nos quase 20 anos de sua ex istência. cn1 favor

penet ração comunista cm nossa P{1tria .

"Ca1olicis11111" espera proporcionar assitn, a seus le itores. clcn1en tvs para aquilatarem v vulto e a eficácia d os esforços que a TFP vcn1 levando a efeito.

'

A incl usão, na presente ed ição, de outras matérias inadiáveis impede- nos. entretanto. de publ icar na íntegra o elenco das atividades da TFP. que pre tendemos concluir no p,·óximo nútncro. Na foto. campanha da TFP no centro de São Paulo.

REFUTAÇAO

TFP DESMENTE E PREPARA T ENDO SIDO publicados em "O Estado de S. Paulo" e no "Jornal da Tarde" do dia 11 de agosto p ,1>. notidários referentes a atividades de Tr11dilio11, Fm11ille, l'ropriété envolvendo também a TFP brasileira, o Serviço de Imprensa desta última entregou aos referidos órgãos o comunicado ,1baixo. Contudo, tant o um quanto outro jornal d ivulgo u apenas pequena part e do documento, o que a TFP tem como inteiramente insuficiente 1>ara a sua cabal defesa . Nestas condições, a Sociedade fez a distribuição direta do texto integral do comunicado abaixo a seus co laboradores e amigos de todo o Brasil. As revistas .. Vejo" e" ls10 J;" do dia 22 de agosto somaram-se a essa ofcnsiv:, publicitária , divulgando também amph, matéria sobre o assunto. As respostas da TFP a tais publicações, desmentindo os ataques e anunciando uma contestação m:1is detalhada aos mesmos, bem como o pronunciamento da TFP francesa sobre o assunto, encont ram-se nas 1>áginas 2 e 3. DOIS DIÁR IOS puhlic:tram hoje corrcspondênci.i proccdcmc de P;.u·is. hascad;1 cm um rckttório de autores anônimos oo scmi~mô nimos. Este l'clatório deve ser vist<) como um lance a mais de uma série de c:Hnp;mhas j;.l conhecid,is pelo pí,blico brasileiro e tendentes a demoli, o conccilo de que goza esta Socicch,de. até mesmo e ntre m uilos de seus oposi· lorcs. Sem julgt,r d<lS intenções. a TFP const,u;1 que. como :i:; :mtcriol'cs. essa nova campanha lcm por efeito concreto dcst:1 vez cm ;imbito que excede nossas fronteiras prcjudic:1r a imagem da e nt idade. a q unl (in1egra e vigilante cm meio ao torpor g.c11crali,.ado) alen:, o público 1>ara a impOl'tt1ncia c,·esccntc da guerra psicológica rcvol11cionú 1·ia movida pelo com11ni:m10 c m L<1do o Ociden te. Na p1·cs..:ntc in vestida, mais unrn vez se repete a 1:'1tica de lantos dos an1criorcs cs1rondos puhlicit:írios detonados C(111tra a TFP: a) silenciar sobre a do utrina dela. ex pressa de modo coerente e

claro cm livl'os e o utra:-- puh1icaçõcs de larga divulgação no 13r;,sil e ror,.1 dele: b) fazer caso omisso <las nu merosas c\1mpm1ha s que esta Socicd:tdc tem movido com êxi to pdas ca usas mais nohrcs. úhtcn• cio o ar>lauso até de rnui ios dos que: <ldla divcrgczn: e) tomar por matéri~1-prima díz-quc-di1. e falatc'11·ios. lrnbilmcntc manipulados c.k maneira a dar :10 pll blico um;1 no~~5o ;1bsolutamentc f':ilscada do <fUC é a TFP: d ) levantar. çm quantidade 101·rcncia l. acusações contra ,., TJ=: f>. e ist o sem ptova.s co nsistentes. fazendo túbula rnsa. bem entendido. do principio ele que o ô nus da prov.i cahc ror inteiro ;u) ,1cus:1d or. T;1is an iíicios co locam C!\ta

Sociedade na cont ingência de utilizar. para sua c.:abid defesa. csp,1ço jornalístico m uito superior úquclc que i: aberto habitua lrncn1e (e de modo generoso) por certos órgãos de imprensa . para as diarribcs contra a TFP. Pois como é gcrnlmcntc sahido. para

c.x11lica1 ou reíurnr de modo re:il1111.:ntc s uricicn1c um:1 .icu.saçiio conti<l.:.1cm um:1 ou duas linhas de j ormd. pode ser ncccss;il'io pl'ccnchcr pelo menos um i.lUarto de

\:oluna. J\ssim,;1 defesa fica obrigada ;1 cspaÇ()S dcmasiada n,cntc gr;ind cs. co m o risco de 4uc mio tenha 1cmpo de a percorrer hon p~u·tc dos lci 1orcs. habitua hncntc supcrlowdo!\ de ocupações na trl!'-

pidante vida mo<lcnw. Ademais. l'FP publicar 11111a refutação :lmpla e inteira. ficar(í s ujdta a g~1s1os cx.orhitantc$ c m secções livres dos próprios órgãos que a a tacam : procedimento este pa rti· cul:1nncntc o neroso e difidl de adotar nas prcsen1 cs condições fi nanceiras do País. <fUC o Presidente J oão 13. Figueiredo chegou :1 qua li fica!' de "economia de se a

guerra··. Diante do referido not ici,írio de Pari$. o qual eventualmente repercuta . como cm a ntcriotcs casos. cm o utros órgãos de imprensa. a TFP. assim coarctada pelas circunst.incias. mas decidida a oferecer ao público hrasileiro todos os cscl:irccimcnto apror,riados. cs1,l estudando um " 1110 ~ dus.fociendi" proporcionado com suas atuais possibilid,1dcs cconô · mica:s. e mal'cado. também desta vc,. pch1 serenidade. dignidade e eficiência que. cm emergências amí log.::1s. 1ém earactcri7.ado seus pronuncia mcntos :.interiores. · Entretanto. a TFP desde j;i prolcst~1 q ue :1s in fonn;lçõcS: ago . . rn publicadas a respeito dela pelos rcícrid os jorm:,is. com ba!)c no 1·cla1ó1·io parisicn~c. co11stituc m um conj unto de m1il,11cr,1lidadcs, de deíormações e de inverdades a lgumas delas chega ndo ao grotesco e ao absurdo.

Tal estilo de ataques it TFP já se vai tornandú rotineiro. e seu insucesso se tem ma nifestado pela pcrscvc,·:intc r.dclidade no trnd icio na l e crcscc111e apoio de que ela go,-_a cm ambientes notori~1 mcntc vas1os e numerosos. Nem aba l:lrá o respeito que lhe têm dcm<lnstr;ido out ros setores da opinião pública lúcidos. serenos e qua li lícados. "Tudo que é cxagcrudo é insignilica mc" disse urn sa~a;, politico do século passado. /\s críticas i1 T FP, hir>crtroíiadas dcs•

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•~J~i'l ' , ., A TFP francesa em campanha num ponto central de Paris

t:1 vez até ús ra ias da ferocidade e da chanchad:t . não impressio narão nossti opi nião ptlblica amena e sagaz.. a qual ,l na tur~·tlmcntc iníensa a ")1111.w·hs". sejam e les feitos com os instrumentos da

violênci;l tisica. o u com os da violência mor:i l. corn o foi a divulgação com requintes furibundos pelo .. Estado de São Paulo" e o "Jornal da Tarde... do relatório lcciclo cm Paris. Confiante no equi líbrio e no bom senso de nossa gente. que de norte a sul do País a conhece e sabe o que :tchar dela. nossa entidade uma vez ultimado o es111do do grosso e fantasioso documento elaborado cm Paris sa ir{, a público, com os meios de que disponh:i. e dar:1 as ncccss~ll'i,1~ explicações a ,unigos e o pos11orcs. O que ... Deo vo/e111e", ocor1·crá muito cm breve. Para o seu êxito cm mais essa

,irdua peleja. a TFP confia na ajúd,i que ja mais lhe faltou de Maria Santíssima. Medianeira de t Qdas as graç,ls. No tocante i1s at ividades pro· li$síona is exercida~ 11.-1 Fra nç.:l pelo Sr. Mart im Afonso Xavier da Si lveira Junior. esta Sociedade nada tem que d i1.cr. Elas se desenvolveram num iunbito comer... cial. que não é o da ent idade. Toca;1pcnas i, TFP d izer que nas atividàdcs e campa nhas desta entidade e le se d istinguiu sempre por seu idealismo inicligcntc e dedicado. Sem fa lar sen:io cm seu próprio nome. esta Sociedade manifesta entretanto a convicção de que a Construtora /\dolpho Líndenberg (CAL) tão gera lmente concei1uada em nossos meios comercia is. financeiros e sociais. dar{1 ao público esclarecimentos satisfatórios rcta1ivamcnte f1s atividades daque le representa nte de-

la cm Pttris. São Paulo. 11 de :,gosto de 1979.


EM ''O ESTADO DE S. PAULO'': FER-O CIDADE POLÊMICA CONTRA A TFP tcs il TFP. ou a ela chegadas. visitam

Sob os lítulos "f'resu em Paris br"sileiro qu<' dirig,, TFP na Europa" e ·•França investiga (IS n1ividad,.1s

no dia 22 de agosto, publicaram também ampla matéria .

Em res posta a essa ofensiva pudll TFP", "O Estado de S. Paulo" blicit:\ria de ''O 1,:,/{ldo de S. Paulo", dos dias 11 e 12 do corrente publi- o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira cou um noticiário carente de objeti- dirigiu ao diretor deste (1ltimo jorvidade, e altamente nocivo à reputa- nal, através do 3.° Ca rtório de Reçãq da TFP francesa. O mesmo gistro de Títulos e Documentos, a noticiário afetava também a honora- carta que lranscre,·emos abaixo. O bjl idade pessoal do Sr. Martim matutino a publicou na secção " Dos Afonso Xa,·ier da Silveira Jr. e leitores", em sua edição de 22 de visava de inodo especial a TFP agosto p.p., acrescentando-lhe o pebrasileira. A matéria continha, por queno comentário que também é fim - como requinte de ferocidade aqui reprodu,ido. Quanto à matéria estamp,1da pepolêmica - referências desrespeitola revista ·· v~;a", esta Sociedade já sas às manifestações de gratidão e carinho de que é cercada na TFP do lhe respondeu por meio de comuniBrasil a veneranda memória da pro- cado eslampadu cm seção livre d:i genitora do Prof. Plinio Corrêa de .. Folha tf,, S. Paulo .. no mesmo dia 22. Esta res posta envolve uma impliOliveira. cila refutação da matéria de "/.<to Em consonância com o mesmo noticiário, o "Jornal dll Tarde" no É". E.~se comunicado está transcrito dia 11 e as revistas" Veja" e " Isto É", à primeira página da presente edição. São Paulo, 15. de agosto de 1979

mentalida'dc re ligiosa que a TFP incu lcaria aos que vivem no âmbito

limo: Sr·. Dr. Jiilio de !ylcscjúita Neto DD. ·biretor" oc· --o Estado dê' S·. Paulo!' Sr. Oircto.r Es'crevo-lhe na qualidàde de assina_nte, gue sou por volta de há quarc:nta··a,íos, de "O Esrndo de S. PaulÓ". Comunico-lhe que não mais quet,o. reccbe'r se_u jornal, conside ro canét1ada· a assinatura <1ue fiz do mcsm·o para 1979, e espe ro não ser procurado por seu depa rta m7n10 de propagandá para nova assmatura nos ·-á'n os · subseqüentes. Não ·me leva m a isto <is ataques rcccnitimcntc feitos por essa folha tanto contra a TFP. de cujo Conselho .Nacional sou Presidente, quanto contra a minha pessoa. Outras Íll· vestidas j,i tem a TFP recebid o de "O Estado de S. Paulo" sem q ue eu seq uer cogitasse c m s uspende,· minha assinatura. Porém. cm noticiário publicado no dia 12 do corrente. a TFP e eu fomos objeto. da parte desse jornal, de uma ferocidade polémica da qual não conheço precedentes no passado d ele, nem na história da imprensa brasileira. Com efeito. quis o a ludido notici,írio atingir-me cm um dos sentimentos mais sagrados e mais ínt imos do coração humano: o afeto e a veneraçã-0 que todo filho tributa a sua mãe. Não tenho dúvida de que nenhum leitor do "Estado", qualquer que seja sua opinião sobre o aceno ou a oportunidade deste o u daq uele la nce de minha vida pública. ou sobre a TFP, negará a in teira ·procedência de minha inconformidade com ta 1. Ferocidade polêmica: a cxprcs,ão é inteiramente precisa, Dr. Jú lio de Mesqu ita Neto. Era justo. era decoroso. que, para ataca r-me. e il rFP. "O Estado de S. Paulo" chegasse ao ponto de violar a augusta paz dos mortos, na qual dorme serenamente e crist.ãmente minha Mãe, à espera da aurora da ressurreição? Era justo e decoroso que trouxesse à baila numa polêmica- - e de que modo! - o nome dela, bem como os testemunhos de veneração e de carinho de que sua memória é cercada? Procedendo desta maneira. "O Estado de S. Paulo" não terá .lra ns'gredido um direito humano, e le que blasona de pa lad ino de tais direitos. até mesmo quando se trata de encarniçados e irredutíveis adversários dos mais básicos preceitos das leis humanas e divinas? Por certo. todos os homens. sem exceção. têm direitos. Assim se ndo, não os te rei eu? E só porque pertenço à TFP? O, me ncionado noticiário do "Estado'.' re la ta -que múltiplos sócios e cooperadores da TFP recorrem à ·i111ercessão da piedosa a lma de mihha Mãe para obter graças do Céu. E manipula habilmc111e o fato de forma a apresêtná-lo como uma expressão da rid ícula ou absurda 2

de la. Para isto. não hesita o notici{1rio c m apresentar corno sintomática uma transposição absoluta mente absurda da A,1c Maria . Acerca dessa trnnsposição, pelo ma is extremo escrúpulo de precaução. investiguei se porventura era adotada nas fileiras da TFP. E posso responde r q uc não, Se acaso a lgu 111 fato individual dessa na turc?.a se -produzi u. aliás sem conhecimento meu. nada provaria ele. Pois q ua l u entidade numerosa q ue aceita de ser responsabilizada por singularidades praticadas, sob responsabilidade ind ivid ual. po,· este ou aquele dos seus participa ntes ou cooperadores'! Qualifico. 1>ois, não só de inj usto, como até de feroz. o recurso polêmico a um dispar<1tc desse gênero. ainda <1uanclo fosse fundado.

tt,t H á mais. Ê bem verdade que certo núrncro de pessoas pcrtcnccn-

o llnnu lo de mintw <.1ucrida e saud os,, Mãe no Cemitério da Consolação. o ado rnam corn norcs. e ,tli rc1.a m cm recolhido silêncio,

Rcsult.1 isso de uma seqüência de

fatos facilmente cx pliC<ívcis. M{, mais de cinqiicnta anos ded ico-me a atividades cm prol da Igreja

ou dH civilização cristã. Como é notó rio entre os que têm tido trato cumigo. até o ano de 1967 constituíra m companimcntos intcirn rncntc cst:tnqucs meu la1·. o nde vivi;i na s uave d ignidade da vid,1 privc1da a tn,dicional damta pnulista da qual me ho nro de ter nascido e de outro lad o os meus valorosos com .. panhciros de açiio pública. A tal ponto . que apena~ uma meia d úzia deles freqüentava minh.a casa. e para todos os demais rninh;, Màe era uma desconhecida. ou quase tnnto. No ano de 1967. ad oeci com sério risco de vida. e minha rcsidên· e ia se encheu naturalmente de amigos. Profunda mente ;.1ílita. a todos recebia minha Mãe. j{1 então com a 11va nçada idade de 91 a nos. Nesse <li ficil 1ranse ela lhes dispensava uma acolhida m, qual trm1sparcciam seu ,,feto materno. su;, resignação cristã; sua ili111 irnda bondade de cora ção e a encantadora gentileza dos ve lhos tempos da São Paulo de outrorn. Para todos foi uma surpresa e. c,'<plicavclmcntc. wmbém um cnc,1nto de alma. D111·ou assim este convívio por lo ngos meses. Não csl<1Vél cu ni nda intciramcn .. te reswbclecido. qua ndo Deus chamou a Si mi nha Mãe. A partir de cmiio. ocorreu a ali;uns da TFP pedir a intercessão dei,, junto a Oc us. E viram-se a tendidos. Nada mais natural do que flori1·em eles então seu tú mulo como manifc~tação de respeito e gra tidão. Não menos normal é e les m1rr:~rcm O!\ ratos a seus amigos. E igualmente na tural é ainda a conscqUcmc e gn,d~m l ampfü1ção do nú mero dos 4uc vão orar junto ;'i cam pa da Consolação. Competia-me a mim , corno filho, opor· mc a isto . que longe de ser

ridículo ou cxtrav,,ga ntc. é para os que têm fé profundamente rcspci.ülvcl'! Seria benfazejo <1u~ cu tcnw ssc d e 4ualqucr fol'mt1 pnva1· deste apoio mora l as pessoas ntor· me,11,,das pelas tri bulações de um;i vitla de luw c m 1>lcna borrnsca do mund o con tcmpori'i nco·! Diante de rnis fotos q ue presenciei d iscretamen te sem cont udo os impulsionar. n~o cabia se não ca lar· me reverente. emocionado e agradecido. Insisto. Em meu luga r. <1uc filho não procederia assim'! Tudo is10. cu ac.ibo de o expor do po1110 de vista do bom senso e da bond;1dc de coração. Eleva ndo agora a vista. passarei :1 f~lar cm 1ermos de Fé e d e d out rina católica. Ped ir c1 intercessão de uma pcsson que viveu e morreu piedosamente não tem o significudo intrínseco e necessário de uma proclamação de que ela foi sa nta de ah.ar. A doutrina cató lica e nsi na ser legít imo que os fiêis rccorrttm it intercessão dos que os precederam na morte "<'um ..,\·i,~nv jidl'i". especialmente q uando por ::ma conduta ou por s uas pa lavras lhes deram estímulos pitra a virtude e as.sim os ,,prOxi marnm de Deus. Em tii l principio genérico se fundam. por exempl o. os tão conhecidos ped idos i,s almas do Pu rg,uório. ao as sufragare m os fiéis. É o que. cm anteriores ocasiões. se tCll\ feito de modo individ ual na T F P. recorrendo d;_\ mesma maneira ú in tercessão de sócios e cooperado .. res falecidos por doença ou acidente, visitando•lhcs as scpulluras e tc. E é o 4uc se faz, dentro e fora da TFP, junto aos 1·cstos mortais de personalidades que a Igreja não canonizou. como o g rande Bispo de Olinda e Recife. D. Vital . ou o heróico l'rcsidc111c do Eq uado r. Garcia Moreno. assassinado cm ôdio à Fé. Nada mais ortodoxo. Por tudo isso. Sr. Diretor. protesto com todas as c nc,·gias d o meu senso de honra e de minha piedade filial. cont ra o fa to de t111c css,i folha tenha tratt1do o assunto de modo tão ofensivo . sem pelo menos rnc ter

prOCl1rado prcvia men,c. a fim de saber se cu teria a respeito a lg uma explicação razoável a dar. Eu que,

ma is de um~, vez. acolhi mnavclmcnte rcprcsen1a111cs do ".Jornal da Tarde" que me pedia m opinião sobre um ou out ro tema. É o q ue cu tinha a dizer.

ttt Releia esta caria. Sr. Diretor; ncb1 não c ncontrar:'i o Sr. uma só afirmação s upérfl ua para a defesa do nome de minha Mãe. ou cio que na linguagem hoje co rre nte se charm1ria meus dircilos humanos. Quero crer que s ua seção " Escrevem os lcilorcs" seja au tentica mente um:1 tribuna aberta a todos. e nssim espero que esta missiva seja nela p,1blic.ada . Mas condiciono ío rmal mcnte ti public'"1ção a que csrn. contenha na integra o p resente texto. Sem supressão de qualquer tópico. portanto. nem ·•resumo" de qualquer trecho . Do contnirio. opo nhome a c.1ue seja puh licada. C,,so "O Eswdo de S. Paulo" recuse .-1 publicação. saberei como agir para a consecuçã o dos fins dcsw ca rta, dentro do respeito devido ;, Lei de Deus e às leis dos homens. Presentemente. nem a TFP nem cu dispomos dos rec ursos econômicos ncccssú rios para polemizar c m seção livre ·contra a poderosa o rga nização empresarial de "O Estado de S. Paulo". M,is saberei como comunicar..mc aos espíritos irnparcin is e aos corações se nsívcis que. g raças a Deus. não faltam neste imenso e <-1ucrido Brasi l.

ttt Mando-l he a presente a través de Cartório d e Registro de Títulos e Documentos, sem qua lquer intui to d e recorrer a medidas judiciais. Mas apenas para poder provur. para todo o sem pre, que no momento a propri;1d<.) defend i com a necessária firmeza o nome de minha Mãe, rninha dignid;1de pcsso;;il e o bo m conceito da TFP. .. 8f!(l/i mor111i qui in

...,

Oomiuo

"bcm-avcnlurados os mortos que morrem cm pa1 com Deli s". Da pa7. do Senhor onde se encon1ra , bem sei que minha c1ucri-

1uoril1111ur"

.,

~

da Mãe ,·c;,.a por mim. Segundo a ilimirndt1 bond;·1dc de seu coração.

sei 4uc ela també m está re,;1 ndo pelo aL11or da ofensa. E pede que a este _ninguém faça o ma l feito a ela e a mim . Sigo o exemplo ma terno. f: o que tenho a dizer par.1 encerrar a presente.

Plínio Corrêa de Oli>'eira Resposta de "O Estado de S. Paulo" N. da 1~. Ncio tlb·,·uliri•mo.'i os " ·''l'('CfO,\ ' ti<· Fé ,, <f,, d ot11thlf1 cauiliC'f1 (',\'JJO.,to.,· t>t•lo mi,\ )frú·tt1. l .imi1tmu,-1wx. 1iio .wi. c,m.,·11·cmK,itlo.-. tc or ,1<, ,·arta. a ,·.w·lun·n·r·lltc• qm• ,uiu é m·n·.,·.wírio, m·m a c•I,•. """" ,i ofXt111i:artio qm· tlfrig,•. rt<·m-r,·r à S<-cào Lfrr,• pan, 110h•mi:ar 1'0110 ,\ ('0, /UIÍ,\ (',\"/ti co/111,u t'Sf<Í t1h<•rtt1 (I 1nt!o,-. que• c1111osc•n ('011,·ordunt ou tlis•

f'"'º

1

''º"'ª"'· /.,·to t•m prim<'iro /t1f:(lr. /),•1>0l.,·. t·'1he rt•.v.mfrar qtw t/u<'m til: ,wlh<'I' ,·,mw agir ,l(•mr" do lt•i para n ·.v :uartlar ·" ""·" dfr,,j. tos, não <!firmar. lo;:,u u .,·,·Kuir. que• mio 1,•m i11rni111 , 1(, r,•corfl•r o ml'dido. . Judidt1i,\. /:' Jlna/m('llft'. ,·w11p1·,·~,u,.,. di:n qm· l'mlwra 11wu·t1 ll'nhtmms fét'111 inv,•s1i• """' t·t1m1·a a TPP. ,\·,•mpn• 1·01ul,•111Jmo.,. ftunwlm,,111(• 1mfo.,· aq,wf,,.,. tl.\'f'('t'lt>.\' qm• na.,· paN·n•ram m(•t,•,·edot<•.\· tf,, ,·rítlc·a

tf,,,.,.

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A TFP francesa em campanha diante do famoso edlllclo da "Opera" de Paris

FALA A TFP FRANCESA Afirma "O tis11ulo de S. Paulo", em notícia esta1111>ad a em s ua edição de 12 de agosto 1>-P-, que a "fi·t111r" inw?s11[:a tis atl\'idtult!s da T l··p··. A

tal propósito, o Sr. Jean Goyard, Presidente do Comitê de Direção da TFP francesa, enviou no mesmo dia 12, ao Prof. Plínio Corrêa de Oli"eira, Presidente d o Conselho Nacional da TFP brasileira, o seguinte telex:

"Tive conhecimento das duas noticias publicadas pelo "Estado de São Pa ulo". rcla1ivame111e à TFP francesa. Como a TFP brasileira, a principal visada. se encarregou de rcfutii-las. confio cm que o fa rá com a coerência e o brilho habituais. Contud o devo a crescenta r que absolutamente não nos consta q ue haja uma investigação policial sobre a TFP p,ua apurar as imputações <•legadas no noticií1rio do jorn:il brasileiro. Na sua gra nde ma ioria essas alegações são aliás de índole essencia lmente religiosa. e o Estado francês. oficialmente la ico. entraria cm contradição consigo mesmo se pretendesse conhecer matérias desta natureza . e emitir juízo sobre elas quando cm nada concernem à ordem pública e a moral".

t•m sua lllllil('tio ,lo;.:md1ic11. O in.wllo qm• o missfrl.o:ta pr(•J(•ndt' ,.,,,. à m,,m<iria

e/e• .wm nuic• .,·,i ,•xisu• ,•m .ww 111t•1II<'. pot:\

o u ·xto puh/Jcmlo - s,•m11rc• nfc•1·ldo a tl'lmórlo l'ln podc•r ,tas 11111orldadt•,v/r<m· f ('.\'O.\' ,li:: " () rC'lauirt'o 0 ·0111 wmhhn da ,·c•m•rar,io d,•,·lcla ,i ,mil' cio dr. P/lnlo, } ti fal<'cltlu. A \'l!IU•rartio du•l!,11 n wl pollltt qm• multo,'{ mili111111<·., mio h, .\ 1°• tt1111 <'"' tl'm1.ef<,r11111r <> "Safr<· Alaria·· nu "Saln• dmw l .uâlla, plt•11(1 cl<· grara... ·•• S<· o ·.w,.,. rc,fi•rhwia.,·. o ml.\,,·frl.wu a.,· 1

ft111.vltlero J(•ro:<"·s .,· m<·11101,iria.v ,i<- sc•us

dir,·itos lu~mmm.,. ftJ><·.mr ,/(, n11ifi.•,\ ,W11' 11 ,·, 1ntn1r1io "'"' o.,· nwmhros 1/a TF/1 thu pc•la ,\Ti/ , .,·uo ,mci,•. que º·" lâtor('." ,iulKllt'JU,

ntio no ,\ .


D. MA YER SAÚDA MONS. BENIGNO DE BRITTO COSTA POR OCASIÃO do ,iurco jubileu sacerdotal do Revmo. Mons. Dr. Benigno de Britto Costa, o E~ mo. Sr. Bispo de Campos, O. Antomo de Castro Maycr, pronunciou a seguinte saudação:

De f:1to. um desses amorosos desí~nios da Providência uniu-nos desde os primeiros ;u1os de no:-;so sacerdócio, numa comunhão de vida c1uc

nos fez pcirticip<:tr intensamente dos mútuos "Ju,ur.,· ,_,, nwlhe111'."i'. como di1.cm os fntnccscs. e nós. mais pro-

"Monsenhor Benigno.

Nesta festa <lc fan,ilia. cm que nos congrcgan,os cm torno de sua pesso:1 para. juntos. nos congrn tu· larmos cOm a gloriosa e fes ti va data jubihu· de seu áureo qiiinqungé~.imo

anivcrsiirio de sacerdócio. não poderia foltar meu 1cs1cn1unho.

saicamcncc. das nlcgrü,s e tristc1.as que se succdc1n na ex istência. Foi .,issim que. lado ,, lado. usufruímos

das delícias cl:1 vicia comum no Scmin.'trio Central do I piranga, descansando. pela manhã. o espírito, com as anedotas do impag,ivcl C'hico Carretel . no apart.tmcnto d<t porta-

ria. onde o rúdio a ninguém incomodava: conduzindo. depois. os seminaristas pelos meandros nem sempre fíiccis da Escolástica. e dando sempre o mesmo voto "sec reto" nas reli· niõcs de p1·ofcsso1·cs. Assim. igualmente. ju ntos espairecíamos naquelas nossas inesquecíveis fêrias. ora de.s,,fiando o mar c m frágil canoa remendada. ora pelas cnião poeirentas estradas de São Paulo, corno quando fomos. casualmente. s urpreendidos por uma capot:tgcrn que, me deixou nun'la cic,a tri:,. imorredoura rel íquia de um passado vivido m, mais 1run-

Noticiário de ''Veja'' sobre a fFP: análise e prognósticos A REVISTA "Veja'' 1>ublicou

em sua última edição, datada de !2,2 do corrente, um notici:!rio extenso e ,•istosamente ilustrado, acerca das atividades da TFP da Frauça, ircompanhado de vários "pormenores'" sobre a TFP. brasileira. Tal noticiário se segue a outro congênere. divulgado por alguns órgãos da imprensa brasileira, notadamcntc "O Estado de S. Paule" dos dias 11 e 12 deste mês. Toda essa matéria publicitária - segundo informa c-xprcs~amen1e "Veja·· - alega por base um relatório elaborado por, entre outros, um ex-membro da TFP francesa. • Quando da publicação do assunto cm quotidianos pm,lis'tas, a TIIP enviou a estes um comunicado no qual protcsta,•a contra as fantasiosas acusações de q uc eshl recheado o relatório - do qual esta Sociedade possui um exemplar. E prometia sair a 11úblico com a correspondente refutação, logo que tivesse teJnpo de lhe coi,cluir a ,,reparação. O que provavchnentc não 1ard:1r.l. Isto é () <ruc a 'l'FP tem :1 di,er, maiS"uni:1 ve,, acerca do mesmo relatório com vistas à matéria agora es1ampada por "Veja··. Contudo. rcl:1tivan1cntc a esta última - e 11ara alerta, desde já o 1>tíblico contra novos desdobramentos d:i situação - csrn Sociedade se sente obrigada ,1 realçar desde logo importante aspecto do notiéiário de dita revista, o qual não figurava no noticiário anteriormente apresentado por outros órgãos. A t:11 propósito a Tl-"P começa 11or acentuar que o texto do relatório é de inspiração C\'idcntemcntc tradicionalista, e ,·cm sendo distribuído em alguns meios tradícionalista.s franceses. Sem embargo, "Veja" conta que sua agência em Paris foi 1>rocurada, pelo telefone, por pessoas que se di~iam im11rcssionadas pelo relató'rio, e que se afirma,•a111 desejosas de obter informações sobre a TFP. Causa espécie que, sendo a mentalidade dessa revista absolutamente o oposto do que caractcri,a o tradicionalismo francês, leitores tradicionalistas do rel:tt<>rio ténham 11edid,o precisamente a ··Vej;\'" informações sobre a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. E não só h:\jam procurado - 1>elo telefone... - a agência de ··veja", como tenham :tcal,)ado por lhe entrégar (certamente nã<: pelo telefone ...) um e:1:em,,lar do .relatório, o qual "Veja·· presumivelmente compulsou para compor sua notíci:t. Dir-se-ia que esses estranhos tr,Hlicio11alistas. ao f:11cr seu rclat6rio. tiveram em vista desencade:u contra a TFP brasileira a publicidade de óJgãos de cent roesquerda ou 'de esquerda (confor-

me estes prefiram qualificar-se). Curiosa constatação! Os ínluitos nitidamente extrafranceses do relatório frantês saltam a.os olhos cm outro pormenor do noticiário da revista brasileira: é a afirma~ão de que os autores do documento o distribuír-a m em Paris, às embaixadas de todas as nações onde cxislem TFPs. A~-sim, se bem que, segundo a própria informação de "Vcjf", os ratos concernentes à 'l'FP francesa nenhuma repecussão digna de nota estão lendo na França, alguém está utilizand,o esse relatório pnra o efeito de provocar contra as TJIPs uma perseguição em escala mundial. Desvario? Sonho utópico desse malév.olo "a lguén,"? A julgar pelo que se vai passa,,do no Brasil, ,esse '"alguém'" não espera - ao mcno:. por en<1uanto medida nenhuma da parte dos governos alertados. Pois os fatos no relatório atribuídos às 1'FJ)s l)rasileirn e francesa, e eventualmente às demais, a serem verídicas só configurariam extravagâncias doutrinárias sem qualquer punibilidade se{undo as leis das mencionadas nações, oficialmente neutras em matéria filosófica ()u religiosa. Mas a matéria assim distribuída às embaixadas parece concebida de maneira a proporciQnar :1 órgãos de csquerd:1 ou de centroesquerda dos ,·ários países, material que o inistcrioso "alguém'" já sabe que será gulosamente acolhido e aparatosamente difundido por tais (irgãos. De onde decorre que o fruto mais genuíno e mais amplo desse relatórío "de direita" colisistirâ em dar às esquerdas de vários matizCS OP,Ortunidade para uma ofensiva mundial contra as di,,ersas TFPs. Ou seja, contra um conjunto de 11ssociações de inspiração católica. coirmãs, e autônomas umas em relaç,ã o às outras, cujos esrorçps somados levantam hoje a mais ampla reação anticomunista eNistentc no orbe católico. Não é dirícil conjccturar o gáudio que toda essa 11crs1,ecti"a tra, ao progrcssjsmo e ao esgucrdismo dentro da Tgreja. Bem como, mllito cvidcntcm~ntc~ ao comunismo internacional. Campanhas de O!ljnião, a Tf P brasileira ,íao as teme, 1>ois já a elas tem resistido ,•ádas vc;(CS, sem o mínimo desgaste. para o conceito em que é tida. E provável que "alguém'" COJtheça a· inocuidade de tais campanha~. Neste caso. o que visará esse mcs,110 "algué1n·· que andou teleronando a "Veja" e lhe forneceu o relat(>rio, e que anteriormente já se cqnnmicara de modo direto ou indireto - não sabemos - con1 o Sr. Rcali Jr. , correspondente de "O l\stado deS. Paulo'" cm Paris? Em n.o ssos dias, levantad:1 umá onda de publicidade demagó-

gica em ,·ários paiscs. não é al)surd.Q esperar crue em um ou outro destes algum governo fraco o.u sedento de aplausos publicitários se deixe arrastar a alguma arbitraYiedade contra n TFI' tocai. Chegarão até lá as audaciosas ou guíçá temerárias esperanças

de ''alguém"? Só o íuturo permitirá responder a esta pergunta. 0e imediato, é fácil prever o que sucederá. O relatório distribuído por "alguém" é ao mesmo tempo polpudo, insípido e interminavelmente prolixo, e para ser cabah11cn(e refutado exige um texto amplo. Para dificultar e prolongar a redação deste ja a-. nunciado texto, o jogo natural das circu11stãncias tende a ir fazendo chover sobYC esta Sociedade uma saraivada de atac1ues de toda ordem. l\1esmo p,orque, publicada nossa rerutação, tais ataques se tornarão muito mais difíceis, senão impossíveis. Em todo plano bem previsto, é assim que se con1puta1n as possibilidades e se cscalon,un os esforços. Antes mesn\O de ou,·ir a TFP, e com o intuito de retardar sua ré1>lica, é altamente estratégico apro,•eitar o 1cm110 apedrejandoª quanto possível. Valham estas palavras como alerta, não só para a opinião pública br:lsilei~a, como 11ara as respeit,h1eis famílias e ambientes tradieionalish1s franceses que se tenham deixàdo impressionar 11elo relatório, mas cujo intuito. por certo, não era de 1>roporciOJlár para o cornunism11 internacional e para as demais esq uerdas esse "restim de rei" que para eles constitui uma tentativa de liquidar cm escala mundial as "l'FPs. Qu:1nto ao Sr. Nl'artim Afonso X,wier da Silveira Jr., distinto batalhador que h~ longos anos vem servindo a causa da tr:tdição, da família e da propriedade com dedicasão e eficácia, os negócios 11arliculares que rei na fraitça em nome 1>ró1>río ou no da CoJ1struto.ra Adolpho tindenbcrg, cm nada envolvem a res11011sabilidade das TFPs. Esperamos que o 11ronunciamento da justiça francesa, aguardado para muito breve, de· s:1gravar~ 1lor certo o nome dele. SimpJesrnente re.~ta-nos esclarecer, por amor à precisão, que o Sr. Martim Aronso X,n·icr da Síl,,cira Jr. não é dirigente da Tl•P para toda a Eur<>pa, ao contrário do que afirma a notícia de "Veja", Ele rundo\r cm Paris, cm 1974, um "burcau•· de difusão de notícias relati vas às diversas T P Ps, dcstinildas à imprensa de ,•ários países da Europa. Desse ··burcau'' era diretor o mesmo $,. M. A. Xavier da Si lveirà Jr. Nem e.~tc

nem o '"burcau" jamais exerceram qualquer s u11en·isão- ou autoridade sobre as TfPs existentes fora do Brasil. São Paulo, 21 de ago~to de 191',).

qiiila. ainda que intensa. caridade fraterna. Minha palavra. pois. aqui. nesta festa de fam ilia de seu jubileu. não poderia faltar. Venho dar o meu testemunho. mais do <1uc externar minha amizade. minha alegria. minha satisfação por estes ilibados 50 anos de vida consagrada à glôria de Deus e i1 salvação das almas. Testemunho vc1·az. objetivo. Não é mistério para ninguém a divc.rs~dadc de f~itio natural que nos distingue. Ahas. basta considerar a ordem 1>crícita que Mons. Benigno mantém. impec{lvel. cm todas as suas coisas, e, de minha parle. a prodigiosa faculdade que tenho de tudo desarrumar e largar cm desordem. para ver que nosso c1rcabouço natural não é o mesmo. Ora semelhante diversidade de feitio dc~anuvia o espirita r>ara melhor observar a rea lidade dos fatos. Meu testemunho~ poh~. é objetivo. Pc1rnírnscando o povo de Israel. que dcpm)hél ·a favor de Samuel. posso dizer: "1es1is est Deus", Neste ano jubil:ir. pois. como preito de justiçn e para edificação con,u m. q uero !>ublinha r a rcti linc.a fidelidade de Mons. Benigno à Santa lg,·eja. através de sua fidelidade à sua vocação saccrdorn 1. ·· 1·:x luuninibus 11.)·su1nr,1us. pro lu1111inibus c·u11s1ilui1ur". Ponto central na economia da Graça é o sr,cerdócio ministerial. o sacerdócio dos Padres, constituido pelo Sacramenl(> da Ordem. t atravês desse S:icramen to tiuc Jesus Cristo assegurn o c,u{itcr hier{1rquico f1 sua Igreja. Pois é a Igreja. "por .<u(l 1w111rc~z11. cnsin,·1 São Pio X , 111nt1 .1tociedodc desigual, is10 é. con1potu1 11111a dupla ord<»111 de pessoas, os Paston~.-. e "grei. ou seja, aqu(1 les t1ue .wio coloct,dos n us ,·tírios graus da l/i(•rarquia e• a ,nultidtio dos fiéis. E c1.ssas d1111s Ol'd('IIS .wTo de• tal IIUIIIC'il'll dislÍII· tas. <1ue só ,w /lierarquia reside o dirc1itu ,, 11 autoridllde de o rienu11· e tlirixir º·" fl.,·.\·ociado.\· IJU fitn tia suciedade. tu> pa.~so (JII<"" o d,·vc•r da 111ulthhio

<; dc1 i.\·ar-s,1 1:overn111· e S<'Kuir cmn ohedi{,nda a dirrçiio dos (JII(' rrKetn"

(Enc. Vd1e111e1111•r, 11 -2-1906). Esta divina constituição da Igreja. como sociedade hierárquica. não envolve uma total passividade dos leigos. J.amais a Igreja assim o entendeu. pois desde os primórdios coopcr~1ram e les na obra da evangelização. Ev(>d ia e Sintiquc. porcxcrnplo. ocorrem nas palavras de São Paulo como d uas cohtboradorns de seu apostolado. E a razão é que têm os leigos também a faculdade e o dever de colúcar sua intclitência e sua vontade ao serviço das a lmas. Sempre. porém. dentro da obed iência e direção da Sagrada Hierarquia. dctcntor,I c,xclusiva do poder e da graça corrc.:-:pondcntc. pana oricnt:1r harmônicâ e eíicm~mcntc os íiéis a fim de intcgni-los corno membros vivos e a1uantcs no Cori><> Mistic<> de Cristo, illlegração que realiza a finalidade de sua existência: dar glória a Deus e santificar-se. Es1:1 dis1i11ção que marca o caráter hierárquico da Santa Igreja. segundo A constituiu Seu Divino Fundador, íoi e é. para Mons. Benigno. ponto inq uestio nável. não .apenas na illlegridadç de s ua profissão de íé ca1ólica. como e pl'ccipuamentc na sua vida e :atividade apostólica. A compreensão exata deste principio e sua aplicação na atividade cclcsiiistica é íundamcnrnl pan, que se mantenha integra a Obra de Jesus Cristo. Quem sabe dos ··111alhe11r.,' que. ncstc,;,50 anos. aceitou Mons. Benigno virilmentc por sua fidelidade a este princípio. entende sua comprc-ensiio ex.na d:i profundidade da crise atual da Santa Igreja. e sua tcna,. oposição à obra subversiva q ue obtém o dcrnôflio corri a extenuação e desva lorização daquele princípio. De fato, já se defi niu a atual crise da Igreja como tuna protestantização da Obra de .Jesus Cristo. Realmente, roi o que te ntou a rcfor111:1 de Lutero. Negando o Sacramento da Ordem. borrando a distinção entre o Padre e o kigo. o protestantismo secularizaria a Igreja. Pcrder·ia Ela todo carútcr s.igrado que Lhe advém da presença do Sacerdote no Seu seio. rcs~oa s..tgrnda. cons1ituída pc-

lo Sacramento da Ordem, sem a q ual não haveria o Sacrifí;i~ da Missa. e sem o Santo Sacrríic,o da Missa. a Igreja se estiolaria e morreria. pois faltar-Lhe-ia a fonte sagrada de Sua vida. Todas estas dcletérias e mortífera~ conscqUências. contidas n.:1 nega ção dn c.strutura hicrúrquica da Santa Igreja. viu-as e as vê claramente Mons. Benigno. Não só isso. pois seria pouco para razer dele~ na plenitude. o Ministro de Cristo. o Dispcnsciro dos Mistérios de Deus. Mons. Benigno vive e age de acordo com suas convicções, convicções estas que são e devem ser as de todos os catôlieos. Este íato dá-lhe uma unidade orgânica de mentalidade cat<>· lica. onde a vontade está a serviço dos princípios e o coração todo voltado i• sua reta e eficaz aplicação. (; esta mentalidade sustentada por uma inqucbranHívcl força de caráter. que ex plica a ação retilínea de seu apostolado nestes abençoados 50 anos de sacerdócio. Muitos cm Mons. Benigno admiram. e com justiça, s ua edificante piedade cucarístic"· sua tenrn e sólida devoção a MariH Santíssima. a segur,rnça com que aconselha e conduz as almas na senda da pcrícição. Pois o segredo de tão fecunda vida saccrdota I cstà naquela adesão tom 1 de inteligência e vontade à Verdade Revelada. O <1ue há de singular no nosso caríssimo jubilado - pese sua modéstia. pede a justiça se saliente - é a plenitude com que ele adere à Igreja como J esus Cristo A constituiu. Não hú nele tibieza de Fé. Desde os tempos d'e Seminário. cm com indignação estampada no rosto. que e le comentava a generalizada. j,t então. incongruência de aceitar uns princípios e não vivê-los n:1 prática. Numa palavra. na sua alma cristalina. não hà lugar para o liberalismo de compromisso entre o sim e o não. O que vale dizer. Mons. Benigno cst;:l e estará sempre nas antipodas do modernismo. chame-se ele pl'ogrcssismo o u <1uc o utro ··ismo·· lhe queiram dar. Por isso ele sofre com a erosão que :i laici1.ar.u c fumaça de Sata nás produz na Igreja de Deus. Mas. meus amigos, n<>s estamos aqui para nos a legrarmos. Alegrarmo~nos com o car{ttc1· adam.1ntino desse servo fiel da Igreja de Deus, desse sa l da terra que J>rescrva da corrupção as almas que dele se acercam. Alegremo-nos. pois. no Senhor celebra ndo esta festa jubi lar. Meus. amigos. Nas Memórias de São Pio X cscritàs pelo Sr. Cardeal Mcrry dei Vai. há um capítu lo o nde se acena t,s origens das qualidades ímpares que aureolaram a figura simpática do Papa Sarto, o maior Po ntífice deste século. E Mcrry dei Vai mostra como o senso de responsabilidade, a coerência entre a fé e a vida constituíam a a tmosícra que se respirava no lar da familia Sarto. Contamos. nesta festa imima, com a presença cios carissimos sobrinhos de Mons. Benigno. que tiveram oportunidade de acompanhar mais de perto as comcrnornçõcs de seu jubileu sacerdotal. Este fato nos alegra muito, pois nos tr:11. alguma coisa do ambiente familiar de noss9 caríssimo jubi lado. Por isso aqui lhes apresentamos nossos agradecimentos e. nas pessoas deles. presta mos homenagem aos saudosos pais de Mons. Benigno, certos de que não lhe fazemos injúria. ao a tribuirmos uma parcela de sua imponente personalidade moral aos exemplos e aos consel hos com que

seus pais o iniciaram na gcncrosidt1dc para com Deus, generosidade que veio a ílorcsccr no esplêndido e edificante S:iccrdotc que hoje homenagea mos. Mons. Benigno. Seu sacerdócio goza de uma eficácia especial, porque o acompanha a bênção fo rte e suave de Maria Santíssima. Pois, assumido na festa de Sua glorificação. envolveu-o a Mãe de Deus na Sua solicitude maternal. à qua l seu zelo e piedade tão bem corresponderam. Por isso. deseja mos que seu saecrd(>cio se alongue ainda por muitos anost pa rn a glória de Deus e o bem das a lmas. E o <1uc hoje fervorosamente pedimos :1 Maria Santíssima nos conceda. Ad muitos 1111110.-i.·t' 3


Duas décadas de lutas, no Brasil, em prol da civ ELENCO DAS PRINCIPAIS ATIVIDADE u

A. Livros, manifestos, interpelações, comunicados, artigos na Imprensa

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edições. num total de trinta mil cxcm piares. O UT UBRO DE 60 Artigo de lança me,uo do livro "Reform;i Agi.iria Questão de Com:ciência". escrito pelo Pror. l'linio Corré,1 de Oliveira csp-ccial1ncntc para " Cato· licismo" .

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1

O UT UBRO OE 6 1 Edital da Diocese de C,,mpos intitulado "/\ Igreja e a invasão de tcrn1s no Estado do Rio". Nele se proclmn;i " ilegitimida de d;, invilsão das propriedades e a legitimicl:idc cl:i dcksa do p1·opricuírio contra essas inva sões. m(1xirnc nos casos de clarn omissão ela Polícia.

1967 N OVEi\113R()

/\ TFI' publica

pela imprcns:,1 <li{1d:1 das principais c;1pilais do Pais o manifesto .. A TFP ao Pai:-: No quinquagCsimo ;l nivcrsi1rio da Revo lução holchcvis1;1", Nele salienta a incap.icidmlc da scic.i

vermelha de convencer <IS multidões. E conclama o Oc..:idcntc <t nfü_ ) se deb:.ar iludir pela mi n1g.cm de uma "e volução" do comu nismo. • Diíusão, pela TFP. do livro "Frei. o Kcrcnsky chi leno" de F:1bio Vidig.il X.ivicr d;1 Si lvcin,. di1·c1or da entidade. Na obra o aulor previa com três ;mos de an tecedência a ascc ns,io do comunismo no Chile. O trabalho teve J6 edições cm três línguas. pcrfozcndo o tota l de 119 mil cxc1nrl,11·c~.

1968

4

O UT UBRO DE 6 1 Oebatc pela TV-4 de São Paulo, entre o Prof. Plini o Corrêa de Oli veira e o deputado fodc,·;il P;iulo de T;i rso Santos. O lema: se o socinlisrno e o capitalismo !-;àO. ou nrio. compatÍ· veis c:om n doutrina católica.

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"be.,·t·.w:ller". que alcê-lnçou quatro

As primeiras atividades da TFP contra o comuni:m10 se desenvolve· n1m no dccut'so d o d eba te travado c m todo o Pais a propósito da reforma Hgrúria. De ta l debate participa· ram com grande destaque os auto1·cs do "best-seller" "Reforma /\grúria Questão de Consciência". D. Gemido de Proença Siga ud. Arcebispo de Diam:intina. D. An tonio de Castro Maycr. Bispo de Campos. P rof. Plínio Co,·rêa de Oliveira e o economista Lui 1. Mendonça de Freitas. Esse débatc deu oc:-1sião a divCr· sas atitudes dos autores da obra. A pa,·t ir d o scgu nclo ,emcs11·e de 1963.

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a TFP assumiu a propaga nda do

1960 a 1964

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,JUN IIO "/\ TFP pede medidas cont'rn Padr·c subversivo" cnrta do Prof. J>lini o Corrêa de Oliveira a D, 1fé ldcr Cúmarn. Arcebispo ele Olinda e Recife. a propô"Declaração do Morro Alto... escrito com a colaboração de vàrios agricultores, propõe, com base em prlnclplos cristãos. uma sadia polltica agrària

MARÇO OE 62

Comunic.ido "O livro "Reforma Agrária Questão de Consc iência" e o Episcopado Nacional'" e laborado pelos Bispos co-a utorcs do livro. Réplica a um pronunci'1mento ela CNBll contra o livro. JUN HO DE 62 ··Reforma Agrária

Os ,,utorcsde Questão de Consciência" divulgcun cart~1 abcrt~-t ao Pl'csidcntc João Gou lart. intitu• lada " A Rcíorma Agniria e o carc'ttcr sagrado do direito de propriedade" .

··Reforma Agrllrla - Questão de Consciência" alertou, na decada de 60, a classe rural sobre o carãter conflscat6rlo e anticristão da Reforma Ag rària preconizada para o Pais

MA IO O E 63 Os Bispos coautorcs de "Rcform;1 Agri1riét Questão de Consciência" publicam edita l com o titulo "Re forma Constitucional e "Reformas de Base··: e sela recimcnl os dout rimírios". J ULHO DE 63 Os :tutores de ·· Reforma Agrária Questão de Cúnsciência" e ntregam :io Congrcs·

Abaixo-assinados A TFP ou seus membl'OS promovcrnm divetSos :,b.iixo-:-1ssio:1Jos. :,o lo11g,o de su:1 his1ól'i;1. A gr:,nde acolhid:1 1>opul:1r dcmonslro u como s:io c1u-:,i1.:.1das. em noss:i J>:11riaJ o:; v:,lorcs ,,crcnes dn civiliz:u;:io crist:"i.

Abaixo-assinado

Ano

Dias de Campanha

Assinaturas

• Agricultores e pecu:Hi.s1as solidários. com o livro "Rdorm:, Agrári:1 ele Consciênci~".

27 . 000

1963

• Requerendo às autol'id;uks que prui· bam a realização do congresso do mo·

• lntcrpclaçflo à Ação Católica de llclo Horizonte

1964

2

30, l)IIO

209.000

1964

• Em dcfos:1 cfa fo míli:t ;,111éaç:1J:1 ,~10 projeto de Código Civil divol'cista.

1966

50

1.042. 359

• Mensagem n P~nilo VJ r>cdin<lo medid:,s con11·.1 a iníiltl'açiio comunist;,l n.l lgl'eja.

1968

58

1,600.368

148

2. 908 . 727

Obs.: 1.

,J Ul.110 DE 63 Os autu1·cs do livro public:,m o documento ..A lavoura br,·1silcirn {1 bcirn da dcrtoca .. da socialista Apelo Congresso Naciom1l"

,,o

J/\Nl•:IRO OE 64 Sob a inspiração da TFP. univcrsltiirios c:uôlicos de Belo ll ori,onte colct.-tm. cm dois dias, 30 mil assi na turas rc<.1ucrcndo i1s nutoridadcs que proi.. bam a l'Céilização. na capita l mineira. do congresso çlo m<.)vi mc1~1<.) comu· nista CUTAL (Cent ral Unica dos Trabalh:idorcs da América l~llina).

MA RÇO-AB RIi . OE 64 /\ T~P eolcia . cm 38 dias. 209 mil assina lu ras interpelando ;1 Ação C:·,. tôlica de 13clo llorizontc para que justifiq ue cm ter111os de doutrim, calólica seu ,:1poio às "Reformas de 11:isc·· do governo de Gou l.in. ABRIi . DE 64 Os "utorcs de .. Reforma Agr::iria Questão de Co nsciênçia enviam a todos os Congressistas q cs,udo ·.. .Janguismo sem .Jango ... vis;inclo impedir a ap,·ov,1ção solcrtc da reforma agr.iria socin· lista e co nfisca1ória. • OUTUBRO DE 64 Os autores de " Rci)1r111a Ag,·úria Questão de lonsciêhcia" publicarn um pro gnHJla posi.tivo de poli tic~1 ;:·1gr~jri.1 , intilli-lado " D·e claraçào do Morro Alto". A TFP difundiu . cm poucos meses. dlu1s edições da obra num tota l de 22.500 exemplares.

NOVEM tll{O O E 64

Os 111csmos au.torcs p\lb1icam na irnprcn· sa dii1ri·:-1 o c:iwdo "O direito de propriedade e a livre iniciativa no projeto de eme nda conslilucioml l n,ó 5/ 64 e no projeto do Estatuto da

·rCl'l'a ..•

DEZEMBRO DE 64

dcst:ique o foto de ci uc a mé<li:1 de coleta <le :,s..,in:1tur:1~ cm cada dia de c:imp:rnlw foi dc 19.47 1 assin;11urns. M cl'<~CC

2, lnici:ui va de pecu:.rist:,s, o pri meiro desses nln1ixo-:1ssin:1d0$ íoi 1,tomovido por n.tu:lis diretores d:l TFP.

3. O ;1b~ixo-,,ssiu:,<10 requerendo às autoi·id;u.lcs

:i

proibit;5o do cungl'CSS<>

do CUTAL foi promovido 1>0r universit{il'ios bclo-hoti1,on1inos. cn1re os qu:1is :'llt,u1\S j,í cmm e ouu·os vicr:un a pc1·1cncer ~ TFP.

4 . A meos~1gem :i Paulo VI cuns1ituiu-se no m;1ior abnixo-:1:-sim1do da his• tória do Brasil.

4

4

o Presidente Castello Branco convidou para uma audiência especial o Conselho Nacional da TFP, em Janeiro de 1967

• Nesse ano foi iniciada a diÍu· são pela TFP. do ensaio do Prof. l'linio Corrêa de Oliv.::ira. "Acordo com o regime conlllnist..i : p.ir.i a lgrcj:1. cspcra nç:'1. ou a utodcmoli. çãoT' (titulo original: .. A liberd<1dc da Igreja nn Estado comunista"). que demonstra :i im1,ossihilid:ide de um "mod11.\' dv,•ndi'º da lgrcj;l com o regime comunista. tt inda que este

ap,1rcntc- ser conciliador. O livro teve .'6 edições cm 8 línguas. num tota l de 165 mil exem plares. dos 4m1is cem mil fornm vend idos pela ::H;fio da TFP cm livrari.,s e vias públicas. no Brasil.

1964

4

Que."it:io

vimcnto comunista CUTAL.

so Nacional um abaixo a~.sinado de 27 mil agricu llo rcs e pccuarislêls súlidúrio$ com os principio$ comi~ dos no livro.

A TFP. élll'avés do "Maniícsto ~10 povo bra .. silciro sobre :.l rcíorma agr;-'tria". se pronuncia sobre a aprové;1Çào, i1s pressas. pelo Congresso Nacional, da rcfonna agri,ria consubs1a nciad;l n;1 c n1cnda constitucional n.0 JO e no Estatuto da Terra.

1963 • /\ TFP empenhou-se na difusão da " C;1rta Pastornl prevenindo

os diocesanos cont ra os ardis da seita c<..ununisrn''. de D. A n1 onio de Castro M:tycr. Bispo de Ca mpos. Escoa ram-se três <::diçôcs. nu m to ta l ele 11.500 exemplares.

.J U 1.H O

sito das atividades s ubvcrsiv,1s do Sacerdote belga J oseph Comblin. ACOSTO Neste a no iniciaram -se as colaborações semana is do l',·of. P línio Corréa de Oliveira para a "Folha de S. Paulo". Essas colaboraçõc.s continuam até hoje. A grn ndc

maiori;i dele,$: se. opõe c.spcciíicc.1mc nlC ao prog1·cssismo. ;10 socia lismo ou

ao comunismo.

1969 FEVERE I RO .. 0 /\rechispo vermelho nbrc as port;1s da Amêrica e- do mu ndo pata o com unismo".

Cúm unic,1do da TFP sobre atividc1 · de~ de D. Hélder Ci1111ara .

Estudo "A proprie-

dade privada mutih1da e moribunda no antcprojcl<l de lei do inquilinato". elaborado pelo P rof. Plinio Corrêa d e Oliveira. Publ icado cm órgãos d;1 im p1•cnst1 diitri;1do Rio de .Janeiro. São Paulo e Belo Horizonte.

.l lJN HO-J ll l.110 A TFP sai ;ls run~ difundindo um nllmcro l.'SJJCª

OUTUBRO Ê e nviad o ,10 Sr. Presidente da Re pública. Marechal Castcllo Branco. e a todos os senadores e deputados. o documento " Repa ros e sugestões ao projeto de lei do inquilin.ito", de autori:i do Prof. Plinio Corréa de O liveira. Demonstra que a prn:r.o médio. o

congcla mcnlo dos a luguéis lesa locadores e locat,irios. Foi também publicado rela impr~nsa di:'iri:i .

1965 • Difusão do livro .. Balde:ição idcológic11 inad vertida e d i:'ilogo" do Pror. P linio Corrêa de Oliveira. Denuncia urn novo ardil da propaganda comunista. /\ TFI' difundiu cinco edições do li vro. o qual foi tr~1dui'.ido lê.1mbê111 para o alemão. cs1,anhol e ita li"no. a lca nç,111<10 no tota l o n,.e edições e 6.l .500 exemplares.

Mais de um milhão de exemplares de livros e jornais jà foram difundldot pela TFP. a maioria diretamente ao pOblico ...,


ilização cristã e contra a penetração comunista !S DA TFP DESDE A SUA FUNDAÇÃO

1

cia l de " Cat()licismo" . no \ltW I se

de nunci,1 a conspirac;ão do IDO-C e dos "gru pos proféticos" pa ra transformar a Igreja em uma .. Igreja• Nova''. a,éi.i . dcssacr~-tlizt1dê1. igua litária. e posta ao serviço cio conH111is• mo. Em 70 dias. 165 mi l exemplares for.im vend idos cm 514 cid,idcs.

NO\IEMIIRO ' 'A TFP e os cc rroristêlS dominicanos" comunicado da TFI' divulgado pela imprcnsu. cm que r1 e nt idade mani festa sua ct'>r1sternaçfio nntc a not icia da partidpa~:âo <lc Sacc1·do1c:,;; domini-

ca nos na conspiração tcrroristH.

1970 SETEiVIBRO Por oc.isião d a subida do ma r.xista Allende i1 presidência do Ch ile. o Prof. Plínio Corrêt1 d..: Oliveira escreve o artigo .. manifesto "Toda a verd ade sobre as eleições no Chile", pu blicado inicialmente pela "Folha de S. Pa ulo" e depois ,11nplame111c divulgado pela imprensa de todo o Pais. Nele o Presidente do Conselho Nnciona l d,i T FP dcrnonsln-1 a inexistência de vcnJadcin1 ba$C populél r na vitória da coligação de esquc,·da. A TFI' o divu lga ampla mente pelo Pai~.

OUTUBRO

No documento " Ani,lisc. defesa e ped ido de d i.i logo C.,rta aberta da TFP ao Cardea l O. t ugênio Sales". publicado na imprensa cli;íria. a TFI' se defende de acusHçôcs vagas e gcnt:l'icas: ícirns pelo cm ão Cardea l Primuz. Ao mesmo tempo. pede a S. Emcia. q uc indique o quê d i ferencia o seu pensamento cm matéria de l'Cformn~ de

te ndências marxisti%.an1cs que se fa1.cm sentir c.Jcnt ro daquele movimcn10. • A TFI' diíu 11de por todo o P,, is os ·· oiú1ogos Sociais". isto é. urna ~éric de lr\:s opúsculos de nível popular cm q ue são am1lisados. à luz da do ulrina católica e c m lingu;1gc111 :,ccssívcl e atraente. prohlcmas eco· nómicos e $OCÍais dH a tua lida de. Ci nco ed ições. num tot.tl. para os três opé,sculos. de 300 mil exemplares.

1973

• A pan ir deste ano. as ca1·a· v.:mas de propagandist;t:; d11 T FP vem difu ndi ndo o opúsculo " As a p;1riçõcs e a mensagem de F{tt ima coníormc os manuscritos da Irmã Lúcia". de A nto nio Augusto llo rc lli Machado. que contêm o texto e o Comcntúrio d:u, revelações cm <1uc Nossa Senhora adverte pc1rn o p.,;rigo comuni~ta. O traba lho teve até ago,·a 12 cdiç<lcs cm port uguê~ e .ilcançou um total de .110 mil exemplares no Brasil. Teve também nume rosas edições no Exterior.

Venda de livros Obter um :,mplo c.sco11mcnto dos seus livros com.iiwi p:,ra os editores um problem:1 1x:rm:10cn1c-. Máxi01c <1u:,ndo n:io se h';11a de ob,·:1s de cm·:ílcr exclusivamente litcr:írio. /\ Tr.:1\ 11:io ohs1:1ntc. obtC\'C c m suas c:unpnnhas. c.lc vcnc.l;1s n:-1 ru:1, os seguintes rcsu1fados; T itulo da o bra

lançamento

"Refurm;, Agr:iri:1 v:cç:io 1)

1960

11. 500

"Acordo com o regime comunist:t ç;1 ou aut<><.lcmol iç:'io T

1963

to

.100. 000

''Ua ldci1ç:io ideológica inmlvcrlidu e diálogo··

1965

5

45 . 000

.. Frei. o Kcrcnsky chilcou"

1967

2

10. 000

"C:,n~, P:1s toral sobre Cursilhos de Crisl:1n<lHdc"

1972

3

2 1.000

·'Colc\·:io Di:Jlogos Sociais"

1973

5

300. 000

1973

12

310. 000

"C::u·ta Pas1on1I pelo c.ts::mento indissoll,ver·

1975

2

100. 00()

··A ls,rcja mHe :1 esca l:\d:·, d;1 :1mcaç,1 eomunist:1"

1976

4

51.000

1977

7

76.000

59

1.077 . 000

" As (tpariçõcs e a mcn~n~cm

de F:í1im;1 conforme os ma-

nuscritos d~1 lrm;l l.uci:1··

···rrib:-1lismo indí(tcn:1 h1eitl 1..·omuno,m ission:í rio o Hr:,sil no século XXI"

Ot:l.l~MURO O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira envi:1 ao Minis· iro da .Just iça. Prof. A lfredo Bui,aid. e aos membros do Episcopado brasileiro. um "Rela tório sobre o Anteprojeto de Cód igo Civil" no qm,1 mostr;l que m1 proposilUra se ma ni· fcsl:tv,1 uma lcndênca genérica ao relaxamento dos vínculos const itutivos d~·, fomília e um injustific,ívcl preconceito contra " co ndição de proprictúrio. cm beneficio de uma concepção colet ivista da sociedade humana.

1972 a 1973 • As caravanas da TFP d ivulgél· ram cm 1238 cidades 92.600 exempla res d;, "Carta Pastor;il sobre C ursi lhos de Cristandade", na (ju,11 D. Antonio de Castro Maycr. Bispo de Ca mpos. advcnc os íiêis sobre as

r•u·:,

QucstftO de CCJn~ci~ne.i;1". Até ;iqucl;, <l:11:,. :1 divul_g;'tçâo 1'11 obta l:11u;:1da c m 1960. íoi lcv~uJa :1 cíci10 pelos Autores do livro e pelo grupo de nmit:OS que. tendo à testa o Prof. Plinio Corrêa <lc Oliveir~t. fundaram e hoje são diretOl'CS tia TFP.

2. V,íl'ios dos livros lmt<.;ado:s pela TFP íor:1m transc.:titos in1cgr:-1lmcn1e cm <liverso:, jornais e revist:1s. somando c stc.s 2 19."200 cxcmpl:"1res. O mensário ·'Ca1o licismo"' leve várfos tir:1gens vcndid:1s pelos sócios e cooi:)et:-ido· i-es n:1s c;,mpanh;'1S de rua.

NOVEMBRO -

Ju ntamente

com outras c ntidadc.s a nticomunis tas. a TFJl promove no Auditório da Federação d as lnd í,s1rias. cm são Pauto. sessão comemorativa das ví-

A TFP promoveu numerosas conferências p~bllcas. proferidas por personalidades alheias a seu quadro social

··o

1975 ABRIi . A TFP d iíundc cem mil cxempl::,rcs d;i C;irt;i Pastora l de

-

Obs.: 1. A 1'>ar1ir d o .sci;.undo .scmc:are d e 1963 :1 ·rFP :1sst11niu a propag:-uHhl do livro " Reíorn1a Agr:íri.i -

,w

l'rof. Plínio Corrêa de Oliveira escreve para :, " Folha de S. Paulo" uma sé:ric de qua tro artigos: sangue que não pode ser negociado" (17 ele m,1rço); "Sobre Cuba "(22de setembro); " Não. para C uba (27 de om ubro ): e "Cu ba: sus1>cndc nclo o vêu ... " ( 17 de novembro). Nesses arcigos o a uto r mostra q ue a suspensão do embargo con1ra Cub<1 representaria niio só um perigo para iodo o continente como. sobretudo. importal'ia cm facilitar a sobrevivência do regime marxista na Ilha . A Conferê ncia da OEA realizada cm novembro. cm Quito. assina lo u nova derrota dos panidtírios da sus· pensão do embargo. Para esse fc li1. desfecho também contribuiu um nú· mero especia l de "Ca1olicis1110" (de agosto de 1974) muito difu nd ido pela TFP brasileira e por suas coirmãs. :1 utônomas. la1 ino..nmcricêlna:,;.

.

par:1 :1 l,:;rcj:1: c spcran•

• I·><llS.

MAR ÇO A NOVEM BRO - O

22.SOO

3

ABRI i.

JUl.110 Memoria l da Comissão Mêd ica da TFP ao M inistro da .l ustica. Proí. Alfredo Buzaid. sob re disposições do Código Penal vigente· e do P rojeto de Codigo Penal, concernentes ao aborto. O documento mostra q ue fechar os o lhos a uma legislação "pcnnissivis1a" do pon1 0 de v i~t::1 mora l é presta r enorme serviço ;1os desígnios do comunismo in1crnacional. demolidores d a fa. milia.

2

19(>3

1971

AIIRI L A TFP fez publicar nos principais órgãos de impre nsa do Pa ís uma declaraç5o m1 qu;;l l se proclama cm esrndo de resistência focc à "0.'1politik" do Vatica no: "A polít ica de distensão do Vatica no com os governos comunistas: para a TFP. o mitir-se'/ ou resistir'?"

30.000

"C:1rt:1 Pa~loral prevenindo os diocé.sanos con1rn os a rdis d;1 seit.i comunist,,"

cm particular a c hmnada " linha D. l léldc('.

1972

,1

1964

• '" A Igreja ctntc a esca lada da ameaça comunista Apel o aos Bispos Si lenciosos". Neste livro. o Pror. Plínio Corrêa de O liveira descreve. desde as origens nos a nos 30, ;'.1 gra nde crise pela q ual passa a Igreja no Brasil. E com a mpl;i docume ntação dcnunci;1 11 ação da "csqucrd:1 ca tó lica" c m nosso· mcio. Em doze meses. 51 mil exemplares. cm 4 edições. são d ifund idas pe las c,1ravanas da TFP cm quase todo o

1974

Exemplares

"Dccl:1r:1çào llo ~·1 orro Ahu"

cstrutun1 do q ue prcconii"11 a esse respeito o "esquerdismo católico".

Diante da nega ti va de ,·ctificaç5o de uma notícia puhlicad.1 pol' um ma tutin o pa ulista . a respeito d<l a1uação de univcrsitáios da T FP na Faculdade de Di ,·eito do 1.,1rgo de São Frn ncisco. estes d irigem-se púhlico atl':H1és d;l$ p;'1gina.s ele outro jonrn l rca li rma ndo o c;.1ni tcr ordeiro e ao mesmo tempo dcstcmi· do de sua ma ni festação n;H.1ucla Faculdade. O comunicado tem o ti1t1l0 "J\ propúsilo de uma noticia de "O Esiado de S . Paulo" Milit • ..antes d" TFJ> .io público pau1!Sl:.1 .

-Numero

(Juesülo de Consciênch) •· (Ver ohscr•

1973 a 1974 • A TF I' dii'u nclc por todo o Pa is ampla reportagem, publicada cm "Ca10 Jicisn10", sobre o fracasso do regime marxista de Allende. O 1raball1<J dcmonstrn a inconsistência da grande propaga nda intcrnnciOnê1I cm torno dn chamada ··vit.1 chi lena" pr,ra o socialismo com liberdade.

Edi ões

Ano do

D. Antonio de Castro Mayer. "Pelo casa mento indissol(ovcr·. Os projetos divorcislas. entfio cm c urso no Congr~sso Naciom, I. são rejeitados.

MAIO Ante um bem orq uestrado est rondo publicitário. a TFP divulga. nos principa is jornais do País. o documento " A TFP cm legit ima defesa Ante uma agressão polêmica e a pa ixonada: e lementos parn um se re no diá logo". Ne le. a Socied ade demo nstra a tota l inconsiscência das acusações que con1ra ela eram lcwu1rndas de setores de cs<1uerda . O documento ficou sem resposta. NOVl•:MllRO - "Não se iluda. Emi nência - Mensagem da TFP ao Cardeal Arns", Neste documento, a TFP a lerta a Micrarquia cclcsi.ística para o vazio que c m torno desta vai se fazendo na medida cm que ela se 01nitc ao comba te :'1 s ubversão co· rn uni:-.Ut.

1976 MARÇO - Por ocasião de inesperadas e vag;1s declarações ant ico· monistas de e lementos da Hierarquia cclcsiíistic.i. a TFP publica o manifesto: "Sobre o a nticomunismo s urpresa de altos l' rc lados Rcncxões da TFP". No documento. a e111id ade ma nifesta perplcxid,1de com a auséncia de med idas concrc· tas do Epi scopado pa ;·a a crrad icaçã() do comunismo, especialme nte nos meios cat 61icos.

ti méls da Intentona Comunista de 1935. Ao ato compareceram altas ~uuoridttdcs civis e militares. e nu• mcroso público. Fala m na sessão o Proí. Plínio Corrêa de Oli veira e D. Antoni o de Castro Maycr. Bispo de Campos.

1977 .!UN HO - Na iminência da vowção dos projetos d ivorcistas, a TFP divulga pela imprensa um comunicado ped indo a senadores e deputados que poupem it co nsciência ca tó lica do nosso País o trau ma cio d ivórcio. JU LHO - A TFP. cm telegrama a Pa ulo VI. foz sentir s ua perplexidade a nte as palavras de solidariedade do Pontífice pa ra com agitadores com un istas c ujos di re itos humanos teriam sido violados no Brasil. pa lavras nas q uais ne nhuma censura apa recia i1 violação sistern{iticcl e astuciosa d os d irci1os hu· ma nos fciw pelo comunismo internacional cm nosso território.

SElºEMllRO -

O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Presidente d o Co nselho Nacional da TFP. telegrnfo n Paulo VI, ao Preside nte Cartcr, no Presidente Gciscl e ao Ministto das Re lações Ex teriores do Bra sil pedind o q ue intercedam cm favo,· dos inícJi;,.cs fugi1ivos victn,1miu1s.

1978 • "Tri balis mo ind ígena. ideal comuno -mission:.irio pé,rn o Brasil no século XXI" <: o titu lo do m11is

recente li vro do Prof. Plinio Corrêa de Oli veira. J,í foram tiradas nté o momcmo sete edições da obra . soma ndo um t ota l de sc1cnta1.e seis mi l exem plares.

MA IO Q uund o do sacdlcgo atentado à milagrosa Imagem de Nossa Se nhora Aparecida. cm todas as sed es da TFP o esta ndarte social foi hasteado com um c repe cm sin.il de luto . Dias depois, cerca de 500 sócios e cooperadores da entid ade efetuaram um,i peregrinação ele 22 krn a pé. ao Santu{u·i o Nacional. e m desagravo ú Pad rocira do Brasi l.

SETEMIIRO - "Sobre um progra ma de TV: a TFP ao público brasileiro". - Este ,í o tit ulo do comunicado divu lgado por grandes órgãos da imprensa naciona1. na qual a TFP foz os d evidos rc11a ros ,., determinad o programa de uma pO· dcrosa tclc ..c rnissora nacional sobre a cntid :1dc. A 111a1éri,1 levada ao ar tentava <1prescntn r a TFP como org:,ni1.açâo cxaccrbadamcntc d ireitista - conforme vcrs;'.to fantasiosa. de q u:lndo cm <1ua ndo leva ntada pela esquerda, e sempre refutada com êxito pela TFP. O UT UBRO - Por oca si<10 de urna da ta infausta . o 61. 0 anivcrsí1rio da impl,u uação do comu nismo na Rússia. a TFP promoveu. no .i uditório do Hihon Hotel. cm São Paulo, conferência do Ccl. A ntonio Erasmo Dias. sobre a dou11·ina e tfuica comunistas.

..

Um propagandista da TFP leva o esclarecimento doutrlnArlo a trabalhadores do Interior

l

-


B. Campanhas ém vias públicas As campanhas ela TFP nas ruas. quer para a venda de livros (efr. letra "A" a cima). quer para abaixo-assinados. etc .. são sempre realizados pelo conta to direto dos sócios e cooperadores com o grande público. Como é natural. cada um deles a tua na cidade cm q ue reside. E. por

ocasião das campanhas de maior

envergadura. orga ni zam-se -

nota-

darncn1c c m fins de semana . feriados consecutivos ou período de férias escolares e univcrsít~írias - caravanas cm cidades nas q uais a TFP não tem sede. A fim de dar maior continuidade às ca mpanhas cn1 todo o tcrl'it6rio

naciona l. são cons1iti1íd:1s carava nns permanentes de sócios e cooperado-

res ela TFP. Até hoje e las j.í percorreram 2.331.390 km. visitaram 11.645 cidades e venderam ma is de 900.000 exemplares de publicações promovidas pela TFP. O ca rfücr ordeiro e pacífico da a tuação das can,vanas foi sublinhado c m 2. 140 cartas de clclegaclos. prefeitos municipais e ôtHr<lS a uto rid;\dcs. Digno de registro é o depoimento prestado pelo Ccl. J. Paiva Poninh o. Secretário de Segurança cio Rio Grande do Su l. perante a CPI q ue a Assembléii, Legislativa daquele Estado instaurnra a fim de fazer investigações sobre a TFP. Declarou então aquela autoridade: "Sin,. hcnll'<' wnt, i11v<'!.tig11nio /'1J1 1or110 d"s (llividtules dll TFI'. " partir de 111nt1 entrevista lwvida eu-

.JUN HO - Em comunicado divulgado pela imprensa sob o titulo ''A TFP e a investida divorcista no Brasil''. a ent idade étplaudc o Presidente' Castcllo Branco pela firme,,, com q ue. sobrepondo-se ao vozerio enfurecido dos divorcistas. retirou do Cong,·csso o projeto de novo Código Civil. Ao mesmo tempo incita todos os brnsilciros i, vigi lância. tendo cm vista a permanência d~ perigo divorcista.

,JUN HO-JU LHO - Concomitantemente com ê·l c;·1mpanh;'1 do abaixo-assinado contra o projeto de Cód igo Civi l divo rcista. a TFP promove. cm São Paulo e Be lo Hori7.o ntc. ciclos de conícrêneias sobre o tema. a cargo de figuras de ,·elevo na magistratura e no magistério univcrsit:írio dessas duas cidades. As confcrêncicts foram muito concorrid,ts e apreciadas. JULH O - Tendo sid o objeto de uma nota desa irosa por parte da Conferência Naciona l dos Bispos cio Brasil (CNBBl. a TFP 1>11 blico11 pela

imprensa di,iria o comu nicado."Rcspcitosa defesa cm face ele um comunicado da veneranda Comissão Ccn.tra l da CN BB". O documento destaca que o cornunicado cpiscopHI não produziu out ro efeito senão o de atingir o estandarte da resistência ao divórcio.

AGOSTO O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. sócios e coo pcn,dorcs da TFP â irigem se. cm longo eoncjo de automóveis e ônibus. ao Monumento cio lpira nga. cm São i>aulo. onde é assi nada pe lo Conselho Naciona l da entidade, uma súi>lica a Nossa Senhora Aparecida. Rainha do Br:isil. p,1ra que :, Mãe de Deus livre o nosso País dos totali tarismos e evite que élqui se implante o divôrcio. SETEMBRO-OllTUBRO - Uni- ' vcrsit.írios cooperadores da ·1-.~P dcnunci;un cm maniícstos difundidos 1las Universidades o can:ítcr subversivo da agitação cs1udantil. A minoria esquerdista foi isolada e a agitação se esvaziou.

1967 NOVEMBRO - A TFP p romoveu a celebração de Missas pelas

Ire J11i111 e o Sr . /)epuwdo /;.<((u/u(I/ f~ubi /)it'/1/, /1(1 l/ll(lf li SS p COIII/Jl'O-

utf v ro<·edi,n<>nto. Todt,vfo. em que pese o t~.if<.>r('O dispendido ,.,,, wl s(•111ido. pesquis11das iodas Jllf!((!ll"'$(! 11

as fo,ues e perqueridt,s as pessoas e e111idlldes que pnderi"m dncr i,ifornwções verti1u>11tes. ,uu/11 fui 11p11rado. resultandtJ. as.i;in,. it!f1111dad11s as

1

âo,wr (1·csposta aos quesitos da

vítimas do comunismo e pela libertaç.ã o das nações ca tivas. nas seguintes cidades: Bra,silia . São Pa ulo, Rio. Belo Horizonte. Rcciíc, Fortaleza, Salvador. Curi1ib,1. Florianópolis. Ca mpos. Barbacena. Blu rncna u. São .J osé dos Campos, Olímpia. Pindamonhangaba, Ouro Preto. Ponta Grossa. Criciuma. Aos atos Comparecera 111 autori.dadcs civis e mi lira rcs. rcprcscma ntcs d iplomá ticos. delegações de colônias de nações cativas e numeroso público. Em anos seguintes a TFP repetiu a mesma iniciativa.

CPI. aprcscnrncla. por escrito. pelo Ccl. .J. Paiva Poni nho, no ato de sua inquirição, cm 8 de oulu brodc 1975). 1. Campanhas de sentido

doutrinário

1966 • Campanha da TFP cm deresa da fam ilia ameaçada pelo projeto de Cód igo Civil divorcista. Em 50 dias. 1.042.359 brasi leiros de 142 cidades assinaram o manifesto in titu lado "Apelo aos allos Poderes civis e cclcsiás1icos cm prol da fa milia brasileira". O projeto íoi retirado.

1968

Livros lançados pela TFP brssileira têm edições no Exterior Vários dos livros l:tn\·ados: pela TFP brasileir~, tiveram notável rcpcrcuss5o no Ex1crior. Em conscqüênci:1. foram eles edil;'tdos cm diversos idiomas. fic:mdo sua divulgação a CMgo das TFJ>s co-irmã.s: ou entidades (l(ios. Edições

Tilulo da obra

Número

Exempleres

-

. .!

9.0110

26

6(,. soo

"Baldeação idco16gica inadvertida e diMogo"

6

··Frei. o Kercnsky chileno·•

X

IS .SOO 31 . 000

"Carr;) Pastoral sobre Cursilhos de Crist.utd;1de..

2

3.5110

Questiio de Conseiêllci;'t ··

"

"As aparições e a mensas,cm de Fátim:1 co1\ÍOI'· me os manuscritos da l rm:'.í Lucia"

.

13

88.000

119.000

6

-64

335 . 500

Ob,.: 1. Som:mdo-sc es1.is cifras de 64 edições e 335.:ciOO exemplares. :1os torni:-. que estas mc.smas obrns al<:;:i.nç;)t;,un no f3rasil (ver Qu~,dro "Vcnd:i de livros'') . temos 123 edições com 1.4 12.SOO exemplar'tS.

2. T::11nbém no Exterior jornais e rcvisrn.s 1ta1\$C1'cvcr:1m na íntcsr:, lançados pela TFP brasileira . T:-iis transcrições olc:;1n~·ararn 242.SOO

6

exemplares.

X. 11 de setembro de 1979 Me u caro D. Antonio de Castro Maycr. Velho Mestre e nunc:, um Mestre Velh o. Laudewr .Jesus Christus! Em mãos ..TFP desmente e prepara refutação". Meu caro D. Maycr fala cm conceito que go1.a a Socicd,,dc. O "conceito" que a TFP go1.a é o de grupo excêntrico. faní,tico. desprendendo de seus membros e de s uas atitudes e gestos odor medieval que sufoca a todos. dentro de um ultra reacionarismo. Assim diria um psicólogo se fosse consullado q u,1n10 ao conceito que goza a TFP. Concedo que goze do aludido conceito, dentro de uma faixa burguesa. cndinhcin,da. ap;1vorada com o comunismo. 11ão pelo seu materialismo ateu. mas. pelo medo da perda de seus privilégios. E só. D. Maycr, no meu tempo. era tido como primeiro teólogo do Brasil e o era. Era o Mestre severo. escrupu loso no preparo de s uas aulas, entrava na aula sobraça ndo livros, para provar suas tescs;· c como um homem deste quilate empresta seu nome à TFP? Custa entendei;, Que diria o bom D. M>1yer da seguinte reflexão: consta o nosso Episcopado de quase 3 centenas de Bispos e só D. Mayer esposou a causa apaixonadamente. Pe lo contrúrio, oficiosamente, senão oficia l. os Bispos não estão pela TFP. O próprio D. Sigaud perdeu o entusiasmo. D. Maycr. mesmo como c,1bcça pensante que é. cultura sólida de que é dotado. mesmo q ue pese tudo isso. não dcí para refletir um pouco e "cora m Domino" perguntar-se a si mesmo? Ser,, que lodos os Bispos estão errados, no atinente à TFP? Sobreponho-lhes o meu pensar'! Dê-me sua bênção. D. Maycr. Reconheço-o como o homem reto. e subjetivamente certo diante do Senhor".

TFP.

w·,nantento e m1111ições. ti pro(isstio de ideo logias ou nultodos ,wZ;.-Jascis1as. bNu assin, co,uo pel'lurbação da paz e tia ord('n1 ptiblica ou 1ro11sgre.,.wio à l.ei de S<'g11rllll('ll N(l-

"Coleção Diálogos Sociais"

··o

"Meu caríssimo N. Laudctur Jesus Christus! Recebi sua a rnàvcl cana de 11 deste mês. com a diatribe com ra :,

dentre as quais as qu<· diz<,,n resp<>ito à arregi,ne111ação pt1rt11niliu1r de 11u 111hros miliu1111es. à cll"ti'll('lio d,,

··Acordo com o reg:ime comu11is1:, - !Ktfil lgrej:1, espcr.mçn ou tlutodcmoli~·ão?"

Tendo conhecido de perto a F.xma. Sra. Da. Lucí lia Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira, o Sr. Bispo de Campos, D. Anton io de Castro Mayer, ficou consternado com a atitude mesquinha de "O Estado t/1• Stio l 'mdo", veiculando publicações ins ultuosas à memória daquela Senhora que a sociedade de São Paulo sempre soube, com muita justiça , admirar e eslimar. Tomou, por isso, o Sr. Bispo a iniêiativa de enviar a amigos e conhecidos. como a antigos alunos seus, a resposta cheia de dignidade - como convinha a filho de tão nobre Senhora - com <1ue o D r. Plínio Corrêa de Oli veira replicou ao Sr. Julio de Mesquita Neto, diretor de &.·f(lt/o de• Stio f(lu/o " . F.ntrc as respostas recebidas pelo Sr. Bispo de Campos, figura a constante da correspondência que aqui publica mos, com a devida autorização, desde que se mantivesse o anonimato do sigilo epistolar.

A essa carta S . Excia. Revma . respondeu nos seguintes termos:

t1cusa('Ões 111ovidas co11t/'a a TFP.

"Réforma Agl'ária -

OSr. Bispo Diocesano toma posição

:1

livl'OS

:5oma de

JU LHO Em 5Sdias. 1.600.368 brnsi leiros ele 229 cidades subscreveram a "Reverente e fi lia l mensagem a Sua Sant idade o Papa Pau lo VI" pedindo medidas para conter a infiltraç.ã o comunisrn cm meios católicos. Assinaram o manifesto promo-vido pe lt, TFP. q uin1.e A rcebispos e Bi spos. ci nco Ministros de Estado. dois Governadores esrndua is. quatro Marecha is, cinco Almirantes. oito Gcnernis. dois Senadores. dois Viccgovcrnadores. doze Sccrctêírios estaduais. magistrados, dcpuwdos federais e estaduais. prefeitos e vcrcftdorcs.

2. Campanhas de beneficência cristã

1970 DEZEMBRO Campa nha de coleta de dona ti vos para o Na tal dos Pobres. Desde então. a entidade promove de qua ndo cm ve,. colcui de roupas, alimentos_ brinquedos. etc .. os quais distribui nas favelas e ba irros pobres ele São Paulo.

1975 • Desde 1975. os sócios e cooperadores da TFP visitaram 10.986 doentes cm 827 hospiwis de 550 cidades, a rim de lhes levar confono material e uma palavra de fé e coragem cristãs.

Acho que N. é injusto. e. como lhe quero bem. vou empenhar-me por convc_ncê-1o. Caso niio o consiga. ao menos N. ter..\ uma prow, de que o cs1,mo. Diz N.: "O conceito que a TFP go,.a é o ele grupo excêntrico. fanático. desprendendo de seus membros e de suas alilUdcs e gestos odor medieval que suroca a todos. dentro de uni ultra reacionarismo". Primeiro. não sei qual seria o psicólogo que, interrogado, assim responderia. N. diz que cu gostava de provar minhas teses. Con tinuo com a mesma vcncrn. O arquivo da TFP. por mim vá rias vezes consultado. não justificaria o julgamento que N. reproduz. Mas, deixemos os arquivos. Veja mos o que a TFP 1em ícito par,, atuar c m seu programa de dcícsa da Trad ição. Família e Propriedade. Neganí N. que nosso livro "Reíorrna Agrária - Questão de Consciência" corn documentação. modéstia à parte. ja mais tão abund ante - tenha impedido a insta lação de um;i reforma agr,\ria· expropriatória e socializante. cujo efeito único seria reduzir uns pequenos pseudoproprietários a empregados do Estado? Negará N. q'u e se o divórcio só cmrou no Brasil cm 1977 foi porque uma cam panha intensa ela TFP. que vendeu mais de 100.000 exemplares de min ha Carla Pastora l pelo Bnisil todo. a lertou a população, barra ndo-o nas 1emativas anteriores à reforma da Constituição'' Se N. nega, peço licença de aceitar a opinião de Nelson C,1rneiro. que o a testo u insofismavclmentc no Senado. ind ignado com minha Carta Pastora l. N. acusa-nos de ''burgueses endinhein,dos". Quando N. viu contra "burgueses endinheir~dos" armar-se o estrondo publicitário da TV G lobo, que só silcnc1ou porque não encont rou eco nos seus tclcspcc1adorcs'! . N. sabe que estou aberto a argu mentos. Dê-me. N.. ou os Srs. Bispos a quem N. apela. argumentos. e não tenho dúvida cm cxaminàlos. Só ,,firmações não bas1i1m . sobretudo porq ue lemos documentos do muit o que é apreciada a TFI' por mui ta gente que nos vê de íora. Fi nahnen lc: c u acho que gostar da Idade Média não é defeito. Rc1.e por mim. Afetuoso abraço de seu Dom Mayel"'

.

IIAfo1nc1sMo Mensário com aprovação eclesiástica - Campos - Estado do Rio Di.retor: Pauto Corrêa de Brito Filho Diretoria: Av, 7 de Scrcmb10 247, caixa postal 333, 28100 Campos, RJ . Admini,tração: R. Dr. Martinieo Prado 271, O1224 São Paulo, SP. Composto e impresso na Artpress - Papéis e Artes Gráficas Lrda .• R. Garib:tldi 404. ·0113.S. São P:11,1!0. S P

A&sinatura anual: oomum Cr$ 300,00; cooperador CrS 600,00; bcnícilor CrS 1.000,00; gránde benfeitor Cr$ 2.000,00; seminaristas e cs1udan1cs Cr$ 250.00; América do Sul, Central e do Norte, Portugal e Espanha: via de supc,fíeie US S 36100. vla •é«a US$ 46,00: outros países: via de supcrf1cie US S 40,00, via aérea USS 4u,OO. Avulso: Cr $ 20,00 Os ptigamentos, sempre em nome de Editora Padre Belchior de Pontes S/C, poderão ser e ncaminhados à Adminisuação. P:tra mud:mça de endereço de assinantes, é nece.s· sário mencionar também o endereço antigo. A correspondência relativa a assinaturas e vend:t avull;a deve ser e nviada 3 Admini,traçio - R. Dr. Martinico Prado 271, 01224 São P,ulo, SP


SONHO DE UMA PRINCESA, ALEGRIA DE UM POVO lTlJAI)/\ NUM ponto intcrmc-

S

diàrio cntn! o O rie nte Prú~imo e o Extrclllo OricnLc. :i lnclia dos marajêís. cons1iwida de varios povos. aJ)rcs:cnta no enta nto um ponto comum a todas H S etnias tiuc compõem seu mundo: a admiração do fahu loso.

E;~cmplo típico desta sede de maravilho:-.o C o 1i,j 1\tlalwl• .. a pêrol,1 <.ht Índia". obra-prima do reino do rnúr mon.! e da arquitc1ura

ind o-isl:1m i<:a. Deten ha-se o leito,· nesta descrição extraída das Memórias da

Princesa Brinda. Maarani de Kapurt(rnla. a qpal viveu cm plena /Jelle

J;j,oque:

··o

ff"<' ('11('(111/rmno.ot rm·<m,,·,ue

,,.w{i ií a/Jura dmtlfilo que• t'S/J(•1-rm1os <' 11 w·a.r:c111 dis,wi>a m11iu1.,· i/11,wi{•s. 1\1/ox 11 ,·is/" do Taj Mah:11 .w1hn~1111jo11 1ni11h11s ,·x1u·,·1111i\·"·" ,, 11w ,lt·ixo11 (!lllt1drcitla.. . Vi O J}IUIIIIIIU'Jl/ 1) p,•la pd11wir" \'f: ti lu: da lua. <' O.\ p,ilhlos toio.,· .w· <',\'f)<•llw,·11m 110 11uir111on• coht'rto , /e ,,rah('scos... fril('(I• do,\' <'Ili

p,•dros ,·aril,\'.' ,·or1111/ina,\', ,~~(t-

1as. ltlri/W'Sils e

ainda 11111illts

0 111r11.-:.

A o alvorecer o Taj M ~, h;tl 111<• pan'r<'II nwis belo oi11tl11. •1:i,•111pn•

{IJ)rt't'h•i O lll(lllll'll/ 0 l'IU iJll(! ti primeiro d"nio do dia nful.f:e 110 n:11: JJ"rtt 1uim. <; 11111 lllill'il"i/1111111<'1110 vc: n•,uwado o t·<·r o Taj M;lh(ll na.,· prin1{·ira.,· /,oras d o dia. O

"""ª

n;u rosa ,. ouro se- rc/1<'tia 1u1 11uir111ore 1ra11spare11l<' <' ·" Taj Jlltl'eâa touwr ,·ida, co11w que i/11111i11ado (t /Utrti1· de Si'tl i11t<•rior. !:;"'u<t /,('/('; (I lllt' /'t'Jli•trou " " al<'J;l'ia. e 111111·11111r('i 11111 tul,·11.,· à 11ri1wesil cujo t'spiri1v h<~111"''<'lllttr<Ulo

tl,·,·ia.

11111,lu:,JI

11/e,

sem

J1('11/1111n11 (/1í vida. tl, ;.:11s1ar o ,•spi<•111

, lor da lJ1trora". J\ l'rinccs.i Bri nda cmcndcu o 7,ii A-lalw/. Co mo o comrrccnd cm igualmente milhões d e ind i;tn os que por vcí',cs não se import;lm de viver cm cond içc1cs miscr[1vcis. contanto que seu sonho dou 1';HIO se Cc)11crctizc num pal;'icio quase celestial corno este. Sonl10·? Sonho. sim. !)ourado como a auron1 d~scriw pela Maarani de K,1punh:ila. Ou prateado e etéreo num banho de luar. Porqut foi precisa me nte d e um sonho que nasceu o '/ i,j A/11/wl.

• • • "'raj M:1hal" significa "d i:.1dcnrn do palikio". Por esse nome cn.1 conhc.::cida a formosa Princc.::sa Arju .. nwnd lk1nu Bcgu n. que a os 14 ;.mos. cm 161 2. íoi desposada r elo Príncipe Kl11.11·rarn. da dim1sti;i Mog,11 I. As origcn:-": desta remonta m a Zahi rud-din Mohamcd. d ito Bahur ( ..o J.c;io"). descendente de T:uncr lfío e de Cicngis Klwn. senho r de grande

parte do Afganhaâo. cujHs conqu istas se cs1c1y<Jcr;1rn pelo Paq uis tão e norte da I nd ia. cm princípios do ~éculo XVI. Em 1627. Khurram herdava o im pério, tomando o titulo de X<i .lahan. Dc, c novc ano:,; apôs o <::1samcnlo . perdia a J)rincCs\a Arjumand . falecida quando dava ú lu;, o 14.0 filho. du ra nte uma ca rnp.i nha n1ilie t:i r e mpreendida por seu esposo. Po uco tempo a nlcs da monc. ; 1 impcra t ri1 havia narrado ao xá seu sonho , sobre u 111 magnífico pal{1cío de rn;irmorc h1·anco cravejado de pcdrn s preciosas. rodeado de hclissimo jardi m com fontes que c111iliam

melodias cnca ntador;,1s. O i1nper;.1 · dor quis e ntão rc~-i1i1a r o sonho da d iice~, cspos.i mancfon<lo const ruir ju nto ao r io .lunllHi. c m Agra loc:ili,ada a tfuasc 200 km a sudeste da c;ipital Nova Dclhi o magnííico conjumo d e nove edifícios numa ,ín:;, d e 567 por J05 melros. ccrc,1da de muros de ~1rcna10 rosa. imita ndo m;in~1ore. contendo jardins. fo nte:-:- e

canais.. N:1 roto principal o lciwr vê

apen,,s o 1nausoléu onde foi scpultatfo ,a imperatriz. Outros cdificios sccun<.hírios. m::1s ta111bêm impres· siona rucs por su;1 hclc1a. cnco111nun-se nas imediações do mausoléu. U m documento guard;ido na Bi blioteca N:icional de Paris registra

.. cq,

como se dccor.:iram os edifícios. enumerando as pedras utilizi·1das: lúpis-l~ií'.uli. ,íg:1t:1. corn:.ilina. jade. amctisw. turquesa. ô nix e coral rncdi1c rri1nco. i ncrustrndas nos m{trll10· 1·cs. Erll n.: estes. o mna relo e o negro. além do m:irmorc bn~nco de M,1krana , foram empregad os i:rn t-1u:·1:,;c 1odas as cdific"1ç,1cs. Aqu i e acolú. i11cn1s1n1çõc.s de rxxlr<.1s p1·cciosas pro .. priamcn1e: brilhantes. csmcrnldas, s;,1íiras.. . As portas do mausoléu onde rcp<'HJSa o corpo da i mpcra tri1 cr~1m de pr.:1l~l maciça e inteiramente de ouro :1 cohcnura do sarcófago!

• • • Hoje. poré111. não é mais assim, Duramc a s guern:1s su cessivas, fo1'<.Hn dcspoj:1daS as pcdl'as preciosas e as portas de pr.11;1, E antes mesmo (hl conclusão do pa l,icio. a cobertura de ouro do sarcófago foi substiluid;1 pol' mf1rmorc. devido ~1<>

elevad o v,ilor da peça.

Tr:u1s:corridos lrês século s. o ra1:ício rarccc cno,·mc. romroso. mas abandonado. incompreendido. co .. mo <1uc ú espera de pcssons ú ~,ltura d ele pa ,·a o habitar. Por isso. ele como que íogc da vulgaridade do século X X. medida que alguém dele se :,proxima. o 7àj A111h11/ como c1ue se d ista ncia e n1 s ua capaci(ktdc de comunicação. Na s ua g r.1ndcza incompreendida quer ser visto de lo nge. para não se i· incomodudo cm seu lcrnrgo triste. sereno mas cheio de íorça. Como um leão que dorme ...

E.,,

• • •

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Não é o momento de fo;,l'r uma ;inúfü;c das rcligic)c.::s hindus. Sem nos esq uecermos d e <1uc os deuses dos gentios são demónios. como diz a Escritu ra. é preciso reconhecer que o império do espírito d,-is t rcvas não chego u :l ponto d e a pag\,r c111rc mu itos i->agâos um certo amor ao bom senso. ao equilíbrio. I, beleza fcérictt. sobrcllldo. qul' se patenteia de mo do esplêndido neste edifício. Nele vcri lica-sc uma harmoniosa co njug<tç:1o d e clcmcn los da arquitc· tum mourisca. como belos arcos e arahc::;:cos. com aspectos da ::ir<111ilC· 1u r.1 indu. por exemplo. o tipo de cúpulas. E de q uantas o ut ras c ulturas cH1t ig::1s se poderia fozcr o mes mo elogio! (: o que cxplic:, :1 dileção. o cuidado. o gosto com q ue ;1 Ig reja. nõs p;dscs de m issão. se .:acercava a n1 igamcntc dtssc.s restos . pol' vczc:s aind(1 1ntlpitantcs. de vclh;l~ civili1:tçõcs. co1,scrv:'t ndo-os.. cstudnndoos. purificando-os das sordicics pa-

gãs. para fin;ilmcntc lhes infundir o utro espírito . os assurnir e os integrar no imenso :lccrvo da cultura católica.

• • • Volvamos os olhos para :-1 cena

banal. vulgar. pros:.iic,1. da foto a hal;~o. :'t esquerda. E com parc n,os um ()OlH.:o com o 7i1i A1f(lha/. crn sua ,alvur:J. sua fon;~1. sua majcsiadc. sua dclic<.1<lcza maniíeswda nos m inarctcs. stw visão c.1uHse ctêrca . Num:t pl;.u1ícic poeire nta, uma ordi n:íria cs1rad;1 de asfalto conduz a um edifício achatado. sem graça. inexpressivo. Dir•sc·iíl umn imensa gaioln p,1 ra criar animai~. que. poss ivelmente n1<, 1·rcri;1111 r or fa lta de ar. Ess;, é :1 ..grande rcali7.ação" do a rqui,c10 frnncés Lc Corbusicr. ··as1ro" dn arquitetura rnodcrma. O edifício da roto lcv.i seu nome e c ncQ1Hra-sc l'm Chandig, 1r. também na lndía. Em primeiro pl;:1110. cm .t.rnjc t n1diciom~l. um consertador de bicicletas. Na lndia pobre. onde os clcf;111tes ainda serve m como meio de tr::1nsportc. par;1 ti 111,,ioria da população :1 hicicle,a substit ui o automóvel. /\bstrnia o leit or das pessoas e da paisagem. Scl'Ía possível identificar essa região do mundo? Em ,,uc o 1.,, Corhu.,;,,,. de C handigar é diferente ele um hospita l cm São Paulo. Nova York. P:·1ris ou Tóquio'/ O que h,i nesse edifício que espelhe cm a lgo, por menor que seja. a sede do maravilhoso. c::1r;1c.:1çrís1ica da alma 0

ind ian:i'? Nada . E no1c-sc que o /.,, Corhusier j;:i cst;;í se lornando hoje "velharia uh1·;1passad:·1''. tHll cdil"icio .. conscrv;ulor". c.:omp:Jrado ,, certas monstruosidades rc.:ccntcs. Assim I; :1 ";11•1c" moderna . inler .. nacional. qu e irnpC>c su.i ditadura a todos os povos. indiscrim i1rnd;-1mcn· te. destru i11d o os v;ilo rcs autênticos que bro 1avm11 até mesmo no paganismo... Porque o ncopagan ismo ho dierno. fruto cnvcncn:1do d:1 apostasia, é de um tipo imensamente pior do <111c o p,1g;111is mo ..intigo. dcform;1 mui10 mais a fundo o homem. a arte, a civili7~1ç::io e a vida. levando· os ao nivcl infr:1 .. hum:tno de uma vulgaridade p:1droni,ada . T ,,I espécie d e JMganismo. po1·ém. não prcvalcccr:i. [~ com o lriun fo vi nd(luro do Coração S<.1picnci.-t1 e Imaculado de Maria. previsto cn1 Fill imc,. (lS n..1çõcs. co nvcr1 idas ao ~cio da vcrdadeini Igreja Santa. Catúlica. /\postblic,1. Ro111(1n;1. c mi1irão IL11.cs ainda d escon hecidas nas ;1rtcs e cn1 outros campos da cultu r:1 huma na .

7


.

AfOlliCESMO

SANTO ANTONIO MARIA CLARET Baluarte contra-revolucionário no século passado

M

ISSIONÁR IO l"'pular. fu ndador da C'o11grcg:-H;âo de

Mission;írios Filhos do lmn· culado Coração de Mal'ia. Atccbispo ele Cuha. Confo:-:~or <h1 Rainha da Espanha e hc1luanc d;i ortudoxia n() Concilio Va1icano 1. Sa n Lo 1\ 1110-

nio Maria C l~1rct foi uma íigura .suscitada pela Providên<:ia para co mbntcr o íunição 1·cvolum~1l'C<lOlC

don,·1ri<.,. gnC>stic.:o e igualit;.'1rio que v;,1rrcu <• l'.:uror>a no século XIX . A nimado por urna vocc1ção univc1·sa l. scntíndo*SC chamado ;,1 co mbater a impiedade cm lodo o inundo atravC,s ele seus livros. s.;rmõcs e íolhctos destinados tis clivcrsns CHmadas da popul:u,:ão. pronunciou 25 mi l SCJ'll\Ôl'S. C'iCfCVClt 114 ohras ti.Is qm1is. sô tlurantc sua vlda. fo 1·am

distribu ídos m<,is de 11 milhõc.:s de cxc n1pl\trcs.

Comemorando a lgrcj.i sua festa l l(l <lia 24 de m1111hro. roc;ili1an.::mus alguns aspectos pouco co11 hcci<los da vicia ímpar desse sa n10 que inllucnciou de modo ponderável a história d o século passmJo.

• • •

··1\ mci a jus11c;o1 e odit.·i ,, ioiqiiic ladc: rr~r isso 1non·,.. 1H) ex ílio" ( ...,;m,

Perfil biográfico Santo A ntoni o Maria (.'lnn.;t nasceu a 2J <k dclcmbro de I X07. c11l Sallcnt. na Cata l1111 h:1. f)uranlc .i j uvc11 t udc. chegou a ;1pcrfi..·içoa r-~c

11.1 indústria têxtil. que de ixou p,1ra to rnar-se s,1ccrd<lte. l)csc.:jando arntnc~1r a:-. a lma ~ do c.st:ido de capiHrla\!i'i<> ante d:-. males dei época. cn l n.~gou -sc ú:,; mis:-.õcs popul..1rcs. fu ndando u ma Cong1-c-

g<lÇàt) rdigiosa e v{1rias a~socim;õcs. sodalicios e arqu iconírarias para t.:nlrcnH11' a impicdack e a irrcligit>si-

dadc crescente!--. Nomeado Areehis1.>o d e Cuha que.': se c ncon1ra va cm êx lrc nw dec.a.clência 1·c li l!io~;1 e moral . d uranlc Sele a nos s;111to /\n1onio M:iri.i pt'egou missi'ics continuas l'lll lt.ltl:1 s ua

J\rt1uiclio<.:cse. , Na ;intiga '"Pl.:rola do Ca1·ihc.. rcccheu o s1,11t1 0. de modo ;1ssirw lado, o dom da r>rofcc.:ia. JH'cvcn<lo par1.t ;1quclc povo recalcitrante gntndes castigos. Predisse também a perdição d<: Cuba. o q ue sucede u um

s\:culo mais Wl'<lc com a a s<.:cnscio do regi me comunis1a de Fidcl Cc,stro n;_1 ilha .

Os principi os da Rcvoluc;,io l·rc.1rn.:csa. c:s1mll1Hndo-sc pelo mundo. s uhvet1cnu11 a sociedade con• tcmpürúnc,1. prúvoc:ando unw ontfa ;1nti-rcligivsa e consct1iicntc deC.:a · dCucia dos costu 11H.:.~. Num tcncno fl l'opicio. f'ilosolia:-. e contcpc;õcs <l e vi<l:1 ~111ticatôlkas loram surgindo e

<.:onquh.ta n<lo as mc11t;1J idadcs. cm suhs1itui\ITO :,os ensinamen tos pere nes da Santa lgrej.i, J\ [":.'\!)Hnha. corno se tivesse perdido a vi1 alidadc hcrúica. lll.lnifcs· tada p<,r ocasião <l.l rcsisténda anti·

f:m m.irço de IX57 S;111to

1\ 111<•-

nio Mariti Clarct foi nome;_Hln. ;1p1.:sar <hl oposi<;,io d os liher.iis. confcs. sor da jovem Rainha Isabel 11. D,,tada de mu i1~1:-. q u:ilidade!I-. tlc:-.crita:,; pc:lo ~111110. él :-.Oh\·r:rna da Es pauha. no ent;mto. sofreu 1nuito as i nfluéncias do rnc.:io lih1.·ral, no qua l foi educada. Como co11fc.sso1· da ruinha. S.into Antonio 1\11:1rh1 trab;1lhou muito pda reíorma <la vicia da corte. cnttío muito munda na. Mus o papel nwis importante do santo nessa fase de

A111011ir, Al aria A 111ohiogrd/lco."

<'fm·<·t

l ~ffriu.,.,. 1::,,,iri111(t/('s·· ll.1\ .C.. l11tro1lui;:io (ie ,·al, p, (,4). I'

granel<'.'!. cas1igos t/W' -"'' m '<'rt't1111''.

Co níonnc natra c m sua auto• hi,lgra lia. para cu mprir sua mis:,.;:iv

ro. a i11d,•pcJ1dh1da da ra=,io. ,, a i ,uh·1u-11d<!1wia da ,·o,utul<': a ('Oll,\'('(/Íih1â11,r",

En1 ma io dl· l~:52. predisse as ,g.1·;11ulcs clcsgr:u;as q11c se ~h.:er·c.ivam c.lc c.·uha~terremotos. enfcnnidadcs e

li /UJIU 'll wrra /ma t/W' re.,tou 110 CWJ1/Jl1 o u ,w ,·inlw do ,\'<'nlwr·· (op. cil.. lnlrCld U· ç:io ( ,cral. p. 7 1. notas 2(, a 28).

O prúprio No:,;.st> Senhor .h.:su~ Cri~to. cm 1~61. o int:umhira c.lc "fu: <·r frent<' ti tudos o., nwlt·s du i ~\'JJl111lta ·· ( op. cil. . 1n I rod ução Ge· ra l, p. 27). Rca lmcnlc. pcrcúrrc11do ;1 ahun • ll:111tc hihlit1!!,r.1fh1 e larc1ia11a. d e pa ra mo-nos com a int:rivc l va ricdadt· tlc assomos que tra1011. ahrang1.·mlo prn1ic:11rn;rllc lodo:-.· os <.:ampos c.l;,1 alivitl;1dc ht111m 11:1. na t·poc.i, Eucun· tra111os tema:-. que versam dc:-.th.: conselho:,; ; 1 jovcn:-.. ; 1 Sacerdote!'-, a militan::-.. ah; n lH'ilS intituladas ",•Is th·lina." do cm1111t,", ··;t t•s1r11cl11 de• /crr,, ··. ·· /((•111c:diu,, ront ra o., nm/('s ·, la ,;110,·t1 uum/", "Uc'/lc•.,·,ic., sohrC' t i 11gric u/111r11··. etc.

l )oi:,; l;1tos porn.:o <.:onhccido:-.. cnln;t.11110. 111ostrn111 a têmp: ra <lo gra n<lc /\l'cchispo: !'ôt1i1 p~>"t\';10 cm rclac;ão ao n:c:011hcdmc11 tH tia uu ilic:1,·i'ío ita liana e p1.·1·ointc a discu:,.s;io da 111 lalihilidadc rontificia. d11ra11 1~ o (.'ondlio Va ticano 1.

Espanhn. o Papa <.1consclhou San to Antonio Mal'ia :1 vollai- pa ra junto da sobcr:tna, desde q ue esta se C<)mpromctessc a reconhecer os direitos da Igreja. No dia 27 de dezembro, com cfcit<1. 110 discu ,·so de abertura d;is Cortes. afirmou Isa bel 11 que. se r;.l7.ôcs de di vcJ'S.tS índoles a leva ra m a reconhecer o novo Reino da ltúlia. tal atitude não d irni nuiru nela os sentimentos de pl'ofundo e filial respeito c m relação ao Sobera no P o ntífice. nem o fi rme propósit o de zelar pe los intel'csses da Sé /\postó1ic,i. A pa rti r de então. <.1 sorte da rc1inha cswva .selada. Os lihcrais e

.f.:lll'l'l'U

I' l i,\ .'(/1(1,\ '

a('ahem ,h• m·rtt,,;1t1r

fre nte a um crucifixo. e dirigiu-se para Ro ma. N;l Cidade E1c1·11a. O ex •conrcsSCH real íoi ca rinhosa mcn1c recebido por Pio IX. Corno Isabel li insistir., m uito junto :10 Sobera no Pontífice p.:i ra que seu confessor retornasse [1

l;piscopado espanho l. <1uc deveria desempenha,· papel decisivo no Co ncílio Vuticano 1. Nesse Concilio. com efeit o. ,i fre nte dos Bispos de língua hispâ· nica, foi um dós principais palad inos da defi nição dogm;itiea d a infalibiAntonio M,1ria C larct inicio u seu lid,,dc pontifícia. aposto lado no sentido de reavivar Fi nalmente. a 24 de ou t uhro de uma peq uena chama de re ligiosida- 1870. falece u na França, c, ilado. de ainda não extinta nas li bras mais 1>erseguido e vilipend iado. merece nprofundas da ,ilma d o povo espa- do, ta m bém ele , o cpit,\fio co locado nhol. para tcn1ar transíornui-la num na sepultura de São Gregório V I 1: incêndio C(tl)ê'l7. de sa lvar ;-1 humani- "Dilexi j 11.\'lilit11n N odivi iniquillt• dade. 1en1: pro1nel'ea 111c>l'ior i11 e.,·iliu" -

modn t'' /WJJlo.,·o o. UJJlol' oo d inlwi-

;,,,pl<'dtul,· (' do i11dij(·,·c111i""º ,ui< ,

Senhor. dada qu,111do rezava cm

sua vida consistiu na reforma do

Es:-.cs Irês ,gr:tnd\!s castigos. pred itos 1>.:1r.1 a Es1Mn h;1, eram: " O /Jl'OI<'.\'· 1m11i.,1110 <' a co1111111is1110: os quatro 11rquidc111,i11ios (fll(' 11ro111u,·,•r1io ti<·

de procurai· a nwiur glúri~1 de Dcu!l- l' de Sua 1\iHic Santi'\"lÍ111.1 t· "n/tt>l'·,w· <'}ica:111<·111<· ons dt111os </tw padt·cc 11 l<eligilio ('111,i/i,·a··. S;11Ho /\ ntonic• Maria dc,·t:ria "/11:ct ,,a/iradas ,. lll lll'(l//,11,, ti /'illt tf<' (fite' (1 hotT(l,\ ('tl da

/\ 17 de março de 186 1. o Rei da Sardenha. Vito,· Ema n uel l i, depois de lcl' usur·p;1clo v{1rios lc.:rritôrios da península itúli<.:a. indus ivc pontifícios. pl'oclamou-sc Rei d;i lt:íl ia, com o (rnxílio do agiwdor· rcvolucio11,írio Garib,1 ldi. E.,se ato de usurpação politic:, foi reconhecido por vt1rios governo~ e uropeus. Isabel 11 pressionada pelos libcr1.1is. teve igualmente a fraquc1.;1 de l'Cconhccer. cm 1865. tal unific;ição. que espoliava ,1 Se Apostólica d e seus lcgitim()S 1crri1óri(>S, /\ refcl'ida posiç:io da soberana cspanhol.:1ca usou tão proíundo aba · lo cm seu confessor. provoc,1ndo nele sérios dis túrbios físicos. Em protesto, o sa n to retirou-se da corte. por ordem do próprio Nosso

napoleônica, parecia. cm meados do século XIX. ir o lvidando sua própria g randc1.a . passando a ad o tar as modas irnpor1adas da Fra nça, e aceita ndo despreocupadamente a posição d e umn vinu:11 colônia !'a bril e mercantil da lng latcrrn. Foi nessa conjuntura que Sa nto

1

O Batalhador

Contrârio â unificação italiana

Em Madrid, o ex-Arcebispo de Cuba trabalha em seu escrltOrlo

i1cvntccimcntos í utu ros, fo1endo vil rias p1·ofc.cias. Citarcmüs algumas dei.is. No dia 2J de setem bro de 1:S59: ..() .'·i< llhor 111,• dlss<': 1'ourti.,· p or 11wio da /erra. ou u11clt1rtis <'<Uil grmuh• l'c/ocitlad" , . 1n·e~ani.,· os

peste:,;. e finalmcntr. a maldit;;ío tiuc iria se aba1cr nw is l:1nk sohrc :, ilha.

Fotografia de Santo Antonio Maria Clarct

º ""

11cgru lcgt'lula, 1·i.w,x , Jc l,isl(i.. riu, de 11111 ArcC'hi.,pa grn,,·.,·<'iru. ig1111v rw11,1 • hurigmllt'. (also. ,·guísu,. mJt .. hichnn <' aJ,; dc.,·0111'.\"1(1. o (Jlll' ,·/w,. gou ·a apagar i111cirwm•111c• a n ·nla d('ira /i:donon,ia do :.111110 ... a fir ma lllll

dCseu~ hitlgrafos (or . cit. . l nll'Ov

duç.i<> ( ;eral. p. 47). Em sct~mhro de 1868. um golpe rcvolt1cio11;írio dcstn111011 a sohcra •

e procl-amou :, n;pllhlica. f~ncccssiil'io ressaltar q ue. dias a nte:-.. CSla lld() :1 f:imilí:t n.·al IHllll:I \.'St:11,;fü, de ;'1guas. Santo .A11tu11Í(l Maria dil'igiu-sc ú sclhcran:1. :1consclha 11<10 .. a a voltar imcdi:.uam<.:n le a Ma ... drid . rnrque uma 1\~,·o l11çião l'Sl:n •a prçstes :, cdodir. /\ minha responden .. lhc t(Ue linha neccssidmlc de m:,i~ h:1nhos nH,·d ici 11: 1is. " / )á rui tlC' h1111hu .,·. i nsistiu o runkssor: /ui a(~o nwi., Íl11pur111111t. dt1 ,111e ('/e.,·", llil

1

Como a r.a inha cont inuasse a apn.!· ~énta 1 éScus.i s~ disse-lhe o sanl o com ene rgia: " S<' V.ft1. [t,-:s<' 1mw hon<'ctl. "" a n,locario no ho/,w, e nn·,·c•l'i<J o ,Wmlrid pura sal\'ar a t:0,·1u111lw da te1·0/11ni11 ". Mas a rainha ü:io cr;, uma honcca ... Quando. mais tarde. quis volt~1r. e ra H1rd~ demais- e só lhe rcs1ava o exílio. para onde :1 aco mpanhou seu eo nfCssor.

Conclusão Quem tão 1;,randcs r rc,iui1os t.1\1• sava, c m SlHI ê poc,1, ú Rcvohu;f,o g n ústit:a e iguali1;íl'ia. não pod ia dei,'Ca l' d e se r g.rn ndc vítima dcl:1, /\ lê m de alentados íisicos. <.:Onsuma• dos ou nos t1u;,1is Santo Anto11io l\ lr1ria esc;1pou m ilagl'osa111e11tc..:. um.i hc111 organi1.1d.1 rede de caluniadores "Cmpre precedia o s:HHt't nos lugares onde deveria pregai'. procur;111do minar sua :,,:iio. Os casos mai:,. i11vc1·o~sivcis. as call111h1s ma is abs urda!-1 era m csp.ilhaclas pelas <.:ida · d,.:s. ;1 1'l'Sfh:i10 dt) s~11uo sem que se pmlcs.st· apontar tJS a utores. /\pcs:1r <le wdo. a sa n1idadc do gr.111(k 1nissio11:'1rio e ra tão palp;-ivcl. 4uc cm poucos dias ruía por lcl'r;1 toda sorte de c.:a lll11ias. r a l údin perseguiu o sa nto a1é o kito dr morte. Em Pr:,dcs. na F1·an-\·:r . onde se l'IK011tr;1va exi lado. so 11hc 1.1ue o cúns ul c.:spa nho l, cm l'i.;rpigrnin. pcdir.1 ,,o embaixador de J>a .. ris. s ua detenção. J\ antigo confessor rea l. Arccoispo de Cuba. c, pocntc da Ortodoxia 110 Co ncilio, foi obrigado a fugir cla ndcs1ina n11.:ntc. p;1ra morrer cm pa% l'\:ma .ahad i:1 cistcr1

ci..:n:-.c ••• Tão grand e ,idclid,,de foi ratifipelo Céu a1ravês de gra ndes

C(teJa

inlcrvcnç <>cs ohtidas por intercessão

Comoção cerebral ao ouvir blasfêmias no Concilio Pela Hula "A<·ter11is l'atri.,···. de 29 de junho de 18()X, Pio IX COllV()• ea rn o C'oncilio V:,tica no I para 8 de dcxem hro d e 1~<,9. O enérgico Pontífice <.111c condenou os gl'~tndcs erros d,1 é poca. especia lmente o lihcm lisn'lo. med ia nte a Enciclic;i "Q1111111a Cura" e o "Sy/111//u., " tinha cm grande cont:1 Sa nto Anton io Maria Cl;u·ct. Quando este o fo i visitar cm 186X. o

Papa insistiu pHrn <111e perma necesse cm Roma. prc::;t;-1ndo su::t col;1..

d<> sa1110. :1i11da cm vid,1 dcs1c . Duas g1·aças a$sina lad íssi nrns. que Santo Antonio Maria C larct deixou l'egis1rn das cm sua a utobio • grníia. íornm o <lom de conhecer e d iscernir a!- const:iéncias ( ..11S.\'i1u,.. loria c,n11 tJ d(•do os que <'SUio ,,,,, JJ<'('(uln mortat'). e a conscrv;u;ão con1inua d:,1s c~pécics sacramentais cm si ("llu1uhioi:rr!fia". § 694).

Para encerra r nlgu ns d os traços biogr,tíicos ma is :-;a licntcs deste baluarte da Igreja. rcponamo•nús ao 1cs1c m unh o do dirigente ana rquista e d iretor de " /:'/ l )i/u vio" sobre a ação de Santtl J\111onio Maria Cla· rc1 : "S,• 11,io h o t1l'e.v.w o l'e. Clttr('I, 11

hor:,cão na prcf)ar.tç;:io do Concílio. Grn~·as ao trabalho do santo. o hloeo de P relados de ling u;i hisp5nica cm tão coeso c m torno da ortodoxia e da infalibilidade pont ifícia. <1uc o Ca rdea l Man ning. Arcebispo de \Vcsunio~tcr. exclamou: ·· Dos Jlispvs espan/Jâis. pode-sl' di-

U ritJ co111pree11dido 11 , la /'('W)ht('tio. ('0111 .\'('(I,\' n1il/1ar('s de sermcies d<' un,a ext 1'1101'· diluiria (Jllt1lidadt• JJO/Jltl(tr, " /'(', Clar,•1. l,0111<·111 prod1:i;io.w111u-·111e ati1·0, recris1ia11i::011 Ioda " C111t1/u· 1 11/w ... l><'pois dt• n11ular i11u irat11(•n1e

:er q~t(' Jâo a J!.UOr<lf1 in,perit,J do

o 11.,1u.)No n•lif!Joso da Cau,/1111/w. j(•:

Papa!" Oura nte a discussão da Consti-

o 11u•sJJ10 ,w.r C111uirias. e. ru111co d<)pois. e111 C ubn, p aís ,•111 <Jll<' o Ca1ulicisnu, t•su,w, ""' f alt'11â11. AI/as ll(ÍO .fiJÍ ÍSM) O f)ÍOI'•. n•.'iit/é11cin em J\.,f adrid f~,; u11111 1·erdad<'irt1 ('(l-

l:i·dt•sfo Cltris, i", q uc versava sôbrc a Igreja e as prerrot u iciio "/)f!

gat ivas do Roma no Po ntífice. :1 o usadia dos libernis íoi tiío longe. que o sa nto escreveu a D. Xifré:

"Conu, sohr<· t •su1 111atél'Ía não posso 1/'III M'ÍJ:ÍI' f)OI'

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Cata/1111/u,

1

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tú\'lndi.· par;, o 11w,·i111e1110 r('\'0/11cion drio ,-w pa11ho/" (Op. eil.. l n1ro .. duçiio Geral. p. 27).

('()111 llÍII ·

~11é111, ,, estou pro11u1 ti t.lerranun· 111(111 ,WIIIJ!.U('. COIJIO diS,\ 't' ('111 pleno Concílio, t10 o u vir os di.,1J<1rt1Jes <) 111<·.,·,110 as hla.efê111ia,,; e h <JresitM' que

Plinio Solimeo Obras consultadas

profundamente. p1·omovcram umH

,\'( ' pn1111111cia1·m11. tudo i,t to d(•sper• uu1•111e '""" iudig,wrôo t' 1011 ;('/o uio f:J'tmdes. que o !itni.~uf! s<' 111('

carnpa nha maciça de cal únias e in-

subiu i, cab<1ç11. prod11: i11do-111r wno

sultos contra os soberanos espanh ó is e üquclc <1uc sabia m ser l'CSponsúvel pelo recuo da rain ha. "Na

,·u11wçtio ,·,,rehra/" (op. ci t .. Epistol;írio. ca rta 9 1. p. 924).

ria, S:it) Paulo. J')S2.

i,nprl'nsa. em desenhos e /(110,:ra.. fias. r-0111 /Ji.r1orh~1as e <·anr,ies. nun 1u11rm11ruç,)t•.,· e disn,rsos, .forun, (/;.. ,·ulg,uulo por 1o cl11 ,, J::.,·,"111/111 n

Profecias

Bernardino I. IOf~:1, S..I .. " J/i.-wdu ,h· /u IJ,:li•Jla Crmilini'·, U,J\.C.. M:u.hid. l'>SS.

rcvolucion:írios cm geral. a quem essa recente posição real irritara

Sa nto Antonio Maria C laret teve. inúmeras vezes. revelação de

",Y,m l luumio Muria Cl111w

Hs,•rito,,

Amoltr'o;:râji,·o., 1· t;.,,,,r"rhm,h•,, ", n.A.C.. M:1<ll'1d, Jl>S•). Pc. Aoil):11 Echc:v:1rrÍ;1, C'.M,F,. ...'\·muo rlmmtio M11rü1 (1"rn ... l:c.lilora Avç M:1-

l(.HIIO IV.

J\hhê ú . B:trh11:r. "/11:,·,oln· /'opulmrc• dt· l'l't;:li."···. P. l.<:thil'llcux l~di1curs. Pa1 i~. 1')22• .l." ICllHO,


1 •

ll N.º 347 -

Novembro de 1979 -

Ano XXIX

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Fllho

O AMAPÁ NAS ROTAS DA TFP PELA PRIMEIRA vez, uma caravana de propagandistas da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP - fez campanha no Amapá, a única unidade da Federação, excetuadas as ilhas oceânicas, que aquela associação ainda não havia atingido. A campanha, recebida com grande interesse e curiosidade pela maior parte da população de Macapá, capital do Território, consistiu na divulgação da obra "Tribalismo Indígena, ideal co1nuno-1nissio1uírio para o Brasil no século XXI". de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, bem como do folheto "As aparições e a 111ensage111 de Fti· tirna conforrne os 1nanuscritos da Irmã Lúcia" e do jornal "Ca1olicis1110".

Os cooperadores da TFP chegaram ao Amapá após dois dias de viagem de barco, através do estuário llo Amazonas. A mesma caravana penetrou também no interior do Pará, divulgando publicações anticomunistas nas regiões de Marabá, Altamira e Santarém.

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Outras partes longinquas da Amazônia, tais como Rondônia, Acre, Roraima e o próprio Esta- do do Amazonas já foram visitadas em várias ocasiões pelas caravanas da TFP, constituídas • por sócios e cooperadores que lotam em geral uma komhi . levando suas capas e os estandartes vermelhos com o leão dourado. Desde 1969, quando foram instituidas pela TFP, as caravanas já venderam 900 !-: il publicações e percorreram mais de 2.300.0-00 quilômetros. extensão correspondente a três viagens de ida e volta à Lua. Nas páginas 4 e 5, concluímos a publicação do elenco das atividades da TFP, que ocupou a maior parte de nossa edição de outubro.

EUROPA: RESISTIR OU PACTUAR? HÁ MUITO admite-~e entre os especialistas a possibilidade de uma repentina invasão da Europa por tropas soviéticas. Dianle de tal acontecimento, como reagiria o Velho Mundo? Como resistiria sobretudo a Alemanha Ocidental,

SÃO JOÃO BOSCO, O EDUCADOR QUEM NÃO OUVIU falar em Dom Bosco, o extraordinário formador da juve ntude? Com seu sorriso a1raente, aliava a bondade, como que paternal, /1 e nergia e segurança de princípios. Penetrava as consciências e desvendava os ardis do pecado. O olhar do fundador da Congregação Salesiana parecia uma verruma a perfurar os corações, segundo uma teste1nunha conten1porânea do santo. E porque correspondeu à s ua vocação, o apostolado de São João Bosco transbordou em pouco tempo para o inundo inteiro. Veja na página 3 aspectos pouco conhecidos da vida desse providencial apóstolo da juventude, no século passado.

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.

que sofreria certamente o primeiro e ·mais violento i1npacto? A reação seria pronta e proporcionada à agressão ou teriam inicio negociações, o que significaria em última aná(jse uma forma de capitulação?

Na página 2, apresen tamos a análise de nosso colaborador Péricles Capanen1a sobre o panorama europeu, focalizando especialmente a Alemanha Federal, cujo poderoso exército é visto aqui em manobras.


DA EUROPA

O DILE

"Alpha J et". avião de combate utilizado pela OTAN E RMI NADA A li Grande Guerra. como se sabe. a Euro• pa Oéidcnta l perdeu sua milena r condição de cent ro d:, História e os focos do poder mundial se fixaram cm Washington e Moscou . O auge d a pujança norte-america na permitiu ao Velho Mu ndo cuidar d espreocupad o da reconstrução e reparar-se das devastações da guerra, por meio do plano Marsha ll. A segura nça ficava praticamente reservada à OTAN, cujo núcleo forte

T

era m os Estados Unid os. H avia uma

a mec-rça contínua a leste. mas sabiase que era esmagadora a desp,·oporção e ntre o poderio do regi me de Washington e o do 101ali1arismo vermelho. Por isto, os problemas de defesa fo ram deixados algum tanto de lado. E ao longo destas três décadas o fulcro de seu ímpeto rcsum ia•se no programa contido na conhecida expressão de Luís Fel ipe: "Enrid,issez-vous". A Europa Ocidental cuido u de enriquecer-se.

coloca cm dúvida a scricdudc dos laços da Alia nça Atlãn1 ica. O segundo pi lar foi trincado pelo aumcnro do poderio militar russo. Enquanto ncgociavt1m o desarma·

crn reuniões secretas. a neutra lização da Alemanha Federal. O plano comportaria a reunificação <lo p;!Ís e sua retirada da Aliança J\ clf, nt ica. Natu1:1lmc11tc. os alemães ;1nsci.-1m pelo dia cm <1uc verão una sua p;h ria hoje dividida. E seria este o engodo. Ofcrcccr-sc.. ia aos gcrmfinicos a reali~ação do velho anseio cm troca da ncu1rali1ação. Neutrnli1..ação que no caso signilicHria satclitizc1ção. Egon Ba hr e \Villy Brandt desmcntirnm a

mcnto e a limitação da corrida a rmamentista. os sovié1icos acelera· vam como nunca scu 'programa mi litar. E a Rllssia. antes consideradn uma nação bit rbttrn, pohrc. cmbor.l prepotente. passa a ser vista por codos como sérin concorrenta ú hegem oni a no terreno militar. Alguns ji, a eonsidcrnm mais fo n e do que os Esrndos Unidos. O terceiro pilar. psicológico. foi o dcsm oronnmcnto da crcnÇ<l na '"cléfl•n1e··. H;í ainda algu ns retarda· túrios obsti nados que acreditam es- ~ tara Rl1ssia rnovida por boas inten-. çõcs e <1uc s inceramente a lmeja a pa,. .,. mundial e o bem-estar para seu. . ~ ~l!ápovo. Esta camada esclerosada é ·...... "" _. con,aitu ida geralmente por tipos ' pragm;ít icos e otimistas que imaginam todos sentirem como eles. Aspi ..

. ,t , Os misseis franco-alemães "Roland" e os tanques da série "Leopanf' são dotados dos melhores recursos tecnolõglcos. Mas o dilema europeu decide-se nos espl· ritos. onde titubeia o animo de resistir.

• • • O primeiro pilar. agora trincado. do edifício que sustentava a independência euro péia repousava na credibilidade a mericana. O colosso do nort e era. de lo nge. sem nenhuma

dúvida, a nação mais rica e poderosa da terra. dirigida por governos q ue

honra va m seus tra tados. " J>acu, sw11 servt11ula"' e o pacto da Aliança Atl'1ntica garantia a defesa. Até que no Vietnã o governo no rte-a merica no ·niío honrou os tra tados. Nos ca utos, este acontecimento ocasionou um calafrio. Pouco depois. os americanos inicia ram o processo de aba ndono de Formosa . A Coréia do S ul sente-se insegura. Nos Estados Unidos, é considerável o 11úmcro dos que se desinteressam pelo destino dos povos livres. Observando-se a opinião pública norte-america na. vê-se nela u ma dose de fad iga. Esta pa n e do publico cansou-se de ser a polícia do mundo. A ascensão da admi nistração Carter, da qua l o mínimo q ue se pode dizer é estar executa nd o um a política ima tura.

2

ranclo cm sua vidn pri vada c1pcnas {1

tra nqiiilidade e it prosperidade na prf,tica. para eles. va l~J'cs exclusivos e máx imos da existência . tra nspõem inconscicntcmcn1e tais desejo~ para a menta lidade dos dirigentes do comunismo mund ial. E julgam q ue estes são pacíficos e "razoúvcis" como eles. En1rctanto, a maior p;Hte do público j:1 ab;indono u a ilusão comum nos fins da déc,,da de 60 e primeiros a nos da a tua l - de q ue o governo russo não era mais ideológico e imperia lista. mas que visava constiwir uma sociedade moderna e industria li 1.ada. Os acontccimc,nos trouxeram cruel desmentido a dita ilusão ... Sendo a Rússia imperialista. o alvo mais próximo é a Europa. reílctem os europeus. Entre todos os pa ises d o Vclho Co ntinente. aquele que sofrcríi o primeiro emba te serú a Alemanha Ocidental. Por is10, o problema ai apresenta um gume q ue não mostra c m outras nações. Além disso. o a lemão. de htí muito. é o povo mais militar da Europa. e suas r<:açõc~ frente aos russos determinarão. cm larga medida . as atitudes dos ou1 ros povos. Acresce ser <-t Aleman ha. a tualmente. a nação mais rica da Europa e portanto aquela qué 1cm melhores condiçõc< para armar-se.

*

No último outono europeu. Bonn foi sacudida po1· um grande cscânda· lo. Um dos rnais sinistros pcrso,wgcns do partido do governo. a socialdcrnocrncia, é sem dúvida Egon Oahr. ex-comunista . membro da a la esquerda do PSD. homem de bast idores. negociador astuto. que esteve. nos últimos a nos. sempre muito próximo do podei'. É conselheiro de Willy Bra nd t e sccrei.irio-gcral do partido. Dele se di?. que cm viagem à Rússia tcl'ia negociado com Brcjncv.

movimento intelectual. está sofrendo duros ntac1ucs c m q ue <1 falsidade de suas concepções é colocada a nu e o PC c. ncontra-sc também na defensiva. O marxismo é atac(1do. enquanto movi mento de idéias e dono ele governos, e o PCF como desejoso de sujeita r o país a um sistema burocrá tico. p:1upcri%antc e to talitú ,·io. A ameaça do poder comun ista internacional ..'1 soberania fra ncesa não se encont ra no foco das

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Hoje, e ncontra -se perplexa . R ic,i ainda, mas já não mais próspera. a Europa percebe de repente que as circu nsrnncias q ue lhe permitiram desenvo lver-se sofreram lento processo de erosão e q uase não ma is ex istem. E dia nte desta mutação. torna-se-lhe necessário decid ir com energia a remed iar a siwação ou . como urn avestruz. enfiar ~ cabeça na a,·eia e es perar o fi m. F undt1menl:llmcn1e. o d ilema repousa numa constatação: já está claro que a Euro 1,a, se q uiser ser prudente. tem q ue cuidar de sua própria defesa. O guarda-c huva a tômico nortc•amcricano está com as varetas emperrad as e talvez. não se encont re u m presidente bastante decidido para pode r usá-lo.

como se sabe. lidera a corrente mais pugnaz e anticomunista da oposição. Ou seja. O$ parlamcntê:lre.s apostam "" escol ha do representante 1lH1is cm evidência da corrente lutadora como uma carta dotada de boas c ha nces de cond uzi-los ú vitória. O que sugere tudo isso? Perplexidade. Diante do monstro r usso, setores d;1 opinião alemã hesitam. Vêem-no do outro IHdo do muro.

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viagem e o plano. Para um ob:;cr\•;.1- mas vacilam entre atac.'.1-lo ou sol'ril'do1' um pouco experimentado cm lhc. A Rússia. incomodada com a manobras polític;,s, lralou-sc com indecisão rois quer jú a C(tpitu cc1·lcza do c l~íssico balão de c1l~(tio. laç5o pressiona abcnamcncc para t solta a notícia. htí um " h,·11/wlu,··. ahatcr logo :1s rcsistênci.is. Dcmons· discussões. jlrotcstos. apoios e silCn- 1rnndo indignação com a pl;1nejada cios. Os ho mens intcr<:ss,1dos na 1nodcrni1;1ção do arma mcmo nuexecução do 1>lano podem então clc,11· tút ico europeu. desejada pela avaliar s uas possihilidadcs de rcali .. OTAN. <1uc consistiria principal;,,ay;;1o pela ponderação das reações mcme na instakição de misseis surgidas. E o 1>lano faz seu caminho f',,rshin?, l na Uélgica. l-lolanda e na cabeça d;iquclcs do público que Alema nha. ameaçou com uma alulhe tiveram i,lguma simpatia . Al- são c lara à devastação atômic:11. guns. quem sabe muitos. <:s1ariio Afirmou o órgão oficia l do Comitê ,a e.ora se perguntando: "Por t iue Ccnu-;tl do Partido Co111u nis1a "So· não'!" Se os Estados Unidos se \'i<•1skaya Rossia··. cm sua edição de distanciam da Europa. não haverá 9 de agosto: ·· N<iu é nfces.w iri" 1111w gente desejosa de resolver o caso ,t!.f(Ultl<' i11wgi11aç<iu pttra JU.1 l'c<•hf!r logo. entrando cm :tco,·do com o qut• uma Europ(I Ocide11u1/ d11dt1 de poccncia l conquistador. cvi1t1ndo. m) fo,:ueu•s t• 1nfr.,·(•is se 1ran.ifi.,rm11J'i(I sua lógica. uhw conquista brutal e 11un1 Jiicil ,1/\'<111ut·f<,ar··. E á Agência aíastando as (,crspectivas de guerra·? Tass ;.1cusou recentemente a Alema Ta nto ma is com a confissão velada nha Federal de "est(lr pr<•parando o de q ue há no governo homens íavo- JeYrl'lw para perigosos p/(JJu,s 111ilinívcis ao plano. 1ares" . O chancele,· He lmut Schrnidt Por 0 111ro lado. a escolha de mostra-se muito esquivo. Ao mesmo Fn1111.-J oscf St/'auss, feita pelos de- 1c111 po q ue recon hece a necessidade pu tados da oposição conservadora. de modernização das forças da como seu c;111didato a ch:.1ncclcr fe- OTAN. evita atacar a Rússia e pede dera l para as clci~-õcs gerais de 1980. que as próxinrns manobras da Alian .. indica que os politi<:os sociais-demo- ça Atl;intica sejam de âmbito mais cratas e dcmocnuas-c1·ist5os acrcdi .. n;stri lo que as rc;ili1.acl.1s no outono tam ser o primeiro-ministro büva- e no inverno dn ano passado. J'<> um bom trunÍt') ckit<>ral. Strauss.

• • •

Egon Bahr, do Partido Social-Democrata alemão-ocidental, teria negociado secretamente um acordo capltulaclonlsta com os russos

Nas dcrnais nações européias. o di lema é menos crucia l. rn;,s. da mesma ma neira, muito rcal.-Embora n J\ lcm.:m ha receba o pri meiro impacto, não serão poupados os outros países. Na pen ínsula <:scandinava. obscJ'va-sc curioso fenômeno. O socialismo desilud iu e perde terreno. Contudo. mesmo da ndo as costas para o socialismo doméstico. os csca nd ina vos não parecem dispostos a fazer frente ao socia lisrno faça nhudo e tota lit;íi'io que espreita a ocasião oportu na para o golpe. Na lt~\lia. não se notam preoc upações maiores. cm pane por desídia. cm pane por saberem os it;1lian(,s que nas confrontações mililarcs seu peso é significat ivamente mcnol' que no terreno das artes e da diplomaci.t. N;1 Ftanç;l, a incandescência do tema :ainda não ga nhou o gra nde público. O comunismo. enquanto 1

prcocup"çôcs da nwssa da população. nem da graude irnprcnsa . O novo governo conserva dor inglês p1·omctc destinai" mais verbilS à defesa e adequar as fo rças armadas hri tânie,1s ~\s necessidades dc1 situação mu nd ial. I; o único governo europeu que manifesta algu ma energia. Suas reservas petrolíferas torna m mái:s í,icil um a mbicioso programa de dcfes11. Porém, so1.inho não poderá fazer fre nte ao poderio russo, a não ser q ue seja dotado de uma energia e g,·andcza "churchil· li ana" e seu exemplo entusiasme os outros países do conti nente. No conjunto. uma s it uaç.ã o de perplexidade. variando os gr:,us c<>nforme a prox imidade do perigo. as condições próprias a cada povo e a sua índole temperamental e ideológica.

• • • Duramen te a tingida pela crise energética, corroída por décadas de tolo o timis mo e indiferença ame o perigo que cresce. a Europa vacila entre a auste ridade precavida e militante ou (1 continuaç.ã o do sonho suicida. Se. do outro lado do Atlftntico. os Estados Unidos não derem mostras de que cm qua lquer emergência estarão ao lado d os europeus. estes se sentirão tentados. j,í :l p;irtir de agora. a fazer uma pa1. capitulacionis1a com seus a lgozes.

• • • Resta. porém, um recurso, e no menor de todos os Estados europeus. Há uma voz q ue pode galvanizar as energias dormidas e os â nimos abatidos. Se do alto do Trono de São Pedro partisse uma voz forte cm defc~a da civilização européia ameaçada. na qua l as ovelhas reconhecessem o timbre de Nosso Senhor Jesus Cristo. o comun ismo teria muitas diliculades. e lhe seria rnlvc>. impossível tentar conquistar a Europa . mesmo pelas armas. F,i-lo-á J oão Pau lo li? É o q ue de iodo coração desejam incom ãveis fiéis no o,·be. 1nclusivc não-ca tólicos de espírito objetivo. gravcmcme preocupados com a ameaça vermelha.

Péricles Capanema


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D. BOSCO: O SANTO FORMADOR E DAS PREVISÕES SOBRENATURAIS '' Q

UA L É A COISA nwis bela que jti viste e,n tut, vida?" - pergun1ou D. Bosco a um de seus alunos no piítió do Colégio Salesiano, cm Turim. O discípulo respondeu: "D. Bosco!" O rapaz não se enganara. Quando D. Bosco foi canonizado por Pio XI, cm 1.• de abril de 1934, na Basílica de São Pedro desdobrou-se enorme imagem do santo, repicaram os sinos das trezentas igrejas de Roma e duzcn1as trombetas de prata, concebidas por Miêhclangclo, soaram. São João Rosco passou definitivamente para a história co• mo um dos maiores sa ntos do sécu lo passado. apóstolo da juventude. taumaturgo e vidente profético. Deus jama is abandona Sua Igreja. Intervém freqüentemente em Sua história suscita ndo homens provi denciais, especialmente dotados contra os males que ameaçam prostnilA por terra. Após a invasão das hordas bárbaras que assolaram o Império Romano do Ocidente. São Bento e seus filhos espirituais recolheram toda a sabedoria antiga cm ermos retira.. dos. Para deter o ímpeto das invasões maometanas, surgiram as Ordens Militares de Cavala ria. Seus membros eram cordeiros no c laustro. leões no campo de barnlha . Cont ra Lutero, Calvino c outros heresiarcas do sécu lo XV I levantouse a Companhia de Jesus. sob a direção de Santo Inácio. como um baluarte da Contra- Reforma. E ante a ava lanche demolidora da rcvolu~ ção laica. libera l e: racionalista do século XIX, a Providência suscitou a reação sobrenatural e miracu losa de São João Bosco. Pobres doutores de dúvidas. deformados pela visão materialista e cicntificista da vida! Eles csuirão condenados a jarnais entendê-la inteiramente. pois fa lta-lhes o ângulo sobrem1tural da existência. Pois

Vocação de formador João Boseo nasceu a 16 de agosto de 1815. cm Bccchi. nos arredores de Turim, filho de camponeses. Órl'ão de pai na mais tcnrn idade. o pequeno João possuía, entretanto,

uma riqueza incstimcívcl: crnm as elevadas virtudes cristãs com que Deus ornara s ua mãe. Margarida Occhicna. J>ossuia a progenitora do fundador da Congregação Sa lesiana uma elevada compreensão do que significava ser mãe católica. Soube preserva r no coração do íilho e ajuda,· a noresccr o gérmen de vida que o Batismo depositara. D. Bosco jamais esqueceria a suave firme1.a com que

sua mãe o preparara para as dificuldades da vida, a perfeita equidistância que mantinha e ntre uma severidade violenta e uma bondade falsa, bem como o ambiente famil i.ir onde a 1>rcndcrn pelo exemplo e pela palavra - as virt udcs cristãs. Se São João Bosco chegou a ser o grande educador da juventude que foi. ele o deveu cm primeiro lugar aos exem-

plos q ue contemplou, na infância e na adolescência , sob o teto materno.

Aos nove anos, Nossa Senhora apareceu-lhe em sonho desvendando-lhe a vocaç-ão: converter e santilicar a juventude. João Bosco deci-

diu-se. cnt<io, a abraçar o sacerdócio. Mas, o caminho a ser percorrido seria longo. sinuoso e moved iço. Ora a falta de recursos. ora a . incompreensão dos q ue deveriam ajud{1-lo. Maria Sant íssima ia formando seu futuro apóstolo na escola do sofrimento. Depois de a nos de estudo e j ,, S;ioerdotc. iniciou seu aposto lado ao constata r o triste quadro de toda uma juventude dcsampéHada. Começou com um grupo de rapazes aos

<1uais ministrava aulas de catecismo, e que foi progressivamente aumentando. Chegou a reunir mais de

nados de seu mesmo espírito, q ue pudessem dar continuidade à sua obra. Depois de vàrias tentativas infrutíferas~ conseguiu iniciar um curso superior com um pequeno grupo que havia perseverado.

Nasce a Congregação Salesiana D. Bosco foi extremamente prudente em lançar as sementes de uma futura Congregação. Vivia numa época de furioso anticlerica lismo e preconceitos erguiam-se contra tudo o <1ue lembrasse vida religiosa, votos. etc. Ao seu redor tudo se desagregava, mas seu Oratório ia germinar uma nova vida. D. Rosco utilizou-se, por isso, do mesmo método que Nosso Senhor empregara com os Apóstolos; sistema que vai manifestando seus princípios b{1sicos aos poucos, na medida cm que as a lmas estejam aptas para recebê-lo e as mentes capazes de compreendê-lo. Com o passar do tempo. o número dos alunos foi aumentando e estes tomaram o nome de salesianos cm homenagem a São Francisco de Sa les, apóstolo incansável da pena. É então que Miguel Rua, cursando o segundo ano de Filosofia, pronuncia seus votos anuais perante D. Bosco. Teria Miguel Rua idéia que naquele momento estava nascendo uma Congregação que se desenvolveria rapidamente por todo o mundo? Certa mente não. Mas D. Bosco não errara quando. ao vê~lo pela primeira vez. disse: "1i1dofaremosju111os. Mig11elzinho. 111/!tade para (:ada 11n1". Com efeito, sem Miguel Rua. talvez D. Bosco não pudesse realizar todos os seus pl:inos. Encarnou aquele de tal forma o pensamento do fundador e reproduziu tão fielmente seu espírito que. cm certa ocasião, o grande educador '!lfirmou que se 1ivcssc que solicitar àlgo a Deus para seu sucessor. não saberia o que pedir que jà não ex istissePe. Rua. Outros vão pronunciando os votos subordina ndo-se a D. Bosco. esboça-se a Regra da Congregaçã o e inúmeras vozes o cnc'orajam a formá-la definit ivamente. O próprio ministro do interior. ,o anticlerical Rata1.1.i. o incentiva . O grande problema consistia cm fundar uma vc,·dadcira Ordem reli· giosa. mas na qual seus membros co nse,·vasscm. perante a sociedade, seus direitos. D. Bosco viajou para Roma e. apresentou ao Papa Pio IX os manuscritos das rcg,·as. Mas. a aprovação fina l ainda custaria ao santo muitos a nos, fadigas e sofrimentos. As dificuldades com o Arcebispo de Turim. que não reconhecia cm O. Bosco a ínculdadc para indicar a ordenação de Sacerdotes. a forte co rrente esboçada em Roma, que pleiteava o a umento da jurisd ição episcopal sobre as congregàçõcs. levaram o organismo romano que estudava a questão a cami nhar len . . tamente. Enfim. anos mais tarde as regras

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foram aprovad,·,s definitivamente, graças à intervenção do próprio Pio IX. São João Bosco por ocasião de sua viagem a Barcelona, em 1866. Inclina-se para ele seu santo dlsclpulo e sucessor no generalato da Congregação Saleslana, Dom Miguel Rua. q uando se observa a obra realizada

por D. Bosco e os obstáculos humanamente in vencíveis que teve que

superar, não se pode deixar de ver a mão da Providência orientando-o e protegendo-o cm mil circunstâncias. O Oratório de D. Bosco era um conjunto de rea lidades cercado de impossibilidades por iodos os lados ... ··ó Deus. força i11v,,n ,·ível tios que espt•rt11u e111 Vâs!", rezou fervo• rosamcnie D. Oosco. quando oficiou

sua primeira Missa. No Céu estavam a base e o pincaro de seus feitos. Esperando contra toda esperança. superou obstáculos intransponíveis. Do alto, Maria Auxiliadora velava sobre seus passos.

trezentos. O . Oosco enfren tou. neste period(). inúmeras provações que leriam aba lado uma vocação menos forte que a sua. Foi desa lojado de várias residências. vigiado pela prc· fci1 ur:1 de Turim e difamado em diversos ambientes. Suspeitou-se mesmo que cstivcsselicando louco! E a idéia cncont,·ou respa ldo até nas mais altas esferas do Clero da cidade. Porém. nada dc1cvc a marcha vitoriosa do santo. Estabeleceu-se. defin itivamente. num velho casarão que foi sendo ampliado aos poucos. Anos depois. já possuía ig,·cja e escola p1·6prias. Começou então a preocupar-se cm conseguir colaboradores imprcg-

Conselheiro do Papa Quantos favores. comprccnsõcs e conselhos não deveram D. Oosco e a nascc nt~ Ordem Salcsiana àquele extraordin:írio Pontifice! Entre o Papa do Dogma da Infalibilidade e o dedicado servidor da C:\tedra de Pedro estabeleceram-se, desde logo, víncu los de afabilidade e veneração. Pio IX discerniu cm D. Bosco. já no primeiro concacto, o home m a q uem o Céu agraciava. E demonstro u-lhe sempre enorme coníiança. Narl'emos dois pequenos exemplos. Quando as tropas piemontesas começavam a invadi r a Cidade Eterna, após a brecha aberta na Porta Pia. várias vozc-S aconselharam Pio 1X a abandonar Roma. O Papa consu ltou D. Bosco. que depois de

rezar longamente, enviou esta resposta: " A sentinela. o A njo de fsf(1el fique n o seu posto. K•wrdando 11 cidatfel,, sagf(u/a e a arca santa". Noutra ocasião, Pio IX perguntou ao santo o q ue pensava da anistia que promulgara nos Estados Pontifícios. logo após sua ascensão. em 1848. D. Bosco hesitou cm responder. mas diante da insistência do Papa , afirmou que acreditava ter Pio IX feito como Sansão, <1uando libertou raposas com uma tocha amarrada à ca uda sobre um campo cultivado: em breve tudo ficou cm chamas. Assim, muitas vezes pagam os homens o bem que lhes é feito. A gratidão é uma das virtudes ma is difíceis de praticar ...

Operscrutador de consciências Para D. Bosco, o futuro tinha bem poucos segredos. Não somente a ntevia os grandes lances históricos e os acontecimentos do amanhã comó também lia nas consciências os pensamentos mais ocultos e os mistérios dos corações. Sobre o olhar de D. Bosco, comentou um contemporâneo seu: parecia ''u111a verrunu, a perfurar os corações". Certa ocasião, um moço andava atormentado pela idéia de que Deus o chamava para uma Ordem religiosa mais antiga. Procurou D. Oosco para receber seus conselhos, porém sem muito desejo de os seguir. Este notou e disse logo, s implesmente: " Pois então wí, já que deseja mesmo ir: inas olhe: se você ainda não está louco. vai ficar!" O jovem não deu importância ao aviso ... q ue se cumpriu inteiramente. - Em outubro de 1882, logo após celebrar Missa na capela de São J>cdro, viu o santo uma chama desprender-se do altar de Maria Auxiliadora e pousar sobre a cabeça de um jovem. C hamou-o a parte e conversara m em fra ncês. Que palavras trocaram'? Não o sabemos. Sabia-o. entretanto, D. Antonio Malan, apóstolo das missões cm Mato Grosso, que morreu como Bispo de Pctrolina , cm Pernambuco. Era ele o jovem q ue D. Bosco separara do mundo naquela manhã e convidara para as fileiras sa lesianas. D. Bosco possuía o dom de ler na fronte o segredo dos corações. Em , portanto. praticamente impossíve l deixar- seu confessionário com algum pecado grave na a lma. Às vezes. pergu ntava ao penitente: "Quer você mes1110 cont(lr os pecados ou prefere q ue l!u os diga? Ou ainda: '·Porque você ,uio se acusa de ({li falta?" O próprio santo asseverava: ··Apresentai-m e u111 1ne11i110 que eu nunca tenha visto; bosta que eu lhe jite a face p<,ra poder revelar todas as suas faltas, desde os mais tenros anos". Tal era a fama difundida no Oratório sobre o discernimento das almas do D . .Bosco. .. qual era dotado . que as pe.~soas, cuJas consc,ênc,as não estavam muito limpas, qua ndo não o podiam evitar, cobriam os olhos para impedir a infalível leitura . Também as boas ações eram discernidas por D. Bosco. Ele as incentivava e recompensava. Era para seus a lunos um verdadeiro pai, com quem se fa lava com toda franquc7..a. Um clima de inteira confiança luzia a seu redor. Era uma cena sublime ver o afeto que seus alunos lhe devotavam. "Apenas os 111eni11os o divisan, - escreve um autor corren, ern tropel ao seu encontro. [...]. Todos à porfia quere1n estar a seu i<ido. Os primeiros que cltega,11 osculam-lhe a mão. ou fica,n sus· pe11sos em seus braços. Os que chegam depois, se esforçam para varar a penai. luunana que se avo· hunou rapida1111.m1e e queren, ft,zer· se ver, quere,n recollu!r ülgunu, (/e suas pa/avrt,s. u n1 sorriso seu. Os últimos, por fim, apinlwn,-se ao redor dessa ,nossa ondulante, que, de repe111e, deixa de gritar e cantar. E, caminhando le11u1111en1e, D. Bos-

.

O sacramento da Conllssao !oi dos meios mais ellcazes utilizados por Slo Joio Bosco na educaç&o de seus alunos

co vai falando. A este diz uma palavra afetuosa, àquele Jaz uma pergunta, a ,1111 1erceiro lança u,n olhar que signifka 11111 mundo de coisas. a tun quar10 sussurt1 ao o uvido t1111 conselho preciso" (A. Auffray, S. D .B., " Don1 Basco", Livraria Editora Salesiana, São Paulo, 1955, pp. 396397).

Zelo crescente até o fim Com o passar dos anos D. Bosco assistia à c xtraordinària expansão de s ua obra. Espalhara s uas casas por toda a Europa e América. Os salesia nos já eram quase mi l. Fundou também uma Ordem feminina, cujo prod igioso norescimcnto profeti1.ara. Foi escritor, pregador, apóstolo, representante do Papa cm delicadas transações d iplomáticas. E exerceu essa intensa atividade em meio a contínuas viagens para angariar fundos. Tão variegada atuação e o valor grandioso de cada um de seus empreendimentos elevam e entusiasmam. Havia dedicado ao sono, depois de sua ordenação. apenas cinco horas por noite. Co ntudo, o enorme esforço desprendido durante tantos anos desgastara as forças do apóstolo. Mal via e não pod ia camin har. D. Oosco compreendia que seus dias estavam chegando ao fim. Já gravemente enfermo, exclamou: "Desta vez não volto mais. Do Cé11 poderei trabalhar m 11ito mais por ,neus'filhos". Suas últimas palav,as, calmas, ponderadas. foram dirigidas a seus meninos, cm beneficio dos quais havia dedicado sua vida inteira: - "Dizei a 111e11s 111eninos que os espero todos n o Céu. Do púlpito. insisti sobre o Co,nunhão freqiiente e sobre a devoção a Nossa Senhora". .lá num delírio, pouco antes da morte, prevendo uma futura paralisação na marcha de seus salesianos: - "Acham-se e111dificuldades!... Corage111! Para a frente! Para a frente!" Na madrugada de 3 1 de janeiro de 1888, entrou c m agonia. Às 4:45 h da manhã, exalava seu último suspiro. D. Bosco estava morto . Um grande servo de Deus s ubia ao seu trono de bem-aventurança. Contava ele 72 anos de idade. Desde então. s ua tumba transformo u-se em alta!' para onde anuíram peregrinos de todas as partes do globo. implorando graças e pedi ndo forças àquele que. por suas virtudes. milagres e prodigiosa atuação, marcou profundamente a história do século passado.

Carlos Wenzel 3


Duas décadas de lutas, no Brasil, em prol da civilização cristã e cont

ELENCO DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES DA TFP DESI •

e. F.õrmação doutrlnãria e outras atividades ••OS SÓCIOS e cooperadores da TFP se reúnem todos nas respectivas sedes, cm dias fixos. Essas reuniões têm ora o caráter de conferências, ora o de círculos de estudos. Com freqüência, são ilustradas com projeção de slides e audio-visuais. Algumas dessas reuniões são plenárias: outras são for· madas por grupos constituídos segundo a idade dos participantes. Os assuntos são dos mais variados. Porém costumam ter relação próxima ou remota com a larguíssima temática da obra "Revolução e Contra-Revolução" do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, editada no a no de 1959. isto é, antes de ser fundada a TFP. Essa obra estuda os primórdios da crise do Ocidente no século XVI e mostra o desenrolar dos múltiplos fenômenos religiosos, culturais, po· liticos, sócio-econômicos que deram origem, cm nossos dias, ao socialismo c ao comunismo. Estuda também as táticas do comunismo e expõe as táticas que o autor considera adeq uadas a uma ação anticomunista de sentido católico. Também constitui tema dessas reuniões a análise dos acontecimentos da semana no tocante à luta

1.

O perigo comunista consiste obviamente na possibilidade de uma agressão armada, para a conquista do Poder. Cont udo tal perigo não se c ifra nisto.

2.

Ele comporta também, como elemento que dia a dia mostra mais sua importância, a conquista da opinião pública.

3.

Essa conqujsta não visa, habitualmente, alcançar direta e sumariamente a aceitação do comunismo pela opinião pública, pois tal meta é de excqUibilidade mais do que duvidosa. Sabem-no os mentores da

o "Dedo de Deus", na Serra dos Orgãos (RJ), é um dos locais preferidos pelos Jovens que participam de excursões recreativas promovidas pela TFP

comparecem quando estão c m São Paulo, Sacerdotes seculares da mesma Diocese. Em duas das sedes de São Pau lo, uma das do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte e de Recife há um oratório dando para a via pública , com imagem de Nossa Senhora. Num dos oratórios de São Pau lo, em todas as noites do ano, das 18 horas de um dia até às 8 horas do dia seguinte, revezam-se, e m vigí lia de orações. sócios e cooperadores da TFP. A anuência de popu lares a esses oratórios é d igna de registro. Para os jovens. sobretudo os que ainda não cooperam com a TFP. rcalii.am-se anualmente duas Semanas de Estudos para a Formação Anticomunista (SEFACs), quase todas no Município de Amparo (SP). Em alguns anos tem havido três SEFACs. Estas comportam confc-

Nas Semanas Especializadas para a Formação Anticomunista -

rências. círculos de estudo. rápidas representações teatrais e excursões. E também Missas, re1.a do terço e outros atos de piedade. Todas as reuniões ordinárias da TFP são abertas e encerradas com orações. Ao te111po cm que a subversão costumava agredir os propagandistas da TFP, tiveram estes aulas de defesa pessoal e karatê, a fim de poder defender-se sem ter que recorrer a armas. Com o declinio das agressões, também minguou, nos últimos anos, o exercício de um e outro esporte, hoje em dia praticado só por uns poucos. que nisto se entretêm. SupérOuo será dizer que a TFP não tem exercido de ciro. etc. Com alguma freqiiência grupos da sociedade fazem excursões de recreio ao litoral.

Selacs -, a Tf P apresenta aos jovens participantes

conferências de carãter doutrinário. hls tõrlco e ar1lstlco. Na loto, o encerramento de uma Selac em São Paulo.

As caravanas da TFP atingem as mais remotas localidades brasileiras difundindo publicações - que defendem os prlnclplos básicos da clvlllzaçllo crista - em todas as camadas da população

seita vermelha, que não conseguiram até hoje, cm nenhuma eleição rea lmente livre. uma maioria eleitoral que lhes perm itisse o acesso à posse integral de qualquer governo.

4.

Para conquistar a opinião pública, o comunismo esgueira inocentes-úteis. criptocomu nistas ou comunistas. cm postos-chaves da atual sociedade. E desces postos difunde doutrinas de aparência mais ou me.. nos " moderada'\ mas que trazem no

bojo o veneno comunista. Naturalmente, esses elementos "infi ltrantes" apoiam, conscientemente ou não, as agitações promovidas pelo PC.

5. Na população majoritariamente católica de nossa Pátria, o comunismo não poderia jamais progredir fazendo de bandeiras desfraldadas a sua propaganda atéia, igualitária e sensual. A reaç.'io que encontraria cerrar-lhe-ia portas incontáveis: uma maioria maciça de brasileiros, por serem católicos, recusariam tal propaganda froncalmente contrária a sua Religião. Assim, a melhor conquista do comunismo no Brasil, ao longo das últimas décadas, consistiu em se infiltrar cm pos1os-chaves dos meios católicos, dos quais se utili1.am para executa r o descrito no ítem anterior. 6. Uma das mais preciosas vantagens que tal penetração proporciona, está em que é muito difícil para a lguém denunciar essa situação sem 4

7. Só um grupo de intelectuais e homens de ação notoriamente tidos como católicos fervorosos poderia e mpreender tal o bra sem incorrer na suspeita de que deseja demolir a Igreja .

j

comunismo•a nticomunismo.

Sendo a TFP brasileira ma is antiga do que as co-irmãs autônomas existentes cm outros países. é freqüente q ue estejam presentes a tais reuniões integran tes de TFPs do Exterior. Dada a inspiração essencialmente católica da TFP, os fundamentos religiosos de todas as problemáticas estudadas são postos e m realce com um carinho todo especial. Durante muitos anos participou dessas reuniões o distinco ecólogo carmelitano e professor do Seminário da Ordem do C&nno de São Paulo, Frei Jeronimo Van Hintem. cujo comparecimento somente somente cessou com o seu falecimento. ocorrido no ano de 1972. Com a possível freqüência, comparece a essas reuniões e faz uso da palavra D. Antonio de Castro Maycr, Bispo de Campos. E igua lmente a e las

parecer que está atacando a própria Igreja. Ademais, como a doutrinação dos comunistas e de seus agentes cm meios católicos se vela na linguagem específica da teologia e da filosofia cristãs, é necessária uma verdadeira especialização cult ural para denunc iar essas doutrinas e contra-argumentar em favor do País ameaçado.

Só a especia lização muito acurada desses intelectua is, em doutrina social católica, lhes permite fazer dos erros do criptocomunismo católico uma refutação que toque a fundo os ambientes especificamente católicos.

8.

Isto, que era óbvio sob Pau lo VI. continua sendo sob João Pau lo li - máximc se, segundo esperam vários. este, consoa nte os primeiros 1>assos dados nes te sentido cm Puebla, efetuar uma repressão definida, sistemática e eficaz do socialismo e do comunismo na Igreja. Pois é de se admitir que tal politica se depare com a reação aberta de grupos inconformados, coordenados em última insc,,ncia e às ocultas por Moscou. E de análogos grupos que entrem para uma como que clandescinidade eclesiástica. a fim de dar apoio subtcrnlneo à resistência ostensiva. A vista dessa eventual situação, o apoio de organismos constituídos por leigos católicos, com minucioso conhecimento do terreno e larga ex periê ncia, poderia ser precioso para detectar e contra balançar a ação de Moscou.

9.

Porque possuem essas habilitações, os d irigentes e componentes da TFP estão em condições de empreender tão delicada tarefa. O "Elenco", que publicamos no número anterior. noticia sumariamente con~o eles a têm desempenhado a té aqm.


ra a penetração comunista

)E A

SUA FUNDAÇAO

REFLEXÕES SOBRE UM CAFÉ Plinio Corrêa de Oliveira

H

DOS MAIS DIVERSOS SETORES, •

PRESTIGIOSOS APLAUSOS PARA A TFP A medida que o êxito da :,ção pública da Tf P se foi afirmando por todo o País, delineou-se contra ela, e ganhou proporções, uma campanha difamatória ,·rrbal seguida de v,írios estrondos publicitários. Espal hando boatos e acusações infundadas, tal campanha foi cobrindo de modo sistenuitico e cadenciado as vasti-

dões do Brasil. Por ocasião do estrondo publicihírio que a TFP sofreu após sua campanha contra o div()rcio

cm abril de 1975, expressivas personalidades de projeção nacional manifestaram seu :,poio à entidade. Transcrevemos a seguir

trechos de alguns desses J>ronun ciamcntos.

Acusações contra a TFP são falsas D. Antonio de Castro Mayer Bispo de Campos .. Em si lêncio. mas constn1ngido. presenciei a expansão da campanha h{1 dias desencadeada con-

tra a bcncmérit:t associação que se gloria de lê-lo [ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira] como Presidcruc. (;is. no entanto. que esta campanha veicula tais injustiças

que não posso abster-me de contra ela formular meu pro1csto. Protesto que no meu caso é l anto mais imperioso quan to. tomando cm considcraç.'io minhas rcl:1çõcs com ,·1 TFP. a ca mpanha me atinge na minha honra de Bispo da Sa nrn Igreja . Por isso. como Bispo da Sanrn Igreja. 1omo a Deus por 1cstcn11111ha de q ue essas acusações contra a TFP são f:ilsas".

Quem lucra é o comunismo O. Orlando Chaves Arcebispo de Cuiabá "Quem es1ü lucrnndo com essa estrondosa campanha contra a TFP é o comunismo, que tenta todos os meios para a conquista de nossa Pátria . C umpn:•me in-

ccn1ivar esta in1cmcrata Sociedade. que merece iodo aplauso das forças sadias da P~ltria brasileira''.

Esse alarido não tem fundamento Geraldo Freire Deputado federal (MG) "Considero absolutamente destiltlido de fundamemo todo esse al:irido que se faz cm torno da TFP. O estudo. a pcsquis:1. o manuseio de obrns que o mundo _ de hoje está esquecendo. fazem n TFP objc10 de nossa profundH reverência··,

A TFP estâ com a bandeira do bem Na,·arro Vieira Deputado federal (MG)

"A TFP tem prestado grandes serviços ao Brasil. Continuo a apoii,-la. e tenho ccrtc1.a que muitos farão o mesmo. porque a entidade age dentro da ordem. corn im pressionante lisura. cd u· cação e inteligência",

Na TFP: honestidade de propósitos. justeza de procedimento. integridade

Á MUITO TEMPO. muitís-

simo até, tenho acerca do desenvolvimen10 de nosso País uma in1pressão a comunicar. "Desenvolvimento" é um termo tomado aqui num sentido que tem parentesco apenas lo ngínquo com o que habitualmen1e se entende por tal. Não falo do desenvolvimento cconômico-linanceiro. Este é o sentido ápice - e não rê'lras vezes até único - que se atribui ao vocábu lo cm nossos dias empapados de hedonismo burguês e de materialismo comunista.

"café roy<tl" e um espirituoso "café socicty". Os cafés frios vêm comandas danças populares, das formas e dados, corno também é natural. pelo das cores dos ,rajes típicos - com o "café vienense". Mas o batalhão é es1>irito da população. por exemplo menor. São seis. ao passo <1uc os com o estilo dos gracejos e das <1uentcs são do1.e . Depois dos frios e brigas das crianças. dos feitos dos dos quentes. liguram sete ro tulados homens maduros e da cxpenmcnta- como "outros". Como será o "licor da sabedoria cios anciãos. Tudo isto creme de c;ifé'"? No que se diferenforma um emaranhado de elementos ciará do simples "licor de c:ifé"'/ E que se entrelaçam por mil afinidades como serão os "confeitos de café"? indissociiiveis. E é a diferença entre O fato é que tudo isto encantou o estes - mais :ué do que os limites povo. E o estabelecimento vive cheio. A diversificação que um homem 1e,·ritoriais - que distingue as na ções. Que diferença entre a França e de gcncro~m fantasia soube íazer das norcs, os saborc~ d:t cul ini,ria local. as harmonias das músicas e

Major Brigadeiro do Ar Paulo de Vasconcellos Sou,a e Sil"a "H~í mais de um lustro venho observando o comportamento da

•,', r J Jr. •

TFP cm iodas as campan has e cmprcendimen1os cm que se engaja. e é com gra nde sa tisfação que posso proclamar que jamais vi ou ti ve conhecimento de quaisquer gestos menos nobre:.. qua isquer atitudes menos rccomcndci-

TOOOY Q.;!/fl f

vcis. quaisquer providências me-

nos prudentes. quaisquer medidas menos cautelosas. quaisquer atos menos criteriosos. Ao con-

1r:írio: cm tud o. honestidade de propósi10, jus1eza de procedimento, iruegridade".

Valíosa cooperação no esforço anticomunista General Tasso Villar de Aquino "Acompanho de h:i mui10. com simpath1 e interesse. a participação da Trad ição, Fa rnili:1 e Propriedade no esforço que as pessoas de bem des1a Nação realizam para ncutrali í<.•'c'l r a ação do

movimento comunista internacional. A ;1ção corajosa e esclarecedora de organii.:içõcs. cn1idadcs. associnçõcs púhlicas e priv:td(,s. e

das pessoas de bem tem importante papel a desenvolver cm cooperação com os poderes públicos. A TFP vem prcswndo essa valiosa cooperação, com convicção e grandeza".

Trabalho persistente e de grande valor Coronel Antonio Erasmo Oias Dentre as manifestações de 11poio que a TFP tem recebido, cabe destacar recent e carta que o Cel. Antonio Erasmo Dias dirigiu ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, pouco antes de deixar o cargo de Secretário da Segurança Pi,blica do Estado de São Paulo, cm março deste ano. Reprodu,imos a segui r trechos do documento. "Cumpl'c-mc. ao deixar este honroso cargo. agradecer a V. Excia . a cooperação que espontaneamente.! vem oíercccndo ao Governo e ao povo de Siio Paulo e do llrasil inteiro. São poucos os que desconhecem o traba lho persistente e de grande va lor que a TFP vem rca li i".ando. no sent id o de esclarecer a população brnsileira sobre imponantcs problenrns da atualidade. o ideológico e " religioso". "A calúnia tem sido o grande obs1:iculo que " TFP tem encontrado. nesses longos anos de serviços relevantes prestados ;i sociedade brasileira. Os homens públicos que amam a verdade devem impedir que interesses ll'ICSquinhos dctul'pc m-na. Assim sendo , agrndeço a V. Exeia. pelos i11cs1imí,vcis trnb11lhos que desenvol ve na preservação dos valores éticos e morais da nossa sociedade brasileira".

Na perspectiva em que me coloco. 1al forma de desenvolvimento tem seu lugar. Este não é , cntrc1an-10, o ápice. Pela simples razão de q ue o homem não é principa lmente cstõmago. O dcscnvolvime1110-,\pice não consiste pois na promoção das · coisas do corpo, do "irmão corpo", segundo a linguagem franciscana. Consiste. isto sim. 110 descnvolvirnc1110 do homem todo. postos na devida hierarquia os v{,rios elementos deste todo. E. assim , a alma cm primeiro lugar. Entre as coisas da a lma, quero destac.:'lr aqui uma das mais nobres. is10 é, a apt idão de relacionar as coisas da matéria com as do espírito. e umas e outras com Deus. Todo o universo foi criado i1 imagem e semelhança de Deus. De onde existirem analogias e ntre todas as cria turas. Pois ~cres análogos a um terceiro são. por isto mesmo. análogos entre si. Daí as coisas materiais terem o poder de exprim ir as espirituais. E um dos usos mais nobres que se possa fazer de cada uma. e de todas no conjunto. consislc cm Ihes conhccer essa ex pressão espiritual. Através dessa expressão. a inteligência conhece melh or as coisas do espírito. Serventia excelsa· q ue tem a ma1éria até para os bemaventurados após a ressurreição, quando entretanto verão Deus face a face. Uma pessoa penetrada destas grandes verdades. e habituada a a fazer do relaciona111cn10 rnatériaalma -Dcus uma a1ividadc-réctrix de seu espírit o. pode desta mancin, chegar ao ápice de sua persona lidade. Ou seja. atingiu o desenvolvi-. mento o rdenado e inteiro de seu próprio cu. Seu dcsenvolvimcntoápice. Essas vcrdad c,s. precisamente f!:' porque muito abstraias. têm co111u~ do relação com o que h{, de mais :; profundo e decisivo na rea lidade "'concreta. 2 Assim. é fator da grandc?a. do ê. bem-estar e da "fotl'e de frappe'' de vS um país o relacionamento intimo ~ entre os recursos naturais e a paisa.:; gem do território. de 11111 lado. com & as características do esp írito n..tcio~ nal. de outro lado. a ponto de o -;: observado r not:tr alinidadcs entre a E conliguração dos montes. o curso e ~ o rumorejar dos rios. as mil cores e /;; formas da vegetação. os perfumes

a Alemanha, por exemplo! Salta aos olhos que cada uma dessas nações forma com o respectivo "emaranha do" um só iodo. Não se pode conceber uma França habitada só por alemães. nem uma Ale1na nha

habitada só por franceses. A tradição clássica. e mais tarde a iníluencia profund:1 da Igreja, ensinou. esses homens a ..seren'I •• muito ma is alma do que corpo, a procurarem nas coisas da matéria ana logias e ensinamentos supremos sobre a alma e sobre Deus. Dai essa adn1inívcl consonâ ncia en tre o corpo e a alma dos grandes povos. Assim, tais povos fornrn condu7.idos numa imensa ação conj unta. a interpretarem o respectivo quadro material, cncon1ra11do nele mi l afinidades com suas próprias almas. Afinidades estas que" cultura acenwo u e pôs cm r~lcvo. Ten ho a impressão de que. den tro da tormenta contemporânea. a maioria dos homens. dcscaractcriz.a .. dos. massificados pel,1 civilização moderna. mecânica e cosmo1>o li1a, já não sabe sentir os signilicados espirituais e "divinos" das coisas. Nem perceber os vínculos que os ligam ent re si, nem as paisagens cm que nasceram. E cm países novos como o nosso. a interpretação sim~ bólica dos panoramas. da nora, da fauna. o saboreio ou olfatcação dos produtos da terra. a audição de seus ruídos ou dos cânticos da natureza~ tudo se reduz. para mui1os dentre nós. i,s vagas reco rdações de iníân. que o progresso esmagou Ja.' na c,a adolescência por meio do rolo-compressor do "senso prático". Es~as considerações: me vieram ao es pírito ao saber de um pitoresco fo10 que ocorre cm Londrina. cidade <Jue há cerca de trinta anos não visito. Mas sinto satisfação cm contar o q ue a mi respeito me narraram amigos residentes na capital do café. Um homem de cspiri10 e de iniciativa instalou ali um cttfé, cm quiosque iodo de vidro. Não porém um café qualquer. No modo de preparar nossa rubiácea, usou ele de nada menos do q ue vi,11e e cinco variedades. En1rctido, corro os olhos cm diagona l pela lista desses modos. Entre os cafés quentes não podia deixar de estar o "café com chantilly", seguido cmre outros por um enigmático "café escocês", daquela Escócia que não produz café. Um pomposo

com o caíé. cm que larga medida se poderia fazer co m t:1 n1as de nos:;as frutas e. n1u1a1is muu,ndis, com nossa~ incon1:ivcis flo res·/ E quantas riquezas de nossa alma assim mais foci lmcn1e se cxplicirnrianf/ À lu,. das analogias de um vcrda dcil'O simholismo t atólico, num simultâneo e glori oso labor de alma de nosso povo. q uanta magnificência cliê:ir1te de nós se desenrolaria! E se alguém rnc dissesse que 1udo isto não passa de devaneios pOl'<1uc não resolve o pro blema do combustível. cu responderia com uma boa gargalhada. Pois um llrasil cristãmente de~cnvolvid o não se define principalmente como un1.1 imensa fro ta de motores. n,as como uma imensa fam ilia de almas.

s


EDUCAÇÃO SEXUAL: AMEAÇA DESAGREGADORA PARA A JUVENTUDE

e

OM A PART IC IPAÇÃO de cd ucadorcs, méd icos, sociólogos, sexólogos, religiosos e especialistas estrangeiros convidados, realizou-se nos d ias 21 e 22 de agosto p.p.,. no Anhembi. cm São Paulo, o li Co ngresso Naciona l sobre Educação Sexual nas Escolas. A sessão de abertura contou com a presença do Secretário d e Planejamento do Estado de São Paulo. A primeira das referidas inicia-

qu(lndo. onde l? por que. Assin, daren,os ao jove,n o <:onhedmento pllra que possa optar corre1a,nenre" (Os destaques serão sempre nossos). Assim e nunciada, essa "cd uca ç,ã o" sexual ignora os princípios transcendentes da moral e se volta p,\ra uma moral r<:lutivisrn, subjequ<'rn. co1110.

tiva~ pela qua l o ato humano não

tem o aspecto ético objeti vo que lhe é próprio. mas varia ao sabor das tivas) profundamente censuráveis. circunstâncias de pessoa, tempo, lureali1,1da cm novembro do ano pas- gar. e tc. Essa moral nova não se guia sado, já foi objeto de comentário por princípios imutáveis oriundos desta folha (cfr. "Estrtmh o co11gres- da Lei de Deus, verdadei ro fundaso propala educt1ção sexual" - G re- mento de toda e qualq uer moral. gório Lopes, n.0 337, janeiro de mas por vagos e mal definidos "va 1979). lores éticos universais ... que acabam tendo por critério de liccidadc as conveniências do próprio homem. Finalidade Embora a o radora negue que a "É ilnpossível o retorno à ino· chamada "sexualidade stuli<J .. implicência na era da 1elevisão. do 11w((,/, que cm uma a titude favorável ao das revis1as pornográficas. do mi/o- amor livre, é a e le que esse tipo de móvel. Por isso 111esmo é 111ell1or que "educação" sexua l inevitavelmente o ado lescente co11heça as regras do condui. Pois a "moral" que abstrai jogo recebendo educação sexual nas dos principios imutáveis e divinos e escolas. Isso não fará co111 que ele é centrada no homem. torna qualganhe sempre, mas pelo ,nenos então quer ato lícito, desde que haja um lhe eswrem os da11do uma cha11ce··. acordo ent re duas ou mais pessoas Assim se expressou uma sexólo- de que aquilo é bom para e las e não ga que participou do congresso, prejudica ninguém . Conduzindo ao amor livre, podeapós criticar o despreparo de pais e professores para dar ao adolescente se chegar à conclusão de que a "eduas informações corretas sobre a m.1- cação" sexual. fundamentada nessa téria. E acrescentou: .. Por isso os moral rela tivista. subjciiva e naturasexólogos pre1e11dem 1irar a educa· lista, é um fator de desagregação dos ção sexual do ba11'1eiro, d<J revisw costumes tão gra nde ou maior que a pornográfica. par<J pô-la ,w sal<J de tclcvi~io, o motel, as revistas pornoaula". gní ficas. ou a in iciação sexua l escus,1 a que se referia anteriormente uma A finalidade do congresso é. portanto, prômovcr a difusão da participante do congresso. Porquan''educação" sexual nas escolas. o <1uc to fixa um princípio de q ue os males deverá ser precedido de uma tomada apontad os não passam de co1·oláde consciência da co munidade a rios naturais. respeito do problema sexua l. Ainda sobre a fundamentação Duas observações iniciais pode- ética dessa "educação" sexua l, ouriam ser formuladas desde logo. tras declarações contribuem para Uma é a de que não se corrige um um csclarccimcnco maior do 1c mc1. Uma orientadora educacional~ eno com outro. Se é nocivo o fato de os adolescentes procurarem in- responsável pelos programas de "eformações sobre o assunto com pes- ducação" sexua l cm escolas municisoas ou em lugares inconvenientes, por outro lado, recebê-las c m sala de aula, ministradas de maneira padronizada para ambos os sexos, com fundame nto doutrinário tipicamente naturalista , também constitui uma falsa solução para resolver o problema, de acordo com os ditames da mora I e da Lei de Deus. Outra constatação é a presença marcante de uma no va especia lidade: a sexolog ia. Pelo contexto depreende-se que o sexólogo é o especialista cm educação sex ual. Qual a orientação doutrinária e mora l que vem no bojo dessa especialidade, veremos logo a seguir.

10 d<J sexu<J!idade ,w pri111eira e{(/pa d<J vida". Ela também referiu-se ao aspecto moral da questão, afirmando: "Se temíamos a Educação Sexual devido à formação ética cristã.

agora as circunstâncias ,n11dora111.

pois não precist11nos ,nais ter receio do erolisn10 inf(lflfi/ mas. pelo co11trârio. d(tw.:11,os dar in/o rnu1ções ob· j etivas à crian ça, ,•;ocializando-a ao m esm o tempo. 11 fi,11 de que aceite sua sexualidade integta/111en1e".

A própria expositora parece confessar q ue a formação ética cristã · e ntra cm c hoq ue com essa "educação" sexua l - melhor seria chamála de iniciação sexua l - tal como é e ntendida e efetuada hoje. Pois a formação ética cristã cercava a criança de cu idados especiais nessa delicada matéria. satisfazendo a curiosidade infantil com seriedade e elevação. sem ferir o sentime nto de recato e o senso do maravilhoso presentes na a lma que conserva a inocência. A conferencista. pelo contrário. manifestando um crasso cspíri10 naturalista, faz pouco caso da delicadeza própria à alma infanti l e procura incentivar aquilo que ela dcsabusadamcntc cha ma de "ero1isn10 inft1111il". Mas é no tocante à aplicaç,1o dessa ,nora/ nova às regras da conduta q ue essa sexóloga dá uma orientaçiio realmente espantosa. Diz e la: "A <Jlillule do eductulor tll'Sl<J f<Jse [da adolescência) não é a de ,nandar os jov,,ns f azeren, experiências parll ver t:QmO seu corpo fi111âo11a. mas orientá-los para que vivenciem o sexo até o 1>onto do ato sexual. Ou seja,, podem ter um rela-

cionamento abrangente mas não o ato em si". Parece totalmente antipsicológico permitir e incentivar c m a lguém tudo aqui lo que suscite uma a pe tênc ia, talvez incontc nívcl, de um determinado ato e depois proibir a realização desse mesmo a to. Ta l d iretriz só pode gerar revolta, fr ustração, distú rbios psíquicos e mentais. Por

Complacência com o homossexualismo

Fundamentação "moral" da sexolôgia Durante o congresso afi rmou-se que o objetivo dos especialistas não é apenas ··t1ar os (·oncciios. nws wmbé,n t1s ali1udes e,11 face d<J ques1ão sexual". Entre os problemas a nalisados no congresso q uc merecem dcstaq uc figura a noção do homossexualismo, considerado como algo natural. O homossexual é apresentado como vítima de preconceitos, que não deve

nem mesmo ser criticada. Aliás. a posição dos sexólogos em aceitar a homossexualidade ficou muito mais clara cm uma mesa redonda realizada sobre o tema. A respeito da fundamentação moral de s ua especialidade, asseverou uma expositora: ..Con1 isso se chegaria ao que os especialistas cham(lfn de sexualidade sadia. o que 11ão quer dizer wnll a1i111de favorável"º llmOr /iv,-e, por e~·en1plo". E acrescenta que o objetivo é chegar ao "sexo com responsabilidade. aos valores éticos universais, segundo os quais não se deve fazer ludo aquilo que ferir 11111 0111ro ou " si p,-óprio. porque isso é inadequado. Essa nova moral não é 1.:e,urada 110 ato prop riarnenre dito, ,nas na pesso<J, de /ai f ornu, que o in1por1a,11e não é o que é feüo. 1110.1'

6

A pretensa "educação" sexual nas escolas, sobrepondo-se ao papel que cabe aos pais e ministrada de modo naturalista, parte do pressuposto falso de que é lmposslvel, em nossos dias, a conservação da Inocência

p_ais de São Paulo - os quais já foram objeto de comentário desta folha (cfr. ·· f>llsso pioneiro e condendvel de escullls mu11ic1i>11is1 ', ' 'Catolici.t1110" n.• 343, ju lho de 1979) - ao comentar essa iniciativa da Secretaria Municipal de Educ<1ção, resolveu abordar també m o aspecto mora l d~ questão. Afirmou a cx1>ositora: "L:

preciso que se analise o sexo dentro dos princípios universais da moral e não dentro do princípio moralishl~ p11ra que se evite· ,·011/litos entre o.,; valores dos pais e da escola". Mais uma vez, constatamos o recurso aos vagos "princ,jJiós uni-versais da moral" que a orientadora opõe ao que chama de "pri11cípio ,noralista". também não escla recido convênien tcmcntc no que este cons iste. O que induz a supor que a moral adotada pela orientadora seja a mesma ,nora/ nova explicitada com mais deta lhes pela sexóloga. Uma sexóloga norte-americana abordou o tema "O desenvolvi111e11-

ração de silêncio que lwvia e,n 1orno do sexo está quebrada" e que, de todo o trabalho desenvolvido, ficou a certe1.a de que, pelo menos. o tabu do sexo ca iu. "Conspira~·ão do silê11cio" e "ta&11··. no linlluajar dos sexólogos, costumam significar a orientaçi,o contida na doutrina tradicional da Igreja sobre a matéria. Esse tópico já foi muit o bem desenvolvido por Gregório Lopes no art igo publicado em "C<J10/icismo" acima citado. Quanto aos resultados do congresso, o noticiário deixa claro que os participantes foram unânimes cm afirmar que a principal conclusão a ser tirada consistiu na mudança radical do comportamento das pessoas que participaram do encontro. Embora reconhecendo s ua própria alteração de conduta, os participantes confessaram que a evolução da mentalidade do bras ileiro neste aspecto é lenta e gradual. Tal lentidão se deve naturalmente aos restos de senso católico que ainda existem cm largos setores de nossa população, o qual os sexólogos e congêneres proc uram a todo custo extirpar. A esse respeito, uma sexóloga presente mani festou , mais uma vez, o espírito naturalista reinante naque le ambie nte, bem diverso do pudor e do recato católicos que cercam a matéria. ao declarar: "[... ] com a educ<Jção sextl(l/ ll<JS escolas ser<Í nwis fácil 111os1rar que a doença venérea não é uma vergonha que deva ser escondida e sim um ,na/ que te111 1ra1a1nentó 1nédico", Para a sexóloga, a vergonha da doença venérea, provavelmente, deverá ser mais um wbu, ou seja. segundo a concepç.'io da mora l católica tradicional, um sadio sentimento de culpa, resultado de reta formação religiosa e ética. Esta, natura lmente, relac ionava o referido tipo de enfermidade com um pecado torpe já que, na quase totalidade de sua ocorrência, ela é contraída através de atos sexuais moralmente ilícitos. A ed ucação sexua l naturalista visa incutir nos adolescentes a idéia de que esse estigma do pecado deve ser encarado como o utra moléstia qua lquer, com profi laxia e tratamento cientificamente adequados.

isso. a doutrina da Igreja, sabiamente, proibindo o ato sexua l fora do casa mento, veda também tudo aquilo que pode levar a uma apetência incontrolável do referido ato, ou seja, maus pensamentos, maus desejos, maus olhares, ocasiões próximas de pecado . convivência imprudente e ntre os dois sexos, etc. · Essa é a ma ncira correta de tratar a natureza decaída do homem, em virt ude do pecado original. Orientar "para que vivencietn o sexo[... ) 11ws não o aio en, si'' pode levar somente a dois resultados: a experiência fracassa e, como conseqiiência, instala-se o amor livre; ou ela obtém êxito e conduz a distúrbios mentais. Julgamos pouco provável a ocorrência da segu nda hipótese.

O tabu dos sex61ogos Em uma das sessões, afirmou certa conferencista que "" <'011spi-

A alegada unanimidade dos participantes parece que não se manifestou cm todas as ocasiões. Em mesa-redonda sobre a homossexua lidade, rcali,.ada durante o encontro, uma psicóloga ficou irritada com as pergu ntas "preco11cei1uost1s formult1das pela platéia". Para e la "o homossexu<Jlismó <linda choca mui/a gente"; e lamentou que as perguntas dos participantes do congresso continuassem dirigidas no sentido de saber "o que deve ft,zer um pai para n1udar o comportamento de seu filh o. quando percebe que ele é homossexual". A expositora confessou que "era possível sentir clararnente a tensão do tnnbiente quando o as~·unto co,neço u a .ter debatido[ ...]. o que demonsrra que,, ho111ossexualidade conti11ut1 sendo vista co1no urna doença··. Não é de se estranhar, entretanto, a reação dos participantes diante da tese defe ndida pela psicóloga. Pois, para e la, o homossexualismo é apenas uma "alternativa de comportamento"; e "é desta forma que o homossexual deve ser encarado" e auxiliado a vencer o complexo de culpa que a sociedade lhe incute; o educador tem q ue se conscicnti1.ar ''dessa verdade''. Compree nde-se, portanto, que certo número de participantes da mesa-redonda não tenha concordado cm aceitar essa visualização inédita e chocante da homosse xualidade. Achamos que seria oportuno lembrar à referida psicóloga e àqueles que participam de suas idéias que

o homossexualismo, tal como é comumente entendido, ou seja, a prática de relações sexuais com pessoas do mesmo sexo, não é uma doença e, muito menos, um comportamcn· to alternativo, mas um vício contra a natureza e, como tal, um pecado que brada aos céus e pede a Deus vingança. A mera tcndêocia ao homossexualismo , muitas vezes involuntária e desprovida de culpa mora l, fruto de distúrbios orgânicos ou de educação mal conduzida. pode e deve ser adequada mente corrigida o u reprimida .

A responsabilidade dos pais Embora a lgumas autoridades de nivcl munic ipal ou estad ual se mostrem favoráveis à introdução da "educação" sexual nas escolas públicas a curto ou médio prazo, esta não é a orientação oficial do Ministério da Educação e Cultura. Com efeito, cm decla ração sobre o assunto, a Prof.• Hetty Lorctty Rossi, assessora da Secretaria de 1.• e 2.0 graus do M EC, afirmou que o Ministé rio não es tá cogitando, no momento, da implantação, em termos nacionais, da disciplina de Educação Sexual nas escolas de I.º e 2.0 graus, embora nada tenha a opor à s ua implantação pelas Secretarias de Educação.

Parece-nos oportuno, ao concluir este artigo, ressaltar q ue, considera ndo-se certas declarações p,·oferidas nesses dois congressos, é de se temer q ue a ueducação" sexual a ser aplicada às crianças e adolescentes do País conduza à aceitação d o amor livre, da contracepção e da homossexualidade. Em vista disso lançamos aqui um apelo aos pais para que, fazendo uso de s ua auto ridade, conferida pelo pátrio-poder, e aplicando os sadios princípios católicos '- professados a inda e m tantos lares - ergam uma barreira intransponível contra essa onda desagregadora que ameaça corromper a juventude brasileira.

Murillo Galliez NOTA - Os dados e :ts citações 1,1tili,;ad:•s 11cs1e nnigo foram eximidos <lãs scguimcs publicações: "Folha df' S. !'0111<,··. de 22 ç 23/ 8179. "J()mal do O,a., il". d e 27/ 8/ 79 e "O E.11fltlo ·,1, S. Paulo". de t9. 22 e 23/ 8179.

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Portugal e Espanha: vi:, de supcrífcic USS 36.00. via aérea USS 46.00; ou1ros países: vi;1 de supcríicic USS 40,00, via Mite:t USS 46,00. Avulso:

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BRASIL RECONHECES TEU FUTURO?

Profeta rsalas

rctes que levavam à cabeça lembravam o Oriente, mas alguns toques magistrais do cinzel havia m-nos transíormado cm coroas <1uc encimavam suas corajosas fron-

tes. Cada um deles ostentava pergaminhos descnrolndos que J>:llentcavam palavras de espe-

rança. admoestação. increpação e castigo. Entretanto, o jovem, naturalmente atilado para os aspectos mais íinos dn realidade~ sentia que sua capacidade de observação chegava sempre a um determinado ponto, a um certo ápice e de lá não ascendia. Algo insinuava-lhe que havia uma realidade niais sutil e mais proíunda a ser consi~entda naquelas obrasprunas. Quem sabe. se o guia artístico que trouxe consigo o poderia ajudar a penetrar mais fundo no

Profeta Joel

E

NQUANTO o automóvel subia penosamente :i lad~i(a que lcv:1va para o Sant u.-.ino do Bom Jesus de Matosinhos. cm Congonhas do Campo, o passageiro, apesar dos solavancos. não perdia o fio da leitura de uma entrevista publicada no jornal daquele domingo: "A revo/uçlio - a bua. a verdadt>irt1 - prerende o ,wscinu.mu> da sociedade a partir de um "grttu zero··. tJ,, uJJ1t1 "uíb11lt1 rasa". J::ssa idéia ve,u da Re11t1sce11çt1.

Compreendo ... Ir' "inwginando " um estilo de vid;, e uma sôeiedade basc,1d os numa espécie de ateísmo prático que atinja todos os campos da vida, inclusive os da cultura e das artes. Huumm ... "

• • • Inesperadamente o ca1·ro parou.

Sem dúvida, o jovem recém-diplomad o cm Belas Artes encontrava-se

Jt a idtfia diante dos famosos Profetas do Alei-

louca de ,una nova partida. de

u1u

1nu1ulo novo. /;.~11qua1110 <·on1i11uar•

,nus a perseguir essa idéia pri,nirivo, N1q1.1111110 con1i11ut1nnos ,, inl(Jginar,

a "sonhor ·· nes.w:s 1enuos. es1art?1nvs "/impt111du u tt•rreno" [... ] par1t delr

fazer brou,, a w:rdtuleira revulu('ão". Assim Calava Glucksmann, o "profeta" da revoluç.ã o .im1rquis1:1 írancesa de maio de 1968. Atraído pelas reveladoras declarações que acabava de ler, aq ue le jovem professor, brasileiro pelos quatro costados, começou a é-J,Ssocial' idéias, uma ;Hnts da oulra. com ~, velocidade de um corisco: "Renascença. re-nascimcnto dos tempos pagãos, busca de um mundo novo. O que signilica que nestes cinco séculos uma tarefa imprescindivel d;, Revolução íoi "limpar o 1erre110", dando as costas. como é fítcil vcl'. c"t sacralidadc, à austeridade e sobretudo ao senso do sobrenatural que vicejavam na era anterior. ou seja, a ordem católica medieval. "Sim sen hor! pensava ele. E a "idéia louca" que sé alimenta do ··sonhar" d o homem deve então ser seguida. de vertigem cm vertigem, até alcançar o eldorado que foz de seu acntro o homem e esgota a idéia de felicidade nele e nestn tcrr:1.

jadinho. Arrebatado por aquela augusta assembléia escu ltura l. pagou maquinalmente o clu~((<'ur e depois de ter corrido com os olhos toda a série de imagens. da esquerda'"'"' a direita. e dos par:1peitos inferiores para os s uperiores, começo u a subir a e~cadaria. Ele conlcmplava im-

pressionado aqueles pcrson:,gcns impcrncnr<:s e imóveis c1uc pareciam

conhecimento daqueles varões; nos gestos, nas fisionomias ou n.1s ati111des deles. Lc: '1iabacuc: A estrítua é composia de duas peças que se juntam na a/Jura dt1 ântur,1. Ml>decxa1ame111e 1.63 111. l::Strí revestida de wna sowina co1n botões. A cobertura, en, /onnato esférico. se subdivide em quatro gomas. O rosto é de u111 jove,n. A ti11a10111ia do ,·orpo parece i11corre1a e o a11tebraço direito foi quebrado... (>te. Jonas: Es,·ultura 1110110/ítlca. Mede 1.53111. Rosu, de /,Q111e111111tuluro. barba bem cortad(I. Oste111<1 o perga111i11ho t·om a nulo direi111: ,, posiçtio dos pés pm·e<·e inw?rtilla, eu·. Arnós: A est<ÍIUQ fói feita coJJt dois blocos de pi!dflJ sabcio. aos quais foi acresce11tt1do 11111 terceiro f'(Jl'(I ••• "

E assim prosseguia o texto, púginas e páginas aíora. Não. não. O consulen te C-~tava

decepcionado. A análise e ra ícirn como quem descreve u ma íotografia ires por 4uatro como as 4uc figuram em carteiras de identidade.

desconhecer sua chegada. Quando o bandeirante Fclici,1no Mendes reco-

• • •

lheu csrnolas e m;rndou construi,· o

Sentado num dos parapeitos. nosso jovem compatriota fitava per, plexo e obstinado os densos olhares dos Proíctas que 1iarcciam dcsafiálo. como q uem diz ''Penetrarás no mundo maravilhoso cm que habitamos'?" Seus olhos caíram novamente sobre o guia enciclopédico, agora devidamente fechado: mas a simples vista de sua capa lembrava-lhe a "tdbula ra.<a" de que Calava Glucksmann. "Tdbula rasa"... enciclopédia ... Glucksmann. Glucksmann! A intuição apanhara o íio da meada e as explicitações sucediam-se como jorros de luz. Depois de alguni tempo, o visitante as havia concatenado: "Para se poder entrever, admirar e amar os melhores aspectos daqueles proíctas (ou de qualquer obra

Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. contratando o Aleijadinho para esculpir, entre 1800 e 1805, os Proíctas e os Passos da Paixão. não imaginava ccrtamcnlc o alcance extratcmporal de sua iniciativa. Aos poucos. a pitoresca Congonhas do Campo foi desaparecendo como por enca nto e o visitante ficou a sós com os Proícias, contornando-os um a um. De quando em ·quando, com a mão ao queixo. murmurava: "Que majestosos• ... Graves ... Com. 1 b auvos. ... pcnsat .1vos ... .. CIHlrnavam-lhc a atenção ostrajes sôbrios. crureranto tão so lenes; os ,1111plos mantos varonilmente rendados nos seus bol'dos; castas túnicas roçando pelo chão e um denso simbolismo nos pormc:norcs. Os bar-

artística). seria preciso precaver-se

lhe pareciam mais evocativos. Esgo-

contra todo um ângulo de visão

tado o filme, estando muito além da hora de partir. pois o sol j:\ se punha num majestoso ocaso, o jovem proícssor estancou longamente diante de seu proícta predileto: Joel. Fronte alta e leal, olhos de lince, faiscando; olhar de quem intui as vontades de Deus e as executa com prontidão e entusiasmo. Sobrancelhas altaneiras, revelando perspicácia <.! pugnacidade: nariz aquilino e intransigente. boca talhada paraconclamar ou impugnar. Peito desfiante e seguro, como a proa de um navio, A pluma na mão e o pergaminho na outra, num enérgico movimento de pescoço. Atentissimo ao trono divino, aguarda que lhe seja ditado o resto da proclamação. Pronuncia-Ja ..ft quer queiram, quer não, pois está compenetrado de sua missão de cond utor dos inocentes. de terror dos iníquos e sobretudo de divisor das águas em nome dos direitos de Deus. Ele (!enunciará toda fraude, hipocrisia ou meia verdade. Enquanto conlemplava embevecido aquele sagrado perfil, uma hipótese delineou-se no espírito arguto do visitante. Hipótese grave e grandiosa, relacionada com os planos da Divina Providência: teria sido um desígnio de Deus suscitar o Aleijadinho, séculos depois da decadência da Idade Média, como a dizer ao Brasi l: "Meu filho, queres tu guardar a chama da fidelidade, já que a Cristandade européia não reconhece mais o legado de meus Proíctas e. ébria do sonho renascentista. me repudiou? Aceita-me, e eu te premiarei com meus dons de verdade. virtude e beleza. Serei Eu mesmo a tua recompensa demasiadamente grande. Queres? ..." ·surpreso e emocionado diante dessa sublime perspectiva, que nunca lhe havia passado pela mente, o jovem compreendia afinal o alcance daquela solene assembléia, daquele perpétuo ceri monial proíético. daquela grandiosa interlocução de fi. guras que emergiam das brumas biblicas conclamando, desta vez, os filhos da Te1:ra de Santa Cruz. Não era fftcil despedir-se de Joel, Profeta. O visitante persignouase, dobrou os joelhos e rezou; depois, descendo alguns degraus da escadaria, osculou os pés de Isaías e partiu. O proíessor mandou fazer duas ampl iações de seu proícta predileto. Uma delas 1>ara tê-la sempre diante de si. Outra para enviá-la a um mcns,,rio católico, na esperança de que rossc publicada, disposto a remeter ao jornal as íotos dos outros profetas, caso os leitores pedissem sua publicação. Num pergaminho artisticamente afixado cm seu oratório, mandou escrever uma frase parafraseando Isaías: " Eis que uma Virgem conceberá ... e dará i, luz uma nova Cristandade". Toda vez que o Jovem professor é assal1ado pelos horrores da degenerescência profeti1.ada por Glucksmann, ele se reíugia naquele rasgo da Idade Média brasi leira que o Alcijad inho nos deixou. E. imitando o Proícta Joel , perscruta o íuturo ...

errado. De íato, o tal gu ia, ao fornecer ao consulente aqueles "comcnt(írios'· empurra-o para a idéia de que as obras de arte só podem ser examinadas (dir-se-ia limitadas)com os "únicos" meios que o homem dispõe: o medir, o pesar, o apalpar, etc. Além destes meios, não há outros. Para as realidades espirituais. os valores simbólicos, os princípios morais, em suma. para as o perações próprias à a lma humana só se aplica a "Jdbula rasa" - a velha tese da Rcnascc11ça, a atualíssima "idéia louca" de Glucksmann. Assim. a amtlisc de uma obra esgo-

ta-se no exame natural e material do homem: e não se busca o sobrenatural. Por isso, também os Proíctas do Alcijadinho, por melhores que sejam, lim itam-se a blocos de pedrasabão bem esculpidos... Atletas csperncularcs, sim ; varões resplandecendo a beleza da virtude, não. Para um pagão, o que é a virtude''" O forma ndo cm Belas Artes ia compreendendo um mundo de coisas: como a Revolução - a mesma do Renascimento, dos acontecimentos de 1789 e da revolta da Sorbonnc cm 1968 - ao eliminar tudo o que liga as realidades lCrrenas às celestes, deíorma e amputa inclusive a critica artística. E no que ela tem de melhor. O jovem pensa então cm alguns de seus proícssores q uc haviam tentado bitolá-lo, escondendo a bclC7.1, seus aspectos mais elevados. Por oposição ao caminho indicado pela Revolução (implícita no guia e escarrapachada cm Glucksmann) o visitante encontrara a via certa. Era só questão de percorrê-lo e contemplar novamente cada um dos Profoias, procurando ver como e les remetiam às coisas de Deus: assim como quem sobe uma bela escadaria. Então, todos os personagens 10rnaram outra profundidade. Dois deles. porém, mais tocaram a alma de nosso jovem proícssor: Isaías e Joel. Contemplando a face do primeiro, grave, serena e sofrida, com suas longas barbas e seus olhos postos na fímbria do ho rizonte, com os lábios ligeiramente saltados, porque 'jn1rificados por ,1111 ,·arvão ardente trazido por 11111 1111)0", parecia vê-lo posto em um nicho, Oanqucando os Reis, Bispos e cavaleiros que povoam as fachadas ou os interiores das catedrais medievais. O mesmo sopro de íé que modelara o estilo gótico, perpassara lambém pela alma católica do escultor mineiro. Patcnteavase. cm princípios do século XIX, a mesma maravilha da graça, a mesma presença da Igreja. Uma página de Idade Média no Brasil colonial. Ah! Por que nunca lhe haviam falado deste aspecto do tesouro de Congonhas, por que não lhe haviam revelado antes esse proíético episódio da História do Brasil? Agora sim ele compreendia sua dificuldade em atribuir àqueles semblantes tão equilibrados a teatralidade vazia ou o excesso de ênfase do estilo barroco, filho aliás do renascentista! Não tendo com quem desabafar, passou a tirar rotos dos ângulos que

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BAtOLICl[SMO ''Covadonga'' desagrava blasfêmia - ... contra a Virgem do Pilar •

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sócios e cooperadores da Sociedade fcsrn de São Miguel Arcanjo. diante C ultural Covadonga . entidade cívica da im:tgem de Santa Maria La Re11I espanhola constituída por cató licos. de la Ahnudena tem o segui nte teor: "Graras Vos dtunos. St 11horu. que tem como finalidade a defesa por 1od(Js as predileçlíes que fendes dos princípios básicos da civi lização cristã. reuniu-se no d ia 29 de setem- 11w11(feslltdo por Vossa ctuó/ic(J Esbro úÍtimo na Cuesta de la Vega. cm panha. entrt..' a.v quais a de Z11ragoza Membros da Sociedade Cultural Covadonga diante do célebre Alcazar de Segõvia Madrid , para um ato de d esagravo figura con,o sul no cenrru de un, ante a milagrosa imagem da Virgem sis1em11 pla11e1rírio de favores. A le- vis1osll desse congresso. difundida piedade• que f azemos dit1111e tltt nwda Ahnudcna. Padroei ra da capital grm110 -11os d,>que o culto a Vâs. sob por Ioda " E.11Hudw, Vos 11•11ha r(J/IW onde foi enco,11,·ad(/ Vos.111 a in voct1('<io do Pill'lr. continue 1lío apre.1Ymtadv. ó Sc.~nhora. dt.• 11u1neira 111ilagros,1 inw ge,n dtt A /rnude11a. daquele país. ..Oferecemo- Vos. ig1111b11e111e. Sevivo qu,· t1 todos os ct1tólicos .1.•sp11- 11io blasfenw. Tendo sido. inc/11sivc, A reparação 11hóis. desde as nwis alu,s autorida- p11blicad11 110 bo/Nim diocesa110 de 11hora: 11osso protesto público. que. esperamos. ,·011/ofle Vossos .filhos des eclesiâstic.·as t1té os nuu:'í Jnunil- Zaragoza. tr<11111w1iz,ulos. Pt1ze11do-ll1es sentir des fiéis. 1 e11/ta pareâdo 11t11ural que ·· Podemos u1/c11/(Jt II desedijic11O a to de reparação oferecido por "Covad onga .. no d ia 29 de setembro. fa.tse o Pilar o lugar em /orno do ç1io (Ju(~ isto terâ cm1s,"Ju (1 ,nilhões 11ssi111 qu<'. apesar tia indolé11cia geral. hd fibras no <'ort1çtio hispcini· qual deva gil't11· o Congresso lvlari<l- de jit!Í.\ \ e co,no istv Vos dc•.w1grada. co 11t1s quais vibta integro o i11tlig11a11<> lnten w<·ional que se celebrarâ d<• Senlwro. ptec:ismne111e qua,u/() se du desacordo co111 essa fornw de 3 a 12 de outubro próxi11to. reúnem para Vos glor{/irar. ,,ropagtmda colltl'll Vossa honra. "Apr<•se111mno -Vos assi111 nossa .. Mi11ifes1a1110• Vos 11oss<1 dor pt•· lo _{<110 de que uma propaganda r<•parartio. repn•.,·e111mla ,u•sfl.> 1110 de Se11/10N1 ··.

FO I LARGAMENTE distribuída por toda a Espanha um decalque de propaganda do Congresso Internacional Mariano de Zaragoza. Nele se representa a Santíssima Virgem de modo blasfemo, na figura de uma jovem usando pantalonas. tocando gu ita rra e tendo a seus pés a silhueta do santuário do Pilar. Tem-se a imprc.ssão de que a jovem está sen-

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--

tada sobre a coluna q ue sustenta a

imagem de Nossa Senhora do Pi lar. O inqualificável desenho foi reproduzido também no boletim arq uid iocesano de Zaragoza. A esse propósito, um grupo de

TFP argentina interpela OEA bargo, é óbvio que o comunismo avança no Caribe e na América Central. [ ...] O que faz a OEA

OS ESTANDARTES da Tl1P argentina voltaram a tremular na movimentada rua Florida, no centro de Buenos Aires, bem como cm outros pontos dà capital 1>latina, em mais uma campa· nha promovida por aquela associação, des ta vez distribuindo um maniícsto que interpela a Organin,ção dos Estados Americanos OEA. - O comunismo nega todos os direitos humanos. O que íaz a OEA contra o comunismo? - O que íaz a O EA em favor do povo cubano esmagado pelo comunismo? Que protestos levantou pela clara intromissão de tropas russas nessa ilha?

~

~

''Catolicismo'' perde propagandista em Minas

para informar. ao menos, a opi·

nião pública latino-americana e seus governos sobre tais avanços? 2. 0 ) O <1ue íez em favor do povo cubano esmagado pelo comunismo? Que protestos lcvan· ro u pela clara intromissão de tropa$ rus.~as nessa ilha? [ ...] 3.•) No continente americano existem imensas extensões de ter· ra capazes de abrigar os reíugiados do Cambodge, Vietnã e outros 1>aises subjugados pelo comunismo. Estes rcíugiados te.m o direito natur:ol de fi xar-se cm qualquer lugar disponível do or-

APÔS COLA BORAR durante 15 anos com a Sociedade Brasi leira de Defesa da Tradição. Família e Propriedade - TFI' - . atuando como um dos rn~1is dinâmicos mcm ..

bros do setor artesanal da e ntid ade. faleceu cm Belo Horizonte. ll 7 de outubro p.p .. o Sr. Osmar Nogueira Soares, diretor geral da G ráfica Editora Bctcl. da capital mineira. e propagandisu, de "C(l(o/icis1110". Católico convicto. íazia parte do

gru po de ador.idorcs noturnos do Santíssimo Sacramento. da Catedral da Boa Viagem. além de vicentino atuante e fervoroso congregado maria-

I J

COM A PRESENÇA de Sócios e Coo1>cradores da TFP foi seJ)ultado a 10 de outubro 11.p.• no Cemitério do Araçá. cm São Paulo. o Sr. Manuel Salvador. de nacionalid,ide po rtugucsi, e radicado no Brasil. Durante quase 20 anos ele prestou ser-

{.

viços no secretariado nacional da

Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição. Faniilia e Propried:ide TFP - loca lizado à n,a Marti m Francisco. 669. Em j unh o de 1969. quando uma bomba terrorista explodiu naquela sede. entre os objetos danificados No centro de Buenos Aires. a TFP argentina distribui sua interpelação Comissão de Investigação dos Direitos Humanos da OEA

" Não censuramos à OEA por haver enviado a Comissão lnleramericana de Direitos Humanos a nosso País, sobretudo porque o próprio governo argentino convidou essa Comissão. O que., sim, censuramos são as graves omissões em que incorre a OEA e que tiram a esta visita seu pressuposto neces.sário de imparcialidade. I.º) Dado que o com unismo é a negaçã o radical e simultânea de to dos os direitos humanos, a OEA deveria atuar permanente e eficazmente contra ele. Sem em-

pagã

na sociedade cristã e o progres-

sismo solapador da verdadeira Fé. De caráter firme e íntegro. sua primorosa formação mornl e religiosa marcava-lhe a personalidade sin-

gula r de esposo dedicado. pa i de famil ia cxemJ)lar. amigo leal e profission:il s~rio e competente. Afiivel e comunicativo. desfrutava de largo circulo de amizades. rn11io pela <1ual seu passamento foi profu ndamente

sentido. tendo levado grande 111i mcro de pa,·cntcs. amigos e admirado-

res ao sepultamento no Cemitério do Bonfim e i, Missa ele séti mo dia oficiada na Igreja do Sagn1do Cora ção de Jes us. · Nascid o a 8 de novembro de 1930, fil ho de Maria Augusta e Jo~o Soares de Oliveira. natura l de São José da Varginha, município de Paria de M i nas, deixa viúva dona Célia Couto Soares e d uas filhas. Joana d'Arc e Mônica Maria. A TFP fez celebrar Missas cm sufrê'tgio de sua alma, cm Belo Hori-

zonte e São Paulo.

Oratório da TFP faz 1O anos; falece seu inspirador

-

Estes eram dois dos "slogans" brad:,dos pelos cooperadores da Sociedade Argentina de Deresa da Tradição, Familia e Propriedade, durante a distribuição de 65 mil volantes, por ocasião da recente visita àquele país da Comissão de Investigação dos Direitos Humanos da OEA. Eis os prínci1>ais tópicos do documento da T FP argentina, assinado por seu Presidente, Sr. Cosme Recear Varela (h):

no. D istinguiu-se por accndrada devoção à Santíssima Virgem e por sua fidelidade à Cí,tedra de Pedro: foi um verdadeiro apósto lo de consta nte trabalho contra a infiltração nco-

à

bc. L••.J O que está ra,endo a O EA, em coordenação com os E.5tados Unidos, para atender com urgência a esses povos? Oíercccndo-lhes as imensas extensões de nosso continente? 4. 0 ) [ • • • ) Tempo houve cm que a OEA era apenas um rótulo, porque cm matéria de 1>olência internacional só existia o poder dos Estados Unidos. H oje em dia os Estados latino-americanos ad· quiriram um imenso potencial. alual e ,,irtual. na política inter-naciona l. Com isto. somados os dois poderes, a O EA é ca11a:i d e pesar decisivamente no curso dos acontecimentos mundiais. Pergunta-se: que ra, a OEA , que orienta esse enorme co losso, para conter a ex1>ansão comunis-

ta no mundo e obter o rCSJ>eito dos direitos humanos detrás da cortina de íerro·? Esta é uma conclamação a os meios de difusão argentinos 11ara que intcq>clem a Comissão lntcramericana de Direit os Humanos a fim de que responda leal e extensamente a estas perguntas".

pelo atentado esrnva uma imag.cm de Nossa Senhor.:, d<"t Conceição. Quando foi concluída a reswuração

do edifício, Manuel Salvador. dcd i· cado porteiro da casa. apresentou ao

Prof. Plínio Corrêa de O li veira uma

sugestão: r,11.er um oratório dando para a rua . no loca l preciso onde ;i

bomba explodira. a fim de ali expor fa veneração pública a imagem dani ..

licaô" . Seria. assi m, reparada a ofensa fei ta t, Mãe de Deus. Realmente. pouco tcm1>0 depois. o oratório foi constru ido. dcspcnando a devoção de transeuntes e rnora-

dorcs do bairro. que ali passaram ,i rezar habitua lmente, levando com freqüência ílores e objetos de estimação como oíertas à imagem. Desta forma. a partir da inauguração do oratório, a 18 de novem bro de 1969. os devotos vêm agradecendo os benefícios espirituais e tempora is. obtidos através de preces dirigidas à pequena imagem. Enqua nto a saúde lhe permitiu. Ma nuel Sa lvador zelo u pelo orató-

rio. demonstrn ndo até o lim uma dedicação modelar e sendo geralmente benquisto não só por seus amigos da TFP,.como também por pessoas 4uc ali costumam rezar com freqüência.

Em 1970, teve início a recitação do ros,lrio diante da Virgem Imacu-

lada. po r sócios e cooperadores da TFP que se revezam d e hora cm hora d urnn1c a noite.

A TFP mandou cele brar Missa cm sufrágio da a lma de Manuel Salvador. Quando familiares e amigos velavam seu corpo , a singela

imagem de Nossa Senhora estava também presente. colocada sobre uma artística coluna. expressa ndo assi m o vínculo que cstabclcc.era

desde 1969. entre o devoto servidor e Nossa Senhora da Conceição.


N.• 348 -

Dezembro de 1979 -

Ano XXIX

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

NATAL, CENTRO DA HISTORIA mundo conlemporâneo. O pecado parece dominar o orbe inteiro. Conílitos inglórios. perseguições atrozes. guerras "por procuração" estendem s uas devas1ações pela Terra: Vie1nã, Ca mbodgc, Laos, Irã. Afganis1ão. Etiópia , Cuba, Nicarágua ... O ódio. a sensualidade, a impiedade campeiam infrcncs. E, entre tanto , continua a ser verdadeira a afirmaçã o da Lil urgia: "A Vós. Senhor. p er1e11ce111 os Céus. " Vós a Terra: sóis Vós que111f11ndas1es o uni v<•rso e quanto ele conténr. A j usliça e a eqiiidnde são o apoio de Vosso trono ". Com efoi10, a rcvol1a das cria1u1·as não aliena nem destrói o domínio que sobre e la s exerce o Criador. Rebelde embora, o mundo conlinua a pertencer a Nosso Senhor Jesus Cristo. É Ele o Rei. Rei pacílico, Rei

O UCOS SÃO hoje . infcli;,.mcnte. os fiéis que dão ao San10 Naia l iodo o seu s ig niíicado. Para alguns. a data é mero pretexto para comemorações mundanas. Para o utros. simples festa de família. c m q ue. secundariamente. também se comemora o nasci mento do Salvador. Pouquíssimos são os q ue compreendem q ue. se de falo o Sa nio Naial rep,·csen 1a. antes ele ludo e acima de tudo . corn a Encarnação da Scgundêt Pessoa da Santíssi ma

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Tri ndade. uma honra incstimêivcl para o pobre gê nero humano. e o primei,·o marco da vida terrena do Reden1or dos ho mens, cujo termo seria nossa salvação, além deste signi ficado primordial e esse ncial o San10 Natal tem ou1ro. Jesus C risto, encarnando-Se. cvangeli1.ando os homens. fundando a San1a Igreja. morrendo por nós e salvando-nos, a briu

misericord ioso. co ntinua a atrair a Si todas as cria turas.

uma era inteiramente nova na vida dos povos. Ele renovou a 1crra . E. a cs1c tilUlo. a Encarnação d o Ve rbo é o acontccimc n10 fundamenta l da História das civili1.c1çõcs. o marco inicial dos 1empos do homem renov:Hlo . Nfio é por mera ficção tfUC se conrànl os a nos a partir do nascimenlo de Cl'isto. Rea lmente. Nosso Senhor divide a Hislória cm duas vcrtcntés inteiramente diversas. O mundo, an1cs d Ele era um. depois dEle passou a ser ou1ro. São dois mundos. Poder-se-ia dizer que são duas H is1órias.

A idéia de que o Santo Na1a l é o

centro da História. se e ncontra cm ioda a Liwrgia destes d ias. Nas a n1ifonas do Advcn10. transparece com toda a clareza o papel fundamcn1a l de Nosso Senhor J esus Cris10. quer na economia da salvação. quer na vida de lodos os povos ncs1a Terra. É Ele a sa bedoria 1riunfal que domina o mundo de um a ou1ro cx1rcmo. Ele, o Salvador que nos sa lvaní "com ,, potência de s(>u

braço": Ele. que iluminará "o.t que Por isso. a Igreja canta. com :ilcesião sentados à sombra da morte "; gria lriu nfa l e sa ntíssi ma. no dia de Ele. o Rei desejado. o Legislador Nata l: .. Hoje Cristo nasceu, hoje onipotente. , t1pnrl'<'<' II o S alvador: h</ÍI! ., obre Todas as exc l,rn1ações das an1ifo- toda a Terra cantam O.\' Anj,>.v. regonas do Ad vcnlo indicam bem c lara- zijm11-se os Arcanjos. hoje 1odos os menlc um mundo que se dcba1e nas j ustos. n os transportes de sua tJ/eu·cvas. na impolência. na 1ris1c,.a. e grin, repete,n: " GlóritJ a Deus 110 que Nosso Senhor vem sa lvar, reu - mais alto dos Céus". ni r, elevar à verdadeira civilização: Ocs1oa profundamcn1c da doçua cris1ã e católica . a única a merecer ra. glória e s uavidade desse quad ro rc.i lmcntc o nome de civilização. magnífico, o aspcc10 dramá1ico do

Junto ao Sa n10 Presépio, sej,,m nossos scn1imcn1os de pro funda confiança na misericórd ia divina. Em nós. cm 1o rno de nós, pela graça de Cristo. Senhor Nosso, será só Ele o verdadeiro Rei. Pelo ardor na correspondência à graça divina e nas fainas do apos1olado. saibamos s ub1rair-110s ao jugo do pecado, e al1'311 para Cl'is10 todos os povos infiéis. No Presépio, Jesus Menino nos aparece be m jun10 de Maria. como que a lembrar q ue com a intercessão da Mãe, q ue é d Ele e nossa, tudo podemos esperar, 1udo devemos pedir cm beneficio das almas.

Nestes dias de crise mundial,

MISTERIOSO AVISO DE SÃO. PANTALEÃO Alguma desgraça à vista? ASSISTI MOS, neste fim de décad,,. a uma crise generalizada. que invadiu todos os campos da civili1..:1çã o hod icrna. Tal crise pode ser observada inclusive no seio da Santa Igreja. onde as devastações ca usadas pelo J>rogrcssismo di10 "ca1ólico" são públicas e no1órias, desligurand o de modo im prcssionanle a face da Esposa de Cris10. Na alucuçiío ao Seminário Lombardo, cm 7 de dezembro de 1968, Paulo VI j,í se refc,·ia a essa crise: "A Igreja se e11c·o n11·a e,n 111nt1 .fase de i11q11ie111de. de a111ocrí1i<'t1. dir-s<··-ia. por fl111, d<• ou1odt•1110 /i-

ção". Pos1c riormen1c. em sermão pronunciado a 29 de junho de 1972. aludia à "fu111aça de satmuis" que

peneirou no templo de Deus. No plano 1cmporal - e por1an10 no ca mpo da polilica. das relações sociais. dos costumes. da economia. da cullura e da arlc - uma crise

análoga se manifesta, produzindo no ho mem contemporâneo angústia

e ma l-estar crcscen1cs. Guerras locais o u "por procuração" cn1rc as supcrpolências - Esiados Unidos e Rússia - se s ucedem

continuamente.

A presença de uma brigada russa cm C uba. a ins1alaç.io ncsla de ba ses de lançamento de mísseis. a possibilidade de in1erfcrê ncias nas comunicações internas c m terrilól'io nortc-an,cricano - inclusive n1ensagcns de índole milirnr - são riscos graves para os Esiados Unidos. Por outro lado, os ,1contecin1cn1os que se vêm desenrolando no Irã - sobrc1udo a partir da invasão da emba ixada norte-americana cm Tecrã e conseqüente aprisionamento de reféns - não devem ser considerados como episódios locais. Pouco depois o ay ,1101/nh Khomeini con-

clama va o mundo muçulmano a levantar-se c m nova ..guerra santa". Tais acontcdmcntos, ainda q ue momentanea mente possam vir a ser con1ornados. não podem deixar de ser vistos dentro de uma manobra polí1ica, econômica e 1alvcz militar. De qua lquer forma. é se m di,vida uma mano bra propagandis1ica 110 csforç-0 sovié1ico para aba ter o mund o livre. dcsmora li ,.a ndo e h umilhando a superpotê ncia econômica e mili1ar cujo apoio é indispe nsá vel para q ue o Ocidente resista. O "caso irania no" é mai s q ue isto : co nfigura a mais crítica situação de 1cnsão en1rc Lcs1e e Oeste, desde a crise a propósito de Cuba. há cerca de d uas décadas. Mas enqua n10 o "caso cuba no" Cerca de 50 reténs permanecem em poder de lanãtlcos Iranianos desde o dia 4 de- novembro, quando a embaixada norte-americana em Teerã foi Invadida e envolvia apenas uma á rea que afetaocupada, numa evidente afronta à soberania dos Estados Unidos. va a segurança norte-america na. os

acontccimcn1os d o Irã se agravam com a ameaça de um cvc111ual corie do abas1ecimen10 de pelró leo a todas as nações que pensem c m a liarse com os Esiados Unidos. militar ou mes mo diplomatica me nte, numa con tra-ofensiva, cruenta ou incrucnta. Mais. Quando Fidcl Cas1ro instaurou o regime marxista na antiga "Pérola do Caribe". o Ociden te csiava unid o. Na prcsen1e si111ação. e le está po1encialmcn1e desunido. E para os seguidores criptocomunis1as do Khomcini é valiosa a aplici1ção da máxima da Maquiavel: .. Divide e1 i111pera". Ê nes1e con1cxto que propomos à consideração dos lei1o rcs a milagrosai liquefação do sangue de São Pa n1aleão. ocorrida cm Madrid e q ue se pro longa a1é o momcn10 em que escrevemos - meados de dezembro . Na página 2, nosso colaborador madrilenho , Fernand o Gonzalo Elisondo, relata em pormenores, especialmente para os leitores de " Ct110 litis1110 ", o milagre do sangue d e São Pantaleão, a história da relíquia e alguns traços biográficos desse márlir do século IV. Na página 3, transcrevemos a límpída, sintética e profunda ,inálise do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira sobre a crise entre Estados Unidos e Irã, oporlunamente relacionadas com as predições de Nossa Senhora em Fátima.

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Rellquia do sangue de São Pantaleão, venerada no Mosteiro-museu da Encarnação, em Madrid. Anualmente o sangue se liquefaz na lesta do santo, a 27 de Julho, voltando a coagular-se no fim do mesmo dia. Este ano, porém, o sangue não voltou a coagular-se, o que poderia significar, de acordo com antecedentes hlstõrlcos, um sinal de calamidades.


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LIQUEFAÇÃO DO SANGUE DE SÃO PANTALEAO FAZ TEMER CATASTROFES Fernando G. Elisondo especial para "Catolicismo" MADRID - T udo leva a crer que a Providência escolheu mais uma vez. a penínsu la ibérica para um novo e trágico aviso. Em F{ttima, Por1ugal, a San1issima Virgem falou ao mundo quando o perigo assomava no horizonte com a ascensão do

comunismo na Rússia. Em Madrid. capi1a l da católica mas adormecida Espanha, fala hoje, ialvez para o mundo inlciro, um milagre que vem ocorrendo há qua tro meses com o glorioso sangue do m,ir1ir São Pan1alcão. "O sangue de São Panwleão permanece em estado líquido desde 26 dl! julho. ls10 é algo in.,6/ito ... Conforme p1ulen1os observar. ex1raordinari(Jn1en1e se liquefaz quando wio se produzir grandes ,·atâstrofes ... .. O Pe. Eugênio Ayape. da ordem dos Agostinianos Rccoletos é quem pronunciou esias palavras cm declarações a um vespcrlino madrilcnho. "Não sei - acrescenta - se na J::sp(Jn/w 011 en1 qualquer 0111ro lugar do inundo. mas algo vai acontecer. Isto be11, poderia ser 111n aviso" ("E/ Alcau,r••. 16/ 10/ 79, pp. 16 e 17). Conserva-se no M·osteiro da En· carnação, de Madrid. a preciosa relíquia. Tendo por guardiãs as freiras agostiniunas recoletas daquele convento, o sangue de São Pantalcãn c ncontra ..sc num:t pcquen;1 redoma de cristal q ue. por sua vez. acha-se e ncerrada dentro de uma pirâmide de cristal e prata. Na festa

No dia 26 de julho. a milagrosa ' relíquia é condu1.ida à igreja do mosteiro~ encontra ndo-se o sangue cm estado sólido. Quem deseje pode comprová-lo facilmente. pois a relíquia é apresen1ada aos circunstantes. O autor deste a rtigo mesmo pôde a1cs1á-lo pessoalmcn1c nos últimos anos. Duran1e a tarde desse mesmo dia, véspera da festa de São Pantalcão. o sa ngue coagulado passa a um estado _pasloso que vai acompanhando as linhas da ampola. tomando a forma do recepien1c q ue o coniém. De uma cor escura, quase negra. passa a vermelho vivo, facilmente observável, pois o Sacerdote q ue mostra a re líquia projeia a l111. branca de uma lanterna comum sobre a mesma. No dia da festividade de São Pantaleão, 27 de julho, o sangue São Pantaleão. Antiga pintura bizantina permanece cm es1ado liquido do mosteiro do Monte Athos (Grécia). nem sempre cm igua l grau - e inicia-se sua coagulação ao anoitecer. ê normal que no dia 28. ao médico e pessoa muito importante. retornar à capela-relicário, o nde per- convcricu-se ao C ristianismo. Isso manece guardado a té o ano segui n- ·desencadeou a perseguição, pois os te, o sa ngue esteja completa.mente pagãos temiam que o exemplo arrasduro e escuro. Quando isto não tasse outros personagens do ímpêacontece ... "é sinal de t·alm11idade", rio. Após numerosos milagres esperepelem as religiosas e os Sacerdo1es tacu lares. nos quais a proteção de Deus ficou patente aos o lhos do relacionados com o convento. Ao saírem da igreja da Encar- povo, Pantaleão foi decapitado em nação. no d ia 27 de julho p.p., à 27 de julho de 305. Difundiu-se rapidamente a fama noite. os fíéis que ali se encontravam de santidade desse jovem cristão por - enirc eles o s ignatário deste art igo - mal podiam imagi nar que neste iodo o Oricn1e. onde passou a ser ano de 1979 o sangue de São venerado oficia lmente. Em Roma, o Papa São Gregório Magno dedicouPanlaleão não se ia coagular ... lhe uma igreja. hoje conhecida como de São Gregório a Celio. PosteriorFamoso 1700 anos mente erigiu-se out ra com seu nome depois do martirio na a1ual Corso y iuorio Emanuele. cm 1180. Sào Pa ntalcão - nome que etiSuas relíquias permaneceram cm mologicamente s ignifica "cm tudo Nicomédia até o século X , época cm que, para atender aos desejos de incontáveis fiéis da Europa, fora m dis1ribuídas para numerosas igrejas e mosteiros. Na Espanha. pelo menos seis povoações conservam o nome do santo, nas províncias de Burgos. Lugo. Jaen. Saniander e Vizcaya.

A cidade de Ravello, na Itália, também possui uma rellqula do sangue de São Pantalelio, que se liquefaz no dia 27 de Julho

2

Os primeiros cristãos cos1umavam recolher as relíquias dos mártires e dar-lhes digna scpuhura. Guardava-se muitas vezes o sangue dos cris1ãos sacrificados nas perseguições cm ampolas de vidro ou de argila. ê mundialmente conhecida a fcs1a de São Januário. pairono de Nápoles. onde um fato miraculoso scmelhan1e se repele com o sangue desse santo. na catedral da cidade. três vezes por ,1no.

São Pantaleão e a situação atual Mui tos espanhóis vêem com apreensão o prolongamento inusi1ado da liq uefação do sa ngue de São Pan1aleão. E não faha quem relacione o fa to miraculoso com os aconteci mentos nacionais e internacionais. Ao mesmo tempo. o comunismo e a indiferença da opinião pública díanic de seu a tual avanço

l

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Uma longa viagem de treze séculos

do san10. o sangue muda seu aspecto escuro e sólido que norma lmente apresenta, e vai se tornando liquido e avermelhado. como um sangue fresco. Para presenciar esse prodigio para o qual espccialis1as cm hcma10logi;1 não e nco ntram explicação cientifica numerosos madrilenhos · acorrem i, igreja do convento (próxima à praça do Oriente. à esque,·da de quem se coloca diante do palácio real), o nde as religiosas de c lausura expõem a relíq uia para quem deseje comprovar o milagre, venerar o sa nto e adorar a Deus. que com es1cs si nais visíveis sus1enta a fé das almas fiéis. Durante o ano, a relíquia é guardada ju1110 com outras de riquc1.a inca lculável na capela-relicário, no in1erior do mosteiro. Figurando cm guias tu rísticos - pois o edifício íoi declarado monumento nacional - , o convento permanece aberto à visi1ação pública cm determinadas horas do dia. Assim, qualquer fiel pode observar o sangue coagulado de São Pantaleão.

O milagre do sangue também na ltãlia

espanhola de 1936. A agência oficial EFE d isiribuiu uma noticia sobre tai reponagem.

semelhante ao leão" - foi martirizado no ano 305. durante as perseguições do Imperador Diocleciano, por acusação de urn dos 1c1rarcas. o "César" Ga lério. Viveu e morreu em Nicomédia, sua cidade naial, na Ásia Menor. a1ual Turqu ia. Filho de pai pagão e mãe cristã, estudou e exerceu i, med ici na . O próprio imperador requeria seus serviços, cumulando-o de honras e bens. Ao morrer a mãe. sua lembrança e iníluência o aproximaram do vcnc· nível cristão Hermoleo, cujas írcqüenlcs conversas foram prcpa,·ando o espírito de Pantalcíio para vencer os obstáculos q ue o impediam de dar o passo defi ni1ivo da conversão. E ntusiasmado com os ensinamentos evangélicos, repetia as palavras de Nosso Senhor, e à s ua ordem os cegos viam, os enfermos sa ravam e v,lrios casos de ressu·rreição de mortos se contam cm sua vida. Passou a ser con hccido como Pm11aleemo11, que significa misericórdia. Diante de tais prodígios, seu próprio pa i. senador do Estado.

Em Madrid. ,, sa ngue d e São Panta leão foi introduzido nos primeiros anos do século XVI I. O Mos1eiro da Encarnação, ded icado à Assunç,~o da Virgem Mãe de Deus, foi obra da Rain ha Mar~arida de Áus1ria, cs1>osa do rei Fchpe 111, piedosa e fervorosa dcvorn do Sa ntíssimo Sacramento. Para sua fundação chamou Madre Mariana de São José, conhecida da soberana, e que na ocasião se e ncontrava ern Palencia. O convcn10 foi en1rcguc no dia 2 de ju lho de 1616 às religiosas agost inianas recolc1as. ordem fundada pelo Beato A lonso de Orozco. Entre as primeiras religiosas que ali se recolheram encontrava-se Soror Aldonza do San1issimo Sacramc1110. filha única do Vice-Rei de Nápoles, D . .Juan de Zuõiga, e da Condessa de Miranda, Da. Mari:, de Z uiíiga. À bondi,dc desta piedosa dama deve-se a graça do envio da valiosíssima re líqu ia ao Mosteiro da Encarnação de Madrid , obtida . provavelmente, duran1e a permanência de Da. Maria na Corte de Nápoles. Um documcn10 exis1en1c no Mos1eiro relata que cm 1724 foi realizado o primeiro exame do fenôme no da liquefação e condensação do sangue de São Panta lcão. A pedido da Priora. Soror Agus1ina de Sania Teresa. presidiu a comissão o Arcebispo de San1iago de Compos1ela, D. Miguel Herrcro Esqueva. que no meou jui1. D. Álvaro Mcndoza Caa mano y Sotomayor. Este recebeu. dia nte de um notário e sob juramento, 1reze declarações. Após seis anos de estudo do p,·occsso. pronunciou-se a sentença declarando a autenticidade do inex plicável fenômeno.

Mosteiro-museu da, Encarnação, em Madrid, onde se guarda a milagrosa rellqula de SIio Pantaleão

Embo ra menos famoso no Ociden1c que San Gemwro, São Pa111aleão é conhecido e venerado em mui1os países do Oriente. devido aos incontáveis milagres e cu ras q ue se sucederam an1es e depois de s ua morte. Os povos de rito católico grcco-biz.antino se esmeravam cm prestar magnificente cullo ao herói cuja his1ória p rodigiosa se exalta na liturgia. Na o bra do Arcipreste de Ravello Amalli. Revmo. Pe. Giuscppc lmperato, publicada cm 1970. encont ramos abundante documentação sobre as localidades onde exis1em relíquias do sangue de São l'an1aleão e se produ1. o fenômeno da liquefação. O Sacerdote estuda com especial empenho o que acontece 1odos os a nos na própria cidade de Ravello, na li.ilia , que tem São Panta lcão por padroeiro. A documentação remonta ao ano de 1577. E m 1686, o Bispo da cidade d irigiu carta ao Papa Inocêncio XI relatando o fato ex trao rdinário. O documc1110 está arquivado no Vaticano. Também na Itália ex iste o consenso de que o prolongamento ou não ocorrência da liquefação no dia 27 de j ulho é s inal de a lguma desgraça pública. Isso acon1eccu cm 1913, às vésperas da Primeira Gu<!rra Mundial.

Alerta na Espanha

no mundo recordam as pala vras de

Noss,1 Senhora cm 1=-átima: .. Se nlío (a1endere111 a 111e11.• pedidos. a Rrís· si"] espalhará seus e,·ros pelo 1111111do, pron,ovcndo g uerras e perseguições ... Vârins nações serão a11i· quiladt,s... " E m 1918. uma das videntes da Cova da Iria, Jacinia, prenunciou o castigo da guerra civil de 1936-1939: os hornens ,uio se enutndnre,n. Nossa Senhora enviará ao inundo

··se 11111

casfigo corno não SI! viu igual, (',

antes q11e a 0 111ros países. à Esptmha" (cfr. Pe. De Marclii . 1.M.C .. J. Ken nedy & Sons. New York, 1948). O que pensar agora ante as palavras da ún ica sobrevivente'/ Em Caria ao l:lispo 1itular de Gurui, escrevia a Irmã Lúcia. cm 1943: "A Rússia se converf<trtí caso Sl' c11111pra es1a condição: que os Senhores Bispos da Espanlw a1enda111 aos de.tejos d,, Nosso Senhor. e empree11da111 unto verdadeira refonno no Clero e 110 povo: se isto não se fizer. a Rússia voltará a ser o iniJnigo co1n u

qut1/ Deus os c11s1ig111·â mai::; u1na vez" (cfr. A. Corredor. "Lucía de Fátima dice... ". Ed. Studium. Madrid, 1958). O sani;ue de São Pantaleão permanece liquid o há mais de quatro meses. Q uando is10 aconteceu, cm ocasiões anteriores, foi sempre prenúncio de ca1ás1rofes. Estaremos preparados para corresponder a esrn nova misericórdia da Providência'/ Aguardemos submissos e confiamcs cm Maria Sa ntíssima . E, sobre1udo, mui10 vigi lantes, segund o o p1·ccci10 evangélico: " Vigiai e orai para não cairdes em 1e111ação" (MI. 26, 4 1).

Como dizíamos acima. os fiéis que saiam da Igreja da Enca,·nação, no anoitecer do dia 27 de julho deste ano, não imaginavam que o sangue do santo não se coagu laria. Dois meses e meio haviam passado quando no dia 13 de outubro p.p .• na secção de " Carias" do diário "A BC" de Madrid, aparecia urna missiva do llibliogralia Pe. Euge nio Ayape comu nica ndo o Frei Eugcnio Ay:1pc. O.A.R.• "/.11 .tangrt· de fato extraord inário. San l'mua{(·dn t•tt Mmlritl", Ed. Agus1inus. Em sua caria o religioso agosti- Modrid, 1979. niano observa q ue qm1 ndo a lique- Rcvdo. 1). Giuscppc Imp<:r:uo, "Un té'".HÍmQ - S. Pómolt·ont'", Tipografia Jovanc. A· fação se produ z fora da fesia do m· lrani, 1970. santo é sina l de que sobrevirá a lgu- Rcvdo. D. Fr:rnccsco Gl'illo, " Vita <.ll S. />m,ma calamidade pública. E lembra u,/c•o. mc·,li<-o ,. mnttir<-", E. t:crrari. Rom:t, que isto aconteceu "dw·""'" iodo o 1934. Pc, De M:trchi, I.M .C., "Tlw l.lu(r mor(' 1e111po da Grande Guerra 19/4- 1918". hrt'lliánl tlum tlw swt". Ed. J. Kennedy & Dias depois, numa extensa repor- Sons. New York, 1948. tagem publicada pelo diário "E/ Fr. An1onio Corrl"<IOr. O.F.M .. "Ludo de Aléazar" (Madrid. 16/ 10/ 79). decla- Ftitimo ,/ir~... ··. Ed. S1udit1m. M::idrid. 1958.. dei Pe. Ay:11><: .a "A HC"' de M:idrid. ra que o mesmo aconteceu "após o C;1rt:1 13/10/ 79. assassi1w10 de Calvo Sote/o", ocor- O<:cfornçõcs do Pc. AyaJ)c :a "HI .-tkawr·. rido pouco an1es da guerra civil M:ulrid. 16/ 10/ 79.


••• Plinio Corrêa de Oliveira OBRE O ÓBV IO não se fala . nem se escreve. Ele salta aos olhos. Impõe-se como fato bruto. Dispensa descrições ou comentários. O observador agudo d iscerne a realidade (uma pessoa, uma situação, uma coisa) no momento preciso em que ela desponta nas d istâncias do horizonte. O observador banal nota essa realidade quando ela já vem a meio caminho. O subobscrvador dela só se di1 conta quando se torna óbvia: é precisamente um pateta. Pateta, sim. À medida que o número de patetas aumen ta, este qualificativo vai saindo de circulação: não se fala de corda cm casa de enforcado. Contudo, é só com essa palavra de vogais sonoras, e sobretudo de consoantes fortes, que se pode qualificar ta l estado de insuficiência mental. Tudo isto dito, ó leitor, entretanto é sobre o óbvio que passo a escrever. Pois a conclusão fina l a que chegarei - isto é. a ma is . óbvia das afinnações que farei Ê é de importância incalculável. E passo ao terna:

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agressora assim descrita. Ele pretendeu impor aos Estados Unidos que lhe entregassem o xá deposto e destroçado, o qual, atingido por moléstia incurável, batera às portas da superpotência do Oeste pedindo por socorro n1édico e tranqliilidadc;

4. É óbvio q ue Carter agiu de modo totalmente submisso, ao exibir as radiografias de Pahlevi aos ernbaixadores do aya101/ah, para provar que este sofre efetivamente de câ ncer. Corno é óbvio também que o aya10/fah mostrou ferocidade ra ra na Histó ria, obstinando-se em que os Estados Unidos lhe entreguem ou a uma corte internacional - o hóspede enfern10, para ser "julgado» e, natura lmente, enforcado;

Manifestantes i ranianos descarregam seu 6dio anti-ocidental em frente à embaixada norteamericana em Teerã

5.

É óbvio que, assim, a pendência extrapola do di rei to internaciona l e da diplomacia, para degenerar em briga absurda: o arrogante e pequeno Irã, a tratar a superpolência máxima con10 um gato tra ta um rato;

6.

É óbvio que essa situação

até o vórtice do inqua1. É obvio que os Estados afundou ";' Unidos são uma nação soberana, lificável, com a invasão, por estu-

'::

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com o direito inteiro e recursos t:. supcrpotentcs para fazer em seu <li território o que bcn1 entenda; u

-;:

2.

É obvio que a atuação de

~ uma nação visando interferir cm

, outra constitui uma insolência. -il uma agressão, ou até um "casus !! ·e

belli'':

~

3.

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Ora, é obvio que o Irã i= configura inteiramente a nação

dantes fanáticos - expressamente elogiados por Khorneini - , da embaixada norte-americana ern Teerã, e · a redução a reféns dos funcionários desta:

&arter deu todos os sinais da fraqueza durante a crise Iraniana, fortalecendo, em consequência. a posição sovlé\lca

7.

Ainda é obviamente inqualificável que manifestantes iranianos se venham revezando frente ao hospital em que está Pahlcvi, pedindo a Alá que o mate;

Enquanto o governo norte-americano autorizava o fornecimento à Rússia de cerca de 25 milhl!es de toneladas de cereais, milhões de cambodJanos padecem e morrem de tome vitimas do comunismo, como este menino, que per maneceu nesta pos ição um dia Inteiro por ter roubado um pouco de comida de um "khmer vermelho" num acampamento de refugiados. • .,ii. r,

• t ~ ,q.

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8.

n1ultidões briosas que protestassern jamais entregar-se ao dominador. Tais passeatas, pela retração da influência soviética que provocariam. trariam para a Rússia prejuízo mu ito maior do que a vantagem que desta possa ter com sua atual jogada iraniana. Mas a Rússia sabe que não é grande o perigo das passeatas, ela que consegue fazer no Cambodgc o que todos vêem, apesar do que. entretanto, quase ninguém se ind igna serian1ente. As mu ltidões, com imensa vantagem para a Rússia, estão misteriosamente anestesiadas. Apatetadas. Pelo contrário, os Estados Unidos mantêrn o regime soviético, fornecendo-lhe anualmente 25 milhões de toneladas de cel'ea1s;

É óbvio ainda que a rea-

ção de Carter, cancelando a insignifica nte com11ra de petróleo do Irã pelos Estados Unidos, congelando os créditos iranianos e fazendo uma demonstração naval no Mar Arábico, tem dimensões microbianas, se comparada aos ultrajes de Khon1eini. Até o momento em que escrevo, foi só o que Carter fez;

gesto proporcionado de protesto de Carter poderá ocasionar a guerra, porque, por trás do Irã, está o Lcviatã soviético;

10~ Obviamente

isto significa que a Rússia équcn1 instiga as agressões iranianas. rnostrando ao mu ndo inteiro que ela pode impunernente empurrar à parede ou atirar ao chão a superpotência rival. 9. É óbvio ainda que nada O Cremlirn visa exibir-se asdisto teria sido assin1 se Kho- sin1 con10 senhor dos povos e meini não estivesse seguro de que dominador da Terra. O que deCarter ante tudo se curvaria para veria determ inar, não só nos evitar uma guerra n1undial. Co- Estados Unidos como e,n todo o mo é óbvio ainda que qualquer mundo, passeatas indignadas de

11. De óbvio em óbvio chegamos, ó leitor, a um quadro apocalíptico. Não vemos cumprido en1 parte o universal castigo anunciado por Nossa Senhora cm Fátima: a ex pansão mundia l dos erros da Rússia? A ou tra pa n e, que fica por cumprir, caso, ainda assim, os homens não se convertam, são perseguições e guerras que se desencadeiarn , e nações que desaparecem ... Nossa Senhora jamais fal hou cm suas an1eaças, como em suas promessas. Tan1 bérn isto é óbvio. Óbvio em supremo grau.

O monstro janicéfalo no Cambodge • A TRAG ÊDIA espantosa do Cambodge segue seu curso macabro. Uma raça inteira, um povo até não muito tempo forte, inteligente. saudável, <:ncontra~sc dian-

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te da ameaça de extinção. Milhões de pessoas já morreram de fome nas selvas do pais desde que o comu nismo se assenhoreou da nação. Encurralado como bicho pelas tropas do governo ou dos guerri lheiros, o povo cambodgeano depende, para sobreviver. da aj uda de organizações internacionais.

Muito se í.t lou, e com razão. nas atrocidades do agressor vietnam ita. Mas aparece pouco o ho,-ror das duas faces do comunismo, a russa e a chinesa . O

Khmer Vermelho. movimento guerril heiro armado e dirigido pela Ch ina. tomou o poder em 1975 e iniciou então o mais bárbaro governo de que se tem

noticia. As cidades foram evacuadi,s. mortos os cidadãos de cultura, eliminados barbaramente todos aqueles que possuíam um vern i1. ocidental. Falou-se cm dois milhões de mortos. Um pa· voroso genocídio. No inicio de 1978. o Vietnã. armado e dirigido pela Rússia, invadiu o pa is, dest ituiu o cruel governo de Pol Pot e instalou uma administração títere... mais desumana que sua antecessora. Fala-se de novo em mi lh ões de mortos pelas chacinas ou pela fome. Este triste pa is contava há uma década com uma população de oito mi lhões de pessoas. Hoje, talvez não atinja os quatro milhões. dos quais mais da metade corre o risco de perecer cm breve. Teve esse povo a infelicidade de ser dirigido por um príncipe comunista. Norodon Sihanouk, posteriormente derrubado pelo regi-

me pró-ocidenta l de Lon Nol , que governou até o golpe comu nista de 1975. Dois comunismos, o russo e o

chinês. cm estardalhante e bem orquestrada disputa, mas unidos na prática de crueldades inauditas contra um povo indefeso. Edição red iviva de Janus, o deus romano de duas faces. o comunismo internaciona l enfeitiça o Ocidente pelo movimento sincronizado de dois horrores que se apresentam ora ameaçando, ora sorridente propondo aliança. Em nossas barbas, os soviéticos transformaram Cuba, outrora chamada a ''Pérola do Caribc", na sua carne de canhão e instrumento de propaganda, agente primeiro das "guerras por procuração", que levam a cabo na África. Oriente Médio e Caribe. Hoje, Cuba, Nicarágua, Jamaica, Granada ... O que virá amanhã?

3


__________________________________________________________________,_ MARINHA MERCANTE RUSSA EXERCE AÇÃO MILITAR ADA ELEVOU tanto as ten- falar. com base cm concludentes insões entre a Inglaterra e a formações publicadas na '" Revue de Alemanha nos anos que pre- FOTA N·', de junho de 1979. pelo cederam a I Guerra Mundial como o especialista James Ellis. da Direção acelerado programa de construção dos Assuntos Econômicos da Organinaval - militar e mercante - do zação do Tratado do Atlântico Norte. Império Alemão. O obstinado GuiA marinha mercante soviét ica, lherme li. deixando de lado as por depender essencialmente das ponderações de experimentados es- considerações políticas de seus dirndistas temerosos da desnecessária rigentes. e. cm parte, também pelos deterioração da delicada trama das baixos sa làrios que paga. tem posrelações britânico-alemãs. levou adian- sibilidades de cobrar muito menos te seu inconsidcrado desígnio. do q ue os armadores ocidentais. A Inglaterra . como se sabe. jul- Seus fretes situam-se habitua lmente gava não poder tolerar uma potên- 10% a 40% abaixo daqueles cobracia mtval cm condições de amcaçêí- dos pelas companhias privadas. Prela. Sempre teve como ponto indiscu- sença crescente nos portos do muntível que seus eventuais advcrscírios, do inteiro - 1400 portos em 118 em caso de conílito, deveriam ser países - jà transporta 13% das batidos no mar. A mera hipótese do cargas entre a costa leste dos Estadesembarque de tropas inimigas na dos Unidos e a Alemanha Ocidenilha. lhe era insuporti1vel. Os ingle- tal. Mais de 10% do comércio maríses apoiaram e ntão ardorosamente a timo entre a Europa e a África aliança com a França e a Rússia. Oriental se rcati,_., hoje através dos lançando-se na cruel guerra contra navios soviéticos. Em 197 1. a parte os impérios centrais. soviética nas oito rotas principais do A noção sensível de que as rela- Atlântico Norte era nula. Em 1977. ções entre os povos pressupõem atingia 4.4%. proporções e C<Juilibrios que não A Rússia recebe anualmc111c. pepodem ser rompidos impunemente lo transporte de mercadorias entre fez os briulnicos participes ativos da portos do mundo li vre. 500 mi lhões 1 Grande Guerra. Como tradicional de dólares - drenagem preciosa de

N

potência marítima era-lhe viva a percepção das íntimas conexões exis-

recursos. que normalmente deveriam ficai' no mundo não-comunis-

tentes entre a marinha mercante e a marinha de guerra. Hoje. no conílito apoca líptico entre o mundo comunista e o não-

a encerrar suas a tividades por não resistir à concorrência russa . Nos

comunista, a Rússia se aproveita da modorra ocidental para colocar à prova este principio que levou tão longe os ingleses no inicio do século.

ta. Muitas companhias poderão vir anos 80, com o programa soviético de aumento de petroleiros. o estratégico tráfico do óleo negro proveniente dos países ,írabcs cairA parcialmente- cm mãos russas.

• • • No plano militar, a marinha mercante soviética já presta relevantes serviços à causa comunista. En-

trega cm média, diariamente. mais de um carregamento de armas. Grande parte do reabastecimento dos vasos de guerra soviéticos é executada por esses navios. Constituem significativa ajuda para a espionagem comunista pelas possibi lidades oferecidas no elevado número de portos onde atracam e pelo amplo pessoal utili1~1do. O comércio fornece a ocasião para o aumento de número de íuncionârios de apoio nos paises visitados, que podem servir igualmente como agentes de informação e de instrumentos eficazes para a consecução de objetivos politicos nas regiões ati ngidas. Em caso de uma crise explosiva, a marinha mercante russa se prestaria a inestimáveis serviços: transportes

de tropas. armas. mantimentos e combustíveis. Com rapidez pode acudir a situações de emergência cm qualquer pane do mundo. Como o mundo ocidental já colocou cm mãos comunistas· uma pa rccla de seu comércio internacional marítimo, o

material estratégico transportado na ocasião por tais embarcações estaria à disposição das autoridades moscovitas.

• • •

Este cargueiro mercante· russo foi fotografado ao largo da costa sul-africana: seu carregamento: velculos militares, Inclusive tanques.

Ê muito con hecido e largamente utili1,ado o recurso da ostentação do poderio naval na induç,1o de governos indecisos a at it udes mais concessivas cm face do poder ameaçante. O Ocidente. imerso numa crise do comércio marítimo internacional. devido principalmente à s ua

prccl1ria situação energét ica. permi te Ao lado da expansão de sua marinha de guerra. atua lmente com alcance mundial. estendeu os tcnt~tculos de sua marinha mercante. cuja presença se fa7. noti\vcl em portos do mundo inteiro. Generalizou-se sobre tal situação a atenção preocupada de círculos ligados à defesa do mundo livre, onde não passa despercebido o fato de estarem esses navios comerciais inteiramente sujeitos i1 direção do comunismo internacional.

E é sobre o cre.sccnte poder da frota mercante russa que desejamos 4

que a União Soviética a agrave. E. pela aquiescência dada aos navios mercantes russos, permite ao Crcmlin consolidar sua marinha mercan-

te e colocar-se cm condições mais favoráveis para exercer pressões politicas. A invasão da frota comercial russa. efetuada com meticulosa cliciéncia e discreu1 difusão, constitui. sem dúvida. mais um dos capitulos da fatídica ··t1é1e111e'". Esta absurda politica de d istensão que há mais de dez anos suga recursos do Ocidente para seu mais implac:\vel ini migo. o

comunismo internacional. A partir

do Crcmlin. o polvo vermelho estende seus múltiplos tentàculos sobre o mundo livre anestesiado e como que imbcci ti ,.ado pelas técnicas s utis e cruéis da guerra psicológica revolu -

T

cionária total.

Tivesse o Ocidente uma lúcid,, noção de seus próprios interesses como a teve a Inglatcrra d o período vitoriano - . certamente oporia re-

sistência eficaz aos avanços russos no comércio marítimo internacio-

nal. Entretanto. melhor ainda seria

se o fii.essc cm defesa dos princípios imperecíveis da civilização cristã em luta de vida e morte contra a expansão imperialista do poder ateu.

P. Ferreira e Melo

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Navios mercantes soviéticos constituem Importante ponto de apolo A expansão comunista em todo o mundo

William Simon: ''Nunca houve tão pouca liberdade na América'' os

ESTADOS Unidos cresce a disputa entre os partidários da livre empresa e os esquerdistas. imbuidos dos princip ios fabianos. Os primeiros acreditam que o extraordinário progresso da nação deveu-se. cm primeiro lugar. ao funcionamento livre das leis do mercado. à liberdade econômica intimarncntc ligada aos direitos políticos e à noção de que ao governo cabe, n,l

N

maior parte das vezes. apenas um papel supletivo. Os segundos defen-

e nada fez. A idéia de que tal intervenção incessante do governo estava causando danos à produção era desanimadoramente ir· real para esses senhores (p. 48).

William Simon. ex-secretArlo do Tesouro norte-americano

dem a intervenção estatal cres-

cente, a enérgica interferência governamental na economia e uma

politica igualitária de distribuição da renda. Entre os primeiros. está o cx·secrct;.lrio do tesouro americano, William Simon, ligura destacada nos meios de negócio de seu país e hoje dedicado também a atividades acadêmicas. Há pouco. publicou um oportuno livro ..A 11111e for 7i·u1J,··, no q ual analisa as lamemávcis e destruidoras políticas econômicas seguidas pelos últimos governos americanos e condena seus danin hos fundamentos lilosólicos. Apresentamos abaixo extra tos desta obra que ainda repercute intensamente naquele país do hemisfério norte e é de inegável atualidade cm todos os países ocidentais. • "Fundamentalmente, cm· bo ra a crise mudasse em seus detalhes de mês para mês, continuei sem1>re enviando aos deputados uma mensagem básica e desagradável, dizendo que o governo em geral e o Congresso em parti'c ular eram responsáveis 1>ela

crise econômica e pela crise energética, bem como pelos perigos com elas relacionados (p. 3). • Infelizmente, toda a retóríca sobre defi<-its e orçamentos equilibrados obscurece o perigo real que se põe diante de nós: a gradu al desintefra5ão de nossa sociedade livre ... J. Quando vemos esse crescimento monstruoso

do governo, temos que nos dar conta que isso não é uma questão de horizontes econômicos estreitos [ ... ]. Se ele continuar, o resultado terá que ser a falência. No caso do governo federal, podemos imprimir dinheiro para pagar por nossa tolice, na primeira vez. Mas se continuarmos a depreciar nossa moeda, acabaremos

num colapso financeiro. Esse é o caminho que estamos trilhando hoje [... ). por essa ra1ão que devemos nos preocupar com o crescimento cancerígeno do governo e seu insistente processo de devorar a energia P.rodutiva de nos.ços cidadãos. [ ...) Falo sobre is.ço com tanta insistência porque não vej o ninguém discutindo tal perigo (pp. 11-12).

~=

• Em suma, a liberdade individual inclui a liberdad e econômica do indivíduo, e os íu nda· dores de nosso país sabiam disso. Eles tinham boas razões para deixar as atividades produtÍ\•as dos homens, tão livres quanto possível (p. 22). • Muitos dos líderes intelectuais e políticos desta nação nunca entenderam a catastrófica impotência econômica da União Soviética [ ...). A verdade é que o sis1e.ma econômico soviético não

íunciona. Ele tem íuncionado dependendo, do começo ao lim, do capitalis mo ocidental, e sobretudo do capitalismo americano (p. 26). • Conforme mencionei anteriormente, o Instituto H udson fC', um estudo revelador sobre a relação entre o crescimento do setor público e o crescimento econômico real em 14 países. As descobert as mostram que o crescimento global é. menor nos países cm que o setor governam ental é maior (p. 40). • Anos de intervenção gover· namental incoerente estrangularam a energia de produção, o abastecimento doméstico diminuiu, a1>arecera rn esca.ssezes arfi..

ficiais, e um embargo estrangeiro do petróleo precipitou a crise (p. 46). O Congresso íoi advertido de uma escassez de energia emergente, durante mais de duas décadas,

• E agora chego às dimensões invisíveis dessa crise - a dimen· são lilosófica e ideológica . [ ... ] a presença de um modelo dinâmico, semelhante ao que domina a vida do n eino Un ido [ ... ). As tendências que acabo de descrever constituem um :unplo modelo político-econômico socíaliçta, exceto o con lisco imediato dos meios de 1>rodução. Mais precisamente, é um conjunto de atitudes quasesocialistas que tem sido integrado à economia americana , representando aquela busca de um " meíotermo entre comunismo e capita·

lismo" (1>. 112). • [ ... ) idéias são armas realmente, as únicas armas com as quais outras idéias podem ser combat idas. Todas as tentath·as de combater o coletivismo hostil desencadeado nos anos 60 através de meios puramente políticos, têm falhado ignominiosamente (p. 227). • Existem poucas institui ções voluntárias nos Estadus Unidos hoje que estão orientadas para linanciar intelectuais que lutam pela liberdade tanto econômica quanto política. A maioria dos fundos 1>ri vados - inevitavelmente das próprias empresas íluem, de modo incess•nte precisamente para as instit uições que estão lilosoficamente empenhadas· na destruição do capitalismo [ ...). Em última análise, a própria empresa americana está financiando a destruição tanto da livre empresa como da liberdade política (p. 228). • Nunca antes houve na Am érica do Norte tal liberdade de falar livremente - na verdade de papagaia, no ouvido da nação inteira - , de publicar qualquer coisa e tudo, incluída a tagarelice mais vil; de tomar drogas e de falar a crianças sobre os supostos prazeres que os tóxicos proporcionam; de fa,er propaganda de práticas sex uais bi1arras; de assistir a diversões sangrentas e obscenas. Em sentido contrário, o com1>ulsório comanda o mundo do trabalho. Nunca houve como agora tão pouca liberdade na América para t>lanejar, economii.ar, in,•cstir, construir, produzir, inventar, empregar, desempregar, resistir :i sindicalização forçada, trocar bens e serviços, arriscar~ lucrar, crescer" (p. 234).


PSIQUIATRA APONTA FATORES DE DESAGREGAÇAO NOS ESTADOS UNIDOS SORTE DO M UNDO livre depende no campo na tural. como se sabe, do poderio. vontade de resistir e capacidade de decisão dos Estados Un idos. J ,\ há

A

alguns lustros. não se fa la mais na ex pa nsão arncricana, mas apenas de s ua ma nutenção e decl ínio. A triste constatação dos recentes recuos no Sudeste Asiá tico e África. d,, pusilanimidade cm tratar o vital

outros países do mundo postos na mesma trilha maldita na q ual já vão tão longe os Estados Unidos. O especialista norte-americano diz. que sua nação csti, ameaçada porque h,i nela 1>rofundas modificações de estrutura e costumes sociais. seguidas por leis que as legitima m. As novas gerações estão sofrendo acentuadas mutações psicológicas.

f

e

ramcnta l generalizado nas crianças nol'tc-americanas. O Dr. Voth adverte também para outro fato. Um pressuposto da vida social saudável é a nítida dis-

tinção entre os dois sexos, a ncces· sidade de cada um ter seus próprios hábitos. vestimentas e maneiras de ser. A tendência "unissex", confu ndindo e agredindo o natural. vai retirando dos ad ultos e crianças a poss ibilidade de desenvolverem plenamente suas potencialidades próprias. O auge desta situação se verifica com a crescente normalidade com que a maré montante do homossex ualismo vem sendo aceita. E a subseqüente derrubada das barreiras do horror cm face desse vicio abominável destrói . como um verme roedor, as colunas morais e psíquicas que sustenta m o pa ís. O d ivórcio. com seu caráter corruptor e dissolvente. é o utro fator apontado. Alguns jà estimam ter o nível de divórcio a tingido 44%. Mais da metade dos casamentos entre jovens na Califórnia termina cm separação. Há oito milhões e meio de crianças educadas apenas por um dos pais. Cresce assustadoramente. aíirma o psiquiatra, o número de fi lhos ilegítimos. Constata chocado q ue os castigos corporais abusivos dos pais. delinqüência. suicíd io. consumo de drogas. crime, homossexualidade e psicose disseminam-se entre as cria nças. Acha que e ntre

!idade a penas uma varia nte da sexualidade e não uma deformação dela. Ele a tribui o fato a campanhas de grupos de pressão e:\ fraqueza de parte dos méd icos diretores destas duas entidades de classe. C ita a espantosa cifra de vinte milhões de americanos como viciados cm maconha e enumera algumas das conscqiiências de seu uso habitual: a degeneração moral e psíquica. fuga da realidade e apatia. A tendência para uma sociedade "unisscx". a decomposição acelerada dos fundamentos morais e psicológicos da vida famil iar saudável, a maré montante da corrupção cm praticamente todas as suas variantes. formam um quadro de conj unto apoca líptico tenden te a destruir por dentro o país. à ma neira do processo degenerativo que amoleceu e aniq uilou o Império Romano do Ocidente. antes mesmo de os bárbaros lhe asses tarem o go lpe fi na l.

• • • Um problema q ue o Dr. Voth não levanta será objeto das linhas seguintes. Obviamente. a Rússia é grande interessada na degeneração mora I e psicológica dos E.~tados Unidos. Na med ida cm q ue nestes se ma ntiver o espírito lúcido. a decisão rápida e vigorosa . o destemor altaneiro. o com unismo não pode tomar conta do mu ndo. Contin ua ndo os

a tuais fatores. como é de se temer. suceder-se-ão outros Víetn&s. Somente os propagandistas do comunismo ou pessoas desavisadas acreditam na balela de que o Victcong venceu os soldad os alllericanos no Sudeste Asiático. A guerra foi perdida dentro dos Estados Unidos. E foi cm conseqüência dessa derrota prévia que Saigoo ca iu cm poder do agressor vermelho. Dai, s urge a pergunta: até que ponto o comunismo internacional é promotor da acelerada degeneração socia I nos Estados U nídos e no Ocidente? A clássica questão do Direito Penal - "A quem aproveita?" - encaixa-se bem aqui. Ao mesmo tempo q ue aumenta extraordinariamente seu poderio militar e estende as garras de seu mando político cm todos os continentes. a Rússia e seus agentes minam a capacidade de defesa do mund o livre ,\esperado dia cm que suas possibilidades de ataque· s uplantem as capacidades de defesa do adversário insidiosamente corrompido, amolec id o e adormecido. Enquanto a lguns ainda se preocupam com os avanços políticos do Crem lin, são muito poucos aqueles que se prcocu1>am cm ana lisar e tentar opor barreiras a esta o utra forma de conquista: a quebra das resistências internas.

• • • J{1 no fim destas linhas, dirijo um olhar ao Brasil. O País não caminha nas pegadas dos Estados Unidos? A trágica e vergonh osa aprovação do divórc io soou como um gongo nesta via . .Foi como se a nação aceitasse romper um dos mais sagrados laços que " uniam ci terra firme da civi li1..ação cristã e se deixasse arrastar mais longe no oceano borrascoso da corrupção hodierna. O mimetismo. a ânsia de seguir o "t1111erican way of life'·· nos seus aspectos oco-pagãos e censuráveis. são fatores q ue. logicamente, nos conduzi rão ao lamentável estágio a que chegaram os america nos do norte. A pesada caminhada no pân tano da impiedade avassaladora de nossa época não cessa rá senão quando o Brasil e outros povos do mundo se voltarem para os puros, austeros e límpidos ensina mentos de Nosso Senhor J esus Cristo.

Péricles Capanema

,

__.

Os dlv6rclos geram o abandono de menores. que facilmente se perdem nas redes de corrupçlo das grandes c;ldades.

problema do· petró leo. contribuiu ainda ma is para d ifundir o desânimo. Muitos se perguntam a razão d e mi declínio e não poucos atribuem o fato à cori·upçào rei nante nos Estados Unidos. Esrn afirmação genérica encontra surpreendente fundamento em conferência do conhecido psiquiatra Harold M. Voth, cujo tex to c:isualmcnte chcgouMmc lls mãos trazido por 11111 amigo norte-america no. Pronunciada a 9 de março de 1977 cm Seattle. conserva ela impressiona nte atualidade. Comecei a lê-la um tanto desi nteressado e a lgo desconfiado. O que esse psiquiat ra teria a dizer sobre a corrupção de seu país'? À medida que meus o lh os percorriam as primeiras linh:,s. aumentava o interesse. Li-a de um fôlego. absorto e atento. até o fim. Foi como se um aparelho de ra io X desvendasse as entranhas da sociedade norte-americana e revelasse a exte nsão do mal. conhecido pela maior parte de maneira superficial e genérica. Enquanto lia. pens:1va em nosso Brasil. E comparava a extensão das desordens denunciadas pelo Dr. Voth com a situação c m tantos

O Dr. Harold Voth crê que a ed ucação de seu país indu>. os meni-

nos a serem progressivamente menos responsáveis e mais passivos. retraídos e tendentes ao efemina mcnto , e nquanto dá às meninas um car:itc r agressivo e dom inador. contr{1rio lts pa rticu laridades inatas de cada sexo e, por desrespeitarem as leis biológicas naturais. causadores de graves desequilíbrios ps icológicos. Essa situação j {, existe hú tempos e as novas gerações estão sendo educadas por pais j.í s ujeitos a tal deformação. Por isso. a infáncia é mal cuidada e o papel fundamenta l e insubstituível de esposa e mãe sofre depreciação consciente ou subconscien1e~ produzi nd o uma séria fissura no úmago da vida fa mi Iia r. Sem considerar de momento outras agrava ntes. ta l situação cri.a o que o psiquiatra chama as famílias doentes. O ataque constante, muitas vezes disfarçado, e o desprezo amargo ao que as gerações anteriores cons ideraram com tanto·respeíto e veneração. isto é, o papel de esposa e mãe. é visto pelo referido especialista como um fa to,· central do desequ ilíbrio psicológico e tempc-

A direita: cena em bairro novalorquíno. Sessão de t6xicos? Talvez. Em todo caso, certamente um lugar como tantos, em que proliferam os vlcios. sob a égide de um estranho personagem, cujo quadro se vê à direita.

elas. há milhões necessitadas de tratamento psiquiátrico. E denuncia o infame e impune comércio de crianças para prostituição e pornografia. transformado. segundo ele. num negócio multimilion{irio. Recente est udo mostra o la r como o lugar mais violento nos Estados Unidos!

• • • Deixa ndo de tratar especificamente das questões relat ivas à fa mília e à infância, o Dr. Vot h lança seu olhar a ngustiado a outros aspectos da vida de seu país . Acha que o antigo costume de a juventude u niversitária esforçar-se para obter um aprovei tamento excele nte nos estu· dos persis1c apenas cm alguns poucos. A ba ixa qualidade do e nsino superior. a imora lidade e promiscuidade nos recintos das faculdades, o uso das d rogas. são vistos. com razão. como sintomas de d issolução das melhores tradições de ensino. O Dr. Voth la menta o modo andrajoso dos estuda ntes se apresentarem. fino q ue ele observa especia lmente nas escolas de Medicina e entre os a lunos de Psiquiatria. Nesta sua especialidade. vê com horror o fato de a Sociedade Ps iq uiá trica Americana e a Associação Psicológica Americana terem declarado ser a homosscxua-

1 • J

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Atualidades de aquém e além cortina de ferro foram informad os de q ue teriam uma viagem d e férias-prêmio. devendo permanecer em um acampamento.

mes. Um porta-voz do governo húngaro disse que seu país foi atingido c m cheio por rodos os traumas econômicos que o Ocidente sofreu desde 1973. após a crise do petróleo. Além de sofrer pressões inflacionárias e o utros males, nações do bloco soviético passam por séria esca ssez de artigos básicos. bens de ' consumo c m geral e falta de habitações. Um cxem pio: as cidades começam a ser fechadas para os que as procuram. provenientes da zona ruu 1<·ão. E ncio posso dar u1n,1 garan- ral. Todas as vagas para em pregos já tia absoluta de qu<• li Nicartígua não estão ocupadas. Praga, capital da t:a,ninhe paro ó conu111is1110 ". Tcheroslováquia. só recebe aqueles O ministro Robelo. que é indus- que tiverem ca rgo e residência gatrial. aíirmou ainda: "O fato de rant idos. Na Hungria . Polônia, Ro111uitos de nós proceder,11os da bur- mênia e Tchecoslováquia há íilas de guesio não nos afasia do co111pro- espera, com duração de a té dois 1nisso de ,nudannos as e.ttrutur<1s anos. para aquisição de um aueconômicas e polí1ic(1S da Nicarâgua". tomóvel. Noticia publicada no "Correio Por outro lado. estreitam-se os laços que unem os regimes nicara- Braziliense" ( 13/ 11 / 79) aíirma que güense e cubano. Cuba está envian- também a Rússia sofre escassez de do it Nicarágua cerca de mil médicos combustível. Numa atitude muito e mil e duzenros professores. Ao diferente das declarações anteriores. mesmo tempo. recebendo setecentos o Pravd(J. órgão do partido comunista. admitiu que a atual crise de estudantes nicarag iicnses. Torna-se assim cada ve1. mais energia atingiu a Rússia. O jo rna l perigosa a intromissão soviético-cu- soviético pede que os cidadãos pratiba na nos Estados da América Cen- quem uma ··ec·o1101ni11 estrita" d u· tral e no Mar do Caribc. situados rante o próximo inverno. praticamente nas barbas dos EsO referido cfü\rio culpa po r essa angustiosa s ituação os Ministérios tados Unidos. Os americanos começam a se de Planejamento e da Prod ução de afastar dessa região. mudando s ua politica numa área tradicionalmcn .. rc vinculad a ao mundo livre. E agora ela poderá transformar-se cm um "lago russo-cubano". A ilha-prisão de Castro começa a estender s ua' in íluência sobre os rcrrirórios ins ulares situados cm um arco que vai de Porto Rico aré a cosia da Ve nezuela. J a maica e Granada j {, se destacam como as mais rad icalmente csqucrdiras, abriga ndo "técnicos e conselheiros" cu banos. • O GOVERNO da Nicarágua acaba ~e declarar-se virtualmente comunista. Que m tiver alguma dúvida ou esperança do contrário. leia esta declaração de um dos membros do Governo Provisório de Reconstrução Nacional. Alfonso Robelo: ··os bens de produção da Nicardg ua passartío grada1iva111e111e dos parliculares par{I o Eswdo. O que o governo 11iio sabe é (J/é que po1110 ral processo avançard. porque (1s mudanças depender(io do êxito obtido en, cada esuigio da es1mi-

Propaganda cubana em Angola. - A tal ponto chegou a lnterferencla castrista nesse pais africano, que crianças angolanas são enviadas à força para receber treinamento militar e polltico em Cuba.

a assinatura de um simples tratado. Eis a manchete de um diário carioca sobre o tema: " URSS e lê111e11 do

Sul consolidam

• PAÍSES CO M UN ISTAS de além cortina de ferro - Alemanha Orienta l, Bulgária. Tchecoslováquia, Hung ria. Polônia e Ro mênia defrontram-se atualmente com sérios problemas econômicos. ·i:-al afi rmação é do jornalista David A lderman d o New York TiJunta do governo revoluclonArlo da Nicarãgua. Um-de seus ministros afirma "não garantir" que o pais não se torne comunista.

Enquanto o PCB corta o bolo... E M SUA PRIMEIRA visita a São Paulo depois de 10 anos, o sccrerário-gcral do Partido Comunista Brasileiro, Lu ís Ci rlos Prestes, foi e fusivamente homenageado por seus correligionários. Quem e quantos são os amigos de !>restes? Se o leitor imagina grandes massas de operários a e ngurgitar as vias de acesso ao aeroporto para receber o chefe comu nista, engana-se. O "Jornal do Brasil", do Rio de Janeiro ( li / li / 79). noticiou laconicamente que em Congonhas "pouc(Js pessoas" esperavam Prestes. Dali, o pregador da d itadura do proletariado dirigiu -se à grãíina Rua Augusta para hospedarse no luxuoso "Caesar Park". um dos mais caros ho téis de São Paulo. o nde lhe estavam reserva-

das não uma. mas duas suites presidenciais! A seguir o chefe do PC H rumou para um palacete do Morumbi. bairro dos mais preferidos pela alta burguesia paulista. Lá. sua "popularidade" era bem maior! Esperava-se o comparecimento de 36 pessoas .. . "Apareceram ,nui10 nwis", registra a re portagem do citado diário carioca. sem esclarecer se entre os excedentes se incluía m osjornalisrns. Quanto aos pratos servidos na festa do PC B. a notícia do "Jornal do Brasil" não é clara . A frase apa1·ece truncada. Está bem c laro.

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porém. que os anfi triões ofereceram ao chefe d o comu nismo caboclo um bolo em forma de coração, no qua l se lia: "Bot,s vindas. Cav(Jleiro da EsperançtJ ". Entre os presentes, algumas íiguras conhecidas da "i11telligen1sia" esquerdista. incluindo-se o cx-presidc,ire da Comissão Po ntifícia ··J11s1iça e l'az" de São Paulo, Da lm o Da lari. Enquanto as taças se tocavam e os risos sarcásticos ecoavam na homenagem grã-fina ao " Cavaleiro da Esperança", gritos de desespero e gemidos de dor partiam de além mares. Desde 1975, qua ndo caiu sob domínio comunista. o Cambodge perdeu metade da população c m massacres brutais. E dos quatro milhões de habitantes que restaram, mais d e dois milhões estão perecendo de fome ou nas tentativas de fuga. Os ca mpos de rcfugiaqos da Tailândia e da Malásia regurgitam de fugitivos também do Viernã e do Laos. C hineses continua m se evadindo do contiente para MongKong e Formosa. Alemães-orien 1ais, tchecoslovacos. romenos .. . cubanos, rea liza m proc,.as memoráveis para esca par do imenso e inferna l império que hoje se estende por mais de um terço da Terra . Si nistro império vermelho que pode estar a esta hora traçando seus planos para a conquista de mais um país, chamado Or:1sil... (Agênda Boa Imprensa - ABIM)

carvã o e petróleo. bem como os fabrica ntes de equipamentos pesados para perfuração e mineração. A admissão de que o regi me d o Crcmlin e nfrenta problemas devido à escassez de combustíveis representa uma meia voha crn relação a declarações anteriores do jornal. De fato. aré há pouco. era proclamado aos q uatro ventos que os soviéticos nunca teriam que enfre ntar problemas relativos i1 falta de combustí-

veis. • NÃO CESSA M as perseguições à Igreja Catól ica no "para íso vermelho". Fo ntes d issidentes polonesas rcvclararn que o ('.>e. Adam Michalski, Vigário da loca lidade de Przemysl. na região ~udoeste da Polônia. foi condenado a um ano de prisão e ao pi,gamenro de multa equ ivalente a vi nte e dois mil cru1.ci-ros por ter const ruído uma igreja sem auiori,.ação do governo. Obedecendo a uma intimação o Vigário de Pr-lemysl comparece~ a um tribunal loca l, sendo acompanhado c m procissão por grande número de p,iroquianos. que cantavam hinos religiosos. As autoridades comunistas 01·dcnanim que fosse fechada a porta principa l do tribunal e pedira m ao Sacerdote que entrasse sozinho pela porta do fundo. Ele. porém , recusou-se e o po,•o ra m bém não obedeceu à ordem de se d ispersar. Por fim, o Vigário foi condenado. Há um ano. o ur,·o Padre. de T a rnobrzerg. foi igualmente condenado ;t uma pena scmclhanlc por motivo idê ntico. • MOJE EM DIA. nações pass~lm para a órhi1a soviêt ica mediante

alit111('t1

en, região

<'Stratégi('(, .. ("Jornal do Brasil", 26/ 10/ 79). Em outros termos. isto s ignifica que o lê men do Sul firmou com a Rússia um tratado de amizade e cooperação, to rna ndo-se o déc imo quinto país q ue se alinha no ca mpo comunista. Aquele país da península aníbica consolida assim as ligações di1>lomáticas iniciadas c m abril de 1967. quando a Jnglarerra ahandonou sua posição estratégica c m Aden, no Mar Vermelho. Anteriormente. a R ússia havia íirmado aco rdos de ami,.adc com os seis Estados comunistas do leste europeu, cinco asiáticos (Vietnã . Mongólia. Afganistão, Iraque e Índia) e três africanos (Moçambique. Angola e Eti ópia). • OS SERVIÇOS scc,·cios norte-americanos acreditam que o Rei Hassan 11 d o Marrocos poderá ser destituído no prazo de um ano. c m consequência da guerra que seu governo vem mantendo com os guerrilheiros da Frente Polis{,rio. no Saar~ Ocidental~ segundo afirma a Agência Latin-Reutcr (3 1/ 10/ 79). cirando u m relatório d o Departa mento de Estado. De acordo com essa fontc, os serviços secretos oortc-americanos prevêem que o Marrocos se afastará cada vez mais do Ocidente. A guerra " impossível de ser ganha" no Saara. provocará, cm breve. um golpe contra a monarqu ia mar-roquina . A Frente Polisário é apoiada pela Argélia que. por sua vez. tem o respaldo da Rússia. Já hi, noticias de que nume rosos militares cubanos cstãQ treinando os guc,·ri lheiros polisários. • MIL. E CEM jovens congoleses, 600 dos quais menores de 15 anos, íoram enviados para Cuba à força e contra a vontade de seus pa is. pelo gov~rno do Congo, a íim de receber 1remamen10 que poderá durar a té q ui nze anos. Outros dois mil jovens foram enviados) nas mesmas condições. para a Rússia, Alemanha O riental e Ro ménia. Esta denúncia foi feita pelo jornal N RC Mandelsblad. de Ro terdã. Holanda . Os meninos foram escolhidos com base cm testes feitos nas escolas. Os que i·cvcla ram ma ior ta lento

• T AMB f;M d e Angola. o guerri lheiro J onas Savimbi. <1uc c hefia a UNITA na luta contra o regime marxista do MPLA, instalado no pais. foz acusações semelhantes. Dec larou ele que desde 1975, pelo menos seis mil crianças angolanas de idade e ntre sete e quinze anos, foram levadas para C uba, contra a vontade dos pais, para serem submetidas a um progtama de dout ri nação. Segundo Savimbi. tais c,·ianças ao.goianas estão vivendo em uma socicdàde comunista na afastada ilha d e Pincs. O líder da UNITA denunciou ainda que esses meninos estão sendo utilizados para trabalhar cm plantações de ca na de açúcar cm condições infra-humanas. E da agência de noticias iugoslava Ta njug vêm informações semelhantes. Mil e d uzentas crianças de Etiópia estão "estudando" cm Cuba e outro grupo de mil e du zentas scgui ní cm breve ·o mesmo caminho. Se a lgum país ocidental chegasse a um Estado africano. arrebatasse milhares de crianças e as levasse pa ra centros de treinamento, su bmetendo -as a uma doutrinação ca pim -lista (que aliás não existe). certa mente levantar-se-ia um clamor uni versal contra tal .. escravidão". " lavagem cerebral" ou "seqüestro". Mas. até agora. nenhum protesto relevante se fez ouvir contr<, essas desuma nas e bárbaras inicia tivas de . . regimes comunistas. • DE ACORDO com as previsões d e especialistas, será da ordem de 47 milhões de toneladas métricas a queda na colheita de cereais da Rússia no presente ano. Mas os soviéticos não terão com que se preocupa r: o Depa rtamento da Agricultura norte-americano acaba de anunciar a aprovação de um fo rneci mento recorde de 25 milhões de toneladas métricas de trigo e milho à Rússia. Se o s uprimento for concrcrizado. será o maior vo lume de cercais já negociado e ntre duas nações. Em 1972, qua ndo os Estados Unidos fornece ram aos soviéticos 18 milhões de toneladas métricas de trigo. os preços d o pão e de outros gêneros derivados sofreram ponderável elevação, reíletindo diretamente sobre os consumidores norte-americanos.

Carlos Sodré Lanna

8AfOLDCE§MO Mt:NSÁlllO com aprovaçâo cclcsiáslica CAMPOS - f.STADO DO lllO Diretor Paulo Corrêa dt Brito Filho

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C<>mrosto e imprcss<> nn Artprc~ P{1péis e Arlt-S GrMic~'ls l.hfo .. R, Garil,;ddi 40·1, 0 11)5. $ ;l o Paulo. SP. Assinatura .tnual: comum CrS 300.00: coopcr::idor C rS 600.00; benícilôr Cr$ 1.000,00; grande bcníei1or CrS 2,000.00: seminaristas e cs1ud:1ntcs CrS 250.00~ América do Sul, Central e do Norte, Portug,,1 e Espanha: via de superíicic USS 36.00, vi:1 "êrca USS 46,00: outros paisci.: via de superfície USS 40,00, via ;iére~ USS 46.00. Avulso: 20.00.

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-UM PEREGRINO EM BELÉM DE JUDÁ(Excertos de uma carta a ''Catolicismo'') ' ' BELtM. Só o nome é de uma sonoridade intensamente evocativa. Ela fica a cerca ae oito quilômetros de Jerusalém. Saindo desta pela porta de ~ara, contorna-se uma parte das muralhas passanijo pelo Vale de Cedron - concavidade natural tantas vezes t.r llhada por Nos.so Senhor Jt.sus Cristo - e lança-se um úllimo olhar -sobre a Porta 'Dourada, aquela que o Messias atravessara no Domingo de Ramos. E sobre o Monte da.s Oliveiras que.lhe está.defronte, dá-se as «>.<tas à cidade e ruma-se para o sul. O caminho é todo sem,eaao ae recordações e impregnado de ~nçãos. Não era para Jl\enos: a poucas centenas de metros passa-se pelo Poço dos Reis Magos, onde eles.se dessedentaram em sua longa viagem, guiados pe.la mlsterio.sa estrela. Mais adiante, do laao esquerdo, delineiam-se algumas colinas des~rticas, outrora embebidas pelo sangue dos éplcos exúcitos de David na de(esa do l;leino de Is!ael. A quatro milhas um lugar cHamado M:ar llyas, Indicado pela p(esença de .um con_vento do século i.Y, onde o Prci(eta Elias, fugindo da lmpia .l'etabel, desfaleceu e foi reconfortado por um Anjo que lhe troux.e para comer um misterioso pio. Seguindo além, do lado direito, está a tumba de Raquel, esposa de Jacó, mie de 1i filho.• que deram origem às tribos de Israel. Mãe, portanto, de Jud,, antepassaao êle Jessê, pai de David, de cuja linhagem nasceu Sio José. O Antigo e o Novo Testamento sucedem-se palmo a palmo naquela eslra,d a, osculando-se como os arcos ogtvais de uma esplendorosa catedi:al. A um dado momento, a eslrada birurc.a•se: uma via teva P,ara Hebron; a outra, em .suave ascensão, condu-z à pequena cidade que o Grande Rei escolheu para vir ao mund.o.

• • • Felizmente, Belém cresceu pouco e nio se transformou muna gigantesca e angustiante megalópole. F.la continu.a como São Francisco de Ássis·ensinou-nos a represent,-la nos presépios de papel-pedra. Com suas casas de "miz:iy" (a pedra suavemente b_ra11ea e rosada da regiio),ela se aloja entre duas colinas e, de sua ele.v açio, desêlobra-se em terraç.as naturais. pontilhada de figueiras, amendoeiras, vinhL", romb:eiras e oliveiras. Abaixo, em direção ao meridiio, esp~aia-se um vale que é árido durante uma lioa parte

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Sobre a gruta onde Jesus nasceu, ergue-se agora a Baslllca da Natividade. A esquerda. o local onde esteve a manjedoura.

do ano, mas na P.rimavcra cobre---se de trigais e de ceYada. Os habitantes ainda se dedicam à agricultura, ao pastoreio e ao artesanato da madrepérola, introduicido pelos franciscanos no século ~y1. Percorrendo as ruelas da e.idade, <'hcga•se a seu coraçio, oulrora (ó maravilhosa inversio!) sua ptriferiai sua parte exterior, onde só havia umas grutas para guardar animais ou abrigar algum viandante surpreendido ~or um ·temporal. "E O recUnoli numa ma,y'edoura, porque )1ão J1aviq lugar,para eles na es1a/agem1·... (Lc. Z, 7). O que significa que a parentela e os amigos (nesta gue era a cidade dos descendentes ae ~essé) haviam se esquivado ou negado a rece)>ê-los, enquanto os albergues estavam lotados. Solução de emergincia encontrada por Sio José, o legítimo descendente da Real Casa de Judá: buscar nos arredores da ciéladi>uma misera gruta para dar um mínimo de con(ono à Rainha dos Anjos! No âmago da cidade eleva-se atualmente a b._.ílica construída por Constaniino e Santa Helena, co111 muito esplendor, na primeira metade do século IV, justamente sobre a santa gruta na qual nasceu o Menino Deu~. Antes disso, o presépio havia sido venerado pelos cr.istãos dos primeiros séculos e - ó dor! - acintosamente profanado pelo imperador romano Adriano, que mandara transformar o local em templo de culto a ,\donis. Esta ímpia lnicíatfva do sobora.no pagJo arr'ancara de São Jerônimo o seguinte impropério: ''Chorava·Sé a morte do favoriro de Vinus naquele mesmo prcslpío no qual se ouviram os primeiros, vagitlós do FWw de . Deus feito mc11i110 para a nossa sat,,oção". Entretanto, a munificência da basilica, CO)tt seus lindíssimos· mosaicos, suas majestosas arquitraves e seu.s: capitéis de miirmore~não saciam a s~dc interior que tod'o peregrino sente ao saber que está bem próximo da gruta sacrossanta. Os oJhos admiram aquelas veneráveis obras de arte, mas a alma quer abreviar o tempo dedicado a elas e anhela por ver o lugar onde esteve a sagr.ada mangedoura, Pró,cimo ao altar-mór, desce-se indiferentemente por uma de duas escadas de pedra que conduzem à gruta. Logo após o último degrau, depara-se com uma concavidade na qual foi construido um oratório sobre a rocha onde se encontrava o presépio. Nesta rocha foi eravada uma estrela de prata com uma frase Incisa: "llic de ll'írgine M.orio Jesus Ch<isws na111s est'' (Aqui nasceu Jesus <?:rlsto de Maria Virgem). No centro da mesma há um orifício que permite aos litis tocar na própria rocha, atualmente recoberta po,r um supe.dâne.o de m,rmorc.

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Uma estrela de prata assinala o lugar onde, segundo a Tradição, nasceu Nosso Senhor Jesus Cristo

Vista de Belém de Jqdã, cidade onde velo ao mundo o Salvador

As vous emudecem, os joelhos se fletem, e os olhos se fixam emocionados, cxta.<iados, no mesmo lugar em que Maria Santíssima, São José e depois os Anjos, os pastores e os Reis Magos prosternaram-se em adoração quando 16 estivera enfaixado cm panos e reclinado sobre um pouco de feno o Espe.r ado das Nações... Depois, o olhar corre lentamente pelas paredes anfratuosas pelo teto e pelo chão tio ru.des, mas «rcados de mil realidades impondtrá\'els. "'visibilium QJnnium e1 invisibilium", Deus c·riou os seres visíveis e inYisfveis, recita o Credo. Estando naquela santa habitação, os se.nfidos constatam o "visibllium" e a alma confere a P.resença invisível dos Anjos e aufere as bênçãos que Deus colocou por sua compla~nc/a. Não é difícil imaginar os pastores discretamente postados aqui e ali, l' serenados do conturbante anúncio do Anjo po-r estarem na presença do 11 Emmanuel" - Deus conosco. Parece até que a um dado momento eles se a~rtam juntos às paredes para facilitar o passo a um séquito grave e majestoso: são os Reis Magos vindos do Oriente que O querem ado.rar. As coroas j' não cingem as mon,rqukas frontes e os escrlnios maravilhosos contendo ouro e mirra foram, por alguns instantes, depositados sobre,uma proeinin~ncia rochosa. (QuiçA naquela outra reentr.i ncia da gruta, que hoje f ,c bamada "o altar dos Reis"). O terceiro presente, o incenso, já crepita no turlbulo e nimba o Divino Infante como um velâmen vol§tll e perfumado ... · Por ma.is piedosos que sejam os presépios portugueses ou napolitanos; po.r mais harmoniosos,qut; sejam os cânticos natalinos franceses ou ingleses; por mais doce9ue seja a "gemiitlichkeit" (aconchego) do Natal alemão junto ao reluzente e policrômico ''Ta,menbaum" (,rvore de Natal), em nenhum ambiente do mundo experimenta..se a aura que impregna aquele sacrossanto esr,bulo.

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E quando desce a noite em Belém, o ar de mistério atinge seu Apice. O céu torna-se de um azul profundo, espesso e grandíosamente envolYente. No alto, as "llrelas coruscan, com um brilho incomum, parecendo diz~., : ''Nós, vimos. nós Jestemunltomos!" De fato, aquele firmamento contemplara o santo Ca.<al batendo em vão de porta em porta; vira os Anjos aureolarem a misera gruta e se ap)esentarer:n tomo escravos de amor ao serviço de sua Rainha. Assistiram ao magnum mysteflum do nascimento de urn Deus, ao anúncio elo Anjo aos p,astores, e ao grandioso "G/dria in excel,is Deo" entoado 1>elos coros celestes. São estrelas que presencíaram a chegada de uma outrí;-sima estrela, cuja cauda era segui~• na terra pela hlerélica e pomposa eorte dos Reis de Sab,: "(:)mnes de Saba venie,u". Sim, aquela abóboda havia testemunhado o cumprimento de todas as profec.ias, o nascimento do Leio de Jud,. No vale, ao longe, bruxuleiam umas poucas luzes Indicando o local da gruta onde dormiam os pastores naquela noite bem.. aventurada.

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Na xolta para ,Jerusalém, retomamos o mesmo roteiro da Sagrada FamOia,qua.ndo o Deus Menino foi levado para sua apresentação no '.femplo. Então, •lguém entoou um cântico de l'<atal peninsular cuja letra e música, ali'5, são de autoria de Santo Afonso de Ligó1io: "Tu sce11di dai/e stelle oh fle dei Cielo. e vieni ln una gro11a ai /reddo e ai .g elo... " ("Vós desceis das estrelas, ó Rei do €éu, e vindes a uma gruta no frjo t no gelo ...") Qual teria sido a melodia que, cm harmonioso dueto, teriam cantado Maria S antíssima e seu casto esposo, ao acale~tar seu Divino Filho a caminho de Jerusalém?,,

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AfOJLICirSMO

TFP LEMBRA INTENTONA DE 1935 COM MISSA PELAS VÍTIMAS DO COMUNISMO o

TRANSCURSO do 44. 0 anivcrs~lfio da lntcntona Co· munisia de 1935, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP - mandou celebrar Missa por alma dos heróicos militares que pereceram naquela ocasião, e por todos os que tombaram no Brasi l, dessa época até nossos dias. cm defesa da civili1.ação cristã. O ato litúrgico foi reali1..ado na Igreja de Nossa Senhora do Paraíso. na capital paulista, no dia 27 de novembro. às 18 horas. sendo celebrante o Bispo D. Spiridon Mattar. O templo religioso ficou literalmente lotado. devido ao grande aíluxo de público. Compareceram à cerimônia reli~ giosa. o general Milton Tavares de Souza. comanda nte do li Exército;

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cm todas as sedes da associação existentes no País.

Vitima dos terroristas A ntes do início da Missa. cooperadores da TFP conduiiram até

uma pcan ha, artisticamente adorna-

No banco das autoridades, da esquerda para a direita: General MIiton Tavares de Souza. comandante do li Exército: Prof. Pli nlo Corrêa de Oliveira: Coronel Carlos Serglo Torres: Desembargador ltalo Galll e Coronel Murllo Alexander, vice-chefe do Estado Maior do li Exército.

o general Henrique Bcckman Fi lho. (tu/a, em ponderável n,edida. pelo comandante da li Divisão de Exér- e111prego co11t i11110 de 111étodos anâcito: o genera l Leo Guedes Echc- logos aos de /935. nas vdrias part<•s goycn. chefe do Estado Mai or do l l do mundo. Exército. Assi111, são bt'11e1111!titos da Fé e Estiveram também presentes o <ili Ptitrit1 os que.). por sua oposirão Prof. Plínio Corrêa de O li veira, no.r desígnios do Cre,nlin. o co111uPresidente do Conselho Nacional da nismo e:aenninou p<1ra nwfa· facilTFP, os membros desse Conselho, 1nenre d,egar ti co11sec11çc7o de seus como também grande número de fins. l'or esta razão. 11 Sociedade sócios e cooperadores da e ntidade. Brasileira de Defesa da Tr"dição, envergando suas capas rubras. Dian- Família e />ropriedtule - tFP te do a ltar-mór podia-se observar ,na,uiou celebrar Mi:;sa por alrna dois grandes esta ndartes da TFP. de dos heróicos c·o,upatriotas que fJ<!r e-, seis metros de altura. além de consi- ct·rt11n durante a l11te11to11a de 1935. dcr{,vcl número de estandartes me- e por todos o.; que tomb11ra111 110 nores nas alas laterais da igreja. l)rasil. de.<sa época {lfé nossos dias. Quatro lanceiros da f'olícia Militar e,n deft,:w da civilização cristã." de São Paulo, cm uniforme de ga la. O co municado da TFP acrescenpostaram-se também cm frcnlC ao ta que por determinação do Prof. altar-mór. Plínio Con-êa de Oliveira, Presidente de seu Conselho Nacional. no dia 27 se hastearia o estandarte da Diferença vertiginosa Sociedade com uma tarja de luto. Em comunicado distribuído na véspera à imprensa. a TFP ressalta o significado de sua iniciativa: .. Nosso História registro. o 27 de 11011e111/)ro de 1935. ti 111ort1• ele <'Onsidl'nível ,uí,nero de militares -

da, posta ni, ala esquerda do templo, ao lado do altar, a imagem de Nossa Sen hora da Conceição danificada por um atcnlado terrorista cm 1969. Esta imagem é venerada no próprio local do :,tentado, uma das sedes da TFP, localizada à R. Martim Francisco, 669, o nde foi construído um oratório público voltado para a rua, que comemorou dez anos de existência, a 18 de novembro último. Durante o Santo Sacrifício. entoou cánticos sacros o Coro São Pio X da TFP. Após a Consagração. dois lanceiros da Policia Militar deram o toque de silêncio com clarins. cm homenagem às vítimas tombadas cm nossa Pátria, devido à ação subversiva dos comunistas.

réia: Rcv. Pe. José Hô, capelão dos católicos chineses em São Paulo. Compareceram também representantes de diversas entidades: Da. Yette Azevedo Santos, presidente da União Cívica Feminina: Dr. Adib Casseb, representando a revista "Hora Presente..; S r. Karcl 8aloun. vice-presidente do Comitê Pro-Liberdade das Nações Cativas: o tenente-coronel da P.M . Nelson de Pa ula Campos. representando a Sociedade Veteranos de 1932 M.M .D.C.: Sr. José Lavinicka, presidente da União Cult ural Tcheco-

numa ala lateral. exterior à igreja.

Autoridades Além das autoridades já mencio nadas, destacava-se ainda a presença das seguintes: coronel Murilo Alcxander, sub•chcfc do Estado Maior do li Exército: coronel Carlos Sérgio Torres: tenente-coronel Ary Canavó: coma ndante José Lui7. Lunaf de Melo Massa, representando o contra-almirante Milton Ribeiro de Carvalho, presidente da comissão naval c m São Paulo: coronel lrajá Bernardino Ribeiro: coronelaviador .luarcz de Deus Gomes da Silva; Dr. Carlos Eduardo Pantalcão Resende, representa ndo o Sr. José Blota Jr., Secretário de Informação e Comunicações do Estado de São Paulo: desembargador Íta lo Ga lli; Da. Du lce Sallcs Cunha Braga. suplente de senador; Sr. Kian Chang. cônsul da República da Co-

eli,ninados alguns enquanto dor· 1nit1111 - por <·0111unisu1s que i111e111aw11n ilnp/01110,· no Pa,:ç su11ji1ne.•,;10

ideologia. O ftno marcou II fi11ulo a <'Onsdêncio nacional con,o 1111w e.,-,,losão de cru('/dade e covardia, oposto ao que /,d de n,ais car,u·t~ríst ico no ,nodo (/e ser brasileiro. E" oportuno acentuar que agrava 1n11i10 tal i111press/io o fáUJ tle con.,·1i1uir e.,·sa i111e111011a a aplicaç,io lógica d,~ u1nll doutl'ina cuja 1ne1odologi11 Jaz ca.'io o,nis.to. confessado e os1e11sivt1men''-'· de pri11c1j)ios ,norais. poro que s< ja111 alc1111çt1do.,· seus t>bjetivos ateus e igutilitários. A referida doutrina se au10- i111i111/a so,:ialis1110 âentíjico o u ron,unismo. Comparado o poder de que tlispunlw o co111 1111is1110. naquela época. com o que tem ele hoje. t, diferença é veniginosa. l:lafoi alem,-

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Brasileira: Sr. Nicolas lancu Paltinissa nu. presidente da Associação dos Romenos Livres. Sr. Mislaw Fularsky. presidente da Associação dos Ex-Combatentes Poloncscs: Sr. Lin Shing Shin, representando o Centro Comercia l do Extremo Oriente; Sr. Wu Ching C ha ng, representa nte do Centro Social Chinês. Enviaram ofícios de solidariedi,dc à TFP pela iniciat iva promovida pela e ntidade o Dr. Reynaldo Emidgyo de Barros, Prefeito Municipal de São Paulo: o desembargador Octávio Gonzaga Jr .• Secrct:írio da Segurança Pública do Estado de São Paulo. E remeteram telegramas, no mesmo sentido. o Dr. Paulo Salim Maluf. Governador do Estado: Dr. Osva ldo Palma. Secretário de Indústria e Comércio do Estado de São Paulo e o Dr. Adib Domingos Jatcne, Secrctürio da Saúde do mesmo Estado. Estiveram ainda presentes ao ato litúrgico representantes de varils entidades coirmãs e afins à TFP: as Sociedades Argentina. Boliviana. Chilena. Colombiana, Equatoriana. e Norte-Americana de Defesa da Trad ição, Família e Propriedade; da Sociedade Cultural Covado nga. da Espanha: de Tradition. Fam ilie, Propriété. da França; e do Uflicio Tradizionc, Famiglia . Propriet,1. de Roma. Terminada a Missa, o Prof. Plínio Corrêa de Ol iveira recebeu cumprimentos do numeroso público

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Apõs a Missa, o Presidente e o Vice-presidente do Conselho Nacional da TFP, respectivamente Prof. Pllnlo Correa de Oliveira e Prof. Fernando Furquim de Almeida (à esquerda) receberam cumprimentos de autoridades. representantes de associações. colonlas de nações cativas e do pOblico em geral

Em cam pa nha pelo interior d o Paraná, u ma caravana de propagandistas d a T FP vis ito u o posto indígena lvaí, no município de Manoel Ribas, ond e distribuiu estampas de Nossa Senhora d e Fátima. O s índios caingan gues que ali vivern, já integra d os à vida n aciona l, são quase todos cató licos e manifestararn gra nde contentamento corn a visita . Na foto, o cacique .L ourenço Gavaia (d~ chapéu na mão) posa com sua família ao lado de car avanistas da T F P .

Nos Estados Unidos, ensaio do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em vietnamita • LOS ANGELES - Refugiados vietnamitas residentes nos Estados unidos acabam de publicar o estudo do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, "Acordo co111 o regilne co1111.111ista - para a Igreja, esperança ou autotlen1olição?". Esse núcleo de viernamitas, estabelecido na Califórnia, co.ntribuiu eficazmente para a rees,t ruturação da vida religiosa no exílio e edita a revista católica "Duyen Nglteo". Em seu estudo. o conhecido escritor l)rasileiro d.e nuncia a hábil manobra empreendida pelo Cremlin para obter a desmobilização dos fiéis em relação ao regime comunista. De ac.o.rdo com tal artifício, os marxistas concederiam certa liberdade de culto à Igreja, sob a condição de que Esta silenciasse sua doutrina a respeito da famllia e do direito de propriedade. .. Não pode a Igreja·aceitar e111 sua f11111ão doce111e um 1neio silêncio, 11111a meia opressão, para obter 111,w meia liberdade. Isso seria u111a inteira traição à sua missão'', acentua o Autor. Publicado inicialmente em 1963 em "Catolicis1no" sob o título .. A liberdade da /greja no &tatlo comunista", o trabalho do Prof. l'linio Corrêa de Olive)ra obteve grande repercussão, inclusive atrás da co,rtina de ferro. Alcançou IO edições cm nosso País, no total de cem mil exemplares, e 29 ediçõe~ no Exterior, em 9 idiomas, perfazendo setenta mil exemplares. A obra foi objeto de uma carta altamente elogiosa da Santa Sé, cm 1964, assinada pelo €ardeal Pizzardo, então Prc(eito da Sagrada Congregação dos Seminários e Universidades.


N.• 349 -

Janeiro de 1980 -

Ano XX X

Diretor: Paulo Corrêa de Brito FIiho ·

TFP ANGARIOU. MAIS. DE DOIS MILHÕES PARA OS N'E CESSit ADOS ,,.,

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UM BOM RAPAZ? O MILAGRE QUE SALVOU

JUDAS é apresentado como uma figura cx1rcmamcn1c simpática. um poeta que a lodos alegrava e a traía. Os Ap6s1olos osci lando c n1re a subversão e a imoralidade. Nosso Senhor um leviano, fundador de uma comunidade "hippie", andando e ntre pessoas de má vida . O Evangelho carica1urizad o, distorcido no mais fundo de sua mensagem. Pregação de uma nova igreja - em subsliluição à Santa Igreja Católica - , cm q ue os fundamentos deverão ser "as mere,rizes. os ,narginais. os bêbados. os pecadores. os 111ariclJs. os drogtulos e gente desse estilo".

Este é o novo livro do Pe, José Lu is Cortés, que comentamos nas pp. 4 e 5. Pronunciamentos eclesiásticos a respeito? Oasla dizer que o Bispo Auxiliar de Madrid , D. Alberto lnies1a, resolveu ser co-auior do Pc. Conés no livro "A la Buena de Dios!", cmprcs1ando-lhc assim o apoio inequívoco de seu nome e de seu alio cargo eclesiás1ico, E a nota biognífica d o Pc. Coriés fa1. q uestão de salientar que esse Sacerdote dirige a publicação "fglesilJ en Madrid". Vêm-nos à mente e aos lábios a pergunta, formulada pelo Prof. Plínio Corrêa de Oli veira cm a rtigo publicado na .. Folha de S. l'áulo", cm sua edição de 16/ 2/ 76, sob o 1í1ulo: "Que111 aindlJ é clJtólico nt, Igreja Católica?"

TA/v\BIÉN ESTABA JUDAS QUE •

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MAIS DE DOIS MILHÕES de cruzeiros em dinheiro e e m espécie foram coletados por sócios e cooperadores da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade TFP, em sua campanha pelo Natal dos Pobres do Nordeste. Os donativos em espécie correspondem a gêneros alimentícios, roupas, calçados e brinquedos. A iniciativa foi levada a efei to entre os dias 14 e 24 de dezembro em São Pa ulo (incluindo cidades sa tél ites), Rio de Janeiro,, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Fortaleza, João Pessoa, Florianópolis, Campos (RJ) e Ribeirão Preto (SP). Os do nativos serão distribuídos e,n breve às populações mais necessitadas de áreas po~res do Nordeste, tão logo a Sociedade concJÚa os estudos sobre a maneira de melhor atender a esse objetivo. A TFP já telegrafou ao Presidente da República e a outras autoridades inforrnando' sobre o encerramento da campanh·a, reali7.ada com grande êxito. Em sua próxin1a edição, "Carolicisn,o" apresentará ampla reportagem sobre essa iniciativa bencficientc, fornecendo os resultados finais. repercussões. receptividade do público, etc. Na foto, aspecto da campanha em São Paulo. nà movin1entada Rua São Bento.

TOCABA IA GUITARRA Y ERA MED/0 FOETA

éste no era pescador .

UMA CIDADE COMO SE sentiria o leitor se a 1erra começassc a tremer, sua casa a ruir e o chão a abrir-se a seus pés mostrando a bismos insondáveis'!

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Foi o que estava aconleccndo cm Salta, Argentina, no a;no de 1692, <1uando um terremoto sa-

cudiu a cidade. En1rc1an10. aquela localidade não desapareceu•como outras da vizinhança. E ao fi. nal da ca1ás1rofc os danos e mortes não correspondiam à violência do fenômeno. É que na ca1cdral, um milagre se passal'3 com as imagens da Virgem e do Senhor do Milagre, por cuja inletcessão os habitantes obtiveram a nliscricórdia divrna.

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Desde então, Saha passou a celebra r anual111cn1c o extraordinário acontccimcn10. com grande pompa e esplendor. Nessa ocasião. é conduzida - entre outras manifestações de Fé e piedade - a imagem do Senhor do Milagre em solene procissão {foto). Leia na página 3 uma das mais belas páginas da história religiosa cm terras sul-americanas.


15 ANOS D E ROTAÇÃO NA SITUAÇÃO M UNDIAL Conferência do Prof. Roger Fontaine no auditório da TFP em São Paulo M R ECENTE visita ao Brasil, interessar-se pelo problema dos reo Prof. Roger Fonlaine, escri- cursos naturais. tor e jornalista especializado Observou o Prof. Fontaine: "Teem estudos estratégicos e em política mos feito estudos sobre energia ern internacional, pronunciou conferên- suas várias formas - ,:arvão, enercia no auditório São Miguel, da gia nuclear e agora nos preocupaSociedade Brasileira de Defesa da mos se riamente com minerais raros. Tradição, Família e Propriedade Mas o ponto importante é que o TFP - , analisando as rotações ope- C ISS começou a se interessar por radas na situação mundial durante isto em · 1972 - um ou dois anos antes de a primeira crise energética os últimos IS anos. Diretor do lnslilulo Latino- atingir os Estados Unidos. Nosso Americano do Centro de Estudos objetivo é procurar prever os proInternacionais e Estratégicos da blemas e não ser surpreendidos por Universidade de Georgetown, d a eles". capital norte-americana, o Prof. D iscorrendo sobre o campo de Fontaine é também colaborador da ação do CISS - talvez o primeiro "Strategic Review" e da revista "New organismo a receber o expressivo Lcader", a lém de n umerosos artigos rótulo de "think tank" ("tanque de seus terem sido publicados nos impor seu papel junto ao portantes jornais "\Vashington ?ost" pensamento") Congresso e ao Executivo em e "Los Angeles Times". Autor dos Washington - ,Poder o Prof. Fontaine livros "Latin America , Struggle for acrescentou que o Cent ro promove Progress", "The New lntcrnationa- regularmente palestras, conferências lism of Latin America" e "On Nedebates. Cada membro do CISS gotiating with C uba", tem partici- enão atua como indivíduo, embora se pação ativa em círculos conservadocon hecido por tratar pessoalres dos Estados Unidos. Atuou co- torne mente com os políticos. "Mas, de mo assessor do líder da minoria fato, nossas aud iências são no ca mrepublicana no Senado, Howard po executivo - o Departamento de Baker, na questão do Canal do Estado e o Pentágono - e algo Panamá. extremamente importante nos Estados Unidos: a imprensa, o rádio e a A Universidade de Georgetown televisão".

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e o CISS

O CISS não recebe nenhum dinheiro da Universidade nem do governo. Constitui um organismo privado e independente. Recebe auxílio financeiro apenas de fundações, empresas e doadores individuais. Mas em nenhum caso faz pesquisa sob pressão, mantendo sua independência.

O conferencista falou inicialmente sobre a Universidade de Georgetown, a mais antiga universidade católica dos Estados Unidos, datando d e fins do séc ulo XVIII. Compõe-se não apenas das tradicionais faculdades de Direito, Medicina e Arles, mas abarca urn conjunto muito mais amplo de estabelecimentos Em 15 anos, a grande rotação de ensino, centros e institutos, entre os quais uma escola de diplomacia e O Prof. R oger fontainc passou o Centro de Estudos Internacionais em seguida ao tema principal de sua e Estratégicos (Cenlcr of lnlernalio- conferência: urna visão de conjunto nal and Slralegic Studies - CISS) da situação mundia l, segundo o ao qual pertence o Prof. R oger ponto de vista do Cent ro de Estudos Fonlaine. Internacionais e Estratégicos, consiQuanto ao CISS, ao contrário derando especialmente o equilíbrio da Universidade, é um instituto rela- entre Estados Unidos e R ússia, e

neutro e conservador. Hoje está sob domínio soviético. Se e quando o governo de Kabul conseguir o controle completo do país - e para isso os soviéticos estão lhe dando toda ajuda que podem - o Afganistão será uma posição perfeita para desestabilizar urna boa porção do Irã e do Paquistão. Claro que isso representará urna vantagem e norme para a presença russa no Mar Arábico. Se considerarmos a região do Golfo Pérsico. de onde provém a maior parte do petróleo do mundo, verificamos a presença ali na península arábica, do lêrnen do Sul, um satélite soviético. E sua capital, Aden, é o melhor porto nava l da zona. Ern 1965 era britânico. África

C ruzemos o Mar Vermelho. A Etiópia, em 1965, era o pais mais favorável aos Estados Unidos na África. Em 1979 pode ser considerado urn aliado da Rússia. Há ali de 15 a 20 mi l soldados cubanos, vários milhares de alemães orientais, conselheiros militares soviéticos e dois bilhões de dólares em armas russas. Essa região ficará à disposição dos soviétiços se e quando e les conseguirem se livrar dos revolucio nários da Eritréia. Ora, é muito russo para estar perto de tanto petróleo. Consideremos a parte meridional da África. Em 1965, Moçambique era urn território português. Em 1979 tem um governo próprio soviético, que controla o canal de Moçambique. E, novamente, um grande volume de petróleo para o Ocidente passa \)Or aqui. Vejamos o outro lado da África. Angola, como se sabe. tem um governo pró-soviético e seu antigo chefe, Agostinho Neto, morreu crn Moscou e foi substituído por outro totalmente su bmisso à Rússia. Usando Angola e Moçambique como bases, guerrilhas apoiadas pelos soviéticos vêm assolando a Africa d o Sudoeste, a Rodésia e o Za ire.

O Prof. Fontalne analisa os avanços soviéticos no panorama mundial

África do Sul. E, sem apoio, esta será colocada eventualmente nas mesmas circunstâncias. É ela a grande presa que os comunistas perseguem, não só cm vista de seus minerais, mas por sua posição estratégica. Os britânicos entenderam isso no século XVI li e, infeli zmente, os soviéticos o compreenderam no século XX. Américas Vamos mais para Oeste, para mais perto de casa, para o Caribe. O que há de importante a respeito da chamada brigada de combate soviética não é a presença ou não de uma tropa de combate de dois ou três mil homens. Nenhuma pessoa séria ficaria preocupada com a hiP.ótesc de eles invadirem Miami. Mas a questão ainda não levantada publica mente é a atividade de espionagem militar soviética. ern rápida expansão naquela ilha. Eles não possuem apenas tropas de combate cm Cuba, mas instalações de centralização de espionagem, que têm a capacidade de interceptar o Ouxo civil de comunicações telefônicas e telegráficas dos Estados Unidos e, com o tempo, das comunicações militares americanas. Possuem instalações navais aumentadas e aperfeiçoadas cm Cicnfuegos, que não se prestam apenas como base para outras unidades nava is - inclusive submari nos nucleares - , mas que podem ser utilizadas por uma marinha cubana ampliada e aperfeiçoada. Naturalmente, não se traia apenas da presença militar soviética cm Cuba, mas também dos próprios cubanos com apoio soviético atuando na América Central. Devemos considera r a inda que os cubanos estão atraindo para a esquerda vários países do Ca ribe e colocando-os contra os Estados Unidos. Desnecessário é dizê-lo ao fazer a comparação "antes e agora": ern 1965 não nos defrontávamos com tal problema. Ern 15 anos, os comunistas se estabeleceram em posições-chaves criticas cm torno do mundo, a partir das quais eles podem nos causa r um número infindo de problemas, cm termos de recursos naturais vitais e não somente de petróleo. Quando digo "nós", não quero dizer apenas os Estados Unidos. Quero dizer a Europa Ocidental e também o Brasil.

O que f azer? tivamente recente. Foi fundado em 1962, du rante uma conferência sobre política exterior e segurança nacional, "da qual participaram algumas pessoas que passaram à obscuridade, como Heory Kissingcr ..." i.r onizou o P rof. Fonlaine. E esclareceu que passou a pertencer ao CISS cm 1974. O Centro teve um começo modesto, dando maior ênfase, inicialmente, às questões de estratégia naval. A exp ansão de seus quadros foi acompanhada pela ampliação da área de interesse. Mas a focalização tem sido sempre os problemas da política exterior dos Estados Unidos e do mundo ocidental. Ocupa-se de pesquisas sobre amplas questões estratégicas, especialmente o equilíbrio de forças entre Rússia e Estados Unidos. Porém, o CISS não se limita a esse enfoque, tratando também de outras questões internacionais. Nos últimos anos, passou a 2

tomando um período de 1965-1980. Transcrevemos tegralmente a seguir essa conferência. Os subtítulos pre da Redação.

IS anos: quase inparte da são sem-

Consideremos urn pouco o Zaire: sua província sulina de Shaba (antiga Katanga) cxtra.i de suas minas a maior parte da produção mundial de cobalto. O cobalto, para o qual não há substituto, é vital para

Ásia

coisas ºtão sem importânciaº corno

"Em 1965, apenas o Vietnã do Norte era comunista [no Sudeste Asiático]. A baía de Kamiang tinha uma das melhores instalações navais do mundo. Era nossa ; hoje é da União Soviética, que detém igualmente nossas antigas bases aéreas no Vietnã. Com uma base cm Vladi vostok e outra a li [no Vietnã], a Rússia 1cm hoje a possiblilidadc de controlar as vias marítimas cm toda essa parte do Pacífico. Os soviéticos mantém, de fato, o controle dos estreitos marítimos. E por essas vias corre o petróleo que mantém a economia do Japão, Coréia do Sul e Formosa. Agora mude mos para outra zona . O Afganistão, cm 1965, era

motores a jato e indústria eletrônica. A maior parte desse cobalto é cons umid o pelos Estados Unidos. Produzimos apenas 1% de nossas necess idades. Não é surpresa, pois, que Shaba tenha sido invadida duas vezes por tropa s treinadas por cuba nos, ou melhor, por tropas katanguesas treinadas por cubanos. Estas só foram repelidas no último instan te, por uma combinação de marroquinos, belgas e franceses. Na segunda vez os invasores só foram expulsos após terem destruído boa parte das instalações das minas de Kolwczi, o maior centro d e mineração de Shaba. Naturnlrnente, estando Aniola, Moçambique e Rodésia sob ,nOuência soviética. a única coisa que resta nessa região é a

Em tal situação, consideremos o que nos resta. Temos uma marinha de guerra cujo tamanho é aproximadamente a metade do que há 15 anos atrás. Em 1965 possuíamos forças militares estratégicas com urna superioridade de 7 ou 8 contra 1. E se se considerar a superioridade tecnológica dos Estados Unidos, poder-se-ia dobrar essa vantagem. Atualmente, e m termos de força estratégica estamos virtualmente equiparados com os soviéticos. E pode-se demonstrar que ern poucos anos e les nos terão ultrapassado. Um exemplo nesse sentido: nos últimos doze anos mais ou n1cnos os russos testaram, aperfeiçoaram e construiram nove tipos de misseis. Nós testamos, aperfeiçoamos e construímos ... nenhum! Poderíamos desenvolver e aperfeiçoar esses sistemas. mas não os teríamos prontos ern menos de dez a nos. Outro pequeno fato: os gastos militares americanos correspondem atua lmente a 5% do Produto Nacional Bruto. É a pe rcentagem mais

baixa desde 1949. E é bom lembrar que crn 1950 teve início a guerra da Co réia . Não posso crer que a guerra da Coréia tivesse começado se os norte-coreanos estivessem certos de que os Estados Unidos responderiam , e com forças esmagadoras. Mas nós, norte-americanos, não fomos claros cm nossos objetivos e não acreditávamos que possuiarnos aquela força esmagadora. Apesar disso, encontramo-nos ern 1979 numa situação um tanto difícil. E não há corno ignorá-la. Esta situação não será corrigida a curto pra1.o. Todo mundo o reconhece nos Estados Unidos. Levaremos uns 10 anos de grande esforço para novamente ultrapassarmos a União Soviética cm força estratégica convencional. Isto nos coloca numa situação de extrema responsabilidade. E não há respostas si mples e específicas a curto prazo. Esta é a razão pela qual me parece que nos Estados Unidos ternos que conjugar todos os esforços, aplicar toda inteligência e oferecer toda resistência de q uc possamos d ispor. Tere mos de contar também com nossos amigos e aliados. Antigamente, quando os Estados Unidos ofereciam segurança , era muito agradável tcrQ10s amigos e aliados. E eles nos auxiliavam. Mas, de fato. não nos eram vitais. Agora, somos nós que precisamos deles. E temos que fa1.cr um esforço especial para conseguir mais amigos ou manter os que nos restam. Vamos trabalhar mais estreitamente que no passado. E creio que entre esses se inclui o Brasil.

A esperança de um sobressalto salvador Pintei um quadro bastante lúgubre. Não creio, porém, estar exagerando. Por outro lado, há os aspectos positivos e considerar. Em primeiro lugar, está ficando claro para os norte-americanos que nos defrontamos com urna situação crítica e isto ern si é uma grande vitória - tirar o povo da apatia e do pacifismo. Após a guerra do Vietnã atravessamos um longo período à deriva e quando o navio começa a afundar, cm vez de estar apenas à deriva , os americanos costumam reagir. Acho que é o que estamos fazendo agora. E, para usar a mesma metáfora. levará alguns anos para reconstruirmos o navio. Mas nós o faremos. Não será sem risco nem sem perigo. Contudo, os Estados Unidos e seus amigos possuem recursos enormes. Não quero dizer apenas bens materiais. Eles possuem músculos que ainda não descobriram que têm. Creio ser esta uma de nossas tarefas no C ISS. Mas cu estaria enganando os Srs. se colocasse o nosso Centro d e Estudos Internacionais e Estratégicos como único personagem do quadro. Há outros grupos, outros institutos. outros indivíduos, q ue poderiam ser chamados de uma nova geração de americanos, interessados no estudo de política exterior.[. .. ] Para desenvolver o programa que precisamos, ternos de convencer as pessoas sobre suas próprias necessidades. Acho que já fizemos isso. Os gregos, cm seu modo magnífico e às ve1.es perverso, inventaram a personagem Cassandra. Ela estava sempre prevendo o futuro mas nun ca ninguém queria acreditar nela . Não julgo que sejamos Cassandras. Creio que ternos ra1Jio e que vão acreditar cm nós''.


A VIRGEM E O SENHOR DO MILAGRE

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M SALTA. ao norte da Argentina. hei uma história maravilhosa que com oµtras de • •' nosso continente constituem um ~ quadro resplandecente. "Carolicismo", com este e relatos a nálogos, ,.;:;:; ,deseja descortinar essa belc1À~ ante seus leitores. Com isso procuramos f chamar a atenção para a história religiosa da América Latina. onde tantas promessas foram semeadas por Nossa Senhora. E. no entanto. são fatos admiráveis muito pouco conhecidos pelos brasileiros. O lugar onde ocorre o mi lagre é uma cidade cativante que domina amplo vale. contiguo ao limite das áridas serras e de onde se avista os nevados picos andinos. • Deus esco lhe os ambientes para j{1· seus prodígios. Ali os Andes não se deixam ver todos os dias. Mas ~F" pressente-se que eles estão lá . embora só de alguns ri ncões do vale se aviste suas elevações nevadas. Isto entretanto é su ficiente para que cm A Imponente catedral de salta conserva as Imagens do Senhor e da Virgem do MIiagre toda a região transpareça no ar a que salvaram a cidade do terremoto de 1692 presença rutilante dos halos de prata. A ereta catedra l, como orante bizanti no de alva túnica e braços nero ibérico, representa Nosso Se- seguiram até que o conju nto dos EI Seiior dei Milagro levantados. parece rezar ao tesouro nhor Jesus Cristo pouco depois de campanários uniu suas vozes cm que leva dentro. Guarda cm suas ter sido 1ranspassado pela lança, uma região clara. sonora. uníssona . Faltava alguma coisa para comnaves um calor protetor de rcíulgên- quando entrega sua Alma sacratís- inatingível, que se elevava sobre pletar os atos de penitência e dar um cias douradas e <::oralíneas. Mas o sima e oferece com indizível ternura toda a cidade e a dominava, como se sentido global ao acontecimento, que mais reluz dentro dela são os ao Padre Eterno os tesouros já um imenso. imponente e etéreo sino tanto mais que Salta conservou-se raios de ourivesaria que cintilam das completos da Redenção do gênero sobrevoasse retumbando sobre Sal- intacta. ao contrário de Estcco, que ta. Um quarto de hora de repique de desapareceu no mesmo terremoto, e a ntigas imagens espanholas e, muito humano. Assim, pois, com o Corpo exan- sinos, um quarto de hora de tcrrc- de outras cidades que ruiram devido singularmente, acima do Santo Crisguc, inclina mansamente a cabeça molo1 to, dois q ue rubins de prata. a sismos cm outras ocasiões. Essa no regaço de seu Padre, invisível, proteção indicava um desígnio esmas que dir-se-ia presen1e aos o lhos pecial. Fontes desta narração A Virgem do Milagre da alma, pela atitude abandonada Os saltenhos e habitantes de Duas figuras sagradas são o cen- de seu Fi lho. O povo saiu das casas e se juntou povoações e fazendas vizinhas diriO caixão íoi aberto diante do na praça. Caiu de joelhos. Um grupo giram-se maciçamente aos confestro da luz. da história e do espírito Vice-Rei, que ordenou especial cui- de moradores dirigiu-se á igreja sionários e grande número deles da Salta religiosa. fidalga e legendária: o Senhor e a Vil'gcm do dado cm seu transporte de El Callao matriz para suplicar o perdão ao comu ngou na manhã do dia seguinMilagre. E sua primazia se fez in- até Salta, estabelecendo que a partir SSmo. Sacramento, que se encon- te, 14 de setembro. Toda esta comqucsti()návcl c íormal a partir dos da rica cidade minei ra de Potosi (na trava cm um altar lateral. Bateram punção e elevação de alma. motivamilagres que realizaram no transcur• atual Bolívia) fosse conduzido por com impaciência à porta. Um sacris- das pelo temor de Deus e pelo so dos impetuosos terremotos de "cavaleiros de l11s1re e nobreza", tão. por fim, abriu-a. E dentro do sofrimento. concentraram-se na Vir1692. Os depoimentos foram escri- corno diz o documento. templo. os fi éis que haviam abando- gem do Milagre, para a qual íoi Segundo as testemunhas dos nado as árvore.~ a:nda trêmu las da constru ido um alta,· especial na pratos sob j uramento de religiosos e civis notáveis. Desapareceram do acontecimentos de 1692, o Senhor praça, compreenderam imediata- ça pública, com todo o ornato que arquivo eclesiástico misteriosamen- Crucificado não recebeu especial mente o sign ificado da cena espan- lhe souberam proporcionar a grate, mas em 1712 o governador Este- veneração d urante todo esse lapso tosa que tinham diante dos olhos. tidão e o amor filial dos habitantes ban de Urizar, cavaleiro da Ordem secular, apesar de as familias guarSegundo as testemunhas, a ima- de Sa lta. As cores de seu rosto de Sant iago. ordenou a l'cnovação darem a lembra nça de sua extraordi- gem da Imaculada Conceição, que continuaram a mudar dura nte três dos documentos pelas testemunhas nária chegada à cidade. Mais ainda, se encontrava no ahar-mór, a três d ias. sempre em tons tristes, ora presentes e incontestáveis. Esses pa- íoi colocado num altar lateral, quase metros de altura sobre o presbitério, suaves, ora carregados, o que arranpéis transcrevem também as atas oculto. dentro de um nicho~ encontrava-se cou lágrimas compungidas do povo. municipais de 1692 e se encontram e ntão em frente ao mesmo altar. A terra continuava a tremer. no Arqu ivo Geral da Nação c m A terra estremece com o rosto voltado para o SacráNa ta1·de do mesmo dia 14, um Buenos Aires. Há outras atas e rio. O nicho. violentamente despe- acontecimento percorreu a povoaNo dia 13 de setembro de 1692, daçado. achava-se a q uinze passos ção como bálsamo consolador. O documentos no Arquivo do Arcebisas Missas. como de costume, roram de distância na nave central! pado e no Arquivo Colonial de Pc. José Carrión. da Companhia de celebradas de madrugada. e às nove Sa lta. Colocada prodigiosame nte cm Jesus, comunicou que soube por Os relatos historiograficamentc horas todas as igrejas de Salta já atitude impetratória de misericórdia uma revelação sobrenatural que os mais completos são: "Tradició11 His- haviam fechado suas portas. dian te de Deus. a el1gie da Virgem tremores cessariam, caso se saísse Com o impacto pavoroso que a Santíssima não se tinha danificado. em procissão e rogações com o 1óric" dei Se,1or y Virge11 dei Mi/agro", de Mariano Zorreguieta, Sal- surpresa das íúrias gigantescas pro- Somente o dragão iníernal que ela Sa nto Cristo que se e ncontrava c.s ta, 1892; "/iis1oria de las /11uíge11es duz, o vale íoi sacudido por um calcava aos pés quebrou as narinas, quccido num altar afastado na igreja terremoto que abalou as torres e fez uma orelha e um a asa. dei Senor dei Mi/agro y de N11es1ra matriz. Disse também que Nosso Seiior(I dei Mi/agro", do Deão Ju- soar os sinos consagrados. Além disso. causando ainda Senhor perdoou Salta pela imerlián Toscano, Salta, 1902 e "Commaior admiração aos circunstantes, ccssão de sua Mãe Santíssima e que pendio de la /Jis1oria dei Mi/agro de sempre segundo o teste munho dos carregando sua imagem . a populaSa/1(1", do Pe. Miguel Angel Nerjurados - clérigos e civis impor- ção percorresse as ruas da cid ade vava. Salta. 1962. tantes e responsáveis - o rosto da e m procissão penitencia l. Este Saimagem mudou de cor. mostrando- cel'dotc era conhecido como um se "pó/ido e 11,aci/e,110". ardoroso e infatigável pregador e Primeiro prodigio e E mais. As delicadas mãos que se diretor de almas. tendo ele recebido um século de esquecimento dirigiam ao altar cm atitude supli- a advcr1ência celeste na oração que cante, estavam milagrosamente aber- fo1. durante o terremoto. Comuni-. Em 1592, e m EI Callao, porto principal do Peru , apareceu um tas, sendo que antes do terremoto. cou-a primeiramente ao Vig,írio Gesegundo as pessoas que a adorna- ral. que era também o Comissário caixote de madeira. vindo da chamada Costa Brava até as tranqüi las vam. senhoras e filhas das princi- do Santo Oficio. Uma falsidade águas do ancoradouro. Ninguém pais famílias, estavam íechadas, de nessas circunstâncias teria sido fatal soube de que naufrágio escapou. modo que não podiam lhe colocar para sua reputação e a da Compamas chamou muito a atenção dos anéis. nhia. Em momento algum houve íuncionários do Vice-Reino. Dentro Depois desses prodígios, conti- suspeita de mentira. encontraram um Santo Cristo crucinuaram os tremores, já menos forNo dia 15 de setembro erigiu-se, licado. dirigido à igreja matriz da tes. Os presentes saíram à praça a ao lad o do altar da Virgem Imacucidade de Salta. fim de não perecer num desmoro- lada, outro para o Senhor CruciDa Espanha havia enviado o namento dentro da igreja. Os jesuí- ficado. que íoi entronizado cm meio crucifixo o Bispo de Tucuman. D. tas exortam à penitência e os Padres a gra ndes manifestações de piedade Frei Francisco Victoria - coíundamcrcedários descalços, com correias e de adoração ao Mistério de Jesus dor de Salta cm 1582 - e, ao viajar ao pescoço, mãos atadas e cabeças e Cristo crucificado. de sua pátria para a Argentina, Vl rgen dei Mllagro, maternal e sobe- rostos cobertos de cin1.1, fizeram ato No dia 22 do mesmo mês. último oferecera a reícrida imagem àquela rana, Imagem que, durante o terremo- público para aplacar a justiça ce- dia da novena penitencial, a instâncidade. A íundação de Salta íoi to, prodigiosamente mudou de posição lestial. cias do Vigário local, proferiu a ponderada e severamente ordenada A maravi lhosa Imaculada Con- homilia o próprio Pc. Carrión, para pelo Vice-Rei D. Francisco de ToOs pesados bronzes começaram ceição íoi transladada à casa do dar testemunho público na praça. Já ledo, primo dos Duques de Alba, a ressoar lentamente pelos ares e a prefeito, de comum acordo com o haviam cessado os tremores com a como posto com a íunção de inter- golpear as consciências distraídas, Vigário. Como os tremores não saída cm andor da imagem de Cristo ligar as posições espan holas argentí- ingratas, abandonadas ... cessavam, mesmo durante as pro- crucificado. O sermão, feito a alta Os badalos continuaram cada cissões, prédicas e cânticos, um gru- voz e com caráter proíético, consferas do planalto andino com as terras extensas que terminavam nos vez mais ágeis. cm minutos longuís- po de pe.~soas velou a imagem du- tituiu verdadeira lição de teologia da pampas e nos rios da bacia do Prata. simos, que pareciam não mais ces- rante toda a noite, a qua I começou a misericórdia divina exercida por A preciosa e fina imagem, rara sar. martelando os espaços, os am- ser conhecida como a Virgem dei meio de Nossa Senhora, e ilustrada a té entre as de seu renomado gê- bientes, as almas. Os ruídos pros- Mi/agro. no exemplo de Salta.

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Três séculos de refúgío e proteção A 13 de outubro de 1692, um mês após o terremoto, o Cabido (com representa ntes municipais) e o povo da cidade proclamavam sua Patrona e Advogada a Virgem do Milagre. celebrando-se a resta de 13 de setembro, mediante "Vésp,•rt,s Solenes. Missas e Sennão. con1 toda a dernais po,npa e luzirnento que se puder''.

Esse desejo se cumpriu, e define bem a gala e o tom suntuoso com que Salta sempre celebrou a ícslividade. As crônicas do século XVIII patenteiam a alegri.1 rel igiosa. os ornatos de flores. de eíusões de inocência, de incensos e brilho religioso. Um fino e característico senso de tradição. e sobretudo de Fé, maniícsta-sc na continuidade desses esplendores honorilicos. Em 1844. poucos d ias depois de inaugurados os a njos e os raios de prata d o Cristo crucificado, houve uma terrível noite e repentinos abalos de terreno que derrubaram várias casas. O povo acorreu à catedral e se organi1.ou urna procissfio

penitencial de joelhos. Prosseguiam os tremores durante vários dias. O povo fazia continuamente a Via

Saem de joelhos na praça principal. Quando os ícnômcnos cessaram. comprovo u-se que, apes;ir das muitas ruínas, não houve lesões pessoais.

Salta estabeleceu um pacto com o

OSeiior dei Mllagro, cultuado com profunda veneração pelos habitantes de Salta, é uma escultura de arte Ibérica

Senhor do Milagre, para o qual foram escolh idas estas palavras; "7i1 11os1er es. et nos tui sz1111us". "Vós

sois nosso e nós so,nos vossos". Em 1948 soaram outra vc,. alguns sinos na madrugada. Em pou cos minutos, antes das três e meia, todos os habitantes acudi ram /1 catedral. E fez-se monumental procissão. Nilo houve nem vítimas, nem ruínas. O Arcebispo, o governador, o chefe militar e todas as autoridades da Província, firmaram uma a ta de recon hecimento il proteção das sagradas image ns.

Refulgentes e reconíortantes belc,.as estão contidas nestes fatos. Mas o que inalteravelmente perdura. na perspectiva dos séculos. é o fio de ouro de uma graça, que se entrelaça. como num manto bordado. com outras de nossa tradição católica e ibérica no continen te americano.

Carlos Bueno


Pc. JOSÉ LUIS Conés, em sua obra "U11 Seno, com o Dios rr1011da", procura reproduzir, a seu modo, e sempre pelo sistema de caricaturas alternando com textos, o relato evangélico da vida pública de Jesus. Começa pela pregação de São João Batista, refere-se a diversos episódios da vida de Nosso Senhor - escolhidos segundo as conveniências de sua tese e termina com alusões várias ao Sermão da Montanha. Não trata da Paixão e Morte de Jesus nem de sua Ressurreição e Ascensão aos Céus. Entretanto, poucas coisas podem ser consideradas tão anti..:vangélicas quanto essa história engendrada pela imaginação do Sacerdote para-poluir as .mentes católic,.,,a,.,s,.____ _

O

Não P.Odla faltar

sexualismo...

Grande parte do relato é apresentado como sendo recordações de "Maria Magdalena", uma moça leviana que, segundo o livro, fazia parte do grupo de Jesus. Essa incrível alusão a Santa Maria Magdalena é reforçada por uma das caricaturas, cm que esta santa é mostrada, numa "foto". em estado de semi-nudez e provocante, como sendo uma fotografia tirada "011tes de co11hecer o Jesus" (p. 24). A mais elementar decência nos impede de aqui reproduzir essa caricatura, tal sua imoralidade blasfema. Em todo o livro os termos prosaicos, tendendo francamente ao imoral, aparecem com freqüência. Para que o leitor possa darse conta do nível cm que se coloca o Sacerdote, basta ter presente sua afirmação de que a mora l da Igreja "s6 serve poro o i11ver110" (p. 35). Aliás, é ele francamente favorecedor do nudismo: "Desnudai-vos um pouco. filhos dos ho111e11s [...]ficai com o imprescindível: o coração, o cérebro, as mãos e 11111 romi11ho de oliveira" (p. 36). Para ele, as roupas não fazem parte do imprescindível... Um menino e uma menina são representados completamenic nus, um diante da

con el seiior oquel que el nirio se le tiraba ai fue~o...

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Também na Igreja: guerra psicológica revolucionária Ao que parece, neste último livro, os âCERD0TE apresenta um "Evangelho" naturalista, excluindo de textos - espécie de l'Oesias sem rima e Nosso Senhor sua . divindade, e de- sem graça, segundo o estilo progressista, formando-O como se fora um "h,ppie". batizados com o nome de "profecias" são de autoria do Bispo. E as caricatu· ~ blasfêmia s~ estende às sagradas pessoas de Nossa Senhora e São José, ras, do Sacerdot,e. representados como,seres absolutamente • • vulgares, sem qualquer elevação sobrenatural e nem mesmo no plano natural. Trata-se de uma verdadeira guerra É toda uma coJ1cepção da "ida, sem psicológica revolucionária (!entro da IDeus e sem qualquer sacralidade. E a representação é feita por meio de lg'reja, Da primeira à última página caricaturas de mau gosto, desprovidas procura-se destruir a concepção tradide qualquer senso arijstico, no sistema cional da Igreja a respeito de Nosso de história em quadrinh_os. Não pode- Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. f:. riam faltar, como de costume, as notas pro11riamente uma guerra. Ê psicológica, pois não se apresenta de imoralidade e luta de classes. de armas na mão, nem Juta com os Esse foi o tema de nosso artigo publicado em "Catolici's1110", na edição pseudo-argumentos e sofismas que cade março de !979, n. 0 339, comentando racterizavam os antigos hereges. Ê atralivro do Sacerdote espanhol José Luis vés de caricaturas, procurando parecer Cortés, intitulado "Que bue110 que vinis- ameno, simples e engraçado (o que só não consegue por falta de habilidades, e te!" Dizíamos, na. ocasião, que as Auto- não por falta de vontade) que o trabalho ridades Eclesiástica.s não haviam tom.a - de demolição é empreendido. Melhor do éité então, qualquer medida para diríamos, de autodemolição. Por fir,, é revolucjonária, pois preimpedir a divulgação do nefasto opúscutende instituir, como fica claro no hvro lo. Mais do que ninguém pode estar atualmente seguro 'd e sua impunidade do Pe. Cortés, uma nova igreja que seja por parte das referidas autoridades o oposta à Santa Igreja Católica, Apostópróprio Sacerdote, P.OJs tem agorjl. um lica, Romana, baseada •num novo evangelho recém-inventado, e contrário ao de Bispo por colaborador. Depois daquele primeiro livro, cm Nosso Senhor Jesus Cristo. A guerra psicológica revolucionária que caricatupzava a infância de Nosso Senhor, o Pe-. eortés lançou mais dois: é, certamente, um dos aspectos mais "Un Seí{or corr10 Dios rr1a11do", tendo \ perigosos da ação do progressismo em por•te,na a vida pública de Jesus, e "A lo nossos dias. e contra ela ,é necessário que Bueno ,le Dios!'', feito em colaboração os fiéis se precavenham, conforme tem com D. Alberto lniesta, Bispo Auxi)iar alertado, continuamente, o Prof. Plínio de Madrid (ambos editados por "Pro- Corrêa de Oliveira, Sobretudo porque, moci611 Popular Crist/0110", Madrid, cada vez mais, eles se vêem desguarnecidos por muitos de seus Pastores. f919 e 1978 respectivamente). 1

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J UAN IBI\ FüR El Río JORDAN n\NDO \OCE

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ii ESTOY HASTA lAS 1-ló.RICES DE LO! POL'í"rlCOS Y DE LOS C:VRAS Y DE LAS MULTINAC:!ONALES !! j QUIERO SER LIBRE EN t.JN MUNDO

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São João Batista (acima representado) e Nosso Senhor (1 empregariam, segundo o autor de "Un Seiior como Dlos n uma llnguagem mais pr6prla a agitadores. Nessa visual "progressista" eles se dedicariam a atacar as multlnaclor ricos, a semelhança do que faz a esquerda catõllca.

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DESDE CHIQl.llíO. YA /IO SÉ QUÉ l'.ACER . MI MUJER SE ENVEJE<:16 Y SE M\.RIÔ DEL SUFRIMIENTO . ANTES ME LO CUJllA6AN tAS VêCINAS MJENr Ms YO IEIA A TAA8Aw,.R ; PERO YA 5E CANSAN Y ES NATURAL, PORQUE A VE<ES NO HAY QI.IEN u:) Sl/JETE

D Ap6s estas duas llustraçlles (acima e ao lado), acrescenta o Pa. Cortês: "Também daquela vez, o rapaz se curou. Por Isso nlo 6 estranho que Jesus fossa tomando fama de curandeiro" (p. 113]. Por essa forma, o epls6dlo evangêllco é desvirtuado. A possessão dlab6llca, de que fala claramente o Evangelho, é substltulda pala epllapsla, e a divindade de Cristo pela "fama de curandeiro".

outra, e com o distico: "Não quero leis, quero coração" (p. 93). . . O próprio Nosso Senhor aparece 1mphcado na revolução sexual ( ver pp. 95, 104, 132, 165, etc.). Diz ainda o Pe. Cortês e':' sua obsessão de apresentar, de modo blasfemo, Nosso Senhor como um leviano: ··Muitos do povo repree11di,;~1 a Jesus por andor nessas companhias e de conhecer todos os motéis e todas os rneretrizes por seu 11ome" (p. 134). O autór, mais uma vez, contradiz neste ponto 4

abertamente a verdade evangélica. No único caso em que consta ter sido levada a Jesus, para julgamento, uma mulher adúltera, Nosso Senhor foi muito claro ao despedi-la: ·· Vai e 11ão peques mais" (Jo. 8. l l). Quanto a Sania Maria Magdale na, se é verdade que antes de conhecer Nosso Senhor levara má vida, é igualmente seguro que Nosso Senhor transformou-a numa santa arrependida, modelo da penitente. E o Evangelho também é bastante explícito ao diicr que seguia Jesus "Maria, cha111odo Magdole110. do qut,I tinha111 saído sete de,nônios" (Lc. 8, 2). f:. de se lamentar ainda que o Pc. Conés não tenha tido memória suficiente para lembrar-se de incluir em seu livro as condenações que Nosso Senhor lançou contra o adultério e o divórcio, bem como a apologia que faz. da virgindade. O "Jesus" criado pelo Pe. Cortês é um tipo imoral, propenso a _iustificar os drogados e os homossexuais,

ex plicitamente nomeados como seus compal)heiros.

uma cambada de hippies subversivos Nosso Senhor e os Apóstolos são apresentados como uma cambada de "hippies··, uma comunidade fundada por Jesus e conhecida como comunista. Na concepção do Pe. Cortés, os Apóstolos e seguidores de Nosso Senhor situavamse num escanda loso níve l de moralidade. O Apóstolo Santo André, ao tempo que conheceu Jesus, é descrito como um leitor de revistas imorais (p. 62). Entre os discípulos um havia que "de vez em quando, visitava uma m eretriz, mas o fazia por necessidade porque sua ,nulher !;e estava consun1indo" (p. 72); outro ··era homossexual e acabou suicidando-se [... ] preferiu o juízo de Deus o que o julgassem todos os dio.i. de 111a11hã, à tarde e à 11oite, os vizinhos" (p. 73); havia uma tal de Lola que ··era atéia'· (p. 73). Não podia fa ltar, evidentemente, 11m Padre que se casasse (p. 72) e outro que "teve a coragem de exomi11ar sua fé. até às raízes" e acabou "quase sem fé"' (p. 73). Desse grupo de Jesus ··mais de 900/4 haveriam oba11do11ado se houvésse111os colocado a Missa obrigatório; mais de 90% 11ão terimn sabido dizer se tinharn fé e ,nuito rnenos acredi1ava111 en, 1odos e cada um dos dognws·· (p. 74). Uma figura. entre os Apóstolos, pela qual o Pe. Cortés não esconde suas simpatias, é a de Judas. Ê este apresentado de modo atraente, como sendo o que ··tocava guitarra e era meio poeta·· (p. 64). Assim: "Um do111ingo estávamos nós cantando e J11d<1s tocava a gui1arra. Muita gente reuniu-se en, torno. Passou Zoqueu [ ... ] e co1110 era curioso acorreu-lhe trepar 11111110 órvore e ali ficou todo o te111po enq11011to ca11tóvamos. No final Jesus passou a boina entre tis pessoas [pedindo dinheiro] e quo11do chegou ao pé do órvore perguntou a Zaqueu [... ]porque não nos t·onvida para jantar? Parece incrível. ,nas ele devia ter gostado muito de nossa músico, porque n os convidou·· (p. 137). Judas. com sua guitarra. teria sido, pois, um dos principa is, senão o principa l responsável pela conversão de Zaqueu. Se é que de conversão cogita o Pc. Cortés ...

( EN FI~ , E:STO E5 DE Mt COSECHA;

PERO C05AS ASi DEdA É.L )

Por eso no e; ex!.rafio que estuviese siempre malas compafiías = alcoholizad.os, enfermos verdulera.s, d!'OSadictos, ~ays...

Em condlçlles normais da vida da Igreja não reproduziriam caricatura para o pObllco. Porém, nas condlçGes atuais, um Sacerdote Impunemente apresenta de modo blasfeme de Nosso Senhor, cremos ser um dever chamar a aten1 catõllcos para a situação a que chegamos: Nosso Senhor sentado como um "ltlpple", com a letra "J" no peito, com u de bebida na mão direita e com o braço esquerdo estendld o ombro de uma mulher, no mlnlmo, de aspecto du enquanto sorri para ela.


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Quão diferente é tudo isso do autêntico texto evangélico: "E. tendo [Jesus] entrado e,n Jericó, atr(lvessava tJ cidade. E eis que u,n homem clu11nado Zaqueu. o qual era 11111 chefe dos p11blicanos, e rico. procurava conhecer de vista a Jesus; ,nas não o podia conseg11ir por c,11,sll da 11111/ridão. porq11e era pequeno de estllturlJ. E. correndo lJdilJ11te s11biu a 11111 sicômoro plJro O ver. porq11e havia de passar por ali. E q11ondo Jes11s chego11 àq11ele l11gar. levm11ando os olhos. viu-o e disse-lhe: Zaqueu desce depressa porque convém que E.u fique hoje e111 1110 ca.,a. F: ele desceu a toda pressa, e recebeu-O alegre,nente. [... ] Jesus disse-lhe: Hoje entro 11 a salvação nesta caso [ ...] .. (Lc. 19, 1-9). Por fim, numa clara alusão ao Manifesto comunista lançado por Marx-Engels (que começava dizendo "Prolettírios de todo o mw1do. 11ni-vos'), escreve o f>e. Cortés que o grupo, do qual fazia parte Jesus, lançou "11111 11wnife sto da co1n1111a que conc/11ía co111 a frase: Homens de cor/lção do 1111111do inteiro. 11ni-vos!" (p. 74).

MIiagres e dem6nlos... não!

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Poucas coisas haverá no Evangelho que tanto evidenciem a divindade de Nosso Senhor quanto os milagres que praticou: curas magníficas. ressurreições. travessia sobre as águas, multiplicação de pães. Enfim, uma série de maravi lhas que culminaram com sua própria Ressurreição. Ora, os milagres atrapalham a tese do Pe. Cortés: a de um Jesus meramente humano de nível sumamente banal. Era preciso. pois~ descartá-los. Restringimos os exemplos para não alongar por demais o artigo. Todos conhecem o esplendoroso milagre da cura do servo do centurião. Quando Nosso Senhor se aproximava da casa do militar romano, este Lhe enviou amigos a fim de rogar-Lhe que não entrasse. pois não se achava digno de tão grande graça: "Dizei unw só palavra e rneu servo serâ curado" (Lc. 7. 7). E Nosso Senhor. sem entrar, curou-o. Os amigos do centurião. volta ndo para casa encontraram o servo são. Até hoje, cm memória daquele milagre, as almas fiéis repetem, antes de receber a Nosso Senhor sacra mentado: "Senhor, eu não so11 digno de que e,ureis e111 n-1inha casa. n1as dizei urna só palt1vra e ,ninho alrna será salva". Para o Pe. Cortés, não ho uve milagre. Trata-se simplesmente de um guarda que Jesus encontrou e que Lhe d isse ter uma pessoa doente em casa. À pergunta de Jesus, se desejava que fosse vê-la, o guarda respondeu: E melhor não; não creio q11e morra. Deus não o per111itirtí" (p. l l O). Ao que Jesus limita-se a responder: ''Oxaltí suceda como dizes''. Depois o rnenino 1nelhoro11 tanto. q11e fico11 curado nessa 111es111a tarde" (p. 11O), A escamoteação do milagre é patente! Também atrapa lham a tese do f>c. Cortes os diversos exorcismos realizados por Nosso Senhor. expulsando demônios. A existência de espíritos malignos lembra necessariamente a presença do ma l neste mundo, do pecado. da tentação, da luta. Tais realidades desagradam o Sacerdote e não se compaginam com sua tese. Além disso, lembram o poder de Nosso Senhor, poder divino capaz de imperar sobre os próprios demônios. Ora, ele timbra cm apresentar um Jesus meramente humano. Muito características são. nesse sentido, as caricaturas sobre o menino possesso do demônio. que aqu i reproduzimos. Note-se como, nelas. não só a existência do milagre é dubitativa, mas até o demônio, repet idamente mencionado no Evangel ho, parece não existir. O autor preferiu deturpar o sentido do Evangelho e falar cm ... epi lepsia. Para que o leitor possa comparar. segue o relato evangélico. tal como nos é aprese ntado. no texto inspirado, por São Mateus: "Mestre, eu trouxe-te 111e11 filho que esttí possesso du111 espírito 111011, q11e o faz ficar mudo: o qual, onde quer q11e se apodera dele. o lançll por rerra, e o 1neni110 espuma, e

range com os dentes. e vai-se mirrando. Disse Jesus: Trazei-Mo ctí. Levarom-LJ10. /:,~ tendo visto Jesus. imediatamente o e,1,írito i111undo agitou o menino co,n violência: e caído por terra, revolvia-se espumando. E Jesus perguntou t10 pai dele: lití quanto tempo lhe sucede isto? 13: ele disse: Desde a i1!fâ11cia: e o demônio 1e111-110 lançado muitos vezes 110 fogo e na tíg11a. para o matar; porém. 7i,. se podes alguma coisa. vale-nos, tem compaixiio dt nós. E Jesus dissl -lhe: Se podes ,·rer, tudo é possível"º q11e crê. E ilnediatamen1e o pai do ,nenino exclamou 1

1

No desenho acima o Jesus "hlpple" do Pe. Cortês, com um pincel traça um "X" sobre uma llustraçlo tradicional do Coração de Jesus. Embaixo, aparece uma figura feminina e a legenda: "Agora, com as pessoas normais Jesus,era multo diferente". A lnslnuaçlo é clara: a piedade tradlclonal não era praticada por pessoas normais e s6 atualmente 6 que Jesus se manifesta, através de "mensagens" como as do Pe. Cortês, a pessoas "normais".

dizendo co111 ltígrimas: Si111. Senhor. eu creio: auxiliai o 111inho i11cred11lidode. "E Jesus vendo q11e o povo concorria en1 1n11/tidão, ameaçou o espírito i1111111do. dize11do-lhe: Espírito surdo e 11111do. c11 te 111ando. sai desse menino e não tornes 11 entrar nele. Então, dando 11111 grande grito e agitando-o com violência. sai11 dele: e o menino ficou corno 1nor10, de sorte que 1nui1os dizian1: Esttí morto. Porém Jes11s 10111011do-o pela ,não, levanrou-o e ele erg11e11-se" (Me. 9, 1<>26).

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l melhor morrer que batizar-se O Pe. Cortés em lugar de aderir com toda a lma, como é seu dever, à Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, tal como A conhecemos durante seus vinte séculos de existência, prefere - e é muito mais cômodo - imaginar uma igreja de acordo com seus caprichos e veleidades. Ele a intula "a Igreja que cu q11ero .. (p, 103). Ao descrevê-la, faz questão de mostrar como vários dos predicados inalienáveis da Santa Igreja Católica são rejeitados pela "igreja que ele quer". Trata-se, portanto, claramente de uma outra igreja. Vejamos: "A Igreja que eu q11ero não precisa de dogmas ... "... não neces.tita de te111plos". "tertí um Papa ,·aseiro. com pa11111j7as de pano, nwis "pap11chi" q11e Papa". . "A Igreja que eu quero pode enganar-se. não ver claro" (pp. 103-1 04). No fundo, o que o Pe. Cortés deseja é uma igreja que não exija dele a vida virtuosa e santa que um Sacerdote deve ter para exemplo dos fiéis. Por isso afirma: "uma Igreja que me queira. e comprenda por que às vezes caio. por que às vezes 111e escondo ... " (p, 103). Diz e le que, se for para seguir as ordens e proibições da Igreja, então "quase é 111elhor ,norrer se111 que te la11cem a tíg11a [do Batismo] .. (p. 103). Prefere, pois, morrer pagão a pertencer à Igreja e seguir-Lhe os mandamentos e a doutrina. O Pe. Cortés vai tão longe que chega a negar a existência de Deus. E para tornar mais cômoda sua negação, coloca-a, de maneira blasfema, na boca de Nosso Senhor, que teria dito: "De11s não existe. O que há acima é 11111 Pai" (p. 118). Comenta ainda o

a:wo

Nosso Senhor e os Ap61tolos alo apreselltados como uma turma de "hlpples", C0111u111ldor11 de drogas e tidos como comunistas

Pe. Cortés: "A afirmação de que Deus era 11111 conto. 11 repetia Jesus muitas vezes. Deus para os filósofos. Ele falava do Pai, do papai" (p. 119). Numa cena cm que caricaturiza o Juízo Final, chamando-o de" Exame Final .., o Pe. Cortés apresenta um ateu que afirma ter praticado o bem, não por amor a Deus mas visando os homens. Ao que Jesus responde: "É que pensas q11e Deus e os homens são coisas diferentes?" (p. 157). Mas, se a igreja do Pe. Cortés não tem a Deus por fundamento, então qual será o seu fundamento? Responde o próprio Sacerdote: "As meretrizes (e ele usa aqui o termo de baixo calão]. os 1narginais, os bêbados. os pecadores. os ,naricas, os drogados e gente desse estilo serão os fundamentos de minha q11erida Igreja" (p. 104).

Gregório Lopes

Um co-autor inesperado LGUNS ca tólicos, após a leitura do livro do Pe. Cortés, "Qué b11cno que viniste !", poderiam, talvez, julgar irreversível a aplicação de medidas canônicas contra o autor daquela obra blasfema. Imagine-se a confusão e a perplexidade desses fiéis ao constatar que o Sacerdote caricaturista não só ficara imune de qua lquer sanção eclesiástica, mas ousara até lançar nova obra, no mesmo estilo. E o espanto desses católicos atingiria seu grau máximo ao notar, na capa do novo trabalho - "A la b11ena de Dios!" - o nome de um co-autor: nada mais, nada menos que D. Alberto lnicsta, Bispo Auxiliar de Madrid! A introdução da obra (pp. 7 a 10) é uma propaganda das pessoas dos autores. Redigida , porém, cm termos tais que já é prenúncio da singular clave que preside toda a publicação. Para defender D. lniesta, é dito nessa introdução: .. Não htí Conferência Episcopal que se preze, que não tenho ,1111 Bispo vermelho" e acrescenta-se que o Bispo Auxiliar de Madrid é "11111a espécie de cabriro em liberdade dentro dos terrenos 111i111entícios da Santa Madre Igreja", que "dá tais saltos e pula tão

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evangelican,~nle que couso sus1os. e

nwntém preocupados os guardiãe., da solenidade edesitística .., O cheiro do Bispo - prossegue - é o do "pasto depois da d11111a .._ Após "elogios" tão insólitos, o utros ainda lhe são feitos, não menos estranhos: .. Defeitos ele OS tCIII COlnO qual• quer 011tro, mas se lhe notam logo e não parece que os procure ocultar'". Ora, quando os defeitos '"se 11010111 logo .. é porque, cm geral, são muito protuberantes. E o não procurar ocultar nem corrigir - o "elogio" nem sequer levanta a hipótese da correção - configura claramente a contumácia no mal. No fundo. ao se procurar elogiar D. lnics ta , dí1.-se dele que é um Prelado c heio de defeitos, e que nem se incomoda em evitar o escândalo de que esses defeitos apareçam claramente tais aos olhos dos fiéis. Não conhecemos pessoalmente o Bispo Auxiliar de Madrid , e

.

Els o modo naturallsta e rldlculo pelo qual o Bispo Infesta e o Pe. Cortês apresentam o nascimento de Nosso Senhor: "Maria e Josê dançariam, cantariam e bateriam palmas, e nlo teriam essas posturas com que os representam os quadros flamengos, ajoelhados, sérios, com as maos Juntas e os olhos fixos no Menino, como numa Missa de antigamente" (p. 32).

portanto náo nos pronunciamos sobre essas afirmações, mas o leitor há de convir conosco que é muito estranho ter ele permitido, cm livro de sua autoria, que ta is coisas se publiquem sobre sua pessoa ... para elogiá-lo. Quanto ao Pe. Cortês, figura na introd ução, como elogio, o fato de que "o chan1am de herege".

• •

O livro é composto por uma série de textos , sem muito nexo entre si, chamados "profecias", e ilustrados por caricaturas, Há assim "Profecia do Advento", '"Profecia do Ano Novo", etc.

As tais "profecias" falam de Nossa Senhora. Mas é para diminuí-IA e para insultar seus fiéis devotos. Diz o texto sobre a Virgem Santíssima: "Defor111ada por seus amigos. por seus partidtírios. por se11s fantíticos. Convernda em boneco, e até em ídolo, talismã 111tígico, '1acilitadora" da salvação" (p. 14). Tal linguagem bem merece, por certo, a condenação lançada por São ll.lis Grignon de Montforl, o grande santo e Doutor mariano, contra os "espíritos fortes e pres1111çosos [... ] que vivem criticando as prtíticas de devoção q11e a gente simples tributa de boa fé e san tamente a esta boa Mãe [... ]. Põe1n em dúvida todos os milagres e histórias narrados por a11tores dignos de fé. Repugn o-lhes ver pessoas simples e l111111ildes ajoelhadas d iante de u,n altar ou 111110 imagen, da Virgem, às vezes 110 recanto de ,11110 ruo, rezando a De11s; chegam a acusá-las de idolatria, como se estivesse,11 adorando a pedra ou a madeira (... ]. "Esta espécie de falsos devotos org11lhosos e 1111111danos é muito para temer, e eles causam 11111 mal i11finito à devoção à Sa11tíssi111a Virgen1, dela afastando eficazn1ente o povo. sob pretexto de destr11ir-lhe os abusos" (São luís Maria Grignon de Montfort, "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem", Editora Vozes, Petrópolis, 1971, 7.• edição, pp, 97-98). Se assim é a crítica que D. lniesta e o Pe. Cortés fazem da devoção a Nossa Senhora, como então vêem eles a Mãe de Deus? De modo blasfemo: "Ó Maria tonta, ignorante, que não entende nado de nada, q11e tem um filho q11e lhe sai profeta ou louc:o. ao q11ol repreende e até o enfrento para consegu ir enquadrá-lo" (p. 14). A negação do Dogma da Assunção chega a ser insinuada: "Maria [... ] que não foi levada voa11do pelos anjos". Como foi possível que um Bispo usasse tal linguagem em relação à Santíssima Virgem? E que depois disso continuasse desfrutando de seu aho cargo eclesiástico, numa das principais capitais da Europa e do mundo?

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O OCIDENTE POSTO EM XEQUE PELO

TUFAO t

ISLAMICO

INESPERADA e insólita ccntc agitação iraniana. Tem maior ocupação da embaixada norsabor de atualidade. te-americana cm Tccrã a tuou ( Num mundo laicizado. pa tencomo cata lizador de uma série de teou-se o poder dos argumentos acontecimentos políticos que se de· religiosos. A civilização de consuscnrolavam até e ntão numa certa mo ia destruindo as vel has crenças e cadência. A derrubada do Xá foi o estabelecendo uma cosmovisão baprimeiro grande golpe numa s it uaseada no gozo da vida, na renúncia ção com a qual o mundo livre de princípios religiosos e morais e de aprendera a conviver. A moderniideais mais elevados. De repente, zada e rica Pérsia, protegida e amiga precisamente nessa {1rea do globo de potências ocidentais, parecia eso nde imperava um tipo de progresso tável. Do fundo da História incspc· moderno. um t1ya10/lah surgido da radamente surgiu um ayatollllh noite dos séculos. utilizando o cotermo até há pouco virtualmente rão, põe cm xeque os valores de tal ignorado no mundo ocidental sociedade. E - terrível paradoxo brandindo argumentos religiosos. E os seus mais importantes propaganprostrou por terra o duas vezes distas são os ateus. Moscou sente a milenar Trono do Pavão. Esperouforça latente do movimento, instigase durantç certo tempo moderação apoia -o. aproveita -se dele. O Par· de parte de Khomeini. o antigo tido Comunis ta do Irã . o Tudeh. protegido do governo francês. mas transformou-se em ardoroso partie le cada vez mais se voltou contra o d,írio de Khomeini. Como se vê, à Ocidente. Na sua retagua rda. sentiaespera d o momento de galgar os se a sombra do urso soviético, apoio degraus do poder e afastar os lideres . . . .... ~ neccssilrio para os desmandos do re ligiosos. companheiros d e viagem Khomelnl. o fanatizador das massas muçulmanas no Irã. • Nos Estados Unidos, a Indignação popular contra as fanático chefe muçulmano. preciosos e indispensáveis para uma Tomada a embai.xada por estu- arbitrariedades antl·norte-amerlcanas no Irã nilo foi acompanhada por medidas correlatas por parte do governo, etapa do caminho rumo ao socia~ dantes de Tccrã . o governo iraniano sempre débil e lento nas declslies. !ismo. apoiou os invasores e dec larou q ue O segundo fenômeno é a possibiVoltemos à ocupação da embai- lidade da união do mundo muçullevaria a julgamento os diploma- se em pais neutro. A Líbia de cessão econômica com a scq iiela tas americanos. acusados de espio- Kadafi. que desejou ardentemente necessária de crises sociais e poli- xada norte. americana cm Tccrã. A mano cm torno da bandeira da moleza d o governo de Was hington in tegridade do Corão, da expansão nagem. A sit uação configurou um pôr·SC à frente da revolução muçul- ticas. Alguém poderia imaginar há três mana, não o conseguindo, cm parte cm se deixar pisar por um pais fraco. maometana na luta contra o ·Ocidennítido "casus bellí", pois tratava-se da violação da sobera nia m,cional. peli, falta de carisma de seu chefe, anos que uma nação contemporânea desmoralizado e quase submerso no te. considerado rico e corrupto. aponO presidente Cartcr preferiu ver o associa-se pressurosa e entusiasma- tivesse como c hefe de Estado e líder caos, como que oficializou a "lei da tado à execração dos povos seguiproblema de outra maneira. Por da i, avalanche iraniana. O Golfo religioso máx imo uma como que selva" nas relações internacionais. A dores de Maomé. todo o acento de sua ação cm evitar Pérsico sofre o contágio d o magne- prefigura do Mahdi esperado? Na extra-territorialidade que se a tribuiu As cruzadas foram uma reação a tismo de Khemeini. Além do Golfo, ausência d o menino que foi esconàs embaixadas pelo Congresso de a morte dos reféns permitiu que seu uma fase perigosa do expansionismo pa is fosse submetido a uma série o imenso mundo muçulmano, que dido há o n1.e séculos numa caverna, Viena cq uip~tra sua violação à inva- ,írabe. A energia do Bem-aventuvai da África Ocidental até as ilhas um cur(ldor. ou faghi, o substituirá. s~ío do próprio território. um atenta- rado Papa Urbano li convocandoquase in finda de humilhações. da Indonésia e Filipinas, é perpas- O curador poderia ser Khomeini. do à soberania nacional. A lguém as e comunicando-lhes o ímpeto sado pelas ondas de rebelião lança- Quando este morrer. um conselho poderia o bjetar que cm Teerã a necessário quebrou a avala nche do Abalos na Arãbia Saudita das pelo hicrarca maometano. de delcgado-s o substituirá, se não invt,são foi realizada po1: um grupo Islã. Tão forte foi seu impu lso que. houver alguém "ju.rro. pio, esclare- de estuda ntes e não pelo governo na batalha de Lcpanto cm 1571 e na Entrementes. a mesqu ita de MeSignificado profundo da cido. corajoso. sllg(Jz e co111pe1e111e iraniano. O apoio aberto das autori- bata lha às portas de Viena , em 1683, ca situada na Ar{,bia Saudita - pa is con,o ad,ninistrador". como reza a dades àquela violência e a direção ainda se sentiam os ecos do espírito que, hoje em dia, é o maior expor- rebelião muçulmana nova consJituição irania na que, se- dos acontecimentos nas mãos de que animou os companheiros de tador mund ial de petróleo - foi ocupada por um grupo de muçul· Quais as características desse tu- gundo se diz, foi aprovada naquele Khomeini tornam o argu mento des- Godofrcdo de Boui llo n na conquista provido de q ualq uer peso. São pou- de Jerusalém. manos da União dos Povos da fão islâmico, de um mundo que pais por esmagadora maioria ... cas as pessoas que duvidam de onde O segundo gra nde perigo muteria partido a ordem para a ocupa· çulmano, coordenado e favorecido A quem aproveita? ção. Ou seja. o governo de Tccrã pelos estrategistas do Crcm lin perfiPara o Ocide nte. q ue perspecti- sabe q ue os Esrndos Unidos te mem a la-se no horizonte. No Ocidente jã vas apresenta a atual revolução mao- rcc1ção russa. caso intervenham em não há o fervor religioso medieval metana? No presente, o ponto mais seu tcl'ritório. De o nde se infere que necessário para resistir com galhardelicado da questão localiza-se na nos bastidores certa mente houve o dia aos ímpetos do Islã petrolífero Arábia Saudita. Aliado importante sinal-vereie de Moscou para a opel'a- que. na prática , atua como marionedo Ocidente, maior exportador mun- ção do a ssalto à embaixada de te do ateísmo vermelho. Faltam aos d irigentes d o mund o livre a dispodial de petróleo, força militar impor- \Vashingto n no Irã. sição de resistir, a capacidade de tante na região, o país, já há algum L Indecisão diante da questão luta, a argúcia política , a vontade tempo, sofre abalos da contestação pugna:,_ de coordena r esforços e e ninterna. O governo, segundo a ótica petrolífera muçulmana contrar solu ções. Desde 1973. quan• muçulma na contestatá ria. uniu-se Neste inicio de 1980, o que se do a crise petrolífera estalou e já se demais à corrupção do mundo europeu e norte-americano. preciso pode extrair numa visão de conjunto pressagiava o pior, houve muita restaurar a integridade do corão e no terreno das relações internacio- tertúlia polít ica e diplomá tica e pou• coloca r s uas fabulosas rique1.as a nais ou, para ser mais especifico e ca ação proficua. A questão petrolífero-muçulmaconcreto, no plano da luta comunls· serviço da expansão islamita. na mostra progressivamente s ua vermo-anticomunismo, que é o s ubstra· No maometanismo, os sunitas são muito ma is numerosos que os to de todos os conílitos contempo· dadeira face: linha auxilia r do imperialismo moscovita. Povos na realixiitas de Khomeini. Na Arábia Sau- râneos relevantes? Deixando de lado a assinatura dade anticomu nistas. entretanto, dita, o número destes não ultrapassa 120 mil. Mas eles vivem nas ptoxi- do tratado SALT-11 cm Viena . o fundamentados em a rgumentos relimidades dos campos de petróleo crescimento do poder soviético e a giosos e nacionais, servem hoje de ma is ricos do mundo, na província sinistra sombra que projeta na Euro- aríete do regime soviético para aba· oriental. E parece que esta minoria pa Ocidental, acontecimentos im- lar a cidadela do mundo livre. estabeleceu uma aliança tácita com portantes do a no passado, fixemoPéricles Capanema a muíto fortalecida e aumentada nos nas questões s uscitada pela reclasse méd ia, desejosa de frear a modernizaç,ão do pais. Há notícias de que cm agosto p.p. fracassou um golpe militar. Peninsµla Arábica. No in icio, co- dormitava até 1973, e que o e mbarA ocupação da mesquita de Me· go petrolífero efetuado naquele ano mentou-se que entre eles estaria o ca tornou patente para todo o munMahdi . o décimo-segund o imã que o ga lvanizou e tornou consciente do do q ue o reino wahabita sofre treisla mismo xiita acred ita ter sido poder q ue representa ter na mão o mores. A queda da Arábia Saudita Mcns..irio çom 3provação «fcsiá.stic3 - C ampos ~ Es1ado do Rio escondido numa caverna há o nze pétróleo num mundo q ue dele de- elevaria a temperatura naquela reD irtlor: P aulo Conla d t Brito Filho séculos e que voltará um dia para pende? gião ao limite da explosão. As torHoje. a revolução muçulmana é neiras do petróleo do Irã c da levar os seguidores de Maomé à Oirtloría: Av. 7 de Setembro. 247 • Caixa Postal 333 - 28 100 Campos, RJ .conquista do mundo ... No seu pri- anti-americana e anti-ocidental. Ba· Arábia Sa ud ita nas mãos de goverAdminiscraçio: Rua Dr. M artinico Prado, 246 • 0 1224 - São Paulo, SP mei ro comunicado, datado de 26 de scada no corão, apresenta-se cm nos "a liados objetivos" da Rússia, Composto e impresso na Artprcss - P3péis e Artes Gráficas Ltda .. R.t1a Garibald i, 404 novembro p.p., ao mesmo tempo luta contra um mundo conside rado para utilizar o jargão comunista. - 0113$ - São Paulo. SI' que reivindicava a ocupação, a refe- rico e depravado, e, neste sentido. colocariam o mundo não comunista Assinatura 1nu11: comum C r$ 300.00; coope:rador C r$ 800.00; benfeitor Cr$ 1.500.00; rida União declarava: "Não estllmos c m bora o Irã seja próspero, a revo- - pelo menos até que se ache uma grande benfeitor Cr$ 2.500,00; seminaristas e estudantes CrS 2SO,OO. E~terio r: comum esperando o Mahdi, estamos espe- lução tem um c unho proletário. E o difícil solução para o problema enerUSS 20,00; benfeitor USS 40,00. Número •vutso: CrS 20.00. r11ndo a revolução''. fana tismo muçulmano. açulado pe- gético - à mercê de Moscou. Esta Em outros locais, inclusive no los i mãs. ayatollahs, u lei más e lançado solução dependeria da descoberta de Os pagamentos. sempre cm nome de Edilor1 P1drt Btkhior dt Po ntes S/C. poder.lo s.cr cne.iminhados à Administração. Para mudança de endereço d e assinantes., é necessário Kuwait (onde há maioria xiita) e no contra a chamad a corrupção oci- novos campos de petró leo, do aumencionar também o cnderc.-ço antigo. A corr(Spondencia relativa à assinatura e venda dental. No fundo da cena, a Rússia Bahrcin, a revolução ira niana cn· mento da ex tração dos produtores ávutsa deve ser enviada à contra grande número de adeptos. O instiga e concede apoio ao golpe que fora da área de iníluência do Crcmestratégico lêmcn do Norte, locali- poderá asfixiar o Ocidente, retiran- lin, de novas fontes de energia. Seria Admínistra(io; zado junto ao Mar Vermelho, tradi- do-lhe o petróleo, ou passando a isto viável a curto prazo? Aceitariam Rua Dr. Martinico P rado, 246 • 01224 - 3ão Paulo. SP cional aliado da Arábia Saudita. já vendê-lo a preços exorbitantes q ue os prod utores a tua is aumentar a fez .saber que pretende transformar- trariam pobrc7,a generalizada, a rc- exportação?

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PARA ONDE CAMINHA O ESPÍRITO ''MODERNO''?

ANUNCIACÃO -

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UEM, DENTRE nossos leito· res, conhece Giovanni da Fiesole? Com este nome, certamente bem poucos, exceção feita a um ou outro erudito cm pintura e arte. Entretanto. quem não ouviu fa. lar de Fra Angélico, o famoso dominicano do século XV, cujo pincel fixou o sobrenatural'/ Suas obras maravilham o mundo. e não hâ quem não as conheça.

Eis acima um de seus vários q uadros-retratando a A111111ciaçcio. Com incomparável talento , o Beato Angélico conseguiu exprimir nas fisionomias, nas atitudes, nos gestos, no ambiente, nas cores~ nas formas. os valores morais do magno acontecimento. Na figura altamente expressiva de São Gabriel espelha-se a nobre1.a própria à natureza angélica. sua fortaleza leve e toda espiritual, sua inteligência e pureza. Nossa Senhora é menos etérea, menos leve, menos impalpável. diríamos. E com ra,.ão, pois é criatura humana. Entretanto, um quê de angélico se nota cm toda a compostura da Rainha dos Anjos. E sua fisionomia excede cm espiritualidade, nobreza e candura a do próprio em issário celeste. Consideremos o efeito alcançado por Fra Angélico ao pintar a a titude de um e outro personagem. O Anjo, por natureza, é superior a Nossa Senhora. Entretanto, a Virgem é s uperior ao Anjo por s ua santidade e por sua incomparí,vel vocação: Ela é a Mãe de Deus. Daí a alta dignidade que ambos exprimem. tanto a Virgem quanto o Anjo. E também a reciproca veneração com que se falam. Mas essa a titude tem ainda outra ra,.ão. mais profunda. 1nvisível. Deus entretanto manifesta sua presença sob duas formas: a da mão envolta em um halo lumin oso, da qual sai cm um jorro dourado uma pomba, símbolo do Espírito Santo,

Fra Angélico. Museu do Prado (Madrid)

e a da luz sobrenatural que parece irradiar de ambos os personagens. Dir-sc-ia que esta luz com unica a toda a natureza o esplendor de uma alegria pura , tranqüila e virginal. Quase que podemos sent ir a temperatura suavíssima, a brisa levíssima, a alegria que perpassa cm toda a atmosfera. Como pintar melhor uma hora de graça, dada a toda a humanidade no momento em que o Céu se abriu, para dele descer um espírito de luz e pureza, o qual veio à terra para trazer uma mensagem dirigida à criatura a mais formosa. a mais nobre, a mais cândida e a ma is benigna que nascera dentre os filhos de Adão"?

Isto Fra Angélico soube fazê-lo. Com um senso profundo das coisas. ele enco ntrou as lin has e cores necessárias para exprimir todo o conteúdo teológico e moral do famoso episódio evangélico. que transformou a História da humanidade. Outro quadro seu - que reproduzimos aba ixo - é o conhecido Juízo Final.

A pi ntura é de uma louçania e beleza extraord inárias. Representa os Anjos que soam as trombetas, o mundo que acaba, os corpos que ressuscitam e o momento grand ioso e solene da História, cm que o Verbo de Deus humanado, cm glória e majestade, vem selar os tempos e determinar para cada um o seu JUl'ZO FINAL -

dest ino eterno: ou a bem-aventurança do Paraíso celeste, ou os tormentos d as penas do Inferno. De um lado, os bem-aventurados encontra m-se imersos numa íelicidade sem limites. De s uas fisionomias emana luz. Os trajes· riquíssimos espelham a magnificência celeste. A vegetação paradisíaca ajuda a compor a idéia de um frcscor e de um bem-esta r de alma completos. Ali vemos Bispos e fiéis, Reis e súditos, monges e soldados. Papas e Imperadores. todos convivendo com os Anjos e entre si. numa harmonia e felicidade completas. O grau de glória cm que estão colocados é inimaginável. Do outro lado. separados pelo valo das sepulturas vazias. a coorte dos condenados e prccitos. Entre gritos de desespero, contorções de ódio e de despeito. eles arrancam os próprios cabelos, abrem o próprio peito, mordem furiosamente os próprios membros. Lá vão eles, tangidos pelos demônios de aspecto tenebroso. para os tormentos que nunca mais haverão de cessar. Alguns réprobos ai nda tentam insultar a Majestade Divina, mas não suportam o seu o lhar, e fogem dEla espavoridos. Dentro do Inferno, o horror. que nos dispensamos de comentar. Tam bém neste quadro constatamos como o ta lento.de Fra Angélico soube captar as verdades teológicas e morais ensinadas pela Igreja. e as ex pressar magnificamente cm tintas. Seus quadros. todos eles. pos- '.) suem esta qualidade. Eles, porém. · são mais do que isto: va lem por uma pregação. pois forma m, elevam e animam para a virtude e as coisas celestes quem os contemp la.

Podemos di zer o mesmo da última figura desta página? Ela é ma is uma expressão da arte dita "moderna", e uma antitese berrante de tudo quanto vimos em Fra Angélico. Se um débil mental o u um doente com muita febre se pusesse a imaginar a figura da Santíssima Virgem. talvez concebê-la-ia assim. A extravagância da idéia gera I e dos pormenores é chocante. O vu lto da imagem, seu gesto, nada deixa transparecer a purc1.a e a inigualável dignidade da

Mãe de Deus. A imagem não instrui, não forma. não atrai. A nota espiritual cristã é tão alheia a ela que, se o escultor a quisesse vender como se fosse um ídolo, não teria necessidade de fazer q ua lquer retoque: bastaria Irocar o nome a i ri bu ído por ele à estátua: "Virgem". Pois seu autor, Jacques Lipchitz, assim a chamou! Extravagâ ncia assinalada, carência de valores mais rudimentares, de quafqucr expressão - já não diremos elevada ou sobrenatural mas, simplesmente, equili brada e sad ia. Tudo, enfim, se conjuga nesta "estátua" para torná-la a antitese

"VIRODf' -

de Jacques Lipchi11.

brutal e chocante do quadro'do século X V. Este é uma maravilha de espiritualidade e de fé. A outra é produto de uma mentalidade voltada toda ela para a matéria, de uma psicologia fechada ao sobrenatural, de um temperamento que se compraz plenamente cm um universo sem verdade, sem bondade, sem beleza. Afinal, não é para lá, infelizmente, que vamos caminhando?...

Fra Angélico. Museu de São Marcos (Florença)

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.AfOJLICISMO

MAIS 17 MILHÕES DE REFUGIADOS? Apelo do Episcopado de Formosa aos Bispos de todo o mundo "Aos Bispos de todo o mundo. aos cristãos. a todos os homens que amam a justiça Irmãos, rogamos que Nosso Senhor Jesus Cristo lhes dê a paz que Ele nos atcan~ou por seu sacrifício.

Pastores de nosso povo Embora os cristãos não representem senão uma ínfima minoria da população

que vive cm Taiwan. o Senhor nos incumbiu do pastoreio de todo o rcba· nho nesta terra. O Colégio dos Bispos, sob a autoridade efetiva de Nosso Santo Padre ·o Papa, também nos cs1abcleccu como Pastores no serviço deste povo caríssimo a nosso Pai celeste e redimido

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"fuga para o Egito··. de·----Milnlca Llu, ~ expressivo exemplo de pintura religiosa chinesa. Uma arte que na China vermelha s6 florescerA nas catacumbas.

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pelo Sangue de Jesus. É como Pastores que nós vos dirigimos esta carta. Nossas ilhas abrigam 17 milhões de habitantes, população mais numerosa que a da Austr{1lia, Holanda ou Suiça, maior que a de 120 das 160 nações independentes d o mundo. Dezessete mi· lhõcs de homens. mulheres e c rianças que nascem e morrem. vivem e padecem, conhecem a a legria e o sofrimento. amam e rezam é â quem Nosso Senhor

"deu o poder de se tornarem filhos de D1!11.<" (Jo. 1, 12).

Dezessete milhões de habitantes que, pela primeira vez na história da China, e após trinta anos de trabalho infatigável. lograram elevar substancialmente seu padrão de vida, distribuindo cqui1a1ivamentc sua prosperidade duramente obtí~ da. Const ruíram uma sociedade. que embora não seja perfeita. lhes assegura a possibilidade de viver em liberdade e a salvo da carência. Dá-lhes oportunidade de se desenvolver, cultivar seus talentos e servir a Deus cada um segundo sua consciência. "A glódo de Deus é o

homem vivendo na p/eniwde··.

Dezessete milhões de pessoas cuja sorte está cm jogo ... Com efeito. nos.so povo acaba de ser atirado no caos da incerteza. Eles vêem escapar-lhes os frutos de seu árduo labor, eles se tornam vitimas de rivalidades internacionais. enquanto uma opinião pública apática e insensível desvia o olhar. Os meios de expressão políticos e diplomáticos lhes são tirados pouco a pouco. As assembléias culturais, científicas. esportivas. etc.. da comunidade das naçã<:s lhes cerram as portas. E eles se vêem engajados. contra sua própria vontade. num processo de destruição. Antes que seja tarde demais, a vo1. dos Pastores deve exprimir ao mundo a angúscia e aflição de seu povo.

A situação Todos sabem que há trinta anos. cm 1949, o regime de Pequim tomou o poder no continente chinês. Sendo uma ilha, a província de Taiwan foi poupada do destino das outras províncias chinesas. Cerca de dois rnilhõocs de refugiados do continente alí encontraram se-

gurança junto a uma pop.ulação local de oito milhões. Unidos e com a ajuda de países amigos. desenvolveram este ter· ritório ao ponto de fazer dele. hoje. um país moderno, industrializado. cuja população quase dobrou. Enquanto um grande número de governos do mundo livre continuava a nos reconhecer diplomaticamente, a sirnação geoi;ráíiea de nossas ilhas protegia nossa hbcrdade, até o momento cm que, cm 1954, os Estados Unidos passaram a garanti-la por meio de um tratado de defesa mútua. Ao correr dos anos, um após outro, os governos do mundo livre deixaram de nos reconhecer para estabelecer relações diplomáticas com Pequim. E, cm 1971, as Nações Unidas decidiram excluir-nos de suas assembléias. Nossa população reagiu com coragem e energia a esse pro$rcssivo isolamento político, diplomáttco e cultural na confiança de que a comunidade das nações não lhe poderia recusar a possibilidade de sobreviver na liberdade. Confiança tanto mais natural q uanto nós sempre procuramos contribuir, de nossa parte, para a fraternidade das nações. É testemunha disso a assistência cécnica que durante muitos anos levamos, e continuamos a proporcionar, a outros países cm via de desenvolvimento. Bem como a assistência humanitária que continuamente oferecemos aos refugiados vicrnamitas, sem nenhum apoio das Nações Unidas. Finalmente e há bem pouco tempo. os Estados Unidos, que garantiam nossa liberdade, decidiram romper relaçã<:s diplomáticas com nosso governo e pôr termo ao tratado de defesa mútua. Como também n maior parte dos outros governos que reconheceram Pequim declararam que "FormOS(I fazia par1e da China". Com esia afirmação ambígua, a º'<1ues1ão de Formosa·• tornou-se um "assunto interno" da· China. cujo único governo reconhecido é o de Pequim. O título legal de Taiwan é e ntregue a Pequim e nosso povo. mdrginalizado. é assim abandonado, contra sua vontade. à mercê de um reginte totaHtário que ele abomina. Esse regime controla um população cinqüenta vc1.cs mais null,lcrosa que a nossa. ocupa um território trezentas ve1.es maior que Formosa e dispõe de enormes recursos. Qualquer vantagem econômica ou militar que ainda nos resta só pode se dissipar sob o peso de um tal poder. ror medo de oíender Pequim, o mundo livre hesita, hoje, cm garantir nossa liberdade. sem fazer qualquer coisa mais concreta que declara .. çõcs verbosas. O que fará ele quando essa "questão iluerna" for liquidada a custo de nossa liberdade? Muito naturalmente. esta situação nos causa grande preocupação: nôsso destino aíigura ..sc inteiramente selado. sem nosso consentimento. E enquanto todos permanecem indiferentes, a dúvida procura insinuar-se cm nossos cora· çõcs e minar nosso proceder coletivo. Apesar disso, recusamo-nos a capitular.

sofrimentos. E nossa história secula r dos dois lados do es,rcito de Taiwan o demonstra. A pobreza, que tão recentemente vencemos, não nos amedronta, mesmo que e la venha a ser de novo imposta injustamente. Podemos supor· tar a o pressão material. as mais duras privações, os vexames e até a própria mjusliça, O que nós recusamos a aceitar é que nos neguem a liberdade de pensar o que nossa inteligência e nossa consciência nos mostram ser a verdade~ que nos r,cs:tucm a liberdade de ouvir a voz de Dc·.is cm nos..~os corações e de viver cm conformidade com o chamado dEle. Não é portanto o bem-estar material nem o cgoi.s mo que nos impelem. É simplesmente o desejo de viver como seres humanos aos quais é oferecida a dignidade de serem filhos de Deus e de assegurar que tal seja o legado de nossos filhos. Recusamo-nos a ser transformados em gado humano. Recusamo-nos que nos imponham idéias. dcsprc;,-.ando a nobreza que o Criador nos conferiu. Recusamo-nos a ser transformados. contra nossa vontade e nossa consci~ncia. cm marionetes de uma ideologia f.llsa que rejeitamos. Sabemos. por experiência pessoal de um grande número dentre nós. que esta é a sorte que nos espera se fraquejarmos cm nossa resolução. ou se o mundo nos abandonar. A imprensa ocidental se faz eco awahncntc de um movimento de "democratização" do regime de Pequim. Nossa experiência, mais próxima dos fatos. nos d ii que tais movimentos aparecem com regularidade no continente chinês, e são precursores uma repressão n,ais rigorosa. Esses movimentos são empreendidos de acordo com a dialética hegeliana, e visam sempre aumentar o domínio do regime sobre a população. Uma verdadeira libertação da pessoa humana seria a negação do regime comunista e vários anos seriam neccss{,rios para se assegurar a credibilidade de uma mudança tão radical.

Diãlogo fatal Não esperamos que nOSS..'l. situaç._"io mude de um dia parn outro. O processo [de "democra(ização") durnrá todo o tempo necessário para evitar que a opinião pública íiquc por demais chocada. o que poderia provoc.1r reações indesejáveis. Mas, uma vez. iniciado, o processo será irreversível. Como passo inicial do processo. somos solicitados a nos engajar. ingenuamente, no diálogo. A sabedoria popular chinesa chan1a a isso "puxar o bigode do tigre". Uma triste e já longa

lmportãncia da opinião mundial Nos próximos meses, uma série de

"gestos fraternais" nos aguardam, os quais poderão chegar ao ponto de "pedir nossa ajuda" para a moderni1.ação da mãe-pátria. O fim destes gestos é de nos destruir. se os aceitamos, e de voltar a opinião contra nós. se o recusamos. Se aceitamos relações com o rcgin1e de Pequim eles se aproveitarão disso para nos enfraquecer. semc.ando ...a ci;,o.ánia entre nós. Toda sociedade contém sementes de ··<·ontradiç,io", e explorá-las o u exacerbá-las ao ponto de provocar conílitos e choques é uma tática bem conhecida. Qualquer relação conosco será. pois, usada para nos desacreditar aos olhos do mundo e nos fazer aparecer como derrotados. desmerecedores de q ualquer apoio exterior. Se rejeitamos o contacto, isto sen\ a "prova" de que não somos razoáveis. que recusamos a mão estendida da amizade. e que a única solução possível é nos reduzir pela força. Como poderia a opinião pública. de memória tão curta, compreender jogo tão extremamente subtil e perverso? No primeiro caso. nos condenarão como indignos de ser dcíendidos, porque nos desentendemos entre nós. No segundo caso. dir·sc-á <1ue recolhemos o fruto do que nós mesmos semeamos. posto que somos tão inílexívcis. Ta nto nos·s a experiência passada como o processo de destruição no qual nos encontramos engajados dão-nos uma visão clara da situação. Muitas pessoas, porém. só vêem o momento presente, perma necendo cegos a um proccs..'io que se estende por meses ou anos. Para muitos. o pcriso pode parecer remoto, mas sabemos que uma vez colocada em movimento, a engrenagem não parará até que estejamos esmagados. A tática consiste precisamente cm cons1 ruir. Pouco a pouco. um muro ao redor de nós; um muro que impedirá efetivamente nossos amigos de nos auxiliarem quando o perigo se tornar óbvio.

o destino destes pobres refugiados vietnamitas, encontrados quase mortos num barco de pesca, é o que aguarda os 17 milhões de habitantes de Formosa, se o Dei· dente nlo a salvar das garras de Pequim.

O que estã em jogo A uma só vo;,-. com nosso povo, reconhecemos uma só China, uma só cultura. uma só nação, um só território, mas repudiamos com todas as nossas forças o regime que escraviza nossos irmãos no continente. Enfrentando a ameaça do mesmo destino que caiu sobre eles. afirmamos nossa determinação de fa1.er tudo que estiver a nosso alcance para preservar nossa liberdade e a de nossas familias. Pedimo-vC'ls que compree ndais o que de foto está cm jogo. Não pretendemos qualquer privilé· gio. não pedimos nenhum favor, não procuramos fugir daquele sofrimento que é a sorte comum dos homens. Mas não podemos, absolutamente, aceitar que nos roubem o direito inalien,tvcl de todo ser humano de viver livremente de acordo com sua consciência. A sociedade que com muito esforço construímos está longe de ser pcrfoita, mas oferece a cada um de nós a oportu· nidadc de se desenvolver tão plcnarnente possível, respeitando os direitos do próximo. Queremos preservar essa sociedade para nós e para nossos íilhos e. se algum dia for possível, desejamos oícre• cê-la como um modelo para nossos compatriotas do continente. Não recuamos diante dos sacrifícios que nosso dever para com o próximo nos impõe. Não tememos sacrificar nos· so estilo de vida, nossos costume-s . nosso conforto, se o interesse de nossos irmãos. cm particular o interesse dos menores dentre _eles o exigir. Todos sabem que o povo chinês te.a paz de suportar grandes

prova abundantemente que o diálogo no qual somos solicitados a nos engajar uma ve·z mais - significa simplesmente entregar-se de mãos e pés amarrados ao interlocutor sem escrúpulos. Estaria o mundo disposto a acolher amanhã de.. zessetc milhã<:s de reíugiados'/ Não seria rnais simples e mais humano evitar essa cat:ís, rofe? Aliás. por que nos forçar a regatear nossa liberdade quando agora a possuímos plenamente e com o simples apoio de nossos amigos e la poderia tão facilmente ser defendida?

experiência nos mostra que tal "diálogo" conduz inevitavelmente à capitulação total e incondicional. rode-se honestamente fochar os olhos sobre o que se passou em cada um dos p.iíses da Europa Oriental depois da li .Guerra Mundial? Pode-se honestamente esquecer o Vietnã, onde fora1n suces· sivamentc jogados de lado os mais solenes acordos garantidos pelas grandes potências, até a queda final de um povo que recusava a submeter-se à ideologia totalitária de uma minoria? Pode-.sc ignorar que os habitantes dessa região, que suportaram heroicamente trinta anos de uma guerra horrível e dc.s umana. são incapazes de suportar a opressão dessa mesma ideologia, e. com o risco muito real de sua vida, fogem de sua pâtria às centenas de milhares? Tantos fatos trágicos não podem ser levianamente ignorados ou despreocupadamente esquecidos. Quando uma porta ou uma janela se abre ao tuíão, cm pouco tempo a casa inteira é levada de roldão. Nossa própria experiência nacional, seis vezes repetida.

Hoje mesmo. de um outro â.n gulo, uma propaganda insidiosa procura voltar contra nós a 01>inião pública e confundir nosso povo semeando a des· coníiança contra o governo, qucstionan· do o valor de nosso esforço coletivo, exagerando qualquer ponto fraco de nossas rcalfaações. Construir uma socic· dadc é uma obra longa e de resultado sempre imperfeito; criticá~la e destruí-la é muito íácil. Ten1a1ivas de infiltração e subversão inevitavelmente compelirão o governo a enfurecer e reforçar as indispensáveis medidas de segurança , mas isto acarretará contra nós uma censura imediata e hipócrita. Muitas outras táticas, velhas e novas, serão usadas para nos desacreditar e destruir. í: de importância crucial para nós. que a opinião pública mundial seja esclarecida sobre a verdadeira situação e possa dar·SC conta do que realmente se passa. Um constante alerta é necessário para expor as perigosas tátic.as que visam apanhar-nos na armadilha da morte.

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A M&e do Bom Conselho exprime a delicadeza de alma de um grande povo, subjugado hoje, em sua Imensa maioria

Nossa esperança Fomos instituídos Pastores para conduzir todo o nosso povo. para o Pai. Faz parte de nossa missão proteger a dignidade da pessoa humana.criada à imagem e semelhança de Deus. Entretanto. os católicos não passam de uma insignificante minoria cm Formosa. E se esse regime totalitârio - que não tolera outras idéias que as suas próprias - for bem suecdid·o cm seus desígnios. scre· mos reduzidos à impotência total, ficando definitivamente impedidos de cumprir nossa missão. É imperativo, por isso. que falemos agora, na esperança de impedir que a noite de trevas caia sobre nossa terra e nosso povo. Dirigimo-nos a todos os nossos ir.. mãos do Episcopado. Sucessores dos Apóstolo~. o Senhor vos confiou um:l responsabilidade universal, Não permitais que uma parte da humanidade. por menor que ela vos pareça, seja atirada a uma condiç.ão de escravidão mental e espiritual indigna de homens criados por Deus e redimidos pelo sangue de Jesus Cristo. Não permitais que sejam arrebatadas suas almas nem que seja extinta a luz da consci~ncia que o Criador nelas acendeu. Voltemo.. nos também para todos que confessam a Cristo. único Salvador do gênero humano. Em nome do Senhor. fazei tudo que estiver cm vos·s o poder para ajudar a salvar nosso povo da escravidão degradante que o ameaça. Em nome da fraternidade humana apelamos igualmente a todos os homens que amam a verdade e buscam a justiça. Outrora nossos sábios nos recomendaram não fo1.er aos outros o que não desejamos que nos seja íeito. Ninguém dentre vós deseja q ue o deixem cair numa servidão inapelável. Não abandoneis também dez~-setc milhões de irmãos vossos que estão à beira do mesmo destino. Estamos nas mãos de Deus, e também nas de nossos irmãos. Que o Senhor. que nos manda amar uns aos outros. vos abcnçõc por vossa compreensão e caridade fraterna. Nosso povo está pronto a defender sua liberdade e a arrostar seu destino. Embora ninguém deva expor-se à tentação, como cristãos. e ntretanto, estamos também prontos a partilhar da cruz de Nosso Senhor se esta for a vontade de Deus. Mas rejeitamos. e pedimo-vos que nos ajudeis a impedir. a destruição daquilo que faz de nós seres racionais. O Criador nos infundiu urna chama de liberdade (• ) que íaz de nós seres humanos. Ele quer que nós a protejamos. a cultivemos. e jamais a deixemos ser esmagada ou destruída. Como Pastores nosso olhar alcança horizontes ainda mais distantes. Para além dos limitados desígnios do homem, discernimos a vinda do Reino. o sacrifício universal de Nosso Senhor Jesus Cristo. um sacrifício que fundamenta nossa esperança. D ivisamos o amor do Padre Eterno, que transíigura nossos labores e nossos sofrimentos. Qualquer que seja o resultado de nossos esforços. qualquer que seja o destino que os horncns nos reservem, sabemos que nada pode, jamais, impedir a vitória do Senhor sobre o mal. Esperamos firmemente ser capazes de atravessar esse deserto com todo nosso povo e descobrir. para além, a Face amorosa de nosso Pai celeste. Formosa, 20 de março de 1979 Matthew Kia, Arcebispo de Taipé Joseph Kuo, Arcebispo de Salamina Stanislaus Lo•Kuang, Reitor Magnífico da Universidade de Fujen Peter Tou, Bispo de Hsinchu William Francís Kupfer, Bispo de Taichung Joseph Ti-Kang, Bispo de Kiayi Paul Cheng, Bispo de Tainan Joseph Cheng, Bispo de Kaohsiung Joseph Wang, Bispo Auxiliar de Taipé Thomas Paí, Administrador Apostólico de Pengu (Ilhas Pescadores) John Tsao, Vigário Capitular de Hualien". (•) NR: ~ l tl1omo de libt'f(/ade consi.s1c no principio do lh•rc arbltrio. p<'IO qu;,1. segundo :i. dou16n:, ~ tólie:1, o homem n!'io de$ít111a da lilxr· cJ:uJc moral de praticar o 1nal.


N. 0 350 -

Fevereiro de 1980 -

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Ano XXX

TFP COLETA TRÊS MILHÕES PARA OS POBRES •

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Osdonativos ....-.............. - para .. :.. vao os flagelados das inundacões ., no sertão baiano

........ Próximo número No centro de São Paulo. os doadores recebiam uma estampa de Nossa Senhora de Fátima

• Caridade: virtude cristã silenciada, mas sempre atual • Nos bastidores da campanha • Flashes populares • • Desfazendo o mito de que a luta de classes empolga o País


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CIRCULAR DE ORIENTAÇAO PASTORAL AO CLERO DE CAMPOS REVERENDÍSSIMO Padre e caríssimo cooperador

Servimo-nos desta circular para fa. z<:r a Vossa Rcvma. al~umas comuni• caçõcs. salientando seu s1gnificado. com o fim de auxiliá-lo no pastoreio das

almas.

Absolvição comunitária Com d ata de 22 de novembro do ano findo. 1979. o Emmo. S r. Prefeito da Sagrada Congregação dos Sacramentos e do Cuho Divino c hamou a atenção dos Srs. Bispos do Brasil sobre os abusos introch111do!-. a propúsito d:1 absolvição comuni1úria. àbuso$ que devem ser coibidos (Cfr'. "Comunicado mensal da Co11/,:rê11âa tios Bispos do Bras il", n. 0 327. dez. de 1979. p. 1186). Adverte a Santa Sé: A. " fndividuali,t t!t ;,uegra ,·011/eJ'.,·iu mqUi: 11bsolwio manei tmic-us m odus ortH11ori11.t quu jideltts

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Deo e1

&:clesi<1 rec<>11d/l11nt''. 8 . Em casos extraordiná rios - perigo de morte. por exemplo - pode dar-se absolvição geral, com prCvia exortação ao arrependimento dos pecados. caso haja tempo. C. Uma necessidade g rave não ,>rcvisrn (excluem-se. portanto, festas e ro marias. cm que se pode e deve providenciar com antecedência). permite-se a absolviç.'ío geral. apenas q uando os penitentes deveriam. sem culpa próprin. passar longo tempo sem receber os Santos Sacramentos. A Sagrada Congregaç;.1o não determina q ual o tempo que deve considerar-se longo. Como o preceito d a Comu nhão limita-se ;l Co, munhão a nual. entendemos que o "longo " da Sagrada Congregação não seja menor. Tais casos não ocorrem na diocese. D. Sublinha a Sagrada Congresação que. em qualquer caso d<; absolvição coleliv.1. perma nece nos penitentes a obrigação de submeter à confissão individual os pecados graves perdoados naquela absolvição, e q ue ninguém pode beneficiar-se de uma segunda absolvição geral, a ntes de se ter confessado individualmente. E. Continua o documento da referida Congregação: "Soubémos. além dis-

:w. que sàv muitos as qut ,·,>mimgam e.?

/UJU<'tJ,\' CJ.)·

qut: se con/rssam (i'I Sagrad;i

Cong.rcgação fal;1 proporcionalmente].,. ((u(' re,·,•bém a ,·omtmhâ,> llmtQ pl,ssoa:; co nlwddas ,·om<> casadas somt'llll' m-:, civil. <·om·ubiuários. c.1 asshu outros pt·· cmlorts príbli<:os". I'. A Sagr•da Congregação espera que os Uis1,os cumpram seu dever de z.clar pela observfrncia do que o Santa Igreja estabe lece relativamente ao r<:S· peito devido aos Santos Sacramentos. Lembra especia hnentc o que determi na o Concilio de Tremo (ses. 13. cap. 7). a saber: que o fie1, cônscio de pecado mortal. não pode aproxim;s r-se da Sagrad:1 Mesa ape,ws com a contrição pe rfeita. senão que deve obt~r o perdão de seu pecado. através da absolvição sacra· mental. A(> transmi1ir essas paternas advertências da S;:11H~1Sé, unimo-Nos à Sagrada Congregação quando salien1a o cnor· me beneficio que rcsult;1 para as almas da con1iss5o auricular t d:.l absolviç5o pessoal. Po is somente c:s.ta faculta ao confes:s or dar ao 1>cnitcntc os conselhos adcq uados para sua e menda e seu afcr. vorarncnto no amor de Deus. Quamo ao Padre. assegu rava Tamburini c.1uc o confessio nário é para o Sacerdote caminho que condu:,. ao Céu. E realmente é um exímio exercício de carid3dc para com o próximo que nos assegu ra o amor de

infalibilidade do Magistério Eclesi:ístico. Podemos dizer que ele r<:ssuscita o racionalismo modernista da pior espécie. Não é ocioso recordar à advcr1ência de São Pio X. Condenados e desmascarados, os modcrnis1m; refugia ram-se. cm sociedades secretas, e de seus arH ros conlintiaram sua obra de infecciona r a Santa Igreja. Vivemos hoje as conseqü(':ncias dessa obra dcletéria. Daí a recomendação de toda vigilfinci:t com movimentos de a postolado e conquis1:1 <1uc se afast:un dos moldes iradicio nais, e ja~ mais explicitam claramente seu pensa• mc n10. São os que apelam para a vida e a convivência. esquecidos que a f'ê. indispensável para a satv,1çào, é uma virtude intelectual que nos leva a aceitar as verdades reveladO\S. E é esta Fé .,,ue tem a primazia. Pois. o imporu11uc é viver de acordo com esta Fê.

Recato e virtude cristã Vai-se lorna 1tdo a larmante a condescendência com que. mesmo as m11o r-i· dadcs. esrão encarando o nudismo e a ausência d e pudor nas praias. com irra· d iaçõcs por outros logradouros públicos. Há no homem. cm consequência do pecado o riginal, uma tendência para a sensualidade, responsável pelos costu• mes pagãos que enodoam nossa civili• zação c risrã. Infelizmente semelhante te ndência tem. mesmo entre os íiéis, uma audiência culposa. Por isso a Santa l,Çrcj:,. continuamente. desde os primór• d1os. está a advertir os seus fi lhos sobre os perigos oriundos da concupiscência. carnal. Nós mesmo, no decurso de nosso e piscopado. já várias vezes alcn ainos nos.sos amados filhos contra semelhante pe rigo (vejam-se- os tópicos no índ ice de ·· Por um Crislitmismo A utê11tiru", e especialme nte nossa Carta Pastoral so• brc "Ca:uiclatll•. 1-/umiltlmll•. />c.•11iti.,udt1. t'tlfill'U~rhuica.>· do ,·ristiio. 11/ic t•rcr.t da Ordl'm Social". p. 157 e ss.). Hoje dá•se do pudo r uma conceitua· ção fols.-i.. Reputam-no fruto de precon· ccitos herdados dc um passad o cm que vigoravtim outras conveniências sociais. O pudor seria. pois. algo relativo. sem um íundamcnto na própria n:iturcza humana, como de fo10 e la <!xistc. Torna· se. pois. necessá rio csck1rcccr bem os fiéis, p~tra que viva1n de acordo com a Fé que prorc,ssam. Assim, jan1ais es..1ucccrão que o pudor se re laciona com o pecado original. Com efeito, este pecado é q ue. histori .. camcnte. lhe deu origem. Pois, composw e mbora de alma e corpo, meio matéria rncio espírito. a naturc1.a h umana, c rn si, nada tem de mau ou perverso. Alê,n disso, 1>ara pl'evenir os movimcmos desordenados. oriundos da pane inferior. o Senhor. na sua incf(1vel bondade, dotou nossos primeiros pais com o don1 da integridade.. Com semelhante dom. podiam e les viver traqOilamentc nus. sem que rnl condição pudesse i,npcdir ou mesmo perturbar a contínua união de suas almàs com Deus. Os sentidos es1avam totalmen te ao ser· viço da ra1~10. Não tinham a menor co,noção que não rossc untes resolvida pela intcli;éncia e. orientada 1>ara um bem superior. A desobcdiênc ia de nossos primeiros

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pais teve como consc<1üência a perda não some nte da Graça sa ntificante. como também do dom da integridade. Eis Ctue. logo após o pecado scntirnm a vergonha de sua nudez. e procuraram cobrir, ao menos. a cintu ra, embora fossem C<.1 sados e estivessem sozinhos (Gen. 3, 7 e ss.). Alii,s, o próprio Deus Nosso Senhor veio-lhes cm ;rnxilio tecendo pnrn eles um;.ts vcs1es de 1,elcs de :lninmi~ corn que os vc:,,:.t iu: ·· Ft·: 11 Senhor IJ,·us para 1f dtio ,, .wm mullu•r tmlllJ 1ú11h'a.,· de 1wlt•,\' ,. as w·.,·t iu" (Gcn. J. 21). Em eonseqUência. aceitando humildemente sua condiçílo atual. os fiéis agradecem amorosamente a ma1erna adverttncia d;s Santa lsreja, e cuid~1m de vestir seu corpo, parn q ue não venham a ser cúmplices do am biente sensual e pecaminoso. hoje vigente um pouco por toda parte. como resultado do menosprezo da Revelaç,,o. De Oulro lado. o pudo r é a melhor salvaguarda da pureza da a lma . Eis porque rtite rndamente adver1c a Sania Igreja con1rn os male.s advindos ,t alma com a íalta de recato e pudor. Sirva de exemplo o que escrevia aos Ordinários de Lugar a Sagrada Congregação do Concílio. no Ano Mariano de 1954: ..A imo déstia ,. falia dt• n·,·ato nas Vl•stt•s toruou~se comum nifo somente nas praias e ,·t1S(1S de fêril,s. mas 11ou1-.w! {•m ioda JJilfl<>. pdas ruas dt1 âdades e llldeiilS. tm lu}:fJfl!s públicos 0 11 priwulos. l' ,uio raro àté u<, r,•cinto das igrej as. D<•s.sa m (méirà J}(i l!-SI! em rist·o gravissim<) (1 iuori!n· ât1 dn j u vemr,dl!. ,·,ljo rorllçtio faâlmente se i11dim1 ao viâ<) .. (Cfr. Carta Pastoral ..Cas1idmlc·. llumiltltuk. Peniténâa", in " Por um Cri,tlitmismo A w h 1· t ic<>". p. 168). As pa lavras dess11 Sagrada Congregação nos levam a rccornendar que. na formação da.s consciências. insista-se sobre as conscqUênci:,s <1uc se irradiam de nossas atitudes, Pois. ;l negliJ;!ência ou certo liberalismo . nesta m;Hé rm. é. cm grande parte. rcspons~ivel ,,cio ambiente sensual que lamcn1:11nos na socicd:1dc de hoje. 1nfclizinente. não costumam os moralistas advcrcir sobre a rc.sponsabi· lidade que c.:1bc aos fiéis pel:t sua contri· buiçã o. devido;', sua m:1ncir:1 de 1raj~1r e agir. n:1. éonstituiç;.io e manutenção do ambiente sensual d,, socicd:,dc de hoje. Semelhante ;-tn1bicnte é íruto cm par1c do dc.s cjo de prazer de uma socied.tdc paganizada: 1nas é tnmbém um incentivo para os crirncs que brad~un aos Céus. praticados por ess;1 1ncs1n;1 sociedade, como o aborto. e ou1ros pecados contra a natureza de q ue não se peja o egoísmo degradmHe do homem animal. Inculquemos, cnlim. a nossos fiéis a recomendação do Divino Mcs1rc: .. Este gé1l('ro de dem ó11io.r só se expulsa rom (1 Or(1ção I! o jejum", li.:ibitue-se o fiel ;\s mortificações - especiahnente às exigidas para o c urnprirnento exato de seus deve res - . e â oraç.ão. invoca ndo particularmente 0:1 pro1c..-ção de Maria Sarnis$ima. Estará dando su:1 contribuição para o saneamento mor:11 de seu c írcu lo social.

Reforma agrária Outro assunto ri ser focalizado. com des1aquc. na assembléia gcra l da CN H13

deste a no. é a Pastoral da terra que vem com a conotação de urna Reforma Ag rária. Semelhante indicação vem motivada cm v.:írios conílitbs sobre posse ele terra. denunc iados por Prelados e mis· sio nários. Seria ingênuo acreditar que o pro• blc ma não existe. como o scri.t igual~ mente desconhecer o perigo de uma SO· lução que termine fovo rccend o ;'1s ideop log,ias socializantes. Po is. iram-se. cm últ ima anúlise. de coibir os abusos no exercício do .direito de propriedade privada . E cm ta is empreendimentos, de si louv{weis. não é difícil a infiltração de elementos a \1 ançados. contn\rios ao próprio direito de propriedade.

"/Jt1stt1 comcnt;)vamos Nós cm Nossa "Carta Paslornl sobre os ardis da seita comunista'' - t/Uf! (tal movime nto) não 11.firnw tlt· 11u11wira enhgict1 l' ,·ate· gdriN1 que () i11stiwto da pruprietlad,~ privfJdfl é legitimo, paril {fUl' ti ,·tm1pa11Ju1 auxilie a aian1o dl• clima hostil i10S proprietários. e11quantt1 10ls'' (Cfr. "f><>r um Cristianismu A u{(~utiro". p. 138), Recordemos. pois. brevemente a Uout rina Católica sobre a matéria. Dois princípios htlrmônicos cs1ão na base da solução c ristã dos p roblemas econômicos: 1°.) O dcs1ino íund~1mc1Hal dos bens terre nos. cnquãnto foran1 cria· dos por Deus para beneficiar a todos os homens. Princípio q ue chega e, jus1ificar a a propriação do alheio cm c:iso de extrema necessidade; 2°.) a legitimidade da apropriação cxclusivi1 de bens 1crrc• nos por pt-trticu larcs. Neslc principio se basc1:l o direito de pro priedade ,,rivada. que é objeto de d ois mandamentos da Lei de Deus: ·· Ntio furwr" e ·· Nâo d<•spjar tis c·oiS(IS alheit1s", Diz Pio XI na sua célebre ê ncictic,1 "Quadragesimo Amu>" que ..li pr<jpria 1)mur,,zti exigt~ a repartirão ,los bt.'11S (·w , duminios pr,rti c·ular(•s prt'ci.Wlm<wte (1 Jim <lc~p odl!rem as c·oisas uitulns st.'rl'ir t,o bl'm nmnun ti,• modo or<lnuulo ,, co11s11111te", Como dizíamos. pois. nos dcsignios Documento de Puebla d:t Providênci:J os dois p rincípios íun• Ê do <.l ominio pllblico ;,1 divcrgênci:1 ciooarn cm col:1bornçâo: a 1>1·opricdade cn1re o 1°. vice·prcsidc111c d o Ceiam e a privada é o me io ind ic;1d,1 pcl;:i prbpria CN HU :-obn.· as public.s('ô<:s ofici:,is do naturcl~I que torna possível a rcaliz~1ç.â o documento de Pucbl;-\. O Sr. D, Luciano do destino comum dos be ns cri.idos. Descendo a c:1sos particulares. os f>ap:u; Duaric salicrua e rcp1·ov.:1 os co1nen1{1do Rcvdo. Pe. Lib~inio como conreivindicoun a propl'icdadc privad:.i tam- trios r:irios ao documénto. e. no e nt,rnto, bêm dos meios de prod uçâo, entre os publicados c m edições ofick1is d;1 CN BH. quais. es1:i, cm prime iro lugar. a terr.,. Ao lado dessa d ivergência . o " Cumu• A li:ís. a 1nodução c m larga e.se~, kt só é niaulo m ensal dfJ Conft•réu d t1 dos /Jls· eficiente quando wmbé rn no c.a mpo h~i pós d<> Brasil". n.• 326. novembro de lavradores t1ssa lariados. Pio XII . ao re1979. traz (pp. 1167 e 1154) uma troca de comendar a pequena 1>ropricdade n ir:,1 leve cuidado de advcr1ir: ·· /)is.to aão corrcspo ndênci:1 cntrc o Sr. D. Ivo n•:mltfJ qu<• st· 11tg 11e a utilidmle. muiws Lors:chcitcr e o tlnmo. Sr. Cardc:1I llaggio sobre emendas ao texto de Pue• veZ<'S " 11t n•ssillade. d,• <·mpresas agrd· riil.t mais vm·ta,f' (Alocução d e 2 de julho bla q ue lhe teriam mud:1do o scniido. Através dr, ca rta d o Emmo. Sr. C:1r<k:1I de 1951. A.A .S. 43. p. 554 e ss.). ll:,ggio vê·sc que as cmcnd:)S fora m Nesse capítulo, o socia lismo e oco- introdu;~idas: após a revisão do texto munismo s_ão visceralmcnte antica1óli· fcit~1 c rn R om:t . por um:, comissão espc· cos: são contra a propried,tde pri vada. c ia l. emendas aprovadas pelo P;lpa . purc.1u'-' p leiteiam o nivelamento social. Entre elas dcs1aca mos: "A /)outrilw d,, Ali.is. este ódio à hierarquia é que leva- St•l{ura11ca Naátmal enH•mlida c-cm UJ \'~\ Lenine ao seu ódio a Deus. Ele é hl<•c>lrJtill absoluta nâu .\'(' Jwrmtmi::a contra qualquer religião. J)orquc toda com umu ,·lsão ,·ristõ tio Jwnwm". Dcsreligi;Jo postula um:1hier;.lr.,)ui.l. É iguill- làC<lmos \!Sta. porque cl:1 indica bem a mcnte este o capítulo por onde tentam as orienwçâo que a S:rntà Sé deseja e.la r ao ideologias socialií'.~rn1cs :1 brir uma bre- pasto re io das a lmas na América Latina. cha na resistência ca.tó1ica. Eis que hoje é Quanto aos textos de Pucbla , de fa to os comentários não podem fig urar cm edi• çõcs oficiais, a não ser com indic;u,--1io clara de que não 1é01 a c h.anccla oficial. Ê o q ue se dcdu1. d e ca rt:t do Ex,no. Sr. SccrcHírio Gemi do Ceiam a D. Ivo Lorschcitcr c··comuni<'ado nwnsal". dezembro de 1979, p. 1228). 4

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Visita do Santo Padre João Paulo li ao Brasil

Deu$.

Ê d o domínio público q ue o Santo P;1dre Jo5 o Paulo li vir.í abençoar as lcrras b rnsilcir:ts e afervorar :t devoção eucarística d e s:cu povo. Devem os R R. P:1drcs prc1:,arnr os fiCis par:1 c.1ue cs1:1 visi1a. de si tão e xce lsa. seja rcalmcme: fru tuosa para a vida católica do povo. das famílias e das pessoas, Ao lado de: exercícios piedosos, salientem a Missão do Papado na Santa Igreja. de maneira que fique bem vivo na mente dos fiéis: o cadll'r .sohrc11:1tural da Voc.·cgcrência de Cristo que o Sarno Padre exerce na Terra. O programa da excelsa visita não foi ainda estabelecido. É certo q ue o Papa presidirá ao encerramento do Con~ gresso Eucaríslico Nacional de for t:t lcza, no di" 13 de j ulho. G1·a to pe la a1enção que V.Rcvma. vai dar a cst;1s Nossas comunicações e comcm,irios:. envian1os-lhe a todo~ os fiéb. cord i:11 bénçJo cm Nome do Pat clrc e d o Fitlho e do Espírito t Santo. Amém. D;lda e passada na Nossa Cúri:-i Diocesana, cm 28 de janeiro de 1980.

Catechesi tradendae ~nt,·c os assurHos de stw l 8,.-> ~1ssc1n-

b!éia geral. marc;lda para cslc .ino. a CN HB destacou o relativo i1 c.i 1cqucsc. M 0 1ivou o dc:-taque a import(rncia do :1 s~a,11uo. suhlinhado pela rccc111c c xor1a• ção do s~1nlú Padre .. "Cmt•du·.í i t,·mlc~11dlw". ~uc. por sua vez. atende a um voto do S i,10<10 do~ llispos. Atualmente, é de suma imporcância uma catequese, a um tempo. o rtodoxa e

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eficaz.

Com efeito. não é preciso mostrar a meticulosa vigilância q ue pede a catequese nos dias de hoje. pa ra q ue se m;rn. tenha fiel à Reve lação cransmitid;1 pe la Sant:i lgrtja. Pois está presente a todo o mundo o escâ ndalo provocado pelo numeroso grupo de teólogos q ue toma1·am ~, defesa do Professor Hans Kung. da Universidade de Tuhinga, n:t Alemanha, :10 ser e le censurado pela Santa Sé. Porquanto Hans Kung se opõe a dogmas fundamemais d o Cristianismo. como a Divindade de .Jesus Cristo. seu n:,scimcnto virginal. e de modo geral à

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indispcns.:ívcl premuni r os fiéis contr:1 semelhantes infiltrações. Es1c assumo j(1 comentamos corn Nos·s os ca ríssimos coopcr,1dorcs e am:~dos filhos na Nossa ..Corw f)osuut1/ sobr,, <JS ordi,t da seilll ,·om1mista" (C fr. ·· Por um Cri.,;1it111is11w Autêllli(·o", p. 133 e ss.).Lcmbrcmos 01pcoas que cn1 prol d.i Reforrna Agr.:'tria tc m-·sc adu1.ido o princípio d e que .-i 1erra é de quem a 1r;:1ballw, Semelh::tnte slo,C!tm fazi:-1 ))arte da campa nha comunista de Lenine. par.i liquidar todos os pro,>rict:írios rurnis. C c m se,uido gera l é e le fa lso. porque lev;lrfa a negar a legicimidadc do direito :i propriedade rural por par1e de todos aqueles que pcs.soalme,He n~o trnb:1lh:un sua cerna. O que é frilso. absurdo e gerador de misC:rí~1 soc ial. Não (! somente a Rcvdaç.:i o que se opõe ao nivelamento social. aincht que seja apenas econômico. Ele repugna ,, própria natu reza. Tanto é assim que. 110s próprios paiscs comunisi.1s. nos quais cm tese. todos são iguais. hú clas$e.s so ciais. E a inda agora. por motivo do prcc:'trio estado de saúde do dit~ulor d~t lugosl:lvi(1. comenw v;:1 um;:1 jornalís1.1. escrevendo de Belg rado. que o maior problern:, para o sistema económico do país é o ··1rt1ballw dmulestino", ou seja. o ttab;1lho pcsso~&I re;ali;,ado fora do hor:'trio ofici~tl. que rcrmitc aumentar;, renda e dar ã c id.:tde o aspecto de um~, vid~l com r-1 abundilncia comurn :'1s cid:1des capitalistas. introduzindo novamcn~ te a divcrsidndc de cl:,sscs. E o governo niio conse,sue eliminar tal anom.1fü,. O que ciuer d izer que a própria naturc:t,a se orienta par~t urna hierarquia social. Eis que. como cm todos os demais problcm:,s humanos, a solução eficaz deste !!Ó se ob1ém ~unwés da pr:ític.:1 da virtude. l!n4uarno a sociedade se mantiver a lhei,1 ao sa nto temor de Deus. ncnhuin 1>roble1m1 social terü solutão verdadeira, ú novamente somos impelidos ,1 .1consclha r o jejum e a pe nitência,

O. Mayor sobro a Rcfomla Agrária : ..O socit1lismo e o comunismo slio visce,.1/mente hntlcat6ticos: cont111 a proptiedadc privadu~ porque pleiteitJm o nivetnmenlo social: conCrlJ a religiõo. po,·q ue esto ,,ostula umo hierarquia".

!Antonio. Bis1>0 de C:.mpos Pe. 1-1 . C. Físchcr. Sccrct.írio do llis1>:tdo

C ATOLI C ISMO

ícvcreiro de 1980


CARIDADE: VIRTUDE CRISTÃ SILENCIAl)A, MAS SEMPRE ATUAL

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A

SOCIEDADE Brasileira de Defesa da Tradição. Familia e Propriedade alcançou pleno

êxito cm mais uma campanha para o

Natal dos pobres. Cerca de três milhões de cruzeiros cm dinheiro e cm espécie foram coletados por sócios e cooperadores da entidade. cm apenas onze d ias. cm vinte cidades brasi leiras. /\ arrecadação deste ano destinou-se aos pobres do Nordeste. Os donativos em dinheiro somamm Cr$ 1.424.189,48. enquanto os cm espécie (objetos religiosos. brinquedos. gêneros alimcnt icios. material de limpeza e higiene. peças de vcstu,írio. roupa de cama. mesa e banho. tecidos e calçados) foram est imados cm CrS 1.522. 755,62. perfazendo-se o total de Cr$ 2.946.945. 10. Essa campan ha,relâmpago da TFP íoi realizada entre os dias 14 e 24 de dc,.cmbro último, cm São Paulo (incluindo dez municípios da Região Metropolitana), Rio de Janeiro, Belo Horizonte. Porto Alegre. Curitiba. Recife, Fortaleza, João Pessoa, Florianópolis. Campos (RJ) e Ribeirão Preto (SP).

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• • • Para os orga ni1"1dores. na raiz do sucesso alca nçado está a consonância que o apelo caritat ivo da TFP encontrou no mais fundo da alma do povo brasileiro. Sim. a caridade. Sobre esta virt ude cristã. é notório que desceu um pesado silêncio.

nos últimos anos. Dela quase não se

fala mais. Nem dns 1ribu1rns. nem das cátedras e - "hélas" - nem dos púlpitos. Ela foi sendo gradualmente posta de lado. e substituída. no

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"QUANDO CHEGA a kombi da T FP, é dia de festa na favela'' - afirmou um cooper:'tdOr d:1 ent idade~ ao comentar a visila rcaliY;Hhi, no dia 2 dr janeiro úllimo, na favehl Barra

do ltapegica, no cruzamento das Rodo,·ias Outra e Fernão Dias. com a finalidade de distribuir gêneros alimentícios i, população. () material distribuído 1>cl:1 TFP aos pobres foi

coletado pela entidade nos bairros de classe média e operária da capital paulista na cam ..

panlrn de Natal pelos Pobres do Nordeste. Não fornm dest inados aos necessitados do Nordeste. por se tr~ttar de bens pcrccivcis. Caso fossc.•m

transportados para aquela distante região do Brasil, se dclcriorariam cm virludc do praro que demandaria a viagem.

Estes fatos fa lam por si. Mas é preciso acrescentar que a campanha registrou ou tro aspcc10 que impressionou vivamente os coletores. Em todas as cidades o nde ela teve lugar. nas classes mais modestas notava-se maior generosidade dos doadores. Não {: mesmo parn impressionar tal

larguc1.a de coração'! Correspondendo. muitas vezes. a uma privação (e. quem sabe. até a um sacriflcio) de quem tem pouco, em favor de quem q uase nada tem?

• • • A mais recente campanha da Tf.P foi uma demonstração de fraterna colaboração entre as classes sociais: os que dão. o fazem com afeto e estima; e os que recebem, com gratidão e respeito.

final do processo , por outros temas: justiça social. distribuição de riquezas . libertação dos oprimidos. etc. Não é isto notório. e até mesmo uma banalidade? Com eícito. artigos tratando dessas últimas questões enchem as páginas dos jornais. Uma ameaça local de greve será. como por encanto.

para o caos a atual ordem de coisas, da qual não iria sobrar pedra sobre pedra·? Quem ousará negar que semelhan tes apreensões não tenham assaltado o espírito de muitos, cm hõras de serena rcnexão? Pois bem. /\ recente campanha éla TFP cm íavor dos pob1·cs conslransformada cm ameaça nacional. tituiu um desmentido do mito de E de norte a sul, certos meios de que um incêndio social alastra-se comunicação social darão pol' evi- pelas classes populares. O Brasil dente que o País está cm chamas. pôde assist ir, assim. a uma fraterna Isto. cm geral. é insinuado. e não demonstração de boa vontade cm afirmado com tal clareza. Mas que m relação ao próximo. de harmonia disse que. cm nossos dias. predomi- entre as classes sociais. Os que posna a kaldadc em matéria de iníor- suem mais dando com afeto e estimação'? ma. E os que têm menos aceitando com gratidão e respeito. E esse entrelaçamento transbor• • • dou dos limites locais, para transE. assirn chcgan,os ao cerne da ío1·11w.r~sc numa ocasião cm que se questão. Será real que nosso País se cntreajudasscm as diversas regiões encontra a ponto de entrar cm ebu- do Pais. E os necessitados do Norlição1 De sofrer uma comoção so- deste puderam comprovar a estima cial inevitável? À beira de uma rc- que lhes dedicam os seus irmãos do volução social capaz de arrastar Sul, CATOLICISMO - fevereiro de 1980

Mas, então, a campanha só registrou notas harmoniosas? Não, iníelizmente. E o fato despertou perplexidades. Houve quem ousasse proferir insultos e agressões morais. E até surdas ameaças de agressão física. Estes raros casos ocorridos partiram de pessoas notoriamente abastadas e de elevada condição soçial. ..

• • • A que conclusão nos conduzem essas observações? Estamos colocados diante de uma rea lidade social que merece ser analisada detidamente. Convidamos a essa análise os espíritos lúcid os e ponderados q ue aspirnm a dias de próspera tranqüilidade para nossa querida Pátria. Em outros termos. o que pode o Brasil - o Brasil autêntico. não o da propaganda - esperar de seu povo"! A resposta é simples. O Brasil pode esperar muito do coração bom e simples de seus filhos. Mas também deve temer muito de uma parcela minoritária da população que, aberta a inOuências dcletérias e dotada de poderosos recursos publicitários pode vir a transviar a Nação dos

Com seus estandartes e capas vermelhas, sócios e cooperadores da :rradição, fa mília. e Propriedade 1>ercorreram toda a favela tomando contato pessoal com os moradores, detendose por vcies cm conversas com eles, enquanto f:11ia-sc farta distribuição de alimentos, A--população favelada recebeu a TFP com alegria, emoção e reconhecimento .

desti nos gloriosamente cristãos que pulações. Por falta de avisos? Por a Providência lhe reserva. debilidade? Em muitos casos, não. Num plano mais universal, se Apenas porque não souberam ·disana lisa rmos a História contempo- cernir e recusar a mentira que lhes r:inca e ncontraremos nela. entre ou- fora impingida como verdadé. tras. esta lição. Nações inteiras têm "Menti, 111e111i, ,nenti, que algo sido levadas para caminhos rejeita- /ui de .fi<'ar" - já dizia o ímpio dos pela imensa maioria de suas po- Voltaire ...

Desfazendo o mito de que a luta de classes empolga o País SÃO PAULO - "A campanha da TFP pelo Nata l dos pobres do Nordeste registrou um fato que comoveu seus promotores e participantes: o êx ito impressionante da coleta cm bairros operários. Nestes. a coleta d<>s donativos deparou-se com uma grande generosidade e un: ambiente de cordial simpatia". Com estas palavras, o Sr. Ecluardo de Barros Brotcro, membro do Conselho Nacional da TFP, iniciou suas considerações sobre a mais recente campanha da TFP.

mentar a luta de classes, considerada pelos marxistas como a gra nde condição para a conquista do poder", declarou o diretor da TFP: "Tal luta de classes assume no Brasil atual dois aspectos. Em primeiro lugar, procura lançar as classes sociais uma contra a outra. Ela procura tornar odiosos os ricos ou os a bastados, acusando-os de nada fazerem .pelos necessitados. Por outro lado, induz os ricos a verem com maus o lhos os pobres, como sendo seus agressores cm potencial, os demolidores da prosperidade nacional. E prosseguiu o entrevistado: O outro aspecto dessa luta de " Estando há quase vinte anos na classes consiste cm jogar umas linha de frente da ação ideoló- contra as outras as diícrcntcs regica anticomunista no Brasil, a giões do Pais". TFP verifica hoje, apreensiva. "Tendo cm vista esta situação que a manipulação dos proble- - conclu iu o Sr. Eduardo Bro. mas sócio-econômicos nacionais, tcro - e para tornar patente aos sendo desenvolvida cm escala cres- brasileiros quanto essa luta, de . cerlle pelos agitadores e propa- classes é oposta à índole naciogandistas de doutrinas subversi- nal, modelada por séculos de civas. está se tornando cada vez vilização cristã. a TFP está promais categórica cm toda a exten- movendo uma campanha para são do País". que nosso povo não dê crédito ao Depois de explicar q ue "o funesto mito de que a luta de objetivo dessa manipulação é fo- classes estaria empolgando o País".

3


NOS BASTIDORES DA CAMPANHA ÃO PAU LO, dezembro de 1979. Aproxima-se o Natal. Um movimento incomum percorre as sedes da TFP. Para ela. essa data, é ocasião para se lembrar também dos pobres, dos necessitados. "Bom dia. Somos da TFP e estamos aqui para pedir um donativo para o Natal dos pobres do Nordeste. Como a sua loja tem camisas, gostaríamos que o seu auxilio incluísse tal artigo". - "Não costumo ajudar este tipo de campanha. Mas como é a TFP que pede, eu confio". Diálogos semelhantes repetir-se-ão em várias lojas da Rua 25 de Março e adjacências, em São Paulo. Mas não só os proprietários doam: ''Se é para os pobres. não tem dúvida. Ponha na caixinha" - diz um balconista de outra loja. Nos bairros. a mesma receptividade. "Estávamos tristc.s por não Em poucos dias. a campanha•relãmpago poder ir até o centro levar o dona- paulistanos e cidades satélites tivo. Mas vocês vieram até nós" exclama uma senhora. na Lapa, on- nasceu a idéia de complementar a de o desenrolar da campanha toma ação anticomunista doutrinária com um aspecto de solenidade festiva. a ação caritativa. Também esta últiNo bairro industrial de Osasco, ma um dos objetivos da TFP. as capas e estandartes vermelhos causam muita admiração. ''Que ma- Os setores administrativos ravi lha! Ê a coisa mais linda que já em ação vi na minha vida" - diz uma senhora q ue acompanha com o o lhar "Falar é fácil. fazer é que são elas" - diz o ditado. o movimento da campanha. A tarefa é de envergadura. Tudo Nos pontos centrais da capital. a campanha encontra a atmosfera pal- precisa estar preparado: faiias, urpitante dos que vão e vêm do tra- nas. folhetos. gravação de fitas para ballio, ou dos que fazem compras. os alto-falantes. noticias para a imNo Viaduto do Chá. o óbulo vem prensa. etc., etc. Habitua lmente, na vida interna com este coment,\rio: "Já colaborei quatro vezes. Mas tenho o prazer de da TFP. os trabalhos executam-se doar uma quinta vez". Ou então: por comissões. Na presente campa"Estou gostando muito desta cam- nha, sob a direção de uma comissão panha. Estou achando boa mesmo! organizadora "ad hoc". distribuemEra o que estava faltando". se as incumbê ncias por várias subcomissões. É claro que os setores administrativos da TFP desempeO êxito jã esperado nham papel fund:1menta l. E sem Antes mesmo de lançar a campa- cessar. Há q uestões importantes que não nha. a TFP estava persuadida de que ela seria bem sucedida. Por dois podem ser csq uccidas. É preciso motivos. estabelecer rigorosas no rmas para a De um lado, a generosidade do coleta e contagem do dinhei ro e d o público. De outro lado, a simpatia materia l. fazer uma relação di:hia enternecida que todos os brasileiros dos donativos recebidos. tomar cautêm pelos seus irmãos nordestinos. telas contra roubos e cxtravios, etc. A Diretoria Adrnini!)trativa e FinanVivaz, alegre. pitoresco, o nordesti no cativou seus compatriotas do ceira Nacional (DAFN), que u·at:t Sul. Todos admiram nele uma ale- dos assuntos indicados no seu prógria de viver que a vida decorrente prio nome. entra cm ação. Cha ma os da atual civili1.ação de consumo fez responsáveis pela pa rte contábil e cautelar da campanha e os instrui desaparecer... Mas a própria idéia da campa- sobre o procedimento nestas manha teve origem no Nordeste. Há térias.

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00

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Nas vésperas da campanha, cooperadores da TFP trabalham ativamente na confecção das uroas que serão usadas para a coleta de donativos cm dinheiro

ros ou pontos escolhid os para a atuação.

A coleta não pãra na hora do almoço

da

mcns. O Verbo Se fez carne e habito u entre nós!" A Comissão d o Movime nto (CM) por sua vez. tem um papel fundamental para o êxit<) da campanha. Na vida interna da TFP, tem ela como campo de ação específico o rccnuamen to e formação de sócios e cooperadores. bem como a coordenação dos se us núcleos cm todo o Pais. Assim. rc(me agora os coordenadores de núcleos. escolhe os dirigentes de bancas e convoca todos que devem participar da camp,rn ha. Em pouco tempo. tudo está pronto. A com issão encarregada entrega a cada banca um ma pa com os bair-

Roma Ete rna. dos mi1rtircs. dos sa ntos. Ó Roma Eterna, acolhe nossos cantos... Mãe e Mestra da verdade. o mundo espera cm ti!.. ."

Anoite, na centra l de recepção

E o lanche pa ra os coletores'/ Mais uma vez tudo se reso lve por comissões. A incumbência de prover a alimentação dos coletores fica a cargo dos cooperadores do setor operário. E na hora do almoço 11 campanha não pára. Pequenos gru· pos de coletores sucedem-se, ordenadamente. junto à kombi, onde um cooperador informa: "T rês sanduíches. um rcfrigcrHntc e fru ta à von-

"Os sócios e cooperadores rnis e tais. hoje à noite. se não tiverem compromissos inadiáveis. estão convocados para irem ao depósi10 central da campanha·· - fala cm alta voz um dirigente de banca. que depois instrui: "As urnas individuais de coleta cada um deve entregar naquela kombi". À noite. na sede distrital q ue serve de depósi10 central dos donatade para cada um", tivos. a campanha continua. Urna No fim do dia , o ence rramento após urna. a abcnura e a co ntagem dit-se e m frente ao Teatro Muni- do dinheiro. O re presentante da cipa l. Soore o pr0dio ncocl.issico DA FN dirige os trabalhos. Lavra a sopra um ar cm t.1 uc transparece algo relação dos donativos do dia. cm dide é pico. O vermelho e o o uro das nheiro e cm espécie. No fi m. as assic;,pas e estandartes. o entusiasmo naturas dele. do encarregado local juveni l dos coletores a traem incon- da campa nha. e de um conferente. tú veis tra nseun tcs. Este trabalho. minucioso e c:m• sativo. termina. por VCi'..CS, altas hoRecita-se o "Angclus". E antes de ressoar o tradicional rns da noite. É hora de todos se rebrado de campanha da TFP. a afir- colhere m purn descansa r. Pois no maç.io de íé ca1ólica. A ple nos pul- dia seguinte. cedo a ca mpanha rcmões, canta-se o hino papal: "Ó comcçarft. ..

A CAMPANHA, EM NÚMEROS Campanha para o Natal dos Pobres do Nordeste 11 dias -

28.500 horas/ coletor de donativos

A. RESULTADOS EM ESPÉCIE E EM DINHEIRO Quanlidade Valor 73(> peças ..................... 14.750.00 J. 718 pcçus ................... .. 72.2 13.00 2.23 1 peças ..................... 44.961.97 9. 115 paCOlCS ................ .. 138.667. 15 117 sacos ..................... 58. 720,00 1.720 quilos .................... 25.485.30 1.052 peças .................,_. 10.846.50 V cs1uar10 •. ........... ............. .................................. ........... ..... 11.012 peças ..................... 93 1.685.00 Roupa de c}tnrn. mesa e b:rnho .......................................... 133 peças ..................... 6. 730.00 Tecidos ............................................................................. 217 metros ................... 10.927.50 Ca lç,ados ........................................................................... 2.229 1>arcs- ,.................... 18 1.580.00 Divctsos .......................................................................... . 1.822 pc~:as ............... - .... 26. 189.20 . SU B-·r o·rAt . ........................................................................................................ 1.522. 755,62 Dinheiro ........................................................................................................................... 1.424. 189.48 TOTA i ............................................................................................................... CrS 2.946.945, 10 Discriminação Objeios ,·cligiosos ............................................................. l3rinqucdl)S ....................................................................... Aliment os cm lata ou vidro .. ............................ .. ..... ..... ..... Alimcmos empacotad os .................................................... Alhncntos ensacados ........................................................ Outros alin1cntos ...................... ,....................................... Material de li mpei.a e h1g1c ne ............................................

8. RESULTADOS POR CIDADES Cidade

·-

cm espécie

":-.--

Em Recife. um cooperador da TFP retira da kombi os donativos em espécie recebidos naquele dia

muitos anos a TFP lá trabalha a tivamente. No ano de 1979, uma caravana da entidade percorreu deze nas de propriedades rurais de Alagoas, Pernambuco e Paraiba. Um amplo trabalho de esclarecimento anticomunista foi reali1.ado para os trabalhadores da zona canavieira. Somando 6.935 pessoas, 1. 700 familias participaram das jornadas anticomunistas então levadas a efeito. Dessa forma, muito naturalmente 4

Don:,ti\ros

O Serviço de Imprensa (S I) distribui instruções sobre a cobertura fotográfica . E cm breve emitirá o seu primeiro comunicado de impre nsa: "A TFP está de volta, em campanha pelo Natal dos pobres". O Departamento de Fitas e Grnvadon,-.;; (DFG) grava os sloga ns e as músicas a serem transmitidas pelos alto-falantes. O cântico natalino "Noite Feliz.. alterna-se com os dizeres " Nata l, festa de união! União entre Deus e os ho-

Belo ll orizontc ....................................... 289.780.00 Campos .................................................. 102.576.50 Curitiba .................................................. 113.348.30 Forta leza ................................................ 54.272 .85 .J oão i>cs~oa ............................................ 87.2 1S.00 Porio Alegre (1) ...................................... 64.9 18.05 Recife ..................................................... 135.552.50 Rihcirão Preto........................................ 18.328.92 Rio de Janeiro ........................................ 163.070.00 São Pau lo (2) .......................................... 493.690.50 TOTAi. ....................................... 1.522.755,62

Donativos em dinheiro

Total

................ 153.672.33 443.452.33 ................ 49.056.85 15 1.633.35 ................ 62.391 .47 175.739.77 ................ 39.571.80 93.844.65 ................ 19.245.80 l06.46.l80 ................ 27. 141.20 92.059.25 ................ 52.743.97 188.296.47 ................ 23.859.37 42. 188.29 ................ 74.568.00 237.638.00 ................ 92 1.938.69 1.4 15.629. 19 .............. 1.424.189,48 ............ CrS 2.946.945, 10

Obs.: 1. inclu i 1a mbé1n os resultados de F lorianópo lis. onde a ca111panha foi extensão da can1panha de Porto Alegre. coin a mes ma caixa e os mesmos coletores. 2. Inclu i ta,nbé m os resultados de de~. cidades da Região Metropo litana (Osasco. Mogi das C ru7.es. Ca rapic uiba . Barucri. Oiaêlcma. Suz,1110. Po:i. Mau,í. Taboão da Serra e Guarulhos) onde a campanha foi ex te nsão da can1panha e m São Paulo. com a mesma caixa e os mcs,nos coletores.

CA1'0LICISMO -

fevereiro de 1980


POPULARES

FLASHES

'' o

l.H E. SÓ POSSO dar três c ruzeiros. Eu também' estou pedindo ... " Estas pa-

não é"' Se fossem. não daria" (Recife).

• • •

lavras acon,panharam a contribui-

ção espontânea de uma mendiga,

idosa. t1uc esmo lava na Rua 25 de Março. Outrn mend iga deu um cruzeiro: ··Não tenho mais". Era o óbu-

lo da viúva ... (São Paulo).

*

Na Rua J osé Paulino, um alagoano de 35 anos manifestou sua simpatia: "Esta campanha é muito important e pela grandezi, e pureza que a TFP representa" (São Paulo).

• • • Uma moça vi nha com o donuti-

vo na mão: .. Através de amigas foi que cu fiquei ciente da c~tmpanha;j{, estava sabendo" (Recife).

• • •

Um tenente do Exército ouvia a explicação de um cooperador, quando alguém, de um carro, gritou: " Comunistas!" O tenente comentou: "Cert amente ele se olhou no espelho ... Admiro a altaneria com que vocês enfrentam essa gente'' (Recife).

• • • Num asilo. a Supcrio.-a deu quinhe,11os cruzeiros e. convidando o coletor para ir até a capela. onde se encontrava o Sant íssimo Sacrnmenw to. rezou, pedi ndo graças pnra a campanha (Belo Horizonte).

*

"Parn a TFP eu dou. porque sei que ela é séria. Para uma o,ganização qualquer eu não daria". Assim se exprime um doador. deposi tando seu óbulo na urna .

alto-falantes. o enorme estandarte rubro tre mulando ao sabor do vento

*

impressionavam muito e, êls vezes, causc1vn m emoção. Assim. uma se-

Um garoto. que brincava com o seu carinho, ao ver a campanha:

No bairro de lmbiribcira, entre

várias crianças- cstabclcceu•se uma verdadeira disputa pnra ver quem traúa mais presentes para os pobres (R ecife).

"Mamãe, posso dar este carrinho J>ara os pobres?" - "É seu , pode dar". Todo satisfeito , levou o seu presente até a kom bi (Rio de Janeiro).

• • •

• • •

Dirigindo-se ,, dona da mercearia. um freguês. cm alta voz: "Dê

Um senhor, no momento c m que doava: '"Não costumo ajudar esse

-

nhora com olhos rasos d~ lágrimas, e nt regou ao netinho o dinheiro para que o !ovasse até a kombi (Curitiba).

• • • Na feira do bairro do Glicério, um cooperador nissei abordava os membros da colônia japonesa: " Bimbo-djim no Curissumaçu (Natal dos pobres)" . Eles paravam, inclinavam

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1

,. Recif e: nos bairros populares e de classe média, ma,,ifestações de generosidade

zeiros. Às vezes, pedia aos transeuntes para colaborar na campanha. De quando c m vez bradava: '·Quem dá aos pobres, empresta a Deus!" (São Paulo).

• • • Uma doméstica, de 60 anos, n a Vila Isabel, tendo d epositado o donativo da patroa, tirou cem cruzeiros do bolso do avent al: "Este donativo é meu'' (Rio de Janeiro).

• • • Um sen hor de seus 50 anos. no bairro de Sarllo Arn,1ro. depois de ter dado o donativo: "Vocês são daquele movimento chamad o TFP. não são'/ Muito bem! É preciso combater o comunismo mesmo. Vão cm frente!" ($ão Paulo).

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A campanha prosseguia mesmo debaixo da chuva. E uma senhora, que a obsen·ava de sua casa, ao ser abordada por um cooperador todo molhado, começou a chorar de emoção (Rio de Janeiro).

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Nas vésperas do N:ual. quem passasse pela Rua General Carneiro. om São Paulo. no meio dos camc• lõs que ali fa. zcm ponto. po· dia observar os coletores da TFP em ação.

r

• a cabeça à oriental, abriam um larw go sorriso, depois o coração e a carteira ... (São Paulo).

• • • Um menino de 13 anos, que vendia vários objetos domésticos na feira , deu ci nco cruzeiros. Pouco de...

pois, mais dez. Mais tarde, vinte, e pediu ao irmão que desse dez cru-

• • • Uma senhora, de aparência muito humilde, de uns 70 anos. aproximou-se do coletor: "Vocês merecem. Não é de hoje que os vejo aj udarem os mais necessitados". E deu todo o dinheiro da velha bolsa: um punhado de notas amarrotadas de um cruzeiro (São Pa ulo).

Em Porto Alegre. a satisfação da dona de casa e da cria,,ça ao depositar seu dona• tivo na urna

Estendendo a mão com o dinheiro, um senhor aparent ando 40 anos, parou o automóvel na Rua José Paulino: "Essa campanha é digna de todo o apoio. Quero dar o meu!" (São Paulo).

• • • Na Ladeira Porto Geral, um senhor de 50 anos, aparência pobre, paletó surradissimo, após ouvir explicações sobre a finalidade da campanha, tirou do bolso várias notas. amassadas. Escolheu a de maior valor (cincoenta c ruzeiros) e ia colo-. car na urna. " I; muito para o se-

. N os bairros da_ capital paulista. às donas de casa são também muito generosas. E mais uma vez a kon,b1 ó pequena para recolher os donativos: azeite. farinha. café. biscoitos. etc.

.. 1

Aférn do dona· tivo. os comer· cia,nes. muitas veios. exprimem sua adesão: .. Conheço vocês e sei que fazein isso por caridade".

quinhentos cru,.ciros. porque fazer campanha num sol desses merecer· Essas cstirnu lantcs palavras sun ira m bons donativos (Recife).

tipo de campa nha. mas a TFP cu :1judo" (Rio de Ja neiro).

• • •

A reação de uma senhora diante da afirma ção de que os cooperadores da TF P não podiam tocar no dinheiro, e de que ela devia pô-lo no envclupe: "Í-: mes mo, meu filho. Um repórter pode tirar fotogr:rfia e depois prejudicar vocês. Mas sei <1uc

Um senhor. num bar: "Conheço pessoalmen te o Plínio Corrêa de Oliveira. É uma sumidade, uma grande cu ltura. É homem capaz de tudo" (Belo Hori1,onte).

• • • Um senhor. ao ser in formado de que os coletores era m católicos: ''Mas não são da linha de D. Helder, C ATOLIC ISMO -

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-

• • •

\'Ocês não são vi:!:1ristas" (Porto

Alegre).

• • • A movimentação dos coletores pelas ruas, os hinos natalinos pelos

feve reiro de 1980

1


Flashes Populares nhor..... -

Em Londrina, TFP entrega

UN"c10, não é. Vale a pe-

na" (São Paulo).

*

donativos à Creche Sta. Rita

"Atrapalhei a venda hoje, não? Fiquei o dia todo em frente à sua loja, coletando". - "Muito pelo contrário, fico até muito safisfeito de ver junto à minha loja jovens que trabalham por um tal ideal". Era o dono de urna loja da Rua 25 de Março (São Paulo).

1(

.---

LONDR INA - Como vêm faze ndo nos últimos nnos po r oc.isíão das fostas de Nata l e Ano 1ovo. os sócios t: cooperadores da TFP de Londri n;, (PR). iamhém c m 1979 recolheram donativos p.irn ;,judar c rianças pobres de su~1 cidade. Gêneros :11imcntícios. brinquedos e roupas: num va lor estimado cm Cr$ 2 10.<> I 1,50 foram e ntregues it Irmã Apolinc. diretora da Creche Snn1:1 Ril:l. instituição das Irmãs de São Vicente d e Pau lo n;\qucla importan te cidade do norte paranacnsc. ·· 1::\·111 é a l<·rtn'r11 V<'Z (JU<' pro<·10·1101us dar ,u,ssll ,~jtulll au Ntital tias ,·rit111('11s pubr,,s de l .o,ulriJw, e u 1·es1du1tlo 11IN111rtulo tleve-.W.' à g1•111•ro.vidade da l"'f"tfaçt7o londri11e11se .. - observou o Prof. Gil ivtario dé Maced o Grassi. encarregado da Sede da TFP nessa cidade.

...- -.--- .

• • • Urn senhor de êondi'ção modcsta,.de 60 anos, ao ver os estandartes e os sócios e cooperadores espalhados pelo Viaduto do Chá: "Vocês estão de parabéns! Fico contente cm saber que existem ainda jovens como vocês. Que Nosso Senhor os aj ude nesta brilhante campanha" (São Paulo).

-

A CAMPANHA, EM NÚMEROS 1 PARA A CRECHE SANTA RITA

• • • Tocando urna gaitinha, um cego pedia esmola, no Viadu'to do Chá. Ouvindo os slogans, chamou um cooperador: "Para q ue é esta campanha?" - " Para os pobres do Nordeste". - "Eu quero também ajudar". Apalpando várias notas, escolheu e deu orna de cinco cruzeiros (São Paulo).

Quantidade

Valúr

295 pcç:,s .........

6. 770.00

t07 pcç:,s .........

2.478.00

Alimcnlo.~ cmpacot:1dos ............. ...... 70 pacotC:i ..... Outros alimentos. ...... ..... ...... ..... ... ... 941 c.1uilos ....... . M~1lcrial de limpe.:z:l o u higiene......... J05 pcç:i:c-: ......... Vcs1ui1ri(.) ..... ..... ......... ...................... 2.lS09 pcçJ1S ......... Roup:-i ck cama. mesa e bnnho ......... 22 pcç:1:-- •.....•.• Tecido$ ............................................ 29 n1c1ros ......

890.00 14.547.SO 3.272.00

flrinqucdos ...................................... Alimentos cm l:1t;1 ou vidro... ...........

...,\ ..:,A~·

.- ''J..i .~ :~ ,/

"Para o Natal dos pobres do N ordeste. o Sr. não vai dar um donativo? Campanha promovida pela TFP". Com estas pâlavras. os sócios o cooperadores abordavam cordialmente os transeuntes, que respondiam com um donativo proporcionado à sua generosidade ou às suas Posses. • --vamos encher os cofres dos rapa::r:esl Ê para os pobres do Nordeste". Palavras como estas. de um nordestino entusiasmado com a campanha. são o uvidas de tempos e,n tempos.

Calçados...................... ....................

39.l pares .........

Diversos ................. ... ......................

97 peças .,.......

15 1.969.00 3. 1J0.00

900.00 16.7.lO.OO

9.925.00 VALO R TOTAi. •.........••.•........•.. ...•..........•..... CrS 210.611,50

SANTA RITA . . ,_ . . _.,.___,..,.___ ....,. . ....- -e-

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CRECHE ~

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lli,,o. sr . Dr . PU n10 Corri• d o Ohvetm n. o. J>r e•hkn t o do Con•ol ho Noctoni>l Ju Sool od1:1,de Br asil.e : ru d• llureaa da ro~n ta , r r-;;,d tç-:lo., ?roi,d•d1,dc B~a- Alasouo , )50 - l t cni &r ~ ~ j l g_:;jf A

Coneret::i.~io d1.1a I r &iic, ( Yllh 11"' d11, Cur1d11d1t

do :iSo Vlconte do Pà1.1lo , 11or ouo. rcp r<1oeM a 11tt' do Cr ocho Sot1:o / fli ; a , d e 1 ondrlM, eont.c- oe uitto h on r odu e á6raJeo1do co e • Orl lhuc t o Co.a iianhll de ur r oc odl)çiio di& Don a t1vo4 pt-.r·1,1. o l>tt bl de • cui;, poor . . , pro•ovtdu i,c,lt1 Sociotd•d• f r• d11.;iio, f 1u,fl tfl , Propr i.ed(ldO , d,- Q•,u1l 4 'I . ~ . Pr ••1dento , t·nv1a ogro dt!c 1r.unto r..tito a•p11'c~ol c vo to de louvor 001:1 Jov~no ro pr o3ont11ntc11 doo11i, ooc l ede;do , 1u o , / nu r;o dcu~onot ro.c,-õo d;: Fd e Cnlo r Crt ot.~o. n;o t -u , ~udi do ;:afor- / çoo noe !MICdf!cioo, no 1t0 11osronho d~ tão frd!Jn t • rof111 . Atr11dec1

r..er.to tt1eib4=, por ••~u rec e • t•a ,!ovena rtlundo cor.hoe tdo:,o 1u,~~/ da Crocbo e oonalbil h.unllo o po 51ulaçio eia :-o.vor de 11011• .. aa,au ..

TFP faz entrega de donativos aos pobres

O r oul t odo 4o :,rrcco1h1çêio .wpçr ou i!o c.ut lO • • u .poot11t!v110 , Sord ll('ll i c 1,do t.o t e,, l un to no aol h od n do ~ tondlecinto oo• oootot.1<10:,. dou:,, lhe .. P8&\III: por t11ntQ1 dodi otição. O:rn~ 1' oo r o'bH ~ poq30irt coni-,,r. H n:,r<' coe. ti c ohbor .:.,;io h pcooo:.io /

d• tão a H o• bSoata

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do t.-nti. • t \la~üo e di naeta~o. Pro ru n d8Mrt t • oon :,tb1 Uzodll'O

FORTALEZA - Foram entregues à Sociedade Educacional e Beneficente São José, da Congregação das Josefinas, os donativos recolhidos nesta cidade. durante a campanha pelo Natal dos pobres do Nordeste, pelos sócios e cooperadores da Sociedade.Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade. A Irmã Rosita de Paiva, Superiora Geral da Congregação das Joscfinas, recebeu da TFP os donativos. Na ocasião, discorreu sobre as atividades que as 274 {. religiosas josefinas desenvolvem ern 61 comunidades situadas c m lugares carentes de cinco Estados J do Nordeste, além da Prelazia do Acre-Purús, na Amazônia. Mostrou a Irmã Rosita que a Congregação tem corno finalidade dar catequese e assistência às crianças e jovens pobres ou desamparados. Além disso. presta assistência aos leprosos da Colô~ia Souza Araújo, situada a 12 f!, quilômetros de Rio Branco, capi- final do tal do Acre. vestuário

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Mensário <:om aprovação e<:lt siàs1ica -

Campos -

Esrndo do Rio

Oirttor: Paulo Cort1a de Brito Fil.ho Diretoria: Av. 7 de Sc1cmbro. 247 • Caixa Po$1::d 333 -

Administnçio: Rua Dr. Mart inico Pr~1do. 246 • 01224 -

28 100 Campos. RJ São Pau1o, S P

Composto e impresso na Artprcss - Papéis e Arte$ GnHicas ltda., Ru:, Garibaldi. 404 - 01135 - São Paulo. SP

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dia de campanha em Fortaleua: brinquedos. gêneros e peças de recolhidos são ordenados para a· contagem.

Assinatura anusl: comum CrS 300.00: cooperador CrS 800.00: benícitor C rS I.S00.00: grande benfeitor CrS 2.S00.00; semin::irisrns e e-studantcs CrS 250.00. f;x1erior: comum USS 20,00: bcníci1or USS 40.00. Número :ivulso: CrS 20.00.

Os pag.tmcnto~. sempre cm nome de Editora Padrt Btkhior de Pontes $/C. poderão ser cnc:tminhados à Admi,,istr:u;.ào. Para mudança de endereço de assinantes. é nt.'t'.'essário mencion:tr t::tmbém o e ndereço antigo. A corrcspond~ncia relali\';1:\ :1ssi natura e vcnd~ aV\llsa deve ser envi:1da à

Adminis1r~çio: Rua Dr. Martin ieo Prado. 246 • 01224 -

S3o Paulo. SP

CATOLIC ISMO -

ícvcrciro de 1980


NATURALIDADE, CALMA E ACONCHEGO NA ~)

VIDA PEQUENO-BURGUESA

A

PROPAGANDA comunista cost uma apre.sentar o peque-

no burguês como uma espécie de microbandido, sanguessuga da vida e um inúti l para a sociedade. Ca ricaturi,.a -o, põe-no cm ridículo e o apresenta ;.i execração dos homens. Numa sociedade cristã. pelo contrcirio. a pequena burguesia constitui um valor precioso e indispensável. Sua vida ordenada. séria. simples. mas dotada de uma dign idade

mônica de valores um e lemento de transição indispensável entre o operário e o burguas. A naturalidade. a despreocupação. a intimidade e o aconchego fozem o encanto próprio da vida peq ueno-burguesa. (; o que ilustram de modo acentuado estes três quadros de Vermecr. famoso colorista 11amcngo do século XVI 1.

• • •

fundamcn1~1lmcntc superior à do tra-

ba lhador manual (o que nã o quer de nenhum modo di7cr que este tam-

bém não seja digno -

rcssalvcmo-

lo. para desarmar chica nas de pro-

gressistas. sempre propensos à luta de classes). representa na esca la har-

Uma jovem detém-se cm seus afazeres domésticos para observar por um momento a rua. Sua fisionomia é distend ida e ca lma. o gesto é natural. a cena corriqueira. Uma

das mãos segura levemente a a lça de

urn h:,vabo, enquanto a ou tra man-

tém ent reaberta a ro lha da ja nela . A parede é grossa e pintada de uma só cor. corno numa residência

modesta e comum da pequena burguesia ílamenga da época. Dá idéia de força. estabilidade, sim plicidade. A sala é como um mundo fechado. dentro da qua l a pessoa se sente numa atmosfera mora l específica.

inteiramente diversa da rua. Abre-se para ela a janela cm vitral. mas o mundo externo parece estar. psicologicamente. a mil léguas da personagem.

Ambiente fechado. sim. Porém não ambiente vazio e sem vida. Nele penetra m várias claridades de espécies diversas. Da janela vem uma luz

que banha o sembla nte da moça, se difunde pela parede e pelos objetos, reíletindo tons variados, e se t ra nsforma em suave penumbra junto à mesa e ao rés do quadro. Nesse ambiente simples há. entretanto. uma nota agradavelmente paradoxal de moderada riqueza e de distinção: a cobertura da mesa uma toa lha de tecido ricamente trabalhado; o cs1>lêndido mapa mural. que dá impressão da intelectua lidade e la,·gueza de horizontes. São estas característ icas de um autêntico ambiente da pequena burguesia.

• • • Em oucro quadro de Vcrmeer. obscrva•sc as mesmas notas de naturalidade e simplicidade, tão próprias ao pequeno burguês. Trata-se de uma tecedora de rendas exercendo seu ofício. A calma mcditativa que salta do quadro impressiona. bem como a disti nção do semblante dessa jovem, banhado por uma luz quase que imaterial. Foi uma calma transcendente. a calma do perene. pintada !)Or Ver-

CATOLICISMO

mccr. que transparece nesse q uadro de modo sa liente.

• • • Observe o leitor esta cena da mulher despeja ndo leite. Mais corriqueira não poderia ser. Retrata uma das 1arcfas mais simples nas atividades caseiras. Entretanto, quanto atrativo ela tem, como se impõe à nossa observação! Nota-se no quadro a ca lma e o aconchego intrínsecos à vida doméstica que o pintor Oamcngo traçou com seus jogos de cores e de luzes. Mais uma vez, a dignidade própria à pequena burguesia. ·

• • • Em s uma. estes três q uadros revivem ambientes cheios de significação psicológica, que se desprende de tod o o conjunto de seus elementos. E retratam de modo soberbo situações que. dentro de sua escala de valores. têm todo o direito de c idadania numa sociedade verdadeira mente católica.

fevereiro de 1980 7


.AfOLECMSMO

O SANGUE DE SÃO PANTALEÃO CONTINUA LÍQUIDO José Francisco Hernandez -

Especial /Jara "Catolicisn10"

''P OR

UA1 ESTRANIIO f)(ll'adoxo histórico. esl(• nosso últi,110 qum·to de .r.éculo f?'UÍ sc.?ndo ,uar~·ado pela hr~lf!d

erupçiio do sobrnw1111·11I . O comcntarast:1 que rcchg1u essa frase, não sem um certo desagrado, como o leitor terá notado. certamente ainda não tinha tomado conhecimento do mil:tgroso '1\'ÍSO de São Pantaleão, mártir do século IV que. na época atual, em que predomina o materialismo e a sensualidade. vem preocupando 32 milhões de cspanh(1is.

MADRID - Todos os anos, ao aproximar-se o encerramento da festividade de São Pantaleão, no dia 27 de julho, a Madre Abadessa do Mosteiro da Encarnação de Madrid 1cm por costume enviar uma nota aos jornais daquela cidade, solicitando que sejam anunciados, na sua seção religiosa, os atos de culto que se farão cm honra da milagrosa liquefação do sangue daquele márti r decapitado. Alguns diários espanhóis costumam publicar o aviso em três ou quatro linhas perdidas no caudaloso noticiário. O que dificulta o conhecimento do fato miraculoso por parte do grande público. O sangue, que se conserva durante o resto do ano cm estado sólido com uma cor escura, começa a se liquefazer já na véspera do dia 27. Apresenta então uma cor vermelha viva, tomando progressivamente a forma do relicário de cristal que o contém, como se acabasse de sair de uma das feridas causadas a9 santo pelos carrascos pagãos. Sacudindo ligeiramente o relicário, pode-se ver a íluidcz com que o sangue acompanha todos os movimentos. O conhecido hematólogo, Dr. Xavier Aboin Massieu, declarou cm documento que "i, luz dos 11111ais c:onlteci,nentos sobre os 1net·anisn1os íntimos do cot,gulação st1nguínet1, ,uiQ cabe nenhurno e.r:p/fr:ação con -

vincente".

Surpresa geral Na sua última festa, 27 de julho de 1979, o milagre repetiu-se. Ao anoitecer, quando os últimos fiéis abandonavam o templo dedicado ao Mistério da Anunciação e as freiras agostinianas formavam o cortejo que levaria de volta a relíquia do mártir para o lugar o nde permanece durante o ano, - ó surpresa! - o sangue do mártir, que já deveria ter voltado ao estado sólido, como acontece normalmente, continuava líquido. Depois do primeiro susto, as religiosas mais otimistas deveriam ter pensado que essa demora poderia ser natural e que não havia motivo para alarme. Seria mais aconselhável deixar a relíquia no seu lugar habitual e ir descansar para retomar no dia seguinte a sanra rotina

da vida conventual. Emretanto. os dias passaram e o sangue de São Panta lciio continuava liqu ido. Uma ou outra freira mais jovem. que nos seus poucos anos de vida no convento sempre havia presenciado a normal liquefação e posterior solid ificação do sa ngue, não compreendia porque os rostos das freiras mais velhas rcíle1iam preocupação.

O silêncio da imprensa Uma das primeiras pessoas a quem se comunicou o extraord in,irio acomcc.imento foi o lºradc 1,gostini,1110 Eugenio Ayapc. O.S.A .. conhecedor profundo da história e milagres que rodeiam a preciosa relíquia. Várias religiosas recordavam que. por ocasião da Segunda Guerra Mundial, o sangue de São Pantalcão permaneceu também. como aviso profético. cm estado liquido. Era ma ior o número de freiras que se lembravam de episódios importantes da guerra espanhola de 1936, os quais foram precedidos e acompan hados pela repentina liquefação do sangue do mártir. E tais religiosas, que nada querem do mun· do, nem esperam para si nenhuma va ntagem. renunciando a tudo para

melhor serviço de Deus, não se cansam de repetir: "Q111111do o s1111gue de São Pa,1111/eão se liq11<~/t1z 011 pt!n111111ece líqui· do fora do dia da sua fest(J litúrgica. é sintd seguro de que algo grave vai 11co,11ecer. Não sabe111os se na Espa· nl,a ou n o n1111u(o, mas

,una coist1 e

certa. algo 11co111ecerd. E' co,11 certeza serâ be,n grt1v,~. pois jâ fa zem

seis ,ueses que perm(lnece nesse esu,. do m//11groso".

Frei Eugênio Ayape deu con hecimento do milagroso acontecimento às au toridades religiosas e tcmou divulgar nos jornais e na própria televisão espanhola o aviso c1ue o Céu enviava ele Madrid para a Espanha ou para o mundo. Lamentavelmente. o religioso não conseguiu nada. nas primeiras tentativas. V~lrios jornalistas disseram-lhe: "Erra noti· cü1 niio 1en1 i111eresse. Não é jonw· lísrica", Ou então não se desejava

As religiosas agostinian'êls não cessavam de atender o telefone. Até da Argentina e outros países latinoamericanos solicitavam que as religiosas concedessem entrevistas sobre o assunto. Frei Eugênio Ayape, postulador da Ordem, era assediado por jornalistas nas mais diversas ocasiões e cm qualquer lugar onde se encontrasse. "Sábt,do Grtf{ico" procurava algum cientista ((UC explicasw se o fenômeno. De Bi lbao a Cad iz. de La Con,i'la a Málaga. um tema passou a ser abordado por quase todos os órgãos de imprensa: o sangue de São Pantalcão. Mas por incrível que 11arcça, tal imprensa manteve um inc.xplicável silêncio a respeito da associação que tomou a sério a responsabilidade de divulgar esse misterioso aviso. Assim, "Covadonga" - que dedicara o melhor de seus esforços para quebrar a carapaça do silêncio que meios de comunicação social ha viam formado cm torno do imprcssiona,ue milagre de São Pantalcão - era agora ... "silenciada" por eles. Contudo a meia foi alcançada. O prêmio dessa vitória não foi a fama merecida. mas sim a glôria e ::a honra de ter hll(ldO por uma causa abandonada por quase todos e ter atingido o objetivo que parecia inatingível.

que ela despertasse imcrcssc. Aproveitando uma reportagem da TV sobre o mi lagre semelha nte Por que não se divulga e de São Januàrio, Padrofiro de N{,. valoriza mais o milagre? polcs, e mundialmente con hecido. o Pc. Ayape enviou cana ao di~irio Lamcncamos t(1rnbém a posição "A BC" de Madrid, comunicancjo o da Hierarquia espanhola cm face do milagre de São Pantalcão e chaman- milagroso aviso. O Cardeal Tarando a atenção dos meios de infor- cón. Arcebispo de Madrid, durante mação sobre o miraculoso aconte- um banquete oferecido por advogacimento. Três dias depois. um diá- dos. declarou: " ; I li,1ueji1ç1io do rio vcspcnino da capital espanhola .\·1111,~1u• de S,io />1111111/elio 11tio nw publicava entrevista do religioso a- ,11reoc11pa ,u1111 um po,u·o" ('" gostiniano cm duas paginas imcr- 15- 12-7<)), nas. Mas o peso de um silêncio O Convento da Encarnação, onde denso novamente encobriu o in,por.. se encontra a relíquia, é adminislante assunto. Isso teve lugar cm trado pelo Estad o, pois foi cm parte meados de outubro. transformado em museu. A pequena capela onde se venera a reHquia do o milagre silenciado santo lica dentro do museu. Os fiéis que desejam venerar a relíqu ia são - notícia do ano obrigados a pagar a entrada para Sábado, 1°. de dezembro de 1979. visitar o local. Tal medida 1cm Como é normal nos fins de semana, imped ido a visita de bom número de os jovens cooperadores da Socieda- fiéis; que voltam do mosteiro sem de Cultural Covadonga, entidade es- venerar a relíquia. As autoridades civis impediram panhola afim à TrP, sa iram às ruas de Madrid portando seus grandes a venda . no recinto do museu, de um estandartes e envergando capas ver- opúsculo de Frei Eugênio Ayapc melhas com a cruz de Santiago ao sobre a vida de Siio Pantalcão. O peito. A campanha que iniciava com próprio religioso foi proibido por brilho visava tornar conhecido o seus Superiores de continuar conce"Milagroso aviso de S,io Ponta· dendo en trevistas sobre o tema. E a leiio ". Superiora do Mosteiro das Agostinianas também emudeceu. Nos dois primeiros fins de semaÉ óbvio que todas essas mitudcs na, 40.000 exemplares do boletim "Covadonga Informa" (nov. / 79) fo- não são de molde a favorecer a ram divu lgados cm Madrid. Zarago- devoção ao célebre mártir e mui10 za e Málaga. A agência espa nhola de menos a preparar espiri1ualmcn1c os noticias EFE tomou com timidez a íiéis para eventuais acontecimentos iniciativa de romper o silêncio sobre futuros. prenunciados pelo milagro· São Pantaleão que, 17 séculos de- so aviso ... pois de sua morte. ia se tornar o p,,,·:;onagem do 11110. na Espan ha. O interesse Após uma semana. no dia 10 de continua aumentando dezembro. o único di{,rio matutino publicado em Madrid às segu ndas Apesar de tudo. o número de feiras, "La Noja d ei l..unes", estam- íiéis que visit;1m e veneram a rcliquia pava uma pequena, mas saliente cont inun aumentando. Por outro noticia de que continuava. liquido o lado, a Sociedade Cultural Covasangue de São Pantalcão. Os co- donga já divu lgou 150.000 íolhctos mentários sobre o fato começa ram a sobre o assunto. E ainda que no atrair as atenções do público. Mui- momento a entidade esteja publitas pessoas assustadas. ou tras preo- cando um "Apel<1 ;,, 11111oridades cupadas e meio incrédulas. Algumas eclt'siâ.,;,h-as e dvis'' a respeito do procuravam esconder seu p,\nico divórcio que se tenta introduzir a1u .. sob a máscara de um sorriso irônico. almcnte no Código Civil espanhol. enquanto diziam: " Deve .w~r 111110 ela. ccrta rncntc. voltar{I à nobre nwnobra direi1i.~1a··. tarefo de alertar os espa nh óis sobre alguma possível desg:-aça rutura. Imprensa cala atuação A sit ·• ;ão internacional deteriode "Covadonga" ra-se gnh .tivamcntc. O Ocideme não reage proporcionadamcntc às À medida (1uc a campanha da provocações e à expa nsão comuSociedade Cultural Covadonga ia se nist:1s. Tah,c1. São f'antaleão queira estendendo por todas as províncias despertar as consciências adormeciespanholas. semanários e revisias de das do mundo ca tólico, como já o todo tipo e tendência publicavam fc,. cm ocasiões anteriores. Tudo amplas reportagens sobre São Pan - indica <1ue a ação do sobrcn:11ur;1I talcão, o milagre do sangue e o signi- que nunc11 abandonou os verdadeificado que poderia ·ter sua perma- ros católicos - parece lom;1r a cfo1n .. nente liquefação nos dia s de hoje. tcira dos acontccimenlos.

Y,, . .

Dr. Plinio Corrêa de Oliveira: " Há 11 imos-vem esfuzinnclo d e quando cm quamlo um protesto con/fo D infiltraçiio comunisu, nos meios católicos. Ao ribombo se segue um burburinho. Depois. silêncio. Por que?"

ENIGMAS DA CNBB

''A

GRANDE esperança da Igreja para o século XXI é a América Latina. Tudo aqui é católico. pelo menos de nome e de intenção. O século XXI será nosso. como o século XX é dos Estados Unidos, e o século XIX foi da Europa colonia lista. Nessa perspectiva, ao ler a carta do Sr. Arcebispo de Aracaju. D. Luciano Duarte, ao Presidente da CN 88, D. Ivo Lorschciter. manifestando sua apre· cnsão face à atmosfera polu ída dos ambientes católicos brasileiros, tive ímpetos de lhe telefonar ou de escrever para manifestar meu aplauso e apoio caloroso". Esta declaração foi prestada:\ imprc'lsa pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. Presidente do Conselho Nacional da TFP. que acentuou também o mistcr·ioso silêncio que seguiu-se às principais denúncias contra o progressismo cató.. lico nos últimos onze anos.

Os fatos

Prosseguind o na enumeração dos fatos, acrescenta o catedrí,tico pau lista: "Em 1976, no mês de julho1 publiquei o livro "A lgr~ia 1111/e a escalada da a,neaçt, ('01n1111is1a ap<'lo (10s Bispos silenciosos", no

qual faço um histórico de 40 anos de crise progressista e "católico-csqucrdista". Escoam-se 51 mil exemplares. Há alguns exacerbados comunicadqs cclesi,ísticos contra o livro, vazios de argumentos. Peço publicamente explicações. mas a resposta é o silêncio. .. No ano segui nte, no ''Corr('iu Braziliense", D. Antonio de Castro Maycr propõe a publicação de uma Pastoral coletiva do Episcopado brasileiro contra o comu nismo. A patriótica sugestão esbarra em um muro de silêncio e rola parn o olvido". "E mais recentemente - co ntinuou o ent revistado - publiquei o livro "Tribalismo indígena. ideal ,·ornuno-,nissionârio para o Brasil no século XX I", no qual denuncio a

"Há onze anos - observou o pensador católico - vem csfuúando neom issiologia com uno ..cs(ruturnlis .. de quando cm quando um protesto ta. A obra alcança 71 mi l exemplacontra a infiltração comunista nos res. rnas repete-se o fenômeno: a um meios católicos. Ao ribombo se se- certo burburinho, segue-se o silêngue um burburinho. e depo is ... silên- CIO • cio. Notadamcntc da CNBB. Para E referindo-se .i carta do Arceexempli~car, é bom lembrarmos os bispo de Aracaju, comenta o Presiprinc,pa,s: demc do Consel ho Nacional da TFP: "Em 1968. um abaixo-assi nado " É dentro desse panol'ama lúgupromovido pela TFP teve 1.600.368 bre que chispeia de repente a carta assinaturas, pedindo a Pau lo VI, de D. Luciano Duarte. oportuna e então presente cm Medel lin, provi- corajosa. Meu desejo é que e$la dências contra a infiltração comu- carta tenha sido o primeiro passo. a nista na Igreja. No ano seguinte, o dcsc,icadear todas as energias cristãmensário "Catolicis,no", do qual a mente ví,lidas, na rca li1;1ção de todo TFP divulgou cm todo o País 165 um progrt11na para o saneamento do mil exemplares, denunciou a ação horizomc doutl'inário que entre nós do I DOC e dos "grupos profét icos", se encontra tão poluído. organismos internacionais semiclan"Caso contrário - de que Deus destinos de promoção comuno-pro- nos livre - é melhor voltarmos grcssista. desde logo nossas esperanças para a "Pos:eriormcnte, cm 1972, aler- visita que João Pau lo 11, com sua tand o a opinião ca tólica para as ten- figura robusta, viva e alegre. nos dências csq uerdizantcs presentes cm fará cm mc,idos de 1980. E cuja certos círculos cursilhistas, o Bispo conduta cm face dos erros do Pc. de Campos. D. Anto nio de Castro Pohicr. do Pe. Kung e do Pc. ShillcMayer, publicou sua "Carta P11sto- bceckx - e ta lvez do Pe. Leonardo r11I sobre os Cursilhos de Cristan · 13off - vão despertando por ai não dade", com enorme repercussão, poucas esperanças", conclui o Prof. sendo divulgada cm todo o Brasil". Plín io Col'rêa de Oli veira.

. ..

Telegrama da 'JifP ao Núncio A Sociedade Brasileira de Defesa da l iradíç,ão. Família e VroP,ricdadc enviou a D. (i;armine Rote<>, Núncío Aposlólíco no Brasil, telegrama solicitaildo que ele t~ansmita a João llaulo li o apoio da entidade às iniciativas do Santc,1 Vadre em favo:r do,s 1>ovos vietnamita e cambodgeano. Eis o texto da mensagem ela TFP: "TENDO EM VIS"liA a si1,ua9ão cl'ucl e injusta c,riada para os povos vietnamita e cambodgeano pelos· ocupantes soviéticos e seus asseclas locais, csrn S0ciedaôc dirigiu-se divcr,sas vezes a ,h1t!)ridadcs como a Sama Sé. o Go~crn<> brasileiro e o Prcsitlénté f"ilrtc,· dos Estados Unidos. ,,edindo medidas qúc removessem ou pélo ~icnos ali ,•iasscm a simitção, daqueles 1>.o,ios. "An~logas pro11idéneias 10nrar-am a$ cmidades <:o-irmãs e autônomas q ue sã0 a"s TFPs nonc-ameticaná e a,gcn tinn. "0$ múlliplGs e comovcdo.rcs a11clos p\\blicos do Samo Padre João Paolo 11 cm l'avo;· desse~ po"os têm t0cado vivamente os diretores. sócios- e cool)cradorcs cle$ta Sociedade. pelo que pc~o a V. Excja. far.er chegar:\ Sua Santidade a expressão de ,ro~so comovido apoio a 1,ai~ ges10,,, "Aprcsc1)tando a V. Exci:1. a1c11cioso$ cumprimeJnos. peço orações e bênção ,PI.IN IO CORRizA DE OLl"EIRA l'rcsiclcntc do Conselho Nacjonal da SQCiedadc 13rasileira de Dcfc~a da Tradição. Família e Proprié;dade


Diretor: Paulo Corr!a de Brito Filho

Ano XXX

N.• 351

FLAGELADOS: TFP ENVIA AJUDA A TFP ACABA DE distribuir donativos às populações flageladas pelas enchentes do rio São Francisco, no sertão baiano, fazendo-o através das prefeituras de Bom Jesus da Lapa, Barra, Paratinga, Carinhanha, Malhada, lbotirama e Xique-Xique. Os donativos forarn angariados na campanha de Natal pelos pobres do Nordeste, en1preendida pela entidade numa coleta relâmpago de onze dias, realizada em São Paulo (incluindo dez municipios da Região Metropolitana), Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Fortaleza, João Pessoa, Florianópolis, Campos (RJ) e Ribeirão Preto (SP). O total arrecadado atingiu cerca de três milhões de cruzeiros. A presente distribuição inclui donativos em dinheiro e em espécie. Estes compreendem obie· tos religiosos, brinquedos, ali· mentos. rnaterial de limpeza e higiene, vestuário, roupa de cama, mesa e banho, tecidos, calçados e objetos diversos. Os municlpios de Bom Jesus da Lapa e Barra receberam os donativos em espécie, enquanto os outros municipios foram beneficiados por auxilio em dinheiro. Todos

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esses municlpios localizam-se às margenii do rio São Francisco. A entrega do material e dos cheques realizou-se nas respectivas prefeituras. Os prefeitos das localidades beneficiadas, por sua vez, enviaram moção gratulatória à TFP. No documento, eles declaram que as populações flageladas "agradecem, emocionadas, aos co-irmãos brasileiros que, movidos por sentimentos de cristã e patriótica solidariedade, lhes proporcionaram valiosa ajuda na situação crítica em que as colocarani as presentes inundações". Aquelas autoridades também "agradecem a visita de afeto e de cortesia que, nesta ocasião, os municípios assolados recebe· ram da abnegada caravana de sócios e cooperadores da TFP, portadora dos donativos, bem como de inestimáveis palavras de alento e de confiança na Providência Divina". Os caravanistas da associação entregaram aos flagelados medalhas de Nossa Senhora, terços e volantes com instruções sobre a recitação do Rosário. Na foto, aspecto da distribuição de donativos em Bom Jesus da Lapa .

.

Afganistão: os soviéticos não saem A OCUPAÇÃO do Afganis· tão por tropas soviéticas cst<í

consumada. Com o apoio da aviação. utilizando gases vene-

nosos e exibindo armas nucleares. o:s russos liquida r:1m, ;1pa·

rentemente. as possibilidades de reação dos resistentes a fc. ganes.

Estes têm sido aprcsenrados de maneira otimista. Mas os

fatos caminham cm sentido di· verso: não dispondo senão de

armamento velho e obsoleto. os guerri lheiros aícgancs vão cedendo ao inexorável avanço rw;-

so. Sobretudo com o cmr>rcgo

de arma$ quín,icas por r>artc

dos soviéticos. Diante disso, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. talvez inílucnciado pelo du1111ej11111e zelo do presidente Carrer, tem sido de uma cíiciência extraordinária... cm fornecer dados cst.1tis1ieos. Assim, sabe· se que os soviéticos possuem um arsenal de armas químicas estimado em 350 mil toneladas. Os

Esrados Unidos dispõem de apc· nas 42 mil toneladas e seus esroqucs vêrn sendo reduzidos desde 1969. Washington e Moscou assinaram cm 1975 o proto-

colo de Genebra. que proíbe o

PROGRESSISMO ABRAÇA

emprego de armas químicas.

mas este trarado não se aplica ao Afganistão. pois o rcíerido país não assinou o documento.. . O fato concreto é que a

Rússia encontra-se perto de seu objetivo. segundo os analistas: constituir, com os balé,chis, que habirarn o sul do Irã, parte do Afganistão e do Paquisrão, um novo Estado - o Baluchistão. E assim os soviéricos teriam chegado às águas quentes do Oceano Índico, corno há muito desejavam, bem junto à entrada do Golfo Pérsico. Página 2.

Na foto, helicóptero russo abatido por rebeldes afegãos

A SUBV ·

"VOU PROCURAR agradecer com os feitos, e, se for preciso, coni o sangue. Lutaremos ... Eu me sinto, vestido de guerrilheiro, como poderia sentir·me para,nentado de Padre". Com essas palavras, D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia (MT), agradeceu o presente que lhe ofereceu o coordenador do conjunto musical União e Olho Vivo, ldibal Piveta, que o Prelado (à direita) abraça efusivamente sob aplausos frenéticos da assistência. Esse presente é nada mais nada menos que o uniforme dos guerrilheiros da Nicarágua, que o Bispo vestiu no ato da homenagem que lhe prestaram os partidários da revolução sandinista. Esta cena ocorreu durante a "noite sandinista" do Congresso Internacional Ecum~nico de Teologia,

em sessão pública no Teatro da Pontificia Universidade Católica de São Paulo (Tuca), a 28 de fevereiro p.p. A assistência era constituida em sua maioria de freiras, Padres e ativistas das comunidades eclesiais de base. Na mesma sessão, guerrilheiros sandinistas - inclusive um membro da junta de governo da Nicarágua - exaltaram a revolução armada em nome da "teologia da libertação", sustentada por Bispos e Padres de 42 paises, participantes do referido congresso. O "progressismo" manifesta assim sua disposição de partir para a luta violenta, na tentativa de implantar na América Latina regimes marxistas. A.Jnpla reportagem nas páginas

3 a 6.


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AFGANISTAO: CAMINHO RUSSO PARA O INDICO RÚSSIA

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1

Embora inferiores em matéria de armamentos. os afegãos contam com um fator positivo: a preservação do d6biclo psicológico que enfraqueceuo Ocidente. No mapa acima. evidencia.se a pretensão soviética de chegar ao Indico.

conduz .-1 uma consideração muito mai~ incisiva e universal. cx post:1 pelo pensador ca t61ico brasilcito. Prof. Plínio Corrêa de O livei ra. Comenta ndo o estado ele espírito com que o mundo pcnct1·a cm uma nova década. ,ipós 411.isc dez a nos domina dos pela politica de distensão. observa o Presidente do Conselho N<1eional da TFI': "O xhu•J'(J ln1111m10 i11gr<'.\·.wn 1 ,w tléc<1ila "" 80 ,.,,, 1u('io à i11.,'( g ur111t('a ,. à a/liçcio. A ra:ci" {t11ulm11,,111a/ des.w.' ·_rato <'.\'llÍ ,w tl'11;·ti1J t1xis1c•11t(• 1

no Ori<'llt<' 1"1étli<1. a 1u·opcisito dax font,\\~ alu1.\·tec,•d<1ras d(' larga parti' do /Jl'lrúleo ilulispt n.wfrel à dl"i/i.. : açtio d,, c<1n.,·111110. l~\'.Wt é a f,,,·mu· la('<io .,·up<·,:/icial do fluo. Pot /Ullll'O <111e se ll/lr<!/;mde. e11<·0 111rc1-.re nela, ,·01110 .ft,tor s11l~jac,,111e d<'cisiw,. ,, l/llÍ('â tÍIIÍCO , a t('fl.'iliO l'U.\..\.0•(111lt'l'Í• 1

,·mu,. 1n1is /1('11h,1111a 1n1.\·sibilidad('

E

os

NTRE DIAS 24 e 27 de dezem bro do ano passado. cerca de 350 aviões russos aterr isaram no aeroporto de Cabul. capital do Afga nistão. trazendo tro-

pas e arma mentos. No dia 27 do mesmo mês os

soviéticos to maram de assalt o o palácio governamental. e jú no dia

r,wi.wénda

A invasão deste criou uma situaçfio perigosa pan\ seus vizinhos: Irã e: Paquistão. Segu ndo cstra1egis1as ingleses e

no1·tc.;unericanos. a Rússia prctcndcri,1 criu r um novo país o Baluchislão - para obter um porto no Oceano Índico. m1s proximidn·

eles da e ntrada do Golío Pérsico segu in te. a capilal estava inteira~ A região do Baluchistão abrange mente cm suas mãos. uma parte do s udoeste do Paquistão O primeiro-ministro Hafiz ullah e do sudeste do Irã e é habiwda por Am in foi sumariamente 'julgado" e uma minoria étnica. os balllchi:,;, mono. junwmcntc com membros de que luta m por sua independência em sua família e auxiliares. Em seu ambos os países. lugar os r ussos colocaram Badrak O Paqui:;tão j;í vinha a trnvcssanKarmal. No total. 85 mil soldados do períodos de atritos com o Afgat'ussos participaram da o peração. Estava consumada desta manei- nistão. provocados pelo apoio q ue o brutal invas;"io soviética de uma governo de Cahul oferecia ;\s pretennação 1>ob,·e e frac,i. O episód io fo, sões de aulonomi.i das tribos do lembrar o esmagamento do levante Oaluchis tão. ocorrido na Hungria cm 1956 e a F rcqiientcs incidentes de fronteiocupação da Tchecoslováquia cm ra e as acusações paquistanesas de 1968. Mas a in vasão do Afganistão in1erfcrência afegã cm sua política foi. scrn dúvida. a mais cínica e interna levaram ao rompimento dasaudaciosa demonstração do impe- relações diplom{11icas entre os dois r ia lis mo soviético desde a Segunda países cm 1961. Em conseqüência. as Guerra Mundial. rotas comerciais do Afganistão que passam pelo Oaluchistão paquistanês para alcançar o Golfo Pérsico. ficaram estrangulad:1s. Com uma área pouco maior que Hi1 informações de que os russos a de, Estado de Goiás. e uma popu- lcm fornecido armas e dinheiro aos lação de 20 milhões de habitantes, o separatistas b.tluquis. Um Afga nistão considera o islamismo lideres Baluchistão independente com a ajucomo religião oficia l. divid ido em da russa se tornaria um novo satélite sunitas (90%) e xiitas (9%). Não há de Moscou na região. com as portas c ristãos no pais. para o Indico. É um dos países m ais pobres do mundo. com uma renda anua l per capita equivalente a cinco mil cru-

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,•,·itlh1ci<1 ab.w,luu,.

H111 ,·onx,•qiii''nda. tor11c1...,·,) f)ll· tc111c o / i·acasso da "dét(111t,,··. haxea• da ,·111 iuna ilu.wio llll,\ Tida ,.,,, ln!u,. di.w,•11siw1 e.f(•stil'a. segu11d<1<1<11111111 JHl'lll(Jlidad,, (·tmlUIIÜ'l(I f'll.\".Wll"(I por 11111 adoça11w1110 sellsfrel. 1-:ss,) ado-

<·m11e11to tel'iti stt!" capa: ,le tran.-.·· Jor111or A1l osco11 e111 11111 par ceiro lt1al

dn Cnsa lla111<'(1 e do VatiN11111 ""'" a i111plt1111<1rlio da paz 110 111111ulu. t-:s.,·o i/11.w i<J ndor,11e,·r11 qtwsr todos,,.. ,)rg<ios de n1mwlicar<it1 .w,cial

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cio (iufjê, Pérsico, porque denota dm·t111u;111e "inli'll('fio r 11."ü 't1 d<' "PtO· xi11u11·•.,·,) do.,· 11111n•.,· q11N11(•.,· do Gol· fo para o/i s<' i11.wal11r. St• i\tfoscou tfr<'r .-.·uct.•sso ,w OJJ<'l'fl<·õo. poderâ il11en·o111p<'r <11u1,·,:.~ a('tio 110 t'.'ill'l'iro de On1111: 1·e.v1ostt1 às r<•presâlitl.\' t•t'()JIÚmiNIS {l(/Ol(U/ (1,\' ('(}Jl(/'{J (•la pt•lo

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Oci,J,,,11,,·.

O chanceler do Bah rc in disse que a agressão russa ao Afganistão "i11{(uguro11 1.11110 n ovfl ert1 (olonial ,. 11hri11 11s ptJJ'lliS par11 <111e qu{(lquer l~\·1tulo foru, 1/err1Jtf' os 11wis /i·t1<·os". O chanceler Mohamcd Mubarak assi1rnlou que seu pais "(•.,·ui n111i10 pn•ocupodo C'IJllt ",·.wra,égia .to\'ié· th'o de "proxinwr~.\·<) das re~itits

de si!us nn igos <111c "os tl,:/ê•n.,·<1r,•s ela tuhu ini.,·t raç,io 111,rte·m11t•rit·m111 in· si.\·u•111 e111 qtw o ,•1,fraqul'cilu,•1110 de 1uM·sas cl<feso.,· 110.\' ,ilti111os três (1110.v 11tu./r, u•111 ,, ,•er co,n a dedsiio s(n,;(>.. til·" (/(, invtulir agor11 o sudof!,\'U' (/,\·iritico'~ E co nclui: "/....h•n,.,11-110.,· da.'i ,luutrilws ··t111ro1111s" prc>xcu/<1s pur po111hos de.tiluditlos ,,11, cuj(1s

,m,eci('a.\· ,·a1iax 11i11,f:,11é111 acredito. O qu,· pren:w1111os ,; de 11111a posi('cio ,·wu·r l'fa ,·,n t('rmo de dt1 /i.•st1 (' de

Jn>litint

,,.,.ll l'ior ,·lohorada por um 1

rmulidt110 ruj(I 0\'1llil1r1io t/11.,· illtf'll• c<i<•s dos .wn·iéli<'os ,uio es1,,ja .w,jeita a s úhitas 1111ulm1ças". Essa cl:,rn alusão f1s atitudes inconseqüentes do Presidente Carter

nos <mos 70/ 80. /, a t!él'ada de.,fi,dw 11,1s.,·a dt1.\·ilu.wio ,,,,.,.;,.,,,. de111fltdada ,•111 u•,·1110.\ , lr(1111âfi('o.,· por João

Paulo li: duze11t<1s das 50 111il bo111b11s atôn,icns pode111 destruir. desde loto. a 11u1iori11 dt1s dcladt•s mai.,· il11por111111t·.,· do 11111111/0. llo/t(lmu., (t.\·sin, à l'Sfltca :t•n, da g uerra f ria. dep1Jis dl' 10 ano.\· d,, JJ<1/ítitW ,/e•

O\' (l,Wl'II: .

Resultado: 011 o ttvt•stru: ocidl'll• tal tiNt 11 ,·aht•ra de ""'""" ela (l/'('Ü/. ou a '''"'li d,;cmla assistirei a conn).\·.,·<jes .\'l 'JJlf)rt' 11111iorex do Ocidt 1llt' impt•riali.wuu sodér iro. 011 ,\·,}ja. ao .fi111 ,ft, 11u/n". 1

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Carlos Sodré Lanna

• • •

zeiros. Milita,· e d iplo mat icamente insigni íícante. sua loca li zação entre Irã. Rússia. C hina. Paquistão o coloca cm posição imporrnnte na disputa entre as gra ndes potências. pela proximidad e dos campos petrolíferos d o Golfo Pérsico. No sécu lo 1»issad_o. o Afganistão foi cobiçado pela lndia. Rússia e lnglatcr.-a. Já no século XVII, o Czar Pedro. o Grande, declarava em seu testamento que a Índ ia era o rumo natura l do expansionismo rus-

so e o país <1uc a dominasse. govc1·-

No auge da atual crise o próprio presidente paquistanês. Z i:1 UI- Hak declarou ,rn capim! de seu país: "O Ocidenf(' precisa co111p1·t•é11de,· que a Ílllt1rve11çiio soviética ,u,

AfK,m,'st<io

1,!1er 11 1ou1lnu1 111e v pn11or1m111

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Asi11 Ce111ral. U11111 fl"!Í<'<'''º daJi,il'e e do JJ111J'/('lo 11 p<11·1ir dttí solJ1·< outros po,110.,· do regitio r<•pr(•s('111t, .. 1

ria o ,w1ne1110 d11 in/luhwia scH·ielin,

soi,re o /r,i , o Golfo Pérsi1·0, o e:;,,·treitv , le Or111u:, a À r tíhia Saudita e 0 111ras

11(1('<1(1., ·

11111çu/11101uJS··.

çurto par.a a ex pansão russa na

O ministro do Petróleo dos Emirados Árabes Unidos. Said AI Otaiba , declarou que "a i111erve11ção

lndia passa necessariamente pelo Afganistão.

soviélictt 110 A/',;:anistâo nJ11.wi1ui 111u p(•rig o r(1 al pai·o us /JO(vs dt1 peirâ/eo

naria o mun do. E o caminho mais

Tropas

soviéticas em exercfcio

com gases venenosos. Uma agressão que permanece

sem contra ·

CORR ESPO NDENTES D A TFP. do norte Oumínensc (regíão de C,1111pos). esth·en1111 em S ão Paulo, para m,1is uma \'isila aos di,·crsos setores da Sociedade, onde to maram conta1 0 com suas últimas rcaliraçõcs e partkiparam de ciclos de csludos. Na foto. um grupo de Correspnndenles posam no pálio do cenlro de estudos (IUC a TFP mantém no bairro de ltaqucra .

partida.

2

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colo.,·.,·(} nortl'-llllll'l'Í· ca110 l eriam os resp'tJ11.wfrci.'i pela (lllll'a(·a p,•trol{f(,rtt, .\'(' 1uio c<>IIIUS· ., .,,,,, com 1111111 11{<•11si,·a 1111d,•ar c/11 R1Í.\·.,·itt ao.-.· /-;!uatios Unidos. 110 caso (/(' Ulll(I OCU/Ul(·iio 111ililar anu•ricm,a dos /UJ('as do Oriente 1\1édio. O qu,• a aJ!.r(•sstio brutal e caracterú·tit·a da R,ís.-.ia ,·a11trt1 u Afgani.,·uio "º' !fir110

CATOLIC ISMO


'Se for preciso, com o sangue. Lutaremos ... ' afirma Bispo vestido de... guerrilheiro ''NÃO

atuação no interior da estrutura eclesiástica. primeiro como capelão cios guerrilheiros, depois, ele mesmo identificando-se com o idea l guerrilheiro. · Assim, para a derrubada da ordem de coisas vigente, os revolucion{uios procuram coligar numa frente única todos os setores descontentes. Os comunistas, ateus, etc., partem d iretamente para a luta armada. As comunidades de base e outros organismos de inspiração religiosa procuram justificar a violência com a "teologia da libertação", proporcionada pelo Clero revolucionário. Quando a frente única adquire consistência. todos partem para o assalto final. É a guerra ao mesmo tempo re ligiosa e política que os nicaragücnscs vieram pregar no Brasil.

ACREDITO que a revolução possa .,er isolada da lul(1 dos povos: ela foi pos.,ível "" Nic'aNigut1 porqut:1 o.t povos da A111érita L111i11tJ ê do 111tmdo a apoiara,11 decididamente. Da nu?s,na fornlli. os 11icaragiie11ses ,uio estt1CJ 11/Ju!ios (10 sangue derranwdo na luu1 dus J)("'º·'' do continenfl' pela sua liberraç<io. Eu trllK,O aos trahalluulores. <'tuuponesf!s e pa·

1tio1as brasileiros o abraro dos trabalhadores e campo,uts,•s revolucionârios nictlftt· Kiien,·e.,· ". O espectador desprevenido. de pé ou sentado, muito espremido no auditório superlotado do Tuca - Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) - poderia interpretar incorretamente. Não se tratava de nenhuma promoção do Partido Comunista; o autor da saudaç.ã o era Daniel Ortega Saavedra_ membro da Direção Nacional da Frente Sa ndinista de Libertação Naciona l (FSLN) e um dos cinco membros da Junta de governo nicarngücnse, e m visita ao Brasi l juntamente com a delegação da Nicar,,gua que participou do Congresso Internacional Ecu mênico de Teologia. reunido em Taboão da Serra. na Gninde São Paulo.

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Com essa introd ução. o semanário esquerdista .. lvloviJ11e1110". de São Paulo. c m sua edição de 3 de março de 1980, apresenta a matéria sobre a "noite sandinista" da

''teologia da libertação ... O claro incitamento à revolução la tinoamericana proferido por um quase c hcfo de Estado revolucionário que acabava de exa ltar a "heróica e rnagn(flra revolução rubana. to111 Fidel Castro à frer11e". é inegável. como bem observa "Movi111e1110". a ponto de se coníund ir com uma reunião internacional comunista. E nisto "Catoliâsmo", pela primeira e talvez única vez, não discorda do jornal de inspiração marxista ed itad o por "l..e Monde" cm São Paulo. Entreta nto. essa não é a única confusão c m que o espectador inadvertido poderia

incorrer. Pois. em sentido contnirio. quem assistisse. por volta das 20h do dia 28 de fevereiro. a chegada de equipes de freiras cm

modernos híibitos. sacerdotes em mangas de ca misa. leigos cm automóveis burgueses (alguns custosos) que procuravam o difícil estacionamento na Rua Monte Alegre apinhada de carros. poderia imaginar tratar~sc

de uma reunião de c unh o eclesiástico. de alguma associação religiosa. no ed ifício da

Puc.

Na realidade. ambas as coisas não se excluem. Com uma d iferença: comunistas a li P.rcscntcs não se mostram mais como os ferrabrazes de outrora. Nem os Bispos. Padres, freiras e membros das comunidades de base. que constituíam pelo menos metade do auditório do T uca se comportam como em respeitosas reuniões eclesiásticas de outrora. "Senrinu>•nos orgulho~·os d<~ esrar aqui

t:<Jtn os cristõos-revoludonórios - entbora a

expressão .,·eja ,1111 1a1110 redu11dt1111e", exclamou Daniel Ortega cm seu uniforme de guerrilheiro sand inista. "N<1 Nict1râgua di-

ze,nos qu<' ser crisuio é se,· rtvoluciontírio ", acrescentou , interrompido pelos aplausos da platéia. "Durante wirios anos. .fon1os orga11iza11-

tlo 11111 grt,nde processo de i111egrt1ção c111refé e política, e111re fé e revolução", observa por sua vc>. o ca pelão-gucrrilhci ro, Pe. Uriel Molina. franciscano.

O frencsi no auditório atingiu o clímax quando o Bispo esp;1nhol da prelazia matogrossense de São Félix do Araguaia. D. Pedro Casa ldáliga . vestiu a ja<1ueta do uni-

(*) O cx•dept1tado federal cornunis1a Carlos Marighcla convencera-se da inopcr,incia dos mC·

todos de Lui i Carlos Prestes e da necessidade de acelerar o processo revolucionário pel~, adoção de um;l linha política vio1cnta. Ex pulso do Partido.

fundou a Aliança Libertadora Nacional (/\LN). com o incuito de tomar o poder a1ravé5 da guerrilh;l urb~-rn•t e rural.

Escreveu ele as famosas Cortas 1/e /1(1\'lmá e o A·lanua/ do Gu,,rrilhrirv Urbano. profusa mcmc distribuído entre os militante.~ das organi1.aç()es subversivas br:isileiras e editado também na

Europa. onde ainda cm agos10 de 1977 segundo noticiou a imprensa - esteve na raiz de um atentado terrorista de repercussão inte1·11acional. ocorrido na Alemanha.

Em, 1969. Marighcla estava sendo ativamente procurado pcl:1 Polícia. Noticiaram os jornais que. n~o conseguindo encontrá-lo. cst::i deitou

CATOLIC ISMO

Punho cerrado. tendo li seu lado direito o guerrilheiro David Chavarria. Daniel Ortega Saavedra exalta "a revolução cubana heróica e magnífica., com Fidel Castro a fronte .. , fl'Oi Uríel Molina (primeiro à esquerda). Frei Betto e Pe. Miguel d'Escoto (à direita) aplaudem. Na mesa. cartates dos "santos·· da

revolução nicaragücnse: Sandino e Carlos Amador.

forme sandinista que lhe deu o coordenador do Grupo de Teatro União e Olho Vivo, ldibal Pivcla . Este explicou: "Quando nós <1 stivernos en, dezen,bro na NictJrtigu,1 [ ... ] receóe,nos alguns u11(/0r111es e presentes dos guerrilheiros da Nict1rág11a. para que nós déssemos " companheiros brasileiros. parti hon1e,111gear aquele brasileiro que ten, lutado pelo seu povo. pela liberdade e pela j ustiça social. li1 gastaria de entreguar este unifor· 1ne. dado por unw cotnpanheira guerrilheir11 da Nict,rtígua, tt D0111 Pedro Cllsaldâlig a". Quando cessa ram os gritos. palmas e assobios. o Bispo de São Félix, já envergando a jaqueta do uniforme sandinista, declarou: '~Sinto•mc, Yt.Stido de guerrilheiro, como poderia sentir-mo paramentado de Padre". Monsenhor Martelo e Foice, como se aulodenomina D. Casa ldaliga cm um de seus livros. disse que recebia aquele uniforme como um "sa<·ran,ento de liheru1r,io'·. E. numa clara alusão ao Exército Nacional. acrescentou: ·· F.sta cor \'Crdt' - da cor de nus.w,s n101a.-.· s,1crijicadus dt1 Anwz ônia por vezes sig11(/'ico11 a rf!pressiiu. ,, tor111r11. Significou llttnbhn, ,w Nil·arâgut1. a lil)( 1·ll1<·,To. li vidu. 1111w pâtria 11ov11. Digo que vou procurar {lgradeC1•r .-·0111 os feitos. e se for preciso. com o sangue. Lutaremos ..:· Aplausos longos, prolongados e frenéticos. Tais palavras parecem significar que o desconcertante Prelado do Aragua ia se apresenta i1 maneira de um novo "Che" Guevara, como um ..ardito" de uma n1inoria insignificante mas disposta a levar ils últimas conseqüências ("com o .wmgue"... ) seus des ignios de derrubar a atual ordem de coisa s vigente no Brasil. para implantar e m seu lugar um regime revolucionário. Ou seja. onde as desigua ldades. a familia e a propriedade desapareçam. E o povo se torne massa. achatado por obra de um poder centra l exercido por algum partido ou grupo . Assisliria inerte a imensa maioria da populaç,io brasileira a essa demolição do País'? Deixar-se-ia fascinar pelos profetas do a tcismo corno se deixou Eva fascinar pela serpente? 1

Não é fácil atear fogo il norcsta se a madeira não estiver seca. Os arautos da "teologia da libertação" encontram dificuld ades nos hábitos da popu lação cuja vida está marcada a fund o por séculos de tradição católica. Os dirigentes da "Igreja popular" sabem d isso. Assim, uma sessão do Congresso Internacional Ecu mênico de Teologia aberta ao público eleve ser cuidadosamente preparada . Ê preciso avançar o máximo sem derrubar a cristaleira. A " noite da Nicarágua" foi coordenada ("dirigida" se ria anti-igualitário) pelo frade

mão sobre um militante da Aliança Libertadora Nacional. dçscobrindo então que um grupo de frades dominicanos - Padres e seminaristas prestava auxilio àquela orga.niz.ação terrorisía. rcspons;ivcl por uma série de atentados-~, bomba. mor,icinios. :,ssaltos a bancos. roubos de ;1rm:}S e .:iutonióveis. etc. Foram presos inicialmente. em

São Paulo. lºrci Fernando de llrito (Sacerdote) e Frei Yves do Am:tral Lesbau1>in (seminarista~. No di,1 4 de novembro. policia is lcvaralll Frei Fernando :i livraria Duas Cidades, onde trabalhava. e o obrigaram a telefonar :1 Marighela, marcando um cncomro urgente. Em seguida. os dois domi1\icanos presos foram conduzidos pelos policiais à alameda Casa Branca, local apra1.ado com Marighela, e ali deixados. sob algemas, dentro de um carro.

O chefe 1crrorista. coníian1e. caminhou de encon1 ro

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seus dois cúmplices eclesiásticos.

dom inicano Ca rlos Alberto Libanio Christo, o tristemente famoso Frei Betto. um dos· pivôs do caso Marighela em 1969 (*). A Frei Bcno coube apresentar um histórico da revolução nicaragücnsc. Com voi. macia e adocicada, frisou que fa~ia questão de manter uma cadeira com a faixa de Cuba. a única nação latino-americana não rcpre-

scntad,o no e ncontro. Na platéia lotada (foi a no ite mais concorrida das sessões públicas do congresso). freira s de hábito ou cm trajes laicos - por vezes bem provocantes - , Padres. mulheres e estuda ntes sentados pelo chão saudaram com palmas e assobios. A sessão se abria com a consagraç;io do regime de Fidcl Castro. Com a mesma vo,. blandiciosa Frei Octto narrou 50 anos de luta durante os q uais muito sa ngue cor,·cu na Nicarágua.

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Após os a tos destinados a fazer vibrar o auditório a entrega d o u niforme g uerrilheiro a D. Casaldáliga e ca nções sa ncli nistas cxccut:idas por um conjunt e> musica l ti veram seqüência os discursos. O primeiro foi proferido por uma integrante das comunidades de base da Nica rágua. Apresentando-se como camponesa semi-ana lfabeta , narrou entreta nto com bastante lógica as diversas fases de sua transformação: primeiro, simples dona de casa; depois, nove a nos de doutrinação nas comunidades ele base, sob a d ireção do Pe. Uriel Molina; fina lmente. seu comprometime nto com a guerrilha. E m voz condizente com sua instrução, Socorro Guerrcro (esse o nome da oradora) prenunciava o des interesse. Na assistência, as atenções começavam a dispersar-se. O ambiente de liberdades que se observava cm . alguns casais era chocante. Foi e ntão que a oradora recobrou o élan à sessão, ao dizer que no Brasil , a revolução pode ser difícil, mas não impossível. E que nosso pior mal seria o capita lismo, "o diabo da IJíblia". Só que "o diabo 1uio existe. ma.t o capitalismo, siJn". Um modo de dizer que também Deus não existe. Essas afirmações foram aplaudidas pela assistência. O di scurso da representante das comunidades de base da Nicarágua foi um exemplo claro de como se opera o engaja mento na luta) de uma pessoa si mples, pacata de início, mas que por fim chega a vencer o medo de manejar um rinc, como declarou a oradora. O guerrilheiro David Chavarria dramatizou bem sua justificação da luta armada, ativa e primorosamente organi7.ada com base na "teologia da libertação". Mas os aplausos mais ca lorosos da c laq ue foram reservados para o orador seguinte, Pe. Uricl Molina. Enquanto os dema is falavam da luta revolucionária direta. o Pe. Molina descreveu sua

Sobreveio imediat;:unentc a Políci;1, e seguiu.se um til'oteio no qual Marighela foi morto. Como conscqüÇncia, toda uma rede de ele· mcntos t<'rroristas c:aiu nas malhas da Policia,

entre eles Frei ilello (Frei Carlos Alberto Libanio Christo). preso no Río Grande do Sul, onde atuava para facilitar a fuga de elementos subversivos para fora do País. Os três dominicanos reícridos foram condenados cm 1>rimeira instfü,cia (13 de setembro de

197 1) a quatro anos de reclusão. pela 2.' Auditoria do J;xércilo da 2.:. Circunscrição Judiciária Militnr. cm São Paulo, O Superior Tribunal Militar confil'mou a scntc.:nç:.:1 ern segund~1 inslància (17 de julho de 1972). aplicando-lhes ainda a pena ~,ccssórb de suspensão dos direi1os políticos por dez anos. O Supremo Tribunal Federal. considernndo que os frades condenados não eram "'(,r,:aniuulores uu mantenedores" d~1 "soâetas s<·eleris", mas apenas p3rticipantcs do chamado

A "estrela" do "show" sandinista foi o comandante Daniel Ortega Saavedra, um dos cinco membros da junra que governa a Nicarágua. Com expressões de fisionomia e tons de voz pronunciadamente demagógicos, frisou o caráter comunitário da revolução em seu país. Embora exaltando a "heróica e 111ag11ífica" revolução cubana, observou que esta não podia repetir-se da mesnia maneira. Ántcs, "todo m.tí11do queria ser l''idel Castro". Agora, é preciso não haver homenssímbolos. Por isso. na Nicarágua não há um dirigente máximo, mas uma junta de cinco membros. E a própria FSLN é governada por um diretório de nove membros. A julga r pelo destaque dado ao caráter coletivista da revolução, o regime nicaragliense, a nosso ver, alcançou uma radicalização se comparado aos regimes comun istas clássicos. que costumam basear-se num homcmfortc. Na Nicarágua, o regime é mais comunitário, nwis co1nu11isra. Esta interpre· lação. que auferimos das palavras do chefe sandi nista, dá sentido à proclamação de D. Pedro Casaldáliga: "Sei que posso e devo ir mais lo11ge que o co11111ni.,1110" (cf. "Yo creo e11 la justícia y en la esperan za!" Editorial Espaííola Dcscléc de Brouwcr. Bilbao. 1976. p. 180). f: essa revo lução que o dirigente nicaragiiensc veio pregar no Brasil , como modelo para todo o continente. Não se imagine, e ntretanto, que tal revolução pode ser barrada apenas com forças bem armadas, bem organi1À1das e muito d inheiro. Afirma categoricamente Ortega: "Te111os dito e repetido que nossa vÍlóriafoi possíl'el 11,io porque tivésse111os adquirido um pouto mais de an11ame111os. não porque tivéssemos orga11izodo um pouco melhor o povo, ,uio porque somdssen,os un, nún,ero 11wior de combatentes. Mas foi possível porque houve decisão, e11ergia". Mais adiante insiste: "O detern1i110,11e é o espíri10. a decisão de 11osso povo. é a disposição... "

Trata-se, portanto. de uma revolução que a meaça nosso futuro. Uma revolução que pode cnsangücntar o Brasil, mas cujo fator decisivo é antes de tudo psicológico , já atuante em certos meios de comunicação, cm orga nismos religiosos e civis. · A fim de evitar que a paz d e nossos lares, a tranqililidade e o desenvolvimento da Nação sejam convulsionados por essa guerra revo lucionária total, publicamos nas páginas seguintes os discursos da "noite sandinista", nos quais aparecem com clareza protuberante os intuitos dos promotores de tal revolução. Nossos leitores podem , assim alertados, precaver-se e frustrar os designios daqueles que utilizam o prestígio e a autoridade da Santa Igreja para pregar profunda subversão de valores.

"setor <IR ,,poi<>" ou "setor logístico". rcduz.iu~lhes a pena, cm suprema instância (25 de setembro de

1973). para dois anos de reclusão. Implicados no mesmo processo. foram con .. denados à revelia (por não terem sido capturados) outros três frades dominicanos: Frei Oswaldo Augusto Rc,cnde Junior. Frei Lui7. Felipe Ratton Mascarenhas e Frei Magno José Vilella (todos eles a quatro anos de reclusão e dc1. anos de suspensão dos direitos polhicos). Quanto a Frei Tito de A{cncar Lima, omro Sacerdote dominicano envolvido no caso Ma .. righela. seu processo foi sobrestado cm virtude de ter sido banido do território nacional em 13 de janeiro de 1971. /\ntcriormcntc já havia sido condenado a um ano de detenção por sua

participação num congresso ilegal da União Nacional dos Estudantes (UNE) cm São Paulo. pena que não cumpriu integralmente, ern razão de seu banimento.

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NOITE SANDINISTA

A ''TEOLOll •

A título meramente documentiirio, reproduzimos a seguir os discursos pronunciad os na "noi te sand ini sta". A gravação do referido ato público foi obt ida pela reportagem de "Ca10/icisnt<,·, uma vez que era franqueado a qua lquer o uvinte o direito de colocar seu gravador sobre a mesa da d ireção dos trabalhos, junto à qua l estavam sentados os conferencistas. Os destaques em negrito, que o leitor encont rará na reprodução dos discursos, são da Redação, como ta,nhém os títulos e subtítulos.

Locutor: Para as solenidades e os trabalhos desta noite, chamo a coordenar esta mesa o nosso conhecid o e popular Frei Bctto. (aplausos. gritos) Frei Bello: Em primeiro lugar vocês ji, perceberam que estão presentes hoje aqui conosco os panicipantes do Congresso In ternacional Ecu mênico de Teologia, que rcprc-

sentam 42 nações do mundo, sendo que a m:iioria é do terceiro mundo e todas as nações da América Latina. com exceção dr Cuba, porque o nosso governo não mantém relações com o governo cubano. Mas durante todo o congresso nús fi,emos questão de manter uma cadeira com a faixa de Cuba nas sessões do congresso. ((lp/(l11sos. (ISsobios)

acabo de receber. Essa cor verde - verde da cor das nossas matas sacrificadas da Amazônia - i1s vezes significou a repressão. a tortura. T em significado também. na Nicarágua. a libertação. a vida, uma pátria nova. Di~o que vou procurar agradecer com os feitos, e, se for preciso, com o sangue. (palmas) L.utaremos .. . Nossa esperança comum. que é fé cm Deus e fé no povo dos pobres: vontade que temos de uma América nova. livre. Vontade de conquistarmos a liberdade - que niío se dá. se conquista. Unidos dentro de cada pátria os d iferentes povos. indígenas, negros. unidos p{1tria com p:itria. Este dia de hoje, para mim, para lodos nós, é um dia verdadeiramente histórico. Pela primeira ve1. no Brasil) no mundo, a fé da Igreja pensada cm teologia , a fé na Igreja partilhada ecumenicamente - Igreja

Católica, igrejas evangélicas - é testemunhada pela prática, 1>clo compromisso de uma caridade q ue se torna social e política ATÉ A MORTE, para ganhar a vida. Eu n, c sinto, vestido de guerrilheiro, como me poderia sentir paramentado de Padre. ("plau.<os) E a mesma celebração nos empurra ci n1esma esperança . Apcn.-,s. para terminar. gostaria de pedir para todos vocês que sejamos conscqi.icntcs: o que estamos celebrando. o que estamos aplaudindo. nos compromete iité o fim. A Nicarágua nos deu o exemplo. Todos nós. todos os povos da Améric,, u,tina. todos os povos do terceiro mundo. vamos atrás. (pa/11uts estrondosas) (L-:,"m seguidt, o audi1,jrio é c.·011vitlado a tu·o1np,111/wr t'llna 111úsica dedicllda a 111u .w11ulinistt1 n1or10 na gu<•rrt'llw. Canta 111>1 conjunto 1nusict1!).

Ili - FALA UMA GUERRILHEIRA DAS COMUNIDADES DE BASE

1 - TEMA: TEORIA ESTUDADA EM UM CASO CONCRETO O lema de hoje seria : Prática Pastoral e Prática Política. Mc,:5 nada mais adequado do c1uc apl'cscntar a Hconvertudc" histórica da prática pastoral com as suas conseqiiências políticas, como foi o caso da Nicarágua.

A Nicarãgua

Três anos de repressão

A Nicarágua é um pequeno país da América Central - pequeno comparado i,s di111ensõcs do Brasil, mas grande porque j,i realizou aquilo que nós ainda busca111os. que é a libertação de seu povo. A Nica rágua tem cerca de 3 milhões de habitantes e um;1 farc:, de 132 mi l quilômetros quadrados.

50 anos de luta A era sandinist a A lula do povo nicaragiiensc por sua

libertação -

lucionário Carlos Fonseca Amador. que foi assassinado pelas forç;is de repressão de 1976. 63 a 67 são os anos da imp la ntação e de expansão dos grupos guerrilheiros. 67 a 1974 é a fase de ac,rmulação de forças. inclusive nas cidades.

um povo oprimido desde o

E de 74 a 77 se desencadeia uma fone repressão sobn; a Frente Sandinista e os combatentes revolucionários. A Frente se amplia -

a ,·itúria

Mas a partir de outubro de 1977, a Frente Sandi nista de Libertação Nacional consegue unificar os grupos de oposição na Nicarágua e consegue desencadea r o processo de luta que efeti vamente resulta na queda da ditadura da famifü, Sornoz.a . que estava no poder h,\ 45 anos. E no dia 19 de j ulho de 1979. a

Socorro (;uerrcro: Boa noite. companheiros. Em nome das comunidades cristãs e dos movimentos populares da Nicaréigua. vou contar-lhes mi nha pequena experiência como uma mulher prolct;:íria. un1a mulhcl' dos bairros margim1li1.ados de Nic~tríigua como tantos desses pequenos que vocês têm aq ui no Brasil • uma mulher <1uc cm nome de todas as mães - eu me atrevo ilO direito de di1-cr-lhcs - que cm nome de todas as mães da Nicarúgu,1t de tod,1s aquelas mãe~ sofridas, aquelas que têm sido exploradas por cerca de 45 anos de dura ditaclurn. E que, graças a Deus e à vanguarda que é a Frente Sandinista e a todo o povo da Nicarúgua. hoje podemos dizer: piltria livre ou morrer.

Uma "ex-popular" nas comunidades de base Contarei minha experiência. Mais ou rf!cnos em 69. cu tra uma pessoa. por assim

di1.er. que não pensava posto que não me tinha d::1do cont~1 d ::is minha$ realidades até mais ou menos os anos 70. quando começava a m1sccr 1.1 na Nicar;ísua o movimento de comunidades de base: interessei -me por e le e cheguei a frcq iicntú-lo no b;iirro onde cu moro. o nde o Pc. Uricl Molina tem a seu cargo o traba lho paroquial.

A "conscientização" revolucionária Começamos então a questionar-nos através da Bíblia (.. . ) corno Deus lhe deu csre carisma de que atn,vês da pa lavra de Deus

nós chegamos a descobrir nossa realidade social: a realidade em c1uc vivíamos submersos. onde não tínhamos <igua. não tínhamos lu1.. não tínhamos t:1lin'lcnu1ç~o. o serviço hospita lar em prec;írio. enfim. uma série dessas coisas. E. sobretudo, descobrimos. o u melhor, redescobrimos o dom que Deus nos tin h,1 dado desde que nasccn,os. Mas que f1s vezes. pelas c ircunstâncias cm que a gente se desenvo lve...

Etapas da doutrinação Mas uma pessoa como cu. sem preparação - só cheguei ao terceiro ano prim{1rio - , sem saber q u;,sc escrever, apenas ler, cheguei a compreender este tesouro. que só se descobre através de Deus e de companheiros que temos ,10 li,do. E cheguei a compreender que o problema e,·:, grande. Mas. isso se fez através de estud os bíblicos, onde questionamos nossas realidades .:tt ravé.s do Evangelho.

Politização É aí que realmente se toma consciênci" do problema social cm que se vive. É quando surge o segundo passo: seja para uma pessoa que tenha um ceno mati,. político - pode-se di1.cr. porque qua nd o a pessoa se mete nos problcm;is socia is de seu p.1ís já é um homem político. um homem que de rato tem que ser político. porque tod os os que rodeiam têm que questioná-lo. E ntão surgiram os com ..

Um congresso cercado pelo sigiltJ O lema sandinist a "Pátria livre ou morrer· domina o auditório. constituido em sua maioria por freiras. Padres e militantes das comunidades eclesiais de base.

século passado. principalmente pelos nonc-

amcricanos - se iniciou mais decisivamente a r>an ir de 1927. liderada por Sandino. Sandino levou essa luta. plantou a semente

dessa luta até 1934, quando foi assassinado pelo ·pai do ditador Somoza. dcrrub,,do no ;l no pa$Sad o. A guerrilha: 20 anos

De 1934 a 1956, a luta se dil principalmente nas monta nhas e entre os camponeses. E cm 1956 os guerrilheiros vingam a morte de Sandino com a mone de Somoz,1. A Frente Única nas cid:idcs

De 56 a 1963. surge a Frente Sandinista de Libertação N;1cional. fundada pelo rev<>-

Frente Sa ndinista e o povo da Nicar;)gua passam cíctivamcntc a viver num pa is livre. Eu gosrnria de anunciar os nomes dos compan heiros nicaragiicnses c1uc participa .. ram efetiv.1mentc da lu ta e que estão aqui presentes. Entre nós cst~o presentes o conrnndante Daniel Ortega Sanvcdra. que é membro da junta do governo de reconstrução da Nic.:1nigua e da direção nacioirnl da Freme Sandinis ta de Libertação N<1cion:,1. Esi;í presente rnmbém o Pc. Miguel d'Escoto, que é o ministro das Relações Exteriores da Nicar:igua (...]. Soco,·,·o Gucrrcro. cl;is comunidades de base da Manágua. David C h,ivarria, membro da Frente Sandinista de Libertação Nacional e também d:is comunidades de base da Nicar~gua. [... ). E o Pc. lJriel Molina, que é p,iroco na periferia de Manágua .

li - UNIFORME GUERRILHEIRO PARA UM BISPO DO BRASIL ldi bal Pfreta: Quando nós estivemos cm dezembro na Nica rá,gua. levando a noss:i pequena solidariedade ao povo da Nica,·,igua e da América Latina. nós recebemos alguns uniformes e presentes dos guerri lheiros da Nicari1gua. para que nós déssemos a companheiros brasileiros. pan1 homenagear aquele brasileiro que tem lutado pelo seu povo. pela liberdade e pela justiç<1 socia l. Eu gostaria de entregar esse uniforme. 4

dado por uma companheira guerrilheira d;! Nica rúgua . a Dom Pedro Casa ld:iliga. ((lp/á11sos estl'ondosos. J~ritos. assobios).

Fala o homenageado: convite para lutar até o sangue

O CONG RESSO INTERNAC10NAI. Ecumênico de Teologia, reunido em Taboão dá Serra, municipiQ vi'l.inho de São l'aulo. contou éon, o aiioio dos mais conhecidQs defonsores latino-amerieanos da chamada "teologia da libertação''. Figuravam ho pnigrama de conrcrências os nomes de D. Sergio !vten<l~s-Arcco, ft.rccbispo de € uernavaca (México). D. 1;.cônidas Proafio. Bispo de Riolia111ha (Equador), Pc. Gustavo 611ticrrez (Peru), D. 0scar Romero, ArcebispQ de San Salvador (EI Sa11,ador). D. l~cclro €asaldáliga. Bispo de São Félix do Araguaia (Mato ©rosso), Frei Leonardo 8off. rranGiseano brasileiro. e1111·c outtos. 0 congresso - cuja programação interna foi. cercada de grande sigilo c9ntóu CQm a pattieipação de rçprese1J1an1es de 42 países. segundo os organizadores. Foi vedada a entrada de qualquer pessoa qlfC não constasse rigo,·Qsamcntc da lista dos convidados. /ii.s sessões realizadas no teatro da PUC (Tuca), e,•am uma espécie de con1unieação selecionada para o p11blico c m geral, às quais compaYecilra·m sobrcwdo rçligiosas. Padres e at ivistas leigos <le movimentos como as cmnunidades ecJe.~iais de base. Os organi1.adorcs do congresso RTOR'riamcnte liberaram pequenos e sintéticos co,nunicados de in1prcnsa, a qual não teve acesso aos trabalhQS. Em face dessas circunstâncias, ê impossível evitar aJgo01as perguntas que asso.mam naturalmente ao espírito de qualquer um: por que tanta reserva em matclYia estritamente doutriná.ia? Qual a ra7.ão do rigoroso sigi lo que cercou os trabalhos dos "teólogos da Jiberta~o'"? Haveria a lgo que convinlJa esconder do público, evitando qualquer tipo de divulgação? O creio de eo11ferências no l'uca foi encerrado no dia 1.0 de março p,elo Cardeal D. llaulo E',vadslO Arns, que dcelareu:

"C:omo éoncluir? Não hó um(I condusão. A eoisa apena.~ ço,ne(,ou. [ ... J "Vejam es1t1 pe,'[ttJ1J1a - du,ga de 1eologi(I e vw1,os. à prtitica: c>11d11 estão os grupos que vão para a Niea,dguu. f)(lra aprender? l;.11 resvondo: sei que, em S1io Paulo, hti grupos se prept,tand,> e de 111àla.,• prontas para pnNir. A ttf ,•0111 ó per111iss,io do Arce//i~f)O di> São Ptu,lo ... ''Agor(I. não ,·011vé111 e11t:errnr. Não é 11oi1e. Es1a11u>s nó (l11rora, .. V(l111ps agr(lde<>er aos 111tittir1Js aqui na A111tfrica l.01ina e 110 Brasil. Eu r11c(,rdari1, aqui os mártires posseiro$ e O.li mtittke.r i11dios. ( ...) Não se iram de uma liherrafl1o ronui111ica,, Jll(I~ 111110 libertação dtt.f,:un~. "" 111/Ju saldrio. du.favela. (211e cs1a se111a11a .e/a 11111 có11111ro111iss<1 110 s1111gue de Cri.rio. /111por1n /lg~J1·a 1r(1dw;:i,· a palavra 1111111 1es1e11111n/Jo teor (cf. "O São Pa1110·•. 7 a 13 de março de L980). Na saida do teatro. uma jo,.,cm oferecia um prodlnQ à v,enda: "l w11 po.rter 11111itõ bonitó. V1,té 11ão quer levar?" Tratava-se da figura do guér,ilheiro "Che"

Guevara. a cores. em custosa apresentação gnlfica .•Preçe: 180 cruzeiros ...

D. Pedro (;asaldáliga: Eu vou procurar agradecer este sacramento de libertação <JUC CATOL IC ISMO

'


ilA DA LIBERTA ÃO'' EM PRÁTICA

O coordenado r d o conjunto musical União e Olho Vivo entrega a O. Pedro Casaldá liga o unif orme sandinis ta . pres e nte dos guerrilheiros da Nicarág ua.

O Bispo de São Fé li• do Ara-

guaia veste a jaquet a e declara sentir-se como se esti vesse paramentado. Promete lutar e agradecer ..c on1 os f eitos. e. se for preciso. com o sang ue ...

panheiros q ue hoje estão na Frente Sandinista. (ciu, os nornes)

A ação ... E uma série de companheiros q ue hoje estão (1i1ubeia) ... que são os nossos comandantes. E les me dissera m que precisavam de um;:1 ctisa que mais ou menos desse a aparência de uma casa normal de familia. Tive medo, não posso negá-lo. Porém, o próprio Cristianismo. minhas próprias necessidades de ver se algum dia veria minha Nicarágua li vre .. . Eu tinha que fazer algo. É ai que meu comprom isso se tornou mais forte. Aceitei e fui colaborar com os comp~m heiros da Frente s~1ndinista. Deram-se momentos íclizcs. momentos difíceis. Porque, o que d izer, quando se 1cm uma guarda como a q ue tinha Somoza. on<lc

sabíamos bem que fazi:im operações de limpeza e sabíamos que estávamos bem comprometidos. Tín hamos medo de morrer. Porém. tin h:1mos nos decid ido e especia lmente cu j,í não tinha medo de morre r. Eu já sabia que era p referh,el morrer do que viver 80 ou 90 anos morrendo lentamente. (palmas)

Palavras aos brasileiros O que <1ucro dizer com isso é q ue animo a

todas as com unidades de base e movimentos popu lares. É verdade que aqui no Brasil que pelo pouco que conheci é tão grande vai ser difícil urna revolução, mas não será impossível. (aplausos) [ ... ] É necessário que todos se ajudem mutuamente, porque da un ião é que nasce a força. Quisera que vocês questionassem um pouq uinho mais. Eu sei que todos os que

estão aqui têm bom coração e são cristãos. Porém. que questionem um pouc1uinho mais, parece-me, esse monstro que vocês têm de um capitalismo ... (palnws) Não quero que [ ... ] mas como algo que nós, os nícaragiicnscs. estamos conscien~cs: o ca pit alismo é o pior e o maior inimigo. ~: o q ue chamamos "o diabo da Bíblia". Porque o diabo cm sí não existe, mas o capitalismo s im, existe, nos aprisiona e nos tira o nosso ser - esse ser q ue Deus nos deu. É por isso <1uc cu digo q ue na Nic~1rágua hoje vivemos felizes. E esta felicidade, va mos conquishl-la, seja corno fo r.

Um espectro mobilizador Porcrue se é verdade que cu nunca tomei um rinc, agora cu digo aos companheiros: preciso que me ênsincm a ma nejar um rinc. Pois o dia cm q ue invadirem, cu não vou Jlerrnili-lo. E vou tomar essa arma que não pegu ei antes 11orq ue tinha medo (... ). M as cu tenho que pegar (o fui il). E todos os nícaragiicnses estam os dispostos a nrnnejáJo. Porque se nós não o pegarmos logo ... Porque> não se iludam. não há rcvoluç.ã o sem contra-revolução. [ ... ) Vamos ser invadidos. Porque não creio que o inimigo ianque. o in imigo que tirou o que de melhor · havia na Nicanlgua ... É isto então que nós conseguimos com a vanguarda. que é a Frente Sandinista e o povo cm geJ'al. Porque tendo um povo que lmou - vocês não imaginam como nossos filhos lutavam , fa1.ir,m barricadas, at iravam com ílcchas (?), pegavam os feridos das ruas. Eles eram felizes. Ess" felicidade que agora conq uistaram. Muito obrigada, companheiros ... (aplau.,os)

IV - DISCURSA UM GUERRILHEIRO "CRISf ÃO" D avid Chavarria: Obrigado. companheiros ! O testemunho que poderia oferecer nesta noite, é o tCSlCmunho de toda uma outra experiência de vida. l, raiz de doze anos de integração cm uma comunidade crislã, da qual já falou minha companheira Socorl'o. De urna rn ilitânci<, de quase sete anos nas fi leiras d:t Frente Sandínist,1. Mi nha companheira Socorro explicava como se dá este 1>asso de integrnção, motivado na consciência e no dcspcl'l:or dos problemas de um povo sob a pcrspcc1iva cristã.

Conceito de "encarnação" Quero dizer que é precisamente uma profunda convicção cristã, <1ue somen te se realiza na encarnação, na identi ficação dos sofrimentos e dores de um povo que sofre sob ditadura cheia d e opróbrio dos "gorilas" mil itares im postas por po1ênc.ias estrangeiras .

Guerrilha Esta profunda convicç;1o cr,st:1 - se é que somos co nscqiicntcs com e la - nos tem que leva r irrcmcdiavehncntc .'t renúncia de nossa própria \'ida. à renúncia de noss" família. i1 renúncia de nosso no me. Não há nad :1 ma i:-; gra ndi oso num ser humano. como j ;', o disse CJ'isto, que dar a vida pelos outros. Esw renúncia de um nome significa negar-se a si mesmo. negar sua própri:1 ...:x isténcia em favor de iodo um povo. Nós para combater dentro da organização. tivemos que renunciar a nosso nome e adotar outro com o <1ual nos identificamos na luta. Mas ' fatos são realidades e não palavras. A experiência. o trabalho. levaram-me ~1 aceitar estes trabalhos até às ltllim;1s consccrüências; quer d ircr. até a morte. CAT OL ICISMO

" Martírio" T ive a honra de sofrer o ccírcerc e a tortura sob a oprobriosa ditadura militar. Tortu1·as que não são aplicáveis nem aos animais. Dias e noites inteiras sob interrogatório. sob golpes. c hutes, coron hadas. até chegar a urinar sangue. Vendado com um;1 m,iscara cheia de sabão até chegai· a ficar com parte do rosto cm eal'nc viva. choque elétrico. tortu r;is das qua is não se 1>odc conhecer a magnit ude. mas que se aceita q uando se tem a consciência e a clareza de que a vida, de que morrer. somente tem sentido quando se vive na luta de um povo. Não claud icar, não ser dc,·rorndo nunca. É uma experiência <1ue se adquire no combate. <1u::111do cornpanheiros nossos. a nosso lado, caíram debaixo das balas da d itadurn. da guarda co nhecida . e só pod ia ter alento para dizer-lhes: " Co mp,rnhciros. avante! A vitória é nossa!" Essas pa lavras leva m-se tão a fu ndo que. em cada povoado que as forças revolucion;;"trias libertavarn. nós sentíamos que, quando cntràvamos para libertar e li bel'tâvamos essa vila. ali estava nosso compa nheiro caido. ai nda não tinha mon·ido.

América Lati na inteira. Esta pálria com a qua l sonha ram 8olívar, na Venezuela; Marti, cm C uba; Vi lla, no México; Guevara, na Bolívia ; Sandino na Nicar:igua. Que foi

possível com o sacrificio e a dor dos filhos de Sandino e de Carlos Fonseca que hoj e vivem e são exemplo para a América Lati na, neste pequeno povo da Nicarágua. (aplausos)

V - A PALAVRA DE UM CAPELÃO DA SUBVERSIO Pe. Uriel Molina : Q uero fala r-lhes com muita simplicidade de minha experiência neste processo revolucion~lrio nicaragiiensc. Falo a partir de mi nha experiência sacerdota l e religiosa . Nasci e vivi a primeira pal'lc de minha j uventude. a té os 18 anos, sob o regime da cscravidlio somoziana. Tocou-me estudar três anos de Direit o na Universidade Nacional da Nicarágua. que tinha sua sede cm l.cón naquele rcmpo. Depois ingressei na Ordem dos Franciscanos cm Assis, o nde concluí meus estudos sacerdotais, que me levaram depois a um intenso trabalho de pós-graduação universitário em estudos bíblicos em Roma e cm JeJ'usalém.

Ação " ad intra" na Igreja... Depois de doze longos anos, regressei a meu país, cm 1965. quando acabava de se const ituir a Frente Sandinista de Libertação Nacional. Junto com o utros Sacerdotes. comecei a rea li zar em Manágua o que cu caracterizaria como um trabalho pro fético de resgate contra u ma Igreja que estava com pro melida com o regime governa nte. Coube-nos a alguns Sacerdotes a tarefa de resgatar a mensagem evangélica da apropriação que há muito tempo delas tinham feito as classes oligá rquicas.

...irmã das guerrilhas Levou-nos também a esse compromisso profético :, valente ação guerrilheira de nossos irmãos sandinistas . reali7.ada cm alguns pontos cio território naciona l. Certo dia. a lguns companheiros sa ndinistas foram descobertos c m sua casa de segurança, num bairro de Manágua. Foram chamadas as fo rças de segura nça e a po licia. e metralhados sem misericórdia com peq uenos tanques. Só resta ram seus corpos destroçados e seu p la no de ação mi litar.

Ação políti ca Reunimo-nos sete Sacerdotes para levantar nossa voz de ..defcsa ante o que víamos com roda clareza: uma injustiça na desproporção dos meios empregados pal'a comb,iter os Sandinistas. Il uminamos o caminho do que seria um dia a flllura Nicarágua a part ir de alguns pontos claros e concretos, assinalando o que a Bíblia nos ensinava: o êxodo para uma pátria grande. A reação não se fez esperar. O Diário Naciona l, do regime governante. da ditadura. nos batizou então como ..os sete irmãos em Marx" e desde então nu nca cessou em seus a taques contra nós, marginalizando-nos de todo o processo e fazendo-nos sofrer profundas contradições cm nosso trabalho sacerdota l.

A esperança

Agitação nas comunidade cristãs

E nossos compan heiros realmente vivem numa luta cli:í ria de um povo. Este sentido de cspcrnnça que somente sob uma perspectiva cristã pode dar-se. Mas não pode esperar somente um futuro bom quem não està disposto a cont inu;,r se sacriíicando pelo desenvolvimento e bem estar de todo um povo. E esse povo não 1cm que ser necessariamente só a Nica r{1gut1, Essa povo é prccis~amcnte a p:.'at ria gr:indc. a p.ÍIJ'ia livre.,,

Expc,·iências sign ificativas desse momento histórico foram alguns compromissos que nós. corno Sacerdotes. rea lizamos. num trabalho de estímulo cm face das comunidades cris tãs e integrando-nos cm greves nacionais signi ficativas como as greves dos professores. [ .. .) Mais adiante, cm concreto no ano de 1971. um grupo de jovens universitários me chegou a propor se cu estava de acordo c m formar com eles uma comunidade uni versi~

tária cristã , vivendo nas próprias instalações materiais de minha par6quia. Eu disse que sim, p lenamente. Via que era uma grande oportunidade para entrarem diálogo com a juventude q ue estava sofrendo. Alguns desses jovens uni versitários são hoje comanda ntes ou figuras destacadas da Frente Sandinista de Libertação Nacional.

A "guerra santa" Fui Ol'gani1. .ando d urante mais de um a no um longo processo de integração entre fé e polít ica , entre fé e revolução. Uma leitu ra simples e sã do Evangelho com uma análise de nossa rea lidade en raizava cm u ma história que tinha que resgatar. Confesso-lhes, com humi ldade e franqueza. q ue não foi sempre fácil J>ara mim, como Sacerdote, sem nenhum apoio na Ordem a que pertenço, nem nas estruturas da Igreja, pa ra poder a limentar minha esperança e min ha fé de um claro delineamento da dout rina q ue ind icasse o cam inho a segui r. Não t inhamos então qualquer escla recimento dout rinário, nem con hecíamos seq uer o que mais ta rde foi o símbolo para nossos círculos de estudos : a "teologia da libertação" do teólogo peruano Gustavo Gutierrez. T ínha mos algumas poucas e claras informações do que se passava a n ível lat inoamcrica no. Mas cu me sentia sobretudo carregado com o peso de u ma luta entre o comprorn isso com o povo e o peso da instituição eclesiástica. Pressionado fortcmçnlc pelos superiores, entrava cm connito comigo mesmo quando tratava de conci liar aquelas frases que havía mos aprendido : "O Evangelho é para todos; tam bém os ricos têm que sa lvar-se". "Temos que tomar cuidado com a instrumentalização. Necessitamos explicitar nossa fé no aspecto religioso". "Temos que condenar a violência; a violência não é eva ngélica". Um série de frases que c u ia acumula ndo como cm espira l. Com grande devoção à Igreja a que pertenço, mas que cm mim s ignificou sempre um profundo impedimento pa ra aceitar o compromisso d a militância dentro das pessoas que estavam iluminadas pelo meu trabalho pastora l. Entrc1an10. dentro daquela nebulosa cu sentia q ue havia uma realidade que tinha de tomar cm conta . E que essa realidade não era quimicamente pura e que o Evangelho havia sido apropriado durante bom tempo pelas classes ricas. pelas classes poderosas. que era o que rea lmente me impedia de assumir compromisso mais diáfa no e simples que me era oferecid o por parte da j uventude.

Nasce dai a colaboração com o sandinismo Os jovens levara m adiante seu compromisso. Conti nuaram um trabalho de clandestinidade entre as fileiras da Frente Sandinista de Libertação Naciona l e desde então, 1973, desapareceram para integra r-se num traba lho clandest ino, sutil e intenso com os quadros popu lares, alimentados nas com unidades eclesiais de base.

Capel ão do sandinismo Assim iamos acompanha ndo o povo a través desse processo de esclarecimento.

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Senti a necessidade imperiosa de ~com panhá-lo a través da pregação de homilias que se faziam no templo todas as noites, por meio de correspondência. Mas devo dizer sobretudo que aprendi que era necessário dar mais um salto, através de um compromisso intenso. profundo. dos jovens que militavam nessa comunidade universitária.

Um "mãrtir" Entre esses jovens, o que está à minha esquerda (David Chavarria). A ele creio dever muito minha vocação. Não tenho nenhum sentimento - como dizer? - de reserva, para confessá-lo publicamente. Porque ele um dia foi preso e jogado nos cárceres da segurança nacional, onde o maltrataram. Ele contou só uma parte. Eu tenho em meu coração, e em um escrito profundo [... ) carta dele, do cárcere. O que e le passou. sua tortura , seu e ncontro com Cristo crucificado nessa solidão! Enviou uma carta na qua l medisse: "Não sei se sairei vivo deste cárcere, mas a ún ica coisa que sei é que minha convicção é forte. Rogo-vos que, como pastor da comunidade, leiais esta carta e denuncieis. como vos corresponde, o q ue estâ se perpetrando nas prisões da Nicará· gua". Tin ha medo de fazê-lo, também por sua segurança pessoal. Não obstante, foi mais forte o compromisso e o fiz. E denunciei ao mundo. dentro e fora 'da Nicarágua. o que havia sucedido. e logo começamos um d iálogo e uma série de

cartas. E cu enviei a ele minhas cartas de resposta, com frases da Escritura e com a

Luta armada Quando e le saiu da prosao. tinha seu plano de integrar-se ã insurreição nacional, que era iminente. Passou por minha casa e deixou -me uma carta que ainda conservo: " Quis celebrar con,·osco uma Eucaristia antes de me integrar à luta". Eu quisera. pi1ra terminar. assina lar simplesmente isto: que o testemun ho dele me fazia pensar muito na fiase do Mestre: "O discípulo não é ma ior que seu mes tre". Neste caso, na minha comunidadci devo di1.cr o contr{irio: os discípulos foram maiores que o mestre. (pabnas)

O abraço da subversão D aniel Ortega: Devo agradecer esses aplausos. esse entusiasmo de vocês. em nome de nossos heróis e mártires que vivem na revolução nicaragiicnse, q ue vivem no coração dos povos da América Latina.[ ...] Hoje. aqui no Brasi l. sentimo-nos contentes pelo entusiasmo e otimismo de vocês. T ra1cmos ao povo do Brasil, aos traba lhadores brasi· leiros, aos pa triotas brasileiros, o cumpri· mento, o abraço franco dos trabalhadores nicaragüenses, dos patriotas nicaragUenses, dos revolucionários nicaragiienscs . (aplausas)

Despistamento quanto a Fidel Um companheiro muito querido, morto cm combate no ano de 1970, comentava cm rodas com o ut ros companheiros. por volta do a no 1964, que a grande dificu ldade que tínhamos, os movimentos de libertação, era que na direção do movimento de li bertação todo mundo queria ser Fidel Castro. E vendo à distância esse passado. confirmamos na prática que muita razão tinha nosso irmão sandinista, porque havia sobretudo uma tendência a cair na cópia fiel de uma revolução triunfante. Havia inc lusive a tendência de procurar um Fidel Castro para cada revolução latino~americana. Nossa revolução. com o correr do tempo, veio se persuadindo de que a revolução cubana era u ma na América Latina. de q ue a revolução cubana - heróica e magnífica, com fidcl Castro à frente - não podia repetir-se da mesma maneira. (pabnas) Em nosso país. nossa vanguarda , o d iri· gente máximo, que se cha ma Direção Naciona l, é composta por nove membros. Não se podia repetir com ponto e virgu las o fcnô· mcno da rcvoluç:io cubana. E na Nicarágua a participação das massas insurrccrns nas cidades foi decis iva. E a guerri lha nos campos e nas montanhas foi parte dessa insurreiç:io e não o eixo da guerra revoluc ionária. Isto no-lo ensin ou a prática. Ensinou-nos o povo, ensinou-nos nossa história. Enquanto não penetramos nossa história, enqua nto não deitamos as raízes do nosso processo, não pudemos encontrar a resposta acertada. Entretanto, havíamos caminhado divagando, divagando com a experiência já acabada. E m lugar de saber assimi lar de maneira criadora essas experiências. tendíamos a cair no mecanicismo, no esquematismo. no tcoricismo. E havia que vencer tudo isto. E tudo isto somente podia ser vencido à força de prát ica. ã fo rça de experiência. à força de fracassos. à força de nosso povo.

Vítória principalmente psicológica... Muitos se perguntarão como foi possível a vitória dos Sandinistas. Temos d ito e repetimos que nossa vitória foi possivcl não porque tivéssemos adquirido um pouco mais

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O fator psicológico é essencial O determina nte é o cspirito de decisão de nosso povo, é a disposição de nosso povo de ser livre por seu próprio esforço, de impor-se urna quota de sacrifício para poder final· mente ser verdadeiramente livre.

Problema político

"Apóstolos" guerrilheiros O que cu não fui capaz de d,ir. eles deram . E então. no dia cm <1uc começou a insurreição nacional. tive a última lição de um povo inteiro, q ue nunca separou fé e oração de luta rcvolucioníu-ia. Quando as bombas de Somoza mctrallrnva m a popu· laç~o civil de meu bairro. cu o uvia. como única rcsposrn. por trás dos que se defendiam das rajadas de me tralhadoras. um grito de esperança para todos nós: "P{,tria livre ou morrer!" E me retirava na minha solidão, em profunda oração, muitas vezes cm frente ao tabernáculo. E sentia que não era cu que pregava o Evangelho. Começavam a pregálo os jovens sandin istas da Nicarágua. (pal111as)

VI - COMANDANTE GUERRILHEIRO NO TUCA Frei Bello: Nós temos. sem dúvida nenh uma. o privilégio de escutar agora a palavra do comandante Daniel Ortega Saavedra. da junta de governo da Nicarágua e da direção nacional da Frente Sa ndinista de Libertação Nacional. (pal11ws)

Porque de repente lançaram toda uma campanha de imprensa internacional e q uiseram bombardear nosso povo com a idéia de que os 75 mi lhões são decisivos para o futuro da reconstrução da Nicarágua. Isso não é certo. Todos sabemos que nem 75 milhões. nem 400 mi lhões. nem 20 mi l mi lhões são determinantes.

Eucaristia. para que e le comungasse e pu· desse nutrir-se no tremendo martírio que sofria.

de arm;:imcnto: não porq ue tivl;sscn1os organizado um pouco melhor o povo; não porque somássemos um número maior de comba -

tentes. Mas foi possível porque houve de· cisão. porque houve energia e. sobretudo, porque isso é o mais d iíícil. Pudemos prnti· car um pouquinho de humildade para poder nos unir. Sem unidade. não teria s ido possí· vc1 a vitória revolucionária na Nicarügua .

...inclusive quanto às divisões internas Para nós foi indiscu1ivclmcn1c difíci l lograr a unidade. Não foi tarefa simples. Po1·quc cada <1ual - neste caso cada organi1.ação

tende a tornar-se d ono absoluto

da verdade e a negur a p,1rticipação aos demais. Porque caímos com facilidade no sectarismo. Porque cm vei. de apresentar um só punho, aprcsenwmos cinco dedos estendidos. apontando para direções diversas. Então não é possivel pensa r cm avanços, pensar cm ll'ansíormaçõcs, pensar c m rcvoluç.'io. Ainda q ue o 1>regucmos. e o repitamos. Temos insistido e insistimos quando

A "teologia da libertação'" lev a a freira iJ pegar o

fuzil ao lado da guerrilheira, na Nicarágua, c uja

revolução é ago ra apresent ada como exemplo

pa ra toda a América latina.

nosso país. tcncar realiza r no tempo. tentar realizar uma Igreja renovada. urna Igreja ativa e combativa. uma Igreja cristã com um povo cristão. sandinista. lutando contra tuna ditadura sanguin;lria.

Revolução no Estado e revolução na Igreja Ontem explicamos a alguns companheiros q ue nos perguntavam acerca das relações lgrcja .. rcvolução. Se a revolução nicaragiicnse tivesse ocorl'ido no a no de 1957. quando <1c;1bava de ser justiçado o tirano Anastúcio Somoza Garcia. é certo que ela teria se e nfre ntado com a Igreja. porque;, lgrcj,,. na s ua Hierarquia. na maioria de seus representantes. estava de cheio cm choque com o povo, há muito tempo. Uma das manifestações mais c laras dessa agressão d essa Igreja a nosso povo, foi qua ndo o tirano. quando o assassino Somoza Garcia foi enterrado, quando lhe prestaram honras antes de lcv:í.-lo para a sepult ura: as altas Hu toridades da Igreja na Nicarágua o cmerrarnm com honras de Príncipe da Igreja. (risos) E é certo que nessas condições. ao triunfar a revolução. os pl'imciros a fugir Coram os restos d~ familia Somoz.i. como teriam sido esses senhores que ocu r>:,va m a alrn autoridade. a alrn representação da Igreja cm nosso país. Mas. para sorte de nosso povo e de nosso continente. a história da história rcvolucio, . . .. nana cm nosso pa,s contou com a part1c1pação dec idid a de Padres revolucionários. Contou com o sangue derramado de Padres revolucionários como nosso herói incsquc•cí,·el. Gaspar Garcia l.abia na. (aplou.<11.,)

Ecumenismo interno O triunfo cm nosso país, dizíamos. foi possível porque não houve dogmatismos. Foi possível porque não houve sectarismos. Foi possível porque ningu ém fechou as portas. Foi possível porque o povo assim o exigia. porque a sua vanguarda assim o soube interpretar. Hoje, nosso país, nosso povo, se debate numa situação d ifícil. Estamos lutando contra a destruição que o so111 01.ismo deixou. Estamos lutando contra as dividas que a ditadura somozisia deixou nos bancos estrangeiros e nos organismos internaciona is. Esrn rnos luta ndo contra o ,rnalfahetismo. porque também temos dito e repetimos: o que nosso povo conquistou foi a li berdade para poder ser livre.

E nos Estados Unidos, quando discutem e discutem se e mprestam - porque não estão dando de presente - 75 milhões de dólares à Nieari,gua. por outro lado aprovam rapidamente o envio de 400 milhões de dólares cm armas ao Paqu istão e que se enviem armas ao exército salvadorenho. que se envie ajuda econômica rnpidamcncc ao governo de EI Salvador... (,una voz da platéia: "Assassinos'") Essa é a realidade das relações de nosso povo, do nosso governo revolucionário. com o governo dos Estados Unidos. Quando continuamc,uc aprovavam empréstimos após emprésti mos a Somoz.a. quando sabiarn que Somo1,, roubava. po,· out ro lado. põem dificuldi,dcs e demoram longo tempo para um empréstimo a nosso pa ís. Quando a Nicanigua tem todo o direito de reclamar do governo dos Estados Unidos uma indeni zação histórica pelo dano que causaram a nosso povo! ú1al111as. gritos)

A expansão internacional da Rús sia C remos que é necessá rio tambêm dcnun·

ciar o nde va mos chegando. fazcr..nos solicl<Í· rio com o povo de EI Sa lvador. com esse valente Arcebispo q ue tem EI Salvador. que se chama Mons. Romero. (apl1111.,·os) Que tem denunciado o perigo de intervenção cm seu pais. Todos sabemos que nos setores mais rcacion,irios dos Estados Unidos. os setores belicistas. estão tra tando de ap,·ovci: tar-se ela situação do Afganistão. da presença de tropa s soviéticas no Afganistão. para justific•lr qua lq uer intervenção e agressão contra os povos da América Latina. (aplausos) Queremos d izer-lhcs. c<, m p,111hci ros. q ucrcmos d izer- lhes. irmãos. que o esforços de todos não est..í sendo cm vão. Que a luta dos povos não se detém a inda qua ndo são agredidos. quando são assassi nados. quando são atcrrori1.ados. Que se na América Latina. 20 anos atrás não havia governos d is postos a dizer não ao imperialismo ianque. sob nenhu ma circunstftncia. agora já hf1 governos neste c.o ntincntc dispostos a dizer não ao imperia lismo ianque. (pt1/111as) E que quando na 17." reu ni ão de consu lta da OEA os Estados Unidos apresentaram urna proposta dé invasão da Nicarágua, os representa ntes dos governos Ja tino-a rnc1·icanos '1 1i na OEA - ,, maioria dos re1>rcscntantcs - se opuseram a ta l medida. Essa medida não eta co1suill. Essa medida não era produto do ato impu lsivo de alguém ou de algumas pessous qu,1isquer. Mas era o produto da luta constante e permanente dos povos de nosso continente que têm prcssiom,do pela autodeterminação, por uma atitude anti-imperialista. por uma atitude soberana. por uma atitude: revolucionária. úJ11/11ws)

Que a unidade seja a meta imediata dos que lutam pela libertação nacional. Que a unidade seja a cadeia imediata a desembaraçar para poder caminhar com pé firme. Viva o povo do Brasil! (3 vezes)

Pedido de apoio aos brasileiros

E necessita mos do apoio dos povos. Na e ntrada do Tuca. literatura marxista à venda. como as obras de Ma rx e Engels: "Sobre a Reli· gi iio" e "A Sagrada 'Família", na 2.• e 3.• filei ras. Participantes do congresso de teologia podiam comprar também cartazes coloridos c om a f igura de "Che" Gueva ra.

nos pergu ntam qual é a experiência que traz a revolução nicaragücnsc: dizemos-l hes que a maior experiência que a revolução nicaragüense tra7. é que não se a deve copiar e que se deve buscar a resposta na s ua própria realidade. (pa/111as) Mas cremos · q~c há uma e xceção nessa afirmação. E é a de que a unidade é pedra angular, é elemento decisivo e fundamental para que possa haver revoluç.ã o. A isso sim nos aferramos e cremos ctuc isto devemos copiar: devemos repetir em outrns ex pc· riências.

Progressismo e subversão Sentimo-nos orgulh osos de estar aqui com os cristãos revolucionários (pa/11ws), embora seja um pouco redundan te a palavra. ÚJt1/111as) Na Nicarágua dizemos ctue ser cristão é ser revol ucion ,írio. (pa/111as) E cm

Necessitamos do apoio dos homens conscientes deste continente. Necessitamos do apoio dos governos latino-a mericanos e do mundo. Nossa situação é difícil e não pode mos isolar-nos do que é o movime nto econômico

8Af01IlCil§MO MENSÁRIO com aprovação cclcsi:íst ka

CAMPOS -

OirNOr Paulo Corr<a de Brito Filho

internaciona l, o mercado internacional. Essa é uma rea lidade que pesa sobre nossos povos, e sobretudo sobre os povos mais pobres, sobre os povos com menos recursos. Mas trata-se ago ra de conseguir e fa1.er gestões para obter ajuda de e mprésti mos com dign idade. de fazer gestões e conseguir ajuda e empréstimos sem claudicar. De fazer gestões e conseguir ajud:1 de e mpréstimos para fortalecer a economia de um povo. para forta lecer nosso processo revolucionário.

Ajuda norte-americana é supérflua Est:ivamos perguntando a nosso companheiro que últ ima iníormação tinha acerca de 75 milhões que estão e m discussão nos Estados Unidos há um bom tempo - se já aprovaram ou não aprovaram. Queremos esclarecer e j ,I esclarecemos nosso povo que dcssc.s 75 milhões não depende o futuro da revolução nicaragücnse. (pn/ma.t)

ESTADO DO RIO

OirclOri:\; Av. 7 de Sclcmbro 247. c.:1ix;1 postal 33:l. 28 100 Campos. RJ. Administração: R. 1)1'. M.ininico Prado 246. 01224. São ra.,10. sr.

Com1>oslo e impresso na J\rt1>rcss - P;;1péis e Artes Gdftcas Ltda., R. Gal'ibaldi 404, 01135. São Paulo. SI'.

CrS 300.00: cooperador CrS 800.00: benfeitor CrS 1500,00: gr:l 1\dc benícitor CrS 2500.00: scminarisw:s e estudantes CrS 250.00. Estcrior: comurn USS 20.00: benfeitor USS 40.00. Número :ivulso: CrS 20.00. Ass:inalura an u:ll: comum

0> pagamcmos. scrnprc cm nome de F:di Padre Belchior de Pontes S/C. podc-

1orn

r:io sct encaminhados à Adrninis1raç~o.

CATOLICISMO


O TRIUNFO DE SANTA JOANA D'ARC

e

ERCJ\ DE 300 cavaleir<>s. com seus trajes medievais e porwndo :'1rmas e escudos. num grnndc

desfile equestre. pcrcorrcr~1m ÍC:iliva-

mcntc os caminhos d,a região norte d~, França. para :io final serem recebidos pelo público cm Orlcans. Passando pela Pont Royal. dirigirnm-sc. cm meio ao repicar d os sinos, ;\ casa onde se hospedara outrorn a própria Santa Joana d'Arc.

Foi assim t.1oe. comemorando o SS0. 1' ;rnivcrsürio da miraculosa libertação d e Orleans pela Donzela de OonrCl'lly. tivcr~11-n inicio nessa cidade. cm outuh1·0 último. c,s festividades públicas pro movidas cm conjunto com o Colóquio

Internacional de História Medieval.

história d~1 França. constituindo uma das personagens com maio r número de rcferênchis cscri1 :is de seu tempo. M:'t. por exemplo. toda a doc umentação refc. rente ao prOéesso de condenação. l>cm como o de reabilirnção. ao lado das obras que sobre ela se escreveram depois da morte. O Centro Joana d'Arc. cm Orlcans, reune :1tm1lmcntc uma hibliotec:, de ? mil volumes. bem como fichilrios. mi · crofilmcs e slides q ue permitem ao público conhecer mais focihncntc esse c:1 pílulo da história francesa. T;l1 insti• 1uição funciona n.i c::isa o n<lc rno,·ou Santa .J oana d'Arc. logo após :1 libcr·

p;1-

Reabilitação vinte anos após a

foguei ra

Um dos temas. cuja forrn documcntac;âo do Centro J oan:., d'Arc purmi1e que se pesquise detidamente. /:. relativo ao processo de re;:,biliL:H,~ão. no qual íigu rnm grande p:irtc das testemunhas e juh-:cs <1uc pürticipuram do processo de condenação.

l

trocinado pelo Centro Joana d'Ar<:. Esi-a instituição. que tem ii. frente:, conhecida historiador<., Régine Pernoud. reuniu cswdiosos das principais universidades européias e de outros pá.ises.

Os hctóis, e sobretudo os santos. que são os heróis por excelência, cm gemi, torm1m•sc mais conhecidos e s u~, lem· brnnça adc.1uirc maior brilho. à medida que transcorrem o s séculos. Tal se passa com a cxtraordin{1ria virscm de Donrc· my. injustt1mcnrc condenada :) íogucir.1 cm 1431. mas cuja santidade foi solene· mente proclamad~t pela Igreja C:ttólic;;1. q m,ndo na Basílica de São Pedro teve lugar a sua canonização. pelo Papa Bento X V, a 9 de maio de 1920. P:,ra no:,;sa época. na titrnl :1 vicia católica reduz.se quase exclusivamente .io culto nas igrejas ou cn1 reuniões de sacristias: sem. r.odcr deitar raizc~ cm 1od.1 a v,dn c1v1I. o exemplo de Sa111a Joan~t d'Arc é ilustrativo cm sentido con1r:'1rio. A ProvidCncia Divina conduí" os homens e as nr1çõcs. cm determinadas oc,·,siõc~. atuando direta e visivclrncnh.: atr:,vCS de seus s;,mos. wl cc:uno o fo;,ia com o povo eleito. no An1igo Tcsw· rnento. através dos Proíctas,

tação de Orlcal\S. O ptédio. c1ue foi rnulilado no s(:cu lo passado. passou. cm 1940, por uma rcíoroH, <1uc lhe rc~aaurou o aspccw primitivo.

A Dontela de Donremy tornou-se uma das maiores hero(nas da História da Igreja

Cerco e entrada em Orleans A cidade de Orlcans foi a primeira a ser favorecida pelas vitórias militares de · Joana. Siti:,da pelos ingleses. c m oulll· bro de 1428. s ua r,orn11:"1ç5o 1c ria sido vcncid:1 pela fo me . se cm abril de 1429 ali não tivesse c hcg:·1do a sant:t. EI:, condu;,ia consigo urn comboio de VÍ\'C· rcs e conseguiu our:wcss~,r o cerco. Nessa ocasião. homens de a rm,·, s. burguc.scs. mulhere.s e criant:,s recebe· rr11n•na com tochas :,ccsas. como se acolh<.·sscm alguém enviado pdo Céu. A longa CSf>C'ra tcrrninava e Lodos seoti:tlll· se rcconfor1:1dos 1endo ~1 ccncí'.a da liben:,~·â<) próxima. E:na ocorreu :1 7 de nrnio. con, a tom~1da do íor1e de Tou re i· lcs. que deícnd i;\ o acesso ,t ponte de Orlcans. Os ingleses se dispcrs:1rnm sem travar comb:11c. cru.iu:rnto il coragem e o entusiasmo invadi:,m os sold.ido~ írnn· ccses. Apesar de seus 19 anos. dos c.1u:1is apenas 1rês dedicados :i vida pública. J o:rna d'Arc marcou profundamente a A entrada triunfal de Santa ~Joana d'Arc em Orleoas. reconstituída no ano passado Nesta casa. Santa J oana d'Arc ,esidiu durante sua permanência em Orleans

Após a vitória . Santa Joana d'Arc dirigiu-se à catedral (cena reconstituída por um artista otleanensc)

A 11 de junh(> de 1455, o P:ip:, C.ilixto IJJ autori1ava oíiciahnc,uc :-1 revisão do processo canônico sarna guerreira. A dclibcrnçâo d:i S::-1nta Sé cm a sequência n;;1tu1·;1l do consenso. e cm alguns casos do remorso. que pouco :1 pouco ia 1om::1 ndo vulto po r ioda :1 França. adrni1indo cl.1ramcntc que ::1 jovem de Oonremy for:i condenad:1. ~1pcsar de sua r)Otávcl inocência.

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Referem as crônicas: que Santa após a cxeeuÇclo da santa, e o Bispo Joana d'Arc. recusando reconhecer a Cauchon morreu s ubitamente c1uandose idoneidade de seus juízes. a certa a ltura barbeiw", apelou ao Papa, cm relação a cujo Jean Mcssieu, por sua vez. relatou: julgamcruo declarava s ubn1cter·SC filial .. .. E'u me l<•mbru bem quejret1iie111eme111e mcmc. Mas. contrnriando todas as rc· <1rmn feiws a Joana diw!rsas pt•rgu111as. gn,s dos tribun,,is da Inquisição. tal tliferentl'S wnos das outras, ao me:mw a1>elo nUo íoi sequer registrado. por l(.•mpo. Por isso. ela. dest<JIIU.'11/e, dizia: detern,inação formal do Bispo Cauchon. "Perg,muli um ,le ctula vez ". E<''' m,• A111el'iormcn1e à determinação de admirava como ela podia responder às Calixto 111, o legado d:i Santa Sé, pNguntas sutis e capciosas que lhe eram Guillaumc de Estoutcvillc. tinha recolhi- feiras. às <1uais um homem le,ratlo teria do infol'rn.1çõcs sobre o :tssu nto cm ioda dificuldaile em respon,Jer··. a Frn nç;;1. Tr,uava ..sc. agora. de elucid:1r Jsambarl de la Pierre conia o que ;is causas e condiç<1es da condenação ouviu de um sold:tdo inSlês que dctcsprofe1·ida vinte anos antes. lava pa1·ticu larn1entc a pastora gue:rreirn 1\ ssim. a o repicar d os sinos da C:Hc• e 4uc havia j urado l,:rnçar ele próprio a dral de Not re D:une de J>aris. cm no• 1ocha que acenderia a fogueira para sua vcmbro de 1455. transcorreu :1 primeira morte. Esse homem. ao ver .Joana bra· audiência solene. VilH.:e então. c:tmi• dar pela última vci. jtt sufocada pelo nhar pelo ccn1ro da igreja uma c..1.mpo- fogo. o nome de Jesus, foi toma do pelo ncs:1. rucada sob o J)CSO d:1 idade. sendo pavor. Dirigiu•se, então. a uma caverna conduzida por seus filhos. para respon· próxima ao velho mercado de Rouen, der com simplicidade e segurança :\s onde. bebendo um pouco, esperava re· perguntas que lhe foram aprescn1:tdas cupcrar as forças. O soldado não c.sconpor diversos Prelados. Era lsa.belle Ro- dia seu arrependimento. pois, cOmo méc. mãe de J oan:) d'Arc. dii i,,. "Joana era uma soma mulltc>rº' e As o utra~ audiências se rcaliz:1rarn conforme ele próprio afirmou ao decJa. cm Rouen. pois decidira ..sc que o pro- rantc, "temia muit<>ser condi'nado pot· cesso de rea bilitação tcri:1 lugar na {JU<' ele lun•io t1uelnuulo uma .truu,, mcsrna c idade que fora p:llco da conde· mulher", naç~'io. Pode·SC imaginar a emoção de tantas A glorificação pessoas naquela s pequenas cidades da frança do século XV, quando os arauOs adversários de Joana d'Arc. aquetos anunciavam a insta lação do tribunal les que a tinham condenado, não cone convocavam para nele prestar seu seguiam j ustificar suas posições. de modcpoimen10 "to tlos 011uelc~s qut! tfre.,sem , do que, decorridos v::hios meses. o ,·011/zecitlo Joana. a Donz,•la". processo de reabilitação chegou ao stu Seus con hccidos de inf:inci:i. um a fina l. um, confirmaram as cxtrnordin{,rias vir· fu11cion.'trios da justiça afixaram nas tudes de Joana. salientando como os portas das igrejas editais convocando traços mais salientes uma firmc1.a moral cod;.1s as 1>c.s.soas que tivessem a lgo a e uma cs1,êcic de a legria de viver. Este contrapor à reabilitação de Joana.,Ninaspecto d e seu car{1ter mostrou•se até guém se apresencou ... mesmo na nlono1oni:.1 da prisão. pois A 7 de ju lho de 1456. Jean de Ursins, suas angústias não chegaram a abalar Arcebispo de Rcims. em nome da Coseu equilíbrio psiquico e mental. missão Pontifícia. leu. com g rande solenidade. o parecer íinal: Depoim entos ''Nós. sl't/i{l(IO.\' t'lll nosso rrihunal e rendo a Deus somPnre dihnrl! dos Réginc Pernoud, cm seu livro" Vie N o lhos ... dizemos, pronundamos. de<·re· 1\l<J1't d,, Je11111u• tl'1irc" (Ed. Hachcnc. wmo:t ,. dedart1mo.,· que e ditQ prot<·SS<> Paris. 1953). 1ranscrevc os principais ,Jt., ,·ondenação. manchado d,, dolo. dl' depoimentos desse processo. colúnla t• ,lt• lnlqiiidad,•, de <·ontradiç,io e Ooisguill;1un1c explica aos juízes que dt• en-o manife sto. de fluo t• d,, dlrc?ito. "ouviu dizl'r que u1tlos os t·ulpados pela compreendendo n abjuràção. (1 exet·ucão moru! de .loom1 tfrerom mortt• " moi,t l! todas as co1ttN/iié11da.t. foram e .t ão vergonhosa". Por exemplo. Nicolas Mi· 11ulos. sem valor, sem e/eito. <• anu· dy foi atingido pela lepra alguns dias lados", .. Um dos exemplares dos artigos de acusaç.:io que serviram de base ao p ro cesso de condenaçãc,), foi rasgado simbolicamente. Ouviu-se, naquele dia, uma proclamação no lugar exato do suplício de Joana d"Arc. o Vil'u.,··A4archt de Rouen. Em seguida, tim cor1ejo solene percorreu as ruas da cidade.

ttt A CJ)Opéia de Santa Joana d'Arc não cncon1 1·a paralelo cm nenhum outro pais da Cristandade. A Franç.'l de seu tempo. na condição de miséria e abandono de seus govcrn:1111es. viu surgir uma jovem que dos c:unpos passaria ao comando d:1s tropas. E ,1uc d:1 fogueira seria condu1ida aos a liares. Quatro séculos transcorreram até. que e la passasse a fulgurar no firmamen10 dos santos da Igreja, como uma estrela distante cuja lut demora para chegar ,, Terra.

CJ\ TOLICISMO

7


IJAtoJLnCESMO -

NA MANIFESTAÇÃO CONTRA O ABORTO, UM CHAMADO A HONRA WASHINGTON - Dezenas de milhares de manifestantes anti-abortistas desfi laram cm Washington na "Marcha pela Vida", marcando o 7. 0 anivcr stírio da decisão da Supl'cn1a Cone que legalizou o aborto nos Estados Unid os. Grupos de membros da Sociedade Nortc,.amcricani, de Defesa da Trad ição. Familia e Propriedade TFP. e ngrossaram as fileiras calculadas cm mais de 45 mil pessoas reunid as no Capitólio. por ocasião do in verno. crn seu período mais rigoroso, a 22 de janeiro p.p. Facilmente identificáveis por suas eonhecidns capas e esta ndartes rubros com o leão rompante dourado. os jovens da TFP americana em prestaram especia l colorido i, manifestação de força da corrente contrária ao aborto. Procurando alertar e rnovcr ,,s consciências no sentid o de elevar os corações para a noção de ho nra. os membros da TFP proclamavam fra-

ses como estas: "Aborto. Vie11ul. Cambodge. /r,i! América. o que é de rua honra? AU!ll<Yiu. (1111t>ricanos! Atenriio. mue· ri,·,111os! Aborto: '"" pecado que btada a Deus por 1•i11gt111ça! - O sangue de Abel clt1111ou a Deus por vingança. Os inocentes · abortados clanw,n li D,•us JJf!l'g1111ta11do: o l/Ue fize,nos nós para qut• 11osst1s pró· prias nzães nos t1S.\Y1ssi11t1S.\'~111? - O ,novimento pl'lo aborto clluso1, li ,naior dwcina de in o<'entes da /-/is· tórial"

Na manifestação de 45 mil contra o aborto em Washington. salientou-se a presença da TFP

Começou a chover fortemcnic quando os manifestantes se concentraram nas escadarias do Capitólio. Isso não impediu, entretanto. que;, multidão ouvisse e aplaudisse disc ursos contendo severas críticas ,1

decisão da Suprema Corte e de out ras autorid ades que apoiaram e promoveram o aborto.

.. Ntio /ui 1naneirt1 de ser razoável (·0111 os ahortis/{/s", d isse Nellie Gray.

presidente da "Marcha pela Vida".

"Agora <'0111pree11den1os que esta· ,nos tratando <·0111 t11na força que é md e ,~onrinuartí nwtando enquanto ,uio lhe dis.,·cr111os qut.• não a 101t,>. rtuuos". concluiu .

" Deus não serti escan1,tcido '', afi rmou Robert K. Oornan, dcpuiado pela Ca lifórnia na Câmara dos Representantes. que juntamcnlc com o senador Jcsse lielms. da Carolina do Norte, apresentou emenda cons· titucio nal que pro1cgcria legalmente "o direitó à vida" a partir do momento da fecundação. Entre os membros do Congresso que se dirigiram à multidão incluem. se ainda os senadores Orrin Hateh. Richard S. Schcwciker e Gordon Humphreys e os depuiados Delbert L. Latta. Ron Pau l e Robert E. Bauman. Dura nte a marcha pela Avenida Pennsylvania e a concentração nns escadarias do Capitólio, me mbros da TFP dis1ribu írarn cerca de dc-1. mil exemplares de seu documento int itulado "Um apelo à No11ra". A declaração focaliza não só o tema do aborto. mas demonstra c1uc o movimento cm pro l deste não é senão parte deu.ma série de a taq ues contra a vcrdadein t hon ra da nação. Em resumo. o manifesto aíirma q ue o aborto é. acima de tud o, uma

<1ucstão n,oral e não apenas um problema d e d ireitos c ivis; que o direi10 ;\ vida é um d irci10 primúrio oriu ndo da Lei L)ivi na e da Lei Natural. Mais adiante. aponta a

obrigação que 1cm a sociedade de ajudar ,,quclcs de seus membros menos favorecidos que possam ser vitimas de uma educação cu lposa ou perversa. cm vez de proporcio narlhes bem financiados e organizados sistema~ que os cond uzcm ao crime e à perda irreparável do rcspci10

para si mesmos. Mostrando que uma nação que

institui o assassínio perde s ua identidade moral e não pode man ter por mui10 1cmpo sua dignidade e ho nrn. o documcnlo da TFP conclui que os nortc .. arncrica nos. enq uanto povo, não deveriam estar surpresos com o trniamcnto vi l e vergonhoso que agora vêm recebendo no concerto das nações. Antes considerado o campeão da liberdade e dos direi1os humanos. os Estados Unidos aparecem agora dcsajudados. Enq uanto seus cidadãos são tomados corno reféns no Irã. o Cambodgc inteiro é liquidado (num massacre sem precedentes na H istória) e o comunismo con tinua a invadir países, escravizar e chacinar seus povos s ubjugados. F1m1 lmcntc, cm seu manifesto a TFP americana incita os parlieipanlCS da manifestação contra o aborto a não ver nesta apenas um problema isolado. mas como parte de toda un'la série de males cala mitosos que. como um só incêndio envolvente. est{1 devorando o Ociden1c . Conclamando a nação a soerguer-se numa ati tude ho nrosa, <-l TFP alirma esperar que o gigante amcri.. cano dcspcr1c de seu so no lc1árgico com o qual foi entorpecido. a inda cm tempo de cumprir o grande papel <1uc a Providência Divina lhe destinou'.

A MARAVILHOSA ESCADA DE SÃO JOSÉ U

MA S IMP LES capela. c m estilo neogótico, existente na ca pital do Estado norte-americano de Novo Méx ico, Santa Fé. conserva c m seu intcl'ior uma extraordinária escada. que constitui para as iilmas católicas um alento de fé e piedade. Trata-se de algo apa rentemente co mum: a escada que dú acesso ao coro. de forma10 artístico e com excelente acabamento. Contudo. a técnica de sua cons1rução foge completamente aos padrões conhecidos e chama a a1ençào dos estudiosos. Ela figura nos cartões postais da c idade. como ponto de visita obrigató ria. Sua hist ória remonta ao século passado. quand o ,il i chegaram as religiosas de Nossa Senhora de Lorcto. e que. com o apoio do Bispo da Vila Real de Sania Fé de São F rancisco de Assis, D. La my, instalaram o Colégio Nossa Senhora da Luz. para a educação de meninas. Em jul ho de 1868, 21 a nos após s ua chega da . as re ligiosas deram início à construção da capela. que. por desejo de D. Lamy. foi concebida segundo o estilo d a Sai111e Chapei/e. de Pa ris, cuja cons1rução no século XIII deveu-se ao Rei São Luís IX . para guardar a Coroa de Espin hos de Nosso Senhor. Acon1cccu. porém, que es1ando a capela quase pronta. veio a falecer o arqui 1c10. P. Mouly. Gra nde foi o desconcerto das religiosas q ua nd o o mestre de obras deu-se conta de um equivoco comei ido na elaboração da planta, pois não havia sido previsto o espaço para a escada de acesso ao coro. Mui1os ca rpinte iros foram chamados a dar seu parecer, mas 1odos tinham a mesma resposta negativa. pois a área da capela. q ue mede aproximadamente 8 por 25 metros. não comportava uma escada c m plano inclinado, iarnhém por ca usa da altura cm q ue se cncont rtt o

piso do coro. O que fazer'! Seria necessário demolir o coro·/ Parecia não haver solução. As rcligios.-1s começaram então uma novena a São José. o pai adotivo de Nosso Senhor <1uc. na Palcs1ina. apc.s ar de ser descendente d a estirpe real de David. fora também carpi nteiro ... Quando a novena terminou. o impasse continuava. Mas. logo no dia seguin te, um homem de aparência a ustera e t razcndo sobre um jumento os seus pertences. ba teu ,\ porta. Pan, a Irmã Madalena. a religiosa que o atendeu. d isse ele haver sabido que o Convento necess ita va construir uma escada para o coro e que e le poderia fa7.ê-la . Tinha condições para começar logo a obra, mas pedia q ue o deixassem trabalhar sozinho. sem o trânsito de pessoas pela capela. Seu desejo foi atendido, e ao fi nal de trés meses o carpinteiro procurou a Irmã Madalena convidando-a para ver a escada e verificar se ela satisfazia às necessidades da capela. A religiosa q ue o acompanhou ficou ião impressionada e contente com o que viu, que foi logo cha mar as outras religiosas. Todas vieram e constataram q ue o problema fora resolvido de um modo q ue superava imciramcrue s uas expect ativas. O ca rpinteiro, contudo, não estava ma is a li. Para fa,.cr-lhc o pagamento devido. Irmã Madalena procurou localizá-lo na c idade. depois na região. Ninguém o conhecia, ninguém o tinha visto seq uer. En1rc os for necedores de madeira. nenhum havia vendido o ma1erial u1ili1.ado na cons1rução da escada. De acordo com o di{,rio, deixado por Irmã Madalena. as ferrame ntas usadas pelo h,ibil carpinteiro. segundo ela pôde observar. crnm apenas um serrote de raro íormato, um

esquadro c m forma de T e um martelo. Foram vistos também barris com ,\gua. onde peças de madeira era m posws de molho. A escada é circular e possui 33 degraus. fazendo duas voltas completas de 360 graus c,1da uma. A a l1u ra é 6.5 melros. Arquitetos e construtores das mais divcr:sas pro· cedências têm examinado detidamente esta obra p,·ima. e todos são unànimcs cm reconhecer suas caracte1·ís1icas inexplicáveis. Alguns são de o pinião que ela se desmo ntaria logo no p rimei ro momento q ue fosse usada. e no entanto. :i escada man1cm-sc firme hú mais de um sécu lo ... É no1úvcl o f:tto de <1uc as longas peças curvas cm espira l não são sirnples peças de madeira encurvadas. de modo a se aj uswrcrn às dimensões p recisas req uerid as. Pelo contrário. e las são constituídas de diversas secções curtas de madeira. encaixadas e ntre s i. Sem o a uxilio de lcn1c.~ de aumento. ou vistas por quem não seja cspccialis1a no :-1ssunto. esses encaixes não são no tados . Os degraus não têm u m eixo de apoio, e iampouco apoiam-se na pa,cdc. Não há pregos ou parafusos. mas apenas t:1rugos de madeira nas partes onde há j unção de peças. H,i um perfeito ;i linhamc1110 dos degraus, dando a impressão de que seu au1or esculpiu-a nurn tronco de 1na-dcira. Mcs1no assim. é s urprccnden,c que a lguém 1i vcssc alcançado mi prccis~o. Mnis ~un mistério: a madeira . bastante resistente. não é na tiva do Novo México. O cor-

1) (";1rl R. Alb:ich. Con:-ullins í:kt·lti1.~a1 l!oginc.·cr, s,,n1a h':. r-;cw M1.·.xico. r~vis1a ··Cqn.mltinf: &11:in('er... dclcmbro/ 196S. 2) 1.i~uorian. M h,:,.oul'i, EUA. ~br\'1, 1979 "11t(' 1\f1·.,l('l'hm, Swil'rn.,·,· uj Sam11 Fc···.

Rich:,rd°

B:1um:u1,

nmao. também artístico. n:,o faz parte da cons1rução origi nal. lendo sido acrcsccn1ado ci nco anos depois. Ao ver a escada constl'uída cm sua capela. as irmãs do Colégio Nossa Senhora da Luz rezara m no-

vamentc para agradecer. certas de que o próprio São José viera pessoa lmente construir a escada <1ue lhes estava fa lwn do.

Flávio Braga

São José parece ter desejado manifestar seus esplêndidos talentos artesanais nesta escada maravilhosa que construiu, no século passado. em Santa Fé. Novo México (EUA)


1•

li N.• 352

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Abril de 1980 -

J\no XXX

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Diretor: Paulo Corrla de Brito Filho

A ATITUDE DO EPISCOPADO ANTE AS GREVES Comunicado da TFP ao público brasileiro ENDO EM VISTA, de um lado o agravamento contínuo da tensão social ocasionada nesta cidade pelos movimentos g revistas, e - de outro lado - a atitude assu1nida em face de tal situação pelas autoridades eclesiásticas locais e pela alta direção da CNBB, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP - julga oportuno comunicar ao público que:

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1. ESTÁ ENTRE os objetivos desta entidade cooperar com todas as forças sadias do Pais para urna ordem sócioeconórnica vivificada pelos principios cristãos: reconhecimento dos direitos naturais de todos os homens; saláriomínirno, correspondente ao justo labor efetuado e próprio a assegurar a condigna existência do trabalhador e de sua familia; eventual participação nos lucros das empresas, quando haja mútua conveniência a juízo de ernpresários e en1pregados; inviolabilidade do direito de propriedade, atendida a função social que incun1be a este corno aos demais direitos hun1anos; paz nas relações empregador-empregado, baseada na diferenciação proporcionada e na cooperação harmônica entre as classes sociais. 2. A 1'FP ROGA a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, q ue conceda às partes envolvidas uma solução conforme a tais princlpios, para a atual eme1·gência.

3. AFIRMANDO EM TESE a legi, timidade do direito de greve quando se configure1n situações nas quais os cifreitos do en1pregado de nenhu1n outro modo possam ser defendidos, a entidade expressa entretanto sua preocupação que é tan1bén1 a de incontáveis outros católicos brasileiros - ao notar que as presentes greves vão ton1ando aspectos de ilegalidade e turbulência estranhos à lndole ordeira e tranqüila do povo brasileiro. 4. SEM DE NENHUM modo analisar o mérito das posições respectivas de ernpregadores e ernpregados na presente crise, a TFP entretanto registra que tais aspectos constituern sintomas caracterlsticos da participação comunista em acontecimentos do gênero. Porexetn· pio, é caracteristico do modo de agir comunista a tentativa que se encontra no recente comunicado da CNBB- pretendendo falar oficialmente en1 nome de toda a Igreja - de tran sforrnar a greve dos metalúrgicos, declarada em· bora co,n intuitos circunscritos à classe, em urn 1novimento de todo o operariado nacional para exigir uma reforma só· cio-econômica global.

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,àtA Ato litúrgico efetuado na Catedral de São Paulo em solidariedade aos metalúrgicos grevistas de São Bernardo do Campo e Santo André. no dia 21 de abril. Falaram durante a cerimônia o Cardeal Arns e os Bispos Auxiliares D . Angélico Sãndalo Bernardino e D . Celso Queiroz.

Tal corresponde ã técnica clássica de Moscou, de tirar pa rtido de tensões sócio-econômicas limitadas, para pre· parar a convulsão de todo um pais. No caso, a transformação do Brasil em uma imensa Nicarâgua, e, por firn , em uma nação-cárcere c,omo é a infeliz Cuba. 5. A TFP MANIFESTA sua 1nais viva estranheza diant,e do fato de que as numerosas intervenções das autoridades eclesiásticas nos acontecimentos que ora se desenrola,n, se abstêm de alertar explicita e eficazmente - como seria de seu grave dever - a parcela descontente do operariado, para que extirpe do meio de si o joio da presença comunista. Pois não é posslvel aceitar con10 advertências anticomunistas eficazes, uma ou outra vaga alusão ao perigo de "infiltrações", se1n referência explicita ao comunismo. Aden1ais, essas autoridades consente,n e1n que numerosos eclesiásticos façam de sua influência religiosa, bem co1no do sagrado e prestigioso recinto de vários templos, um uso continuo para incentivar movi-

... ~·

'

Se as alas laterais do templo. que não se vêem na foto. estiveram lotadas. o público presente na Catedral atingiu aproximadamente cinco mil pessoas. Este número representa pequena minoria da totalidade dos metalúrgicos residentes naqueles dois municípios. Na foto. o Cardeal Arns faz seu pronunciamento.

,nento reivindicatório que abarca em uma promiscua efervescência tanto comunistas quanto brasiJeiros amigos da ordern e do bom senso.

6. A TFP ADVERTE especialmente o Pais para o risco impllcito mas evidente de fermentações do gênero. Como tem ocorrido em outros palses, elas caminham para a formação de uma "frente única" de elementos católicos e comunistas, a qual constitui parte capital dos planos de Moscou. E, no caso concreto, a ausência de alusões taxativas ao co,nunismo não tem outro sentido que não o desejo de colaborar com ele. Em tais "frentes únicas" se engajam nurnerosos "inocentes úteis", transformados depois gradualmente em "companheiros de viagem'' dos subversivos, rumo às reformas sociais demagógicas e descabeladas, à luta de classes e, por fim, à revolução social. Vitoriosa esta, os co1nunistas aplicam, de costume, seu golpe decisivo: instituem um governo da "frente única", e vão defenestra ndo depois os vários "companheiros de viagem".

Para conhecer o fruto de tudo isto, basta abrir os jornais destes dias e ler o drama apocallptico que se desenrola em Cuba. 7. A TFP CONSIDERA absolutamente incompreenslvel que todos quantos se jactam de autênticos amigos do operariado não trabalhem empenhadamente para afastar a colaboração ten· denciosa dos comunistas, fazendo ver expressa e corajosamente à Nação que estes últimos, lançando agora os trabalhadores contra seus atuais patrões, visam sujeitar por fim o operariado - e a população inteira - ao patrão-Moloch, ao 1nesmo tempo legislador despótico, juiz parcial e delegado de policia concentracionário; isto é, o Estado comunista. São Paulo, 24 de abril de l980 Pr,INIO COllRf:A DE 0uVF.IRA

Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Fa,nilia e Propriedade

. Rtigião flagelada recebe auxílio da TFP • Bahia, o Estado mais atingido pelas enchentes• O Santuário do Bom Jesus da Lapa • N<"J sertão baiano, restos de um tesouro • Povo e autoridades lor;ais agradecem à TFP • Páginas 3 a 6


LIVRO DESMASCA RA ''COMPROMISSO HISTÓRICO'' NA ITÁLIA ITÁLIA atrai naturalmente atenção do público interessado na evolução dos combates ideológicos e políticos contemporâneos. Seja pela importância do país, seja pela inteligência e vivacidade de seu povo, ou - muito ma.is - porque ai se encontra a Cátedra de São Pedro, sede do mundo católico. O que lá acontece, repercute intensamente nos corações católicos. E daí, em ondas sucessivas, no espírito dos povos. O grande tema da política ita-

A

liana, na atua lidade, é o ..compro-

misso histórico", tática de longo alcance desenvolvida pelo PC!, destinada a permitir sua entrada no go-

verno como aliado da Democracia Cristã. Feita a aliança DC-PC. na Itália, poder-se-ia d izer q ue começa nova era na vida dos povos do Ocidente. O comunismo deixaria de ser o inimigo velhaco e implac{1vel. transformando-se em parceiro tratá-

vel com o qua l se pode portanto negociar habitualmente. Por isso, o secretário-geral do PC!, Enrico Berlinguer, e seus comparsas são tão ciosos na difusão da imagem legal e democrática de sua organização. A situação peninsular é delicada para os estrategistas do comunismo internacional. Nesse co111c.x10. é com a legria

que se saUda a publicação de nova

A vasta cultura do autor~ a uti-

obra do rnlcntoso escritor Giovanni Cantoni, "La Le1ione Italiana", que discorre com brilho e penetração sobre a situação de seu pais nos últimos anos. especiahncnte de 1973 a 1979. recorrendo, c1uando neccss,írio, a esclarecedoras visões históricas de conjunto. O livro reúne com sucesso colaborações do autor. publicadas anteriormente cm Cristianità. órgão do pujante e benemérito movimento Allea11u1 Cauolica, dirigido também por Giovanni Cantoni. Além desses art igos de awa lidadc, o livro traz a monografia " li co111pron1esso c11/Jurale"' que lhe valeu uma carta de encôrnio do Arcebispo militar honorário do país, D. Arrigo Pintorcllo. Esrn mpa cm suas páginas finais carta abcna de Alleanza Cauolica ao Cardeal Polclli, Vig{irio de Roma, datada de novembro de 1975, E, a propósito d e declarações do alto dignitário eclesiástico, analisa o panor;lma religioso quanto à rea l seriedade da luta

lização com maestria da diíicil arte das citações. o d iscernimento das manobras aluais da Revolução na Itália, prendem o leitor por dois lados: a importância do tema e o agrado na leitura. O con hecimento profundo das

anticomunista no pais.

Publica ainda o oportllll(> ato de consagração ela Itália ao Imaculado Coração de Maria, realizado cm 13 de setembro de 1959. na conclusão do Congresso Eucarístico Nacional cm C:11i\nia, lido pelo Núncio Papal Cardeal Marccllo Mimmi cm nome do Episcopado e do povo italiano.

obras tanto contra-revolucionárias.

quanto democrata-cristãs e comu-

nistas coníercm ao texto a segurança de interpretação e de doutrina. tão carente cm I rabalhos do gênero.

• • •

de sua au1or1a: .. A Ve,nocr(lda Cris· ui é 11111 partit/() dc1 ,·entro tende11t<' (i esquerda que ob1én1 quase a 11u1 1tule de sua força eleitort,I de unw 1nt1s.w,

c/1• direita .. (p. 25). E para terminar, de Gramsci. o orf,culo do comunismo italiano e seu

mais conhecido líder e intclc.;tual: do Partido Popular [a agremiação politica antecessora do PDC na Itália) nwresentmn u1nfl /<Jse

··os

11ecessórit1 110 processo de dese111•0/vimentv do pto/Naritulv italitullJ l'ln direrão (li) CO /lllllliSIU(} ( ... ) ( '(1/() • lidsnw dC'n1ocrdtico fa z o que o '-'On1unis1110 não pode: anwlganw. orde11a. vivifica e se suicida.[... ] Por isto não ,·ausa ten,or aos socialisw:t o t1vt111ço i,npnuoso dos do Partido Popular[... ] t:stes esl(io para /JS socialis tas assi,11 ton10 Kern,sk 1· t•.,·ta"'' para l.e11i11e .. (p. 38). · Outro aspecto que agrada cm "la lezione l1alia11a'· é a facilid;tdc

o

Escolhemos três citações entre muitas e deixamos ao leitor a ava· liação da qualidade dos textos escolhidos. Analisando a política emreguista e, a longo termo, pró-comunista da DC italiana, Giovanni Ca ntoni inclui citações de conhecidos políticos cm apoio a sua demonstração. De Gcorgcs 13idault, ex-mi- de correlações e analogias rm análise nistro e dirigente do M RP na dos v~lrios p,,norarllas internacionais. França: A comparação da malograd:1 vi:1 ''Gouverner au centre et fuire. chilena para o comu nismo com a avec les moyens de la droite, la situação italiana e suas repercussões politique de la ga11che" (governar no no ca libramcnto da cstn,té:gia co111ucent ro e fazer, com os meios da nista ptu·a a lt{1li;·1 consticui um dos direita, a política da esquerda). pontos altos do trabalho. Não se De Gasperi, um dos mais impor- pode deixar de lado também a tantes lideres democrata-cristãos do aná lise do "compromisso histórico" após guerra, também é citado. sendo como fruto amadurecido de uma apresentada uma significa1iv:, frase ilrvore plantada na tristemente céle-

brc Conferência de Yalta, ocasião cm que se lançaram os alicerces da imprudente cooperação entre o mundo não-comunista e a Rússia, e em que o sorriso otimista de Roosevelt foi logrado pelo olhar vulpino de Stalin. Isto para não retroceder mais e ver as raizes do "compromisso histórico" na politica gramscia na, hoje tão cm voga exatamente por corresponder às atua is táticas do PCI , na sua longa marcha em d ireção ao poder. A análise do progressismo católico - visto pelo autor como o grande obstáculo para que a Itália católica possa norescer com pujança - ressalta as íntimas relações entre o esquerdismo politico "católico" e o modernismo, cuja versão atual constitui o citado progressismo. Giovanni Cantoni lembra com acerto Gramsci, q ue aíirmava: .. Modernism/J significava politiC(llllénte demot:racia cristã".

.Por todos esses aspectos - e vários outros que uma r{1pida rescensão é obrigada a deixar de lado - .. La l.ezione Italiana .. certamente cstâ fadada a fazer grande bem aos italianos, cm virtude da grande confusão gerada pelas rápidas mutações do cenário político internaciona l.

Péricles Capanema

Autenticidade do Santo Sudário é evidente, concluem cientistas ( ( T ODOS NÓS pensarn.os Cristo após sua morte. A figura que iríamos encontrar uma falsificação e que em meia hora estarfarnos fazendo as malas para voltar" declarou Thomas D'Muhala, li-

der dos 40 cientistas que foram a Turim estudar o Santo Sudário, acrescentando que agora as provas tornam evidente a auten· ticidad e da rellqu ia. A declaração d o pesquisad or, bem com o a narração do trabalho realizado pela equipe de cien tistas, acabam d e ser publicadas pelo jor nal norte-americano "The Catholic News", em sua edição de

6-1-80. D'Muhala é um dos cinco diretores do Projeto de Pesquisa do Sudário de Turim, presidente da Nuclear Tech n ologies Corp., de A1nston, Estados Unidos, consu ltor de 1nais de 50 e1npresas e laboratórios de pesquisas e reconhecida autoridade e,n descontaminação nuclear. Entre os 40 cientistas que con1 ele exa1ninara1n o Santo Sudário duran te seis dias, e1n outubro de 1978, encontrava1n-se representantes do Exército, Marinha e Fo1·ça Aérea norte-americanos, da NASA, do FBI, do governo canadense e do laboratório cientifico de Los Ala1nos, bem co,no de outras con1panhias r>rivadas norte-a,nericanas. E n tre eles havia católicos, como ta1nbé1n protestantes, ateus, agnósºticos e jud eus. O Santo Sudário, como se sabe, envolveu o San tlssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus A

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inte ira do Salvador ficou milagrosamente estampada no tecido, hoje atnarelado, n1edindo aproxin1adamente 4,60 111 por 1,20 n1. Desaparecido durante sécu: los, foi reencontrado em n1eados do século XIV. É, talvez, a mais sagrada reliquia depois do Santo Lenho. Encontra-se atualmente na Catedral de Turi1n, on de, em d iversas ocasiões, foi exposto à veneração pública. As experiê n cias científicas a que foi submetido são de quatro categorias: fluorescênc ia ele raios X para avaliar os elen1entos que constituem o Sudário; uma fita fotográfica por co1nputador e a1npliação da imagem; e final1nente análises com o emprego de carbono 14 para avaliar a idade da relíquia. A pri1neira su1·presa dos cientistas foi notar a cor mage nta (vern1elho violáceo) e1n lugar cio ,narron escuro que i1naginavam. Examinando 1nais detidamente, descobriratn a1nido d e milho, util izado na fabricação de tecidos na Palestina. Essa substância in1pecle a coagulação nonnal do sangue, 1nantendo &ua cor viva, dissipando assim a dúvida de que algum artista houvesse pinta do as ,nanchas d o Sudário. Uulir.a ndo técnicas de a,npliação desenvolvidas em laboratórios espaciais, os cientistas concluíram que a Vitima- Nosso Senhor - sofreu 120 chicota-

das, nú1ne ro superior ao que pod e ser suportável por que1n é açoitado co1n instru1nen to feito co1n três tiras de couro, cada u1n deles tendo un1a peq ue na esfera de ferro na ponta. O tecido revela tambén1 profundas chagas ao redor da cabeça, produzidas não por u,na s irnples coroa aberta, 1nas por a lgo como um gorro de espinhos que feriam não apenas a fronte e os lados, mas toda a cabeça. Alérn das chagas do pulsos e cios pés, a a n álise do sangue vertido con1prova que o Ho1ne1n teve de carregar um grande peso. Hã u1na evidente chaga profunda ao lado, co1n indicações de que da mesma jorrou sangue e água. O ma is i1npressi on ante é a i,nagem in1pressa no tecido: exata,nente a figura em negativo d e u1n Ho,nem crucificado. O Sr. D'Muhala assegura que nenhun1a experiência deu n1arge1n a supor-se qua lquer forn1a de falsificação. E a,:rescenta que o Santo Sudário de 'l'uri1n apresenta a única imagem produzida en1 três din1ensôes que se conhece. Concluiu afir1nando que todos os cientistas con1 que1n falou crêen1 na autenticidade do Sudário. U,n deles, converteu -se ao Cristianism o. Quantos saberão aproveitar 1nais esta imensa graça, nu1na época de tanta indiferença e incredu lidade? (Agência Boa Itnprensa - ABIM).

Fausto Pinheiro

majestosa figura do Sa lvador no Santo Sudário (em negativo) CATOLICISMO -

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AUXÍLIO DA' TFP OllÉGA AOS FLAGELADOS t

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De canoa, carav anistas da TFP levam auxílio aos flagelados das inundações do rio São Fra ncisco

OM A DISTRIBUIÇÃO de donativos às populações flageladas pelas enchentes do rio São Francisco, no sertão baiano, a TFP encerrou a última fase da campanha de Natal, que realizou em beneficio dos pobres do Nordeste. Conforme jã noticiamos em edições anteriores, a TFP a ngariou, por ocasião das últirnas festas natalinas, cerca de três milhões de cruzeiros de donativos em dinheiro e em espécie. Essa can1panha foi realizada entre os di as 14 e 24 de dezem-

extensão da calamidade. Em vá- de outros alimentos, 926 peças rios municlpios, as estradas de material de limpeza ou higieeram quase intransitãveis, exi- ne, 6.220 peças de vestuãrio, Distribuições também em gindo vãrias baldeações para se 140,95 kg de retalhos, 109 peças São Paulo, Fortaleza, João transpor trechos alagados. de roupa de cama, mesa e banho, Pessoa e Recife Concluida a viagem, escolhe- 160,45 m de tecidos, 1.372 pares ram-se sete municlpios numa de calçados e 1.167 peças de Os donativos em gêneros pe- área que se estende ao longo de materiais diversos. recí veis, que não resistiriam à mais de 500 quilômetros, às marOs donativos ern dinheiro foviagem até o Nordeste, foram gens do rio São Francisco. ram destinados aos demais mudistribuídos imediatamente após niclpios: Paratinga e Xique-Xia campanha. Em São Paulo, A caminho do sertão baiano que, dos mais prejudicados pedia 2 de janeiro p.p., sócios e las enchentes, receberam cada cooperadores da TFP, com suas Numa tarde quente da pri- um Cr$ 175.000,00; Malhada e capas e estandartes rubros, per- meira semana de março, a rnovi - Ibotira1na beneficiaran1-se com correram a favela existente na Vila São Rafael, com finalidade de distribuir os gêneros alimentícios à população necessitada. Tambén1 nas capitais de Pernambuco, Paraiba e Cearã, a TFP distribuiu os donativos ern espécie coletados respecti vamente nessas cidades, cuja entrega DOLOROSA circunstância lado pelas inundações de fevefoi feita a entidades beneficenposterior à campanha de Na- reiro passado. tes locais, sob obrigação de os ta l pelos pobres do Nordeste distribuírem a seus assistidos. As águas do caudaloso rio levou a TFP a conce ntrar a São Francisco, que em anos Em Fortaleza, a TFP destidistribuição da maior parte anteriores nou tais donativos à Sociedade já vinham transbordos donativos em uma só área dando de modo a criar situaEducacional e Beneficente São de nosso tão vast<- Nordeste. ções dramâticas, este ano deJosé (da Congregação das IrTrata-se das trágicas inu nda- terminaram um estado de camãs Josefinas). ções que assolaram o Estado lamidade. Para se medir a Em Recife, confiou-nos à Ala da Bahia. afetando de modo Ferninina da Associação dos e o desamparo das especial a região conhecida aflição Fon1ecedores de Cana de Perpopulações ribeirinhas, basta como sertão baiano, e especi- dizer que as enchentes se pronan1buco, a fim de serem distrificarncntc a bacia do rio São longaram por mais de 40 dias, buídos entre necessitados da zoFrancisco, região, por si mes- sem que as águas voltassem ao na rural. ' ma, consideravelmente mais nível norma l. Em João Pessoa, a distribuicarente do que as demais da ção ficou a cargo do Lar da Proquele Estado. Considerando que essa era vidência Carneiro da Cunha Enq uanto uma criança prova sua roupinha nova~ outros necessitados aguardam a v ez de receber seu donativo Os prejuízos provocados então a região do Nordeste (ex-Asilo de Mendicidade). pelas últimas enchentes na Ba- sujeita às mais críticas condimentação intensa na sede que a Cr$ 150.000,00 cada um; Carihia alcançaram mais de quatro ções. a TFP julgou interpretar Preparação trabalhosa TPP rnantém no bairro de Ta- nhanha recebeu Cr$ 100.000,00. bilhões de cruzeiros. A estima- o consenso geral dos doadores tuapé, na capital paulista, indiA entrega foi feita a cada tiva das autoridades baianas destinando aos flagelados do Árduo e cuidadoso trabalho ca va algo de especial. Tratava-. prefeito, com a obrigação de disbaseia-se num levanta rnento vale do São Francisco no serprecedeu à distribuição dos bens se do carregamento dos cami- tribuir os donativos aos flagelados danos causados ao eornér- tão baiano todos os donativos não pereclveis e do dinheiro arnhões que levariam 983 volmnes dos do respectivo 1nunicípio. cio, indústria e agropecuária, coletados, exceção feita do rnarecadado. De um lado, a seleção contendo os donativos. bem con10 a residências, nos terial recebido em Recife, João das zonas mais necessitadas do De acordo co1n o estabelecido Conforto espiritual 64 municípios atingidos. Com Pessoa e Fortaleza, o qual foi Nordeste. De outro, a tarefa de entre a TFP e as prefeituras, as 116 mil desabrigados, a Bahia atribuído às populações carenseparar, contar, e acondicionar caixas fora,n destinadas aos m uA par do a uxilio material, a tornou-se o Estado mais asso- tes locais. o material em caixas próprias a nicl pios de Bom Jesus da Lapa e TFP preocupou-se em transmifirn de permitir seu transpor- Barra. tir uma palavra de alento e conPERNAMBUCO forto espiritual aos flagelados. Com esse intuito, distribuiu entre eles 10.080 medalhas de Nossa Senhora (a Medalha Milagrosa, cunhada segundo os requisitos indicados pela Virgem na visão de Santa Catarina Labouré), 4. 704 terços e 5.000 folhetos explicativos de como rezar o Rosãrio. Os habitantes das zonas castigadas pelas águas demonstraram vivos sentimentos de Fé, resignação e gratidão, impressionando os sócios e cooperadores da TFP que participaram da distribuição. Milhares de pessoas tiveram suas casas destruldas ou danificadas. Só em Bom Jesus da Lapa, a principal cidade da região, pelo menos três mil te con1 segurança para locais Só depois de 108 horas e n1eia pessoas estavam vivendo precatão distantes. de acidentada viagem as cargas riamente em abrigos improvisaQ.uando un1 a co1nissão da chegaran1 à prin1eira dessas ci- dos com galhos de arbustos coTFP - designada para percor- dades. A caminho, registraram- bertos com lonas plãsticas. Em rer o Nordeste a firn de éxa rni- se atos de generosidade notã- todos, notava-se um espirito pronar as regiões mais carentes veis, por parte de pessoas solidã- fundamente marcado pela Fé, o jã concentrava sua atenção e111 rias corn a iniciativa da TFP. que, em larga medida, parece ãreas pobres do interior do Piau1 É o caso de urn mineiro de dever-se à influência que o Sane do Cearã, sobrevierarn as en- Montes Claros, que confiou seu tuário do Senhor Bom Jesus chentes de fevereiro. Outra co- automóvel à guarda de estra- exerce sobre a população. missão dirigiu-se então para o nhos nu1na cidade da Bahia, Sete cidades viram tremular Uni a cornissão da T FP percorreu. durante JS dias, vários municípios va le do rio São Francisco, na para servir de chofer de urn dos ao vento o estandarte rubro com do sert ão baiano para avali ar a extensão dos efeitos das enchent es e zona deno1ninacl a sertão baia- caminhões, cujo motorista adoe- o leão rompante da TFP. Conhecido em todo o Pais pela desteselecionar os n1uni cípios mais necessitados. Depois de vencer todas no, numa viagem de 15 dias, ceu durante a viagem. a qual travou contacEsse carregamento corres- mida luta doutrinária anticomuas dificuldades de acesso à região e n1 anler contactos com as durante tos con1 as autoridades cios diautoridades locais, apontou as cidades rnais at ingidas: Xique- Xiqu e, versos municlpios assolados. pondia a 734 objetos religiosos, nista da associação, ele também 3.125 brinquedos, 2.066 latas ou representava, para os desventuBarra, lbotiran1a, Paratinga, Bom J esus da Lapa, Carinhanha e Tendo que vencer difíceis obstã- vidros de alimentos, 8.061 volu- rados flagelados da Bahia, a Malhada. Por intermédio dos prefeitos desses municípios, a TFP culos quanto ao transporte e mes de alimentos empacotados, ajuda material e o apoio moral distribuiu aos flagelados os donativos coletados ern sua campanha de comunicações, os enviados da 1.620 pacotes de alimentos ori- que lhes vinha de seus irmãos Natal pelos pobres do Nordeste. 1'PP puderam rnedir de perto a ginariamente ensacados, 991 kg do Sul.

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bro passado en1 São Paulo (incluindo dez 1nunicípios da Região Metropolitana), Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Fortaleza, João Pessoa, Florianópolis, Ca1npos (RJ) e Ribeirão Preto (SP). Os donativos em dinheiro somaram exatamente Cr$ ............ . 1.425.121,21, enquanto os bens . em espécie (objetos religiosos, brinquedos, gêneros alimenticios, material de limpeza e higiene, peças de vestuãrio, roupa de cama, mesa e banho, tecidos e calçados) foram estimados em

Cr$ 1.522.755,62, perfazendo o total de Cr$ 2.94 7.876,83.

Bahia, o Estado mais atingido pelas enchentes

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NO SERTÃO BAIANO, RESTOS DE UM TESOURO Com a ajuda material. uma patavra cristã de conforto, recebida sempre com gratidão e respeito UEM FALA na Bahia, pensa logo em Salvador. Por suas obras de arte colonial e barroca, por sua vida pitoresca, pelo trato agradável de seu povo, a antiga capital do Brasil merece a nomeada que a distingue. Por isso, turistas de todas as partes do Brasil ou do Exterior são atraldos a visitá-la, desejosos de conhecer suas belezas naturais e os magnlficos mon u· 1nentos construidos sob influxo da Civilização C ristã em terras nacionais. Quem, no entanto, já ouviu falar do sertão baiano? De seu povo comunicativo, vivaz e, sobretudo, fervorosa1nente r eligioso? É para essa região, banhada pelo caudaloso rio São Francisco, que voltan1os agora nossa atenção, convidando o leitor a nos acompanhar.

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Em ocasiões a nteriores, caravanas da TFP já havian1 estendido até lá sua ação doutrinária anticomu nista. Desta vez, ven cendo as precárias condições das vias de acesso, foi novamente ao encontro daquelas populações ribeilinhas, colocadas, em boa 1nedida, à margem da febricitação caracterlstica da sociedade de consu1no. São vastas extensões deserdadas do que se convencionou chan,ar de conquistas 1nodernas. As estradas não são transitáveis em boa parte do ano. As co1nunicações, dificeis. Para a maior parte daquela ge.n te, a televisão é ai nda (para felicidade deles) desconhecida. Atingido várias vezes, ora pelo flagelo ela seca, ora pelo elas enchentes, enfrentando condições dificeis de existência, o baiano do sertão tem mostrado cm tais circunstân cias u1na grande

capacidade de sofrimen to. E aqui está um cios melhores elo, gios que se possam fazer de um povo, quando tal sofrimento é recebido con1 espiri to sobrenatura l, católico. Mas não é s6. Com gra nde paciência cristã, não lhe falta ta1nbém u,na nota ele altaneria no defrontar-se com os reveses permitidos pela Providência. Fa1nílias desabrigádas, prole

O Santuário do Bom Jesus da Lapa SANTUÁRIO do Bom Jesus da Lapa começou a tornar-se ponto de irradiação de graças, há quase trezentos anos. Em 169 1, Francisco de Mendonça Mar descobriu a gruta onde depositou a imagem que trazia do Cristo Crucificado, sob o titulo do Bom Jesus. No mesmo local colocou uma outra imagem, de Nossa Senhora da Solcdade. Francisco de Mendonça Mar nasceu em Portugal, cm 1657. Exerceu a mesma profissão do pai, que era ourives cm Lisboa, executando além disso a de pintor. Com vinte e poucos anos de idade, chegou a Sa lvador. na Bahia, onde começou a pra1icar seus ofícios. Contam as crônicas que, no ano de 1688, foi encarregado de pintar o palácio do Governador Geral do Brasil, cn1ão sediado na Bahia. E, ao invés de receber o salário, foi levado à cadeia, com dois de seus escravos, e severamente açoitado. Desi ludiu-se, então, com as coisas do mundo. Tocado pela graça de Deus, tomou enérgica resolução: abandonar tudo e procurar apenas a salvação etc1·na. Decidiu-se a buscar o sertão e, no

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isolamen10 1 sacrificar a vida para

glorificar a Deus. Francisco tinha nessa época aprox imadamente trinta anos. Depois de distribuir os bens que possuía, vestiu um grosso burel e enveredou pelo sertão a dcnt ro. Caminhou cerca de duzentas léguas entre tribos ferozes de índios antropófagos. Sofreu as inclemências do sol e da chuva, esteve ex posto aos perigos das onças. cobras e outros animais que abundavam nas matas virgens. Nunca esmoreceu, fiel à inspiração inte· rior que lhe prometia, para breve, encontrar um local onde se fixar. Certa tarde, depois de vários meses de caminhada, avistou uma formação rochosa que fazia lembrar o Monte Calvário, com uma profunda abertura. Nessa gru ta 1>enctrou c começou a viver como eremita, na soledade e na oração. Por uma curiosa coincidencia. naquele mesmo ano descobriramse as primeiras minas de ouro no território que se chamaria posteriormente Minas Gera is. Data dessa época o movimento de aventureiros, caçadores de ouro,

mascates, vaqueiros e bandciran· tes. que subiam o rio São Fran-

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O primeiro caminhão carregado de donativos para os flagelados chega ao Santuário do Bom J esus da Lapa, incrustrado no morro

cisco. fazendo pouso na lapa mentos, aconselhava e curava os onde se refugiara o ermitão. Os doentes. consolava os escravos. O indios da redondeza rnmbém co- povo séntia,se movido a ir cm meçaram a aproximar-se do soli- peregrinação à sua gruta, a fim de tá rio, recebendo dele os ensina- ouvir sua palavra e. agradecer as mentos básicos da Religião. . graças réccbidas. Assi111 nasceu a Passaram-se I reze anos, e, às romaria do Senhor Bom J esus porrns da gruta já se tinha erigi- da Lapa. do um pequeno hospital e um asiAté o fim de seus dias - su:, lo. O eremita a todos atendia, mol'le ocorreu provavelmente cm levando conforto tanto aos cor1722. aos 65 anos de idade - Papos quanto às almas. sendo ele dre Francisco desenvolveu incespróprio enfermeiro e protetor dos sante trabalho apostólico, desaabandonados. fiando pela sua abnegação e saOs viandantes regressavam a crifício. a impiedade e a ga nância Salvador levando notícia de que. dos aven1 ureiros corrompidos crn pleno sertão, morava um hoque por ali passavam. Destes parmem que desenvolvia intensa l iram murmurações contra o crcação apostólica, pregando c ensi- mita-missiomírio no sentido de nando. Tais noticias chegaram que, quando jovem, devia ter aos ouvidos do Arcebispo da cometido grnndes crimes para reBahia, que chamou o piedoso ceber tremenda penitência. Mais homem a Salvador. Após uma tarde, chegou-se a perpetrar um breve preparação, ordenou-o Sa- :ncnt.1do, que destruiu a primicerdote cm 1706 e nomeou-o ca- tiva imagem do Bom Jesus. pelão do Santuário de Voto do Tudo isso cm nada aba lou a Senhor Bom Jesus da Lapa e de confiança e fervor dos dcvo1os do Nossa Senhora da Solcdade. Em Santuário. cujo número foi creshomenagem a Maria Santíssima. cendo atrnvés dos anos. A 111emô1omou ele o nome de Padre Fran- ria do Pc. Francisco da Solecladc cisco da Solcdade. . I.: rclcmbr3d,1 êHllHl ln1entc no dia 4 Padre Francisco voltou à gru- ' de outu bro, data que é aceita ta , organizou o culto e, percor· como a de sua chegada ,i gruta rendo as cercanias, catequiz.ava e fundação da cid ;ide de 130111 os índios, ministrava os Sacra- Jesus da Lapa .

Segundo informou à reportagen1 o prefeito local. nos t rês meses que antecedem à festa comemorativa da fundação do santuário - 4 de outubro-, para Bom Jesus da Lapa all uem 1nais peregrinos do que turistas para Sa lvador, durante o ano inteiro. Isso apesar da intensa propaganda turística e1n torno da encantadora capital elo Estado, enq uanto os 1neios de comunicação silencia1n sobre Bom Jesus da Lapa. 11 u1nerosa (con1 freqüência os casais t.en1 10 filhos ou n1ais), carência de co1noclidacles modernas, espíritos temperados pela dor: eis o espetáculo que oferece o sertão baiano. O viajante mais atento, contudo, percebe a lgo 1nais: a força da Religião que atra i aquela gente. 1'rata-se de un1a atração pelas verdades da Rel igião e pelo sobrenatural, que parece tocar a fundo as almas. 'f'en1-sc a impressão ele que as pessoas estão sedentas m ais de conforto cspi rit.ial do q ue de auxílio n1aterial. Um fato neste sentido ch an1ou a atenção dos cara va nistas el a TFP que participaram da clis, tribuição dos donativos aos ílagelados pelas enchentes do rio Sào Francisco. E1n Bon1 Jesus ela Lapa, ao chegaren1 os canlinhões que conduziam os bens a > serem entregues aos necessitados, centenas de pessoas se aproximaram, como é natural. Esperavam receber alguma coisa ... O que pediam esses desafortunados'? De todo o 1naterial que a TFP dispunha (alin1entos, roupas, brinquedos, utensilios, etc.) o que despertou 1naior interesse e se tornou objeto de 1naior de, 1nanda foram Rosários e 1nedalhas de Nossa Senhora. Qualquer donativo era recebido con1 muita g ratidão. Mas, na hora da despedida, a in sistência no 1nesmo desejo: traga1n 1nais terços ... A reação é significativa. Revela, se1n dúvida, a existência de sadias for ças morais em n1eio a tantos fatores negativos existentes e111 nossos dias por toda parte. Eco de séculos de ação apostôlica da Ílnica Religião verdadeira - a Católica, Apostólica, Romana - tais sentimentos de an1or à Fé são penhor de bênçãos e proteção de Deus para nosso País. Co1no tam bé1n ele perdão. Pois se constitulmos a 111aior nação católica da terra, é be1n verdade que estan1os a merecer a censura divina que hoje pesa sobre todos os povos da Terra, pela expansão generalizada ele imoralidades e erros. Mais um exen1plo ci o espirito religioso naquela região: a freqüên cia ao Santuário do Senhor B01n Jesus da Lapa.

No a no passado, calculou-se etn 1nais ele 600 n1il o nÍtn1ero ele peregrinos procedentes ele 1nu· n iclpios e Estados vizinhos, que foram buscar junto à i1nage1n cio Senhor 801n Jesus o auxílio sobrenatura l para s uas provações. Muitos deles, percorrendo a pé ·c entenas de qui lômetros, geral mente desca lços, lá ch egan1 com os pés inchad<Js e sangrando ... A cidade de 80111 Jes us ela Lapa, por sua vez, nasceu e parece vi ver no transhordamen to desse estado de espírito de piedade e resignaçào cristã. Iniciou sua ex istência i1 son1bra do santuário, quando o eremita Fran cisco de Mendonça chegou ao local, onde havi a apenas algu1n,1s palhoças de índios tapuias. Isso pelos idos ele 169 l. .. Transcorridos quase três séculos, um grupo de cat ólicos da T FP é r ecebido com admiração e entusiasmo. Sentia m essas populações - cujos ancestrais foram certamente catequizados por missionários portugueses - que estavam diante de compatriotas movidos não só pelo desejo de a m enizar-lhes as carências materiais. 1nas, sobretudo, de levarlhes uma palavra de alento, como irmãos n a mesma Fé. Durante a distribuição elegêneros en1 Barra, un1 cooperador ela TFP, a ntes de inicia r a tarefa, e u1n pouco para a 1nainar o vozerio buli çoso das crianças, rezou con1 elas un1a dezena cio terço. Silêncio geral. E todos. inclusive adultos, acon1pan hara m e1n voz alta as orações. Depois, ordenadamente, forn1aramse as filas e cada u1n recebia seu donativo, cm geral aco1np,1n hudo de uma palavra ele estimulo do sócio ou cooperador da TFP. Atitudes assin1 não se vêe1n com freqüência nas megalópolis tnodernas, anô11i1nas, frias e pardacentas como o concreto de que são construidas. Mas. graças a Deus, o sertão baiano e outras regiões esq uecidas do Brasil não são assin1. A distribuição de gên eros aos fl agelados serviu à TFP de ocasião para uma notável descoberta de restos de u1n tesouro que o Pais foi perdendo ao correr dos séculos: o espirito r eligioso.

CATOLICISMO - Abril de 1980


A GRATIDÃO DO POVO E DOS LÍDERES LOCAIS ' OLICITADOS pelos Prefeitos a auxiliarem na distribuição dos donativos em espécie - gêneros, roupas, terços, medalhas de Nossa Senhora - entregues a estes, os sócios e cooperadores da TFP tiveram oportunidade de entrar em contacto direto com os flagelados. Eis algumas das repercussões mais freqüentes: Uma mulher de condição mo· desta, 35 anos aproximadan1ente, conta aos caravanistas que sofrera imensamente nos últimos anos: sua mãe caira gravemente enferma e não encontrara recurso algum para prestar-lhe assistência rnédica até que "Deus ueio buscá-la". - "Vocês são os

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uez que recebo coisa tão niaraui- de inestimáueis palauras de alhosa. Que o Diuino Espírito lento e de confiança na ProuiSanto ilu1nine e dê um lugar todo dêncict Diuina. glorioso no Céu para o Dr. Plínio A todos lhes pague Nossa e també,n para uocês que ujeram Senhora Aparecida, Rainha e aqlti". Padroeira do Brasil, a qual saberá rnostrar aos doadores quanto é uerdadeiro o prouérbio po, * * * puü,r que aq1ú lembrarnos, ligeiA gratidão é virtude ãrdua de ramente adaptado: "Que,n dá se praticar. Por isso 1nesmo, o aos flagelados empresta a Deus". paulistano, carioca, belo-horiAssinam a mensagem os sezontino, curitibano ou habitante guin tes prefeitos: de outras cidades que tenham André Reynaldo Lopes de Nocontribuído para a campanha ronha - Bom Jesus da Lapa de Natal pelos pobres do NorIsrael Porto Novaes - Paradeste talvez não imaginassem tinga com que calor de alma, com que Edson Quinteiro Bastos transbordamento de gratidão Ibotirama seriam recebidos os pequenos João das Neves Leite -Barra Reinaldo Teixeira Braga Xique-Xique Vicente Cristo Lopes - Malhada Francisco Lima Cunha Carinhanha.

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Em Xique-Xique. autoridades reunidas com representantes da TFP estudaram a maneira de fazer chegar aos flagelados os donativos coletados no sul do Pais

prirneiros a rne ajudar nessa longa e dura passagem" (Barra). "Nós agradecernos de todo coração a generosidade do pouo do Sul por ter lenibrado de rnandar para nós tanta coisa boa. Principal,nente a Dr. Plínio Corrêa de Oliueira, que conio uocês dis· seram foi queni deu a idéia de fazer a carnpanha para o pouo necessitado do Sã.o Francisco", dizia uma mulher de uns 80 anos e1n Bon1 Jesus da Lapa. Viúva, 35 anos, quatro filhos: "Não tenho condições e corn a cheia não recebi nada. A prirneira coisa que recebi foi de uocês. Muito obrigada.. Deus lhes pague" (Ibotirama). Um flagelado, 55 anos: "Entre, ,neu filho . Sente-se 1un po1,, quinho. Vocês estão uindo de São Paulo, não é? É só uocês para fazer uni.a coisa dessa, passar por todos os sacrifícios da uiageni, pois a estrada está rnuito ru.irn. E alérii do ,na.is uêrn até nossa porta para entregar à gente essa caridade. Não sei corno agradecer. Vá co,n Deus, ,neu filho ... " (Bom Jesus da Lapa). Mulher de 58 anos: "Meu marido uiuia trabalhando no plantio de feijã.o e quando estaua perto da colheita ueio a enchen, te, ,nas com. o rosarinho peço a Nossa Senhora de Fátüna desse folheto de uocês que Ela ajude muito a gente, não uenha ,na.is enchente" (Xique-Xique). "Filho de Deus, 1ne dê 1un rosarinho, pois e1t troco todas essas cornidas por ele", implora uma quinquagenária, em Bom Jesus ela Lapa. Outra mulher, já pelos 70 anos: "Entre, filho de Detts! Foi Deus queni ,nandou uocês aqui, pois e1t estaua precisando ,nuito de 1una caridade. É a prinieira CATOLICISMO -

Abril de 1980

donativos, feitos por cada um deles, por parte dos flagelados do vale do São Francisco. Por outro lado, poucas vezes os caravanistas da TFP, habituados ao contacto com brasileiros de todos os quadrante.s do País, encontraram pessoas que dão mais importância ao apoio espiritual do que à ajuda material, apesar da extre1na carência em que se encontravam. Essas qualidades do povo do sertão baiano transpareciam de modo notório no trato con1 os sócios e cooperadores da entidade.

a

O prefeito de Paratinga assina o manifesto congratulatório dirigido à TFP. Sobre a mesa, t erços e m edalhas de Nossa S enhora destinados aos pobres.

Em ato semelhante, o prefeito de Ibotirama, Sr. Edson Quinteiro Bastos, ressaltou o valor da iniciativa da TFP, tendo em vista nossa época, "em que o inundo se desenuolue de uma maneira desordenada" e a cada passo que o homem progride "ele uai se esfriando, e o relacionamento humano se esuaecendo''. "Diante disso, prosseguiu o prefeito de Ibotirama, alguns não se conformam e lutam para angariar algumas coisas para amenizar o padecimento daqueles que sofrem neste momento tão angustiante". Frisou a seguir o reconforto que representava essa. atitude, "porque sabe· mos que nem tudo está perdido: "Nem tudo está perdido" há sempre alguém que olha para outro que sofre... E a TFP, hoje, As manifestações de agrade- nos dá um exeniplo de fraternicimento voltaram a repetir-se dade. E,nbora tenha um trabanos atos de entrega dos cheques, lho contlnlfO, soube, na oporturealizados com certa solenidade, nidade, escolher aqueles que reem geral na prefeitura ou na almente sofreni no mornento". residência do chefe do executivo. Acrescentou ainda que o a uA entrega do auxílio ao mu- xilio da entidade chegou numa nicípio de Malhada teve de ser oportunidade em que a adminisefetuada no distrito de Iuiú, pois tração municipal já não sabia a sede do munic\pio estava com- mais o que fazer diante das pletamente inundada e a cidade necessidades da população assoterá de ser reconstruida intei- lada pelas enchentes. ra,nente em outro lugar. Além do prefeito, Sr. Vicente Cristo Desfazendo Lopes, e de sua esposa, Sra. Ze- uma falsa imagem linda Nogueira Lopes, destacouse a presença da Sra. Elza Silva Ao ato simbólico de entrega Dantas, presidente da Comissão dos donativos em espécie em de Defesa Civil de Malhada, que Bom Jesus da Lapa, comparemuito se en1penhou na distribui- ceram sua Excia. Revma. D. Joção dos terços aos flagelados. sé Nicodemos Grossi, Bispo dio· Também a Prof." Edite Ma- cesano, e diversas a utoridades ria de Souza Novaes, esposa do locais. Acompanhado de sua esprefeito de Paratinga, partici- posa, Sra. Lucyr Libório Lopes pou pessoalmente e com todo de Noronha, o prefeito municiempenho na distribuição de Ro, pal, Sr. André Reynaldo Lopes sários e medalh as de Nossa Se- de Noronha, pronunciou tocante

"Quem dá aos flagelados empresta a Deus" Esse n1esmo espírito de gratidão refletiu-se na acolhida proporcionada aos caravanistas da TFP pelos prefeitos e por vereadores e outras autoridades civis da região. O docu1nento assinado pelos chefes do executivo dos municipios beneficiados afinna textu· almente: "As populações dos niunicí, pios de Bo,n Jesus da Lapa, Bar· ra, Paratinga, Malhada, Carinhanha, Ibotirania e Xique-Xique agradece,n, enwcionadas, aos co-innãos brasileiros que, niouidos por sentünentos de cristã e patriótica solidariedade, lhes proporcionara,n ualiosa ajuda na situação critica e,n que as colocara,n as presentes inundações. Igualmente lhes agradece,n a uisita de afeto e de cortesia feita nesta ocasião, às cidades assoladas, pela abnegada e brilhante carauana de sócios e cooperadores da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Faniflia e Propriedade - TFP -, portadora dos donatiuos, be,n co111.o

mente um apelo aos órgãos gouernamentais, aos gouernos es· taduais e à esfera federal e a todos aqueles brasileiros que, coni um pouco de sensibilidade, sentiam o drama que estáuamos uiuendo". Após agradecer ao atendimento recebido na esfera estadual e federal, prosseguiu o prefeito de Bom Jesus da Lapa: "Fiquei sincera,nente e1nocionado. E, como já disse nu,na reunião em que estaua presente o ministro Mário Andreazza (...1 o pouo da Lapa- é um pouo que sabe pedir, mas também sabe agradecer. E esse agradecimento uai a todos os membros, à coordenação nacional da TFP, a todos uocês [dirige-se aos representantes da Sociedade)quecom um espírito uerdadeirame,ite desprendido, encetaram uma campanha em benefício de seres que até o momento lhes eram desconhecidos, somente para prouar que a solidariedade humana não tem limites". O Sr. Lopes de Noronha pediu em seguida que se trans1nitisse a todos os membros da TFP o "agradecimento sincero, de todo coração" do povo de Bom Jesus da Lapa e de toda a região do São Francisco. Por fim, pediu que esse agradecimento chegasse "ao nosso innão brasileiro do Sul". E sublinhou que a ca,npanha da TFP veio desfazer "unia image1n, que, às uezes, se cria aqui no Norte, de qltC o sulista é insensíuel ao sofrünento do nortista". Após evocar seu testemunho pessoal, o prefeito insistfu que "essa impressão de que o brasileiro do Sul é insensíuel está aqui claramente desmentida" pelo atendimento com "uma rapidez fora do comum". Mencionando a destribuição dos gêneros aos flagelados, feita naquele dia, o Sr. Lopes de Noronha recordou a avidez com que os donativos eram recebidos, "e o agradecirnento estampado lta face daquelas crianças e daqueles adultos contemplados co,n as dádiuas ".

Apoios generosos

Transbordante de contentamento. um peão típico do sertão baiano recebe do prefeito de Bom Jesus da Lapa (centro) um pacote de gêneros, durante a distribuição feita no acampamento dos desabrigados pelas inundações

nhora. Na residência do Sr. Israel Porto Novaes, diversas autoridades locais assistiram à entrega do cheque destinado a amenizar a situação dos flagelados. O mesmo ocorreu em XiqueXique, onde a Sra. Lenisse Miranda Siqueira Braga, esposa do prefeito, dirigiu a distribuição de terços e medalhas.Ao ato de entrega do cheque para os necessitados, estiveram presentes, além do prefeito da cidade, Sr. Reinaldo Teixeira Braga, autoridades e lideres de associações de classe locais.

discurso em que expôs com inteligência e clareza a situação criada pelas enchentes e as medidas tomadas para solucioná· la: "Pela segunfia uez, a população assustada de todas estas regiões viu sups plantações se- . rem destrufdas suas casas se- · rem inuadidas 'a {orne bater à sua porta, sua; familias ficarem desa.brigadas. E, a tudo Í$SO, como era natural o poder público municipal de ~ada uma dessas localidades era impotente para atender.[... ) Então tiue,nos que fazer um apelo. Primeira-

Atendendo a solicitação do prefeito de Bom Jesus da Lapa, caravanistas da TFP ajudaramno na distribuição dós donativos aos flagelados naquela cidade, sendo acompanhados na ocasião pela reportagem de "Catolicismo", que registrou apoios valiosos à ação em prol dos necessitados. Assim, por exempio, a prestativa atuação dejovens membros do Grupo de~scoteiros e Bandeirantes da cídad!, que, c~efiados pelo Prof. Le~mdas Miranda, também aux1liaran1 na distribuição. O lider do prefeito na Câmara Municipal, Sr. Raul Gomes de Sâ, pe~sonalida?,e tlpica do sertão baiano, dedicou grande parte de seu tempo ajudando a resolver as dificuldades logisticas que a distribuição de gêneros comportava. Como funcio• 5


A violência na televisão, um tema em debate EISCENTAS mortes violentas e dois mil aios de agressão, entre socos, pontapés, liros, facadas, pauladas, envenenamentos e outros recursos. Essa é a dose de violência que a televisão oferece semanalmente a 95% dos paulistanos, através dos 150 filmes que apresenta nesse período. Os números crescerão, naturalmente. se forem computados os incidentes violentos contidos no restante da programação: telejornais, reportagens, documentários ele. Mas o quadro completo da violência na TV deveria incluir não só os crimes contra a pessoa, mas também as catástrofes, acidentes, greves, revoluções etc.

S

exibidos até as 19 horas, contra 39% no horário dos adultos, isto é, depois de 19 horas. Um dado que impressiona na pesquisa é o número de horas que a criança da Grande São Paulo passa diante do vídeo: 3 a 4 horas por dia! Essa é a média, considerada alia, da criança norte-americana.

Dominãncia da violência Urna pesquisa do sociólogo Roosevelt Pinto Sampaio sobre os meios de comunicação de massa no Rio de Janeiro, cm 1976. definia a audiCncia da 1clcvisão pelas scguin· tes características: ·· Público predo·

violência real que cresce assus1adoramcntc nos gr.andcs centros urbanos do Pais. lnfelizmcnle, faltam estudos a respeito e os dados disponíveis não permitem chegar a uma conclusão definitiva, no que se refere ao Brasil. Mas algumas conclusões podem ser tiradas a partir do estudo de como o problema se põe, por exemplo, nos Estados Unidos.

TV e delinqüência juvenil O grande imercssc dos efeitos da violência da televisão sobre as

crianç.ns torna-se mais cornprecnsívcl ainda se se levar cm conta que.

Quem "consome" a violência Segundo dados da imprensa, 95% dos lares paulistanos - desde .is ricas mansões do Morumbi e os apartamentos de luxo da classe alrn. até os cortiços e barracos das favelas - possuem aparelhos de televisão. Mas quem mais tempo dedica à assistência à TV, segundo as mesmas íonles. são as classes mais modestas, por não disporem de outras alternativas de lazer. Pesquisa realizada em 1978 pelo Grupo Míc/i(I de São Paulo revela c1ue o público infantil cons1i1ui a maior audiência de televisão até às 21 horas. quando o público adullo começa a predominar; contudo, ainda às 22 horas, 8 a 10% dos 1elespec1adores da Grande São Paulo ainda são menores de 14 anos, o que pode representar cerca de 300 mil crianças. Assim, um seriado policial "enlatado", classificado na ocasião entre os IO programas preferidos pelo públ ico infantil, podia ser assistido por não menos de 805 mil crianças ou adolescentes. E mesmo os seriados mais violenios, exibidos mais .tarde, pod iam contar co m um públ ico de 100 a 200 mil crianças. Enquanto isso. a novela das 18 horas de certo canal era assistida normalmente por 1.100.000 crianças, perdendo só para a novela das 19 horas do mesmo canal, a qual contava com um público infantil ainda maior, especial· rncnlc nas classes menos favorecidas da população. A pesquisa indica ainda que o horário vespertino da televisão. embora convcncionalmcntc considerado "horário infantil", na realidade apresentava apenas 31% de programação destinada especialmente a esse grupo, sendo a maioria dos programas dirigidos aos adultos: filmes, cursos telejornais. progrnmas deva· ricdades ou femininos, ele. Paradoxalmente, a maior carga de publicidade comercial recaia nesse horário: 61 % dos anúncios comerciais 1

,

Sem nenhuma defesa. as crianças tornam•se as maiores vítimas dos males

da televisão. que as deseduca para a vida 1nina,11enu.'ntt! fe1ui11i110. ,naior J>l'r· C(!Jll(/gem de l'riOll('(IS ((l(é 12 {IIIOS) e de indivíduos con1 mais tle 40 anos. 1ntlior {ludiéncit, das classes pobres e predomínio de 1elespec11ulol'<"S de instruçtío priliuíria··.

O sociólogo constatou na programação da televisão ..unw do,nináncia de programas voltados para a violência, f)ri11cipaln1e111e nos dra111as/ficção. queenf(llizam i11cide111es e 111otivaçôes de violé11ci11 J,:siN1 i111encio11a/". Verificou ainda que ..os progranws i1~fa11tis possut•111 um grmu/(> apelo à vio/énritJ " e que .. ,, ,naiorio dos incide111es viofPntos tomo por base o uso do corpo co,110 se fol'o a ar11w. seguindo-.ie " u1ili-

zt1ç<io do revólver ou outras ann11s de fogo. de mão. depois das (lr111(IS br<111cas ou de COl'te. real111e111e 11s

Jornws 1nais ronwns de e xecuçtio violenta n o m<'iO real". Diante desse quadro, é natural que muitos se perguntem se não haveria uma relação ent re a violência difundida através do vídeo e a

A gratidão do pov o ... nário da CODEVASF, conseguiu junt.o à direção desta, alojament.o gratuit.o para caravanistas da TFP. Em Barra, o prefeit.o João das Neves Leite ofereceu transporte aos caravanistas nas lanchas que obteve para os donativos em espécie, a ele entregues pela TFP em Bom Jesus da Lapa. E os Srs. Gustavo Silveira e Saul Bueno, respectivamente llder do prefeito e presidente da Câmara de Vereadores, acompanh aram pessoalmente os sócios e cooperadores da TFP na d istribuição dos donativos à população flagelada da cidade, em que estes colaboraram a pedido do prefeit.o. As últimas cidades beneficiadas pela campanha da TFP foram Malhada e Carinhanha, junt.o à divisa com o Estado de Minas Gerais. A entrega do auxilio ao prefeit.o de Carinhanha, Sr. Francisco Lima Cunha, também cont.ou com a presença de aut.oridades locais: o vice-prefei6

t.o, o promot.or de Justiça, o Vigário e outras pessoas de destaque na cidade. A visita a Carinhanha e Malhada, entr etant.o, foi precedida por uma bela manifestação de generosidade. As condições de acesso a essas localidades era1n extremamente dificeis, sendo necessário percorrer estradas quase intransitãveis. Obrigada a fazer uma grande volta, a caravana da TFP passou por Guanambi. Embora essa cidade não estivesse incluida entre os municlpios beneficiados pelo auxilio proporcionado através da campanha da TFP, os represen· tantes da Sociedade receberam t.odo o apoio do prefeit.o, Sr. José Neves Teixeira, e de sua esposa, Sra. Maria Amélia Teixeira. Assin1, graças ao prefeit.o de Guanambi os donativos puderam chegar a Malh ada e Carinha· nha. Tal at.o de d esprendimento desinteressado merece especial rnenção e t.orna-se digno de encerrar esta reportagem.

segundo o FJ)J. o ninne,·o de jovens nos Estados Unidos presos por crimes graves e violentos cresceu 1.600% entre 1952 e 1972. Ora. éjusiamcmc nesse periodo que a 1clevisão passou a 1er um papel preponderante na vida das crianças norlc~amcl'icanas: e ntre 1948 e 1952 o número de residências com aparelhos de lclcvisão passou de apenas alguns milhares para 15 milhões. Hoje. virtualrncnlc iodas as casas dos Esiados Unidos têm pelo menos um aparelho. Esse período coincide também com um

aumen10 assustador do indice de violência exibida na TV. Por outro lado. ,1 história dos delinqüentes juvenis inclui invaria velmente uma grande assis1ência à televisão. Alguns especialistas afirmam -que a TV agrava os antecedcn1es patológicos dos jovens. A realidade é que o criminoso juvenil de hoje não é o mesmo de outras épocas. Comenta o "Neov York Tirnes-": "/:,: con10 se 110.t\'ft socic•dade estivesse produzindo 11111 ,wvo tipo

d<•

juw•nil que u<io senu,

Ela nrgumcnta que a televisão apresenta apenas a dose de violência 1e dos se11s aios". Uma psiquiatra que o público pede: basta verir.car verificou nesses delinqüentes uma os índices de audiência parn se dar "1c>tt1I t111sêncit1 de sentin1(•1110 (/{, ,·u/ conta de que, havendo possibilidade pa (ide respeilo pela vidt1", E, de fade escolha. o público sempre proto. os jornais trazem diariamente ,1s cura a alternativa mais violenta. histórias mais espan1osas: por exemPor que isso? Por uma reação subplo, meninos de 10 ou 12 anos que co nsciente à situação de passividade torturam barbaramente suas vitimas crn que a mesma 1clevisão o coloca. antes de matei-las, para arrancar- Esco lhendo programas ião "ativos" lhes muita$ vc1.es apenas uns pouc<>s <1u,11110 possível. o tclespcc1ador tem dólares. <1 ilusão de "senti,·" a atividade. com todas as sensações de envolviQueda das barreíras do horror mento. go1Â1 ndo ao mesmo tempo da segura nça d:1 poltrona c m que Os estudiosos têm procurado re- est.i scnrndo. lacionar esse comportamento ião Essa sensação de ··atividade" que patologicamênac anormal com avio- a televisão e nganosamente lhe dâ lência apresentada na televisão. explica a escritora - acaba deterioTalvci parte da explicação esteja rando significativamente a sua perna própria maneira como a TV apre- cepção da realidade. A distinção senta a violência. Segundo o soei(>.. c.:ntre o m111ulo real da vid~t e o logo Roosevcll Pinto Sampaio. "a.< 111w1do irreal da leia vai perdendo a cenas t•iole111as não esuio C'('Jltradas nitidc%. Ao mesmo tempo. a scm~ibina n1vstrtt d(• gra,uf,, dor ou so_r,.;.. lidadc aos acontecimentos reais va i 11u•1110. pois. ao contrârio, 71.42% sendo ,idormccida. d e forma mi que do l(Jlal de inddentt)s n1ostra 11pe11ns as pessoas ji, não reagem emocionalp(•q111:11a ou 1wnhu11w dor ou su.f1·imente a eles corno protagonistas. 111e1110. o qu<' tf<,111011strt1 que 11 ou ao menos como testemunhas. 111aioria dos pr<>gramas busca explomas simplesmente como meros esrar a idci" da 1•iolê11da (lfas1ada dos pectadores d iante da tcht luminosa : ej(,i1os dirNo.,·". Para Marie Winn. proibir avioNão " difícil ver como scmc- lência na televisão não resolve o pro .. lhanlc enfoque pode produzir não blcma. l'<>rque o problema não est;', pequena deíorrnação nas mentes cm que a televisão ensine c,11110 imaturas dos jovens. A apresentação cometer um crime (embora com frcquase sistemfüica da violência desa- qiiência o faça). mas sim c m concompanhad,, de suas conseqiiências dicionar o 1clcspec1ado1·. especialnegativas d iretas (dor e sofrimento) mente as Cl'ianças e jovens. a trnwr 1c ndc a derrubar a barreira de hor- as pessoas na vida rca I como os ror que os atos violentos normal- personagens do video: podem ser mente inspiram. Tende igu:ilmen1c a ..apagadas" com uma faca, um rc.. eli minar qua lquer sen1imcn10 de pe- vólvcr o u um porrc1e com " mesma na para com as vítimas. Assim des- facilidade e a mesma ausência de pojada. a violência aparece apenas sentimentos com que se foi desapacomo uma saída ·'natura l'". entre recerem os personagens da tela gioutras. Em compensação. a violên- rando um bolão. cia é aprcscntad:l como vanaajosa. Se M,"ic Winn cs1ivcrccr1~1 (e IHí pois oferece resultados imediatos: o ra1.õcs para acreditar que sim). enherâi (para não fa lar do bandido) tão não bastará desligar o aparelho sempre se sai das situações mais cm detcl'minados hor,trios e eviwr complicadas utilizando a força bruta. dc1erminados programas. É preciso 1er a coragem de adotar a solução Tão fãcil como girar um botão... que ela propõe, por mais penosa que poss~ parecer: expulsar a televisão M,lric \1/inn. cscl'ilora norlc-ame- de nossos lares. ricana que vem há anos estuda ndo o Jlroblema. considera que de fa10 Gustavo Solimeo existem nl1.ôes para crer que a televisão esteja proíundamcnte relacionada com o novo surto de agressivida- Nol• - Os dados e citações do prcsc1uc de juvenil, e particularmente com o artigo íornm exlraidos das- seguintes publi· surgimento de um novo e assustador caçõcs: American OpinlQn (Estado.,; Unid os). 1ipo de delinqücn1cjovem. Mas acha julho de 1978: Folho 1/e S. Ptwl<>, de 22-9-78: E.<totlo ti,· S. Paulo. de 2-7-78: 16-12•79: que hi, erro cm querer estabelece,· O Roosevelt Pin10 Sampaio. Estudo ,Je l'Oltlt•ú· uma relação dirern entre os progra- d<> veiculodq p1dos m eió$ de <'omw,kacãQ dl! mas violcnios da TV e essa violência mtl!N>o. prindpolmtme pela telt•viiilu. com real. Para ela. a ex periência da tele- po11ic11lnr re/erêm:in a() sexo e violi-ndo (Tese Livre Docência cm Sociologia). mimco• visão cm si mesma. independente de de grr~fada, Rio de J.-mciro. setembro de 1976; seu conteúdo. é que esi:í no fundo Marie Winn, 11,e Plug-l11 J)rug. Oanu1m do )lroblema. Book, Ncw York. 2nd. printing. 1978. ftS.\'llSSÍIW

reo1Qrsos e que 1/stâ poucu co11s<·h/11-

TFP comunica a autoridades: campanha encerrada vit0riosamente Em teJe.gr,ama ao Ministro da Justiça, Sr. Ib.rahim A.bj AekeJ, ao Governador d e São Paulo. Sr. Paulo Salim M.aluf, e a0 eon1andante do li Exército, Çiener-al Milton Tavares .de Sou2,a, o Prof- Plinio Corrêa de Oliveira inform0u sol;>re 0 C}\ceoramc1llo da campanha pelos pobl'es do No,rdeste nos seg'u intes termos:

"Tenho o prazer. de comunicar a V. Excia. que se encerrou vitoriosamente a campanha realizaila en1 São Paulo e nas principais cidades do P ais, por esta Sociedade, em favor dos pobres do Nordeste. No total foran1 coletados <::ri 2.947.876,83 de donativos em dinlieito e en1 espécie. Grande parte desse montante foi distribuida aos flagelados das inunda,ões do· rio São Francisco, no sertão baiano, sendo levada diretamente por uma cal'av1u1a de sócios e coo'J)eradores da TFP aos prefeitos de sete municípios at in gidos. Houve também disfribuições a necessitados e1J1 Recife, Fortaleza e .)oão Pessoa. Ap.Joveito o ensejo par.a apresenfar a V. Ex eia. os protestos de ntinha cordial s impafja e elevada consideração, ~1.lNIO

CORRtA: Df: 01. IVElRI\

Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e, Propriedade!'

4

fSAtotncnsMo MI::NS/\IUO com a1>rov:1çiío «te.-.iá.•-iic:, CAMPOS -

ESTADO DO RIO

l)irclor Paulo Corria de Bd10 Filho Diretoria: Av. 1 de Setembro. 247 • C:1ixa Postn.1333 28100Cam1>os. RJ Administrnçiio: Rua Dr. M:1rtinico Prado. 24<> • 01224 São Pauto. SP Compos10 e impresso n:1 Artprc:;.s

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CATOLICISMO -

Abril de 1980


DEUS O

UER!

A Muralha Norte

DO ALTO E MAJESTOSO Monte Scopus os exércitos da primeira. Cruzada, sob o comando de Godofredo de Bouillon avistam afinal a cidade de Jerusalém. Todos os cansaços, contrariedades e delongas se esva.e m diante do quadro grandioso que têm à sua frente. Após os primeiros momentos de emoção e entusiasmo soa.n , as trombetas e as arnws rebrilhan, ao sol. A leste, fora das nu,ralhas, admira-se o Monte das Oliveiras, de cujo cimo elevou-Se triunfalmente o Rei da Glória, na sua admirável Ascensão. É deste flanco oriental que se avista a Porta Dourada, por onde Nosso Senhor entrou no Domingo de Ramos. Mas o terrlvel grito de guerra ergue-se do flanco norte e é por ali que os altos n,uros sofren, a incontenlvel investida e os estandartes da Cruz irrompem na Cidade Santa. O Monte das Oliveiras

r r: •

A Capela da Flagclacào

No sopé do Monte das Oliveiras está o lforto de Getse1nani. Na Quinta-Feira San• ta, embre1>hando-se pelo arvoredo, o leão de Judá prostrou-se sobre a Rocha da Agonia e, enquanto oraua, correu sobre ela o divino e rubro suor. Em. meio às ruelas tortuosas da cidad.e, não longe da espla1wda onde existiu o templo de Salo,não, ergue.se sobre os es· cornbros do palácio de Pilatos uma capela e111 l.e111brança da Flagelação que aí pade· ceu nosso Redent.or. Foi deste local que'Ele empreendeu sua Via Sacra .. .

A Estação do Encontro

...cuja quarta estação, a do Encontro de Jesus co1n sua Santa Mãe, acha-se a uns cen, passos do inicio da Via Dolorosa.

A Rocha da At;onia

, 'DEUS

VlJLT!" - Deus o quer! Go;n est.e )>rad? de guena o Papa Uri>'ano II arreóata..,a e mob1. lizava Wda a Grietandade medieval para a primejra e grande <i:tuzada. Sua meta? A retomada, em n<Une dos direitos de Deus, d.os Sant<>s tugares, que haviam sido conquistados pelos infiêjs. P.s longas colunas do exército cruzado partiram, Aguardava-o um caminho juncado de provações, de holocaustos e de esperanças coroadas de vitória: "<í:hristianus alter ehristus" (Q cristão é um outro Cristo). Uma após outra, as cidades iam cedendo às hostes cristãs e a cada guena conespondia o recoJ1follto de poder. venerar mais um lugar santificado pela presença de Nosso Senhor- Jesus €risto e de sua Santlssima Mãe: desde a g,,uta de Elias p.ro.feta, no Monte €armelo, até a de Belém, na região de Judá; desde o litoral que p,resenciara a partida dos Apóstolos à demanda db Ocidente, até as tranqüilas águas do Jordão, onde Jesus foi }jatizado. E po.r fim, Je~usalém, a cidade amada do Reí David, pranteada e objeto de increpação poe paYt:e do Messias, e tragicamente castigada pela justiça de Deus. IDa Europa, invejava-se a maravilhosa incursão da· queles guerreiros ...

CATOLICISMO -

Abril de 1980

Entretanto - co,mo é lamentável reconhecê-lo! - o esp!.rito de cr-uzada declinou e as conseqüências foram fatais. U;n a um se perderam o,s veneráveis caminhos e toda a Tetra Santa.

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Mas um resto permaneceu e este a Igreja conservou-o dentro de Si até nossos dias: a indelév-el e possante associação de idéias entre a epopéia de nosso RA!dento~, e)J1 sua Paixã,,o e ,,ftoriosa Ressurreição, e a gesta dos cru7,ados que, dotados de indômita combatividade, no auge de seu vigor, alcai1çaram espJendoroso triunfo. E o católico que, nos dias de hoje, durante a Seman·a Santa cuja comemo.ração transcorreu neste mês -, deseja contemplar os Passos da Paixão e a vitonosa Ressurreição do fredentor do gêne,ro humano em per.feita co.nsonância com a Igreja Militante, da qual é membro vivo, não poderá deixar de fazê-lo sem participa,: do esp,irito de cruzada, que consiste, em nossa época, na defesa intransigente dos sagrados valores da Civilização C.ristã. Valo.res perenes, infelizmente atàcados com violência pela impiedade ho· diernà.

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l jAtoJLnCliSMO Com o governo tirano da nação cárcere: distensão?

TFP DOS EUA PEDE INVESTIGAÇÃO EM CUBA ESDE ALGUM tempo intportantes setores da opinião públicn das três Américas vinham acompanhando, com crescente preocupação, a atitude do governo Carter frente à tirania castro-comunista que oprime o nobre povo cubano. Recentemente, o mundo livre ficou impressionado com o afluxo torrencial de cubanos que

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tuar-se e,n qualquer gama, desde ganizações votadas a essas pesuma maioria efetiva, passando quisas. por minorias ponderáveis, até minorias pequenas. Mas leva- Teste para comprovar as das em qualquer caso àquelas intenções norte-americanas atitudes por um auge de isola5. ASSIM, nossa opinião púmento, de opressão e de miséria. Essa situação era de inolde a blica se encontra de 1nodo impreimpressionar, a inquietar e a visto diante de uma situação despertar nobres impulsos ele que já não se lhe pode afigurar' apenas coino inquietante. mas coino drainática ao mais alto ponto. O que coloca o governo de V. Excia. - pern1ita-nos dizê-lo - numa contingência que põe à prova toda a credibilidade das inteções norte-americanas ante os outros países. t 6. ESSA credibilidade já sofreu considerável prejuízo junto às nações que nos são siinpáticas no Oriente Próximo e no Oriente Médio, ein virtude do inopinado de lances diploináticos ein que trocainos de política e ele amigos. Nossa atitude eventual à vista cio que agora se passa en, Cuba poderá reforçar ou abalar essa credibi lidade, clian te de todas as nações e popu lações irinãs deste Continente, na sua imensa maioria solidárias com o povo cubano, por vinculações religiosas, históricas e étnicas, que errarían1os muito graven1ente se não tomás· semos em conta.

na América do Sul. Com efeito, V. Excia. afirmou - em muitos casos não sem razão - que naqueles países se registravam graves episódios de opressão e tortura moral ou física. Em Cu· ba, os fatos mostram que não há apenas graves casos dessa natureza. A nação inteira é que está sendo opressa e torturada moral e fisicamente. De onde irrompe a pergunta: se tanto fizemos para sanar situações individuais, até onde deveinos chegar para sanar a situação de todo uni pais?

Uma nação estã sendo torturada! Por certo, foi nobre o oferecimento feito por V. Excia. ele franquear nosso solo aos refugiados cubanos. As esperanças assim despertadas nesses infelizes não poderão ser esmagadas pelas dificuldades operativas que agora se levantam. Pois tais dificuldades são pequenas ein confronto com a amplitude dos recursos que a Providência nos facultou. Cumpre salientar que não é apenas de 10 mil refugiados que se trata. A nação cubana inteira - pedimos vênia para repetir, Senhor Presidente - está sendo torturada. E é a ela como um todo que devemos ter em vista. A pergunta sobre até ond e deve ir n ossa intervenção en1 Cuba, que os imperativos da lógica fazem surgir no espírito ele cada americano consciente, leva-nos a apresentar a V. Excia. u1na sugestão, que é aliás tudo o que se nos afigura ele mais moderado na linha das anteriores gestões de V. Excia. É que os EUA peçan1 o apoio conjunto de todas as chancelarias americanas a fiin ele exigir a entrada livre ein Cuba, para que utna coinissão de técnjcos, gozando da confiança da opinião pública do Continente, possa ali instaurar o i11quérito mais a,nplo, mais livre, e ao mesmo tempo mais humano, sobre a realidade do que lá ocorre. De sorte que o inundo conheça de modo explícito essa realidade, e estude os meios de a fazer cessar quanto antes.

sintam à vontade para alegar o único princípio em cujo nome poderiam opor-se a essa medida, isto é, o da não-intervenção. Pois as intervenções notórias deles no Caribe e na América Central, bem como no relacionainento continuo com todos os Partidos Comunistas da América cio Su l, conferem a Cuba o caráter ele uma força de intervenção permanente em todas essas áreas.

10. MAIS AINDA. Cuba se jacta de ter intervindo na África, co1n oficial postergação do principio ele não-intervenção, afirmando estar no direito de mandar uina força expedicionária ao longinquo continente, a fim ele "libertar" as províncias portu· guesas ele ultramar ele a legados abusos ele autoridade da metrópole. Diante do atual escândalo ocorrido em Havana, não cremos que os detentores do mando em Cuba possam invocar agora o princípio da não-intervenção, sem se desacreditarem aos olhos ela opinião mundial. Tal descré· dito seria o preço terrível que teriam ele pagar por sua contradição. De nossa parte, Sr. Presidente, que preço terrível teremos que pagar junto à opinião munclia.1 por nossa contradição, caso desta vez nos abstenhamos de intervir ein Cuba depois ele termos levado a efeito uma tão longa e prolixa série ele intervenções em outros palses do Continente? Nesses palses tereinos lançado água ein cortinas que pegam fogo. Em Cuba, deixaremos o incêndio alastrar-se pela casa inteira. Pedimos a V. Excia., Senhor Presidente, que veja nesses argumentos e nessa sugestão uin desejo de colaborar com seu governo. Move-nos, não qualquer intuito de polltica interna, mas o impulso de nossos corações cristãos e patrióticos ante uma situação que nos crucia, e por certo tambéin a inilh ões de outros norte-americanos. Apelar para V. Excia., sugerir-lhe respeitosamente uma via pela qual ansiamos, é o modo por que se exprjme autenticainen te nosso desejo de união com as autoridades de nosso pais. Queira receber, Sr. Presidente, o testemunho ele n osso respeito e de nossos melhores votos de êxito ein prol da cristã grandeza da América cio Norte".

7. COM EFEITO, o governo de V. Excia. tem desenvolvido a ção constante nos palses lati· no-americanos para eliminar ou atenuar os regitnes ditatoriais estabelecidos etn muitos deles. O princípio missionarian1ente invocado para essas ntúltiplas e insistentes gestões foi a liberda... de dos povos em face de goverTodos os espaços da embaixada perua na em Cuba tornaram·se insuficien- nos opressores. tes para acolher mais de 1 O mil fugitivos do "paraíso" socialista de Fidel 1'al política foi aplaudida por amplos setores ela opinião latibuscaram asilo na embaixada solidariedade em nosso genero- no-arnericana. Mas de nenhum do Peru, chegando a n, ais de 10 so povo. deles obteve aplausos mais esmil nas escassas horas em que trepitosos do que dos setores os guardas comuni~tas n ão lhes A inconcebível opressão impediram de entrar. Como é em que vi vem os cubanos coinunistas e dos respectivos subúrbios ideológicos: precisainennatural, o destino desses infelizes refugiados interessa enorte dos setores onde é maior a 2 . A GRA VIOADE dos epimen,ente. Mas hã algo de mais influência dos piores inimigos importante para o qual era ne- sódios aciin a referidos acentuou- de nossa naçã o. cessário chamar a atenç.ã o do se nestes dias de maneira dran1áContinente: a sorte da formosa tica, pois levou o tirano Ficlel 8. IRROMPE agora a prova ilha outrora chamada a "Pérola Castro a uma atitude aparente· das Antilhas", transformada, há mente liberal, à qual ele se recu- sensacional e escandalosa ela mais de 20 a nos, no n,aior cár- sara longa e obstinadamente até existência em Cuba de uma tiracere de que a História·das Amé- aqui: isto é, perrnitir que sais- nia cujo caráter inumano e poliricas dá noticia. sem da linda ilha por el e trans- cialesco faz parecer pequenos Castro não pode alegar o A TF P n orte-americana di ri- formada no maior cárcere de todos os desinandos alegados princípio da não-intervenção giu, em conseqüência, um telex pelo governo norte-americano ao presidente Carter pedindo- que dê noticia a História das para explicar suas intervenções 9. NÃO PREVEMOS que os lhe que os Esta dos Unidos, em Américas, todos os desconten- pollticas na América Central e detentores do poder em Cuba se acordo com todas as chancela- tes. Estes afluiram em tal quan rias americanas, exija uma in- tidade que, na embaixada do Desalento. pobreza. tédio. 1: o que se vê nas longas filas da escassez em Havana. O caso da embaixada peruana vestigação objetiva e detalhada Peru, em poucas horas l O 1nil não representa a manifestação de apenas 1 O mil descontentes. mas de toda uma nação escravizada pelo comunismo. da verdadeira situação en, que cubanos pediam asilo. se encontra o povo cubano, para que ela se torne conhecida no 3. A TAL RESPEITO conmundo inteiro e sejam estuda- vém ponderar que, em via de dos o9'tneios adequados de fazê- regra, o fato de algué,n fugir em la cessar o quanto a ntes. estado ele desespero, prova que É possível que este telex não atraia a atenção do chefe de há muitos outros desesperados Estado americano. Mas, é for- que não fogem por falta de condiçoso dizê-lo, os pontos aos quais ções de escapar. Aden1ais, quan se refere são aqueles sobre que do são muitos os desesperados um dia terá que prestar con tas de uma e outra categoria, isto ante a História. prova que há incontáveis outros Publican,os a seguir a ínte- descontentes que, setn terem gra do telex da T FP norte-ame- condições ele refugiar-se, aspiricana: ram enfatican1ente por un1a mu· dança de situação. "1. OS MÚLTIPLOS e pro4. O OCORRIDO até aqui longados inciden tes com os refugiados que têm procurado as em- tem portanto - se bem que baixadas do Peru e da Venezue- implicitamente - muito mais la em Havana bem evidenciam força de expressão do que o mais a existência de agudo mal-estar perfeito inquérito de opinião pú- de ordem espiritual e inaterial blica, levado a cabo pela mais - em setores que poderiam si- imparcial e aparelhada das or-

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N. 0 353 -

Maio de 1980 -

Ano XXX

Diretor: Paulo Correa de Brito Filho

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TFPs A JOÃO PAULO II: SALVAI CUBA! EM TELEX enviado a João Paulo 11, as TFPs existentes no Brasil, nos vãrios paises das duas Américas e na Europa, "imploram a S. Santidade que se dirija ao mundo, exprimindo sua pastoral compaixão para com a pobre Cuba". O texto, de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, P residente do Conselho Nacional da TFP brasileira, já "chegou a seu Alto Destinatário, em Roma", segundo carta rem.e tida ao autor da mensagent por D. Carmine Rocco, Núncio Apostólico no Brasil. Eis a mensagem na integra:

,,o

DRAMA dos dez mil cubanos que acorreram à Embaixada do Peru em Havana à procura de asilo, não exprime somente a angústia pessoal de cada um

deles, resultante da miséria e da opressão em que se sentem imersos. Os espasmos e as con vulsões morais que os sacodem, agitam igualmen te toda a população, torturada de alma e de corpo sob o látego de um regime ateu e inumano. Personificado nos dez mil refugiados - entre os quais enfermos, anciãos e crianças na mais tenra idade - é todo o povo cubano que se põe de pé, aos olhos do mun do, como que dizendo: Vede que do alto da cabeça à planta dos pés, nada há em mim que esteja são (cfr. Is. l, 6). Por certo, esse mudo e lanci· nante brado de dor, tem despertado alguns protestos categóricos e alguns gestos de ajuda em favor dos refugiados. Pode-se esperar que, em conseqüência, e apesar das frias e desconcertantes delongas, tanto politicas quanto burocráticas - a situação pessoal de todos esses infelizes, seja por fim resolvida em. con-

forrnidade com a lei natural e a caridade cristã.

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Cubanos: "vermes e não mais t1omens" Mas, com isto, de nenhum modo terá sidll resolvida a situação global cio nobre e infeliz povo cubano, o qual, se não for ajudado com eficácia e urgên· eia, irã descambando de infortú· nio e1n infortú nio. De maneira a se dever recear que, dentro de não muito ten1po, ele se volte mais uma vez ao mundo contemporâneo, para tachá-lo de egoísta, de pragmático e de vilmente acovardado dia nte dos problemas que não sabe resolver, e dos deveres que não quer cumprir: "Vede. - dirão então já agora somos vermes e não mais homens, somos o opróbrio dos homens e objeto da indiferença das nações", como quase textualmente disse do Divino Redentor o Profeta-Rei (cfr. Ps. 21, 7).

Num barco americano. cubanos que enfrentaram anos de sofrimento na ilha-prisão de Castro. chegam à Flórida.

Com efeito, Beatíssimo Padre, se no espírito do homem de hoje vibrassem as fibras cristãs de outrora, a compaixão universal para com as vitimas e a indignação de todas as nações contra os algozes teriam suscitado um daqueles tufões de ira santa a que não resistem nem o ,J,a1· e J us· .~....' r•1 0~ • _.,..,

.t,'V..CV"• ,1 . . "'4V , ., _. _.......... .,_ ._,, o.,. ...,

nem o das mais disfarçadas e bem urdidas tramas pollticas. Mas, para vergonha nossa, o sentimento de justiça e de dignidade já não tem força para sopros desses, regeneradores e irresistl veis.

Salvai Cuba porque perece!

CeQtenas de pequenos barcos aguardam, em Cuba. a liberação de novos refugiados. A "flotilha da liberdade" transportou mais de 100 mil cubanos para os Estados Unidos.

Previsões de Fátima

1980

Para despertar em todo o mundo, em vista do drama cubano, as energias cristãs adormecidas, só a palavra de Vossa Santidade tem as condições necessárias. Por toda a terra, Santo Padre, ajuntam-se, irmanados pela fé co1n o povo cubano, os que na desolação, no silêncio

e na prece, esperam essa palavra. As Sociedades de Defesa da Tradição, Fa1nllia e Propriedade, e entidades congêneres, todas coirmãs e autôno1nas entre si, que atuam no plano clvico e inspiradas nos traclicioniiis ens ina1nentos ela Santa Igreja, se •• ....,1t::.:... ~...... ) ' •• 1: .. ! . "(.. . r: '51,,;,1.,1.0. ..... t.U...U .......... t,; . ............. -..a.. •

tidade e, em consonância com o que por certo vai na alma de todos os cubanos católicos, imploram a Vossa Santidade que se dirija ao inundo, exprimindo sua pastoral compaixão para com a pobre Cuba, vitima da mais sinistra tirania que até hoje tenha existido nas vasti· dões do Continente a1nericano. Em união de alma com estes cubanos emudecidos pelo terror 1>0licialesco, levantamos os olhos ao trono ele São Pedro e imploramos a Vossa Santidade: Senhor, salvai-os porque perecem (cfr. Mt. 8, 25). I1nplora1nos para eles e para nós a bênção apostólica".

NOSSA SENHORA de

~ •

!!!

Fátima advertiu, em 1917, que se os homens não se emendassem, a Rússia espalharia seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Ganham a fna ior atualidade as

palavras da Mãe de Deus na presente conjuntura mundial. As investidas impunes do exransionismo soviético, a penetração de costumes, leis e estilos de vida comunisti,;mtes no Ocidente, bem como o triunfo das formas mais abjetas de imoralidade, levam a temer a rroximidade do castigo prenunciado cm Fátima, caso a humanidade não se converta:

~_..e,

·· Vtírias nações serão aniquiladas... " A hipótese de

A ''BABÁ ELETRÔNICA''

um conflito nuclear, admitida hoje pela ma ioria dos norte-americanos, brasilei-

ros e europeus - segundo pesquisas de opinião - . nos convidam a meditar com

profunda seriedade o an úncio da Cova da Iria. Na foto: forças comunistas em manobr-Js na Alemanha Orienta l. Página 3.

A CRIANÇA BRASILEIRA passa diariamente, e!1' média, quatro horas diante da televisão, ex~osta ~ cenas que estimulam o vicio, a degradação dos costumes e a v1olê~c1a. Este, entretanto, t~lvcz não seja o pior ma l causado pela TV. Mais grave é sua !nfluên~1a no processo mental psicológico infantil, mutiland~-o quas~ 1rremed1~velmcntc, de maneira a formar adultos que Já nao saberao enfrentar a rea lidade da vida. Página 2. •


Q

UAL A INFLUÊNCIA da televisão no desenvolvimento da criança? Mais precisamen· te, no desenvolvimento da linguagem, da imaginação, da criatividade, da percepção da realidade. da capacidade de cstabeleoer relações sociais? Essas são perguntas que poucos se fazem, apesar de a criança brasileira passar três ou quatro horas de seu dia assistindo televisão, conforme pesquisa divulgada em 1978. No entanto, essas horas passadas diante do vídeo podem representar, cm certos casos (como no das crianças em idade pré-escolar), um terço do tempo em que estão acordadas.

CRIANÇAS, BRINQUE0Q,S E TELEVISAO

barquinhos; duela com espadas de madeira ou galopa pela casa montada cm fogosos cabos de vassoura; sobe nas árvore para colher frutos ou ver se já nasceram os (jlhotcs de tico-tico; prepara "comidinhas" com areia e relha com a boneca "manhosa" que não quer ir para a cama; desmonta o brinquedo novinho para ver o que tem dentro ... A psicologia infantil ensina que, para a crianç,1, brincar não é um simples divertimento ou passatempo, mas uma atividade vital. É um aprendizado da vida: enquanto brinca, a cria nça se desenvolve física, intelectual, emocional e socialmente. As brincadeiras e jogos coletivos ajudam-na a maturar e a adquirir hábitos sociais, tais como conviver com outras crianças, colaborar corn os parceiros, aceitar as regras do jogo e a autoridade do juiz. Ao mesmo tempo, preparam-na para as situações da vida, ensinando-a a perseverar num esforço iniciado, a perder com dignidade e a vence r com cavalheirismo. . As brincadeiras de imitação, nas quais se reproduz a vida dos adultos (por exemplo, aquelas em que o menino é o "doutor.. , a menina a "mamãe.. e a boneca a "doente") ajudam-na a transpor para suas dimensões os problemas da vida, permitem a manifestação de inclinações e orientam para a vocação autêntica. A seriedade com que a criança brinca chega QOr vezes a desconcertar o adu lto. E que este nem sempre tem presente que ela, ao "fazer-deconta", não está meramente se diver-

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Não apenas "o que" assistem, mas " quanto tempo" assistem Sendo assim, importa saber não apenas o que as crianças assistem, mas quanto tempo assistem televisão. Sem dúvida, o conteúdo e a qualidade dos programas (inciciên· eia de sexo e violência, vulgaridade, bombardeio publicitário... ) têm sérias repercussões no dcscrwolvimento infantil. Mas quanto a isso os pais já estão suficientemente alertados e vigilantes - pelo menos os que ainda se preocupam com a formação de seus filhos. O mesmo já não ocorre com relação ao tempo dedicado pelas crianças à TV. Aliás, é preciso reconhecer que sobre isso pouco se fa la. A televisão não é um passatempo como outro qualquer. Ela envolve de um modo particu lar uma série de mecanismos fisiológicos e psicológicos: olhos, ouvidos e cérebro são submetidos a est ím ulos numa intensidade que nem sempre corresponde à capacidade normal de resposta. De onde um estado de fadiga, comum após várias horas diante do vídeo. Por outro lado, cria-se uma dependência do telespectador cm relação à pequena tela brilhante, estabclecendowse un1a comunicação com ·'mão única", na qual o individuo fica numa posição meramente passiva. Isso tudo rcpercu\c negativamente no equilíbrio o rgânico, psíquico e emocional da pessoa. e prejudica o funcioname nto normal do processo intelectual.

tindo, mas está vivendo ºo seu

mundo", ou antes, vivendo o mundo ti sua maneira. Estas considerações sobre a criança e o brinquedo põem em evidência o prejuízo que lhe traz a televisão. privando-a dele, ou roubando-lhe o gosto por ele. Que contraste entre essas felizes crianças que se cnt retêm com um barquinho de papel lançado à enxurrada, ou q ue se maravilham com uma bolha de sa bão. e aquelas que só vibram com as sensações intensas e fugazes da televisão! Estas. perd endo o gosto pelas pequenas coisas inocentes que a vida lhes coloca ao

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Frustração do processo mental O processo mental é alterado quando o indivíduo assiste televisão: mil imagens, cores, so ns, luzes, movimentos, provocam uma série de sensações. logo substituídas por outras, as quais morrem em si mesmas,

sem permitir q ue os mecanismos psicológicos postos cm movimento cheguem a concluir seu ciclo normal. O espectador fica reduzido quase à mera vida sensitiva. com seu processo mental continuamente reiniciado e sempre inacabado. Não é dif1cil avaliar as conseqüências dessa repetida frustração do processo mental nas crianças e jovens, ainda não equipados com os mecanismos de defesa dos adultos, e mbora também estes sofram danos maio res ou me nores, segundo os casos. Assim, quanto mais a criança é exposta às impressões do vídeo, tanto mais seu desenvolvimento mental é prejud icado, com a pura sensação tomando o lugar do elemento racional.

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O brinquedo inoce nte não é simples divertimento para a criança, mas uma escola de vida

passa a ocu par um papel importante em sua atividade menta l e seus esforços intelectuais se concentram em dar um nome a cada co isa. Diz-se, então, que seus conceitos passara m a ser "verbalizados" e que seu pensamento tornou-se "verbal". O "pensamento verbal" é o instrumento do raciocínio: toda a atividade racional do homem está cm função dele. Para o adulto. certas a tividades mentais "não-verbais" (como "sonha,· de olhos abertos") podem, cm certas circunstâncias, representar um elemento de relaxamento psiquico e de repouso da atividade intelectual. Entretanto, para uma criança cm fase de formação, qualquer regressão considerável para formas de "pensamento" não-verbal pode constituir um sintoma alar-

verbal. A criança assiste passivamente. sem falar. sem interrogar. sem pedir ex plicações. Recebe através do vídeo torrentes de imagens, cores, ruídos, sons e palavras, hora após hora, dia após dia, sem o esforço que lhe exigiria a formação dos próprios pensamentos. Na medida que isso ocorre, um molde de "pensamento" não-verbal se estabelece e a criança estaciona ou regride à fase pré-verbal de seus primeiros meses de vida. (Naturalmente, estes são casos extremos. pois outros fa. tores - como o a mbiente familiar, a escola, os jogos infantis. etc. - podem corrigir em alguma med ida semelhante distorção).

Ao redor dos dois anos - um mante. A televisão dificulta o desenvolpouco antes, o u um pouco depois , a criança começa a desenvol- vimento mental da criança por não ver a linguagem falada. A palavra exigir dela qualquer participaç,'ío

Isso te m repercussões na vida escolar, sendo notória a incapacidade da criança da e ra da TV de aprende,· algo que não seja ensinado através da imagem. De onde uma grande dificuldade de aprender a ler e de adquirir o hábito de leitura, pois esta exigi: uma capacidade mínima de conce ntração e abstração. O aprend i1.ado e desenvolvimento da linguagem fa lada faz-se primordialmente pelo contacto com os pais e pessoas maiores da casa. Outrora, a prática de contar histórias às crianças ocupava importante papel nesse processo, despertando a imaginação, estimulando a criatividade, aguçando a curiosidade. Havia sempre a possibi lidade de a criança perguntar se o Gato de Botas era igual ao gato da vovó, ou o que aconteceu com os Sete Anões depois que o Príncipe levou consigo a Branco de Neve ... Com a leitura o mesmo se dá: um bom livro estimula e liberta a mente, permitindo à criança estabelecer comparações, fazer correlações

Uma perigosa regressão

A televisão escra•

viza as mentes e a. trofia as potências

da alma

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A leitura e os contos infanti s

alcance da mão, perdem ao mesmo

tempo a capacidade d e aprende,· da realidade, porque as experiências da vida são sempre mais complexas e menos padronizadas do que as que o vídeo lhes proporciona. Daí uma frustração que as torna habitualmen te desequilibradas, a oscilar entre passividade apática e agressividade.

e indagações, imaginar os persona- A babá eletrônica gens e o ambiente, de conformidade com seu próprio modo de ser, suas A sociedade industrial trouxe aspirações. seus interesses, sua per- uma profunda alteração na vida sonalidade que desabrocha . dom~t ica: aumentou o número de A televisão. ao contrârio. limita mães que trabalham, diminuiu a essa participação: sua fantasia é presença dos pais j unto aos filhos; substituid:1 pela "fantasia" de adul- reduziu as relações entre vizinhos. tos. A mente não precisa fazer todo isolando as familias, etc. o trabalho de abstração e criação Nesse quadro, a televisão foi de imagens que a leitura exige. As ocupando cada vez maior espaço imagens televisadas são aparente- na vida familiar, perdendo o carámente mais fortes, mas satisfazem ter primitivo de fonte de entretemenos. porque são inalteráveis, não nimento, para transformar.se cm pcrmidndo as acomodações exigidas verdadeira necessidade. pelas características individuais de Um pouco por força das circunscada criança. tâ ncias, um pouco por comodismo, Por outro lado, a contínua mu- mu itos pais descobriram uma nova dança de foco e de ângu lo de visão utilidade para o aparelho "mágico": deixa a criança desorientada, por su· "tomar conta" de seus filhos ... Enperar sua capacidade d e captaç,io e quanto a criança está p,,,..g1ulo à acomodação. Tudo isso - somado pequena tela, os pa is - sobretudo ao brilho da tela, às luzes, cores e as mães - ficam "tranqüilos": ela sons - acaba por produzir na crian- não está sujando a roupin ha nova, ça um estado de fadiga. de passivi- nem mexendo e remexendo aqui e ali, pondo a casa "de pernas para o dade. de apatia. ar... " Enquanto elas estão qu ietinhas Crianças que brincam e assistindo televisão - pensam ou e crianças que assistem TV d i1.e111 certas mães - sobra-me temA TV torn.1 as crianças preguiçosas: quando não têm o que fazer, preferem ficar sentadas ou acocoradas diante do vídeo a se ded icarem a alguma ocupação mais ativa. como conversar ou brincar.

A criança acostumada à televisão brinca cada vez menos. Perd eu o gosto de brincar. Habituada às sensações fortes e intensas da TV, não encontra atrativo senão e m brincadeiras e jogos que produzam emoções violentas e imed iatas. Isto deve constituir mot ivo de alarma para pais e educad ores: "Criança <JU~ não brinca é criança doente". dizia m os antigos. Com efeito. a criança brinca o tempo todo: constrói lagos para seus

po para co1.inhar, costurar, limpar

a casa, sem prcocu par-me com o que estão fazendo ..... É verdade: a televisão deixa as crianças qu ietas por horas e horas. Mas essa é uma quietude quase hipnótica, com sérias repercussões no futuro. Seria preferível que tantas mães "pe rdessem" um pouco mais de tempo cuidando de seus filhos. ao invés de entregá-los ,\ "babá eletrônica" para que ela os "eduque".

Gustavo Solimeo R(fcrências: Marie Winn. 77,r Plug-ln Drug. Han1:1m Uook, Ncw York. 2nd, pr-inting. 1978: O E.ttado tli- S. Poulo. de 2/ 7/ 78.

CATOLICISMO -

Maio de 1980


A CRISE MUNDIAL E O ANÚNCIO DE FÁTIMA MALOGRO da operação de resgate dos reféns norte-americanos no Irã não foi um simples acidente de tráfego no deserto de Tabas, mas o desastre de uma civil i1.ação. Falamos, é claro, não da operação em si, cujo fracasso se atribui a defeitos mecânicos em três dos oito helicópteros empregados. e por fim ao choque fatal de um deles com um avião de transporte C-130. A sucessão de erros técnicos torna-se tanto mais incrível quando se considera que os comete o mesmo país que há apenas dez anos enviou o primeiro homem à Lua. Descartemos, pois, os pormenores técnicos, para analisar o fato cm sua dimensão verdadeira, enquanto símbolo de uma civilização - o "amerietin wlJy of life " - que até aqui vinha triunfando ao longo deste século. É, aliás, sob esse ponto de vista que os mais abalizados comentaristas internacionais analisam o desastre do deserto iraniano. Jean-François Revel , da revista francesa "l'Express", por exemplo, afirma: "No plano internacional as co11seqüéncias da humilhação no Irã, somadas à invasão do Afganistão e à crescente arrogôncitJ do i,nperia~ /ismo ,nilitar soviético, serão ainda mais duras. Unw pri,neira conseqüência deriva do conjunto da situaç,io. Ela co11sis1e em que dez a11os de política de conciliação e de concessão serviram ape11as para enfraquecer os Eruulos Unidos. /:,111 outras palavras. é a co11s1a1ação do fracasso da dé1e111e". Revel estende-se, em seguida, na demonstração de que se formou (preferiríamos dizer: a Rússia criou, por meio da guerra psicológica revolucionária) no Ocidente um tal estado de espírito que admite pacificamente as maiores agressões quando cometidas pelos

O

soviéticos~ e, cm sentido contrário, tal mcn ..

talidade move montanhas de indignação

quando os Estados Unidos fazem algo, por mínimo que seja, no sentido de defender-se. Essa posição absurda é, diga-se de passagem, assumida pelo próprio governo norteamericano em relação a seus aliados. Assim, cm nome de pretensa defesa dos direitos humanos, Cartcr conseguiu d isseminar a hostilidade antínorte-americana entre aqueles que poderiam ser seus melhores aliados na América Latina ou na África.

Voracidade do imperialismo soviético Outro, entretanto, é o aspecto que mais gostaríamos de ressaltar do artigo de Revel. "Vimos despedaçar-se em Tabas o cristal da supre111acia nor1e..an11:ric11na".. continua ele.

"Un, peque110 detalhe, e11tretanto, escapou à perspicácia de noSS{IS análises: foi o nosso próprio cristal que /{lmbé111 se quebrou. O Orie11te Médio, o Golfo Pérsico, o Irã. a Arábill Saudita, o Paquistão. já se enco11tram dentro da esfer/l de influência soviél ica'·'.

Trata-se, portanto, da área que produz a maior parte do petróleo consumido no Ocidente. Isso, entretanto. não deve ser considerado isoladamente. É preciso recordar q ue já se encontram sob influência comunista direta ou indireta todo o Sudeste Asiático. boa parte da África, metade da Europa e estratégicos territórios das Américas. Cuba - ou seja, a Rússia - não conquistou apenas algumas ilhas do Caribc. como Granada e Jamaica. Seu influxo maléfico chega às nossas fronteiras, por meio da Guiana, e estrangula a como que garganta da América Latina, através da influência de Omar Torrijos no Panamá - embora já não o governe - , dos sandinistas alçados ao poder na Nicarágua e de EI Salvador em chamas, j{t chamuscando a vizinha Guatemala.

Nos países não comunistas, a ação subversiva comandada por Moscou também se manifesta, sob outras formas e com táticas diversas. De um lado, a espantosa d isseminação da imoralidade e de todas as formas de corrupção, destinadas a enfraquecer, no ponto chave, a resistência das nações católicas: a Fé. Ai estão o divórcio, o aborto, o "topless", o homossexualismo, a pornografia descaradamente difundida nos mais variados ambientes. São láticas de guerra psicológíca revolucionária ou do chamado comunismo difuso. Outra forma de atuação comunista (estamos mencionando apenas as mais not6rias) consiste em fomentar agitações sociais, p rocurando constituir uma frente única que leve os marxistas ao poder. Ou, ainda, fabricar o caos por meio do terrorismo.

Cidadela infiltrada Contra tais formas de ação armada ou psicológica movida pela Rússia, haveria meios de opor uma resistência vitoriosa, se a cidadela dessa defesa não estivesse, também ela, infiUrada pelo inimigo: a Igreja Católica. O misterioso processo de "11u1odemolição" e a "fumaça de satanás no iemplo de Deus" - expressões do próprio Paulo VI - não cessaram nem se dissiparam cm nossos dias. Se não bastassem tantos fatos que temos presenciado em nosso próprio pat~, muitos deles rçgistrados nas páginas de "Catolicismo", recordaríamos as centenas de milhares de refugiados do Vietnã, do Cambodgc, de Cuba, da Europa Oriental, para testemunhar o abandono espiritual e materia l cm que se encontram numerosos católicos, participantes daquela imensa caudal de infelizes.

Esse é o quadro da situação internacional na atualidade. Mas não estaria completo se não lhe acrcsecntásscmos o espectro da terceira guerra mundi~I - convencional ou atômica, mas, cm todo caso, terrível - que paira sobre a humanidade. Quando se a nalisa seriamente a possibilidade de uma terceira guerra mundial, hoje universalmente reconhecida, não é preciso acrescentar mais nada para enunciar a gravidade da presente situação. Nessa ordem de idéias, é oportuno lembrar as palavras de Nossa Senhora na terceira aparição, em Fátima (transcritas nesta página) para se tirar conclusões bastante preocupantes. O eventual cumprimento das previsões de Fátima quanto aos castigos que a humanidade lenha atra ído sobre si não deve, porém, ser causa de desespero para um cat~

lico autêntico. Pois Nossa Senhora prometeu também o triunfo final de seu Imaculado Coração. E dessa vitória a Virgem chamará a participar todos aqueles que com Ela, por Ela e n Ela se ma ntíverem fiéis e atenderem a seus pedidos.

Wilson Gabriel da Silva

,...,

''Várias naçoes serão aniquiladas'' AO DAR-SE a terceira aparição. Depois prosseguiu: "SacrificaiA visão demorou apenas um uma nuvenzinha acinzentada pairou vos pelos pecadores e dizei ,11uit11s momento, durante o qual Lúcia sobre a azinheira. o sol se ofuscou, vezes e en, especial seny>re que soltóu um "ai!". Ela comenta que, se uma aragem fresca soprou sobre a fizerdes algum sacrifício: O Jesus, é não fosse a promessa de Nossa Seserra, apesar de se estar no pi no do por vosso a11ror. pela conversão dos nhora de os levar para o Céu, os verão. O Sr. Marto, pai de Jacinta e pecadores e em ,-ept1ração pelos pe- videntes teriam morrido de susto e Francisco, que assim o refere, diz cados cometidos contra o Imacula- pavor. que ouviu também um sussurro do Coração de Mal'ia". como o de moscas num cântaro Imagem Peregrina de Nossa Senhora de vazio. Os videntes viram o reflexo Primeíra parte do Segredo: Fátima. fotografada em Nova Orleans da costumada luz e, em seguida, A visão do inferno (EUA) no momento de uma de suas lacri• mações milagrosas: aviso ao mundo. Nossa Senhora sobre a carrasqueira. não atendido "Ao dizer estas últimas palavras Lúcia: .. Vosse111ecê que ,ne quer?" Nossa Senhora: "Quero que ve- - narra a Irmã Lúcia - abriu de 11/wm aqui no dia I 3 do 1nês que novo as ,nãos c:01110 nos dois n,eses vem, que con1inue111 a rezar o 1erço passados. O reflexo [de luz que elas todos os dias e111 ho11ra de Nossa expediam] pareceu pc11ctrar a terra e Senhora do Rosário parti obter a vimos co1110 que um grande ,nar de paz do 111undo e o fim da guerra. fogo e 111ergulhados 11esse fogo os porque só Ela lhes poderá vale,-". demônios e as almas como se fossem brasas trtJnsparentes e neg'nis ou Lúcia: "Queria pedir-Lhe para bronzeadas, com for1110 '11111101111. nos dizer quem é. e para fazer 11111 que flutuavam li<> incêndio levadas milagre co111 que todos 11credite111 pelas cha111as que delas 111esmas que Vossernecê nos apare,:e". saímn j untarnente con, nuvens de Nossa Senhora: "Co11tinue111 a f111110, caindt> parll todos os lados vir aqui 1odos os meses. E111 outu- - semelhante ao cair das fagulhas bro direi que111 sou. o que quero. nos grandes incêndios - se,n peso e farei 11111 milagre que todos hão ne,n equilíbrio. entre gritos e gede ver para acredi1aren1". 111idos de dor e desespero que horLúcia apresenta então uma série rorizava,n e Jazimn es1re1necer de de pedidos de conversões, curas e pavor. Os den,ônios disti11,:uia111·se outras graças. Nossa Senhora res- por for,nas horríveis e asquerosas de ponde recomendando sempre a prá- animais espantosos e desconhecidos. tica do terço, que assim alcançariam ,nas transparentes con10 negros caras graças durante o ano. vões e111 brasa". ( 1) Lúcia julgou ver "'o grande si-

noil" na lu7. cx1raordinári~1 - que os as.. trônomos tomaram como uma aurora

que iluminou os céus da Europa na noite de 25 para 26 de janeiro de 1938 (das 20h45 até 1h15. com

boreal -

breves in1crmi1ências). Convencida de

que a guerra mundial - que "havia de ser horrível. horrível" - ia deflagar.

redobrou de esforços para obter que se atendesse aos pedidos que - como se

verá na J')artc JV - lhe 1i1tham sido comunicados. Escreveu uma carta diretamente ao. Papa Pio XI, nesse sentido.

(Cfr. De Marchi, J>. 92: \Valsh, PJ>. 179181: Ayres da Fonseca. p. 45). (2) A visão do inferno e o a1lún~

cio de coisas futuras que se lhe segue constituem as duas partes conhecidas do segredo de Fc:ítima. co,nunicado aos videntes durante a aparição de julho.

No 1>ref/1cio da edição brasileira dos escritos da Irmã Lúcia. o Pe. Antonio CATOLICISMO -

Maio de 1980

Ma.ria Martins. S. J.• afirma, de modo categórico. que a terceira parte do Segredo. "cujo texto não foi 1li11d,, divulgado, trtlla apenas da dumuuln "Cris<) do

Igreja" (op. cit .. p. XVIII). O autor não

..:xplica como soube disso nem dá maiores esclarecimentos sobre o assunto. De qual<1uer modo. a inrormação é tão plausível. que quase se deveria dizer que

o Segredo não J)Odia deixar de versar

essa grnví.ssima matéria. Isto explicaria. quiçá, porque est;1 parte da Mensagem não foi aindil divulgada. apesar da cnor.. me c xpec1a1iva e xistente cm todo o mundo. interessante notar que cm Mcmó.. rias Ili. a Irmã L\lcia tcnnina o relato

e.

da segunda parte do Segredo com ><

palavras: ..e será <'011c.·l>ditlo ao mrmdo algum tempo de paz''. Em Memórias IV. cl;1 acrescenta imediatamente cm seguida. à m~tneirn de conclusão: ·'Em Portugal se ,·onservará sempre o J)ogma (lo Fli. nc. ", De onde parece lógico dcdu-

1..ir-sc que o D,>gma da Fé se pcl'derá numa extensão tão grande do mundo. que ê digno de menção especial o fato de ele se conservar cm Portugal. Mas o que significa propriamente conservar-se ou não conservar-se o J)ugma ,to Fé cm determinado país'! Ê difícil precisar. Entrct:rnto. qualquer <1uc seja o alcance c1uc se dê a essa expressão. é C\lidentc que ela se refere a uma crise da Fé. E assim desembocamos novamente, de cheio. no gravíssimo tema da presente crise na Igreja, posto que a crise da Fé é a rai1. mesma dessa crise. Por outro lado, o ..Né." com que a limã Lúcia conclui a narração, sugere a

idéia de que a terceiro parte do Segredo se insere justame,ue neste ponto do relato e raz. nexo com a frase que \/Cm de ser dila. Ora, esta permite inferir. como acabamos de \ler. a ocorrência de uma crise da Fé ca1ólica no mundo inteiro. Assim. a conjec1Ura de q\lC a crise na Igreja seja o tema da terceira parte do

Segunda parte do Segredo: O anúncío do Castigo e os meios de evítã-lo Assustados, pois, e como que a pedir socorro, os videntes levant.aram os o lhos para Nossa Senhora. que lhes disse com bondade e tristeza: Nossa Senhora: "Vistes o i11fer110. para 011de vão as alnras dos pobres pectulores. Pllra as salvar. Deus quer estabelecer no 11111ndo a devoção ao ,neu Imaculado Coração. S e fizere111 o que Eu vos disser. salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, nuis se não deixare,n de ofender 11 Deus, 110 reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes ,una no ite alu111iada por u111a luz desconhecida. sabei que é o grande .ti11al que Deus vos dá de que vai pu11ir o mu11do de seus c:ritnes. por 1neio da guer/'a, da fome e de perseguições à Igreja e ao Sa1110 Padre ( 1). Para a impedir. virei pedir a consagração da Rússia meu lmacu· l11do Coração e ,1 co11ru11hão reparadora 110s primeiros sábados. Sea1endere111 <1 111eus pedidos. " Rússia se converterá e terão paz; se não. espa1/wrâ seus erros pelo mundo. pro1novendo guerras e perseguições à

"º

Igreja: os bons serão nwrtirizados. o Santo Padre terá n111ito que sofrer. vdrias nações .;;erão aniquiladas: por fim, o ,neu ln1aculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrarMe-á a Rússia, que se co11ver~er<i. e será concedido ao mundo algum tenrpo de paz. Em Port ugaf se conservará se,11pre o Dogma da Fé. etc. Isto não o digais a ninguém. Ao Francis,·o. sim. podeis dizê-lo (2). Passados instantes: "Quando rezais o terço. dizei depois de cada mistério: Ó meu Jesus, perdoai-nos. livrai-nos do fogo do i11(er110. levai as alminhas todas para o Céu, principalmente aquelas que ,nais precisarenr''. Lúcia: .. Vosse,necê não ,ne quer /11(li$ 11(1dt1?"

Nossa Senhora: " Não. h oje não u.,, tJuero ,nais nada".

E, como de costume, começou a elevar-Se cm direção ao nascente. até desaparecer na imensa d istância do firmamento. Ouviu-se então uma espécie de trovão indicando que a aparição cessara. (Cfr. - inclusive notas /\11tonio Augusto Borclli Machado - º'As apariçõ,•s e o n1C•11st1ge,u de> Fâtinw c<111/"otme os nu111u,\·,·ritvs da lr11ui l.úciÓ". Ed itora Vera Cruz, São Paulo. 1980. 14.• edição. pp. 42 a 50).

Segredo ganha muito em verossimilhança..

atingiram a nau sacrossanta da Igreja

querdista cm meios católicos. Esse as· pccto da crise já era tão alarmante em

de pensar que haveria uma grande congruência entre a segunda e a terceira

Entretanto, se deixamos de lado o Católica - Paulo VI afirmou mesmo ter terreno das conjecturas - aliás plausí- a sensação de que "a fumaça de Satanás veis - e atentamos 1>ara a realidade, un1 haja ent rado por alguma fissura no dos aspectos mais espantosos da crise na templo de Deus" (Sermão de 29 de Igreja é justamente o da infiltração es- junho de 1972) - não podemos deixar 1968, que nesse ano 1.600.000 brasileiros. 280 mil argentinos. 105 mil chile-

vanlente. da crise na Igreja.

nos e 25 mil uruguaios subscreveram uma mérlSagcm a Sua Santidade o Papa

Por fim, a Irmã Lúcia frisa que "o Segredo <'Onsta de três coisas distintas··

Paulo· VI ped indo urgentes medidas pa-

ra conter mi infiltração (os memoráveis abilixo~assinados foram prontovidos pe-

las Sociedades de Defesa da Tradição. Família e Propriedade dos respectivos países).

Ora. o comunismo é exatamente o ílagelo com que Deus quer punir o mun·

do de S(:US crimes. Nossa Senhora diz, na segunda parte do Segredo. que "tJ Rtiss;a espa/ltarti os

st>uS

erros pelo

mundo". Quando vemos que esses erros

parte do Segredo. se esta tratasse, eíeti-

(Cfr. Memórias Ili, p. 218). A primeira é a visão do inferno; a segunda. o anúncio do C..1stigo e · dos meios de evitá-lo; a terceira diria respeito - conforme a as$erção do re. Antonio Maria Martins. S. J .• e as conjecturas que acabamos de fa1.cr - à crise na Igreja. fator de condenação ao inrerno de um número incontável de almas (primeira pane do Segredo) e uma das causas do Castigo que se abaterá sobre o mundo (segunda parte do Segredo).

3


LEGALIZAÇÃO DO ABORTO: FARISAÍSMO E CAl • Sra. B..... casada, 24 anos. 1 filho de 3 anos. Receia não se torna r titular do cargo que ocupa. Deseja um filho somente após sua titula rização.

• • • • Sra. A..... casada, 1 filho, sem JHOblemas financeiros. Parto previsto para o verão. Quem cuidará da cria nça durante as férias? Da próxima vez, escolherá uma época melhor.

*

• Sra. J .... , 25 anos, casada, 1 fi lho , sempre recusou a contracepção. Não deseja a nova gravide-. pois a meta fixada era a de ter apenas I filho, por reaç.ã o contra as familias numerosas. O pai pertence a uma fam ília de 10 filhos, a mãe a uma de oito.

• • • • Sra. R ...., 25 anos, 1 filho, deseja abortar por temor de rubéola. Os exames normais. tranqüilizadores, não parecem convencê-la.

• • • • Sra. Y ...., 25 .1nos, casada. 2 filhos. Casa cm construção, devendo estar conclu ída dentro de um ano. O salário da esposa é necessário para ajudar o financiamento. Prefere o terceiro filho quando a casa estiver terminada.

• • • • Sra. S..... 22 anos, casada. filho. Apanamcnto peq ueno dem~is para acol her uma segunda cnança.

• • • • Sra. T.... , 34 anos, casada, 3 filhos, contracepção intermite nte, sem dificuldades financeiras. Considera o marido "ve lho demais" para ser pai. Ele tem 44 anos!

• • • e Sra. D .... , casada, 28 anos,

1 fil ho . O marido ga nha dois salários (8200 francos). Gravidez recusada porque o casal deseja educar convenientemente seu filho único; com d uas cria nças as condições seriam "duras" demais.

• • • Estes depoimentos tão significativos encontram-se nas páginas 75 a 77 da obra "Co11séque11ces d'une /oi - A voriemenr. A II li" ("Conseq!íências de uma lei - Aborto, Ano 11"), do Dr . .J. H. Soutoul e cola boradores, Êditio ns La Table Ronde. Paris, 1977 (*). Por mais aberrante que pareça , todas essas mulheres conseguiram liqiiidar seus filhos po r meio de abortos legais. recorrendo aos Centros cc Interrupção Voluntária da Gravidez (C. I. V.G.), a tualmente espalhados por toda a França. Escolhemos apenas a rgumentos utilizados por mulheres casadas, de vida regular. para mostrar até que ponto o apego às pequenas coisas pode servir de pretexto para imped ir que um filho nasça , eliminando-o no próprio ventre materno. Isso para não c itar as razões alegadas por mulheres solteiras que, por motivos óbvios. desejam livra rse do fruto da p rópria li bertinagem.

f•) As demais informações concerncn1es ~, lei do aborto na França uunb-ém foram colhidas 11a obra citada.

4

Todas agem como juízes cm própria causa. pois a lei francesa lhes dá força para julgar que sua situação - corno. por exemplo, as desc ritas acima - é de "aflição" e. como tal, exigir cm um dos C.I. V.G. a realizaç.~o do aborto. Os médicos que neles trabalham são obrigados a realizá-lo, mesmo que considerem absurdo o motivo alegado -ou a e xistência de contra-ind icações de ordem médica. Essa é urna das péssimas conscqiiências da famosa lei Vcil, de 17 de janeiro de 1975, que liberou e legalizou a prática cio aborto na França. Durante as 10 primeiras semanas de gestão e le pode ser realizado, mediante simples solicitação da mulher, bastando para isso que ela se considere ern estado de "aflição". Os médicos que aceitaram trabalhar nos C.I. V.G.• não conseguindo dissuadir a candidata - que lhes é permitido pela lei, mas quase nunca ocorre - são obri~ados a realizar a intervenção homicida.

pedimento de consciência o u estiverem engajados nos Centros de Interrupção Voluntária de Gravidez serão obrigados a fazê-lo. Outro farisaísmo da lei é o artigo que determina que o médico deve tentar dissuadir a candidata. informando-a sobre os riscos de natureza médica que ela corre e também sobre as va ntagens e a uxílios garantidos pela lei às famílias, às mães, solteiras ou não. e a seus filhos, assim como sobre as possibilidades oferecidas para a adoção de urna criança por nascer. A mulher 'tem uma semana para pensar e depois poderá renovar o pedido por escrito. O médico então deverá ele mesmo realizar a inter-

ses. E é triste verificar <1ue q uase todas as nações de a ntiga formação c ristã. já adotam essa pnitica degradante. Na Euro pa, à exceç.ã o de Espanha e Portugal. todas as nações possuem legislações pcrmissivistas sobre o aborto. com diferenças acidentais. É interessante notar que nos países comunistas, após uma primeira fase de maior permíssivismo, foram impostas restrições que limitam, cm certo sentido, o alcance da lei, devido às funestas conseqiicncias de ordem na tural que ela acarreta. E acabamos por constatar que. atualmente. as legislações mais pcrrnissivistas sobre o a borto encontram·sc em países não comunistas ou de maioria e tr.tdição católicas.

tos da liberalização do aborto para justificar seu ponto de vista? Quase sempre os principais motivos a legados são: 1) Uma legislação repressiva sobre o aborto não é mais obedecida a tualmente. Os costumes evo luíram e o número de abortos clandestinos aumenta cada ve1. mais cm todos os

lugares. A lei deve encarar a nova realidade social e adaptar-se a e la. 2) As conseqüências graves para a saúde da mãe, inclusive a ocorrên·

eia de numerosos casos fatais, como decorrência de abortos cla ndestinos feitos por pessoa incompetente e sem escrúpulos. visando apenas o lucro. exige uma nova legislação que ponha fim a este problema. Ela de-

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o disfarce do farisaísmo Estão assim. governo, médicos e mulheres legalmente mancomunados para perpetrar um verdadeiro massacre de inocentes naquela naç,io qua lificada como ''filha pri,110gênita da Igreja". Esse atentado sem nome contra a Le i divina, a Lei na tural e o direito do nascituro à vida, tornou-se possível na França pela ação d ireta de um presidente que se apresenta como católico, Giscard D' Estaing, e de sua então Ministra de Saúde, Simone Veil, que deu o nome à funesta lei. Eno rme polcrnica suscito u ela por ocasião de sua apresentação e

discussão na Assembléia. Não fosse o gra nde empenho demonstrado pela Sra. Vcil na sua aprovação, talvez hoje a França não tivesse mais este pecado público imenso para responder perante Deus. De tal maneira percebiam seus a utores o repúdio da consciência nacional - talvez ainda debilmente católica - c m relação a um projeto legal que eliminava o direito ;\ vida de milhões de seres indefesos, que procuraram eles vela r essa intenção no artigo 1.• da futura lei. Este pode ser considerado um primor de farisaismo. Com efeito, diz ele: "A lei garante o respeito {I todo ser hwnano desde o come,o da vit/{I. Este pri11c1jJio não deverá ser violatio senão em caso de necessidade e segundo (IS 1·011dições dej111id{IS pela presente lei". Uma norma juríd ica que afirma respeitar o direito à vida estabelece as cond ições em que essa mesma vida pode ser elimi nada ... E q ue condições são essas? Serão elas excepcionais, dificílimas de se verificarem. de tal modo que um princípio tão sagrado só muito raramente pudesse ser violado? Não. Bas ta que a mulher considere que sua gravide,. lhe provoca um estado de "aflição" (détresse) para poder exigir legalmente a eliminação da vida de seu próprio filho. Assim, no An. 4, a rt. L. 162-4. lê-se: "Unw mulher julgando-se colocada 1111 si1t,aç1io visada no arrigo L 162-1 ...". Este último artigo diz: "A mulher grávida cujo estado a coloca em 11ma sit11ação de aflição pode so/iciu,r a um médico " interrupção de SU(I gr<H•idcz. Est(I interrupção sô pode ser praticada antes do .fim da décima semana de geswção". À mulher, portanto, cabe julgar cm própria causa . Embora a lei permita a qualquer méd ico, ao pessoal paraméd ico o u a estabelecimentos hospitalares particu lares recusarem realizar ou participar na execução de abortos. os que não comunicarem logo esse im-

Sob nevo. manifestação contra o aborto em Washington. ju,1to ao Capitólio

vcnção ou encaminhá-la a algum outro que a faça. A prática demonstrou que essa argumentação hllca e atéia, prescin -

dind o do aspecto moral e religioso. q ue é o verdadeiro funda mento do problema, nenhum resultad o costuma produzir. Pois não é por receio de eventua is complicações médicas futuras, que uma mulhct·, determinada a livrar-se de uma gestação incômoda, vai deixar de fazê-lo. Meditasse ela nas penas do inferno que a aguardam por esse infanticídio e, calvez, sua conduta fosse out ra.

Bem característica do espírito da lei é também o Art. 162-9 que diz: "Tod o es1aheleci111en10 no qual é praticada 11111" inrerrupção da gravidez deve assegurar. 11pó.r: a in1ervê11ção. ás il~{t, nnt1çiies à 111ullu:r a l'espcito da reg11la(·1io dos ""sci111e111os·~. Ou seja, é importante ensinar à mulher os métodos co ntraceptivos a fim de que uma vida sexua l in teiramente livre não ten ha conseqüências não desejadas. A lei, além de permitir, facili tar e incentivar o homicídio de inocentes cm gra nde escala, ta mbém contribui poderosamente p,ira d ifundir uma menta lidade antinat:llista e a corrupção gemi dos c;.ostumcs. la nçando o pais numa voragem de degradação moral de grau impl'evisívcl.

Epidemia de legislações abortistas Leis que liberalizam e incentivam a prfüica do abono. como essa da França, estão se difundindo rapidamente cm grande número de pai-

A França e a Itá lia. neste sentido. constituem um triste exemplo. A maneira la ica, na turalista e atéia com que as legislações de diversos Estados vão e ncarando o crime do aborto indu1.. na mentalidade da população em gera l, uma quebra da· "barreira do horror" a essa forma particularmente grave de ho micídio. Daí a te ndência a considerar o aborto como algo de corriqueiro e natural. que pode ser efetuad o por motivos os mais fúteis e superficiais, corno vimos nos e xemplos acima citados. Se não houvesse a facilidade permitida pela lei francesa. aquelas mulheres teriam mais consciência da vileza do ato que se decidiram a praticar. Nos países e m que a legislação ainda não é tão perm issivista, há

toda uma atmosfera de clandestinidade e um sentimento de c ulpa diante do ato que a consciência aponta como criminoso. Diferente do ambiente d e normalid ade naturalista de um Centro de Interrupção Voluntária da Gravidez. na França, é este encontrado em uma con hecida clinica de abonos na 1.ona su l (bairro de classe elevada) do Rio de Janeiro: "Quinra feira. Às 8 horas da manhã cerC{I de 60 mulheres esperan,, na antc·snln de unia clínica da Zona Sul. SU(I vez tle fazer um aborto. São visíveis os sinais de i111p"dê11ci11 [...]. O ambiente é renso ". (" O Globo". 2/ 12/ 79}.

terminará que os abortos sejam realizados por pessoal méd ico competente, cm centros cspeciali7.ados, sob o amparo da lei e financiados pela Previdência Social. oferecendo a maior proteção possível à vida e à saúde. presente e futura , daquela que deseja livrar-se de uma gra videz indesejada. Além disso. os referidos centros cstal'iam capacitados para fornecer à mulher todas as info rmações necessárias a respeito dos métodos contraceptivos, a fim de que s ua lit,erdadc sexual não sofra de futuro novas contrariedades que

a obriguem a recorrer a mais um aborto. Do po nto de vista moral e rcli!,ioso, a hipocrisia e cinismo dessas lorm ulaçõcs , não levando em nenhuma consideração a existência de uma Lei divina e de uma moral objetiva e perene, são realmente de c lamar ,,os Céus. A prime ira formu lação pede pura e sunplcsmente a lcgali1.ação do crime. Seria o caso de perguntar se dia nte do a umento da criminalidade, do grande número de furtos, assaltos, seq ües tros, etc., ta mbém estes não devessem ser lega lizados para que a lei se conforme à nova realidade social. Para os adeptos desse argumento o que deve prevalecer é a moral da situaç.~o. já repetid as vc7.es condenada pelo Magistério da lgl'eja, e que prega a adaptação continua da moral aos costumes dornim1 ntcs.

Sofismas dos defensores do aborto E quais as razões, ou melhor, os sofismas. de que se utilizam os adep-

O segundo argumento também não se suste nta do ponto de vista ético e religioso. pois prega a legalização de um mal moral - o aborto - para conseguir um bem

CATOLICIS MO ·


rÃSTROFE ina1crial: a saúde ou a vida da mãe. Ora não se pode fazer uso de um meio mau para se obler um fim bom, pois o fim não jus1ifica os meios.

lneficãcia e nocividade da Lei VeU Quase dois anos após a promulgação da referida lei , alguns professores e assis1en1es de ginecologia e obslelrícia de diversas faculdades de medicina da França reuniram-se para fazer uma avaliação crÍl ica da aplicação da lei e um estudo de seus efcilos sobre as mulheres que se candidalam ao abono, os médicos que se propõem a execulá-lo e sobre a sociedade em geral. S urgiu então a obra já citada neste artigo: "Conséquences d'une /oi - Avorte,nent, An li" (J.H. Soutoul e colabs. - Éditions La Tablc Ronde, Paris, 1977). Os autores são favoráveis à lei. Consideravam-na necessária. A lei anterior permitia a interrupção "te-

rapêutica" da gravidez apenas por indicação médica precisa e cxclusi· vamcmc para salvar a vida da mãe. Também são favoráveis ao abor· 10 nos casos em que julgam haver indicação e o realizam em seus ser-

viços. "Que se saiba. a,ues de tudo, que aqueles que fJ(lftiCi/Hlf(lln desta obra. co,n urnt1 exce<;iio apenas. realizararn, realiza,,, ou f,1ze111 executar abortos en, função de suas convicções pessoais nos Centros flospiudares de que silo encarregados·· (p. 15). A obra tem portanto uma crite· riologia inteiramente laica. natura· lista e atéia. Não leva cm considc· · ração o aspecto mais importanle sob o qua l um ato como o abo,·t o deve ser julgado, que é essencialmente o aspecto moral e religioso. Suas cd ticas à aplicação da lei se baseiam cm considerações de ordem administrativa, socia l, psicológica e méd ica. ·'Queremos demonstrar que a lei liberando o aborto não é aplicada en, condições satisfatórios... Suas inst~/iciências 1e,~den1 à repetição dos abonos e ao abandono de toda prevenção contraceptiva" (p. 16). Os autores coloca m-sc, por conscgui nte. naquela atitude bem conhecida de aparente seriedade e moderação em relação à prática indiscriminada do aborto, e de ardorosos defensores da maior difusão possível dos métodos contraceptivos para todas as mu lheres que desejam evitar a gravidez, sejam casadas, solteiras, viúvas, separadas, adolescentes, maduras, estudantes, profissionais ou donas de casa. A pretexto de combater o aborto clandestino, favorecem de todos os modos a mais completa liberdade sexual, acompanhada de uma crescente mentalidade antinatalista. O que irá provocar um grande aumento do número de gravidezes indesejadas que recorrem ao aborto. Como a difusão dos contraceptivos, na realidade, faz aumentar e não d iminuir, o número de abortos, os mais fervorosos adeptos da contracepção acabam por pleitear a liberalização do aborto. É o que acontece com os autores da obra e com tantas entidades d itas de "planificação familiar".

A legalização aumenta o nümero de abortos Podemos agol'a perguntar, abstraindo de todo o aspecto moral e religioso da questão. se a liberali1,1ção do aborto realmente atinge as meias desejadas por seus propugnadores. No livro referido há o recon hecimento explícito que a libera lização faz aumentar o número total de abortos. Se antes da lei havia um

- Maio de 1980

SOCIAL máximo de 400 mil realizados anualmente, depois dela passou a 600 mil, sendo que entre 17 de janeiro de 1975 e 1.0 de sc1em bro de 1976 cerca de um milhão de abortos foram realizados na França, dos q uais apenas 45 mil declarados oficialmente legais (p. 46). Mesmo não omitindo o fato de que o número de abortos ditos "legais" é muito superior à cifra oficial, percebe-se que a "ind ústria" do aborto clandes1ino, ou daquele rea lizado cm clínicas particulares, fora dos C. I. V.G., continua a prosperar livremente, pois a procura aumenta cada vez mais.

O desaparecimento ou a diminuição acentuada do aborto clandestino - uma das metas da lei não se verifica portanto. Na Suécia, por exemplo, onde há muilOS anos existe uma das legislações mais permissivisrns sobre a matéria, o número de abortos clandestinos não diminuiu (p. 136).

O atendimento legal é contraproducente Resta saber se, do ponto de vista médico, as cand idatas ao aborto são bem alendidas nos C.I. V.G. do governo do que o eram nas clínicas clandestinas. Segundo o citado livro, a maioria dos ginecologislas e obsletras da França se recusa à inl rodução do aborto legal cm suas a1ividades normais, não colaborando com os C.I. V.G. Para traba lhar neles foram recrutados voluntários intciramenle alheios ,i prálica obstétrica. como nefrólogos. psiquiatnis, biologislas, etc. Sua inexperiência é uma fonte constante de complicações (p. 137). A própria mortal idade materna, causada pelos abortos cla ndest inos, c uja diminuição o u extinção era um dos principais motivos alegados para a liberalização da lei, não sofreu a redução esperada. Segundo dados cstimativos. essa taxa de mortalidade anterior à lei ··1uio ultrapasso de 1111!i10 o n,oru,lidade das piores estatísticas do (1bor10 "bem feito·· (p. 189). As complicações de o rdem ginecológica e obstétrica permanecem as mesmas com li liberalização.

Conseqüências pslquicas e queda da natalidade As conseqüências na esfera psíquica, muitas exigindo lratamento especia lizado, são as mais comu ns, atingindo quase 50% dos casos, segundo a experiência dos autores (p. 209). Ou seja, de cada duas mu lheres que recorrem ao aborto. uma fica perturbada psicologicamente. Complexo de cu lpa? Restos de fidelidade aos princípios morais aprendidos na in fância? De qualquer modo, parece um sadio brado da consciência, infelizmente tantas vezes abafado pela ação de psiquialras, psicana listas, ou falsos conselheiros espiriluais. Aumentando extraordinariamente o número total de abortos, e conscqüen1cmente de suas se{)üclas, a lei é altamente prejud icial cm termos de saúde pública. Além de contribuir poderosamente para o problema da diminuição populacional cm que a França atualmente se encontra. Pois a legislação r crmissivista quanto ao aborto se const itui cm importanlc fator ant inatalista (pp. 217-219).

Manifestação da Comissão Médica da TFP Não aceitamos a opinião dos au1orcs de que é egoísmo e obscurantismo sistemático negar sempre a indicação para o aborto diretamente provocado. E discordamos de seu ponto de vista de que ele deva ser

A muralha e a portinhola SS1'M COMO há escolas de pensar e de agir, há famb~m escolas de mcnlir e de escamotear. O qu,e caracteriza uma escoJa é o fato de pessoas diferentes, mas ligatlas entre si para alguma finalidade (religiosa. art,íst iGa, a~tesanal, etc.), agindo em díferen1es ocasiões, a propósito de diferentes a~unt,os, p.rocederem segundo o mesmo método. Má um escola de ,escamotear p~ópria ao progrcssismo,católico? Parece-nos claro que sim. Yejam;os um traço saliente do mctodo por ela empregado. Quando, há algum ten1po, se 1ratou da doutrina católica arespeito do uso de ant ieoncepcionais - era todo o caso da pílula que estava em jogo - o método revelou-se bem claro. Muitos foram os eclesiásticos que o aplicaram e houve at~ documentos episc.o pais na mesma linha. Trat_ava-se de facilitar o uso da pilul.a ,pelos casais católicos, sçm. p,arecer com isso estar contradizendo ,os princípios da 11\.0ral. O p,irneiro ponto do método consistiu em reafirmar solenemenJe e de boca cheia a doutrina tradicional: "non lieet". Não é lícito violeniar ou modificar ~or i;neios artificiais as regras da naturc-la. Mas, após ter feito essa afirmação ger-al corno quem levanta uma muralha de pedra, intransponível, a corrente a que no~ ,e(erimos escorregava discretamenrc um scgu ndo ponto: há cerros casos, diziam, em que o casal ficar(a tão traumatizado se dele se ei.igisse uma pronta e i11tcgral submissão à doutrina católica, que o melhor é coinen1pori1.al" e deixá-los proceder de acordo com sua consciência, sem inquietá-los. E•a uma portinhola abena num canlo ebscuro da mural ha. !De modo que, à primeira vista, quem lesse o documenlO sem muíla prática desse gênero de lite.ranira, teria a imp.ressão de um bloco monollt(co. Só um exa me mais cuidadoso revelaria a abertura quase secreta. 0 terceiro ponto estava na atuação prãtica, ou, se se quiser uma exprçssão mais em voga, na "pastoral". ,:ratava-se de, nos confessjonários, nas direções espirituais, muitas vezes até nas pregações e mesmo em artigos publicados, insistir apenas sobre a existência da' portinhela. Gu seja, diZef a trou1<~mouxc que, nos casos !Je consciências traumatizadas, os casais poderiam escolher essa saída, E de tal ro,odo. eram asses1ados os h,_olofotes da' "ação pastoral" sobre a portinh.o· la, que a muralha f\cava perfeitamente esquecida (embora se livesse o cu idado tático de 1Jão ncgá-1~).

A

realizado cm casos de violação, incesto. certe,.a de ma l-formações fc. iais, e por indicações médicas cuida· dosamente estabelecidas. Como também "diante de imperativos sociais agudos demonstrados por 11111 inqué· rito sério". Segundo eles. "a vida ,noderna con, suas coractcrísricas próprü1s irnpõe a 111aior cornpreen..

são para as 11ffições outêtuicas d// IIIUlher" (p. 112). Nossa posição a respeito da maléria, baseada inteiramcn1e na doutrina tradicional da Igreja , já foi exposta cm 1972, quando a Comissão Méd ica da TFP enviou memorial ao então Ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, manifestando s·u a posição contrária /1 tenta1 iva de liberali1.ação do aborto no Código

Assim, aquilo que de início se apresentava como uma exceção raríssima, aplicíivcl só em cci'los casos muito especiais, passava a ser de aplica?º habituá! para as vítimas dessa pastoral. Heje cm dia - é o quarto e último ponlo do método - o us·o da pilula pode-se diz;er que esrá se generalizando entre os casais católicos e o número <)e eclesi'ásticos que combatem esse hábito pecaminoso -torna-se cada vez menor.

Semelhante método foi apJi· cado, em diversos países, no que se refere ao divórcio. O casame11· tp é indissolúvel, diziam e reafirmavam os corifeus élo progressismo. Mas ... há situações cm que a vida do casal se torna impossível, e não podemos condená-los a uma separação e a um celibato aos quais não çesistirão. E ai seguia-se o mCS!l\O ti'po de ''.pastoral" que eseamoieava os princip,los da 11\0(al pr egados por Nosso Senhor sobre a indissolubilidade do matrimôn~o.

Agora , o mesmo se começa a far,cr com relação ao aborto. Tenho em mãos um exemplar da revista progressista espanhola "'Vidá ,Vueva", de 8 de março de 1980. Nela, um artigo de José Ma,ia Forc.ada informa que o "Conselho Pastoro/ de Tarragono" promoveu um simpéisio do "Grupo Cristão da f?,on1ocão e Defesa dos Direitos Hu,na11os" para csludar á "gravidez indesejada e o oborto". 0 aborto, como se sabe, além de contrário à Lei de Deus, é crime punido pela lei espanhola. O artigo diz claramenlc que o ponto de partida do simpósio foi considcraT que a· vida con1eça co'm a fecundação e que, portanto, o aborto "é .u1J1 ((taque ao direilo d(! continuar vivendo que tem aquele que foi to_11cebído". Posição inteiramente católica como se vê. t a muralha .. 'Logo depois começa a esbo~ar-se a portinhola: ··tintre os interesses e111 conjlit<J da mãe que sofre uma f{ra vídez indesejada e a nova vida que avança, hd, unia situafÔO de colisão para a qual te111os que e11co111rar soluções de acordo l'om critérios l1i11Ós, ilwninadospot ele,nento:,, socíol6gicos. ,nédfoos, jurídicos''. Q leiter terá notado o capeio· so do 1ext(). Após afirmar o di· reito à vida do nascittlto, ele põe o problema da mãe que se quer ver livre do filho, ou porque o c.oneebeu em sjtuação vergo-

Penal Brasi leiro. Pedimos na ocasião que qualquer tipo de aborto diretamente provocado fosse declarado ilegal e criminoso, mesmo para aqueles casos (cada vez mais raros) cm que a gravidez pusesse em risco a vida da mãe ou fóssc resultado de violação, os únicos permitidos pela lei brasi leira. No referido memorial nossos argumentos estão fundamenrndos cm ampla documentação. Finalizando, não podemos deixar de ouvir com apreensão os ru-

mores a respeito de projetos para tornar nossa legislação mais permissivista nessa matéria. O costume de imitar os hâbitos e as leis de nor1c-amcricanos e europeus, a pretexto de serem países mais desenvolvidos economicamente e mais civi lizados.

nhosa, ou porq.ue o considera um fardo incõmodo, 011 por outta razão qualque,. E apresenta o fato cerno sendo tnl)a oposlção de interesses. Urn seria o interesse da mãe - por exemplo, da moça a quem a gravidez atrapalha os prazeres - outro o do filho. 0s direitos de beus, que se exprimem -através dos Mandamentos (por eX'cmplo, "Não ,natarás"), já: se encontram aqui subrepticiamente poslbs de lad o. A partir da situação desccita, o simpósio,prom_ovido pelo "Conselho Pas1oral 1/e 'Jlarrogo11a" pede que sejam revogadas ás penalidades que visam coarctar o aborlo. Manhosamente, porém. Começa por dizer: "'Não cre,nos que a revogação geral das penas aplicáveis ao abo,to e11, nosso , . .. pms, aqu, e agora, conseguiri a reduúr os 111r1/es que visaria evi· tar'F. Os participantes do simpósio não são, pois, favoráveis à revogação de toda e qualquer pena anti-aborto. Mas, deixam claro, não o são "em nosso 'f?ªÍS, aqui e qgora'". E mais tarde.., tahiez? ,Ou mesmo agora... em ou1co país? Fica, po.rtanto, francamente abena a possibilidade de o a borto vir a ser compJetamente li6erado, o que se opõe rombudamente ao principto acima enunciado. É a contr,a dição mais-vergonhosa, YC· lhacame11te cmpuHada pa,a dentro da cabeça do leitor desprevenido. Mas o que deseja o me11cionado CoJtselho 'Rasto.ral "aqui e agora''? Ei-lo que prossegue: ·'0e momento, bastariuexclui, do eódigo Penal os casos exire111os ,nois angustiosos''. Note o lcit-o r a eii:cprcssão "de 111(Jn1e1110". Ela deixa· bem insinuado que os ta.is "aasos ex1re1nos·· que se quer excluir são um p~imeiro passo ~umo à total imoralidade cm matéria de aberto. Além do que, com os tais "casos extre,nos 111ais angustio,ros9 , abr~ se a ,l)OJlinhoJa na muralha que hipoc_rjtameiue foi edificada. Uma "pastoyal" bem arquitetada complc1ará: o que falta!

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Segundo esse método, e na linha de pensamento dessa escola, vêm sendo eorroidos, um a um, os princípios mais basilares da moral. Não apmirà, pojs, que em J>a íses como a ex-clatolicíssima espanha, tais abc.rrações venham a se generalizat, uma v.e~ impulsionadas cm meios ~pecificamenle clericais, sem qualquer reação propoTcionada das altas Autoridades Eclesiásticas do pais.

Gregório Lopes

nos tem levado a concessões, quanto a cosiumcs, totalmente inaceitáveis para um povo católico. Além da progressiva imoralidade na maneira de trajar e de viver, a recenle inlrodução do divórcio em nossa legislação constitui um pecado público cometido pela Nação brasileira, através de seus legisladores. Fazemos, portanto, mais uma advertência e um apelo para que o delito do abo rto d iretamente provocado não venha a ler direi10 decidadania cm nossa Pátria. E que o lriste exemplo de ou1 ras nações não seja um argumento para lcgalizí1-lo, mas sim para bani-lo, de modo total e definitivo, da legislação brasi leira.

Murillo Galliez

5


JOANA DE AVIZ: PRINCESA E SANTA -

,

tinha sido ,nais feliz . Praticava con1 e111usiasn10 todas as austeridades que a regra prescrevia e pedia para compartilhar de todos os trabalhos do convento. A Prinêesa aprendeu a coser pão. a lavar, a varrer, a fiar e a tecer e fez camisas de esramenlw con11> as que gostava de usar. [ ... ]. Muitíssimo cuidadosa co,n os doentes. fidelíssima e111 rodas as obrigações. sempre com uma palavra a,nável para animar os desalentados. [... ]. Pa.,sava os dias sempre ocupada co111 devoções e trabalhos de agulha, em <lar de con1er e de vestir aos pobres e em rodas as Quintas Feiras de Endoenças lavava por suas ,nãos os pés de doze mulheres pobres... " (6). Assim era a "soror-lnfanta" D. Joana. conhecida e estimada em toda a cidade de Aveiro. Mas a sua saúde débi l não resistiu por muito tempo aos sacrilicios e às severidades que a si mesma impunha. Adoeceu e esteve i! morte. Ao recuperar a saúde, porém, a Princesa - pressionada pelos médicos da corte - não pode voltar a observar a regra do Convento de Jesus e teve que deixar o hábito que havia recebido com tanta alegria e compenetração. Daí cm diante só voltou a vesti-lo como irmã hono-

''INCLITA GERAÇAO, altos infantes", assim se referiu Camões à ilustre descendência de El-Rei Dom João I de Portugal, conhecida na história pelo nome de dinastia de Aviz. Aquele monarca e seus descendentes escreveram, com efeito, das páginas mais brilhantes da História de Portugal. Bastará lembrar a nova Cruzada contra o Islã iniciada com a conquista de Ceuta cm 1415 e comandada pelo próprio D. João I; os descobrimentos e as navegações do Infante D. Henrique; o martírio do Infante Santo D. Fernando (o mais novo dos filhos de D. João 1), aprisionado pelos mouros durante o cerco de Tânger; as vitoriosas campanhas de D. Afonso V ao Norte de África, etc. Dentre essas ilustres personalidades, destaca-se uma pouco conhecida em nossa Pátria: a Princesa Santa Joana de Aviz. A revista de cultura "Resistência'·', que se distingue em Portugal pela defesa dos princípios da civilização cristã e das tradições lusas, publicou, em seu número l 91 de maio de 1979, documentado artigo de autoria de Honorinda Cerveira.

Por ocasião do 490. 0 aniversário do falecimento de Santa Joana de Aviz, ocorrido a 12 de maio de 1490. u·c(llo/iâsmo" tem o prazer de oferecer a seus leitores a lguns traços biográlicos de tão insigne figura da História da Igreja e de Portugal. A Infanta portuguesa alcançou a honra dos altares cm 1693. quando foi ca no nizada pelo Papa Inocêncio XII.

rária.

A Infanta Joana de Avit. fílha do O. Afonso V de Portugal

gravar cm suas pratas como emblema pessoal (3). Era evidente que D. J oana sentia uma vocação religiosa. Na corte. ela via que não tinha lugar para Na corte de Dom Afonso V reali7.ar seu sonho de servir a Deus. E por isso resolveu pedir ao Rei seu Nascida em Lisboa a 6 de feve- pai que a deixasse entrar em um reiro de 1452. Santa Joana era !ilha convento. de D. Afonso V e irmã mais velha A ocasião surgiu quando D. de D. João II, chamado o Príncipe Afonso V e o Príncipe D. João chePerfeito. garam vitoriosos da conquista de Ela e seu irmão cresceram jun!OS Ardia. D. Joana sugeriu ao pai uma numa corte onde não havia Rainha. forma muito especial de dar graças pois tinham licado órfãos de mãe a Deus por mais aquele triunfo na desde muito cedo. Por isso, a edu- Cruzada contra o Islã. Assim como cação da Princesa foi entregue à os reis pagãos da Antiguidade, deInfanta D. Fi lipa, sua tia , que era pois de uma vitória militar. ofereuma virtuosa e muito c ulta freira do ciam aos templos suas filhas, não Convento de Odivelas. Com ela, almejaria D. Afonso V oferecer a adquiriu D. Joana o domínio do Infanta Joana para o serviço do latim, o conhecimento profundo das Deus Único e Verdadeiro'/ "letras e gramática" e uma vasta O Rei consentiu, mas nem ele cu ltura geral. nem o Príncipe D. JÔão puseram de Na corte, D. Joana era servida e parte a idéia de consegu ir, algum d ia honrada "con1 tão grande casa de ainda, um noivo para D. Joana. donas e don zelas e oficiais co,no se Estava ela com soa tia D. Filipa fora Rainha" (1 ). E como Rainha no Convento de Odivelas, próximo cresceu, sendo admirada pelas suas de · Lisboa, quando foi incomodada virtudes e pela sua rara beleza. Ela pela primeira vc1. com a questão do era "nu rosto e corpo n1uilo bela'·', casamento. Por esse motivo, a Printinha "olhos verdes muito fonnosos. cesa julgou que era melhor mudar-se [... ] mãos 111tús do que se pudesse para um lugar mais distante e recoencontrar ou ver e11111enlu11na 01.11,0 lhido. Escol heu a pequena cidade de mulher", "alta e grande. de porte Aveiro por lhe terem dito que a li ereto, muito aposto e airoso" (2). havia um pequeno convento dominiTantos foram os artistas que lhe cano cuja regra muito rigorosa era pintaram os traços perfeitos, que o do seu pleno agrado. seu encanto se tornou conhecido Essa intenção, porém, Santa Joafora do país. na não a comunicou ao Rei. Disse-lhe apenas que gostaria de sair de Sonho da Princesa: Odivelas para um lugar mais sossegado. D. Afonso concordou e sugea Coroa de Espinhos riu-lhe o "Mosteiro de Sanra Clara de Coitnbra que era mui excelente D. Joana. porém, nunca se deixou impressionar por seus próprios e suntuoso. onde es1ava1n ,uulheres enca ntos e pela admiração que eles nobres e fidalgas" (4). Acompanhada pelo pai, pelo suscitavam nos ambientes mundaPríncipe seu irmão, pela Infanta D. nos. Desde muito cedo se mostrou Filipa e muitos lidalgos da corte. inclinada para aquele misticismo partiu D. Joana para Coimbra no característico de muitos membros da verão de 1472. Foi nesta cidade que sua família. O desprendimento das a Princesa revelou ao Rei o seu degrande7~1s e das vaidades do mundo sejo de ·--vir ver o Mosteiro ele Jesus e a devoção pela Paixão de Nosso da Vila de Aveiro... E tlepois de o Senhor Jesus Cristo foram-se tor- rer visro. estando nele por alguns nando sua preocupação. E isto a tal dias, estaria onde Sua Alteza ordeponto que nada signilicavam para nasse" (5). ela os pretendentes principescos ou as promessas de reinos. Só uma A adversídade prova a força coroa lhe interessava: a Coroa de de seu carãter Espinhos. Bordou-a com as melhore.~ linhas em toalhas de altar e D. Afonso V ficou constrangido paramentos da Igreja e mandou-a mas não teve coragem de recusar.

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Ele tinha percebido que a filha queria realmente abandonar o mundo e professar de uma vez para sempre a vida religiosa. O Príncipe D. João é que não se conformou. Ele era o herdeiro único do trono e como tal protestava contra a reclusão da irmã pois achava que a sucessão e os interesses do reino poderiam ser prejudicados com isso. Não hesitou em ir várias vezes a Aveiro para tentar convencer D. Joana a abandonar o convento. D. João tinha a pertinácia das ondas do mar, mas sua irmã era firme

como uma rocha. Possuía ela aquela vontade de ferro que é própria dos santos. Com uma serenidade incomparável, a Santa Princesa resistiu às investidas do irmão que, não raras vezes, se encolerizava. ",14as apesar destes turitos, D. Joana nunca. e111 toda a sua vida,

Tal situação constituia para D. João (já aclamado Rei) mais uma boa oportunidade de voltar à carga com a proposta do casamento. O próprio Conselho Real pressionou-o nesse sentido: "Vossa Alteza esrâ 1nui10 s6 d e parentes e dlitulos e a,nigos, as quais cous"s são ,nuiro necessárias para segurança e conservação de vosso F:srado e Reinos" (7). Para remediar essa situação, pareceu ao soberano que consistia boa política preparar o casamento da irmã com o Re i Ricardo Ili da Inglaterra. Seria o reforço de uma vantajosa aliança com aquele reino. Santa Joana foi c hamada de Aveiro para discutir o assunto com D. João II. Este deu-lhe todas as "d

razoes e argumentos que po e encontrar para convencer a irmã. Ta),

porém, foi a determinação da lnfanta cm defender seu estado religioso que D. João li não ousou discutir

tro: Ricardo 111, com quem desejavam casar a Princesa Joana, havia morrido numa batalha.

Vida coroada com morte gloriosa Esse acontecimento modificou por completo as relações entre D. João li e Santa Joana. Daí por diante, voltaram a entender-se como nos tempos da infância, chegando D. João a conliar à irmã a educ~ção do seu !ilho mais novo, o Infante D. Jorge. À sua formação dedicou Santa Joana alguns anos até que começou a definhar rapidamente. Esgotada pela vida de sacrifício que escolheu, a Princesa acabou por cair gravemente doente. Foram vãos os esforços dos médicos que D. João e sua tia D. Filipa lhe mandaram para a salvarem. Em 12 de maio de 1490, depois de longos meses de sofrimentos suportados com santo heroísmo, morreu a Infanta. Tinha apenas 38 anos de idade, mas a sua vocação estava realizada. Em seu cortej o fúnebre, que foi acompanhado por todo o povo de Aveiro, profundamente entristecido. registrou-se um fato insigne: durante sua vida, a Princesa plantou e cuidou de várias árvores que embelezavam os jardins do Convento de Jesus. Tais árvores estavam verdejantes e cheias de ílores. Mas à medida que seu corpo ia passando debaixo delas cm procissão fúnebre, as folhas e as ílores iam caindo sobre o caixão. Nunca mais íloriram depois disso. "Tudo ficou seco e caído que 1nais não presUJT(lln nern tôrn11~

ram. Em que pareceu e se demon.trrou tudo se doer e tomar <ló pelo fl1lecime1110 desta Sa111a Se11hora" (8).

Pedro Abrantes 1) Ruy de Pina . ..Chro,1frt1 ,lo ${'11hur Rt!J' Afomo V". Cap. Ct, XVIII. apud "R~·s,s,lnâ"" n.0 191. m~io de 1979, p . 42. 2) MargMid3 Pinhcir.i., '' M"morit,l,lnlufan· tn 1). Jomw", apud "R'"si:u,~nda··. ibidem, p. 43. 3) Elainc Sanceau. "O. Ju1h, li". t.ivraria

v,,,,,

Civilização Editora. Por10. 1959. 2.~ cdi. . . . ~ão. p. 28. mais e retirou-se cm respeitoso s1- 4) Margàrida Pinhcir~.op. cit .. apud"l?<-sü~-

11:ncio. Algu ns dias mais tarde to,.,,,,;.··. ibidem. p. 43. mou conhecimento da notícia que a 5) Idem, ibidem. p. 45. irmã lhe havia comunicado por reve- 67)) Elainc Sanceau, op. cit., p. 45.

lação divina. durante aquele encon-

Túmulo de Santa Joana. Princesa. no Convento de Jesus. em Aveiro

"Con.w•l/10 f(ll(' st' /e•, •,• c•m 11h·ob11(''1. u11 ih•

1485. sabre o <'otomemo ,la Infama Dona Juom, Nnn i!lrl'y 1/i.• lm,:r11tc•rr11 Richortc• qu" fo;· l)uque ,le Grosna" - 13ibliotcca Nac1on:1I, Lisboa. apud El:linc Sanceau. op. cil., p. 219. 8) Margnrida Pinhcira. op. cit., apud "Resis-1h,eio", ibidem. p. 47,

(8AtotncnsMo MENS,\RIO

com

:1prova,.i\o e(ICSi~s1i~1

CAMPOS - f:STAOO 00 RIO Oir<'IOr Pauh) Corrh d<' 8rito Filho Dir('lOria: Av, 7 de Sc1cmbro. 247 • Cai:<:, Postal .l33 28100C:1n1pos. R.J

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CATOLICISMO -

Maio de 1980


••

• •

NO MAR,

CONT;eMPLAÇÃO

NO ROCHEDO, •

DOMÍNJ • ,

NA ABADIA,

LUZE ., MISTÉRjO •

• •

SQUEÇAMOS por algum tempo os negócios, os problemas domésticos, a política local, as mil preocupações que inferni1.arn a vida de qualquer habitante de uma grande cidade em nossos dias. Imagine-se o leitor nesta praia da Normandia, sentado numa cadeira de onde visse o Monte Saint Michcl do ângulo em que aparece nesta foto. E pudesse aí estar, despreocupado. Ora prestando atenção no monte, na fortaleza-abadia ou nos movimentos do mar; ora com o pensamento cm o utros assuntos elevados, afins com tal panorama, mas sempre sentindo a presença daque-

E

la obra-prima arquitetônica.

Seria como um pássaro - uma gaivota, d igamos - que se eleva da praia em harmoniosos movimentos, e voa cm torno da torre do mosteiro, sem olhar para ela , mas tendo-a corno ponto de referência. Assim se explicaria o papel desse conjunto arquitetônico em relação a quem ai se colocasse, deixando voar o pensamento para regiões longínquas, mas sempre relacionadas ao Monte Sa int Michel por algum nexo. Antes de vermos qual seria esse

fumaça ... só isto já alivia a alma bem formada. Graças a Deus, não temos junto ao Monte Saint Michel um aeroporto, mas o mar ... caprichoso, como que fa1.cndo fronda. Ora ele se estira sobre a praia. afagando-a. Ora~ num movimento inesperado,

recua para longe; depois volta, inunda tudo, deixando no recuo a ma rca de seu capricho. E. lambendo a areia daq ui e dali, ele como que prepara seus próprios caminhos. Ondas que vão, ondas que vêm, e o mar se espreguiça na praia , como que a contemplar o mosteiro. Aí ternos um estado de alma . Se alguém morasse ern frente ao Mon te Sa int Michcl, uma das formas de admirá-lo seria, por exemplo, assim: de manhã, ao acordar, a bre a janela e dei ta o olhar sobre o mosteiro, enquanto se espreguiça ... Dir-sc-ia que o mar admira o mosteiro a distâncias divc,·sas, acercando-se dele ou não, conforme seus próprios rnovirncntos. E exprime, desse modo, um estado de alma huma no. Os movimentos do mar simboli1.am os movimentos legitimamente vários da apetência humana.

do que 100 pedrinhas variadas cm volta do pescoço. Da mesma forma são as almas. Por vezes sua beleza está na variedade. Mas o requinte pode, cm alguns casos, estar na unicidade. E quis Deus que no relaciona mento humano se exprimissem ambas as formas de bele1.11. do uno, como do vário. Mas esta rocha firme e alta no meio de a reias e praias movediças simbolí,.a algo de mais alto e supre·

.t

nexo, descrevamos a cena .

Em primeiro plano, o mar e a

praia formando a grande pla nície. Depois, o monte, com suas partes arbori1.adas e ou tr-.i rochosa ou ocupada por cdil1cios. Em seu cume. o mosteiro, dividido, por sua vez, cm dois elementos principais: o conjunto da abad ia e o campaná,·io. Aí temos, cm resumo, o Monte Saint

Míchel, um dos mais famosos centros de peregrinação na Idade Média, ao lado de Santiago de Compostela, na Oalícia (Espanha) e do Monte Oargano, na Puglia (Itália).

Analisemos agora o relacionamento entre os elementos: o mosteiro, o ma r e o monte.

Para se compreender a importância do mar nesse panorama , é preciso imaginar como seria este, se fa ltasse aquele. Coloque o leitor como fundo de quadro uma selva de arranha-céus cm lugar do reino de Netun o e perceberá o papel insubstituível da presença marítima junto ao monte. Saber que ali está o mar com seus doces murmúrios ou rugidos majestosos, e não uma grande cidade moderna com seu ronco angustiante de motores, coberta de CATOLICISMO -

Maio de 1980

.

Seria mais belo que o mar tocasse o próprio edifício da abadia, submergindo as rochas da ilha que a cercam? - Não, pois a areia serve de moldura ao mosteiro. Este, como que domina em torno , mantendo o mar à distância, enq uanto junto a si conserva areias rasas e submissas ... Temos aí simbolizado outro estado de alma do homem, pois essa é uma de suas formas de domi nação. Passemos ao monte. O que seria dele, se fosse um dentre 15? O fato de ser único lhe confere o papel supremo. Ele nessa planície não é um anônimo. Como está cercado de areia rasa por todos os lad os. ele não precisa ser muito alto para ser alguma coisa. Domina por si só, mu ito mais por sua unicidade, do que por sua altura. Quantas coisas a alma humana admira quando são únicas! É como uma dama que se apresentasse numa festa ornada apenas com um brilhante grande e magnífico preso a uma corrente simples de platina. sobre o fundo negro de um vestido de veludo, por exemplo. Esse único brilhante poderia ter maior bcle1.a

No alto da agulha que coroa o campanâ· rio da abadia. encontra-se a est~tua de São Miguel, reptodu:tida nas vinhetas desta página

mo: Deus eterno. motor imóvel, regendo o universo de coisas movediças que criou. Daí o prazer que proporciona à alma reta , inocente, a vista do Monte Saint Michcl. Esse pra1,er vem de uma relação com a situação do próprio Criador. E qua ndo a alma a percebe, resta-lhe ílctir os joelhos, e fazer um ato de adoração e amor de Deus.

Ainda aqui caberiam novas analogias com estados de alma. Urna é a belc1.a do homem que sabe proclamar com franq ueza o que é. se exprime e se define d iante das situações. Outra é a daquele que sabe ser discreto, guardar na inti· midade aqui lo que pertence exclusivamente a si. Mistérios e explicações. proclamações e intimidades formam um jogo de aspectos que dão nobre1..a à alma humana. Ao olhar esta figura, não haverá algo em nós que aprecia nela nossa própria penumbra'/ E não será porque cm nós algo tem sede de proclamar e de afirmar-se, como uma fortalci_a a luz do sol , que gostamos do Mon1e Sa int Michel? Mas, por outro lado, não teremos também zonas delicadas na alma, cujas confidências transmitimos a poucos? E outra ai nda que só Deus vê e que pressentimos q ue nem nós mesmos conhecemos. mas que fazem parte de nossa rique1.a? Todos os homens têm algo disso. Ra1.ão pela q ual encont ram no Monte Saint Michcl uma expressão de si mesmos, uma semelhança que enche de alegria. Voemos para o alto. No Céu, es1amos destinados a contemplar Deus face a face. "Torus sed non rot(J/irer", d iz a teologia. Veremos seu vulto inteiro, mas não na totalidade. Deus é, ao mesmo tempo claro e luminoso, com também ínsondavelmentc misterioso pelos séculos dos séculos ...

Na torre do campanário, colocada sobre o conglomerado como uma ped ra que alguém põe sobre os papéis cm cima de uma mesa dizendo: "Que o vento não faça esvoaçar nem os tire da ordem". Mas, no alio da torre, a necha parece dize r: "Veja a sintese. a correlação de tudo isto, de uma coisa com a outra. É tão vasta e tão grande que se perde nas nuvens! Pense .. bcm ... .

Aí estão algumas considerações sobre o Monte Saint Michel. Muitas outras poderiam ser feitas, tendo por terminal Maria Santíssima , Nosso Senhor Jesus Cristo. Para tan10. basta que as almas se coloquem dia nte desse monumento - como de tantos outros igualmente ricos em sign ificado - despojadas da preocupação interesseira, pragmática, positivista, a téia. Há certos tesouros que Deus só dá aos puros, e nega aos impuros. Só os corações inocentes - que preservaram não apenas a castidade. mas que rejeitaram todos os pecados contemporâneos - são capazes de conhecer o gáudio que produz na alma considerações desse gênero, voltadas para o sobrenatural e o metafísico.

Detenhamo-nos no mosteiro. À primeira vista não se percebe direito se é um só ed ifício ou um conglomerado de prédios distintos. Por que·/ Porque nele se vê algo de fortalci.a ao lado de algo de residência. E tem visivelmente uma igreja. Se a nalisássemos cada uma das partes veríamos que muitas delas não apresentam nenhuma relação Nas encostas do morro , agarra- ou semel hança com as o utras. Podese, de um dos lados. a vegetação ríamos imaginar atividades as mais densa, cheia de sombras e talvez d iversas se desenvolvendo nesse concom algumas cascatas murmurantes. glomerado, legitimamente. Aí caA mata cerrada, juntamente com bem monges em oração, guerreiros as linhas sombreadas do edifício, defendendo as muralhas, bibliotecas conferem ao conjunto um ar de mís- para e.studos, artistas em seus ate1ério. E faz sobressair o alto do liers... mosteiro - claro, altivo, fei to de No e ntanto, o conjunto mostra uma pedra que rejeita . rc.siste e se uma unidade possante. Onde se encontra ela'/ explica por si mesma.

7


.AfOl I C I S M O - - - - - - - -

- - - - A serpente p&ra

este menino substitui o

cachorro de esti· mação

PD NCP Plinio Corrêa de Oliveira EGUNDO MUITOS, a presente "abertura" é uma operação que se reduz a seu sentido material. Isto é, ao ato de abrir as portas das prisões aos presos politicos, as fronteiras do Pais aos exilados. E eis tudo. Postos todos estes em livre circulação, e ademais mimados e aplaudidos pelos meios de comunicação social, a abertura estâ completa. Segundo esta concepção rudimentar, a abertura não constitui um b~neflcio para o Pais, mas tão-só para os que, em determinado momento, atentaram contra este - ou, pelo menos, procederam de maneira que se fizessem suspeitar por tais. Alguém com vistas menos acanhadas pode objetar, com razão, que os promotores da abertura visaram muito mais do que isso. Encarada a democracia como a participação de todo o povo no governo do pais, a integral reimplantação dela importa, para cada cidadão, na efetiva abertura da parcela de poder decisório que os princlpios democl"âticos lhe atribuem. Democratizar é abrir. Corolârio disto é que cada cidadão tenha o direito de dizer, de escrever e de fazer o que bem e~tenda, ressalvadas apenas duas barreiras. Uma é a lei, omnipresente, bisbilhoteira e dura. A outra são os bons costumes: barreira mole e em franco estado de ruina. Com efeito, nada é mais precârio, nada hoje se vai deteriorando tão depressa como os bons costumes. Não anàliso aqui se, e em que medida, tal abertura é um bem. O problema é totalmente extemporâneo. Pergunto-me, isto sim, se ainda dentro desta conceituação 0 ~ mais larga - a abertura cabe ~ inteira. De momento, finco só a .:: interrogação em u1n aspecto ab,.; solutamente fundamental do ] problema. o.

S

posso ser livre de dizer ou de fazer algo de meu. No total, estarei dizendo e fazendo - ou omitindo-me de dizer e de fazer - o que outros querem. A primeira das liberdades estâ, para cada homem, dentro das paredes (de certa maneira augustas como as de um santuário) de sua caixa craniana. Pergunto então se a abertura não comporta também a inteira libertação da mente de cada qual, dos obstáculos ou das ingerências que a coarctam. Mas como pode alguém intervir no dominio indevassável do próprio ego de outrem? Essa pergunta é arcaica. Nesta época de guerra psicológica, das prestidigitações e dos truques publicitários, das ingerências parapsicológicas etc., afirmam muitos que na mente de uma pessoa é tão fácil agir quanto em um cofre. Basta conhecer-lhe o segredo e abrir a porta. Ora, parece-1ne que, até o momento, a abertura brasileira tem negligenciado este aspecto e, portanto, seu próprio pressuposto.

faltam dados. Por exemplo, em matéria econômica, preciso saber se a Rússia paga efetivamente o que nos compra. Como ela costuma blefar nesta matéria, quero dados, quero estatisticas, quero documentos. Onde estão eles? Simplesmente não existem.

Outra matéria sobre a qual igualmente não consigo pensar nem concluir: à vista de toda a agitação promovida em São Paulo pelo Clero de esquerda, pergunto-me se, para além dos problemas salariais, não há outros cuja reta solução aliviaria os efeitos da inflação, arejaria a economia e as finanças nacionais, e tiraria às comunidades eclesiais de base algumas razões e cem pretextos para a sua atuação subversiva. Desconfio seriamente que a absorção de cerca de 50% de nosso parque industrial pelo Poder Público traz um ônus terrivel para a Nação. A privatização liberá-la-ia desse ônus. Procuro aprofundar o assunto: não o consigo, porque me faltam os dados. Essas reflexões 1ne ocorreE assim por diante. ram a propósito da viagem para a qual o governo de Moscou está a convidar o Presidente Figueiredo. Fazendo uso da abertura, Do sofá em que estou ditando declaro que essa perspectiva não este artigo, parece-me ouvir alpoderia me desagradar mais. gum especialista que me grita Posto que nosso Governo toma a indignado: pois saiba que o misério os princípios em que se nistério "X" publicou a tal resbaseia a civilização cristã, a peito, na coleção "Y", um estudo coerência impede que seu Chefe técnico profundissimo do autor vá visitar um pais cujo regime "Z". Ou que tal revista especiapolítico e sócio-econômico está lizada, ou, ainda, a secção ecomodelado segundo cânones dia- nô1nica de tal outro jornal divulmetralmente opostos. Tal visita gou precisamente há quatro meequivale, pelo menos, a uma ses e 25 dias, quadros estatisafirmação de displicência face à ticos acerca de vários desses transgressão escandalosa e sis- pontos. temática, que nesse pais se opeMinha resposta é que, como ra, de todos os preceitos do De- simples cidadão brasileiro, alheio cálogo, nos quais se fundam os embora a assuntos econômicos, direitos das pessoas, das fàmi- devo ter ao alcance, claros e lias e dos povos. acessi veis, todos esses elemen.; Admitida esta tese, é cabivel tos, para que possa formar um .,,u a hipótese de que razões politi- juízo sobre os ditos assuntos. .e cas ou econômicas gravlssimas, Pois se para cada tema do gêne" ~ Por mais que se celebre a diretamente relacionadas corn a ro, um cidadão brasileiro como ~ liberdade de dizer e de fazer, "salus publica" brasileira, exi- eu deve ler 1nonu1nentais e espe~ forçoso é reconhecer que ela tem jam essa visita. - Será isto cializadlssimos trabalhos publi·5 como pressuposto outra liberda- verdade? Ponho-me a refletir. E cados em coletâneas maçudas, :'.l de: a de pensar. Se não sou livre concluo que nada posso concluir. as quais é preciso procurar nas i!= de pensar à minha guisa, não Pura e simplesmente porque me repartições públicas, será obrigado a passar sua vida pesquisando e estudando. O que traz C? regime de_mocnhico, que supõe eleições livres para poder funcionar satisfato• como corolário sua morte por namente. exige um grau suficiente de informação e discernimento dos eleitores in anição. Como o cidadão pode não querer morrer, tem que desistir de informar-se. E impedili do de informar-se, está impedido de pensar. Assim, minha proposta é que os poderes públicos, os partidos politicos, as universidades e os meios de comunicação social estuden1 meios para me manter e aos milhões de meus congêneres - fâcil e seguramente ..;...-;,.._ informados de tudo isso. ·- l Sem isto, não conseguimos pensar. Do que nos adiantam então as liberdades de falar, escrever e agir? Ocorre-me uma idéia. É de, para impor esta larga divulgação, fundar um partido politico. O nome dele nasce do tema: "Partido Dos Que Não Conseguem Pensar". - PDQNCP. Quem quiser inscrever-se nele, que comece por organizá-lo. Poderá até ser presidente dele. Será o mais necessário e urgente de todos os partidos.

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_...

Reflexões sobre •

an1m estimação MUDAM -SE os tempos. mu- 13 / 2/ 80 - , quando tentara alimendam-se os hábitos. Muitos espera- tá-la. Para salvá-lo aplicou-se soro vam que a modernização traria ra- especial trazid o do jardim zoológico cionalidade e morigcração nos cos- de Frankfurt. Por causa do acidente, tumes. Em um deles pelo menos. o a direção do zoológico advertiu disparate é a novidade. Ali,,s. não insistentemente os proprietários de apenas cm um. A transformação de animais de cslimação venenosos para hábitos trouxe tanw maluquice que terem mui10 cuidado no trato dos quase se torna raro o costume ra- bichos. Um inquérito revelou q uc a venda de serpcnlcs cstíi em franca zoável. ascensão, e os preços são altíssimos. Desta vez. trato do simpático costume dos animais de estimação. Como não é possível proibir Do proporcionado afeto rnanifos- legalmente a posse de ofldios, o Dr. rndo a animais que:: recordassem Richard Foust. diretor do zoológico algum alto predicado humaQo. seja citado. aconselha a todos os donos a natural. seja moral. Havia o cão. terem ern casa o soro apropriado. símbolo da íidclid(1dc dcsinh;n;s:·H•dt1 Em alguns casos, é preciso fo1,ê-lo e levad o ao extremo da dedicação ao com o veneno do próprio "animalzidono. O g~1to atraía pela elegância nho de estimação .. , pois são raros os úgil dos movimentos. a esperteza zoológicos que habitualmente o posdescontraída. o ronronar ofegante. suem. Por exemplo. quando se traO canúrio. pela plumagem dourada

ta da n1mnba verde, das mais vene-

nosas víboras do mundo, adquiritav:im do falcão. cs1 itvcl no poleiro. rida sob encomenda e por preço cônscio de su.:1 gr.:1vi<l,uJc g uerreira . cxorbitanlc. Oeija-llores. coelhos. ioda espécie de Esta mos cm face de uma mue trinado harmonioso. A lgu ns gos-

caves c;rnorns o u ormuncnwis. .:1co1n- dança dê concepção da exislência. r>anhavam o homem. torna va 1n-lhc Outrora se entendia a distensão a vida mais amena. rcpousavc1m-no como a observação tranqiiila de anipelo cnca nlo ou admi n:1ção.

mais que reílctiam estados de espíDeixo o lci1or recor·da r um pou- rito nobres, afe1os e encantos do co os animais de estimação que eo- coração reto. Hoje. almas atormcnnheceu e se entregar it saudade das 1:tdas e dilaceradas perderam a ca paépocas cm que os teve ou os apreciou nas c:1sas de amigos. Quantas

cidade de nwravilhar-sc no remanso

Cont inuo no assunto. mas agora

comenta que os ratos são apreciados

do trato com os antigos animais de vezes quisemos tê-los. principalmen- estimação e os substituem por bite na in fância, e não nos foi possível chos que lembra m o horror. a suconsegui-los? jeira. a perfídia. a morte. Não se - prepare-se o lci1or p:ira uma sur- para esta funçlío nos Estados Unidos·/ presa - lrato da novidade cm aniMudam-se os tempos. mudam -se mais de estimação na Alema nh a. os h:ibi1os. Mas quem poderia asseEm Kassel um amante de serpentes gurar que desta vez foi para melhor'? foi picado pela sua ··rompa11heira'". (Agênci:, Boa Imprensa - Alll M). un1a cascavel americana -

di1, o .. /-/11mh11rger

assim

Ahe11dhla1("

de

Péricles Capanen1a

TFP ELEGE NOVA DIRETORIA REALIZOU-SE no dia 25 de abril p.p. ·a 26." Assembléia Geral Extraordinâria da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade, na qual foram eleitos os membros da Diretoria Administrativa e Financeira Nacional e da n1esa do Conselho Nacional, que deverão exercer seu múnus no biênio 1980-1982. A mesa do Conselho Nacional ficou assiro constituida: Presidente o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Vice-Presidente o Prof. Fernando Furquim de Ahneida, Secretário o Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho. O Conselho Nacional é formado por 14 1nembros natos, que são os sócios que assinaram a ata de fundação da entidade. A DAFN ficou composta

da seguinte maneira: Superintendente o Sr. Plinio Vidigal Xavier da Silveira, ViceSuperintendentes os Srs. José Carlos Castilho de Andrade, Eduardo de Barros Brotero e Caio Vidigal Xavier da Silveira, e Vogais os Srs. Luiz Nazareno Teixeira de Assumpção Filho e Marcos Ribeiro Dantas. A mesma Assembléia Geral aprovou uma reforma dos estatutos sociais, destinada a atualizá-los. Cabe destacar que um dos novos dispositivos estatutârios faz o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira vitalíciamente Presidente do Conselho Nacional, etn expressiva homenagem - coroo acentuou a Assembléia - ao "fundador da 1'FP, coração e alma de toda a vida civica e cultural da Sociedade".


N. 0 354 -

Junho de 1980 -

Ano XXX

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

BEATIFICADO O APÓSTOLO DO BRASIL S. S. JOÃO PAULO li beatificou, no dia 22 do corrcnlc mês, na Basílica de São Pedro, o Venerável Pe. José de Anchieta, o Apóstolo do Bnisil. Anchieta era dcsccille de nobres espanhóis. Nascido em 1534, nas ilhas Canárias (Espanha), estudou cm Portugal e veio para o Brasil com apenas 19 anos, na qualidade-de noviço da recém-fundada Companhia de Jesus. Desembarcou na Bahia de Todos os Santos (Salvador) em 1553, com o governador geral Duarte da Cosia. Pouco depois, dirigiu-se a seu verdadeiro destino: São Vicente, sede da capitania de Martim Afonso de Sousa. Notável zelo pela salvação das almas levou o jovem Anchieta a galgar os 900 metros da abrupta Serra do Mar em demanda do misterioso planalto de Piratininga. Na manhã de 25 de janeiro de 1554, José de Anchieta e mais 12 jesuítas estabeleceram-se sobre uma colina entre os rios Tamanduatcí e Anhangabaú. Vinham junto 20 "curumins", isto é, indiozinhos que haviam descido para São Vicente a fim de estudar na escola dos missionários. As alegrias daquele dia começaram com a celebração da Santa Missa em honra do grande Apóstolo São Paulo e-só terminou quando o sol se ocullou para deixar brilhar o Cruzeiro do Sul no céu da noite de verão. O zelo apostólico de Anchieta não serestringiu ao planalto paulista. Seu ardor pela conquista das almas e cstabclccimcnlo da civili.z.nc::lo crist~ cm nO$S::\ terr~ levou-o ~ n~I·

mi lhar o litoral brasileiro, de Santa Ciuarina a Pernambuco.

,1

O Pe. Nóbrega abençoa o Bem-aventurado Pe. José de Anchieta, por ocasião da partida de Estácio de Sá - Pintura de Benedito Calixto (Palácio São Joaquim, Rio de Janeiro).

Fundador de São Paulo, mereceu também o lílulo de co-fundador do Rio de Janeiro. Com efeito, Nicolau Durand de Villegaignon e outros franceses calvinistas haviam se estabelecido na baía d-. Gu~nab>. r~ em· 1555. Desalojados pelo governador geral Mem de Sá, em 1560. retiraram-se e les para

terra firme, retomando mais tarde as antigas posições. Os calvinistas haviam sublevado os tamoios contra os lusos e desejavam implantar sua heresia na Terra de Santa Cruz. O Pc. Anchieta percebeu logo a enormidade do perigo. Insistiu junto à corte de Lisboa, ped indo o envio de n<>vas forças. Muhiplicou os contactos com os chefes indígenas e incentivou a fabricação de armas e embarcações,

somando esforços junto ao governador geral. Era a primeira reação de portugueses e nativos contra os inimigos da Fé católica. Poder-se-ia chamar tal reação a primeira cruzada brasileira. O grande missionário tornou-se um esteio moral cm que se apoiavam as espe· ranças de todos. Foi ele que durante os estratégicos meses de janeiro e março de 1565 soube manter inabalável o espírito combativo contra o herege invasor. Vindo da Bahia cm socorro de seu sobrinho Estácio de Sá, que chefiava a luta_, Mem de Sá derrotou definitivamente os franceses a 20 de janeiro de 1567. A vitória, entretanto, custou a vida ao bravo e jovem Es1ácio, fundador do primeiro núcleo português nas imediações do Pão de Açucar e a quem Anchieta prestara valiosa colaboração. A devoção de Anchieta a Nossa Senhora é dos traços que mais o distinguiam. Durante o cativeiro cm Iperoig (Uba1uba), compôs seu famoso Poema da Virgem, certamente a primeira obra literária em honra de Nossa Senhora escrita cm terras da América. Com seu bordão, Anchieta escreveu o poema quase -seis mil versos - sobre a areia da praia. Em latim clássico, esse filho de Santo Inácio canta a história da Virgem Santíssima desde sua Conceição Imaculada até a gloriosa Coroação no Céu. Após 44 anos de continuo labor apostólico, o novo bem-aventurado previu o dia de sua morte. Na véspera, despediu-se de seus amigos e a 9 de junho de 1597 entregou sua bela alma a Deus, na aldeia de Rcriliba, hoje Anchieta, no Espírito Santo.

A TFP conta sua história

I

A HISTÓRIA da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP - . bem como o conjumo de suas atividades, acaba de vir a lume cm

volume de 464 páginas, fanamente ilustrado (mais de 150 fotografias. 1Oa cores), ern original apresentação ar..

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1ística.

"Meio século de

D. Mayer visita João Paulo II O EXMO. SR. Bispo de Campos, D. Antonio de Castro Mayer, realizou a visita ad lilnina a Ron1a, sendo recebido em audiência por S. S. João Paulo II, no dia 25 de maio p.p. "L'Osseruatore Romano", e1n sua edição italiana de 26 de maio, registrou o fato, na coluna "Nostre lnformazio· ni", estampada na primeira pãgina do quotidiano. Na audiência - em que D. Mayer se fez acompanhar pelo Pe. Fernando Areas

Rifan, como secretário - , a conversa foi toda em português. O Sr. Bispo Diocesano fez na ocasião, minucioso relato da situação de sua Diocese, tanto do ponto de vista religioso, quanto sob o prisma social e econômico, utilizandose, em sua exposição, de mapas. D. Mayer permaneceu na Cidade Eterna de 20 a 27 de maio último. Na foto, S. S. João Paulo II entrega 8 D. Antonio de Castro Mayer um terço como lembrança da visita.


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BARBÁRIE PATERNA A f isionomia desta menina francesa reflete bem o sofrimento do número crescente de crianças-mártires

Á ALGUM TEMPO p ublicamos um artigo sobre os maus tratos que certos pais inOigcm aos próprios filhos (Cfr.

H

.. Pais carrascos:fru ros t11uais "" !?evolução", "Catolicis1110·· n.0 320, agosto de 1977): De lá para cá. o tema da criança maltratada vem fig urando na grande imprensa com freqüência cada vez maior. Notícias. reportagens ou artigos aparecem quase diariamente cm publicações dos Estados Unidos, Europa c América Latina. O que leva a crer que o número de crianças maltratadas. ou a té assassi nadas. pelos pa is cont inua a crescer. Muito significativo é este depoimento da Sra. Annc-Aymo nc Giscard d'Estaing. esposa do Presidente da França: - "Desde que meu marido foi eleiro preside111e da l?epública. ,, infáncitJ n,a/trauula 1,;1m sido u1n dos assuntos n,ais /rêqiientes na c·orre~·pondéncia que rec<•bo. ( ... ]. A liâs. ,nandei ret·ortar. durante ,neses seguidos. rodos os (lrtigos <111e se r~/i·· ren, a <"<1sos d,,. crit111ras nuirt ires ,w irnpre11st1 n )gional ou 11t1do11a l. Poi_ , ,. bem. não Juí pn1ti<·ame11te u1n dia e,n que ,uio ocorra wn caso grave e111 alg11111 lugar da F-r<mçti''. Essa declaração e outras inforrnaçc>Cs que aq ui transcrevemos fo .. ram cxtnti<las de uma interessante reportagem sob,·c o assunto publicada na revista franccs:1 .. /_;,, Fig{lro· 1\1ag"zine", edição de 19/ 1/ 80. sob o título "J:.lifants nu11·1yrs: un 11u>rt par jour en Frt111c,t" .

Novo tipo de selvageria Com a fi na lidade de proteger a infância, a primeira dama da França

criou uma instit uição. a Fundação Annc-Aymonc Giscard d'Estaing. que public-0u recentemente um relatório sobre a infância maltratada. Segu ndo o documento, haveria na Fra11ça. cada ano. aproxinHtdamcnte 40 mi l crianças vít imas de sevícias graves por parte de seus pais. E várias centenas morreriam por ano - uma por dia - cm conseqüência delas. Na lnglatcri·a . a Câmara dos Comuns constituiu, cm 1976. uma comissão especial q ue procedeu a um recenseamento melódico dos dados recolhidos pelos serviços sociais e pelo Serviço Nacional de Sa úde (National Mcalth Service). Os números coletados foram assustadores: 1>ara cada grupo de 10 mil cria nças de menos de quatro anos. 40 a 60 são gravemente ma lt ratadas cada ano. Nos Estados Unidos os relatórios das comissões especiais do Senado chegaram a conclusões ainda mais 1>cssimistas: cm méd ia l milhão de casos de sevícias 1>or a no - dos quais dois mil fata is - . o que equ ivale a 5% das crianças de menos de seis anos. Tais c ifras são provavelmente inferiores ,\ realidade já que. na imensa maioria dos casos. uma verdadci"' cons1>iração do silêncio impede que vi1.inhos ou testemunha s alertem os serviços sociais 011 a polícia. Os pais que levam o próprio filho espancado ao hospital. costumam inventa r os ma is diversos motivos para explicar as con tusões. Quauto i,s crianç;is - e aqui temos o primeiro dado importante e comovente de seu comportamento - todas as c nfcrmcirns e assistentes sociais interrogadas afirmaram : elas jamais denunciam seus pais, a não ser que já estejam separadas deles h:\ muito tempo.

fância. e estudos feitos por pediatras e cirurgiões de grandes hospitais. o hí1bito de maltratar os filhos atinge todas as categorias sociais. Há a lguns meses, por excmp l·o , uma clínica de Paris atendeu uma menina de um ano que tinha o corpo coberto de hemato mas e morreu por ruptura do figado. O pai era médico e a mãe psicóloga. Q uase na mesma época um lactente de seis meses morria de maneira misteriosa no serviço de ciru rgia ortopéd ica de um hospital do interior. Por três ve-tcs sua mãe jí, o tin ha levado p:ira ser socorrido com vértebras fra turadas. A equipe cirúrgica não atinava com a causa dessas fraturas cm série. Não foi senão após a morte da criança que a mãe cedeu e confessou ao cirurgião: " 1Wl'11 111t1rido se distraía t•n, jogtí-lo para ânw corno se fosse u11w bola. Nlas, algunws vezes. e,n vez dl! segurâ-lo. deixa va que ele ('aú·se 110 d,ão". Demência'? Não parece ser o caso. Talvez n,anifes:taÇ-<1o aguda de imaturidade e insensibilidade moral próprias a uma geração que sofreu um processo de degeneração menta l. incutida principalmente pela te levisão e por o utros meios de comunicação social. Muita~ vezes esses pais-e.arrase.o s foram. eles próprios. cria nças maltratadas. E encontram cm seu passado doloroso um11 pscudo-just ilicativa para seu comportamento desumano. Ta l at it ude agressiva pode t:1mbém manifestar-se por ocasião de uma se1,>aracão o u de um d ivórcio. Determin ado pai. abandonado pela mulher, bate cm sua ri lhn "...porque ela l 'e parel'e cont a nu7e. u,na

até o fim e depois ent regar o fi lho para ser adotado não é u ma solução satisfatória, po is repercutiria mal na opin ião pública. Tanto no hospita l como e m seu meio social ela seria tratada como mulhe~ perd ida ou ser monstruoso. E a Sra. Giscard d'Estaing acrescenta: - ''O 111t1 il1 e,n que vive é ó nl{liS tias vez<'S (iX/re11u1111e11re co,~rdrivo. Vendo unw jove111 J_;râvida que se re· cusa tanto a aborfar 1111t111to a criar seu filho. de lançaria br{Jdos de horror". Essa declaração, que causa perplexidade. leva a rcOctir sobre a deterioração moral da mentalidade da opinião pública na França. De fato, um aborto parece provocar menos repulsa q ue a entrega de um filho para ser adotado ... Ali,,s. a adoção determinada pela Justiça não se éJfigura. nas circunsui ncias a tuais. como solução cfiCílZ. Por incrível que pareça . acont~cc írcqi.icntcmentc que as criançHs assim ··colocadas" judicia lmente. fogem de seu lar adotivo para voltar :\quelc de seus pais. Mesmo se. a cada vez que tl façam. estes as acolham com brutalidade. "O fiuv de (J cri1t11fa haver sido 1nttltrtiÍada t'Stabeh~cetÍ u111a rd11çtio sentinl('lllftl nwitu forte enfl'l' ela e o.,· vai:·;" - constat}l a dirctôra de urn serviço de orientação e ação ed ucativa. "Tal faro pode parecer estrtl· 11ho 11ws existe. <· 1a1110 11.-. criflnfaS conw os paix thn IU!<'('S.,·idade dele. Pvr isso cremos lfll() é f)rl!ciso evitar, tanto lfllllltlO possível. rt•rirar a cl'ia11(·a d(1 s1w fmnílit1". Esse é o segundo dado i,npon:i ntc para ana lisar o compor,amcnto

sem-ver.~011/w ( ... ) ". Outras vc1es ai ndti é a pcrson~,-

O 1e rcciro é aprcscnt:tdo nesta cc1w comovente: na manhã do dia de Nata l. cm hospit.iis para onde haviam sido levadas com urgênci:i por seus pais criminosos. cria nças com os corpos macerados. com os

lid:idc de um só dos filhos que despena a violência e o sadismo dos pais. Seja porque a cria nça chora à no ite~ o u recusa a comida, ou mesmo <1ua ndo. na escola, não corresponde ao que dela esperava a vaidade dos progenitores. E o caso daquela menina de nove anos, cujos pa is . du classe média. a obrigavam. quando ela não sabia sua lição de cor, a rccil~i-la dezenas de Vezes diante deles, de pé e intcirnmente des pida. Ou então~ é o caso de pais que. desejando ardente mente um !ilho. nasce unH1 fil ha. ou vice-versa. Vítimas dessa dccepç.'ío fo ra m duas meninas de nove rncscs, gêmeas, hos pi· talizadas com o coq,o coberto de queimaduras produ1.idas por pon tas de cigarro. Seu pai não podia s uportar a idéia de não ter um fi lho! Constatação muito importante é a segui nte: quase todas as crianç:1s espancadas fora m rejeitadas desde a s ua concepçã o. Todas a s testem unhas ouvidas concorda m: cm o ito de cada dc1. casos a criança m:\rti,· i: alguém c uja mãe havia desejado livrar-se dela pelo aborto. É muito importante esse ponto para q ue se possa seguir o processo de dcgener:ição d:1q uelcs cujo egoísmo exacerbado não permite que os filhos venham a perturbar seu desejo frenético de goza r :1 vida. Primeiro recorrem aos a nt iconccpcionais. depois ao abono, finalmente ao infa n. ticídio. O processo é o mesmo. a causa é a mesma; só os métodos variam conforme a etapa.

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membros fraturados cm mais de um lugar, pequenos mí,rt ircs, de repente iluminam a face com um sorriso de alegria . cm que transparece toda a inooênci<1 da a lma infanti l. E isto por quê? Porque haviam recon hecido entre os visitantes a própria mãe q ue as ma lt ratara. A cena fo la por s i e d ispensa comentários.

das coisas, transforma as pessoas cm seres egoístas e céticos, voltados exclusivamente pa ra seus pequenos interesses. Ê um fruto típico do processo de degenerescência moral cm curso no mundo atual e do tipo de formação, o u de deformação. que tal estado de coisas impôs i1s crianças.

Egoísmo x ínocência

Fina lizando, uma observação a respeito da entrevista da Sra. AnncAymone G iscard d'Estaing . Segu ndo suas declarações. tanto ela quanto seu marido. o presidente francês, encont ram-se preocupados com a sorte das crianças mallrata-d as cm seu pais. Ela diz mesmo q ue é anormal que uma criança não te nha um representante para dcfcn~ dê-la diante da lei, já que os .magistrados. e mbora agindo de boa-fé. "hesitu,n &111 run,per os laços e/(! fi· Jia('tio p elo sangu<•. 1111?s11u, quandu 11 rdaçílo pai-filho esteja 1>rofimdame11tc de1eriortula e se turne peri-

De um lado temos os pais . com a a lma encharcada de ego ismo, fr uto do ambiente ncopagão e revolucio nário cm q ue vivemos. querendo fruir a vid:, a todo preço. e para q uem os filhos c-0nsti tucm um estorvo. Por isso recorre m l, contracepção~ ao aborto, ú sevícia e até ao infanticíd io. Diante de taman ha sclvagcrit1 <.1ual é a reação das c ria nças'? Sorriem quando vêem a mãe 11ue as maltratavam. Não denunciam os pais que :'IS espancam. Fogem de volta parn aquela casa na quu l tis aguardam as sevícias - mas <.1ue sabem ser o seu verdadeiro lar qua ndo colocadas à força cm casa alheia. A inocênci~, prí meva. ainda mais quando vivificada pela grnçn san1 i-íicante do Ba tismo. tem um senso do ser e uma noção profu nd.i. embora não explicitada. da lei na tu ral. que a própria rejeição. vinda de onde não podctia vi 1·. não consegue esmagar. A criança sabe pcrfcilamcntc, embora de modo implícito, que. pela ol'dcm posta por Deus na criação e pela lei nat ural. e la deve receber de seus pais proteção, aíeto. educação. Por isso ela se volta sempre para os 01utores de sua vid:i e, apesar dos maus tratos t~uc t;.1n1as vc;,.cs deles recebe. procura preservar a coesão fami liar. · A perda da inocência, ou scj,i, dessa vis,io p1·imcii'a e maravilhosa

Diante de tais manifestações de barbárie. que medidas as autoridades pensa m tomar'? Parece haver muita hesi tação a respeito. /\ própri:1 Sra. Giscard d'Estaing é muito ca utelosa quando responde: - "Até (lgOrn 11s ú11ic11s .toluçiíes adotados são ns s1111ções penais 1:011· tra os pnis. nos quais se retira a

crit111ça. [ ...). /'1{Js o objerivo é de ronseguir nwnt(lf o ('Of!siio Jiuni/ior por 111n(1 (J\ÚO de prevc•nrtlo e injê>r· Ela julga, entretanto, que con• vencer uma jovem gestante. q ue não de-seja a criança. a levar a gravidez

E as vítimas do aborto?

gosa

f)lll'O

a ('r iança".

Compreendemos o interesse da primeira da ma francesa e n,ais ainda a hcsirnç.ã o dos magistrados. Mas jii que a Sra. G iscard d'Estaing se mostra tão scnsihilii'.ada pela sorte desses pequeninos. parece-nos lógico ind agar se ela não se mostra igua lmente ou ainda mais tocada pelo destino dos 600 mil nascituros que morrem anualmente "" Frnnça, vítimas do abol'tO provocado e li beralizado mediante uma lei promulgada pelo atua l governo francês. Seria coerente que ela. chocada pelo mass~1crc das crianças tj UC jú nasceram . colocasse o peso de sua influência para consegu ir a rcvogaçJ o de uma lei que facilita a m,uança de tão grande número daquelas que estão por nascer.

Murill o Maranhão Galliez

mesmo drama na Alemanha

TAMBÊM NA Alemanha Ocidental o governo está preocupado com o número crescente de c.asos de cria nças maltratadas, e até mortas. pelos p,·óprios pais. Recentemente foi ed itado pelo Ministério 1>ara :, Juventude. Pamilia e Saúde um opúscu lo de pouco ma is de cem pcíginas intitulado: .. 1',,(111,s tr{I/Os de recém· ,wsâdos <) crianç11s. Reconhe<·er ,,

ticias publicadas na imprensa daquele pais sobl'c sevicias iníl igidas às cria nças por seus pais, algumas resultando cm mol'tc. Também publica fotografias impressio nantes de lesões corporais encontradas nas peq uenas vítimas, provocadas por este tipo asqueroso de violênciu. ,, tgumas das quais reproduzimos como ilustração nesta pági na .

r

.. Fra11kf11nf'r A llgi'l11eine

Zeit11111('. 25/ 3/ 78 -

O comovente amor filial das vítimas

Frutos da concepção indesejada n,arõo''. De acordo com relatórios da polícia. arquivos de tribunais para a in-

da~: criança$.

AFETO FILIAL

Duas crianças alemãs dura mente maltratadas pelos pais. Nota-se claramente os hematomas e o estado de trauma psicol69ico . ajudar.

U 1110

( 8011 11 .

1979).

insrru('<iO prârica"

Trata-se de um manual organizado pelo Centro de P roteção à Criança, de Berlim. tendo por finalidade ensi nar a reconhecer e prestar ajuda a casos de crianças malt,·atadas e a prevenir a ocorrência de casos futuros. A obra transcreve muitas no-

Como amostra das sevíchis descritas na obra. citamos apenas alguns casos: • "Der T(Jg,•.'i/ipiegf'r. 14/ 12/ 78 - Mulher de 20 anos foi condenada a 7 a nos de prisão por ter deixado morrer de fome seu filho de 3 meses. Na tarde do d ia cm que a criança morreu. fo ra levar seu cachorro para 1>asseio, deixando o filho cm casa sozinho.

M ul her de 36 a nos presa por ter maltratado a fil ha de 10 anos, q ue era s urrada com correia de cachorro e obrigada a come,· c m tijela de cachorro. A menina aprcsentav:1 in úme ras cicatrizes e hema tomas. a lém de sina is que mostrava m ter sido os cabelos arrancados aos tufos. • .. Der Tagesspi<•gel". 29/ 9/ 78 - Em virtude de o filho de 7 anos não ter querido comer direito o pão. a mãe perdeu a paciência e empurrou com violência o referido a limento pela ga,·gant:l da criança. <1ue veio a falccêr dois dias depois. num hospital. • .. Der Stern", n.• 10. 1978 Depois de ter chamado o méd ico dizendo que seu filho de 5 anos devia estar morto porq ue não respirava nrn is. a mãe declarou ú polícia: "Bati nele porqu(· n,1o l!StllV(I f/llf!/'('Jl(}O

t tJIIUJI" li ,\'OJ)fl ,

Quando ele ct1iu no cluio no tei que .ta11gr11vfl pelo nariz. mas co111in11ei a s11rrâ·lo co1n o dnru <' " dar·/11(• pontapés". Essas são apenas algumas conscqüênci.is funestas de um c.stado de a lma que se va i generalizando na Cpoca materializada e ncopagã em que vivemos.

CATOLICISMO -

Junho de 1980


PARA O COMUNISTA TITO, POMPAS FÚNEBRES D E REI .. . rro

MORREU . .. No mu ndo in teiro, do Oriente ao Ocidente, a atenção dos povos foi presa pela cadência fúnebre das manchetes que so lenemente desfilavam ante seus olhos, propagadas pelos órgãos de informação. Dia a dia, a conta-gotas, exprimindo cm cada palavra um sent imento de dor e

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internaciona l. para pôr cm evidência a figura e a obra do falecido c hefe

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comunista'?

comunistas esperado o momento propício para anunci{1-la'!

Morte em hora oportuna Para se apresentar uma sensaciona l ceri mônia de amplit ude mu ndial, é necessúrio que se escolha o momento cm <1uc a tensão i nterna-

cio nal não a traia as atenções para ,, lgum outro a~sunto. Por exem plo. se a mo rte ele T ito tivesse ocorrido no auge da c,·isc do lrã. por ocasião da brutal invasão soviética no Afganistão. ou ,·, inda na época do recente e c-s candaloso caso cubano. teria diminuído enormemente a repercussão cm todo o mundo do que se passou em Belgrado. Ora, sendo os marxistas ,ividos de tirar pa rtido de todas as silll:tçõcs. não se pode excluir a hipó· tese de a hora do anúncio da morte de um personagem como Tito ter sido escolhida. Pois de tal maneira o velho ditador morreu num intervalo relativamente calmo, que não poderia ter falecido cm hora mais oportuna . para se poder encenar cm torno de seu cadáver o espetáculo que se desenrolou. Rea l ou ficticiamente. podería-

mos di1.cr que Tito morreu na hora ocrla, foi enterrado no rnomcnto certo. com a solenidade e ccl'imônia certas, m:1s circu nst,íncias mais apropriadas.

Se assim considerarrnos. os funerais d o ditador iugoslavo se nos apresentam como \Hna monumental cerimônia ornando um grande show. No q ue consiste esse show? Qual é a sua finalidade'/

Acreditarão os comunistas propugnadores do mais radical iguHlitarismo - na importâ ncia da pompa e do cc,·imonial?

A divulgação da morte de T ito dispôs da propagand:1 d o mundo inteiro. A impre nsa. o rádio e ~, tele·

visão não pouparam comcntürios e elogios ao velho presidente iugoslavo. E. ,1pesar disto. os comunistas julgaram que a propaganda não teria seu verdadeiro g ume se ela fosse apenas uma descrição teórica da pessoa e obra d o ditador. P;irn perpetuar s ua memória. considera-

ram nccc:ssúrio rcali1Jar seus funerais com cerimônia. pompa e pn>tocolo. com a particip.ição d e chefes de Estado. presidentes de repúblicas. reis e chefes de governo. Sim. e ra necessiírio até a presença de reis. p<.1rn lembrar as pompas qu;.,si.: extintas atualmente das antigas cones. O que equivale dize r que os comun istas húbcis manejadores ela guerra psicológica rcvolucion;·1ria conhecem profundame nte o valor do prot ocolo. da pompa e da cerimônia. Valori1..am- nos quando dcscjam ser vistos com si mpatia: ach incalham-nos quando estes reíletcm valores da civilização cristã. Como desejam construir um novo mundo. ataviam-no com o cerimonial.

Do Parlamento à sepultura Para os leitores que não tiveram oportunidade de conhecer com detalhes a cerimônia do enterro de Tito sent irem a realidade de todas estas considerações, examinemos os pontos essenciais do sucedido. foca lizando principalmente as passagens mais carregadas de solenidade - enquanto tais. odiadas de modo especial pelos marxistas. mas uti li1.adas por estes para fins de propaganda. No Parla mento. o nde era o corpo velado. ouvia-se. ao térrn in o da vigília. a nona si nfoni~-1 de Beethoven. Ao meio-dia, o caixão bcee e m

J unh o de 1980

Salvas de canhão, marcha fúnebre. discursos sol&nes, lentidão cerimoniosa, tudo muito bem preparado para mitificar a f igura do ditador comuni sta iugoslavo

que se. encontrava o cadáver l"oi cn r·

v.1n l)oronjski. exa ltou sua atuação

regado. c m meio a profundo silêncio. atê um reboq ue militar que o conduziria aos jê1 rdins .de sua casa. às margens do Danú bio. onde seria sepultado. Considere o leitor o ambiente de so le nidade criado nos últimos momentos do velório. enq uanto come.. ç;rn1 os preparativos para o cortejo. O s ilêncio que envolvia a sala. a nona si nfonia de Bc.':eth ovc n yuc toca, o caixão bege que ê co nduzido lentamente para a sa ída do edi fício. O quadro dramático assim fo rmado tem c m si uma cc n:1 rorça de suges· tão. Projcla um clima . envolvendo c m mistCl'io toda a ceri mônia que se inicia. Depois, o local onde seria enterrado Tito: os jardins de s ua casa, localizada às margens do prcst igioso rio Danúbio. Jardins... Não um, mas vários - tão mais adequados à casa de um aristocrata, ou de um burguês ocidental, e não à de um chefe de Estado comunista. As margens do Dan úbio... Quanto nisto há de sugestivo! Em nosso espírito começam a esvoaçar as notas melodiosas, leves, da famosa va lsa de Strauss: "O Danúbio A zul". E a imaginação vê os jardins de T ito banhados em luz, sua casa protegida pelas sombras, e as águas ligeiras do Danúbio ... "azul"... que passam, a alguma d isl:incia, envolvendo com seus murmúrios os jardins e a sepultura ... Para quadro final da cerimônia, não poderiam os lideres marxistas encontrar melho r lugar. tão evocativo e carrcg(1do cm imponderáveis. próprio a emoldurar os funerais de

na Segunda Guerra Mu nd ia l e e lo giou .a 1>rcocupação do ditador pelos dest inos do comun ismo internacional e o rompimento - ao menos aparente - efetuado por ele em relação a Moscou. Terminado o discurso, um coral feminino, trajando longos vestidos negros, como urn antigo coro grego, entoou uma canção expressando dor pela morte de Tito, arrancando lágrimas dos presentes. Em seguida, soou a .. Internacional .. e o hino iugoslavo. E o cortejo iniciou, lenta mente, s ua ma rcha. percorrendo apenas 4 km em mais de duas horas. e dete ndo-se d iante das delegações estrangeiras. bem em frente do primeiro-ministro c hinês, H ua Guo-feng, e de lndira Gandhi, primeiro-mi nistro da fndia.

um monarca.

Uma primei ra saudação, do pre· sidentc da liga dos comunistas. Ste-

Cento e de z nações - quase o mundo inteiro - foram prestar homenagem a o homem -símbolo do comunismo "brando". Reis misturam-se a chefes com unistas. Na primeira fila. nota -se Brejnev (primeiro à esquerda). o Rei de Bélgica e o p rimeiro-m inistro chinês Hua Guo-fe ng ombreando com o Prlncipe Philíp, de Inglate rra. CATOLICISMO -

....

O cadáver de Tito deixe o Parlamento rodeado de pompas como que régias

vam na imprensa . nídio e televisão, descrevendo ao público a longa agonia, e. por íim, a morte do dirndor. Se fizéssemos um pequeno retrospecto histórico, c hegaríamos à conclusão q ue depois da Segunda Grande Guerra - ou talvez um pouco antes - não se noticiou com t,,mo destaque a morte de um chefe de Estado. Ent retanto, mais do que o destaque. o que especialmente chamou a a tenção foi o car{1tcr ccrimo~ nioso q ue cercou o enterro do ..camarada" Tito - inteiramente opos· to á praxe igualittíria comunista. Houve nisso autenticidade'? Ou foi um .,how político e diplomútico

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. • .... ~'81-

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L t •

compaixão, as noticias se renova-

Teria Tito realmente falecido no dia cm que a notícia de sua morte foi divulgnd 11'/ Ou teriam os líderes

...

Não entraremos cm considera-

ções sobre o conteúdo do discurso. Este foi publicado nos jornais. e as afirmações nele contidas são tão comunistas como ta ntas outras. Atentemos, entretanto, para a lentidão do cortejo, tão adequada ao cerimonial, e a continuidade dos atos entre si. Não hí, intervalos, não há hiatos entre um a to e outro. Termina a sinfonia de Beethoven, inicia-se o cortejo. Proferido o discurso, o coro entra cm cena, seguindo-se, sem interrupção, a entoação dos dois hinos e o início da marcha. Não há cerimonial sem cânticos, ou com atos desencont rados e realizados às pressas. Os líderes do comunismo, tão desejosos de dominar o mu ndo, planejaram, ensaiaram e executaram em todos os seus pormeno res uma monumental cerimônia. Não faltou o pranto (autêntico ou encomendado) dos presentes, nem a presença, na hora a dequada, da clássica beleza, exibida pclo" cor~ ve~tid(! à gre$ª · . . S1g111f1cat1va e tambcm a 111d1sfarçada preferência pelas duas nações ,isi:iticas. A China. como a lnd ia. representa a socialismo"brando". inaugurado por Tito. cm oposiçfü,) ao comunismo violento da Rússia. Ambas são adeptas das ilusões pacifistas cspalhadns 1>clo ditador iugoslavo no mundo. e que co nstituem pressuposto mental e temperame ntal da distensão. Ana li sa remos mais adiante a história e as origens d esse comunismo. quando d iscorrermos sobre a tática ut il izada per Tito e o 1>apel que lhe é rcse,·vado na conquista d o Ocidente. O cortejo prosseguiu lenta mente, acompan hado pela escolta militar e org_ani1.açõcs co munistas. com por· ta-ba ndcin,s conduzindo cerca de 400 pavilhões. bem como pelos antigos companheiros de Tito. todos j á idosos. f>or uma curiosa ..coincidência". abandonam conjuntamcn1c o cortejo. após caminharem cem me• tros. Registremos de passagem a ornamentação conferida ao cortejo pelas 400 bandeiras, e o q ue há de ccri-

- ,.•

monioso no abandonar conjuntamente o préstito. Nos momentos cm que a banda militar não toca, o s ilêncio permite ouvir os passos dos acompa nhantes e o pranto do povo postado nas calçadas. S upéríluo seria insistir que a solenidade se faz sentir inclusive no silêncio e no choro - cm cuja autenticidade é preciso muito esforço para se acred itar - , aparecendo sempre no momento exato. Poderíamos tnlÇ<lf .:m poucas

palavras o roteiro desse cerimonial: música. compasso. continuidade. discursos e prantos. Umn grande pompa fú nebre, realizada cm todas as suas minúcias.

Ma is uma vez perguntamos: por que isso, tão contrário à doutrina marxista , realizou-si: na Iugoslávia? Os dil'igcntcs comunistas - ex-

perimentados nas t<íticas de guerra psicológica tcvolucionária - compreendem <1uc realçando o cerimonial. realçam o connmismo. No Ocidente, nada disso é feito para rea lçar os verdadeiros valores legados pela Cristandade. Pelo contr{1rio. cada vc1. mais a p<>pularidadc e o prestígio são apresentados como algo que se consegue corn .:1 vul ~ garidadc!

Todos rendem homenagem... A chegada do cortejo aos jard ins da residência de Tito. já o espcrav,ím os chefes de Estado e delegações estrangeiras. Na primeira fila cncontrnva~sc Brcj ncv, j untamente com o rei Raldu íno, da Bélgica. e o primei ro-ministro chinês Hua Guofcng, ladeado pelo príncipe Phi li p, da I ngla tcrra. e pelo presidente di, Alemanha Ocidenta l. Karl Carstcns. Novamente pode-se notar a pontua lidade e o acerto dos movi mentos. Todos esperam. tudo está ordenado. E a cerimô nia se desenvolve num clima de estudada solenidade, sem imprevistos que a dcsdourem. Inclusive a concórdia entre os presentes é completa. O taciturno chefe soviético ombreia com o rei da Bélgica, dissolve-se no meio de. todos, sente-se homogêneo, bem aceito por governos em cujos pa íses o próprio Brcjncv incita a s ubversão. Não tomaremos tempo do leitor transc revendo a relação de todos os chefes de Estado e delegações 1>resemcs. num total de 110, dos quase 160 paíst s sobera nos existentes no mun do. Reca pitu lemos apenas o ambien te de cerimoniosa concórdia criado: os ja rdins da casa de Tito; as águas do Dan úbio que correm; a pessoa de Ti to. sempre exaltada: a solen idade do enterro; e o mundo inteiro, rcpresemantes dos quatro continentes, reunidos à volta do seu esquife.

... ao criador de um ..novo sistema .. para o futuro Pronuncia o d iscurso de despedida o presidente da Iugoslávia . Lazar Ko liscvaski: "[ ... ). Criamos - pela tua luta. Tito - o 1u:,v11 l 11goslâvit1, uma sol'iedade que. . en, n111i1os as· pectos, é wna novt1 palavra na

História··. Qua l é essa palavra dada pela lugoslúvia i1 História? f:: o que vere-

mos

t, seguir. Como é largamente conhecido, Josip Broz Tito foi um guerrilheiro que lutou pela independência da Iugoslávia contra os ocupa ntes na-

3


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zistas, d o meio pa ra o fim da Seg unda Guerra Mundial. Perte ncia ele a ,, setor comunista <la rc.s istência iugoslava. Ex pulsos os a lemães, os a liados constit uíram um governo. que contava com a participação dos comunistas. E co mo sempre ocorre onde há participação com unista. cm po uco tempo estes tornaram-se donos da situação. sendo Tito empossado como chefe de EstadQ. Depois de a lgum tempo de governo, Ti to começou. entretanto. a man ifestar desagrado cm relação a Moscou e a dar mostra de quere r constituir um govcrnp q ue. sendo comunista cem por cento. seria ao mesmo tempo contrário ao regime russo . Operou ele, por outro lado . uma mudança na política relig iosa

q ue tinhn ~cguido a té então. No pontificad o de João XX 111. iniciouse uma era de boal; relações com a lgrcj.i Ca tó lica. Com a prisão e o iso lamento do Ca rdea l Stcpinac. de um lado. e de o ut ro ti nomcc,ção do

Cardea l Scpc r particlêírio de uma política ele conciliação com o governo comunista para um ali o cargo no V;1ticano , as relações da Sa nta com o gove rno iugoslavo se dis-

se

te nderam e no rmemente. Essa mudança deu lugar n um ra to pioneiro: T ito roi o primeiro chefe dt Esu1do comun ista a visitar a S ant,i Sé. sendo recebido oficialmente po r Paulo VI. T ud o isso criou esperanças de que tal co muni:,j lllO. na a parência independente de Moscou. se to rnasse "doce" do ponto ele vista religioso. como também no pla no politicosoci.-1I. Nc:,;tc campo. ~1 "abcnura" do comunismo iugoslavo v.c rificou-se pri ncipalme nte mcdi,1me cel'ta libern lii'<1ção do regime dc; prop ricch,dc priva<l.t. Tal "a bc;rturn" íoi acolhida con-1 si mpa tia por diversos setores d a opinião pública do Ocidente. acentuando as espe ranças de uma possível ··conversão .. <l o comun ismo pelas via~ da di:,,tcnsão. Pois o <1uc começou a aco ntecer na lugoslúvia divisão cio 1na r.xismc.>. " dukiíi cação" do regime . aparente liberdade rdigiosa parecia clcsmc.:nti r o mito de q ue o comunismo é rundamc1ttal1ncntc ag.l'essi, 10 . 4

Objetivo: obte r a capitulação pacífi ca do Ocidente Assim. a lugoslúvia ocupo u um papel impo rtante no OciderHe. o perando a de rrubada das barreiras idcolúgica~ e prepara ndo <J ca minh(> da des as trosa polít ica de "détentc", iniciada ma i:-: t;-1rde por Nixo n. po r ocasião de s ua visit:l cm 1972 a Pequim e d1.:pois ~1 Moscou. Como opcn,çiio d e guerra psicológica re vo lucionária , Tito valeu por cem homhas atô micas. po rq ue sua politka amokccu gravcment~ cm graus d e intcnsidr1de di ícrentc.s a vontade de rea gir do Ocidente. Foi e le, na ordem dessa nova modalidade bélica, uma peça-chave para a ex pa nsão soviética no mundo. Pois assim como T ito se mostrava amigo da conciliaç.~o. ao menos cm a lguma med ida, também a Rússia certamente seria sensível a uma política de boas relações - pensavam os partidários da distensão. O d itador iugoslavo roi, portanto , o a tor que construiu uma mentira alta mente útil para fazer ca mi nhar a ''détcntc~·. Naturalmente, esse show teria de provocar a genera lização da ilusão d istensionista , que contou no mundo inte iro, cm larga med ida, com a colaboração da imprensa, rádio e televisão, e - dói dizer - do próprio Va ticano. T udo leva :, c ,·c,· que se os russos puderem gan har o domínio do mu ndo pa ra o comunismo sem a pelar p:tra a gut•rra que111e. eles de longe o preferirão . Para isso. necessitam os ~o viéticos a1uar por rncio da gt1crra psicológic;t rcvoluciomiria. que poder,, leva r o Ocidente. c m virtude do pilnico da guerra atô mic:.1. a aceitar um acordo corn o corn un is1110. Sabem rnmbêm os dirigentes do Crc mlin que impol' ao mundo inteiro o rcg.i rnc comu 11 i::;1;l é impossivc l. Scnl melhor talvc;,. pensarão eles estabelece ,· um regime il lugosl;,via . ta lvez. até mais brando. mais próximo ainda dos húbilos mcnrnis do Ocidente. e por isso mes mo. pass ivei de se r aceito por este. Podemos , cm visw do exposto acima . entendei· o signiíicado das palavras do a tua l presidente da Jugoslávia , fre nte à sepult ura de T ito. - .. Uma sociedade que, e,11 111uiros

4

t

aspectos. é uma no va palavra na f/ist6ria". Quer di2er, uma fór mula

r

para a ma nhã, quando o Ocidente tiver que escolher entre a guerra e a vergonha ... Assirn. co ntinuar a manter viva a figura mitic,, de Tito. ê favorecer essa possibilidade de acordo. que s ignificf\ a ca pitulação <)Cidental.

Cerimônia para unir Oriente e Ocidente Apesar de pregar. como último cstc'tgio d e sua evoluçã o. o igualitarismo e a anarc1uia complct.-1. o comunismo utiliza -se do cerimonial a fim de chamar ;1 a tenção dos povos 1n1ra uma a tmosfera ti1Lica de distensão: a d iste nsão simboliza da por T ito . Quiseram os lideres comu nistas que nos fune n-iis todos os pa íses burgueses: se fizessem representar ao lado da s nações d o terceiro mundo . como també m as de além cortina de fe rro. J ulgaram eles necessá rio que os funerais se realizassem c m condições tais q ue a memória de Tito marcasse a História. E q ue houvesse - aqui chegamos ao ponto fundamental - uma prova de q uc a posição dele é igualme nte be m vista pelos lideres d o Oriente e d o Ocidente. E que essa fórmula conduz à paz. Desejaram most rar q ue ele foi um homem bem visto pe la humanidade. um homem que encontrou um terreno commn cm torno do qual todos os ho mens. das posições mais o post:is. sorriem e se cum priment;un. Í:$ta é a imagem cio d itad or iugoslavo q ue essa cerimônia projeta na il istóri;1e 1w imaginaçfio do~ povos. Era preciso eSl:tl'JllOS cm 1980 êpoca cm que se pode dizer q ue a.s cerirnô nias aeabar~1111. as pompas e os pl'otocolos motre,·am pa.ra que o comunismo. inimigo figadal de tod:i pompa. de toda cerimônia. de todo proloc::olo, deles fizesse uso parn alcançar seus objetivos. Gn111d c lição para nós. Por toda " parte no Ocidente. os cctimoni,,i~ d:, ::ociecladc tudo o q ue a inda 1·c:i.t;1 cio cerimo nia l med ieval e <lo A11rit•11 l<c~r:i11w. na sociedade púsRcvolução Frn nccs:1 c:-.t{1 dcsapa· rc~cntlo com plcw mcntc. Mui los sentem verg<Htha c.Jo Cérimoni:11, ror vc1.cs. :.tté horro r. Entre ;1$ demncraci;1s ocitkmais ca mpci,1 a v11lg;1ridadc.:. di:11nctn1lmcrnc ,,pustc-1 (1 ecl'im ónia ,

Cerimonial: necessidade para a Igreja e a sociedade f\1 uito mais grave. cnlret:111t o. é o rchai.xa mcnto e q uase ;1 extinção do cerimonial que existia na Igreja dur:lntc a época pré-conci liar. O comunismo nunca deixo u de achincalhar o grandioso e verdadeiro cerimo nial da Igreja. mas na hora de prestigiar a si mesmo utiliza -se dele, e mbora deseje q ue toda trad içiio de inspiração cat ólica medieval, d o A11cie11 Régime, do século passado ou mesmo de nossa época, morra. . D~sde os prim~nl~os. ,:tpes,11· de 111vcsud::t de uma m1ssao d ivina. po rt:1d ora d:1 Rcvc.lação divina e .ipoia<la pélas gr,u;as increntes ao Novo ·T estamento. a lgrej:1 C:.ttólica dcscn• volveu~:sc com um <..x::1·imoni:1l pl'ú prio. E enq uanto Ela brilhou em seu esplendor. não deixou de ap rimornr seus ritos. Quando começou o processo dcíin ido 1>or Paul() VI como de "autodemo lição da Ig reja", te ndo a 'fumaça de saumás" penetrado no templo de Deus , tal desagregação a tingiu, a ntes de tud o, o cerimon ia l. E quando a "fumaç" de saumâs" encheu a Igreja, o cerimonia l e ncontrava -se profundamente atingido. O próprio Deus julgou ncccss{,. rio à s ua Igreja . dent ro da ordem por Ele criada. utilizar o cerimonial. Apesar d e poder contar até com milagres para expa ndir-se. Ela precisava de um cerimo nial para adornar sua doutrina. E ;1ssim. a té pelos sentidos, Ela se tornasse com preens ível: os câ nticos, a bcle1,a e o colo rido do a mbiente e dos para mentos. o odor do incenso. a postura. os gestos. A importância de tudo isso. os comunistas deram provas de conhecer e fizeram sua aplicação prá tica. Para prest igiar-se: cerimônia; pa ra achincalhar a Igreja e a civiliza ção ocidental: vulgaridade. Nisto vemos como o e mbate doutriná rio - de tão transcendental importância - entretanto não basta . O cerimonial representa verdadeira necessid ade, para a vid a da 1greja e da sociedade tempo ral.

ANÇ AOO HÁ pouco, o mais recente livro da T F P já é best· ,se/ler: 6.400 exemplares vendidos em 30 dias. O cx traord in,irio interesse por u m livro - num pa is onde a leitura não é o mais genera lizad o dos hí1bitos j ustifica-se. Desta vez a TFP não faz nenhuma dcní,ncia de advcr· súri os <l<1 civili;-:ação cristã . nem apresenta ao püblico ma nobras ou táticas soci'.e s cios mesmos. Tra ta-se agora ela própri:, história da Sociedade llrasilcira de Defesa da Tradição. Fa milia e Propriedade. a bra n· gcndo inclusive rnais de três décétdas anteriores ú s ua co nstituição fo rma l, (,1uando seus fundadores fazia m parte do movi1ncnto católico. "Meio século de epopéia anticomunista'' (Ed ito ra Vera C ruz, Sã o Pa ulo - 464 páginas. mais de 150 ilustrações , inclusive a cores) é o primeiro volume da Coleção '"t i,do sobre a TFP". abri ndo caminho pa ra dois o utros q ue opo rtunamente vi rão a lu me: " A TFP : o qu e pensa? para onde ruma?" e Em vis ita ao mundo da T FP".

L

11

Visão de conjunto O p resente lança mento da TFP vcrn atender a urn legit imo ;ulscio do pú blico. Co,n efeito. ao longo de seus vinte anos d1.: existência a TFP tem assumido muita s atitudes púhlic;ts , referentes aos 111:1is v;iriados temas. T~1mbérn os métodos adotado:-. pela associação pa ra essas tomada:,, de atitude têm s ido variados: Ori.1 a diíusfío ch'tss ica através da impr<: nsa. rúdio e tdcvisiio (não pouc;m• ve;,,cs blO(,tLICt1da por " p (lll'U/l,us ideo1'if:icas" facilme nte idcntiricúvcis). or.t a pro p;:1gancl :.t de rua para a venda <le r uhlicf1çõcs ou a d istri bu ição d e ma nifestos. ora a coleta de d ona tivos cm fa vor dos nee~ssita dos. Q ue :;:1ib;-11nos. na li istóri:-i do H1·asil ncnh\Jma orga nização c mp 1·cgou tais mCto<los co m tanta amp liwdc. tão inintcl'rupw me ntc. e por Wnlo tempo, a po nlo de eles setornarem mesmo. aos o lho:-: do púhlic<>. a gra nde car.-1ctc rís1ica da TFP. A muli iplici,lade de atitudes e de métodos cria um cerco obst{1culo par:..1 que o lci1or media no íorm..: uma idéia de conjunto d o q ue é ::t TFP. Par;1 wl. cncontrani de cm

Um;·1 gra nde a preensão: "A Rússia <'Sp(l/1-u,rti .,·eus erro.,· pelo 11,u,ulo ", Uma grande esperança : " Por/ im. o nu•u lnuwu/ado ('oração trhm/ arâ".

Ern s íntese. o a vcmço comun ista. de um lado~ u certeza da vitóri,1 ser bre ele, de o utro. Tendo por fundo de quadro essa luta gl'andiosa dos q ue :são d,, raço du Virgem contn:1 os q ue são da raçn ma ldita da serpente - para utilizarmos 11 linguage m de São l .uís Mal'in Grignion de Montfort o livro desenrola aos o lhos e à imaginação do leitor. c m na rração leve, nfio obstante a sólid a e a bundante documentação, 50 anos de frut ificação <Jc uma semen te que c:IÍu cm terra fért il mas teve de mover ped rns rn::1rn podei' germinar. Ern d uas pafr,vras: sacrifícios e conquisw s. "Catolid.wuo " tem insistido l"re· qüCnlCmentc sobre a mensagem de Fútima. A inda cm nosso nú n,cro a nterior. publicamos o tcxlo da ter.. ccirél ;1pc1rição. Sessc;nta e três anos apôs o prcnüucio da Mãe <lc Deus na Covêl d a Iria. o mH I nfio se deteve. Ao contni rio. só se agravou. Nem na$ terras gloriosas da vel ha Europa. ncrn m1s terras novas da pujan1c:: A méric:i, nem no território querido deste gn1ndc Brasil. A partir da Rússia. o erro co munista <lifu nd iu•sc po r quase todos os continentes: na Euro pa Oriental e boa parte da Ásia, cstçndc-se pelo Oriente Médio e pela Africa adentro. e mesmo pela Amêrica . É d iante desse t1uaclro c.1uc ncl4uirc tod o sen1ido a luta ideológica ela iniciada pelo Prof. l'linio COI'· l'êa de O liveira . São ele seu prôpr io punho C~las p;tlavl'as <.:htias de ~íg11ilicé1d o truc 41hre m ··1\,/~;fo ,\'<:1'11l0 IÍ<' l!pQpéia antico,nuni.rta":

-rr-r.

\

\

··Qu(111do ainda muito jovem, Considerei enlevado as ruínas da Crist(l11dade. A elas entreguei 111e11 coração Voltei as cosras ao meu f uturo E fiz daquele passado carregado de bênçãos O

,neu

Por vir ... .,

.. M ,.,fo .,i ntlo d,· epopéia m11ico11u1·

o his1õ rico d,1 lula d;·1 al)So c iação conlra o comu nbmo . b~m corno unH1 descrição de sm1s rnews . de s ua organi;,.:1çfio e das atividades c ultu rais e filantrópicas que rcali1.a. Oportu na mente, e quando dispo nha de lempo para leva r a c:1bo esse largo trabalho. a TFP 1em a inte nção de da r a púhllco os out ros d ois volumes da coleção. "A TFP: o 1111<' pt•nsa? para onde ruow '!" contc.:r[Í u ma resenha de iodas as o bras e publicações livros. m;111i fcstos. declarações, comunicados. etc. q ue e la tem difundido pelo Pais cm succssiv:1s edições que ;ttingcm dezena~ de m ilhares ele exemplan.:s. No terce iro vo lume .. Hn, vixitu 111> 1111JJ1<!0 da '!FP" a S ociedade J>t'Ctende descrever mais cspc.:chdmcnte sua 0 1·gani1;1çãu. s uas at ividades cul· tura is e íilantró pkas visrns c m seu la bor quotidiano, e o convívio em s uas sedes. 11iJ t11"

4

A ntes de da r uma visão genérica sobre o conteúd o da obra, parecenos ind ispensável ressaltar o aspecto agrad ável de suas páginas, sa lpicadas por centenas de esta nda rtes notáveis pela beleza dos movimentos - e cenas s im bólicas. Qua ndo não im pressionam pelo seu aspecto artístico. · as fotografias a traem por seu va lo r histórico. Dcl. delas são coloridas. de primorosa aprese ntação.

"Q11t111tlo uintla ou1i10 jow.-m ... " Mais precisamcrnc. foi cm 1928. qua ndo o Bras iI e ra uma nação de; segunda impon;·1ncia . que esse fo to pequeno. mas s urpreendente - até desco ncertante • determinou o dcs· pontar de uma longa epopéia. tra nsboi·dantc hoje para o utros conti• ncntcs.

Germina o progre ssismo, desponta a TFP É no últi mo c:i pitul o de "1H1•io .•;én,/o (Í(' <WOJJéÍO l i lllÍCOIIIIIIIÍ.\ 'lt1"

ccrtamc:ntc dos mais intc1·cssantcs d:'.1 obra. po is seu co n.tcúdo ê inédit o q ue se narra 11 1>ré-histó ri:1 da T f-'J>. como também a germinação do pro• grcssismo no:s meios cató licos brasileiros. Veja mos alguns lnnccs é.1pcnas desse capítulo rico de con~ideraçõcs pum os historiado res que estudem essa é poca. Em 1928. tudo p11rcc ia prosperar na Igrej a de Deus. sob o pont ificado do Sa nto Pad re l'io XI. O movimcn-

to c<ttó lico o u seja . o co nj unto das associ:t\:ÕCs rc1 igiosas e de apostolado c1·cscia . De nt re as associações tk ma ior vi ta lidade. sobressaia m as Congregações 1\llarianas. que a tra iam n,) Hrasil legiõt.:s intci• l'a~ de mot;o:,:;: de todas as classes socinis. a brindo novo ca pítulo na vida rcligios~1 <l o Pa ís. A grande figur:1 d;1 Hierarquia c;1tblica d o Bn ,si l de e ntão era n. Schastifio l.c mc. Arcchispo do Rio de .J ;rnciro. o llnico Ca rdea l bl';1s ilci1·0. No Estado de São Paulo. cujo tcl'ritó1·io fo rmava uma só Pro· víncia l;clcshístic;1, era figura exponencia l. com merecida re percussão cm todo o País. o Al'ce bispo D. Duane Leopo ldo e Silva. Foi o ingresso d o jovc::m cstudc1ntc de D ire ito l'linio Corréa de Olivei ra pa rn '1 Congrcg:.1ç.ão M:.1ria na de San t:, C ecília. cm São Paulo. q ue dc1erminou a aglutinação de um grupo de jovens que. por sua mili1f111cia. irh1 marc;1r ;1 histúria d o movime nto católico. Em 1933. l'lin io Corrêa de Oliveira cr.t deito deputado ú /\ssc m.. bléia Constituinte . sendo o candidato mais votado d o Urasil. /\ vitória eleito ra l <lesse congrcgndo ma ria no de 24 a nos, q ue havia pouco deixara os bancos univcrsitúrio.s. devia-se ao a poi<l d as entidades cató licas. A recém-criada Liga Eleito ra l C:1tó· liea . pela qmtl se c,rndidatara. pass.i va a ser reco nhecida como fo rça política. No me-'> mo ano. Plinio Corr~a de Olivcil'a assumia a direção do jornal ca ti>lico " f .,•giu11tírio ... M ais tarde. o Arcebispo de Sã o Pau lo lhe co nfiava a presidência d;-i Junta /\ rquidioccsa n11 da Ação Ca tôlica. o nde p;issou n :ltuar ao lado do entã o Cônego Ant o nio ele Castro Maycr. Porêm. a denúncia de desvios do ulrin:írios nas fildnis <l o~ movimentos ele apostolado. cm 1943. :i través do liv1·0 "f.'111 D1:fi•.w1 d11 A ção Católica", valeu ao Prof.

)

Uma grande apreen são: uma grande esperança No frontispício de " A1,•io .w;culn de' <'JJOJJ<;ia (11llico111111lis1t/'. duas frases si ntet iz;H!l a gl'a ndc lula 11;1rrada c m suas p;·'tgin,,s:

A'I con sua. hist

~

-

O Arcebispo O. J osé Gaspar de Affonsec a e S ilva e mpossa a J unta Arq uidiocesa na da Ação Católica. Faz uso da palavra o Cônego Antonio de Castro Mayer. Assiste nte Geral da Açã o Católica . À direita. o Presidente d a J unta, Prof. Plínio Corrê a de Oliveira . CATOLICIS MO -


,

ISTA Contra eles voltaram-se as câmeras da TV Globo, investi ndo, de início, furiosamente contra o Pe. José O lavo Pires Trindade, Vigário da pequena e simpática cida<le de Miracema. na região do norte ílumincnsc. Pouco depois. "Fantâsti,:o" ampliava seus ataques envolvendo outros

Sacerdotes da Diocese de Campos. e. por fim, o próprio Sr. Bispo diocesano. Refutado pela Cúria Diocesa na de Campos. o programa da TV Globo não divulgou o documento. conforme solicitava D. Antonio de Castro Mayer, cm legítima dcfesi1. A essa altura . .. Flmuistico" jú havia preparado o público pnra iniciar

• •

~F P

seus ataques {1 TP'f>, cuidadosamente íocalizada na alça de mira do gigante publícitíirio. Tal foi, entretanto. a inconsistência daS- acu~açõcs e o acerto do comu·

ta

nicado emitido. cm sua defesa. pela TFP i1 imprensa, que o "Fan1ds1ico" dcscstufou-sc logo cm seguida. não passando da quarta emissão de uma série ele dez programadas.

.

,

or1a

A TFP prossegue em sua marcha

.

,

Plinío Corrêa de Oliveira e ao grupo do ·· l.t.-gii1111ÍJ'ia" o ostracismo. Esse grupo tomou novo inlpu lso conl a eleição de Dom Maycr par.:1 Bispo de C,unpos e a íundaçào deste rnc11súrio, cm 195 1. publicado sob ~ua égide episcopal. Assim. o grupo cio" f .,(•J:ituuírio"' transformav:t•sc no t:,rupo do "Catolicismo". E. org" . .

nica mente. os companheiros de ideal que o Pror. PlinÍ(l Corrêa de O liveira reunira e a<lcs1rar;1 para a luta doutri 1Híri~, constituíram com ele. cm 1960. :1 Sociedade Brasikirn de Defesa da Tradição. Farn ilia e Pro• pricdadc TFI'.

"Esquerda católica" e agro-reformismo

.

~

o segundo capítulo do livro. N.i 1nm con11·a tal dcsmobilizaçíío. :1 TFP denunciou o "A rcebispo Vermelho" de Olinda e Recife, bem como u1na conspiraçfío comuno..progrcssista, pouco depois coníirmadê1 pela explos:io do tumor da infiltraçào terrorista no Clero brnsilciro com o envolvimcmo dos Fra<lcs Dominic~.1.. nos nu "'caso 1Hariglu•ln". Enquanto isso, a TFP crescia e se afirmava como um dos polos de pensamento do panorama nacional. Desse: período são os monumentais ;.1 baixo-as.sinados de mais de um milh:io de assin.u urns contra o divúrcio e 1.600.368 firmas pedindo a Paulo VI medidas C<>rlll':I a intihraçfio coi-nu nista llé_t Igreja.

Vist.i assim su mari,11ncntc a préhistúria da TFP. narr.1d,, no úllimo capítu lo de "ft1,•io século d<' ,•popéia

Do anti-anticomunismo ao furibundo estrondo publicitário

vo ltemos ao início

O capítulo Ili do livro recémlançado pela Editora Vera Cruz (Rua Dr. Martinico Prado, 246 01224 - São Paulo) abrange os anos 70, marcados pela estratégia comunísrn da prod ução sistemática do a111i-anticomunísmo no Brasil. Mais uma vez a TFP resistiu galhardamente ao impacto dessas ofensivas, afirmando-se desse modo como a grande barreira ideológica à implantação do comunismo em nossa Pátria. Numerosas foram as suas tomadas de posição no panorama nacional e internaciona l. O adversário desfechou então sua fúria contra a organização que lhe cortava os passos. O Brasil conheceu então o maior estrondo publicitário de sua História. A primeira grande ofensiva publicitária contra a TFP ocorreu cm 1975, logo após sua campanha visando imped ir. pela segu nda vez. a introdução do d ivórcio na legislação m,cional. Apenas dcrl'otadas as emendas divorcistas, desatou-se contra a Sociedade a impetuosa investida de certos meios de comunicação socia l. M úhiplas ca lúnias, como 4ue nascidas a uma do solo. nos mais diversos pontos do País.

m1ticon11111is1a··~

da obra. 1\ parle propriamente narra1iva inicia-se apenas na púgina 68. pn> cedida por lo ngo e s uculento elenco d~,s alivid;tdcs da nssociação e um breve prólogo. Este sit ua o leitor no inicio dos anos 60. quando se fu ndou :1 TFP.

O Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, com outros redatores do jornal católico " Legionário", ao lado do então Arcebispo de São Paulo, D.· Duarte Leopoldo e Silva

Na década q ue se abria, a polêmic:.1 com os ch:unados ··catVlico.\· de 1•sq111•rda" e o papel do livro .. Nejvr111"

A1:rârit1 -

Questão <1,, Canscih1-

dfl .. na criação do clim:.t ideológico

que propiciou a Revolução de março de 1964, constituem os principais lances do primeiro capítulo de" Meio

século de epopéia a,11ico1111mis1a". Nos anos posteriores a 1964. a opinião píihlica do l'aís desmobilizou-se diante do perigo comunista, supost;:1mcntc afastado para sempre!. Junho de 1980

1

publicar cm seção livre de jornais. cm legítima defesa, o advcrsúrio passou a a lacar cm outro campo. promovendo a instauração na Assembléia l.egisla1 iva do Rio Grande do Sul de uma Comis:;âo P11rh11ncntar de lnquCrito para investigar as ati· vidaclcs dn Tf P. Após ac.:umular. d urante trl·s meses ck trabalho. doze volumes de documentos. a C PI nada apurou <1uc compromt:tcssc a asso-

ciação. Tal lisura de proccdímcmo aparece claramente no depoimcnw do então SecrcHírío da Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Coronel José Paiva Portinho. que negou fu ndamento a todas as s uspeitas de atividades subversivas ou ilegais tão fontnsiosamcntc levantadas contra a

TFP. Em resposta por escrito;\ pergunta d a CP I. o Scc,·et,irio da Segurança ga úcho respondeu: "SiJJ,. hou,•e t111111 investigaçtiu (1111 l<)rtW das atividade•.,· (/11 TFP. a partir dt! 111,w e11trPvisu1 ha"ida e1111·,, m ini e o Sr.

Depuwdo Estadual Rubi Oiehl, na q11al " SS P (S,•crt'//"i" d(I S,,g11r(l11ç11 Púl>lic,1) N>111111·011w1eu-se a 1al procedinu•nro. Todttvia. nu que pese o <'.\forço dis111•ndido em tal sentido. pesquisadas iodas <1.<.fo111es e perquirid"s as pes.,·tws e ,('Jltidad<'s que J)<Jderimn deter i1tfor11wçc1es pcJrti11enu1...•• 1u1d11 fui apurado. resultando. 11ssi111. i11Jl11u/ad11s 11s m.·usll('<1es 1110viclas conth.1 ,1 TFJ>. de111re as quais ns tJu e dizen, /'e.v1l'il<J ii a/'regi1ne11t11ção p11r11111iliu1r til' 111e111/Jros 111iliu111u?s. a ,ll•unçãu de or11u111u111tu e

1nw1irões. ,1 profiss,io de idrolugit1s ou métodus nazi-fasdstas. ben1 as-

sin,

c.· 01110

f)(•rturl>açcio da

JUJ Z

e da

or,(/e1n pública ou rrm1sgl'es...·âo à L<.,i

dt> Segur<mça Nacional" (Cfr. documento anexo ao Tenno de lnqui· l'iç,io da C l'I sobre a TFP. do dia 8 de outubro de 1975). Mas antes mesmo desse pronunciamento o ficial. corajosas vozes se fizeram ouvir cm defesa da TFP po,· p:.rte de prestigiosas autoridades militares. parlamentares e alguns jornalistas de renome.

foram difundidas por numerosos ór-

gãos de imprensa. com repercussão cm alguns meios políticos. llouve dias em q ue mais <lê cin .. <1 iienta notícias ou comcnt{irios hostis à TFP foram difundidos por jornais, rád ios ou e missoras de televisão do País.

Secretário da Segurança: acusações contra a TFP são infundadas Vencido no campo doutrin{1rio

pelo manifesto que a Sociedade fez

A TV Globo entra na liça Em 1978. novo estrondo publicit:\río, desta vez orquestrad o pelo programa" Ftmuí.,tico'', da TV Globo. D. A ntonio de Castro Mayer e os Sacerdotes de sua Diocese. que com e le a tuam cm un íssono. sempre se destacaram na luta contra o progressismo e o comunismo. No ca mpo religioso. são conhecidos por sua fi. delidade i1 doutrina da Igreja e pela intra nsigente defesa dos princípios da Moral cristã tradicional.

Nada impediu que a TFP continuasse cm sua luta ideológica pela pre.~crvação dos valores c ristãos cm nossa Pátria. Assim, a lém da d ifusão da Carta Pastoral "Pelo casamento indissolúvel". de D. Antonio de Castro Mayer, em 1975, a entidade difundiu, em 1976, "A lgrej(I

de seus membros. Aí se encontram a promoção de grande conferências, as relações da entidade com personalidades e movimentos nacionais ou internacionais. como também peregrinações, congressos e feit os gloriosos. Uma pergu nta final: por q ue desejou a TFP reunir cm um volume sua história e o conjunto de suas atividades? Além dos estrondos publicit:'irios dcsíechados cíclicamente contra a TFP. esta entidade é a lvo também de umn disseminação de insinuações ma lévolas. de visões facciosas e unilaterais, qua ndo não das calú nias nu, is (1 bsurdas. tra nsmi1 idas verbalmente. E que têm. não raras vezes. por veículo típico o cochicho. Nesse mi1gma de versões distorcidas, é íitci l notar contradições llagrantes. c1uc sugerem a idéia ele focos de ir.radiação múltiplos e a té opostos uns aos outros. Tal impressão. entretanto. parece incompatível com o foto de que versões tota lmente infundadas e inverossímeis aparecem. por vezes. simulwncamcmc cm pontos muito diversos do território nacional. Isso sem nenhum nexo com qualquer atitude recente da TFP. Seja <1ual for a cxplicaçiio real que se deva da r ao s ingular fenômeno, a TFP julgou útil. para dcs-

ante li C$·,·t1lada da a,neaça co1nu11i.tll1 - Apelo aos Bispos Silenciosos" {51 mil exemplares, 4 edições). Essa obra, de autoria do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, ana lisa quarenta anos da crise instalada na Igreja. no Orasil, pelo advento do progressismo e do "c(ltolicismo de esquerda". No mesmo volume, o Autor apresenta um resumo do livro "A Igreja

do Si/ênâo 110 Chile - A TFP t111dint1 proclt1Jna a verdade inteira·~. Em 1977, a TFP já difundia ou tro estudo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira : "Tribalis11,o indígena, ideal comuno-111issio11ário para o fJrasil 110 século X X I", no qual e le denuncia a neomissiologia comunocstrut urn lista, oposta à obra evangeli,.adora dos Padres Nóbrega e Anchieta. Desse livro, 76 mil exemplares já foram vendidos cm todo o Brasi l pelas caravanas de propagand ístas da TFP. Enq uanto isso, novas edições da obra "Acordo com o regime co111u11is1a: para a Igreja. esperança ou au1odemolição?" sa íam a lume, elevando a 166 mil exemplares, cm 9 línguas. o tota l das tiragens. Esse ensaio, escrito pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, recebeu carta altamente elogiosa da Santa Sé. Do mesmo autor, "Catolicis,110" 0 (n . 313) publicou, cm 1977, importante complementação da obra que expõe as concepções religiosas, filosóficas e sociais, bem c-0mo os princípios de ação que inspiram a TFP, suas coirmãs e congêneres de outros países: "Revolução e Con1ra-Revolução, vinle anos depois". Nesta são analisadas as mais recentes íormas de Revolução, ou seja, o estruturalismo, o hippismo, etc. Tudo isso se desenvolveu ao par de outras atividades de caráter cívico {conferências públicas, Missas pelas vítimas do comunismo, etc.) ou fi lantrópico {campanha pelos favelados, Natal dos pobres, etc.), sobre as q uais não nos estendemos, pois este jorna l dela~ se tem ocupado com freqüência nos últimos números.

As obras de TFP são divulgadas em todo o hintorland brasileiro pelas caravanas de seus propagandistas

fazer esse emaran hado de fa lsidades. publicar uma obra com todas as informações objeti vas que um leitor possa desejar sobre s ua história. seus objetivos. seus métodos e sua organização. Publicado o livro. qualquer bra· s ileiro a quem se fa le contra ,, TFP cstarú no dever de o consultar a ntes de formar um juízo sobre o assunto. E estaní no direito de pergunt,ir .10 detrator se, por sua vez. também eh:: leu ·· ,Weio sél·ulo de e11opéit1 mlli· co111unis1a", bem como o que ele opina a respeito. A displicência ou a o missão nesta

matêria redundam cm unilatcr:tlidadc e injustiça. Convidamos. pois, nossos leitores n conhecer mais profundamente a TFP. sua epopéia, suas apreensões e strns imensas esperanças.

Um dever imperioso, um convite cordial Antes de considerar a importân-

cia da leitura de ·· A1eio sét·ulo de resta .. nos d i1.cr uma palavra sobre o capitulo IV: "Os.f,110.t grmules e peg11e110., dt, vida quo1idiana da TFP". E dos mais agradáveis de ler. por sua variedade e riqueza de aspectos. que permitem ao leitor perscrutar facetas desconhecidas e insuspeitadas da associação e

epopéia n111ic'(nuunis1a",

s


JASNA GORA: GLÓRIA E ESPERANÇA DA POLÔNIA ASNA GORA, a Monwnlw Clart1, símbolo da adesão dos polonescs à Fé católica: há seiscentos anos alí se venera o ícone milagroso da Virgem Negra, cuja autoria uma piedosa tradição atribui ao pincel do Evangelista São Lucas. /asna Gora, a Mo11ra11Jw Clara. simbolo da identidade da nação polonesa consigo mesma: rodeados de vil'.inhos pro1es1an1es, cismáticos e pagãos, os polo nescs mantiveram sua integridade e identidade nacional graças à profunda unidade religiosa de seu povo.

J

Uma venerãvel tradição Segu ndo a ntiga e venerável tradição, tendo a Santíssima Virgem sid o gloriosamente arrebatada aos Céus. mu itos cristãos quiseram conservar uma lembrança da Mãe de Deus. Pediram ao Evangelista São Lue,.-s, hábi l pintor, q ue Lhe fixasse os traços, ele que 1an10 privara com Ela. Não dispondo de materia l adequado. mas não querendo deixa r de atender a tão piedoso pedido. o Autor do terceiro Evangelho pi ntou a ligura sagrada da Mãe de Deus no tampo de UR'la mesa de carvalho. feita por São ·José. junto da q ual Ela costumava costurar e medi tar. Quando a cólera divina se abateu sobre a nação deicida e as legiões rornanas tudo destruíram a ferro e

Nossa Senhora de Czestochowa

nesa-lituana. ele onde começaram a vir percgri nos, assim como da Boêmia e da Monívia.

Sacrilego atentado, castigo exemplar e milagre

Na noite da Sexta-Feira Santa de 1430, um bando de hereges hussiias checos. conduzidos por um nobre polonês apóstata e traidor. atacou o Santucírio. matando cinco retantinopla por Santa Hclcnn, quando seu filho, o Imperador Co ns1an- ligiosos. sacjucando a igreja. apodc-sc das relíquias e do íco ne da 1ino. retirou a Igreja das catacumbas. l'ando Virgem. Colocando os pl'cciosos desNo sécuio IX. a imagem encon- pojos cm um ca rro, batem em retitrava-se na capela da for1ale1..a de rada. Chegados ao pé da colina 8el1., na Rússia Branca, levada pro- contam as velhas· crônicas - tis ca .. vavelmente por uma princesa bi1.anvalgaduras recusam-se a sai,· do tina casada com algum príncipe lugar. Furiosos, os hereges ama ldirusso. como era freqüente naquela çoam o quadro; um deles a tira-o ao época. chão con1 tal íorça, que se parciu cm No sécu lo XIV. L.uis, o Húngaro três. Contudo. as faces da Virgem e - Rei da Hungria e da Polônia do menino permaneceram intactas. anexou aos seus do minios a Rússia Isso aumentou a íúria dos hereges: Branca. conlia ndo o castelo de ll<:11. um deles desíeri u dois golpes na ao Principe Lad islau de Opole. No face direita da Sen hora. Quando era no de 1382. as hordas ti,naras var- guia o braço sacrílego para o terreram todas as RUssias e sitiaram a ceiro golpe. caiu íulminado por 11111 cidadela de Bclz. Vendo que a defesa raio. se tornava cada vez mais difícil e ameaçava ceder, Ladislau dirigiu-se à capela para pedir a proteção da Virgem de São Lucas: nesse instanfogQ, a Providência impediu que a sagrada relíquia fosse profanada pelos pagãos. Escondida durante século,s . foi levada fina lmente para Cons-

miraculosa água, colh ida pelos peregrinos e famosa pela c ura das doenças dos olhos de quem nela se lava. · O Rei Ladislau Jagelão mandou conduzir o quadro a Cracóvia. para ser restaurado. Os melhores anisias poloncses aplicaram lodo seu 1alen10. mas cm vão: realizada a rcstaura,;,io. no dia seguinte as tintas que cobriam os cortes. provocados pelos golpes dos hereges, escorrem. Forum chamados artistas italianos. mas o mesmo fenômeno miraculoso ocorre: apesar de seus esforços as cicatrizes se mant~m. e a té hoje e las podem ser observadas. Em 1500 foi in iciada a construção das muralhas para proteger o Sanlu:írio. Em fins do século, o Rei Sigismundo 111, para conferir maior segura nça ao templo e ao anexo mosteiro da Ordem de São Pau lo Eremita. completa a fortificação e constrói quatro bastiões e íosso ao redo r. destinando-lhe uma guarnição paga pela Coroa. A 1\1011umha Cl"r" assumiu então o aspecto de uma forta leza. Ao mesmo tempo, tornou-se um símbolo da nação polonesa. vasão da Polônia efetuada pelos s uecos pro1csl/111tes cm 1655, Jas110 Gora foi o único reduto que não se rendeu. enquanto praças íortcs se en tregavam. Sitiado por 3 a 4 mil soldados aguerridos. apoiados por íortc anilharia, o Sa ntuúrio-fonalcza resistiu heroicamente durante 38 dias. graças e', energia e combatividade do Prior. Frei A11gus1yn Kordccki , o qual contava com apenas setenta re ligiosos não combatentes. cinco nobres liéis li Religião e ao Rei e 160 soldados inexperientes. Q uando j:i não h(1via espcl'anças humanas, a própria Rainha da Polônia. a Virge111 Nc1gro. veio livràr seu San111,írio: aparecendo aos he reges com scmblanlc terrível, obrigou-os a leva ntarem inesperadamente o cerco. A resistência de Jasna Gora íoi o ponto de partida p;1ra a reação polonesa e expu lsão do inimigo de seu território (*). A antiga igreja fora substilUída por um majestoso Snntuário. cm cuja construção traba lhara o próprio Re i Ladislau Jagelão. Em 1690. a imponente 1orrc de madcil'a íoi

te escura". O pa vo,· se apoderou dos t<írtaros. O va loroso Lad isla u sa iu com seus cavaleiros ao campo aberto c derrotou os terríveis mo ngóis.

A Virgem escolhe o seu trono Afastadas as hordas tártaras, decid iu o Príncipe Ladislau 1ranspor1ar o precioso ícone para a cidade de Opolc. Em magnifico carro, puxado por seis cavalos. pôs-se a ca-

Gustavo Antonio Solimeo ( · ) Ver: ..Uma t'JWJ1éit1 mt<ilka: u n·r,·o ,lt, Smutuiric> dr (º: c•studwwu··. "0,10/id,1mu··. n." 260. >gO<IO de 1972.

Socíedade Educacional e Beneficente São J osé, cm carta assinada pela Irmã Rosita Paiva, S. G. das Josefinas, a D r. José Gerardo Ríbciro, sócio da TFP (fortalcia): "Com votos de alegre e sa nta P{,scoa, para Você e toda sua estimada Familia, estou a pedir-lhe a bondade d e levar à Diretoria da TFP o agradecimento das Josefinas pelos donativos concedidos em 31 de janeiro deste a no de 1980, e que lhes permitiram alegrar muitas familias dos arredores da Casa do Noviciado, ali, no K. 7, da BR 116, distrito de Caja;;ciras, Foria lc;;a. Que alegria sentiam as mães e as crianças. quando receberam roupa e comestíveis! Para aquelas de casebres ma is pobres, as noviças prepararam as refeições, durante o mês de fevereiro e març-0... E os brinquedos?! Foi tudo regozijo. Veja, assim, meu caro Dr. José Gerardo, como deu resullado aquele seu telefonema, pcrguma ndo se poderíamos fazer a distribu ição dos donativos natalinos arrecadados pela TFP. Q ueira fazer sentir ao Conselho Nacional o nosso Deo grarias e o de quantos foram beneficiados. Contem com as nossas oraç§es." Sr. Francisco de Fígueiredo (Salvador): Hi, menos de uma hora tive ocasião de o uvir no noticiário das 18 hs. da Riid io Jornal do Brasil FM desta cidade a informação de que a China Vermelha e a Rússia acabam de lirmar um !ralo comercia l apesar da "frieza" de suas relações d iplo máticas até aq ui... O fato ccrlamenle será tido como irrelevante pela maioria dos comentaristas poliiicos que nunca olham de frente o perigo comunista. No en1an10, o Presidente do Conselho Nacional da TFP, Plínio Corrêa de Oliveira. conhecedor da velha e sistemática perfíd ia comunista já di~ia num artigo intitu lado Pl'estes-PCB. tenia secundário: .. Digo a11tes de tudo. que desco11fio da a111e111icidade da difere11dação entre 11111 e 0111ro (o PCIJ e o PC do B). u11110 qutmto do t111tago11is1110 Rússia-Chi1w. O que quer dizer que desconfio muitíssimo... ( 10-10-79, Serviço de Difusão d:1 TFP). A principio discordei da desconfiança do ilustre e combativo pensador católico mas nunca deixei de supor que, numa emergência desfavorável à In ternacio na l Comunista , a China ou qualquer outro pais comunista preferiria e ngolir os seus pequenos ressentimentos cm favor da vitória da doutrina comunista. Mas hoje vou mais longe: toda a tragicomédia Rússia x China pode ser írulo de um pacto uh ra-sccrc10 que seria usado oport unamente como arma psicológica e militar contra o Ocidente enfraq uecid o. Eis a minha opinião q ue gostaria de ver publicada por Catolicismo."

os territórios

da Coroa polonesa. Ao chegar à pequena aldeia de Czcstochowa. as cavalgaduras estancaram. e nada as fazia sair do lugar! O Príncipe viu nesse falo um sina l do Céu e se d irigiu il capela da aldeia, situada no alto de uma colina. à qual os habi,antcs do lugar chamavam J,,s,w O histórico mosteiro de Jasna Gora, onde se encontra o lcone de Nossa Gora, a Montanha Clara. Prostrado Senhora de Czestochowa. transformou-se no santuário nacional polonês em oração, o bravo Príncipe é vencido pelo sono. A Virgem apareceuEspavoridos, os hereges fugiram destruída por um incênd io. Edililhe então cm son ho para a nu nciar abandonando tudo. Os chefes do cou-sc nova torre. também de maseu desejo: a imagem devia ser vene- bando, porém. são alcançados e pas- dcirn. mas ela foi igualmente desrada precisamente ali. no alto de sados à espada. truída pelo fogo. Em 1906. finalJas11t1 Gora. Assim profanado pelos hereges e mente, crgucu ..sc uma majestosa abandonado em meio i, lama. o pre- torre de tijolos. No mesmo ,1no. o Com grande solenidade o venerando q uadro foi imrodmddo na cioso ícone é encontrado pelos mon- Papa São Pio x·elevou a igreja humilde capela. Ladislau mandou ges pau li nos. Ao erguê-lo. uma fonte cuja nave com poria quatro mil fiéis construir no mesmo local uma igre- de água cristalina brotou no lugar - ao nível de basílica. ja mais amp la e mais digna de ião onde estivera. lavando-o compleiapreciosa relíquia, e a seu lado um menlc da sujeira e da lama. Nesse mostei ro, depois confiado aos mon- local. aos pés da J11s,w Cura. uma Para a Polônia sofredora ges da Ordem de São Paulo Pri- cruz de madeira foi plantada. Mais restam sempre esperanças meiro Eremita. que fez vir da Hun- tarde, ali se ergueu a Igreja de Santa Em 1925. por ocasião de uma gria. A not icia logo se espalhou por Bárbara. no interior da qual urna nova restauração do sagrado icone. todos os 1cri·i1órios da Coroa polo- íonle continua até hoje a jorrar a

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nal, moldada há mais de mil anos. pela aceitação do Cristianismo. As c icatrizes do quadro podem não ler sid') feitas pelos hereges hussi1as. Contudo, elas bem representam as c icatrizes da Polô nia sempre sofrida. mas·jama is extinta. Polônia mcírtir~ que a Virgc•,n Negra da Mo11ta11/w Clara poderá socorrer novamente, tanto· mais que hoje se c ncomra subjugada pela pior das tiranias: o. regime comunista. E com este a uxili o sobrenatural. a Polônia Re.stituta volrnrà a brilhar no concerto das nações católicas, de modo que se possa dizer, como o utrora: Polo11ia se111per jitldis!

Com efeito. durnnte a famo::m in ..

te, uma nccha inimiga vem cravar-se na face da Senhora. Então, rc1.am as crônicas. "o dtiro dia tornou-se noi-

minho. alravessando

críticos puseram cm dúvida a autenticidade da veneranda tradição sobre as origens do mesmo, bem co.mo sobre as cicatrizes que apresenta. Segu ndo eles, o quadro seria uma pintura de · autor italiano do século XIV. feita sobre três t;1buas de tília emendadas. : Não é aqui o caso de discutir o mérito da qucs1ão. Aos carólicos • • pqloncses, pouco lhes 1nll'l'essaram as objeções desses críticos: quaisquer que sejam as origens do milagroso quadro. bem como das cicatrizes sobre a face da Senhora , uma cois~Lé certa: des sempre viram nele retratada a própria alma da nação polonesa. Assim como a imagem foi partida cm três, sem <1ue se dc-sfigurasse a V irgem ou o Meni no. assim 1ambé'm a Polônia foi partida e repartida através da História, sem que se desfigurasse sua fisionomia nacio-

IJAfOLECX§MO Mcn~rio (Om aprova\io t<lcslástica CAMPOS - ESTADO 00 RIO Oircror: Paulo Corr'ra de Brico r:ilho

Dlrttori111: Av. 7 de Setembro 247, caixa postal 333. 28100 Campos, RJ. Admini$traçio: R. Dr. Maninico Prado 271, 01224 São Paulo. SP. Composto e impresso ntt Al'lpress - Papéis e: Artes Ciráíica.s Lld11., R. (j;arib,lldi, 404 - 01135 São Paulo. SP. "C11olidsmo.. é uma publicação nlcnsal da Editorn Pc. Belchior de Pontes S/ C. Assinatura 1nu1I: comum CrS S00,00: coopetador CrS 800.00: benfeitorCrS I.S00.00: gr..mdc benfeitor CrS 2.S00,00: seminaristas e estudantes Cr$ 400.00. Exltrior: comum USS 20,00: bcnfcí1or USS 40,00. Númtro avulso: CrS 25,00. Os pagamentos, sempre cm nome de Editora Padre Btkhiot dt Pontes S/C. poderão ser cncaminhàdos à Administração. Para mudança de endereço de a$$inántts, é necessário mencionar também o endereço antigo. A correspondência relativa a assinaturas e venda avulsa dc,·c ser enviada à Administraçio: R. Dr. Marfinko Prado, 271 01224 - Sio Paulo, SP

CATOLICISMO -

Junho de 1980


Vista panorâmica de Avila

PERSONALIDADE PUJANTE, QUADRO MATERIAL MARAVILHOSO STA PINTURA de Santa Teresa, a Grande, executada por um artista anônimo do século XVII, exprime de modo esplêndido a alma da reformadora do Carmelo. O rosto mostra-se impassível, enquanto o olhar reflete uma vida própria, por assim dizer, autôno1na do rosto. De forma que, enquanto a face apresenta-se átona, enxuta, o olhar revela uma vida extraordinária. Este contempla ao longe a lg uma coisa admirável. Ver ao longe, o que hã ele mais distante, como a águia, caracteriza este par de olhos. Ele só se contenta quando se fixa no mais longínquo do horizonte e se sente unido a ele. Assim está Santa Teresa d'Ávila , fitando um ponto esplendoroso, magnífico. Dir-se-ia que ela está olhando urn sol que não ofusca. Se pudéssemos fitar o sol sem nos cegar, vería1nos como ele desprende cha1nas que lhe conferem continuamente novos aspectos. Assi1n é o que Santa Teresa está considerando - com admiração, co1n veneração, con1 uma fonna de amor que não é propriamente o carinho, mas a co,npleta entrega de si e o não querer senão aquilo que contempla. Alé1n do olhar cheio de vida e do rosto im passlvel, nota-se um terceiro elemento, representado por uma espécie de regra de três observada na postura da cabeça sobre o pescoço e deste sobre o tronco. As pessoas muito coerentes costumam ter a cabeça posta sobre o pescoço segundo u1na harmonia que coincide com o modo de o pescoço se encaixar no corpo. É dificil descrever ... Dir-se-ia que a cabeça está para o pescoço como este em relação ao

E

corpo. Em Santa Teresa, essa postura indica élan e coragem. O 'descuido de qualquer educação sobre a postura, somado aos estados de alma do homem contemporâneo, conferem a muitas pessoas características lamentáveis, em virtude cio modo como conduzen1 a cabeça sobre o corpo. Em Santa Teresa de Jesus, neste quadro, a cabeça, o pescoço e o corpo tomam uma atitude de altivez e de altaneria, que parece indicar que tamanha dignidade provém dAquele a quem ela olha - Nosso Senhor. O olhar e o rosto da grande carmelita parecem dizer: "Só temo Aquele a quem admiro. Agindo a favor dEle, não receio absolutamente ninguém, nem qualquer coisa que possa me acontecer. Desafio qualquer u1n sem me atemorizar, porque Aquele a que1n admiro é tudo e vence tµdo". Reflexão, decisão, perseverança ai estão expressos de modo impressionante. Compreende-se então o comentário de um filósofo protestante - Godofredo Leibniz - em carta a um amigo. Escreveu ele, por ocasião do falecimento da religiosa, que constava ter morrido um grande home1n: a freira espanhola Teresa de Jesus ... Um católico tem todas as razões para rejeitar Leibniz. Mas seu comentário, sem dúvida, exprime esta realidade: Santa Teresa, sem participar em nada do que, hoje em dia, denomina-se espírito feminista, tinha alma varonil. É a figura feminina que conhecemos mais próxima da grandeza carolíngia. No domínio feminino, ela é como um Carlos Magno. O que redunda, pór sua vez,

Neste mosteiro viveu Santa Teresa, a Grande

Senta Teresa. pintura anônima do século XVII

num elogio deste incomparável soberano do século IX, a justo titulo considerado protótipo do Imperador católico.

A extraordinária reformadora do Carmelo passou para a História como Santa Teresa d'Ávila. Esta cidade espanhola ficou indissoluvelmente vinculada à personalidade pujante que acabamos de descrever. É natural que exista entre o ser humano e o quadro material no qual ele se forma certa conexão. O ambiente material é um fator para a confecção do personagem. Essa consonância é especialmente digna de nota no caso de Ávila. A nosso ver a visão geral da cidade

CATOLICISMO -

Junho de 1980

que divisamos na parte superior da página - com suas portentosas muralhas, suas igrejas, suas casas senhoris - foi o ambiente mais apropriado para plasmar uma personalida:de tão vigorosa como a da imortal carmelita. Tem-se a impressão de que, especialmente as muralhas de pedra, com suas pesadas torres, simbolizam a fortale.z a de caráter teresiana, que suportou com pertinácia os cercos terríveis movidos tanto por demônios quanto por homens contra a obra reformadora do Carmelo. A arquitetura de Ávila - reflexo da civilização cristã e do espírito hispânico - constitui assim condigna moldura material para a mistica que atingiu altíssimo grau de santidade: Teresa de Jesus.

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.AfOJLMCISMO

CONGRESSO EUROPEU CONTRA O ABORTO ria na Itália. No que diz respeito ao Nelson Ribeiro Fragelli aborto, alérn da publicação de valiosos artigos cm sua revista ..Cristiani· nosso correspondente tà", divulgados através de campanhas cm portas de igrejas. "A 1/eanza ROMA - "O aborto na Itália é C(lltolica'' requereu junto á Corte de utilizado como instrumento nor,nal Cassação a realização de um refede contro le do natalidade", dccl,trou rendum nacional a fim de ab-rogar a recentemente o Prof. A. Golin i. da lei n.• 194, aprovada pelo governo Universidade de Roma e D iretor do democrata-cristão de G iuli o An1nstituto de Pesquisas da Popu- dreotti , introduzindo o abol'lo na lação, da Comissã<5 Nacional de l1{1lia, cm maio de 1978. Pesquisas (CNR). Sua afirmação foi feita ao "Osservotore Romano", du- Exilo rante o Seminário ''l11cidênda, re11· dências e CfJrtu·1erístic(IS do aborto Durante os três dias do Convolunuírio: experiências internaâo· gresso. seus 500 participantes o uvi,wi.t ê t1 s ituaçãv italimw". ram conferências de expoentes munSegu ndo o referido professor. o diais na luta anti-abortista. Médinúmero de abortos na li.Ilia, cm cos. professores. j uristas e Sacerdo1979, foi superior a 190 mil. Com tes se sucederam na tribuna. O essa cifra espantosa torna-se a pri- médico polonês, Dr. Stcfan \Vilk ameira nação européia cm número de nowicl'. presidiu uma das sessões e abortos, superando os pa íses mais apresentou interessante relatório soabortistas tais como os escandi navos bre a tcm ittica cm questão. e os da Europa Oriental. Jovens militantes da "AIIN111u1 Essa realid,,dc torna-se particu- Ct11tolica". vindos de todas as rela rmente cstarrcccdora, tendo-se c m giões do país, asseguraram a perfeita vista ser a It~ília um país maciça- ordem dos traba lhos. Eram eles n\entc católico e q ue abriga a Sede também que. nos inttrvalos~ animado Papado. Para fazer frente a essa vam as conversas. investida criminosa contra a instiNo dia 27. sob o intenso sol tuição da família, leigos se orga ni- primaveril, na Praça de São Pedro. zaram. Assim. nos dias 25, 26 e 27 durante uma a udiência geral de.João de abril, reuniu-se cm Roma, na Paulo li a 30 mil pessoas, este. Aula Magna do "A11gus1i11ia11uJJ1'1, voltando-se para os congressistas ali próximo à Basílica de São Pedro. o dispostos em lugar de destaque. "Congresso Europeu pela Vida", or- acentuo u "que a vida /1111,wna ,! ganizado pelos movimentos "Euro- sagrada. i.\·tc> é. estâ adnw de todo P" Pro Viut'' e "Allet111za per la poder arbitrtírio que quise!ist! a1e111m· Vita". Este último é fi liado ,, contra ela. injurid-la o u ,nes,110 su· "Alleanza Ca11ulica" - associação prirni-/a", que há v{orios anos desenvolve puA imprensa nacional deu ampla jante a tividade contra-revolucioná- e prestigiosa cobert ura ao a ndamcn-

to dos trabalhos, cujo êxito se deve, cm larga medida, à c.a paeidadc de organização e ao dina mis mo dos membros de "A llea11za Ca110/ica". Convidada a participar, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição. Família e Propriedade TFP - enviou . através do secrct,írio da s ua Comissão Médica. Dr. Muri llo Maranhão Ga ll icz. ampla cxposiç.ã o sobre as invtstidus abortistas no Brasil. nos úhirnos anos. bem como a atuação desenvolvida

pela TFP para contê-la. Entretanto. a presença chi TFP tarnbém foi assinalada. desde o primeiro dia, quan .. do o orador representante de "Allem,za C1111vli<'a··. Dr. Massimo l ntrovigne. analisando as relações existentes entre o aborto e u revolução sexua l. destacou ser "esta últinw

considerada com o o aspecto de maior evidênci(I, que se 111a11ifes1a na fase ,nais (lvançada do processo revolucionário, que o Prof. Plinio Corrêa de 0/iveir(I classijic(I co1110 "a Quarta Revolução" em seu livro "Revolução e Cont ra-Revolução".

Aborto e Revolução No encerramento dos tn,balhos, o Sr. Giovanni Cantoni, dirigente nacional da "A ll11r111z" Ctutolfra" inseriu o aborto dentro do desenvolvimento do processo revolucion{irio que visa destruir a Cristandade. O confc,·cncista declarou basear suas idéias nas categorias de pensamento apresentadas pelo Prof. Pli11io Corrêa de Oliveira na mencionada obra "Revoluçtio e Conlra-Revoluçtiu··. "A Revoluç,io n,oder,w - afirmou o Sr. C:1ntoni

p1·ocl111,u111 "111orfl•

6 00 delegados de vários palses participaram

do Congresso Europeu pela Vida, realizado em Roma do Estado e a 11wrte do direito. 1\1as a ,norte d o Es1ado é ape11as s<' u de.,·ligan,e1110 ele Ioda 11on11a vu lei

prlJ111etcju "'" Fâ1il11a: .. Por lim o HlCU Imaculado Coração triunfar{i". O pres idente de "Alleanza Per /11 Viu,". Prof. Agostino Sanfratello. concluiu o Co ngresso afirmando que a conquista ela verdade scríi a lca nçada se o mundo católico souber superar sua atonia e evitar ci la· elas dos adversários. "Co1!fi11111os " ê.,·ito de nosso con,bate - concluiu o Prof. Sanfratc llo - l! h boa (·ausa fl'/Hesenuu/a pdtt defe.\·a do .w,nxue i11oc,,111e de 1m11us tf,, seus .filhos à

supl1 tiur. J ~: pois. t,.,·1a1is111u to({,/ittil'io. A 111oru· do t!in•ito é a n1one do direito 11aturttl e o tl'iu,!fo geral tio din•ito positivo,, dt, O/Hl's.wio adnlinistra1ivt1, Assiln. e11q11anto nasce

,·onsidera licito tudo o (flll' ,,.,·11í de acordQ co111 ti apresl'nta('iio ex1erivr do direi10 e as fonnas /H<><'l!Ssuais. o pri,ueiro entr<' us dire itos naturab,·. o direito ci vidt,, é 11,•g,ulo pelo aborto. A legalização dl!st,? inaugura um perfl!itv 1011tli1aris,no [ ... ] o N'gilne de Judo.,· os horrort•s. do qual .W! poderti .fl,gir 111n legali.wna qul'

lknt-t1ve11tw·ada Virg,,111 M(Jria. pt•.. dindu-1.hc) q11e n os ob{(1 11lw a for,aleu, necessâri{I JJ(trt, c·o11d11zir ple1w 1ne111e o ho,n l"u111/uue. Por isso. os trab11/hos do c·ongre,\·so se~e11cerrc1111

c-0111 111110 11çtio ar1ic11l<,da e meditada e <·o,n o re,·urso i, ora('tio. ,I inter cessão da Virf{('rll 1\lfaria que

ape,w.,;

agora coo, a redu1ç(io da Sttlve

N<•gi11a".

MULHERES RUSSAS SÃO 'BURROS DE CARGA' MONTREAL - As mu lheres russas são tratadas como burros de ca rga, obrigadas a sujeitar-se a degradantes filas para obter alimentos diariamente, enquanto os homens vão embebedar-se nos botequins. "Nossos hom1•ns preferen, co,neçar u1u11 11ovt1 guerra (/() q11e fazer alg uma t·oi.w pela sorte das llllllllert1s". Estas são apenas duas das amargas queixas das mulheres russas,

divulgadas recentemente num " 'samizdat'' (boletim clandestino) que acaba de ser divulgado no Ocidente.

ainda a desumamt situação nos jardins de infância e nos hospitais. As babi,s do Estado comu nista roubam a alimcnwção das crianças.

As mulheres russas imploram melhores condições de vida, num pais onde sofrem as conseqüências da "lei da igualdade" entre os sexos. Protestando con tra a hipocrisia do Estado soviético a esse respeito, o "samizdat" denuncia

e as condições de tra to. alojamento e higiene nos hospitais atingem um grau in imaginável. "Os gemidos e gritos lancinantes .. . co11sri111e111 um 1rc1111na ptll'a q11t'n1 1e111 alnw··~ diz o documento. Num pequeno volume intitula-

do "Al11u111tu11u~" divulgado anteriormente ao bo letim clandesti no . as mulheres soviéticas descrevem o homem típico de seu pais como " 11111 hc)hN·r1io <111e deixa q,wst• todo o trahalho da fam ília f){l/'/1 a., ,uullu•re.,· ... 11111 preguiçoso que J{flsta nvs hun.,quins g rand('S ptlf<'(' las ,!(, .w,,., jtí insuficienu) .wddriv ... E

O ··11/111111,aq,w" e o "samizdat" sobre as condições de vida das mulheres russas circu l;un clandestinamente cm cópias manuscritas. Suas autoras prometem pa ra breve novas denúncias. mas a KGB já as

tem na a lça de mira e provavelmente não ha verá um "Alnwna-

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qu,," número dois. (Agência Boa Imprensa - ABIM)

queixam-se de não se ver nunca homens nas filas para comprar a li-

C. E. Schaffer

mentos.

Em Moscou, quase só mulheres enfrentam filas para comprar qualquer produto. Ne sta foto recente elas se comprimem diante de uma loja onde acaba de chegar vestidos do Ocidente .

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NOITE SANDINISTA DE 28 DE FEVEREIRO DE 1980 Programa

Homenagen1 aos guerrilheiros sandinistas da Nicarágua. 2. Outorga de um uniforme de guerrilheiro sandinista a D. Pedro Casaldáliga, Bispo-Prelado de São Félix do Araguaia (Ml'). 3 . O Prelado veste o . uniforme de guerrilheiro e promete , engaJar-se ate o sangue. 4. Discursos dos guerrilheiros sandinistas "cristãos". 1•

Patrocinadores

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Associação Ecumênica de Teólogos do Terceiro Mundo. Instituto de Estudos Especiais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Anfitrião

S. E. Cardeal D. Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da Pontifícia ·universidade Católica de São Paulo Local

Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA).

. Mensário com aprovaçi o ecles" stka CAMPOS - ESTADO DO RIO Diretor: Paulo Corr~a de Brito Filho Diretoria: Av. 7 de Setembro 247, caixa postal 333, 28100 Campos, RJ. Admlnlstraçio: R. Dr. Martinico Prado 271, 01224 São Paulo, SP. Comrosto e impresso na Artpress - Papéis e Arles Gráficas Ltda., R. Garibaldi 404 - O 135 São Paulo, SP. ' "Catolicismo" é uma publicação mensal da Editora Pe. Belchior de Pontes S/ C. Assinatura anual: comum CrS 500,00; cooperador CrS 800,00; benfeitor CrS 1.500 00· grande benfeitor CrS 2.500,00; seminaristas e estudantes CrS 400,00. E"terlor: com u~ USS 20,00; benfeitor USS 40,00. · Os pagamentos, sempre cm nome de Editora Padre Belchior de Pontes S/C, poderão ser encaminhados à Administração, Para mudança de endereço de assinantes, é necessário mencionar também o endereço antigo. A correspondência relativa a assinaturas e venda avulsa deve ser enviada à Admlnl1traçi o: R. Dr. Mar11nlco Prado, 271 01224 - Si o Paulo, SP 0

Preço deste número avulso: CrS 100,00

EM SEU NUMERO 351 í rr,arço de 1980), Catolicismo, num esforço de reportagem, apresentou a seus leitores, com objetiva imparcialidade, o texto integral dos principais discursos pronunciados durante a "Noite Sand inista", realizada no dia 28 de fevere iro último no auditório da PUC em São Paulo. Ta is discursos não foram publ icados por qualquer órgão da imprensa brasileira, sintomática exceção feita, entretanto, dos semanár ios "Movimento" e "O São Paulo". Estes, profundamente simpáticos a quanto naquela sessão fo·i dito e feito, reproduziram resumos de alguns discursos. O referido número de Catolicismo fo i acolhido com avidez não só em nosso País, mas também no Exterior, tendo a Admin istração recebido numerosos ped idos de remessa dessa edição, proven ient es inclusive de Ro ma. . Ce rto de corresponder ao grande interesse de seus leitores, Catolicismo dedica este número duplo (n.os 356-357, julho-agosto de 1980), apresentado em fo rmato especial, a uma nova edição dos textos estampados no mês de rnarço, como também de outros, correspondentes a exposições feitas durante a mesma " Noite Sandi nista" . A presente ed ição vem enriquecida por introdução e comentá ri os do insígne colaborador de Catolicismo, Prof. Plinio Corrêa de Ol iveira, Presi dente do Conselho Nac ional da TFP. Marca-os a acu idade, a coerência e a clareza tão características do grande pensador bras il eiro.

CAPA: Da torre da igreja, guerrilheiro controla o centro de Leon, Nicarágua. O templo de Deus tran:sformado em cidadela revolucionária. . . ( Foto AP)


Análise e comentários pelo

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira Presidente do Conselho Nacional da TFP

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De punho cerrado (saudação comunista), Daniel Ortega, membro da Junta de governo da Nicarâgua, exalta ''a revolução cubana heróica e magnífica, com Fidel Castro à frente" , sob os aplausos de Frei Uriel Molina (primeiro à esquerda), Frei Betto e Pe. Miguel D'Escoto (à direita).

Na ''Noite Sandinista'' '

dirigido por sandinistas ''cristãos'' à esquerda católica no Brasil e na América Espanhola CATOLICISMO

Julho/ Agosto de 1980

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O ''CASO'' DA NICARÁGUA: -

''IGREJA '' - DOUTRINA; GUERRILHA - VITORIA Como a ''Igreja-Nova'' inocula seus erros de doutrina em uma guerrilha política encalhada... e concede a esta popularidade, prestígio, vitória. IV Çongresso Internacional Ecumênico de Teologia, promovido pela Associação Ecumênica de Teólogos do Terceiro Mundo - organização integrada por protestantes e católicos - se realizou no Instituto Paulo VI (Centro de Treinamento de Líderes da Arquidiocese de São Paulo), no município de Taboão da Serra. O tema geral do Congresso era "Eclesiologia das comunidades eclesiais de base". O Instituto Paulo VI, que ocupa "Tabodo da Serra": Congresso de um terreno de setecentos mil metros Teologia cercado quadrados, esteve, durante o Congresde aparato policiaso, sob a estrita vigilância de guardas lesco . .. armados. Estes eram funcionários de uma en1presa privada especializada ! em serviços tais. l O Congresso - cuja programação ' interna foi cercada de grande sigilo contou com a participação de mais de 160 Bispos, Padres, freiras, leigos de an1bos os sexos (sociólogos, econon1istas, agentes de pastoral, membros das Comunidades de Base) e pastores protestantes de 42 países. Segundo o noticiário da imprensa, estiveram presentes, entre outros, os seguintes eclesiásticos: O

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- do Brasil, D. José Maria Pires, Arcebispo de João Pessoa; D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia; Pe. Edenio do Valle, Vice-Reitor da Pontifícia U niversidade Católica de São Paulo; Frei Gilberto Gorgulho, O.P., Coordenador de Pastoral em São Paulo; Frei Leonardo Boff, O.F.M., teólogo, redator da "Revista Eclesiástica Brasileira"; Frei Carlos Mesters, O. Carm., exegeta; Pe. José Oscar Beozzo, diretor do Instituto Teológico de Lins; Pe. Paulo Suess, secretário-geral do CJMI Conselho lndigenista Missionário; P-e. João Batista Libânio, S.J ., Assessor da CNBB; Frei Carlos Alberto Libânio Christo, 0.P. (Frei Betto), secretário-executivo do Congresso; Hugo Assmann, teólogo; - do Chile, Pe. Pablo Richa.i·d , teólogo; Pe. ·Ronaldo Muíi.oz, teólogo; Pe. Sergio Torres, teólogo; - de El Salvador, Jon Sobrino, teólogo; - da Ja1naica, Pe. Alfredo Ride; - do México, D. Samuel Ruiz, Bispo de Charpas; Frei Miguel Concha, O.P.; - da Nicarágua, Pe. Miguel D' Escoto, Ministro das Relações ExterioCATOLICISMO

... coni a presença de Bispos e pa, dres . ..

Julho/ Agosto de 1980


rcs desse País, e Frei Uriel Molin a,

... sendo Presidente de honra 11111 Ca rdeal e presidente efetivo 1(111 pastor protestante .

U,n Congresso de

Teologia da Libertação.

/1 se111,111a do TUCA' ()l'OIOrtR(/-

111e11to

de "1·aboão".

O.F.M.; - do Peru, Pe. Gustavo Gutiérrez, teólogo; - de Sri Lanka (Ceilão), Pe. Tissa Balasuriya. A presidência-executiva co ube ao pastor metodista Paulo Ayres de Mattos, sendo presidente-honorário o próprio Cardeal-Arcebispo de São Paulo; participou igualmente o pastor n1etodista argentino J. Míguez-Bonino, presidente do Conselho Mundial das Igrejas, organismo ecumênico protestante, além de outros teólogos e teólogas protestantes. A simples non1inata dos participantes (a par dos temas que, segundo a i1nprensa, foram tratados) é suficiente para caracterizá-lo con10 um Congresso de Teologia da Libertação. Enquanto presun1iveln1ente se procedia e1n Taboão da Serra a secretas elaborações doutrinárias e articulações táticas, realizava-se no teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - TUCA (Rua Monte Alegre, 1024), urna Semana de Teologia subordinada ao título A Igreja na América Latina, pron1ovida pelo Departamento de Teologia do Jnstituto de Estudos Especiais da mesma Universidade. A Sernana de Teologia se estendeu de 21 de fevereiro a 1.0 de . 1narço, con1 sessões públicas e diárias. Conforme declaração elo Cardeal Arns, no discurso de abertura, a Se-

,nana de ·rcologia rcsulLou de dl11 pedido da Associação Ecu 1i-1ênica de Teólogos, que cles~java "en trar ~111 contato" con, os n1en1bros das Co111uniclades Eclesiais de l3ase e 1novin1entos populares <la periferia de São Paulo. As sessões noturnas do l ' UCA constituían1 uni desdobran1ento do Congresso, e111 que os ten1as tratados em Taboão da Serra eram en1 algun1a n1edida trans111itidos aos mili tantes das Con1unidades de Base, os quais represcntavan1 a 111aioria dos assistentes. Sendo fac ultado a qualquer dos presentes gravar as pa lavras dos confe rencistas, a TFP possui fitas n1agnéticas e111 que estão registradas todas as conferências, e pode pô-las à disposição de que1n se interesse seria111ente pelo assunto. Revestiu-se de particular aparato a sessão do dia 28 de fevereiro, en1 que foran1 recepcionadas e homenageadas importantes figuras da Revolução Sandinista, vitoriosa na Nicarágua. Várias delas fizeran1 uso da palavra durante a sessão. O pon to alto da noite consistiu na entrega a D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia {região sen1i -selvática no

Bispo de Süo Felix veste jaqueta de g11errilheiro.

Estiveram presentes ao Congresso·, que se intitulou ecumênico, "teólogos" de vári as confissões religiosas. No centro, Pablo Richard, antigo membro do grupo " Cristãos para o Socialismo", do Chile.

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Estado de Mato Grosso, i1H.:luinllli ,1 ilha do Banana l, en1. Goiás), de un1 uniforn1e de guerrilheiro sandi nista, cu_ia Jaqueta o Prelado vestiu no n1esmo instante ( 1). Reprod uz-se, a seguir, o texto integral dos discursos então pronunciados pelos representantes sandi nistas, ben1 como as palavras proferidas pelo coordenador da sessão, Frei Betto, e pelo hornenageado, Bispo D. Pedro Casaldáliga. Os tópicos ruais interessantes des, . . . ses varros pronunc1an1entos sao aqui objeto de cornentários, precedidos sempre cio sinal gráfico •. Todos os títulos e subtítulos, bem como destaques introduzidos no texto, são do con1entador. r

So11di11i.1·1110 e c:o1111111is1110.

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Do estudo desses discursos se depreende que: 1.0 ) A Revolução Sandinista contém um substrato de programa sócioeconômico ainda não inteiran,ente definido, mas do qual já são dados a público, oficialmente, vários linea1nentos gerais bem como pontos programáticos. ·r anto uns quanto outros corresponden1 ao que os partidos comunistas ela Ibero-América pedem aos seus mais íntimos e chegados "companheiros de viagem". O caráter radicalmente igualitá rio da ideologia sand inista não deixa dúvidas de que o sand inismo, ou se identifica com o comunismo, ou se situ a nos subúrbios ideológicos deste. 2.0 ) O sandinisn10 se ten1 em conta de mera expressão nicaragüense de uma revolução sócio-econômica .una, a qual seus seguidores afirmam que está lavrando em todo o mundo ibero. americano. 3.º) Por sua vez, essa revolução latino-americana seria manifestação do descontentan1ento geral dos grupos sociais 1n arginalizados, bem como, em escala internacional, também dos povos subdesenvolvidos. 4.0 ) N a política interna da Nicar{1gua, o sandi nisn10 é un1a frente

( l) A imprensa quotidiana deu pouco realce a essa sessão, bem como às demais da \t;emana de Teologia, que se realizava, entretanto, aberta ao público, no tea lro da PUC. E, pelo contrário, dedicou fartos noticiários ao Congresso de Taboão da Serra, com entrevistas bombásticas concedidas pelos participantes deste. Paradoxalmente, o Congresso se desenvolvia, como foi dito, de forma sigilosa, sob forte esquema de segurança, sendo estri1amente vedado o comparecin1ento de pessoas não inscritas. A "Noite Sandinista" foi posteriorrnente explorada pela chamada "imprensa alternativa" - semanários contestatórios de extrema-esquerda (cfr. ''Movimento", 3 a 9 ele março de 1980). O semanário da Arqu idiocese trouxe ampla reportagem sobre a matéria, com a significativa chamada de La página "Nicarágua é apenas um começo" ("O São Paulo", 7 /13-3-80).

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Arcebispo de Manãgua, D. Miguel Orbando, fala aos refén s aprisionados pelos sandinistas no Palácio, Nacional, na capital da Nicarágua.

" O São Paulo" - órgão oficioso· da Arquidiocese paulopolitana, dirigido por O. Angélico Sândalo Bernardino - exultante com as palavras do Cardeal Arns: "A coisa apenas começou . . . " .

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Quem é D. Pedro Casaldáliga D. Pedro Casaldáliga, Bispo-Prelado de São Félix do Araguaia (MT-GO).

D. Pedro Maria Casaldáliga Pla, C.M.F., nasceu na Catalunha (Espanha) em ] 928. Ordenou-se Sacerdote em 1952, e em 1968 chegou ao Brasil como missionário claretiano. Em 1970 foi nomeado Administrador Apostólico de São Félix do Araguaia, · e no ano seguinte elevado a Bispo da mesma Prelazia, situada ao nordeste do Estado de Mato Grosso, na área chamada Amazônia Legal. É autor de várias poesias, que reuniu primeira111ente no volume Cl.amor elemental (Ediciones Síguen1e, Salamanca, 1971, ] 03 pp.), depois em Tierra nuestra, libertacl (Editorial Guadalupe, Buenos Aires, 1974, 151 p_p.), e mais recentemente em Antologia retirante (Civilização Brasileira, Rio de J aneiro, ·t 978, 240· pp.). Sua autobiografia, Yo creo en la justicia y en la esperanza! (Desclée de Brouwer, Bilbao, 1976, 202 pp.) também foi publicada na Itália (Quaderni Asal, Roma, n.0 27, 1976, 220 pp.) e no Brasil (Civilização Brasileira, R io de J aneiro, 1978, 249 pp.). Ao ser sagrado Bispo, D. Ca~aldáliga escreveu a Carta Pastoral intitulada Uma Igreja da Amazônia

em conflito com o latifúndio e a 1narginalização social (10 de outubro de 1971) en1 que manifesta o seu repúdio ao "latifúndio capitalista, como pré-estn1tura

social radicalmente injusta". D. Casaldáliga começou a aparecer nas manchetes dos jornais justamente a propósito da agitação agrária promovida na localidade de Santa Teresinha, Prelazia de São Félix, pelo missionário francês Pe. Francisco Jentel, que o Governo brasileiro acabou por expulsar do País, como subversivo, em dezembro de 1975. Durante todo o tempo, D. Casaldáliga det1 mão forte ao Sacerdote. Em razão disso, e de outras atividades do Prelado, originou-se uma tensão entre ele e o Governo federal. Correram então insistentes run1ores de que ele também seria expulso do P aís. Na ocasião, levantaram a voz, em favor do Prelado, nun1erosas figuras da Hierarquia eclesiástica brasileira, algumas da maior projeção. A posição ostensivamente pró-comunista de D. Casaldáliga foi denunciada no livro A Igreja ante a

escalada da ameaça comunista - Apelo aos Bispos Silenciosos (Plínio Correa de Oliveira, ,Editora Vera Cruz, São Paulo, 1976, pp. 13 a 30), no qual são transcritas várias poesias e outros textos do Prelado. CATOLICISMO

Julho/ Agosto de 1980

A "esquerda católica" brasileira se manteve impassível ante essa denúncia, como se ela não existisse, embora tivessem sido vendidos 51 mil exemplares do livro. A meia dúzia de protestos episcopais indignados, se bem que vazios de argumentos, que contra ele se lançaram - aos quais replicou o autor com a serenidade preceituada pelo respeito - não fazem sequer alusão às desconcertantes poesias do Bispo de São Félix. Pouco depois da XV Assembléia Geral da CNBB, en1 fevereiro de 1977, D. Geraldo Sigaud, Arcebispo de Diamantina, acusou D. Pedro Casaldáliga de favorecimento do comunismo. Foi ele respaldado, nessa declaração, por D. José Pedro Costa, então Arcebispo-Coadjutor e Administrador Apostólico de Uberaba. Os dois Arcebispos fizeram, pois, por seu· turno, acusação análoga à de A Igreja ante a escalada da ameaça comunista. E ainda estenderam a imputação a D. Tomás Balduíno, Bispo de Goiás Velho. Levantou-se na ocasião uma grande celeuma. A Santa Sé designou então um Visitador Apostólico • D. José Freire Falcão, Arcebispo de Teresina para estudar as acu.sações dos dois Prelado~ de Minas Gerais. Mas o assunto pouco depois morreu, sem que nada se soubesse do conteúdo do relatório que, segundo se deve admitir, o Arcebispo de Teresina deveria mandar à Santa Sé. Não obstante, o episódio deu ensejo a que 33 Arcebispos e Bispos se pronunciassem a favor de D. Pedro Casaldáliga e D. Tomás Balduíno, discordando explícita ou implicitamente das declarações de D. Geraldo Sigaud e D . . José Pedro Costa (cfr. Meio século de epopéia anticomunista, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1980, pp. 275 a 285). D. Casaldáliga foi tan1bém apontado, em novembro de 1977, como representante pertinaz da corrente .neomissionária que advoga a estranha concepção do índio como modelo para o civilizado, ao mesmo tempo que prega uma espécie de luta de raças análoga e paralela à luta de classes - entre silvícolas e brancos. A denúncia consta do livro Tribalisrno

indígena, ideal com11no-missionário para o Brasil no século XXI (Plinio Corrêa de Oliveira, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1977, 138 pp.). Não obstante ter sido esse estudo largamente difundido em todo o P aís 86 mil exemplores vendidos - não sofreu qualquer contestação por parte da "esquerda católica". De lá para cá, D. Pedro Casaldáliga continua atuando desenvoltamente, sendo notório fomentador das Comunidades Eclesiais de Base e da Teologia da Libertação em nossa P átria.

5


... entre as quais as Co1n1111idades <Í<!

Base.

Discutível a11te11ti· cidade católica.

Ílnica de várias forças. Entre essas, ocupam posição de destaque os "cristãos revolucionários". 5. 0 ) Estes últimos se agrupa1n , por sua vez, em uma só frente constituída por Comunidacles Eclesiais ele Base e movimentos análogos. Conta1n eles con1 o apoio de vários e ativos Sacerdotes ainda jovens. 6. º) O n1ínimo que se pode dizer desses grupos - segundo os fazem ver os oradores sandinistas - é que sua pertencença à Tgre_ja Católica é absol·utamente discutível: a) eles pro1noveram u1na revolução interna na Igreja na Nicarágua, possantemente coadjuvada segundo eles - pelo afasta1nento das autoridades eclesiásticas conservadoras, e sua substituição por cooperadores ou "inocentes-úteis" da Revolução Sandinista· b) desses cooperadores, vários Sacerdotes atuara1n co1no vereiadeiros pregadores e capelães da Revolução Sandinista. 7. º) Essa revolução eclesiástica é de índole teológica. E identifica-se com a Teologia da Libertação, que tem por mestre o Sacerdote peruano Gustavo Gutiérrez, participante do TV Congresso Internacional de Teologia, e um dos oradores da sessão de abertura da Semana de Teologia, presente, aliás, à "Noite Sandinista" . Ela é tão radicaln1ente igualitária no terreno eclesiástico quanto a Revolução Sandinista o é no terreno civil. A reversibilidade entre esses dois movimentos é tal que o sandinista se tem por cristão porque é sandinista. E o cristão, adepto da Teologia da Libertação, se tem em conta de sa11dinista por que cristão. 8. º) O igualitarismo eclesiástico da Teologia da Libertação chega a ponto de não admitir mais um a Igreja Hierúrquica, dividida em duas classes nitidamente distintas, das quais cabe a uma ensinar, governar e santificar, e à outra ser ensinada, governada e santificada (cfr. São Pio X, Encíclica Vehementer de J 1 de feve reiro de 1906, Actes de Pie X, Bonne Presse, Paris, vol. IT, pp. 133-134). Pelo contrário, Deus falaria à sua Igreja por meio de impulsos que o povo 1nanifesta. Co1npetiria à Hierarq uia deixar-se orientar por essa forn1a de profetisn10 popular. 9.0 ) Em suma, o ouvinte se vê posto assim em presença de uma IgrejaNova, com uma estrutura nova, con1

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/~11alitari.H110 eclesiâstico e "proferis,110" popular.

"!~reja-Nova'' subversiva.

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/~ evolução Sa11di11ista e Teologia da libertaçiío.

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O jornal " Barricada" da FSLN comemora a vitória. "Confiscar tudo que foi roubado ao povo!" diz a manche,te. Estará nos planos da Revolução Sandinista extinguir a propriedade privada?

uma moral social nova, inspiradora de uma luta de classes sócio-econôn1ica, a qual não é possível distinguir da que Marx ensinava. Essa a luta, a ser travada, quando necessário, até de armas na mão. O que, tudo, a identifica assim com a subversão. 1O.º) E1n suma, a en1itir um juízo sobre o "cristianisn10 sandinista" ou o "sandinis1no cristão", pode-se afirmar com segurança que constitui pelo menos uma possante corrente de fiéis "companheiros de viagem" do com unismo. Ou u1na mal velada secção do comunisn10 internacional, especializada em confundir e iludir os n1eios religiosos, neles infiltrar-se, e, por fim, os utilizar como estribo para alcançar o poder. 11 .0 ) Os oradores da sessão do dia 28 de fevereiro - todos personagens co1n participação intensa na Revolução Sandinista, ou no governo nica ragüense atual - constituen1 uma equipe coesa e bem articulada. Seus discursos consistem em apelos, ora mais ora menos explícitos, a que os espectadores - quase todos filiados a 1novimentos ou correntes católicas de esquerda - redobrem de esforços para emp urrar o Brasil pelas vias a que eles conseguiram arrastar a Nicarágua. Corn a aparência e1nbora de i1nprovisados, cada u1n dos discursos dessa noite contén1 n1atéria bastante definida: CATOLICISMO

/:,'stribo para o co1111111is1110.

!::111p111-r111· o /Jrasil pelas vias da NicarâRua.

Í 1/ lf)l'OVÍSOS be111

planejados.

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a) o histórico do 111ovimenlo revolucionário sandinista desde suas origens, há cinqüenta anos, até a vitória en1 1979; as fases de desenvolvi1nento interno do n1ovimento, as etapas da lula externa etc. (Frei Betto); b) como a dona de casa quis ser guerrilheira (Socorro Guerrero, das Con1unidades de Base de Manágua). c) como se fez guerrilheiro o trabalhador urbano (David Cha varría, das Con1unidades de Base de Manágua); d) idem o trabalhador rural (Agustín Zan1bola); e) fdem o Padre (Pe. Uriel Molina). Em suma, como se fez guerrilheira toda a nação. Aqui, ali e acolá, outros assuntos importantes fora1n apresentados ao público. Por exemplo: - as várias fases do processo subversivo: aglutinação, conscientização, agitação, revol ução e conquista do poder (Frei Betto); - o perigo de un1a revanche somozista-norte-an1ericana (Socorro Guerrero); - o apelo a que o exemplo da

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Nicarágua frulifiquc na América Latina (D. Casaldáliga, Socorro Guerrero, Comandante Ortega) etc. Desta maneira, a "Noite Sandinista" no teatro da Pontifícia Universidade Católica em São Paulo, sem embargo de sua aparência leve (vários oradores, músicas e canções etc.) constituiu uma inoculação carregada de toxinas revolucionárias, no auditório. Cada orador soube aproveitar seu tempo quase ate, a' usura. Para o leitor não brasileiro, parecerá escapar a essa regra o presidente ela sessão, Frei Betto, que e1n cada intervenção parecia n1ero repetidor do orador qLle acabava ele falar. Entretanto, o papel de Frei Betto ta1nbé1n era necessário, pois os oradores fa lavam en1 espanhol, e a despeito da afinidade desse idio1n a con1 o português, eram, compreendidos in1perfeitamente por boa parte do auditório. Tudo isto posto, os discursos sandinistas não serão devidan1ente entendidos se se considerar cada qual abstração feita do outro. Impõe-se pois u111a visão de conjunto das várias peças, o que parece mais elucidativo fazer nesta análise introdutória (2). * * *

l1u/ispe11s1íve/ vis<io de co11j111110

(2) 'fodos os falos aqui mencionados, ou são de notoriedade pública , ou têm como fonte as narrações feitas pelos vários oradores da "Noite Sandinista".

Os oradores da " Noite Sandinista" (da direita para a esquerda): Agustin Zambola, ativista rural nicaragüense; Socorro Guerrero, militante das Comunidades de Base de Manágua ; Pe. Miguel D'Escoto, Ministro das Relações Exteriores da Nicarágua; Frei Betto, coordenador da sessão; Daniel Ortega, membro da Junta Revolucionária da Nicarágua; David Chavarri a, guerrilheiro sandinista; Pe. Uriel Molina, p,ároco em Manágua.


A revolução vitoriosa na Nicarágua compunha-se de dois segmentos distintos, o político e o religioso. O segmento político apresentava e ainda apresenta - a fisionomia ca. racterística de um movimento comu' nista constituído segundo os moldes clássicos, para a conquista do poder: a) Frente única de grupos políticos A frente ânica . . . esquerdistas de vários matizes, entre os quais a indefectível esquerda burguesa (ou "burguesia nacional", como é designada na literatura comunista; isto é, a burguesia não "comprometida" com o capitalismo internacional), os "inocentes-úteis" etc. Estes são os "companheiros de viagem'' que seguirão lado a lado com os comunistas até a vitória e a final

Quem é Frei Betto 1. Protagonista no caso Marighela O ex-deputado federal comunista Carlos Marighela convencera-se da inoperância dos métodos de Luís Carlos Prestes e da necessidade de acelerar o processo revolucionário pela adoção de uma linha política violenta. Expulso do Partido, fundou a Aliança Libçrtadora Nacional (ALN), com o intuito de tomar o poder através da guerrilha urbana e rural. Escreveu ele as rumorosas Cartas de Havana e o Manual do Guerrilheiro Urbano, profusamente distribuídos entre os militantes das organições subversivas brasileiras e editado também na Europa, onde ainda em agosto de 1977 - segundo noticiou a imprensa - esteve na raiz de um atentado terrorista de repercussão internacional, ocorrido na Alemanha. Em 1969, Marighela estava sendo ativame11te procurado pela Polícia. Noticiaram os jornais que esta, não conseguindo encontrá-lo, deitou mão sobre um militante da Aliança Libertadora Nacional, descobrindo então que um grupo de frades dominicanos - Padres e seminaristas - prestava auxílio àquela . ,., . " organ1zaçao terrorista, responsavel por uma série de atentados à bomba, morticínios, assaltos a bancos, roubos de armas e automóveis, etc. Foram presos inicialmente, em São Pau1o, Frei Fernando de Brito (Sacerdote) e Frei Yves do Amaral Lesbaupin (seminarista). No dia 4 de novembro, policiais levaram Frei Fernando à livraria Duas Cidades, onde trabalhava, e o obrigaram a telefonar a Marighela, marcando um encontro urgente. Em seguida, os dois religiosos pre8

consolidação do processo revolucio, . nar10; b) Inviscerado nessa frente única, e dirigindo-a pela radicalidade e precisão de suas metas, pela eficácia de seus métodos e pela i_nteira disciplina de seus quadros, figura o Partido Co1nunista. Este logo passa a ser a alma da frente única, e o polo de atração, tanto doutrinário quanto político, dos outros agrupamentos. B-em entendido, a frente única se destina em parte a criar no público a ilusão de que a vitória da revolução não será ipso facto a do comunismo. Por isto 1nesmo, este último favorece, por vezes, rixas episódicas ostensivas dos "companheiros de viagem" entre si, ou até com o mesmo PC. É o que

. . . dirigida

pelo

PC.

U 111 blefe: a vitória não será do

cornunisnzo

sos fora m conduzidos pelos policiais à alameda Casa Branca, local aprazado com Marighela, e ali deixados, sob algemas, dentro de um carro. O chefe terrorista, confiante, caminhou de encontro a seus dois cúmplices eclesiásticos. Sobreveio imediatamente a Polícia, e _seguiu-se um tiroteio no qual Marighela foi morto. Como conseqüência, toda 1101a rede de elementos terroristas cai11 nas malhas da Polícia, entre eles Frei Betto (Frei Carlos Alberto Libânio Christo), preso no

Frei Betto (na foto acima, à esquerda) fala ao ouvido do Pe. Miguel D'Escoto, Ministro das Relações da Nicarágua. Frei Betto, um dos protagonistas do "caso Marighela", foi o articulador da "Noite Sandinista" . .. . .. e tornou-se ainda uma espécie de "eminência parda" da recente greve dos metalúrgicos do ABC. " É ele quem empurra Lula (na foto ao lado, de barba) para a frente", diz um militante sindical.

CATOLICISMO

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tem acontecido, em alguma medida, na Nicarágua. E foi também o que ocorreu na "Noite Sandinista" no Teatro da PUC. Nesta última, nenhum dos elementos presentes - nicaragüenses ou brasileiros - se afirmou comunista ou simpatizante do comunismo. Mas a referência à faixa colocada a título d'e homenagem na cadeira em que devia sentar-se o representante de Cuba no Congresso de Teologia, em Taboão da Serra, ben1 como as palavras ditas, mais de uma vez, sobre Fidel Castro, não deixan1 dúvida sobre o prestígio e a influência determinante da Revolução Cubana e de seu chefe, em todos os movimentos congêneres da An1érica luso-espanhola.

O modo pelo qual os oradores se dirigem ao público dá a impressão de que consideram a Revolução Nicaragüense a espoleta de análogo movimento no Brasil e em toda a América Latina. A entrega solene de um uniforme de guerrilheiro sandinista ao Bispo D. Pedro Casaldáliga, Prelado de São Félix do Araguaia, é o ato culminante da noite. Poder-se-ia dizer que é o show dessa noite. E com razão. Ele constitui um convite a toda a "esquerda católica" brasileira a que, a exemplo do Pe. Uriel Molina, se engaje na guerrilha. O ato do Bispo vestindo a jaqueta do uniforme que lhe era assin1 oferecido tem o significado de uma ostensiva aceitação do convite.

Convite aceito por D. Casaldáliga.

Rio Grande do Sul, onde att1ava para facilitar a fuga de elementos subversivos para fora do País. Os três dominicanos referidos foram condenados em primeira instância (13 de setembro de 1971) a quatro anos de reclusão, pela 2.ª Circunscrição Judiciária Militar~ em São Pau1o. O Superior Tribunal Militar confirmou a sentença en1 segunda instância (17 de julho de 1972), aplicando-lhe ainda a pena acessória de suspensão dos direitos políticos por dez anos. O Supremo Tribunal Federal, considerando que os frades condenados não eran1 "organizadores ou mantenedores" da "-societas sceleris", mas apenas participantes do chan1ado "setor de apoio" ou "setor logístico", reduziu-lhes a pena, em suprema instância (25 de setembro de 1973), para ·dois anos de ret::lusão.

do ABC, na Grande São Paulo, o jornal nota a presença "ostensiva" do "Bispo de Santo André, D. Cláudio Hummes, que aparece nas assembléias-gerais [ dos trabalhadores] em momentos cruciais como o da decretação da greve e o da prisão de Lula [líder sindical] e não apenas transmite mensagens e instruções precisas con10 estimula o movin1ento com sermões de fé e de apoio". "O representante n1ais evidente da Igreja junto ao centro da organização da greve, contudo - prossegue a reportagem - , não é o bispo, mas t1m hornem de sua confiança, o irmão leigo Carlos Alberto Libânio Cristo, conhecido nacionalmente como Frei Beto, un1 dos quatro do1ninicanos acusados pela polícia política de terem 111arcado um ponto com o líder da ALN, Carlos Marighela, na noite de 4 de novembro de 1969, na Alameda Casa Branca, en1 São 2. ''Eminência parda'' nas greves do ABC Paulo. Naquela noite, Carlos Marighela foi morto Sobre as 1nais recentes atividades de Frei Betto, pelos policiais do DOPS de São Paulo". Sempre segundo o "J orna! do Brasil", "a partir é sintomático o que registra o "Jornal do Brasi1" de então, Frei Beto, ao contrário de um de seus (21-4-80), do Rio de Janeiro. companheiros, sumiu do noticiário. Foi preso, solto, Em reportagem sobre a greve dos metalúrgicos viajou para o Exterior, e voltou, semiclandestinamente, ao Brasil, para fazer um trabalho junto a uma con1unidade de base em favela em Vitória, no Espírito Santos, antes de se instalar no ABC". "Frei Beto tornot1-se 11ma espécie de eminência parda da greve. Amigo pessoal e homem de confiança de Lula, passou a morar com o líder operário em sua casa, no Jardim Assunção, em São Bernàrclo do Campo. Frei Beto é conhecido por suas instruções táticas e, segundo um militante sindical, "é ele quem empurra Lula para a frente, na hora em que os pessimistas vêm con1 seus conselhos negativos e suas lamentações". (Os grifos são nossos). A reportagem acrescenta que "ao contrário de organizadores evidentes da greve", Frei Betto "mantémse à sombra de Lula. Sua única aparição pública foi quando ajudou o Bispo de Santo André, Dom Cláudio Hun1mes, na celebração da Missa de Páscoa, no n1es~ mo estádio distrital ( ... ) na Vila Euclides, em que "' se realizaram as gigantescas assembléias-gerais das greves do ano passado e deste ano". CATOLICISMO

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~11tc11clcr o alcance desse ato, que constitui con10 que o ósculo da guerrilha nicaragUense vitoriosa à guerri lha brasileira que está en1 gestação, basta ter presente o papel de relevo que D. Pedro Casaldáliga desen1penha na "esquerda católica" nacional. Assim , o ósculo ela subversão nicaragUense se destinou de imediato à "esquerda católica'' brasileira. Esta parecia, aliás, inteira1ni nte pred isposta a recebê-lo. '.É sintomático que a "Noite Sandinista" se tivesse realizado num teatro cedido pela Pontifícia Universidade Católica, a qual tem por chanceler S.E. o Cardeal D. Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de São Paulo. Para

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O. Paulo Evaristo Arn s, Cardeal-Arcebispo de São Paulo, Chanceler da Pontifícia Universidade Católica, cedeu o teatro da PUC para a realização da " Noite Sandinista".

também significativo que tenha sido designado para "coordenar" os trabalhos dessa noite Frei Betto, condenado a dois anos ele prisão pela Justiça brasileira por sua participação na guerrilha urbana pron1ovida pelo líder comunista Carlos M arighela. A cumplicidade de Frei Betto e de vários outros frades dominicanos (Sacerdotes e seminaristas) com o malogrado líder guerrilheiro, e a maneira infame con10 dois deles o traíra1n, constitui um dos ma iores escândalos da História da Igreja no Brasil. Como de costun1e, na An1érica Latina, esse segmento político se mostra radicalmente insuficiente para obter, por si só, a conquista do poder. Bem sucedido em ambientes de intelectualóides e de burgueses snobs, não logra verdadeiro apoio nas massas inertes e despreocupadas. Ê

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O segme nto religioso é qu-.: lhes traz esse apoio, por força da tradicional e profunda influência da Igreja nos países de forn1ação ibérica. O fator decisivo da vitória está, pois, no Clero esquerdista. Por isto, a grande pergunta, em função da qual se ordena a análise dos discursos proferidos na "Noite Sandinista", é esta: como pôde s.uceder que a influência ela Igreja tivesse sido de tal maneira instrumentalizada para o êxito do plano comunista? O depoin1ento do Pe. Uriel Molina é ta lvez o 1nais significativo e importante a ta l respeito. Nele se vê como um grupo de jovens que chegaran1 ao Sacerdócio (o Pe. Uriel, depois de estudos en1 estabelecimentos conspícuos) constituiu terreno fácil para a pregação revolucion,íria. O que faz pensar na onda de esquerdismo que tem varrido largas áreas da Igreja nas últin1as décadas. Postos e1n contato com a subversão que começa a ger1ninar na Nicarágua, os Sacerdotes, em lugar de averiguar, com in1parcialidade, até que ponto existen1 abusos sócio-econô1nicos, para, em seguida, trabalharem no sentido de os sanar segundo os n1étodos tradicionais da Igreja, pelo contrário envolve1n-se com os subversivos e encetam ·uma caminhada que os levará ao apoio entusiástico (e até n1arcado por certo complexo de inferioridade) da subversão. As várias etapas dessa caminhada aí estão historiadas: o choque interior entre a formação tradicional e os pendores para a subversão, as crises de consciência, o encontro com a Teologia da Libertação, os conflitos com a Hierarquia eclesiástica trad icionalista, e, pari passu, o envolvimento cada vez maior com a guerrilha, na qual desfechara a fermentação subversiva inicial. A guerrilha, assim vista, toma para o Sacerdote, como para as Comunidades Eclesiais de Base - tambén1 elas inteiramente tragadas pela Revolução Sandinista - o caráter de uma verdadeira "guerra santa". O objetivo dessa guerra é, aliás, temporal. Como se verá pelos discursos, visa o bem terreno de massas, real ou supostamente injustiçadas. Em sun1a, no caso típico do "sandinismo cristão" se vê uma profunda revolução teológica que deságua na revolução social. CATOLICISMO

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de vitória.

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Verdadeira "G11erra Sa111a'' etn prol do

co1n1111is1no ateu.

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l. Frei Betto introduz o tema

Frei /Jeito abre a sessâo.

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cubano .

CATOLICISMO

Locutor. - Para iniciarn1os as solenidades e os trabalhos desta noite, chan10 a coordenar esta mesa o nosso conhecido e popular Frei Betto (palmas calorosas). Frei Betto. - Ben1, en1 prin1eiro lugar vocês já perceberan1 que estão presentes hoje, aqui conosco, os participantes do Congresso Internacional Ecumênico de Teologia, que representam 42 nações do mundo, sendo que a maioria do Terceiro Mundo e todas as nações da An1érica Latina ( 1), com exceção de Cuba, porque o nosso Governo não mantém relações con1 o governo cubano (2). Mas, durante todo o Congresso nós fizen1os questão de n1anter uma cadeira com a faixa de Cuba nas sessões do Congresso (palmas calorosas, assobios).

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Frei Betto foi o coordenador dos trabalhos na 'Noite Sandinista" . Atrás, participantes do Congresso Internacional Ecumênico de Teologia, que reuniu delegados de 42 nações.

Declaração importante, porque deixa entrever que a esquerda ecumênica no Brasil integra uma imensa articulação internaciona l . • (2) A única razão alegada para a ausência de Cuba é essa. Num congresso de "libertação", nenhum outro obstáculo há a que se receba como parceiro o representante de um regime sob cujo jugo tirân ico (jamais excedido em amp litude de poderes e em truculência de punições, em todo o n1undo ibero-americano) jaz todo o povo cubano. O

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despotismo só é atacado como odioso·, n~ssa sessão, quando é inculpado por ele o regime capitalista. É-se propenso a admitir que a hostilidade do Congresso contra o capitalismo visa muito menos a opressão do que o capitalismo em si. O te,na: ação pastoral e ação política na Nicarágua.

O tema de hoJe seria: Prática pastoral e prática política. Mas nada mais adequado do que apresentar a "convertude" (sic) histórica da prática pastoral, com as suas conseqüências políticas, como foi o caso da Nicarágua (3). •

(3) A transposição do tema oficialmente anunciado, para o tema que vai ser tratado, deixa ver com clareza que o "caso da Nicarágua" constitui, segundo a mente dos organizadores da Semana de Teologia em geral, e de Frei Betto em particular, um exemplo histórico perfeito de Prática pastoral e prática política, cuja narração esgota a matéria.

A Nicarágua é um pequeno país da Elogio da RevoluAmérica Central, pequeno comparado ção Nicaraguense. às dimensões do Brasil, mas grande porque já realizou aquilo que nós ainda buscamos, que é a libertação de seu povo. A Nicarágua tem cerca de três milhões de habitantes e uma área de 132 mil quilômetros quadrados. A luta do povo nicaragüense por sua libertação, um povo oprimido desde o século passado, principalmente Meio século para pelos norte-americanos, se iniciou preparar urna re- mais decisivamente a partir de 1927, volução. liderada por Sandino. Sandino levou essa luta, plantou a semente dessa luta até 1934, quando foi 'assassinado pelo pai do ditador Somoza, derrubado no ano passado. De 1934 a 1956 a luta se dá principalmente nas montanhas e entre os camponeses. E em 1956 os guerrilheiros vingam a morte de Sandino com a morte de Somoza. De 1956 a 1963 surge a Frente Sandinista de Libertação Nacional, fundada pelo revolucionário Carlos Fonseca Amador, que foi assassinado pelas forças da repressão e1n 1976. 63 a 67 são os anos de implantação e de expansão dos grupos guerrilheiros. 67 a 1974 é a fase de acumulação de forças, inclusive nas cidades. De 74 a 77 se desencadeia uma for12

te repressão sobre a Frente Sandinista e os combatentes revolucionários. Mas a partir de outubro de 1977, a Frente Sandinista de Libertação Nacional consegue unificar os grupos de oposição da Nicarágua e consegue desencadear o processo de luta (4) que efetivamente resulta na queda da ditadura da família Somoza, que estava no poder há 45 anos. E no dia 19 de julho de 1979, a Frente Sandinista e o povo da Nicarágua passam efetivamente a viver num país livre (5). •

(4) A exposição divide a história da Revolução Nicaragüense nas etapas por que habitualmente passam os movimentos congêneres: a) longa e confusa pré-história corpuscular; b) acumulação de forças; c) desencadeamento da revolução. • (5) O processo desfecha, pois, em vitória.

* * * Eu gostaria de anunciar os nomes dos companheiros nicaragüenses que participaram efetivamente da luta (6) e que estão aqui presentes (7):

Ho1nenage111 à delegação nicaraguense. E implicitamente . à violên. eia . . .

(6) Afirmação que constitui um implícito elogio da Revolução Nicaragüense à mão armada, e dos que efetivamente dela participaram. O que importa em admitir a legitimidade da violência, pelo menos nas condições em que estava a Nicarágua. E que a demagogia pode afirmar, a qualquer momento, como existentes em outro país. Por exemplo, o Brasil. • (7) Notar, na nominata que segue, a importância e o número dos integrantes da representação enviada· pela Revolução Nicaragüense, para participar da sessao.

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Entre nós estão presentes: - O Comandante Daniel Ortega Saavedra (palmas calorosas) que é membro da Junta de Governo de Reconstrução da Nicarágua e é da Direção Nacional da Frente Sandinista de Libertação Nacional; - Está presente também o Pe. Miguel D'Escoto, que é o Ministro das Relações Exteriores da Nicarágua (palmas); - Está presente o Sr. Manuel Espinoza, que é o Diretor de Divulgação e Imprensa da Junta de Governo de Reconstrução da Nicarágua (palmas); CATOLICISMO

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- Rosário Murillo, Assistente da Junta de Governo (palmas); - Vanil Lacano, Diretor do Instituto Nicaragüense de Cinema (palmas); - David Gutiérrez, do jornal "Barricada" da Frente Sandinista (pal1nas); - Adrián Carrasco, do Serviço de Divulgação e I1nprensa da Junta de Governo (palmas); - Rafael Ruiz, do Instituto Nicaragüense de Cinen1a (palmas); - Socorro Guerrero, das Comunidades de Base de Manágua (palmas) (8); • (8) A presença desta lutadora, e dos outros guerrilheiros a seguir anunciados, acentua o prestígio da violência como fator representativo da Revolução Nicaragüense.

- David Chavarría, membro da Frente Sandinista de Libertação Nacional (palmas) e também das Com,unidades de Base da Nicarágua (palmas). - Agustín Zambola, que trabalha junto aos camponeses da Nicarágua; - e o Pe. Uriel Molina, que é Pároco na periferia de Manágua (palmas). * * * Eu gostaria de chamar à n1esa, então, aqueles que vão ter a Qportunida_de de falar para nós, hoje, e nós o privilégio de ouvi-los. CATOLICISMO

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Delegação cubana "de saúde" recebida com honras pelo governo revolucionário _ e m Manágua. Cuba foi um dos primeiros países a reconhecer o regime sandinista da Nicarágua.

- Em primeiro lugar, eu chamo à mesa a Sra. Socorro Guerrero, das Comunidades de Base de Manágua (palmas); - Chamo agora um rapaz que é membro das Comunidades de Base da Igreja nicaragUense, que esteve preso e combateu efetivamente na Frente Sandinista pela libertação de seu povo, e também participa conosco do Congresso, que é o Comandante David Chavarría (palmas) (9); •

(9) Idem come ntário 8.

- Chamo um homem cujo trabalho se desenvolveu sobretudo junto aos camponeses, mas que empunha também a bandeira de luta de emancipação dos negros na América Latina, que é Agustín Zambola (palmas); - Chamo agora um Vigário da periferia de Manágua, e de cuja Paró-

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llUla var1os Jovens se engaJara1n na

luta de libertação, Pe. Uriel Molina (palmas) (1 O); •

(1 O) Idem comentário 8.

- E agora tenho a honra de chamar o Pe. Miguel D'Escoto, que é o Ministro das Relações Exteriores da Nicarágua (palmas); - A Frente Sandinista deve muito a vitória de sua luta a três irmãos que nasceran1 num pequeno povoado da Nicarágua, chan1ado Libertad. São

os irmãos Can1ilo, Hun1berto e Daniel Ortega Saavedra (pahnas prolongadas). Camilo Ortega Saavedra n1orreu em co1nbate en1 1978. Humberto, Comandante Humberto é hoje Ministro da Defesa da Nicarágua. O Con1andante Daniel Ortega Saavedra, aqui conosco, é n1embro da Junta de Governo de Reconstrução da Nicarágua, e da Direção Nacional da Frente Sandinista de Libertação Nacional (11 ). • ( 11) Idem comentário 8.

2. Uniforme guerrilheiro para um Bispo do Brasil Frei Betto. - E para iniciarmos , . esta sessao, nos v·amos ouvir uma homenagem do Grupo-Teatro União e Olho Vivo (paln1as). Idibal Piveta. Companheiros, a primeira música desta noite, desta noite da América Latina, da liberdade e da justiça social, é un1a rnúsica, como não poderia deixar de ser, da Nicarágua, uma música do povo da Nicarágua, feita para Sandino. - Música (palmas). Esta música é uma música dedicada ao comandante em chefe da Revo1ução da Nicarágua, Carlos Fonseca Amador, morto no Departamento de Zelaya em 1977 lutando pela liberdade da América Latina e pelos povos do Terceiro Mundo. Quando nós estivemos, em dezembro, na Nicarágua, levando a nossa pequena solidariedade ao povo da Nicarágua e da América Latina, nós recebemos alguns uniforrnes e presentes dos guerrilheiros da Nicarágua, para que nós déssemos a con1panheiros brasileiros (12). Para ho1nenagear aqueles brasileiros que têm lutado pelo seu povo, pela liberdade e pela justiça social (13). ~

M úsic:a guense

.nicara.

11uc:1a

a

sessão.

Presente c:o:

si111b,5/i-

unifo r1ne

gu errilheiro.

de

Verdadeiro arsenal numa escola dirigida por Padres salesianos, em Masaya, a leste de Manãgua: rifles, granadas, munição. Três Sacerdotes foram presos, segundo a agência UPI. •

( 12) Como se vê, a outorga é

feita pelo coordenador do conjunto musical brasileiro União e Olho Vivo, cujos integrantes tinham ido à Nicarágua visitar o.. seus irmãos sandinistas . Rece- ::,

14

beram então destes - expressivo símbolo de comunhão de metas e métodos - alguns unifo rmes de guerrilheiro, para que os distribuíssem, não menos significativamente, a "companheiros" brasileiros. Um dos galardoados com a "honraria" foi D. Pedro Casaldáliga. O que, por sua vez, é rico de significação. • (13) Notar o alcance simbólico da outorga do uniforme: parece convidar os presentes a que, por seu turno, se entreguem à violência.

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Eu gostaria de entregar este uniforme, dado por uma companheira guerrilheira da Nicarágua, a D. Pedro Casaldáliga! (palmas estrondosas, assobios, gritos) (14) . •

U11ifor1n<1 d e g uerrilheiro: "sacrar11e11to d<! liberta-

ção".

Apenas para terminar, gostaria de pedir para todos vocês, que sejamos conseqüentes. O que estamos celebrando, o que estamos aplaudindo nos compromete até o fim (19). •

(14) D.

Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia, é aqui aclamado, e por assim dizer investido, na qualidade de chefe do que se poderia designar como a ala do "esquerdismo catól ico " brasileiro explicitamente partidária da revolução social à mão armada. D. Pedro Casaldáliga. - Eu vou

(19) O. Casaldáliga procura desde logo arrastar os ouvintes para a efetivação de um tipo de ação do mesmo gênero do que merece o seu aplauso.

procurar agradecer com os feitos, voy a procurar agradecer este sacramento de liberación que acabo de recibir, con los hechos ( 15). Este color verde é verde da cor como as nossas matas sacrificadas da Amazônia. Às vezes significou a repressão, a tortura. Tem significado também, na Nicarágua, a libertação, a vida, uma pátria nova. • (15) O Pre lado recebe o pre-

,J

sente simbó lico e promete engajar-se. Bispo pro111 ere IIJ:radec:er até co111 sangue.

Digo que vot1 procurar agradecer corn os feitos e, se for preciso, com o sangue (palmas) ( 16). Juntaremos nossa esperança con1um, que é fé en1 Deus e fé no povo dos pobres; vontade de termos uma América nova , livre; vontade de conquistarmos a liberdade, que não se dá, se conquista. Unidos dentro de cada pátria, os diferentes povos - indígenas, negros - unidos pátria com pátria. •

D.

C.'asaldali~a:

c:0111pro111i.1·so " social e político até â 1110/'t<!.

( 16) Idem. até "o sangue".

Este dia de hoje, para mim, para todos nós, é um dia verdadeiramente histórico. Por primeira vez, no Brasil, no mundo, a fé da Igreja pensada em teologia, a fé da Igreja partilhada ecumenicamente, Igreja Católica ( 17), igrejas evangélicas, é testemunhada pela prática, pelo compromisso de uma caridade que se torna social e política até a morte ( 18) para ga nhar a vida. (17) D. Casaldáliga procura comprometer veladamente a própria Igreja Católica no símbolo que recebe. • (18) Mais uma apo logia da violência.

j aqueta c/C' M11erril/1 eiro "para1ne11tado co1no pa-

( '0111

dre" . CATOLICISMO

Eu me sinto, vestido de guerrilheiro , co1no me poderia sentir paramentado de padre (palmas calorosas). É a mesma celebração que nos empurra a' mesma esperança.

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Na alça de mira da propaganda guerrilheiro-revolucionária, o Brasil. Os sandinistas vieram aqui para dizer que a revolução em nosso País "não é impossível".

Nicarágua nos deu o exemplo: todos nós, todos os povos da América Latina, todos os povos do Terceiro Mundo, vamos atrás! (paln1as prolongadas) (20). •

(20) O Prelado incita a uma revolução internacional do tipo nicaragüense.

Me1nbro do Grupo-Teatro União e Olho Vivo. - Nós vamos cantar essa música, que é dedicada ao con1andante Carlos Fonseca Amador, e va1nos pedir ao público que acompanhe o refrão do estribilho, que é muito fácil; é u1na música de toda a Nicarágua. O estribilho é o seguin te: "Comandante Carlos Fonseca, Comandante Carlos, Carlos Fonseca, tan gran vencedor de la muerte, navio de la patria roja y negra, Nicaragua entera te grita: presente''. Este é o retrato do comandante Carlos Fonseca An1ador. - Música (palmas).

"OI fio V ivo" : cântico de lion·1e11anaNe1n a "1nartir " .

15


--· ~J

BISPO VESTE

1 2

1 . D. Pedro Casaldáliga (à direita) rececebe das mãos do advogado ldibal Piveta o uniforme de guerrilheiro sandinista trazido da Nicarágua . .. 2 . . .. e entra numa espécie de " êxtase" ao vestir a jaqueta. 3 . "Vou procurar agrade.cer este sacramento de libertação que acabo de receber ( . .. ) com os feitos e, se for preciso, com o sangue" , garante o Bispo-Prelado de São Félíx do Araguaia. 4 . Reafirmando o propósito de lutar e de testemunhar pe.la prática "até a morte" o compromisso de uma caridade " social e política", D. Casaldáliga conclui: " Eu me sinto, vestido de guerrilheiro, como me poderia sentir paramentado de Padre" . · 5 . D. Casaldálíga (à dire,ita) abraça ldibal Piveta no ato em que este entrega ao Prelado o uniforme guerrilheiro. Um símbolo eloqüente de aliança progressismo-subversão.

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UNIFORME DE GUERRILHEIRO

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3. Fala uma guerrilheira das Comunidades de Base

Co111 a palavra os 11icura1.:11e11ses: f ala uni a ;:11erril/1eira.

Frei Betto. - Yan1os ouvir, depois desta bela apresentação do Grupo União e Olho Vivo, vamos ouvir a con1panheira Socorro Guerrero sobre o problema (palmas). Socorro Guerrero. - Boa noite , companheiros (21). Em nome das Con1unidades Cristãs (22) e dos movimentos populares da Nicarágua, vou contar-lhes minha pequena experiência como uma mulher proletária, uma mulher dos bairros marginalizados da Nicarágua, como tantos desses que vocês têm aqui no Brasil (23 ). Uma mulher que em nome de toda5 as mães - eu me atrevo a tomar o direito de dizer-lhes - que em non1e de todas as mães da Nicarágua, de todas aquelas mães sofridas, aquelas mães que foram exploradas por cerca de quarenta e cinco anos de dura ditadura, e que, graças a Deus, e à vanguarda, que é a Frente Sandinista, e ao povo todo da Nicarágua, hoje podemos dizer: "Pátria livre ou morrer!" (24). •

(21) "Compaiieros ": saudação equivalente ao clássico "camaradas marxista. É o tratamento que se dão os comunistas de língua espanhola, como, por exemplo, em Cuba e no Chile de Allende. • (22) As narrações históricas dos diversos oradores são todas voltadas a realçar a participação religiosa na frente única de comunistas e não comunistas, a qual derrotou o governo de Somoza. Comunidades Cristãs" ou "Comunidades Cristãs populares" é como são chamadas em mu itos países de língua espanhola as Comunidades Eclesiais de Base. • (23) Clara insinuação de que a situaçõo do Brasi I apresenta aspectos tão próprios a provocar a revolução social, quanto aos da situação nicaragüense hoje abolida. • (24) Mais um incitamento à violência. II

11

18

Socorro Guerrero

Vou contar minha experiência: mais ou menos em 69, eu era uma pessoa,. por assim dizer, que não pensava, já que não me havia dado conta das minhas realidades, até mais ou menos em 70, em que se começou a conhecer lá na Nicarágua o movimento das Con1unidades de Base (25). Me interessei por ele, e cheguei [ a freqüentá-lo] no bairro onde moro, onde o Pe. Uriel Molina tem a seu cargo o trabalho paroquial (26).

U 11u1

''desen~aja-

., " ... ua

en~aja C 01nunidades de Base.

... q11e 11as

se

(25) As Comunidades de Base, primeiro passo para o engajamento total na revolução. • (26) A vida de piedade da recruta passa a exercer-se na paróquia de um Padre que é partícipe da agitação. Vai surgindo o caráter religioso da vio lência revolucionária.

E começamos, então, a questionarnos através da Bíblia. b sabiamente que Deus deu esse carisma, de que através da Palavra de Deus nós chegamos a descobrir nossa realidade social, a realidade e1n que vivíamos afundados, em que não tínhamos água, não tínhamos luz, não tínha1nos aliinentação, o serviço hospitalar era precário, enfim, uma série de coisas CATOLICISMO

·•c ·o11.l'(; ie11 rizaçüo"

e Bíblia.

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assi n1. E, sobretudo, o que descobrimos, melhor dizendo, redescobrimos, é o dom que Deus nos havia dado desde que nascemos, mas que às vezes, pelas circunstâncias em que a gente se desenvolve. . . ainda n1ais uma pessoa como eu, sen1 preparaçao - pois lhes digo que cheguei apenas ao terceiro ano primário, sem saber quase escrever, apenas a ler - cheguei a compreender esse tesouro que só se descobre através de Deus (27), e do companhei ro que ternos ao 1ado . . .

aí que real!nente se torna consciência do problen1a social cm q uc se vive. Surge então o segundo passo. A pessoa tinha já um certo matiz po1ítico, pode-se dizer, porque quando a pessoa se n1ete nos problemas sociais de seu país é já un1 homem político (29), u1n ho1nem que de fato tem que ser político, porque tudo o que o rodeia o tem que questionar.

Aconteceu então que os companheiros que hoje estão na Frente Sandinista - Juan Silva, Joaquín Cuadra, Osvaldo Lacayo, Carlos Nunez - e urna série de companheiros que hoje estão. . . que são nossos comandantes. . . Eles me disseram que precisavam de uma casa que, ,nais ou 1nenos, desse uma aparência de urna casa norn1al de fan1ília. Eu tive n1edo, por que não vou dizer? Mas o meu próprio cristianismo, 111inha própria necessidade. . . Eu dizia: "Algum dia nós vamos ver unia Nicarágua livre. . . Tenho que fazer algo" (30). Aí então 111eu compron1isso tornouse já mais forte; então eu aceitei e fui colaborar con1 os con1panheiros da

(27) A partir dos fatos comentados nas duas últimas notas, verif ica-se que a oradora foi motivada em sua atitude revolucionária pelo contato com ambientes da " esquerda católica". Por estes fo i ela cond uzida a uma visão peculiar da Bíblia e da doutrina católica, própria a estimu lar a Revolução. A mesma luta que os comunistas desenvolvem em nome do ateísmo expi ícito, e até proc lamado, começa por af igurar-se a essa recruta católica do sandinismo revolu. , . uma como que " guerra c,onar,o santa . li

E cheguei a compreender que o problerna era grande. Mas isto se fez através de estudos bíblicos, quando questionávan1os nossas realidades através do Evangelho (28). •

(28) "Conscientização".

(29) A "conscientização" se segue a politização. É o roteiro clássico do trabalho comunista de agitação.

/Ja 1>oli1izaçáo á a çrio revo/uciond-

.

/"/(/ .

Frente Sandinista (3 1). Assistentes aplaudem o incitamento à re.volução, no Brasil, feito pelos sandinistas nicaragüenses. Não faltaram os punhos cerrados, gesto característi co dos comunistas.


(30) t\~otivada pela Religião, a oradora dá outro passo no mesmo roteiro: da politização passa a açao. • (31) Sempre engajada pela mesma motivação rei igiosa, a oradora entra numa frente única com comunistas. Estes, imensamente superiores em técnicas de ação e recursos econômicos, em articulações políticas internacionais, constituem - não é difícil prever - o elemento verdadeiramente aglutinador e diretivo de frentes do gênero .

.

/11c;ita111e11to revol11c:io11ário para o

Brasil.

Vivemos n1omentos felizes, mon,entos difíceis. Porque - vou lhes dizer - quando a gente tem uma Guarda como aquela de Somoza, que a gente sabia bem que faziam operações de "limpeza", e que sabíamos que estávamos bem comprometidos, tínhamos medo de morrer. Porém, já nos havíamos decidido, e especialmente eu já não tinha medo de morrer. Et1 sabia que era melhor morrer assim do que ficar tão velha, chegar aos 80 ou 90 anos morrendo lentamente (palmas). E o que eu quero dizer-lhes com isso é que animo a todas as Comunidades de Base e aos movimentos populares, porque é verdade que aqui no Brasil - que, pelo pouco que conheci, é tão grande - vai ser difícil uma Revolução, mas não vai ser impossível (palmas) (32). •

(32) O incitamento aos descontentes do Brasil é explícito. •

necessário que todos se ajudem mutuan1ente, porque é da união que nasce a força. Não podemos deixar. . . Vocês. . . :É algo que me questionou, pois é verdade que em meu país existem ainda, mas que logo, pouco a pouco, vão desaparecer, isso que vocês chamam "favelas". f: algo que senti terrivelmente, quase chorei. Porque é - dizia eu - que eu estou aqui neste Instituto tão lindo, onde tenho cama, onde há de tudo - comida, cobertor, colcha, sei lá o que - e estes irmãos ... Porque são nossos irmãos, aí está o Corpo de Cristo. Eu queria que vocês se questionassem u1n pouquinho mais ... (33). • (33) A oradora põe mãos à É

A c:0111eçar pela t, • • ,, co11sc1enllzaçao .

obra, procurando começar o processo revolucionário no Brasil pela primeira etapa, isto é, a "conscientização "· dos ouvintes.

20

Eu sei que todos os que estão aqui têm bom coração, que são cristãos. Mas questionem um pouco n1ais, me parece, esse monstro que vocês têm de uni capitalismo. . . (aplausos). Não quero que entendam isto como uma repreensão, mas sin1. como .. algo que. . . que nos, os n1caraguenses, estamos conscientes de que o capitalismo é o pior, o maior inimigo (34). t, aquilo que cham,amos o diabo, na Bíblia. Porqtte o diabo em si, não existe, mas. . o capitalismo. sim,,, existe. e nos apr1s1ona e nos tira ate nosso ser, esse ser que Deus nos deu (35).

·ra111bé111

Brasil:

para

O

a11ticapitalis1110.

U 111a "católica revo/11c:io1uíria" proclt11na: " não creio 110 den1ô11io" .

.,

II

(34) A conscientização" acentua o seu caráter anti-capitalista. • (35) Notar que a oradora, que se diz católica, nega entretanto explicitamente a existência do demônio, como quem está segu ra de que sua afirmação tem apoio em teó logos que lhe obti· veram a inteira confiança.

por isso que eu lhes digo: nós, na Nicarágua, hoje vivemos felizes. E essa felicidade, nós a vamos conquistar seja como for. Porque, se é verdade que eu nunca peguei num fuzil, agora eu digo aos companheiros : "Preciso que vocês me .ensinem a usar um fuzil". Porque o dia em que nós formos invadidos, eu não vou pern1itir! Eu vou pegar essa ar1na que não peg,1ei antes, porque tinha medo de dizer a alguém: "Pegue o fuzil ". Mas eu tenho que pegá-lo. E todos os nicaragiienses estamos dispostos a pegá-lo (36). Porque se nós não o pegamos logo . . . porque, não acrediten,: não há Revolução sem Contra-Revolução. Nós não estamos esperançosos, não estamos iludidos: de que não nos vão invadir. De um modo ou de outro vamos ser invadidos. Porque, creiam-me, o inimigo é grande e lhe foi tirado o melhor que ele tinha da Nicarágua. E então nós conseguimos isso, com a vanguarda e a Frente Sandinista e o povo em geral.

(

É

A

"desengajada" tinha 1nedo.

(36) Quais são os invasores conjecturados pela oradora? Ela não o diz. O ouvinte fica a pensar em uma eventual revanche somozista possivelmente com o apoio de amigos de Somoza nos Estados Unidos , em cujo território o ex-Presidente se refugiou logo depois de deposto . De qualquer forma, merece destaque a explicação dada pela oradora do porquê ela não pegou II

11

,

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'·


em armas durante a Revolução Sandinista. Não foi nenhuma razão de consciência, decorrente de princípios relig iosos, mas tão-somente um fator psicológico: "tinha medo". O que faz ver que o ensino religioso que ela recebeu não continha qualquer censura à violência. Até as cr1a11ças parricipara,n da

l?evoluçc7o.

Porque todo o povo é que lutou. Vocês não imaginam como nossos 111eninos lutavam: faziam barricadas, atiravam pedras, recolhiam os feridos das ruas (37). Eles eram felizes, os meninos. Não sei, eles nasceram con1 essa felicidade que agora conquistaram. • (37). O convite à Revolução se

Frei Betto. - A Sra. Socorro Guerrero disse que em nome da comunidade cristã e dos movimentos populares (38), ela ia contar sua experiência como mulher proletária da periferia de Manágua. E sobretudo em non1e de todas as mães nicaragüenses exploradas durante 45 anos, mas que hoje, graças à Frente Sandinista de Libertação Nacional, pode1n dizer: "Pátria livre ou 1norrer". •

(38) Também Frei

Betto entendeu que a oradora pretendia falar "em nome da comunidade cristã", e não apenas dos "movimentos populares".

E ela contou então que, em 1969, não pensava e1n nada, não se dava Muito obrigada, companheiros, por conta da realidade, até que, en1 1970, esta calorosa l1on1enagem que me con- começou a participar das Comunidades ... (gravação interron1pida). cederam. . . (aplausos). estende implicitamente até às . crianças.

4. Discu,sa um guerrilheiro ''cristão'' () segundo orador 11icarag11e11se: 111ilita111e das Co1111111i-

dades de Bases e guerrilheiro.

David Chavarría. - Obrigado, companheiros! O testemunho que eu poderia oferecer esta noite é o testen1unho de toda uma experiência vivida em cerca de doze anos de integração em un1a comunidade cristã, da q11al já falou a companheira Socorro (39). De uma militância de quase sete anos nas fileiras da Frente Sandinista. •

(39) O presente discurso constitui pois uma versão masculina de vida e luta em "comunidades cristãs" (ou seja, em Comunidades Eclesiais de Base) revolucionárias, simétrica com a versão feminina da companheira Socorro". II

A companheira Socorro explicava con10 se dá este passo de integração, motivado na consciência e no despertar dos problemas de um povo, sob . crista. . a perspectiva Quero dizer que é precisamente un1a profunda convicção cristã, que U111 estranho co11. eI e " encarna- somente se realiza em uma encarnace ,to ção, na identificação dos sofri1nentos ção" . e dores de um povo que sofre debaixo da ditadura oprobriosa dos gorilas militares impostos por potências estrangeiras (40).

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David Chavarría

(40) Merece análise o empre-

go meta"f·ó rico, mas dúbio, que o "companheiro David" faz da palavra "encarnação", a qual, no vocabulário cristão correto, tem seu significado-princeps, que é a Encarnação do Verbo de Deus. D ir-se-ia que "encarnação" alude aí à "conscientização ", à politização e ao engajamento do revolucionário. Na identificaII

21


ção com os sofrimentos e dores do povo" etc., haveria um símile

com a vida pública de Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual renunciou à sua vida, à sua família etc. A "convicção cristã . . . . somente se realiza" quando o cris-

tão se identifica desta maneira com a luta de classes, encarna os sofrimentos do povo, renuncia a tudo para libertá-lo, expõe sua vida e até a perde etc. Somente não há outra alternativa para o cristão senão travar a luta de classes. "Somente" assim imita ele a Jesus Cristo. Esta afirmação parece ter como corolário que o próprio Jesus Cristo não foi senão isto: um revai ucionário. · Re111Í11 <.:ia á vida , Essa profunda convicção cristã â fa111í/ia e ao se somos conseqüentes com ela , . propr10 11.0111e. tem que nos levar irremediavelmente à renúncia de nossa própria vicia, à renúncia de nossa fa1nília, à renúncia de nosso próprio nome. Não há nada 1naior em um ser humano, como já o disse Cristo, que -dar a vida pelos outros. Esta renúncia de um nome significa . , negar-se a s1 mesmo, negar sua propria existência em favor de todo um povo. Nós, para combater dentro da Organização, tivemos que renuncjar ao nosso nome e adotar outro, com o qual nos identificamos na luta. Mas atos são realidades e não palavras. A experiência do trabalho levou-me a aceitar este trabalho até E11gajcune11to IUIO às últimas conseqüências, quer dizer, recua diante de cârcere, tortura, até à morte. n e111 ,norte. T ive a honra de sofrer o cárcere e a tortura, debaixo da oprobriosa ditadura militar. Torturas que não são sequer aplicáveis aos animais. Dias e noites debaixo de interrogatórios, debaixo de pancadas, pontapés, coronhadas, até chegar a urinar sangue. Vendado com uma máscara cheia de sabão, até ficar corn parte da cara em carne viva. Choques elétricos. Torturas cuja magnitude não se pode conhecer, mas que assim mesmo se aceita quando se tem a consciência e 11

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22

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Intervalo na luta, atrás das barricadas guerrilheiras.

a certeza de que a vida, de que n1orrer, somente tem sentido quando se vive na luta de um povo- (41 ). • ( 41) Nestas frases, cárcere, torturas etc., inclusive a morte, são análogos aos fatos correspondentes da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas o objetivo declarado de tais padecimentos não é o serviço do Redentor, nem se insere na ordem sobrenatural . O objetivo é ·sócio-pol ítico : "a vida", bem como "morrer somente tem sentido quando se vive na luta de ,. um povo .

Não claudicar, não ser derrotado nunca! É un1a experiência que se adquire no combate, quando companheiros nossos, ao nosso lado, caíam debaixo das balas da ditadura, da Guarda genocida, e só podiam ter alento para dizer-nos: "Co1npanheiros, avante, a vitória é nossa!" . Essas palavras, a gente leva tão dentro de si, que em cada cidade que era libertada pelas forças revol ucio- Mística r evoluc:io1uíria. nárias, nós sentíamos que, quando entrávarnos para libertar, libertávamos a este povo (42). Ali estava nosso companheiro caíd·o. Não havia morrido. Nossos companheiros realrnente vivem na luta diária de 11m povo (43). CATOLICISMO

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• U/·'I

... .

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(42) À ação do revolucionário,

o orador parece atribuir, entre dentes, algo de redentor: "em cada cidade ("pueblo") que se libertava . . . . sentíamos que, quando entrávamos para libertar, libertávamos a este povo(" a este pueblo ") ".

O orador, como se vê, parece Jogar com os dois sentidos da palavra "pueblo" em espanhol. • (43) "Ali estava nosso companheiro caído. Não havia morrido" . Alusão ao Céu? - Não, mas à terra: "Nossos companheiros realmente vivem na luta diária de um povo". Dir-se-ia que

a vida do companheiro morto se difunde pan-psiquicamente nos companheiros que continuam a lutar, e que o espírito e as energias dele continuam a animar as destes. Este sentimento de esperança, que somente pode dar-se debaixo de u1na . . ,.., ., perspectiva crista, mas, que nao e somente esperar um futuro bom, mas que se está disposto a continuar a se sacrificar pelo desenvolvimento e bem-estar de todo um povo (44).

-

Sac:rif icar-se povo.

pelo

(44) "Esperança .... que não é somente esperar um futuro bom . .. ": isto é, não se cifra

à mera expectativa de um futuro feliz (eterno? terreno?). A revolução sobrevive aos que tombam nela. E a estes cabe, no plano para o qual acena a frase F.lnterior-, urna enigmática parti-

cipação no esforço da Revolução universal, como adiante se verá. E este povo não precisa ser necessariamente o povo da Nicarágua. Este povo é precisamente a Pátria Grande, a pátria-livre, a América Latina inteira. Essa pátria com que sonhou Bolívar na Venezuela, Martí em Cuba, Villa no México, Guevara na Bolívia, Sandino na Nicarágua. Que son1ente foi possível pelo sacrifício e pela dor dos filhos de Sandino e de Carlos Fonseca, que hoje vivem e são exemplo para a América Latina, neste pequeno povo da Nicarágua. Obrigado (aplausos) (45). • (45) Tal Revolução é universal. E por isto tende a espraiarse por toda a América Latina . Esta afirmação confere a todos os discursos inter-solidários pronunciados na noite de 28 de fevereiro de 1980, no teatro da PUC, um caráter, definido e imediato, de incitamento do povo brasileiro à luta de classes e à subversão. Frei Betto. - O companheiro David disse que o testemunho que ele pode dar é de experiência de vida integrada na comunidade cristã, uma militância de sete anos na Frente Sandinista de Libertação Nacional. Sua integração se deu pela consciência despertada na

..

Frei Betto endossa a "perspectiva cristã" revolucionária do orador.

Padres' freiras e militantes das Comunidades Eclesiais de Base constituíam a maioria da assistência que compareceu ao Tuca na " Noite Sandinista". Nas duas páginas seguintes, outro aspecto do auditório.


•

I



perspectiva cristã. Ele ten1 profunda convicção cristã de que se encarnar no sofrin1ento de um povo é assumir todas as conseq_üências de uma luta, sobretudo numa nação esmagada por gorilas n1ilitares e potências estran. ge1ras. É necessário então que renunciemos a nossa vida. Não há nada n1aior - já dizia Jesus - do que dar a vida pelos outros. N'egar a sua própria . . . . (gravação interron1pida). . . . . torturas que não se a~l;carn nem a animais, chegou a u1 :nar sangue. Ficou muitos dias coberto por uma máscara embebida em sabão, recebeu choques elétricos. E se assumiu essas torturas, foi porque compreendia que a vida só tem sentido na luta de um povo. Não valia a pena viver por outra razão. E quando os companheiros caíam na luta, eles dizian1: Companheiros, adiante, a vitória é nossa! Sentian1 que a libertação de u1n povo, na libertação do povo sobrevive1n os companheiros tombados na luta. E essa esperança nasce da perspectiva cristã, E o povo não é só o povo de Nicarágua; é todo o povo da pátria grande latino-americana, a pátria sonhada por Bolívar, Marti, Guevara, Sandino, Carlos Fonseca, que continuam vivendo nas nossas lutas e nas nossas esperanças (46). • (46) As palavras de Frei Betto não são senão um endosso, pelo frade dominicano, da "perspec'

..

. ·~ .. .

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tiva cristã" revolucionária ex-

posta no discurso anterior. Por sua vez elas deixam bern claro no que consiste a peculiar interpretação do Cristianismo, que leva os teólogos da libertação e seus sequazes a uma espécie de "guerra santa ", que é como vêem a luta de classes. Com quanta vantagem para a guerra, psicológica comunista, , . nem e necessar10 encarecer. Ouvindo Frei Betto fazer uma apologia pública do heroísmo fanático de seus consectários, fica-se pasmo. Não se nota, em suas palavras, qualquer reflexo da circunstância tão marcante de que e le - conforme sentença do mais alto órgão judiciário civil do País, o Supremo Tribunal Federal - fôra condenado a dois anos de prisão, por participar, juntamente com seus pouco heróicos irmãos de hábito envolvidos no caso Marighe la de uma conspiração terrorista . Desconcerta igualmente que ao excitadíssimo público de extrema-esquerda que ali se achava, não tivesse partido uma só voz evocando nessa ocasião o drama Marighela. O si lêncio parece mostrar quanto é disciplinada a grei comunista. O ex-subversivo e sentenciado Fr~i Betto se achava bem instalado em tal gre1.•

5. Oagitador rural apresenta seu trabalho

Fala urn guerrilheiro do campo.

26

Frei Betto - Nós va1nos ouvir ago~ ra o companheiro Agustín Zambola, que trabalha junto aos camponeses da Nicarágua (palmas). Agustín Zambola. - Boa noite, companheiras e companheiros. Quero compartilhar com vocês um pouquinho de minha experiência no trabalho con1 os ir1nãos camponeses (47) da zona do Departamento de Zelaya, na Nicarágua. Irmãos com ~ .. quem trabalhan1os braço a braço e • ombro a ombro no campo, no lodo do can1inho, nos rios.

Agustín Zamb~la

-


(47) Depois da guerrilheira

e

do guerrilheiro urbanos, um guerrilheiro do campo comunica suas "experiências". Vê-se que a sessão está perfeitamente arquitetada para arrastar à guerrilha as várias faixas do público trabalhador. Ação junto às Co1n11nidades de Ba-

. se rurais.

Algo que lhes quero contar, quanto à minha experiência, é o trabalho nas Con1unidades com os ir,nãos campo-

lheiro do campo torna patente sua origem religiosa, e a dedicação a uma "gue rra santa".

O diálogo e o compartilh ar a palavra por n1uito tempo ia ajudando Co111unidades a descobrirem suas necessidades. Não somente o fato de falar sobre a Palavra, ,nas ao n1esn10 ten1po em que ia tomando consciência de si, iam-se dando conta (49) da situação em que vivíamos. Situação

a,

~.,;..r

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neses, e: o que isto significou dentro do processo da Revolução na Nica, ragua. Desde 1968 iniciamos um trabalho rnuito mais intenso na Costa Atlântica da Nicarágua: o trabalho com os delegados da Palavra 11as Comunidades de Base. U1n trabalho motivado pelos irmãos capuchinhos que atuam naquela zona. Foi então que os irn1ãos, pela primeira vez, co1neçaram a dialogar sobre a Palavra de Deus. Começaran1 a dar-se conta do significado do diálogo, do ato de compartilhar o pão da Palavra (48). •

CATOLICISMO

(48) A guerrilheira e o guerrilheiro urbanos apontara,n o caráter essencialmente religioso da sua luta. Também o guerri-

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Militantes sandinistas domínam as ruas de Leon, Nicarágua.

de pobreza - forL1::01enLe - situação de isolamento, situação de exploração. Pouco a pouco iam-se dando conta de sua própria situação, a partir da leitura e do dhílogo da Palavra. •

"Co11scien.1 izaçiio'· dos lavradores.

(49) Mais uma vez, "conscíen. - ". trzaçao

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Me,nbros das Co1nunidades de Base na luta guerrilheira.

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Essas experiências dentro das Comunidades, é muito interessante, porque é necessário conhecer, ou experimentar, a linguagem do camponês. f: uma linguagen1 cíclica, uma linguagem que não vão às coisas diretas, mas vão [os camponeses] participando pouco a pouco, falando sobre sua própria experiência da vida, quen1 são e . como v1ve1n e, como querem compartilhar isto co1n outros. O fato da existência destas Comunidades ... f: bom pensar um pouquinho no isolamento em que vivemos na Costa Atlântica. Ou seja, não existem caminhos para lá; se penetra por meio de. . . vamos por ·mula ou a pé. Ou por rio, em canoas, ou botes, para visitar as Comunidades. Nossas visitas a essas Comunidades são duas vezes por ano que conseguimos vê-los, con1partilhar com eles. Estas Comunidades de Base manifestara1n algumas coisas muito interessantes e bastante fortes (50), a partir da forte repressão da Guarda Nacional daquela zona, em que muitos destes irmãos sofreram, 1nuitos irmãos perderam a vida, muitos irmãos tivera1n que testemunhar sobre a fé como ab_ertura à Palavra, que se faz realidade na vida (51). •

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· (50) O orador se esquiva de dizer no que consistiram essas "coisas . ... bastante fortes" . A

Com seu fuzil-metralhadora, sandinista patrulha o setor norte de Esteli, Nicarágua, controlado pelos revolucionários durante a guerrél civil.

instrumentalização das Comunidades de Base pela subversão não poderia estar mais claramente afirmada. • (51) O fato é que houve uma "repressão forte", com sofrimentos, mortes e até "martírios" . Mas o orador se esquiva de dizer quantos defensores da ordem e da lei foram abatidos pelos rebeldes sandinistas, quantos foram presos, e que trato lhes fo i dado. A narração procura dar, quanto possível, um aspecto de massacre de inocentes sandini stas, ao que foi uma guerril ha revoluc ionária autêntica, com seus horrores clássicos.

Um dia, quando caminhávarnos pela montanha, durante o tempo difícil da luta, quando encontrávamos patrulhas ela Guarda Nacional, um camponês me perguntou: "Agustín, o que você pensa da situação em que vivemos?" - "Homem, eu acho que vivemos en1 uma situação bastante dura e que é necessário 1utar". Foi o que eu lhe disse. E o camponês perguntou: "Agustín, você não é casado, não é verdade?" - "Não sou casado". CATOLICISMO

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"Você não tem fil.hos, não é?'' "Não, não tenho filhos". - "Não tem sítio?" "Não tenho sítio''. "Bo,n - rne diz ele - Agustín, você ·não te1n nada a perder. Deve ter ,nuito valor para acompanhar-nos na luta. Eu tenho minha esposa, tenho meu sítio, tenho meus filhos, e estou decidido a dar minha vida pela causa da Revolução" (aplausos) (52). •

"sacra1nento": o co111batc revo/11cionário. Uni novo

(52) No diálogo de Agustín com seu amigo, ambos já passaram pela politização e pelo engajamento e enfrentam de armas na mão o adversário. Ambos estão na fase do sacrifício rumo à morte.

Este fato ,ne ani1nou tren1endan1ente. Ou seja, a partir desse n1omento , entrou en1 111im um espírito novo, ou seja, o sacran1ento n1e foi comunicado através do irmão camponês (53).

Outro fato que lan1bém é muito significativo, naquela zona da região do companheiro Carlos Fonseca Amador, que trabalhou intensamente naquela zona, e em toda a Nicarágua. Mas ao falar de Sinica - Sinica é um n1onte, é uma montanha be,n alta - os camponeses que vivern naquela zona n1e contam as experiências de trabalho e co1no eles participaram no processo de libertação, como eles deran1 sua casa, partilharam sua co,nicla, partilharam sua vida. E isto é tan1bérn un1 sinal forte de mudança, um sinal forte de libertação (54). •

(54) Todo o tópico conduz a

que, para a guerrilha, o ímpeto do batalhador não basta. É necessário tan1bém o apoio logístico da população rural.

Aqui, talvez alguns irn1ãos, algun1as irmãs perguntasse1n: "Bem, Agustín, e o que aconteceu, então, no plano da Igreja, com os camponeses daquela zona? Como foi sua participação em todo o processo de libertação?" - Eu diria que, quanto à participação naquela zona, especialn1ente na zona que chamamos Sinica, 11aquela região montanhosa, os camponeses participaram fortemente e continuam .. , , . . a part1c1par, porque nao e so part1c1par para uma transforn1ação en1 un1 momento, mas acompanhar todo o processo, tanto de luta, como ·de vitória e de reconstrução de nosso País (55).

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• •

(53) O companheiro de Agustín, que tem o que perder e o quer perder, parece mais entranhado nos m istérios da iniciação revolucionária. Passa-se então, entre ambos, um fenômeno, que vem descrito em termos ambíguos, de sorte que o ouvinte ignora qual é, segundo o orador, o conteúdo desse fe nômeno: se parapsico lógico, preternatural ou sobrenatural. O fato é que as pa lavras do amigo de Agustín trans mi tem a este "um ti esp1r1to novo : o sacramento me foi comunicado através do irmão camponês", comenta o agitador rural, sem mais escl~ recimentos. Pensa-se numa espécie de pentecostal ismo revolucionário ... Esse underground da doutrina "cristã" -revolucionária apresenta · importância essencial. E jamais será suficiente estudá-lo. 1•

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(55) E o apoio da Igreja? O próprio Agustín o proporcionava como agent e pastora l da Comunidade de Base.

Aí está, portanto, o que quis com-

partilhar com vocês, esta pequena experiência. E, uma coisinha mais, de caráter muito pessoal. Em uma das ocasiões em que visitava as Comunidades, encontramos dez patrulhas da Guarda Nacional, em uma Cornunidade pequena, chamada Rosa Grande. Estive sozinho na capela, rodeado de guardas, e a pergunta era: "Bom, Agustín, qual vai ser a proclamação da Palavra para estes e para a Comunidade?". Nesse momento, o que fiz foi ler, proclam?.r o capítulo 58 de Isaías. E logo começamos a dialogar um pouco sobre isto. Mais tarde vocês poderão desco·brir de que trata o capítulo 58 de Isaías (risos).

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f•oran, momentos fortes, e no plano pastoral poderíamos ver três partes, não? Uma pastoral, até certo ponto, de sacramentalização; uma pastoral em tempos de perseguição; e un1a pastoral e1n te1npo de reconstrução (56). • (56) A distinção entre "Pastoral de sacramental ização ", "Pastoral em tempos de perseguição e Pastoral em tempo de reconstrução tem afi nid ade II

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com o que foi dito acima sobre encar nação, morte e ressurreição no processo revolucionário (cfr. comentários 40, 41, 43 e 44).

Obrigado (palmas). Frei Betto. - Agustín Zambola disse que ia partilhar um pouco as suas exper1enc1as Junto aos camponeses com quem ele trabalha no campo, nas estradas, nos rios; trabalha com os irmãos camponeses e gostaria de falar sobre isso. Em 68, ele intensificou o seu trabalho na Costa Atlântica da Nicarágua, junto à forn1ação de animadores da Palavra nas Comunidades de Base. E os camponeses começaram a dialogar sobre a Palavra, e foram descobrindo o direito de partilhar a Palavra. E isso ajudou as Comunidades ca111ponesas a ·descobrir suas necessidades, • A

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E as Comunidades 111anifestaran1

algun1as coisas importantes. Sobretudo a partir da repressão da Guarda Nacional na região, muitos camponeses sofreram, perderam sua vida, e tiveram de testemunhar a Palavra na realidade concreta desse sofrin1ento. Um dia, Agustín ia pelas montanhas e um can1ponês lhe perguntou: Agustín , o. que você pensa da situação que a gente vive? O que você pensa do que passa em Nicarágua? Ele respondeu: Penso que é difícil, e é necessário lutar. - Mas Agustín, você não é casado, não ten1 filhos, você não tem nada a perder. Você deve ter muito valor para nos acon1panhar na luta. Agora, eu tenho filhos, esposa, fan1ília, n1as estou decidido a lutar até o fim. E a partir daí Agustín viu que ele tinha recebido um novo sacramento, um novo espírito que o comprometia definitivamente com os camponeses. Os camponeses que vivem na região, ·- que nessa reg1ao, e, a mesma reg1ao foi trabalhada pelo fundador da Frente Sandinista de Libertação Nacional, Carlos Fonseca An,ador. E o que têm a ver, a Igreja e os can1poneses, na região? - disseram a Agustín. Ele diria que, como participação, sobretudo nas montanhas, hoje os camponeses continuan1 atuando na reconstrução do país. E un1a coisa importante: em uma de suas visitas às Comunidades, ele encontrou dez patrulhas da Guarda Nacional, e se encontrava sozinho na capela rodeado pelos guardas. Então ele se perguntou: Qual vai ser a proclamação da Palavra para esses guardas e para a Con1unidade? Leu então o capítulo 58 do Profeta Isaías. E a partir daí começaram a dialogar. E disse à asse1nbléia que, mais tarde, todos terão oportunidade de descobrir o capítulo 58 d-e Isaías (risos). Mas desta proclamação da Palavra, ele tirou a conclusão de que a Pastoral na Nicarágua viveu três momentos importantes: uma pastoral de sacra111entos, uma pastoral da perseguição, e agora uma pastoral da reconstrução.

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a ton1ar consciência de si, da situação em que vivian1 e da situação de pobreza, marginalidade, exploração que pesava sobre elas. Foram se dando conta, a partir dessa meditação. E sobretudo ele viveu, nesse contacto, uma experiência interessante: de conhecin1ento da linguagem camponesa, que é uma linguagen1 cíclica, de quen1 fala a partir de sua experiência vivida: De quem fala do que é, do que quer e do que pretende. E que na região onde ele trabalha na Costa Atlântica, não há estradas. Eles ca1ninham co1n mulas ou a pé, ou em botes e barcos, para visitar as Comunidades. 30

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6. A palavra de um capelão da subve,rsão cu caracterizaria con10 11111 trabalho profético de resgate contra uma Igreja

que estava cornprornetida con1 o regime governante. Coube-nos a nós, alguns Padres, a tarefa de resgatar a 111ensagem evangélica da apropriação que dela haviam feito desde muito tempo as classes oligárquicas (57). •

Pe. Uriel Molína

A experiência revolucionária de 111n sacerdote.

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Frei Betto - Nós van1os ouvir agora o Vigário de Socorro, que é o Padre Uriel Molina (palmas) . Padre Uriel Molina. - Quero falar-lhes com muita simplicidade de minha experiência nesse processo revolucionário nicaragüense. Falo a partir de minha experiência sacerdotal e reli• g1osa. Nasci e vivi a primeira parte de minha juventude, até os 18 anos, debaixo do regime da escravidão sornoziana. Coube-n1e estudar três anos de Direito na Universidade Nacional, que tinha sua sede então ern Léon. Depois entrei na Ordem dos Franciscanos, e1n Assis, onde concluí os estudos sacerdotais que n1e levaram logo a um intenso trabalho de pós-gradua.ção universitária em estudos bíblicos em Roma e Jerusalém . Depois de doze longos anos, regressei a meu País ern 1965, pouco tempo depois de ter sido fundada a Frente Sandinista de Libertação Nacional. Comecei a realizar en1 Manágua, junto com outros Sacerdotes, o que

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(57) O frade franciscano Frei Uriel Molina, faz uma descrição do que sejam a luta de classes e a Revolução, não mais no ambiente temporal (cidade e campo), mas no ambiente espi ritual (Igreja). Havia na Nicarágua uma Hierarquia pró-governo, pró-classes altas. Era preciso afastá-la ou cercear-lhe a influência. A consecução desse objetivo parece constituir "um trabalho profético", o que faz pensar que ao apóstolo da Revolução e da luta de classes dentro da Igrej a, .a Teologia da Libertação confere o título de "profeta".

Levou-nos também a esse con1promisso profético a valente ação guerrilheira de nossos ~:mãos sandinistas (58), realizada em alguns pontos do território nacional. •

Ação "profética " ...

. . . que leva à ação guerrilheira.

(58) A guerrilha proféticoeclesiástica parece ter sido deflagrada por influência sandinista.

Certo dia, alguns companheiros sandinistas foram descobertos em seu esconderijo em um bairro de Maná• gua. Forarn chamadas as forças de segurança e a Polícia, e eles foran1 metralhados sem 1nisericórdia por carros blindados. Restara1n apenas seus corpos despedaçados e seus planos de ação rnilitar. Reunimo-nos sete Sacerdotes para levantar nossa voz de defesa ante o que víamos con1 toda a clareza: uma injustiça na desproporção dos meios para combater os sandinistas. Tlun1ina1nos o caminho do que devia ser a futu ra Nicarágua, a partir de alguns

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Sete padres: "se. te . 1rmaos em. Marx" . ..

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pontos claros 1:: concretos, indicando o que a Bíblia nos ensinava: o "Êxodo rumo a urna Pátria Grande. A reação não se fez esperar: o Diário Nacional, do regime govern:111te, da ditadura, batizou-nos a partir daí con10 "os sete irn1ãos em Marx" . E desde então não cessou nunca seus ataques contra nós, 1narginalizandonos de todo o processo, e fazendo-nos sofrer profundas contradições em nosso trabalho sacerdotal (59). •

. .. estirnula,n Co1nu11idades de Base e participa,n de greves.

Líderes guerrilheiros suscitados por urna Co,nu11idade de Base de 1111.iver. , . s1tar1os . . .

. . . . co,n o que "u1tegrarn" fé, política e revolução.

"I'eofogia da Libertação" forn e-

ce, .a base do11tri-

11ar1a para a revo-

lução.

(61) Contatos com a Teologia da Libertação e com a luta de classes na América Latin a.

(60) Os Padres proféticos incitam os cristãos revolucion ários, operários ou estudantes .

Fomos realizando, durante vários anos, um longo processo de integração entre fé e política, entre fé e revolução. Uma leitura simples e franca do Evangelho, con10 un,a análise de nossa realidade enraizada em uma História que era preciso "resgatar" . Confessolhes com humildade e franqueza que nem sempre foi fácil para mim, con10 Pad re, sem nenhum apoio - nen1 na Ordem a que pertenço, nem nas estruturas da Igreja - para poder ali,nen- . tar minha esperança e minha fé, de urn claro delineamento doutrinário que indicasse o caminho a seguir.

Mas eu n1e sentia sobretudo carregado com o peso da instituição eclesiástica. Pressionado forte1nente pelos superiores, entrava en, conflito corn igo mesmo quando procurava conciliar aq uelas frases que tínha,nos aprendido: "O Evangelho é para todos"; "·T ambén1 os ricos tên1 que se salva r"; "Temos que tomar cuidado con1 a instrumentalização"; "Precisamos expressar nossa fé no aspecto religioso"; "Temos que condenar a violência; a violência não é evangélica". U,na série de frases que eu ia acu1nulando como que em espiral, co1n grande devoção à Igreja a que pertenço, mas que significara m sempre um profundo obstáculo para aceitar o compromisso e a militância, dentro das pessoas que estavam ilun1inadas pelo meu trabalho pastoral (62). •

(62) Na alma de um Padre como tantos outros, o choque entre Teologi a e Hierarquia de estilo antigo, e a Teologia e o Clero do estilo novo.

Entretanto, dentro daquela nebulosa, eu sentia que havia unia realidade que era preciso ton,ar en1 conta, e que essa realidade não era quin1icam.ente pura, e que o Evangelho havia sido apropriado, durante un1 bom ten1po, pelas classes ricas, pelas classes poderosas, que era o que me in1pedia de entrar num compromisso 1nais diáfano e simples, que 1ne era oferecido por parte da juventude (63). •

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(59) Um acontecimento fortuito desencadei a o amálgama entre o sandinismo profético e o sand inismo guerrilheiro.

Experiência significativa desse mon1ento histórico fo ram alguns con1pro1nissos que, nós, corno Padres, realiza1nos, em um trabalho de estín1ulo das Corn unidades Cristãs, e integrando-nos en1 greves nacionais significativas, como a greve dos. professores, então dispensados pelo Governo. Mais adiante, concretamente e,n en, 1971 , un1 grupo de jovens ·universitários ve~o propor-me de forma r com eles un,a comunidade cristã universitária, vivendo nas próprias instalações n1ateriais de minha paróquia. Eu dis:-;e que si1n, simplesmente. Via que era urna grande oportunidade de entrar em diálogo com a juventude que estava sofrendo. Alguns desses jovens são hoje comandantes ou figuras destacadas na Frente Sandinista de Libertação Nacional (60) . •

Não tínhan1os t: nlão ne11hun1 csclarecin1ento doutrinário, nem conhecíamos sequer o que 1nais tarde foi o sín1bolo para nossos círculos de estudos, o livro "Teologia da Libertação", do teólogo peruano Gustavo Gutierrez (6 1). Tínhamos algu1nas claras e poucas informações do que aconte(:ia no plano latino-an1ericano.

(63 ) Enquanto clérigos, duvidam e se detêm. CATOLICISMO

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Entre esses jovens, vocês têm à minha esquerda David (Chavarria). A ele cre io dever muito minha vocação. Não tenho nenhun1 sentin1ento de co,no direi? - de reserva e,n confessá-lo publican1ente. Porque ele, uni dia fo i preso e levado para as prisões ela Segurança Nacional , onde o 111altrataran1. El e contou só uma parte. Eu tenho e111 rneu coração, e em un1 escrito profundo que ele escreveu em .. . - a carta ven1 ela prisão - o que ele passou, sua tortura, seu encontro con1 Cristo crucificado nessa solidão . . . Ele nie enviou uma carta em que dizia: "Não sei se sairei vivo deste cárcere, n1as a (,nica coisa que sei é que minha convicção é forte. Rogo-lhe que, con10 pastor da Con,unidacle, o Sr. leia esta carta e denuncie, como lhe compete, o que se est,í perpetrando nas prisões da Nicará-

Os jovens seguirarn adiante seu compromisso: continuar un1 trabalho de clandestinidade, dentro das fileiras da Frente Sandinista de Libertação Nacional. E, desde então, desde 1973, desapareceram para integrar-se numa atividade clandestina de trabalho sutil e intenso com os movimentos populares, alimentados nas Con1unidades Eclesiais de Base. Assirn, fomos acompanhando o povo através desse processo de clarificação (64). Senti a necessidade i,nperiosa de acornpanhá-lo através da pregação, ele vigílias que se faziam na igreja a noite toda, através ela correspondência. Mas, devo dizer, aprendi sobretudo que era preciso dar um salto além, através do compron1isso intenso, profundo, dos jovens que rnilitavam nessa con1unidade universitária (65).

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(64) Durante a própria ação, os jovens, encabeçando o povo, conduzem o "processo de clarificação", ou seja, de subversão. Eles são ajudados pelas Comunidades Ecles iais de Base. (65) A perplexidade de um clérigo se esclarece, por um "sentir a necessidade". E se põe a seguir o impulso dos profetas e do povo.

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Guerrilheiros em Matagalpa. A rev olução nicaragüense apresentou-se como "cristã" antes da vitória. Com o tempo, a máscara vai caindo e os sand inistas mostram-se cada vez mais próximos da tirania comunista.

Ti nha n1edo de fazê-lo, tambén1 por sua segurança pessoal. Contudo, o compromisso foi mais forte e o fi.z. E denunciei ao inundo, dentro e fora da Nicarágua, o que lhe havia acontecido; e logo começamos um diálogo de umas sete cartas. E eu enviava a 33


ele n1inha ca?·ta de resposta entren1eada de frases da Escritu ra e com a Eucaristia, para que ele con1 ungasse, e para qu e se pudesse nutrir no tremendo n, artírio que sofri a (66). •

... ingressa,11

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surreição nacional.

(66) O pedido e o exemplo de um leigo determ_inam o clérigo a engajar-se. O caráter de guerra religiosa, da revo lução sócioeconômica sandin ista, é posto em realce com a maior clareza pelo Sacerdote sandinista.

. , Quando ele saiu da prisão, tinha Jª ~!anos de integrar-se à insurreição nacional que era i1ninente. Passou pela minha casa e deixou-1ne unia carta que ainda conservo: "Quis celebrar convosco u1na .Eucaristia, antes de integrar-1ne na luta" . Eu queria, para terminar, assi nala r sin1plesmente que o seu testen1 unho n1e fazia pensar 111uito naquela frase do Mestre: "O discípulo não é n,aior que seu mestre". Neste caso, na minha Con1unidade, devo dizer o conLrário: os discípulos foram maiores que o mest.re (aplausos). O que eu 11ão fui capaz de dar, deran1 eles.

E então, no dia em que começou a insurreição nacional, tive a última lição de um povo jnteiro, que nunca sepa rou fé e oração da luta revolucionária. Quando as bombas de Son1oza 1netralhavan1 a população civil de meu bairro, eu via que, con10 única resposta , por trás das rajadas de n1etralhadora que se defendiam, havia um grito de esperança para todos nós: "Pátria livre ou morrer " . E me retirava, na minha soJidão, em profunda . . oraçao, muitas vezes diante do tabernáculo, e sentia que o Evangelho não era eu q11e111 pregava: co1neçavarn a pregá-lo os jovens sandinistas da Nicarágua (aplausos) ( 67). • (67) A verdadeira prédica é

-

mais a do fuzil que a do pú lpito. Note-se que entre os "jovens sandinistas" que pregavam pelas armas, havia notoriamente comunistas. Segundo Frei Uriel, parece que também eles pregam mais autenticamente o Evangelho do que os próprios Sacerdotes. Flagrante do auditório

Q11e111 prega u "Evangel fi o' ' seio

os

guerrilheiros.


[<'rei Betto. - O Pe. Uriel nos disse que a prin1eira parte de sua juventude ele viveu sob o regime de escravidão de Son1oza. Depois ele estudou, três anos, Direito na Universidade Nacional da Nicarágua, em Léon. Ingressou na Orde1n cios Franciscanos, em Assis, e realizou estudos de Bíblia e1n Roma e Jerusalén,. Após doze anos, ele regressou a seu país, em 65, quando já acabava de se forn1ar a Fren te Sandinista de Libertação Nacional. E ele con1eçou a realizar, junto con1 outros Padres, uma atividade profética, no sentido de renovação da 'Igreja, que era compro1netida con1 o regime que imperava no país. E, sobretudo, essa atividade profética consistia em recuperar a mensage1n evangélica que havia sido apropriada pelas classes dominantes. E, certo dia, um grupo de sandinistas foram descobertos nun1a casa. A Guarda Nacional foi chamada e assassinou a todos, destruindo os seus corpos. Então, o Pe. Uriel e mais seis Padres - um grupo de sete - protestaran1. E começaram a abrir caminho para o que seria a futura Nicarágua, dentro da perspectiva bíblica do txodo. E logo veio a reação do Governo. O Diário Oficial do regime batizou os padres de "os sete irmãos de Marx", e passou a atacá-los. Experiências que ele viveu junto às Comunidades Cristãs, como participação em greves - a greve dos professores - fez com que, a partir de 1971, fo rmasse com um grupo de universitários uma Comunidade e1n sua Paróquia. E viu nisso uma oportunidade para dialogar com a juventude so~rida. E alguns desses jovens da sua Paróquia são hoje comandantes da Frente Sandinista de Libertação Nacional. Eles procura van1 realizar un1 a integração fé e política, fé e revolução, fazendo uma análise do Evangelho à luz da História a ser resgatada (68). Não foi fácil , para ele, atuar junto a essa Comunidade, porque não sentia apoio na Ordem, nas estruturas da Igreja, nem possuía suficientes esclarecin1entos doutrinários. E só n1ais tarde vieran1, corn a "Teologia da Libertação'', do teólogo peruano Gustavo Guti érrez, que está aqui presente enLr~ nós. ~sta noite (paln1as calorosas). CATOLICISMO

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(68) Em sua versão do que acaba de dizer o orador, Frei Betto afirma adequadamente que este descreveu uma "integração" entre "fé e política, fé e revolução" , com base em

"uma análise do Evangelho à luz da História a ser resgatada". Isto equivale a dizer que também ele entende a doutrina e a prática da Teologia da Libertação como uma peculiar "análise do Evangelho" com projeção e interação nos campos rel igioso, político, e da ação armada. Ou seja, trata-se de uma nova Teologia que abre caminho para uma nova era da História da Igreja e da civilização. Tudo bem pesado, uma nova era, de uma nova Igreja, e de uma nova civi lização, na qual tomam parte também marxistas.

Ele sentiu um peso muito grande entre a instituição da Igreja e o co1npromisso con1 o povo. Era 1nuito pressionado pelos superiores, e isto fazia com que ele sentisse algum conflito, sobretudo quando lhe f alavan1 que a Igreja não podia ser instrumentalizada, que a violência não é evangélica etc. Então ele viu que precisavi.1 assumir a realidade, e que a realidade a ser assumida não era unia realidade quiinicamente pura, e que o Evangelho havia sido apropriado pelas classes dominantes, e dever-se-ia agora ser resgatado. Esses jovens da sua Con1unidade foram adiante nos seus compromissos. e se integraram na Frente Sandinista. A partir de 73 caíram na clandestinidade e atuavam junto aos grupos populares alimentados pelas Co1nunidades. En1 sua Paróquia, o Pe. Uriel continuou acompanhando o povo e ajudando na conscientização através de vigílias à noite, e sobretudo de correspondência. E que u1na das correspondências que 1nais n1arcou foi a que ele 1nanteve con1 David, enquanto David esteve preso. Un, dia David lhe escrevera: "Não sei se vou sobreviver. Mas co1no pastor, você pode denunciar o que se passa aq ui" . E disse o Pc. Uriel que

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teve 111edo, sobretudo por causa da segurança de David. Mas afinal denunciou dentro e fora da Nicarágua o que se passava nos cárceres do país. f nclusive através dessas cartas ele conseguiu enviar a Euca ri stia para David. Quando David saiu da prisão, ele quis celebrar com ele, con1 o grupo dele, a Eucaristia, antes de ingressar na guerrilha. O Evangelho diz que o discípulo

não é maior que o Mestre. Mas, no caso do Pe. Uriel, os discípulos, dizia ele, foram maiores cio que o mestre. O que não fui capaz de dar, eles clera111. E quando Somoza metralhou a população civil de seu bairro, ele sentia que a resposta era um grito de esperança: "Pátria livre ou morrer!" E sentia que não era mais ele que pregava o Evangelho; o Evangelho, na Nicarágua, estava sendo pregado pelos sandinistas (palmas).

7. Alocução do Padre-Ministro

Fala 11111 padre de esquerda (hoje Mi11istro da Educação).

Povo cristão porque saneiinista . ..

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Frei Betto - .Nós vamos ter a alegria e a honra de ouvir agora a palavra Jo padre Miguel D'Escoto, que é o Ministro das Relações Exteriores da Nicarágua (palmas). Padre Mig11el D'Escoto. - Pediramme que fale sobre algo que, creio, não apresenta nenhuma novidade para todos vocês, irmãos e irmãs de diferentes países do Terceiro Mundo. Porque creio que todos os anelos sobre os quais vou falar, os nossos anelos para a Nicarágua, são os 1nesmos anelos que têm todos os habitantes do Terceiro Mundo para seus países. Pediram-me concretamente que sonhasse um pouco em voz alta, que compartilhasse com vocês rninha visão do futuro de minha pátria libertada. Libertada da opressão somozista, não libertada das conseqüências de tantos anos de corrupção e exploração por parte do regime somozista, da oligarquia .e da intervenção do imperialismo americano. A Nicarágua - como vocês sabem - acaba de passar por uma guerra terrível. Terrível pelo óàio, pela destruição causada pela opressão somozista, porém maravilhosa pelo amor e pela entrega, pelo patriotismo, pelo heroísmo evidenciado pelo nosso povo, que é cristão e sandinista ao mesmo tempo, e é cristão precisamente por ser sandini~ta; o que significa estar comprometido por atos, e não só por palavras, com a sorte de seus irmãos, com os que têm fome e sede de justiça (69).

Pe. Miguel D'Escoto

(69) A alocução do Padre Ministro das Relações Exteriores da Nicarágua faz ver, com a maior clareza, o amálgama entre sandinismo e cristianismo: "Nosso povo, que é cristão e sandir1ista ao mesmo tempo, e é cristão precisamente por ser sandinista ". Não se poderia afirmar mais energicamente esse amálgama. Somados cristianismo e sandinismo , a resultante qual é? "Estar comprometido por atos, e não só por palavras" com os pobres. Durante dois mil anos de vida, durante dois mil anos de civilização cristã, a Igreja soube agir CATOLICISMO

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com gloriosa eficácia em prol familia de nicaragüenses, unidos não dos pobres e dos necessitados . somente pelo amor à pátria, mas tamA ela deve o gênero humano a bém pelo amor entre todos nós. extinção da escravidão em todos Ou seja, o que queremos é uma os povos civilizados, e mais tar- Nicarágua que seja autenticamente de a libertação dos servos da cristã. Que seja sandinista, solidária, gleba. Soube ela denunci ar , com fraternal, o que implica necessa_riaa necessária ene rgia, os males mente uma Nicarágua sem capitalisn10 ocasionados pe la industrializa- .e sem nenhuma ingerência do impeção e pelo poder invasor do ou ro rialismo nas decisões políticas de nosnos séculos XIX e XX. E sob o so pais. bafejo dela se organizaram e Essa é a nossa n1eta, esse é o nosso floresceram, em número sem sonho. conta, obras de toda ordem, moAgora, o mundo se pergunta: "E vidas pelos nobres ideais da como pensam os nicaragüenses alcanjustiça e da caridade cristãs. çar esta meta?" - Perguntam-se sobre Mas tudo isto fo i alcançado na qual é a ideologia que conduzirá nosso paz, sem jamais te nder para o avanço rumo a esse objetivo. E a confisco, para a subversão, nem resposta é que no caso da Nicarágua, para a violência. depois de tantos anos de luta contra Surgem agora os Sacerdotes a opressão, nós realmente não tivee leigos catól icos fascinados mos que sair ao mercado internacional pelo apelo do comunismo à sub- das ideologias, por assim dizer~ para versão. Deixam-se pica r pela ver qual a ideologia que melhor nos mosca venenosa da Teo lo gia da convém. Nas próprias entranhas, nas Libe rtação, esquecem os princímontanhas e nas cidades da Nicarápios de doutrina e de ação aos gua, está em gestação, ao longo de quais a Igreja deveu, nesta mameio século, um pensamento, uma téria, todas as suas glóri as pas~ ideologia autenticamente rricaragüensadas, e abe rrando de dois mil se. E essa ideologia é o que o mundo anos de t rabal hos frutíferos e todo já está conhecendo como sande vitórias. pacíficas, se transdinismo. · formam em fautores decisivaSandi11isn10, u111a É verdade que esse pensamento mente influentes da luta de clasideologia ,nal desandinista ainda não foi sistem· a tizases pregada por Marx. Ei-los i inida. do. Já está sendo criado o Instituto que, amalgamados na Nicarágua, sandinistas e catól icos se ati- de Estudos Sandinistas, para que as ram nessa luta, com preterição pessoas com capacidade para sistemados aspectos espirituais e sobrenaturais da sua missão de Na entrada do Tuca, lite,ratura marxista à venda, con,o as obras "A Sagrada Família", "Sobre a Religião" de Marx e Sacerdotes. Oh, como têm razão Engels e "Dialética da Natureza" de Engels, na 2.ª e 3.ª as advertências de João Paulo li fileiras. Participantes do congresso de teologia podiam comem Puebla! prar também cartazes coloridos com a figura de "Che" Guevara. /

Nossa ambição para a nova Nicarágua é uma Nicarágua onde nunca jamais na História voltem a repetir-se os horrores e sofrimentos de uma guerra como a que vivemos. E para alcançar este obj~tivo é necessário erradicar as causas das guerras de libertação. Desejamos que nossa pátria, que nossa Nicarágua seja realmente uma Nicarágua de todos nós, e não de um grupo de privilegiados. Queremos viver em uma Nicarágua onde não só nos chamemos, mas onde realmente sejamos irmãos, porque todos participamos. Uma Nicarágua sem fome, sem analfabetismo, com hospitais e assistência para todos, com n1oradias, com emprego para todos. Onde todos se sintam membros de uma gran·de CATOLICISMO

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Os quadro pilares do sa11di11is,no:

1 .0 ) Nacionalis,no.

2J') De,nocracia popular.

tizar estas coisas o façarn. Mas éu diria que, tendo lido r1ão somente os escritos de Sandino, 111as também, posteriormente, os escritos de todos aqueles que enriquecera111 este pensamento dinân1ico, que é o sandinismo, eu diria que ele tem quatro ·pilares fundamentais: - O sandinismo é profundamente nacionalista. Mas son1ente no sentido ele que nos opomos rotundan1ente -e que estamos dispostos a derra1nar nosso sangue, se for necessário . .. . para que os n1caraguenses seJamos sempre os protagonistas de nosso próprio destino nacionalista. - O sandinismo é também prof undan1ente democrático. Mas não no significado que se costun1a dar a essa palavra tão vazia de conseqüências para o povo. Anelan1os uma democracia co1n verdadeiras conseqüênciás para o povo. Unia den1ocracia não

~l embros da Junta re,volucionária que assumiu o poder na Nicarágua, há um ano. Ao centro, entre Violeta Chamorro e Daniel Ortega (o segundo da direita para a esquerda), o Presidente da Costa Rica. Violeta Chamorro, burguesa abastada e viúva do diretor de " La Prensa", demitiu-se da Junta meses depois, assustada com o processo de comunistização do país. Alfonso Robelo (último da direita para a esquerda) afastou-se igualme nte do governo e refugiou-s e nos Estados Unidos.

n1eramenle formal, que se caracterize pelo fato de que u1na elite que representa 7 a 8 % da população se substitui, a cada quatro ou seis anos, na cadeira presidencial. Nós querem<)S tnna democracia política, social e econômica, com autêntica participação de nosso povo em todos os níveis (70). •

(70) Esse sandinismo só agora está sendo estudado , confessa o Padre-M inistro. De qualquer forma (cfr. as palavras grifadas no texto), o sandinismo tem um forte sabor radica lmente iguali tário, o qual desf echa num anticapita lismo categórico, e nurria signifi cativa omissão, sobretudo quanto sej a o papel da propriedade privada nessa Nicarágua sandinizada.

- O sandinisn10 é també1n profui1clamente cristão. E eu diria que esse é un1 dos pilares principais deste pensamento, desta concepção da sociedade. O cristianis1110, dentro do sandinisino, se tem ,nanifestado e1n muitas fo rn1as. Já os con1panheiros. . . o Pe. Uriel Molina, acaba de fazer referência a· essa alegria pascal, ao fato de que, enquanto o tirano genocida lançava bombas de 500 e de n1 il libras

3. 0 ) Cristia11isn·10 sandinista.

UPI

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4. 0 ) Justiça Social autêntica.

!6gico aliado ela Revol11çâo sa11di11ista: a Igreja" . "O

n1cús

Segundo

Sacerdo-

te-Mi11istro, apoio ao sandinisrno é oport1111idade única para a f i;reja "ser fiel ao Se11hor''.

sobre os bairros periféricos de Manágua, o povo respondia con1 cantos. () n1undo intei ro, creio, se surpreendeu pelo fato de que depois de uma revolução que triunfou de forma tão categórica, não houve na Nicarágua fuzila,nentos nem reclusões. f sso é o que o mundo inteiro esperava que acontecesse .. .. (gravação interrompida). . . . . [ U1na sociedade onde] haja autêntica justiça social. Esta é a ideologia de nossa revo1ução, o sandinisn10, mas é indiscutível que isto ten1 que ser ajudado, do n1odo que for, pelo seu lógico, pelo seu n1ais lógico aliado: a Igreja. Dessa maneira, este ideal tão maravi1hosa1nente evangélico será alcançado, será obtido de forma mais rápida. A Igreja tem na Nicarágua uma oportunidade única. Porque, lamentavelrnente, não soube estar sen1pre ao 1ado dos que têm f01ne e sede de justiça, dos que querem transformar o mundo para convertê-lo en1 um n1undo mais fraternal e solidário. A Igreja, lamentavelmente, é preciso reconhecer, nen1 sempre soube reco11hecer o apelo do Senhor no clarnor de seu povo. Na Nicarágua sim, ela o está fazendo, e é de esperar que o continue a fazer sen1pre, para o próprio bem da Igreja, para que continue a ser autêntica, para que continue a ser fiel ao Senhor. E para o bem não só da Nicarágua, mas do mundo inteiro (71). •

(71) Para o Pe. D'Escoto, a tarefa da Igreja não parece consistir em conciliar vencedores e vencidos. A "oportunidade única", para ele, consiste em colocar-se sempre na l inha dos atua is vencedores, "reconhecendo o apelo do Senhor no clamor do seu povo". Ou seja , é só deixando-se dirigir pela voz profética do povo que a Igreja (embora hi erárquica por essência) pode "continuar a ser autêntica, para continuar a ser fiel ao Senhor". Dir-se-ia que tudo 111udou na Igreja. Outrora Deus dirigia o povo por me io da Hierarquia. Agora Deus dirige a Hierarquia por meio do povo. Deus teria feito, pois, uma Revolução dentro da Igreja. Bastante análoga, diga-se entre parêntesis , à que o marxismo faz no mundo.

Creio yuc jú falei o suficiente (aplausos). Frei Betto. O Pe. D' Escoto disse que a Nicarágua acaba de viver u1na terrível guerra, terrível pelo ódio, pela destru ição causada pelo opressão son1ozista, n1as abrilhantada pelo amor do povo que é cristão e que é sanclinista ao mesmo ten1po. E mais cristão por ser Sandinista. O que significa estar con1pron1etido con1 fatos e não só com palavras. Cristãos que estão do lado elos que têm f orne e sede de justiça. E o que eles querem na Nica, , . . ragua e que nunca mais se rep1tan1 os horrores e os sof rin1entos da guerra que sofrera1n. É necessário, sobretudo, erradicar as causas das guerras de li bertação. E eles queren1 que a Nicarágua agora seja de todos, e não ele u111 grupo de privilegiados: u,n n Nicarágua sem fome, sen1 analfabetismo, con1 casas e emprego para todos; uma grande família unida, não apenas pelo amor à pátria mas pelo amor entre todos. O que queren, é uma Nicarágua autenticamente cristã, sandinista, solidária, sem capitalisnio e nenhuma ingerência do in1perialismo nas decisões políticas do seu país. O inundo pergunta: Como os nica-

ragüenses vão alcançar esta meta? Qual a ideologia? E eles respondem: no caso da Ni-s carágua, após tantos anos ele luta contra a opressão, nós não temos que sair no n1ercado internacional das ideologias para saber qual é a melhor. A nossa ideologia nasceu nas entranhas dos rios, das montanhas, do ca,npo, das cidades da Nicarágua. Aí se formou a ideologia autenticamente nicaragüense, o sandinis1no. Uma ideologia que não se sistematizou ainda, mas estão criando agora Instituto de Estudos Sandinistas para que isso ocorra. E que lendo os escritos de Sandino e de todos aqueles que enriquecera1n o seu pensamento, ele foi descobri ndo alguns pontos fundan1entais, como o nacionalismo e a de. ,'1locrac1a .

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E que o cristianismo dentro do sandinismo se manifestou de muitas formas. Uriel falava da alegria pascal que havia no povo enqt1anto os tiranos lançavam bombas em Manágua. O povo respondia com cantos. E o mundo se surpreendet1 após a revolução, por não existir na Nicarágua fuzilamentos. Talvez muitos esperassen1 isto, mas eles têm um lema: ser generoso na vitória. E para eles o perdão e o amor são importantes no sandinismo. Deve-se chegar a uma sociedade aonde haja autêntica justiça social. E que a Nicarágua quer ser ajudada pela Igreja, para que ela própria, co1no nação, possa reaJizar o ideal evangé-

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lico. E que a Igreja agora na Nicarágua tem uma oportunidade única, porque lamentavelmente nem sempre ela soube estar do lado dos que tên1 forne e sede de justiça. A Igreja af.ltes não sabia reconhecer no clamor do povo o chamado do Senhor. Agora, na Nicarágua, ele pode dizer que a Igreja reconhece a voz de Deus nesse clamor (72). (72) O destaque em negrito no texto rea lça que Frei Betto, expressivo elemento da extrema "esquerda católica" no Brasil, ao repetir os conceitos do Padre-Chanceler da Nicarágua , nenhuma ressalva lhes faz.

8. A voz de um membro da Junta Revolucionária Frei Betto - Nós temos, sem dúvida nenhuma, o privilégio de escutar agora a palavra do comandante Daniel Ortega Saavedra, da Junta de Governo da Nicarágua e da Direção Nacional da Frente Sandinista de Libertação Nacional (palmas, assobios). Daniel Ortega. - Deixem-me agraFala menibro da Junta R evolucio- decer estes aplausos, este entusiasmo nária. de vocês, em nome de nossos heróis e mártires que vivem na Revolução Nicaragüense, que vivem no coração dos povos da América Latina. Nossa revolução é uma revolução que não podemos, indiscutivelmente não podemos, isolar da luta dos povos. A Revolução ven- Se a revolução foi possível na Nicaceu graças ao apoio internacio- rágua é porque os povos da América n'al. Latina, os povos do m11ndo, a apoiaram, a respaldaram, de maneira decidida. Não s0111os alheios a este esforço, não somos alheios tampo11co ao sanlncita111ento à "libertação" da Amé- gue derramado em nosso Continente, em luta permanente para alcançar a rica Latina. s11a libertação (73). (73) Para um membro da Junta Governativa da Nicarágua, Comandante Ortega Saavedra, é claro que a Revolução Sandinista constitui um só todo com as agitações que sacodem no momento a América Latina: a) os "heróis e mártires" san-

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1. O comandante Daniel Ortega chega à sessão para ocupar a mesa.

dinistas "vivem no coração dos povos da América Latina"; b) a vitória do sandinismo se deve ao apoio dos "povos da América Latina", dos "povos do mundo''; CATOLICISMO

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c) há uma correlação entre o esforço dos sandinistas e "o sangue derramado em nosso Continente, em luta p.e rmanente para alcançar a sua libertação".

E vendo à distância esse passado, nós confirmamos na prática quanta razão tinha nosso irmão sandinista.

É claro que nem todos os dias po-

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Saudação dos "revolucionários nicaraguenses" aos brasileiros.

dem ser de vitória. Mas esse esforço diário, esse sacrifício que é catalogado por alguns con10 estéril, soma forças, soma vontades, soma decisão e ajuda a ser possível, o. triunfo revolucionário e1n_ nossa patr1a. Hoje, aqui no Brasil, sentimo-nos contentes com o entusiasmo de vocês. Sentimo-nos contentes com o otimismo de vocês. E trazemos. ao povo do Brasil, aos trabalhadores brasileiros, aos operários, aos camponeses bra~i.leiros, aos patriotas brasileiros, a saudação, o abraço. franco dos trabalha. dores nicaragüenses, dos camponeses nicaragüenses, dos patriotas nicaragüenses, dos revolucionários nicara.. guenses. Um companheiro n1uito querido, tombado em combate em 1970, comentava numa roda com outros companheiros, lá por volta de 1964, comentava que a grande dificuldade que tínhamos nos movimentos de libertação, era que na direção dos movimentos de libertação todo mundo queria ser Fidel Castro (risos). 2 . Incita o público à revolução.

3. Erguendo o punho, agradece os aplausos da assistência.

Porque ha':'ia, sobretudo, uma tendência de cai.1-: na cópia fiel' de uma revolução triunfante. Havia, inclusive, a tendência de procurar um Fidel Castro para cada revolução latino• americana. E nossa revolução, com ·o passar do tempo, se veio persuadindo de que a Revolução Cubana era única na América Latina, de que a Revol11ção Cubana - heróica e magnífica, com Fidel Castro à frente - não podia repetir-se da mesma maneira (palmas). Em nosso país, nossa Vanguarda tem Jun dirigente máximo, que se chama Direção Nacional, e é composta por nove membros. Não se podia repetir, com pontos e vírgulas, o f enômeno da Revolução Cubana (74). • (74) Merece nota o elogio à

"Revolução Cubana heróica e magní/ica".

"Revolução Cubana, heróica e magnífica com Fidel Castro à frente". A divergência só está na direção " monárqu,ica" do movimento castrista , e do caráter colegiado da direção sandinista. Vê-se bem que castrismo e sandinismo são, em substância, a rnesma coisa, ou seja, comunismo. CATOLICISMO

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/11s11rreíçào 11rba· 11a, decisiva na guerra , revolucio. 11ar1a.

Na Nicarágua, a parllcrpaçào da:-; n1assas inssurectas nas cidades foi decisiva, e a guerrilha nos can1pos e nas rnontanhas foi parte dessa .insurreição e não o eixo da guerra revolu. , cioná ria. E isso nô-lo ensinou. a pratica; ensinou-nos o povo, ensinou-nos nossa Histór ia. Enquanto não penetramos em nossa Histó ri a, enq uanto não procura rnos as raízes de nosso processo, não conseguimos enco ntr<1r a resposta acertada. Enquanto isso, tínhan1os estado " divagar, a divagar corn exper1enc1~s jé1 acabadas, en1 lugar ele saber assr.milar de manei ra criadora essas experiências. Tendía n1os a cair no rnecanicismo. no esq uen1atis1no, no teoricismo. E era preciso vencer tudo isso. E tudo isso son1ente podia ser vencido à custa de prática, à custa de experiência, à custa de fracassos, à. custa do nosso povo. E muitos se perguntarão corno foi possível a vitória dos sandinistas._ rnos dito e repetido que nossa v1tor1 a ' , foi possível, não . porque trvesse,nos adqu irido um pouco .mais de arma. , rnento, não porque tr vessen1os org_anizado um pouco n1elhor ,o povo, nao . porque somássen1os un1 numero 111a1or de combatentes. Mas foi possível porque houve decisão, porque ho~ive energia e, sobretudo - porque e o n,ais difícil - porque puden1os ler un1 pouquinho de humildade para p~>der unir-nos. Sen1 unidade não terra sido possível a vitória revolucionária na Nicarágua (palmas). Para nós, indiscutivelmente, foi di fícil conseguir a unidade. Não foi tarefa sin1ples. Porque cada qual neste caso, cada Organização - tende a fazer-se dona absoluta da verdade e a negar a participação aos cle,nais. Porque caín1os com faci lidade no sectarismo. Porque em lugar de apresentar um só punho, apresentamos cinco dedos apontando para diferentes direções (palrnas). • h

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Unidade dos Revo/11cio11ários, i11díspen.1·ável para a

vitória.

Eni vez de cinco dedos ",un só pun 110" .

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Enlão não e possível pensar ~,n avanços, pensar en1 transformações, pensar en, revolução, ainda que.º ~r~guen1os e o repitamos. Te1nos 1ns1st1do, e insisti mos, quando nos pergunla1n qual é a experiência qu~ tra~ a Revolução Nicaragüense. Pois d1zen1os: a n1aior experiência que a Revolução Nicaragüense traz é que não se deve copiar e que se deve1n bus~ar as respo.stas e,n sua própria realidade (palrnas). Mas acreditamos que haja uma excessão a essa afirrnação. E é a de que a un idade é ped ra angular, é elemento decisivo e fundamental pa ra que possa haver revolução. A isso. sin1, nos aferran1os, e cre111os que cl even1os copiar e deven1os repeti r outras experiências (pal n1as). Nós nos sentimos orgulhosos de estar aqui, com os cristãos revolucionários (risos, palmas) .. . se bem qu e n1e parece un1 pouco redundante a palavra (paln1as): na Nicarágua di~emos que ser cristão é ser revoluc10n,1rio! (aplausos) (75). •

"Ser crist(ÍO é ser revolucionário".

(75) É expressiva a afirmação do caráter revolucionário da mescla entre sandinismo e cristianismo.

Em nosso país coincidiram no tern po uma Igreja renovada, un~a [~rela ativa e combativa, unia IgreJa crista, con1 um povo cristão, sandinista, . J~lando contra un1a ditadura sangu ,naria (76). •

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"Igreja renovada" e Revolução.

(76) A "Igreja renovada" e o "povo cristão, sandinista" são respectivamente os aspectos harmônicos - espiritual e temporal - que integram a fisionomia da nova Nicarágua revolucionária.

Ontem explicávan1os a outros con1panheiros - quando nos perguntavan1 a respeito das relações TgreJa-R~volução - que se a Revoluçao Nrcaragüense se tivesse dado no.ªº? de 1957 quando acaba va de ser JUSllçado o tir~no Anastasio Son1oza C,a rcía. CATOLICISMO

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"Participação decidida cfe Padres revolucionários".

segura,nente a Revolução teria entrado en1 choque com a Igreja. ·Porque " fgreja, n;i sua Hierarquia, na rnaioria de seus representantes, estava agredindo e entrando en1 choque con1 o povo fazia um bom te1npo. E unia das manifestações n1ais claras dessa agressão da Igreja ao nosso povo, foi que quando o tirano, quando o assassino Somoza García foi enterrado, quando lhe rendian1 honras antes ele levá-lo à sepul tura, as altas autoridades da Igreja na Nicarágua o enterraran1 com honras de Príncipe da Igreja (murmúrios). E lhes garan to que, nessas condições, ao triunfar uma revolução, os primeiros a fugir com os restos da família Somoza teriam sido esses senhores que ocupavam a alta autoridade, a alta representação da Igreja em nosso país. Mas, para sorte de nosso povo e de nosso continente a história da vitória revolucionária em nosso país contou co1n a participação decidida de Padres revolucionários, contou con, o sangue derramado de Padres revolucionários, corno nosso herói inesquecível, Gaspar Garcia Lahiana (aplausos) (77). • (77) O nexo entre a Revolução temporal e Revolução dentro da Igreja vem aqui claramente afirmado.

Na mesa, apologia da violência : cartazes de Sandino e Carlos Amador, "heróis" da guerrilha revolucionária nicaragüense.

O triunfo revolu<.;ionúrio en, noss,) país. clizían1os, foi possível porque não houve dogn1atisn10, foi possível porque não hou.ve sectarisn10, foi possível porque a ningué1n se fec haram as portas. foi possível porque todo o povo assin1 o exigia, e porque sua V'1nguarda o souhe interpretar. Hoje, nosso país, nosso povo, se debate em urna situação difícil. Estan,os lutando contra a destruição que o somozismo deixou. Estarnos lutando contra as dívidas que a ditadura somozista deixou corn os bancos estrangeiros e con, os organismos internacionais. Esta1nos lutando contra o ana lfabetismo, porque também ten1os dito e repetimos que nosso povo o que conqu istou, foi a liberdade para poder ser livre! (palmas). E necessitamos do apoio dos povos. Necessitan,os do apoio dos hon,ens conscientes deste continente. Necessita1nos do apoio dos governos latinoameri canos e do mundo. Nossa situação é difícil e não poden,os isolar-nos do que é o 111ovin1ento econô111ico intcrnacional, do que é o 1ncrcado internacional. Essa é urna real idade que pesa sobre nossos povos e, sobretudo, sobre os povos n1ais pobres, sobre os povos com n1 enos recursos. Mas trata-se agora ele consegu ir e negociar ajuda e e111préstirnos con1 dignidade. De negociar e conseguir ajuda e en1préstin1os scrn claudicar. De nego-

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ciar e conseguir ajuda e empréstin10s No grupo dos "teólogos" que assistiam à Noite Sandinista ' estava presente o Pe. Eduardo Hoornaert, professor do Instituto " .. . para f ortale- para fortalecer a economia de um cer nosso processo povo, para fortalecer nosso processo de Teologia do Recife (primeiro à direita). revof ucionário". revolucionário. Estávamos perguntando a um companheiro nosso quais as últimas infor- de dólares para armas, e que se enmações acerca de 75 milhões quê esta- vien1 armas ao exército salvadorenho ' vam em discussão nos Estados Unidos e se envie rapidamente ajuda econôhá um bom tempo: se já o aprovaram mica ao governo de El Salvador (grito na platéia: "Assassino!") ... ou não o aprovaran1. Essa é a realidade das relações de Queremos deixar isso claro, e já o deixamos claro para nosso povo, nosso povo, de nosso governo revoluque desses 75 milhões não depende o cionário com o governo dos Estados futuro da Revolução Nicaragüense Unidos. Enquanto aprovavam conti(palmas). Porque, de repente, lança- nuamente empréstimos atrás de emram toda uma campanha internacio- préstimo a Somoza, enviavam ajuda a nal de imprensa, e quiseram bombar- Somoza, sabendo que Somoza a roudear também o nosso povo com essas bava para si, por outro lado, põem idéias de que os 75 milhões são deci- dificuldades e fazem delongas para um sivos para o futuro da reconstrução empréstimo a nosso país. Quando a da Nicarágua. Isso não é verdade! To- Nicarágua tem todo o direito de reclados sabemos que nem 75 milhões, mar do governo dos Estados Unidos nen1 400 milhões, nem mil milhões u1na indenização histórica pelo dano "O deterrni11a11te é que fizeram a nosso povo! (aplausos são determinantes. Que o determinano espírito e a decalorosos, gritos). cisão de nosso te é o espírito e a decisão de nosso Achamos que é preciso também depovo". povo! É a disposição de nosso povo de ser livre por seu próprio esforço; nunciar, por onde formos; fazer-nos à de impor-se uma quota maior de sacri- solidários com o povo de El Salvador, Solidariedade fício para poder ser, por fim, verda- com esse valente Arcebispo que tem guerrilha em El Salvador. El Salvador, que se chama Dom Rodeiramente livres! (palmas). E nos Estados Unidos, enquanto mero (aplausos), que tem denun::iado discutem e discutem se e1nprestam à o perigo de intervenção ·contra seu Nicarágua - porque não estão dando país (78). de presente - se à Nicarágua em• (78) A solidariedade da revoprestam 75 milhões de dólares, por lução sócio-econômica e religiosa nicaragüense com a de EI outro lado aprovam rapidamente o Salvador constitui mais uma envio ao Paquistão, de 400 milhões 44

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"Nâo! 110 i111perial isnio ianque".

E que quando, na 17.ª reunião de mani festação da tendência da Revolução Nicaragüense a alas- consulta da OEA , os Estados Unidos trar-se por toda a América La- apresentaram a proposta de que se t i na. invadisse a Nicarágua, os representan·rodos sabe1nos que os setores mais tes dos governos latino-americanos re.acionários dos Estados Unidos, os ali na OEA , a maioria dos represensetores militaristas e os setores beli- tantes, se opuseram a tal medida. Essa cistas estão tratando de aproveitar-se atitude não era casual. Essa atitude ela situação cio Afeganistão, da pre- não era produto do ato i1npulsivo de sença de tropas soviéticas no Af ega- alguén, ou de algu1nas pessoas por lá. nistão, para justificar qualquer inter- Mas ela era produto da luta constante venção e agressão contra os povos ela e perma nente dos povos de nosso conAmérica Latina, e em particular con- tinente, que têm pressionado pela tra o povo da Nicar,1gua (aplausos, autodeter1ninação, por uma atitude anti-in1perialista, por um a atit ude sogritos). Queren1os dizer-lhes, con1panhei- berana, por u1na atitude revolucioros, queren1os dizer-lhes, irn,ãos, que nária! (pal-n,as). o esforço de todos não está sendo Que a unidade seja a meta imediata e1n vão. Que a luta dos povos não se dos que luta1n pela libertação naciodetém ainda quando se lhes agride, nal. Que a unidade seja a meta in1equando se lhes assa':sina, quando se diata a alcançar, para poder caminhar 1hes aterroriza! com pé fir1ne! Pois se na An1érica Latina, há vinte Viva o povo do Brasil! Viva o povo anos, não havia governos dispostos a dizer "não"! ao in1perialismo ianque, do Brasil! Viva o povo do Brasil! en, nenhun,a circunstância, agora já (aplausos ca lorosos, gritos). existem governos neste Continente disO auditório. - Ni-ca-rá-gua! Ni-capostos a dizer "não!" , ao imperialismo rá-gua! Ni-ca-rá-gua! Ni-ca-rá-gua! ianque! (paln1as). Ni-ca-rá-gua! ... (gritos ritmados).

Mais 11111a vez apelo â 1111idade.

9. Frei Betto resume pronunciamento do Comandante Ortega. E endossa. A ped ido dos t:0111 panheiros das comunidades da periferia que tên1 dificuldade de entender algumas expressões em espanhol, a gente vai faze r un1 resumo da fala do con1andante Daniel Ortega. Eu agradeço o entus iasmo en1 nonH.: de nossos heróis e n1ártires que viven, no povo nicaragüense e no coração dos povos da América Latina. Nossa revolução é uma revolução que não pode1nos isolar da luta dos povos. Se a revolução foi possível na Nicarágua , é porque os povos da América Latina e do 111undo, a apoiaran, e sustentaram de 1nodo decisivo. Não son1os alheios a estes esforços, nen1 Frei Betto. -

CATOLICISMO

Julho/ Agosto de 1980

Frei B&tto


ao sangue dcrran1ado e111 nosso Conlinente, na luta pern1anente para alcançar a libertação. Claro, ·nem todos os dias são dias de vitória. Mas esse esforço diário, que alguns achan1 estéril, son1an1 forças, vontade, decisões, e tornam possível o triunfo revolucionário e1n nossa pátria. Hoje, no Brasil, estan1os felizes pelo entusiasn10 de vocês, o otimisn10 de vocês, e trazendo ao povo do Brasil, trabalhadores e can1poneses, patríotas, a saudação, o abraço franco dos trabalhadores, can1poneses, patriotas e revolucionários nicaragüenses. Un1 companheiro 1nuito querido, n1orto en1 combate, em 1970, con1entava numa roda de co1npanheiros, que por volta de 64, a grande dificuldade que tinha1n os movin1entos de libertação é que, na direção deles, todos queriam ser Fidel Castro. Olhando à distância esse passado, nós conseguimos na prática verificar quanta razão tinha o irn1ão sandinista. Havia a tendência de copiar

un1a revolução triunfante. ·rendência inclusive de buscar un1 Fidel para cada revolução latino-americana. A nossa revolução co111 o tempo, convenceu-se que a revolução cubana era unia revolução na América Latina. Heróica e magnífica, n1as não podia se repetir do mesrno 1nodo. Em nosso país, nossa Vanguarda tem hoje um dirigente 111áximo que se chama Direção Nacional, e é integrada por nove 1nen1bros da Frente Sandinista de .Libertação Nacional: Não se podia repetir o fenô111eno da revolução cubana. En1 Nicarágua, a participação na insurreição do povo, na insurreição das cídades, foi decisiva, complementada pela luta no campo e nas montanhas. Isto nos ensinou a nossa his, . tor1a ao nosso povo: que só buscando as raízes do nosso processo encontra1nos a resposta adequada. Contudo, andávamos divagando sobre, outras experiências, e por jsso . . caiamos no 1necan1c1smo, no esque-

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~11atis1110, 110 Lt:oricis1110. Supera1noc; isto pela prátíca, inclusive através do fracasso; n1as graças à força do nosso povo. Muitos se pergunta111 corr10 foi possível a vitória dos sandinistas. Falan1os e repeti1nos: nossa vitória foi possível, não por termos un1 pouco 111ais de arn1as, organizado un1 pouco melhor. o povo. Ou, porque tínha111os o , 1na1or nu ,nero de cornbatentes, n1as porque houve decisão, energia e, sobretudo, o n1ais difícil, porque tiven1os un1 pouco de humildade e de unidade para podermos estar juntos. Sem unidade não teria sido possível a vitória na Nicarágua. Para nós foi difícil de ter unidade, não foi simples. Cada organização tende a se tornar dona absoluta de sua verdade e ' a negar a participação às den1ais, porque caímos com facilidade no sectarisn10, pois em lugar de apresentarrnos un1 só punho, apresentarnos cinco dedos apontando em diferentes di reções. Assim não é possivel pensar en1 111udança, ern revolução. I nsistimos, quando nos perguntam qual a experiência da Revolução Nicaragüense, a n1aior é que não se deve copiá-la, n~as buscar a resposta en1 sua própria realidade. Mas, cremos que há lllna exceção nesta afirmação. A de que a unidade é pedra angular, fator decisivo para que se possa ter revolução. Nisso nos pegan1os, devemos copiar ~ repetir outras experiências. Temos o orgulho de estar aqui con1 os cristãos revolucionários. É um pouco redundante o ter1no. Em Nicaráoua sen1pre falamos que ser cristão é ser revolucionário. Em nosso país conseguiram coincidir no tempo unia Igreja renovada, uma Igreja ativa e combativa, uma Igreja cristã com o povo cristão sandinista, lutando contra a ditadura sanguinária. ~

CATOLICISMO

Julho/ Agosto de 1980


Ontem nos perguntavan1 sobre a relação Igreja e revolução. Se a Revolução Nicaragüense se desse em 1957, quando foi justiçado o tirano Somoza, a revolução teria se chocado com a Igreja que estava do lado do opressor. Quando o tirano Somoza García foi enterrado, na cerimônia fúnebre, as altas autoridades da Igreja da Nicarágua o enterraram com honras de príncipe. Porém, para sorte do nosso povo, do nosso Continente, a história de nossa revolução contou com a participação de padres revolucionários, con10 o heróico e an1ado Pe. Gaspar García Labiana. A vitória revol ucionária en1 nosso país foi possível porque não houve dogmatismo, sectarismo, porque o po• • vo assim o ex1g1a. Não podemos nos isolar no n1ov i1nento dos 1nercados internacionais. Essa a situação que pesa sobre os povos 1nais pobres. Agora queremos consc- , gu ir ajudas e empréstimos, con1 dignidade, sem ceder ou conceder. Estamos pedindo u1n empréstimo de 75 milhões de dólares, que está sendo discutido nos EUA. Será que eles vão aprovar? Queremos deixar claro que desses 75 milhões de dóla•

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res . não depende o futuro da Revolução Nica ragilense. Há toda um a campanha de imprensa internacional no sentido ue querer provar que os 75 n1ilhões são decisivos para a Nicarágua. Isso é mentira. O determinante é o espírito de decisão de nosso. . . (gravação interrompid a) .. . : decisão de seu país. Setores conservadores dos EUA se apegan1 ao~ fatos que ora ocorrem no Oriente, para justificar a agressão à An1érica Latina, especialmente a El Salvador. Nós queremos dizer: Con1panheiros, irmãos, o esforço de todos não está sendo em vão. Que a luta dos povos não se detén1 quando se agride, se assassina ou se aterroriza um povo. Na América Latina, há vinte anos, não ha.via governos dispostos a dizer "não" aos Estados Unidos, ao imperi alismo norte-americano. Agora, há governos neste Continente dispostos a dizer "não" ao imperial-ismo ianque. Na reunião de consulta da OEA, os Estados Unidos propusera1n a invasão da Nicarágua, e os governos Símbolo da confraternização entre o progressismo e a guerrilha: Irmã Martha Frech cuida de um combatente ferido em Matagalpa. Sem o apoio progressista, a Revolução Sandinista não teria alcançado êxito .


latino-americanos se opuseram. (sso não foi casual nem fruto de um ato impulsivo, mas fruto da luta dos povos do nosso Continente que pressionam por uma atitude soberana e revolu. , . c1onar1a.

Que a unidade seja a meta dos que lutam pela libertação nacional, que r. unidade seja a meta que nos permita ca,ninhar com pé firme. Viva o povo do Brasil! (palmas)

10. Encerramento com música e lema sandinista Frei Betto - Nós queremos avisar que a Semana de Teologia prossegue amanhã, e agradecer a presença de todos aqui, e para encerrarmos nós vamos ouvir o grupo de teatro União e Olho Vivo, que vai nos apresentar mais urn número n1usical. Membro do Grupo-Teatro União e Olho Vivo. - Nós queríamos prestar utna homenagem ao heróico povo da Nicarágua, que ten1 mostrado, que está mostrando o caminho para os povos da Arnérica Latina. Gostarfainos de deixar uma pequena lembrança a todos os membros da delegação da Nicarágua. Como isto é impossível, nós vamos entregar uma pequena lembrança ao Comandante Daniel Ortega. Uma lembrança que pertence à cultura brasileira, que é um instru1nento rnusical chamado agogô. Este instru1nento tem para nó:;, o Teatro União e Olho Vivo, uma importância muito grande, e, creio, para toda a juventude brasileira, das Pastorais, da União Nacional dos Estudantes, dos camponeses, dos trabalhadores. Este instrumento, este agogô nos foi dado pelo Edval Nunes dn

Silva, o Cajá, que tem muito que ver com a Igreja, que tem muito que ver com a libertação do povo (palmas). A música que nós, vamos, .1nostrar , ,. e a nossa 1nus1ca, e a musica que fala de unidade, é a música da unidade sandinista. Pediríamos a todos que ficassem de pé, porque é o hino da Frente Nacional Sandinista de Libertação. - Música. Frei Betto. - Queren1os pedir às pessoas presentes, en1 non1e dos companheiros nicaragüenses responsáveis pela segurança do comandante Daniel Ortega e do Pe. Miguel D'Escoto, que ao fim desta cerimônia ninguén1 subisse ao palco, e procurassem facili tar, sobretudo os que estão ao fundo, a saída deles. E agradecemos. E, para encerrar, pedimos uma salva de palmas ao bravo povo nicaragüense (palmas estrondosas, gritos, brados, assobios). Uma voz. - Patria librc! Todos. - O 1norir'

O lema sandinista auditório.

"Pátria livre ou

Música da 1111ida. de sa11di11ista.

No e11cerrar11e11to, aclamações e o lerna sandinista: Patria libre! -

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rnorir!"

morrer" dominava

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Na véspera do primeiro aniversário da Revolução Sandinista, Fidel conversa com o embaixador norte-americano em Manágua

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COM FIDEL, SANDINISTAS COMEMORAM UM ANO DE REYOLUÇAO "Ven1os con1 alegria con10 a vitória sandinista se consolida", escreveu Fidel Castro e,n carta ao governo da Nicarágua, por ocasião do prin1eiro aniversário da Revolução Sandinista, a 19 de julho do currente. Reafirmou ainda o chefe comunista cubano a "solidariedade fiel e inquebrantável'' de seu regime ao de Manágua. E elogiou a "ativa política internacional da Revolução Nicaragüense, que cumpre um honroso papel ele primeira linha no movi1nento progressista e revolucionário mundial''. O ditador barbudo foi levar sua solidariedade aos sandinistas, nas comemorações em Manágua, ao lado de Yasser Arafat - da Organização de Libertação da Palestina - e de chefes de governo ou representantes de países comunistas. A administração do ultra-concessivo Jimmy Carter - também elogiada por Castro como "inteligente" - enviou representantes, apesar dos furibundos ataques que tem recebido de 1nembros da Junta nica ragüense. A presença brasileira que mais chamou a atenção e1n Manágua foi a do ex-presidente do Sindicato dos

Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, Luís Inácio da Silva (Lula). Segundo o "Jornal do Brasil", i 3/7 /80 do Rio de Janeiro, o ex-líder sindical ·- que tem por "assessor" Frei Betto - deveria encontrar-se em Manágua com Fidel Castro e outros chefes de governo marxistas. Na capital nicaragüense 1 Lula declarou ainda que a única alternativa para os tr~balhadores é "a luta contra a burguesia nacional e multi nacional". Aliança comuno-progressista

Pouco antes de jcixar Manágua com destino a Havana, Fidel Castro reuniu-se com um grupo de 46 religiosos - católicos e protestantes - aos quais manifestou a sua intenção de fo rmar uma "aliança entre marxistas-leninistas e religiosos cristãos progressistas", para ajudar à Revolução Nicaragüense. Na ocasião, o tirano cubano fez esta impressionante declaração: "0 perfeito comunista deve ser antes de tudo marxista e cristão".

·


UM CONGRESSO CERCADO DE SIGILO Os 1nais conhecidos defensores latino-

São Paulo -

.

an1ericanos da chamada "Teologia da Libertação" reuniram-se durante u111a sernana em Taboão da Serra, n1unicípio vizinho de' São Paulo. Com sua programação interna cercada do n1aior sigilo, essa reunião foi rotulada de "Congresso Internacional Ecun1ênico de Teologia", e contou, segundo os organizadores, com a participação de representantes de 42 países. Foi vedada a aproximação de qualquer pessoa que •

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não constasse da lista dos convidados, sendo liberados .

.

~

.

.

para a imprensa apenas pequenos e s1ntet1cos comunicados. O rigoroso sigilo de que se cercou o Congresso dos "teólogos da libertação" ca usou estranheza. E111 sessões noturnas no teatro da PUC, em São Paulo, promoveu-se uma comunicação selecionada do "Congresso" destinada sobretudo a padres, religiosos e leigos das Con1unidades de Base.

A "Teologia da Libertação" leva a freira a pegar o fuzil ao lado da guerrilheira, na Nicarágua, cuja revolução é agora apresentada como exemplo para toda a América Latina.

'

,

C-IRDEIL IPROVI VIAGENS I NICIRIGUI ''PIRA APRENDER''. Coube ao Cardeal-Arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns,

e~tão os grupos que vão para a Nicarágua, para aprender? Eu respon-

mau salário, da favela. Que esta • • sen1ana seJa um comprormsso no

na qualidade de presidente-honorário do Congresso Internacional

do: sei que, em São Paulo, há grupos

sangue de Cristo.

se preparando e de malas prontas

traduzir a palavra num testemunho

Ecun1ênico de Teologia, encerrar o

para partir. Até com a permissão do

real" (cfr. "O São Paulo", 7 a 13 de ·

ciclo de conferências no TUCA, a 1 •0 de março p.p. Eis suas significa-

Arcebispo de São Paulo . . .

março de 1980).

"Agora,

tivas palavras, na ocasião:

conclusão.

A

coisa

apenas

convém encerrar. '

"Co1no concluir'? Não há uma •

não

co-

n1eçou. [ ... ] "Vejam esta pergunta - chega de teologia e vamos à prática: onde

Importa agora

Na saída do teatro, uma jovem

Não é noite. Estan1os na aurora ...

oferecia u,n produto à venda: ".E:

Va111os agradecer aos mártires aqui na An1érica Latina e no Brasil. Eu

u1n poster muito bonito. Você não quer levar?" Tratava-se da figura do

recordaria aqui os mártires possei-

guerrilheiro "Che" Guevara, a cores,

1·os e <)S mártires índios. [ ... ] Não

en1 custosa apresentação gráfica. Pr~ço: 180 cruzeiros ...

se trata de un1a libertação romântica, mas uma libertação da f orne, do


1•

ll N.0 357 -

Setembro de 1980 -

Ano XXX

Diretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

INDIFERENÇA OCIDENTAL ANTE MASSACRE DO AFEGANISTÃO Vigário de Miracema CERCA DE 1.200 pessoas homens, mulheres e crianças - foram mortas em nova ofensiva soviética no Afeganistão. Segundo um comunicado da Frente Islâm ica, 22 aldeias foram arrasadas na província de Wardak, ao sul de Cabul, durante o bombardeio efetuado por 30 aviões e helicópteros russos. Na província norte-oriental de Balkh, perto da fronteira soviética, tropas comunistas recém-<:hegadas da Tchecoslováquia também bombardearam intensamente redutos anti-russos. O méd ico francês Jean-Christophe Victor confirma a devastação de aldeias afegãs pela aviação russa. Das quinze que Victor visitou, seis estavam d estruidas, na região de Nuristão. Um alemão-ocidental que lutou ao lado dos resistentes aícgães no vale de Jaji, próximo à fronteira com o Paquistão. denunciou na

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conhecida revista "Der Spiegel", de Hamburgo, o abandono em que o Ocidente deixou o Afeganistão. Sob o pseudônimo de Mr. H, declara que as forças resistentes estão lutando com armas da I Guerra Mundial, e que o Ocidente, ao contrário d o que tem sido divulgado, não forneceu ainda nenhum armamento para auxiliar o combate ao regime comunista de Cabul. Apesar disso, os afegães de todas as etnias (são mais de 60 naquele país) continuam inabaláveis no esforço de empreender a expulsão dos russos. "O Afega11is1ão não é 111na 11ação cativo. rnas un1a nação ern luta", declarou cm Nova York o Dr. B. A. Zikria, numa reunião em que pedia apoio a seu país. Nessa ocasião foram relatados casos espantosos de atrocidades cometidas pelos vermelhos contra aldeias indefesas de afcgães. Em conseqüência. o número de

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fugitivos no Paquistão já atinge cerca de um milhão de pessoas, a maioria delas vivendo em acampamentos improvisados ao longo da fronteira. O Comitê de Ajuda ao Afeganistão vem solícitando auxílio nos Estados Unidos a fim de angariar recursos - alimentos, tendas, roupas, medicamentos - para os refugiados, vítimas da agressão soviética. Sintomaticamente, os grandes meios de comunicação que no Ocidente proporcionaram cobertura ampla e sensacionatista às Olimpíadas de Moscou, agora noticiam com discrição e frieza o massacre de um povo que implora meios para resistir. Para os Jogos Olímpicos, uma grande rede de televisão nacional não poupou adjetivos: foi "n1aravilhoso" o espetáculo do encerramento ... Por que não se divulga com proporcionada indignação o genocídio q ue vem sendo praticado contra um país inteiro?

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Tanque soviétko inutilizado pelos afegães. Apesar de nlio ter recebido nenhum armamento do Ocidente, os resistentes criam séríos obstáculos aos russos, utílizando armas da I Guerra Mundial.

Neste número:

EM RECONHECIMENTO pelos relevantes serviços prestados ao município, a Câmara Municipal de Miracema (Estado do· Rio) concedeu ao Revmo. Pe. José Olavo Pires Trindade o título de "cidadão miracemcnse". A reso~ lução, proposta pelo vereador Moacyr Freire, foi aprovada por unanimidade, em sessão do dia 27 de março p.p. Na mesma ocasião, foram agraciados com igual título o Dr. Francisco Mauro Dias, Secretário Estadual da Administração e "personalidade do ano" por Miracema, e o Dr. Márcio Aloisio Freitas Siqueira, conceituado médico da cidade. A entrega dos diplomas correspondentes efetuou-se em sessão solene no salão nobre do Paço Municipal, no último dia 3 de maío, data comemorativa do 44. 0 ano da e mancipação política de Miracema. Compareceram ao ato o deputado federal Saramago Pinheiro, os deputados estaduais Elias Camilo Jorge e Lu!s Fernando Mo nteiro Unhares, prefeitos e vereadores da região, bem como pessoas de destaque na sociedade local e numeroso público. Não podendo comparecer à cerimônia devido a encargos de seu ministério sacerdotal, o Revmo. Pe. Olavo fez-se representar pelo Sr. José Antonio Moreira, que foi muito apla udido quando entregou à mesa a carta do Vigário de Miracema, agradecendo a homenagem. Coube ao vereador Hélio Nascimento saudar os novos "cidadãos miracemenses". Em um trecho de seu discurso, disse o representante d o legislativo local: "Rewno. Pe. O/avo, Mirace1na quer tê-lo co1110 cidadão para que se acrisole o seu cabedal de riqueza moral e se possa dizer dela que acond,ega afgué,11 que, no silêncio da oração e no afã do aposrolado, é o mensageiro da graça que difunde através de sua serenidade de espírito e fortaleza de alma, que não se cansa, que não mede sacrifícios ao desfraldar a ba11deira da Fé. É um herói na ânsia de luta para que rodos creia,n 111ais e arnen, se111 lin1ites a

Plínio Corrêa de Oliveira analisa visita de João Paulo li ao Brasil - p. 3 • Antiga Sé da Bahia dá lugar a estacionamento: holocausto ao ''progresso'' - p. 2 • Livreto progressista induz à luta de classes no Brasil - p. 5 • Uma visita ao mosteiro onde se acha um dos maiores fragmentos da Santa Cruz - p. 6 • Estados dental em face da Rúsda alegria e do afeto na Sangue de São Pantaquido faz temer calamisobre a TFP já em 3.ª

recebe título

Unidos e Alemanha Ocisia - p. 4 • O ocaso vida familiar - p. 7 • leão ainda em estado /idades p. 8 • Livro edição p. 8

Deus, que nos amou primeiro. Pe. O/avo, Mirace111a lhe é reco11hecida pelo exemplo vivo e transcendente de renúncia que e11carna, pela imolação de sua pessoa em prol da Igreja que venera, pelo acendrado carinho à CoRedentora do gênero humano que cultua, por ser Mãe de Deus e nossa Mãe - Maria, o legado da Cruz. Permita, portanto, que Miracen1a beije as mãos de V. Revma. reverentemente". O discurso do Sr. Hélio Nascimento foi calorosamente aplaudido, especialmente em suas referências ao Pe. Olavo e à Santa Igreja. Em sua carta de agradecimento, o Pároco de Miracema atribuiu à Igreja as ho menagens que lhe foram dirigidas, dizendo que era como se aquele titulo fosse conferido à própria Esposa de Cristo. Sendo Universal, a Igreja sabe

Pe. José Olavo Pires Trindade

adapta r-se âs características regionais de qualquer país. O Revmo. Pe. Olavo ressaltou ainda que o títu lo que lhe fora conccdído constituía mais um vínculo que o unia a Mil'accma, e um estímulo para intensificar seu trabalho em prol da cidade.

As homenagens prestadas ao Revmo. Pe. José Olavo Pires Trindade revestem-se de particular significado, pois exprimem todo o afeto e respeito que lhe vota a população local, ao contrário do que tentaram fazer crer os promotores da malévola campanha publicitária movida em 1978 contra esse zeloso Sacerdote, grande amigo de "Catolicismo". Como se rec-0rda, naquele ano alguns jornais e a TV Globo mostraram inusitado interesse pela cidade de Miracema, pertencente à Diocese de Campos, no norte íluminense. Num programa d e grande audiência nacional, a TV Globo apresentou de modo deformado as relações entre o Pároco e a população miracemense, procurando criar divisões que dessem origem a um "caso". O Revmo. Pe. Olavo foi violentamente atacado por impri mir em seu ministério sacerdotal uma orientação consentânea com a dout rina tradicional da Igreja e os princípios da Moral cató lica no tocante aos costumes. Os sucessivos programas da TV Globo. ent retanto, não tardaram e m revelar seu objetivo último, passando a atacar outros Sacerdotes da Diocese de Ca mpos, e, por fim, o próprio Sr. Bispo diocesano, D. Antonio de Castro Mayer, envolvendo em seguida a TFP. A intenção era, portanto, atingir simultaneamente toda uma corrente fiel à ortodoxia católica e a maior entidade civil antic-0munista do País. A série de programas da TV Globo, contudo, caiu no descrédito pela inconsistência das acusações, como também devido ao efeito causado por um Edita l lançado pela Cúria Diocc,;ana de Campos e por um comunicado da TFP, distribuído à imprensa, transcritos cm "Catolicismo", nas edições de setembro (n.0 333) e o utubro (n. 0 334) de 1978, respectivamente.


ANTIGA CATEDRAL BAIANA

li.

SACRIFICADA AO MITO DO PROGRESSQ iii.~~: I

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Fechada de entiga Só da 8ehia

25 DE FEVEREIRO de 1551, cm Roma, o Papa Júlio 11 assinava e selava um pergaminho que. segundo as praxes da Cúria Romana. seria copiado, arquivado e remetido a quem de direito. Tratava-se da Bula '"Super Specul11 Militantis Ecclesiae··, um documento aparentemente rotineiro. Para a História do Brasil. entretanto. esse pergaminho tem um significado especialíssimo, pois através dele foi criado o primeiro Bispado na Terra de Santa Cruz, erigindo como sede a recém-fundada cidade de São Salvador da Bahia. Hoje, transcorridos quatro séculos, a \uposta ilha descoberta por Pedro Alvares Cabral constitui o país de maior população católica da Terra, apresentando para os autênticos fiéis esperanças de vitalidade para o

A

As origens D. Pero Fernandes Sardinha. o primeiro Bispo do Brasil, fc,. construir a Sé na parte alta da cidade, considerando sua privilegiada posição defensiva, em caso de ataques invasores. Situava-se ao lado da Santa Casa de Misericórdia, tendo sua fachada voltada para a baía de Todos os Santos. na direção em que se avista ao longe a ilha de Itaparica . Seu adro terminava, por conseguinte, próximo à muralha natural formada pelo precipício junto ao mar, enquanto o presbitério situava-se na área hoje denominada Praça da Sé. Este, juntamente com uma parte da nave do templo, não estavam em a linhamento com a rua da Misericórdia. Havia um traçado irregular, tão cheio de encanto e poesia , que em nada prejudicava a pacata faina dos antigos moradores da cidade, mas se afiguraria um pesadelo para o diretor de trânsito de alguma mcgalópolc hodierna. Já em 155 1 estavam formadas as ruas do Rosário, de São Pedro. de São Bento, da Ajuda. da Misericórdia, a Ladeira da Praça, bem como a rua do Colégio, contando a "Cida· de d' EI Rei e Corte do Brasil - no dizer do Jesuíta Pe. Fernão Cardim

- nwis ou ,nenos oitocentos vizi· nhos". A manutenção da Sé sempre exigiu cuidados, conforme registram as crônicas. Danificada pela ação do tempo, esta passou por uma substancial reforma a partir de 1618, tomando a feição da Igreja do EspíDepois da retirada solene das imagens ...

futuro, apesar da imensa crise que assola atualmente a Igreja em todo o mundo. A primitiva Catedral da Bahia, entretanto, aquela que primeiro abrigou a Cátedra (;piscopal, e quç poderia ser chamada a ··pia batismal da nacionalidade", não mais existe. Arrasou-a a fúria modernizadora de a lguns homens que, no início deste século, entregaram-se à faina de amoldar a histórica c idade aos critérios urbanísticos da era do automóvel. que então se iniciava . Em Salvador, diversas igrejas. dentre as mais antigas, foram sendo. uma a uma. deformadas, mutiladas ou s implesmente demolidas. A lgreji, de Nossa Senhora do Rosário teve a nave seccionada transversa lmente; a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, também conhecida como a "Sé de Palha··, edificada nos primórdios da ci<tade, foi demolida. sendo reconstruida em outro estilo. Na área hoje conhecida como .. Rclóglo de São Pedro·· localizava-se a Igreja de São Pc'd ro, derrubada para alargamento da rua. sendo instalado no local um relógio sobre uma coluna. Aré mesmo o majestoso Mosteiro de São Bento esteve prestes a ser arrasado. mas o plano não chegou a concretizar-se porque o Abade publicou um oportuno apelo à população, que acorreu prontamente em seu apoio. A demol ição que, entretanto. suscitou maior número de protestos - baldados. infelizmente - foi a da a11tiga Sé, em 1933. quando, mediante explosão de cargas de dinamite e golpes ele picaretas. s uas vcnenivcis paredes vieram abaixo.

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caráter material - , foi a disseminação de uma mentalidade carregada de igualitarismo, naturalismo e indiferença religiosa . Tal espírito, fruto da impiedade típica do enciclopedismo, preparava terreno para a eclosão da Revolução Francesa, e em Portugal e colônias manifestou-se principalmente pela atuaç.io do Marquês de Pombal, ministro do Rei D. José 1. Salvador se ressentia desses efeitos desastrosos. Quem ali chegasse em 1760 encontraria já cm estado de abandono o Colégio e a Igreja· dos Jesuítas, os quais haviam sido expulsos do Brasil em conscqiiência da ímpia política de Pombal. Toda a biblioteca, inclusive manuscritos iné· ditos, foi entulhada num depósito do Colégio, segundo narração do viajante Lindley. que o visitou no início do século passado ( 1). Em 1840, devido ao caràicr restritivo e anticlerical da Regência, du· rante a minoridade de D. Pedro li. que vetava às Ordens Religiosas a admissão de noviços, o majestoso Convento de Santa Teresa não contava com mais nenhum religioso. O último deles acabava de falecer, e por isso. com um simples decreto. e externando certo comprazimento. o Governo Provincial da Bahia. declarava extinta a Ordem Carmelita Descalça, naquela província . Em tal ambiente, não é de se estranhar quc. j{1 cm 1815, circulasse em Salvador proposta para que fosse demolida a Sé, medida contra a qual se manifestou o Cabido Diocesano, dirigindo uma petição ao Rei D. João VI.

O assalto final

rito Santo, existente na cidade de Évora, Portugal.

A Sê da Bahia sob bombardeio Paradoxalmente, os lusos-brasileiros que com tanto empenho haviam antes se dedicado ào socrguimcnto daquele templo, voltaram contra ele os canhões de seus navios ancorados na baía. Eram circunstâncias dolorosas. Salvador encontrava-se em poder dos invasores holandeses, ali chegados cm 1624. e que, tal como fizeram com outras igrejas da cidade. após destruirem altares e imagens, transformaram a Sé em lugar de ·culto protestante e abrigo de soldados herét icos. Nas torl'CS ainda inacabadas tremulava não a bandeira de Portugal, mas a dos Estados Gerais Hola ndeses, dominados já naquela época pela heresia calvin.ista. Reconquistada a cidade, e com a ascensão da dinastia de Bragança ao trono português. os trabalhos de recuperação da Sé tomaram novo impulso.

Primeiros desmoronamentos Um magnífico órgão foi doado pelo Rei de Portugal D. João V juntamente com um relógio para a torre. No entanto. ambos tiveram que ser retirados pouco depois de instalados, cm vista de rachaduras sm·gidas nas paredes e nas to,·res, causadas por desmoronamentos de terra para o lado do mar. Contudo. mais nociva do que os deslizamentos de terra, que punham cm risco o templo - ca tástrofe de

A partir de 1907 começou a funcionar na cidade o serviço de bondes, os quais. para entrar na Praça da Sé. dev,illm fazer uma curva, mais lentamente. pois a rua junto ao templo era relativamente estreita. Isso foi suficiente para que, nu· ma orquestração crescente, começassem a aparecer nas páginas dos jornais da época insinuaçôes e referências sarcásticas. advogando a demolição da Sé, chamada pejorativamente de "'trambolho" e comparada à fortaleza de Bastilha, em Paris ... (2) Não faltaram, felizmente, vozes que, cm nome do bom senso e da tradição católica, fizessem ouvir seus argumentos e apelos. Diversas personalidades do ma gistério baiano, em 1928, dentre as quais o Cônego José Francisco Correia e o Prof. Edgard dos Santos, subscreveram um '· Protesto co11tra a demoliç,io da Sé". Nele se realçava a série de atentados perpetrados contra o patrimônio artístico e cultural da Bahia , tais como o incêndi o da capela particui;ir dos Jesuítas, o incêndi o da Biblioteca Pública, a destruição da Igreja da Ajuda. e, finalmente, a propalada demolição da Sé. - '"Antes que o ca111arte/o comece a obra d<· destruição dessa odiada Cartago imaginária, " velha Sé da Bahia. contra (I c1ual vocf{<>ram os Catões de 11111 urbanismo ilógico. seja-nos lít'ito leva111ar nosso pro1esto co111rt1 ,, negt(>gada e,npresa. qu<·

assi11alt1rtí 111110 fa.'ie d() inon1i1uivel desprezo à.v 1radi('ões da Pâtria e retrocc;s,.,·o ,w histôrio. dt nosso civili'"('tio··. afirmavam os subscritores (3). O Prof. Bernardino José de Sousa. por sua vez, que ocupava o cargo d e Secretário do Instituto Histórico da Bahia , assim se manifestou, cm artigo publicado no mês de junho de 1933: '"A Sé está por dias. dize,n os jornais. Quero recordar o m eu voto e,n nunnento co,110 este de agora. Qua,ulo vejo. dia sobre dia, repetidos aten1ados do aluvião de 111oder11izadores, leva11do de arrancada os nossos 1nonu1ne111os de tradi('ÕO, co11fra11ge-se-111e a alma diante da impenitência dessa volúpia do ideal vennelho da destruiçtio do pllssado. e111 prol de 11111 pretenso conforto do

politana de outrora. ern cuja nave se marc,1111 375 anos de exis1é11áa. aureolada pelo amicto da nossa reli.gião" (4), No Rio de Janeiro, a Associação dos Artistas Brasileiros publicou em todos os jornais um comunicado intitulado "Defesa do Patrimônio 7iadicional Brasileiro··. solicitando ,is autoridades e povo ·baianos que empregassem todos os meios legais para impedir a demolição da Sé, salvando parte do valioso patrimônio nacional ligado às ongens do Brasil (5). Todas essas manifestações. contudo, não foram levadas em consideração, consumando-se a demolição. Na verdade. esta já estava previamente acertada nos mais altos cscalôes eclesiásticos e civis. Em 19 19, o então Arcebispo D. Jerônimo Thomé obtivera da Santa Sé as devidas licenças para a entrega do templo à prefeitura de Salvador. Seu sucessor, D. Augusto Álvaro da Silva. concluiu as tratativas com as auto.. ridadcs municipais.

Consuma-se a demolição Em meados de 1933 tiveram início as medidas para o csvai.iamcnto da Sé. O povo foi convocado para retirar as imagens, que ainda hoje permanecem guardadas nas dependências do antigo Colégio dos Jesuítas. De uma das sacadas do Pa lácio. D. Augusto assistiu ao estranho correjo, o qual, segundo o jornal arquidiocesano '"NovtJ Era··. deveria constituir "nwis 1111u1 bela e 1oc11111e ,na· 11/(esttJção de religiosidade de nosso povo'· (6). Abriram-se os túmulos da série de Bispos da Bahia que jaziam sob o piso da Cated ral. Um engenheiro publicou na imprensa carta muito sintom.i1 ica. endereçada ao ··sr. Arct•bispo. ao !'refeito dt, Capi1al e à lrmandad,, da Sé'". aplaudindo a derrubada. ··obra merir6ria. feita em 110111e do progresso" (7). Em plena &//e époque. o mito deste era avassalador e atraí;1 grande número de pessoas.

A partir dessa data, a igreja do antigo Colégio dos Jesu ítas passou a ser Catedral Basílica da ddadc. Cinqiienta anos transcorreram . Os bondes tornaram-se obsoletos e os trilhos foram abandonados. As rcpartiçôcs administrillivas foram transferidas da área central para fora do perímetro urbano, e o espaço da antiga Sé permanece vazio ...

• • • Uma velha lenda francesa rcfcl'esc a uma catedral s ubmcrs« nos mares da Bretanha. cujas torres. por vezes. ao se aproximarem os mari· nhciros. vinham à tona. e os sinos repicavam. A velha Sé da Bahia faz lembrar essa lenda. Do templo restam apenas os alicerces soterrados. o altar cinzelado cm prnta e a lgum.:1s peças expostas em museus de Salvador. Entretanto. cm todos que folheiem com admiração e enlevo as páginas que contam sua história, um sentimento de respeito e nostalgia aílora naturalmente. Os sinos da antiga Sé não mais repicam, mas sua história faz vibrar as cordas das almas verdadeiramente católicas ...

Nunes Pires Notas (1 > Thom;1s: l.indky. " N11rr111iw1 dt• umll l'Ía· 1:em ao Brusil". Ed. Br.lSili:ina. 1969, p. 161. · (2) Artigo ., Rt•tult•u-st• 11 /Jas/il/u,", cm ",t Ttlfdt•''. Salvador. 27, 6 ,33. (J) Valcntin Catdcrón. •• //.c•m,m,,s,·c11tt·s d11 St; da IJ'1hÍ<1°', Uni\'crsidadc Fcdct;1ld:1 Hahi;1. Sulv~1dor. 1976. p. 2. - Apostila informa1iva cfa cxrosiç.ão de fOt<>.l> d:1 Sé e $ \1:1 dcmoliç.:i.o. aprcsc,u:,da no M uscu dt Anc Sacr.i. tm julho de 1916. (4) Anígo .. O mc•u ,·,, mrà a ,lt•molic•,io ''" St1' º, cm "A 1i1rd1•", S:1lv:1dor, 22.(1-.U. (S) No1icias :.ob Iitulos: " Comro a (Í(•m,)/içiio

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Em 1933. para facilitar o contorno da linha de bonde por três pequenos quarteirões no centro de Salvador, o prefeito municipal. Sr. Americano da Costa, efetivou a demolição da primeira catedral do Brasil

CATOLICISMO -

Setembro de 1980


e

IRCUNSTÂNCIAS diversas - e quão involuntárias - me impediram até o momento de escrever sobre a visita de João Paulo li ao Brasil. Ponho-me a fazê-lo hoje, com a esperança de concluir cm artigo posterior. Esta tarefa é, para mim, muito querida. Vejo na Santa Igreja a alma de minha alma . E na minha devoção ao Papado, por assim dizer, a alma de minha devoção à Igreja. Nada mais preciso dizer para exprimir o sentimento profundo com que trato do assunto. Esquematizando, a história dos doze dias que João Paulo li aqui passou se divide em duas partes: a) o que ele disse e fez aq ui; b) o modo por q ue os brasileiros acolheram os ensinamentos e as atitudes dele. O normal seria <1ue eu começasse pela "a". Mas suas alocuções ocupam um volume de 277 páginas, na edição brasilei ra que tenho cm mãos. Aliás. não me contentarei com essa edição, e pretendo estudar a matéria no próprio texto de ·· L'Osservtllore Ro1110no ... órgão oficioso da Santa Sé. Ora, é fácil calcu lar o tempo necessário para o estudo palavra por palavra ---: desses importantes textos. Enquanto de cá e de lá vou enr.ontrando interstícios para tal estudo, não posso entretanto delongar ainda mais meu silêncio nas colunas hospitaleiras da "Folha".

Começo pois pela parte "b", isto é, a reação do povo brasileiro. Durante a permanência de João Paulo li, o Brasil viveu em "suspense". Na televisão, no n',dio e na imprensa, por assim dizer só se cogitou dele. O público absorveu ávidamente todo este noticiário, e mesmo q uando, entregue aos afazeres diários, o brasileiro não podia pensar no ilustre visitante. tinha-o entretanto no subconsciente. Encerrada a visita, durou ainda este fenômeno uns dois ou três dias. Depois. grande parte do povo voltou. a cem por cento, para as atividades de cada dia, tão emproblemadas, tão carregadas de grandes o u pequenas ameaças, tão tiranicamentc absorventes. E uma muito gra nde parcela da opinião nacional "desligou" daqueles dias. Para ela. a visita j,í pertence ao passado, nestes duros dias de imediatismo nos quais só o futuro conta.

NALISEI EM MEU último artigo um aspecto da reação do público brasileiro ante a personalidade de João Paulo li. Reação esta muito abrangente, pois, à maneira de imensas vibrações, perpassou extensas massas humanas em todos os setores da opinião pública. Homens de esquerda, como de centro ou de direita, católicos, protestantes, cismáticos, judeus, budistas, maometanos, espíritas, ateus: afluíram eles cm quantidade para ovacionar João Paulo 11, num tumultuoso movimento de alegria. Deixava isto entrever, nessas multidões sobressaltadas, politorturadas de nossos dias, a esperança de que, em contato com os dotes pessoais - pcrsonalissimos - do Papa Wojtyla, receberiam, juntamente com eflúvios de oti,mismo, de alegria, de simplicidade e de saúde, um peculiar "knowhow" para resolver, segundo fórmulas inéditas, os problemas de cada indivíduo, de cada familia, da nação inteira. Por certo, no ânimo dos católicos não havia só esta esperança, mas também a convicção de q ue Karol Wojtyla é o sucessor de Pedro. Mas esta nobre convicç.~o, baseada na Fé, era um denominador comum peculiar aos católicos. Entre católicos e não católicos, o denominador era, o mais das vezes, Karol Wojtyla, como pessoa resplandecente de específicos dotes individuais. E o anseio de receber, no fundo abismo da aflição em que se acham, algo que lhes sacie o desejo de despreocupação, paz e fartura. Transes de aflição - anseios de fe. licidade: a alternativa é muito tensionante. Do fundo desses anseios de bem,estar, de paz, de despreocupação que faziam arfar milhões de peitos humanos reunidos Junto a João Paulo 11, pareceu-me exalarse, pelo próprio jogo dessa tensão, o sonho utópico de inteira felicidade terrena que tantos dos . presentes es-

A UTOPIA E A MENSAGEM

Sagração da Basllica nova de Aparecida: um ato relevante na visita de João Paulo li ao Brasil

Mas isto, que ocorreu a uma incontestável maioria, não engloba uma muito ponderável minoria de brasileiros, que continuou a guardar na alma os ecos e as lembranças da visita pontillcia. Nessa faixa de saudosos há matizes. Uns - a maioria dentre esta minoria - ficaram marcados a té o fundo da alma pela presença de João Paulo li. Bem certo, por verem nele o Vigário de Jesus Cristo. Mas também, e muito notavelmente, por se encantarem com alguns predicados personalíssimos de Ka rol Wojtyla. A saúde pictórica , a atividade heróica (e tão bem humorada), a segurança comunicativa, a propensão esfuziante para o diálogo e a concórdia deram a muitos a impressão de que o Pontífice tem em mente uma fórmula toda sua para fazer cessar o dilúvio de apreensões, riscos e tormentos que se abate sobre o Brasil e o mundo. A par dessa fórmula, insinuada pelo sorriso afavelmente malicioso dos olhos e dos lábios. pela despreocupação da fisionomia otimista, e pelo implícito convite feito a todos para que esperem e se alegrem, delineava-se um método inconfu ndivel mente pessoal para aplicar a fórmula. Dotes de Karol Wojtyla. carismas de João Paulo li pareciam entremear-se para, num só todo, transmitir a certeza, por assim dizer telepática, do êxito que ele alcançará.

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Tenho a impressão de que. na ampla minoria, a qual ainda vive os dias da visita , esta alegria, longe de ir morrendo, se vai quintessenciando. No povo mais afetivo do mundo - pois não somos menos afeti-

vos do que intuitivos - há pessoas que julgam sentir-se entrando no Reino, no milênio, no paraíso terrestre recuperado. Nunca mais desintelig1mcias, nem conflitos de interesse, nem lutas. nem carências: o misterioso mas irresistível "know-how" wojtyliano acabará com tudo isto para todo o sempre. O mais curioso é que o Pontífice nada disto afirmou. Mas na alma de seus sa udosistas se vai-tornando certeza. Generosa. tonificante e apaziguadora certeza, dirão muitos. Utopia, receio cu. Pois não vejo como justificar, ante a doutrina católica, essa esperança que cm alguns me parece ir se formando. Com efeito, e nsina-nos a Igreja que esta terra é um lugar de exílio, um va le de lágrimas, um campo de batalha, e não um lugar de delícias. Sobretudo esta perfeita e definitiva concórdia e ntre os homens jamais existirá. Nosso Senhor Jesus Cristo foi o Príncipe da Paz. E, sem Ele, toda paz não é senão um embuste. Mas d Ele foi predito que seria "posto para a ruína e a ressurreição de muitos en1 Israel. e conto 11111 sinal de contradição (...] a fin, de que se revelasse,11 os pe11sa111en1os nos co-

rações de muitos·· (Lc. 2, 34-35). E Ele mesmo disse de Si: "Não julgueis que vim trazer a paz à 1erru: não vim trazer a paz. ,nas a espada.

Porque vim separar o filho de seu

VOLTA À TORRE DE BABEL? pcravam obter, menos de João Paulo 11, do que de Wojtyla. Tal anseio me deixou, assim, preocupado, pois se apresenta com um potencial de ingenuidade e uma precariedade emocional de que algum demagogo poderá tirar, a qualquer momento, sinistro partido. Não é deste mundo a concórdia sem. jaça, a paz perfeita e eterna entre todos os homens, todas as nações e todas as doutrinas. a felicidade total. Nesta terra de exilio, as carências, as dissenções, as catástrofes são inevitáveis. E uma visão cristã da vida leva, ao mesmo tempo, a circunscrevê-la quanto possível, e a resignar-se a elas porque inevitáveis. Esta dura lição, tão ingrata ao neopagão de nossos dias, lembro-a num texto áureo de São Luís Maria Grignion de Montfort , o incomparável apóstolo da devoção a Nossa Senhora. Dissertando sobre a eterna luta entre a Virgem e a serpente, mostra-nos ele a vida dos povos antes de tudo como uma grandiosa, trágica e incessante guerra entre a Verdade e o erro, o Bem e o mal, o belo e o feio. Batalha esta sem a qual a existência terrena do homem, desfalcada do seu significado sobrenatural, perderia sua dignidade. Comentando as palavras do Gê-

.

CATOLICISMO -

E quem o olhasse teria a impressão de estar saboreando de antemão esse êxito que o ilustre visitante "promete". A força da persuasão de que esse êxito virá tinha mais efeito do que a sua palavra oral ou escrita. Essa tática, só um Wojtyla teria os dotes, por assim dizer transpsic,ológicos, para levar a cabo. E sem lutas: obra de reconci liação de todos os direitos emaranhados e conflitantes, de todos os interesses abespinhados e irredutíveis, um doce paraíso na terra, enfim. Ora, esta mensagem foí "captada" a fundo por nossa população, cujo feitio psicológico me parece feito para isto. O brasileiro gosta mais de compreender ouvindo do que lendo. E vendo, mais ainda do q ue o uvindo: tão intuitivos somos. Creio que a delícia de receber, cm contato pessoal, esta mensagem otimista, explica. em larguíssima medida, a alegria - que eu chamari.1 frenética, se neste adjetivo não houvesse qualquer coisa de pejorativo - em que muitas pessoas entraram tão-só ao ver o Pontifice entrar, sair, sorrir, agradar, ou também orar.

Fazendo estas afirmações, tenho a impressão de ver, à d istância, contorcer-se, exasperada, a seita mais furibunda, m.-is agressiva, mais intolerante e mais destemperada. Ê ela constituída pela famí lia de almas dos que sonharam com um mundo sem ideologias, sem hierarquias, sem fronteiras, sem divisas, sem cercas, sem "privacy" nem d ireitos individuais. A familia de almas que prega tolerância para com todos. mas odeia de morte os que ousam d iscordar da amplitude exagerada que ela dâ a essa tolerância. Dos que querem a liberdade de palavra e de opinião para todo o mundo, exceto para quem quer fazer o uso do verbo a fim de discordar dela. A efervescência desta raiva não me assusta. Ouço-a rugir desde que comecei a pensar. À medida que fui multiplicando meus passos ao longo da vida senti que seu olhar de ódio, suas ciladas, o silvar de suas calúnias me seguiam sem cessar, num implacável "crescendo". Como posso concordar cm que João Paulo li seja visto, enquanto Papa, como o doutor dessa utopia, e enquanto Karol \Vojtyla o posto condensador e tele-transmissor. em nível mundia l, desses eflúvios sentimentais'! Ê impossível. Pelo contrário, alegro-me cm anunciar. antes mesmo de ter lido todas as suas alocuções feitas no Brasil. que nenhuma delas ergue diante do mundo o pendão dessa utopia. E como nada me autori1.a a esperança de ter terminado a leitura das alocuções de João Paulo li durante a próxima semana, conto comparecer ante os meus leitores utopistas apresentando-lhes uma mensagem que me justifique. Augusta, esplendorosa e sonora mensagem que se levantou entre os homens no longinq uo século XVII, e que hoje baixa do Céu, do mais alto dos Céus, bem de junto do trono de Nossa Senhora. Oh mensagem! Quanto agradará as inteligências ponderadas, as vontad es heróicas e os corações puros. Até a próxima semana, leito r.

de es11111gar-lhe a cabeça, sede de todo o orgulho. Ela descobrirá se111pre sua malicia de serpente, desvendará suas tramas infernais, desfará seus conselhos diabólicos, e até ao fim dos te111pos garantirá seus fiéis servidores con1ra as garras de tão cruel ini111igo" (op. cit., pp! 56-57). 10

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pai, 11 filha de sua mãe, a nora de sua sogra·· (MI. 10, 34-35). Imaginar, pois. um mundo sem lutas e sem reveses é o mesmo que conceber um mundo sem Jesus Cristo.

Setembro de 1980

nesis (3, 15): "Porei inimizades entre li e a mu/11er, e entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela 1e pisará a cabeça. e tu arnwrás traições ao seu calcanhar", observa com profundidade o grande Santo: "U111a único ini,nizade Deus prornoveu e estabeleceu, inimizade irreco11ciliável, que não só há de durar, 111as awnentar até o fim: a infrnizade e11tre Maria, sua digna Mãe, e o de,nónio; entre os filhos e servos da Santíssima Virgem e os filhos e sequazes de Lúcifer; de 111odo que Maria é a mais lerrfvel inirniga que Deus armou contra o de111ónio" (efr. "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssin,a Virgem", Vozes, Petrópolis, 6.• cd., 1961 , pp. 54-55). E ele passa cm seguida a descrever a grande guerra que divide o homem inexoravelmente, até o fim da História. Tal guerra não é senão um prolongamento da oposição entre a Virgem e a serpente, entre a progenitura espiritual dAquela, e a progenitura espiritual desta: "Ele lhe deu a1é, desde o paraíso, 101110 ódio a esse a,naldiçoado inimigo de Deus, tanta clarividéncia para descobrir a ,nalícia dessa velha serpente. tanta força para vencer, esmagar e aniquilar esse Íl11pio orgulhoso, que o ten,or que Maria i11spira ao de,nónio é maior que o que lhe inspiram todos os anjos e ho111ens e, e,n certo sentido, o próprio Deus" ( op. cit. , p. 55).

Dentro deste quadro, a "clemens, pia. dulcis Virgo Maria" que o doutor melfíluo, São Bernardo, cantou com tal suavidade no "Salve Regina", nos é apresentada por São Luís Grignion como uma verdadeira torre de combate (""Turris davidica··. exclama a ladainha lauretana). Ao longo da História, os filhos de Nossa Senhora batalharão até o fim do mundo contra os filhos de Satã. E a vitória final será dos primeiros. pela interferência da Mãe de Deus: .. Deus não pós so,11e11te

Bem entend ido, nossos dias também têm sido, são e serão sacud idos por esse entrechoque terrível, que não se confunde necessariamente com as guerras do século, mas tem alguma relação com elas. E sobretudo tem uma relação óbvia com as incontáveis revoluções que têm abalado o Ocidente, como fora predito por Nossa Senhora em Fátima. A supressão dessa luta por uma reconciliação ecumênica entre a Virini,nizade, n1as ini,nizades. e não SO· gem e a serpente, entre a raça da me111e entre Maria e o demônio, ,nas Virgem e a raça da serpente, rumo a tambén, en1re a posteridade da San, uma era na qua l a cessação utópica tíssi11,a Virge,11 e a posteridade do do e ntrechoque acarrete uma comde111ônio. Quer dizer, Deus estabe- posição entre todos os direitos, toleceu ini111izades, antipatias e ódios dos os interesses, uma interpenesecretos entre os verdadeiros filhos e traç.ã o de todas as línguas sob um servos da Sa11tíssima Virgem e os fl· governo universal que será tão-só lhos e escravos do demô11io. Não há fartura e despreocupação: eis a granentre eles a menor sombra de an1or, de utopia contra a qual as massas se ne,n correspondência ínrirna existe devem precaver. Eis o regresso (ou entre uns e outros. Os filhos de antes, o retrocesso) à orgulhosa Belial, os escravos de Satã, os ami- torre de Babel, que de todos os gos do 111u11do {pois é a 1nes111a modos o neopaganismo procura recoisa) sempre per.,eguira,11 até hoje erguer. Eis a bandeira toda tecida de e perseguirão 110 futuro aqueles que ilusão e de mentira com que, em per1e11ce111 à Santíssima Virgen1, co- todas as épocas, os demagogos promó outrora Cai111 perseguiu seu curam arrastar as massas insurrectas. Eis também o que me pareceu ser irmão Abel, e Esaú, seu irn1ão Jacob, figurando os réprobos e os pre- o perigo no qual podem descambar destinados. Mas a humilde Maria muitos daqueles que, vendo em nosserá se,npre vitoriosa 110 luta co11tra so ilustre visitante de há pouco, não esse orgulhoso, e tão grande ·será a (ou pelo menos não tanto) o Au· vüória final, que ela chegará ao pon- gusto Vigário de Cristo, mas um atleta ou um demiurgo em matérias sócio-econômicas, à força de porem sua confiança no homem, acabarem por subestimar o u esquecer que ele é 1 o Vigário de Deus.

Plinio Corrêa de Oliveira

3


A ALEMANHA ENTRE OS ERROS NORTE-AMERICANOS E A TENTAÇÃO RUSSA SITUAÇÃO dos reféns norte-americanos no Irã e a guerra selvagem no Afeganistão absorveram, cm larga medida, a atenção do público. E com razão. A heróica defesa dos afegães constitui exemplo e advertência para o Ocidente. Exe111plo porque um pequeno país, de poucos recursos. decidiu enfrentar o "Moloch" soviético, cm defesa de sua honra nacional e soberania, sem deixar que a esmagadora superioridade do inimigo fosse suficiente para a desistência da luta,

A

mot ivo de abatimento e ra1..ão para

o abandono das armas. Não estará na raiz dessa força rude e decidida. a pouca influência que o corrupto e ·amolecedor modo de viver do Ocidente teve naquelas longínquas paragens? t uma questão a considerar. Advertência por ter evidenciado a inflex ibilidade do Cremlin quando decide subj ugar uma nação. O caso dos reféns continua se desenrolando sem fim. e nos faz lembrar o dito de Churchill: ··u11w charada envo/fa 1111,n 111is1ério. que esuí no centro de u,n enigJJ,a" , Nin·

guém sabe quanto tempo durará a humilhação americana. o sofrimento dos prisioneiros, as torturas morais de seus familiares e a infeliz conduta da administração de Washington. Entretanto. algo de mais importante está cm curso, embora as a tenções do público não estejam voltadas para o fato. O relat ivo eq uilíbrio entre os Estad os Unidos e a Rússia começa a pender perigosamente para o lado soviético. E vários políticos, sismógrafos sensíveis das mudanças de si tuação, estão dando sinais de que, caso a rota atual dos EUA não seja rápida e definitivamente abandonada, a Rúss ia ganhar{, a parada. talvez sem disparar um tiro. Na realidade. já há a nos se agravam as perspectivas. Isto não constitui novidade. Esta reside na mudança de fase: o mal que era crônico começa a apresentar sintomas de ter entrado na fase critica.

Duas nações-chaves Dois países são mais scns1vc1s, pela força das circunstâncias, i1s oscilações das agulhas indicativas do equilíbrio mundial: Estados Unidos e Alemanha.

O primeiro pela condição de lider do mundo livre, potência c-0m a qual a Rússia, cm última instância, teria que acertar as contas. O segundo, pela proximidade com o bloco comunista, sc,·ia o primeiro a sofrer o impacto da invasão.

e seus homens e armas constituiriam a barreira de frente. Além do mais. o longo passado militar de grande potência da Alemanha credencia seu povo a sentir especialmente as influências das modificações do poderio das nações. Habitualmente. nas últimas décadas, os sintomas de novas orientações nas re lações Leste-Oeste surgiram nos Estados Unidos ou na A lemanha cm boa parte por causa dessas características. Os outros países seguem ou reagem a tais orientações. Vamos estudar um conjunto de fatos que indicam a modificação profunda por que passa atualmente a delicada trama do relacionamento mundial. Em vastos setores cristali7.a-se a consciência de que a ameaça soviética é para valer, com ela não se pode brincar, e de que os russos jogarão duro e arriscado. E dai surge a pergunta angustiada: "Que atitude tomar?" No bojo da pergunta balouçam os temas da guerra e da paz. da li berdade e da escravidão, do heroísmo e da covar-. dia submissa. Embora seja evidente o peso de outras gra ndes nações na balança do mundo, vamos deixá-las de lado na aná lise, porque nosso objetivo não é propriamente ver como se coloca a presente conj un tura. A meta. como se desprende do que até a$ora foi d ito, é a co nsideração de sintomas que indicam os primeiros passos ele uma fase nova. Isto é, as relações internacionais ultrapassam a etapa crônica na qual se situavam e ingressam na crítica . Para tal, a consideração de acontecimentos nos Estados Unidos e na Alemanha nos possibilita rão ponderar a importância do fenômeno.

Bancarrota da polltica exteríor norte-amerícana Inicialmente. os Estados Unidos. A d istância da Rússia e o impressionante poderio de suas armas, a liados à vitalidade de sua economia, permitem um maior :,fastamcnto psicológico, e a palavra ílu i mais fácil, sem os temores inibitórios da proximidade e da inferioridade numérica experimentados pelos alemães. Um dos homens ouvidos nos Estados Unidos é o Professor Eugene Rostow. Atualmente lecionando cm Ya le, o antigo Sub-secre1ário de Estado para Assuntos Políticos, cm conferência feita na Yale l..aw School o/ lnternatio11al Law, cm 2 de maio p.p., foi categórico: ·· Esta11,os assistindo e sofrendo a visível bancarrota da política exterior anwrit-ana e. e,n conseqüência,

Embora pró-ocidental, o líder liberal Hans Dietrich Genscher (à esquerda). m inistro das Re lações Exteriores da Alemanha Federal, admite "legítimos interesses de segurança" da Rússia. A direita, o chefe da ala esquerdista do SPD alemão, Herbert Wehner.

estamos . . ., pr6ximos à borda do preciplCIO •

;,A União Soviétictl - prosseguiu - construiu u,ua nuíquina ,,,;. fitar que é ,naior e mais i1npression,1111e que a nossa. (...) A indicaç,1o de Muskie [para a Secretaria de Estado) nos diz e diz ao inundo: " Não se preocupe: con,o de Juíl1i10, n ossa política serti de con cilias-ão. Ninguém precisa se preocupar·.[... ) Por que nos recusamos a ver do que é capaz a União Soviética?. Por que nós recusmnos a dar os passos óbvios e ,w,·essários pllrfl restaurar nossa capacidade de conduzir uma efetiva e vigorosa polltica exterior? As razões s,ío complexas e não desconhecidas de todo. Hti 45 anos, passa111os pela m esma experiência amarga. quando os britânicos resistirtun à evidência. relativa aos propósitos de Hitler. até que fosse tarde demais para fazer outra coisa senão lutar. ExtJU1111e11te as nu?s1nt1s plllt1· vras são ouvidas hoje sOl)re a União St1vit!tica. Há no Ocidente pessoas que desculpariam a Unitio Soviética. se ela invadisse o México. [ ... ] Hti alguns que traballwm ativamente a favor dos soviéticos [ ... ]. Mas a 111t1ioria de nós silnples,ne,ue evita a aceitação séria do q11e é evidente sobre a política exterior soviética. As ,·onseqiiências são tão desagradáveis, que adiamos a consideraç,ío da questão. 110 esperança de que algo mude. Assi111, não acredita111os do ponto de vista en,odonal naquilo q11e eonhecl'1110.1· intelet"111almente. E vt11110.~ claudicando, fazendo ,,,,u,11fas (fue· não 1u>tlt 111os c11111prir e re· cusondo <1 e,npreender o necessário para resta11rar noss,1 capacidade de sobrevivência". 1

Tentação chinesa Continua o Prof. Rostow dizendo que Carter concebe a política exterior como a resolução de questões regionais (Canal do Panamá, conflito árabe-israelense, etc.), esquecendo-se de que a questão magna é o caminhar cont inuo dos russos c m d ireção à consecução de um império mundia l. sob sua direção. E conclui: ·· Há temor. de um lado. de que o presidente Carter traga de volta a guerrt, fria. co1110 se ela tivesse ,·essado de existir; e também de abandonar a di.wens,io. como se ela tivesse existido realmente. e não fosse z11nt1 ,nera .ficção da nossa irnagina· ção. Em ,·onseqüéncia. estlln1os paralisados. A 1ne11os que destrutuno.t esta poralisiti, co111inuarcr11os na pt,s· sividade e111 face da agressão soviéticll. A liç,io da N istória india, q11e ó apaziguame11to é o t mninhc> f)ara

a guerto",

A sofisticada tecnologia bélica alemã-ocidental de nada valerá se à cúpula do governo de Bonn se deixar levar pelas

falaciosas manobras diplomáticas de Moscou 4

Neste clima. os Estados Unidos sofrem a tentação chinesa . . Para fazer frente aos russos. muitos pensam q ue seria preciso unir-se à China. Ora. a C hina tem identidade ideológica com a R ússi,\ e a q uaiquer momento pode virar a rasacn. Mas isto é oulra questão. Deixemola de lado neste artigo. O discurso de Ros tow é bem significati vo para indicar o sobres-

salto que percorre o pais. vendo a incompetência e tergiversação da administração fcde,·al diante da determinação cstúvel e fria dos soviéticos de ca minhar rápida e. quanto possível. descmbaraçadamcntc rumo ao domínio do mundo. Nada mostra que o abatimento seja a tônica do público. A p róp ria força da ca ndidatura Reagan indica o contr,lrio. Foi o candidato de programa mais conservador entre a quase de·

1..ena dos que se aprescnrn ram e vai à frente nas pesq uisas de opinião pública.

Desgaste psicológico na Alemanha Não parece ser este o clima reinante na A lemanha. Há · notícias preocupantes de que o público deseja distanciar-se em algo da aliança americana. Na presente conjuntura, tal afastamento equivale a entrar no caminho da finlandização. Em parte, entendem-se os mo tivos. A insegura nça e a mão bamba do governo de Washington desgastam cm profundidade a psicologia de um povo tradiciona hncntcamigodas atitudes vigorosas, da clareza de metas e da energia em executá-las. Compreende-se o mal-estar e m vista do aliado indeciso e confuso. Não se justifica, ent reta nto, a mudança. Erà preciso passar por cima destas deficiências para preservar o essencial, ou seja, os laços estáveis e fortes da a liança. De outro lado, há um fator pouco considerado. O SPD (Partido Social Democrata) nasceu marxista e não renegou sua doutrina. Apenas cm 1956, no famoso congresso de Godcsberg, foi abandonada a obrigatoriedade de ser marxista para participar do partido. Mas muitos continuam sendo. E grande parte de seus dirigentes ainda o é. Na cúpula estão homens como o sinistro Egon Bahr e o perigoso Wehner. Os sonhos do SPD para a ordem socia l futura estão muito ma is próximos daqui lo desejad o pelo J>.C russo do que dos ideais da república norte-americana. Que seriedade se pode esperar de homens deste naipe na reação contra o imperialismo russo? Bonn e Washington estão ligadas atualmente pela conj unção de interesses próximos, não por afinidade ideológica.

Tobogã finlandízador Passemos agora a considerar declarações de dirigentes te utos. Diante do sobrolho carregado dos russos e do brand ir de suas armas de destruição, dobraram-se os políticos alemães da coligação governamental. Willy Brand t, ex-chanceler federa l e atua l presidente do SPD. declarou:

··A Europa se tornou a zona central da estabilidade e da segurança 110 mundo e esta estabilidade não pode ser 111an1itla se,n a União Soviética - e 11111ito ,nenos contra ela. A experiência européia de remíncitJ às annos e de política de

distensão. pode ser IÍtil para manter a paz 110 mundo.( ...) Os Estados Unidos ainda são o aliado natural da Europa Ocidental". Interpretando o tom cuidadoso (nem tanto) da declaração, Brandt propõe cm primeiro lugar uma Europa dcsmilitari1.ada, onde os encargos de defesa seriam dos Estados Unidos. situados do outro lado do Atlântiéo. Em segundo, a continuaç.ã o das relações amistosas e do intenso comércio com a Rússia. Finalmente, reconhece que os Estados Unidos a inda (!) são o aliado natural da Europa. Se a tendência não é detida a médio prazo, para não ser pessimista. teremos a neut ralização do continente sob a égide de Moscou. De fato, o provável é o escorregão no tobogã cm cuja parte superior está a neutralização. sob o o lhar americano; a parte centra l é a finlandização, etapa anterior da sate lização completa. O sonho de De Gaulle - a Europa unida do Atlântico aos Urais - ter-se-á realizado, mas com uma diferença: sob o domínio tirânico da Rússia. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha Federal, Hans Dietrich Genscher, considerado o porta-voz mais pró-ocidental cio governo, presidente do pequeno Partido Liberal. secundou cm outro tom as declarações de Brandt. Falando à sua agremiação reunida. evitou externar solidariedade aos Estados Unidos e afirmou: "Muitas pessoas e11tre nós têm a f atal tendência de ser incapazes de se colocar no lugar ele outre,n. A União Soviéticll um,bé,11 ten, legítitnos interesses de segurança"... ·

Fosso irremediãvel A curto prazo, pelo menos parte do "establishment" governamental a lemão "embarcou" na tentativa do q ue se convencionou chamar "détente divisível". Para a Europa, atemorizada e inapetente de fazer sacrifícios para a montagem d e um sistema d e defesa eficaz. propõe-se a cont inuação da d istensão com os russos. O comércio segue adiante. Para os Estados Unidos traumatizados. a volta ao clima da guerra fria e o aumento dos encargos de defesa. Caso tal suceda, estará aberto um fosso irremediável entre os Estados Unidos e a Europa. Da parte do Velho Mundo dificilmente se concebe atitude mais ci nica e covarde. É o abandono da união antiga em busca de vantagens transitórias. Os países da Europa Ocidental terse-ão com isto colocado no plano inclinado da sujeição total a Moscou.

Em cada mão, uma oferta Em ano e leitora l, preocupam as declarações derrotistas de figuras do governo. Indicam elas não temer resposta adversa das urnas. Restanos esperar que mude o presumível estado de espírito da opinião alemã. Para nóst brasileiros, que nos sentimos tão distantes das zonas sensíveis. não é fácil imaginar a angústia do povo alemão, cm vista da mudança do cli ma -inte,·nacional. Tem ao lado um inimigo implad1vel e armado até os dentes, e vê a indecisão e a imaturidade de seus amigos de a lém-mar. Em direção à Alemanha Ocidental, c.aminha outra vez a História, te ndo cm cada mão uma oferta. Na direita estão exemplos como o dos espanhóis frente 1,s tropas ele Napoleão . na esquerda o da Roma decadente diante dos bár-

ba ros. O dilema - que é candente nos espíritos lúcidos dos Estados Unidos e lancinante na Alemanha - irá , com bnnal evidência, c m o ndas sucessivas, se colocar d iante do olhar dos ou1ros povos. Os anos de imprevisão e desídia. simboli ,.ados pelo sorriso ingênuo da détentt', renderam juros. A conrn está para ser

apresen tada.

Péricles Capanema

CATOLICISMO -

Setembro de 1980


Vamos conhecer Maria jâ moça feita, com 14 anos

PROGRESSISMO DISTORCE ,

HISTORIA SAGRADA

morando em Nazaré. Nazaré ê um lugar atrasado, mal afamado. A casa de Maria é uma gruta, aumentada com outro vão feito de pedra e barro. Dentro de casa não hã móveis. SÕ as jarras para ãgua e as esteiras para dormir. A moça mora ali com seus pais. Maria sai de pês ~escalços com' um pote para a fonte, atrãs de' . ~ ãgua. Sentada no chão ela moe o trigo para fazer o de comer . Maria é uma das moça5,pobres da . cidade de Nazaré.

..

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TÉ ALGUM tempo atrás, uma das virtudes mais prezadas e mais admiradas era a pureza e o recato femininos. E mesmo quando, nessa época, o rapaz já era empurrado pelos costumes sociais neopagãos - e às vezes até pela família - a uma vida lasciva e frontalmente contrária à moral católica, a jovem, pelo contrário, era ainda considerada, no lar, como ílor da qual exalava o suave perfume da purc1.a. Por isso, sua virt udc era protegida pelo pai, pelos irmãos, pela própria sociedade, com todo carinho e com todo rigor. Sobrei udo a Igreja, como era natural, empenhava-se com grande zelo em proporcionar à jovem a explicação religiosa para a sustentação de sua pureza. E também em oferecer-lhe os Sacramentos como meios sobrenaturalmente .eficazes para preservação e aumento dessa virtude, e em pôr diante de seus olhos o exemplo ilibado que devia imitar: Nossa Senhora. Não podemos aprovar, evidentemente, essa contradição entre o comportamento que se exigia da moça e a tolerância admitida para o rapaz. Quanto a ele, era comum fecharemse ·os o lhos a grossas concessões à impureza, enquanto da jovem se exigia uma virtude ilibada. Mas o que sobretudo não podemos aprovar é

A

PERGUllfA

da demais. Para esse trabalho desagregador eram necessárias mãos que não levantassem suspeitas. Já analisamos cm dois números anteriores de "Catolicismo" (n. 0 s 346 e 351) as obras do Sacerdote espanhol, Pe. José Luis Cortés. Especialmente no livro "Un Seíior como Dios nwnda" investe ele de modo blasfemo contra tudo o que é sagrado e em especial contra Jesus Cristo e sua Mãe Santissima. O referido autor espanhol, devidamente acobertado pelas Autoridades Eclesiásticas de seu país - às quais incumbiria tomar medidas enérgicas a respeito do assunto - , atreve-se a apresentar Nossa Senhora como uma jovem leviana, e o Redentor da humanidade em companhia de homossexuais. drogados e mulheres públicas. Agora, chega-nos às mãos, embora com atraso, um livreto de 73 páginas, editado no Brasil, intitulado "Mês de Maria". O livro se apresenta como patrocinado pela CNBBRegional Nordeste ll (Dioceses de Garanhuns e Caruaru - PE). Como coordenador e supervisor consta o Rev. Pe. René Guerre. Logo na primeira página, traz em fac-símile, uma carta de aprovação da Autoridade Eclesiástica, onde se diz: ''Esre livro sobre o Mês de Maria vai fazer ,nuito be,n [... ] vai ajudar nossa gen-

PARA CAMINHAR COM MARIA

1. Qua.l6 6iio 06 rntúo11.e4 60 6we»:to6 do povo de 110<160 fugllll.?

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Lo'TES A

Desenhos grotescos no livreto progressista procuram atiçar no povo sentimentos de revolta que essa contradição se tenha eliminado cm favor da concupiscência e não da virtude da castidade.

Livro que agradara protestantes Em face dessa mentalidade, compreende-se não ser possível que Nossa Senhora, cuja castidade os próprios Anjos admiram, e a quem os santos todos, sem exceção, cantam como o lírio da pure1.a, fosse tolerada. Foi sob sua inspiração que numcrosas,virgcns tornaram-se mártires para não perder seu estado ilibado: Santa Cecília, Santa Inês e Santa Maria Goretti. para citar algumas. Se, no mundo de hoje, para justificar a imoralidade, ou, pior ai nd a, a amoralidade, criaram-se, sob o signo da ciência, teorias ímpias como freudismo, e ra previsível que se procurasse demolir a figura sacrossanta da Virgem Fiel. Mas, para efetuar tal demolição, não serviriam quaisquer mãos. Nossa Senhora é sublime demais, sagraCATOLICISMO -

te a ver Nossa Senhora do jeiro que Ela gos,a de ser vis/a". E para deixar bem claro qual é esse "jeito", a carta diz que o livro deverá agradar os protestantes: "Os evangélicos lerão com agrado" pois "'apresento Maria e,n sua exata n,edida e e111 seu verdadeiro papel". Tais palavras parecem indicar que o culto católico a Nossa Senhora não agradava aos protestantes porque passava da medida, extrapolando a Virgem Santíssima de "seu verdadeiro papel". Em (lltima análise, tais expressões insinuam que os protestantes ao atacar o culto prestado a Nossa Senhora tinham razão. E não os católicos que apresentavam a Maria condignas homenagens.

Pretexto para justificação das mães solteiras Mas passemos a analisar o conteúdo do livreto. Diz ele de Nossa Senhora: "Quando voltou de Nazaré, já dava prá todo o 111,mdo notar a gra-

Setembro de 1980

videz. José 1101011. A fa,nília notou. Todos sabiam que José não linha ainda levado Maria para morar com ele. Não era ele o pai da criança que ia nascer. De que111 seria o filho? Será que 110 viagem à casa da pri,na algu,n ho1ne111 abusou dela? Parecia que Maria ia ser mãe solreira" (p. 22). O linguajar com que aqui se apresenta a figura sagrada da Virgem das virgens - segundo a invocação da ladainha lauretana - é desrespeitoso, indigno, blasfemo mesmo. E a perplexidade de São José, de que nos fala o Evangelho, toda cheia de respeito para com a Virgem Santíssima, por perceber que havia no fato algo de superior à sua compreensão, no livro que analisamos é apresentada como uma atitude de suspeita. Com que finalidade é exposta assim a posição de São José em face de Nossa Senhora? Segundo tudo indica, é para justificar os costumes neopagãos de nossos dias. Com efeito. no questionário do fim do capitulo. saga1.mcntc intitulado "Pergunras para caminhar com Maria", interroga-se: "José sofreu co111 a gravidez da noiva 11ws a respeitou. Qual a aritude da ge111e quando uma 1noça do lugar pega um filho antes de casar? (p. 23). A impostação da pergunta é tal, que abre campo para uma atitude de conivência para com mulheres levianas. com mães solteiras. Nenhuma censura ao pecado de impurçza, à imoralidade. Ao menos nas entrelinhas, tudo é justificado. E Nossa Senhora figura no opúsculo como se fosse um exemplo desse tipo de mulheres! Adiante, o livreto diz que Maria ficava remoendo as coisas que aconteciam com ela, entre as quais "o vexa,ne de aparecer grávida antes de casar com José" (p. 36). A expressão "re111oer" tem a conotação de um pensar· obsessivo, fruto em geral de uma consciência pesada. É uma interpretação absurda do que narra o Evangelho: Nossa Senhora "meditava'' todas as coisas cm seu coração. Além do que, falar em "vexame" é colocar o assunto numa clave indigna que estâ nos antípodas dos verdadeiros e superiores sentimentos da Mãe de Deus. Uma segunda pergunta, no contexto do livreto, insinua que os pais devem ser condescendentes para com as filhas quando estas se tornam grávidas fora do matrimônio. Ei-la: "Qual devia ser a atitude dos pais quando uma filha engravida?''

O "Fiat": fruto de irreflexão? Note-se que o livro foi escrito para orientar pequenos núcleo~ a "conversa,. trocar idéias. responder as perguntas". Nesses grupos não faltará algum líder previamente escolado, que saberá como encaminhar as respostas ... O opúsculo esforça-se extraordinariamente para apresentar o Menino Jesus. Nossa Senhora e São José como pessoas comuns. Assim, a d ivindade de Nosso Senhor, polo e centro da Sagrada Família, é, quanto possível, colocada na sombra . Nossa Senhora, a quem a Sal)ta Igreja honra com o titulo excelso de "Sede da Sabedoria", cujo conhecimento dos segredos divinos excede em muito o dos próprios Anjos. figura no livreto como uma ignorante. Após a Anunciação dô Anjo sobre a concepção virginal diz a obra que "Maria não entendeu bem o recado de Deus" (p. 17). Corno se a acei(ação dEla. o sublime Fiat do qua l dependeu a Redenção dos homens, tivesse sido pronunciado irreíletidamente, não sabendo bem a Mãe de Deus do que se tratava. E, portanto, também, sem ter claro que

.

PERGUNTAS PARA CAMINHAR COM

MAR7A 1. Em que óe pa11.ece a v.lda dM

moça4 de n06óO lugllll.' com a v.lda de Matúa? 2. Ve.u<1 ,semp,r.e e4colhe 06 pcbll.ll.6 . Aqu.i. em >tOó·

lu91l11. ql.l0.<,6 óÍiO Oó que VW<S ucolhe palUt'

óO

6aze1t óeu.6 .ow.balhoó?

Uma pégina do lívreto "M6s do Msris": no texto e nas figuras, a vulgaridade e a dessacralização, tocando na blasfêmia

sua virgindade seria inteira e miraculosamente preservada.

Na Blblla, luta de classes? Também é narrada, cm resumo, a história do povo de Israel. Em lugar, porém, de salientar, como o faz a Sagrada Escritura, que a felicidade do povo lhe vinha da obediência às prescrições de Deus, e sua desgraça do abandono dessas prescrições, o livreto força o sentido da Bíblia de modo grosseiro. Com que objetivo? Para apresentar a história como uma luta de opressores e oprimidos, no sent ido endossado pela esquerda católica e pelo comunismo em geral. "...o povo israeli1a tornou-se pouco a pouco um povo cativo. Cativo de u,n povo rico e poderoso. Mas Deus ouviu os ge,nidos de seu povo e enviou Moisés para ajudar na libenação. Com mui1a lura e organização, Moisés e o povo conseguiran, arrancar do rei a orde,,, de saíre,n do país (p. 8). Também a conclusão é falsa. A saída do Egito não se deveu a "1J1ui1a luta e organização" do povo, mas sim aos extraord inários milagres que Deus operou, conhecidos como as dez pragas que assolaram aquele pais, forçando o faraó a permitir a saída dos israelitas. Prossegue o texto: "Mas os grandes se,npre arra11ja1J1 um jeiro de botar a mão em cima dos pequenos, dos fracos. E foi o que aconteceu: o povo de Israel ficou novamente cativo e f oi desterrado para 111110 região cha11wda Babilónia" (p. 8). Ora, o cativeiro da Babilônia foi claramente um castigo divino, em virtude da infidelidade do povo, de seus reis e de seus sacerdotes, os quais foram abandonados por Deus nas mãos de seus inimigos. O livrcto não di1.. uma pa lavra sobre essa causa primordial do cativeiro. Tudo é deturpado no sentid o de favorecer a interpre tação, baseada na luta de classes. Mas o mais significativo do livro encontra-se nos questionários. Neles julgam os autores da obra não se · comprometer - pois trata-se de perguntas - abrindo-se, porém, campo para aplicações à realidade brasileira. Eis algumas perguntas: "/. O povo brasileiro já passou por olgum cativeiro? 2. Nosso povo agora esui precisa11do se libertar de algun,a coisa? 3. Será que Deus chan,a a nós para a organização da nação? Por onde co,neçar?" (p. 8). Respostas habilmente sugeridas a essas perguntas nas comunidades de base ou cm reuniões ad hoc pre-

paradas, podem modificar mentalidades desprevenidas no sentido da revolução social, iniciando nas almas um processo, semelhante ao denunciado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em sua famosa obra "Baldeação Ideológica lnadvenida e Diálogo". Também o ódio contra os ricos é cuidadosamente instilado pelo livreto. Assim, observa-se que no tempo de Jesus "os ricos, os donos das rerras 1norava111 nas cidades e co,nbinavàm con, os invasores. Por isso passavam ben,. O povo pobre vivi(J da lavoura. n,as a · terra não

era deles" (p. 9). Então, segundo tal concepção, os ricos eram traidores, coniventes com os invasores (os romanos), enquanto os pobres trabalhavam, mas não tinham terras. Insinuação clara de que a terra deve ser necessariamente do camponês que a trabalha. Princípio, aliás, de inspiração marxista e contrário à doutrina católica, conforme largamente explica e fundamenta o conhecido e conceituado livro "Reforma Agrária - Questão de Consciê11cia" (Editora Vera Cru?~ São Paulo, 4.• edição, 1964). Mas ainda há mais: "Que,11 são os ricos da ferra de Maria? São os do gover110: o rei com sua corte, os governadores e seus secrerários. os sacerdotes. os donos do conrércio e das /erras" (p. 11 ). Parece ser esse trecho uma alusão à nossa época, pois a esquerda católica costuma aplicar a todo propósito o mesmo palavrório para caracterizar a situação atual. Mas, prevendo que talvez alguém possa não entender onde querem chegar, os autores do livreto formulam a pergunta: ·•Será que ta,nbém 11ossa terra os ricos são poucos e os pobres são muitos? Qual o n101ivo?"

e,,,

Proteção mariana contra erros Ê incrível que num livrcto, aparentemente destinado a "ajudar'' os fiéis a seguirem o mês de Maria, se defendam tais idéias. Que o santíssimo nome de Maria seja usado para acobertar tais absurdos e torná-los aceitáveis pelos cató licos é verdadeiramente blasfemo. Para finali,.ar, peçamos à Virgem Fiel qüc imunize com sua ação protetora e suas graças todos aqueles que tomarem conhecimento deste opúsculo. Não permita a Sede da Sabedoria que o veneno destilado ao longo das 73 páginas do opúsculo contamine a fé e outras virtudes arraigadas na alma generosa dos nordestinos.

Gregório Lopes 5


(

1

Escrevem os leitores

LIÉBANA: MOSTEIRO-RELICÁRIO, ABRIGO DO SANTO LENHO

' Patmos e contidas no livro do Apocalipse. Como Santiago de Compostela. o Mosteiro de Liéba na transformou-se também num foco de intensa devoção e romarias. tão presentes no esti lo de vida medieval. Naquela época, o homem era movido 1>clo desejo ardente de visitar e contcm-

M Lll:BANAcrguc-se umdos mais antigos mosteiros da ordem beneditina na Espan ha. Si tu,,do na região norte do pais. em meio às montanhas com picos que permanecem nevados a maior partt do ,u,o, e cm cujos va les as quedas

E

d'água fazem ecoar nos rochedos e

nas grutas o seu canto milena r, esse mosteiro está hoje sob os cuidados dos frades fra nciscanos. E abriga uma das mais valiosas relíquias que um católico pode venerar: considerável fragment o da Santa Cru?.. Quantas rcílcxões essa l'clíquia nos traz! Na Cruz. tendo junto de Si a

plar

os lugares intimamente rclacio·

nados com a História da Igreja para suplicar e agradecer os favol'cs celestes. e ao mesmo tempo enrijecer a a lma e o corpo, enfrentando as ad· versidadcs das longas caminh:1d:1s. Não muito distante de Liébana hú o utro local de peregri nação: a Gruta de Covadonga. onde no século VIII. D. Pelayo reu niu seus homens sob a proteção : da Virgem. dando início á épic:, luta pela Reconq uista dos territórios dominados

Santíssima Virgem e S ão João Evan-

gelista, o Filho de Deus consumou a Redenção do gênero humano.

O Santo Lenho em Liébana

pelos invasores muçulma nos.

Em seu livro .. Liébmw. n4íquia ,r paraíso··. Frei Pedro de Anasagasti. O. F. M., historia como chegou ú Espanha o fragmento do Sa nto Lenho. Tudo remonta ao século VIII. qua ndo parti u para Jerusa lém São Toribio de Astorga. Tendo se lixado durante algum tempo nessa cidade. recebeu o santo do Patriarca de Jerusalém diversas relíquias de imenso valor. ent re as quais o braço esquerdo da própria Cruz do Redentor. Conduziu-as à Espanha. sendo já reícridas cm diversos documentos entre os anos 739 e 757. No século X. quando a investi· da muçulmana tornava-se mais vio ..

Espírito de cruz e neopaganismo O Mosteiro de Liêba na encontra·sc hoje cm dia bem. conservado. embora não apresente ma is o antigo esplendor da vi(h, monústica bcnc.. clitina. As paredes do cdificio hú muito não são ma is testemunhas do

Ordo observado pelos scguido,·cs do Patriarca dos monges do Ocidente. Ao chegarmos. visitamos a capela principal. Entreta nto. o Santo Lenho não se encontrava no anistico oi-atório de uma das capelas

latera is. pois em razão do inverno q ue se ;,prox imava, diminuíram as visit,1s dos fiéis. Em vista disso. nessa época a relíq uia é levada parn a capela particu lar dos frades fra nciscanos q ue. conforme dissemos.

lenta na península ibérica, ficaram

famosos. na região de Almanzor. os ataques movidos pelo caudilho lbuKhaldun. q ue proclamava seu objeti vo de aniquilar completamente a

habitam atua lmente o mosteiro.

c ivilização cristã. Não poupava nem vilas nem a ldeias~ nem castelos nem

conventos. O terror que inspirava a ameaça de uma destru ição de tal porte explica o empenho com que muitas relíquias foram transladadas para

zonas mais seguras. Liébana. situada a 800 metros de altitude, e rodeado de picos que alcançam 2.000 metros, ofcrc.!cia a vantagem de sei' rea lmente um lugar seguro contra os

ataques árabes. E para lâ foram transportados o corpo do santo Prelado Toríbio de Astorga e também a relíquia do Santo Len ho. ao que tudo indica. na segunda mcrndc do

século X. O in ventário de um Abade que deixou o ca rgo cm 1316, Dom Toribio . re laciona todas as preciosidades do Mosteiro de Liébana. concedendo realce especial à "Cru1. de Prata co m o Sa nto Len ho". De foto. o pedaço correspondente ao braço esq uerdo do Madeiro no qual morreu Nosso Sen hor - e que veio ,i Es1>a· nha - os monges. muito judiciosa-

A relíquia do Santo Lenho conservada no Mosteiro de São Toríbío, em Liébana , é dos maiores existentes no mundo: 63 por 40 cm

mente. o subdividi ram de modo a poder fazer uma cruz de tamanho menor. Esta mede aproximadamente 63 por 40 centimetros, e se encontra até hoje exposta ao culto dos fiéis, protegida por moldura de prata na qua l se prendem lâminas de cristal, para que o Madeiro fiq ue bem protegido. Durante a Semana Santa. o San· to Lenho é exposto à veneração cio· pllblico. que, numa das cerimônias.

ent ra processionalmente po,· uma das ponas do templo, aberta apenas nesse ,,., .. dia. Chama-se .. Porta do Pe,·llaO .

Escola de Santos e defensores da ortodoxia Era fim do outono. quando no ano passado cheguei pela primeira

vez a Liêhana. T udo ali favorece o recolhimento. Ao redor do mosteiro existe apenas arvoredo e encostas de montanhas que os ant igos navega-

dores dcnom inav:un "<>s p icos dll Europa", pois eram os primeiros sinais do contincntccuropcu vislurn-

brados por quem navegava. proce-

dente das Ilhas Britânicas. Pat·a se formar uma idéia do panorama de Liébana. é nccessí,rio que levemos cm conta sua exubcran1c vegetação cm meio a um relevo extrema mente acidentado, cheio de

esca rpas. rochedos e desfiladeiros. Aliás. dura nte a viagem que Ji7. em companhia de jovens cooper,: dores da TFP francesa. ao passarmos por um desses desfiladeiros ficamos impressionados com a imensidão dos blocos de granito. os q uais apenas no alto permitiam que pudéssemos con templar o céu. Este. na ocasião. apresentava-se nublado. enquanto embaixo. ao lado da estrada. as àguas con·iam célcl'cs pelas pedras. À aproximação do histórico mosteiro o visitante recorda natural· mente o tempo cm que por ali passaram numcroSO$ monges beneditinos. muitos dos quais foram elevados

Junto aos Picos da

Europa, na Provfncia de Santander, ao norte

da Espanha, localiza-se o santuário que abri-

pela li;rcj" :) honrn dos altares. Um deles é São Beato de Liéba na (sécu lo VI li). Seu nome ficou particularmente famoso cm virtude de sua luta contra a heresia adocionista do Arcebispo de Toledo, Elipando, que afirmava que Nosso Senhor Jesus Cristo. como homem. nãocr,·, verdadeiro Filho de Deus. mas apenas filho adoti vo do Pai. São Beato e seu com1,anhciro Etério escreveram carta :i Elipando. increpa ndo sua heresia e demonstrando as teses que defendiam através de um con hecido estudo da Sagmd,a Escritu ra. E ele também autor do "Co111<'11· târio tio Apocolip.w,·. obrn val iosa por constituir urna seleta antologia de textos dos Padres da Igreja e escritores posteriores. cujas obras desaparcccr:,m. Esse volume. ilustrado com ilu minuras. c1H.:0111ra-sc atual-

mente na Cated ral de Lérida. e consti1ui um valioso testemunho das

explicitações conhecidas cm Liébana a propósito das famosas revelações feitas a São João na ilha de

Ali rezamos demoradamente o Rosário. oferecendo nossas orações pelas intenções mais prementes da Santa_ Igreja. nos dias de crise cm que vivemos. Ao deixar o magnífico ambiente de l.iébana. urna pergunta me veio à

mente: po,· que o Santo Lcnho ali venerado é praticamente ignorado pelas multidões que. especialmente nos períodos de férias. transitam pelas auto-,estradas européias'? Por certo. a razão prepondera nte é que o ho mem modern o. voltado. de modo particu lar. para o gozo da vida. não sente propensão para con·

tem piar o Mistério da Cruz. á luz do qua I se pode compreender plenamente o papel do sofrimento na vicia huma na.

Para grande parte de nossos contemporâneos. dominados pela scn· sualidadc e pelo nco-paga nismo. se

a plicaria com propricd:1dc o conse1ho escrito cm verso por Camões. referindo-se ao Mistério do Ca lv:il'io: "Tu que l'OIISO!O b1tS('{IS COJ/1 niid(ldo. 11es1e 1nm· do nrundo tempes· IUVS<J,

não e.,p11res e11c<n,1n11· nenhum l'('J)UUSV,

se,uio en, Cri.)'IO Jesus Cruci{icculo". ·

J. Narciso Barbosa Soares

Frei Celestino Bugli, Salvador (BA): "Sempre apreciei CATOLI· CISMO, e no último número que recebi gostei imensamente da Pastoral de D. Antonio sobre a confissão comunitária. D. Antonio foi quem melhor interpretou o pensamento da Santa Sé". D. Maria do Carmo Montenegro, Recife (PE): "CATOL I·

CISMO merece todo o respeito e apoio dos católicos pela importância com que são abordados os assuntos combatendo intrepidamente erros e heresias e, pri ncipalmente, a infiltração comunista na Igreja Católica. Vale ressaltar ainda temas apresentados sobre fatos da vida de Maria Santíssima e suas aparições miraculosas". D. Zuleika da Veiga Oliveira, Ouro Preto (M G): "O jornal é sempre muito bom. Seus artigos sempre atuais e profundos. Sua insistência sobre a devoção a Nossa Senhora deveria servir de modelo a muitos jornais "católicos" que d Ela se esquecem. Apenas poderia ser menos "elitista", mais simples e acessível a leitores de menos cultura".

Sr. Alfredo Pequeno de Arraes Alencar, Rio deJaneiro(RJ): "Sempre muito bom, o CATOLICIS MO. Todavia, poderia ter mais noticiário sobre atividades, tanto dos verdadeiros Padres, quanto dos falsos, os "progressistas". Sr. José Joelson Henriques de Souza, Três Rios (RJ): "R ico cm informações dentro de sua linha ideológica segura e coerente, e sobretudo, é um jornal católico que lembra a firmeza da Fé católica tradiciona l tão deformada nos tempos atuais pelo progressismo". Sr. Ernani Froehner, São Ben-

to do Sul (SC): "Aprecio em CATOLICIS MO [ ...) a franqueza com que são abordados os problemas que aíligem nossa Pátria querida , conseqüência da incessante ação comunista. Sugestões teria eu a fazer no sentido de que fosse atacado, com a mesma franquc1.a,.o problema da imoralidade que pregam os filmes e as revistas, o que, no fundo, é conseqüência da mesma do.utrina, nefasta e maldita". Sr. Getúlio Cúrcío, Bom Je-

sus do Jtabapoana (RJ): "(... ) fabuloso mensário, que leio integralmente e que me faz um grande bem, por sua doutrina ortodoxa e segura, qual barco de sa lvação para nós, os náufragos modernos". Sr. Feiice Casagrande, Ouro (SC): "Vigoroso e objetivo no

combate a idéias delctérias, dissolução dos costumes cristãos e desintegração da família. É um grito de alerta mu ito oportuno para os nossos dias assaz conturbados".

Mens'rio com aprovação tcltsi'-.ttica CAMPOS - ESTADO 0 0 RIO OirtlOr: Paulo Corrb d, Brito Filho Olrtloria: Av. 7 de Setembro 241. c.aixa posral 333. 28100 Campos. RJ. Admínislração: R. Dt. Martinico Prado 271. 0 1224 São Paulo. SP.

Co911>osto e impresso na Artprcss- - Papéis e Arte$ Gr:Hicas Ltda .; R. Garibaldi, 404 - 0 11 35 São Paulo. S P. "Cato licismo.. é uma publicação rncnSJt.l da Editora Pc. Belchior de Pontes S/ C.

Assinatura snu1I: comum CrS 500,00: cooperador CrS 800,00; benfeitor CrS I .S00.00: grande benfeitor CrS 2.500,00: seminaristas e estudan1cs CrS 400.00. Exltr-ior: comum USS 20,00: benfei1or USS 40.00. Número avulso: CrS 25,00. Os- paga.me,nos. sempre cm nome de Editora Padre Btlchíor dt Poruts S/C, poderão 1 ser cncaminh:1dos à Admini~tração. Parii murlança de endereço de assinantes. é necc-s· s.1.rio mencionar 1a.ml>é:m o endereço antigo. A cortespor\dênckt relativa a assi naturas e venda avulsa dc\'e ser enviada à Adminis lraçio: R. Dr. Marlinico Prado, 211

01224 - Sio Paulo, SP

ga o Santo Lenho CATOLICISMO -

Setembro de 1980


A VIDA FA DA ALEGRIA AO TÉDIO CONHECIDA revista "Der Spief{el", semanário de grande repercussão da Alemanha, publicou em 19 de junho de 1978 amplo artigo sobre a tendência individua lista naquele país. Dessa reportagem tomamos d uas ilustrações que passamos a analisar, focalíz.ando especialmente a tradição, a família e a propriedade como fontes de alegria de viver.

A

A primeira ilustração reproduz um quadro do pintor alemão Friedrich Georg Waldmüller ( 1793-1 865): "O aniversário do vovô". Trata-se. obvia mente, de uma família de cam: poneses, na qua l a pobre1.a ressalta por muitos lados. Tudo gira em torno do avô. Os que já se encontram dentro de casa e os q ue vão chegando o cobrem de afeto e consideração. Entre todos há profunda harmonia, que provém do fato de buscarem seu principal entretenimento no trato e conhecimento recíprocos. Numa família numerosa, o círculo do afeto é ainda maior. oferece ndo uma agradável variedade de relações. Adema is, os sentimentos encontram um ponto de unidade: a casa do avô. Os afetos se ligam aos lugares e estes protegem aqueles. É a alegria das almas unidas por laços de parentesco e pelas mútuas recordações ecomum responsabi lidade no labor em sua propriedade rural, talvez pequena. mas antiga e rica quanto às reminiscências e à história da família. O avô é a chave de cúpula desse caloroso relacionamento. Com q uanta simpa tia o olham as crianças! Mesmo o bebê no colo da mãe parece admirar o ancião. Dir-se-ia que até o cachorro da casa parece sorrir... Em meio a sua pobre,A, material, o ancião ocupa uma poltrona proeminente e usa um chapéu bem apropriado para exprimir sua rústica e circunscrita autoridade. Mas, com que domínio de si, com q ue segurança de seu pátrio poder está sentado! Note-se, sobretudo, como ele fita o mc,n ino, provavelmente seu neto e

+

to moderno. Trata-se de uma família "nuclear", na linguagem de ·· Der Spiege/". Ou seja. reduzida quase ao mínimo: o casal e dois a três filhos ... Não se pode afirmar que seja pobre. pois dispõe d e certo conforto dentro do espaço reduzido de um apartamento q ue não é de grandes proporções. Nota-se ainda uma certa placidez e harmonia entre os ele-

l

talvez herdeiro do sangue modesto e leal que lhe corre nas veias: com ternura e esperança, assi m com um certo ar de sábia perspicácia de quem acumulou uma larga experiência da vida, q ue lhe permite conjeturar sobre o futuro sem ilusões ...

A segunda ilustração mostra uma cena comum de um apartamcn-

CATOLICISMO -

mentos que compõem a família, mas a inOuência e autoridade do chefe já não são as mesmas do avô do quadro anterior. Talvez não seja o pai quem decida qual o programa de televisão a ser visto... O video, aliás, já monopoliza as mentes, ocupando o centro das atenções. Em bora esta familia possa eventualmente possuir mais din heiro que a anterior, o senso da propriedade é menor, porque as relações afetivas que ligam as pessoas entre si e estas aos bens da casa , são menos pronunciadas. Da vivacidade e alegria do quadro de Waldmüller, de 1850, passamos a

Setembro de 1980

uma certa modorra a caminho do tédio, nesta foto de 1978.

Relacionemos com as duas ilustrações anteriores a terceira, publicada também pela revista .. Der Sviege/" ( 12/ 2/ 79) em outra reportagem, na qual aparecem jovens coetâncos que consti tuem uma "comuna rural". Na Alemanha atual, atribui-se a origem de tais comunidades à fuga das cidades. Elas teriam surgido como "alternativa" para a grande família, que já não encontra seu lugar na sociedade hodierna. No entanto, as relações humanas, em tais comunas, nada têm de parecido com as de unia família bem constituída do século passado. Em comunas como a da terceira foto , seus componentes teriam em vista a busca de um estilo de vid a "livre". Traba lha-se cm sistema de rodízio, o u quando se tem vontade ... Não há propriamente chefe, nem casamento. As c rianças, frutos de uniões promiscuas, são educadas - se se pode empregar tal verbo no caso - cm comum . Desaparecem, pois, os laços familia res fundamentais, para dar lugar a relações que poderíamos qua lificar de tribais. A revista "Der Spiegel" não esclarece se a comuna aqui fotografada é desse gênero. Em todo caso, a a titude desse grupo de jovens com aparência "hippic" poderia representar adequadamente o estilo de vida das comunas mais avançadas. Frutos amargos, talvez, da sociedade contemporânea, tais jo vens la nçaram-se na aventu ra - destituida de riscos e heroísmo - de um relacionamento frio, sem alma, sem

tradição, no qual cada um está, na realidade mais profunda, voltado para seu próprio egoísmo. A divisão pacifica de tarefas, bens e prazeres não é senão um jogo de coni vências. No centro da cena já não está um determinado personagem como no q uadro de Wa ldmü llcr, mas o cão, a cabra ... qualq uer coisa! Como esse último ambiente é diferente da louça nia, da vivacidade alegre e serena manifestadas pela familia de 1850! A descristianização da sociedade foi certamente o fator primordial desse processo que conduziu à insipidez os lares modernos. E deles fosem , enfarados , seres humanos sem rumo nem esperança, cujo tédio cond uz facilmente ao caos mental ou à alucinação das drogas.

A autêntica alegria possível neste mundo não é a oferecida pelo con-

forto, nem pela mera técn ica, menos ainda pela dissolução dos costumes puros e sadios. Pelo contrário, é no trabalho honrado, em meio à segurança e ao calor humano - temperados pelo entretenimento equilibrado - , que o homem logra atingir nesta terra o maior grau de felicidade relativa. Tais valores só podem brotar da tradição, da família e da propriedade, conforme as concebe a doutrina trad icional da Igreja Católica. Por meio dessas três inst ituições, o homem sabe quem é, a que e o que respeitar. como e por que viver. A alegria de viver catolicamente concebida harmoni1.a-se perfeitamente com a vida sobrenatural. Aprendendo a conhecer, amar, respeitar e servir nesta terra, pre paramo-nos para o Céu, dada a solidariedade globa l estabelecida por Deus na ordem da criação e da sa lvação. Pois a Sabedoria ··,oca de u1n11 e.,·rre,nidade à o utra co111 fortalezt,. e dispõe todas as coisas con, suavidade·· (Sab. 8, 1).


BAfOlLIC!SMO - - - - - - - - - - - - * Após um ano, perdura o milagroso aviso de São Pantaleão \

MADRID - No dia 27 de julho p.p., quando se comemorou a festa de São Pantaleão, cujo sangue há um ano permanece líquido no Mosteiro da Encarnação de Madrid . á Sociedade Cultural Covadonga . da Espanha, distribuiu comunicad o a respeito, que transcrevemos a seguir:

comprovam que o mundo camoaleou, real ou imaginariamente, premido em diversas ocasiões, durante estes últimos meses, entre a guerra e a paz de capitulação.

"27 de julho de 1979. Como acontece normalmente nesta data, há vários séculos, o sangue de São Pantaleão uma ve1. mais se liquefez milagrosamente. Aconteceu, entretanto, que não voltou a coagular-se, como cost umava ocorrer no próprio dia 27 de julho. "Sinal de calamidade", disseram as religiosas agostinianas do Convento da Encarnação, de Madrid, local onde se guarda e venera a relíquia do glorioso mártir do século IV. Com efeito. as duas grandes guerras mundiais e o "Alzamiento" de 1936 (guerra civil espanhola) foram preced idos e acompanhados da liquefação do sangue do mártir. O que poderá suceder desta vez'/

A isto a Espanha e o mundo ocidental pa recem assist ir indiferentes. Tal apatia. ent retanto, deixará de existi r no dia em que o comunismo consiga subjugar nossa pátria e o mundo livre. Então será demasiado tarde, mas, nessa ocasião, ninguém poderá dizer que a Misericórdia Divina não se manifestou cm tempo, no sentido de evitar a catástrofe, através do milagre do sangue de São Pantaleão.

27 de julho de 1980. O sangue de São Pantalcão permaneceu um ano inteiro sem coagular-se. Será isso indício de que se abaterá sobre a Espanha, ou mesmo sobre o nnmdo inteiro, alguma calamidade proporcionada à duração do milagroso aviso?

• • • Os acontecimentos destes últimos meses parecem atestar o fato de que a opinião pública na Espanha se e ncontra adormecida a nte o perigo comunista que avança. E também

• •

Brado de alerta de "Covadonga" Em vista dessa situação, e considerando que. de modo geral. as autoridades cclcsi{1s1icas e civis, bem como os meios de comunicação social da Espa nha, procuraram. nos últimos meses, manter silêncio sobre tais assuntos. a Sociedade Cultural Covadonga se j ulga, uma vez mais. no dever de la nçar um brado de alerta ao povo espanhol. Se depois de um ano, em que o milagroso aviso perdurou cotidianamcnte. prosseguir esse estranho silêncio, a maior prej ud icada será a própria naç.'ío espanhola. Pois não terá cumprido, d iante de Deus. a obrigação de atender à voz dos que fizeram eco ao aviso de São Pantaleão. com todo seu dramático sig111·r,1cac1o."

Neste relicário sobre o altar, no Mosteiro-museu da Enc.a mação, em Madrid, encontra-se a ampola com o sangue de São Pantaleão, que milagrosamente vem se mantendo em estado liquido desde 27 de julho de 1979

REPERCUTE INTENSAMENTE OBRA DA TFP "Meio século de epopéia anticomunista", obra que narra a história e atividades da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Familia e Propriedade - TFP, já se encontra em sua 3.• edição.

Escoou-se em 50 dias a primeira edição, de 10 mil exemplares. A 2.0 edição, de 12 mil exe1nlares, praticamente se esgotou em meados de agosto. A Editora Vera Cruz já pôs em circulação a 3.• edição, de mais 12 mil exemplares, da obra,

que certamente ocupa um lugar de destaque co1no "best-seller" nacional. Reproduzimos abaixo um folheto ilustrativo que está sendo difundido junta· mente com os exemplares do livro, a partir da - . 2.• edº1çao

. . . e responda ~

Os comunistas s ussurram

-,-

-'

católica" difunde

Pergunte ao comunista, ao "esquerdista católico", v ,,....... ./

...... ··-,,.,. .. ...... ~

os inocentes-úteis ampliam o som desta m entira:

ao inocente-útil

"A TFP é exagerada, radical. ,... Ela faz extremismo de direita".

A TFP responde corri os fatos, contando tudo quanto ela fez em meio século.

A TFP diz aos brasileiros:

- Leia, analise . ..

se já leram Meio século de epopéia anticomunista.

Porque s6 tem o direito de acusar quem leu a defesa. Quem não leu deve ficar mudo.

Eles que mostre,n, neste liuro, o que é extremista, radical ou exagerado. Se não encontrare,n, que se cale,n.

'


N.0 358 -

Outubro de 1980 -

Díretor: Paulo Corrêa de Brito Filho

Ano XXX

Em sua nova sede . de Campos:

TFP HOMENAGEIA D. MAYER COM A BE:NÇÃO das instalações pelo Exmo. Sr. Bispo Diocesano, Dom Antonio de Castro Mayer, foi inaugurada no dia 30 de agosto p.p. a nova sede da TFP em Campos, à rua dos Goitacazes, 197. Dois dias antes, a TFP havia oferecido, no mesmo local, banquete em homenagem a D. Mayer, que completara, no dia 28 de agosto, 32 anos de proficua ação apostólica na Diocese. Na ocasião, um dos cooperadore.s da TFP em Campos, Sr. Oberlaender Seixas Bianchini, ressaltou a nomeada mundial do insigne Prelado, por sua atuação em defesa das genuínas tradições da Santa Igreja Católica e por suas Cartas Pastorais. V ãrias destas alcançaram ampla repercussão internacional, tendo sido traduzidas para outros idiomas, em diversos países das Américas e da Europa. Agradecendo a homenagem, S. Excia. Revma. salientou a dedicação desinte-

"

O. M ayer benze as instalações da nova sede da TF P em Campos, ladeado pelo Revmo. Pe. Emanuel Possidonto. Diretor Espidtual do Seminário Maior Diocesano e polo Ten.~Ce1, Pedro M arcant Jr.• Comandante do 56. 0 Batalhão de Infantaria, sediado na cidade

reasada que a TFP sempre lhe proporcionou, especialmente na edição, propaganda e difusão do mensário da Diocese, "Catolicismo". - Não fora a cooperação da TFP, acrescentou D. Mayer, "nosso jornal niío teria a penetração que alcançou no norte fluminense". Destacou ainda o Sr. Bispo a firme e resoluta campanha de todos os dias empreendida pela entidade, no sentido de elucidar o povo sobre os erros e maleficios do comunismo." É esta uma faceta saliente da TFP que, graças a Deus, também brilha em Campos", concluiu. A seguir, S. Excia. Revma. aconselhou os cooperadores campistas da TFP a manterem sempre um procedimento retilíneo, sem desconhecer, no entanto, as mazelas dominantes na sociedade hodierna, a serem tomadas em consideração no planejamento de qualquer ação de apostolado. Ao encerrar, o Sr. Bispo Diocesano deu uma bênção especial a todos os presentes.

O DESMENTIDO CA.TEGORICO DA TFP EM VISTA DE NOTÍCIAS sem fun-

damento, difundidas em cadeia por órgãos de imprensa dos mais diversos pOnt?s ?º Pais, atribuindo à S?ciedade Br~sileira de. Defesa da Tr~di_ç~o,. Fa?'lha_e Propr,ed~de ;-- TFP, ,n,cia~ivas irreais ou ações 1nte1ramente alheias à entidade, 0 ServiÇO de Jn,prensa da mesma TFP emitiu em 2 de outubro corrente o seguinte comunicado:

"l. EM1960,0BRASILseachava ameaçado por vários movimentos de opinião voltados, todos, para o desmantelamento parcial ou até total da ordem sócio-econômica vigente. E muito especialmente para a destruição dos três valores cristãos fundamentais: a tradição, a familia e a propriedade. Com o intuito de preservar esses valores, sem os quais nenhuma ordem pode ser qualificada de autêntica.m ente cristã, idealistas abnegados - que já se haviam assinalado anteriormente em múltiplas atividades vanguardeiras, nas filas do laicato católico - fundaram então a SOCIEl)AOE BRAS1u-; 1RA OE DF.Ff;SA DA TRADIÇÃO, FAMILIA E PROPRIEDADE (TFP). Segundo o estatuído quando da fundação, o campo de ação da novel entidade deveria ser essencialmente ideológico. E seus métodos exclusiva.m ente os pacificos. 2. NO DECURSO destas duas décadas, a TFP se tornou conhecida em todo o Pais por sua ação doutrinária de alto nivel, não só cortês em meio às mais árduas polêmicas, como pacífica mesmo ante as mais caluniosas difamações. A TFP obteve êxitos notórios na defesa da propriedade rural contra a Reforma Agrãria socialista e confiscatória, na preservação da indissolubilidade conjugal contra várias das campanhas em favor do divórcio, bem como no esclarecimento da opinião nacional acerca da infiltração esquerdista em largos meios católicos do País. 3. NOTÉRMINOdessesvinteanos, a TFP acaba de lançar o livro "Meio século de epopéia anticomunista" (Ed. Vera Cruz, São Paulo, 1980, 464 pp.), em

que historia todas as sua/(atividades. peitas de participação da TFP nos atenDa obra, que está recebenda_ do público tados contra as bancas de jornais. Mal lisonjeira acolhida j á se esco'aram mais haviam caido ao solo essas suspeitas, de 22 mil exempla~es. Sua tJ~ceira edipor inteira fal~ de provas _ou indlcios, ção está em curso. re.s~surgem elas, igualmente infundadas, . lutan- __,.,,á"'ópropósito de episódios locais em Teó4 • ENQUANTO ASSIM v io . Li do a TFP pela boa ordem e pela tra~ili~ lo Oton1 (MG) e Santana do vramen!idade da família brasileira, a hgitação .~ (RS). . ideológica de fundo co~uni'.át.A ~em ~ -Cor:itra a TFP fica mais ou me1_1os como a violência e a ubvets,ib' eonti~~nppc1to que se devem vol~r assim, nuaram a abalar de ~do inee1'san.te O tl~seonfiados e sanhu~?S, os ngores d~ País. Deu isto ocasião a que sei á~oJu· le1 e âa repressão poh_c1al. Isto_ é, prec1massem as correntes subversi'vas e ·s-1!!1'ente,os mesmos ngores cuia cessanumerosos militantes destas úlj;itrlas ção, ~m,f!'".º da esquerda, era há meses fossem detidos para investigaçfil ou atr:á:íi e)ct!Pda) :omo u.m postulado da a · to d dem.oe,rama. P ra cumpnmen e pena. Liberdade a11si~ para o comunismo 5. QUASE AO TÉRMINO de ,sas e repressão para o anticomunismo, eis d~as décadas, generali~ou-se no Pr,)s, para onde~ ~ver.i,a: :i:u"mar a democracia ahás com ardoroso apoio de esquerchsbr~sileira, ÍI q.ual.Jp~,p facto teria então tas ~e todos os moldes _e graus,\ a deixado de \.f.r~-g,lln\ppamente democráconvicção de que uri:a po_lít1ca de l~rga tica, para se ~ nsformar em mero insconfança e de perdao_. VJsando a hbertrumento de h_bertação de quan~ favotaçao tanto dos suspeitos co~o até ~o~ rece o comun1sn10, _e de des~u1ção de cul?ados, abr!'ndar1a as tensoe~, pac1fí quanto a este s~ ~poe._Ou seia, em um cana os _espir1_tos e restabeleceria a paz processo de sov1et1zaçao de nosso País. no Brasil. Veto, então, a abertura. . . 6. E COM A ABERTURA veio a \ S. O EXEMPLO mais recente disto democratização, cuja caracter1stica é a éª i:_epercussão que ':'em sendo d~d~, em instauração da liberdade para todos de \ ór~r~s gra nde impdens_a dt~n.a,h à 1,?r~a zin difundirem suas idéias, no debate sere- \ tª ebl9ue, . no e elevado, sem o qual a palavra oca '· ª pu . icaç:io 'ª ' impresso democracia não passa de ficção. nLi!' simpáttic(aRSc)idade dedSoaenstadnaaTFdPo . vramen o , coopera r 7. CESSADO para a esquerda e até i teriam angariado há dias donativos para a extrema-esquerda o perigo do .:para a compra de armas destinadas a silenciamento pela repressão policial, lutar contra O comunismo. eis qu~ - em estranha contradiç~o com \ , ~oticia da referida publicação, tudo isto - dos mesmos meios da g , i-a'ndo aliás também outras invere~querda e d~ centro-e_squerd_a, ontem di ~ ~em desacompanhada de qualainda pregoeiros da 1mpun1dade da auer ~o (A. o que não impediu que subversão, e da _confiança na inocu_i~e cutiiis:&.ato continuo em órgãos da dade dos subvers1yos, começa a surgi ,_ _i6_~' ~ mi~ ensa de São Paulo, do Rio e uma campanha visando a detração, o / té {Recif.'"' Fortaleza e Belém do Pará. desprestigio e por fim o silenciamento lt'},. ''· dos lidadores ideológicos e pacificos do ft~A:NTO A NOTÍCIA referente anticomunismo, agrupados na TFP. Com ci ad~ , e Santana do Livramento e, o que fica desfigurado o debate doutrio iarece, também a outras locanário sereno e elevado indispensável 1~1 ad ·~~o Rio Grande do Sul, a TFP para a democracia. ãizer que: Vai assim tendo curso a difamação ) '~almentedoiscooperadoresseus sistemática da TFP, através de órgãos cole gi donativos naquela cidade pada grande imprensa, como entidade :Iir a atuação pacífica e legal, suspeita da prática da violência e até da terística da entidade. Está no subversão. Ontem, eram veiculadas suscontestável da TFP fazê-lo,

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como, aliás, de toda entidade idealista e desprovida de patrimônio. b) É absolutamente falso que estes donativos tenham sido pedidos para a compra de armamentos. Como também é falso que a TFP possua armamentos · d I S 1 ou cogite_ e comprá- os: ~a uta contr~ o comunismo,. co~o foi dito, é exclus1vamente doutnnãria e legal. Igualmente não tem o menor fundamento a afirmação de que a JFP tenha_qualquer nexo ou colab~raçao ~om entidade~ q_ue, se~undo o 1ornal:i1nho, s~ auto-intitulam Falange Pátria Noua , etc. ?) Os detratores da TFP estão na obngação de provar suas acusações, sob pena de incidir sobre si mesmos o descrédito que pretendem lançar contra ela. 10. QUALQUER suspeita de que a TFP tenha caráter paramilitar rui ante as afirmações em contrãrio, de altas personalidades militares das áreas federal e estadual, já oportunamente dadas a público. Entre estas cumpre lembrar a prova de confiança e amizade dada à TFP pelo falecido General Souza Melo, ex-Comandante do II Exército, quando dias depois de deixar o cargo de Ministro-Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, inaugurou solenemente o auditório da TFP; as declarações categóricas e decisivas do então Secre1, • d Se Públ' d Ri tano a gurança . 1ca o o (?rande do Sul, o falecido Coronel Portin~o; e análoga declaração do ex-Secretário da Segura~ça de São J'.aulo, Deputado Erasmo D1a_s. Ademais, possui a TFP~mseusarq~v?s2.400a_~sta_dosde aut?n~ades pohc1a1s e mun1c1pais da_s mais diversas loca_hda_des do Pais, certificando o caráter 1nte1ra.m ente pacífico das campanhas efetuadas pela TFP. 11. NADA DISTO tem sido realçado por certos órgãos da imprensa diária, que agora pretendem sobressaltar 0 Brasil com O noticiário do -ornalzinho 1 de Santana do Livramento. 12. A TFP, CERTA de que essas versões difamatórias por sua vez cairão no vazio, desde já alerta a opinião pública contra outras que presumivelmente lhes sucederão."


PARODIA BLASFEMA DA VIA-SACRA ''A

VE MARIA, cheia de graça, o Se11hor é co11Vosco... " - A Ave-Maria, oração mariana por excelência, é cheia de suavidade e ao mesmo tempo de elevação. Outrora, alegres, as crianças começavam a balbuciála, imitando a voz amorosa de sua mãe, tão logo seus lábios infantis algo conseguiam articular. Era também a oração dos momentos de aílição e angústia do adolescente ou do adulto ao enfrentar os problemas da vida, e a esperança de vitória do lutador cristão no campo de batalha. E na idade avançada, quando as cãs se fazem respeitar por sua proximidade com a eternidade, era ainda a Ave-Maria que sem cessar se fazia ouvir. A Ave-Maria, homenageando a Medianeira de todas as graças, é como um canal que conduz até Deus. Assim era compreendida, amada e profundamente sentida essa belíssima saudação dirigida à Santissima Virgem pelo Anjo da Anunciação, por Santa Isabel e pela Igreja. Tão autênticamente católica é ela, que não a puderam suportar os mesmos hereges que até do PadreNosso se apossaram. Tomar a Ave-Maria, desfigurála para a transformar. num instrumento da luta de classes, estava reservado para nossos dias. Dias de calamidade e miséria moral, cm que todas as abominaçõJ:S parecem encontrar com naturalidade seu habi/(11 normal.

Disseminando a revolta A idéia central explorada pelo folheto é a de que o migrante é o homem que não pode permanecer cm seu lugar de origem porque "não e11contra possibilidades de crescer", dado que "as oporrunidades lhe são 11egados" (p. 3). Vai ele então para a cidade grande, iludido por seus atrativos falaciosos, sendo aí obrigado a levar uma vida subhumana, morando em favelas e barracos. A solução apresentada pelo folheto para essa lamentável situação é a dcqucos migrantes devem unir-se para reivindicar seus direitos (fica insinuado que essa união deve ser feita sob a direção do clero de esquerda). O quadro assim concebido é repetido até o cansaço, e sem originalidade, ao longo de inúmeras historietas escolhidas para tal fim. Cada

ali

grande. Mas na cidade, o pessoal da esração 11ão quis receber a família. porque lá já ti11ha genre de,nais. João e afa,níliaforam então para o inferior. Aífoi aquela Via-sacra: um mês en, cada cidade 1rabalha11do como bóia-frio. A ré que foro,n pf,rar em Dourados. Maro Grosso. Ló caírarn nas nulos de un, fazendeiro rico e desu,nano. Tinham que rrabalhar suado na planração de 111ilho. arroz. feijão.. . Tanra co,nida na frenre, e a família, às vezes. ainda passava fo111e. O fazendeiro pagava uma 111iséría. Só queria ver os colonos de pé para continuar a 1rabalhar pra ele. "Ele trata melhor os bois do pasto do que a gente", costumava dizer Maria das Dores. E era assim ,nesmo. Todas asfamíli(JS qul' trabalhavan, para ele sofriam. e eram 111ais magras que o gado do parrão. Aí o pessoal co111eçou a receber a visira do Padre f11dcio. Havia 111issas, reuniões. Assin1. ia111 se unindo.

Eis a paródia que da Ave-Maria foi feita, em que a elevada doçura é substituída por uma agressividade quase chula, e a união que caracteriza os filhos da Virgem cede lugar a uma pretensa luta pela justiça, que ·mais se assemelha à luta de classes:

Quem compôs tal paródia? Um religioso, Frei Betto. O mesmo envolvido no caso Marighela e nas greves do ABC (cfr. "Carolicis,110" n.<>s 355-356, julho-agosto de 1980). E a blasfema oração é transcrita e difundida na p. 41 do livreto "ViaSacra do M igranre e Círculos Bíblicos", impresso "com aprovação eclesiúsrica" pela conhecida editora, que se apresenta como católica, "Edições Pa11/inas". Esse livreto, que se insere na "Cmnpanha da Frarernidade 1980", foi elaborado por um organismo denominado "CEM - Cenrro de Estudos Migrarórios", cm colaboração com "agentes de pasrorol e leigos da periferia de São Paulo e Cuririba". Portanto, são nítidas em tudo a inspiração e aprovação eclesiásticas. Não nos estenderemos na anáiisc dessa oração, em que o Santíssimo Nome de Jesus foi liminarmente expurgado para dar lugar aos tais 'fruros de libertação" concebidos por Frei Betto; cm que Nossa Senhora não mais é venerada como Mãe de Deus, mas como "Mãe Larino-A111ericana" (expressão vaga e equívoca!); em que não mais somos apresentados como pecadores; e assim por diante. Como veremos, o restante do folheto, coerente com essa paródia, continua a rolar pelo despenhadeiro da su bvcrsão.

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Trata-se. como claramente se vê, de um método. Bastem-nos, de momento, esses exemplos para ilustrálo, e levemos um pouco adiante nossa reflexão a respeito.

"Conscientlzação" dirigida

Par6dia blasfema

"Ave Maria grávida das aspirações de 11ossos [pobres. O Se11hor é co11vosco, Bendira sois v6s e111re os opri[n,idos, Benditos são os fr111os de fiber[ração do vosso ve111re. Sanra Maria, Mãe Larino-Americana, Rogai por nós, para q11e co11fie[mos no Espirilo de Deus, Agora que o nosso povo ass11,ne [a lura pela j11sriça E na hora de realizá-la e1n liber[dade. Para um rempo de paz. A mé,n".

eles enconrraram 11,n barraco na periferia da cidade. Hoje Joaquim rrabalha na consrrução de um prédio de 30 andares. cercado de jardins e árvores. Depois de 11111 dia de dez a doze horas de rrabafho, volra para o seu barraco, sem água, sem l11z, com o venro frio a peneirar pelas fresras das rábuas e fica pensando e,n quando poderá consrruir a sua casa..... (p. 14). A situação verdadeiramente inumana concebida para os atores dessa historieta é logo a seguir generalizada e colocada em termos de luta de classes na "reflexão" que a segue: "Por que ,nuira genre vive e,n favelas desumanas e aurros e,n casas l11xuosas?" (p. 15)

$log6ns de cunho marx.ista ílustram e ;,Via-Sacra do Migrtmtt, .....

uma dessas historietas terá ou não base em algum fato concreto. Não é o ponto importante, pois a problemas individuais cabem soluções individuais. O que sobretudo importa é que o folheto força a nota para apresentar os dramas pintados nessas historietas como sendo absolutamente generalizados no País, de modo a inocu lar no leitor desprevenido a impressão de que todo proprietário rural é um opressor desumano, e todo migrante necessariamente um perseguido. Eis alguns exemplos que retiramos a esmo:

• "Seu Ho116rio, Dona Zilda e seus seis filhos, moram numa favela em Curiribo. Vieronulo inferior[... ]. "Dona Zilda: úí a gente rinha 111110 rcrrinha [...]. Até q11c fomos obrigados a ve11der o sir ia por uma ninharia para 11111 grande fazendeiro. Ficamos 1rabalha11do para ele [... ]. O parrão não deixava a gen1e pegar 11en1 os resro., da ,·olheira. Ele man· dava passar o rrator em cima para adubar (1 rerra. Proibiu 1ambén1 a genre de pôr criação 110 rerreno. Quando chegava a noire, eu e 111eus filhos maiores. saíamos q11e ne111 gato pela lavoura para desenrerrar a batata para co111er no dia seguinte. Se o parrão descobrisse. nem sei o que ia aconrecer" (p. 28). A sit uação descrita é própria a criar a revolta contra o fazendeiro. Pois bem , logo cm seguida a essa historieta vem uma "reflexão en1 grupo" a propósito dela, cm que o fato é generalizado: .. Os grandes não deixam o pobre participar 11a divisão dos bens que ele mesmo produziu" (p. 29). . • "A fo111ília de João e Maria das Dores passou muiros sofrbne111os. Eles viviam no Piauí. e resolveram tentar a vida nutna cidade

e aos po11cos descobrindo que tinham direiros" (p. 48). Fica aqui muito evidente o papel do clero de esquerda para criar descontentamentos, sob alegação de fazer o pobre "descobrir" seus direitos; em seguida unir os ncodescontentes; e, por fim, tentar jogá-los na ação. Qual ação? A luta de classes? É o que tudo indica, pois se trata de um processo que vai muito além do fato concreto em torno do qual se procurou criar o descontentamento inicial, e que teva à revolução social, pacífica ou violenta. • "Joaquim e Mafalda, co,11 se11s 5 filhos, resolveram sair do Ceará [... ]. A o chegar na cidade grande. a familia rod<1 passou 10 noires debaixo do 11iad11to [... ]. Depois de 10 dias

Essas historietas são contadas com um forte condimento subversivo. É claro. Mas, mesmo os autores do fo lheto parecem pouco convencidos de que elas, por si só. possam influenciar suficientemente aqueles a que visam atingir. O brasileiro é inteligente demais para se deixar levar por s imples historietas, ainda quando possam ter base cm algum fato concreto. Por isso, os autores do folheto insistem: as reflexões sobre o tema - "en, pequenos grupos. na com1111idade ou nas fa,nílias" - não atingirão os objetivos a que elas querem conduzir, se forem reflexões espontâneas. É preciso que sejam dirigidas. E os dirigentes, por sua vez, deverão ser cuidadosamente preparados. É toda uma máquina de coordenação e impulso que se vislumbra : "Para que o objerivo seja atingido, é necessário q11e haja uma preparação dos lideres que coorde11arão os enco111ros" (p. 5). Note, pois, o leitor, o incisivo da expressão "é necessário". Não se trata de uma conveniência e menos ainda de uma aspiração, mas para que o espírito e a mentalidade que desejam incutir, através das historietas, penetre verdadeiramente nas vítimas do processo hd necessidade de lideres que coordenem. E estes, por sua vez, devem passar por uma preparação. 1nd iretamente os autores do fo1hcto confessam que o trabalho de levar o migrante à revolta é árduo. Não se trata apenas de organizar gente que já está picada pela mosca da revolução social, o que seria bem mais simples. Mas trata-se previamente de revoltá-los (ou, se se preferir, "conscientizá-los") para que só depois possam ser organizados e atirados na luta de classes. A propó-

... ao longo da qual é freqüente o incitamento à agitação.

uumnu 111 nllllllllllillllllll l1111111111 li n111111111Ili lim

1

POVOUNIOO JAVÊNCÚDO

sito disso, é também característico o seguinte texto: "Agora a genre sabe ,·on10 acolher esses ,nigranres peregrinos: Te,nos q11e recebê-los e acolhê-los[... ]. Mas re,nos 1an1bém que 111osrrar para eles que esrão sendo explorados e oprimidos. Temos que conscienrizá-los" (p. 40).

A "Via-Sacra" Para que a pílula amarga da subversão possa ser tragada mais facilmente, ela vem recoberta com a camada dourada da religião. Assim, por exemplo, a aproximação da situação do migrante tal qual a imaginam os autores do folheto - com a Via-Sacra de Nosso Senhor. As estações da Via-Sacra, no folheto, são compostas por um pequeno trecho da Escritura Sagrada e depois por um longo texto ou historieta - referente ao migrante, seguido de reflexões dirigidas, "preces espontâ11eas", cantos, etc. Também o título de cada estação é duplo: um referente a Nosso Senhor e outro ao migrante. Este último vem em letras muito mais destacadas do que o referente a Nosso Senhor. Eis os títulos das estações (cfr. pp. 10 a 38): "I.• esração: Jesus é condenado à morre O migrante entrega as suas terras 2.• estação: Jesus recebe a cruz A viagem para a cidade grande 3. • esração: Jesus cai pela primeiro vez F.le constrói casas e não tem onde morar 4.' esração: Je.sus se encontra co111 Maria sua Mãe O papel da mulher companheira do migrante 5.• estação: Simão Circneu ajuda Jesus a carregar a Cruz O migrante é obrigado a carregar uma cultura que não é a sua 6.• estação: Verônica enxuga o rosro de Jesus Conhecer o rosto da América Latina 7.• CSl(JÇaO: Jesus cai pela segunda vez Deixar-se envolver pelas ilusões da cidade 8.' estação: M11lheres de Jerusolé111 choram ao ver Jesus passar Mulheres organizadas contra a fome 9.• estaçao: Jesus cai pela rerceii-a vez O migrante é derrotado muitas vezes na busca de vida melhor IO.• esração: Jesus é roubado de s11as roupas O trabalhador é roubado do seu direito de participação 11.• esração: Jesus é pregado na cruz Na cidade grande o migrante trabalha em condições sub-humanas 12.• esração: Jesus morre 1111 cruz A morte do homem que se acomoda e entra no sistema 13.• esração: Jesus é descido da cr11z Como a Igreja deve acolher o migrante 14.• esração: Jesus é sepulrado D enúncia das causas da exploração do m igrante /5.• esração: Vida Nova - Ressurreição A certeza da vitória". De passa~em, assinalamos que o número tradicional das estações da Via-Sacra é 14 e não 15. A razão de não figurar na Via-Sacra tradicional essa 15.• estação é porque tal prática de piedade consiste num exercício de meditação sobre a Sacrossanta Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. É pela imitação da paciência do Redentor da humanidade manifestada durante seus padecimentos que con-

• CATOLICISMO -

outubro de 1980


O MILAGRE DE SÃO PANTALEÃO , NA /TAL/A

Busto de prata de

São Pantaleão. do século

XVIII. contendo rell· quia do mértir. vene· rada na Catedral de Ravello

Nelson Ribeiro FrageHi nosso correspondente ROMA - Como é do conhecimento dos leitores, "Cato licisn,o" publicou, em dezembro do ano passado, uma ampla reportagem sobre o milagre da liquefação do sangue de São Pantaleão, que se registra anualmente nos dias 26 e 27 de julho, cm Madrid, no Mosteiro da Encarnação. Tal assunto não perdeu, entretanto, a sua atua tidade. Lembro aos leitores que o milagre de São Pantaleão na Espan ha é

Na Espanha como na Itália, o milagre de São Pantalcão traduz-se pela liquefação do seu sangue, havendo apenas diferença quanto ,i sua duração. Em Ravello, ocorre normalmente durante a novena da festa, ou seja entre os dias 17 e 26 de julho. A não liqücfação - confirma o povo de Rave llo - é um sinal de catástrofe. Vejamos o que se verificou este ano.

Piedade e indiferença Cheguei ao Duonw de Ravello por volta das 11:30 h. do dia 26 de

O repórter de ..Cstollcl$mo .. obsetvou maior preocupaçlo dos habitantes do Ravello com as fostas locais do que em relaçlo ao fato extraordinário ocorrido este ano: apenas cerca de 10% do sangue de Slo Pentatolo se liqüofot no dia 27 do julho

acrescido de um s ignificado muito especial quando a duração da Jiqüefação do seu sangue vai além do dia 27. Normal mente ele volta ao estado sólido nessa data. Mas, quando tal não acontece, costuma ser sinal de calamidade. Assim o confirmou a História nas vésperas das duas Guerras Mundiais e da guerra civil espanhola, bem como cm diversas ou tras ocasiões. O que estará para acontecer desta vez? Se corresponder à duração do milagre, deve ser algo de mu ito grave, pois a última vez que se viu o sangue desse mártir do século IV cm . estado d e coagulação, foi em 26 de julho... de 1979. Sim, de 1979. Há mais de um ano, portanto, que esse milagre perdura, eventualmente como prenúncio de castigos que se poderão abater sobre a Espanha e sobre o mundo. Esse aviso, porém, não vem apenas da Espanha. Um milagre parecido ocorre também na pequena cidade de Ravello, na Itália. Aliás, é lá que se encontra a principal relíquia do santo. Todas as outras. inclusive a de Madrid , são porções ,tiradas da relíquia de Ravello.

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seguimos alcançar nossa salvação eterna. É já na literatura dos Cursilhos de Cristandade que aparece a 15.' estação, consagrada à gloriosa Ressurreição de nosso Salvador. Compreende-se essa modificação da ViaSacra tradicional por parte de um movimento que procura afastar o pensamento da dor e do sofrimento, e que, à maneira protestante, inculca que a Redenção de Jesus Cristo torna o homem impecável. Desse modo, mesmo nesta terra, os ho,mens poderiam procurar despreocupadamente a alegria e a satisfação, pois a salvação não exigiria cooperação de sua parte. No livreto que analisamos, a mesma concepção, defendida por autores cursilhistas, parece fundamentar a inserção da 15.• estação. CATOLICISMO -

outubro de 1980

ju lho. É a li que se ven.era, desde o século XI , a relíquia de São Pantaleão, Padroeiro da cidade. Dirigi-me ao sacristão, homem s imples, inteiramente consagrado a seu ofício e grande devoto do santo mártir. Com ar de preocupação ele

confessou desolado: "Neste ano. " situ(Jção está desastros(J, pois aind" ru7o houve manifestação alguma do mil"gre", Ato continuo, dirigi-me ao a ltar onde se venera a relíquia e realmente dei-me conta de que o sangue - quase meio litro - estava exatamente como o havia visto em outubro do ano passado: massa amolecida mas resistente, sem qualquer sinal de liqücfação. Tal fato, de s ignificado extremamente grave, já era conhecido em toda a cidade. No entanto, a grande maioria da população de Ravello preocu pou-se mais com as festas da· localidade, que apresentava as ruas e os parques engalanados. Uma banda de música tocava o dia inteiro. animando os festejos. De igua l modo se co mportavam os turistas, mesmo aqueles q ue visitavam a igreja onde se encontra a preciosa re líq uia do mártir. Junto a ela, apenas a lguns fiéis ficaram rezando com uma expressão visivelmente angustiada. Segundo eles, o fato de o milagre não se operar era '}1111 br11110 segno" (um sinal horrível) e concluíam que "San Pt111taleo11e non era soddisfato" (São Pantalcão não e.s tava nada contente). O próprio Pároco não escondeu sua preocupação. Tendo recebido o relatório de Madrid com a noticia de que ali o sangue do mártir já anunciava a lguma calamidade, ele, desde logo, estabeleceu a relação entre um caso e outro. Por essa razão, não deixou de reunir os fiéis na noite de 26 de ju lho e de insistir para que eles redobrassem as orações a fim de que estas se tornassem agradáveis ao santo e se operasse o milagre.

Nessa altura. viawse então mais gente na igreja. Das pessoas que rezavam o terço, algumas levantavam a voz em tom de súplica, enquanto outras se aprox imavam da relíquia para ver se as suas preces

estavam sendo atendidas. Algumas voltavam com lágrimas nos o lhos, pois não tinham vislumbrado o menor sinal de que o mi lagre se fosse operar. Finalmente, pelas 23 h. do dia 26. começou-se a vislumbrar um sina l de liqUcfação. Indicavam-na três pequenos pontos de cor rub, (pequenos como cabeças de alfinete), os quais aumentaram um pouco de volume a té o dia seguinte. Este fenômeno foi acompanhado pelo aparccime010 - no dia 27 - de uma pequeníssima faixa de sangue liqüefeito. Uma senhora de 35 anos com uma filhinha de 5 ou 6 anos apro,dmou-se da relíquia e exclamou: "Ncio rnerecíamos. Somos de11wsiado pec"dores", E levantando a menina, a fez oscular o cscrinio que gua rda o relicário. Outra senhora, de 75 anos, ficou por longo tempo junto à relíquia rezando sempre a mesma oração - o Padre-Nosso e levantando a voz sempre que pronunciava as palavras ",nas livrainos do 11101". Um homem de 76 anos, nascido ,e criado cm Ravcllo, dizia não se lembrar de uma só vez que o milagre não tivesse ocorrido e, em voz baixa. prcoc.u pado, acresce,1tou: "Talvez o santo não estej a contente porque há 11wito co,11unis1110"...

"Um sinal tremendo"

A secular Catedrol de Ravello, ondo o sangue de São Pentatolo so liqüefaz. todos os anos, no dia de sua festa

Há a inda uma "Oração do Migrante''. inteiramente coerente com o restante do folheto, em que mais uma vez se procura inculcar a revolta. Diz ela: "Eu eN, o serthor da terra. Tinha un, sítio rodo ,neu (... ]. Mas os poderosos do progresso [... ) tirt1ra111 ,neu pedaço de chiíu. Rou~ bar(JJII ,neu digno pão" (p. 6). Não falta ainda a deturpação de canções religiosas tradicionais, para adaptá-las aos desígnios da subversão. Aliás, para quem propaga tal paródia da Ave-Maria, como a que apresentamos acima, o que significa uma canção religiosa? Eis um exemplo (cfr. p. 69): "A morrer crucificado, o migr(Jnte é condenado, sob a cruz do latifúndio, . vai vagar por este mundo.

Esta terra foi criada para o hon1ern aqui morar,

,nas alguns gananciosos ocupara,11 todos os lugares. [... )". Deixemos de lado, por não estar no objetivo imediato deste artigo, a união, tão freqüente nos ambientes progressistas. entre subversão e blasfêm ia, que se patenteia, por exemplo, na seguinte afirmação: "Seu nome é Jesus Cristo e é difamado. E vive nos imundos meretrícios" (p. 75).

Radicalismo, dellrio, obsessão Note:-se, por fim, como muito sintomática do espírito q ue anima os autores do folheto, sua posição a respeito das desigualdades sociais. Eles nunca fazem distinção entre as desigualdades legítimas e desejadas por Deus e as ilegítimas. Onde aparece qualquer diferença social, eles procuram exagerar-lhe o alcance até o radicalismo, generalizá-la, e,

O milagre da liqllefação do sangue de São Pantaleão chegou, portanto, a verificar-se, embora em condições inteiramente anormais. Sua duraç.ã o restringiu-se de 9 dias para algumas horas apenas. E a quantidade de sangue liqüefeito foi minúscula. Na manhã de domingo, dia 27, um Padre da cidade que analisou atentamente a milagrosa manifestação, declarou que esta era insigni-

em seguida, lançar obsessivamente uns contra outros.

Em tud o quanto até aqui vimos, patenteia-se tal método. Eis mais um exemplo significativo: "Com que111 se parece o rosto de Cristo sofredor na A111ériC(J Latina? I - Co111 o rosto dos índios e também dos negros. que vivem desprezados e e,11 situações d esumanas. [... ] 2 - Co,n o rosto dos camponeses. que não têm terra e são explorados pelos comerciantes. 3 - Com o rosto dos operários, 111al pagos e con, dificuldades para se organizarem e defenderem seus direitos. 4 - Con, o rosto dos favelados, que carecern de bens materiais dianre do luxo dos ricos. 5 - Co,11 o rosto dos subempregados e desempregados. vítimas dos capi((Jlistas que se interessam apenas

ficante em comparação com a dos anos anteriores. podendo-se até afirmar que no corrente ano o milagre não se tinha operado. Era "um sinal rre,nendo ", acrescentou ele. Também o próprio Pároco, D. Giuseppe lmperato, manifestou a mesma opinião. Outras testemunhas, que anualmente se deslocam à Catedral de' Ravello para admirar o milagre. declararam que este ano ele não representava 10% ou - segundo as opiniões mais otimistas - no máximo 40% do que ocorreu nos anós precedentes. Não resta dúvida. portanto, que a Providência Divina quis, mais uma vez, atrair a atenção dos homens para o estado em que se encontra o mundo e para os possíveis castigos que, em conseqUilncia disso, poderão abater-se sobre ele. Tudo depende do modo como os católicos receberem esse aviso. Durante a s festas de São Pantaleão em Ravello, duas atitudes se verificaram cm relação ao milagre: uma foi de verdadeira piedade, de seriedade e inteira compreensão pelo seu significado. Esta, porém, foi tomada por uma minoria de fiéis. A outra foi de indiferença. Enquanto a misericórdia divina se manifestava com aquela clareza, a maioria da população da cidade dançava e cantava nas ruas. convivendo e confundindo-se com os turistas que por ali passavam, vestindo trajes e assumindo a titudes frequentemente imorais. Assim vai o mundo contemporâneo. Enquanto ignora, ofende e despreza a Deus, não é de se adm irar que sobrevenha o castigo. Precisamente o anunciado por Nossa Senhora de Fátima em 1917: "...(J Rússia esp"lhará os seus erros pelo 111undo, pro,novendo guerras e perseguições (... ); várias nações serão aniquilad(Js... "

pelo lucro, e explortim o trab"lhador e .~ua f(JJ11Ília. 6 - Com o rosto dos jove ns desorientados. por não e11conrrare111 um l11g"r na sociedade" (p. 20).

O mesmo folheto nos informa que o lema da Campanha da Fraternidade para 1980 é "Para onde vais?". O irrisão dos fatos! É esta propriamente a pergunta que caberia fazer neste final de artigo, a respeito de tudo quanto até aqui foi exposto. - Para onde vais, ó progressismo, e até que extremos atingirás, nesta tua inglória e blasfema tarefa de desfigurar a face da Santa Igreja, a Esposa de Cristo?

Gregório Lopes 3


RUMO A CHANTAGEM ATOMICA UITOS CENTROS universitários de destaque estão publicando estudos sobre as relações do poder mundial na década que se inicia. Com base nos dados disponíveis e nas tendências existentes, calculam o que provavelmente acontecerá, que medidas seriam necessárias para obviar os males previstos e o que é desejável na obtenção dos fins colimados. Entre esses estudos não poderia passar despercebido o que foi lançado pela Universidade de Georgetown, em Washington. Considerada por muitos como o primeiro centro de estudos sobre política internacional dos Estados Unidos, local onde se prepara boa parte de seus futuros diplomatas, os pronunciamentos daí advindos se revestem de natural importância. Publicado sob a forma de livro,

M

Perspectivas para uma agressão russa Deixando de lado essa primeira parte, desejamos centrar a atenção cm considerações que nos pareceram da maior importância para a adequada compreensã9 da disputa travada na arena da política mundial. O autor descarta, em penadas rápidas e inteligentes, a China como terceiro parceiro entre os supcrgrandes. Diz que a imensa população da China, pela extrema miséria e ignorância em que vive, é mais

estão armazenados os foguetes intercontinentais, deixando relativamente indefesas as populações e centros industriais. Ao mesmo tempo. protegeriam suas populações na medida do possível. Então, diante dos Estados Unidos reduzidos de repente à inferioridade flagrante, pela perda dos seus grandes meios de transporte estratégico, e sem possibilidades de proteger as populações dominadas pelo terror do holocausto nu· clcar, proporiam negociações. Os foguetes deixados nos s ilos russos após o primeiro ataque, segundo

M DOS MOTJVOS mais alegados a favor da "educação" sexual nas escolas é de que esta iria diminuir sensivelmente os casos de gravidez indesejada, filhos ilegítimos, abortos e doenças venéreas entre os adolescentes. Os mais ardorosos defensores das aulas sobre sexo diziam - e ainda dizem - que elas acabariam formando uma juventude que saberia utilizar seu relacionamento afetivo de maneira livre e responsável. Assim se manifesta sobre o assunto uma das "sexólogas" mais atuantes: "A escola poderia mui-

U

.l

meios acadêmicos, comumente chamado o "Relatório Cline", em virtude do nome de seu autor, Ray S. Cline. O presidente do Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos da mencionada universidade, David M. Abshire, considera o livro

Ele confere valores a cada um destes elementos, chegando ao final a adjudicar um número a cada nação, representativo de sua força no cenário mundial. O primeiro lugar cabe à Rússia com 458, o segundo aos Estados Unidos com 304 e. curiosamente, em terceiro lugar aparece o Brasil com 137.

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Alguns espíritos "abertos" e invariavelmente otimistas esperavam assim que, com o decorrer dos anos, as aulas sobre "educação" sexual fossem eliminando todos aqueles sintomas de uma vida desregrada entre os adolescentes. No fim de dois, cinco ou d ez anos de inclusão obrigatória dessa "matéria" no currículo escolar, a juventude segundo o parecer de tais pessoas daria um exemplo aos adultos de como "usar o sexo con, responsabi·

A inépcia das &dministrações que vêm ocupando a Casa Branca no s anos ,e.. centes permitiu aos russos importante vantagem em alguns tipos de mfsseis intercontinentais. A esquerdo. o " Vostok ", sov*'tico . Acima. o "Pershing li". destinado à defesa da Europa nos próximo s anos.

"sob muitos aspectos, a principal publicação" de seu depanamento e

Eis a fórmula: Pp = (C + E+ M) x (S + W). Os 3 primeiros elementos são materiais, os dois últimos, psicológicos. Pp = Poder percebido por parte de entendidos. C = Massa critica - somatória da população e área enquanto elementos de força. E = Capacidade econômica. M = Capacidade militar. S = Estratégia nacional coerente. W = Força de vontade nacional.

to ajudar os adolescentes na preparação da vida familiar, através da educação sexual. Não é só ensinar aos alunos como se faz 11111 bebê, ,nas 1ambé111 discutir os papéis sexuais do hon,em e da mulher, o n1achisn10. a virgindade e o uso do sexo co111 responsabilidade" ("Diário de Pernambuco", 28/ 10/ 79).

'

" World Power Trentli and (). S. Foreign Policy for the l980s" é, em

elogia no prefácio a alta competência do autor, que publicou dois relatórios anteriores,· o primeiro em 1975, o segundo em 1977. É atual· mente diretor-executivo de Estudos do Poder Mund ial no referido departamento. Diplomado em Harvard, foi anteriormente vice-<liretorda CIA e diretor do Burea,,1 de Informação e Pesquisa do Departamento de Estado. O livro procura reduzir a uma fórmula matemática as várias componentes de poder e prestígio de cada Estado, embora reconhecendo de bom grado os imponderáveis próprios à avaliação de todos estes fatores. Outra pessoa poderia avaliar de maneira diferente, chegando a conclusões discrepantes daquelas apresentadas pelo livro, reconhece Cline. Entretanto, sua longa experiência e a observação ponderada nos levam facilmente a admitir suas afirmações como plausíveis.

Corrupção resultado da sexual em

uma desvantagem que um fator positivo. Sua fraqueza econômica e a falta de união entre as várias etnias componentes a reduzem a um poder comparável ao Japão, França, Brasil e outros análogos da segunda categoria. Afirma e ntão que a ênfase na multipolaridade é equívQca e que a China deve ser tida como pertencente à esfera de influência de Moscou, apesar das aparentes disputas entre os dois grandes do comunismo e os flertes de Pequim com Washington. Por causa disto o autor volta sua atenção especialmente para a com-· paração dos poderes norte-americano e russo. Abstraindo dos dados concernentes à população, área e força econômica, dos EU A e Rússia, já mais conhecidos, deter-nos-emos nas considerações relativas à força militar. Constitui, se não o mais, dos mais elucidativos capítulos do relatório. Afirma inicialmente, como opinião corrente entre todos os estrategistas, que por volta de 1981 ou 1982, os gigantescos foguetes intercontinentais russos serão capazes de destruir nos silos, de um só golpe, 90% dos ICBM (intercontinental ballistic míssil) norte-americanos, isto é, os foguetes capazes de lançar as bombas sobre a Rússia. A força de retaliação ianque remanescente se limitaria a misseis relativamente imprecisos, disparados de submarinos, e aos velhos B-52, cm serviço desde 1955. Liquidados os silos de armazenamento, o segundo golpe viria sobre as instalações industriais e populações. Neste particular, os Estados Unidos, embalados na crença da déte111e. cessaram há anos as obras de defesa civil contra bombardeios atômicos. E a Rússia ... aumentou o ritmo de construção delas. Hoje, crê-se entre os especia listas que as perdas russas de instalações industriais e vidas humanas serão em torno de 10% das americanas. Por isso, já não é tão terrível para os bolchevistas a perspectiva de "topar a parada" até o fim, o que se afigura apocaliptico para os americanos. Muitos analistas militares re· ceiam para 1981, ou mais provavelmente 1982, uma pavorosa chantagem a tômica. Os russos destruiriam num golpe de surpresa os silos onde

Cline, seriam capazes de, num segundo golpe, matar 150 milhões de americanos. Estes não os poderiam destruir, ainda conforme o relatório, porque os foguetes americanos colocados em submarinos não têm suficiente precisão para atingir os silos russos. Em vista disso, são numerosos os especialistas americanos que desejam manter em movimento seus foguetes intercontinentais, para evitar o pesadelo do primeiro ataque sobre eles.

Misseis-obsoletos Para destruir um silo de fo$uetes não bastam as bombas atômicas comuns. É necessário uti lizar as de tamanho gigante. Os soviéticos as estão produzindo em ritmo acelerado. Os Estados Unidos têm menos bombas gigantes e desde o inicio dos anos 60, concentraram os esforços em fabricar transportes para bombas de menor potência, próprias a atingir cidades e indústrias. O único míssil americano novo que poderá ter a fo rça e a precisão necessária para transportar as bombas gigantes é o M-X. Pode tornar-se operacional em 1986, mas só em f990 existirá cm número suficiente... Carter, há algu mas semanas, modificou a politica estatégica do país e autorizou sua construção. Teme-se, entretanto, que o tenha feito apenas para diminuir o impacto favorável que a enérgica plataforma republicana relativa à defesa estava produzindo junto à população. O ponto delicado da correlação de forças entre os dois países localiza-se aqui. A Rússia Já em 1982 certamente terá 300 foguetes SS-1 8 capazes de destruir os depósitos atômicos dos Estados Unidos. E a produção das armas necessárias a equilibrar as possibilidades de ataque - os foguetes M-X, o Trident II (lançado do mar) e o bombardeiro B-1 - foi atrasada ou cancelada. Por causa dos programas soviéticos de defesa civil, os analistas norte-americanos estimam que um ataque dos EUA mataria entre 10 a 20 milhões de russos, contra os presumíveis 150 milhões de vítimas americanas. Nesse particular se concentram as maiores preocupações dos especialistas. Cada SS- 18 russo pode

carregar 10 bombas, tornando, segundo foi dito, muito real em 1982, ou talvez antes, o espectro do primeiro ataque devastador e invalidante. Como uma· "geração" de armas atômicas gasta de 5 a 10 anos para se tornar plenamente útil, os Estados Unidos, se quiserem se defender com eficiência dessa situação de inferioridade, deverão adotar medidas de emergência como a citada, de fazer a movimentação contínua de seus misseis gigantes, até que no fim da década possam contar com armas que restabeleçam pelo menos a equivalilncia na capacidadede destruir os instrumentos de agressão atômica.

/idade".

Entretanto, a realidade é bem diferente desse quadro - fruto do neopaganismo contem porâneo e que efetua uma completa abstração do pecado original e s uas desastrosas conseqüências nas potências do homem. O conhecido jornal católico norte-americâno "The Wanderer", em sua edição de 31 / 1/ 80, comenta a falência da "educação" sexual nas escolas de Nova York no artigo "Classroom Sex Edu-

cation: a Failure" ("Aulas de educação sexual: um fracasso'), assinado por

Ray S. Cline comenta com acerto que a Rússia, por causa de seus foguetes intercontinentais e das bombas gigantes e pelas obras de defesa civil, adquiriu maior flexibilidade na escala das tensões. Ela se pode permitir mais que os EUA de subir a temperatura das tensões, o que tende a comprimir os políticos norteamericanos nos porões escuros da passividade e do temor. A prazo mais longo, a percepção desta realidade da parte de outros países, levá-los-á a conciliar seus interesses com as exigências russas e a evitar qualquer incômodo aos detentores do poder cm Moscou.

Donald A. Doylc. Através desse artigo ficamos sabendo que ''mais de dez 0110s depois; após

ter sido i11troduzida a educação sexual como n,atéria de ensino nas escolas pública.r de Nova York, a pretexto de reduzir a ocorrência de gN1videz. ilegitimidade e doenças venéreas entre adolescentes, as autoridades co11fessam que nada disto ocorreu. Não só o programa falhou em ati11gir .ruas 111etas, co1110 també,n o contrário é que parece terse verificado". O próprio "New York Times", em sua edição de 19/ 6/ 79, observava: "Diante do nú111ero crescente de casos de gravidez, violação e doenças venéreas entre os adolescentes, a chefia da Divisão de Saúde procura tnodificar a substância e o esque11,a do currfculo".

Esplêndida oscilação Na segunda parte do trabalho, o autor cita recente declaração do conhecido diplomata George W. Bali:

"A menos que destruamos nossa letargia, ver-nos-emos diante de un, amargo dia de acerto de contas. Então virá un,a disputa violenta. porque o país dormiu de ,naneira tão estúpida". Cline lamenta que nos três ú ltimos anos a politica americana tenha se dedicado a agradar todo mundo para acabar perdendo credibilidade e prestígio cm todas as partes. Fazendo biague com a famosa frase síntese dos isolacionistas - "splendid isolation'' (isolamento esplêndido) - afirma que a atual política de seu país é a da "splendid oscilation" (esplêndida oscilação). Resta-nos esperar que nos perigosos anos 80, cesse a esquizofrênica e débil politica exterior norte-americana e seja habitual uma atitude coerente com as obrigações naturais que a condição de potência-líder acarreta, substituindo os fatídicos anos 70, onde o que se viu foi o recuo constante em todas as frentes.

,

No dia seguinte outro grande jornal nova iorquino, o "Daily News", declarava: "Em face do aumento a'lannante

da incidência de doenças venéreas e ·abortos entre os adolescentes [...]. as autoridades receberam propostas para revisão e1n seu programa de educação ,. sexua .

'

De tal modo são evidentes os prejuízos que a "educação" sexual nas escolas tra1. para a juventude, que alguns de seus antigos propugnadores - não tão fanatizados como os a tuais - reconhecem os efeitos nefastos de sua adoção nos ambientes de ·ensino. William Masteis, que durante longo tempo realizou pesq uisas em pro· blemas ligados ao sexo, membro do

Sex lnformation and Education Council of the United States (SJECUS), afirmou: "Nenhum estudo objetivo feito até agora 111ostrou que a educação

Cristiano Martins da Costa CATOLICISMO -

·


tios jovens: educação'' Nova York 11

sexual traz proveito ou produz resultado salutar". John Gagon, outro partidário da "educação" sexual nas escolas, declarou: "Poucas pessoas leva,n a sério a afirmaçãa de que a educação sexual fará diminuir as taxas de i/egi.limidade, doenças venéreas ou promiscuidade". Diante de tais depoimentos e de uma experiência de mais de dez anos, pode-se admitir com segurança que a "educação" sexual nas escolas, longe de ser a solução, é na realidade uma das causas da assim chamada crise sexual da adolescência.

Seria lógico, portanto, que as autoridades municipais de Nova York simplesmente retirassem essa "matéria" do currículo escolar, reconhecendo não ser este um assunto para ser tratado pub)icamente cm salas de aula. 'Porém, para espanto de todos os que conservam um mínimo de bom senso e de apreço pelos valores morais autênticos, exatamente o contrário oCO(rcu. O mesmo departamento que apresentou as "proporções alarmantes" dos problemas sexuais da adolescência, concluiu que era necessário um programa de "educação" sc,xual ainda mais explicito. Parece incrível, mas a recomendação incluía, entre outras sugestões, serem dados mais detalhes cm idade ainda menor. Assim , crianças de nove e dez anos jâ receberiam informações detalhadas sobre vida sexual. inclusive métodos de contracepção. Aos doze anos já 9iscutiriam a homossexualidade e os vários processos de aborto.

Essa obsessão pela "educação" sexual nas escolas parece ser contagiante. Nos Estados Unidos muitas escolas católicas, em vez de se manterem fiéis ao ensinamento tradicional da Igreja sobre a matéria, resolveram seguir o programa adotado pelas escolas públicas. Educadores católicos chegam a dizer que, tornando-se grávidas ll)uitas adolescentes dos próprios colégios religiosos, era necessário introduzir aulas . de "educação" sexual também nas escolas confessionais! Em Saint Louis a autoridade religiosa viu-se obrigada a efetuar uma intervenção para impedir a adoção desse programa. Uma Comissão Teológica, constituída pelo Cardeal Carberry, apontou seus principais erros, que aliás são os correntes nessa matéria. Segundo a referida comissão, o programa "esquece que estamos lidando com um instinto: não leva en, conta a fraqueza da natureza h111nana; ignora o fato de que a prática de atos maus não é tanto o resultado da ignorância como o da fraqueza da vontade; ignora a função do recato natural". Sirva tal advertência oportuna para reflexão daquelas autoridades que - como as da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (cfr. "Catolicismo" n."' 343, de julho de 1979) contrariando a formação católica de nosso povo, se obstinam cm levar a juventude ao desregramento moral e à prática do amor livre. E esses lamentáveis resultados decorrem, cm larga medida, da exposição e discussão em salas de aula, para adolescentes de ambos os sexos, de temas cuja dclicadei.a e seriedade exigem outro cuidado, outra discrição, outro ambiente. E como solucionar o problema, segundo o espírito católico e o bom senso? Através de uma oportuna e judiciosa orientação pelos pais, em ocasião adequada, no seio da própria família (cfr. "Catolicismo" n.0 3)7, de janeiro de 1979).

outubro de 1980

NA DISPOSIÇAO DE LUTA,

O EXITO DA CHINA LIVRE CH INA nacionalista encontra-se cm singular situação. Abandonada diplomaticamente pelos Estados Unidos, continua tendo com ele plenamente todos os outros contactos e ainda aumentou sensivelmente seu comércio com os norte-americanos nos últimos anos. Pari passu, a ameaça da invasão vinda do continente desfez-se momentaneamente, por causa da aproximação sino-ianque. Foi abandonada pelo amigo. e a este o inimigo se abraça. Que conseqüências essa bizarra situação trouxe à Formosa? É o que se verá a seguir. Os chineses são, com acerto. considerados dos povos mais pacientes da Terra. Há mesmo um provérbio chinês que afirma: "N,io /ui nada díficil no n11111do: " única dificuldade é que os homens carecem de perseverança'". E a política

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• Anualmente os chineses de Formosa comemoram em Taipé seu dia nacional. promovendo gigantescas manifestações de repúdio ao comunismo

larga medida cmba ido pela tática finória do governo de Pequim.

Por ocas.lo das draméticas fugas do

Vietnl, a China livre deu uma lição ao Ocidente, acolhendo milhares de refugiados em seu pequeno território den· semente provoado

dos comunistas de Pequim segue essa trilha. Levaram décadas para · serem reconhecidos pela grande maioria dos governos ocidentais como o legítimo governo do povo chinês. A assimilação de Formosa pode demorar, mas certamente far-se-á num processo o mais possível indolor e despercebido. Enquanto os chineses embalarem a credulidade norte-americana de que são um parceiro confiável· para tentar conter o expansionismo soviético, certamente não desejarão o estremecimento provocado por uma eventual agressão militar. Preferirão a assimilaç.ã o pelo diálogo. Co ntra essa maquiavélica tática, a valente e corajosa pastoral dos Bispos de Formosa, publicada por --c atolicis,no"' (n. 0 349. de janci,·o de 1980), constitui um brado de alerta dirigido a seus compatriotas e ao Ocidente, em

Por ser esta a atual política da China continental, isto é. o abandonó das armas para resolver o caso da ilha. a questão se desloca principalmente para o terreno psicológico. Terão os habitantes de Formosa a necessária força de alma para resistirem impávidos aos continuós cantos de sereia vindos do outro lado do Mar d a China? Estarão dispostos a enfrentar uma possível hostilidade das grandes potências não-comunistas, incomodadas com a persistê ncia de uma atitude que lesa a aproximação (falaciosa e perigosa) com o chamado gigante amarelo? Deixemos agora de c.onsidcrar o caso de Formosa e passamos rapidamente a observar a entrada da China continental no cenário mundial. Esquecem-se os partidários da frente anti-sovié"tica de que a China, além de confcssadamentc marxistaleninista. não é grande potência militar e que só a ajuda maciça dos ocidentais pode transformá-la cm um poder econômico e militar considerável. Aliás, com o fito de transformá-la em grande potência. enxameiam pelo Ocidente as missões diplomáticas e comercia is da China vermelha. O perigo evidente e manifesto, habilmente dissimulado pelas correntes políticas favoráveis à aprox imação econômica e militar com Pequim, é a virada abrupta do governo chinês após receber a ajuda ocidental, e a conseqüente constituição de um temível eixo PcquimMoscou . Não poderia ser mera tática a busca de ajuda no Ocidente, já que a empobrecida e armamentista Rússia não tem o que lhes dar'/ Há pouco houve a propalada reviravolta

Murillo Galliez Em um dos portos de Taiwan, um aspecto da pujança industrial do pa(s. cuja populeçlo goza dos mais altos níveis de vida do Extremo Oriente

moderantista cm Pequim. com a liquidação da "camarilha dos quatro'" e o virtual arquivamento dos ensinamentos do "Grande T imoneiro'" (para quem não o conhece, é o "camarada Mao"), substituidos pelas preocupações supostamente mais pragmáticas da atual equipe dirigente. Mao Tsc-tung está hoje quase na posição de Sta lin depois do famoso "relatório Kruchcv·· de 1956. Após tantas mudanças, sempre na direção da consecução dos fins do comunismo, não poderia haver outra e se restabelecer a ami,.ade antiga com Moscou , tanto mais que os unem o mesmo embasamento ideológico?

Voltemos a considerar a situação de Formosa. Pequim não necessita esperar uma reaproximação diplomática com Moscou para então iniciar a politica de deglutição paulatina de Formosa. Basta que faça crer à grande parte dos ocidentais preocupados com o imperialismo do Cremlin que a "carta chinesa" é imprcscindivel para a frente anti-russa. Então Formosa será o incômodo e a parte a ser "esquecida", virtualmente empurrada pela suposta força das circunstâncias a jogar com os déspotas do continente o fatidico jogo da distensão. Nesta hora se colocará à prova a fibra de alma do povo de Formosa.

Entretanto, não é sem preocupação que se observa a vida em Formosa. Os norte-americanos a ajudaram muito e) em conjunto com o

esforço e inteligência do seu povo, transformaram-na numa sociedade industrial com todas suas características. E entre estes traços, está a difusão do --american way of l!fe", com a forçosa debilitação da austeridade e do ânimo de resistir. Uma população consegue resistir a um impacto prolongado do adversário, agravado ainda pela indiferença malhuinorada do amigo de ontem, apenas na medida que tem a convicção inabalável .da justiça de sua causa, a determinação de enfrentar todos os riscos e utilizar com agilidade e prudência os meios lícitos disponíveis. Para tal é necessário desprendimento e amor aos princípios, virtudes contrárias ao que o hedonismo.._ contemporâneo tem de mais nuclear. A partir de. agora só uma sadia e enérgica disposição estável dos c hi-

nescs de Formosa evitaria o desastre, até hoje elidido pela proteção americana e pela bela resolução de lutar mostrada pela ilha.

Voltando os olhos para o tabuleiro da política internacional. há uma esperança a ser levada cm conta: o atual aíluxo do antipacifismo nos Estados Unidos. A invasão do Afeganistão foi o catalizador de estados de espirito latentes, cobertos até e ntão por uma crença superficial e de$gastada nos alegados benefícios da détente. Caso se consolide essa tendência, sení mais fácil para Taiwan continua r sua política de rejeição às contínuas ofertas de diálogo provindas de Pe9uim. O apoio. atualmente combalido e hesitante. a um dos bastiões anticomunistas do Extremo Oriente será mais difícil de ser retirado pelos policy111akers de Washington, para sacrificí,-lo em aras da aproximação com Pequim. Num pais onde o hábito político leva os dirigentes a ter a atenção muito posta nas ílutuações dos seus cidadãos, tomar-se-ia árdua a justificação do desinteresse pela sorte dos habitantes de Formosa. · Termino com uma pergunta. Sentindo o isolamento e a dependência cm que se encontra, das disposições do público norte-americano e de seus governantes, q uai seria a tentação da ilha? Naturalmente procurar alhures um apoio sólido e respeitado. Onde poderia imaginar existir tal sustentáculo? Ta lvez no mais verboso e potente inimigo da China, a União Soviética. Os chineses da ilha poderiam ser seduzidos a tentar opor Moscou a Pequim, e manter a independência através de concessões aos imperialistas soviéticos. Seria o fim da resistência e o inicio da capitulação. Pediriam ao urso a proteção contra o tigre.

A China de Taiwan constitui um belo farol de resistência anticomunista, estimulante exemp lo de uma mentalidade semelhante àquela dos defensores de Tróia, dispostos a combater até o extremo limite de suas energias e dar ao mundo abatido e capitulacion ista a liç.ão de uma fortaleza indômita. Roguemos a Deus que a mantenha nesta via. a aperfeiçôe e a leve ao cumprimento pleno de sua missão providencial.

P. Ferreira e Melo 5


Deputado aponta conseqüências desastrosas do planejamento familiar COM BASE EM P ESQUISA realizada em 3.950 municlpios brasi· leiros, durante um ano, o- deputado federal J oio Alves de Almeida (POSBA) ela borou oportuno relatório sobre a saúde da populaçio, o crescimento demognlfico e a limitaçio de nascimentos. Contando com a colaboraçio de Padres e paroquianos, com a boa vontade de Delegacias de Policia e de Acidentes, dos Cartórios de Registro Civil e de Óbitos, d e órgios do·Ministério da Saúde, de m édicos e Serviços Médicos do IN AMPS, de hospitais e casas de saúde, o parlamentar chegou à con clusão de que o chamado planejamento familiar vem causando graves prejuízos à Naçio. O trabalho é, talvez, o melhor que se conseguiu realizar até hoje em nosso País sob(e o tema em questão. O deputado baiano apresentou-o mediante substancioso discurso na Câmara Federal (cfr. "'Diário do Congresso Nacional" de 14/ 8/80), resumindo-o em artigo estampado no "'Correio Braziliensc··, em sua edi5io de 24/8/80. Publicamos a seguir uma smtese do referido artigo, transcrevendo integralmente os tópicos mais importantes do mesmo. O deputado Joio Alves é escritor,jomalista, economista, demógrafo e exerce o quinto mandato consecutivo de deputado federal.

'' s

EGUNDO OS DADOS em nosso poder, perderam a vida no Brasil, em 1979, por assassinatos e acidentes diversos, 410 mil brasileiros; P" · doenças da velhice e várias outra· . morreram 924 mil, totalizando um milhão e 334 mil pessoas. E nasceram vivas, no mesmo período, 2 milhões e 500 mil crianças, das quais morreram, de zero a um ano de idade, 268 mil, restando 2 milhões e 232 mil sobreviventes. Com a dedução de I milhão e 334 mil falecimentos supracitados, teriamos aumentado a nossa população, em 1979, em 898 mil habitantes, cuja maior parte, ao que tudo indica, foi absorvida nesse vasto interior brasilei.ro, pelos 10 milhões de portadores de doença de Chagas, pelos 15 milhões de portadores de esquistossomose, pelos 6 milhões de tuberculosos e demais

pragas que matam, debilitam ou degeneram a população, além dos milhares de esgotos infectados e rios poluídos, transmissores de doenças diversas. e 15 milhões de viciados em drogas. Foram encontradas mais de 200 clínicas de abortos nas grandes cidades: 67 no Rio de Janeiro, 52 em São Paulo e as outras distribuídas nos demais Estados. com diversos nomes (que não mencionamos para não fazer propaganda delas). Aqui mesmo, em Brasília, constatou-se que um aborto provocado custa 20 mil cruzeiros e, em Taguatinga, apenas 10 mil. Não há impedimento algum a essa prática e os meios de comunicação sabem de tudo, mas ninguém diz nada. Apurou-se também que, em todo o País, 18 milhões de mulheres usam pilulas anticoncepcionais e se esteri-

D. Antônio Mazzarotto FALECEU no dia 15 de julho p.p. S. Excia. Rcvma. D. Antônio Ma1.zarotto, primeiro Bispo Diocesano de Ponta Grossa, velho amigo de "Catolicismo". Nascido a 1.0 de setembro de 1890, em Santa Felicidade, próxima a Curitiba, D. Antônio Mazzarotto, filho primogênito de numerosa familia, tr.ve onze irmãos, entre os quais destaca-se D. Jerônimo, que foi Bispo Auxiliar de Curitiba, Pe. Eu$ênio (falecido) e Pe. Sílvio, missionário passionista, além de três religiosas Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus: Irmãs Amá lia, Jacinta e Angélica. A primeira vocação ao sacerdócio surgida em Santa Felicidade foi a de D. Antônio, tendo sido ordenado a 23 de novembro de 1924, em sua cidade natal. Como Vigário-Cooperador de Curitiba distinguiu-se por sua eloD . A ntõnio M ez:zerotto qüência, sendo apontado na época como o maior orador sacro do Paraná. desenvolvia temas fundamentais: Com a criação da Diocese de a Fé, a catequese, as vocações, Ponta Grossa, foi escolhido para os novíssimos do homem, os Saseu primeiro Bispo. Sµa sagração cramentos, etc. para a Sede episcopal daquela ciSempre soube encontrar temdade paranaense efetuou-se em po para a oração e longas meditaRoma a 23 de fevereiro de 1930. ções, mesmo por ocasião de suas Começou a exercer então seu extenuantes visitas pastorais. Dumúnus apostólico sobre o imenso rante o dia, nunca dispensava as território diocesano, que compre- horas consagradas a rei.ar. Suas endia as áreas das atuais Dioce- Missas eram precedidas de longa ses de Palmas, Campo Mourão, preparação e seguidas de ação de Umuarama, Guarapuava, União graças igua lmente prolongada. da Vitória e parte de Apucarana. Devoto de Nossa Senhora, reEm suas visitas pastorais zou sempre o Rosário, figurando observam os que o conhece ram São Pio X - o Papa de sua - era o verdadeiro pastor, o ca- juventude e do periodo de sua tequista, o missionário que ensi- formação sacerdotal - como um nava, de modo teórico e prático, dos principais santos de sua deo Evangelho de Cristo. voção. Quando regressava das longas A Redação de "Catolicis,no" e cansativas viagens apostólicas, registra com pesar o falecimento recolhia-se para escrever anual- de D. Antônio Mav.aroto, mas mente uma Carta Pastoral aos tem a consoladora convicção de fiéis. São documentos de rico ter ganho mais um intercessor conteúdo· doutrinário, nos quais no Céu.

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lizam (foram vendidos 15 bilhões de pilulas cm 1979).

INAMPS prejudica doentes Por outro lado, a assistência médica do INAMPS transformou-se em um laboratório de exterminio da saúde do pobre brasileiro. Ali, o médico ganha miseravelmente, mesmo em dois empregos, e é obri.g ado a atender, diariamente, no mínimo vinte segurados em cada um deles. Mesmo excluindo os exames complementares, para sol icitação dos quais se impõem um completo exame do segurado, o médico deve tirar a pressão, perscrutar e auscultar o paciente, a fim de que possa diagnosticar a doença e passar a rece ita. Mas no INAMPS até pensar nisso é considerado absurdo, porque para o médico atender, nessas condições, 40 doentes por dia, levaria pelo menos 20 horas, e se isto fosse possível, ainda assim seriam baldados os seus esforços caso o nãocurado a ele não voltasse para continuar o tratamento. Na verdade, o sistema obriga o profissional a fazer 4 ou 5 perguntas ao segurado e passar a receita apressadamente para atender a todos, como se estivesse no front de uma guerra. Após dias de espera pela consulta e muitas horas na fila, o pobre recebe a receita, compra os remédios ou vai buscá-los na CEME; e ao voltar, se não melhorou ou porque piorou, é atendido por outro médico, o qual, não tendo tempo nem meios para orientar-se - pois até os dizeres

"voltando à consulta, queira trazer esta receita" desapareceram - segue ele o mesmo processo da consulta anterior. E nessa rotina, com um receituário fácil e inconseqüente, por vezes criminoso, que acaba, não raro, definitivamente com a saúde do consulente, os serviços médicos da Previdência Social atendem cerca de dez milhões de segurados e dependentes por mês, e deixam de atender outros tantos, fazendo milhares de vítimas diariamente."

- Lamenta em seguida o deputado que no Brasil esteja havendo "'um inconcebível desprezo pela vida humana", em lugar de -se en1preen-

der um progran1a para preservar as gerações futuras.

Bebês para fabricar sabão e cosméticos! "A planificação da familia tem servido para acobertar os piores crimes. Em 1952, na Inglaterra, criou-se, com esse nome, uma Federação Internacional, que funcionou ilegalmente até 1967, quando seus exploradores, através de uma propaganda bem planejada, pressionaram a Câmara dos Comuns, e obtiveram, não apenas sua aprovação, mas a inda uma lei que autoriza o aborto até o 7. 0 mês de gravidez (28 semanas), com a obrigação de serem cremados os fetos. O Governo inglês, julgando que iria ter o controle dessa aberração, criou o "'Serviço de Abortos da Saúde Nacional", e já em 1973, segundo cálculos, fazia 200 mil abortos. No entanto, as clínicas particulares insistiram em ºauxiliar~ o "serviço", e o conseguiram, passando a "contribuir" com a média de 100 mil abortos por ano. Em 1974, essas clinicas queriam vender os fetos para produtos de beleza às fábricas quimicas de cosméticos e sabão, e o conseguiram também. Os escândalps provocados em certos países deram margem a alguns inquéritos e processos "para inglês ver'' e efeito externo, porque nunca foram avante. Agora preferem fazer o parto normal, sob a alegação de se evitar despesas com a anestesia e soro, e não colocar em perigo a vida da mulher. O parto é "gratuito", mas a mãe deixa o bebê, que é morto e vendido a preço de ouro às famigeradas indústrias."

- Acrescenta o deputado João A lves que o governo inglês está reagindo contra esse procedimento, mas, por sua vez, as clínicas inda-

gam: "Qual a diferença entre um aborto aos 7 ou 8 meses de gravidez e uni parto normal aos 9, se e,11 ambos os casos a criança tem o mesmo destino? É tudo u,na questão de eco11omia e defesa da saúde da mulher". Essa tese vem encontrando muitos adeptos. segundo o parla1nentar.

No caminho de Londres "No Japão, segundo cifras constantes do registro civil e conclusões de Minoru Masamutsu, cm um só ano houve 3 milhões de abortos, praticados como um bárbaro e pri-

Descristianização e egolsmo A planificação, cm escala social, pressupõe alguém que planifique com uma autoridade superior à do individuo. E é isto que estão fazendo os seguidores da doutrina de Thomas-Robert Malthus, constante de seu famigerado livro publicado em 1798, sem resultado prático, felizmente, por mais de um século e meio, graças ao cerrado combate que sofreu de seus milhares de adversários em todo o mundo. Foi nesse período que a evolução da economia, da ciência e da técnica se

Deputedo federal Joio Alves do Almeida

mitivo sistema de planejamento familiar (veja-se que no Japão os abortos são registrados em cartórios). Nos Estados Unidos os abortos são feitos de modo cruel: as crianças são arrancadas das entranhas das mães e a inda chorando e de ol hos abertos são jogadas no lixo. Lá já existe Hospital-Escola para exercitar estudantes de medicina na prática do aborto. Na Rússia, Hungria, Romênia, Jugoslávia, Tchecoslováquia, Finlândia, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Irlanda, Noruega, Dinamarca, Suécia e Canadá, os processos não divergem muito. Dos países que adotam o planejamento familiar, 22já legalizaram o aborto, 30 adotam tal pla nejamento com anticoncepcionais e esterilização (o aborto é ilegal, mas o praticam sem impedimento), 25 reali,.am um trabalho de "informação" sobre os diversos meios de limitação da natalidade a pessoas que o solicitem, nos hospitais, dispensários e centros oficiais de saúde pública, e 22 toleram a propaganda, distribuição ou venda de anticoncepcionais. Mas lodos eles estão no caminho de Londres, isto é, do aborto oficial até o 7. 0 mês de gravidez. Sim, porque o diabo não faz concessões, e os novos governos que surgem, cada vez mais "avançados", estão sempre prontos a oferecer justificativas e vantagens para ~dormecer os escrúpulos da consciência do povo.

processou de forma gigantesca, o que não teria ocorrido houvesse o mundo adotado as idéias do autor da "Lei das Populações", porque os heróis de Carlyle, responsáveis por essa evolução, possivelmente não teriam nascido. Em verdade, a população muqdial não cresceu sequer um por cento do previsto por Malthus, e um operário de hoje vive mais e melhor do que um milionário do seu tempo. Mas a descristiani1.ação do mundo Ocidental, auxiliada pelo egoísmo e o prazer, vêm facilitando, nos últimos 30 a nos, as mais condenáveis práticas para evitar os nascimentos, e sua adoção, atualmente, se generaliza, principalmente nos países em franca decadência moral: nos ricos, o abismo das aberrações já não conhece limites - perderam o sentido da ordem natural e o respeito às leis da vida; nos pobres, as causas não preocupam, combatem-se os efeitos, não raro com medidas negativas, entre as quais, e obrigatoriamente, o planejamento familiar, onde se incluem os anticoncepcionais, a esterilização e o aborto, independente dos limites da lei e da vontade dos governos. Em conseq Uência, o sexo inteiramente livre, o erotismo exacerbado, os vícios, os tóxicos e a criminalidade aliam-se e degeneram as populações. Eis ai, em todo o seu horror, essa forma de aparência tão inocente: a planificação da familia."

l }AtoLnCliSMO Mensário com aprovatão tdtsiblica CAMPOS - EST ADO DO RIO Oireror: Pauto Corrh dt Brito Filho Diretoria: Av. 7 de Setembro 247. caixa postal 333. 23100 Campos. RJ. Administração: R. Dr. Maninieo Prado 271, 01224 São Paulo, SP. Composto e impresso na ArtprtSs - Papéis e Artes Gráficas Ltda .• R. Caribaldi, 404 - 0 11 35 $ão Paulo, SP. "'C1tolkismo" ~ uma publicação mensal da Editora Pe. Belchior de Pontes S/ C. Assinatura anual: comum CrS S00.00; cooperador CrS 800,00; benfeitor CrS 1.500,00; grande beníeitor CrS 2.500,,00.: seminaristas e estudantes CrS 400,00. Exctrior: comum USS 20.00: b<:nfeitor USS 40.00. Númtro avulso: CrS 25.00. Os pagamentos. sempre em nome de Edilora Padrt Bekhior de Pont~ S/C. poderão ser encaminhados à Administração. Par.a mu<Jança de cnder1ryo de a~s1nant~. ~ ncccs.. s.irio mencionar tam~m o endereço antigo. A corrcitpondênc1a rdauva a ass1n~ll!Jras e venda avulsa deve SCI' enviada à Adminlstraç.io: R. Dr. Martinico Prado, 271 01224 - Sio Paulo, SP

CATOLICISMO -

outubro de 1980


O CAJR DA TARDE, o peregrino brasileiro chega a Paris. Sua primeira preocupação: visitar a Catedral de NotreDame, na lle de la Cité. E tão logo acomoda sua bagagem num hotel, ruma para lá. De um ângulo da margem esquerda do Sena, nosso viajante experimenta o primeiro impacto - deslumbrante, forte, mas sereno - da catedral maravilhosa. O sol, já em sua última etapa rumo ao poente, incide sobre ela com luz tênue, dourando levemente a brancura do granito. Quanta harmonia! Em sua fachada tão simétrica, a fantasia e a boa ordem se completam. Na beleza de suas proporções, o rigor da lógica esculpida em pedra parece florescer num sorriso cheio de distinção ... E o peregrino pára, a fim de recolher aquelas impressões que já não lhe parecem mais da terra, mas do paraíso. Onde encontrar maior harmonia, beleza e dignidade? Vêmlhe à mente as palavras da Escritura sobre Jerusalém: "Eis a cidade de uma beleza perfeita, alegria do mundo inteiro" (Lm . 2, 15). Sim, eis a catedral de uma beleza perfeita, alegria de toda a Cristandade! Placidamente, o visitante penetra no templo gótico. adora o Santíssimo Sacramento, reza aos pés da imagem de mármore branco de Nossa Senhora de Paris, e volta a contemplar o palácio onde Ela é Rainha. A vasta nave central está vazia. O sol transfigura as rosáceas gigantes e os vitrais. deitando ao chão rubis, safiras, topái.ios e esmeraldas ... Uma luz diáfana parece acentuar o isolamento e o silêncio, convidando a alma a imergir em reflexões profundas. Nosso peregrino senta-se num banco lateral e fica ali, envolto em mil cogitações. Até que aquelas figuras de luz e cores tornam-se mais fugidias, se esmaecem, se apagam. A penumbra aumenta. O sol ilumina apenas as rosáceas mais altas. Depois de ter transformado em jóias cada centímetro de granito, de ao longo do dia ter-lhe comunicado mil matizes e intensidades de luz e cores, ele se recolhe em seu leito de púrpura, pois cumpriu sua missão. Não é para isso que o sol existe? Nosso peregrino tem a alma c heia de júbilo. Ele viu passarem as jóias pelos granitos da catedral! Elas pareciam dizer-lhe: "Isto foi feito para ti. Deus te criou para isto". E de seus lábios brotaram com mais força do que nunca, vinda do fundo do coração, as palavras do "Credo": - Credo in unum Deum, Palrem 011111ipo1en1e111, Jactorem caeli et terrae, visibiliurn o,nniurn et i11visibiliu1n... - Creio em Deus Pai onipotente, Criador do céu e da

A

próprio vitral, nós amamos ainda mais o puríssimo Espírito, eterno e invisível, que criou tudo aquilo para nos dizer: ~Meu filho, Eu existo. Ama-Me e compreende-Me. Acima de tudo, por mais belo que isto seja, Eu sou infinitamente dissemelhante disto, por uma forma de beleza tão quintessenciada e superior, que somente quando Me vires te darás conta do que sou. Luta por mais algum tempo na terra, porque no Céu te esperam belezas incomparavelmente maiores, na proporção em que for grande e árdua a tua luta. Meu filho, Eu sou a tua Catedral!" Sim. O que é a catedral, senão um espelho da Criação? E o que é a Criação, senão espelho de Deus? Por isso, diante de monumentos como a Catedral de Notre-Dame, a alma sente encontrar-se ante o den,asiadamente grande, que não tem proporção com ela, mas para o qual

ela voa. É a esperança do Céu, ao recordar as palavras do próprio Deus Nosso Senhor: "Serei Ei, mesmo a tua recompensa demasiadamente grande" (Gen. 15, 1).

,.r-.:

Todas essas cogitações, nosso peregrino as renovou com redobrado enlevo ao deparar com a Catedral de Colônia, erguendo-se possante e majestosamente junto ao Reno, em cujas águas se espelham suas torres rendilhadas e gigantes. Diante de tanta magnificência, uma pergunta aílora naturalmente ao pensamento do peregrino que

Ao lado: Catedral de Notre.Dame de Paris. Em primeiro plano. monumento a Carlos Magno. • Embaixo: a Catedral de Colônia. pintada por Korl Georg HaS<Jnpftug entro 1834 o 1836.

~ Otntktt~n~

b~ fukbr~ bt ll\)fóm~

~ff~r,~ i)~ ll(m r~~

~~

acompanhamos: "Qual é mais bela? Notre-Dame de Paris ou Colônia'/" Quanto às proporções, à harmonia das formas, parecia não haver dúvida: o viajànte pendia, de longe. a favor de Notre-Dame. Mas ... estas torres que se levantam do chão com todo élan e se lançam para o ar tão

inesperadamente... - ·\Quereis voar?" é a pergunta que gostaríamos de fazer a elas ... Pois de tal maneira proclamam a vitória sobre a lei da gravidade e se perdem nas a lturas! E esse movimento audacioso. reflexo da alma que busca o inimaginável, é mais belo do que tudo que se imaginou e se realizou cm NotreDame de Paris. Aquele ímpeto, aquela ousadia . aquele desejo d as alturas sugerido pelas torres da Catedral de Colônia repercutem na alma do católico como as notas musicais se propagam através de cá lices de cristal sc111elhantcs. Em Colônia não encontramos aquela harmonia perfeita, aquela simetria incomparável, aquela proporção entre o chão e o edifício existentes cm Notre-Dame. A Catedral de Colônia proclama o esplendor da desproporção, daquilo que se arranca por superação não por subversão - a iodas as regras e as transcende como que a dizer: "Positivamente, ó universo, com tuas lindas regras, cu te venero, e u te quero, faço parte de ti. Mas, de dentro de ti levanto a mão até o Autor do universo''.

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terra, das coisas visíveis e invisíveis ...

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O peregrino compreendeu então que não se tratava de comparar as duas catedra is. Menos ainda franceses com alemães. pois esses dois monumentos estão muito acima dos povos que os construíram. NotreDame e Colônia são frutos da Cristandade. França e Ale111a nha tornam-se pormenores dentro da imensidade do panorama. O que despertou nas a lmas essas maravilhas foi o Sangue Preciosíssimo de C risto e as lágrimas de Maria. E Deus quis que houvesse Colônia como Notre-Dame, para que ambas se sornassem e dessem uma idéia ainda mais pcrícita d Ele. Assim , ad111irando-as, admirando as almas que as admiram, como aq uele nosso hipotético peregrino, melhor conhecemos. amamos. servimos e damos glória a Deus nesta terra. E preparamo-nos para conhecê-Lo, amá-Lo, servi-Lo e darLhe glór,a por toda a eternidade.

Sim. Tudo aquilo o unia mais a Deus. Porque o peregrino sabia perfeitamente que o sol não era senão um astro como tantos bilhões de estrelas, ou que o vitral não era senão um conjunto de cacos de vidro ... No entanto, aquelas formas, aquelas cores, aquele ambiente, não eram pura ilusão. Porque constituem a expressão de um Ser infinitamente maior que se oculta aos nossos sentidos, mas que se mostra através desses símbolos. Toda essa feeria seria absurda se Deus não se manifestasse através dela, embora oculto. Ora, seria absurdo que tanta beleza fosse absurda. Assim, sem perceber, amando aquele jogo de luz, amando mais as almas que admiram aquele vitral do que o

A Catedral de Colônia t um dos mai,s belos edífíeios religiosos do mundo e a mais l'asta das constru-

ÇÔ<S em estilo gótico (144,6 m de comprimento por 7S m de largura;

torr<S de t 57,3 m de altura). O edif!cio acuai e.rgue--se junto ao Reno, no

mesmo lugar onde exisliram anle-riormentt duas outras c.atedrais: uma

erígida por São Materno, no século li ; e outra consagrada em 873. Em

CATOLICISMO -

outubro de 1980

1249 iniciou-se a cons crução da atual,

prosseguindo até 1509, interrompida várias veus por guerra.e; sangrentas. A Revolu_ção Francesa a iria encontrar ainda inacabada, tendo SO· írido inúme.ras mutilações ao longo dos séculos. Os revolucionários instalaram um depósito de forragens na

própria catedral. Em 1820 o edifício - assolado pelo tempo e mutilado pelos homens

- inspirava sérios cuidados quanto à solidez. de suas partes acabadas, e os restos iam ser demolidos quando um movimento de almas le.v ou fiéis e arqueólogos a constituírem sociedades que levaram avante não apenas os trabalhos de rcstauraç.ã o das partes danific.adas, como o lérmino da

gigantesca obra, segundo os projetos

Os donativos afluíram de todos os lados. inclusive do Rei da Prússia, Frederico Guilherme IV . A 4 de

torres de pedras rendilhadas coroavam o ll.Cabamcnto do edifício, que durante muito tc1npo foi o mais alto

setembro de 1820 teve lugar a segunda fundação da catedral e a partir de

do mundo. Com a procissão dos rclid.rios de

então suas obras prosseguiram sem interrupção, dirigidas por Zwimc.r.

ouro -

quias dos Santos Reis Magos - os

Em 1848 era consagrada a nave principal; em 1861 a agulha e<ntral

festejos do centenário da conclusão do admirável templo se desenvolverão

iniciai..~, conctbidos pelo flamengo

tstava 1>ront2 e, íinalmcnte. a l S de

Gerhardt de Saint-Trond.

outubro de 1880, as duas imens.as

na qual se condu1em relí-

com toda pompa e brilho entre 15 e 23 de outubro corrente.

7


AfOJLI<CESMO - - - - - - - - - - - - *

O agente de influência na guerra psicológica ELA PRIMEIRA vez ajustiça francesa condenou alguém por um novo tipo de crime: ser agente de influência de potência estrangeira. Pierre Charles-Pathé, herdeiro do célebre Charles Pathé, o magnata da comercialização do cinema, foi condenado a 5 anos de reclusão com base na alínea 3 do artigo 80 do C6digo Penal daquele país. Trabalhava para a Rússia. Há poucos anos, o embaixador francês em Moscou havia aceito fazer o mesmo trabalho, depois de ser induzido pela KGB à situação desonrosa, devidamente documentada. A policia francesa descobriu o fato e o alto funcionário foi desligado do serviço diplomático. Mas o que constitui propriamente um "agente de influência"? O espião clássico ·procurava. em virtude de convicções ideológicas ou dinheiro, entregar à potência a qual servia, segredos mihtares, políticos, econômicos ou industriais. Não nos alongaremos sobre tal, pois essas ações são conhecidas de sobejo. O agente de influência não procura informações. Transmite-as. Geralmente é pessoa com trânsito fácil em ambientes de destaque, o nde deve cbnversar, argumentar e, de maneira natural, pôr em circulação idéias ou informações que interessam ao Cremlin serem aceitas como plausíveis ou verdadeiras, e

P

que atuam de maneira a amortecer as resistências frente ao comunismo. Além do trabalho oral, de primordial importância, o agente de influência deve, tanto quanto possível, fazer chegar a jornalistas dados "trabalhados", cuja publicação serve aos interesses de Moscou. t-lhe confiada a tarefa de habilmente colocar sob luz desfavorável os adversários de Moscou, contribuir para a formação de um ambiente apto a amoldar-se às iniciativas do comunismo internacional. Sua arma é a palavra oral e, por vezes, também a escrita. Espião das mentes, embosca-se nos desvãos desprevenidos do espírito de seus ouvintes, para ali depositar suas bombas psicológicas ou desarmar prevenções.

Agentes da "dezlnformatsla" Naturalmente, o agente de influência necessariamente não trabalha apenas como difusor de conceitos e dados. Pode agir também como espião clássico. Segundo Jacques Lebeau, do semanário "Le Figaro Magazine" (edição de 31 / 5/ 80), o agente de influência depende da secção da KGB encarregada da "dezinformatsia" (desinformação). Afirma o jornalista: " A desinfo rmação consiste. em linhas gerais, em difundir informa-

ções fal~·as. caluniosas e provocantes, mas na prática a KGB vai alé,n dessa vaga formulação. Tudo. sem exceção, vale para seus agen1es: 111anifes1ações. greves. conflitos destinados a desacreditar governos e a gerar a111agonismos entre as várias ca,nadas sociais. Os distúrbios na Coréia do Sul ou as manifestações raciais em Miami são exemplos recentes. Uma ma11ifes1ação bem organizada pode dar impressão tolalmente falsa do real estado de esplrilo da população e empurrar os numerosos indiferentes ou hesitan1es numa direção desejada pela KG 8. A dislribuição de cartas, docunientos, 111011uscritos ou 1nesmo fotografias falsificadas ou forjadas. rumores orientados sistematicamente. distribufdos e111re os jornalis1as". E relata um caso sucedido em 1956. Interessava à Rússia espalhar dúvidas entre os aliados quanto à confiabilidade da Alemanha como parceira, introduzindo desta forma uma cunha no bloco adversário. A KGB por intermédio do STB (serviços secretos tchecos) enviou panfletos nconazistas a politicos franceses, ingleses e norte-americanos. Todos assinado por uma tal" Kampfverbandfor unabhangiges Deutscheland" (Liga Combatente pela Independência da Alemanha). Pouco depois, agentes tchecos desembarcavam em Paris. Um deles, Kouba,

especialista cm explosivos, escondeu no Ocidente o agente de influência. uma bomba de sua fabricação num Esta é uma atividade difícil de ser pacote de cigarros, enviado pelo cominada pelas leis vigentes, além correio a André Tréméaud , gover- de exigir trabalhosa detectação. Conador de Bas-Rhin. A reooessa foi mo separar aquele que conscientecalcu lada para que chegasse a Es- mente. influencia pessoas, seguindo trasburgo na manhã de 17 de maio, diretrizes precisas e temas escolhiporque à noite haveria recepção em dos, daquele que por convicçõs ideocasa de T réméaud para homenagear lógicas se lança na mesma tarefa, uma delegação parlamentar visitan- embora sem estar a mando de nete. Os agentes esperavam que o nl)uma potência? Como descobrir os governador abrisse o pacote no meio transmissores de pensamentos, inda festa. Quem o abriu, entretanto, conscientemente manipulados por foi sua mulher, que foi imediata- um discreto e eficiente agente de mente estraçalhada. Pouco depois, a influência? São perguntas que inteRádio Moscou atribuía o atentado ressam sobremaneira à caracterizaao grupo na,.ista acima citado. A ção do delito penal, de difícil e deliquase totalidade da imprensa oci- cada precisão, mas que se colocam dental e os maiores nomes do jor- à margem do presente artigo. Cabe a nalismo se prestaram a divulgar tais penalistas, e à jurisprudência que informações, pondo os alemães oci- eventualmente surja, desenhar os dentais em má situação ante a opi- contornos da questão e colocá-la nião mundial, justamente indignada com exatidão dentro do universo do por causa do atentado, supostamen- Direito. (; tarefa que exigirá muito te perpetrado pelos "saudosistas do estudo e muita observação. naiismo". Só muito mais tarde é que Não é esse o prisma habitual do Rupert Sigl, que trabalhara na KGB cidadão comum. A ele, quisemos de 1957 a 1969, fugiu para o Oci- oferecer um dado a mais para facidente e revelou que tais ações ha- litar o juízo adequado de situações viam sido montadas pela agência que se apresentem dentro de seu campo de observação, levando-o a russa. acreditar mais em tramas urdidas, e menos na conjunção espontânea de Hã mais tramas urdidas circunstâncias, para explicar certos do que se pensa acontecimentos que presencia. A condenação de Pathé constitui Péricles Capanema indicio seguro de como se difundiu

TFP: bombas e abertura transviada EM COMUNI CADO de autoría

do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do seu Conselho Nacional, a Sociedade Brasíleira de Defesa da Tradiçãot Família e Propriedade -

TFP, emitiu, em 30 de agosto p.p., o seguinte pronunc:iamento:

"DADO O CLIMA de crescente tensão, no qual v~i imergindo o País por efeito da sucessão delirante de atentados terroristas cm curso nos últimos dois meses, a TFP se acha no dever de dirigir um pronunciamento a seus amigos e simpatizantes em todo o território nacional . e à opinião pública em geral: 1. ENTIDADE com definidos objetivos ideológicos e apolíticos, e com métodos exclusivamente legais e pacíficos (cfr. "Meio século de epopéia a11ticomu11is1a", Editora Vera Cruz, São Paulo, 1980, 464 pp.), tem-se a TFP abstido meticulosamente, ao longo de seus vinte anos de atuação, de intervir em questões partidárias, alheias a seu fim. 2. POR ESTA RAZÃO, não pediu ela a abertura política, nem tampouco a combateu. Assim que, pelo curso dos acontecimentos, tal abertura se tornou um fato, a TFP a aceitou. Em vários pronunciamentos públicos, feitos aliás em nome individual, e não no da TFP (mas com geral consenso nas fileiras desta), empenhei-me em colaborar com a nova ordem de coisas, apresentando sugestões à vista dos riscos que - como tudo cm matéria de vida pública - a abertura traz.ia, e a vantagem que dela poderia auferir o País. 3. NESTA POSIÇÃO serena e imparcial, a TFP desdenha desmentir uma ou outra afirmação, surgida em meio ao presente vozerio publicitário nacional, de que ela teria participação nos aludidos atentados."O Brasil inteiro conhece o caráter modelarmente pacífrco

da atuação da entidade, comprovado aliás por mais de dois mil atestados de autoridades policiais ou municipais dos vários locais em que tem atuado. A essas acusações, explicavelmente caídas no vácuo, a TFP responde apenas com o silêncio. 4. S EM ENT RAR de modo algum na indagação - de âmbito todo policial - sobre o problema perfeitamente nebuloso da autoria desses atentados, a TFP acentua que eles podem servir de ocasião para uma radical metamorfose do processo de abertura. vantajosa para a expansão comunista em nosso País. 5. COM EFEITO, o método rotineiro de difamação da esquerda contra o anticomunismo consiste cm: a) confundir arbitrariamente com o nazismo toda e qualquer forma de anticomunismo, como se desde meados do século XIX até nossos dias não tivesse havido as mais variadas modalidades de anticomunismo, anteriores, simultâneas e posteriores ao nazismo, muitas delas diversas, e até opostas, a este último; b) atribuir por este artifício, a todos os anticomunistas, uma propensão incorrigível para o emprego costumeiro da violência - entretanto característico tão-só do nazismo e de seus congêneres. O grupo, ou os grupos, de direita que eventualmente estejam agora espalhando bombas pelo Brasil, estariam dando enganosas aparências de verdade a essa calúnia esquerdista. Calúnia que convém insistir - contunde com os dados mais primários da informação histórica. Tais grupos direitistas fariam assim o jogo necessário para a expansão das calúnias da esquerda. 6. DE SUA PARTE, a TFP faz notar ao público quanto a

esquerda tem tirado proveito dos atentados que, fundada ou infundadamente, esta última atribui a certos adversários. Tumultuosa, reivindicante. agressiva até o momento em que teve início a série desses atentados, a esquerda pôs desde então mais ou menos em surdina suas farfalhantes agitações. E passou a ostentar-se desenvoltamente como campeã da ordem e da lei. Campeã, aliás, tão turbulenta e agressiva agora no terreno publicitário, quanto o era no terreno da violência material, na época em que fomentava a desordem, agia na ilegalidade... e bramia por liberdade. Com esse procedimento, a esquerda procura habilmente atrair para si as simpatias de nosso público tão paeííico. Pari pass11, ela se empenha em transformar em suspeitos aos olhos do público todos os anticomunistas, que até há pouco a apontavam como adversária da tranqililidade nacional. Escapar do banco dos réus para nele fazer sentar seus adversários é bom negócio ... 7. MELHOR NEGÓCIO é ainda, para a esquerda, que com esse curso de coisas o processo de abertura fique exposto a entrar grad ualmcntc cm degenerescência. Pois continuará a ser "aberto" para ela, a neopacífica, a neolegal. E passaria a ser repressivo do anticomunismo, que a exploração publicitária de tão abstrusos atentados tende a empurrar para a condição ingrata de neodesordeiro, neo-subversivo, em uma palavra, de neo-inimigo da tranqüilidade pública. t para onde a ação talvez tãosó episodicamente geminada terrorismo-esquerdismo poderá conduzir a Nação, se não se levantarem múltiplas e autori1.adas vozes para mostrar para onde vamos assim caminhando. Isto é, para uma abertura transviada, cujo real desfecho será a esquerdização do País.»

Em 1966, Estrasburgo~ a simP'tica capital da Alúcia. foi palco de um atentado

atribuído a uma organizaçlo neonaziate. Quase 16 anos depois. um e1pilo comunista fugia para o Ocidente e confe1aava que tudo fora plenejado pela KGB... Esteri a história ae repetindo. ao meno1 em certa medida, nos atentados que se verificam no Braail e no mundo?


1 •

ll N.• 359 -

Novembro de 1980 -

Ano XXX

) ~·

Diretor: Paulo Corréa de Brito Filho

,

a 150 anos • surgia a e alha ilagrosa OCORRENDO NESTE MtS de novembro o sesquicentenário da extraordinãria revelação da Medalha Milagrosa, "Catolicismo" não poderia deixar de comemorar essa data com todo o calor dl! sua devoção marial. Não haveria, entretanto, melhor maneira de fazê-lo do que divulgando as singu)arissimas visões com que Santa Catarina Labouré foi favorecida, e as inefáveis promessas que recebeu da Mãe de Deus, para si e para todos os homens. Por outro lado, no momento em que rangem todos os gonzos da politica internacional e o estado moral e religioso da humanidade atinge niveis de uma desagregação impressionantes, é licito considerar como possivel e até iminente o desencadear-se das terriveis profecias de Nossa Senhora em Fátima. Em tais condições, parece oportuno recordar também a primeira grande Revelação de Nossa Senhora no século passado, que abriu o extraordinário ciclo das Aparições mariais: Rue du Bac (1830), La Salette (1846), Lourdes (1858),

Fátima (1917), são os pontos refulgentes dessa rutilante trajetória. Se os homens tivessem sido fiéis às graças derramadas a partir da Medalha ·Milagrosa, o pavoroso castigo do comunismo, detalhadamente descrito em Fátima e embrionariamente anunciado na Rue du Bac, teria sido desviado do mundo pela prece onipotente da Mãe de Deus. De qualquer modo, a recordação das graças do marco histórico de 1830 pode ser ainda uma ocasião de renovação dessas mesmas graças, pelo menos para aqueles que quiserem pelejar por Nossa Senhora durante a grande tormenta . que se aproxima. Tudo leva a crer que as graças oferecidas por Nossa Senhora na Rue du Bac permanecem em aberto, e aqueles que franquearem os corações à sua influência, poderão vir a ser pedras vivas do Reino do Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, a ser instaurado sobre a face da terra, segundo a predição de Nossa Senhora na Cova da Iria. Páginas 4, 5 e 6.

China e Rússia admitem • fracasso .economzco ~

E8TE8 RAtoe SÃO o somoi..o DAS GAACAS QUE A SANT1sslllA V1aoE11 081'211 . PARA A8 PE880A8 QUE LHAS PEDEM

A CHINA se liberaliza admitindo, em medida ainda confusa, alguns princlpios da economia de mercado. Os sonhos mitomanlacos de Mao Tse-tun$ e de seus seguidores deixaram-na 1nane e afundada na miséria. O teoricismo implacável do marxismo-leninismo, distanciado da natureza humana, exauriu as sãs energias do povo chinês. Vivendo de slogans propagandlsticos e da envergonhada dissimulação da realidade, os admiradores do "modelo chinês" vêemno desmoronar e ser mitigado pelos próprios beneficiários e condutores: os membros da cúpula do PC. Nas entrelinhas transparece a constatação de que a revolução chinesa, de autêntico, só gerou ditadura e fome. Espanta o tempo levado para verificar o óbvio. Aliás, pensando bem, não espanta. Os triunfadores de 1949 eram ideólogos fanatizados pelo mito do igualitarismo e o aplicaram violando brutalmente a realidade. O comunismo poderia ser definido como um mito (o igualitarismo onlmodo, chamado de utopia pelos socialistas de várias colorações) servido pela teoria marxista-leninista, seu instrumento de explicação histórica e de análise dos acontecimentos. A lldima exigência da natureza humana - urna sociedade harmônica e proporcionadamente desigual - , onde desll brocham vigorosa e naturalmente as infindas potencialidades do homem, para eles não entra em consideração. A quem conheça os vários ramos da história do comunismo. chama a atenção a analogia da atual polltica chinesa com a NEP (Nova Polltica Econômica) de Lenine. Como se sabe, a desorganização e a fome produzidas pela Revolução de 1917 foram tais, que o tirano soviético viu-se obrigado, em 1922, a restau-

rar em grande escala vários princlpios capitalistas. Passada a necessidade premente, seu sucessor, Stalin, voltou a aplicar o marxismo. Na Rússia atual, Brejnevtambém reconheceu a crônica ineficiência do sistema soviético de produção econômica. Nos anos em que o clima não prega nenhuma peça, a agricultura chega até o limite do necessário. Qualquer perturbação atmosférica provoca corrida aos mercados do Ocidente. E a casta de "intelectuais" e burocratas que governa as imensidões da Rússia vê-se obrigada, de quando enil vez, a procurar explicação para males estruturais, agravados pelos astronômicos recursos aplicados na expansão imperialista do comunismo internacional. Desta vez, pela voz de seu representante maior, o secretário-geral do PCUS e chefe do Estado, a razão é: "burocratismo, insensibilidade e arrogância" das camadas dirigentes. Brejnev, a julgar pelas suas afirmações, primaria pela delicadeza e acessibilid«de ...

No Brasil, a contestação igualitária pretende convulsionar o Pais. Como a ra1.ão última da agitação, na maior parte dos casos, é a revolta contra a desigualdade, pouca esperança há de que, a barba do vizinho pegando fogo, a coloquem de molho alguns aqui, engolfados nas ondas encapeladas da revolta. E por quê? Habitualmente, a febricitação temperamental produzida pelo ódio não é aberta a argumentos. A ira cega. Mas, graças a Deus, ainda há inúmeros compatriotas que conservam a serenidade e a observação calma do temperamento brasileiro. Seu astuto bom senso, ajudado pela reflexão sobre os sintomáticos acon-

No1 armazena de Cantlo (na China co-

munl.U.), grandoofiluepoucoaalimentoo

tecimentos da China e Rússia, certamente lhes oferecerá condições para tirar algum proveito destas considerações. Não pela qualidade delas, mas pelo relato de fatos reais. A esses brasileiros dirigimos, em primeiro lugar, este artigo. Dos outros, desejamos pelo menos uma sincera imparcialidade, que não é atributo de almas convulsionadas. Ela habita nas almas plácidas, de onde estão distantes a perturbação e o rancor.


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ARCAS DO ALÉ Nelson Ribeiro Fragelli nosso correspondente ROMA - A Igreja do Sagrado Coração do Sufrágio, às margens do Tibre, é um dos poucos monumentos góticos da cidade. A grandc;.a de seu estilo e a placidez de seu vulto são realçadas pelo histórico rio, que, entre altos muros de pedra e plátanos seculares, atravessa calmamente a Cidade Eterna. Tanto o estilo gótico quanto as torres, retilíneas, remetem possantemcnte para o Céu. No velho Tibre, as folhas dos plátanos, coloridas, espalmadas e desprendidas das árvores, desfilam sobre as ondulações da águas em irregular cortejo, neste início de outono.

i)~l) O rio, o outono e a igreja. A transitoriedade de um curso que não se detém, as folhas que tombam e o gótico que l?arcce subir à imutabilidade do Remo do Céu. Nesse ambiente sugestivo encontrei a igreja, destinada a receber as orações pelas almas do Purgatório. Foi em tal lugar que o Pe. Joet, em 1893, erigiu um· primeiro oratório como sede da Associação do Sagrado Coração de Jesus pelo Sufrágio das Santas Almas, que chamadas desta vida, antes de entrarem na bem-aventurança eterna, purificam-se no Purgatório. Sua obra progrediu. Naquele tempo, rezava-se incomparavelmente mais pelas almas padecentes. Em 1897, sobre o altar da capelinha antecessora da atual igreja, durante um ofício religioso, irrompeu um incêndio. Para muitos fiéis ali presentes pareceu surgir dentre as chamas, Junto da parede à esquerda do altar, uma figura na qual reconheceram um rosto padecente. O fato despertou a admiração de todos. E também muito burburinho entre os vivazes romanos. Muito se falou sobre o acontecimento. As autoridades eclesiásticas não se pronunciaram. As conclusões foram deixadas às interpretações de cada um. Inúmeras pessoas se convenceram de que uma alma do Purgatório tinha realmente aparecido c.ntre as chamas. A imagem vislumbrada durante o incêndio ficou retratada na parede com muita nitidez e constitui uma das peças mais tocantes que se pode ver no mostruário-museu da atual igreja. Aquela parede, retirada de seu primitivo lugar, encontra-se hoje na entrada do mostruário.

Essa primeira manifestação atraiu a atenção de toda a Europa. Soubese então que sinais da mesma natureza haviam aparecido em outros países. E fiéis de quase todas as nações européias começaram a afluir à Igreja do Sagrado Coração do Sufrágio. Assi.m é que, e ntre muitos prodígios ali expostos, encontra-se a marca de fogo que deixou o defunto Joseph Schutz, tocando com a extremidade dos cinco dedos da mão direita o livro de oração de seu irmão Georg, em 21 de dezembro de 1838, numa cidade da Lorena.

Deus, que as livrou do inferno. São confortadas pelo sorriso de Maria . E tal como com os santos, podem se manifestar para fazer bem aos que na terra militam na Santa Igreja. Caro leitor, aí estão algumas manifestações. Se algum dia viajar a Roma, não perca a oportunidade de visitar essa igreja, hoje desprezada pelos turistas neopagãos, insensíveis à grandiosa esfera do sobrenatural.

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Igreja do Sagrado Coraçio do Sufrágio, em Roma, onde s-e en· contra um mu •

seu · mostruério de manifesta ·

ções dos almas do Purgatório

Interesse comunista na . , . ag1taçao agrar,a

~~~ Outra marca de fogo, também feita com a mão, chamou-me particularmente a atenção. Foi deixada em uma mesa de trabalho bem como no tecido da manga da túnica e na camisa da Venerável Madre lsabella Fornari, Abadessa das Clarissas de Todi. São quatro marcas: uma da mão esquerda com o sinal da C-ruz sobre uma pequena mesa; uma segunda, ainda da mão esquerda, cm uma folha de papel; outra, da mão direita, na manga da túnica; e uma quarta - a mesma impressão anterior, que, ultrapassando a túnica, deixou também vestígios na vestimenta interna da freira. Essa última marca apresenta manchas de sangue. Madre Fornari, cm virtude das circunstâncias que rodearam o fato, não teve dúvidas em atribuir os sinais a manifestações da alma do Pe. Panzini, Abade olivetano de Mântua. Esse fato extraordinário ocorreu a 1.0 de novembro de 1731.

UMA DAS PRIM EIRAS medidas tomadas pelos comunistas quando arrebatam o poder em qualquer país, consiste em promover uma Reforma Agrária marxista e confiscatória. A esse respeito, muito significativas são as palavras do Partido Comunista do Brasil (dissidência do Partido Comunista Brasileiro), sobre o assunto. Não que o PC do B ou o PCB tenham importância. Como dizia certa ocasião o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em artigo à imprensa, a importância de Luiz Carlos Prestes ou qualquer outro chcfete vermelho "é folclore". Acrescentava o pensador católico: "Essa importância não é senão a que o capitalismo publicitário lhe conceda nos meios de comunicação social centristas·· (" Prestes-PCD, tema secundário·· - '"Folha de S. Paulo", 10/ 10/79). 1mporta, no entanto, conhecer o pensamento desses partidos, pois eles revelam, a seu modo, as intenções de Moscou ou de Pequim a respeito de nossa Pátria. Vejamos então o que diz uma publicação do PC do B (Edições Maria da Fonte, Lisboa, 1975, pp. 74-75), sobre o fracasso da ação comunista no meio rural brasileiro até há pouco:

Com objetos como os acima descritos, recolhidos cuidadosamente em toda Europa, nasceu essa pequena exposição. Nela se encontram também documentos originais ou fotográficos de manifestações de vários gêneros. São Pio X ajudou e abençoou tal obra, contribuindo assim para combater o neopaganismo, que eclodia virulento em seu tempo. Para nós que vivemos em 1980, tendentes a voltar-nos mais para o concreto e o tangível, a visita à referida igreja fala do sobrenatural e vivifica a fé. O sobrenatural existe, e portanto, queiram ou não os ateus, ele se manifesta. A doutrina católica ensina que as almas do Purgatório são almas eleitas. Rumam para o Céu. Cantam em meio a seus tcrrlvcis sofrimentos as bondades de

"Os cinqüenta anos de existência do Partido Comunista do Bra-

si/ ensinam que a pouca atenção dada ao trabalho entre os camponeses f oi uma das mais slrias falhas da luta dos comunistas. Ainda que estes tenham definido. há muitos anos, o caráter da revolução como agrária e antiimperialista e levantado continuamente a bandeira da reforma agrária. não se voltara,n. durante largo período. para o campo. Mesmo no auge revolucionário de 1935 não houve maior atividade partidária entre os camponeses". Em outras palavras, o PC do B confessa que seu fracasso no Brasil se deveu à falta de ressonância no meio rural. E a falta de uma Reforma Agrária socialista e confiscatória impossibilitou que vicejasse no Pais o joio marxista. Mais adiante a publicação insiste: "'A experiência de meio século revela que o campo é o problemachave da revolução. Os ,novimentos progressistas e revoluc(onários nas cidades não lograram êxito ne,n tivera,n n1aior conseqüência porque não contaram com um combativo n1ovimento camponês. O campo pernianeceu atrasado em relação às cidades no que se refere ao nível de consciência. de luta e de organização. Por isso, não teve participação de maior vulto nas

grandes ações poHticas que se desenvolveram no país. Para alcançar a vitória, a revolução tem que contar com o apoio e a ação do campesinato". Ora, dir-se-ia que algo está mudando em nossa classe agrícola. As atuais tensões, embora ainda confinadas, revelam em muitos casos a "conscienti1.ação" no sentido marxista, ou seja, o ódio à instituição da propriedade particular pelo simples fato de gerar desigualdades. Deveríamos concluir então que comunistas estariam agitando o campo? . Talvez fosse precipitado afirmá-lo. E errôneo seria, certamente, generalizar uma acusação tão vaga. Porém, existe um dado novo no panorama, que não pode ser desprezado por quem se interesse pelo problema: se o comunismo encontrou no povo brasileiro uma rejeição total a seus princípios e métodos. o progre.ssismo, valendo-se do prestigio da sagrada Rêligião que herdamos de nossos ancestrais, faz hoje muito mais infelizmente - pela causa nefanda de Marx e Lenine do que qualquer PC, por mais numeroso que fosse, poderia realizar.

Celso Cavalc~nte .

Colapso econômico ameaça países socialistas PARIS - A noticia não causou surpresa aos que acompanham a vida nos pa[ses comunistas. Irritou, isto sim, e profundamente, os marxistas ocidentais. Refiro-me à bancarrota dos palses sob o jugo da Rússia. Órgãos de imprensa franceses, italianos e canadenses publicaram abundante informação sobre o assunto. A seriedade do noticiário não deixa lugar a dúvidas. Realmente, os países socialistas sofrem uma crise que só não lhes é fatal devido à ajuda que recebem do Ocidente. O fracasso da socialização se manifesta em todos os campos. Na agricultura (além das sempre alegadas "1nás condições climáticas"), pela falta de adubos, de mecanização, de investimentos necessários, e, sobretudo, devido ao desinteresse dos camponeses nos resultados da exploração coletiva; Na indústria, o regime se revela incapaz de organizar os aprovisionamentos de matérias-primas e equipamentos às fábricas, ocasionando uma produção irregular. Em consequência da descontinuidade dos trabalhos, os operários, por vezes, chegam às fábricas sem saber se haverá trabalho ou não. Como é evidente, isto lhes serve de incentivo para permanecerem descansando em suas casas. Segundo o semanário francês ·· Le Point"

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(l.º/9/80), em todo o território soviético, de 10 a 15% dos operários estão sempre ausentes do local de trabalho. Devido ao fracasso de sua economia, os países do leste empregam bilhões de dólares em compras de alimentos no Ocidente. Entretanto, apesar da boa receptividade dos países capitalistas em conceder-lhes crédito fácil e a longo prazo, nem todas suas ne.. cessidadcs são atendidas. Ainda este ano, na Romênia, Bulgária e Alemanha Oriental, operários entraram em greve por falta de ca.m e e legumes em suas mesas. Na Polônia, a população dificilmente se regala com um prato de carnes. E as recentes greves deflagradas por operários revelam claramente a profunda insatisfação popular naquele país. Só a hipocrisia do Partido Comunista Francês tem a coragem de proclamar que a causa da crise po1onesa não foi a penúria, mas excessiva abundância ... ("L'Express", 6/9/ 80). Por outro lado, a vida cm condições precárias leva os habitantes dos Estados comunistas a lançar mão de um recurso extremo: a economia paralela. Calculase que o mercado negro na Rússia representa 16% do produto nacional. Os húngaros revidam com mais energia: "Exceto caminhões. fabrica-se quase tudo no ,nercado

negro. Mas isso não tardard... ", ironizou certo magiar ao correspondente de "L'Express". Na Hungria, de cada três assalariados, dois exercem uma atividade clandestina, sendo que 50% das rendas de particulares provêm do mercado paralelo, informa ainda "Express" (13/9/80). Como vemos, não fosse a "filantrópica" ajuda dos palses capitalistas, há muito teria ruido o império soviético, esgotado pelos consecutivos fracassos do sistema socialista. Parodoxalmcnte, a própria Rússia - segundo "Lo Presse" de Montreal (4/ 7 / 80) - conseguia assegurar, entre 1971 e 1975, um terço de sua produção agrlcola graças à lnfima porção de seu território entregue à iniciativa particular. A formiga produziu mais que o elefante! O fracasso da economia socialista tornou-se tão evidente que Hungria, Polônia, Cuba, China e a própria Rússia o reconhecem. E agora procuram tirar partido do insucesso, fingindo uma "liberalização" que admitiria , em certa medida, princípios de propriedade privada. Os comunistas dão um passo atrás nos países que dominam, para avançar dois passos no Ocidente sonolento.

CATOLICISMO -

Jean Goyard Novembro de 1980


A escalada russo-cubana no Caribe FTM DA HEGEMONIA e da influência das potências ·ocidentais na América Central e nas Antilhas coloca em perigo todo o sistema de defesa do Continente americano. O Mar do Caribe, outrora chamado um lago americano, está se tornando um mar socialista. Um arco de ilhas, das Bahamas a Trinidad y Tobago, passando pelas pequenas Antilhas, Virgens e Barbados, limita suas águas a leste. No poente, encontra o Golfo do México e as terras das três Américas circundam o resto. A única passagem para o Oceano Pacifico é através do Canal do Panamá. As grandes Antilhas - Porto Rico, Haiti, República Dominicana, Cuba e •Jamaica - constituem um hlfen natural entre as Américas do Norte e do Sul. Cuba e Jamaica ocupam posição estratégica nesse mar coalhado de ilhas colonizadas e habitadas por múltiplos povos e raças. Setenta por cento do petróleo importado pelos Estados Unidos (cerca de 30% do seu consumo interno) chegam pelo Caribe, cujas águas banham México e Venezuela, países possuidores de reservas de combustlvel das maiores do mundo. Através das Antilhas e do Canal do Panamá transitam os petroleiros vindos do Oriente Médio, Equador e Alaska. Nessa região, produtora de importantes metais utilizados na indústria estratégica, a Rússia atua, há mais de vinte anos, através de sua colônia: Cuba. Hoje o panorama é ameaçador.

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A expansão marxista não encontra obstAculos sérios Nicarágua e Panam.á recebem influência direta de Havana. Não obstante, a própria administração norteamericana, depois de entregar o Canal do Panamá, concede agora ajuda de 75 milhões de dólares à Nicarágua sandinista. Em meados de 1979, impelidas por governos populares e sacudidas pela subversão, várias colônias britânicas nas Antilhas foram empurradas para a órbita cubano-soviética, como Santa • Lúcia e Granada. Maurice Bishop, chefe marxista de Granada, vem pedindo a "libertação~ de Porto Rico, EI Salvador, Guatemala e Bel(ze, ao mesmo tempo em que promove a intervenção de guerrilheiros cubanos nesses países. No dia 30 de outubro passado foram realizadas eleições para o parlamento na Jamaica, pequena ilha a 145 quilômetros ao sul de Cuba. O Partido Trabalhista foi o vencedor por ampla maioria de votos, tendo seu líder Edward Seaga tomado posse como primeiro-ministro após oito anos de governo do marxista Michael Manley. · À primeira vista pareceu uma clara rejeição à experiência socialista do regime anterior, pró<ubano, de Manley. Mas já no discurso de posse, Seaga destacou -que seu governo está decidido a manter ··relações amistosas·· com todos os países, inclusive Cuba. E acrescentC-ll ainda: "Não antecipem uma pronunciada inclinação para qualquer lado. Somos membros do terceiro mundo, um país não-alinhado e nem ligado a nenhuma das super-potências"... Na Guiana ex-inglesa, fronteiriça com o Brasil e a Venezuela, o primeiro-ministro Forbes Burnham foi aliado no passado de Fidel Casiro, abrindo o aeroporto de Georgetown para escalas de aviões cubanos em suas viagens de intervenção no continente africano. Atualmente parece estar estreitando seus vínculos com a China comunista ... Cuba continua sem dúvida a grande base soviética na área. Moscou fez da ilha não somente um ponto de apoio para a guerrilha e uma potência para operações militares contra as nações americanas mas também um eixo estratégic~ para a interdição de rotas de petróleo que cruzam o Atlântico. CATOLICISMO -

A Rússia supriu seu satélite com equipamentos navais e aeronáuticos necessários. - Cuba conta hoje com dois submarinos, 18 navios de patrulha, 27 porta-misseis, 24 contratorpedeiros e, na força aérea, com 120 caças-interceptadores Mig-19 e 21, 120 caças-bombardeiros Mig-17 e 23 e mais 80 aviões d~ transporte. Há ainda uma brigada de combate russa estacionada na ilha, cuja presença suscitou séria polêmica há pouco menos de um ano atrás, tendo sido mais tarde misteriosamente camuflada e até hoje nada foi esclarecido a respeito.

cialmente do México - correm igualmente um risco não pequ·eno.

Cuba, a ponta de lança Membros do governo da Costa Rica auxiliaram a revolução sandinista na Nicarágua, permitindo que aviões carregados de arrnas procedentes de Cuba pousassem no país para que a remessa fosse entregue aos guerrilheiros nicaragUenses. A denúncia foi feita por Maio Madrígal, ex-<:hefe do serviço de investigações portorriquenho, acres-

Nesse sentido o jornal "Daily Telegraph", de Londres, informa que engenheiros soviéticos e cubanos estão construindo nova base aérea na costa atlântica da Nicarágua, para substituir a que havia · durante a II Guerra Mundial.

Nlcarãgua, novo foco No dia 19 de julho passado ocorreu o. primeiro aniversário da revolução sandínista na Nicarágua. Fidel Castro chegou a Manágua para assistir às comemorações, che-

O alcance da Investida As perspectivas em um futuro próximo não são nada promissoras para os palses da América Central e Antilhas. Guatemala, Honduras, Costa.Rica e outros países estão seriamente ameaçados. Tudo indica que EI Salvador será o próximo a ter a sua revolução. Sucede que os agentes da subversão se sentem cada vez mais livres para conturbar a área, devido à inoperância dos Estados Unidos ou. de qualquer outro pais. Logo no inicio deste ano, membros do Comitê Central do PC russo visitaram um campo militar soviético em Cuba, seguindo depois para Nicarágua, EI Salvador e Guatemala, onde falaram a representantes de movimentos marxistas e grupos revolucionários da América Central e Caribe. O governo da Nicarágua assinou em Granada uma declaração oferecendo todo apoio à independência de Porto Rico e para a subversão em Guatemala, Honduras e Belize, colocando seu território à disposição para treina.mento de guerrilheiros. Também a embaixada cubana no México tem sido por muitos anos um dos pontos de coordenação dos esforços para a comunistização na América Central. Os cubanos e seus aliados reconhecem a sustentação moral e logística promovida pelos esquerdistas mexicanos como sendo de vital importância para a continuação da luta na América Central. Em recente viagem feita a algumas nações da América do Sul e também Cuba, o presidente mexicano, José Lopez Portillo, afirmou que "qualquer ação contra este pafs [Cuba] será con10 se ela se voltasse contra o México'·. Recordou ainda que sua pátria sempre demonstrou solidariedade em relação a Cuba. Na ocasião, foram assinados onze acordos entre os dois países, sobre turismo, cooperação, tecnologia, educação, comércio, indústria e pesca, entre outros. Países ocidentais consumidores de combustível temem pelos poços petrolíferos do Golfo Pérsico, muitos deles incendiados no decurso dos conflitos que ainda perduram naquela região. Entretanto, olvidam-se que as principais reservas latinoamericanas - da Venezuela e espe-

Estados Unidos

Golfo do México

México

\ ...•

Venezuela

Colômbia ,,- , centando ainda que os armamentos eram levados por caminhões da força aérea aos acampamentos sandinistas, perto da fronteira entre os dois países. Um candidato republicano pela Flórida à vaga no Congresso dos Estados Unidos, Evelio Estrella, advertiu que "dezenas de cubanos se infiltraram na Costa Rica, EJ Salvador e Guatemala com o objetivo de provocar agitações i11temas e criar desordens para forçar a queda desses governos". Também o Subcomitê de Assuntos lnteramericanos da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos divulgou documento afirmando que "o governo cubano armou e ajudou os guerrilheiros sandinistas para que derrubassem o regin,e anterior e, agora. estão fazendo o mesmo com relação a outros governos da América Central co1110 em El Salvador, Guate111ala e Honduras", Outro documento, da Agência Interamericana de Defesa (AID), divulgado pelo Congresso norte-americano, afirma que "a vitória sandinista na Nicarágua deixou Cuba e a União Soviética certas de que pode,n agir nas Antilhas e na América Central con1 maior impunidade e me11ores riscos de confrontação com os Estados Unidos. Cuba reto· 111ou seu papel de exportar revoluções para os demais países do Caribe. e a fase posterior. a da luta armada, é financiada pela Rússia", conclui a análise.

As figuras de Mar1e. Engels e Lenine dominam manifestação fatino·americana de "solidariedade" socialista ,.

Novembro ae 1980

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tador barbudo o papel de inspirador da revolução nicaragUense, confessa a manutenção de seu programa de exportação da revolução para toda a América Latina e define as relações de aliança entre o movimento comunista latino-americano e o setor uprogressista" da Igreja Católica. Só conheclamos definições de relações entre o comunismo e a ulgreja progressista" enunciadas por catóhcos d,1 chamada "teologia da libertação". Agora deparamos uma clara manifestação de Fidel, cujo regime é apresentado como exemplo pelos que preconizam o conluio entre a teologia e o marxismo. É o próprio Castro que afirrna: "Havfamos falado uma vez no Chile e na Jamaica a respeito da aliança estratégica entre cristãos e marxistas-leninistas. Se a revolução na América Latina adotasse um caráter anti-religioso. ela conduziria à divisão do povo. Em ·nosso país, a Igreja, em geral, era a Igreja da burguesia, dos ricos, dos proprietários feudais. Em muitos países da América Latina não é assim, até pelo contrário: a religião e a Igreja têm fortes rafzes populares. As classes reacionárias haviam tratado de usar a religião contra o progresso, a religião contra a revolução e, efeti· vamente, durante muito tempo atin-

Daniel Ortega. da Nlcar6gua. Maurice Bishop. de Granada; e

Fidel Castro. de Cuba: trh promotores da revoluçlo nas Américas. a qual tem contado com o apoio

de eele1iéstieo1 filomarxistas

fiando uma delegação de 14 dirigentes do regime ou do PC cubano. Os sandinistas exclulram a possibilidade de se convocar eleições na Nicarágua, pelo menos a curto prazo. Muitos alunos nicaragUenses estão estudanto em Cuba e os jovens que frequentam as escolas em seu país, assistem aulas ministradas por professores cubanos. Agora o novo regime, à maneira do que Cuba vem fazendo há varios anos, começa também a exportar sua . revolução. Segundo a revista norte-americana "The Review o/ the News" (11 /6/80), a Frente Nacional para Libertação de Angola (FNLA) informou que os sandinistas enviaram 500 soldados para Angola em apoio aos 36 m.il cubanos que estão lutando naquele Estado africano. Também o exército boliviano denunciou a presença de agitadores cubanos e nicaragUenses, que organizam grupos de resistência ao golpe que depôs o governo de Lídia Gueiler. O comandante da VII Brigada do exército boliviano disse que o objetivo desses agentes estrangeiros era destruir o exército, para transformar a Bolívia em uma república socialista, sob a tutela de Cuba. Não seria necessário, no entanto, ir longe para conhecer os intuitos subversivos da revolução sandinista em relação ao Continente americano. Basta ler as declarações de Daniel Ortega, membro da junta nicaragUense, pronunciadas em São Paulo na ··Noite Sandinista" (ver "Catolicismo" n.•s 355-356, de julho/agosto de l98~).

fidel Castro e o progressismo No dia 3 de agosto o jornal ··Granma", órgão oficial do Partido Comunista Cubano, publicou na íntegra o discurso que Fidel Castro pronunciou por ocasião do aniversário do assalto de Moncada. Tal pronunciamento é importante por três motivos: assume o di-

giram seus objetivos; todavia, os tempos mudaram e torna-se cada vez mais dif(cil para o imperialismo, a oligarquia e a reação utilizar a Igreja contra a revolução". Na terminologia do tiranete de Havana, "progresso" e "revoluç_ão" significam socialismo ou marxismo. Castro tece considerações históricas para justificar a tese de que a aliança entre o Cristianismo e o marxismo-leninismo, até hoje apenas estratégica, deveria transformar-se numa unidade efetiva. E acrescenta: "Muitos dirigentes religiosos já não falam só dos bens do outro mundo e da felicidade do além, mas se referem às necessidades desta terra e à felicidade deste mundo, porque vêem a fome do povo, a miséria, a insalubridade, a ignorância, o sofrimento e a dor hu,nana. Não há dúvida de que o movimento revolucionário ganharia muito, o movimento soci'alista, o movi111e11to comunista, o n1ovin1en10 marxista-

leninista ganhariam muito na medida em que os dirigentes da Igreja Católica e de outras igrejas voltassem ao espírito cristão da época dos escravos de Roma". É essa precisamente a posição dos "teólogos da libertação", dos "cristãos para o socialismo" e dos "padres do terceiro mundo", que desejam para todos a "felicidade" do "paraíso" comunista. E finaliza Fidel: "Há alguns dirigentes religiosos na Nicarágua que nos diziam: por que só aliança estratégica, por que não falar de unidade entre n1arxistas e cristãos? Não sei o que pensarão disto os imperialistas. E.u. poré111, estou absolutamente convicto de que essa receita é alta111e11te explosiva". No governo sandinista da Nicarágua três sacerdotes-guerrilheiros católicos ocupam ministérios. Com esse pronunciamento Fidel Castro aponta o objetivo final da corrente eclesiástica filo-marxista.

Carlos Sodré Lanna 3


''As ruas estarão cheias de sangue ... PREDIÇÕES DE NOSSA SENHORA Uma conversão histórica O DIA 20dejaneirode 1842, o jovem e elegante judeu - de raça e de reli-. gião - Afonso Tobias Ratisbonne era praticamente arrastado pelo Barão de Bussieres para dentro da Igreja de Sant Andrea dei/e Fralle em Roma. O Barão se dirigia à igreja para tratar das exéquias de seu amigo Conde Augusto de la ferronnays, ex-embaixador da frança em Roma. falecido dois dias antes. O Conde de la ferronnays conhecera Ratisbonne no dia anterior ao de seu falecimento, e se dispusera a rezar para que o jovem judeu abraçasse o Cristianismo. No dia seguinte, durante a Missa que assistira na pequena Igreja de Sant Andrea dei/e Fra11e, rezara mais de cem Men,orares nessa intenção. À noite, falecera repentinamente, e há quem suponha que o velho diplomata tenha oferecido a vida para obter tal graça. O "cerco" em torno do judeu para conseguir a sua conversão foi iniciado pelo próprio Barão de Bussieres, que impusera ao jovem banqueiro de Estrasburgo que trouxesse ao pescoço uma pequena Medalha de Nossa Senhora então difundida amplamente pela f rança e outros países da Europa. A contragosto, Ratisbonne cedeu. O Barão de Bussieres entra na sacristia para tratar do assunto que ali o levara. Quando volta, não encontra o judeu no lugar em que o havia deixado. A nave central estava atravancada com as grandes peças de madeira do catafalco em· montagem para as exéquias do Conde, que se deveriam realizar naquela igreja, no dia seguinte. A custo ele descobre o jovem judeu de joelhos, em prantos, diante do altar lateral esquerdo.

N

Nossa Senhora lhe aparecera. No momento em que Bussieres o deixara para ir à sacristia, e le começou a vagar desinteressado pelo corredor lateral até o altar direito da igreja. De repente, todo o edifício sagrado desaparece a seus olhos. A capela simétrica, do lado esquerdo, se ilumina com uma alvur,i irradiante. Ao meio, de pé, uma Mulher admirável, grande, brilhante, cheia de majestade e de doçura, semelhante à Virgem da Medalha que ele traz ao pescoço. Uma força irresistível o atrai até Ela. Nenhuma lembrança lhe resta desse trajeto impossível percorrido num instante. Ei-lo diante da inefável Presen~. Ela se movimenta, se inclina, faz-lhe com a mão um sinal para que se ajoelhe, e com outro sinal exprime-lhe claramente: "Não resistas!" Ele se prosterna diante dEla na obediência total de

seu ser totalmente abalado. A mão parece dizer-lhe: "Está bem assim". Com o espírito subjugado pelo respeito, ele toca com a fronte o chão. Mas temeroso de perder esta beleza celeste, levanta a cabeça para admirá-La ainda uma vez. Porém, o fulgor é tão grande, e a veneração que experimenta tão pungente, tão terrificante é o sentimento do pecado em que viveu até agora, que, esmagado, ele não ousa mais levantar os olhos para esta Pureza. Ele se permite apenas contemplar aquelas mãos benditas. onde lê claramente a expressão de perdão e de misericórdia. A disformidade do pecado (de que ele adquire subitamente consciência), lhe inspira vergonha e horror inenarráveis. Suas lágrimas correm. Num só instante, sem preparação, sem catecismo, sem discussões. sem argúcias, por uma clara visão miraculosa, ele acaba de conhecer a magnificência da Igreja Católica . "Ela nada disse, mas eu con1preendi tudo" - observa Ratisbonne. O brilho se extingue, Nossa Sen.hora desaparece, a capela lateral retoma seu aspecto semi-obscuro. Ao fundo se nota um quadro esfumaçado representando o Anjo que apareceu ao jovem israelita do qual Ratisbonne leva o nome: Tobias.

A conversão de Afonso Tobias Ratisbonne teve uma repercussão mundial. Em Roma, em Paris, na Alsácia onde mora sua família, por toda a Alemanha, onde se estendem suas relações, não se fala senão deste golpe fulminante da graça que trouxe para o seio da Igreja um judeu tão pouco disposto a se tomar católico, rompido com o irmão que já se convertera ao Catolicismo. Em toda a aristocracia se faz esta pergunta: "O que aconteceu precisamente?" Os mais bem informados respondem: "foi a Medalha". - "Que Medalha?" - "A Medalha Milagrosa, que tanto rumor causa há dez anos, e que um amigo o havia forçado a trazer ao pescoço". O mais fulgurante milagre da Medalha Milagrosa acabara de acontecer. A Madonna dei Miràcolo - como a chamam os ita lianos - havia convertido o futuro Padre Afonso Ratisbonne, irmão do Padre Teodoro Ratisbonne, fundador da Congregação de Nossa Senhora do Sion, consagrada especialmente â conversão dos judeus.

A Vidente desconhecida EM 1842, QUANDO alguém queria saber a origem da Medalha Milagrosa, a resposta que obtinha era que Nossa Senhora a havia revelado a uma jovem religiosá d o Noviciado das filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, da Rue du Bac em Paris. Ninguém, entretanto, a não ser o confessor, sabia quem era a religiosa. O Arcebispo da capital francesa, Mons. de Quélen, patrono decidido da Medalha desde a primeira hora, não conseguiu conhecer a Vidente. O próprio Papa Gregório XVI, tendo manifestado tal desejo, não se viu satisfeito. O confessor da religiosa dizia-se vinculado pelo segredo da Confissão, e conseqüentemente impedido em consciência de lhe revelar o nome. "Catolicismo" (cfr. n. 0 312, dezembro d e 1976) já Embaixo: casa onde nasceu Catarina Labouré, em Fain•les- Moutiers, França . • Ao lado: Igreja de Moutiers-Saint-Jean. onde a Santa fez sua primeiro Comunhão.

mostrou com que meticulosidade o Pc. Aladei procurou manter afastada dos o lhares humanos essa a lma privilegiada da Mãe de Deus. Seis meses antes de sua morte, porém, a religiosa, impedida de ver seu confessor (já então não era mais o Pe. Aladel). recebeu da Vo1. interior que a dirigia, a autori1.ação

- e sem dúvida a ordem - de se abrir com sua Superiora. Mas foi só após a sua morte, no dia 31 de dezembro de 1876, aos 70 anos, que as irmãs da Coni;regação souberam que a Irmã Catari na Labouré, aquela freira exemplarmente despretensiosa e recolhida com quem haviam convivido durante mais de quarenta anos, era a feli z Vidente da Medalha mundialmente famosa.

Vocação provada Catarina l.abouré veio ao mundo no dia 2 de maio de 1806. Era a nona filha de um casal de proprietários rurais que possuia uma pequena quinta em fain-Jes-Moutiers, na Borgonha. Sua mãe, de origem distinta, ligada à nobreza do lugar, faleceu quando Catarina tinha apenas nove anos. Sentindo despertar em si a vocação. Catarina pediu ao pai autori1.ação para se tornar religiosa. Este se opôs terminantemente. pre-

Madonna dt1/ Mir/Jcolo -

Pe. Afonso Tobias Ratisbonne, judeu de Estrasburgo, cuja conversão teve repercus$IO mundial

tendendo guardá-la para amparo de sua velhice. Vendo que essa atitude autoritária não era suficiente para demover a fi lha , julgou de bom a lvitre "distrai-la", inspirando-lhe o desejo das coisas terrenas. A mudança de ares poderia despertar nela o gosto do prazer, a sede de viver. Paris, por exemplo ... Eis, pois, Catarina Labouré, em 1828, ajudando seu irmão num pequeno restaurante para operários, num dos bairros mais popu losos da capital. T inha ela 22 anos. Pedre iros, carpinteiros, pintores formavam o ambiente fácil de imaginar. Nenhuma palavra lançada pelos frequentadores pôde jamais abrir os lábios obsunadamente cerrados com que Catari na Labouré os servia. Ela se sentia supliciada em sala tão livre, onde não faltavam os gracejos e gala nteios.

Mas, a jovem soube impor-se. Murcharam os galanteios e os gracejos. Nem por isso, entretanto, a sala se transformou num parlatório de convento (dos bons tempos, entenda-se ... ). E a casta camponesa, que os operários interpelavam sob o nome de Mamzelle Zoé (seu apelido entre os íntimos) continuava torturada em tal ambiente. Durou cerca de um ano esse martírio. No segundo semestre de 1829, Catarina passou a residir com uma cunhada, mulher do irmão mais velho, que mantinha um pensionato pa ra moças em Chatillon-sur-Seine, na Côted'Or. Era para aí que uma parte da nobreza da Borgonha enviava suas filhas. Nesse pensionato, Catarina viveu com mais liberdade. e pôde melhorar algum tanto os rudimentos da escrita que aprendera com sua mãe até os nove anos. Ela nunca passará de semi-iletrada, escrevendo o francês em pitoresca ortografia fonética ... Final mente, o pai se deixou dobrar e ela recebeu a autorização paterna para se consagrar ao serviço de Deus. No dia 22 de janeiro de 1830, deu entrada no Hospital da Caridade, dirigido pelas Irmãs de São Vicente de Paulo, cm Chatillon-sur-Seine. Depois de três meses de postulantado, dirigiu-se enfim a Paris, o nde no dia 21 de abril de 1830 transpôs pela primeira vez os umbrais do Noviciado das Fi lhas da Caridade de São Vicente de Paulo, na Rue du Bac n.• 132 (atual n.0 140), lugar abençoado, onde teria suas mais extraordinárias visões.

''Profundamente aflito'' • o coração de São Vicente de Paulo TR~S DIAS DEPOIS da chegada de Catarina Labouré à Rue du Bac, deu-se a solene transladação dos despojos de São Vicente de Paulo, da Catedral de N"otreDame (onde se encontravam provisoriamente) para a Capela da Rua de Sevres (Saint· /.azare). Grande cerimônia. à qual assistiram o Rei Carlos X e o Arcebispo de Paris, Mons. de Quélen. No dia seguinte, as filhas da Caridade de São Vicente de Paulo in.i ciaram uma novena cm honra de seu patrono, na Capela de Saint-lazare. Durante a novena, que se estendeu de 24 de abril a 2 de maio, ao retornar cada dia de Saint-l.azare para a Rue du Bac, a jovem noviça tinha visões do coração de São Vicente, que ela assim descreve, na sua linguagem simples: "Eu pedia a São Vicente todas as graças que me eram necessárias, bem como para as duas Jamflias [Padres da Missão e filhas da Caridade de São Vicente de Paulo1 e para a França inteira. Parecia-me que elas tinham a maior necessidade dessas graças. Enfim,

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estampa repreMtntani

n• Igreja de Sant Andra

pedia a São Vicente que me ensinasse o que era preciso pedir com fé viva. E todas as vezes que voltava de SaintLazare, sentia muita dor. Parecia-me encontrar São Vicente na comunidade, ou ao menos seu coração, que n,e aparecia todas as vezes que eu voltava de Saint-Lazare. Ele me apareceu três vezes de modo diferente, três dias seguidos: branco cor de carne, o que anunciava a paz, a calma, a inocência e a união. Depois, o vi vermelho cor de Jogo, o que devia acender a caridade no coração. Parecia-me que a comunidade devia se renovar e estender-se até as extren,idades da Terra. Por fim, o vi vermelho-negro, o que me punha a tristeza no coração; vinham-me tristezas que tinha muita dificuldade em dominar. Não sei porque nem como, essa tristeza se relacionava com a mudança de governo". . A Vidente acrescenta que uma voz interior lhe disse: "O coração de São Vicente está \CATOLICISMO -


O mundo todo estará na tristeza'' A SANTA CATARINA LABOURÉ

cio • apariçlo de No"8 Senhora e Retlobonne, • deli, Fr•tt•. em Roma

profundamente afligido pelos males que se vão abater sobre a França". No último dia, uma vóz interior disse à Vidente: "O coração de São Vicente está um poucó consolado. porque obteve de Deus. por mediação de Maria, que suas duas familias não pereceriam no n,eio destas infelicidades, e que Deus se serviria delas para reanimar a fé". A Santa conclui sua narração dizendo que contou tudo a seu confessor, o qual procurou acalmá-la o mais possível, "desviando-me de todos estes pensamentos". O confessor da Santa Já era então o Pe, Aladel.

Vistes de Nosso Senhor A Providência, entretanto, preparava a alma de Santa Catarina l.abouré para as grandes revelações de Nossa Senhora que haviam de se seguir, elevando suas cogitações para os grandes interesses da causa da Igreja, tanto na esfera propriamente espiritual, como na temporal.

Em todo o período de seu noviciado, a Santa teve continuas visões de Nosso Senhor, que ela assim narra, em seu estilo direto e despretensioso, preocupada apenas em transmitir objetivamente os fatos: "Eu era favorecida com uma outra grande graça: a de ver Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento, que eu vi d11rante todo o tempo do meu noviciado: menos todas as vezes que duvidava. F.ntão, quando isto sucedia, não via mais nada, porque queria aprofundar, e duvidava deste Mistério. crendo-me enganada... No dia da Santlssima Trindade (6 de julho). Nosso Senhor me apareceu como um Rei com a Cruz sobre o peito, no Santíssimo Sacramento. Isto se passava durante a Santa Mi$$a. No momento do Evangelho, pareceume que Nosso Senhor era despojado de todos os seus ornamentos, caindo tudo por tera. Foi então que tive os n1ais negros e tristes pensamentos. Foi então que tive os pensamentos de que o Rei da terra seria perdido e despojado de suas vestes reais. Dai os pensamentos que tive. que não saberia explicar. sobre a perda que se fazia". Quem reconhece a importância de uma boa ordem na sociedade temporal para a salvação das almas, não estranhará que Nosso Senhor Jesus Cristo quisesse dessa maneira atrair a atenção da Vidente para acontecimentos de ordem política. E mesmo mostrar que o atentado à autoridade temppral legitima repercutia no Céu, represen~ndo um ultraje à própria Pessoa Divina: "todo poder vem de Deus': {Rom. 13, l). Assim, o despojamento das vestes do Rei da terra significava um despojamento dos próprios ornamentos divinos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Aparece a Virgem Sentlsslma "Catolicismo" já descreveu {n. 0 312, dezembro de 1976) a visão do dia 18 para 19 de julho {festa litúrgica de São Vicente de Paulo), em que Santa Catarina teve um inefável colóquio de duas horas com a Santlssima Virgem. "Ali se passou o momento mais doce de minha vida; ser-me-ia imposslvel dizer o que senti" - escreveu a Santa. Não obstante toda essa suavidade, a Mãe de Deus não deixou de advertir a jovem noviça para a gravidade da situação em que se encontrava o mundo: "Os tempos são muito maus, os males virão precipitar-se sobre a França. O trono será derrubado. O mundo inteiro será transtornado por males de toda ordem . .... Minha filha, a Cruz será desprezada e derrubada por terra. o sangue correrá. Abrir-se-á de novo o lado de Nosso Senhor. As ruas estarão cheias de sangue. .... O mundo todo estará na tristeza". Não é do modo de proceder habitual de Nossa Senhora anunciar perigos sem oferecer socorro. Por isso, Nossa Senhora acrescentou: "Mas vinde ao pé deste altar: ai as graças serão derramadas ..... sobre todas as· pessoas que as pedirem". - O altar em referência é o da Capela da Rue du Bac, onde a Mãe de Deus apareceu a Santa Catarina l.abouré.

Nossa Senhora mostra a Medalha A PRIMEIRA APARIÇÃO de Nossa Senhora deixou em Santa Catarina l.abouré profundas saudades. Ela ardia em desejos de ver. novamente a Mãe de Deus. Seus desejos seriam soberanamente cumulados. No dia 27 de novembro, a Santíssima Virgem lhe apareceu novamente e lhe fez a estupenda revelação da Medalha Milagrosa. A própria Vidente assim narra a Aparição, em texto dirigido ao seu confessor: "Parece-,ne que ainda estou nesse momento tão desejável para mim, sábado. véspera do primeiro domingo do Adve11to. Eu estava convicta de que veria ainda a Sa11IÍS· sima Virgem, que A veria em todo o esplendor de sua beleza. Eu vivia em tal esperança. J.M.J. No dia 27 de novembro de J830, que caiu no sábado antes do primeiro domingo do Advento, às cinco e n1eia da tarde, após o ponto da meditação, no gra11de silêncio, isto é, alguns mi1111tos após o ponto da meditação, pareceu-me ouvir um ruido do lado da tribuna, ao lado do quadro de São José, como o rocar de um vestido de seda. Tendo olhado desse lado, vi a Santfssima Virgem à altura do quadro de São José. A Santissima Virgem, de estatura média, estava de pé, vestida de branco, um vestido de seda branco-aurora feito à maneira que se chama Novembro de 1980

"a la Virgem", afogado. n,angas lisas, com um véu branco que Lhe cobria a cabeça e descia de cada lado até em baixo. Sob o véu, vi os cabelos lisos repartidos ao meio e por cima uma renda de mais ou n,enos três centlmetros de altura. sem franzido, isto é, apoiada ligeiramente sobre os cabelos. O rosto bastante descoberto, be,n descoberto mesmo. os pés apoiados sobre uma esfera, quer dizer, uma metade de esfera, ou ao menos não me pareceu senão metade, e depois tendo uma esfera de ouro, nas mãos, que representava o globo. Ela tinha as mãos elevadas à altura do estômago de uma maneira muito natural. os olhos elevados para o Céu ... Aqui seu rosto era n,agnificamente belo. Eu não saberia descrevê-lo ... E depois, de repente, percebi anéis nesses dedos. revestidos de pedras, 111ais belas umas que as outras, umas n,aiores e outras menores, que despediam raios mais belos uns que os outros. &ses raios partiam das pedras 111aiores os mais belos raios, sempre alargando para baixo, o que enchia todo a parte de baixo. Eu 11ão via 111ais os seus pés... Nesse mon,ento. em que estava a contemplá-La, a Santlssima Virge,n baixo11 os olhos, olhando-me. Uma Voz se fez ouvir. q11e me disse estas palavras: - "A esfera que vedes representa o mundo inteiro, particularmente a França ... e cada pessoa em particular..."

Aqui eu não sei exprimir o que senti e o que vi; a beleza e o fulgor. os raios tão belos... - "É o slmbo/o das graças que derramo sobre as pessoas que Mas pedem", Jazendon,e compreender quanto era agradável rezar à Santíssima Virgem e quanto Ela era generosa para com as pessoas que rezam a Ela, quantas graças concedia às pessoas que rezam a Ela, que alegria Ela sente concedendo-as... Nesse momento, eu era, ou não era, eu ,ne regozijava, eu não sei... Formouse um quadro em torno da Santlssima Virgem. um pouco oval, onde havia, no alto do quádro, estas palavras: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós", escritas em letras de ouro. A inscrição, em semicírculo, começava à altura da mão direita, passava por cima da cabeça e acabava na altura da mão esquerda. O globo de ouro havia desaparecido sob o fulgor dos feixes luminosos, jorrando de todos os lados, as mãos se havia111 inclinado e os braços permaneciam estendidos sob o peso dos tesouros de graças obtidos. Então, r,ma voz se fez ouvir, que me disse: "Fazei, Jazei cunhar uma medalha com este modelo. Todas as pessoas que a usarem receberão grandes graças, trazendo-a ao pescoço. As graças serão abundantes para as pessoas que a usarem com confiança ..." Nesse instante, o quadro me pareceu se voltar, onde vi o reverso da medalha. Preocupada de saber o que era preciso pôr do lado reverso da medalha, após muitas orações, um dia, 11a meditação, pareceu-me ouvir uma voz que me dizia: "O Me os dois Corações dizem o suficiente". Agora, há dois anos, sou atormentada e pressionada para vos dizer que construais um altar tal qual vos pedi, 110 lugar em que a Santíssima Virgem me apareceu. Ele será privilegiado de muitas graças e indulgências e uma abundância de graças para vós e para

Verso e reverso da Medalha Milagrosa. - Segundo ea instruções da própria Virgem Santfsalma. ajaculatória ..ó Maria concBblda som pecado. rog11/ por n6s que rBc.turomos a V6sn deveria começar e terminair à altura das mlos.

toda a con,unidade. e para todas as pessoas que vieren, rezar a Ela... "

Santa Cetarina labour4.. 101 26 anos

exprímir-Uie a beleza arrebatadora. As mãos, elevadas à altura do estômago de uma maneira muito natural, em atitude de oferecimento a Deus, seguravam uma esfera de ouro, que representava o globo, encimada con, uma pequena cruz de ouro. De repente, os dedos se apresentaram ornados de anéis e de pedras preciosas de um brilho muito grande; os raios que delas saiam jorravam de todos os lados, o que enchia toda a parte de baixo. de maneira que não se viam mais os pés da Santíssima Virgem. Os anéis eram em número de três em cada dedo. o n,aior perto da mão, um de grandeza média ao meio, e o menor na extremidade. Cada anel era revestido de pedras, mais belas umas que as outras, de um tamanho proporcionado, umas maiores e outras menores. As pedras maiores davam raios n1ais grossos, e as menores raios nzenores. Dizer-vos o que entendi no momento em que a Santlssima Virgem oferecia o globo a Nosso Senhor, é imposslvel transmitir...

Como eu estivesse ocupada em contemplar a Santíssima Virgem, uma voz se fez ouvir no fr,ndo do meu coração, que me disse: "E.stes raios são o slmbolo das graças que a Santíssima Virgem obtém para as pessoas que ilias pedem". &tas linhas de vem ser postas como legenda em baixo da imagem da Santlssima Virgem". A Vidente notou que de algumas pedras não saiam raios. Uma Voz lhe disse: "&tas pedras das quais não sai nada são as graças que os homens se esquecem de Me pedir". Na esfera branca. sobre a qual estavam apoiados os pés da Virgem Sant!ssima, "havia também uma serpente de cor esverdeada, com manchas amarelas'. 0

&raças que os homens não pedem A visão da Medalha Milagrosa repetiu-se

em outra ocasião {talvez dezembro de 1930), durante a Missa. A Vidente assim relata esta segunda Aparição: "... Vi a Santíssima Virgem junto do tabernáculo, por detrás. Ela estava vestida de branco... tendo sob os pés u,na esfera branca... Ela era tão bela, que me seria i111possfvel

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''Nossa Senhora está descontente'' , SERIA IMPOSSÍVEL analisar aqui adequadamente o conteúdo riquíssimo dessa mensagem. Em suma, Nossa Senhora promete a todas as pessoas que usarem a Medalha "grandes graças". E insiste que "as graças serão abundantes para as pessoas que a usaren, co111 confiança". Realmente, tão grandes e tão abundantes foram as graças concedidas à humanidade através dessa Medalha, que ela mereceu ser chamada Milagrosa. Seriam necessárias páginas e páginas para relatar todo esse itinerário maravilhoso, o qual entretanto não deixou de ter os clássicos percalços iniciais. O confessor, a quem a Vidente relatou as Aparições, mostrou-se cético. Recusou-se mesmo a receber a noviça, que insistia. Chegóu a tratá-la de "imaginativa", e até de "alucinada". No entanto, Nossa Senhora apareceu novamente, revelando pela terceira vez à Vidente a Medalha Milagrosa. Pouco se sabe - e nem sequer se sabe ao certo - desta quarta Aparição, que teria ocorri4ó no mês

de março, ou em maio de 183 l. Sabe-se apenas que ness;i Aparição {ou na anterior) Nossa Senhora avisou maternalmente a Vidente: "Minha filha, de ora em diante não Me vereis mais, mas ouvireis a minha Voz em vossas orações". E a Mãe de Deus Se queixou da negligência em mandar fabricar a Medalli.a pedida. A Vidente multiplicou pois as suas instâncias junto ao confessor: "Nossa Senhora quer... Nossa Senhora está descontente... É preciso mandar cunhar a Medalha... " O tom veraz da Vidente acabou por mover o ceticismo do Pe. Aladel. Este observou que ela, vivendo no meio de 150 pessoas, não deixava escapar a menor indiscrição. Ela não procurava aparecer nem se mostrar diante dos outros. Uma circunstância feliz abriu caminho para a realização dos deslgnios de Nossa Senhora. Em janeiro de 1832, o Superior da Congregação da Missão, Pe. Estêvão, teve de

A. A. Borelli Machado 5


Predições de Nossa Senhora ... tratar um assunto no Arcebispado, e levou consigo o Pc. Aladel. Este aproveitou a ocasião l?ªra expor ao Arcebispo os prodlgios ocorndos na Rue du Bac. O Arcebispo. Mons. de Quélen, escutou a narração e se interessou pelo caso. Ele não viu nenhum inconveniente em que·a Medalha fosse cunhada, pois tudo nela era conforme à Fé da Igreja e à piedade corrente dos fiéis. Ademais, a Medalha de si não empenhava a autoridade eclesiástica quanto ao reconhecimento das Aparições. O Arcebispo não via pois, na Medalha, senão um novo modo de honrar a Mãe de Deus, e encorajava o irresoluto Pe. Aladel a levar adiante o empreendimento. Mons. de Quélen quis, ele próprio, receber as primeiras medalhas que se fizessem. O Pe. Aladel mudou, assim, de atitude. E c?mcçou por divulgar as Aparições no âmbito das duas famílias religiosas de São Vicente de Paulo, sem entretanto revelar o nome da predileta de Nossa Senhora. Ao que parece, apenas uma freira soube penetrar o seu segredo. Foi a Irmã SéjoUes, a primeira professora de Catarina em Chatillon-sur-Seine. Chegando a Paris para seu retiro anual, a Irmã Séjolles soube dos grandes acontecimentos que se haviam desenrolado na Rue du Bac perante uma jovem noviça de 1830. - "Em /830? Uma jovem irmã do Seminário? Minhas irmãs, neste caso não pode ser outra senão nossa Irmã Catarina Labouré. Estejam certas de que es/a jovem eslá deslinada a receber os maiores favores de Deus". Mesmo antes disso, a Irmã Séjolles nunca ia a Paris sem passar pelo Asilo d'Enghien, em Reuilly, para onde a Irmã Catarina fora transferida, a fim de rever sua antiga aluna. Desta feita, ela a procurou com uma alegria toda especial. Elas se saudaram com um sorriso inefável. Elas se entreolharam e se compreenderam. A Irmã Séjolles teve vontade de se ajoelhar diante daqueles olhos límpidos que haviam contemplado a Santíssima Virgem ... Mas o segredo devia ser respeitado. Os olhos espessos das demais freiras jamais penetrariam esse mistério!

Primeiros prodlglos Em maio de 1832, o Pe. Aladel se decidiu, por,fim, encomendar na Maison Vacheue, de Paris, vinte mil medalhas.

Escrevem os leitores •

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lrml Catarln• LabouN viveu na obacurklade do1 afazere1 do convento. Ei-la costurando. Apena, seu confeNOr Nbla que ela vira No... Senhora.

d'Enghien, a Irmã Catarina a recebeu modestamente como sempre, mas com palavras de grande devoção a Nossa Senhora. - "Agora é preciso propagar es1a Medalha" - comentou a Santa. A Medalha ia assim fazendo o seu caminho. Curas extraordinárias - verdadeiramente miraculosas - se produziam, tanto do corpo quanto da alma. Mons. de Quélen, ardoroso propagador da Medalha, soube da morte iminente de Mons. Pradt, ex-pelão de Napoleão Bonaparte, ex-Arcebispo de Malines (Bélgica), cargo para o qual fora nomeado por vontade do imperador, sem o assentimento de Roma. Ele estava pois em rebelião contra a Santa Sé. O Arcebispo de Paris procurou o moribundo com a Medalha. Mons. de Quélen foi recebido pelo Prelado rebelde, que aceitou uma conversa banal, mas recusou violentamente tratar do assunto essencial. Repelido, Mons. de Quélen retirou-se, rezando a jaculatória: "O Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós". Mal o Arcebispo de Paris acabava de chegar à rua, o criado de Mons. Pradt correu atrás, pedindo desculpas da parte de seu amo, e rogando-lhe que vo~tasse. Tocado pela graça, o moribundo retratou-se de seus erros, reconciliou-se com Deus e com a Igreja, e faleceu na noite seguinte com sentimentos da mais sincera penitência.

guém falou de Lourdes com tanto calor como ela. Pois compreendia que era o último elo de uma cadeia que tivera início na Rue du Bac, em 1830.

Oltlma decepção Entretanto, faltava ainda um pedido da Mãe de Deus a ser cumprido. Era desejo de Nossa Senhora que se fizesse uma imagem representando-A com a esfera nas mãos, os olhos voltados para o Céu, rezando pelo mundo, conforme apareceu na primeira parte da visão da Medalha Milagrosa. Santa Catarina Labouré caminhava para o desfecho de sua vida sem ter conseguido que o Pc. Aladel e os sucessivos confessores a tivessem atendido nesse ponto. A Superiora da Santa era então a Irmã Dufês. Esta não escondia sua implicância com a Serva de Deus, a quem repreendia por faltas que não havia cometido. Não obstante, foi esta religiosa que colheu diretamente dos lábios da Vidente um novo e último relato completo das Aparições. G!,1iada pela Voz interior que a dirigia, a Vidente expôs à sua Superiora atônita e confusa, o pedido de Nossa Senhora que faltava atender. A Superiora caiu de joelhos diante da Vidente, pediu-lhe perdão e se humilhou diante dela. A primeira imagem da Virgem com o globo ficou pronta ainda em vida da Irmã Labouré, que a pôde ver e contemplar ... sem esconder no rosto sua decepção: "Era bem mais bela do que is10" - comentou. Não se sabe que expressão faria ela diante da imagem que afinal se colocou sobre o altar direito da Capela da Rue du Bac, no lugar exato em que Nossa Senhora revelou pela primeira vez a Medalha Milagrosa.

Graças reservadas... para quem pedir!

O corpo lncom,pto de Sante Cetarine Labour6 permanece expooto à veneraçlo pública no Santu6rio

de Ru• du B•c. em Pari,. onde M deram •• revelaQOea ao.bre a Medalha Milagrosa.

No dia 30 de junho de 1832 ficaram prontas duas mil, das quais algumas foram remetidas ao Papa Gregório XVI, que colocou uma delas ao pé de seu crucifixo e distribuiu as outras, com particular empenho, às pessoas que o visitavam. Outras foram enV1adas a Moos. de Quélen, que obteria logo uma graça extraordinária com uma delas. No dia da distribuição às freiras do Asilo

Esse e outros fatos corriam o mundo, justificando o nome de Milagrosa logo dado à Medalha. De 1832 a 1836, a Casa Vachette de Paris havia vendido 2.200.000 medalhas em ouro, prata e cobre. Onze outros fabricantes, na capital francesa, venderam juntos outro tanto. Em Lyon foram fabricadas seis milhões. Assim, no total, mais de dez milhões de medalhas somente na França. E ela já se espalhara por vários pafses da Europa.

Santa Catarina e o Dogma da Imaculada Conceição _APENAS ê POSSÍVEL acenar aqui muito de passagem P.ªra os múltiplos e grandiosos efeitos da difusão da Medalha. As Pias Uniões das Filhas de Maria, também pedidas por Nossa Senhora numa das Aparições a Santa Catarina Labouré, espalharam-se por todo o mundo preservando incontáveis gerações de m~ças dos efeitos deletérios da revolução dos costumes. Não é possivel falar das Aparições da Rue du Bac e da Medalha Milagrosa sem uma menção, ainda que rápida, ao profundo movimento de renovação religiosa que a Providência desencadeou a partir da devoção a Nossa Senhora das Vitórias, tendo como protagonista o Pároco dessa célebre igreja de Paris, Pe. Dcfriche-Desgenette, de piedosa memória. De tal maneira este se considerava ligado espiritualmente às Aparições da Rue du Bac, que vendo as Irmãs de Caridade afluirem à sua Paróquia - t<>rnada

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centro de atração religiosa - ele sempre dizia: - "Que fazeis aqui, minhas Irmãs? Vós abandonais a fonte para vir abas1ecer-vos no regalo?" O Pe. Aladel, entretanto, considerava que franquear a Capela da Rue du Bac ao público, como decorria obviamente das palavras de Nossa Senhora, iria transtornar a vida da comunidade... Em 1854, Pio IX proclamava o Dogma da Imaculada Conceição. Na preparação das almas para esse histórico acontecimento, a Medalha Milagrosa, com sua inscrição - "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós" - desempenhara papel relevante. Em 1858, Nossa Senhora aparecia a Bernadette Soubirous declarando: "Eu sou a Imaculada Conceição". A Irmã Catarina Labouré ficou vivamente impressionada. Nin-

Santa Catarina Labouré entregou sua alma a Deus no dia 31 de dezembro de 1876: eram 46 anos de vida religiosa passados em total obscuridade. Nossa Senhora, porém, incumbiu-Se de glorificar sua serva diante dos homens. No dia I 1 de fevereiro de 1907, a causa de beatificação da Irmã Catarina foi introduzida. No dia 11 de dezembro do mesmo ano, São Pio X a declarou Venerável. No dia 21 de março de 1933, procedendo-se à exumação canônica, o corpo da Venerável foi encontrado incorrupto e flexivel, como se tivesse acabado de morrer. Esse precioso corpo encontra-se atualmente sob o altar da grande Aparição do dia 27 de novembro. Beatificada no dia 28 de maio de 1933 por Pio XI, foi ela canonizada no dia 27 de julho de 1947 por Pio XII. Do alto dos Céus, Santa Catarina Labouré olha para a Terra neste sesquicentenário da grande Aparição da Medalha Milagrosa, e · certamente inquire o que é feito desse grande dom que, por seu intermédio, Nossa Senhora deu à Igreja. Estarão de pé as promessas de Nossa Senhora feitas em 1830? A Medalha Milagrosa conserva ainda o seu poder? Para os católicos que permanecem fiéis no meio da borrasca de nosso século, a resposta só pode ser: sim! Para eles estão reservadas as graças que os demais homens não quiserem receber. Essas graças estão reservadas também a ti, caro leitor.

BIBLIOGRAFIA

O relato das ApariQÕC:S apresentado neste artJgo corresponde fundamentalmente aos manuscritos da própria Vidente. completados cm algun.s pormenores por outras d.~laraç&,s da mC$ma Vidente catadas entre aspas pelos diversos autores. Para este artiio foram compulsadas e amplamente utilizadas as scgumtes obras: • Pe. Henrique Machado, "A Mtdalha Milagroso, sua hi.stória. simbolismo e liÇQes". Tip. Fonseca, Porto, 1930. • Colcttc Yver, ,.La vle stcrlte de Catherine I.Abourr, Edi1ions Spes, Paris, 40e. millc, 1935. • Edmond Crape:t, "U Messaçe du Coeur de Marle d Sai,rte Catherine Lobourt", Edit1ons Spes, Paris, 1947. • M.-Th. Louii-1..etêbvre, "/.e silence de Catherine l..ábourl", Descléc De Brouwer, 2c. ed., 1955.

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D. Neyda Esper Kali~, Passos (MG): ''A Administração de CATOLICISMO imprimiu um artigo sobre o comunismo muito bom. Isto serve 1 íle um sinal de alerta contra o comunismo, que na realidade muita gente desconhece". D. Helena Neves da Silva, Lavras (MG): "Leio com muito interesse o CATOLICISMO para saber sob.re a Igreja, a Religião e o mundo. Considero a única leitura puramente verdadeira e instrutiva". Sr. Antonio Gilberto Oliveira Cesar, Piracicaba (SP): "Só tenho que agradecer pela boa ori_entação dada por este mensário, devido ao bom nível com que as matérias publicadas são expostas e analisadas. E pediria que· fosse atacado com mais ênfase o proble.ma da imoralidade, tão difundida pelas revistas e cinemas, causando grande prcjuizo à moral da sociedade''. Prof. Francisco de Figueiredo, Salvador (BA): "No último número de CAífOLICISMO (n.0 357) na seção "Escrevem os Leitores";' a Sra. Zuleika da Veiga Oliveira critica o "elitismo" deste jornal. Acha ela que · o mesmo deveria adotar uma temática "mais simples e acessível a lei10res de n1enos cu/11,ra". Ela cai num erro muito comum na cultura moderna. Ora, a soJução está, não. em tornar vulgar o mensário mas em elevar, se possivel, o nivel cultural dos menos cultos. Como o espaço desta seção é. curto, reduzo-me a esta breve refutação que espero seja entendida como uma critica construtiva. Para maiores esclarecimentos a leitora pode dispor de meu endereço se quiser: R. Castanheda, 63 (Nazaré) - 40000 - Salvador, BÍ\". E. G., Sio Paulo (SP): "Relendo CATOLICISMO n.0 348, de dezembro de 1979, observei um pequeno engano. No artigo "U,n peregrino em Belém . de Judá" lê-se: "... Raquel, esposa de Jacó, mãe de 12filhos que deram origem às tribos de Israel. Mãe, portanto, de Judá... " O redatoi cometeu ai um equivoco, pojs, de fato, Jac6 casou-se quatro vezes. A primeira, com Lia, da qual teve Rubens, Simeão, Le~i, Judá, Issacar, Zabulão e uma filha, Dína. Do segundo ~amento, com Raquel, teve apenas dois filhos, José e Benjamim. De .terceiras núpcias nasceram Dan e Neftali. Fínalmente, do quarto matrimônio vieram à luz Gad e Aser, co.mo se vê no Cap. 35 do Gênesis". • N.R. - O leitor tem razão e agradecemos a precisão.

.Ato1ncnsMo MENSÁRIO com tprovaçio ttleslútk.1 CAMPOS -

ESTADO DO RIO

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CATOLICISMO -

Novembro de 1980


RECIFE E O ENCANTO DAS AGUAS Recife em principio• do século XIX (bico de pena da época)

Q

UANDO OS POVOS escrevem no pergaminho da História, são as grandes cidades de tradição secular que ornam, como iluminuras variadas, as iniciais maiúsculas de cada capitulo dos códigos imemoriais. A paisagem natural as emoldura e marca com um selo primeiro e pe.rene. Assim, em certos casos as montanhas conferem à cidade um ar liierático e solene. Outras vezes ela emerge cheia de garbo, dominando a imensidão da plan(cie. Ou ainda refletindo-se serena e majestosamente nas águas de um rio ou de um lago. O esplrito humano poderia•estabelecer mil correlações entre cidades célebres e a paisagem que as distingue: Jerusalém e os montes ... Roma e as sete colinas ... Paris e o Sena... Veneza e o mar... Mas estas são urbes que a presença augusta do sobrenatural ou a beleza excelsa imprimida pela civilização cristã tornaram paradigmas. Voltemos então nosso olhar para exemplos mais próximos, embora

da de abundantes águas refletindo um céu aberto aos horizontes e aos ventos.

Recife já o.rnamenta um capitulo de nossa História. Foi ali junto a ela que se travaram as batalhas decisivas para a expulsão dos holandeses calvinistas. A apenas alguns quilômetros da cidade, a secular igreja erguida por Francisco Barreto de Meneses no alto dos montes Guararapes, evoca a milagrosa intervenção de Nossa Senhora das Viiórias, incutindo terror nos hereges invasores. Na recordação dessa epopéia, Recife cresceu junto ao mar, deste se resguardando apenas pelos arrecifes que dão nome à cidade. O encontro de dois rios - o Capibaribe e o Beberibe - a divide em três partes. Seu movimento cresceu com a presença batava. Mas só em 1705 D. João V a elevaria à categoria de vila e em I 823 D. Pedro I a chamaria de cidade. Pouco depois, em 1827, o

L, t . .,

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Pitoresca do Recife Antigo ... Com autorização gentilmente concedida pelo Sr. Wilton Sctte, filho do Autor, reproduzimos aqui algumas descrições sobre a cidade que constam dessa evocativa obra.

Em 1816 o comerciante francês Tollenare descrevia a bordo uma cena ainda hoje familiar aos recifenses. O mar luminoso coberto de pequenos barcos ou jangadas, nas

Na Rua da Aurora ainda ae v6em edifícios aristocr6ticoa de outrora. como

menos ricos, como é natural que o sejam em um pa(s jovem de apenas quatro séculos. Não cogitemos, no entanto, das cidades marcadas pelo cosmopolitismo trazido pelo progresso dos últimos anos. Os arranha-<:éus de São Paulo praticamente não se diferenciam daqueles erguidos em Tóquio, Nova York, Sydney ou mesmo nas partes modernas de Paris ou Frankfun. Temos em vista o aspecto autênoco, orgânico e peculiar de nossas cidades. Assim, poderíamos considerar os charmes do Rio de Janeiro, no meio das maravilhas naturais que lhe servem de esplêndido cenário, o colorido esfuziante de Salvador, a serena grandeza do conjunto arquitetônico barroco de Ouro Preto... e tantos outros exemplos dos mais variados Estados brasileiros. Cada uma dessas cidades reflete um aspecto, um matiz especifico da alma brasileira. Entre elas, Recife, rodeaCATOLICISMO -

Conselho da Provincia de Pernambuco a escolhia para capital. Recife suplantava então, definitivamente, a bela e senhorial vizinha - Olinda. A essa primazia não é alheia a beleza natural de sua posição geográfica. O escritor pernambucano Mário Sette (1886-1950) reuniu em "Arruar" (Liv.-Ed. Casa do Estudante do Brasil, Rio de Janeiro, 1952) a "História

Novembro de 1980

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da atual Assembléia Estadual e do Gln1hio Pernambucano

quais pescadores se aventuram mar adentro com uma audácia assombrosa. Mais além o visitante pinta outro recanto da cidade: "A ponte que conduz de Santo Antônio à Boa Vista serve de passeio durante as belas noites deste clima; é guarnecida de bancos; o panorama que dali se descortina é

Barcaçaa e Jangades perto do Recife -

encantador: ao Norte vê-se a cidade e os pitorescos outeiros de Olinda; ao Sul o rio Capibaribe, o aterro dos Afogados e tambén1 o Oceano. Canoas [ ... ) cruzam-se em todos os sentidos sobre as águas ,nansas do rio; no horizonte, as ligeiras jangadas. con, suas velas triangulares. são o joguete das ondas agitadas". Ponto ideal para agradáveis serões, dali se divisavam mastros de veleiros, evocativos de aventuras e terras longínquas.

quadro de Telles Junior

As águas do rio Capibaribe deslizam rumo ao bairro de Madalena, em cujas margens flanqueadas por palmeiras imperiais, as casas apalaciadas abarrotavam seus empórios. Do cais da Aurora na rua do Sol ao cais da Lingüeta, na velha entrada para Recife, as águas deslizam placidamente. Do antigo ancoradouro interno, avista-se o Fone do Picão, outrora chamado o Castelo do Mar. Ali o oceano próximo parece mais fami.liar, ban.hando os recifes que guarnecem a cidade com suas ilhas. E depois, as águas do mar se espraiam até o horizonte, que parece próximo. O céu, ao contrário, parece mais amplo e aberto que cm outros lugares.

E a vida na cidade, como seria? Eis como um trecho de Mário Sette a retrata:

"O ••mato" era a frescura no verão, as fruteiras pejadas. os chalés de azulejos. os solares de sótãos e terraços de pedra de lioz, os caran,anchões perto dos n1uros para ver quem passa, as figuras de louça do Porto, a vida regalada da mesa farra, do leito macio e das palestras convidativas. Sem falar na dança, nos jogos de vfspora ou gamão, nas músicas e nos cantos ao piano. As famf/ias dos comerciantes, afeitas à moradia nos sobrados, por cima das lojas, embora com o prazer dos mirantes e dos torreões, gostavam do verão nos arrabaldes. Os mirantes preponderam em muitos dos prédios dos antigos bairros do Recife: eram as sotéias, de excelente vista para o mar e para os campos. Ponto de reunião, à noite, para palestras e sonecas. Jardins de inverno ... Noites estreladas ou de luar. As vizinhas mais Intimas si,biam até lá. Chá com sequilhos e tortinhas, licor de jenipapo, garapas de maracujás... E a paisagem do alto. Tudo chão, tudo visível, tudo amplo. A planura interrompida de quando em quando pelo enxerimento potâmico. As pon· tes acolchetando os bairros. Massas verdejantes de cajueiros, de mangueiras. de coqueirais. Distantes colinas. Os próprios mangues alimentavam motivos de encanto nas subidas das marés em largos espelhos d'água. E mais praias, jangadas, velhos forres, matas, debaixo de um céu sem fiapo de nuvem. Mirantes ..... Mesmo nos arrabaldes, quadros pitorescos: "Caxangá não era nem o poético Apipucos, nem o aristocrático Jaboatão, nem o suntuoso Poço, nem a gentil Olinda, nem a européia Passagem, nem a orgulhosa Ponte de Uchoa, mas é o humilde Caxangá onde as familias parecem ser uma só famflia".

Nesse ambiente desenvolveramse inteligências ágeis como os rápidos e elegantes veleiros; esp!ritos lógicos e firmes como os fortes e arrecifes, mas ao mesmo tempo versáteis e matizados como o movimento das ondas do mar ("maré me leva, maré me traz", dizia-se); plácidos como as águas do rio; altaneiros como as palmeiras imperiais. "Cada qual é um literato, cada qual é um escritor, cada qual é um poeta, cada qual é um orador", asseguravam antigos versos pernambucanos. Nas conversas ao cair da tarde, saboreando, como era frequente, o delicioso e refrescante abacaxi da região, o recifense enriquecia seu esplrito criativo e imaginoso. Desde o jangadeiro, em sua solitária contemplação do mar, até o prestigioso senhor de engenho, habituado ao rude cxercicio do mando como às amenidades dos salões, ninguém negaria o papel benéfico das águas marltimas ou fluviais que tornam suave o clima e arejam as mentes.

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CHILE: TFP COMENTA NOVA CONSTITUIÇÃO OM DATA de 8 de setembro p.p., a TFP andina publicou na grande imprensa de Santiago extenso documento, por ocasião da convocação do plebiscito constituciónal formulado pelo governo do Chile. Assinado pelo·Sr. José Antonio Ureta Zaõartu. diretor da associação, e sob o título "A TFP chilena ante a nova Cons1ituição e a guerra psicol6gica", o documento analisa o projetO' do texto funda-

C

mental recentemente aprovado em plebiscito. Tomando por base o ponto de vista tspecífico da defesa dos três valores básicos da civilização cristã - a Tradição, a Família e a Pro· priedade -, a entidade assinala o que nele encontra de positivo, como também os aspectos que considera criticáveis. Resumimos a seguir os trechos que julgamos apresentar maior interesse a nossos leitores.

A respeito dos prazos para a vigência plena da constituição, a TFP chilena só comenta que a duração do período de transição sob a atual presidência, ainda dotada de poderes excecionais, com a Junta de Governo conservando as faculdade.s legislativas, inspira-se no desejo manifesto de cortar o passo a fórmulas politicas cuja lndole é favorecer o comunismo. Com efeito - expressa o documento - isso sucederia fa. cilmente se se implantasse um governo transitório de coalizão, possibilitando, por exemplo, a volta ao poder de um Eduardo Frei. Pois isto significaria o recomeço do processo - descrito "pelo célebre best· se/ler "Frei, o Kerenski chileno" que condupu o Chile à nefasta expe· riência marxista. Sob esse ponto de vista, a -T FP chilena manifesta seu aplauso ao propósito que inspirou tais medidas de cautela.

com franqueza que, se é certo que as autoridades do pais formularam alusões específicas a essa luta, o atual governo não chegou a desen· volver uma ação que abarque todos os aspectos da mesma. Com efeito, diz o documento, a luta anticomunista levada a cabo por organismos oficiais sujeita-se principalmente a uma mobilização de ofensiva contra a sui,versão, enquanto, de modo positivo, o governo realiza o esforço de consolidar a situação econômica, procurando, com imaginação, abrir novas perspectivas de progresso para os chi· lenos. Aspectos esses que, entretanto, respondem de modo incompleto à autêntica e desconcertante forma de guerra que o imperialismo vermelho desata contra o Chile como contra todo o Ocidente. De fato, os dispositivos da guerra psicológica revolucionária no pais aceitam o desafio da fórmula ~repressão-desenvolvimentofl, encolhendo suas garras e limita.ndo-se a clamar hipocritamente pela liberdade e a estimular descontentamentos sociais circunscritos, de aparência não ideológica. Criam assim a ilusão de que o perigo comunista deixou de existir. O principal resultado desta justaposição de fatores não é, evidentemente, o avanço direto do marxismo, mas tem sido uma espécie de vazio ideológico entre os anticomunistas e os não-<:omunistas, acompanhado de um estado de espí·

Buerra pslco16glca revoluclonlirla Chamando a atenção sobre a importância da guerra psicológica revolucionária promovida pelo CO· munismo internacional (cfr. PuN10 CoRREA DE Ouve1RA, "Revolução e Contra-Revolução, vinte anos de· pois", in "Catolicismo" n.0 313, janeiro de 1977), e tratando dos efeitos atuais da guerra psicológica no Chi· le, a TFP andina se permite dizer

Menilestaçlo popular de 101ideriedede 101 d"8propriadoa .,.,. Reforme Agliria no povoado de

Curacavl. no, tempoa de

AUendo. A TFP chilena vottou a pronunciar~.e recentemente sobro 01 do.tino, de ..._. pefa.

rito gradualmente desprevenido destes últimos setores em face da ameaça vermelha. Isso, por fim, poderá acabar solapando as bases de apoio do atual regime. E então terá chegado a hora da contra-ofensiva revolucionária. Poderiamos ilustrar - continua a TFP andina - a progressão desse processo de dissolução gradual das resistências contra o comunismo com países que a estão sofrendo em grau maior ou menor, nos quais a fórmula "repressão-desenvolvimcntofl se mostrou incapaz de dar uma resposta adequada: aí estão, por exemplo, a Espanha, o Irã, que, ressalvadas as diversidades e alternativas episódicas, trilham por um caminho imprevisível. A observação atenta da realidade exposta leva a TFP chilena a ex-

pressar publicamente o desejo que não suceda o mesmo em seu pais. Tanto mais que, enquanto no Episcopado de outros paises da América do Sul existem Bispos que se manifestam nitidamente anticomunistas, no Chile a quase totalidade da Hierarquia se coloca entre a neutralidade e o favorecimento da esquerda. Situação que· a experiência tem mostrado até onde pode ser nociva para a Igreja c para o pais.

Aplauso e receio Concluindo esse transcendental manifesto, a TFP chilena declara que, em resumo, considerando todo o complexo conjunto de fatores analisados, aplaude no essencial o delicado trabalho de institucionalização que, com tanto cuidado, as auto·

ridades realizam. Mas assinala com franqueza e espírito de respeitosa e leal colaboração que: 1. A TFP andina não teme a democratização que a nova constituição do Chile propõe, se essas mesmas autoridades e as próximas, assim como os dirigentes da sociedade em todos os níveis, souberem desenvolver uma contra-ofensiva ampla e eficaz à guerra psicológica revolucionária. 2. Receia, por outro lado, que as numerosas medidas preventivas inseridas no texto constitucional pa· ra defender o pais contra a subversão, se tornem progressivamente inefica1.es, caso o governo e a opinião pública não se disponh_am a,_ mante~se alertas ante as exigências mais atuais de uma luta multiforme, sutil e permanente como a des~rita acima.

Bispo cumpriu 22 anos de prisão na China comunista TAIP!; -Em recente artigo no '"Bulletin Today··, o senador filipino Jovito R. $alonga afirma que o Bispo de Cantão (na China comunista) passou 22 anos na prisão, tendo sido libertado cm julho último. Trata-se de D. Dominic Tang, encarcerado "por sua obediênda ao Papa

Pio XII", que condenou a formação de uma igreja na•

cional chinesa, separada de

Roma. Proibido de celebrar

Missa na prisão, o Prelado ·chini!s acabou esquecendo o

ritual latino, "mas nunca abandonou a Fé", assegura

Jovito Salonga. O senador filipino esteve na China vermelha na qualidade de membro do "United Board for Higher Christian Education in Asia" e afirma

JOANESBURGO - Com

Trem brasileiro movido a ar

existirem pelo menos um Bispo católico e 36 Sacerdotes ALEGRE - Oojesuítas presos pelo regime poisPORTO que o Minisiério dos de Pequim. (ABIM) Transportes encomendou um protótipo para 100 passagei• ros a fim de colocar cm fun-

O protótipo do Hrom6wl braali.lro na Feira de Hannowr, Alemanha

Oposição antimarxista em Moçambique '

quase oito quilômetros em

o recente fuzilamento de tras

pessoas acusadas de espionagem e sabotagem, eleva-se a 39 o número de vitimas fuúladas pelo governo marxista da Frelimo. que insti-

Brasil: País socialista?

a pena de morte cm Porto Alegre, reina grande 1uiu Moçambique no ano passaexpectativa cm torno do aero- do. RECIFE - ··o que/alta m6vel. • paro o Brasil considerar-se Com o crescer do desconInventado pelo induslÁal cionamento uma linha de gaúcho Oskar Coes1er, o vcf. tentamento entre a popula- um pais socialista?'", pergunculo impresiona por sua sim- ção, o partido único do pais, ta Marco Aurélio de Alcânplicidade: corre sobre trilhos chefiado por Samora Machel, tara no ··Jnformativo Econôestruturados cm duto metá- sente-se ameaçado pelo mo- mico" do "Diário de Pernamlico pelo qual circula ar com- vimento clandestino denomi- buco" (10/ 10180). O colunista mostra-se aprimido. Este impulsiona uma nado "Resist~ncia Nacional larmado com os passos larMoçambicana". (ABIM) aleta existente no bojo do aeram6vel. O ar é injetado no duto por motores elétricos dispostos cm cada esta· ção, a intervalos de 500 metros, ao longo da linha. O atual protótipo cm testagem já transportou 26 mil pessoas, COM O EMPREGO do um famoso jogador britâniinclusive o Presidente da Re- carvão fibra na cirurgia or- co de rugby, num hospital de pública. topédica, a África do Sul vai Joanesburgo. O desenvolvimento do se colocando na liderança Além dos benéficos efeiprojeto. executado mediante mundial quanto ao uso dessa tos na medicina, a substância acordo entre Coestcr e a Em- substância, que pode revolu· vem igualmente merecendo a presa Brasileira de Transpor- Clonar a medicina nos pró- atenção da ciência veterinátes Urbanos. custou a essa ximos anos. O departamento de ciDr. David Jenkins, um ria. empresa es1atal apenas 4 mi• rurgia veterinária da Univer!hões de cruzeiros. O preço g;ilês, o primeiro médico a de Pretória está avado projeto a ser posto cm utilizar carvão-fibra na res- sidade liando com carvão-fifuncionamento em Porto A· tauração de li~mentos rom- bra cm testes ligamentos, tendões e legrc corresponderá aos gas- pidos, transmitiu seus conhe- placas de suporte para uso tos para a construção de 100 cimentos ao Dr. Angus Stro-- cm animais. Resultados pomelros de metrõ. O oerom6- ver, no Hos·pital Tembisa, sitivos vem sendo obtidos, vel deverá transportar até que introduziu a nova técni- especialmente em cavaJos. 6 mil passageiros por hora. ca na África do Sul. Além de ser mais leve e consumindo apenas 20 watts Resultados bem sucedi(uma lâmpada comum gasta dos têmaSc comprovado em mai.s forte, o carvão-fibra a60 watts) por passageiro/qui- várias experiências. entre elas presenta vantagens cm relalômetro. E mw10 ar... (ABIM) na recuperação do joelho de ção ao aço inoxidável e ou-

gos da estatização no Pais: 65% da economia, segundo ele, encontra-se em mãos do

Estado; 25%são con1rolados por transnacionais e apenas

10% cabem às empresas na-

cionais. ''rfmidas. pequenas ou médias. clientes contu• mazes dos bancos oficiais".

Carvão-fibra inova medicina tras substâncias u1ilizadas na cirurgia ortopédica, sobre1udo por não provocar rejeição do organismo humano e induzir ao crescimento de novos tecidos. Don Hourahane, da Plastifil. empresa sul-africana que vem produzindo o carvão-fibra, declara: "Testes têm demonstrado que ele é duas vezes mais /or1e que o alumfnio, à razão da metade da massa. ou tão forre como o aço, a 20por cento da massa··.

Lartamente utilizada na indústna automobillstica fora da África do Sul, aquela substância pode servir ainda para ·a confecção de mem· bros artificiais. (Peler Krone -ABIM)


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ll N.0 360 -

Dezembro de 1980 -

Diretor: Paulo Corrêa de · Brito Filho

Ano XXX

SUPLICA JUNTO AO PRESEPIO PROXlMA-SE mais uma vez, Senhor, a festa de vosso Santo Natal. Mais uma vez, a Cristandade se a presta a Vos venerar na manjedoura de Belém, sob a cintilação da estrela, ou sob a luz ainda mais clara e fulgente dos olhos maternais e doces de Maria. A vosso lado está São José. tão absorto em Vos contemplar. que parece nem sequer perceber os a nimais q ue Vos rodeiam, os coros de Anjos

A

que rasgaram as nu vens e cantam.

bem visíveis, no ·mais alto dos Céus. Daqui a pouco se ouvirá o tropel dos Magos que chegam, trazendo no dorso de extensas carava nas presentes de ouro, incenso e mirrn, guardados po r famulagcm sem conta. No decurso dos séculos, outros virão venerar vosso presépio: da Índia, da Núbia, da Macedônia, de Roma, de Cartago. da Espanha , gauleses, francos, germanos. anglos, saxôes, normandos. Aí estão os peregrinos e os Cruzados que vieram d o Ocidente para beijar o solo da gruta em que nascestes. Vosso presépio encontra-se agora cm toda a face da Terra. Nas grandes cated rais gót icas o u românicas, nas mesquitas conquistadas ao mouro e consagradas ao c ulto verdadeiro, multidôes ,imensas se acumulam cm torno de Vós. e Vos trazem prescn-

ram o tesouro inapreciável de vossa paz. Superando todos os obstáculos, a palavra evangélica se fez ouvir por fim aos povos do mundo inteiro. No meio da desolação contemporânea, esta grande anuência de homens, raças e nações em torno de Vós é, Senhor, a única consolação, a esperança que resta. E no meio de t,antos, eis-nos aqui também. Estamos de Joelhos, e Vos olhamos. Vede-nos, Senhor, e considerai-nos com compaixão. Aqui estamos. e Vos queremos falar.

Nós? Quem somos nós? Os que não dobram os dois joelhos, e nem sequer um só, diante de Baal. Os que temos a vossa Lei escrita no bronze de nossa alma, e não permitimos que as doutrinas do século atua l gravem seus erros sobre este bronze que sagrado vossa Redenção tornou. Os que amamos como o mais precioso dos teso uros a pureza imaculada da ortodoxia, e que recusamos qualquer pacto com a heresia, suas obras e infiltrações. Os q ue temos misericórdia para com. o pecador arrependido, e que para nós mesmos, tantas ve1.es indignos e infiéis, imploramos vossa misericórd ia - mas que não po ui..:s: o\1ro, p1a:a, incenso, e :ioi.>rc:tudo pamos a impicuadc insolente e orgua piedade e a sinceridade de seus lh osa de si mesma, o vício que se escoraçõc~. tadcia com ufania e escarnece a vir Abre-se o ciclo da expansão oci- tude. Os q ue temos pena de todos dental. Os benefícios de vossa Re- os homens, mas particularmente dos denção jorram abundantes sobre terras bem-aventurados que sofrem persenovas. Incas. astecas, tupis, guaranis, guição por amor à vossa verdadeira negros da Angola, do Cabo ou da Igreja, q ue são oprimidos cm toda Mina, hindus bronzeados, chi neses a Terra por sua fome e sede de viresguios e pensativos, ágeis nipônicos. tude, que são abandonados, esca rtodos estão c m torno de vosso pre- necidos, traídos e vilipendiados porsépio e Vos adoram. A estrela brilha · que se conservam fiéis à vossa Lei. Aqueles q ue sofrem sem que a liagora sobre o mundo inteiro. A promessa angélica já se fez o uvi r a todos teratura contemporânea se lembre os povos, e sobre toda a Terra os de exaltar a beleza de seus sofrimencoraçôes de boa vontade encontra- tos: - a mãe cristã que reza hoje so4

P'fosépio napolitano pertencente ao acervo do M useu de Arte e Artesanato de Hamburgo# Alemanha (foto: Impressões da Alemanh&/Hamburg•lnformetion).

zinha d iante de seu presépio, no lar a bandonado pelos filhos que profanam em orgias o dia de vosso Natal; • o esposo austero e forte que pela fidelidade a vosso Espírito se tornou incompree ndido e antipático aos seus; - a esposa fiel que suporta as agruras da solidão da alma e do coração, enq uanto a leviandade dos costumes arrastou ao aduhlrio aquele que de\lt.ra ser pa,a c•,l" ..1 .',itluua ôc seu lar,

a metade de sua al ma; - o filho ou a filha piedosa. que! durante o Natal, enquanto os la res cristãos estão em festa, sente mais do que nunca o gelo com q ue o egoísmo, a sede dos prazeres, o mundanismo, paralisaram e mataram cm seu própriç lar a vida de famí.lia; - o aluno abandonado e vilipendiado por seus colegas. porque permanece fiel a Vós; - o mestre detestado por seus discípulos, porque não pactua com seus erros; - o eclesiástico que sente erguer-se em torno de si a muralha sombria da incompreensão ou da indiferença, porque

se recusa a consentir na deterioração do depósito da Fé que lhe foi confiado; - o católico fiel, asfixiado pela "funiaça de sa1a11ás" que penetrou no Templo de Deus, e que é tratado como um estranho na casa de sua Mãe, a Igreja; - o homem honesto que ficou redu1jdo à penúria porque não ro ubou. Estes são, Senhor, os que no momento presente. dispersos, isolados, ignorando-se uns aos outros, entreta nto, agora, se acercam de Vós para oferecer o seu d om e apresentar a sua prece.

Dom tão esplêndido na verdade, que se eles Vos pudessem dar o sol e todas as estrelas, o mar e todas as suas riquezas, a terra e todo o seu esplendor, não ofertariam dom igual. I'.; o dom de si, íntegro e feito com fidelidade. Quando eles preferem a ortodoxia completa às palmas dos

fariseus; quando preferem a pureza à popularidade entre os ímpios; quando escolhem a honestidade de pre-· ferência ao ouro; quando permanecem na vossa Lei ainda que por isto percam cargos e glória, praticam o amor de Deus sobre todas as coisas, e atingem a pe rfeição da rija, espiritual e verdadeira dileção. Não, por certo, do amor como o entende o mundo. amor todo feito de sensibilidade desordenada e de ilog,ismo. Mas o amor verdadeiro, iluminado pela Fé, justificado na ra1.ão, sério, casto, reto, perseverante. Em uma palavra, o amor de Deus. E eles Vos formulam uma prece. Prece, antes de tudo, por aquilo que mais amam no mundo, que é a vossa Igreja santa e imaculada. Que vossa Igreja triunfe por fim deste século de pecado e plasme para vossa mªior glória uma nova civilização. Pelos santos, para que sejam mais santos. Pelos bons, para que se santifiquem. Pelos pecadores, para que se tornem bons; pelos ímpios, para que se convertam . Que os impenitentes, refratários à graça e nocivos às almas, sejam dispersados, humilhados e aniquilados por vossa punição. Que as almas do Purgatório quanto antes subam ao Céu. Prece, depois, por si mesmos. Que os façais mais exigentes na ortodoxia, mais severos na pu1er.a, mais fiéis na adversidade, mais altivos nas humilhações, mais enérgicos nos combates, mais terríveis para com os ímpios. mais compassivos para com os que, envergonhando-se de seus pecados, louvam de público a virtude e se esforçam seriamente por a conquistar. Prece, por fim , para que vossa graça, sem a qoal nenhuma vontade persevera du ravelmente no bem e nenhuma alma se salva, seja para eles tanto mais abundante quanto mais numerosas forem suas misérias e infidelidades.

Bom Jesus do Itabapoana consagra-se aos Sagrados Corações

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D. Antonio de Castro Meyer. o Prefeito Municipal. Sr. Jorg~ As.ia de Oliveira. e o Pe. Francisco Apoliano. ladeados pelo Viee•profeito, Sr. Adilio Pimentel (à esquerda). e Dr. José Ronaldo do Canto Cyrillo, MM. Juiz de Direito, após a solene consagraçl,o do Municfpio de Bom Jesus do ltabapoana ao

Segredo C,o raçlo de Jesus e ao Imaculado Coraçlo de Maria.

O ANO DE 1980 é marcado pelo tricente nário da morte do grande apóstolo da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculad o Coração de Maria: São João Eudes, falecido cm 19 de agosto de 1680. Criador dos primeiros seminários para a formação dos Padres. fundador da Congregação de Jesus e Maria, bem como da Ordem de Nossa Se nhora da Caridade e da Com unidade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - da qual surgiu depois a Congregação das Irmãs do Bom Pastor - , missionário

incansável. pregador insigne, inclusive na Corte de Luís XIV, e confessor de Ana d 'Áustria. mãe do " Rei Sol", aquele santo certamente nunca iria imaginar q ue a devoção que mais se empenh ou em difundir haveria de ílorescer, sécu los mais tarde. cm Bom Jesus do Itab.a poana. Por isso, no Céu, São João Eudes, o próprio Divino Saivador e sua Mãe Santíssima, devem ter acolhido com especial compra2imento o oferecimento daquele município do norte íluminense, efetuado pelas mãos da

Santa Igreja, aos Corações de Jesus e Maria. Também é oportuno lembrar que um dos requisitos para a conversão da Rússia é sua consagração ao Imaculado Coração de Maria. conforme revelação de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos, em 1917. Coube às próprias autoridades de Bom Jesus do ltabapoana a bela iniciativa de pedir ao Exmo. Sr. Bispo Diocesano a consagração do Município aos Sagrados Corações. A Câmara local aprovou a idéia apresentada pelo Chefe do Executivo municipal, Sr. Jorge Assis d e Oliveira, e a cerimônia efetuou-se recentemente na Prefeitura, oficiada por D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, acolitado pelo Vigário de Bom Jesus do ltabapoana, Pe. Francisco Apoliano. Na presença das autoridades e 120 convidados, o Sr. Adilio Pimentel, Vice-prefeito municipal, pronunciou a oração consecratória. E o Dr. José Ronaldo do Canto Cyrillo, MM. Juiz de Direito da Comarca, discursou sobre o significado da solenidade. A consagração proferid a pelo Sr. Adilio Pimentel é a seguinte: "'Sagrado Coração de Jesus! Aqui esrá ,w vossa presença o município norte J7u111inense. banhado pelas águas do ltabapoana, cuja 11on1e evoca a generosidade de vosso Divino Coração. Chama-se Ba,n Jesus. Sentimo-nas f elizes e honrados com este Nome adorâvel de nossa rerra. /:."/e nos len,bra todas as angústias e inenarráveis padechnentos ca11, que re,nistes nossas almas do cativeiro do de,nônio. Bom Jesus! .Este dtula nos conduz ao pretório de Pi/aros. à coluna da flagelação . onde

por nosso amor, por nossa salvação foi vosso sagrado Corpo 1ra11sfor,11ado nunw fonte perene de vosso preciosisshno Sangue. Todo esse amor que nos dedicastes está manifestado nesse Coração Divino circundado pelos instru,nentos de vossa Paixão. É a esse vossa amorosfssi1110 Coração que hoje se consagra vosso Município de Bom Jesus do ltabapoana. Ao fazê-lo. a Município não f az ,nais do que atender aos des(gnios que lhe traçaram os que o batizaram com esse Nome dulcíssimo. Nós, ó Coração Divino. somos vossos por título de nascimenro e por eleição livre de nossa fé e de nosso a1nor. Queren,os que reineis 11aJ· nossas casas. em nossos campos. em nosso trabalho, nas nossas fa,nílias. nas nossas pessoas. em nossas leis e en, nossos costumes. Queremos que sejais nossa único Rei. Conhece'í-nos, 110 entanto, nossas misérias, nossas volubilidades. Pedin1os. pais. vosso auxilio para não nos afastarmos do compro1nisso de noss(1 consagrqção. Por isso mesmo. ao lado de vosso Sagrado Coração. coloca111os o Imaculado Coração de Maria. nossa Mãe, Advogada e Medianeira. A Ela també,n co11sagra1110s nosso Município. Que Ela nos guarde sob seu n,anto 11iater110 e suave. nos fortifique e nos mantenha en, vosso serviço. Conservando em nosso Paço Municipal vossa Sagrada ln,agem e a de vossa Mãe Santí.ssinw. querenws que elas nos recordem se,i,pre esta nossa consagração e o compromisso que ela envolve para nós. Sejam louvados e agradecidos a todo n1omento o Sagrado Coração de Jesus e o /maculado Coração de Maria! Venha a nós·o vosso Reino!"


• l

anta

aria in

cera. Desde aquela época até nossos dias, a Santíssima Virgem ali concede graças e curas por meio daquela água, bebida com devoç.~o pelos fiéis e levada aos doentes.

Igreja de Santa M aria in Via. no largo Chigi. em Roma

ROMA - Creio ser das Sagradas Escrituras a frase: "A abundância das óguas alegra a cidade de Deus". Corp efeito, a nat ure1,a não poderia ter sido mais pródiga em favorecer a Cidade Eterna neste particular. Elas estão, um pouco por toda parte, a jorrar, com abundância e harmonia. de mil e uma fontes que por sinal fornecem uma água puríssima, semelhante a águas-marinhas derretidas. E tornou-se hábito romano, sem distinção de idade ou sexo, dessedentar-se junto às mesmas. Não precisamos nos deter em considerar o quanto a água é aprazível, atraente e ao mesmo tempo repousante, convidando a uma vida calma, rica de pensamento e de conte mplação. Mas, infelizmente, a agitação de nossos dias, com suas correrias e ruídos, não poupou nem sequer Roma. E abafaram o rumor de suas fontes ... Para quem está no coração da cidade, por exemplo, na Piazza Colonna, e queira refugiar-se um pouco do rugir que se assemelha ao de qualquer outra capital moderna, basta caminhar cem metros. Até menos,

do poço existente na cavalariça do palácio do Cardeal Pedro Capocci subiram a ponto de transbordar. Os cavalos, assustados, começaram a relinchar. Despertados pelo barulho, acorreram os servos e sua surpresa foi grande quando viram boiar sobre as águas uma pesada pedra na qual se estampava um afresco com a fi-

Bastaria essa bela história para que um romano - pois em todo italiano há um católico que dorme - acorresse a esse local que, ajusto título, é chamado "La Piccola I..ourdes ... a Pequena Lourdes. Tais são os prodígios da graça que, sem publicidade, ali se operam, à semelhança do Santuário mariano francês. Dir-se-ia que não é apenas isto. Há um imponderável qualquer pelo qual muda inteiramente o procedimento das pessoas que entram cm Santa Maria in Via. A igreja convida ao recolhimento, à oração. Aplaca angústias, faz tocar cordas da alma e desperta saudades de um passado cheio de esperanças. Ali estive muitas vezes. Observei, analisei. Uma peregrinação contínua acolhe-se junto a esse refúgio. Todos os dias fiéis cm níimero incalculável retiram não sei quantos litros de água, consumidos e levados aos doentes. Ai, ao lado do poço, um frade atende os fiéis e acende velas oferecidas em quantidade. Normalmente, eles tomam um copo de água cm três goles. pedindo graças em cada intervalo. Depois se ajoelham e rezam. Há casos de pessoas que pedem para abrir a pequena porta central da mesa de comunhão, para rezar mais próximas da imagem. O frade não se opõe. Vi entrar uma família inteira, e um adolescente com ares de ateu negou-se a tomar da água esboçando um irônico sorriso. como que afirmando sua superioridade sobre aquelas crendices.

Imagem milagro·

ss de Nossa Se· nhora do Poço

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se se tomar o atalho, atravessando a Galeria Colonna, para chegar à Igreja de Santa Maria in Via. Mas por que este local? Por que este e não outro, por exemplo, a pràça de São Cláudio, ao lado, onde o Santíssimo Sacramento está continuamente exposto, ou mesmo a de São Silvestre um pouco mais além, onde se venera a cabeça de São João Batista? Enfim, por que não em qualquer outra das centenas de igrejas romanas? É que em Santa Maria in Via existe uma fonte, mas uma 'fontana .. toda especial, como o leitor verá cm seguida. Era a noite de 26 para 27 de setembro de 1256 quando as águas 2

Poço no qual surgiu e imagem de N ossa Senhora.

gura da Santíssima Virgem. Esforçaram-se para retirá-la mas não conseguiram, pois se lhes escapava das mãos. Advertido, o Cardeal desceu com alguns familiares e, depois de rezar, pôde resgatar sem dificuldade a imagem, que entronizou em seu oratório privado. No dia seguinte o Purpurado narrou o prodígio ao Papa Alexandre IV, o qual, depois do processo jurídico que comprovou o milagre, ordenou que a cavalariça desse lugar a uma igreja. Quando se concluiu a edificação desta, o Santo Padre, com o Clero romano, acompanhou em devota procissão a milagrosa imagem, para dispô-la â veneração · pública ju nto ao poço onde apare-

Mas, a instâncias do pai, acabou bebendo. E recobra seriedade... Outros levam um vidrinho, outros garrafas, outros garrafões. para atender o desejo dos necessitados que não podem ir até lá. A igreja está entregue à Congregação dos Servos de Maria, que a mantém impecavelmente bem cuidada, limpa, com um arranjo artístico de muito bom gosto. Falando com um dos Padres responsáveis, sexagenário, disse-me ele que o segredo da aíluência de fiéis àquele local consiste em estes não "aggiornarem" sua igreja , apesar de não poucas pressões. E procederam bem, a meu ver, pois ai as pessoas rezam, elevam sua mente a Deus ... Enquanto muitas igrejas se tomam frias e se esvaziam.

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N ovos-Sacerdotes em Campos NO DIA 8 de dezembro, festa da Imaculada Qonceição, foram ordenados na Catedral Basilica Menor do Santissimo Salvadoi, de Campos, pelo Exmo. Revmo. Sr. Bispo Diocesano, D. Antoni o de Castro Mayer, os Diãconos Alfredo Gualandi, José 0nofre M~ins de Al>reu e José Ronaldo de Menezes. Aos novos Presb1teros, "Catolicismo" envia felicitações e faz votos de que Maria Santissima lhes propicie fecundo ministério sacerdôtal na Diocese.

Analfabetos letrados I

NÚMEROS detratores da I- co111 a dificuldade de leitura. o dade Média costumavam de- aluno pena para co,npreender o clarar que uma das provas de enunciado de 11111 proble,na e 'nada• que esta havia sido a "Idade das em todas as matérias". Consideratrevas" era o analfabetismo que se bom o aproveitamento na aprengrassava na Europa nessa época dizagem da matemática e de línhistórica. Que diriam esses senho- guas vivas. Mas, mesmo após "700 res se tomassem conhecimento do horas de curso e11, seis anos de baixo aproveitamento das novas escola. 11111itos são incapazes de gerações nas escolas modernas? A- perguntar a hora e,11 inglês ou em lém do nat ural embaraço diante olen,ão a um autóctone ... E quanto desse fato. ainda não poderiam à matemática, o bom resultado é alegar em sua defesa o que pode- obtido graças às novas máquinas mos argumentar cm favor da era calculadoras, utilizadas em classe ... histórica qualificada como "doce Não é preciso ir mais longe. A primavera da Fé.. por famoso es- c.o ntinuar assim, logo as escolas se critor francês: o medieval, vivendo tornarão desnecessárias por falta mais no ca-mpo que na cidade, não de aproveitamento dos que as fresentia a premente necessidade de qiientam. ler e escrever. Não é o que ocorre hoje cm • • • dia. Outrora, muitos não sabiam ler e escrever, mas tinham cultura Quem é o culpado? É difícil - entendendo-se este conceito co- responder a esta pergunta sem cair mo o aperfeiçoamento harmonio- em simplificações de vários tipos. so da alma humana, que supõe um Personalidades francesas, holanproporcional e equilibrado desen- desas. brasileiras e de outros paiscs volvimento de suas três faculdades: são concordes em afirmar que a a inteligência. a vontade e a sensi- televisão muito colabora para isto, bilidade. Hoje, quase todos fre- provocando uma desregrada apequentam escolas, mas nem sempre tência da imagem em detrimento são capazes de decorar com bom do raciocínio. Entretanto, o progosto o quarto onde dormem ... blema não se reduz. à influência da da TV. • • • É curioso notar que o fator predominante, na opinião de perCom efeito, o que poderíamos sonalidades francesas, consiste na chamar de "analfabetismo letrado" falta de interesse pelos temas aboralastra-se de maneira vertiginosa dados na escola. A nova geração em nossos dias. Ano após ano, re- não se sente motivada para o esgistra-se crescente dificu ldade, por tudo, freqüentando as aulas, por parte dos novos estudantes, em vezes, apenas para satisfazer seus aprender o que se ensina nos cur- pais. Esse desinteresse, segundo riculos escolares. observa "L·Express", seria provoNo Brasil, as reformas se suce- cado, em parte, pela TV, devido à dem. Ora desdobrando-se em arti- atração exercida pela pequena tela fícios para motivar as novas gera- luminosa, em contraposição à frieções ao estudo. ora facilitando a ,.a com q ue os assuntos escolares aprovação nos cursos, procurando são tratados. Comprovado isto, de com isto remediar um mal que se nada adiantarão novas reformas agrava. E para estimular os alunos simplificantes, antes de se afastautiliza-se cada vez mais o ensino rem as crianças e os jovens da TV, através de imagens, por se consi- e de se encontrar um meio de, realderar árdua a abstração. mente, entusiasmar os alunos pelos í: curioso notar que , apesar temas escolares. das inovações, se o desinteresse é Pouco ou nada modificarão as crônico, o aproveitamento é, por novas reformas de ensino se elas vezes, calamitoso. A título de exem- não conseguirem ocasionar uma plo, vejamos um pequeno extrato autêntica sede de verdade quedesda redação de um vestibulando, perte nos alunos genuíno gosto publicado no ano passado por um pelo saber. É notório que isso não matutino carioca , na qual o tema caracteriza nem o ensino, nem os abordado é a paz: "... Portanto, estudantes de nossos dias. Parecequando a paz será prossidida deste nos que estes últimos necessitam então as violências terão fim no de uma motivação , subsidiada por entanto que algun,as nações, se métodos qúe convidem ao uso mais prosseguen,, outras. Se encontram intenso do raciocínio e da imaem paz con, a humanidade. Por- ginação criadora. tanto, os esforços da Paz a humaEm suma, não estariam faltannidade o itnportante e que torna a do aos sistemas de ensino moderhu1nanidade que recresa a armo- nos técnicas didáticas que aplicasnia que passos a seu ver deve111 ser sem esses princípios, considerados o Ru1110 da Paz". talvez "anacrônicos" por alguns Tudo isso dispensa comentários, "pedagogos" de avançada? No entais são os disparates. Entretanto tantQ, tais princípios formaram o o "analfabetismo letrado" não é espírito lógico, empreendedor e privilégio brasileiro. Na França, com vistas largas de tantos de pais de milenar tradição cultural, nossos antepassados. ele também faz suas devastações. Esperemos que algo de novo e Recente artigo publicado pela re- eficaz inspire os educadores atuais vista "L'Express" (27/ 9/80) infor- e detenha a marcha dos "analfama que um número crescente de betos letrados". que. dentro em crianças, após frequentarem seis pouco, poderão vir a ser também anos de escola, "são capazes de "diplomados"... soletrar as palavras, sem apanhar o .rentido da/rase.[ ... ) Porquanto. Eduardo Queiroz da Gama

Paulo Henrique Cha_ves CATOLICISMO -

Dezembro de 1980


''ESTÁ

SENDO realizada nos · Estados Unidos uma 'Revolução Social' ex1ren1an1e111e rara", afirmou. em correspondência procedente de Los Angeles (Califórnia), "El Mercurio" (258-80), o cotidiano de maior tiragem da capital chilena. A correspondência explica em profundidade o fenômeno acerca do qual se enganaram tão pesadamente as previsões de incontáveis órgãos da imprensa escrita e falada, em todo o Ocidente. Isto é, a derrota de Carter e a vitória de Reagan. Tal foi a amplitude desse erro de previsão, que J .S./ R., da "Folha", pôde escrever com espírito, na seção "Cotidiano" (7-11-80), que o fato lança o descrédito sobre "rodos os 'analistas', 'intérpretes'. 'observadores'. 'especialistas'. 'peritos· e denrais boateiros" que escreveram sobre o tema, como também sobre . "as nrais conceituadas enrpresas de análise e interpretação da opinião pública". Parece-me que este erro tristemente monumental se deveu ao fato de ninguém ter levado cm conta o fenômeno, entretanto fácil de perce-

Plinio Corrêa de Oliveira famosas patrulhas ideológicas não puderam levá-la ao conhecimento do público? O fato é que o Ocidente vinha sendo embaído pela convicção de que os pobres constituem um imenso mar de gente sacudido pela indignação, encapelado cm ondas de agressividade crescente. Já vinha acontecendo, cm várias partes, que essas ondas se atiravam de encontro ao paredão casmurro dos plutocratas cada ve1. mais gananciosos e mais irredutíveis. Em dado momento, seria inevitável que as ondas acabassem por derrubar o paredão. Pois este não avança: tão-só resiste. E vencer não consiste só cm resistir, mas também, e principalmente, em avançar. Era este o velho mito marxista da luta de classes, com que a Publicidade internacional intoxicava noite e dia o Ocidente.

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Flagrantes das últimas eleições norte· americanas. - Os institutos do pesqui· ses de opinião e os meios de comuni· coç.ão social saíram desprestigiados com o desacerto de suas previsões. Os resul· tados acentuadamente conservadores das eleições provocaram desconcerto nas esquerdas de todo o mundo.

car lucros e empilhar fortunas. Desprendidos não são, portanto. Como explicar, então, que sejam favoráveis a que o socialismo disperse o que tão laboriosamente acumulam? Medo, medo-pânico dos vagalhões do povo que imaginam enfurecido? Vontade, então, de "ceder para não perder", segundo o velho slogan agro-revisionista dos idos de 1960'/ t bem provável. Porém, a meu ver, nem tudo pode explicar-se só por isso ...

ber, que o correspondente de "El Mercurio" resume assim: em nossos dias, ''os ricos se torna,n 'progressis1as' e os pobres se 10,110111 'conservadores". E o jornal explica: os ricos estão sofrendo, nos Estados Unidos, de um "con,plexo de pobres" que os leva - por exemplo - a deixarem de lado os automóveis aparatosos e ultraconfortáveis de outrora, e a preferirem os "pequenos automóveis japoneses ou ale111ães con, ruidosos motores diesel". Os pobres, pelo contrário, movidos por um complexo de ricos, usam os automóveis mais vistosos que consigam comprar. A ··,evolução às avessas", assim descrita, a meu ver não existe só nos Estados Unidos. Dela se notam sintomas em vários países. Por exemplo no Brasil: quem não se lembra da votação surpreendentemente esquerdista de uma parte impressionante do eleitorado dos abastados "Jardins» da capital paulista, quando do último pleito? Não é pois difícil explicar por :;: que Reagan, o candidato conserva~ dor, teve mais votos do que Cartcr, -l: o candidato progressista. Tal não lei ria sido possível sem um avanço do ~ conservantismo na classe pobre e, g por contiguidade, nas camadas mais -l: modestas da população. Ou seja, em ~ segmentos sociais numerosíssimos -l: por definição. 'o

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Evidentçmcnte, não era idêntica & a posição dessas classes quando, em 'a 1976, Carter foi eleito. ~ . Os profissionais oraculares, co·e mica mente enumerados por J.S./ R., l não viram essa mudança'? Ou a ,:: viram. porém co.ndicionados pelas ..:ATOLICfSMO -

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Neste mapa. os Estados norte-americanos alo representados em tamanho propor~ cionaf à pQpulaçlo e ao número de delegados no Colégio E1$itoral. O desenho

nlo corresponde. pois, à área real. geográfica.

Essa falsa visão da realidade conduziria naturalmente a que os pobres se tornassem cada vez mais exigentes, no antegozo de sua vitória. E que os ricos - por fim espavoridos - se tornassem cada vez mais capitulacionistas (perdoe-me o leitor o horrendo neologismo). Contudo, esse mito, no tocante aos Estados Unidos, acaba de ser desmascarado pelas últimas eleições. Os pobres frearam sua indignação por uma reviravolta ind iscutivelmente autêntica. O que - diga-se de passagem - depõe em favor da probidade de alma e do bom senso deles. E os ricos? Não disponho, por enquanto, de dados que me habilitem a falar sobre os norte-americanos ricos. Tenho diante de meus olhos nosso Brasil, com seus ricos. Por analogia com seus nababescos

Dezembro de 1980

Na realidade, para tal, eles não precisariam da derrota de Cartcr. Bastar-lhes-ia que prestassem atenção na mais insistente das palavras de ordem da "esquerda católica": "conscientizar, conscientizar"... Pergunto: a 9uem'/ Ao operariado. Do quê? De que há razões para que este se indigne contra os patrões. Concluo: logo, essa indignação é menor do que a "esquerda católica" quer. E está sendo . soprada a golpes de fole por esta. Em conseqüência, o conservantismo por.ular não parece ser apenas uma realidade norte-americana, mas também brasileira, sul-americana, quiçá mundial. Tudo isto não importa cm dizer que os não-pobres podem entregarse tranqüilamente à opressão de pobres tão conformados. Precisamente o contrário é verdade. Dos pobres vem aos ricos de esquerda uma grand íssima lição de bom senso. Se a essa lição os não-pobres se omitirem de responder com uma conduta impregnada de respeito, do espírito de justiça e de caridade cristã, o curso da História, guiado pela mão de Deus, derrubará esses nababos socialistas incorrigíveis. Para fa. zer uma sociedade sem classes? Não, mas uma sociedade hierarquizada, que comece a merecer de modo genuíno o nobre qualificativo de cristã.

Esmagadora vitória dos conservadores

O VOTO ELEITORAL •

Mas, de qualquer maneira, a desajeitada e gasta melopéia de Carter sobre os direitos humanos não teve maiores entusiastas no Brasil, do que os ricos de esquerda. Nem a derrota de Carter despertou igual tristeza em qualquer segmento da população. O mundo vai mudando, mas eles não. Oxalá a derrota de Cartcr lhes faça ver quanto estão anacrônicos em seus modos de ver!

congêneres norte-americanos, podese entrever algo acerca destes. Favorável, como sou, a uma organi1.ação social harmonicamente estratificada, devo entretanto afirmar que, cm nossos grandes centros, a classe social porccntualmcnte mais esquerdista é a dos ricos. Presumivelmente, se todos os eleitores tivessem a mentalidade da maior parte desses ricos, o Brasil já seria um país avançadamente socialista. O que salva da catástrofe os segmentos sociais mais opulentos é, a meu ver, que os pobres e a classe média são muito mais conservadores do que eles.

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Como explicar essa mentalidade de ricos - e especialmente de nossos riquíssimos - de esquerda? Ei-los que lutam dia e noite para multipli-

AS ELEIÇÕES norte-ameri- onde os democratas perderam a canas surpreenderam não tanto hegemonia mantida durante 26 pelo simples triunfo de Reagan, anos. Após o pleito que renovou mas sobretudo pelo caráter mar- um terço das 100 cadeiras do cadamente conservador, em seu Senado, os republicanos alcançaconjunto, da vitória do candidato ram a maioria, pois elegeram 22 presidencial, bem como dos depu- novos senadores contra apenas 12 tados, senadores e governadores, democratas. Perderam seus manescolhidos por uma votação com- datos para oponentes conservadores conhecidos senadores espacta do eleitorado. Votaram no dia 4 de novem- querdistas (denominados liberais bro passado 52% dos 160 milhões nos Estados Unidos), como George de eleitores dos Estados Unidos. McGovern, Frank Church, Birch Ronald Reagan recebeu 43,2 mi- Bayh, entre outros. Edward Kenlhões de votos (51%), Carter 34,9 nedy não poderá mais continuar presidindo a Comissão de Justiça (41%) e Anderson 5,6 (7%). Além da diferença na votação do Senado, e corre o risco de perentre Rcagan e Carter, dando ao der seu mandato em 1982. primeiro uma margem de vitória Na Câmara dos Representanmuito superior à falsa previsão tes, o Partido Democrata perdeu dos institutos de opinião e da terreno para o Republicano, mas imprensa, particularmente notá- conseguiu ainda manter a maiovel foi também a derrota de co- ria, elegendo 242 deputados connhecidos senadores e deputados tra 192 republicanos e um indeesquerdistas. pendente. Entretanto, como já Orgahizações cívicas e religio- observamos, grande número de sas uni.ram-se no objetivo de der- democratas eleitos também consrubar políticos que defendem o tam da lista de candidatos conaborto, o homossexualismo, o fe- servadores. minismo, e adotam uma politica Líderes religiosos e anticomuesquerdista, favorecedora do conistas mostram-se dispostos a comun.ismo e do enfraquecimento da nação. Assim, os conservado- brar dos recém-eleitos o prograres apresentaram candidatos para ma que os levou à vitória. Porém, disputar com os esquerdistas, e deve-se admitir a hipótese de Reanão apenas no Partido Republi- gan e muitos parlamentares pascano, mas também no Democrata, sarem a agir em sentido contrário ao qual pertencem Cartêr, Ken- ao que deles espera o eleitorado . nedy e a maioria dos politicos de Pois já ocorreram casos de presidentes que se elegeram enquanto esquerda. Como resultado, houve uma conservadores e terminaram o reviravolta completa no Senado, mandato como esquerdistas.

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O Estado nao pode censurar: ' EM AGOSTO DO ANO passado, acrescenlavase mais um elo A longa híslória das ofensivas publicílárias lançadas conlra a TFP, por setores de centro ou de cenlro-esquerda. Ôrgios da imprensa brasileira noticiaram entio que um destacado cooperador da TFP brasileira, Sr. Martim Afonso Xavier da Silveira Jr., havia sido denunciado e delido n.a prisão de La Santé, por crime de escro,.

qucrie e de abuso de conliança (Preso cm Paris brasileiro que dirige TFP na Europa e França ,inves1iga as atividades da TFP, em "O Estado de S. Paulo" de li e 12 de agosto de 1979; TFP, um caso de policia na França e TFP - Primeiras explicações para o caso da França, no uJorna1 da Tarde", de São Paulo, de li e 14 de agoslo. de 1979;

Dirigente brasileiro da TFP preso em Paris por abuso de confiança, em ''A Tarde", de Salvador, de 12 de agosto de 1979; Por lá, ser da TFP é caso de polícia, em "lslo É" de 22 de agosto de 1979; A TFP vai ao xadrez, em "Veja" de 22 de agosto de 1979). Ao mesmo tempo esses órgãos publicavam contra a TFP múltiplas asserções de outra índole,

longas, foi exarado por ela a 10 de julho deste ano. Como adiante se verá. a sentença nio se limitou a declarar que não havia provas concludtntes contra o Sr. Martim Afonso Xavier da Silveira Jr., mas acrescentou ainda ter ficado patente não ser ele culpado por nenhum ato de escroquerie ou dt

abuso de conliança. Chegara para o acusado o momento de defender•se perante o público brasileiro, mostrando a vacuidade das difamações estrepitosas contra ele lançadas aqui. Naturalmente também era esse o momenlo de o Sr. Martim Afonso Xavie.r da Silveira Jr. pôr em

realce outros aspectos das publicações feitas contra ele. A tal não poderia subtrair-se sua honorabi-

lidade tio duramente ultrajada. Nessa p<rspectiva, o dislinto cooperador da TFP enviou ao Sr. Julío de Mesquita Neto uma carta,

p<dindo fosse ela publicada em "O Estado de S. Paulo", quotidiano paulista do qual o destínalário é diretor. Decorrido um mês sem que o Sr. Xâvier da Silveira Jr. recebesse qualquer resposta à sua missiva, só lhe restava publicar em defesa de sua

honra uma caria aberla ao Sr. Jullo de Mesquíla Ne10 (Carta aberta ao Sr. Julio de Mcsqui1a Neto Esta entidade lançou de pronto - com o garbo - O Es1ado não pode censurar: "O Es1ado" pode, e a elicácia habituaís - sua defesa (Noticiário de na ''Folha de S. Paulo" de 27 de novembro de "Veja" sobre a TFP: análise e prognós1icos, na 1980). A essa carta aberta, apressou-se este último " Folha de S. Paulo" de 22 de agosto de 1979, e em em dar resposta logo no dia seguinle (Mais um "O Estado", de Florianópolis, de 26 de agosto de a1aque a "O Es1ado" (resposla ao Sr. Mar1im Afon1979). Dessa matéria puderam tomar amplo conhe- so Xavier da Silveira Jr.), na " Folha de S. Paulo" cimento os leitores de "Catolicismo" (n.0 346, de de 28 de novembro de 1980). outubro de 1979 - onde foi eslampada t•mbém a O leitor desejoso de conhecer a verdade - feita carta do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira a "O • a leilura das três cartas, que aqui publicamos - se Estado de S. Paulo", bem como o desmenlido dará conta, por sí mesmo, da inteira irrelevância diyulgado em li de agoslo de 1979, sob o título das alega'ções que o Sr. Julio de Mesquita Neto entendeu dever pµblicar na "Folha de S. Paulo". TFP dcsmenle e prepara refulação). Mediante tais alegações, com efeito, o acusador No tocante às TFPs, a polêmica cessou. Restava a defesa da honorabilidade pessoal do Sr. procura colocàr-se na posiç.ã o de acusado, pretenMartim Afonso Xavier da Silveira Jr. dendo que a carta recebida seria incivilitada e t bem verdade que denunciantl'S cujos nomes a insultante. Nossos leitores poderio verific.ar por si polícia francesa não quis revelar apontaram aquele mesmos a improcedência dessa imputação. Por oucooperador da TFP como culpado dos crimes de tro lado, é patente que "O Estado de S. Paulo" cscroqueric e abuso de confiança, os quais teriam realmente censurou não apenas a publicação da carentes de fundamento.

sido cometidos por ele contra pessoas da direita tradicionalista. Em conseqüência, a Jufia dt lnstruçio, Sra. N. Martcns. abrira a instrução para o proc,e sso criminal competente., e decntara a prisio preventiva do Sr. Xavier da Silveira Jr. Postas as coisas nessa situação, cabia à Justiça francesa pronunciar-se sobre a veracídade daquelas acusações. Enquanto tal pronunc.iamento não víesse a lume, vã seria qualquer defesa do acusado. Quando viesse a lum~ essa defesa se tornaria supérflua. Pois . uma vez que a Justiça declara a lnoc~ncia de um culpado, tudo fica dito sobre a matéria. Ora, bem naturalmente cônscio da falsidade das

e.arta, mas até mesmo de qualquer notícia a respeito

da senlença que declarou inocente o Sr. Xavier da Silveira Jr. A ética jornalística lhe impunha ao menos a publicação de tal notícia. uma vez. que ele

difundira grave suspeita a respeito deste último. Dessa forma, qualquer novo pronundamento

do Sr. Marlim Afonso Xavier da Silveira Jr. passou a ser intein\mente desnecessário. Dando acolhida a essa correspond~ncia na presente ediçio, '"Catolicismo" contribui assim para

que a opinião pública faça justiça ao Sr. Martim

acusações que lhe eram as~acadas, o Sr. Martim

Afonso Xavier da Silve.ira Jr. O que mc.rece a c.ausa da justiça. E também mtrec.e seu nome, tão ligado a numerosos episódios de. relevo na história da

Afonso Xavier da Silve.i ra Jr. esperava um pronun-

l'FP.

ciamento imparcial da autoridade judichbia compelente. E por isso ele se calou at~ que a Juíza de Instrução, Sra. N. Ma.rtens, s-e pronunciasse sobre a matfria. Tal pronunciamento, precedido de minudosas investigações entremeadas de inesperadas de-

tores habiluaís de "Catolicismo", espalhados por todo o País, terão a seu alcance uma versão documentada de fatos que naluralmente tanto os inle-

Assim,

·

os amigos e simpatizantes da TFP, lei-

ressam.

O estandarte da TFP francesa tremula junto a Notre-Dame de Paris. Ôrg&os de imprensa esquerdistes e de centro-esquerda foram buscar na França acusações anônimas e infundadas para denegrir a maior associação anticomunista brasileira.

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C,a rta aberta ao Sr. Julie de 1' ''COMO BEM SABE V. Sa., hâ pouco mais de um ano "O Estaélo de S. Paulo" e o "Jornal da Tarde" publicaram respec1ivamen1c sob os títulos

Preso em Paris brasileiro que dirige TFP 110 Europa e França investiga as atividades da TFP (em "O Estado de S. Paulo" de 11 e 12 de agosto de 1979), TFP. um caso de polícia na França e TF P - Primeiras explicações para o caso da França (no "Jorn'al da Tarde" de 11 e 14 de agosto de 1979). um noticiário que despejava sobre a mais conhecida organização civil antic-0munista de nosso Pais uma torrente de asserções inverídicas, na evidente ten1ativa de a desacreditar e de a cobrir de ridículo. Ao mesmo tempo, o noticiário empenhava-se em ferir duramente minha honorabilidade, narrando de modo unilateral e sensacionalista estar cu envolvido, na França, cm um inquérito policial por abuso de confiança, a 1al ponto que me encontrava delido por ordem judicial na prisão de la Santé em Paris. No tocante à TFP, respondeu a esse noticiário, com a coerência e a altaneria que o caracterizam, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da en1idade. "O Estado de S. Paulo" estampou sua carta na seção "Dos Leitores", na edição do dia 22 de agosto de 1979. E a TFP publicou paralelamente com unicados de protesto, nos quais declarava ao mesmo tempo que eu me defenderia quando chegasse o momento oportuno. Finalmente, este momento chegou. O inquérito policial contra mim instaurado foi encaminhado cm 28 de julho de 1979 à Justiça francesa, resultando em ação penal encerrada a 10 de julho deste ano por sentença da Juiza de Instrução, Sra. N. Martens. Esta úllima, fazendo inteiramente seus os termos da lúcida Réquisition já anteriormente apresentada pela promotora pública, Sra. Betch, proferiu a sentença de Non lieu, que declara a inexistência de motivos de inculpação e determina o arquivamento do processo. Ademais, todos os prazos estão esgotados sem que nenhum recurso tenha sido interposto e, por1an10, o assunto está encerrado. Faço observar ainda q ue, embora, segundo as praxes do processo penal francês, a sentença se intitule de Ordonnance de 11011 lieu e sua conclusão declare simplesmente não haverem sido encontrados fatos quedessem lugar a uma ação criminal, ocorre, entreta nto. que no meu caso a fundamentação do decisório vai mais além. Ela afirma não só que nada se apurou con1ra mim, mas que ficou demonstrado, no decurso da instrução, que iodo o meu procedimento com os cinco cidadãos franceses contra os quais se pretendeu que eu teria comelido abuso de confiança e escroquerie nada teve de ilegal. A decisão reconhece, pois, que sou absolulamente inocente das incu lpações com que "O Estado de S. Paulo" e o "Jornal da Tarde" quiseram enxovalhar-me. Já muito an1es dessa sentença, ou seja, no dia 22 de agos10 de 1979, fora depositada por familiares meus a fiança judiciária, sendo eu conseqüentemen1e posto em liberdade no mesmo dia. Tendo regressado ao Brasil , dirigi imedia1amente a V. Sa. uma caria datada de 20 de outubro p.p. , constante de catorze laudas da1ilografadas, e tendo em anexo cópia xerográfica de certidão da sentença da Juíza N. Martcns, por mim rubricada. Tal caria foi entregue a essa folha conforme recibo em meu poder - no dia 24 daquele mês. Nela expunha eu todos os fatos relacionados com esse processo, bem como ioda a argumentação própria a defender de modo cabal a minha honra, sob tantos aspectos e tão duramen1e ullrajada. f: bem certo que o texto de minha defesa é mais amplo do que o dos ataques con1ra mim divulgados por essa folha e pelo "Jorna l da Tarde". Essa disparidade é normal. Pois uma difamação baseada em alegações arbitrárias e superficiais pode caber cm poucas frases. Mas a demonslração séria e irretorquível de que são inconsisten1es as provas, e vãs as acusações, pode demandar muito espaço. Era pois um indeclinável dever de jusliça dessa folha publicar integralmenle minha carta, com des1aquc correspondente ao que dera a suas anteriores acusações. Se de todo em todo V. Sa. não quisesse divulgar integral~ente minha missiva, não lhe faltam nem

habilidade nem a experiência jornalis1ica necessária para me propor alguma fórmula mediante a qual me fosse feita justiça. Por exemplo, uma nota ela própria redação de "O Estado de S. Paulo" publicando a sentença judicial e retificando as informações dadas em agos10 do ano passado pelo jornal. Para esse passo, não faltam pessoas igualmente relacinadas com V. Sa. e comigo, a cujos bons ofícios talvez V. Sa. preferisse recorrer para tornar mais cômodo nosso entendimento sobre o assunto. Entretanto, ao longo do mês transcorrido da entrega da carta, o "Estado" se manteve inílexivclmente sile,1cioso, não dando a menor mostra de que a V. Sa. inquie1asscm o zelo pela honra do próximo e a grave obrigação profissional de manter seus lei1ores objetivamente informados sobre a realidade dos fatos. Por q ue essa atitude? Não é a mim que cabe dar respos1a. Cons1a10 simplesmente o que se passou. Mantendo-se impassível durante um mês, "O Estado de S. Paulo" tacitamente se recusou a publicar minha defesa. Sobre mim baixou, taciturna, muda, irrecorrível, a censura de "O Estado de S. Paulo". Assim, esse jornal, que faz praça de seus princípios liberais, e sustenta o direito de todo cidadão à livre expressão do próprio pensamento e à defesa de sua honra, reduzme à seguinte situação:a) Ou pago, em sua custosa seção livre, a publicação de minba defesa; b) Ou intento um processo judicial possivelmente longo e prolixo, para forçá-lo à publicação (processo esse que o próprio jornal, de começe a fim, glosaria tendenciosamente jun10 ao público, como bem se pode imaginar); c) Ou me resigno à !riste liberdade de cochichar em pequenas rodas de amigos minha defesa. Para pagar a seção livre, faltaln-me de momento os recursos financeiros. Não sou tão ingênuo que mova um proccs.s o judicia l em tais condiçõc.~ publicitárias. Contentarme com a defesa feita sem qualquer publicidade é dar mostras de uma passividade com a qual não me conformo. Dai a presente caria, muito menor, e cuja publicação, portanto, é muito menos custosa. Sinto-me à vontade ao fazê-lo através da "Folha de S. Paulo", porque est,e órgão do qual discordo em muitos pontos - pra1ica efetivamente a liberdade que prega. Isto é, não aciona organismos in1ernos de censura. Isto poslo, Sr. Dire1or, consigno aqui meu categórico protesto contra a atitude de "O Estado de S. Paulo" e do "Jornal da Tarde" face a mim. Esses órgãos batalharam afincadamente con1ra a censura exercida pelo Poder Público. Mas, ao mesmo tempo, aplicam arbitrária e brutalmente a censura interna contra quem eles queiram . Segundo esses jornais que, entretanto, se professam liberais - a liberdade de opinião e o direito à defesa do próprio renome são meros privilégios de rico. Pelo peso do dinheiro, pode este último montar uma rádio ou um jornal. Mediante o que difamará quem entenda. ou fará, à. von1ade, apologia de si mesmo. Se suas posses não derem para tan10, ai nda é mediante o dinheiro que ele publicará cm seção livre matéria tão ampla quanto queira. Se não tiver dinheiro nem para isso, é publicitariamente um pária. Assim, vemos que o mero capricho de um particular proprietário de um órgão de imprensa. que tenha uma visão deformada de sua missão, pode !ornar ilusória a tão preconi1.ada liberdade do brasileiro. Em úl1ima análise, as prerroga1ivas que o liberalismo de "O Eslado de S. Paulo" nega aos três Poderes do Estado - o Executivo, o Legislativo e o Judiciário - ele as exerce desinibida e cuforicamente por constituir parcela do IV Poder, is10 é, a Imprensa , e, com esta, os ou1ros meios de comunicação social. . Valham estes reparos como fundamen1ação do categórico e público protesto que oponho ao procedimento de seu jornal. Ao mesmo 1empo que das colunas da "Folha de S. Paulo" dirijo a V. Sa. tal protesto, comunico ao público que está à disposição de quantos a queiram conhecer minha carta a "O Estado de S. Paulo" datada de 20 de outubro p.p., que pode ser pedida no endereço abaixo (*).

(') Rua Dr. Martinico Prado. 24(> • CEP 01224 -· São Pnulo, sr • PABX: 221-ll7SS.

CATOLICISMO -


Estado'' po e

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fle.squita Neto Isto posto, só me cabe registrar que a ninguém é licito, daqui por diante, dar crédito às aludidas versões difamatórias postas em circulação por "O Estado de. S. Paulo" e pelo "Jornal da Tarde", sem àntes tomar conhecimento desse documento. "Para ser julgada, a Verdade só pede uma coisa: o ser ouvida" - afirmou certo grande orador sacro. De minha parte, é o que peço." ..

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Os fatos nerradoa pelo Sr. M artim Afonso Xavier da Silveira J r.

desfaze1n completamente mais uma trama com que

advert6rio1 das T FPs tentarem golpeá,tas.

A carta que ''O Estado'' censurou

A POUCO MAIS de um ano, os leitt>res dessa folha e do "Jornal da Tarde" tiveram viva surpresa ante um vistoso noticiário publicado rcspectÍ>1amentc sob os títulos Preso em Paris brasileiro.que dirige a TFP na Europa (11-8-79) e Fra>1ça investiga as atividades da TFP (12-879). cm "O Estado de S. Paulo", e TFP. um · <Y1so de polida na França ( 11-8-79) e TF P Primeiras explicações para o caso da França (14-8-79), no "Jornal da Tarde". Tal surpresa tinha duas razões. De um lado, o carãter ao mesmo tempo infundado e virulento dos ataques feit9s à TFP. Com base em um relatório contra as TFPs redigido por franceses que se mantinham no anonimato, o correspondente dos dois quotidianos em Paris despejava sobre a mais conhecida organização civil anticomunista de nosso País uma torrente de asserções, na evidente tentativa de a desacreditar e de a cobrir de ridículo. De outro lado, a surpresa vinha da informação dada pelo correspondente, de que eu estava envolvido em inquérito policial por abuso de confiança, a tal ponto que me encontrava detido por ordem judicial na prisão de La Santé em Paris. Bem entendido, o noticiário punha em realce minha situação na Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, e minha qualidade , de d iretor do Bureau Tradition-Fa,ni//e-Proprieté pour /'Europe, bem como me atribuía a condição de dirigente da Association Françoise pour la Défense de la Tradition, de la Famille et de la Proprieté. E especificava ser eu, ao mesmo tempo, diretor do escritório de representação da Construtora Adolpho Lindenberg na França. Com o que era arrastado na lama não só meu nome, como o das mencionadas entidades. Bem exatamente o que jamais esperariam não só os numerosos paulistas que querem e admiram a TFP, como também o largo círculo de parentes, amigos e colegas, os quais conhecem minha vida desde os primeiros passos, e que, pelo modelar procedimento por mim invariavelmente observado na vida privada como na vida profissional, não poderiam supor que eu fosse capaz de tal conduta . Na ofensiva publicitãría contra a TFP, era invocado inadequadamente o nome venerando da progenitora do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da entidade. Este último enunciou com a lÍaneria, em carta a V. Sa. , publicada por essa folha no dia 22 de agosto de 1979, o que cumpria esclarecer a respeito. Por sua vez, em comunicados à imprensa, a TFP afirmava que as criticas a ela feitas, enfatizadas até às raias do inverossímil, não haveriam de impressionar nossa opinião pública, sagaz e serena. Ao mesmo tempo, prometia a ulterior publicação de refutação mais ampla . Esta publicação foi efetuada pela TFP francesa - mais largamente visada pelo aludido noticiãrio - em brochura intitulada "lmbroglio. Detração. Delírio - Observações sobre Relatório concernente às TFPs·''. O trabalho da entidade francesa constitui cabal e magnifica refutação do relatório fantasioso e maligno no qual "O Estado de S. Paulo" e o "Jornal da Tarde" ~olheram suas informações. No livro "Meio século de epopéia anticomunista" (Editora Vera Cruz, São Paulo, 1980, 464 pp., jã em 3.• edição, com mais de 22 mil exemplares vendidos), a TFP brasileira comunica que a obra de sua coirmã francesa está à disposição do público. Calar-se sob a afronta · Quanto a mim, brutalmente difamado enquanto estava na prisão, e privado assim das condições morais e flsicas para promover minha defesa; tive de calar-me sob a •ezembro de 1980

afronta. Posto em liberdade, tive ímpetos de escrever desde logo a V. Sa. protestando contra o tratamento infamante de que fora objeto, e restabelecendo a realidade dos fatos. Queria eu perguntar a V. Sa., antes de tudo, se considera justo agredir a reputação moral de uma pessoa em imerecido estado de infortúnio, quando nada seria mais simples a V. Sa. do que informar-se previamente sobre a realidade das acusações a mim concernentes, junto a meus irmãos e outros parentes aos quais tinha V. Sa. acesso fácil, cordial e amistoso. Não me podia caber na mente que órgãos de comunicação ciosos de informar objetivamente o público houvessem de dar difusão ampla a um relatório mimeografado de anônimos, distribuído de mão em mão em círculos da direita francesa, e desinteressar-se de colher sobre o mesmo assunto informações ao seu inteiro alcance, prÓvenientes de meios cuja idoneidade moral V. Sa. bem conhece. Também me surpreendia que "O Estado de S. Paulo" e o "Jornal da Tarde" levassem o menoscabo (para dizer só isto) à minha rcputaç.1o moral ao ponto de não incluir, em seus prolixos e espumantes noticiãrios, esta informação, entretanto de capital importância para o público pouco versado em questões jurídicas: minha prisão cm la Santé não resultava de uma condenação judicial proferida em consequência de denúncias aceitas como fundadas pela autoridade competente, mas era apenas uma prisão preventiva. Para que me fosse concedida liberdade no decurso da defesa, a Juíza de Instrução exigiu a elevada fiança de setecentos mil francos (ao câmbio da época, CrS 4.500.000,00), montante absolutamente inusitado no forum de Paris, o que notoriamente criaria dificuldades, eventualmente até insuperáveis, para quem, como eu, estivesse onerado por dívidas. No entanto, meus familiares providenciaram, com toda a diligência, que me fosse remetida do Brasil a soma estipulada. Com as delongas administrativas de estilo, tal soma chegou a Paris e foi depositada no dia 22 de agosto 'de 1979, pelo que, ato contínuo, fui posto em liberdade sujeito a controle judicial. Por certo, órgãos como o "Jornal da Tarde", e notadamente "O Estado de S. Paulo", não negaram, em seus verbosos noticiários, a fundamental diferença que existe entre a situação de um indiciado preso apenas ad cautelam, logo no início do processo, e no qual nenhuma culpa foi ainda reconhecida, e a do criminoso condenado ao cãrccre por ação delituosa comprovada. Entretanto, dado que essa importantíssima distinção podia não ser entendida por boa parte do público, teria sido indispensãvel usar, a propósito dela, a expressão clássica e corrente: "prisão preventiva". Por que motivo não foi ela usada, de maneira a evitar cm toda linha, um equívoco ignominioso acerca do procedimento moral de um ente humano, de um compatriota?

Dois pesos e duas medidas Sim, um compatriota... Em nome da solidariedade patriótica, quantos atos de defesa têm praticado ambos os quotidianos mencionados! Não muito antes de V. Sa. me atar assim injustamente ao seu pelourinho publicitãrio, "O Estado de S. Paulo" e o "Jornal da Tarde" participavam, por meio de longa e vistosa cobertura - constantemente favorável - da campanha dramática pela libertação da brasileira Flavia Schilling, condenada (note bem V. Sa.: não simplesmente acusada) por atividades terrorisias no Uruguai. Era brasileira, proclamava o coro promotor daquela campanha, e por isto deveria

ser libertada. Será talvez a qualidade política do crime que tenha despertado a solidariedade patriótica de "O Estado de S. Paulo" e do "Jornal da Tarde". Porém, a circunstância de ser também eu brasileiro e estar sujeito a processo criminal no Exterior, não tornava eqüitativo que esses diários esperassem o julgamento das autoridades francesas antes de arrastar - festivamente, digase de passagem - meu nome pela lama? Qual a razão de um destrato tão iníquo da parte de jornais que blasonam serenidade, imparcia lidade, compassada e solene ação justiceira? Demasias dessas, e ferozes, esses diários só as têm tido contra inimigos capitais. À que título incluir-me no rol desses vituperados? Tudo ponderado, cheguei entretanto à conclusão de que a conduta de "O Estado de S. Paulo" e do "Jornal da Tarde" de tal maneira exorbitava de qualquer conta, peso e medida, que supérfluo seria escrever cu então a V. Sa., de quem nenhuma forma de cavalheirismo, de solidariedade patriótica ou sequer de sentimento humanitário, me era dado esperar. Ciente de minha inocência, e confiante cm que ela seria reconhecida, depois de estagnadas delongas. pela Justiça francesa, compreendi que só uma conduta de minha parte seria eficaz: esperar (jã que no direito francês não existe "habeas corpus") na dura condição de homem de honra injustamente difamado, até o dia em que a sentença definitiva reconhecesse minha inocência. Então eu me apresentaria a V. Sa. trazendo nas mãos o texto vindicatórío de minha honra. E lhe diria simplesmente: aqui está a prova de que sou inocente, e o procedimento de "O Estado de S. Paulo" e do "Jornal da Tarde" foi rancoroso e odiento. Saiba agora V. Sa. tomar as providências que a ética jornalística lhe impõe. Tão logo chegado ao Brasil, é o que faço. E fico a ver que atitudé V. Sa. tomarã, de posse desta missiva. E quem fica a ver não sou só eu. Ê todo o público, que pelas páginas de "O Estado de S. Paulo" e do "Jornal da Tarde", ou por qualquer outra forma, terá, eu lho asseguro, conhecimento do texto completo da presente carta.

Caso encerrado Entro assim na transcrição e no comentãrio dos trechos principais da sentença que me fez justiça. Cópia xerox da certidão integral dela, constante de 5 (cinco) folhas por mim agora rubricadas, segue junto à presente. O texto da sentença me foi hã pouco entregue por meu brilhante e dedicado advogado, Maitre Alain Maillot, do Escritório Klein & Associés, de Paris. Começo por fazer notar que na sentença, datada de IO de julho de 1980 e proferida pela Juíza de Instrução, Sra. N. Martens (a mesma que decretara a prisão preventiva), esta última fez inteiramente seus os termos da lúcida Réquisition objetivando o Non Lieu, emitida pela promotora pública, Sra. Betch. Ademais, todos os pra.zos estio esgotados sem que n enhum recurso tenha sido interposto, e, portanto, o assunto está encerrado. Faço observar ainda que, embora, segundo a terminologia do prooesso penal francês, a sentença se intitule Ordonnance de Non lieu. pelo que se declara simplesmente não haverem sido encontrados fatos que dessem lugar a uma ação criminal, o texto da decisão, no meu caso, vai mais além. Ele afirma não só que nada se apurou ~ntra mim, mas que ficou demonstrado, no decurso da instrução, que todo o meu procedimento com os cinco cidadãos franceses contra os quais eu teria cometido abuso de confiança e escroquerie nada teve de ilegal. Reconhece, pois, que sou absolutamente ino-

cente das inculpações com que "O Estado de S. Paulo" e o "Jornal da Tarde" quiseram enxovalhar-me. Passo, assim, a expor os fatos, ponderando ainda que o farei sem me afastar em nada da própria sentença. Essa exposição não constitui um pronunciamento meu, cm favor de mim mesmo, mas o relato límpido da verdade feito pelo poder competente.

O inquérito Os fatos tiveram início com uma busca da Direção Nacional das Investigações Aduaneiras no escritório da Construtora Adolpho Lindenberg (CAL) em Paris. Busca esta que me surpreendeu vivamente, e que a sentença não explica. Diz esta simplesmente: "Os funcionários d a a lfândega assina lavam q ue, durante uma busca. efetuada nas instalações do escritório francês da CAL, haviam descoberto um certo número de cópias de reconhecimento de dívidas privadas do Sr. XAVIER D A SILVEIR A para com cidadãos franceses; que, efetivamente, após investigação, resultava que cinco cidadãos franceses haviam emprestado somas importantes ao Sr. XAVIER D A SILVEIRA; que se tratava do Sr. DAU DRÉ-VI(;N IER, titular de quatro reconhecimentos de divida num montante global de 160.000 francos, do Sr. DE LANGALERIE, titular de wn reconhecimento de dívida no montante de 142.000 francos, do Sr. O U CHALARD DE T AVEAU, titular de um reconhecimento de d ivida no montante de 225.000 francos, do Sr. WYKERSLOOTH DE ROOYSTEIN, titu.lar de um reconhecimento de dívida no montante de 400.000 francos, do Sr. BATIGNE Alexis, titular de dois reconhecimentos d e dívida no montante de 133.000 francos". Estive presente à busca, que foi de uma meticulosidade diflcil de imaginar. O · minguado fruto de tão grande empenho foi o encontro de diversas ·cópias xerox de reconnaissances de dettes (*) relativas a cinco credores meus. Durante a Revolução Francesa, Mirabeau obteve a abolição das prisões por dívida. Até hoje elas não existem no direito francês. Nada de punível, portanto, cm minha situação. Por que então a Policia Judiciária teria requisitado à Direção Nacional das Investigações Aduaneiras essas legalíssimas reconnaissances de dettes? Que calúnias foram sussurradas acerca delas? Por quem? Junto a quais ouvidos? A sentença também não o diz. Os autos registram laconicamente o fato bastante enigmático de que tais documentos foram requisitados pela Policia Judiciãria, como se contivessem indícios de abuso de confiança e escroquerie. Logo em seguida, desenrolou-se o rito processual conseqüente. Mas com características de tufão persecutório. A Polícia Judiciária e aquele Jui1.ado de Instrução de Paris se sobressaltaram, aparentemente só por esses papéis, tão inexpressivos do ponto de vista do direito criminal. E tanto uma como outra tiveram em. mãos e puderam examinar quanto quiseram todos os livros e documentos de contabilidade pelos quais eu pudesse estar envolvido em alguma ação ilegal: os do escritório francês da CAL, os da TFP francesa, e muito especialmente os da Association Assistance-Jeunesse (AAJ), mantenedora da &ole Saint Benoit, beneficiãria esta última das quantias por mim emprestadas dos cinco mencionados franceses. Pari passu, continuava sempre com algo de sensacionalista o curso do inquérito. Foram convocadas a depor, além dos cinco c·redores, dez pessoas, relacionadas umas com

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(•) Expressão jurídica francesa que designa o documento no qual a1gu~m declara ter recebido uma soma

cm dinheiro, não correspondente a uma liberalidade, a um donativo. e que eventualmente define as condiçõe$ de reembolso dessa soma.

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A carta que ''O Estado'' censurou a CAL, outras com a TFP francesa, outras com a AAJ. Dentre estas últimas, algumas eram tão notoriamente alheias à vida econômica da TFP francesa e da AAJ, que foram dispensadas antes mesmo de serem ouvidas: Entre as pessoas ouvidas, obviamente estive eu. Sofri - num período de 31 horas cinco interrogatórios, totalizando onze horas e cinqüenta minutos, um deles de quatro horas e quarenta minutos, ininterruptos, tudo entremeado de agressões morais e próprio a arrancar-me, pela exaustão e pela intim.idação, o reconhecimento de delitos que eu não cometera. · Graças a Deus resisti até o fim na defesa de ·minha inocência.

A prisão · Seria pois natural que, findo o último interrogatório, eu me retirasse sem ser inquietado. Mas precisamente então a mais pungente surpresa me esperava. Foi expedido pela Ju iza de Instrução e cumpriu-se, ato contínuo, contra mim, o mandado de prisão pre,ventiva já mencionado. Tudo istç motivado por não sei que suspeitas que surdiam não sei bem de onde, junto a não sei que ouvidos. Fui então conduzido pela Justiça a uma cela comum, onde estavam três outros detidos. Meu único conforto, nestes dias, era de ordem moral. Rezava ininterruptamente pedindo a Deus, por meio de Maria Santíssima, a justiça que os homens se obstinavam cm negar-me. Foi nessas circunstâncias dramáticas que "O Estado de S. Paulo" e o "Jornal da Tarde", como-algumas revistas de larga tiragem, desencadearam contra a TFP brasileira e contra mim um estrondo publicitário, precisamente no estilo de outros que marcaram, com as glórias da inocência vitoriosa, a rota histórica desta invicta organização. Logo após o meu encarceramento, familiares e amigos, desconcertados com o curso dos fatos, conseguiram, no brevlssimo periodo de 48 horas, apresentar à Juiza de Instrução à qual estava afeto o caso, onze cartas de destacadas personalidades brasileiras, com quem eu tivera contato, e que atestavam a perfeita honorabilidade habitual de meu procedimento, bem como da empresa que representava, a Construtora Adolpho Lindenberg (CAL). Compraz-me prestar aqui, a esses desinteressados missivistas, a homenagem devida ao espírito de justiça com que se houveram na ocasião. Enumero-lhes os nomes com apreço e amizade. São eles: o Sr. Antonio Delfim Netto, então Ministro da Agricultura; o Sr. Roberto de Oliveira Campos, Embaixador do Brasil em Londres; o Príncipe Bertrand de Orléans e Bragança; o Sr. Octávio Gonzaga Junior, Secretário da Segurança Pública de São Paulo; Dom Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos; o Sr. Gastão Eduardo de Bueno Vidigal, Diretor-Presidente do Banco Mercantil de São Paulo S/ A; o Cel. Murillo Fernando Alexander, Sub-Chefe do Estado Maior do li Exército; o Sr. Miguel Colassuono, Presidente da Embratu r; o Sr. Aloysio Marés Dias Gomide, Cônsul Geral do Brasil cm Montréal (Canadá); o Sr. Leon Alexandr, então Secretário dos Transportes de São Paulo; o Sr. Georges Roy, Diretor do Banco Francês e Brasileiro S/ A. A 16 de agosto, isto é, depois de vinte dias, fui transferido da cela coletiva cm que estava para uma cela individual. O regime carcerário continuou entretanto a aplicar-se a mim com todo o rigor, até que, como já narrei, foi, a 22 de agosto de 1979, depositada a fiança.

Inocente Entrementes, e também dai por diante, continuava paulatinamente a audição das testemunhas. Procuravam-se, a todo custo, "meus crimes", e nada aparecia. Ao longo de todos esses interrogatórios tornou-se claro que esses "crimes" versavam sobre algo que de nenhum modo constava de meus inócuos documentos, nem de qualquer outra fonte conhecida. Eu teria induzido meus cinco credores a emprestar-me dinheiro para ser aplicado lucrativamente no Brasil. Porém teria desviado as somas assim obtidas. A verdade é muito outra. Segundo expressamente declarei a meus credores no ato de constituição da divida - e foi amplamente reconhecido pela sentença - foram elas aplicadas nas obras de restauração dos edifícios ocupados pela École SI. Benoit, mantida pela AAJ, e instalada em imóvel rural locado a esta por um dos meus credores, o Sr. de Langalerie (cujo imóvel, diga-se de passagem, beneficiou-se com as obras efetuadas, e a quem a AAJ cobra atualmente cm juizo, a título de indeni,,ação por ocupa-

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ção indevida do imóvel pelo locador em plena vigência do contrato de locação, a quantia de 750 mil francos). Com o depoimento das testemunhas, o processo chegava finalmente a sua fase decisiva. Abusara cu da confiança dos meus credores? Cometera contra eles o crime de escroquerie? Deixo falar a esse respeito a própria sentença: "CONSIDERANDO que, se é incontestável que o Sr. X.AVIER DA SILVEIRA tomou emprestadas somas de dinheiro a título pessoal, materializadas por reconhecimentos de dívidas, nio está demonstrado que este último se tenha valido de sua pertencença à empresa brasileira de construçio CAL para induzir as pessoas a assinar contratos, fazendo-lhes esperar assim uma aplicação muito rentável e isenta de imposto; que, com efeito, todos os titulares de reconhecimento de dívidas são unílnimes em declarar que essas somas de d inheiro foram emprestadas sem juros, com o objetivo inicial de financiar os trabalhos necessários à escola SAINT BENOIT, à qual pelas suas convicções pessoais, eles estavam ligados; que, além disso, o Sr. XAVIER DA SIL· VEIRA forneceu a contabilidade da associaçio "ASSISTANCE JEUNESSE", da q ual a escola era uma emanação, contabílidade da qual resulta que somas de dinheiro foram aplicadas n um montante sensivelmente id~ntico às somas emprestadas; que, de outro lado, nenhum dos que empresta ram apresenta queixa, a não ser o Sr. OE LANGALERIE, tendo ficado estabelecido, entretanto, que este último - o qual era na época empregado da assoc.iaç.ã o - depositou diretamente o montante do empréstimo na conta banc,ria da referida associação, o que de· monstra à evid~ncia que ele conhecia a destinaçio de tais somas; "Considerando que não existem, por conseguinte, motivos de inculpação concludentes contra XAVIER DA SILVEIRA Martim de ter cometido a infração supramencionada (de abuso de confiança e "escroquerie"), " - Declaramos que, nessas condições, não é o caso de prosseguir e ordenamos o arquivamento dos autos, para serem retomados se aparecerem motivos de inculpação novos". Com essas fórmulas jurídicas clássicas impressas. termina o irreiorquível documento. Como se vê, tornou-se patente, absolutamente patente, que eu não cometera esses crimes. Resultado lfll)pido, categórico do processo: nada contra mim nem contra nenhuma das entidades. Nos termos da sentença, não sou nem sequer um suspeito, de cuja culpabilidade não há prova. Sou a vítima de denúncias falsas, cuja inocência ficou demonstrada.

Pagamento das dividas Tudo explicado assim até o último pormenor, resta-me dizer uma palavra de esclarecimento ao público sobre minha situação financeira na França. O assunto não implica culpabilidade minha por abuso de confiança ou escroquerie. Mas se relaciona com idoneidade em matéria de negócios. Ao longo dos gastos que fiz em favor da École Saint Benoit, ia eu entabolando alguns negócios importantes que estavam muito bem encaminhados. Se não se realizassem, restarme-ia sempre, para pagar os referidos empréstimos., o recurso decisivo de apelar para o apoio financeiro de meu irmão Plínio Vidigal Xavier da Silveira e de meu amigo Adolpho Linden berg, sempre generosos e compreensivos para com as causas nobres e com largo círculo de relações financeiras em nosso Pais e fora dele. Aconteceu-me o que a tantos outros também tem acontecido: o infortúnio. Os negócios esperados não puderam realizar-se. O rápido agravamento das condições financeiras do Brasil acarretou o. pedido de concordata da CAL, com as correlatas repercussões nos círculos financeiros brasileiros e europeus. Ademais, por causa da campanha de detração movida contra a TFP francesa e contra mim pelo relatório anônimo de início aludido, três dos meus referidos credores pediram. no segundo trimestre de 1979, o pagamento imediato das dividas, o qual não deveria normalmente ocorrer senão em setembro deste ano de 1980. Não tendo, de momento, meios de fa1.ê-lo, ajustei, com meus credores, novos prazos de pagamento, e mediante apoio de alguns amigos, consegui saldar nesses prazos todas as minhas dividas - exceção feita de

10% relativos a um credor, de minha especial amizade, com o qual estabeleci acordo para pagamento dentro de um ano. Portanto, não sou devedor de quem quer que seja, a não ser deste último amigo.

Uma resposta que :não responde

Os detratores

Xavltr ila Sllvrlta Jr. r'Folha dt S, Paulo" cl.•~7 de novtmbt:o ae 1980) o Sr. Jullo dt Mesquita Neto dtu •a rtspos1a abaixo ("J'olha dt S. Paulo" dt 28 dt novembro dt 1980),soboUtuloMaisum a1aquc a "O Eslado" (r<Sp.osta ao Sr. Martim A:fonso Xavier da SUycira Ír.): ..O S·r. Martim Aíonso Xavier da Silveira lfc. publicou, na cdi~o de ontem dq-tc jornal. uma Secção Livre cm que pr.ocura acu5'ar-1e de ter impedido o público lei1or de O Estado de S.-Paulo" de 1omarconhccin,.cntode-fatos relativos à sua pe$S03. Em linguagem, cujos excessos e cujo tom se podem atributr aosdes-

à carta abtrta do Sr. MartJm Afonso

Compreendo que algum leitor conserve no espírito uma curiosidade que deixo insatisfeita. Com efeito, quem são os promotores dessas infundadas detrações? Quais os ativadores desse tufão judiciário, desse processo torturante a vários títulos, inclusive pelas delongas que me fizeram penar por tanto tempo? Por certo há aqui e acolá vislumbres, indícios - eu me abalançaria em dizer, até, talvez provas - acerca do arriere Jond de todo este caso. Mas isso conduziria a polêmicas de caráter pessoal. E a estas não quero descer. Por isso também não entro na análise de quais possam ter sido os móveis perfeitamente não econômicos, pelos quais, segundo informaram "O Estado de S. Paulo" e o "Jornal da Tarde", os organizadores do citado relatório francês distribuíram-no às embaixadas em Paris de todos os pa ises onde existem TFPs, o que de nenhum modo poderia ser proveitoso, como aliás também não nocivo, aos credores, mas só poderia ter efeitos nocivos à luta ideológica das TFPs, num campo que estava muito além dos interesses pessoais dos credores cm causa. Desde minha adolescência militei ideologicamente nas fileiras da TFP brasileira. E, fiel aos métodos invariavelmente seguidos por esta. mesmo em face das mais duras invectivas, só consinto em polemizar em matéria doutrinária. Em matéria pessoal, só polemizo para defender minha honra. Mas, cabalmente cumprido esse dever, abstenhome de estraçalhar cm seguida a honra de meus detratores. E isto por duas razões. Antes de tudo porque assim lhes faria o jogo. Nos opulentos anais das invectivas contra as TFPs, nota-se que, de modo estranhamente sistemático, os. opositores (seria talvez melhor dizer, o opositor) sempre evitam a discussão doutrinária e de alto porte, e correm sôfregos para a difamação pessoal mesquinha e infundada. Para a legitima defesa, as TFPs não os (ou o) acompanham nesse terreno inferior. Mesmo porque não as move - eis a segunda razão - o desejo da vingança, mas o zelo pela verdade. E sempre que possível, elas preferem poupar o adversário. Odiai o erro, amai os que erram - preceituou o grande Santo Agostinho. Assim têm agido sempre as TFPs contra os (ou o) adversários (o). Assim também procedo cu na presente emergência.

Pedido de publicação Estas são, Sr. Diretor, as informações e as reflexões que julgo indispensável levar ao conhecimento de V. Sa. e de seus .leitores, para retificar as inexatidões contidas nas notícias a mim concernentes, publicadas por esse órgão e pelo "Jornal da Tarde". Bem como para desfazer as impressões desfavoráveis e responder às perguntas a que tais notícias dão lugar. V. Sa. terá notado no decurso da leitura da presente missiva que ela visa atender a esses fins mediante a maior concisão de linguagem. E, sem embargo, o texto dela é consideravelmente maior do que o das referidas notícias. Jornalista experimentado, V. Sa. não estranhará, pois não pode ignorar que bastam duas ou três frases para enunciar uma informação inexata, ou para difundir com ares de plausível, uma suspeita injusta. E a defesa correspondente pode ocupar, para ser convincente e cabal - como em q uestões de honra se exige - várias laudas. Assim, sinto-me no meu direito de pedir a V. Sa. a publicação integral e gratuita da presente em "O Estado de S. Paulo". "Integral" : fazendo uso dos direitos de quem está em legitima defesa, condiciono expressamente essa publicação a que seja integral, de maneira a não comportar a supressão de qualquer de suas partes, nem a substituição de alguma delas por texto-resumo elaborado na redação de "O Estado". Espero que este pedido seja atendido, com o que "O Estado de S. Paulo" dará bela mostra de senso de justiça, e de correção jornalística. Por isto de bom grado o aplaudirá o patrício [segue a assinatura da carta]" NOTA:

Os subtítulos desta carta são da

Redação.

fonúnios por que passou: s.sa. tenta

caractcri"zar m,inha ação como «nsura à sua defesa. Em aienção à opinilío pública. ofereço o, seguintes esclarecimentos: l. Realmente, "O Estado.. e o ..Jornal dn Tarde'' publicaram noticiário,pro-, cedente de Paiis, dandO coo.t a da prisão cio sr. Xavier da S·ilveira Jr. ~ão houve sensacionalismo na publié.ação, nem os fatos roram,nurados de maneira unilateral. l'anto assim t que a própria "FFB à ép0ca. ao deíei:tder-sc enquanto insti&uiç4o?. nlio ass-umiu a deresa dos~. Xavier da Silveira Jr. declarando, como S,·$.81, ceco.n he~ que ele sc'"dcícnderia qunnd9 chegasse o mom.tnto opO(tuno"... 2. Ç~nsu,:a ideol/)gica ou pessoal, não a c-xerc1 Jama.1:s. A proYa ~ que a carta quç então me foi dirigida p:clo $t. Plinió ,Corr~ de. Oliveira, ro1 publicada na integra. E o roi por uma ra'l.ã!, muito simples-: cta uma.carta em termos ciYili~ zados, a.inda que de uma pessoa que dei.xavi\ \ronsparcc:cr sentit·$C: atingida em sua dignidade, não pel.o meu f·ornal, mas pelas notfclas que eram pub icadas em Paris; 3. A carta do sr. :Kavicr da Sitvcira Jr., como $.sa. o rcconhcco. excedia 1odos os panlmeltos lega,is - a lém dos de ciyilidsdc. Quando s.sa. diz quedi~n\c da não public:açllo s6 lhec:aberia clivll!gilla em SecçSo Livre (para o que não possui recursos), ou mover aç.'l!'.oJudicial. ou resignar..se, procura aliciar, e' mal1 o sentimentalismo d,c terceiros. Dinheiro, s.sa. o tem, 1ant.o 4ue pub1icou Sua Scêção livre de- ontem; ação judicial. n(o cabia. esaorados que estavam 0$ prazos cstabclcc1dos pela lei dcJmprcns'a; resignação à ..,rt~te libc(dadc dc1cochichar" a sua defesa, íoi o castigo que ·s.sa. a_ si mC$mO ~ im'?Õ$ peta falsa soberba com que redigiu sua cana e por haver estabelecido. nela. que ouso publicavam as 14 laudas. ou nenhuma linha. Não tivesse s.s:i. imposto as regras, querendo obri• pr-mc a acolher gratuidàdCS e qu.'lsc insultos., e 1cria publicado com. imc(lSO prazer a ramos.à' ordonna(\ce de nón IJcu: 4, Só uma mentali~adc retorcida t que pode pretender que cu o procumssc, como se culpado fosse. pa.ra ncen.arcom ele a maneiro de acolher seu pedido. Porque, é bom que se diga, as 14 lauda, díyidiam-se cm uts panesdistintà.s: dcfe•• e no fundo propaganda da TFP, <1,UC não C$U\va cm jogo; defesa do sjgnatá.rio, e a,1aquC$ e in.sinuaç&s malévolas~ não a mim, à orientaçã'o que imprimo a "0 Es1adó... Tendo o sr. Xav,icr da Silveira Jr. cstabclcciêlo. iracundo. que ou cu pu~licavo tudo ou não permitia, ele. (lue nada fosse ,·ciculodo. simplesmente nilo dei curso à missi.Ya. Sangra-sé cm saúde o sr. Xavier do Silvejra J,., possivclmcote por .só agora tet-se dado conta de que a "habilidade.. e ..experíenéia jornalística" que me teriam (cito atender a seu pedido não pudcr.an1 exercitar-se por dctcrminBção su:1. Talvez pouco acostumado à prática do jogo democrático e à: arte de conceder, S.$3. não 1ivC$Se :ucntado, subscrc,•cr sua c:irta, que aQ enviá~la tomava impoSSi· vcl su'a public:ação. Não prc1cndo ttr para mim um direito q_ue nego ao Estado exercer contm a SO• c1ednde. Não posso, porém, admitir que quem quer 9ue seja e muito me.nos um membro da ''lifP me obrigue a acolher, nas páglnas de n:icu,jom~.~ gracio~wen1c ou a pagamento, gratuidades e insultos contra minha pessoa ou à oricntaçio que imprimo a meu jornal."

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com apro\'t('io ttltsii1tlca

CAMPOS - ESTADO 00 RIO Oirt1or: Paulo Corr~• dt Brito fllho Oirtlorla: Av. 7 dt Setembro. 247 - Cai,c3 Posu1I 333 • 23100 - Campos. A.J.

Admlnl.itt11rlo: R. Or. Ma11inico Pro.do. 271 • 01224 - S!io Paulo, SP. Comp<»to e imprcm n1t Ar1pre$$ -

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e Arect GrMit:1.$ Ud:t., R1,11 G1uib:ildi. 404 - 01135 - S!o Pauto. SP. .. CtlOlkkmo~ é uma publicaçlo 1nensal da Edi1or3 P3dre Belchior de PonleJ S /C.

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Os ing3mentos. sempre. em nome de E.dilora Pad:re Btlchlor dt Pontes S/C, podtr!loscrencaminhadoi à Adminis1rnç.llo. P:ua mudança de cndcrt(odc assinantC$, é nc«uário meneio,. na, u1mbtm o endereço :uuigo. A COJTC$pOn• dência rd:uiv:1 a ~$in.:uur11$ e ,·cndá owub.#

Os leitores interessados em conhecer o texto integral da sentença d a J ustiça francesa, proferida pela Julza de Instrução, S r a. N. Martens, datada de 10 d e julho d e 1980, poderão obtê-lo, solicitando-o à Administração de ucatolicismo" (Rua Dr. Martinico Prado, 271 • CEP 01224 - São Paulo, SP).

deve $cr cnviádJ à Admlnb.trar.lo Rua Or. l',hrdnico Prado. 111 01224 - Slo Paulo, SP

CATOLICISMO -

Dezembro de 1980


QUE É UMA PONTE? Hífen entre dois caminhos. Ponto de união entre duas vias separadas por um abismo ou obstáculo, seja ele rio, vale ou passagem. Ponte não é caminho. Ela possui sua individualidade e nobreza próprias. E nisto se diferencia fundamentalmente dos modernos viadutos e "min.hocões", concebidos como simples prolongamento de rua, avenida ou estiada. Pontes e viadutos ... Tema banal, julgará algum leitor. No entanto, a verdade é que a inteligência humana pode exprimir nas linhas de uma ponte - mesmo quando se trata de algo muito simples, num caminho de roça - muita beleza e criatividade. · É o que o leitor pode observar em pontes .antigas como as reproduzidas nesta página, que constituem verdadeiros monumentos e figuram entre as mais famosas do mundo. Consideremos, por exemplo, a velha ponte de Londres, sobre o Tâmisa, com suas torres hieráticas a velar como sentinelas. Firme1.a, solidez, força ... serenidade parecem daí emanar-se. Seja quando a ponte se abre, permitindo fluírem os barcos através do rio, seja quando se fecha, para que sobre ela transitem os veículos, sua silhueta permanece alheia à movimentação, majestosa e como que levemente indignada. Esses valores imponderáveis constituem o maior atrativo da ponte de Londres. Por isso ela foi fotografada e filmada de todos os lados. E quando se fala em ponte sobre o Tâmisa, é esta e não outra que vem à memória.

rio as apresenta com um matiz próprio ... desde que os parques industriais modernos não as tenham poluído com os detritos e odores das cidades modernas. Quem não conheceu as águas do Arno, que banham Florença, não faz idéia de quanta beleza elas podem espelhar. Ao longo do rio existem avenidas que os toscanos pitorescamente chamam "Lungarno". - "Lu11gar110 degli Acciaioli", por exemplo, onde havia uma velha torre medieval, lembrando tropas quinhentistas com seus arcabu1.es, marchando ao longo do rio "lu11gar110" - para fazer guerra a alguma outra pequena cidade ita· liana. É preciso ser muito grande para fazer grandes guerras entre cidades pequenas. Isso, a Itália tradicional, anterior à unificação, teve. E pode-se considerar superior uma guerra entre Veneza e Gênova, Florença e Siena, por exemplo, do que a participação italiana nas duas Guerras Mundiais. A Itália regionalista era como uma espécie de broche no qual se incrustavam pedras preciosas - suas cidades, ducados, principados. Cada pequena república, região, reino ou senhorio possuía suas características inconfundíveis, formando um conjunto que diríamos feérico: Lombardia, Piemonte, Veneza, Pádua, Siena, Assis, Nápoles, Sicília... - a lista preencheria esta página inteira.

O

~

A beleza da Ponte de Sa111'A11gelo, cm Roma, é de outro gênero. Situada sobre o Tibre, perto da Praça de São Pedro, ela une a Via dei/a Co11ciliazio11e ao Castelo de Sant'Angelo.

Em Florença. o Arno desliza suavemente sob a Ponte Santa Trinità e o pitoresco Ponte VtJcchio. com suas pequenas e graciosas lojas da época medieval. À esquerda, a e.sbelta torre do Palazzo Vecchio.

Pontes que fazem História

·

Dedicado a São Miguel Arcanjo, esse antigo edifício foi construído pelo imperador romano Adriano, no século li, para servir de mausoléu para si e sua família. No século V os Papas o transformaram em fortaleza e refúgio contra as perseguições e invasões bárbaras. No alto de sua torre circular sobressai a figura de São Miguel, que ali apareceu durante a Idade Média para anunciar o fim de uma peste que devastara Roma. Daí o nome do castelo e da ponte, dedicada aos Anjos e toda ornada de imagens ao longo de sua balaustrada. A Igreja indulgenciou-a e, assim, quem percorre a ponte rezando determinadas orações junto a cada imagem pode ganhar tais ou quais indulgências. Sobre o velho Tibre que os imperadores contemplaram, com suas belas águas esverdeadas, ela parece indicar que a intercessão dos Anjos é também uma ponte que conduz

sobre os abismos que vão desta terra ao outro mundo, desta vida à outra, eterna. E que, no momento de nossas almas de fiéis católicos serem apresentadas a Deus, isto se fará através dos Anjos.

Há, entretanto, outra ponte que liga o Vaticano ao Castelo de Sa11t' Angelo, pouco divulgada, sem preocupação artística, mas que tem sua bele1.a. Trata-se de um passagem coberta, semi-secreta, que se esgueira por entre o casario, através da qual os Papas dos antigos tempos saíam rumo ao castelo, em caso de invasões ou revoluções. O leitor pode imaginar a cena: o Pontífice que recebe as informações de seus auxiliares, gritos, desordens ... E sai apressado, com apenas alguns Cardeais e monsenhores, pela viela sinuosa, iluminada de espaço em es-

Para concluir com apenas uma dessas jóias, um pormenor de Veneza: a Ponte dos Suspiros. Não une duas estradas, mas dois palácios. Tão pequena como obra de engenharia se a compararmos com um "minhocão'". No entanto, quem acredita que os "minhocões" passarão para a História? A Ponte dos Suspiros, porém, passou, e foi admirada por todos que souberam analisar e compreender Venez.1.

paço por uma janelinha, atravessa o Tibre e fecha-se na fortaleza para dali oferecer resistência ao inimigo ... Neste caso a beleza da ponte semi-oculta procede dos apuros sofridos pelo Papado e da solução inteligente encontrada. Não dispomos de todo o espaço necessário para mostrar ao leitor todas as pontes famosas do mundo. Se dispuséssemos, não esqueceríamos certamente o Po111 Neuf, construído sobre o Sena, no centro de Paris, sob o reinado de Henrique IV. É apenas um conjunto de arcos, muito simples. Mas, nessa simplicidade, que harmonia de proporções! E os arcos parecem ainda mais belos quando se.refletem nas águas incomparáveis do Sena.

?-

Ah , as águas ... Por vezes são elas que tornam belas as pontes. Cada

-' \71"'-

Ponte e Castelo de

.

Ssnt'Ang•to.

-~

1

,

CATO~ICISMO -

Dezembro de 1980

... .,, 1

em Roma

A Ponte d•

., • r,( • •.. •·

Torre, em Londres

Ponte dos Suspiros, em Veneza. Ao fundo. à esquerda. o embarcadouro de onde Slo Pio X, quando Cardeal Patriarca da cidade. partiu inúmeras vezes na bola gôndola que os

venoxianos lhe oferecerem de pre,ento. •

7


AfOJLICil§MO- - - - - - - -

Espanha: Covadonga na batalha sobre o divórcio Pedro Paulo de Figueiredo nosso conespondente MADRID - A polêmica sobre o divórcio atingiu o auge de sua intensidade na Espanha. Nas Cortes, os debates são acompanhados com vivo interesse pela opinião pública. Nesse comcxto, a Sociedade CullLtral Covadonga dirigiu aos parlamentares e ao público espa nhol um apelo cm prol da instituição da fa-

mília e contra a danosa e anticristã implantação do divórcio. "A luz brilha 11as trevas" (Jo. I. 4) - A confus,io 1110dern{I não e11cobre a clareza do preceito do Senhor.· "Não separe o home111 o que Deus 1111i11" ( Mt. 19. 6). - Esse é o título do manifesto que Covadonga fez publicar no dia 9 de novem bro p.p. na edição dominical do "A BC", o mais importante diário do país. A associação explica sua tomada de posiçào, fiel it doutrina católica que a inspira e fiel també'm a si mesma: "Av1111({1ndo às vezes e111 111eio ao silêncio generalizado. 011· tras vezes entre a inco,npreensão i11c/11sive " hostilid{ldl!. Covadonga soube chegar co111 g"llwrdi" tJté o presente m omento. em que "Jirnw "" su" totali</{lde. se,11 vaci/tJções nem concessões. aquilo que "prendeu d" lgrej" Ca1óli<·a. Apos1ólica e Ro,nana. Sua doutrina i111uuível. que

e

perrnanece inta,·ta -

inclusive e,n

m eio a tod" " co11f11são do mundo ,noderno - é a,quê reafirnuirnos no presente ,nanifcsto. ·veritas Domini manei in aeternum · ('A verdade do Senhor prrma11ece eie1·11a,ne,ue·)", conclui Covadong:, na apresentação de seu documento.

Três anos de luta A entidade lembra inicialmente seu primeiro manifesto sobre o assunto, lançado cm Zaragoza, em 1978. sob o título : "Co,noexplicar o inexplicável? Eclesitis1icos favorecem a hnpl{IJ11ação do divórcio" (ver "Catolicismo" n: 0 327, março de 1978). Esse pronunciamento teve o apoio de mil Sacerdotes espanhóis, conforme também noticiou "Ca10/icis1110" na mesma ocasião. Mais de duzentos mil exemplares desse documento foram divulgados por Covadonga em todo o país, com grande repercussão. Não obstante, a constituição que abre o caminho ao divórcio foi aprovada por senadores e deputados. Agora, com os debates e a votação de uma lei ordinária nas Cortes, o tema volta a adquirir toda atualidade e candência.

Basicamente, o manifesto de Covadonga divide-se em duas partes: 1) no plano da doutrina e das teses; 2) no plano dos fatos. Não ocuparemos aqui o tempo do leitor reproduzindo a primeira parte desse documento, pois traia-se da fundamentaç,'lo doutrinária que condena o d ivórcio. Aí são transcritos trechos d9s mais insigncs Doutores da Jg~eja, com.o São Tomás de Aquino , Santo Afonso Maria de Ligório e São Roberto Belarmino. Em seguida, citam-se documentos do Magistério Eclesiástico. dos Papas Pio VI, Pio IX. Leão XIII e Pio XI. Finalmente. ·o manifesto apresenta o 'ensinamento de reconhecidos autores eclesiásticos modernos, no sentido antidivorcista. ·

-..-1

Em cima: c ooperadores da Sociedade Cultural Co·

vadonga durante campanha em Barcelona. • Ao lado: em 1978, uma delegação do membr os de Co· vadonga o tepresentantes de mil Sacerdotes solidários com a entidade. entregaram nas Cortes Espa• nholas seu manifesto contra o divórcio .

A posição do Episcopado Depois de haver analisado no plano teórico qual é a verdadeira doutrina da Igreja sobre o tema. a Sociedade Cultura l Covadonga passa aos fatos concretos que se verificam atualmente na Espanha. "Nes., e se111ido - diz o manifesto - . o E'piscop"do e;1'""" º'· na Asse,nbléia Plenária e,u·errada e111 24 de 11ove111bro de 1979, publicou wnll · Instrução Coletiva·. nll qual lev"nt<1 uma hipdtese. Co111 efeito. o íte111 5 desse documento a(irnw: 'Não

qual corresponde legislar atendendo às exigénêias do 'bent <:<)1nu1n t·ompos,.to por diversos elernenros. l:.in orden, a esse be,n connun, ti pru-dê11cia polí1ica do legisltulor. de111ro de ,un marco legal que tu1ele e promova os be11s da com11nidade f111niliar. ao ponderar as conseqüências negativas que se pudessem seguir a uma absoluta proibição do divórcio civil. tenha 10,nbéln en, conu, os grtives danos rnorais acinw enurnerados. tJut se deriw1ri<11n de sua intrO· duçlío em nos.," legisl"ção' (destaque de Covadonga)".

ignorarnos que ,u, .'>'ócil'dade afll(J/

11cm 1odos os cid"dãos entendem o ma1rilnônio o por,ir de unw pers-

Escapatória cômoda

pet'liv11 ('ristã. /?P,\'fJl!i/e111os a Ju:.-111 llu/0110,nia da autoridade civil, à

Comentando essa tomada dc_posição. Covadonga observa: "E' de

1f ... - Missa pelas vítimas do - comunismo no Canadá """

MONTREAL - Por ocasião de mais um aniversário da revolução bolchevista na Rússia, mais de mil pessoas de várias nacionalidades assistiram ,\ Missa celebrada cm memória das vítimas do com-unismo na famosa Igreja de Notre-Dame, no centro de Montreal. O ato litúrgico foi oferecido também pelas almas de todos que morreram cm conseqüência de atentados, revoluções e guerras causadas pelos vermelhos. bem como pela lilx:rtação de todos os povos por eles escravi1.ados desde 1917. O ato J'eligioso foi reali1.ado por iniciativa da associação Jovens Ca1wde11Jespor uma Civilização Cristã, Mais de mil pessoas lotaram e Igreja de Notre-Dame. em Montreal. para rezar peles vftimas do comunismo (foto abaixo). Após a Missa. repreS-8ntantes das

nações cativas. da TFP norte-americana

e dos Jovens Cenadenses por uma Civili~eção Cristã promoveram um ato pú-

blic o anticomunista.

que con tou com a cooperação de várias organi1.ações de refugiados da Europa Oriental, China , Sudeste e Sul da Ásia. como a Fede ração das • Associações Húngaras do Canadá, o Congresso dos Poloneses no Canadá, o Comitê Ucraniano-Canadense, a Associação Romena dó Canadá, a União Croata do Canadá, a Comunidade Católica Chinesa, a Comunidade Católica Vietnamita, a Comunidade Cambodgeana do Canadá e a Associação de Auxílio aos Refugiados Afegãos. Antes da Missa desfilou tocante procissão pelo corredor central da igreja , constituída por l'Cpresentantes dos Jovens Canadenses por uma Civili1.ação Cristã e uma delegação da Sociedade Americana de Defesa da Tl'adição, Família e Propriedade - TFP, levando seus estandartes rubros marcados pelo leão rompante dourado, que precediam o andor com a imagem de Nossa Senhora de Fátima . Seguiam as bandeiras do Canadâ e das nações s ubjugadas pelo comunismo, que se colocaram atrás do altar-mór, juntamente com os estandartes dos Jovens Canadenses e da TFP norte-americana. Celebrou o Santo Sacrifício, em rito oriental, o Pe. Jean Hawryliuk, Vigário Geral dos ucranianos católicos das · Províncias Orientais do Canadá, acolitado pelo Pe. Pietro Lconi, S.J. , missionário italiano que cumpriu a pena de 10 anos de trabalhos forçados nos campos de concentração da Rússia, e pelo Pe. George Novotny, exilado da Tchecoslováquia. Durante a consagração, todos os estandartes e bandeiras se inclinaram em honra ao Santissímo Sacramento.

C. E. Schaffer

temer que" fr{lse subli11/1{{da no Ílem acirna enunciado produza u,11 éfl•ito desastroso no m odo pelo qual os m e111bros das Cortes considere111 a 111atéria. Não {l/udimos aqui aos parla,nentares t/111! não tf"nluun cons·

,.:iênc:ia católica. Estes. presu,nive/menu,. ,uio analisarão nen, estuda~ rão o doc,1111ento episcopal. O efei10 n egativo. que se pode 1e,ner. poderti 1er pes"do sobre os deputlldos e senadores que tenha,n co11sdênda católica. En, prirneiro lugar. esta os adverte que serão julgados por Deus. E. "demais, que ltlÍS deputados e senadores. votando a favor do divórcio. desagradtuão 'ao.'i eleitore.t católicos. inclusive tios que tên, pouca fornwção reli'giosa e ,no ra/. com funes/(J e imediata reperi·uss,Io sobre sua popularidad<' e. a/é,n disso. l'Om reflexos " longo prazo sobre " reeleição desses parla,nent{lres". " Não obs1a,11e - continua Covadonga - . ten,e,nos que esses 111e1nbros dt1s Cortes. por pouco que .,in1pa1izen1 co,11 o divón·io ou deseje,n asseg11rar para si a pop11laridade entre os antidivorcistos, ,nois n11nu?· rasos em {IJ11bie11te.v de direita ,, de <'l!ntro. co,no u11nbé11, dos tlivorâstas. nwis nwnerosus 110 esquerda, en con1rt,rão na frase suhlinlwda do doc11me1110 episcopal - l(J/ ,·0111u

esuí rl'digida -

u111t1

es,·ava1âria

<'Ón1oda para suas <...onsdências 0 11 Su{ls aspirações políticas". Em nota, Covadonga observa a inda que a atitude de omissão d o Episcopado foi registrada cm editorial por um diário madrilcnho ele 27 / li / 79, no qual se afirma que se tem a impressão de que os Bispos quiseram ')Jasar el toro" (no Brasil, popularmente, se diria passar a bola) aos governantes. E que , além disso. os deixaram cm situação difícil e quase sem saida. O manifesto comenta, a seguir, que o princípio sustentado pelo Episcopado na frase cm questão é de si verdadeiro. Mas, nas circunstâncias atuais. não se poderia aduz.ir ta l princípio sem urna advertência de que ele não tem aplicação na Espanha, porque se traia de uma nação com uma população compactamente católica e para a qual a indissolubilidade do vínculo matrimonial supera o desagrado que o reconhecimento desse princípio básico do Direito Natural provoque na ínfima minoria não católica. Concluindo seu documento, a Sociedade Cultural Covadonga dirige suas súplicas a Nossa Senhora do Pilar, aos pés de cuja imagem inic iou sua campanha antidivorcista cm 1978: "Rogmnos à M,ie de Deu.t que estimule nossos Pastor{'S e gover,wntes, especiahnente os pt1rlamentares, na wre.fa de ilnpedir a in1rodução d" praga divorcist{I na legislação espanhola". Por fim, ma nifesta a esperança de que, "nes1es dias graves e decisivos, os católicas ,erras de São Fernando ,!e Cas1ela e Santa Teresa conserve,n suas adn,irtiveis tradições de nação fldeli.tsima nos ensintunentos de Nosso Senhor Jesus Cristo e à autêntica dou1rina caJó/ica".


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